Roteiro megalitico de coruche

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ROTEIRO MEGALÍTICO DE CORUCH


ROTEIRO MEGALÍTICO DE CORUCH


FICHA TÉCNICA

ÍNDICE

Título Roteiro Megalítico de Coruche

Mapa

7

Introdução

8

Textos Carla Martinho Coordenação conjunta Carla Martinho e Cristina Calais Fotografias p/b: Manuel Heleno, Arquivo MNA, 1933/34; cores: João Almeida, Arquivo Fotográfico MMC, 2009; p. 78, Vasco Manuel Mantas, Arquivo Fotográfico MMC, 2009 Desenhos António Bacalhau, Centro Documentação MMC, 2009 (Glossário); Fátima Dias Pereira, Centro Documentação MMC, 1997; Francisco Valença, Arquivo MNA, [193-]; Leisner (1959, lâmina 24, anta 1); Manuel Heleno, Arquivo MNA, 1933/34; Raquel Santos (Briz, 2005, 103) Revisão técnica Cristina Calais e Vasco Manuel Mantas Revisão ortográfica Ana Paiva Apoio técnico da CMC DSUAZV (Serviço de Zonas Verdes e Serviço de Ambiente Higiene e Limpeza) DOE (Serviço de Transportes e Viaturas) Apoio ProMuseus | 2007 Área das Parcerias Edição conjunta Câmara Municipal de Coruche | Museu Municipal de Coruche Instituto dos Museus e da Conservação | Museu Nacional de Arqueologia Agradecimentos Este trabalho só foi possível com a colaboração dos proprietários das Herdades onde se situam os monumentos e de Jacinto Amaro (Fencaça) Design gráfico Nerve, atelier de design Impressão Textype ISBN 978-972-99637-8-0 Depósito Legal ? Tiragem 2000 exemplares Agosto 2009

Os percursos possíveis

11

Percurso da Água Doce

13

1. Anta de Vale Beiró 2. Anta Grande do Caminho da Fanica 3. Anta Pequena do Caminho da Fanica

Percurso do Azinhal

16 20 22 25

4. Anta do Mouchão das Azinheiras 5. Anta do Tanque do Monte 6. Anta do Tanque Velho 7. Anta 2 do Mouchão das Azinheiras 8. Anta 3 do Azinhalinho Novo 9. Anta Oeste da Estrada de Montemor 10. Antinha da Estrada de Montemor 11. Anta do Curral da Mosca 12. Anta 1 do Azinhalinho 13. Anta 1 da Guarita 14. Penedo Medronheiro 15. Anta da Roça de Linhares 16. Anta de Vale das Covas 17. Anta de Vale Cordeiro 18. Anta Leste da Estrada de Montemor 19. Anta da Barradinha 20. Anta 2 da Guarita 21. Anta 3 da Guarita 22. Anta 4 da Guarita 23. Anta de Vale Pereiro no Azinhalinho

28 30 32 36 37 38 42 44 46 47 48 49 50 52 54 56 57 58 58 59

Percurso de Vale de Gatos e Chapelar

61

24. Anta do Chapelar 25. Anta Sul de Vale de Gato 26. Anta Norte de Vale de Gato 27. Sepulturas do Barranco da Fraga

Percurso de Martinianos 28. Anta 4 da Aldeia de Bertiandos 29. Anta 1 da Aldeia de Bertiandos 30. Anta 3 da Aldeia de Bertiandos 31. Anta 2 da Aldeia de Bertiandos 32. Anta 5 da Aldeia de Bertiandos 33. Anta 6 da Aldeia de Bertiandos

Monumentos que não constam nos percursos 34. Anta do Peso 35. Anta das Várzeas

64 66 70 72 75 78 79 82 84 85 86 87 89 90

Glossário

92

Bibliografia

97


MORA

RIB

EI R O A D

CONCELHO DE MORA

ES

N PA

VALE DE GATOS

PORTO

L HO

3

MONTE DA ÁGUA DOCE

2

1 26 25

AZINHAL

5

24

AZINHALINHO

17

4

27

SANTARÉM

EN

2

16 8

CHAPELAR

6

18 9

LISBOA

11 7

ÉVORA

RIBEIRA

AR

12

13

EI R

14

AS

RIB

OUTEIRO ALTO

S RO

MONTE DA PARREIRA

DA SB

10

20

IC FAN A DA

CIBORRO

A

15

SANTARÉM

LAVRE

EM 507

N EN 114

CONCELHO DE MONTEMOR-O-NOVO OR ES

SALVATERRA DE MAGOS

RIB

EIR

AD

RIBEIRA DA RAIA

EN 114-3

RIO SO

RRAIA

CORUCHE

EN 2 RIBEIR

A DO

MORA

DIVOR

LEGENDA

MARTINIANOS

EN 2

29

MONUMENTO LOCALIZADO EN 119

BROTAS

31 30

MONUMENTO NÃO LOCALIZADO CONCELHO DE CORUCHE

EN 114

LISBOA

EM 507

RIBEIRA DA FANICA

CIBORRO

LAVRE

EN 2 EM 507

MONTEMOR ÉVORA

REPRESA

CONCELHO DE ARRAIOLOS

ESTRADA NACIONAL

ARRAIOLOS

ESTRADA MUNICIPAL

EN 251-2

SETÚBAL

33 28

CAMINHO DE TERRA

MONTEMOR

RIBEIRA ARRAIOLOS

SINALÉTICA 0

5

10 km

CASARIO MARCO GEODÉSICO

S. GERALDO MONTEMOR-O-NOVO

EM 507

32


Roteiro Megalítico de Coruche O conjunto megalítico de Coruche, assim designado por ser construído

A primeira referência que lhes é feita encontra-se na obra dos arqueólogos/

de grandes pedras (do grego: mega=grande/lítico=pedra), destaca-se não

investigadores Georg e Vera Leisner: Die Megalithgräber der Iberischen

só pela diversidade tipológica das suas construções (antas, antelas, cistas/

Halbinsel, datada de 1959. Nela consta uma descrição sumária e a localização

sepulturas), mas também pelo espólio a elas associado. Grosso modo

de algumas sepulturas e surge pela primeira vez o nome de Manuel Heleno,

enquadrável entre o 5.º e 3.º milénios a.C., localiza-se no extremo sudeste

então director do Museu Nacional de Arqueologia/MNA (1930-1966), que

do concelho de Coruche, uma área geograficamente situada na parte Norte

escavou a quase totalidade dos monumentos actualmente referenciados para

do Alentejo Central. Assim, apesar de pertencer ao distrito de Santarém, as

esta zona.

condições geográficas e orográficas assemelham-se às do distrito de Évora e em particular às do concelho de Montemor-o-Novo. Trata-se de uma área de afloramentos graníticos – matéria-prima utilizada

O trabalho de Manuel Heleno, em Coruche, desenvolveu-se entre os anos de 1931 e 1934, data de escavação da maioria dos monumentos megalíticos, que localizou com o apoio de trabalhadores locais.

na construção dos monumentos –, abrangida por duas bacias hidrográficas

Apesar das escavações não terem sido realizadas com métodos de registo

tributárias do rio Tejo, a do Sorraia e a do Almansor, e por um grande número

adequados perante a realidade actual, e de não haver qualquer publicação

de pequenas e médias ribeiras com as quais, na maioria dos casos, os

delas decorrente, o acesso aos Cadernos de Campo de Manuel Heleno

monumentos apresentam relativa proximidade. Estes foram construídos em

permite-nos, desde 2002 – data da disponibilização dos mesmos –, conhecer

solos propícios à pastorícia e de aptidão média/baixa para a prática agrícola,

na íntegra o resultado dos seus trabalhos, possibilitando-nos a concretização

sendo terrenos favoráveis à exploração florestal e culturas de sequeiro. Esta

deste Roteiro.

característica fez com que, até ao século XVIII, fosse uma zona com extensas manchas incultas, o que contribuiu para uma melhor preservação dos monumentos megalíticos.

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ROTEIRO MEGALÍTICO DE CORUCHE

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A completar as informações dos Cadernos de Campo existem no MNA: desenhos e esboços da autoria de Manuel Heleno, plantas do então desenhador do MNA Francisco Valença e fotografias da época que, em alguns casos, são o único registo de antas e sepulturas destruídas. Todo o espólio proveniente das escavações de Manuel Heleno pertence ao acervo do MNA.

OS PERCURSOS POSSÍVEIS Neste roteiro apresentam-se quatro percursos alternativos. Cada um deles pode ser escolhido de acordo com a conveniência do visitante, pela condição física exigida, pelo meio de transporte necessário ou pelo tempo disponível. As visitas, à excepção do percurso da Água Doce, têm de ser agendadas

Actualmente, de um total de 33 monumentos intervencionados por

com o Serviço Educativo do Museu Municipal de Coruche, não podendo ser

Manuel Heleno foi possível localizar 23, número que contrasta com as 10 antas

realizadas com um elevado número de pessoas/viaturas para não perturbar o

publicadas por Georg e Vera Leisner em 1959. Uma discrepância que se deve

quotidiano das herdades. Os monumentos encontram-se em terreno privado,

ao facto de ter sido escassa a troca de informações entre Manuel Heleno e o

em regime de Reserva de caça ou zona de pastoreio, e é necessário que haja

casal Leisner. Este, desconhecendo o trabalho efectivo realizado por Manuel

coordenação entre o Museu e a Reserva (Fencaça) e/ou proprietários para que

Heleno – apenas houve uma intervenção comum em 1934 na Anta de Vale

se possa efectuar a visita.

das Covas –, baseou-se na observação directa dos monumentos e atribuiu-lhes novas designações toponímicas, à semelhança do que viria a suceder na

Este roteiro dispõe de sinalética no terreno para facilitar a compreensão e orientação dos percursos.

década de 90, quando, em 1996/97, a Câmara Municipal de Coruche, com o

Dada a localização dos monumentos no campo, com acessos em terra

patrocínio do IPPAR, apoiou um projecto que visava, numa primeira fase, o

batida, alguns mesmo alagadiços, chama-se a atenção para o facto das

reconhecimento e levantamento, no terreno, dos monumentos referenciados

condições climatéricas poderem condicionar a realização de alguns percursos.

na obra dos Leisner. Foram então criadas novas designações, que constam no

Aconselha-se o uso de calçado e roupa apropriada para circuitos ao ar livre.

artigo publicado em 2000, por Cristina Calais, nas Actas do 3.º Congresso de Arqueologia Peninsular. Os monumentos escavados englobam arquitecturas muito diferentes, referenciadas ao longo deste Roteiro, hoje mais facilmente identificáveis, dada

Os trajectos realizam-se por zonas onde são visíveis animais de pastoreio, contudo estão habituados à presença humana e não irão perturbar a visita. Assim, pede-se a todos os visitantes que respeitem a fauna e flora locais e não deixem vestígios da sua passagem.

a erosão do tumulus ou mamoa – monte artificial de terra e pedras – que

Todos os portões abertos para o trânsito de pessoas ou viaturas deverão

albergava no seu interior a câmara funerária, estruturada com grandes pedras

ser fechados imediatamente após a passagem, de modo a garantir o normal

ou megálitos, colocados na vertical (os esteios) e coberta por uma grande laje

funcionamento das herdades.

(a tampa ou chapéu). A ela se tinha acesso por um corredor baixo, também

Pede-se que a visita fique apenas registada na memória e nas fotografias.

de estrutura pétrea, podendo ser mais ou menos longo mas, regra geral,

Irão visitar locais e estruturas funerárias de muita importância para as

orientado a nascente.

populações que habitaram esta região. Assim, é nosso dever preservá-las,

De entre as oferendas que acompanhavam os mortos, únicos testemunhos

deixando-as, às gerações futuras, como um testemunho do nosso passado.

visíveis de um conjunto de rituais praticados, recolheu Manuel Heleno uma série de objectos associados ao mundo dos vivos: recipientes cerâmicos, machados de pedra polida, pontas de seta, enxós; mas também objectos exclusivamente votivos, báculos e placas de xisto, ligados ao mundo dos mortos. Parte integrante da paisagem que as envolve, estas construções são espaços de memória dos antepassados e locais de culto que podem recuar até há cerca de 6000 anos, ao tempo dos primeiros pastores e agricultores. Materializam os últimos testemunhos de uma sociedade coesa, com sentido comunitário, capaz de trabalhar para um fim colectivo e para quem a terra — Deusa Mãe — e os astros tinham um forte significado. Saibamos, pois, preservar este espaço!

Museu Municipal de Coruche Telefone 243 610 820 Fax 243 610 821 Web www.museu-coruche.org Email museu.municipal@cm-coruche.pt Fencaça Telefone 243 675 519 / 937 814 142 Web http://pagina.fencaca.pt Email fencaca@mail.telepac.pt

* As coordenadas referenciadas nos monumentos são UTM Datum WGS84 e dizem respeito à cartografia militar à escala 1/25000. * Os monumentos identificados a itálico referem-se a estruturas destruídas, não localizadas ou apenas com localização aproximada.

