Revista Neo Mondo - Edição 55

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Ano 7 - No 55 - Junho 2013

Exemplar de Assinante Venda Proibida

R$16,00

Dia MUNDIAL do

MEIO AMBIENTE Laje de Santos Vida em Abundância

Impactos Ambientais

Sumiço dos Vagalumes

Certificado Ambiental

Madeira de Lei Neo Mondo - Julho 2008

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Neo Mondo - Julho 2008


Neo Mondo - Julho 2008

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todos os animais Os animais são diretamente afetados pelo comportamento humano. Podemos ser cruéis e negligentes, mas também podemos manifestar bondade e compaixão — valores que exemplificam o melhor do espírito humano. Acesse hsi.org/compaixao e veja como você pode ajudar.

Proteção e respeito a todos os animais 4

Neo Mondo - Julho 2008


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BactÊria produtora de substância que, ingerida, dissipa os efeitos da ressaca.

Peixe abissal que carrega a cura da acne.

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Microrganismo com substância capaz de limpar o organismo humano dos efeitos colaterais de diversas drogas.

Ajude a preservar os oceanos. Nem que seja por egoĂ­smo. Neo Mondo - Julho 2008

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32 páginas | 20,5 x 27,5 cm

Crianças criam! | ISBN: 9788566251005

Em um mundo marcado por brinquedos eletrônicos que funcionam a partir do botão power, que tal dar à criança o poder para construir seus próprios brinquedos? Imaginação acionada, materiais fáceis e disponíveis, fotos grandes mostrando o passo a passo e lá vem um divertido índio cara de pet, um charmoso robô que movimenta a boca, um teatro e suas marionetes e...diversão garantida! Do mesmo autor do consagrado livro FÁBRICA DE BRINQUEDOS, essa obra, além da proposta lúdica e divertida de criar brinquedos a partir de embalagens, tampinhas e outros materiais descartados no dia a dia, é uma excelente oportunidade para a criança experimentar a autonomia e o prazer de imaginar, criar, construir e brincar.

Os mais recentes lançamentos da Editora Caramujo já estão fazendo sucesso nas escolas. E vem muito mais por aí! 8

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Crianças brincam! 32 páginas | 20,5 x 27 ,5 cm | ISBN: 978856

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ESPECIAL - DIA MUNDIAL DA ÁGUA

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As crianças vão se encantar com essa história bem-humorada sobre um reino distante onde há um castelo, um rei e um espelho. Mas diferentemente das outras histórias, esse espelho não é mágico - ele mostra apenas a realidade. E a realidade é que, um dia, o rei desse reino distante olhou-se no espelho e viu que seu belo umbigo havia desaparecido de sua barriga. Quem teria roubado o umbigo? Um grande mistério a ser descoberto pelos leitores. As alegres e coloridas ilustrações de Ricardo Girotto dão o toque mágico a essa história escrita por Márcio Thamos em que umbigos escondidos sob grandes barrigas e umbigos à mostra em barrigas que roncam de fome apresentam uma trama delicada sobre compreensão, respeito e solidariedade.

Informações: 11

2669-0945 | 98234-4344 97987-1335

Neo Mondo

Neo Mondo - JulhoUm2008 olhar consciente

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Editorial Chamados a vencer desafios Dia Mundial do Meio Ambiente. Comemorar o quê? Escrever sobre qual tema que ainda não tenha sido abordado? Procurar qual especialista ou autoridade no assunto que traga alguma solução inovadora? “Em alguns lugares da Terra se rompeu, há dias, a barreira dos 400 ppm de CO2, o que pode acarretar desastres socioambientais de grande magnitude. Se nada de consistente fizermos, podemos conhecer dias tenebrosos. Não é que não possamos fazer mais nada. Se não podemos frear a roda, podemos, no entanto, diminuir-lhe a velocidade. Podemos e devemos nos adaptar às mudanças e nos organizar para minorar os efeitos prejudiciais. Agora se trata de viver radicalmente os quatro erre: reduzir, reutilizar, reciclar e rearborizar”. O alerta não é de nenhum pregoeiro do apocalipse ou de algum ‘cientista maluco’, mas antes vem de um teólogo, filósofo e escritor ponderado - no que esta palavra tem de mais significativo: ‘equilibrado; sensato; analisado com atenção’ (iDicionário Aulete).

Seções Perfil Ana Paula Balboni Laje de Santos

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Talvez devamos acrescentar à vivência radical dos quatro erres, sugerida por Leonardo Boff, a prática dos vários pês que subsidiem nossas buscas por conhecimento: pessoas comprometidas, pesquisadores idôneos e sérios, propostas viáveis...

Somos chamados a vencer desafios, e NEO MONDO não se furta a fazer a sua parte, dar sua contribuição. Tenha uma ótima leitura! NEO MONDO, tudo por uma vida melhor.

NEO MONDO - traz matérias e artigos instigantes, que procuram (eis aí outro pê que falta em alguns meios) apresentar ideias, conceitos e práticas (este pê não pode faltar) viáveis. Estes vêm de grandes corporações, mas também de quem faz o trabalho da ‘formiguinha’; de especialistas e pensadores renomados, mas providos todos eles da necessária capacidade de se comprometer com o meio ambiente de modo efetivo, constante, criativo e (por que não?) otimista-realista. Trata-se, segundo Leonardo, de fazer “surgir uma consciência ética que nos torna responsáveis face ao caos ecológico e ao aquecimento global. Por aí há caminho a ser percorrido. Para um novo tempo, uma nova ética”.

Oscar Lopes Luiz Presidente do Instituto Neo Mondo oscar@neomondo.org.br

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DIA MUNDIAL DO MEIO AMBIENTE Tetra Pak Tudo de bom DIA MUNDIAL DO MEIO AMBIENTE 30 Impactos ambientais Sumiço dos vagalumes

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DIA MUNDIAL DO MEIO AMBIENTE Imagine Um planeta com vida

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Expediente 38

Conselho Editorial: Oscar Lopes Luiz, Marcio Thamos, Dr. Marcos Lúcio Barreto, Terence Trennepohl, João Carlos Mucciacito, Rafael Pimentel Lopes, Denise de La Corte Bacci, Dilma de Melo Silva, Natascha Trennepohl, Rosane Magaly Martins, Pedro Henrique Passos e Vinicius Zambrana Redação: Gabriel Arcanjo Nogueira (MTB 16.586), Rosane Araujo (MTB 38.300) e Antônio Marmo (MTB 10.585) Revisão: Instituto Neo Mondo Diretora de Arte: Renata Ariane Rosa Projeto Gráfico: Instituto Neo Mondo

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48 Artigo: Paulo F. Garreta Harkot Gestão Ambiental

Reports in english 26 Tetra Pak Really good

Certificação Ambiental Madeira de lei

Diretor de Redação: Gabriel Arcanjo Nogueira (MTB 16.586)

38 Educação Ambiental Feita com ações, participação e muito trabalho

51 Artigo: Márcio Thamos Mitologia Clássica

DIA MUNDIAL DO MEIO AMBIENTE Matéria publicada na edição no35

Diretor Responsável: Oscar Lopes Luiz

DIA MUNDIAL DO MEIO AMBIENTE

Publicação Tradução: Efex Idiomas – Tel.: 55 11 8346-9437 A Revista Neo Mondo é uma publicação do Diretor de Relações Internacionais: Vinicius Zambrana Instituto Neo Mondo, CNPJ 08.806.545/0001Diretor Jurídico: Dr.Erick Rodrigues Ferreira de Melo e Silva 00, reconhecido como Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (OSCIP), Correspondência: Instituto Neo Mondo pelo Ministério da Justiça – processo MJ nº Rua Antônio Cardoso Franco nº 250, 08071.018087/2007-24. Casa Branca – Santo André – SP Cep: 09015-530 Tiragem mensal de 70 mil exemplares com Para falar com a Neo Mondo: assinatura@neomondo.org.br redacao@neomondo.org.br trabalheconosco@neomondo.org.br Para anunciar: comercial@neomondo.org.br Tel. (11) 2669-0945 / 8234-4344 / 7987-1331 Presidente do Instituto Neo Mondo: oscar@neomondo.org.br

distribuição nacional gratuita e assinaturas. Os artigos e informes publicitários não representam necessariamente a posição da revista e são de total responsabilidade de seus autores. Proibido reproduzir o conteúdo desta revista sem prévia autorização.


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Perfil

VIDA QUE BROTA

DO MAR

NEO MONDO mergulha nas realizações de uma ONG que, em menos de uma década, privilegiou estudos e pesquisas com arraias, ceriantos e tartarugas, entre outras espécies

Acervo Pessoal

Gabriel Arcanjo Nogueira

Ana Paula, à frente da ONG, defende a Laje de Santos como patrimônio a ser preservado em ações oficiais em parceria com a sociedade

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magina o encontro de pessoas bonitas, bem resolvidas e, acima de tudo, comprometidas – mais que isso, apaixonadas - com o meio ambiente, capazes de fazer surgir num cantinho que seja o paraíso terrestre – no caso, marinho. Sonho, utopia ou realidade? NEO MONDO foi conferir qual dessas alternativas é a que melhor traduz o que tem feito o Instituto Laje Viva, em seus 10 anos de existência. Nos dias 8, 9 e 10 de março, por exemplo, a ONG participou do Padi Dive Festival, na capital paulista, consagrado como “o mais importante evento de mergulho da América Latina”. Ana Paula Balboni, cofundadora e diretora-presidente do Instituto e coordenadora do Projeto Mantas do Brasil, ressalta “a acolhida e incentivo que recebemos da organização do evento - importantíssimos para que possamos mostrar os resultados dos trabalhos que efetuamos no PEMLS (Parque Estadual Marinho da Laje de Santos – N.R.) . É um importante canal de comunicação do Instituto Laje Viva com o público do mergulho. É também uma maneira de levar às pessoas conhecimentos acerca das arraias gigantes, animais que têm imenso carisma e apelo e que são verdadeiramente adorados por todos os mergulhadores”. Em sua 12ª. edição, neste ano, o Padi Dive Festival agregou reconhecimento ao Laje Viva. “O pessoal da loja montada ao lado do nosso estande na feira veio nos dizer: ‘ano que vem vamos pedir para nos colocarem próximos a vocês de novo, vocês são um verdadeiro chamariz...’. Foi uma participação muito divertida e positiva. O evento ficaria muito comercial sem a presença e o apelo das ONGs de preservação ambiental que estavam lá presentes, como o Meros do Brasil, o Sea Shepherd, entre outras iniciativas. A presença das ONGs enriquece o evento, acrescentando essa pegada ambiental que é, cada vez mais, preocupação do mergulhador”, avalia Ana Paula. Nessa entrevista concedida por e-mail a NEO MONDO, o Padi Dive Festival foi apenas o ponto de partida. O fio condutor de nossa conversa com a advogada, formada pela USP e pós-graduada em Direito Tributário - apaixonada pela vida marinha desde criança (Ana Paula descobriu o mergulho em 1998 e hoje é rescue diver, com mais de 600 mergulhos logados, a maioria deles em pesquisa) -, está em mostrar a nossos leitores a real ‘importância das coisas’ quando se trata de cuidar do planeta.


NEO MONDO: Foi daí que nasceu o Laje Viva, algo como um segundo passo? Ana Paula: Isso. Dez anos mais tarde, a sociedade civil, aqui representada por um segmento entre os mergulhadores, se organizou para trabalhar em conjunto com o Poder Público em prol da preservação do seu santuário. A Laje de Santos é nosso patrimônio

e continua sendo alvo da ação ilegal de pescadores. As ações do Poder Público são muito mais eficazes quando apoiadas e tomadas em parceria com a própria sociedade. É esse o papel do Instituto Laje Viva. Estudar a importância do local e municiar o Poder Público e a própria sociedade de informações científicas. NEO MONDO: E como isso se dá na prática: mediante parcerias? Ana Paula: Trabalhando de modo integralmente baseado em mão de obra voluntária é sempre difícil atingir as nossas próprias expectativas, assim como a dos outros em relação ao que é esperado que façamos. Mas o Instituto Laje Viva trabalha, até hoje, baseado em mão de obra voluntária. Infelizmente não são muitas as empresas brasileiras que patrocinam projetos e iniciativas como a nossa. O Projeto Mantas do Brasil está em fase de renovação junto à Petrobrás por meio da Petrobrás Ambiental, e com isso teremos meios de compor uma equipe profissional, realmente dedicada ao sucesso e ampliação do Projeto. Nesse momento eu acredito que venhamos a satisfazer e até mesmo a superar as expectativas em torno dos trabalhos com as mantas gigantes. NEO MONDO: Qual a aceitação que cada uma dessas duas instituições tão qualificadas e objetivas tem recebido das demais ONGs ambientalistas? Ana Paula: Aqui no Brasil esse tipo de organização de pessoas em prol de um

interesse comum ainda é um modelo muito novo, as pessoas demoram até mesmo a compreender. Há 10 anos os Operadores de Mergulho da Laje de Santos nos viam como concorrentes. Aos poucos, com a concretização e o resultado dos trabalhos, um a um foi virando nosso grande parceiro. Nós ajudamos a preservar o local que é fonte de sustento deles. Não existe concorrência, agora temos uma relação simbiótica. Eles são nossos parceiros na preservação, ajudam a preservar o que amamos e o que nos é mais caro, mantêm eterna vigilância para evitar a pesca ilegal. E nós estudamos o local, ajudamos a preservar e criamos ferramentas de comunicação capazes de mostrar as belezas do local à comunidade santista, paulista e brasileira, atraindo mais público de turismo de mergulho, que é o que os sustenta. O benefício de ambas as partes ficou claro com o passar do tempo. NEO MONDO: E como ficam governos e sociedade em geral? Ana Paula: Em relação ao governo, aqui representado pela Gestão da Unidade de Conservação em questão, a aceitação e os trabalhos em parceria não podiam ser melhores. O gestor da UC, José Edmilson de Araújo Mello Junior, demonstra compreender a nossa missão, assim como nós procuramos compreender a dele, e nos ajudamos e apoiamos em tudo o que é possível. Ele sabe que pode contar conosco e que somos movidos pela paixão que temos pela Laje de Santos.

O Parque Estadual Marinho existe há 20 anos e seria algo como o irmão mais velho do Laje Viva, 10 anos mais novo. Mas, no caso, a experiência do ‘irmão caçula’ vem de bem antes de ter nascido. Maurício Andrade

NEO MONDO: O Instituto Laje Viva existe há 10 anos, e o Parque Estadual Marinho há 20 anos. Sem querer fazer qualquer ilação cabalística (momentos importantes a cada 10 anos), o que compete a cada uma dessas instituições fazer pelo meio ambiente? Os princípios e objetivos traçados vêm sendo cumpridos de modo satisfatório ou até mesmo têm superado as expectativas? Ana Paula: É importante ressaltar que até mesmo a proteção da área na qualidade de Parque Marinho foi uma resposta dada pelo Poder Público ao clamor de mergulhadores, cientistas e frequentadores da área. É a sociedade civil que exerce esse papel, o de apontar a importância das coisas para que o Poder Público exerça sua função. O Poder Público não reúne (e não acredito que isso mude num futuro próximo) condições de investigar a importância das coisas, a escala de valores da sociedade. Mas a sociedade tem condição, tem direito e tem dever de mostrar ao Poder Público: ‘isto é importante pra nós, precisa ser protegido de nós mesmos’. Foi isso o que ocorreu na criação do Parque Estadual Marinho da Laje de Santos há 20 anos. A sociedade, baseada na opinião técnica de biólogos marinhos, apontou ao Poder Público a importância do local e a necessidade de proteger a área de nossa própria ação predatória.

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Perfil NEO MONDO: O que é o Laje Viva, como e por que surgiu? Ana Paula: É uma ONG criada por mergulhadores amantes da Laje de Santos, com o intuito de proteger a Laje de Santos, pois a Laje é nossa, é patrimônio de todos. Os membros do Instituto sentem que o local nos dá tanto, tanto prazer, tanta alegria, tanta beleza, que, de alguma forma, precisávamos retribuir tamanha generosidade. Apesar de a Laje de Santos ser berçário, residência e abrigo de uma série de espécies ameaçadas de extinção, uma em especial é o foco de nossos esforços e estudos, no Projeto Mantas do Brasil, que estuda os hábitos migratórios e o comportamento da maior espécie de arraia do mundo, um dos maiores peixes dos nossos oceanos, a Manta birostris. NEO MONDO: Qual o alcance desse projeto até o momento? Ana Paula: Em 2010, com a efetiva colaboração do Instituto Laje Viva, essa espécie de gigante marinho foi recategorizada pela International Union for Conservation of Nature (IUCN)

como “VULNERÁVEL À EXTINÇÃO”, ou seja, subiu um degrau na escala de ameaça rumo ao risco de extinção. É uma espécie de reprodução muito lenta. Cada fêmea consegue parir um único filhote a cada 3 anos, e estima-se que possuam algo como 14 anos de vida fértil, o que não garante muito mais do que 5 ou 6 bebês por fêmea ao longo da vida. Com uma reprodução tão lenta, a espécie simplesmente não suporta qualquer pressão de pesca. E é uma das espécies que compõe a chamada megafauna carismática, são verdadeiros atratores de turismo de mergulho no mundo todo. A população brasileira desses gigantes gentis, inteligentes e brincalhonas talvez seja a menor do mundo, e talvez mais próxima da extinção do que nós mesmos possamos imaginar. Então uma das principais bandeiras do Instituto Laje Viva é trabalhar pela sobrevivência dessa espécie tão fantástica. NEO MONDO: Quais as suas principais metas e realizações?

Maurício Andrade

O local nos dá tanto, tanto prazer, tanta alegria, tanta beleza, que, de alguma forma, precisávamos retribuir tamanha generosidade

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Ana Paula: Nossas principais metas são e serão sempre provar a importância do local e de sua preservação. Daí a importância dos projetos científicos, em especial o Mantas do Brasil. Hoje, acredito que nossa maior meta seja conferir efetividade às legislações de proteção recém-obtidas no Brasil e no mundo. O Brasil foi proponente, com o Equador, de uma medida de restrição ao comércio internacional de partes e derivados de arraias mantas, na Convention on International Trade of Endengered Species (CITES), que ocorreu em Bangkok, Tailândia, já aprovada e sancionada em 14 de março. Obviamente não fazia o menor sentido sermos proponentes de medida de restrição ao comércio internacional e continuarmos matando as arraias gigantes em nosso território. Países como Equador e Moçambique já possuíam suas legislações proibindo a matança desses gigantes, mas o Brasil ainda não possuía uma legislação de proteção dessa espécie. NEO MONDO: Como ficamos, então, no Brasil? Ana Paula: A conquista da legislação brasileira de proteção veio na esteira da CITES, pela Instrução Normativa Interministerial nº 02 de 13/03/2013, conjunta dos Ministérios da Pesca e Aquicultura e do Meio Ambiente, que proíbe a pesca e a captura de indivíduos da espécie no Brasil.


