N3E Magazine - 6ª Edição

Page 1

Revista N3E+recente (3).indd 1

05/09/2016 16:11:24


Editorial

Nova equipa, mesmo objetivo Texto Ana Marta Borges Nova edição da N3E Magazine, nova equipa, mesma missão! Depois do sucesso e do bom trabalho feito nas edições passadas deste projeto, a obrigação de manter a qualidade imposta pelos nossos colegas antecedentes esteve sempre presente durante a elaboração da mais recente edição da revista. É difícil trabalhar sobre vitórias, no entanto com muito trabalho e vontade tudo é possível, e foi este o nosso pensamento. É um prazer poder dar continuidade a este projeto e toda a equipa trabalhou arduamente para assegurar a qualidade a que já nos tinham habituado. Desta forma, para a 6ª edição da N3E Magazine, decidimos manter o design e a estrutura principal utilizadas nas duas últimas edições, assim como as três grandes secções: N3E, LEE/ MEE, Técnico, mas com algumas novidades. Na primeira secção, dedicada ao nosso núcleo, o N3E, apresentamos as atividades realizadas ao longo do ano letivo, assim como os projetos desenvolvidos e levados a competições de nível nacional. Uma vez que um dos objetivos principais do nosso núcleo é a divulgação do nosso curso e Instituição junto de escolas secundárias e fora do meio académico do próprio Instituto Superior Técnico, decidimos dedicar uma parte desta secção às atividades realizadas e preparadas com este fim e que têm sido um sucesso, uma vez que conseguimos ocupar todas as vagas do curso na 1ª fase de colocações do Ensino Superior. Na secção dedicada ao nosso curso, Engenharia Eletrónica, este ano optámos por dar a conhecer melhor o nosso mestrado, tanto a nível da sua estrutura, mas também através do testemunho da experiência de um colega de MEE. Seguidamente,

damos a conhecer um projeto desenvolvido no âmbito de uma cadeira do Mestrado em Engenharia Eletrónica, assim como o testemunho de alguns antigos alunos do nosso curso que já estão inseridos no meio empresarial e nos dão a conhecer um pouco do seu percurso. Para terminar esta segunda secção, damos a conhecer, através de alguns professores do curso, algumas das várias áreas da Eletrónica. Na terceira e última secção da revista damos ênfase à nossa Instituição, o Instituto Superior Técnico. Começando com a entrevista a um professor de excelência do nosso curso, seguido de uma entrevista informal a uma das pessoas que mais se esforça por dinamizar o campus do Taguspark e elevar ao máximo os alunos da nossa Instituição. Outra das novidades desta recente edição da N3E Magazine é uma secção dedicada exclusivamente à criação de startups, começando com a motivação e algumas dicas de um professor que vê nos alunos do Técnico todo o potencial necessário para a criação de uma empresa de sucesso. Contactámos também alguns antigos alunos do Instituto Superior Técnico responsáveis pela criação de startups que hoje em dia são empresas de sucesso para nos dar a conhecer um pouco do seu percurso nesta aventura. Terminamos esta secção dedicada ao Técnico dando-vos a conhecer alguns grupos da nossa instituição, como o ROB9-16 ou o TLMoto. Como não podia faltar, trazemos-vos mais um projeto que podem experimentar fazer em casa e ainda um artigo de opinião sobre a Eletrónica que utilizamos no nosso dia-a-dia. Curiosos?

Ficha técnica

Título: N3E Magazine | Edição: Número 6 - 2015 | Direção Editorial: Ana Marta Borges | Equipa de Redação: Ana Margarida Alberto, Ana Marta Borges, André Lopes, Cláudia Dias, Guilherme Nogueira, Maria Ricarte, Nuno Rodrigues, Quevin Jagmohandas, Rita Alves, Rita Carreira, Sara Santos e Tiago Barra | Design: Bernardo Matos | Colaboração: Ana Marta Borges, André Lopes, Bernardo Matos, Prof. Carlos Ferreira Fernandes, Carlos Silva, Cláudia Dias, Cristina Fonseca, Daniel Silva, Diogo Dores, Prof, Francisco Alegria, Guilherme Nogueira, Prof.ª Isabel Lourtie, Prof. João Vaz, Prof. José da Franca, Luís Magalhães, Marco Barbosa, Maria Ricarte, Mariana Cornélio da Silva, Nuno Rodrigues, Pedro Angélico, Prof, Pedro Ramos, Pedro Sinogas, Quevin Jagmohandas, Rafael Vieira, Ricardo Mendes, Rita Carreira, Renato Encarnação, Sara Santos, Sebastião Beirão, Tiago Barra, Tiago Freire | Apoios: AEIST, Banco BPI, Instituto Superior Técnico | Tiragem: 1000 | Periodicidade: Anual | Propriedade: Núcleo de Estudantes de Engenharia Electrónica do Instituto Superior Técnico; Instituto Superior Técnico - Campus do Taguspark (Sala 1.20), Av. Prof. Dr. Cavaco Silva, 2744-016 Porto Salvo, Oeiras, Portugal; geral@tecnico. ulisboa.pt; http://n3e.tecnico.pt | ISSN: 1647-5151 | Depósito legal: 326658/11 | Impressão e Acabamento: SIG - Soc. Ind. Gráfica, Lda | Distribuição gratuita

2 N3E Magazine Revista N3E+recente (3).indd 2

05/09/2016 16:11:25


4 Atividades N3E 10 N3E Robotics LEE/MEE 12 O Curso 14 Projeto de Curso 16 Mercado de Trabalho 18 Áreas da Eletrónica TÉCNICO 22 Entrevista 26 Starting YOU up! 32 Artigo Informal 34 Grupos do Técnico 36 Do It Yourself 39 Artigo de Opinião

Um Legado, Uma Missão

Sumário

N3E

Quando entramos para um curso começamos a rever-nos cada vez mais nele, começamos a senti-lo como se fosse algo nosso, algo que precisamos de ajudar a crescer e a melhorar cada vez mais, pelo menos é esta a minha opinião e foi isto que senti ao entrar para Engenharia Eletrónica. Para ajudar o curso a crescer e a melhorar não há melhor forma do que estar envolvido no N3E. Neste núcleo temos a oportunidade de fazer algo para os estudantes do curso, algo diferente, algo que nos distinga a nós, Engenheiros Eletrónicos, de todos os outros. Pertencer a um núcleo não implica apenas ter o seu nome numa lista, é muito mais que isso. É preciso preocuparmo-nos tanto com os outros como nos preocupamos connosco, por vezes até mais. É por isso uma grande responsabilidade ser o Presidente do N3E e certificar que todas as coisas são bem-feitas e correm da melhor maneira. Para isto tudo ser possível é preciso ter uma equipa à altura, uma equipa responsável e de confiança. Ninguém consegue fazer nada sozinho e só conseguiremos atingir o melhor se trabalharmos como equipa, em sintonia. As duas últimas equipas, das quais fiz parte, eram equipas que fizeram um grande trabalho, que deixaram a fasquia bastante alta. Isto tornou o trabalho a ser desenvolvido este ano ainda mais desafiante. À semelhança dos anos anteriores, a equipa foi composta por quem tinha muita vontade de trabalhar e por novos membros que darão continuidade a este legado. Nunca pensei que fosse tão complicado fazer uma equipa, mas no final olhei para a lista e fiquei bastante contente e satisfeito com a que eu e a Ana Marta Borges, Vice-Presidente, tínhamos escolhido para uma longa caminhada. Foram feitas ao longo do ano várias atividades, algumas já clássicas, outras que introduziram algumas novidades e que não tinham sido feitas. Já não falta muito tempo para acabar este ano letivo, e consequentemente, o mandato desta lista, mas ainda temos bastantes eventos e desafios pela frente. Não podia ter pedido algo melhor do que ter a oportunidade de pertencer ao N3E, de fazer algo pelos alunos e para os alunos e a coisa mais importante para mim, ter entrado nesta enorme família que a cada ano que passa cresce e que tenho a certeza de levar para a vida. O mais importante quando sair é ter o sentimento de missão cumprida e tentar ajudar ao máximo os novos membros e a nova lista, pois as pessoas vão passando e quem fica é o N3E. Prevejo um futuro bastante risonho para este grande Núcleo e tenho orgulho em ter ajudado a construí-lo, espero que quem venha a seguir sinta tudo aquilo que tive a oportunidade de sentir. É preciso nunca esquecer uma coisa, tudo aquilo que um sonho precisa é alguém que acredite nele. Pelo N3E sempre! André Lopes Presidente 2015/2016

N3E Magazine 3 Revista N3E+recente (3).indd 3

05/09/2016 16:11:25


Atividades N3E

Atividad

Jantar de Redes e Eletrónica | Texto Maria Ricarte

Este ano, o jantar épico de Engenharia Eletrónica foi ainda mais épico! Como não quisemos ficar atrás na inovação, unimos dois núcleos, N3E e NEETI. criando o jantar de Redes e Eletrónica. Assim, no dia 15 de outubro, reuniram-se cerca de 80 pessoas no restaurante “A Cinderela”, desde alunos com uma matrícula, até aos mais velhos, de Mestrado, que por uma noite deixaram o estudo e projetos de parte para fazerem algo diferente. Ao longo da noite, o clima de diversão e lazer possibilitou o convívio e conhecer novas pessoas, que são os ideais para que o jantar se volte a repetir ano após ano e sempre com mais animação e divertimento.

XXI Arraial do Técnico| Texto Rita Carreira Mais uma vez, a 9 e 10 de outubro de 2015, a AEIST presenteou-nos com um incrível cartaz no já muito conhecido Arraial do Técnico, e como vem sendo hábito, o N3E esteve presente em conjunto com a Comissão de Praxe do Instituto Superior Técnico - Taguspark, na épica Tasca do Tagus. O primeiro dia começou com a apresentação da tuna TFIST - Tuna Feminina do Instituto Superior Técnico. De seguida os ícones, Capitães da Areia, não deixaram ninguém desiludido com as suas “maravilhas sem fim”. Mas ainda havia pessoas que queriam dançar e não tinha par, chamou-se, portanto o António. Como complemento a uma excelente atuação, Toy arriscou e acertou em cheio em todos os nomes de todas as tascas presentes, incluindo a grande Tasca do Tagus. Seguiu-se pela noite dentro com PeteThaZouk que empurrou toda a gente para perto do palco. O segundo dia iniciou-se com a tuna TMIST - Tuna Mista do Instituto Superior Técnico. Seguidamente os Them Flying Monkeys puseram toda a gente a não dar pelo tempo passar até que chegaram os Meninos da Vadiagem e ninguém mais parou pelo resto da noite. Jay Hardway fechou o cartaz com uma grande atuação. Foram dois dias de muita diversão, boa companhia e especialmente boa música, já com reservas no calendário para o próximo ano.

Futsal Semanal| Texto Daniel Silva Todas as semanas é organizado um jogo de futsal do N3E, no qual qualquer simpatizante de desporto pode participar. O futsal é uma modalidade bastante envolvente e reconhecida pela sua alta intensidade, motivos que explicam a sua grande popularidade. Estes jogos têm uma grande adesão, pois são sempre jogos muito divertidos, com muito espírito de equipa e com uma competição muito saudável. Todos sabemos a importância do desporto na vida. O desporto é capaz de melhorar muito a nossa qualidade de vida, para além de reduzir a probabilidade de doenças, é perfeito para aliviar o stress acumulado no dia-a-dia pelos estudantes do Instituto Superior Técnico - campus do Taguspark. Este ano os jogos continuam com a diversão ao máximo e esperamos que estes continuem a ser um sucesso e que o desporto passe a ser uma rotina na nossa vida académica.

4 N3E Magazine Revista N3E+recente (3).indd 4

05/09/2016 16:11:29


Atividades N3E

des N3E II Torneio de Ténis de Mesa | Texto Guilherme Nogueira

O N3E voltou a organizar um torneio de ténis de mesa no campus do Taguspark, com o objetivo de continuar a oferecer várias atividades desportivas aos alunos do IST. Este evento teve lugar no Átrio Norte do campus, perto dos anfiteatros e de uma esplanada regularmente frequentada pelos alunos. Por este motivo a visibilidade do evento foi bastante facilitada, quer pelas pessoas que saíam das aulas e eram confrontadas com jogos a desenrolar-se mesmo à sua frente, quer pelas pessoas que se sentavam na esplanada para descontrair e aproveitavam para assistir ao torneio. O sucesso do ano anterior pôs as expectativas muito elevadas em relação à edição deste ano do torneio e seria difícil manter ou tentar fazer melhor, mas tudo correu como previsto e conseguimos, mais uma vez, proporcionar um grande momento de lazer e diversão aos alunos, junto com alguma competição para os distrair um pouco dos estudos e de toda a parte mais complicada da vida académica. Durante o torneio, foi possível assistir a jogos de grande qualidade e à medida que se avançava na competição, estes subiam cada vez mais o seu nível, acabando por se destacar o vencedor final, André Amaral, que foi derrotando os seus adversários um a um, até conseguir o prémio final, um iPod Shuffle, entre outras recompensas. Mais uma vez, foi bastante gratificante observar que o esforço foi recompensado, face aos elogios relativos ao torneio, deixando assim ao N3E ainda mais vontade para continuar a realizar eventos deste género que cumpram e superem as expectativas dos alunos. Resta deixar um grande agradecimento ao Clube Recreativo dos Leões de Porto Salvo e especialmente a José Proença, que nos forneceu todo o material para o torneio, nomeadamente mesas, raquetes, bolas, entre outros. Sem a sua ajuda não teria sido possível realizar o torneio. Se já participaste neste evento, contamos contigo novamente no próximo ano, mas se ainda não tiveste essa oportunidade, não percas a próxima edição!

