COMÉRCIO LOCAL DE BRASÍLIA Asa Norte Mylena Lopes Oliveira
Banca Examinadora
Dr. Eduardo Pierrotti Rossetti Orientador – FAU | UnB
Dra. Mônica Fiuza Gondim Examinadora Interna – FAU | UnB
Dr. Leandro Cruz Examinador Interno – Doutorando FAU | UnB
Ensaio Teórico
Entrega Final do Ensaio Teórico, apresentado à Universidade de Brasília, como parte das exigências para a obtenção dos creditos obrigatórios da graduação de Arquitetura e Urbanismo.
AGRADECIMENTOS Gostaria de agradecer imensamente à minha família, e meu namorado que me ajudaram nessa caminhada. Um obrigado especial também para minha amiga Luana Andrade e para meu orientador Eduardo Rossetti.
Sumário
8 JUSTIFICATIVA 8 OBJETIVOS
9 METODOLOGIA 9
RESUMO
10 ÁREA DE ESTUDO
12 PLANO PILOTO DE BRASÍLIA 14 BRASÍLIA SOB OUTRA 14 PERSPECTIVA
16 PRINCÍPIOS MODERNOS
18 A VIDA NAS SUPERQUADRAS
21 O TRANSPORTE
26 SETOR COMERCIAL
28 A RUA
32 O COMÉRCIO LOCAL 36 ARQUITETURA DOS
36 COMÉRCIOS LOCAIS 40 CLN
43 AS LOJAS
44 CARACTERIZAÇÃO
47
QUADRAS 300
59
QUADRAS 100
69
QUADRAS 200
81
QUADRAS 400
90 CONCLUSÃO
93 REFERÊNCIAS
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Este trabalho de Ensaio Teórico da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de Brasília tem como principal objetivo identificar e fazer uma caracterização dos setores comerciais locais de Brasília, com enfoque na Asa Norte. Sendo assim, o foco deste trabalho se dará nos fatores possivelmente determinantes para o sucesso das áreas do comércio local do Plano Piloto - principalmente da Asa Norte -, sua dinâmica urbana, lógica de implantação, qualidade arquitetônica, e influência de algumas áreas comerciais especificas na dinâmica da cidade. Pretende-se também através dos estudos, compreender melhor o processo de planejamento e construção da cidade no que diz respeito às diferenças entre o projeto e sua concretização e os produtos de sua apropriação ao longo dos anos, focando como se deu a construção e a ocupação dos comércios locais.
Objetivos
Justificativa
A escolha do tema se deve ao meu interesse por Brasília como um todo, especificamente em relação às áreas comerciais do Plano Piloto. Existem inúmeros fatores que podem contribuir ou não para o êxito de uma área comercial, dentre elas a qualidade construtiva e espacial da arquitetura, a acessibilidade, os meios de transporte que levam a esse centro de comércio e até mesmo o tipo de atividade exercida no local ou próximo a ele. Após um ano e quatro meses de intercâmbio pelo Ciência sem Fronteiras na cidade de Toronto, Canadá, minha percepção de cidade foi aguçada no que diz respeito à vários aspectos da vida urbana. Minha curiosidade em relação ao que pode fazer de um local um ponto atrativo de comércio e lazer aumentou, uma vez que a diferença estrutural entre Brasília e uma cidade tradicional é significativa, tanto na sua implementação, quanto na disponibilidade de diferentes categorias de transporte, seja público ou privado, na dinâmica urbana e na qualidade arquitetônica. Por esse motivo, pretendo investigar quais são as variáveis que possivelmente mais influenciam essa dinâmica comercial e urbana e de que forma o fazem nos comércios locais das quadras residenciais (100, 200, 300 e 400) da Asa Norte do Plano Piloto.
Esse trabalho de pesquisa visa identificar quais as possíveis variáveis ou características urbanas são capazes de influenciar na vida do Comércio Local Norte. Espera-se com isso entender melhor como essa área de comércio se consolidou no tecido urbano, em meio à vida cotidiana, à lógica viária, à apropriação do usuário, e os fatores formais, econômicos e culturais que podem ter influenciado no sucesso das CLN no plano urbano de Brasília.
Resumo
Metodologia
Pretende-se nesse Ensaio Teórico fazer um breve apanhado histórico sobre os motivos que levaram a construção da cidade de Brasília, passando por seu planejamento e construção. Em seguida será feita uma breve caracterização das principais áreas comerciais da cidade para que se entenda o contexto de inserção da área de estudo que é o Comércio Local Norte (CLN), para que então se proceda ao enfrentamento do objeto, nesse caso, os edifícios comerciais e sua organização espacial, sempre levando em consideração o que foi planejado e executado nas quadras da Asa Sul como forma de comparação. A pesquisa das fontes primárias envolverá o recurso aos documentos oficiais de regulação dos comércios locais e os projetos arquitetônicos. Tal documentação fornecerá os elementos para a análise do espaço construído. O estudo envolverá a problematização e discussão do papel do setor comercial de Brasília, o que ela representa para a cidade em termos históricos e o que se tornou atualmente em termos de funcionamento e símbolo arquitetônico. Para a descrição dos comércios locais, será feito um amplo registro fotográfico dessas quadras comerciais, resgatando material de livros e arquivos antigos, ao mesmo tempo em que eu me encarregarei de produzir fotos atuais dos locais para que seja feita essa caracterização visual dos setores. Com a caracterização de cada CL da Asa Norte, será possível também identificar a vocação ou predominância de atividade comercial de cada quadra, ao mesmo tempo em que se identificam as rotas de acesso viário e de pedestres, e possíveis equipamentos atrativos para cada uma delas. PALAVRAS-CHAVE: Comércio, vias, Plano Piloto, arquitetura, urbanismo, Asa Norte, Asa Sul.
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Ă rea de Estudo
Total de 31 comĂŠrcios locais norte.
Plano Piloto de Brasília 12 .
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A história de Brasília começou muito antes que se possa imaginar. Em 1823, José Bonifácio, conhecido como “Patriarca da Independência”, propõe a transferência da Capital do Rio de Janeiro para a região de Goiás, sugerindo inclusive o nome de Brasília ou Petrópole. Segundo Bonifácio, a capital do Império deveria ficar equidistante dos limites do Império, tanto em longitude quanto em latitude, sendo interligada às províncias, cidades do interior e marítimas por meio de estradas radiais que promoveriam o comercio e a comunicação entre os diversos climas e produções do território (ANDRADA E SILVA, 1823). (Figura 1)
vencedor o plano de Lúcio Costa. O arquiteto e urbanista Lúcio Costa encantou a comissão não pelo seu detalhamento, que era pobre em comparação com os outros concorrentes, mas pela concepção urbanística e pela fantástica descrição de seu estudo. Segundo Lara Nunes, “O memorial de justificativa do projeto é considerado um dos mais belos textos da língua portuguesa, induzindo o leitor a acreditar que a solução só poderia ser aquela” (NUNES, 2010), e assim, após quatro anos de trabalho intenso, em 21 de abril de 1960 Brasília foi inaugurada. O nome Plano Piloto que inicialmente foi atribuído ao projeto urbanístico da cidade, passou a designar toda a área construída da nova capital. Segundo Lúcio Costa, o plano “nasceu do gesto primário de quem assinala um lugar ou dele toma posse: dois eixos cruzandose em ângulo reto, ou seja, o próprio sinal da cruz” (Figura 2), como é descrito no Relatório de Costa. Procurou-se em seguida a adaptação à topografia local, ao escoamento natural das águas e à melhor orientação solar.
Figura 1: Localização de Brasília em relação às outras cidades do país. Fonte: KIM & WESLEY, 2010. p. 1
Apesar de todas as justificativas para a mudança da capital, isso só se tornou realidade em 1956, pelas mãos do então presidente Juscelino Kubitschek, com o lançamento do edital para o concurso da nova capital. Dentre os 62 projetos inscritos, 26 equipes entregaram sua proposta final, sendo
Figura 2: Eixos principais de Brasília. Fonte: KIM & WESLEY, 2010. p. 2
O arqueamento de um de seus eixos a fim de contê-lo no triângulo equilátero que define a área urbanizada criou um desenho no formato de avião. Esse eixo arqueado corresponde à rodovia DF-002, mais conhecida como Eixão, que tem uma função circulatória-tronco, com pistas de alta velocidade, que faz a ligação Norte-Sul da cidade. Já a ligação Leste-Oeste é feita pelo Eixo Monumental, aonde localiza-se o centro cívico e administrativo na Esplanada dos Ministérios, o setor cultural, o centro comercial e de diversões e o setor administrativo municipal. Apesar de estar em plena sintonia com os ideais de mudança da capital, Lucio Costa utilizou de múltiplas influencias estrangeiras para compor os vários aspectos de seu projeto. Além da ideologia arquitetônica regente do Plano Piloto, o modernismo, também conhecido como international style, outros modelos como o mall, de Washington e os Champs-Elysées, de Paris, foram usados como inspiração para compor o projeto da Esplanada dos Ministérios e o setor de diversões da rodoviária, por exemplo. Outras referências facilmente identificáveis são as free ways, podendo ser reconhecidas no Eixo Rodoviário; e os subúrbios das grandes cidades dos Estados Unidos refletidos no Lago Sul, Lago Norte e Park Way. Lucio Costa aborda com simplicidade no Relatório do Plano Piloto o zoneamento proposto para a cidade, e descreve a disposição das funções urbanas da seguinte forma:
4 – Como decorrência dessa concentração residencial, os centros cívico e administrativo, o setor cultural, o centro de diversões, o centro esportivo, o setor administrativo municipal, os quartéis, as zonas destinadas a armazenagem, ao abastecimento e às pequenas indústrias locais, e, por fim, a estação ferroviária, foram-se naturalmente ordenando e dispondo ao longo do eixo transversal que passou assim a ser o eixo monumental do sistema (Figura 3). Lateralmente à intersecção dos dois eixos, mas participando funcionalmente e em termos de composição urbanística do eixo monumental, localizaram-se o setor bancário e comercial, o setor dos escritórios de empresas e profissões liberais, e ainda os amplos setores do varejo comercial. (COSTA, 1991, p. 20).
Além da definição das zonas de ocupação urbana, Lúcio Costa definiu também quatro escalas, de início, um tanto quanto abstratas para Brasília. Essas quatro escalas conferiram caráter próprio ao projeto de Costa e evoluíram gradativamente para conceitos legais que nenhuma outra cidade jamais adotou. As quatro escalas são: a residencial ou quotidiana; a monumental; a gregária; e por fim a bucólica. A escala residencial simboliza a nova maneira de viver, própria de Brasília, e está representada pelas superquadras das Asas Sul e Norte. A escala monumental é representada pelo Eixo Monumental, desde a Praça dos Três Poderes até a Praça do Buriti, em que o homem adquire dimensão coletiva. A escala gregária, por sua vez, tem o intuito de criar um clima propício ao agrupamento, tendo como foco central a Plataforma Rodoviária. E por fim a
escala bucólica, das áreas abertas destinadas a finsde-semana lacustres ou campestres. Essas quatro escalas da concepção urbanística deram origem ao Decreto Distrital nº. 10.829, de 14 de outubro de 1987, que identificou princípios e diretrizes para a Figura 3: Eixo preservação do conjunto Monumental esboçado por tombado de Brasília. Este Lucio Costa. Fonte: Decreto orientou a decisão Relatório do Plano da UNESCO e serviu Piloto. de base para a Portaria nº 314/1992 (IBPC/ IPHAN), que regulamenta o tombamento ao nível federal (GDF, 1987), culminando no acontecimento de 7 de dezembro de 1987, quando Brasília recebeu o título de cidade Patrimônio Cultural da Humanidade pela UNESCO.
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Brasília Sob Outra Perspectiva 14 .
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É importante entender o contexto ideológico em que a cidade foi concebida para entender seus sucessos e fracassos. Segundo Ruy Fabiano, no livro “Brasília 50 anos, que cidade é essa? ”, o que torna Brasília diferente de outras capitais é o fato de que aqui, o Estado precedeu a sociedade. Antes de surgir uma população, hábitos e tradição, surgiu uma Brasília oficial, aonde os ministérios, o Palácio do Planalto, O Judiciário e o Congresso chegaram antes do povo, fazendo com que este tivesse que se organizar depois, aos poucos e em função do que ali já existia (CATALDO, RAMOS, 2010. p. 39). Por isso, segundo o autor, podese referir nesse contexto a duas Brasílias: a institucional e a real. Como descreve Gustavo Lins Ribeiro (CATALDO, RAMOS, 2010. p. 238), a nova capital é um projeto intelectual de esquerda projetado por um socialista, Lúcio Costa, e um arquiteto comunista, Oscar Niemeyer, sob liderança e proteção de um presidente bossa-nova, Juscelino Kubitschek. Brasília foi, portanto, o símbolo de “uma ruptura explicita com o imaginário colonialista” de centenas de anos, que quebrou a ideia de que o Brasil está ligado e depende do litoral tropical e de suas capitais, Salvador e Rio de Janeiro para manter uma vida política e social. Em contraposição as capitais anteriores, Brasília se afasta da identificação de que o Brasil é o símbolo da natureza a serviço da Europa, como foi por muito tempo, mas sim uma criação humana, desenhada e construída. Ao contrário das outras capitais tradicionais que se estruturaram pelas mãos de milhares de
pessoas e eventos ao longo de vários anos, moldados por profundos eventos históricos que dão forma e transformam o espaço urbano e a arquitetura, em Brasília sabe-se dos seus arquitetos, dos seus fundadores e dos seus construtores. Brasília surgiu de uma necessidade estratégica, que evoluiu para um sonho, depois para um plano, que se tornou decreto e realidade, para só então se tornar uma sociedade. Os primeiros povoadores, que para cá vierem por transferência compulsória de diversas áreas da antiga capital litorânea não receberam de braços abertos a solidão do Planalto. Entretanto, é inegável que a nova Capital prosperou, embalada pela esperança de que “a vizinhança com o poder abriria horizontes de prosperidade profissional” e uma herança cultural ibérica, “de um país que nasceu e permanece centralista e que adotou o federalismo apenas no papel”, como cita Ruy Fabiano (CATALDO, RAMOS, 2010. p. 40). A construção de Brasília virou notícia internacional, atraindo os olhares e a atenção milhares de pessoas do mundo todo. Grande número de imigrantes de diversas áreas do país, mas principalmente do Nordeste, começaram a desembarcar nas terras aonde se ergueria a nova Capital do Brasil com a esperança de construir junto com a cidade, uma vida melhor. Entretanto, nem tudo na nova Capital seguiu de acordo com o planejado, e segundo Ruy Fabiano, a cidade é palco de inúmeros “paradoxos bibliográficos”. A lista de curiosidades incluem entre outros, o fato de que o presidente que a
concretizou, seu fundador, Juscelino Kubitschek não só não residiu na nova capital, como quatro anos após a inauguração foi proibido de pisar nela após ter sido exilado em Paris, devido ao golpe militar que frustrou seus planos de volta ao poder em 1965; e a curiosa atuação de Oscar Niemeyer, comunista declarado, projetando os principais edifícios de uma capital que surgia em plena “era desenvolvimentista, em que o sonho capitalista embalava o país e que se consolidaria no curso de uma ditadura militar” (CATALDO, RAMOS, 2010. p. 40) são exemplos de algumas das peculiaridades dessa nova capital.
apenas uma individualidade formal, mas o princípio de um estilo de vida até então inédito entre as cidades brasileiras, como expõem Maria Elisa Costa e Adeildo Viegas de Lima (2009, p. 47) no livro “Brasília 1960 2010 - passado, presente e futuro”. Sendo assim, “quando a nova capital era ainda pouco mais que uma semente urbana plantada na vastidão vazia do Planalto Central, sua presença já se impunha ‘em escala definitiva’”.
O próprio desenho da cidade contribui para uma dinâmica social diferenciada. Com seu formato de avião, planejada nos mínimos detalhes, secciona a vida urbana em setores (Setor Comercial, Setor Hoteleiro, Setor de Oficinas, Setor de Diversões, Setor de Clubes, Setor Hospitalar, superquadras residenciais, etc.) e concentra atividades e pessoas. Esses setores, por sua vez, são regidos por leis maiores, conhecidas em Brasília como as três escalas integradoras: a monumental, presente no Eixo Monumental (Figura 6) e nas áreas dos grandes edifícios públicos de Niemeyer; a gregária, dos setores centrais da capital; e a bucólica, que se refere ao próprio conceito de cidade-parque pregado por seus idealizadores. O fato é que, o plano urbano de Costa, mesmo antes da realização da “escala gregária”, contando ainda apenas com a escala monumental e a proposta inovadora para a habitação multifamiliar que foi a superquadra, assegurou à cidade não
Figura 4: Eixo Monumental – Escala Monumental. Fonte: KIM & WESLEY, 2010. p. 2
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Princípios Modernos 16 .
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Idealmente, a zona residencial está distribuída em uma configuração que remete a um dos mais expressivos planos urbanos, que pode ser considerado o legado que Haussmann deixou para a arquitetura e urbanismo mundial através de Paris. Haussmann se apresenta como um continuador do urbanismo barroco, bem como às ideias do pitoresco pangermânico (Camillo Site, Schultze-Naumburg), como descreve Raymond Unwin em Panerai (2013). Brasília apresenta princípios de composição bastante similares aos do legado haussmanniano, em relação à hierarquia, monumentalidade e legibilidade, baseados na presença de eixos, linhas retas e uma circulação que favorece o funcionamento racional da cidade. Tal racionalismo foi fortemente ligado aos cânones do CIAM, que após o “redescobrimento” da arquitetura nos anos 1920 e 1930, taxava qualquer outra arquitetura que não segue esses preceitos de irracional. Nessa elaboração dos conceitos arquitetônicos do Movimento Moderno, a contribuição do arquiteto Ernst May em Frankfurt foi bastante negligenciada. Ao longo de seu trabalho, May se utilizou de princípios como: “ [...] a diferenciação das áreas por meio de malhas distintas, a afirmação morfológica dos centros com edifícios mais altos (Römerstadt), praças (Praunheim) ou com a combinação de ambos (Niederrad), criação de ‘pequenos bosques’ que remetem ao tema do pomar, ao agrupar jardins individuais e o uso do centro das quadras como área de lazer ou para a inserção de equipamentos públicos (Niederrad, Praunheim).” (PANERAI, 2013).
Toda essa gama de recursos evidencia como May tomou para si e aplicou as propostas de Unwin, como por exemplo, as esplanadas com vegetação que articulam as vias secundarias e a hierarquia das vias. Além disso, sua arquitetura pode ser resumida à combinação da arquitetura, distribuição dos espaços livres e controle do desenvolvimento urbano. Dessa forma fica ainda mais evidente que muitos dos conceitos de cidade moderna foram aqui sintetizados, combinados e aplicados de forma a fazer de Brasília uma referência mundial para a arquitetura e urbanismo modernos. Porém, muito antes de Brasília, o Modernismo já era presente no Brasil. Após a Revolução de 1930, surgiu no Rio de Janeiro uma vertente propriamente nacional do modernismo, utilizada por Getúlio Vargas como sua ideologia populista de progresso. Dessa forma, ele ajudou a selar uma aliança entre poder político em nível federal e arquitetura moderna, da qual Brasília é o testemunho maior, segundo Sylvia Ficher, no Guiarquitetura Brasília (2000, p. 64). Os primeiros exemplares de destaque do Modernismo brasileiro foram a sede da Associação Brasileira de Imprensa (1935), e o Aeroporto Santos Dumont (1937), ambos de Marcelo e Milton Roberto, e a Estação de Hidroaviões (1937), de Atílio Corrêa Lima. Entretanto, o prédio do Ministério da Educação e Saúde, que mais tarde virou o MEC, projetado pela equipe formada por Le Corbusier, Lucio Costa, Affonso Eduardo Reidy, Carlos Leão, Jorge Moreira, Ernani Vasconcellos e Oscar Niemeyer foi a obra que deu visibilidade
internacional ao Modernismo brasileiro. Esse edifício sintetizou as principais características do chamado Racionalismo Carioca, o qual sintetizava itens do Modernismo europeu. As principais características dessa arquitetura eram: as formas geométricas simples; ortogonalidade; o andar térreo vazado por pilotis; separação entre estrutura e vedação; fachadas com grandes panos de vidro e brise-solei;
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A Vida nas Superquadras 18 .
