NEOMONDO NEOMON
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Ano1 / Nº 1 / Junho 2007 / Distribuição Gratuita
UM OLHAR CONSCIENTE CON
A destruição do planeta
é problema meu! responsabilidade social A moeda que vai mudar as relações comerciais
Surfe A nova onda de inclusão
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Cultura Teatro Mágico
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Especial
A destruição do planeta é problema meu A carta da terra é um código de conduta para guiar os povos e nações. Ratificada pela Unesco, equivale à declaração Universal dos direitos Humanos, no que concerne à sustentabilidade, à equidade e à justiça. o meio Ambiente tem sido tema constante na mídia, nas escolas, nas empresas, no mundo. Por um simples motivo: é uma questão de sobrevivência e o Planeta é um problema nosso! de junho - dia mundial do meio Ambiente
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arta da erra “A escol
ha é nossa: formar um a aliança global para cuidar da Terra nossa destruição e a da e um dos outros, ou arriscar a d i v cessárias mudanças fu ersidade da vida. São nen res, instituições e modo damentais dos nossos valos que, quando as necessid de vida. Devemos entender o desenvolvimento é pr ades básicas forem atingidas, i m a ter mais. Temos o con riamente ser mais, e não, h necessários para abaste ecimento e a tecnologia impactos ao meio ambi cer a todos e reduzir nossos e n t e sociedade civil global es . O surgimento de uma t á des para construir um criando novas oportunidam no. Nossos desafios, a undo democrático e humam cos, sociais e espirituai bientais, econômicos, polítis e s t podemos forjar soluções ão interligados, e juntos includentes”. Junho 2007
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Seções
Editorial
Especial 02 A destruição do planeta é problema meu A Carta da Terra é leitura obrigatória nos dias atuais Perfil 05 Gestão Solidária
A Revista Neo MonInstituto do nasceu da necessidade de organizar uma enorme quantidade de informações dispersas Neo sobre o Terceiro Setor Mondo e fomentar sua real Um olhar consciente natureza, o desenvolvimento social. Orquestrada por Oscar Lopes Luiz e Ivan Lima Santos, profissionais que atuam há anos no mercado editorial e publicitário, a proposta de elaborar esse novo veículo de comunicação se concretizou. Apesar de especializado, o conteúdo editorial transita no mundo dos negócios, economia, educação, cultura, esportes e saúde. Seu projeto gráfico moderno garante uma leitura fácil e agradável. Ainda há muitas dúvidas sobre os temas que envolvem o Terceiro Setor e uma mistura nos conceitos de Responsabilidade Social, filantropia, benemerência, caridade.... O Brasil é um país ímpar quando a questão é solidariedade, e isso, é uma virtude que carregamos com orgulho. Mas a Responsabilidade Social tem uma conotação mais abrangente. Há quem diga, como o nosso entrevistado, Takashi Yamauchi, que ela será uma moeda de troca nas relações comerciais internacionais, que exigem uma nova postura frente às questões sociais. A Revista Neo Mondo deu a partida com essas idéias na cabeça e com a obstinação de retratar de que forma o Terceiro Setor pode ser utilizado como ferramenta desse novo desafio mundial. Um sistema onde todos devem ganhar, inclusive, é claro, aqueles que promovem o desenvolvimento social. Esperamos que você aprecie e aproveite!
Antonio José Monte, presidente da Coop, fala sobre gestão, com foco na humanização
Economia & Negócios 06 A nova moeda mundial Takashi Yamauchi mostra como o investimento social pode reduzir custos
08 As várias caras da exclusão Marcio Pochmann expõe sobre as novas formas de exclusão 10 Felicidade dá Ibope Os resultados positivos do investimento em qualidade de vida
A força do Associativismo Associativismo comprova que a união ainda faz a força
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Educação 16 Artigo: Chronos x Kairós Qual o tempo para a educação?
Social 18 A verdadeira face da responsabilidade social Seminário discute o tema da Responsabilidade Social com empresários Esporte Uma onda do bem Como uma escola de surfe, transcendeu o esporte e tornou-se um modelo de inclusão Meio Ambiente 24 Geração do descarte O lixo é um dos grandes desafios do século 26 Hora de agir Diante da exposição e dos alertas de Aquecimento Global, o que fazer? 27 Artigo: Social ou Ambiental? Afinal são temas diferentes? 30 Perto da tão sonhada sustentabilidade Criatividade traz sustento para entidade do ABC
32 Turismo Nos trilhos de Paranapiacaba Como a vila inglesa, instalada no meio do ABC, está ressurgindo com o ecoturismo Classificado Solidário 37 Precisa-se Dicas 38 Sem dúvidas Dicionário Politicamente Correto
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Liane Uechi
Expediente
Cultura O Teatro Mágico apresenta O forte apelo e o encantamento da arte, durante as apresentações da trupe, cumprem o seu papel social
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Diretor Executivo: Oscar Lopes Luiz Diretor de Comunicação: Ivan Lima Santos Diretor de Planejamento: Luís Gustavo Carvalho Cunha Conselho Editorial: Oscar Lopes Luiz, Ivan Lima Santos, Takashi Yamauchi, Liane Uechi, Livi Carolina, Eduardo Sanches e Luciana Stocco de Mergulhão Diretora de Redação: Liane Uechi (MTB 18.190) Redação: Liane Uechi (MTB 18.190) e Livi Carolina (MTB 49.103-59) Revisão: Instituto Neo Mondo Projeto Gráfico: Instituto Neo Mondo e Linking Propaganda Diretor de Arte: Adriano Ferreira Barros Diagramadores: Adinam Ern, Daniel Hesz e Marcel Burim Diretor de TI: Ivo F. P. C. Siqueira Fotógrafo: Élcio Moreno Correspondência: Instituto Neo Mondo Rua Caminho do Pilar, 1012 - sl. 22 - Santo André – SP Cep: 09190-000 Para falar com a Neo Mondo: assinatura@neomondo.com.br redacao@neomondo.com.br trabalheconosco@neomondo.com.br classificadosolidario@neomondo.com.br Para anunciar: comercial@neomondo.com.br Tel. (11) 4994-1690 Presidente do Instituto Neomondo: oscar@neomondo.com.br
Perfil
Gestão Solidária
O empresário Antonio José Monte, principal executivo da Cooperativa de Consumo, Coop, fala em entrevista à Revista Neo Mondo sobre os diferenciais que adota na gestão da organização, que tem como foco a valorização da vida. Liane Uechi
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discussão da Responsabilidade Social tem imprimido um novo caráter à gestão empresarial. Novas formas de administrar os negócios mostram que a simbiose entre produção e humanização do processo é possível e traz ganhos para a sociedade de um modo geral. O principal diferencial da administração da Coop, segundo seu presidente, Antonio José Monte, já começa pela formatação do negócio. “Somos uma cooperativa, e como tal, temos uma doutrina que se baseia no conceito de solidariedade, onde o ser humano ocupa o primeiro lugar” - disse. Diante dessa visão, as questões sociais, ambientais, de segurança, higiene e atendimento possuem uma conotação de grande relevância para a organização. A Coop é considerada a maior cooperativa de consumo da América Latina. Possui 23 unidades, sendo 16 no ABC Paulista, duas em São José dos Campos, duas em Sorocaba, uma em Tatuí, uma em Piracicaba e outra em São Vicente. Ela opera de maneira análoga a um supermercado. Monte cita o envolvimento da Cooperativa com diversas entidades, numa espécie de teia social. Juntas, elas movimentam ações
importantes para a sociedade. Os Bancos de Alimentos municipais são algumas dessas entidades beneficiadas pela Coop, que doa produtos sem valor comercial (embalagens amassadas ou sem rótulos, por exemplo), mas com condições comprovadas de consumo. Cabe frisar que esses produtos poderiam ser devolvidos aos fabricantes. Diversos outros programas que incluem creches da região, autarquias, associações de coletores de lixo reciclável, somam uma série de felizes parcerias que mobilizam a organização, fazendo valer os princípios mais puros do cooperativismo, onde a atenção com a comunidade tem lugar de destaque. Investimentos em tecnologia, preocupação social e ambiental, humanização dos processos produtivos internos e valorização dos funcionários representam uma nova postura na gestão dos negócios. Por sua vez, esse esforço é revertido em melhores condições de trabalho e de atendimento aos clientes internos e externos, onde todos os envolvidos ganham, inclusive a organização. Prova disso é que a Coop, em 2006, fechou o ano com fornecimento bruto (faturamento) de R$ 1,039 bilhão.
Segurança
“Não se trata apenas de cumprir a legislação, mas de valorizar a vida e procurar melhorias de forma contínua” – enfatizou. Umas das histórias que se tornou conhecida entre os colaboradores ocorreu há alguns anos, diante da necessidade de adquirir luvas especiais para os funcionários do açougue. Foi apresentado ao empresário um cronograma onde se planejava, em face do elevado custo, a aquisição de oito peças por mês até atingir o número necessário. “Concordei com a compra inicial, mas disse que as primeiras luvas deveriam ser entregues para os funcionários que iriam se acidentar naquele mês” – contou Monte. Claro, a declaração causou espanto: como saber quem se acidentaria? O recado foi entendido, ou seja, todas as luvas necessárias foram adquiridas imediatamente.
Saúde e higiene
Lidar com alimentos exige uma série de procedimentos de saúde pública. Desde o modo de armazenar e manusear, até a apresentação pessoal do funcionário. O uso de uniformes brancos, por exemplo, é a melhor forma de constatar a limpeza das instalações. “Além dos procedimentos, é importante que o colaborador entenda o motivo desses cuidados. Não basta impor essas instruções através de uma ordem, é fundamental a compreensão, para que possa haver aceitação” – disse.
Antonio José Monte, presidente da Coop
Meio Ambiente
A Coop tem forte atuação nas questões ambientais, com o estímulo à reciclagem de plásticos e metais. Foi instalada uma máquina onde o consumidor troca as garrafas pets e latas de alumínio por cupons que podem ser utilizados para compras na unidade, ou doados a entidades sociais. De modo a chamar mais atenção ao assunto, os cerca de 300 itens, que compõem a marca própria receberam rotulagem ambiental. Monte diz que o século 21 será um divisor de águas para a humanidade. “Ou tomamos as decisões agora ou o planeta irá sofrer um forte impacto. Nossos problemas não poderão ser resolvidos no século seguinte. Temos que pensar global e agir local” – constatou.
Tecnologia
A Tecnologia demonstra ser um forte aliada não apenas no desenvolvimento dos negócios ou nas questões operacionais, mas também na melhoria dos serviços e produtos oferecidos ao consumidor final. “A adoção de utilização de gás inerte nos frios (embutidos e queijos) garantiu a ampliação da conservação desses produtos, que passaram a ter a validade estendida para 30 dias. Foi um investimento que trouxe ganhos para nossos cooperados” – reconheceu o presidente.
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Economia & Negócios
A nova moeda mundial O especialista em Terceiro Setor, Takashi Yamauchi, mostra que Responsabilidade não é benemerência e pode reduzir custos para a empresa Liane Uechi
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m movimento diferente se instalou nos últimos anos no meio empresarial, com uma maior discussão do papel das empresas na sociedade, sobretudo nas questões sociais. O termo Responsabilidade Social ganhou espaço na mídia e nas agendas dos grandes empresários. Uma série de projetos e programas sociais desenvolvidos pela iniciativa privada passaram a ser conhecidos do público. Novas terminologias, como terceiro setor, sustentabilidade, balanço social, marketing social, capital social, dentre outros, foram incorporados à linguagem empresarial. Os propulsores dessa mobilização advém de duas vertentes: conscientização e pressão. O primeiro chegou no rastro da exposição da violência e é o reflexo das desigualdades sociais, que acumulamos ao longo de nossa história. Um dos grandes estudiosos e atuante do Terceiro Setor no Brasil, Takashi Yamauchi, explica que a pressão veio de fora, através de exigências internacionais de comércio, que nos
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fizeram dar atenção especial às questões sociais. Dessa imposição internacional surgiram leis para defesa das crianças e adolescentes, idosos, negros, pessoas com deficiência, etc. Comercialmente, as regulamentações e normatizações também dão sinais dessa tendência. Ele cita a norma NBR 16001 e a regulamentação CFC 1003/2004, que tratam da exigência do Balanço Social para empresas exportadoras e seus fornecedores até o quarto grau. “Elas são uma constatação de que a Responsabilidade Social caminha no sentido de tornar-se uma barreira não-tarifária, sobretudo ao comércio exterior” - disse. Cometem-se aí alguns equívocos, o primeiro, na opinião do especialista, é confundir Responsabilidade Social com filantropia. Os termos viabilidade e desenvolvimento estão mais próximos da Responsabilidade Social do que a benemerência, pois trata-se fundamentalmente de uma questão de atitude, de moralizar e tornar mais ético todo o processo produtivo, obtendo com isso ganhos para todos
os envolvidos: empresários, funcionários, fornecedores, clientes e comunidade. “Agir de forma socialmente responsável pode permitir às empresas oferecerem melhores serviços, com redução de custos, aumento de competitividade e um retorno social para seus colaboradores e comunidade no entorno” – defende Yamauchi. Para ele, esse conceito ainda não é compreendido pela maioria das empresas, que muitas vezes encaram essas novas exigências como mais um custo Brasil. “ E de fato sem o conhecimento e utilização do Terceiro Setor, como ferramenta nesse processo, as novas regras tornam-se um custo a mais para a empresa” – disse. Um exemplo disso é que as empresas ao longo dos anos, passaram a gerenciar programas sociais para a comunidade, campanhas preventivas e educativas, etc. Todo esse investimento em filantropia é um custo que vem sendo arcado pela empresa e que se fosse desenvolvido em parceria com o Terceiro Setor teria o benefício da renúncia fiscal.