III Torneio Basquetebol | Texto Rafael Vieira O N3E realizou mais uma vez um torneio aberto na modalidade Basquetebol, para todos os alunos do Instituto Superior Técnico campus do Taguspark interessados em participar neste convívio desportivo. O torneio realizou-se no campo exterior da universidade no dia 26 de novembro de 2015. O principal objetivo da realização deste torneio, para além do estímulo à prática de exercício físico, foi também promover o convívio e a camaradagem académica entre todos os alunos envolvidos. Foram constituídas 3 equipas e a qualidade de todos os jogadores foi notória. No entanto, a equipa que se destacou fez com que cada um dos seus elementos recebesse um cartão oferta no valor de 10€ a utilizar na FNAC®. No final, foram oferecidas garrafas de água e caixas de Donuts® cedidas pela Panrico para satisfazer o apetite de todos os participantes. Realizou-se também na mesma data, e em simultâneo com o torneio de Basquetebol, mais um Monumental Churrasco. Esta foi a 3.ª edição do Torneio de Basquetebol com um ótimo feedback por parte de todos os envolvidos onde a boa disposição, o fair-play e o divertimento estiveram sempre presentes.

N3E Magazine 5 Revista N3E+recente (3).indd 5

05/09/2016 16:11:29


Atividades N3E

DIVULGAÇÃO

Texto Ana Marta Borges

O N3E, como Núcleo de Estudantes de Engenharia Eletrónica do Instituto Superior Técnico, tem como principal objetivo unir, motivar e dotar de mais-valias o nosso curso e Instituição, contribuindo para que, tanto estes, como os alunos que o frequentam ou pretendem frequentar, evoluam positivamente. Desta maneira, os membros do N3E participam ativamente em atividades de promoção do Instituto Superior Técnico, do campus do Taguspark e do próprio curso junto de potenciais futuros alunos. A divulgação é feita através de eventos como o Dia Aberto do campus, a Futurália e feiras tecnológicas como a Lisbon Maker Faire. O impacto da nossa participação nestes eventos de divulgação do curso e Instituição é muito positivo e este resultado ilustra-se no facto de as vagas do curso terem sido totalmente preenchidas na primeira fase de candidaturas para o Ensino Superior. Objetivo cumprido!

Receção aos novos alunos | Texto Rita Carreira De 7 a 11 de setembro de 2015 decorreu a receção aos novos alunos. Foi nestes dias que os mais novos puderam inscrever-se, conhecer o seu curso, bem como o que poderão vir a fazer no futuro e, em especial, o que os espera nos próximos anos da sua vida. Foi nestas linhas de trabalho que o N3E se focou. Num primeiro contacto apresentou-se aos novos alunos as diversas atividades promovidas pelo mesmo, os projetos do N3E Robotics e os respetivos prémios, tendo ainda sido dado a conhecer o que acontecerá ao longo do ano com assinatura N3E. É de enfatizar ainda a sessão de boas-vindas onde os novos alunos tiveram a oportunidade antecipada de conhecer os professores que os irão acompanhar. Mais tarde, foi tempo de dividir por cursos e juntar apenas os alunos de eletrónica num anfiteatro. Os coordenadores do curso, bem como o delegado de ciclo da altura, tiveram uso da palavra e foi apresentado em detalhe a Licenciatura em Engenharia Eletrónica, bem como o Mestrado que lhe corresponde. Houve, por fim, a oportunidade de os alunos terem uma conversa mais informal com os membros do N3E e do N3E Robotics onde puderam observar mais de perto os projetos que tinham sido desenvolvidos no ano anterior.

Recepção aos novos alunos N3E Robotics | Texto Diogo Dores Tendo existido um pequeno número de alunos novos interessados no N3E Robotics no ano passado, este ano, a nova coordenação decidiu concentrar-se em expandir e aumentar a visibilidade do N3E Robotics durante o 1º semestre. Para tal, foi criado um projeto interno para a elaboração de aulas e respetivos guias de aula (em formato PDF) que facilitassem a aprendizagem das plataformas que utilizamos frequentemente, nomeadamente Arduino. Estas aulas foram pensadas para dar conhecimentos suficientes aos alunos, com o objetivo de que no fim fossem capazes de implementar o que aprenderam num robot capaz de competir no concurso Micro-Rato, da Universidade de Aveiro. Este é então o desafio que lançamos aos novos membros do Robotics, entrar no concurso e trazer a taça de volta para o IST! Uma melhoria constante das aulas e dos respetivos guias é um dos pontos mais importantes do projeto para que a expansão do Robotics possa prosseguir. Sendo assim, foram criados questionários semanais anónimos para saber o que melhorar. Os resultados obtidos superaram as expectativas, pela primeira vez temos seis grupos interessados em participar no concurso Micro-Rato, mais quatro do que no ano anterior, e mais um grupo interessado em participar nos diversos projetos do 2º semestre. Para além das aulas, concentrámo-nos também no planeamento de projetos para o futuro, como a criação de uma maquete de uma casa inteligente e a preparação das equipas e do material necessário para a participação em três concursos (Micro-Rato, Condução-Autónoma e Robot@Factory).

6 N3E Magazine Revista N3E+recente (3).indd 6

05/09/2016 16:11:32


Atividades N3E

Curso

O DO

Workshop de Soldadura| Texto Guilherme Nogueira Desde sempre o N3E tem procurado ter um papel importante na divulgação do Técnico, do Campus e do curso aos mais novos, possíveis futuros alunos do IST. Neste ano, o núcleo, em visitas esporádicas por parte de escolas secundárias, organizou workshops de soldadura para os seus estudantes. Estes workshops consistiam numa breve introdução ao material e às técnicas de soldadura e depois na construção, por parte dos alunos das escolas, de um kit de componentes eletrónicos, cujo resultado final consistia em ter dois LEDs (Light Emitting Diode) a piscar alternadamente. Para tal, tiveram que soldar componentes como resistências, condensadores, díodos, transístores e os respetivos LEDs (um verde e um vermelho). Podemos afirmar que, para além de motivarmos os jovens face à engenharia, particularmente à área de eletrónica, também lhes proporcionámos um momento descontraído de trabalho e do qual eles podem ter orgulho do resultado final, pois todos eles completaram com sucesso o que foi pedido. Somando ao bom resultado junto dos alunos, também os professores que os acompanhavam estavam interessados na atividade, o que confirmou o sucesso da mesma. Esperamos que tenha sido uma experiência interessante e inesquecível para todos os participantes!

Futurália | Texto Ana Marta Borges No âmbito da divulgação e promoção do Instituto Superior Técnico e do curso de Engenharia Eletrónica, os colaboradores do N3E representaram o Técnico em mais uma edição da Futurália que este ano decorreu entre os dias 11 e 14 de março, na FIL. A Futurália é a maior Feira de Educação e Formação a nível nacional, dedicada a estudantes de 3.º ciclo e secundário, recém-licenciados, pais e encarregados de educação e ainda profissionais da área. Recebeu durante os dias do evento milhares de visitantes, que aproveitaram para passar no stand da Universidade de Lisboa, onde o NAPE - Núcleo de Apoio ao Estudante do Técnico esteve presente, apoiado por diversos núcleos de estudantes, incluindo o N3E, para responder a todas as questões sobre a escola. No final dos quatro dias do evento, o objetivo foi cumprido, muitos interessados puderam esclarecer as suas questões e informarem-se relativamente ao curso e instituição. Resta-nos esperar que estes sejam futuros alunos da maior escola de engenharia, arquitetura, ciência e tecnologia em Portugal, que é o Instituto Superior Técnico.

Lisbon Maker Faire | Texto Tiago Barra A Lisbon Maker Faire é a maior feira para a comunidade maker, e como tal, o N3E teria de estar presente para apresentar a todos os curiosos os nossos projetos. Nesta edição tivemos para demonstração os robots que levámos às competições do ano anterior e ainda apresentámos os novos projetos, como o quadcopter ou o mais recente modelo do carro de condução autónoma. Esta participação na feira deu-se em parceria com a direção do Instituto Superior Técnico – Campus Taguspark, que convidou o núcleo a participar na banca do mesmo. Os nossos membros foram voluntários, e durante esse fim de semana aprenderam novos conceitos e conheceram os produtos que estão na vanguarda da inovação. Foi também uma oportunidade de trocar experiências com makers de todo o país e experimentar tecnologia usada na robótica atual a nível nacional. No final do evento, e depois de muitos visitantes que passaram pela banca do IST, a missão foi cumprida com muitas dúvidas esclarecidas e muitas demonstrações feitas. No campo da divulgação, muitos jovens se informaram sobre o curso e sobre qual a melhor maneira de também eles se tornarem alunos de Engenharia Eletrónica.

N3E Magazine 7 Revista N3E+recente (3).indd 7

05/09/2016 16:11:32


Atividades N3E

Semana Empresarial e Tecnológica 2015 | Texto Pedro

Angélico

A SET - Semana Empresarial e Tecnológica do Instituto Superior Técnico, decorreu nos dias 2 a 6 de março de 2015, no campus do Taguspark. Os núcleos juntaram-se uma vez mais para a organização da SET e o N3E voltou a surpreender os participantes, conseguindo uma parceria com a BMW i Portugal, que possibilitou que os participantes da SET fizessem um test drive ao BMW i3 pela zona do Taguspark. Para apresentar aos estudantes de Engenharia Eletrónica as diversas aplicações do que é lecionado durante a licenciatura e mestrado nesta área, pudemos contar com a presença da Synopsys, uma grande empresa, se não a maior em Portugal, empregadora destes alunos. Além da apresentação do dia-a-dia na empresa e os diversos ramos da mesma, pudemos contar ainda, com diversos kits de demonstração interativos. Para fugir um pouco ao funcionamento normal da SET, este ano a equipa decidiu apostar no Empreendedorismo Jovem, com uma manhã dedicada ao tema “10 Ideias, 10 Startups”. A SET é uma oportunidade única que não podes perder! Muitos contactos partem daqui, muitas experiências são reveladas e irás perceber realmente onde quererás trabalhar e o que quererás fazer!

Workshop de Soldadura | Texto Pedro Angélico Finalizadas as aulas de iniciação, decidimos retomar o workshop de soldadura aberto a todos os alunos, mas com especial atenção aos membros do N3E Robotics, pois é um requisito importante. Este workshop foi dado mais uma vez pelos alunos mais experientes do N3E. Este ano, devido ao elevado número de membros inscritos e de alunos do campus interessados em participar, decidimos fazer dois dias de workshop. O workshop, para os alunos mais curiosos, começou com a preparação do circuito impresso que foi utilizado no mesmo. Esta preparação consiste na impressão do circuito na placa de cobre, no desgaste do cobre em excesso, na furação da placa no local dos componentes e a verificação de curtos circuitos ou pistas cortadas. A soldadura consiste na fusão térmica de uma liga de estanho e na solidificação da mesma, fazendo contacto entre o componente e a pista de cobre da placa. É um processo rápido, mas que que exige concentração e cuidado, não só para não nos queimarmos, mas também para colocar solda apenas na pista correta. No final do evento, os alunos levaram para casa uma PCB (Printed Circuit Board) com três LEDs RGB, um microfone, dois potenciómetros e um botão, entre outros componentes eletrónicos. A placa possuía ainda um chip programável através de Arduino e era alimentada a 9V, por uma pilha, por exemplo. Mais uma vez, o workshop foi um sucesso, e tivemos as duas sessões lotadas. Para os alunos que não conseguiram ir, mas que estão interessados, contactem-nos!

8 N3E Magazine Revista N3E+recente (3).indd 8

05/09/2016 16:11:34


Texto Sara Santos

Pelo terceiro ano consecutivo, em março de 2015, o N3E organizou o Concurso de Arduino, uma oportunidade de aprendizagem e diversão disponível para os alunos do 1º ano de Licenciatura do IST. Com um novo robot para os alunos construírem e programarem, o concurso teve uma grande adesão, preenchendo todas as vagas. Após várias sessões, onde os participantes aprenderam os básicos do hardware e do software utilizado, começaram a programar o seu robot para a final do concurso. O objetivo era obter um carro que percorresse uma pista autonomamente sem derrubar os obstáculos que lá se encontravam. A equipa que completasse a prova em menos tempo ganhava. Na final do concurso, um júri constituído pela Prof.ª Ana Moura Santos, o Prof. Rui Neves e o anterior presidente do N3E, Tiago Barra, classificou as várias equipas e anunciou o vencedor. Os três elementos da equipa vencedora levaram para casa um kit para poderem construir o seu próprio carro. Na próxima edição contamos, mais uma vez, com a presença dos novos alunos, para que cada edição do concurso seja melhor que a anterior!

