NEOMONDO
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Ano1 / Nº 4 / Outubro - Novembro 2007 / Distribuição Gratuita
UM OLHAR CONSCIENTE
Fitoterapia a medicina sustentável
Perfil Esporte Social 04
esmola
X Miséria 32
Operários da Arte 34 - Novembro 2007 Outubro
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Divirta-se 1com
Neomondo
a nossa Turma
Bradesco
Seções
Editorial
Perfil 04 O papel social do esporte e o legado do Pan O ministro Orlando Silva fala sobre a importância do esporte na inclusão e formação de jovens
Chegamos à quarta edição da Neo Mondo, levantando alguns temas que são Neo imprescindíveis quando o Mondo assunto é desenvolvimento. Um olhar consciente O Brasil é um país que abriga uma inestimável riqueza em espécies vegetais. Nos nossos ecossistemas se concentra a maior biodiversidade do mundo. Cientistas de todas as partes do planeta vasculham nossas matas em busca de plantas com poderes curativos. A Fitoterapia seria a chance do Brasil chancelar sua presença na rota da milionária indústria farmacêutica? Nessa mesma linha, mostramos como a pesquisa é encarada no país. Ao contrário das nações desenvolvidas, onde a indústria investe pesadamente em pesquisas, no Brasil, ela está concentrada nas universidades, que encontraram nos convênios com empresas uma saída, para fazer chegar ao mercado os benefícios dessas inovações. Nas nossas páginas, convidamos a todos para um passeio pelo Parque do Ibirapuera, com olhos de turistas, capazes de desvendar um pouco de sua história. A esmola para crianças é um tema doloroso, mas que deve ser discutido. A repórter Livi Carolina foi em busca de informações sobre o que esse simples e corriqueiro ato pode gerar e também, mostrar como podemos, efetivamente, ajudar essas crianças. Muitas outras informações e novidades são disponibilizadas nessa edição e, esperamos que possam gerar alguns questionamentos importantes. Sejam bem vindos e boa leitura!
Instituto
economia & Negócios Pesquisa no Brasil Importante para o desenvolvimento do país, mas ainda restrito às universidades Meio Ambiente 09 Imposto de renda ecológico 10 Basta somente remediar Projeto permitiria que pessoas físicas e Destruída em 93%, a Mata Atlântica é jurídicas aplicassem o imposto de renda reflorestada por parcerias entre ONGs e em projetos ambientais empresas 13 Artigo: Cada vez mais calor! Os efeitos da mudança de clima
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Crescer sem destruir Ribeirão dá exemplo de desenvolvimento em harmonia com o ambiente 16 Artigo: Sacolas Plásticas Ações únicas podem impactar negativamente o meio ambiente
14 educação 23 Artigo: Cresce nossa responsabilidade ética como educadores Como ensinar sobre ética num contexto de falta de valores? Terceiro Setor na política Evento promove a discussão de temas de interesse público, como a educação especial 26 Fitoterapia: A Medicina Sustentável Mesmo sendo viveiro mundial de espécies terapêuticas, Brasil ainda não adotou a fitoterapia
34 Turismo 36 Paraíso na cidade Mais de seis décadas do Parque do Ibirapuera 38 Classificado Solidário Dicas Dicionário Politicamente Correto
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Confira o resultado do concurso
24 Social 30 Sustentabilidade sobe no IBOPE Evento apresenta como os brasileiros enxergam a sustentabilidade Inclusão 32 Dar esmola é financiar a miséria Campanhas conscientizam a população que quanto mais esmolas, mais crianças nas ruas Cultura Obra com Arte Trabalhadores da construção civil fazem da arte um meio de lidar com o preconceito
Liane Uechi
Expediente Diretor Executivo: Oscar Lopes Luiz Diretor de Comunicação: Ivan Lima Santos Diretor de Planejamento: Luís Gustavo Carvalho Cunha Conselho Editorial: Oscar Lopes Luiz, Ivan Lima Santos, Takashi Yamauchi, Liane Uechi, Livi Carolina, Eduardo Sanches e Luciana Stocco de Mergulhão Diretora de Redação: Liane Uechi (MTB 18.190) Redação: Liane Uechi (MTB 18.190) e Livi Carolina (MTB 49.103-59) Revisão: Instituto Neo Mondo Projeto Gráfico: Instituto Neo Mondo e Linking Propaganda Diretor de Arte: Adriano Ferreira Barros Diagramadores: Adinam Ern e Marcel Burim Diretor de TI: Ivo F. P. C. Siqueira Fotógrafo: Élcio Moreno Correspondência: Instituto Neo Mondo Rua Caminho do Pilar, 1012 - sl. 22 - Santo André – SP Cep: 09190-000 Para falar com a Neo Mondo: assinatura@neomondo.com.br redacao@neomondo.com.br trabalheconosco@neomondo.com.br classificadosolidario@neomondo.com.br Para anunciar: comercial@neomondo.com.br Tel. (11) 4994-1690 Presidente do Instituto Neomondo: oscar@neomondo.com.br
Perfil
O papel social do esporte e o legado do O Ministro do Esporte, Orlando Silva fala à Revista Neo Mondo sobre a importância do esporte na inclusão e formação de jovens.
PAN
Liane Uechi
O
Ministro dos Esportes, Orlando Silva, aponta as principais ações do governo federal na área esportiva, mostra os ganhos sociais que podem advir dessa prática, comenta os resultados e como serão aproveitadas as estruturas físicas do último Jogos Pan-americanos, sediados pelo Rio de Janeiro, revela que o orçamento para o Bolsa-Atleta será dobrado em 2008 e fala sobre a nova lei de incentivo ao esporte. Em sua trajetória, Orlando Silva
já foi militante estudantil e presidente da União Nacional dos Estudantes (UNE). Antes de assumir o Ministério dos Esportes, em 31 de março de 2006, exerceu os cargos de secretário nacional de Esporte, secretário nacional de Esporte Educacional e secretário-executivo do Ministério do Esporte. Também é membro do Conselho Nacional de Promoção da Igualdade Racial e vice-presidente do Conselho IberoAmericano do Esporte.
Neo Mondo - A atividade esportiva pode alterar a realidade social de crianças e adolescentes de comunidades carentes? Silva - Com certeza pode alterar. Todo o nosso trabalho é voltado para este objetivo. Acompanhamos a mudança de perspectiva de crianças e jovens atendidos pelos programas Segundo Tempo, através de atividades realizadas no turno oposto ao da escola, e no Esporte e Lazer da Cidade, que oferece programação esportiva, cultural e de lazer nas comunidades mais carentes do país. Os resultados aparecem na convivência familiar, na dedicação à escola e no envolvimento com a comunidade, onde passam a ser referência. Além de tudo isso, é necessário sempre lembrar que a prática esportiva promove saúde, disciplina e solidariedade. Neo Mondo - Quais as políticas públicas, na área de esportes, utilizadas com finalidade social?
Ministro dos Esportes, Orlando Silva
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Silva - O Ministério do Esporte desenvolve várias políticas públicas com este propósito. A principal é o programa Segundo
Tempo. Cerca de 2 milhões de crianças e adolescentes, de 1.500 municípios de todos os estados e no Distrito Federal já foram atendidos pelo programa. Atualmente, o Segundo Tempo beneficia 491 mil estudantes em todo o Brasil. O programa Esporte e Lazer na Cidade, através de seus Núcleos de Esporte Recreativo e de Lazer e Núcleos de Vida Saudável, envolve crianças, jovens, adultos e idosos em situação de vulnerabilidade social em atividades esportivas, recreativas e de lazer. O programa conta atualmente com 537 núcleos espalhados por 182 municípios, onde são atendidas 855.639 pessoas. Além disso, buscamos a descoberta de novos talentos esportivos, com um programa específico, e incentivamos os atletas sem patrocínio com o programa Bolsa-Atleta, que, aliás, terá seu orçamento dobrado em 2008. Neo Mondo - Qual o legado do Pan? Silva - Antes de tudo temos o legado social que o evento gerou. A partir dele, ampliamos o atendimento dos programas sociais, fechamos novas parcerias. A construção de infra-estrutura gerou emprego e renda e a,
formação profissional de jovens, combatendo a violência urbana, entre outros. Neo Mondo - Como será utilizada a estrutura criada para o Panamericano? Silva - O governo federal fechou parcerias para a utilização permanente dos espaços. A realização de eventos internacionais já está prevista em várias estruturas construídas ou reformadas para o Pan. O Complexo Esportivo Deodoro, por exemplo, será um centro internacional de treinamento e competição. O acordo, fechado com a Confederação Brasileira de Pentatlo Moderno, prevê também a injeção de recursos da entidade. Já em novembro, o local receberá o Open Sulamericano de Pentatlo Moderno. Outro acordo, feito com a Federação Internacional de Esportes Militares, prevê que Deodoro receba as competições do Campeonato Mundial Militar, em 2011, e que seja Centro Internacional de Treinamento e Desenvolvimento de Esportes Militares. Para isso, o centro receberá verba internacional. Em setembro, a Arena Olímpica do Rio recebeu o Campeonato Mundial de Judô. Já o Parque Aquático Maria Lenk recebeu em outubro o Troféu Mundial de Nado Sincronizado e o Rio-Centro, o Masters de Tênis de Mesa. A Arena Olímpica do Rio de Janeiro, por sua vez, será palco de dois mundiais no ano de 2008, o Open Mundial de Badminton, no mês de fevereiro, e o Mundial de Futsal, no mês de outubro. Outros grandes cenários preparados para os Jogos Pan-americanos, como Maracanã e Maracanãzinho, por exemplo, terão uma agenda a ser construída conjuntamente pelos ministérios do Esporte, Cultura, Turismo e governo do Estado do Rio de Janeiro para uso múltiplo. Neo Mondo - Como está o Brasil no cenário esportivo mundial? Silva - Demos um grande passo com os resultados conseguidos por nossos atletas. Tivemos o melhor Pan da História, atrás apenas dos EUA e Cuba, que são duas grandes potências mundiais do esporte. Já no Parapan, tivemos um resultado espetacular e ficamos em primeiro lugar. Mas nós queremos mais. Nosso objetivo é colocar o Brasil, no esporte, na mesma posição mundial que ele ocupa na economia, ou seja, entre os dez maiores do mundo.
“
Além de financiar programas esportivos de inclusão social, a lei servirá para atrair ao país técnicos de alto nível
”
Neo Mondo - Os resultados obtidos no Pan podem ser considerados efeitos de alguma política pública? Silva - Com toda a certeza. Estes resultados decorrem da ampliação dos investimentos públicos no esporte nacional nos últimos anos. Entre 2003 e 2006, as empresas estatais investiram mais de R$ 500 milhões em diferentes modalidades esportivas, cifra à qual se somam R$ 250 milhões provenientes da Lei Agnelo/Piva. O Ministério do Esporte repassa recursos da ordem de R$ 20 milhões para o programa Bolsa-Atleta, desde 2005. Do total de 659 atletas da delegação brasileira nos Jogos Pan-americanos, 82 contaram com o incentivo do programa Bolsa-Atleta. Já no Parapan, 45% da delegação que participou dos jogos foi beneficiada pelo programa, com repasses mensais que vão de R$ 300,00 (estudantil) até R$ 2.500,00 (olímpica e paraolímpica). Neo Mondo - Quais os ganhos reais que poderão advir da Lei de Incentivo ao Esporte?
Silva - A nova lei é um importante instrumento para o desenvolvimento e o aprimoramento da atividade. Com ela, o esporte receberá uma importante soma de recursos que virão da iniciativa privada por intermédio dos incentivos fiscais. Esse investimento será fundamental na revelação de atletas e na preparação dos nossos esportistas de alto rendimento. Além de financiar programas esportivos de inclusão social, a lei servirá para atrair ao país técnicos de alto nível, uma forma de impulsionar esportes de menor tradição no Brasil.
