Eu, tu, ele e nós
no # não é nomal
é o ã N # l a m r no JACQUELINE SIMONE DE ALMEIDA MACHADO
NADJA CRISTIANE LAPPANN BOTTI
ORGANIZADORAS
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO JOÃO~DEL-REI DIVINÓPOLIS MINAS GERAIS 2019
A hashtag #NãoÉNormal é uma campanha criada por movimentos estudantis visando debater as condições psicológicas de estudantes em universidades brasileiras. A campanha teve início nas redes sociais e segue com atividades presenciais em várias universidades do país. A Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes) realizou em 2018 a V Pesquisa do Perfil do Graduando das Universidades Federais. No relatório da pesquisa temos dados como perfil familiar, renda, vulnerabilidade e aspectos gerais da vida do estudante. De acordo com os 424.128 estudantes de 63 universidades e dois centros federais de ensino tecnológico que participaram do estudo: - 83,5% disseram experimentar alguma dificuldade emocional; - A ansiedade foi a mais comum, afetando seis a cada dez estudantes; - 10,8% relataram ter ideia de morte; - 8,5% disseram ter pensamentos suicidas. A partir do compromisso ético com a vida e inspiradas na coletânea de #NãoÉNormal e na história nonsense de Lewis Carroll construímos, como atividade de promoção de saúde mental, oficinas para construção de narrativas estabelecendo uma analogia do sofrimento psíquico do universitário com personagens fictícios de “Alice no país das maravilhas”.
As oficinas foram realizadas com os estudantes de enfermagem da unidade curricular Prática de Integração: Ensino Serviço e Comunidade (PIESC VII) visando: – Desvelar fatores de adoecimento ou sofrimento psíquico do estudante na comunidade acadêmica - Construir saídas de enfrentamento a estas dificuldades - Apresentar uma crítica do contexto e relações da vida acadêmica. Coletânea de #Não é normal #Não é normal ter que escolher entre a Universidade e o namoro #Não é normal se sentir culpado por descansar no fds #Não é normal não ter tempo para sua família #Não é normal pensar todos os dias em desistir do curso dos seus sonhos #Não é normal ouvir que o que você está sentindo é frescura #Não é normal não ter vontade de fazer o que você gosta por causa do cansaço #Não é normal se sentir menos competente que os outros por causa de uma nota #Não é normal não ter tempo para cuidar da sua saúde #Não é normal que a Universidade se torne um gatilho para a ansiedade #Não é normal desenvolver insônia por causa da Universidade
#Não é normal dormir menos de 5 horas por dia por causa da Universidade #Não é normal brigar com todo mundo por causa do stress #Não é normal não ter vontade de ir para a Universidade #Não é normal estar infeliz no curso e não o largar por medo de ser julgado #Não é normal ter que escolher entre dormir e estudar #Não é normal não ter tempo para o lazer #Não é normal se sentir culpado por estar se divertindo em vez de estudando #Não é normal perder a confiança em si mesmo devido a atitudes de outros dentro da Universidade #Não é normal se sentir incapaz de fazer o curso dos seus sonhos por ter ido mal em uma atividade ou avaliação #Não é normal se sentir culpado por tirar um tempo para descansar #Não é normal viver em clima de eterna competição #Não é normal usar intervalos e horário de almoço para fazer trabalhos ou estudar #Não é normal matar uma aula importante só para estudar para outra prova #Não é normal ter pesadelos com a Universidade #Não é normal sair da aula só para ir ali chorar um pouquinho.