Pontos de vista $
Balanço social
Com a obrigatoriedade do Balanço Social, novos equívocos são cometidos. Os resultados e ações são apresentados em publicações, com fotos e informações sobre as atuações, para a demonstração da “Responsabilidade Social”. Muitas vezes
esse material recebe o título de “Balanço Social”. Yamauchi diz, no entanto, que o Balanço Social é um documento contábil, uma compilação financeira que irá dar visibilidade do investimento social, diante de um determinado faturamento.
Investimento Social O especialista rebate que investimento social não é fazer projetos com crianças ou idosos, mas investir parte do faturamento em desenvolvimento social, beneficiando o próprio negócio e promovendo a melhoria da qualidade de vida da comunidade, simultaneamente. Ele exemplifica que ao contratar empresas terceirizadas para limpeza, refeição e jardinagem, dentre outras, existe o risco de ser solidário numa eventual sonegação. Além disso, no custo desses serviços estão embutidos os tributos destas atividades. Se o serviço fosse contratado de uma instituição do terceiro setor teria menor custo, em função da
isenção e imunidade tributária desta, sem risco de sonegação. O melhor de tudo, além de reduzir custos, esse montante poderia ser lançado no Balanço Social. Mais ainda, nesse processo poderiam estar envolvidos a comunidade e a família dos funcionários, criando condições de sustentabilidade econômica e gerando renda complementar à família. “A empresa ao adotar o processo, além da redução do custo operacional, ganha um aspecto de interface com a comunidade local e junto com seus fornecedores. Uma linha de atuação com responsabilidade social” - defendeu.
Como analisar o trabalho social de uma empresa “Quem diz que uma empresa é socialmente responsável não é a própria empresa, mas a comunidade” – afirmou Yamauchi. O primeiro passo para se analisar a Responsabilidade Social é o “aspecto legal”. A organização cumpre a legislação? ”Uma empresa lançou seu Balanço Social e nele dizia que empregava 30 pessoas com deficiência e que a meta para o próximo ano era 36.
Pela legislação, o correto seria 150. A empresa estava explicitando que não cumpria a lei e que no próximo ano continuaria a não cumprir” – relata Yamuchi. Obrigação trabalhista não é responsabilidade social, mas sim um dever legal da empresa. Nesse sentido, apenas a empresa que faz além do que é seu dever, pode ser considerada socialmente responsável. Takashi Yamauchi do SIAI, assessora vários orgãos públicos e privados em todo país.
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As várias caras da exclusão Organizador do Atlas da Exclusão Social no Brasil aponta mudanças na análise da exclusão e diz que não basta enfrentar com quantidade. A qualidade é fundamental para a eficiência das ações públicas. Liane Uechi
Marcio Pochmann Professor e pesquisador do Instituto de economia, Coordenador do Centro de Estudos Sindicais e de Economia do Trabalho da Unicamp
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Sempre que o tema social vem à tona ouvimos o termo inclusão. São inúmeras as ações e programas nesse sentido: inclusão escolar, social, digital, esportiva, artística, de pessoas com deficiência, etc. Mas afinal o que é exclusão? Quais os fatores que excluem no Brasil? O doutor
em economia e professor da Unicamp, Marcio Pochmann, autor de diversas publicações, explica que vivemos atualmente novas formas de exclusão, herança de um modelo histórico de desenvolvimento excludente, baseado no processo de colonização e no regime escravista.
Indicadores mais complexos
Quantidade x Qualidade
Marcio Pochmann, que junto a Ricardo Amorim, organizou a elaboração do Atlas de Exclusão Social no Brasil, editora Cortez, cita o desemprego, o analfabetismo funcional, a violência, o preconceito e a apartação social, combinados ou isolados, como fatores de análise dessas novas formas de exclusão. “A pessoa pode ter escolaridade, alimentação, mas não ter emprego. Ou mesmo, ter escolaridade, um emprego onde ganha um salário mínimo e ainda assim, não poder se alimentar adequadamente” - exemplificou. Em muitos casos, há cidadãos que encontram-se em situação de emprego (formal ou informal), são alfabetizados, têm acesso a alimentação, mas não possuem perspectivas de alcançar melhorias na sua condição social e de qualidade de vida. “Os indicadores da exclusão, hoje, são mais complexos”, afirmou o acadêmico.
O Atlas de Exclusão demonstra que além da indicação quantitativa, que aponta índices de acesso à educação, trabalho, renda, moradia, transporte e informação, cresce também a importância da qualidade, porque o acesso a um bem ou serviço não significa superação da condição de exclusão.
Índice de exclusão social Baixo
Alto
o fantasma da exclusão primária Ele alerta que a exclusão primária, aquela que envolve indicadores como analfabetismo e fome, já discutidos desde a década de 50, e que ao longo dos anos, vem sendo combatida através de políticas públicas, já está amenizada, mas ainda não foi totalmente superada no país. “Ainda temos 20 milhões de analfabetos”- relatou o professor, que acredita que, a longo prazo, essa questão deve ser solucionada, porque esse número envolve principalmente adultos, e atualmente, as crianças têm mais acesso ao ensino formal.
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Políticas públicas setoriais
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“Estamos plantando trigo em vasos. Quando precisamos plantar em grande escala”.
Pochmann aponta como principal deficiência e fragilidade nessa luta contra a exclusão, a forma como são desenvolvidas as políticas públicas, (que não são apenas as do Estado, uma vez que o Terceiro Setor mobiliza muitas ações). Segundo ele, as políticas são setoriais, sem articulação entre elas. “Estamos plantando trigo em vasos. Quando precisamos plantar em grande escala” - exemplificou. Na sua análise, um país de dimensões continentais como o Brasil não pode combater a questão de modo tão fragmentado como ocorre. “Como vem sendo realizada, estamos somando fracassos com nossas políticas. Por exemplo, a reforma agrária não pode apenas dar terra e grãos. É preciso haver toda uma estrutura para as famílias assentadas: escola, hospitais, luz, água....Caso contrário não funcionará” - afirmou.
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O acesso à escola, contudo, não resolve os sérios problemas de formação educacional no Brasil, que convive com a baixa escolaridade do brasileiro, devido a elevada evasão escolar. A continuidade escolar ainda é um agravante a ser enfrentado. De cada 10 crianças que ingressam na 1ª Série do Ensino Fundamental, apenas uma conclui a universidade. Atualmente, somam-se a esses indicadores outras variantes. “Temos a figura do analfabeto funcional, que é aquela pessoa que consegue ler e escrever, mas não entende o que está lendo” – disse.
O desemprego é outro elemento desestabilizador citado pelo especialista. Ele aponta dados preocupantes. “Temos a cada ano 2.500 mil jovens que necessitam entrar no mercado de trabalho”. Ocorre que o mercado não tem como absorver essa demanda, porque o país não cresce o suficiente. Sem crescimento não há empregos, por mais capacitados e qualificados que
estejam esses jovens. “Temos 35 milhões de jovens, com idade de 15 a 24 anos. Somos a quinta maior população juvenil do mundo”- disse. No atlas, Pochmann afirma que permitir a esses jovens a inclusão na sociedade e reduzir as desigualdades regionais no Brasil é tarefa hercúlea, pois representa combater cinco séculos de desigualdades, autoritarismo e alianças regionais e nacionais, que precisam ser superadas, através da construção de novas políticas sociais, efetivas e eficientes.
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Felicidade dá Ibope Empresa cria programa que visa melhorar a qualidade de vida do colaborador e mostra que esse relacionamento é um bom indicativo de Responsabilidade Social. Da Redação
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titude. É onde começa a Responsabilidade Social. A intenção somada a ação permitiram ao Instituto Brasileiro de Opinião Pública e Estatística - IBOPE, desenvolver um programa interno que ampliou a qualidade de vida dos funcionários. Os resultados quantitativos e qualitativos mostram que tão importante quanto às ações externas, voltadas para as comunidades menos favorecidas, são as desenvolvidas para o público interno das organizações. A linha de pensamento é que tal qual a educação, a verdadeira ação socialmente responsável começa em casa. A empresa tem academia de ginástica, quick-massage e programação externa anti-sedentarismo: caminhadas, futebol, esportes radicais, rafting, mountain bike, rapel, etc. Os dons artísticos também são valorizados, com a formação de uma banda musical, um grupo de teatro e dança de salão. A questão da saúde é a mais enfatizada, com programas de combate ao fumo, obesidade e sedentarismo. Se engana quem pensa que a empresa transformou-se em um clube, as atividades não afetam a produtividade nem reduzem horários de trabalho, muito pelo contrário, são fortes estímulos e criam vínculos, permitem a integração dos colaboradores e reduzem os números de sinistralidade, absenteísmo (faltas e afastamento) e desmotivação. O mais interessante de toda essa atuação é que, na maioria das vezes, elas são 10
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realizadas em parcerias com fornecedores, algumas sem custos, mas com resultados surpreendentes e que mostram que a questão da Responsabilidade Social está muito mais voltada à uma visão ética de todo o processo, do que em investimentos. Pode-se perceber que é um sistema onde todos ganham, a empresa, que vê reduzir significativamente o número de sinistros, faltas e afastamentos; os funcionários que passam a ter oportunidade de ganhos reais de qualidade de vida e os parceiros nos programas, como no caso dos Planos de Saúde, que reduzem seus custos operacionais com esses conveniados. Fernando Antonio da Silva, diretor de Organização e Recursos Humanos, explicou que o primeiro passo foi realizar uma avaliação interna para diagnosticar os
principais problemas que acometiam os funcionários. Esse levantamento apontou o número de sedentários, fumantes, hipertensos, obesos e diabéticos. A partir daí foram criados programas para combater e superar essas questões. No caso do tabagismo, a empresa aliouse ao Plano de Saúde, que enviou médico e psicólogo para palestras e formação de um grupo de apoio a quem quisesse se livrar do cigarro. O adesivo utilizado no tratamento para deixar o fumo foi subsidiado pela empresa, de modo a garantir o acesso ao produto. Sucesso absoluto! Um vídeo foi gravado com os participantes, onde eles relatavam as principais dificuldades e como foi mais fácil vencer o tabagismo com o apoio do grupo de ajuda. O objetivo é utilizar esses depoimentos como Atividades promovem a integração dos funcionários
Combate ao sedentarismo: Colaboradores participam de caminhada.
estímulo, nas próximas versões da campanha. Nos depoimentos, os funcionários mencionaram que o “Grupo de Atenção”, formado pelos participantes do programa, foi fundamental para vencer os momentos mais críticos do tratamento. Nos depoimentos, observa-se também um outro aspecto. A noção de que a empresa se preocupa com o bem-estar e a felicidade deles. Várias vezes essa questão foi citada. Para vencer o sedentarismo, a empresa organiza excursões nos finais de semana para a prática de caminhadas, esportes radicais, canoagem... Uma empresa especializada neste tipo de ecoturismo é contratada para conduzir as atividades. Os funcionários custeiam sua participação, a empresa apenas organiza e viabiliza o passeio. A adesão é maciça e a procura muitas
vezes maior do que as vagas disponíveis. “Dependendo da atividade, como por exemplo, o rafting, temos um número limite para participação, por conta da estrutura da empresa contratada. Nesses casos, as inscrições esgotam-se rapidamente” – explicou Nivaldo Santos, que organiza essas atividades. A academia de ginástica é outro benefício que a empresa oferece. O funcionário paga pelo serviço, que também é terceirizado, mas com um custo bem inferior ao de mercado e o mais importante é que o serviço está ali, acessível e ao alcance de todos. Não há desculpas para não cuidar do corpo e ser mais feliz. A obesidade também foi detectada pela pesquisa e combatida de forma similar ao tabagismo. Com subsídios da empresa, acompanhamento
médico e apoio dos “Vigilantes do Peso” foi implantado o programa interno de reeducação alimentar. Silva explica que há um esforço contínuo em estimular a busca por qualidade de vida. Um grupo formado por pessoas com deficiência visual fornece serviços no saguão do prédio da companhia, de quick massage. O interessado agenda e paga pela sua sessão que leva em torno de 15 minutos, a empresa, mais uma vez, apenas disponibiliza o serviço internamente. Esse período não prejudica os serviços e ainda proporciona bem-estar e por conseqüência, o aumento da produtividade. A predisposição da empresa em oferecer esses diferenciais pode ser notado inclusive na confecção dos brindes de eventos, como a SIPAT (Semana Interna de Prevenção de Acidentes do Trabalho) onde numa das edições, os funcionários ganharam pedômetros (aparelho para calcular o número de passos diários). Há campanhas internas para estimular o uso das escadas e ginástica laboral, no início do dia. De acordo com o diretor, os resultados são otimistas e já reduziram em 15% o sedentarismo e em 20% o absenteísmo, números que, segundo ele, tendem a crescer com o passar do anos.
