Deficiência intelectual e terminalidade específica: novas possibilidades de inclusão ou exclusão

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96 Em cada categoria, foram elaboradas questões que continham informações, expectativas e problemas a serem investigados relacionados ao tema central da pesquisa e com os pressupostos teóricos que a embasam. Não se pretende, com isso, esgotar as diferentes abordagens que emergem de uma discussão dessa natureza, mas contribuir para a indicação de elementos que promovam uma reflexão mais crítica e subsidiada a respeito da possibilidade, ou não, de obtenção de terminalidade acadêmica por alunos com deficiência intelectual que estudam em escolas regulares, egressos de escola especial ou de Classe Especial. As entrevistas foram realizadas pessoalmente pela pesquisadora nos meses de agosto e setembro de 2003. Após a apresentação dos sujeitos da pesquisa, ainda neste capítulo, será relatada a análise das entrevistadas estruturadas. A pesquisa desenvolvida com os cinco sujeitos consistiu na análise da documentação escolar de cada um, desde a sua entrada na escola e por todo seu percurso escolar até o momento da entrevista. A pesquisa consistiu, ainda, na realização de avaliações pedagógicas realizadas com cada sujeito por meio de testes pedagógicos elaborados tanto pela Secretaria de Educação do Estado – Departamento de Educação Especial – como pelo CRAPE, ou pela pesquisadora. Neste último caso, os testes consistiam em produções de textos, ditados de palavras, resolução de situaçõesproblemas e de operações matemáticas, elaborados e propostos aos alunos no momento da avaliação, para sua complementação.

Os sujeitos da pesquisa A escolha dos sujeitos da pesquisa partiu de uma análise de casos de alunos matriculados em escolas da rede pública de ensino, com base nos seguintes critérios: serem jovens e adultos com muitos anos de escolaridade; egressos de Escola Especial (APAE) e Classe Especial, portanto, com histórico de deficiência intelectual, e que apresentavam dificuldades acentuadas de aprendizagem, que restringiam as expectativas em relação a sua terminalidade acadêmica e a encaminhamentos posteriores à escola, quer para a continuidade de sua escolaridade, quer para inserção no mercado de trabalho. No início da pesquisa, não havia clareza se a terminalidade específica deveria ser efetivada para alunos já alfabetizados, mas que apresentavam dificuldades acentuadas para prosseguirem em seu processo de escolarização, ou seja, para chegar às últimas séries do Ensino Fundamental (7ª e 8ª séries)27. Dessa forma, estar alfabetizado, mas apresentar dificuldades acentuadas para aprender, foi o critério determinante para a seleção de três dos cinco sujeitos da pesquisa – aqueles que hoje estão na 6ª série28 do ensino fundamental – pois partiu-se da hipótese de que a certificação desse nível de ensino, via terminalidade específica, poderia ser concedida a estes alunos porque eles, apesar de alfabetizados, apresentavam muitas dificuldades para continuar aprendendo os conteúdos mais complexos da escola. Então, a

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7ª e 8ª séries correspondem, atualmente ao 8º e 9º anos. Considere-se essa correspondência para as demais menções no texto. 28 A 6ª série corresponde, atualmente, ao 7º ano. Considere-se essa correspondência para as demais menções no texto.


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