INY˜ RYBÈ T Y YRTI Cartilha de Letramento Karajá
Presidente da República Dilma Vana Rousseff Ministro de Estado da Justiça José Eduardo Cardozo Presidente da Fundação Nacional do Índio Maria Augusta Boulitreau Assirati Diretor do Museu do Índio José Carlos Levinho Coordenador de Divulgação Científica e editor do Museu do Índio Carlos Augusto da Rocha Freire Coordenadora de Patrimônio Cultural Ione Helena Pereira Couto Chefe do Núcleo de Biblioteca e Arquivo Rodrigo Piquet Saboia de Mello Conselho Editorial Bruna Franchetto Mara Santos Aline Varela Rabello Ferreira Coordenação de Design e gestão gráfica Simone Melo Equipe de Consultoria de Design Ingrid Lemos Guto Miranda Helena de Barros Maria Clara Pires Costa Priscila Freire Priscilla Alves de Moura © 2014 Museu do Índio - FUNAI 811.87 I63 Inyrybé tyyrti: letramento Karajá / ProDoclin Karajá- Iny˜ ; Chang Whan (organização) – Rio de Janeiro : Museu do Índio - FUNAI, 2014. 96 p. : il. color. ; 21 x 28 cm ISBN 978-85-85986-61-2 1. Linguística. 2. Karajá. I. Whan, Chang. II. Museu do Índio (Rio de Janeiro, RJ). III. Título.
Museu do Índio
Ficha Catalográfica Rodrigo Piquet Saboia de Mello CRB- 7/6376 Dados Biblioteca Marechal Rondon/Museu do Índio/FUNAI
Rua das Palmeiras, nº 55 Botafogo • Rio de Janeiro • RJ • Brasil CEP 22.270-070 Tel.: (55) 21 3214 8700 www.museudoindio.gov.br
Iny˜ rybè tyyrti Letramento Karajá
ProDoclin Karajá-In˜y Organização Chang Whan
Museu do Índio - FUNAI 2014
EDITORIAL Projeto de Documentação de Línguas Indígenas Coordenação dos Projetos de Documentação de Línguas Indígenas Bruna Franchetto Gestão Científica dos Projetos de Documentação de Línguas Indígenas Mara Santos Concebido no âmbito do projeto: Documentação de Língua Indígena Karajá Prodoclin/Museu do Índio/FUNAI Coordenação do Projeto Karajá - PRODOCLIN Cristiane Oliveira da Silva Chang Whan Organização Chang Whan Autoria Chang Whan e Woubedu Karajá Texto Woubedu Karajá Transcrição das narrativas Woubedu Karajá Ilustradores (desenhos, fotos) Woubedu Karajá, Kury˜biki Haritxawaki Karajá, Chang Whan, André Toral Revisão Woubedu Karajá Assessoria Técnica do Prodoclin Aline Varela Rabello Ferreira Juliano Leandro Gustavo Godoy Secretariado Gráfico de Pre-Livros Prodoclin - 2012 Ingrid Lemos Arte e montagem gráfica Priscila Moura Tratamento de Imagem Priscilla Moura Revisão e Produção Gráfica Priscilla Moura
©2014 "Os direitos autorais sobre os desenhos e textos em língua indígena constantes da presente obra são de natureza coletiva e pertencem exclusivamente ao povo Karajá. Fica proibida a reprodução total ou parcial, de qualquer forma, das ilustrações contidas nesta obra, sem prévia e expressa autorização, por escrito, do povo indígena mencionado."