Economia & Negócios
A pesquisa
NO BRASIL A Pesquisa é a premissa para o desenvolvimento de uma Nação Da Redação
A
pesquisa é um dos mais importantes instrumentos de desenvolvimento de uma Nação, é através dela que se obtém competitividade no mercado internacional, desenvolvem-se sistemas produtivos mais competitivos, qualifica-se profissionalmente os recursos humanos, otimiza-se processos, oferece-se bem-estar social e inovações, ou seja, é a premissa para o crescimento e a evolução em todas as áreas: saúde, economia, educação, ciências, etc. A sofisticação e avanços nos segmentos médico, têxtil, alimentício, químico, eletrônico, dentre outros, se iniciam obrigatoriamente com a pesquisa. No Brasil, 85% da pesquisa ainda está vinculada às instituições de ensino, ocorrendo de forma dissociada das demandas do setor produtivo. Prova disso é que a Unicamp é a maior depositária nacional de patentes, acima de empresas como a Petrobras. O pró-reitor de pesquisa da Universidade Federal de Campinas, professor Daniel Pereira, confir-
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ma esse desempenho da instituição, que possui a maior produção científica, per capita das escolas de ensino superior do país - em números fica atrás da Universidade de São Paulo (USP). A Unicamp foi responsável por importantes estudos que deram origens a produtos como a primeira fibra óptica brasileira, que revolucionou a telecomunicação nacional. Além de contribuir para construção do saber e a formação de pessoal altamente qualificado, essa produção científica tem provocado impactos positivos no desenvolvimento social e econômico do país. Porém, segundo Pereira, os resultados dessa alta performance acadêmica não podem ser considerados ideais, sob o ponto de vista do desenvolvimento econômico do país, pois a aplicação da pesquisa para fins produtivos, não é uma atribuição da universidade e sim, do setor produtivo, como acontece nos países desenvolvidos, onde os investimentos em pesquisa são realizados, em sua maioria, pelas empresas.
Pesquisa Universitária Conforme explicou o pró-reitor, o papel da universidade é disseminar conhecimento e nesse sentido, a pesquisa é imprescindível para a qualificação desse saber. Esse objetivo vem sendo atendido com excelência, com a
publicação em importantes periódicos científicos. “Um importante indicador da qualidade dos trabalhos é a aceitação e publicação em revistas científicas reconhecidas internacionalmente” – explicou.
Mecanismos de Financiamento Conforme estudo publicado pelo IPEA – Instituto de Pesquisa Econômica, os mecanismos de financiamento público ao desenvolvimento científico e tecnológico priorizaram, desde a década de 1960, a pesquisa acadêmica, negligenciando os interesses e a participação
do setor empresarial. Esse, por sua vez, com honrosas exceções, não se propôs a investir em desenvolvimento científico e tecnológico, o que colocou o país entre aqueles em que a pesquisa científica e tecnológica é financiada e executada em grande parte pelo e para o Estado.
$ Fundos Setoriais Para mudar esse cenário, os fundos setoriais (instrumentos de financiamento de projetos de pesquisa, desenvolvimento e inovação no País) elegerem as empresas como focus e locus da atividade de inovação, tornando os arranjos cooperativos, entre empresas, universidades e centros de pesquisa a maneira de alcançá-la. Há 16 Fundos Setoriais, sendo 14 relativos a setores específicos e dois transversais. Destes, um é voltado à interação universidade-empresa (FVA – Fundo Verde-Amarelo), enquanto o outro é destinado a apoiar a melhoria da infra-estrutura de ICTs - Instituto Científico e Tecnológico. As receitas dos Fundos são oriundas de contribuições incidentes sobre o resultado da exploração de recursos naturais pertencentes à União, parcelas do Imposto sobre Produtos Industrializados de certos setores e de Contribuição de
Intervenção no Domínio Econômico (CIDE) incidente sobre os valores que remuneram o uso ou aquisição de conhecimentos tecnológicos ou transferência de tecnologia do exterior. Eles têm possibilitado a implantação de milhares de novos projetos em ICTs, que objetivam não somente a geração de conhecimento, mas também sua transferência para o setor produtivo. Projetos em parceria têm estimulado maior investimento em inovação tecnológica por parte das empresas, contribuindo para melhorar seus produtos e processos e também equilibrar a relação entre investimentos públicos e privados em ciência e tecnologia. Os recursos dos Fundos Setoriais, em geral, são aplicados em projetos selecionados por meio de chamadas públicas, cujos editais são publicados nos portais da FINEP e do CNPq.
Economia & Negócios
Cenário Atual O cenário atual mostra que o Brasil não guarda uma relação com o desenvolvimento científico próprio e a especialização da mão-de-obra nacional, ou seja a indústria brasileira não contrata doutores, que hoje se concentram nas carreiras acadêmicas. Da mesma forma, o financiamento em pesquisa ainda é oriundo em sua maior parte de recursos públicos, através dos Fundos Setoriais do Ministério da Ciência e Tecnologia. Para
Arranjo Cooperativo O sistema de parcerias e convênios entre as empresas e as universidades para desenvolvimento de novas tecnologias tem sido o caminho para a aplicação do conhecimento gerado nas universidades, através da pesquisa. A Unicamp foi líder nesse tipo de arranjo cooperativo. Na década de 70, aliou-se ao Centro de Pesquisa e Desenvolvimento em Telecomunicações (CPqD), da Telebrás e a empresa ABC X-Tal para o desenvolvimento e produção de fibras ópticas, montando a planta piloto de fabricação dessa tecnologia, que revolucionou a telecomunicação brasileira.
que uma pesquisa possa ser financiada é necessário apresentar um projeto, que será avaliado por especialistas na área. O custo de uma pesquisa depende muito da área de atuação de cada projeto. “Um projeto de física experimental é bem mais onerosa que uma de física teórica. As que possuem maiores custos são as da área de biomédicas e tecnologia” – explicou o pró-reitor da Unicamp, Daniel Pereira.
Impactos Sociais Embora a missão das universidades seja a geração do conhecimento e a conseqüente formação de recursos humanos, o saber produzido nessas instituição também tem oferecido expressivas contribuições ao desenvolvimento econômico do Brasil.Trabalhos e estudos conduzidos pelos especialistas das universidades têm servido ao longo dos anos à formulação de eficientes políticas públicas em todos os níveis administrativos, de norte a sul do país.Além disso, inventos concebidos a partir das pesquisas acadêmicas têm ajudado a elevar os níveis de riqueza nacional e a produção de bem-estar social.
Medicamento desenvolvido na Unicamp chega às farmácias De acordo com a Assessoria de Comunicação da Unicamp, desde setembro último, um medicamento para o tratamento dos sintomas do climatério, desenvolvido na Faculdade de Engenharia de Alimentos (FEA) da Unicamp, à base de isoflavona de soja, já está disponível nas farmácias e pode ser receitado por médicos da área. A pesquisa para o desenvolvimento do produto levou aproximadamente quatro anos. Mas o medicamento só chegou ao mercado graças a uma parceria articulada pela Agência de Inovação - Inova Unicamp entre a Universidade e a Steviafarma, empresa nacional do setor de fármacos. A Unicamp foi responsável pela pesquisa e pelo depósito da patente e a Steviafarma, 8 8
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pelo licenciamento da tecnologia, produção da matéria-prima (isoflavona aglicona) pelo produto acabado. “É mais um exemplo de como podemos disponibilizar para a sociedade uma tecnologia gerada na Universidade através de parcerias universidade-empresa”, afirma Vera Crósta, do grupo de parcerias da Inova Unicamp. O professor Yong Park, pesquisador da FEA e responsável pela pesquisa, comentou que está muito satisfeito com a chegada do medicamento às farmácias. “O produto traz em sua composição aproximadamente 100% de isoflavonas de soja, disponíveis na forma de aglicona, a parte ativa da isoflavona, com efeitos terapêuticos seguros e rápidos”, explica.
Economia & Negócios
IMPOSTO DE RENDA
ecológico
IR Ecológico prevê que pessoas físicas e jurídicas poderão deduzir do imposto de renda valores doados a entidades sem fins lucrativos, para aplicação em projetos ambientais.
O
Projeto de Lei que prevê a criação do IR Ecológico foi aprovado por unanimidade, no último dia 29 de agosto, pela Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania da Câmara dos Deputados. O PL 5.974/05 do Senado Federal dispõe sobre estímulos fiscais para projetos ambientais, prevendo que pessoas físicas poderão deduzir até 80% do valor das doações e 60% dos patrocínios dirigidos a projetos ambientais, previamente aprovados pelo poder público, até o limite de 6% do imposto de renda (IR) devido. No caso de pessoas jurídicas, poderão ser deduzidos até 40% do valor das doações e 30% dos patrocínios, respeitado o limite de 4% do IR. A proposta segue agora para aprovação em plenário na Câmara dos Deputados e depois, no Senado Federal. De autoria do Senado Federal, o projeto substitutivo foi redigido com o apoio da Ação pelo IR Ecológico, composto por representantes de ONGs ambientais, empresas e voluntários comprometidos com o tema ambiental. Maria de Lourdes Nunes, diretora executiva da Fundação O Boticário de Proteção à Natureza, acredita que a aprovação do IR Ecológico garantirá uma importante ferramenta para incentivar indivíduos e empresas a apoiar projetos ambientais, ampliando o número e o tipo de doadores. “O Brasil e o mundo necessitam urgentemente de incentivos como esse, que visem à proteção do meio ambiente”, comenta. Para o secretário geral do Funbio, Pedro Leitão, esta lei possibilitará um maior envolvimento do setor privado nas ações de
preservação da natureza. “Investir no meio ambiente nos dia de hoje é mais que ter uma postura consciente, é uma questão de mercado”, afirma Pedro. “Os novos parâmetros econômicos, socioambientais e a recente divulgação dos desastres causados pelas mudanças climáticas estão mudando as regras do corporativismo e indicando que as empresas devem reavaliar seus conceitos para garantir sustentabilidade”, explica.
“
O Brasil e o mundo necessitam urgentemente de incentivos como esse, que visem à proteção do meio ambiente
”
Mobilização do Terceiro Setor Diversas entidades do Terceiro Setor, que possuem larga atuação na defesa de causas sociais e ambientais, formaram “A Ação pelo IR Ecológico”, criada em 2005, para estudar mecanismos econômicos capazes de estimular o setor ambiental. É composta atualmente pelas seguintes organizações não governamentais, empresas e especialistas: WWF-Brasil, The Nature Conservancy (TNC), Conservação Internacional (CI), Fundação SOS Mata Atlântica, Fundo Brasileiro para a Biodiversidade (Funbio), Instituto Socioambiental (ISA), Instituto de Pesquisas Ecológicas (IPÊ), Fundação O Boticário de Proteção à Natureza, Fundação Biodiversitas, Instituto Bioatlântica, Pinheiro Neto Advogados, PATRI e Grupo de Institutos, Fundações e Empresas (GIFE).
