Diplomação - Mylena Oliveira

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Universidade de Brasília

COMÉRCIO LOCAL NORTE Entrega do Projeto de Diplomação 2 / Trabalho de Conclusão de Curso, apresentado à Universidade de Brasília, como parte das exigências para a obtenção do diploma de Arquitetura e Urbanismo.

MYLENA LOPES OLIVEIRA

BANCA EXAMINADORA

________________________________________ Dr. Eduardo Pierrotti Rossetti Orientador – FAU | UnB

________________________________________ Dra. Bruno Capanema Pereira Examinador Interno - FAU| UnB

________________________________________ Dra. Elane Ribeiro Peixoto Examinadora Interna - FAU| UnB

Brasília 2016



SUMÁRIO

7 7 7 7 8 10 16 30 81

Tema Jus�fica�va Obje�vo Método Introdução A Configuração Atual da CLN 105/106 Possibilidades Espaciais A Proposta Referências

“Encontrar o tom nesse equilíbrio entre objeto e cidade, o tom de cada operação, é um dos trabalhos e uma das exigências mais importantes para um arquiteto. [...] Daí minha obsessão com as proporções - um dos determinantes, para mim, do tom de cada intervenção. Trabalhamos sempre nesse conflito entre autonomia e dependência do todo.” Alvaro Siza (Zaera-Polo, Alejandro, 1963. p158)



T EMA

O BJETIVO

M ÉTODO

Intervenção urbana e arquitetônica no Comércio Local Norte 105/106 de Brasília, com enfoque na implantação urbana e na articulação do edifício com o entorno e o potencial construtivo e de transformação dos espaços.

Este trabalho de Diplomação 2 da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de Brasília tem dois principais objetivos. No aspecto urbano, o objetivo é propor intervenções nos espaços públicos residuais da área do Comércio Local da 105/106 Norte de Brasília, para que possam ser melhor aproveitados tanto como área de permanência e lazer, quanto para suprir uma necessidade constante de demanda por espaço, seja para a utilização por restaurantes e bares, que representa uma grande demanda existente, como para a promoção e incentivo de pequenos eventos culturais locais. Já na escala arquitetônica, tendo como ponto irradiador do projeto o lote vazio correspondente ao Bloco C da CLN 105, através do qual as propostas de intervenção foram se desdobrando e se estendendo aos demais blocos da CLN 105, o objetivo é de propor uma arquitetura que atenda às necessidades de comércio e moradia, porém de uma forma mais atrativa e coerente com seu entorno imediato. A morfologia das CLNs oferece muitas frentes de discussão a respeito do espaço urbano em termos de lugares urbanos significativos e identitários. Este trabalho, sem pretender esgotar a complexidade do tema, pretende refletir sobre as decisões de projeto e o produto da apropriação do espaço ao longo dos anos pelo Comércio Local de Brasília, com o objetivo de propor uma nova visão a respeito do que pode ser esse espaço em termos de potencial urbano no contexto contemporâneo, alem de gerar uma série de reflexções a respeito do patrimônio, qualidade arquitetonica e espacial, tratamento topográfico, eficiencia energética, entre outros, que podem ser aplicados futuramente nos demais Comércio Locais da cidade.

Pretende-se iniciar esse trabalho de Diplomação 2 com referências teóricas a respeito do espaço urbano e a cidade contemporânea. Tal apanhado teórico ajudará na problematização e na identificação potenciais soluções para o caso em estudo. Em seguida, será feita a leitura do lugar, do terreno e a paisagem da CLN 105/106 através de mapas, esquemas 2D e 3D e um amplo registro fotográfico que ajude a caracterizar e descrever o espaço e identificar os problemas. Em paralelo à leitura do ambiente a ser trabalhado, será feita uma busca por referências do espaço citadino e de paisagismo urbano a fim de entender o que está sendo feito em outros lugares do mundo, como casos de estudo e referências para projetação. Com toda essa análise do lugar e uma ampla base teórica, será possível propor, inicialmente através de croquis, esquemas e maquetes físicas, uma solução para o espaço em estudo. A análise do conjunto do Comércio Local será apresentada de duas formas: com diretrizes gerais referentes aos espaços públicos, que englobará todo o espaço não edificado da CLN; e o a proposta projetual para a CLN 105 incluindo as edificações dos quatro blocos de uso misto e seu entorno imediato.

J USTIFICATIVA Uma intervenção se justifica, pois, pode conter uma nova linguagem arquitetônica relevante para o contexto em que se insere. A escolha da CLN 105/106 se fez por essa quadra ainda ter um lote comercial não edificado, oferecendo uma oportunidade de projeto com potencial construtivo e de transformação do espaço mais evidente que as demais quadras. No caso do Comércio Local Norte de Brasília, os espaços públicos das quadras clamam por intervenções capazes de tornar o espaço atraente e confortável ao usuário. A cidade de Brasília necessita de mais espaços públicos de qualidade para que a vida urbana e as interações humanas sejam fortalecidas, criando uma cidade mais viva em diferentes horas do dia e com diferentes atividades. Repensar a expressão arquitetônica e urbana do Comércio Local também se faz necessária para promover espaços de residência, comércio e lazer que despertem um novo olhar sobre as dinâmicas sociais de uma Brasília contemporânea.

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PALAVRAS-CHAVE: Uso Misto; Espaço Urbano; Arquitetura, Brasília.


I NTRODUÇÃO

N

As ideias apresentadas nesse trabalho de pesquisa e projetação não pretendem elaborar uma visão definitiva sobre quaisquer assuntos tratados. O que se pretende é discutir questões que podem contribuir com uma discussão contemporânea sobre a cidade moderna, mais especificamente Brasília, e a sua transformação ao longo do tempo. Nas palavras de Paulo Casé (2000, p.62), a cidade é um museu aberto da história de sua sociedade. É nela onde convivem o passado, presente e futuro de uma sociedade, abrigando um acervo sedimentado e uma cultura dinâmica em constante transformação. Ainda de acordo com Casé (2000. p.56), a cidade está fortemente ligada aos valores do espirito e das tradições e costumes, possuindo o encargo de representar o espirito da sociedade. É inevitável pensar a cidade sem pensar seus espaços públicos, resultantes da quebra da rígida compartimentação do que é cidade com o que é particular, essas áreas são capazes de incentivar o convívio espontâneo das pessoas. Independente se sua configuração formal, é dele a função irrefutável de aglutinador do encontro e da convivência. Como define o autor, a importância de uma cidade é proporcional aos atributos urbanos de suas praças e aos predicados arquitetônicos das edificações que delimitam. Esse conjunto de elementos formadores da paisagem são capazes de retratar os diferentes períodos históricos de uma sociedade. As ruas, largos e praças possuem também a natureza intrínseca de proporcionar os mais emocionantes espetáculos protagonizados por uma sociedade culturalmente viva. Em Brasília, esses espaços são bastante amplos e compõem a paisagem urbana, em alguns casos, sem muitas delimitações. Sendo então a cidade um ambiente complexo, é preciso fazer um esforço critico no sentido de criar uma arquitetura que compreenda as inúmeras variáveis do território, e saiba lidar com as mudanças referentes aos novos tempos, não deixando morrer a dinâmica urbana. Para o projeto do Comércio Local da 105 Norte, será proposto então, um espaço que promova a maior integração possível entre a dinâmica urbana já consolidada e uma nova interpretação do que pode ser esse espaço no contexto contemporâneo da cidade de Brasília. 8


N

• Os Comércios Locais, tanto Sul quanto Norte se localizam no cinturão verde de 20m das superquadras residenciais; • Possibilidade de locais agradáveis e sombreados.

Marcação do cinturão verde das superquadras aonde se localizam as CLNs. Fonte: Google Earth N

Vista aérea da CLN 105/106. Fonte: Google Earth 9


A CONFIGURAÇÃO ATUAL DA CLN 105/106 BRASÍLIA - COMÉRCIO E MORADIA

Esse projeto é a chance de fazer algo novo. Do ponto de vista do patrimônio, a lacuna representada pelo lote vago na CLN 105, que hoje serve ao uso de estacionamento em um local de enorme potencial construtivo e de uso do espaço, poderia representar um melhor aproveitamento em termos comerciais, residenciais e de área pública para a cidade. O lote disponível se localiza no Comércio Local da 105, na cidade de Brasília, ladeado por blocos de uso misto de pouca expressão arquitetônica, e espaços públicos inutilizados e repletos de barreiras físicas que dificultam a circulação do pedestre e a acessibilidade. Propõe-se discutir nesse tópico a questão do edifício de uso misto, a moradia, o comércio e o espaço público no contexto contemporâneo de Brasília.