E para você, o que mais Não é normal ?
r i t n e s e s l a m r o n é s o o e ã u N q # e t n e t e p m o c s o n a s u me a c r o p s outro a t o n a m u e d NÚBIA AVELAR
GABRIEL ROQUINI
THIAGO SANTOS
Olá, me chamo Alice e tenho 19 anos. Sou aluna da UFTal, mais precisamente da FUPRESS, mais conhecida como Faculdade da Depressão. Nesta Facul há alguns cursos de graduação, sendo que eu faço parte do curso de Ciências da Vida. Sou integrante de um grupo de amigos variados, mais especificamente, somos considerados excluídos do restante da galera, pois temos nossas peculiaridades. Dentre meus amigos, tem o Coelho, que é um carinha muito apressado, ansioso, está sempre com o relógio no punho. Ele é muito pessimista e obsessivo por alcançar os melhores resultados em tudo. Ele quer sempre ser o primeiro em todas as matérias, sempre chega na Facul 30 minutos antes da aula começar e diz que o professor está atrasado. Tirando que na época de provas ele me deixa desesperada, pois me faz estudar por horas, e ainda acreditar que, se eu tirar abaixo de 95% de rendimento nas provas, estarei correndo risco de reprovação. Pior do que ele, só minha professora de Anatomia da alma, a Copas. Pensem em uma mulher que me deixa aflita, ela diz que não se faz mais alunos como antigamente, que ela sempre foi a melhor da turma, possui mais de 30 livros publicados e vários artigos publicados em revistas qualis A1, e um único artigo publicado em uma revista qualis A2.
Além disso, se algum aluno tira nota baixa nas provas dela, é considerado incompetente, e este nunca conseguirá alcançar êxito na carreira. Entretanto, não vamos falar nela agora, mas vamos voltar em meu grupo de amigos. O outro é o Chapeleiro, este já é o oposto do Coelho. Ele é totalmente despreocupado com as coisas, chega a ser sem compromisso, não se importa em perder aulas, em não entregar trabalhos e em tirar más notas nas provas. O que ele realmente gosta é de fumar, sempre encontro ele no cantinho do pensamento, um lugar na faculdade que é arborizado, perto da biblioteca e dos laboratórios onde as aulas práticas acontecem. Tenho um outro amigo, este mora comigo em uma república, o Lagartão. O que mais me intriga nele é que ele nunca vai às aulas, e quando vai, dorme. Não consigo entender; eu estudo, me esforço, sempre vou às aulas, mas ele sempre vai melhor que eu nas matérias. Sabem, tem hora que eu gostaria de ser inteligente como ele e ter a beleza da Rainha Branca. Aiii!!! como ela é linda! Ela tem um corpo desenhado, uma cintura que só consigo nas fotos que aplico PhotoShop, afff!!! Ahh, não falei para vocês quem é a Rainha Branca? Ela é a aluna mais inteligente da turma, e queridinha da Copas, sempre consegue uma vaga em seus projetos, além de ter as melhores notas... Aiii!!! que menina competente.
Então, recentemente tivemos uma prova prática de anatomia da alma, e adivinha quem se deu mal?! Pois é, novamente fui eu. Como sempre meus amigos e a Rainha Branca se deram bem, mas eu afundei. Segunda prova do período que me dou mal. Não sei mais o que fazer. O Coelho até me convidou para um grupo que tem na Facul, onde vão vários alunos e lá eles compartilham suas histórias, seus medos, seus erros e uma coisa que achei superinteressante: eles contam como fizeram para conseguir superar. Inclusive, dizem que a Rainha Branca já participou, e que por meio desse grupo ela conseguiu criar estratégias para melhorar seu rendimento na faculdade, além de ter conseguido um namorado que também era membro do grupo. Por isso, estou decidida a ir no grupo a partir de quinta-feira. Fiquei sabendo também que este grupo foi reconhecido pela diretoria da Facul e já foi solicitado uma profissional para estar presente nas reuniões Visto os bons resultados que esse grupo possui, foi criado uma resolução que tem por objetivo trabalhar com os professores da Facul, tentando entender quais os gatilhos que levam eles ao estresse e com isso provocando sofrimento nos alunos também. Essa resolução também tem por objetivo prevenir o sofrimento mental nos alunos, que é uma consequência direta desses problemas.
