Apaixone-se em Buenos Aires

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Para Toninho e Zaira, com amor, por seus 25 anos de casados. Um presente de seus filhos (que esperam presentes muito mais substanciais no retorno da viagem),

Nayara, Lorena e AndrĂŠ



Pra começar, decida que tipo de viagem você quer fazer. Bares da moda, lugares turísticos e hotéis chiques te levarão por um caminho. Andar a pé pelo centro e frequentar os lugares que os porteños frequentam vão proporcionar uma viagem a uma outra cidade - completamente diferente da primeira. Buenos Aires é sim o paraíso de compras dos emergentes, com boutiques famosas de nomes internacionais, shoppings centers glamurosos, outlets de marcas chiques. Mas Buenos Aires acima de tudo é uma cidade nostálgica, cheia de história, romantismo; de pessoas fortes, passionais, enraizadas, que vivem sentadas nos cafés, lendo seus livros e jornais ou jogando truco na rua como se a vida não tivesse pressa. Amando seus políticos como se fossem da família. E essa Buenos Aires também é muito bacana de ver.


onde se hospedar


Palermo SoHo

Centro Se hospedar no centro é uma ótima opção para quem quer caminhar e explorar. Tem por perto todas as suas necessidades básicas como bancos, casas de câmbio, linhas de ônibus e metrô para todo canto, além de tudo o que você descobre no caminho pra esses lugares. Hotéis: Hotel Scala Buenos Aires Ibis Buenos Aires Obelisco

Recoleta Se você prefere um ambiente mais requintado porém ainda perto do centro, a Recoleta é uma boa pedida. Bairro arborizado com bons hotéis, vizinhança agradável, velhinhas e mini cães passeando. Hotéis: Art Hotel Etoile Hotel

Um pouco isolado do centro, prefiro ir lá só pra passear - nem que seja pra passear mil vezes, porque tem muitas lujinhas e lujinhas me gustan mucho.

San Telmo Pertinho do centro, bacana, mas um pouquinho deserto à noite. Embora tenha restaurantes e casas noturnas, você tem que saber onde elas estão pra chegar lá. Mas é um lugar de casas antigas e aí reside o charme.

Puerto Madero Uma área nobre da cidade, e revitalizada recentemente. Há bons hotéis, restaurantes voltados quase exclusivamente para turistas atrás de um bom bife, lojas e museus, mas a gente só descobre no último momento que ele nem era tão longe assim do centro. (Pela avenida Corrientes é fácil ir e vir de lá) Hotéis: Lafayette Hotel


atividades lĂşdicas


Bus turístico Um passeio completo pela cidade. Uma frota de ônibus de dois andares, com ar condicionado no piso inferior e aventura no superior. Conta com fones de ouvido com tradução em montes de idiomas (inclusive português) de todo o roteiro, com pedacinhos da história de cada lugar e trechos de tangos famosos ao longo da narração. Leve um chapéu, leque, ventilador e água. (Você vai precisar para andar por todos os lugares, não só no ônibus.) O verão em Buenos Aires tem temperaturas acima de 38 graus e sol de verdade.

Vale a pena, pois o roteiro te apresenta os principais pontos turísticos da cidade e te ajuda a se situar entre uma coisa e outra. Você pode desembarcar e reembarcar quantas vezes e onde quiser.

O ônibus turístico tem duas opções de preço. Um passaporte para um dia ou para dois dias que, em fevereiro de 2012, custavam a bagatela de 70 e 90 pesos, respectivamente.

Solicite nos pontos de informações turísticas os guias da cidade. Existe um mapa bem completo com as paradas do ônibus e tudo o que há pra fazer perto de cada uma. Na minha opinião este é o melhor guia da cidade para os turistas recém-chegados. Faça logo no primeiro dia. Aproveite a “carona” para visitar os pontos mais distantes do centro, como o bairro de La Boca. Site buenosairesbus.com


Tangos e milongas Quase todos os shows de tango funcionam no esquema “cena + show”, ou seja, jantar e show, e oferecem traslado de ida e volta desde os hotéis mais centrais. São shows superproduzidos, e não custam barato: espere pagar pelo menos 100 dólares com jantar. É possível comprar só o show, sem o jantar. Você consegue uma economia aí de uns 30 ou 40 dólares e escapa de um jantar fraquinho. Mas em compensação arranja um abacaxi, já que, para chegar jantado às 22h na casa de tango, você tem que jantar às 20h, quando os restaurantes estão às moscas. A outra opção é jantar depois da meia-noite, o que restringe a disponibilidade. Os showzões de tango que eu vi e recomendo são o sensualíssimo (e caríssimo) Rojo Tango, no hotel Faena, e o caprichado espetáculo do El Querandí. Caso já tenha ido a um show e queira ver como os portenhos de carne e osso (não os bailarinos!) dançam tango na vida real, um ótimo programa é a milonga (o equivalente tanguístico das

nossas gafieiras) La Glorieta de Barrancas de Belgrano (11 de Septiembre entre Sucre e Echeverría). Funciona ao ar livre; a orquestra toca num coreto. Começa às 20h.