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Quando buscamos na história os princípios que influenciaram Lucio Costa em seu design e concepção das superquadras do plano de Brasília, é inevitável não citar Haussmann. A quadra pré-haussmanniana era um local em que as atividades sociais se sobrepunham e coexistiam, onde se articulava o trabalho e as trocas sociais, como descreve Panerai (2013, p.162). Para Haussmann, o centro da quadra inclui diferentes usos. A periferia do bairro, que inclui as ruas e bulevares, são lugares que propiciam atividades mais coletivas, especialmente ao final da jornada de trabalho. A quadra, por sua vez, não se configurava como um local para uma atividade especifica, mas como uma parte contínua de um conjunto mais amplo aonde acontecem as atividades da esfera urbana. A moradia era sim um dos elementos dessa quadra, mas não o mais importante; por conta da precariedade da moradia, não existia uma forte diferenciação entre essa e o espaço externo, aonde também existiam os lavadouros, tavernas e pequenos comércios. No Plano de Lucio Costa, por sua vez, as diversas atividades da quadra e sua configuração externa se mostram bastante definidas. Ao longo do eixo Norte-Sul localizam-se as quadras residenciais, que se agrupam de quatro em quatro, formando uma superquadra (Figura 5). A superquadra também é um aspecto do plano que possui influências externas, além da contribuição de Haussamann. O conceito
de unidade de vizinhança já vinha sendo largamente utilizado, desde os anos 1930 por Clarence Perry, como maneira de projetar habitações populares nos Estados Unidos, e foram projetadas no Brasil como um pequeno núcleo autossustentável, aonde se encontram os setores comerciais locais, além de equipamentos de lazer e de serviços, como as escolas, os postos de saúde e as igrejas. São essas quadras comerciais – mais conhecidas como “a comercial” - que abrigam grande parte dos restaurantes, bares, lojas e prestadores de serviço de Brasília, a qual será o objeto de estudo desse trabalho.
Figura 5: Superquadra residencial esboçada por Lucio Costa. Fonte: Relatório do Plano Piloto.
Segundo os princípios urbanísticos desenvolvidos por Lucio Costa, com base na ideia de Le Corbusier, a zona residencial deveria ser então criada a partir da combinação de quatro superquadras residenciais, cada uma com seu comercio varejista de apoio vinculado a uma
quadra, e seus equipamentos de educação, lazer, serviços públicos, e instituições religiosas, culturais, etc., configurado assim uma unidade de vizinhança. Entretanto, as únicas quadras que na prática se aproximam da ideia dessa configuração são as superquadras 107, 108, 307, 308 Sul. A zona residencial está distribuída pelas Asas Sul e Norte, ao longo do Eixo Rodoviário, composta por módulos de aproximadamente 280 metros por 280 metros, representando um total de 60 superquadras na Asa Sul e 58 na Asa Norte, por conta do Parque Olhos D’Água que ocupa o espaço de duas superquadras. A Asa Sul e a Asa Norte estão organizadas em faixas paralelas ao Eixo Rodoviário, em que as faixas do lado oeste contém as quadras impares (100 a 900) e as do lado leste, as quadras pares (200 a 600), cada uma delas numeradas de 1 a 16 a partir do centro do Plano Piloto. As quadras 100, 200, 300 e 400 são as chamadas superquadras, ocupadas apenas por edifícios de apartamento.
Figura 6: Esquema Geral das Áreas Não Residenciais: fotograma que mostra a distribuição de atividades na Asa Sul. Autor desconhecido. Fonte: ArPDF apud Mascarenhas, 2013.
Dentro dessas superquadras, os blocos residenciais podem ser ordenados de diversas formas, obedecendo, porém, a dois princípios gerais: estabelecimento de um gabarito uniforme de no máximo seis pavimentos e espaço dos pilotis livre, e separação do tráfego de veículos do trânsito de pedestres. A definição do gabarito dos prédios foi justificada por Costa como sendo a altura ideal para que a mãe pudesse acompanhar da janela o caminho de seu filho até a escola e que sua voz fosse audível mesmo do último andar; e os pilotis, por sua vez, possui a função de permitir o livre transito do pedestre pela quadra, enquanto também permite em algum nível, a passagem da brisa do lago pela cidade.
Figura 7: Detalhe do Esquema Geral das Áreas não residenciais redesenhado. Fonte: Mascarenhas, 2013.
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De forma gráfica e simplificada, a locação geral dos equipamentos das áreas não residenciais da Asa Sul descritos no plano fazem-se disponíveis na imagem abaixo, redesenhada por Giselle Moll Mascarenhas a partir do fotograma original da época (Figuras 6 e 7), retirado do ArPDF, sendo: • Em azul, estão representados os equipamentos escolares, que abrangem o ensino pré-escolar, escolar, de nível médio e complementar, estando todos acessíveis à população e integrados às áreas residenciais, com exceção apenas da universidade. • Em amarelo, o “Setor Espiritual”: localizados nas entrequadras e na entrada das quadras 400. • Em vermelho, o Setor Hospitalar representa os hospitais distritais, diferenciados apenas pelo tamanho das áreas destinadas. • Em verde, o Setor Recreativo, que abrange atividades de lazer, esporte e cultura, é representado pelos clubes sociais, áreas para esportes e os cinemas e teatros. • Em roxo, está representado o Comércio, em que as categorias “A, B e C”, coincidem com a localização dos comércios locais e com a W3, enquanto os quadrados situados junto aos comércios locais e à via L2 são supermercados. • E finalmente em marrom, os equipamentos de saúde de pequeno porte, classificados aqui na categoria Serviços, juntamente com o supermercado e postos de bombeiro, policial, saúde e assistência social, localizados nas entrequadras da W3. Ao longo das vias L1, W1 e eixo Rodoviário são os postos de lavagem e postos de gasolina.
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arvores, infestação por pragas e não adaptação de algumas espécies. Tais adversidades, entretanto, foram superadas com a mistura das espécies nas quadras e o sucesso de adaptação das plantas ao longo dos anos. Por fim, na junção das quatro quadras foi instalada a igreja do bairro, aos fundos dela as escolas secundárias; na extensa área livre intermediaria foi destinada ao clube da juventude, enquanto que na faixa de serviços próximo à pista se previu o cinema, por ser uma atividade que requer maior visibilidade e acessibilidade. Figura 8: Foto aérea da Asa Sul na época da construção. Fonte: KIM & WESLEY, 2010.
Dentre outras áreas da cidade, a área residencial se encaixa na escala bucólica de Costa. Cada quadra seria emoldurada por uma larga cinta densamente arborizada de 20 metros (Figuras 8 e 9), em que no plano inicial foi especificado que deveria prevalecer uma única espécie vegetal em cada uma delas, além do chão gramado e uma cortina suplementar intermitente de arbustos e folhagens. A cortina verde possui a função de amortecimento visual da paisagem, além de prover uma boa proteção acústica para as residências e sombra para o passeio do pedestre. No entanto, por questões ecológicas de desequilíbrio biológico das espécies, essa separação tão rígida não foi possível de ser mantida. Além disso, muitas das espécies vegetais especificadas não são endêmicas da região do cerrado, o que causou alguns problemas referentes ao porte das
Figura 9: Superquadras residenciais com ampla arborização atual. Fonte: Wikipedia.
O Transporte As ruas de Brasília são, em geral, amplas e sem cruzamentos, a hierarquia viária é bem definida e as tesourinhas, retornos e balões dão uma dinâmica totalmente diferente para a circulação. Por outro lado, apesar de o pedestre poder circular sem grandes barreiras no interior das entrequadras, a qualidade das calçadas muitas vezes não se equipara à qualidade das vias. Aonde a circulação dos carros é tão eficiente e quase ininterrupta, o pedestre acabou ficando de lado, com calçadas em geral estreitas, malconservadas e com conexões falhas em inúmeros pontos da cidade. A ideia de unidade de vizinhança, porém não vingou de acordo com o planejado por Costa, pois tomou uma dimensão muito maior que a ideia inicial do acolhimento quase familiar dessas quadras. Por esse motivo, muitas vezes é preciso que a população dessas quadras se desloque em vários momentos para realizar suas atividades diárias, mesmo que ainda dentro do Plano Piloto. Por conta do sistema de transporte público em geral deficitário, esse deslocamento muitas vezes precisa ser feito de carro, o que gera um grande aglomerado de veículos em algumas zonas da cidade em determinados horários, dependendo da atividade do local, como é o caso do Setor Comercial e do Setor
Bancário, por exemplo. Esse fluxo intenso e necessário de carros aliado ao zoneamento da cidade geram, portanto, aglomerações excessivas em locais e horários específicos e seu esvaziamento fora do horário comercial. O transporte público mostrou-se profundamente e permanentemente precário, como analisa Graça Ramos (CATALDO, RAMOS, 2010. p. 64). Apesar de todo o planejamento e idealização, “a modernidade arquitetônica não previu um metrô que circulasse pela cidade”, como observa a autora e os ônibus ficaram restritos à algumas poucas vias de circulação que suportam seu tamanho; e a bicicleta, por ser ainda uma realidade muito recente nas cidades brasileiras, encontra uma serie de barreiras de vários gêneros em seu trajeto. Em relação ao metrô, é compreensível que seu planejamento não tenha sido considerado no Plano de Costa, uma vez que a cidade foi projetada para um número muito pequeno de habitantes em um desenho urbano que não previa grandes deslocamentos, o que não justificaria a sua presença. Entretanto, o crescimento abrupto da população em tempo recorde trouxe consigo inúmeros problemas de deslocamento também não esperados.
Além disso, seus amplos e espaçados blocos residenciais e as distantes cidades-satélites acentuam a necessidade do carro para muitas ocasiões, e possivelmente aumentam a segregação social, não sugerindo o convívio e mistura de classes - por uma questão que mais tarde se tornou basicamente devido à valorização das áreas residenciais do Plano Piloto e especulação imobiliária, ao contrário do que os moradores da antiga Capital litorânea estavam habituados e ao que o plano de Lucio Costa previa em suas unidades de vizinhança. Se o carro gerou, por um lado, todo o inconveniente dos engarrafamentos e da superlotação de algumas áreas da cidade, por outro ele trás mais liberdade de fluxos e destinos, pelo menos em relação ao transporte público disponível. O mapa viário do Plano Piloto oferece uma dinâmica de circulação totalmente diferente de uma cidade tradicional, como será melhor exemplificado nos próximos capítulos. Todo o fluxo no sentido transversal às principais vias de escoamento, como o Eixão, Eixinhos, W3 e L2, foi feito de tal forma que é inevitável que o motorista não passe pelos comércios locais.
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Não existe caminho alternativo por entre as quadras residenciais que desvie o fluxo e evite a passagem pelas ruas de comércio, pois as superquadras são configuradas no esquema de cul-de-sac, em que não há saída, como mostra o mapa a seguir (Figura 10). Os fluxos hipotéticos demonstrados nesse mapa representam mais claramente essa dinâmica de fluxos criada por Costa. As alternativas possíveis para evitar a passagem pelos comércios locais seria a de dar a volta nas Asas por fora, usando as vias W3 ou L2, por exemplo. Essa estratégia é bastante interessante em termos comerciais, pois aumenta a visibilidade dos polos de comercio, ao mesmo tempo em que proporciona ao consumidor algum nível de conveniência de poder parar rapidamente em uma loja no meio da sua rota, ou até mesmo planejar seu caminho para passar em uma rua comercial local especifica. Ainda em relação aos fluxos internos das Asas Sul e Norte, principalmente no que diz respeito ao acesso aos comércios locais, os mapas a seguir indicam algumas outras características desse plano urbano criado em Brasília. A proposta de Lúcio Costa para a hierarquia de fluxos do Plano Piloto inclui, como foi citado anteriormente, os eixos principais de escoamento de fluxo rápido - Eixo Rodoviário, Eixos W e L, Via L2 e a via de serviços W3 – e as vias locais e de abastecimento dos comércios no interior e perímetro das superquadras.
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Nos mapas seguintes foi marcado em amarelo os caminhos possíveis de se fazer com o carro para acessar algum Comercio Local Sul ou Norte. Observe que na Asa Sul, uma sequência regular de CLS são conectadas internamente através das vias W2 e L1, mas que em alguns momentos essa rota é interrompida. Nessas quebras foram instalados equipamentos públicos como escolas, postos de correio, delegacia de polícia, etc., indicadas no mapa pelo círculo roxo. Na Asa Norte, por outro lado, esse ritmo de quebras não é tão regular. O “zig zag” indicado pela linha preta evidencia a maior conectividade existente entre os comércios locais norte, em que é possível percorrer longas distancias pela via interna W2, na faixa das 100 e 300. No final da Asa Norte é notável também a interferência do Parque Olhos D’Água no ritmo das ruas de comercio, aonde não foi construída uma das CLN.
Figura 10: Mapa de fluxos transversais. MLO
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Mapa de fluxos - Asa Sul Trajetos de acesso motor às CLS Blocos Comerciais Quebras no fluxo
CLSs que se conectam internamente
Figura 11: Mapa de Quebras e Conexões - Asa Sul. MLO
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Mapa de fluxos - Asa Norte Trajetos de acesso motor às CLN Blocos Comerciais CLN não construída Quebras no fluxo
CLNs que se conectam internamente
Figura 12: Mapa de Quebras e Conexões - Asa Norte. MLO
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Setor Comercial
Assim como todas as outras áreas do Plano Piloto, os locais de comércio também foram planejados. Estes foram descritos no Relatório de Lúcio Costa como o comércio regional e de negócios, localizado no centro da cidade, e a área de varejo local, situado na zona residencial. As áreas de comércio regional e de negócios se referem aos Setores Comerciais, Bancários e de Diversões, que demoraram a ser
implantados na zona central, fazendo com que muitas das atividades destinadas a essa área fossem indevidamente alocadas nos comércios locais. No Relatório, é citado que: “11 – Lateralmente a esse setor central de diversões, e articulados a ele, encontramse dois grandes núcleos destinados exclusivamente ao comércio — lojas e “magazins”, e dois setores distintos, o bancário-comercial, e o dos escritórios para profissões liberais [...]”.
Figura 13: Setor Comercial. Fonte: KIM & WESLEY, 2010
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de vizinhança aplicadas por Costa. Os usos urbanos, embora adjacentes na superquadra, são plenamente separados e independentes, sendo essa uma aplicação do conceito de setorização ao nível local. O setor comercial central, implantado no centro da cidade, junto ao Eixo Rodoviário é constituído por duas sequencias de torres com volumetrias e fachadas uniformes sobre uma ampla plataforma de concreto (Figura 13). Nesse conjunto de torres destacam-se os edifícios das construtoras Morro Vermelho e Camargo Corrêa, projetados por João Figueiras Lima, o Lelé.
Figura 14: Comercio local esboçado por Lucio Costa. Fonte: Relatório do Plano Piloto.
Os comércios locais têm como objetivo suprir as necessidades do comercio varejista da região, e começaram a ser implantados antes mesmo da inauguração da cidade, começando pelos segmentos 07 e 08 no meio da Asa Sul. Lucio
Costa projetou os comércios locais em 1957 e sua construção começou a ser executada em 1958. O plano inicial da configuração dos blocos comerciais locais previa que os blocos de lojas e sobrelojas teriam as vitrines geminadas de duas a duas (Figura 14), sendo a grande maioria das quadras com blocos simétricos em ambos os lados da via de acesso, voltadas para a área arborizada no interior da quadra, e o acesso de serviços, trafego de caminhões e estacionamento na face oposta, de acordo com os princípios do Urbanismo Moderno (Figura 15). Por fazerem essa separação da circulação entre pedestres e veículos, os comércios locais inverteram a lógica e retomaram o conceito de rua, como descreve Giselle Moll (MASCARENHAS, 2013). Também foi previsto no plano uma faixa de terreno para floricultura, horta e pomar próximo a esse espaço, o que não foi realizado na construção da cidade.
Também estão inclusos no setor comercial regional a avenida W3 e os shoppings da área central da cidade, como Conjunto Nacional, Conic, Brasilia Shopping e Liberty Mall, por exemplo. A área de varejo local, por sua vez, é distribuída pelos setores comerciais locais Sul (CLS) e Norte (CLN), foco principal desse trabalho de pesquisa, e foi estabelecido ao longo da zona residencial, projetado para atender aos moradores e frequentadores de sua própria quadra, como definem as diretrizes da unidade
Figura 15: Comercio local e rua de serviços esboçado por Lucio Costa. Fonte: Relatório do Plano Piloto.
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A Rua Resgatando em Jacobs (2011) a visão do que é a rua, é possível compreender o espaço de circulação viária, simultaneamente ao espaço social, ao espaço econômico e ao espaço político. Jacobs observa que as ruas têm muitas funções além da circulação. A primeira delas é a de fornecer, mesmo que inconscientemente, a segurança pública dos moradores e frequentadores do local por meio do que ela chama de “olhos da rua”. “Eles não podem estar com os fundos ou um lado morto para a rua e deixá-la cega” (JACOBS, 2011, p. 36), dessa forma, essa sensação de segurança se dá à medida em que as portas e janelas voltadas para o espaço público vigiam e “cuidam” do que acontece em seu percurso. Em Brasília, é possível vivenciar diferentes situações que se relacionam diretamente à teoria de Jacobs, seja positivo ou negativamente. Nas superquadras residenciais das Asas Sul e Norte, a disposição dos prédios no interior da quadra é bastante variada, provendo até um certo nível, essa sensação de segurança de que a autora se refere, pois, mesmo aonde existe uma fachada cega, existe também uma fachada de janelas voltada para ela, vigiando. Entretanto, o mesmo não acontece nas residências do Lago Sul e Norte, e das quadras 700, na W3, que
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tem os fundos voltados para a rua, o que cria muitas vezes uma rua de paredões cegos ou muros, por onde uma pequena porta ou porta de garagem dá acesso à residência. Além da questão da segurança, a rua pode conter muitas outras funções, sendo algumas explícitas e outras nem tanto. Segundo Jacobs, as várias outras funções dedicadas à rua podem ser, por exemplo, a de fazer a transição do público para o privado, ao conceder acesso aos lotes; o apoio para o abastecimento e distribuição de mercadorias das lojas; o canal de distribuição e passagem de infraestrutura urbana pelo subsolo, como fiações elétricas e hidráulicas; a canalização de águas pluviais com as sarjetas, canais; e a função de “vitrine” das fachadas de lojas e edifícios. Pode servir também como área de estar para bares e restaurantes; circulação de veículos e de pedestres, passeios, brincadeiras e manifestações; além de área para estacionamento de veículos em alguns casos. Há também quem diga que Brasília não tem esquina. Isso pode até parecer verdadeiro à primeira vista, por conta do desenho da cidade, que ao invés de corredores clássicos e
limitador de circulação, oferece, entretanto, uma amplitude que deixa ver o céu e o horizonte. Dessa forma, a permeabilidade urbana e a maneira de implantar os edifícios num dado setor é uma questão constante na reflexão sobre a produção arquitetônica em Brasília e sobre o desenho da cidade. Essa ideia de que Brasília não possui esquinas é defendida inclusive por James Holston em “A Linguagem das Ruas: o Discurso Político em dois Modelos de Urbanismo”. Segundo o autor, “a descoberta de que Brasília é uma cidade sem esquinas produz uma profunda desorientação” (HOLSTON, 1993. p.152), enquanto em outras cidades de traçado tradicional, o pedestre caminha pela calçada da rua até chegar a uma esquina aonde fará a travessia com segurança. Holston ainda completa dizendo que em Brasília, aonde não há esquinas para distribuir os direitos de travessia entre pedestres e veículos, atravessar a rua se torna uma tarefa muito perigosa, induzindo as pessoas que possuem a opção de usar o carro, a usá-lo em qualquer ocasião. Essa teórica diminuição do tráfego de pedestres nas ruas de Brasília, segundo o autor são um indicativo do traço distintivo e radical da modernidade de Brasília. Em suas palavras,
“na medida em que o sistema de circulação das ruas forma a anatomia de uma cidade, sua estrutura representativa irá caracterizar a ordem urbana como um todo”. (HOLSTON,1993. p 155). Entretanto, o posicionamento de James Holston não procede integralmente. Brasília pode não possuir esquinas como as das cidades tradicionais como Copacabana - RJ em todos os cruzamentos de ruas, porém esse tipo de configuração não é completamente ausente na cidade. É verdade também que Brasília possui em muitos casos, ao invés de ruas, avenidas de alta velocidade, como a Avenida W3, os “Eixinhos” e “Eixão”, porém mesmo essas avenidas possuem pontos de travessia para pedestres, seja por semáforos ou por passagens subterrâneas. É preciso, porém que as pessoas entendam o sistema viário proposto por Lúcio Costa e se acostumem com a nova ideia de “não-esquina” de seu idealizador. Como é possível observar nas imagens abaixo, a configuração urbana de Brasília é sim bastante diferente de uma cidade tradicional, como Copacabana, por exemplo. Entretanto, nesse detalhe da via W3 é possível ver os cruzamentos existentes, aonde seria possível considerar como esquinas. O que acontece no caso da via W3 no entanto é que por conta do canteiro central, não é possível que a travessia seja feira de forma direta, como é feita num cruzamento típico de Copacabana, mas sim uma travessia em três tempos, em que é preciso esperar no canteiro central pela travessia, como mostram as imagens 16 e 17.