a l a m r o n é o ã N m # u r e s e d a d i s r e e d a univ d ie s n a a r p o h l i t a g MARIANA FERREIRA
ANA PAULA FERREIRA
KARINY TREVISAN
BRUNA ALEXANDRE
Quatro pessoas de um mesmo curso, da mesma sala, por coincidência foram parar em um mesmo grupo, Isso foi no segundo período de Ciências da Saúde. E assim, mesmo jovens e com pouca experiência, teriam que ter interação e jogo de cintura para conseguir fazer o serviço necessário. Na sala de aula o professor lança um desafio cada grupo tem que criar uma intervenção em saúde com os pacientes de uma unidade de saúde próximo à UFTal. Já nas orientações ele fez várias exigências voltadas diretamente para uma pessoa - a Lebre. E estas exigências foram recebidas com grande angústia pois desde o primeiro período existe uma relação de conflito e cobrança entre o professor e a Lebre. A Lebre se sente reprimida ao ter que lidar com esse professor e também não se sente confortável no grupo onde está o Cachorro, que até é seu amigo, mas a Rainha de Copas consegue tirar ele do sério. Tem também a Rainha Branca, que tenta ajudar mas nem sempre consegue. E a reunião foi combinada. E um grupo eclético com muitos desafios e obstáculos a serem superados marcaram uma reunião para esta tarde no bosque. Oi! Eu sou a Lebre de Março sou nova, empolgada com o curso, sou sempre empenhada, estudiosa, ao entrar na faculdade fiquei assustada com os conflitos e as cobranças feitas.
Sempre me considerei bem psicologicamente, nunca tive crise de ansiedade. Amo me exercitar, me alimento bem, quase nunca tenho gripe, mas preciso contar depois que eu ingressei na UFTal comecei a ter sentimentos e um sofrimento do qual eu não tinha conhecimento. Aqui é um ambiente de cobrança, estresse, competição, onde nota te define. Me sinto diminuída, não me sinto bem o suficiente. Sou mesmo uma pessoa isolada, eu gosto de estar na minha bolha. Vou apresentar o meu grupo de convivência, algumas pessoas conseguem entrar nessa bolha, dentre elas o Cachorro, ele é meu amigo, é um jovem universitário que é de fácil convívio, é flexível e procura sempre não se estressar à toa, gosta de sair, conversar e adoro uma roda de amigos. Leva a vida de maneira leve, tem muito autocontrole e lida bem com os ocorridos ao seu redor. É realmente uma pessoa para se ter por perto, principalmente neste grupo onde vou ter que lidar com uma pessoa que me tira do sério. Vamos lá a Rainha de Copas! Sabe aquelas meninas egocêntricas? Então, ela mesma, sempre teve tudo na vida, aliás, ela faz questão de demonstrar isso, então se acostumou a não se importar muito com o que diz para os outros.
Realmente ela não sabe tratar os outros por igual, ela não tem empatia, quer tudo sempre do seu jeito e sempre ignora a opinião dos outros. Ah! Também tem a Rainha Branca que é uma pessoa tranquila, feliz, tem como princípio da vida ajudar os outros. Ela se importa com ambiente e também com a energia dos lugares, principalmente o efeito dessa energia nas outras pessoas. Ela é membro do diretório acadêmico e ela tem planos para melhorar a qualidade de vida dos universitários. É inspirador!!! Tem até o plano de intervenção que ela está organizando junto com o grupo de saúde mental da UFTal, que é fazer atividades com os alunos que já estão com sofrimento mental, ela quer ajudá-los a superar e principalmente dar apoio emocional e assim evitar consequências futuras. Para organização do trabalho eles marcaram uma reunião e logo no primeiro encontro começaram os desentendimentos. Esses desentendimentos só foram piorando, eles simplesmente não conseguiam entrar em um consenso. Para organização do trabalho eles marcaram uma reunião e logo no primeiro encontro começaram os desentendimentos. Esses desentendimentos só foram piorando, eles simplesmente não conseguiam entrar em um consenso.
