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SUSTENTABILIDADE NA MODA De jornalista à empreendedora do mundo da moda sustentável, Aline Ebert conta como é ser proprietária de um dos brechós mais requisitados de Pelotas

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SUMÁRIO EXPEDIENTE Diretora de Redação GISLENE FARION Editora Chefe GISLENE FARION Editora-Assistente AMANDA GONÇALVES Diretora de Arte KARISSA YOKEMURA Redação ALISSON LOPES, GABRIELA SCHMALFUSS BORGES, LUÍS ARTUR JANES SILVA, MATHEUS GARCIA, NAIARA KHASTASMÓKIA E STEFANY BITTENCOURT Design KARISSA YOKEMURA Fotógrafos AUGUSTO KOJA

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GORDA, RUIVA E TATUADA

08 ESPAÇO COLABORATIVO: UM NOVO CONCEITO DE LOJA

12 A SUSTENTABILIDADE TAMBÉM NA MODA

Colaboradores ALINE EBERT, AUGUSTO KOJA, DÉBORA SANTOS, FLÁVIA PERES, JESSICA LOPES, KARISSA YOKEMURA, MARIA DIVA BOTELHO, MARTA SANTOS E MATHEUS MARANHÃO FLICKR.COM/RESISTAMAGAZINE FACEBOOK.COM/RISISTAMAGAZINE INSTAGRAM.COM/RESISTAMAGAZINE Assinaturas WWW.RESISTAMAGAZINE.COM Publicidade PUBLI@RESISTA.COM Endereço RUA GOMES CARNEIRO, 01 - CENTRO PELOTAS - RS - 96010-610

20 MODELAGEM GENDERLESS

22 MODA INFANTIL

23 MODA MODERNA E SUA HISTÓRIA


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esista Magazine surge para mostrar as inúmeras facetas da moda. Nas próximas páginas, o leitor terá contato com a independência, o sentido libertário e o espírito democrático da moda atual, cada vez mais distante de padrões impostos e aproximando-se da multiplicidade de estilos, em que cada pessoa faz a sua moda. Assim, Resista Magazine traz uma história da moda, desde quando o termo adquiriu o seu significado atual até os dias atuais, enfatizando o revolucionário século XX, momento em que o campo da moda consolidou-se. Os pequeninos não são esquecidos e acabam contemplados com um artigo que mostra o fim do binômio rosa e azul, que dominou a moda infantil durante muito tempo, e que fez aumentar a variedade de roupas para crianças, mas critica a mania pós-moderna de transformar meninas e meninos em adultos miniaturizados. Moda em que cada um cria o seu próprio estilo, reutilizando o que não serve para os outros e garantindo a susten-

tabilidade do planeta, este é o conceito da Nina Garimpa, um dos brechós mais frequentados de Pelotas. Também conheceremos a modelagem Genderless, um estilo que acaba com a velha história do gênero na hora de vestir-se e investe na liberdade de escolha no sentido de definir um estilo. Ainda dentro do campo da quebra de padrões, conhecemos Jéssica Lopes, criadora do blog Femme Fatale, que traz dicas de comportamento, sexualidade, beleza e, principalmente, moda. Neste blog, Jéssica dá dicas de moda plus size, rompendo barreiras ditadas pela grande mídia. Enquanto isso, Espaço Colaborativo é o mote para enfrentar estes tempos de crise. A paixão pela moda une e ajuda no sentido de que cada uma das colaboradoras possam mostrar suas coleções. E, finalmente, o editorial fotográfico, que junta moda, estilo, ousadia, sensualidade e atitude. Uma mistura de tirar o fôlego, que é realçada pelo cenário clássico da Biblioteca Pública Pelotense. Boa leitura e não resista à Resista Magazine.

GORDA, RUIVA E

TATUADA

Jéssica Lopes vê na internet um ambiente democrático para desmistificar estereótipos e falar da moda grande TEXTO | GABRIELA SCHMALFUSS

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É com essa descrição e com o convite “bora desconstruir uns padrões?” que os visitantes são recepcionados pela gaúcha Jéssica Lopes, de 24 anos, no Blog Femme Fatale.

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riado em 2009 com o intuito despretensioso de ser um espaço para compartilhamento de experiências pessoais, o blog foi ganhando espaço e reconhecimento. Atualmente, junto do seu canal no Youtube, Jéssica possui 190 mil inscritos. Além disso, acumula 85 mil curtidas em sua página no Facebook e 79 mil no Instagram. Formada em Design Gráfico pela Universidade Federal de Pelotas (UFPel), Jéssica reside em Rio Grande/RS e se mantém a partir dos patrocínios recebidos, aliando a atividade com a função de Sommelier de Cervejas, na qual se formou recentemente. O conteúdo produzido gira em torno dos eixos de moda, beleza, comportamento e dicas de cervejas. Looks do dia com as últimas tendências da estação, dicas de maquiagem, cuidados de beleza, tatuagens e sexualidade/relacionamentos são temas frequentes de suas postagens.

FOTO | REPRODUÇÃO

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Com oito anos de Femme Fatale, a produtora acompanhou o surgimento e a expansão dos blogs. “Antes de eu começar, não tinham muitos outros canais e blogs, muito menos direcionado a moda plus

size”, aponta. Jéssica despertou o interesse de um público que ainda não era representado. Dessa forma, utiliza o espaço para desmistificar alguns estereótipos sobre a mulher gorda, bem como empoderar mulheres com o mesmo biótipo.