Brasília surge então do produto de uma série de discussões urbanísticas com ênfase na funcionalidade e no zoneamento rígido das funções específicas do território urbano, baseados nos preceitos da Carta de Atenas (CIAMIV) de 1936. Lúcio Costa, vencedor do concurso para a nova capital, definiu o zoneamento da cidade em função dos dois eixos perpendiculares estruturadores do sistema viário. Ao longo do eixo norte/sul, alinhou a área residencial, separandoas por cinturões verdes. Essas “superquadras” contém os blocos residenciais de no máximo seis andares sobre pilotis dispostos ortogonalmente no terreno, e o conjunto de quatro dessas quadras abrigam equipamentos de uso público de lazer e esporte, igreja, escola e comércio. Lúcio Costa aborda com simplicidade no Relatório do Plano Piloto o zoneamento proposto para a cidade, e descreve a disposição das funções urbanas da seguinte forma: 4 – Como decorrência dessa concentração residencial, os centros cívico e administrativo, o setor cultural, o centro de diversões, o centro esportivo, o setor administrativo municipal, os quartéis, as zonas destinadas a armazenagem, ao abastecimento e às pequenas indústrias locais, e, por fim, a estação ferroviária, foram-se naturalmente ordenando e dispondo ao longo do eixo transversal que passou assim a ser o eixo monumental do sistema (Figura 3). Lateralmente à intersecção dos dois eixos, mas participando funcionalmente e em termos de composição urbanística do eixo monumental, localizaram-se o setor bancário e comercial, o setor dos escritórios de empresas e profissões liberais, e ainda os amplos setores do varejo comercial. (COSTA, 1991, p. 20). 10


Além da definição das zonas de ocupação urbana, Lúcio Costa definiu também quatro escalas, de início, um tanto quanto abstratas para Brasília. Essas escalas conferiram caráter próprio ao projeto de Costa e evoluíram gradativamente para conceitos legais que nenhuma outra cidade jamais adotou, em que são elas: a residencial ou quotidiana; a monumental; a gregária; e por fim a bucólica. Tais definições foram inicialmente apresentadas por Le Corbusier para a cidade moderna, a qual foi estruturada em quatro funções: habitar, trabalhar, cultivar o corpo e o espírito (recrear), e circular. Essas quatro escalas de Costa da concepção urbanística deram origem ao Decreto Distrital nº. 10.829, de 14 de outubro de 1987, que identificou princípios e diretrizes para a preservação do conjunto tombado de Brasília. Este Decreto orientou a decisão da UNESCO e serviu de base para a Portaria nº 314/1992 (IBPC/ IPHAN), que regulamenta o tombamento ao nível federal (GDF, 1987), culminando no acontecimento de 7 de dezembro de 1987, quando Brasília recebeu o título de cidade Patrimônio Cultural da Humanidade pela UNESCO. No plano de Brasília, como definem Sylvia Ficher e Marlene M. Acayaba (1982. p.43), Costa levou ao extremo os princípios urbanísticos do século XX ao negar a ideia de rua e adotar a hierarquização das funções urbanas, os grandes espaços verdes entre edifícios isolados e a separação dos diferentes tipos de circulação. Assim, o próprio desenho da cidade contribui para uma dinâmica social diferenciada. Com seu formato único, secciona a vida urbana em setores (Setor Comercial, Setor Hoteleiro, Setor de Oficinas, Setor de Diversões, Setor de Clubes, Setor Hospitalar, superquadras residenciais, etc.) e concentra atividades e pessoas. Essa setorização, portanto, gera a desagregação de áreas residenciais, comerciais, de lazer, 11

serviços, indústria, etc. em que todos esses campos seriam conectados por um sistema viário em geral baseado no automóvel. O fato é que, o plano urbano de Costa, contando ainda apenas com a escala monumental e a proposta inovadora para a habitação multifamiliar que foi a superquadra, assegurou à cidade não apenas uma individualidade formal, mas o princípio de um estilo de vida até então inédito entre as cidades brasileiras, como expõem Maria Elisa Costa e Adeildo Viegas de Lima (2009, p. 47) no livro “Brasília 1960 2010 - passado, presente e futuro”. O espaço urbano colocado como objeto do estudo em questão localiza-se no cinturão verde da escala residencial desse plano proposto por Costa. A ideia de Unidade de Vizinhança utilizada por ele para a organização sócio espacial dessas zonas previa um sistema autossuficiente de moradia, comércio, educação e serviços. Entretanto, na prática o projeto não vingou de acordo com o planejado por Costa, pois tomou uma dimensão muito maior que a ideia inicial do acolhimento quase familiar das superquadras. Por esse motivo, muitas vezes é preciso que a população dessas quadras se desloque em vários momentos para realizar suas atividades diárias, mesmo que ainda dentro do Plano Piloto. Na realidade, a expectativa de que os habitantes de uma grande metrópole, capital de um país, se subordinem ao universo restrito de uma unidade de vizinhança soa um tanto quanto ilusória, principalmente diante da dimensão que a cidade tomou. Vale a pena fazer uma breve descrição da Unidade de Vizinhança de Costa, uma vez que esta configura o entorno imediato e o contexto urbano do objeto de estudo desse trabalho. A Unidade de Vizinhança não é inédita nem exclusiva de Brasília. Costa retoma a ideia inicialmente


proposta por Clarence Perry nos anos 20, e mais tarde tema de discussão da Carta de Atenas de 1943 para propor sua versão desse modulo agenciador da trama urbana. No caso do desenho proposto para Brasília, os equipamentos distribuem-se em três regiões da superquadra, fazendo papel articulador entre a superquadra e a cidade, como foi sintetizado por Matheus Gorovitz (2008. p. 10): - O jardim de infância e a escola primária no interior da quadra; - O comércio entrequadra, supermercado, clube de vizinhança, correio, delegacia, biblioteca e postos de serviços e abastecimento próximo às vias secundárias (W1 e L1); - Os cinemas, galerias comerciais e praças de esporte próximo às vias principais (Eixos Leste e Oeste). Por fim, o comércio local, disposto de maneira alternada, pertence simultaneamente a duas unidades de vizinhança, criando áreas de atração juntamente com comércios entrequadras, capela, cinema e clube. Configuram-se assim as Asas Sul e Norte, cada uma

com um conjunto de oito unidades de vizinhança, ou 32 superquadras rebatidas a partir do Eixo Monumental e ao longo do Eixo Rodoviário. Ao mesmo tempo que a ideia é criar um ambiente autossuficiente e controlado, alguns dos equipamentos foram superdimensionados em relação ao que se previa em termos populacionais para a Superquadra. Segundo Gorovitz, uma Superquadra agruparia entre 3000 a 4000 hab., enquanto que a junção de quatro delas somaria um total de 12000 habitantes na unidade de vizinhança, possibilitando a criação de equipamentos de maior porte, “reiterando sua vocação plurivicinal” (GOROVITZ, 2008. p.11). Em relação ao comércio local, este também foi superdimensionado, pois enquanto o tamanho ideal é cerca de 0,4m²/hab., o que significa uma área de 2000m² para uma população de 4000 habitantes, a área destinada ao comércio entrequadra em Brasília é de cerca de 5400m² na Asa Sul e 6160m² na Asa Norte, segundo o autor. Isso reforça o caráter desse tipo de comércio, criado para ser um comércio de bairro, mas que atualmente atua como comércio regional, atraindo consumidores de áreas bastante distantes da superquadra. A essência da superquadra gira em torno da habitação, que possui o papel integrador entre o público e o privado protagonizado pelos pilotis, entretanto, não é só essa área que oferece moradia dentro da superquadra. Os blocos do Comércio Local Norte são em sua maioria de uso misto, abrigando comércio, serviços e moradias.

Superquadra residencial esboçada por Lucio Costa.

Os blocos de uso misto possuem a vantagem do ponto de vista de urbanidade de concentrar um maior número de atividades em um mesmo local. Isso possibilita um maior adensamento da malha urbana facilitando o bom funcionamento do sistema de transporte público. Além disso, pode reduzir a necessidade de fazerem longas viagens diárias entre o trabalho e o domicílio, diminuindo o impacto de outros problemas urbanos, como

Fonte: Relatório do Plano Piloto.

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o engarrafamento e a falta de vagas de estacionamento. O fluxo intenso e necessário de carros aliado ao zoneamento da cidade geram, portanto, aglomerações excessivas em locais e horários específicos e seu esvaziamento fora do horário comercial, o que seria oposta ao ideal de urbanidade contemporâneo. Isso justifica então a intenção de manter as áreas de moradia na região central de comércio e serviços, como forma de diminuir o deslocamento dos trabalhadores entre cidades, reduzindo assim, mesmo que minimamente, o fluxo entre cidades do entorno e o centro. A ampliação do sistema de transporte público e uma maior integração entre seus modais também contribui para a minimização de engarrafamentos e disputa por local para estacionar.


O E S PA Ç O P Ú B L I C O

A configuração espacial de Brasília, marcada por edifícios soltos no terreno e grandes vazios gera muitas vezes espaços públicos desérticos e destituídos de vida social. O pedestre, caso opte pelo uso do transporte público, se vê muitas vezes obrigado a caminhar longas distancias até o ponto de ônibus ou deste para seu destino final. Essa situação típica do urbanismo moderno gera um cenário em que a rua não é mais um espaço de convivência e circulação de pessoas na cidade, perdendo seu sentido social e passando a exercer mais expressivamente seu aspecto funcional, em que a lógica de uso e ocupação do solo fica setorizada e agrupada, não mais misturadas como na cidade tradicional, como colocam Silva e Romero (2011).

que o uso do espaço público varia de acordo com a renda, sendo que quanto menor a renda, mais intensamente o espaço público é utilizado (Holanda, 2002).

Descontinuidades dificultam a apropriação, principalmente para o pedestre, como coloca Frederico de Holanda (2010), isso se deve ao desconforto e insegurança gerados pelo tráfego intenso de veículos nas vias expressas e pela falta de espaço para o pedestre, como reação a isso, o comércio tende a se voltar para o interior dos edifícios como forma de proteção e conforto, fazendo com que a rua perca seu sentido de sociabilidade urbana, pois os edifícios soltos na paisagem fazem com que a definição de ruas e praças tornem-se menos clara. É importante lembrar, no entanto, que esses espaços vazios são também o que conferem à cidade seu caráter monumental.

