Revista NB - Comportamento

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Comportamento

Por Murilo Melo Imagens Reprodução

Recupere a energia 3 A cada uma ou duas horas de

atividade no trabalho, faça breves pausas de dez a quinze minutos. Circule um pouco nas ruas próximas à empresa. A medida renova o gás. 3 Tomar um pouco de sol

nesses minutinhos e tomar um vento, nem que seja na área externa da empresa, é indicado. Fique numa posição confortável, observe o mundo em volta, feche os olhos e concentre­se na respiração mais lenta.

Cansaço infinito

3 Fazer caminhada após o

FALTA DE ENERGIA PARA TRABALHAR, FAZER GINÁSTICA, IR AO CINEMA, NAMORAR E ATÉ FAZER COMPRAS PODE INDICAR FADIGA CRÔNICA E REQUER CUIDADOS

3 Telefonar para um amigo

ito horas de sono parecem insufi­ cientes. Falta disposição para rea­ lizar simples tarefas do dia a dia e sobra irritabilidade no trabalho. Tudo se transforma em tédio e se concentrar em al­ guma atividade é cada vez mais compli­ cado. Sem contar a carência de combustí­ veis fósseis (carvão, gás natural e petróleo), outra crise energética atinge o planeta: exaustão extrema. Entre as queixas mais frequentes em consultórios médicos do mundo inteiro, está a falta de vontade para realizar ativi­ dades do cotidiano que antes eram consi­ deradas agradáveis. O que a primeira vista pode ser confundido como simples pre­ guiça ou estresse, pode apontar para um quadro sério, a Síndrome de Fadiga Crônica

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(SFC), distúrbio que atinge milhares de pes­ soas, pode durar anos e cujas causas passa­ ram a ser objeto de pesquisa. A doença acomete principalmente as mu­ lheres, e uma das causas pode ser a propen­ são feminina para acumular tarefas, se sobre­ carregando. De acordo com o endocrinologista e nutrólogo Marcos Porto, a síndrome surge depois de um resfriado, gripe, sinusite ou outro processo infeccioso. Por razões ainda desco­ nhecidas, a infecção é curada, os sintomas de indisposição, fadiga e fraqueza podem melho­ rar, mas periodicamente voltam. “Na maioria das vezes, as pessoas culpam a vida agitada, têm dieta inadequada e seden­ tarismo. É comum também que os pacientes estejam acima do peso e isso piora a fadiga”, explica o médico.

almoço, mesmo que por apenas cinco minutos, revigora.

bem­humorado pode melhorar o seu humor. 3 Em casa, acompanhar um

seriado ou assistir uma boa comédia ajuda. Rir ativa a circulação, alivia a ansiedade, aumenta o pique e torna a rotina mais agradável. 3 Separar algumas horas para se

dedicar a um hobby, tomar banhos relaxantes e receber massagens recarregam a bateria. 3 Horários regulares para

comer, dormir e se levantar organizam o relógio interno e mantém o corpo obediente.


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A exaustão pode sinalizar várias doenças, o médico precisa ouvir o paciente e fazer um bom exame físico para chegar ao diagnóstico Aline Gomes, psicóloga

O alarme já havia sido soado pela re­ vista britânica Top Sant, em 2007. A pes­ quisa encomendada pela publicação reve­ lou que 85% dos dois mil entrevistados na época se declararam exaustos. Os pesqui­ sadores analisaram que a batalha para conciliar vida doméstica, educação dos fi­ lhos, problemas em relacionamentos amorosos e a dificuldade para alavancar a carreira torna o período dos 30 aos 40 anos o mais árduo. Bem diferente do cansaço normal, que vai embora após uma xícara de chá e uma boa noite de sono, a fadiga persiste e traz como companhia perda de memória, dores musculares, na garganta ou nas ar­ ticulações, desânimo, inchaço ou inflama­ ção nos nódulos linfáticos, além de sono excessivo e incontrolável. “Atrapalha o desempenho tanto pes­ soal quanto profissional, prejudica nos re­ lacionamentos. Precisa ser avaliado, a princípio, pelo próprio paciente para que o médico fique ciente de todos os sinto­ mas”, avisa a psicóloga Aline Gomes. O diagnóstico da fadiga crônica se dá quando a pessoa sente quatro ou mais sintomas por pelo menos seis meses. É preciso também analisar outras causas, como depressão, doenças cardiovascula­ res, intoxicação por pesticida, apneia do sono, doenças autoimunes e tumores ma­ lignos, antes de diagnosticar a fadiga crô­ nica. É recomendado também investigar se há outra explicação física, mental ou emocional. “A exaustão pode sinalizar vá­ rias doenças, o médico precisa ouvir o pa­ ciente e fazer um bom exame físico para chegar ao diagnóstico”, diz a psicóloga. O tratamento se baseia na redução ou eliminação dos sintomas. “Atividade física leve, mudança no estilo de vida, evitando tarefas exaustivas mentais e físicas, e me­ didas para combater o estresse são fun­