Considerada referência no setor de moda, Jéssica aponta que uma das principais dificuldades na hora de montar seus looks é encontrar roupas de numerações grandes em qualquer loja. “A maioria das lojas não trabalham com a minha numeração. Como lidar? Indo em outra loja que trabalhe”, reflete. Com o maior debate sobre o assunto, atualmente mais mar-

cas oferecem tamanhos “reais”. Assim, segundo Jéssica, as dificuldades são menores do que antes. Entretanto, ela aponta que isso nunca lhe impediu na composição de looks. “Confesso que nunca fui de me queixar e sempre dava um jeito. Leia-se: comprei muita roupa masculina e de senhora. Coloquei a mão na massa para personalizar e ter as peças que eu queria”, relata. Ela vê um horizonte democrático propiciado pela internet. “Com mais pessoas tendo voz, mais democrático fica. Mais fácil fica ver as outras possibilidades”, assegura. A produtora relata não saber se cumpre

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um papel social com seu blog. “Acho que sou apenas uma pessoa comum, com uma vida comum, mas com um alcance um pouco maior. Que mostra que independente de padrões, tem uma vida normal”, afirma. Jéssica também conta que muita coisa mudou desde que ela começou, principalmente a relação entre leitoras e produtoras. “Antes não era um trabalho. A relação das leitoras com o criador de conteúdo era totalmente diferente, mas eu confesso que, apesar de hoje isso ser um trabalho pra mim, tento manter minha relação e minha postura da forma mais simples e acessível possível”, finaliza.

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By Débora

Multimarcas, traz marcas de todo Brasil. Sempre ligada nas tendências. Antiga “sacoleira”, cansada de ir na casa das clientes e viver no trânsito, procurava um lugar para mostrar e expor seu produto, aumentar as vendas e proporcionar para as antigas clientes, um lugar fixo.

FOTO | STEFANY BITTENCOURT

Espaço colaborativo um novo conceito de loja TEXTO | STEFANY BITTENCOURT

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stamos em uma Revolução Colaborativa, com o mundo passando por grandes mudanças e novas economias surgindo. Muitas ferramentas estão sendo criadas e o espaço colaborativo veio para melhorar o custo benefício de empresários na área comercial. Moda, arte e cultura, tudo junto em um só ambiente: o Lounge da Moda da Revista Babado traz para Pelotas esse novo conceito de loja. Flávia Peres, jornalista e pro-

prietária do local conta que a ideia de trazer esse novo conceito, para Pelotas, foi uma necessidade em função da crise: “O espaço colaborativo tem como objetivo ajudar novas empreendedoras a ter seu espaço físico, no centro da cidade, com um valor mais acessível e, junto delas, divulgar a revista e ter um espaço para minhas clientes”, conta. A jornalista também fornece para suas colaboradoras a parte de mídias sociais, tendo elas, uma vez na semana, suas marcas divulga-

das na página da Babado. O espaço é composto por seis marcas microempreendedoras, são elas: Par Perfeito, By Débora, Donna Acessórios, Reine de Moi, Marcelle Saraçol e Solely. vc. Cada uma com um produto e estilo diferente, compondo o look dos pés à cabeça. Além das marcas, o espaço oferece eventos as sextas feiras, trazendo artistas locais para apresentar suas obras, esteticistas, brechó beneficente, flash tattoos e promoções.

Marcelle Saraçol

Vestidos de noiva e festa sob medida, natural de Rio Grande, trouxe para o espaço toda delicadeza e sofisticação dos modelos escolhidos para pronta entrega. Marcando horários para fazer as medidas e confeccionar o vestido dos sonhos.

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Donna Acessórios

Folheados a ouro e prata e anéis com pedras naturais. Já teve seu primeiro espaço físico, mas optou por este novo espaço para cortar alguns gastos e ter mais lucros com seu negócio.

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Par Perfeito

Duas irmãs empreendedoras resolveram entrar para o ramo comercial, trazendo a moda que chegou e pegou em Pelotas: os calçados de PVC. Trabalham com quatro marcas, sendo elas, Zaxy, Petite Jolie, Sweet Chic e Cherry. Elas já têm sua loja física, aderiram a ideia para divulgar mais sua marca e o benefício de divulgação nas redes sociais.

