iBahia - Crítica de TV - Geração Brasil

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Novelas Publicada em 07/05/2014 às 13h42. Atualizada em 07/05/2014 às 15h55

Crítica: Geração Brasil cai bem para o horário, mas precisa tomar cuidado com exageros Se não souber conter o excesso de modernidade, tema da nova novela das 19h pode servir como uma camisa-de-força para o desenvolvimento da narrativa publicidade Quando foi anunciada nas chamadas da programação da Globo como a substituta da fracassada ​Além do Horizonte​, na faixa das 19h, a novela Geração Brasil passou aos telespectadores mais atentos o peso de carregar nas costas a difícil missão de elevar a audiência do horário. A expectativa em torno dos autores Filipe Miguez e Izabel de Oliveira tem explicação: é deles a novela ​Cheias de Charme​ (2012), última trama das sete responsável por fazer estrondo comercial, causar burburinho nas redes sociais e ser bem avaliada pela crítica especializada nesse tipo de negócio.


Usando alguns elementos já testados em Cheias de Charme, Geração Brasil conquista telespectador com personagens exuberantes

Pelo que foi visto nos dois primeiros capítulos de estreia de ​Geração Brasil​, a trama foi arquitetada milimetricamente para conseguir ter fôlego de sobra, na tentativa de fisgar o público cada vez mais rendido ao entretenimento da internet e do canal pago. Para chegar a tanto, a ideia é mergulhar no universo das redes sociais e daqueles que não conseguem mais viver desconectados. Ou seja, a novela quer ser usada como um espelho para os mais moderninhos e, consequentemente, emplacar com isso. A fórmula não é nova na dramaturgia e já foi usada, por exemplo, nas novelinhas teens ​Malhação​ e ​Rebelde​, no seriado ​Geral.com​, além da própria ​Cheias de Charme​. Encarnado pelo ator Murilo Benício, o folhetim é centrado em Jonas Marra. O personagem tem explicitamente um quê de Steve Jobs, o criador da Apple, e não tem pretensão de esconder isso de quem assiste. Ele se tornou bilionário ao investir no ramo da informática, mora no Vale do Silício, nos Estados Unidos, e decide buscar um novo nerd para sua empresa. Por isso resolve voltar ao Brasil, depois de anos fora, com a família, o que na verdade serve como desculpa para o desenrolar da história. Sua mulher, a insana Pamela Parker, de Claudia Abreu, faz referência às atrizes de cinema de Hollywood. A sequência em que mostra as fotos dela na África trouxe a vaga lembrança do que ocorreu na vida real com a atriz Angelina Jolie, por exemplo.


Veja t ambém: Crít ica: Personagem mórbido de Vanessa Gerbelli é o prat o cheio da novela Em Família Crít ica: bem produzida, Meu Pedacinho de Chão acert a ao apost ar em alt a dose lúdica Aliás, o trunfo de ​Geração Brasil​ está justamente nos tipos apresentados e em quem os representam. Os personagens carismáticos criados por Filipe e Izabel, e, claro, o elenco de peso muito bem montado pela diretora Denise Saraceni, logo de cara conquista quem assiste. Além do casal central Jonas e Pamela, outras figurinhas animadas impressionam pela composição e atuação, como a patricinha Megan Lily (Isabelle Drummond) e o guru Brian Benson (Lázaro Ramos), com a sua mãe nada convencional Dorothy Benson (Luís Miranda). Os atores Humberto Carrão, com o seu Davi, e Chandelly Braz, encantando com a sua Manu, fazem bonito em cena. Humberto, crescendo a cada trabalho, traz um tipo inédito em novelas. Na contramão do estereótipo nerd, sempre usado como referência na TV e no cinema ​ com óculos grandes, rosto cheio de espinhas e ofuscado pelos populares -, o personagem surge como um ​galã nerd​ sem ser boçal. Tem olhos conquistadores, fala mansa, se sente livre para beijar quem quer na rua do bairro onde mora, é o queridinho da vizinhança e tem como hobby jogar futebol na esquina. Já Chandelly, após sucessivos personagens sem importância na telinha, ganha destaque como uma moça antenada, bonita e cheia de gás. Aproveit e e acompanhe o resumo complet os das novelas aqui http://www.ibahia.com/novelas/ ​Geração Brasil​, até aqui, não foge da proposta do horário das sete: faz comédia sem constranger, distribui graça, remetendo seu enredo a figuras conhecidas de forma escancarada nos diálogos e ações dos personagens. Mas o problema da trama, assim como a antecessora ​Além do Horizonte​, é que se convencionou, de uns anos para cá, que as novelas devem ter um "tema", daí surge a explicação de ​Geração Brasil​ aparecer com uma roupagem tecnológica. O sinal vermelho não precisa ser acesso a menos que os personagens fiquem o tempo inteiro fuçando smartphones, tabletes, decifrando códigos, criando programas de software, forçando o telespectador a entender a qualquer custo a mensagem que se quer transmitir. Caso a barra seja forçada, além de determinar um universo caricato, passa a servir como uma camisa-de-força para o desenvolvimento da narrativa, deixando de mão os ingredientes tradicionais da telenovela, como o romance, segredos, vilania, entre outros. Na verdade, o melhor que se pode esperar é que o tema fique ali no fundo, como paisagem, e não atrapalhe muito, embora seja gritante até no título. De resto, é fiar-se no texto rico e divertido de Filipe e Izabel, e aproveitar do que a TV não oferecia há algum tempo: o riso. Geração Brasil Direção: Denise Saraceni


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