Pandemia Crítica 136 - Radical, radicular/revolver as imagens, por a terra em transe

Page 1

radical, radicular / revolver as imagens, por a terra em transe Georges Didi-Huberman e Frederico Benevides


Radical, radicular Ser radical, sem dúvida. Mas desconfiemos do consenso que vez por outra se oculta por trás dessa palavra estimulante e muito utilizada. Às vezes — nem sempre, por sorte, mas me parece que com frequência suficiente, nos debates intelectuais franceses —, há algo de quase ridículo no “radical”, algo de frívolo e cômico, ao mesmo tempo, no que se oferece, em nossas latitudes, sob o belo nome de “radicalidade”. É o escritor que escreve, por exemplo, que não se escreveu mais nada depois de Malherbe ou Mallarmé. É o pintor que profere a morte da pintura depois de Manet ou Marcel Duchamp, a morte do cinema depois de Straub ou Godard. É o sociólogo que declara que a guerra já não tem lugar, porque ele próprio só tem acesso a ela através de imagens, de simulacros. É o filósofo que lasca a afirmação de que já não se sabe pensar desde Heráclito ou de Heidegger, o que não impede que o façamos há vinte e cinco ou vinte e seis séculos. Diríamos que o pensador “radical” só existe para cravar a furadeira de sua crítica direto no solo do presente. Em seguida, ele a retira com ar triunfal, como um médico retiraria o termômetro enfiado no cú do mundo histórico, e profere com gravidade o seu diagnóstico inapelável e o seu prognóstico pessimista, forçosamente pessimista. Se ser “radical” consiste em bancar o profeta de toda sorte de infortúnios e desaparecimentos, não precisamos desses “radicais”, pela simples razão de que os infortúnios existem e os desaparecimentos ocorrem aos olhos de todo o mundo, e de fato afetam a maioria de nossos contemporâneos. Não temos necessidade de que alguém profetize “radicalmente” a nossa experiência de cada dia. Por isso, desconfiemos


dos discursos grandiosos que começam por decretar o desaparecimento, sem nenhum resto, de toda sorte de coisas — a experiência, o gesto, a “vida verdadeira”, a moral, a política, a poesia... Restos sempre haverá, e a gente lida com eles. Aliás, é com restos que se fazem as melhores sopas (ou é com fragmentos de antiguidades que se fazem as invenções mais extraordinárias, como Hölderlin ao traduzir em versos as tragédias de Sófocles, ou Marcel Duchamp ao decidir lançar-se na técnica medieval dos vitrais para criar o seu Grande Vidro). Ora, existem outras latitudes da radicalidade, o que pressupõe outras maneiras de ver e de fazer. Eis-me aqui, justamente, a 22º 54¢ 35² Sul e 43º 10¢ 35² Oeste, ou seja, no Rio de Janeiro. Caminho em meio a uma multidão de jovens, na arquitetura neobarroca da Escola de Artes Visuais, onde sou informado de que Glauber Rocha trabalhou muito e, como me lembro agora, filmou boa parte dos planos de Terra em transe, esse extraordinário manifesto poético-político rodado em 1967, sob — e apesar da, e contra — a ditadura militar brasileira. Ao sair da Escola de Artes Visuais, descubro-me no meio do Parque Lage e de sua pululação tropical (apesar de estarmos no centro do Rio, o que é uma das inúmeras estranhezas desta cidade). Há, portanto, o aroma suave dos vegetais que apodrecem, o calor, a umidade onipresente, algumas sonoridades que já evocam, ao menos para minha imaginação inexperiente, a grande floresta amazônica. Seja como for, suavidade do ar, sensualidade dos corpos — muitos casais de namorados —, somados a algo como uma grande agitação ameaçadora, uma guerra surda, travada por meio de toda essa vegetação circundante, que não para de se mexer, de uma forma bizarra. Também aqui, seja em que escala for, a história dos homens ou a seleção natural reservam seu quinhão de infortúnios e desaparecimentos.