+Delas

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Evidentemente, o espaço trouxe muitos benefícios para as microempreendedoras. Conversamos com a Débora Santos, proprietária da marca By Débora, para saber mais sobre esse novo conceito de loja. Resista Magazine: Quem é Débora e como surgiu a ideia de ser uma empreendedora? Débora Santos: Sou Débora Santos, tenho 44 anos, sempre gostei de me vestir bem e estar na moda, usando roupas que estão em evidência no momento. Por um convite de uma grande amiga há oito anos, resolvi viajar para Gramado e São Paulo e trazer algumas peças de roupas, desde então, comecei a levar para amigas e conhecidas. Foi um grande sucesso e não larguei mais as vendas. R. M.: Quais vantagens do espaço colaborativo? D.: O Lounge trouxe mais que vendas, estou mais descansada, não preciso viver no trânsito levando as mercadorias para as clientes, elas vêm até o espaço. A divisão dos gastos com as outras colaboradoras, a funcionária que dividimos entre todas, faz com que não precise estar a todo momento e podendo fazer minhas coisas pessoais ou atender alguma cliente que não pode ir até o espaço. Como cada uma vende um produto diferente, podemos agregar todas vendas, fazendo look completo. Todas saímos ganhando. Os eventos que tem semanalmente, traz para nós um grande movimento, fazendo a gente se divertir trabalhando com o que gostamos. Estou muito satisfeita com todos benefícios que o mesmo oferece. R. M.: A mídia social que a Revista Babado proporciona, aumenta o número de vendas? D.: Sim, tenho a página do By Debora para divulgar o que chegou para minhas clientes, e divulgando na página da Revista temos um alcance muito maior, vem muita gente conhecer o meu espaço por causa disso. Tem pessoas que compram na página mesmo, sem ao menos experimentar e retiram no Lounge.

Solely.vc

Traz três marcas de óculos de sombra e grau, Orange, Triton e Dixx, todos com filtro UVB e com um ano de garantia. Primeiro espaço físico, pretendendo expandir para todo estado.

R. M.: Qual os maiores desafios que tem encontrado em dividir um mesmo espaço? D.: Como temos uma funcionária para todas, precisamos estar no Lounge uma vez ou mais na semana, para ajudar nas vendas e dar conta de mostrar nossa marca. Não são todas co laboradoras que são parceiras e estão aqui para fazer essa parte. Tendo boas parceiras e uma equipe legal, tudo se ajeita. Somos seis e todas temos um único objetivo que é vender, então basta se respeitar e ajudar uma a outra.

Reine de Moi

A tradução do nome já diz tudo, RAINHA DE SI. Confecciona roupas próprias e sob medida. Se inspira na moda francesa. Dedicada a mulheres que não têm medo de espelhar sua personalidade no look.

R. M.: Que recado daria para microempreendedoras que não conhecem esse novo modelo de loja? D.: Vale a pena investir. Menos custo em tudo, aluguel e funcionário, no centro da cidade. Acredito que para dar certo, os colaboradores têm que trabalhar com segmentos diferentes, para não dar conflitos de vendas, afinal todos queremos vender e não queremos concorrentes. FOTO | REPRODUÇÃO

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Abigail Foster veste Nina Garimpa

Thiago Paixão veste Vinícius Borges

Matheus Garcia veste Nina Garimpa

Arizona Baez veste Vinícius Borges

A SUSTENTABILIDADE

TAMBÉM NA MODA TEXTO | MATHEUS GARCIA FOTO | KOJA

De jornalista à empreendedora do mundo da moda sustentável, a jovem Aline Ebert conta como é ser proprietária de um dos brechós mais requisitados de Pelotas, de onde surgiu a paixão por moda e como é trabalhar com o slow fashion.

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Matheus Garcia veste Nina Garimpa

Vestido Maurício Guido‫מּ‬i Estola Elvis Antunes

arece que eles apareceram hoje, mas os brechós já existem há bastante tempo no mercado da moda. Porém, só agora, com a popularização da moda sustentável, é que essas lojas um tanto que peculiares começaram a ganhar o seu devido destaque no cenário fashion. A provável origem desse tipo de comércio vem dos países de língua inglesa, onde as feiras de antiguidades ao ar livre que reúnem compradores atrás de mercadorias diferenciadas são muito comuns. Então, se foi o tempo em que reutilizar peças de roupa era sinônimo de mau gosto. Na última década, muitas pessoas estão preocupadas em vestir peças exclusivas, sem gastar muito e ainda ajudar a cuidar do planeta. Esses são os amantes dos brechós. Os clientes dessas lojas sustentáveis variam de classe econômica, gênero, estilo e também de faixa etária. E se você enjoou de determinada peça que está só ocupando espaço dentro do seu guarda-roupa, ou ela não te serve mais, não combina mais com você, com certeza ela pode encontrar um novo dono dentro de um brechó.

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Pelotas e a sustentabilidade no vestir: A história de Aline e do Brechó Nina Garimpa A moda sempre foi algo que fez parte da vida de Aline Ebert, 34 anos. Natural de Taquara, região metropolitana do Rio Grande do Sul, ela teve a partir da mãe o primeiro contato com esse universo. Dona Marli sempre trabalhou no ramo calçadista e, por isso, entendia muito bem de corte, colagem e costura, além de tricotar em casa como ninguém. A menina Aline acabou adquirindo interesse por tudo isso, porém, mais voltada para a parte histórica e estética dos materiais do que para a criação deles em si. Passado o tempo, a jovem prestou vestibular para moda e jornalismo e acabou sendo aprovada nos dois cursos. Aline optou por matricular-se em jornalismo na Universidade do Vale dos Sinos, a Unisinos, levando em consideração a proximidade de casa. O curso de moda era em Caxias de Sul e ambas as faculdades eram particulares. Por isso, Aline preferiu ir e voltar de Taquara a São Leopoldo todos os dias a fim de graduar-se em jornalismo. Mas a estudante logo conseguiu unir o atual curso com a antiga paixão. Aline passou a estagiar no portal UseFashion que, na época, ainda estava dando os primeiros passos. Em 2008, ela se formou jornalista e continuou atuando no site até 2012, quando foi demitida em uma leva de demissões em massa na empresa após uma década de trabalho. “Foram anos muito lindos! Aprendi bastante sobre o que eu gostava e não gostava na moda. Tive oportunidades de viajar, de fazer coberturas de semanas de moda, pude conhecer diversas