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Percurso da Água Doce

IMAGEM

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Anta Pequena do Caminho da Fanica

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Percurso da Água Doce Este é o percurso mais curto e o mais acessível para qualquer tipo de público, nomeadamente escolas e grupos. A proximidade com a Estrada Nacional permite, com o acordo dos proprietários e da Fencaça, a sua realização de forma autónoma, sem o contacto prévio com o Museu Municipal de Coruche, sendo o único local que dispõe de parqueamento para ligeiros e autocarros e sinalética geral de informação. É composto por três monumentos, de câmara poligonal e corredor, situando-se dois de um lado da estrada e outro do lado oposto. Neste conjunto encontra-se um dos maiores monumentos até agora identificados no concelho, a Anta Grande do Caminho da Fanica, e um dos que forneceu o espólio mais abundante e diverso, a Anta de Vale Beiró. O tempo estimado para esta visita é de 30 minutos.

3

MONTE DA ÁGUA DOCE

Como chegar: sair de Coruche seguindo pela EN 114 em direcção a Évora.

2

No Lavre virar à esquerda para o Ciborro. Atravessar a povoação e percorrer 4,8km na EN 2. Entre o Km 495 e 496 localiza-se o núcleo da Água Doce.

1

EN

1 Anta de Vale Beiró 2 Anta Grande do Caminho da Fanica 3 Anta Pequena do Caminho da Fanica

CIBORRO

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2 8


Espólio: Este monumento tinha um número muito elevado de peças. Entre peças completas e fragmentos diversos conta-se um total de 204 artefactos, dos quais se destacam: 15 vasos de cerâmica completos, 22 machados e enxós de pedra polida e ainda uma pequena enxó votiva, quatro percutores de quartzito, 77 pontas de seta de sílex, xisto e quartzo hialino, dois trapézios de sílex, seis lâminas de sílex e duas lamelas de quartzo hialino, a extremidade distal de uma alabarda de sílex, dois pendentes, 22 contas discóides e um conjunto de seis placas de grés, sendo uma com forma antropomórfica e 11 placas decoradas de xisto. É um conjunto muito diversificado e com semelhanças ao espólio de outros monumentos do Alentejo com cronologias que apontam para o 3.º milénio.

Denominação Leisner Anta 1 da Herdade da Água Doce Localização Freguesia do Couço Coordenadas 569668,49 4297351,18 (CMP 422) Coordenadas GPS N 38º 49’ 19,889’’ W 08º 11’ 50,812’’ Como chegar Este monumento situa-se numa pequena elevação junto à EN 2, do lado direito, no sentido Ciborro-Mora. Data da escavação 29 de Outubro de 1931 Tipo de monumento Anta de corredor Dimensões Diâmetro máximo da câmara: 2,50m Diâmetro do chapéu: 2,77m Comprimento do corredor: 2,37m (à data da escavação)

1. Anta de Vale Beiró Descrição: Segundo o arqueólogo Manuel Heleno esta foi a anta, por si intervencionada, que forneceu o espólio mais rico e variado. Originalmente seria uma anta com câmara de sete esteios, sem contar com a pedra de fecho. No entanto, ela sofreu algumas modificações, ficando com o aspecto que tem actualmente. À data da escavação havia três esteios partidos, que são os que hoje faltam na zona da cabeceira. A câmara, de forma poligonal, é coberta por um chapéu de grande dimensão. O corredor, orientado a Este, era composto por cinco esteios do lado esquerdo e seis do lado direito. Actualmente, apenas um esteio do corredor se encontra visível. A entrada para o monumento era feita através do corredor, que termina na grande pedra transversal que marca a porta da câmara. O tumulus destaca-se na paisagem, apesar de estar já bastante destruído. É provável que fosse primitivamente coberto por blocos de granito e quartzo leitoso, por forma a criar grande visibilidade na paisagem.

1.

2.

3. 1. Pontas de seta de sílex 2. Pendentes de variscite 3. Conjunto de contas discóides de xisto

Desenho de Fátima Dias Pereira, 1997

16 ROTEIRO MEGALÍTICO DE CORUCHE

1 cm

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17


4.

5.

7.

4. Placa de xisto decorada com recorte antropomórfico 5. Placa de grés 6 e 7. Placas de xisto decoradas 8. Enxós de xisto anfibólico 9. Vasos de cerâmica

8. 6.

9.

1 cm

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Denominação Leisner Anta 2 da Herdade da Água Doce Localização Freguesia do Couço Coordenadas 569939,77 4297538,17 (CMP 422) Coordenadas GPS N 38º 49’ 25,878’’ W 08º 11’ 39,495’’ Como chegar Este monumento situa-se junto à EN 2, do lado direito, a cerca de 250m a nordeste da Anta de Vale Beiró. Data da escavação Início de Outubro de 1931 Tipo de monumento Anta de corredor Dimensões Diâmetro máximo da câmara: 3,50m Comprimento do corredor: 2,20m (à data de escavação)

2. Anta Grande do Caminho da Fanica Descrição: Esta é uma das antas de maior dimensão de todo o conjunto e assume uma posição sobranceira sobre as duas outras que lhe estão próximas. É uma anta de câmara poligonal com sete esteios, estando dois deles deslocados da sua posição original. Um deles tombou devido a uma azinheira que cresceu junto do mesmo. O chapéu do monumento, que cobria a câmara, está em falta. Segundo Manuel Heleno, este estava caído no interior da câmara e encostado ao esteio de cabeceira, mas foi partido para que se pudesse escavar o interior da estrutura funerária. Proporcionalmente à dimensão da câmara, o corredor é curto e não continha nenhum espólio. Encontra-se relativamente bem conservado, restando duas lajes in situ do lado Norte e três do lado Sul. Está orientado a Este, como a maioria dos monumentos.

Desenho de Manuel Heleno

Desenho de Francisco Valença

Espólio: A grandeza deste monumento não se revela ao nível do espólio. Manuel Heleno recolheu apenas 11 peças, entre as quais se encontram: uma lâmina de chert de grande dimensão, um núcleo de quartzo hialino, um polidor de grés e fragmentos incaracterísticos de cerâmica. 1.

O tumulus é ainda perceptível, sendo possível observar dispersos pela superfície, em redor do monumento, alguns dos blocos que o teriam coberto. Seria de dimensões consideráveis, destacando-se na paisagem envolvente.

2.

1. Lâmina de chert 2. Núcleo de quartzo hialino

Desenho de Fátima Dias Pereira, 1997

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1 cm

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Denominação Leisner Anta 3 da Herdade da Água Doce Localização Freguesia do Couço Coordenadas 569864,85 4297569,15 (CMP 422) Coordenadas GPS N 38º 49’ 26,904’’ W 08º 11’ 42,590’’ Como chegar Este monumento situa-se junto à EN 2, do lado esquerdo, no sentido Ciborro-Mora, no lado oposto da estrada, face à Anta Grande do Caminho da Fanica. Data da escavação 31 de Outubro de 1931 Tipo de monumento Anta de corredor Dimensões Diâmetro máximo da câmara: 2m Diâmetro máximo do chapéu: 2,22m Comprimento do corredor: 1,80m (à data da escavação)

3. Anta Pequena do Caminho da Fanica Descrição: A Anta Pequena do Caminho da Fanica é a mais pequena do conjunto dos monumentos da Água Doce. É um monumento de câmara poligonal com sete esteios que, apesar da inclinação actual, se conservam in situ. A pedra de fecho da câmara é ainda visível em frente dos esteios do corredor. A câmara está coberta pelo chapéu, que assenta em todos os esteios. O monumento conservava, à data da escavação, um corredor médio, orientado a Este, com dois esteios do lado Norte e dois a Sul. Cada esteio apoiava-se no que lhe estava oposto, formando um V invertido. Actualmente, são visíveis apenas os dois esteios do lado Sul. O tumulus deste monumento está muito destruído, sendo quase imperceptível.

Espólio: Este monumento, para além de ser o mais pequeno dos três existentes na Água Doce, é também aquele que tinha o menor número de peças no seu interior aquando da escavação. Aqui Manuel Heleno recolheu apenas uma lâmina de sílex fragmentada e três pequenas lascas de sílex, cuja forma se assemelha à das pontas de seta.

1. Desenho de Manuel Heleno

2.

1. Lâmina de sílex 2. Restos de talhe de sílex

Desenho de Fátima Dias Pereira, 1997 Desenho de Manuel Heleno

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1 cm

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Percurso do Azinhal

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Anta do Tanque Velho

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RIB EI R O A D

Percurso do Azinhal

ES

É o percurso de maior duração, contabilizando grande número e diversidade

Esta visita tem de ser agendada com o Museu ou com a Fencaça porque se

MONTE realiza em terrenos afectos à reserva de caça.

3

L HO

grupos escolares com um propósito académico específico.

N PA

de monumentos a visitar, pelo que é o mais indicado para investigadores ou

DA ÁGUA DOCE

Nesta Herdade foram identificadas e intervencionadas mais estruturas do que as actualmente localizadas. No mapa, além das visitáveis, identificam-se1 as de localização aproximada, ainda que se dê informação sobre todas elas. A não identificação de alguns monumentos deve-se à alteração da toponímia, que impossibilitou seguir as indicações de Manuel Heleno, ou à sua destruição em época posterior à escavação.

AZINHAL

5

AZINHALINHO

O tempo estimado para esta visita é de 4/5 horas.

17

4

Como chegar: sair de Coruche 2 seguindo pela EN 114 em direcção a Évora.

No Lavre virar à esquerda para EN o Ciborro. Atravessar a povoação e percorrer 4,8km na EN 2. Entre o Km 495 e 496 localiza-se o núcleo da Água Doce. O

16 8

6

acesso ao interior da Herdade do Azinhal é feito percorrendo cerca de 1,5km,

18 9

por caminho de terra batida, até à encruzilhada onde se encontra a sinalética de encaminhamento.

11 7

RIBEIRA 4 Anta do Mouchão das Azinheiras 5 Anta do Tanque do Monte 7 Anta 2 do Mouchão das Azinheiras

AR

S RO

6 Anta do Tanque Velho

DA SB

AS

10

OUTEIRO ALTO 14

12

13 20

8 Anta 3 do Azinhalinho Novo 9 Anta Oeste da Estrada de Montemor 10 Antinha da Estrada de Montemor 11 Anta do Curral da Mosca 12 Anta 1 do Azinhalinho 13 Anta 1 da Guarita 14 Penedo Medronheiro 15 Anta da Roça de Linhares

15

16 Anta de Vale das Covas 17 Anta de Vale Cordeiro 18 Anta Leste da Estrada de Montemor 19 Anta da Barradinha 20 Anta 2 da Guarita 21 Anta 3 da Guarita 22 Anta 4 da Guarita 23 Anta de Vale Pereiro no Azinhalinho

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Localização Freguesia do Couço Coordenadas 570611,83 4296108,55 (CMP 422) Coordenadas GPS N 38º 48’ 58,726’’ W 08º 10’ 56,393’’ Como chegar A cerca de 20m antes da encruzilhada, o monumento situa-se do lado esquerdo, a 30m do caminho. Data da escavação Novembro de 1931 Tipo de monumento Sepultura aberta Dimensões (à data da escavação) Comprimento do monumento: 2,80m Largura máxima: 1,30m Altura máxima do monumento: 0,95m

4. Anta do Mouchão das Azinheiras Descrição: Este é o primeiro monumento no percurso do Azinhal. Sendo de reduzida dimensão pode passar despercebido se não se observar o terreno com alguma atenção. Esta sepultura encontrava-se coberta pelo tumulus antes de ser escavada. Foi descoberta porque as extremidades dos esteios eram visíveis no topo do mesmo. Segundo Manuel Heleno o tumulus, na época da escavação, teria cerca de 20m de diâmetro máximo. Considerada uma sepultura aberta, apresenta forma rectangular, composta por seis esteios de granito. A abertura está orientada a Este. Normalmente, este tipo de monumentos não tem corredor ou chapéu podendo, contudo, ser cobertos por lajes que assentam sobre os esteios. Actualmente encontra-se coberto pelas terras envolventes, não sendo possível reconhecer a planta desenhada por Manuel Heleno em 1931. Manuel Heleno, por vezes, indica a cronologia dos monumentos. Neste caso, ele estimou poder estar na presença de um monumento antigo, dada a sua forma e espólio, não fosse a existência de uma conta discóide de xisto remeter para uma data posterior. É ainda possível colocar a hipótese de se tratar de um monumento que sofreu uma ou mais reutilizações ao longo do tempo.