Maurício Andrade

A Manta birostris, gigante marinho, se caracteriza por ser gentil, inteligente e brincalhona; para preservá-la foi criado o Projeto Mantas do Brasil Temos plena consciência da importância da obtenção dessas legislações de proteção, mas também temos claro em mente que esse foi apenas o primeiro passo de muitos que precisam ser dados se quisermos garantir a sobrevivência dessa espécie de gigante marinho em nosso planeta. NEO MONDO: A ONG atua em parcerias e, nestas, quais as principais seja da esfera pública seja privada; o que compete a cada uma fazer; e como se dá na prática a importância de cada uma delas? Ana Paula: Sim, tivemos o patrocínio da Petrobrás para o livro fotográfico Laje de Santos, Laje dos Sonhos, que foi o primeiro veículo, a primeira ferramenta que pudemos criar para levar a Laje até as pessoas. Pudemos contar com patrocínios da Panco e da Eucatex, bem como apoio da Petrobrás, entre outras empresas, por meio de leis de incentivo à cultura, para a criação de um documentário sobre o local, que conta a história dos primórdios do mergulho no Brasil como pano de fundo, chamado Laje dos Sonhos; ficou belíssimo, uma verdadeira obra-prima da diretora Raquel Pellegrini com imagens subaquáticas do cinegrafista Clécio Mayrink, que é membro do Instituto. A pessoa diretamente responsável pela concretização desse sonho foi a produtora-executiva e diretora financeira do Instituto Laje Viva, Paula Romano. Esse

documentário é imperdível para os amantes do mergulho e tornou-se a segunda grande ferramenta de divulgação da importância da Laje de Santos. NEO MONDO: Você se considera otimista, realista ou pessimista com o que se conseguiu até agora? Ana Paula: Acho que sou realista. Se por um lado, fico muito feliz com os resultados já alcançados, por outro, não perco de vista o tanto que ainda há por fazer, por brigar, e essa briga é no sentido de fazer as pessoas acordarem pra realidade e para os problemas ambientais que enfrentaremos num futuro muito próximo. Parece que quanto mais fazemos, mais existe por fazer. Por exemplo, sem deixar de celebrar a vitória de termos obtido uma legislação de proteção das mantas gigantes no Brasil, sabemos o quanto ainda há por fazer, agora que temos a ferra-

menta na mão. É preciso conferir efetividade à legislação de proteção. Os pescadores precisam saber que a captura da espécie está proibida. Precisam saber que mesmo a pesca acidental (by catch) está proibida, ou seja, ainda que o animal estiver morto na rede, deve ser devolvido morto ao mar. Não pode ser trazido a bordo. E se os pescadores entenderem o porquê da proibição, se entenderem o quanto e o porquê essa espécie é tão vulnerável, há chances de a preservação ser mais efetiva. O envolvimento das comunidades de pesca que estão localizadas onde há visitas sazonais da espécie de manta gigante é um dos próximos passos do projeto Mantas do Brasil. NEO MONDO: Qual o feito mais relevante obtido até aqui? Seria a descoberta de nova espécie em 2008? Ana Paula: Entendo que dois fatos muito importantes estão interligados.

Entre as parcerias, a Petrobrás viabilizou o livro fotográfico Laje de Santos, Laje dos Sonhos e, com a Panco e a Eucatex, o documentário Laje dos Sonhos, que conta a história dos primórdios do mergulho no Brasil como pano de fundo. Além de belíssimos, são preciosas ferramentas de divulgação Neo Mondo - Junho 2013

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Perfil Dra. Andrea Marshall

ainda é proibida) e a Ilha da Queimada Grande, em Itanhaém, onde a pesca é liberada mas a vida marinha praticamente esgotou-se. O PEMLS é aberto a visitação. Existe uma taxa simbólica a ser paga por visitante, e qualquer embarcação particular apta a navegar até lá (observando as normas da Marinha do Brasil) pode chegar, apoitar o barco ou fundear da maneira correta sem causar danos ao meio. Ou seja, visitantes podem passar um dia lindo nadando, mergulhando, tomando sol no paraíso.

Mergulhar junto a um desses gigantes marinhos é momento inesquecível, que Ana Paula, rescue diver, já experimentou O primeiro deles - e que realmente chamou a atenção do mundo para essa espécie - foi a descoberta de uma nova espécie em 2008, seguido da publicação do paper científico pela nossa parceira, brilhante cientista, Dra. Andrea Marshall, em 2009. Até então tudo era chamado de Manta birostris. Uma descoberta como essa é algo extraordinário, é como descobrir que um elefante havia passado despercebido no deserto até agora. É uma prova do quanto somos arrogantes em achar que já sabemos quase tudo, e nem mesmo em relação às espécies gigantes nós temos pleno conhecimento. Aliás, as descobertas não pararam por aí, pois a Dra. Andrea está perto de provar a existência de uma terceira espécie de manta gigante, no México. Nós, aqui no Brasil, temos suspeitas de avistagem de um animal dessa terceira espécie em Recife, capturada e esquartejada pelos pescadores, infelizmente. NEO MONDO: O mergulho é o principal meio de se chegar a tais resultados ou, na prática, se tem revelado o único? Quais são as outras atividades-meio? Ana Paula: O turismo de modo geral é o combustível desses resultados e, no nosso caso, em particular, o Turismo de Mergulho, que é um mercado crescente. O turismo possui uma força avassaladora. É em nome dos gigantescos recursos gerados por essa modalidade que os mais diversos países preservam 16

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seus sítios de interesse, como ruínas e edificações antigas. Agora os governos começam a perceber que a biodiversidade é outro atrator poderoso de público e de recursos. Moçambique, por exemplo, ficou privado de explorar o turismo riquíssimo gerado pelas visitas aos grandes animais. Enquanto a África do Sul, por sua vez, explora o safári ecológico no Kruger Park, Moçambique perdeu fortuna ao exterminar sua fauna durante sua guerra civil. Por outro lado, ainda possuem vasta fauna carismática marinha, que esperamos seja protegida e perenizada como recurso de turismo daquele país. NEO MONDO: Na área sob responsabilidade da ONG (seria restrita ao Parque Estadual?) o mergulho é livre ou reservado a especialistas de segmentos com foco na pesquisa científica? Há espaço para ‘aventureiros’, pessoas que curtem mergulhar pelo prazer da prática esportiva ou por ecoturismo? Ana Paula: O Instituto Laje Viva começou focado no PEMLS, mas os trabalhos cresceram e desbordam os limites geográficos inicialmente traçados. Queremos ampliar os estudos das arraias mantas para localidades no Sul do país. Queremos ampliar os estudos científicos para locais próximos, principalmente os que possamos utilizar para estabelecer comparações com a própria Laje de Santos, como o Arquipélago de Alcatrazes (onde a visitação

NEO MONDO: Fale um pouco das APAs, a importância e abrangência das principais delas e se as existentes dão conta do recado. Ana Paula: São Paulo é o estado pioneiro ao dividir o litoral paulista como um mosaico, estabelecendo regras de conduta que variam de local para local de acordo com a necessidade de preservação de cada um deles. E dessa maneira foram criadas três Áreas de Proteção Ambiental (APAs) Marinhas: Litoral Norte, Centro e Sul. O PEMLS está localizado na APA Marinha Litoral Centro. Esta, por sua vez, está subdividida em três setores, entre eles o Itaguaçu, que é especificamente onde se localiza a Laje de Santos. O trabalho de educação ambiental e de fiscalização do uso correto desse mosaico é para ser desenvolvido ao longo de muito tempo pela Secretaria de Estado do Meio Ambiente e Gestão do PEMLS. Um dos aspectos positivos é a criação de conselhos, que são ferramentas incríveis de participação da sociedade na gestão dessas APAs. É uma oportunidade de todos os segmentos e interesses opostos se reunirem, exporem seus anseios e necessidades e, assim, ajustarem condutas focando a sustentabilidade. O Instituto Laje Viva ocupa uma cadeira no Conselho Consultivo do PEMLS e outra no Conselho Gestor da APA Marinha Litoral Centro, onde apresenta propostas e busca caminhos pela sustentabilidade junto aos demais setores de interesse nessas mesmas localidades. NEO MONDO: No contexto do que se faz no Brasil em preservação ambiental, vocês se consideram satisfeitos com as conquistas da área marinha, ou há muito o que fazer ainda e sempre?


NEO MONDO: O notável cientista Aziz Ab´Sáber (que foi Perfil de NEO MONDO, talvez numa das últimas entrevistas que concedeu à mídia impressa) tinha entre suas preocupações o avanço dos oceanos, para ele uma ameaça até mais real do que o aquecimento global para o futuro da civilização. Temas dessa envergadura estão na pauta de vocês, e em que medida é possível detectá-los nos trabalhos de campo realizados pela ONG? Ana Paula: As pessoas começam a se dar conta agora, muito tardiamente e de modo muito lento, na minha opinião, de que não é o ambiente que está sob ameaça. Não é nosso planeta que está sob ameaça. Tudo o que fizermos pelo ambiente não salva o planeta, salva a nossa existência. Nós é que estamos ameaçados, o nosso modo de vida está ameaçado pela maneira irresponsável como tratamos o ambiente. O aquecimento global e o avanço dos oceanos são sintomas de uma doença. É a doença que precisa ser combatida, e não os sintomas. E os sintomas dessa terrível doença não são apenas esses. Temos que lidar tam-

Acervo Laje Viva

Entre as ações do Instituto, a soltura de animais saudáveis a seu habitat é uma delas: ‘tudo é urgente’ bém com o esvaziamento dos nossos oceanos, sentido no mundo todo. Não existe tarefa mais ou menos urgente. Tudo é urgente demais porque já perdemos o bonde. A pequena parte da população que já se deu conta disso corre atrás do bonde que já passou, e a maioria ainda desconhece a questão por completo. A produção de alimentos é exemplo gritante. Estamos acabando com a vida nos oceanos, de onde tiramos nosso alimento. Ao esgotarmos os recursos marinhos numa pesca irresponsável - e caminhamos para isso a passos largos -, perceberemos na marra que as por-

ções de terra não são suficientes para o plantio da nossa comida. E nesse momento a humanidade vai à fome, com chances reais de guerras por água doce e alimento. Nossas ações de Políticas Públicas infelizmente estão na contramão da sustentabilidade. Enquanto países como o Equador proíbem a pesca de arrasto e a absurda prática do finning, nossas ações de política pública visam aumentar a frota pesqueira quando já estamos raspando o fundo. É preciso estudar mais, conhecer mais, acreditar mais na pesquisa, respeitar mais os resultados das pesquisas, no Brasil e no mundo todo. Acervo Laje Viva

Ana Paula: Não há como ficar satisfeita. Ainda engatinhamos. Já era hora de as pessoas pararem de ficar zangadas quando regras são estabelecidas acerca do uso da coisa pública. Já era hora de pararmos de ver as ações de proteção ambiental como restrições ao direito de cada um e vermos como a ampliação do direito de todos e de cada um lá na frente. O direito de cada pescador tem que ser regrado hoje para que esse mesmo pescador tenha peixe em sua mesa amanhã. Não é uma questão de restringir direitos, mas sim de perpetuar direitos, e não só para uns, mas para todos. Se preservarmos determinadas áreas que são berçários de vida marinha restringindo direitos naquelas áreas específicas, vamos gerar estoques pesqueiros que se desenvolverão em outras localidades e que continuarão a suprir nossos pratos. É hora de percebermos que o ajuste de condutas é necessário para garantir direitos, e não tirá-los, dos pescadores. Mas as resistências ainda são fortes, porque o nível de consciência das pessoas ainda fica muito aquém do que era de se esperar.

No Padi Dive Festival, o Laje Viva levou às pessoas “conhecimento sobre as arraias gigantes... adoradas por mergulhadores” Neo Mondo - Junho 2013

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Perfil

NEO MONDO: O que foi feito por vocês durante o evento?

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Neo Mondo - Junho 2013

Ana Paula: Nosso estande recebeu excelente visitação durante os três dias de feira, boa oportunidade para nossa equipe explicar os projetos e os trabalhos de pesquisa, até mesmo com a entrega de fôlderes, além da exposição de imagens em LCD durante todo o tempo de abertura do evento. As imagens dos pesquisadores em trabalhos de campo, bem como as do documentário e de reportagens feitas com nossa equipe durante os trabalhos, impactaram positivamente os visitantes. Fizemos também uma palestra sobre nosso projeto Mantas do Brasil, levando os conhecimentos acerca da espécie de manta gigante ou migratória que nos visita sazonalmente (no inverno) ao público interessado. Significado todo especial para nós foi a presença de nosso importantíssimo parceiro, Michel Guerrero, presidente do Projeto Mantas Equador, com a palestra sobre os trabalhos desenvolvidos na Isla de La Plata, Parque Nacional Machalilla, Equador, que mostram avanços nesse país. Outra presença marcante foi a de Guilherme Kodja, com a aula do Instituto Laje Viva sobre as mantas gigantes, cujos conhecimentos sempre despertam grande interesse entre os mergulhadores. NEO MONDO: O Laje Viva tem alguma participação nos trabalhos realizados no Equador com as arraias gigantes? Ana Paula: Sim. Membros do Instituto têm participado das expedições científicas anuais ao Equador desde 2011

para estudo da Manta birostris. Em agosto vamos embarcar para nossa terceira participação consecutiva nos trabalhos junto ao Projecto Mantas Ecuador, capitaneado pelo biólogo marinho Michel Guerrero e pela Dra. Andrea Marshall. Esse tem sido nosso celeiro de observações e estudos sobre metodologias científicas a serem empregadas aqui. Antigamente, por exemplo, buscávamos obter uma estimativa do tamanho das arraias gigantes que visitam a Laje de Santos a cada inverno a partir de uma estimativa, uma comparação com o tamanho do corpo ou uma braçada de um mergulhador em relação ao comprimento de asa a asa de uma manta. A partir das observações dos trabalhos desenvolvidos no Equador, nosso diretor Ricardo Coelho desenvolve nossos próprios dispositivos de medição a laser. Esse estudo métrico procurará estabelecer uma relação entre o tamanho e a maturidade sexual de cada animal observado no bojo do projeto. Outra metodologia importante que será implantada em breve aqui em nossos estudos e que também foi testada inicialmente no Equador é o estudo de DNA a partir da coleta de muco da pele das arraias gigantes. O procedimento não invasivo tem-se mostrado eficaz nos estudos da Dra. Marshall no Equador, e pretendemos utilizar a mesma metodologia no Brasil. Para isso contamos com o biólogo responsável pelo projeto, Osmar José Luiz Jr, e o biólogo marinho Eric Joelico Comin cuida das observações de campo.

Acervo Laje Viva

NEO MONDO: Como avalia a participação do Laje Viva no Padi Dive Festival? Ana Paula: Nessa que é a maior feira de mergulho da América Latina, a acolhida e o incentivo que recebemos da organização do evento foram importantíssimos para que pudéssemos mostrar os resultados dos trabalhos que efetuamos no PEMLS. Trata-se de importante canal de comunicação do Instituto com o público do mergulho, e dessa maneira pudemos levar às pessoas conhecimentos acerca das arraias gigantes, animais de imenso carisma e apelo e que são verdadeiramente adorados por todos os mergulhadores. Nesta edição esse reconhecimento teve um toque especial. O pessoal da loja montada ao lado do nosso estande na feira veio nos dizer: “ano que vem vamos pedir para nos colocarem próximos a vocês de novo, vocês são um verdadeiro chamariz...”. Foi uma participação muito divertida e positiva. O evento ficaria muito comercial sem a presença e o apelo das ONGs de preservação ambiental que estavam lá presentes, como o Meros do Brasil, o Sea Shepherd, entre outras iniciativas. A presença das ONGs enriquece o evento, acrescentando essa pegada ambiental que é, cada vez mais, preocupação do mergulhador. Um dos aspectos mais incríveis que observamos quando participamos desse tipo de evento é o interesse das crianças pela preservação. Apesar de poucos pais levarem seus filhos até lá, o que é uma pena, as crianças ficam alucinadas pelos aspectos relacionados à Biologia dos animais, se interessam pelos projetos voltados à preservação e querem ouvir detalhes sobre o comportamento deles. Em especial as crianças gostam de ouvir sobre a capacidade de interação das espécies estudadas com as pessoas, dão muito valor a esse contato não destrutivo. Talvez seja o início de relações mais respeitosas do ser humano com as outras espécies que habitam o planeta, que não, NÃO estão aqui para servir aos nossos propósitos. Enquanto tivermos esse pensamentozinho egocêntrico, estaremos fadados a causar a extinção de inúmeras espécies e, assim, cavar nossa própria.

