A REALIDADE, • AUS~NCIA de debate verdadeiro, criação
de leis sem consulta ao povo e maior concentração de poderes na cúpula do Partido Comunista. Eis algu-
mas das principais queixas formuladas contra Gorbachev pelos próprios políticos que o seguem. Em recente reunião da Tribuna de Moscou, o
pro íessor Anatoli Butenko foi enfático: "A grande maioria da população não integra o Partido e não tomou parte nisto tudo (projetos reformistas em curso). O Partido decidiu sozinho, embora fale de democratização. Que espécie de gtasnost ê esta?" Perguntas fundamentais e inevitáveis que o Oci-
dente aparvalhado se exime de fazer . Por quê!
• O "B ICHO-PAPÃO" era outrora um meio seguro de conduzir bebês e crianças renitentcsàobediClleia. E o fascinio do mundo das "fadas-madrinhas" com seus prodígios maravilhava e encantava os pequenos corações. Hoje, mdo se inverteu: o hediondo, veiculado pelos modernos desenhos a ni mados das TVs, dest rona o maravilhoso. Um novo ''bicho-papl\o'' agora fascina os petizes: os Estados Unidos foram invadidos po r 10,6 milhões de "amáveis" extraterrestres. Este é o número de video-cassctcs de ET o Extru/erres/re, vendidos desde O seu lançamento, informa a revi st a " Time", desbancando ª Cinderella, ~~0c:ª~e°~2;r;/º~:u::~c~ analistas, 0 "visitante de olhostrisles"em breve entrará cm 251/, dos 50 milhões
um filho produz represálias econômicas. Membros do Governo e do PC part icipam desse comércio. O '' Jornal das Mulheres" ac usou camponeses na provincia de Anhui de gerarem bebês para vendê-los a casais sem filhos, pois rendem mais do que a agricult ura: bchcs masculinos valem quatro vezes mais do que porco gordo. Os in felizes bebês dosc)(O femin ino são ... eliminados! •SUl'E:RCOLIIEITAS "calamitosas" - "mazelas"
concisamente
do Ocidente - levam palses europeus a pagarem camponeses para n:to produzir. Na Inglaterra, o governo co ncede 50 mil dólares anuais
a quem deixe de cultivar a terra durante cinco anos, em cujo periodo se espera consumir os atuais estoques de alimentos. Na França, o governo premeia o proprietário com cerca de 340 dólares por hectare não plantado, até o máximo de um terço da propriedade. Enq11an1oisso , estimativas do governo norte-amcricano indicam que, entrcjulho de 87 e junho de 88, a Rússia comprou 32 milhões de toneladas de cereais. O utrora a Rússiaczarisrnexportava 1ais produtos ... Abundãncia capitalista, miSCria socialis1a ... • "NEM NOS municípius mais pobres do Brasil o povo é tão mal atendido, dispondo apenas de armazéns precários,tendoqueenfrenrnr filas para fazer compras", afirma o empresário Artur Sendas (pro prietário da rede de supermercados Sendas, uma das maiores do Brasil) ao retornar da Rússia. Não espanta, porém: um economista soviécico re-
conhece estar a Rússia entre o 50° e o 60º lugar e111 termos de qualidade de vida! Aliás, na recente edispcndiosaviagcmdoprcsidcnte Sarney a Moscou, membros de seu numeroso sé<111ito, instalados no "luxuoso" hotel Rússia - que possui 3600 apartamentos! - tivcram lá singular surprcsa: ausência de sabonetes, além de serem as toalhas duras e imprestáveis. • DE:SRAZÃO 1.oocrálica - Baseando-se na Lei de Proteção aos Animais, foi instituída cm Barcelona aprimeira''dclcgacia''européiaparadcfendcros''direitos'' dos bichos. Agentes do governo socialista e policiais estão encarregados de apurar denúncias e inicia r a ação penal. Planeja-se ainda criar centros de acolhida aos animais domésticos abandonados. Imposições arbitrárias dcss.anacurezavão-setornando freqüentes cm sociedades democráticas. Porém, o ridiculo c o disparatado increntes a tais iniciativas policialescas não provocam reações àaltura. Que espécie de torpor moral atrofia as consciências?
• "O CAOS NO SISTEMA penitenciário brasileiro com a liberta-
çao de praticamente todos os presos ", mesmo os condenados a altas penas , seria a conseqüência da aplicação imediata do mandado de injunção - que obriga as autoridadesª cumprirem direitos constitucionais . Tal foi o comentário feito pelo julz gaúcho João Andradesde Carvalho, na abertura dos trabalhos do 8º Congresso dos Tribunais de Alçada de todo o Pais.
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~~!ª::!~c:~:c':~ por meio tro s~~~::~n~~n~::rr:~~efao::::o:et~e~~~~~i~=r~ii iiej;i\~~I~ ~ - - - - - - - - -+ ~-0<>-Aã0-terem..co.ndições..nem..dados..s.u1icientes para se11 exam" Segundo um órgão da imprensa carioca, somente na Vara de • A VENIJA DE bebês Execuções Penais do Alo acumulam-se 500 mil processos, com apegeneralizou-st' na China conas um juiz para examiná-los ... munista. Lá, ter mais de 2 - CA'.l'OLJCISMO J ANElllO 1.989
Discern indo, distinguindo, c lassificando ..
SUMÁRIO COMENTÁRIO O pacifismo 1e m-se moslrado mais
Nazistas - Pacifistas - Comunistas
danosodo11ueona:r,i$1110 .......... ,1.3
T~~nAq~~é~~~~~!~
INTERNACIONAL 30 anoi; ele castris mo aprese ntam res111ladosca1aatróficos ......... p.4 HOMENAGEM Plinio Corrêa ,!e Oliveira co m11l eto1180anos .......................... 11,8
PHOGRESSISMO Pe. G111ierre:i: defende teo logia de fundomarxisla ................... ,1. 17
~\~~::~)~.'~~:~
1 ,~ -~~~ '. .~-~.
~~~~-ª,t;s
TFP Encont ro 11lcança êxito marcante .•..•..••.••.•.••.•..•.•.••.••••••. . •.•• J),
20
ENTnEVISTA Plínio Corrêa ele O li veira fula
&o-
bre,li,·ersoiitemascandentes .. .... p.22
PASSADO CIUATIVO Uomberg rev ive ~nas tra1liçüea no AnoNo,·o ............... ... ......... p.24 NITTA llA IIRllAÇÂO: A l'"nir ,k.,e mlmero ""C.1olicion10" 1• •cr241"gi11... <:<>m íocn,01u 2 1 cm~ 211 cm. CAPA, fu1o,l~ A,.g,k, ll o,.,lano
(!Iuto!icismo
da fatuidade britânica e da fraqu eza que, iada, hoJe em dia, a embora livredemâsinSegunda Guerra Muntençõcs, não o era de dial padece geralmenculpa,eque desempete de superficialidade. nhou parte integrante Suas causas mais prono desencadear de horfundas freqüentemen rores e misérias sobre 1e são postas na somo mundo" (pp. 86-87). bra. "O paci fi s mo dos partidos TrabalhisQue os nazistas foram grandes fautota e Liberal não foi res desse cataclisma, afetado pelos graves quem o duvida? Mas, aco ntecimentos q ue foram só eles? Em macercaram a retirada gistral artigo - "Os alcmãda LigadasNaque esperam só ser colf'i,.,wn Churrhil/ ,len,mcio" com çõcs. Amboscontinuamidos no fim" - puvam a exigir, em norlnrit'i,Ji,.,,ú,apoll1ic11suicid11,t... blicado na "Folha de me da Paz, o desarmapocifmo, i k - l<'mpo - disno, S. Paulo",em 11-4-88, mento britânico e toprttHl'MWt< doo /1t1dfi"a• a q,,alo Prof. Plínio Corrêa dos aqueles que contra qutrprtf<>dtnOS1N,li,., .. de Oliveira afirma haissoseopusesscmerarn ver "homens ainda imediatamente chamamai s culpados pela dos de fomentadores guerra, pois foram símbolos da capitu- de guerra ou de alarmistas" (p. 109). lação e do fracasso, como Chamber"No decorrer de seu discurso, o lain e Daladier" . lider liberal, sir Herbert Samuel, disse: De foto, de mãos dadas com os 'Qual o motivo de tanta prevenção connazistas, os grandes responsáveis pela tra a Alemanha?' ( ... ) Se a Gr11-11retaSegunda Guerra Mundial foram os pa- nha e a França tivcssem cada uma mancifistas da época. A afirmação pode pa- 1ido equilíbrio qua ntita1ivo com a Alerecer surpreendente, mas nem por is- manha, seriam obviamente duas vezes so é ela menos verdadeira. Trazemos mais fortes do que ela e a carreira de aqui um testemunho histórico de pri- violê ncias seguida por Hitler teria simeira importância. Trata-se do gran- do cortada pela raiz, sem a perda de de estadista Winston Churchill, primci- uma só vida. Mais tarde seria impossíro ministro britânico que resis1iu a Hi- vel( ... ) os líderes dos Partidos Socialistler, sendo um dos principais artífices ta e Liberal esrnvam , isto sim.compleda vitória dos aliados. Seguem excer- tamente errados e mal orientados, sentos de seu livro " A Segunda Guerra do responsâveis portanto, diante da Mundial". 1 volume, Cia. Editora Na- História, pelos acontecimentos pos1criocional, São Paulo, 1948. rcs" (p. 11.l). " Tivéssemos agido nessa época co111 prudfocia razoâvel e energia, talvez ainda hoje estivéssemos goza ndo de uma paz sem mâcula" (p. 116). "DEVEMOS considerar como profundamente culpâvcl diante da História a conduta não apenas do Governo britânico dccoalizão nacional, principalmenteconscrvador, mas, também, Hoje o nazismo é um fantasma a dos partidos Social-Trabalhista e Li- do passado. Seu papel, na esfera interbcral, nessa hora critica (o pré·gucrra). nacional, foi assumido"pelo comunisO prazer das banalidades aveludadas, mo . Os pacifistas atuais, porém, ai esa recusa a en frentar fatos desagradá- tão, a pregar para o Ocidente todo tiveis, o desejo de popularidade e de su- po de capitulações e desarmamento. cesso eleitoral, independente dos inte· Comunistas e pacifistas agora resses vitais da nação ( ... ), o forte e como nazistas e pacifistas antes - nos violento pacifismo que então domina- levarão ao cataclisma1 Ou então A verva o Partido Social-Trabalhista, a e11.- go nha da capitulação sem luta e da cs-
-"'.,';"""-"""''""',._,~'""-'-"-t+;;,tr:~Í:i-~ ~~~t~1i~~~=o-"·,,-"7"-;d~ã-o_,o~"'-'"=';= d,=?~------,::-:--dos esses fatores constituem retrato
C. A. CATOlJ C ISMO JANEIHO 1989 - 3
''CATOLICISMO" não poderia deixar transcorrer o 30º aniversário da Revolução cubana sem um comentário adequado, que equivale a uma denúncia. Fiel a sua invariável característica de órgão difusor das verdades esquecidas e das notícias silenciadas, nossa revista apresenta a seguir objetiva e documentada análise da catastrófica situação econômica da antiga "Pérola das Antilhas". Esse penetrante e revelador estudo cita a " profecia" delirante de "Che" Guevara sobre o fu turo da ilha-prisão . E soa como um clamor de indignação diante do drama que sofre o povo cubano , em meio a uma vasta manobra propagandística, levada a cabo por certos setores da mfdia tendentes a ocultar essa trágica realidade. Externamos aqui nossos agradecimentos à Comissão de Estudos Cubanos da TFP norte-americana que nos proporcionou a oportuna colaboração.
309 aniversário
da Revolução Cubana Imolação de um povo para propagar o comunismo no Ocidente OVA YORK - Há exatamente trinta anos, começavaadesenvolve_r-sc, no seio da América Latma, um processo político , econômico e até religioso que, com o correr dos anos. iriaalcançandotrágicaseinusitadas conseqüências . Na ocasião, poucos as souberam prever.
N
Na outrora "Pérola das Antilhas", estratégica ilha banhada pelas cálidas águas do mar do Caribe, e a partir da qual caravelas da catolicíssill\a Espanha levaram a povos ignotos dastrêsAméricassementesdcumacivilização marcada pelo signo da Cruz - quatro séculos e m~io mais tarde começava um processo mvcrso.
No, /!rÍmeiro• ,lia, de 1959, fidd Ca.iro, Cnmifo Cie1ifue15m t um l"'nha,W ,h giu,rrilheiroo dea«rum da "Sium M,..,,1ra" em nli adeCubaellavana.A n na re«ler$Í<U,e•· 1udadaronwJ1araumfilme... l'araque essade,ridaLilorio,ali•'<!nt,ido1,o,sivel,foramd,:,,isí,.,.,. algum O/JOÍ<n enismári,:ru vindo, do, f:muU" Unido,, c,mw o deflerber1/ •. Ma1heus(nbaU-O), jomafü1ade"1'1u!New l Mk 1lme, ".
4 - CATOLICISMO JANEIHO 1989
Nos primeiros dias de 1959, Fidcl Castro, Camilo Cienfuegos, "Che" Guevara e um reduzido grupo de guerrilheiros desciam da Sicrra Maestra em direção a Sant iago de Cuba e l·lavaa..-Er.an1-clC$-a-pi:ópcia-ncgaçãi:Ld.n_ missionário e do conquistador espanhol. Traziam em seu seio gérmens daquilo queconstituia a antítese da civilização cristã.
Profecia fracassada Apoios, e até cum plicidades, não lhes faltaram. A mldia internacional lhes foi generosa. O Departamento de
Estado nane-americano pareceu nada ver, apesar dos sintomas inequívocos enviados por seu reprcsemante. Inesperadas, decisivas palavras e gestos de ai-
tos eclesiásticos fizeram-se presentes cm momentos em que a orquestra\:110
parecia cambalear como um frágil castelo de canas. Setores da alia burguesia, intelec1uais e etcmemos de peso no laicato católico ta"mpouco lhes pouparam simpatias e respaldos. Enfim, uma eno rme e equívoca constelação
de apoios, mais ou menos expllcitos, mais ou menos velados, duráveis uns, efêmeros outros, por detrás dos quais se ia configurando a dura realidade: pela primeira vez, o império soviético conseguia conquistar nas Américas uma cabeça-de-ponte. E como a utilizaria ... Em agosto de 1961, quando a Revolução dava os primeiros passos com sua verdadeira fisionomia, os meios de comunicação ocidentais concederam ampla ressonãnciaàspalavrasde''Che'' G uevara em Punia dei Este, ante o Conselho lnteramericano Econômico e Social da OEA. Palavras nas quais, a muitos iníluenciados pelo magnetismo da revolução nascente, quiseram vislumb rar um timbre profético: "Que metas planeja Cuba para 1980? Uma renda per capita por volla de 3.()()() dólares, superior à dos Estados Unidos. E se os srs. não me crêem, d6-me no mesmo; aqui estamos, senhores, prontos para compelir (. . .). Responsavelmente anunciamos uma taxa anual de crescimento de uns 10%" (l}. A partir desta data, até hoje, constituiu-se uma longa lista de tenlativas e modelos alternativos de desenvolvimento que se foram sucedendo - 10dos dentro dos esquemas marxistas correndo em vão atrás do cumprimento das promessas demagógicas do guerrilheiro argentino, então radicado cm Cuba.
Zig-zag em meio ao desastre Ao fazer uma sumária análise da realidade cubana depois de 30 anos de Revolução, chama a atenção a enormidade de autores conceituados e de est udos ~rios q ue mostram insofismavelmeme a prostração não só moral, mas também econômica, em que jaza ilha-prisão. Estaconstataçãonãodeveriasurpreender, se se toma em consideração o malogro generalizado das economias de países socialistas. Mas a propaganda foi generosa com a Revolução cubana. A ponto de, contrastando notoriamente com a opinião de especialistas, conseguir insinuar na cabeça do homem médio a idéia implícita de que, em Cuba, ao menos as chamadas ''necessidades básicas" de toda a população teriam sido atendidas. Conceirn de "necessidades" tão habilmente introduzido dentro do pensamento coletivo ocidental, que a poucos ocorre perguntar em que consistem elas precisamente , que requisitos preenchem, com que padrões científicos são medidas. Segundo o internacionalmente conceituado economista cubano-americano Carmelo Mesa-Lago, a respeito
de Cu ba, podem-se distinguir, no plano econômico, vérias etapas claramente caracterizadas (2). Entre 1962 e 196S, ainda nos primeiros passos da revolução, breve e fracassada tentativa de aplicar o modelo soviético clássico. A partir dai, alé 1970, é a vez de uma heterogênea mescla do "grande passo à frente" de Mao, com certos palpices econômicos de "Chc". adaptados ao capricho de Fidcl. Neste periodo, os lí-
(.'/,e C11a'<U"n, em 1961,fe~uma ''proftcia" mirnbalnau:C..00. ~m IWW.aka"f'Jrio11111n n,ndo~r"°pi/ll <hapro:rin11Jdnmtn!e J.OOOMlare,, f'Jperi,.>r<I do,l~Uni<W. ..
deres da Revolução - ainda ofuscados pelo prestigio internacional que os meios de comunicação lhes haviam concedido - chegaram a alardear q ue estavam "construindo simultaneamente o comunismo e o socialismo numa etapa superior inclusive à da URSS". Parcelas de uso familiar, dentro das granjas estatais, foram abolidas, e os pequenos agricultores - últimos remanescentes da atividade privada no país - foram obrigados a vender seus produtos ao Estado a baixíssimo preço ao serem proibidas as "feiras livres". O Estado absorveu compulsoria-
CATO LI CISMO JANElltO 1989 - 5
ente os pequenos anesãos e os vendedO· res ambulantes, e suprimiu os poucos incentivos materiais que permaneciam na economia, como os "bonus de pro· duÇ(lo". At~ os "direitos de autor" fo. ram suprimidos! (3) Como era previs[vel, a ex periên· eia teve resultados desastrosos, e a partir dos anos 70, se ''retoma o mais prag. m6tico (sic) modelo ortodoxo so11iéti· co " (4) denominado pomposamen1e "Sislema de DireçDo e Planijicaç4o Econômica" (5). O governo comunista permitiu, nesta nova etapa, a instalação de fei• ras nas quais os pequenos agricultores podiam comercializar seus produtos, sendo-lhes concedido o incentivo de melhores preços. Mas após alguns anos, foram pressionados no sentido de se integrarem às cooperativas esta· tais. Em 1967, havia 233.679 pequenos agricultores privados. Em fins de 1979, seu número estava reduzido a 160.125 (6).
A panir de então, aílora trans· bordante o descontentamento dos cuba· nos com o regime comunista, dramaticamente exteriorizado pelo pedido de asilo de 10.000 cidadãos à embaixada do Peru. O governo comunista, dando-se conta de que esse fenômeno po. dcria ter ramificações sub1errãneas in.
Q,.,_,,.,.,,,,.,i,.;,,,1e.,... N"°"-si,ülacopar dailh.a,muil(>larrú,,...,.
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6 - CATOLICISMO JANEIRO 1989
suspeitadas, facilita o chamado êxodo de Marie!, por meio do qual 125.000 ilhéus puderam chegar à liberdade em barcos de todos os tamanhos vindos de Miami. Na verdade, outras dezenas, e talvez centenas de milhares de cubanos desejavam empreender também o cami. nho do exllio. Segundo font es citadas pelo "New York Times" (S.2·87), na ocasião se estimava que mais 500.000 ilhéus estavam dispostos a abandona r Cuba. Nessa encruzilhada, talvez uma das mais delicadas da his16ria da Revolução, Fidel Castro lança mão nova· mente da produtividade potencial dos pequenos agricultores que ainda resta. vam, paratentarremedia ruma cares· tia de décadas, simbolizada pelos triste· mente célebres "cartões de racionamento". O retrocesso 1âtico é claro. Peque. nas faci lidades são outorgadas pelo re. gime ao "setor mais produli110 do economia ' ' cubana - como o qualificaram diversos especialistas (7) - ante a urgente necessidade de alimentos. Seis anos mais tarde, em maio de 1986, Fidel anuncia a abolição do "mercado fillre camponês" - que ape. sar de seuscstreitos limites era em to· do caso um símbolo de eficiência diante do poder estatal - ao mesmo tem· po que ataca "os elementos neocopitolislos e neoburgueses" infiltrados na Revolução, reimpondo o mais estrito controle do Estado (8). À deterio ração econômica intrin. seca a qua lquer regime comunista, no caso de Cuba se deve somar como agravante o "1.ig1.oguea111e e confuso cu,. so dos planos go11ernamenlais cuba· nos" - 1a l como se acaba de mostra r - banhados por uma nota de "diversi· dude" e até "grandiosidade " , como ironicamente comenta o Dr. Anto nio
Jo rge, professor de Politica Econômica da florida lnternational Uni versity e especialista em desenvolvimento eco. nômico latino.americano (9).
confissões de castro A panir de 1980, tornou-se impossfvel até para Fidel Casiro manter a retórica triunfalista, que procurava esconder o estado crítico da economia cubana. Falando em 1980, ante a As· sembléia Nacio nal do Povo, Fidel Cas· tro afirmou que Cuba "eslá nadando num mar de dificuldades. Eslamos nes· le mor há lempo. às vezes mais 10,men· loso, às 11etes mais calmo. mas a COS· la eslá longe ... Continuaremos nave. gando a/ravés de um mar de dijiculda. des "(IO). Em fevereiro de 1986, falando no leatro Carlos Marx, d iante de 1.700 delegados ao Terceiro Congresso do Partido Comunista , o ditador cubano reconheceu que ''os coisas nunca es1i11eram Ulo mal" em matéria econômica. Em agosto de 1987, semelhante constatação prové m desta vez da pena de uma autorizada fonle soviética: Vla· dislav Chirkov, especialista em assun· tos internacionais da revista "Novoye Vremya" de Moscou (11 ). Eml 988,aagênciaRcutcrs difun. de um relatório confidencial do gover. no cubano - destinado aos bancos ocidentais credores - onde se reconhece que du ran te 1987 deu-se o "pior resullado alcançado pelo pafs desde o inicio da década", com uma queda da produção em 3,5'!.. Mais rece ntemente, em discurso durante as comemorações do 35º ani. versário do ataque ao quartel Monca· da, o ditador cuba no fez todos os esforços retóricos para impulsionar o que denominou uma "cruzada" (sic) para levantar o pais da prostração eco. nômica. O periódico "Granma". por. ta-voz do PCC, chegou a admitir inclu· sive que as dificuldades econômicas CS· tão causando "ma11ijes1açôes de irrita· çdo" na população. A solução propos. ta por Castro é ··1,aba/har mais ", ai. go que para a escravizada população cubana soa quase como um escârnio. Oregimequisj ust ificarem ccrtas ocasiões o atraso cm que se encontra a ilha como sendo devido ao embargo feito pelos Estados Unidos, e às neces· sidades de defesa. Mesa. Lago observa que estas circunstâncias "foram comnsados fa generosa ajuda so11iética, que supero, tanta em magnitude quanto em flexibilidade, o lo/ai da aju. da norte-americana ao conjunto dos pa· Ises latino-americanos durante os gene
rosos unos da Aliança pura o Progresso" ( 12). E, por outro lado, o economista cubano no exHio, Alllonio Jorge, em seu estudo acima mencionado, acentua que a Revolução castrista frustrou as excelentes expectativru; de desenvolvimento econômico em fi ns da década de SO, produzindo-se com isso um "enorme custo social" . E acrescenta esse autor: "Só assim será
/\',,,,,.arn6nto,-a~
~-6,,l<fudilado.-cuh<,foram 1tif,CK,./n 1"'"" i,n1>Mir (Mm parojwtific,,r... )
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.. Tnlt>n•jo....,..,,,ada,,a. ~~do..-.
wn~ltuquaú nãafoô mad pcwíwlllimpr""""'"""'inuar a~-loromawitlltkr
~.4olooo.ft,fo~ cmlf!d.o f'i<kl.
possível aquilatara magnitu-
de do preço pago por esta experilncia frustrada"( !)).
Considerando o trágico e desolador panorama sócio-econômico cubano, facilmente ressaltará para o leitor a idéia de "fracasso". Confessamos que, embora o conceito seja mais do que justificado ao ser aplicado à realidade da ilha-prisão, relutamos em utilizá-lo sem mais. De fato, cem sido 1al o papel de Cuba como instrumento do comunismo internacional nestes 30 anos, que aos revolucionários pouco lhes importa esse juízo, tendo em vista os resultados a lcançados em matéria de expansão comunista nos quatro continentes.
Seria pouco dizer que Cuba jaz hoje numa incon1es1ávet prostração econômica, e que seu estado é o de urna avançada desagregação social. Assim como os antigos pagãos imo lavam vítimas humanas a seus idolos, assim nos vem hoje à men1e a imagem de um povo que, em seu conjunto, foi entregue
for growth"," l»t,communism", pp. 161 e u .;arespeito, podemKroonsuttados "Cu bam thc70s: pragmafrsm and insti tutionaliution",1971,2' cdiçto, UniY.Of N~M CJCico Prcs,;c"lbcCOJ110D1YOf10ciatistCuba:at,..odecadc1pprai:Jal", Uni v. ofNc,.. Mc.,cico Prcu, 1981, do mcsmoau1or,C(lmdcsmvolvimcntomail profundoiObre a ma1éria. (l)Mcsa-Lago,0p.ci1.,p. l61. (4) Mn.a.- Lago,op.cit.,p. 161. (5) "ldeolou planning, cffi. cimcyandgro,..th: chanae .. ilhout dcvdopment", Anlonio Jorge, "Cuban Communiim", p. 311 . (6)Mcsa·Lago,op.cit.,p.162. (7)'ºTheWashingtonTimes", 16-1-87. , (i) "Le Courrin de la Libcrt~", j11lho-qosto de 1936, Munich, ediçto an Hng111 fran«Sa . (9)AntonioJorsc:,op.cit.,p. 290. (I0)"Cubanc.,codus- 1980:thc C(lntcu",Bo.rry Sklar, "The political economy of thc Wn!em Hanispherc", U. S. Governmcnl Printing Offi -
Ôii'~''.~1t~~~~:·2~~ka1. (12)Me1a-La,o,op.ci t. ,p. l8I. (I J) An lomo Jorge, op. cl1..
p.
310.
Ronda do Pecado Mortal
A lição do vitral
NO SÉCULO XVIII, a outrora catolicíssima Espanha erigiu uma Confraria denominada ÜRonda do Pecado Mortal", que visava uma forma quintessenciada, e hoje esquecida, de caridade: alertar os pecadores sobre o 1errlvel estado em que se encontravam. Seus componentes percorriam as escuras ruas das cidades adormecidas, com pequenas lanternas na mllo, fazendo soar uma sineta de tom plangente e cantando salm6dias. De quando em quando, paravam e bradavam uma advertência: "Essa culpa que con,etes - olha atento e considera - poder;\ ser a últlnu1 de tua vida". Mais especialmente se detinham os ÜHermanos dei Pecado Mortal" diante das casas em que se jogava e se divertia. E nas proximidades dos a ntros do pecado, junto ao covil de delinqüentes, clamavam: ÜAlma que estãs em pecado, se esla noite morresses. pensa para onde irias". E conlinuavam seu lúgubre cortejo ... Quanto teriam que bradar, hoje em dia, esses lrmllos diante de tantas casas de espetáculo. em que a mais 1orpe imoralidade é ostentada desinibidamente; ante as modas indet.:orosas; em face de programas de rlidlo e de teleuisSo Junto aos hos ltals onde nlo raro crialuras inocentes slo assassinadas mediante o aborto!
NA CATEDRAL de Lübc:d<. cldadc portuirtll da Alemanha OCldental, hl um rirnl com esta slgnlflcarlw lnscrlçlo,
Tu ME CHAMAS
Me1tre e nio Me obcdcca, Luz e nlo Me vh,
Caminho e nlo Me segues, Vida e nlo Me desejas, 5'bio e Dio Me cscuw, Amtvd e nlo Me amu, Rk:o e Rio Me Invoca, Etcmo e nlo Me bascn,
JIIIM e cm Mim nlo contias, Nobre e nlo Me serves,
SeaborenloMcado-
sc Bu te condcnlr, nlo Me culpes!
CATOLICISMO JANEIHO 1989 - 7
PLINIO CORRÊA DE OLIVEIRA O l'rof. l'linio Cor..en d" Oliveira diriflll
J>a/ao,r,u
dfl "l!rtuledmento
a-,ki,,..,"""l""r<UU>U,,UUTl-1',eO#l..,Wl{'<~•ef.,.._ "" fim do /iumenà§em que lhlll foi. ""'"ªd" na Ca,n de Ponu11al
80 anos de existência 60 anos de militância católica
EM
NOSSA ÚLTIMA ed;ção, ded;camos mm àquele cuja v;da consi;rn; uma trnjctõ,;a ,et;a capa e onze páginas em homenagem àquele que llnca e desassombrada na defesa dos mais sacrospode ser considerado a própria alma de nossa re- santos ideais. vista, o Prof. Plinio Corrêa de Oliveira. As priEm 11 de dezembro último, realizou-se um meiras cinco páginas foram reservadas à rcprodu- concerto da fanfarra dos Santos Anjos e do coro ção, com pequenas adaptações, de um capitulo São Gregório Magno, na igreja de Nossa Scnhodo livro da TFP, que se encontra no prelo, "Um ra Auxiliadora, na capital paulista. Eram homenahomem, uma obra, uma gesta". Tal capít ulo res- geados nesse ato, o grande São João Bosco, cujo salta um aspecto da personalidade do Prof. Plinio centenário transcorreu em 1988, e que conta com Corrêa de Oliveira: o homem que ao longo de ses- numerosos devotos nas fileiras da TFP, e o Prof. senta anos de militância católica soube prever, desPlinio Corrêa de Oliveira, pelo transcurso de seu mascarar e recusar os sucessivos modelos politicos, 80º aniversário. direta ou indiretamente perniciosos, que foram scnA regência do conjunto de metais e do coro do apresentados ao grande público. esteve a cargo do diretor da TFP, Sr. Caio VidiAs cinco páginas segu intes reproduzem, cm gal Xavier da Silveira. O Sr. Phillip Calder, sócio ordem cronológica, trinta fótos do insigne aniver- da TFP norte-americana, encarregou-se da exccusariante, que constituem, como o titulo da matéria ção do órgão. bem o diz, "' ílashes' de uma existência - lances Sócios e cooperadores da TFP brasileira e do 'bom combate' do Paladino da Contra-Rcvolu- de entidades coirmãs e afins existentes em todo o - - ---<="~ - - - - - - - - - - - -JUuodo...hem..co.IDo fiéis da paróquia de Nossa SeNa presente edição é para nós imensamente nhora Auxiliadora lotaram o espaçoso recinto da grato noticiar várias das homenagens que se presta- igreja.
À effjuUdfl, encerromfo fl dcfo de hmnenoge,u, 16ci'ou" coaper,.dare• da Tl-"P, em ,r,._;e. 1I. gfJfo, e<>n• d11sem a imn,-em de Noun !knlwm d,, 1-'álima, na Hde ""1.e1lo S11m, em 14 de Msembro (Jltimo, e11• q11QnM "núi1icm /0,-0I de tinificW ilumi11Qm o e,!u. Acima, numero10 público lolou o recinlo da ~ja <Ul Nm,,. S.nhorQ Auxilladoro. No allo, a direi1a, o• c,,mponcnte1 dn fall[t1"0. doa S,o,IOI A,VO, e do e<>ro Seio Cre1tór'W /lla/f'W, en<'l!rflª"do /rafe• de ,-ala, ....-ecularam peç,u M dm compo,/10,..,, de mli,icn coral e in1lmmentt1/. À direita, srande nlimeM de $á<:i,u e c,,01,erodore• d,u dil>fll'l'IU TFI'• e enfidmle1 ef,M c..mpo.receu "" nadilórfo ,la Ca.m ,h l'Qrf~al e npfo .. diu com en1wi,umo u audio~üual que o.pre1en/1>u a1pec1<11 1alien1e1 dn .,;do. da i111l,-n f< 1>e111odarco1ólioo.
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O programa, que se iniciou com o majestoso "Exultei", de compositor anônimo do século XI II , executado pela fanfarra e pelo órgão, incluiu peças consagradas de mllsica coral, tanto gregoriana quanto polifônica, como também composições orquestrais e para órgão. Merecem menção, entre os famosos compositores que figuravam no programa, Tomás Luiz de Victoria, compositor espanhol do século XV l, Heinrich Schütz, mllsico alemão do mesmo século, Henry Purcell, compositor inglês do século XVII, Jean-Baptiste Lully, compositor italiano da corte de Luís XIV, além de Arcangelo Corelli, italiano, e Marc Antoine Charpemier, francês, ambos do século XVII. O concerto encerrou-se com a Marcha Pontificia, cuja música é de autoria do compositor francês do século XIX, Charles Gounod. A primorosa execução da fanfarra, do órgão e do Coral São Gregório Magno produziu profunda e grata impressão na numerosa assistência. No dia 12 de dezembro, foi projetado um audio-visuat, que focalizou aspectos da vida do insig-
ne pensador católico, ressaltando os principais lances dos sessenta anos de sua militância católica. Sócios e cooperadores das várias TFPs e entidades afins, que lotaram o vasto salão da Casa de Portugal, acompanharam com calorosos aplausos os episódios de toda uma vida votada à defesa da Igreja e da civilização cristã. No dia 13, data em que o Prof. Plinio Corrêa de Oliveira completou oitenla anos, foi celebrado o Santo Sacrifício da Missa, em ação de graças. O ato contou com a presença de grande número de sócios e cooperadores da TFP brasileira, como também de TFPs e entidades afins de diversos palses. No dia seguinte, ainda no ciclo de homenagens, realizou-se magnífica cerimônia na Sede Praesto Sum da TFP. Nessa ocasião, sócios e cooperadores da entidade, envergando seus trajes de gala, fizeram uma variada apresenlação de cânticos e marchas, acompanhados pela fanfarra. Uma profusão de fogos de artifício, que iluminaram o céu com seus artlsticos desenhos coloridos, coroou a cerimônia.
CATOLICISMO JANEIRO 1989 - 9
A prova do Carlxmo 14 teria demo,1strado qite o Sitdário de Titrim não é autêntico? t ao menos o que se esforça por faz.er crer a mídia anticat61ica. Nosso correspot1den te em Roma, situado no país-chave da polêmica que ora se desenvolve em âmbito internacional, e dispondo da melhor e mais atualizada documentação, mostra que a referida prova não s6 é francamente objetável, mas tem sido muito objetada por renomados cientistas, especializados no assunto. Sua colaboração está dividida em três artigos, que focalá.am os aspectos fundamentais dessa temática, a qual tem produzido vivas reações não s6 em ambientes cat6/icos, mas também na opinião pública em geral.
o SANTO SUDÁRIO DE TURIM hi,m \fi,:ue/ \/,,11te1
,,,..,,,,,.,,,,,.,,,,,,,.t,,,ue
Uma campanha de imprensa de origem anticatólica OM A - Quando no mês de abril do ano passado, com autorização do Cus1ódio Pontificio do Santo Sudário de Turim, Cardeal Anastasio Balestrero, 01 reco a o e um dos bordos do sagrado linho um fragmento de poucos centíme1ros quadrados
R
uma habilidosa falsificação efetuada na Idade Media. Tal noticiário chocava-secomo uma onda dessacralizante contra a amiga 1radição, transmitida pela Fé de gerações, que sustenta, pelo contrário, tratar-se o lençol de Turim do próprio Sudário que envolveu o corpo do Divino Redentor na sepultura, de acordo com a narração evangélica. Esta crença viuse reforçada nos últimos anos por numerosas provas científicas, ori undas dos mais variados ramos da ciência e obtidas com sofisticados instrumentos contemporâneos, que se pronunciaram, cm coro, pela completa verossimilhança dela à luz de numerosos dados científicos . Sem considerar o fato , altamente expressivo, de que a Igreja elevou oficialmente o Sudário de Turim às próprias glórias da liturgia, celebrando desde o século XVI uma específica MissadoSamoSudário, além das várias demonstrações de amor e veneração que, por séculos, prodigalizaram-lhe pontífices, santos e o povo católico em geral.
para ser submetido à prova do Carbono 14 - quer dizer, · ao método mais autorizado que a ciência tenha até o momento descoberto para averiguar a antigüidade de o -jclosliislõ71c s n orgânica - não se podia imaginar que este acontecimcntodessc lugara umaace-
sa polêmica, que teve como conseqüência colocar novamente em realce as características extraordinárias dessa relíquia. Efetivamente, uma sucessãodenotlciastendenciosarnente publicadas em todo o mundo durante os meses de agosto e setembro, afirmavam unanimemente que os resultados ob1idos pelos laboratórios encarregados do exame do Carbono itt.mn:onctuirque o linho era de manufatura medieval e, portanto, a imagem es1ampada neste seria
Um comunicado perplexitante Nocontextoacimareferidodeorqucstraçãopublicitária, o Custódio da "Sindone" - chamada assim pelos Evangelhos - , diante de numerosos jornalistas de todo o mundo, a 23 de outubro Ultimo, leu um comunicado oficial sobre o resultado da prova que, segundo a eloqüente expressão do sacerdote jesuíta Salvatore Lentini no "Corriere della Sera", "explode como uma bomb,r'-( I .
O comunicado do Cardeal Ballestreroafirma, resumidamentc, que os laborató-
rios encarregados da "dataçtlo" do Sudário com a prova do radiocarbono transmitiram-lhe ''jinalmente"seus resultados, estabelecendo "com 9H', de probabilida· de" a antigüidade do lençol ent re os anos 1260 e 1390 d.C. Em seguida, o Cardeal Ballestreroafirmaquea lgrcja reitera seu "respeito e i·e-
neraçdo a este venerando ícone de Cristo"; declara que a prova do radiocarbono
não resolve o enigma aberto sobre o modo pelo qual se formou a Imagem no linho e lamema-se de que as notícias antecipadas nos periódicos insinuavam que a Igreja, por medo da ciência, estava escondendo os resultados. Nousodoadvérbio "finalmente" e cm sua queixa pelas "notfciasqueforamantecipadas na imprensa" contém-se, insinuada mas clara, uma acusação do Cardeal Ballestrero aos responsáveis pela investigação cientifica - o Dr. Michael Titc do ''British Museum" que devia coordená-la e/ou os laboratórios que nela tomaram parte (2) - de terem rompido o compromisso assumido de revelar somente ao Custódio os resultados finais. Não foram poucos os comentaristas do comunicado de imprensa oficial que viram no mesmo um esforço da parte da Igreja para por dique a uma verdadeira campanha de imprensa de contornos anticatólicos. Porém, qualquer que tenha sido a intenção subjacente,aodaràluzosrcsultados por meio de um comunicado oficial, este não conscguiu amainar a rcferida campanha de imprensa. Pelo contrá rio, inúmeros artigos surgidos nos maiores diários italianos depois do comunica-----do- mostrav:am...Llgrej mo uma mestra de esplrito
anticientifico, cúmplice de toda sorte de "técnicas" de engodo popular colocadas em funcionamento nos séculos passados, particularmente na Idade Média, e que ficavam definitivamente denunciadas com o exame do Santo Sudário no radiocarbono. Fizeram-se ouvir vozes que - fazendo caso omisso das anteriores provas realizadas com a Santa Sindone - pediam, cm nome da coerência, submeter a análises cicntíficas 1odasasgrandesrel!quias da Cristandade (3). Houve até quem , numa desabrida demonstração de jacobinismo, chegasse a convidar a Igreja a esconder todos os seus "esque/etog no armário" (4).
Sindonólogos reagem Maspassadasas diatribes demagógicas e arrogantes, elas sim verdadeiramente anticientíficas, da "intelligentsia" anticatólica que atua sob proteção das pági-
nas de certa grande imprensa, fazem-se ouvir agora os pareceres de numerosos ''sindonólogos", religiosos e leigos, que dedicaram anos de suasvidasàanálise doSudário de Turim . E que de modo quase unânime manifestam seu desencanto, ou pelo modo como foi conduzida a prova do radiocarbono, ou pela falta de garantias que apresenta dito método aplicado ao caso especiíico do Samo Sudário, ou ainda por toda a manipulação que caracterizou a informação em torno da prova. Tombem com um tom de amargura e decepção os estudiosos da Síndone receberam o comunicado oficial de 23 de outubro. Os dados resultantes de tantas outras provas científicas realizadas com o Santo Sudário, e que falavamafavordesuaauten. ticidade, não 1iveram o privilégio de serem divulgados ao som das caixas de ressonância de alcance mundial, como ocorreu desta vez.