Sendo assim, dentre as consequências do zoneamento e da teoria urbanista funcionalista está a perda de vitalidade do espaço público. Com grandes vazios na malha, o espaço urbano se torna impessoal e inexpressivo, levando ao esvaziamento, ou a uma neutralização dessas áreas, como coloca Romero (2009), pois com grandes vazios e espaços infinitos na cidade, o homem se nega a andar a pé. Essa neutralização diminui o sentido de vizinhança e pertencimento ao lugar, anulando a continuidade urbana, gerando uma negação do espaço público e por consequência seu total ou parcial abandono. Ao eliminar a configuração tradicional de cidade que, juntamente com as praças, as ruas e as calçadas, formam os elementos articuladores do tecido urbano e de seus mais importantes valores simbólicos, elementos insubstituíveis na congregação da população podem ser perdidos, como coloca Casé (2000. p.31)

Segundo o autor, hoje nas superquadras de Brasília, os espaços livres são usados durante o dia por crianças e jovens, enquanto durante a noite e nos fins de semana e feriados são frequentados por adultos. Ainda adiciona

Ainda em relação à estrutura formal de Brasília e a relação com seus espaços públicos, Holanda cita: É no Plano Piloto de Brasília onde a linguagem mais típica do urbanismo moderno acontece: aqui a paisagem de objetos reina (quase) absoluta. Em alguns sentidos, ela radicalizou-se (para pior) no tempo, em outros ela resulta de elementos não realizados do projeto. (Holanda, 2013).

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CLN 408/409. Fonte: Mylena Oliveira.


A C L N E S E U S VA Z I O S

É possível observar essa falta de uso do espaço na configuração do Comércio Local Norte de Brasília. Ao definir que os blocos comerciais da Asa Norte seriam separados, com marquise continua em pavilhões independentes, afastados cerca de 12 a 13 metros um do outro, Lúcio Costa criou espaços públicos residuais entre os prédios, que atualmente recebem inúmeros tratamentos diferentes. Essas áreas são constantemente negligenciadas pelo processo de projetação dos blocos comerciais, que se apropriam da área pública para a colocação de escadas e rampas de acesso ao subsolo, criando impedimentos para o trajeto do pedestre. Essas áreas recebem os mais variados usos, existindo desde praças bem planejadas, galerias e jardins, até espaços completamente sem uso ou bloqueados por vegetação e construções indevidas. São raras as situações em que esse espaço é vigorosamente utilizado e apropriado pela comunidade, e os que recebem algum tipo de uso, geralmente são os espaços utilizados por restaurantes, bares, sorveterias e cafés, que espalham suas mesas pelos gramados e calçadas em busca de mais espaço para acomodar seus clientes. Em relação à implantação geral das Asa Sul e Asa Norte, é possível identificar diferenças, como cita segundo o Guiarquitetura Brasília (apud MASCARENHAS, 2013). A Asa Sul já vinha sofrendo modificações desde o início de sua implantação, como a inversão das vitrinas dos comércios e criação de bolsões de estacionamento irregulares em vários pontos das duas asas, por exemplo. Enquanto a Asa Norte,

Esquema de distribuição dos blocos na CLN. Fonte: Mylena Oliveira.

Esquema de distribuição dos blocos na CLS. Fonte: Mylena Oliveira.

construída posteriormente, já começou a ser implantada seguindo alguns princípios urbanísticos bastante diferentes do projeto original de Costa. Um exemplo é a nova implantação dos blocos de Comércio Local, modificado com a intenção de resolver problemas da implantação original, com blocos individuais de planta quadrada sem fachada cega, que previa mais pavimentos e mais áreas para atividades comerciais. Cada um desses blocos é composto por subsolo, térreo, sobreloja e primeiro andar, em que o térreo é exclusivamente comercial, enquanto os demais pavimentos podem abrigar tanto comércio e serviços quanto apartamentos. 14

Essas ruas comerciais se estendem por cerca de 190 metros nos comércios locais de 5 blocos da Asa Norte, enquanto nos comércios locais de 4 blocos se estendem por cerca de 150 metros, com largura da rua de em média 22 metros, contando com a faixa de estacionamento. Na CLN 105/106 há quatro blocos de cada lado da pista. Holanda (2013) defende, no entanto, que no caso da Asa Norte, houve avanço quanto à qualidade do espaço público definido pelos conjuntos de lojas. A consolidação dos blocos da Asa Norte como um conjunto não homogêneo possibilitou mais variações arquitetônicas e de usos de seus espaços quando desaparecem as empenas cegas e


fundos. Ao percorrer as CLN é possível observar uma vasta gama de soluções construtivas que abrigam diversos usos como apartamentos, bares, restaurantes, academias e supermercados, configurando uma vida comercial bastante variada para a região, contribuindo também para romper com a uniformidade da paisagem da cidade. Essa nova configuração dos blocos comerciais criou, no entanto, um problema relacionado à acessibilidade. Segundo James Holston (1993), o projeto das unidades comerciais da Asa Norte aparece como uma tentativa de novamente impedir o comportamento de rua que deformou as unidades da Asa Sul. Como a intenção sempre foi de eliminar qualquer vestígio de rua no plano da cidade, esses prédios foram recuados cerca de sete metros do meio fio da via de serviços e construídos alguns metros acima do nível da pista, variando com a topografia de cada quadra, porém feito de forma que é sempre necessário subir alguns (ou muitos) degraus para acessar os pavilhões. Essa jogada de recuos e elevações foi então capaz de eliminar o ultimo vestígio de rua tradicional possível para essas zonas, ou seja, a calçada contínua ao longo do meio-fio, ladeada por comércios. Essa calçada que foi cortada da sua relação com a rua, foi então amarrada em volta de cada pavilhão, protegida pelo avanço do último pavimento do prédio, que se projeta sobre o térreo e a sobreloja, criando uma arcada, sob o qual fica o corpo do prédio. Holanda (2013) também ressalta o problema de acessibilidade criado pelo afloramento dos subsolos devido à declividade da rua, que segundo ele, poderia ser evitado com a devida sensibilidade arquitetônica para tal. Quanto ao afastamento das fachadas frontais dos estacionamentos, na Asa Norte é de 7 metros. Era de se esperar que com esse afastamento, os comércios locais da Asa Norte fossem mais espaçosos e atrativos, com uma ampla área para o passeio do pedestre que circula por entre as lojas. Entretanto, isso não acontece, pois, esse espaço de 7 metros é quase inteiramente tomado pelos passeios cobertos por marquises, que na maioria dos casos é elevado

em relação ao nível da rua, além de equipamentos urbanos e afrente dos carros que invadem as calçadas, criando um caminhar constantemente interrompido por degraus e pilares, enquanto na Asa Sul esse caminho é, apesar de mais estreito, mais contínuo e nivelado. Em relação às arcadas, talvez a ideia tenha sido a de prover passeios protegidos, porém, esse não é o efeito que prevalece. Na realidade essa proteção é mínima e não contínua por conta da interrupção dos blocos e da altura do pé direito. Além disso, o percurso desses passeios cobertos é de certa forma monótono e desconectado do entorno, uma vez que ele apenas circunda o próprio prédio, sendo necessário descer e subir escadas e atravessar o intervalo entre os prédios sem cobertura para acessar o próximo

bloco de lojas. Em consequência disso, como coloca Holston (1993, p. 170), o hábito de passear na rua está em vias de extinção, uma vez que na ausência de uma calçada contínua, ladeada por uma tira de fachadas, é impossível “dar uma volta na rua”.

Representação das fachadas das lojas das CLS 107 e 108.

Representação da passagem entre os blocos das lojas das CLS 107 e 108.

Fonte: Mascarenhas, 2013.

Fonte: Mascarenhas, 2013.

Representação dos pavimentos de um prédio genérico da CLN.

Representação da passagem entre os blocos das lojas das CLN.

Fonte: Mylena Oliveira.

Fonte: Mylena Oliveira.

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P OSSIBILIDADES ESPACIAIS Esse projeto pode ser a oportunidade de propor um raciocínio de massa em escala urbana de maior qualidade para o espaço. No âmbito arquitetônico, pode-se gerar uma discussão a respeito dos aspectos volumétricos e tipológicos e de materialidade dos blocos comercias das CLNs. O projeto da CLN 105, pode vir como uma forma de levantar um debate a respeito da qualidade arquitetônica e urbana difundida por todas as CLNs desde a criação da nova Capital e de que forma ela pode ser redesenhada para atender às necessidades atuais e que legado será deixado para o futuro. A discussão a respeito da qualidade do espaço urbano vem ganhando força a medida em que desafios diários de locomoção, acessibilidade, identidade, sociabilidade, entre muitos outros, surgem na dinâmica da cidade contemporânea. A configuração de lugares urbanos enquanto verdadeiros palcos da vivência cotidiana de nossos povos é diretamente dependente de elementos fundamentais da estruturação de nossa identidade urbana, que por sua vez, influencia em nossa percepção e apropriação do espaço. Em outras palavras, a paisagem urbana de nossas cidades é expressão espaço-temporal das coletividades, que determina como o espaço será vivenciado. A configuração da cidade de Brasília, por sua vez, projetada sob os preceitos do Modernismo, possui uma configuração espacial bastante diferente das cidades tradicionais. Ao contrário das outras capitais tradicionais que se estruturaram pelas mãos de milhares de pessoas e eventos ao longo de vários anos, moldados por profundos eventos históricos que dão forma e transformam o espaço urbano e a arquitetura, em Brasília soube-se dos seus arquitetos, dos seus fundadores e dos seus construtores no ato do surgimento da cidade, porém, hoje a quantidade

de interventores já não é mais contabilizada. Dessa forma, a identidade de Brasília, quanto arquitetura e formação do lugar, é bastante expressiva e distinta no cenário nacional. Um dos pontos que a difere de outros ambientes urbanos é a rua. Resgatando em Jacobs (2011) a visão do que é a rua, é possível compreender o espaço de circulação viária, simultaneamente ao espaço social, ao espaço econômico e ao espaço político. Jacobs observa que as ruas têm muitas funções além da circulação. Ainda em relação à rua, como proposto por Jacobs e reafirmado por centenas de pesquisadores, é preciso entender que esta pertence às pessoas. Ao defender a criação de espaços de usos mistos e multifuncionais, com usos variados durante o dia e a noite, promove-se também