Figura 16: Esquina da W3 Norte. Fonte: Google Earth.
Figura 17: Esquina de Copacabana. Fonte: Google Earth.
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Indo ainda um pouco mais longe na análise, é possível que essa ideia de que Brasília não possui esquinas tenha surgido da sensação espacial que a cidade impõe. Brasília foi planejada e construída do zero em uma área de possibilidades infinitas, sob a ótica dos preceitos do modernismo e da monumentalidade, por esse motivo foi possível projetar avenidas mais largas que as de muitas cidades tradicionais. A sensação que se tem ao atravessar a rua no semáforo da W3 realmente não é a de aguardar em uma esquina, rodeado por prédios altos ou casas rentes às calçadas enquanto espera o sinal abrir, mas isso não significa que não se esteja em uma. Assim discorre Holston sobre essa inversão modernista da relação da rua com a arquitetura: “O Modernismo quebrou, de maneira decisiva, com esse sistema tradicional de significação arquitetônica. Enquanto a rua barroca fornecia uma ordem de valores públicos e privados pela justaposição de convenções de repetição e de exceção, a rua modernista seria concebida como a antítese, tanto desse modo de representação, como da ordem política representada. Ao afirmar a primazia do espaço aberto, da claridade voluntária, da forma pura e da abstração geométrica, o Movimento Moderno não só inventou um novo vocabulário de forma, mas de modo mais radical, inverteu toda a maneira de se perceber a arquitetura.” (HOLSTON, 1993)
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Além dessa inversão nas relações entre figura e fundo, o autor faz uma boa observação em relação ao plano de Costa. Ao ler o Relatório do Plano Piloto de Brasília, é possível notar que o único momento em que a palavra “rua” é citada, é em alusão à uma referência usada por Costa para exemplificar sua ideia, o que propõe que a negação da rua tradicional em seu plano não era apenas no traço físico, mas também teórico. Os termos usados então para descrever o esquema de circulação são dos mais variados, como as “artérias radiais”, ou seja, o “Eixo Monumental” e “Eixo Rodoviário-Residencial” que se cruzam formando o esqueleto da cidade; “vias” hierarquizadas dispostas de cada lado do eixo residencial (LI a 5 e W1 a 5); as “faixas” de utilidades comunitárias e comércio local localizadas entre as superquadras, também chamada de vias de serviço; e o acesso às faixas de comercio, chamado de “setor comercial local” é feito por uma “via de acesso motorizado”. Com esse poderoso jogo de palavras, Lucio Costa transforma instituições antiguíssimas, como a praça e a rua do mercado da cidade tradicional em “setor comercial” e “via de acesso motorizado” (HOLSTON, 1993). Ainda em relação à configuração do comercio local, apesar do planejamento, a apropriação do desses espaços não se deu de acordo com o planejado desde o primeiro grupo de lojas construídas, em 1960. As aberturas das lojas das superquadras foram invertidas para a via de serviços, colocando no mesmo espaço
de circulação o pedestre e os veículos. Um dos prováveis motivo pelo qual essa proposta não vingou, pode ter sido o fato de que os construtores, pioneiros recém-chegados de diversas áreas do país, estavam fortemente ligados às suas experiências e vivencias de uma cidade tradicional, muito diferente daquela que lhes foi apresentada na nova capital. Como analisa Mascarenhas (2013, p. 14), a proposta deve ter-lhes parecido antinatural e contraditória à pratica social, pois as ruas de acesso às lojas ficavam do lado oposto, sendo que os potenciais clientes passariam nos fundos das lojas, na rua denominada como “de serviço”. Ao que parece, o desenho urbano proposto por Costa não foi suficiente para converter a ideia de espaço privado no espaço público desejado, e convencer os comerciantes a abrirem suas portas para o lado interno da quadra, principalmente porque as primeiras superquadras ainda não haviam sido habitadas. Nas palavras de Holston (1993), o hábito reproduziu na pratica a rua, aonde esta havia sido negada arquitetonicamente. Além disso, o núcleo principal, da Esplanada dos Ministérios e rodoviária, continuou demandando mão de obra abundante necessária para concluir a construção das obras da cidade, assim como para preencher os postos de serviços e comércio que até então só o Plano Piloto oferecia. Assim, as cidades de Taguatinga (1958), Gama (1960), Sobradinho (1960) e o Núcleo Bandeirante (Cidade Livre-1956) já estabelecidas na época, forneciam diariamente essa mão de obra para o Plano Piloto.
A convergência diária de pessoas e de mercadorias para o centro da capital, desde o princípio da construção movimentava um grande contingente populacional para seus locais de trabalho. Isso não apenas impulsionou o uso das atividades e equipamentos públicos e privados nos estabelecimentos recéminstalados, como também pode ter contribuído para a consolidação dos comércios locais da capital como área de ampla oferta de varejo comercial, tornando-se relevantes espaços de convivência e de trocas. Para uma cidade nova e pouco tradicional como Brasília, criada sob os preceitos do urbanismo moderno, esse aspecto da dinâmica urbana e comercial poderia parecer inusitado por ter se mostrado tão cedo.
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O Comércio Local
Percebe-se no plano de Brasília, a intenção de diferenciar os tipos de comércio e serviços conforme sua localização e função. De acordo com o relatório do Plano Piloto (p. 29), o mercadinho, os açougues, as vendas, quitandas, casas de ferragens, entre outros, estariam dispostos na primeira metade da faixa correspondente ao acesso de serviço das quadras 100, sendo esses correspondentes aos estabelecimentos de consumo diário, do alimento cotidiano e serviço pessoal; já as barbearias, cabeleireiros, modistas, confeitarias, e outros, estariam localizados na primeira seção
da faixa de acesso privativo dos automóveis e ônibus, onde se encontram também os postos de gasolina. Atividades como essas e algumas outras de abrangência regional, de maior porte ou especializados, que requerem maior visibilidade e frequente abastecimento de mercadoria com transporte de carga, estariam destinados a uma localização diferente daquelas destinadas ao atendimento pessoal, tais como as citadas anteriormente, sendo concentradas ao longo da via de serviços W3 e nos comércios locais das quadras 300.
Via W3
Eixão
Via L2
Figura 18: Comercio local, proximidade com as vias de acesso principais. Fonte: Google Earth. Esquema: MLO
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Os comércios de varejo local foram estabelecidos ao longo das vias de acesso às superquadras, e contíguos aos principais eixos viários longitudinais, as vias W3 (oeste) e L2 (leste), e o Eixo Rodoviário (Figura 18). A intenção é permitir sua fácil visualização e o acesso a partir dos principais eixos viários longitudinais. Sendo assim, cada quadra possui um conjunto de blocos que podem ser acessados tanto pelo interior da quadra pelos pedestres, como por veículos pelas vias de acesso entre as quadras.
É importante lembrar que o pedestre possui transito livre pelo interior das quadras e por todas as vias locais, W3 e L2. A única via que não possui calçadas para o pedestre é o Eixo Rodoviário (Eixão). Os blocos comerciais das 300 podem ser acessadas por veículos pelas vias W1 e W2; as comerciais das 100 possuem acesso pelas vias W1 e Eixo W; os comerciais das quadras 200, pelas vias Eixo L e L1; e os comércios locais das 400, pelas vias L1 e L2. Na conexão das unidades de vizinhança e em toda a zona residencial, a via de serviço dos comércios é a mesma que dá acesso às superquadras e que articula com as demais quadras, em comunicação com as vias secundarias e vias principais longitudinais, sendo estas as vias W1 e W3 a oeste, e L1 e L2 a leste, de maneira intercalada (Figura 19).
Figura 19: Comercio local intercalado nas superquadras. Fonte: Google Earth. Esquema: MLO
Além das áreas comerciais locais das superquadras, uma ampla faixa comercial se estende ao longo da via W3 sul e norte. A via W3 possui um papel fundamental no tecido urbano de Brasília, sendo ela uma das responsáveis pela conexão entre a Asa Norte e Sul, com os comércios locais e área residencial das 300 e 700, além de apresentar “equivalência no traçado urbano e diferença nas destinações de uso de seus espaços”, como descreve Rossetti (ROSSETTI, 2012. p. 130) na obra Arquiteturas de Brasília. A via W3, na proximidade do cruzamento com o Eixo Monumental, também conecta e dá acesso a importantes edifícios, como o shopping Pátio Brasil e o Brasília Shopping, além do edifício Brasília Rádio Center, importantes edifícios comerciais da região. Dessa forma, a via W3 mantem a ideia de simetria presente nas Asas, enquanto permite uma grande dinâmica de usos e arquiteturas ao longo de seu eixo. Como citado anteriormente, apesar de sua simetria aparente, de maneira geral, os usos da via W3 não são os mesmos nas Asas Norte e Sul. Em seu trecho Sul, as quadras 500 possuem edifícios comerciais geminados e as quadras 700 possuem residência unifamiliar; enquanto que em seu trecho Norte, a grande maioria das quadras 500 correspondem a edifícios comerciais e/ou institucionais, enquanto as 700 possuem edifícios mistos e residenciais multifamiliar. Na Asa Sul (Figuras 20), a região correspondente as quadras 500 (Figura 21) possui a denominação CRS (Comércio Residencial Sul); já a região correspondente às quadras 700 (Figura 22) é denominada SHIG
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Figura 21: W3 Sul atualmente - 500. Foto: Eduardo Rossetti. Fonte: Rossetti, 2012.
Figura 23: W3 Norte atualmente - 500. Fonte: Google Earth
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Figura 22: W3 Sul atualmente - 700. Fonte: Google Earth
Figura 24: W3 Norte atualmente - 700. Fonte: Google EarthEarth
(Setor de Habitações Individuais Geminadas), com função habitacional, mas que foi por muitos anos indevidamente ocupada por atividades comerciais, influenciada pelas atividades na calçada oposta, e agora começa a retomar sua função original.
Segundo Rossetti (2012), as atividades comerciais podem ser responsáveis por muitas das grandes transformações na paisagem urbana de Brasília. Através, por exemplo, da introdução de novas soluções formais advindas da linguagem arquitetônica, ou com os novos usos do espaço público que as atividades comerciais podem impulsionar, “uma vez que há maior controle sobre a arquitetura da escala monumental e sobre arquitetura das superquadras”. Dessa forma, apesar de seu estado de conservação nas circunstancias atuais não corresponder ao ideal previsto por Costa, a via W3 possui uma variedade arquitetônica considerável, que possibilita uma serie de soluções e atividades nela instaladas, sendo assim, um bom exemplo “dos processos de transformação dos espaços urbanos, numa cidade tão nova”.
Figura 20: W3 Sul na década de 1970. Fonte: Acervo ArPDF apud Rossetti, 2012
O que ocorre, porém, é que a vida urbana não é imutável. Existe uma constante mudança nos espaços e atividades humanas em virtude da própria mudança da sociedade, da cultura e da economia do local. No caso de Brasília, mesmo com todo o planejamento, é inevitável que ocorra uma apropriação do local por parte dos moradores e frequentadores que implica diretamente na modificação do espaço para atender às necessidades, hábitos e rotinas. Dessa forma, não é de se esperar que os primeiros comércios instalados nos blocos de varejo local, como quitandeiros, verdureiros, sapateiros e lojas de aviamento ainda existissem, ou que tivessem a mesma importância de lanhouses, cibercafés, lavanderias, bureau gráficos, empresas de locação de roupas e
Enquanto isso, na Asa Norte, o setor que se refere às quadras 500 (Figura 23) é denominado CRN (Comércio Residencial Norte); e as quadras 700 (Figura 24), que se estende da quadra 703 a 716 norte, se refere ao setor denominado SHCG (Setor de Habitações Coletivas e Geminadas), que possuía função inicial apenas habitacional multifamiliar, porem seu uso atual é misto, com comercio dos mais variados no nível da rua, e serviços ou habitações nos demais pavimentos. Tais variações contribuem para a diferenciação dos dois segmentos da via W3 e das diferenças arquitetônicas que hoje existem.
carros, agência de modelos, lojas de produtos eletrônicos e celulares, por exemplo, que refletem melhor a necessidade de consumo atual. Entretanto, alguns tipos de comercio resistem ao tempo e às mudanças, permanecem, como é o caso bares, restaurantes, farmácias e lojas já tradicionais da capital, como o Beirute, a Pioneira da Borracha e o Roma, na Asa Sul, como observa Rossetti (2012).
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Arquitetura dos Comércios Locais 36 .
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Em relação à implantação geral das Asa Sul e Asa Norte, é possivel identificar diferenças, como cita segundo o Guiarquitetura Brasilia (2000). A Asa sul já vinha sofrendo modificações desde o inicio de sua implantação, como a inversão das vitrinas dos comércios e criação de bolsões de estacionamento irregulares em varios pontos das duas asas, por exemplo. Enquanto a Asa Norte, construida posteriormente, já começou a ser implantada seguindo alguns princípios urbanisticos bastante diferentes do projeto original de Costa. Um exemplo é a nova implantação dos blocos de comercio local, modificado com a intenção de resolver problemas da implantação original. No esquema de distribuição dos equipamentos e serviços nas superquadras, foi previsto que além das residências, haveria também uma quadra comercial para cada uma. Sendo assim, o Relatório do Plano Piloto de Lucio Costa determinou boa parte do detalhamento e configuração arquitetônica dos blocos dos comércios locais (CL), as quais, na pratica se difere substancialmente da Asa Sul para a Asa Norte. O bloco comercial descrito por Costa é configurado de maneira em que os blocos de lojas geminadas duas a duas seriam largas e teriam uma estreita passagem de pedestres entre elas, ligando a via de serviço e estacionamentos às vitrines, que por sua vez estariam voltadas para a faixa arborizada de emolduramento das superquadras. Os blocos horizontais longilíneos seriam implantados com a via de acesso de veículos pelo interior das quadras, e acesso direto de pedestres através de calçadas, entretanto, a ideia de
abrir as vitrines para o interior das quadras foi rapidamente abandonada, e as lojas desde o princípio se abriram todas para a rua, configurando assim, uma rua comercial. Em 1958 a Revista Brasília (1958, p. 12 apud MASCARENHAS, 2013, p. 74) publicou croquis que mostravam a proposta para os comércios locais (Figuras 25 e 26). Pelas imagens não se percebe uma grande diferença entre estes croquis e o que foi executado posteriormente na Asa Sul. A Figura 20 apresenta uma sutil diferença, já representando o carro e o pedestre convivendo na via de serviço, possibilitando ao motorista que também aprecie as vitrines voltadas para a via, numa antecipação do futuro. As empenas das galerias, por onde os pedestres transitam entre a via de serviço e a entrequadra, são cegas, e a sobreloja é caracterizada como um mezanino. As grandes lajes de concreto das coberturas são interligadas em alturas variáveis, já prevendo a topografia em declive (Figura 26).
Figura 25: Croqui em perspectiva das lojas dos comércios locais mostrando as vitrines voltadas para a via, publicado em 1958 na Revista Brasília, mar. 1958, p. 12 (ArPDF) apud Mascarenhas, 2013, p. 75.
Vale lembrar que em ambas as situações, a preocupação em prover um passeio coberto ao pedestre existiu, porém, no caso da Asa Norte, como os blocos foram configurados como unidades autônomas, contrário da Asa Sul que se configuram como um conjunto único (Figura 29), a continuidade da marquise em toda a quadra não existe.
Figura 26: Croqui em perspectiva dos comércios locais, Fonte: Revista Brasília, mar. 1958, p. 12 (ArPDF) apud Mascarenhas, 2013, p. 74.
A proposta desses blocos horizontais foi implantada quase que em sua integridade na Asa Sul, porem na consolidação da Asa Norte, essa ideia foi alterada (Figuras 27 e 28). Os blocos prismáticos e a massa de vegetação da Asa Sul aspiram uma preocupação com o impacto desses edifícios na paisagem, como observa Rossetti (2012). Assim, foi adotado um gabarito baixo, com lajes planas conectadas entre si e geometria pura. Os blocos comerciais da Asa Norte, por sua vez, são independentes um do outro, em geral, com quatro ou cinco blocos de planta quadrada sem fachada cega, que previa mais pavimentos e mais áreas para atividades comerciais.
Figura 27: CLS aéreo. Fonte: Google Earth
Figura 28: CLN aéreo. Fonte: Google Earth
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Figura 29: Foto da comercial local Sul em seus primeiros anos de uso. Fonte: KIM & WESLEY, 2010.
A consolidação dos blocos da Asa Norte como um conjunto não homogêneo possibilitou mais variações arquitetônicas e de usos de seus espaços. Ao percorrer as CLN é possível observar uma vasta gama de soluções construtivas (Figura 30) que abrigam diversos usos como apartamentos, bares, restaurantes, academias e supermercados, configurando uma vida comercial bastante variada para a região,
contribuindo também para romper com a uniformidade da paisagem da cidade. Nesse sentido, pode-se destacar as comerciais da quadra 107 (Figura 31) e 110 Norte por sua diversidade arquitetônica e de serviços. Como foi descrito anteriormente, hoje é possível encontrar tipos arquitetônicos bastante diversos nas quadras comerciais do Plano Piloto. Entretanto, sem querer entrar na polemica dos “puxadinhos”, assunto bastante discutido nos períodos entre 2007 e 2010, a discussão sobre a apropriação do espaço público nas áreas comerciais é bastante recorrente. Por conta da configuração espacial das lojas dos comércios locais, não há espaço suficiente em muitos casos para estabelecimentos como restaurantes, lanchonetes e bares, principalmente, que precisam de um espaço de mesas relativamente grande, não oferecido pela sua parcela interna. Por esse motivo, muitos estabelecimentos utilizam da área pública das
Figura 30: Foto do Comercio Local Norte. Fonte: Google Earth.
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calçadas para suprir essa necessidade espacial e acomodar seus clientes. Em muitos casos essa ocupação da área pública já se tornou permanente, principalmente nos comércios locais da Asa Sul, provavelmente impulsionado pela configuração de seus blocos que não fazem o aproveitamento de todas as fachadas, como na Asa Norte. Assim, com esse trabalho de pesquisa, pretendese investigar mais a fundo essas características tipológicas e ocupacionais dos comércios locais da Asa Norte, para um entendimento da apropriação social que contribuiu para a formação do lugar.
Figura 31: Edifício Gemini Center, CLN 107 (foto: Joana França). Fonte: Rossetti, 2012.
