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magazine magazine PA R A A N OVA G E R AÇ Ã O D E PA I S

NOVA!

núm e ro 1

magazine ENTREVISTA Mariscal, o mago do design infantil MODA Surpresas de inverno VIAGEM Machu Picchu em família LIFESTYLE 7 filhos + 1 apê em NY EXCLUSIVO A vida secreta dos amish nm a gazin e. com. br INVERNO 2010 R$12 ISSN 2176-6371


Primeira viagem As coisas simples da vida

DNA.N Kátia Barros e Marta Rodrigues

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48 Moda Garotos perdidos

Sonhos

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Viagem O pequeno inca

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Vitrine

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Check-in Cashmere, ninjas e bonecos de pano

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Tempo de criança Kevin Johansen

8 Colaboradores

sSUMÁRIO

eNT ReVISTA

SOCIeDADe

CASAS NO MUNDO

O artista espanhol, um dos maiores expoentes do mundo em design infantil, conversa com a n.magazine sobre essa faceta de seu trabalho e as suas inspirações

Nossa repórter morou um mês na maior comunidade amish do mundo. Descubra com ela como é a infância e a rotina dos membros desse fechado grupo religioso

Entre com a gente no mega-apartamento dos designers Robert e Cortney Novogratz e seus sete filhos, em Nova York, astros de um novo reality de decoração.

Javier Mariscal

Inocência extrema

Um apê para 9


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Bastidores

Comic

Saúde É mais que tristeza

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eventos N.

Beleza Na cachola

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Livros

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Conto O menino que tirava gatos do nariz

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Social O som da tradição

70 Bazar Vista o Ted!

Bazar Sobre rodas

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MODA

MAT eRNIDADe

PORT fOLIO

Um ensaio sensível, inspirador, clicado pelo fotógrafo Gustavo Lacerda, inspirado em seu belíssimo trabalho pessoal Albinos, que realiza desde 2009.

Conheça como é o trabalho das doulas, mulheres capacitadas para orientar e dar auxílio às mamães antes, durante e até depois do parto.

O artista francês Jean Jullien prova com colagens, recortes, montagens, pinturas e boas doses de bom-humor que a arte pode ser divertida e acessível.

Casa de bonecas

Mamãe-conforto

Pop fun


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PRIMEIRA VIAGEM

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pAs

coisas simples da vida p Por MARIANA SGARIONI Ilustraçao BwOkAA

Que a minha vida mudaria completamente depois do nascimento de meu filho Benjamin, eu já estava cansada de ouvir falar. Mas ninguém me contou como a rotina com um recém-nascido, antes de qualquer coisa, me faria mudar de valores. Eu não fazia a menor ideia de que tudo aquilo que era prioridade para mim até poucos meses atrás, passaria a ser totalmente dispensável. E o que sempre foi banal, viraria motivo de comemoração, o suprassumo da bossa. Parece até que a recém-nascida aqui sou eu. Quer ver? Eu passo o dia ansiosa, esperando o momento sublime em que Benjamin soltará pum. Isso mesmo. Um pum. Mesmo que seja um mísero peidinho, eu e meu marido comemoramos como se tivéssemos ganhado na Mega Sena. Outro dia, me peguei cantando (e dançando) para Ben Festa no Apê, do Latino. O motivo: uma sequência de puns presos há horas. Disse o médico, em sua linguagem peculiar, que meu filho estava com um “Intenso Meteorismo Intestinal”. Ora, isso deve significar que ele tem puns cósmicos intergalácticos dentro da barriga. Coisa que eu já sabia mesmo sem estudar astronomia. Na série das nojeiras, os arrotos e o cocô não ficam de fora e também são celebrados. Tudo isso hoje para mim é mil vezes mais importante do que qualquer outra coisa por uma simples razão: meu filho sofre demais com os gases, cólicas, refluxos, e outras variações do trânsito intestinal. E ver filho sofrer é algo insuportável, não existe dor maior. O que dizem os mais velhos é que é preciso ter paciência. Grande sabedoria, sobretudo no que diz respeito a um recém-nascido, que ainda não vive na velocidade da luz em que nós, adultos da era cibernética, vivemos. Um bebê exige que mudemos os valores começando pela chavinha do tempo – ele não vai parar de chorar em dois minutos, nem vai dormir em cinco. O tempo dele não é superficial e curto como o nosso. Ele é longo, exige disposição e envolvimento. Muito além do que uma ode à escatologia, a convivência com um recém-nascido nos ensina a aprofundar nossas relações, a mergulhar numa linguagem que não é verbal, a entender que nada é pra ontem. Trata-se de um novo planeta em que o dia passa das 24 horas. Conhecer esse ritmo nos torna mais humanos e nos mostra que a verdadeira essência da vida é muito mais simples do que imaginamos. Está bem ali – debaixo do nariz. Ou melhor, da fralda. Mariana Sgarioni mora no Rio de Janeiro, é jornalista, tem 36 anos, e é mãe de Benjamin, de 1 mês


