Revista Neo Mondo - Edição 06

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UM OLHAR CONSCIENTE

Ano 1 - Nº 6 - Janeiro 2008 - Distribuição Gratuita

Um olhar

SOCIAl

Indonésia

Queimadas 14

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Corrida

e efeitos do aquecimento

Brasil em chamas

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de Aventura Neo Mondo - Janeiro 2008

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Bradesco

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Seções

Editorial

Perfil 04 Investimento sustentável Norton Glabes Labes, do Bradesco Capitalização, fala sobre ações do Banco do Planeta.

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economia & negócios Responsabilidade Socioambiental como Estratégia na Vale A maior mineradora do país mescla responsabilidade socioambiental com estratégias de negócios. 10 Mãe, estou grávida! Falha no planejamento familiar dobra a população brasileira e aumenta casos de gravidez precoce.

13 Artigo: A Governança Compensa! Princípios da Governança Cooporativa valem para organizações de todos os setores.

meio Ambiente 14 País em chamas Queimadas ilegais causam insustentabilidade nos setores agrícolas, pecuários e ao meio ambiente.

17 Artigo: Água, preservar hoje. Para ter sempre. Elemento básico para o desenvolvimento econômico

Crochê: ao invés de linha, sacolas plásticas! Sacolas plásticas viram peças de crochê nas mãos de artesãos. Aprenda também!

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20 Indonésia já sente os efeitos do Aquecimento Global Pesquisador de ONG Brasileira visita a Indonésia para comprovar os efeitos do aquecimento

educação 22 Artigo: Ano Novo, Novas Metas, Novos Compromissos... MEC estabelece novas diretrizes para a escola repensar sua organização estrutural e cultural. 24 Agora é aula de Selos! Método que inclui Filatelia no currículo escolar é usado em países da Europa, e aos poucos chega ao Brasil 26 Artigo: Férias... As férias acabaram, e agora?

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Cultura O Olhar Social pelas lentes de Gilvan Barreto O papel social da fotografia, numa sociedade que supervaloriza as imagens.

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Inclusão 32 A saga dos SUPERdotados! O país não consegue identificar seus gênios, que sofrem com o desestímulo.

esporte Corrida de Aventura Esporte mostra superação física e psicológica e os belos recantos preservados do Brasil.

sem Dúvidas 36 Glossário Dicas de Livros

Classificado solidário 38 Precisa-se

O papel da mídia muitas vezes Instituto é provocar, fazer sair da zona de desconforto, mas mostrar Neo em excesso o lado sombrio, os Mondo problemas, as conseqüências e Um olhar consciente previsões pessimistas podem gerar certa apatia, um estado de aceitação, de impotência diante dos acontecimentos. A banalização da violência é um exemplo, onde o descumprimento das leis não causa espanto. Aqui na Revista Neo Mondo, adotamos seguir uma postura de equilíbrio e mostrar também exemplos e soluções inovadoras. Encontramos de tudo no caminho da preparação de cada revista, as posições muito radicais não têm se mostrado eficientes. Seria muito complicado e talvez, até leviano, apoiar a redução da produção, do consumo, ou a mera proibição de hábitos já arraigados da sociedade. Seria como convocar a sociedade a retroceder. Acreditamos que é preciso avançar, melhorar a forma como fazemos hoje e nesse ponto, a tecnologia, a criatividade e o olhar social formam uma tríade poderosa. Assim será possível utilizar recursos e soluções inovadoras para minimizar e eliminar efeitos perniciosos e realizar projetos sustentáveis. Tudo começa na intenção. E é esta que precisa mudar! O ano novo é o momento propício para mudanças, para tomar atitude e rever posturas e condutas. Feliz 2008! Liane Uechi

Expediente Diretor Executivo: Oscar Lopes Luiz Conselho Editorial: Oscar Lopes Luiz, Ricardo Girotto, Takashi Yamauchi, Liane Uechi, Livi Carolina, Eduardo Sanches e Luciana Stocco de Mergulhão Redação: Liane Uechi (MTB 18.190) e Livi Carolina (MTB 49.103-59) Revisão: Instituto Neo Mondo Diretora de Redação: Liane Uechi (MTB 18.190) Diretor de Criação e Ilustração: Ricardo Girotto Diretor de Arte: Adriano Ferreira Barros Secretária Executiva: Monique Zafani Projeto Gráfico: Instituto Neo Mondo Fotógrafo: Élcio Moreno Correspondência: Instituto Neo Mondo Rua Caminho do Pilar, 1012 - sl. 22 - Santo André – SP Cep: 09190-000 Para falar com a Neo Mondo: assinatura@neomondo.com.br redacao@neomondo.com.br trabalheconosco@neomondo.com.br classificadosolidario@neomondo.com.br Para anunciar: comercial@neomondo.com.br Tel. (11) 4994-1690 Presidente do Instituto Neo Mondo: oscar@neomondo.com.br Neo Mondo - Janeiro 2008

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Perfil

Investimento

Sustentá

O diretor da Bradesco Capitalização, Norton Glabes Labes, revela como o banco mescla os negócios às ações socioambientais. Da Redação

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Responsabilidade social e ambiental é uma lição que se exercita interna e externamente. O maior banco privado do país, o Bradesco, realiza fortes investimentos sociais e ambientais, que nos últimos anos têm recebido maior divulgação e visibilidade. Mas há muito tempo também promove, através de sua Fundação, a formação e a qualificação educacional e profissional de diversos colaboradores. Essas ações têm gerado o aprimoramento de uma cultura interna voltada às práticas sustentáveis. Um dos executivos do Bradesco, o diretor da Bradesco Capitalização, Norton Glabes Labes, é um defensor dessas atuações que vinculam os negócios ao desenvolvimento social. “Desde 1956 o Bradesco atua na área social por meio da Fundação, sonho do fundador do banco, Amador Aguiar, que, por ter tido dificuldades para estudar em sua infância humilde, decidiu dedicar o trabalho da instituição à educação” – declara Glabes Labes. De acordo com o diretor, embora não houvesse divulgação, essas ações da Fundação Bradesco contribuíram para a for

mação de muitos funcionários do banco. Ao mesmo tempo que permite crescimento dessas pessoas através de um plano de carreira. “Eu fui um dos privilegiados por este plano. Construí uma carreira fechada aqui dentro, subindo degrau por degrau” – ressalta o diretor. Hoje, com mais de 4 décadas dedicadas ao banco, Labes tem um legado a deixar de sua atuação e se orgulha de participar, como executivo, da construção da imagem Banco do Planeta - marca que unifica todas as ações socioambientais do Bradesco. Através dessas iniciativas parte de todo o capital será repassado para instituições que tenham ações comprovadamente idôneas e que invistam na sustentabilidade do Planeta - com a implantação do que ele chama de Tripé Socioambiental – uma linha de títulos de capitalização que investe nas áreas de meio ambiente, educação e saúde. A divulgação dessas medidas, segundo o executivo, tomou força somente há alguns anos, quando a sociedade começou a cobrar das empresas essa postura de responsabilidade social e ambiental. “Somen-

conscientizar é

mudar conceitos, e é isso que o Bradesco vem fazendo

te na minha área, capitalização, depois que começamos a vincular nossos títulos com essas ações, houve um crescimento surpreendente. Em apenas três meses de trabalho com o Título de Capitalização Pé Quente SOS Mata Atlântica, atingimos a marca de 100 mil vendidos, número que havíamos planejado alcançar somente após um ano” - relembra.

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tável

Títulos socioambientais O primeiro título de cunho socioambiental, lançado em 2004, foi o Título de Capitalização Pé Quente Bradesco SOS Mata Atlântica. Ao adquiri-lo o cliente, além de guardar dinheiro e de concorrer a prêmios, ajuda a reflorestar a Mata Atlântica. Cada título representa 10 mudas plantadas em floresta nativa. “Essa iniciativa supriu a necessidade da SOS Mata Atlântica, onde já contribuímos com 20 milhões de mudas. Hoje 80% do que é investido na SOS provém do Bradesco” – destaca Glabes Labes. O Pé Quente Bradesco GP Ayrton Senna, foi o próximo a ser lançado, em que, parte do valor é revertido para o Instituto Ayrton Senna, que tem como foco a educação como base do desenvolvimento huma-

no. Segundo o diretor do Bradesco Capitalização, em apenas um ano foram vendidos mais de um milhão de títulos que favorecem o Instituto. Após o sucesso da parceria com o Instituto Ayrton Senna, foi realizada outra parceria, dessa vez com o IBCC (Instituto Brasileiro de Controle do Câncer), lançando o Pé Quente Bradesco O Câncer da Mama no Alvo da Moda, que conseguiu vender em 2007 mais de 66 mil unidades também no período de um ano. “Estamos nos esforçando para continuar criando produtos nesta linha, que contribuam para o bem social e ambiental, com carinho e atenção. E conscientizar é mudar conceitos, e é isso que o Bradesco vem fazendo.” – declara Glabes Labes.

Fundação A Fundação Bradesco, fundada com o objetivo de proporcionar educação e profissionalização a crianças, jovens e adultos, administra 40 escolas em 26 Estados e no Distrito Federal. Somente até 2006, atendeu mais de 108.151 alunos. No Núcleo Administrativo e Peda-

gógico, na Cidade de Deus, em Osasco, local onde foi inaugurada a primeira escola, são desenvolvidas as propostas pedagógicas que levam em conta as reflexões contemporâneas nos níveis básico, profissional e educação de jovens e adultos, que norteiam o trabalho em todo o país.

Mercado de capitalização

Norton Glabes Labes

Norton Glabes Labes, enxerga o mercado de Capitalização como importante instrumento do desenvolvimento social, uma vez que incrementa a geração de recursos para a poupança interna do país. E, como vice-presidente da Federação Nacional de Capitalização – Fenacap, Glabes Labes diz que esse mercado está em ascensão, com a expectativa de que 2008 seja muito melhor. “Estamos aguardando a divulgação de novas normas. A partir da regulamentação, que acontecerá no primeiro semestre desse ano,

o mercado irá se desenvolver mais rápido. Esta regularização vai dividir os produtos de capitalização em quatro grupos: tradicional, de compra programada, popular e promocional, nos permitindo direcionar melhor nossos produtos” – relata Glabes Labes. A Bradesco Capitalização já tem se preparado e está pensando em novos títulos aliados à preservação do meio ambiente. “Esse ano crescemos 9%, no próximo, após as novas regras, esperamos superar esse número.” – diz o diretor.

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Economia & Negรณcios

Fotos: Banco de Imagem Vale

A responsabilidade so

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de socioambiental Como Estratégia na Vale

A maior mineradora do país mostra a importância das ações sociais e ambientais estarem ligadas às estratégias de negócios da empresa.

