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O jogo pode ser jogado por uma ou mais pessoas, não havendo limite de participantes. O jogo destina-se a adultos e crianças com idade mínima de seis anos. Munidos deste mapa, os jogadores devem desvendar os enigmas abaixo. O mapa serve para guiá-los até a sala expositiva em que o item do enigma está localizado. Cada charada se refere a um objeto exposto na sala indicada.
No verso, os jogadores podem conferir a resposta e encontrar um pequeno texto sobre o item encontrado. Após a consulta, os jogadores concluirão a exploração do enigma ao se dirigirem até o objeto, lerem e discutirem o texto, que explica o motivo de o item em questão fazer parte da exposição Ephemera/Perpétua. Concluído o debate sobre o enigma, os jogadores já podem desvendar o próximo!
OQ UE
COMO JOGAR?
O que é, o que é? Tenho olhos, mas não vejo; faço o pequeno ficar grande, matar curiosidades é o que eu mais almejo.
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O que é, o que é? Sou pequena e enfeitada e pelas mães e pais de mentirinha eu sou criada.
O que é, o que é? Estou presente em várias festas e rituais, mas nem sempre sou igual; digo mais: sou muito usada no carnaval.
O que é, o que é? Com papel e tinta te faço viajar, mesmo sem você sair do lugar.
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O que é, o que é? Quando sou levado ao ouvido, tenho o som de onde eu vivo.
O que é, o que é? Tenho sopros e buracos, se eu toco, todos dançam; esse é meu pitaco.
O que é, o que é? Sou uma casa com buracos e percorro caminhos adocicados; digo mais: de casa em casa, tenho gostos diferenciados.
O que é, o que é? Lanço-me no lance, mas não me lanço sozinha.
MÁSCARA O uso e a produção de máscaras está há muito tempo presente entre os hábitos humanos, mas em diferentes contextos. Se para alguns grupos ela está relacionada a festas e disfarces, para outros elas podem ser um utensílio indispensável para a personificação de entes sobrenaturais antropomorfos (em forma de humanos) e zoomorfos (em forma de animais). Para alguns grupos que vivem às margens do Rio Uaupés, por exemplo, os cubeos, as máscaras servem para encenar elaborados rituais de luto. Nesses rituais, os dançarinos usam máscaras pintadas feitas de casca de árvores para representar peixes e outros seres da floresta que darão boas-vindas aos mortos, que estão a caminho do mundo dos espíritos; mesmo que os enterros em si possam ser simples e objetivos. Assim, máscaras podem ser objetos importantes, que não apenas ajudam os cubeos a representarem outros seres, mas a se transformarem em entes sobrenaturais. E você, já fez uso de uma máscara para se transformar em alguém ou em alguma outra coisa? D
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MICROSCÓPIO Poucos objetos representam tão bem a ideia de pesquisa. Quando imaginamos uma pesquisadora ou um pesquisador, possivelmente nos vem à cabeça alguém fazendo uso desse potente objeto. No entanto, o ato de pesquisar não está presente apenas nas áreas do conhecimento que tradicionalmente fazem uso de um microscópio. Muitos outros pesquisadores nunca nem chegaram perto de um para pesquisar, já que os métodos de pesquisa são variados e fazem uso de inúmeras ferramentas. A pesquisa está muito presente nas artes, por exemplo. Afinal, nenhuma boa obra de arte pode ser concebida sem uma intensa pesquisa sobre os materiais e as ideias das quais a artista ou o artista fará uso. O artista e cientista Frederico Lange de Morretes (1892-1954) conheceu bem o ramo da pesquisa, tanto em artes quanto em biologia. Os utensílios expostos na vitrine fazem referência ao trabalho de Lange de Morretes como malacólogo (estudioso dos moluscos). Mas a figura do artista/cientista se faz presente também em outros itens da mostra que, diga-se de passagem, representam muito bem o efêmero e o perpétuo, seja por seus quadros que trazem sensações passageiras, seja por sua coleção de zoólitos de milhares de anos. Para você, quais outros objetos presentes na exposição melhor representam melhor as ideias de efêmero e perpétuo?