E o que dize r da quali· ficaçãode "fcone' '{represcntação em superfície plana da figura de Cristo, da Vir· gem Santíssima ou de um santo) atribuida ao Sudário de Turim no comunicado? Para o Dr. Luigi Malatrucco, radiologista romano e responsável cientííico do gru. pode coordenação ''Pro Síndone", taJ asserção encobriria uma incoerência. Com efeito, afirma Malatrucco, todas as provas cientííicas realizadas dcsdc !978com aSíndone revelam que o lençol não poderia ter sido pinta· do e que a Imagem foi pmduzida pelo cadáver de um homem horrivelmente tortu· rado e submetido a morte violenta. Como é possível então admitir, pergunta ele, o resultado do Carbono 14, e chamar o Sudário de " verlerando fcone", se para proceder a sua elaboração na Idade Média alguém teria de previamente atormentar e crucificar o homem que está impresso ali? (5) Tampouco faltaram pronunciamentos de censura porpartedcvozes alheias ao estrito campo da ciência, mas de algum modo autorizadas, como a de Vittorio Mcssori, cujo livro-entrevista com o Cardeal Ratzinger, sobre a situação da Igreja ''pós-conciliar'',adquiriucclebridade mundial. Messori, em sua coluna semanal, na primeira página do diário ''Avvenire''- depropriedade da Conferência Episcopal italiana-dizquenãoparticipa da opinião do Cardeal Ballestrero de que "o vere-
dicto nllo terá conseqüências SecontloPia, oad006adoqr,e, /Ol<JKraf..,.dooSt,.,.10S...Urioe• 1898.~110 ~~a1lro/""'-~-, ,,.,lo prilfleira
Hi, • ~ ' " '
- ,;:;!!"::s.~.,,-o,-_---,--o_~~-CATOLICISMO JA NEIRO 1989 - 1.1
pastorais" e que não consegue entender o tom "desmitificante" das explicações dadas à imprensa pelo Purpurado. (1) Padre Salvatore Lentini SJ.
"Questascienzapusbagliare:laSin· done C vera", '"Corricrc dclla Sera",20-11-88. (2)0slaboratóriosC11carregados de efetuar a prova foram os das UnivcrsidadesdeOdordcTucson (Caliíórnia)eodo Po!it&nioo, de Zurich ())Cfr. poru. "La Repubblica", 15-10-88. Titulo: "Eis aqui as mil
rellquiasnamiradaCiência".Subtltulo: "A prova do radiocarbono ameaça a Itália dos milagres: desde o sangue de São Gennaro à Cruz de Jesus". Tum Mm: "Que faremos oom as outras relíquias?'', "UStampa", 17-10-88 (4)AlfonsodiNola."VivalaChiesache si libera di un pc:ro inutili lc reliquie", "CorrieredellaSera", 17-10-88. (5) "Rabbia. Dubbi e Delusione", in "30 Giorni", n• 11, Nov. 88.
AfirmaçiloigualàdoDr.Malatrucco ~ado Prof. P. Baima Bollone, diretor do Centro Internacional de Sindonologia, "La Stampa Sera", 17-10-88.
zionale di Sindonologia", completado por informações da Professora Maria Grazia Siliato,presidenteda "Associação de Arqueologia e Antigüidade Clássica e Pa\eocristã", que é também sindonóloga de fama internacional (2),
1) As características do 1ecido são semelhantes àsdetelasachadasnoüriente Médio que remontam a dois mil anos atrás. Tecidos
o defunto com um só lençol preso à cabeça.
3)
A imagem "sindônica" é um negativo, como hoje todos sabem. Mas esta técnica foi descoberta somente no século XIX. Além disso, a imagem impressa no Sudário não é um negativo comum, pois mediante a elabo· ração eletrônica pode-se obter dela uma figura tridimcnsional. O que não sucede com as fotografias comuns.
Os resultados científicos anteriores ESDE QUE cm 1898 diversasunivcrsidadcsclaboo advogado Secon- ratórios, entre os quais o do Pia fotografou da Nasa) e o "Centro Interpela primeira vez o Sudário nazionale di Sindonologia" deTurim,descobrindonone" de Turim. gativo de suas fotos a Imagem "positiva" do chamado "Homem da Síndone", o Santo Sudário foi objeto de contínuas investigações, despertando uma imensa curiosidade cm diversas gerações de cientistas.
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Mas foi a partir de 1969, e mais especificamente de 1978, que a Síndonc foi examinada e submetida a rigorosas provas por equipes de investigadores de diversas disciplinas que, munidos dos mais sofisticados aparelhos, chegaram a conclusões bastante harmônicas entre si, e harmônicas igualmente com o relato dos Evangclhos sobre a Paixão e Mortc de Jesus Cristo. Estas experiências e seus resultados
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único que, isoladamente, entra em contradição com um caudal de conclusões interdisciplinárias, resultantes de esforços ingentes de investiga-
~;~d~ai~~~~m~n~~~~c~~ ção. Para tal resumo, sigarios em revistas e livros espe- mos o elenco dos resultados cializados, e tendo sido leva- básicos, perfeitamente com-dos-a~bo-primor.dialmen,te-\-=l""-''""-DL>.hoks+ pelo "Shroud of Turin Research Project" (um grupo de cientistas americanos de
Coma poderia 11111 fal,ifu;Bdor medie,,., / uma iM~em "m 11e,;111i~" ..,1,re ""' tipo de li,,Ju, ,k.c,,nlu,ddu enlãu nà Europ<J? Tttido cuj<, lralll<J apnrc111a, atkm<J<f, comp~xidade d,, deunlw, (wm p<mra em forma tk e,pin/i<J de peixe, em ~ig-•<J6), o, quaio ~mon fam apro.,:i,n<Jda,
....,,.,., .. 13oa.C.?
com semelhante trama não ~~n~n~i;;r:gi 1~u-
4)
A Imagem, cxposta à análise de microscópios eletrônicos, revela que não - ~,~ - - - -4uma.pintura,.p o ~ Há correspondên- sui cor, como também o eia entre o Santo Sudário e mais mínimo traço de pinceo uso hebraico de envolver lada.
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5)
É impossível obter uma impressão semelhante à existente no SuJârio, com matrizes de metal quente ou com qualquer outro artifício.
6)
sistentcs cm obter mostras de pólen aplicando pedaços defitaadesivaàSlndone, revelaram depois de ci nco anos de análise que os pólcns pres<'ntes no linho pertencem, em 750Jo, a 49 espécies de plantas que só existem na região da Palestina; provindo os restantes pólens de plantas das regiões por onde, segundo a tradição, o Sudârio esteve (Turquia, Grécia, França, Piemonte).
A preser.ça de dois objetos pequenos e redondos aplicados sobre as pálpebras do "Homem da Sindone" - impossíveis de serem percebidos a olho nu - foram identificados com amplificaAs feridas dos dores eletrônicos ispeciais. Trata-se, na da direita, de cravos não estão nas palmas uma moeda de Pôncio Pila- das mãos, como é representatos, cunhada entre os anos do Jesus Cristo crucificado 29-32 de nossa era, e na da pela iconografia medieval, esquerda, de uma moeda de mas na região próxima ao Tibério, cunhada somente pulso, em lugar onde é possível garantir uma sólida susno ano 29d.C. pensão do corpo. As contu7)osescritosidcntifi- sõesda ílagelaçãocorresponcados em várias partes do Su- dcm perfeitamente às que dário, em caracteres unciales um "ílagrum" romano promaiúsculos, correspondem vocaria. a um tipo de escritura só emO corpo envolvipregada no primeiro século. do no sudÍrio não foi rc1ira8)Aprcsençadcsan- do dele por nenhum meio huguc humano de tipo AB, in- mano, e tampouco foi enconcomum entre os europeus trado pelos cientistas da Naocidentais (apenas 307,), é bastante freqüente no Orien-
11 )
12)
ne estarem unanimemente de acordo sobre a excepcionalidade do caráter tridimensional que se pode obter submetendo a imagem impressa no Sudário a um analisador eletrônico de imagens denominado VP-8, existe entretanto a este respeito um problema ainda não resolvido. Não toca ele em nada o essencial do relato his16rico a respeito da autenticidade da Sindone, mas versa sobre o maior mistério que esta ainda encobre para a ciência, ou seja, sobre como pôde formar-se a Imagem no linho. Justamente, com base na tridimensionalidade, alguns conceituados investigadores sustentam a tese de quesóumafortíssimaradiação luminosa pode deixar tal impressão, o que bem poderia harmonizar-se com a luz emitida por Nosso Senhor no momento de Sua Ressurreição. Ouiros, pelo contrário, afirmam que a Sindone testemunha a Paixão de Cristo até o umbral de Sua Ressurreição. Quer di-
te.
9)Graçasàs rccentementc descobertas leis da hemodinâmica, ou seja, da circulação do sangue, foram idcntificadasmanchasdesangue de origem venoso e outras de origem arterial, confirmando as feridas que o "Homem da Síndonc" recebeu pela colocação de uma coroa de espinhos e pela íla- sa qualquer sinal de corpo gelação. Do mesmo modo em decomposição, apesar foi também identificada - dos patólogos afirmarem trapela presença de soro de san- tar-se de um cadáver. gue cadavérico- a ferida iníligida no tórax por um objeto contundente. O bom senso
•
M~tfoc,"'lwda porPonr.WPiJal,~en• 1u29i,32d..C.,r.11ja ,...,tta/Wfklttf'148 nooll,od.o"H_i,,..@Sú,d,,,.,i,". O Prof. F,.,.n, L. Fila,,d.ol/niffmdadel,oyola de C/,k~u.j11',aq11~ por ral
proa,..,.., po,k de1erminar a
d,(l,1aduS..d.ório.
zer, para estes Ultimos, a Imagem formou-se pela inte~:çsã~1! e ~aº~i~~;,g~~n:~:
a 36 horas. Isso viria explicar a Imagem universalmente conhecida de uma figura majestosissima,sereníssima, mas em estado de "rigor mortis". Deixando de lado esse interessant[ssimo assunto e considerando com toda objetividade os dados pacificamente reconhecidos sobre a Síndone, pode-se perguntr:: como seri .. possível a um fal~ificador medieval, alheio aos modernos conheciméntos sobre a circulação do sangue, sobre o pólen, sobre a numismástica e a paleografia do !empo de Nosso Senhor, imprimir uma imagem em negativo sobre um tipo de linho desconhecido então na Europa? É crível. ao mais elementar bom senso, a falsificaç11o de uma imagem que só seria vista em sua inteíra realidade vários séculos depois, com o advento da fotografia? Além disso, o que dizer da perfeição anatômica do " Homem do Sudário", totalmente fora do contexto da arte medieval? Basta comparar dita perfeição anatômica com um certo primitivismo da pintura - se bem que excelsa- de Giono, talvez o mais completo dos artistas que viveram nesse período, no qual a recente prova do Carbono 14 localiza o linho da Sindone (3). (l)Um suMlanciosoartigoarcspdto, de autoria de Bmoi1 Bemdman s, íoipublicadocm"Catolici1mo··, n° 448.deabrildc 1988,sob otltulo"OSamoSud!triodeTurim - tcs1cmunllodaPaixlo,Mor1ec RcssurrriçlodeNossoScnllor". (2) Picrluiai Baima Bolk>M. "Un
~:,~~;;;_s;;:;~·~!:~/::
1 ::•:;:: to, "Per quwi mO(ivi
la
questione:
~~;~ºlr~~:i~~:;~;,~-~~~i~:
- - iw~o~,~~~,"~doo~,ru~,--~·~·w~·~~~----~d.~,oc~:~:~~i~:~,"~~~.~~:~~~·:~i¼~~i~~~.,~.=="=-=m~~~tg~: F:!f~~:~~is, :~~
tas qu~ã~~i~:~~:o:~:;~~:
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CATULICISMO JANEIRO 1989 - 13
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NALISEMOS agora aparte mais substancial da polêmica destes dias em torno ao Santo Sudário. A prova do Carbono 14 nele realizada, vem sendo categoricamente contestada em todos os meios cientlficos onde há estudio,os do Saoto Sudádo d, Turim, por ter sido ela efetua-
A
O Santo Sudário de Turim
O Carbono 14 não é um 't do ' l
:d~~~~ºe~~i~:~ ~:t;~~ inventor desse método (1947),
0
o prof.W.FrankLibby, ha-
___m_ e_ O___C_O_R --L_a_ V_e______i-;.;vi~~~~~~~~~el
no caso do Sudário
ne de Turim, por considerar
que o Carbono 14 não daria uma resposta segura no caso (!).
Prova de validade objetável Mesmo supondo que essa t&nica tenha conhecido progressos desde então, os cientistas sindonólogos consideram que seria neccssário fazer previamente uma sfrie de outras provas, perfeitamenteaveriguadas, comtecios·de-diversas-épocas1 e-sub----metidos posteriormente a mu-
-
dançasambientaiseàabsor- qüência deste, hajam nova. va de seriedade e objetivida- que alguns investigadores ção de materiais estranhos, mente alterado o quadro de de cientííica o terem permiti- atribuem à prova do Carbo· anãlogas às sofridas pelo presença de carbonos no San- do que - contra os acordos no 14, independente de qualassumidos- fi ltrassem notí- quer aplicação. Apenas coSan10 Sudário, com o fim to Sudário. de verificar como se comporOs sindonólogos fa. cias à imprensa antes da en- mo exemplo, citemos o Protaria o método ante tais ex- zem-se hoje as mesmas per- trega dos resultados ao Cus- fessor Don Giulio Pace, desguntas: foram os cientistas tódio Pontifício? Ou o não tacado sacerdote e homem periências. Com efeito, para que encarregados da prova com se ter consent ido que a lgre- dcciênciasdaOrdcmSalcsiaa provado Carbono 14 dê re- o Carbono 14 informados jamandasseseurcpresentan- na. Afirma ele que a teoria sobre a qual está construída sultados confiáveis, segun- de todas essas vicissitudes, te aos exames? (2) A estas perguntas.cu- a prova do Carbono 14 condo os especialistas, é necessá- historicamente documentario realizá-la em um mate- das? É seguro que a parte jas respostas parecem obvia· tém diversos pressupostos inrial assép1ico, livre de ele- do lençol entregue aos labo- mente negativas, seguiu-se demonstráveis cientificamcnmentos que tenham podido ratórios não estava constituí- a conclusão categórica feita te, o que explicaria certos impregná-lo de resíduos de da por alguns fios pertencen- por muitos dentre os sindo- clamorosos erros resultantes carvão. Tui pode ser o caso tes aos habilissimos remen- nólogos mais importantes: da prova. Entre outros erros de múmias egípcias que se dos feitos na relíq uia pelas a prova do Carbono 14 efe- documentados cm seu estudo (3), Don Giulio Pacc, cituada no Sudário de Turim conservaram intocadas nos monjas clarissas de Chamlugares funerários originais até o momento de seu descobrimento, ou então de objetos encontrados sob a terra, ou em grutas. A Santa Síndone, pelo contrário,foicxpostaàveneraçãopúblicanumerosasvezes,recebeu fumo de cirios ede incenso (o que certamente a impregnou de carvão), foi beijada c tocada com as mãos (outra fonte de carvão, pois ele se encontra presente em matérias orgânicas como o suor), cm 1503 foi imersa cm azeite ferven te por iniciativa de alguns ChamWry, 1532. O Santa S..ddrio, então a( cwladiadu, M,freu a(Jamm queimadunu, em co,,uqülnc/.11 d,i ""' indnJW. bispos que quiseram ,hin'luucltuiua.oore•end(Jrun, rom co,~ Tt....,iidnf.,.,túueremt ,,,,.,, wuomiMdm-dia111ea,,,.,_ ,J,,C..rlxmo 14? comprovar se a impressão era indelével (uma razão a mais de impregnação). Anos bcry, após o incêndio no sé- édeumavalidadecientífica ta ndo a revista "Science" mais tarde, em 1532, um in- culo XVI? Por que não fo- altamente objetável. (n" 22, 1984), refere-se ao cêndio na cidade de Cham- ram dados aos executores exame do Carbono 14 feito bery - onde o Sudário era do exame diversos tecidos na carapaça de caracóis ainProva de valor conservado pela dinastia dos de diversas épocas, sem dida vivos. A experiência conSaboia, antes de seu uasla- zcr qual deles correspondia limitado cluiu ... que se tratava de caracóis mortos há 26.000 anos! do a Turim - derreteu seu ao Sudário de Turim, de marelieario-de--praur.-P -neira-que-os-analista,s-i,,<i<,--j-- lPara-não-nos-estende f.inalmcnle,-qucr--0-Di : . . que a água utilizada para sem tirar suas conclusões mos por demais, deixamos Michael Tite, do "British apagar o incêndio e o fumo do modo mais objetivo pos- deliberadamente de meneio- Museum", encarregado de que se produziu em conse- sível? Eéporacasoumapro- nar as limitações intrínsecas coordenar as provas, quer
o Dr. Roberto Hedgcs, diretordo laboratório da Universidade de Oxford (um dos laboratórios que as efetuaram), declararam unanimemente à imprensa que, na hipótese de a Slndone ter recebido uma descarga de neutrons, isso teria produzido uma quantidade suficiente de Carbono 14 para invalidar completamente a "datação" obtida (4). Ora, declaram autorizadas vozes de estudiosos da
no momento da Ressurreição de Nosso Senhor. O que, por sua vez, corresponde perfeitamente à Fé que, desde tempos imemoriais, gerações de católicos depositaram no
I sagrado linho, considerado o verdadeiro Sudário de Jesus. Como explicar, então, otriunfalismodegrandeparte da imprensa mundial ao anunciar a clamorosa "falsi-
ficação" eomonumemal engano aos quais se teria prestado a Igreja?
Mas deixemos de lado a ciência e a imprensa para contemplar por um momento a maravilhosa figura estampada na Sindone. Quem, vendo essa grandeza transida de sofrimentos, essa dignidade insondável no vórtice da humilhação, essa majestade tal que - na própria derrota da morte - se mostra qual Juiz vitorioso, poderá duvidar que o Varilo das Dores firmou com a Onipotência de Sua Divindade, Ele mesmo, Seu auto-retrato, impresso no Sanio Sudário de Turim até o fim dos tempos, para fortiíicar a Fé dos homens em Sua Pabtão, Morte e Ressurreição?
(l)P. SalvatoreLen1iniSJ,art.dt. (2)"AVVfflin: ... 19-9-88.0asses.sor científico do Cardeal Rallcsirero, Prok1sorLuigiG011ella, referiu-K ao oomporlamento incorreto do1 tiemi>lll encarregados de efe1uar a prova do Carbono 14, chegando a sustent ar que "tr<1torom0Corrfe. oi rom<1 ndo ousariam fatNo com o dilltor de um mus-t,u de provlncia", enue ou1ras roisas nao respeirnndoare!tl:rvacombinadacomcle, cdesronfiandodc1uapalavraa ponto de exigirem a presença de umobservadornomomeniodc~ oortaropedaçodaS!n<.loncquese ria submc1ido a exanic. Em romrapanida, nlo ronw.miram em que, duranteaprova,cs1ives'ICpf<:Knte ul11umrcprcsen1an1cda Igreja, (3) "Sindonc e Cl4", Prof. Don Giuliol'ace, Torino. 1988. (4) PemJcnninp,"Sindo~:Carboi,o crudcle", "30 Giorni", nº li, Nov. 1988.
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CWOdapelo&piriloPtuácliu,, aclO!«!fiowu,lriu«u/ordol1"Í" auS..nwSud,iriul,n'Ol,.,, ""'""i/"llarlÚl,nuilwm°""' eua ...lll>l!HrafÂO,
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16 - CATOLICISMO JANEIRO 1989
Esquerda católica prestigia suas vedetes A
esquerda católica rea/i:wu em outubro, na igreja de S. Domingos, em São Paulo, um chamado "Encontro de Teologia". Na verdade, tratou-se de reuniões promocionais, sobretudo do Pe. Gustavo Gutierrez (no dia 25), a propósito de seus 60 anos, e de D. Pedro Casaldáliga (no dia 26), para desagravá-lo do "pito" recebido
do Vaticano. O Bispo de S. Félix do Araguaia aproveitou ainda sua estadia na capital paulista para apresentar-se na TV Cultura, e receber homenagem na Câmara Municipal . Sobre o que disseram os dois corifeus do esquerdismo dito católico, ver os artigos que seguem. s PROPUGNADORES da Teologia da Libertação costumanÍ fazer muita demagogia em torno do pobre e da pobreza, apresentando considerações confusas e enigmáticas a esse respeito. Foi o que fez, por exemplo, o Pe. Gustavo Gutierrez, em palestra que pronunciou no dia 25 de outubro último, na igreja paulistana de São Domingos. Tratando de Mcdellin - a reunião do episcopado latino-americano realizada nessa cidade da Colômbia eml968-dissequetalreuniãoprocurou realizar a "intuição" do papa João XXIII "de anúncio do Reino em um mundo marcado por uma pobreza inumana, cruel". Medellin, segundo ele, considera que "conslruir uma Igreja dos Pobres (como dizia Jo{lo XXII/, porque a expressao é dele), de todos, mas malç especia/meme dos pobres é uma maneira de afirmar uma identidade eclesial". E acrescentou : "A pobreza, em úllima instância, significa a morte, morte física, morte c:11lt11ral"(*).
O
Por trás da demagogia da Teologia da Libertação sobre a pobreza O público q11e compallu11 â igrf'ja de S. IJ,,minffru, jl<lM anUtir o "Enc,mtro de Te,.fogia", da e,querda NUÍlica, em ou/ubr<J ú/li.,.,., l'êem-oe - 11/ilizBnd<Ne a lermo de D. Ca,a/dó/iga - num.,rom.o" ,.,.• ·" ..
Para se compreender o sentido dessa insis1ência cm relação à pobreza, cm nosso continente, é preciso lembrar eolo ia da Liberta ão coma o
em última anãlisc, o lucro - o dono investe contra a propriedada propriedade exploraria necessaria- de privada - que no entanmente o trabalhador, roubando-lhe to foi considerada por Pio uma parte do salário devido, que se XII e João XXIII como a transforma no capital. Em decorrência garaniia das liberdades indido que, afirma Marx, a riqueza de uns viduais - parece ter um fun(dos proprietários) se constrói às cus- do religioso. Oir-se-ia que tas da opressão de outros (os trabalha- ele vê, como os marxistas, dores). Com isso, o sistema da proprie- na propriedade privada a dade privada dos bens de produção causa de todos os males. acarreta necessariamente a injustiça, é Uma espécie de pecado oriinjusto estruturalmente. ginal não redimido por Nos· A única solução para acabar com so Senhor, e do qual a hua opressão do pobre, sempre segundo ma nidade precisa ser libertaMarx, é acabar com o regime que da· da . ria nascimento à pobreza, ou seja, oreEm seu livro, ao afirgime da propriedade privada, o capita- ma r que "o pecado exige lismo. Em seu lugar apareceria uma so- uma fibertaçllo radica{, mas ciedade sem propriedade individual esta inclui necessariamente (dos meios de produção) e sem classes. uma libertaç,7o polftica" {p. Seria o socialismo e, na sua etapa fi. IS)), o Pe. Gmierrezcomenta em nota de rodapé: "Sem na!, o comunismo. Em seu livro 'Teologia da liberta- fhe superestimar o alcance, ç,70, de 1971, que lhe deu fama, o Pe. é interessanle recordar a Gutierrez deixa bem clara sua identifi- comparaçllo feila por Marx caç!o com o pensamento de Marx, a entre pecado e propriedade respeito da pobreza. Escreve ele: "Os privada dos meiosdeproduúltimos anos na América latina carac- çtlo: devido a esta é que o O Pi. '""'"'º G11tffn-es, 11ral,,m,11 1ulo e-o o "poi" da terizaram-se pela descoberta real e exi- /rabafhadoré separado, afie- tiolofia da 1ib,,r111ff1a, fala1tdo dura1tle o ,;,:,.c,,,.tra" gente do outro: do pobre, da classe ex- nado do fruto de seu trabaplorada". E prossegue: "Essa desco- lho. 'Este acúmulo primitiberta, porém, só se d6 na luta revolu- vo - escreve Marx - desempenha na xistas. Mas se não se 1êm presente escion6ria que questiona desde a raiz a economia pofftica mais ou menos o se fundo de quadro da teoria marxisordem social e postula a neassidade mesmo papel que o pecado original ta, fica-se sem entender a que condude um poder popular e a construç,7o na teologia. Adao mordeu a maç4 e zem essas !iradas obscuras e demagógide uma sociedade igua/it6ria e livre" eis que o pecado fez sua entrada no cas a respeito dos pobres e da pobre(Vozes, Petrópolis, p. 2SI). Como se- mundo' - Das Kapital, /, Berlim, za na América Latina. Elas não s!lo rá essa nova sociedade? 1969, 741". fruto de um amor ao pobre, decorrenAcrescenta o Pe. Gutierrez que A lgrejaenquanto1al deveentrar te da caridade crist!I, mas da aceitação ela será "um a sociedade em que seja nessa luta contra a propriedade, contra do messianismo marxista. Não visam eliminada a propriedade privada dos as classes sociais. Diz o Pe. Gutierrez: a melhoria efetiva das classes mais pomeios de produç4o .... que gera a divi- ''Quando a Igreja rejeita a luta de clas- bres, mas sim a implantação do sociasao da sociedade em classes e a explora- ses est6 procedendo objetivamente co- lismo. ç4o de uma classe pela outra''(id., ib.). mo uma peça do sistema Imperante" Luiz Sérgio Solimeo Não se poderia ser mais ortodoxa- (p. 229). mente marxis1a ... O Pe. Gutierrez não íoi assim tão Mais à frente ele é ainda mais cla- claro na conferência da igreja São Do(•) Esta citação foi c,uraída de fi. ro: "Só a eliminaç4o de uma socieda- mingos; aliás, nem sempre os "teólo- ta magnética, cm nosso poder, que conde dividida em classes .... só a elimina- gos" da libertação são suficientemen· tém a gravação da conferência do Pe. ç4o da apropriaç4o privada da rlque- te expl!citos ao expor suas idéias mar· Gu1ierrez . .z:a criada pelo trabalho humano, pode dar-nos as bases de uma sociedade mais justa". E vem a conclusão: "Por isso é que a elaboraç,7o do projeto histórico de uma nova sociedade toma, cada vez mais, na América latina, o rumo do socialismo" (op. cit., p. 26)). CASALDÁ LIGA, a propósi- ja dos padres dominicanos, num "Ento de um "pito" - a expressão contro de 'Ieologia". Ao Encontro eslié dele - que teria recebido do veram presentes também outras "estreUm pecado original Vaticano, esteve em São Paulo para las" da 1eologia da Libertação, como não redimido serdesagravadopetaesquerdacatólica. o Pe. Gustavo Gutierrez, peruano(•). - - - - - - - - - - - -+-----ae.rttetpou-do-pr-ograma---!-!Roda+---'J-JOcda<l,o...dc..S-Eé.lix..do....Ara:...__ O misticismo com que esse cha- Viva" da TV Cultura, em 24 de outu- guaia foi muito cauteloso, procuranmado "pai" da lcologia da Libertação bro, e dois dias depois falava na igre- do evitar um choque frontal com a San-
Um Bispo com vergonha de ser cristão
D
18 - CATOLICISMO JANEIRO 1989
veis. Queixou-se att de q ue, por ocasião deste "pito", teve de dar, em S. Félix do Araguaia, explicações cuidadosas.
Novos "eclesiais" Na igreja de São Domingos, D. Casaldáliga parecia sentir-se em casa, contando com a solidariedade do público (aproximadamente 1.500 pessoas), no qual figuravam cerca de duasdezenasdc Bispos. Estes, att o dia anterior, participaram de um curso de "reciclagem", num Encontro em Embu, na Grande São Paulo. Extravazou sua ternura pela "querida Nicarágua" e aproveitou paracricicaracolonizaçiloibl!ricanaAmtrica Latina: "500 anos decaravelas, dedesenganos e de invastlo, de boa nova e de má notiD. C...IJ,ili,1'41 ~,1;., q"" nd o "' ,.,,_,.,,.,_,., «- ..,., af,n,u,eia .... roubando a terr,o: "•l"""' """"' "''"ona, ""'a Ulf• ...,,.,.,......,.,.. ..,, rri,ldo''. ra, matando o povo". É sua surrada tese de que os colonizadores foram invasores-ori1!1 st, salientando mesmo que João ginada de seu horror á civilização crisPaulo li e ele estavam de acordo em ta, da qual ainda existiam, em 1500, largas e importantes parcelas na Europa. muita coisa. Mas sua ira não se dirigiu apenas Pouco apoio nas bases contra o efeito que t a civilização cris• tã, atingiu também a causa, a Santa Igreja. Analisando a Histó ria da lgreDe outro lado, portm, mostrou- ja destes SOO anos, observou ele: "A se bastante sensível às manifestações gente sente remorso, uma certa vergode solidariedade recebidas. Agradeceu nha - vocês nllo se espantem - de à TV a oportunidade que lhe dava de ser cristfJo". fazer propaganda de suas idéias, e na claro que, tratando-se de D. igreja de São Domingos, onde, grosso Casaldáliga, ninguém se espanta com modo, se reuniu o que a esquerda cató- essa afirmação. O que espanta t outra lica tem de mais represemativo no Bra- coisa: que um Bispo com tais concepsil, afirmou: "Eslou sentindo a tenta- ções so bre a Igreja continue impuneç(Jo de provocar de vez em quando mente a reger uma diocese. um pilo para sen1ir esse calor, esse caDentro desse quadro não surprerinh o, essa solidariedade". Pois, se ende que ele tenha manifes1ado abertanão fosse esse apoio que recebe na Ar- mente sua aspiração por uma "nova quidioccsc de São Paulo, confessou ele, Igreja", composta de "novoseciesiais",
e
---ã~,c'i~'ii~:~="',;"'r.~ea",:;""","'ç;r.~i"'~oa'i~éi~~er"''~cc!,êiui"',o.;;'ºci,:;'~. h-.i,,ne,~ ~o~s:eºm~~:. ~ ~~~l~~~:r~: si!. Ao que parece, em sua diocese, as dificuldades que encontra para impingir seu esquerdismo são bem considerá-
tes, dessa "nova Igreja". Suas referêndas a cal "Igreja" são muito vagas. Só fica claro que se trata de uma "/-
greja latino-americana", isto t, "Católica Apostólica Romana latino-americana, para os católicos. e para os outros Católica Apostólica l atino-americana, seja para os Metodistas, luteranos, o que for". Portanto, ao q ue parece, t secundário para essa "nova Igreja" - na qual os católicos emram mistu rados com protestantes e outros - ser Romana, estar ligada ao Papa. O importante é ser la tino.americana. Mas, por que latino-americana e nãoapenassulamerieana ou então englobando as três Amtricas, também não se sabe. uma " Igreja" com limites a rbitrariamente defi nidos por D. Casaldáliga, e por outros progressistas do gênero dele.
e
Teologia das comadres O Bispo de S. Ftlix escorregou ainda a seguinte afirmação curiosa: "Se a Igreja da libertaçfJo, as nossas CEBs, perdesse as comadres, do campo ou da cidade, perderia pelo menos 70 a 80 por cento". Indagado a respl!i· to do assunto, esclareceu que "comadres" são as lavadeiras, as !ndias, as operárias etc., ou seja, o contingente feminino da "esquerda católica". A julgar por tal afirmação insus· peita, parece que o número - ou talvez a influência - de homens leigos que a 'Teologia da Libertação consegue arrastar t bem pequeno, pois os sacerdo1es 1ambtm devem estar incluidos nesse máximo de 20 ou 30% restantes. De modo que ela mais bem poderia ser denom inada uma ... Toologia das comadres! Em resumo, uma vez mais ficou patente que a essas reuniões de auto.aquecimento da "esquerda católica" em to rno de suas vedetes - que, como as do cinema, 1ambém perdem sua atualidade, pois basta lembrar d. Heider - comparece um número de ardili pouco expressivo, se comparado à massa da pOJ)ulação. É que a principal força dO esquerdismo não lhe vem de seu contingente, mas sim da promação que_ recebe nos mei?i de comunicaçã? social, e das cumphcidades de todo tipo com que conta em ambientes que aparentemente lhe são adversos. Gregório Lopes (•) As citações de D. Casaldáliga que apr ent~rnmtgtr'foram·eolh~ das de gravação efetuada no local da conferência, mediante ficas magntticas, as quais conservamos em nosso poder. CATOLICISMO JANEIRO 1989 - 19
TFPs em ação
Encontro de Correspondentes e Simpatizantes da TFP OS DIAS 3 a 5 de dezembro último, a TFP realizou, em São Paulo, mais um dos Encontros regionais. Desta vez para os Correspondentes e Simpatizantes do norte fluminense e de Brasília, num total de 401 participantes. O Prof. Plinio Corrêa de Oliveira, muito aplaudido, abriu os trabalhos, dando a nota tônica do Encontro, ou seja, como devem agir os correspondentes e simpatizantes da TFP em meio ao mundo convulsionado como o nosso. Sua exposição do dia 4, como lambem
N
a sessão de encerramento, Dr. Plínio as consagrou a responder as numerosas perguntas do auditório, o qual se mostrou continuamente interessado e atento. Os cooperadores da TFP, vestidos com trajes de gala, que introduziram em cortejo, no auditório, a imagem de Nossa Senhora de Fátima, realizaram também algumas evoluções coreográficas de grande beleza. O Revmo. Pe. Olavo Pires Trindade dissertou sobre "Formação para a Castidade". Prestigiaram ain-
cida figura dos contos infantis franceses. Essa boneca fazia parte de uma coleção, exposta durante o Encontro, de bonecas representando tipos característicos de diversos países, as quais vêm sendo confeccionadas por participantes do setor feminino dos Correspondentes e Simpatizantes da TFP. Temas de outras exposições: "Problemas e lutas no interior da Santa Igreja", pelo Dr. Antonio Augusto Borelli Machado; "Revolução e Contra-Revolução", pelo Dr. Carlos Alberto Soares Corrêa; "O progressismo", pelo Prof. Antonio Dumas Louro; e "As mais recentes atuações das TFPs", pelo Dr. Gregório Vivanco Lopes. A seguir, publicamos excertos da substanciosa conferência inaugural, pronunciada pelo Prof. Plínio Cor rêa de Oliveira, a qual foi interrompida com freqüência por calorosos aplausos da assistência.
Averdadeira origem da ,.. crise brasileira
E
com muita alegria que eu declaro inaugurados estes dias de Encontro, depois de tantos acontecimentos ocorridos em nosso Pais, e depois de uma viagem memorável para mim - uma peregrinação por ilustres e grandes santuários do Exterior. E agora, afinal, encontro-me no meio de vós.
Brasil: o crise de uma vocoçõo Seu iloi11ou,11rtdd0Enron1ro(doe,qwercloporoodirei10), Plinio Yiái,ol Xocier do SilMiN, Pe. OloM Pire, 1'rilldade, Prof. Plinio Coma d• Olitteira, P• . Gembio Gob0010 e Pe. [hwi Fronce,clli11i.
Nossa Pátria passa por uma grande crise, uma crise carragada de incógnitas, de pontos nebulosos, que da o Encontro com sua presença os Revmos. Pes. Ger- não se sabe como serão resolvidos pelos homens e por Deus. vasio Gobato e David Franceschini. Aspectos, acompanhados de slides, da recente peO Brasil, como tudo o que Deus criou, vive para regrinação efetuada pelo Prof. Plínio Corrêa de Olivei- ser católico, e sua primeira finalidade é servir a Deus. ra a santuários e lugares insignes da Europa, foram Se ele tivesse que deixar de ser católico, acabaria por apresentados pelo Dr. João C\á Dias. desaparecer. Teria sido como uma grande nebulosa que Foi ainda sorteada, entre as senhoras e senhoritas passou luminosamente pela História, uma grande esperesentes;-uma-b-oneca-representamlo-Becassine;-conhe:---t"ança-que-tran!itou--r,e:la-H-istória;-mais-ou-·==oo----t--
20 - CATOLICISMO JANEIRO 1989
mo um facho de luz de fogo fátuo e incerto, e voltaria dade cm consentir nas práticas contrárias à natureza etc., vão se espalhando, sem nenhuma resistência ponàs incógnitas da História, desapareceria. Ora, se nós prestarmos atenção nos acontecimenderável da parte dos meios progressistas, que, antes petos que estão se desenrolando aqui, e nos quais a mfdia lo contrârio, às vezes lhes dão apoio. Dizendo mesmo - jornais, râdio, televisão, revistas etc. - deita uma aos fiéis que podem à vontade, depois de casados e diatenção a meu ver exagerada, damo-nos conta de que vo rciados, casarem.se de novo. O que, evidentemente, estamos numa crise econômica muito grave, numa crié contrário à Lei de Deus: a indissolubilidade do víncuse política que eu não chamaria <le muito grave, mas lo conj ugal proíbe o divórcio. apenas de grave, e numa crise rcligioso-pol!tica, religioNesta crise, precisamos tomar cm consideração so-social, social-econõm:ca que, esta sim, reputo a crique o eixo de toda a vida de um pais é a moral, e que se mais grave de nossa História . onde a moral católica não é pra!icada, o pais, mais ceA História do Brasi l jã é uma história antiga. Is- do ou mais tarde, soçobra. Ora, o que vemos é que a so de se dizer que o Brasil é um País jovem ... Tudo acamoral católica não é ensinada; mais ainda, se favorece ba no mundo. A juventudt dos homens acaba, e, assim, a transgressão desta mo ral em nome de não sei que retambém a dos países. Uma nação que estâ caminhannovação religiosa (que é tudo menos uma renovação, do para quinhentos anos de existência, não pode apree é tudo menos uma ação religiosa). Então podemos sentar-se como uma criancinha. Jâ tem cinco séculos ter idéia de como a consistência moral do povo brasileide existência! Cinco séculos de responsabilidades! Cinro está ameaçada. Tonto mais que sintomas desses poco séculos de prática dem ser percebidos da Fé católica! Comde norte a sul do Papreende-se bem que ís,dolitoralatéasreesse Pais tenha pesagiõcsmaisimcriores. das responsabilidades Ora, sobre esse nas costas. O nosso mesmo povo, que esBrasil as têm, nós entá minado por dentro quanto brasileiros as no que tem de mais temos também. Essas fundo (quer dizer, responsabilidades se na sua formação relivoltam sobretudo pagiosa e na sua próra isto: até que ponpria alma), por tais to, na situação atual fatores de decadência brasileira,cstâameaededesagregação,inçado o direito de cidc também um ouDeus de que Sua Relitro fator péssimo que giãosejapregadaeen- O público prettnle """"'IH'"h"" 01en111me111e II upwifê11 dn l'mf. Plinin e.,,,.,.,,., é a propaganda contísinada, seja apoiada, tfe O/iuiro, i11terr<1,.,pe11do·O .,,1:,;.., "º" e""' raloro,.,, aplauo, nua da imoralidade e que os católicos tefeita pela mídia. Não nham a liberdade de praticá-la, porque é a Lei dEle, a se abre um jornal, não se liga uma televisão, não se foRevelação feita por Ele? lheia uma revista, não se ouve falar de uma fita de cincA pergunta em resumo é: até que ponto estamos ma, onde de um modo ou de outro a moral não seja caminhando para urna situação ideal, e até que pomo bombardeada ... Eu já nem falo cm filmes como esse estamos nos distanciando desse ideal? do Scorsese, ou o "Je Vous salue, Marie", de Godard. .. Todo o mundo conhece a torrente de blasfêmias que se vem espalhando metodicamente no mundo inteiro contra Nosso Senhor, Nossa Senhora, os santos e os anA corrosão progressista jos, atuando de fora para dentro da Igreja. Ao mesmo tempo que, de dentro para fora, esta corrosão se Se nós analisarmos um pouco mais de perto essas verifica de um modo dramático. incógnitas, veremos desde logo o seguinte: no âmago desses problemas se encontra uma crise religiosa. Esta vai se tornando cada vez mais evidente. Os senhores conhecem perfeitamente o que é o progressismo. Conhecem os erros, os desatinos, as concessões morais inadmissíveis que o progressismo vai faendo a toda à hora à modernidade aos costumes depravados, aos costumes sensuais. E de que maneira os trajes imorais, a promiscuidade entre os sexos, a facili-
Ante esse quadro, não hâ dllvida nenhuma a respeito do seguinte: quando a Religião sofre uma crise dessa natureza, as ordens politica, social e econômica entram cm decadência. Não se pode pensar na possibilidadc de qualquer outra situação, nem e qua quer outro curso de acontecimentos que não esse.