Fotos: Banco de Imagem Vale

Liane Uechi

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Responsabilidade Social e Ambiental tem sido assunto constante nos últimos anos. O tema é discutido na mídia, nas escolas, nas empresas, no governo, em todas as esferas da sociedade. Fervilham ações, projetos, leis, incentivos, iniciativas, num grande movimento que tem o apelo da sustentabilidade e sobrevivência do planeta. O interesse e a importância do assunto trouxe à tona, quase que obrigatoriamente, novas formas de gestão. Algumas companhias ainda engatinham nesse terreno e nas tentativas de acertos, investem em filantropia e assistencialismo, sem, contudo, obterem resultados efetivos de desenvolvimento para os atendidos. Outras empresas mostram maior amadurecimento nesse processo, aplicando formas inovadoras de administração, proporcionando ganhos reais à sociedade e a viabilidade do próprio negócio.

A maior mineradora do país, a Companhia Vale do Rio Doce, hoje apenas sob o nome de Vale, uma gigante em seu ramo de atuação, com lucro líquido de cerca de R$ 16 bilhões, 57.601 funcionários, é uma das que implantaram uma metodologia de trabalho onde as ações de sustentabilidade fazem parte da estratégia de negócios. Não representando, portanto, atos isolados, mas atividades planejadas para conciliar a trajetória de crescimento da empresa com o desenvolvimento social e econômico dos territórios em que está presente, gerando emprego, renda e melhoria na qualidade de vida da população. Conforme informou o diretor de desenvolvimento sustentável, Orlando Lima, para a Vale, o desenvolvimento social das regiões onde atua, bem como a preservação e recuperação das áreas de exploração de minérios são medidas de sustentabilidade do negócio.

PECULIARIDADE DO NEGÓCIO Essa visão remonta décadas atrás, quando o tema sustentabilidade e responsabilidade social não possuíam o peso e a valoração atual. Isso proporcionou à empresa um certo pioneirismo e conhecimento do tema. Lima afirmou que as peculiaridades do próprio negócio conduziram a uma atuação diferenciada. Ele explica que operações estão vinculadas aos locais onde existem depósitos de minerais. Nesses ambientes normalmente não existe infra-estrutura logística, pois situam-se em regiões remotas, muitas vezes, cercados por comunidades carentes. Para iniciar atividades nessas regiões, a Vale precisa criar condições estruturais, que muitas vezes implica em aumento de demanda de energia, distribuição de água, sistemas de comunicação, aplicação de saneamento, construção de aterros sanitários, de estradas, de habitações e a capacitação técnica de

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Economia & Negócios

Orlando Lima

mão de obra, necessária para operar equipamentos de alta complexidade tecnológica, dentre outros. DIAGNÓSTICO Antes da instalação de uma nova unidade ou negócio, a Vale realiza um processo de diagnóstico, que serve para conhecer a realidade e as características da região. Isso inclui o levantamento e a análise de todos os impactos sociais, estruturais e ambientais. Trata-se de um exame da dinâmica sócio-econômica-ambiental da região. A partir desse ponto, é imprescindível a sinergia com todos os interessados, o que significa o envolvimento e mobilização dos diversos segmentos da sociedade: prefeituras dos municípios, governo do estado, demais órgãos públicos representativos e a própria comunidade.

cal, entidades do Terceiro Setor, que facilitam e permitem essa mobilização de toda a sociedade. Nessas conversas verificam-se as necessidades de habitação, de educação, enfim, de todo o investimento necessário e também as formas de atrair investidores para a região. Segundo Lima, essa prospecção mudou a empresa e é hoje um elemento importante para a tomada de decisões, inclusive operacionais, que são pautadas com base nesses estudos. “As questões sociais estão presentes no exercício diário da empresa e já estão solidificadas na cultura interna da companhia.“ – disse o executivo. A empresa é associada ao Global Reporting Iniciative (GRI), cujas diretrizes dão base ao relatório de sustentabilidade, divulgado anualmente, e que afere e dá visibilidade das ações adotadas.

TERCEIRO SETOR Esse diálogo já resultou na criação de algumas Agências de Desenvolvimento Lo-

AMBIENTAL Como não poderia deixar de ser, o meio ambiente também é foco de gestão na Vale,

segundo o diretor Orlando Lima. “A questão é regulamentada por leis específicas, de grande rigor, que prevêem os impactos ambientais e as ações mitigadoras. Nenhuma empresa obtém, hoje, licenças ambientais de instalação e funcionamento sem atender essas condições” – explicou. Desse modo, todas as operações e atuações são amparadas por essas legislações, o que não impede que outras medidas sejam adotadas visando ganhos e avanços ambientais. A recuperação de áreas de mineração pela Vale, prevista em lei, envolve o plantio de árvores, reintrodução de espécies nativas ou mesmo a construção de espaços urbanos. Nessas atividades já foram investidos cerca de R$ 110 milhões, desde 2001. A empresa anunciou um projeto ambicioso de plantio de 346 milhões de árvores nos países onde atua até 2015, num total de 300 mil hectares - área equivalente a duas vezes o tamanho da cidade de São Paulo. PARCEIROS AFINS O porte da Vale lhe permite pressionar o mercado (clientes e fornecedores) a atuar dentro das melhores práticas socioambientais e com posturas éticas. Lima deu como exemplo o caso de oito guseiras (produtoras de ferrogusa) do Pará, Maranhão e Minas Gerais - Cosipar, Fergumar, Simasa, Usimar, Ibérica, Itasi-

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As questões sociais estão presentes no exercício diário da empresa e já estão solidificadas na cultura interna da companhia.

der, Viena e Sinobras (ex-Simara), que tiveram seu fornecimento de minério de ferro cortado por denúncias de desrespeito a legislação ambiental (uso de madeira não certificada) e trabalhista (exploração do trabalho em condições análogas a de escravo). A partir de autuações do Ibama e Ministério do Trabalho nessas guseiras, a Vale, com base em cláusulas contratuais - que estabelecem a necessidade de cumprimento da legislação -, suspendeu o suprimento para as empresas denunciadas, que não comprovaram medidas corretivas. Para Lima, essa atitude é justificada, pois seria incoerente adotar uma postura de responsabilidade socioambiental e ao mesmo tempo manter relações comerciais com parceiros envolvidos em atos ilegais. FERROVIA VERDE O executivo destaca ainda o projeto Ferrovia Verde, que implementa duas outras ações relevantes, possibilitadas pelo investimento tecnológico. A Vale está substituindo os dormentes¹ de madeira por materiais alternativos como: polietileno de alta densidade, fibra de vidro e pneu usado. Desse modo, materiais que iriam para o lixo, como embalagens de plástico de álcool, shampoo e produtos de limpeza, agora são reaproveitados. O projeto em fase de experimentação foi denominado Ferrovia Verde. Já foram instalados 600 dormentes de plástico e 600 de borracha. Na EFVM (Estrada de Ferro Vitória Minas), foram aplicados mais 500 de plástico. Outras matérias-primas, como material sintético, pneus reciclados e até mistura de bagaço de cana e plástico, também estão sendo pesquisadas para a fabricação dessas peças. Os testes com materiais alternativos começaram em junho de 2004. Dormentes de aço também já estão sendo utilizados nas duas ferrovias. Na EFVM, já foram aplicados aproximadamente 2 mi-

lhões de unidades e, na EFC (Estrada de Ferro Carajás), cerca 140 mil unidades, o que a posiciona como a primeira empresa privada do Brasil a usar dormentes de aço em larga escala, prática já comum na Europa. Segundo a mineradora, apenas com o uso do aço no lugar da madeira mais de 500 mil árvores já deixaram de ser derrubadas. O programa de implantação de dormentes de aço é progressivo e prevê a substituição de cerca de 400 mil unidades por ano nas duas ferrovias, o que equivale à preservação de 100 mil árvores/ano. VANTAGENS OPERACIONAIS As vantagens não são apenas ambientais, mas também operacionais e econômicas, pois a medida contribui para a segurança dos sistemas, apresentando melhor performance, aumento da vida útil do material e a

redução de 20% dos custos de manutenção, reduzindo as intervenções na ferrovia. BIODIESEL O Programa Brasileiro de Biodiesel define a obrigatoriedade de adição de 2% de biodiesel ao petrodiesel, o que dentre inúmeras vantagens, reduz a emissão de poluentes lançados na atmosfera, por tratar-se de uma fonte energética limpa. Na Vale, o uso de biodiesel supera essa cota inicial estipulada. Lá, desde maio de 2007, adotou-se a B20, mistura de 20% de biodiesel ao diesel comum. Em 2007, foram utilizados pela Vale 33 milhões de litros/mês.

¹ dormente: cada uma das travessas em que se assentam os trilhos de estradas de ferro

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Economia & Negócios

Mãe, estoU GRÁvIDA! Mesmo com a redução no número de filhos, em 36 anos, o Brasil dobrou sua população e gravidez precoce é alarmante. Livi Carolina

e

m uma sala de espera para dar início ao pré-natal está uma mulher por volta dos 37 anos, com um semblante um tanto aflito, que conversa com uma paciente que também está aguardando o atendimento. Durante o ‘bate-papo’ ela revela ter quatro filhos com idades de cinco, dez, dezesseis e dezoito anos. Ao seu lado, uma menina, provavelmente a filha de 16 anos, está entretida com uma revista de adolescente preenchendo um daqueles testes: Seu namorado te ama? A porta do consultório se abre e um nome é chamado, quem se levanta rapidamente é a mãe, que em seguida, de maneira ríspida, chama a filha adolescente que está no quarto mês de gestação. 10

Esta cena retrata a realidade de consultórios em todo o país, meninas em plena luz da juventude, se tornando mães cada vez mais cedo, sem estrutura emocional, econômica ou familiar para lidar com a responsabilidade da criação de um filho. Segundo o IBGE o índice de partos em mães adolescentes no Brasil representou 20,5% do total de nascimentos no país, em 2006. E, embora, o número de natalidade tenha sofrido reduções: de seis filhos por mulher, em 1960 para 2,39, em 2000, o registro de gravidez de jovens entre 15 e 19 anos continua se sobressaindo. Diante desses índices o número de habitantes em 36 anos dobrou, de 90 milhões,

nos anos 70 – quando aconteceu a revolução sexual, para os 180 milhões atuais. Quantidade alarmante, uma vez que, quanto mais pessoas, maior a necessidade de investimento - tanto pelo Governo quanto pela família - em habitação, saneamento básico, saúde, educação e alimentação. Como o governo brasileiro adota uma política de assistência familiar, desde 2003, já foram repassados 24 bilhões de reais, segundo o Ministério do Desenvolvimento Social. Esse valor refere-se somente ao programa Bolsa Família, que atende pessoas com baixa renda, e foi repassado a 11 milhões de famílias, com uma média de R$ 74,00 para cada uma.