Eu dava uma ideia, e logo a Rainha de Copas dizia que era paia, sem noção; o Cachorro tentava equilibrar as coisas, mas cara, não dava, é difícil demais lidar com pessoas assim, e ainda mais que a gente já não está muito bem, me sinto meio estressado, essas situações só pioram tudo, ainda mais que nosso Santo não bate* e isso ferra ainda mais meu psicológico* Em nossa última reunião, minhas crises de ansiedade atacaram, minha vida era só chorar, não suporto mais aquele lugar, nem aquelas pessoas. Preciso da minha amiga aqui, pra me ajudar com isso, pois sei que ela iria me entender. Esses dias topei com a Rainha Branca no corredor, ela me disse dos projetos que estão acontecendo na Facul, pensei em dar uma passadinha lá mais tarde. - Ow, acredita que fui lá mesmo? E não é que me ajudou! Foi bacana demais cara! Lá tem uma galera fazendo várias coisas, tocando violão, roda de conversas, totó, poesia, rola até um chazinho pra relaxar. E também tem muita saúde mental com malabaris, roda de conversa e até sinuca. Me disseram que esse grupo de saúde mental é ótimo para ajudar nas questões diárias da vida universitária. Estou pensando seriamente em ir lá conversar. A Rainha Branca disse que me leva lá, o Cachorro está me incentivando a ir, acho que vai ser bom.
Eu aprendi e vou aprendendo sempre, que quando se aceita o apoio dos outros a sua volta, aqueles que estão dispostos a ajudar, sua vida pode se tornar melhor. Cobranças, pessoas difíceis de lidar, teremos a todos os momentos na nossa vida. Assim como o estresse, competição e várias outras coisas, mas todos devemos ter a consciência de que: “NÃO É NORMAL A UNIVERSIDADE SE TORNAR UM GATILHO PARA A ANSIEDADE”. Não importa o quanto você se sente tímido, não queira pedir ajuda, mas basta querer ter uma vida melhor, aprender a lidar com os obstáculos. E saiba, em todo o lugar tem pessoas oferecendo e pedindo ajuda, hoje sou eu que preciso de ajuda, mas amanhã eu poderei ajudar, o objetivo é sabermos que não estamos sozinhos.
ir t n e s e s l a m r o n e é r o i t ã r e v #N i d e s m e o d a p r cul a s n a c s e d em r a d u t s e e d s é v n i ao CLARA FERREIRA
DAYSE SOUZA
EMILY SOUZA
Olá! Meu nome é Coelho Branco, tenho 20 anos, sou aluno da UFTAL, no mundo da Universilândia há um ano e meio e fico boa parte do meu dia no campus, localizado na Rua das Laranjas Doces. Moro a 10 minutos de distância da UFTAL, mas, como não gosto de me atrasar, saio 30 minutos antes da aula começar. A UFTAL é um sonho realizado para mim e minha família. Com o tempo e o convívio, percebi que esse local é de muita pressão, muita competição e de amizades tóxicas. Tem a sua parte boa como o Restaurante Comunitário e a biblioteca de livros culinários, mas o ambiente em si me deixa ansioso e inseguro toda vez que estou por lá. As pessoas que lá frequentam não me agradam muito, pois tem as que se atraem sexualmente por pessoas diferentes, os tatuados, os “brisados”, os que curtem uma festa, pessoas alternativas, usuários de substâncias mil, os que só ficam no bosque e nós, os nerds, que não somos tão bem aceitos pelos demais. Acordo diariamente às 5h00 para adiantar a matéria que vai ser dada ao longo do dia e, como moro em uma república onde não me dou bem com os outros moradores, esse é o único horário que tenho de tranquilidade. Preparo meu café e tomo 3 xícaras antes de ir para a aula.