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C A COLMEIA é o nome dado tanto às casas das abelhas quanto à sociedade formada por elas; na exposição Ephemera/Perpétua, podemos dizer que a abelha foi escolhida como nossa mascote. Isso porque ela está presente em diferentes objetos e reflexões propostas pela mostra. Entre alguns povos indígenas, por exemplo, o mel é tratado tanto como substância utilitária quanto sagrada e artística. Na exposição Ephemera/Perpétua o cerume de abelha é a matéria-prima para algumas coisas se tornarem perpétuas, como a produção das esculturas xetás; além disso, também está presente em flechas, cestos, flautas e artes plumárias. A mostra lembra também que a espécie mamangava (Bombus bellicosus) é, oficialmente, um bom exemplo do efêmero, já que no passado era popular em Curitiba e agora está desaparecida em todo o Estado do Paraná, diante dos ataques ao meio ambiente. Mas não é apenas por esses fatos que a exposição se dedica a esse assunto. Entre os pesquisadores e as pesquisadoras mais atuantes do Museu Paranaense, esteve um entomólogo e padre chamado Jesus Santiago Moure (1912-2010), pioneiro no estudo e classificação de abelhas e a quem a exposição também presta homenagem. De fato, as abelhas estão muito presentes no acervo do MUPA, seja nos objetos indígenas, na maneira como elas podem representar o efêmero, seja como símbolo da pesquisa do padre Jesus Moure. E para vocês? As abelhas cumprem algum papel importante em suas vidas?
B BONECA Com certeza, as bonecas e os bonecos estão entre os brinquedos mais populares da nossa infância. Todos nós já brincamos com elas — seja de super-heroínas, seja de super-heróis, ou àquelas que representam bebês recém-nascidos. Entre os indígenas Iny (Karajás), as bonecas ritxòkò também eram usadas como brinquedos. No passado, elas eram produzidas pelas avós que presenteavam suas netas, quando estas completavam cinco anos de idade. O mais interessante é que as bonecas serviam para informar às crianças, por meio de seus grafismos, conjuntos e formatos, sobre a cultura, a cosmologia e o contexto Karajá. Por meio delas, as meninas são ensinadas sobre a história, os valores e os mitos de seu povo. A efemeridade aqui está na forma e no uso da boneca que se transformou com o tempo. O contato com pessoas não indígenas fez com que as bonecas ritxòkò deixassem de ser apenas pequenos brinquedos utilizados para a socialização das crianças, para se transformarem no principal meio de subsistência do grupo, que hoje vende as bonecas para turistas e visitantes das aldeias. Este processo implicou diferentes transformações nas bonecas, que mudaram de tamanho e formato – no passado, elas eram pequenas e não possuíam braços, diferentes das atuais que são maiores, com braços e produzidas com outros materiais. Esse tipo de fenômeno não atinge apenas os Karajá. Hoje, em muitas regiões do Brasil, são frequentes os casos em que grupos indígenas fazem de objetos tradicionais peças de artesanatos, para venda, muitas vezes como a única ou principal fonte de renda dessas comunidades. O problema é que nem sempre isso ocorre com qualidade, ou seja, de forma legal, cultural e ambientalmente sustentável. Infelizmente, muitos grupos, ao se sujeitarem às lógicas do mercado, correm o risco de perder de vista a proteção e a revalorização desses conhecimentos ancestrais indígenas, além de implicar outras dinâmicas ecológicas e judiciais.
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E CONCHA Como afirmado na resposta do enigma anterior, as conchas, apresentadas na mostra com os esquemas de pesquisa e o microscópio, fazem referência ao trabalho de malacologia do artista e biólogo Lange de Morretes. As conchas são carapaças dos moluscos que protegem as partes vitais desses animais. São os moluscos que criam suas próprias conchas a partir de uma substância que excretam de seus corpos. A malacologia é uma área da biologia que estuda esses animais. Lange de Morretes era um artista/ cientista que estudava a malacologia, sendo que suas primeiras coletas datam da década de 1920 e seu primeiro artigo foi publicado em 1937. No entanto, se repararmos bem nessa vitrine (e na exposição como um ttodo), perceberemos que essa referência ao trabalho de Lange de Morretes não é o único momento em que o tema da pesquisa se faz presente. Na verdade, um dos objetivos centrais da mostra é prestar homenagem a importantes pesquisadoras e pesquisadores que contribuíram diretamente na construção desta história de longa data do Museu Paranaense. Estamos falando de etnógrafos, geólogos, historiadores, arqueólogos, entomólogos, artistas, cinegrafistas e muito mais. A história do MUPA é interdisciplinar e é isso, entre tantas outras coisas, que a exposição Ephemera/Perpétua quer celebrar. A autora Ivani Fazenda defende que a interdisciplinaridade é perceber a existência de um conhecimento além do disciplinar, que habita nas entrelinhas do disciplinar; que move, não apenas o racional, mas a alma. Que tal olharmos a exposição por essa perspectiva da pesquisa e da interdisciplinaridade?