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A!

FeCUnDIDADe esPeCíFICA Brasil, 1991 e 2000 (por idades ajustadas e por mil mulheres) Idade 1991 2000 Variação (em %) 15-19 74,8 93,8 +25,4 20-24 145,0 135,6 -6,5 25-29 135,7 114,5 -15,6 30-34 94,3 74,8 -20,6 35-39 56,1 40,4 -28,0 40-44 25,4 13,4 -47,2 45-49 5,9 2,2 -62,7 Fonte: IBGE, Censos Demográficos de 1991 e 2000.

ConseqÜênCIAs O assunto tem sido tema de artigos e livros de especialistas, como o médico e escritor, Drauzio Varella, que acredita haver falta de planejamento familiar, ou seja, a programação consciente de ter ou não filhos, quantos ter e como se prevenir de acordo com as expectativas do casal - direito do cidadão estabelecido pela legislação, por meio da Lei 9.263/96. Para ele, em depoimento em seu site (www.drauziovarella.com.br), esse déficit é uma das causas mais importantes da explosão de violência urbana ocorrida nos últimos vinte anos no país - afirmação baseada em sua experiência na Casa de Detenção de

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Economia & Negócios

Para se cuidar e fazer escolhas, o adolescente precisa conhecer, ou então, como ele irá se prevenir...?

São Paulo. “É difícil achar na cadeia um preso criado por pai e mãe. A maioria é fruto de lares desfeitos ou que nunca chegaram a existir. O número daqueles que têm muitos irmãos, dos que não conheceram o pai e dos que foram concebidos por mães solteiras, ainda adolescentes, é impressionante” – trecho do artigo ‘Planejamento familiar’. CAUsA e PRevençÃo Nunca houve um período onde se comenta tanto sobre sexualidade, quanto nos dias atuais. Cada vez mais, a mídia usa o apelo sexual para chamar a atenção do espectador ou consumidor, mas a exploração desse assunto, não tira dúvidas. O resultado é que ao invés de informar, essa exposição apenas induz ao ato sexual. Segundo a enfermeira e supervisora da equipe de orientadoras do Programa ATO - Atenção e Orientação à Saúde Sexual Reprodutiva da Bayer Schering Pharma, Susana Denicol, a curiosidade faz com que os jovens iniciem a vida sexual mais cedo. “Se o adolescente vê e ouve algo que lhe aguce a curiosidade ele vai atrás até sanar sua dúvida. Então, se ele não tem abertura

para conversar com os pais ou com alguém que vai orientá-lo, ele vai buscar meios de descobrir até chegar à relação precoce e insegura” – destaca Susana. De acordo com uma pesquisa realizada pela Sociedade Civil Bem-Estar Familiar no Brasil, um terço das adolescentes de 15 a 19 anos já têm vida sexual ativa, mas apenas 15% delas usam métodos contraceptivos, o que eleva as chances de gravidez precoce. Isso acontece porque muitos pais têm receio de falar a respeito e estimular a vida sexual dos filhos, no entanto, o que a enfermeira orienta é que as dúvidas têm que ser esclarecidas. “Para se cuidar e fazer escolhas, o adolescente precisa conhecer, ou então, como ele irá se prevenir diante da cobrança da sociedade pelo contrário?” PRoGRAmA Ato Na contramão do problema, há 14 anos, o Programa ATO, promovido pela Bayer Schering, oferece palestras e debates sobre orientação e informação sobre Sexualidade Responsável para adultos e adolescentes, foco do projeto.

As 3.000 palestras anuais já foram apresentadas para cerca de 160 mil estudantes e mais de um milhão de multiplicadores já foram formados pelas equipes de orientadoras da Bayer. “Usamos uma linguagem e uma abordagem, de forma que o adolescente se sinta à vontade para perguntar, pois os métodos são conhecidos, mas pouco entendidos” – esclarece Susana.

LeI Do PLAneJAmento FAmILIAR (LeI 9.263/96) Art. 2º Entende-se planejamento familiar como o conjunto de ações de regulação da fecundidade que garanta direitos iguais de constituição, limitação ou aumento da prole pela mulher, pelo homem ou pelo casal. ... As instâncias gestoras do Sistema Único de Saúde, em todos os seus níveis, obrigam-se a garantir, em toda a sua rede de serviços, no que respeita a atenção à mulher, ao homem ou ao casal, programa de atenção integral à saúde, em todos os seus ciclos vitais, que inclua, como atividades básicas, entre outras:

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I - assistência à concepção e contracepção; II - o atendimento pré-natal; III - a assistência ao parto, ao puerpério e ao neonato; IV - o controle das doenças sexualmente transmissíveis; V - o controle e prevenção do câncer cérvico-uterino, do câncer de mama e do câncer de pênis. Art. 4º O planejamento familiar orienta-se por ações preventivas e educativas e pela garantia de acesso igualitário a informações, meios, métodos e técnicas disponíveis para a regulação da fecundidade.

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A Governança

Artaet Arantes da Costa Martins

COMPENSA! Aumentar o valor da sociedade, facilitar seu acesso ao capital e contribuir para a sua perenidade são os objetivos da Governança Corporativa.

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ara quem ainda tinha dúvidas se as boas práticas de Governança realmente valorizam as ações das companhias na Bolsa e, além disto, temiam que estas práticas fossem uma maré passageira, os fatos anulam estas desconfianças. O movimento ganhou força nos últimos dez anos, tendo nascido e crescido, originalmente, nos Estados Unidos e na Inglaterra e, a seguir, se espalhando por muitos outros países. No Brasil, os conselheiros profissionais e independentes começaram a surgir basicamente em resposta à necessidade de atrair capital e fontes de financiamento para a atividade empresarial, o que foi acelerado pelo processo de globalização e pelas privatizações de empresas estatais no País. Mas afinal, o que é Governança Corporativa? É o sistema pelo qual a sociedade é dirigida e monitorada, envolvendo os relacionamentos entre Acionistas/Cotistas, Conselho de Administração, Diretoria, Auditoria Independente e Conselho Fiscal. As boas práticas de Governança Corporativa têm a finalidade de aumentar o valor da sociedade, facilitar seu acesso ao capital e contribuir para a sua perenidade.

As empresas que optam por estas boas práticas adotam como linhas mestras: transparência, prestação de contas e eqüidade. Para que este tríade esteja presente nas diretrizes de governo da companhia é necessário que o Conselho de Administração e o representante dos proprietários do capital (Acionistas/Cotistas) exerçam seus papéis na organização, que consistem, especialmente, em estabelecer estratégias para a empresa, fiscalizar e avaliar o desempenho da gestão. A transparência é um dos principais vetores para construir sustentabilidade em uma empresa e, conseqüentemente, para viabilizar sua perenidade, transcendendo a própria existência humana de seus empreendedores. Aqueles que modelaram um sonho e o transformaram em realidade criaram empregos, riqueza, produtos, serviços, pagaram impostos e muitas outras coisas, mas, principalmente, foram capazes de agregar valor à sociedade. No entanto, atualmente não basta ser apenas eficiente, é preciso criar valor de forma sustentável e duradoura. Até aqui não há nada que não se tenha dito, porém, apesar de simples, é necessário enfatizar, principalmente, pelo fato de que este século, segundo vários especialistas

e também por um clamor dos stakeholders, será o século da Governança Corporativa. Na medida em que a Governança Corporativa e Transparência são sinônimos, e, esta última estará cada dia mais e mais arraigado na agenda dos acionistas, clientes, autoridades, comunidade e demais agentes de mercado e na agenda das empresas. É possível imaginar que o Estado não tenha que ter uma estratégia com visão de longo prazo, que pense na perenidade? Que não dê preferência à sua própria população? Que não pratique ações em prol do desenvolvimento tecnológico? Que não almeje a qualidade de vida de sua população? A meu ver, os princípios da Governança Corporativa, valem para as organizações de todos os setores, ou seja, público, privado e sociedade civil organizada, independentemente de seu porte, isto é, todas as sociedades devem buscar praticar a Governança Corporativa para se desenvolver como organização e atingir seu objetivo de existência. Currículo: Assessor da Qualidade, Meio Ambiente, Responsabilidade Social e Ouvidoria e engenheiro com mestrado em Qualidade e Pósgraduação em Gestão Ambiental. Neo Mondo - Janeiro 2008

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Meio Ambiente

País em

chamas Queimadas ilegais provocam desenvolvimento insustentável na agricultura e pecuária. Livi Carolina

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descoberta do fogo permitiu que uma nova Era evolutiva se iniciasse na história da humanidade. Foi a partir do seu uso que o homem pôde transitar pelo mundo, penetrando em áreas mais frias - antes impossíveis, aprendeu a cozer alimentos, espantar animais noturnos e

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começou a dar os primeiros passos em direção ao desenvolvimento humano e à civilização. No período Neolítico, conhecido como Idade da Pedra, o fogo passou a ser usado para a agricultura, limpando a terra onde seriam cultivados alimentos, possibilitando a moradia fixa e o

começo da vida em sociedade. Mesmo com o advento da tecnologia, o homem continuou, ao longo do tempo, usando o fogo de um modo primitivo para a queima de resíduos de colheita, limpeza de algumas lavouras, facilitando as ceifas - como no caso da cana-de-açúcar – e ainda para

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expandir áreas de pastagem extensiva, sendo esta uma prática legal, desde que autorizada e fiscalizada pelo Ibama. Segundo o chefe do Sistema Nacional de Prevenção e Combate aos Incêndios Florestais – Prevfogo, Elmo Monteiro, o que o agricultor deve fazer é procurar o Ibama e, em alguns estados, a Secretaria de Meio Ambiente, para solicitar autorização para realizar a queima, que só será permitida após uma vistoria na área. O que ocorre é que, em meio à burocracia e diante do pagamento da taxa de permissão, o proprietário age ilegalmente, sem seguir as orientações dos órgãos responsáveis, colocando em risco a segurança de suas terras, da sociedade, da fauna e flora da redondeza. Para o engenheiro agrônomo e presidente da Associação Cultural e Ecológica Pau Brasil, Manoel Tavares, o maior perigo dessa prática é que esse tipo de queimada tem que ser feita com quase ausência de ventos. “No entanto, o que temos assistido é que muitas vezes o fogo se espalha sem controle, atingindo reservas de vegetação nativa, estradas e linhas de transmissão de energia elétrica” – ressalta Tavares. Além disso, principalmente no período de junho a outubro - período de estiagem - em regiões de clima seco e que apresentam ventos fortes, como é o caso da região Centro-Oeste, o cuidado deve ser redobrado.