SUMÁRIO
Carta da Presidente da Funai
08
Apresentação do Museu do Índio
09
Documentação Linguística no Museu do Índio
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Documentação da Língua Indígena Karajá
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Vogais
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Consoantes
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Leituras
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CARTA DA PRESIDENTE DA FUNAI Maria Augusta Boulitreau Assirati Presidente da Fundação Nacional do Índio
O Museu do Índio, órgão criado em 1953 no âmbito do Serviço de Proteção aos Índios – SPI, e atualmente integrante da estrutura administrativa da Fundação Nacional do Índio- FUNAI, tem, nos últimos anos, desenvolvido importantes ações de preservação e salvaguarda do patrimônio cultural dos povos indígenas brasileiros, por meio de iniciativas que garantem a valorização desses saberes. Nesse contexto, o Programa de Documentação de Línguas e Culturas Indígenas – PROGDOC é uma expressiva atividade técnica do Museu, resultado de um intenso volume de ações junto a diversos grupos indígenas. Por meio de oficinas e cursos do Programa, jovens indígenas estão aprendendo a lidar com as novas tecnologias, voltadas à capacitação para o registro e a documentação de saberes tradicionais, tendo como resultado a salvaguarda e a preservação das culturas indígenas. Como incentivo a esse processo, foram concedidas 60 bolsas anuais para pesquisadores indígenas, de modo a permitir sua dedicação ao Projeto, cujas ações beneficiam cerca de 27 mil índios, abrangendo 105 aldeias em todo o território nacional. Com a implementação da política cultural da FUNAI na área editorial, o Museu do Índio vem ampliando e diversificando suas produções, buscando permitir que os não-indígenas conheçam mais sobre a vida, o cotidiano, e as práticas dos povos indígenas. Somente nos últimos cinco anos, foram distribuídos mais de 100 mil exemplares, referentes ao lançamento de 35 títulos, entre eles, publicações, algumas assinadas por especialistas, e outras organizadas por professores indígenas. Assim, contribuindo com esse processo de valorização de línguas e culturas ameaçadas, é com satisfação que a Funai, por meio do lançamento de cartilhas, narrativas e enciclopédias, participa do movimento de fortalecimento dos conhecimentos e das práticas culturais compartilhadas por diferentes povos indígenas.
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APRESENTAÇÃO DO MUSEU DO ÍNDIO José Carlos Levinho Diretor do Museu do Índio/FUNAI
O Museu do Índio, da Fundação Nacional do Índio – FUNAI, é uma importante instituição de pesquisa sobre línguas e culturas indígenas. Tem sob sua guarda acervos relativos à maioria das sociedades indígenas contemporâneas, constituídos de 17.981 objetos etnográficos e 15.121 publicações nacionais e estrangeiras, especializadas em etnologia e áreas correlatas. Os seus diversos setores são responsáveis pelo tratamento técnico de 833.221 registros textuais que datam a partir do século XIX, em processo de digitalização, e de ampla e diversificada documentação audiovisual na sua maioria produzida pelos próprios índios. Esta abrange 163.553 fotos, 599 filmes e vídeos,1.295 áudios e 771 horas gravadas. Um legado que não para de crescer. A luta contra o preconceito aos povos indígenas e o intercâmbio de ideias e informações sobre esses grupos têm pautado as ações do Museu do Índio ao longo dos seus 60 anos de histórias. Nesse percurso, a instituição se consolidou como fonte de referência para estudos sobre questões indígenas - com destaque para os destinados à demarcação de terras - e estreitou as relações com os povos indígenas, dando visibilidade aos aspectos de sua cultura e apoio aos seus projetos para o futuro. A instituição com o seu Programa de Apoio a Projetos Culturais já atuou, desde 2010, em 233 projetos que têm por finalidade promover e realizar atividades que contribuam para a promoção do patrimônio cultural dos povos indígenas com foco na sua cultura material. Em processo de expansão, o Museu do Índio, hoje, apresenta novos espaços expositivos como o Muro do Museu, a Varanda do Museu e suas Lojas de Arte. A instituição recebe, em média, 35 mil visitantes por ano, compartilha as suas informações com, aproximadamente, 600 mil internautas e alcança 57.102 pessoas por meio da itinerância de suas exposições. Recentemente, incorporou duas unidades fora do Rio de Janeiro: o Centro Cultural Ikuiapá (MT) e o Centro Cultural Indígena de Formação Audiovisual de Goiânia – Guaias (GO). Temos a certeza de que essa iniciativa de promover e divulgar as diferentes formas de expressão das culturas indígenas, por meio de uma crescente política editorial que vem sendo desenvolvida pelo Museu do Índio/FUNAI, contribui para a democratização em uma sociedade pluriétnica e multicultural. 9
DOCUMENTAÇÃO LÍNGUÍSTICA NO MUSEU DO ÍNDIO Bruna Franchetto Coordenadora do ProDoclin
Mara Santos Gestora Científica do ProDoclin