O apelo de ONGs na megafeira de mergulho fez o evento ultrapassar o lado comercial, numa ‘participação divertida’


Acervo Laje Viva

Momentos especiais e desafios Ana Paula descreve momentos marcantes de sua vida no Laje Viva. Como esse, muito especial, “no ano de 2006. Pra mim, o resgate da raia manta que chegou ao PEMLS enroscada em uma rede de pesca foi um momento para nunca esquecer, foi um marco pra mim. Estávamos no intervalo entre dois mergulhos quando outra embarcação chamou pelo rádio e informou que um mergulhador havia visto uma manta enroscada numa rede de pesca. Sabíamos que a chance de encontrarmos o animal em uma área tão grande era minúscula, mas tínhamos que tentar. Depois de muito tempo vagando debaixo d´água a esmo, por mais incrível que isso possa parecer, eu e meu dupla na ocasião, Edu Guariglia, fomos conduzidos, guiados, por duas raias chitas, para maior profundidade em local muito mais afastado do que o local onde estávamos. “E demos de cara com a manta enroscada, muito ferida, sangrando nos locais onde os cabos da rede já estavam cortando a carne do animal. Essa manta fêmea, muito dócil e visivelmente exausta, parou para que a socorrêssemos. Eu sentia ela tremendo de dor enquanto removia os cabos enterrados em sua carne. O jorro de sangue em profusão era assustador, e por um momento eu achei que não conseguiria, que aquilo era demais pra eu suportar. Mas eu jamais me perdoaria se tivesse falhado, então engoli o choro e trabalhei. Desenroscamos muita rede, cortamos muitos cabos grossos. Mas a manta, exausta e após perder muito sangue, não nadava mais. “Começamos a empurrá-la para que voltasse a nadar. Ela reagia por um instante, mas afundava de novo. Não desistimos dela, continuamos empurrando até que ela nadou rumo ao costão rochoso, onde o cinegrafista estreante Jean Marcel fez algumas imagens incríveis, para que nunca mais nos esquecêssemos. Aos poucos a manta recobrou as forças e saiu nadando rumo ao azul. Depois voltou, como que cumprimento a todos e dando um ‘adeus’ antes de desaparecer novamente no azul. Pagamos muito tempo de descompressão após termos estourado nosso tempo de

fundo, e nem sequer tínhamos ar o suficiente pra pagar toda a descompressão. Pra mim ficou o alívio de ter correspondido quando fui exigida. Ainda choro quando penso nesse animal e torço para que ela tenha tido vários filhotes por aí”. Noites e madrugadas no livro

Outro momento marcante, esse crucial, qual teria sido? “Sem dúvida foi a confecção e o lançamento do livro fotográfico Laje de Santos, Laje dos Sonhos. Foi um momento muito difícil. Advogados estão acostumados a lidar com prazos fatais, mas produzir uma peça processual e um livro tem uma diferença muito, muito grande, em especial pela quantidade de autores e fotógrafos envolvidos no livro, pois cada capítulo foi escrito por um especialista em sua área, cada um com seu próprio timing , todos personalidades muito marcantes. Além dos autores, participaram dezenas de fotógrafos, cada um com seu jeito de fazer as coisas. E meu trabalho não parou, então eu tinha atividades profissionais durante o dia e ocupava noites, madrugadas e finais de semana com o livro. “Foi um processo vivido muito intensamente por mim e pelo biólogo do Instituto, Osmar José Luiz Jr. Quando o livro finalmente foi para impressão, tive o ombro do professor Ivan Sazima pra chorar o que ele chama de Síndrome do Livro Findo. A gente simplesmente fica no vazio. Sai de um processo de aceleração total pra um vazio que não tem tamanho. Eu não sabia o que fazer com minhas noites e com minhas madrugadas, fiquei várias noites olhando pras paredes, literalmente. Claro que valeu a pena, mas foi tão sofrido que, quando chegou a vez do documentário, se não fosse a Paula Romano ter assumido pra ela essa responsabilidade, eu não teria tido coragem de assumir como fiz com o livro. São projetos meio kamikazes, a gente pare o ‘filho’ e morre em seguida”. Olhos atentos e treinados

E daqui pra frente, como fica? “O Projeto Mantas do Brasil está crescendo. Afinal, as mantas gigantes são do Brasil e não apenas da Laje de Santos.

Momento de autografar o livro: ‘valeu a pena o processo tão sofrido’

Nesta nova fase que estamos renovando junto à Petrobrás o projeto prevê observações e envolvimento de comunidades desde o sul do país até o litoral sul do Rio de Janeiro, locais onde elas têm sido observadas sazonalmente. E além de o Projeto crescer em termos de extensão territorial, vai crescer em termos de conteúdo. No bojo do Projeto Mantas do Brasil está previsto o lançamento do Programa Cidadão Cientista, que capacitará os mergulhadores a participarem do Projeto através de um audiovisual. “É uma tendência no mundo inteiro os mergulhadores desejarem participar mais das atividades de pesquisa, e estamos implantando essa iniciativa aqui no Brasil. É um convite ao mergulhador para que deixe a postura passiva e passe a trabalhar efetivamente em prol da preservação e da ciência. No Padi Festival 2012 tivemos a ilustre visita do Sr. Jean-Michel Cousteau, que disse uma frase que ficou comigo. ‘Nós mergulhadores, somos poucos e somos os ÚNICOS OLHOS abaixo da linha d´água.’ Ele colocou em palavras um chamado que eu já trazia comigo. Acredito que no próprio ano de 2013 tenhamos condições de lançar esse Programa, instigando os mergulhadores a fazer esse papel e assumir a responsabilidade de sermos os ‘únicos olhos abaixo da linha d’água’. Que sejam olhos atentos, interessados e treinados”.

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Perfil

Osmar José Luiz Jr

Noeli Ribeiro

REGISTRAR PARA

Cerianto

Osmar José Luiz Jr

Maurício Andrade

Holacanthus ciliaris fase adulta

Caranguejo Aranha

Estrelas do mar 20

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Paula Romano

Paula Romano

Maria da toca

Garoupa verdadeira


Ana Paula Balboni Coelho

Paula Romano

PRESERVAR

Paula Romano

Golfinhos

Paula Romano

Mithrax

Paula Romano

Tartaruga verde

Paula Romano

Pomacanthus paru

Peixes borboleta

Miriquites

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Dia Mundial do Meio Ambiente

Empresa, de origem sueca, faz o adjetivo do slogan em sua logomarca ser o fio condutor das prĂłprias iniciativas nos campos econĂ´mico, ambiental e social Gabriel Arcanjo Nogueira


DNA da empresa Fernando afirma: “Desde sua criação, a Tetra Pak, líder mundial em soluções para processamento e envase de alimentos, tem a premissa da sustentabilidade em seu DNA. Acreditamos em uma liderança industrial responsável, gerando crescimento com rentabilidade em harmonia com a preocupação ambiental e boa cidadania corporativa. Partindo do princípio de que uma embalagem deve economizar

Divulgação Tetra Pak

mais do que custa, a Tetra Pak investe, há mais de 50 anos, em ações em prol da preservação do meio ambiente”. Trabalho que inclui “o incremento da quantidade de recursos renováveis e aprimoramento do desempenho ambiental de suas embalagens”. O executivo ressalta a importância de se proteger alimentos como “forma de sustentabilidade, pois a produção desse alimento gera impacto negativo em toda a cadeia. Logo, a embalagem é um ator fundamental para manter a cadeia alimentar dentro dos padrões ambientais aceitáveis”. Ponto forte e preocupação constante da empresa é desenvolver e investir em tecnologias para “reciclagem das embalagens cartonadas, que são repassadas para empresas recicladoras. Esta é uma atitude fundamental para o fomento da coleta seletiva e incremento da taxa de reciclagem”. Fernando acentua que “a Tetra Pak foi pioneira no relacionamento com as cooperativas de catadores. Além disso, foi a primeira empresa produtora de embalagens para líquidos a ser certificada pelo FSC, bem como lançou a primeira embalagem do mundo para alimentos com tampa de “polietileno verde”, produzido a partir do etanol de cana-de-açúcar, uma fonte 100% renovável”. Ele acredita que “cada vez mais, as embalagens serão produzidas a partir de fontes renováveis e certificadas e terão, desde o início de seu desenvolvimento, a preocupação com a reciclagem no final da cadeia”. Vencer obstáculos Um assunto que tem gerado polêmicas no processo da reciclagem está em, na reta final, recorrer-se ao aterro sanitário para o que não for aproveitável. Haveria um aterro sanitário ideal? O diretor de Meio Ambiente da Tetra Pak tem lá suas ressalvas. “Nossas embalagens são 100% recicláveis; sendo assim o aterro sanitário não deve ser o objetivo final de um produto, seja ele qual for. Entretanto, quando não existe outra opção, aterros sanitários bem gerenciados com recuperação de gases para produção de energia e sistema de tratamento dos líquidos gerados é uma opção.” Há que se levar em conta sempre o aspecto social. Por isso o executivo destaca: “A reciclagem de embalagens longa vida pós-consumo gera emprego e renda, além de promover a conservação ambiental e a cidadania”. No entanto, há obstáculos a vencer, para otimizar a cadeia de reciclagem.

Fernando: “emissões de carbono, em operações próprias, foram reduzidas em duas toneladas em 2012, mesmo com aumento de 9,5% no volume de produção” Divulgação

Divulgação Tetra Pak

É

cada vez mais comum o brasileiro consumir produtos, prontos para beber, seja em casa seja em encontros de trabalho ou de lazer. Nas embalagens, está a marca registrada: Tetra Pak Protege o que é bom. Junto a outras tantas recomendações a favor do que toda pessoa almeja: qualidade de vida. O caminho para se alcançar essa boa vida passa pela sustentabilidade. “Todas as embalagens da Tetra Pak são sustentáveis: possuem cerca de 75% de material proveniente de fontes renováveis e são 100% recicláveis. Além disso, o formato, peso e sistemas de transporte, estocagem e distribuição são altamente eficientes do ponto de vista de energia, economia de espaço, redução de emissões”, entre outros aspectos. Quem garante é Fernando von Zuben, diretor de Meio Ambiente da empresa. Tudo rigorosamente alicerçado nos três pilares que compõem a sustentabilidade: econômico, ambiental e social, lembra o executivo. Desde 2008 a Tetra Pak conta com a certificação das embalagens produzidas em suas duas fábricas no Brasil – em Monte Mor (SP) e em Ponta Grossa (PR) – com o selo FSC (ver “O que é o Certificado” ) . “A certificação brasileira significa que toda a cadeia de fornecimento no País – das florestas até a prateleira do varejista – vem de florestas bem manejadas e fontes controladas, certificadas pelo FSC”, diz Fernando. O diretor de Meio Ambiente esclarece sobre a certificação da Tetra Pak, chamada “Certificação de Cadeia de Custódia, que se aplica a fabricantes, processadores e comerciantes de produtos florestais certificados pelo FSC. Verifica-se todo o processo de fabricação dos produtos florestais ao longo da sua cadeia de produção. Em cada fase da cadeia de processamento e transformação, é necessária a certificação de cadeia de custódia, para garantir que os produtos florestais certificados pelo FSC são mantidos separados dos produtos não certificados”.

Fernando cita alguns: “promover a coleta seletiva nos municípios e fazer o material separado pelas cooperativas chegar aos recicladores, seja por falta de ações do poder público, seja por falta de informação e participação da população. Desde 2002, a Tetra Pak, além de ações de apoio a prefeituras e cooperativas, realiza um trabalho de campo para fomentar a cadeia de reciclagem de suas embalagens. Para isso, conta com o apoio de uma equipe de colaboradores externos que atuam em diversas regiões do País. “O trabalho desses prestadores de serviço é bastante amplo. Eles realizam a prospecção de iniciativas de coleta seletiva com catadores, cooperativas, comércios, escolas, igrejas e outras instituições, levando informações sobre a importância da coleta e da reciclagem das embalagens longa vida pós-consumo. Quando as iniciativas não estão bem estruturadas, eles oferecem orientação para que se organizem da melhor forma possível. Atuam também em meio a prefeituras para conscientizá-las da importância da reciclagem e incentivá-las a implantar a coleta seletiva formal em seus municípios”.

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Dia Mundial do Meio Ambiente

Projeto educacional de longo alcance No âmbito social, chama atenção o projeto Cultura Ambiental nas Escolas, fruto de parceria com a Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). É como a menina dos olhos da Tetra Pak pelo que representa em preparar as futuras gerações para a responsabilidade social, que ainda deixa a desejar no País. Fernando lembra os principais pontos em que se baseia essa iniciativa, a nosso ver exemplar.

Receptividade “Interessante notar que tanto professores como alunos têm mostrado interesse pelo tema. Ao fornecermos informações e ferramentas adequadas para os professores, estimulamos a formação de uma visão mais abrangente a respeito da problemática dos resíduos sólidos e da importância da coleta seletiva e reciclagem”, avalia Fernando.

Oficinas pedagógicas Nelas os professores recebem orientações sobre como utilizar os kits e aprendem o processo de reciclagem das embalagens longa vida para trabalhar os conceitos de coleta seletiva e reciclagem em sala de aula. Além desse trabalho de conscientização das comunidades e das novas gerações, a Tetra Pak desenvolve ações para fortalecer todos os elos da cadeia recicladora. A empresa apoia prefeituras de todo o país interessadas em implantar e ampliar a coleta seletiva, fornecendo material educativo. Em seu portal, a empresa permite livre acesso a qualquer segmento social, interessado em saber mais sobre esse projeto e demais iniciativas socioambientais. Fernando sinaliza: “Existem diversos tipos de parcerias e de materiais que fornecemos para diferentes públicos. Tudo depende do objetivo do projeto, e se ele de alguma forma está alinhado com a nossa estratégia ambiental”.

Divulgação Tetra Pak

Kits educativos Desenvolvido em 1997, em parceria com a Faculdade de Educação da Unicamp, esse projeto inclui a distribuição de kits educativos com material informativo e lúdico para que os alunos aprendam sobre reciclagem, além de capacitar professores e educadores. O kit educativo foi desenvolvido por uma equipe multidisciplinar da Unicamp e é composto da cartilha para o aluno “A embalagem e o ambiente”, o caderno do professor “Meio ambien-

te, cidadania e educação”, os vídeos “Quixote Reciclado” e “Carbono e Metano”, o folheto “Faça o seu papel!” e o pôster “Ciclo de vida das embalagens”, além de um informativo das oficinas ocorridas, com depoimentos e exemplos de projetos realizados pelos educadores. O material é distribuído para escolas do Ensino Fundamental de todo o Brasil, principalmente da rede pública. Mais de 6 milhões de estudantes e 40 mil escolas públicas e privadas foram beneficiados com informações sobre coleta seletiva e reciclagem.

Sistemas eficientes de transporte, estocagem e distribuição fazem o diferencial na cadeia de fornecimento: das florestas à prateleira do varejista

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Em seu 3º. Relatório de Sustentabilidade 2010/2011 a Tetra Pak contabilizou um marco na produção de embalagens com o selo FSC: mais de 4,3 bilhões de unidades até agosto de 2011. A empresa escolheu o dia 30 de setembro, em que acontece o “FSC Friday”, evento anual dedicado à celebração das florestas e à promoção do manejo florestal responsável, para anunciar o feito. Fernando atesta que “a Tetra Pak vem progredindo no sentido de alcançar seus objetivos ambientais para 2020. A companhia tem o compromisso de oferecer embalagens totalmente sustentáveis, utilizando apenas materiais renováveis, com baixíssima emissão de carbono e desperdício zero. “Para atingir o objetivo traçado, a empresa trabalha com foco em três vertentes: pegada ambiental, produtos sustentáveis e reciclagem. Alguns fatos ocorridos em 2012 nas áreas de reciclagem, produtos sustentáveis e emissões de carbono garantiram à companhia condições de alcançar objetivos traçados em longo prazo. “Globalmente, houve um aumento de 10% na reciclagem de embalagens longa vida, passando de 528 toneladas para 581. Cerca de 3,6 bilhões de embalagens foram recicladas no ano passado em relação a 2011. O Brasil acompanhou este crescimento e alcançou um volume de 65 mil toneladas recicladas, o que correspondeu

a 29% do total produzido. A companhia investe dezenas de milhões de euros para promover a conscientização do consumidor, bem como o trabalho com os municípios locais para aumentar a taxa de reciclagem em todo o mundo. “No âmbito dos produtos sustentáveis, 610 milhões de embalagens, com tampa de biopolímero, derivado de cana-de-açúcar, foram comercializadas em 2012. Em 2011 a utilização ficou em torno de 80 milhões. Além disso, 26,4 bilhões de embalagens da Tetra Pak levaram o selo FSC em 39 países, no ano passado, representando um incremento de 40% em relação a 2011. “Sob o ponto de vista da pegada ambiental, números iniciais indicam que as emissões de carbono, em operações próprias da Tetra Pak, foram reduzidas em duas toneladas em 2012, mesmo com um aumento de 9,5% no volume de produção”.

Divulgação Tetra Pak

Balanço socioambiental de respeito

Tetra Evero™ Aseptic, uma das embalagens 100% recicláveis, feitas com 75% de material proveniente de fonte renovável

Projeto Cultura Ambiental nas Escolas vale pelo estímulo à formação de visão socioambiental mais abrangente em 6 milhões de estudantes de 40 escolas públicas e privadas

O que é o Certificado Criado em 1993, como resposta às preocupações sobre o desmatamento global e o destino das florestas mundiais, FSC é a sigla de Forest Stewardship Council, que em português significa Conselho de Manejo Florestal. Trata-se de instituição internacional, sem fins lucrativos, formada por representantes de entidades do mundo todo, e é um dos únicos sistemas de certificação florestal

apoiado por grandes entidades, como WWF e Greenpeace. É baseada em três pilares de igual importância: econômico, ambiental e social A certificação florestal busca contribuir para o uso adequado dos recursos naturais, apresentando-se como uma alternativa à exploração predatória das florestas. Atesta que determinada empresa ou comunidade obtém produtos florestais, respeitando os aspectos

ambientais, sociais e econômicos da região. Para obter a certificação florestal, a empresa ou comunidade é avaliada segundo os padrões de desempenho ambiental, social e econômico estabelecidos pelo Conselho de Manejo Florestal. Destina-se a proprietários e administradores florestais, que podem se certificar na modalidade Manejo Florestal, para demonstrar que as suas florestas são manejadas de forma responsável.