Chegando a UFTAL vou para biblioteca estudar culinária asiática e, em seguida, vou para a sala de aula para assistir disciplinas como teoria do choro III, prática integrativa de plantação de cenouras, introdução à jardinagem e políticas de colheita feliz. No período da tarde sou monitor de colheita, além disso faço a obrigativa de modificações de transgênicos, a qual a professora é a Rainha de Copas. Essa unidade curricular e a professora me causam muita angústia, pois preciso dessa disciplina para me formar. A Rainha de Copas passa trabalhos com pouco espaço de tempo, artigos em mandarim para traduzir e provas que quase ninguém consegue pegar a média. Além da cobrança que a professora exige, me sinto no dever de entregar esses resultados dentro do prazo, sendo assim, eu nunca saio para poder dar conta de tudo. Às vezes sintome mal, tenso, sem fome e com vontade de chorar. Meu amigo Lagartão, uma das raras exceções do meu ciclo social, me diz que estou super estressado e “pilhado”. Me chama para sair, eu até tenho vontade, mas fico com a consciência pesada e acabo não indo. Sem contar que eu não consigo descansar porque sei que tem coisa para fazer.
Semestre passado eu sofri uma forte crise de ansiedade, sentindo calafrios e um medo irracional, pensei até em desistir de tudo, mas o Lagartão estava comigo no momento e logo disse: - Mano você não está bem, mas vai ficar! Vem comigo que eu manjo das parcerias. Ele me levou, então, até o serviço de apoio psicológico da UFTAL, onde conheci a Rainha Branca que me escutou e orientou para que eu pudesse me sentir melhor. - Coelho, não se cobre tanto! Coloque seus planos na agenda, se organize. Você é maior que os seus medos. Se precisar de ajuda saiba que não está sozinho! - Disse a Rainha Branca. Agora, semanalmente participo do Grupo cheira flor e sopra vela com rodas de conversa onde encontro com outros alunos e colegas que passaram e passam pela mesma situação que eu. Hoje em dia me sinto mais confiante, aprendi a ser mais flexível, a entender meus limites e, principalmente, a cuidar da minha saúde mental. Agora? Minha felicidade em primeiro lugar sempre!
ir t n e s e s l a m r o n é r o e ã s N o # ã n r o p o d culpa o t i e f r pe TAYNÁ JULY
AMANDA MAIA
JULIA ESTEVES
GABRIEL ALVES
Em uma cidade no interior do estado decadente que eutô. Vivia um jovem estudante, da UFTal, chamando Chapeleiro. Na universidade Tal, o chapeleiro cursava interdisciplinaridade, e atualmente está no 5º período. Chapeleiro é visto como uma pessoa introvertida, de poucos amigos e um leitor voraz. Tem como melhor amigo o Gato, que é também seu colega de turma, e apesar de serem bons amigos e muito próximos, são pessoas muito diferentes. O Gato é uma pessoa extrovertida, desplugada, politicamente ativa e consegue conciliar a vida acadêmica com a vida social em perfeito equilíbrio. Não abre mão de suas raves, aulas de meditação e protestos pacíficos. Em uma tarde ensolarada no campus Imaginário, da UFTal, os dois amigos estavam tendo uma conversa sobre um post, que foi publicado no spotted da universidade. A publicação em questão dizia: “Alice do 5° período de interdisciplinaridade além de linda é estudiosa. Crush PERFEITA!” Então o Chapeleiro fala: - Não sei como a Alice consegue ser tão popular e tão inteligente com a vida acadêmica ao mesmo tempo. Eu não conseguiria fazer isso nem se a professora meu ajudasse como faz com ela...
O Gato responde: - Cada um tem uma personalidade, esse é o jeito dela e é por isso que ela não tem dificuldade. O Chapeleiro enfatiza: - Fica tudo mais fácil quando você é popular e é protegido da professora. O Gato retruca: - Cara não sei o porquê de você se importar com isso, para mim não tem diferença nenhuma. - Realmente cara, você tem um espírito muito evoluído, queria poder ser assim um dia - Responde o Chapeleiro. - Cara é mais fácil do que você pensa, vamos andando que a Rainha Cabeçuda já está na sala. Logo no início da aula a professora Drª Rainha diz: - É realmente uma pena que nem todos os alunos sejam pontuais igual você Alice. Fala em voz alta a Rainha Cabeçuda olhando o Chapeleiro e o Gato que acabaram de chegar. Alice responde: - Pontualidade é sinônimo de inteligência e organização, não é mesmo?