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CLN
Chegamos então ao foco principal desse trabalho, o Comercio Local Norte (CLN). Como foi citado anteriormente, o projeto dos setores comerciais norte foi bastante modificado em relação ao plano original de Costa e ao que foi implantado na Asa Sul. A primeira diferença notável é a separação dos blocos com marquise continua em pavilhões independentes, separados cerca de 12 a 13 metros um do outro. Cada um desses blocos é composto por subsolo, térreo, sobreloja e primeiro andar, em que o térreo é exclusivamente comercial, enquanto os demais pavimentos podem abrigar tanto comercio e serviços quanto apartamentos. Segundo James Holston (1993), o projeto das unidades comerciais da Asa Norte aparece como uma tentativa de novamente impedir o comportamento de rua que deformou as unidades da Asa Sul. Dessa forma, ao separar
as marquises e ligar os grupos de lojas apenas por passagens na frente e nos fundos, Costa acabou criando unidades completamente independentes umas das outras. Tal independência, porém, permitiu criar prédios de planta quadrada, que de certa forma resolveu o problema de frente-fundo presente nos blocos da Asa Sul. Com essa configuração, os prédios da Asa Norte permitem que se abram lojas nas quatro fachadas, aumentado também a oferta de lojas para o setor comercial local. Como a intenção sempre foi de eliminar qualquer vestígio de rua no plano da cidade, esses prédios foram recuados cerca de sete metros do meio fio da via de serviços e construídos alguns metros acima do nível da pista, variando com a topografia de cada quadra, porém feito de forma que é sempre necessário subir alguns (ou muitos) degraus para acessar os pavilhões. Essa jogada de recuos e elevações
Figura 32: Esquema de distribuição dos blocos na CLN. MLO
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necessário descer e subir escadas e atravessar o intervalo entre os prédios sem cobertura para acessar o próximo bloco de lojas. Em consequência disso, como coloca Holston (1993, p. 170), o hábito de passear na rua está em vias de extinção, uma vez que na ausência de uma calçada contínua, ladeada por uma tira de fachadas, é impossível “dar uma volta na rua”. Figura 33: Esquema de distribuição dos blocos na CLS. MLO
foi então capaz de eliminar o ultimo vestígio de rua tradicional possível para essas zonas, ou seja, a calçada contínua ao longo do meio-fio, ladeada por comércios. Essa calçada que foi cortada da sua relação com a rua, foi então amarrada em volta de cada pavilhão, protegida pelo avanço do último pavimento do prédio, que se projeta sobre o térreo e a sobreloja, criando uma arcada, sob o qual fica o corpo do prédio (Figura 32). Não foi encontrada no Arquivo técnico do DF planta de urbanismo das CLN, por esse motivo foi feito esse esquema para demonstração dos espaçamentos. Talvez a ideia de criação dessas arcadas tenha sido a de prover passeios protegidos, porém, esse não é o efeito que prevalece. Na realidade essa proteção é mínima e não contínua por conta da interrupção dos blocos e da altura do pé direito. Além disso, o percurso desses passeios cobertos é de certa forma monótono e desconectado do entorno, uma vez que ele apenas circunda o próprio prédio, sendo
Figura 34: Representação das fachadas das lojas das CLS 107 e 108. Fonte: Mascarenhas, 2013.
Figura 36: Representação da passagem entre os blocos das lojas das CLS 107 e 108. Fonte: Mascarenhas, 2013.
Figura 35: Representação dos pavimentos de um prédio genérico da CLN. Fonte: MLO.
Figura 37: Representação da passagem entre os blocos das lojas das CLN. Fonte: MLO.
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Se por um lado a ideia tradicional de esquina foi extinta, surge então a oportunidade de reinventá-la. Como observam Maria Elisa Costa e Adeildo Viegas de Lima (Brasília 1960 – 2010, 2009, p. 63) os brasilienses aprenderam a criar “esquinas” à sua maneira, unindo a noção de espaço que possuem dentro de si com a presença constante do céu e dos 360 graus de horizonte que a cidade oferece para encontrar refúgios na cidade. Os vãos criados entre os blocos comerciais dos comércios locais acabaram sendo invadidos por um mar de mesas e cadeiras de restaurantes e bares, que descobriram como usar essas pequenas “falhas” de projeto a seu favor, criando um ambiente inusitado perto de um gramado e de árvores para abrigar seus clientes, em uma realidade já decorrente do plano piloto daquilo que seu autor chamou de “escala gregária”. Ao comparar espacialmente com os blocos comerciais da Asa Sul, percebe-se a clara diferença de volumetria citada anteriormente, como é possível notar na imagem abaixo (Figura 33). A estrutura viária de mão dupla não se altera, pois faz parte de um sistema maior de circulação da cidade, mas a organização dos blocos comerciais, é bastante distinta. Essas ruas comerciais se estendem por cerca de 190 metros nos comércios locais de 5 blocos da Asa Norte e os de 4 da Asa Sul, enquanto nos comércios locais de 4 blocos da Asa Norte e os de 3 da Asa Sul se estendem por cerca de 150 metros, com largura da rua de em média 22 metros, contando com a faixa de estacionamento, nas duas Asas.
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COMÉRCIO LOCAL DE BRASÍLIA . Asa Norte
Quanto à separação das fachadas frontais dos estacionamentos, na Asa Sul essa distância é de 3 metros, enquanto na Asa Norte é de 7 metros. Era de se esperar que com esse afastamento, os comércios locais da Asa Norte fossem mais espaçosos e atrativos, com uma ampla área para o passeio do pedestre que circula por entre as lojas. Entretanto, isso não acontece, pois, esse espaço de 7 metros é quase inteiramente tomado pelos passeios cobertos por marquises, que na maioria dos casos é elevado em relação ao nível da rua, criando um caminhar constantemente interrompido por degraus, enquanto na Asa Sul esse caminho é, apesar de reduzido, mais continuo e nivelado. Existe uma diferença notável também quando se compara os cortes ou fachadas dos blocos comerciais das duas Asas. Na CLS, a prevalência é de blocos horizontais, modulados e uniformes que mantem o mesmo padrão em toda a Asa Sul. Esses edifícios possuem em geral térreo e sobreloja, e alguns contam com subsolo (Figura 34). Na CLN, por sua vez, os pavilhões individuais oferecem a possibilidade de uma maior liberdade volumétrica em blocos configurados em sua grande maioria por subsolo, térreo, sobreloja e primeiro pavimento (Figura 35). O espaço disponível para a passagem de pedestre no sentido transversal à rua de acesso viário possui uma diferença simples entre os dois projetos. Essa diferença, porem mudou completamente a relação do pedestre e dos comerciantes com o uso do espaço.
Na imagem 36 é possível ver um detalhe da passagem coberta entre os blocos comerciais da Asa Sul, que em muitos casos possui fachadas cegas voltadas para essa área, enquanto na Asa Norte (Figura 37) esse espaço pode receber inúmeros tratamentos diferentes, entre eles jardins, acessos aos subsolos, praças, etc.
As Lojas De forma gráfica, e bastante clara, é possível visualizar o que essas modificações na forma significaram em termos de oferta de área comercial para cada Asa. Quando comparamos os gráficos a seguir, que mostram a diferença no número de lojas apenas no Comercio Local entre as duas regiões, notamos que a Asa Sul, com seus blocos de marquise contínua com uma fachada de vitrinas voltada para a rua, possui atualmente cerca de 1306 lojas ativas em seus comércios locais. A Asa Norte, por outro lado, com 2172 mostra claramente o que essa mudança significou em termos de ganho espacial. O gesto de abrir vitrinas de lojas nas quatro fachadas desses pavilhões gerou uma oferta significativamente maior para o comercio da Asa Norte, como mostram os gráficos abaixo. É possível notar também a predominância de cada categoria comercial presente em cada bairro. Na Asa Sul, o comercio gastronômico aparece em primeiro lugar em número de estabelecimentos, com 270 lojas, enquanto em segundo lugar aparecem as lojas ligadas ao ramo de vestuário, com 242 estabelecimentos. Estética e Beleza aparece em terceiro lugar com 163 lojas. Na Asa Norte, entretanto, Estética e Beleza aparece em primeiro lugar, com 399 estabelecimentos; em segundo lugar o comercio gastronômico e na terceira posição os Serviços Úteis, com 274.
Um dado muito impactante a respeito do comercio de Brasília, e que não aparece nesses gráficos, é em relação ao número de lojas fechadas. Segundo a Fecomercio DF (Federação do Comercio de Bens, Serviços e Turismo), o cenário é árido para o comercio brasiliense, uma vez que até dezembro de 2014, 7.642 lojas foram fechadas, o que representa 16,16% do total de empreendimentos do DF, sendo que a Asa Norte teve 1.561 lojas fechadas em apenas um mês de 2014.
número de lojas fechadas é um sinal de que algo precisa ser feito para evitar novos sinais negativos na economia do Distrito Federal, pois “cada loja fechada significa pelo menos seis pessoas desempregadas. A situação é preocupante”, finaliza.
Segundo o Sindicato do Comércio Varejista do Distrito Federal, o ano de 2014 começou com 355 lojas fechadas até o início do mês de fevereiro, incluindo os bairros da Asa Sul, Asa Norte e Sudoeste. O número é maior que o mesmo dado registrado em fevereiro de 2013, quando foram registrados 289 fechamentos de lojas. A W3 Norte é a campeã em termos de estabelecimentos sem uso, em que na quadra 713 são 9 imóveis; na 711 Norte aparece com 7 e a 714, seis imóveis fechados. De acordo com a publicação do Correio Brasiliense de março de 2015, só nesse período, foram dois mil empregos perdidos no setor. O Sindivarejista estima que esses números de sevem principalmente à violência, alugueis caros e queda do consumo, e de acordo com o presidente do Sindivarejista, o
Figura 38: Gráfico de tipologias versus quantidade. Fonte: Quonde.com.br
COMÉRCIO LOCAL DE BRASÍLIA . Asa Norte
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Caracterização 44 .
COMÉRCIO LOCAL DE BRASÍLIA . Asa Norte
Cada comercio local segue a lógica geral de organização do espaço proposto por Costa, mas não deixa de ter sua individualidade. E essa individualidade é mostrada na seção a seguir, em que foi feita uma caracterização de cada CLN destacando a predominância comercial de cada uma, além de alguns detalhes arquitetônicos ou volumétricos dos blocos comerciais. Para tal, foi feito um amplo registro fotográfico para auxiliar na visualização das características descritas. As fotos foram tiradas nos dias 8 e 15 de novembro, no período da tarde desses domingos, quando o movimento de carros e pedestres pelas quadras comerciais é bastante reduzido por conta do fechamento das lojas. Apesar da facilidade pratica que essas datas promoveram no trabalho de campo, é notável que o que sobressaiu nas fotos foram as características físicas das quadras, porém as mesmas não refletem a melhor face em termos do movimento das lojas em horário comercial. Para ajudar na análise de cada CLN foi feito um gráfico quantitativo separando as lojas em categorias seguindo a classificação oferecida pelo site Quonde. Os gráficos foram produzidos nos dias 08 e 09 de outubro de 2015, mas como o site está sempre sendo atualizado, as informações dos gráficos podem não corresponder mais ao que está disponível no website. Cada categoria possui subcategorias que em geral seguem a seguinte divisão:
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• Casa e Decoração Armarinho e Presentes Artigos do Lar Decoração e Molduras Elétrica e Hidráulica Eletrônicos Floriculturas Manutenção e Segurança Materiais de Construção Persianas e Cortinas Tapeçarias e Estofados
• Diversão e Cultura . Artes e Ateliers . Bares e Pubs . Cerimoniais e Buffets . Decoração e Roupas de Festa . Lazer . Religiosidade . Sex shop . Tatuagem . Viagens • Educação . Artes e Dança . Cursos de Idiomas . Cursos Técnicos e Preparatórios . Ensino Infantil ao Superior . Escolas e Instrumentos Musicais . Livrarias, Bancas e Sebos . Papelarias • Escritórios e Consultorias . Arquitetura e Engenharia . Comunicação e Marketing . Consultorias e Assessorias . Contabilidade e Auditoria . Escritórios de Advocacia . Imobiliárias e Construtoras . Repartições Públicas . Telecomunicação e TI
• Esporte . Academias . Artigos Esportivos . Personal Trainer e Yoga • Estética e Beleza . Barbearias . Clinicas e Spas . Cosméticos e Perfumaria . Depilação . Salões de Beleza • Gastronomia . Cafés e Crepes . Confeitarias e Delikatessen . Lanches e Comidas rápidas . Padarias . Pizzarias . Restaurantes Asiáticos . Restaurantes Brasileiros . Restaurantes Internacionais . Restaurantes Naturais . Self-Service . Sorveterias • Mercados . Açougues e Peixarias . Distribuidora de Bebidas . Materiais de Limpeza . Mercearias . Produtos Naturais . Supermercados
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Audiovisual e Fotografia Bancos e Lotéricas Cartuchos e Toner Chaveiros Correios e Entregas Hospedagem Impressões, Gráficas e Placas Informática Lavanderias
• Vestuário . Acessórios, Bijoux e Joias . Bolsas e Sapatos . Boutique e Beleza . Brechós . Costureiras e Sapatarias . Criança e Bebê . Malharias e Confecção . Moda . Óticas
A seção que se segue corresponde então à uma breve caracterização de cada Comercio Local Norte, em que é feita a descrição de algumas características arquitetônicas e espaciais de cada uma dessas áreas comerciais. Algumas CLN foram colocadas em destaque, por possuir algum ramo comercial que se sobressaiu em relação às demais, ou por alguma característica volumétrica de seus pavilhões de lojas.
• Automóveis . Autopeças . Concessionarias e Revendas . Oficinas
• Saúde . Clinicas e Consultórios . Dedetizadoras . Equipamentos . Farmácias e Drogarias . Fisioterapia e Pilates • Serviços Úteis . Agropecuárias e Pet Shop . Assistência Técnica
COMÉRCIO LOCAL DE BRASÍLIA . Asa Norte
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QUADRAS 300
Comércio Local formado por uma sequência de 5 blocos comerciais de cada lado da rua de acesso viário. Acessos pelas vias W3, W2 e W1. Presença de um prédio comercial com bolsão de estacionamento frontal próximo à via W2.
O Comercio Local da 302/303 Norte é configurado por duas sequencias de 5 prédios. Essa “comercial” possui uma predominância de comércios gastronômicos, seguido por salões de beleza e artigos para casa e decoração. . Na foto 1 aparece a confeitaria e cafeteria Caramella, uma referência em café da manhã e lanches. Nas figuras 1 e 2, é possível ver que o tamanho da loja não é suficiente para abrigar os clientes do lado de dentro, ficando então todas as mesas dispostas na calçada do prédio. Para a proteção dos clientes em relação a chuva e sol, a loja optou por colocar tendas de lona na esquina do prédio. . O prédio da imagem 3, que abriga em todo o seu andar térreo 2 grandes restaurantes à la carte: o Picanhas do Sul e o Chão de Estrelas. O prédio foi recém reformado e pintado de preto, o que dá uma aparência mais pesada e maciça para esse bloco. Ambos os restaurantes privatizaram de forma bastante fixa as áreas públicas lindeiras ao prédio, dessa forma, ela não possui marquise livre para o pedestre.
CLN 302/303 1
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. A imagem 4 mostra a realidade mais recorrente em relação as calçadas dos comércios da Asa Norte. Nesse bloco, o subsolo abriga um mercado e tem abertura para a calçada da frente, o que não é muito comum.
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. O bloco da imagem 5 é o primeiro da quadra, em frente ao da imagem 1 e abriga restaurantes importantes como o Giraffas e o Café com Café, que são grandes atrativos para o público que trabalha e/ou estuda nos colégios ou comercios próximos, principalmente na hora do almoço.
8
. Em relação à educação, essa quadra possui o Magister (fig 6) e ainda curso de idiomas, cursos técnicos e preparatórios e papelaria. . O prédio da imagem 7 é da Shopping OK, e esse mesmo projeto reaparece em alguns outros comércios locais da Asa Norte.
302/303 Vestuário
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Serviços úteis
1
8
2
4
7
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Mercados
2
Gastronomia
17
Estética e Beleza
12
Esporte
1
Escritórios e consultorias
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Educação
5
Diversão e Cultura
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Casa e decoração
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COMÉRCIO LOCAL DE BRASÍLIA . Asa Norte
. Já o prédio da imagem 8 não é diretamente comercial, mas abriga bancos e escritórios, e pode ser um dos principais públicos do comercio gastronômico da área.
6
Saúde
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O Comercio da 304/305 é conhecido como a “Quadra das noivas”, por possuir um grande número de lojas de locação de roupas e artigos de decoração para casamentos. . É interessante notar que o Bl. E da CLN 305 (fig 1) e o Bl. A da 303 são praticamente iguais, possuindo inclusive o mesmo nome (Shopping OK) na fachada lateral. Sua arquitetura é robusta e de volumetria diferente das demais edificações da quadra. Esse bloco abriga além de lojas de locação de roupas, dois dos principais comércios de lazer da quadra, os pubs: o Poizé e o Terapia. . Atividades não diretamente comerciais dessa quadra chamam a atenção: o Conselho Federal de Enfermagem (COFEN), ocupando todo o Bl. E da CLN 304 (fig 2); e o PSB (Partido Socialista Brasileiro) no Bl. A também da 304 (fig 8), além de um salão de festas infantis no mesmo bloco. . A academia Corpo 4 (fig 3 e 4) também é um importante polo atrativo da quadra desde o momento em que abre, às 6h da manhã até as 23h, fechando apenas nos domingo e feriados. A academia ocupa todo o prédio, e sua arquitetura em arcos revestida de granito cinza e vidro escuro enriquecem a volumetria da quadra.
CLN 304/305 1
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. O prédio amarelo da figura 5 possui exclusivamente lojas de roupas artigos para festas e casamentos voltadas para a rua de acesso e salões de beleza voltados para o interior da quadra e apartamentos nos andares superiores. . A imagem 6 mostra um detalhe da passagem de pedestre comum em quadras da Asa Norte. A calçada estreita, imprensada entre carros e o paredão criado pela elevação dos blocos, com uma série de obstáculos no caminho, versus o caminho largo e desimpedido das marquises dos prédios. . A vida noturna desse comercio local gira em torno, além da academia, dos bares e pubs, como o Poisé e o Terapia, e a Subway 24h na 304 em frente à academia. . A imagem 7 é mais um exemplo da ocupação indevida da área pública dos blocos, principalmente por restaurantes. . Na extremidade do CL, próximo à W2 está localizado o mercado Carrefour Bairro, importante ponto de abastecimento da população vizinha.
304/305 Vestuário
5
Serviços úteis
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Saúde
5
Gastronomia
4
Estética e Beleza
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Esporte
3
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Escritórios e consultorias
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Educação
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Diversão e Cultura
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Casa e decoração
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COMÉRCIO LOCAL DE BRASÍLIA . Asa Norte
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CLN 306/307 1
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Mais conhecida como a “Quadra do Mc Donald’s”, essa CLN é muito movimentada todos os dias da semana, por possuir além do Mc Donald’s, dois mercados, farmácias, lanchonetes, cafés e restaurantes. A predominância em numero de atividade comercial nessa quadra é mais uma vez de Estética e Beleza, porém são os mercados e os restaurantes que atraem o maior numero de frequentadores à quadra.
Comercio Local. O horario de funcionamento da loja é de 7:00 am - 5:00 am.
Bl. B também da CLN 306, com entrada de clientes por uma das laterais e entrada de mercadorias pela outra lateral. O mesmo prédio também abriga a pizzaria Gordeixos, com maior publico no periodo da noite, e o restaurante Feitiço Mineiro, mais frequentado durante o dia (fig 3).
. Na imagem 1 aparece o Mc Donald’s, maior atrativo da quadra, localizado próximo à via W2, no início do
50 .
