#116 Música & Mercado - Setembro/Outubro 2021

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NELSON JUNIOR

COLUNA

Guitarrista, produtor, especialista de produtos, instrutor musical, sideman, atuante no mercado desde os 13 anos de idade, colaborador didático de publicações musicais e escritor.

Opinião: o meu maior fracasso

Os medos e as aspirações, as lutas e obrigações de um músico. Como você está vendo a indústria musical?

A força de vontade e a resiliência são os princípios para o acerto

S

ou uma pessoa que, em geral, puxa para si responsabilidades, que assume direcionamentos e que não mede esforços para tentar reverter situações injustas. Muitas vezes tolero acontecimentos ruins e revezes pessoais resilientemente, mas por algum motivo, que me foge à compreensão lógica e sensata, na normatização comportamental que muitos adotam, quando essas ocorrências são injustas a outrem, individual ou coletivamente, me atingem com muito mais força e despertam o meu guerreiro interior. Nunca fui “o cara que entrou na música para chamar a atenção de garotas”, ou para ser estrela, e sim porque eu queria (e ainda quero) fazer o melhor possível na música, em todos os aspectos.

44 www.musicaemercado.org

Sou um músico, não um artista/ celebridade, porque a qualidade do que faço sempre deve preceder quem sou. E ser famoso, considerando a honestidade intelectual disso, deve estar relacionado a três fatores: a aceitação do público em relação à sua obra, a qualidade e a verdade da sua arte, e o prazer sincero que isso lhe traz, enquanto criador de algo; do contrário, é um saco de vento, nada mais... É possível ser bem-sucedido sem ser famoso, bem como é possível ser obtuso mesmo sendo célebre, e nisso consistem as variáveis máximas de tudo que fazemos nesta terra. Eu me sinto compelido a ajudar no êxito de cada pessoa, seu projeto e missão, mas isso obviamente foge de minhas mãos

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e não faz parte de minha responsabilidade, por conta do livre-arbítrio alheio em atentar aos conselheiros e avisos. Há décadas atuo como se fosse obrigação na luta pelos direitos dos músicos, pela união do mercado musical. E nunca deixo de tentar, de alguma forma, direcionar muitos a um “despertar”. Mas, no fundo, despertar pessoas depende da vontade delas em se permitir abrir os olhos e o coração. Eu falhei, e continuo falhando, em pregar união entre os músicos, porque existe muita vaidade, arrogância e prepotência no meio musical. E se até a década de 1980 os músicos tinham um certo senso de união de classe, pelas dificuldades da profissão, a partir dos anos 1990 a coisa foi numa direção


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