No decorrer da aula, a professora faz questão de que os alunos vejam como é importante ter uma boa formação e um bom currículo, para isso ela utiliza sua vida como exemplo. Em um determinado momento a professora faz uma pergunta sobre a matéria, foi quando o Chapeleiro ergueu a mão para responder, todos ficaram surpresos com a atitude inesperada dele. O Chapeleiro respondeu à questão baseado em um artigo que ele havia lido. Foi quando Alice retrucou: - Você está equivocado Chapeleiro, li uma atualização sobre este assunto há pouco tempo. A professora intervém: - Você está completamente certa Alice! É preciso se atualizar Chapeleiro, para evitar esse tipo de constrangimento. Aprenda com a Alice. O Gato percebendo a situação, ficou incomodado e passou a refletir sobre como poderia ajudar seu amigo. Foi quando ele teve a brilhante ideia de ir até o diretor do Campus para obter ajuda. Já na sala do diretor Coelho, o Gato diz: - Coelho, estou muito preocupado com meu amigo Chapeleiro, ele é um aluno muito bom, porém tem uma limitação quanto a conciliação dos estudos e vida social, ele sofre muito com isso.
Desta forma, queria propor uma roda de conversa para alunos e profissionais da universidade, onde poderão expor suas dificuldades, desafios e anseios. - Olha Gato, isto é muito comum na nossa realidade estressante, acho uma ótima ideia. Você me ajudaria a organizar? - Sim, Coelho. Logo colocaremos o plano em prática e convocaremos a todos. E assim foi feito, o Chapeleiro pode conversar com a professora Cabeçuda, que teve a oportunidade de conhecer melhor a realidade de seus alunos, seus anseios e melhorar sua convivência com eles. Alice e Chapeleiro também puderam se acertar e aprender a respeitar as diferenças. Ao final, a prática se espalhou por toda a UFTal, e o respeito a si mesmo e as diferenças alheias passaram a ser o lema da instituição.
l a m r o n é o a #Nã a r a p r i v r e r e u q não e d a d i s r e v i un LETÍCIA CAMILO
LARISSA ALVES
THAYANE ANDRADE
VITÓRIA MARIA
Tudo começou assim, no dia 20, eu Coelho Desespero, fui aprovado na UES na cidade de Jataguara. Fiquei muito feliz, já comecei a arrumar as malas, pois iria para um lugar novo. Comecei a pesquisar repúblicas, os rolês, eu estava muito ansioso para saber como seria na facul., as novas amizades, as aulas, os professores e os laboratórios. Hoje no 6º período, estou no bosque olhando para o nada, com zero vontade de assistir a aula e os calouros chegando todos felizes com seu primeiro dia de aula. Ah coitados, mal sabem o que está esperando por eles!!! Trabalhos e mais trabalhos, seminários, provas práticas...quero ver até quando essa felicidade vai durar quando eles conhecerem a Rainha das Avaliações, ela não se importa se temos dificuldades, se estamos com algum problema, o que ela gosta mesmo é de dar notas para nos identificar e exigir ainda mais. Olha! Lá vem uma das calouras! Toda arrumadinha, perfeitinha, cabelo escovado, roupa nova, mochila nova e um tênis da’ora!!! E na primeira aula do laboratório??! Humm, todo mundo de jalequinho branquinho e bordadinho. Quero ver até quando essa vontade de se arrumar vai durar quando pegarem no pesado. Misericórdia, vai pedir informação, que saco! Sentou do meu lado, finge demência. Começou a puxar papo comigo:
Alice Perfeitinha: _ Oi tudo bem? Eu sou Alice, qual seu nome? Coelho Desespero: _ Coelho, Coelho Desespero. Alice Perfeitinha: _ Nossa, mas que mal humor!!! E esse estado?! Cheio de olheiras, cabelo bagunçado, roupa sem nexo, nada combinando! Você não está feliz com o primeiro dia de aula? Coelho Desespero: _ Ainda bem que não é meu primeiro dia, formo em um ano. Você não sabe o que te espera, depois você me conta. Alice Perfeitinha: _ Nossa, mas e os bolinhos mágicos?! Não estão te ajudando? Ouvi dizer que eles são as distrações dos estudantes. Coelho Desespero: _ Bolinho mágico? Segue ele lá no instagram, porque para mim não está adiantando nada. Eu não tenho nem mais tempo para isso, você vai ver! Alice Perfeitinha: _ Mas e a Lagarta Azul? Ela tem muita sabedoria, é calma, pode te ouvir e aconselhar. Você já conversou com ela?
