MANOELA CAVALINHO
FOLHA DE PAPEL
II EDITAL DE OCUPAÇÃO DO ESPAÇO VITRINE
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FOLHA DE PAPEL A instalação Folha de papel, da artista Manoela Cavalinho, contemplada pelo edital de ocupação do “Espaço Vitrine”, traz para o Museu Paranaense (MUPA) o tema da Ditadura Civil-Militar (19641985). A obra nos coloca em contato com a história da chacina no Parque Nacional do Iguaçu, ocorrida em julho de 1974, onde morreram seis militantes políticos, fuzilados por agentes da repressão numa emboscada que levou à morte Onofre Pinto, José de Carvalho, Daniel de Carvalho, José Lavechia, Víctor Carlos Ramos e Ernesto Ruggia. Seus corpos nunca foram encontrados e os relatos que contam essa história fazem parte dos trabalhos da Comissão Nacional da Verdade, realizada no país entre 2011 e 2014, em que 434 militantes foram declarados mortos ou desaparecidos pelo regime militar e dos quais 210 seguem desaparecidos até hoje. Cavalinho integra uma produção de jovens artistas conectados a uma rede de reconhecimento da experiência histórica traumática brasileira e à investigação de processos históricos ligados à memória da violência de Estado e sua perpetuação no presente. Esse tem sido seu campo de pesquisa em obras como Epigramas, projeto em andamento, iniciado em 2019, em que identificou 64 endereços relacionados à ditadura militar, e mais recentemente, em Esqueleto no guarda-roupa (2021), onde conecta as memórias do período à sua própria experiência familiar. Em Folha de papel, diz a artista, sua intenção foi jogar luz sobre os desaparecidos políticos e evidenciar que este é um capítulo ainda não encerrado da nossa história.
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Ao apresentar a obra de Manoela Cavalinho, que se debruça sobre um passado autoritário brasileiro por vezes encoberto por políticas de apagamento e negacionismos, o MUPA oferece um espaço potente de diálogo em torno dos processos de inscrição crítica das memórias da ditadura na arte e reforça a importância de não a esquecermos, para que jamais se repita. Em tempos de retrocessos, em que a história da ditadura nunca esteve tão em disputa, as experiências de construção da memória política em museus são indispensáveis para a luta permanente em defesa da democracia e dos direitos humanos. Ana Pato
Coordenadora do Memorial da Resistência de São Paulo CAPA, 1, E CONTRACAPA Onofre, José, Enrique, Daniel, Joel e Víctor, 2022. Frames do vídeo. Créditos das imagens: Kevin Nicolai 2 Instalação na Mata Nacional do Iguaçu, no provável local do massacre de Iguaçu. Créditos da imagem: Kevin Nicolai — COVER, 1, AND BACK COVER Onofre, José, Enrique, Daniel, Joel e Víctor, 2022. Video frames. Photographs by: Kevin Nicolai 2 Installation in the Iguaçu National Forest, at the probable location of the Iguaçu massacre. Photograph by: Kevin Nicolai
SHEET OF PAPER The installation Sheet of Paper, by artist Manoela Cavalinho, selected through public call for a slot in the Paraná Museum Exhibit Space brings the theme of the Civil-Military Dictatorship (19641985) to the museum. The work revisits the story of the massacre at the Iguaçu National Park which took place in July of 1974. Six political activists - Onofre Pinto, José de Carvalho, Daniel de Carvalho, José Lavechia, Víctor Carlos Ramos and Ernesto Ruggia - were shot and killed by agents of repression in an ambush. Their bodies were never recovered. The accounts that tell their story are part of the work of the National Truth Commission, active in Brazil from 2011 to 2014, in which 434 militants were declared dead or disappeared as victims of the military regime, and of which 210 remain missing to this day. Cavalinho is part of a network of young artists who work with the recognition of traumatic experiences of Brazilian history, researching historical processes connected to the memory of State violence and the way it is perpetuated in the present. This has been Cavalinho’s focus in works such as Epigramas [Epigrams], an ongoing project that she began in 2019, in which she identified 64 addresses linked to the military dictatorship, and, more recently, Esqueleto no guarda-roupa [Skeleton in the Closet] (2021), in which memories of the period are connected to
her own family history. The artist tells us that her intention, in Folha de papel, was to shed light on political deaths and disappearances and show that this chapter of our history is not yet over. The MUPA offers Manoela Cavalinho’s work, examining an authoritarian Brazilian past that is sometimes masked by the politics of erasure and denialism, as a potent space for conversation around the critical inscription of memories of dictatorship in art. Her work reinforces how important it is not to forget, so that this history is never repeated. In times of regression, in which the history of the dictatorship becomes a highly contested terrain, experiences of building political memory in museums are an indispensable part of the permanent struggle to defend democracy and human rights. Ana Pato Coordinator, São Paulo Resistance Memorial
A instalação Folha de Papel contou com a colaboração da turma de Artes Visuais da Escola de Música e Belas Artes do Paraná (EMBAP), por meio de ação educativa promovida no Museu Paranaense em julho de 2022: The installation Folha de Papel had the collaboration of the Visual Arts class of the Paraná School of Music and Fine Arts (EMBAP), through an educational action promoted at the Paraná Museum on July, 2022:
Professoras / Professors Deborah Genin Keila Kern Estudantes / Students Brenda Bianca N. Muzilli Bruna Mendes Razera Bruna Victoria Bom Bruno Rocha Yakabe Bruno Viana Silverio Cesar A. N. Carvalho Conrado B. Rodrigues Felipe A. P. Santos Gabriela F. Miranda Ingrid Islabão da Rosa Ivan Bastos Mateus João Alberto C. Lima Larissa de Oliveira Nunes Laura Sorbello Vignoli
Lucas Souza M. Moraes Lucas Tinoco Miliorança Luiza Taube Toretta Marcela C. Lemiska Marcela de Oliveira Santos Maria E. Stempczynski Maria Luiza Alves Maria Tereza T. Bertucini Marina Sarat Suttana Matthaus Bicalho Patzsch Michele Rocha Dias Milena Mattos de Freitas Stella Stefani Schmitt Vitoria Morais
Esta exposição faz parte do II Edital de ocupação do espaço Vitrine. This exhibition is part of the 2nd Public Call for Occupation of an Exhibit Space. Terça a domingo 10h—17h30 Tuesday to Sunday 10am—5h30pm Entrada gratuita Free admission MUSEU PARANAENSE Rua Kellers 289 Alto São Francisco Curitiba, Paraná, Brasil +55 41 3304 3300 museupr@secc.pr.gov.br museuparanaense.pr.gov.br museuparanaense museuparanaense