Paróquia Santa Maria – Demarchi – São Bernardo do Campo
Edição 8 | Agosto e Setembro de 2015
São José, modelo de pai
Expediente A revista THEOTÓKOS é uma publicação bimestral da Paróquia Santa Maria e produzida pela Pastoral da Comunicação Rua Albino Demarchi, 1233 - Demarchi São Bernardo do Campo – SP – Tel.: (11) 4347-7999 Endereço para correspondência: Rua João Morassi, n° 40 – Demarchi – São Bernardo do Campo - SP Pároco Padre Gonise Portugal da Rocha Jornalista responsável Lígia Valezi da Silva (Mtb 72617) Projeto gráfico e diagramação Nathália Araújo e Thaís Araújo Revisão Taíse Palombo Comercial / Financeiro Ana Maria dos Reis e Celia Beghini Barrionuevo Impressão MM Produções Gráficas Tiragem 2.000 exemplares Colaborou com esta edição: Pastoral do Dízimo e Bruna Bival Sampaio (Anuncie Aqui) Horário das Missas Paróquia Santa Maria Domingos: 7h, 10h e 18h Segundas, quintas e sextas-feiras: 19h Sábados: 15h Capelas Imaculado Coração de Maria e Nossa Senhora de Fátima Domingos: 8h30 Terças-feiras: 19h Comunidade Vila das Valsas Sábados: 19h30 Expediente da Secretaria Terça a sexta, das 9h às 12h e das 13h30 às 17h Sábado, das 8h às 11h www.paroquiasantamariasbc.com.br santamariademarchi@gmail.com : santamariademarchi
Irmãos! Para nós católicos, o grande modelo de pai é São José. São José, Pai virginal de Jesus, Esposo da Santíssima Virgem Maria, Mãe de Deus e nossa, e guarda do Filho de Deus. Ele é o patrono Universal da Santa Igreja, protetor e modelo dos operários, das famílias, da justiça e também dos pais. José era um homem justo, temente a Deus e aceitou dar sua vida para criar e educar um filho que não era seu (afinal Jesus era filho de Deus). Tratava Jesus como seu próprio filho, a tal ponto que os habitantes de Nazaré repetiam constantemente em relação a Jesus “Não é ele o filho de José?” (Lc 4,22). José teve uma morte linda, como muitos gostariam de ter, ao lado de Jesus e de Maria. Ser pai é “estar e rezar”, ou seja, dedicar tempo ao filho e rezar com ele, dando o exemplo. A transmissão da fé aos filhos é uma tarefa que exige empenho. Dar o testemunho vivo rezando com os filhos (ao levantar-se, ao deitar-se, ao abençoar os alimentos); dar a devida importância ao papel da fé no lar (prevendo a participação na Santa Missa durante as férias ou procurando lugares sadios – que não sejam dispersivos – para distrair-se); ensinar de forma natural a defender e transmitir sua fé, a difundir o amor a Jesus. “Assim, os pais infundem profundamente, no coração de seus filhos, deixando marcas que os acontecimentos posteriores da vida não conseguirão apagar”. Os pais têm uma missão sagrada na terra, pois deles dependem a geração e a educação dos filhos de Deus. Eles são os primeiros mensageiros de Deus na vida dos filhos, sobre os quais têm o poder de atrair as dádivas divinas. Toda a Bíblia está repleta de passagens indicando a importância que Deus dá aos pais na vida dos filhos: “Honra teu pai e tua mãe, como te mandou o Senhor, para que se prolonguem teus dias e prosperes na terra que te deu o Senhor teu Deus” (Dt 5,16). Dessa forma, Deus promete vida longa e prosperidade àqueles que honram os pais. São Paulo disse que esse é “o primeiro mandamento acompanhado de uma promessa de Deus” (Ef 6,2). “A bênção paterna fortalece a casa de seus filhos, a maldição de uma mãe a arrasa até os alicerces” (Eclo 3,11).“Ouvi, meus filhos, os conselhos de vosso pai, segui-os de tal modo que sejais salvos. Pois Deus quis honrar os pais pelos filhos, e cuidadosamente fortaleceu a autoridade da mãe sobre eles. Quem honra sua mãe é semelhante àquele que acumula um tesouro. Quem honra seu pai achará alegria em seus filhos, será ouvido no dia da oração. Honra teu pai por teus atos, tuas palavras, tua paciência, a fim de que ele te dê sua bênção, e que esta permaneça em ti até o teu último dia. Pois um homem adquire glória com a honra de seu pai, e um pai sem honra é a vergonha do filho. Como é infame aquele que abandona seu pai, como é amaldiçoado por Deus aquele que irrita sua mãe!” (Eclo 3, 2-3.5-6.9-10.13.18).