damentais”, diz o endocrinologista e nu­ trólogo, Marcos Porto.

Alimentação A fadiga também pode estar relacio­ nada a uma alimentação desequilibrada ou inadequada, principalmente quando asso­ ciada a atividade física. Muitas vezes, o simples fato de adequar a alimentação às suas necessidades já alivia os sintomas e melhora a qualidade de vida. A professora de educação infantil, Pa­ trícia Góes do Carmo, 34 anos, mudou

completamente seus hábitos diários de ali­ mentação. Ela saía de casa todos os dias às sete da manhã e só retornava à noite. “Não praticava exercícios físicos e comia qualquer coisa, a qualquer hora. Eu acu­ mulava trabalho e outros problemas. Fi­ cava mal­humorada e raramente tinha vontade de levantar da cama porque dor­ mia bem tarde”, lembra. O resultado dessas práticas, segundo ela, não demorou de aparecer. “Houve dias em que eu ia dar aula e, assim que eu che­ gava ao colégio, queria voltar para casa”, relata. Para reverter a situação, Patrícia or­ ganizou seus horários, decidiu caminhar todas as manhãs no calçadão da orla antes de ir trabalhar e diz que a mudança na ali­ mentação foi um salto para se livrar da fa­ diga. “É muito bom quando a gente acorda se sentindo viva, disposta, gostando do nosso trabalho, da nossa vida”. Na opinião da nutricionista Ana Maria Oliveira, a qualidade do que se come in­ terfere diretamente no bem­estar. “A ali­ mentação ameniza diversos sintomas por­ que auxilia na qualidade do sono, melhora a imunidade fisiológica e evita a fraqueza muscular”, afirma. Sentir cansaço após uma atividade física é normal, mas quem mantém uma dieta equilibrada se sente menos extenuado. A nutricionista salienta que o café da manhã ou lanche deve ser à base de pães ou cereais integrais, iogurte ou leite des­ natado e frutas (pêssegos, uva, maçã, da­ masco seco, goiaba). A mistura de proteí­ nas, carboidratos complexos e fibras garante um ótimo aporte de energia. Vale também, diariamente, um tablete de cho­ colate amargo de 30 a 45g. “É preciso evitar gorduras e frituras, assim como refrigerantes. É só trocar tudo isso por um bom suco natural e legumes variados”, recomenda. l

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Carreira Por Murilo Melo Foto Divulgação

Fuja do mico na entrevista de emprego SAIBA COMO SE COMPORTAR PARA PASSAR A MELHOR IMPRESSÃO AO ENTREVISTADOR

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Não dar importância à ortografia ou escorregar na concordância e coesão são os erros mais comuns dos candidatos Angélica Nogueira, gerente de RH

candidato pode ter estudado fora do país, ser fluente em outro idioma e ter currículo exemplar com anos de experiência na área. Mas, se não passar boa impressão na entrevista com o futuro empre­ gador, corre sério risco de deixar escapar a oportunidade desejada. Essa etapa é conside­ rada o momento mais importante e decisivo no processo de seleção para uma vaga. De acordo com Angélica Nogueira, ge­ rente de RH da Catho, a avaliação do candi­ dato começa durante a análise do currículo, antes do encontro com o avaliador. Ela sa­ lienta que erros de português durante a con­ fecção do documento são fatais. “Não dar importância à ortografia ou es­ corregar na concordância e coesão são os erros mais comuns dos candidatos. Daí o re­ crutador não tem muito tempo e acaba con­ cluindo que o profissional não possui bom do­ mínio da língua e descarta”, diz Angélica. A gerente indica adotar a leitura e consul­ tas ao dicionário como hábitos diários. “Além de melhorar a escrita e estimular a criativi­ dade, enriquece o vocabulário e a maneira de se expressar”, completa. Caso seja selecionado para a entrevista presencial, o escolhido precisa estar prepa­ rado e focado no seu futuro profissional. É im­ portante lembrar que todos os movimentos,

