Deficiência intelectual e terminalidade específica: novas possibilidades de inclusão ou exclusão

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126 alfabetizado e prosseguir em seu processo de escolarização e receber certificação regular, que lhe será muito menos discriminatória que a terminalidade específica.

Sujeito 5 O Sujeito 5 nasceu em 1983 e, no momento da realização da pesquisa, aos vinte anos, frequentava a 6ª série de um Colégio Estadual de Ensino Fundamental e Médio, no município de Cascavel-PR. Segundo a mãe (em entrevista), sustentou a cabeça na idade normal e, com seis a sete meses, já queria engatinhar, pois era “firminha”, porém, começou a andar com um ano e quatro meses, sempre nas pontas dos pés, e caía muito. Quanto à aquisição da linguagem oral, apresentou balbucio e linguagem normais. Revelou-se uma criança carinhosa, conversadeira, bem sociável, embora na época do jardim de infância mordesse as outras crianças, “mas ao mudar de escola, melhorou”. A mãe afirma, ainda, que o Sujeito 5 não teve doenças comuns, “mas esta que ela tem hoje compromete os músculos; ela perde então a força muscular, pois seu cérebro não produz determinada substância”. Por isso, ela anda um pouco e cai; não faz aulas de Educação Física, apenas participa de brincadeiras mais leves, pois não pode correr. Apesar de já ser uma jovem, não gosta muito de tomar banho; se pudesse, dormiria sem fazê-lo, precisando ser lembrada; ainda não sabia amarrar o cadarço dos calçados e nem abotoar fivela. O Sujeito 5 era aluna egressa de Classe Especial, para a qual foi encaminhada em outubro de 1990, quando tinha sete anos e estudava na pré-escola de um colégio confessional católico, que a encaminhou a um serviço público municipal de avaliação de alunos com necessidades especiais, o CEACRI. Em entrevista anterior, a mãe relatou que o Sujeito 5 iniciou no Maternal com três anos, no colégio confessional católico. As professoras (Freiras do colégio) chamaram a mãe e pediram que a encaminhasse ao médico neuropediatra, que diagnosticou disritmia. A mãe afirmou, nessa entrevista, que “A primeira convulsão foi com 2 a 3 anos aproximadamente (tipo crise de ausência). Aos 6 anos ela teve uma convulsão mais forte, quando então, começou a ser medicada. A causa das convulsões não está bem definida, embora ela tenha uma doença progressiva, degenerativa, por isso é mais difícil, pois o que sabe hoje, pode não saber amanhã. Tanto pode melhorar como estabilizar”. Após a avaliação psicoeducacional pelo CEACRI, em 1990, o referido órgão elaborou o seguinte relatório: Queixa: Dificuldade na aprendizagem. Comportamento durante a avaliação: “no primeiro contato com as examinadoras demonstrou comportamento infantil (chorou, permaneceu sentada no colo de sua mãe, não aceitando que conversássemos a sós com ela, escondia o rosto enquanto chupava um bico, estando com outro em suas mãos). Através de vários incentivos a mesma começou a conversar, mudando repentinamente sua forma de expressão (saiu do colo de sua mãe, largou o bico e passou a demonstrar aceitação e interesse em todas as atividades a ela propostas). No decorrer dos atendimentos passou a conversar espontaneamente,


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