CATOLICISMO JANEIRO 1989 - 2 1
TFPs em ação
A
TV GAZETA levou ao ar, no dia 14 de dezembro último, às 21:30
hs. um.a ent.re. v.ista do Pro. f. Plínio
Corrêa de Oliveira ao programa TV M1x, d1ng1do pelo Jornalista
Sérgio Groisman. Em vista do interesse que a entrevista causou, e atendendo à solicitação de telespectadores, a TV Gazeta a reapresentou no dia 29 de dezembro, no mesmo programa.
Começa por aí que eu nego ao socialismo o epíte· to, o qualificativo de justo. Ele é o excesso, o exagero da reivindicação o perá ria, é a invasão, a luta de classes etc. Isso não foi o que a massa eleito ral , dentro do próprio conjunto eleitoral que vo tou a favor do PT, queria. De maneira que cu acho que o resulta do numéri -
co, do ponto de vista da posição ideológica dos eleitores, não é alarmante. Resta saber o que os detentores do voto popular fa rão do mandato que ago ra lhes foi fei to.
A ideologia socialista não será sufragada pelo povo brasileiro P - A partir de agora, na vef(fude, o temu dos po/iti·
Plínio: voto no PT não representou aprovação da ideologia socialista Eleitorado d o PT: menos ideológico do que se quer imaginar PERGUNTA - Bem, a partir de agora o TV Mix CO· meça a conversar com o Prof. Plinio Corréa de Oliveira, que i Presidente do Conselho Na<:ionaf da Sociedade Brasileira de Defesa da Tradiç4o, Famflia e Propriedade - a TFP. Dr. Plinio, qual i a op/ni4o do Sr. frente à 'llitória do PT nas últimas eleiç(Jes aqui em S4o Paulo?
RESPOSTA - É preciso distinguir bem ent re vitória e vitória. Evidentemente foi o PT uma corrente votadissima. Mas qual foi a maio ria que o PT obteve? A prefeita Erundi na, por exemplo, teve o partido majoritário de seu lado, pori:m não obteve a maioria do eleitorado. Do eleitorado somado, ela não teve sequer a metade, teve consideravelmente menos do que a metade. De ma neira que o bito dela se deveu mais à divisão dos que não estão de aco rdo com ela, do que propriamente à vitória dela. Isto, de um lado. De outro lado, esse eleitorado o que i:'? Um eleitorado tão ideológico quanto se "quer imaginar'? Pelo contrário, nosso eleitorado de modo geral não i: ideológico. Que houve um vivo movime nto de simpatia pelo Lula e por certos partidários dele, pela idéia genérica de que é um partido muito propicio às reivindicações j ustas da classe operãria, não tem dú vida nenhuma. Mas dai a querer dizer que o eleitorado do - ->----,=-cologicamemnociatist .
22 - CATOLICISMO JANEIHO 1989
cru, dos pensadores, está muito WJ/tado uqui para S4o !'ou/o, em relar,Jo a essa vi/ária do Partido dos Trabo/hadores. Eu gosloria de saber, Dr. Plinio, se o Sr. ucredila que txiste u possibilidude de o Brasil se tornur soc:ialisla, atravils da via eleitoral. R - Socialista, no sentido ideológico da palavra, eu acho que é remota a possibilidade de que haja uma maioria socialista no Brasil. No sentido de que uma maioria possa vir a votar no socialismo, iludida pelo que a palavra socialismo tem de viscoso, de amb!guo, de escorregadio, isso eu acho que pode acon tecer . Tan to mais que o socialismo te m a seu favo r o apoio de certa esquerda católica, que constitui um contributo eleitoral não especificamente socialista, mas que pode iníluir ponderavclmente. Então, i: poss[vel que o socialismo ven ha a tomar conta do poder, por via eleitoral. Mas são os socialistas que tomarão. Não será a ideologia socialista que será suíragada pelo povo brasileiro.
Protesto da TFP contra film e blasfemo P - Dr. P/inio, existe a possibilidade de o filme " A Ultima 1entaç60 de Cristo" vollar a se exibir aqui em S4o Paulo, a p(lrtir de jarieiro, quando a nova Prefeita será empossada. Ent(Io, eu queria saber, primeiro, qual a opirii(Io
·u-~lo-de5!Je-fi/-- - - - - -l--
R - A opi nitlo a respeito desse filme jã foi externada cm comunicado da TFP que manifesta a posição da entidade, e portanto minha também, uma vez que sou Presidente do Conselho Nacional da entidade. É um fi lme gravemen te blasfemo, gravemente atentatório, portanto, contra o decoro e o pundonor da consciência cris1ã, e por isso mesmo, a meu ve r, não deveria ser exibido. Se ele for exibido, certamente a TFP protestarã. Mas protestarã nos termos legais, comedidos e enérgicos q ue lhe são habituais. P - Mas o Sr. poderia l'Specíficar esses termos legais, propostas práticos que a TFP poderia usar contra a exibiç1'o desse filme?
R - A TFP não faria o utra coisa senão dize r o que ele é, e com isso dirigir um convite aos leitores a não comparecerem à citibição do filme. Isso pode parecer de um resultado platônico. Mas, por exemplo, a TFP norte.americana, em Nova York , lançou um manifesto de página inteira do "New York Times", que como o Sr. deve saber é um dos jornais de maior circulação nos Estados Unidos. No primeiro dia houve uma audiência fraca ao filme. Ao cabo de poucos dias, o íilmc desapareceu do cartaz. Não quero dizer que foi só por causa do manifesto da TFP - que recebeu numerosos testemunhos de solidariedade - mas este pesou fun damente na opinião norte·americana. Estou certo de que a TFP brasileira também inílucnciará, em termos de alcançar ponderável repercussão na opinião brasileira .
Teologia da Libertação: vários matizes que arrastam para posições cada vez mais radicais
R - A Teologia da Li bertação é uma corrente ideo lógica que se compõe de vários filões, corno acontece quase sempre com as correntes fortemente revolucionárias, Fortemente tendentes ao estabelecimento da igualdade completa entre os homens. Quer dize r, eles têm uma vanguarda que reivindica tudo quanto hã de mais extremo nessa matéria. Depois eles têm uma retaguarda doutrinária de matizes sucessivos, dos quais cada um é menos ca1egórico do que outro. Não que seja mais moderado, mas é menos claro. De modo que, no extremo oposto do matiz mais categórico, a dosagem revo lucionária é tão insensivel que não se sabe bem o que é. Avança primeiro, na opinião pública o elemento aparentemente mais moderado, mais confuso, e com alg umas idéias assim vagas, pelas quais certa parte do pllblico tem alguma simpatia. E depois, por um processo de destilação, os elememos confiscados por essa corrente con fusa, aparentemente moderada, vão sendo passados sucessivamente para posições mais radicais, até dar - na-radicah:lc-tod. Vista na sua corrente mais radical, aquela que especificamente foi objeto de censura da Santa Sé, vista
nessa corrente, a 1eologia da Libertação se reduz ao seguinte: Se trata de pessoas que quere m estabelecer uma reforma no sentido de implantar a igualdade completa entre todos os homens. Abolição de todas as classes sociais, e um regime total mente, e uto picamen1e, igualitário. Essas pessoas apresentam Nosso Senhor Jesus C risto como te ndo sido, não o Homem-Deus - e o HomemDeus dotado de bondade e sabedoria infinitas, que o Evangelho nos descreve - mas figuram Nosso Senhor Jesus C risto como tendo sido um revolucionã rio, um desordeiro, um mazorqueiro, do tempo cm que ele viveu. Mazorqueiro e desordeiro contra a dominação romana, que a leologia da Libertação apresenta como aliada das elites judaicas, para opressão do povo. Uma acusação mais ou menos parecida com a que a 'teologia da Libertação faz ao sistema sul-americano. Assim se sustenta, na Teologia da Libertação, que não tem autenticidade a hierarquia social na América do Sul, e que esta se apóia no capitalismo internacional, dominado pelos norte-americanos . Para justificar uma aparência de apoio à posição deles, de uma revolução na América do Sul, eles montam este mi to, deformando gravemente a realidade. A partir dessa deformação, a lco[ogia da Libertação procura então arrastar a opinião católica, na América do Sul . Como essa figura de Nosso Senhor Jesus Cristo, que a 1eologia da Libertação apresenta, é mui to ílagrantementc contrãria ao que a doutrina católica ensina re ligião seguida pela grande maioria dos brasi leiros essa gente afirma ora uma parte disso, outros afirmam tudo, outros não afirmam nada disso, mas também não afirmam o contrário disso. Então essa máquina de sucção para a extrema-esquerda funciona de modo a levar todo mundo para os erros censurados peta Santa Sé.
A Reforma Agrária empobrece não só o fazendeiro, como o trabalhador rural P - Agoro, eu gostario que 11ós co11versássemos um po11co sobrt a q111'Sl6o da Reforma Agrária. Dr. Plínio, o Sr. tem esptru11rudequea Reforma Agr6rio, oprovoda ptlu Conslituilllt t color:udo no lexlo du novo Consliluiçdo, efa stja revogada, aqui no Brasil'!
R - A sua pergu nta tem para mim, como brasileiro, um sabor amargo. Porq ue ela equivale, na minha ót ica, a perguntar se cu tenho esperança de que o Brasil sobreviva à Reforma Agrària. A Reforma Agrária - segundo temos tratado em vários livros, publicações etc .. sobre o assunto, durante vi nte anos - a Reforma Agrãria não faz outra coisa senão assolar a vida do campo, e empobrecer não só o empregador , mas o empregado, o fazendeiro e o trabalhador. Ela é nociva igualmente a ambas as classes sociais. E a eitperiência mostra - o nosso mensário " Catolicismo" já publ icou ellpressivas reportagens de propriedades agrãrias, por exemplo no Pontal do Paranapanema, em que mal a Reforma Agrária se instalou, já a miséria imperou, o favelamento entrou, a deso lação entrou. Se a R.A. se a plicar inteira no Brasil , o Brasil n o so5reviverâ-:--Eiit~l'1ro-etresp:ern710- Brasir,t,u espero que em determinado momento, o bom senso do País imponha uma revogaçllo da Reforma Agrária.
CATOLICISMO JANEIRO 1989 - 23
D
rio um ponto de irradiação do Cristümismo para os reinos viz inhos do Leste. Foi a partir de Bamberg que, mais tarde, a Pomerdnia e os eslavos do Main se converteram ao Catolicismo. O ardor apostólico dos santos ftuuladoresda cidadc/icou magnificamente representado em célebre pintura do século XV que nos mostra Santo Henrique e Santa Ctmegund,, sustentando uma minialllra da Catedral de /Jam berg.
ESLUMBRANTES esguichos de luz dese-
nham 110 céu linbllS arqueadas, for-
mando uma fantástica cbuva incande~·cente. Realçada /}ela luminosida-
de fugaz dessa edênlca piro1ec11ia, eleva-se majestosc, a multissecular catedral imperial. Os sinos de suas imponenles torres tocam festi vos. Nem o frio, nem a meltmcolia da noite de in -
1JCrt10 conseguem arrefecer li alegria que reina na cidade. Bamberg comemora o Ano Novo.
Seus babitantes têm
razões de sobra para tal celebraçiio. H erdei -
ros ,te um passado glorioso, que em vários <lS/JCCtos cor,li1111a presente, eles podem com júbilo celebrar, a cada no-
"º ano, a ação da ProtddiJncia nesta cidade,
mais do que milenar.
E
CASA I. imperial mio teve descendentes. t:n t retanto , graças â heroicidade de suas 11irllldes e â ação ci/Jifízadora patrocinadll por aqueles sobera,ws, sua memória gravou-se indele11elmente 110s corações dos habitantes da cidatlc. Repousando ,w cripta da Catedral, 011de agtwrdam a ressurreiçã o, as cinz as daqueles sanlos estão expost,,s à constante veneração dos fiéis. Muitos destes obtêm por sua intercessão auxílio sobrenatural para os momentos de provaçiio. Outros atribuem â especial proteçào de Santo 1-/enrfque a incolumidade de /Jamberg, durante as guerras mundiais. De Jato, foi uma das poucas cidades alemãs que a travessaram quase ilesas os terríveis bombardeios da Segtmda Guerra. Uma após out ra as gerações se sucedem, e a cada novo ano Bamberg celebra com entusiasmo, simboliz ado pela beleza, pelo calor e pela explosiio de ce11 te11as de fogos de artifício, seu opulento legado histórico. Mantendo as tradições do passado, a cidade consen,011-se provinciana, onde o ar é puro, as águas límpidas e a população pode desfrutar, tranqiiffa, a beleza eslálica de incontáveis obras de arte.
J\no ~ouo mr ~amherg milmar
,1 / 002, Santo llenrique li foi
efeilo rei da Alem,mba. Doz e anos de· pois, em I O14, recebeu em Roma de /Jento VI// a coroa imperial. Por raz ões de estratégia militar, o mo,wrca esc:olhe11 /Jamberg, pr6xima da fronteira oriental, como capital do Sacro lm/Jério Romano-Alemão, elevando repentinamente aquele pequeno e desconbecido lugarejo da Franc6nia oriental à condição ,le principal centro político da Europa. Sob o impulso de Sanlo Henrique e de Santa Ctmegtmda, sua esposa, Bamberg tornou-se também um importante foco religioso, cultural e civiliz ador. Co,i/inuador da obra de Carlos Magno, herdeiro dos títulos de " Protetor da Igreja" e de ''Servus Apostolorum " (Servo dos /1/Jóstolos), Sar1to l-lenrique não mediu esforços para difun dir o Evangelbo. Favoreceu a 1Jinda de padres nisslonários ue izeram da ca JIUJI do im Jé-
O
~~E~
~:!'irfc!ã~ idr;;'d~ C~n~::>d~'?,~~~r!:s::,-à :!~~aªdei ra opcração lxlica descncackada para salvar três mlleias presas no gelo do Alasca. O maior avião militar americano (GalaxyC5)foi enviadoaoloca!,transportandohomense equipamentos, bem como um barco quebra-gelo gigante, scmcontardoispotentes hc!icóptcrosSkycranc.quc so brevoaramaregiãodiasafio. Milhõcs dedólaresesvairam-sc dessa forma. com oapoiodiretodoGO\'emo norte-americano.
De p e ndência sexual mórbida
R ússia: fome
continua "É humillrmue d e ainda
o fato
n.1o
podermos ,ws alimentar por nós mesmos. prccis;,.ndo comprar 110 E :1/crior até o pJo, assim como azcirc, carne, fruras e vcgernis. O sistema de raciom1me1110 que 1,·mos cm muilils r egiões é uma vergo nha '', l."O·
me/1/0U O ÍIISUSpeifo pocl.1 russo Yel'/ ushe11ko, 1111111 c11s.1io recém publicado.
Segundo rccemcs bolc-
fillS public,1c/os pelo Govern o russo, ,1 ,·sc.1_çse2 de alimemos é /:lo ,1guda. que a c:1rne ~ t•11co111ra racionad.1 em 26 regiões, 11 111.1/lfeig.1 cm 32 e o aç1k.1r t·m 53. N:1 cidade de lkrez11i ki, uos Urais, a fa/Wde,·amcél,1· manha qe os lwbi1ames .~omente podem comprar entre 100 e 400 grnmas de salsiehtlo por més. Recemememe, 1111111 dos
principais supermercados de Moscou, eonlwddo como Tag.wsky G11stro110111,•,
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IJ11n inle rm1ferê11da so hrc t1 ab11s11 11:,s dro,:115 e
"'0 sentimentalismo zoófilo ul1rapassa a fronteira entre o homem e o animal"' , observa o sociólogo francês raul Yonnet, aocomcntaro salvamentodasbakias,acresccn1ando: "omaisgraveé qucaescala devaloresestácomplctamcntc alterada. Um animal acaba valendo mais do que um homem, tanto sob o prisma afetivo qu anto financeiro. rara tentar salvar a menina Omayra. soterrada sob os escombros da catástrofe de Armero, na Colômbia . não se pcnwu emgastartantodinheirocomonocasodastrêsbaleias".
1lo 1ífr oo/ r m A fil111111 . 1111s f.:s/a1l os U n itfos·, 1'11/rk k CSlrnts, eonsulto r d :t Uni d:t tlr tl t IR'prndf neia &:rnal d o Ce11tro de S:ui1l t• Golden Valll•y (Mi1mest1III), m l n-rti11 q11t• 11.~ se1wm :wi11rt1.~ 1l,•1·em re,-clll.•r lr11lamN1f11 11mí11Jgt1 tw d os 11/ro6 /a1ras anú nimo s. l'rsquisadorts do Centro de Sa úde pudrnim a,·al iar 115 lipos dr 1·0111p11r/11 111rn • tos· 1l ocn/ir,s em 1l frrrs11s per l't'rlillos St'.\ 'IWÍS, pr1n·v e1111 -
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Nii11 só nt1s Est11do;; U n idos ma nifestar,JCS ,Ir obst,S· s:io ~ .n rnl vii,1-st• ltJ rnu ndo fre11iír11/e.~. rrm f111fa.~us id11 d1'!.. Assim , rl"l:wlrio div11/g.a· 1l 0 pelo l nslif11to de Es111,tos l'vlifi ros, Enmômicvs r Sor i11is da 111' /ia, s111it•11111 s,er
"<'11du 1·ez 11111ior a pa r1icip11çiio d,• prol ugo 11 ist11'i i11fu nti s·, 1l1• seis a oi/o 111111s em fais
11111s l1í br i ros, 11s q uais s.io d r o~11d t1.~ " para a l"C'ali;,:aç.io dr filmes eom c-rmo· 1/r s11dt111111s·m111is·11w e hrsti11 lid:ule. O romàrfo p ornog r li fi,·o t II s e.tom :111fa t'rll p ropo r ("IH'"S 11v11ss:i fa d or-.1s seriit1 o esti,:11111 d o Oâdr 111r 11es1r fi111'11le milh1io?
Cava/gata de aberrações Codoe.rperiê11c1"aco111m1osprrdsa1erapro1·flç{]opré1·/(1 de uma comissPo es1x'cü1/.' Assli11 0t:orre 1w IVol/ers life Scinwt.-s IJ11ikli11g,
(/(I U11frersk/odr de Te1111esst'f',11osEs1odosU11klos.ro11siderado 11111 li1s/il1110 modelo. Porém, seu robalo esnr-
po (/(I jaula, da pwd(' se11s
Escravidão e miséria-
"'dirl'lios ·: tcorudu ,-0111 m101,fr(ts, 1·e11e11os q11/111kos, ele.. T{lf11bé111, sc/ordes1i110dt1 rom o 11limell/o âs cobras, 11(10 mt1is go~a dt, pn,1(:(rlo (ISSeg11rudu pelo COI/li/é de
é11"ca tllli1t10/. Gro1V'Scie111istasprotef/(/m111, emt!o, co111m ess{I d,~
i-ersk/ark de 1r111a11u,1110 que
os mti11ltos reubt!m, pois só s{]o "sujei/os ,k dirnios" os roedores que 11{]0 es,vpom
d" ;"a11l(I, 11e111 Silo d"tlos tis cobras.' Ffl("(IIIIOS cessar tal dist-rÍIIIIÍUl("âO/...
1;• 11111 rldm/1• li1/én11i110 110 qual se "cu11111lo111 disparates dl'sse 11/10. Co111rot/1~ ("tk:fgnHes,vs, /r111odo111e1110/idotk 111odema, 110 que dfl tem de mais esl11l1oe irral"io11a/. ..
N 11m11sso11wl11cu11111111 ,1cfl'(111-
~~:i:,::i';, ':,,!;:'~~~~:'"::t~;!'::~:~~1:';o~;::;':!;, '?i;:,:,':;,~~;,;',:!'~'!:'~~,1:;,: ,<;/;;;;:,·;,'~ ;;:;:;:;~~c11~~:;~:r ~:;; :, ~!:: ':.:;,!::::~ :::•:;;'~!~:,::>~.f,t;:t~~<:::1~-,if~~::::, ;1~,:,~~::~:i /fc'.::
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!:,:ze:::;,f,t~'.-~·;,;;i;:;~
1 1 /Jrc~:.: :0 ;::;~;}~;.,~ ,;1,::~~:~, :: ~~::i:';:r ~: .,~:i~: de duzemas /KSSoas faziam tio" c,ul11 Cll.WI I ler m llls , Jc tlo isfilbo..ç cfl:n11ulo arbllr11ri11mc11 /c 11 11111(ifa para com pmr salsichões de 111í11i11111 tlc 1!111 /e e q1111/ro 111ws /xu-11 ser p11i ,, dt• 1•/1,tr e dois /Jlll"ll de tom JXl/ido, cebolas, maser 11uie. çtls ou l.iranjas. /g 1u1fmc 11tu. ,h 1•ollt1.~ co m o d esu111J1r ego - outro J1t1glllo 11tu:lo11(1/ -. Como se vi!,•• ltfopropao Go11er110 rcsot, ,e11 ft1 zcr esco11 r esse ··e.1:,·mlu 11te·· b11m 111m tfo 11mafor11<fif''pemll'lJ/l.'"lr''?tlffi<e>.F-i-t-nmw " ' "' ''rr,t tmllr.<rll n sf<'rt11tlo,::" m-/]01tt'ser p11ra-trr1 bt1lh 11 Pem-e m - t'1""'' · d1e1• em 11.1,fa alterou a rotiruss11s, mul,1 U1111hêm há fa l/ 11 c,·611icr1 d e 1•í 1•,:1·,:s. Eis , ,eJad11 for11.1 diária do infeliz russo: fi. 11u1 co11tc m porrl11c11 tlc com é r cio csc,·m•o ... Ames das 9 horns, cerc.1
11111t1
fa, escassczcfomc ...
2 - CATOLICISMO FEVEl!l•:rn o l')U')
SUMÁRIO COMENTÁRIO Quando o debate 11arlamentar não se base ia em ideias, dele se desintere&Sa a população. O caso do Bruil ..
.............................•).3
RELIGIÃO
Discernindo, distinguindo, classificando ..
"Que hei de fazer se os esqueço?"
MadreMarianade JesusTorres,confidentede Nossa Senhora.previu, no século XVI, a corrup<;ão de costumes e a quase eX"tinção da F~ no s«u lo XX ...................................... p.4
NACIONAL A propalada uceiuão da11 esqu erdas
uoBcaail é umafantasmagoda mediante a qual se deseja leva r os burgueses aopânico,ea.ssimbeneíiciara11esquer-
das ...
............ p.8
AIDS E PltEVENÇÃO fü homQ8$exuais, nos Estados Un idos, parecem empe nhad03 na difu s~o da AIDS. Manifestam-se contra a utilin-
çãode medidaspreve ntivascomoteslusanguíneose usod eroupasprol etoraaporenformeiros. Prelexto: d~riminação...
. .................. p.13
BllASII. PÓS-CONSTITIJINTE Q çaos vai se introduzindono ale ndi-
mentomédico,ocW! ÍOnandojáomiSBão desocorr0i eaté mortes ............. p.l7
HI.5TÓRIA De z séculos de História foram rotula . dOi, pordesprezo,como sendoapen a~ uma " ldadeMédia"enlreaAntigui,ladeeos Tem po,i Modernw. Estudosrece11tes,entretanto,têm ressal1ado11ue uaCris1andade lllcdi eva lvigorouaor-
demporexcelência ..................... p.\9
Catolicismo l);r>t10.:Paulo Corr~atleDt i10Filho Jor .. Hsto Rtsj1<>11~v<1 : To kao ·rakaha,hi llegimodonaDRT-Sl'><>bon ' IJ478 R«la(l o: RuaMartimFran<isco.66,-01226 - SloPaulo,SP/RuadosGoita<a<es, 197 - 2811)0 - Çampos.llJ. C,rfnc:io:RuaMar1imFr•ncisco.66S-01226 - Sào Paulo. SP - T,1: (Oll) 221.87:IS (••· mall)S) •·010<ompo,lçio: !direta. a r,ar1 irdc arqui•os fonl<:éido.s por ·-cawlici,mo"I Kande iront.S ~1,~'it ~f/s~,dilOfa - Rua Mairinque. 96 lmp<e>Sio: Arlpr<SS Papéis e Ano, Gfificas
l~.d $i,-RuaJavaé,,681 - 011)0 - S:lol'au • ··Calolici,mo··tu,na]'>Ublicaçàomensaldallm · pre:saP•droll<kh iot<lol'<>nle,Ltda . l'aramu • dan,;ade,ndoreço·n« s:ár'omcnc·o11•rcom bénio,ndcreçoant iio.Acorr«pOndênci• rcla
~-~~~~i;~l: ~: : : ,: :
Ü i~:n~~~ ! ~~~~ ~:~~~1~~ia~st~:
tão a inércia de seus representantes nos senados e nas câmaras?
P ~~~~s~~:s;;~~:~!~1:n~e~:~/~: cos é monumental. A tal ponto que os cidadãos precisam ser obrigados por lei a votar. A que se deve tão grande desinteresse?
,:;,~~~~efaª~~ªr1~rn~i;t~~, homens de grande envergadura moral e intelectual. Entre eles merece rea lce Juan Donoso Cortés, Marquês de Valdegamas, parlamentar espanhol , embaixador, homem de pensamento e ação.
mos elegendo alguém: um const ituinte, um deputado estadual, um prefeito, um vereador, um Presidente, o que seja.
A;;;:e~!To~
a! c~á~i~.a~:~l~~:;~~ rais . O que vemos? Nos cartazes, apenas as caras . Nos pronunciamentos, acusações mútuas entre os candidatos, xingatórios, extravagâncias, aberrações. Tudo acontecendo dentro de um vazio de idéias, de pensamentos e de programas, que o Prof. Plinio Corrêa de Oliveira qualificou com precisão de "democracia-sem-idéias"(\) .
c~~i~~~.
~:~t~~o~~
:~:~:;:s~'o tece? Folheie-se um Diário Oficial (municipal, estadual ou federal, ao gosto do freguês) e acumular-se-ao diante de nós proposições ridículas, discurseiras sem interesse, palavreado sem nexo,misturados de vez em quando com espetáculos de gênero circense ou agressões mais próprias a um ringue de boxeadores do que a uma assembléia de representantes do povo. Tudo se movendo no mesmo vazio de idéias e de pensamentos. o ~á~i~~~~:ª~:!~t~~z~~t;:rd~a~ti~: nal voar com as asas do espírito, e à nação tomar rumos de grande envergadura? Onde as razões profundas, capazes de convencer? Ou as rnedidas enérgicas que cortam os males em suas raízes? Onde a eloqüência, onde o debate nobre de idéias? Nada. absolutamente nada.
:~;t~;
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0
M ~!:~bi: ;~:; ~de~-:e~~sml~:i~ª~!: dia. As idéias ainda não haviam sido enxotadas das disputas. Um exemplo característico foi a carta que escreveu ao periódico "Heraldo", retificando com cortesia e firmeza posições doutrinárias errôneas que lhe haviam sido atribuídas por órgãos da imprensa. P ~o~~~,i~t::~e~:c:;,,~~~. aEd~::~ o MarquêsdeValdegamasnãosetratava apenas de refutar ataques doutrinários. 91e fora vitima também de ultrajes pessoais. Sobre estes, entretanto, Donoso Cortés preferia nao se pro nu nciar, e termina sua carta ao diretor do "Heraldo" dizendo :
N
:º~ ~~:!~
hr:1;~;s~~:i~~~~~~ há senão falta de memória: q ue hei de fazer se os esqueço?" (2). c ~~:.~:~1~i':~1~:v:~:-:n1~\~!~í:~~~ deza de alma, temperada por uma leve ponta de ironia, com o tipo de polêmica a que estamos habituados, em que o ultraje é a própria substância do debate! C. A. '"ProjetodeCQnS· ··cuwliâsmo··.
CATO U CISJ\1O FEVEHEIHO 1989 - 3
M
/llnrl.re Mnri<>nn tu! Jeuu Torre,, ,.l,orl.,,ua do /ll<Hleiro ,1,. C.,n«i~, "'" Q,.;,,.
Há três séculos, no Equador
Mística confidente da Virgem Santíssima, prevm
.
ADEIRA para esculpir a ima-
gem de uma San-
la éo tí1ulode recente biogra fia de Madre Mariana de Jesus Torres y Berríochoa (1563 - 1635), uma das sete fundadoras do Mosteiro da Imaculada Conceição, em Quito, no Equador (Foundation for a Christian Civilization, lnc, Bcdford, New York, 1987). Seu autor é Mons. Dr. Luis E. Cadena y Almeida, diretor do Arquivo Arquiepiscopal da Cúria daquela cidade, doutor cm Filosofia, História e Letras, e encarregado diocesano da causa de beatificação dessa notável religiosa. O mosteiro acima referido pcnence à Ordem religiosa feminina da Imaculada Conceição, fundada no ano de 1.484 por Santa Beatriz da Silva, em Galiana, na Espanha. As concepcionistas consti1uem um ramo da grande família franciscana, cujo pai espiritual é o "Poverello" de Assis. Alguns dados sobre o quinto centenário da aprovação pontifícia dessa Ordem e seu estabelecimen10 no Brasil apresentamos em quadro a parte, nesta edição. O especial alcance dessa publicação está não somente nas qualidades do autor e de sua biografada, mas especialmente na transcendência de que se revestiu a missão de Madre Mariana de Jesus, que atingiu os séculos posteriores, até o nosso, comoveremos .
Contacto com o sobrenatural Mariana Francisca nasceu na Viscaia, na Espa-
4 - CATOLICISMO FEVEIIElllO 1989
nha. Já ao fazer sua Primeira Comunhão, aos nove anos de idade, recebeu a comunicação de inefáveis mistérios da Sagrada Eucaristia. Pouco depois - não completara ainda os treze - tomando conhecimento da missão que recebera sua tia, Mad re Maria de Jesus Taboada, de partir para o Equador e funda r o "Monasterio Real de la Li mpia Concepción" (Real Mosteiro da Imaculada Conceição), pediu para acompanhá-la na qualidade de postulante. Durante a viagem, o demônio apareceu-lhe sob forma de horrível cetáceo que ameaçava fazer soçobrar a frági l embarcação para terror de todos, inclusive dos experimentados marinheiros. No momento cm que pronunciava seus vo1os perpétuos, aos dezesseis anos de idade, Nosso Senhor apareceu-lhe para os desposórios místicos, acompanhado de Nossa Senhora e de São José, '-iue serviram de padrinhos. Como presente de bodas, o Olvino Esposo lhe ofereceu o Seu mais precioso dom: Sua Cruz. "Minha esposa, quero que sigas a via da imolação. Tua vida será um contínuo martírio". E deulhe a conhecer as tribulações, perseguições e tentações que deveria padecer, sendo isenta apenas das tentações contra a virtude angélica. A vida de Mariana de Jesus passou a ser um contacto permanente com o prcter e o sobrenatural. Furiosos com sua virtude e não podendo tocar-lhe a alma, os espíritos inferna1s vmgavam-se com moleques malcriados, mas impotentes, fazendo-a
cair nas escadas do mosteiro, banhando-a com a comida dos pratos no refeitório, borrando-lhe as letras dos livros que lia, etc. Em contrapartida, Mariana tinha um convívio íntimo com seu anjo da guarda. No ofício de sacristã, ela o encarregava de zelar para que-a lamparina do Santíssimo não se apagasse, e de avisá-la caso isso se desse. Uma noite em que seu fiel guardião a acordou, Mariana com ousadia bem espanhola lhe respondeu: ''Por que, cm vez de me despertardes, não acendestes vós mesmo a lamparina com um dos fulgores de vossas asas"? O Senhor prezava tanto esia alma, que Ele próprio se dignou ensinar-lhe o método de oração e os pontos a considerar para atingir a santidade, indicando-lhe até como os devia distribuir pelos dias da semana.
Previsões para o século XX Também a Mãe de Deus lhe aparecia continuamente; revelou-lhe a invocação do Bom Sucesso, pela qual queria ser venerada, concedendo inúmeras graças a quem assim o fizesse: "Eu sou poderosa para aplacar a Justiça Divina e alcançar piedade e perdão para toda aima que a mim recorrer com coração contrito, porque sou a Mãe de Miseri-
córdia e em mim não há senão bondade e amor". Recomendou-lhe que mandasse esculpir uma imagem sua, em tamanho natural: "Minha altura tu mesma poderás medir com o seráfico cordão que trazes à cimura". Essa imagem, encomendada a um virtuoso escultor local, "foi terminada pelos anjos", segundo certifica Madre Mariana em seu testamento. Sob essa invocação, Maria Santíssima apareceu-lhe inúmeras vezes, abrindo-lhe as cortinas do futuro e dando-lhe a conhecer fatos que haveriam de ocorrer dois ou três séculos depois, como o aparecimento de Garcia Moreno, na Presidência da República do Equador e a consagração que fez do país ao Sagrado Coração de Jesus, bem como seu posterior martírio; mostrou-lhe também o imortal Pontífice Pio IX, cercado pelos inimi os no aucano, proc amando o dogma da Imaculada Conceição. E, quase
um século mais tarde, Pio XII proclamar o da Assunção de Nossa Senhora aos Céus. A Senhora do Horn Sucesso fez-lhe ver também as crises e as desolações que a Igreja sofreria no século XIX e principalmente no XX, quando haveria muito desrespeito ao Santíssimo Sacramento pela conaturalidade que se teria com o pecado, pois nada mais seria considerado como tal. Por isso far-se-ia caso omisso também do Sacramento da Penitência; mesmo os sacerdotes o olhariam com indiferença ou n.cm sequer o administraOu, se o fizessem, "o fariam com ar tão dcspec-
tivo que bastaria para dele afastar os fiéis". Por isso, insistiu a Santíssima Virgem: "trabalhem para propagar meu culto sob a consoladora invocação do Bom Sucesso, a qual, na quase total corrupção do século XX, será um sustentáculo e salvaguarda da Fé". A própria devoção a Madre Mariana também deveria ser incrementada, pois "tua vida, que é inseparável desta terna e consoladora invocação, no século XX fará prodígios tanto no espiritual quanto no temporal; porque a vontade de Deus é deixar esta invocação e tua vida para esse secu o cm que a corrupção dos costumes será quase geral e a luz
CATOLICISMO FEVEREIHO 1989 - 5
l'ore,tn11aleriadoclm11/ro do /lfoJleir,,, da épaca d,,
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da Fé primeira cs1ará quase ex1inta". Sobre nossos dias, fa-
~~~~~~e:~n~::~:v~~~~ do de impureza reinará naquela época, à maneira de um mar imundo correrá pelas ruas, praças e locais públicos com uma liberdade assombrosa, de maneira que quase não haverá no mundo almas virgens". Basta considerarmos o nível de imoralidade das modas de hoje, as cenas mais despudoradamente ousadas que aparecem nos jornais, televisões e nas ruas, o aborto, amor livre, campanha homossexual, educação sexual até para crianças de
Quinhentos anos em honra de Maria Imaculada
pré-escola, e outras mons1ruosidades ainda, para aqu ilatar até que pon10 se realizaram as previsões da Santíssima Virgem.
Em vida, os tonnentos do inferno Um dos maiores tormentos que Madre Mariana de Jesus teve de sofrer cm vida para expiar por
esses pecados, foi ocasionado por um grupo de freiras, naturais de Quito, lideradas por urna que tinha aberto a alma ao demônio, ''o qual lhe comunicara seu espírito de rebeldia, blasfêmia, ódio e desespero''. Semeando a discórdia entre as freiras nalivas contra as fundadoras espanholas, e sobretudo contra a Priora, Ma-
de Deus. As Concepcionistas constituem um ramo da árvore seráfica de São Francisco de Assis. Foram os franciscanos os grandes defensores da eonceição imaculada de Maria, e a eles encomendou o Papa o cuidado e direção espiritual da obra nascente.
Atuais comemorações
H~n~::~~,5!~~~,e~ ::~a
1 ;~~ aprovou a fundação da Ordem da Imaculada Conceição, em resposta à solicitação feita pela Rainha Isabel, a Católica, da Espanha, em nome de sua prima portuguesa, Da. Beatriz da Silva Meneses.
A fundadora
Nasceu Sama Beatriz da Silva em Ceuta. for1alez.a recém-conquistada pelos portugueses aos mouros do norte da África, em 1424. De 1447 a 1453, viveu na corte, sendo dama de honra da Infama Da. ------,e-.-bel, acompanhaudo-a a Castda Po r ocasião do casamento da lnfan-
6 - CATOLICISMO FEVEREIRO 1989
1a com o Rei Juan 11. A partir de 1453, retirou-se ao Mosteiro de São Domingos, em Toledo, o nde, sem professar como religiosa, permaneceu em es1ado de recolhimento durante 30 a nos.
Para celebrar dcvidamen1e esse quinto centenário, a Ordem religiosa feminina da Imac ulada Conceição realizará um Congresso Internacional. O lugar escolhido para esse evento
Em 1484, a Rainha Isabel, a Cató- ~~i ;t:ii:e~:aL~i· ~ise:~;:~~~n~ lica, que a visitava com freqüência, principais conventos da Ordem, funconcedeu-lhe os a migos Pah'icios de dado por Da. Leonor de Quiil.ones, Galiana para que realizasse sua voca- pertencente a uma das famílias de ção de fundar uma nova comunida- maior iml)Ortância entre a nobreza esde religiosa dedicada a honrar a lma- panhola. Realizar-se-á durant e os cu\ada Conceição da Mãe de Deus. dias 10, li e 12 de maio de 1989. Em 1498, o Papa Inocêncio VII I As palesnas que se pronunciarão aprovou a Ordem. Em 17 de agosto nessas datas fo ram divididas em quade 1491, a fundadora Da. Beatriz da tro seções: 1) A época de Santa BeaSi\va Meneses fez seus votos solenes, triz. A História hispano-portuguesa reeebell e RB a hâb+w--da-Con~re,çiç><ão>-<d<0.o.s,séc~11uc louXuYc;..·42)_aA...cex,~p"'ªº°"""'ºc.PdJLo!.lP<<c-_ e veio a falecer entrando na glória dem; 3) A cultura em torno dos con-
Numa copel.t. inlN'W~ (W Mwteiro, c,nueroam-oe incorrnpw• o, corp,-.d<!,1IUllr,,daaMadre1 H11ulaaorru, e,ureek11, <>da M,ulreMaria,w
dre Mariana, estas rebeldes conseguiram que ela fosse destituída do cargo, e colocada por três vezes na prisão do convento. Teve até que comparecer ao refeitório para receber disciplina pública e depois a comida no chão. Quando, enfim, por intervenções externas, a verdade foi restabelecida e a Hder rebelde presa no cãrcere do mosteiro, Madre Mariana de Jesus, temen-
do a eterna condenação daquela, iniciou uma luta contra o Céu para obter sua conversão. E tanto insistiu que Nosso Senhor assegurou que a salvaria, contanto que Madre Mariana se dispusesse a sofrer em seu lugar, ainda em vida, os tormentos que a primeira merecera no inferno. Durante cinco anos a heróica superiora padeceu todas as penas dos condenados, ex-
ceto o dano, que inclui o Vosso aparente olvido ódio a Deus. Via constanMe afastarão de Vós, temente os demônios, senque sois meu amor". tia os horríveis odores daNossa Senhora lhe requele antro, ouvia as blas- velara também que seu nofêmias e uivos dos conde- me permaneceria oculto nados, sua carne era quei- até que, no século XX, semada pelo fogo eterno .. ria devidamente conheciE o pior foi a privação do para estímulo das alde toda consolação celes- mas fiéis e da Igreja. E a te, pois prevenira-lhe o Se- própria Venerável, em seu nhor que, caso aceitasse testamento, prediz ~ua caessa pena, Ele não mais nonização nestes termos a olharia sensivelmente du- singelos: "Sabei, filhas rante toda a duração da queridas, que o Senhor mesma. quer glorificar vossa MaEm meio a esses terrí- dre elevando-a à glória veis sofrimentos, Madre dos altares". E é o nosso século, Mariana ainda cantava, com acento terno e profun- conturbado e provado a do que lembra o de sua um grau inimaginãvel que, conterrânea e contemporâ- segundo essa predição, tenea.anta Teresa de Jesus: rá a glória de ver a canonização dessa alma tão elei"Ó fogo de caridade, ta de Deus. Esperemos Deus escondido! que isso se realize o quanAbrasa-se minha alma em Vosso divino ardor. to antes. Nem minhas dores, nem Afonso de Souza
ventos concepdonistas e a Imaculada Conceição; 4) Problemática religiosa relacionada com a Ordem. Dentro da segunda seção, coincidindo com a fundação da Ordem nas vésperas do descobrimento da América, e sendo monjas concepcionistas asprimcirasreligiosasaatravessarcm o Oceano para fundar mosteiros no Novo Mundo - cidade do México, Lima e Quito - , caberá alguma referência ao papel da Madre Mariana de Jesus Torres. O mesmo deverá acontecer na quarta seção, no decorrer da qual dar-se-á a conhecer o estado em que se encontra o processo diocesano de beatificação dessa religiosa, pelo encarregado do mesmo, Mons. Dr. Luis E. Cadena y Almeida.