Manhatan, Nova Yorque. Fonte: https://blogmarcelinopaoevinho.com 16

vida ao ambiente urbano, ao contrário do que aconteceria em um espaço monofuncional. Quando prevalece a monotonia sobre a diversidade, a degradação urbana é mais intensa, como defende Jacobs (2000). Espaços modernos tendem a essa realidade devido ao zoneamento de suas atividades, tornando-se rígidos e vazios, como coloca a autora, ao contrário do que acontece no ambiente multifuncional, que instiga a curiosidade através de sua diversidade. O Comércio Local Norte, quando analisado de um ponto de vista macro reúne essas características de uso misto, presença da rua como elemento estruturador e espaço público abundante para interações sociais, com áreas de comércio e serviços bastante movimentadas. Entretanto, é nos detalhes que essa área apresenta suas falhas em termos de qualidade do espaço, principalmente no que diz respeito à infraestrutura do espaço público de permanência. Nas CLNs, o movimento maior está relacionado diretamente às lojas. O consumidor em geral chega de carro, estaciona em fila dupla ou no interior da área residencial, se dirige à loja desejada e vai embora. Na grande maioria das quadras não existe um uso mais prolongado do espaço público. As pessoas não vão para a área do comércio local em busca de bancos na sombra para tomar um sorvete, conversar ou ler um livro, muitas vezes pela simples falta desses espaços de qualidade, como acontece na CLN 105/106. Assim como Nova York, por exemplo, Brasília possui um rigor racional em sua malha viária e a sequência numérica que ordena suas ruas e avenidas, facilitando a orientação. A grande diferença, no entanto, reside na densidade dessa malha e na diversidade tipológica, que ajuda a criar uma possibilidade de identificação com o ambiente que lhe cerca. Como descreve Casé (2000) em


relação à Nova York, “os arranjos volumétricos, compostos por diferentes poliedros, forjam uma perspectiva que surpreende pelas inúmeras referências, que se multiplicam com os infinitos e inesperados movimentos dos agentes urbanos na superfície de seus logradouros”, tornando a cidade mais socialmente dinâmica. Em Brasília, no entanto, a mesma surpresa espacial acontece com pouca frequência, estando mais restrita à área de comércio central da cidade, aonde os gabaritos dos prédios são bastante variáveis. Ao percorrer as CLNs e as superquadras residenciais, no entanto, é possível notar uma certa monotonia volumétrica e tipológica, o que pode não transmitir à sociedade o impulso de curiosidade e interesse pelo lugar. É preciso criar na cidade tipologias e volumetrias mais atraentes, mais focadas na qualidade espacial, que no puro cumprimento do papel de aglomerados de lojas e residências. A eficiência da relação entre o indivíduo e o espaço é essencial para a criação de um sentimento de bem-estar, segurança e identidade. Sendo assim, é preciso configurar ambientes com possibilidades de uso e interação para que esse indivíduo se sinta acolhido pela cidade e assim faça mais uso de seus recursos. No caso das CLNs, essa possibilidade de melhor aproveitamento é oferecida pelas áreas residuais entre os blocos comerciais. A criação de praças e espaços de permanência de qualidade pode refletir em um melhor uso de toda essa área tanto pelo frequentador do comércio como da área residencial lindeira. As possibilidades são das mais diversas, podendo este espaço ser ocupado por mesas de restaurantes em uma área arborizada e agradável, como solução a uma falta de espaço no interior das lojas; a construção de praças com bancos e sombra para a permanência e descanso do consumidor ou frequentador; jardins para apreciação; e áreas para pequenos eventos, por exemplo.

Como é possível notar nas imagens abaixo, os espaços livres existem na área em estudo, porém não possuem um tipo de tratamento do espaço atrativo ao frequentador da quadra. Abaixo será feita uma breve descrição de cada uma dessas áreas, comparando de duas a duas.

N

1

2

3

4

5

CLN 106

CLN 105

• 1. BLOCO D - Via W1

Esc: 1:2500

- CLN 105: área gramada com calçadas e bastante arborizada. O acesso ao Bloco D é estreito, ladeado por canteiros. A região apresenta pouco declive, com ligação direta entre o Bloco e a calçada da área residencial.

- CLN 106: área dividida entre o estacionamento do supermercado e uma área vegetada com poucas arvores de grande porte. O estacionamento possui piso de calçamento, com acesso central e vagas a 90º. A ligação entre o bloco comercial e a área residencial é feita por escadas, por conta do grande declive da área.

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• 2. BLOCOS C - D - CLN 105: área parcialmente ocupada pelos puxadinhos dos restaurantes do Bloco D, com visibilidade e acesso bastante restritos. O acesso à área residencial não possui declive do terreno, mas pelo prédio residencial estar em obras, esse caminho não está definido. Essa área faz divisa com o lote não edificado, que será o ponto de intervenção em etapas futuras. - CLN 106: espaço com predominância de calçadas estreitas ladeadas por pingos-de-ouro e com uma única arvore frondosa entre os prédios. Também há uma escada de acesso ao subsolo do Bloco D, correspondente ao estoque do supermercado. Por conta da grande inclinação, escadas e rampas fazem a ligação entre esse jardim e a calçada da área residencial. O acesso entre os Blocos D e C é feito por rampas.

• 3. BLOCOS B - C - CLN 105: essa área também faz divisa com o lote a ser projetado futuramente, e praticamente não possui comunicação com tal. O jardim é denso e funciona como uma barreira visual que “protege” o restaurante da esquina do Bloco B. o transito de pedestres é dificultado por barreiras no piso, como valas e vegetação. Presença de um quiosque de chaveiro no local. Carros também estacionam na área livre, dificultando ainda mais a visibilidade e o acesso por essa fachada. - CLN 106: espaço plano com calçadas regulares e em bom estado, gramado bem mantido, ladeadas por pingode-ouro na lateral do Bloco C. Uma sequência de palmeiras marca o jardim. O acesso à área residencial é feito por uma rampa e uma pequena escada. 18


• 4. BLOCOS A - B

- CLN 105: jardim bastante arborizado, com arvores altas e alguns pingos-de-ouro. O espaço é escuro por conta da sombra das arvores e quase não há grama, sendo o piso de terra. Várias calçadas estreitas e em mau estado se cruzam em várias direções. O ambiente é fechado e confuso, porem a sensação é de paz e tranquilidade em meio as arvores. - CLN 106: espaço plano com calçadas em bom estado. Pouca vegetação, com presença de palmeiras e grama. O acesso entre os Blocos B e A é feito por calçadas planas e duas escadas para descer do térreo do Bloco B para o jardim.

• 5. BLOCO A - Eixo W

- CLN 105: jardim bem cuidado, arborizado e com calçadas. Possui duas áreas retangulares construídas no chão de uso não identificado. Essa área possui calçada de acesso à passarela subterrânea do Eixão. - CLN 106: jardim bem cuidado, arborizado e com calçadas. Calçada de acesso a uma estação publica de alongamento e musculação próxima ao Eixo W.

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O CARRO E A CLN

O uso em diversos períodos do dia por atividades variadas confere ao espaço maior vitalidade e benefícios para o comércio, por funcionar como ponto atrativo de interação social. Essa concentração de atividades por um lado se mostra benéfica quando se trata de interações humanas no meio urbano, porém ele traz consigo o maior problema que a cidade contemporânea enfrenta, o acumulo de carros. A atividade comercial por si só, produz uma grande demanda de vagas de estacionamento quando não há um sistema de transporte público que atenda a demanda, entretanto, não há a presença de garagens nesse tipo de edifício da CLN. Isso induz a ocupação de áreas vizinhas, seja ao longo do meio fio ou em terrenos não edificados, e no caso dos comércios locais de Brasília, da área residencial e a formação de filas duplas que atrapalham o andamento do trânsito.

(2011), algumas cidades europeias, como Londres, estudam o abandono do automóvel privado através do aumento dos impostos sobre o mesmo, e através do incentivo à locação de automóveis elétricos. Segundo pesquisas, tais automóveis são altamente econômicos, podendo chegar a um vigésimo do custo por quilometro rodado, quando comparado aos veículos movidos a combustíveis fosseis. A ampliação e integração do sistema de transporte público também aparece como uma das primeiras alternativas para o acesso a esses pontos de aglomeração,

reduzindo assim a necessidade do carro. Em muitos casos, porém, o sistema público, que poderia diminuir a dependência do automóvel particular não corresponde a demanda, devido ao tempo de espera, altas tarifas, linhas limitadas e insegurança, muitas pessoas ainda não estão dispostas a abrir mão de seu veículo. Outras ações de pensar a cidade também podem contribuir para minimizar a dependência do veículo ao repensar a mobilidade urbana atual, levando em conta um zoneamento urbano flexível, atenção ao pedestre e ciclista e a densificação urbana, por exemplo.

É crescente o número de terrenos utilizados para o fim de estacionamentos nos centros das cidades, devido ao aumento da frota de veículos e a demanda por vagas. Isso contribui para a deterioração da paisagem e promove a subutilização do potencial construtivo destes terrenos, como explicam Carlos Sipinski e Lisana Schmitz ao discutir o impacto dos estacionamentos nos centros urbanos de Curitiba (SIPINSKI, SCHMITZ, 2011). No terreno em estudo é possível identificar essa situação. Existem várias alternativas para diminuir a demanda por vagas em superfície, entre elas a construção de garagens subterrâneas, o incentivo à carona, uso da bicicleta e o transporte público, por exemplo. Segundo Silva e Romero 20

Lote da CLN 105 ocupado por carros. Fonte: Mylena Oliveira.