Desenho de Manuel Heleno

Desenho de Francisco Valença

Espólio: Nesta sepultura contam-se 16 registos, entre os quais se encontram: quatro instrumentos de pedra polida, um percutor, duas lâminas fragmentadas e uma lamela de sílex, seis geométricos do mesmo material e uma conta discóide de xisto. É de notar a ausência de cerâmica, algo que se irá verificar em mais monumentos da mesma tipologia.

1.

2.

1. Geométricos de sílex 3.

2. Lâmina de sílex 3. Conta discóide de xisto

1 cm

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29


2m

Denominação Calais Anta do Espanhol Localização Freguesia do Couço Coordenadas 570993,56 4296947,21 (CMP 422) Coordenadas GPS N 38º 49’ 06,404’’ W 08º 10’ 56,016’’ Como chegar A cerca de 20m antes da encruzilhada, do lado esquerdo, percorrem-se 200m por um caminho que leva à represa (barragem do Espanhol). O monumento localiza-se do lado esquerdo. Data da escavação Março e Abril de 1934

5. Anta do Tanque do Monte Descrição: Devido ao elevado grau de destruição houve algumas dúvidas quanto a interpretar esta estrutura como a Anta do Tanque do Monte escavada por Manuel Heleno. Contudo, através da localização, descrição e medidas fornecidas pelos Cadernos de Campo e a sua comparação com as dimensões recolhidas no local pensa-se que deverá ser a mesma. A abertura estava orientada para Este. A destruição era já descrita por Manuel Heleno, constatando que tinha a tampa partida e faltavam os esteios do lado esquerdo. Todos os esteios estavam a descoberto e havia lajes nas proximidades que poderiam ser as tampas e os esteios em falta.

Excerto do desenho de Fátima Dias Pereira, 1997

Espólio: Tal como no monumento anterior, estamos perante uma sepultura aberta, mas o número de artefactos recolhido é mais elevado. É de evidenciar a abundância de machados e enxós de pedra polida, com 14 exemplares registados e uma goiva de exímio fabrico. Foi também encontrada uma lâmina de sílex de grande dimensão, três lâminas de sílex menores e fragmentadas e cinco geométricos do mesmo material.

1.

2.

3.

4.

Tipo de monumento Sepultura aberta Dimensões (à data da escavação) Comprimento do monumento: 2,55m Altura máxima do monumento: 0,59m Diâmetro máximo do tumulus: 5,20m Altura máxima do tumulus: 0,66m

1. Lâmina de sílex 2. Goiva de anfibolito 5.

3. Machado de anfibolito 4. Enxó de xisto anfibólico 5. Geométricos de sílex

Esboço de Manuel Heleno

30 ROTEIRO MEGALÍTICO DE CORUCHE

Desenho de Francisco Valença

1 cm

ROTEIRO MEGALÍTICO DE CORUCHE

31


Denominação Calais Anta 1 do Azinhalinho Novo Localização Freguesia do Couço Coordenadas 570907,07 4296467,86 (CMP 422) Coordenadas GPS N 38º 48’ 50,880’’ W 08º 10’ 59,780’’ Como chegar Voltar à direita na encruzilhada, seguindo a sinalética, passando junto a um grande afloramento. Percorrem-se mais 200m e o monumento situa-se do lado esquerdo do caminho, a cerca de 30m da estrada, no topo de uma pequena elevação. Data da escavação 27 de Outubro de 1931 Tipo de monumento Anta de corredor Dimensões (à data da escavação) Diâmetro máximo da câmara: 3,20m Comprimento do corredor: 4m

6. Anta do Tanque Velho Descrição: Este monumento encontra-se numa posição privilegiada, ocupando o topo de uma pequena elevação, formada em grande parte pelo tumulus. É de grande dimensão, com câmara poligonal de sete esteios e coberta pelo chapéu (partido em dois). Manuel Heleno escreve que o chapéu terá sido quebrado por um raio. O corredor é longo e orientado para nascente (Este). Aquando da escavação estava separado da câmara por uma laje vertical que assentava nos dois últimos esteios do mesmo. Actualmente encontra-se coberto pelas terras do tumulus. Na fotografia da escavação observa-se um trabalhador dentro da câmara e a terra do tumulus fica-lhe sensivelmente ao nível da cintura. Será esta a profundidade a que se encontra o corredor. No decorrer da escavação Manuel Heleno descobriu um nicho de grande dimensão (C1,80 x L0,35m) no lado esquerdo do corredor, composto por três pedras, no qual se encontrou algum espólio.

Espólio: Este é muito abundante e diverso. Contam-se 74 registos, entre os quais se destacam: dez vasos de cerâmica completos, dez machados e enxós de anfibolito, duas lâminas de sílex inteiras e duas fragmentadas, quatro pontas de seta de sílex e xisto, três geométricos de sílex, uma conta discóide de xisto e 14 placas de xisto decoradas.

1.

2.

1. Pontas de seta de sílex e xisto 2. Geométricos de sílex

Desenho de Fátima Dias Pereira, 1997 1 cm

32 ROTEIRO MEGALÍTICO DE CORUCHE

ROTEIRO MEGALÍTICO DE CORUCHE

33


3. 3, 4 e 5. Placas de xisto decoradas 6. Machado de anfibolito 7. Enxó de xisto anfibólico 8. Conjunto de vasos de cerâmica

6.

7.

8. 4.

5.

1 cm

34 ROTEIRO MEGALÍTICO DE CORUCHE

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35


Denominação Calais Anta 2 do Azinhalinho Novo Localização Freguesia do Couço Coordenadas 570986,59 4296710,45 (CMP 422) Coordenadas GPS N 38º 48’ 39,310’’ W 08º 11’ 12,154’’ Como chegar Na encruzilhada, seguindo a sinalética, volta-se à direita, passando junto a um grande afloramento. Segue-se mais 520m e vira-se à direita, seguindo o caminho que sobe a elevação. O monumento situa-se a cerca de 100m à frente, do lado direito do caminho. Data da escavação Março e Abril de 1934 Tipo de monumento Anta de corredor Dimensões (à data da escavação) Comprimento máximo da câmara: 2,60m Largura máxima da câmara: 1,35m Largura máxima do corredor: 0,48m

7. Anta 2 do Mouchão das Azinheiras Descrição: Apesar de actualmente a planta do monumento não ser muito clara para o observador, Manuel Heleno deixou uma descrição que permite reconstituir mentalmente a forma do mesmo. O arqueólogo descreve-o como uma sepultura de planta trapezoidal, composta por nove esteios e um corredor curto com apenas um esteio de cada lado. Orienta-se de Nascente para Poente. É ainda visível parte do tumulus que cobria a sepultura, conservando cerca de 1m de altura. Espólio: Neste monumento não existe uma planta dos achados, apenas se indicam as diversas profundidades a que foram recolhidos. No total contabilizam-se 23 peças, entre as quais se destacam: duas lâminas de sílex de grande dimensão (mais de 15cm), cinco instrumentos de pedra polida e 13 geométricos (trapézios e crescentes) de sílex.

1.

2.

3.

8. Anta 3 do Azinhalinho Novo

Denominação Calais Anta 3 do Azinhalinho Novo

Descrição: Este monumento não deverá ter sido intervencionado por Manuel Heleno. A sua localização e descrição não correspondem a nenhum dos monumentos por si intervencionados. Foi identificado em 1997 por Cristina Calais durante as prospecções levadas a cabo no âmbito do projecto que visava relocalizar os monumentos de Coruche publicados pelo casal Leisner. Tratando-se de um monumento não intervencionado, é difícil descrever a planta, uma vez que apenas a escavação poderá confirmar se os esteios se encontram in situ, se foram removidos ou deslocados e revelar os alvéolos da sua implantação. Contudo, dadas as dimensões, parece tratar-se de uma sepultura semelhante às anteriormente descritas. Teria uma forma sub-rectangular, aberta ou fechada, da qual se observam três esteios. Próximo do monumento observam-se alguns blocos que poderão ser esteios ou tampas removidos da sua posição original.

Localização Freguesia do Couço Coordenadas 570369,07 4296283,73 (CMP 422) Coordenadas GPS N 38º 48’ 45,062’’ W 08º 11’ 22,154’’ Como chegar Na encruzilhada, seguindo a sinalética, volta-se à direita, passando junto a um grande afloramento. Seguem-se mais 520m e vira-se à direita, seguindo o caminho que sobe a elevação. O monumento situa-se a cerca de 500m à frente, do lado direito do caminho. Data da escavação Será possivelmente um monumento não intervencionado Tipo de monumento Indeterminado Dimensões Comprimento máximo conservado: 1m Largura máxima conservada: 0,80m Altura máxima conservada: 0,50m

Espólio: Não há espólio associado.

1. Enxó de anfibolito 2. Machado de anfibolito

4.

3. Lâmina de sílex 4. Geométricos de sílex

36 ROTEIRO MEGALÍTICO DE CORUCHE

1 cm

ROTEIRO MEGALÍTICO DE CORUCHE

37


Denominação Leisner Anta 1 da Herdade do Azinhal Localização Freguesia do Couço Coordenadas 571174,64 4296244,34 (CMP 422) Coordenadas GPS N 38º 48’ 43,551’’ W 08º 10’ 48,769’’ Como chegar Na encruzilhada onde se encontra a sinalética, seguir em frente cerca de 450m. O monumento situa-se à beira da estrada, do lado direito. Data da escavação 28 de Outubro de 1931 Tipo de monumento Anta de corredor Dimensões (à data da escavação) Diâmetro máximo da câmara: 3,20m Comprimento máx. do corredor: 2,60m

9. Anta Oeste da Estrada de Montemor Descrição: Este monumento é de grande dimensão. Trata-se de uma anta com câmara poligonal de sete esteios, encontrando-se apenas cinco in situ. Os dois esteios em falta já estavam omissos aquando da escavação. A câmara não tem chapéu. Este, segundo Manuel Heleno, teria sido fracturado por um raio. O corredor, que actualmente não está visível porque foi coberto após a escavação, está orientado a Este e era composto por três esteios de cada lado, conservando uma das tampas. O tumulus ainda se encontra parcialmente conservado, mantendo-se a descoberto os esteios da Câmara. Esta anta apresenta a particularidade de ter conservado vestígios antropológicos no interior da câmara. É algo pouco comum devido à elevada acidez dos solos que impossibilitam a conservação de material osteológico. Contudo, apesar de não ser possível reconstituir com clareza qual o ritual fúnebre praticado neste monumento, sabe-se que foi encontrado um esqueleto em frente do primeiro esteio, o que, pela posição do crânio e ossos longos, indica tratar-se de uma inumação em decúbito dorsal.

Espólio: Conservava um espólio abundante e diversificado, contabilizando-se 119 registos de peças, entre os quais se evidenciam: um conjunto diverso de fragmentos de cerâmica, onde se consegue reconstituir a forma de 33 vasos; quatro vasos de cerâmica completos, um dos quais com o desenho de quatro báculos incisos; 14 instrumentos de pedra polida, entre os quais se encontra uma goiva; duas lâminas de sílex completas e fragmentos de nove exemplares; dois fragmentos de lamelas; 35 pontas de seta de sílex e xisto; um furador de sílex; dois trapézios de sílex; cinco contas de xisto e quatro placas de xisto decoradas. Infelizmente não é possível atribuir nenhum destes achados à inumação mencionada por Manuel Heleno.

1.

2.

1. Geométricos de sílex 2. Pontas de seta de sílex

Desenho de Fátima Dias Pereira, 1997

1 cm

38 ROTEIRO MEGALÍTICO DE CORUCHE

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39


3.

4.

8.

9.

10.

5.

6.

11.

7.

12.

3. Machado de anfibolito 4 e 8. Placas de xisto decoradas 5. Escopro de anfibolito 6, 7 e 12. Vasos de cerâmica 9 e 10. Lâminas de sílex 11. Vaso de cerâmica com decoração de báculos incisos

1 cm

40 ROTEIRO MEGALÍTICO DE CORUCHE

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Denominação Calais Cista do Azinhalinho Localização Freguesia do Couço Coordenadas 571378,16 4296150,51 (CMP 422) Coordenadas GPS N 38º 48’ 40,448’’ W 08º 10’ 40,366’’ Como chegar Na encruzilhada, onde se encontra a sinalética de encaminhamento, seguir em frente cerca de 550m até encontrar, do lado esquerdo, um acesso à represa, a qual se contorna pelo lado esquerdo, tomando então o caminho da direita. Subindo a elevação, o monumento situa-se a 100m, do lado direito. Data da escavação Outubro de 1931 Tipo de monumento Sepultura de corredor incipiente Dimensões Comprimento total: 2,60m Comprimento máximo da câmara: 2m Largura máxima da câmara: 1m Altura máxima do monumento: 0,92m Diâmetro máximo do tumulus: 20m (à data de escavação) Altura máxima do tumulus: 1,50m (à data de escavação)

10. Antinha da Estrada de Montemor Descrição: Este monumento de pequena dimensão também pode ser denominado de cista. Apesar de hoje se poder observar toda a sua estrutura pétrea, aquando da escavação ela encontrava-se completamente coberta pelo tumulus. Este, como se observa pelas dimensões apresentadas, seria de grande dimensão e dele despontava apenas a extremidade de um esteio. Era também visível um conjunto de pedras de reduzida dimensão que provavelmente fariam parte da sua couraça pétrea. A sepultura apresenta uma planta rectangular, constituída por quatro esteios, um de cabeceira, dois laterais e um de fecho. Os esteios laterais tinham uma pedra de reforço do lado exterior. Junto à pedra de fecho encontravam-se dois esteios, de menor dimensão e inclinados, que formavam um pequeno corredor. Actualmente encontram-se um pouco afastados da posição original mas são ainda visíveis.