É preciso olhar com atenção para onde pisamos. Não há serpentes à vista, mas há raízes que serpeiam por toda parte. Assim, eis-me reunindo num mesmo devaneio de passeador a radicalidade de Glauber Rocha e o mundo radicular desta floresta que, com certeza, ele percorreu dezenas de vezes. Será que Glauber Rocha e Pier Paolo Pasolini, de quem, entre outros, não nos deram um modelo de radicalidade poética e política, do qual os milhares de raízes a transpor para percorrerem seu caminho me oferecem aqui, de repente, o que eu poderia chamar de uma “imagem de pensamento”? Seria preciso, portanto, eu olhar com um pouco mais de atenção estes solos atulhados de raízes, radículas, radicelas. Ou fotografar, ainda que erraticamente, a princípio, tudo que me cair sob os olhos ao caminhar. Poderia isto me ajudar a compreender mais alguma coisa sobre o que quer dizer radicalizar? Radicalizar: será que isto é realmente ir à raiz das coisas? Mas acaso chegamos mesmo à raiz das coisas? Meu pequeno passeio pela floresta faz a isto duas objeções. Em primeiro lugar, não chegamos “à raiz” porque a raiz não existe: só existem raízes, uma quantidade necessariamente indefinida, pululante e incalculável, viva e, às vezes, monstruosa de raízes. Uma única raiz, supondo que seja possível isolá-la, produz, na maioria das vezes, inúmeras bifurcações radiculares. Freud tinha uma palavra para isso: a palavra “sobredeterminação”. Sem contar o “rizoma” de Deleuze e Guattari. Aqui, tenho a impressão de que, se eu puxasse com muita força uma pontinha, um único pedaço dessa rede, a floresta inteira, talvez até a montanha inteira, sairiam de dentro de si. A ideia de que seria possível ir às raízes — segunda objeção —, portanto, é tão absurda quanto a que consiste em acreditar, sendo historiador, que se “vai” até a fonte, até o passado puro. Antes, é justo o contrário que


acontece: tenho a impressão de que as raízes vêm a mim, surgindo daqui e dali, e me obrigam constantemente a me perguntar por quê, para que eu vou por aqui, em vez de ir por ali... Não vou às raízes (do passado), portanto; são as raízes que surgem sob meus passos, para modificar radicalmente o meu caminho (para o futuro). Glauber Rocha, assim como Pasolini, compreendeu bem que a radicalidade autêntica faz das raízes um veículo de encontros lacunares — sempre incompletos e sempre plurais, como experimento com perfeita exatidão a cada passo do meu passeio pela floresta —, e não o objeto de uma busca que almeje alguma totalidade originária, fatalmente abstrata, tida como central, hipoteticamente pura e supostamente única. Quando Heidegger falava de “enraizamento”, em particular em sua reflexão sobre a obra de arte — templo grego ou sapato de camponês pintado por van Gogh —, ele pressupunha uma radicalidade compreendida como território de origem, fixado num ponto preciso do mundo: um lugar do qual pudesse valerse o suposto autóctone, o habitante do local. Um lugar do qual, como proprietário, ele se sentisse com o direito legítimo de excluir todos os estrangeiros de passagem, judeus ou ciganos, por exemplo. Foi por isso que Heidegger ficou tão decepcionado com sua temporada na Grécia: nada ou quase nada — a não ser Delos, ilha virgem de qualquer população e, por conseguinte, de qualquer impureza — correspondeu, para ele, à “raiz grega” que ele dizia perdida, muito simplesmente porque ele não conseguiu decifrar seus prolongamentos na tez bronzeada, sem dúvida não suficientemente “pentélica”, a seu ver, dos gregos do presente. Mas, numa cidade como o Rio de Janeiro, onde praticamente cada pessoa tem uma cor de pele diferente, onde a migração e a escravatura constituem dados antropológicos e históricos fundamentais, as coisas, felizmente, não podem


colocar-se como Heidegger quis fazer com a Alemanha ou a Grécia. Aqui, não se vai à raiz: são as raízes que se tornam trepadeiras dançantes, troncos excêntricos, galhos incontáveis, ramos obsidionais, e que vêm até nós, correm de todos os lados, seguram-nos em seus nós rítmicos. Como os “turbilhões” dos quais Walter Benjamin teria proposto o modelo — alternativo ao de Heidegger — para uma ideia filosófica da origem, do Ursprung. Meu passeio então me esclarece, ajudado pela lembrança dos “turbilhões”, sobre o fato de que as raízes não têm que se valer de uma autoridade ou autenticidade fictícias de puro passado, mas aparecem no presente como as perturbações funcionais ou morfológicas do solo em que eu caminho: sendo perturbações necessárias à vida da árvore, elas caminham, portanto, em diferentes camadas da terra e nos diferentes territórios que circundam o tronco. A “radicalidade” das raízes estaria, justamente, em elas estarem ali, e não além, justamente sob nossos passos, em volta de nós, e não no céu das ideias, e não no fundo arquetípico de alguma fonte “verdadeira” ou de alguma antiguidade “inacessível”. O inacessível existe, é claro. As raízes, nunca as podemos ver por completo, capturá-las — dominar sua lógica —, segurá-las inteiramente nas mãos. Elas são feitas de latências, de esquecimentos, de destruições, de intermitências (a palavra de Aby Warburg para isso era Leitfossil, mistura dos termos “fóssil” e “leitmotiv”). Mas sua invisibilidade sob a terra não deveria ter mais prestígio do que suas aparições lacunares, quando elas surgem atravessando o caminho ou em meio à vegetação de superfície, formando essas figuras incontáveis que eu poderia chamar, aqui ou ali, de fásmidos gigantes, patas de dinossauros, cabeleiras petrificadas, vísceras de um animal de dimensões incalculáveis, cobras de todos os tamanhos, provisoriamente imóveis. Tudo se