Meio Ambiente
resta somente
REMEDIAR
Devastadas pelo capitalismo,
florestas tropicais são reflorestadas com o auxílio de empresas Livi Carolina
Divulgação
É
difícil imaginar que do Rio Grande do Sul ao Piauí existia somente uma área extensa de mata fechada, abrigo para animais e para uma grande variedade de espécies vegetais. Com 1.290.692,46 km², 15% de todo o território nacional, seu limite lateral chegava a atingir aqueles que posteriormente seriam seus vizinhos: Paraguai e Argentina. Chamada Mata Atlântica por receber as águas do Oceano Atlântico, era ela que dava às boas-vindas aos estrangeiros chegados às terras tupiniquins. Com sua imponente formosura e riqueza natural, aparentemente infinita, abriu as portas para os colonizadores que se instalaram na terra nomeada Brasil, em referência à árvore Pau-Brasil. Sua colonização gerou o desenvolvimento do país, porém sua exploração desregrada destruiu 93% de sua totalidade inicial. Seguindo o exemplo de apropriação, a Amazônia, de acordo com o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), somente no período de 2003 a 2004, perdeu para o desmatamento 26.130 km² (o
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que equivale a mais de 8,6 mil campos de futebol por dia). Uma das conseqüências desta devastação da natureza é o desequilíbrio natural e a mudança do clima. De acordo com os dados divulgados pelo Painel Intergovernamental sobre Mudança do Clima (IPCC), vinculado à Organização das Nações Unidas (ONU), 75% das emissões brasileiras dos gases que provocam o efeito estufa são provenientes do desmatamento e das queimadas, em especial na Amazônia e no Cerrado. Realidade alarmante que remete ao início da colonização, quando o Pau-Brasil, que significa ‘madeira em brasa’, se tornou o primeiro recurso brasileiro extinto.
7%
ão
“
Com um clique a pessoa nos dá o aval para financiar o plantio da árvore escolhida por ele
”
Norton Glabes Labes, diretor do Bradesco Títulos e Capitalizações
Hora de replantar! Somente após sucessivos alarmes da natureza, o homem passou a perceber que ele também estava sendo atingido, e que suas futuras gerações poderiam não usufruir o bem florestal, se o desenvolvimento continuasse em paralelo ao desmatamento irresponsável. Iniciaram-se então, por volta da década de 80, alguns movimentos de prevenção e conscientização que lutavam, principalmente, contra a ação de grandes indústrias, tidas como vilãs da época. Porém, se antes eram vistas como malfeitoras, hoje são as empresas as maiores aliadas das organizações militantes. A Fundação SOS Mata Atlântica lançou, em 2004, o Programa Florestas do Futuro que visa à recuperação de matas ciliares de importantes bacias hidrográficas da Mata Atlântica em parceria com 23 representantes da iniciativa privada. Estas empresas financiam o plantio de 15.000 árvores, número suficiente para reflorestar uma faixa de 30 metros de largura (o mínimo exigido por lei) ao redor de uma represa com cerca de um quilômetro de diâmetro. Segundo o diretor de captação de recursos da Fundação, Adauto Basílio, os plantios são realizados para recuperar as margens dos rios com a intenção de proteger a água, especialmente em áreas de
propriedades privadas, uma vez que mais da metade dos remanescentes florestais do bioma estão em áreas particulares. “Tendo o investimento das empresas, cuidamos de todo o processo: estudo e seleção da área para o reflorestamento, capacitação de uma ONG local para o plantio e manutenção da área, fiscalização, educação ambiental da comunidade local e aquisição de mudas de espécies nativas em viveiros” – explica Basílio. Aliado ao Florestas do Futuro, outro projeto que tem ajudado a recuperar
a mata, é o Clickarvore, em que o internauta autoriza plantio e acompanha o crescimento da muda. “Com um clique a pessoa nos dá o aval para financiar o plantio da árvore escolhida por ele” – destaca o diretor do Bradesco Títulos e Capitalizações, Norton Glabes Labes. Juntos, os dois programas beneficiaram 243 municípios em oito estados, contando com 26 viveiros de mudas conveniados, e replantaram em torno de 14 mil hectares.
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Meio Ambiente
Mais verde acumulado Patrocinar programas como estes, oferece às empresas o benefício de ter atrelado à marca ações de responsabilidade socioambiental, e segundo Labes, da Bradesco Capitalização, este tem sido um bom negócio. “A Organização Bradesco tinha uma parceria de muitos anos com a SOS Mata Atlântica desde sua criação, porém percebemos que poderíamos fazer mais. Estreitamos nossos laços e oferecemos aos nossos clientes, que geralmente querem ajudar a natureza mais não sabem como, uma forma de contribuir com o meio ambiente e de atender suas necessidades financeiras” – destaca.
Em 2004, a Bradesco Capitalização aliou à linha de títulos da família Pé Quente, o título Pé Quente Bradesco SOS Mata Atlântica em que o cliente, além de poupar e concorrer a prêmios, ao adquirilo investe no plantio de 10 mudas. Segundo o diretor, o sucesso foi imediato, uma vez que, tanto os clientes quanto os funcionários, simpatizaram com a causa. “Em apenas três meses vendemos 100 mil títulos, meta que pensávamos atingir somente após um ano” – revela Labes. De acordo com o diretor, a Bradesco Capitalização já investiu mais de R$ 20 milhões nos programas desenvolvidos
pela Fundação SOS Mata Atlântica. O Pé Quente Bradesco SOS Mata Atlântica viabilizou recursos para o plantio de 18 milhões de mudas de árvores nativas na Mata Atlântica, recuperou por volta de 10 mil hectares com 600 projetos em 350 municípios, reflorestou uma área equivalente a 12.129 campos de futebol e, em conseqüência, neutralizou cerca de 20 milhões de toneladas de carbono. A Bradesco Capitalização apóia também o Programa Costa Atlântica da Fundação, iniciativa que tem o objetivo de proteger os ecossistemas marinhos e costeiros associados à Mata Atlântica.
Área de reflorestamento cuidada pelos programas da SOS Mata Atlântica
Tripé socioambiental Com o bem-sucedido resultado da inserção do título ambiental à família Pé Quente, o Bradesco Capitalização lançou o Bradesco Pé Quente GP Ayrton Senna, que investe em programas educacionais por todo o país promovidos pelo Instituto de mesmo nome, e o Câncer de Mama no Alvo da Moda. Ao se interessar pela capitalização, o cliente tem a opção de escolher em que programa ele irá investir. Com este cunho social o Bradesco já vendeu, em apenas um ano, mais de milhão de títulos que favorecem o Instituto Ayrton
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Senna e arrecadou mais de 50 mil para o projeto Câncer de Mama no Alvo da Moda. A parceria com os outros dois projetos proporcionou ao Bradesco investir no chamado tripé socioambiental: meio ambiente, educação e saúde, atualmente responsável por 40% da arrecadação mensal da capitalização. “O retorno financeiro tem sido excelente, mas a satisfação pelo que estamos fazendo, é tão grande quanto o sucesso da adesão. Que nossa empresa, além de reconhecida, seja um exemplo a ser seguido e compreendido” – declara o diretor.
Meio Ambiente
João Carlos Mucciacito
CAdA VeZ MAIS
CAlOR Aumento da temperatura já pode ser sentido em todo o planeta
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esde a criação, a Terra sempre esteve em constantes mudanças de temperatura, em ciclos de milhares de anos de aquecimento e glaciação causados por fenômenos naturais. A partir da Revolução Industrial, o planeta passou a enfrentar uma nova realidade: a mudança de temperatura causada pelo homem através da poluição do ar. Este problema começou a ser sentido nos microclimas, com o aumento da temperatura nos grandes centros urbanos e mais recentemente no macroclima, com o aumento do nível do mar, uma ameaça em escala global que pode causar escassez de alimentos e graves problemas sociais. São vários os fatores, apontados por ecologistas e cientistas, que provocam essas mudanças climáticas, tais como o efeito estufa, buraco na camada de ozônio, poluição atmosférica e aumento na produção de gás carbônico. Há alguns fatos que podem ser considerados como indícios do aquecimento
global e da elevação dos oceanos. O nível do mar está subindo e em alguns lugares os efeitos já estão sendo sentidos. A ilha Tuvalu, que fica no Sul do Oceano Pacífico, enfrentou o aumento da ocorrência de ciclones tropicais na última década, causados pelo aumento da temperatura das águas superficiais do oceano, o que interfere na ocorrência das tempestades, com a água salgada contaminando a água potável e a agricultura. Os líderes da população de 11 mil habitantes decidiram abandonar a ilha neste ano, e serão recebidos pelo governo da Nova Zelândia. Na Holanda, onde boa parte do território da costa do país foi construído através de diques no mar do Norte, há muita preocupação com a subida das águas e são feitos monitoramentos constantes. A elevação do nível do mar não se dá apenas devido ao derretimento de gelo e aumento de massa, mas também pela expansão térmica da massa líquida do oceano e conseqüente aumento de volume.
Os níveis da água do mar Um dos trabalhos mais respeitados pela comunidade científica é o do pesquisador Bruce Douglas, chamado Global Sea Level Rise, publicado no Journal of Geophysical Research em abril de 1991. Douglas fez um estudo sobre as tendências dos níveis marítimos com modelos de cálculo, levando em conta a reação dos continentes em degelo. Um efeito que deve ser considerado é que a crosta terrestre também tem movimentos verticais e ao ocorrer o derretimento de gelo, acontece uma redistribuição de massa no interior dos continentes. Desta forma, quando a crosta “sobe”, o nível do mar “desce” em relação a ela. No Brasil, há trabalhos publicados pelo Instituto Oceanográfico da USP que confirmam o aumento do Oceano Atlântico na costa brasileira. Nas medições feitas em Cananéia, no litoral sul do estado de São Paulo, desde o ano de 1955 até 1990, foi calculada uma taxa de elevação de 4,1 milímetros por ano. Em outro relatório, do Instituto Oceanográfico, feito na cidade de Santos, entre 1944 e 1989, ocorreu uma elevação média de 1,1 milímetros por ano, segundo Joseph Harari, um dos autores das duas publicações.
João Carlos Mucciacito Químico da CETESB, Mestre em Tecnologia Ambiental pelo Instituto de Pesquisas Tecnológicas da Universidade de São Paulo, professor no SENAC, no Centro Universitário Santo André – UNI-A e na FAENG - Fundação Santo André.