Fonte: Tetra Pak Neo Mondo - Junho 2013

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World Environment Day

Company, of Swedish origin, makes the adjective of it slogan on their logo to be the thread of their own initiatives in the economic, environmental and social fields. Gabriel Arcanjo Nogueira


Company DNA Fernando explains: “Since its creation, Tetra Pak, the world leader in solutions for packaging and processing of food, has the premise of sustainability in their DNA. We believe in responsible industry leadership, creating profitable growth in harmony with environmental concern and good corporate citizenship. Assuming that a package should save more than it

costs, Tetra Pak invests more than 50 years in actions for the preservation of the environment”. The executive emphasizes the importance of protecting food as “form of sustainability, since the production of this food generates negative impact throughout the chain. Therefore, the packaging is a key player to keep the food chain within the acceptable environmental standards”. The strength and constant concern of the company is the develop and invest in technologies to “recycle the cartons, which are passed on to recycling companies. This is a fundamental attitude to the development of selective and increase the recycling rate”. Fernando emphasizes that “Tetra Pak has pioneered the relationship with recycling cooperatives. Besides that, it was the first company producing packaging for liquids to be FSC certified as well, and launched the first in the world for food packaging with lid “green polyethylene”, produced from ethanol cane sugar, one 100% renewable source”. He believes that “increasingly, the packaging will be produced from renewable and certified sources, and have, since the beginning of its development, concern for recycling at the end of the chain”. Overcoming obstacles One issue that has generated controversy in the process of recycling is, in the final stage, turning to the landfills for what is not useful. There would be an ideal landfill? The Environmental Director of Tetra Pak has his reservations. “Our packaging is 100% recyclable; therefore the landfill should not be the ultimate goal of a product, whatever it is. However, when there is no other option, well-managed landfills with gas recovery for energy production and system of treatment for generated liquid waste. is an option.” We must always take into account the social aspect. So the executive points out: “The recycling cartons post-consumer generates employment and income, and promote environmental conservation and citizenship.” However, there are obstacles to overcome, to optimize the recycling chain. Fernando quote some: “promote the selective collection in municipalities and

Divulgation Tetra Pak

Fernando: “carbon emissions, in its own operations, were reduced by two tons in 2012, despite a 9.5% increase in production volume” Divulgação

divulgation Tetra Pak

I

t is increasingly common Brazilians consume products, ready to drink, whether at home, business meetings or for their own pleasure. On the package there’s a trademark: Tetra Pak Protects What’s Good. Along with many other recommendations in favor of what everyone craves: quality of life. The way to achieve this good life goes through sustainability. “All Tetra Pak packages are sustainable: they have about 75% of materials from renewable sources and are 100% recyclable. Furthermore, the shape, weight and transportation systems, storage, and distribution are highly efficient in terms of energy, space saving, emissions reduction, “among others. Who guarantees this is Fernando von Zuben, Environmental Director of the company. Everything rigorously founded on the three pillars that make up sustainability: economics, environmental and social; recalls the executive. Since 2008 Tetra Pak has the certification of packaging produced at its two factories in Brazil – Monte Mor (SP) and Ponta Grossa (PR) – with the FSC label (see “What is Certified”). “The Brazilian certification means that the entire supply chain in the country – from forests to the retailer’s shelf – comes from well-managed forests and controlled sources certified by FSC,” says Fernando. The Director of Environment clarifies the certification from Tetra Pak, named “Chain of Custody certification”, which applies to manufacturers, processors and traders of forest products certified by FSC. All the fabrication process is verified trought it’s production chain. At each stage of the processing chain and transformation is necessary certification of chain of custody to ensure that FSC certified forest products are kept separate from non-certified products”.

make the material separated by cooperatives reach recyclers, either for lack of government actions, either for lack of information and participation. Since 2002, Tetra Pak, besides supporting actions from municipalities and cooperatives, conducts field work to promote recycling chain packaging. For this, it has the support of a team of external collaborators working in different regions of the country.” “The work of these service providers is quite broad. They conduct prospecting initiatives of selective collection with collectors, cooperatives, businesses, schools, churches and other institutions, providing information about the importance of collecting and recycling the cartons after consumption. When initiatives are not well structured, they offer guidance to organize themselves in the best way possible. Also act on municipalities to make them aware of the importance of recycling and encourage them to implant the formal selective collection in their municipalities”.

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World Environment Day

Educational project of long-range Socially, the project Environmental Culture in Schools, calls attention; with is the result of a partnership with the State University of Campinas (Unicamp). It’s like the darling of the Tetra Pak which is to prepare future generations for social responsibility, which is still precarious in the country/ Fernando remember the main points that underpin this initiative, see our exemplary.

Receptivity “Interestingly, both teachers and students have shown interest in the topic. By providing appropriate information and tools for teachers, encourage the formation of a more comprehensive view about the issue of solid waste and the importance of selective collection and recycling, “says Fernando.

Educational workshops On them teachers receive guidance on how to use the kits and learn the process of recycling the cartons to work the concepts of selective collection and recycling in the classroom. In addition to this work, and community awareness of new generations, Tetra Pak develops actions to strengthen every link in the recycling chain. The company supports local governments across the country interested in developing and expanding the selective collection, providing educational material. On its website, the company allows free access to any social group, interested in learning more about this project and other green initiatives. Fernando signals: “There are various types of partnerships and we provide materials for different audiences. Everything depends on the purpose of the project, and if it is somehow aligned with our environmental strategy. “

Divulgation Tetra Pak

Educational kits Developed in 1997, in partnership with the Faculty of Education at Unicamp, this project includes the distribution of educational kits with informative and entertaining material for students to learn about recycling, in addition to training teachers and educators. The educational kit was developed by a multidisciplinary team of Unicamp and consists of primer for the student: “Packaging and the Environment”, teacher’s guide “Environment,

citizenship and education”, the videos “Quixote Recycled” and “Carbon and Methane”, the brochure “Do your part!” and the poster “Life cycle of packaging “, plus an informative workshops occurred with testimonials and examples of projects undertaken by educators. The material is distributed to schools in the elementary school across Brazil, especially in public schools. More than Six millions students and forty thousand public schools and private, were benefited with informations about selective collection and recycling

Efficient systems of transportation, storage and distribution make the difference in the supply chain: from forest to the shelf of the retailer

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In his 3rd. Sustainability Report 2010/2011 Tetra Pak has recorded a milestone in the production of packaging with the FSC label: over 4.3 billion units by August 2011. The company chose the 30th of September, in which case the “FSC Friday”, an annual event dedicated to the celebration of forests and the promotion of responsible forest management, to announce the feat. Fernando attests that “Tetra Pak is progressing towards achieving its environmental objectives for 2020. The company is committed to provide fully sustainable packaging using only renewable materials, with very low carbon and zero waste. “To achieve our objective, the company works with a focus on three areas: environmental footprint, sustainable products and recycling. Some events that occurred in 2012 in the areas of recycling, sustainable products and carbon emission, assured the company long-term goals. “Overall, there was a 10% increase in recycling cartons, from 528 tons to 581. About 3.6 billion packages were recycled last year compared to 2011. Brazil followed this growth and reached a volume of 65 thousand tons recycled,

which represented 29% of total production. The company invests tens of millions of euros to promote consumer awareness, as well as working with local municipalities to increase the recycling rate in the world. “In the context of sustainable products, 610 million packs, lidded biopolymer derived from cane sugar, were sold in 2012. In 2011 the use was around 80 million. In addition, 26.4 billion Tetra Pak packages led FSC in 39 countries last year, representing an increase of 40% compared to 2011. “From the point of view of environmental footprint, initial numbers indicate that carbon emissions in its own operations from Tetra Pak, were reduced by two tons in 2012, even with a 9.5% increase in production volume”.

Divulgation Tetra Pak

Balance environmental respect

Tetra Evero™ Aseptic, a 100% recyclable packaging, made with 75% of it’s material from renewable sources.

The Environmental Culture in Schools Project, it’s worth because stimulates the formation of broader environmental vision in 6 million students from 40 public and private schools

What is Certified Created in 1993 in response to concerns over global deforestation and the fate of the world’s forests, FSC stands for Forest Stewardship Council. It is an international institution, nonprofit, formed by representatives of organizations around the world and is one of the only forest certification

systems backed by large entities such as WWF and Greenpeace. It is based on three pillars of equal importance: economic, environmental and social Forest certification aims to contribute to the proper use of natural resources, presenting itself as an alternative to predatory exploitation of forests. Attests that particular business or community gets forest products,

respecting the environmental, social and economic region. For forest certification, business or community is assessed according to the standards of environmental, social and economic set by the Forest Stewardship Council. Intended to forest owners and managers, who can certify forest management modality, to demonstrate that their forests are managed responsibly.

Source: Tetra Pak Neo Mondo - June 2013

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Dia Mundial do Meio Ambiente

O hiato dos Vagalumes Verdadeiros indicadores dos impactos ambientais, os vagalumes estão sumindo – e com eles uma série de aplicações biotecnológicas e medicinais Da Redação

A

lembrança de noites pontuadas por potes brilhantes, cheios de vagalumes, não é rara entre brasileiros de gerações passadas. Os mais jovens, no entanto, não tiveram tanta sorte - é cada vez mais difícil presenciar o espetáculo luminoso dos insetos, afugentados pelas luzes urbanas e pela degradação ambiental de biomas em todo o país. A constatação faz parte de uma pesquisa coordenada pelo professor Vadim Viviani, do grupo de Bioluminescência e Biofotônica da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), no campus de Sorocaba (SP). Há cerca de 20 anos, o grupo visita periodicamente a região do Parque Nacional das Emas, no sudoeste do Estado de Goiás, que preserva uma parte do Cerrado e abriga diversas espécies de fauna e flora ameaçadas de extinção. Segundo o professor, o desaparecimento dos insetos indica sutilmente um problema muito maior. “Belezas naturais, ícones da diversidade brasileira correm risco de extin-

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ção. Por conta da degradação ambiental, que é muito grande.” Engana-se quem imagina que a deterioração citada é fruto de desmatamentos e queimadas, somente. Viviani explica que plantações, principalmente de soja, tomaram enormes áreas que até então eram pastagens ou habitats naturais – o caso Mata Atlântica, um dos ecossistemas mais ricos em vaga-lumes no mundo. Ele estima que o dano já se estenda até o norte de Tocantins e acredita que o uso de pesticidas, herbicidas e outras substâncias químicas utilizadas nas lavouras também contribuiu para a extinção silenciosa de algumas espécies. Tal desequilíbrio abala não só a natureza, mas os cientistas e pesquisadores – e isso tem a ver com o potencial de aplicação da luciferase, a enzima responsável pela emissão de luz dos vaga-lumes, desde o estágio larval até o adulto. O processo que gera luz é o mesmo em quase todos os animais bioluminescentes: a luciferase oxidar a proteína luciferina, o que

emite fótons de luz – como se fosse um processo inverso da fotossíntese. A substância funciona como um biossensor, se “apagando” se exposta a toxinas, por exemplo, e tornando mais fácil a detecção de agentes microbicidas e crescimento celular. Esta última aplicação é uma das mais promissoras, pois torna possível o estudo e acompanhamento de vários tipos de câncer. Hoje, o interesse é descobrir ainda mais detalhes sobre o mecanismo de funcionamento das enzimas relacionadas com a bioluminescência para tentar modificá-las para torná-las ainda mais aplicáveis do que já são. Conforme a redução da diversidade de espécies, o leque de possibilidades de descobertas e melhorias biotecnológicas vai se fechando. “Precisamos preservar o meio ambiente por também sermos parte dele, e não só para tirarmos proveito do que ele nos oferece”, ressalta o professor. Ele ainda explica que, embora existam vários estudos sobre bioluminescência em outros países, aqui no Brasil poucos sabem da importância das moléculas de vaga-lumes para a biomedicina e biotecnologia atual. Esse fator faz coro aos efeitos da iluminação artificial, que também prejudica a manutenção dessas espécies. É que a iluminação pública, cada vez mais generosa e potente, literalmente apaga o lampejo emitido para atrair o parceiro para o acasalamento. No livro Antes que os vaga-lumes desapareçam, o pesquisador Alessandro Barghini, do Instituto de Eletrotécnica e Energia e do Laboratório de Estudos Evolutivos do Instituto de Biociências (IB) da Universidade de São Paulo (USP), conta que os vagalumes “desligam” a luz quando o nível de iluminação ambiente é superior a 0,5 lux – a mesma medida da intensidade lu-


Krill-do-norte (Meganyctiphanes norvegica)

Pyrophorus e Microlampis omissa observados pela equipe do LBF (Laboratório de Bioluminescência em Fungos) no Parque Nacional das Emas

Das 500 espécies conhecidas do fungo Mycena, 35 são bioluminescentes

Polvo-sugador-brilhante (Syrtensis stauroteuthis)

minosa que muitas câmeras fotográficas exigem para capturar imagens ou vídeos com o mínimo de qualidade. Com isso, a reprodução é diretamente ameaçada e a população dos insetos definha. Nem tudo que brilha é ouro No Brasil, os seres luminosos são na maioria terrestres. Além dos vagalumes, existem fungos que emitem uma luz constante devido a reações químicas que dependem sempre da presença de oxigênio. Tais organismos são estudados por uma equipe de pesquisadores do Laboratório de Bioluminescência de Fungos, do Instituto de Química da Universidade de São Paulo (IQ-USP). O grupo, coordenado pelo professor Cassius Stevani, investiga o mecanismo de bioluminescência, substâncias bioativas em extratos dos cogumelos, o desenvolvimento de bioensaios ecotoxicológicos, a biorremediação de solos contaminados e a biodegradação de resíduos industriais. Em geral, as espécies de fungos bioluminescentes ocorrem em ambientes florestais úmidos, pois dependem da umidade para se alimentar, crescer e reproduzir daí o motivo de muitos estarem na América do Sul. A bioluminescência dos fungos pode servir para defesa (alertar predadores ou atrair predadores de animais fungívoros) e para atrair insetos noturnos, que auxiliam na dispersão dos esporos – que podem germinar e originar outro fungo. Apesar de desempenhar funções indispensáveis ao funcionamento de ecossistemas terrestres (como a decomposição de matéria orgânica morta, por exemplo), os fungos ainda estão dentre os organismos menos conhecidos do mundo ainda não se

sabe muito sobre o mecanismo das reações químicas associadas a esse processo, nem por que ele ocorre. Edith Widder, pesquisadora da Associação de Pesquisa e Conservação de Oceanos Fort Pierce, nos Estados Unidos, publicou um artigo em maio na revista Science com um foco especial nos animais marinhos. Apesar de ainda ser difícil detectar esses animais (pois exigem técnicas como a iluminação infravermelha), 700 gêneros bioluminescentes já foram registrados e 80% deles são encontrados no oceano. Por conta do ambiente em que vivem, a cor mais frequente na bioluminescência desses animais é o azul, seguida pelo verde, violeta, amarelo e laranja, além de outros espectros de cor imperceptíveis ao olho humano. Os motivos são basicamente os mesmos: conseguir alimento, achar um par e auxiliar na defesa, que pode ser uma camuflagem ou a exalação de partículas luminosas que despistam ou cegam o predador. Algumas das espécies marinhas bioluminescentes conhecidas incluem o peixe-lanterna (Symbolophorus barnardi), cujos olhos são iluminados, o krill-do-norte (Meganyctiphanes norvegica), parecido com um camarão, ou o polvo-sugador-brilhante (Syrtensis stauroteuthis), que lembra uma medusa. Qualquer semelhança não é mera coincidência Se você já assistiu Avatar, vai saber do que estou falando. Em um primeiro momento, as imagens panorâmicas de bioluminescência em Pandora são hipnotizantes – nivelamos este tipo de beleza, nunca visto antes, a um sonho bom que alguém sonhou.

Mas o que realmente surpreende é redescobrir a bioluminescência sob formas que existem aqui – e se não dá mais shows de cor e brilho é por motivos que vão do obstáculo tecnológico de captura de imagens até o pouco conhecimento do assunto, como pesquisadores citam acima. O próprio Vadim Viviani, professor da UFSCar, reconhece a semelhança. “Certamente os produtores do filme consultaram especialistas em bioluminescência.” (com informações da Agência Fapesp, How Stuff Works e Scietific American Brasil)

Fonte: http://plantandoconsciencia.wordpress.com

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Divulgação Fundação Grupo Boticário

Dia Mundial do Meio Ambiente

IMAGINE...

um planeta com vida Não seria difícil se a gente tentasse entender o que fazem pessoas sérias, ligadas a instituições idôneas, e se juntasse a elas por um mundo único de paz, sem ganância...* Gabriel Arcanjo Nogueira **

Pedreiro-do-espinhaço, descoberto por equipe de pesquisadores, é parente do joão-de-barro

N

uma edição dedicada ao Dia Mundial do Meio Ambiente NEO MONDO procura dotar-se de otimismo realista ante cenários ‘apocalípticos’ e iniciativas que podemos classificar de ‘trabalho de formiguinha’, com o objetivo de mostrar à classe governante, principalmente, que um planeta vivo ainda é possível. Desde que medidas efetivas com base em estudos e pesquisas categorizados sejam tomadas. Antes que frustremos o autor do Apocalipse: “... vi quatro Anjos, postados nos quatro cantos da terra, segurando os quatro ventos da terra, para que o vento não soprasse sobre a terra, sobre o mar ou sobre alguma árvore. Vi também outro Anjo que subia do Oriente com o selo do Deus vivo. Esse gritou em alta voz aos quatro Anjos que haviam sido encarregados de fazer mal à terra e ao mar: ‘Não danifiqueis a terra, o mar e as árvores’...”. E olha que nos anos 70-95 (provável época desses escritos) não se tinha notícia

de ensurdecedoras motosserras, possantes tratores, nem queimadas irresponsáveis. Mercúrio na atmosfera 1918 anos depois, recente pesquisa da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) revela: o que antes seria apenas ameaça acaba de se concretizar - o desmatamento provocado por queimadas na região amazônica brasileira pode gerar agravante ainda desconhecido. O estudo, coordenado pela oceanógrafa Anne Hélène Fostier, docente do Instituto de Química (IQ) da Unicamp, revelou que, além da destruição do bioma, as queimadas na região provocam elevadas emissões de mercúrio na atmosfera, elemento altamente tóxico aos seres vivos. Em sua edição 556, o Jornal do Campus, da Unicamp, traz a constatação, a nosso ver alarmante e desafiadora, e acrescenta: o trabalho demonstrou que são liberadas, anualmente, 12 toneladas de mercúrio com a queima da vegetação

* Conforme John Lennon. ** Com informações das Assessorias de Imprensa.

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e do solo superficial da floresta. Cálculo que leva em conta a taxa anual de desmatamento da região, estimada em 1,7 milhão de hectares no período entre 2000 e 2010. “O mercúrio emitido pela ação das queimadas pode ser transportado em escala local, regional ou mesmo global. Isso acontece porque o elemento possui um longo tempo de residência na atmosfera, onde permanece, em média, um ano. Durante este tempo, ele é capaz de ‘rodar’ todo o planeta, razão pela qual é considerado como um poluente global”, alerta a pesquisadora. Ela desenvolve estudos nesta área há mais de uma década. As primeiras investigações sobre o assunto foram realizadas no final dos anos de 1990 no Amapá. Já o último trabalho de campo na floresta, realizado em setembro de 2011, foi em uma estação experimental da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), localizada no Acre.


Convenção de Minamata Menos mal que, em âmbito global, registra o Jornal do Campus, “a preocupação com o poluente impulsionou a assinatura de um tratado em fevereiro último. Conhecido como Convenção de Minamata, o acordo objetiva reduzir as fontes de emissão de mercúrio do planeta. O Brasil é um dos signatários desta convenção. Para entrar em vigor, o acordo necessita da aprovação de 50 países. O nome do tratado é uma referência ao desastre na cidade de Minamata, no Japão, que intoxicou, por meio do mercúrio na água, centenas de pessoas. A tragédia ocorrida na década de 1920 deu origem à Doença de Minamata, uma síndrome neurológica causada pela intoxicação com o elemento químico”. Hélène avalia: “A assinatura desta convenção internacional mostra o quanto a problemática das emissões de mercúrio na atmosfera continua sendo uma questão extremamente importante para a qualidade do meio ambiente”. A docente da Unicamp cita pesquisas internacionais que mostram uma multiplicação por três das concentrações de mercúrio na atmosfera no século passado em relação àquelas existentes na era pré-industrial. “Isso aconteceu devido a todas as emissões geradas pela ação do homem”, afirma.