Espólio: Os materiais descobertos neste monumento são muito escassos. Existem apenas seis registos de peças, entre os quais: uma mó de arenito descoberta no exterior junto à cabeceira, um fragmento de polidor de grés e um bordo de vaso esférico. As restantes peças são fragmentos incaracterísticos de cerâmica.

1. Desenho de Manuel Heleno

Desenho de Fátima Dias Pereira, 1997

1. Dormente de mó manual em granito

1 cm

42 ROTEIRO MEGALÍTICO DE CORUCHE

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Denominação Leisner Anta 4 da Herdade do Azinhal (?) Localização Freguesia do Couço Coordenadas 571546,66 4296268,64 (CMP 422) Coordenadas GPS N 38º 48’ 44,231’’ W 08º 10’ 33,336’’ Como chegar Na encruzilhada, onde se encontra a sinalética de encaminhamento, seguir em frente cerca de 550m até encontrar, do lado esquerdo, um acesso à represa, a qual se contorna pelo lado esquerdo, após o que se percorrem 180m em frente. O monumento situa-se do lado esquerdo da estrada, junto a uma curva, a cerca de 50m em linha recta da mesma. Data da escavação Outubro de 1931 Tipo de monumento Sepultura fechada Dimensões Comprimento da câmara: 2m Largura máxima aproximada: 1,20m Altura máxima do monumento: 1,10m Diâmetro máximo do tumulus: 18m (à data da escavação) Altura máxima do tumulus: 1,80m (à data da escavação)

11. Anta do Curral da Mosca Descrição: Esta foi uma das primeiras sepulturas escavadas por Manuel Heleno. Foi alvo de intervenção porque o investigador ficou intrigado com uns montículos de terra, de forma muito regular, que apareciam em alguns pontos das herdades que visitava. Assim, iniciou as primeiras escavações nas sepulturas ainda cobertas pelo tumulus. Esta em particular apresentava um tumulus de grande dimensão porque aproveitou também a existência de uma elevação natural pré-existente. Actualmente ainda se consegue observar a ligeira subida do terreno naquele local e algumas das pedras que cobririam a mamoa. Só após a escavação foi possível observar a estrutura da sepultura que, na actualidade, se mantém muito semelhante à descrição de 1931. É uma planta sub-rectangular, constituída por uma pedra larga que marca a cabeceira, quatro esteios do lado Sul, três do lado Norte, sendo o fecho feito por outra pedra larga. Esta sepultura tinha a particularidade de conservar pedras de reforço entre alguns esteios, uma junto à cabeceira e outra entre o terceiro e quarto esteios do lado Sul. Manuel Heleno refere ainda a existência de uma laje que cobria parte da estrutura. Havia também um nicho no exterior, localizado junto à pedra da cabeceira. Era formado por uma pedra inclinada, apoiada no esteio de cabeceira, onde se encontraram alguns artefactos.

Desenhos de Manuel Heleno

Espólio: Manuel Heleno deu mais destaque a algumas peças que descobriu neste monumento, talvez devido à peculiaridade da sua localização. Refere dois machados de pedra polida no nicho e um outro conjunto de peças descobertas juntas no interior do monumento, debaixo de uma pedra larga e achatada: dois artefactos de pedra afeiçoada, uma goiva e um geométrico de sílex. Para além destes há ainda o registo de três geométricos, uma lamela fragmentada, uma lâmina de sílex completa e uma outra fragmentada e uma conta discóide de xisto. Há nesta sepultura a indicação de alguns fragmentos de cerâmica, nomeadamente um bordo de vaso esférico.

1.

2.

3.

1 e 2. Machados de anfibolito 3. Lâmina de sílex 4. Enxó/goiva de basalto filoniano alterado 5. Geométricos de sílex

4.

5.

1 cm

44 ROTEIRO MEGALÍTICO DE CORUCHE

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45


Denominação Leisner Anta 2 da Herdade dos Azinhais (do Cabeço da Guarita) (?) Denominação Calais Anta do Outeiro Alto Localização Freguesia do Couço Coordenadas 572071,26 4295612,92 (CMP 422)

Como chegar Na encruzilhada, onde se encontra a sinalética de encaminhamento, avança-se em frente até encontrar o acesso à represa, a qual se contorna pelo lado esquerdo. Segue-se em frente até chegar a nova sinalética, volta-se à direita e percorrem-se cerca de 375m. O monumento encontra-se do lado esquerdo, no topo da subida, junto à curva antes de chegar ao marco geodésico. Data da escavação Indeterminada Tipo de monumento Sepultura aberta (?) Dimensões Altura máxima conservada: 0,45m Comprimento máx. conservado: 2,40m Largura máxima conservada: 1,20m

Denominação Calais Antela do Outeiro Alto

13. Anta 1 da Guarita

Coordenadas GPS N 38º 48’ 22,806’’ W 08º 10’ 11,832’’

12. Anta 1 do Azinhalinho Descrição: Este poderá ser o monumento descrito sumariamente por Manuel Heleno como Anta 1 do Azinhalinho mas do qual não há mais referências. Contudo, optou-se por utilizar esta denominação porque, através da localização, parece tratar-se do mesmo. Quando os monumentos não tinham espólio o investigador não se alongava na sua descrição. Neste caso, como se observa através da planta, é um monumento muito destruído e pouco perceptível ao observador, em parte devido à grande quantidade de pedras soltas que se encontram próximas. Do monumento original apenas se encontram dois esteios in situ. Apesar da destruição evidente é ainda possível perceber o contorno do tumulus que cobriria a estrutura pétrea.

Descrição: Esta sepultura já não se encontrava coberta pelo tumulus quando foi escavada. Actualmente este é quase imperceptível porque tem sido muito destruído pela lavra das terras ao longo dos anos. É uma sepultura orientada a Nascente e está bem conservada. Observam-se nove esteios in situ, os mesmos encontrados por Manuel Heleno, três na zona da cabeceira, dois do lado Sul e quatro a Norte. Os esteios que definiam o fecho do monumento estão fragmentados junto à base. Aquando da escavação já não tinha lajes de cobertura. Junto à entrada está um grande monólito, de uso indeterminado, que antes da escavação estava no interior da câmara. Esta, apesar da reduzida dimensão, destaca-se na paisagem e apresenta uma arquitectura facilmente identificável. Espólio: Manuel Heleno regista apenas quatro peças provenientes deste monumento: dois machados, sendo um de secção circular e corpo picotado, um geométrico de sílex e um percutor.

Localização Freguesia do Couço Coordenadas 571798,78 4295511,43 (CMP 422) Coordenadas GPS N 38º 48’ 19,594’’ W 08º 10’ 23,167’’ Como chegar Na encruzilhada, onde se encontra a sinalética de encaminhamento, avança-se em frente até ao acesso à represa, a qual se contorna pelo lado esquerdo. Segue-se em frente até chegar a nova sinalética, volta-se à direita, percorrem-se cerca de 300m e continua-se até passar o marco geodésico do lado direito. O monumento localiza-se a cerca de 250m à frente do marco geodésico, a 40m do lado direito do caminho. Data da escavação 30 de Outubro de 1933 Tipo de monumento Sepultura fechada Dimensões Comprimento máx. conservado: 2,25m Largura máxima conservada: 1,25m Altura máxima: 0,85m

1.

2.

Desenho de Manuel Heleno

Desenho de Fátima Dias Pereira, 1997

Espólio: Desconhece-se o espólio encontrado neste monumento, poderá eventualmente não ter tido quaisquer materiais associados.

Desenho de Fátima Dias Pereira, 1997

1 cm

46 ROTEIRO MEGALÍTICO DE CORUCHE

1. Machado de anfibolito 2. Geométrico de sílex

ROTEIRO MEGALÍTICO DE CORUCHE

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Localização Freguesia do Couço Coordenadas 572100 4295950 (CPM 422) Coordenadas GPS N 38º 48’ 33,732’’ W 08º 10’ 10,514’’ Como chegar Na encruzilhada, onde se encontra a sinalética de encaminhamento, avança-se em frente até ao acesso à represa, a qual se contorna pelo lado esquerdo. Segue-se em frente até chegar a nova sinalética, volta-se à direita e continua-se até passar o marco geodésico do lado direito. O afloramento localiza-se a cerca de 600m à frente do marco geodésico, do lado direito do caminho. Tipo de monumento Formação rochosa natural Dimensões Altura máxima: c. 6m

14. Penedo Medronheiro Descrição: O Penedo Medronheiro é uma formação rochosa natural. De acordo com as informações da época, este nome deve-se a um medronheiro que terá nascido no topo de uma das lajes. Não é um monumento megalítico, contudo é merecedor de algum destaque, quer pela sua dimensão quer pelo interesse que despertou no arqueólogo Manuel Heleno. O afloramento é composto por lajes verticais de grande dimensão. Durante os trabalhos de prospecção, que Manuel Heleno realizou nos concelhos de Coruche e adjacentes, houve o cuidado em registar todos os achados que pudessem ser indicadores da presença humana, incluindo: monumentos megalíticos, povoados, gravuras rupestres, etc. É neste contexto que o Penedo Medronheiro é referenciado. O arqueólogo chama a atenção para um conjunto de cerca de vinte covinhas gravadas numa das lajes que compõe o afloramento. Este tipo de insculturas surgem também no chapéu de cobertura dos monumentos megalíticos, em alguns menires ou em formações rochosas naturais, como no caso presente, que, de algum modo, terão feito parte da vivência dos nossos antepassados.

15. Anta da Roça de Linhares

Denominção Calais Cista do Outeiro Alto

Descrição: Esta sepultura situa-se muito próxima das denominadas Antas da Guarita, mas Manuel Heleno baptizou-a de acordo com um outro topónimo próximo, a Roça de Linhares. À semelhança do que aconteceu com os demais monumentos sem espólio ou com poucas peças, também neste caso foi muito parco na descrição e informações registadas no Caderno de Campo. Contudo, quando comparamos a descrição, por ele feita, com o monumento no local apercebemo-nos que se encontra no mesmo estado de conservação. Estamos perante uma sepultura de forma sub-rectangular, com orientação para Este. Actualmente observam-se três esteios in situ, o esteio de cabeceira a Oeste e mais um de cada lado.

Localização Freguesia do Couço Coordenadas 571912,99 4294844,25 (CMP 422) Coordenadas GPS N 38º 47’ 57,919’’ W 08º 10’ 18,682’’ Como chegar Na encruzilhada, seguir a sinalética na direcção da represa de água, contornando-a pelo lado esquerdo. Avançar até chegar a nova sinalética. Voltar à direita e seguir até ao marco geodésico do Outeiro Alto. Continuar cerca de 1km. O monumento localiza-se dentro da bifurcação de dois caminhos. Data da escavação 1933 Tipo de monumento Sepultura aberta

Espólio: No Caderno de Campo referente a esta sepultura há menção ao achado de uma aguçadeira. Este objecto diz, na maioria das vezes, respeito a uma pequena pedra de grés, lisa e de forma regular.

