www.neomondo.org.br
Ano 7 - N0 60 - Março/Abril 2014
Exemplar de ASSINANTE Venda Proibida
R$ 16,00
ONDE HÁ ÁGUA, HÁ VIDA. AQUI TEM REALIDADE AUMENTADA Acesse http://bit.do/diadaagua e faça o download do aplicativo gratuito na Google Play ou App Store. Depois de instalado, aponte a câmera do seu tablet para a capa de NEO MONDO e SURPREENDA-SE!
Ă gua. Preservamos o seu local de nascimento.
E de desenvolvimento.
Para a Eletrobras Eletronorte, a água é mais que uma fonte de energia, é a razão de existir. Em cada empreendimento, dedicamos horas de pesquisa e monitoramento para garantir a qualidade e o uso consciente da água. Em cada reservatório, atividades de pesca, turismo, irrigação, abastecimento e até pesquisas em biotecnologia mostramos que a nossa escolha pela sustentabilidade, há mais de 40 anos, tem trazido bons resultados para a empresa e o meio ambiente. 22 de março, Dia Mundial da Água.
8
Neo Mondo - Julho 2008
Neo Mondo - Julho 2008
9
todos os animais Os animais são diretamente afetados pelo comportamento humano. Podemos ser cruéis e negligentes, mas também podemos manifestar bondade e compaixão — valores que exemplificam o melhor do espírito humano. Acesse hsi.org/compaixao e veja como você pode ajudar.
Proteção e respeito a todos os animais 6
Neo Mondo - Julho 2008
Neo Mondo - Julho 2008
7
Seções
Editorial
PERFIL
MEIO AMBIENTE
12- André Ferretti Crise da água
30- Parque Abrolhos Nova fase
ESPECIAL - DIA MUNDIAL DA ÁGUA 16- Transposição do Rio São Francisco – Desencontro das águas ARTIGO 34- Silvia Dias Em busca de um acordo climático
ESPECIAL - DIA MUNDIAL DA ÁGUA
ESPORTES
19- Raia Manta Brasil comemora um ano de proibição da pesca
36- Copa do Mundo 2014 Qual o legado para o Brasil?
Onde há água, há vida. Nunca esta máxima foi tão verdadeira. Elemento purificador na maioria das religiões, este recurso essencial para a humanidade é tema desta edição especial da revista NEO MONDO. Relatório divulgado recentemente pela Organização das Nações Unidas revela que cerca de 20% da população mundial ainda não tem acesso à água potável. E mais: mostra que as mudanças climáticas globais também têm impacto nos rios e depósitos de água de muitas regiões, que estão secando devido a pouca quantidade de chuva e índices de evaporação mais altos. Outro destaque desta edição é a Copa do Mundo, mas não o futebol, a alegria e a paixão das torcidas, mas sim o legado sustentável que o campeonato poderá trazer à economia, educação, política e meio ambiente brasileiro. Esta discussão, quatro meses antes do início do maior torneio futebolístico mundial, mostra que, sim, pouco será perene, mas ainda há tempo de buscar iniciativas deste megaevento como herança. E mais: já não bastassem os temais que tornam a edição de março/abril única, ela marca o pioneirismo de NEO MONDO. É a primeira publicação do segmento a ter a capa em realidade aumentada, seguindo a tendência mundial de tecnologia aliada ao entretenimento. Siga as instruções, baixe o aplicativo e surpreenda-se com o que verá. NEO MONDO, tudo por uma vida melhor!
ESPECIAL - DIA MUNDIAL DA ÁGUA 22- 8 objetivos do Milênio 20% da população mundial não têm água ESPECIAL - DIA MUNDIAL DA ÁGUA 26- NEO MONDO informa
ARTIGO 42- José Affonso dos Reis Júnior Créditos de carbono não são priorizados por empresas brasileiras NEO MONDO INFORMA 46- As 100 empresas com melhores práticas de sustentabilidade, de acordo com a Corporate Knights
Expediente
Publicação
Publisher: Oscar Lopes Luiz
Diretora de Relações Internacionais: Marina Stocco
Diretora de Redação: Eleni Lopes (MTB 27.794)
Diretora de Educação - Luciana Mergulhão (mestre em educação)
Conselho Editorial: Oscar Lopes Luiz, Eleni Lopes, Marcio Thamos, Dr. Marcos Lúcio Barreto, Terence Trennepohl, João Carlos Mucciacito, Rafael Pimentel Lopes, Denise de La Corte Bacci, Dilma de Melo Silva, Natascha Trennepohl, Rosane Magaly Martins, Pedro Henrique Passos Redação: Eleni Lopes (MTB 27.794), Andreza Taglietti (MTB 29.146) Revisão: Instituto Neo Mondo Direção de Arte: LabCom Comunicação Total Projeto Gráfico: Instituto Neo Mondo Diretora Juridica - Enely Verônica Martins (OAB 151.575)
10
Neo Mondo - Março/Abril 2014 2014
Oscar Lopes Luiz Presidente do Instituto Neo Mondo oscar@neomondo.org.br
Diretor de Tecnologia - Roberto Areias de Carvalho Correspondência: Instituto Neo Mondo Rua Ministro Américo Marco Antônio n0 204, Sumarezinho - São Paulo - SP - CEP 05442-040 Para falar com a Neo Mondo: assinatura@neomondo.org.br redacao@neomondo.org.br trabalheconosco@neomondo.org.br Para anunciar: comercial@neomondo.org.br Tel. (11) 2619-3054 / 98234-4344 / 97987-1331 Presidente do Instituto Neo Mondo: oscar@neomondo.org.br
A Revista Neo Mondo é uma publicação do Instituto Neo Mondo, CNPJ 08.806.545/0001-00, reconhecido como Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (OSCIP), pelo Ministério da Justiça - processo MJ n0 08071.018087/2007-24. Tiragem mensal de 70.000 exemplares distribuídos por mailing VIP e assinaturas em todo o território nacional. Os artigos e informes publicitários não representam necessariamente a posição da revista e são de total responsabilidade de seus autores. Proibido reproduzir o conteúdo desta revista sem prévia autorização.
w w w. n e o m o n d o. o r g . b r
Te l . : ( 1 1 ) 2 6 1 9 - 3 0 5 4
Neo Mondo - Setembro 2008
A
Perfil
ESPECIAL
Foto: Gisele Koprowski
ÁGUA É UM RECU
por, ANDRÉ ROCHA FERRETTI
“Tudo está interligado, é uma reação em cadeia, então se não temos água suficiente, todo o sistema é afetado”
Q
ue a água é um recurso essencial para a manutenção da vida no planeta, todos sabemos.
Por isso, a constante busca pela regularidade da produção de água e o equilíbrio de todos os serviços ecossistêmicos que as áreas naturais nos fornecem devem ser prioridade de todos. Para falar deste tema, a revista NEO MONDO ouviu André Rocha Ferretti, engenheiro florestal e mestre em Ciências Florestais pela ESALQ/USP, com foco de atuação em restauração
12
Neo Mondo - Março/Abril 2014 2014
ecológica e mudanças climáticas. André é também membro fundador e coordenador do Observatório do Clima - Rede Brasileira de Organizações NãoGovernamentais e Movimentos Sociais em Mudanças Climáticas (www.oc.org. br), além de coordenador de Estratégias de Conservação da Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza. NEO MONDO: Qual o impacto da “crise da água” para a população e a biodiversidade? E das mudanças climáticas para o ciclo da água?
ANDRÉ: Grande, visto que os recursos hídricos são essenciais para a sobrevivência de todas as espécies. No caso dos seres humanos, alguns dos impactos esperados são os efeitos negativos na agricultura, com a provável alta de preços ou até mesmo falta de alguns alimentos. A agricultura desempenha importante papel na economia do País e esses impactos afetarão outros setores, indústrias e empresas de forma geral. Na ponta da cadeia produtiva, os consumidores sofrerão com racionamentos e preços mais caros de alimentos e da própria água.
CURSO ESSENCIAL por Eleni Lopes
No Brasil, a disponibilidade de recursos hídricos também está intimamente ligada à energia, pois a matriz energética é, em sua grande maioria, hidrelétrica. Com relação às mudanças climáticas, elas estão cada vez mais presentes e possuem grande impacto para o ciclo da água, alterando seu funcionamento. As alterações no clima provocam fenômenos climáticos extremos, como secas prolongadas que diminuem a capacidade dos mananciais, ou tempestades e enchentes que também podem impactar negativamente as represas e cursos d’água. NEO MONDO: O que pode ser feito para melhor conscientizar a população deste cenário? ANDRÉ: As ações de conscientização já estão sendo feitas há algum tempo,
como divulgação das consequências e prejuízos que irão afetar a todos, porém muitas vezes as pessoas preferem não se envolver e distanciam-se da realidade. Toda ação tem uma reação. E durante décadas temos tido atitudes que têm comprometido os recursos naturais e o equilíbrio dos ecossistemas, como desmatamento de áreas naturais para especulação imobiliária ou para expansão da produção agrícola; uso excessivo de combustíveis fósseis e flexibilização das leis ambientais, como verificado com o Código Florestal em 2012. Nesse caso específico, muitas pessoas se diziam contra as alterações nessa que era a principal lei ambiental do país, porém a maior parte não se mobilizou para impedir que o Congresso aprovasse a nova lei. Enfim, é preciso mudar a forma como as pessoas se relacionam com os recursos naturais.
NEO MONDO: O acesso às fontes de água potável é cada vez mais difícil, problema que tende a piorar nos próximos anos. Podemos sonhar com alguma saída para este problema? ANDRÉ: Podemos sonhar sim, mas não será fácil. A saída exige escolhas. É preciso reduzir o desperdício de água, cuidar das áreas naturais existentes e restaurar aquelas que já foram degradadas. Além disso, é preciso parar de poluir os rios, com saneamento adequado, principalmente nas regiões de mananciais que fornecem água para o nosso consumo. NEO MONDO: Quais as consequências da potencial crise hídrica da qual o país pode estar se aproximando? ANDRÉ: São as mais diversas, desde grande redução das safras agrícolas, gerando aumento nos preços dos
Neo NeoMondo Mondo--Março/Abril Março/Abril 2014
13
Perfil pois será um colapso no ciclo da água como um todo. As chuvas excessivas também causam perdas na agricultura e ainda geram problemas de mobilidade urbana, prejuízos com destruição nas cidades e falta de energia, além da perda de vidas, em casos mais extremos. Por isso, a nossa busca deve ser sempre pela regularidade da produção de água e equilíbrio de todos os serviços ecossistêmicos que as áreas naturais nos fornecem. Isso só acontecerá quando o cuidado com as áreas naturais for prioridade para as pessoas.
NEO MONDO: No que consiste o Pagamento por Serviços Ambientais (PSA) e qual seu benefício? ANDRÉ: O Pagamento por Serviços Ambientais (PSA) é uma ferramenta que incentiva proprietários de terra a conservar a vegetação nativa e as nascentes que possuem em suas propriedades. No Oásis, iniciativa de PSA da Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza, cada um dos proprietários recebe uma premiação em dinheiro por contribuir para a continuidade da produção de água de boa
Foto: Divulgação
alimentos, prejuízo no setor de turismo e das atividades industriais que dependem da água, a problemas de saúde como aqueles provenientes da baixa umidade do ar, por exemplo. Além disso, com secas mais intensas e temperaturas mais altas, mais energia é gasta para resfriar os ambientes e nossa produção de energia depende de grande disponibilidade de água. Tudo está interligado, é uma reação em cadeia, então se não temos água suficiente, todo o sistema é afetado. Lembrando sempre que a crise da água não é só seca, mas enchentes também,
14
Neo Mondo - Março/Abril 2014 2014
E o Oásis trabalha nessas duas frentes: na premiação para manter as áreas naturais já existentes e bem conservadas, que já vinham sendo mantidas na propriedade e que já fornecem serviços ambientais de qualidade, e no incentivo à recuperação do que já foi degradado. É imprescindível a manutenção das áreas que já vêm
indiretamente 8 milhões de pessoas que bebem água desses mananciais em todo o País. Hoje o Oásis está implantado em São Paulo (SP), Apucarana (PR), São Bento do Sul (SC) e Brumadinho (MG). Também está em fase de implementação em Palmas (TO), São José dos Campos (SP), Bonito (MS), Área de Proteção Ambiental do Pratigi (BA) e Região Metropolitana de Curitiba (PR).
Foto: Divulgação
qualidade e em quantidade para abastecer as cidades brasileiras. Esse instrumento beneficia a todos dentro do processo, pois os proprietários recebem incentivo, a população tem acesso à água de melhor qualidade e o governo economiza, pois é muito mais barato investir para conservar água na fonte do que pagar para tratá-la quando já está poluída.
