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Um Curador--do Fado CAMANÉ

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2015 2016

2015 2016

Conheci o José Pracana quando comecei a ouvir fados. Um dia os meus pais levaramme a Cascais e ouvi-o pela primeira vez n’O Arreda, a casa de que era proprietário e que era frequentada por Maria Teresa de Noronha, Amália Rodrigues, Alfredo Marceneiro, João Braga, e tantos outras figuras de referência do Fado.

A primeira vez que fiz um espectáculo foi nas Lages do Pico e tive o gosto de ser acompanhado à guitarra pelo José Pracana. Convidou-me para ficar uma semana nos Açores e para mim foram dias de imensa alegria e de grande aprendizagem.

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Para além de ser um extraordinário guitarrista, um músico cheio de expressão, com uma enorme sensibilidade e bom gosto, José Pracana teve um papel importantíssimo na divulgação do Fado e dos grandes nomes que fizeram a sua história.

Graças a ele todos conhecemos e compreendemos melhor a importância do legado de Alfredo Marceneiro, Armandinho e de tantos outros criadores fundamentais da história do Fado que é, essencialmente, uma tradição viva.

Talvez por isso sempre olhei para o José Pracana também como um curador do Fado, à semelhança do que sucede com os grandes historiadores, que desempenham um papel fundamental para o entendimento das obras de arte que vemos.

Habituei-me a ver no José Pracana um curador do Fado, alguém que conhece profundamente a história desta expressão musical, dotado de uma noção estética apuradíssima, de enorme bom gosto, que nos consegue transmitir toda a sua essência. José Pracana teve um papel central na salvaguarda e na divulgação da história do Fado, resgatando memórias dos grandes pilares da tradição fadista para o contexto do universo do fado, em particular, e junto do público, em geral.

Devemos-lhe muito do que conhecemos hoje sobre a história do Fado.

Camané

José Pracana com José Nunes na inauguração d’O Arreda em Cascais, 5 de Dezembro de 1969. Colecção José Pracana.

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