Dimensões Comprimento máximo: 2m Largura máxima: 1,40m Altura máxima: 0,40m

Desenho de Fátima Dias Pereira, 1997

48 ROTEIRO MEGALÍTICO DE CORUCHE

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Denominação Leisner Anta 3 da Herdade do Azinhal Localização Freguesia do Couço Coordenadas 571624,43 4296624,57 (CMP 422) Coordenadas GPS N 38º 48’ 55,754’’ W 08º 10’ 29,978’’ Como chegar Na encruzilhada, seguir a sinalética na direcção da represa de água. Após contornar a represa pelo lado esquerdo, ir em frente até chegar a nova sinalética. Voltar à esquerda e percorrer 600m. O monumento localiza-se do lado esquerdo, a cerca de 380m do caminho. Data da escavação 29 de Março de 1934 Tipo de monumento Sepultura aberta Dimensões Comprimento máximo: 2,40m Largura máxima: 1,23m Diâmetro máximo do tumulus: 12m (à data da escavação) Altura máxima do tumulus: 1m (à data da escavação)

16. Anta de Vale das Covas Descrição: Este é de todos os monumentos intervencionados por Manuel Heleno aquele sobre o qual mais se escreveu e isso deve-se ao facto de ter sido escavado juntamente com o professor Hugo Obermaier e o casal Leisner, que o publica pela primeira vez com a denominação de Anta 3 da Herdade do Azinhal (Leisner, 1959, 274). Foi referido ao longo dos anos por diversos autores como um exemplo de um dos primeiros monumentos funerários do megalitismo. Apesar de ainda conservar parte do tumulus, a estrutura pétrea encontrava-se já a descoberto aquando da escavação. As lajes de cobertura foram encontradas próximas, mas já retiradas da posição original, e o monumento estava cheio de pedras no seu interior. Quem iniciou os trabalhos foi Hugo Obermaier, observado de perto por Manuel Heleno e Georg e Vera Leisner. A terra foi retirada em camadas e foi elaborada uma planta esquemática com a localização dos achados. Manuel Heleno refere a existência do ritual do ocre vermelho nesta sepultura. Regista no seu Caderno de Campo a existência de uma mancha de terra avermelhada a cerca de 0,80m de profundidade, cobrindo apenas a terra. A escavação, segundo os Leisner e em função da planta, revelou um monumento de planta sub-rectangular, com abertura a Nascente. Foi construído com sete esteios, ocupando dois a cabeceira, três de cada um dos lados e duas pedras um pouco mais pequenas que formavam o fecho do monumento. Também nesta sepultura se encontraram algumas pedras de reforço dos esteios, no exterior. Manuel Heleno descreve este monumento como sendo dos mais antigos do panorama do megalitismo, dada a sua forma tosca e mal acabada e pelo tipo de material que ali encontrou.

Desenho de Fátima Dias Pereira, 1997

50 ROTEIRO MEGALÍTICO DE CORUCHE

Desenho de Manuel Heleno

Espólio: Foram recolhidas 22 peças. No conjunto destaca-se um machado de anfibolito com secção circular, cinco geométricos, duas lâminas e o fragmento de uma terceira, todos de sílex, e ainda alguns fragmentos incaracterísticos de cerâmica. Para alguns dos autores que escreveram sobre megalitismo esta seria a associação de espólio típica dos primeiros monumentos. De facto, apesar de haver algumas diferenças de monumento para monumento, há alguma semelhança entre os espólios destas sepulturas de menor dimensão. Desenho dos Leisner

1.

3.

2. 1. Geométricos de sílex 2. Lasca de quartzo hialino 3. Lâminas de sílex

1 cm

ROTEIRO MEGALÍTICO DE CORUCHE

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Localização Freguesia do Couço Coordenadas 572226,99 4296395,28 (CMP 422) Coordenadas GPS N 38º 48’ 48,139’’ W 08º 10’ 05,081’’ Como chegar Na encruzilhada, onde se encontra a sinalética de encaminhamento, avança-se em frente até encontrar o acesso à represa, a qual se contorna pelo lado esquerdo. Segue-se em frente até chegar a nova sinalética, vira-se à esquerda e percorrem-se 750m até um cruzamento, no qual se volta à direita. O monumento situa-se a 250m, do lado esquerdo do caminho. Data da escavação Outubro de 1931 Tipo de monumento Sepultura aberta Dimensões (à data da escavação) Comprimento do monumento: 2,50m Largura máxima: 1,40m Altura máxima: 1,20m Diâmetro máximo do tumulus: 16,30m Altura máxima do tumulus: 1,30m

17. Anta de Vale Cordeiro Descrição: Esta sepultura está muito destruída, estando alguns dos esteios deslocados da posição original, sendo difícil ao observador visualizar a planta descrita em 1931 por Manuel Heleno. Já nessa época há referência ao mau posicionamento de alguns esteios, devido a uma azinheira que cresceu ali muito próxima, não impossibilitando contudo a apreensão da forma geral do monumento. Apenas um trabalho de escavação e posterior restauro poderá reposicionar os esteios, devolvendo ao monumento a configuração original. Tal como alguns dos monumentos desta herdade, também a sepultura de Vale Cordeiro estava coberta pelo tumulus (ainda hoje visível) aquando da escavação, à excepção da laje que o cobria. Estamos assim perante uma sepultura de forma rectangular, composta por um esteio de cabeceira e três esteios de cada lado. Não há evidência de nenhum outro esteio a servir de fecho. A sepultura orientava-se a Este e não há vestígios de corredor.

Desenho de Manuel Heleno

Espólio: Recolheram-se dois percutores de quartzito, um polidor, uma mó, uma lâmina de sílex e alguns fragmentos incaracterísticos de cerâmica.

1.

2.

3.

1. Polidor de machados em arenito 2. Movente de mó em arenito 3. Lâmina de sílex

1 cm

52 ROTEIRO MEGALÍTICO DE CORUCHE

ROTEIRO MEGALÍTICO DE CORUCHE

53


1.

Denominação Leisner Anta 2 da Herdade do Azinhal Localização Freguesia do Couço Coordenadas Não relocalizada Data da escavação 29 de Abril de 1931 Tipo de monumento Anta de corredor Dimensões (à data da escavação) Diâmetro máximo da câmara: 3,10m Altura máx. da câmara: cerca de 2,70m Comprimento máx. da antecâmara: 2m Largura máxima da antecâmara: 1,70m Comprimento máximo do corredor / vestíbulo: 0,80m

2.

18. Anta Leste da Estrada de Montemor Descrição: Esta anta situar-se-ia no alinhamento da Anta Oeste da Estrada de Montemor, a cerca de 50m da mesma. Porém, não foi relocalizada. Sendo um monumento de câmara e corredor que seria bem visível na paisagem, teme-se que possa ter sido destruído. De acordo com Manuel Heleno era um monumento com uma arquitectura interessantíssima, com uma câmara muito regular de oito esteios na qual havia uma entrada estreita que abria para uma espécie de antecâmara, tapada por uma porta à qual se seguia um vestíbulo. Na época da escavação o monumento ainda estava coberto pelo chapéu e conservava um tumulus de grande dimensão.

3.

4.

Espólio: Neste monumento recolheram-se 62 peças entre as quais se destacam: um vaso esférico completo e vários fragmentos de cerâmica, seis machados e três enxós de pedra polida, duas lâminas completas, 14 pontas de seta e uma placa de xisto fragmentada. O espólio indica tratar-se de um monumento do 3.º milénio, inserido no panorama do Neolítico final/Calcolítico.

5.

6. 1. Enxó de xisto anfibólico 2. Machado de anfibolito 3. Enxó de anfibolito 4. Lâmina de sílex 5. Pontas de seta de sílex 1 cm

54 ROTEIRO MEGALÍTICO DE CORUCHE

6. Vaso de cerâmica

ROTEIRO MEGALÍTICO DE CORUCHE

55


Localização Freguesia do Couço Coordenadas Não relocalizada Data da escavação 26 de Abril de 1934 Tipo de monumento Sepultura aberta Dimensões (à data da escavação) Comprimento máximo: 2,10m Largura média: 0,85m Altura máxima: cerca de 0,60m Diâmetro máximo do tumulus: 8m Altura máxima do tumulus: 0,67m

19. Anta da Barradinha

20. Anta 2 da Guarita

Descrição: Tal como acontece em sepulturas descritas anteriormente também esta se encontrava coberta pelo tumulus. Contudo, Manuel Heleno refere que a estrutura pétrea se encontrava algo destruída. Segundo a planta e a descrição, seria uma sepultura de forma trapezoidal, com oito esteios, sendo visível a falta de um na parte lateral. Alguns dos esteios tinham pedras de reforço pelo lado exterior. O monumento estava orientado de Este para Oeste.

Descrição: No Caderno de Campo de Manuel Heleno esta é descrita como sendo uma sepultura alongada em forma de galeria com corredor incipiente, sendo este formado por uma pedra na câmara, que marcaria o início do mesmo. Era composta por cinco esteios do lado direito (dois do corredor) e sete do lado esquerdo (um do corredor). Não conservava já nenhuma das lajes de cobertura e estava orientada para Nascente.

Localização Freguesia do Couço Coordenadas Não relocalizada Data da escavação Outubro de 1933 Tipo de monumento Sepultura de corredor incipiente Dimensões (à data da escavação) Comprimento total: 3,20m Comprimento total da câmara: 2,57m Comprimento do corredor: 0,68m

Espólio: Contabilizaram-se 13 peças provenientes deste monumento, entre as quais se destacam: um machado e uma enxó de pedra polida, seis geométricos de sílex, sete contas discóides de xisto, um fragmento de lâmina e um de lamela e alguns fragmentos de cerâmica.

1.

1.

2.

3.

Desenho de Manuel Heleno

1 cm

Espólio: Nesta sepultura apenas foi encontrada uma lâmina de sílex.

4. 1. Enxó de xisto anfibólico 2. Machado de anfibolito

1. Lâmina de sílex 1 cm

56 ROTEIRO MEGALÍTICO DE CORUCHE

3. Conjunto de contas discóides de xisto 4. Geométricos de sílex

ROTEIRO MEGALÍTICO DE CORUCHE

57


23. Anta de Vale Pereiro no Azinhalinho

Denominação Leisner Anta 1 da Herdade dos Azinhais (?) Localização Freguesia do Couço

Localização Freguesia do Couço

Descrição: Dada a sua dimensão teme-se que tenha sido destruída e os esteios reaproveitados. Era uma anta de grande dimensão, composta por uma câmara poligonal de sete esteios e um corredor curto de dois esteios de cada lado. A câmara encontrava-se coberta pelo chapéu e tinha a entrada e corredor orientados para Nordeste.

Coordenadas Não relocalizada Data da escavação Outubro de 1933 Tipo de monumento Sepultura aberta Dimensões (à data da escavação) Comprimento máximo: 1,34m Altura máxima: 1,05m

21. Anta 3 da Guarita Descrição: Só através da fotografia de 1933 e da descrição de Manuel Heleno é possível conhecer a planta desta sepultura. Era uma estrutura de forma rectangular, formada por três grandes lajes, um esteio a Norte, um a Sul e um a Poente. O monumento encontrava-se já a descoberto, estando a laje de cobertura próxima do local. Não existe nenhuma referência ao tumulus.

Coordenadas Não relocalizada Data da escavação 26 de Outubro de 1931 Tipo de monumento Anta de corredor Dimensões (à data da escavação) Largura máxima da câmara: 3,30m Altura máxima da câmara: 1,70m Comprimento do corredor: 1,30m

Espólio: Deste monumento contam-se um total de 12 peças completas e fragmentos, entre os quais há a destacar: quatro machados e uma enxó de pedra polida, uma lâmina e um geométrico, ambos de sílex, sendo as restantes cinco peças fragmentos de cerâmica.

1.

Espólio: Neste monumento não foi encontrada nenhuma peça.

1. Machados de anfibolito 2. Geométrico de sílex

Localização Freguesia do Couço Coordenadas Não relocalizada Data da escavação Outubro de 1933 Tipo de monumento Sepultura aberta Dimensões (à data da escavação) Comprimento máximo: 1,90m Largura máxima: 1m Altura máxima: 0,78m

22. Anta 4 da Guarita Descrição: Este monumento foi descrito de forma sumária por Manuel Heleno e não dispomos de nenhuma fotografia que possa complementar a descrição existente. Assim, através da leitura dos Cadernos de Campo apenas sabemos que este seria uma estrutura de forma rectangular, muito regular, formada por cinco esteios, “três na cabeceira e um de cada lado”. Não há referência ao tumulus, nem a lajes de cobertura.

2. 1 cm

Espólio: Neste monumento não foi encontrada nenhuma peça. 58 ROTEIRO MEGALÍTICO DE CORUCHE

ROTEIRO MEGALÍTICO DE CORUCHE

59


Percurso de Vale de Gatos e Chapelar

IMAGEM

60 ROTEIRO MEGALÍTICO DE CORUCHE

Anta do Chapelar

ROTEIRO MEGALÍTICO DE CORUCHE

61


Percurso de Vale de Gatos e Chapelar O percurso nesta Herdade é de acesso razoável, ainda que em caminho de terra batida. Aconselha-se a utilização de viaturas todo-o-terreno e, uma vez

VALE DE GATOS

que os monumentos se encontram em terreno privado e próximo do Monte da Herdade, sugerem-se visitas de pequenos grupos, sempre antecedidas de contacto prévio com o Museu. Os dois monumentos de Vale de Gatos são, de todo o conjunto, aqueles que têm maior proximidade entre si. Porém não é possível determinar se terão sido construídos ou utilizados em simultâneo. A Anta Sul de Vale de

26

Gato destaca-se na paisagem envolvente ao apresentar o tumulus melhor preservado, até à data, neste concelho.