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Meio Ambiente Divulgação
Ribeirão Pires
Crescer sem Destruir O difícil caminho para conjugar desenvolvimento e práticas ambientais sustentáveis Da Redação
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conciliação entre desenvolvimento urbano e preservação ambiental é o grande desafio dos novos tempos. Permitir o crescimento econômico significa na maioria das vezes, atrair empresas e indústrias que gerem empregos, impostos e promovam melhores condições de vida, afinal, sem recursos, um município não tem como oferecer saúde, educação, aumento de expectativa de vida, de renda, etc. Buscar esse desenvolvimento não é tarefa fácil, principalmente se estiver situado 100% em área de manancial e 70%
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de seu território possuir áreas verdes preservadas. A Estância Turística de Ribeirão Pires se insere neste contexto e precisou cercar-se de alguns cuidados e critérios para poder continuar a crescer, sem agredir o meio ambiente. As chamadas práticas ambientalmente corretas vêm sendo uma das exigências para a instalação de negócios na cidade. E ao contrário de tornar-se um obstáculo, a medida gerou aceitação e resultados positivos. A cidade atraiu, nos últimos anos, R$ 80 milhões em investimentos da inicia-
tiva privada e ampliou significativamente a geração de empregos. Conforme dados do Caged (Cadastro Geral de Emprego e Desemprego), do Ministério do Trabalho, divulgado no final de agosto de 2007, foram 800 novas vagas a mais do que no mesmo período de 2006. Isso representa um aumento percentual de 1.050%, o maior da região do Grande ABC. O prefeito de Ribeirão, Clóvis Volpi, acredita que isso se deva ao trabalho que vem sendo realizado com o intuito de demonstrar a importância das empresas
associarem sua marca as práticas ambientalmente corretas. ”Com a determinação de reverter o senso comum de que instalar empresas em área de preservação pode ser um calvário, Ribeirão Pires correu atrás de prejuízo de décadas. Durante muito tempo, as exigências legais conjugadas às conjunturas local e nacional desfavoráveis provocaram estagnação econômica com perdas significativas de receita. E, obviamente, com comprometimento da capacidade pública de investir em melhorias” – explicou o prefeito. Volpi defende que é possível incentivar atividade industriais em cidades como Ribeirão Pires, sem comprometer o verde e a qualidade de vida. Acredita que a cidade está na vanguarda da conduta ecologicamente correta e quase que diariamente atende empreendedores que desejam se instalar na cidade. A maioria dessas empresas chega para ocupar terrenos ou antigos galpões abandonados, já sabendo que o bom trato com a natureza é ingrediente essencial para garantir a vitalidade dos negócios. Essa filosofia pode ser constatada com relativa facilidade no Município. Grande parte das empresas que se instalou ou ampliou recentemente preserva áreas verdes em seu entorno. Mais que uma exigência legal, a prática é imprescindível para evitar a degradação da Mata Atlântica e agrega valor imensurável aos negócios, mesmo porquê seguindo uma tendência mundial, as relações comerciais, exigem práticas ambientalmente corretas das empresas. “Com todos os cuidados que temos em Ribeirão Pires, as empresas que aqui se instalam estão naturalmente credenciadas à
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a cidade está na vanguarda da conduta ecologicamente correta
ISO 14 000, o selo verde dos negócios” - entende o prefeito Clóvis Volpi. O incentivo ao crescimento sustentado gera outros ganhos indiretos, além da conseqüência direta do aumento de arrecadação e do número de empregos, Ribeirão Pires se viu beneficiada por atitudes pontuais dentro dessas empresas. Muitas adotam a coleta seletiva, reciclagem de materiais inservíveis e ainda incentivam funcionários a reproduzirem práticas semelhantes no dia-a-dia. A Prefeitura procura manter essa mobilização e consciência na cidade. A Secretaria do Verde implementa à educação ambiental com foco na reciclagem. Todas as escolas municipais e estaduais estão recebendo kits de lixeiras recicláveis. O material coletado é enviado para a Cooperpires, cooperativa de catadores que trabalha em parceria com a Pre-
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feitura. No último Festival do Chocolate, ocorrido em julho, com a presença de 500 mil visitantes, a Prefeitura e Cooperpires atuaram em conjunto para reciclar todo o lixo proveniente da festa, principalmente latas de alumínio, pet e sacolas plásticas. Sendo um paraíso verde, em meio a industrializada região do ABC, Ribeirão se volta também para outro segmento, o Turismo Ecológico e de aventura, através de um projeto denominado Ribeirão das Trilhas. O apelo é o potencial natural da Mata Atlântica e da Represa Billings, e claro, a preservação. Em outubro, em parceria com Jeep Club da cidade e com o Consórcio Intermunicipal do Grande ABC, a Prefeitura promoveu um passeio, por diversas trilhas, destinado a pessoas com deficiência. Foram cerca de 300 inscritos.
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Meio Ambiente
Sacolas
Eduardo Sanches
de plástico As ações unilaterais de preservação do meio ambiente podem impactar negativamente.
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e a dez ou vinte anos atrás, objetivando eliminar o problema da crescente geração de latas de metal, tivéssemos criado legislações e ações restritivas à sua utilização, talvez, hoje, estaríamos bebendo refrigerantes, sucos e cervejas em frascos de polietileno. Do mesmo modo, o que será daqui a dez ou vinte anos se proibirmos a utilização de polietileno nos sacos de supermercados? Talvez voltaríamos à época onde colocávamos os resíduos orgânicos diretamente nas latas de lixo nas ruas, aguardando os caminhões da limpeza pública, pois atualmente, os sacos de polietileno são, na maioria das vezes, reutilizados como sacos de lixo. Voltando a questão do alumínio, o Brasil passou, já há alguns anos, à condição de maior reciclador de alumínio, ultrapassando o Japão. Seria uma evolução da cultura ambiental em nosso país? Como disse um amigo em uma palestra: será que o “catador de latinhas” fica vários minutos aguardando você terminar de esvaziar a lata para pedi-la porque ele está sensibilizado com a causa ambiental ou será que foi sistematizado um processo sócio-ambiental eficaz capaz de inserir na sociedade cidadãos menos qualificados para o mercado de trabalho? Acharmos que estamos resolvendo o problema da violência, retirando as armas de circulação é uma falsa ilusão, é apenas um paliativo. Temas complexos devem ser tratados com a seriedade necessária e com uma abordagem que contemple o cenário atual e futuro. Temas como a reciclagem precisam ser discutidos com os segmentos 16
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Temas como a reciclagem precisam ser discutidos com os segmentos da sociedade de forma a traçar um plano diretor com responsabilidade
da sociedade de forma a traçar um plano diretor com responsabilidade: • Das empresas em se atualizarem tecnologicamente para o novo modelo; • Dos órgãos públicos em estabelecerem legislações adequadas, incentivando sistemáticas que propiciem o desenvolvimento industrial, com sustentabilidade econômica, ambiental e social; • Da sociedade organizada através de instituições, para sensibilizar a comunidade em relação ao tema. Esse tipo de problema necessita de ações integradas, analisando o risco que seria favorecer apenas um segmento, em detrimento aos demais, pois se considerarmos que não conseguimos desvincular as questões econômicas, ambientais e sociais, qualquer ação unilateral pode dese-
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quilibrar esse sistema e impactar diretamente na comunidade. Romper resistências ou preconceitos é o primeiro passo para um bom entendimento entre as partes. Alternativas neste campo não faltam: • Reaproveitar os resíduos de polietileno como combustível para geração de energia elétrica; • Transformar em insumos para refinarias e centrais petroquímicas; • Reutilizar em outros processos. Só não podemos achar que a solução é fácil e rápida. Eduardo Sanches Gerente de Meio Ambiente, Segurança, Saúde e Qualidade de Grupo Petroquímico. Professor universitário de Gestão Ambiental e de Pós-Graduação (MBA).
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CONHEร A QUEM GANHOU O CONCURSO Outubro - Novembro 2007
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NEOTOM A vencedora do concurso foi Victoria Guirelli Bauerle, tem 9 anos e cursa o 4º ano do ensino fundamental.
Participe e Ganhe As cinco melhores idéias de como reutilizar o lixo, ganharão, além da assinatura da revista Neo Mondo (seis meses), um exemplar do livro “Seis razões para diminuir o lixo no mundo”. Texto: Nílson José Machado e Silmara Rascalha Casadei Ilustrações: Vera Andrade 20
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Concurso válido durante o mês de Novembro de 2007
Coleção: Escritinha Páginas: 56
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é o nome do lider da turminha
Parabéns Ela levou o MP3 Player
Escrito em linguagem poética extremamente lúdica, o jovem leitor descobre a origem da palavra lixo e seus diferentes tipos: a história do lixo na Pré-História, na Mesopotâmia, na Roma Antiga, na Idade Média; a criação do primeiro depósito de lixo do mundo; os primeiros serviços de coleta; as transformações surgidas com a Revolução Industrial, o surgimento das primeiras incineradoras; os 3Rs ¾ reduzir, reutilizar e reciclar ¾ na prática: a exploração de recursos naturais, o consumo de energia, a poluição do solo, da água e do ar, os aterros sanitários, o desperdício de produtos reutilizáveis e alimentos, os gastos com a limpeza urbana, a geração de emprego e renda pela comercialização dos produtos recicláveis. O livro mostra também os sucateiros como verdadeiros agentes ambientais e, finalmente, propõe a consciência do gerenciamento do próprio lixo.
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Palavra por Marina Mergulhão Luiz
Preconceito O preconceito sempre esteve presente na sociedade e parece não ter solução, porque é um assunto muito complexo que envolve uma série de assuntos e fatos. Não há só o preconceito de etnias, também há de opções sexuais, religião, estilos e muitos outros. Hoje eu vou falar sobre o de etnias que já era um assunto polêmico e se tornou ainda mais com as cotas para negros. De um lado, as cotas são boas, pois os negros não têm tantas oportunidades como os brancos, mas de outro é como se os subestimassem, como se eles fossem inferiores. Então fiquei pensando... Se a igualdade existisse, o dinheiro estaria distribuído na mão de todos e não só concentrado na de alguns e então, como deveriam resolver o problema? Quem deveria? Em minha opinião a desigualdade deveria ser resolvida na base da educação, ou seja, já na escola infantil e não na faculdade. Se o governo implantasse um sistema onde todos os cidadãos ficassem inclusos na sociedade, com estudo, moradia, saneamento básico, acabaria com muitos problemas do Brasil e quem sabe ele não saísse da situação de país emergente? Mas é a obrigação de qual esfera do governo? Mais uma pergunta polêmica. Por que ao invés de ser a obrigação só do governo municipal, estadual ou federal, por que não dos três juntos? Marina Mergulhão Luiz Tem 14 anos, está cursando 9º ano do ensino fundamental
FAÇA SEU
PRÓPRIO CARRO
MATERIAL: • 2 caixinhas de papelão (de tamanhos
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diferentes) • 4 tampinhas de refrigerante • varetas de pipa ou espetos de churrasco • papel higiênico • pincel grosso e fino
Cole as duas caixinhas.
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•cola branca • tesoura
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• tinta guache ou acrílica de várias cores • pedacinhos de arame e tudo mais de sucata que tiver em casa e sua imaginação achar que pode aproveitar. Você já tem a estrutura do seu automóvel.
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Encaixe e cole as varetas nos furos dos pneus.
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Faça um furinho em cada tampinha, para montar os pneus
Você já construiu as estruturas dos pneus, traseiros e dianteiros.
Cole tiras de papel higiênico na peça. O papel se mistura com a cola bem diluída em água e cria uma textura, para depois ser pintada. Você pode criar o automóvel do jeito que desejar.
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Cole as duas estruturas, na parte de baixo do automóvel
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Com a cola seca, pinte o carro do jeito que você achar legal. Está pronto, agora é só brincar!
Aprenda a construir este e outros brinquedos no site: www.fabricadebrinquedos.com.br Expediente: Diretor Executivo: Oscar Lopes Luiz - Diretor de Comunicação: Ivan Lima Santos - Diretora de Redação: Liane Uechi (MTB 18.190) Coordenadora Pedagógica: Luciana Stocco de Mergulhão (Mestre em Educação) - Revisão: Instituto Neo Mondo - Projeto Gráfico: Instituto Neo Mondo e Linking Propaganda Diretor de Ilustração: Ricardo Girotto - Diretor de Arte: Adriano Ferreira Barros - Correspondência: Instituto Neo Mondo - Rua Caminho do Pilar, 1012 - sl. 22 - Santo André – SP Cep: 09190-000 Para a Neo Mondo: assinatura@neomondo.com.br - redacao@neomondo.com.br - Para anunciar: comercial@neomondo.com.br - Tel. (11) 4994-1690 - Presidente do Instituto - Outubro Neomondo - Novembro 2007 22 falar com Neomondo: oscar@neomondo.com.br
Educação
Como ensinar sobre ética num contexto de falta de valores?
Luciana Stocco de Mergulhão
Diante de um país configurado sobre a miséria humana, cresce nossa responsabilidade ética como educadores
E
sta semana, um aluno que cursa o último ano de Pedagogia disse-me: “Professora não tem hora que a senhora desanima?”. No mesmo instante, veio-me Paulo Freire, pois das leituras que faço e refaço deste educador saio renovada com a alma “mergulhada de esperança”. E naquele momento procurei passar-lhe uma mensagem de otimismo e reflexão. Mas essa frase acompanhou-me durante aquela noite enquanto voltava para casa, uma questão que atualmente me incomoda é como ensinaremos às nossas crianças e jovens, conceitos como ética, justiça, verdade, se por vezes desanimamos diante do momento histórico em que vivemos. Uma mistura de indignação e vergonha que me invade, no entanto, temos duas opções ou nos paralisamos e não agimos, continuando alheios a tudo, ou temos diante de nós uma grande possibilidade de transformação. Porque é nas relações do interior da escola que marcamos um encontro ético, político e estético entre professores e alunos, diretores e professores, pais e professores, enfim, com toda comunidade escolar. E como pensamos na ética como moradia humana, é preciso repensar: como será que está a nossa moradia?