As Reservas Particulares do Patrimônio Naturais (RPPNs) administradas pela Fundação Grupo Boticário, Salto Morato, Serra do Trombado, na Mata Atlântica (PR) e Serra do Tombador no Cerrado (GO), também possuem importante papel para a conservação de água nas regiões
É preciso ampliar as áreas naturais conservadas e recuperar o que foi degradado fornecendo serviços ambientais de boa qualidade, mas é preciso ampliar as áreas naturais conservadas e recuperar o que foi degradado. Ao fazer isso, estamos mudando a mentalidade das pessoas que antes destruíam e começam a perceber a importância de proteger a água e a vegetação nativa.
onde estão localizadas. Isso porque o Cerrado é um dos maiores produtores de água do país, sendo que a reserva da Fundação Grupo Boticário está localizada próxima à Chapada dos Veadeiros, complementando os esforços públicos pela conservação do bioma considerado a “caixa d’água do Brasil”.
NEO MONDO: Quais as atividades das Estratégias da Conservação na Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza para a manutenção de recursos hídricos?
Da mesma forma, a Reserva Natural Salto Morato faz parte do complexo estuarino do Lagamar, dentro do maior remanescente contínuo de Mata Atlântica do país, que vai desde o litoral sul de São Paulo até a região de Paranaguá, no Paraná. Assim, a região tem papel fundamental na produção de água para a comunidade do entorno e para a conservação deste recurso para o estado.
ANDRÉ: A Fundação Grupo Boticário trabalha em diversas frentes para promover a conservação da natureza e, por consequência, os recursos hídricos. Uma delas é o próprio Oásis, que desde 2010 já beneficiou 228 proprietários de terra com 2.478 hectares de áreas naturais protegidas e 743 nascentes de água conservadas, o que beneficiou
Neo NeoMondo Mondo--Março/Abril Março/Abril 2014
15
Especial - Dia Mundial da Água
Desencontro das águas:
Dilema da transposição do
Rio São Francisco por Andreza Taglietti
A
transposição da água do São Francisco é o tipo de investimento que economistas há muito tempo argumentam serem necessários para modernizar o Brasil. O país continua prejudicado por gargalos que impedem o fluxo eficiente de mercadorias e serviços, sem falar nas necessidades básicas para o desenvolvimento de algumas de suas regiões mais pobres. Afetados pela burocracia, disputas políticas, corrupção e outros obstáculos, os projetos de infraestrutura no país, em sua maioria, nunca chegam a ser realizados ou levam 16
Neo Mondo - Março/Abril 2014
muito mais tempo do que o planejado e este é o caso do Projeto de Integração do São Francisco, iniciado em 2007. O ritmo das obras diminuiu. Previsto para 2012, o empreendimento, que vai levar água para 12 milhões, deve ser concluído apenas em dezembro de 2015. O Projeto de Integração do Rio São Francisco com Bacias Hidrográficas do Nordeste Setentrional é um empreendimento do Governo Federal, sob a responsabilidade do Ministério da Integração Nacional. Tem o objetivo
de assegurar oferta de água para 12 milhões de habitantes de 390 municípios do Agreste e do Sertão de Pernambuco, Ceará, Paraíba e Rio Grande do Norte. Engenheiros e especialistas internacionais em recursos hídricos dizem que o empreendimento é bem planejado e urgentemente necessário para o crescimento de uma região que está, finalmente, emergindo de uma longa história de estagnação econômica. O fluxo das águas Equivalente à distância entre Brasília
As obras de transposição deverão trazer profundas mudanças por onde passar de Sobradinho (1.850 m3/s), sendo que 16,4 m3/s (0,88%) seguirão para o Eixo Norte e 10 m3/s (0,54%) para o Eixo Leste. Nos anos em que o reservatório de Sobradinho estiver com excesso de água, o volume captado poderá ser ampliado para até 127 m3/s, aumentando a oferta de água para múltiplos usos. As curvas do rio Estudiosos e especialistas de vários setores apontaram, entre os principais equívocos do empreendimento, o alto custo (8,2 bilhões) e a baixa abrangência territorial e populacional: apenas 5% do território e 0,3% da população do semiárido brasileiro. Estragos ao ecossistema regional já se fizeram sentir, entre eles, perda de biodiversidade, assoreamento, salinização. Atrasado pela burocracia e problemas contratuais, o custo do único grande empreendimento de infraestrutura do governo quase dobrou. Apenas em licitações, o Tribunal de Contas da União (TCU) identificou sobrepreço de R$ 876 milhões, além de R$ 248 milhões em aditivos acima do limite estipulado por lei. e Salvador, os 2.830 quilômetros de extensão do Rio São Francisco são hoje responsáveis pelo abastecimento de cinco usinas hidroelétricas e pelo sustento de milhões de ribeirinhos do Vale do São Francisco, que passa por Petrolina, em Pernambuco, e Juazeiro, na Bahia. Se o atual cronograma de obras vingar, até dezembro de 2015, sete anos depois do início dos trabalhos, a água estará fluindo em, pelo menos, algumas partes dos quatro estados que devem ser beneficiados: Ceará, Paraíba, Rio Grande do Norte e Pernambuco. As obras do Projeto de Integração do São Francisco estão em andamento e apontam 54,7% de avanço. Estão em construção túneis, canais, aquedutos e barragens na maior obra de infraestrutura hídrica do país. O empreendimento contempla ainda 38 ações socioambientais, como o resgate de bens arqueológicos e o monitoramento da fauna e flora. O investimento nestas atividades é de quase R$ 1 bilhão.
Em Cabrobó, cidade pernambucana às margens do São Francisco, o local da primeira estação de bombeamento está lotado de novos trabalhadores. Foram 600 novas contratações em janeiro para todo o projeto, o que expandiu a força total de trabalho para 8.700 pessoas. Com a conclusão da transposição e com o objetivo de irrigar 50 mil hectares com agricultura de ponta, poderão ser gerados 150 mil empregos diretos. Dos 16 lotes de obras, que compõem as Metas, dois já estão concluídos: o Canal de Aproximação dos Eixo Norte e Leste. Quatro trechos do Eixo Norte funcionam 24 horas por dia: em Salgueiro (PE), em Cabrobó (PE), em Jati (CE), e em São José de Piranhas (PB). Mais de 2,7 mil máquinas estão em operação.
As obras de transposição deverão trazer profundas mudanças na paisagem. O projeto da transposição corta inúmeras aldeias indígenas e quilombolas, destruindo a vida dessas comunidades. As multinacionais já compraram as melhores terras nas imediações da passagem das águas. Vacas mortas são uma visão comum nestes dias às margens das estradas da região, agora no terceiro ano consecutivo de seca. Centenas de milhares de cabeças de gado morreram de fome ou sede por falta de água e forragem. As plantas crescem através de fissuras nas placas de concreto de canais assentados cinco anos atrás. Partes da construção inicial estão em estado tão precário que na época em que a água começar a jorrar terão de ser reconstruídos.
A integração do Rio São Francisco com bacias dos rios temporários do semiárido será possível com a retirada contínua de 26,4 m3/s de água, o equivalente a apenas 1,42% da vazão garantida pela barragem
Para os moradores, a água pode não chegar a tempo. Meteorologistas dizem que a seca na região provavelmente vai se intensificar com as mudanças climáticas, o que tornará a água ainda mais escassa.
Neo Mondo - Março/Abril 2014
17
Especial - Dia Mundial da Água Em alguns Estados a água já é racionada para uso agrícola. Se ainda estiver seco no ano que vem, o Ceará poderá precisar interromper a irrigação para economizar água para Fortaleza, cidade de 3 milhões de habitantes. E depois? Alguns obstáculos terão de ser superados para o aproveitamento da água. Na opinião de especialistas, três pontos essenciais devem ser resolvidos pelos estados receptores para o aproveitamento adequado das águas do São Francisco pela população: o esgotamento sanitário nas cidades ao longo dos leitos dos rios e reservatórios; a educação ambiental da população que mora nas áreas rurais; e - no caso do rio Paraíba - o controle na extração mecanizada de areia no leito do rio para uso na construção civil, que traz grandes problemas ambientais. Outro desafio dos estados que receberão as águas é o abastecimento da Paraíba pelas águas da transposição do Rio São Francisco, que está condicionado à conclusão dos sistemas de esgotamento sanitário dos municípios relacionados à obra. Não adianta trazer água de tão longe para ser contaminada por esgotos na Paraíba, onde os esgotos não têm
tratamento adequado. O rio Paraíba nasce e deságua em solo paraibano e é um dos principais mananciais hídricos do Estado. Contudo, todos os municípios próximos a ele lançam esgotos sem tratamento diretamente no leito. Ou seja: as águas do São Francisco, misturadas às do rio Paraíba, estariam contaminadas ao chegar à população paraibana. Estima-se a diminuição da pressão populacional dos centros urbanos. Pelo fato de regiões próximas aos canais de água passarem a ser abastecidas, é possível que pessoas que haviam se mudado em busca de melhores condições sejam atraídas para retornar às suas terras natais, onde, inclusive, ainda estão suas famílias. Haverá também uma mudança nas práticas da agricultura. O sertanejo que só plantou milho, feijão e mandioca a vida toda, precisará de orientação. Ele não vai virar, de uma hora para outra, um agricultor. Ele não sabe irrigar. Por isso, é necessário criar condições para que haja investimento e que ele seja treinado, para também ensinar a técnica a seus filhos e oferecer melhores perspectivas para o futuro. A água não é o único problema, mas a educação e a comercialização também. Hoje, a cada
seca, o sertanejo perde a plantação. E, quando tem produção, é mais para subsistência, pois não há mercado por ali, e ele não tem recursos para vender em localidades mais distantes. De acordo com técnicos, para cada hectare irrigado são necessárias de duas a três pessoas. Isso sem contar a demanda de mão de obra para embalagem, transporte e venda dos produtos. Não basta colocar a água para o consumo doméstico. Ao usá-la também para a agricultura são gerados emprego, renda e impostos.
A ideia foi de quem, mesmo? A ideia da transposição da água do rio surgiu como proposta pela primeira vez em 1847 e desde então vem sendo discutida. Governos nos anos 1990 decidiram levar adiante a transferência, mas não puderam conquistar o apoio político necessário, especialmente das elites de áreas mais ao sul, que teriam de ceder água. O projeto teve início no Governo Lula, em 2007.
Investimento O Projeto São Francisco é hoje a maior obra de infraestrutura hídrica para usos múltiplos sendo executada diretamente pelo governo federal. O investimento de R$ 8,2 bilhões resulta do acréscimo de novas condicionantes ambientais exigidas pelo IBAMA - serão mais de R$ 900 milhões de recursos para esta área -, da revisão de obras civis em decorrência dos projetos executivos, dos gastos com eletromecânica e da supervisão e gerenciamento da obra em função do prolongamento do prazo. 18
Neo Mondo - Março/Abril 2014
RAIAS MANTAS Indonésia cria maior zona de proteção do mundo e Brasil comemora um ano de proibição da pesca por José Claudio Pimentel
A “raia gigante”, como é conhecida popularmente por atingir mais de sete metros de envergadura e pesar até duas toneladas, é considerada vulnerável à extinção e está na lista vermelha da União Internacional pela Conservação da Natureza (mais conhecida por sua sigla em língua inglesa, IUCN). Uma vez que o território da Indonésia abrange mais de 17 mil ilhas no Oceano Índico, o país assume a liderança – em área de cobertura – do seleto grupo de nações que estabeleceu a proteção do animal, nos últimos 10 anos, como o Equador, na América Latina, as Filipinas, na Ásia, a Nova Zelândia, na Oceania, e o México, na América do Norte. O Brasil também está entre eles e comemora, neste primeiro semestre de 2014, a concretização das leis que proíbem a
pesca das raias mantas e das móbulas. “Não fazia sentido o Brasil, com a sua influência, levar uma proposta dessa magnitude, de restrição ao comércio por outros países do globo, e não ter sua própria lei de proteção a esses animais tão fantásticos”, lembra a coordenadora geral do Projeto Mantas do Brasil, Ana Paula Balboni Coelho, que também é a diretora presidente do Instituto Laje Viva, que visa a preservação do Parque Estadual Marinho da Laje de Santos
(PMLS) - o principal ponto de observação da espécie na costa brasileira. Intervenção Foi durante a participação do Instituto Laje Viva - como lembra o Coordenador de Educação Ambiental do Projeto Mantas do Brasil, Guilherme Kodja - numa reunião do Plano de Ação Nacional (PAN) de Conservação dos Elasmobrânquios Marinhos, ocorrida em Itajaí (SC), em setembro de 2012, que ocorreu a discussão da importância dessa proibição.
No Brasil a pesca das mantas e móbulas é proibida desde abril de 2013.
Foto: Maurício Andrade
J
ustamente no mês em que a Indonésia, o maior país do sudeste asiático, estabeleceu proteção irrestrita às raias mantas na costa do país, o Brasil celebra o primeiro ano da proibição total da pesca desses animais na costa brasileira.
Neo NeoMondo Mondo--Março/Abril Março/Abril 2014
19
Especial - Dia Mundial da Água A partir dali, um documento foi chancelado por especialistas na área onde plantaram, junto aos representantes do Governo Federal, a semente que garantiria a proteção desses animais.