Pe. Gonise Portugal da Rocha Pároco
Dia 20 de agosto, comemoramos o aniversário de nossa cidade, São Bernardo do Campo. O que muitos não sabem é que nesse mesmo dia a Igreja comemora o dia de um santo muito importante: São Bernardo de Claraval. Mas quem é esse santo? Bernardo nasceu no ano de 1090, na cidade de Dyjon, na França. Veio de uma família cristã, rica, poderosa e nobre. Desde pequeno, teve uma educação exemplar e em sua adolescência, destacava-se pela prudência, profunda modéstia, pelo poder de persuasão e pela sabedoria que tinha. Após a morte da mãe, Bernardo contrariou o desejo do pai e ao invés de seguir carreira militar igual aos irmãos, decidiu seguir a vida religiosa. Assim, no ano de 1111, ele foi admitido entres os Monges Cistercienses, que seguiam uma ordem, recém-fundada, chamada Cister. A ordem do mosteiro de Cister tinha como principal objetivo buscar somente a Deus por meio da pobreza, do despojamento, do trabalho das próprias mãos, do silêncio, e é claro, da oração. Essa grande figura para a Igreja influenciava na formação espiritual de seus irmãos pelas suas atitudes, exemplos e por ter uma grande espiritualidade.
Desse modo, tornou-se tão importante para o crescimento e desenvolvimento da ordem que é considerado seu segundo fundador. Em 1115, foi chamado a fundar outro mosteiro na cidade de Claraval, no qual foi eleito abade, ou seja, o superior. Além disso, no período das separações sofridas pela Igreja, Bernardo percorreu a Europa para restabelecer a paz e a unidade. Durante sua vida, o abade de Claraval escreveu muitas obras teológicas e sobre a doutrina dos ascetas, na qual seus seguidores levam uma vida regrada por buscar a perfeição espiritual. Dois exemplos de obras teológicas lidas até hoje são: “Tratado do amor de Deus” e “O Cântico dos Cânticos”. Por fim, faleceu no dia 20 de agosto de 1153. Foi canonizado pelo papa Alexandre II, em 1174 e recebeu o título de doutor da Igreja em 1830 pelo papa Pio VIII.
Você sabe por que nossa cidade tem o nome desse santo e doutor da Igreja? As origens do município de São Bernardo prendem-se à formação, em 1717, de uma fazenda dos monges beneditinos, cuja sede foi localizada na antiga Borda do Campo, entre o Rio dos Meninos e o Caminho do Mar. O Caminho do Mar recebeu, depois, o nome de Estrada do Vergueiro e hoje Avenida Senador Vergueiro, no bairro de Rudge Ramos. Coube aos beneditinos a escolha do nome São Bernardo para a fazenda, que teve índios e negros escravos. Ao redor da fazenda São Bernardo surge um povoado que se desenvolve ao longo do século 18. Um povoado em terras particulares dos religiosos beneditinos e que vai se caracterizar como um bairro que se dispersou de São Paulo. O ponto aglutinador dos moradores locais era a capela de São Bernardo. Fonte: Semente do Grande ABC – Livro em homenagem aos 200 anos da paróquia Nossa Senhora da Boa Viagem.