Um saber indispensável para efetivar a inclusão nas escolas é educar para a compreensão, mais do que pensarmos como trabalhar com crianças, com e sem deficiência, devemos pensar nas deficiências que hoje
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se educar é um ato político precisamos enfrentar as dificuldades e aspirarmos a um momento de possibilidade de mudanças
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estamos presenciando em nossa sociedade. Pois, se educar é um ato político precisamos enfrentar as dificuldades e aspirarmos a um momento de possibilidade de mudanças. Como educadores é necessário percebermos como o conhecimento vem sendo transmitido, pois a fragmentação levou-nos a perdermos a totalidade das relações que são tecidas juntas. Não é possível ensinarmos ética com um conteúdo disciplinar separado de todas as tramas, angústias, problemas e dificuldades que enfrentamos em nosso entorno. Portanto, a nossa ética, a nossa moradia, não pode
ser construída de forma separada. Nosso desafio como docentes é refletir e agir sobre quais atitudes construiremos para tornarmos a nossa moradia cada vez mais habitável. Para isso é preciso entender que somos seres inacabados e nos colocarmos num processo de autoconhecimento. Conscientes de nosso papel social e histórico, trabalhando com respeito ao educando, estando abertos para compreendermos o outro, nas suas potencialidades e limitações. Acredito ser, este, um grande passo da prática docente que tem urgência em rever as atitudes que a estabelecem. Parafraseando Paulo Freire, fazemo-nos éticos quando escolhemos, comparamos, valoramos, decidimos e, principalmente, rompemos com determinadas atitudes que só intensificam a perda de valores que estamos vivendo em nosso cotidiano. Luciana Stocco de Mergulhão Mestre em Educação, Especialista em Psicopedagogia pela UMESP, Licenciada em Pedagogia: Administração Escolar para Exercício nas Escolas de I e II Graus e Orientação Educacional pela UMESP. Professora em cursos de Pedagogia e Psicopedagogia Outubro - Novembro 2007
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Educação
TERCEIRO SETO
Na Política Discute a E O Terceiro Setor mostra força no segmento político, com discussões sobre temas de interesse público Da Redação
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Políticos, especialistas e representantes de ONGs discutem os futuros da educação 24
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Terceiro Setor, constituído por entidades sem fins econômicos, está presente em todas as instancias da sociedade, e não é apenas formado por entidades de assistência social, como muitos imaginam. Na política, essas entidades se propõem a fomentar discussões, entender as necessidades da população e definir futuras políticas e diretrizes. Em São Paulo, no último mês de setembro, o Instituto Teotônio Vilela, do PSDB, exerceu esse papel, promovendo o oitavo encontro para discussões dos caminhos a serem adotados na educação. Foram convidadas diversas pessoas, independente do vínculo partidário, para expor seus pontos de vistas, experiências, principais preocupações e possíveis soluções para o tema. Um dos pontos mais discutidos foi como reverter a baixa qualidade do ensino. Umas das conclusões é que o fracasso pelo não aprendizado do aluno é da escola. Desse modo, algumas soluções foram apontadas como a reforma da carreira do professor, baseado em remuneração e desempenho. “O professor é um ponto crucial. Temos que realizar a reforma da carreira, com salários maiores, mas com responsabilização também maior e remuneração vinculada ao desempenho dos alu-
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a Educação José Serra, Paulo Renato e Geraldo Alckmin
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Não podemos aceitar como coisa natural o fenômeno do fracasso escolar
Viviane Senna
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nos”, afirmou o deputado Paulo Renato, ex-ministro da Educação. O debate contou com a presença de especialistas da área, representantes da sociedade civil e dos secretários de Educação de Minas Gerais, São Paulo e Rio Grande do Sul, estados governados pelo PSDB. A secretária de Educação de Minas Gerais, Vanessa Pinto, disse que ainda é muito grande a diferença regional entre os estados mais ricos e os mais pobres. Segundo ela, isto pode ser verificado nos
indicadores de desenvolvimento educacional. A política focada em resultados também foi defendida pela secretária de Educação do Rio Grande do Sul, Marisa Abreu. Ela criticou vários pontos como a estabilidade no emprego e a legislação do magistério que, na sua visão, favorece uma “cultura corporativa”, e também as greves. “Como falar de qualidade na educação, quando já tivemos greves em oito estados e algumas de mais de 100 dias?”, questionou. Para a deputada Professora Raquel Teixeira (GO), a mudança deve começar com a alteração do marco legal da educação. “O modelo em vigor de governança da educação é inconsistente com a gestão educacional eficiente e com a criação de uma escola de qualidade”, afirmou.
lei de Responsabilidade educacional A secretária de Educação de São Paulo, Maria Helena Castro, lembrou que a política de remuneração por desempenho já vigora em São Paulo, onde foi destinado R$ 1 bilhão para o programa. Os profesores podem garantir até 3 salários a mais, caso atinjam metas previamente definidas. “Não conseguiremos melhorar a educação com salário isonômico, que premia a quem não trabalha”, destacou. Viviane Senna, presidente do Instituto Ayrton Senna, também defendeu uma política de resultados em relação à educação. Segundo ela, a desigualdade econômica que existe no Brasil está relacionada ao fato de que as iniciativas para educação não equalizam quantidade e qualidade do atendimento. “Não podemos aceitar como coisa natural o fenômeno do
fracasso escolar, como se a culpa por não aprender fosse da criança, pelo fato de ser pobre e ter família desestruturada”, afirmou. Washington Bonfim, secretário de Educação de Teresina (PI), criticou o ensino ideológico das escolas de formação de professores, que não os preparam para trabalhar com alunos da rede pública. Já o economista Gustavo Ioschpe acredita ser necessário conscientizar os pais dos alunos para a importância da qualidade do ensino, obtendo assim o apoio político essencial para as mudanças sugeridas. Para tanto, o economista defende a criação de uma Lei de Responsabilidade Educacional que defina indicadores que possam ser acompanhados pelas famílias.
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Fitoterapia
a medicina sustentáv
O Brasil ainda não despertou para a riqueza incalculável de suas espécies terapêuticas Liane Uechi
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inseng, carqueja, guaraná, confrei, ginkgo biloba, espinheira santa, sene, guaco, boldo....difícil encontrar quem nunca utilizou ou pelo menos ouviu falar dessas plantas medicinais, tão eficazes e em muitos casos, acessíveis. Elas integram um rol de plantas cujas substâncias podem ser utilizadas com finalidade terapêutica. Muitas delas são, inclusive, matérias-primas para o preparo de medicamentos sintéticos. O uso de plantas medicinais remonta a própria história da humanidade, permanecendo até os dias atuais como a base da terapêutica moderna, porém, no Brasil ainda há pouca aplicabilidade se comparado a outros países, como a Alemanha, onde 75% da população já utiliza fitoterápicos. Por aqui, sobretudo nos grandes centros, os médicos e muitas vezes, os próprios pacientes, resistem ao uso desses medicamentos, que possuem eficácia comprovada e agregam inúmeros valores sociais, econômicos e ambientais, que os levam a serem considerados pelos seus defensores como os biocombustíveis da saúde, pois poderiam representar fonte de riquezas e divisas incalculáveis para o país. De todo modo, ainda ouviremos falar muito sobre Fitoterapia. Ela foi recomendada pela Organização Mundial de Saúde como medida estratégica para universalizar os direitos à utilização de me-
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A fitoterapia é a grande chance do Brasil
embarcar definitivamente na milionária rota tecnológica da indústria farmacêutica
dicamentos e tem recebido amplo apoio do Ministério da Saúde brasileiro. O médico Luiz Sérgio Passos Alves (1), especialista em Plantas Medicinais e responsável pelo módulo de medicina na pós de fito da Universidade Federal de Lavras, explicou que a política nacional, que define as regras e os recursos destinados à Fitobrasil, é ainda muito recente, mas que a quantidade de pós-graduações e cursos universitários já quadruplicou, trazendo no seu rastro trabalhos científicos de boa qualidade. Apesar desse movimento favorável, ele diz que a fitoterapia ainda não conta com a adesão do Conselho Regional de Medicina. “O médico, ainda conhece pouco sobre esta opção terapêutica. Mas estamos melhorando” – esclareceu ele. Alves explicou que o medicamento fitoterápico é aquele obtido exclusivamente de matérias-primas vegetais, processado tecnologicamente, com benefícios comprovados nas finalidades curativas, profiláticas ou diagnóstica.
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Fonte de Riqueza Além do aspecto que envolve a saúde, estamos falando de um mercado que movimenta US$ 22 bilhões/ano, sendo US$ 8,5 bilhões, na Europa e US$ 6,3 bilhões nos Estados Unidos. O Brasil tem a parcela de apenas US$ 400 milhões. A Alemanha detém 39% do mercado europeu, apesar de possuir apenas 20 plantas endêmicas (próprias da região), contra 25.000 espécies brasileiras. Porém, os alemães formaram o maior centro de pesquisa mundial em fito (Comissão E). O tema é matéria curricular obrigatória nas faculdades de medicina, sendo prescrita por 70% dos médicos (contra 3% no Brasil). “Possuímos a maior grife ecológica do Planeta. Um hectare da Floresta Amazônica tem mais espécies de plantas do que todo o Continente Europeu (200 a 300)” – confirmou o especialista. No entanto, como 65% das Indústrias Farmacêuticas instaladas no Brasil são multinacionais, 80% dos Fitoterápicos produzidos aqui são feitos com plantas exóti-
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cas (não-nativas do Brasil). Nos raros casos onde o produto brasileiro é valorizado, como o açaí e a castanha-do-pará, torna-se possível oferecer emprego para mais de 30.000 pessoas. Para Alves, “a fitoterapia é a grande chance do Brasil embarcar definitivamente na milionária rota tecnológica da indústria farmacêutica”. Isso sem contar a questão da sustentabilidade e qualidade que poderia reverter um triste panorama brasileiro: a saúde pública. Biodiversidade e Biopirataria A união da grande biodiversidade com a falta de um controle efetivo de nossos recursos naturais, faz do Brasil a maior vítima mundial da Biopirataria. A CPI da Biopirataria acusou diversos países por patentes indevidas de nossas plantas nativas: cupuaçú, biribiri, mandioca selvagem, açaí.... Calcula-se que o conhecimento sobre a biodiversidade brasileira tenha um valor de US$ 2 trilhões (quatro vezes o PIB nacional). “Um exemplo disso é que entre os anos de 1983 e 1994, 60% dos antineoplásicos descobertos vinham diretamente das plantas. A folha da graviola que nasce e cresce em abundância no Brasil (subespontânea) demonstrou ser eficaz no tratamento do adenocarcinoma de cólon” – disse o médico. O mundo científico vasculha o Brasil em busca de plantas
para tratamento do câncer, AIDS, hepatite B, herpes e gripe. Farmácias Vivas Os fitoterápicos produzidos com tinturas e extratos vegetais custam de duas a quinze vezes menos que os remédios industrializados. Muitos estados brasileiros (Ceará, Espírito Santo, Minas Gerais, etc) possuem Farmácias Vivas, onde se planta, manipula e dispensa gratuitamente fitos, prescritos pelos médicos locais. Este já pode ser considerado um reflexo positivo da implantação da Política Nacional de Plantas Medicinais e Fitoterápicos, que tem o objetivo de garantir o acesso seguro e o uso racional, visando a sustentabilidade desses recursos naturais. Em 2004, a ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) publicou uma resolução (RE 89) que facilitava o registro de 34 fitoterápicos, com a intenção de incentivar a produção e baratear o custo ao usuário. “Infelizmente esta lista só continha três plantas nativas do Brasil (guaco, espinheira-santa e guaraná)” - diz Alves. Complexidade A introdução da fitoterapia não é um processo simples. As plantas possuem seu próprio laboratório de síntese. Tão perfeito e complexo que o homem jamais conseguiu imitar. Talvez
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INSTINTO de SOBReVIVÊNCIA Estudos apontam que o uso de plantas como medicamento faz parte do extinto de sobrevivência animal. Dentre os inúmeros exemplos está o chimpanzé, que consome 16 tipos de ervas, que esteja aí o grande desafio desse resgate ao natural, que precisa estar adaptado às necessidades do mercado: padronização, uniformidade, produtividade contínua, quantidade, qualidade, tamanho, aspecto, homogenidade, freqüência, etc. “Não é tarefa fácil. Por isto, a Fitoterapia é uma ciência eminentemente interdisciplinar. Não adianta o médico prescrever sem a mobilização de biólogos, taxonomistas, agrônomos, químicos, farmacêuticos e, principalmente, a
não possuem nem sabor agradável nem valor nutricional, apenas terapêutico. Também o gavião, que quando picado por cobra, ingere folhas de guaco, cujas propriedades antiofídicas foram recentemente comprovadas pela ciência. Já o homem que, desde a antigüidade, utilizava plantas com fins terapêuticos, traçou rumos diferentes. Com a evolução da química e a possibilidade da síntese de medicamentos a nível industrial, a fitoterapia caiu no descrédito total, até que nos anos 60, com o advento da Talidomida (2), se percebeu uma nova doença desastrosa: o efeito colateral e os riscos oferecidos pelo uso indiscriminado de medicamentos sintéticos. O mundo então voltou seu olhar, novamente, para as alternativas naturais.