ção, em Macaúbas (MG); 3) Nossa Senhora da Conceição da Lapa, em Salvador; 4) lmaculada Conceição da Luz, em São Paulo; 5)1maculada Conceição e de Sama Clara, em Sorocaba (SP); 6) Nossa Senhora das Mercês, em Jtu (SP);7)Jmaculada Conceição, emGuaratinguetá (SP); 8) Ima-
No Brasil
~~~ª~:
Desde 1678, a Ordem fundada por Santa Beatriz, canonizada em 3 de outubro de 1976, marca sua presença no Brasil, onde, na atualidade, existem 17 Mosteiros: 1) Nossa Senhora
Milagrosa, em Uberaba (MG); 9) Imaculada Conceição, em Piracicaba (SP); 10) São José, em São João dei Rei (MO); 11) Imaculada Conceição, cm Thubaté (SP); 12) Nossa Se-
neiro; 2) Nossa Senho;a da Concei-
ratinga (MG); 13) Santa Beatriz da
~;dna~~i~
Convento da Imaculada C<>nceiçifo da l.u~, em São Paulo
Imaculada Conceição, em Araguari (MO); 14)PortaCocli,cm PontaGros· sa (PR); 15) Imaculada Conceição, em Bauru (SP); 16) Imaculada Con<.: 1ç , em oracza; macua a Conceição, em Bragança Paulista (SP).
CATOLICISMO FEVEBEUlO 1989 - 7
dos PCs com o partido majoritã rio não chegando a constituir senão uma minoria insignificante no marcmagno dc559dcputados e senadores que integravam a Ma gna Assembléia. Três outros candidatos do PC do B, eleitos, só obtiveram êxito escondendo sua qualidade de comunistas atrâs da sigla de determinado partido político. Em conseqüência , a eleição destes deputados comunistas nao pode ser to-
rnada a sério, como prova de popularidade. 13cm ao contrário, é prova da impopularidade do comuni smo. As apre-
ensões ante um eventual êxi10 dos PCs se desfazem, pois, como uma bolha de sabão. Mas, graças à imensa fermen tação publicitAria acerca da miséria do povo, em uma próxima eleição, o comunismo teria probabilidades de êxito espa n-
Plínio Corrêa de Oliveira
Ascensão das esquerdas:
n,era 1
Há quare nta dias que não envio minha colaboração para a Folha de S. Paulo. Isso cm virtude de
um sentimento muito raro cm mim: a
hcsicaçao. Não sou brusco cm tomar deliberações. Pelo comrário, ponderoas detidamente, ames de optar por umadasaltemativascmdebmc. Porém, antes de redigir o presente artigo, realmente hesitei. Mas, afinal, pronunciomc, já agora persuadido de que o devo fazer. O tema de minha rcílcxão era o atual quadro político - o pesadelo político, seria preferível dizer - cm que se encontra o Pais. Minha impressão a ial respeito é estranha. Ei-la. Pura e simplcsmcnle parece-me que um conju nto de circunstâncias vem criando, no ambicmc político nacional, um perigo irreal, todo feito de coincidências estranhas e intcrprernçõcs fantasmagóricas dos fatos. Mas um perigo que tem todas as possibilidades de constituir fator de êxito para os que o saibam ma nejar. Pois, cm situações leraseor'r"Gasco110 •uacn encontra o País, as fantasmagorias podem impressionar mais do que a realidade. E tudo isto é altamente descstaU - CATOLICISMO FEVF:HEIIW 1989
bili1.ador do que ainda há de firme em nossasituaçàosócio-poli!ica esóciocconômica. Em outros termos, há muito vêm sendo desenvolvidos vigorosos esforços publicitários no sentido de criar no Pais a ilu.sllo de que a massa da população é vitima de cruel peuúria. Tal pcnUria causaria, nos campos corno nascidades,sintomasgeneralizadoseinquietanlcs de revolta. Por suava, essa revolta estaria sendo "faturada" cmcxclusivoprovcitodascsqucrdas, notadamente o PT, as Comunidades Eclesiais de Base (CEBs) e os PCs. Oe toda ~ta situaçllo, os grandes beneficiàrios seriam estes últimos, ou seja, o Partido Comunista Brasileiro e o Partido Comunista do Brasil. Pois qualquer rcvollaquecrcscecm efervescência, "ipso facto" se radicaliza. E tende para os mais exacerbados extremos. Assim, a duração do atual descalabro econômico seria fator decisivo para o cngrossamemo das fileiras comunistas, ainda M pouco tão magras. . tuintc, sóscisdeputadosostcnsivarnentccomunistasconseguiram fazer-se eleger - e, assim t11csmo, em coligações
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toso - fazem crer os profetas da desestabilização e do caos. Asrcccntesclciçõcsmu nicipais - notadamemc a de S1lo Paulo - deveriam ser, segundo o vozerio publicitário desses profetas, uma coníirmaç1lo tonitroantc do progresso das esquerdas. Tanto mais quanto a inílação se vem acentuando dcscabcladarncme. E, quanto a mim, tenho dúvidas sobre a eficácia do novo pacote nesta matéria. Toda essa visão de nosso passado reccn1c e de nosso futuro próximo é de molde a projetar conseqüências profundas sobre o prélio de novembro deste ano, cm que será eleito o novo Presidente da República. Com efeito, nada faz esperar uma melhoria da sit uação econômica do Pais. E. cm vista de tal, por piores que sejam nossas condições econômicas, ése 1cn1ado a considerar um mal menor vagamenteaccitá,•el,qucclaaindacontinue tal e qual. Mas, mesmo assim, a
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ria a revolta. E a conscqílente marcha das esquerdas para o comunismo. Desse modo se tornaria inviável, cm qual-
mera fantasmagoria
quer caso, a vitória de um candidato que não fosse esquerdista. Em conseqüência, há quem sussurre com insistência, nos meios burgueses, que, para estes, a agilidade política suprema consistiria tão-somente em escolher, dentre os candida1os esquerdistas, o que fosse menos radical. E, dado que a mass-midia vem apresentando como candidatos esquerdistas viáveis unicamente os da triade Lulallri;,;ola-Covas, só restaria para a burguesia apoiar, dcntrcestcs,o menos esquerdista. Charada difícil, em verdade, e sobretudo pouco prazenteira. Pois, em qualquer hipótese, a burguesia (não a qualifico de "centro" e ain-
mensões da crise econômica . Pois sobre a matéria, meus conhecimentos não vão além dos de qualquer ''homem da rua". Com o bom senso - que ao mesmo tempo é a característica do ''homem da rua" easupremadcfcsadclc contraoscxagcrosdamass-mídia - limito-mearegistraraimpressãodeque algo de contraditório existe nestas pinturas surrealistas da miséria nacional. Não compreendo, por exemplo, como o Brasil de 1987, embora já então nos esteriores de sua pobreza crescente, foi promovido do oitavo para o sétimo lugar, na lista dos países de economia ascendente, segundo noticiou a imprensa(cfr. FolhadeS. Pau!o,23-12-88)
Igualmente não compreendo como tal pobreza consegue coexistir com os êxodos populacionais maciços que lotam incontável número de aviões, de automóveis, de ônibus, de trens, quando se sucedem dois ou três feriados, e os brasileiros, mesmo tidos como dos mais pobres, rumam jubilosos para as praias, as momanhas ou outros locais do interior. O mínimo dos mínimos que se me afigura, ante a contradição de tudo quanto se apalpa, se vê e se cheira, a todo momento, acerca da inflação, não se ajusta ao quadro festivo dos êxodos de que acabo de falar. Parece haver qualquercoisadeobviamentedcforma-
fantas111agoria da menos de ''direita'', uma vez que a maior parte dela não tem ideologia, e quase toda ela se vai deixando dominar pelo oportunismo do pânico) acabará formando cn1 um dos três grupos eleitorais de esquerda. E quem vcnceni . será por força a esquerda. No entanto . só uma coisa verdadeiramente importa ao Brasil: tomar conhecimento de que as esquerdas cornunistas o vão tragando. Saber, à vista disto, qual o esquerdis1a da triade que esta estranha conglomeração do pânico burguês e doesquerdismo incumbirá, através do vcrcdictum das urnas, de executar a degola do regime sócio-econômico vigente, importa infinitamente menos.
A/Jelllf da muciç" 1m•1mg<11ula, em comício, políticiu, ,lo.,,.artidm com,millai, "mímero ,/e""'"' "'mdidutos •1ue comegue •e tlcger 110 llrasil é i1uignifica11le
Ora, esse pânico burguês, tão indispensável para o triunfo das ~squcrdas, meparcceclaramente1nduzido por um desses hábeis jogos de miragenspublicitáriascmqueas esquerdas foram sempre mestras. E face ás qllais o centro vem ~e~do cego.;. Co-
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Acabo de descrever este jogo de miragens. Fi-lo para melhor o denunciar. Nesta faina, nada direi das exatas di· CATOUCISJ\10 F'EVEllEIHO 1989 - 9
mera fantasmagoria
do nas descrições da pobreza que, na mídia ou nas conversações, se ouve. Nossa realidade é mais complexa e ma-
cizada do que a mostram essas descrições. Mas esses matizes e essas complexidades parecem obstinada e sistematicamente relegados ao silêncio. Ora, amputar de seus matizes esse quadro é negar tacitamente a verdade: "laveritéestdansles nuances". A verdade estâ nos matizes, dizem acertadamente os franceses.
querdas que agora se desenvolve à vista de todo o Brasil 5ão os dados concretos que, sobre a matéria, cabe mencionar e analisar.
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A partir do ano de 1986, a TFP iníligiurotundodesmentidoàbalela esquerdista ativa e até então vitoriosamente posta cm circulação em todo território de nosso pais-continente, de que hordas de trabalhadores rurais esfaimados percorriam o nosso interior, acompanhados dos respectivos familiares, à procura de t rabal ho e pão. Não o obtendo, elas invadiam pura e simplesmente os imóveis rurais que encontravam mais "de jeito", e ali se instalavam em porções de terra não cultivadas,a fimdct irarem do chão dcsaproveilado, o indispcnsâvel para sua subsistência. Bem entendido, aofozendeironadalhc pagavamoscsbulhada.. res, sob a alegação do principio (aliâs muito justo.mas erradamente aplicado ao caso), de que o homem operoso mas carente
;tr:f~:~r::u~:t:,!;;~,ad; ~·::ü,,!7,:~;;,,:d:.~;:::: ,w lhadore ,
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radict1do1
E, no caso concreto, esta degola sistcmática dos matizes, aqucm bcncficia? Às esquerdas. Pois exagera a gravidade da situação, e leva ao pânico a porção não esquerdista da populaç.'.lo, bem como à revolta a porção esquerdista. Com o que só a esquerda lucra. Em Ul-
tima análise, a extrema-esquerda ...
A'"'º
.
que o expressivo conjunto de conjecturas alinhadas acima sobre a fantasmagoria em favor das es· 10 - CATOLICISMO f'EVEUEIRO 1989
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i;a~il~:~~º~:ª (sem pagamento) o pão onde o encontre: poisodireito deleà vida prevalece sobre o direito do proprietârio sobre seu pão. Mas seriam mesmo carentes de pão os componentes dessas hordas, que a policia como que jamais reprimia, e que vig:1.rios e até certos bispos insuflavam com veemCncia? Ou esses pretensos pobres eram desordeiros, contratados, conduzidos e mantidos na perambulação vagabunda e agressiva acravés das estradas, insuflados e liderados, na hora da ocupação, por agentes desc nhecidos? A observação alenta do noticiArio condu ziu- nos, aos da TFP. à firme convicção de que esta última hipótese, se
imóuel inmulitlu.
serenamenteanalisada.eontinhaaverdade. Urna razão nos levou a tal. Se essas hordas fossem de autênticos agricultores sem pão, constituíam sintoma agudo de um estado de miséria e revolta que, em grau maior o u menor. existiria ent:lo nas lavouras de todo o País. E, se assim fosse, a irrupção das dicas hordas, nas fazendas que ocupava m, contaria desde logo com a solidariedade dos trabalhadores rurais radicados no imóvel invadido. Uns e outros se rnancomunariam para dividir entre si a fazenda invadida, e enxotar da fazenda o proprietário mau pagador e desalmado. Ora,dasincontâveisnoticiasquelernos na imprensa das macro-cidades, como na dos centros populacionais médios o u pequenos, não enconl ramos qualquer alusão a ocorrências assim. Em nenhum lugar os trabalhadores de urna fazenda se revoltavam contra os donos destas. E vinham sempre de fo. raos "famintos" das hordas invasoras, extrínsecos à relação patrão-trabalhador, como esta existia pacificarnente no loca! invadido. Importava, pois, atalhar essas espoliações generalizadas, para evirnr que uma reforma agrâria "de facto", baseada no mito de uma miséria negra que não exist ia, viesscatomarcon1a ilegalmente do Brasil. Para este efeito - desajudada de apoio policial a grande maioria dos proprietários rurais - competia aos própriosfazcndeiros resistiràbala contra a invasão dos inautênticos ''miserAveis". Para certificá-los inteiramente desse direito, a TFP teve cm mãos os pareceres valiosos de dois grandes jurisconsu11os brasileiros, o Prof. Sílvio Rodrigues e o Prof. Orlando Gomes, respectivamente eatedrãticos das Faculdades de Direito das Universidades de São Paulo e da Bahia. Ambos esses pareceres demonstravam insofismavclmentc tal direito, com a erudição e a força de argumentação dos respectivos autores. A TFP se incumbiu, então, de divulgar esses pareceres por to o o tern1ório nacional. O que foi feito em uma heróica revoada de sócios e cooperado-
mera fantasmagoria
res, e o apoio dos correspondentes que temos em centenas de localidades. O resultado? Parou a revolta, emudeceu o vozerio dos "famintos", as
hordas sumiram do mapa. E nas fazen-
Examinemos os dados oficiais sobre a eleição: a) Da. Erundina foi a candidata mais votada por ter alcançado 1.534. 547 votos; b) o número de eleitores inscritos era de 5.528.404; c) logo, a nova Prefeita foi eleita por pouco mais de um quarto (27,76%) dos eleitores; d) os outros três quartos (dcs· contadas as abstenções, votos cm branco ou nulos) se dividiram por outras legendas, de expressão ideológica mais definida ou menos, mas cuja votação certamente não representava colorido ideológico tão carregado quanto o da Prefeita Erundina; e) ademais, todos sabemos que, no Brasil, o peso eleitoral das posições ideológicas deixou de ter significação a partir do momento
passaramaser,emgrandcnúmcrodc casos, os únicos argumentos com que se recomendam aos respectivos eleitores.
A indiferença ideo!ogica do próprio Movimento dos Sem-lena, reconheceu-a amarguradamente o bispo D. Angélico Sândalo Bernardino, da Zona a reinar a paz. Leste de São Paulo, em pregação repro· duzida pelo "Jornal do Brasil" (18-5-88): Com exceção de um local ou outro, "Nunca assisti a uma apatiaâopovo em que algo da antiga zoeira parece tão grande como agora. (. .. ) Eu semter renascido, o Brasil agrícola está tranpre fui contra a hegemonia dos hoqüilo. mens de Igreja nos movimentos populaTratava-se de um quadro artificial res, que devem ser dirigidos por suas e dramático a mais, sobre a situação próprias lideranças, respeitando a pludos trabalhadores do campo, todo feiralidade. Mas, hoje, se a Igreja sai, o to para apresentar como justa uma removimento acaba". forma que a realidade dos fatos qualiNãocrcio,ninguém ficavacomoclaramende bom senso pode te injusta. crer que, na massa popular em que a pregaO mesmo se deu ção de um bispo de agora recenteinegáveis dotes demamente, com as gógicos produziu tão eleições municipais. escasso resultado, a Não disponho de tempregaçao ideológica po para analisar os redosagentesdeLulatesultados de todos os nha conseguido resulpleitos realizados nos tado melhor. 4307 municípios da FeQual,então,over· deração brasileira. dadeirosignificadoidcConsidere-se simológicodavitóriaelciplesmente a mais ritorai do PT e de Da. bombante destas eleições, isto é, as desta Erundina? Para dizer pouco, tal resultado é nossa São Paulo, a cidade mais populosa perfeitamente ambi · guo. do Pais, na qual a eleição de uma Prefeita Mas o mito posto carregadamentc petisem circulação foi outa produziu em todo tro; o de um triunfo A TFP divulgou por l<1do o lerriiório naô.,nal "~ pareceres dm da esquerda, sintomáo Brasil o ribombo jurisconsultos Prof. Sifoio Rodrig11es e Pwf. Orlando Gnmes ticoparaoBrasilinteide um triunfo eleitoro. E lá vai este mito ral das esquerdas . Triunfo, este, no qual incontáveis bra- em que a Constituição republicana de modelando perigosamente o resultado sileiros se puseram a ver o primeiro 1891 proibiu expressamente a formação das eleições presidenciais de novembro passo de uma ascensão incontenível de correntes ou partidos monárquicos, deste ano. das massas populares indigentes, suga- e as formações partidárias republicadas, por meio da espiral ideológica do nas, na época ideologicamente homogêÊ csiranho que tudo isto assim petismo, para as plagas ideológicas de neas, passaram ase dividir apenas seseja, paraúnicaeexclusivavantaperdição do comunismo. Foi a toda es- gundo os critérios pessoais do coronegem do petismo e das esquerdas ta "miseenscéne" que Da. Erundina, lismo e do cabresto então vigentes. em geral. Mas pergunto aos leitores até há pou?o figura de_ ~lgum relevo se n~? é exatamente assim que as ~oidas, em cuja muito grande maioria os trabalhadores viviam satisfeitos, em concórdia com os fazendeiros, voltou
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em certos ambientes do PT, passou a ter, de um momento para outro, celebridade nacional.
simpatia pessoal se tornou um vício político nacional, a tal ponto que, em nossos dias, as fo10s dos candidatos
de se passar cada vez mais acentuadamente, caso novas vozes não façam eco â minha, através da mass-midia. CATOLICISMO FEVEREIRO 1989 - lJ
Yliolênclia 1:rlibal9 nos es1:ádlios europeus - '' A
POLICIA não sabe como controlar-nos, e faremosoomqueosholandeses paguem caro", advertiu pouco antes do conflito que teve lugar em Dusseldorf (Alemanha Ocidcntal)ochefedatorcidadaequipcingle-
sa de futebol "Chelsca", Paul Scarou. Ele é especialistaemataquesdiretos,tendosidotreze vezd condenado à prisão por agressões e ferimentos. - ''São umas verdadeiras feras selvagens", declarou, por sua parte, a dona do únicobaringl~daquelacidade,qucostorcedorcs britãnioos transformaram em seu quartel general. De fato, naquele dia de jogo do Campeonato da Europa, o confronto entre cinco mil policiaisalemãeseatorcidainglesa transfor-
Muilm jovetu lorcedore, in,lese,, no fim de ,emana, deKrndam-u wmo fera,, praticando atm de riolincia tribal
mou-se numa batalha em regra, com cenas de guerrilha urbana. Resultado: mais de cem torcedores pre-
sos e danos materiais de aproximadamente um milhão de dólares. A arruaça, porém, não causou muita surpresa. A selvageria com que se enfrentam as torcidas dos clubes de futebol nos estádios europeus tem-se tornado habitual, chegando muitas vezes a extremos de violência tribal. Assim, por exemplo, os torcedores do "Birmingham United", da Grã Bretanha, conhecidos como "Zulu Warriors" (Guerreiros Zulus) pintam o rosto como se fossem à guerra para intimidar seus adversãrios. Alcançaram uma reputação de ferocidade, após asdesordensnofinalde l986contrao"Leeds",dasquaisresultou a morte de um espectador. Os "zulus" ainda têm o perverso costume de fotografar os rostos cntumecidos de suas vitimas ... para seus "arquivos", segundo eles. Outra torcida tristemente dlcbre - a chamada " Inter Citty Jibbcrs" - financia seus deslocamentos mediante o roubo, tendo o hãbito de deixar um cartão de visita no bolso de cada torcedor adversãrioque tem assassinado. As brigas ferozes entre torcidas européias ocuparam as manchetes dos jornais de todo o mundo, por ocasião do massacre ocorrido no estádio belga de Heyset, na final da Copa da Europa, em 1985. A briga degenerou cm batalha campal entreostorcedoresdo"Juventus"da ltãlia eado "Liverpool" dalnglaterra,edeixouumsaldodetrintacnovcmortos egrandenúmerodeferidos. Uma das notas mais alarmantes dcs.sa violência é o fato de seus protagonistas serem, em grande número de casos, jovens aparentemente normais. Eles provêm da classe média e não estão afetados por crises familiares ou profissionais fora do comum. Durante a semana, trabalham como empregados de escritôrio ou freqüen1am escolas técnicas. Sua aparên-
Porém, no fim de .semana, degradam-se como feras, entregando-se a tudo quanto possa estimular o fanatismo e a violência tribal. As autoridades sentem-se impotentes ante um mal que parece muito profundo: o de uma classe média - habitualmente fator de estabilidade - que segrega nova forma de delinqüência. Que pai ou mãe de familia de um lar normal não fi. caria apavorado, vendo que um de seus filhos foi atingido porumaespéciedeesquizofrenia,queotransformanumcriminoso nos fins de semana? Ou quem não ficaria perplexo, tomando conhecimento das cenas de barbárie e sadismo, suce• didas nos estádios desportivos atuais, e que fazem lembrar osespetáculosdegradantesdoscircospagãosdaAntigüidade? O abandono progressivo dos costumes cristãos e o frenético corre-corre da vida moderna, que se observam cm todos os ambiemes, até na própria vida familiar, vêm favorecendo uma gradual migração psicológica. Com efeito, na medida em que as pcMOaS rejeitam a ascese e a piedade católicas, as tendências da alma humana desregradas em virt ude do pecado original vão se cxarccbando à procura dos prazeres ilegitimos. O permissivismo crescente da sociedade hodierna os oferece a nossos contemporâneos em doses cada vez mais cnlouquecedoras, rumo a uma cxplosllo contra qualquer forma de Bem, de Verdade, de Belo. Nessaperspec1iva,aviolênciatribalnosespe1áculosesportivosé mais uma manifcstação do neopaganismo, que rcnegou, na prática, a Cru ide Nosso Senhor Jesus Cristo e oexemplo augusto do equilibrio de virtudcs de Sua Santissima Mãe. SanriagoFemandez
"'!"':-'=~----":-"-~4---------~~
geral curtos, paletó, mocassinos, cartão de crédilo no bolso.
12 - CATOLICISMO FEVERElllO 1989
Paulo';, 30-11-87.
AIDS:
-----.--r,
Omt1e11ro i,e.-de, seiundo uma dai ,,mi,propulada, hipl)leu,
t:ientlfieu, uria o lrommiuor orifinário da ,41DS
arma política para o movimento homossexual A
TÉ HÁ POUCO não havia vício que fosse considerado mais infamante do que o chamado pelo Catecismo de "peca-
do sensual conJra a natureza". Eram, ele e as pessoas que o praticavam, estigmatizados pela sociedade e tidos como pertencentes ao
de Deus e exigir um castigo exemplar para escarmento dos demais" (cfr. Pe. Royo Marin OP, "Teologia Moral para Seglarcs", BAC, Madrid, 1964, 3 1 ed., pp. 214-215). lnfelizmeme, com a sucessiva queda das barreiras de horror que se levantavam contra toda sorte
submundo da Humanidade. Não
se fazia disso objeto de conversa, seguindo o conselho do apóstolo: "Tais coisas nem se nomeiem entre vós" (Ef. 5, 3). A Igreja sempre foi compassiva e procurou ajudar aqueles que, vítimas dessa má propensão, buscavam entretanto na oração, nos Sacramentos e na ascese pessoal uma vitória sobre sua tendência antinatural. Mas tal atitude em nada se confundia com fraqueza e menos ainda conivência, em relação àqueles que deliberadamente se entregavam às práticas infames. A razão profunda para a total rejeição desse aberrante vicio reside no próprio senso comum, confirmado pela doutrina da Igreja: esse tipo de pecado pertence aos que "bradam aos Céus e clamam a Deus por vingança", porque "envolvem uma especial ma/feia e abomin6vel repugnância contra a ordem
~ffiFõ11fílfffli':"'"Ptmmrvao-gr:F-~ã;:;;ã'ii':F.i,,..-- ~ vemenle "contra o bem social", pelo que "parecem provocar a ira CATOLICISMO FEVEREIRO 1989 - 13
de imoralidades, não é de admirar que até um pecado que brada aos Céus comece a ser considerado com olhar mais "compreensivo'', e ''sem preconceitos" .. . até cm ambientes religiosos. Assim, "Catolicismo" se vê na obrigação de tratar aqui dessa matéria - e o faz a propósito de uma brochura publicada recentemente nos Estados Unidos, "Gay, AIDS e Você" - , a fim de manter seus leitores a par da crescente investida do movimento homossexual. O livro (The Devin Adai r Company, Old Greenwich, Connecticut, 1987) tem por um dos autores o ilustre-e combativo sacerdote- cubano Revmo. Pe. Enrique T . Rueda, expreso político de Fidel Castro, especialista em questões de América Latina em geral, e Central em particular, "Master of Arts" em Ciência Política pela Un iversidade de Fordham, Estados Unidos . Tem ele outro livro publicado sobre a matéria. Fundador, dirige o Centro Católico da Fundação de Pesquisas e Estudos do Congresso Livre, em Washington. O co-autor, Dr . Michael Schwartz, é diretor da Política Familiar e da Criança, na mesma Fundação, sendo autor de mais de três livros e de centenas de artigos.
"A AIDS é
a nossa força"
mossexual, 'A IDS é a nossa força',
não mais parece absurdo. A A IDS é a fonte para a bem definida agenda dos homossexuais enquanto forçando o resto da sociedade a aquiescer com ela" (p. 8).
"Terrorismo de sa ngue" Habitualmente a transmissão da AIDS se dá através do contato sexual, do uso coletivo, para drogas, de agulhas contaminadas - os drogados são freqüentadores habituais dos antros homossexuais - e da transfusão de sangue contaminado pelo virus. Por isso, recentemente, "o Presi-
Bxa,;,e de crianç11 portadora da AJDS
den1e Reagan sugeriu, em palestra para a FundaçrJo de Pesquisas sobre a AIDS, a instituição de um leste rotineiro de sangue para certas ca1egorias de pessoas. O movimento homossexual protestou vigorosamente" (p. 7) e a medida não foi apro-
Segundo os autores, o movimento homossexual "é muito mais for-
vada. Apesar de "75% dos atingidos
te, mais amplamente espalhado e habilmente estruturado do que a maioria dos americanos julga. Ele penetrou em nossa Mídia, nas nossas escolas, mesmo nas principais igrejas. Em todo os Estados Unidos nossos filhos têm sido sujeitos à propaganda homossexual numa intensidade que seria impensável há alguns anos" (p. VI II). Para esse movimento, "a AIDS se tornou uma fonte de fortalecimento ideológico: .. .. criou um senso de solidariedade, uma identidade especial e a justificativa para reivindicar o status de vitima e obter simpatia ..... Entendido nesse sen11 o, o s ogan que gan ou proeminência nas demonstraçóes do 'Orgulho Gay' e dentro da subcultura ho-
pela AIDS serem homossexuais",
14 - CATOLICISMO FEVEREIRO 1989
como argumentam os autores da referida obra, seus movimentos representativos tomam atitudes de "opo-
sição aos testes de sangue e outras medidas públicas de saúde, insistência em manter desconhecidas importantes informaçóes sobre a AIDS, e o pedido de que os portadores do mal possam circular livremente na sociedade". Essa atimde "quase suicida" parece indicar que esses líderes "não têm olhado para a AIDS primordialmente como para uma catástrofe no campo da saúde, mas -como uma o ortunidade ara levar avante sua agenda política" (p. 7), náo se importando com os riscos que eles mesmos correm e fazem inocen-
tes correr. Isso fez com que a A IDS se tornasse ''a primeira epidemia politicameme protegida na História" (p. 8).
"Quando a AIDS começou a aparecerentreos hemofílicos", prosseguem os autores, "a FundaçrJo Nacional de Hemofilia urgiu para que os homossexuais f assem proibidos de doar sangue. A proposia foi acremente denunciada pela Força Tarefa Nacional Gay como 'perigosa e divisora'" e "uma solução política para um problema médico".
Em decorrência dessa campanha, o movimento homossexual obteve mais essa vitória. Conseqüência: até o ano passado, "cerca de três quartos dos hemofílicos estavam infectados [de AIDS] na América" (p. 5). Nessa ocasião, o ativista gay Robert Schwab, que morreu depois de AIDS, declarou: "Qualuer a Do re uerida ara chamar a atenção nacional é válida. Se isso incluir o terrorismo de sangue, seja feito'' (p. 17, destaque nosso) .
guém está afetado" (p. 22). E isso Até lá vai a discriminação anti-disquando se sabe que "há casos regis- criminatória ... trados de pessoas portadoras de Entretanto, "o maior triunfo AIDS que, conscientemenre, passam cio movimento homossexual é a inA pretex10 de sofrerem ''discri- a infecçdo para de1,enas, às vezes filrraçdo das idéias homossexuais minação", em virtude da aprova- centenas de ourras, preferindo 10- nos cursos de educação sexual mição de algumas leis ou atos visan- mar essa atitude a ler que alterar nistrados nas escolas públicas da do circunscrever a epidemia da suas práticas sexuais" (p. 26). América. Centenas de milhares de Compreende-se que. uma vez estudantes americanos estOo agora AIDS, os homossexuais têm obtido da parte de muitas autoridades, que a AIOS não tem cura e que recebendo instruçOes de/alhadas medidas in1eiramcn1e discrimi nat ó- os homossexuais não querem to- de como praticar 'seguramente' os rias contra a população normal. É mar as medidas preventivas, as Com- atos homossexuais" (pp. 16-17). o caso, por exemplo, dos que traba- panhias Seguradoras passassem a lham no campo da saúde. Uma vez exigir testes de sangue dos interessaque o virus da AI OS pode ser tran s- dos cm seguro de vida. Isso provomitido acidentalmente, isto exigiria cou um clamor geral contra elas coAo lermos todas estas abominaçproteção especial para aqueles in- mo "discriminatórias" e "homofo- ões e lembrando-nos que elas são cumbidos de tratar dos pacientes in- bílicas'', o que levou algu mas juris- apenas um ápice de muitas outras fectados. "No entanque dilaceram o que to, há casos nos resta de civilização quais enfermeiras, cristã nos dias de ho1rabalhadores na je - como a onda limpe1,a e ourrosfuncrescente de adultécionários niio esperios, de incestos, a ciali7.ados, 1100 têm matança oficializamesmo a permissOo da de inocentes atrade saber se o pacienvés do aborto, a legate, do qual estão cuilização do divórcio, dando, é portador as experiências préda infecçOo da matrimoniais e tanA IDS". E, "em ~·átas outras prâ1icas rias instiluiçOes, eles pecaminosas, para tl!m sido proibidos ficar só no campo mesmo de usar pemoral - vêm-nos à ças protetoras (comente as palavras mo máscaras e luvas do exorcismo que de borracha), quanLeão XIII compôs, do cuidam de contasegundo consta, após minados pela AI OS, ter recebido uma reos quais são colocavelação de que o dedos em enfermarias mônio obtivera perA All)S lt m dado origem a diferente, tiJHM ,le manif,11arno política. com outros pacienmissão para agir Na foto, jor.e111 africa nos. em N"ru lhlhi (lmlia), tes ndo afetados, i11mais intensamente pr,>leUam wnlra a obri§atoriedmh! dm 1e1U!1 anti-All>S. c/11sive crianças" (p. sobre a Terra. Man20). dou o Pontífice Esse é um absurdo somente pos- diçõcs, como a do Estado do Wis- acrescentá-las à Liturgia: "O dragbo maldito transvasou, como rio d~r~;~i::ç:in~~am~ e~:f,êrit~ª im1111díssimo, o veneno de sua ini"discriminação" um viciado empe- lumbia, onde está Capital Federal, qúidade em homens depravados dernido, culpado pelos seus próprios foi aprovada uma lei anti-teste. de menle e corruptos de coraçtlo; indesmandos, arrisca-se a vida de de- Em conseqüência, 40 das 50 maio- cutiu-lhes o espírito de mentira, imzenas de inocentes, inclusive crian- rcs Segu radoras americanas dcixa- piedade, blasfêmia, e seu hálito ças. O que é, então, verdadeiramen- ram de operar na área, e as 10 res- mortífero de luxúria, de lodos os te "discriminação"? - pergunta- lantes elevaram consideravelmente vícios e iniqüidades" (cfr. Rituale mos. Mas, há mais ... Ainda sob O as taxas de seguro. Assim, "para Romanum, Romae-Touranaci, lypis pretexto de que "os testes [de san- proteger os por/adores de AIDS Societatis S. Joannis Evangelistae, gue] resuftarOo em perseguiçOo pa- contra a 'discriminação', osresiden- Discléc , Lefebvre & Soe., 1903, p. ra os afetados", os homossex uais tes do Distrito de Columbia agora 229). obtiveram que, na Califórnia , ''jos- terão que pagar mais pelo seguro Não tornam, tais expressões, ~---..,.= ap"'ro"',~ad"'a• ,i.mM••" 'l"'e,•pw.m"lb"'ln~a;~r+-,e,,~ s m ~ ~ , · ai:.-com-preensi~ntes-aspeG------médico de informar qualquer pes- vadas, têm menores possibilidades tos do mundo atual? soa, mesmo o cônjuge, de que ai- de escolha de seguradoras" (p. 25). Mario A. Costa
Discriminação anti-a nti-homossexua l
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CATO LI CISMO FE\IEIIElflO 1989 -
15
Tragédia na Armênia revela:
RÚSSIA, país do terceiro-mundo A
CATÁSTROFE que se abateu Nunca havia imagisobrc a Armênia vai, pouco a nado que uma poq,1:'.mt:~lh'lfITTtõ7mõ•iviédo. O normal é que cada vez menos tivesse tanta escasse noticie sobre as desventuras e are- sez"' ("FolhadcS. construção - máxime em se tratando Paulo", !5-!2-88). de pais comunista - e que reapareça A desumanidaem publicações, no final da década, co- de burocrática somo uma das grandes tragédias dos cialista não tem liA pés~im11 111111füfode dM co11s1rnç<ie• anos 80, junto com Armcro e a cida- mites: "Grupos de foi re.,p,m,úue/ 11elo grm1de tt!Ímero 1/e i,(/im11s de do México. resgate mostravam Porém, dadas as circunslãncias pc- uma total indignação porque foram im- uma remessa de pão para os moradoculiarcsdcssatragédia,rcvcladoratam- pedidos de trabalhar por causa do to- res famintos de uma aldeia semi-destruíbém ela de mais urna e pior tragédia que de recolher que vigora em 16 re- da, alegando que lá não havia nenhu- o domínio comunista e sua seqüela giões da Armênia. ma autoridade que pudesse assinar o insondável de mazelas - é oportuno "Um especialista em escavações recibo - todas csravam mortas" ("Velançarmos um olhar compadecido pa- da Alemanha Ocidental contou que te- ja", 21-12-88). ra o cenário de dor que atingiu várias ve que parar seu trabalho no mesmo cidadcsdaArmênia,cntreelasSpitak, momento cm que ouvia gritos de socorUma firma dos Estados Unidos "enLcninakan, Kirovakan, as mais atingi- ro vindos de geme soterrada pelos es- viou um laboratório médico, inclusive das. combros. Soldados armados de metra- 20 aparelhos de diálise. Quatro dias lhadoras lhe disseram que era 'hora se passaram antes que os vistos de ende recolher'" ("Folha de S. Paulo", tradachcgassem'' (''Time'', 26-12-88). 16-12-88). "Um médico britânico que particiOutroepisódioestarrccedorfoinar'"Nosso país é cão atrasado que pou dos socorros fez uma declaração rado pelo primeiro-ministro Rijkov, nao conseguimos sequer receber ajuda emocionada à TV BBC: 'Na ArmCnia que acompanhou os trabalhos de socor- adequadamente' - o dcsafabo Foi pronão havia sequer aiaduras ou álcool. ro: "Um burocrata recusou-se a enviar ferido por um funcionário que completava três noites sem dormir'' ("Veja", 21-12-88). O., 111,ld11dos de Gurbacliev ig,rornr,,m os grilm ,fo~ .m/,,,-,-,ul,,s; primeirorepr1sernm a e•frilua de l,enine. '''A União Soviética é o Congo com a bomba atõmica': esra frase, atribuida a Pierre Courtade, durante anos correspondente de "L'Humanité' em Moscou, nos vem irresistivelmente ao pensamento face às noticias sobre a incúria , a fraude administrativa, a desorganização, a ausência de meios presen1c nas operações de socorro. As equipes de salvamento estão confusas. Aterradas pela amplidão do desastre . mas também, sobretudo estupidificadas pela ausência !Otal de coordenação das op~rações de salvamento. Falt~m os
ttmmmrni,ii,,.---!;
tcs, tra!Ores. Faltam também holofotes, tendas, alimentação. A cada passo a in-
Aplicação de competência é flagra nte, assustadora" ("Le Point", Paris, 19-12-88). '"Em lugar de serem operados no local em hospitais de campanha, os feridos eram impropriamente transpo n ados, dura nte horas, em ambulâncias improvisadas. Sem fala r na incomp,::tência de certos médicos russos enviados por Moscou: Vimos pessoas serem dialisadas quando bastaria para expelir liquidos, que os reidra1asseml' se indignam os Drs. Vincent Barrois e Patrice Kasparian. · "A desordem é omnipresente. Caixas contendo a etiqueta ·medicamcntos-urgentes'ficamesquecidasnumcanto do aeroporto do Ercvan, enquanto que cm Leninakan os feridos procuram a esmo uma caixa de remMios aparecida por lá, e sem que ningul!rn os viesse ajudar a Traduzir as bulas. Freqüentemente o comportamen10 dos oficiais e militares soviéticos beira à provocação" ("L'Express", 23-12-88). "O cúmulo foi aiingido cm Spitak, cidadedestruidaemccrcade90º/•,quando soldados de Gorbatchev julgaram mais urgente, imediatamente depois do tremor de terra, recolocar no pedesta l a estátua de Lenine, e até restaurála improvisadamcncc, do que voar cm socorro dos armênios soterrados a alguns metros dali. .. " ("L'Express", 23- 12-88). '''É assustador! confidencia um soldado francês. A nrnior parte dos imóveis eram construiü~~s com pedras vulcànicas empilhadas como um vulgar joso de cubos. Nem concreto armado, nem cimento. Tudo então se precipitou de uma só vez sobre as pessoas, sem bolsões de salvamen10, como é normalmente o caso cm terremotos'. Na pra<;a Leni ne, cm Leninakan, os austeros prédios oficiais são quase os único~ que restam de pé. 'Não espanta! cxcla-
EMOS analisado os destinos da Medieina no Brasil pós-constituinte. Em artigo anterior(•). mostramos que as emendas do Centrão não expurgaram adequadamente a tendência socializante cm nossa Carta Magna. Em apenas três meses de sua vigência, só cm São Paulo três hospitais foram
Um risco pouco temido pelos "comunosanitaristas"
e~t: ~:!~':a~~ ~~ti;~:~t~i~i~ie~~
1r~:propriados (agora qua-
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no mercado
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me~;:: ;:;: :\~1 , das penas e das lágrimas, são de105 monstradores sensíveis, com revelações extraordinárias doestado de uma socicdade. Face ao tremor de terra armeniano, a União Soviética, segunda potêneia mundial, revela-se o que ela é: um
CAOS NO ATENDIMENTO MÉDICO NO BRASIL T
Mostramos também que
Estccaosparccecntrctanto não ser temido pelos administradores soc ialistas, que conduzem os destinos da sal1dc neste Pais. Tudo indica que a anarquia vai pre-
medicina brasileira.