Dentre as várias opções, duas propostas para diminuição do acumulo de carros ao longo da via de acesso às CLNs podem ser discutidas no contexto desse trabalho: a construção de garagens subterrâneas e a ativação de linhas de ônibus que atendam as áreas dos comércios locais. A construção de garagens subterrâneas poderia ser realizada mais facilmente nas áreas verdes das duas extremidades, início e final, do conjunto de blocos comerciais em caso de blocos existentes ou subterrâneo ao bloco no caso dos lotes vagos ou reconstrução do edificio. Essa solução, no entanto, inviabilizaria a existência das frondosas arvores que sombreiam esses espaços, devido à profundidade limitada de suas raízes. Uma possível ocupação térrea sobre essas áreas de garagem seria com jardins e bancos, sombreados por árvores de menor porte e associados a bicicletários ou outros equipamentos e pequenos comércios tipo quiosque, por exemplo. A segunda opção, entendida como mais adequada para o caso especifico do objeto de estudo desse trabalho, é a ativação de linhas de ônibus de caráter conectivo, com a função de ligar as vias W3 e L2 perpendicularmente. O trajeto desses ônibus de menor porte tem como objetivo disponibilizar uma opção de locomoção do frequentador das áreas das CLNs que represente maior conforto e eficiência de acesso entre as linhas de maior porte (W3 e L2) e o comércio. Essa proposta visa diminuir a necessidade do automóvel, abrindo assim a possibilidade de diminuir o número de vagas de estacionamentos ao longo da via de acesso à CLN, para que esse espaço se integre à área de calçadas, ampliando o espaço destinado ao pedestre na quadra e melhorando o aspecto visual do ambiente. Entende-se, no entanto, que essa opção é extremamente dependente de interesse governamental e de uma dinâmica maior do sistema de transporte público da cidade, podendo não ser facilmente implantada, apesar de existir uma viabilidade clara desse modal, com o exemplo da linha 0.007 já existente, que passa pela SQN 405/406 (Fonte: DFTrans).

Com menos carros nas ruas, existe maior possibilidade de se pensar um espaço público mais agradável e atrativo. Uma paisagem agradável, com calçadas regulares, áreas sombreadas e um percurso definido, pode trazer não só facilidade para o pedestre, como servir de estimulo para novas explorações. Com mais pessoas na rua, portanto, o comerciante, o mercado imobiliário e até o turismo são beneficiados, refletindo em geração de empregos para a cidade, que necessita de espaços com qualidade para ser um objeto de consumo, como coloca Sipinski e Schmitz (2011). Atualmente, os acessos possíveis à CLN 105/106 e a linha de ônibus são as demarcadas na imagem abaixo.

Esquema ilustrando a linha de ônibus proposta.

N

Ônibus Carro Bicicleta Pedestre Modais de acesso à CLN 105/106 atualmente.

21


L EITURA DO LUGAR Na sessão a seguir será feita a leitura espacial da CLN 105/106, com foco na área de intervenção da CLN 105. Tal leitura da paisagem será feita de forma predominantemente gráfica e através de fotos. Esse exercício ajudará a identificar os problemas e as potencialidades da área comercial, de forma a embasar junto com as referências teóricas as futuras propostas de intervenção.

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M A PA D E C O N TA I N E R D E L I XO 1

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M A PA D E B A R R E I R A S F Í S I C A S 1

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M A PA D E P U X A D I N H O S 1

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V I S TA S D O LOT E VA Z I O DA C L N 105 (B LO C O C - P O N TO I R R A D I A D O R D O P R O J E TO) 1

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Esc: 1:2500

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T I P O LO G I A S A R Q U I T E TÔ N I C A S E X I S T E N T E S

CLN 105 - Bloco A e D

CLN 105 - Bloco B

CLN 106 - Bloco A

CLN 105 - Bloco B

CLN 105 - Bloco C

CLN 105 - Bloco D

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L INGUAGENS ARQUITETÔNICAS A racionalidade do material é agora mais do que nunca entendida como fundamental em um contexto de esgotamento de recursos ao qual nos vemos próximos. Essa racionalidade, também se estende ao uso de energias, priorizando as formas de produção renováveis. No entanto, é preciso pensar criticamente o tipo de abordagem que se pretende para cada obra, a fim de criar uma arquitetura condizente com as necessidades locais, e não apenas uma que siga padrões generalizados de uma sustentabilidade de massa. É preciso ficar atento, para que o High-Tech não seja praticado por uma pura manifestação da tecnologia, como defende Paulo Casé (2000. p.88), pois a tecnociência é imune as influências culturais e é isenta de regionalismos, correndo o risco de se tornar uma arquitetura vazia e sem contexto. É preciso aliar a tecnologia disponível a um certo grau de expressão cultural local para que se crie uma arquitetura significativa para a sociedade em questão. Nesse ponto entram as tradições construtivas de cada lugar como ponto chave na manutenção dessa cultura material. No Brasil, a grande maioria das obras realizadas utilizam o tijolo, sendo ele, para nós, cultural. Isso não impede, no entanto, que se use outros materiais também tradicionais, ou que se inove. O uso da estrutura em aço e do dry-wall vem ganhando cada vez mais espaço nos canteiros de obra brasileiros, e aparecem como uma boa opção construtiva para esse projeto em termos de velocidade da obra, a racionalidade de materiais através dos pré-moldados e da modulação e menos uso de escoramentos de madeira. O vidro, material largamente utilizado na maioria dos revestimentos externos de construções contemporâneas precisa ser cuidadosamente dosado em climas tropicais

Referências de materialidade Combinação de texturas Estrutura mista (metálica + concreto) sistemas de sombreamento de fachada

e subtropicais, como é o caso de Brasília, pois o excesso de incidência solar pode refletir em desconforto para o usuário interno e no aumento do consumo de energia, por exemplo. Além disso, se ele for espelhado, o incomodo pode se estender a toda uma comunidade frequentadora de suas redondezas.

• A

proposta para esse projeto é de criar uma volumetria condizente com o contexto do Comércio Local de Brasília, priorizando a interação social no nível térreo, da calçada, aonde acontece o principal foco comercial. Nesse plano, a vida comercial se mesclará com a vida urbana e o uso das áreas públicas lindeiras. Pretende-se manter o uso misto recorrente nos blocos comerciais das CLNs, entretanto, a lógica de ocupação do subsolo será diferente.

Edifício Sebrae, Brasília - Referência arquitetônica utilizada. Fonte: http://www.gruposp.arq.br/?p=33

• Quanto aos materiais, serão combinados o aço, o

concreto e o vidro de forma a criar uma arquitetura contemporânea não só pela volumetria, mas tambem pelos materiais.

• O brise-soleil será usado como segunda pele do

edificio, em um sistema que reveste todo o primeiro e segundo pavimentos com diferentes sistemas de aberturas. Essa uma escolha que permite maior flexibilidade na participação visual do usuário em relação a paisagem disponível, além de atuar como objeto modificador da própria imagem do edifício à vontade do usuário e possuir forte ligação com a linguagem arquitetônica de Brasília.

Studio mk27 + Carolina Castroviejo. Edifício residencial V_Itaim, São Paulo. Fonte: http://www.au.pini.com.br 28

• Propõe-se também o uso da laje superior como terraço jardim, disponível para apreciação da vista e interação dos usuários do prédio. É proposta a


implantação de painéis fotovoltaicos para captação solar para produção de energia, além da captação da água da chuva no mesmo espaço da cobertura e térreo para armazenamento em reservatórios no primeiro pavimento do subsolo. Em relação ao paisagismo e ao espaço urbano proposto, procura-se uma combinação de fatores capazes de criar um ambiente acolhedor, atraente, acessível, e consequentemente, vivo. algumas das referências utilizadas incluem o High Line de Nova York por seu tratamento paisagístico intrigante, que proporciona surpresas ao longo do percurso, e a boa iluminação noturna. Os outros exemplos utilizados evidenciam o tratamento da topografia, arborização, espaços livres para eventos e disponibilidade de mobiliário urbano para a agregação e conforto do usuário. High Line, Nova York. Fonte: http://www.thehighline.org

Área de lazer infantil.

Toronto – Canadá.

Designrulz. Fonte: https://sites.google.com/a/mail.blackriver.k12.oh.us/

Umeå – Suécia.