agregação do conhecimento popular” – considerou o especialista. Riscos Nas últimas décadas, a fitoterapia ganhou notoriedade mundial por ser considerada segura, eficaz e com baixa incidência de efeitos colaterais. Contudo, é preciso desmistificar o dito popular: “É natural, não faz mal”. Alves cita o exemplo do confrei, que foi utilizado indiscriminadamente para prevenção e tratamento de
leucemias, mas acabou provocando inúmeros tumores hepáticos malignos. Outros agravantes são: a incidência de contaminação (bactérias, mofo, coliformes fecais, insetos e metais pesados), a adulteração intencional e a identificação errônea das ervas, assim como a manipulação e preparo de forma inadequada, que podem levar a resultados desastrosos e perigosos. A associação entre fitos e sintéticos também pode oferecer riscos ao paciente. Por isso mesmo, a prescrição médica é indispensável.
Plantas medicinais 1) Guaraná, simboliza os olhos de um pequeno índio prodígio da tribo Mauê, que foi morto perversamente pelo Deus do mau. Seus olhos foram arrancados e plantados por ordem do Deus Tupã, onde nasceu o primeiro pé de guaraná, que significa força e vigor. Veja que a semente do guaraná parece com olhos mesmo; 4) Catharanthus roseus. Dela se extrai a vincristina e a vimblastina, quimioterápico para o tratamento de linfomas e leucemias;
7) A flor do nosso Pequi usado para curar gripes e resfriados;
2) Cordia verbenacea, o 1º fito Brasil, antiinflamatório para entorses;
3) Maytenus (espinheira santa) para gastrites; 5) Mikania glomerata, (guaco) bronco dilatador e expectorante;
6) Passiflora Edulis, potente ansiolítico;
8) Bixa orelana, semente do urucu (coloral), usado nas dermatoses; 9) ritual do Santo D’aime, com a erva que altera o nível de consciência e é a grande novidade da ciência para o tratamento do Mal de Parkinson.
(1) (2)
contato com o médico Luiz Sérgio Passos Alves : fitomania@globo.com É uma substância utilizada como medicamento sedativo e antiinflamatório. Se usada durante a gravidez, pode causar malformação ou ausência de membros no feto
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Evolução Terapêutica nos Últimos 4000 Anos: Queixa: dor de ouvido; Tratamento proposto: - 2000 aC: coma esta raiz; -1000 dC: raiz é pagã, reze esta oração; -1800 dC: oração é crendice, tome esta poção; -1900 dC: poção é veneno de bruxa, engula esta pílula; -1950 dC: pílula é paliativa, use este antibiótico; - 2000 dC; antibiótico é prejudicial à saúde, coma esta raiz.
As Plantas Terapêuticas Ervas com registro facilitado no MS/ANVISA são: • castanha-da-india (fragilidade capilar, varizes); • alho (hipertensão arterial leve, dislipidemia e prevenção da aterosclerose); • babosa (queimadura térmica grau 1 e 2 e de radiação); • uva-ursi (infecção do trato urinário); • calêndula (cicatrizante e antiinflamatório dermatológico); • centela asiática (insuficiência venosa dos membros inferiores); • cimicifuga racemosa (sintomas do climatério); • alcachofra (estimulante da função hepática); • echinácea (preventivo e coadjuvante na terapia de resfriado e infecção do trato urinário); • ginkgo biloba (vertigens e zumbidos, insuficiência vascular cerebral); • hypericum (estados depressivos leves e moderados); • camomila (anti-espasmódico, antiinflamatório tópico, distúrbios digestivos, insônia leve); • espinheira santa (dispepsia e coadjuvante no tratamento de úlcera gástrica); • melissa (anti-espasmódico, carminativo, distúrbios do sono); • hortelã (cólicas intestinais, carminativo, expectorante); • ginseng (fadiga física e mental, adaptógeno); • passiflora (sedativo); • guaraná (astenia, estimulante do SNC); • boldo-do-chile (estimulante hepático, distúrbios gastrintestinais espásticos); • anis (antiespasmódico, carminativo, expectorante); • kava-kava (ansiedade, insônia, tensão nervosa, agitação); • cáscara-sagrada (constipação intestinal); • salgueiro (antitérmico, antiinflamatório, analgésico); • sene (laxativo); • saw palmeto (hipertrofia benigna de próstata), • confrei (cicatrizante tópico), • tanaceto (profilaxia da enxaqueca); • gengibre (profilaxia dos vômitos causados por movimentos e pós-cirúrgicos); • valeriana (insônia leve, sedativo, ansiolítico), • guaco (expectorante, broncodilatador); • hamamelis (hemorróidas e equimoses); • poligala (bronquito, faringite); • eucalipto (antitussígeno e antibacteriano das vias aéreas superiores, expectorante).
Social
Sustentabilidade
sobe no IBOPe Evento apresenta pesquisa sobre sustentabilidade e mostra como empresas e sociedade têm lidado com o assunto
Debate “Sustentabilidade: Hoje ou Amanhã?“. Guto Abranche
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ealizado bianualmente, e exclusivo para clientes, o II Fórum IBOPE – Negócios Sustentáveis, ocorrido durante todo o dia 04 de setembro, reservou-se a discutir o tema do milênio a partir da apresentação dos resultados de uma pesquisa inédita, “Sustentabilidade: Hoje ou Amanhã?”, desenvolvida pelo Instituto, para analisar o conhecimento e as ações sustentáveis de empresas e da comunidade. De acordo com o levantamento, 79% dos executivos e 55% dos cidadãos já ouviram falar em sustentabilidade empresarial, porém, somente 33% das empresas têm ações estratégicas, envolvendo todos os departamentos e visando resultados. Grande parte ainda atua de forma pontual (30%) ou informal (23%), ou seja, ações inspiradas na caridade e na filantropia. Em relação à população, embora 92% afirme que separar lixo para reciclagem é uma obrigação da sociedade, somente 30% assume separá-lo em suas residências. Para o CEO do IBOPE Inteligência, Nelsom Marangoni, é um longo trajeto para percorrer o caminho entre a teoria e a prática. Além de estar informada, a população precisa se sentir parte do ecossistema, respeitar o outro, transformar isto em um valor pessoal, para assim, conseguir mudar suas atitudes e poder cobrar ações responsáveis das empresas. Quanto aos empreendimentos, devem pensar em lucro em longo prazo, frente aos investimen-
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tos na área. “Lucratividade e Responsabilidade Socioambiental não são antagônicos, mas o conjunto é a força para a mudança de atitudes, valores e mitos comuns” – reforça Marangoni. Baseados nestes resultados, o evento levou executivos de variados segmentos de mercado a discutir estratégias e expor suas experiências, como a superintendente de Responsabilidade Socioambiental do Banco Itaú, Sonia Favaretto. “Esta linha responsável já está incorporada em todos os segmentos do Itaú desde a sua criação. E foi este compromisso com as práticas socioambientais que permitiu ao banco estar presente no índice Dow Jones, Sustaina-
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Lucratividade e Responsabilidade Socioambiental não são antagônicos
”
bility World Index (DJSI World), por sete vezes consecutivas” – destaca Sonia. O evento, divido em palestras simultâneas, também abordou: “A gestão de Sustentabilidade”; “Os desafios da sustentabilidade de uma marca: os principais pilares para torná-la um sucesso”; “O futuro da sociedade brasileira: Matrix ou Vila Sésamo?” e “A evolução da comunicação: de interruptiva-autista a interativa-fractal”.
Hoje ou amanhã? Uma das teorias para explicar a distância entre conhecer e o atuar sustentavelmente é o tempo que os separa. De acordo com o economista e filósofo Eduardo Giannetti, quanto maior o prazo para efetuar alguma tarefa, maior a chance de deixá-la para o dia seguinte, utilizando o tempo em que ela poderia estar sendo desenvolvida com outras atividades e correndo o risco de não conseguir finalizá-la no período previsto. “É fácil pensar em fazer uma dieta com o estômago cheio. Poupar o dinheiro que ainda não recebeu...” – ilustra Giannetti. Esta constante na tomada de decisões para agora ou depois é chamado pelo economista como Troca de Tempo, embasado em dois pilares: posição credora situação - em que se abre mão do presente pensando na recompensa futura, e na posição devedora - vivendo agora para pagar o preço da impaciência depois. “Não existe nada de errado com as duas, e, desde que não haja exageros, elas formam o equilíbrio.” – diz o economista. Seguindo esta linha, a sustentabilidade é a busca pelo equilíbrio na trajetória do tempo, o agir no presente pensando no futuro, sendo necessário passar pelas fases de: antevisão, ou seja, ter noção para onde vai, traçar estratégias para ligar o onde estou para onde quero chegar e implantação destas etapas. Dessa forma, Giannetti diz: “o que é visto como risco sustentável é a oportunidade de se posicionar e de gerar novos negócios”.
Abranches, apresentador da Globo News; Sonia C. Favaretto, do Banco Itaú; Sue Wolter Vianna, da Petrobras; Luís Paulo Montenegro, vice-presidente do Ibope; Ana Lúcia Lima, do Ins. Paulo Montenegro; Flavio Ferrari, CEO do Ibope media information e Nelsom Marangoni, CEO do Ibope Inteligência
79% dos executivos e 55% dos cidadãos já ouviram falar em sustentabilidade empresarial.
