Revista NB - Comportamento

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Comportamento

Por Murilo Melo Fotos Divulgação

Viciados em

relacionamento NAMORAR É ÓTIMO! MAS QUE TAL DESCOBRIR OS PRAZERES DE SER FELIZ SOZINHO?

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atriz e cantora Jennifer Lopez é daquelas que não fica solteira nunca e emenda um relacionamento no outro. Ela namorou o dançarino Casper Smart, o rapper Puff Daddy, o cantor Marc Anthony, noivou com o ator Ben Affleck e se casou com o modelo Ojani Noa e o bailarino Cris Judd – tudo isso sem recuperar o fôlego. Olhe para trás e contabilize quantos namoros você teve nos últimos anos. A estudante de música, Luíza de Castro, de 21 anos, confessa substituir um relacionamento por outro desde os 15. “Eu só não posso ficar insistindo no que não dá certo. Sempre surge alguém interessante e eu faço questão de conhecer para ver no que vai dar”, conta. A inteligência, o charme, o rostinho de boneca de porcelana da soteropolitana podem ajudar, mas será que é esse o motivo de a moça não passar um dia sem companhia? O mesmo acontece com a vendedora Gabriela Almeida, de 26 anos. “Nunca fico sozinha. Tenho sempre um paquerinha. Não consigo dar certo com os homens com quem me relaciono, aí vou ficando sem dar espaço entre as histórias”. Nos últimos três anos, ela diz ter emendado cerca de oito relacionamentos, com duração de semanas, meses ou, no máximo, um ano. “Quando acaba o comecinho do amor, começo a olhar para os lados. Mi-

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nhas amigas ficam rindo quando eu conto para elas que estou superapaixonada por alguém e vão logo gritando ‘de novo, Gabriela?’”, confessa. Segundo o psicólogo Eduardo Jim, especialista em relacionamentos amorosos, ser namoradeira não é um pecado capital. O problema, de acordo com ele, é não suportar ficar sozinha. “Algumas pessoas não conseguem encarar o fim de um relacionamento ou só se sentem inteiras, completas, estando ao lado de alguém, como se essa pessoa fosse responsável pela felicidade”, diz. De acordo com o psicólogo, essas pessoas acabam jogando as expectativas e o afeto fantasiados com o ex em cima de um novo pretendente. “Se ficam o tempo inteiro fazendo isso, correm o risco de passar a vida toda numa eterna busca – já que, no fundo, o que querem não pode ser preenchido por outra pes-

soa. É algo a ser encontrado dentro delas próprias”, completa. Em outras palavras, o caminho não é arranjar namorado, e sim investir no autoconhecimento. Fazer mudanças na rotina para recuperar a autoestima é o primeiro passo. “A mulher não pode esquecer que ela também é um ser importante na relação a dois, com vontades e prioridades. Ela pode e deve se doar para a relação, até porque relacionamentos precisam ter reciprocidade, mas ela nunca deve esquecer-se de si. A melhor forma de tratar-se é se reconectando consigo mesma, redescobrindo as coisas que lhe dão sentido na vida, daí ela se sente mais confiante e independente caso a história chegue ao fim”, explica Eduardo. Mas quem pensa que os homens estão imunes ao vício de engatar um namoro no outro está muito enganado. A versão masculina dessa dependência,


Surto

Se você é do tipo que começa um namoro, uma paquera ou até mesmo um flerte e depois até emenda um encontro, um cinema, liga de vez em quando, mas, quando a situação começa a ficar séria e o outro se mostra comprometido, você então sai de fininho, arranja desculpas para terminar o relacionamento ou simplesmente surta e desaparece, é hora de amadurecer, segundo a terapeuta de casal, Cláudia Moura. “Quando a pessoa vai embora simplesmente porque se vê diante do convite para se entregar, amar, aprofundar-se em seus sentimentos, assumir compromissos, fazer escolhas que incluam o outro, enfim, do convite para viver uma relação de gente grande, o problema é muito maior do que se imagina e só a terapia pode mudar esse comportamento”, avisa. Também há casos de pessoas que não passam muito tempo solteiras porque gostam da sensação de poder que é gerada pela conquista de um novo relacionamento. “Querem construir a imagem de pessoa muito desejada, se sentem mais capazes de realizar aquilo que almejam em outras áreas da vida, como a profissional”, diz Cláudia. Conforme a terapeuta, pessoas que sempre sofreram na vida, que não acreditam que seja possível amar de verdade e ser feliz com alguém costumam abandonar o relacionamento no primeiro erro do companheiro ou quando ele mostra qualquer

A mulher não pode esquecer que ela também é um ser importante na relação a dois. Ela pode e deve se doar para a relação, mas ela nunca deve esquecer-se de si

segundo o psicólogo, acontece quando o homem busca na pessoa um ideal parecido com a própria mãe. “São aqueles homens que esperam que sua companheira cuide deles como a sua mãe cuidaria. Ou seja, não estão em busca de uma mulher na relação, mas de uma mãe mais nova, cuidadora e provedora”.

característica negativa. “Terminam com a justificativa de que não querem perder mais tempo”, analisa.

Final feliz

Como passar longe dessa armadilha emocional? Bridget Jones, a personagem do livro O Diário de Bridget Jones, da escritora

Helen Fielding, vivida no cinema pela atriz Renée Zellweger no filme homônimo, está na faixa dos trinta anos. A balzaquiana mora numa cidade grande, vive sonhando com o príncipe encantado e, embora se aventure em dezenas de histórias, nunca consegue encontrar o cara certo e vive se espantando com homens que desaparecem depois do quarto encontro porque a relação está ficando muito séria. Bridget, embora se sinta cobrada como a maioria das mulheres se sente aos trinta, entende que tudo tem seu tempo e que se cuidar pode valer muito a pena, em vez de esperar que o outro seja responsável pela felicidade. O mesmo acontece com Maggie, a personagem de Julia Roberts no filme Noiva em Fuga. A moça, cansada de ficar noiva, de experimentar vestidos e fugir da igreja, resolve dar um tempo para redescobrir características da sua personalidade antes de encontrar um amor digno de subir ao altar. “Estar de bem consigo é ter amor próprio. Esse é o caminho para a felicidade”, ensina a terapeuta Cláudia Moura. l

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