COMÉRCIO LOCAL DE BRASÍLIA . Asa Norte
. Na imagem 2, aparece em destaque o Hortifrúti Oba, que ocupa todo o térreo do Bl. D da CLN 306. A elevação do prédio em relação à rua não é muito grande, com cerca de 3 ou 4 degraus, e por conta da necessidade do transito de carrinhos de supermercado, existem algumas rampas na calçada frontal. . O Supermercado Super Maia ocupa todo o térreo do
. A entrada do supermercado Super Maia (fig 4) é na minha opinião o ponto mais surpreendente da quadra. Localizado entre os Blocos A e B, duas amplas rampas com corrimão levam à entrada da loja, em meio a
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1
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jardins e até mesmo uma fonte de água feita de pedras. Essa entrada é marcada por uma espécie de portal com o nome do mercado, enquanto duas outras grandes placas de publicidade intaladas na fachada do predio indicam a exixtencia do mercado no subsolo. . O prédio da imagem 5 chama atenção por sua fachada praticamente cega voltada para a rua. Apenas pequenas faixas de janelas, aparentemente de banheiros, se abrem para a via. Não se sabe o motivo de projeto que levou a tal solução, mas esse predio passou por uma reforma recente em que as janelas foram fechadas. é certo que os edificios podem e devem ser modificados de forma a oferecer maior comodidade e funcionalidade para o usuario, mas ele tambem desempenha uma função social de olhos da rua, como coloca Jane Jacobs. Por esse motivo, me parece que essa fachada
7
8
poderia ter recebido algum tipo diferente de tratamento que atendesse a ambos os lados, para além ser util ao proprietario, tambem promover uma fachada mais agradavel visualmente para o frequentador da quadra. . Outra volumetria interessante presente nessa quadra é a do predio amarelo da imagem 6. Sua fachada é marcada pelo volume das varandas e dos pilares que as separam. Também chama atenção os circulos recortados na altura das sobrelojas, aparentemente criados para promover iluminação e ventilação natural aos imoveis esse pavimento. . Muitas são as soluções para marcar a entrada do subsolo desses blocos, e nessa quadra, um dos mais interessantes é o da imagem 7 em que um grande pórtico na lateral do predio indica a entrada das lojas
306/307
Vestuário Serviços úteis Saúde Mercados Gastronomia Estética e Beleza Esporte Escritórios e consultorias Educação Diversão e Cultura Casa e decoração
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subterrâneas, que se abrem para um jardim no espaço entre os dois pavilhões. . Outra forma de acesso aos andares tanto do subsolo quanto dos pavimentos superiores é exemplificada na imagem 8. No centro do prédio, em meio às lojas, uma abertura do mesmo tamanho das vitrinas se liga a uma passagem que cruza o prédio de uma ponta a outra, e dá acesso à caixa de escada dos demais pavimentos. Essa poderia ser uma boa solução em termos de visibilidade desse acesso, entretanto, além da entrada não estar devidamente demarcada visualmente, a perda de um espaço frontal de loja não parece valer a pena em termos comerciais, uma vez que essa fachada é a mais valorizada do predio. Uma abertura para acesso aos demais andares na lateral do pavilhão pode ser, além de mais interessante economicamente, mais atrativa em termos de espacialidade e possibilidades volumetricas para essa area de transição entre os edificios que muitas vezes não recebe um tratamento espacial adequado. . Por fim, a imagem 9 mostra um aconchegante restaurante, a pizzaria Felicitá, na esquina do último prédio da rua. Mesas e cadeiras são dispostas tanto na marquise do bloco, quanto na área ajardinada externa com guarda-sóis.
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5 4
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COMÉRCIO LOCAL DE BRASÍLIA . Asa Norte
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Nesse Comercio Local, a predominância do comercio é de artigos de vestuário, em que das 25 lojas da categoria, 16 são de roupas. Na sequência, vem os comércios de Gastronomia e Estética e Beleza. No inicio da quadra, próximo à via W2, se localiza o supermercado Pão de Açúcar, importante ponto de movimento desse Comercio Local.
. O primeiro destaque arquitetônico desse Comercio Local são os Blocos A e B da CLN 309. Construídos em 19861988, e projetados por Elvin Mackay Dubugras e George Mackay Dubugras, esses prédios são um exemplo da arquitetura pós-moderna da década de 1980, assim como no Gemini Center, na CLN 107. Apresenta uma implantação cuidadosa, com um jardim interligando as edificações, o que resulta em um acesso mais suave às galerias comerciais do sobsolo, como é descrito no Guiarquetetura Brasilia (2000) e no “Momoskine” (Caderno de notas do Docomomo Brasília”.
CLN 308/309 1
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3
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. Nas imagens 1, 2, 3 e 4 é possível ver alguns detalhes dessas obras, como o espaço ajardinado entre os prédios, os quebra-sóis azuis e a escadaria que leva ao subsolo. Esses blocos abrigam comércios noturnos importantes para a quadra como o bar Schlob e a sorveteria Palato e a Baco Pizzaria.
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. Na imagem 5 já é possível ver um estilo arquitetônico mais recente, coberto em pastilha cerâmica cinza em dois tons. Esse edifício se localiza ao lado do Bl. D descrito anteriormente e possui traços mais retilíneos e com menos detalhes na fachada. Esse prédio possui forro de madeira (fig 6) no teto da marquise, algo não muito comum nesses blocos comerciais da Asa Norte.
8
. O bloco da imagem 7 já apresenta uma mistura de elementos pesados, ao contrário do prédio anterior. Sua volumetria envolve robustos pilares circulares nos cantos e um grande pórtico de concreto na fachada frontal, além de um jogo volumétrico de recuos e avanços com as varandas do último pavimento.
308/309
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Vestuário Serviços úteis Saúde Gastronomia Estética e Beleza Esporte Escritórios e consultorias Educação Diversão e Cultura Casa e decoração
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COMÉRCIO LOCAL DE BRASÍLIA . Asa Norte
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. Por fim, a imagem 8 mostra um exemplo da elevação do piso térreo desses edifícios em relação à calçada. Essa elevação cria uma serie de escadarias e rampas que muitas vezes são um grande bloqueio para a livre circulação do pedestre, principalmente se este tiver dificuldades de locomoção. Esse excesso de sobes e desces poderia ter sido evitado em muitos dos edifícios comerciais Norte.
Esse Comercio Local possui atividades bastante variadas, se destacando mais uma vez a quantidade de lojas ligadas à Estética e Beleza, seguido por Gastronomia, Serviços Uteis e Diversão e Cultura. Possui também o único comercio automotivo dentro do campo de pesquisa desse trabalho, que é uma oficina mecânica. . Os Blocos A no início desse Comercio Local possuem não só o estacionamento em baliza na frente do prédio, mas também um bolsão na lateral, como é mostrado na imagem 1. Isso ajuda a suprir a demanda por vagas para os consumidores e frequentadores dessa quadra, além dos moradores dos apartamentos desses blocos mistos. . Nas figuras 2 e 3 fica mais uma vez evidente a diferença de tratamento das varandas do pavimento superior; e no térreo, as escadas que ligam as calçadas aos passeios cobertos dos prédios, que muitas vezes representam um grande obstáculo para o pedestre, principalmente os que possuem dificuldades de locomoção e para cadeirantes.
CLN 310/311 1
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. A imagem 4 mostra uma das tipologias arquitetônicas presentes na quadra, em que os apartamentos do andar superior possuem pequenas varandas individuais e as dos cantos são chanfradas e um pouco maiores que as demais. . A composição volumétrica desses prédios comerciais da Asa Norte pode variar muito de um para o outro, como é o caso do exemplo da imagem 5. A presença de arcos e pilares redondos é, no entanto bastante recorrente nos exemplares desses comércios locais. Esse prédio possui também um guarda-corpo mais elaborado que os demais exemplares da quadra. . As imagens 6, 7 e 8 mostram diferentes tratamentos para a área entre um prédio e outro, local em que muitas vezes estão voltados os acessos às galerias de lojas do subsolo, feito na grande maioria dos casos por escadas ou grandes estruturas de rampas.
310/311 Automóveis Vestuário Serviços úteis Saúde Mercados Gastronomia Estética e Beleza Esporte Escritórios e consultorias Educação Diversão e Cultura Casa e decoração
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COMÉRCIO LOCAL DE BRASÍLIA . Asa Norte
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O tipo de comercio predominante nessa quadra é, sem comparação com os demais, o da área de Estética e Beleza, em que dos 31 estabelecimentos, 21 são salões de beleza. Vestuário, Serviços Úteis e Gastronomia são outros ramos com um número mais elevado na quadra. . Talvez o mais importante comércio dessa quadra seja o Carrefour Bairro, supermercado localizado no início do Comercio Local, próximo à via W2 (fig 1). . Nessa quadra também aconteceu a invasão da área gramada para servir de estacionamento, localizado na lateral do Bloco A da CLN 313. O mesmo não ocorre do outro lado da via. . As imagens 3, 4, 5 e 6 mostram diferentes soluções arquitetônicas presentes nessa rua comercial. Na imagem 3, o prédio de pastilha cerâmica verde possui as colunas de sustentação do andar superior apenas nas laterais, deixando a passagem frontal livre e com sensação de amplitude. O prédio da imagem 4 por sua vez, não possui o pavimento das sobrelojas, sendo formado apenas por subsolo, térreo e primeiro andar. Sua fachada frontal é configurada por uma sequência de finos pilares que ao contrário do exemplo anterior, dão uma sensação de clausura das lojas do térreo.
CLN 312/313 1
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. O Bloco C da CLN 313 possui um ar de brutalismo, com sua estrutura em concreto aparente, atualmente marcado pelo tempo por cor escura, resultado da falta de manutenção externa do prédio (fig 5).
8
. Já o bloco seguinte (fig 6) aparenta ser muito mais novo ou no mínimo recentemente reformado, pois sua pintura branca na casca externa da cobertura dos apartamentos está em bom estado. Nem todas as esquadrias do andar superior desse prédio são iguais, o que sugere que os usuários podem ter modificado de acordo com suas necessidades ao longo dos anos. . Em relação ao uso do espaço público próximo aos blocos, as imagens 7 e 8 mostram dois exemplos dessa quadra. Um deles não possui interferência fixa, estando as mesas e cadeiras apenas espalhadas entre os comércios de bares das laterais dos blocos; e o outro com a instalação de toldos em toda a lateral do prédio.
312/313
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Vestuário Serviços úteis Saúde Mercados Gastronomia Estética e Beleza Escritórios e consultorias Educação Diversão e Cultura Casa e decoração
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COMÉRCIO LOCAL DE BRASÍLIA . Asa Norte
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. Os três primeiros prédios da 312 não possuem sobrelojas e estão assentados no nível da calçada, oferecendo um caminhar continuo entre os prédios.
A predominância absoluta do tipo de comercio dessa quadra é de Estética e Beleza com um total de 27 estabelecimentos, dos quais 26 são salões de beleza e 1 uma clínica de depilação. A segunda categoria mais presente é a de vestuário, com 23 lojas. . A topografia da Asa Norte se acentua a partir da metade da Asa, o que acaba evidenciando a característica desses prédios de terem sido construídos em um patamar segregado da calçada. . Em muitos casos, o desnível entre o passeio coberto do prédio e a calçada da rua é expressivo, criando uma parede de até 1 metro na lateral da calçada, em que só são providos acessos pelas laterais, uma no início e outra no final do prédio. Grande parte desses blocos comerciais não possui acesso frontal à galeria de lojas do térreo, porém o exemplo da imagem 2 possui uma pequena escada nessa área frontal, e o prédio das imagens 5 e 6 são nivelados com a calçada, com livre acesso por todos os lados. . Quanto à volumetria das varandas do pavimento superior, os exemplos dessa comercial local variam de varandas amplas como a da imagem 1 até a completa ausência, como nas imagens 3, 4 e 5.
CLN 314/315 1
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. As imagens ao lado mostram a variedade arquitetônica dos prédios da quadra, desde os mais elaborados volumetricamente (fig 7), até o mais clean (fig 3). . É interessante notar que o Bl. B da CLN 314 (fig 2) é igual ao Bl. D da CLN 313. As diferenças mais evidentes são em relação à base do prédio, a estrutura da escada de acesso e subsolo, e quanto às modificações feitas ao longo do tempo pela apropriação do prédio pelos usuários. . A imagem 4 mostra o ponto de travessia de pedestres da quadra com semáforo, regra que se repete em os outros comércios locais. . Outro tipo de comercio presente nessa quadra é o Quiosque do Alicate. Esse tipo de quiosque de estrutura metálica aparece em algum ponto do CL em todas as quadras comerciais da Asa Norte, muitas vezes oferecendo serviços de chaveiro, amolação de alicate e sapataria.
314/315 Vestuário Serviços úteis Saúde Mercados Gastronomia Estética e Beleza Esporte Escritórios e consultorias Educação Diversão e Cultura Casa e decoração
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COMÉRCIO LOCAL DE BRASÍLIA . Asa Norte
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CLN 316/116 1
2
3
Esse Comercio Local possui uma organização espacial diferente das demais quadras da Asa Norte. Os blocos comerciais da CLN 316 e 116 são dispostos em uma linha de prédios, separados somente por um bolsão de estacionamento entre as duas quadras. Essas duas CLN não possuem comercio do outro lado da rua, assim como acontece também na CLN 102, tendo, no entanto, equipamentos de saúde na frente, como o HRAN na 101 e o Setor Hospitalar Norte no final da Asa Norte.
. Cada uma desses comercios locais do final da Asa Norte possuem um pavilhão a mais que a sequência padão seguida no restante da Asa, - sendo 5 prédios na faixa das 300 e 4 prédios nas 100 - possuindo então 6 prédios na CLN 316 e 5 na CLN 116.
e consultórios, o que é de se esperar, pela proximidade com a área hospitalar.
56 .
COMÉRCIO LOCAL DE BRASÍLIA . Asa Norte
. O comercio dessas quadras é bastante equilibrado, como é possível observar no gráfico da página ao lado, com uma grande oferta na área gastronômica, de Vestuário, Escritórios e Consultorias, Estética e Beleza e Saúde, inclusive com um grande número de clinicas
. O primeiro ponto notável dessas quadras é a largura das calçadas. Como é possível ver na imagem 1, a largura da passagem de pedestre entre a linha de carros e a frente dos prédios é de cerca de 6 metros de largura. Essa largura de calçada não apareceu em nenhum outro momento nas quadras comerciais das 300. Essa largura de calçada seria o ideal para muitos comercios locais do restante da Asa Norte, entretanto para essa CLN em
5
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1
7
6
4 3
especifico, ela está superdimensionada, pois o publico que frequenta essa área comercial é mais reduzido em comparação com as demais. . Na imagem 2 é possível ver que a calçada foi trabalhada de forma a ela mesma ser a rampa de acesso ao primeiro prédio da 316 ao invés de uma rampa estreita construída em alguma das laterais da edificação. O mesmo acontece outras vezes na quadra. Outro detalhe interessante dessa imagem é a disposição dos containers de lixo em um nixo criado na calçada especialmente para eles. . Um dos prédios da CLN 316 é ocupado por uma agencia do Banco do Brasil (fig 3 e 4). A arquitetura desse prédio se difere bastante dos demais tanto na volumetria, quanto no tratamento dos acessos da calçada para o caminho coberto que circula o bloco.
5
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8
. Já os blocos da CLN 116 parecem ter sido todos projetados por uma mesma empresa, pois todos os espaços entre um prédio e outro possuem a mesma linguagem. Como é possível ver nas imagens 5 e 6, na área entre os blocos foram criadas grandes galerias que conectam os subsolos continuamente através de praças, vários metros abaixo do nível da rua, ao mesmo tempo em que passarelas elevadas conectam também os térreos dos edifícios. O trabalho de conexão desses blocos comerciais é bastante complexo em termos de volumetria e espacialidade, e é uma grande surpresa para todos aqueles que estão acostumados com o padrão de tratamento dessa área entre os blocos no restante da Asa Norte ou Sul. Essa estrutura não se repete em nenhum outro momento de nenhuma das Asas. É possivel ver um detalhe aéreo dessas passarelas na imagem acima.
. Vistos de fora, esses prédios que possuem as galerias interligadas, possuem o mesmo tratamento de fachadas para os 4 primeiros predios como o da imagem 7, sendo apenas o último bloco diferente (fig 8). . Quanto ao tratamento do pavimento térreo na parte de trás dos prédios, na fachada voltada para a quadra residencial, em sua grande maioria, o único acesso é feito pelo passeio coberto que circunda o bloco, não havendo grandes conexões entre um prédio e outro nessa fachada nem com a calçada interna da área 116/316 residencial. Vestuário Serviços úteis Saúde Mercados Gastronomia Estética e Beleza Esporte Escritórios e consultorias Diversão e Cultura Casa e decoração
16
9
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6 0
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COMÉRCIO LOCAL DE BRASÍLIA . Asa Norte
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. 57
QUADRAS 100
Comércio Local formado por uma sequência de 4 blocos comerciais de cada lado da rua de acesso viário. Acessos pelas vias W1, Eixo Residencial W (Eixinho W) e Tesourinha. Presença de um edifício religioso próximo à via W1.
Como citado anteriormente, essa quadra comercial não possui comercio dos dois lados da rua, tendo, no entanto, o Hospital HRAN na quadra em frente. Esse Comercio Local é formado por apenas 4 blocos com usos bastante distribuídos entre as categorias de comercio classificadas nesse trabalho, como mostra o gráfico. . O primeiro bloco da quadra (fig 1) possui a fachada marcada por grandes pilares quadrados nos vértices e uma faixa de brise-solei azul nas quatro fachadas do pavimento superior. A escadaria de acesso ao térreo, no entanto se estende até praticamente a rua, não deixando espaço maior do que o de um degrau para a passagem de pedestres na calçada, como é possível ver na imagem 2. Isso se repete em outros blocos, como o da imagem 3. . As imagens 4 e 5 mostram o tratamento da área pública entre o primeiro e o segundo prédios, em que há um jardim com playground, provavelmente construído pelo restaurante que também ocupa a área da marquise do prédio em toda a esquina do fundo do bloco para atender seus clientes. Como a proteção da marquise nem sempre é suficiente para garantir o conforto dos clientes, muitos restaurantes optam por instalar toldos para estender essa área coberta.
CLN 101/102 1
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3
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4
7
. O Bl. C (fig 6) possui a fachada marcada por uma estrutura metálica regular, com vedação de vidro e placas pré-moldadas marrom sem varandas. O subsolo desse bloco é inteiramente ocupado pela Casa das Artes, loja de materiais para artes e ateliers, que se configura como importante atrativo para o público de artesãos, artistas plásticos, arquitetos, desenhistas, etc.
8
. A imagem 7 mostra os dois outros prédios da quadra, que possuem a mesma volumetria marcada por uma espécie de “moldura chanfrada” em concreto armado, com alguns elementos verticais que marcam o ritmo da fachada e pilares de sustentação do pavimento superior apenas nos vértices. . Por fim, a imagem 8 foi tirada da calçada em frente à fachada comercial voltada para a área residencial. Um amplo passeio arborizado dá acesso aos blocos comerciais e residenciais da quadra com conezões esporádicas até os pavilhões comerciais.
101/102 1
2
5
6
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7
3
Serviços úteis Saúde Gastronomia Estética e Beleza Escritórios e consultorias Educação Diversão e Cultura Casa e decoração
COMÉRCIO LOCAL DE BRASÍLIA . Asa Norte
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0
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Esse Comercio Local é composto por 8 blocos comerciais, sendo 4 de cada lado da rua. A predominância nessa quadra é mais uma vez do comercio de Estética e Beleza seguido por Gastronomia. . Um fato interessante nessa quadra é que os 4 blocos da CLN 104 se alternam entre 2 modelos de prédios. O primeiro e o terceiro possuem a volumetria como a do prédio da imagem 1, com intrigantes “meio-pilares flutuantes” na fachada; enquanto o segundo e quarto prédios seguem a volumetria das imagens 3 e 4. . As imagens 1 e 2 são respectivamente as vistas da rua e da área residencial do mesmo lado da quadra. É evidente a diferença de tratamento do entorno, sendo a primeira um tanto quanto seca e urbana, enquanto a segunda é bastante bucólica e agradável. . As imagens 3 e 4 são dos blocos similares da CLN 104, em que um passou por uma reforma da fachada, apresentando agora uma cor uniforme com grafiato texturizado e novas esquadrias, enquanto o outro preserva sua fachada aparentemente original com diferentes cores e materiais.
CLN 103/104 1
2
3
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5
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7
8
. Mais uma vez aparece entre os prédios comerciais o quiosque metálico, agora com serviço de chaveiro (fig 5). . A figura 6 mostra outra volumetria presente na quadra, agora na CLN 103, em que o próprio prédio indica em sua fachada o endereço do bloco, detalhe interessante em termos de localização espacial, uma vez que a mesma organização dos pavilhões se repete em praticamente todos os comércios locais norte. . Mais uma vez o uso da área de passagem das marquises é apropriada pelo comercio de restaurantes e bares (fig 7 e 8), com fechamento parcial ou quase total de toldos de lona. Essa estrutura permanece bloqueando a passagem dos pedestres mesmo quando o comercio está fechado.