Consciência socioambiental do cidadão ainda em estágios iniciais distanciamento entre crença e prática
Conceituações diferentes
Separar lixo para reciclagem é uma obrigação da sociedade 5 3
Discorda
Executivos Ter responsabilidade social (59%) Preservar o meio ambiente (58%) Boa gestão (45%) Gerenciar bem seus recursos humanos (42%) Pesquisa e desenvolvimento (35%) Ter ética (25%) Respeitar clientes (13%) Cidadãos Desenvolvimento de produtos (33%) Solidez (23%) Respeito e confiança (22%) Proporcionar capacitação profissional (19%) Respeito ao meio ambiente (23%) Investimentos sociais (13%)
Não concorda nem discorda
%
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Os fabricantes têm a obrigação de prevenir os problemas que podem causar ao meio ambiente
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Vale a pena pagar mais caro por um produto que não agrida o meio ambiente
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Pilhas e baterias são extremamente prejudiciais ao meio ambiente
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Pirataria é um crime contra a indústria em geral e, portanto contra a sociedade
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Concorda
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Só compro produtos de fabricantes que não agridam o meio ambiente ainda que sejam mais caros 52%
%
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%
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Cidadãos Na minha casa separo lixo para reciclagem 30%
%
Jogo pilhas usadas no lixo comum 32%
%
Nunca comprei um produto 21% pirata
Consciência socioambiental do cidadão ainda em Estágios iniciais � distanciamento entre crença e prática Caridade
Filantropia organizada Informal Pontual • Ações de Marketing • Altruísmo
Investimento Planejado Estratégico • Foco em resultados • Mobiliza recursos • Sinergia com o negócio • Perenidade • Busca a independência dos envolvidos • Preservação do meio ambiente
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Inclusão
Dar esmola é financ
a miséria Campanhas conscientizam a população que quanto mais esmolas, mais crianças nas ruas. Livi Carolina
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echa o farol. Constrangido pela visível necessidade da criança que pede alguns trocados, é quase impossível não se sentir impotente diante desta triste realidade. As moedas estão no bolso, mas será esta a melhor maneira de ajudar? O que fazer? Não ceder pode significar que aquela criança não terá o que comer, mas doar pode contribuir para que ela continue nas ruas, possivelmente sendo explorada por algum adulto. Oferecer esmolas está na cultura do povo brasileiro por ser considerado um gesto solidário, pois enxerga-se nisso uma forma de sentir-se bem em ‘ajudar’ ao próximo. No entanto, de acordo com o consultor do Terceiro Setor, Takashi Yamauchi, esta prática assistencialista, em suprir a necessidade do momento, pode ser perigosa. “Você pode estar alimentando a criminalidade. Por exemplo, ao ter a atitude de dar um tênis a uma criança, sem fazer com que ela dê valor a isso, está implantando em seu inconsciente que ela não é capaz de comprá-lo com seus esforços. Então, quando lhe for oferecido dinheiro para ser ‘avião’ do tráfico, ela não irá pensar duas vezes para aceitar, e provar que é capaz” – destaca o consultor.
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Para ele a assistência é válida, só não pode ser uma atitude isolada, mas complemento de um programa com base no desenvolvimento social em que a educação, a consciência cidadã e o fortalecimento da família sejam os principais pilares. Além disso, convencer uma criança a sair da rua, de onde ela tira seu sustento, para levá-la a um abrigo onde há regras de convivência, é um trabalho árduo, portanto é preciso ter um suporte para oferecer. Uma vez que, se na liberdade da rua ela consegue o que quer e, muitas vezes, está livre da violência doméstica, por que aceitar ir pra outro lugar? Conscientização da sociedade Cientes do risco social a que estas crianças estão submetidas e frente à problemática de convencimento, prefeituras de grandes cidades estão se organizando para combater a prática de financiar a miséria, conscientizando a população de que quem dá esmola tira a oportunidade de futuro. Marlene Bueno Zola, presidente da Fundação Criança de São Bernardo do Campo, autarquia que em 1998 substituiu a antiga FUBEM (Fundação do Bem-Estar do Menor), diz que a
sociedade em geral quer ajudar, mas por não saber como, cede aos pedidos e fixa ainda mais a criança nessa situação de risco. “Enquanto a sociedade agir assim, a rua continuará sendo violenta” – enfatiza a diretora. Para, então, conscientizar e oferecer uma nova opção para a população que deseja auxiliar os jovens pedintes, a Secretaria de Desenvolvimento Social e Cidadania (SEDESC), junto com a Fundação Criança, lançou em 2006 a campanha permanente “Quem dá esmola não dá futuro. Criança precisa brincar e estudar e não trabalhar”, uma extensão do trabalho que está em andamento para a erradicação e prevenção do trabalho infantil. Foram distribuídos pela cidade outdoors e panfletos com informações e dicas para não incentivar o trabalho infantil, em destaque àquele que prende a criança na situação de rua, como vendedores nos faróis e carregadores em feiras livres. Segundo Marlene, na maioria das vezes as crianças saem de casa para ‘trabalhar’ e, por passarem muito tempo na rua, perdem gradativamente o vínculo familiar, sobretudo se houver um histórico de violência doméstica.
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Resgatando da rua No plano de fundo da campanha, a Fundação promove uma rede de projetos que oferecem suporte aos meninos e meninas em risco social. Baseados no Estatuto da Criança e Adolescente (ECA), os programas são focados, primeiramente, no resgate do vínculo familiar e na inclusão social, por meio de atividades socioeducativas que despertem potencialidades. Entre eles, o trabalho desenvolvido pelo Centro de Convivência e Acolhimento à Criança e Juventude, conhecido como Espaço Andança. Diariamente, quinze educadores, entre psicólogos e assistentes sociais, das 8h às 22h, se dividem entre os bairros de todo o município, à procura de crianças ociosas. O trabalho consiste em observá-los, se aproximar e convencêlos a conhecer o Espaço Andança. Se houver o aceite, ao chegar ao local é feita à higiene pessoal e alimentação, realiza-se uma entrevista para coleta de dados - na qual se descobre por que estava na rua - e verifica-se o cadastro em algum projeto de auxílio à renda. Após esse processo é feito o contato com a família para que haja o encaminhando à SEDESC e aos projetos da Fundação (Centro de Atendimento à Criança e Juventude, Centro de Atendimento à Família, Centro de Atendimento às Medidas Socioeducativas, Centro Integrado de Apoio e Defesa à Infância e Juventude, Centro de Iniciação ao Trabalho, Programa Rotativo Cidadão e Centro de Atendimento à Drogatização). Segundo a coordenadora do Espaço, Maria Helena Placeres Simões, a criança permanece hospedada no Espaço até a localização dos responsáveis, período que pode durar até 15 dias. Se passado este tempo, o jovem é encaminhado para um
Maria Helena e Alexandre Augusto, professor de arte.
dois abrigos da rede, porém, grande parte dos casos é solucionada em uma média de 72 horas. Os casos que têm mais incidência, e que a resolução é mais demorada, são os de crianças de outros municípios. “Quando isso acontece entramos em contato com o Conselho Tutelar do local” – diz Maria Helena. Para ela, o bom desempenho do projeto pode ser observado nas ruas de São Bernardo onde há poucos casos de crianças e adolescentes nas ruas. “Em menos de um ano e meio de trabalho estamos conseguindo incluir estas crianças à sociedade e ao ciclo familiar” – acrescenta. Como ajudar? O Espaço Criança disponibilizou o número 0800 7730063 para que a população possa informar a presença ociosa de crianças e adolescentes. Ao ligar, basta relatar o local e os educadores irão até lá fazer a abordagem.
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Cultura
OBRA com arte As mãos calejadas pelo trabalho na construção civil são as mesmas que desenvolvem peças de arte no programa Mestres da Obra Símbolo Mestres da Obra
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ntônio Hermino do Nascimento, 39 anos, nordestino nascido na Paraíba, moldador, é um dos 1,54 milhões* de brasileiros que acordam por volta das 4h para enfrentar uma carga pesada de trabalho na construção civil. Classe de trabalhadores, em geral com baixa escolaridade, que se expõe à poluição sonora, ao pó e aos riscos de acidentes, em um ambiente alheio a informações, predestinada ao ostracismo e limitada a executar tarefas que exigem sobrecarga ao corpo, que cansado, não raro, busca o escape do estresse diário na roda de amigos no bar no fim do dia. Entretanto, em meio a este dia-a-dia grosseiro, Nascimento se diferenciou. Em 2005, no canteiro da obra onde trabalhava foi montado um ateliê para aulas de arte. Achando aquilo muito estranho, nem se aproximou para saber o que acontecia, mas foi surpreendido com uma ordem do engenheiro responsável pela obra. “Ele chegou pra mim e disse: precisamos preencher a turma de arte, como você sempre tem al-
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gum tempo livre, vá lá. Na hora eu disse logo que isso era coisa de ‘gente fresca’ e que não levava jeito pra isso. Mas, não deu certo, tive que ir” – conta Nascimento. Junto com um grupo de nove operários (divisão de todos os operários em grupos pequenos), passou a freqüentar as aulas de três horas semanais por dois meses, nas quais se estimulava a capacidade individual de criar peças a partir dos resíduos da obra. Relembrando a infância, quando participavam das aulas de educação artística na escola, passaram a gostar e a desenvolver artefatos artísticos que ficavam expostos no ateliê. “Um dia, precisavam de um texto para ilustrar a exposição e me pediram pra fazer. Escrevi o ‘Dia a dia’ e não imaginei que fossem gostar tanto” - recorda. O moldador, que sempre teve o hábito de ler, se tornou poeta. E seu primeiro poema, junto com outras peças do projeto Mestres da Obra esteve à mostra na exposição ‘Da terra ao povo’, em Barcelona, na Espanha no mês passado.
No entanto, para ele, o reconhecimento da sua criação não foi o melhor retorno que o projeto trouxe. “Os operários da construção civil são muito discriminados. Nos tratam como lixo, necessários só pra executar o que mandam. E com o projeto tivemos a oportunidade de mostrar que somos capazes de fazer muito mais, recuperamos nossa auto-estima e começaram a nos tratar com respeito” – diz Nascimento. Segundo ele, a arte é uma forma de aproximar classes sociais e mostrar que todos são iguais. Além disso, aprendeu a enxergar a vida de outra forma. “Agora dedico tempo de qualidade para minha família e não uso mais a bebida como válvula de escape. Agora faço arte” – destaca. Projeto Mestres da Obra Idealizado pelo Estúdio Brasileiro, empresa especializada em promover projetos de comunicação e cultura com viés socioambiental, o ‘Mestres da Obra - programa de desenvolvimento humano em canteiros
de obras’ tem o intuito de gerar qualidade de vida e estimular a liberdade de idéias por meio do contato com a arte. Nos canteiros de São Paulo há quatro anos, o Mestres foi o primeiro projeto da empresa, no qual os proprietários uniram expertises para pensar com nova lente naquilo que já estava sendo feito. “Sou arquiteto e sempre me atraiu o contexto do canteiro de obras e a necessidade de fazer algo voltado à cultura, onde sempre somente se falou de educação e segurança do trabalho” – ressalta o sócio-proprietário e arquiteto, Arthur Zobaran Pugliese. O educador ambiental, e também sócio-proprietário, Daniel Cywinski, diz que no início da implantação do projeto as empresas não entendiam como a arte poderia ser favorável tanto à construtora quanto aos operários. “Para eles esse projeto não era racional, porém quando se dá a oportunidade do conhecer, abre-se um novo mundo” – destaca Cywinski. Eles contam que somente os construtores que apreciavam a arte, e entendiam que ela poderia ser transformadora, aderiram à
idéia de ter um ateliê no canteiro de obras. Hoje uma das maiores parceiras do programa é a construtora Setin que tem investido na ampliação do Mestres da Obra. ”A partir do projeto temos um canteiro de obras motivado que vê a preocupação da empresa em oferecer-lhes qualidade de vida e incentivando-os na busca de conhecimento para acompanhar o crescimento que o mercado tem passado” – relata o responsável pelas relações institucionais da Setin, Daniel Setin. Pugliese e Cywinski revelam que em breve o Mestres da Obra receberá o título de Associação, com o qual poderão oferecer subprojetos que darão respaldo ao trabalho. “Atualmente não temos como acompanhar o desenvolvimento do operário a partir do contato com a arte, por isso estamos ampliando nossa visão e passando de segundo para o terceiro setor” – ressalta o educador.