25

A discrepância na denominação entre os monumentos e o topónimo – 24

Vale de Gato / Vale de Gatos – deve-se à nomeação de Manuel Heleno na década de 30. A Anta do Chapelar encontra-se um pouco afastada das restantes, já na linha divisória dos concelhos de Coruche e Montemor-o-Novo. Próximo, mas

27

já pertencente ao concelho de Montemor-o-Novo, existiram as sepulturas do Barranco da Fraga, que não foram relocalizadas. No entanto, dada a sua proximidade ao núcleo de Vale de Gatos, opta-se por apresentar os dados

CHAPELAR

existentes sobre as mesmas. O tempo estimado para esta visita é de 45 minutos. Como chegar: sair de Coruche seguindo pela EN 114 em direcção a Évora. No Lavre voltar à esquerda para o Ciborro. Ao transpor a povoação, seguindo pela Avenida Nacional, logo após as últimas habitações, voltar à esquerda

MONTE DA PARREIRA

entrando num caminho de terra batida. Percorrem-se cerca de 4km até um cruzamento e volta-se à direita, atravessando um curso de água (ribeira das Barrosas). Segue-se em frente em direcção à Herdade de Vale de Gatos.

CIBORRO

24 Anta do Chapelar 25 Anta Sul de Vale de Gato 26 Anta Norte de Vale de Gato 27 Sepulturas do Barranco da Fraga

62 ROTEIRO MEGALÍTICO DE CORUCHE

LAVRE

EM 507


quartzo hialino, 41 pontas de seta, algumas de sílex mas maioritariamente de xisto, dois geométricos de sílex, uma conta discóide espessa e seis placas de xisto decoradas e ainda a referida placa de serpentinite.

1 e 2. Placas de xisto decoradas 3 e 4. Machados de anfibolito 5 e 6. Vasos de cerâmica 7. Vaso de cerâmica com decoração “de sobrancelhas”

1.

Localização Concelho de Coruche (freguesia do Couço) / concelho de Montemor-o-Novo Coordenadas 565735,03 4296837,11 (CMP 422) Coordenadas GPS N 38º 49’ 04,302’’ W 08º 14’ 34,098’’ Como chegar Após atravessar a ribeira das Barrosas, segue-se em frente cerca de 10m até encontrar, do lado direito, uma passagem. Subir a elevação pelo caminho de terra, seguindo para o lado esquerdo, em direcção à vedação que marca o limite de propriedade. O monumento encontra-se junto da vedação, no ponto mais elevado. Data da escavação 10 de Setembro de 1931 Tipo de monumento Anta de corredor Dimensões (à data da escavação) Diâmetro máximo da câmara: 3,50m Comprimento máx. do corredor: 5,40m

Desenho de Raquel Santos, 2005

8. Vaso “tipo lucerna” de cerâmica

24. Anta do Chapelar Descrição: Este é um monumento peculiar pela sua localização. Situa-se no limite dos dois concelhos e está separado pela vedação que demarca duas herdades, encontrando-se a estrutura pétrea do lado de Montemor-o-Novo. Seria uma anta de grande dimensão, com câmara poligonal de sete esteios e corredor mas que se encontra muito destruída, sendo difícil de perceber a planta descrita por Manuel Heleno. No Caderno de Campo o investigador começa por dizer que a câmara tinha sido remexida, encontrando-se materiais tardios no corredor e no tumulus. Actualmente apenas três dos esteios se encontram in situ. Próximo observam-se algumas lajes e blocos que poderão pertencer ao monumento. Segundo a descrição, o corredor seria longo, com três esteios de cada lado e conservava uma das tampas de cobertura. Estava orientado para Nascente. A câmara já não tinha chapéu aquando da escavação. Manuel Heleno não faz referência às dimensões do tumulus que cobriria a anta, o que leva a crer que já estivesse muito destruído na época. Hoje é possível observar uma ligeira elevação em torno da câmara mas pouco significativa para um monumento desta dimensão.

Espólio: Nesta anta contabiliza-se um total de 176 registos, entre os quais se encontram peças completas e fragmentos. Foram encontrados artefactos pouco comuns relativamente aos restantes monumentos do concelho, como por exemplo uma placa decorada, semelhante às placas de xisto, mas num material menos usual – a serpentinite –, e um vaso com a indicação de “sobrancelhas” ou dois báculos opostos entre si. Entre as restantes peças evidenciam-se: bordos que permitem reconstituir 47 vasos de formas diversas, três vasos completos, entre eles o vaso com “sobrancelhas” e um vaso lucerna, seis instrumentos de pedra polida (machados e enxós), três lâminas completas de sílex, nove fragmentos de lamelas de sílex, dois núcleos de

64 ROTEIRO MEGALÍTICO DE CORUCHE

9. Pontas de seta de sílex e xisto 2.

5. 3.

4.

6.

7.

9.

8.

1 cm

ROTEIRO MEGALÍTICO DE CORUCHE

65


Localização Freguesia do Couço Coordenadas 565355,56 4297023,23 (CMP 422) Coordenadas GPS N 38º 49’ 10,442’’ W 08º 14’ 49,769’’ Como chegar Após atravessar a ribeira das Barrosas, segue-se em frente até à entrada da Herdade de Vale de Gatos. O monumento situa-se a cerca de 500m à frente, do lado esquerdo, antes de chegar ao Monte da herdade. Data da escavação 1 de Setembro de 1931 Tipo de monumento Anta de corredor Dimensões (à data da escavação) Diâmetro máximo da câmara: 1,90m Comprimento máximo do corredor: 5m

25. Anta Sul de Vale de Gato Descrição: O que mais se destaca neste monumento é o seu grandioso tumulus, o melhor preservado de todas as antas e sepulturas apresentadas neste roteiro. A câmara encontra-se a descoberto, estando o corredor enterrado sob a mamoa. A estrutura pétrea encontra-se algo destruída, apresentando uma planta pouco perceptível ao observador. Porém, Manuel Heleno descreve uma anta com câmara poligonal de sete esteios e um corredor longo com dois esteios de cada lado. Aquando da escavação a câmara já não tinha chapéu e um dos esteios estava caído para o interior. Os esteios são de grande dimensão, pelo que terão sido deslocados da sua posição original devido à remoção de terras do interior da câmara funerária, estando actualmente com mais inclinação do que teriam originalmente. Manuel Heleno chama a atenção para diversos aspectos que encontrou durante a escavação, nomeadamente um solo muito compacto de terra argilosa que tornou a intervenção complicada, obrigando a retirar peças em bloco com a terra, não se evitando contudo a fractura de algumas. Refere também a ocupação da câmara, do corredor e mesmo da estrutura tumular junto ao corredor. Assim, este seria efectivamente um monumento para enterramento colectivo. O investigador afirma que, à medida que o monumento se preenchia, iam sendo encontradas novas soluções para as inumações, ocupando todo o espaço disponível. Infelizmente não transmite informações sobre a posição em que estavam os inumados que observou. Para além do espaço tumular composto pela câmara e corredor, Manuel Heleno escavou também um nicho junto ao corredor, dentro do qual estava uma placa de xisto decorada.

Espólio: Tal como o tumulus, também o espólio provindo deste monumento é grandioso. Contam-se 278 registos, entre fragmentos e peças completas ou reconstituíveis. Do conjunto de materiais destaca-se um fragmento de báculo e uma alabarda e ainda um conjunto de 21 vasos inteiros, 28 instrumentos de pedra polida (machados e enxós), 11 placas de xisto decoradas e fragmentos de mais 26 exemplares, 33 fragmentos de lâminas de sílex e cinco lâminas inteiras, três núcleos de sílex e de quartzo, 46 pontas de seta de sílex e xisto e apenas um geométrico. Este monumento apresenta também um conjunto diversificado de adornos, com dois botões (?), dezoito contas discóides de xisto e 11 contas de variscite. É um conjunto de materiais do 3.º milénio, com uma cronologia que corresponde ao Neolítico final/Calcolítico.

1.

2.

3.

4.

5.

1. Pontas de seta de sílex 2. Botão (?) de variscite 3. Conta tubular de variscite 4. Pendente de grés 5. Botão/pendente de variscite 6. Contas bicónicas de variscite

6.

1 cm

66 ROTEIRO MEGALÍTICO DE CORUCHE

ROTEIRO MEGALÍTICO DE CORUCHE

67


11.

12.

7.

7, 8 e 9. Machados de anfibolito 10. Conjunto de vasos de cerâmica 11, 13 e 15. Placas de xisto decoradas 12. Fragmento de báculo decorado de xisto 14. Placa de serpentinite decorada

13.

14.

9.

8.

15.

10.

1 cm

68 ROTEIRO MEGALÍTICO DE CORUCHE

ROTEIRO MEGALÍTICO DE CORUCHE

69


Localização Freguesia do Couço Coordenadas 565376,53 4297080,58 (CMP 422) Coordenadas GPS N 38º 49’ 12,296’’ W 08º 14’ 48,880’’ Como chegar Após atravessar a ribeira das Barrosas, segue-se em frente até à entrada da Herdade de Vale de Gatos. O monumento situa-se a cerca de 500m à frente, do lado esquerdo, a menos de 50m da Anta Sul de Vale de Gato. Data da escavação 7 de Setembro de 1931 Tipo de monumento Anta de corredor Dimensões (à data da escavação) Diâmetro máximo da câmara: 3m Altura máx. da câmara: cerca de 1,80m Comprimento máx. do corredor: 2,85m

26. Anta Norte de Vale de Gato

1.

3.

1. Enxó de xisto anfibólico 2 e 3. Machados de anfibolito

Descrição: Este monumento apresenta o tumulus bem conservado e evidencia-se na paisagem, embora tenha sido em parte destruído pela construção da estrada de acesso ao Monte de Vale de Gatos e pela colocação da vedação da propriedade. Os esteios encontram-se deslocados da sua posição original, estando bastante inclinados para o interior da câmara, o que dificulta a apreensão da planta do monumento. Já em 1931 Manuel Heleno encontrou esta anta com algumas alterações estruturais. No entanto, foi capaz de reconhecer uma câmara poligonal com seis esteios, encontrando-se um deles caído para o exterior. O corredor tinha já os dois esteios que o compõem visíveis. Não conservava o chapéu de cobertura na câmara, nem lajes no corredor, mas o arqueólogo afirmava haver uma laje tombada, ainda hoje observável, que poderia ser o chapéu da câmara. O monumento está orientado a Sudeste.

Espólio: Contabilizaram-se 108 registos no total. Entre estes encontram-se inúmeros fragmentos de bordos, um vaso esférico, 12 geométricos, seis pontas de seta, nove machados e enxós de pedra polida, três contas discóides e uma lâmina de sílex completa.

2.

4 e 5. Enxós de xisto anfibólico 6. Contas discóides de xisto 7. Geométricos de sílex

5.

4.

6.

7.

1 cm

70 ROTEIRO MEGALÍTICO DE CORUCHE

ROTEIRO MEGALÍTICO DE CORUCHE

71


Localização Não relocalizadas Data da escavação Agosto de 1933 Tipo de monumento Sepulturas Dimensões (à data da escavação) • Sepultura I Comprimento máximo: 1,85m Largura máxima: 1,05m Altura máxima: cerca de 0,80m • Sepultura II Comprimento máximo: 1,75m Largura máxima: 0,90m Altura máxima: cerca de 0,50m

27. Sepulturas do Barranco da Fraga Descrição: Estas sepulturas não foram relocalizadas mas, de acordo com as coordenadas prováveis, determinadas através da localização dada pelo investigador, estariam relativamente próximas da Anta do Chapelar, no concelho de Montemor-o-Novo. São incluídas neste roteiro por fazerem parte do mesmo conjunto megalítico. Manuel Heleno começa por descrever nos Cadernos de Campo uma anta muito destruída, onde eram visíveis alguns esteios caídos e o tumulus arrasado. Mas, com o decorrer da escavação, percebe estar na presença de duas sepulturas rectangulares com um espaço entre si. A dúvida inicial surgiu devido ao facto das estruturas estarem já muito destruídas sendo difícil perceber a sua disposição original.

Desenho de Manuel Heleno

Espólio: Entre as peças recolhidas encontram-se: uma pequena ponta de cobre, uma enxó, um machado de anfibolito e vários fragmentos de cerâmica. Através do material recolhido Manuel Heleno colocou a hipótese de ser uma sepultura da Idade do Bronze e outra do Neolítico.

1.

2.