Prontos para enfrentar as corredeiras no rafting
Os indicadores de felicidade É cada vez mais comum as empresas investirem na qualidade de vida e na felicidade de seus colaboradores. O bem-estar é um aliado importante da produtividade, do comprometimento e da criatividade. Diversos países do mundo, dentre os quais, Estados Unidos e Japão, medem “o bem-estar subjetivo da sua população: a felicida-
de”. O assunto que é, inclusive, tese de doutorado do economista alemão Johannes Hirata, está gerando um novo indicador, o FIB (Felicidade Interna Bruta). Seus estudos mostram que dentre os principais fatores que afetam a felicidade estão: o desemprego, relações sociais ruins, saúde e falta de amizades.
Saúde Família Amizade Emprego Felicidade
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A força
do associativismo Apolo, Avape e Camp, exemplos de Organizações Não Governamentais que impactaram a comunidade com uma visão empresarial de atuação Livi Carolina
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o período dos anos 90, o associativismo ganhou força no mundo. O maior exemplo disso partiu dos países europeus, que se uniram para conduzir o comércio mundial, formando a União Européia. No Brasil, as Organizações Não Governamentais (ONGs) se expandiam com novos focos, não somente o da prática de obras assistencialistas, mas com o intuito de promover a cidadania e a integração do Terceiro Setor, com os outros dois setores, governamental e privado. Anos após esta propagação das ONGs, é possível encontrar uma diversidade de atuação destas organizações. Hoje é possível encontrar entidades responsáveis por oferecer concientização de preservação do meio ambiente, reciclagem, disseminação da arte, cursos profissionalizantes e uma infinidade de novos alvos que norteiam o trabalho das intituições. A exemplo dessa diversidade estão três instituições de alta representatividade no Grande ABC: a Apolo (Associação das Indústrias do Pólo Petroquímico do Grande ABC), a Avape (Associação para Valorização e Promoção de Excepcionais) e o Camp SBC (Centro de Formação e Integração Social). Desenvolvendo trabalhos distintos, com objetivos também diferentes, estas organizações se assemelham quando o assunto é o impacto na comunidade onde estão inseridas, transformando a qualidade de vida, a rotina da população e a estrutura de sustentação, que as auxilia na gestão empresarial. 12
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APoLo Formada há 8 anos, quando ainda era denominada Sinergia, o grupo das empresas do Pólo Petroquímico, concentrado entre as cidades de Santo André e Mauá, enxergou no associativismo uma medida de economia e melhoria dos serviços prestados. Após a Petroquímica União (PQU), primeira a se instalar na região na década de 70, chegaram as outras empresas: Air Liquide, Cabot, Oxiteno, Suzano Petroquímica, Polietilenos União, Petrobras - Refinaria de Capuava, Petroquímica União (PQU), Unipar, Solvay e a Vipotel. Juntas, aos poucos deram à região a característica de Pólo Petroquímico do Grande ABC e um novo nome ao grupo, que, em 2004, passou a se chamar Apolo. “O Pólo não foi fisicamente planejado, mas uma conseqüência de interesses em função da logística. Cada um só pensava em si, porém com o tempo verificamos que todas as empresas usavam os mesmos serviços básicos de transporte, limpeza, alimentação, plano de saúde e que se nos uníssemos na contratação desses serviços poderíamos reduzir custos”, explica Sidney dos Santos, gerente executivo da Apolo. Com a possibilidade de contratar uma única prestadora de serviços para atender às necessidades básicas de todas as indústrias, o poder de negociação ficou maior. “Com a Associação, as prestadoras de serviços se viram obrigadas a melhorar a qualidade, afinal, não estão atendendo individualmente, mas dez empresas de uma só vez. Dessa forma, também oferecemos um ambiente de trabalho e planos de saúde melhores aos funcionários”, afirma Santos. Ele explica que para bancar os custos, a Apolo mantém um planejamento orça-
Morador em exame oftalmológico no Pólo Dá Vida
mentário, com programação de gastos e ações, que é rateado entre as associadas, conforme o faturamento. Segundo o diretor, as empresas já conseguiram uma economia de R$ 32 milhões, o que corresponde a R$ 380 mil mensais, somente com a unificação dos serviços. O que começou como benefício empresarial, expandiu-se para a população. A atuação do Pólo preocupava os moradores, que não entendiam o funcionamento das petroquímicas. Diante disso, a Apolo passou a desenvolver ações para aproximação dos moradores à rotina das empresas, e esclarecimento das dúvidas. “A falta de informação fazia com que os moradores enxergassem o Pólo como um poluidor, distorcendo a imagem das indústrias. Para resolver esta situação, abrimos canais com a comunidade, mostrando os benefícios do Pólo e os cuidados que temos com a questão ambiental”, lembra Santos.
Uma das medidas encontradas para estreitar a relação com os moradores foi convidar os líderes comunitários para conhecer o funcionamento das indústrias. “Com este programa passamos a ouví-los e tomamos conhecimento de suas necessidades”, ressalta. Atualmente, a Apolo tem quatro projetos centrais de atendimento à população: a Campanha Balão – que alerta, principalmente os jovens quanto aos riscos de quedas de balões; o Circuito Aventura – evento de esportes radicais voltado às pessoas portadoras de deficiências; a Natação Adaptada – natação para os portadores de deficiência e o Pólo Dá Vida – ação que reúne dentistas, médicos, cabeleireiros, entre outros, para atendimento gratuito à comunidade; além do jornal mensal da Apolo, o Portas Abertas, com 45 mil exemplares distribuídos entre escolares e moradores.
Pólo Dá Vida, promove várias ações durante todo o dia para atrair as comunidades próximas das indústrias. Entre as atrações, a competição de natação é a mais esperada.
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AVAPE Nasceu, em 1982, a partir da iniciativa de pais e familiares de pessoas portadoras de deficiência com o objetivo de estimular suas habilidades. No início, a Avape tinha somente a função de facilitar o encaminhamento dos assistidos aos serviços de reabilitação, educação e profissionalização. Para manter-se, a associação contava com a contribuição voluntária dos funcionários da Volkswagem - primeira apoiadora da Avape - e com a renda das festas promovidas para arrecadação de fundos. A parceria com a montadora foi um passo importante para sua expansão. Na Volks, onde foram feitas as primeiras reuniões de funcionários que tinham em suas famílias pessoas com algum tipo de deficiência. Segundo Marcos Gonçalves, hoje presidente do Conselho Gestor Avape, secretário do Conselho Gestor da Rede Brasileira de Entidades Assistenciais Filantrópicas (Rebraf), diretor nacional da Federação Brasileira das Instituições de Excepcionais de Integração Social e de Defesa da Cidadania (Febiex) e integrante do Conselho Nacional de Assistência Social (Cnas), o fato da Avape ter iniciado suas ações dentro de uma grande empresa deu à associação uma característica empresarial. “A Avape foi a primeira instituição do mundo a receber o certificado ISO 9000, e atualmente é tida como modelo global na área em que atua, reconhecimento que nos associou a duas ins14
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No início, faltava-nos estrutura, mas hoje não há restrições. Atendemos desde um portador de deficiência intelectual, visual, auditiva a pessoas com risco social de qualquer idade
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tituições internacionais, a Rehabilitation International (RI) e o Grupo Latinoamericano de Rehabilitación Profesional, Integración e Inclusión de Personas con Discapacidad”, afirma Marcos Gonçalves. Em 24 anos de trabalho a Avape ampliou o atendimento. “No início faltavanos estrutura, mas hoje não há restrições. Atendemos desde um portador de deficiência intelectual, visual e auditiva a pessoas com risco social de qualquer idade”, assegura o presidente do Conselho. Atualmente, as 14 unidades da Avape estão divididas em Centros de Convivência onde os atendidos são estimulados ao convívio social, com atividades de lazer e oficinas ocupacionais; Reabilitação Clínica - atendimento por meio da prevenção, diagnóstico e
tratamento; Reabilitação Profissional - onde portadores de deficiência e jovens em risco social são avaliados e encaminhados à atividade de vivência profissional; Capacitação Profissional - com cursos de capacitação, como informática, atendimento ao cliente, telemarketing, gestão de pequenos negócios, organização de roteiros turísticos e redação empresarial. Somente em 2005 foram registrados 2,6 milhões de atendimentos, sendo 93% gratuitos, possibilidade dada a partir das parcerias jurídicas e físicas, além da venda dos produtos com o selo Avape. De acordo com Eliana Accioly Garcia, responsável pela rede Avape, há planos de multiplicação, um programa de consultoria e auxílio a outras ONGs, transmitindo a experiência da Avape, no ramo de habilitação/reabilitação, capacitação e conscientização.
Jovem é estimulado e trabalha embalando produtos da Avape
CAMP SBC Com 34 anos de fundação, o Camp SBC assumiu um papel importante na capacitação e inserção de jovens entre 16 e 24 anos, em situação de risco social, no mundo de trabalho (expressão usada no Camp SBC, em referência ao mercado de trabalho), principalmente em São Bernardo do Campo, onde está localizado. O trabalho da instituição baseia-se na formação intelectual e profissional dos aprendizes (como são chamados os jovens beneficiados pelo projeto) e no encaminhamento dos jovens para estágios em empresas parceiras, cerca de 300, em todo o Grande ABC e São Paulo. Depois de terem passado por uma rígida seleção, com ficha de inscrição, avaliação psicológica, comprovação de baixa renda e feita a prova de conhecimentos gerais, aqueles que foram contemplados, na disputa por uma vaga na organização, têm à disposição um curso com duração de três meses, de segunda a sexta, com abordagem nos temas: ética, trabalho e cidadania, inclusão digital, comunicação lingüística, aprendizagem em vendas e marketing, qualidade de vida (esporte, nutrição e meio ambiente), produção cultural (teatro, percussão corporal e música), comunicação de mídia (oficina de jornalismo e rádio educativa) e reforço escolar (apoio à não evasão escolar). Segundo Loly Siqueira, coordenador de Comunicação e Marketing Social, o Camp SBC já formou aproximadamente 18 mil jovens, todos com registro em carteira de trabalho - fundamentados na Lei 10.097 em que, o empregador se compromete a assegurar aos jovens, de idade entre 14 e 18 anos, condições de trabalho compatíveis ao seu desenvolvimento físico, moral e psicológico - e com uma ajuda de custo de um salário mínimo. O contrato permite ao aprendiz um estágio, durante o período de um ano - po-
Agência de Comunicação Júnior em ação
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Oferecemos às empresas, jovens já capacitados, acostumados com a rotina de trabalho e orientados à postura profissional, então a efetivação de muitos não é surpresa pra nós
rém, este pode ser renovado até o jovem completar a maioridade. Muitos encontraram nesta oportunidade a efetivação, certeza de um trabalho estável e mudança de vida. Como é o caso de Fernando Lopes Silva, 23 anos, atualmente analista de garantia da Ford. “Entrei na Ford em 99, como aprendiz. Minha primeira função era dar suporte aos analistas. Após um ano e oito meses fui efetivado, consegui fazer faculdade e vi minha vida transformada. Hoje eu poderia estar lavando carros, caso não tivesse aproveitado o que o Camp SBC me ofereceu”, conta o ex-aprendiz. “Oferecemos às empresas, jovens já capacitados, acostumados à rotina de trabalho e orientados à postura profissional, então a efetivação de muitos não é surpresa pra nós”, afirma Sonia Sadako Alakaki, superintendente. Já dentro do Camp SBC é possível comprovar a orientação para o comportamento dos jovens. O visitante é recebido sempre com um sorriso no rosto, seguido por uma saudação. Nas salas de aula mostram respeito ao levantarem para receber a visita. Se o visitante tem alguma notoriedade logo vem um aprendiz munido de uma
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máquina fotográfica para registrar o momento, que posteriormente será divulgada pela Agência de Comunicação Júnior. E, se a visita tiver sorte, ainda pode degustar o pão, fabricado na Cozinha Experimental, acompanhado de um cafezinho. Para Alakaki, um dos motivos do sucesso do Camp ABC é a forma como a instituição foi consolidada - a partir da idéia de empresários ligados ao Rotary Club. Desde então, a presidência do Camp SBC sempre esteve em posse de empresários, promovendo à entidade uma visão empresarial.