Bar Sur

(Estados Unidos y Balcarce) É um bar pequeno, em San Telmo, que apresenta um show intimista de tangos, sem palco: só dois pares de dançarinos no salão, em frente à sua mesa, acompanhados por músicos e cantoras da velha guarda. Está longe de ser uma superprodução, mas pode ser bem divertido (é bem provável que em algum momento vocês sejam puxados para a pista). A vantagem do Bar Sur é que o show é contínuo até as 2 horas da manhã, e não é necessário reservar: basta aparecer na porta. Site bar-sur.com.ar

Museus O Museu do Bicentenário da Independência fica exatamente atrás da Casa Rosada. Abre de 4ª a domingo das 11h às 19h, e a entrada gratuita.


bairros


Palermo viejo/ Palermo SoHo Um pouco longe dos outros pontos turísticos da cidade. Até dá pra pegar o subte (metrô) ou ir de bus, mas demora um pouquinho. O bairro tem casas grafitadas, ateliês de arte e design, lojas de roupas, sapatos e, como em todos os cantos da cidade, deliciosos restaurantes e cafés.

San Telmo Um dos bairros mais antigos e charmosos da cidade, e no meio da Plaza Dorrego ainda dá pra bater um papo com a Mafalda, esculpida em bronze e sentadinha num banco.

Feira de San Telmo

(peça ao motorista de táxi: “San Juan y Defensa”) A feira de antigüidades e cacarecos acontece todos os domingos na Plaza Dorrego, mas neste dia a calle Defensa, que leva à praça, fica interditada para veículos. A feira não vale só pelos artigos expostos nas banquinhas, não; há vários artistas performáticos que se vestem de maneira engraçada e posam para fotos. Sempre rola tango na rua, também.

Por volta das 16h no sábado, vá até a esquina de Malabia y Costa Rica: é a praça mais charmosa do bairro. A essa hora, as ruas vão estar entupidas de gente. Namore as vitrines, tente descolar uma mesinha na calçada para tomar um café. As lojas mais bacanas estarão nas calles El Salvador e Honduras. (O trechinho mais bagaceiro é o da praça Serrano, mas se você atravessar a muvuca o comércio e os restaurantes voltam a ser bacanas do outro lado, até o trilho do trem.)

Papelera Palermo

Uma loja de cadernos e papéis que conta com cursos de encadernação, serigrafia e outros, e tem uma filial com peças vintage, brinquedos, livros e discos.


Recoleta Cemitério

Visita ao túmulo da Evita, entre outros. Um passeio “turistão”, mas válido. O cemitério é diferente dos nossos. Os caixões e urnas ficam expostos. Bem bizarro. Alguns são tão antigos e estão em tão mal estado que tem paninhos de renda e crochê em cima pra disfarçar os buracos, caso contrário poderíamos ver as caveirinhas todas. O próprio estado de semi abandono do lugar é um dos pontos interessantes da visita, e um contraponto à suntuosidade dos mausoléus construídos ali. O da Evita é dos mais simples, inclusive.

Feira de sábado

Se você não for de muita frescura, coma pan relleno e tome suco de laranja na rua mesmo. Em volta da Praça onde ficam a igreja, cemitério e o centro de Design. A feirinha não é grande coisa, mas o lugar é gostoso pra passear e relaxar sentado nos bancos de praça ou quem sabe numa canga, na grama mesmo. Ah, fica super pertinho da Floralis Genérica, que é aquela escultura enorme em forma de

flor que possui luzes coloridas e cujas pétalas abrem de dia e fecham à noite. O mecanismo andou quebrado, mas o passeio vale muito a pena ainda assim.

Centro de design

Tem um Hollywood Rock Café... Não sei se vale a pena, mas é lotado de turistas de todo canto. Bem caro. Vende suvenirs do: Hollywood Rock Café.