Thiago Paixão veste Nina Garimpa

pessoas do ramo e buscar inspirações”, contou Aline. E o que para muitos seria uma péssima fase, para a jornalista o desemprego fez com que ela abandonasse um pouco a profissão, onde pôde desenvolver a escrita que sempre gostou, para se tornar uma jovem empreendedora do segmento da moda. Aline tirou um período sabático apenas como brechozeira e foi assim que percebeu que era possível se sustentar com isso. Então, a moça resolveu conter os gastos para logo poder empreender seu negócio. “Sempre adorei roupas. Desde quando criança, na relação com as peças de família, até esse trabalho atual. Fui descobrindo que a moda que me movia não era a das tendências que se modificam rapidamente,

mas sim a do estilo de vida sustentável, dos achados, do reaproveitamento. Alguns elogiavam meu feeling como buscadora de raridades. Então, como eu sempre fui sacoleira de final de semana, mesmo enquanto jornalista, por ser sim uma vendedora de coisas desde muito nova, com esse meu sentido aguçado, fazia um dinheiro extra assim” revelou.

Acredito que são novos tempos, e não somente um boom O empreendimento de Aline surgiu em Pelotas, em 2015, como o primeiro brechó com curadoria vintage e loja física. A jornalista alugou o espaço junto com o

companheiro Giovane Corrêa, o Gio. O casal decidiu se mudar para a Princesa do Sul por conta de Nina, a filha de Gio, que mora na cidade. Eles, então, quiseram acompanhar de perto o crescimento da menina. E, a partir do nome da enteada e do apelido que tem desde a infância, que Aline inaugurou o brechó Nina Garimpa. A loja funciona na Rua Gonçalves Chaves, bem no centro de Pelotas, na esquina da Universidade Católica, a UCPel. “Nós dois montamos sozinhos em apenas um todo o brechó. Começamos a funcionar em outubro de 2015, sem conhecer praticamente ninguém na cidade, não dava nem para fazer inauguração (risos). Mas estávamos dispostos a trazer moda com estilo, economia, sustentabilidade, estilo de vida para o extremo Sul do Bra-


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FOTO | REPRODÇÃO

Arizona Baez veste Vinícius Borges

sil” disse a empreendedora. As roupas que Aline comercializa em sua loja são garimpadas por ela própria, com a ajuda do companheiro Gio e da mãe. As arrecadações das peças acontecem tanto em Pelotas quanto nas viagens que o casal faz e também em Taquara, pela dona Marli.

também atua com a moda sustentável na co-produção do Mercado Vintage, em Porto Alegre. O evento acontece todo terceiro sábado de cada mês, na Casa de Cultura Mário Quintana, garimpando diversos artefatos antigos, entre eles: roupas, bolsas, sapatos e LP’s.

E, pela primeira vez, o casal de garimpeiros da moda está com uma colaboradora viajando para a Argentina, a Rôeponto, que trará roupas do país vizinho para agosto. Outra forma que eles têm de adquirem as peças é através do projeto de trocas e descontos em produtos da loja, onde os interessados devem solicitar por inbox-direct através do perfil do brechó no aplicativo Instagram.

A jornalista e empreendedora aponta que o crescimento pela procura do estilo slow fashion se dá pela qualidade e durabilidade das roupas. “As peças antigas têm alta qualidade no tecido, na modelagem, no estilo. Nada mais natural do que se aproveitar de tudo que já foi produzido e ainda está em bom estado antes de comprar algo novo, de qualidade mais baixa, modinha passageira ou mesmo procedência duvidosa. Mora nessa atitude a diferença e o movimento do fast fashion para o slow fashion” comenta Aline.

Aline salienta que não compra nenhuma peça de roupa dos clientes em particular, apenas de instituições, outros brechós, através de caridade ou lotes. Ela

Com a população pensando mais no consumo sustentável como forma de preservar o ecossistema até mesmo no campo da moda, em consequência disso, elas estão comprando menos em lojas convencionais para reutilizar os seus guarda-roupas. Aline comenta que os consumidores da moda sustentável e os brechós aumentaram de 2015 para cá não só em Pelotas, mas também a nível mundial. Para a jovem empreendedora, isso é um caminho sem volta, pois as pessoas estão mais conscientes, sabendo valorizar seu dinheiro e tendo um estilo próprio, além de contribuir com as pequenas empresas. “São pessoas que valorizam a estética e também estão se empoderando da ética no vestir. Acredito que são novos tempos, e não somente um boom, para tudo que englobar a sustentabilidade no viver. O consumo de moda também pode ser um ato político!”, finaliza Aline.