Mesmo durante as refeições, os aprendizes colocam em prática aquilo que viram em sala de aula
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Educação
chronos x Kairós Estamos mais do que em tempo de mudar nossas escolas
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iguel Arroyo aponta que “conhecer as trajetórias humanas e os tempos dos educandos será uma condição para reconstruir as trajetórias profissionais dos mestres”, remeto-me à minha experiência pessoal como educadora e pesquisadora. Durante o meu processo de pesquisa depareime com minhas próprias limitações e tive a oportunidade de autoconhecimento. O tempo foi um maravilhoso aprendizado que Tamires me proporcionou. Uma criança com síndrome de Down. Estávamos realizando uma atividade de letramento. Eu, com toda a minha ansiedade de ver a produção pronta, tendo enraizada na minha prática a tendência de achar que um bom desempenho é fazer as atividades com rapidez; comecei a apressá-la para terminar, e Tamires,
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com toda a sua sabedoria, ensinou-me algo que é extremamente profundo de sua natureza: seu modo e seu ritmo de aprender. Disse-me apenas: “calma! eu tenho o meu tempo” . Conforme o educador Ruy César Espírito Santo, as emoções e as descobertas tiveram importância fundamental. À medida que fui participando, observando e constatando através das leituras e dos sentimentos que me envolviam durante a caminhada, considerei o tempo como um aspecto que trouxe instigantes reflexões para a educação. Iniciei um processo de busca através da palavra tempo. Encontrei, então, duas palavras gregas que estão ligadas à noção de tempo: CHRONOS e KAIRÓS. Chronos indica um tempo que, para a pessoa, tem a ver com horários, atrasos, atividades, ou seja, um tempo que é regido pela lógica da produtividade. É com base neste tipo de tempo que a maioria de nossas escolas está estruturada. Kairós, no entanto, é um outro tempo para a pessoa e tem a ver com valores e qualidades em seu uso. “O tempo do kairós é ‘um tempo interior’, um tempo da alma ou do espírito” – diz Espírito Santo. Foi exatamente este tempo que a Tamires me mostrou. Assim, descobri que todo ser humano em processo de aprendizagem precisa ser respeitado em seu tempo kairós, especialmente as crianças com síndrome de Down. Precisamos respeitar o tempo de qualquer criança, mas temos urgência em correr atrás do tempo perdido, como professores. A escola está desafiada a considerar e respeitar que todo ser humano tem seu próprio ritmo e tempo em seu processo de aprendizagem. Este é um grande desafio da escola, porque, ao longo da aprendizagem podemos ter alguma necessidade educacional temporária ou permanente. Faz-se necessário rever as ações pedagógi-
cas, enfrentando à diferença e garantindo o compromisso com os direitos humanos. As novas exigências para este novo milênio não se concretizam por meio de ações isoladas. As pessoas, os relacionamentos, a afetividade, a parceria e o companheirismo são o grande diferencial. Valorizamos uma proposta pedagógica fundamentada numa prática de reflexão constante garantida por um trabalho cooperativo que proporciona a todos condições de trabalho dignas e oportunidades de crescimento pessoal e profissional. Desta
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Precisamos respeitar o tempo de qualquer criança, mas temos urgência em correr atrás do tempo perdido, como professores.
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maneira, garantem-se ainda, oportunidades de aprendizagens para todos, fazendo valer um princípio fundamental de nossa Constituição: o direito de todos à Educação. Tornar as escolas em verdadeiros ambientes inclusivos exige repensar os tempos e os espaços das práticas pedagógicas e enfrentar os obstáculos, principalmente, os atitudinais. Sendo um dos grandes desafios da educação contemporânea a construção de uma cultura de inclusão. Muitas são as pessoas que estão lutando por uma educação inclusiva. Amplos são os estudos sobre a formação inicial e
Luciana Stocco de Mergulhão
continuada do professor. Muitos trabalhos vêm revelando sucessos, com a intenção de olhar a escola e o professor de maneira mais humana e transformadora. Então, por que será que ao entrar em várias escolas, nas tramas do cotidiano, ainda nos deparamos com marcas e “ranços” de uma prática educativa tradicional? Por que as escolas, os professores, ainda se mostram resistentes às inovações? Muitas são as crianças, adolescentes e jovens que estão sofrendo por inadaptação, intolerância e inflexibilidade de um sistema educacional que não considera as especificidades e o tempo de suas vidas, não só dos indivíduos com deficiência. Precisamos repensar, reorientar, desconstruir e construir novamente, pois muito do que está acontecendo está ultrapassado, ressaltando a importância de iniciarmos um processo de alfabetização em relação a uma prática que aprenda a incluir todos, incondicionalmente. Aprender a incluir todos é um ato de transformação, não é achar que está realizando um trabalho de caridade. É estar se posicionando diante do mundo como ser humano. Paulo Freire afirma: “estou convencido de que a primeira condição para aceitar ou recusar esta ou aquela mudança que anuncia é estar aberto à novidade, e ao diferente, à inovação, à dúvida”. Nada melhor para nos direcionar do que o pensamento de Freire, um ser humano consciente de sua posição no mundo, um educador que hoje pôde ser reconhecido pela humanidade, por seu compromisso com os oprimidos e sua responsabilidade de educador da consciência ético-político-crítica – homem preocupado com o seu tempo e seu cotidiano. Lutando pelo interesse do povo para incentivá-lo a transformar e a reinventar a sociedade, para que nós homens e mulheres, nos afirmemos como sujeitos de nossa história, conscientes, engajados e felizes.
Sabemos que as escolas clamam por práticas inovadoras que possam transgredir, denunciar e excluir o sistema escolar atual. Arrisco-me a acrescentar que não será possível sobreviver em escolas estruturadas por modelos que não condizem com a realidade de seus alunos. Será que em algum tempo condiziam? Ou será que os alunos submeteram-se mais facilmente ao seu controle? Luciana Stocco de Mergulhão Mestre em Educação, Especialista em Psicopedagogia pela UMESP, Licenciada em Pedagogia: Administração Escolar para Exercício nas Escolas de I e II Graus e Orientação Educacional pela UMESP. Professora em cursos de Pedagogia e Psicopedagogia
Referências Bibliográficas ARROYO, Miguel G. Imagens quebradas: trajetórias e tempos de alunos e mestres. Petrópolis, Rj: Vozes, 2004. FREIRE, Paulo. Pedagogia da indignação: cartas pedagógicas e outros escritos. São Paulo: Unesp, 2000. MANTOAN, Maria Teresa Eglér. O direito de ser, sendo diferente, na escola. In.RODRIGUES, David (org.). Inclusão e Educação: Doze olhares sobre a educação inclusiva. São Paulo:SUMMUS Editorial, 2006. SANTO ESPÍRITO, Ruy Cezar. O renascimento do sagrado na educação. Campinas, SP: Papirus, 2001.
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Social
A verdadeira face da Responsabilidade Social Evento do Instituto Neomondo reuniu empresários e apresentou a Responsabilidade Social como nova moeda mundial
Da Redação
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Instituto Neo Mondo promoveu um seminário dirigido ao empresariado, abordando a atuação do Terceiro Setor como instrumento de Responsabilidade Social. O encontro, que aconteceu no Teatro Cacilda Becker, em São Bernardo do Campo, no dia 25 de abril, reuniu mais de 300 convidados, que puderam conhecer uma nova visão deste tema. A palestra, proferida pelo especialisPalestra lota o teatro Cacilda Becker
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ta no assunto, Takashi Yamauchi, tratou das principais diferenças conceituais que ainda hoje são motivo de confusão, principalmente àquelas relacionadas à Responsabilidade Social, à filantropia e ao papel do Terceiro Setor. O palestrante citou os marcos legais, a obrigatoriedade do balanço social, a renúncia fiscal e apresentou uma abordagem diferenciada da prática social, com caráter estratégico para as em-
presas, já que permite a redução de custos e a isenção de impostos. O presidente do Instituto Neo Mondo, Oscar Lopes Luiz, disse que o foco desse encontro foi possibilitar aos empresários uma reflexão sobre as práticas da Gestão Estratégica Empresarial, com Responsabilidade Social e Ambiental, de modo a beneficiar todos os envolvidos nesse processo.
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Sistema Ganha X Ganha
A adoção dessa postura de responsabilidade, de acordo com Yamauchi cria um “sistema ganha-ganha”. Ganha a empresa que viabiliza seus negócios, através da redução de custos e valor agregado, ganham os funcionários e comunidade, que são beneficiados por essa nova postura produtiva, ganha a sociedade que passa a ter serviços básicos e direitos sociais garantidos. O seminário tratou e atualizou informações sobre a elaboração da norma ABNT-NBR 16.001 e a resolução CFC n° 1.003/04, que englobam as legislações de renúncia fiscal e balanço social e ambiental e os benefícios gerados a partir da participação neste setor.
O encontro promoveu resultados muito positivos, na opinião de Oscar Lopes Luiz, o tema, embora provoque grande agitação na economia global, ainda gera muitas dúvidas no empresariado brasileiro, e por isso mesmo, eventos como o seminário são importantes para nivelar conhecimento e atualizar as informações”- disse. Na ocasião, Ivan Lima Santos, diretor do Instituto, apresentou a próxima ação da entidade, o lançamento da Revista Neo Mondo, que terá como propósito editorial, discutir, fomentar e apresentar modelos e ações que promovam o desenvolvimento econômico e social, sobretudo daqueles que utilizam a ferramenta do Terceiro Setor.
Temas discutidos Responsabilidade Social e Ambiental: Nova moeda mundial Diferença entre Responsabilidade Social e Filantropia Ganhe fazendo o bem Saiba utilizar a renúncia fiscal para atividade social e ambiental
Você já fez seu balanço social e ambiental dentro da norma? ABNT NBR 16.001 e CFC 1.003/04, sua nova cartilha Uma estratégia empresarial Conheça o sistema Ganha x Ganha
O seminário contou com apoio das instituições: Mundo Social, Sistema de Apoio Institucional (SIAI), Agência Linking, CAMP - SBC, Diário Regional, Printon Soluções Gráficas, Concessionária Chevrolet Vigorito e VivaCor Outdoor.
Instituto Neo Mondo O Instituto Neo Mondo tem como objetivo atuar como um multiplicador do conceito de Responsabilidade Social. Dentre suas ações, estão a divulgação de informações, o debate e o fomento de temas, que possam, de alguma forma, contribuir para construir um novo paradigma de práticas sociais, alicerçadas na sustentabilidade e no desenvolvimento, de forma ética e responsável.
A entidade é uma organização não governamental, sem fins lucrativos, qualificada junto ao Ministério da Justiça, como OSCIP – Organização da Sociedade Civil de Interesse Público. O Instituto Neo Mondo, bem como seus produtos e serviços estão enquadrados na legislação que rege as OSCIPs, o que proporciona 100% de benefícios em renúncia fiscal e incentivos previstos na LEI.
Oscar L. Luiz - presidente do Instituto Neo Mondo, Takashi Yamauchi - palestrante do SIAI, Cezar S. Kavassaki - diretor do Mundo Social e Ivan L. Santos - diretor de comunicação do Neo Mondo
Basquete encesta inclusão social Desenvolvimento social, educacional e esportivo é a meta de uma nova ação realizada pelo Instituto Neo Mondo. Da Redação
O esporte tem uma característica que vai além da formação de atletas. Atualmente, um dos objetivos é proporcionar outros aspectos que incluem educação, saúde, bem-estar e cidadania. Foi pensando nisso que os ex-jogadores de basquete Ivan Lima Santos e Renato Scarpelli implantaram, em janeiro de 2005, um projeto chamado “Ferinhas do Basquete”. Hoje, o projeto, que conta com 60 atletas, é uma ação do Instituto Neo Mondo, com patrocínio da Concessionária Chevrolet Vigorito, Linking Propaganda e com o apoio do clube Primeiro de Maio. As metas do projeto são: o esporte, o lazer, a integração social e a responsabilidade escolar, fazendo de seus participantes cidadãos melhores para a sociedade. Segundo o técnico Renato Scarpelli, o esporte deve interagir com a educação, nas questões de conscientização da importância da vida salutar e no enfrentamento dos problemas pessoais. Os atletas são avaliados por fatores físicos, técnicos e sociais. Além disso, há também palestras, clínicas de basquete, festivais, bate-papo com profissionais e apresentações para incentivar a prática do esporte. O diretor do projeto, Ivan Lima Santos, elaborou um “Código de Conduta”, em que é observado o relacionamento com os profissionais e colegas, o trabalho em equipe, a presença nas aulas e principalmente, o boletim escolar, com avaliação de freqüência e notas. Podem participar gratuitamente meninos ou meninas de 8 a 16 anos. O local dos treinamentos é no clube Panelinha, em Santo André.