Abasto Shopping

Enorme shopping center com tudo o que os grandes shopping centers tem. Dizem os consumoturistas que é ótimo. Mas pra mim é um shopping comum.

Puerto Madero Siga la vaca

É uma cilada, Bino!! Restaurante pra turistas que custa uns 100 pesos por pessoa. Não tem as carnes mais nobres, mas tem parrilla a vontade, uma garrafa de vinho incluída e sobremesa também.


Barrio Chino en Belgrano Uma espécie de bairro da Liberdade em Buenos Aires. Tem lojinhas cheias de quinquilarias. (Quinquilharias vem a ser relativas ao Quincas, quem sabe).

Punto T

Loja de Chás absurdos de tão cheirosos e gostosos escondida numa galeria. Eu tenho uma encomenda, gente. Atenção. Tragam té verde Shangri-lá pra mim ou eu hei de morrer dura e seca.

Ivy Café

Casa linda com guarda sóis e mesas na calçada. A boa pedida é o tostado de jamón y queso. Também conhecido em algumas culturas como MISTO QUENTE. Mas o pão é bem enorme. Pão de miga. Minhamiga? Não. Suamiga? Talvez.

La Boca Caminito

O bacana de visitar o Caminito é que você nunca mais vai precisar ir ao Caminito. Perca meia hora dando a volta na quadra, tirando fotos das casinhas de zinco e fugindo do Maradona fake que vai querer sair nas fotos e descolar um troco. Depois é só ir embora rapidinho porque NÃO HÁ MAIS O QUE FAZER ALI. E ainda tem uma certa fama de ser perigoso. Não ultrapasse a linha do trem; passando a linha fica a parte em que pessoas de verdade vivem. Pessoas pobres em casas feias náo pintadas de cores vibrante. Porque é um bairro pobre e não vibrante. Recomendo que o passeio seja sempre diurno. Tem galerias com artesanatos e cacarecos.



onde ir


Café Tortoni (Av. de Mayo 825, entre Suipacha e Esmeralda) É parada obrigatória. Mas sem ilusões: comida cara e bem ruim - principalmente os churros que parecem feitos de borracha. A fila de turistas na porta é um mico a se pagar. Recomendo o té con limón (não pela delicia, mas pelo charme). Ele é servido num bule com um coadorzinho, e vem com os adereços separados... Sinta-se uma velha dama inglesa saboreando a bebida mais barata da casa. Dica: aproveite que você está ali e veja se ainda há ingressos para as apresentações de tango que acontecem em dois ambientes no subsolo (Sala Alfonsina Storni e La Bodega) e custam uma pechincha (entre R$ 40 e R$ 50). Nos fins de semana a última sessão é às 23h.

Obelisco e Casa Rosada A Avenida de Mayo, onde está o Tortoni, é a Champs-Elysées de Buenos Aires: vai do Congresso à Casa Rosada, passando pelo Obelisco. O Obelisco está pertinho: a duas quadras para a direita de quem sai pela porta do Tortoni. A Casa Rosada fica descendo a avenida na direção esquerda. Vale a pena entrar, mas só abre de sábado e domingo até as 18h.

Havanna SIM, vale a pena comer um tostado no Havanna, tomar um café e quem sabe um alfajor depois. Tem cara de fast food, com lojas espalhadas por toda a cidade, mas é um porto seguro quando se está num lugar estranho. Pode comer e pode confiar. Também não é dos mais caros da cidade.


Galerías Pacífico Mesmo que você não esteja numas de comprar, vai querer visitar a Galerías Pacífico, na esquina com a avenida Córdoba — certamente um dos shoppings mais fotogênicos do planeta. Aqui você vai ter outra oportunidade de descolar um ingresso para um show baratinho de tango: veja se ainda há lugares disponíveis para os espetáculos do Centro Cultural Borges, que fica no segundo andar (o caminho é bem sinalizado por todo o shopping).

Calle Florida Esta é a famosa rua de pedestres do centro, com o comércio mais tradicional da cidade.

Teatro Cólon Todos os dias, de 9h às 17h30, tem visita guiada. Entrada pela Tucumán 1171 entre 9 de Julio e Libertad.


comida


Carnitas

Pasta

Querendo chegar e já se atirar na melhor carne argentina, recomendo pegar um táxi a Palermo Soho e se esbaldar na La Cabrera (Cabrera y Thames) que às sextas e sábados abre até as 2h. Mais perto do centro, em Puerto Madero, tem a Cabaña Villegas (Alicia Moreau de Justo 1048, diga ao taxista para ir pela av. Belgrano), que também abre até as 2h.