Anexo II do tratado, impondo restrições claras ao comércio de partes e derivados das mantas, a não ser após estudos que demonstrem a sustentabilidade da pesca desses animais.
Assim, em abril de 2013 - concomitantemente a uma ação conjunta entre o Brasil e o Equador durante uma conferência internacional realizada na Tailândia - foi proibida a pesca dos mobulídeos no litoral brasileiro. Juntos, os países vizinhos da América Latina levaram à votação e à aprovação, pela Convenção Sobre o Comércio Internacional das Espécies Ameaçadas de Extinção (mais conhecida por sua sigla em língua inglesa, CITES) realizada em Bangcoc, em março de 2013, a proposta de inclusão das espécies de mobulídeos (mantas e móbulas) no
Os pesquisadores acreditam que o benefício será perceptível a longo prazo, pois a proibição da pesca, mesmo que acidental, deve evitar as mortes de muitos desses animais. “Como a lei prevê sanções inclusive para os pescadores (sujeitos a penalidades) que trouxerem a bordo de suas embarcações o animal morto ainda que por acidente, isso importará em um incentivo à sua soltura, ainda vivas”, lembra a coordenadora do Projeto Mantas do Brasil, que tem patrocínio da Petrobras por meio do Programa Petrobras Ambiental.
20
Neo Mondo - Março/Abril 2014 2014
Enquanto no Brasil a captura desses gigantes marinhos ainda ocorre acidentalmente, em outros países acontece cada vez em mais larga escala: a pesca predatória, que visa atender ao mercado asiático, em especial àquele da chamada medicina tradicional chinesa, em que é amplamente empregado um número de substâncias de origem animal sem qualquer comprovação científica de benefícios à saúde humana ou, mesmo, diante da prova de sua ineficácia. Por essas razões, o papel da educação ambiental é avaliado pelos pesquisadores como meio fundamental para a preservação das raias gigantes. O Projeto Mantas do Brasil tem a missão de auxiliar na preservação das espécies de raias mantas, especialmente voltado
A espécie incidente no litoral brasileiro é a Manta birostris, a maior espécie de raia do mundo.
Foto: Noeli Ribeiro
No Equador a pesca desses gigantes é proibid população de raias está sendo morta no a, mas a mesma Peru, por falta de legislação de proteção. Animais não conhec em fronteiras.
Foto: Maurício Andrade
Foto: Noeli Ribeiro
Foto: Noeli Ribeiro Na Indonésia incidem duas espécies de raias mantas, tanto a gigante como a recifal (foto acima), ambas agora protegidas nas 17 mil Ilhas que compõe o arquipélago.
para a espécie Manta birostris, ocorrente no Brasil, a maior de todas. Entre outras ações realizadas pelos pesquisadores, está a de fotoidentificação, que serve para criar um “RG” de cada animal, a partir da foto do ventre, que possui manchas singulares. Todo o material captado por mergulhadores profissionais ou amadores é armazenado em um banco de dados local, que é interligado ao banco de dados mundial da espécie. Valores O fator que levou a Indonésia a aprovar a legislação de proibição de pesca, mais do que o interesse meramente preservacionista, é de cunho econômico. Calcula-se, segundo agências internacionais de notícias, que o turismo movimente mais de U$ 15 milhões por ano com as despesas de pesquisadores, cientistas
e até mesmo dos mergulhadores – profissionais e amadores – que admiram a espécie. Comparativamente, um animal morto acaba gerando apenas U$ 500 dólares ao vendedor, e em uma única vez. Relações financeiras semelhantes ocorrem com todos os gigantes marinhos, que compõem a chamada “megafauna carismática”. A maioria dos países que possuem esses verdadeiros tesouros em suas águas territoriais estão começando a descobrir agora o valor de sua exploração como recurso de turismo. Mesmo longe de ser uma atividade econômica livre de impactos ambientais, a riqueza do turismo é considerada, no mundo inteiro, a verdadeira tábua de salvação dos gigantes marinhos.
Vale lembrar: Extinção é para sempre! Neo NeoMondo Mondo--Março/Abril Março/Abril 2014
21
Especial - Dia Mundial da Água
A ÁGUA E OS 8 OBJETIVOS DO MILÊNIO DA ONU por Eleni Lopes
Relatório Water, a Shared Responsibility traça paralelo entre o uso da água e as Metas de Desenvolvimento Global do Milênio
Foto: Shutterstock, Copyright: Klemen Misic
C
erca de 20% da população mundial ainda não tem acesso à água potável em razão de políticas fracassadas, afirma o Relatório “Water, a Shared Responsibility” (Água, uma Responsabilidade Compartilhada), desenvolvido pela Organização das Nações Unidas (ONU). O documento afirma ser preciso melhores lideranças para que se cumpram as metas de diminuição do número de pessoas sem água até 2015. Descrito como o mais amplo levantamento já feito sobre 22
Neo Mondo - Março/Abril 2014
as fontes de água potável no mundo, o relatório afirma que políticos, empresas e agências de ajuda humanitária têm todos um papel a cumprir para sanar o problema. A ONU alerta ainda que, a não ser que exista um aperfeiçoamento, regiões como a África subsaariana não vão alcançar as Metas de Desenvolvimento Global do Milênio de cortar pela metade a proporção de pessoas sem acesso à água potável entre 1990 e 2015. As mudanças climáticas globais também
estão tendo impactos. O relatório descobriu que rios e depósitos de água de muitas regiões estão secando devido à pouca quantidade de chuva e índices de evaporação mais altos. A rápida urbanização em países em desenvolvimento está afetando a habilidade de seus moradores de conseguirem água, segundo o relatório. Governos e autoridades locais não conseguiram expandir rapidamente as redes de distribuição de água para atender a todos que se mudam para as cidades.
METAS DO MILÊNIO Outro destaque do relatório é a correlação entre a água e as 8 metas de desenvolvimento do milênio. Conheça, abaixo, os principais pontos:
ERRADICAR A EXTREMA POBREZA E A FOME A água é fator crucial de produção, desde a agricultura até o setor de serviços. Segurança alimentar e nutrição adequada reduzem a suscetibilidade às
doenças, incluindo diarreia, HIV/AIDS, malária e outras. O acesso à eletricidade é essencial para aprimorar a qualidade de vida. Um dos principais alvos é reduzir pela metade, entre 1990 e 2015, a proporção de pessoas cuja renda diária é inferior a US$ 1 e alguns indicadores estão diretamente relacionados ao emprego de recursos hídricos.
ATINGIR O ENSINO BÁSICO UNIVERSAL A promoção de um ambiente escolar saudável é primordial para atingir o ensino básico universal. Neste aspecto, o acesso à agua potável e saneamento básico nas escolas é essencial.
PROMOVER A IGUALDADE ENTRE OS SEXOS E A AUTONOMIA DAS MULHERES Garantir a participação feminina nas decisões relacionadas aos recursos hídricos é um dos requisitos levantados pelo relatório da ONU para o alcance desta meta, especialmente pela sua representividade nos esforços pelo desenvolvimento.
REDUZIR A MORTALIDADE INFANTIL Melhorias no acesso à água potável e saneamento básico são fundamentais na prevenção da diarreia, uma das principais causas da mortalidade infantil, bem como da esquitossomose e outras doenças infantis.
Neo Mondo - Março/Abril 2014
23
Especial - Dia Mundial da Água
MELHORAR A SAÚDE MATERNA Complicações na gravidez ou no parto matam mais de meio milhão de mulheres por ano e cerca de 10 milhões ficam com sequelas. O relatório destaca a importância da água limpa no pré e pós-parto, além da alimentação adequada e do saneamento básico na gravidez.
COMBATER O HIV/AIDS, A MALÁRIA E OUTRAS DOENÇAS E, mais uma vez, água potável, alimentação adequada e saneamento básico são essenciais para que este objetivo seja alcançado.
G GARANTIR A SUSTENTABILIDADE AMBIENTAL MBI B E osssiste Ecossistemas saudáveis são essenciais para a manutenção da biodiversidade do bem-estar humano. Dependemos deles para água potável, segurança ed o be alimentar e uma grande gama de bens e serviços. alime
ESTABELECER UMA PARCERIA MUNDIAL PARA O DESENVOLVIMENTO A importância estratégica dos recursos hídricos deve ser fator-chave nas decisões governamentais, uma vez que contribuem para o desenvolvimento social, ambiental e econômico. Parcerias para o desenvolvimento devem reconhecer o papel fundamental da água potável e do saneamento básico para o desenvolvimento social e econômico.
24
Neo Mondo - Março/Abril 2014 2014
CURIOSIDADES E ESTATÍSTICAS Irrigação e produção de alimentos constituem as maiores pressões sobre os recursos de água doce. A agricultura é responsável por cerca de 70% do emprego mundial de água doce.
Para o Programa Mundial de Avaliação da Água, a variabilidade climática, a gestão dos recursos hídricos e o desenvolvimento econômico estão intimamente ligados. Vulnerabilidade aos desastres naturais que afetam o abastecimento de água prejudica o desempenho econômico.
O custo de adaptação aos impactos de um aumento de 2°C na temperatura média global pode variar de US$ 70 a US$ 100 bilhões por ano entre 2020 e 2050, segundo o Banco Mundial.
Segundo a Unesco, existem 276 bacias hidrográficas transfronteiriças no mundo (64 na África, 60 na Ásia, 68 na Europa, 46 na América do Norte e 38 na América do Sul).
De acordo com o Relatório Mundial de Desenvolvimento da Água da ONU, é por meio da água e sua qualidade que as pessoas vão sentir o impacto da mudança climática mais drasticamente. A coleta de água deve se tornar cada vez mais difícil devido às mudanças climáticas. As pessoas que vivem num raio de 60 quilômetros da costa marítima - um terço da população do mundo - serão especialmente atingidos, pois são mais suscetíveis ao aumento da salinidade das fontes de água potável costeiras.
A ONU sugere que cada pessoa precisa de 20 a 50 litros de água por dia para garantir suas necessidades básicas. Hoje 2,5 bilhões de pessoas - quase um bilhão de crianças - vivem sem saneamento básico. A cada 20 segundos, uma criança morre por complicações decorrentes da falta de saneamento. Cerca de 90% das águas residuais nos países em desenvolvimento flui sem tratamento para rios, lagos e zonas costeiras.
O volume total de água na Terra é de cerca de 1,4 bilhão de km³. O volume de recursos de água doce é de cerca de 35 milhões de km³ , ou cerca de 2,5% do total. Desses recursos de água doce, cerca de 24 milhões de km³, ou 70%, estão na forma de gelo e cobertura de neve permanente em regiões montanhosas, na Antártida e no Ártico.
Foto: Shutterstock, Copyright: Gary Yim
Neo NeoMondo Mondo--Março/Abril Março/Abril 2014
25
Especial - Dia Mundial da Água por Eleni Lopes
Brasil sediará
o 8 Fórum Mundial da Água o
B
rasília, a capital do Brasil, será também o centro da discussão sobre o futuro hídrico do planeta. A cidade será a sede do 80 Fórum Mundial da Água, que acontecerá em 2018, onde técnicos de diversos países compartilharão conhecimento, experiências e soluções para os recursos hídricos.
O Fórum Mundial da Água, organizado pelo Conselho Mundial da Água, é o mais importante evento no setor dos recursos hídricos e tem como objetivo primordial promover o diálogo para influenciar o processo global decisório sobre a água, focando sempre o aproveitamento racional e sustentável deste recurso.
Estão abertas as inscrições para
Prêmio ANA 2014
E
stão abertas as inscrições para o Prêmio ANA 2014. Em sua 5a edição, a premiação bienal busca reconhecer boas práticas relacionadas a água em sete categorias: Empresas; Ensino; Governo; Imprensa; Organismos de Bacia; Organizações Não Governamentais (ONG); e Pesquisa e Inovação Tecnológica. Os trabalhos devem contribuir para a gestão e o uso sustentável dos recursos hídricos do País. As inscrições são gratuitas e devem ser realizadas até 30 de maio no hotsite do Prêmio ANA: www.ana.gov.br/premio. Os critérios de avaliação dos trabalhos levarão em consideração: efetividade; impactos social e ambiental; potencial de difusão; adesão social; originalidade; e sustentabilidade financeira (se aplicável). O Prêmio ANA 2014 terá uma Comissão Julgadora composta por membros externos
26 26
Neo Mondo - Março/Abril 2014 2014 144
à Agência Nacional de Águas (ANA) e com notório saber na área de recursos hídricos ou meio ambiente. Um representante da Agência presidirá o grupo, mas sem direito a voto. Serão selecionadas três iniciativas finalistas e a vencedora de cada uma das sete categorias. Os vencedores serão conhecidos em solenidade de premiação marcada para 3 de dezembro de 2014 em local a ser definido.