Fonte: Site-design.com

Fonte: https://thislandisparkland.com

landscape-architecture/home/job-description/untitledpost

Fonte: https://www.pinterest.com

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A PROPOSTA Esse projeto tem o potencial de tornar a CLN 105 em uma referência da arquitetura contemporânea na cidade de Brasília. A proposta consiste no tratamento dos quatro blocos comerciais como um conjunto, a fim de atender a diversos tipos de usos e interesses, de forma harmoniosa e integrada, principalmente a nível térreo, pois um espaço urbano mais vivo favorece a vitalidade do comércio e reflete em uma cidade mais saudável. O projeto da CLN 105, portanto, será uma oportunidade de repensar o fazer arquitetônico da cidade de Brasília, encarando seu papel de terceira maior cidade brasileira, e capital do país, ao intervir no conjunto de uso misto inserido numa malha urbana já estabelecida, mas em constante transformação. A proposta aparece como uma ação de pensar a cidade, criando uma arquitetura com volumetria e materiais contemporâneos, com uma preocupação de cunho sustentável, visando a economia de energia, com o aproveitamento de recursos naturais, e o bem-estar do usuário tanto do prédio quanto do entorno. A valorização do comércio de rua é benéfica para a dinâmica social de qualquer cidade, portanto, esse projeto visa proporcionar soluções para atuais problemas vividos pelos usuários e moradores dessa região, além de propor uma mudança na visão e na vivencia do que é o Comércio Local de Brasília e qual seu legado para o futuro. A Portaria Nº 116/2016 define juntamente com o Relatório do Plano Piloto as regras espaciais e de ocupação das CLNs. Na Subseção VI está definida a “Área de Preservação 6 da ZP1A”, em que se encontra, entre outras áreas residenciais e comerciais, o Comércio Local Norte. Sendo assim, segundo o documento, serão mantidos: • Predominância de usos comerciais e prestação de serviços básicos; • Tipologia, gabarito e implantação das edificações;

• Gabarito máximo de 3 (três) pavimentos; e • Áreas públicas desobstruídas, permitindo a livre circulação de pedestres entre os blocos.

construiu, ao longo de sua história e pelas mãos de milhares de pessoas, sua cultura baseada na vivencia do espaço urbano e assim parece permanecer.

Ainda segundo a Portaria, será também admitido nos andares superiores dos blocos comerciais o uso habitacional como complementar e a ocupação com mesas e cadeiras nas áreas livres nas laterais dos blocos, desde que mantida a acessibilidade e a livre circulação de pedestres.

Nova York, por sua vez, com o papel de centro do mundo, aonde tudo se expressa, viu os rumos da apropriação do seu espaço urbano ser mudado, entre outros, pelo traço audacioso de Philip Johnson. O arquiteto criou em uma área residencial consolidada, áreas dedicadas ao repouso dos pedestres, associando assim, a arquitetura ao urbano. Essa área, que não contava com a presença de comércio, passou a atrair comunidade nova-iorquina, que se apropriou do espaço situado na Oitava Avenida com a 60th St, configurando um importante equipamento social da cidade. Esses exemplos demonstram brevemente

• O primeiro ponto a ser discutido é a linguagem que

os espaços livres da quadra podem agregar. Como citado nos tópicos anteriores, os espaços públicos possuem um papel agregador e de produção de identidade de uma sociedade, quando dotados de função de praça, parque ou abrigo, porém, se forem apenas áreas verdes sem utilidade, tornamse apenas um objeto visual.

A ideia de praça citada em vários momentos acima, é usada nesse trabalho para descrever um espaço que integre alguns elementos urbanos como bancos, mesas, lixeiras, vegetação, obras de arte e possivelmente uma cobertura natural ou artificial, a fim de criar um ambiente atrativo para permanência e interações sociais. Várias são as formas que levaram ao surgimento e a configuração desses espaços de convivência pelo mundo, como é exemplificado a seguir por Salvador e Nova York. A cidade de Salvador, na Bahia é sem dúvida um agente promotor de cultura. Sua população tem sedução pelo espaço urbano, como define Casé (2000. p.111), e demonstra uma satisfação inesgotável de estar reunida. Os cenários da cidade, sejam construídos ou naturais são constantemente palco para reunião e celebração de uma cultura peculiar e impenetrável aos modismos. Salvador 30

Praça do Gemini Center com escultura do Mário Cravo. Foto: Mylena Oliveira.


a importância dessas áreas de aglomeração e vivencia popular na vida das cidades como forma de viver o espaço urbano e manter a cidade em constante vibração, sendo esse o objetivo da revitalização e endereçamento de função às áreas públicas livres do Comércio Local Norte. É preciso reivindicar os espaços públicos através da transformação destes em oportunidade de desenvolvimento, em que áreas de estacionamento, praças e ruas que não mais exercem sua função de forma satisfatória sejam reconfiguradas. Roger Trancik (1986. p.19) propõe algumas diretrizes para que, após a identificação desses espaços perdidos, seja possível recupera-los através de iniciativas do governo local de criar incentivos para o investimento privado nessas áreas através de zonas de empreendimento e atividades advindas da própria comunidade. Dessa forma, é fundamental que os edifícios estejam intimamente ligados ao espaço público externo, para que a estrutura da cidade não sofra com o zoneamento excessivo, pois

Ponto irradiador do projeto - Lote vago (Bloco C da CLN 105)

segundo o autor, é preciso entender que a história e o meio ambiente são as duas faces da arquitetura, e que nenhum prédio sobrevive sozinho. É esperado então, que as lojas dos blocos comerciais de Brasília se apropriem desses espaços adjacentes aos prédios como extensões de suas áreas, como forma de oferecer ao consumidor um ambiente diferente e confortável, ao mesmo tempo em que cuidam desse espaço, que é de todos. É preciso retomar as lições bem-sucedidas da cidade tradicional, delimitando melhor os espaços públicos e criando melhores conexões entre eles. Como bem coloca Otília Arantes, nas cidades reurbanizadas do séc. XIX, os vazios residuais e geralmente superdimensionados configuram espaços impróprios para uso coletivo, em que a exemplo da multiplicidade de formas complexas das cidades antigas deveriam promover a reunião da coletividade local. Espaços pequenos e bem delimitados tendem a ser mais atrativos e confortáveis para o ser humano, que se sente

Proposta inicial de intervenção utilizando a área dos blocos C e D.

Área de intervenção urbana inicial do projeto arquitetônico

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mais acolhido. Não justifica negligenciar um espaço público por presumir que este é pequeno e sem importância. É preciso se apropriar de cada canto da cidade como forma de reafirmar o caráter social de uma cidade ativa e vibrante, dando a esses espaços um aproveitamento melhor que os usos criados pela sociedade moderna de armazenamento de veículos, por exemplo. Alguns exemplos de espaços públicos podem ser usados como referências para o projeto das áreas livres da CLN em questão. As imagens abaixo mostram diferentes tratamentos para o espaço público utilizado em diferentes lugares do mundo, que evidenciam várias das características possíveis de serem utilizadas no contexto do Comércio Local de Brasília. A criação de espaços de permanência com bancos sombreados durante o dia e uma boa iluminação para a noite; áreas mais flexíveis para a promoção de eventos culturais e pequenos shows; caminhos agradáveis e bem cuidados; e um bom aproveitamento da topografia

Área final da intervenção urbana e arquitetônica Extensão da proposta – CLN 105


para criação de espaços agradáveis são algumas das características desejáveis para o projeto de intervenção proposto.

Mario Cravo, que qualifica o espaço público de dessa área comercial e residencial, como descreve Rossetti (2012).

Também é importante considerar exemplos próximos, como o da CLN 107. O projeto dos edifícios do Gemini Center projetados por Elvin Mackay Dubugras e George Mackay Dubugras entre 1985 e 1987 prestou uma especial atenção ao paisagismo da rua e dos espaços que circundam os prédios, além da preocupação em relacionar os blocos entre si. Dessa forma, foi criada uma pracinha entre os dois blocos com mesas e bancos, jardins e até uma escultura de

Segundo disposições do Memorando de Viena (2005), é importante minimizar os impactos diretos em elementos históricos importantes ao projetar intervenções contemporâneas.

1

Com isso em mente foi pensada a volumetria proposta para a CLN 105, em que as lojas do térreo possuem um alinhamento com os térreos dos blocos da CLN 106, com pequenos delocamentos para o ajuste da modulação.

2

Volumetria existente

A grande diferença se mostra na materialidade e na conexão dos blocos, tratando os prédios não mais como blocos individuais, mas como conjunto.

2

Primeira volumetria proposta

2º Pav - 625m² 1º Pav - 361m² Térreo – 361m² Subsolo - 625m² Total = 1647m²

1

A volumetrua geral em termos de avanços dos pavimentos superiores tambem seguem a mesma lógica, entretanto com mesma área nos pavimentos 1 e 2, correspondente à sobreloja e 1º pavimentos dos blocos existentes.

2º Pav – 1400m² 1º Pav - 1400m² Térreo – 400m² (x2) Subsolo – 3776m² (x2)

2º Pav - 569m² 1º Pav - 569m² Térreo – 330m² Subsolo - Garagem - 3776m² (x2) Total = 1468m²

2

Volumetria existente

Área Luz

Acréscimo de 506m² comparando 1º, 2º e térreo da volumetria existente

Volumetria proposta

Variação do pé direito possibilidade de mezanino/ depósito

Proteção

Volumetria proposta - final

Área Luz Proteção

32

Variação topográfica tratada no conjunto Unidade visual


N

Projeção e alinhamento do pavimento térreo da CLN 106

Extensão de 2,50m para cada lado dos pavimentos 1 e 2

Caixa de escada em concreto estrutural para travamento da

Acessos

estrutura metálica

Conexão dos edifícios nos pavimentos 1 e 2

Vistas das unidades dos pavimentos 1 e 2

Passagem livre a nível térreo

O

L

Ventos predominantes

Insidência solar

A proposta volumétrica visa subverter a projeção existente sem desmontá-la completamente, respeitando o contexto em que se insere.

33


• Intervenção no Comércio Local Norte da 105, inclui toda a área pública e a área do lote dos quatro blocos de uso misto, somando aproximadamaente 20800m² de área a nível térreo em um perímetro de 900m. • Intervenção na caixa viária para a criação de uma calçaca frontal contínua, ponto de ônibus e caçambas de lixo, além da manutenção de algumas vagas a 45 graus. É essencial levar em conta a conexão emocional do usuário com o ambiente, seu senso de lugar, a fim de garantir uma qualidade urbana do ambiente que contribua com o sucesso econômico da cidade e com sua vitalidade cultural e social, como é colocado no Memorando de Viena (2005). É com esse intuito que se pretende propor uma intervenção que una os conceitos do bucólico com o monumental, para criar uma atmosfera de aconchego e funcionalidade que favoreça a qualidade de vida, de trabalho e de lazer do frequentador. A intervenção visa melhorar o potencial de uso da área sem, no entanto, afetar os valores e atividades já existentes. Isso significa melhorar a infraestrutura dos locais de alimentação, descanso, acessibilidade, como uma forma de reabilitação e possibilidade de um desenvolvimento contemporâneo do espaço.