ramifica, os tentáculos vegetais afloram e tornam a afundar nas profundezas, bifurcam-se, cobremse de putrefações faustosas — como este cogumelo branco, por exemplo, aglutinado como um “bando” (palavra muito empregada por aqui) de borboletas —, abrem-se de repente, ou tornam a se intricar, formam grandes arcos, ou, ao contrário, tipos de amálgamas inchados, imagens alternadas de órgãos que se libertam e tumores que progridem. A radicalidade é uma questão de raízes: questões do vivente e da terra, questões de biologia e geologia intrincadas. Tudo isto para dizer alguma coisa do que seria uma genealogia. Às vezes também convém nos desfazermos de modelos dos quais a própria ideia de genealogia é espontaneamente investida: cepa, linhagem direta, sangue, solo etc. O que me ensina o meu passeiozinho por entre troncos, trepadeiras, folhas e raízes do Parque Lage é, pelo menos, que é preciso ver as coisas por dois pontos de vista, ao mesmo tempo: o ponto de vista daquilo que prolonga e persiste, quando as raízes migram simultaneamente para o lado da terra (radículas) e para o lado do céu (ramas), e o ponto de vista daquilo que corta e bifurca, com o risco de se perder numa espécie de movimento centrífugo, como se a árvore quisesse fugir de seu próprio local de fundação. As raízes procedem por somas, sem dúvida, mas também por divisões. Já não sabemos bem, portanto, se elas reforçam a árvore e o solo, como efeito de estruturações progressivas, ou se os enfraquecem, como efeito de disseminações intermináveis. De qualquer modo, um pensamento radical deveria ser um pensamento das redes que, num ponto, fazem bifurcar e, no outro, recriam os contatos. Isto nada tem a ver com o “extremismo” de que amiúde se alimentam as “perspectivas do pior”. Convém lembrar que, na conclusão de seu grande livro sobre as Origens do totalitarismo, Hannah Arendt associou à condição de vida “desolada” dos sistemas totalitários um pensamento também “desolado” em


sua vocação para o “pior”: “Um homem sozinho, diz Lutero, sempre deduz uma coisa de outra e pensa tudo na perspectiva do pior. O famoso extremismo dos movimentos totalitários, longe de participar do verdadeiro radicalismo, consiste, com certeza, em pensar tudo na perspectiva do pior, em seguir o processo de dedução que leva sempre às piores conclusões possíveis. [...] Assim como o medo e a impotência que geram [o totalitarismo] são princípios antipolíticos que precipitam os homens numa situação contrária a qualquer ação política, a desolação e a dedução lógico-ideológica do pior que ela gera representam uma situação antissocial, e encerram um princípio que destrói qualquer comunhão humana.” Como esquecer que os teóricos nazistas davam a si mesmos o nome de gründlich, “radicais”? Ao contrário, um autêntico pensamento radical, como foi o de um Glauber Rocha, seria um pensamento atento à selva do tempo, à floresta dos tempos não deduzidos: um pensamento obstinado em sua progressão, sem dúvida, mas também pleno do tato tornado necessário pela complexidade do terreno, pela proliferação das lianas e das raízes que nos cortam constantemente o caminho. Logo, um pensamento radical seria o contrário de um pensamento dogmático. Seria um pensamento exploratório, alerta e, portanto, cheio de nuances — ou de imagens dialéticas — com as quais é fatalmente tramada qualquer travessia do tempo. Visto que as raízes não apenas fixam a árvore na terra, mas também lhe asseguram alguma coisa como um movimento migratório que a faz “tocar” outras árvores, segundo um processo chamado anastomose, o pensamento radical seria um pensamento capaz de migrar para fora dele mesmo, um pensamento capaz de questionar seus próprios fundamentos, em suma, um pensamento de sua própria terra em transe. Georges Didi-Huberman, Rio de Janeiro, 15/07/2013