A Fundação Nacional do Índio-FUNAI e UNESCO, por meio do Museu do Índio, órgão científico-cultural sediado no Rio de Janeiro, iniciaram em 2009 um amplo programa de documentação de línguas e culturas indígenas no Brasil, desenvolvido em conjunto com diversas instituições e pesquisadores. O Museu do Índio possui longa tradição na área de documentação, pesquisa e difusão do patrimônio cultural indígena, de natureza material e imaterial. Por sua vez, a UNESCO vem desenvolvendo, desde pelo menos o final dos anos 1990, programas de proteção da diversidade lingüística por meio dos seus setores de Comunicação e Informação e de Cultura. O movimento internacional em torno de línguas ameaçadas de desaparecimento se intensificou com a publicação de um artigo do linguista Michael Krauss, em 1992, que estimou que 90% das línguas do mundo estariam na beira da extinção no século XXI, se não fossem tomadas medidas preventivas. No contexto mundial e, em particular, sulamericano, o Brasil é um país onde se encontra uma das maiores densidades lingüísticas - ou diversidade genética; é, também, o país onde se encontra a menor concentração demográfica por língua. Sabemos que essas línguas pertencem a quarenta e uma famílias, dois troncos lingüísticos e que há pelo menos uma dezena de línguas isoladas, além de duas ‘línguas crioulas’. O número de falantes pode chegar a vinte mil (Guarani, Tikuna, Terena, Macuxi e Kaigang), assim como aos dedos de uma mão, ou mesmo a um único e último falante. A média fica em menos de 200 falantes por língua, mas mesmo entre as poucas línguas que contam ainda com muitos falantes, não há nenhuma que possa ser considerada “segura”, ou seja, da qual é possível afirmar que provavelmente será, no final deste século, diariamente usada e transmitida de uma geração a outra. Ao contrário, não são poucos os casos de línguas faladas ou lembradas por somente poucas pessoas, usualmente idosas, e que quase inevitavelmente vão desaparecer dentro de poucos anos. Fatalmente, são muitas vezes estas línguas as menos conhecidas e cujo registro e resgate são pedidos, freqüentemente de modo dramático, pelos descendentes desses últimos falantes.
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A documentação das entre 150 e 170 línguas nativas ainda existentes no país, a maioria concentrada na região amazônica, é então uma tarefa urgente. Estes números podem impressionar o grande público, mas é pouco em comparação com as estimativas de que teriam sido mais de 1200 línguas quando da chegada dos Europeus há 500 anos. Nos cinco séculos de conquista e colonização, mais de 80% dessas línguas se perdeu e com elas desapareceram inteiras configurações culturais e muitos saberes. Línguas vivas e reconhecidas na sua plenitude não são apenas repositórios de tradições e conhecimentos complexos e milenares, mas também os veículos de sua transmissão de uma geração para outra e a base de auto-estima e afirmação de alteridade, individual e coletiva. A situação dessas línguas não é uma exceção no cenário mundial. Não há línguas indígenas “a salvo” no Brasil: são todas línguas minoritárias e dominadas pelo prestígio da língua nacional que emana da escolar e das mídia, em contextos submetidos a transformações crescentes e profundas. Existem muitos programas nacionais e internacionais voltados para a documentação de línguas do mundo. No Brasil, o Projeto de Documentação de Línguas e Culturas Indígenas e, especificamente, o ProDoclin são a primeira iniciativa pública e governamental desta natureza. Há somente uma outra iniciativa desta natureza no Brasil, a do Museu Paraense Emílio Goeldi, órgão do Ministério da Ciência, T ecnologia e Inovação. A documentação linguística é, hoje, uma área de pesquisa em crescimento, que mantém laços interdisciplinares (etnologia, arqueologia, história, biologia) e com o desenvolvimento de tecnologias de ponta. Documentar uma língua, hoje, significa registrar, de modo sistemático e amplo, exemplos de seu uso em contextos culturais apropriados, os mais variados, visando à constituição de um corpus digital anotado. Os acervos digitais multimídia (gravações áudio e vídeo anotadas) contêm materiais preciosos e preservados, acessíveis às comunidades indígenas e
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para as futuras gerações de brasileiros. Visando a preservar o patrimônio cultural lingüístico dos povos indígenas e a promover o seu acesso, a FUNAI tem assinado acordos de cooperação internacional e com associações indígenas. Todos os materiais coletados permanecem em instituições brasileiras, com cópias entregues, em formato adequado e acessível, às comunidades envolvidas. O Museu do Índio é o centro de coordenação e de apoio do ProDoclin, além do local de arquivamento dos materiais documentais produzidos por cada projeto. O ProDoclin, além da preservação de materiais existentes em acervos particulares e em instituições públicas e privadas, realizou a documentação de 13 línguas entre 2009 e 2013, escolhidas por critérios tais como: o grau de ameaça a sua sobrevivência; condições de realização de um bom trabalho por equipes compostas por lingüistas e outros especialistas, das quais participam pesquisadores indígenas formados no âmbito de cada projeto específico; atitude positiva das comunidades quanto a iniciativas de preservação ou resgate de suas línguas nativas. Os projetos individuais produziram: diagnósticos sócio-linguísticos; acervos digitais a partir de gravações áudio e vídeo de aspectos culturalmente relevantes, com anotação contendo, no mínimo, uma transcrição e uma tradução dos enunciados; uma base lexical para a construção de dicionário; uma gramática descritiva básica; subsídios didáticos, materiais de divulgação (vídeos, CDs, DVDs), bem como teses, dissertações e publicações de natureza científica. Este livro é um dos produtos previstos e acalentados dos projetos ProDoclin, de seus pesquisadores indígenas e não-indígenas, bem como de toda a equipe gestora e técnica do Museu do Índio. Ele se destina em primeiro lugar aos povos indígenas que acolheram a proposta do ProDoclin abrindo suas línguas ao conhecimento de todos.