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t empo de criança

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pLembranças congeladas da infânciap kEVIn jOhAnSEn. cAntOR. ALAScA, 1964

O espírito globetrotter de Kevin Johansen não se resume apenas aos vários lugares onde viveu ou passou, mas às referências musicais que coletou nesse percurso. O resultado são composições com influências que vão do tango e samba ao pop e rock. Inglês, espanhol e até portunhol se mesclam em canções marcadas pelos jogos de palavras e pelo ecletismo.

fotografias ARQuIVO PESSOAL

Minha infância está cheia de recordações difusas. É uma construção que se faz pela mistura de histórias que eu acredito lembrar e aquelas que a família conta. Por ter nascido no Alasca, meus primeiros anos de vida são coloridos de branco, da neve pura e dura. Lembro perfeitamente de ter que ficar trancafiado em casa durante longos meses. Algumas vezes, quando não aguentava mais, fugia e corria pelado pela neve. Imagine como eu estava desesperado! Alguma vez alguém disse que a pessoa é do lugar onde fez o segundo grau. Se essa ideia está certa, então sou argentino. Meus primeiros anos de formação, minhas primeiras decisões importantes e, talvez o principal, minhas primeiras paixões foram em Buenos Aires, para onde nos mudamos quando eu tinha 12 anos. É engraçado, mas quando penso na minha infância, não me vêm à cabeça os tradicionais aromas das refeições, nem aquelas cenas típicas de família. Guardo o cheiro dos instrumentos musicais. Uma vez meus avós me deram um charango (instrumento andino feito com a carapaça das costas de um tatu). Ainda recordo do cheiro do animal no instrumento. Com o tempo, a gente se dá conta da importância de ter tido uma infância feliz. Também aprende que os pais canalizam o afeto de maneiras diferentes. Minha mãe, por exemplo, era uma mulher carinhosa. Porém, sua forma de me amar era através da cultura, da literatura, das artes plásticas. Lembro que em casa tinha uns fascículos de grandes pintores, e ela fazia a gente memorizar as obras de Matisse, Picasso e Cezanne. Agora, com o tempo e fazendo uma retrospectiva, vejo que esses anos felizes são uma base de afeto para toda a vida.


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As famílias japonesas com filhos homens penduram carpas coloridas, os koinobori, do lado de fora da casa para festejar o Dia dos Meninos. A carpa é símbolo de força e sucesso. Esse modelo, da marca francesa Madame Mo, é vendido na Japonique.

scandinavia-designs.com.br

japonique.com.br

design na medida

Os móveis em forma de animais dessa marca dinamarquesa estimulam o desenvolvimento da coordenação motora das crianças. São fabricados com uma espuma que não prejudica o meio ambiente. Vendidos no Brasil pela Scandinavia.

met rO de creScimentO

KOinOBOri

Bons ventos o trazem

BOBLeS

Bichos fofos, literalmente

vit rine

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Pode aposentar a clássica girafinha de parede que marcava o crescimento dos pequenos. Nessa trena, você pode anotar datas, medidas e o nome de cada um que passar pela “metragem”. E o melhor: é uma lembrança bem mais fácil de guardar que a pescoçuda de madeira. urbanbrasil.com.br


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deniSe BrAndt

Shakshuka é a variação de uma palavra hebraica que significa “shake” (agitar, em inglês) e também é um prato típico no norte da África marcado pela mistura de sabores. Não por acaso, a loja online ShakShuka leva esse nome. Voltada para mães e crianças, sua seleção de produtos é uma bela mescla de culturas e estilos. Há desde roupas até objetos de decoração, além de produtos ecológicos para bebês. Os pedidos online são entregues no Brasil e os leitores da n.magazine ganham 10% de desconto! Entre no site da revista (n.magazine.com.br) e saiba como realizar sua compra na promoção.