“Se durante a preparação da queima não houver o cuidado em limpar bem a área ao redor do que será queimado, ou se a direção do vento não for bem calculada, uma faísca pode expandir a área atingida pelo fogo, provocando um grande incêndio” – destaca o tenente da PM, Marcelo Alexandre Cicerelli. No entanto, embora a queimada seja o modo mais usado pelos agricultores e pecuaristas, com o tempo o solo enfraquece, torna-se seco, podendo ocorrer o processo de desertificação. “O fogo evapora substâncias necessárias à nutrição das plantas, destrói grande parte da matéria orgânica, elimina os microorganismos úteis e diminui progressivamente a fertilidade do solo e a produtividade das lavouras” – destaca o engenheiro. E ainda, segundo o chefe do Prevfogo, a queimada pode provocar problemas respiratórios na população ao redor, presença de fuligens nos reservatórios de abastecimento de água, fechamento de aeroportos, destruição de propriedades, no caso rural, dentre outros. Com base nesses dados, o Serviço Nacional de Aprendizagem Rural - SENAR, EMBRAPA, algumas Universidades e o Prevfogo vêm desenvolvendo projetos voltados para alternativas ao uso do fogo na agricultura, nos quais são realizados cultivos de produtos economicamente mais viáveis, além da apicultura, ecoturismo e beneficiamento de produtos agrícolas.

Fogo consumindo a mata

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Meio Ambiente

Áreas de maior índice de queimadas Uma das áreas mais atingidas pelo fogo foi o Cerrado, composto por: Maranhão, Piauí, Bahia, Minhas Gerais, Tocantins, Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, São Paulo, Paraná, Pará, Rondônia, Distrito Federal e parte de Roraima e Amapá, que construiu sua riqueza com base na agropecuária e na agricultura comercial. Porém, para abrir caminho para o desenvolvimento nessas áreas foi necessário queimar a floresta, o que resultou na perda de 38,8% da vegetação nativa, segundo levantamento realizado pela Embrapa Cerrado. Contudo, a partir de 2000, o modelo de ocupação da Amazônia ultrapassou os números do Cerrado. Somente em 2002, a região foi responsável por cerca de 50% dos focos de calor. De acordo com o Proarco - Programa de Prevenção e Controle de Queimadas e Incêndios Florestais na Amazônia Legal*, em 2000, o número de focos de calor atingiu a marca de 234.360, sendo que 58% deles ocorrem apenas na área ocupada pela Amazônia Legal. Diferenças entre focos de calor, incêndio e queimadas: Focos de calor: Qualquer temperatura registrada acima de 47ºC. Um foco de calor não é necessariamente um ponto de fogo ou incêndio. Queimadas: A queimada é uma antiga

prática agropastoril ou florestal que utiliza o fogo de forma controlada para viabilizar a agricultura ou renovar as pastagens. A queimada deve ser feita sob determinadas condições ambientais que permitam que o fogo se mantenha confinado à área que será utilizada para a agricultura ou pecuária. Incêndio Florestal: É o fogo sem controle que incide sobre qualquer forma de vegetação, podendo tanto ser provocado pelo homem (intencional ou negligência), quanto por uma causa natural, como os raios solares, por exemplo. Fonte: Ambiente Brasil Evite incêndios florestais - Fazer queimadas somente com autorização do Ibama e de forma controlada, com a construção de aceiros - barreiras que impedem a propagação das chamas. O aceiro pode ser feito em forma de vala ou limpeza do terreno que serve para obstruir a passagem do fogo; - Não jogar pontas de cigarros acesos nas margens das rodovias. Eles podem iniciar um grande incêndio; - Evitar fogueira próxima às matas. Se inevitáveis, limpar bem a área ao redor delas; - É proibido o uso de fogo em áreas de reservas ecológicas, preservação permanente e parques florestais; - Queimadas prejudicam a visibilidade dos motoristas nas rodovias e podem provocar graves acidentes.

Lei de Crimes Ambientais (9.605/98) Art. 41. Provocar incêndio em mata ou floresta: Pena - reclusão, de dois a quatro anos, e multa. Parágrafo único. Se é crime culposo, a pena é de detenção de seis meses a um ano, e multa. Art. 42. Fabricar, vender, transportar ou soltar balões que possam provocar incêndios nas florestas e demais formas de vegetação, em áreas urbanas ou qualquer tipo de assentamento humano: Pena - detenção, de um a três anos, ou multa, ou ambas as penas cumulativamente.

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Bombeiros na tentativa de apagar o fogo.

Trabalharos impedindo que o fogo se alastre.

Serviço Em caso de quaisquer dúvidas sobre o uso do fogo, ligue para 0800 61 8080. * Instituída através de dispositivo de lei para fins de planejamento econômico da região amazônica. Engloba os estados da região Norte (Acre, Amazonas, Amapá, Pará, Rondônia, e Tocantins), mais o Mato Grosso (região Centro-Oeste), e parte do Maranhão, a oeste do meridiano de 44º (região Nordeste).

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Meio Ambiente

Água,

João Carlos Mucciacito

preservar hoje. Para ter sempre. Água, elemento básico para o desenvolvimento econômico.

A

lém de ser indispensável à sobrevivência do homem, das plantas e dos animais, a água é um elemento básico para o desenvolvimento econômico e social de toda a humanidade. Todas as atividades que desenvolvemos para a melhoria de nossa qualidade de vida estão, direta ou indiretamente, ligadas a ela. O bem estar das atuais e futuras gerações depende de como lidamos hoje com nossos recursos hídricos, precisamos começar a agir urgentemente para sua preservação. Ao invés disso temos desmatado de forma irracional as chamadas áreas de recarga dos aqüíferos, locais onde estão as rochas subterrâneas que armazenam e liberam as águas de chuva, fundamentais para manter os rios, os lagos e os mananciais. Estamos acabando com as matas ciliares, essenciais para manter limpos e desassoreados os cursos d’água, temos queimado todos os tipos de ecossistemas (Mata Atlântica, Cerrado etc.), deixando o solo descoberto, o que faz com que as águas de chuva escoem pela superfície, sem penetrar no solo e abastecer os aqüíferos. Continuamos a lançar esgotos industriais e domésticos sem tratamento em nossos rios e, ainda desperdiçamos uma boa parte da água que recebemos em nossas casas. Temos muito o que fazer para mudar essa realidade e preservar nossos recursos hídricos. Existe compromisso global pelo desenvolvimento sustentável, a Agenda 21, em que países do mundo inteiro definiram estratégias, objetivos e ações para preservação das nossas águas e do meio ambiente. Cabe a todos e a cada um de nós contri-

buir, fazendo a sua parte. Juntos podemos corrigir os erros do passado e começar a crescer de maneira ordenada garantindo o direito das gerações futuras a um mundo de águas saudáveis. A Urgência no Reuso da Água Se tomarmos por base os prognósticos alarmantes divulgados pela Organização das Nações Unidas (ONU), em relação à escassez iminente de água, que até o ano 2020 deve atingir 2/3 da população mundial, faz-se urgente uma reestruturação do modelo de gestão de recursos hídricos no Brasil. Na avaliação de Ivanildo Hespanhol, PHD em Engenharia Ambiental e professor da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo, impera no país uma cultura de desperdício em relação à água, que precisa ser modificada. Segundo o especialista, as palavras-chaves para pensar na sustentabilidade dos recursos hídricos são: conservação e reuso. O Brasil tem uma cultura de abundância de água que pode ser justificada pela presença dos rios Amazonas e Tocantins e da Bacia do Prata. Porém, a farta disponibilidade de recursos hídricos reflete negativamente sobre a nossa postura em relação à conservação. Em nosso dia-a-dia o desperdício está presente, nas válvulas de descarga que acionam um fluxo de dois litros por segundo, nas vassouras hídricas (tipo VAP) que utilizam jatos de água de alta pressão para var-

rer calçadas, limpar fachadas, nas práticas habituais como escovar os dentes ou fazer a barba com a torneira aberta. Então tratase de um problema cultural e de educação. A maioria da população não sabe valorizar nem usar racionalmente os estoques de água que temos disponíveis. A questão é complicada, pois a água que temos hoje é a mesma que circula no planeta há 500 milhões de anos. Ou seja, o ciclo hidrológico se reflete com a evaporação das águas superficiais, a condensação das nuvens, seu retorno sobe a forma de chuva.... Mas a disponibilidade per capita está cada vez menor, porque a população mundial não pára de crescer e o processo de urbanização não teve contrapartida em infraestrutura de saneamento – o que degradou grande parte dos mananciais. Hoje, as palavras-chaves para pensar na sustentabilidade dos recursos hídricos do planeta são: conservação e reuso. Bibliografia: http://www.caetenews.com.br. Currículo: João Carlos Mucciacito Químico da CETESB, Mestre em Tecnologia Ambiental pelo Instituto de Pesquisas Tecnológicas da Universidade de São Paulo, professor no SENAC, no Centro Universitário Santo André – UNI-A e na FAENG - Fundação Santo André. Neo Mondo - Janeiro 2008

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Meio Ambiente

Crochê: ao invés de linha, sacolas plásticas! Um dos temas atuais ambientais, as sacolas plásticas viram peças de crochê nas mãos de artesãos. Da Redação

n

o centro de uma polêmica ambiental, com direito a tramitações governamentais no mundo inteiro impedindo sua distribuição gratuita em supermercados ou sua fabricação com plásticos oxibiodegradáveis - como o Projeto de Lei 534/2007, vetado no Estado de São Paulo, as sacolas plásticas continuam resistentes e permanecem nas mãos de grande parte dos consumidores. Segundo a Secretaria do Meio Ambiente do Estado de São Paulo, das 12 mil toneladas de lixo que são geradas na capital, diaria-

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mente, mil são de plásticos. Essa quantidade crescente de resíduos faz com que haja a necessidade permanente de ampliar aterros sanitários. As sacolinhas por serem impermeáveis e flexíveis contribuem com a poluição da cidade, uma vez que, dada a sua leveza, é facilmente levada pelo vento chegando a entupir redes de drenagem pluvial. Mas, o maior inconveniente encontrado é o tempo que estas simples ‘sacolinhas’ levam para se decompor na natureza, aproximadamente 300 anos e ainda emitindo

gases durante esse período. Por isso, não são poucas as iniciativas que apóiam a volta da sacola permanente, como aquelas que as avós levavam à feira. Conscientizar a população à volta dessa prática para reduzir o número de sacos plásticos, é o objetivo da campanha pela preservação do meio ambiente promovida pela SINDIPAN - Sindicato da Panificação de Joinville – SC, que incentiva uso de similares permanentes, confeccionadas em tecido, vime, palha ou outros materiais biodegradáveis, informando a comunidade, escolas, pa-

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Faça você mesmo! materiais Sacolas plásticas Agulha de crochê 3,5 Tesoura Creme hidratante Criatividade

1 Recorte o fundo e as alças da sacola;

Estique-a e marque a medida de três dedos em uma das laterais com dobra;

2

Dobre novamente esta mesma parte já dobrada, deixando ainda a sobra dos ‘três dedos’;

3 Dobre a sacola até o meio; deixando a marcação ‘dos três dedos’;

Agora sim mexa no pedaço ‘dos três dedos’: insira o dedo na parte fechada da primeira tira (superior) e corte em diagonal SÓ UM LADO DA SACOLA. Faça o mesmo com todas as tiras; Abra-a. Verá que o que restou foi um pedaço no centro sem corte;

Recorte as tiras com cerca de 3 cm de largura, mas NÃO CORTE ATÉ O FIM. Deixe aquele pedaço sem dobra;

darias e todo o varejo sobre essa importante e pequena atitude, que resultou na diminuição de 20% dos custos de embalagens nas padarias engajadas no projeto. Porém, artesãos habilidosos encontraram uma saída criativa para o reuso desse material, que está sendo aproveitado como matéria-prima para a fabricação de produtos de crochê. Assim, além de sua reutilização como sacos de lixo, as frágeis ‘sacolinhas’ podem virar uma bela bolsa ecológica de crochê, ou um lindo tapete de banheiro, ou chapéu de praia ou o que a imaginação permitir.