1. Machado de anfibolito 2. Enxó de anfibolito

Desenho de Francisco Valença

72 ROTEIRO MEGALÍTICO DE CORUCHE

1 cm

ROTEIRO MEGALÍTICO DE CORUCHE

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Percurso de Martinianos

IMAGEM

74 ROTEIRO MEGALÍTICO DE CORUCHE

Anta 1 da Aldeia de Bertiandos

ROTEIRO MEGALÍTICO DE CORUCHE

75


LDO

Percurso de Martinianos Este pode também ser chamado de Percurso de Bertiandos, sendo esta a denominação que receberam os monumentos deste local nos anos 30. O percurso situa-se no extremo Sudeste do concelho de Coruche e é extremamente agradável devido à paisagem que o enquadra, junto a uma represa (Barragem de João Maçarico). Destina-se a diversos tipos de público, sendo os monumentos de fácil acesso, ainda que em caminho de terra batida. Aconselha-se a utilização de viaturas todo-o-terreno e, uma vez que os monumentos se encontram em terreno privado e próximo da Aldeia de Martinianos, sugerem-se visitas de pequenos grupos, sempre antecedidas, em 48h, de contacto prévio com o Museu ou com a Fencaça. Manuel Heleno refere a existência de seis monumentos, dos quais quatro estão localizados. A Anta 2 da Aldeia de Bertiandos encontra-se muito próxima da represa pelo que, em épocas de muita precipitação, o acesso ao monumento poderá ser limitado. A Anta 3 da Aldeia de Bertiandos é actualmente imperceptível para o visitante, devendo encontrar-se debaixo de terra e pedras provenientes de escorrências do monte. Nesta Herdade haveria um outro monumento, que foi escavado mas não

MARTINIANOS

tinha espólio, sobre o qual não há informações para além da sua denominação de Anta 1 dos Soldos.

29

31 30

O tempo estimado para esta visita é de 30 minutos. Como chegar: sair de Coruche seguindo pela EN 114 em direcção a Évora. No Lavre virar à esquerda para o Ciborro. No cruzamento do Ciborro, virar à

33

direita para São Geraldo (5,3km), atravessar a povoação e voltar à esquerda para Sabugueiro. Percorrer cerca de 3km até encontrar a placa que marca o

28

início do concelho de Arraiolos. Após a placa virar à esquerda no primeiro caminho de terra batida.

CONCELHO DE ARRAIOLOS

ARRAIOLOS

28 Anta 4 da Aldeia de Bertiandos 29 Anta 1 da Aldeia de Bertiandos 30 Anta 3 da Aldeia de Bertiandos 31 Anta 2 da Aldeia de Bertiandos 32 Anta 5 da Aldeia de Bertiandos 33 Anta 6 da Aldeia de Bertiandos

76 ROTEIRO MEGALÍTICO DE CORUCHE O-NOVO

EM 507

32


Foto Vasco Manuel Mantas

28. Anta 4 da Aldeia de Bertiandos Localização Freguesia do Couço Coordenadas 574360,44 4291823,54 (CMP 422) Coordenadas GPS N 38º 46’ 19,92’’ W 08º 08’ 40,34’’

Descrição: É uma sepultura de forma rectangular, muito regular, composta por seis esteios e um corredor incipiente de apenas dois esteios. Foi remexida antes da escavação, estando a tampa deslocada para o exterior do monumento. A estrutura orienta-se de Este para Oeste e o corredor para Noroeste.

Como chegar Após ter entrado no caminho de terra batida, continuar cerca de 500m até um cruzamento. Avança-se em frente cerca de 125m e vira-se à direita, percorrendo 30m, subindo uma ligeira elevação, onde se localiza o monumento.

Espólio: Aqui foram recolhidas nove peças, entre as quais se destacam: dois geométricos de sílex, uma lâmina e um fragmento de uma outra e vários fragmentos de cerâmica.

Data da escavação Outubro de 1933

1.

Tipo de monumento Sepultura de corredor incipiente Dimensões (à data da escavação) Comprimento máx. da câmara: 2,82m Comprimento máx. do corredor: 0,86m

2. 1. Esferóide de granito 2. Geométricos de sílex

29. Anta 1 da Aldeia de Bertiandos Descrição: É um dos monumentos melhor preservados deste conjunto e ocupa uma posição privilegiada no cimo de um cabeço sobranceiro a uma represa. Para além de estar localizado sobre uma elevação natural, o monumento conserva ainda um tumulus proeminente, no qual se observa apenas a câmara, estando o corredor coberto pela mamoa. Apesar de não estar visível, o corredor é longo e está orientado para Nascente. A câmara mantém-se inalterada desde a escavação. Conserva a forma poligonal, com sete esteios bem aparelhados e afeiçoados. Esta encontrava-se a descoberto antes da escavação, estando o chapéu caído para o exterior, sobre o corredor, onde ainda se encontra na actualidade. Este apresenta um conjunto de covinhas. Para além da arquitectura, Manuel Heleno aponta um conjunto de particularidades, incluindo dois nichos, um na câmara e um no corredor. No nicho da câmara foi encontrado um vaso e no do corredor três machados de pedra polida e um vaso. Durante a escavação foram encontrados restos humanos no interior da câmara, com os crânios orientados para Este e junto deles foram descobertas contas e pontas de seta. Infelizmente o estado de conservação dos restos antropológicos não permitiu recolher informações sobre a faixa etária ou sexo dos inumados.

Localização Freguesia do Couço Coordenadas 574017,09 4292335,84 (CMP 422) Coordenadas GPS N 38º 46’ 35,922’’ W 08º 08’ 52,430’’ Como chegar Após ter entrado no caminho de terra batida, continuar cerca de 1,8km até ver o Monte em frente e a represa à direita. O monumento situa-se no topo de uma elevação acentuada do lado esquerdo do caminho, de frente para a represa. Data da escavação 22 de Outubro de 1933 Tipo de monumento Anta de corredor Dimensões (à data da escavação) Comprimento total: 6,60m Diâmetro máximo da câmara: 2,90m Comprimento máx. do corredor: 3,70m

Espólio: Este monumento transpõe parte da sua grandeza também para o espólio. Contam-se 161 registos, a maioria dos quais fragmentos de bordo de vasos cerâmicos. Para além destes há a destacar um conjunto de nove vasos cerâmicos inteiros e reconstituídos, 16 machados e nove enxós de pedra polida, seis lâminas de sílex, uma placa de xisto decorada e vários fragmentos de outros exemplares, seis núcleos, um numeroso conjunto de contas discóides de xisto, uma conta bicónica, um pendente de variscite e um conjunto de 70 pontas de seta de sílex e xisto.

1 cm

78 ROTEIRO MEGALÍTICO DE CORUCHE

ROTEIRO MEGALÍTICO DE CORUCHE

79


1.

2.

7.

8.

9.

10. 3. 4.

11.

1 e 2. Machados de anfibolito 3. Enxó de xisto anfibólico 4. Lâmina de sílex

5.

6.

5. Colar de contas discóides de xisto 6. Pendente de variscite 7. Placa de xisto decorada 8, 9 e 10. Vasos de cerâmica 11. Pontas de seta de sílex

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1 cm

ROTEIRO MEGALÍTICO DE CORUCHE

81


30. Anta 3 da Aldeia de Bertiandos Localização Freguesia do Couço Coordenadas 574084,85 4292327,14 (CMP 422) Coordenadas GPS N 38º 46’ 35,619’’ W 08º 08’ 49,625’’ Como chegar Após ter entrado no caminho de terra batida, continuar cerca de 1,8km até ver o Monte em frente e a represa à direita. O monumento situa-se do lado esquerdo, no alinhamento da Anta 1 da Aldeia de Bertiandos, cerca de 250m para Sudeste. Data da escavação 25 de Outubro de 1933 Tipo de monumento Anta de corredor Dimensões (à data da escavação) Comprimento máx. da câmara: 2,50m Altura máx. da câmara: cerca de 1,90m Comprimento máx. do corredor: 1,93m

Descrição: Esta anta encontra-se muito destruída, não sendo possível reconhecer a estrutura descrita por Manuel Heleno. Junto das pedras, que serão o eventual testemunho do monumento, é possível observar uma mó, que talvez tivesse sido utilizada como apoio de um dos esteios, algo que acontece em alguns casos. Apenas recorrendo à fotografia e descrição de 1933 é possível ter noção da sua tipologia. Seria uma anta com câmara poligonal de nove esteios, estando um a fechar a entrada, e um corredor de quatro esteios do lado esquerdo e três do lado direito. A câmara estava a descoberto antes da escavação e no corredor havia apenas uma laje de cobertura. Toda esta estrutura, caso ainda se conserve, está coberta de terra. Manuel Heleno considera-o um monumento de transição devido à sua arquitectura evoluída, mas com um espólio ainda sem placas de xisto decoradas e pontas de seta evoluídas.

Espólio: Entre os 25 registos de peças deste monumento encontram-se: um vaso esférico de cerâmica, cinco machados e duas enxós de pedra polida, um duplo polidor de machados, dois moventes/bigornas, seis geométricos de sílex, duas pontas de seta de quartzo, um fragmento de lâmina e um de lamela, ambos de sílex, e um conjunto de 10 contas discóides de xisto.

1.

2.

3. 1. Machado de xisto anfibólico 2. Enxó de anfibolito 4.

3. Conjunto de contas discóides de xisto 4. Geométricos de sílex 1 cm

82 ROTEIRO MEGALÍTICO DE CORUCHE

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Localização Freguesia do Couço Coordenadas 574189,97 4292532,16 (CMP 422) Coordenadas GPS N 38º 46’ 42,238’’ W 08º 08’ 45,189’’ Como chegar Após ter entrado no caminho de terra batida, continuar cerca de 1,8km até ver o Monte em frente e a represa à direita. O monumento situa-se mesmo junto à represa. Data da escavação 24 de Outubro de 1933 Tipo de monumento Anta de corredor (?) Dimensões (à data da escavação) Comprimento máx. da câmara: 2,95m Altura máxima: cerca de 2,30m

31. Anta 2 da Aldeia de Bertiandos Descrição: A proximidade actual deste monumento com a represa faz com que permaneça em terreno muito alagadiço, o que torna a posição dos esteios algo instável. Tal pode ter contribuído para a deslocação dos mesmos para a posição em que actualmente se encontram. É um monumento de planta imperceptível ao observador. Apenas recorrendo às fotografias da época da escavação se consegue ter a noção de como seria. Manuel Heleno descreve o monumento como estando bastante destruído, no entanto, reconheceu uma planta de forma circular, composta por sete esteios de grande dimensão. Três dos esteios estavam fragmentados e os restantes encontravam-se muito inclinados, tendo sido necessário escorá-los para se poder escavar o interior. A câmara encontrava-se a descoberto, estando o chapéu, actualmente ainda visível, caído para a parte posterior do monumento. No chapéu é possível observar um conjunto de 26 covinhas. Apesar de não haver vestígios do corredor, nem das fossas de implantação dos esteios, este deve ter existido, com orientação Nascente, dada a arquitectura do monumento.

32. Anta 5 da Aldeia de Bertiandos

Localização Freguesia do Couço

Descrição: Seria uma sepultura longa mas que estava já muito destruída. Conservava quatro esteios de cada lado, muito inclinados e era notória a falta de três deles na parte lateral e dos esteios da cabeceira. Não tinha nenhuma laje de cobertura. A abertura da sepultura era feita para Nascente.

Coordenadas Não localizada Data da escavação Outubro de 1933 Tipo de monumento Sepultura aberta Dimensões (à data da escavação) Comprimento máximo: 3,40m Largura máxima: 1,25m Altura máxima: 1,20m

Espólio: Foram apenas recolhidos dois machados e uma enxó de anfibolito.

1.

2.

3.

Espólio: Este monumento apresenta um conjunto composto por 23 peças. Não há nesta anta vestígios de cerâmica. Foram contabilizados, entre outros artefactos, seis geométricos, uma ponta de seta, uma conta de variscite, dois machados e uma enxó.

1. 1. Enxó de basalto filoniano alterado 2. Conta discóide espessa de variscite 3. Geométricos de sílex

2.

3.

1. Enxó de anfibolito 2 e 3. Machados de anfibolito

1 cm

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1 cm

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Monumentos que não constam nos percursos

Localização Freguesia do Couço Coordenadas Não relocalizada Data da escavação Outubro de 1933 Tipo de monumento Sepultura aberta Dimensões (à data da escavação) Comprimento máximo: 2,10m Altura máxima: cerca de 0,90m

33. Anta 6 da Aldeia de Bertiandos Descrição: Manuel Heleno descreve-a como sendo uma sepultura de forma trapezoidal, constituída por oito esteios, quatro do lado Sul, dois do lado Norte e dois na cabeceira. Não existia nenhuma laje de cobertura. A abertura da sepultura era feita para Nascente.

Espólio: Nos Cadernos de Campo há referência a três peças: um fragmento de polidor, um fragmento de cerâmica e um geométrico de sílex.

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Outros monumentos Existe um conjunto de monumentos intervencionados por Manuel Heleno no concelho de Coruche que não foram relocalizados, podendo ter sido destruídos entre a data de escavação e a actualidade. No entanto, uma vez que se conhece o seu espólio e se conservam alguns dados referentes à data da escavação (descrição, planta e/ou fotografias), foram incluídos no Roteiro de forma a completar o panorama do megalitismo do concelho. Com esta chamada de atenção esperamos que haja alguma sensibilização para que se evitem mais destruições no futuro.