103/104 Vestuário Serviços úteis Saúde Mercados Gastronomia Estética e Beleza Esporte Educação Diversão e Cultura Casa e decoração
2
6
1 1
9
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2
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COMÉRCIO LOCAL DE BRASÍLIA . Asa Norte
. 61
A primeira observação sobre esse Comercio Local é a respeito do lote ainda vazio na 105 que está sendo usado de estacionamento pelos frequentadores dos comércios da quadra (fig 1). Por conta desse espaço não construído, não existe calçada construída na frente da rua, apenas na fachada voltada para o interior da quadra. O comercio é bastante variado, com um pequeno destaque para os Serviços Úteis, nesse caso de Agropecuária e Pet Shop, e Gastronomia. . Outra área de estacionamento criada na quadra se localiza ao lado do primeiro bloco da 106, um lugar bastante estratégico, por se estar próximo ao mercado da quadra, o Big Box, que ocupa todo o andar térreo desse prédio, enquanto a academia Status ocupa os andares superiores (fig 2). . Os pilares do prédio seguinte (fig 3) chamam atenção por conta de sua espessura e forma intrigantes, que parecem suportar um peso grande em relação a sua proporção. O predio também possui todo o pavimento superior coberto por brise-solei.
CLN 105/106 1
2
5
3
6
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7
. Na imagem 4 é possível ver uma farmácia e o restaurante Giraffas em um prédio de volumetria simples em que apenas pequenas varandas com suas coberturas se projetam na fachada frontal. O espaço interno desse restaurate é grande, ocupando metade do pavimento terreo do bloco, sendo bastante confortável para os clientes, além de não ocupar em nenhum momento a área pública lindeira. . Esse Comercio Local apresenta edifícios com diversas volumetrias e cores bastante diferentes um do outro, como é possível ver mais um exemplo na imagem 5.
8
. Nessa quadra, também existem blocos compostos apenas por subsolo, térreo e primeiro pavimento, ou seja, sem sobreloja, como é o exemplo das imagens 6 e 7. Além disso, o prédio da imagem 7 lembra bastante a volumetria dos prédios das fotos 3 e 4 do CLN 103/104, porem com um andar a menos.
105/106
2
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Vestuário Serviços úteis Saúde Mercados Gastronomia Estética e Beleza Esporte Escritórios e consultorias Educação Diversão e Cultura Casa e decoração
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COMÉRCIO LOCAL DE BRASÍLIA . Asa Norte
4
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2 2
. A imagem 8, por fim, mostra como é feito o acesso do interior da quadra residencial para os blocos comerciais, uma área marcada pelo passeio arborizado e várias escadarias transversais para vencer a topografia do local.
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2 1
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4 4
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O comercio dessa quadra é variado, com muita oferta na área de Estética e Beleza, Gastronomia, Vestuario e Diversão e Cultura, ao mesmo tempo que possui pouca oferta das demais categorias, como mostra o gráfico abaixo.
. O primeiro destaque arquitetônico desse Comercio Local são os Blocos B e C da CLN 107 (fig 1 e 2), conhecidos como Gemini Center. Também construídos por Elvin Mackay Dubugras e George Mackay Dubugras entre 1985 e 1987 são, assim como os exemplares da CLN 309, um exemplo da arquitetura pós-moderna da década de 1980. Sua volumetria é marcada por texturas com quebra-sóis verticais, revestimento cerâmico e algo como capitel nos pilares. Houve uma especial atenção com o paisagismo da rua e dos espaços que circundam os prédios, além da preocupação em relacionar os blocos entre si. Dessa forma, foi criada uma pracinha entre os dois blocos com mesas e bancos, jardins e até uma escultura de Mario Cravo (fig 3), que qualifica o espaço público de dessa área comercial e residencial, como descreve Rossetti (2012). . Na imagem 2 é possível ver a ampla calçada de mais de 5 metros de largura entre os edifícios e a rua, cena que só se repete na CLN 316. E na imagem 4, o tratamento do entorno do prédio na fachada posterior, de frente para a área residencial, com um pequeno jardim escalonado.
CLN 107/108 1
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5
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8
. No térreo do Bl. D também da CLN 107 fica o Beirute (fig 5), tradicional restaurante de comida árabe inicialmente localizado na Asa Sul, que ganhou uma filial também na Asa Norte, sendo um grande polo atrativo para a quadra. . Do outro lado da rua, um prédio com a fachada marcada pelo ritmo regular da esquadria metálica e vidro (fig 6) abriga um bar na esquina que também faz o uso da área da marquise do predio para acomodar os clientes, assim como o Beirute. . Os dois predios comerciais da CLN 108 que em frente ao Gimini Center também são similares entre si, mudando apenas as cores da pintura, como aparece na imagem 7. Ambos estão muito bem conservados externamente e abrigam lojas grandes como a loja de calçados Ávida (fig 8).
107/108 Vestuário
13
Serviços úteis
4
Saúde
2
Gastronomia
13
Estética e Beleza
15
Escritórios e consultorias
87
6
2
1
Educação
4
Diversão e Cultura Casa e decoração
2 0
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4
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1
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10 12
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3
4 COMÉRCIO LOCAL DE BRASÍLIA . Asa Norte
. 63
Conhecida como “Quadra dos Restaurantes”, esse Comercio Local possui cerca de 20 opções de restaurantes, lanchonetes, cafés e bares das mais variadas nacionalidades e gostos. . No Bl. A da CLN 110 (fig 1) encontra-se o bloco projetado em 1989 por Regina e Sérgio Fittipaldi. Um prédio que representa a difusão da estrutura metálica pelos arquitetos brasileiros da década de 1980, com clara separação entre os elementos de vedação e estruturais, ao mesmo tempo em que há uma supervalorização do efeito visual do contraventamento da estrutura metálica tanto em relação à forma quanto ao novo efeito atribuído à fachada, como observa Rossetti (2012). Esse bloco comercial abriga o China in Box e o Marvin, importantes pontos de atração da quadra. . A figura 2 mostra o detalhe do tratamento quase mínimo do espaço entre os dois prédios, que abrem vista para um grande Flamboyant ao fundo, enquanto o prédio da imagem 3 é mais uma vez o modelo da Shopping OK que já se repetiu algumas vezes.
CLN 109/110 1
2
3
4
. A imagem 4 mostra a vista a partir da área de marquise que abriga o restaurante de comida mexicano El Paso Texas, espaço que também é ocupado por mesas no horario de funcionamento. . Um dos espaços entre os prédios CLN 109 é muito disputado por mesas e cadeiras do bar Hookah e do restaurante Koni, que espalham seus clientes por toda a área livre disponível principalmente nas noites dos finais de semana (fig 5).
5
6
7
8
. O restaurante Crepe au Chocolat (fig 6) ocupa além da área térrea de metade do bloco, apenas uma faixa do jardim lateral, pois uma grande estrutura de rampas e escadas de acesso ao subsolo do prédio ao lado ocupa parte dessa área entre os dois edifícios (fig 7). Nesse subsolo funciona uma loja de self-storage aonde é possível guardar inúmeros objetos pessoais até de grande porte.
109/110 Vestuário
9
Serviços úteis
4
2
1
4
Saúde
2
Mercados
1
Gastronomia
20
Estética e Beleza
11
Esporte
5
6
3
8 64 .
3
Escritórios e consultorias
7
COMÉRCIO LOCAL DE BRASÍLIA . Asa Norte
. A fachada dos blocos voltada para a quadra residencial, entretanto, não recebeu muita atenção nessa quadra. Em muitos casos não é possível acessar os prédios por essa fachada, como se vê na imagem 8.
2
Educação
3
Diversão e Cultura
5
Casa e decoração
1 0
5
10
15
20
25
. Vale ressaltar que restaurante é uma das principais fontes de lazer do brasiliense, e com tanta oferta no mesmo local, o movimento de carros se torna intenso, e é inevitável que os moradores das quadras residenciais próximas sofram com o constante fluxo de carros dos clientes que só encontram essa alternativa, uma vez que a oferta de vaga da área comercial nunca é suficiente para a demanda.
O comercio de Vestuario prevalece em número sobre todos as outras categorias classificadas nesse trabalho, com 26 lojas, como mostra o gráfico abaixo. . Nessa quadra, o Bl. D da CLN 112 (fig 1) possui um bolsão de estacionamento ao lado, que ajuda a suprir a demanda por vagas do comercio. . O prédio da imagem 2 possui uma volumetria simples, composta por placas de concreto pré-moldado de forma contínua em cima e embaixo das varandas do pavimento superior, com uma faixa de esquadria metálica e vidro recuada da fachada vedando os apartamentos. Esse mesmo bloco possui um mercado que funciona no subsolo e possui entrada de clientes voltada para a via W1. . As imagens 3 e 4 são do mesmo prédio, em que é possível observar como se organizam todos os pavimentos do bloco. A imagem 4 mostra o jardim criado no subsolo que ajuda na ventilação e iluminação dessa galeria de lojas.
CLN 111/112 1
2
3
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5
6
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8
. O prédio da imagem 5 possui uma estrutura em que os “pilares” dos cantos são cortados e não tocam o chão, conferindo uma volumetria interessante para o prédio. . O prédio da imagem 6 possui a fachada marcada por 5 robustos pilares quadrados que se conectam com a faixa superior de coroamento do bloco. Essa mesma volumetria reaparece na quadra segunte exatamente na mesma posição, mudando apenas a cor do revestivento externo. . A volumetria do prédio da imagem 7 já apareceu anteriormente na CLN 314/315. As varandas dos apartamentos do último pavimento são todas abertas para a rua ou para o interior da quadra residencial, sendo as fachadas laterais formadas por grandes paredões brancos. Nessa quadra ele abriga o curso de idiomas Brasas. . Por fim, a imagem 8 mostra o detalhe interno da circulação vertical de um dos blocos comerciais da quadra. A foto foi tirada do térreo, e é possível identificar a escada de acesso à galeria de lojas no subsolo e a escada de acesso às sobrelojas e apartamentos do último andar.
111/112 Vestuário Serviços úteis Saúde Mercados Gastronomia Estética e Beleza Esporte Escritórios e consultorias Educação Diversão e Cultura Casa e decoração
26 8 6 2
8
1
6 13
3 4
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2 12 9
2
7 3 0
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15
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25
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7
30
COMÉRCIO LOCAL DE BRASÍLIA . Asa Norte
. 65
Nessa CLN prevalece mais uma vez comércios relacionados a Estética e Beleza, seguido por Vestuário e Serviços Úteis. . As quatro primeiras imagens mostram diferentes volumetrias presentes nessa rua, que diferem bastante um dos outros em termos de volumetria e cores. . O prédio da imagem 1 possui um grande pórtico frontal e colunas circulares nos cantos, sobre os quais o volume das varandas do pavimento superior se projetam da fachada em cada vértice do prédio. . O prédio da imagem 2 já possui a fachada marcada pelo ritmo das varandas, que são separadas umas das outras por elementos verticais de concreto, que se alonga formando o pilar do prédio em cada extremidade do conjunto de varandas, enquanto duas faixas brancas configuram o guarda-corpo e a esquadria metálica com vidro faz a vedação das unidades.
CLN 113/114 1
2
3
4
. A grande maioria dos blocos comerciais da Asa Norte são elevados em relação ao nível da calçada. Essa elevação não costuma passar muito da média de 1 metro de altura, entretanto, o prédio da imagem 5 foi construído com todo o subsolo no nível da calçada, o que gerou uma escada enorme de acesso ao nível das lojas e possibilitou uma galeria vazada com entrada pelas laterais do prédio no nível da rua (fig 6). Essa configuração do subsolo facilita o acesso do pedestre pela calçada externa ao prédio.
5
6
7
8
. O lixo produzido pelas lojas é jogado em containers que se alinham ao longo da via entre os prédios, a grande maioria deles com o nome e endereço da loja a que pertence. É comum esses containers serem colocados próximo ao semáforo no centro do Comercio Local ou nas suas extremidades, muitas vezes ocupando algumas das poucas vagas de carro disponiveis para os consumidores e moradores do local (fig 7).
113/114 Vestuário 10
Saúde
4
Mercados
4
1
Gastronomia
9
Estética e Beleza 3
Escritórios e consultorias
6 5
66 .
22
Esporte
7 1
2
3
8
COMÉRCIO LOCAL DE BRASÍLIA . Asa Norte
. A imagem 8, por fim, mostra o tratamento da fachada posterior de um dos prédios comerciais, em que não há conexão com o entorno nem por meio de calçadas, nem mesmo escadas para subir o desnível do térreo, sendo necessário dar a volta no prédio, para acessar pela lateral ou pela frente.
14
Serviços úteis
6
Educação
3
Diversão e Cultura
7
Casa e decoração
6 0
5
10
15
20
25
A quadra 116 da Asa Norte é a única superquadra de Brasília que possui 2 comércios locais, um no espelho da 115 e outro individual de frente para o Setor Hospitalar Norte, como foi citado anteriormente. O predomínio do comercio nessa quadra é o Gastronômico, e logo depois o de Estética e Beleza e Vestuário. . A primeira imagem mostra a fachada posterior do Bl. D, voltada para a residencial, que possui as lojas do subsolo abertas no nível da calçada, com fácil acesso pelos usuários. Ao comparar com o Bl. A da mesma quadra, percebe-se que o tratamento da fachada é bastante diferente (fig 5), em que o prédio não possui acesso nem mesmo para o térreo pela parte de trás. . A figura 2 mostra um dos blocos desse comercio que possui o mesmo tratamento de fachada já visto em outras quadras, como a CLN 101/102 e 107/108. . O mesmo acontece com o prédio da imagem 3, em que a volumetria de pórtico e pilares circulares é recorrente em outros comércios locais.
CLN 115/116 1
2
3
4
5
6
7
8
. O bloco comercial da imagem 4 já possui volumetria mais simples que o anterior, mas apresenta um robusto pilar hexagonal em cada canto e a fachada marcada por uma geometria losangular em cima de cada pilar intermediário. . Os bares e restaurantes mais uma vez usam o espaço das calçadas e jardins entre os prédios para acomodar seus clientes, por falta de espaço no interior da loja para tal. . A imagem 6 mostra uma situação comum em relação aos caminhos dos pedestres, que podem escolher entre transitar pela calçada no nível da rua ou subir alguns degraus para caminhas em frente às vitrinas das lojas. . Mais uma vez aparece o quiosque do chaveiro está presente na quadra, que no caso desse Comercio Local são dois, como mostram as imagens 4 e 8.
115/116 Vestuário Serviços úteis Saúde Mercados Gastronomia Estética e Beleza Esporte Escritórios e consultorias Educação Diversão e Cultura Casa e decoração
2
11
4 4
2
4
13
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2 6 4
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1
3
1
0
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8
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8 3
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COMÉRCIO LOCAL DE BRASÍLIA . Asa Norte
. 67
QUADRAS 200
Comércio Local formado por uma sequência de 4 blocos comerciais de cada lado da via. Acesso viário pela Tesourinha, Eixo Residencial L (Eixinho L) e Via L1. Não há construções nas extremidades do Comércio Local.
O comercio dessa quadra é dominado pela Gastronomia, contando com grandes restaurantes como o Barão, Burger King, Don’ Durica, Tempero Mineiro e o Balaio Café. . Existem volumetrias bastante variadas entre os blocos comerciais dessa quadra, como por exemplo os prédios das imagens 1, 2, 3 e 5. O prédio da imagem 1 possui uma aparência pesada por conta de sua estrutura robusta de concreto armado, enquanto os prédios das imagens 2 e 4 parecem pairar sobre a caixa de vidro do térreo. . O prédio da imagem 4 possui a fachada do pavimento superior marcada por uma sequência de octógonos que formam as aberturas das varandas, e o andar térreo todo fechado em vidro e esquadria metálica sem abertura de vitrinas, pois nesse bloco funciona o Ceres (Fundação de Seguridade Social). . O prédio da imagem 3 possui uma volumetria que já apareceu em outros comércios locais Norte, porem a novidade aqui é a cobertura em bamboo curvado em sua lateral. O espaço pertence à cafeteria e bar Café Brasil e é sem dúvida um dos espaços mais interessantes da quadra.
CLN 201/202 1
2
3
4
. Mais uma agencia do Banco do Brasil se localiza nessa quadra, e ocupa todo o Bl. D da CLN 201. Além de possuir um paisagismo da área ajardinada circundante, esse prédio também conta com uma faixa de estacionamentos extra na parte de trás.
5
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7
. Além da cobertura do Café Brasil, outra bastante curiosa foi construída na lateral de um dos blocos (fig 6) e dá acesso ao subsolo do mesmo. É uma estrutura de metal e vidro em um estilo aparentemente contemporâneo.
8
. Nas imagens 7 e 8 aparecem dois exemplos de coberturas que foram estendidas ao espaço público, os chamados “puxadinhos”, sendo o do restaurante Barão feito de forma bastante definitiva e planejada proporcionando um ambiente bastante confortável para seus clientes, enquanto o exemplo da imagem 8 é do tipo mais comum nesses blocos, com a tenda de lona estendida sobre a calçada.
201/202 3
8
2 1
4
6
7
5
Vestuário Serviços úteis Saúde Gastronomia Estética e Beleza Esporte Escritórios e consultorias Educação Diversão e Cultura Casa e decoração
2
COMÉRCIO LOCAL DE BRASÍLIA . Asa Norte
12
3
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1
2
5 5
2 0
70 .
4
1
4
6
8
10
12
14
A CLN 203/204 não é um comercio equilibrado entre as categorias aqui determinadas, em que há muitas lojas relacionadas Gastronomia, Estética e Beleza e Diversão e Cultura, mas muito poucas dos outros ramos, como mostra o gráfico. . Apesar de ser minoria na quadra, o comercio de artigos para festa da loja Parabéns no Bl. B da 204 é bastante expressivo na quadra (fig 5). . Outras duas lojas que ajudam a movimentar esse Comercio Local são a academia Vasco Neto e a pizzaria Molho de Tomate (fig 8). A pizzaria possui maior movimento no período noturo, uma vez que fecha de madrugada. . O comercio noturno da quadra fica por conta do Carcassonne Pub e Burger, além do Molho de Tomate, destino tradicional da madrugada com fatia de pizza a 1,50. . As imagens de 1 a 5 exemplificam diferentes volumetrias, cores e materiais presentes nos blocos comercias dessa quadra, em que o prédio da escola de inglês Wizard (fig 4) é quase inteiramente revestido por brise-solei cinza, conferindo um ar pesado ao edifício. Toda a fachada frontal do térreo desse prédio é ocupada até o guarda-corpo por produtos da loja de presentes. . Os prédios das imagens 5 e 6 possuem a mesma volumetria externa, alterando apenas a cor. Entretanto, o tratamento do entorno do prédio apresenta uma maior diferença, em que o da imagem 5 estendeu a construção de sua escada de acesso até mais da metade da área entre os prédios enquanto o da imagem 6 mal interfere nessa área livre. . Que os bares e restaurantes ocupam a área da marquise dos blocos comerciais não é novidade, mas além disso, quando os comércios vizinhos fecham, eles garantem ainda mais espaço para suas mesas se espalhando em frente as portas das outras lojas em horário alternativos, como domingos e no período da noite, horários de maior movimento desse tipo de comercio, como mostra a imagem 7.
CLN 203/204 1
2
3
4
5
6
7
8
203/204 Vestuário Serviços úteis Saúde Gastronomia Estética e Beleza Esporte Escritórios e consultorias Educação Diversão e Cultura Casa e decoração
4 4 4
12 12
1 1 1
2
4
4
11
4 0
7 6
6
8
10
12
5
8
3
2 1
14
COMÉRCIO LOCAL DE BRASÍLIA . Asa Norte
. 71
CLN 205/206 1
2
3
A configuração dessa CLN é completamente diferente de qualquer outra de Brasília. Ao invés de pavilhões quadrados, ela se configura como uma estrutura palaciana que se estende por ambos os lados do acesso viário. Isso foi, segundo os planejadores, uma tentativa consciente de “voltar aos princípios do Plano Piloto” e “devolver” o comercio para o lado que da frente para a superquadra, retirando assim, toda a atividade comercial da rua.
Conhecida popularmente como “Babilônia”, a CLN 205/206 foi idealizada realmente como um Palácio de Consumo, como descreve Holston (1993): “um ziggurat qua shopping center, ele tem até três andares de janelas em arco (fig 2), terraços no telhado (fig 6), rampas em tesoura, corredores labirínticos, uma miríade de lojas internas e áreas de recreio para as crianças da nova elite de Brasília”.
Para não deixar dúvidas da eliminação da rua tradicional, as lojas foram internalizadas no edifício, as fachadas que dão para a pista são nada mais que muros altos e brancos, os quais sustentam a arcada das janelas dos corredores internos (fig 3 e 4).