• • • • •

19 estabelecimentos comerciais por edifício 38 stabelecimentos comerciais no térreo 21 unidades por pavimento (1º e 2º) 42 unidades (residencial / comercial) por edifício 84 unidades (residencial / comercial) no total

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35


N

P L A N TA D E S I T UA Ç Ã O

Esc 1:1000

36


Faixa de pedestre Ponto de ônibus

Estacionamento térreo

Mesas

Container de lixo Saída da garagem coberta

Bicicletário

Entrada da garagem coberta

Parquinho

Área livre para eventos e feiras

Palco para pequenas apresentações Área de descanso sombreada

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N

Ônibus Garagem coberta Bicicleta

P L A N TA D E S I T UA Ç Ã O - T É R R EO

Pedestre

Esc 1:1000

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As propostas de intervenção para as áreas livres entre os blocos de comércio seguem os principios da acessibilidade, com o minimo de barreiras para o caminhar. Como a conexão direta entre os blocos é precária, foi proposta a criação de uma ampla calçada frontal ladeando a via de acesso e a revitalização da calçada posterior na área residencial. A criação de pequenas praças de estilos e configurações variadas proporciona à quadra ambientes para os mais diversos públicos e usos. Para as áreas de permanência é preciso observar o bom planejamento de bancos e de sombreamento para o conforto do pedestre e usuário. Ambas as áreas possuem acesso à estacionamento. Na CLN 106, o estacionamento público foi mantido próximo ao supermercado existente por questão de conveniência. e Na CLN 105 foi proposta a entrada da garagem localizada abaixo dos Blocos C e D. Como bem coloca o Memorando de Viena (2005), a preservação de áreas de Patrimônio Mundial também inclui o cuidado com os espaços públicos. Por esse motivo, na proposta apresentada buscou-se corresponder às necessidades de acessibilidade e funcionalidade em primeiro lugar, porém com a devida atenção à escala, aos materiais, mobiliários públicos e vegetação. A área pública da intervenção foi então configurada a partir do uso de blocos de concreto drenante em três tons de cinza e terracota, a fim de promover um ambiente agradável e arborizado para o descanso. Bancos de concreto e conjuntos de mesas e cadeiras foram distribuídos por toda a área de intervenção em meio às árvores criando um ambiente com ares bucólicos entre os blocos residenciais e comerciais.

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1

2

3

4

BRISES • Sistema de fachada formada por brises horizontais com diferentes sistemas de aberturas com o intuito de proporcionar uma maior flexibilidade no controle da insidência solar em cada unidade, melhorando o conforto térmico e luminoso, além da economia de energia. • O esquema ao lado demonstra o sistema de sombreamento desenvlvido para oas lojas do nível térreo. • Fechados, os brises ficam escondidos visualmente entre o painel e a parede do edifício. • Abertos, deslisam verticalmente para baixo e giram para frente até 90 graus.

40

Corredor - Painel de brises fixos

Varandas - Abertura vertical total


O sistema de brises de alumínio pintado na cor marrom-avermelhada estabelece uma interessante relação com a terra vermelha do solo de Brasília, tão aparente nas épocas de seca na capital.

Paredes cegas - Painel fechado

Janelas - Abertura vertical formando proteção superior

E L E VA Ç Ã O N O R T E 41

Esc 1:250


E L E VA Ç Ã O O E S T E

Esc 1:250

42


E L E VA Ç Ã O L E S T E 43

Esc 1:250


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E L E VA Ç Ã O S U L 45

Esc 1:250


N • A identificação dos edifícios segue uma lógica semelhante à de Brasília, baseando a orientação nos pontos cardeais. • Portanto, o nome do conjunto se refere a quadra em que se insere, sendo “Edifício 105 Norte”, por se tratar da CLN 105.

P L A N TA D E C O B E R T U R A - B LO C O O E S T E

Esc 1:250

46


N •

Os conjuntos de dois blocos também seguem as referências da bússola, sendo eles os Bloco Leste e Bloco Oeste. • Por fim, os acessos dos blocos permanecem na mesma lógica dos blocos existentes (A, B, C e D).

P L A N TA D E C O B E R T U R A - B LO C O L E S T E

Esc 1:250

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N

Área da cobertura de uso dos frequentadores do edifício

Caixa de escada de acesso à cobertura com elevador

P L A N TA D E P I S O S DA C O B E R T U R A - B LO C O O E S T E

Esc 1:250

N Área destinada a painéis de captação solar para produção de energia

Iluminação e ventiação zenital

P L A N TA D E P I S O S DA C O B E R T U R A - B LO C O L E S T E

Esc 1:250

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S I S T E M A D E E N E R G I A S O L A R F OTO V O LTA I C A

Consumo mensal médio em kWh por unidade = 200kWh Quantidade de placas fotovoltaicas = 6 de 260Watts Área mínima ocupada pelo sistema = 12,65m² por unidade Total de unidades (incluindo os dois blocos) = 122 122 unidades x 6 placas = 732 placas para suprir a demanda 122 unidades x 12,65m² = 1543,30m² de área necessária 663m² de área disponivel por edifício para instalação dos painéis = 1326m² no total Será atendida aproximadamente 86% da demanda de consumo energético dos dois edifícios. Fonte: http://www.portalsolar.com.br/calculo-solar

N

49


N

P L A N TA D O S E G U N D O PAV I M E N TO - B LO C O O E S T E

Esc 1:250

50


N

P L A N TA D O S E G U N D O PAV I M E N TO - B LO C O L E S T E

Esc 1:250

51


N

P L A N TA D O P R I M E I R O PAV I M E N TO - B LO C O O E S T E

Esc 1:250

52


N

P L A N TA D O P R I M E I R O PAV I M E N TO - B LO C O L E S T E

Esc 1:250

53


DETALHE DOS PISOS - 1

54

DETALHE DOS PISOS - 2


N DETALHE DO PONTO DE ÔNIBUS

• O piso é configurado por blocos de concreto drenante nas cores cinza e terracota para diferenciar as áreas de passagem das de permanência. • O concreto drenante possui a vantagem de ajudar a combater inundações e enchentes, permitindo a micro-drenagem das águas pluviais, e assim mantendo o passeio livre de poças de água.

DETALHE DOS PISOS - 3

55

P L A N TA D O T É R R EO

Esc 1:250


D E TA L H E D O S P I S O S - 1 Esc 1:100

D E TA L H E D O S P I S O S - 2 Esc 1:100

56


D E TA L H E D O S P I S O S - 3 Esc 1:100

O ponto de ônibus segue a mesma linguagem e lógica estrutural do edifício, combinando estrutura metálica e concreto, com lixeira e jardim integrados.

D E TA L H E D O P O N TO D E Ô N I B U S Esc 1:50 57


P L A N TA D O PAV I M E N TO T É C N I C O

Esc 1:250

58


N

C A I X A S D’Á G UA As caixas d’água e reservatórios de água de ambos os edifícios localizam-se no pavimento técnico. A água da chuva coletada pelas coberturas dos edificios e pelas grelhas no térreo são direcionadas para os reservatórios. A água armazenada é redirecionada através de bombeamento para as unidades e utilizada nos banheiros, irrigação e atividades que não exijam água potável.

2m x 2m x 1,5m = 6m³ = 6000L Necessidade total do reservatório de 33000L, correspondente a 6 caixas d’água.

59


Acesso aos demais pavimentos por elevador e escada dos Entrada pela Via W1

Blocos C e B.

P L A N TA DA G A R A G E M 1

Esc 1:250

60

Bicicletรกrio

Depรณsito


N 68 vagas para carros

Saída pelo acesso ao Eixo W

• Acesso pelo térreo - entrada pela Via W1 e saída pelo acesso ao Eixo W; • 68 vagas para carros; • Bicicletário; • Depósito; • Acesso aos demais pavimentos por elevador e escada dos Blocos C e B.

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10 vagas para motos

Rampa interna

P L A N TA DA G A R A G E M 2

Esc 1:250

62


68 vagas para carros

N

Shaft de ventilação

• • • • •

63

68 vagas para carros; 10 vagas para motos; Bicicletário; Depósito; Acesso aos demais pavimentos por elevador e escada dos Blocos C e B.


Janela com abertura central e basculantes (1,95 x 2,5)

Basculantes para ventilação cruzada (0,30 x 0,50)

A

B

C

D

LONG

64

Iluminação e ventilação zenital (0,60 x 0,90)


A decisão de projeto de eliminar os pilares da fachada, colocando os pavimentos superiores em balanço, se deve à interferência do mesmo na visibilidade das unidades comerciais no térreo dos edifícios. Essa diferença é perceptível nos exemplares presentes na quadra em estudo, como é possível observar nas imagens ao lado.