Giovanna Roggi Membro da Pastoral da Comunicação
REVISTA THEOTÓKOS - 03 -
Luzia Honório Lemos, 55 anos, nascida na cidade de Ivaiporã (PR), veio para São Paulo em 1987 e após algum tempo conheceu a Paróquia Santa Maria. Participou do seminário de vida no Espírito Santo. A partir daí sentiu novamente o despertar da fé e não parou mais. Participante da comunidade desde 1987, é ministra extraordinária da Eucaristia, membro da Pastoral da Família junto com o esposo Antonio Lemos, 59 anos, voluntária nos eventos da paróquia e participante da capela Imaculado Coração de Maria. “A minha felicidade está em participar das coisas de Deus. A minha alegria se completa em colaborar no que eu posso”, conta a mãe de Adilson (38), Isabel (34) e Juliana (31). Apesar de seu encontro com o Senhor em nossa paróquia, foi aos seis anos de idade que Luzia teve sua primeira experiência espiritual e iniciou uma caminhada abençoada na fé e na devoção a Nossa Senhora Aparecida. Com essa idade, ao manusear uma faca, Luzia feriu acidentalmente seu olho esquerdo, e na mesma hora houve perda do líquido intraocular (cuja função é manter a vitalidade de estruturas internas do olho e por isso é produzido constantemente pelo organismo, sendo drenado naturalmente por vias e escoamento). Na época, moravam a mais de 30 km da cidade mais próxima, onde poderiam encontrar um hospital de pronto atendimento. Ao chegar lá, o hospital não oferecia recursos e nem contava com um médico oftalmologista de plantão. Então, foi preciso viajar em média 160 km até a cidade de Londrina, e com a gravidade do acidente e com a perda do líquido intraocular durante o trajeto, a possibilidade de ter sua visão restabelecida, diminuía com o passar do tempo. Nesta ocasião, sua mãe, Dona Ana, devota de Nossa Senhora Aparecida, em oração, fez uma promessa que se sua filha não perdesse a visão, a levaria até o Santuário Nacional de Aparecida e, lá chegando, tiraria uma foto de Luzia aos pés da imagem. Dona Ana pediu também a proteção de Santa Luzia, protetora da visão. Chegando em Londrina, os médicos imediatamente concluíram que era necessária uma cirurgia de urgência, caso contrário ela poderia ficar cega do olho esquerdo. Na mesma noite, Luzia foi operada. Após o processo cirúrgico, a expectativa de recuperação aumentava, pois em casos assim é comum a perda total da visão, como os próprios médicos haviam dito.
Mas o que parecia impossível tornou-se possível pelas mãos de Deus e pela intercessão de Nossa Senhora Aparecida. Luzia teve uma boa recuperação e, para quem corria o risco de ficar cega, ficou com 20% da visão no olho ferido e não teve o olho direito comprometido, pois, em acidentes semelhantes, perder parte da visão dos dois olhos é quase inevitável (devido à necessidade de forçar mais a visão do olho direito para compensar a perda de parte da visão do olho esquerdo). Depois de uma semana de repouso e cuidados médicos, Luzia já estava recuperada do trauma e pronta para levar a vida normalmente. Após sua total recuperação, sua avó Maria Júlia, que todos os anos seguia em romaria até o Santuário Nacional de Aparecida, a levou para cumprir a promessa. Mesmo nos dias de hoje Luzia costuma ir algumas vezes por ano ao Santuário de Aparecida, e lá reza por sua avó e agradece sempre a graça recebida. Faz parte da bênção e agradecimento rezar o terço em família todo dia 13 de dezembro, dia de Santa Luzia. É a sua avó, Maria Júlia, a quem Luzia atribui sua caminhada na fé, pois passou a tê-la por referência e exemplo na vida cristã e devoção a Nossa Senhora Aparecida. “É da minha avó que vem a herança da minha fé e me faz ser devota de Nossa Senhora”, completa. Busco a cada dia servir mais a Deus! Sempre que vou servir nas Missas e celebrações, falo para Deus: “Senhor, no meu servir, mais de Ti e menos de mim; Senhor, no meu servir, menos de mim e mais de Ti; Que em mim o Senhor cresça e eu desapareça” Nunca desistir, nunca perder a esperança e acreditar sempre, porque o milagre existe e o milagre acontece! Buscar na Eucaristia a força espiritual para toda dificuldade. É essa a lição que ela procura passar aos parentes, amigos e fiéis da comunidade.