Carlos Silva

Daniel Silva

Sebastião Beirão

O meu grupo era composto por três pessoas (eu e mais dois colegas) e decidimos participar no Concurso de Arduino porque queríamos aplicar a programação que aprendemos e alguns conceitos de eletrónica numa atividade extracurricular, foi aí que surgiu o concurso organizado pelo N3E, em parceria com o NAPE, que consistia em fazer um carro autónomo com base em sensores. O nosso grupo ganhou, não estávamos à espera, mas foi uma ótima sensação. O Concurso de Arduino ajudou-me a entender que para conceber algo são necessários bastantes testes e muita dedicação. Para terminar, mesmo que não se consiga fazer o que queremos, insiste-se até conseguir ou contorna-se o problema! Sejam persistentes...

O Concurso de Arduino foi realizado no Instituto Superior Técnico, no campus Taguspark, no ano letivo 2014/2015, com o intuito de proporcionar aos alunos de 1º ano uma melhor aprendizagem em robótica e trabalho de grupo. A preparação do concurso contou com uma sucessão de aulas em que aprendemos a programar na plataforma de Arduino e a construir o robot. Ao longo do concurso foram encontradas diversas dificuldades principalmente ao nível do código devido à falta de bases, na altura, na linguagem de programação C. No dia do concurso foi-nos dado algum tempo para testar o nosso robot e afinar alguns pormenores no código. No fim saímos vencedores e cada um de nós ganhou como prémio o robot que construiu.

No 2º semestre de 2014/15, o N3E, em parceria com o NAPE, organizou a 3ª edição do Concurso de Arduino. Decidi em conjunto com mais dois amigos participar neste concurso por considerar que seria uma boa forma de adquirir conhecimento na plataforma Arduino e também de pôr em prática aquilo que aprendemos nas cadeiras de programação. Durante algumas semanas fomos tendo aulas para aprender a construir o robot e como controlar cada um dos seus componentes individualmente. Coube depois à equipa desenvolver um algoritmo para que o robot evitasse obstáculos utilizando todos os seus componentes em conjunto. No final acabámos por ficar em 1º lugar, num total de 10 equipas, tendo cada elemento da equipa levado para casa um robot igual ao que construímos, podendo assim, desenvolver e melhorar o nosso algoritmo!

Atividades N3E

3ª Edição do Concurso de Arduino

N3E Magazine 9 Revista N3E+recente (3).indd 9

05/09/2016 16:11:34


N3E Robotics

O

Texto Cláudia Dias, Maria Ricarte e Rita Carreira concurso Micro-Rato foi realizado na Universidade de Aveiro a 29 de abril de 2015, tendo o intuito de constituir um fator de motivação e de complemento de formação para os alunos de eletrónica. Desta forma, os estudantes do IST – Taguspark não puderam faltar a mais uma nova edição, pois esta iniciativa não só abre novos horizontes no mundo da engenharia eletrónica, como também alerta para o espírito de iniciativa e criatividade. O objetivo do concurso era construir e programar um robot que conseguisse resolver um labirinto saindo da área de partida e a ela regressando, passando obrigatoriamente pela área do farol (uma área que transmitia infravermelhos e que tinha concurso. Alguns destes aspetos a referir foi o facto de as rodas não estarem bem seguras, os motores não serem de igual “capacidade” e os sensores não trabalharem corretamente. Todos estes fatores foram cruciais para o número de horas de trabalho. No dia do concurso, estavam presentes 10 equipas, a maior parte da Universidade de Aveiro. Em suma, os grupos do N3E Robotics conseguiram-se distinguir dos outros, não só pelo diferente design do robot como também pelo código usado, que nos permitiu ficar em 3º e em 5º lugar na prova. Para o ano esperamos que hajam mais equipas a participar e que idealizem algo novo e melhor que os aigam trazer o prémio para o N3E!

uma base, de diâmetro maior que o farol, preta, na qual o robot teria de acender um led vermelho). Ganhava o concurso o grupo que conseguisse fazer com que a sua “engenhoca” se aproximasse mais da área de partida, com a menor penalização, ou seja, chocando menos vezes nas paredes. Assim, cinco alunos, dos quais quatro de primeiro ano, formaram dois grupos e iniciaram a construção de novos micro-ratos, o Mickey e o MicroBoss, com a ajuda de outros alunos mais velhos, de salientar o estudante Rúben Capitão. Apesar de a construção ter sido começada previamente, houve muitos problemas com os componentes do robot que fizeram com que o trabalho se prolongasse até à meia-noite do dia anterior ao

Micro -Rato 10 N3E Magazine Revista N3E+recente (3).indd 10

05/09/2016 16:11:36


N3E Robotics

Texto Diogo Dores e Pedro Angélico presença do N3E Robotics no Festival Nacional de Robótica (FNR) voltou a ser marcada pela participação de uma equipa de cinco membros na competição “Condução Autónoma”. Sendo esta a segunda participação do N3E Robotics no concurso, decidimos modificar alguns pontos chaves do robot. A nossa primeira aquisição de 2015, foi um motor com maior potência, conseguindo assim competir de forma mais rápida e eficiente. Após a escolha do motor existiu a necessidade da introdução de um novo controlador de motor para o mesmo, este bastante mais robusto do que o utilizado anteriormente, com novas funcionalidades, entre elas destacamos a possibilidade de travar e de reverter a direção de rotação do motor por programação através do Arduino. Devido à elevada velocidade do motor foi também necessário a construção de uma gearbox que permitisse aumentar o binário nas rodas e diminuir a velocidade. A segunda modificação chave passou por mudar o sistema de câmaras. Na primeira versão do robot foram utilizadas três câmaras: uma para detetar os sinais e duas para detetarem as linhas da estrada. Este ano, a equipa decidiu apenas utilizar duas câmaras, onde uma destas introduziu a possibilidade de utilizar

A

diferentes tipos de lentes. Optámos por uma lente do tipo “olho de peixe”, para que a câmara conseguisse ter um ângulo de visão bastante elevado, levando assim à possibilidade de cortar na utilização de uma câmara, sendo o output cortado, basicamente o mesmo do que o output do conjunto das duas antigas câmaras. De futuro, iremos tentar utilizar apenas uma câmara! A meio do concurso, apercebemo-nos que o nosso UDOO (um minicomputador de dimensões pequenas compatível com Android ou Linux e que possui uma placa Arduino) não estava a ter a velocidade de processamento de imagem. Porquê a meio? A nossa pista de teste é num ambiente sem luz natural, enquanto que o local de competição por vezes tinha pequenas zonas de sol. Para fazer o processamento destas zonas, através das definições da câmara, necessitávamos de um processador superior. Para isso, modificámos em pleno concurso o carro e incorporámos um dos nossos portáteis no carro. Mesmo com os diversos problemas encontrados e os percalços que existiram, conseguimos obter o 2º lugar na classificação do concurso. Na próxima edição do concurso, queremos conseguir melhorar o estacionamento em paralelo, a passagem no túnel e tentar conseguir ultrapassar a zona de obras. Todos estes problemas passam por melhorar o processamento de imagem.

Condução Au tó no ma N3E Magazine 11 Revista N3E+recente (3).indd 11

05/09/2016 16:11:37


O Curso

MEE:

Estrutura Texto Tiago Barra

2.

Dissertação:

O Mestrado em Engenharia Eletrónica é obtido quando são completados os 120 ECTs correspondentes. Destes, 42 ECTs correspondem à dissertação, sendo que 12 ECTs são atribuídos ao Projeto de Dissertação em Engenharia Eletrónica e 30 ECTs na Dissertação em Engenharia Eletrónica.

3.

Saídas Profissionais:

As saídas profissionais são inúmeras e do mais diverso tipo, no entanto os alunos do MEE podem trabalhar na criação de projetos que envolvam preparar, fabricar, ensaiar e manter em funcionamento equipamentos e sistemas eletrónicos, quer sistemas digitais quer analógicos. Têm também competências para desenvolver o software requerido por esses equipamentos assim como otimizar a fiabilidade e a qualidade dos equipamentos.

O

Mestrado em Engenharia Eletrónica do Instituto Superior Técnico, lecionado no campus do Taguspark tem algumas características que muitos alunos desconhecem e que podem ser fundamentais quando chegar a altura de decidir o que escolher no fim da licenciatura. A escolha do mestrado define em muito a nossa área de trabalho, pelo menos nos primeiros anos após a graduação, e como tal a escolha deve ser a mais informada e fundamentada possível. Com base nisso serão apresentadas as características principais do MEE.

1.

Disciplinas:

As disciplinas dividem-se em dois tipos: tronco comum e opcionais. As disciplinas de tronco comum são sete, e são obrigatórias. Destas, uma é da área de Computadores (Sistemas Embebidos), duas de Competências Transversais (Formação Livre II e Formação Livre III) e quatro da área da Eletrónica (Microeletrónica das Telecomunicações, Conversores Eletrónicos de Potência a Alta Frequência, Sistemas de Processamento Digital de Sinais, Sensores e Atuadores Inteligentes). No que toca às disciplinas opcionais, existe a obrigatoriedade de aprovação a uma disciplina da área de Gestão ao gosto do aluno, desde que tenha um número de ECTs igual ou superior a 4,5. As outras disciplinas opcionais são de diferentes áreas, todas com o peso de 7.5 ECTs, e de toda a oferta apenas é necessária a aprovação a quatro. Na área de Computadores, estão disponíveis Redes de Comunicações Móveis e Redes de Sensores. Também na área de Telecomunicações estão disponíveis duas opções, Arquiteturas de Redes e Redes Óticas. Quanto à área de Sistemas de Informação está disponível Fundamentos dos Sistemas de Informação. No que toca à área de Mecânica está disponível apenas Processos de Fabrico. Por fim, na área de Eletrónica estão disponíveis Sistemas Eletrónicos de Computadores ou Sistemas Eletrónicos Integrados e Optoeletrónica Aplicada ou Eletrónica de Micro-ondas, isto porque estas disciplinas têm uma periodicidade bianual, isto é, só abrem “ano sim ano não”, dando para o aluno fazer no primeiro ou segundo ano, consoante a escolha que faça.

4.

Empregabilidade:

A percentagem de empregabilidade para alunos que terminam o Mestrado em Engenharia Eletrónica é de 100% nos primeiros seis meses após a conclusão. No entanto, cerca de 79% dos alunos tem propostas de emprego na área de formação base, não tendo a necessidade de recorrer a consultoras ou empresas de outras áreas de especialização. É também interessante perceber que cerca de 42% têm contratos de trabalho assinados ainda antes da conclusão do curso, isto é, durante o processo de escrita da tese. À semelhança dos outros cursos do Instituto Superior Técnico, os alunos do MEE, recebem convites de entrevistas e são chamados para estágios de verão caso seja do seu interesse.

5.

Vantagens:

O facto de o curso ter um número reduzido de alunos face à maioria dos programas de mestrado do IST, concede aos alunos um ensino mais dedicado e apoiado por parte da comunidade, sejam eles professores ou funcionários. As condições de excelência dos laboratórios do campus do Taguspark permitem que as aulas experimentais sejam uma realidade e com muita frequência os alunos desenvolvem os seus projetos em grupo ou individualmente. O espírito de entreajuda e apoio mútuo é sentido desde os primeiros dias entre os alunos. No cômputo geral, o MEE apresenta as mesmas características dos cursos de topo lecionados nas melhores faculdades da Europa. Os nossos alunos têm condições de excelência para se tornarem profissionais exímios e aptos a trabalhar em diversas áreas do mercado com igual competência, seguindo assim o mote dado por Alfredo Bensaúde aquando da fundação do Instituto Superior Técnico há mais de 100 anos: “O ensino de amadores não cria profissionais”.

12 N3E Magazine Revista N3E+recente (3).indd 12

05/09/2016 16:11:38


O Curso

Testemunho Texto Nuno Rodrigues

A

eletrónica é uma área que todos nós temos curiosidade em saber mais. Decerto, quando eram mais jovens, as plaquinhas com coisas agarradas vos criavam uma grande curiosidade. “O que será que isto faz?” pensava eu quando era mais novo. Este foi um dos grandes motivos para eu escolher o curso de eletrónica. Ao chegar ao último ano de Mestrado em Engenharia Eletrónica (MEE), muitas coisas passaram a fazer sentido e despertaram-me ainda mais curiosidade de aprender novas matérias. A eletrónica é isso mesmo, evolução. Esta evolução permite-nos continuar a atingir novos objetivos que nos fazem avançar enquanto seres humanos. Novas descobertas ou tecnologias abrem novas portas, por exemplo na área da saúde, permitindo melhorar a nossa qualidade de vida. Muitos de vós estão agora na licenciatura e pensam que a níveis práticos o curso peca um pouco. Eu senti o mesmo. No entanto, consigo perceber agora o porquê de precisarmos de uma componente teórica mais forte ao início para colocarmos em prática mais tarde aquilo que aprendemos. Ao acabar LEE equacionei se deveria ou não continuar em MEE. O que eu mais gosto de fazer é programação de microcontroladores/microprocessadores e até então essa componente prática estava um pouco submetida para segundo plano. Informei-me com os meus colegas de MEE e falei com alguns professores sobre o que devia fazer. A verdade é que todos me aconselharam a permanecer no MEE. O MEE tem uma componente prática muito mais forte e com a facilidade de trabalhar nos laboratórios do nosso campus torna-se um curso muito produtivo. O curso de eletrónica não é fácil, tem cadeiras muito teóricas que faz alguns alunos perderem o interesse acabando por abandonar o curso quando concluem a licenciatura. Esse é um problema que está identificado e que se tem tentado combater, pois é importante que o nosso curso continue a ter um bom número de alunos. Tenho a certeza que se os alunos tivessem uma perspetiva do MEE diferente quereriam continuar no curso e não se iriam arrepender.

didato ao tema, o professor responsável irá escolher o aluno que melhor se adequa ao tema. Alguns dos temas requerem conhecimentos de algumas Unidades Curriculares específicas, sendo esse um dos fatores de escolha. Os temas são lançados a meio do semestre anterior ao que os alunos começam a trabalhar para a tese. Se têm alguma proposta de tema ou quiserem saber que temas é que algum professor tenha para vocês, convém contactar ou o coordenador do MEE ou o professor com quem gostariam de trabalhar antes do lançamento desses temas. No meu caso, o tema que estou a trabalhar é ensaio não destrutivo baseado em correntes de Eddy. Este tema já foi trabalhado por vários alunos em que, por exemplo, o tamanho do hardware era reduzido ou o software mais eficiente. O trabalho que me é proposto é realizar uma interface para um dispositivo que apresente os dados recolhidos por uma sonda portátil. Para os alunos mais novos deixaria o seguinte conselho. No caso de estarem com dúvidas do que devem continuar a fazer no vosso percurso académico, falem com os professores e com os alunos mais velhos. O N3E tem um vasto número de elementos desde o 2º ano até ao 5º ano curricular que vos pode ajudar a esclarecer alguma situação que vocês não consigam perceber muito bem. A transição da LEE para o MEE é um pouco confusa porque no MEE, por exemplo, existem 9 cadeiras opcionais em que têm de realizar pelo menos 4. Neste caso convém preparar quais as cadeiras opcionais que pretendem fazer, sendo que 4 delas são dadas bianualmente. Estes pormenores não são fáceis de entender por vós próprios, e por isso é preferível pedir ajuda do que depois serem prejudicados por alguma opção que afinal não queriam. A ideia deste pequeno texto é apresentar o curso de MEE aos alunos para que se sintam mais preparados sobre o que realmente acontece depois da LEE. No entanto, se tiverem dúvidas terei todo o gosto em esclarecê-las.