~e~~ê~~~; ~~:t~~:~~e~~~; !~ men~~~l~~~~:f~~~~~- ~~r:~:
trangulando a medicina particular a ponto de torná-la economicamente inviável: o que vai gerando um grande "deficit" de leitos hospitalares no País (cm relação ao
lciro aceitaria os padrões comunistas aplicados na medicina: seja os padrões soviéticos (da consulta médica realizada por técnicos de nível puramente secundário), seja
do assim de uma situação verdadeiramente caótica.
seja os métodos cubanos, do médico de quarteirão.
1 05 -~,~11~:;;;;,-'j~ºi;;,i<j:r;,;: w:~;c. ~~l~ii~~if./i~•l7•t\;'íLf'E'ii'1if"1'---.- - - - -+-'"-mEl'",.'mºdo,a""Ttpouipc:1"mªç;,,';º.l·;,,ITTF+;;; :r~~ê~~~:cs:J~fç~~.~: R. Munsur Guérios
CATOLICISMO FEVEIU:lllO 1989 - 17
Entretanto, a criação de sa" linha do "apadrinha- apresentam suas portas feum estágio caótico, no qual dor", irá por água abaixo chadas (ou pelo menos apese patenteie a falência total na medicina brasileira. É nas entreabertas) para os da medicina brasileira, pode- um outro elemento da anar- mais necessitados. ria ser um ingrediente "bené- quia que se aproxima. b) O segurado do INPS fico", e talvez mesmo indistambém perde, porque apepensável, para plantar a se- Omissõo de sar de pagar uma pesada ta:f;~en!c s::ii:11~i~~ t~~ gosto dos que por ela trabalharam, tanto nos bastidores como na própria ribalta de nossa Constituinte. Não é difícil prever as várias etapas desse caos. As peças do xadrez estão colocadas, já começaram a se movimentar. Estão ai-pm·a 10-dos os que quiserem ver.
socorro: fato cada ~ª;;~~e t~:t~!~~:~s d~:~~~ vez mais freqüente digentes. Outro elemento de degradação do atendimento médico no Brasil neoconstitucional é o problema dos contratos de prestação de serviço. Em sua obstinada pe_E_~ guiÇão contra a mêdicma particular, o Poder Público da Nova República, tanto
c) A Lei Orgânica dos Municípios Brasileiros, que garantia a todo cidadão atendimento médico de urgência (cirúrgico e clinico) gratuito, ainda não foi revogada. Mas está sendo desrespeitada por todos os hospitais municipais, Santas Casas e hospitais-escolas, porque. ganan-
~~i~p~ª-
A " politicalizaçõo" f~~:;~dd~s â~ª;~~~s (':1~ ;;~~e~çãn~gadn~ da saúde como atualmente através da do a atender os desempregaQuase todo o orçamento de assistência médica do INAMPS, atualmente superior a 3 trilhões de cruzados anuais, está sendo entregue aos prefeitos, pela criação do famigerado Sistema Unificado e Descentralizado de Saúde (SUDS). As notícias dos jornais nos dão conta de três fenômenos: 1. A distribuição das verbas aos prefeitos, feita através das Secretarias de Salldedos Estados, tem habitualmente premiado os prefeitos "afinados" com os governadores e penalizado os oposicionistas; 2. Ninguém põe a mão no fogo para atestar, que tanto uns quanto outros, realmente aplicam toda a verba recebida na promoção da saúde dos cidadãos sob sua "jurisdição"; 3. A politicalizaçãodaassistência médica já é um fato; cada vez mais, o "apadrinhamento" do Poder municipal torna-se condição importante para obtenção de qualquer tratamento especializado. Não é preciso ir muito longe para perceber que tudo o que não está na "dito-
própria Constituição, estabelecequeoscontratosdeprestaçãodeserviçoao !NAMPS deverão ser, de preferência, com instituições pllblicas de salldc (especialmente Santas Casas). Ora, à guisa de perseguir entidades de fi ns lucrativos, nossos dirigentes es1ão oferecendo ao Pais um péssimo negócio, uma vez que prejudicial a todos os segmentos da sociedade brasileira. Só mesmo um obscurantismo, do tipo "komeinista", poderia excogitar uma solução tão errada para nossos problemas: a) A classe dos indigentes perde com isso, porque as Santas Casas, antes abrigo caridoso para todos que delas necessitavam, agora
18 - CATOLICISMO FEVEllElllO 1989
dos, estrangeiros, etc. não vinculados ao INAMPS. Muitos casos de morte por omissão de socorros já começam a ser registrados cm nosso País. d) Perdem, evidentemen· te, também os hospitais particulares, uma vez que ficam excluídos de contratos que garantiam parte de seus rendimentos . e) Perde o País de maneira geral, uma vez que não háes1imulo para construção de novos hospitais e aumento de nosso potencial de atendimento na proporção do aumento de nossa população.
Os três ingredientes do caos Resumindo, encontramos então três fatores de caos e de degradação do atendimento médico no Brasil: !. A asfixia e desmontagem da rede privada de atendimento; 2. A politicalização do atendimento, a institucionalização do apadrinhamento e os desvios dos recursos desaUde para outros setores; 3. A abstenção do Poder Público(emaisespccialmente do Município) no fornecimento da medicina gratuita à população carente, e nas urgências cirllrgicas e clinicas da população em geral. Não há sinais de que essasituaçãoestcjaatemorizando a "inteligcntzia" comuno-sanitarista brasileira. Parece, pelo contrário, que ela conta com o caos, como forma de preparação do passo seguinte. Tal passo, parece ser a introdução do sistema cubano de atendimento no Brasil. Trataremos dele oportunamente. Antonio Lora Duco (º) "No~a Constimicão tende a es-
trangularmcdicinaparticular", "Ca. 1olícismo",N·4S6,dCtt111bro/l9l!.8.
A revanche da Idade Média
rer desses dez séculos houve pe· ríodos muito diferenciados: "o período franco .... designando 300 anos que vão da queda do Império Romano, em 460 .... até o ad1 vento da linhagem carolíngea, em meados do século VIII .. . . . O período imperial, que viu realizar-se a unidade da Europa, corresponde a cerca de 200 anos . .. . Da metade do século X até o fim do século XIII é a Idade Feudal . . . . . Por fim .... dois séculos em que se dá um período de transição entre o feudalismo e a monarquia (absoluta)." (p. 137).
SEGUNDO uma deturpada visão
~= ~~~~~:~ :~f
Quando até os rótulos se enobrecem ...
cos: "nossos programas escolares só deram lugar, até o presente, à literatura clássica, a que começou no século XVI ..... Mil anos sem produção poética ou literária digna desse nome, é concebível?" (pp. 4112). Tendo, porém, o brilho das artes, a pujança das instituições medievais ultrapassado essa barreira de silêncio, foi organizada contra a Idade Média a mais fantástica campanha de difamação de que se tem notícia, uma verdadeira legenda negra: época de epidemias e de peste, de fome e de massacres, na qual os senhores feudais "se guerreavam durante todo o tempo, e com seus cavalos passavam pelas terras dos camponeses destruindo tudo" (pp. 819); "para os historiadores do século XIX feuda lismo significava anarquia" (p. 57). Exemplo característico dessa campanha foi o desprezo com que se procurou cobrir a magnífica arquitetura medieval, feita de ogivas sublimes como mãos postas em oração e de estupendo contraste entre a pedra austera e o vitral
contra seus detratores Mas esses dez séculos foram
de cores esplendorosas. A magni1
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:ir~ª~~e~ d~=s~ tpãr~l:ç~~ºtn!1e~::t~:::~t~:ae,li!e ~~:~~~it~~~::n::;~~:~~;~a famosa historiadora contemporâ- rária (tenham-se e~ vista,' po; construção ogival é feita de munea Régine Pcrnoud (1) - "teria exemplo, a Suma Teológica e a ros transparentes", e sua elevação havido duas épocas de luzes: An- "Chanson de Roland"), de verda- e a multiplicidade de seus aspectigüidade e Renascença - os tem- deiro aperfeiçoamento social (é O tos criam um ambiente tal que "o pos clássicos. E e ntre as duas, fim da escravidão, que só retorna- silêncio de pedra das catedrais é uma 'idade média', período inter- ria nos tempos modernos, e a edi- um discurso sem fim" (2). mediário, bloco uniforme, 'sécu- ficação de uma sociedade com baSem falar dos tão originais arlos grosseiros', 'tempos obscu- senosvínculospessoalefamiliar), cos-botantes, que do lado de foros'." (p. 17). de pujança econômica, etc., que ra dos muros sustentam graciosaAssim, "Idade Média" é a de- o véu de desprezo com que se mente as ogivas. Deles, disse o s ignação que foi dada, por despre- procurou ocultá-los sob a designa- mesmo autor: "A uma pressão zo, a nada mais nada menos do ção"ldadeMédia"nãosurtiuefei- oblíqua\dasogivascontra aspareque dez séculos de História, cuja to. Nem tampouco o silêncio que des] era necessário opor uma reúnica importância teria sido a de sobre eles se procurou fazer de sistência oblíqua; a genialidade servir de hífen entre a Antigüida- modo sistemático, por exemplo não foi tanto de conceber o arcode pagã e os tempos modernos. nas escolas, falando-se o mínimo botante ... mas sim de concebê-lo a,-efifma---<:om-razão--P---er'--J-po<"',.Lia.l<!ad,eMédi..c=,Jcgana.-J.-"<01!]m!!fO'-!U1!]mlja!frcÇlloê'."~,- - - - - ~ noud, isso é uma insensatez. A co- do a poucas páginas o ensino soPois bem, esse inigualável estimeçar pelo fato de que no decor- bre esse período nos livros didáti- lo, que produziu monumentos CATOLICISMO FEVEREIRO 1939 - 19
prodigiosos como a Catedral de que rotulava, que falar em " IdaNotre Dame de Paris e a Catedral de Média" - ou usar o adjetivo de Colônia, ou verdadeiras jóias "medieval" - é acender entusiasarquiteturais como a "Saiote Cha- mos ou ódios, a ninguém deixa inpelle", foi, por desprezo, qualifi- diferente. Magnífica revanche! cado de "arte gótica", ou seja, arte dos godos, dos bárbaros. A ar- Razão profunda te ogival, porém, se vingou, e o da legenda negra rótulo de desprezo aplicado a sua realidade sublime, não só não conseguiu denegri-la, como ficou ele Das considerações até aqui feipróprio enobrecido. De tal modo tas, uma pergunta normalmente que, ao fa lar hoje em arte gótica, aflora ao espírito. Por que, contra poucos se recordarão da origem a Idade Média, uma tal campanha desgrenhada do epíteto, penetra- se desencadeou? Por que se amaldo que está ele pelas luzes dos vi- gamou, sob um rótulo inexpressitrais e pela beleza ogival das ner- vo,...para denegri-los, períodos suvuras de pedra. cessivos muito diferentes entre si, Aliás, pouco mais ou menos perfazendo mil anos de História? foi o que se deu também com a designação ''Idade Média''. Quem se dá conta, hoje em dia, do vazio originário da expressão? Esta ficou de tal modo sublimada pela força de personalidade do período
20 - CAl'OUC ISMO FEVEREIRO 1989
A resposta é simples. ~ porque esses mil anos corresponderam à formação e apogeu da civilização cristã. Mesmo os séculos XIV e XV, que já se podem considerar como sendo de decadência
da Idade Média e de preparação dos tempos modernos, encontravam-se ainda prenhes de instituições e costumes cristãos. Explicamo-nos. Nosso Senhor, ao fundar a Santa Igreja Católica, não fundou ao mesmo tempo uma sociedade temporal católica. Mas deu à Igreja, em semente, toda a capacidade para inspirar e modelar uma civilização. A Igreja, a partir dos Apóstolos, cresceu nas catacumbas até que, e m 313, viu reconhecido por Constantino seu direito de agir e expandir-se à luz do sol. Mas era sempre a Igreja - sociedade espiritual - a qual teve de conviver com a forma pré-existente de sociedade temporal antiga (romana), sem poder ainda modelá-la segundo o espírito e os princípios católicos. As vagas sucessivas de bárbaros que varreram o império, tornaram impossível o funcionamento
da "urbs" romana. A única instituição que se manteve de pé, altaneira e pujante, em meio aos escombros do mundo antigo que de todo lado se acumulavam, foi a Igreja. Tomou-se Ela, então, a alma da nova sociedade temporal que começou a formar-se. Ou seja, o incipiente corpo social, gerado nas difíceis circunstâncias da época, foi desde o inicio embebido de catolicidade e orientado pe· lo influxo benéfico e a mão firme da Santa Igreja. Nasceu assim a Crista ndade medieval, verdadeira proje(ão temporal da Igreja Católica. . Não queremos com isso afirmar, é óbvio, que tudo na Idade Média foi perfeito, nem mesmo negar que crimes e horrores se tenham cometido nesse período (em mil anos houve bastante tempo para tudo isso). O
que afirmamos, com o Prof. Plínio Corrêa de Oliveira, é outra coisa: "A Cristandade Medieval não foi uma ordem qualquer, possível como seriam possíveis muitas o utras ordens. Foi a realização, nas circunstâncias inerentes aos tempos e aos lugares, da única ordem verdadeira entre os homens, ou seja, a civilização cristã .... a disposição dos homens e das coisas segundo a doutrina da Igreja." (3). Daí o ter-se procurado desprezar a Idade Média, fazê- la esquecer, caluniá-la.
(1) "Pour en finir avec lc Moycn Age", éditions du Seuil, Paris, 1977. Todas aseilações de Régine Pemoud, nesle artigo, são da mesma obra. Ao leitor desejoso de aprofundar seu co11hecimento sobre a Idade Média recomendamos ainda, da mesmaautora,"BeautéduMoycnAge", e "Lumiêre du Moyen Age".
AldadeMbl.io,Nm11 lpoc11de 1re"'"tComo poderia l!ia enliío ll!r werudo efll! INniro tW p,,n.oamenla leulógica "'Jilo,ófiM qNeffH Seia Tam<U dl! Aquino? O qua• dra de lurbarán a npre,eala elUUlando Pap(U, BUpm e J.,,.,1un,
François Cali, 110 álbum " L'Ordre Ogivale", edi(ões Arthaud, Paris, 1963. (3) "Revolução e Contra•Revoluç..O", 2a edição, Diário das Leis, 1982, p. 28.
(2)
Uma segunda criação Soore a Idade Média • época admirável em seu conjunto, complexa, com muitas luzes e também sombras - dificilmente se encontrará uma descrição tão penetrante e sintética quanto a do pensador católico tradicionalista espa nhol do século passado, Danoso Cortés. Reproduzimo-la abaixo: "Na Idade Média há muitas coisas: há, por uma parte, assolamento de cidades, queda de impérios, luta de raças, confusão de povos, violências, gemidos; há COrrufH;ãO, há barbárie, há instituições caídas e instituições bosquejadas; os homens vão aonde vão os povos; os povos, aonde outro quer e eles não sabem; e há luz que basta para ver que todas as coisas estão fo ra de seu lugar e não há lugar para coisa nenhuma: a Europa é o caos. "Mas além do caos há outra coisa: há a Esposa Imaculada do Senhor, e há um grande acontecimen-
1
no da Divina Majestade e da divina grandeza do que operar ali, onde homens e povos e raças, tudo se agita confusamente, e ninguém realiza nada. ( ... ) "Depois de haver amansado amorosamente aque. las grandes iras e serenado com seu simples olhar aquelas furiosas tempestades, viu-se a Igreja tirar um monumento de uma ;'Ufna; uma instituição de um costume; um princípio de um fa to; uma lei de uma experiência; e, para dizer tudo de uma vez, o ordenado do exótico; o harmônico do confuso (... ) Tudo foi, tudo viveu, quando o mundo prestou ouvidos atentos a suas amorosas palavras e começou a olhar fixamente para sua resplandecente beleza. "Não, os homens não tinham visto uma coisa semelhante, porque não tinham assistido à primeira criação( ... ). Dir-se-ia que, arrependido Deus de não ter feito o homem testemu nha da primeira, permitiu
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~~o~uo;1rav~:t~J! ~:Jj:~t~~d~á n~ri;~a~:s~J;iac:; ª(~S:o~ªé:~tft~-Áuti~i~~;:: pa~broso-a-não--ser-em-cr~ào,--e-nad~..e...os-erros modernos'' fdit não a Igreja me parece adorável (... ) Nada mais dig- 1960, pp. 62/3).
~a~~~: lis
CATOLICISMO FEVEREIHO 1989 - 21
Um testemunho franco e leal FRANCAMENTE não compreendo toda essa agitação que se levanta em torno da Reforma Agrária. Muitas vezes, pergunto a mim mesmo: será ela necessária? Pois não é verdade que os brasileiros já vêm expandindo nossa fronteira agrícola há décadas, galgan-
do serras, desbravancto· flores1as-;-atravessando rios, transpondo pântanos e tirando da terra mediante o plantio, a criação e a mineração os recursos de que vivem hoje 140 milhões de pessoas? Exemplifico com o que aconteceu em minha região, o norte do Paraná. Na década de 50, minha família trabalhava numa fazenda de café cm Apucarana. As geadas castigavam muitas vezes nossa lavoura dissipando as melhores esperanças. Mas continuávamos a trabalhar com afinco.
Após anos de labuta, conseguimos economizar o suficiente para comprar uma propriedade no interior do Estado, na região chamada Norte Novo do Paraná. Depois de muito procurar, cm 1953, adquirimos oito alqueires da Companhia- Melhoramentos Norte do Paraná - na localidade de Japurá. Não havia nenhumacasaconstruida,apenasárca reservada para uma possível cidade. Em cima de um caminhão, colocamos tudo o que possuíamos: móveis, instrumentos de trabalho, mudas para plantar, toda a familia e até um pobre pássaro, que só morreu quase vinte anos depois. Foram quinze horas de viagem para percorrer 200 quilômetros de estrada, que mais parecia uma picada na selva.
Estatais: fardo pesado A SECRETARIA DE CONTROLE das Empresas Estatais constatou que, no exercício financeiro de 1989, as despesas gerarão um déficit correspondente a 2,29 por cento do Produto Interno Bruto, portanto mais do que o déficit púb!íco global projetado pelo Governo, o qual é de 2 por cento do Produto Interno Bruto. Já cm 1987 o lucro das quinhentas maiores empresas privadas nacionais, somado, não seria capaz de pagar o déficit acumulado pelas cinqüenta maiores estatais naquele ano.
O ônus do desperdício Comprovam-se denúncias sobre irregularidades havidas no biênio 1986 -1987, concernentes à compra de gêneros alimentícios no Exterior, bem como à comercialização interna dos produtos cm condições desvantajosas para o Brasil - seja pela má qualidade do produto, seja pela inutilidade da compra. Tui se deu, em larga medida, com a importação de leite, milho, carne, arroz e pescado. Para mencionar tão-somente o arroz, o Brasil adquiriu quinhentas mil toneladas do produto acima de suas necessidades, o que redundou numa "queima de divisas de cem milhões de dólares", conforme relatório divulgado a respeito pela imprensa.
Descarregamos a mudança, o caminhoneiro despediu-se e partiu. Nós ficamos! Onde? Em sítio vizinho ao nosso, num galpão emprestado, que fechamos com lonas nas laterais, e onde colocamos os mantimentos e as camas. O fogão: duas pilhas de tijolos ao relento! Água? De uma nascente aquinhentos metros dali. .. No dia seguinte, fomos logo cedo ver nossa propriedade. Um amontoado de paus negros, recentemente derrubados e que a queimada havia apenas chamuscado,deixandoumacoivaraintransponível. Terra roxa e, portanto, c:itcclente. Mas era preciso muita coragem, saúde e força de vontade para dominá-la. Mas agradecemos ao bom Deus, pois era o que Ele nos havia dado. Com pouco dinheiro, tão pouco que não podiamas comprar sequer arroz, nossa comida, essencialmente, era a polenta de milho. Hospital e farmácia? Só em Cianortc, a vinte quilômetros de distãncia a serem percorridos em estradas intransitáveis na época de chuvas. E se na viagem alguém fosse picado por cobra - e na região havia muitacascavcl-cramortecerta. Só ao fim de cinco anos obtivemos uma pequena colheita de café. Já havíamos construido uma casa e perfurado um poço com água potável. Outras famílias foram chegando, e, com o passar dos anos, depois de muito esforço, paciência e privações, a região tornouse uma área cm franco progresso. E pode-se dizer que hoje não há um palmo de terra inaprovcitada. Sim, mas isso dependeu de muito trabalho, no qual todos nós tivemos que dar sangue, suor e, muitas vezes, lágrimas. Tínhamos, é verdade, um incentivo: a terra nos pertencia. Não éramos como esses pobres "assentados" da Reforma Agrária, a quem o Estado nega a propriedade, que reserva para si. Sirva a experiência acima narrada de lição aos demagogos da Reforma Agrária. Não será mediante promessas vazias, jogando brasileiros contra brasileiros, produzindotcnsõescstérciscncrc irmãos que haveremos de aproveitar as vastidões ainda inexploradas de nosso território. O que precisamos é seguir o exemplo de nossos maiores que - sem as comodidades oferecidas hoje pelo progresso - construiram as bases da riqueza do Brasil que aí está. Com esse espírito trabalhador, cmprc-
. A. B. A.
22 - CATOLICISMO FEVEH.ElltO 1989
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ccram. Saibamos expandir - e não destruir - a obra que eles começaram! Daniel Sincos
TFPs em ação Contra a guerrilha, a favor da Colômbia BOGOTÁ - Em cdir;aocspecialdoboltt im " TFP informa", a Sociedade Colombiana de Defesa da Tradição, Familia e Prop riedade acaba de dar a pitblico uma pcnetramc anàlisc do panorama nacional, marcadopelacrescemeinvestidadagm:rri-
~~~ 1 1~~~1 it:~ ec:l~~~ua~~~l~i~ãirfi!~ abusos praticados pelos guerrilhei ros uma ínfima e anônima mi noria - se fossem praticadosporumúnico tirano,cst~"seria mais tristemente ramoso do que Hitler ou Stalin,edespertariatantaoumaisindignaç!io".
O estudo da TFP visa alertar a nação ante a nova onda de pacifismo obsessivo. inidadosobogovemodoc:,,:-presidcnteBclisariolk1ancurt,equerttonhectàgucrrilhacredcnciaisparacnrnbularcorwcrsações e cstabclcrcr acordos . Apesar da rcjciçao do povo colombiano a essa política - lk-
Conferência e campanha lançam livro em Zaragoça MADRl - Prosseguindo cm nível nacional adivulgação dolivro ''Espanha ancstesiadascmpcrccbé-lo, amordaçada sem querê-lo, e:oraviada sem sabê-lo",
tancurtsoírcuíragorosa derrota eleitoral em 1986 os pacifistas estão voltan· doàcarga, echcgammcsmo arcsponsabili ui r osque resistemàguerrilhapelosnovos massacres que esta ve· nhaaefetuar. .. Nessesentido,ésintomi1ica a declaração, publicadana imprensa,dc urn destacado íu ncion:lrio do Governo, a quem CO!"pet_iria defender a ordem Jurídica: " não h:lcódigoq ue val ha mais do que a vida de um homem. Nadadoquefavorcp a Pátria podeserimoral ou inconstirncional. "Dialogar com quc_m nãoco nccbc uma moral d1stinradesuasprópriasconveU, jm,e,u ,/11 ·rn• .,.,l,,mbi"'rn /era111um , .,,u e,1mufo rniências - pondera a TFI' 1e1 "'" m11i1 di ru1<n JH"m,1 ,1,, /H1i1 - implica em submeter-se voluntariamen1easeuscnganos, ficar na dcpcndência g11crrilhciros,q11ccstão nailcgalidadc, pasdcscusabusos,atécair sobse11ncfasto do- sandoasercvcstirdc urnaaparência dclcmínio." Mais ai nda, indivíduos oomo os galidadc, aumentam incvitavdmc11te sua própria força. O C!ilUdo da TFP colombiana assinala 1ambémsurpresaedcsconccrtoanteaatua~-ão de algu ns Pre lados que, a tí1u!o pcs.mal ou não, têm dado seu aval à guerrilha. Numa época cm que tanto se íala de poluíção ambicn1al. uma autêntica tempestade artificial de absurdo~. como a que sofre atualmente a Colümhia, cons!ilui fator de poluição das mentes. um lance tí pico de guerra psioológicare\·olt1ciornlria._capaz de a1urdir sua população e pul\·enzar o queresrndtordemjurídicaemoral. Evocando com vencraçllo palavras do Hcato Dom Frei Ezequiel Moreno Diaz, lfopo da diocese colombiana de Pasto,
~:e~,:::::~ :.:i:;: ~::::/;;::~,;'.:;,.~~:;,~,~: : ,t~::tlrnl
i~~t~~n~\~1l~1~sg,:'ã~~ Espanhol para dcsligurnr p<>r completo a alma ca1ólica da Espanha, TFP-Covadonga realizou nas ruas de Zarago,;a imc11sa campanha, com a participação de sua fanfanadcj01·enscoopcradores. A campanha foi aberta com uma c':mfcrência do Cõucgo Eduardo 'lbrra de ~ ra na, rcafaada no C?légio La Salle. L>1scorrcu ~!e ~obre o processo - desc~volv1do com a rC!iponsab1hdadc de numerosos edes1as11cos - que preparou a Espanha para a amai anestesia inoculada pelo l'SOE. A impl~o da Ação Católica Espa11hola e dos órgãos de comunicação social da Igreja, íoi apontada pelo Sacerdo!e como c~cmplo desse processo. Como os judeus que pedirm!1 a Samuel um rei, para não serem difcre111cs dos demais povos, a Esr anh;i de hoJ~ ~ 1cn1,1da a dcsfi gurar-sec a csqueccr scu passado. crn busca dos aplausosdos v1Z1nhos c dc scr comotodososoutros. Em r:lpida repre$Cntaçào teatral, jovens da T_FP evocaram a i11vasão dos soldados de Napoleão Uonapar1c na Espanha, que discutem e reconhecem sua derrota 111.:--.-r.:w;1ci\Ç~ago1=J~logia.J:om__a_suspc11li
r rojc1oagro-rcformistado l'SOEncssarcgi!lo. rcjcitadopclosagricuhorcsctarnbém denunciado cm livro por TFP-Covadonga.
~~ ~~~if~~~~°i1fpv~~:~:~ ;~~
:;:~~ asoluçãoparaosmales11osquaissedcba1eo Paist-onsistccm seguirooonscl ho do Divino Redentor: " íl uscaio Reino de Deus csuajustiçaetodasascoisasvosser:lodadas por acr&imo" (Mt. 6. .3.3). Ou seja, procurar a pcríeira adequação das leis colombianas oom o que prcscrt\'C a Lei de [)cus.cqucoEstadocxnçaumcsforçosério, in!c nsoccont ín110 p;mt fazcr valercs• saslcis. A campanha da TFP difundia, ao mes• motempo,umcatcgóricoC!itudo-dcnllncia sobrcumproje1omarxistadcreformaurba- 1a,-110.\:0-fat.0r..de..<lcmoliç.ão.do..país._Q__cs.:....___ 1udoprc1·êqucoprojctoscriaaprovado sem que se ouvisse a na~ão, o que de falo acaba de ocorrer. CATOLICISMO f' EVEBEIIIO 1989 - 2:J
aspectos wracterísticos do rot:0có francês, em voga na éJmca de Luis XV. Desenhada J1elo arquitelo Nicodignitários, oficiais e infantes en- las Pineau, e executada por granvergando vistosos uniformes, tles- des arfístas, a ''Carruagem DouraJilavam em solenes cortejos. Co- da" serviu pela primeira vez como preciosas 1Jitrines de cristal, mo veículo oficial, em 1737, quanrevestidas em seu interior de velu- do o príncipe de Uechtenstein foi dos, conduzidas por criados tra- nomeado embaixador tle Viena jando magnificas librés e puxa- em l'aris. das /wrwrcéis ricamente aja-
tal qual de.'ifilou há mais de duO minucioso protocolo tia corzentos anos. Sua beleza singular te tle Versalhes c/assifimva os vápode ser apreciada na foto desta rios tipos de carruagens de acorpágina, onde aparece no jardim do com a finalidade e com a catedo castelo imperial de Schónbrmm, goria de seus proprietários. Assim, tendo ao ftmtlo a fonte de Netu - por exemplo, a ··carrossedu Roi'' no e a "Glorietle ", o esplêndido (Carruagem do Rei) só podia ser e gracioso arco-do-triunfo da mo- utilizada pelo monarca e por narquia austríaca. seus parentes mais próximos, ou, Trata -se da " Carruagem Dou- excepcionalmente, por alguma rada" do príncipe Joseph Wenzel pessoa a quem o rei queria honvm1 Liechtenstein (1696-1772), rar. A "Carrosse du Cor/JS du primorosamente conseniatla no Roi'' (Carruagem tio Corpo do Wagenburg (museu das carrua- Rei), mesmo vazia, represemava gens) de Viena. A prof~sii.o de or- o trínci/Je reinante ~as so~enitla-
cre" (Carruagem de Sagração) foi construída exclusivamente para a entrada solene do cortejo tle L"Oroação dos soberanos franceses em Reims. A "Carruagem Dourada" ocupava a classe de "Carrossede l'Ambassadeur'' (Carruagem do Embaixador). Ao narrar a entrada pública do embaixador, em 1738, pelas alamedas de Versalbes, para ser apresentado ao rei e à rainha, um jornal da época, "Mercure de r·rance", assim tlescreve a "Carruagem Dourada'': "A quarta carruagem, uma berlimla dourada, era forrada de veludo carmesim, enriquecido com bordados a ouro. O teto estava decorado com bronze doura do, e a traçiío feita por oito cavalos t/inama rqu eses, crinas e penachos em carmesim e ouro.os arreios eram de marroquim 11ermelho, com aplicações de bronze dourado" Símbolo de uma sociedade que já nii.o existe, mas cujo esplendor ainda permanece em incontáveis obras de arte, a "Carruagem Dourada'' bem demonstra n alto grau de cultura e civilização do ''Arlligo Regime'', anterior à. Revolução francesa. /Jir-se-iafeitaparapríncipes encantatlos tias bistórias infantis. Na realidade, fruto magnífico de nobres instiluições dopassado, que, entre outras qualidades, sa~iam tr~nsfom,ar um sim-
fino entalbe de madeira revelam
crínio precioso de ouro e cristal.
N
;,t
EUROPA
do século
XVIII, eram freqüentes as
cerimônias nas quais representantes da nobreza, altos
ezados, as carruagens de lu-
xo desempe nhavam entào um jJaf1el fun-
tl ame n tal úteis como veículos
A carruagem dourada
de
tran spor/e, eram ademais tlistillfas e be-
las como uma jóia.
Das cente-
nas de carruagens que participaram da queklsmagnas solenidades, celebradas nas
principais cortes européias, uma sobrevi-
veu ao desgaste do tempo e à sanha das revoluções, con -
servada hoje
lhe conferiam. A ."Carrossedu Sa-
Imagem exprime auge da agonia santa
focl1111fodn iKrf'j,,,la Ord<?m Terceiro de 5ã., l'ram~iuo, Sãu)ui fo ,lel Rci(MG)
mo mal-estar - 'mais dolorido que a própria dor e mais intenso que a trisleza'), e esculpiu na madeira o mal-estar que tan10 o impressionara e comovera'
OMEMORA-SE neste mês a Semana Santa. Vai adiantado o proces_so de a utodemolição da lgre· ja ao qual se referm Paulo VI. É ele como um prolongamento da Pahtão de Nosso Senhor. em Seu Corpo Místico, a Santa Igreja
C
Nossa ca pa e esta página apresentam , nessa linha de ~nsamenlo, à consideração e veneração dosleilores, algu masarlÍSlieasfotosdeumadasmais belas escul1 uras, infelizmen te pouco con heci -
das, da arte sacra brasileira: o Crucifixo que se enconlra no ailar-mor d a igreja da Ordem Terceira de São Francisco, e m São João del Rei (MG) Já em nossa edição de abril de 1984 (nº 400), publicam os ai·
gumas reflexões wbre o clímax de solrimen los que a menciOna-
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2 -
da obra-prima expressa com tanta propriedade e arte. E cabe aqui reproduzir a conclusão daquelas reflexões: "É-se levado a crer que o presumível anjo que u~>iu---esta- imagem-viu Salvador nesse estado {de supre-
CATOLlC l tôMO MA RÇO 1989
Consta que o referido crucifixo foi esculpid o milagrosamente Aproximadamente no ano de 1784. a Mesa Adminis1rativa da Venerável Ordem Terceira de São Francisco . de São João de i Rei, tencionava adquirir uma image m do Senhor do Mo nte Alveme , que deveria ser colocada no alla r-mor de sua igre)a. Não havia então. na Capitania de Minas Gerais, artistas que pudessem esculpi r um a imagem desse tipo, com a perfeição desejada. Surgiu . porém. certo dia um homem de es1atura regul11r, que contava il proximada mente 35 anos de idade, com trajes de peregrino, que se apresentou à mencionada Mesa Admlnlstral!va, propondo-se a lazer a menciOnada escultura. Aquela, sob certas condições. contra1ou a confecção da imagem. adiantando ao artista o ma te · rial necessário. Tendo-se encerrado o escul1or numa casa, que fica junto da igreja. , ninguém o viu trabalhar. uma vez que a oficina eslava situada no interior da residência Passaram-se os meses ... e a habitação do peregrino jamais seabria. Por fim. procurara m-no. batendo na porta da casa. Silêncio profundo! Arrombada esta , grande surpresa: na primeira sala, estendido sobre uma mesa de carpinteiro, via-se uma imagem de belíssimas proporções e ex1raordinária piedade . Era a imagem do Senhor Bom J esus do Mon1e Alverne. que a Mesa Administrativa tanto almejava! (dr . Severiano Nunes C. de Resende. in "O Arauto de Minas", 10 de agosto de 1877, apud Luís de Melo Alvarenga, " Igrejas de São J oão êleHwi"'";"""Eaitora Vozes, 1 PP- 43-44) .
Discernindo, distinguindo, classificando ..