Divulgação

Hélène pesquisa efeitos danosos das emissões de mercúrio há mais de uma década: 12 t/ano na região amazônica vira poluente global

Antoninho Perri – Ascom – Unicamp

Hélène adverte que, uma vez lançado na atmosfera, o mercúrio pode ir para o solo ou para os corpos aquáticos. Nos rios, lagos e oceanos o elemento nocivo passa por um processo de metilação, que o torna ainda mais tóxico. “A metilação acontece no meio ambiente por via biológica e transforma o mercúrio inorgânico em orgânico, principalmente em metilmercúrio, uma das formas mais tóxicas deste elemento. Quando o metilmercúrio é incorporado pela cadeia alimentar, os riscos de intoxicação são muito grandes. É uma ameaça, sobretudo, para as populações ribeirinhas, que encontram nos peixes a sua principal fonte proteínica”, diz a docente. Ainda de acordo com ela, qualquer processo que favoreça a incorporação de mercúrio na cadeia alimentar eleva os riscos imediatos de intoxicações para a população, tornando-se um problema local e regional.

A oceanógrafa, no laboratório em Campinas: o metilmercúrio, forma mais tóxica, incorpora-se à cadeia alimentar com grandes riscos de intoxicação

Lavagem de madeira O alerta de Hélène soma-se a gravíssima denúncia contida em relatório do Programa da ONU para o Meio Ambiente (Pnuma) e da Interpol, segundo o qual o comércio criminoso de madeira ultrapassa US$ 30 bilhões e é responsável por até 90% do desmatamento tropical. O estudo, divulgado na Conferência Mundial sobre Florestas em Roma em setembro de 2012, relata mais de 30 formas de aquisição e lavagem de madeira ilegal que comprometem esforços de segurança, mitigação do clima e desenvolvimento sustentável, atesta o Pnuma. É o caso de se perguntar: aonde iremos parar se as autoridades do país e do exterior não agirem com o rigor que o caso merece? De acordo com o estudo conjunto do Pnuma e Interpol, de 50% a 90% da exploração madeireira

nos principais países tropicais da Bacia Amazônica, África Central e Sudeste da Ásia são realizados pelo crime organizado com consequências danosas no combate à mudança do clima e ao desmatamento, bem como na conservação da fauna e na erradicação da pobreza. Em todo o mundo, a extração ilegal de madeira já responde por entre 15% e 30% do seu comércio global, segundo o mesmo relatório. Depois de lembrar que as florestas do mundo capturam e armazenam dióxido de carbono e ajudam a mitigar a mudança climática, o estudo ressalva que o desmatamento, principalmente de florestas tropicais, é responsável por cerca de 17% de todas as emissões de CO2 causadas pelas pessoas — superior a 50% da causada em conjunto por navios, aviões e veículos de transporte terrestre.

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Esforço internacional O relatório conclui que, sem um esforço coordenado internacionalmente, madeireiros ilegais e cartéis vão continuar controlando operações de um porto a outro em busca de seus lucros, em detrimento do meio ambiente, das economias locais e até mesmo da vida dos povos indígenas. O Pnuma lembra que tanto o REDD quanto o REDD+ fornecem marcos legais nacionais e internacionais, incluindo acordos, convenções e sistemas de certificação, para reduzir a extração ilegal de madeira e apoiar as práticas sustentáveis. Mas, para que o REDD+ seja sustentado a longo prazo, os pagamentos aos esforços de conservação das comunidades precisam ser maiores do que os lucros provenientes de atividades que levam à degradação ambiental. “O financiamento para gerenciar melhor as florestas representa uma enorme oportunidade não somente para a mitigação da mudança do clima, mas também para reduzir as taxas de desmatamento, melhorar o abastecimento de água, diminuir a erosão do solo e gerar empregos verdes decentes no manejo de recursos naturais”, disse Achim Steiner, subsecretário-geral da ONU e diretor-executivo do Pnuma. “A exploração madeireira ilegal pode, contudo, minar esse esforço, roubando as chances de um futuro sustentável de países e comunidades, caso as atividades ilícitas sejam mais rentáveis do ​​ que as atividades legais sob o REDD+”, acrescentou. Práticas sugeridas Para não ficar apenas na denúncia, o relatório sugere, entre outras práticas: • Aumentar as capacidades nacionais de investigação e operação por meio

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de treinamentos sobre crime ambiental transnacional. Centralizar todas as licenças de desmatamento em um registo nacional, o que poderá facilitar muito a transparência e investigação. Classificar regiões geográficas com base no grau de suspeita de ilegalidade e restringir o fluxo de madeira e produtos de madeira dessas áreas. Incentivar investigações de fraude fiscal com um foco particular em plantações e usinas. Reduzir a atratividade de investimentos em empresas florestais ativas em regiões identificadas como áreas de extração ilegal de madeira por meio da implementação de um sistema de classificação internacional da Interpol de empresas de extração, operação e compra em regiões com um alto grau de atividade ilegal.

Desmonte de gestão Se não bastassem esses alertas todos, NEO MONDO registra o lançamento do livro Conservação da natureza e eu com isso?, durante o VII Congresso Brasileiro de Unidades de Conservação (CBUC), em Natal. A iniciativa é da Fundação Brasil Cidadão e de ambientalistas que criticam o “desmonte da gestão ambiental” do país. Segundo um dos organizadores do livro, José Truda Palazzo, da Rede Marinho-Costeira e Hídrica do Brasil, ainda vigora por aqui o discurso de que “a natureza atrapalha o progresso e as espécies da fauna atrapalham as obras desenvolvimentistas”. Truda avalia que “o país vive uma política

deliberada de desmonte da gestão ambiental, o que inclui o desmonte das Unidades de Conservação”. Gravíssimo, não é mesmo? E que, por isso, “estamos tentando contribuir para despertar a cidadania para a conservação da natureza no Brasil”. Com artigos de mais de 10 autores, a obra tem ênfase nas UCs, mas também discute temas como a transposição do rio São Francisco, a perda da biodiversidade, geração de emprego e renda de UCs e proteção de espécies ameaçadas. Segundo Truda, este é o primeiro lançamento de vários que serão feitos no Brasil. “Esperamos que os gestores públicos e a juventude possam atuar e abram a cabeça para se mobilizarem”. O Brasil conta com 312 UCs federais, número que salta para mais de 1 mil UCs se forem contadas as estaduais e municipais. “A implementação delas [UCs] é baixíssima e há uma enorme quantidade das áreas de uso múltiplo onde existe pouquíssima gestão, onde o pescador pesca de maneira predatória, o madeireiro desmata e o Estado está ausente. Falta fiscalização e proteção do patrimônio público natural, que é de todo mundo”, defendeu Truda.

Reprodução

Com o sugestivo nome de Carbono Verde: Comércio Negro o relatório detalha: o comércio ilegal, correspondente a um total de US$ 30 bilhões a US$ 100 bilhões por ano, dificulta a Redução de Emissões por Desmatamento e Degradação florestal (Iniciativa REDD) — uma das principais ferramentas para catalisar a mudança ambiental positiva, o desenvolvimento sustentável, a criação de empregos e a redução de emissões de gases de efeito estufa. Além disso, a Interpol observou crimes associados ao aumento da atividade criminosa organizada, como a violência, assassinatos e atrocidades contra os habitantes das florestas indígenas.

Livro da Fundação Brasil Cidadão denuncia ‘falta de fiscalização e proteção de patrimônio público global’


‘Brachycephalus tridactylus’ (3 dedos), imponente descoberta de 1,5 cm

‘Formiguinha’ descobre aves, anfíbio... O ‘trabalho de formiguinha’, realizado pela Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza, já foi tema de outras matérias de NEO MONDO. Nesta edição, dedicada ao Dia Mundial do Meio Ambiente, trazemos a nossos leitores algo que se assemelha a encontrar oásis nos caminhos de quem se perdeu no deserto. São descobertas que comprovam a seriedade de iniciativas pró-meio ambiente e que saciam, mais do que a sede do corpo, a sede de conhecimento, de compromisso. São oásis que lavam a alma. A Fundação acredita que é preciso ter paixão pela natureza. Identificação essa que motivou a bióloga Bianca Reinert a superar as inúmeras adversidades que se apresentaram ao longo de sua carreira. Descobridora de duas novas espécies de aves, entre elas o emblemático bicudinho-do-brejo (Stymphalornis acutirostris), a pesquisadora investiu muito mais do que apenas o seu tempo até o pequeno animal cruzar seu caminho. “Desde 1995, quando encontrei o bicudinho-do-brejo, tenho dedicado minha vida a ele”, conta. Em 1991, Bianca iniciou um período de pesquisas de campo em áreas úmidas naturais, os brejos do litoral do Paraná, que mudaria a sua vida. Em uma faixa com cerca de 30 quilômetros entre Matinhos e Pontal do Paraná, a pesquisa se estendeu por quatro anos e estava prestes a ser finalizada quando, em 1995, o simpático bicudinho foi avistado pela primeira vez. “No momento que o vimos, sabíamos que havia algo diferente”, diz. A descoberta teve um significado muito especial para a bióloga, pois fechava um longo ciclo. “Nosso trabalho em campo foi realizado de forma autônoma a partir de um grande esforço financeiro e pessoal e descobrir uma nova espécie foi muito simbólico”, revela. Apaixonada pela nova ave, sua dedicação à conservação da natureza foi além dessa descoberta. Junto a outros colegas “apaixonados pela natureza”, como ela própria diz, comprou uma área na região de Guaratuba, no Paraná. O objetivo era transformá-la em uma Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN) com um centro de pesquisas, o que conseguiu tornar realidade em março de 2009.

Apoio fundamental O apoio financeiro da Fundação Grupo Boticário foi fundamental e, três anos depois, Bianca pôde tocar o projeto, o que possibilitou ações mais efetivas para conservar a espécie. Depois de um período de coleta de dados sobre a ave e seu habitat, foi identificada a presença de uma planta exótica invasora no local, a braquiária-d’água (Brachiaria subquadripara), que prejudicava a sobrevivência do bicudinho-do-brejo. Essa planta, trazida da África para ser utilizada como pasto, se alastrou pela região, destruindo espécies nativas. A bióloga descobriu ainda outra espécie, o macuquinho-da-várzea (Scytalopus iraiensis), na região metropolitana de Curitiba. Foi em 1998, próximo de onde hoje fica a barragem do Rio Iraí. Quando avistou a ave na região, logo percebeu que se tratava de um macuquinho, o que causou estranhamento, pois a espécie não tinha sido avistada naquele habitat. Após capturar um indivíduo para estudo, percebeu-se que se tratava de nova espécie. “As mulheres têm uma percepção bastante aguçada na observação e isso rende belos frutos na pesquisa de campo”, reflete Bianca ao lembrar das conquistas de sua carreira. Ao menos para a bióloga, a superação propiciou que exercesse a mais feminina das características: a sensibilidade. Família do joão-de-barro Também com apoio da ONG outra nova espécie de ave foi descoberta em uma das regiões mais pesquisadas do país, a Serra do Cipó, localizada na região sul da Serra do Espinhaço, em Minas Gerais, a apenas 50 quilômetros da capital mineira. O Cinclodes espinhacensis, pássaro que é da mesma família do joão-de-barro, tem como nome popular pedreiro-do-espinhaço. Ele foi avistado pela primeira vez em 2006 e foi oficialmente reconhecido na revista internacional de ciência IBIS. O estudo que originou a descoberta foi realizado por Anderson Chaves, Fabrício Santos, Guilherme Freitas, Lílian Costa e Marcos Rodrigues, todos pesquisadores da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), com o apoio da Fundação.

Entre suas características, segundo os pesquisadores, a Cinclodes espinhacensis lembra, parcialmente, o joão-de-barro, porém com uma tonalidade mais escura (marrom-chocolate), e possui a cauda longa. Além disso, existem diferenças notáveis na coloração da plumagem em relação ao Cinclodes pabsti, o parente mais próximo que vive nas Serra Geral, entre os estados do Rio Grande do Sul e Santa Catarina. Eles explicam que o pássaro é relativamente grande e busca por insetos andando pelo solo. Ele possui grande capacidade de voo, o que permite buscar alimentos a longas distâncias, bem como explorar muito os afloramentos rochosos dos campos rupestres que ocorrem nas serras mais altas da região, onde aproveita dos córregos desses lugares. Hoje a pesquisa abrange um estudo ecológico com uma população do pedreiro-do-espinhaço. Para monitorar as aves, os pesquisadores contam com o apoio de um recurso tecnológico chamado radiotelemetria, no qual transmissores instalados nos animais permitem localizar os indivíduos à distância através de ondas de rádio. O projeto que originou a atual pesquisa limitava-se no início ao estudo de uma outra espécie da mesma família, o joão-cipó (Asthenes luizae), que foi descoberto pela ciência também nos campos rupestres da Serra do Cipó em 1990. “Utilizamos esta tecnologia para caracterizarmos como vive esta nova espécie, onde ela ocorre de fato e o que fazer para conservá-lo, já que ele já nasce para a ciência ameaçado de extinção. Este projeto atualmente vigente, apoiado pela Fundação Grupo Boticário, visa ao estudo de ambas as espécies: o joão-cipó e pedreiro-do-espinhaço”, explica a pesquisadora Lílian Costa. Guilherme Freitas, outro pesquisador responsável pela descoberta, afirma que a Cinclodes espinhacensis foi observada pela primeira vez nos arredores de um casebre de madeira localizado no alto da serra, no meio do Parque Nacional da Serra do Cipó. “Depois, um indivíduo foi visto e fotografado nos arredores do alojamento do Alto do Palácio, localizado também no alto do Parque Nacional, mas às margens da rodovia, onde estávamos alojados para realização das pesquisas do Laboratório de Ornitologia”, afirma. Neo Mondo - Junho 2013

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Divulgação Fundação Grupo Boticário

Dia Mundial do Meio Ambiente

Bianca: vida dedicada ao bicudinho-do-brejo, entre outras espécies, com percepção aguçada e sensibilidade

Lilian explica que a partir daí foram realizadas várias expedições e diversas populações de Cinclodes espinhacensis foram encontradas, sempre nas áreas mais altas da Serra do Cipó. “Coletamos várias informações relativas à coloração de plumagem, morfometria, vocalizações, comportamento, sequências de DNA, e as comparamos as relativas às outras espécies da família. Todas as pistas levantadas levaram à mesma conclusão: de que haviam diferenças significativas nos indivíduos da Serra do Cipó”, destaca. Guilherme Freitas também ressalta a importância de contar com apoio qualificado em pesquisas. O da Fundação Grupo Boticário foi essencial nos trabalhos em equipe dos quais participou. “A Fundação tem contribuído muito ao longo desses anos com as pesquisas dessas e outras aves especiais dos campos rupestres. A parceria com o Laboratório de Ornitologia da UFMG é fundamental, pois os recursos são necessários para estudar estas aves, geralmente em locais de acesso difícil, principalmente quando empregamos alta tecnologia, como a radiotelemetria”, ressalta. Por meio das iniciativas de conservação da natureza apoiadas pela ONG em diversas regiões do Brasil, já foi possível descrever mais de 40 novas espécies de animais e plantas. Em 22 anos de atuação, US$ 11,8 milhões foram doados para 1.324 iniciativas de 456 instituições de todo o país. Anurofauna comparada Não é só em pesquisas com aves que a Fundação Grupo Boticário tem obtido

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resultados. Uma nova espécie de anfíbio anuro (rãs, pererecas e sapos) foi descoberta na Reserva Natural Salto Morato (PR), localizada no bioma Mata Atlântica, o mais ameaçado no Brasil. O Brachycephalus tridactylus foi encontrado em fevereiro de 2007 e, em junho deste ano, foi oficialmente declarado como uma nova descoberta no artigo da revista internacional Herpetologica. O estudo que originou a descoberta foi realizado pelo biólogo Michel V. Garey e recebeu apoio da ONG por meio de parceria com o Programa de Pós-graduação em Ecologia e Conservação (PPGECO) da Universidade Federal do Paraná. O objetivo da pesquisa foi comparar a anurofauna (diversidade de rãs, pererecas e sapos) de três diferentes estágios sucessionais de vegetação (Capoeira, Capoeirão e Mata primária) da Floresta Atlântica da Reserva Natural Salto Morato, Guaraqueçaba-PR, criada e mantida pela Fundação Grupo Boticário. No total, foram registradas 42 espécies pertencentes a nove famílias. Porém, cinco delas foram encontradas em outros ambientes que não fizeram parte da amostragem e nesse grupo está o sapo Brachycephalus tridactylus. Essa nova espécie, que só ocorre no alto da Reserva Natural Salto do Morato (acima de 900 m de altitude), é caracterizada por possuir coloração alaranjada, pequeno tamanho (menor que 1,5 cm) e apenas três dedos nos membros anteriores, por isso do nome B. tridactylus (três dedos). Para Michel V. Garey, essa descoberta é muito importante. “Primeiramente

porque avança no conhecimento dos anfíbios no Brasil. Outro ponto importante é que essa espécie ocorre na Mata Atlântica, bioma extremamente ameaçado pelo desmatamento”, explica. Brachycephalus tridactylus é a segunda nova espécie descoberta na Reserva Natural Salto Morato. Em 1994, os pesquisadores Mário de Pinna e Wolmar Wosiacki encontraram a espécie de peixe Listrura boticario durante projeto apoiado pela Fundação Grupo Boticário. O artigo que descreve o peixe foi publicado em 2002. Esta espécie, do grupo dos siluriformes, o mesmo ao qual pertencem os bagres, pintados e mandis, foi descrita com base em um único exemplar encontrado em uma poça marginal a um rio de corredeira na Floresta Atlântica, na Reserva Natural Salto Morato. Em seus 2.253 hectares, a Reserva Natural Salto Morato protege a rica biodiversidade e também tem um centro de pesquisas com alojamento e laboratório para oferecer suporte aos pesquisadores. Mais de 80 pesquisas já foram realizadas no local, incluindo teses de doutorado, dissertações de mestrado e monografias de especialização, em assuntos diversos como biologia e ecologia de espécies de fauna e flora, análise do manejo da Reserva, visitação, trilhas, ecoturismo, bem como os que diretamente embasam as ações de manejo do patrimônio natural da Reserva. Por meio das iniciativas de conservação da natureza apoiadas pela Fundação, dentro da Reserva Natural Salto Morato e em diversas outras regiões do Brasil, já foi possível descrever mais de 40 novas espécies de animais e plantas. Em 21 anos de atuação, US$ 11,7 milhões foram doados para 1.306 iniciativas de 456 instituições de todo o país. No mundo, existem mais de 6,7 mil espécies de anfíbios, e o Brasil é o país com maior diversidade do mundo. Estima-se que o país tenha cerca de 946 espécies, sendo que no Paraná são conhecidas mais de 120 espécies de anuros. Apesar desta grande diversidade, tem-se pouca informação sobre eles. De acordo com o pesquisador Michel V. Garey, esta é uma das grandes dificuldades em se pesquisar os anfíbios anuros. “Não conhecemos quase nada sobre os hábitos dessas espécies, que inclusive podem ter muita importância, até mesmo farmacológica, e que nós desconhecemos”, afirma.