C O R T E LO N G I T U D I N A L 65

Esc 1:250


Esquadria térreo - módulo fechado com vidro (3,00 x 2,50)

Esquadria térreo - módulo fechado sem vidro (3,00 x 2,50)

Porta de correr - varanda (2,70 x 2,10)

C O R T E T R A N S V E R S A L - B LO C O A

Esc 1:250

Esquadria térreo - Letreiro lojas (1,00 x variável)

Esquadria térreo - Porta das lojas (3,00 x 1,00)

A

66 B


Parquinhos Shaft central de instalações

Iluminação e ventilação zenital

A

C O R T E T R A N S V E R S A L - B LO C O B

B

67

Esc 1:250


N

Ventilação do subsolo

E S Q U E M A B I O C L I M ÁT I C O - V E N T I L A Ç Ã O C R U Z A DA , I N S O L A Ç Ã O E C H U VA S

A

B

C O R T E T R A N S V E R S A L - B LO C O C

Esc 1:250

C

68 D


Contrapiso de concreto com caimento de 3% Piso tipo deck com estrutura permeável ao escoamento da água Solo - jardim de proteção da cobertura Camada de drenagem Membrana de impermeabilização da laje Tubo de PVC 75mm

Espaço para caixa de ar condicionado

Estrutura em forma de armário com portas de correr para caixas de ar condicionado

D E TA L H E - P L AT I B A N DA E AR CONDICIONADO Esc 1:100

A

B

C

C O R T E T R A N S V E R S A L - B LO C O D

D

69

Esc 1:250


S I S T E M A E S T R U T U R A L M I S TO

E L E VA Ç Õ E S E S Q U E M ÁT I C A S D O S I S T E M A E S T R U T U R A L M I S TO

Esc 1:500

70


A proposta do sistema metálico para a estrutura do edifício deve-se por uma série de motivos como: • Eliminação da carpintaria - o sistema de formas colaborantes para lajes dispensa o uso de madeira na obra; • Diminuição da mão-de-obra - a facilidade de instalação agiliza e diminui o número de horas/homem/m²; • Dispensa escoramento - o sistema de lajes pode ser aplicado sem escoramento, liberando as áreas de imediato; • Economia de concreto - o consumo (m³/m²) é menor do que no sistema convencional; • Possibilita a instalação de conectores para vigas mistas - economia também na estrutura (estrutura mais esbelta); • Dispensa o uso de armadura positiva diminuindo a mão-de-obra e otimizando prazos.

Treliça - Perfil IP 237mm x 165mm Viga - Perfil laminado IP 403mm x 165mm Pilar - Perfil I laminado 253mm x 254mm Laje - Steel Deck - Arcelor Mittal Polydeck 59S - Vão 5m x 10m x 0,2m Caixa de escada - Bloco de concreto estrutural Laje - Concreto moldado in loco Laje - Nervurada - 60cm Viga - Concreto pré-moldado - 30cm x 60cm Pilar - Concreto pré-moldado - 60cm de diâmetro

71


1

2

3

4

Esquadria térreo - módulo fechado com basculante (3,00 x 2,50)

1

2

3

4

5

6

5

L AYO U T D O PAV I M E N TO T I P O - U S O M I S TO

Esc 1:250

6 72


E X E M P LO D E L AYO U T - A PA R TA M E N TO

Foi proposto o layout de um exemplar de apartamento de 1 quarto e de um escritĂ´rio na mesma unidade do pavimento, para demosntrar a flexibilidade de usos que caracteriza um edifĂŽfio misto.

73


O ambiente amplo e integrado favorece o bom aproveitamento da iluminação natural e da ventilação cruzada.

E X E M P LO D E L AYO U T - E S C R I TÓ R I O

74


E X E M P LO D E L AYO U T - LO JA T É R R EO

Foi proposto também um exemplar de layout para uma das lojas do térreo. O restaurante de comida japonesa foi desenvolvido a partir de uma das unidades de canto do Bloco Oeste D.

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http://www.conexaocultural.org/blog/2012/06/exposicao-ao-ar-livre-a-terra-vista-do-ceu/

http://agenda-digital.blogspot.com.br/2009/06/atracoes-de-curitiba-o-que-nao-e.html

http://www.circulandoporcuritiba.com.br/2009_08_01_archive.html

P O S S I B I L I DA D E S D E U S O D O E S PA Ç O P Ú B L I C O

https://catracalivre.com.br/rio/agenda/gratis/show-ao-ar-livre-ocupa-o-parque-quinta-da-boa-vista/

Atividade comercial complementar Feiras e exposições Shows e eventos Atividades culturais https://www.veudanoiva.com.br/musicas-para-cerimonia-de-casamento/

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http://www.echelman.com/project/boston-greenway/

http://www.echelman.com/project/1-26-montreal/

http://inhabitat.com/shimmering-floating-pavilion-captivates-visitors-from-afar/

http://extra.globo.com/noticias/rio/churrasquinho-aprovado-na-camara-dos-vereadores-17230928.html

Algumas áreas do espaço público foram projetadas com o intuito de favorecer e incentivar as interações humanas. Três principais atividades são sugeridas para essas áreas, sendo elas: atividades culturais, comerciais e artísticas. Fonte: Mylena Oliveira

77


Este trabalho, através de exercícios de projeto e pesquisa buscou refletir sobre as decisões de projeto e o produto da apropriação do espaço ao longo dos anos pelo Comércio Local de Brasília. Como produto desse trabalho de investigação e experimentação arquitetônica, foi proposta uma intervenção ampla na CLN 105, resultando em dois blocos de uso misto interligados, em que foi repensada a qualidade do tratamento dos espaços públicos atualmente em termos de acessibilidade, unidade, atendimento de demandas existentes de uso do espaço e possíveis usos a serem incentivados com o intuito de gerar interação entre os usuários e promover cultura. As áreas de lazer e permanência criadas ajudam a mudar a relação dos blocos comerciais com os residenciais em um ambiente integrado e acolhedor para todos os públicos. A criação da calçada frontal nivelada, e de micro-praças entre os edifícios aparece como uma resposta à alguns dos problemas identificados na configuração atual desses Comércios Locais. A presença da água em forma de espelho d’água nesse ambiente também agrega não só em termos de micro-clima, mas da atratividade do paisagismo em geral. A eliminação do uso comercial no subsolo e substituição por garagem coberta é uma resposta ao baixo grau de visibilidade das lojas nesse pavimento, o que não favorece a vitalidade do comércio e o sucesso desses estabelecimentos, combinado com uma grande demanda por vagas de estacionamento que não é suprida pela oferta do térreo. Com esse projeto, portanto, foi possível entender de maneira mais ampla as problemáticas, necessidades e limitações existentes não apenas na CLN 105/106, mas nas áreas públicas, residuais ou não, da cidade, assim como refletir sobre a qualidade da arquitetura e a relação da inserção dessa arquitetura contemporânea na paisagem histórica de Brasília. 78


79


80


R EFERÊNCIAS ArPDF, DePHA, CODEPLAN/GDF. Relatório do Plano Piloto. Edição dos documentos do concurso de Brasília, Brasília: ArPDF/ GDF, 1991. COSTA, Lúcio. Relatório do Plano Piloto. Brasília, 1957. ROMERO, Marta A. B.. “Estratégias bioclimáticas de reabilitação ambiental adaptadas ao projeto”. In: Reabilitação ambiental sustentável arquitetônica e urbanística. Brasília, FAU/UnB, 2009, p. 527. TRANCIK, Roger. Finding lost space: theories of urban design. John Wiley & Sons, 1986. SILVA, G. J. A., ROMERO, M. A. B. O urbanismo sustentável no Brasil: a revisão de conceitos urbanos para o século XXI (parte 01). Vitruvius, 128.03, ano 11, jan. 2011. <http://www.vitruvius.com.br/revistas/read/ arquitextos/11.128/3724>. Data de acesso: 02/04/2016 ____ O urbanismo sustentável no Brasil: a revisão de conceitos urbanos para o século XXI (parte 02). Vitruvius, 129.08, ano 11, jan. 2011. <http://www.vitruvius.com.br/ revistas/read/arquitextos/11.129/3499>. Data de acesso: 02/04/2016 JACOBS, Jane. Morte e Vida das Grandes Cidades. São Paulo: Martins Fontes, 2011. CASÉ, Paulo. A Cidade desvendada: reflexões e polêmicas sobre o espaço urbano: seus mistérios e fascínios. Rio de Janeiro, Ediouro, 2000.

CATALDO, Beth e RAMOS, Graça. Brasília aos 50 anos. Que cidade é essa? Brasília: Tema Editorial, 2010. 256 p. Arquitetura da cidade contemporânea: identidade e configuração de lugares urbanos - São Salvador. Vitruvius, 12/08 - 30/10. <http://www.vitruvius.com.br/jornal/ selections/read/937>. Data de cesso: 02/04/2016 SIPINSKI, C. J. B. e SCHMITZ, L. K. O impacto dos estacionamentos nos centros urbanos: o caso de Curitiba. Vitruvius, 132.02, ano 11, maio 2011. <www.vitruvius. com.br/revistas/read/arquitextos/11.132/3892>. Data de cesso: 02/04/2016 SACCHETTO, C. O papel da cultura local no projeto tecnológico: Centro Cultural Jean-Marie Tjibaou – Renzo Piano. Vitruvius, 128.06, ano 11, jan. 2011. < http://www. vitruvius.com.br/revistas/read/arquitextos/11.128/3568>. Data de cesso: 02/04/2016 Brasília 1960 - 2010: passado, presente e futuro / Francisco Leitão (organizador)... [et al.] – Brasília: Secretaria de Estado de Desenvolvimento Urbano e Meio Ambiente, 2009. 272 p. ROSSETTI, Eduardo Pierrotti. Arquiteturas de Brasília. Brasília: Instituto Terceiro Setor, 2012. 177 p. HOLANDA, Frederico. COSTAS, OMBROS, ROSTOS. Anais: Encontros Nacionais da ANPUR, 2013. <unuhospedagem.com.br> Data de acesso: 21/04/2016

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