Coelho Desespero: _ Ah não. Não gosto de falar sobre mim. Não quero nem mais vir para a faculdade. Estou cansado já! Alice Perfeitinha: _ Mas por que? Não era o seu sonho? Coelho Desespero: _ Sim, mas minhas expectativas eram outras. Não sabia que teria essa pressão toda. Uma semana depois, procurei a Lagarta, ainda com muita resistência, tremendo nas bases mas fui. Ela me aconselhou a conversar com a Rainha das Avaliações e dar minhas opiniões e sugestões. Desde então, a Rainha das Avaliações propôs aulas no bosque e atividades fora da UES também, e vocês não acreditam! Ela deixou de julgar os alunos e hoje se importa mais em nos preparar. E vocês lembram da Alice?! Pois então, com a ajuda dela criei uma página no face chamada “Acadêmicos Unidos Forever”, e nela tem vários alunos onde trocamos ideias, estudos, ficamos sabendo dos rolês e ajudamos uns aos outros através de conselhos sobre a vida acadêmica. Hoje me sinto bem melhor e aquele desespero já se foi.
e d r a x i e d l a m r o n a s é u o a c ã r o #N p é ê c o v m e u q e d a ser id s r e v i n u a d GABRIELLA VALENÇA
FABRICIO SANTOS
MARCÉLIA SENA
VICTOR PIVATTI
A história que vou lhes apresentar inicia-se em 2011, ano em que nasci. Antes de mais nada, vou me apresentar a você, me chamo Lebre de Março, tenho apenas 08 anos, mas não se enganem, sou muito maduro apesar da minha idade! Meu melhor amigo é o Chapeleiro Maluco, eu o conheci logo no início do ensino médio, quando surgiu o assunto vestibular. Nossa amizade nem sempre foi tão intensa como é hoje, já passamos por muita coisa juntos. Ao longo dos anos nossa amizade oscilava bastante, em alguns momentos cheguei a acreditar que não voltaria a vê-lo novamente, mas após todas essas experiências acredito que nunca mais vamos nos separar! Sinto que nos completamos; o Chapeleiro sempre foi tímido, não tinha muitos amigos e sempre foi isolado da família, mas pudera! Sempre os mesmos assuntos: estudos, vestibular, profissão, faculdade, namoro e sair de casa. No começo ele não ligava muito e logo trocava de assunto distanciando-se cada vez mais dos pais. Com o tempo eu percebi que ele estava ficando triste e fui me aproximando em momentos mais oportunos como no meio da madrugada, no meio da aula, até no banho eu aparecia, as vezes minha presença era tão forte que até o deixava sem fome. Eu achava até engraçado a forma que ele se comportava quando estava por perto; ele tremia, suava frio, comia as unhas até sangrar.... Acho que isso é o poder da presença de uma grande amizade!
A tão sonhada vaga na universidade apareceu, depois de muito sofrimento no ensino médio e cursinhos da vida. Amadurecemos juntos e conforme as provas e trabalhos iam chegando nossa amizade ficou cada vez mais forte, eu cada vez mais sólido e ele cada vez mais desinibido, ele até começou a usar umas coisas que me afastavam, mas quando ele deixava de usar eu voltava com toda força pra vida dele, para lhe mostrar que sempre estarei presente em sua vida. Apesar de ter entrado na faculdade, ter feito novos amigos e se distanciado da família, ele não se sentia feliz e eu como um bom amigo estava cada vez mais presente... O Chapeleiro achava que a cobrança para conseguir entrar na faculdade era grande, mas depois de diversas experiências, percebeu que o preço de estar lá dentro era maior. A frase “é muito mais fácil entrar, do que sair” nunca fez tanto sentido. A competição de entrar em projetos, a necessidade de estar entre os melhores, contribuiu para fortalecer nosso vínculo. Ele até conseguiu entrar em um projeto, que até então acreditava ser o seu maior sonho, mas logo descobriu que era seu maior pesadelo, e lá eu estava para acompanhar nas madrugadas fazendo trabalhos, estudando para provas. Várias vezes eu estava presente dizendo que ele tinha que escolher entre comer, dormir ou estudar.