Como se estivesse ligando pontos, comece a cortar de um ponto ao outro, MAS COMECE DA LATERAL ESQUERDA DA SACOLA AO PRIMEIRO CORTE SUPERIOR. O objetivo é fazer um fio de toda a sacola;

Torça o fio e enrole-o formando um novelo; - Passe creme hidratante na mão oposta à da agulha e antes de puxar o fio passe a ponta da agulha no creme para impedir que o plástico agarre; Teça em ponto tricô ou ponto baixo. Adaptação da técnica de Marisa Miani

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Meio Ambiente

Indonésia já sente os efeitos do

AQUECIMENTO G Ong Brasileira realiza expedição à Indonésia. Da Redação

A

s belas imagens da Indonésia mostram sempre praias paradisíacas, intocadas e de exuberante natureza, nos seus quase 80 mil km de costa. Porém, esse paraíso, que se constitui no maior arquipélago do mundo, formado por mais de 17 mil ilhas já está sofrendo os efeitos do aquecimento global. Dezenas de ilhas começaram a desaparecer com o aumento do nível do mar. A mídia mundial tem publicado diversas matérias sobre o tema, após o governo local informar que nos últimos dois anos, 24 ilhas foram engolidas pelo oceano. Nesse caso, o aquecimento não é o único vilão. A devastação, causada pelas companhias de mineração, que escavam terra para vender, provocando erosões, também contribuíram para esse quadro. O desaparecimento das ilhotas foi constatado, durante um programa lançado pelo governo para contar e batizar as ilhas ainda sem nome. Caso o nível do mar continue a subir, graças ao derretimento das geleiras dos pólos, a previsão é pessimista e indica que cerca de duas mil ilhas poderão sumir até o ano de 2030. O governo indonésio lançou o relatório “variabilidade do clima, mudança climática e suas implicações para a indonésia“, onde informa que a elevação de um metro no nível do mar alagaria 405 mil hectares do seu litoral. Isso provocaria ainda, outros efeitos como a salinização dos lençóis freáticos e conseqüente falta de água potável, aumento de ocorrências de inundações e secas e um maior risco de incêndios nas florestas locais. 20

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os do

O GLOBAL “

Procuramos, utilizar a informação e a divulgação para modificar, agregar, sensibilizar e formar cidadãos conscientes, solidários e socialmente responsáveis

Expedição ajuda sem fronteiras A constatação de que os efeitos do aquecimento global já são visíveis, motivou uma organização não governamental brasileira, a xmarketing, a realizar no segundo semestre de 2007, uma expedição à indonésia, denominada “ajuda sem fronteiras”. O projeto, segundo seu idealizador, ricardo caiado abbamonte, tem como objetivo visitar organizações e comunidades, pessoas e profissionais de todas as partes do mundo, testemunhando algumas das grandes ameaças, processos de degradação e contradições, que se abatem sobre o planeta terra e a sua gente. Abbamonte acredita que dessa forma é possível impactar e influenciar a opinião pública a realizar pequenas ações conscientes que podem reverter os efeitos nocivos da poluição. “Procuramos, utilizar a informação e a divulgação para modificar, agregar, sensibilizar e formar cidadãos conscientes, solidários e socialmente responsáveis” – disse. Segundo ele, são as atitudes individuais, seja em casa, no bairro, no trabalho ou na cidade, que irão influenciar diretamente o destino do mundo e das novas e futuras gerações. Abbamonte visitou ilhas, fez contato com o embaixador brasileiro, edmundo sussumu fujita, conversou com a diretora do programa de clima e energia da wwf indonésia, eka melisa e conheceu alguns projetos socioambientais.

Surfing village A expedição pôde documentar e verificar como estes problemas ambientais estão sendo absorvidos pela população local. Ele revela que a população de diversas localidades que estão sendo muito afetadas pelas mudanças climáticas e que vivem ainda de forma muito primitiva, sem acesso a energia elétrica, desconhecem por completo questões como o aquecimento global. É junto dessas comunidades, onde há pouco acesso à informação que o pesquisador, encontrou dois brasileiros, paulo sciamarelli e mário pacheco, que vivem na ilha tanah bala. Ambos deixaram há três anos, o brasil e, as comodidades do mundo moderno, para desenvolver na indonésia um projeto de construção de uma ecovila, mais especificamente, uma surfing village e desde então, realizam algumas ações junto aos nativos, incentivando a educação formal das crianças, ensinando formas de reciclagem, noções de ecologia e de higiene, sempre com a preocupação de respeitar as tradições e culturas locais. Para a preservação do meio ambiente, eles realizam um projeto de utilização do óleo queimado dos motores dos barcos, antes despejados ao mar, para pintar casas e barcos. A iniciativa auxilia na preservação da madeira por muito mais tempo e ainda contribui para a beleza ao local. Neo Mondo - Janeiro 2008

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Educação

Ano Novo, Novas Metas,

Luciana Stocco de Mergulhão

Novos Compromissos... MEC estabelece novas diretrizes inclusivas para a escola repensar sua organização estrutural e cultural.

T

odo início de ano é o melhor momento para a escola rever seus espaços e suas atitudes para começar um novo trabalho. Um bom começo é discutir em seu projeto pedagógico quais mudanças são necessárias para implantar atitudes adequadas, em relação a um sistema verdadeiramente inclusivo. Um novo documento está em análise conclusiva pelo MEC, trata-se da Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva Inclusiva, apresentado pelo Ministério da Educação/Secretaria da Educação Especial. Tive acesso ao documento preliminar, que consta: a educação inclusiva constitui um paradigma educacional fundamentado na concepção de direitos humanos, que conjuga igualdade e diferença como valores indissociáveis. O documento reafirma que a inclusão é uma ação política, cultural, social e pedagógica. Estabelece diretrizes para a escola repensar sua organização estrutural e cultural. Precisa ser um espaço democrático que acolha todos, indiscriminadamente, um lugar que receba TODOS os alunos e que consiga lidar com as especificidades do seu corpo discente. O documento orienta ainda os sistemas de ensino para garantir: oferta do atendimento educacional especializado; promoção e acessibilida-

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É hora de criarmos escolas menos excludentes e discriminatórias.

de universal; a formação de profissionais da educação e da comunidade escolar e transversalidade da modalidade de ensino especial, desde a educação infantil até o ensino superior. A educação especial precisa ser entendida como um serviço complementar à escola comum e não como um ensino paralelo, como historicamente vem sendo compreendida. Nossas escolas necessitam rever seu modelo excludente e homogêneo e passar a dar novo sentido às suas práticas pedagógicas, enfatizando ambientes heterogêneos de aprendizagem. Não temos mais tempo a perder, precisamos efetuar as mudanças e transformações. Fica aqui uma sugestão: um ano que se inicia traz com ele sonhos e metas que estabelecemos. É hora de criarmos escolas menos excludentes e discriminatórias. Várias são as ações que podem ser feitas para revitalizá-las, assumir o compromisso com a inclusão é uma delas.

Luciana Stocco de Mergulhão Mestre em Educação, Especialista em Psicopedagogia pela UMESP, Licenciada em Pedagogia: Administração Escolar para Exercício nas Escolas de I e II Graus e Orientação Educacional pela UMESP. Professora em cursos de Pedagogia e Psicopedagogia

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Educação

Agora é aula de

sELos!

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epois de uma tarde inteira brincando no parquinho, a mãe percebe que o bolso da bermuda do filho está cheio de pedras que ele juntou enquanto se divertia. Nesse caso foram pedras, mas poderiam ser conchas, tampinhas ou qualquer outro objeto que tivesse chamado à atenção da criança. O ato de juntar coisas parece tão comum que passa despercebida a tendência natural do homem de colecionar. Isso acontece porque, segundo o estudioso Jean Piaget, o processo de seleção é anterior ao de ordenação. Baseando-se no princípio da lógica matemática, a criança experimentará, na realidade, através das pedras, ou de qualquer outro instrumento, noções de ordenação e enumeração. Contudo, esta mania de agrupar coisas, que começa como brincadeira de criança, implica em dedicação, investigação, organização e valor cultural. Há quem guarde de tudo: latas, postais, cartões telefônicos, moedas, notas, documentos, selos e o que a imaginação permitir. Mas, aqueles que dão um foco a sua coleção, tornam-se especialistas e defensores do assunto. A qUestÃo É: PARA qUê CoLeCIonAR? Sandro Rodrigues, guarda civil municipal, responde que é uma forma de resgatar a história. “O interesse por colecionar surgiu aos 13 anos quando descobri que meu avô era colecionador. A partir disso, comecei a pesquisar sobre o assunto e a ampliar a coleção de moedas e selos herdados dele” – relata Rodrigues. O gosto pela coleção, continuou na família. Rodrigues incentiva o filho adolescente a também colecionar objetos, pois acredita que isso desperta a curiosidade, amplia o conhecimento e desenvolve disciplina no indivíduo. Uma vez que, um 2

Hobby para alguns, a filatelia é usada como método criativo e eficaz na educação de jovens estudantes. Da Redação

Exposição de filatelia

colecionador precisa conhecer o valor histórico de seus objetos para ter um material rico e organizado. AUXíLIo À eDUCAçÃo O conceito que Rodrigues passa ao seu filho é o mesmo que filatelistas (colecionadores de selos) do mundo inteiro dão à educação. De acordo com o vice-presidente da Sociedade Philatélica Paulista, Sérgio Marques da Silva, o filatelismo é um método que estimula o conhecimento histórico e cultural, que deveria ser usado como atividade extracurricular no aprendizado escolar. Ele explica que pra ter uma coleção de selos valiosa o que importa não é a quantidade, mas a qualidade da pesquisa feita com base no tema de interesse. “Se a pessoa escolheu colecionar selos relacionados a Santos Dumont ele vai perceber que não basta ter selos sobre o personagem e o 14 Bis, por exemplo. Ele precisará de outros que

tratem da evolução da aviação, envolvendo o balão, o dirigível, até o Programa da Estação Espacial Internacional. Essa expansão da informação é importante para os jovens e para sua educação” - destaca Silva. Segundo o ex-professor universitário e presidente da FEFIESP - Federação das Entidades Filatélicas do Estado de São Paulo e da ABRAFITE - Associação Brasileira de Filatelia Temática, Geraldo de Andrade Ribeiro Júnior, em países como França, Espanha e Argentina a filatelia está inserida no currículo escolar. “Em qualquer parte do mundo, o aluno precisa estudar, o que pra muitos é uma tarefa enfadonha. Mas, ao manipular o selo ele vai ver a cronologia da coleção e aprender sem perceber. Se estiver estudando sobre Colombo, os professores podem complementar este tema na aula de filatelia” – explica Ribeiro Júnior. Para ele, além de ser um método eficaz, é barato, pois os selos custam pouco e são vendidos por quilo.

