Novelas Publicada em 20/11/2014 às 14h00. Atualizada em 20/11/2014 às 14h00
Crítica de TV: aberta temporada de pancadaria entre personagens femininos de 'Império' Semana de Império inclui bofetadas entre mulheres por causa de homens. Velho truque para aumentar audiência publicidade Foram duas cenas do que provavelmente será uma série em horário nobre. Está aberta a temporada de agressões entre personagens femininos de Império (Globo, 21h). Dizem que o autor da trama, Aguinaldo Silva, é a favor do clássico novelão. Daquelas que mocinhas ou personagens de bons comportamentos, detentores da moral sofrem, mas, numa reviravolta, fazem justiça. No caso de Império, ao que parece, isso acontece com as próprias mãos. A coisa é simples: a personagem, num piscar de olhos, se torna intolerante, revela uma face odiosa, perde o controle e estala a primeira bofetada contra o desafeto. No capítulo da terça-feira (18) deu-se a primeira most ra quando a personagem de Adriana Birolli, a Amanda, uma designer baladeira, aparece no living da casa de José Alfredo (Alexandre Nero) e Maria Marta (Lilia Cabral). Danielle (Maria Ribeiro), a moça do tempo, revoltada com as investidas cara de pau de Amanda em seu marido José Pedro (Caio Blat), provoca com a frase lá vai a pegadeira. A designer, então, devolve com a frase quem te falou que sou isso, o teu marido?. Numa discussão banal, frases de efeito são o suficiente para o embate. As duas saem às tapas, puxam cabelo, e usam a palavra vagabunda o quanto elas podem no contexto.
A segunda cena aconteceu no capítulo da quarta-feira (19) quando Juju Popular (Cris Vianna), se encont ra com Carmen (Ana Carolina Dias) no banheiro do rest aurant e recém inaugurado de Vicente (Rafael Cardoso). Juju é uma ex- rainha de escola de samba, que foi traída por Orville (Paulo Rocha) com Carmen, a advogada antipática. Na ocasião, sem pensar duas vezes, Carmen provoca Juju. A ex-rainha de escola de samba, por sua vez, não se intimida, perde a paciência e dá uma surra na moça, no chão do banheiro, com direito a sangue nos lábios e nos supercílios, como um acerto de contas. Ao sair, Juju, com naturalidade e sem demonstrar um pingo de piedade ou arrependimento, dispara: "Agora deixa eu lavar minhas mãos de novo para garantir que não vou sair daqui levando fiapos da sua sujeira nas minhas unhas". Isso, claro, depois de muito utilizar nos diálogos as palavras vadia e biscate.
A sequência lembrou muito a novela Celebridade (Gilberto Braga, 2003), quando a vilã Laura Prudente da Costa (Cláudia Abreu) a cachorra que aprontava todas contra até então insossa Maria Clara Diniz (Malu Mader) foi nocauteada pela mocinha com uma sessão de tapas, dentro de um banheiro. A personagem de Cláudia Abreu levou exatas vinte e oito bofetadas no rosto e xingamentos como micheteira barata e rata de esgoto. Expressões que poucas heroínas de novela ousariam dizer em voz alta. Crít ica de TV: Sem apelo dout rinário, espirit ismo light em rot eiro de A lt o Ast ral se most ra promissor Crít ica de TV: Incômodo racial f az espect ador julgar 'Sexo e As Negas' pela capa Crít ica de TV: abarrot ada de clichês f olhet inescos, Boogie Oogie conquist a público Crít ica de TV: Império vai conseguir ser mais int eressant e at é o juízo f inal? Cena com surra entre mulheres é quase que obrigatória nas telenovelas. Certeza que, se for ao ar, dispara no ibope. A prova é a audiência de Império que aumentou vertiginosamente. Se a novela, até o horário político registrava média de 30 pontos, nos últimos dias, com confrontos entre mulheres, ultrapassa dos 35. Passou a ser vista por 101,7 milhões de telespectadores. Se cada ponto equivale a 65 mil residências na grande São Paulo, segundo o Ibope, de cada 100 domicílios com TV, 58 estão diariamente sintonizados no folhetim. É o produto mais visto na televisão
brasileira. O público quer mesmo é barraco em novela. Mas não é qualquer bate-boca. Briga entre personagens masculinos não surtem efeitos. O público, sádico, gosta mesmo é do diálogo nervoso feminino, dos puxões de cabelo, da maquiagem borrada, das unhadas no pescoço. E tem que ter um homem na jogada, como ensinou os programas de Márcia Goldsmith e Ratinho nos anos de 1990. O telespectador que diz ser contra a violência, mas a favor desde que justiça seja feita, mesmo que seja à base da porrada no caso das novelas, comemora com gritos e, sem exageros, explode até rojões, que confunde com um típico BAxVI de domingo. O poder chega a impressionar. A partir de agora, a qualquer momento, já que ninguém gosta de ninguém em Império, para diversão do telespectador, é bom ficar com olhos atentos porque é quase certo: qualquer uma corre o risco de apanhar. *Com orientação e supervisão da repórter Marília Galvão
Tags: Crítica de TV, Novelas, Império, Pancadaria {{ commentsTitle }} Imprimir Share Enviar por eEscreva um mail comentário Nome E-mail Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem. Ao comentar o autor da mensagem esta aceitando os Termos e Condições de Uso. Enviar Comentário {{comment.username}} {{comment.creation_tstamp*1000 | date:'dd/MM/yyyy - HH:mm'}} {{comment.comment}} {{comment.like_count | number}} {{comment.dislike_count | number}} Comentário aguardando moderação Ver Mais