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Modelagem Genderless é um dos estilos usados na marca independente Makossa Co. TEXTO | ALISSON LOPES

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moda “Genderless” saiu das passarelas para provar que não existe “roupa de menina” e “roupa de menino”. A luta por igualdade e o empoderamento das mulheres trouxeram a possibilidade de vestir-se com aquilo que a faz sentir bem e quebrar estereótipos impostos pela sociedade. O conceito dá a liberdade tanto para homens, quanto mulheres, se vestirem como quiserem. FOTO | JOHNY BARRETO

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Pensando nisso, a marca pelotense chamada Makossa Co. vem trazendo esse estilo que não possui identidade de gênero. Marta Santos, 22 anos, estudante do quarto semestre do curso em Tecnologia em Design de Moda da Universidade Católica de Pelotas (UCPel), e o Matheus Maranhão, 22 anos,

estudante do oitavo semestre do curso de Engenharia Geológica da Universidade Federal de Pelotas (UFPel), são os idealizadores da marca independente. Inicialmente, a loja surgiu com a proposta de atingir o público feminino, mas devido ao gosto dos idealizadores por peças ditas “masculinas”, optaram por composições de looks “genderless” e versáteis na composição de peças por um preço acessível. O público alvo da Makossa Co. é destinado para pessoas entre 18 a 26 anos de idade. Em entrevista, Marta Santos apresentou os ideais da marca. “O uso de uma peça clássica, modelagem elegante e que casa com qualquer ocasião, mas que visa

como diferencial as estampas em que cada uma combina e chama atenção de cada consumidor conforme sua personalidade e estilo. Valoriza o conforto, elegância, individualidade e versatilidade de cada consumidor”, explica. Makossa Co. confecciona suas peças em algodão e botões artesanais, não realizando a produção em grande escala, mas sim buscando evidenciar a exclusividade para cada consumidor, tendo a opção do “custom wear” que na tradução seria “vestuário personalizado”, no qual o cliente escolhe sua estampa e a modelagem, podendo ser ela mais ajustada, com outro tipo de gola ou recorte.


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Moda Infantil quebrando estereótipos TEXTO | NAIARA KHASTASMÓKIA

positivos da atualidade da moda infantil, são as potencialidades de escolher diversas cores, independente do gênero da criança. Aquela antiga percepção, que muitas pessoas tinham inconscientemente, de que “meninas usam rosa e meninos, azul” caiu por água abaixo com a modernização da moda infantil. Nas ruas e em festas do cotidiano, podemos observar diversos meninos usando camisas rosa - também muito utilizadas por homens adultos da atualidade, assim como meninas, que antes eram quase que obrigadas a usar sempre as cores rosa, vermelho, laranja e o lilás, frequentemente usando as cores azul, preto e até mesmo o verde militar.

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ão é de hoje que as novas tendências ligadas à moda invadiram o mundo dos pequenos, partindo do sucesso das vestimentas “tal mãe, tal filho” como também o investimento em roupas cada vez mais sofisticadas que trazem o conceito de “mini adulto”. Dentro dessa temática, as mães praticamente se obrigam a consumir o que é imposto pelas propagandas e vitrines de lojas, roupas cada vez mais caras e as vezes com materiais com menor resistência às brincadeiras das crianças. Um dos fortes pontos

Na atualidade, com a era digital a todo vapor e as crianças tendo fácil acesso à diversas propagandas e sites de roupas (até mesmo internacionais), os pequenos passaram a ter opinião cada vez mais cedo: escolhendo o que gostam e deixando bem claro quais os estilos de roupa que não gostam. Detalhes como esses, fortaleceram o mercado da moda infantil, que segundo dados do Instituto de Estudos de Marketing Industrial, trazido pelo site do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), mostra que só em 2012, o varejo de moda infantil movimentou R$ 27,5 bilhões no Brasil. Ao conversar com Maria Diva Botelho, de 41 anos e participante do grupo do Projeto Capacitar, que ocorre no Centro de Referência em Assistência Social (CRAS) da Colônia Z3 em Pelotas, a dona

de casa que é mãe de dois meninos com idades bem diferentes ressaltou as mudanças que percebeu no mercado da moda infantil. Segunda Maria, com o filho mais velho, de 17 anos, as compras eram mais tranquilas, pois as peças de roupas disponíveis na época eram mais simples e tinham valores mais acessíveis, principalmente para as mães que não possuem condições de fazer compras com frequência. Para o segundo filho, de apenas 2 anos de idade, a dona de casa afirma observar muita diferença, não apenas nos valores bem mais elevados, mas também na qualidade das roupas e na diversificação das vestimentas masculinas. Antigamente, a maioria das roupas infantis para meninos eram praticamente todas em azul marinho, azul claro, verde e algumas peças em vermelho, além da mudança dos conjuntos de moletom para modernas camisas polo e sociais, que imitam roupas adultas. Sobre a qualidade das roupas, o que se percebe na atualidade são tecidos mais finos e vulneráveis, que mesmo com o alto preço, deixam a desejar na qualidade, ao ser comparado com as roupas de 17 anos atrás, que eram feitas com tecidos mais grossos e resistentes às brincadeiras das crianças. Acima de qualquer bela vestimenta, crianças são crianças e precisam brincar, se divertir, se sujar, conversar, valorizar o espaço e seus amiguinhos, com peças de roupas que mais do que embelezar, os deixem confortáveis e livres para agirem como tais, já que essa fase passa tão rápido.