Revolver as imagens, por a terra em transe Terra em transe agora. Cinquenta anos depois, o filme de Glauber Rocha não para de trabalhar. O dilema do artista e intelectual interpretado por Jardel Filho encontra o limite na sua própria bravata: ser radical não é vociferar contra o seu intolerável, mas ter na prática a recusa do intolerável, o combate ao intolerável. Enquanto o poeta sucumbe diante de agentes de um Estado corrompido e magnatas da mídia, uma multinacional fabricante de armas comanda o destino da República de Alecrim, plasmada na face extática de um Paulo Autran celerado. Glauce Rocha tenta introduzir um intervalo na confusão do poeta, mas já é tarde e o que resta para os dois é a destruição. A primeira vez que vi o filme, morava na Sabiaguaba. As reflexões iniciais sobre ele vieram cercadas de mangue. O rio Cocó atravessa uma metrópole de mais de dois milhões e meio de habitantes e desemboca nesse estuário, transição entre o terrestre e o marinho, riquíssimo em biodiversidade. Mas o que importa aqui são as raízes – o mangue é fundamentalmente radical e sua radicalidade é aérea, sujeita às intempéries: água doce, salgada, vento, sol escaldante e lama não lhe são estranhas. São berço e cova, no seu elevar e voltar ao solo, incrustradas de outros seres. Pura composição, à vista de todos. A proliferação multiespécie verificada nessa floresta depende de um equilíbrio tênue. Ainda assim, é um ecossistema dos menos “nobres”, do ponto de vista de que é um dos mais combatidos pelos projetos de cidades: mesmo diante da pandemia, há um grande projeto imobiliário em Fortaleza ameaçando mais um pedaço da Sabiaguaba. Manter a radicalidade é uma operação delicada e de constância. A proposição do ensaio fílmico Revolver, evocada por Tadeu Capistrano, reúne o manifesto de Georges Didi-Huberman com o revolvimento de Terra em Transe. Filmamos circundados por outra floresta, de Mata Atlântica, em uma porção dos 12% que restam da


floresta original, situados no teto da Escola de Artes Visuais do Parque Lage. Este é o espaço onde Glauber Rocha filmou antes, numa floresta que seguiu multiplicando sua radicalidade nos últimos cinquenta anos, radicalidade que é condição fundamental, primeira, de sua composição. Diferente de um darwinismo mal ajambrado e que serve muito bem às aspirações neoliberais, a radicalidade de uma floresta não reside na competição, numa luta desesperada por suplantar o mais fraco. É o que diz Ernst Gotsch, difusor da agricultura sintrópica: a floresta se forma por mutualismo e cooperação na diversidade. Em uma floresta não há pragas, por exemplo. Na floresta, qualquer que seja, há uma troca radical, onde a resultante é sempre a vida, multiespecífica. Em uma via oposta, diz Ailton Krenak, o vírus do Covid-19 viu a oportunidade que precisava para se proliferar ao perceber a homogeneização da organização das vidas humanas. A montagem de Terra em Transe é cercada de boas histórias. Desde sua materialidade, um negativo super exposto reprovado por laboratórios (como antes teria acontecido com Vidas Secas, de Nelson Pereira dos Santos, provando que não há mirada neutra nem sequer na materialidade dita técnica), até a negativa do primeiro montador, afirmando que Glauber não teria seguido a mais básica regra de linguagem cinematográfica, o que fez com que o filme fosse parar nas mãos de um jovem montador chamado Eduardo Escorel - novamente a técnica como fiel da balança de um mundo estável. Ao contrário, a inventividade de Terra em Transe nos impele ao jogo: nesse ensaio fílmico utilizamos uma câmera de 16mm e um negativo preto e branco, próximo do que teria sido usado no filme original. Em Revolver, no entanto, foi incorporada a ação do tempo sofrida pela química presente na película, e a restituição de algumas cenas de Terra em Transe - com a mesma decupagem, mesma duração,


porém sem a presença física dos atores – cria um efeito fantasmagórico que acaba por justapor dois estratos temporais, dois momentos assombrados pelo fascismo: 2020 e 1967. Ecos da banda sonora contribuem para nos convocar para esse “estudo da dor”, como afirmou Glauber Rocha sobre seu filme. O embate de frente com nosso tempo e nossa terra em brasa. A radicalidade reside aqui nesta “presença” que invoca com todo seu turbilhão a visibilização do intolerável. Frederico Benevides, Rio de Janeiro, 15/07/2020. Georges Didi-Huberman (Saint-Étienne, Loire, 1953) é historiador de arte e filósofo. Professor da École des hautes études en sciences sociales, possui vários livros publicados, como Diante da Imagem (Editora 34), Diante do tempo (Ed. UFMG) e A imagem sobrevivente: história da arte e tempo dos fantasmas (Ed. Contraponto). O texto de Radical, radicular, traduzido por Vera Ribeiro, foi publicado em 2018 no livro Aperçues, pela editora Minuit. Frederico Benevides (Fortaleza, Ceará, 1982) é montador e diretor. Formado pelo Alpendre/Vila das Artes em Fortaleza, atualmente faz doutorado em Artes Visuais na UFRJ, com pesquisa sobre o rio São Francisco, e colabora com o beirasdagua.org.br e o atelierural.com.br. O filme Revolver foi realizado com o apoio da Fundação Carlos Chagas Filho de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro – FAPERJ.

assista aqui o filme


Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.