LITORAL BAIANO TEM SEU MAPEAMENTO DE SENSIBILIDADE AMBIENTAL DIVULGADO
O
Ministério do Meio Ambiente (MMA) entra na reta final dos estudos de mapeamento do litoral brasileiro com o objetivo de subsidiar o planejamento de contingência e das ações de resposta a desastres ambientais. Foi divulgado o Atlas de Sensibilidade Ambiental ao Óleo das Bacias Marítimas da Bahia. Até o fim do ano, devem ser concluídos os relatórios de outras cinco regiões: Foz do Amazonas, Pará/Barreirinhas, Sergipe - Alagoas/
Pernambuco - Paraíba, Campos e Pelotas. Somados aos outros três atlas que já estão prontos (Ceará/Potiguar, Santos e Espírito Santo), serão nove levantamentos com a situação da costa brasileira. A região mapeada pelo Atlas da Bahia contabiliza os índices de sensibilidade da região e inclui importantes áreas de preservação, entre elas o Parque Nacional Marinho de Abrolhos, situado no sul do estado, principal área brasileira de ocorrência das
baleias jubarte. Com o investimento de R$ 929,5 mil, o levantamento foi desenvolvido por meio de um convênio do MMA com a Fundação de Apoio à Pesquisa e à Extensão (Fapex) da Universidade Federal da Bahia (UFBA). Para conhecer o atlas da Bahia e os demais documentos publicados até agora, acesse: http://www.mma.gov.br/segurancaquimica/cartas-de-sensibilidade-ao-oleo/ atlas,-cartas-e-mapas
Cronograma PRÊMIOANA
Inscrições: de 20 de dezembro a 30 de maio de 2014; Avaliação: 4 de agosto a 12 de setembro (1ª fase), 6 a 10 de outubro (2ª fase); Comunicação aos finalistas: 27 a 31 de outubro de 2014; Premiação: 3 de dezembro de 2014.
2014
Recife / Pernambuco
Praia de Gunga, Maceió / Alagoas
Encontro das águas na Amazônia, Rio Negro com o Rio Solimoes.
Neo Mondo - Março/Abril 2014 27 Praia dos Carneiros, Recife / Pernambuco
Especial - Dia Mundial da Água
PROJETO EM CONJUNTO COM PESCADORES DO PIAUÍ QUER
CONSERVAR PEIXE GIGANTE visando conhecer mais sobre a espécie para contribuir com sua conservação, com apoio da Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza.
Foto: Waldemar Neto
I
magine um peixe que pode chegar a dois metros e meio de comprimento e pesar 450 quilos. Parece história de pescador, mas não é. Esse é o tamanho que o mero (Epinephelus itajara), conhecido como ‘gigante do mar’ ou ‘senhor das pedras’, pode chegar. Com ocorrência ao longo de toda a costa brasileira, esse peixe marinho vive em lugares rochosos, como tocas, pilares de pontes e restos de naufrágio, optando por ambientes escuros onde possa se camuflar. “Apesar de sua imponência, o mero é bastante dócil, o que facilita sua pesca”, alerta a pesquisadora Kesley Paiva, da Comissão Ilha Ativa (CIA), organização socioambientalista que realiza um projeto
A pesquisa sob responsabilidade de Kesley pretende gerar informações sobre o mero na Área de Preservação Ambiental (APA) Delta do Parnaíba (PI), onde o Rio Parnaíba encontra o Oceano Atlântico. A região é considerada o único delta em mar aberto das Américas e foi escolhida para receber o projeto porque carece de informações relacionadas ao seu uso como habitat pelo mero. O levantamento sobre a espécie está sendo realizado em conjunto com moradores locais. Julanez Oliveira Costa (38), conhecido como Júlio, é pescador há 24 anos e está auxiliando os pesquisadores. Conta que já pescou muito mero, mas que agora está difícil de encontrar a espécie. “Eu fui o maior matador de mero da região, cheguei a pescar três em apenas um dia. Só agora que a gente vê a importância de preservar, porque quase não tem mais mero aqui”, explica. Desde 2002, a pesca, a captura e o transporte, assim como a comercialização,
o beneficiamento e a industrialização do mero estão proibidos. O Epinephelus itajara é um peixe marinho da família Serranidae e vive em águas tropicais e subtropicais do Oceano Atlântico, desde a costa da Flórida (EUA) até o Sul do Brasil. Quando jovem, vive em baías e estuários - ambientes aquáticos de transição entre rio e mar - para ficar mais protegido. Já na fase adulta, opta pelos ambientes rochosos, onde consegue se camuflar, por causa da sua coloração rajada, com marcas aleatórias pelo corpo. Gosta também de viver nos manguezais próximos a recifes e barcos naufragados, que possuem ampla oferta de tocas para se proteger. A espécie habita regiões marinhas de até 100 metros de profundidade. O mero alimenta-se, preferencialmente, de crustáceos, como camarões e lagostas; porém também fazem parte de sua dieta peixes e polvos. Estudos indicam que já foram encontradas até tartarugas no estômago de alguns meros. Com relação à reprodução, sua maturação sexual é tardia, ocorrendo após o peixe atingir pelo menos um metro de comprimento e sete anos de idade, sendo que a espécie pode viver até 40 anos.
Praia Pedra do Sal
Foto: Athila Bertoncini
Foto: Carlos E. L. Ferreira
Foto: Kesley Paiva
28
Neo Mondo - Março/Abril 2014 2014
Foto: Athila Bertoncini
Neo Mondo - Marรงo/Abril 2014
29
Meio Ambiente
À NOVA FASE DE
ABROLHOS
Localizado no extremo sul da Bahia, na região de maior biodiversidade do Atlântico Sul e um dos principais berçários de baleias jubartes do mundo, o Parque Nacional Marinho de Abrolhos, com 880 km2, recebe recursos para consolidação das unidades de conservação.
Por Andreza Taglietti
A
quisição de botes e lanchas. Manutenção de motores. Equipamentos de vigilância. Segurança. Poluição ambiental. Mudanças climáticas. Reservas extrativistas. Pesca predatória. Peixe budião-azul. Baleia jubarte. Fiscalização. Uso sustentável dos recursos naturais. Conservação de uma extensão de 880km2. Medida certa do turismo. Legislação. Mobilização da sociedade civil. Colaboração. Pessoas. Mais pessoas. Como faz? Todos esses itens estão no dia a dia dos gestores do Parque Nacional Marinho
E
Há três meses, outro assunto entrou na pauta dos gestores de Abrolhos - uma fatia do investimento de US$ 116 milhões que serão destinados às áreas protegidas costeiras e marinhas do País nos próximos cinco anos por um programa chamado GEF Mar. O valor inclui R$ 18 milhões
Abrolhos Hoje
m 2013, Abrolhos recebeu 4.344 visitas, 6% a mais que no ano anterior. Foram realizadas doze pesquisas científicas, sendo duas expedições para realização do monitoramento recifal (Reef-Check). Além disso, o Conselho Consultivo foi renovado e foi publicada a Portaria de Autorização de Uso para as empresas que operam turismo no Parque. A equipe é composta hoje por três servidores, sendo dois analistas ambientais e um técnico ambiental. Há também funcionários terceirizados que dão suporte para as atividades que são
30
dos Abrolhos, localizado no extremo Sul da Bahia - em uma das regiões de maior biodiversidade do Atlântico Sul e um dos principais berçários de baleias jubarte do mundo. O Parque é um Posto Avançado da Reserva da Biosfera da Mata Atlântica desde 2003 e Sítio RAMSAR desde 2010, títulos que evidenciam a importância do local mundialmente.
Neo Mondo - Março/Abril 2014 2014
desenvolvidas - vigilantes patrimoniais, serviços gerais, monitores ambientais e tripulação, somando cerca de vinte funcionários. O parque conta também com o Programa de Voluntariado, que recebe estudantes do ensino médio e superior de várias escolas brasileiras e do exterior para atividades de, no mínimo, vinte dias acompanhando os monitores no arquipélago e no continente. “Além do turismo, nós prestamos apoio para a realização de pesquisas científicas e monitoramentos da biodiversidade ao longo de todo ano”, conta
do Fundo Global para o Meio Ambiente (GEF) e US$ 98 milhões em recursos de contrapartida da Petrobras e do governo brasileiro (US$ 90 milhões da empresa e US$ 8 milhões somados do ICMBio e do Ministério do Meio Ambiente). De acordo com Ricardo Jerozolimski, chefe do Parque, esse investimento será muito importante para o apoio à consolidação das unidades de conservação (UCs) envolvidas no programa. Ajudará também na aquisição de mais embarcações, instalações e manutenção de centro de visitantes, contratação de serviços e nos projetos de ampliação da proteção das áreas marinhas.
Jerozolimski. “Mantemos um alojamento no arquipélago, o que possibilita a realização de diversas expedições e os monitoramentos acontecem já há muitos anos, como a observação de aves, baleias e corais”. Algumas atividades são realizadas em conjunto com a Resex do Corumbau e com a Resex do Cassurubá, o que
permite a integração de planejamentos para otimizar a infraestrutura e de pessoal nas unidades de conservação marinhas da região. As parcerias com instituições colaboradoras também fortalecem a gestão destas unidades.
objetivo principal de manter áreas para as populações tradicionais beneficiárias fazerem o uso sustentável dos recursos naturais. Segundo Jerozolimski, o ICMBio tem investido bastante na capacitação de seus servidores em diversas áreas do conhecimento. Para trabalhar no Parque, o profissional deve ter afinidade com assuntos relacionados ao bioma marinho, principalmente turismo, pesquisa e fiscalização. As unidades de conservação marinhas da região estão iniciando um planejamento integrado de ações que possibilitará aumentar a efetividade dos resultados da gestão.
Foto: Divulgação
Foto: Divulgação
Hoje, o conselho é formado por 22 instituições que representam diferentes
setores da sociedade civil e governo. Ao longo dos 30 anos de existência, as relações com a população local tiveram diferentes momentos. “Atualmente, temos desenvolvido e apoiado diversas atividades de educação ambiental e comunicação comunitária junto à comunidade local, buscando uma aproximação cada vez maior”, conta Jerozolimski. Esse relacionamento deve se intensificar com a retomada das discussões sobre a ampliação e criação de novas unidades de conservação federais na região. O ICMBio tem também uma grande aproximação com a população local, por meio da gestão das reservas extrativistas da região, que possuem o
A
Pesca
crise mundial da pesca está forçando pescadores a recorrer a soluções questionáveis em busca dos melhores peixes. Em Abrolhos, a pesca ilegal e a sobrepesca são constantes, os pescadores se arriscam bastante e há populações marinhas que estão sendo reduzidas a menos de 50%. “A comunidade local trabalha muito e ajuda a manter e criar as reservas. O grande problema são os pescadores que não fazem parte desse grupo. Eles têm a filosofia de “pescar até acabar” e não estão interessados num diálogo mais amplo”, diz Guilherme Dutra, diretor do Programa Marinho da organização
Conservação Internacional (CI Brasil). “Colaboração e incentivo são necessários para que as pessoas entendam que manter algumas áreas onde a pesca seja proibida pode ser benéfico, pois, esses locais, ao serem protegidos, permitem às espécies terem lugares para se alimentar, abrigar e reproduzir”, ressalta Jerozolimski. O peixe budião-azul, por exemplo, corre risco de extinção. “Ele é um peixe importante porque se alimenta de algas que crescem nos corais. Sem o budião-azul, há um desequilíbrio nos recifes, as algas crescem muito, sufocam e matam os corais”, explica Guilherme Dutra. Pesca
de
mergulho
ou
pesca
de
compressor. O porto de Alcobaça é o maior centro dessa prática na região. O pescador mergulha em altas profundidades, com apenas um arpão na mão e uma mangueira de ar entre os dentes, em busca de badejos e garoupas entocados nos recifes, os quais nem as redes e nem os anzóis conseguem levar para a superfície - e praticamente já desapareceram de água mais rasas, pescados à exaustão. O ar é bombeado da superfície por compressores acoplados ao motor do barco, em vez de carregado nas costas de um cilindro. Isso permite que os pescadores passem muito mais tempo debaixo d´água - o tempo que quiserem. E traz à tona uma série de riscos para os pescadores por causa da respiração coordenada de forma errada, tais como mortes, ferimentos e outras sequelas.
Neo NeoMondo Mondo--Março/Abril Março/Abril 2014
31
Meio Ambiente A pesca de mergulho com compressor tem potencial para ser a forma mais seletiva e sustentável de pescaria no mar, desde que a seleção dos peixes seja feita de forma ecologicamente correta, sem prejuízo para a reprodução das espécies. Do ponto de vista legal, a pesca de compressor não é regulamentada, mas também não é proibida explicitamente em nenhuma lei para a captura de peixes, apenas de lagosta. O problema no caso das garoupas e badejos, o alvo favorito dessa atividade, é que os peixes mais visados pelos caçadores são justamente aqueles que não se deveria matar. Eles são hermafroditas.