MODA MODERNA E SUA HISTÓRIA TEXTO | LUÍS ARTUR SILVA

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O SURGIMENTO DA MODA MODERNA O termo moda surgiu no século XVIII, e objetivava designar uma maneira, um gênero, um estilo de vida, de vestuário, de conduta. No tocante ao comportamento, moda pode ser entendido como conjunto de opiniões, gostos e apreciações críticas, modos de agir, viver e sentir coletivos e aceitos por determina do grupo humano num dado momento histórico. Quando se trata do vestuário, o termo pode estar associado à alteração de formas, ao uso de novos tecidos, cores ou matérias-primas, que são sugeridos por costureiros ou figurinistas de renome. Retornando aos primórdios da História, estudiosos garantem que os homens teriam começado a se cobrir por causa de três fatores essenciais: estéticos, a partir do momento em que os adornos serviam para diferenciar algumas pessoas do resto da sociedade; físicos, que garantiam a proteção corporal; e culturais, que trouxeram à tona a ideia de pudor e a natural necessidade de cobrir certas partes do corpo. Conceito de moda surge no final da Idade Média, na esteira do ressurgimento comercial, que trouxe novamente aos europeus o gosto pelo luxo. Este sistema demarcou a ideia do ser humano como indivíduo. Através de suas vestimentas, as pessoas deixaram de expressar os valores de sua classe social, mostrando sua individualidade. Na Idade Moderna, temos uma valorização ainda maior do conceito. Tudo começou com a ascensão da burguesia, classe social que passa a se inspirar na vestimenta da aristocracia e também copia o modo de ser e agir dos aris-

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tocratas. Para manter sua diferenciação hierárquico-social, a aristocracia passou a investir em novidades estéticas. Portanto, a Moda passou a representar elemento de diferenciação social, sexual, ou individual. Na Idade Moderna inicia-se a busca pelo exclusivo na moda. A democratização do visual passa a acontecer de forma mais efetiva, a partir do século XIX, que pode ser dividido em quatro grandes períodos de desenvolvimento da moda. A característica comum destas fases é o destaque que todas elas dão a silhueta curvilínea da mulher. Assim, acompanhamos o advento da Moda Império, baseada na Antiguidade Clássica grega. Esta fase foi sucedida pelo Romântico, período em que tivemos o predomínio de babados, volumes e dos vestidos de armações. Já na época Vitoriana, prepondera o vestido rodado (principalmente atrás), reto na frente, e também encontramos disseminado o uso de anquinhas. Enquanto isso, a Belle Époque é o momento de ouro em que as cinturas finas, as pequenas caudas, os chapéus grandes e as golas altas predominam

UMA VISÃO MERCADOLÓGICA O mercado da moda é ditado por regras que dirigem a criação e o consumo. É necessário atender aos anseios de um mercado consumidor específico. As tendências ditadas pela moda podem ser observadas no cotidiano das pessoas. O profissional da moda tem que saber misturar o que o mercado quer com o que é visto no cotidiano das pessoas. Este profissional tem que criar novidades a partir do que existe, assim, o bom criador de moda tem que ser capaz de sentir o que pode vender, e

que na esteira do sucesso comercial pode acabar tornando-se moda. No campo da moda existe o interesse pelo estudo das tendências, que indicam o que está acontecendo, ou antecipe o que poderá influenciar o modo de vestir e o comportamento das pessoas. O estudo dessas tendências fomenta interesses, que implicam em retorno ou lucro financeiro. Atualmente, existe uma grande confusão se realmente as tendências da moda e consumo estão sendo descobertas, ou inventadas e impostas, através das mídias especializadas. Hoje, tudo seria tendência, e o consumidor adquiriria e utilizaria produtos de sua preferência, sofrendo poucas influências de grupos de indivíduos que tentariam definir tendências. Atualmente, a tática é acrescentar algo ao que foi proposto, reciclando estas propostas. Se uma criação é comercializada, torna-se moda, por isso, o que se vê pelas ruas, frequentemente é chamado de modismo. Para os estudiosos do mundo da moda, a tendência está em todo lugar, e mistura algo que foi planejado com algumas apostas baseadas no faro de negócios dos “mercadores” da moda. Algumas tendências tornam-se eternas, quando conseguem construir em volta delas o impossível de não se consumir. Portanto, a moda é circular e certas tendências acabam voltando depois de certo tempo. Sendo necessário ratificar o entendimento de que a tendência surge de um desejo detectado no mercado. Assim, certa tendência adequa-se a determinado momento, renascendo e trazendo de volta formas e detalhes, geralmente, auxiliada por novas tecnologias. Assim, a moda refletiria uma certa nostalgia, que nos remeteria a

um tempo melhor. Teríamos a retorno de uma certa tendência, mas nunca da mesma maneira que já foi. Atualmente, vestir-se é considerado uma expressão de valores individuais e sociais, maneira de demonstrar personalidade, através de um tipo de comunicação não-verbal. Por exemplo, quando falamos do consumo de uma roupa por uma mulher, vemos que esta mulher está buscando um jeito de dizer o que pensa, ou como quer ser vista. Assim, é forçoso reconhecer que a mídia é uma das principais influenciadoras no consumo de moda.