Reprodução UN Photo

Planeta superestressado pede socorro Francisco] nutria para com todas as criaturas’; ‘dava-lhe o doce nome de irmãos e irmãs, de quem adivinhava os segredos, como quem já gozava da liberdade e da glória dos filhos de Deus’. Recolhia dos caminhos as lesmas para não serem pisadas; dava mel às abelhas no inverno para que não morressem de frio ou de escassez; pedia aos jardineiros que deixassem um cantinho livre, sem cultivá-lo, para que aí pudessem crescer todas as ervas, inclusive as daninhas, pois ‘elas também anunciam o formosíssimo Pai de todos os seres’ ”. Em sua rica produção literária Leonardo publicou pela editora Vozes, em 2009, A oração de São Francisco pela paz. A paz sem ganância, sugerida na abertura desta nossa matéria. ‘Dado de ciência’ Já no artigo escrito há pouco tempo o teólogo prossegue: “... notamos um outro modo-de-estar no mundo, diferente daquele da modernidade. Nesta, o ser humano está sobre as coisas como quem as possui e domina. O modo-de-estar de Francisco é colocar-se junto com elas para conviver como irmãos e irmãs em casa. Ele intuiu misticamente o que hoje sabemos por um dado de ciência: todos somos portadores do mesmo código genético de base; por isso um laço de consanguinidade nos une, fazendo que nos respeitemos e amemos uns aos outros e jamais usemos de violência entre nós. São Francisco está mais próximo dos povos originários, como os yanomamis ou os andinos, que se sentem parte da natureza, do que dos filhos e filhas da modernidade técnico-científica, para os quais a natureza, tida como selvagem, está ao nosso dispor para ser domesticada e explorada. “Toda modernidade se construiu quase que exclusivamente sobre a inteligência intelectual; ela nos trouxe incontáveis comodidades. Mas não nos fez mais integrados e felizes, porque colocou em segundo plano, ou até recalcou, a inteligência emocional, ou cordial, e negou cidadania à inteligência espiritual. Hoje se faz urgente amalgamar estas três expressões da inteligência, se

Achim Steiner, do Pnuma: madeira pirateada rouba chances de futuro sustentável em países e comunidades

quisermos desentranhar aqueles valores e sentimentos que têm nelas o seu nicho: a reverência, o respeito e a convivência pacífica com a natureza e a Terra. Esta diligência nos alinha com a lógica da própria natureza que se consorcia, inter-retro-conecta todos com todos e sustenta a sutil teia da vida”. ‘Homem de outro século’ Na conclusão de seu artigo Leonardo lembra: “Francisco viveu esta síntese entre a ecologia interior e a ecologia exterior, a ponto de São Boaventura chamá-lo de ‘homo alterius saeculi’ ‘um homem de um outro tipo de mundo’; hoje diríamos: de outro paradigma. Esta postura será fundamental para o futuro de nossa civilização, da natureza e da vida na Terra. O Francisco de Roma dever-se-á fazer o portador dessa herança sagrada, legada por São Francisco de Assis. Ele poderá ajudar toda a humanidade a fazer a passagem deste tipo de mundo que nos pode destruir para um outro, vivido em antecipação por São Francisco, feito de irmandade cósmica, de ternura e de amor incondicional”. Reprodução

É possível até que das fumaças brancas do Vaticano, anunciando a eleição do papa Francisco, surjam também sinais de esperança ecológica. Isso se for realizado o desejo do teólogo, filósofo e escritor Leonardo Boff, que já no título de um de seus mais recentes artigos publicados em escritos_em_rede questiona: “Papa Francisco, promotor da consciência ecológica?”. Leonardo descreve o contexto em que surge a figura do bispo de Roma, Francisco, como aquele em que “cresce mais e mais a consciência de que entramos numa fase perigosa da vida na Terra. Nuvens escuras nos ocultam as estrelas-guias e nos advertem para eventuais tsunamis ecológico-sociais de grande magnitude. Faltam-nos líderes com autoridade e com palavras e gestos convincentes que despertem a humanidade, especialmente as elites dirigentes, para o destino comum da Terra e da Humanidade e para a responsabilidade coletiva e diferenciada de garanti-lo para todos”. Daí que, para o teólogo, o papa recém-eleito “poderá desempenhar um papel de grande relevância. Ele explicitamente se religa à figura de São Francisco de Assis. Primeiramente pela opção clara pelos pobres, contra a pobreza e pela justiça social, opção nascida inicialmente no seio da Igreja da libertação latino-americana em Medellin (1968) e Puebla (1979) e feita, segundo João Paulo II, patrimônio da Igreja Universal. Esta opção, bem o viram teólogos da libertação, inclui dentro de si o Grande Pobre que é nosso planeta superestressado, pois a pisada ecológica da Terra foi já ultrapassada em mais de 30%”. Em sua análise Leonardo trata a questão ecológica na perspectiva do poverello d’Assisi: “... como devemos nos relacionar com a natureza e com a Mãe Terra? E’ neste particular que Francisco de Assis pode inspirar Francisco de Roma. Há elementos em sua vida e prática que são atitudes-geradoras. Vejamos algumas.Todos os biógrafos do tempo (Celano, São Boaventura, Legenda Perugina e outros) atestam ‘o terníssimo afeto que [São

Leonardo alerta: “pisada ecológica da Terra foi já ultrapassada em mais de 30%” Neo Mondo - Junho 2013

A


Dia Mundial do Meio Ambiente

Durante 2o. Simpósio de Pesquisa do ABC 2012, Profa. Fernanda, Karoline, Lucas Polaquini, Maely Duarte, Profa. Mestre Marta, Prof. Cristiano e Profa. Paula (à frente do grupo)

EDUCAÇÃO AMBIENTAL feita com ações, participação e muito trabalho

O projeto IPH – Índice de Poluentes Hídricos, da Universidade Municipal de São Caetano do Sul, no ABC Paulista, mostra a importância da integração do meio acadêmico com a comunidade, cujo alcance social atravessa as fronteiras regionais e do país Gabriel Arcanjo Nogueira Fotos e ilustrações: Banco de Dados IPH - USCS

U

m seleto grupo, formado por professoras e professores voluntários, mais um trio de responsáveis técnicos da Universidade Municipal de São Caetano do Sul (USCS), realizou um trabalho de notável alcance socioambiental. Criado em outubro de 2010, o projeto IPH – Índice de Poluentes Hídricos visava avaliar a contribuição da carga de poluentes em municípios do ABC Paulista nos corpos de água da região. Seu piloto está em São Caetano do Sul, mas já em março de 2003 a USCS desenvolvia e integrava os processos de monitoramento de qualidade de água por meio do Grupo Biguá de Educação Ambiental. Esse grupo tinha o objetivo de monitorar a qualidade de água do Rio dos Meninos em São Caetano do Sul, integrando o 38

Neo Mondo - Junho 2013

Projeto Mãos a Obra pelo Tietê - SOS Mata Atlântica. Eram realizadas coletas mensais, e os dados estão armazenados em um banco de informações que indica a péssima qualidade da água do Rio dos Meninos. Foi esse o embrião que permitiu a estruturação de um plano para o desenvolvimento de indicadores ambientais (de poluição hídrica) que pode ser aplicado em municípios de maneira geral. Relevância múltipla A relevância do projeto IPH é destacada pela Profª Mestre Marta Angela Marcondes, bióloga coordenadora e articuladora do projeto, em seus vários aspectos: “Estes podem ser analisados individual ou conjuntamente, dependendo qual a destinação da informação.

“Por exemplo, caso necessitemos falar sobre as questões diretas de saúde, podemos destacar os dados microbiológicos e parasitológicos. Assim, quando da ocorrência de uma enchente na região, já será possível que nossos estudos ajudem a identificar os parasitas presentes nestas águas e desta maneira serem tomadas medidas corretas para o controle da situação. “Diante deste fato todos os parâmetros estudados e pesquisados em nosso projeto são de extrema importância para a população e para a administração pública. “Na realidade o que é necessário é que os dados obtidos por nossa equipe cheguem até a população, e para que isso aconteça estão disponibilizados nas redes sociais criadas pelo grupo.


Análises físico-químicas, microbiológicas e avaliações socioambientais do entorno fazem parte dos estudos

“O que é interessante também é o fato de que a metodologia utilizada no projeto IPH pode ser empregada em qualquer região e assim estimular as discussões sobre as questões dos recursos hídricos, mas existe a necessidade da divulgação dos dados e também da metodologia”. Mobilização e treinamento Viabilizar o projeto não foi nada fácil, como se verá. Foi preciso vencer etapas, a começar pela mobilização e pelo treinamento de voluntários entre alunos dos diversos cursos da USCS, com várias chamadas nos cursos e reuniões para estabelecer um planejamento de atividades. Nas reuniões seguiu-se a metodologia baseada em processos de planeja-

Biólogo Cristiano faz análise de campo em um dos pontos de coleta no Rio dos Meninos

mento participativo, e uma vez formada a equipe, fixaram-se o calendário e os pontos de coleta, meticulosamente georeferenciados com GPS (Global Positioning System). O que possibilita ampliar a área estudada tanto em número de rios e córregos quanto em pontos de coleta: Rios dos Meninos (7 pontos) e Tamanduateí (6 pontos); Córregos Utinga (3 pontos), dos Moinhos (2 pontos), das Grotas (1 ponto) e Ribeirão dos Couros (1 ponto - foz). Coleta e preservação Cuidado especial foi tomado mediante estudo para a verificação dos materiais necessários para as coletas e para a preservação das amostras.

Desde o início das coletas, em outubro de 2010, elas se sucedem uma vez ao mês. São formados quatro grupos que saem a campo para coletar as amostras nos referidos rios, com duração aproximada de três horas e meia, dependendo da situação e acessibilidade dos locais e do clima. Todo cuidado é pouco, e as amostras são acondicionadas em recipientes próprios (esterilizados anteriormente) e levadas ao laboratório da universidade para análise. Chama atenção a abrangência dessas análises: físico-químicas, microbiológicas, organolépticas, bem como o fato de serem feitas avaliações socioambientais das áreas próximas aos pontos de coleta. Cuidado adicional tomado foi a criação de espaços nas redes sociais para a divulgação das atividades e das ações do projeto.

ATIVIDADES DO IPH MÓVEL Ações

Nº de pessoas envolvidas direta e indiretamente

Caminhada da Paz – Princípios da Carta da Terra

10.000

SBC - EJA

Apresentação de atividades de análise de água e discussão sobre a situação dos rios

1.000

SCSul Set/2011 Set/2012

Dia Mundial de Limpeza de Rios e Praias – Mobilização e abordagem sobre o assunto

300

Projeto IPH Móvel – abordagem e realização de Biomapas

150

Construção dos Biomapas relacionados aos recursos hídricos

300

Acampadentro – ações de mobilização para recursos hídricos – Oficina do Futuro

100

SIPATMA - divulgando as atividades de pesquisas desenvolvidas pelo projeto e distribuindo informativos sobre esgoto e uso racional da água.

400

Local/data Heliópolis-SP

SCSul UBS –Heliópolis e CCCA Imperador Diadema Parque Botânico Empresa Multitek - SP Fonte: Projeto IPH

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Dia Mundial do Meio Ambiente Visualização de páginas por país Entrada

Karoline, responsável por MKT e Publicidade: interatividade social abrange continentes

Objetivos - Resultados Entre os objetivos do projeto piloto estão: • avaliar os parâmetros físico-químicos e biológicos dos Rios Tamanduateí e dos Meninos e dos Córregos Moinhos, Grotas e Utinga, limítrofes dos municípios de São Bernardo do Campo, Santo André e São Paulo com São Caetano do Sul; • padronizar um check list que possibilite a análise e o monitoramento de rios no referido projeto, bem como sirva de material de apoio e possa ser replicado em outras localidades para, dessa maneira, subsidiar a criação de políticas públicas para a gestão de recursos hídricos; • verificar a carga de poluentes do município que é lançada nos corpos de água; • realizar ações de Educação Ambiental que permitam o envolvimento da sociedade civil em discussões sobre os recursos hídricos em áreas urbanas. Se os objetivos são notáveis, o que dizer então do alcance dos resultados. Entre outros a USCS aponta: a formação de um grupo com 25 alunos (monitores voluntários), em que são realizadas capacitações contínuas para o treinamento do processo e o entendimento do projeto e da importância dos rios da cidade. A universidade ressalta que foi possível definir os pontos de coleta, adequar os equipamentos e adquirir os materiais necessários. Além disso, foi criada, a partir de uma adaptação, a ficha de acompanhamento das coletas, totalizando 25 até maio deste ano. 40

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Visualização de páginas

Brasil

207

Alemanha

165

Rússia

14

Estados Unidos

8

Canadá

2

Israel

2

Angola

1

China

1

Romênia

1

Acessos ao banco de dados vêm também de países como Congo e Quênia com predominância de jovens de 18 a 24 anos

Fonte: Projeto IPH

Os meios que permitem à sociedade acompanhar os trabalhos também são decisivos no entendimento do alcance do projeto. O que pode ser feito pelo blog projetoiph.blogspot.com.br; no facebook: www.facebook. com/ProjetoIph.indicedepoluenteshidricos ou site: www.projetoiph.com.br . Nesses espaços as visitas diárias de várias partes do Brasil e do mundo reforçam o alcance do projeto. Interatividade global Karoline Ferreira dos Santos, da Gestão e Pesquisa Ambiental e responsável técnica em Marketing, Publicidade, avalia positivamente a interação da USCS com a sociedade não só no país, mas também no exterior nessa empreitada. “As visitas estão além das expectativas, e hoje os meios de comunicação do projeto IPH são visualizados em todos os continentes do mundo, em diversas línguas com predominância de jovens entre 18 - 24 anos como o público mais ativo. Nessa interatividade, o público participa mais com elogios do que críticas ou sugestões. Mesmo assim há pessoas que, por conhecerem a área, contribuem com ideias novas”. Karoline cita dados estatísticos, referentes a abril de 2013, que dão bem a ideia do grau de interesse social que o projeto desperta em todos os continentes do mundo (ver quadros). A gestora e pesquisadora ambiental salienta: “Nunca imaginei que, um dia, os textos que o projeto IPH publica poderiam ser vistos no Congo ou Quênia, por exemplo, nem mesmo serem traduzidos para o árabe. É realmente um orgulho saber que os meios de comunicação contribuem para a divulgação de informação para o mundo”.

Biomapa Virtual A USCS aponta ainda a inovação do projeto ao criar uma ferramenta para avaliar a qualidade das margens de rios e córregos que ficará disponível no site, para que professores e a comunidade possam ter acesso e avaliar a situação de forma rápida e fácil, sem necessitar de equipamentos ou métodos mais complicados. Outro ponto interessante destacado pela universidade em vista de sua importância é o Biomapa Virtual, já disponível no site, para que a sociedade civil de maneira geral possa dar sua contribuição de maneira participativa para a verificação da situação atual dos pontos que atualmente são monitorados pelo projeto. Basta entrar no site, fazer um cadastramento e posteriormente postar fotos e informações dos locais. Já existe também um banco de dados organizado com as informações das coletas e com os resultados dos parâmetros monitorados. São eles: Químicos - oxigênio dissolvido, DBO,cloro e cloreto, fosfato, amônia, ferro, pH (potencial de hidrogênio); Físicos: Temperatura, Turbidez, Odor, cor e material particulado; Biológicos: microbiologia (coliformes totais e fecais) e a presença ou ausência de protozoários e rotíferos. A USCS antecipa que já são realizados estudos sobre metais pesados, com análises no Laboratório CTQ Análises Químicas e Ambientais S/S Ltda., parceiro do projeto. Será uma série de 5 meses de amostras e análises comparativas para a verificação da presença ou ausência desses metais. Pelo sucesso do projeto até aqui, mais resultados preciosos certamente advirão dessa parceria.


Projeto é bem-aceito em todo o país Uma das professoras voluntárias envolvidas no projeto, Paula Simone Costa Larizzatti, bióloga especialista em Gestão Ambiental e responsável por Análise Química/Parasitológica, lembra a receptividade que o projeto alcançou no país. Em resumo, ela cita, na esfera federal, “a nossa inclusão no Grupo de Estudos de Águas Urbanas, pertencente à Associação Brasileira de Recursos Hídricos (ABRH)”. O que levou a professora Marta Angela a apresentar, durante o IX Encontro Nacional de Águas Urbanas (ENAU), em Belo Horizonte (MG), o processo metodológico de desenvolvimento do IPH. Paula, ao salientar que estavam lá representantes de vários estados brasileiros que apresentaram um total de 68 trabalhos técnicos, avalia que “este é um importante momento para a troca de experiências sobre recursos hídricos em áreas urbanas”. Integrantes do projeto da USCS participam das articulações de Educação Ambiental junto à Rede Brasileira de Educação Ambiental (REBEA) e à Rede Paulista de Educação Ambiental (REPEA), em sua área de recursos hídricos. O que implica, além de a universidade participar como membro da comissão técnica na pessoa da professora Marta Angela, os membros da comissão técnica do IPH terem feito a submissão de vários trabalhos, os quais foram aprovados e apresentados em sua totalidade, durante o VII Fórum Brasileiro de Educação Ambiental, em Salvador (BA).