REVISTA THEOTÓKOS - 04 -
Cláudio Brandão Membro da Pastoral da Comunicação
Bicicletas enfeitadas de fitas e bandeirinhas tomam a rua Marechal Deodoro. Na sequência, uma caminhonete ornamentada com flores coloridas traz a imagem de Nossa Senhora da Boa Viagem, protagonista da festa. Ela é seguida por inúmeras charretes, carroças e carros de bois, cujas rodas rangem ao longo do trajeto. Um pouco mais atrás, vêm os caminhões, também coloridos e alegres. É mais ou menos deste modo que a procissão dos carroceiros ficou gravada na memória de muitos são-bernardenses. A celebração da padroeira da igreja matriz acontece desde o século 19, e não há registro exato de quando tenha começado. Sabe-se, porém, que o local onde hoje está a Basílica Menor era a passagem de muitos viajantes, porque ligava o litoral à cidade de São Paulo. Por este motivo, uma pequena igreja foi construída em 1812 e dedicada a Nossa Senhora da Boa Viagem. Com o tempo, a população local cresceu, assim como as atividades da igreja. Todo ano, o primeiro domingo de setembro era (e ainda é) destinado a celebrar a padroeira dos viajantes. Deste modo, moradores de vários pontos da cidade (Demarchi, Batistini, Rudge Ramos, Baeta Neves, Riacho Grande e outros) seguiam com as carroças até o local levando prendas para ajudar no desenvolvimento da paróquia. Assim começou a procissão dos carroceiros. Comerciantes, produtores e moradores enfeitavam seus meios de transportes e seguiam por algumas vias da cidade. A cada ano havia também um mastro
com a bandeira da padroeira, que era cuidadosamente decorado pelos paroquianos. A festa passou por altos e baixos. Apesar de ser a manifestação folclórico-religiosa mais importante de São Bernardo, não houve procissões em parte dos anos 1960 e 1970. Os organizadores perceberam que os carros de bois e carroças perderam espaço para os automóveis, tirando o prestígio da festa. Em 1975, a comemoração voltou para ficar. Desde então, ela é festejada anualmente, como a padroeira merece. Com o passar do tempo, a imagem de Nossa Senhora passou a ser enviada a uma paróquia ou capela de São Bernardo, onde fica durante uma semana até voltar em procissão à Igreja Matriz. A santa já esteve na Paróquia Santa Maria em 1966, 1986 e 1993. Em 2015, nossa comunidade volta a receber a imagem de Nossa Senhora da Boa Viagem que após permanecer conosco por sete dias, retornará em procissão à atual Basílica Menor. Fique atento à programação e faça parte desta festa que marcará a história do município e da própria paróquia.
REVISTA THEOTÓKOS - 05 -
Lígia Valezi da Silva Membro da Pastoral da Comunicação e catequista de adolescentes e jovens
REVISTA THEOTテ適OS - 06 -
REVISTA THEOTテ適OS - 07 -
Olá amigos da revista Theotókos! Nesta edição, vamos nos aprofundar sobre o fundamento de nossa Fé, a Palavra de Deus. Palavra de Deus que nos é comunicada através da Sagrada Escritura e da Tradição. Neste artigo escreveremos sobre a Escritura. A Bíblia (Sagrada Escritura) é um livro que teve uma formação muito lenta e complexa. A maior parte de seus livros é obra de muitas mãos e a composição de alguns deles durou séculos, em estilos e situações diferentes. Por exemplo: • Épocas diferentes: as partes mais antigas das Escrituras podem vir do século XII antes de Cristo, lá pelo ano 1100 aC, enquanto o último livro do Novo Testamento, a Segunda Carta de Pedro, é do final do século I ou início do século II dC. • Estilos diversos: o livro de Josué conta a entrada do povo de Israel de modo triunfal e heroico, os 11 primeiros capítulos do Gênesis são uma meditação em forma de parábolas, o livro de Jó é uma