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DOCUMENTAÇÃO DA LÍNGUA INDÍGENA KARAJÁ Chang Whan e Cristiane Oliveira da Silva Coordenadoras do Prodoclin/Karajá
~ O POVO INY E SUA LÍNGUA Os Iny˜, autodesignação do povo indígena brasileiro também conhecido como Karajá, são habitantes imemoriais da Ilha do Bananal e arredores, na região que abrange as divisas entre os estados de Tocantins, Pará, Mato Grosso e Goiás. Compreendem três sub-grupos que compartilham a mesma matriz cultural e linguística - os Karajá, propriamente ditos, com uma subdivisão entre sul e norte, os Javaé e os Xambioá (Karajá do Norte). Atualmente, a população Iny˜ soma cerca de 3.600 indivíduos, distribuídos em 18 aldeias, em sua maioria na ilha do Bananal. As maiores aldeias Karajá são Hãwalò (Santa Isabel do Morro) e Btõiry (Fontoura), com cerca de 650 habitantes cada, e a aldeia Javaé Kanoano (Canoanã), com cerca de 700 pessoas. A língua karajá, ou Iny˜ rybe (a fala dos Iny˜), que pertence ao tronco linguístico Macro-Jê, é falada na maioria das aldeias por todas as gerações. Em algumas aldeias de localidades periféricas, no entanto, a língua se encontra em situação crítica de perda, como no caso de Aruanã (GO) e das aldeias Xambioá (TO). O Iny˜ rybe apresenta sílabas simples, geralmente compostas por uma consoante e uma vogal, ou apenas por uma vogal. Em nomes, a sílaba mais forte é geralmente a última sílaba da palavra, como em òrobi (macaco) e tainà (estrela). Os verbos, sendo diferentes dos nomes, têm normalmente acento tônico na raiz, ou na última sílaba da raiz, a parte invariável que contém o significado básico da palavra, como em ararybèkre (eu falarei). Uma peculiaridade da língua Karajá refere-se à existência de duas variantes de fala relativas ao gênero. As principais diferenças entre as duas variantes estão no nível fonético, como na inserção do som [k] na fala das mulheres. A palavra waura (peixe tucunaré), na fala masculina, por exemplo, corresponde a wakura, na fala das mulheres Iny˜.
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O PROJETO DE DOCUMENTAÇÃO ~ DA LÍNGUA E CULTURA INY KARAJÁ
O Projeto de Documentação da Língua e Cultura Karajá é um dos projetos que compõem o PRODOCLIN - Programa de Documentação de Línguas e Culturas Indígenas, coordenado pelo Museu do Índio do RJ/FUNAI - Fundação Nacional do Índio, com apoio da UNESCO – Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura, cujos propósitos principais são a pesquisa, a documentação e a salvaguarda de patrimônio material e imaterial relativos à língua e à cultura dos povos indígenas. Nesta perspectiva, o trabalho desenvolvido pelos projetos visa também o treinamento e a capacitação de pesquisadores indígenas, bem como o compromisso de atender demandas das próprias populações indígenas. O projeto Karajá vem trabalhando na documentação linguística e cultural de narrativas orais tradicionals, eventos rituais, produção de cultura material, discursos e cantos da tradição Iny˜. Alguns dos produtos resultantes dos trabalhos desenvolvidos pelo projeto foram exposições etnográficas e fotográficas apresentadas no Museu do Índio (RJ), no Memorial dos Povos Indígenas (DF), na Galeria Cândido Portinari (UERJ), e no Museu de Arte Popular Janete Costa (RJ). Um dicionário virtual multmídia da língua Karajá está sendo construído, com a participação ativa dos pesquisadores Karajá treinados pelo projeto. Uma gramática pedagógica da Língua Karajá também esta sendo construída pela equipe junto com professores Iny˜. A produção de materiais didáticos em língua Karajá, para uso nas escolas das aldeias Karajá, é uma constante demanda de seus professores, que o projeto Karajá tem a satisfação de atender com a apresentação da presente cartilha e caderno de exercícios.
