Na edição anterior Ian Dragonero, a irmã dele, Myrva, o orc Gmor e a elfa Sera estão investigando um tráfico de armas destinadas a algumas tribos de orcs em revolta. Durante as investigações eles enfrentam um obscuro inimigo que usa a lama pírica, uma arma devastadora que Ian conheceu durante uma missão de seis anos antes, na qual se revelou valiosa a ajuda de Atrea, uma misteriosa elfa negra. Recordando aqueles eventos, os nossos heróis dirigem-se para o eremitério de Alben, o mago amigo deles, para pedir ajuda...
O SEGREDO DOS ALQUIMISTAS TEXTO DESENHOS
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História originalmente publicada em Dragonero nº 2 (Itália, julho de 2013) zona costeira do eolanisuhre, a sudeste do erondar.
fim da linha... a praia se interrompe aqui!
eu sei que pra chegar ao eremitério do alben é sempre pro leste, mas a partir daqui eu não sei pra onde ir!
eu poderia continuar viajando nestes lugares pra sempre... sem paredes e ruas sufocantes, sem gente barulhenta, sem fedor de comida estranha!
mas você, ian, parece conhecer bem o trajeto...
infelizmente, outros cheiros me seguem por toda parte, mas paciência!
a minha paciência está acabando, elfa... não diga mais nada!
na verdade, eu fiz este caminho só uma vez, myrva, mas os pontos de referência são claros... não vamos nos perder!
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essa é uma das referências... depois dessa ponte começa uma trilha que vai direto até a nossa meta! mais meio dia e chegaremos!
por gharn, como rangem estas tábuas... e como as cordas se esticam...
está pensando em uma dieta?
acho que é um bom momento pra você continuar a sua história, ian... assim os dois ficam quietos!
quando eu interrompi, khail, xara e eu estávamos entrando no cenote que abrigava a casa da estranha elfa negra...
concordo...
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sim... aquela elfa estranha... eu imagino claramente como ela é, sabia? e, não sei por quê, mas só de pensar me arrepia!
ou, talvez, sim... no sentido de que estava à vontade dentro da natureza, mas com ela tinha um relacionamento obscuro... todos nós intuímos de imediato!
sei o que quer dizer... eu vi outros elfos serem dominados pelos espíritos da natureza e virar escravos!
COMO obscuro?
exato...
arrepios justificados, pode acreditar, sera... aquela elfa não era como você...
sim... parecia que extraía uma grande energia da natureza, mas que isso tinha um preço!
tudo isso eu e os meus companheiros só deduzimos, como eu disse... mas logo pudemos confirmar!
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seis anos antes. regiĂŁo central do margondar, as terras da margem.
em algum lugar nas florestas alĂŠm do calefhundar.
estamos mesmo num cenote! eu nunca tinha visto um antes!
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é um lugar ainda mais bonito do que eu imaginava... uma gruta natural imaculada, com um lago de água doce no centro!
o ar aqui é puro, não há traços de fumaça nem miasmas venenosos, como no calefhundar!
venham beber, a água vai limpar a garganta da fumaça que vocês respiraram!
é ótima!
mmh... e acho que é mesmo lenitiva!
(*) negra, escura, em língua antiga.
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agradecemos por ter socorrido a gente! eu sou xara, e você?
eu não tenho nome... aos elfos negros não é permitido ter! podem me chamar só de atrea!(*)
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por favor, sentem-se e partilhem comigo os frutos das minhas irmãs verdes!
não é?
obrigada, atrea... apreciamos muito a sua hospitalidade!
sim... apreciamos...
mas preferimos ficar aqui!
peço desculpas pelos meus companheiros! a cabeça deles é mais dura que uma pedra e mais vazia que uma abóbora!
não se desculpe, xara! os elfos do meu clã também me consideravam um sinal de sorte infausta e me obrigavam a viver isolada!
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o restante do seu clã também vive nesta gruta? não, não mais...
houve época em que todos vivíamos aqui, todos juntos! mas agora os outros... eles não existem mais!
oh, sinto muito... agora você vive aqui sozinha?
eu não sou sozinha... tenho o hirto(*) comigo... e as minhas irmãs verdes sempre estão ao meu lado!
(*) peludo, hirsuto, em língua antiga.
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viu? as minhas irmãS verdes nunca me deixam...
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essa jovem elfa é uma empática... interage com os elementos naturais! pode ser muito perigosa, se irritada!
atrea, eu tenho uma pergunta... por que nos ajudou contra os guardas do margrave?
eu não ajudei vocês! não gosto de vocês! a amiga de vocês... eu gosto dela... ela é gentil!
tudo bem, tudo bem... não falei nada!
eu vi que os homens toupeira estavam seguindo vocês pra fazer mal...
fala dos mineiros, não é? os que escavam o flanco da montanha!
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eles são gente ruim! eles escavam a montanha pra extrair a pedra suja que fede e faz os olhos arder!
eles ferem a floresta, abatendo as irmãs verdes e matando os irmãos de carne!
as plantas deste lugar reagem às mudanças de humor dela... deve haver algo mais do que uma ligação empática entre eles!
você foi muito corajosa em enfrentar aqueles homens armados!
...que pele macia... como a da minha mãe! ela também me acariciava, quando eu era pequena... antes que tivesse que me abandonar!
oh...
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você também é uma mãe?
eu? não, não... eu não sou uma mãe! ao menos... ainda não!
você enxerga mal... ela olhava pra mim!
viu? quando ela disse ainda não olhou pra mim... conforme-se, amigo!
quietos, os dois! não ligue pra nós!
sim... nós estamos nos divertindo um bocado aqui, com o amigo da elfa da má sorte nas nossas costas!
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