Neste momento estou nas últimas cadeiras do curso, e sem dúvida que o facto de serem mais práticas dá uma motivação maior e uma melhor noção do que iremos fazer no futuro como engenheiros eletrónicos. No curso de MEE os alunos começam a trabalhar para a tese logo no 1º semestre do 2º ano curricular. Isto permite que os alunos se apliquem mais no estado de arte no primeiro semestre de tese, e executar a sua tese no 2º semestre. O estado de arte é a parte da tese em que temos de falar da teoria por de trás da nossa tese e que opções existem hoje em dia que realizam a nossa tarefa. A ideia final é criar algo novo que ainda não foi estudado ou melhorar uma opção que já exista para o nosso tema. Os alunos do MEE podem concorrer a qualquer tema disponibilizado pelo DEEC. Numa primeira fase, os temas são lançados pelos professores. Ao serem aprovados pelo DEEC, os temas são lançados no Fénix e os alunos têm um determinado tempo para concorrer ao tema. Se houver mais de um can-

N3E Magazine 13 Revista N3E+recente (3).indd 13

05/09/2016 16:11:39


Projetos de Curso

Radiobaliza intelige Texto Nuno Rodrigues e Renato Encarnação

O

objetivo deste projeto é gerar um sinal de telemetria contendo os dados referentes às condições de funcionamento de um satélite LEO (Low Earth Orbit) ou de um balão, nomeadamente temperatura e dados de voo como posição, altitude e aceleração. LEO (Low Earth Orbit), ou em português, órbita terrestre baixa, é uma órbita onde os objeitos se encontram abaixo dos 2 000 km. Os satélites numa LEO viajam a cerca de 27 400 km/h. A utilidade de uma órbita terrestre baixa é a de se poder ter uma largura de banda maior e menor atraso no tempo de comunicação, isto em comparação com outras órbitas. Para além destas vantagens, é mais fácil e barato colocar um satélite numa órbita terrestre baixa do que numa média ou alta. Para realizar este projeto é utilizada a placa de desenvolvimento UDOO que tem dois processadores, um ARM a correr UDOObuntu e um SAM3X a correr FreeRTOS 8.0.1. Os sensores são colocados numa shield desenhada para colocar no UDOO. Cada grupo de medições (temperatura, voo) tem de ser executado numa ou mais tarefas distintas de modo a garantir o processamento atempado de condições de falha. Quando existe uma falha, o emissor tem de bloquear o fluxo normal de dados telemétricos e comunicar imediatamente o sucedido à estação terrena.

Este projeto necessita de uma shield em que é utilizado um acelerómetro (LIS3DH), um barômetro (BMP085) e 2 rádios CC1200. O acelerômetro é utilizado para obter informação sobre a posição do satélite. Esta posição é dada num sistema de 3 eixos x, y e z. O barómetro é utilizado para monitorizar a temperatura, a pressão e a altitude a que o balão se encontra. São utilizados dois rádios para emissão de dados sobre o dispositivo. Com os rádios a transmitir em frequências diferentes, enviamos para a estação terrestre os dados obtidos com o acelerômetro e o barômetro. Caso exista alguma anomalia também é enviado um alerta para a estação terrestre através do rádio. A placa de desenvolvimento UDOO tem um processador a correr UDOObuntu (i.MX6) e um processador a tratar da leitura dos sensores (SAM3X) a correr FreeRTOS 8.0.1 em ambiente Arduino. Para realizar cálculos mais exigentes é utilizado o processador i.MX6 devido à sua melhor capacidade de processamento. Para realizar a comunicação entre os sensores e o SAM3X é utilizado o protocolo I2C e para enviar dados pelo rádio é utilizado o protocolo SPI.

14 N3E Magazine Revista N3E+recente (3).indd 14

05/09/2016 16:11:41


Outra situação de alerta implementada é o aumento de temperatura. A mensagem de alerta enviada pelo rádio em caso de temperatura elevada é “TEMP ALERT”.

Projetos de Curso

gente para satélite No caso do alerta de temperatura, o comportamento é igual ao do alerta de posicionamento. Apenas quando a temperatura voltar a ser abaixo do máximo definido é que a mensagem de alerta deixará de ser transmitida. O rádio que transmite a uma frequência de 169MHz com uma modulação OOK é utilizado para a enviar código morse. Deste modo, conseguimos provar que o conteúdo enviado está correto. No entanto este é um processo lento, e em caso de situação de alerta a transmissão via código morse não é eficaz. A configuração dos CC1200 foi realizada com o auxílio de um programa que gera os dados que devem ser programados para a emissão em OOK e em FSK. O programa é o SmartRF Studio 7. A tabela de dados é preenchida recorrendo ao protocolo SPI. Para visualizar o correto funcionamento do emissor em OOK foi utilizada uma aplicação que descodifica código Morse. Na imagem seguinte é possível ler: TEMPERATURE 25 DEG CELSIUS PRESSURE 100824 PA ALTITUDE 42 METERS ACCELEROMETER DATA X N4 Y 16 Z 1. A letra N antes de um número significa que o número é negativo.

O rádio que transmite a uma frequência de 434MHz com uma modulação FSK, transmite os dados pretendidos instantaneamente para tratamento na estação terrestre. Sempre que um novo conjunto de dados é calculado, esses dados são colocados num pacote e a informação é enviada de uma vez só, sendo muito mais eficiente que o rádio que gera código morse. Os testes realizados para verificar o correto funcionamento dos dois emissores foram feitos utilizando dois equipamentos de comunicações. Os equipamentos utilizados são o recetor ICOM IC-R8500 e o Kenwood TS-2000. Criámos um site onde é possível ver alguns vídeos com os testes que realizámos, o site é sites.google.com/site/radiobalizasatelite. O resultado final é apresentado na imagem que se segue.

Ao inverter a placa UDOO simulamos uma situação de perigo em que a medição efetuada no eixo Z dá negativa. Para simular essa situação de perigo o rádio envia uma mensagem “Z AXIS ALERT”. Para a mensagem de alerta deixar de ser transmitida, o posicionamento do dispositivo tem de ser corrigido. Quando o posicionamento é corrigido o rádio passa a transmitir a mesma mensagem representada na imagem seguinte.

N3E Magazine 15 Revista N3E+recente (3).indd 15

05/09/2016 16:11:41


Mercado de Trabalho

“...as oportunidades só aparecem se as procurarmos…” Texto Tiago Freire

A

cabei o meu mestrado em Engenharia Eletrónica no final de 2014. Durante o meu mestrado não entrei no programa de ERASMUS porque queria realizar todo o programa de mestrado que o Instituto Superior Técnico tinha para me oferecer, o qual, segundo alunos mais velhos, era um excelente mestrado. Concordo absolutamente. A minha tese de mestrado foi para mim um grande desafio, na área da microeletrónica de telecomunicações, tendo consistido no projeto de um Recetor RF para sistemas na banda dos 60 GHz. Foi desafiante por estar a trabalhar numa área pouco desenvolvida e a qual há-de vir a ser b a s t a n t e utilizada em redes sem fios devido às suas propriedades que suportam débitos binários extremamente elevados. No fim do curso, o sentimento com que fiquei foi de que estava perdido e sem saber o que fazer ou o que o futuro me reservava. Para mim, a principal área de interesse, apesar da escassa oferta em Portugal, era a microele-

trónica, seguindo-se o desenvolvimento de hardware e a programação. Sabia que provavelmente fora de Portugal iria encontrar mais e melhores oportunidades, mas no entanto decidi que devia dar uma oportunidade cá dentro. Assim, comecei a responder a candidaturas para eletrónica, para consultoria e para vagas de programador. Depois de muitas e demoradas entrevistas e testes psicométricos, chegavam as primeiras respostas e com elas a liberdade de escolha. Acabei por ingressar na Vision Box como programador em C#. Já depois de estar empregado, tive um contacto da Synopsys para uma vaga de verificação de sinal misto. Esta vaga fez os meus olhos brilharem, a junção dos mundos de eletrónica digital e eletrónica analógica. Avancei com a minha candidatura e atualmente encontro-me na Synopsys a trabalhar na área que era do meu interesse (microeletrónica). No início comecei por enriquecer os meus conhecimentos em eletrónica digital e ambientes de verificação de circuitos integrados e posteriormente em verificação de sinal misto. A posição revelou-se bastante desafiante, principalmente devido à falta de uma base sólida em eletrónica digital. No entanto, uma boa equipa, o empenho e dedicação fazem com que se ultrapassem barreiras e se atinjam os resultados pretendidos. Estou bastante contente com o meu trabalho e com as condições de trabalho que me são proporcionadas. Durante a minha busca incessante de emprego percebi que as oportunidades só aparecem se as procurarmos e o facto de agarrarmos uma, não significa que não podemos continuar em busca de algo que melhor sirva os nossos interesses.

16 N3E Magazine Revista N3E+recente (3).indd 16

05/09/2016 16:11:43


Mercado de Trabalho

“...o Técnico dá-vos um excelente know how…” Texto Luís Magalhães

O

meu nome é Luís Magalhães e concluí o Mestrado em Engenharia Eletrónica em Novembro de 2014.

Foi com grande esforço que terminei este curso, a todos os níveis. No entanto, vendo onde estou agora, sinto que todo o meu investimento fez sentido. É recorrente os alunos deste curso ouvirem que “os alunos do Técnico são muito procurados no mercado de trabalho” e que “o Técnico prepara os alunos muito bem para o futuro profissional”, mas, se forem como eu, não terão essa perceção durante o curso. Talvez pela existência de um gap entre o mundo empresarial e a escola, embora cada vez mais existam iniciativas, por parte da Faculdade, que procuram mostrar o mundo de trabalho aos alunos. Se querem uma boa prova de que o vosso esforço de agora vai ter compensação no futuro, é uma iniciativa dessas que devem procurar. Comecei a trabalhar pouco depois de ter apresentado a tese, numa empresa chamada Ynvisibile, que fabrica ecrãs eletrocrómicos e que tem o projeto Printoo em desenvolvimento. Como fui contratado para ficar sozinho no departamento de eletrónica, tive o natural receio de não estar preparado para todas as eventualidades e desafios que pudesse ter de enfrentar. No entanto, uma das capacidades que desenvolvemos durante o curso é de conseguir pegar num problema maior e parti-lo em vários pequenos. Como tal, todos os problemas que ia enfrentando conseguia dividir em vários pequenos e completá-los, com maior ou menor rapidez. É necessário utilizar um IDE diferente? É preciso utilizar um microprocessador que

nunca usei? É preciso desenhar uma PCB (Printed Circuit Board)? É preciso soldar algo? Já o fiz no curso. É, então, fácil de perceber que, seja qual for o problema a resolver, já passámos por algo semelhante durante o curso e estas competências não são de subestimar, pois nem toda a gente tem as mesmas skills que nós e consegue fazer o que conseguimos com a mesma facilidade. A nível pessoal, o curso ensina-nos a gerir o tempo, a ter responsabilidade, a ser metódico para lidar com vários projetos em simultâneo que se tornam nas melhores ferramentas de trabalho, bem como competências importantes para a nossa vida pessoal do dia-a-dia. Se há conselho com que gostaria de terminar este artigo é o seguinte: Não tenham receio do futuro e aprendam a valorizar as vossas capacidades, porque o Técnico dá-vos um excelente know how para conseguirem enfrentar qualquer obstáculo.