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o PAPeL Dos CoRReIos Além de emitir os selos e auxiliar as associações filatélicas com exposições, os Correios também oferecem o programa Correio na Escola, solicitado às agências regionais especializadas. Durante a visita à escola, os alunos conhecem a história, a importância do selo e da coleção, com o objetivo de contribuir para a disseminação do conhecimento e da cultura, por meio da filatelia.

Ao manipular

o selo ele vai ver a cronologia da

coleção e aprender sem perceber

tRADIçÃo e moDeRnIDADe JUntAs Hoje, no Brasil, a filatelia é tida como uma atividade vinculada a pessoas mais velhas, isso já foi considerada uma atividade que abria uma janela para o mundo. Naquela época, as pessoas mais humildes não tinham acesso a livros e o meio mais acessível de conhecer outras culturas era através do selo. Com o advento da tecnologia, as informações atravessam o mundo na velocidade da luz e a internet faz as vezes do selo. No entanto, o que as entidades de filatelia de todo Brasil tentam transmitir é a possibilidade de utilizar uma atividade em favor da outra. “Com a internet ficou muito mais fácil fazer uma pesquisa completa sobre o tema da coleção, podendo ampliar o valor histórico cultural dela” – ressalta Ribeiro Júnior.

ContRIBUIçÃo À CULtURA Quem guarda tem! Essa máxima da sabedoria popular revela uma verdade incontestável, principalmente se for analisado o valor histórico do objeto armazenado. Foi preciso que alguém pensasse em valor futuro, para a criação de grandes museus e bibliotecas. A exemplo disso, a Biblioteca de Alexandria, no Egito, que foi uma das maiores do mundo, só foi concebida a partir da coleção de Alexandre Magno, podendo ter chegado a um milhão de rolos de papiro, antes de ter incendiado. Já no Museu do Louvre, em Paris, somente a coleção deixada pelo Barão Edmond de Rothschild, após sua morte, em 1934, ocupou uma sala com 40.000 gravuras, cerca de 3.000 desenhos e 500 livros ilustrados.

o seLo O primeiro selo do mundo, conhecido como Penny Black, surgiu na Inglaterra, em 6 de maio de 1840, dentro da reorganização promovida no serviço postal daquele país por Rowland Hill. Até essa data, o pagamento pela prestação do serviço de transporte e entrega de correspondências era feito pelo destinatário. A chegada do selo foi fundamental para o sucesso da reforma postal, que revolucionou os Correios no mundo inteiro. O Brasil, segundo país do mundo a emitir selos, lançou seu primeiro em 1843 - a famosa série “Olho-de-boi”. Seguiramse a estes, os conhecidos como “Inclinados” (1844), “Olhos-de-cabra” (1850) e os “Olhosde-gato” (1854). Fonte: Correios Neo Mondo - Janeiro 2008

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Palavra Teen

Férias... teen palavra

As férias acabaram, e agora?

por Marina Mergulhão Luiz

as provas, os trabalhos e toda aquela rotina que a gente já conhece, por isso eu acho que depois de um tempo na mesma rotina é bom mudar de escola, conhecer novos ambientes, pessoas, professores e também mudar de material e método de ensino. Eu sempre reclamava quando as férias estavam no fim, dessa vez está sendo diferente, porque eu estava com muita

A

melhor coisa do mundo, na

lefonemas das pessoas que realmente

vontade de mudar de escola e agora

minha opinião, são as férias,

gostam de você, enfim, é uma delícia,

que já estou matriculada em outra e

principalmente as de verão,

só que ao mesmo tempo que você

vi o quanto esse colégio é difefente

porque nós viajamos para praias ou

está lá se divertindo na sua viagem,

daquele que eu estava há cinco anos,

sítios e nós literalmente damos um

você sente muita falta de casa, dos

sinto uma mistura de medo, empolga-

tempo para tudo, para nossa rotina,

seus pais (quando você viaja com os

ção e ansiedade, sem falar nos milhões

para nossa cabeça e etc.

amigos), dos seus amigos que não

de planos para 2008.

Eu prefiro viajar para praia, porque na

foram, dos lugares que você freqüenta

Espero conseguir realizar meus proje-

praia você nunca pára, você fica o dia

e assim por diante.

tos e que todo mundo que também

inteiro tomando sol, entrando no mar,

Depois quando você volta de viagem

fez novos planos para 2008 consiga

andando, passeando com os amigos e

e mata a saudade de casa, dos seus

realizá-los.

à noite tem sempre uma balada para

pais, dos seus amigos, você começa a

ir. Sem contar que asisstir à queima

sentir falta daquela viagem e começa

de fogos do reveillon ali na areia é

a reclamar que gostaria de estar lá

Marina Mergulhão Luiz

maravilhoso, depois dar os clássicos

e que daqui a pouco a moleza das

Tem 14 anos, está cursando

sete pulinhos nas ondas, abraçar seus

férias vai embora e as aulas começam

amigos, familiares, receber vários te-

e com isso, chegam as lições de casa,

2

o 1º Ano Do Ensino Médio do Colégio Singular

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Cultura

O Olhar Social Pelas Lentes de GILVAN BARRETO C

ada vez mais, as imagens assumem um papel de relevância na comunicação. Fotos de catástrofes urbanas, ondas destruindo cidades, vítimas da violência, cenas do sertão, o padrão de beleza estampado em outdoors, a exuberância ou a miséria, circulam o mundo e ficam registrados na história e na mente das pessoas. A mídia, a publicidade, a comunicação empresarial exploram com muita competência essa ferramenta, que invade nossas retinas a todo momento. Estudos na área apontam que inconscientemente, as pessoas entendem as imagens como uma verdade inequívoca do acontecimento. Por trás de todo esse poder “documental”, estão os profissionais da fotografia que focam e definem os fragmentos de uma realidade a ser registrada. Assim, numa sociedade “viciada em imagens”, a responsabilidade social desses profissionais cresce na mesma proporção que o uso desenfreado desse recurso visual.

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O papel social da fotografia, numa sociedade que supervaloriza as imagens. Liane Uechi

Fotograf

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O

Fotografo: Gilvan Barreto

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Cultura

Fotog

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Fotografo

Fotogra

fo: Gilva

O fotógrafo Gilvan Barreto, que traz na bagagem o registro de imagens dos cantos mais remotos do mundo e, possui o olhar treinado para captar os diversos elementos que compõem uma fotografia, acredita que de fato, ela possui o poder de sensibilizar e de transformar opiniões públicas. Advindo da escola de jornalismo, o fotógrafo crê que esse tipo de trabalho deve possuir uma carga ética, ideológica e humanitária. “Vamos a lugares e situações de pouco acesso, onde o cidadão comum nem sempre chega. É nossa função revelar essa realidade e se possível provocar reflexões, gerar mudanças ou pelo menos quebrar preconceitos” – explica. Barreto, que presta serviços para Ongs

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n Barreto

como a Oxfam International, a Unicef e o Greenpeace, percebe que o Terceiro Setor, no exterior, já entendeu a força desse recurso e investe na documentação fotográfica, inclusive das questões sociais brasileiras, das quais, já encomendou inúmeros trabalhos. Ele revela que as organizações nacionais, com exceções daquelas muito bem estruturadas, ainda não utilizam muito essa ferramenta. tRABALHos Com foco social, tem realizado alguns trabalhos na América Latina. Em 2007, fotografou a colheita de café orgânico nas montanhas de Honduras, um dos lugares mais pobres do mundo. Ainda há outros

projetos de cunho social, envolvendo a África e Ásia. “Tudo isso é muito estimulante, saber que as grandes organizações dão importância a esse tipo de fotografia”. – afirmou. Sua profissão também o levou ao Nepal onde conheceu o trabalho desenvolvido por uma mestre de yoga, em penitenciárias de Katmandu. O projeto dessa nepalesa humanizou e amenizou as condições daquelas pessoas e a reportagem fotográfica de Barreto é um dos poucos registros dessa experiência. Nas suas imagens o ser humano é a fonte principal de inspiração. Ele, que se considera um retratista, diz que ao fotografar pessoas busca extrair a essência delas. Para isso, a aceitação de quem está

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o ilvan Barret Fotografo: G

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Não concordo em exibir seres humanos em estado degradante

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sendo fotografado é muito importante e essa confiança precisa ser adquirida com conversa, com aproximação, com a disposição de entrar no mundo particular de cada um. “O que busco é que o retratado entenda que sua imagem poderá servir de exemplo para outras pessoas. Que ele possui algo de especial para ser mostrado”. – disse. Em se tratando de um trabalho com abordagem social, essa compreensão já é a primeira mudança conquistada: a valorização desses personagens da vida real. O conteúdo dessas imagens extrapola a estética, pois há outros valores envolvidos nessa composição. “Um retrato verdadeiro é aquele que conta a história das pessoas” – afirmou.