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Esportes
Uma onda do Uma escola de surfe em Santos transcende o esporte e demonstra a verdadeira inclusão Liane Uechi
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pós vendar os olhos de modo a não permitir nenhuma fresta de luz, o surfista e professor Francisco Alfredo Araña, o Cisco, pega sua prancha e entra no mar, no Posto 2, em Santos. Ele não está tentando
vencer nenhum desafio ou aposta. Está buscando subsídios técnicos para aperfeiçoar uma aula de surfe muito especial, para um novo aluno, Valdemir Pereira Correa, pessoa com deficiência visual.
Na água, pôde então perceber que o senso de localização teria que ser a primeira lição a ser ensinada, pois garantiria a confiança e a independência, necessárias ao praticante de esportes aquáticos. Os sentidos estavam alertas para a direção do sol, os refluxos da maré, o som das ondas. O tempo entre cada onda da série, bem como dos intervalos das séries, os sinais do vento, importantes na formação das ondas e assim por diante. Enten-
Valdemir Pereira Correa, deficiente visual, durante aula de surfe
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bem deu quais as necessidades de marcações na prancha, para permitir maior agilidade de localização do centro de gravidade, facilitando a execução dos movimentos corretos. Também foi diagnosticada a necessidade de uma sinalização sonora, para localização da prancha. Assim, numa simbiose que unia a percepção e a experiência, foi criada uma metodologia inédita para apresentar a modalidade ao novo aluno. Porém, mais do que ensinar a praticar surfe, o professor, estimulou Valdemir a acreditar nas suas possibilidades, a superá-las e a fazer valer seu direito de inserção numa sociedade que ainda exclui as diferenças. Araña é o idealizador e coordenador da Escolinha Radical, mantida pela Prefeitura de Santos, em parceria com algumas empresas da cidade. Foi a primeira do gênero no Brasil e hoje, após 16 anos, é uma referência nacional. Já formou atletas de surfe e bodyboard de destaque como Giovani Ferranti, Camila Ventura, Fred Polack, Irapagi Caetano, Nildo de Souza, dentre outros. Com tantos campeões, poderia ser mais uma conceituada escolinha de surf, mas sua atuação transcendeu a prática esportiva e é hoje um bem sucedido programa de inclusão social, onde a diversidade é a regra e não a exceção. “Nossa escola é um mosaico” – disse Irapagi Caetano, ex-aluno e atual professor. Ele próprio se considera um exemplo vitorioso de inclusão. “Minha família não tinha condições financeiras de custear o esporte. Eu não podia comprar nem a parafina, imagine a prancha.” – disse ele. Atleta de bodyboard, Paji, como é mais conhecido, diz que deve tudo ao surfe. O esporte o estimulou nos estudos, proporcionou viagens pelo Brasil, onde criou seu círculo de amigos. Dando aulas na escolinha, concluiu a faculdade, comprou seu apartamento e carro. Segundo ele, o mais importante foi aprender e viver a mais valiosa das lições: “doar abun-
Paji entre os alunos: “Nossa escola é um mosaico”
dantemente com o coração, sem esperar nada em troca” – disse. E são com esses valores que as aulas unem crianças, adolescentes, adultos, idosos, pessoas com deficiências físicas, mentais, de diversas condições sociais, culturais, tipos físicos...nada, absolutamente nada é impedimento para participar da escolinha, a não ser as vagas, quase sempre lotadas. Cada um tem seu tempo de assimilação das técnicas, mas uma lição ninguém deixa de aprender: a de conviver com as diferenças de uma forma natural, compartilhando valores fundamentais como respeito, socialização e ética. Essa característica inclusiva da escola radical começou com uma postura do próprio Araña, que nunca viu qualquer impedimento para a prática do surfe. Ele próprio teve como grande mestre, o Mudinho, um surf-legend brasileiro, que era deficiente físico e que o ensinou que qualquer pessoa pode realizar a ati-
vidade de forma saudável e segura, desde que, com o monitoramento de professores experientes. Foi assim que acolheu as crianças de diversas organizações assistenciais de Santos. “Começamos a receber algumas entidades de reabilitação, como a Casa Pixote e alguns orfanatos. Em 1996, recebemos os primeiros alunos com deficiência auditiva. Há dez anos, realizamos, anualmente, um evento com pacientes do Núcleo de Terapia Ocupacional da PUC de Campinas, coordenado pelo professor Roberto Ciasca” – explicou Araña. Nesse grupo estão crianças e adolescentes da periferia de Campinas, com deficiências física, mental, sensorial ou múltipla, pessoas com paralisia cerebral, paraplégicos, tetraplégicos, vítimas de derrames, queimaduras, mutilações e outras deficiências limitantes ou incapacitantes. Ciasca confirmou que desde 1997, leva os pacientes para passar um dia em Santos.
O MAR CURA... Os professores listam uma série de benefícios à prática esportiva, cujas competências básicas promovem o equilíbrio, a coordenação motora, o desenvolvimento neuro-psico-motor-social, o aumento da resistência cardiovascular, da força física. Em dias sem
onda ou muito frios, os alunos recebem aulas de meteorologia, estudam as marés, aprendem sobre a fabricação de pranchas, biologia e também noções do meio ambiente, onde são estimulados a respeitar a natureza e por conseqüência, a si próprio.
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Esportes
“Temos tido ótimos resultados sultados com essa ida à praia, tanto em termos de motivação quanto de superação ção e conquistas. Essa proposta, permite estímulos específicos e pouco usuais na nossa cidade (sem mar, ondas, areia, etc.), permite vivenciar situações reais de auto-manutenção (higiene, vestuário e alimentação), fundamentais para conquista da autonomia” - afirmou Ciasca. Todos entram no mar e passam um dia especial, literalmente feliz, pois o surfe é lúdico, divertido, desafiante... ”Lembro sempre de uma garotinha, com o semblante fechado, um olhar triste e introspectivo. Eu a coloquei deitada na prancha e a soltei na onda, quando a prancha deslizou, vi a transformação de seu rosto, se abrindo num lindo sorriso. Essa imagem foi muito forte. Nunca esquecerei” – disse Araña. Aulas na Escolinha Radical
Para o professor Cisco, todas as pessoas podem praticar o surfe
POSSO VOAR As sensações de liberdade e de independência que o surfe confere são apontadas por Valdemir Pereira Correa, 37 anos, portador de deficiência visual há 13 anos, como grandes motivadores para sua vida. “Se eu fosse praticar outros esportes teria mais restrições. O pedestrianismo teria que ser com um guia (pessoa que acompanha o atleta), no caso do futebol, a bola teria guizo. No surfe sou livre, no máximo, posso escutar algum amigo gritando: se prepara que essa seqüência (de ondas) é boa” – disse Val, como é conhecido entre os amigos. Ele nos conta que quando ouviu no rádio que a Escolinha Radical estava dando aulas para portadores de deficiência auditiva, tomou a decisão de tentar se inscrever. “Fiquei me preparando e buscando argumentos para convencer o Cisco a me aceitar na escolinha” – disse Val. Quando chegou lá, já devidamente preparado, se identificou e disse que apesar da deficiência visual, queria ter aulas de surfe. “ Tudo bem, pegue uma prancha e vamos pra água” – foi o que ouviu de Cisco. A resposta imediata e positiva o deixou sem palavras, mas não sem ação. Desde então, freqüenta três vezes por semana as aulas, que mudaram
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sua vida. Val sobe na prancha, anda, gira o corpo, numa dinâmica corporal que exige coordenação, equilíbrio e força e que coloca a necessidade da visão em um plano muito relativo. “Uma pessoa não está limitada ao quanto ela enxerga” – afirma o surfista, que sonha em poder dar aéreos com sua prancha e ter a sensação real de voar. Falante, bem humorado e cheio de energia, Val conta que após o surfe se sentiu confiante para praticar outras atividades: capoeira, caratê e tai chi chuan. “Hoje, consigo perceber e identificar movimentos à minha volta. Não é mágica, é uma habilidade que desenvolvi por uma necessidade” – relata. Ele acredita que também essa condição sensorial foi graças à prática do surfe. Para o atleta, superar os limites é uma forma de demonstrar que deficiência não equivale a falta de capacidade ou inteligência. Hoje, a família toda está contagiada pelo surfe. Val levou os pais para a praia e para as aulas. Na escolinha Radical o sentimento é de fazer parte de uma grande família que se reúne para brindar a vida. Os ingredientes são: céu, mar, espuma branquinha e muita, muita superação.
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Meio Ambiente
Geração do descarte O lixo é apontado por estudiosos e especialistas como um dos mais difíceis desafios ambientais e um problema crescente Liane Uechi
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Aterro da Lara, 2000 toneladas diárias de resíduos, de oito municípios
4Rs:
A fórmula ideal do consumo.
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eduzir o consumo
epensar os hábitos de consumo eutilizar o que for possível
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epetidas vezes ao longo do dia, utilizamos produtos e descartamos a embalagem. É um ato mecânico e automático. E normalmente, não imaginamos o que esse lixo gerado pode causar ao nosso planeta. A questão, de cunho mundial, é um entrave econômico e um desafio ambiental. Os aterros têm uma vida útil e quando precisam ser desativados, novos espaços são necessários para continuar a armazenar o lixo, que não tem fim. Lester Brown, do WWI-World Watch Institute e do EPI-Earth Policy Institute, aponta, no site http://www.wwiuma.org. br, dados assustadores, que indicam que ao mesmo tempo em que se reduzem os espaços disponíveis para a destinação, aumenta-se a geração de resíduos. Além disso, os aterros consomem terra. Para cada 40.000 toneladas de lixo adicionadas em um aterro, perde-se pelo menos um acre* (aproximadamente meio campo de futebol) de terra para uso futuro. Também se
eciclar materiais
descarta uma grande área do seu entorno, pois devido aos resíduos potencialmente tóxicos, esses espaços devem ficar isolados das áreas residenciais. O mesmo estudo aponta que a incineração não é a solução, já que a queima diária aumentaria a poluição atmosférica, agravando ainda mais a condição do ar.
Era do descarte Vivemos a era do descarte e do consumo. Produtos descartáveis têm o apelo da conveniência e da facilidade. Na contramão dessa modernidade estão as campanhas como os 4Rs (repensar, reduzir, reutilizar e reciclar). Medidas simples como a substituição de lenços, guardanapos, garrafas plásticas e as próprias sacolas de supermercados por embalagens reaproveitáveis estão na lista das ações. A empresa Lara é responsável pela destinação final do lixo doméstico de seis municípios do Grande ABC (Diadema, Mauá, Ribeirão Pires, Rio Grande
da Serra, São Bernardo do Campo e São Caetano do Sul) e de dois municípios da Baixada Santista (Praia Grande e São Vicente), recebendo em média 2.000 toneladas diárias de resíduo domiciliar. A gerente Priscila Bolcchi, confirma os dois pontos relevantes: a crescente geração dos resíduos e a dificuldade de local adequado para a disposição dos mesmos. Segundo ela, pes- Priscila Bolcchi quisas indicam que cada pessoa gera por dia uma média de 0,600kg a 1,500kg, conforme sua classe social. Desse volume, cerca de 40% poderia ser reciclado. O restante é composto de matéria orgânica e outros não reutilizáveis. “A redução de espaços disponíveis para a criação de aterros nos grandes centros urbanos exige o envio para locais cada vez mais distantes, o que representa custos logísticos maiores” – explicou a gerente.