Todos nascem fêmeas e apenas alguns indivíduos se tornam machos dentro de uma população. São os peixes maiores e, portanto, os mais cobiçados pelos caçadores. Nessas espécies, a proporção é de um macho para cada dez fêmeas. Quando um macho é removido da população, uma fêmea dominante muda de sexo para ocupar seu lugar, mas a transformação não é imediata, e só terá efeito prático na reprodução do ano seguinte. “A expectativa é mudar o que temos hoje e adotar um modelo de pesca sustentável
Turismo A visibilidade e temperatura da água, aliada a grande diversidade de vida, fazem do Parque Nacional Marinho dos Abrolhos um dos melhores lugares para a prática do mergulho contemplativo do Brasil. O Parque está aberto à visitação e lá o turista tem a oportunidade de conhecer e mergulhar num local repleto de vida e história. De julho a novembro, a região recebe a visita de milhares de baleias jubarte, que vêm dos mares da Antártida para se acasalar e reproduzir e se tornam a grande atração para os turistas, que podem vê-las a cem metros de distância. O Centro de Visitantes em Caravelas é uma grande atração do extremo sul baiano e recebe escolas da região e de outras partes do país para atividades de Educação Ambiental.
a presença de condutores de mergulho é obrigatória. Eles são mergulhadores profissionais da comunidade local treinados para levar os turistas para mergulhar no Parque, contribuindo para uma maior segurança e controle de possíveis impactos ambientais. O turista também pode fazer uma caminhada em uma das ilhas do arquipélago e ver de perto colônias de aves marinhas, a vegetação e a geologia do local. O turismo pode gerar, além de empregos e renda para a população local, a conscientização das pessoas e motivar a vontade de conhecer cada vez mais e se engajar na conservação do meio ambiente. Todavia, como qualquer outra atividade, precisa ser controlada e bem administrada. Para isso o Parque tem um Plano de Uso Público desde 2005, que organiza e define os locais para visitação, as normas e as atividades. As operadoras estão alinhadas com os gestores e estão passando pelo momento de credenciamento, segundo
as novas prerrogativas da Portaria de Autorização de Uso. Os barcos privados que levam os turistas partem de Caravelas (Bahia) e têm dispositivos para minimizar a poluição ambiental. “O turismo é uma atividade muito importante para Abrolhos e gera renda para a região. Temos conversado muito com as operadoras para incentiválo e fomentá-lo de forma responsável. Precisamos viabilizar outras maneiras de acesso ao parque. Hoje o aeroporto mais próximo é o de Porto Seguro”, diz Guilherme Dutra. Os hotéis da região, restaurantes e postos de gasolina contribuem para que o turista faça um bom passeio ao Parque. Os governos municipais e estaduais estão mostrando cada vez mais interesse em impulsionar o turismo no local, como a implementação da Câmara de Turismo da Costa das Baleias pelo Governo do Estado da Bahia, as parcerias com o SEBRAE e os programas do Ministério do Turismo. Foto: Divulgação
O mergulho autônomo no interior do Parque pode ser realizado em recifes ao redor das ilhas, chapeirões (que são estruturas recifais que só existem em Abrolhos), naufrágios e mergulho noturno. Para isso,
na região. Para isso, o primeiro passo é fazer um diagnóstico – como está a pescaria hoje? Como mudar a prática da pesca dentro de um equilíbrio considerando estoque e capacidade de reposição das espécies?”, diz Guilherme Dutra.
32
Neo Mondo - Março/Abril 2014 2014
Perspectivas
Os profissionais envolvidos na gestão do Parque têm boas bo perspectivas para o novo momento de Abrolhos. Em janeiro, foi lançada a campanha “Adote Abrolhos” (vide box), além do investimento anunciado pelo Fundo Global para o Meio Ambiente (GEF). Ricardo Jerozolimski diz que o pior momento de uma unidade de conservação é quando ela não tem perspectivas de curto, médio ou longo prazos. “No caso do Parque Nacional Marinho dos Abrolhos, com a perspectiva atual da entrada de recursos, com a vinda prevista de mais dois servidores, com a crescente gestão integrada entre as áreas protegidas da região e com o grande apoio das ONGs envolvidas em campanhas como a Adote Abrolhos, vejo a unidade em um momento bem promissor”. Guilherme Dutra aposta numa mudança de realidade. Segundo ele, também é preciso olhar para a ampliação da proteção das unidades, criar outras reservas e fazer uma gestão integrada das áreas protegidas.
Vale visitar: Acervo Museu da Pessoa O Museu da Pessoa, que há 20 anos registra histórias de indivíduos para transformá-las em fontes de conhecimento, destacou em seu acervo histórias de quem cultiva uma estreita ligação com o mar e, desde cedo, aprendeu a respeitar as espécies marinhas. O Museu da Pessoa é um museu virtual e colaborativo de relatos de vida. Toda e qualquer pessoa é convidada a contar histórias e a explorar o acervo de narrativas em textos, imagens, vídeos e áudios. http://www.museudapessoa.net/
Saiba Mais: Campanha Adote Abrolhos Com o objetivo de aumentar a proteção da região de Abrolhos, importante para a biodiversidade e a economia brasileiras, a Aliança para a Conservação Marinha – uma parceria entre as ONGs Conservação Internacional (CI) e Fundação SOS Mata Atlântica – lançou em janeiro a campanha “Adote Abrolhos – É do Brasil. É do mundo. É nosso”. Por meio de ferramentas online, como um álbum de figurinhas virtual e um concurso cultural que selecionará quatro ganhadores para visitar a região, a iniciativa tem o objetivo de engajar o público em ações que contribuam para a conservação de Abrolhos, para apoiar a implementação e criação de áreas marinhas protegidas e para o desenvolvimento sustentável da pesca e do turismo. A campanha foi criada para aumentar a proteção da região com a maior biodiversidade marinha de todo o Atlântico Sul. No entanto, a área sofre diversas ameaças, como a pesca excessiva, o desmatamento nas bacias hidrográficas, as mudanças climáticas, entre outras. “Criamos a campanha pela necessidade de ampliar a proteção da região, melhorar a saúde do nosso oceano e tornar a pesca uma atividade sustentável. Os ambientes marinhos oferecem inúmeros serviços para a sociedade. Por isso, criamos o mote ‘É do Brasil. É do mundo. É nosso’. Precisamos protegê-los com urgência”, afirma
Guilherme Dutra, diretor do programa marinho da Conservação Internacional (CI-Brasil). O público-alvo da campanha são jovens conectados com as mídias sociais, pessoas sensibilizadas pela causa ambiental, moradores de grandes centros urbanos e da zona costeira, turistas de verão e formadores de opinião. A ação informará e sensibilizará a sociedade por meio de campanha publicitária e um concurso cultural que selecionará quatro ganhadores para visitar Abrolhos. Haverá ainda uma petição para pedir apoio dos internautas pelo efetivo funcionamento das Unidades de Conservação (UCs) na região e retomada do processo de ampliação da proteção de Abrolhos com a criação de outras reservas. “Adote Abrolhos – É do Brasil. É do mundo. É nosso.” conta com o apoio de diversas organizações, como a Foundation Veolia Environment e o The Pew Charitable Trusts, além de doadores individuais. Empresas que investem na conservação da região, como a Alpargatas/Havaianas, também ajudaram a tornar possível a realização da campanha. A agência de publicidade Africa foi a responsável pela concepção da campanha e a fez de forma pro bono, como as atrizes Camila Pitanga e Maitê Proença, que também abraçaram a causa. Preocupado com a qualidade do bem natural que é base do esporte que pratica, o velejador Torben Grael gravou um vídeo. Com isso, a campanha já começa com o apoio de um importante grupo, como diversas instituições parceiras: Instituto Baleia Jubarte (IBJ), Movimento Cultural Arte Manha, Ecomar, Patrulha Ecológica, Instituto Amigos Reserva da Biosfera, Gambá – Grupo Ambientalista da Bahia, Pangea e da operadora de turismo de Caravelas, Horizonte Aberto. Diversos fotógrafos participarão da iniciativa, publicando galerias de fotos da região. Neo NeoMondo Mondo--Março/Abril Março/Abril 2014
33
Artigo
EM BUSCA DE UM ACORDO
CLIMÁTICO 2014 É O ANO-CHAVE PARA NÃO REPETIRMOS OS ERROS DO PASSADO
N
ão vou me estender aqui sobre a ciência por trás dos esforços da Convenção Quadro da ONU para Mudanças Climáticas (ou UNFCCC, na sigla em inglês) para que o mundo feche um acordo climático global. A quem interessar possa, os estudos do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC) estão disponíveis na internet. E já não deixam margem para dúvidas: temos tanta certeza de que é a atividade humana que está alterando o clima como temos certeza de que o cigarro é um dos principais causadores do câncer de pulmão. Ocorre que certezas científicas não necessariamente se traduzem em ação política. E é nesse hiato que transcorrem as negociações para um acordo climático de âmbito global. A expectativa agora é que ele seja assinado em 2015. Mas o histórico recente nos permite, sim, ter dúvidas. Antes de detalhar o processo e as perspectivas, cumpre perguntar: mas, afinal de contas, precisamos mesmo de um acordo global? Será que as iniciativas autônomas e autorreguladas de empresas e países não seriam suficientes? Ou mesmo
34
Neo Mondo - Março/Abril 2014 2014
acordos bilaterais? A resposta é: não, apesar de todos os esforços dos norteamericanos de nos convencer do contrário. Todos os esforços são bem-vindos e todas as iniciativas podem coexistir. Mas só um acordo global pode incluir pontos que estão fora dos interesses de mercado, países sem recursos e sem tecnologia e, principalmente, uma agenda conjunta que favoreça um mínimo de eficácia.
é mais prevalente, pois é o resultado da queima dos combustíveis fósseis usados para permitir o funcionamento de computadores e chuveiros, carros e caminhões, fábricas e até a irrigação e colheita das lavouras. Nossas hidrelétricas são exceção em um mundo que queima carvão, petróleo e gás para acender a lâmpada. Falar de mudanças climáticas é essencialmente falar de energia.
Pois eficácia é imprescindível: desde que as negociações climáticas tiveram início, há duas décadas, estamos cada vez mais perto do ponto de inflexão: mensurado, pelos cientistas, em uma concentração de gás carbônico de 450 partes por milhão (ppm). Pois bem: no ano passado, pela primeira vez na história da humanidade, essa concentração – uma das causas das mudanças climáticas – ultrapassou 400 ppm. Apenas para efeito de comparação, antes da revolução industrial e do uso massivo de combustíveis fósseis, essa concentração oscilava entre 270-280 ppm.
Ou seja, um acordo climático global deve, antes de mais nada, limitar o uso de combustíveis fósseis. Ok, mas....e o pré-sal? Pois é: assim como o Brasil, inúmeros países e empresas estão comprometidos com altíssimos investimentos em petróleo, carvão ou gás. Outros, por sua vez, não dispõem de fontes alternativas ou do necessário acesso a tecnologias mais limpas para continuar produzindo e, consequentemente, gerando o crescimento necessário para gerar emprego e riqueza para seus cidadãos.
Mudar este cenário significa parar de emitir os gases causadores do efeito estufa. Dois deles – gás carbônico e metano – são os mais relevantes, sendo que o primeiro
Não é de se estranhar, portanto, que as negociações climáticas avancem a passo de tartaruga – ou, às vezes, como o Moonwalk de Michael Jackson. A noção
F
de “bem global” é muito recente e ainda não está incorporada à diplomacia internacional, regida pela defesa dos interesses nacionais. Sendo que tais interesses não são necessariamente estabelecidos por quem participa das negociações. Resultado: em inúmeras ocasiões, os braços são curtos para o tamanho da tarefa que temos a cumprir, independente da boa vontade e do grau de entendimento dos negociadores. O choque de diferentes interesses está na origem do tímido avanço da primeira etapa do Protocolo de Kyoto, que nunca foi ratificado pelos Estados Unidos e, portanto, deixou de fora aquele que foi o maior emissor dos gases causadores do efeito estufa por décadas. Está, também, nos impasses em torno da transferência de tecnologia limpa. Enquanto a negociação não avança, é feita a transferência de plataformas obsoletas e poluentes para os emergentes: a China tem sido bastante crítica na exposição desta contradição, visto ser essa uma das razões que a colocaram no topo do ranking das nações mais poluidoras do planeta. E foi justamente porque a poluição deixou de ser exclusividade dos países desenvolvidos que entre 2007 e 2009 as negociações seguiram por dois trilhos, com o objetivo de culminar, na CoP15, com um acordo que se aplicasse a todos, de forma comum, porém diferenciada segundo suas capacidades. É também por esta razão que depois do fracasso de Copenhague buscou-se uma forma de trazer os países em desenvolvimento para uma plataforma
comum com as nações desenvolvidas, de forma a ter um acordo que se aplique a todos. Para evitar a repetição do desfecho da CoP15, quando as nações falharam ao cumprir um cronograma que previa a entrega de um acordo global, a ONU aposta suas fichas em 2014, o ano anterior à nova data-chave para que seja batido o martelo sobre a questão das mudanças climáticas. Seu secretário-geral, Ban Ki Moon, está chamando uma cúpula de líderes na véspera da Assembleia Geral das Nações Unidas, agendada para setembro. O objetivo é sensibilizar os lideres políticos sobre a importância do acordo. Afinal, são eles que comandam os negociadores. E como Copenhague provou, de nada adianta o envolvimento deles nos últimos dias das negociações! A secretária geral da UNFCCC, Christiana Figueres, tem sido enfática ao lembrar que a Conferência das Partes deste ano, em Lima, no Peru, é estratégica para o fechamento de uma agenda que facilite os trabalhos em 2015. Inclusive porque há muito trabalho a fazer: no último encontro, em 2013, o país anfitrião, grande produtor de carvão, fez tudo a seu alcance para comprometer as negociações. Nunca houve uma CoP com tão fácil acesso aos lobistas das indústrias dos combustíveis fósseis como a da Polônia! Ao lado de inúmeros logotipos de empresas patrocinadoras, um sem número de portas fechadas obstruindo a transparência dos processos.