SUMÁRIO ENTREVISTA O cien1i,1.a Wallrr Gonulez rala a ••Catolici&mo" w hre •u• HU"pr~ H ante os re8uhado11 a que eh... gou a prova do Carbono 14 aplieada a um fragmento do S111110 Sudário. Tala rf'•uhados J"ien, urn problrma airiu uio JNln a Fé, ma8 para a ciilnda ......... p. 4
"Gloria in Excelsis" de um grande Cardeal
PROGRESSISMO A Teologia da Libertaçio vai lançando metá•ta,c, pelo mundo. No• E11tado8 Unido, deu ori(l'em i "te ologia chicana" 11ue \·isa in-
"'•i-
1u:o:icar o, latino-111111:• ric11110• dente& nac1ude p 1d11 ••••••••••• p. 8
FA\flLIA No, último, 25 anua a ramilla vem 8ofrrndo um rápido proce1de d e~ap;rej(açio. Frulo de uma r evolm;i o 11'.'ndcncial quf' se utiliu da ··mldia". do8 tra~a. d a preuio ,odal, do laii· ian10 e de uma idé ia romanli7,ada ele
"°
............................. ,1. 10
MILAGRES Em Lourcle,, No,.,. Senhora eon. tinua opera1ulo e11ra11 e mila,ire,. Fato,, e.ia1l.iiue qu e o público nio conhece ................... p. 14
MEDICINA Tendo de panar pdo m,l'dico de '-luerteirio. o paciente ver-,.,-., con,lrangido a um tratamento prln1itiv;.1a e tlrinico, além do JN1lrulhan1ento ideolótiico. t o que a medicina de tipo cobano promele para u Urae il. .....• p. 2 1
~ATOLIC[SMO Ul,.,.,o,: Paulo Cor,~• de llri10 Filho
J""•olh'"
R"fH'o..i,.t: Takoo Takah.. hi -
l'oro,.,..,poslfllo:(dirna , ar,artirdt o,quivo<
íomn:ido,por"C11olid'"1u")Ba n<ltirant<S/A Orif,ça < Edi1ora - Ruo Moirinquc, 96 - S,,o Pauló,SP. 1 . , , _ , Atlprtu - l ndú<tcia Orifi<•• Cdi ~~~;.;::.~.· J1"9h, 631/689- 011JO
··c..olld•••·· tumapublka,;t,o,.......ldaLm praaPachellc:l<Mor<l<PontnLcda.l'aramu• dança<1,:.-,,dtre,;o~nn:n'1riommoionar1am• b.!moell<lcrcçoan1l,o.Ac<me<pondtndar<II·
t'>01a·na1urae•cnd• 1._,1.. po<lc .. r•n•· •·
da l,O,,,,i!ncia: Mua M1t1im rran<isoo,66! -
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AVALHEIR ESCOe nobre, piedoso e sacra!, assim nos aparece o Cardeal Merry dei Vai, Secretário de Estado do Papa São Pio X, figura a um tempo hierática e bondosa, batalhador emérito nas lides da Santa Igreja. Portador de um conjunto de qualidades humanas que caracterizam o autfotico fidalgo, e de predicados sobrenaturais que chegam até o heroísmo, atuou ele como diplomata, como conselheiro e como braço combativo do grande Po ntífice. Não sendo chamado por vocação divina a abandonar a vida na SOCiedade 1emporal e refugiar-se: entre as paredes sagradas de um convento, como tantos outros meritoriamcnte o fizeram ao longo da História, o Cardeal viuse colocado por Deus em pleno século, como um soldado cm meio ao campo de batalha. E soldado ele o foi inteiramente, maisainda,Gcneral! A consideração, sob a luz de Deus, dos vais-e-vens increntes à vida neste mundo, robustecia seu amor ao Criador; "A vida exterior, dizia ele, deve alimentar a vida interior; as coisas e as circunstflncias exteriores devem servir, não para dissipar, mas para fazer crescer a união de alma com Deus e ser ocasiões de virtude e não de depcre· imento'' R. P . Dai-Gal "Le Cardinal Merry dei Vai", Nouvellcs itions Latines, Paris, 1955, p. 101). Fiel a esse principio, o Cardeal dctinha·se fre•
qüentes vezes na contemplação das maravilhas da natureza. Da natureza sim, pois este esplêndido soldado de Cristo, muito ao contrário das deformações próprias a uma certa visão ecológica - que ao divinizar a natureza ou CO· mo quê, a apequena e se: apequena tinha as vistas bastante largas parasaber discernir na imagem, o Supremo Modelo: na beleza finita, mas gra ndiosa, o rcílexo da Beleza infinita: no esplendor do criado, a magnificência do Criador. Dele nos conta seu biógrafo: "Os esplendores da naturezaoen· cantavam,rnntomaisquesuaféardcn· te ai via a obra do Criador .... "Em Subiaco, no Monte Cassino, nos vales da Umbria, em face das colinas da Sabina, das ílorcstas dos Alpes, dos picos alteados no azul do céu, ao aspcc!Os das neves eternas, ele passava horas de êxtase na contemplação das grandezas de Deus. "Nos Ultimos anos de sua vida, a partir de 1924, ele tinha o hábito de gozar um cur10 repouso, no verão, na pequena aldeia de Arabba, ao pé dos rnontcsdo lomitas. "Na manhã de 20 de agosto de 1926, aniversário da morte de Pio X, ele havía subido ao cimo do monte BOC. A mais de 1rês mil metros de alt itude, so bre uma vasta esplanada, elevava-sc imponente e massivo um imenso rochedo inundado de sol. Ante tal espc· téculo, o Cardeal tirou o chapéu, e com sua voz bela e sonora, entoou o 'Gloria in Excclsis Dco' para glorificar o Criador. enq uanto o eco conduzia ao longe os acentos de seu entusiasmo" (idcm, pp. 79-80). ô Cardeal Merry dei Vai, quantas saudades v s c1xastcsna greJa , cn re asa lmasfiéisâvidasde maravilhas! C.A. CATOLIC ISM O MARÇO l9H9 - 3
Em
entrevista exclusiva concedida a "01tolicismo", o cientista Walter Gonzalez externou sua surpresa ante os resultados do teste realizado em fragmentos do Santo Sudário de Turim, com base no Carbono 14. Nascido 110 Pem, mas radicado há mais de 20 anos no Brasil, o Dr. Walter Demétrio Gonzalez Alarcón exerce suas atividades no Instituto de Pesquisas Espaciais - INPE, em São José dos Ü1mpos (SP) . É o único cientista do Brasil membro da Associação Internacional de Cientistas e Estudiosos para o Sudário de Turim - ASSIST. Especialista cm radiação solar, o Dr. Walter Gon.zalez levanta sérias dúvidas sobre as conclusões a que chegou a prova do C-14, segundo as qrmis o sagrado lc11çol seria originário da Idade Média e não da época de Nosw Senhor. Para o pesquisador - que desenvolveu estudos 110 Ulboratório de Propulsão a Jato da NASA e doutorou-se em Berkeley (EUA) - várias sào as hipóteses q1w conduzem à negação da validade do t1.,'steco1110 C-14.
tenticidadcdeumafotografia de meu pai, não modifica meu relacionamento com ele". Mas é para a ciência que essa datação levanta problemas: "O pomo chave é que, antes do teste do C-14 , houve a respeito doSudáriotantasexperiCncias, tantos estudos, em tão diversas áreas da ciência - mcdicina, rnmputação, física, química etc . - e to<los tão coerentes entre si, de forma uníssona. já se conhece tanto do Sudário, que os resultados do C- 14 deveriam também ser coerentes com o que já se conhece. E não são. Então, temos de suspeitar da validadae desse teste". Informou que a ASSIST e outras associações dccícntistasamcricanoscstudiosos do Sudário estão propondo ao Cardeal Baltcstrcro, Arcebispo de Turim c Guardiãoda rcliquia, e pensam propor ao próprio Vaticano, "que se façam novos testes, inclusive com base no C-14, pararefutaroquefoi feito". E acrcsccmou: "Foi tão A Sagrodn Face fMlnmpnda na San/o Smlárfo grande a surpresa, que começamos a pensar cm possíveis explicações naturais OI EM SUA residência no Jardim que poderiam ter alterado o próprio Esplanada, um bairro sossegado C-14 do pano para ter dado essa data da cidade de São José dos Cam- (séc. X IV). Eu mesmo comecei a penpos, no Vale do Paraíba, cm São Pau- sar cm três hipóteses". lo, que o Dr. Walter Gonzalez nos reE o Dr . Gonzalez passou a dissercebeu, numa sala decorada com moti- tar sobre as três hipóteses, com base vos incas. Com seu consentimento, a cmsuacspccíalídadc. entrevista foi toda ela gravada. 1" Hipótese: desvirtuamcnlodo1estc Um problema pela maior quantidade para a ciência deC- 14,naalmosfcra, no séc, XIV, e menor no séc. 1 "Foi uma grande surpresa para todo mundo", disse-nos o Dr. Gonzalez, Especialista no estudo da variação referindo-se ao fato de a datação do da atividade solar ao longo dos séculos, Sudári o pelo C.14 não ter recaído no o Dr. Gonzalez explica: "Sabe-se docuséculo I e sim no século XIV, o que le- men!adamente que a atividade solar sovaria àconclusilo de que o linho anali- fre variações a cada 300 ou 500 anos, sado não é o mesmo que envolveu o passando por máximos e mínimos. corpo de Cr,isto na sepullura Quamo mais ativo está o sol, há meSalientou ele. que tal resultado, nos C-14 na atmosfera; é uma anti-cor-
Cientista F põe em dúvida teste do Carbono 14 aplicado ao Sudário
problemas para a Fé, como de modo scnsacionalprocuroufa2ercrcrccrtaímPrCnsa. ''Pois - argumentou - , a inau-
4 - CATOLIC ISMO MARÇO 1989
"O C- 14 na atmosfera forma -se por causa dos raios cósmicos, vindos dasgaláxias,dascstrclasetc.,qucatin-
gcm a atmosfera. Dâ-se ai a colisão dos nêutrons com o nitrogênio do ar, e como resultado produz-se o C-14. O fluxo, a quantidade de raios cósmicos que atinge a atmosfera fica modulada pela atividade solar. O sol, quando está muito ativo, emite partículas e campus cm maior abundãncia, que formam uma barreira, uma blindagem que dificulta a entrada dos raiO! cósmicos. Port anto, produz-se menos C-14. "No século XIV, houve um mínimo de atividade solar, produzindo até pequenas glaciações pelo esfriamento da Torra. De onde, uma alta produção de C -14. Já no século 1, quando Cristo viveu, estávamos passando por um máximo de atividade solar, então com pouca produção de C- 14. "Assim, nos séculos XIV c XV, quando provavelmente se deram as maiores contaminações do Sudário, pela sua exposição ao público etc., havia grande quantidade de C-14 na atmosfe"Poder-se-ia dizer que na época da conjecçrio do linho havia pouco C-14 na atmosfera. E na época da maior contaminaçllo do linho havia muito. Os agentes contaminantes tinham talvez mais abundftncia deC-14 do que o próprio linho em si. "Quando se faz o teste, se não se limpa bem - e eu acho dincil limpar IOO'lo, pois as fibras ficam muito impregnadas pelo C- 14 dos pólens ede todos os agentes contaminantes - isto pode influir. Deve ter ficado um resíduo, após a tentativa de limpeza feita pelos laboratórios. Portanto, bastante C-14 adicional (sobretudo dos citados séculos)contaminou o C-14 inicial. Como resultado, há uma variação na datação". 2" Hipótese: o fenômeno qu e formou a Imagem pode ter alteraduaquantidadedeC.14 originária do linho "Analisemos agora a formação da Imagem. Os 600 cientis1as americanos e europeus que estudaram o Sudário, com todos os elementos avançados de que dispomos agora, n!lo conseguem c~plicar como se formou a Imagem. Ent!lo, se realmente a Imagem se formou por um fenômeno sobrenatural, não há porque não pensar que esse próprio fenômeno possa ter alterado a composição do pano e a própria quantidac e - ongma. ''Todos os dados parecem estar de acordo com o fato de que a Imagem
teria sido formada por uma rad iação intensa cm um intervalo de tempo curto, pois a Imagem parece algo queima· do. Estudos de reflectância, de infravermelho e outros, mostram que as fibras onde está a Imagem parecem ter sido queimadas para produzir a figura, e queimadas 1alvez por uma radiaç!lo intensa. Os cientistas da NASA acham que houve uma radiação intensa num intervalo de 1empo muiio curto, como se fosse uma radiação do tipo da fusão nuclear. "Ora, radiações imensas como as de uma explosão nuclear ou de uma fu. sflo termonuclear são muito ricas em nêutronsencrgêticos, os quais queimam um objeto com a maior facilidade e ao mesmo tempo produzem C-14 extra, em adição ao proveniente dos raios cósmicos. "Então, o próprio fenômeno que produziu a Imagem, pode ter produzido C- 14 adicional, que ficou impregnado no linho, alêm do próprio C-14 da atmosfera. Isso 1ambtm influiria naverificação da datação. "Mesmo o Prof. John P. Jackson, físico da Força Aêrea norte-americana, um dos pioneiros da sindonologia,
em artigo publicado na revista Shroud Spectrum, acha que a própria formação da Imagem - que, ao menos pelo que se conhece até agora, ocorreu por um fenômeno fora das leis da natureza, que não se entende pela flsica atual - pode ter alterado a composição do linho e, portanto, como subprodu10. alterado também a composição de C-14. De modo que, aplicar uma técnica de C- 14 s1«11dard, clássica, que se aplica aos objetos naturais, a um objeto com caractcristicas desse tipo, não tem muito sent ido. O resultado pode sair completamente modifica· do". 3 1 Hipótese: a quanlld:tdc de C-14
poderia ler sido alterada na própria planta que deuorigemaolinho,pur fenômenos ocasionais
"O linho é feito de uma celulose vegetal, uma planta que deve ter vivi• do uns 30, 40 ou 50 anos antes da confecção do linho. A planta absorveu o C-14 da atmosfera, como todas as plantas fa1.cm, eesscC. J4 ficou impregnado na planta e na celulose da qual Em md11bro de 1978, di1V!r1m rien/U/a, ua/i.;arom "!ornw saiu o pano. Então uamt do Sanlo Sudário, dumnft fárim dias, no Palácio da pode-se questionar Rtniuttnf(I, t m Turim se a quantidade de C-14 que a planta absorveu era normal naquela época ou não. Podia acontecer que nesse intervalo de cempo emqueviveuaplanta,aprópriaq uan tidadedeC-14naa1mosferafosseanormal. ''Por que? Porque há fenômenos naturais que podem alterar a produção deC-14naatmosfera. Primeiramente, indo às origens do C-14, pode-se perguntar: será que os raios cósmicos dos quais já fala· mos na primeira hipótese - são cons-
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"Calulicismu": Dr. Gonzakz, isso que o Sr. nos diz faria pesar uma hipoteca não só sobre o teste com o Sudário, mas sobre todos os testes feitos com base no C-14? Dr. Go nzah.-z: "Esse é um ponto interessante. O teste do C-14 em geral é válido. Mas para alguns intervalos de tempo - durante 50 ou 100 anos - talvez não vale, pois nesse período pode ficar completamente alterada a validade do C-14. Isso ainda precisa ser estudado. '' Por exemplo, pegam-se várias múmias de antes de Cristo, dos anos 4000, 3500, 3000 e quase sempre vai dando um bom resultado. E de repente, pega-se uma mú mia do ano 3200 e não dá bom resultado. O que acomeceu? Não se sabe. Talvez houve algum fenômeno do tipo dos mencionados, que invalida o teste. " Há casos de falhas grandes como resultado da aplicação do C-14. Um fato concreto, narrado pela revista Shroud Spectrum. ~pl.icada a técni-
gem não pode ter sido formada por contato - cssa é uma hipótesedcscartadancm por difusão de suores no linho, pois estes teriam penetrado mais no linho, e a lmagcmestámcramente na superfície dopano. "Então , a admitir que no sécu lo XIV, apósteremcrucificado alguém para simular a crucifixão de Cristo, deuA11t fri,la1lefüla r(ridefo1m)modula ofl,aoderoio~có.Jmi· se o milagre da forco, que, ao atingirem a almmfero, prod,.=em,. Carbmw 14 mação da Imagem, é mais fácil admitir que a Imagem é do século 1, e que o C- 14 foi alterado pemais manuseadas. "Um dos sete laboratórios inicial- las razões já vistas, ou outras" . men1e escolhidos para analisar o Sudário - depois foram reduzidos a três O teste não abrangeu - falhou quase por mil anos na datao Sudário como um todo ção de uma amostra que lhe fora enviada para treino, pelo Museu Britânico, e da qual o Museu conhecia a data exa"Por que - pergunta o Dr. Gonta". zalez - nesse teste se tomou apenas "Cato licismo": Soubemos que o uma pontinha do pano? NormalmenSr. alertou o Museu Britânico - encar· te não se faz assim. Quando se proceregado de coordenar os testes com o de à datação, pegam-se amostras de diC-14 feitos pelos laboratórios - sobre ferentes lugares de um pano. Pois se as dúvidas que o Sr. levanta, cm fun- se toma apenas de uma pontinha, não ção de sua especialidade. O Sr. obte- se pode falar do pano como um todo, ve resposta? e não se pode dize r que o pano pertenDr. Go nzalez: ''De fato enviei te- ce ao século XIV. lex comunicando esses aspectos. Até "Pode ser que essa pontinha pero momento não obtive resposta. Talvez tença. O pano passou por tantas vicises1cjam ainda mui!O ocupados". situdes, houve remendos, incêndios ... Quem sabe pegaram um pedaço de um remendo feito no século XIV. Por Uma crucifixão no que não fizeram um estudo mais orgaséculo XIV nizado, tomando várias amostras?" "Catolicismo": O Sr. teria algo a Retomando o artigo do Prof. John diier sobre o segredo que cercou os tesP. Jackson, o Dr. Gonzalez nos disse: tes feitos? "O Sudário constitui uma prova pratiDr. Go nulez: "Presta-se a problecamente inegável de que um pano co- mas de confiabilidadc. Foram entrebriu um homem crucificado, com to- gues testes às cegas, sem se saber exatados os detalhes das marcas, manchas, mente o que é, se pertencem ou não ferimentos etc., que se conhecem pelos ao Sudário. Será, por exemplo, que foEvangelhos e pelos estudos históricos. ram mesmo entregues amostras do Su"De modo que, se o Sudário per- dário ou houve manipulações? Não é tcncessc aos sécu los Xlll ou XIV, deve· uma coisa muito con fiável em si. O temria ser um pano com que cobriram al- po dará resposta". guém que crucificaram naquela época, "Catofü:ismo": O Sr. admite a hisimulando todos os detalhes ocorridos pótese de ter havido fraude? Ur.Gonzalcz: Nunca pensei nisso. com Cristo, todos os ferimentos, inÉ a última coisa que se pensaria. E se cluindo o ferimento do lado.
obtida foi de 800 a mil anos mais antiga do que a das bandagens que a envolviam, porque estas tinham sido
sultaria seria um pano com manchas de sangue dos ferimentos. Mas não explicaria a Imagem cm si. Pois a [ma-
muito intensa. Há eventos grandes que afetam consideravelmente a qua ntidade de raios cósmicos. Por exemplo, uma explosão de super-nova - são estrelas que chegam ao período final da evolução estelar e ai explodem - como aconteceu recentemente. Essas explosões estão acontecendo a cada 200 ou 300 anos. São a principal fonte de raios cósmicos. Elas ejetam no espaço grande quantidade de raios cósmicos. Pode ter havido uma explosão de super-nova (terá isso relação com a estrela de Belém?) que incroduziu grande abundância de raios cósmicos, e a planta que estava vivendo naquela época , absorveu C-14em quantidade anormal. E daí saiu o linho. É só um exemplo de variação de raios cósmicos devida a fenômenos astronômicos. "Outro exemplo. Além das variações da atividade solar de que falamos - e que se dão a cada 300 ou 500 anos - há erupções solares intensas . Há algumas que introduzem raios cósmicos na atmosfera. "Assim, fenômenos astronômicos e astrofísicos podem ter alterado a quantidade de raios cósmicos, e como subproduto a quantidade de C-1 4".
Uma hipoteca pesa sobre todos os testes com C-14?
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po. Novos testes serão feitos. Gregório LofX's IR. Mansur Guérios
Ortega insulta Cardeal
"Psiquiatria", velha especlalldade russa "Em 50anos, até os dias de hoje, nada mudou na Rússia com relação ao uso que o Governo faz da medicina, particularmente da psiquiatria, como instrumento de repressão. Hoje a situação permanece exarnmcnte como antes", afirmou o psiquiatra russo, hoje exilado naSuiça, Anatoly lvanovich Koryagin, ao receber, no Vaticano, o Prêmio " Human ização da Medicina", concedido pelo Instituto Biotécnioo da Universidade de Georgetown.
"Processo de trevas, lodo e sangue ... " Com eslas µafavras, o movimen/o dos "Cubanos Des1errados'' inicia sua mensagem dirigida aos que gemem sob os grilht>es de Fidel, e aos que vivem no exf/io, lrinta anos após a i11sta11raçOo do comunismo nllquele pais. O mani/eslo, estampado pelo "'Diário de Las Americas", de Miami (EUA), sa/iema que "a RevoluçOo nasce11 frágil como 11111 castefo de carias, mas viu-se favorecida por i11decist>es, umbigüidades, apalias e apoios ines-
Padres guerrilheiros Trfs sactrdotes t5lnmgeiros pertencem i túp ula da aucrrilhacolomblan11do"Exfrcitode Liberltt\'.àO Nacional" (ELN). Síio os padres A. Rivera(argenlino).AtfredodelafuenteeManuelPerez(espanhóis), que operam nas mo ntim has de Perija, frontcirn com a Venezuela. O au lo r da denilncia, ManuelRe)·es.foic11pluradopelo Exército colombia no. Este fato e t11n1os oulros semel hantes pelo mundo afora, configuram a existência - se não dedireilo, ao menos na realidade - de uma ___inLc.r.oacinJlaldttic
O Cardeal Miguel Obando y Bravo, Arcebispo de Manágua, condenou a intervenção da Rússia na Nicarágua. Isso foi o suficiente para que o presidente (de/alo ditador!) Daniel Ortega o chamasse de "anticristão" e "fariseu". O líder sandinista - muito admirado por D. Casaldáliga e outros corijeus da Teolo-
pef(Jdos de setores in/fue111es - dentro e fora du ilha da imprensa, líderes polflicos e i11c/usive figuras eclesiásticas".
Velha rias ··progressistas·· O Hem-aventurado Padre Anehie111, em caria 110 Superi or da Companhia de J esus,
tos do "rock" constituem uma "religião" para adolescentes perturbados, segundo o psiquiatra de Atlanta (EUA), Paul King, que acaba de publicar o livro "Sex, Drugs and Rock'n Roll",
Ruck: "nil~iõo" JHlfU t11lole,"enle, pe1111róodm
uReligião" dos adolescentes
Diretor do Serviço para Adolescentes do Hospital "Charter Lakeside", no Tennesse, o psiquiat ra - que há 12 anos trata de jovens toxicômanos ou drogados - alerta: o "heavy metal" (rock pesado) é uma teologia de caos, vio-
Ortf'6a,eenfureceu.,omademínda 1/e umfatu nolórfo ...
gia da Libenação - acrescentou: "Se Cristo achasse Obando do templo, o expulsaria a chicotadas".
Padre Diogo Lainf!l, dfftreve os t:oslumes dos cah·lnislas íranceses, que invadiram o Rio, no século XVI: "A vida dos írancesesqueesll'io nesle Rio éjá não somente hoje apa rl ada da Igreja, mas1ambémíei1aselv11gcm. Vivem conforme os indios, comendo, bebendo, b11ilandoec1m1andocomeles, pintando-secoms uas lin1asp re1asevermtlhas, adornandose com as penas dos pássaros, anda ndo nus, is vezes só com calções,, rinalmente malandoeo ntrários,segnnduuritodosmesmosindios, r rom11ndo nomes novos como eles, de ma nei111 qu e nio lhes fa lta mais qu e comer carne hum11n11, qu e no mais sua vida é corruplissima, e com islo e com lhes dar 10do gfne rodearm as,incitando-os sempre que nos façam goerr11 e aj udando-os nela, rsãoalndaptssimos .. (Cllrtas - Correspondê-ncia Aliva e Passiva - Pe. Joseph de Anchicla SJ - Edições Loyola, São Paulo, p. 222). Em ipocas diversas bem se vê - heresias conduzem os homens ao 1rlb11lis~h::11::;;~o ~,::::i:i:~: q;'.!:
' pr·-rr,=,... '""",m=o-a,sc."'.,,=.+1."'x"'x"'.~-~
num ritmo tonitroanie. CATOLIC I SMO FEVEREIRO 1989 -
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Teologia da Libertação infesta Estados Unidos
E
O Pe, Yirtília J;liwmlo, queuM 1987
/"i pre1idr,11r do ,IUCC, i)/H,J/ll nlrrm1 hrridv
"'" "'"imdr. leufo!ifl d11 libertação. Ele pnrticipou dnfnm11Jt1 ''Nt>ileSumlinUla" (Jo1on111iur),reafü11d11 nV/1'.fJ/Nlda
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J•,.,.1,,, f'm
1980.
NCRAVADA no centro do Estado do Te·
xas. ao sul dos Estados
Unidos, encontra-se a cidade de San Antonio.
De origem espanhola, como seu nome o indica, San Antonio é famosa
por sua velha catedral de San Fernando - a mais antiga basilica da América do Norte • suas rllsticas igrejinhas de antigas missões franciscanas e
seus austeros palácios cm estilo espanhol colonial. A partir de 1970, en-
(método Paulo Freire), tát icas políticas, eic. Oferece também treinamento prático de engajamento polírazão bem diversa: a cidade se converteu no princitico . pal foco de irradiação da teologia da libertação nos EUA. Nela tem sede o chamado Centro Cultural MeSão professores no MACC con hecidas figuras xicano-Americano {MACC na sua sigla americana), da teologia da libertação, como o Pc. Gustavo Gutieruma curiosa ''universidade'' onde são treinados agenrez, J on Sobrino, o espanhol Casiano Floristán, e outes pastorais das CEBs e ativistas populares, leigos tros. Nele também lecionam alguns brasileiros, co"comprometidos" fazem cursos sobre teologia da limo Frei Leonardo Uoff e o Pe. José Marins, o qual bertação, e padres e freiras vindos de todo o 1erritó- junto com sua i'nseparável "equipe" composta rio nacional vão assimilar as doutrinas -e táticas da por duas jovens freiras que o acompanham continua"igreja popular" latino-americana. Para os alunos mente - dá aulas sobre comunidades de base. Outro norte-americanos, o MACC inclusive promove viaassíduo professor no MACC é o Pc. Joseph Comblin, gens ao México e à América Central, locais cm que belga expulso do Brasil por sua pregação subversiva. eles passam a viver, compartilhando as atividades das CEBs. Te ologia chlcono O MACC funciona num prédio perlenceme à Arquidiocese de San Anionio, que seus dirigentes chamam pomposam,.ut.c..de.......mpu~,-"'·a--J--~wdlóia-<lc..L.nd:u:..o..MACC-i~i-mm-de para mais de cem internos, e salas de aula para durante a reunião plenária da Conferência Episcopal quase duzentas pessoas, o MACC oferece cursos soLatino-Americana, CELAM, realizada em 1%8, em bre teologia da libertação, CEBs, conscientização Medellín, Colombia. A ela compareceu toda a "clitretanto, San Anconio vem se destacando por outra
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CATOLI CISMO MARÇO 1989
que" de teólogos da esquerda católica • alguns como "peritos", outros como simples particu lares • que nessa época estavam elaborando os fundamentos do que dois anos mais tarde seria batizado como "teologia da libertação". Enquanto os Bispos se reuniam na magna assembléia, representantes dessa "clique" realizaram uma espécie de congresso paralelo, no qual foram traçados planos para a elaboração e disseminação de suas errôneas doutrinas cm toda a América Latina.
tro foi, de modo geral, como introduzir a teologia da li bertação nos EUA . Entre as várias idéias sugeridas, esteve a de fundar o MACC. O MACC abriu suas portas cm junho de 1972, com uma verba da Con ferência Episcopal do Texas, e as bênçãos de Dom Francis Furey, sucessor de Dom Luccy, que havia morrido nesse ínterim. Nos seus esiatutos lemos que o MACC procura "ajudar os chicanos a descobri r e implememar programas efetivos de libertação". Além dos cursos oferecidos pelo MACC, que vão Fazia parte da "clique" um jovem sacerdote medesde cursos intensivos de duas semanas até longos xicano-norte-americano (chicana, .segundo o termo cursos de quase um ano, o Centro possui equipes iti· usado nos EUA), o Pe. Virgilio Elizondo, o qual ncrantes, que viajam por todo o terrilório nacional participou da conferência do CELAM como secretário do Arcebispo de San Antonio, Dom Robert Luproporcionando ''sessões de treinamento de líderes'', cey. Num dos conciliá.bulos desse grupinho, o Pe. isto é, cursos de formação para militantes de CEBs. Elizondo foi abordado O MACC tem assim conpor um teólogo francês, seguido estabelecer ao lono Pc. Jacques Audinct, go dos anos uma vasta redo lnsti tut Catholiq ue de de comunidades de bade Paris. Este lhe fez se, sobretudo no sudoesuma estranha sugestão: te do país. O Pc. José por que não elaborava Marins é assíduo a estes ele, Pc. Elizondo, uma tecursos, e é considerado ologia da libertação paum dos principais promora os EUA? Os "oprimi tores das CEBs nos EUA. dos" alí estavam: seriam O Pc. Virgílio Elizondo, os chica nos, muito numeaté 1987 presidente do rosos sobretudo no sul MACC, é íigura conhecidos EUA, nos estados da nos meios da teologia de lexas, Arizona, Novo da libertação. Esteve preMéxico e Califórnia. Os sente em São Paulo du"opressores" também esrante o Encontro Ecumêtavam ali: os capilalistas nico da Associação de norte-americanos. Quanto aos fundamentos douO Ca~al J oupl, Rn11 ardi11 , Arcrbisl"" de Chi~o, n-lebrn" Teólogos do lercciro MunMiua de cvmemoroçào d11 15º anir4lndrio dt1 MACC do, durante O qual foi retrinários, seria só copiar alizada a "Noite Sandinisde seus confrades latinota''. (ver ''Catolicismo'', americanos. Assim nasceu a chamada "teologia chicana" ou nºs 355-356, de julho-agosto de 1980). "teologia da mestiçagem", uma teologia da libertaEm junho do ano passado, o MACC celebrou ção que procura revoltar os chicanas dos EUA, e seus 15 anos de existência. Desde 1972, mais de doorientá-los numa luta "libertadora" contra a "opresze mil alunos 1êm assistido a suas aulas, incluindo ses:lo" capitalista norte-americana. te Bispos . Indubitavelmente, o MACC é hoje em dia a principal porta de ent rada da teologia da libertação O MACC atua, bem apoiado nos EUA, e parte da culpa recai sobre religiosos brasileiros. ]avier Jturbide Mas a teologia da libertação precisa de ativistas que a popularizem, precisa de agentes pas1orais que a ensinem nas CEBs. Era preciso fundar um instituto de treinamento. Em 1971 realizou-se cm Los Angeles, na Califórnia, o primeiro Encontro Nacional de PADRES ("Padres Asociados para Derechos Religiosos, EducatiO FOTOUTO 00 vos y Sociales"), uma associação de sacerdotes chicanos partidários da teologia da libertação. Dela faliam PRESENTE PARA O FUTURO arte o Pe. Elizondo e o Pc. Patrício Flores, atualmente Dom Patric10 Fores, Arcc 1spo e an ntonio. Participou também da reunião Dom Juan Arzube, Bispo auxiliar de Los Angeles. O tema do Encon-
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uma Revolução tendencial nos costumes enas mentalidades vai corroendo ocasamento eafamília
A fuga paro o Egito (Betllo Angélico, i\fo&e11 d,, .S,ia lllarcm, 1-'/ore,.ça). A Sagrmla Famílitl é o mude/o p,,r l'xcelênda tfo familia ,;risl,1. l-:.11, rcm semi,, mimufo - ,.,. brofudo mu M1ima1 déc,11/as - p,,r r,ma 1m•f1u11fo ll,n.,l,,çriu lpm/e,,ci,11.
Em artigo anterior (cfr. Catolicismo, nº 455, 110v 1988), vimos como a radical transformação nos costumes sociais, que vem se processando há algum tempo, se acentuou muito nos últimos 25 anos, aparentemente sem maior explicação, indicando assim uma profunda e mais rápida desagregação da instituição familiar. Essa transformação acelerada foi decorrência, principalmente, de uma mudança de 111e11talidade que atingiu, em grau maior ou menor, os mais diversos setores da sociedade, sempre no sentido de um crescente permissivis1110 111oral, incompatível com a doutrina tradicional da Igreja. Vimos também como o Estado, nos países onde tal 111uda11ça se verificou, em vez de cumprir sua missão de preservar os bons cos/11111es, foi adaptando sua legislação às novas maneiras de viver, sob a alegação de que as leis vigentes se tinham tomado anacrônicas. Assim, a imoralidade e a corrupção foram adq11iri11do foros de cidadania. Porém, o objeto central de nossas considerações naquele artigo era o fato de que a referida mudança dos costumes não constituiu, de modo algum, uma evolução natural da mentalidade dos homens e das sociedades. Ela foi, isto sim, o fruto longamente preparado por uma Revolução nas tendências, tal como a explicitou, de"modo original e admirável, o Prof. Plínio Corrêa de Oliveira, em sua obra "Revo/11çâo e Co11tra-Revol11çâo'': ''as tendências desordenadas(. . .) começam por modificaras mentalidades, os modos de ser, as expressões artísticas e os costumes." (2ª edição, · iodas Leis, 1982, p.23J.
É sobre essa Revolução tendencial que desejamos apresentar algo
mais lO - CATOLICISMO MARÇO 1989
110
presente artigo.
o casamento e a família Os meios de comunicação social e os traJes: Instrumentos da Revolução tendencial
A
REVOLUÇÃO nas tendências é mais profunda e ma is
possante que a Revol ução nas idéias ou nas instituições, pois visa primordialmente a transformação das mentalidades. No campo da moral e dos costumes, ela vem sendo realizada há algumas décadas, princip;ilme nte através dos meios de comunicação social. Cinema, teatro, imprensa, rá-
É preciso que se forme
uma caixa de ressonância para comentar aquilo que foi recebido através dos meios de comunicação dio e televisão, há longo tempo vêm bombarde.indo a sociedade com filmes, pe<as teatrais, livros e publicações d iversas, espetáculos e programas de rádio e TV, radio novelas e telenovelas. Tudo isso veio incutindo rn, mente de leitores, ouvintes e espectadores uma at itude inicial de
"compreensão", depois de aceitação passiva, e, por fim, de apoio declara-
i:~
~~;;::s°t~,~:r::!:~~se:v:i~~ cionárias nos costumes.
Rea lmen te, há 40 ou 50 anos atrás muitos filmes já apresentavam o divórcio com naturalidade, fazendo dele ve rdadei ra propaganda. Depois, essa mesma naturalidade foi adotada em relação ao adu ltério, ao concubina to, ao amor livre e tudo o mais. T.1mbémorádioe, muito especialmente a televisão levaram ao inte rio r dos lares, por meio de suas raaionove as e te lenovelas, a convivência com todas essas formas de desregramento.
/\O mesmo te mpo, a imoralidade fo i sendo muito d ifu ndida atr<1vés de jorna is, rev istas e até por obras lite rárias ampla mente d ivulgadas pelas livrarias e elogiadas pela imprensa. Mas, para os fa uto res da Revolução, a me ra aceitação passiva dessas imoralidades pelo público não era sufici ente . Tornava-se necessário mudar nas pessoas toda sua maneira de ser. E para isso era imprescindível uma radical transformação nos trajes. Daí a grande d ivulgação, e até uma ve rdadeira imposição de novas maneiras de tra jar, quer já diretamente imorais, q uer tendentes a isso pela sensação de li berdade q ue sugeriam em relação à antiga moda, baseada ainda numa certa rigidez de princípios e de costu mes. Os trajes indece ntes, o semi- nudismo e a té o nudismo, vistos principalme nte no cinema, nas rev istas e na televisão, foram condicionando uma mentalidade concessiva e acolhedora a seu respeito. É perfeitamente desnecessá rio comprova r, com exemplos e citações, o fat o por demais evidente de que a d ifusão dessa no va ma neira de pe nsar e de viver fo i feita através de cinema, tea tro, rádio, imprensa, televisão, etc. Todos o sabem e sentem em si mesmos seus efeitos. Porém o trabalho de transformar as mentalidades nílo se limita aos meios de comunicação social. 1:. preciso que se forme uma caixa de ressonância nos círculos familiares, profissionais, escolares, etc., para comentar com p<ilavras de satisfação e apoio, aq uilo que foi vis to, ouvido e lido nas telas, no palco, no vídeo, no rádio ou nas publicações. Constitui-se assim uma verdadei ra pressão social para que os poucos recalcitrantes em aceitar o que é d ivulgado por aqueles meios, por receio de parecerem d ife re ntes dos o utros, acabe m cedendo aos novos hábitos e à nova mentalidade.
Acabar com o sentimento religioso da população A tuao isso, porem, pessoas t,em formadas, com forte espírito religioso e guiadas por sólidas convicções,
poderiam ainda res istir. Tornava-se então necessário laicizar, tanto quanto possível, toda a ordem temporal, extirpando o sentimen to re ligioso da população, procurando fazer com que nela se evanescessem os princípios e as convicções q ue as o rientavam em sua cond uta no campo moral. Tal evanecimento acabaria por tornar essa conduta inexplicável. pelo menos em muitos de seus aspectos, diante dos novos hábitos e costumes. Realmente, as pesquisas são praticamente unân imes e m constatar que, quanto maior a crença e a prática religiosa, ta nto maior a resistência a tais transformações nos costumes. Onde há mais religião, há mais resistência ao d ivórcio, às uniões livres, ao aborto. Ao comentar a crise da família con-
Entre os fatores que determinaram a crise da família, muito influiu a primazia concedida ao amor na visão global do matrimônio temporànea, especialmente na Itália, a conhecida revista ''La Civilta Cattolica", dos padres jesuítas, salienta, cm editorial, a prevalência dos fatores religiosos e culturais sobre ossociais e econômicos na origem dessa crise: "Se nos interrogarmos sobre as causas da crise da familia italiana, um dado apa rece logo como evidente: a escassa importância do fator econôm ico. De fato, a crise da família se iniciou nos anos do 'milagre' cconõn1ico e se acelerou em um período de bem-estar crescente jamais conhecido anteriormente em nosso país. ( ... ) "Os fatores determinan tes da crise da família italiana foram e continuam sendo de o rdem cultural e ideológica. Produziu-se nos últimos vm e anos uma ra ... 1._a ran , no modo de conceber o matrimônio e no modo de colocar-se diante da viC:ATOI.ICISMO MARÇO 1989 -
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o casamento e a família o u elevado, muitas ve· zes estudantes universi· t.irios ou professores de graus diversos. Eles formariam os casais representativos de uma "avant-garde'' sociológica da população, constituindo o mais poderoso fator de " novos modelos" sociais a serem imi tados pelos outros. A esse respeito é bem da; fo i modificada a maneira de ver significativo o que vem o lugar da mulher na família e na soocorrendo na França. ciedade, bem como a relação conjuA socióloga Evelyne gal entre homem e mulher; também Sullerot, a pedido do foi profundamente modificada a posiConselho Econômico e ção com respeito à fecundidade. EsSocial, elaborou um amsas mudanças de mentalidade, não plo e bem documentame nsuráveis quantitativamente nem do relatório sobre a si· de fácil percepção, mais que qualtuação do estatuto ma· quer outro fator incidiram sobre a critrimonial naquele país, se da família.( .. ) e suas consequências ju· "Em particular, deve-se ter presenrídicas, fiscais e sociais. Ao comentar o proble· te o fenômeno da laiciznç3o, que agiu sobre a crise da família em dupla direma das un iões livres, ção. Primeiramente laicizando o mamães solteiras e filhos naturais, a autora salientrimônio, visto agora não mais como uma realidade sacral e religiosa, mas ta que esses fotos ocor· meramente profana e civil .( ... ) E tamrcm agor.i, com preva· bém acarretando um distanciamento CaM~ joren, de nírel ,óefo-eronômif'tJ mMin vu r le r11- lência, em setores da SOda maioria dos italianos em relação do - mmlf'lo1 de 11m11 •'arnn l gar-dr •• ,lu po1111l11 fà<> ciedadc diferentes daàs normas éticas propostas pela Igrequeles de 20 anos atrás, ja acerca do matrimônio e da família, e que isso pode repercucomo ficou demonstrado no 'refcren· Com isso a família implodiu, e o tal tir no comportamento futuro de to· dum' sobre o divórcio e naquele so- "amor" se revelou como não sendo do o corpo social: senão uma quimera. bre o aborto. "Até h,i pouco ( ... ) os n.iscimcn· ''Entre os fatores culturais que de· tos fora do casamento envolviam joterminaram a crise da família muito o papel propulsor vens de menos de 20 anos (24% cm influiu a primazia concedida à felici· das elites 1968) e mulheres de mais de 35 anos dade dos côniuges e ao amor na vi· (12% cm 1968). Atualmente s.io musão global do matrimônio e da famf- na Revolução lheres jovens com a idade normal palia" (1). ra casar-se que representam, de lonÉ interessante salientar como o Essas mudanças de mentalidnde ge, o grupo mais numeroso das miies editorial se refere também Anova con- e de comportamento não atingir.im não casadas (37,5% cm 1980, de 20 a ccpção sobre casamento e família, co- n sociedade de modo uniforme e ho- 24 anos), enquanto a proporçiio das mo um dos fatores da crise familiar. mogênco; afetaram desigualmente menores de 20 anos caiu a 16% e a De fato, a família trad icional tinha asdiversasidadesccondiçôessociais. daquelas com mais de 35 anos a 6%. por fundam ento primeiro a procria- Para que elas tivessem um efeito ( ... )Trata-sede uma conduta nova e ção e educaç.lo dos filhos. Este funda- mais profundo e duradouro, tornan- voluntária dos casais jovens, e não mento foi sendo corroído - entre os do-se estáveis e irreversíveis, apontan- mais de um fenômeno marginal que católicos, sobretudo de uns vinte do o caminho para a sociedade do fu- afetava adolescentes e mulheres de anos a esta parte - em favor de uma turo, era nccessário que atingissem mais idade, abandonadas grávidas peidéia romantizada de amor entre os especialmente uma determinada ca- lo pai da criança, sobretudo em cer· tegor:as sódo-pw(issio11nis e _ _çc/lôcnjoj,,.11g,cess.Aó«co>nosseeqiqiiêiin<nc"'ia.úfo>i<igjU11<-cpp,,.\--f=.,_."'""I~'', ticas imorais como a contracepção, e os sexos, entre 20 e 35 anos, residin· em meios pouco favorccidos . A 'mãe até diretamente criminosas como o do nas gra ndes cidades, de nível edu· solteira' s ucedeu a 'mãe celibatária', aborto, passaram a ter livre curso. cacional e sócio-cconômioco médio menos reprovada e menos marginali-
As disposições sociais previram facilidades para a guarda das crianças pela "mãe celibatária"
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o casamento e a fam ília zada, a quem se reconhece coragem e dignidade, e para a qual as disposições sociais previram facilidades para a guarda das crianças, formação profissional e abonos, a fim de ajudá-la em sua difícil solidão. Agora, à 'mãe celi batária' sucede o casal não casado que voluntariamente tem um filho fora do casamento. ( ... ) Tratase já de uma conduta combinada de casais representativos de uma 'avantgarde' sociológica da população: jovens de 20 a 34 anos, residindo principalmente em Paris e nas grandes cidades, de nível educacional médio
o valor da família é tanto mais elogiado quanto mais se pertence a um meio popular ou elevado. As categorias profissionais de mestras e professoras tiveram o maior aumento na proporção das mães de filhos naturais entre 1968 e 1980 (enquanto a categoria sócio-profiss io nal das 'mães solteiras' dos anos 50 e 60 era sobretudo a das 'empregadas domésticas, trabalhadoras manuais e assalariadas agrícolas'). Em conseqüência, pode-se pensar que esta camada da população, que constitui o mais poderoso gerador de 'novos modelos', será seguida pelas outras, que a imitarão" (2) . Interessante também para indicar que setores d.i sociedade têm m.iis ou menos apreço pelos valores familiares e que implicações isto traz para o futuro, é o result.ido de um.i pesquisa realizada na Suiç.i, mostrando que il diferença de nível sócio-econômicopodecondicionardiferentesconcepções sobreoc.isamcntoe a f.im ília: "Nos meios populares {... ) se dá primazia a essa respeitabilidade q ue
u m meio popular. Pelo contrário, nos meios universitários de forte conteúdo cultural, sobretudo entre as mulheres, defende-se o direito ao desenvolvimento pessoal den t ro do casamento, o qual se torna uma instituição que se res peita enquanto nela se encontre interesse; não é mais uma instituição cujo respeito se impõe de modo absoluto".