Terceiro setor O SIAI (Sistema de Apoio Institucional) divulgou propostas de atuação do Terceiro Setor no tratamento e destinação de resíduos. De acordo com esse estudo, as entidades caracterizadas como Oscip e OS poderiam realizar os serviços e investimentos complementares, beneficiando-se com a utilização de legislação pertinente ao Terceiro Setor, obtendo a renúncia e incentivo fiscal, venda de energia, venda de material reciclado e fundos constitucionais, gerando receita aos investidores e ao poder público. (www.siai.org.br). *1 acre aprox. 4046,856 m²
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Meio Ambiente
Hora de agir Os veículos de comunicação não cessam de tratar sobre o aquecimento global, mas o que a população está fazendo com toda essa informação? Da redação
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á não há mais mistérios quanto ao tão alvejado Aquecimento Global. Mídias do mundo inteiro exploram seus inúmeros efeitos catastróficos no Planeta. Sabe-se que a Terra aquece 0,25º a cada década, em função da emissão do CO2 e que populações inteiras foram mortas por fenômenos naturais, cada vez mais comuns. Estes e outros problemas já são conhecidos por grande parte da população. Isto indica uma nova evidência tão ou mais perigosa que o próprio aquecimento. A população mundial está consciente do mal global, porém, continua pensando e agindo de maneira individual. Os vizinhos que levam os filhos para a mesma escola em carros diferentes, estão conscientes de que a fumaça dos carros injetam ainda mais gás carbônico na atmosfera, mas continuam a agir do mesmo modo. Pessoas como esta, não tem a atitude de colaborar com o meio ambiente, pois acham que ainda há muito tempo para mudar. “Há 50 anos, estudos mostravam que o aquecimento era inevitável, mas 2
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também já sabiam que as ações inconseqüentes e capitalistas do homem provocariam uma aceleração deste fenômeno. Muitas vezes, o pensamento da sociedade é: o que é público, não é de ninguém, então, pra quê cuidar?”, declara Gustavo Veronese, ambientalista da Fundação S.O.S. Mata Atlântica. Segundo Veronese, seria preciso uma mudança de cultura, pois o ser humano, principalmente o brasileiro, está acostumado com a abundância dos recursos naturais, e não se preocupa em preservá-la. “O desperdício pode ser visto em um simples passeio nas ruas, onde a diversão, nos fins de semana, é lavar o carro” - disse. A rotina e o ritmo intenso da vida moderna não permitem ao indivíduo prestar atenção no que está à sua volta e qual a sua parcela de culpa no aquecimento global. Da mesma forma, não percebe que nos últimos anos aumentaram os números de doenças causadas pela poluição do planeta. De acordo com Elie Fiss, professor de pneumologia da Faculdade de Medicina do
ABC (FMABC), as mesmas causas do aquecimento global também são as responsáveis por parte das doenças respiratórias e problemas cardíacos e neurológicos. Ele cita um estudo de 1993, da FMABC, que indica que após 24h de pico de poluição na cidade, há um aumento de 20% nos hospitais, com pessoas com problemas respiratórios. Além disso, há também um maior número de enfartes e derrames cerebrais, em função da inalação de gases tóxicos no ar, notavelmente, nocivos e mortais.
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É preciso pensar nos atos, refletindo no coletivo
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De acordo com Veronese, a solução para a mudança de atitude da sociedade, seria mostrar como suas ações estão interferindo no meio ambiente e quais as causas disso. “Nós somos seres que vivem em sociedade, temos que aprender a nos relacionar uns com os outros e com o ambiente onde estamos inseridos. É preciso pensar nos atos, refletindo no coletivo” – disse o ambientalista. A falta de práticas individuais, em prol do meio ambiente, pode acarretar não só um planeta doente, mas gerações de filhos e netos doentes. Sem água limpa para beber e sem imunidade para suportar a poluição do ar.
Não percam na próxima edição o lançamento da...
Eduardo Sanches
Social ou ambiental? A importância da sinergia entre ação e informação, nas causas sociais e ambientais
Q
ual o tema da moda? As organizações devem destinar seus recursos para programas ambientais ou sociais? Ou melhor, será que são temas distintos? Tantas dúvidas podem confundir o empresário na destinação de seus recursos, mas por meio de um bom entendimento sobre a questão, os resultados podem ser mais satisfatórios para a empresa e sociedade. Se pedirmos para uma criança desenhar uma indústria, provavelmente teremos um quadrado com várias chaminés e muita, mas muita fumaça. Será que esta é a realidade das indústrias? Talvez sim, talvez não! Ouvimos sempre que precisamos mudar esse cenário, mas qual cenário? O que está na cabeça da criança ou no controle ambiental das indústrias? Essa mudança de cenário deve ser simultânea. O controle ambiental vem sendo alvo de muitos investimentos pelo setor privado e público, estabelecendo requisitos legais cada vez mais criteriosos, seguidos de fiscalização mais intensa. É verdade que ainda estamos longe de um modelo ideal, mas o que seria o modelo ideal para um mundo em constante transformação? Uma coisa me parece clara: esse controle não pode ser mais veloz do que a informação. É evidente que não podemos frear esse avanço, mas investir na comunicação, tornando explícito todo o trabalho realizado e os resultados obtidos. Este pode ser um bom começo! Não podemos subestimar a criança que desenhou a fumaça, que necessita de algo mais sólido que uma simples divulgação. É necessário sim, um laço de compromisso com a mesma causa.
“
É necessário algo mais sólido que uma simples divulgação. É necessário sim, um laço de compromisso com a mesma causa
”
Daí surge a grande oportunidade para as organizações desenvolverem programas sociais em sinergia com programas ambientais. Sensibilizar a sociedade através da realização de algo concreto, que possa trazer benefícios em curto prazo no âmbito social, e médio e longo prazos para aspectos ambientais. Grande avanço para essa questão! Como fazer? Ora, depois de tantas perguntas, cabe a cada organização avaliar o cenário no qual esta inserido. Se a criança está desenhando pouca ou muita fumaça. Após essa avaliação, com certeza os recursos serão melhores direcionados. E as crianças, e o meio ambiente, agradecerão. Eduardo Sanches Gerente de Meio Ambiente, Segurança, Saúde e Qualidade de Grupo Petroquímico. Professor universitário de Gestão Ambiental e de Pós-Graduação (MBA).
com a turminha...
...as crianças podem salvar o mundo. Junho 2007
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INFORME PUBLICITÁRIO
Uso consciente da água Nas últimas décadas, a grande preocupação da humanidade tem sido o problema com a falta d’água. Ao olharmos o Planeta Terra do espaço, vemos um planeta azul, pois sua superfície é de 70% de água,
Na atualidade, estes mesmos seres descobriram que sem água não há vida. Cuidar da água é uma questão de sobrevivência e podemos ficar sem ela por tudo o que temos feito de errado até o momento.
mas 97,5% é de água salgada e somente 2,5% é de
Chegamos em casa, vamos à cozinha e abrimos
água doce, e deste, somente 0,3% são de rios e lagos
a torneira; vamos ao banheiro, abrimos o chuveiro e a
e 30% são águas subterrâneas*.
água cai como cachoeira. Milagre? Não, a água che-
Mas ao longo da evolução humana, a ação dos seres
gou até sua casa, em condição potável, porque há um
humanos foi alterando o ciclo natural hidrológico. Primei-
tratamento para que você possa bebê-la sem medo.
ro, a água nunca foi valorizada. Sendo usada de forma
Mas lembre-se, nem todo mundo tem essa facilidade,
inadequada, córregos e rios foram transformados em
mais de 1,1 bilhão* de pessoas não têm acesso à água
esgoto a céu aberto, levando em seus leitos os dejetos
e 2,4* bilhões têm saneamento inadequado, ou seja, a
humanos. As vegetações que protegiam suas nascentes
água não é potável.
foram destruídas pouco a pouco, fazendo com que muitos córregos, rios e lagos secassem.
A redução da quantidade e a degradação da qualidade da água não afetam a sociedade de forma homogênea, os países mais pobres são os mais atingidos. A água é um elemento fundamental e insubstituível à vida e a muitas atividades humanas (navegação, tu-
Eliene Moraes Gestora Ambiental
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Profissional formada em Tecnologia Ambiental, com larga experiência no âmbito administrativo atua em Meio Ambiente há mais de 7 anos, em órgãos como o Serviço Municipal de Saneamento Ambiental de Santo André – SEMASA. Além de desenvolver palestras nas mais diversas temáticas ligadas ao meio Ambiente, como "Resíduos sólidos e reciclagem", "A biorremediação nos aterros sanitários", "Gestão de resíduos sólidos", entre outros. Atualmente ministra aulas do curso de Gestão Ambiental pela KMCA, treinamento e consultoria.
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rismo, indústria, agricultura, geração de energia). Por tudo isso, use-a de forma racional e o estritamente necessário, não a desperdice. Cuide dela como se fosse uma jóia rara. Depende de cada um a preservação, a conservação e a utilização de forma sustentável. Fonte: *Ministério do Meio Ambiente
TREINAMENTO E CONSULTORIA Conquistando melhoria contínua
Departamento de Marketing
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Meio Ambiente
Perto da tão sonhada sustentabilidade Cooperativa de ex-catadores de lixo busca independência financeira com a venda de varal produzido a partir de resíduos de garrafa pet Livi Carolina
A
questão da sobrevivência das Organizações Não Governamentais (ONGs) tem sido um tema exaustivamente discutido entre as autoridades e interessados pelo Terceiro Setor. A mendicância para arrecadação de fundos sociais ou a promoção de festas para mobilização e auxílio da sociedade, ainda acontecem, porém, os responsáveis pelas ONGs estão buscando novas alternativas para a sustentabilidade. Dentre elas, a venda de artesanatos, camisetas, livros e uma gama de materiais produzidos pelas próprias instituições, que se revertem para o abastecimento e expansão da organização. Em meio a grande variação de organizações que trabalham sem fins econômicos e buscam a autonomia financeira, estão as Cooperativas, como a Cooperma (Cooperativa de Trabalho dos Profissionais de Reciclagem de Mauá), que encontrou na ousadia e inventividade de um dos seus cooperados o caminho para sua manutenção, alterando o curso da vida de aproximadamente 40 ex-catadores de resíduos, que hoje fazem parte da Frente de Trabalho da cidade e recebem, além do salário mínimo, cesta básica e vale transporte. O Ecovaral - varal produzido com fios entrelaçados de garrafas pet, em mais de 30 postos de vendas na cidade e pelos próprios cooperados - foi invenção de Claudinei Lima, hoje um dos cooperados, e seu irmão, Carlos Alberto. “Sempre via aquelas garrafas boiando na água e pensava: um material tão bonito tem que ter outra utilidade. Depois de anos, junto com meu irmão, tive a idéia de fazer o varal. Cortávamos com tesouras cada tira para trançar na máquina, que já existia no mercado. Mas cortar os fios dava muito trabalho, daí projetamos uma máquina que pudesse fazer esse trabalho de corte. Enviei o projeto da máquina para um serralheiro, mas não ficou como que-
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ríamos. Então decidi. Juntei materiais e construí a cortadeira” - conta Lima. Com o produto pronto, Lima se uniu à cooperativa no final de 2003, onde encontrou, em maior quantidade, a matériaprima para o varal. Fundada pelos catadores da região, a Cooperma ganhou força somente em 2004, após outra parceria. “A Prefeitura passou a subsidiar a cooperativa, forneceu um terreno onde será instalado, em breve, o novo prédio e lançou o projeto AGIR-Mauá que favorece os esforços da Cooperma”, diz Eliana Vileide Guardabassio, diretora da indústria e secretária do Desenvolvimento Econômico e Social de Mauá. A Prefeitura Municipal de Mauá, por meio das Secretarias de Planejamento e
“
Criamos uma cooperativa confiável de reciclagem, com incentivo fiscal, ambiente que atrai empresas que usam os resíduos.
”
Meio Ambiente e Desenvolvimento Econômico Social, inaugurou em abril o projeto de Gerenciamento Integrado de Resíduos de Mauá (AGIR-Mauá), viabilizando a coleta em pontos estratégicos da cidade, como em empresas parceiras, escolas e departamentos públicos. Essa coleta seletiva contribuiu para uma maior produção do varal.
Nesta primeira fase do programa, a Cooperma tem o apoio de empresas do Pólo Petroquímico, da Lara – Central de Tratamento de Resíduos LTDA., das faculdades Fama de Mauá e da Fundação Santo André, que já prestam consultoria administrativa à Cooperativa, entre outras empresas da região. “Criamos uma cooperativa confiável de reciclagem, com incentivo fiscal, ambiente que atrai empresas que usam os resíduos. E quanto mais empresas interessadas, mais empregos e maior renda para a cooperativa e para as parceiras” - ressalta a secretária. De acordo com Eliana, para atingir um nível empresarial auto-suficiente, foram necessárias medidas para profissionalizar o trabalho da cooperativa, o principal deles foi à admissão de estudantes voluntários dos cursos de administração das faculdades parceiras. “Muitos criticaram quando decidimos ‘contratar’ pessoas com conhecimento administrativo para reger a Cooperma.” – conta. Adoniram Barbosa, atual presidente da Cooperma, foi um desses ex-voluntários, que agora presta serviço efetivo à cooperativa. Segundo ele, uma das questões que tem travado a aceleração do desenvolvimento da cooperativa é a falta de preparo das prestadoras de serviços contábeis. “Infelizmente, a maioria dos contadores não estão aptos para esclarecer dúvidas e fazer a contabilidade de uma cooperativa. Esta falta de
informação causa lentidão na legalização”. Atualmente, a Cooperma busca novos apoiadores para investir na fabricação de mais máquinas cortadeiras e trançadeiras. “Nosso produto tem grande visibilidade no mercado, porém, não temos infra-estrutura para produzir em grande escala. Há pouco tempo nos foi feita a oferta de inserirmos o Ecovaral em uma grande rede de supermercado, mas não podíamos oferecer a quantidade necessária, o que foi uma pena” - lamenta o presidente.