Silvia Dias
Há razões para acreditar, portanto. Mas também para sermos céticos: a crise internacional que está por trás da relutância dos países industrializados ainda persiste. E a questão financeira é praticamente o fiel dessa balança, já que a maior parte dos recursos prometidos pelos países desenvolvidos para o período entre 2013 e 2020 ainda não foram colocados na mesa. Os cientistas estão fazendo sua parte: uma nova parte do AR5, o novo relatório do IPCC, está sendo divulgada no começo de 2014. Aumentam as evidências e, com elas, a legitimidade das decisões e iniciativas de mitigação dos gases causadores do efeito estufa. Agora, só falta que nós, cidadãos, pressionemos para que haja também vontade política. * Fundadora da AVIV Comunicação, Silvia Dias é também membro do conselho deliberativo do Vitae Civilis - Instituto para o Desenvolvimento, Meio Ambiente e Paz.
Foto: Silvia Dias
Foto: Silvia Dias
Neo NeoMondo Mondo--Março/Abril Março/Abril 2014 Foto: Silvia Dias
Foto: Silvia Dias
35
Esportes
Copa do Mundo 2014:
Qual o legado para o Brasil? por Eleni Lopes
N
Poucos lembram, mas o Brasil já sediou uma Copa do Mundo (a de 1950). Na época, sustentabilidade e legado do campeonato não era foco das discussões. Em 2014, no entanto, muitas são as promessas.
a abertura do documento Estratégia de Sustentabilidade, o secretáriogeral da FIFA, Jérôme Valcke, afirma que “a Copa do Mundo da FIFA™ é a maior competição esportiva de uma única modalidade do planeta e o impacto dela na sociedade e no meio ambiente é indiscutível. Na realização de um evento internacional como esse, devem ser levados em conta todos os aspectos necessários para garantir que sua abordagem seja equilibrada e os resultados sustentáveis.” No capítulo Abordagem de longo prazo, o 36
Neo Mondo - Março/Abril 2014
documento também destaca: “Priorizamos o impacto a longo prazo e as iniciativas sustentáveis e capazes de deixar um legado duradouro. Os efeitos positivos dos programas de treinamento e capacitação, realizados na fase preparatória da Copa do Mundo da FIFA™, continuarão após o soar do último apito.” A estratégia de sustentabilidade desenvolvida pela FIFA visa não apenas reduzir os impactos negativos, mas também maximizar os efeitos positivos de um Mundial. Estádios verdes, manejo de
resíduos, apoio à comunidade, redução e compensação das emissões de carbono, energias renováveis, mudanças climáticas e desenvolvimento das capacidades são alguns dos temas fundamentais. A FIFA dedicará um investimento total de aproximadamente US$ 20 milhões para a implementação da estratégia. Os parceiros comerciais da FIFA e outras partes envolvidas também apoiarão as iniciativas de sustentabilidade. A certificação ambiental dos estádios sob padrões internacionais foi uma
condição exigida pelo Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para a aprovação dos empréstimos que financiaram as obras das 12 arenas. Para isso, foram adotadas medidas como o aproveitamento de água das chuvas em banheiros e na irrigação do gramado, assim como placas para captação da energia solar, entre outras (conheça algumas iniciativas nas próximas páginas). No entanto, a prática mostra que as medidas de sustentabilidade para a Copa do Mundo do Brasil estão ameaçadas pelo atraso na construção dos estádios, o que acaba reduzindo a prioridade das questões ambientais e de acessibilidade ante a necessidade de se concluir as obras com velocidade. “Os atrasos nos estádios e a pressão decorrente da necessidade de se construir de maneira apressada podem levar a certos abusos, como o desrespeito a condições de trabalho e itens de sustentabilidade previstos, que acabam deixando de ser prioridade”, afirmou em entrevista à Reuters o chefe do departamento de Responsabilidade Social e Sustentabilidade da Fifa, Federico Addiechi.
sustentabilidade muito mais abrangente do que a implantada em Mundiais anteriores, as emissões de carbono no Brasil foram projetadas em 2,72 milhões de toneladas, de acordo com relatório divulgado pela Fifa. Para a urbanista Raquel Rolnik, professora da Universidade de São Paulo e relatora especial do Conselho de Direitos Humanos da Organização das Nações Unidas (ONU) para o Direito à Moradia Adequada, em entrevista ao Portal Terra, “o legado urbanístico que a Copa do Mundo vai deixar não é significativo. Alguns projetos viários e de infraestrutura relacionados com os deslocamentos necessários para o evento, como BRTs, novas vias de ligação com os estádios e entre aeroportos e zonas hoteleiras e estádios, estão sendo feitos, mas essas não eram as prioridades de mobilidade. Não há outros legados do ponto de vista urbanístico que possam
ser mencionados. Ações esperadas, como a despoluição da Baía de Guanabara e a melhoria das condições de saneamento gerais da cidade, não foram realizadas. Por outro lado, para a implantação desses projetos de infraestrutura foi necessário remover comunidades e assentamentos que se encontravam naqueles locais há décadas sem que uma alternativa adequada de moradia tenha sido oferecida. Para as pessoas diretamente atingidas, ao invés de um legado, a Copa deixa um ônus”. Já para o Ministério do Esporte, no entanto, a Copa do Mundo é uma grande oportunidade para o Brasil acelerar investimentos em infraestrutura e qualificação de mão-de-obra. “São investimentos já previstos anteriormente, mas que foram antecipados por ocasião do Mundial,” disse.
Mito de crescimento econômico? R$ 26 bilhões. Esse é o custo da Copa de 2014, de acordo com a última atualização da Matriz de Responsabilidades, documento que reúne todas as intervenções relacionadas com o Mundial a cargo do governo federal, dos governos estaduais e cidades-sede. A lista traz de obras em estádios a projetos na área de turismo, passando por telecomunicações, portos e segurança, entre outros, formando um quadro completo. No entanto, esse valor está defasado (há estimativas de que, no final, a conta baterá nos R$ 30 bilhões). “A ideia de que a Copa vai impulsionar a economia é um mito”, disse à BBC Brasil o jornalista britânico Simon Kuper, autor de Soccernomics. “Sediar uma Copa do Mundo não traz nenhum legado econômico. Se você quer impulsionar a economia com o dinheiro do povo que paga impostos, é melhor investir em escolas e hospitais”, disse Kuper. Ônus e não bônus Apesar da adoção pela Fifa e pelo Comitê Organizador Local (COL) de política de
Neo Mondo - Março/Abril 2014
37
Esportes
No papel ou na prática? prática No documento “Estratégia de Sustentabilidade”, a Fifa afirma que “utilizamos a plataforma da Copa do Mundo da FIFA™ para comunicar e alavancar iniciativas sociais e ambientais. O atrativo da Copa do Mundo irá ajudar a conscientizar e educar um grande público em questões de relevância local e internacional”. Diante desta promessa, a revista NEO MONDO buscou nos canais oficiais da competição algumas iniciativas propagadas pelos organizadores no que tange à sustentabilidade do campeonato. Cabe ao leitor avaliar o cumprimento ou não da promessa. CAMPANHA PASSAPORTE VERDE O Ministério do Turismo firmou uma parceria com o Programa Nacional das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma) para estimular o uso sustentável dos recursos naturais no turismo, por meio da campanha Passaporte Verde, que estimula o consumo responsável e o uso racional de recursos naturais nos destinos turísticos.
reúso da água da chuva e um sistema de autogeração de energia via células fotovoltaicas aplicadas à fachada. A ventilação também será natural, beneficiando-se da arquitetura do estádio. Outra inovação está relacionada ao fato de que ele poderá encolher ou ser ampliado sem a necessidade de se mexer na estrutura. Durante a Copa, a Arena Corinthians receberá duas arquibancadas pré-fabricadas, que irão ampliar sua capacidade para 65 mil lugares. Após o mundial, esse equipamentos serão retirados e a capacidade cairá para 48 mil lugares. No entanto, quando quiser promover uma ampliação definitiva, o Corinthians poderá fazê-lo sem afetar a operacionalidade do estádio.
O ministério também validará os compromissos de sustentabilidade entre hotéis, bares e restaurantes que o Pnuma desenvolve com a Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel) e a Associação Brasileira da Indústria de Hotéis (ABIH). SISTEMA DE AUTOGERAÇÃO DE ENERGIA NO ITAQUERÃO A Arena Corinthians promete, para a abertura da Copa, um palco com 38
Neo Mondo - Março/Abril 2014
Arena Fonte Nova (Bahia) Foto: Shutterstock - Copyright: Antonio Scorza
SISTEMA DE ECONOMIA DE ENERGIA NA ARENA PANTANAL Cem placas solares, que serão utilizadas para o aquecimento de água da Arena Pantanal, em Cuiabá (MT), foram instaladas para a economia de energia elétrica. O sistema de água quente atenderá os chuveiros dos dois vestiários, assim como os restaurantes dos camarotes.
A campanha pretende estimular a ecoeficiência em hotéis, operadoras, bares e restaurantes, valorizando as experiências culturais autênticas e a sociobiodiversidade, propondo também comportamentos sustentáveis para os viajantes. Em sua primeira fase, o Ministério do Turismo vai usar o cadastro de prestadores de serviços turísticos (Cadastur) para convidar os empresários dos setores de alimentação, hospedagem, transportes, agências e parques temáticos, entre outros, para participar da campanha.
de lâmpadas de alto rendimento foram algumas das medidas adotadas na construção da arena em Salvador.
Arena Arena Corinthians Itaquera (SP) Foto: Shutterstock - Copyright: Filipe Matos Frazão
Outro sistema que permitirá economia de energia elétrica na Arena Pantanal é o de resfriamento da água. Com ele, a redução de consumo deverá ser de 10,8% ao ano, se comparado aos aparelhos de ar-condicionado comuns, utilizados em residências.
CERTIFICAÇÃO PARA A ARENA FONTE NOVA A Arena Fonte Nova, em Salvador (BA), foi a primeira arena do Brasil a conquistar o nível prata da certificação internacional LEED, selo verde que identifica o empreendimento como sustentável e que é utilizado em mais de 140 países. A reutilização de 100% do concreto da antiga Fonte Nova, a cobertura que capta água da chuva para o reúso, as brises da fachada, possibilitando a ventilação e iluminação natural, mas protegendo da radiação solar excessiva, e a utilização Arena Pantanal (Cuiaba) Foto: Shutterstock - Copyright: Roberto Tetsuo Okamura
QUATROCENTAS FAMÍLIAS DE CATADORES BENEFICIADOS NO CEARÁ No Ceará, foi assinado um Termo de Cooperação entre entes públicos e privados para o gerenciamento do lixo da Arena Castelão pela Rede de Catadores de Resíduos Sólidos Recicláveis do estado. Com a assinatura do documento fica garantida, até o fim de 2018, a coleta, a separação e a destinação dos resíduos sólidos provenientes dos eventos na Arena Castelão (jogos e shows). A medida beneficia 400 famílias de catadores de 17 entidades. O material é coletado pela Arena Castelão, separado conforme sua característica (papel, plástico, metal ou vidro) e, após acondicionamento nos depósitos de resíduos sólidos do equipamento, transportado pela equipe da Ecofor Ambiental para o complexo de reciclagem Jangurussu. Lá, passa por revisão e posterior venda, com a renda revertida para os associados da Rede de Catadores.
Arena Castelão (Ceará)
NA ARENA DAS DUNAS, ALFABETIZAÇÃO E INCLUSÃO DIGITAL PARA FUNCIONÁRIOS Dois projetos sociais foram implantados na Arena das Dunas, em Natal (RN), durante a construção. Um curso de inclusão digital para os funcionários ensinou os alunos a utilizar computadores e a Escola OAS garantiu a alfabetização de vários trabalhadores.
CAMPANHA BRASIL ORGÂNICO E SUSTENTÁVEL Com o objetivo de incentivar o consumo de produtos orgânicos, o governo federal lançou a Campanha Brasil Orgânico e Sustentável para a Copa do Mundo Fifa™ 2014. A iniciativa busca ampliar e diversificar os canais de comercialização dos produtos orgânicos. O objetivo é deixar como legado uma cadeia estruturada de alimentos orgânicos, agroecológicos e sustentáveis que envolva desde os consumidores até os agentes dos meios produtivos deste setor, tanto da produção quanto da comercialização.
