Desafios na gestão do Conselho Municipal de Cultura de Marabá - O Liberal (06|11|22) Natacha Barros

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Natacha Barros

Desafios na gestão do Conselho Municipal de Cultura de Marabá

OConselho Municipal de Políticas Culturais (CMPC) está com as eleições abertas para formação do biênio 20232024. Criado em Marabá no ano de 1993, até hoje ainda causa dúvidas e provoca estranhamento nos agentes culturais da cidade. De minha experiência, no biênio 2019-2020 como Presidente, eleita através do setor de Artes Visuais, vim trazer alguns apontamentos que foram mais polemizados durante o exercício no CMPC para deixar a par aqueles que se encorajarem neste desafio.

Antes de tudo, é necessário entrar no Conselho sabendo que, apesar de você representar um segmento, deve-se pensar que há um interesse maior, que é o pleno funcionamento do mesmo. Portanto, as divergências entre setores têm que ser deixadas de lado para que o trabalho em grupo flua e tenhamos avanços reais, como a implementação do Fundo de Cultura que interessa a todos - e, diga-se de passagem, com muito estudo e dedicação de todos.

Portanto, caímos na questão do comprometimento dos conselheiros em assumir esse desafio enquanto grupo, que por vezes pode ser bas-

tante frustrante, como: reuniões sem quórum mínimo (2/3 de 24 conselheiros) para deliberações importantes como basicamente alterações no regimento interno. Entre as reclamações para o não comparecimento temos de um lado os horários fora do expediente dos conselheiros do poder público e do outro, questões simples como as dificuldades de deslocamentos dos conselhos da sociedade civil para reuniões presenciais. Daí surge a necessidade

de pensar em uma possível remuneração aos conselheiros, tornando mais valorosa sua participação.

Consequentemente, é possível apontar mais um entrave para o funcionamento do CMPC, a quantidade de representações em setores. É obvio que cada setor tenha sua especificidade, no entanto, veja você, quais setores poderiam se fundir em interesses nas seguintes cadeiras: Artes Visuais; Artesanato; Audiovisual; Arte digital; Música; Teatro

e Circo; Dança; Cultura Popular; Cultura Afro-brasileira; Cultura Indígena; Empresas e Produtores Culturais; Livro, Leitura e Literatura. Essa ideia parece até um retrocesso, no entanto, acredito ser uma estratégia para a realidade da cidade, a exemplo da cadeira de Arte Digital, não caberia na competência de Artes Visuais?

Destas linhas legais apresento questões muito básicas em relação a funcionalidade do CMPC. Muito da descredibilidade atribuída

ao Conselho vem da dificuldade de sua organização interna. Lembrando a todos que a implementação da Lei Aldir Blanc 2020 foi realizada a partir de comissão gestora com representantes do CMPC, e as leis que virão, serão igualmente necessários conselheiros para sua implementação.

De resto, faço minhas as palavras do ex-conselheiro do setor de Cultura Afro-brasileira – que por sinal não teve suplente, Eric de Belém: “A única possibilidade de tornarmos Marabá uma cidade onde a sua riqueza cultural seja realmente valorizada, incentivada e divulgada é através de organização e autonomia e o Conselho Municipal de Políticas Culturais é uma dessas estratégias e tudo depende de ‘sacrifícios’, de um ato de ‘rebeldia’ e inconformismo para que as coisas efetivamente se transformem!”

6 Marabá BELÉM, DOMINGO, 6 DE NOVEMBRO DE 2022
OPINIÃO natachacolly@gmail.com
Natacha Barros Curadora de arte, designer e produtora cultural
As divergências entre setores têm que ser deixadas de lado para que o trabalho em grupo flua e tenhamos avanços reais
FREEPIK Implementação do Fundo de Cultura interessa a todos

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