O SISTEMA CULTURAL DA MODA A cultural comercial da moda desenvolve-se dentro de parâmetros de gostos e consumos. Estes parâmetros orientam procedimentos e estratégias empresariais e comerciais e acabam sendo expressos em peças de vestuário ou em outros produtos da moda, que promovem sensações coerentes com o que é percebido como o conjunto de tendências do momento, em relação aos usos e costumes.

A MODA COMO FENÔMENO

CULTURAL

O vestuário é uma parte da cultura material da moda que expressa seus valores simbólicos e míticos. A moda seria imaterial, mas expressaria esta imaterialidade através do vestuário. Em suma, os trajes permitem o exercício da moda, que opera no imaginário e integra-se a cultura. A Moda oferece recursos mítico-simbólicos para que indivíduos deem significados aos seus corpos e às suas existências. Enquanto isso, as peças de vestuário ou outros produtos materiais da moda permitem que os significados, ou valores sejam exprimidos. Enquanto elementos expressivos, os produtos da moda provocam sentimentos diversos, agradáveis ou desagradáveis aos usuários ou observadores. Portanto, a moda é percebida como linguagem e seus produtos são símbolos, que comunicam diversos conteúdos, relacionados com aspectos sociológicos, históricos e culturais.

Para dinamizar as vendas, amplia-se o consumo, estabelecendo padrões de obsolescência estético-simbólica que vencem rapidamente, tornando os produtos fora de moda de forma muito veloz. O que era chique ontem, já não será amanhã.

Os produtos mais suscetíveis à moda são relacionados ao corpo e, portanto, percebidos como de grande valor estético-simbólico. Produtos de vestuário e acessórios corporais formam o campo privilegiado da moda.

Estes produtos acabam descartados, ou adequam-se aos novos padrões, misturando-se, ou são guardados até que se tornem moda novamente. Assim, para determinar o que será moda ou não, é necessário conhecer o panorama cultural de uma sociedade. A moda seria um campo de mobilização cultural e econômica, com grande influência na sociedade.

Com o passar o tempo, foram sendo descobertos, produzidos e incorporados artefatos externos, que passaram a permitir que os corpos pudessem expressar valores individuais ou coletivos coerentes com a realidade desejada e imaginada pelos seres humanos. Assim, as vestimentas, assim como os adornos corporais constituiriam uma ligação entre o corpo e o ambiente sociocultural.

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Os produtos e atitudes provenientes da moda podem e devem ser considerados como fatos sociais. Os costumes, que caracterizam expressões da moda, seria o campo em que cada indivíduo manifesta mais ou menos os aspectos do espírito do seu tempo. As expressões da moda podem ser observadas como fenômenos, sendo objeto de estudo pela ciência. Em suma, o vestir é muito influenciado pelo existir. O discurso dos fenômenos da moda é abrangente, podendo exprimir aspectos morais, éticos, lógicos e estéticos. Na cultura da moda, o poder de manipulação de estilistas, designers e outros profissionais ou patrocinadores influentes são limitados pelas crenças e desejos da coletividade. O mercado da moda deve procurar conhecer e realizar os desejos coletivos. Por outro lado, a moda seria fato social total, porque sua dinâmica influenciaria outras esferas da cultura. Assim, a pretensa frivolidade e o individualismo típicos das motivações relacionadas à moda, são característicos das sociedades liberais, de cunho capitalista. O sistema da moda é efêmero e pede ao indivíduo o gosto pelo novo, como forma de regular a vida. Assim, quanto mais rapidamente a moda for difundida, menor é o seu tempo de duração. Os criadores da moda atuam como filtros para vários estímulos de mudança e as expressões da moda apressam estas mudanças, atingindo de forma rápida e ampla à população. Manifestações da moda são vistas como expressões artística efêmera, dentro do campo da arte de vanguarda. Resumindo, a rápida renovação da moda é influenciada por interesses financeiros e comerciais, isto acaba atiçando o consumo e a vaidade individualista.


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Incertezas e altos investimentos retiraram a indústria da moda da condição de campo de criação e expressividade dos estilistas e a colocaram no ambiente econômico dos grandes investimentos e negócios. A centralização no mercado da moda, datada do século XV, permanece, e serve

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como aspecto minimizador da incerteza no mercado de apostas desta indústria. Portanto, a moda teria caráter dualista, pois é vista como atividade artística e também como prática econômica. Também serviria como campo privilegiado da indústria cultural, porque seus produtos são

bens culturais de valor. Enfim, a dominação da moda é característica da modernidade, baseada que está no individualismo mercantilista burguês, herdado de há muito tempo. Este poder dominador é referenciado através da figura das marcas, onipresentes no mundo da moda

1946-1960

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| EFERVESCENTE PÓS-GUERRA

PRINCIPAIS PERÍODOS DE EVOLUÇÃO DA MODA NO SÉCULO XX | FASE DA SEGUNDA GUERRA MUNDIAL

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1934 - 1946

indústria têxtil cresce e a publicidade se fortalece. As estações do ano começam a motivar vestuários mais coloridos. Para estar na moda, as mulheres deveriam aparentar sofisticação e a sensação de que perderam horas para parecerem belas e produzidas. As grandes musas do cinema dos Estados Unidos inspiraram a moda brasileira. Quase ao mesmo tempo surgem os primeiros ateliês no Brasil. O estilo militar fez sucesso na Europa e nos Estados Unidos durante a Segunda Guerra Mundial. Neste período, os estilistas passaram por uma crise que provocou falta de matérias-primas. Desenvolve-se a produção em larga escala de roupas de qualidade (o prêt-a-porter). Enquanto isso, os estilistas dos Estados Unidos, isolados de Paris, a Meca da moda, passam a inventar um estilo próprio. Após a Segunda Guerra Mundial, a moda começa a seguir um caminho que mesclou simplicidade e praticidade, características da lendária Coco Chanel. Em 1947, Christian Dior promove a volta do luxo e da sofisticação perdida durante a Guerra Mundial, no chamado New Look. Este movimento foi o padrão dos anos 1950, trazendo uma visão de mulher extremamente feminina.