Comprovamos assim que a Revolução tendencial atua continuamente no sentido de formar mentalidades e costumes cada vez mais afastados da tradição católica. E o faz, não por meio das cli1sses mais populares, que sempre se mostraram menos maleáveis à ação revolucionária, mas sim prevalentemente através de certas elites de ordem social, cultural ou econômica. Essas seriam então incumbidas muito mais pelo seu comportamento que por sua pregação - de mostrar hoje como deverá ser a mentalidade e o comportamento da sociedade de amanhã, em seu desprezo crescente pela instituição do casamento e da família. E arrastar atrás de si, pelo seu exemplo e poder de influência, os demais setores da sociedade. Fica assim confirmado, mais uma vez, o papel de suma importância desempenhado pelas elites no desenvolvimento do processo revolucionário, muito especialmente da Revolução tendencial. Pois a propulsão da Revolução vem das elites, e não de uma exigência das massas populares, como costuma apregoar a velha e desgastada demagogia revolucionária. Muri//o Ga/liez
R.Dr.MartinicoPrado,34! . J[igótoop<>lis (Servi,;odcentreçaparaaregião) E'.slacionamemo próprio com maoobrfaLa Reservas:825-2749 e 67-6596
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NOTAS fomiglia. uM ,ealtà da evangelizzare", Editorial, "La Civiltà Cattolica", No 3203, 4 -:C:n~~J:~e 2:;·~ial, "Le statut mat,imonial et ses conséquences juridiques, liscales et sociales", Journal Officiel de la Ré-
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~s:su:'e~:~:~;f~~~:~
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~:~'i:::o:n~:~: çaisepourlaSauvegardedel'Enfanceetdel'A· dolescence, Paris, nº l, Abril 1985
R.Bocaino,54 05931 - SÃO PAULO
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"
OS CEGOS VEEM, OS MUDOS FALAM, OS SURDOS OUVEM ; Apequena Marie-Claire,,w, braço1de11,amãe. Cunllla recenlemenlede hucemia, o 0010 de11a criança ingle1a será e,tudado pelo lforeau Médico de Lourde1.
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A "mídia", em geral tão pressurosa em divulgar notíciassobremanifestaçõesdedegencrescênciadasociedadecontemporâm>acseusvíciosoufaurpropaganda de espetáculos que vão constituindo uma onda crescente de blasfêmias, como é o caso do filme "A última tentação de Cristo", ignora, quando não oculta, Jatos dos mais espetaculares da vida da Igreja. Dentre eles, merecem destaque especial os milagres de Lourdes. Atestando tais fatos a presença do sobrenatural, além de constituírem uma confinnação da veracidade da Igreja Católica, não incidem sobre eles os holofotes da publicidade. Quando noticiados, o são, em geral, sem nenhum realce.
OI O QUE OCORREU. por
~~ b~b~o~~~~c~~;:~
:x;~1;~l~~ publicada no jornal londrino "Thc Univcrsc". de 25 de setembro último. A pequena Marie-Claire Wcson, aos dez meses de idade, padecia já de uma forma de leucemia mielóide cancerosa própria a adultos. Chances de viver, nenhuma. "Oqueaeonteccuénada menos que um milagre" - diz a mãe da criança. E prossegue: "Quando fomos ao banho e rezamos na Gruta da Aparição, tive uma tremenda sensação de temor. Lembro-me que todo o meu corpo tremia. '' No momento da benção dos doentes, o bispo de Lourdcs encaminhouse diretamente para nós no meio da multidão e benzeu-nos. Não sei o que o levou a vir até nós no meio de toda aquela gente. Não sou das pessoas
Fatos análogos estão descritos pelo Dr. Alphonsc Oliviéri, Presidente do Burcau Médico de Lourdcs de 1959 a 1971, no livro que, juntamente com Dom Bernard Billet. publicou a respeito das curas e milagres ocorridos no grande santuário mariano: "Há ainda milagres cm Lourdcs?" (*). A obra, ainda inédita no Brasil, desvenda todas as circunstâncias que cercam o reconhecimento de uma cura cm Lourdcs, apresentando também 21 dossicrs referentes aos milagres mais recentes.
O enigma dos números Os autores fazem. de início. uma distinção entre curas e milagres. As curas, e o caráter excepcional que muitas vezes as cercam. são atestadas pelos médicos. O milagre, em sua acepção
- -m.,,;,,,m'".,,",Í,.ͪ_ ,- "'_" _· _m_" _' _" _;º_' _"'_ º_ '_"'__,_.m. , . ~ i ~ ~ ~ ! ~ i d _ a A Sra. Wcson gostaria agora que se examinasse o caso e se proclamasse o milagre. 14 -
CATOLICISMO MARÇO 1989
camcnte sobrenatural. Assim, perguntado se viu milagres cm Lourdcs, respondeu o Dr. Oliviéri:
"O que posso dizer é que vi curas todos os anos". Realmente, numerosas curas foram registradas, desde as aparições da Santíssima Virgem a Santa Bcrnadcuc, em Lourdcs, cm fevereiro de 1858. O boletim "Anais de Nossa Senhora de Lourdes" publicou algumas delas. As curas registradas estão por volta de 6.000. A dcca!agcm cm relação aos milagres é muito grande. pois o número dos reconhecidos como tais pela Igreja é de apenas 64. E a diferença será ainda muito maior se compararmos esse número com o das curas que nem são registradas. Apesar de os estudos médicos sobre as curas de Lourdcs remontarem à época das aparições, com dossicrs preparados pela comissão de pesquisa e controle das mesmas, somente cm 1892 é que foi instalado pelo Dr. G. Boissarie, nas grandes arcadas do "Rosário", o Bureau de Constatação. Às vésperas o-cinqüentemtrio-dara~ ocasião de uma peregrinação do Dr. Boissarie a Roma. cm 1905, São Pio X exprimiu-lhe o desejo de que as cu-
ras fossem submetidas "a um processo regular, a fim de que o estudo científico e re ligioso seja feito nas dioceses interessadas" . O número de 33 milagres durante o período cm que ele esteve à testa do Bureau (faleceu em 1917), constituiu a base dos 64 reconhecidos pela Igreja. Não deixam de causar cer!a estranheza os seguintes dados apresentados pelo Dr. OliviCri cm sua obra: - de 1858 a 1914 foram constatadas4.445 curas, registradas nesse período pelo Pe. Bcrtrin; - de 1914 a 1946, apenas 170. E o mais singular é que os três presidentes sucessivos do Burcau de Consta1açll.o, Dr. Lc Bec (1917), Dr. Manchand (1918-1925) e Dr. Valtet (1925-1946), nlloapresentaramnehumadessascuras ao julgamento da Igreja! E posteriormente a Igreja veio a reconhecer como milagres 7 dessas curas constantes nos dossicrs; - de 1947 a 1978, l.100 curas com aberturasdedossiersforamregistradas. "Y a-t -il encore des miraclcs à Lourdes?" é uma obra baseada nos dossiers desse período. A autoridade eclesiástica proclamou o caráter miraculoso de 17dcssascuras . Antes de São Pio X, a Igreja rcconhecera 7 milagres; durantco pontificado daquele Santo, 33; e por fim, 24, perfazendo o total de 64. -
dando origem ao Bureau Médico de Lourdes. Em 1954, o Bureau sofre nova mudança com a criação do Comité Médico Internacional de Lourdes. Este último é composto por médicos de diferentes nacionalidades, nomeados pelo Bispo de Turbes e Lourdes. São, em geral , especialistasemmatériasbemdiferentcs entre si, como a neurologia, a psiquiatria, a oftalmologia, a otorrinolaringologia, a endocrinologia etc. É uma espécie de "Corte de Apelação", que analisa o dossier complctÓ dos casos mais marcantes dentre os submetidos ao Bureau Médico de Lourdcs. ''Um primeiro e único exame é insuficiente" - afirma o Dr. Oliviéri. "É necessário rever a pessoa curada no ano seguinte, ou mesmo nos anos seguintes, para fazer a prova do tempo, eadquiriracertezadeumacuradefinitiva". Uma cura não é transmitida ao Comitê Médico Internacional se não for reconhecida como medicamente inexplicável por pelo menos 3/4 dos médicos presentes ao exame do doente curado. Jamais apalavra "milagre"épronunciada antes da decisão do Bispo da Diocese do beneficiado. O exame é, portanto, médico e religioso. A comissão canônica formula suas conclusões, e a decisão final pertence ao Bispo diocesano. Mesmo ai, segundo o do Dr. Oliviéri e Dom Bil-
~O~B=u=r=••=u~M=éd~i~co=d•~L~o~u~rd~e~s~l~t~:1·::~~se~e-~~~~t-~:i~::een= teto do milagre pelo Bispo diocesano'' ... Em 1947, o Bureau de Constatação Ou então, promulga ele uma ordenadas curas de Lourdes é reorga ni zado, ção na qual, após ter invocado o Espí-
rito Santo, e sob reserva da aprovaçao daSantaSé,declara "milagrosa" acura e admite que foi obtida em Lourdes por intercessão da Bem-aventurada Virgem Maria, Mãe de Deus. Com base nos dossiers de curas de Lou rdcs, vejamos os relatos de dois dos milagres apresentados pelos autores em sua obra.
Um dos mais belos milagres Os fatos e a documentação de um impréssionante prodígio, ocorrido com Marie-Louise Bigot, conservados nos arquivos do Bureau Médico, fazem dele, segundo a expressão do Dr. Debroise, "um dos mais belos e mais autêmicos milagres de Lourdes". ''Marie8igot.nascidaa7dedezem-
-·
de Rennes), teve uma infância doentia. De inicio, foiatingidaporumasepticernia (infecção no sangue), que causou CATOLIC ISMO MARÇO 1989 -
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manifcstaçõcsinfcceiosascutâneas.(. .. ) Em 1950, as enfermidades de Marie Bigot tomam uma aparência mais caracterizada. Depois de algum tempo, tinha sido obrigada a usar óculos por causa da fraqueza de sua vista. Nessa época, aaeuidadevisual comccaadeclinarseriamente, ao mesmo tempo que aparecem vertigens e dores de cabeça". Em 1951, ''um tratamento por antibiótico (penicilina a cada três horas) é instituído. Dois práticos, o Dr. Sevegrand ( ... ), eo Dr. Menguycuidam dela nessa época . '' Apesar desse tratamento, seu estado se agrava consideravelmente e, a 13 de abril, um estado semi-comatoso, com febre muito alta e distúrbios de deglutição, obriga a uma presença junto à doente em todos os instantes''. Nesseperiodo,aenfermaéhospiializada, sofrendo inclusive uma operação intraeraniana, realizada pelo Dr. Ferey a 29 de abril daquele ano, o qual diagnostica haver inflamação de uma das meninges. Em setembro, o Dr. Sevegrand eonslala em Marie Bigot uma hemiplegia direita e uma surdez também do lado direito. Sua visão no olho direito está reduzida a 1/20, e no esquerdo a 2/20, com fundo de olho normal. Em meados de 1952, a cegueira torna-se completa no olho direito, e a visão no esquerdo é inferior a l/10. A surdez é compleia. O médico julga seu estado desesperador. No fim deste ano, seu pé direito paralisado toma a posição característica do "varus équin" (pé voltado para dentro). A caminhar, só o fará com dificuldade.
Peregrinações a Lourdes Consta no dossier do Bureau Médico que "Marie Bigot vem pela primeira vez a Lourdes em outubro de 1952, com a Peregrinação do Rosário. Seu certificado, feito pelo Dr. Menguy a 3 de outubro de 1952,'trazia os seguintes dizeres: 'Cegueira e surdez completas desde meados de julho de 1952. Scmipara!isiadireita. Nenhuma modificação se produziu e111 seu estado'". Faz nova peregrinação a Lourdes em outubro do ano seguinte. "Durante essa segunda estadia em Lourdes, Marie Bigot constata o desaparecimento da semiparalisia direita,
A jovem volta a Lourdes, pela ter- eia a bilateralização (ou seja, paralisia ceira vez, com a Peregrinação do Ro- total), e com graves lesões oculares sário de 1954. por causa de insuficiência circulatória "A 8 de outubro, Marie Bigot recu- cerebral. Reduzido à invalidez complcpera subitamente uma audição integral !a, seu estado era desesperador. Na mano fim da Procissão do Santíssimo Sa- nhã de 1° de maio sentiu-se de repente cramento.( ... ) curado, pouco depois de ter recebido ''No sábado pela manhã, 9dc outu- a Unção dos Enfermos, na Basílica bro, no Bureau Médico, o Dr. Gou- São Pio X de Lourdes ... Se, à primeira vista, as declarações bert, O.R.L., de AlCs (Gard), procede a um exame detalhado cujo resultado oficiais de milagres não são tão freqüen· pode ser assim resumido: 'Desapareci- tes como se poderia imaginar, é inegámento de todos os distúrbios vertigino- vel que as curas são numerosas. E ninsos; retorno de uma audição normal para voz alta e para voz sussurada'. ''ODr.Dardenneconstataumfundo de olho normal. ''A PeregrinaçãodoRosárioacaba e Marie Bigot volta uma última vez às piscinas. "Ela retorna com uma dor de cabeça muito forte'. São suas próprias declarações. Nesse momento, sentia de tal modo dores de olhos edccabcçaquedisse à enfermeira: O primeiro 811reau de Constataçâ" 1la1 curas 1le Lourdea 'Não chegarei certamente viva a Saint-Maio!"' Durante a viagem de volta, recupe- guém volta de Lourdes sem receber alra instantaneamente a visão. O Dr. De- guma graça. Mas convém lembrar que broise atende-a em seu vagão e consta- são poucos os que atendem aos pedita o retorno completo da acuidade visual. dos de penitêneiae oração de Nossa SeO Comitê Médico Internacional che- nhora de Lourdes, repetidos depois gou à seguinte conclusão: ;,A cura sú- cm Fátima. bita da surdez, depois da cegueira, que Aos céticos, o livro descreve um tinha sua origem há mais de dois anos, episódio ocorrido com Santa Bcrnadetnão parece poder explicar-se natural- te Soubirous; mente". "Um dia, no Asilo de Lourdes, A 15 de agosto de 1956, o Cardeal Roques, Arcebispo de Rennes, procla- por volta de 1860, um dos visitantes pema "que essa cura é miraculosa e de- diu a Bernadette que lhc fizesse um reve ser atribuída a uma inTervenção es- lato das aparições e manifestou cm sepecial de Deus, pela intercessão de guida sua incredulidade a esse respeito. ·Bernadette contentou-se em lhe resNossa Senhora de Lourdes". ponder: 'Fui designada para lhe narrar os fatos. Não fui incumbida de fazêO mais recente lo crer neles ... "
milagre A li de junho de 1978, a autoridade eclesiástica reconheceu como milagreacuradoSr.~crgePerrcn. Naida-
S. J. Martins Alphonse Olisit ri e Dom Bernard Billet, "Y a+ilencore desmiradesàLourdcs?21 dOi$ÍO 'f
(º)
~c~s9~is~i~:i~se~~:!~':r:~cca"'m~.""MHasttt,e+,"',"ceg~,;"'"'~çã""o"d,.f<,.-"'~dbü,ce"""sc"'(L";o"'od,-,'A~,,.._+!"':;~"'-~ic~~;~;'.=)'!'~~17'1!!;1".(ç~ru~"",P~~.-'1~d"-',\"':,"'~1:'";:~'.'~½'dl:"";;'",'.- -
cegueira e a surdez continuam inaltcradas". 16 -
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gcrs - França). Sofria há 17 meses de uma hcmiplegia direita, com tendên,
do pelo Dr. Th. Mangiapan, suçcs,or do Dr Oli•i~ri no Buroau Médico de Lourde5).
"O dinMirnpodesera
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1nquérito e autópsia ordenados pela jus1iça visam determinar as causas da morte, talvez cm conse· qüência de suicldio ou abuso de remédios para emagrecer
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roiuu, ma,nãoa«~; /rru •,wto D/i....,nfa, mas n,foor,~titt; o mit.lico, mDs não a saud,;r,/~s,ma1nãoamig0,1;strvi</o..,,,, m,u não o dwolamenlo; momcilos dt alttria,...,....,...,.,pa.zd,o/...,,,n,ma frlicidadr" ( llrn"·1; Jbs,>1, " A,int dt
Vuo", n º 2I04, 25-11-88).
"TRISTEZA DOURADA" por Pierre Georges
CRISTINA ONASSIS:
Criuin11 Onnuii t n lot rd~ira. A1inr, ...:,for~•-u • nio rot1 i ~~uc ..,, ftli&! ..
A frustração de uma ilusão ,
E
"dogma" para o homem moderno, laico e pragmático, que dinheiro e felicidade andam juntos. A felicidade consistiria em possuir muito di nheiro, para obter tudo o que se deseja, satisfazendo, assim, todos os caprichos. A riqueza estável, com luxo e fama, permitiria à pessoa ser querida, homenageada por todos, alcançando a felicidade almejada. E não é só isto. A riqueza suavizaria até o infortúnio: é melhor ser doente com dinheiro do que pobre e enfermo. O ideal da vida, portanto, é ter dinheiro. Muitos, ao abrirem seus olhos para o mundo, vêem com deslumbramen10 o brilho, a movimentação da "jc1 society" inter- naciooal.....61a-&e-ria-&-c pêndio das pessoas realizadas na vida. das bem sucedidas e felizes. Mas co-
mo nem todos podem real izar sonhos de primeira magnitude, a grande maioria dos individuas procuram imitar, em escala menor, os passos supostamente ditosos de seus modelos . Embora seja evidente a miséria moral e infelicidade radical dos que põem nos bens materiais suas esperanças, o obnubilamento- provocado pela miragem da felicidade completa nesta vida - é tal que, dificilmente, as pessoas renunciariam ao seu sonho dourado: ter muitodinhei+ ro para serem muito fcli-
Uma "pobre jovem rica"
teles Onassis, realizou o sonho de milhões. Mimada desde o berço, viu seus caprichos atendidos além do imaginável. Ela teve tudo. Mas, na realidade, o que essa promessa de felicidade lhe proporcionou? Qual a consistência desse sonho para alcançar a tão almejada felicidade? Um jornalista francês analisou, no "Le Monde", com espirita e de modo conciso a trajetória dessa "pobre moça rica" no mundo. Apresentamos aos leitores alguns excer. tos com breves comentários. A MORTE DE CRISTINA ONASSIS
-''Viveu co m muita riq ueza e morreu muito jovem: cruel cpi1áfio . A vida e mo rte de Chrislina Onassisfoi, pois, um a tragédia grega conlemporânea q ue, no a uge dos seus excessos, servirá para fortal«er o bo m senso comu m. Pobre j ovem rica !" Pobre jovem rica . Pareceria aos olhos de muitos uma contradição. Quando se considera os que põem a fe licidade no dinheiro poder-se-ia dizer: pobre gente rica, que tudo faz para ser feliz, imagina-se feliz, esforça-se pa· ra se imaginar feliz, para convencer-se de que é feliz, e não consegue ser fe. liz! A felicidade. por assim dizer, foge- lhes como a água por entre os dedos.
Ca prichos e carência "Cristina Onassis tinha tudo para ser infeliz na sua insaciável e in atingível busca da relicidade. Uma vida cheia de excessos. Excesso de infelicidade, excesso de casamentos, excesso de divórcios, excesso de quilos, excesso de caprichos ra pidamente satisíeilos, para, no íinal das con tas, ler uma solidão po r de1mtis ext remada". A observação muito
Os holofotes da mídia Herdeira do célebre intcrnacional focalizaram Aristóteles Onassis, Cristirecentemente a tragédia na Onassis, 37 anos, morque encerrou os dias de reu dia 19 de novembro ""''"dM..-,,pe,es"sº"'ªs,-,,ri<inn,t>Olo,-renr-umc.nmr<.rie<ra,d-ch--,,.,,""'""'="~""'''. ---t da "jet society". Cris1i- 40 km. de Buenos Aires, felicidade : insaciáveleinana Onassis, filha do já fa- pertencente a amigos, on- tinglvel. Busca sôfrega lecidomi lhardárioAristó- de passava uma estadia. dealgo quecontentasseinCATOLI CISMO MARÇO 1989 -
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teiramcnte, e a radical in capacidade para encontra r o que se quer.
Excesso de caprichos rapidamente satisfeitos. Eis a grande ilusão : re· alizar iodas as fanta sias, todos os caprichos . Teve por demais dinheiro, materializar suas fantasias tão completamente que isso pode estar na ra iz de sua premat ura morte. " Dela, da pequena 'Chryso Mou', 'minha dourada', como a chamava seu pai Aristóteles Onassis, se poderia dizer que nasceu com uma colher de ouro na boca. ' 0 gregozinho de Esmirna' , esse pai com um destino cforluna fabulosa, fez tudo para que à querida criança nada falt i.ssc. E isto já era um excesso: aarle de nada faltar" . Onde nada foliava, havia uma carência fundamental. Para haver equilíbrio, era necessário que algo falt asse. A a rte de nada fa lt ar é outro excesso. ''Bonecas veslidas por Dior, a dança das educadoras, governan1as e preceptoras. caprichos satisícitos anles de serem expressos''. O pai vivia à espreita para saber que capricho ia nascer na ment e de sua filha , e antes mesmo que ela o fo rmulasse, via-o satisfeito. Ê o sonho dourado de muitos! "Um pai, ainda que onipolenle, ainda que su· per-milhardário, pode comprartudoctudoimpe. dir. menos a felicidade e
fo rt únio, de que lhe adianta o dinheiro? De nada! Fica a nu o blefe de que riqueza e felicidade são rcversivcis. Quando falta a Fé .. " Desde cedo, a iníelicidade eslará onipresente: o divórcio dos pais, a morte de sua mãe, Tina. Ainda a morte de seu irmão Alexandre, vilima de acidente aéreo. Sempre a morte, e o perfume de iníelicidade que se evola de seu pai, com seus amo-
"Crislina Onassiscres"Esta felicidade , no· ceu. lslo é, tornou-se 'her· va, poderia bastar. Crisli· deíra' potencial e uma das na Onassis é, em 1988, locomotivas da "jel so- imensamenle rica - SOO clety''. O que se deve fa. milhões de dólares. O im· zer - quando se é ludo is- pério gerido pur parenles, lo e isto não basta - pa- pelo clã, sobreviveu à rase satisfazer?" morte do fundador, e ao A pergunta é muit o progressivo desinteresse bem fe ita . Se se tem tu- da herdeira pelos negó· do e isto não basta, o que cios". fa zer? É que nada proporNo fim, nada lhe inteciona felicidade a alguém ressava. Nem mesmo a desprovido de ideal e sem conservação do dinheiro. convicções. Pode ter tu"Cristina Onassis cm do , mas não tem ideal. 1988passasuavidaviajanNão tem ideal ? do com sua filha numa csNa verdade falta- pécic de fren tsi de férias lhe o princi pal: a perpétuas, de sol, praia, Fé. E Fé católica se- numa busc11 egoísta da reria mente professa- licidade. da. " Foi lá, num 'country' 'Casa-se e come- club'argentino,queodesse. Toma-se mari- lino ou o desespero a dos, adquire-se qui- aguardava•• . los. Passa-se o lemA expressão frenesi po abandonando de férias pcrpéluas é muiuns e perdendo ou- to significativa. Pois o fre.. ' .,-:.· . ''9 tros. Toda a vida nesi é uma infelicidade. adulta de Crislina Ele se opõe à calma distcn. , •. k On11ssis será assim dida, conatural à fclicida, J.,t( ritmada: quatro de. maridos rejeilados Essa foi a vida de al e cem regimes reco- guém que realizou o somcçados. nho de milhões . Teve 111 " Ela se casa cm do ao nascer. No que se 1971 com um agcn- resume a vida de quem Á "p '- · m, n ' fl ' "r"m nf .,'/"n, te imobiliário de " nasceu com uma colh er ,.,.. ,, ,,,.,"',. " . , ,, ·,, -., Los Angeles, Jo- de ouro na boca"? Na inseph Bolker. A quietação, agit ação e fr eunião durará ape. nesi extremado. O fastigio nas nove meses. de prazeres cm que a pcsrcs sucessivos, seus casa"Casa-se de novo cm soa se encontra a leva a mentas enlutados com as 1975, com Alexandre An· um estado de vertigem, que foram suas madrastas dreadis, riltuíssimo herdei- de mal -es1ar. Ela quer sucessivas. a Callas e Jac- ro J;:rego. SeJ;:undo divór- mais, apet ece O que não kie Kennedy" . cio . pode ou não deve apctc0 di vórcio indica uma " Casa-se sempre. Em ccr. E no entanto, ela já infelicidade. As pcssoas ca- 1978 com um cidadão so- não 1cm mais idéia do que sa rn-sc com a esperança viélico. Serguci tümsov. deve querer, porque pode serem fel izes. Con sta- ·1e rcciro divórcio. de querer tudo . E isto não tam seu engano : separam" Por fim, cm 1984, ca- a satisfaz, levando-a talse. Os sucessivos ''casa- sa-sc com um amigo de in- vez a cometer o suicídio . mentos" e ou tras ca ntas fiincia,ThícrryRoussel,inO fim dessa biografia ~ paraç~s - no envclhc- duslrial, e a união,quedu- - tal vez cobiçada por mi -
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Coruiderada, ali há pouco como frnw de uma únf16inaç,io al»taran1i,1a, a, /m,xa, pauaram mai, recenUmen,h! a inlerell/Jr um públiro qiu!ron,omeem11oan1idadeliferafuraare,pei1t,dela,
nio de Jesus 1en1ou forçar sua enteada Cristiane Vieira da Si!va, de <1uaior1.c :mos, a comer a cabeça de um g:110, por estar convencido que a menina tinha o corpo Nt111e anoitecer da ciriliiação cristã, não eljHU1t11 possuído por llxu, enque 111 in/ern'"' m1mifem //flM a 1erm ,a,1.,, fipa de 1lt1m6nio1. Na /010, Belfe6or, demónio da impuretidade que simboliza :in entre m, A.monila.f, ptlflO citado no A.nl~o Te110odemõnio na Umbanm r.nl11 da" . • A antropóloga Yvonnc Maggic. professora da Ul'RJ di:r. a mesma fon1e - defenderá tese de douior:i.dosobre feitiço e magia. Em1uanS l'OLICS da propaganda vem to cm Hudapest , na Hungri;i., vime e ~oprando com insistência cm nove especialistas rcunir:im-se n:i f;n•or de pr:iticas ocult istas, Universidade de Eotvos l.orJ.nd, :l rmi1-tic:t~.astrológicas.catédirt:tamen- m;i.is impor1ame do p:aís, p:ara debate ~:11:lnicas. Também filosofias e ati- ter as perspectivas da fcitlçari:t. O as,·ld:1des ditas supranatur:ais ou revela- sumo J:i atinge as Universidades... lloras de poderes ocultos do espírito • Uvros sobre bruxarl:a são editant:io cm vog:t. Simpó~io~ a rt."Spcito dos com grande propig:inda, como são pror110,•idos atC: por órgãos oficias. '· A C:iminho da Fogueira"' de WaltenA que corresponde es:;:1 o nda l0- sir Dutra, e "A caça is bruxas na Euda? Qu:mdo o sol se pOC, é 2 hora rop:t moderna'". de Yvo Korytow~ki dos morcegos l·das eoruj;i.s ~e mostra- Só no ano de 1988. no 8r2Sil , publicarcm . A~~im, nl~tc anoitecer da clvili- ram-sc cerca de c inquenta 1ítulos za~·ão eri~l:i - cm que :1 própria lgrc- mais de <111atro por mês, cm média j:1 Cat6llc.1 ~l- encontr:t invadida por - ligados à "História d;1s Mcntalid:1doutrin;1s e pr:hiea~ mabãs - não es- dcs" nome <1ue vem sendo dado a pupant:1 que o~ infernos vão abrindo blica~·õcs desse tipo). E o número desua boc:1, e ,·nmitandop;1r,1 a terr:i. to- ver.i dobrar no presente ano, de :acordo tipo de demônios ou de parente.."!! do com a programação d:ts principais mais ou menos próximos deles. editor:as do Rio e São P:tulo. Se1-tuc um:t pl'ljuena :1mos1r;1.gem • O '"Primeiro Scmin;'lrlo Nacio-
lo''JornaldaTardc'',dc 13desetembro passado. • "A corrente da alga. que traz energias e Slltisfaz pedidos" tomou conta da cidade do Rio dcJ:mciro, informa o "Jornal do Brasil", de 13 de setembro. "É a versão mais moderninha e 1.en das antigas correntes de oração". • Ainda no Rio, "um ch:i, conhecido como S:mto Daime, fci10 de mislura de um cipó, o jagube, e de uma folha conhecida como rainha", :i.trai a classe rica no elegante b:tirro de Sio Conrado, diz "Veja", de 3 1 de agosto. "Economistas, psicólogos, artistas e outros profissionais liberais entoam dnticos religiosos, d;mç:un e rezam" e depois "encostam nos barrancos ou procuram os h:anhciros p:irJ. intermln:iveis sessões de võmitos" produzidos pelo ch:i. • F.s1:ific:mdocomumcomputadofl"S serem programados para ler a sorte, fazer previsões etc. São chamados "p:ais-de-samo eaktrõnicos". • "O Interesse pelo esmcrismo, que fa:r. com c1uc algumas livrarias dediqucm 1/3 de seu espaço par:i. da r conta da proliferação de livros sobre ocultismo, as1rologia, 1ri:ingulo d:r.s Bermudas e assim por diante, tem sido atribuído ao efeito que o progresso científico teve sobre :1 nossa percepção do mundo real, tornando-o, a no~sos olhos, cxcessivamen1c prosaieo" ("O Globo", 16-8). Quem diri;i. c111e a ciênci;i., ou1ror.1 di\•ini1.ada comocontr:iria às ··supcrstiçõc.."S' ' vciculad;i.s pcl;i. Santa Igreja , acabaria -----tftrT:t'fttl-m:ttcri:tt-qt!C"TCCO!h,=~-hnITT,obTC-K:11111:t I fatiti,lflo-V,:CR<«Fm>n11m<nmmSITTü,nffiffi,CÍl<Jeg,m-,W------j • O "Jorn:1 1 do Brasil" (RJ). -de c:i.rna\·ão dos Po\'os), a ser reali:r.ado perstições (e aqui sem aspas)! 22 de ou111hrn último. noiicia que, no auditório das Faculd:1dcs Integra• ··o L'.' Encontro Esotérico da Zoem Niterói. "o artcs:io Marco Amo- das lbirapuera". vem anunciado pe- na Nor1e (RJ), organizado pela Tribo
O
CATOLIC ISMO MARÇO 1989 - 19
Cósmica, deme,,strará os mistérios da c:1bal:1, tarô, astrologia, quiromanda, numerologia. xamanismo e yog;1 ( ... ) São palestras e shows do.: dan~·a afro e cigana, bancas de atendimento e consulta" ("Jorn:tl do Brasil" , 13-8)
• A mesm;1 fonte anunda o ·· Primeiro Congresso Internacional de Ufologia '', no Rio de Janeiro, a serrealizado nad;1 menos do que no Othon Palace l-lotcl . Querem saber - acrescenta "O Globo'" de S de setembro - o (JUC os discos voadores vê m fa zer na "]Crra. • Um tratamento para a cura da AIDS por meio de '' terapia ho lístka'", que inclui ·· passes espirituais'". massagens, danças etc., vem propagado pela revista ··corpo a Corpo" de sewmhro último. Enquanto o "Jornal da "[3.rde"', de 29 do mesmo mês. cm report;igem de p:'lgin:1 inteira, fala da c ura da AIDS através da "macrobiótica e01nras práticas ahernativ:1s'" • ··os ;mtigos od,ulos, astrologi;1. urô e l-Ching são reabilitados :w lado do taí-chi , ioga e massagens. num mercado al termuivo q ue c resce a cada dia n:t cidade"" ("O Estado de São Paulo"' , 8-9). · ··cand idatos :1pclam p:tr:t o sobrenatural"', é o títu lo de v,ts ta report:tgcm publicada no ··Est:ido de S Paulo'" d, 1? de setembro passado,
na qual se mostra que todos os candid:ttoa à Prefeitura de São Paulo, ou seus cabos e leitorais. apelam para pdticas religiosas pouco ormdoxas: banhos rituais, despachos, etc. • A desastrosa sit ua~·ão cconô mita a que foi levado o País, tem sido tema predileto para as previsôcs de ad,,inhos, tarologistas, videntes, astr6logos. e outros. • O caos das cidades modernas. o ntrvosismo , o stress. são campo J>refcrcncial para filosofias dit:1s orientais <JUe atuam através de meditações, gi n:'lsticas e m:1ssagcns, por exemplo • Atlct:ls sov iéticos est:1o sendo submetidos :l técnicas psicol6gicas e a um processo cspeci:tl ":u r:1vés d;t clc1romincscência de Kirlian. o cs tu· do da ;rnra humana' ", para terem melhor rendimento nas compct içôes (" Est . de S. l'au!o". de 29-9). • Todos nós "somos co-criadores do mundo " , afirma a professora Zulma Rc yo, diretora do "Cent ro p;ira Al<Juimia hlltrior" de Nova York, :i (Ju;1l se aprtscnta como ··para-normal '·. É a fuligem satânica. que se vai apresentando como op~·ão p:ira uma sociedade que expulsou de s i a gr;1ça de Dt us
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Na Alemanha, aumenta a legião dos viciados Na Alemanha Ocidental, há 100 mil viciados em drogas, e só no ano passado 6(X) pessoas morreram vitimadas por entorpecentes. Essas são estimativas oficiais; os números reais devem ser bem superiores Mas outro vício está enfraquecendo moralmente uma nação tão pujante economicamente como a Alemanha: há 200 mil jovens alcoólatras, e desse total um terço são meninas ou moças De que vale a riqueza material, quando um país se precipita na miséria moral?
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Tensão e TV
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Naquela nação do Ocidente, unia em cada oito crianças menores de doze anos é "tranqüilizada" por meio de psicofármacos. Cons iderando ser a televisão responsável pelos problemas neuropsíquicos de seus filhos, trinta pais de Dürcn (na Renânia) resolveram promover jogos e conversas com as crianças, de ixando de lado o vídeo. "Foi um lon o caminho - declarou um deles - mas valeu a pen.i. Todas as crianças 01e são con1p elamente normais A. B. A.
MGl~:;;1;~t~hTA
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CATOLIC ISMO MARÇO 1989
REESTRUTURAÇÃO OE DEPARTAMENTOS IMPLANTAÇÃODETELEMARKETING AVAL IAÇÃODECANAISOEDISTRIBlJIÇÃO TREINAMENTO GERENCIAL E OPERACIONAL DEVENDAS • ORGANIZAÇÃO OE SISTEMAS E POLfllCAS OE ATUAÇÃO NO MERCADO ENTRE EM CONTATO PARA RECEBER NOSSO
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Para muitos leitores, 11ossa descrição dos cami11lios melhor diríamos descami11hos - da medici11a brasileira (cfr. "Catolicismo", 11 ºs 456, dezembro de 1988 e 458, fevereiro de 1989), poderia parecer i11verossímel. Como podem os administradores da saúde neste País presenciar impassíveis o "desmorona111e11to" de nosso sistema assistencial (baseado vimos,em nagra11de iniciativa ainda parte, como particular)? Neste artigo mostraremos que tal fato não é temido nem indesejado pela corrente co11111no-sa11itarista brasileira.
CU A ~
1-:mC11 ba, 11/emlirn l'nlo
depmblenuu bunni,, 11ue 11/ingem 1rnnde1mMM1 da população
Um modelo para amedicina brasileira?
S
EGUNDO os teóricos do siste· ma socialista, a medicina atual, tanto no Brasil como nos demais palses capitalistas, é ao mesmo tempo individualista e eli· tista . Ê individualista por· que se preocupa com a cu· ra de cada paciente indivi· dualmente. Para eles a medicina deveria concentrar todos os seus esforços cm manter a saüde da cO· letividade como um todo, mesmo que isto implicas· se em deixar morrer, mais precocemente, algum paciente idoso, que seria sacrificado cm benef1cio da _
seu benefício a um grupo pequeno de pessoas.
Em substituição à atual linha de atendimento médico no Brasil, os teóricos da corrente comuna-sanitarista
intentam criar um sistema baseado na prevenção e atendimento de problemas banais.
.!m'1.ll'.J.llilll<,__ _ _-+-_,,~m;-nà
Ê elitista no sentido de que sua atual sofisticação acaba restringindo o
nhum escrllpulo, a tais teó· ricos, ver "quebrada" no Brasil a atual linha de
atendimento. Em substi· tuição a esse edifício de· molido, eles intentam criar um sistema baseado espc· cialmente na prevenção e no atendimento de proble· mas banais (res friados, diarréia, verminoses etc.) que atingem grandes mas· sas da popul ação. Um im· portante passo para isto será dado cm São Paulo, com a implantação do médico de familia ou "médi· co de quarteirão", nos moldes do que existe atual· mente em Cuba. Não se fala cm constru· ção de hospi1ais, mas apenas cm multiplicação de postos de saüde para os quais se dest inarão pesa-
Paralelamente, estão sendo alugadas numerosas casas na periferia de São Paulo para funcionarem ao mesmo tempo como re· sidências e consultórios de médicos generalistas . A propaganda de im· prensa é grande, e parado· xalmente, a velha inst ituição do médico de famí lia começa a ser elogiada com evidentes segundas in. tenções - pelos progressistas mais rubicundos.
Ralzes históricas do comuno-sanllarismo Talvez, a primeira ten· tativa de aplicação dos principias do colet ivismo
___ :ntrctr·u,;-timm"""nrt-.,-.:rttl!-moot,-~ - i
através do Banco de Desenvolvimento Nacional e Social (BNDES).
cina tenha surgido em 187 1 com a implantação da Comuna de Paris.
CATOLIC ISMO MARÇO 1989 -
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Naqueles tristes e delirantes dias chegou-se a estabelecer toda uma legislação de "proteção da saúde" muito semelhante ao que propõem hoje os comuno-sanitaristas. Posteriormente, entretanto, essas descabeladas idéias foram esquecidas, tendo reaparecido com ares de modernidade por volta da década de 60. Dois congressos importantes, ambos patrocinados por governos comunistas, marcaram o reaparecimento do movimento comuna-sanitarista: 1. O Congresso de Alma-Ata, na Rússia, em 1975; 2. O Congresso de Atenção Primária à Saúde, em Cuba, cm 1982. De lá para cá, a movimentação de bastidores tem sido intensa. Uma ''inteligentsia'' esquerdista encarapitada na Organização Mundial de Saúde tem feito planos nacionais para vários países subdesenvolvidos, planos esses que têm encontrado sempre o nababesco apoio do Banco Mundial. A América Latina especialmente Venezuela, Colômbia e Uruguai - p~-
três países. Os elogios e os argumentos apresentados em prol do sistema cubano chegam a dar a impressão de provirem de uma fonte única. E agora parece ter soado a hora do Brasil. Tudo é feito como numa peça de teatro. Exatamente igual ao que aconteceu na Venezuela, na Colômbia e no Uruguai: críticas à "ganância" dos hospitais particulares; notícias da falência do atual sistema de atendimento; cntrevisia de um técnico dopaís em visita a Cuba; notícias sobre feitos "deslumbrantes" da medicina cubana. Nada disso está faltando também no Brasil, nem mesmo a possibilidade de uma salvadora intervenção da medicina cubana em nossa nação. Quase ninguém mais fala hoje sobre a vacina cubana contra a meningite. Contudo, não fosse a criteriosa intervenção do então Ministro da Saúde, Borges Lagoa, que proibiu o uso da referida vacina antes da comprovação de sua eficácia, estaria o natural arrefecimento da doença (por motivos sazonais) correndo como crédito de um "milagre" realizado no Brasil pela medicina cubana ... O tiro, ao que parece, saiu pela culatra, pois a meningite desapareceu antes da aplicação da vacina. Mas não fez enrubeccr os arautos do "milagre" cubano. Os elogios continuam a se repetir cm nossos órgãos de comunicação como um realejo interminável.
ro assalto. Chama-nos a atenção a identidade de fatos que se desenrolam nos
do presente artigo descrever toda a verdade sobre a medicina cubana.
Planos esquerdistas da Organização Mundial de Saúde têm encontrado sempre apoio do Banco Mundial
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CATOLICISMO MARÇO 1989
Contudo, qualquer cidadão de média informação sabe que o número de médicos é grande cm Cuba porque ja o era ao tempo de Batista, e porque Pidcl Castro viu na medicina uma forma de patrulhamento da sociedade. O médico de quarteirão é sempre um membro do Comitê de Defesa da Revolução, e sua atividade médica é, antes de tudo, uma forma de pressão da ditadura castrista sobre uma população cada vez mais indefesa. O índice de mor1alidade infantil é baixo porque o índice de natalidade é baixíssimo. A população
Fidel Castro
viu na medicina uma forma de patrulhamento da sociedade
do país está diminuindo cm vez de aumentar. Os recursosassistenciais,pois, embora parcos, sobram.