Condomínio da reciclagem O próximo passo após a auto-suficiência é a construção do Condomínio da Reciclagem e Valorização das Pessoas, onde haverá um galpão para cada resíduo reciclável (plásticos, papéis, vidros e metais) e um prédio com salas para cursos e palestras de capacitação pessoal e profissional dos cooperados. “O condomínio será um local onde iremos reciclar resíduos e qualificar pessoas, dessa forma, nossa meta é estimular competências por meio dos cursos de capacitação profissional e nivelamento educacional. Teremos salas de aula, cozinha industrial com refeitório, biblioteca, ambulatório médico e mais novidades que proporcionarão maior segurança e higiene” - destaca Eliana Guardabassio, da Secretaria de Desenvolvimento Econômico e Social de Mauá.
Claudinei Lima, inventor da cortadeira
Hoje, a Cooperma já promove palestras nas faculdades parceiras, que cedem salas de aulas e profissionais especializados para orientar os cooperados, e incentivá-los a dar continuidade aos estudos. Os encontros que acontecem a cada dois meses, abordam temas como a importância do meio ambiente, alcoolismo, dependência química, dentre outros assuntos que auxiliam na autovalorização do cooperado.
Processos da fabricação do varal
coleta Seletiva Para contribuir com a coleta seletiva, veja na tabela abaixo o que é e o que não é reciclável: Recicláveis Papéis . Folhas de papel brancas ou coloridas . Embalagens longa vida . Caixas e sacolas de papel Metais . Latas em geral . Fiação em geral . Partes metálicas de ferramentas Plásticos . Embalagens em geral . Copinhos de água e de café . Sacolas e sacos plásticos . Capas plásticas de apostilas . Isopor
Não-Recicláveis Produtos em geral . Papel-carbono . Fita crepe e etiquetas adesivas . Papéis sanitários (higiênico) . Papel toalha e guardanapos engordurados . Fotografias . Papéis e embalagens metalizados, parafinados ou plastificados . Palha de aço . Cabos de panelas . Espumas em geral
Vidros . Garrafas em geral . Frascos em geral . Potes de produtos alimentícios . Cacos de embalagens
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Cultura
o teatro mágico
orgulhosamente
apresenta...
A luta pela cultura livre e a responsabilidade social do artista em transmitir conteúdo de qualidade. Metas da trupe que ganha novos fãs a cada show Livi Carolina
O
Teatro Mágico seria somente a apresentação de voz e violão de Fernando Anitelli, em CD, não fosse a criatividade e a inspiração do artista, que tem como marca em suas composições a valorização do ser humano e as questões do cotidiano. O que seria um acorde simples ganhou novo formato: outros instrumentos, cores, clowns (palhaços), trapézios, amigos, músicos e artistas de uma época de saraus. Juntaram tudo numa coisa só. Vários elementos artísticos dividem no mesmo palco a atenção do público. A mescla de mensagem social e a disseminação da cultura livre transformaram a apresentação do “O Teatro Mágico”, em um grandioso sarau, com espaço para todos os envolvidos mostrarem sua arte. Em três anos, a trupe formada por aproximadamente quinze artistas, entre músicos e malabaristas, já vendeu mais de 40 mil cópias do CD “Entrada para Raros”, além de camisetas, adesivos,
Entre cantos e poesias, Fernando Anitelli
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souvenirs e DVDs - uma combinação de imagens de shows registrados, amadoramente pelo pai do vocalista. O TM, como é conhecido pelos fãs, tem mais de 160 comunidades dedicadas à banda no orkut, faz mais de quinze shows por mês e possui um número crescente de jovens fãs e seguidores, que em todas as apresentações estão caracterizados como clows, vestidos com a camiseta da banda e declamando suas poesias e músicas como verdadeiros integrantes da companhia. A popularidade entre os jovens e a fidelidade deste público chega a gerar boatos de que “O Teatro Mágico” seria uma seita, uma comunidade fechada, porém, na contramão destes rumores estão os apelos do líder da trupe, Fernando Anitelli, defendendo o livre acesso à cultura, o fim do monopólio fonográfico, do preconceito e pregando a humanização do indivíduo e da sociedade. “No palco nada acontece aleatoriamente, temos um compromisso humanitário de valori-
zar o ser, lutar pelo acesso à informação, debater. Fazemos isso de maneira espontânea, porém nada é disperso, sempre com o espírito de trazer à tona a sensibilidade da arte” - destaca Fernando. A mistura de várias modalidades artísticas não é o único ponto que chama atenção. O vocalista estimula o público a entrar no site da banda (www.oteatromagico.mus.br) e fazer o download de suas músicas, compartilhando e divulgando a cultura. Mesmo com essa liberdade dada pela internet, “O Teatro Mágico” receberá, daqui a dois meses, o Disco de Ouro. Gustavo acredita que isso se deve ao fato de que estes meios alternativos não acabam com o CD físico, e, ao contrário do que a maioria pensa, é uma maneira eficaz de propagação do trabalho do artista. “Quem escuta uma música na internet, ao ponto de ir conferir o show, adquire o CD. E nós temos uma relação muito próxima e de respeito com o nosso público. Eles são a extensão do palco, por isso toda a banda fica à disposição pra conversar, autografar, tirar dúvidas ao final de todos os shows” - completa Gustavo. Para os irmãos Anitelli, o sucesso de venda e de público é conseqüência de uma geração à mercê do que toca na rádio, que não viveu um movimento artístico inspirado em questões sóciopolíticas, e que precisava de arte para reflexão. Com os ingredientes para se tornar destaque, já receberam convites de grandes gravadoras, mas como uma
banda alternativa, “O Teatro Mágico” não tem contrato com nenhuma delas e estabeleceu restrições quanto ao patrocínio de empresas, principalmente fabricante de cigarros, bebidas e àquelas que se rendem ao marketing apelativo, com a exploração da imagem da mulher. “Não podemos ser incoerentes com o nosso discurso, portanto, não é qualquer empresa que aceitamos como patrocinadora, mesmo procurando mais empresas parceiras. Avaliamos que porque somos livres, não temos receio de divulgar aquilo que acreditamos. Então, oferecemos mais qualidade ao nosso público” - ressalta o produtor, e acrescenta Fernando: “não deixamos de falar o que é importante. Valorizamos o legado artístico”.
Responsabilidade Social Suas letras questionam e fazem refletir sobre a potencialidade de cada um, como agente transformador da sociedade, abordam o encorajamento, a autoconfiança, a fé e o preconceito - inclusive o lingüístico. Destaque na música Zaluzejo, escrita pela líder da trupe, que levanta o debate do preconceito lingüístico que existe contra pessoas mais humildes. Para o produtor, há quem não perdoe quando alguém troca uma letra, porém a mesma sociedade que corrige, acha normal escrever no msn: vc, kd, fds. “O artista precisa ter com-
promisso social. Ele não pode oferecer apenas entretenimento, mas assunto que alimente as pessoas” – disse Fernando Anitelli, vocalista, diretor e idealizador do “O Teatro Mágico”.
Novidade O Teatro Mágico: Segundo Ato será lançado no próximo semestre, ainda este ano.
A magia da arte, chama a atenção do público
Artistas concentrando-se para o show
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Turismo
Nos trilhos de Paranapiacaba Vila Ferroviária abandonada transforma-se em pólo turístico do ABC Livi Carolina
E
scondida no sudeste de Santo André, entre o Planalto Paulista e a Serra do Mar, a Vila de Paranapiacaba - em tupi-guarani, de onde se vê o mar - é cenário de um dos mais belos patrimônios históricos da região do ABC e abrigo para 4 milhões de m² da reserva da Mata Atlântica. Por lá, passam as águas do Rio Grande, principal afluente da Represa Billings, responsável por abastecer parte da região metropolitana do Estado de São Paulo. Paranapiacaba viveu momentos de glória e glamour. Conheceu também a decadência e a deterioração, mas sua história ainda está sendo escrita e promete uma reviravolta. Com uma roupagem atual e baseada na sustentabilidade, por meio de suas principais características: o importante patrimônio histórico-cultural e o turismo ecológico - a cidade está mudando e mais uma vez atraindo visitantes. A história da Vila passou pela necessidade de encurtar o percurso entre o Porto de Santos e o Planalto Paulista, caminho feito para transportar produtos agrícolas 34
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no lombo de burros, o que fazia da viagem uma longa aventura cheia de perigos. Para realizar a façanha de reduzir o tempo do transporte, foi preciso adotar um sistema diferenciado, capaz de subir as planícies da Serra do Mar. Este novo meio, único no mundo, denominado ferroviário funicular (utilização de cabos de aço para auxiliar o tráfego das ferrovias), deu à Paranapiacaba notoriedade mundial, já que utilizava inovações tecnológicas e foi a primeira vila no país a possuir iluminação elétrica. A grandiosidade da construção de uma linha ferroviária fez com que a empresa responsável pela obra, a São Paulo Railway Co., instalasse os trabalhadores nas proximidades da ferrovia, projetando, em estilo inglês, a Vila Martin Smith, hoje conhecida como Parte Baixa. Esta trajetória histórica, sua arquitetura ímpar, a beleza natural e o glamour cinematográfico da névoa, que encobre a Vila ao final da tarde, despertaram o interesse de turistas e famosos, que fizeram da Vila um cenário de produções artísticas.
Contudo, após a desativação do uso comercial da ferrovia, os anos passaram e junto com eles, Paranapiacaba foi isolada da contemporaneidade dos grandes centros, nem mesmo os visitantes eram mais bem vistos pelos moradores em função da depredação do local. Este quadro de depressão mudou somente em 2002, quando a Prefeitura Municipal de Santo André comprou Paranapiacaba e iniciou o programa de revitalização do local. A partir de então, segundo Marco Moretto, diretor da Vila, o trabalho da Prefeitura foi transformar o local em pólo turístico, iniciando com a conscientização da população, com a instalação de uma estrutura capaz de receber um número maior de turistas e estimulando o empreendorismo e a capacitação profissional por meio de cursos. “Decidimos envolver os moradores no processo de renovação da Vila” - diz. Com estas medidas, em cinco anos, Paranapiacaba quintuplicou a visitação. Passou de 41 mil para 221 mil.
Nova geração aprende a valorizar o turismo na Vila Dentre os esforços para revigorar Paranapiacaba está o Programa de Jovens - Meio Ambiente e Integração Social (PJ-MAIS), uma parceria entre diversas instituições: Prefeitura Municipal de Santo André, Sub-Prefeitura de Paranapiacaba e Parque Andreense, a Reserva da Biosfera do Cinturão Verde da Cidade de São Paulo e a Associação Holística de Participação Comunitária Ecológica: “Núcleo da Terra” (AHPCE), que promovem os Núcleos de Educação Ecoprofissional. Destinado a estudantes entre 14 e 21 anos, em condição de risco social, o Programa de Jovens (PJ), entre 1996 e 2006, já atendeu mais de 1.300 pessoas. Com duração de aproximadamente dois anos, o PJ oferece oficinas de produção agrícola e florestal sustentáveis; turismo sustentável; consumo, lixo e arte; agroindústria artesanal, entre outros que estão em fase de implantação. As aulas acontecem duas vezes por semana com o intuito de integrar a autonomia econômica, preservação e recuperação ambiental. A sociedade é envolvida por políticas públicas que favorecem o meio ambiente. Por meio da educação, a preservação passa a representar uma nova oportunidade de geração de renda. Segundo Leandro Wada Simone, coordenador do programa, o Instituto Florestal treinou funcionários, que se tornaram multiplicadores dos cursos. Este processo demorou quase quatro anos para ser concluído, dando andamento somente quando os responsáveis já estavam capacitados. “Antes de iniciarmos o programa, os jovens não tinham perspectivas, agora existem várias opções para a especialização profissional” - acrescenta. Uma das favorecidas pelo projeto é Renata Lucia Silva, 22 anos. “Não gostava dessa Vila, fazia de tudo pra não ficar aqui. Por não ter o que fazer, me inscrevi na primeira turma do PJ. Depois de um tempo comecei a me interessar e perceber que esta poderia ser uma oportunidade. Gostei da oficina de turismo e me aprofundei no assunto. Hoje sou
coordenadora do projeto” - relatou. Assim como Renata, 60% dos jovens do Programa se interessaram pelo módulo de turismo, abastecendo a Vila de monitores iniciantes. Os cursos começaram a alterar o perfil de atendimento do local. Vários jovens estão preparados para mostrar os pontos turísticos. “Os meninos do PJ romperam resistências quanto à questão do turismo em Paranapiacaba, pois passaram a ver as qualidades do lugar e mostraram isso aos pais e avós” - conta Moretto, diretor da Vila. Diante do interesse, outras ações foram necessárias para melhor qualificá-los com um certificado profissional de agentes de turismo. Um novo curso de Qualificação Profissional, dividido em básico, intermediário e avançado foi oferecido. Na última inscrição para o curso básico houve uma procura de 160 pessoas para 60 vagas. Esta nova realidade deu à Paranapiacaba o título de berço de agentes turísticos. “Com um número grande de novos agentes, muitos jovens começaram a atuar no Pólo Turístico Caminhos do Mar, localizado no Parque Estadual da Serra do Mar” - ressalta o coordenador.