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A CARTILHA DE LETRAMENTO KARAJÁ A Cartilha de Letramento Karajá, INY˜RYBÈ TYYRTI, que se traduz literalmente como “a escrita da fala dos Iny˜ ”, apresenta à criança Karajá, o sistema gráfico usado para a transcrição da língua Karajá, que consiste de um alfabeto com 6 vogais e 14 consoantes. A apresentação deste sistema se baseia no método fônico, no qual o aluno é apresentado aos símbolos fônicos, as letras do alfabeto, associando-os ao som que representam através de palavras comuns da língua Iny˜. Esta cartilha resultou de uma revisão e reestruturação de cartilha anterior, publicada em 1990, pelo Museu do Índio, que serviu como base para a presente edição. Um caderno de atividades, à parte, acompanha a cartilha, trazendo exercícios para a prática e a fixação dos grafemas apresentados, empregando-se, preferencialmente, vocábulos com referentes concretos, como nomes de animais e itens da cultura material Karajá. A Cartilha de Letramento Karajá, sendo um material não consumível, pode ser aproveitado para trabalhar sucessivas turmas de alfabetização. O caderno de atividades, sendo consumível, pode ser usado pelo professor para fotocopiar páginas específicas de atividades, de acordo com o conteúdo sendo apresentado. Espera-se que o caderno de atividades seja também um modelo que possa estimular tanto a reprodução como a criação de novos exercícios pelos próprios professores Iny˜. ˜ RYBÈ TYYRTI, e o Caderno de Atividades A Cartilha de Letramento Karajá, INY são mais um produto apresentado pela equipe do PRODOCLIN – Karajá, no intuito de atender à demanda dos professores Iny˜ por material didático para o ensino da língua materna nas escolas das aldeias Karajá, podendo também ser instrumental no trabalho de revitalização da língua nas aldeias onde se constata quadro de perda linguística e cultural.
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watxiwi 55
KR
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KRUKRU krukru KRA KRE KRÈ KRI KRO KRÒ KRU KRÀ KRY KRÃ KRI˜ KRÕ KRY˜
kra
56
kre
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kro txu krotxu KROTXU
krò wè tè kròwètè KRÒWÈTÈ 57
Leituras
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Morõmy boi Ho, ho, ho... Ha, ha, ha...
Morõmy boi Bròrè tyhimy... Ho, ho, ho... Ha, ha, ha...
Morõmy boi Watxi tyhimy... Ho, ho, ho... Ha, ha, ha...
Morõmy boi Bròrèni tyhimy… Ho, ho, ho... Ha, ha, ha...
Morõmy boi Hãlòkòè tyhimy… Ho, ho, ho... Ha, ha, ha...
61
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Kotu wiku Kotu trasasa
Kuakuakua tututu Kuakuakua tututu
Knaknamy nanariamy Nanaderi wadkãtmo, Ibràra wadkãtmo, Bera wadkãtere
Kuakuakua tututu Kuakuakua tututu
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Esta publicação foi produzida como resultado de oficina nas comunidades indígenas Karajá realizadas entre 2009 e 2013 pelo Programa de Documentação de Línguas e Culturas Indígenas do Museu do Índio/Funai e foi publicada em 2014. EDITORIAL TIPOLOGIA Helvetica e Segoe Print. FORMATO Carta [21 x 28 cm] PAPEL Offset 90 g/m2 em impressão 4/4 cores CAPA Dupla combinada papel 350 g/m2 e pvc 030 mm cristal rígio com lombada quadrada TIRAGEM 1000 exemplares