historinha como a nossa literatura de cordel, os salmos são poemas, Isaías e Jeremias são coleções de oráculos, há cartas, narrações populares, como a do profeta Eliseu (cf. 2Rs 2, 19-25; 6,1-7), e histórias para despertar a piedade, como as de Ester, Judite, Jonas e Tobias. • Situações diferentes: algumas partes foram escritas em momentos de glória, como alguns provérbios mais antigos; outras, em momento de perseguições e sofrimentos, como o Livro de Daniel. Sobre as preocupações e objetivos diversos: • Os 11 primeiros capítulos do Gênesis querem refletir sobre por quê Deus criou tudo, qual o papel do homem e por quê o mundo é marcado pelo mal e pela morte... • O livro de Jó quer matar uma charada: por que o homem de bem sofre? • Os livros dos Macabeus querem consolar e animar o povo nas tribulações; • As cartas de São Paulo querem catequizar as comunidades e resolver os problemas que nelas surgiam; • Os Evangelhos querem anunciar que Jesus é o Messias morto e ressuscitado.... Sobre os autores: • Os cinco livros do Pentateuco foram escritos por vários autores e costuram quatro livrinhos
diferentes que contavam, cada um do seu jeito, as mesmas histórias; • O livro de Tobias é de um autor só, mas não sabemos quem é ele; • O livro dos salmos tem muitos autores; já o livro do Eclesiástico é de um tal Jesus ben Sirac; • A carta aos Hebreus não é de São Paulo nem a Segunda de Pedro é de São Pedro. Sua composição total contém, portanto, 73 livros: 46 do Antigo Testamento + 27 do Novo: Pentateuco: Gênesis, Êxodo, Levítico, Números e Deuteronômio Livros Históricos: Josué, Juízes, Rute, 1 e 2 Samuel, 1 e 2 Reis, 1 e 2 Crônicas, Esdras, Neemias, Ester, Judite, Tobias, 1 e 2 Macabeus. Livros Sapienciais: Salmos, Provérbios, Eclesiastes, Cânticos, Jó, Sabedoria, Eclesiástico. Livros Proféticos: Isaías, Jeremias, Lamentações, Baruc, Ezequiel, Daniel, Oséias, Joel, Amós, Abdias, Jonas, Miquéias, Naum, Habacuc, Sofonias, Ageu, Zacarias, Malaquias Evangelhos: Mateus, Marcos, Lucas e João Livro Histórico: Atos dos Apóstolos Epístolas: de São Paulo (Romanos, 1 e 2 Coríntios, Gálatas, Efésios, Filipenses, Colossenses, 1 e 2 Tessalonicenses, 1 e 2 Timóteo, Tito, Filêmon, Hebreus), Católicas (Tiago, 1 e 2 Pedro, 1, 2 e 3 João, Judas) Livro Profético: Apocalipse Os autores destes livros são verdadeiramente inspirados por Deus, mas escrevem com suas capacidades e limitações humanas e culturais, com seu linguajar, do seu jeito. Se formos resumir a história da formação das Escrituras, poderíamos afirmar que o primeiro modo como deu-se a transmissão da revelação de Deus foi a tradição oral. Somente a partir do rei Davi é que as Escrituras começaram a ganhar corpo. Antes de Davi, além da tradição oral existiam somente alguns documentos breves, que mais tarde seriam aproveitados e, hoje, estão espalhados pelo Pentateuco e por alguns dos livros históricos. No entanto, apesar de toda esta variedade, de um modo tão humano de escrever e de pensar, a Bíblia toda tem um só autor: Deus! Ela é a Palavra de Deus, dada para nossa salvação. A Bíblia contém a verdade que salva, a verdade sobre Deus, sobre o homem e sobre o mundo! Nisto ela é infalível, não se engana nem engana! Todos os livros da Escritura possuem um tema comum, uma linha mestra, uma mensagem central: Deus criou tudo por amor e quer chamar toda a humanidade para a vida eterna, que é a comunhão com ele. Por isso mandou o seu Filho Jesus. Ele, morto e ressuscitado, deu-nos o seu Espírito Santo que é já o início desta vida divina, que vai ser plena na glória eterna. Deus nos convida à Salvação e só com ele podemos ser salvos!