Autor do poema
Dia a dia
* Pesquisa realizada em 2006 pelo Sindicato da Indústria da Construção Civil do Estado de São Paulo (SindusCon-SP) e junto com a FGV Projetos
Autor: Antônio Hermino do Nascimento
As pálpebras ainda estão muito pesadas, O despertar como sempre é lento Na bolsa, a marmita já pronta é guardada e o caminho para o ponto ainda é sonolento Entre os solavancos não tem tempo de sonhar. Cinco horas e quarentas minuto o Sol nasce, segue o trem. Enfim toma café, bate o cartão, é hora de trabalhar. O suor escorre pelo rosto nas árduas horas que seguem. A rotina continua, o almoço passou. Sua tarefa está quase que terminada. Acinzentada, a tarde acaba e o cansaço o pegou, mas tem pela frente, na volta, mais uma longa caminhada.
Operários durante as aulas no ateliê criado no canteiro de obras
Ao ver os filhos dormindo sente alegria e agradece a Deus, por terminar mais um dia.
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Paraíso na cidade Turismo
Representante da natureza em meio à selva de pedra
da metrópole, o Parque Ibirapuera faz parte da história do paulistano Da Redação
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asseando junto aos lagos e frescor das árvores, ao som tranqüilo do canto dos pássaros, esquece-se até que está no centro da maior metrópole da América Latina. O fluxo intenso de bicicletas, patins e skates está longe do trânsito de São Paulo. E comparado à agitação da cidade somente os passos largos das caminhadas e corridas dos visitantes. Receptivo à diversidade, pontas extremas da sociedade freqüentam o mesmo espaço, que une o encanto da natureza e a prática de esportes com a complexidade e graça da arte de grandes nomes da cultura. São 1,6 milhões de m² divididos em uma área que abriga museus, monumentos, pistas de ciclismo e de cooper - além de quadras de esportes, mais de 15 mil árvores e 120 espécies de aves, o Parque do Ibirapuera recebe semanalmente cerca de 200 mil de visitantes semanais. No entanto, nem sempre este espaço foi assim.
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Divulgação
tos s últimas alternativas n e m i o p a De mo uma d meio ao “Surge co dável em
a sau m r uma vid que cerca para se te do asfalto de e r o to d re e c d n o e, ven sm o C cinza do c y e n no” - Sid o paulista games. s pelo me maro, ma A to i n u a q S a s em vem “Moramo a a gente or seman p s chorro), e a z (c e v k s nos dua com o Nic r a nice c n ri b ar e elen e Eu pra passe aço” - Joc sp e is a m há pois aqui . mpresário e , o ã d Vala de, local e qualida d e to ra a nto. Um lazer b lgum eve a “Local de á h re p eio a , pois sem paz em m z de cultura rência, de calma e C arcelo ru refe ótica” - M a ponto de c e a d a de agit uma cida o de loja. ncarregad , a da Silv e
A origem do Parque A área que hoje dá lugar ao Parque era alagadiça, banhada pelos córregos Sapateiro e Caaguaçu (atualmente canalizado), daí a origem do nome Ibirapuera, que em tupiguarani significa ‘pau podre’, uma vez que o solo encharcado apodrecia as árvores do local. E somente em 1926, quando o prefeito Pires do Rio declarou a necessidade urgente de implantação de áreas verdes na cidade, a exemplo dos grandes parques europeus (Bois de Bologne, em Paris e Hyde Park em Londres), foi que a área teve o destino que conhecemos hoje. Com a criação do parque, a área verde de São Paulo seria triplicada, para cada milhão de habitantes existiriam 900.000 m² de áreas verdes. Então, se iniciou a preparação do solo, onde primeiro foram plantadas mudas de eucaliptos, em função do seu potencial de absorção da água do solo. Mais tarde, em 1928, o primeiro administrador da área, Manuel Lopes de Oliveira, passou a cultivar plantas nativas e exóticas, dando origem ao viveiro responsável pela arborização de ruas, parques e jardins da cidade. Batizado pelo nome de seu criador, o viveiro Manequinho Lopes, em 1939, foi considerado o embrião do parque, título que ocupa até hoje.
SP o Paulo – irapuera l, s/n – Sã Parque Ib ra b a C s re Álva Av. Pedro 5505 4 7 5 5 Tel.: s 24h ento: 5h à era A Ibirapu Funcionam o pelo CE
Aliança com a arte Conforme ganhava mais espaço, aproximava-se mais da arte. Em 1950 deu-se o início da construção do mausoléu aos soldados constitucionalistas de 1930, obra que constitui o Obelisco, inaugurado em 1955. Embora a preocupação com a cultura histórica da cidade, e, portanto, com a arte, já tivesse sido exposta com a construção destes monumentos, em 1951, faltando três anos para o IV Centenário da cidade de São Paulo, formou-se uma comissão, composta pelo governador Lucas Nogueira Garcez e o prefeito Armando de Arruda Pereira, junto com a prefeitura, o estado e a iniciativa privada, que escolheu o parque como marco das comemorações à data. O objetivo era criar no local um conjunto arquitetônico que transmitisse o valor do desenvolvimento urbano em que se encontrava a cidade, unir a modernidade urbana através de uma arquitetura arrojada e um belo projeto paisagístico. Coordenados por Oscar Niemeyer foram convidados renomados da arquitetura (Eduardo Kneese de Mello, Ícaro de Castro Mello, Hélio Ulho Cavalcanti e Zenon Lotufo) e do paisagismo (Augusto Teixeira Mendes e Roberto Burle Marx) que começaram a dar vida ao projeto que se conhece hoje.
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Fonte: His
Inaugurado em 21 agosto de 1954, estiveram presentes representantes de 13 estados e 19 países para a Primeira Feira Internacional, reunindo expositores internacionais e de diversos estados brasileiros, com o objetivo de manifestar suas potencialidades industriais, comerciais, culturais e artísticas. Das construções realizadas naquele período, ainda estão presentes no parque: o Palácio das Indústrias (atual Bienal), a Réplica do Palácio de Katura (conhecido como Pavilhão Japonês), o Palácio das Nações (Pavilhão Manuel de Nóbrega), o Palácio das Exposições (antigo Museu da Aeronáutica e Folclore; atual OCA), o Palácio dos Estados (atual PRODAM), o Palácio da Agricultura, atual DETRAN (único que não integra mais o Parque), a Marquise, o conjunto dos lagos e o Planetário, mas este só foi inaugurado em janeiro de 1957. Importância do Espaço Segundo o assistente técnico do parque, Heraldo Guiaro, o projeto foi minuciosamente pensado como espaço pedagógico, uma vez que em São Paulo já não mais existem tantos espaços reservados à natureza. “Hoje o Parque Ibirapuera faz parte de cada paulistano, pois não há como lembrar em lazer e cultura sem pensar no parque” – diz Guiaro.
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Classificado Solidário
Precisa-se São Bernardo do Campo ASSISBRAC - Assistência Social Beneficente de Resgate ao Amparo à Criança Voluntários: Serviços gerais como: cuidar do jardim, pequenos reparos, lavagem de vidros e limpeza externa (masculino). Trabalho com crianças de 0 a 4 anos de idade e limpeza interna (feminino).Psicólogo, fonoaudiólogo, médico (preferencialmente pediatra). Doações: Alimentos em geral, materiais de escritório, materiais de informática, pedagógicos, limpeza, brinquedos, roupas e móveis. Rua: dos Macucos, 14 - Parque dos Pássaros - São Bernardo do Campo – SP Cep: 09861 – 350 Telefone: (11) 4343-8632 ou 4392-7492 E-mail: assisbrac@assisbrac.org.br Em caso de dúvida, falar com: Sérgio Gutierrez
A seção “Classificado Solidário” é um espaço gratuito, destinado a divulgar as necessidades de doações ou serviços voluntários de instituições sociais. Não é permitida a solicitação de valor em espécie. A veracidade das informações aqui prestadas são de total responsabilidade da entidade solicitante. Mande seu anúncio para classificadosolidario@neomondo.com.br, até o dia 15 de cada mês, com nome da instituição, responsável, endereço, telefone ou e-mail. A publicação passa por análise do Conselho Editorial.
São Paulo Ação Social Largo 13 Voluntários: terapia, psicologia, dentista, professores de dança e artes. Doações: farinha de trigo, farinha de mandioca, café, chocolate em pó, leite e granjeiro. Rua Engenheiro Antonio Faggion, 236 Santo Amaro - SP Cep: 04757-010 Telefone: (11) 5641-4833 E-mail: largo13social@uol.com.br Em caso de dúvida, falar com: Marilda Ação Social Largo 13 Voluntários: para auxiliar no atendimento das crianças e adolescentes com deficiência e para os eventos de finais de semana. Doações: roupas, calçados e brinquedos para o bazar social. Rua: Gustavo da Silveira, 128 São Paulo - SP
Cep :04376-000 Telefone: (11) 5564-7709 E-mail: sogari@terra.com.br Em caso de dúvida, falar com: Francisco Sogari Associação Beneficente de Assistência às Famílias Carentes Centro de Assistência e Promoção Social Nosso Lar Voluntários: área da saúde. Doações: alimentos não-perecíveis, leite em pó, adoçantes, produtos de higiene e limpeza. Hidratantes, fraldas descartáveis infantis e geriátricas, toalha de banho infantil, brinquedos pedagógicos e recreativos. Rua: Jalisco, 12 - Água Rasa São Paulo - SP Cep:03343-030 Telefone: (11) 6965-8888 E-mail: vana@capsnossolar.org.br Em caso de dúvida, falar com: Vana
glossário A ssociação: Organização de pessoas com um fim comum (associação de moradores, de esporte, etc). O direito de associação é garantido na Constituição de 1988, art.5o, inciso XVII e seguintes, que se referem à liberdade de associar-se para fins legais. B iodiversidade: Refere-se às diversas formas de manifestação da vida existentes em uma determinada área, incluindo os seres humanos e o conjunto de todas as espécies de plantas, animais e microrganismos, suas relações de interdependência, seus ambientes naturais e os sistemas a que pertencem. C ooperativa: Forma de organização, por meio da qual pessoas, em igualdade de direitos, asso-
Dicas de Livros
ciam-se para desempenhar, em benefício comum, determinada atividade econômica. O funcionamento da cooperativa não está sujeita aos imperativos de lucro. Os resultados alcançados são divididos de acordo com a contribuição de cada integrante, sem visar à exploração nem o lucro. Comunidade: Qualquer grupo social cujos membros habitam uma região determinada, têm um mesmo governo e estão irmanados por uma mesma herança cultural e histórica; pessoas que comungam uma mesma crença ou ideal. Direitos Econômicos, Sociais e Culturais: Segunda geração dos direitos humanos, que exigem prestação de serviços do
Estado e foram assim qualificados de direitos créditos: direito ao trabalho, à educação, à saúde, a um mínimo de bem-estar material, à cultura... F undação: Entidade autônoma, com patrimônio e recursos próprios, criada para a realização de serviços de utilidade pública ou beneficência. Parte de seus recursos vem de doações. As fundações podem ser públicas ou privadas. Em suas atividades habituais, as fundações financiam pesquisas e projetos; mantêm instituições de ensino, hospitais, bibliotecas e museus; concedem prêmios e bolsas, e contribuem para a manutenção do patrimônio artístico e cultural Fonte: Organização dos Direitos Humanos (www.dhnet.org.br)
“Como mudar o mundo” David Bornstein - Tradução de Alexandre Raposo e Maria Beatriz de Medina - Editora Record mudar padrões de comportamento.Com exemplos de diversos Em “Como mudar o mundo”, David Bornstein mostra que países mostra como os empreendedores sociais promovem indivíduos criativos, com determinação e força de vontade são capazes de impulsionar idéias poderosas para melhorar mudanças sistêmicas, alteram padrões de comportamento e a vida de quem necessita. São os chamados empreendedo- percepções. Analis as estratégias, as características organizacionais, e as qualidades pessoais que explicam o sucesso dos res sociais — pessoas obstinadas, cujas idéias e ações têm empreendedores sociais em vários países. um profundo efeito sobre a sociedade e são capazes de 38 38
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