Não é preciso muito para começar a brincadeira com os bonecos e cenários criados pela artista plástica Denise Brandt. Basta destacar as figuras feitas em papel-cartão plastificado e montar o suporte. Há séries temáticas, como a que trás os personagens de Alice no País das Maravilhas.

shak-shuka.com

desenhobom.com

diversão de papel

SHAKSHUKA

estilo sem sair de casa

vit rine

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ent revista

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o mago do design infantil

Com o devido respeito ao gosto e à inteligência das crianças, o renomado designer espanhol Javier Mariscal tem dedicado a elas uma parte importante de seu trabalho: criou móveis, escreveu e ilustrou livros e até projetou ambientes de um hospital. Com isso, se tornou um dos maiores expoentes no mundo em design infantil Por Xavier valls


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Q

uando o mascote das Olimpíadas de Barcelona de 1992 foi apresentado ao mundo, causou surpresa entre os fãs dos Jogos, que sempre esperam um boneco tão “fofo” quanto Misha, o ursinho que emocionou a todos nas Olimpíadas de Moscou, em 1982. Cobi, o cachorro escolhido pelos espanhóis, foi inspirado nos traços de Picasso, o que significa, basicamente: nariz fora de prumo, certa estranheza nas linhas, cores e desenho não convencionais. Os designers amaram. Os fãs... aprenderam a amar - tanto que ele é considerado pelo Comitê Olímpico Internacional o mascote mais rentável depois de Misha. O sucesso de Cobi alçou seu criador, o espanhol Javier Mariscal, a uma carreira global. Ainda hoje, 17 anos depois, é difícil não associar seu nome da figura do mascote. Mas o designer não faz a linha Los-Hermanos-que-renegam-Ana-Júlia. Aceita Cobi como seu pote de ouro, mas prova com trabalhos tão significativos quanto que vai muito além do que um cachorro de nariz torto. Multifacetado, ataca em todas as frentes do design: da criação de logomarcas a comerciais de TV, de decoração de interiores e escultura à criação da identidade visual dos Médicos Sem Fronteiras. Em meio a tantas incursões, Mariscal decidiu dar importância especial em seu trabalho a um setor que parecia menosprezado: o design infantil. E foi a fundo. Desconstruiu formas, bolou novos conceitos, idealizou brinquedos, escreveu e ilustrou livros e até humanizou com desenhos a frieza de um hospital para crianças. Tornou-se um dos principais expoentes em design infantil no mundo - senão o maior. Incansável, vem trabalhando com afinco em um novo desafio: a animação Chico y Rita, que deve ser lançada ainda este ano. Trata-se de uma história de amor entre uma cantora e um pianista cubanos, ambientada na Nova York dos anos 50, época do boom do jazz latino na América. Em seu mega estúdio em Barcelona, Mariscal falou à n.magazine sobre design infatil e a influência que seus pequenos gêmeos, de sete anos, têm sobre seu trabalho.

Javier Mariscal com uma peça da estante Ladrillos, desenhada para a coleção Me Too, de Magis

Por que você decidiu enveredar para o design para crianças? Na época em que comecei, me pareceu o caminho mais natural do mundo. Suponho que é uma forma de amá-las. O que você deseja dar a elas com seu trabalho? Não acho que eu presenteie as crianças com nada em especial, apenas quero proporcionar a elas objetos com sentido comum, de que elas gostem e, principalmente, que não subestimem sua inteligência, que é imensa. Você acredita que a sua coleção de móveis infantis Me Too rompeu a fronteira que separa o brinquedo do mobiliario? Todos os objetos são mobiliários antes que sejam brinquedos, porque têm uma função que não é só ludica, mas além de serem úteis estimulam a imaginação das crianças e incentivam elas a brincar. De qual peça de suas coleções você tem mais orgulho? Da cadeira Alma, porque tem várias virtudes: é bonita, é resistente, cômoda, durável, tem um preço razoável - pelo menos de custo de produção. E ela tem o que dizia antes: sentido comum