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Brasil passa pelo surto de reconstrução industrial do pós-guerra, que traz ares de modernidade ao nosso país. Neste período temos o início da utilização de tecidos sintéticos. A feminilidade passa a ser realçada nesta época e a cosmetologia comAquanto isso, dois estilos fazem sucesso entre as mulheres. Estes estilos eram baseados nas grandes estrelas do cinema dos Estados Unidos. Assim, tínhamos as “ingênuas chiques”, seguidoras das atrizes Grace Kelly e Audrey Hepburn. De outro lado, as fãs de Rita Hayworth e Ava Gardner seguiam o “estilo de mulher sensual e fatal”. Considerada a época mais gla-

mourosa e sofisticada de todos os tempos. Isto ocorreu pela profusão de grandes nomes da alta costura, personalidades como Balenciaga, Givenchy, Chanel e Dior reinaram nesta fase. Já nos Estados Unidos se desenvolve a moda em larga escala industrial, mas feita com apreço pela qualidade. As peças principais das coleções tornam-se acessíveis às pessoas comuns. Ao som do rock and roll, a juventude dos Estados Unidos procura sua própria moda. Este fato dá início a formação do filão da moda jovem, o grande hit da década de 1960. Mais adiante, a confecção permite a democratização da moda.


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1960-1974 O

rock’n’roll era a tendência musical do momento. Enquanto isso, no Brasil temos o lançamento das primeiras coleções de moda para exportação. Os anos 1960 foram a época da minissaia, ao mesmo tempo, a moda começa a ficar andrógina e unissex. Quase todos passaram a utilizar calças jeans e cabelos compridos. No Brasil, a Jovem Guarda fazia um estrondoso sucesso na televisão e ditava a moda no país. Mas o contraponto musical e comportamental de “Os Mutantes” era notado. No final dos anos 1960 a volta à natureza e o movimento feminista ganham força e atingem os ditames da moda. Yves Saint-Laurent, Paco Rabanne, Pierre Cardin e Mary Quant são os destaques desta década. Os anos 1960 foram marcados pela prosperidade econômica dos Estados Unidos, que acompanhara o frenesi da revolução causada pelo rock,

momento em que a juventude colocou-se contra a sociedade de consumo, promovendo a multiplicidade de propostas de moda. O vestir tornou-se comportamental. Em suma, estar na moda era não seguir a moda, era a liberdade reclamada pela juventude. A moda das ruas passa a influenciar os grandes estilistas. Ao mesmo tempo, o psicodélico, que trazia toques do Oriente e do Egito Antigo atinge o seu auge. Esta movimentação é permitida pela imensa variedade de tecidos existentes no mercado. A maquiagem ganha acento jovem e as camisas de gola popularizam-se. Neste momento, a moda operária também passa a ser notada. Nas boutiques mais chiques, a chamada moda étnica, bastante exótica, ganha certo destaque. Em Londres, o ideal hippie ganha notoriedade. Assim foram os efervescentes anos 1960.

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1991

| O MUNDO “ENLOUQUECE”

| O SONHO ACABOU

s anos 1970 marcaram o estouro definitivo da moda hippie, alavancando o estilo flower-power e o orientalismo, que permitem a ascensão de uma moda mais mística. As mulheres entram no mercado de trabalho e surgem as roupas formais e mais sérias, com corte masculino e visual unissex. Já a década de 1980 traz a busca desenfreada pela comodidade. No Brasil temos o aparecimento de uma moda alegre, divertida, mas

TUDO PODE SER MODA

sofisticada, sensual e ousada. O exagero é a marca do período, que foi influenciado pelo que a princesa Diana vestia e também pelos estilos musicais da disco-glitter e o punk/new wave. A geração saúde torna a roupa das academias algo corriqueiro nas ruas. Lacroix, Karl Lagerfeld e Jean Paul Gaultier são os papas desta fase, destacando-se pelas suas criações arrojadas e exuberantes. Enquanto isso, Giorgio Armani investiu na soFOTO | REPRODUÇÃO

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| ATÉ OS DIAS ATUAIS

É

poca marcada pelo hibridismo, a pluralidade e a multiplicidade. As pessoas passam a adotar diferentes estilos, ou misturam vários destes estilos. A ideia de moda única é definitivamente sepultada. A moda urbana passa a influenciar os grandes estilistas. Atualmente, a moda envolve várias possibilidades que se cruzam, retomando e revisando o passado. O indivíduo passa a interferir na roupa já pronta, customizando-a. A ordem deste período é investir na diferenciação pessoal através da moda.


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