No estado Em São Paulo o projeto, além de outras atividades desenvolvidas, “nos colocou como representantes da sociedade civil em uma esfera estadual de relevância para os Recursos Hídricos – o Comitê da Bacia Hidrográfica do Alto Tietê. Participamos diretamente da Câmara Técnica de Educação Ambiental deste Comitê”, diz Paula. A bióloga considera relevante o IPH ter sido apresentado em um momento de grande importância para os Comitês de Bacias Hidrográficas do Estado de São Paulo – o VIII Diálogo Interbacias. Evento que contou com aproximadamente 700 participantes de 11 unidades da federação (AL, DF, MG, MS, PA, PR, RO, RS, SP, BA e TO), entre eles representantes de comitês de bacias, educadores do ensino formal, técnicos de prefeituras e de órgãos dos estados e representantes da sociedade civil. Mais uma vez coube à professora Marta Angela, também como representante da sociedade civil, falar do projeto, até mesmo com subsídios do Subcomitê de Bacias Hidrográficas Bilings-Tamanduateí. Paula ressalta que esse evento acontece todos os anos, para a apresentação de experiências relevantes na área de Recursos Hídricos. Em 2012, durante o X Diálogo Interbacias, foram apresentados resultados parciais do IPH, “com grande repercussão e troca de experiências”. No ABC Paulista Em âmbito regional o projeto da USCS tem alcançado “reconhecimento importante, com seus integrantes participando

Profa. Paula ressalta alcance e abrangência desses estudos no estado e no país: “repercussão e troca de experiências”

diretamente de ações junto ao Subcomitê de Bacias Hidrográficas Billings-Tamanduateí, em sua Câmara Técnica de Educação Ambiental. As contribuições para este subcomitê estão no fato de que muitas informações foram geradas sobre importantes corpos de água da região: Rio Tamanduateí, Rio dos Meninos, Córregos Utinga, Moinhos e Grotas, além do Ribeirão dos Couros”, enumera Paula, para salientar que são feitas análises em 23 pontos desses corpos de água. A bióloga considera também importantes as parcerias estabelecidas no ABC Paulista com a Prefeitura Municipal de Diadema, por meio de sua Secretaria de Meio Ambiente; o Laboratório CTQ – Análises Químicas, que desenvolve as análises de metais pesados das águas dos corpos de água constantes no projeto, além de debates técnicos sobre os resultados obtidos; com a Revista TAE - Especializada em Tratamento de Águas e Efluentes, no sentido de discussões e elaboração de artigos técnicos; com o Laboratório Cultural, especializado em projetos de educação patrimonial, no sentido da criação de ferramentas de educação ambiental e patrimonial ligadas aos recursos hídricos na região do Grande ABCDMRR; e com a empresa Bernard Pet, no apoio financeiro e técnico. Ainda na região, a professora Marta Angela é também articuladora da Agenda 21 de São Caetano do Sul, e em março de 2013, houve a apresentação dos resultados de dois anos de pesquisa durante o 4º Encontro da Agenda 21 do município.

Profa. Mestre Marta, à frente de “projeto de importância para a população e para a administração pública”

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Dia Mundial do Meio Ambiente

‘Ótimos olhos’ Parcerias são vistas com “ótimos olhos” pela USCS, segundo a Profª voluntária Fernanda Amate Lopes, bióloga e coordenadora/supervisora do projeto, ao destacar que “desde 2010 resultados parciais já são apresentados em eventos científicos de relevância, por meio de trabalhos que foram submetidos aos seguintes eventos: Simpósio de Pesquisa do Grande ABC (2011) – em São Caetano do Sul; II Simpósio de Pesquisa do Grande ABC (2012) – em São Bernardo do Campo; 1º Workshop Regional – Gestão das águas e educação ambiental na bacia hidrográfica do Alto Tietê: do local ao global (2011) – em Mogi das Cruzes, onde a USCS ganhou como uma das melhores práticas em Educação Ambiental na área de Recursos Hídricos, tendo o trabalho sido selecionado para a apresentação na revista Voz Ambiental; 2º Workshop Regional - Gestão das águas e educação ambiental na bacia hidrográfica do Alto Tietê: do local ao global (2012) – em Mogi das Cruzes; e IV Simpósio de Iniciação Científica da UFABC e 6º Encontro de Iniciação Científica da USCS, 2011, Santo André. Anais do IV Simpósio de Iniciação Científica da UFABC e Encontro de Iniciação Científica, 2011”. Atração à parte no 2º Simpósio de Pesquisa do Grande ABC (2012) foi a apresentação dos trabalhos na forma de painéis, para o que a equipe do projeto IPH desenvolveu o chamado Banner Sustentável idealizado pela Profa. Marta Angela. Esses banners foram reutilizados em outros eventos, trocando-se apenas o material impresso em papel. Ganho social Notável entre os notáveis é o ganho social que o IPH significa. Fernanda afirma: “Com as ações do projeto a universidade realiza suas funções nos processos de Ensino, Pesquisa e Extensão. “No ensino, possibilita áreas para estágios, bem como demonstra na prática o que é visto em sala de aula. Na pesquisa é possível o desenvolvimento de subprojetos nas diversas áreas (microbiologia, parasitologia, físico-químico, educação, análises, entre outros). Basta verificar que em 2013, 5 trabalhos de conclusão de curso – TCCs foram viabilizados por meio do projeto. Além destes, em 2011 e 2012,

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outros trabalhos já foram realizados, com dados obtidos nas pesquisas realizadas. “No sentido da extensão, a equipe do IPH desenvolve uma dinâmica intitulada: Projeto IPH Móvel, que tem como objetivo levar informações sobre as questões de recursos hí-

dricos em eventos educativos ou mesmo de datas comemorativas (relacionadas ao tema). “Com esta ferramenta já foram atendidas e sensibilizadas aproximadamente 12 mil pessoas em municípios do ABC Paulista e na capital do estado”.

Profa. Fernanda coordena e supervisiona o projeto IPH, cujos “resultados parciais são apresentados em eventos científicos”

O ganho social da iniciativa da USCS é sentido até no interesse das pessoas: cerca de 12 mil na capital e no ABC Paulista

Equipe qualificada A equipe que compõe o projeto IPH-USCS é a seguinte: Profª Mestre Marta Angela Marcondes Bióloga - Coordenadora e Articuladora

Lucas de Faria Polaquini Responsável técnico Web Designer

Profª Voluntária Fernanda Amate Lopes Bióloga e Coordenadora/Supervisora

Profº Voluntário Alex Pianura Farmacêutico e Responsável Técnico pelas Análises Microbiológicas

Profª Voluntária Paula S. C. Larizzatti Bióloga/Especialista em Gestão Ambiental – Responsável por Análise Química / Parasitológica Karoline Ferreira dos Santos Responsável Técnica Marketing, Publicidade Alisson Zampietro Responsável técnico Web Designer

Profº Voluntário Augusto Almeida Análise Parasitológica/ Protozoários Profº Voluntário Cristiano Rastaman Biólogo e Responsável Técnico pelas Análises Microbiológicas / Parasitológicas Profº Voluntário Giovani Foltran Responsável Técnico pelas Análises Químicas e Físicas


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Dia Mundial do Meio Ambiente Matéria publicada na edição no 35

Madeira de Lei Uso de produtos certificados no país ainda é muito baixo; classe produtiva mobiliza-se para melhorar essa prática Gabriel Arcanjo Nogueira

T

ão rico em recursos naturais e tão perdulário, quando se trata de preservá-los. Esta imagem do Brasil ganha força ao nos depararmos com números preocupantes. Um deles: cerca de 80% da madeira proveniente da floresta amazônica é ilegal, extraída de forma predatória ao meio ambiente e mediante a exploração irregular da mão-de-obra da população local. A esses dados - apresentados por Luciana Maria Papp, coordenadora de Certificação do Instituto de Manejo e Certificação Florestal e Agrícola (Imaflora), durante encontro para debater os desafios da Certificação de Origem da madeira no Brasil-, a própria engenheira florestal acrescenta que 56% das emissões de gás carbônico na atmosfera são provenientes do desmatamento das florestas brasileiras. Luciana esteve entre os participantes do evento, promovido pelo LIDE Sustentabilidade, no dia 13 de maio em São Paulo, que apontou ser a conscientização dos empresários de toda a cadeia produtiva sobre a importância do uso de produtos certificados a saída mais viável não apenas para evitar a destruição das florestas brasileiras, mas também para encontrar oportunidades lucrativas para os próximos anos.

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A importância desse encontro é ressaltada pela coordenadora de Certificação do Imaflora “por demonstrar que os empresários brasileiros estão comprometidos com a certificação de origem de produtos florestais e consideram que a certificação florestal FSC é a de maior credibilidade. Isso levará, sem dúvida, a uma melhoria de imagem do setor e à abertura de novos mercados, propiciando, no longo prazo, uma oferta maior de produtos certificados, permitindo que se tornem cada vez mais acessíveis a um maior número de consumidores”. Conjunto de ações Para Luciana, a Amazônia tem jeito, mesmo porque é nessa região que a Imaflora desenvolve muitos de seus trabalhos. Engenheira florestal com mestrado em Engenharia Ambiental pela Universidade Regional de Blumenau (SC), a coordenadora de Certificação do Imaflora reconhece que “a situação fundiária na Amazônia é complexa e envolve um conjunto de ações, nas diversas esferas de poder e da sociedade, mas acreditamos que a solução passa também pela certificação socioambiental. Isso porque a certificação parte do

princípio de que é possível e desejável conciliar o uso responsável da floresta com finalidades econômicas, por meio do manejo florestal correto e sem prejuízo das atividades econômicas já desenvolvidas pelas populações tradicionais, entre outros aspectos. Essas ações são mais efetivas quando associadas a políticas públicas. “Além disso, temos tido forte atuação nas Unidades de Conservação e na formação e capacitação de seus conselhos e acreditamos no potencial aumento das áreas certificadas com o crescimento de concessões florestais de áreas públicas para empresas, comunidades e associações. Acreditamos que a viabilidade econômica, social e ambiental da Amazônia, no longo prazo, passa também por esses caminhos”. A contribuição do Imaflora, nesse sentido, de acordo com sua coordenadora de Certificação, é das mais significativas. Seja por ser uma instituição que utiliza a certificação socioambiental como fonte geradora de mudanças nos setores agrícola e florestal seja por ter participação ativa no desenvolvimento das normas de certificação, na capacitação de profissionais, entidades e outros segmentos da sociedade na área e produzir material explicativo a respeito.


Feita a explicação, Luciana revela: “Ao longo da nossa trajetória, acumulamos uma experiência muito rica, que procuramos utilizar para gerar melhorias onde pudermos. Por isso, nossa atuação vem se ampliando. Atualmente, estimulamos e apoiamos o desenvolvimento de projetos de políticas públicas, especialmente no município em que estamos, Piracicaba. Nossas atividades compreendem ainda a verificação de projetos de clima e carbono; o desenvolvimento de ferramentas de verificação de legalidade da origem da madeira, a elaboração de projetos em unidades de conservação na Amazônia, entre outros”. Se não bastasse, o Imaflora é presença constante em diversos grupos, mesas-redondas, discussões nacionais e internacionais, como o da Moratória da Soja, Fair Trade, FSC internacional, Rede de Agricultura Sustentável (RAS), Biocombustíveis, Pecuária. Todo cuidado, porém, é pouco, lembra e especialista. “Dentro dos segmentos agrícola e florestal, muitas vezes, desenvolvemos estudos para avaliar o impacto das ferramentas que usamos”, afirma. O que cabe a cada um Sua vivência a leva a sugerir que governos, empresas, cidadãos e ONGs façam a sua parte para que a soma de contribui-

ções positivas mude o quadro para melhor no país. “Creio que cabe ao governo a execução de políticas públicas claras no sentido de estimular o consumo responsável e manter órgãos reguladores eficazes. Às empresas, o aumento da transparência em suas atividades e políticas de consumo, visando sempre conhecer a origem dos produtos e matérias primas utilizadas, estimulando práticas responsáveis. E aos cidadãos cabe buscar informações sobre os produtos e serviços que consomem, estimulando e optando pelas que exerçam as melhores práticas, como, por exemplo, ao comprar portas, madeira, piso, lápis, carne, café sempre preferir aqueles que demonstram que sua produção não causou degradação ambiental e/ou social, como consumir sempre produtos certificados FSC e RAS. E as ONGs devem divulgar e estimular o consumo de produtos e matérias primas com certificação de origem”. Luciana ressalta a importância de esses segmentos disponibilizarem canais de diálogos abertos para troca de conhecimento e melhoria dos sistemas de controle dos produtos consumidos e produzidos no Brasil. Isso porque, acentua, “ainda há muita desinformação a esse respeito. Saber de onde vem um produto e o caminho percorrido por ele ao longo de sua cadeia produ-

Acervo Imaflora

Luciana: a Amazônia tem jeito, em parte com a certificação tiva é fundamental para que o consumidor possa fazer uma escolha consciente do que compra. Estimular esse questionamento é muito positivo e oferecer informações ao cidadão a respeito da origem do que está consumido é básico. Daí a importância dos selos que atestam a certificação, como FSC (Forest Stewardship Council ou Conselho de Manejo Florestal), RAS (Rede de Agricultura Sustentável) e outros. Assim, nós das ONGs, teremos melhores resultados no desafio de gerar mudanças e benefícios

O selo FSC é garantia de madeira certificada nos cinco continentes Neo Mondo - Junho 2013

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Dia Mundial do Meio Ambiente Divulgação

Nigro, da Tetra Pak: 2 bilhões de embalagens com selo FSC garantem futuro do negócio Acervo Imaflora

Do café aos móveis, a procura de ...

sociais; os governos, por sua vez, terão leis, como a CLT, respeitadas; e as empresas menor risco para suas atividades. O consumidor teria a garantia que o produto escolhido respeitou o meio ambiente, o trabalhador, e outros aspectos avaliados pela certificação”. Luciana lembra que é possível estabelecer parcerias com o Imaflora, desde que “estejam alinhadas à nossa missão e não haja conflitos de interesse com as atividades que desenvolvemos. Atualmente possuímos parcerias com entidades de cooperação internacionais, ONGs locais e internacionais, empresas e com entidades governamentais. Demandas nesse sentido são analisadas pelo nosso Conselho”. Sinal de que nem tudo está perdido no planeta é a busca crescente por certificações que garantem origem de produtos ao longo da cadeia produtiva até o consumidor final. Luciana aponta as principais, que são, no caso da madeira, a certificação florestal FSC e, no caso de produtos agrícolas, a certificação da Rede de Agricultura Sustentável, o selo Rainforest Alliance Certified. + 28% e 2 bi de embalagens

Acervo Imaflora

Luciana explica: “Estes são os sistemas de certificação de origem com maior credibilidade internacional e muito demandados pelos mercados europeus, norte-americanos e asiáticos. A busca é

... produtos certificados é crescente

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Neo Mondo - Junho 2013

crescente. No mercado interno há forte aumento na procura da certificação florestal, principalmente após algumas cadeias varejistas terem adotado políticas de compra orientadas para o consumo de material certificado FSC. O número de empresas certificadas em Cadeia de Custódia FSC no Imaflora, em 2009, cresceu 28%. Os setores de embalagens, imprensa (revistas, jornais), tissue (papel higiênico, guardanapos etc.) têm impulsionado a cadeia florestal. E há um aumento também muito significativo na procura por produtos agrícolas certificados, como café, cacau, uva e chá, estimulados, sobretudo pelos compradores internacionais”. No evento realizado pelo LIDE Sustentabilidade, em São Paulo, em meados de maio, Paulo Nigro, presidente da Tetra Pak, revelou que o selo FSC foi adotado em 2 bilhões de embalagens comercializadas pela empresa. Um número que ilustra o percentual citado por Luciana. Nigro foi um dos debatedores, a exemplo de líderes empresariais e ambientalistas, cujo entendimento é de que a agenda do consumidor final exigirá cada vez mais o uso de produtos de pouco ou nenhum impacto ambiental. Atraso de uma década Nesse quesito, nos volta à mente a imagem da tartaruga manca, para ilustrar o ritmo dos passos com que se avança no país. A consciência do consumidor no que se refere à importância da aquisição de produtos certificados e ambientalmente corretos ainda deve demorar pelo menos uma década para se concretizar, disse o presidente da Tetra Pak. O que ele espera é que as empresas façam a sua parte antes de todos. “Quem não estiver focado nos pilares ambiental e social, além do econômico, deixará de existir num prazo muito curto”, afirmou Nigro. “O apoio ao manejo sustentável é um diferencial de mercado. As empresas que utilizam produtos certificados terão preferência pelas empresas internacionais e terão vantagem competitiva em suas exportações”, acrescentou.

Comprometimento empresarial permitirá abrir novos mercados e ampliar a oferta de produtos certificados para mais consumidores


Selo Certificação FSC

Selo IMAFLORA

Selo Certificação Agrícola (RAS)

Mercado interno registra forte aumento na procura da certificação florestal com aumento de 28% no número de empresas certificadas no Imaflora em 2009

D

Além da certificação da madeira

as constatações no evento realizado pelo LIDE, uma delas é a de que entre os grandes vilões do mau uso de nossa madeira despontam o setor de construção civil, que absorve pelo menos ¾ da madeira ilegal comercializada no país, de acordo com Roberto Smeraldi, diretor da organização Amigos da Terra – Amazônia Brasileira. Ele lembra que outra quantidade considerável desse material vai para o setor siderúrgico, para ser transformado em carvão. “As empresas que comercializam a madeira ilegal não cumprem a legislação trabalhista e nem ambiental. E quem consome esses produtos também está consumindo uma cadeia de destruição”, acrescentou Rubens Gomes, presidente da Rede GTA – Grupo de Trabalho Amazônico e conselheiro do FSC, conselho brasileiro de manejo florestal, cujo ob-

jetivo principal é promover o manejo e a certificação florestal no Brasil. “O consumidor e o empresário precisam se preocupar em saber de onde vem o produto que ele consome”, disse Luciana, da Imaflora. “Muitas empresas ainda não incorporam ativos e passivos ambientais em suas estruturas porque temem a competição. Mas a certificação deve ser o componente desta transformação cultural”, avaliou Smeraldi. “A economia florestal vai além da certificação da madeira”, acrescentou o diretor do Amigos da Terra. “Queremos expandir essas possibilidades para os setores agrícola e pecuário. O Brasil importou o selo de certificação SFC para a madeira, mas no que se refere à agricultura, temos massa crítica para desenvolver nossos próprios critérios de certificação. E não estamos falando apenas de certificação para produtos, e sim para unidades produtivas.”

O presidente do LIDE Sustentabilidade, Roberto Klabin, ao ser questionado sobre a possibilidade de se aumentar as penas para produtores que cometam crimes ambientais, respondeu que a idéia é aplicar as leis que já existem e, ao contrário de punir, levar a estas pessoas opções para estimulá-lo a agir corretamente. “Levar opções de ganho para estes produtores é nosso maior desafio. Penalizá-los criaria ainda mais resistência”, explicou. O deputado federal Ricardo Trípoli (PSDB-SP), em sua participação no evento, afirmou que ainda há um grande preconceito por parte dos parlamentares no que se refere às questões ambientais. “Prova disso é a ameaça que sofre o novo Código Florestal brasileiro”, disse. Empresários ligados ao LIDE fazem suas gestões em Brasília para tratar da questão da certificação com parlamentares.

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Gestão Ambiental: Atividade-Meio ou Atividade-Fim?

