A pedagogia histórico-crítica como abordagem metodológica para o ensino de filosofia

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1.2 Aspectos metodológicos A organização desse tópico se dará em duas partes: (1) Na primeira, será destacada a crítica desenvolvida por Saviani a algumas concepções metodológicas; (2) Em seguida, apresentar-se-á a proposta da PHC para a questão do método. Para tanto, o livro Escola e democracia será a principal fonte, por entender que ele apresenta contribuições importantes para se pensar aspectos metodológicos para a Educação. O ponto de partida de Saviani (2008, p. 42) é caracterização que desenvolve em torno do movimento da Escola nova que, segundo ele, “[...] constrói os argumentos que defendem a pedagogia da existência contra a pedagogia da essência, pintando essa última como algo tipicamente medieval.” As duas pedagogias – essência e existência – refletem o método indutivo, tão peculiar no início da modernidade filosófica e com forte influência na Ciência moderna. Em Educação, esse método ganhou a alcunha de Educação Tradicional, caracterizada pela transmissão do conhecimento por parte do professor para o estudante, processo em que este tem uma postura passiva diante do conhecimento transmitido. Saviani identifica Johann Friedrich Herbart como o ideólogo do método indutivo na Educação. Herdeiro do procedimento metodológico concebido por Bacon e por outros filósofos da Educação da Modernidade — Locke, Rousseau, Kant — Herbart defende que a Educação deve ter como objetivo principal a produção de um homem de cultura e moralmente elevado. Ele pretende estabelecer uma Educação estética do homem mediante um método científico para lograr seu objetivo. Friedrich Eby (1978, p. 427) destaca cinco passos metodológicos da pedagogia herbatiana: (1) Preparação, processo que exige a lembrança dos conteúdos ministrados no passado e que sejam trazidos ao tempo presente; (2) Apresentação, processo que envolve a apresentação de novos conteúdos, desde que ele seja relacionado com algo concreto, real; (3) Associação, significa a apercepção dos conteúdos novos com os antigos; (4) Generalização, a partir do concreto, conduz o estudante para a abstração e para a constituição de ideias; (5) Aplicação, significa exercitar o conhecimento adquirido. Saviani procura detectar o que conduziu o escolanovismo a criticar, também, aspectos metodológicos da pedagogia da essência. “[...] Por que o movimento da Escola Nova tendeu a classificar como pré-científico, e até mesmo como anticientífico, dogmático, o método aqui citado?” (SAVIANI, 2008, p. 45). O escolanovismo identifica-se com o que geral108


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