Arena Pernambuco
orgânico e sustentável
No Brasil, além da Arena Pernambuco, o Maracanã e o Mineirão instalaram placas solares. A Usina Solar São Lourenço da Mata terá, ainda, um espaço dedicado a visitantes.
ENERGIA SOLAR EM PERNAMBUCO Primeiro sistema de geração de energia solar fotovoltaico a entrar em operação no estado, a usina solar da Arena Pernambuco, na região metropolitana de Recife, será responsável por até 30% da energia consumida pelo estádio durante a Copa. Situada em um terreno de 15 mil m2, anexo ao estádio, a Usina Solar São Lourenço tem potência instalada de 1 megawatt-pico (MW/p), capacidade suficiente para gerar 1.500 MW/h por ano, o que equivale ao consumo de seis mil habitantes. Os 3.652 painéis solares fotovoltaicos que compõem o sistema captam a luz emitida pelo sol e a convertem em energia elétrica. O excedente que não for utilizado pela arena será injetado na rede de distribuição da Celpe. A usina é composta por um sistema central, correspondendo a 95% da geração de energia com módulos de silício monocristalino, além de um
Arena das Dunas (Natal) Foto: Shutterstock - Copyright: Marchello74
sistema direcionado à pesquisa (campo) que se divide em cinco tecnologias com o objetivo de possibilitar o estudo do potencial de radiação da região e de geração de energia fotovoltaica por meio de diferentes tecnologias.
Novo Mineirão (MG)
Novo Maracanã (RJ)
Neo Mondo - Março/Abril 2014
39
Esportes
Arena Amazônia
Arena Brasília
Arena da Baixada (Curitiba)
Arena Beira-Rio (Rio Grande do Sul).
Completando o legado de obras para a Copa do Mundo no Brasil com os estádios Arena Amazônia, Arena Brasília, Arena da Baixada (Curitiba) e Arena Beira-Rio (Rio Grande do Sul).
40
Neo Mondo - Março/Abril 2014
E nos campeonatos anteriores? Alemanha 2006
África do Sul 2010
A Copa do Mundo de 2006, na Alemanha, foi a primeira a implementar o Green Goal como base de suas atividades, assumindo metas ambiciosas nas áreas de mudanças climáticas, mobilidade, energia e resíduos. Graças ao planejamento antecipado e ao envolvimento de uma equipe específica para coordenar as atividades, a Copa de 2006 atingiu suas principais metas, transformando-se em um caso de sucesso e exemplo para as Copas seguintes. A mais desafiadora das metas estabelecidas para a Copa da Alemanha foi a de realizar um evento neutro em emissões de gases de efeito estufa (GEE), no qual a totalidade das emissões foi voluntariamente compensada. Movida pelo sucesso alemão, a competição de 2010 na África do Sul
Brasil 2014 embarcou no movimento dos eventos sustentáveis. Mas, diferentemente da Copa da Alemanha, a África do Sul não contou com o envolvimento de entidades especializadas nem de recursos financeiros suficientes para os projetos de compensação. O desenvolvimento dos projetos verdes na Copa de 2010 foram liderados pelo Comitê Organizador local (no âmbito das cidades-sede da Copa), em conjunto com o Governo Sul-Africano e o Departamento de Assuntos Ambientais. O objetivo era também torná-la neutra em carbono. Porém, as emissões da Copa da África
do Sul foram estimadas em 896.000 toneladas de CO², quantidade que equivalia a mais de oito vezes as emissões estimadas para a Copa da Alemanha, sem incluir as emissões de transporte internacional. A solução foi, portanto, focar em tornar a Copa da África do Sul um evento de baixo carbono, ao invés de um evento carbono neutro. O Brasil, por sua vez, tem a neutralização das emissões de carbono como diretriz bem clara. A revista NEO MONDO acompanhará o assunto nas próximas edições.
Neo Mondo - Março/Abril 2014
41
Artigo
POR QUE NÃO HÁ PROJETOS DE CRÉDITOS DE CARBONO
SE EXISTEM BENEFÍCIOS? Créditos de carbono não são priorizados por empresas brasileiras. Baixa demanda no mercado reduz valor de créditos e leva a investimento em projetos com retorno mais imediato.
N
ão existem benefícios e incentivos reais hoje em dia para o desenvolvimento de projetos de créditos de carbono. O que ocorre nos últimos anos é o oposto. Para as empresas, a falta de benefícios, a alta complexidade no desenvolvimento, a imensa e complexa burocracia e o baixo valor de venda dos créditos faz com que a demanda por estes projetos caia. Nos parágrafos abaixo, apresento aos leitores um resumo da minha dissertação de mestrado “Análise da potencialidade do mercado de projetos de crédito de carbono no Brasil”. Em resumo, o elevado custo de desenvolvimento de um projeto completo
42
Neo Mondo - Março/Abril 2014 2014
(uma média de mais de US$ 100 mil por projeto - fonte: Centro de Gestão de Estudos Estratégicos, CGEE Brasil), a dificuldade de encaixar o projeto nas atuais metodologias da UNFCC, o baixíssimo valor da venda do crédito são responsáveis pela desmotivação por este tipo de iniciativa no Brasil. Isso foi ampliado pelo surgimento de novas perspectivas e por diferentes projetos ambientais mais rentáveis. E no resto dos países? O mais curioso: essa desmotivação é global. Passei uma temporada na Europa para conhecer diversas formas de destinação final de resíduos e processos
de reciclagem e, todas as plantas que visitei, não observei a realização de projetos de créditos de carbono. Os grandes complexos de destinação de carbono chegam a processar, por exemplo, até 90 geladeiras por hora e, dessa forma, queimam de maneira controlada e segura todos os GEE (gases de efeito estufa) que iriam danificar nossa camada de ozônio. Assim é de se supor que seria um maravilhoso filão no desenvolvimento de projetos de Créditos de Carbono (nesse caso Emissions Trade). Uma ressalva: os GEE com CFCs (cloro fluor carbono) possuem uma relação peso por crédito dezenas de vezes menor que a
José Affonso dos Reis Júnior Claro que existem empresas muito mais engajadas ambientalmente, que, por não estarem nesses índices, não entraram na nossa avaliação, como também existem companhias que ainda são uma incógnita de como estão compondo atualmente estes índices. Assim, todas as informações declaradas como realizadas pelas empresas e que poderiam ser convertidas em créditos de carbono, foram extraídas, mensuradas e convertidas no valor do crédito da época. Por falar em custo, o atual preço de mercado de crédito de carbono está muito abaixo de quando realizamos o trabalho. Desta forma, a potencial geração de receitas nos mostrou um montante da ordem de R$ 250 milhões, mas que hoje talvez estaria abaixo dos R$ 100 milhões.
emissão de carbono (um crédito de carbono para cada tonelada de carbono), pelo alto grau de periculosidade e contaminação, tornando a geração de créditos muito maior do que em projetos que estão captando carbono na forma de monóxido de carbono e dióxido de carbono. No entanto, nenhuma empresa realiza projetos de crédito de carbono. Estão mais preocupadas em desenvolver sistemas que tornem o processo mais eficiente e econômico, além de valorizar cada vez mais a venda dos recicláveis, com a busca incansável na sua completa segregação por tipo de material. E dessa forma buscam ter os benefícios econômicos de maneira quase que imediata.
normalmente publicados no padrão GRI e os demais relatos foram adaptados para este padrão. Dessa forma, tomamos por verídicas todas as informações publicadas pelas empresas. Para concentrar nossa amostra em empresas que possuem realmente um interesse declarado na sustentabilidade, nós utilizamos somente empresas que estão listadas nos índices de sustentabilidade da Bovespa, o ISE e o ICO2.
A primeira parte da pesquisa, que compreendia saber qual a potencialidade de geração de receita com as vendas dos créditos de carbono, foi concluída já subtraídas as despesas para o desenvolvimento dos projetos de créditos de carbono. A segunda parte do estudo procurou analisar os demais ganhos nas empresas. As economias observadas na realização dos projetos, principalmente aqueles de eficiência energética, são responsáveis pelo montante restante, que totaliza meio bilhão de reais.
A metodologia Voltando ao Brasil, é importante ressaltar como desenvolvemos a equação e como ela poderá ter duas interpretações muito distintas. Todas as informações analisadas foram retiradas dos relatórios de sustentabilidade
Neo NeoMondo Mondo--Março/Abril Março/Abril 2014
43
Artigo Da mesma forma que podemos dizer que, hoje, os valores provenientes das receitas de projetos de créditos de carbono estariam na casa dos cem milhões de reais, também podemos inferir que as economias decorrentes da eficiência energética seriam bem maiores que as observadas anteriormente, pois o preço do kW vem aumentando gradativamente. Importante ressaltar que esse valor é a subtração do faturamento destes projetos versus as despesas para a realização dos mesmos, no qual utilizamos padrões e parâmetros de diversos artigos e pesquisas, que estão nas referências bibliográficas. Em suma, isso prova que não é uma questão de imediatismo! A questão é puramente econômica e de mercado. Para a geração de R$ 250 milhões, haveria a necessidade de muito trabalho e de entrar no mercado para a venda destes créditos. Os outros R$ 250 milhões foram conquistados somente com mudanças e investimentos internos. Ou seja, porque a empresa vai se arriscar em um mercado que está em baixa e correr riscos de prejuízo se pode criar uma consciência ambiental de maneira mais eficiente e lucrativa e ainda tornar todo seu processo produtivo mais eficiente?
44
Importante ressaltar que, como no próprio conceito de sustentabilidade (triple botton line), não podemos nunca esquecer da questão econômica perante as demais (ambiental e social), e sempre vai estar em primeiro na lista de prioridade para todos os shareholders da empresa. Mas o que explica a baixa demanda? Pode ser razoavelmente explicada pelo que foi relatado durante a pesquisa: um mercado muito amplo que necessita de uma alta complexidade para a realização e um baixo interesse na compra dos créditos. As ações mais específicas e pontuais já proporcionam, de maneira direta, os benefícios para a empresa, sem a necessidade de investimentos que podem não gerar retornos. Conclusão Como na Europa, Brasil ou em outros países, a demanda por projetos de créditos de carbono estão caindo em desuso pois os conceitos de sustentabilidade estão sendo convertidos em ações reais. Dessa forma, acabaram aprimorando projetos mais lucrativos para as empresas e com as mesmas características ambientais de preservação. Há, no entato, meios de estimular a geração de novos projetos de créditos de
carbono: incentivar algo que o mercado não mais absorve é um alto custo energético e financeiro (e, com certeza, não vejo muita sustentabilidade nessas ações). Acredito que a melhor forma será uma readequação dos atuais protocolos e a desburocratização de todo o processo. E, claro, ajustar as metodologias atuais para as ações que realmente as empresas estão implementando. Há mais de 350 anos aconteceu a primeira revolução industrial, quando começamos a consumir de maneira irresponsável os recursos do nosso planeta. Não podemos ter a pretensão de pensar que vamos achar uma fórmula mágica em um assunto que estamos discutindo há menos de 50 anos no mundo e agindo há menos de uma década! * Sócio-diretor da empresa REDIVIVUS AMBIENTE. A pesquisa faz parte da dissertação de mestrado apresentada na FEARP em 30 de outubro de 2012, com o título “Análise da potencialidade do mercado de projetos de crédito de carbono no Brasil”. O trabalho foi orientado pela professora Maisa de Souza Ribeiro.José está desenvolvendo ainda pesquisas na área de eficiência de recursos e reciclagem de materiais, principalmente pneus.
Neo Mondo - Março/Abril 2014 2014
A AN_Ca
Neo Mondo - Marรงo/Abril 2014
AN_Cartaz AN Cartaz REV GELADEIRA 205x275 [Neo Mondo] Mondo].indd indd 1
45
21/3/14 6:53 PM
NEO MONDO INFORMA por Eleni Lopes
As 100 empresas com melhores práticas de sustentabilidade de acordo com a Corporate Knights
A
australiana Westpac Banking é a companhia mais sustentável do mundo, segundo levantamento divulgado pela Corporate Knights, publicação canadense especializada em responsabilidade social e desenvolvimento sustentável, durante o Fórum Econômico Mundial, em Davos.
46
Neo Mondo - Março/Abril 2014
O ranking anual, conhecido como The Global 100, traz as empresas com as melhores práticas de sustentabilidade corporativa. Duas empresas brasileiras integram a edição 2014: a Natura, na posição 23, e a BRF, na 95ª.
O levantamento, criado em 2005, seleciona empresas de todos os setores com base em práticas ambientais, saúde financeira, categorias de produtos e sanções financeiras.