Relógio da Estação Alto da Serra, em referência ao Big-Ben de Londres, Inglaterra.
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Por que anunciar? “A imagem de uma empresa comprovada por iniciativas concretas e de resultados palpáveis com conteúdo faz sua reputação, e nenhuma companhia poderá existir em um futuro próximo sem práticas socioambientais consistentes.” Percival Caropreso - Publicitário Diretor da Setor 2 ½. “Ninguém quer comprar um problema ambiental, um acidente de trabalho, a exploração de mão-de-obra infantil, por exemplo. Por isso as certificações e as ações de comunicação nesse âmbito ganharam importância e o consumidor assumiu o papel de agente transformador desse processo.” Carlos Eduardo Young - Prof. da UFRJ Fonte: Meio & Mensagem 12 de março de 2007
Turismo
calendário de eventos espera movimentar a vila Para dar continuidade ao trabalho de revitalização da Vila, a Sub-Prefeitura de Paranapiacaba investiu na promoção de uma série de eventos para atrair a população das cidades vizinhas. Além da sétima edição do Festival de Inverno - a mais conhecida festa da Vila, a programação também conta com a IV Festa do Cambuci, a Festa do Padroeiro Bom Jesus de Paranapiacaba e o 2º Festival de Jardins (*cronograma de festas). “Festas como a do Cambuci e do Padroeiro eram comemorações tradicionais da população da Vila, mas não atraiam o público de fora por serem festas muito regionais. Porém, este ano vamos ampliar e atingir também a população próxima, assim como fizemos com o Festival de Inverno, que anualmente chama a atenção de todo o ABC” - relata Marco Moretto. Para aqueles que preferem o agito de
esportes radicais ao de festas, a Sub-Prefeitura também se dedicou à implantação destas atividades. O circuito de arvorismo conta com trilhas suspensas em meio à área de Mata Atlântica, com diferentes graus de dificuldades, garantindo cerca de uma hora de adrenalina, finalizada com a prática da Tirolesa. Para agendar o passeio o interessado pode ligar no (11) 4439-0130 ou enviar um e-mail para gersinoluis@ig.com.br.
cronograma de Festas Junho
Assine já e receba em sua casa assinatura@neomondo.com.br ou (11) 4994-1 90 Semestral: R$ 47,00 Anual: R$ 90,00
Instituto
Neo Mondo Um olhar consciente Neomondo 2007 Neomondo -- Junho Junho de 2007
www.neomondo.com.br 3 3
“Arraial da Vila”, nos dias 23 e 24, às 16h, com barracas típicas, apresentação de quadrilhas e shows. Entrada Franca.
Julho
Agosto
“Festival de Inverno”, nos dias 14, 15, 21, 22, 28 e 29, com programação cultural, além de roteiros turísticos, exposições e vendas de artesanatos e comidas típicas.
“Festa do Padroeiro Bom Jesus de Paranapiacaba”, nos dias 4, 5 e 6 em frente à igreja, com barracas de artesanatos, comidas típicas, jogo do “quebra coco” e shows com atrações diversas. No dia do padroeiro (6), também será realizada a missa e a distribuição de bolo feito pelos fiéis.
Setembro
Outubro
“2º Festival de Jardins de Paranapiacaba”, nos dias 22, 23, 29 e 30, nos Galpões das Oficinas (R. da Estação, s/n), com palestras, oficinas, passeios, exposições e feira de plantas e artigos para jardins. Entrada franca.
“Baile de Aniversário do Clube União Lira Serrano”, no dia 13 de outubro, a partir das 22h. No dia 21, às 14h, show musical.
Novembro
Dezembro
“II Concurso de Ferreomodelismo de Paranapiacaba” e “XII Encontro Brasileiro de Ferreomodelismo”, no dia 10, no o Clube ULS. “Dia da Consciência Negra”, comemorado no dia 24, com a realização de um baile cubano.
“III Feira de Oratórios e Presépios de Paranapiacaba”, nos dias 16 e 17 de dezembro, com exposição e venda de presépios e oratórios, elaborados por artesãos locais e convidados. No dia 17, haverá ainda shows musicais, no Clube ULS.
Classificado solidário
Precisa-se Santo André Associação dos Voluntários do Centro Hospitalar Voluntários para: atender as necessidades do paciente em seu leito. Doações: Camisetas, bermudas, moletons e roupas de frio (adulto e criança). Qualquer tipo de leite. Rua Joaquim Távora, 118 – Vila Assunção Cep: 09030-390 Telefone: 4437-1346 Em caso de dúvida, falar com: Cidinha
Centro de Auxílio à Vida Doações: Alimentos em geral, principalmente arroz e feijão. Rua Filipina, 70 – Pq. Novo Oratório Cep: 09301-970 Telefone: 4401-2120 E-mail: prcamilocav@hotmail.com Em caso de dúvida, falar com: Alexandre
FEASA - Federação das Entidades Assistenciais de Santo André Voluntários para: Jardinagem, manutenção/limpeza e serviços gráficos. Doações: Cartuchos para impressora, 06 latas (18L) de tinta para pintura de parede, 50 m² de piso frio, 03 latas (18L) de massa corrida. Rua Tamarutaca, 250 – Vila Guiomar Cep: 09071-130 Telefone: 4436-7477 / Fax: 4436-7492 E-mail: feasa@terra.com.br Em caso de dúvida, falar com: Nice
São Bernardo do Campo AMAS - Associação Metodista de Ação Social Creche “Mamãe Albininha” Voluntários para: Cozinha, auxílio em sala de aula e serviços gerais. Doações: Alimentos em geral, principalmente leite, arroz e feijão. Rua Sétimo Guazelli, 99 – Jd.Trieste Cep: 09760-600 Telefone: 4330-1712 E-mail: crechemamaealbininha@terra.com.br Em caso de dúvida, falar com: Andresa
A seção “Classificado Solidário” é um espaço gratuito, destinado a divulgar as necessidades de doações ou serviços voluntários de instituições sociais. Não é permitida a solicitação de valor em espécie. A veracidade das informações aqui prestadas são de total responsabilidade da entidade solicitante. Mande seu anúncio para classificadosolidario@neomondo.com.br, até o dia 15 de cada mês, com nome da instituição, responsável, endereço, telefone ou e-mail. A publicação passa por análise do Conselho Editorial.
Aldeias Infantis SOS Brasil São Bernardo do Campo Voluntários para: Limpeza de terreno, recreação infantil aos finais de semana e limpeza interna. Doações: Calçados e roupas para o inverno (criança e adolescente). Leite, carnes, produtos de higiene pessoal e produtos de limpeza. Estrada Ernesto Zabeu, 200 Bairro Tatetos - Riacho Grande Cep: 09835-000 Telefone: 4354-0340 / 4354-0272 / Fax: 4354-8640 E-mail: sbcampo.sp@aldeiasinfantis.org.com Em caso de dúvida, falar com: Enéas
APAE - Associação de Pais e Amigos dos Exepcionais Doações: Material de construção em geral: pedra, areia, cimento, piso antiderrapante e lavatório. Rua Assunção, 132 – Bairro Assunção Cep: 09810-410 Telefone: 4104-3468 / Fax: 4352-4295 E-mail: reabilitareapaesbc@ig.com.br Em caso de dúvida, falar com: Valmir
ASIMD - Assistência Social Irmã Maria Dolores “Creche Maria Dolores” Doações: Bolachas e balas. Produtos de limpeza: cândida, detergente neutro, desinfetantes, lisoforme, álcool 92º, hipoclorito de sódio a 2%, cera de ardósia, luvas de procedimento (tamanho M), luvas de faxina (tamanho M), tocas descartáveis, sacos de lixo de 100 litros, papel higiênico. Produtos de higiene pessoal. Rua Álvaro Alvim, 275 - Vila Paulicéia Cep: 09693-000 Telefone: 4178-5168 E-mail: crechemariadolores@terra.com.br Em caso de dúvida, falar com: Oneide.
Associação Beneficente Raios de Sol Voluntários para: Monitores de informática, recreação e esportes. Doações: Alimentos em geral, material didático, produtos de limpeza e roupas (crianças e adolescentes). Av. Max Mangels Sênior, 454 – Planalto Cep: 09895-510 Telefone: 4390-0236 / Fax: 4101-8585 E-mail: casaraiodesol@hotmail.com Em caso de dúvida, falar com: Silvia
“Nosso Lar” - Instituição Filantrópica de Amparo à Criança Doações: Leite integral em pó e fraldas descartáveis. Av. Humberto de Alencar Castelo Branco, 2857 - Alves Dias - São Bernardo Cep: 09851-000 Caixa Postal 223 – Cep: 09701-970 Telefone: 4109-7122 / Fax: 4109-7862 E-mail: geem@geem.org.br Em caso de dúvida, falar com: Caio
Mauá Associação Beneficente Casa do Amparo as (aos) Viúvas (os) de Mauá Voluntários para: Atendimento geral. Doações: Arroz, feijão e açúcar. Rua Remo Luis Corradini, 224 – Jd. Zaíra Cep: 09321-440 Telefone: 4519-4150 Em caso de dúvida, falar com Teresinha
CELIVRE – Centro de Libertação de Vidas Rejeitadas Doações: Arroz, feijão, óleo, açúcar e leite. Rua Antonio Alves, 83 – Jd. Zaíra - Mauá Cep: 09321-370 Telefone: 4547-2366 / Fax: 4546-0507 E-mail: avelino-joana@ig.com.br Em caso de dúvida, falar com: Joana
Associação Beneficente Cantinho da MEIMEI
Centro de Recuperação Camille Flamarion
Doações: Carne, arroz, feijão, óleo, açúcar, leite e achocolatado. Rua Prof. Osvaldo Coneglian, 01 - Icaraí - Riacho Grande Cep: 09830-000 Telefone: 4354-8082 / Fax: 4101-8609 E-mail: administracao@cantinhomeimei.com.br Em caso de dúvida, falar com: Argemiro
Voluntários para: Limpeza e auxílio à enfermagem. Doações: Qualquer tipo Av. Amaro Branco da Silva, 282 Jd. Mauá Cep: 09340-090 Telefone: 4576-2783 E-mail: c.flamarion@ig.com.br Em caso de dúvida, falar com: Kelly
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Dicas
Sem dúvidas... Segundo Setor:
Terceiro Setor:
O Terceiro Setor é composto pelas organizações da sociedade civil, entidades de interesse social, sem fins lucrativos, como associações, institutos e fundações. • Seus objetivos são promover e executar ações voltadas ao desenvolvimento econômico e social. • A Legislação brasileira que rege o Terceiro Setor prevê uma série de benefícios a quem utiliza os serviços ou produtos de organizações do Terceiro Setor qualificadas, como por exemplo, a renúncia fiscal.
Terceiro
Primeiro Setor:
Primeiro
Segundo
O segundo setor refere-se às empresas com fins econômicos, seja uma S/A, Ltda. ou Cooperativa. • O objetivo de uma empresa é viabilizar seu negócio e gerar lucro, de preferência de forma responsável e sustentável. Ela não tem como finalidade realizar filantropia. • Diante do quadro de desigualdade social, hoje no país, diversas organizações do segundo setor realizam ações sociais apenas como benemerência. Por falta de informações, na maioria das vezes, arcando com os custos e sem a utilização de incentivos fiscais existentes.
O primeiro setor corresponde ao setor público e governamental. • É seu papel garantir os direitos sociais. De acordo com a Constituição Brasileira: art.6º, é sua responsabilidade prover a educação, a saúde, o trabalho, a moradia, o lazer, a segurança, a previdência social.
Dicionário politicamente correto Deficiente: Tratamento generalizador, inadequado para chamar o portador de deficiência física, auditiva, visual ou mental. As expressões respeitosas podem ser: pessoa portadora de deficiência ou pessoa com deficiência. O fato de ter alguma deficiência não torna uma pessoa inválida ou incapaz.
linqüente, forma igualmente riscada do dicionário dos defensores dos direitos das crianças e dos adolescentes. O correto é criança ou adolescente infrator.
P ortador de necessidades especiais:
Menor infrator:
Outro eufemismo a ser evitado em referência à pessoa portadora de deficiência. A expressão é utilizada corretamente na área da educação para designar o estudante carente de atenção especial para seu desenvolvimento escolar. Nesse caso, não se restringe às pessoas com deficiência. Abrange também os alunos superdotados.
Nos meios de comunicação, em geral, a expressão é discriminatória e se refere à criança ou ao adolescente que cometeu ato infracional. É sinônimo de menor de-
Termo inadequado e cada vez menos utilizado para designar os surdos. O surdo, que em geral tem o aparelho fonador in-
Libras:
Língua Brasileira de Sinais, reconhecida como linguagem própria dos deficientes auditivos.
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tacto, só se torna mudo se não receber tratamento adequado nem freqüentar uma escola especializada.
S urdo-mudo: Fonte: Organização dos Direitos Humanos (www.dhnet.org.br)
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