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––Inocencia extrema 32

SOCIEDADE

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Nossa repórter vive um mês na maior comunidade amish do mundo e revela a rotina e as tradições desse fechado grupo religioso que se mantém alheio à tecnologia e aos costumes modernos . Por MANUELA NOGUEIRA, de Ohio (EUA) Fotografia DOYLE YODER (dypinc.com)


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SOCIEDADE

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Bob Esponja não faz parte do mundo de Sheryl Erb. A linda garota de 5 anos, cabelos loiros e cílios compridos, já sabe escrever seu nome e vive num dos países mais desenvolvidos do mundo, os Estados Unidos. Mas, ao contrário das demais crianças de sua geração, não conhece os personagens que fazem sucesso nos desenhos animados e não tem ideia do que seja um Nintendo. Ela não joga videogame, não assiste à TV, nunca ligou um computador. Sheryl mora em Holmes County, em Ohio, na maior comunidade amish do mundo. Quem já viu o filme A Testemunha, de 1985, com o ator Harrison Ford, sabe que os chamados amish people têm um peculiar estilo de vida. Eles abrem mão da maioria dos avanços tecnológicos para extraírem outro significado da palavra “simplicidade” - demetich, em Pennsylvania Dutch, o dialeto local. Suas casas não têm eletricidade e nas garagens os carros são substituídos pelo buggy, uma espécie de carruagem rústica puxada por cavalos. Os amish vivem desse modo em solo americano desde o século 18, quando seus antepassados deixaram a Suíça e a Alemanha, fugindo da perseguição católica. Sheryl e alguns primos estão num chá da tarde na casa de sua tia Lucy Troyer Swartzentruber. A reunião começou pontualmente às 11h30, quando uma taça com salada de frutas e raspas de coco foi colocada em frente a cada um dos mais de 30 convidados. É uma reunião das irmãs Troyer, que trouxeram suas noras, filhas e netos para comemorarem as aniversariantes do mês e combinarem os últimos detalhes do almoço de Thanksgiving, o Dia de Ação de Graças, dali a duas semanas. Do lado de fora da casa há carros modernos e buggys estacionados. Nem todos os membros da família Troyer são amish. Das seis irmãs, três deixaram a comunidade e se casaram com homens que não usam a típica barba comprida, o suspensório nem o chapéu preto. Elas trocaram seus vestidos longos, de uma única cor, por calças jeans e peças de cores fortes. É fácil reconhecer quais mulheres pertencem ao povo amish: elas não colocam um pingo de maquiagem, nunca cortam seus cabelos - os prendem em forma de coque e cobrem a cabeça com o bonnet, um tipo de lenço branco. Da mesma forma, as crianças também se distinguem facilmente. Enquanto as da comunidade emulam a vestimenta das mães e pais, com direito ao lencinho na cabeça, os filhos dos que optaram abandonar os costumes vestem-se com camisetas estampadas e calças jeans. Mulheres com e sem o bonnet se fartam com chá de maçã, sopa de tomate com açúcar, sopa de frango e seis tipos de cheesecake. Antes que a refeição começasse, uma prece em forma de música foi entoada por todos, inclusive pelas crianças. Enquanto suas mães tiram a mesa e lavam a louça, elas fazem

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MODA

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garotos perdidos Fotografia ELLA DURST Styling FLAVIA PADILHA

Cenografia e acessórios SILVIA MORAES E RAFAEL GODOY/ATELIER ZIG ZAG

“São meninos que caem de seus carrinhos quando as babás estão olhando para o outro lado. Se não são reclamados em sete dias, são enviados para longe, para a Terra do Nunca.” Peter Pan, J.M. Barrie


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MODA

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MIGUEL Camiseta de malha listrada MA POUPÉE Colete, calça jeans e bota BONPOINT RAFAEL Jaqueta BONPOINT Calça jeans SEVEN Coturno acervo styling Máscaras AGÁ PRESENTES


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MODA

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Casa de bonecas Fotografia GUSTAVO LACERDA Styling FLAVIA PADILHA


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MODA

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LÍVIA Camiseta com aplicação de plumas CRIS BARROS MINI Cadeirinha de balanço TRENZINHO