POSIÇÃO
COMPANHIA
POSIÇÃO
COMPANHIA
1
Westpac Banking Corporation
40
Vivendi SA
2
Biogen Idec Inc
41
Teck Resources Limited
3
Outotec OYJ
42
Swiss Re AG
4
Statoil ASA
43
Coca-Cola Enterprises Inc
5
Dassault Systemes SA
44
SAP AG
6
Neste Oil OYJ
45
L’Oreal SA
7
Novo Nordisk A/S
46
Atlas Copco AB
8
Adidas AG
47
Duke Energy Corporation
9
Umicore SA
48
Koninklijke Philips Electronics NV
10
Schneider Electric SA
49
Bank of Montreal
11
Cisco Systems Inc
50
Motorola Solutions Inc
12
BASF SE
51
Royal Dutch Shell PLC
13
Bayerische Motoren Werke AG
52
Cenovus Energy Inc
14
Aeroports de Paris
53
Suncor Energy Inc
15
ASML Holding NV
54
Prologis Inc
16
The Sage Group PLC
55
Telefonaktiebolaget LM Ericsson
17
Keppel Land Limited
56
Galp Energia SGPS SA
18
UCB SA
57
Johnson & Johnson
19
Australia & New Zealand Banking Group Limited
58
CapitaLand Limited
20
Sigma-Aldrich Corporation
59
General Electric Company
21
Life Technologies Corporation
60
Daimler AG
22
Tim Hortons Inc
61
Agilent Technologies Inc
23
Natura Cosmeticos SA
62
Acciona SA
24
Bombardier Inc
63
Electrocomponents PLC
25
Commonwealth Bank of Australia
64
H&M Hennes & Mauritz
26
Centrica PLC
65
Daiwa House Industry Co Ltd
27
Siemens AG
66
Mitsubishi Heavy Industries Ltd
28
Croda International PLC
67
Intact Financial Corporation
29
StarHub Ltd
68
Weyerhaeuser Company
30
Shinhan Financial Group Co Ltd
69
Eisai Co Ltd
31
Hang Seng Bank Ltd
70
TELUS Corporation
32
Stockland
71
BG Group PLC
33
Banco Espirito Santo SA
72
Staples Inc
34
Samsung Electronics Co Ltd
73
BCE Inc
35
Wolters Kluwer NV
74
Nissan Motor Co Ltd
36
Geberit AG
75
Enbridge Inc
37
Monsanto Company
76
Encana Corporation
38
Scania AB
77
Ricoh Co Ltd
39
City Developments Ltd
78
EMC Corporation
Neo Mondo - Março/Abril 2014
47
NEO MONDO INFORMA
POSIÇÃO
COMPANHIA
POSIÇÃO
COMPANHIA
79
Sun Life Financial Inc
90
The Toronto-Dominion Bank
80
Storebrand ASA
91
Intesa Sanpaolo SpA
81
London Stock Exchange Group PLC
92
Wesfarmers Ltd
82
LG Electronics Inc
93
Unilever PLC
83
Husqvarna AB
94
Roche Holding AG
84
Johnson Controls Inc
95
BRF – Brasil Foods SA
85
British Sky Broadcasting Group PLC
96
Campbell Soup Company
86
Nestle SA
97
Danone SA
87
Alcatel-Lucent
98
Kesko OYJ
88
Hess Corporation
99
Novartis AG
89
Muenchener Rueckversicherungs AG
100
Essilor International, Compagnie Générale d’Optique Fonte: Corporate Knights
Energia eólica já abastece metade da Dinamarca
A
Dinamarca é pioneira em utilização de energia eólica e um exemplo para o mundo. A meta do país é receber 50% de sua eletricidade a partir de energia eólica em uma base anual até 2020. Para 2050, quer obter 100% proveniente de fontes renováveis. Em dezembro, a energia eólica garantiu cerca de 55% de toda a eletricidade consumida na Dinamarca. Foi a primeira vez que um país recebeu mais da metade de sua energia a partir de fonte eólica em um mês inteiro, segundo o principal operador de rede da Dinamarca, Energinet.dk.
48
Neo Mondo - Março/Abril 2014
Maior usina solar do mundo começa a gerar eletricidade
C
omeçou a operar, em fevereiro, a Ivanpah Solar Electric Generating System, maior usina de energia solar do mundo, na Califórnia, nos EUA.
Em um terreno de 13 km2, a usina abriga 300 mil espelhos para coletar a luz do sol e tem capacidade bruta de produção de 392 megawatts de energia - quase quatro vezes mais que a Shams 1, em Abu Dhabi.
Construção coletiva de saberes é foco de pesquisa sobre Semiárido
O
Projeto Sistemas Agrícolas Familiares Resilientes a Eventos Ambientais Extremos no Contexto do Semiárido Brasileiro, alternativas para enfrentamento aos processos de desertificação e mudanças climáticas, busca compreender as estratégias que as famílias dessa região utilizam para continuar produzindo mesmo em períodos de estiagem prolongada. A iniciativa é uma parceria entre a Articulação Semiárido Brasileiro (ASA) e o Instituto Nacional do Semiárido (INSA). Para o pesquisador-coordenador Victor Maciel, a ideia é saber como
as tecnologias de convivência com o Semiárido, implementadas por iniciativa da ASA ou por iniciativa das próprias famílias, impactam suas vidas. De acordo com Aldrin Perez-Marin, coordenador do projeto pelo INSA, a opção por um perfil multidisciplinar na composição da equipe se deve pela própria natureza da metodologia participativa, envolvendo especialistas de diversas áreas. Participam, assim, agrônomos, licenciados em Geografia, Biologia, Pedagogia e Educação do Campo, além de uma profissional da área de agroecologia.
Pesquisadores da USP desenvolvem carne bovina enriquecida que pode reduzir o colesterol
P
esquisadores da Faculdade de Zootecnia e Engenharia de Alimentos (FZEA) da Universidade de São Paulo (USP), campus de Pirassununga, desenvolveram uma carne bovina enriquecida com vitamina E, selênio e óleo de canola, com menor nível de colesterol. Os resultados das pesquisas que deram origem ao produto, realizadas com
apoio da FAPESP, foram apresentados em congressos internacionais de ciência e tecnologia da carne e de produção animal, realizados nos últimos meses na França, na Turquia e em Cuba. “Suplementamos a ração de bois da raça Nelore com uma dose elevada de selênio orgânico durante um período de três meses de engorda e constatamos que, além de aumentar a quantidade de selênio no
sangue dos animais, o teor desse mineral na carne produzida chegou a ser quase seis vezes maior do que a carne de bovinos que não tiveram a ração suplementada”, explica Marcus Antonio Zanetti, professor da FZEA e coordenador do projeto. “O colesterol no sangue e na carne dos animais que tiveram a ração suplementada com níveis elevados de selênio também diminuiu significativamente”, afirma.
Neo Mondo - Março/Abril 2014
49
NEO MONDO INFORMA do mineral e a diminuição de colesterol no sangue de humanos, os pesquisadores realizaram um estudo com idosos de uma instituição assistencial em Leme (SP). Durante períodos de até 90 dias, a carne dos bovinos suplementados com selênio e vitamina E foi incluída nas refeições de 80 idosos em diferentes variações, tais como nas formas de carne moída, almôndega e em ensopados. A fim de avaliar se a ingestão da carne dos animais que tiveram a ração suplementada com selênio também causava o aumento da disponibilidade
“As análises do nível de colesterol no sangue dos idosos que consumiram a carne ainda não foram concluídas”, disse Zanetti. “Mas já pudemos observar que
houve um aumento da disponibilidade de vitamina E e de selênio no sangue dos que consumiram a carne por mais de 45 dias.” De acordo com Zanetti, o selênio é considerado um importante mineral antioxidante, porque impede a formação de radicais livres, auxilia no combate infecções e aumenta a imunidade. A utilização do óleo de canola com os dois compostos antioxidantes – selênio e vitamina E – evitou que o aumento da instauração da gordura alterasse o sabor do produto, explicou Zanetti.
Revista Science e alerta para extinção da onça-pintada na Mata Atlântica
U
ma carta publicada por um grupo de pesquisadores brasileiros membros do Sistema Nacional de Pesquisa em Biodiversidade (Sisbiota) na revista Science alerta para o perigo de extinção da onça-pintada (Panthera onca) na Mata Atlântica. De acordo com Ronaldo Gonçalves Morato, coautor do texto e chefe do Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de Mamíferos Carnívoros (Cenap) do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), entre as causas do declínio estão a perda de habitat resultante do desmatamento e da fragmentação da mata e também a caça. Estima-se que, atualmente, reste
apenas entre 7% e 12% da cobertura original da Mata Atlântica. O impacto do desaparecimento da onçapintada para o ecossistema local é difícil de prever, mas certamente o saldo será negativo. “Quando um grande predador desaparece, pode haver explosão nas populações de herbívoros, como veados, catetos e queixadas. Em excesso, esses animais acabam consumindo todo o sub-bosque da floresta e isso implica em perda da capacidade de recomposição e perda de estoque de carbono. A longo prazo, pode levar à quebra da dinâmica da floresta”, avaliou Morato. Pedro Manoel Galetti Junior, professor do
Departamento de Genética e Evolução (DGE) da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) e coautor do texto, lembrou que o desaparecimento da onçapintada pode ainda causar aumento desmedido nas populações de predadores intermediários, como jaguatiricas e outros carnívoros. O artigo Atlantic Rainforest’s Jaguars in Decline (DOI: 10.1126/ science.342.6161.930-a), de Ronaldo Morato, Pedro Galetti e outros, pode ser lido por assinantes da Science em www.sciencemag.org/content/342/ 6161/930.1.full?sid=b8928fb9-37604f2e-9188-23bc28d2dc2f
Pesquisa avaliará os impactos socioambientais de Belo Monte
U
ma pesquisa científica vai avaliar os impactos sociais e ambientais da construção da usina hidrelétrica de Belo Monte, próxima à cidade de Altamira, no Pará. O estudo é liderado pelo cubano Emilio Federico Moran, professor da Michigan State University, nos EUA, agora vinculado ao Núcleo de Estudos Ambientais (Nepam) da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). 50
Neo Mondo - Março/Abril 2014
O trabalho de campo está em fase inicial de implantação em Altamira. A pesquisa deverá se estender até agosto de 2018. Participam da equipe cientistas da Universidade Federal de Santa Catarina, da Universidade Federal do Pará e da Universidade Estadual do Pará. Um dos trabalhos da equipe do projeto
de pesquisa, em seus primeiros meses de atividade, será fazer um estudo exaustivo da literatura internacional sobre impactos socioambientais de hidrelétricas. Há obras de grande porte na China, na Índia, no Laos e em outros países emergentes que podem servir de parâmetro para o estudo de Belo Monte.
Fibra do coco-verde é alternativa na indústria calçadista
U
ma nova possibilidade para o emprego da fibra de coco é resultado de uma pesquisa realizada na Escola de Artes, Ciências e Humanidades (EACH) da USP pela bacharel em têxtil e moda Célia Regina da Costa. O estudo mostra que o material pode ser usado na indústria calçadista, na forma de solados de sapatos. A pesquisadora desenvolveu um sistema para separar as fibras do coco-verde e, posteriormente, uma maneira para
empregar o material na fabricação de um solado de sapato. Para desenvover o protótipo, as fibras de coco-verde foram separadas da parte externa da casca e, em seguida, foram submetidas a um processo de maceração biológica. Nessa etapa, as cascas do coco ficaram mergulhadas em água por 4 semanas, para que ocorresse a fermentação espontânea da matéria. Após isso, foram secas ao ar livre por 24 horas. Foram usados 50 cocos. As fibras passaram por 20 testes diferentes,
U
ma pesquisa realizada na Escola de Comunicações e Artes (ECA) da USP investigou a relação entre os aspectos fílmicos e lúdicos dos jogos. Uma asp das constatações é a de que os games extrapolam os limites do entretenimento, ext mudando a maneira pela qual as pessoas mu se relacionam com o conhecimento. O pesquisador Francisco Tupy definiu como com objeto de seu estudo a nova versão do videogame Super Street Fighter IV, lançado em 2010. Trata-se de uma nova lan versão do Street Fighter, jogo de luta ver que conquistou os gamers na década de 1990. 199 Ao longo da produção do estudo, o pesquisador descobriu que um jogo é pes
que tiveram como objetivo i bj i comprovar a resistência do material. No Brasil há um amplo consumo de água de coco, porém o descarte indevido gera problemas ambientais como poluição e foco para animais e parasitas. Dar um uso para o coco-verde descartado também pode gerar oportunidades no mercado de trabalho para a sociedade local. Por fim, o material agride menos o meio ambiente que outros tipos de matérias-primas utilizadas.
muito mais do que um jogo. Segundo Tupy, os games influenciam a compreensão de mundo das pessoas, de modo que, se vistos como ciência, eles ampliam as relações com o conhecimento, permitindo uma nova maneira de aprendizagem e transformando, assim, a qualidade do ensino. A opção pela análise da continuação do game Street Fighter se deu em função de sua popularidade e também pelo fato de que, por ter sido criado nos anos 1990, o jogo precisou se atualizar em diversos aspectos para acompanhar as várias gerações de jogadores. Além disso, é um game que envolve tanto elementos culturais (no caso, as artes marciais) como cinematográficos.