como gestos, postura e tom de voz são ob­ servados e avaliados do começo ao fim. O candidato precisa “vender” bem a sua ima­ gem por meio das habilidades e conhecimen­ tos que domina porque, nesse caso, a pri­ meira impressão é a que fica. Segundo Angélica, chegar atrasado, usar gírias e palavrões, falar pouco ou exagerada­ mente, rir alto ou fazer piadas, falar mal do chefe ou do emprego anterior, não saber nada sobre a empresa contratante, nada sobre o cargo pretendido e demonstrar falta de ener­ gia podem anular completamente as chances. Outro problema bastante detectado pelos recrutadores é a insegurança dos candi­ datos. A especialista explica que muitas vezes

não se trata de nervosismo, mas, sim, de in­ coerência nas informações sobre a carreira, explicadas superficialmente no currículo. Isso acontece, de acordo com ela, principalmente quando o candidato exagera ou mente dados no currículo para surpreender, não consegue sustentá­los na entrevista e começa a blefar. “Os candidatos costumam mentir, dizendo que possuem fluência em outros idiomas. Mentem também em formação acadêmica, ex­ periências em determinadas atividades, co­ nhecimentos em informática, entre outros”, aponta Angélica. Conforme a gerente do RH da Catho, as mentiras aparecem tanto no conflito entre o currículo e a entrevista quanto durante checa­ gem de referências solicitadas às empresas an­ teriores. A recém­advogada Nadine Costa, de 26 anos, perdeu a vaga em um escritório reno­ mado da capital baiana, que oferece um dos melhores salários do mercado, porque a ava­ liadora pediu o perfil dela do Facebook e Ins­ tagram no momento da entrevista. Com fotos de biquíni, consideradas ousadas pela recru­ tadora, e publicações em que relata ir para boates, Nadine acredita que acabou não sendo bem vista pela empresa. “Eu acho que as empresas precisam en­ tender que o que está na rede social é pessoal


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e não profissional. Isso é uma invasão de pri­ vacidade. Não posso ser um robô. Se coloquei foto de biquíni, se fui à balada, é porque eu gosto disso. Tenho que viver além da minha profissão”, critica. Mas, para Angélica Nogueira, as empre­ sas pesquisam cada vez mais os perfis dos can­ didatos porque acreditam que eles estejam mascarados durante a entrevista. “Com a ex­ posição criada por meio da internet e a facili­ dade no acesso à informação, é importante que as pessoas tenham uma preocupação constante com a imagem que transmitem por meio das redes sociais. Elas precisam evitar comentários preconceituosos ou polêmicos demais, assim como ter cuidado com as fotos publicadas”, explica. Além disso, é preciso também ter cuidado com o linguajar utilizado. A rede social não pode ser usada para falar mal da empresa ou de antigos chefes e colegas de trabalho. O candidato deve mostrar que com amigos e fa­ miliares é uma pessoa positiva, participativa, que contribui. Um fator de suma importância é revisar a configuração de privacidade de in­ formações do perfil, que concede liberdade a que tipo de público se deseja compartilhar de­ terminadas informações. A dica de Angélica é que, antes da entre­ vista, o candidato pense em cinco grandes si­ tuações vivenciadas profissionalmente e tente identificar qual foi o seu papel nelas: se foi um líder, se teve de vencer um desafio, ou as duas coisas ao mesmo tempo. Mas ela alerta: a dica é preparar­se mentalmente, e não ensaiar respostas. "O exercício é tentar descobrir os pontos fortes, o que o candidato tem para oferecer”. l

É proibido! 3 Abraçar o recrutador ou levantá­lo; 3 Admitir que não deseja ocupar cargos que lidam com dinheiro por ter tendência a roubar; 3 Enquanto aguarda a entrevista, esvaziar o pote de guloseimas da sala de espera; 3 Atender ou ligar para o chefe atual, no meio da entrevista, e dizer que vai se atrasar por causa do engarrafamento ou porque está doente; 3 Mentir que tem não telefone celular e o aparelho começar a tocar durante a entrevista ou cair do bolso; 3 Se aproximar e colocar a mão sobre o joelho do avaliador, principalmente se for mulher; 3 Fumar ou mascar chiclete.