Machu Picchu, tradicional destino de mochileiros no Peru, também está ao alcance de famílias com crianças. O espivetado Dimitri e seus pais, a jornalista Marina Moros e o professor universitário Fernando Scheibe, desbravaram Cuzco e a Cidade Sagrada e nos contam sua aventura Texto e fotos MARINA MOROS

VIAGEM

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O pequeno inca

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P

ergunto o que ele lembra da viagem. Dimitri tem 5 anos e muitas respostas: os rios vistos do trem, a descida súbita do avião, o amiguinho da hospedagem, o frio, as construções de Machu Picchu, as piscinas termais de Águas Calientes, o milho cozido, a chicha morada, as ladeiras do bairro San Blas, os queijos gostosos comprados no mercado. A primeira aventura é o voo. Uma hora de Lima a Cuzco sobrevoando a Cordilheira dos Andes, com muitas perguntas: “Quando vou ver as lhamas?”; “A centopa (centopéia de pelúcia que sempre o acompanha) vai ficar com frio?”; “Vamos mesmo andar de trem?”. Então aparece a cidade, escoltada pelas montanhas. E lá vem o frio na barriga: próximo da aterrissagem, o avião faz uma curva brusca para entrar pelo espacinho possível. Dimitri já diz: “A centopa nem ficou com medo”. As lhamas estavam logo ali, guardadas pelas cholas, com suas quatro saias, longas tranças, chapéus coloridos e filhos às costas – cada foto a um sol, a moeda local, aliás. E, sim, bastante frio! A temperatura média anual é 11º, chegando a -2º no alvorecer. Cuzco fica a 3.360 metros acima do nível do mar. Logo que chegamos, sentimos o famoso soroche, mal causado pela altitude. Os efeitos variam muito para cada pessoa. A reação de Dimitri, por exemplo, foi dormir o dia inteiro.


Refeito do soroche, ele aproveitou para desbravar a Hospedaje Inka, o acolhedor hostal que escolhemos em San Blas, conhecido bairro dos artistas. Não demorou para fazer amizade com Sebastian, neto dos donos, menino brejeiro que circulava todo sorrisos entre os jovens estrangeiros. Machu Picchu é o objetivo de praticamente todos que põem os pés em Cuzco. Mas vale a pena aproveitar pelo menos dois dias na cidade. Conhecida antigamente como Qospo, “umbigo do mundo” em quéchua, Cuzco é um local encantador e cheio de contrastes. Em cada esquina, descortina-se um pedaço de história, marcada pela subjugo dos povos indígenas ao poderio dos conquistadores espanhóis. Na Plaza de Armas, a Iglesia del Triunfo é uma prova disso: foi erguida em 1539 tendo como base o palácio de Wiracocha Inca. Alheio ao significado das marcas da invasão espanhola, Dimitri adorou o encaixe preciso dos muros e a famosa pedra de 12 ângulos, ícone da apurada arquitetura inca. Compramos uma miniatura, mais divertida que peças de Lego. Para quem vai com crianças, uma boa pedida é pegar o ônibus - com ares de bonde – que sai da Plaza de Armas e leva a alguns dos principais sítios históricos das redondezas. É o caso da fortaleza de Sacsayhuamán, dos labirintos de Q’enqo e dos aquedutos de Tambomachay. Outro


Fotos JAVIER FERRER VIDAL Styling ANALIA LANFRANCO Hairstyles ANA BALSERA

Apresentamos sete cortes de cabelo para crianças que estão marcando tendência neste inverno - com dicas de como mantê-los depois de sair do salão!

beleza

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na cachola

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ROCK OASIS POP Javier, 8 anos CORTE: É importante tirar o volume com suavidade para não interferir na textura das ondulações, senão pode encrespar. TIPO DE CABELO: Ondulados. CONSELHOS: Para definir e levantar as pontas, usar um pouco de cera consistente, mas sem exageros, para não ficar pesado.


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belezA

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BOB ASIMETRIC Mina, 8 anos CORTE: Com fios em V, mais curtos na nuca do que nas laterais. A franja foi invertida para se adaptar ao corte. TIPO DE CABELO: Para cabelos lisos. CONSELHOS: Não tem muito segredo: simplesmente lavar com shampoo e condicionador de boa qualidade.