Se estiver a fim de pizza ou massas, a dica é pegar um táxi para ir um pouquinho mais longe, até Las Cañitas (20 min. de táxi do centro, 15 min. de táxi da Recoleta, 5 min. de táxi de Palermo). Peça para descer na calle Báez, onde há um restaurante ao lado do outro (entremeados por bares também). Um restaurante que não tem erro é o Novecento (Báez y Arguibel), que serve carnes e massas. As transversais também têm restaurantes. Nas noites de sexta e sábado tudo em Las Cañitas vai até mais tarde — você vai encontrar um punhado de cozinhas funcionando até as 2 ou 3 da madrugada.

Super Pancho Um cachorro quente num pão comprido e fino que vem com salsicha e nada mais. É gostoso, macio, tenro: e vicia. Os melhores estão nas lanchonetes da Lavalle, no centro.

Empanadas Diga para o taxista: “Posadas y Callao” (em bom portenhês: “Possadas i Caxáo, por fabor”) para chegar ao Sanjuanino (no número 1515 da Posadas), baratíssimo restaurante especializado em fabulosas empanadas. Abre para almoço até às 16h.

sorvetes Tomar sorvete em Buenos Aires é tão bom quanto na Itália — com a vantagem adicional de sempre haver no mínimo meia dúzia de variações de doce de leite. Sempre que passar por uma Freddo, uma Persicco ou uma Volta, pare e experimente um sabor novo


transporte


Bus Os ônibus da cidade são subsidiados pelo governo, o que os torna muito baratos. Só aceitam moedas, e você não há de conseguí-las nas casas de câmbio. Ao entrar no ônibus, informe ao motorista até onde vai. O valor da passagem depende disso (pois é). Após a conversa com o motorista, insira as moedinhas num “cobrador automático” que devolverá o troco e cuspirá um comprovante de pagamento. Não é um sistema prático, de fato, mas tem seu charme. Os ônibus são multicoloridos e atendem por números. O 8, por exemplo, vai do centro até o aeroporto de Ezeiza por menos de 3 pesos. Uma viagem. Para não se perder, caso sua intenção seja utilizar muitos ônibus, um guia vendido em bancas de jornais pode ajudar, e muito. Trata-se do Guia T. Este pequeno livrinho recheado de amor traz o itinerário e um DESENHO de cada ônibus da cidade, além de dicas turísticas, de metrô, telefones importantes etc. E por que é importante ter um guia com ônibus desenhados nele?

Porque em Buenos Aires os ônibus são de todas as cores do mundo: vermelho com branco e verde, amarelo com azul e roxo, verde com azul, verde com verde. E visualizar o seu ônibus facilita e muito quando você precisa correr atrás dele.

Subte O transporte metroviário subterrâneo da cidade é feio, velho e sujo. Mas leva você aonde quer que seja, não oferece perigos maiores do que os de qualquer cidade e ainda tem um ar de nostalgia (que, aliás, a cidade toda tem). Com sorte você ainda pode se sentar num dos vagões com bancos de veludo que contém ácaros mais velhos que todos nós. Me diga você se isso é bom ou ruim... A linha que fica na Plaza de Mayo é a mais antiga da cidade e ainda tem alguns vagões de madeira. Né!?


Lembre-se Táxi Os taxistas da cidade não têm boa fama. Procure dar o dinheiro trocado SEMPRE porque eles podem, por exemplo, querer te dar o troco errado; não dar troco alegando que você pode sair pra trocar a grana se quiser, enquanto eles ficam com a sua bagagem; ou mesmo dar dinheiro falso. DINHEIRO FALSO É BEM COMUM. Não se deixe fazer de bobo, mas não se culpe se acontecer: trata-se de profissionais. Não podemos vencê-los. Procure táxis com propagandas de empresas (no aeroporto, principalmente). O lado bom é que é muito barato, mas o transporte público não é desconfortável a ponto de tornar necessário andar de táxi.

O microcentro pode ser percorrido a pé e o passeio é bastante agradável. Considere a opção e descubra coisas novas que não podem ser vistas de outro jeito.

Sabedoria popular A pegadinha das 4 quadras

Ao pedir informações você pode se deparar muitas vezes com esta resposta animadora. Pensando que seu destino se aproxima você caminhará por quatro quadras, e depois mais quatro e depois mais quatro até o infinito ou a morte por insolação. Esses hermanos são mesmo muito pândegos.



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