Para a entrevista não micar! 3 Criticar o chefe ou empresa anterior ­ É possível que o candidato se ache injustiçado e acabe utilizando a entrevista para desabafar ao avaliador sobre a demissão recente. A imagem que se passa, neste caso, é de uma pessoa imatura e rancorosa. 3 Deixar celular ligado ­ O candidato deve se concentrar na entrevista e nada pode desviar a atenção ou interromper esse processo. Atender celulares, responder torpedos ou ficar ouvindo música com fone de ouvido, demonstra falta de profissionalismo, descaso e falta de capacidade de concentração. 3 Fazer piadas e comentários ­ Não tente ser o melhor amigo do avaliador na tentativa de agradar ou de querer mostrar que é uma pessoa confiável e bem­ humorada. Nada de comentar que odeia acordar cedo e que adora sair cedo do trabalho na sexta. 3 Desconhecer a empresa contratante ­ Muitos vão para a entrevista de emprego sem ao menos se dar ao trabalho de pesquisar sobre o local em que pretendem trabalhar. Não conhecem o mercado nem sabem em que área a empresa atua e, por conta disso, não sabem como poderiam agregar valor à empresa. A falta de interesse em buscar mais informações demonstra falta de ini­ ciativa. 3 Chegar atrasado ­ A incapacidade de chegar no horário estabelecido passa a impressão de desorganização, falta de interesse e desleixo.

3 Ser monossilábico ­ Alguns candidatos demonstram falta de energia na hora da entrevista. Falam em monossílabos, não desenvolvem as respostas, falam baixo, gaguejam e desistem de completar o raciocínio. 3 Não olhar nos olhos ­ Olhar nos olhos é importante no momento da entrevista porque é através do olhar que se passa informações como sinceridade e brilho nos olhos ao falar de conquistas pessoais e profissionais. 3 Falar sobre problemas pessoais ­ É comum que muitos candidatos confundam a entrevista com sessão de análise e comecem a falar sobre os problemas familiares, falta de dinheiro, problemas amorosos. Há também aqueles que imploram pela vaga porque dizem precisar pagar as dívidas. Isso provoca uma imagem negativa, porque demonstra que ele não consegue separar problemas profissionais e problemas pessoais.

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Carreira

Com que roupa

eu vou?

O site CareerBuilder realizou pesquisa em dezembro do ano passado para saber de dois mil gerentes e profissionais de recursos huma­ nos de empresas e indústrias dos Estados Uni­ dos, qual é a cor de roupa ideal para compa­ recer a uma entrevista de emprego. Azul apareceu como a cor mais ade­ quada para vestir, porque demonstra que o profissional exerce bom trabalho em equipe. A cor foi recomendada por 23% dos entrevistados. Usar roupa preta tam­ bém é certeza de acertar na cor que foi sugerida como a mais adequada por 15%, porque revela liderança. A pesquisa diz também que a pior cor para usar na entrevista é a laranja, segundo 25% dos recrutadores. Falta de profissionalismo foi a caracterís­ tica associada ao uso desta cor.

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De acordo com Angélica Nogueira, gerente de RH da Catho, para não pagar mico na escolha da roupa, o mais indicado é pesquisar sobre o am­ biente e cultura da empresa. “De maneira geral, para homens, um terno preto ou azul marinho, sapatos e meias pretas e gravata. Cabelos curtos e barba feita/aparada. Para as mulheres, um terninho de cor neutra ou um tailleur, sapato scar­ pin, maquiagem leve e acessórios discretos”, enumera. Vale ainda, lembra Angélica, evitar decotes, maquiagem carre­ gada, peças transparentes e rou­ pas de balada. “Em locais menos clássicos, os jeans podem ser usa­ dos, mas não os rasgados ou os muito desbotados, o estilo discreto permanece”, ensina. l


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