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COMERCIO LOCAL LOCAL DE DE BRASÍLIA BRASÍLIA .. Asa Asa Norte Norte COMÉRCIO
. O estacionamento ao longo da via foi transferido para bolsões na parte lateral da estrutura no início e final da via (fig 2).
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Fonte: http://sites.correioweb.com.br
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. A calçada foi substituída por um minigramado paisagístico, não havendo mais lugar seguro para o passeio do pedestre em meio às alas dos prédios e a pista (fig 1). Entretanto, pensando no pedestre e na conexão entre os dois edifícios separados pelo acesso viário, foi criada uma passagem subterrânea no centro da estrutura, que liga um lado ao outro do Comercio Local (fig 7 e 8) passando por debaixo do semáforo. . Poucos comércios sobreviveram nessa quadra por conta, talvez, da ausência de visibilidade do que poderia haver no interior desses corredores fechados. Entretanto, os comércios mais tradicionais da quadra são os comércios de Pet Shop, como o Armazém Rural e Agrobrasília, por exemplo; e equipamentos de Cultura como o Tupiniquimusical, o Espaço Art e o Espaço Cena. Uma grande academia de Crossfit também abriu recentemente e o restaurante Varandão é a única loja de alimentos instalada nos prédios da quadra.
. Esse é também o único local em que rampas dão acesso às lojas dos andares superiores, como é possível ver na imagem 5. Isso facilita a acessibilidade de pessoas com dificuldade de locomoção e cadeirantes, por exemplo. . A imagem 9 mostra a fachada de arcadas voltada para a área residencial. Entretanto, é possível observar que o mesmo tratamento dado às fachadas frontais é também repetido nas posteriores, não havendo fachadas de lojas ou se quer acesso à essas lojas voltadas para esse lado.
. Outro comercio alimentício, no entanto resiste nesse endereço, porém não nos prédios do Comercio Local. O Macarrão na Rua é uma comida de rua instalada em um pequeno trailer no estacionamento próximo ao Bl. D da CLN 206 que já se faz presente há 12 anos nesse local e une gastronomia e música. É inclusive o único comercio noturno da quadra, aberto diariamente das 18h às 23h30 (fig 10).
10
. O número de lojas dessa quadra é de aproximadamente 18, enquanto numa quadra tradicional da Asa Norte esse número sobe para em torno de 55 pontos de comercio. Isso leva a questionar se o projeto de mais uma vez tentar negar a rua tradicional foi bem sucedido.
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205/206 Serviços úteis
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Gastronomia
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Esporte
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Fonte: http://brasilia.deboa.com/
COMERCIO LOCAL LOCAL DE DE BRASÍLIA BRASÍLIA .. Asa Asa Norte Norte COMÉRCIO
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Conhecida como a “Quadra dos Computadores”, esse Comercio Local possui quase que exclusivamente sua atividade comercial voltada para esse fim, como é mostrado no gráfico, classificado como Serviços Úteis. . São mostradas nas fotos ao lado alguns exemplos arquitetônicos presentes na quadra, alguns inclusive recorrentes, como os das imagens 3, 5 e 7. . O prédio na imagem 1 possui um ritmo de formas e materiais até então não visto antes, com uma espécie de pórtico duplo de pastilha cerâmica amarela repetida de forma intercalada com frações de cornijas de cor marrom no topo das varandas. . A imagem 2 mostra uma situação que se repete algumas vezes nessa quadra, em que uma faixa de aproximadamente 50cm foi deixada entre o prédio e a rua para a passagem dos pedestres que não se dispõem a subir as escadas de acesso à marquise.
CLN 207/208 1
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. Um dos prédios dessa quadra possui em frente à entrada de suas lojas que dão frente para a rua alguns bancos de concreto construídos na passagem coberta, como mostra a imagem 4. Isso pode trazer grande comodidade aos clientes que precisam esperar por atendimento ou por algum serviço dessas lojas. . Esse Comercio Local se localiza em uma das superquadras ainda não construídas, sendo de posse da Universidade de Brasília. Por esse motivo e pela falta de vagas de estacionamento já conhecida no Plano Piloto, parte da área vaga atrás dos prédios comerciais da CLN 207 foi invadida por carros que se dispõem a passar por cima do meio fio e da ciclovia recém construída para estacionar no terreno barroso próximo às lojas (fig 6).
8
. O prédio de volumetria já conhecida da Shopping OK (fig 7) abriga um dos poucos restaurantes da quadra, a creperia Chez Michou, que faz uso de parte do jardim externo para acomodar seus clientes ao ar livre.
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COMÉRCIO LOCAL DE BRASÍLIA . Asa Norte
Vestuário Serviços úteis Mercados Gastronomia Estética e Beleza Esporte Escritórios e consultorias Educação Diversão e Cultura Casa e decoração
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Mais uma quadra muito importante para o comercio gastronômico da cidade, a CLN 209/210 possui cerca de 15 estabelecimentos ligados ao ramo, além de um mercado. . Como é possível imaginar, junto com os restaurantes, bares e cafés, também vem os conhecidos “puxadinhos” e a escassez de vagas, e nessa quadra não é diferente. . É possível ver diferentes formas e intensidades de apropriação do espaço púbico nesse Comercio Local, como nas imagens de 1 a 4, por exemplo. Encontra-se nessa quadra desde toldos simples, estendidos sobre as mesas do jardim (fig 1), passando por ambientes semiabertos, como é o caso do Fran’s Café (fig 2), na esquina do Bl. D da CLN 209, até a privatização quase completa, como fez o bar e restaurante Fausto e Manuel (fig 3 e 4). . O prédio aonde se encontra o Fran’s Café possui, do outro lado da rua, logo em frente, um edificio correspondente, de mesma volumetria e cor.
CLN 209/210 1
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. A figura 5 mostra o jardim entre o bloco em que se localiza a lanchonete Subway à direita e o bloco em que funciona o mercado Oba à esquerda, que é usado por clientes da lanchonete, porém sem nenhum tipo de estrutura que ocupe a área pública. . Dois dos edifícios da quadra possuem a estrutura marcada por arcadas tanto no andar térreo como no superior, como exemplificam as imagens 6 e 7, e estão dispostos também frente a frente. . Dois outros pontos são interessantes observar sobre esse Comercio Local. O primeiro é que a grande maioria dos blocos comerciais dessa quadra não possuem elevação em relação ao nível da rua, o que facilita significativamente o deslocamento do pedestre pelas galerias de lojas; e a segunda observação é que essa foi a CLN mais movimentada da Asa Norte, fato surpreendente, considerando que as fotos foram tiradas em um domingo à tarde em que o movimento das quadras se limitava a alguns bares e restaurantes abertos nas esquinas dos prédios. Entretanto, como os poucos comercios que se encontravam abertos eram de grande alcance, como os mercados, isso se refletiu no movimento da quadra.
209/210 Vestuário Serviços úteis Saúde Mercados Gastronomia Estética e Beleza Esporte Escritórios e consultorias Educação Diversão e Cultura Casa e decoração
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COMÉRCIO LOCAL DE BRASÍLIA . Asa Norte
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A prevalência comercial nessa CLN é em primeiro lugar de artigos relacionados a Casa e Decoração, principalmente com lojas de decoração e molduras, seguido por Estética e Beleza e Escritórios e Consultorias, abrigando inclusive, dois escritórios de Arquitetura e Engenharia. . Os Blocos D dos dois lados da rua possuem um bolsão de estacionamento ao lado do prédio, o que ajuda a suprir a demanda por vagas para o comercio (fig 1 e 2). . O prédio da imagem 1 possui a fachada no nível dos apartamentos no andar superior marcada por retângulos com os vértices chanfrados, os quais fazem a proteção das varandas. . Uma agencia da Caixa Econômica Federal funciona no Bl. D da CLN 211, ocupando todo o térreo e sobreloja do edifício (fig 2). O prédio possui volumetria simples, sendo um volume prismático maior, apenas com os recuos das varandas, posa sobre um volume prismático menor, sendo sustentado por quatro pilares laterais de cada lado.
CLN 211/212 1
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. A figura 3 mostra mais uma variação arquitetônica possível para os prédios comerciais da Asa Norte, em que pilares/pórticos fazem a sustentação do balanço do pavimento superior, enquanto compõem a fachada.
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. O prédio da imagem 4 possui uma volumetria simples, sem varandas, com uma faixa de janelas contínua na fachada. É interessante notar a transição suave da calçada para o passeio coberto do prédio, com apenas 2 degraus e uma rampa suave.
8
. Muitas vezes nos deparamos com estruturas enormes de rampas de acesso ao sobsolo ou térreo entre os prédios. Alguns exemplos são os das imagens 5, 6 e 7 em que essas estruturas bloqueiam parcial ou completamente a passagem de pedestre pelo local, mas por outro lado, garantem o acesso de cadeiras de rodas e carrinhos de bebê, por exemplo, a outros pavimentos.
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Vestuário Serviços úteis Saúde Mercados Gastronomia Estética e Beleza Esporte Escritórios e consultorias Educação Diversão e Cultura Casa e decoração
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COMÉRCIO LOCAL DE BRASÍLIA . Asa Norte
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. A imagem 8, por fim, mostra a sensação de amplitude promovida pela ausência de pilares na fachada frontal do prédio da imagem 4, sensação que aumenta ainda mais devido ao pequeno desnível existente entre as calçadas do prédio e da rua.
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Nesse Comercio Local, mais uma vez a predominância é de lojas voltada para Estética e Beleza, Gastronomia e Diversão e Cultura. . Na CLN 214, 6 dos 8 prédios possuem praticamente a mesma volumetria, apresentando diferenças basicamente no tratamento de elementos do térreo e na cor do revestimento (fig 1, 2, 3 e 6. É interessante notar que praticamente o mesmo tratamento de janela que é dado para o pavimento superior é também usado na sobreloja. Isso chamou atenção, pois em geral a sobreloja passa uma sensação de estar “espremida” entre o pavimento superior e o térreo. . Os prédios das imagens 1 e 3, inclusive, abrigam restaurantes que instalaram toldos para proteção de seus clientes em boa parte do espaço do nível térreo desses prédios, bloqueando o livre transito de consumidores de outras lojas por esse espaço. . O prédio da imagem 4 já possui uma volumetria diferente das anteriores, em que a estrutura da cobertura das varandas “escorre” pela fachada formando os pilares de sustentação e o ritmo das faces do prédio. As sobrelojas desse prédio mais uma chamam atenção na caracterização dessa quadra, pois estas receberam tratamento de varanda, com guarda-corpo e grandes janelas de vidro. Esse bloco também possui parte do térreo bloqueado por coberturas de toldo, como é mostrado na imagem 5. . A cobertura da área de mesas da creperia C’est si Bon, em destaque na imagem 5 possui, no entanto, uma característica diferente das outras até então citadas. A cobertura superior é feita de material translucido, o que permite a entrada de luz nessa área, uma vez que as laterais se encontram fechadas.
CLN 213/214 1
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. A imagem 6 mostra um dos comércios mais importantes da quadra, a loja Dular, de artigos para casa e decoração. O edifício de volumetria simples e linhas retas não possui varandas nem pilares marcando o ritmo da fachada frontal. . Já as imagens 7 e 8 mostram mais uma vez o uso do espaço entre os pavilhões para a locação de rampas e escadas de acesso principalmente ao subsolo, que ocupam boa parte do espaço, deixando um pequeno caminho para a passagem de pedestre.
213/214 Vestuário Serviços úteis Saúde Gastronomia Estética e Beleza Esporte Escritórios e consultorias Educação Diversão e Cultura Casa e decoração
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COMÉRCIO LOCAL DE BRASÍLIA . Asa Norte
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CLN 215/216 1
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O tipo de comercio predominante nessa quadra é o de Estética e Beleza, vindo logo em seguida os de Gastronomia e Serviços Uteis. Se destaca também o número de distribuidoras de bebidas, sendo 3 logo nos primeiros blocos da quadra.
toldo oferece um ambiente agradável, também por conta do espaço livre sombreado por arvores logo em frente. O restaurante promove eventos em que seu público invade toda a área livre disponivel, de forma a aproveitar ao máximo o que a quadra lhes oferece.
grelha no chão. Ambas as situações são comuns nas construções dos prédios comerciais Norte.
. Na figura 1 é mostrado o ambiente externo do restaurante Na Ladeira, que se localiza no subsolo do Bl. D da CLN 216. O ambiente desse restaurante pareceu interessante pois a área que ele ocupa se estende um pouco além do perímetro do prédio, que protegido por um grande
. A imagem 2 mostra a fachada frontal do mesmo prédio, em que uma calçada de largura bastante razoável se estende continuamente até o prédio seguinte. Grades de ventilação do subsolo ladeiam a estrutura do piso do térreo ao invés de estarem dispostas em forma de
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COMERCIO LOCAL LOCAL DE DE BRASÍLIA BRASÍLIA .. Asa Asa Norte Norte COMÉRCIO
. A academia Vasco Neto, importante ponto de atração desse Comercio Local se localiza no subsolo do Bl. C da CLN 215, mostrado na imagem 3. Esse prédio possui estrutura metálica combinada com concreto armado em que seus pilares recortados e de espessura delicada são o ponto de destaque do edifício.
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. O prédio da imagem 4, que ocupa todo o espaço da calçada frontal com sua escada de acesso ao térreo, e a fachada marcada pelo ritmo dos pilares de concreto que se projetam da volumetria. Existe outro prédio ao lado com a mesma volumetria, apenas cor diferente. Outro ponto interessante é que as varandas desse prédio não possuem cobertura, e a face posterior possui o subsolo aberto para a calçada, como mostrado na imagem 5. . Outro exemplo da variação arquitetônica da quadra é o prédio da imagem 6, que possui um peso visual notável por conta do efeito criado pela espessura da base das varandas e talvez acentuado pela cor das pastilhas cerâmicas usadas no revestimento. Esse prédio possui conjuntos de pilares dispostos de dois a dois que fazem a sustentação do balanço do pavimento superior.
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. Os edifícios mostrados nas imagens 7 e 8 são também outros exemplos bastante diferentes encontrados na quadra, em que o prédio azul possui alguns blocos de elementos verticais e varandas projetadas da volumetria da fachada, enquanto o prédio amarelo é quase todo fechado por brises verticais da sobreloja ao pavimento superior. . O edifício comercial da imagem 8 possui alguns elementos intrigantes na composição de sua fachada e estrutura do térreo. Como é possível notar na imagem 9, esse prédio possui em todo seu perímetro uma cobertura de telha colonial que separa o térreo da sobreloja. Essa cobertura enclausurou quase que completamente, com a ajuda dos brises da fachada, o pavimento da sobreloja, de forma que os ambientes desse andar praticamente não recebem mais luz ou ventilação natural. Essa 215/216 Vestuário Serviços úteis Saúde Mercados Gastronomia Estética e Beleza Esporte Escritórios e consultorias Educação Diversão e Cultura Casa e decoração
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. A imagem 10 mostra ainda que a ocoupação das áreas públicas tomadas pelos “puxadinhos” muitas vezes permanece ocupada, com os toldos instalados mesmo quando o estabelecimento não está em horário de funcionamento. E por fim, a imagem 11 mostra parte do espaço interno da galeria subterrânea desse mesmo predio vista a partir do térreo. 10
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cobertura de telha colonial também favoreceu a ocupação do local por pombos, o que torna ainda mais insalubre a situação das sobrelojas. Esse prédio possui também uma sequência de escadas e rampas em seu acesso frontal que ocupou toda a área da calçada em frente à fileira de carros estacionado.
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COMERCIO LOCAL LOCAL DE DE BRASÍLIA BRASÍLIA .. Asa Asa Norte Norte COMÉRCIO
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QUADRAS 400
Comércio Local formado por uma sequência de 5 blocos comerciais de cada lado da via. Acesso viário pelas vias L1 e L2. Presença de um edifício comercial ou residencial com bolsão de estacionamento frontal próximo à via L2.
Nessa CLN predominam os comércios ligados à Estética e Beleza, Gastronomia, Serviços Uteis e Saúde. . O prédio da imagem 1 possui em uma de suas esquinas o restaurante Chaminé, que construiu na esquina do nível térreo uma cobertura em telha colonial para proteção de seus clientes. O prédio possui volumetria simples, se destacando na fachada apenas a volumetria criada pela junção dos pilares de sustentação com a cobertura das varandas. . Já o bloco comercial da imagem 2 possui as varandas e suas pequenas coberturas individuais “extrudadas” da fachada frontal. . A imagem 3 mostra outro exemplo arquitetônico dessa quadra, o qual pode ser comparado a referências similares em outros comércios locais. Também é possível ver a disposição dos containers de lixo das lojas, dispostos ao longo da via dividindo espaço com os carros que procuram por vaga de estacionamento.
CLN 402/403 1
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. O Bl. C mostrado na imagem 4 possui uma volumetria interessante formada por dois níveis de arcos que marcam as quatro fachadas do térreo e do pavimento superior.
4
. A quadra conta também com um mercado de frutas e verduras, O Tigrão, que ocupa parte do térreo do Bl. D da CLN 402. No mesmo bloco, o pavimento da sobreloja abriga uma loja de decoração para festas infantis, que começa no térreo, ao lado do mercado e se estende pelas sobrelojas frontais (fig 5).
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. A imagem 6 mostra dois comércios de esquina que usam a área pública para acomodar seus clientes, porem de duas formas diferentes. O bar da esquerda apenas espalha suas mesas e cadeiras pelo espaço da marquise de forma bastante despojada, enquanto o pequeno café da outra esquina configurou um ambiente mais recatado e protegido pela cobertura de lona e o jardim plantado em volta.
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. Mais um exemplo desse uso do espaço externo à loja é mostrado na imagem 7, em que o restaurante não só cobriu o espaço com a tenda, mas também se aproveitou da altura do nível térreo em relação à rua para fechar com grade o canto externo desse espaço. A grade serve para proteção dos frequentadores, mas também confere maior controle do restaurante sobre aquele espaço.
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. Por fim, a imagem 8 mostra o supermercado 24h Big Box que fecha a perspectiva da quadra e o bloco alaranjado ao lado que possui suas varandas distribuídas dentro de uma casca externa de concreto.
O tipo de comercio predominante nessa quadra é mais uma vez o de Estética e Beleza e Gastronomia, mas as lojas que se destacam em termos de tamanho e público são as lojas de materiais de construção e decoração, como a Só Reparos (fig 2) e a Vidralle (fig 3). . Alguns prédios comerciais dessa quadra não possuem sobreloja e/ou subsolo. 5 dos 10 blocos não possuem sobreloja e subsolo, contando apenas com térreo e primeiro pavimento; e 1 bloco não possui a sobreloja. Isso significa uma redução considerável na oferta de espaço de comercio dessa CLN em relação às demais. . O bloco comercial da imagem 3 parece ter sido bastante modificado ao longo do tempo, porém não de forma homogênea. Aparentemente cada loja fez sua reforma a seu gosto, o que resultou na falta de unidade visual do pavilhão. . Outro ponto interessante é o número de pavilhões com revestimento de tijolo aparente. São 4 dos 10 (fig 1, 2 e 7), sendo que apenas 1 foi pintado, escondendo os tijolos (fig 2).
CLN 404/405 1
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. As calçadas da rua e das marquises dos prédios são praticamente todas no mesmo nível, como mostra a imagem 5. Isso ajuda a criar uma sensação um pouco maior de rua tradicional nesse Comercio Local. . A imagem 3 mostra um dos poucos prédios da quadra que fogem um pouco do padrão volumétrico marcante desse Comercio Local. Possui diagonais marcantes na área das varandas do pavimento superior e é revestido por peças de granito cinza. . O prédio da imagem 6 é de concreto aparente, com estrutura clara e simples e grandes janelas em vidro. O subsolo desse prédio possui parte das grades de ventilação na parede da estrutura elevada do térreo. . Essa quadra possui também um supermercado ao final da rua, o Pão de Açúcar, que não é 24h, mas é um grande atrativo para as residências da região (fig 8). . Essa quadra está em um dos pontos de interrupção da via L1, aonde se localiza a Escola Canarinho.