REVISTA THEOTÓKOS - 08 -
A leitura orante da Bíblia, ou LECTIO DIVINA, é um método para ler a Escritura, um alimento necessário para a nossa vida espiritual. A partir desta oração, conscientes do plano de Deus e sua vontade, podemos produzir os frutos espirituais em nossa vida. A LECTIO DIVINA tradicionalmente é uma oração individual, porém, podemos fazê-la em grupos. O importante é rezar com a Palavra de Deus. Conhecer a Sagrada Escritura é conhecer o próprio Cristo. Os monges diziam que a LECTIO DIVINA é a escada espiritual dos monges, mas é também a de todo cristão! Quais os passos da LECTIO DIVINA? 1) Oração inicial: Comece invocando o Espírito Santo, que nos faz conhecer e querer fazer a vontade de Deus. Reze, por exemplo, com a seguinte oração: «Vinde, Espírito Santo, enchei os corações dos vossos fiéis e acendei neles o fogo do vosso amor. - Enviai, Senhor, o vosso Espírito, e tudo será criado; e renovareis a face da terra. Ó Deus, que instruístes os corações dos vossos fiéis com as luzes do Espírito Santo, fazei que apreciemos retamente todas as coisas e gozemos sempre da sua consolação. Por Cristo Senhor nosso. Amém.» 2) Leitura da Palavra de Deus: Leia, com calma e atenção, um pequeno trecho da Bíblia (aconselhamos que nas primeiras vezes utilize-se os textos dos Evangelhos, por serem mais familiares a todos). Se for preciso, leia o texto quantas vezes forem necessárias. Procure identificar as coisas importantes deste trecho da Bíblia: o ambiente, os personagens, os diálogos, as imagens usadas, as ações. Você conhece algum outro trecho que seja parecido com este que leu? É importante que você identifique tudo isto com calma e atenção, como se estivesse vendo a cena. É um momento para conhecer e reconhecer a Boa Notícia que este trecho nos traz! 3) Meditar a Palavra de Deus: É o momento de descobrir os valores e as mensagens espirituais da Palavra de Deus: é hora de saborear a Palavra de Deus e não apenas estudá-la. Você, diante de Deus, deve confrontar este trecho com a sua vida. Feche os olhos, isto pode ajudar. É preciso concentrar-se! 4) Rezar a Palavra de Deus: Toda boa meditação desemboca naturalmente na oração. É o momento de responder a Deus após havê-lo escutado. Esta oração é um momento muito pessoal que diz respeito apenas à pessoa e Deus. É um diálogo
pessoal! Não se preocupe em preparar palavras, fale o que vem ao coração depois da meditação: se for louvor, louve; se for pedido de perdão, peça perdão; se for necessidade de maior clareza, peça a luz divina; se for cansaço e aridez, peça os dons da fé e esperança. Enfim, os momentos anteriores, se feitos com atenção e vontade, determinarão esta oração da qual nasce o compromisso de estar com Deus e fazer a sua vontade. 5) Contemplar a Palavra: Desta etapa a pessoa não é dona. É um momento que pertence a Deus e sua presença misteriosa. Nele se permanece em silêncio diante de Deus. Se ele o conduzirá à contemplação, louvado seja Deus! Se ele lhe dará apenas a tranquilidade de uns momentos de paz e silêncio, louvado seja Deus! Se para você será um momento de esforço para ficar na presença de Deus, louvado seja Deus! 6) Conservar a Palavra de Deus na vida: Leve a Palavra de Deus e o fruto desta oração para a sua vida. Produza os frutos da Palavra de Deus semeada no seu coração, frutos como: paz, sorriso, decisão, caridade, bondade, etc. Não se preocupe se alguma coisa não for bem, um dos frutos da Palavra de Deus é a noção do erro e a conversão pela sua misericórdia. O importante é que a semente da Palavra de Deus produza frutos, se 30, 60 ou 100 por um... o importante é que produza, e que o Povo de Deus possa ser alimentado pelos testemunhos de fé, esperança e amor na vivência de um cristianismo sincero. Termine com a oração do Pai Nosso, consciente de querer viver a mensagem do Reino de Deus e fazer a sua vontade. Deus te abençoe para que possa fazer quotidianamente uma boa leitura da Palavra de Deus e viver o que ela propõe. Este é um caminho para a vida toda, a graça de Deus é nossa companheira e guia nesta estrada! Fontes: presbíteros.com.br e catolicoorante.com.br