N3E Magazine 17 Revista N3E+recente (3).indd 17

05/09/2016 16:11:43


Áreas da Eletrónica

Fundamentos de Controlo Texto Prof.ª Isabel Lourtie Departamento: DEEC

Os sistemas de controlo são parte integrante da sociedade atual. Estão presentes nas nossas casas, nos carros, na indústria, nos sistemas de comunicação e transporte, entre outros. Eles são um elemento essencial de praticamente todos os sistemas de engenharia. O controlo de sistemas é a arte de gerir, governar ou regular o comportamento de um processo de modo a melhorar o seu desempenho dinâmico com vista ao cumprimento de determinados requisitos. Um controlador moderno observa o comportamento do sistema, compara-o com o comportamento pretendido, determina ações corretivas baseadas num modelo dinâmico do processo e atua sobre ele de modo a produzir as alterações desejadas. Esta é a ideia chave por detrás do desenvolvimento dos sistemas de controlo automático, a retroação ou realimentação que dá ao sistema a possibilidade de se autocorrigir. A realimentação tem

inúmeras vantagens. Nomeadamente, permite tornar o sistema robusto a incertezas na modelização dinâmica do processo que se pretende controlar, reduzir a sensibilidade a perturbações externas, gerar comportamentos lineares a partir de componentes não lineares e estabilizar sistemas instáveis. Nas palavras de Karl Aström: “The “magic of feedback” is that it can create a system that performs well from components that perform poorly.”

mento dentro de minas e após terramotos, ou na inspeção de infraestruturas críticas tais como pontes, represas ou redes de distribuição de energia elétrica. Robots móveis são também usados na exploração oceanográfica, aérea ou espacial, bem como em inúmeras aplicações militares tais como na deteção de bombas em locais de guerra. Mais recentemente, avanços tecnológicos ao nível de sensores, sistemas de comunicação sem fios e velocidade de processamento de microcomputadores têm contribuído para o desenvolvimento da robótica cooperativa em

que múltiplos veículos autónomos cooperam no desempenho de tarefas que seriam difíceis ou impossíveis de realizar com um único robot, como por exemplo o mapeamento 3D de ambientes subaquáticos de difícil acesso e com pouca visibilidade.

A crescente complexidade dos sistemas tecnológicos requer cada vez mais uma abordagem multidisciplinar. Sempre que dinâmica e realimentação estão envolvidas, como acontece em inúmeras aplicações da robótica, nomeadamente em robótica móvel, a contribuição do controlo é crucial. Por exemplo, no desenvolvimento de veículos autónomos para substituir o ser humano na realização de tarefas em ambientes inóspitos ou perigosos como por exemplo em ações de busca e salva-

Microeletrónica Texto Prof. João Vaz Departamento: DEEC Atualmente é indiscutível que a Microeletrónica é uma área do conhecimento em permanente expansão e desenvolvimento. Os avanços obtidos pela indústria e pela comunidade científica são bem visíveis no nosso quotidiano pela quantidade e variedade de dispositivos eletrónicos que utilizamos. Destes destacam-se os equipamentos que nos permitem comunicar por voz ou enviar e receber dados usando as ondas de rádio frequência (RF). Exemplo disto são os telemóveis, tablets e portáteis quando usam ligações WiFi, Bluetooth ou rede móvel. É precisamente nestes dispositivos que os circuitos integrados (IC) que processam sinais de rádio frequência são utilizados. Um dos principais atributos dos circuitos integrados RF envolvidos nos emissores/recetores destas ligações são o baixo consumo de energia mantendo a qualidade da comunicação. Uma das características que distingue os sistemas

de telecomunicações atuais é o ritmo de transmissão de dados. Num extremo tem-se, por exemplo, as redes 5G onde os ritmos podem ultrapassar os Gb/s, no outro, as redes de sensores sem fios (WSN) onde estes valores se aproximam dos Mb/s. As redes do tipo WSN utilizam frequentemente protocolos de comunicação do tipo Bluetooth Low Energy ou ZigBee onde, por terem baixo ritmo de transmissão, o consumo energético pode ser extremamente baixo. A internet of things, IoT, é um exemplo emergente da aplicação destas redes. Hoje em dia é imprescindível um Engenheiro de Eletrónica ter formação em Microeletrónica e particularmente em circuitos RF, que é uma especialização muito valorizada e pretendida pelo mercado de trabalho nacional e internacional. O Mestrado em Engenharia Eletrónica do IST oferece a disciplina Microeletrónica das Telecomunicações cujo tema principal é a análise e projeto de circuitos integrados para rádio frequências em

tecnologia CMOS. Nesta disciplina começa-se por apresentar as diferenças que caracterizam o desenho de um IC para RF em relação a um IC de baixa frequência. Seguidamente estudam-se os principais blocos RF que constituem um emissor/recetor de telecomunicações: amplificadores de baixo nível de ruído, sintetizadores de frequência, misturadores e amplificadores de potência. Por fim, as arquiteturas que são usadas em emissores/recetores são abordadas. A disciplina tem tido uma ótima aceitação por

parte dos alunos. Alguns que escolheram tema de tese nesta área já iniciaram a sua carreira profissional na indústria de Microeletrónica.

18 N3E Magazine Revista N3E+recente (3).indd 18

05/09/2016 16:11:49


Texto Prof. Francisco Alegria Departamento: DEEC A tecnologia tomou conta da nossa vida, não havendo praticamente nenhuma área onde não encontremos dispositivos

eletrónicos. Desde o cultivo e processamento industrial dos alimentos que comemos, passando pela nossa casa, carro e roupa até ao nosso entretenimento e lazer, convivemos com sistemas embebidos que muitas vezes passam até despercebidos de um olhar menos atento. A grande maioria dos futuros engenheiros eletrónicos e eletrotécnicos irá estar envolvida, em maior ou menor grau, na invenção, desenvolvimento e melhoria deste tipo de dispositivos. Estes saem d o

Instituto Superior Técnico bem preparados para o fazer, pois tiveram inúmeras oportunidades para estudar os sistemas embebidos existentes e, mais importante, criar e desenvolver alguns deles. Em disciplinas como Sistemas Embebidos, Sensores e Atuadores e em alguns casos na sua dissertação de mestrado, os alunos entram em contacto direto com uma grande variedade de dispositivos eletrónicos, não do ponto de vista do utilizador, mas do ponto de vista do engenheiro. Em particular os alunos são levados a construir e fazer funcionar sistemas embebidos desde os mais elementares componentes eletrónicos, passando pela sua integração num sistema mais complexo onde o “cérebro” é, muitas vezes, um microcontrolador, um microprocessador, um processador digital de sinal ou uma FPGA - Field Programmable Gate Array, até à programação desses processadores por forma a implementar a funcionalidade desejada. É com muita satisfação que em geral os alunos vêm o fruto do seu trabalho de facto a funcionar. Como cedo aprendem, esse processo não é fácil e um pequeno erro tanto de hardware como software, pode levar a que o sistema não funcione. E essa é uma grande parte de

se ser engenheiro: detetar onde estão os problemas. A solução muitas vezes é trivial, no entanto, alguns desses erros podem ser mais complicados levando a um redimensionamento do sistema. Todo este processo é que é a mais-valia dos alunos formados pelo Instituto Superior Técnico. Qualquer um pode ler um livro e assimilar informação. Poucos são, no entanto, os que são capazes de inventar por si próprios algo que não existe e colocar um sistema complexo a funcionar. Para isso há que “pôr a mão na massa”, fazer e refazer as coisas vezes sem conta até que elas se tornem intuitivas. Quando somos crianças temos dificuldade em identificar as letras e juntá-las para formar palavras, com o tempo isso torna-se intuitivo e rapidamente lemos um texto sem dificuldade. O mesmo se passa com a engenharia, é preciso tempo e prática para que os nossos cérebros olhem para um dispositivo eletrónico ou o código de um programa de computador e rapidamente percebam o que pode estar mal ou o que não está a ser feito de forma eficiente. Os futuros engenheiros saem do IST para o mercado de trabalho com o conhecimento e competência para mudarem o mundo. Basta para isso o seu engenho e trabalho árduo. E quando há paixão e perseverança o céu é o limite.

Áreas da Eletrónica

Sistemas Embebidos

Processamento de Sinais de processamento de sinal para extrair a informação desejada do sinal. Atualmente, o processamento de sinais refere-se quase exclusivamente ao processamento digital de sinais adquiridos devido à eficiência, rapidez e custo reduzido dos circuitos digitais.

Texto Prof. Pedro Ramos Departamento: DEEC O processamento de sinais consiste num conjunto de algoritmos para extrair informação de um ou

mais sinais. Nos sistemas de medição, os sinais analógicos provenientes de sensores podem ser condicionados (por exemplo, filtragem, amplificação e atenuação) recorrendo a circuitos analógicos, antes de serem convertidos para o domínio digital usando conversores analógico-digitais (ADs), onde o Teorema da Amostragem define a condição para que não exista perda de informação do sinal no processo de amostragem. Os resultados das conversões são enviados para um processador, onde são aplicados os algoritmos

Um exemplo de um sistema de monitorização são os aparelhos de eletrocardiograma. O funcionamento do coração gera uma diferença de potencial em alguns locais da superfície do corpo que permite avaliar o funcionamento do coração e em particular da sequência e ritmo de funcionamento dos seus músculos. Na versão mais simples, a colocação de três elétrodos (dois nos braços e um na perna esquerda) permite obter um sinal que contém a curva PQRST, característica do batimento do coração. O sinal tem uma amplitude reduzida e a primeira operação consiste na sua amplificação. No entanto, devido ao comprimento dos cabos de ligação aos elétrodos, o sinal tem também um nível de ruído considerável (grande parte originário da rede de distribuição elétrica). Uma hipótese para reduzir o ruído consiste na filtragem

analógica antes do AD mas esta hipótese é pouco flexível. Uma alternativa mais versátil consiste na aquisição do sinal logo após a amplificação e posterior redução do ruído recorrendo à filtragem digital (um dos algoritmos mais usados no processamento digital de sinal). O aparelho pode registar o sinal para que outros sistemas processem os dados ou pode efetuar o seu processamento em tempo real. Um exemplo básico consiste na determinação do ritmo cardíaco a partir do intervalo de tempo entre os picos R das curvas PQRST. Outros algoritmos mais avançados podem, a partir das curvas PQRST, detetar situações de funcionamento incorreto do coração e sinalizar tais ocorrências para análise médica detalhada. Outros exemplos de processamento de sinal básicos são a estimativa da amplitude de um sinal, da sua frequência e da sua composição espectral. Algoritmos mais complexos podem combinar a informação de diversas fontes e monitorizar sistemas mais complexos, como por exemplo, barcos, aviões e parâmetros ambientais em edifícios.

N3E Magazine 19 Revista N3E+recente (3).indd 19

05/09/2016 16:11:55


“Deixe o futuro dizer a verdade, e avaliar cad suas conquistas�

Revista N3E+recente (3).indd 20

05/09/2016 16:11:55


cada um de acordo com o seu trabalho e as Nikola Tesla

Revista N3E+recente (3).indd 21

05/09/2016 16:11:56


Entrevista

Professor

Carlos F. Fernandes O Professor foi aluno do Técnico? Frequentou que curso? Eu fiz o curso de Engenharia Eletrotécnica (ramo: Telecomunicações e Eletrónica) praticamente todo na Universidade de Luanda, onde o plano curricular era igual ao do mesmo curso no IST. Deixei apenas 1 disciplina (Projeto de Telecomunicações e Eletrónica) para o IST, onde me formei no ano letivo 1975/76.

Por que razão optou por essa área? A partir do 5º ano do Liceu (atual 9º ano) tínhamos de fazer uma opção sobre o curso que pretendíamos. Gostava mais das disciplinas da área das ciências, sobretudo física e matemática, o que me fez optar pela alínea f), que dava acesso aos cursos de Engenharia e de Medicina. Dentro dos cursos de Engenharia, tinha especial interesse pela área da eletricidade; e na área da Engenharia Eletrotécnica só existiam 2 opções, que se tomavam a partir do 3º ano curricular: ramo de Telecomunicações e Eletrónica (correntes fracas) e ramo de Energia (correntes fortes). Escolhi a 1ª opção, onde a formação na área das matemáticas e da física era mais forte. Mas na realidade, o que eu queria era ser professor. Considero o ensino como uma atividade fascinante e a minha mais antiga paixão, que remonta aos anos da infância em que nos questionamos pela primeira vez sobre a nossa vocação.

Por que motivo decidiu seguir a via académica (ser professor) e não optou por trabalhar numa empresa? Como respondi atrás, a vocação era a docência. As experiências pedagógicas e as pontes que se conseguem criar nas interações docente-alunos foram sempre áreas que me motivaram. As tendências atuais apontam para a necessidade de uma forte formação interdisciplinar, esbatendo as fronteiras entre as várias áreas do saber. Num mundo onde a globalização é uma realidade, desenvolver competências transversais é preparar os alunos para uma resposta mais adequada aos desafios que vão encontrar ao longo da sua vida. Por outro lado, o mundo académico pareceu-me também adequado para desenvolver o outro aspeto do binómio ensino/investigação. A minha opção tem mais a ver com a minha personalidade e não significa que considere que os dois mundos devam andar desligados. Muito pelo contrário, a investigação deve estar contextualizada e inserida numa sociedade, ou seja, saber responder às necessidades de um mundo empresarial.