Apesar de fotografar em locais muito remotos, por vezes pobres e desfavorecidos, Barreto tem uma visão diferenciada e não explora a estética da miséria. Faz uso de um olhar positivista, como forma de resguardar a integridade dos retratados. “Não concordo em exibir seres humanos em estado degradante”. Para ele, há alternativas mais eficazes, respeitosas, instigantes e até mesmo bonitas para tratar o assunto e provocar mudanças. As marcas de sofrimento, a rudeza da vida, a pobreza, podem estar presentes, mas a dignidade, o brilho de esperança no olhar, a grandeza e o melhor de cada um também coexistem como elementos desses documentos sociais.

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Inclusão

A saga dos

SUPERd

O país não consegue identificar se Livi Carolina

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Mesmo que a criança seja

diagnosticada como superdotada, se não for estimulada na sua área de interesse, ela se nivela as outras

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uando se imagina alguém com altas habilidades, chamado superdotado, logo vem à mente aquele estereótipo de pessoa tímida, extremamente estudiosa, com dificuldades em relacionar-se e com cara de cientista maluco de filmes infantis, ou tão inteligente quanto a Velma Dinkley, personagem do desenho Sccoby-doo, responsável por desvendar mistérios sempre com soluções lógicas e científicas. Seria muito difícil imaginar, por exemplo, uma criança carinhosa, comunicativa, tranqüila, que gosta de estar com os amigos, brincar, nadar... Mas é assim que Letícia*, 6 anos, com idade intelectual dois anos a frente é. Com apenas 3 anos já era alfabetizada, sabia ler, escrever e falava de forma bem articulada. Porém, a mãe somente notou que a precocidade da filha era sinal de superdotação, quando aos quatro, perguntou à professora do ensino infantil: “onça se escreve com ‘ç’ ou ‘s’?”. “Até então, imaginávamos que o fato dela ser precoce se dava porque a estimulávamos. Mas, não imaginávamos que isso era uma característica da superdotação” – diz a mãe, Sandra Martins*. Letícia começou a notar a diferença e perguntava para a mãe porque ela sabia ler e os amigos não. Sentia também uma certa rejeição dos colegas por causa disso e os desentendimentos começaram.

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ERdotados!

entificar seus gênios que sofrem pela falta de estímulo

“Essa fase foi bem difícil, porque não sabíamos como lidar com a situação. Nas atividades em dupla, que eram passadas em sala, Letícia tinha como parceira a professora, caso contrário, uma outra criança ficaria reprimida” – destaca Sandra. A situação escolar de Letícia só foi solucionada quando a professora sugeriu que fosse feita a aceleração, primeiro com tarefas extras, e posteriormente com a mudança para uma turma mais adiantada. “Foi difícil convencer a diretora da necessidade de passá-la de turma, pois a sua maior preocupação era com a não adaptação, que poderia provocar problemas emocionais. Mas a professora nos ajudou, ela fez um relatório sobre o desenvolvimento e a precocidade da Letícia e mostrou a diretora que, naquele momento, era importante ela ter contato com crianças mais velhas, porque o contrário não estava sendo produtivo” – conta a mãe. Este ano, Letícia começa a estudar com uma turma um ano mais adiantada e está adorando a novidade.

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Falta Estímulo A pequena Letícia ainda é um caso raro na sociedade, não pelo fato de ser superdotada, mas por estar na lista dos poucos que foram identificados e estimulados pela escola. Segundo o Núcleo de Atendimento ao Aluno com Altas Habilidades/Superdotação (Naah/S), estima-se que 3% a 5% da

população sejam superdotados. Porém, no Estado de Paulo, onde o sistema público de ensino tem 5 milhões de alunos, apenas 79 crianças foram identificadas. De acordo com Maria Clara Sodré, doutora em educação de superdotados pela Universidade de Columbia (EUA), o despreparo na rede de ensino para identificar a superdotação faz com que muitas potencialidades fiquem encobertas, sem chance de se desenvolver. “Mesmo que a criança seja diagnosticada como superdotada, se não for estimulada na sua área de interesse, ela se nivela às outras” – declara Maria Clara. Muitas dessas crianças são vistas como hiperativas e arteiras, como é o caso do publicitário Evandro Sudré, que por falta de incentivo da escola parou de estudar ainda no primeiro ano do ensino médio. “Fui alfabetizado precocemente pelas minhas irmãs, que eram mais velhas e faziam magistério. Quando cheguei à escola muitas coisas eu já sabia ou aprendia rápido. E como a professora não me passava mais tarefas, ficava agitado e não prestava atenção na aula” – conta Sudré. Como queria ir além daquilo que aprendia na escola, passou a estudar sozinho, e se descobriu autodidata. “Percebi que tudo o que eu queria aprender, aprendia sozinho” – diz ele. Freqüentador assíduo da biblioteca, foi lendo que ele se tornou perito em: criacionismo, tema que estudou por quatro

anos; missões urbanas; sociologia, dentre outras como, comunicação e arte, em que se especializou. Hoje, proprietário de uma agência, o publicitário divide seus conhecimentos na área com universitários e é respeitado pelo corpo docente, mesmo com o desconforto de saber que ele não tem graduação superior. Não fosse seu interesse autodidata em aprender, Evandro Sudré seria mais um jovem de classe baixa sem muitas oportunidades.

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Características Segundo Maria Clara, uma pessoa pode ser considerada superdotada quando apresenta: precocidade, dedicação obstinada por tarefas de interesse, ao ponto de até esgotar o assunto – assim com fez o publicitário com o criacionismo; pensamento criativo, ou seja, não se satisfaz com o básico: “porque sim” e alta potencialidade em pelo menos uma das sete inteligências múltiplas (lingüística, lógico-matemática, espacial, musical, sinestésica, interpessoal e intrapessoal).

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Programa Estrela Dalva Desenvolvido pelo Instituto Lecca, o programa Estrela Dalva seleciona alunos superdotados de baixa renda, com desempenho lingüístico e matemático, e os prepara para a entrada em escolas e posteriormente universidades federais. “Queremos que eles entrem nas melhores escolas, pois possuem grande potencial para solucionar os problemas das camadas de baixa renda” – ressalta Maria Clara. LEI Nº 9.394/ 1996 Art. 59. Os sistemas de ensino assegurarão aos educandos com necessidades especiais: I - currículos, métodos, técnicas, recursos educativos e organização específicos, para atender às suas necessidades; II - terminalidade específica para aqueles que não puderem atingir o nível exigido para a conclusão do ensino fundamental, em virtude de suas deficiências, e aceleração para concluir em menor tempo o programa escolar para os superdotados. * Foram usados nomes fictícios para preservar a identidade da criança

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Esporte

Corrida de

AVENTURA Nova modalidade esportiva nasceu para integrar o homem à natureza. Da Redação

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consciência ambiental e social não é uma moda, mas um avanço social e claro, uma necessidade de sobrevivência. A tendência atingiu todas as áreas, inclusive o esporte que viu nascer uma modalidade que, dia a dia, ganha mais praticantes: a Corrida de Aventura. Ela surgiu na década de 80 na Nova Zelândia, com o objetivo de integrar o homem ao meio ambiente, de uma maneira totalmente consciente, mas só foi introduzida no Brasil no fim dos anos 90, com a “Expedição Mata Atlântica (EMA)”. Ainda é uma novidade, mas vem se espalhando e sendo muito bem aceita nos quatro cantos do mundo. Nesse esporte participam pessoas de ambos os sexos, dispostas em grupos, que precisam vencer diversas etapas do circuito, no menor tempo possível. Seu grande diferencial é que a prática se dá na natureza, normalmente em regiões remotas, de difícil acesso, com provas multiesportivas. Exige preparo físico e psicológico para superar as enormes provações, que podem chegar a cinco dias de competição. Os adeptos dessa modalidade se mostram verdadeiramente apaixonados pelos desafios impostos. Quem se dispõe a praticá-la sabe que irá enfrentar imprevistos e dificuldades. Portanto, é bom que o espírito de aventura seja uma das características inatas do atleta desse esporte. Saber conviver, aceitar as diferenças e os limites individuais, também são atributos importantes e auxiliam no trabalho em equipe, que precisa ter membros em con34

dições de competitividade bastante semelhantes, que possam evoluir juntos. Para o professor universitário, Alexandre Ricardo Machado, o senso de grupo é fundamental, bem como o respeito ao meio ambiente. “O contato com a natureza permite maior consciência de sua importância” - disse. Aliás, o estudo dos impactos do homem nesses locais fazem parte dos preparativos das provas de aventura. “Há a preocupação de utilizar trilhas já existentes, normalmente de pescadores e caçadores” – explicou o esportista. Eles também realizam ações sociais, em contrapartida ao apoio dos patrocinadores. “Ministramos cursos e palestras sobre trabalho em equipe, preservação da natureza, superação, etc. Esses eventos são definidos pelos nossos apoiadores” – contou Machado. O praticante e organizador de provas de corrida de aventura, Francisco Peres, mais conhecido por Fran, explica que a modalidade reuniu diversos esportes como: trekking (corrida ou caminhada por trilhas naturais), canoagem ou raffting (descida de rios em botes ou caiaques), tiroleza, (cabo aéreo entre dois pontos, por onde se deslocam pessoas com equipamentos específicos), rapel (atividade praticada com uso de cordas e equipamentos para a descida de paredões ou vãos livres), mountain bike (ciclismo em terreno acidentado)....e outras que vão depender da escolha dos organizadores da prova. Os conhecimento básicos incluem o uso de equipamentos como: mosquetões,

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Equipamentos para a Corrida de Aventura

Nessas situações limites, percebemos e aprendemos a dar valor às mínimas coisas. Ao que é realmente básico e importante na nossa vida

Apito - Serve para um companheiro indicar a sua localização aos outros do grupo. Bicicleta - Apenas as mountain bikes são usadas. Bússola - Utilizada para a navegação. Capacete - Deve sempre ser usado. Cobertor de sobrevivência - Medida de segurança para prevenir a hipotermia. Faca ou Canivete - Cortar comida, galhos, ou qualquer outro obstáculo. Kit de primeiros socorros - Sempre deve ser levado para casos de emergência. Lanterna ou head-lamp - Uma para cada membro da equipe. Light stick - Bastão com um fluido fluorescente que é usado na sinalização durante as etapas noturnas. Mosquetões - Para as partes de escalada e rapel. Fonte: http://oradical.uol.com.br caiaques, bússolas e a leitura de mapas, sendo estes entregues momentos antes da largada e são absolutamente necessários, para o cumprimento da prova. Fran disse que o ineditismo de situações, os lugares sempre desconhecidos são ao mesmo tempo, as grandes dificuldades e atrativos. “Nesse tipo de competição a capacidade de sociabilização é muito exigida” – disse. Isso porque se uma pessoa do grupo não estiver bem, pode comprometer a prova dos demais. A valorização de pequenas coisas também é uma lição que se aprende nessa atividade. “Nessas situações limites, percebemos e aprendemos a dar valor às mínimas coisas. Ao que é realmente básico e importante na nossa vida” – afirmou. O esporte ainda tem um custo elevado, segundo Peres, pois há necessidade de carro e equipe de apoio, treinamento multidisciplinar em várias modalidades, diversos equipamentos esportivos modernos e disponibilidade de tempo para participação de provas longas. As competições exigem muito de seus participantes. As mais curtas duram cerca de 5 horas. De qualquer modo é necessário portar diversos equipamentos de segurança, primeiros socorros, nutrição e localização. Isso significa carregar mochilas que pesam em torno de sete quilos, manter o equilíbrio e a motivação da equipe, superar os obstáculos, vencer dificuldades físicas, interpretar os mapas e cumprir todas as tarefas. Quem conseguir isso o mais rápido, vence a prova! Neo Mondo - Janeiro 2008