Depois de entrar no projeto e descobrir todas as suas obrigações, o Chapeleiro decidiu se reunir com a “orientadora” para discutir os dados colhidos. Porém a reunião foi tão complicada que eu apareci para acompanhá-lo. E vi que a Rainha de Copas começou a lhe dizer diversas coisas terríveis e exigir muitos trabalhos que afetariam seus estudos na graduação. Durante a crise, eu contei meu outro nome ao Chapeleiro bem baixinho quase sussurrando, afinal eu precisava contar meu maior segredo a ele. Chapeleiro quando descobriu que eu era a Ansiedade teve um click... Em sua memória vieram todos os momentos em que eu o acompanhei. Nesse momento sua crise foi diminuindo e ele foi pensando em trancar a faculdade para ficar longe de mim. Assim foi dormir com o quarto todo bagunçado e quebrado, sem conversar comigo, mas eu sabia que ele havia tomado uma decisão. No outro dia, o Chapeleiro foi acordado, bem cedinho, por sua mãe que estava extremamente preocupada e perguntando coisas para ele, mas que não conseguia responder no momento. Mas ao vê-la ficou mais calmo e conseguiu explicar o que estava acontecendo chorando enquanto falava. Ao fim da conversa, depois de ter organizado todas as coisas do quarto e de sua cabeça, Chapeleiro contou a todos da casa que iria tirar um tempo para si longe da universidade, sua mãe não gostou da ideia, e seu pai menos ainda, mas ambos sabiam que era melhor para ele.
Ao dar entrada no Instituto Sônia, Chapeleiro foi em direção a coordenação com todos os documentos em mãos, ao passar por um mural no caminho, viu um papelzinho pendurado bem chamativo da cor amarela, na qual dizia que o Instituto visando melhorar a qualidade de vida dos alunos matriculados, criou um aplicativo integrado ao Sistema do Universitário, que tinha as seguintes funções: acolher, conversar, ajudar e inserir alunos em crise, para tratamentos psicológicos através de um mecanismo de chat, na qual o robozinho chamado Insônia, responderia as questões dos alunos de forma automática tentando aliviar a crise do momento e em casos mais complexos o encaminharia ajuda para o local em que o aluno estava. Esse aplicativo ainda estava em fase de testes, mas já havia ajudado muitos alunos e já estava em funcionamento em outras instituições. Chapeleiro ao ver esse cartaz, abriu o celular e ao entrar no aplicativo teve outro click, decidiu que iria continuar na faculdade, sair do projeto com a Rainha Vermelha e quando necessitasse de ajuda buscaria através do aplicativo. A Rainha Branca ficou muito mais feliz com a nova decisão e orientou seu filho a buscar ajuda com um psicólogo da rede pública também para o acompanhar nessa longa jornada que é a faculdade.
Claro que vendo isso, eu fiquei muito triste. Afinal o Chapeleiro estava tentando me afastar de todo jeito possĂvel, mas eu deixei bem claro que, por mais que ele buscasse ajuda, eu sempre estaria com ele, afinal, eu sou a ANSIEDADE.
Entenda os seus medos, mas jamais deixe que eles sufoquem os seus sonhos. Alice nos país das maravilhas.
Só podemos alcançar o impossível, se acreditarmos que é possível. Alice nos país das maravilhas.
O segredo querida Alice, é rodear-se de pessoas que te façam sorrir o coração. É então, e só então, que você estará no país das maravilhas. Alice nos país das maravilhas.