22 N3E Magazine Revista N3E+recente (3).indd 22

05/09/2016 16:11:57


Entrevista

Sempre foi professor no IST? Não. De 1973 a 1975 fui Monitor na Universidade de Luanda. De 1976 a 1979 fui Assistente Eventual na Universidade Agostinho Neto em Angola, já independente. Em outubro de 1979 comecei a dar aulas no IST na então secção de Eletrotecnia Teórica e Medidas Elétricas do Departamento de Engenharia Eletrotécnica.

Desde que foi aluno, até ao momento em que é professor, que mudanças nota no Ensino atualmente? Os paradigmas mudaram desde a década de 70 do século passado até aos dias de hoje. Temas como ecologia e globalização não tinham significado. O primeiro hoje está na ordem do dia e define áreas de investigação prioritárias. O segundo define comportamentos, que cada vez mais diluem as barreiras e constroem pontes. Atualmente, os desafios colocados a nível do ensino e aprendizagem requerem práticas pedagógicas que devem ser aplicadas transversal e multidisciplinarmente. O desemprego ou o emprego precário é outro dos flagelos atuais que não tinham a mesma dimensão nesses tempos, o que obriga a que a formação de base, já consagrada nos anos 70, se mantenha como crucial hoje em dia, mas se exija uma especialização menos musculada do que a que existia nessa altura. Só assim se garante uma melhor adequação às necessidades do mundo de hoje que, obviamente, mudam muito mais rapidamente. Além do ritmo das mudanças, a diferença fundamental resulta do acesso ao conhecimento. Neste domínio, o salto qualitativo e quantitativo foi abissal. As Tecnologias de Informação e Co-

municação (TIC) permitiram, por um lado, uma partilha de conhecimentos numa escala muito maior e, por outro lado, e consequentemente, o desenvolvimento de áreas que eram pura ficção ou inimagináveis nos anos 70.

Leciona atualmente a cadeira de Dispositivos Eletrónicos aos alunos de segundo ano da LEE. Quão importante é esta cadeira para os seus percursos académicos? Esta UC dá uma formação de base na área da engenharia. No caso presente, os alunos adquirem as competências necessárias para entender os princípios de funcionamento dos dispositivos eletrónicos de semicondutor. Esta razão permite compreender a sua localização no plano curricular do curso. Tem a montante as UCs de formação de base nas áreas da matemática e física e a jusante as UCs com cariz aplicado.

Também lecionou a cadeira de Formação Livre. Acha importante uma formação a nível pessoal para os alunos do IST? Trata-se de uma UC onde as pontes, a multidisciplinaridade e as ligações com o mundo exterior são evidentes e, tal como realçado nas respostas anteriores, fundamental para a formação dos alunos, como resposta às solicitações do mundo empresarial atual.

N3E Magazine 23 Revista N3E+recente (3).indd 23

05/09/2016 16:11:58


Entrevista

Como avalia os alunos atualmente? Pergunta difícil. Existe todo o tipo de alunos: uns brilhantes, curiosos e com espírito crítico, outros nem tanto. Talvez a facilidade de acesso à informação tire aos alunos um certo espírito crítico que existia noutros tempos. Como costumo dizer aos alunos, mais do que ser interessante, urge ser-se interessado…

Como surgiu a oportunidade de ser Coordenador de LEE? E como foi a experiência? Fui convidado pela Comissão Executiva do DEEC. Confesso que na altura o facto de ir assumir um cargo de gestão não me entusiasmou por aí além. Gostava muito mais do trabalho de ensino e de investigação. Por outro lado, a importância do cargo assustou-me um pouco. Mas gosto de desafios e avancei. A experiência foi muito boa e permitiu ter uma visão mais abrangente e realista da minha escola. Hoje tenho plena consciência de que na vida académica de um docente os trabalhos de Gestão são tão importantes quanto os do Ensino ou de Investigação.

Para além do ensino faz algum trabalho a nível de investigação? Em que área?

trabalho de investigação desenvolve-se no Instituto de Telecomunicações (IT)- polo de Lisboa, um dos Laboratórios Associados do IST, na área científica de Comunicações Óticas.

Acha importante o contributo do N3E? A resposta é evidente e encontra-se nos objetivos a que se propõe o Núcleo de Estudantes de Engenharia Eletrónica descritos no FENIX na página da LEE no menu lateral direito.

Que projetos tem para o futuro? Gostaria de fazer alguma coisa que ainda não teve oportunidade? Projetos? Trabalhos de lecionação e de investigação, com orientação de alunos. No próximo ano letivo estou em licença sabática. Durante esse período proponho-me a escrever um livro/texto pedagógico sobre Sistemas Solares Fotovoltaicos e Térmicos de Produção de Energia e a continuar os trabalhos relacionados com a organização do Museu Faraday no IST-Alameda. Para além disso, não tenho nada em mente para fazer que ainda não tenha feito, mas não fecho portas. Como disse, gosto de desafios.

A nossa progressão na carreira de professor universitário só é possível com trabalho de investigação. O meu

24 N3E Magazine Revista N3E+recente (3).indd 24

05/09/2016 16:12:00


Entrevista N3E Magazine 25 Revista N3E+recente (3).indd 25

05/09/2016 16:12:00


Starting Título daYOU Secção up!

Starting YOU Up! Texto Prof. José Epifânio da Franca

A

ceitei com muito gosto o convite para contribuir para a 6ª edição da revista do Núcleo de Estudantes de Engenharia Eletrónica (N3E). Não para vos falar do que todos sabem existir – o emprego por conta de outrem, mas para vos desafiar a considerarem criar o vosso próprio emprego, partirem para a vida à procura de um sonho, realizarem esse sonho com coragem, ambição e audácia, mudarem o mundo e mudarem as vossas vidas. Falo-vos, naturalmente, do desafio de criarem a vossa própria empresa, a vossa startup, e participarem no movimento global de empreendedorismo que acontece por esse mundo fora, assim como começou a acontecer no nosso país com uma dinâmica, um ímpeto, até há pouco desconhecidos. Estou certo que para muitos a criação de uma startup continua a ser uma ideia longínqua, porventura inacessível, toldada por dúvidas pertinentes e receios legítimos, mas fundamentalmente alicerçada no desconhecimento. Sei que não vos dissiparei (todas) as dúvidas, todos nós as temos, e não vos eliminarei (todos) os receios, todos nós os temos, mas gostava de vos ajudar a esclarecer o desconhecido e desmistificar a ideia. Uma startup é “apenas” uma empresa, que se cria com o objetivo de se realizar um produto ou serviço, desenvolver um negócio e ganhar dinheiro. Na sua génese deve estar a paixão do que se sabe fazer, alicerçada no conhecimento que a vossa formação vos deu. Para lhe dar vida são precisos 5 ingredientes fundamentais - IDEIA E MERCADO, PRODUTO E REALIZAÇÃO, VENDA, NEGÓCIO e EQUIPA, que passarei a descrever da forma espartana que a limitação de espaço impõe. A IDEIA que dá origem à startup tem que corresponder à resolução de uma necessidade do MERCADO, ou seja, dos potenciais clientes, pessoas e/ou empresas. É necessidade elementar, mas envolta na complexidade de

que o mercado não se conhece no espaço fechado de gabinetes ou laboratórios. O mercado conhece-se com a coragem para o ir conhecer, no mundo, e conseguirmos no mundo as respostas que nos fazem acreditar que “Há Mercado!”. Por exemplo: porque é que a “ideia” é importante? Que problema resolve? Que necessidade satisfaz? Quem tem interesse na “ideia”? Quem e quantos são os clientes, empresas e/ou pessoas, que poderão estar interessadas em comprar a “ideia”? Serão apenas os clientes de hoje ou espera-se que os clientes cresçam anualmente e a que ritmo? Que tendências estão a acontecer no mundo que afetam o número de clientes e o seu crescimento? Porque é que a “ideia” é importante agora e não deve, não pode, esperar por amanhã? As respostas a estas questões, tão essenciais quanto básicas na sua formulação, darão contributo fundamental para o primeiro e mais decisivo ingrediente na criação de uma startup: determinar a dimensão, qualidade e dinâmica do mercado, que só pode ser o mercado mundial! Uma vez identificado o mercado para a “ideia”, é necessário definir com precisão o PRODUTO, ou serviço, que lhe dará vida. Esta é a função nobre da engenharia e é na sua realização que se espelha a qualidade da vossa formação e as competências tecnológicas adquiridas. Para o fazer, é útil procurar respostas a outras perguntas, também simples e elementares. Por exemplo: como é que o produto ou serviço responde à necessidade do mercado? Que benefícios dele podem esperar os clientes? Como é que se posiciona, se diferencia e compete com outros que podem já estar no mercado? Compete pela qualidade? Compete pelo preço? Compete por funções e requisitos que não são ainda considerados? O que é que poderá tornar “único” o produto ou serviço que realiza a “ideia”? Será através da vossa capacidade de inovar, de encontrar soluções para o que o mercado precisa e ainda não

26 N3E Magazine Revista N3E+recente (3).indd 26

05/09/2016 16:12:00


A seguir, conhecido o mercado e definido o produto ou serviço, há que pensar na necessidade de levar o produto ou serviço para o mercado, colocá-lo “nas mãos” dos clientes, empresas e/ou pessoas, ou seja, concretizar a VENDA. É o ingrediente que corresponde à função crítica de sales & marketing, que não é uma função de engenharia mas que deverá ter o apoio da engenharia que concebeu e realizou o produto ou serviço. Como todas as funções que dão vida a uma empresa, a função de sales & marketing exige técnica específica e, sobretudo, experiência e profundo conhecimento da indústria e do mercado. Conhecimento dos clientes, da sua forma de pensar e comprar, conhecimento dos canais de vendas, próprios da empresa ou através de terceiros (representantes e distribuidores), humanos ou digitais, conhecimento da tão complexa como necessária arte da negociação, enfim capacidade de gestão do processo de venda em mercados globais e competitivos.

produto ou serviço pelo preço previsto num período de três a cinco anos? Quanto dinheiro é preciso até que a empresa ganhe mais dinheiro do que o dinheiro que gasta? E como poderá ser obtido esse dinheiro, por crédito ou capital próprio? Que investidores poderão estar interessados na promessa da startup? Que valor lhes pode ser prometido para que eles assumam o risco do investimento? E o que poderá correr mal nas promessas apresentadas? Estarão as receitas sobreavaliadas e os custos subdimensionados? O Plano de Negócio é a tradução em números das respostas a estas questões, entre algumas outras que poderiam igualmente ser consideradas, e a sua preparação exige cuidada e justificada fundamentação. Todos os números são válidos até que o tempo os confirme, mas é na solidez e fundamentação desses números que se joga a credibilidade de quem os propõe. Credibilidade que se ganha quando se realiza o que se promete, credibilidade que se perde com a incapacidade de cumprir a promessa.

Starting up! Título daYOU Secção

é feito, ou não é suficientemente bem feito, que serão encontradas as respostas que permitirão a realização de um produto ou serviço “ganhador”. Será essa capacidade de inovação, alicerçada na paixão do que sabem fazer bem, a arma fundamental para competirem e ganharem, no mundo!

Sales & Marketing é uma função que garante o “ganha pão” da empresa e lhe cria valor, não se compadece com amadorismo nem tolera o tempo de uma aprendizagem, antes exige a maior competência e profissionalismo que pode, e deve, ser encontrado no mundo. Tendo a “ideia” e conhecido o mercado que dela necessita, dando-lhe vida com a capacidade de engenharia que vos arma para inovar, ambicionar e sonhar, sabendo vendê-la para com ela ganhar dinheiro, é agora tempo de o Excel tomar conta do plano de NEGÓCIO e dos números que espelham a promessa de criação de valor de uma startup. Quanto custa a realização do produto ou serviço, em matérias-primas, energia, pessoas, equipamentos? Quanto custa colocar o produto ou serviço no mercado, em pessoas, em transporte, em publicidade, física ou digital? Por que preço deverá ser vendido o produto ou serviço? Será o preço adequado para cobrir os custos da sua realização e venda? Será o preço sobreestimado pela ânsia de ganhar dinheiro e a ignorância da competição? Será o preço subestimado com receio da competição e o desconhecimento do dinheiro de que a empresa necessita para ter vida e se desenvolver? E qual é o valor de receitas, isto é, qual é o número esperado de clientes que poderão comprar o

N3E Magazine 27 Revista N3E+recente (3).indd 27

05/09/2016 16:12:11


Título daYOU Secção Starting up!