404/405 Vestuário Serviços úteis Saúde Mercados Gastronomia Estética e Beleza Esporte Escritórios e consultorias Educação Diversão e Cultura Casa e decoração
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Esse Comercio Local possui uma boa variedade de tipos de comercio, porém, com um pequeno destaque para estabelecimentos ligados à Estética e Beleza, Serviços Uteis, e Gastronomia. . Talvez pela proximidade com a Universidade de Brasília e com a superquadra de posse da universidade (mesmo que ainda vazia), esse Comercio Local possui algumas lojas voltadas para esse público, como a Editora UnB (fig 2), um Centro de Pesquisa da UnB (CPAB), o Núcleo de Estudos da UnB (NESP), gráficas, sebos (fig 6), e livrarias, abrigando inclusive o Conselho Regional de Biblioteconomia. . A variedade arquitetônica dos blocos comerciais dessa quadra é grande, entretanto, muitos deles repetidos em relação à outras CLNs, como é o caso dos prédios das imagens 2, 3, 4 e 6.
CLN 406/407 1
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. O prédio da imagem 4, possui elementos volumetricos já descritos anteriormente, mas aqui dá para notar que ele também é da Shopping OK Planalto, porém dessa vez com elementos totalmente diferentes dos demais, por exemplo o da CLN 302/303. Essa imagem também mostra os containers de lixo dispostos ao longo da via, sem um lugar próprio para eles.
4
. Os blocos das imagens 1 e 5 são outros dois exemplos de configuração encontrados nessa rua, em que um possui varandas e outro não. A volumetria externa de ambos é parecida, mas variando essencialmente no tratamento do pavimento superior.
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. O edifício da imagem 6 se destaca pela forma de seus pilares de concreto que afinam a partir de um ponto e tocam o chão com uma espessura muito menor que a inicial. A entrada do hall de acesso aos demais pavimentos é feita pela fachada frontal, demarcado com o nome do predio, Plaza 406, em uma espécie de portal. . No final da rua, coroando o Comercio Local, o Ed. Salim Bittar oferece ainda mais área de comercio e escritórios para a quadra. O prédio de 2 andares e subsolo possui volumetria horizontal que abriga uma longa galeria de lojas também protegidas pela marquise do andar superior. Esse é o único prédio do comercio que conta com garagem subterrânea.
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Vestuário Serviços úteis Saúde Mercados Gastronomia Estética e Beleza Esporte Escritórios e consultorias Educação Diversão e Cultura Casa e decoração
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COMÉRCIO LOCAL DE BRASÍLIA . Asa Norte
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Também conhecida como “Quadra do Pôr-do-Sol”, essa CLN possui um grande número de lojas ligadas à Gastronomia, Diversão e Cultura e Serviços Uteis. É conhecida assim por conta do Bar Pôr-do-Sol que se localiza no Bl. C da CLN 408 que ficou muito popular entre os alunos da UnB por conta da proximidade com a Universidade. . A quadra é muito movimentada principalmente no período da noite e próximo do final de semana, em que uma série de bares e restaurantes atraem o público jovem da cidade. No mesmo prédio (CLN 408 Bl. C) se localizam por exemplo o Bar Pôr-do-Sol e o Meu Bar, a pizzaria Alfredo’s e o bar Borogodó (fig 5) enquanto no prédio da frente, voltado para o mesmo espaço público está o Bar Vale da Lua e o bar Raízes, no Bl. D. Esses são apenas alguns exemplos dos aproximadamente 15 bares e pubs presentes nesse Comercio Local. . O prédio de maior destaque arquitetônico da quadra é o bloco aonde funcionou o Mútua de Assistência dos Profissionais de Engenharia, Arquitetura e Agronomia. O prédio parece estar desativado, mas o endereço do website ainda consta esse local.
CLN 408/409 1
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. O prédio da imagem 2 tem a fachada marcada por uma alternância de varandas e pilares cilíndricos, como se os pilares se afundassem no prédio entre uma varanda e outra. . Outro comercio muito frequentado na quadra é a pizzaria Molho de Tomate, popular por conta do preço atrativo de suas fatias de pizza (fig 3). . O prédio da imagem 4, chamado de Coplasa Mall possui um ritmo de pórticos de larguras diferentes em sua fachada que aparentemente também determinam o tamanho dos imóveis do pavimento superior. O prédio possui grandes janelas de vidro nas sobrelojas e pouco desnível em relação à rua. . O prédio da imagem 6 possui o mesmo tipo de pilar descrito na imagem 7 da CLN 406/407. Nesse caso, o Plaza 409 possui a entrada de seu subsolo bem visível, no lugar de uma das lojas da fachada, e com a identificação do endereço. . A imagem 7 mostra um exemplo de acesso à galeria de lojas do subsolo do Bl. A da CLN 408. É uma grande estrutura de rampa que leva a um amplo espaço no andar inferior que conta até com jardim. As colunas desse prédio também chamam atenção por conta dos detalhes de base e capitel. . No fim da quadra se encontra mais um supermercado Big Box, que funciona de 7h às 22h.
408/409 Vestuário Serviços úteis Saúde Gastronomia Estética e Beleza Esporte Escritórios e consultorias Educação Diversão e Cultura Casa e decoração
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COMÉRCIO LOCAL DE BRASÍLIA . Asa Norte
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O comercio dessa quadra é predominantemente de Estética e Beleza, mas Casa e Decoração e Serviços Uteis também possuem grande representatividade. . As imagens de 1 a 7 mostram diferentes variações dos prédios encontrados nesse Comercio Local. . Dentre os 10 blocos comerciais da CL, 4 possuem vedação de tijolo aparente como os das imagens 6 e 7, seguindo o mesmo modelo volumétrico simples dos Blocos da CLN 406/407. . Outros dois prédios dessa quadra possuem precedente na CLN 406/407, sendo um deles o da imagem 5, o Plaza 411. O prédio dessa foto possui inclusive as mesmas cores do citado anteriormente, mas o outro exemplo é da cor amarela com pilares marrons.
CLN 410/411 1
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. A imagem 1 mostra o Bl. A da CLN 411. Esse prédio possui o acesso principal de seu subsolo pela lateral do prédio, de frente para a Escola Pública vizinha. É uma ampla estrutura de rampas e jardins que levam à galeria de lojas subterrâneas.
4
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. O prédio da imagem 2 possui a estrutura parecida com a dos prédios de tijolinho aparente, porem sua fachada é toda revestida com apenas um material de cor bege. Como as janelas não possuem nenhum tipo de proteção contra o sol, alguns moradores parecem ter sentido a necessidade de instalar toldos na face externa de suas janelas.
8
. O prédio da imagem 3 possui uma robusta estrutura marcada por cantos curvados que contém os apartamentos do pavimento superior e protege o bloco de lojas e sobrelojas logo abaixo. Aparentemente os usuários desse prédio também sentiram a necessidade de proteger suas janelas com toldos. . O Ed. Miami Center (fig 4) não possui uma volumetria muito ousada, mas o trabalho com os materiais de revestimento externo ajuda a dar um destaque maior à estrutura. O prédio possui pequenas jardineiras elevadas, ladeando as escadas do nível térreo.
410/411 5
1
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Vestuário Serviços úteis Saúde Mercados Gastronomia Estética e Beleza Esporte Escritórios e consultorias Educação Diversão e Cultura Casa e decoração
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. A imagem 8, por fim destaca o Ed. Studios Center, um prédio residencial de 2 andares sem marquise ou pilotis em que o térreo toca completamente o chão de uma ponta a outra. Esse edifício residencial foge tanto do padrão residencial das superquadras, quanto do padrão comercial das CLN.
Com predomínio absoluto do comercio gastronômico sobre as outras categorias aqui consideradas, essa CLN possui 2 lotes ainda vagos na quadra esperando pela construção de novos prédios comerciais, sendo que um terceiro foi construído recentemente. Esse é o último Comercio Local da faixa das 400 por conta do Parque Olhos D’água que se estende pelas duas superquadras seguintes, portanto essa CLN possui de um lado a superquadra residencial e do outro a reserva do parque. . Alguns dos restaurantes e lanchonetes que se pode encontrar nesse Comercio Local são: o Bendito Suco, Palato, Houston, Cookers, Alpendre, Escondidinho Carioca e Dona Lenha. . As fotos 1 e 5 mostram esses lotes vagos e como eles se transformaram em estacionamentos irregulares. Esses lotes sequer possuem calçadas de ligação entre os prédios já existentes, senso descampados sem nenhuma infraestrutura de passagem ou iluminação. . Os prédios das imagens 2, 3, 4 e 6 possuem similares também em outras quadras, descritos anteriormente. . O edifício da imagem 6, por sua vez é o bloco comercial recém construído na quadra. O prédio ainda está desabitado, porem aparentemente concluído. É o único bloco comercial da Asa Norte que observei sinalização terrestre para deficientes visuais, que se estende por todo o perímetro do prédio, inclusive pela rampa suave que leva o pedestre do nível da rua até a galeria de lojas do térreo (fig 7). Esse bloco possui uma calçada no nível da rua que circunda todo o edifício, por onde é acessado o subsolo, enquanto um segundo passeio também circunda o bloco alguns centímetros acima, no nível das lojas. Esse prédio não foi atualizado na imagem do satélite do Google Earth, por esse motivo, ele foi representado na imagem pelo quadrado azul. . Por fim, o prédio alongado de três andares no final da quadra é o Ed. Real Park, que oferece kitnets e salas de escritório. Esse prédio, assim como o Ed. Studios Center da CLN 410/411, também não possui pilotis ou marquises, estando o pavimento térreo totalmente colado ao chão.
CLN 412/413 1
2
3
4
5
6
7
8
412/413 Vestuário Serviços úteis Saúde Mercados Gastronomia Estética e Beleza Esporte Escritórios e consultorias Educação Diversão e Cultura Casa e decoração
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1 1
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1 0
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4
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Após essa caracterização de cada CLN, foi possível notar algumas diferenças e similaridades entre elas, como as listadas abaixo. Similaridades: • Os comércios locais que possuem o rebatimento dos blocos comerciais dos dois lados da via de acesso possuem um semáforo para travessia de pedestres em algum ponto próximo ao centro da rua. Nessa área do semáforo, a calçada avança sobre a faixa de estacionamento o interrompendo. Essa faixa de estacionamento com vagas de inclinação a 45 graus é, em alguns casos, interrompida mais duas vezes por avanços da calçada aparentemente criados para colocar os containers de lixo, entretanto, os containers raramente estavam nesse local, mas sim ocupando as vagas dos carros ao longo da via. • O problema de vagas de carro para os clientes da área comercial é recorrente em praticamente todas as CLN. A solução encontrada é estacionar no interior das quadras residenciais, o que cria um inconveniente tanto para o consumidor que precisa andar uma distância maior até a loja, quanto para o morador da quadra que não encontra estacionamento próximo a sua moradia. • Muitos dos pavilhões comerciais foram reproduzidos em mais de uma CLN, muitas vezes mudando apenas o padrão de cores e a estrutura do térreo devido à topografia. • Presença de quiosque metálicos em diferentes pontos da quadra que oferecem serviços como o de chaveiro, amolação de alicate e sapataria, por exemplo. • Instalação de placas de propaganda e letreiros de lojas em diversas posições da fachada dos blocos, incluindo pilastras e varandas do pavimento superior. • Grande parte das CLN possui os comércios ligados à Estética e Beleza e Gastronomia como predominantes em relação às demais categorias.
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Diferenças: • Alguns comércios locais não seguem a mesma lógica de organização espacial da maioria. Estas são as CLN 316/116, 101/102, que não possuem o espelhamento da função comercial do outro lado da rua; e a CLN 205/206 que foi construída sob outra ideologia urbana. • Existem diversas formas de ocupação para a área livre entre os pavilhões, que incluem estruturas de rampas que levam ao subsolo, entrada térrea para as lojas do subsolo, presença de escadas, jardins, praças, aberturas de lojas do térreo e até mesmo a completa ausência de uso do espaço. • É possível encontrar situações em que não só as lojas do térreo, mas o pavilhão como um todo possui acesso pela fachada posterior, voltada para a quadra residencial. Em outros casos, no entanto, esse acesso é completamente negado, havendo apenas um espaço gramada que leva a uma parede cega com instalações de ar condicionado, sendo o acesso ao bloco disponibilizado apenas pela frente ou pelas fachadas laterais do prédio. • Apesar do número de prédios repetidos ao longo dos comércios locais da Asa Norte, também existem inúmeras outras volumetrias inéditas. Isso ajuda a diversificar a paisagem das quadras, quebrando a monotonia espacial que muitas vezes acontece na repetição em serie das formas no Plano Piloto, além de oferecer soluções espaciais e experiências diferenciadas tanto ao lojista quanto ao frequentador do comercio.
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Conclusão
A pesquisa demonstrou que os comércios locais Sul foram reconfigurados durante sua construção e apropriação ao longo do tempo, reinterpretando o plano de Lúcio Costa, como observa Giselle Moll (2013). Essa modificação, entretanto, não se mostra como negativa, uma vez que a abertura das fachadas de lojas para a via de serviço abriu a possibilidade de encontro dos habitantes das superquadras com pessoas de fora da unidade de vizinhança. Isso transformou o caráter desse comercio local ou de vizinhança em um comercio regional, mais abrangente. Em meio à vastidão do cerrado, surgiu uma cidade que, além dos preceitos e teorias do CIAM, Modernismo, e inúmeras outras influências externas que possa ter somado à sua concepção, é uma cidade que surgiu a partir da modificação pelo uso. Junto com Brasília, a cultura do moderno também estava sendo construída no coração do Brasil. Por esse motivo, e, somado a muitos outros como a escassez de clientes, a limitação aos moradores das superquadras, e a própria visão e vivencia de cidade dos pioneiros que construíram a cidade, a obediência ao plano dos comércios locais não foi respeitada. Essa modificação, entretanto, não pareceu ter trazido danos à cidade como um todo, mas sim benefícios à atividade comercial “domestica”. A transformação foi positiva para a apropriação social e para o caráter gregário do lugar, que assumiu assim, mesmo contra a vontade de Costa, um papel de espaço público de interação e de trocas.
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O comercio Local da Asa Norte já não foi mais concebido essencialmente como o comercio doméstico das superquadras, mas já nasceu com uma abordagem diferente do que o plano original previa. Segundo Giselle Moll (2013), a primeira planta de gabarito do Comercio Local Sul surgiu seis anos após a inauguração dos blocos de lojas, e a ambiguidade apresentada no projeto favoreceu a proposta já construída na CLS 107, em que as fachadas principais se abriram para a via. O mesmo tipo de mudança do projeto original não aconteceu na Asa Norte, pois o plano já é uma modificação do que foi consolidado na Asa Sul. Os pavilhões independentes de planta quadrada e fachadas nas quatro faces do prédio abriram um novo leque de possibilidades para o Comercio Local do Plano Piloto. Como foi demonstrado anteriormente, essa modificação na configuração espacial dos blocos comerciais aumentou também consideravelmente a oferta de espaço para o comercio em relação à Asa Sul. Entretanto, apesar de a Asa Norte oferecer muito mais possibilidades para o uso comercial, a Asa Sul ainda parece ser o destino mais tradicional para o consumidor brasiliense. Talvez por ter se consolidado antes da Asa Norte, ou pela sua configuração de rua de consumo mais próxima do ideário de uma população que ainda com poucas gerações, começou a se acostumar e entender a configuração não-tradicional da cidade, mas que até então era formada em grande número por nativos de outras regiões do Brasil. Ou ainda, talvez a tão buscada negação
da rua tenha criado nas quadras comerciais da Asa Norte uma imagem de não acolhimento para o frequentador, que em meio a tantas escadas, rampas e obstáculos nas calçadas não encontra ali um a possibilidade de passar o tempo enquanto olha vitrinas despreocupadamente, pois quando menos se espera, ali estão mais alguns degraus a serem descidos. Por outro lado, os espaços livres entre os blocos das CLN possibilitam uma variedade de usos e configurações que o mesmo espaço na Asa Sul não permite, convivência essa, que só existe em virtude de uma desobediência ao projeto original. Essa gama de possibilidades, no entanto precisaria ser analisada por cada CLN ou por cada pavilhão comercial de forma a tirar o melhor proveito dessa área. Se por um lado ela oferece várias possibilidades, por outro, se não for planejada, essa área livre vai se tornar um emaranhado de estruturas de rampas, escadas e jardins que, além de não serem aprazíveis ao usuário, podem oferecer bloqueios ao pedestre. Além disso, os prédios, apesar de terem sido projetados para o comercio, em muitos casos não parecem ter sido projetados para receber as placas de publicidade das lojas. É muito comum encontrar placas de anúncios fixadas às pilastras dos pavilhões em várias alturas e formatos, produzindo uma certa poluição visual para as CLN. Essas placas que se encontram aparentemente fora de lugar, são principalmente propagandas das lojas que se localizam nas fachadas posteriores ou laterais, em que a visibilidade do comercio é reduzida devido ao
menor fluxo de pessoas por esses locais. É notável que os blocos comerciais da Asa Norte possuem uma maior variabilidade arquitetônica e volumétrica quando comparado com os da Asa Sul, porém sem esse planejamento da posição e tamanho das placas de publicidade, essa variação se reflete em forma de falta de unidade visual do pavilhão, em que o nome da loja disputa atenção com a volumetria do prédio, o que acontece com menos intensidade na CLS. Isso se dá, pois, o sistema viário agrega às lojas das fachadas frontais dos pavilhões um aspecto econômico, devido à passagem da clientela. As vias sinuosas das entrequadras direcionam o fluxo de potenciais consumidores todos os dias para as ruas do comercio local. Constituem também o trafego de passagem no principal eixo transversal da cidade, o que alimenta esse comercio, por esse motivo, ser notado é o primeiro passo para crescer nesses locais, e nada melhor para o comercio que publicidade. Chegamos assim a uma reflexão a respeito da famosa CLN 205/206 conhecida como “Babilônia”. Após a caracterização dessa quadra na seção anterior, me surgiu a dúvida se o objetivo dos planejadores foi atingido, pois se a intenção era de “voltar aos princípios do Plano Piloto” e “devolver” o comercio para o lado que da frente para a superquadra, mas o comercio não está voltado para a superquadra, e sim para o interior do prédio, então foi esse um projeto de sucesso para a vida comercial
ou urbana? Ou indo mais além, será que toda essa teoria de negação da rua é de alguma forma benéfica para a vida comercial? No meu ponto de vista, a separação do pedestre da via de circulação de carros é um ato benéfico tanto em questão de segurança quanto da qualidade do espaço. Entretanto, a rua não deveria ser negada e sim contemplada, pois é nela que acontecem as interações humanas tanto sociais quanto de comercio. O comercio não sobrevive sem visibilidade, e essa visibilidade é mais evidenciada na presença de uma rua, em que haja espaço para o carro, mas também para o pedestre, e melhor ainda se houverem outros meios de acesso a esse espaço, como transporte público e bicicletas. O comercio necessita ser visto, necessita de público novo a cada dia, necessita de rotatividade e movimento. É pouco provável que uma atividade comercial vingue e cresça escondido nos corredores labirínticos de uma quadra comercial inabitada. O que há de errado com a “rua” para que ela tenha sido negada em todo o projeto do Plano Piloto de Brasília? E que tenha continuado a ser negada, mesmo quando as primeiras experiências dessa tentativa falharam? Não é o foco desse trabalho de pesquisa resolver essas questões, mas elas acabaram surgindo no decorrer da análise dessas áreas comerciais. Por esse motivo, essas questões ficam aqui apenas para reflexão, apesar de influenciarem diretamente no sucesso ou não de uma área comercial, como ficou claro quando se compara essa CLN com as demais.
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Finalmente, em Brasília, é possível dizer que os aspectos que colaboraram para a formação do Comercio Local, tanto Sul quanto Norte, podem ser classificados em Formais, Econômicos e Culturais. Os aspectos formais ligados à estrutura da cidade, arquitetura e o sistema viário; os econômicos devido à grande oferta de espaço comercial e à clientela variada; e por fim os culturais, que inicialmente resistiram à forma “inventada” por Lúcio Costa, mas que logo participaram como coautores desse grande projeto urbanístico. E retomando a afirmação de Certeau (1998, apud MASCARENHAS 2013), no Plano Piloto de Brasília, “o imprevisto da vida urbana se realizou”, e até então tem sido muito bem-sucedido.
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Referências
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Universidade
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BrasĂlia