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estão, um substantivo feminino, diz respeito ao ato de gerir e de administrar um negócio. Administrar, por sua vez, é um verbo que apresenta sentido amplo e se refere àquele que, exercendo a autoridade de administrador, vai gerir, governar ou dirigir negócios próprios, públicos ou de outrem, para transformar um evento planejado em uma ação efetiva, real e concreta. Administração, por conseguinte, atrela-se ao ato, processo ou efeito de administrar, reger, governar ou gerir negócios públicos e particulares. Negócio, um substantivo masculino, está afeto ao trato mercantil, comércio, ou local – seja loja, empresa ou casa comercial – onde se realizam os tratos relacionados aos assuntos de interesse empresarial e financeiro, a partir de transações comerciais, mediante contratos, ajustes e acordos entre pessoas, empresas e países. O objetivo de um negócio é captar recursos financeiros para gerar bens e serviços e, por consequência, proporcionar a circulação e giro do capital entre os diversos setores da sociedade com o objetivo de gerar lucro.

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Lucro se manifesta por meio de qualquer vantagem ou benefício, seja material, intelectual ou moral, que se pode tirar de alguma coisa. Pode ser considerado como o ganho auferido durante uma operação comercial ou decorrente do exercício de uma atividade econômica. Pode se configurar, ainda, como o retorno positivo de um investimento feito por um indivíduo ou uma pessoa nos negócios. Sustentabilidade A maximização e o aumento do lucro são objetivos mais importantes das atividades comerciais e respondem pelo crescimento e pela garantia de sobrevivência – ou sustentabilidade para fazer uso de um termo cada vez mais corrente – da empresa no mercado. É um dos principais desejos de todos os empresários e proprietários de negócios. Para que assegurem o lucro desejado – quanto maior melhor – os empresários podem optar por dois tipos de negócios: os ilícitos e os lícitos. Os negócios ilícitos – normalmente associados à atividades criminosas como tráfico de drogas e armas, roubo e estelio-

nato, entre diversos outros citados apenas para fins didáticos e sem configurar nenhum tipo de apologia – apresentam alta lucratividade e elevado risco no que diz respeito às possíveis perdas dos bens e da liberdade. Não são, portanto, uma boa opção para aqueles que buscam uma vida normal e sem maiores sobressaltos aos cotidianamente impostos pela vida diuturna. Os negócios lícitos – os mais comuns, sobre os quais aparentemente se mantém a nossa sociedade a partir dos empregos gerados, impostos recolhidos e circulação de capital – apresentam, como resultado da acirrada competição, baixa lucratividade ao se comparar com os negócios ilícitos. Ao mesmo tempo, caracterizam-se pelo baixo risco de vir a sofrer perdas dos bens e da liberdade como decorrência das práticas comerciais cotidianas desde que sejam observadas as regras impostas pela legislação vigente. Para assegurar a manutenção e incremento do lucro em um negócio lícito, tarefa das mais difíceis, as empresas devem ter clareza quanto à definição das suas atividades-fim e atividades-meio.


Paulo F.Garreta Harkot

Atividade-fim diz respeito ao conjunto de operações de uma instituição, realizadas em decorrência de sua finalidade e voltadas para a consecução da sua principal finalidade, normalmente registrada no objeto de atuação do contrato social. De uma maneira mais simples, a atividade-fim de uma organização comercial, industrial ou de serviço busca realizar a atividade proposta por seu objetivo social como estratégia para movimentar receitas e gerar lucro. Atividade-meio, por outro lado, refere-se ao conjunto de operações que auxiliam o desempenho das atribuições específicas e asseguram apoio às atividades-fim de uma instituição, resultando na acumulação de documentos de caráter instrumental e acessório. De outra forma, as atividades-meio não resultam em produtos ou serviços passíveis de serem comercializados pela empresa, mas asseguram as condições para que a sua comercialização e negociação ocorram com a eficácia e lucratividade planejadas. Caso não se disponha de clareza a respeito das diferenças e papéis distintos dos dois tipos de atividades é de se esperar que o negócio, qualquer que seja, encontre sérias dificuldades em se manter e até mesmo se mostre inviável no mercado. A clara distinção entre as atividades-meio como suporte para as atividades-fim é um dos principais requisitos para que as empresas, tratos mercantis, comércio e negócios assegurem a sobrevivência mediante o aumento incessante do lucro. Adicionalmente, os negócios bem-sucedidos fazem uso de técnicas gerenciais e diversas ferramentas que não podem prescindir de informações fundamentadas e de boa qualidade para orientar e subsidiar a tomada de decisões, fornecidas por sistemas de gestão. Um eficaz sistema de gestão deve obter, medir e apresentar os principais indicadores relacionados aos processos internos de uma organização, a partir de informações que sejam precisas, fidedignas e em tempo real. Mas só as informações não bastam para assegurar a sobrevivência e sustentabilidade de uma empresa no mercado. Concomitantemente às informações e indicadores, uma empresa deve contar com uma estrutura decisória centralizada, com um conjunto de cargos cujas atribuições e respon-

sabilidades são bem definidas e, cada um deles, com metas e objetivos claros e mensuráveis. Já a aferição do desempenho, nesse caso, se dá por meio de relatórios gerenciais que permitem acompanhar o desempenho e a eficácia das atividades realizadas para alimentar, geralmente, atrativo sistema de premiação capaz de se configurar em grande estímulo para os funcionários que cumprem as suas metas. Ao mesmo tempo, e analogamente ao sistema de premiação, as empresas contam com um claro e temido sistema de punições que pode causar a demissão daqueles que não cumpriram com a sua obrigação e papel esperado junto à organização. Com a disseminação da informática e da tecnologia de informação esse tipo de insumo tornou-se muito fácil de ser obtido a partir de um programa de computador. A despeito de tamanha evolução na captura, manuseio, tratamento e apresentação das informações, do desenvolvimento das técnicas gerenciais e das estratégias de premiação e punição, bem como de intensas campanhas de marketing, muitas empresas ainda quebram, falem e fecham as portas. E por que as empresas quebram? Administrar processos Quebram porque, em muitos casos, não conseguiram conhecer, e administrar, os processos internos peculiares como decorrência da carência de informações de boa qualidade ou como resultado da falta de cultura organizacional e interesse em se adaptar aos novos tempos, da senilidade e obsolescência dos produtos e processos daquele negócio, do mau uso das ferramentas gerenciais, das escolhas erradas para os cargos de decisão e direção e da carência de recursos para investimento, ao considerar apenas o ambiente interno do negócio. Mas quebram também como resultado de eventos imprevistos e não controláveis associados ao cenário macroeconômico, às questões políticas ou legais, à concorrência desleal – se é que uma concorrência pode ser leal – e às mudanças de comportamento e de poder aquisitivo do mercado consumidor. Mesmo que já contem com clareza e processos para gerir, mensurar e avaliar a eficácia das atividades-fim e os custos e benefícios das atividades-meio. Ao se aplicar esses conceitos oriundos

da administração de um negócio privado à administração ou gestão pública no Brasil, torna-se factível de considerar o distanciamento existente entre a qualidade e eficácia desses processos preconizados para as práticas administrativas privadas e as instituições públicas da esfera federal, estadual e, principalmente, municipal. A afirmação acima não menospreza os grandes avanços ocorridos no Brasil, a partir do início da década de 90, no que respeita aos sistemas de controle e de gestão pública. Mas, e infelizmente, ainda é fato que, no nosso País, a res publica – coisa do povo ou coisa pública que fundamenta a forma de governo da República Federativa do Brasil – muito pouco significa para a maior parte da população como resultado do processo cultural e histórico aqui instaurado, responsável por incutir no imaginário e nas crenças coletivas que apenas a propriedade privada tem valor e, como tal, deve ser cuidada e respeitada. Quanto ao que é público, de toda a população e de todos nós, pouco vale como demonstram as cotidianas ações de desrespeito, depredação e falta de cuidado para as coisas comuns como o espaço público, o ambiente e o capital natural que não esteja na posse de algum ente privado. Como se não bastasse esse tipo de comportamento por parte de significativo contingente da população brasileira, há que se destacar o aspecto nefasto associado ao aparelhamento das instituições públicas responsáveis, no presente caso, pela execução da Política Nacional de Meio Ambiente. São diversas as situações onde é comum a indicação de pessoal sem capacitação técnica para a direção e gerência dos principais cargos em detrimento de técnicos experientes e com boa fundamentação na área. As causas por essas medidas descabidas ao considerar a importância dessas instituições são várias. Destacam-se, porém, os arranjos associados aos acordos de divisão de poder ou, pior ainda, por interesses propositais para, situação inusitada, promover a desarticulação de órgãos e instituições do sistema federal, estadual e municipal de meio ambiente, em um sistema que, é importante ressaltar, raramente dispõe de metas e quase nunca penaliza aqueles que deixaram de cumprir seu papel ou acarretaram prejuízos para a sociedade, ambiente ou o capital natural do País. Neo Mondo - Junho 2013

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Sem deixar de considerar, ainda, as políticas de governo voltadas à desmoralização das profissões importantes para a compreensão e abordagem dos processos naturais, fundamentais para o necessário conhecimento dos sistemas ambientais que caracterizam o substrato do território do nosso País. Exemplo marcante está associado ao primeiro concurso realizado pelo Ministério do Meio Ambiente para seleção e preenchimento de vagas de analista ambiental, realizado em meados da década de 90, quando estipulou que profissionais com formação em qualquer área de conhecimento, desde que portadores de diploma do terceiro grau, poderiam se candidatar às vagas daquela instituição. Um infundado absurdo que contribuiu para vulgarizar e ressaltar a desimportância da temática ambiental no contexto das políticas públicas que se estavam a desenhar. Curso específico E uma situação inimaginável de vir a ocorrer para o caso das atividades afetas a outras áreas de atuação como saúde, justiça e infraestrutura, por exemplo, onde a condição básica para a candidatura ao cargo é o diploma em curso específico para cada área. Em outras palavras, qual cidadão, em sã consciência, concordaria em ser atendido, quando com algum sério problema ortopédico, por exemplo, por um agrônomo, biólogo, psicólogo, contador ou advogado. Nem tampouco, quando solicitasse uma perícia para um problema estrutural de imóvel e a fiscalização se desse por meio de um geólogo, artista, economista ou administrador de empresas. E muito menos ainda caso precisasse de um defensor dativo para um problema jurídico, e fosse atendido por um engenheiro, veterinário, comunicador, arquiteto ou profissional de enfermagem, por exemplo. Assim, ao considerar o quadro que abriga a gestão ambiental governamental dos entes federativos do Brasil, constata-se que longe de se colocar como uma atividade-meio para

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a consecução de claros e precisos objetivos planejados, configura-se muito mais como se fora atividade-fim em si mesma. E, nesse contexto, passou-se a considerar que a finalidade do sistema de gestão ambiental é, de maneira análoga a uma atividade cartorial, abrir processos, juntar documentos e, uma vez atendido o rol de documentos exigidos, emitir as licenças e autorizações ambientais como se, a partir do ato da sua emissão, os distúrbios e os impactos ambientais causados ao meio e à sociedade pudessem, por decreto ou outro instrumento normativo, deixar de existir. Ao mesmo tempo, e como resultado dessas ações focadas na atenuação e dissimulação dos problemas ambientais causados, acelera-se a destruição do gigantesco capital natural que os processos geológicos, climáticos, oceanográficos e biológicos relevaram a este País megadiverso, com a desculpa do imperativo para a geração de emprego, distribuição de rendas e diminuição dos gargalos logísticos do Brasil, todos eles decorrentes de algumas décadas de incompetência e descaso administrativo.

tural público em negócios privados, mote e característica da nossa nação desde o início da fase colonial, continuam a grassar ao longo de todo o território. Poderíamos esperar algum tipo de questionamento a respeito da forma irresponsável de conduta que alguns dos dirigentes desse País imprimem à coisa pública se os veículos de comunicação, concessionários de serviços públicos, não cumprissem tão bem o seu papel de imbecilizar significativa parcela da nossa sociedade com programas que, de maneira geral, se destacam por não apresentar nenhuma utilidade para a transformação da presente realidade, caracterizada por gigantesca inversão de valores, ênfase nas atividades-meio e descaracterização das atividades-fim. Assim, e nesse caldo cultural, político e econômico no qual estamos imersos, os nossos descendentes e as próximas gerações que se virem com o que sobrar do butim e do espólio que se está a quinhoar em velocidade e intensidade que causam, cada vez mais, maior assombro.

Epitáfio ambiental Assim, e nessa data alusiva à comemoração do dia do meio ambiente, constata-se que, de maneira inversa, o que se está a fazer é gravar mais algumas palavras no seu epitáfio. Epitáfio esse acrescido, cada vez mais, de dizeres e ditos representados por instrumentos legais e de políticas públicas voltadas a simplificação, descaracterização e imobilização do Sistema Nacional do Meio Ambiente (Sisnama) sob a desculpa de que impedem a implantação do desenvolvimento sustentável. E ao longo desse processo, em que as atividades-meio se confundem com a finalidade precípua das instituições, sugestões importantes como a do grande e saudoso Ab’Saber a respeito da necessidade de um Código da Biodiversidade, caem no vazio e no esquecimento, enquanto que as ações destruidoras para conversão do capital na-

Paulo F. Garreta Harkot Oceanógrafo, mestre em saúde pública/epidemiologia Professor de cursos de graduação e pós-graduação Diretor da Sinergética Estudos e Projetos Atuou em todos os estados litorâneos brasileiros com atividades relacionadas ao Programa Nacional de Gerenciamento Costeiro (PNGC), participou da implantação do Projeto Peixe-Boi Marinho, na Paraíba, além de outras atividades com unidades de conservação. Atua também na área de controle da erosão costeira, qualidade das águas e planos de gestão costeira na esfera pública e na iniciativa privada. Foi consultor do PNUD para fins de avaliação do PNGC para subsidiar a participação brasileira na Rio 1992 e, posteriormente, na Rio + 20, em 2012.


O rapto de Europa de Simon Vouet

Márcio Thamos

Mitologia Clássica:

o rapto de Europa

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uma praia da antiga Fenícia, algumas moças muito alegres brincavam despreocupadas. O mar estava calmo, a brisa soprava leve, e o sol aquecia ameno a pele doce das meninas. Eram lindas todas elas, e cantavam e dançavam, colhiam flores e corriam através dos arbustos coloridos. De repente, ao invés dos risos inocentes ouvem-se gritos de surpresa e excitação: um touro branco, afastando-se da manada que descera até à areia, aproxima-se das jovens. Procuram todas sem demora esconder-se atrás da folhagem. Apenas uma delas, justamente a que se destacava das demais pela graça e vivacidade, espera pelo touro. Essa garota chamava-se Europa e era filha de Agenor, o grande rei daquela região, governante das cidades de Sídon e Tiro. Num elegante bamboleio, o touro vem, como a desfilar pela praia, exibindo a rara formosura. A princesa ignora o apelo das amigas para que se esconda também (não é que ela não sinta medo, mas não está mesmo assustada). Na verdade, estão todas curiosas e encantadas com aquele animal. Ora, pudera! (mas quem poderia adivinhar?) esse touro era Júpiter...

Não era de hoje que o deus dos deuses espreitava do céu, por entre as nuvens, a bela princesa fenícia. Sabia que ela costumava se divertir naquela praia com as amigas e, nesse dia, não se contendo mais de paixão, pedira a Mercúrio, seu mensageiro, que fizesse descer dos montes o rebanho real para lhe facilitar o embuste. E então, assim transformado, caminhava em direção à sua presa. Não querendo assustar a jovem, solta um mugido suave e para a alguns passos de distância. Deixa que ela o estude com cuidado. Europa observa o olhar sereno e gentil, considera o rosto bondoso e arredondado, repara nos chifres curtos e brilhantes, contempla a alvura perfeita e pura, examina o porte majestoso e sedutor daquele touro. Aproxima-se maravilhada de ver como é belo e como é manso. Coloca-lhe na boca uma flor, e ele, contente, lambe-lhe a mão. Em seguida, corre e dá saltos pelo campo. Depois volta e deita-se na areia e muge como se gemesse, olhando sempre para ela. Levanta-se e achega-se à jovem novamente. Ela, confiada, acaricia-lhe o peito, sentindo a maciez do pelo por entre os dedos das mãos, sentindo o resfolegar ardente do touro em seus ouvidos de menina-moça. Às companheiras, que a tudo assistem de longe, ela grita:

— Não tenham medo, esse touro é um amor! E elas, livrando-se do receio e cedendo devagar à curiosidade, saem detrás das moitas onde estavam e avizinham-se do animal. Nesse instante, ele senta-se ao pé de Europa e mostra-se ainda mais dócil. A princesa, entrelaçando flores que colhera antes, faz delicadas coroas para adornar-lhe os cornos. O touro branco a tudo consente, mostrando-se satisfeito, quase a sorrir. E ela, para acabar de vez com a timidez das companheiras, resolve ser um pouco mais ousada: arrisca-se a montar no lombo do touro, sem saber que subia nas costas de um deus! O animal ergue-se tranquilo nas quatro patas e desce até à faixa de areia molhada. Põe um casco n’água salgada e torna a tirar. Adentra depois alguns passos como se quisesse se banhar. Mas antes que Europa tenha tempo de pedir, ainda sem perceber-lhe a intenção, “Vamos, já está bem, agora volte!”, o touro branco dispara em direção ao alto-mar. Leva consigo a presa preciosa, que agora, apavorada, segura num chifre com a mão esquerda, apoiando-se no dorso com a outra, enquanto seu manto vermelho se enfuna feito vela ao vento. As moças na praia, sem poder acreditar, gritam em vão pela amiga e estendem os braços para o mar. Mas o touro só refreia a carreira quando chega à ilha de Creta. Ali, à sombra dos verdes plátanos, Europa conheceu o amor divino.

Doutor em Estudos Literários. Professor de Língua e Literatura Latinas junto ao Departamento de Linguística da UNESP-FCL/CAr, credenciado no Programa de Pós-Graduação em Estudos Literários da mesma instituição. Coordenador do Grupo de Pesquisa “LINCEU – Visões da Antiguidade Clássica”. E-mail: marciothamos@uol.com.br Neo Mondo - Junho 2013

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desArME-se

NEO MONDO não pretende explicar a violência urbana. Apenas faz um apelo às pessoas para que não se isolem à frente de um computador; saiam de si mesmas e convivam mais; eduquem-se para o Bem; cerquem-se de pessoas sempre melhores do que elas próprias; busquem o conhecimento na pesquisa, no estudo, na troca de ideias e de experiências positivas seja no campo pessoal seja no coletivo; cuidem-se e cuidem dos mais fracos, dos mais carentes, das crianças e adolescentes, dos idosos, das plantas, dos animais. Somente pessoas de mentes e corpos sadios saberão salvar o Planeta do fim dos tempos. O gênero humano e a Terra agradecem! 52

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