Chegamos ao último, mas não menos importante, ingrediente que dá vida a uma startup e em que se alicerça o seu futuro, o seu sucesso: a EQUIPA que cria a startup e que se vai desenvolvendo e transformando em função das necessidades da empresa, do produto ou serviço, do mercado, dos clientes e até dos próprios investidores e/ ou credores. Equipa que é feita de competências técnicas próprias de cada um dos seus membros, na área de engenharia, na área comercial, na área financeira, na área jurídica, na área de recursos humanos e em todas as outras áreas importantes para a empresa. Saber reconhecer a necessidade dessas competências e saber quando, como e onde as obter ao longo da vida de uma startup, desde a nascença até à maturidade, é condição fundamental para o seu desenvolvimento harmonioso, sólido e sustentado. Brevemente estarão a comemorar o “canudo” em que tanto investiram e por que tanto se sacrificaram. Terão então à vossa frente a opção que, até há não muito tempo, era a mais óbvia, porventura única opção para a vossa

vida: encontrarem o emprego por conta de outrem que vos permitirá a realização de legítimas aspirações profissionais e pessoais. Hoje, mais do que nunca, a vossa formação também tem que vos preparar para uma outra opção, tão mais ousada e arriscada quanto porventura mais aliciante e potenciadora da vossa maior e mais completa realização profissional e pessoal. A opção de empreenderem na criação do vosso próprio emprego, na criação da vossa startup, partindo para a vida à procura de um sonho, realizarem esse sonho com coragem, ambição e audácia, mudarem o mundo e mudarem as vossas vidas. Serão capazes? Milhares como vocês são-no por esse mundo fora e vocês sê-lo-ão também! A vossa formação dá-vos o conhecimento para o conseguirem e espero que estas breves palavras vos tenham dado o desejo de o tentarem, sem temores nem preconceitos. Apenas com a confiança que vos tem acompanhado e vos continuará a acompanhar na vida e a forte e inebriante motivação de poderem fazer aquilo que vos apaixona.

28 N3E Magazine Revista N3E+recente (3).indd 28

05/09/2016 16:12:11


Starting up! Título daYOU Secção

SELFTECH Texto Marco Barbosa

É

frequente surgir a pergunta: “Como criar uma startup tecnológica?”. A ideia subjacente é que deve existir uma receita, um conjunto de passos, bem definidos e ao alcance de qualquer mortal, para passar de uma mão-cheia de nada para uma Nest ou Oculus (poderia dizer Google ou Facebook, mas prefiro “coisas” a “nuvens”). Há muitas fórmulas espalhadas online e normalmente parecem-me tão absurdas quanto aquelas listas que circulam velozmente pelas redes sociais intituladas “Como ser feliz em 10 passos”. No desenvolvimento da SELFTECH e, mais recentemente, da TURFLYNX nunca me preocupei muito com uma eventual lista de passos que teria de seguir. Sempre considerei mais importante ter uma direção bem definida, um objetivo estratégico que a empresa precisa de atingir, e aliar isso a uma perceção abrangente da situação atual da empresa e, sobretudo, quais os diferentes pontos de vista que a situação pode ter. A partir daí, e com um conjunto de “ferramentas de empreendedor” que tenho tido disponível, a sequência de ações surge naturalmente. Para estas “ferramentas” creio que já é relevante identificar algumas que me foram úteis e que recomendo qualquer empreendedor a preparar atempadamente. Nada supera uma equipa promotora que funciona. Todo e qualquer grão-de-areia que aparece no caminho de uma startup tem potencial para gerar fricção entre a equipa que a está a construir. É essencial que a equipa seja capaz de discutir abertamente todos os assuntos e, sobretudo, de tomar decisões racionais mesmo nas alturas mais difíceis. É esta equipa que formará o núcleo duro da empresa e da qual estará dependente a manutenção de toda a velocidade (momento, em “engenheirês”) que seja conseguida. Caberá à equipa inicial, de forma mais ou menos consciente, definir a cultura de empresa, o que irá influenciar decisivamente o seu futuro. Provavelmente a ferramenta menos concreta do empreendedor, mas aquela que lhe poderá permitir ultrapassar o que sempre

pareceu inultrapassável. Dizer que uma startup precisa de criatividade parece redundante. Dificilmente haverá uma startup tecnológica que não tenha na sua génese uma ideia de um produto ou serviço que tenha alguma originalidade para o mercado a que se destina. No entanto é necessário ter criatividade não só técnica, como num conjunto alargado de áreas que constitui a realidade em que a startup se insere. Desde a forma de organizar trabalho a como contactar clientes, a escassez de recursos financeiros e humanos nas startups exigem que os problemas sejam abordados sempre com a criatividade como a melhor arma para os enfrentar. Não menos importante é a capacidade de execução. Não adianta ter uma equipa de génios que depois não consegue pôr em prática as soluções engenhosas que inventam. É preciso um equilíbrio entre pensadores e executantes e é preciso a equipa reconhecer as diferentes competências com que cada um contribui para o projeto. Uma das características de muitos empreendedores que conheci numa fase inicial do seu projeto era a confiança, quase cega, de que o seu conhecimento técnico era condição suficiente para lhes garantir o sucesso. Depois quando via apresentarem o plano de negócio surgiam frases como “basta-nos 1% de quota de mercado”. O que tinham a mais em confiança técnica, tinham a menos em ambição quando se tratava de definir metas de negócio. Valorizo sempre uma desconfiança crónica do que se conhece, avaliá-lo de diferentes formas e, sobretudo, ter a humildade intelectual de saber que algo novo e melhor já, quase certamente, existe. No entanto esta desconfiança não pode pôr em causa a ambição da conquista, de conseguir levar a startup mais além, de inovar e de criar valor. Tem antes de servir de alavanca da vontade de continuamente melhorar e aprender a dominar novas ferramentas que ajudam a subir o próximo degrau. Ter uma empresa consciente das suas limitações ajudará a definir realisticamente os seus objetivos e abrirá portas a que se consiga superar.

N3E Magazine 29 Revista N3E+recente (3).indd 29

05/09/2016 16:12:13


Starting YOU up!

Talkdesk Texto Cristina Fonseca

N

a semana passada relembraram-me que fui caloira há 10 anos, uma década. As memórias são as melhores e os desafios eram constantes. Lembro de me pedirem para fazer um circuito capaz de controlar o enchimento de um tanque de água. Estávamos no primeiro ano, primeiro semestre, e na minha inocência achava que a faculdade tinha como objetivo ensinar-nos a fazer coisas. Lembro-me de pensar para mim própria “como raio é suposto que fazer isto se ninguém me ensinou”? Rapidamente percebi que esse não era o espírito. O espírito de um engenheiro é motivar-se pelos problemas e encontrar soluções. Nenhum de nós acordou um dia a andar ou a falar corretamente, é um processo. Acontece o mesmo durante o curso e a entrada no mercado de trabalho. Os primeiros meses são também uma surpresa, achamos que não estamos à altura dos desafios. Estamos enganados. Para quem saía do Técnico o processo era simples: atendíamos chamadas telefónicas, comparecíamos com o fato que tínhamos comprado para o efeito nas entrevistas e escolhíamos entre as propostas que com certeza nos iam fazer. Eramos do Técnico e para muitos isso significava não precisar sequer de enviar o CV, o que nos enchia de orgulho. A razão pela qual estas empresas disputavam os alunos do Técnico era por saberem que estávamos habituados ao ritmo alucinante e aos desafios constantes. Lembro-me de ouvir que gostavam “de nos moldar”. Anos depois, na maioria dos casos, esse molde foi o que serviu o propósito e a visão da empresa e não necessariamente a nossa própria ambição e o nosso desenvolvimento pessoal. Isto foi há cinco anos. Hoje esse mercado está a lutar por se manter sustentável e conseguir manter esses recursos humanos.

E depois há as startups, as empresas que já nasceram globais e que na maioria dos casos conseguiram os primeiros clientes lá fora. As startups são grandes criadoras de emprego em Portugal e as grandes embaixadoras do país. De repente, passaram a ser claras as outras opções quando se sai do Técnico. Para além das multinacionais e consultoras, há as startups e a possibilidade de se criarem negócios e empresas de base tecnológica. O ecossistema que se criou entretanto fez-nos perceber isso e torna a tarefa de explicarmos aos nossos pais o que fazemos mais fácil. Criar uma startup é um caminho diferente e pouco estruturado. Juntar-se a uma startup como primeiro emprego também. Trocam-se as roupas engomadinhas pelas t-shirts de quem veste a camisola e os planos de carreira bem definidos pela incerteza de saber que estamos a evoluir e a tentar encontrar soluções permanentes para problemas que não faríamos ideia de existirem. A Talkdesk nasceu por acaso, mas não é por acaso que continua a crescer. Em 2011 eu e o Tiago Paiva, experimentámos algumas ideias de negócio, nada funcionou. Um dia participámos num concurso de uma empresa americana, o Twilio e vencemos. O mesmo aconteceu numa competição de startups em que participámos mais tarde em São Francisco. Duas semanas depois estávamos a mudar-nos para lá. À emoção de estarmos no ecossistema tecnológico mais desenvolvido do mundo, juntava-se a adrenalina de tornarmos a ideia num negócio competitivo e global. Foi isso que nos levou a trabalhar arduamente durante os dois anos seguintes para conseguirmos desenvolver um produto adaptado às necessidades do mercado. Aí a equipa cresceu até sete engenheiros super empenhados e que faziam o que fosse necessário para levar o negócio a bom porto. Depois de dois anos de lições e aprendizagem constante e de termos captado alguns clientes como a Dropbox, aí estávamos confiantes que tínhamos um negócio com potencial. Nos últimos dois anos fizemos duas rondas de investimento que totalizam $24M e isso foi essencial para o crescimento que estamos a ter e para cumprir a ambição de captação de mercado a que nos propomos. O objetivo é sermos mundialmente conhecidos e uma referência no mercado.

30 N3E Magazine Revista N3E+recente (3).indd 30

05/09/2016 16:12:17


Texto Pedro Sinogas e Ricardo Mendes

Título daYOU Starting Secção up!

TEKEVER A

TEKEVER nasceu como empresa em Janeiro de 2001, tendo sido criada por ex-colegas recentemente formados e pós-graduados pelo Instituto Superior Técnico na área da Engenharia Informática. Todos muito jovens, a rondar os 23 anos. Três dos sócios iniciais mantêm-se até hoje. A estratégia da TEKEVER foi, desde o seu primeiro dia, assente na criação de tecnologia inovadora transversal, e na sua aplicação em produtos destinados a diversos tipos de áreas e mercados. Na altura, tornou-se para nós evidente que a internet iria chegar a todos os dispositivos, a todos os negócios e a todas as pessoas, e que iria ser um enorme desafio criar produtos e soluções para aproveitar as infinitas capacidades que isso traria para melhorar a vida das pessoas e a forma como as organizações trabalham. Na altura, os telemóveis não tinham internet, não se estava “sempre ligado”, e não existiam clouds nem redes sociais, mas para nós era bastante evidente que o funcionamento em rede iria permitir mudar a forma como tudo funciona. Foi assim que decidimos criar uma tecnologia que lidasse com a complexidade técnica dos dispositivos móveis, das redes de comunicação wireless e de todas as outras tecnologias inerentes à internet móvel, e torna-se muito simples criar produtos e soluções focadas em resolver problemas práticos das pessoas e organizações. Começámos por criar produtos para o mercado empresarial - a Banca, a Energia, as Telecomunicações, a Saúde, entre outros - que estão hoje em utilização um pouco por todo o mundo. Mais tarde, decidimos abordar novos mercados com a mesma filosofia e apostámos no mercado Aeroespacial, da Defesa e Segurança, olhando para drones, satélites e rádios táticos como membros ativos de uma grande rede. Lançámo-nos assim no desenvolvimento de drones, na criação de sistemas de comunicação para satélites, e na criação de avançados rádios baseados em software, tendo como objetivo criar produtos que usam a inteligência e a conectividade como fatores diferenciadores, e que oferecem vantagens únicas aos nossos clientes.

Durante os anos em que estivemos no Técnico, sempre desenvolvemos várias atividades em paralelo e estivemos muito próximos dos centros de discussão e investigação como o INESC. Foi um terreno fértil para ganharmos competências. A TEKEVER começou com um espírito startup. Éramos poucos num escritório não muito longe do IST sem janelas e, quando nos levantávamos das cadeiras, tinha de ser à vez porque a sala era extremamente pequena. Agora estamos em Portugal, Reino Unido, China, Brasil, Estados Unidos e Emirados Árabes Unidos e temos um volume de negócios que ronda os 25 milhões de euros. Fomos considerados em 2015 a PME mais inovadora. Crescemos de forma consciente, mas também sem medo. Procurar o próximo impossível está no ADN da TEKEVER desde o início.