FLAUTA A flauta é um dos instrumentos musicais mais versáteis e populares entre nós, além de ser também um dos mais antigos – existem vestígios históricos que comprovam que a flauta é usada pelos humanos há mais de 60 mil anos. Além disso, ela está presente em muitas culturas. No Brasil, são muitos os povos indígenas que tradicionalmente fazem uso desse instrumento, como, por exemplo, os Ashaninka, os Aparai, os Cinta Larga, os Guarani Kaiowa e muitos outros. Mas, em cada cultura, a flauta se torna diferente, seja por causa do material de que é feita, seja do que representa para o grupo. Entre os baníuas, as flautas e trombetas sagradas relacionam-se a grandes ciclos mitológicos e rituais que fazem referência aos primeiros ancestrais. Mulheres e não iniciados são expressamente proibidos de ver ou tocar essas flautas e trombetas, sob pena de morte. As flautas podem ser feitas de plástico, de madeira, ou mesmo de ossos humanos e de animais. A diversidade de usos e materiais que a flauta contém, pode ser vista como o lado efêmero desse instrumento que, de tão presente e antigo em tantas culturas, parece perpétuo. A
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LANÇA O que é uma lança? Muitos responderiam: uma arma de caça ou de ataque e defesa contra inimigos. Com efeito, essa resposta não está errada. Mas, para algumas comunidades indígenas, as lanças, arcos e flechas não são simples armas. Para esses povos, tais objetos possuem, na verdade, uma origem tão antiga quanto sua cultura. Muitos itens como esses estão presentes nos mitos indígenas que contam sobre os primeiros momentos da existência do mundo, das coisas e das pessoas. No mito Tukano, por exemplo, no início dos tempos, o ser primordial chamado Buhpomahsu criou o mundo acompanhado de seis objetos: uma lança-chocalho, uma cigarreira, uma cuia de ipadu, um suporte para a cuia, um cabo de enxó e um banquinho chamado kumurõ. No mito Tukano, esses itens sempre existiram, sendo, portanto, perpétuos. Para outros povos, alguns objetos são resultados de metamorfoses, ou seja, transformações radicais que aconteceram no decorrer do tempo. Como, por exemplo, as flechas utilizadas pelos Wayana que, antes de serem flechas, de acordo com o mito, eram um bravo guerreiro que perdeu a visão. Alguns itens são tão importantes que, para algumas comunidades indígenas, sempre existiram; enquanto que, para outras, eles são resultados de efêmeras transformações. Aqui estão o efêmero e perpétuo desses objetos. F
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LIVRO O livro é, com toda a certeza, uma das ferramentas mais poderosas que qualquer sociedade pode ter. Com eles, nós aprendemos, desaprendemos, inventamos, preservamos e comunicamos ideias, fatos, histórias, pesquisas, descobertas e muito mais. Portanto, sabendo da capacidade do livro de representar tudo isso e mais um pouco, que o artista Paulo Vivacqua decidiu escolher esse poderoso objeto como um dos itens a compor sua obra de arte chamada (Re)inventarium (2019). Mas, se todo artista é um pesquisador, como afirmado nos enigmas anteriores, qual foi o objeto de pesquisa de Vivacqua para fazer a instalação (Re)inventarium? Como a obra foi feita especialmente para a exposição Ephemera/Perpétua, Paulo Vivacqua decidiu pesquisar o acervo e a história do Museu Paranaense para montar sua instalação. Nela, o artista faz uso de diferentes materiais que fazem referência ao acervo ou às áreas do conhecimento abordadas pelo museu; as bases de madeira são organizadas de modo a representar ilhas de um arquipélago; livros, alto-falantes e vidros são superpostos fazendo referência a sambaquis e seus sedimentos de temporalidade. Além disso, Paulo Vivacqua também compõe (Re)inventarium com elementos que o artista costuma utilizar em suas outras obras, como fios, espelhos, vidros e luz. A instalação é, então, uma mistura de pesquisas anteriores do artista com as pesquisas feitas no MUPA, uma ótima representação da interdisciplinaridade. Que tal conversar sobre o que acharam da obra (Re)inventarium.
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REFERÊNCIAS → ALMEIDA, J. ; ARAUJO, M. O. ; FERREIRA, M.; GONZÁLEZ, S. E.; LÓPEZ GARCÉS, C. L. Objetos indígenas para o mercado: produção, intercâmbio, comércio e suas transformações. Experiências Ka’apor e Mebêngôkre-Kayapó. In: Boletim do Museu Paraense Emílio Goeldi. Ciências Humanas, v. 10, p. 621-642, 2015. ↔ MUSEU PARANAENSE. Ephemera/Perpétua. Curitiba, PR, 2019. Exposição. ↔ POVOS Indígenas no Brasil – Instituto Socioambiental. Disponível em: <https://pib.socioambiental.org/pt/P%C3%A1gina_principal> Acesso em: 04 abr. 2020.
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