REVISTA THEOTÓKOS - 09 -
Padre Guilherme de Melo Sanches
Os católicos adoram imagens? Por quê? Nós, católicos, somos comumente acusados de adorar imagens e santos e de sermos idólatras. Não sei quanto a você, mas, quantas vezes, eu já me vi em situações embaraçosas com irmãos de outras denominações religiosas no que diz respeito a esse assunto? E quando não conhecemos a doutrina de nossa Igreja, é muito comum sairmos dessas situações com raiva, frustrados ou coisa parecida. Na verdade, nós precisamos aprender mais sobre a nossa fé. Precisamos aprender aquilo que professamos. O católico não adora imagens. O católico venera os santos. Existe uma diferença entre adoração e veneração. Adorar = Prestar culto a… Venerar = Reverenciar, fazer memória, ter grande respeito… A adoração ocorre quando existe um culto no qual é envolvido um sacrifício. Se você pegar o Antigo Testamento, vai encontrar várias passagens bíblicas que mostram que quando os judeus iam adorar, ofereciam algum animal em sacrifício a Deus. Esse tipo de sacrifício é conhecido como sacrifício cruento, ou seja, com derramamento de sangue. Ao morrer por nós, na Cruz, Jesus se ofereceu em sacrifício por nós. Ofereceu sua Carne e o seu Sangue. Por isso, o chamamos de Cordeiro de Deus. Na celebração da santa Missa, nós renovamos (tornamos novo) esse sacrifício. Porém, no momento da Celebração Eucarística há o sacrifício incruento, ou seja, sem derramamento de sangue. Quando adoramos o Santíssimo Sacramento, adoramos o próprio Corpo de Cristo, e o fazemos somente em virtude do santo sacrifício da santa Missa, por meio do qual o pão se transforma no Corpo de Cristo e o Vinho se transforma no Sangue de Nosso Senhor. É por isso que, muitas vezes, ouvimos a Igreja nos dizer que o maior culto de adoração é a Santa Missa. Não existe adoração sem sacrifício. Já a veneração é semelhante àquilo que os filhos têm para com os pais, quando pedem algo a estes, elogiando-os, agradecendo-os… Fazem isso porque admiram, respeitam e amam os pais. Percebe a diferença? Então quando alguém, que não conhece o real sentido da adoração, vê um católico venerando um santo, acaba o acusando de fazer algo a uma cri-
atura que, segundo ele, só caberia ao Criador. Isso acontece porque eles não vivem a real dimensão da adoração. Mas e as imagens? No século I, não existia máquina fotográfica. Mas as pessoas gostavam de se recordar dos entes queridos. Assim como, hoje, fotografamos alguém e guardamos aquela foto, naquela época, se reproduziam imagens, desenhos, estátuas… Era uma prática comum. De forma que esses objetos acabaram se tornando um meio de relembrar, de fazer memória a pessoas amadas e queridas. Nós, católicos, em particular, o fazemos para prestar memória àqueles homens e mulheres que viveram a radicalidade da fé: os santos. Uma fé cheia de virtudes e, muitas vezes, de martírio. Fé esta que gerou neles a santidade. Se não podemos ter essas imagens, tampouco podemos ter fotografias de pessoas que já se foram. Duvido muito que aqueles que nos acusam de idolatria joguem fora as fotos e lembranças de pessoas queridas. Assim como duvido que eles se esqueçam das virtudes dos seus… Nós, católicos, em especial, temos e devemos ter, sem medo, imagens dos santos e das santas de Deus em nossas casas. É importante reverenciá-los, lembrando-nos das virtudes e do amor deles por Jesus Cristo, e pedindo-lhes a intercessão junto a Deus. Afinal, eles estão no céu. Fazem parte do corpo místico da Igreja. E se você não crê na intercessão, meu amigo, não peça que ninguém reze por você. Adorar: somente a Deus. Prestar culto: somente a Deus. Mas venerar? Venere, sem medo, a todos os santos e santas de Deus. E se alguém, um dia, vier acusá-lo de idolatria ou coisa semelhante, não esquente a cabeça. Fique em paz. E lembre-se de que apenas os que participam do santo sacrifício da santa Missa é que fazem a verdadeira adoração.
REVISTA THEOTÓKOS - 10 -
Pe. Gonise Portugal da Rocha Pároco
REVISTA THEOTテ適OS - 11 -