N3E Magazine 31 Revista N3E+recente (3).indd 31

05/09/2016 16:12:21


Título Secção ArtigodaInformal

Um dia com... Texto Ana Marta Borges

P

ara além de Vice-Presidente para a gestão operacional do polo do IST-Taguspark, Teresa Vazão é uma das pessoas mais interessadas e que mais impulsionam o trabalho realizado pelos núcleos dentro do Instituto Superior Técnico – campus do Taguspark. Formada em Engenharia Electrotécnica e de Computadores pelo Instituto Superior Técnico, Teresa Vazão sempre teve um gosto especial por matemática e física e, um pouco por influência do facto de ser filha de um engenheiro eletrotécnico, decidiu seguir a área científica de computadores, a qual achava mais interessante. Atualmente é Professora Associada do Departamento de En-

genharia Eletrotécnica e de Computadores do IST. Na função de Professora Associada do IST, a Professora Teresa Vazão leciona atualmente a disciplina de Introdução às Redes de Computadores a alunos da Licenciatura de Engenharia Eletrónica e de Telecomunicações e Informática e o seu principal objetivo é estimular os alunos e dar-lhes material suficiente para que sejam capazes de resolver com sucesso todo o tipo de problemas com que sejam confrontados. No seu cargo de responsável pela gestão operacional do polo do IST – Taguspak, entre outras funções, Teresa Vazão representa o campus do Taguspark no Conselho de

32 N3E Magazine Revista N3E+recente (3).indd 32

05/09/2016 16:12:22


Título da Artigo Informal Secção

Teresa Vazão Gestão do Técnico. O seu papel passa por se aperceber e chamar a atenção para os problemas e necessidades do campus. Exemplos da resolução destes problemas são a sala de refeições do campus e os puffs que se encontram no Átrio Central e que fazem as delícias dos estudantes do campus. Estas são soluções simples, mas que fazem a diferença e são importantes para a boa convivência dentro do campus. Parte do seu tempo é dedicado ao trabalho com os núcleos de estudantes do campus do Taguspark. Afirma que, comparativamente à sua altura de estudante em que a Associação de Estudantes era muito popular pela sua secção de folhas, nomeadamente devido às suas sebentas e livros, existiu um grande avanço e crescimento no trabalho de todos os núcleos de estudantes que surgiram. Atualmente considera os núcleos de estudantes parte essencial do campus, o que se confirma através das atividades organizadas que são gratificantes e fundamentais para o campus, tanto junto dos atuais alunos, como dos mais novos através da divulgação que é realizada. Na opinião da Professora Teresa, os núcleos têm muitas iniciativas e estão cada vez mais empenhados e ativos, sendo que o N3E não é exceção. No tempo que resta fora do Técnico, confessa que as atividades de tempo livre que mais gosta é cozinhar e ler, mas admite que leva sempre um pouco de trabalho para fora. Somando todas as suas responsabilidades e funções, o objetivo principal do trabalho desenvolvido pela Professora Teresa Vazão é elevar o Instituto Superior Técnico – campus do Taguspark ao máximo, ajudar a que este se afirme através de todos os casos de sucesso dos vários alunos e através de todas as iniciativas promovidas pelo N3E e todos os outros núcleos do campus.

N3E Magazine 33 Revista N3E+recente (3).indd 33

05/09/2016 16:12:24


Grupos do Técnico Texto André Lopes e Tiago Barra ROB9-16, clube de robótica para crianças entre os 9 e os 16 anos, é um projeto pioneiro no Instituto Superior Técnico. Idealizado e dinamizado por bolseiros do NAPE-Taguspark. É, desde o seu início – ano letivo 2014/2015 – um sucesso, comprovado quer pela adesão, quer pelos testemunhos de alunos e pais.

O

As atividades deste clube decorrem aos sábados de tarde no campus do Taguspark e são lecionadas pelos quatro

bolseiros do mesmo: Ana Rita Pires, André Lopes, Luís Saramago e Tiago Barra. Os bolseiros, planeiam as aulas de modo a que seja percetível para crianças sem perder os conceitos básicos e fundamentais neste tipo de atividade. O curso que decorre ao longo do ano letivo, está dividido em cinco módulos, com temas diferentes. Todos eles têm uma forte componente prática que assentam sobre bases teóricas dadas no início de cada módulo. Os módulos têm duração variável dependendo do tema, no entanto, apresentam uma duração média de três sessões. No módulo um, os alunos são introduzidos à robótica e têm de desempenhar funções com o NXT, um kit de robótica didático da LEGO, o que permite que as noções básicas sejam adquiridas, enquanto programam através de blocos. O módulo dois tem uma componente de complexidade superior pois é introduzida a linguagem de programação em C, tornando possível a execução de projetos mais alician-

tes, também eles usando sensores. No que toca ao módulo três, os alunos têm acesso ao Arduino, o microprocessador mais usado hoje em dia em projetos de robótica, também ele programado em C, e com recurso a diversos sensores e atuadores, simulando situações do dia-a-dia. O módulo 4 consiste numa sessão de soldadura, onde os alunos aprendem a soldar pequenos componentes numa placa de circuito impresso. Por fim, o último módulo é dedicado à modelação e impressão a três dimensões, onde os alunos aprendem a desenhar as suas peças através de uma ferramenta CAD, e por sua

vez veem ser impressa a peça por si desenhada. Apesar do clube ROB9-16 já abranger diversas temáticas, a equipa deste projeto está sempre a trabalhar de modo a poder inserir no mesmo novos temas, como por exemplo: projetos usando a plataforma Raspberry Pi ou até mesmo programação Android. Todas estas atividades formam alunos mais conhecedores e possíveis engenheiros, sendo que estes aprendem de forma divertida e em grupo, desenvolvendo não só as competências técnicas, mas também as sociais.

34 N3E Magazine Revista N3E+recente (3).indd 34

05/09/2016 16:12:24


Grupos do Técnico

TLMoto Fazer parte de uma equipa como esta é algo que traz aos alunos inúmeras competências que de outra forma não podem adquirir, sejam elas humanas, sociais, de gestão de tempo e até mesmo técnicas. A TLMoto caracteriza-se pela participação de todos os membros nas mais diversas tarefas (por exemplo maquinar peças, fazer apresentações ao público) para que todos possam aprender e desenvolver um grande leque de competências.

Texto Mariana Cornélio da SIlva

A

equipa TLMoto é atualmente constituída por 30 alunos dos mais variados cursos do Instituto Superior Técnico, que se juntam com o objetivo de construir uma mota de pista para competir no MotoStudent, uma competição universitária internacional que se realiza de dois em dois anos em Aragão.

Todas as equipas têm direito ao motor, rodas e sistema de travagem, o que torna o MotoStudent numa verdadeira competição de engenharia onde os alunos são desafiados a otimizar o mais possível todos os outros componentes da mota. A TLMoto, primeira equipa portuguesa a participar nesta competição, marcou presença na edição de 2014 com o seu primeiro protótipo, uma mota a combustão, obtendo o 22º lugar em 44 equipas. Para outubro de 2016 o sonho é desenvolver uma mota 100% elétrica e levá-la a competir numa nova categoria, “Full Electric”, sendo a primeira e única equipa de estudantes portuguesa a fazê-lo.

N3E Magazine 35 Revista N3E+recente (3).indd 35

05/09/2016 16:12:25


Do It Yourself

Minibarco Elétrico Texto Bernardo Matos Todos nós já tivemos curiosidade em perceber como os carros telecomandados funcionam, ou talvez em construir um, mas nunca tivemos tempo ou achámos que era muito caro. Esta é a altura de mudarmos o nosso pensamento e nada melhor que um simples minibarco elétrico para começar! Tudo o que precisamos é: 1. Motor elétrico; 2. Placa de esferovite retangular; 3. Pilha; 4. Elástico; 5. Fita-cola.

Casco

Depois de reunido todo o material, está na hora de começar a desenvolver o nosso projeto. O circuito eletrónico que vamos construir será o da figura ao lado direito.

1

Para começar, desenhamos o formato do barco na placa de esferovite, tal como indicado na figura;

2

Depois do desenho procedemos ao corte, com um x-ato, tendo especial atenção para não cortar os dedos.

36 N3E Magazine Revista N3E+recente (3).indd 36

05/09/2016 16:12:25


Por esta altura já temos o casco do barco e podemos construir o resto da estrutura.

1

Cortamos um cilindro de esferovite de raio 1,5 cm;

2

De seguida cortamos os apoios deste cilindro que terão 3,5 cm de altura;

3

Com um fio de metal maleável, por exemplo de um cabide, furamos o cilindro e os suportes, este fio funcionará como remo;

4

Para o barco se mover precisamos das pás dos remos. Para as fazer cortamos dois pedaços de esferovite como ilustrado na figura;

Do It Yourself

Estrutura

5

Colocamos um elástico à volta do cilindro, que servirá para ligar ao motor;

6

Com cola fixamos os suportes e cilindro, este deverá ficar a uma pequena altura do casco, para que possa rodar mais livremente.

Motor

Após montarmos a estrutura fica a faltar apenas montar o motor e a pilha.

1

De modo a fixar o motor, cortamos um pedaço de fita-cola e alinhando-o com o cilindro, colamos o motor;

2

A pilha não tem um sítio específico pois a sua função é apenas alimentar o motor;

N3E Magazine 37 Revista N3E+recente (3).indd 37

05/09/2016 16:12:25


Do It Yourself

3

Para que a rotação do motor tenha efeito sobre os remos, liga-se o elástico ao eixo do motor;

4

Por fim, ligando cada fio do motor ao positivo e negativo da pilha, este deverá começar a rodar, se estiver a rodar no sentido contrário ao desejado basta trocar a ligação dos fios à pilha.

Principais cuidados a ter: - Esferovite limpo, para que a cola agarre bem; - Não cortar os dedos com o x-ato; - Fixar bem o motor; - Elástico tem de estar esticado quando se ligar ao motor; - Ao cortar a esferovite, não fazer corte profundo, pois este começa-se a desfazer. Como vimos, podemos construir um minibarco elétrico sem muitos materiais, e se o quisermos tornar mais funcional, podemos acrescentar facilmente mais elementos.

38 N3E Magazine Revista N3E+recente (3).indd 38

05/09/2016 16:12:25


Artigo de Opinião

A Lei de Moore,

A Rutura?! Texto Quevin Jagmohandas

E

stávamos em 1965 quando Gordon Moore, Engenheiro e Cofundador da Intel, fez uma previsão que marcou o rumo da revolução digital das últimas quatro décadas. Muito resumidamente, esta previsão dita que o número de transístores num circuito integrado duplica a cada dois anos, o que se traduz num aumento do poder de computação do mesmo. E de facto, esta previsão mostrou-se correta, até porque a maior parte das empresas de circuitos integrados traçou os seus objetivos de desenvolvimento e investigação com base nela. Para ter uma melhor noção do quanto esta área se desenvolveu, posso dizer que aquele que é que é considerado o primeiro microprocessador, o Intel 4004 (lançado em 1971), tinha perto de 3 mil transístores. Hoje, por exemplo a 6ª geração de processadores da Intel, denominados por Skylake têm aproximadamente 1700 milhões de transístores!! O impacto que este desenvolvimento exponencial gerou, pode ser observado à nossa volta e provavelmente no teu bolso onde transportas um telemóvel mais potente e ridiculamente mais pequeno que o computador que pondo teorias da conspiração de lado - levou o homem a lua. Com tudo isto, há uma questão que

se põe: por quanto tempo irá este crescimento durar, visto que não existe crescimento exponencial que seja infinito? Pois bem, esta “lei” tal e qual como é conhecida está prestes a desaparecer. William Holt, Vice-Presidente executivo da Intel, afirmou no início deste ano que a tecnologia em que a Intel está envolvida vai trazer grandes melhorias na eficiência energética, mas isto vai causar uma redução na performance da mesma. Porquê agora de repente pôr um travão na performance dos dispositivos? A resposta está na crescente necessidade de poupança de energia nos milhares de dispositivos móveis, na crescente crise energética e preocupação ambiental e nas dificuldades de introduzir cada vez mais transístores num chip. Na minha opinião, o que aí vem não é um retrocesso no que toca a performance, mas sim uma adaptação à realidade, face à dificuldade de continuar a melhorar os chips a este ritmo e também de os fazer corresponder a esta tão necessária eficiência energética. Para além disso, para utilizadores comuns como nós não nos interessa como a tarefa é executada, apenas queremos que seja rápido e eficaz, por isso começam a surgir outras opções. A primeira é o software. No início deste ano, o programa AlphaGo, desenvolvido pela Google, derrotou o possivelmente melhor jogador (humano) de Go, um jogo com mais de 2500 anos oriundo da china. Isto é deveras impressionante porque, apesar do jogo ser bastante intuitivo, as combinações de jogadas são em número superiores aos átomos que existem no universo e por essa razão é muito difícil de ser jogado por computadores comuns. Visto que não é só com poder computacional - porque levaria uma quantidade desproporcional de tempo a jogar um jogo - que este problema se resolve, temos que recorrer a outros métodos. Aqui entra o algoritmo que tentou aproximar-se do modo

como o cérebro processa o jogo: em vez de calcular todas as jogadas possíveis, apenas calcula um número limitado de jogadas tendo em conta a sua experiência. A segunda é os serviços em cloud. Normalmente usamos estes serviços apenas para armazenar ficheiros, mas grandes empresas apostam agora no processamento em cloud, quer isto dizer que vários programas são diretamente executados em servidores, enviando de seguida a informação para o terminal do utilizador. Isto permite que o utilizador não se preocupe com tanta frequência com o upgrade do seu computador. Estas e muitas outras opções começam a surgir. Para além das que já mencionei, houve mais uma que me chamou a atenção e esta passa por explorar a mecânica quântica. Aqui vai estar, provavelmente, o maior avanço nos próximos tempos. Teoricamente um processa-

dor com esta tecnologia em vez de processar o tradicional bit, vai poder descodificar os qubits (sinteticamente, bits que podem ser ao mesmo tempo 1 e 0!!!) o que significa que uma mensagem de 6 qubits contém a mesma informação que 64 bits (26). Assim, a rutura da lei de Moore só implica que a indústria de microprocessadores se vai tornar mais imprevisível e mais lenta. Este facto deve-se à velocidade com que as novas técnicas necessárias ao melhoramento da performance estão a aparecer. Qualquer repercussão nos utilizadores vai em grande parte ser mitigada, uma vez que cada um de nós como utilizadores avaliamos a tecnologia pela sua funcionalidade e não pela sua capacidade de computação. THE FUTURE IS A MYSTERY FULL OF WONDERS.

N3E Magazine 39 Revista N3E+recente (3).indd 39

05/09/2016 16:12:25


Revista N3E+recente (3).indd 40

05/09/2016 16:12:26


Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.