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Sem Dúvidas

Glossário A bsorção/emissão de Carbono: O ciclo do carbono em nível global é constituído por fluxos e depósitos de carbono. Centenas de milhares de milhões de toneladas de carbono na forma CO2 são absorvidas a partir da atmosfera ou emitidas para ela, anualmente, através de processos naturais. Estes fluxos incluem a fotossíntese, a respiração e a morte das plantas, assim como a absorção e a liberdade de CO2 pelos oceanos. A rea de proteção ambiental: Unidade de conservação de uso sustentável, com certo grau de ocupação humana, dotada de atributos abióticos, bióticos, estéticos e culturais especialmente importantes para a qualidade de vida e de bem-estar das populações humanas, e tem como objetivos básicos proteger a diversidade biológica, disciplinar o processo de ocupação e assegurar a sustentabilidade do uso. B alanço social: É um demonstrativo publicado anualmente pela empresa reunindo um conjunto de informações sobre os projetos, benefícios e ações sociais dirigidas aos empregados, investidores, analistas de mercado, acionistas e à comunidade. É também um instrumento estratégico para avaliar e multiplicar o exercício da responsabilidade social corporativa.

B iopirataria: Roubo de animais, plantas e conhecimentos tradicionais para fins de exploração comercial sem o consentimento ou controle do país de origem e das comunidades locais. B iotecnologia: Em seu sentido mais amplo, compreende a manipulação de microorganismos, plantas e animais objetivando a obtenção de processos e produtos de interesse. C ommodities: Designa um tipo de produto, geralmente agrícola ou mineral, de grande importância econômica internacional, já que é amplamente negociado entre importadores e exploradores. São produtos em estado bruto, ou com pequeno grau de industrialização, de qualidade uniforme e produzidos em grandes quantidades por vários produtores. Exemplos: borracha, ouro, aço, prata, cobre, soja e trigo. D esenvolvimento sustentável: Aquele que harmoniza o crescimento econômico com a promoção de eqüidade social e preservação do patrimônio natural, garantindo assim que as necessidades das atuais gerações sejam atendidas sem compreender o atendimento das necessidades das gerações futuras.

L icenciamento ambiental: Processo pelo qual quaisquer empreendimentos ou atividades potencialmente poluidores ou degradadores do meio ambiente são legalmente obrigados a passar juntos aos órgãos públicos responsáveis, a fim de obterem autorização de implantação e funcionamento. m ananciais: Qualquer extensão de água, superficial ou subterrânea, utilizada para abastecimento humano, industrial, animal ou irrigação. P assivo Ambiental: É a “dívida” de uma empresa relacionada às questões ambientais, decorrente, por exemplo, da contaminação do solo do lençol freático, do não cumprimento de eventuais termos de compromisso firmados com órgãos oficiais de controle ambiental. s egurança Alimentar Garantia permanente que todos tenham acesso a alimentos básicos de qualidade, em quantidade suficiente. Portanto, não se resume à qualidade do que comemos, se refere também à política de uso de recursos naturais para a produção de alimentos, o impacto ambiental que causa e sua distribuição. A segurança alimentar fica ameaçada quando a política de produção e distribuição de alimentos não atende a estes princípios. Fonte: Almanaque Brasil Socioambiental

Dicas de Livros Vozes em Dossonância Kátia da Costa Bezerra

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Para Kátia da Costa Bezerra, as autoras, oriundas de diferentes segmentos sociais, denunciam em suas obras variados graus de discriminação e revelam os recursos literários utilizados para a efetivação de uma ação política eficaz. Dentre eles, destaca-se o memorialismo, que, a partir do relato de uma experiência individual pode também revelar a experiência coletiva e se configurar como espaço privilegiado de análise e conhecimento. Por isso o fio condutor escolhido para a análise das múltiplas vozes foi o da re-elaboração da memória, que não só representa um corpo coletivo como denuncia os componentes que estruturam e oprimem a mulher.

Meio Ambiente, A Vida em Jogo José Alberto Gonçalves

Com o objetivo de enriquecer as aulas e o universo de conhecimentos dos jovens em formação, este livro trata de assuntos relevantes e atuais sobre meio ambiente. Coloca em pauta temas como biodiversidade, preservação da natureza e aproveitamento dos recursos naturais, em linguagem de fácil compreensão. Temas como biomas brasileiros, a fauna sob ameaça, lixo e reciclagem, energia renováveis e diversos outros assuntos explorados de forma bem didática e leve com ilustrações de Jorge Barreto.

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Classificado Solidário

Precisa-se Santo André Associação dos Voluntários do Centro Hospitalar Voluntários para: atender às necessidades do paciente em seu leito. Doações: Camisetas, bermudas, moletons e roupas de frio (adulto e criança). Qualquer tipo de leite. Rua Joaquim Távora, 118 – Vila Assunção Cep: 09030-390 Telefone: 4437-1346 Em caso de dúvida, falar com: Cidinha Centro de Auxílio à Vida Doações: Alimentos em geral, principalmente arroz e feijão. Rua Filipina, 70 – Pq. Novo Oratório Cep: 09301-970 Telefone: 4401-2120 E-mail: prcamilocav@hotmail.com Em caso de dúvida, falar com: Alexandre FEASA - Federação das Entidades Assistenciais de Santo André Voluntários para: Jardinagem, manutenção/limpeza e serviços gráficos. Doações: Cartuchos para impressora, 06 latas (18lts) de tinta para pintura de parede, 50 m2 de piso frio, 03 latas (18lts) de massa corrida. Rua Tamarutaca, 250 – Vila Guiomar Cep: 09071-130 Telefone: 4436-7477 / Fax: 4436-7492 E-mail: feasa@terra.com.br Em caso de dúvida, falar com: Nice

São Bernardo do Campo Assistência Social Beneficente de Resgate ao Amparo à Criança Voluntários para: Masculino – serviços gerais: jardineiro, pequenos reparos e limpeza externa. Feminino – cuidado com crianças de 0 a 4 anos e limpeza interna. Com nível superior: Psicólogo, fonoaudiólogo, médico (preferencialmente pediatra). Rua dos Macucos, 14 - Pq. dos Pássaros

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A seção “Classificado Solidário” é um espaço gratuito, destinado a divulgar as necessidades de doações ou serviços voluntários de instituições sociais. Não é permitida a solicitação de valor em espécie e a veracidade das informações aqui prestadas são de total responsabilidade da entidade solicitante. Mande seu anúncio para classificadosolidario@neomondo.com.br, até o dia 15 de cada mês, com nome da instituição, responsável, endereço, telefone ou e-mail. -São Bernardo - SP Cep: 09861 - 350 Telefone: 4343-8632 / 4392-7492 E-mail: assisbrac@assisbrac.org.br Em caso de dúvida, falar com: Sérgio Gutierrez Associação Beneficente Cantinho da MEIMEI Doações: Carne, arroz, feijão, óleo, açúcar, leite e achocolatado. Rua Professor Osvaldo Coneglian, 01 - Icaraí - Riacho Grande Cep: 09830-000 Telefone: 4354-8082 / Fax: 4101-8609 E-mail: administracao@cantinhomeimei.com.br Em caso de dúvida, falar com: Argemiro Associação Beneficente Raios de Sol Voluntários para: Monitores de informática, recreação e esportes. Doações: Alimentos em geral, material didático, produtos de limpeza e roupas (crianças e adolescentes). Av. Max Mangels Sênior, 454 – Planalto Cep: 09895-510 Telefone: 4390-0236 / Fax: 4101-8585 E-mail: casaraiodesol@hotmail.com Em caso de dúvida, falar com: Silvia Creche Turminha da Arca Voluntários para: Nutrição, psicologia, dentista e assistência social. Doações: lingüiça, salsicha, frango, carnes, verduras, doces e alimentos em geral. Roupas para bazar, brinquedos ( 3 meses a 4 anos) e carrinho de bebe. Rua: Bulgária, 59 - Taboão - São Bernardo do Campo - SP Cep: 09871-510 Telefone: (11) 4178-4939 E-mail: kakasuconie@yahoo.com.br Em caso de dúvida, falar com: Karina

São Caetano do Sul Abrigo Irmã Tereza para idosos Voluntários para: Atendimento psicológico, nutrição e enfermagem.

Doações: leite, pó de café e suco em pó normal ou ligth. Rua Lourdes, 640 - Nova Gerti - São Caetano do Sul. Cep: 09571-470 Telefone: (11) 4238-3231 E-mail: abrigoirmaterza@terra.com.br Em caso de dúvida, falar com: Iranildes

Mauá Associação Beneficente Casa do Amparo as (aos) Viúvas (os) de Mauá Voluntários para: Atendimento geral. Doações: Arroz, feijão e açúcar. Rua Remo Luis Corradini, 224 – Jd. Zaíra Cep: 09321-440 Telefone: 4519-4150 Em caso de dúvida, falar com Teresinha Associação Beneficente de Assistência às Famílias Carentes Doações: Macarrão, arroz, óleo, feijão e carne. Rua Espírito Santo, 464 – Jd. Cruzeiro Cep: 09330-630 Telefone: 4576-4642 Em caso de dúvida, falar com: Sebastião Martins Lar do Menor de Mauá – Sol da Esperança Doações: Margarina, achocolatado, leite integral, papel higiênico, material de limpeza e material para higiene pessoal. Rua Cezario Parmegiani, 100 – Jd. Santa Lídia Cep: 09311-010 Telefone: 4514-5548 E-mail: soldaesperanca@terra.com.br - soldaesperanca@hotmail.com Em caso de dúvida, falar com: Márcia Centro de Libertação de Vidas Rejeitadas Doações: Arroz, feijão, óleo, açúcar e leite. Rua Antonio Alves, 83 – Jd. Zaíra Cep: 09321-370 Telefone: 4547-2366 / Fax: 4546-0507 E-mail: avelino-joana@ig.com.br Em caso de dúvida, falar com: Joana

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