118 apoios, mais ou menos intensos, mas contínuos. Tais alunos, até há pouco tempo, não chegavam a níveis mais avançados de ensino e, por isso, não havia a necessidade desses apoios que estão garantidos nas Diretrizes Nacionais para a Educação Especial na Educação Básica (BRASIL, 2001a, p. 20): “todo e qualquer aluno pode apresentar ao longo de sua aprendizagem, alguma necessidade educacional especial”. Para responder a essa necessidade, o sistema de ensino ao qual a escola está vinculada deveria prover os meios para apoiar a permanência do aluno na escola. As salas de recurso já existiam no Paraná para as séries49 iniciais, mas eram de responsabilidade do Sistema Municipal. Só a partir de 2004, o sistema estadual passou a se responsabilizar por ofertá-las aos alunos de 5ª a 8ª séries. Por meio de avaliação realizada com o Sujeito 3 em quatro encontros para avaliar seus conhecimentos – de uma hora e meia cada um – e de relatórios de seus professores, constatou-se que, no momento da realização da pesquisa, ela lia com certa dificuldade, inclusive na pontuação – embora pronunciasse as palavras com clareza – e interpretasse adequadamente o texto lido. Quanto à escrita, produz textos, embora apresente dificuldades na ortografia, acentuação, uso de letras maiúsculas e minúsculas, omissão de letras no final das palavras, uso de concordância nominal etc. Nas atividades de matemática, elaboradas para avaliar alunos de 5ª a 8ª séries, demonstrou muitas dificuldades com relação a antecessor e sucessor de numerais a partir de cem, na resolução de operações matemáticas e de situações-problemas que envolvem duas ou mais operações, mesmo de adição ou subtração e nos conceitos de horas e suas frações (por exemplo, 3 horas e 45 minutos). Concluindo, compreende-se que o Sujeito 3 apropriou-se da leitura, da escrita e do cálculo (BRASIL, 1996) para continuar o desenvolvimento de sua capacidade de aprender, embora sejam necessárias adaptações curriculares cada vez mais significativas (ou de grande porte), na medida em que avança nas séries/ciclos escolares e os conteúdos vão se complexificando. Dessa forma, constatou-se que o Sujeito 3 não deveria, ainda, receber terminalidade específica, por estar com apenas dezessete anos e apresentar condições para adquirir muitos conhecimentos, estudando no ensino regular.
Sujeito 4 O Sujeito 4 nasceu em 1986, no município de Corbélia-PR e, aos 17 anos, frequentava o Programa de Educação de Jovens e Adultos numa escola municipal de um município da região oeste do Paraná no período noturno, embora estivesse matriculado na Classe Especial para receber atendimento especializado, mas não a frequentava mais. O Sujeito 4 morava na zona rural de seu município, numa pequena propriedade que pertence a sua família e na qual trabalhava para ajudar os pais; segundo informações do relatório de avaliação psicoeducacional de 1995, é o segundo filho de uma prole de quatro irmãos. A mãe não teve acompanhamento médico durante a gestação e sofreu uma queda no 7º mês. O parto foi normal, em casa, com auxílio de parteira; pesou cerca 49
Anos iniciais.