34. Anta do Peso Descrição: As informações disponíveis sobre esta anta são muito escassas. Sabe-se que se localizava num terreno muito afectado pelas lavouras, tendo o tumulus sido completamente destruído pelas mesmas. Aquando da escavação apenas se conservavam quatro esteios in situ e era notória a falta de pelo menos um. Manuel Heleno chama a atenção para a forma do esteio de cabeceira que, como se observa na imagem, era muito diferente dos restantes monumentos. Não se conservava nenhum esteio do corredor, no entanto, pela largura da entrada na câmara, supõe-se que tivesse existido e sido destruído pelas lavras. A entrada do monumento estava orientada a Sudeste.

Data da escavação 18 de Setembro de 1931 Coordenadas Não relocalizada Tipo de monumento Anta sem corredor (?) Dimensões (à data da escavação) Diâmetro máximo da câmara: 2,70m Altura máx. do esteio de cabeceira: 2,50m Largura da entrada da câmara: 0,90m

Espólio: O espólio deste monumento resume-se a três peças: dois dormentes de mó e um percutor.

1.

1. Dormente de mó manual em granito

34 Anta do Peso 35 Anta das Várzeas

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1 cm

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1.

2.

3.

Data da escavação 14 de Setembro de 1931 Coordenadas Não relocalizada Tipo de monumento Anta de corredor Dimensões (à data da escavação) Diâmetro máximo da câmara: 2,60m Altura máxima da câmara: 1,45m Comprimento calculado do corredor: 4,30m

5.

4.

6.

35. Anta das Várzeas Descrição: Apesar de não ter sido relocalizado, são muitas as informações disponíveis para este monumento, nomeadamente: planta, fotografia e descrição. A anta teria uma câmara de cinco esteios, dos quais se conservavam quatro, faltando o de cabeceira. Não se preservava nenhum esteio do corredor, contudo, pela dispersão do espólio, observada durante os trabalhos de escavação, foi possível reconhecer a orientação a Este e o comprimento do mesmo. Foi ainda possível observar o que restava do tumulus. Manuel Heleno elaborou uma extensa lista de todas as peças recolhidas nesta anta e fez chamadas de atenção sobre aspectos que lhe pareceram relevantes, entre eles um denominado “tesouro”, que apareceu no interior entre os primeiros esteios da câmara, constituído por cinco placas de xisto decoradas.

9. 7. 8.

10.

Desenho de Manuel Heleno

Espólio: Contabilizaram-se 140 registos de peças e fragmentos recolhidos neste monumento, entre os quais se destacam: quatro vasos completos, 14 placas de xisto decoradas, duas placas anepígrafas de grés, oito machados e cinco enxós de pedra polida, 23 pontas de seta de sílex e xisto, um geométrico, uma lâmina de sílex completa, uma lamela de quartzo e uma conta discóide de xisto.

1, 2, 3 e 4. Placas de xisto decoradas 5. Machado de fibrolite 6. Enxó de xisto anfibólico 7 e 8. Machados de xisto anfibólico 9. Lâmina de sílex

11.

10. Vasos de cerâmica 11. Pontas de seta de sílex e xisto

1 cm

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GLOSSÁRIO

Enxó Instrumento de pedra polida, apresenta uma forma subtriangular ou sub-rectangular com secção também sub-rectangular. É semelhante ao machado, com a diferença de possuir uma face mais aparada e um gume em bisel assimétrico. Era utilizada para trabalhos relacionados com a limpeza e desbaste de árvores e troncos de madeira.

Esteio

Anta Tem o mesmo significado que a palavra dólmen. É um termo mais comum utilizado para indicar uma estrutura de enterramento, construída com grandes

Igualmente designado por ortóstato, diz respeito às pedras colocadas na vertical que formam a anta ou sepultura.

blocos pétreos, geralmente composta por câmara e corredor, e coberta por um tumulus (ou mamoa). Geométricos Báculo Artefacto de xisto com decoração semelhante à das placas do mesmo material. Contudo, o número de exemplares conhecidos é muito menor. São usualmente associados a figuras de chefia e ao poder, servindo para destacar alguns indivíduos após a sua morte.

Também denominados de micrólitos, receberam este nome devido à sua forma e reduzida dimensão. Surgiram no Mesolítico, sendo obtidos a partir de lamelas, com a técnica do microburil, e dão origem a instrumentos em forma de trapézio, triângulo ou segmentos de círculo, tudo formas geométricas simples. Eram utilizados em conjunto, montados sobre madeira e formando assim instrumentos. No contexto megalítico os geométricos adquirem um valor simbólico.

Goiva Tal como o machado e a enxó, é um instrumento de pedra polida, de forma alongada e secção circular. Tem a particularidade de possuir no gume uma depressão, Cista

geralmente ovóide, que facilitaria alguns trabalhos mais

Esta palavra significa caixa e é um termo utilizado para designar as pequenas

minuciosos na madeira.

sepulturas de pedra, de forma rectangular e utilizadas maioritariamente para enterramentos individuais. Eram construídas com pequenos esteios colocados em cutelo e podiam ser fechadas, ou ter uma abertura numa das extremidades. Eram cobertas com lajes e depois por um tumulus de pedra e terra, à semelhança dos monumentos de maior dimensão. Estas foram utilizadas no

In situ

Neolítico e algumas foram alvo de reutilizações na Idade do Bronze quando

Expressão em latim que significa algo, um artefacto ou elemento de uma

o enterramento deixou de ser colectivo e se voltaram a construir sepulturas

estrutura, que não foi mexido ou removido da sua posição primária e original,

individuais para conter incinerações.

quer por acção do Homem quer pelos elementos naturais.

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Lamela Peça semelhante à lâmina mas de menor dimensão. Em geral designa-se de lamela um artefacto alongado, de sílex ou outra rocha, com menos de 3mm de largura.

Lâmina Artefacto alongado de forma sub-rectangular, obtido a partir de núcleos de sílex ou outras rochas através da técnica do talhe. É uma peça utilitária mas que em contexto funerário assume uma ideologia simbólica.

Menir Machado Instrumento de pedra polida, de forma subtriangular ou sub-rectangular. As secções são circulares ou sub-rectangulares. Era obtido de blocos de rocha através de bojardagem, afeiçoamento e, por fim, polimento. Tem uma extremidade constituída por um gume cortante, que seria a zona útil, e uma extremidade mais estreita para

Palavra de origem bretã para designar um monumento de cariz megalítico, construído a partir de um bloco pétreo único e alongado. Natural ou afeiçoado é colocado no solo verticalmente, podendo atingir os 3 metros ou mais de altura mas, na sua maioria, tem dimensões menores. É considerado marco simbólico ou com uma conotação associada à fertilidade. Em conjuntos, mais ou menos numerosos, são tidos como santuários ou recintos mágico-religiosos e têm o nome de cromeleques ou alinhamentos.

encabar o artefacto num tronco de madeira ou outro material, permitindo a sua utilização. Os exemplares mais antigos têm secção circular e o corpo picotado, os restantes apresentam grande parte da superfície polida.

Percutor Pedra que servia para a técnica do talhe, sendo utilizada, como uma espécie de martelo, sobre um outro objecto de menor dureza (madeira, osso, haste, etc.) e

Mamoa

que permitia a extracção de lâminas e lascas a partir de

Ver descrição de tumulus.

núcleos de rocha.

Megalitismo

Placa de grés

Fenómeno cultural que abrange o continente europeu e a bacia do

Tal como a placa de xisto, tem um carácter mágico-

mediterrâneo, é reconhecido pela utilização de estruturas tumulares para

-religioso. A sua forma varia bastante, devido às

enterramento que recorrem ao uso de blocos pétreos de média e grande

possibilidades que a matéria-prima oferece, havendo

dimensão. São geralmente monumentos para uso colectivo, com uma maior

placas com recorte e figurações antropomórficas e formas

ou menor utilização no tempo. As datações mais antigas apontam o seu início

mais simples com ou sem estrangulamento na área mesial

para o 6.º milénio a.C. mas teve o apogeu no 3.º milénio. O Megalitismo

e com ou sem perfuração para suspensão. Ao contrário

engloba não só as estruturas mas também as práticas mágico-religiosas a ele

das placas de xisto, estas são na maioria anepígrafas, sem

associadas.

qualquer tipo de decoração.

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Placa de xisto Este artefacto é típico do megalitismo português e ocupa uma vasta mancha do nosso território, em especial o Alentejo e o Algarve. Fora do nosso país este tipo de peça também surge no Sul de Espanha, em particular na zona de Badajoz e Huelva. As placas de xisto apresentam dimensões variáveis, mas que na maioria não ultrapassam os 20cm de altura. A forma é maioritariamente sub-rectangular e de pouca espessura. Podem ou não apresentar perfuração para suspender e têm pelo menos uma das faces com decoração geométrica. Não se conhecem duas placas exactamente iguais, assim, não é possível generalizar sobre o tipo de decoração, forma e dimensões. Apesar das inúmeras variantes têm sempre o mesmo aspecto geral que as identifica. As placas de xisto têm uma interpretação simbólica, sendo encontradas unicamente em contexto funerário. À excepção de raros exemplos, estas seriam colocadas ao peito do inumado ou sobre as ossadas. As placas de xisto são entendidas como a representação de uma divindade feminina, uma Deusa-mãe (Gonçalves, 1999, 134) protectora e ligada ao simbolismo do renascimento e fertilidade.

BIBLIOGRAFIA ARNAUD, J. – “O processo de neolitização e o fenómeno megalítico”, in Arqueologia no Vale do Tejo. Coord. António Carlos Silva. Lisboa: IPPC, 1987, p. 22-23. ARNAUD, J. – “O megalitismo em Portugal. Problemas e perspectivas”, in Actas das III Jornadas Arqueológicas. Lisboa: Associação dos Arqueólogos Portugueses, 1977, p. 97-112. BLAS CORTINA, M. A. De – “Megalitos en la región cantábrica: una visión de conjunto”, in O Neolítico atlántico e as orixes do Megalitismo. Actas do Coloquio Internacional Santiago de Compostela. Santiago de Compostela: UISPP, Université de Santiago, 1997. BRIZ, Daniel – A Anta do Chapelar e o seu espólio. Lisboa: texto policopiado, 2005, p. 103. CALAIS, Cristina – “Monumentos megalíticos do concelho de Coruche”, in Actas do 3.º Congresso de Arqueologia Peninsular. Porto: ADECAP, 3, 2000, p. 485-504. CORREIA, V. – El Neolítico de Pavia. Madrid: Comisión de Investigaciones Paleontológicas y Prehistóricas, Memória 27, 1921. FABIÃO, C. – “Um século de arqueologia em Portugal”, I, in Almadam (II série, n.º 8). Almada: Centro de Arqueologia de Almada, 1999, p. 104-126.

Ponta de seta Artefacto de sílex ou outros materiais (xisto, quartzo hialino, etc.), de forma triangular e com bases muito diversas: côncava, convexa, bicôncava, etc. Ambas as superfícies e os bordos são retocados. Era utilizada presa a uma pequena haste de madeira servindo de extremidade de projéctil.

Sepultura

FERREIRA, O. V., et al. – Portugal Pré-Histórico: seu enquadramento no Mediterrâneo. Lisboa: Europa América, [s.d.]. FORENBAHER, S. – “Production and exchange of bifacial flaked stone artifacts during the portuguese Chalcolithic”, in BAR International Series 756. Oxford: Archaeopress, 1999, p. 173. GONÇALVES, V. S. – “Pastores, agricultores e metalurgistas em Reguengos de Monsaraz: os 4.º e 3.º milénios”, in Ophiussa, n.º 0. Lisboa: Instituto de Arqueologia da Faculdade de Letras, 1995, p. 1-21.

Ver descrição de cista.

GONÇALVES, V. S. – Reguengos de Monsaraz: territórios megalíticos. Lisboa: Museu Nacional de Arqueologia, 1999, p. 151.

Tumulus

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Construção de terra e pedras que cobre um monumento megalítico. Em geral teria uma base de sustentação feita de pedras – anel pétreo –, que circundava a sepultura ou anta, e que servia para evitar a escorrência da terra que era colocada para cobrir a estrutura na sua totalidade. Durante o processo de construção o tumulus poderia também servir de rampa para facilitar a colocação de alguns esteios, como o chapéu. Muitos dos tumulus não se conservam actualmente devido às lavras e à erosão do vento e da chuva

GONÇALVES, V. S. – STAM-3, a Anta 3 da Herdade de Santa Margarida (Reguengos de Monsaraz). Lisboa: IPA, 2003, p. 472

a que estão sujeitos. 96 ROTEIRO MEGALÍTICO DE CORUCHE

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