AS GRANDES AVENTURAS DE
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Texto: Claudio Nizzi Desenhos: Claudio Villa dois homens avançam no calor ardente do deserto que se estende da margem do rio colorado até a serra de juarez, na parte norte da península mexicana da baixa califórnia... não aguento mais, professor doberado! vamos parar e descansar um pouco!
aguente firme, luís! a lagoa salgada não deve estar longe!
como é que um jovem tem menos resistência do que este velho rato de biblioteca?
maldito teimoso e maldito o dia que eu decidi vir com ele!
unff!
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você deve estar pensando que não vamos achar o lendário navio perdido no deserto, não é?
bem... pra dizer a verdade, sim!
diabo, professor! já faz uma semana que estamos zanzando por este maldito deserto!
faz mal, meu rapaz! significa que tem pouca fé na arqueologia, se desiste com poucos dias de desconforto!
poucos dias?
como se não bastasse, os papagos que nos acompanhavam e faziam o serviço mais pesado desapareceram!
bah! eu não contava muito com eles!
ao menos entendeu por que deram o fora?
bobagens de primitivos... superstições...
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diziam que daqui pra frente o território é habitado por espíritos malignos e que, se continuassem, não voltariam à aldeia deles!
hmm... podem ser primitivos, mas mostraram ter muito bom senso!
pode até ser, professor, mas se continuarmos avançando nesta grelha em brasa, vamos morrer de sede e de cansaço!
ora, vamos! você fala assim porque está cansado!
olhe, luís!
a lagoa salgada!
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pena que não dá pra beber essa água!
você não entendeu? pelo que ouvimos, devemos encontrar o navio nas proximidades dessa lagoa!
o que foi?
veja lá... naquela direção!
pode ser... mas é melhor acampar e falar disso amanhã cedo!
madre de dios!
está vendo aquela linha branca no flanco da parede rochosa? é uma incrustação salina...
...antigamente o nível do mar chegava ali, antes que as águas se afastassem e virasse deserto!
não parece que, a certa altura, a linha branca se interrompe?
sim...
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um desfiladeiro, é isso!
é interrompida por uma fenda vertical... talvez a entrada de um desfiladeiro!
o grande pássaro das asas brancas que ficou preso no fundo de um desfiladeiro... é o que diz a lenda indígena, lembra?
deus todo-poderoso! pode ser o que procuramos!
mas nós sabemos que não é só uma lenda, luís!
venha, meu rapaz! vamos ver! agora?! diablo, professor, não dá pra deixar pra amanhã cedo?
hmm...
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vamos! não levaremos mais de meia hora pra chegar lá! e, depois do que vi, eu não conseguiria dormir se a gente acampasse! maldição!
cerca de meia hora depois, quando começam a descer as primeiras sombras do sol poente...
muito bem! ande, luís! o desfiladeiro já vai ficar escuro!
depois da curva, os dois homens param de repente, maravilhados... madre de dios!
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o espetáculo que se apresenta aos olhos deles é inacreditável. de um desmoronamento que encheu o fundo do desfiladeiro, emerge, parcialmente corroída pelo tempo e pelas intempéries, a proa de um antigo navio!
o navio perdido no deserto!
naquele momento, o silêncio opressor do desfiladeiro é quebrado pelos toques lúgubres de um sino.
achamos, luís! nós achamos!
incrível!
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tem alguém lá dentro!
não diga bobagem... deve ter sido o vento!
o vento? invente outra, professor... o ar aqui é parado! Coragem! vamos ver mais de perto!
caramba! não falei? tem alguém lá dentro!
claro! talvez os fantasmas dos antigos marinheiros holandeses...
damnación! não é hora de brincar, professor!
e você, não se impressione tanto, rapaz!
vamos!
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com receio de ficar sozinho, luís segue o professor doberado que, esquecendo qualquer cansaço, está escalando freneticamente as rochas caídas da proa do navio... ele está fora de si, que o diabo o carregue!
professor, espere!
alcançado por luís, o arqueólogo fica por uns instantes no convés do navio, olhando em volta em êxtase. Depois, segue para uma porta.
venha, vamos entrar! estou ansioso pra ver se o diário de bordo ainda está no navio... e temos que aproveitar que ainda tem luz!
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os dois homens somem no ventre do antigo veleiro...
...de onde, pouco depois, sai um grito enregelante!
depois, quando o eco daquele grito desumano lentamente se apaga entre as paredes estreitas do desfiladeiro, sobre o lendário navio perdido do deserto cai um novo e mais pesado silêncio...
cinco meses se passaram desde aqueles acontecimentos, quando, na aldeia central da reserva navajo, chega um telegrama vindo de pilares, méxico... é do morisco?
e de quem mais podia ser?
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