CLASSIC Claudia, 6 anos CORTE: Os fios e a franja ganham cortes retos, porém, devem ser suavemente repicados. TIPO DE CABELO: Recomendado para cabelos finos ou pouco ondulados. CONSELHOS: Lavar e utilizar condicionador com enxágue.


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mat ernidade

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Mamae-conforto Além do “fique calma, respire fundo e faça força”, gritos e respiração ofegante, há uma zona aconchegante durante o parto. Ali, uma doula, especialista formada em acompanhamento de partos, dá literalmente as mãos para a futura mãe, ajudando-a a encarar a experiência com mais conforto e bem-estar Por ANELISE CSAPO e ERIKA KOBAYASHI Ilustrações VICTORIA SCOTTI


na cabeça de quem está para ter um filho: a equipe médica e os familiares não dão conta do recado? Ter mais alguém na sala não pode atrapalhar em um momento tão delicado? Teoricamente, não, se pensarmos no bem-estar da mulher. A equipe médica é responsável por aspectos técnicos e os familiares podem estar tão ansiosos e inseguros quanto a futura mãe e muitas vezes não sabem lidar com a situação. A doula pode ajudar nesse momento, dando suporte para a mulher e seus acompanhantes e preparando o ambiente para que a experiência do parto seja agradável. MULHER QUE AJUDA MULHER Doula é uma palavra de origem grega que significa “mulher que serve” e começou a ser utilizada na década de 90 em pesquisas dos fundadores da Doulas of North America (DONA), o médico neonatal Marshall H. Klaus e o pediatra John H. Kennel, para designar mulheres capacitadas para dar apoio contínuo a outras mu– lheres durante a gestação e o nascimento do bebê.

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mAt ernidAde

Não dá para contar um século da época em que o nascimento de uma criança era um evento, típica cena de filme de época: mulheres em volta da cama, gritos de força, toalhas quentes no recinto e o futuro pai andando de um lado para o outro (muito menos participativo que nos dias de hoje). As mulheres se ajudavam: as mais experientes conduziam a futura mãe na tarefa de dar à luz, algo que sempre aconteceu na história da humanidade e que se perdeu com a pratici– dade dos partos com hora marcada em salas de cirurgia. Mas o hábito de ter uma mulher para dar suporte à outra no nascimento do filho vem sendo resgatado pela corrente dos defensores do parto humanizado que, além de grupos e organizações que levantam essa bandeira, é engrossada por programas do Ministério da Saúde que incentivam o parto normal. E assim o termo “doula” tem se tornado um pouco mais conhecido. “A doula está nas recomendações da Organização Mundial de Saúde”, diz Maria de Lourdes da Silva Teixeira, a Fadynha, fundadora e presidente da Associação Nacional das Doulas (ANDO) e autora do livro A Doula no Parto (Ed. Ground), pioneiro no Brasil. Ao pé da letra, a OMS aconselha o uso de massagens e técnicas de relaxamento para o alívio da dor sempre que possível, a fim de evitar métodos invasivos e farmacológicos no parto. Geralmente, quem cumpre esta função é a doula, com todo seu aparato de massagens, florais, bolsas de água quente, homeopatia, banheira, bola de fisioterapia, técnicas de relaxamento, respiração e postura. Além de toda a experiência de quem já acompanhou vários nascimentos na vida. Muitas dúvidas podem surgir nesse ponto, principalmente


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O artista Jean Jullien faz seu universo lúdico despertar de papel, cores, traços pretos, tesoura e cola. Diversão inteligente que prova que a simplicidade está longe do banal Por Erika kobayashi

Aos 27 anos, o artista francês Jean Jullien já passou pelo Central Saint Martins College of Arts & Design e Royal College of Arts, em Londres, cidade onde mora. Ele faz ilustrações, capas de livros, camisetas, pôsteres, animações, curtas e o que mais tiver vontade. Sua cartela de clientes é bem diversa e inclui The New York Times, Anistia Internacional, Centro Pompidou e Last.fm. Mas as grandes pirações acontecem mesmo em parceria com o irmão músico, com quem cresceu consumindo muita cultura pop, brincando e jogando videogame.

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PORT FOLIO

POP FUN



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