Três aspectos escamoteados pela mídia cubanizante Ao imitar Cuba, o ·erasil vai mergulhar nas mesmas mazelas que atingem a medicina da antiga ''Pérola das Antilhas". Essas mazelas estão sendo cuidadosamente ocultadas pela propaganda comuno-sanitarista:
a) uma medicina primitivista
Tal como acontece em Cuba, aqui também serão criadas circunscrições. O cliente não terá acesso direto ao tratamento especializado, e nem mesmo, provavelmente, terá direito a procurar outro médico, que não seja o de seu "quarteirão" Isto, além de quebrar o principio da livre escolha, acabará representando um cerceamento na procura do tratamento especializado, transformando a medicina ao mesmo tempo em primitivista e tirânica. Hojcem dia, um brasileiro que sinta uma dor prccordial, pode, mesmo gratuitamente, esclarecer sua dúvida dirigindo~se diretamente a um Centro de Cardiologia . Amanhã, com a implantação do mêdico de quarteirão, seu acesso estará condicionado a uma triagem prévia. Ele deverá entrar numa fila ao lado de uma gestante, de um doente suspeito de tuberculose, de um paciente psiquiátrico e de uma criança com gastroenterite. Ele deparará um médico atendente generalista que terá a obrigação de entender de tudo (e que portanto, na realidade, não entenderá nada proficientemente). Assim, paradoxalmente, embora proclamando a máxima de "saúde para todos", o sistema cubano acaba cerceando o acesso dos pacientes aos serviços realmente capazes de curá-los. b) tirânica
No contexto de nossa Constituição, "a saúde é dever do Estado''. Ora, todo dever pressupõe, de
modo correlato, um direito. Assim, esta hipertrofia do "dever" do Estado trará inexoravelmente uma hipertrofia do "direito" do Estado de cuidar da saúde dos indivíduos. Nada impedirá, portanto, que o médico do quarteirão se transforme numa espécie de ditadorzinho regional a impor hábitos, padrões sanitários etc., de acordo com as metas governamentais. Quando se pensa que a prática da medicina envolve freqüentemente pro-
O sistema cubano acaba cerceando o acesso dos pacientes aos serviços realmente capazes de curá-los
blemas de consciência relacionados com a moral familiar, maneira de educar os filhos, limi tação da natalidade, problemas psicológicos etc., realmente se fica muito temeroso quanto à formação da reta consciência, num contexto de atuação do médico de quarteirão. e)
patrulhadora
Por fim, é de se temer que ou no País inteiro, ou em determinadas regiões ou cidades, o médico de quarteirão se transforme num patrulhador
político e ideológico. Tal como acontece cm Cuba, onde a condição essencial para o exercício desta função - conforme confessam os próprios entusiastas de medicina castrista - é a filiação ao Comitê de Defesa da Revolução e a freqüência habitual aos cursos de reciclagem ideológica. Esta medicina ideologizada é o que se está querendo para o Brasil.
Uma prospecção do futuro Serâ aplicado inteiramente esse plano de cubanização da medicina no Brasil? Uma pessoa menos informada poderia pensar: " Isto vai depender de uma equação: ousadia dos executores - reação do público". Engana-se. O plano pode ser interrompido, mesmo por outro motivo. Pois, nos bastidores da administração da saúde, no Brasil, digladiam-se duas correntes: uma - semelhante ao modelo cubano - dá ênfase ao domínio (patrulhamento) do Estado sobre a população; e outra, dá realce à atuação de grupos populares organizados (isto é, sovietes), os quais devem sobreporse ao Estado. O atual Governo do Estado de São Paulo, com seus "médicos de quarteirão", caminha num sentido cubano, enquanto a Administração municipal paulistana, com seus "Conselhos Populares de Saúde", caminha cm direção aos sovietes. Mas o esmdo desta última nossibi]idade fica para um próximo artigo.
A "Perestrollka" de Stallln
M~~fr~i:a~':~al~f~~~a~º!~~ ~~~t~~~e:~s:!f~
implantando na Rússia. E todas as simpatias do Ocidente vão para o líder vermel~o, que estaria "liberalizando" a política soviética. Um pouco da conhecimento histórico recomendaria uma certa prudência em acreditar na sinceridade do chefe comunista. Terá ele mf.smo intenção de abrandar o férreo regime comunist ? E o fará com vistas a uma liberdade autêntica e p ogressiva, ou fará apenas Q necessário para garantir as simpatias do mundo não comunista? Estas perguntas vieram-m'e ao espírito ao ler o livro do diplomata francês Ar/hur Conte, sobre a con-
~~;n~~ri~ay~~f;n~~~
~~e~~!s~~~:
:~t~f!ta\:g~~~~ dial. Conta o autor que, com vistas a enganar a opinião pública do Ocidente, ~talin , a partir de 1942, 1943, passou a desenvolver uma política de "abertura", de "reforma": autorizou que os membros do Partido fossem religiosos praticantes, deu subv,enções à Igreja "Ortodoxa", abrandou a coletivização do campo etc. Como resultado dessa politica o ditador soviético auferiu os frutos mais completos: apoio dos crentes e, o mais importante, o apoio da Inglaterra e dos Estados Unidos. Este último país enviou à Rússia, como donativo, mais de quinhentos mil caminhões, locomotivas, vagões, toneladas.de alimentos etc. Mais do que tudo, na conferência de Yalta, Stalin foi tratado como uma pessoa confiável e que se precisa agradar com concessões para manter as boas disposições. Essa confiança ingênua - muito parecida com a cumplicidade - acarretou a comunistização de toda a Europa Oriental, como já ficou dito, a perda da China para os comunistas e o fortalecimento dos partidos comunistas do Ocidente. O presseguimento da política da Stalin na Rússia é conhecido de todos: ditadura feroz com campos de concentração e manicômios judiciários. Hoje em dia, os próprios comunistas russos criticam Stalin, para dar a entender que a ditadura não é inerente ao comunismo, mas foi obra pessoal de um desequilibrado. Com isso salva-se o comunismo e se dá a impressão de que se mudou. Criticar não custa nada ... Quem sabe se, no futuro, os líderes soviéticos não farão a mesma manobra, criticando os "erros" de Gorbachev e apresentando ao Ocidente alguma outra manobra de distensão mais chamejante ainda do que a de Stalin antes de Yalta e a da atual Perestroika? Se a História é a mestra da vida, como dizia Cíce~~' ela ~anda q~~ s~j!~~s descon~~d_?,.s em re(ação que apenas favorecem o bolchevismo.
Luis Sérgio So/imeo
Antonio Lara Duca CATOLICISMO MARÇO 1989 -
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TFPs em açao Livro-denúncia tem nova edição MADRI - Tendo se esgotado, em 45 dias de campanha, a primeira edição do livro-bomba "E,panha, anestesiada sem percebê-lo, amordaçada sem qucrC-lo, extraviada s~m sabê-lo", elaborado pela Sociedade Espanhola de Defesa da Tradição, Familia e Propriedade, uma nova edição foi lançada em Madri, em janeiro último. Marcando o acontccime~to, foi pro-
movida uma sessão solene no auditório
do Colégio Dominicano, lendo feito uso da palavra o Cônego salvador Mu-
floz lglesias, da Catedral de Madri, bem como o conhecido teólogo Frei Victorino Rodriguez, dominicano. Com farto material ilustrativo, o médico Fernando Gonzalo Elizondo, diretor de TFP-Covadonga, apresentou ao pllblico presente os principais lances da presente campanha, em todo o país.
Uma repercussão sintomática, que vem confirmar o acerto das teses do livro, é a charge publicada pelo jornal "La Vanguardia", de Barcelona, na qual se mostra o distanciamento entre a Espanha oficial e a Espanha real.
Um vigoroso não à matança de inocentes WASH INGTON - Com a publicação do substancioso manifesto intitulado "Uma verdadeira matança de inocentes se faz diariamente cm todo o mundo", nas páginas do "Washingtona Post", além do maciço comparecimento de seus sócios, cooperadores e correspondentes na Marcha Anual pela Vida, realizada nesta capital, a Sociedade Norte-Americana de Defesa da Tradição, Familia e Propriedade voltou a afirmar publicamente sua condenação à pràtica do aborto, com base na doutrina tradicional da Igreja.
O manifesto da TFP, que foi também distribuído amplamente ao longo da passeata, contém numerosas citações de ensinamentos dos Papas e denuncia a posição errônea de certos teóC IDADE DO CABO, África do Sul - Em conferência promovida na Uni- logos, os quais já vêm defendendo o versidade de Stcllcbosh, o cooperador da TFP brasileira, Sr. Juliernes Manzi, aborlo nos ambientes católicos ... Ninguém pode ser ao mesmo tempo um discorreu sobre a desagregação da família enquanto fator propicio ao avanço da investida comunista, bem como sobre a atuação das TFPs cm defesa dos va- verdadeiro católico e pró-abortista", sustentaaentidade.Alémdefazer trelores da civilização cristã e da harmonia social. mular seus gra ndes estandartes rubros Um dos recentes lances da TFP sul-africana é a edição, em inglês e afrikan- com leão rompante, a TFP norte-ameder, de uma revista em quadrinhos dirigida especialmente às comunidades ne- ricana marcou sua presença no desfile 5 - -f8r";ª~ºª'-:'Qlual..Lllenuw:ia""---'um=unmil; "'""'""""'""''"'-'-""'º'--"'"'º"'''"im~e,!!!"º'-+<oom.~ma fanfarra e um coniuoto de da Swapo. gaitas de fo le escocesas, composta por Na foto, junto ao mostruário de obras divulgadas pela TFP, um grupo de jovens cooperadores, que executaram representantes de uma das comunidades negras que compareceram ao evento. loques tradicionais. 'I
"''Llli'
24 - CATQLIC JSr•,1 0 MARÇO 1989
TFP contesta matéria de "O Estado de S. Paulo"
Estandartes tremulam em Lisboa LISBOA - Os cscandancs da TFP lusa, que juntamente com olcãorompantcostcntamahiscórica Cruz da Ordem de Cristo, tremularam intensamente nas ruas e praças desta Capital, durance acampanha dcdistribuiçào do manifesto contra a exibição dofilmeblasfcmo"Aúlcimatentação de Cristo", de Martin Scorce~c. Dando inicio à campanha, os jovens cooperadores da entidade rezaramnalgrejadaOrdcmTerccira do Carmo, junto ao túmulo do Bemavencurado Nun'Alvares Pereira, passando a percorrer. em seguida, os principais logradouros da cidade. Foram numerosas as mani festações de aplauso por pane de pessoas do público, pcrtcnccntesàsmaisvariadasclasses sociais. Fato cdificanlc ocorreu na porta de urna igreja, onde certa mulher que ali pedia esmolas, solicitou um exemplar do manifesto. Logo após tê-lo lido, voltou ela a chamar o propagandista para manifestar seu contentamento com a campanha e oferecer duas moedas que acabara de ganhar. "Agradecemos a oferta, mas não a aceitamos. Ficamos sensibilizados com essa manifestação degene_rosidade,.~ue nos _faz ler~brar
gelho'', comentou um dos organi zadores da campanha.
E
M SUA EDIÇÃO de 24 de fevereiro último, "O Estado de S. Paulo" publicou extensa notícia, com vistosa chamada na primeira pá· gina, sobre um incidente que teve lu· gar à saída da Missa das 19hs, na Catedral Mclquita Católica de Nossa Senhora do Paraíso, na capital píluliStíl, no diíl 18 dílqucle mês. N;i prim!;'ira parte da notícia, encimada pelo título "TFP briga na porta da igreja ", afirma-se sem fundamento na realidade, que membros da TFP "derílm início ao tumulto aindil durante a missil, hostilizilndo com pi!lilvrões os s in1p,1tiz,1ntes de Orlilndo Fedeli", egresso da TFP no ano de 1983 Convém esclarecer que o "combate" que "durou apenas um minuto" - utilizando-nos da própria terminologia empregada pelo matutino paulista - não se travou entre cooperadores da TFP e adeptos do sr. Fedeli. Mas a "pancadaria que envolveu uma dúzia de pessoas", como o "Estado" qual ifica o incidente, teve como protagonistas os referidos adep· tos e outros jovens, que não são coo· peradores da TFP. A segunda parte da matéria, que se intitula ''Dissidente aponta fanatismo'', contém declarações do sr. Fedeli, e que constituem o realejo das ílCU· sações por ele lançadas contra a TFP desde 1983. Tais diatribes já foram exaustivamente refutadas pela entidade, tendo "Catolicismo" ao longo destes anos estampado todas essas contestações. O Serviço de Imprensa da TFP, tendo cm vista esclarecer o público e retificar as folsidades contidas nessa mal~ria jomíllís_tiCil, envio~ caria
SR. DIRETOR A presente missiva concerne à espaçosa notícia publiCildíl hoje (24) por essa folha, com chamada de primeira página, sobre o incidente ocor· rido à saída de uma missa na Catedral Melquita Católica de Nossa Senhora do Paraíso, no domingo passado Tal fato, que il notícia qualifica de "combate", durou nada menos que ''um minuto'' e deixou como gra· ve conscqüênci.i "arranhões leves e gravatas desalinhadas''. O Serviço de Imprensa da TFP teria objeções a fa~er à narração de "O Estado", porém se dispensa de entrar em microscópicos pormenores sobre esse drama de um minuto. Pois sua atenção é voltada para outro fato, este sim, de certo interesse. Passo a expô·lo. O redator da notícia quis aproveitar-se da ocasião para dar nova publicidade às conhecidas acusações levantad as pelo egresso díl TFP, sr. Orlando Fedeli, a propósito de práticas religiosas supostamente condenadas pela doutrina da Igreja e pelo Direito Canônico, as quais se realizariam na TFP. E a esse propósito, projetar uma publicidade desfavorável sobre o Presidente do Conselho Nacional desta, proí. Plínio Corrêa de Oliveira. Ao mesmo tempo, a notícia incidiu, no que diz respeito ao nome da veneranda mãe deste, na mesma falta de tato de que "O Estado de S Paulo" deu mostras, em 1979. Falta de tato esta, sobre a qual não entro em pormenores, pozs que a mesma foi analisada pelo prof. Plínio Corrêa de Oliveira em carta enviada a esse miltutino através de Cartório de Re-
cada em s ua edição de 26 de fevereiro passado, à página 46. Transcrevemos abaixo o texto integral da missiva
pidamente comentada pelo próprio jornal no dia em que a publicou (22-8-79) CATOUC IS/\'10 MARÇO 19!19 -
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TFPs em ação Espanta-me que "O Estado de 5. Paulo'', o qual freqüentemente se ufana da tradição jornalística impecável que lhe deixaram como legado seus antecessores, reedite na notícia de hoje o que de mais injusto havia nas acusações do sr. O. Fedeli à TFP, e se dispensa desinibidamente de noticiar com relevo igual o que a TFP publicou em sua defesa. Ora, esta última - tendo em vista a publicidade que órgãos de imprensa de São Paulo e Campos (RJ) quiseram dar então àquelas acusaç-ões procedeu a imparcial e pormenoriza-
do estudo das interpretações que o sr. Orlando Fedeli dava aos fatos por ele alegados. Tal estudo era baseado nos melhores autores de Teologia Moral e Direito Canônico, e concluíam pela inteira improcedência das referidas interpretações. Para maior gar.intia dos leitores, quis ainda a TFP submeter sua argumentação à apreciação de teólogos, canonistas e moralistas de reputação mundial. Todos deram
pareceres por escrito, que não deixavam a menor dúvida sobre o bom fundamento - em termos de doutrina católica - da defesa da TFP. E, cm seguida, deu esta entidade a lume duas obras contendo tanto os mencionados pareceres quanto a argumentação da TFP por eles aprovada. Após o lançamento dos referidos livros, e informado disso o públi· co brasileiro através de órgãos de imprensa de primeira grandeza, o sr. Orlando Fcdeli continuou a tocar orealejo de suas anteriores invectivas, na expectativa de que a TFP continuasse a polêmica. Esta entidade lhe respondeu então, em seção livre na "Folha de S. Paulo", em 28 de agosto de 1984, que, ou ele publicava uma réplica idônea às duas obras aludidas, ou a TFP dava por encerrada a polêmica, pois tinha mais o que fazer. E o sr. Orlando Fedeli acabou por secalar afinal. Calou-se, sim ... até que a vistosa publicidade de "O Estado" sobre o drama de um minuto, à sal-
da da Catedral Melqu ita Ca tólica, lhe fornecesse oportunidade de voltar à tona com as mesmlssimas acusações que teólogos, moralistas e canonistas de reno me mu ndial haviam julgado inconsistentes. E essa folha aproveitou assim a ocasião para dar nova publicidade às acusações do sr. Fedeli, fazendo este de conta que ignora as refutações da TFP. A tudo isto, a TFP s implesmente tem a declarar que, em sua Sede, à rua dr. Martinico Prado, 271, quaisquer interessados podem obter os livros cm ques tão, com os menciona· dos pareceres, bem como cópia de tudo quanto seus acusadores comunicaram pela imprensa e q ue ela exaustivamente refutou. E nada mais quer dizer. Nem precisa dizer.
A presente missiva, em termos aliás sucintos, trata tão-só dos aspectos essenciais do assunto. Sua extensão corresponde à da amplitude e realce com que o "Estado" noticiou a matéria. Confio, pois, na publicaçiio integral da presente. Paulo Corrêa de Brito Filho Diretor de Imprensa da TFP
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CATOLICISMO MARÇO 1989 -
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Jóias para a Páscoa
A
TRADIÇÃO uniu , ao longo dos séculos, a figura do ovo - artisticamente trabalhada - às alegrias d a Páscoa. O s famosos "ovos de Páscoa", ap rese n-
tados em belos papéis de prata e ouro, e quan-
tas vezes ornados com delicados laços, constituiam verdadeiro gáudio para os olhos e delícias para o paladar, recordando s im bolicamenlc aos home ns as inefáveis e doces alegrias da Ressurre ição do Salvador. E lá nos confins da Europa, na terra das este-
pes e dos gelos sem fim , a propósito deste mesmo s ingelo s ímbolo pascoalino, a Civilização o utras maravil has e laborava.
Em 1884, o Czar Alexand re Ili confiava pela primeira vez a Fabergé, célebre joalheiro da Rússia imperial, a confecção, para o ano segui nte, de um presente de Páscoa, que deveria ser oferecido à s ua espo,sa, a Czarina Maria Feodorovna . A partir de e ntão, a imaginação fecunda e artística de Pe ter Carl Fabergé - descendente de imigrantes franceses, e a quem Alexandre Ili no meou, cm reconhecimento de s ua competência e dos serviços prestados, " Joalheiro oficial da Corte" - concebeu a cada ano uma nova obra de ,irte em torno do símbolo da Páscoa . Se no plano da natureza cada o vo contém e m si uma nova vida, bem se poderia di;,. er que o de Fabergé trazia sempre uma s urpresa preciosa ... Retratos da família imperial, miniatu ras de palácios ou carrua ens re ló ios vões dclka dos " bouqués" de flores, nada escapo u ao talento de Fabergé, ora para ornar o exterior de seus ovos de Pásco-
a, ora para faze r s urgir, d e seu inte rior, ag radáveis e graciosas surpresas.
Nossa ilus tração reprodu z uma dessas criações do joalheiro fra ncorusso. Trata-se da jóia conhecida como "Flores da l' rimave ra", presente oferecido pelo C zar Alexand re Ili à imperat riz sua esposa . Um estojo em forma de ovo de Páscoa, de um esmalte ligeiramente facetado, vermelho cereja profundo, g uarnecido por enfeites de ouro, abre-se cm duas partes, uma das quais re matada e m seu bordo por um aro de del k ados diamantes. De seu interior, todo de o uro, s urge um mag nífico cesto, de platina crave jada de diamantes rosas, portando um "bouqué" de anêmonas s ilvestres. S uas pétalas de calcedô nia branca, com corolas de granadas, encrustadas c m ouro, e folhagem d e esmalte verde translúcido arre matam a bela jóia, cuja base de o uro lavrado assenta e m um pedes ta l de a labas tro, o rnado com fin o anel de brilhantes.
Dante, o fomoso poeta italiano, d izia que as obras de arte são netas do C riador. Exemplo magnífico dessa afirmação são as jó ias de Fabergé. Nelas, a fanta sia e a criat ividade humanas, voltadas para o mara vilhoso, levam a seu es ple ndo r os materiais preciosos criados por Deus, e por Ele bondosamente colocados ao serviço do home m, faze ndo nasce r essas obras primas e m gosto e e cg nc1a, de uma Civilização.
riu do Brasil, l'e'Z ou 011/r(l vim â lona dados que demonstram a pujança do eco11omi11 n11cio11al;11qua{ve111 fl'Sis1indomes111oàdesastrosopo//1icaecon6· mica do Guvu110, i"(J(/1/ l'l'Z muiscerceodora 1/a iniciu1i1•ae duproprieda,lewi1·11,tos. Graçasa1110(/ernustl'l'nicus
NUM CANO DE TUBULAÇÃO ... "A po breza é uma rea li da-
de, é a nossa tragédia nacional", afirmou o " Kornsomolska ya Pravda",órg.:lodajuvcntudeoomunista russa.
Nem mesmo órgãos e lideres do PCconsegurm maisocuhar apcnúriarei nan tcnopaís,oo-
moten1a1•am fazcra1éhá pouco. Alguns dcpoimc n1 os de 1><>pu larcs,es1ampadosnaimprcn-
sa soviética,são pordcmaiseloqüentes. Em ca rta enviada ao jornal .. lzvcs1ia", Y. Stak hosky, cletricista de Dniepropctrovsk, na Ucrânia, revela estar morando num cano de mbulaçào: " J:i
faztrêsa11osqt1eistoaqui é 111inhacasa. Ehámuitagcntccomigo",adverte.
CLAMOR NAC IONAL-1 0
Co11g rf'!iSO ndo Uf)fOVOU
apriva1iwçdod1Jse111presas t'$1U1ois improdu1ivus, além de criar
CLAMOR NACIONAL-2 Ao mesmo tempo, pululam, na imprcnsadiárin, not ícias de corru pç;lo<.'cmpr<.'guisrnonoSenado e na Câmara, em órgãos da administração pública, 011dcototaldcfuncion:!.riosascc11dca9milhõcs! ~ecrntcmc111e, no Rio - para citar um exemplo - mais de IOO mi l servidores da Prdeirura, mctadcdosquais não têm scrviço,_sus1cntara111 urna grcvedese1s mcses. Obalançodas perdasedanosnilofoifeito ...
INCITAMENTO Anles (/(' ser rolocodo na cudr>iru elétrica, Ted Bundy - od~·ogudo du Ffórida, que uss11ssi1w11 11wiI de um 11111/heres -, reve/011, eme111revi.1'luáte/evisiionorte-u111ericu1111. queoj/ogefo du 110rnogrufi1J o i11cilar11 ii1,ráticatloscri111es. Tui deduruçdo corrobora usconclus6esde11muro111isslio ojici11/doG01•emo11or1e-umcrica110, nomeada pelo ex-111i11is1ru da J11s1iça Edwi11 Mcest', a q1111/ estalN'kt:eu 11111a /igoçdo en1re pornogrufiurcrimr.
óbirn sem contu poro u demissllndosservidorl'$ p1Íblicosocio-
'"'·E111rl'lan10, 11em toda II urrecuduçdo do imposto de rendo dos fJf'ssoas físirns, em /987, foi sufiâr>nre pura !'ohrir o dtlflei1 de 1ois ,tmpresos. T4o-somente o folha de pugomento e os enrorgos sociais <le11111odenossusgrundeses1utuisfinunceirusati11ge111 6,lbilhlksdedólures-istoeq11frole _ ( J(LJ/U.e.n..frlÍS.k.l'e...de...pogu.r.
juros, em /988, o 1odosos8()() boncose~·1ra11geiros nossos credores. Z -
TAMBÉM NO BRASIL Recente pcsqt1isa associou a TVàprátkad<.'dclitosominosos. Conforme o cs111do. 90117, de toda a violência prese nciada cm1105.S0 PaísprovCmdosmcios dccomunicaç/losocial. No mesmo semido, uma an1ropóloga paulista, MariaCecilill.-Afllllo,-da-YSl'-.-assiSl-i11-à-i levisilo duran1c urna semana e arrolou mais de duas mil cenas violcntasnos horáriosa qucas
CAT OLIC I SMO J\ I\RlL 1989
BRASIL REAL Malgrado toda o weira 1mb!iâ1áriue,·011111110- "progr('SSis/a''r>m IOfl/0 duSIIJ)OS//1 mi:,-tl-
deirrigaçáo,111'11sefrntusfinus j6 podem ser pr0<h1zit/as pqra export11ção, cm l'e1ro/i,ra, ás margens do São Fflmâsco, on1k un1es só vicejow1 a cooti11go; muríJssiioco/hidus 11ao·arugaúcha: S011111 Hita do &ipucai, 1wsu/ de Minas, 1110111011 um JKJ/o de e/e1rô11ica e teleco1111111icu(OO uproreitondo u mdo-de-obro desempregu<lu nos grandes ct'111ros, comoSilo Pou!o. ls10, wm comur o êxito da m/111ra de /aro11jo 110 i111erior de Sllo l'uulo. IJ.,111 como 11s!avo11rus de soja, milho, arroz e lrigo em Mato Grosso do S111, Moto Grosso e Goiás... Neste 11110. por sinal. o Brasil está colhendo 111111/Jém suo primeirusafraroml!rcia/deu;.eitoi,as em ampla ('SWla, o por/ir r/('11111projetopio11eiro,•xec11111daem Mi11as Gernis.
FAVELAS RURAI S Ameaçadas pela fome e não tendo de onde 1irar o sus1cn10, alojadasnu111aá rcadc9.405hcw1rcsscm amin i111acstru tu rabásica,cxcctoumacstrada dcaccssocumasaladcaula improvisada 1w111 barracão de lo11a ... Eis como se encontr,un 350 famílias, asscn1adas desde novembro (1hirno, na gleba Monjolinho, cm Campo Grande (MS), adqui rida pela Uni;lo da Rede FcrroviMia Federal. Alguns colonos tiveram de ~eudcr seu pequeno gado: outros recorreram ;l caça e, passados quase cinco meses, alegam que já não há ncmcal3ngo. A grande maioria foi pr<.'s~io11:1da pelo sccrc1ário estadual de A~suntos Fundiários, Aparício 1-todrigucs. a abandonar de imediato s11as lavouras, cm outros asscn1amc111os, com a promessa de qucc111Monjo linhoadis1ribuiçãodctcrras(parc\'ladc25htttares)scriaimcdiata ... Trnnsferência "compulsória" de um asscntamcmo a outro de camponeses desamparados e iludidos - a is10 se destina a inglô· ria Reforma Agrária? Na foto, os assentados na antiga Fazenda Parolin, cr11 l1aiópolis(SC), não cscapam à rcgrn: vivcm cm condiçõcs rnui10 prccária>.
~AtOLICISMO SUMÁRIO GREVES
Interpretação: por ~ue fracassou a
t!d~! ~.~~:-~:.~~~.~~.'.~~~4
Assestando o foco nos pontos nevrálgicos
Reportagem: da_dos e fotos muit o expressivoscolhtdosnaGrandeSào
Paulo durant e os dois dias de greve ...... ........ .... ....................... 6
Confirmação: a imprensa confirma o fTacasso do movimento paredista em todo o Brasil ................... 12 COMEMORAÇÃO " Revolução e Contra-Revolução", a célebre obra que e:,rprime o pensamento fundamental do Prof. Plínio
Corrêa de Oliveira sobre a crise conte mporânea e suas soluções possíveis, foi escrila há 30 ;mos 14 INTERNACIONAL Motim na Venezuela levanta grav_es questões: dívida externa, estatais, ação comunis ta, injustiça em relação â TFP, anti-americanismo .. 17 COSTUM ES NACIONA IS
Oúltimo_carnavalteveaspectostribais muit o definidos, rorrobor,mdo previsão de 40 anos 19 RELI G IÃO A san ta intransigência, um aspecto da Imaculada Conceição ...... 22
A
S G REVES do último mês nos deixaram uma lição. Quaisquer q ue fossem suas razões aparentes ou os moti vos alegados para realizá-las, o que es1ava em jogo no fund o era a maior ou menor combusi ibilidade do trabalhador brasileiro para ser lançado numa revolução social. E o que ficou provado é que essa combustibilidade é incomparavelmente menor do que o desejariam as forças socialistas, de mati z católico ou ateu pouco importa. A greve ideal para elas esteve tão longe da rea lidade como o mundo da lua o está de nosso planeta. Foi preciso atacar os 1ransportes coletivos para evi1ar que as pessoas fossem crabalhar, e assim mesmo, apesar das dificuldades, do medo natural nessas ocasiões, a maior parte do Brasil não parou . A greve mostro u ser mais um fenôme no de cúpulas partidárias e sindicais do que uma aspiração popular. Os piquetes de baderneiros esquerdistas passavam pelas ruas tentando intimidar os que trabalhavam, mas deixando o vazio após si.
Até quando se poderã contar com esse "corpo mole" do traba lhador brasileiro ante as arengas de padres e lideres socialistas? Ê difícil di zer. Os tumultos ocorridos em Caracas, analisados nesta edição pelo Prof. Plínio Corrêa de Oliveira, parecem ter sido efetuados com intuito de ser um fato precursor de agitações análogas em outras capitais sul-americanas. Amanhã poderá ser a vez de Lima ou Bogotá, ou q uem sabe 13uenos Aires. E se não ho uver uma verdadeira mobilização psicológica e ideológica anticomunista no Brasil, chegará depois a vez do Ri o de Ja nei ro, de São Paulo ou outras cidades. A prazo curto, o "corpo mole" pode obviar uma revolução. Mas a prazo médio ...
MUNDO COMUN ISTA
~~l~~s!~i;; fr~~~~:~~~'a~!:'~~s;
embaindo a opinião pública no Ocidente ................................ 24 ARTE A bela iluminura
de Jean Fouquet ~!~~/fii;;-d:JtN~!~~dSc~~~~:ís~
os bem-aventurados no Céu - lembra cenas do Apocalipse ......... 28
'"CATOLICISMO" ~ uma p u ~ mmsal
:'!!.,~~~~:.:..Ponlnl.ida.
:..~T~~~•i'i.~
Tollha,hi -
R,p,ir•
"'-fh,R..,M111imFrancõsco.6M - Olll6-Slo Poukr.SP / RoaSd,d<Sr«mbro,20.l. -21 100 -
Nas últimas semanas, gan hou especial relevãncia a desconcertante e crescente convergência entre o mundo comunista e o Ocidente. Esta, para ter visos de auten ticidade, necessita de dois movimentos con nuentes.
Ao mundo comunista, imerso na opressão e na miséria, ca be mostrar sintomas de liberalização e tentativas de solucionar a crise econômica. Do Ocidente se espera que quebre algumas barreiras morais, acabe com o anticomunismo remancsccn1e e aumente seu igualiiarismo. Na Rússia, realizaram-se eleições para a nova Câmara de Deputados e pela primeira vez houve mais de um candidato por cadeira, tímido e ambíguo passo, vis10 emretamo como início de pluralismo político. A economia, apesar das promessas, não melhora; ela, de fato, não vive de planos, nem de declarações aparatosas ... "Catolicismo" oferece a seus leito res nesta edição el ucidativas informações de como anda a situação por aquelas plagas.
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1o Grrhria:
Ainda no quadro russo, um eni gma . Parece que o povo assiste na apatia, quando não desconfiado, ao show da glosnost e da perestroika; é a instabitidade das situações artificiais. Gorba!chcv terá tal vez um consolo. No Ocidente - objeto prioritário da presente ofensiva propagandista do C remlin - a imagem de um comunismo dis-
-----j---foi,,r,·.Õ: ;ã;_~,-µ,: ~:~~~7~~-161~:riMm~~~,,:,,·:..,,,;_:"',,,;:,,,."~._:..,,-~'--:-++cr"º""'""ºi~coº.,,",,,ª,..l~~l~i. r;:~~i~.~,,'-'°"_ "_'_''-'º-''-'-º -' '_'_'"_m _,_"_"_m _,m _,_"'_º_"'_'-__ ........
São lemas para o leiwr meditar. CATO LI CISMO AB RIL 1989 -
.1
A GREVE QUE NÃO FOI GERAL ''Tudo, imediatamente,
sempre e por toda parte"
Aplauso ao operariado brasileiro
r·Pt.;,ts«la!i;t,pour loFot.,..,dn•mlh8(r')
Plinio Corrêa de Oliveira
C
ONSIDERÁVEL PARTE de nos-
sos meios poHticos, intelectuais e
publicitários, bem como das cíapu-
las de nossoscirculos sociais é conduzida, naapreciaçãodarcalidadenacionalcontemporãnca, por um "dogma" revolucionário
velho de 200 anos . .É o "dogma" de que as camadas mais modestas da população são devoradas pela ganância ilimitada de bens materiais, de sone que sempre ruge ndas o desejo de ter mais. Ê o estado de espiritoqueo''Projet" socialista do Partido de Mitterrand descreveu sinteticamente com estas palavras: "Tudo, imediatamente, sempre e por toda parte". Assim, ante qualquer desigualdade, mhime tronômica, das se sentiriam motivadas para uma revolução social. O que se daria, a fortiori, se tal desigualdade se agravasse com um penoso estado de carência.
As classes humildes, um perigo
qucresultcemunidadeorganizada,faz,então, das massas, a força onipotente da política contemporânea.
A corrida para Daí decorreria que as classes mais humíldes têm uma tendência natural pcrma-
a esquerda
intelectuaisqueaspiremverseusartigose seus livros sofregamente lidos pelasmultidõcs,oseclesiásticosqucambicionemdesligar-se das tradiçõts compromete<loras com
~~!~ª:~~~~f~::°J;ª;~~~l~:Smd~:~: culos na caminhada de seu cnriquecímcnto devem aceitar como fato consumado
_ nent.e..a....se..ogaruzafc1n-.e-a-m.an1crc11l41m+- - - - - - - - ----;-<ue-o-mt1ttdo--pet"1wee--hoje---H11i!--m11/ti~ assalloaosscgmen1ossociaismaisfavorecidos. Essa tendência ("trabalhadores do mundo inteiro, uni-vos", Marx), uma vez
4 - CATOLICISMO AIHUL 198!.l
Nestaperspectiva,ospolíticosquequeiram galgar o poder, os publicitários que almcjcm alcançar a liderança das massas, os
dões famintas e revolladas. Ante elas, cabe a todos esses segmentos tão-só a estrategia de lisonjear as 1urbas onipo1cmes, esti-
A GREVE QUE NÃO FOI GERAL mulandoesscsimpulsosnosgananciosose rcbeldes,accnando-lhesalongopraw,com promessas mais ou menos indefinidas, ea
curto praw, com concessões ao mesmo 1empo tão grandes quanto nectssárias para aquietá-las,etãopequenasquantopossivel. É a tática do "ceder para não perder". Ou seja, de sobreviver o mais possível, ceder o menos possível. Mas, alerta! Nunca ctdertãopoucoqueamassapcrcebaotruqueeserevohe.
Daiacorridadetantos''bemsituados'' , rumo à esquerda. Quem ganhar acorrida terã melhorada sua situação para o dia de amanha .•• Se bem que ao mesmo tempo tenha dado mais um passo para a aniqu ilaçãodernaprópriaclassedepoisdeamanhã.
A aniquilação dos ubem situados": uma fofa/Idade A quem lhe aponte o desacerto ílagrantedessa conduta, tal "bem si tuado'' rcsponder:\ com uma pergunta: "Que rcmtdio?" Jáqueadcstruiçãodetodasasclassesbem situadas é uma fatalidade histórica, não há meios de impedi-la. O melhor proveito a ser tirado da atual situação não consiste em travar com a fatalidade his16rica uma batalha exaus1 iva, perigosa e inútil. Só o que resta é ir tornando cada vez maisagradávelavidaquotidiana,enquantoa hora fatal não chegar! Essa visão de conjunto, o "bem situado" não só a tem p0r exis1ente no Brasil, mas no Ocidente. Elacxplicaaosolhosdcle, especilicamcme o curso aloucado dos atuaisacontecimemosbrasileirosou hispano-americanos. O fatalismo determinista que a inspira caracteriza a mentalidade do homem sem fé, segundo o qual Deus jamais intervém para desviar misericordiosamente o curso da Históri a, dos precipicios para os quais a impele o desregramento humano.
ArJ61 1, /HIM<,gcm do 11i,Juf'lf', o /Hn,o, indife,·,-nte, ,,o/t1wa à& ati,·illod#'J normais o que é dos outros. O que ele deseja, isto si m, é trabalhar em ordem e em paz. E isso, oh glória!, cle o quer ainda mesmoquandoascircunstândasopõcm em estado de carência.
A greve,
um fiasco
" Catolicismo" no featro das operações N3o podendo "cobrir" essa asser1iva com um noticiário obtido em todo o território nacional, ''Catolicismo" organizou a co· bertura meticulosa de tudo quanto se passouemSãoPaulo.Coberturaessa, feita diretamente no teatro dos acontecimentos, quescdesenrolaramnomaiorcentroindustrialdo Brasil e até da América do Sul. Apresentartalcoberturaépara"Catolicismo" motivo para dois atos. Um de graças a Deus, outrodc ufano aplausoque, comoórgãodeimprensacatólica, "Catolicismo" dirige ao operariado nacional.
Demonstrou-o com exuberância o fiasco indisfarçável da greve geral com a qual a CUT e a CGT, ap0iadas no PT e na esquerda católica, vinham hã tempos aterrorizando o Pais. Greve que foi apresentada porseuspromo1orescomo1endoosseguintesobje1ivos; 1) Recuperaçãoimediatadasperdassalariais resultantes do "Plano Verão", emé a paz preendido pelo Governo Federal; 2) Reajuste salarial mensal de acordo coma inílaçao; Esta atitude obviamente não conduz J) Protesco co ntra a recessão, o desem- os que assim se entusiasmam com a atitu· Ademais, tal fatalismo se baseia cm pregoeadividaextcrna dedooperariadonacionalacruzarosbraum pressuposto radicalmeme falso. Em ouNão é possível imaginar no Brasi l atual ços ame as reais necessidades deste, pelo tros termos, a psicologia de nossas multi- uma greve que tenha contado com melhor único motivo de que ele ''nao constitui pedões não é a que os mencionados estratcgis- publicidade, melhores colaborações e mais rigo''. Pelo contrário, os que o aplaudem tas "bem situados" imaginavam. influentes cum plicidades. têm agora redobrada obrigação de o aju0 povo brasileiro - isto é, aqueles que Pois bem, deflagrada a greve tão cheia dar e de apoiar _suas rcivindicações_iustas. Mt tc111pos se dcsig11a,a co1110 10,i,,h<>"--r<",;,,,"""~~,.§~§'-,* ' i'llª"''"~líl.,i;ak>a~efl,.~rfil,ár" · • - • + ~----;>;'-''""'dcir.a"!""~ e hoje se designa como "povão" - cm sua sua grande maioria, a olhou com desdém, córdia social: "opusjustitiae pax" - o frumuito grande maioria não é constituído quando não com desconfiança, e até com to da jus1iça é a paz. rezava o lema do !'ade gananciosos, ele não quer avançar sobre antipatia,éoqueos fatos,ornaram patente. pa Pio XII.
A verdade sobre o
O fruto da Justiça
"perigo operário"
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CAT OLICISMO ABRIL t9fll) -
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A GREVE QUE NÃO FOI GERAL
G-
CATO LI C ISl'vlO ABK IL 19119
A GREVE QUE NÃO FOI GERAL
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PRIMEIRO DIA
DA GREVE Durante a madrugada do dia 14, entre 4:30 e 8:10 hs, em Santo Andri, São Bernardo, São Caetano e Diadema (o conhecido ABCD, onde se localiza uma das maiores concentrações industriai~ da América Latina), podia-se constatar á normalidade própria desse horário. Ccrtaf grandes indústrias - numa colaboraç.ão inusitada comagreve-haviamconccd_idofériascolctivas a seus operários. O pohciamento era
ostensivo.
Dormindo em casa de parentes Amedidaqueavançavaaaurora,numerosostrabalhadoresdessascidadesdirigiamse calmamente a ptparaosrcspectivoslocaisdctrabalho. Por volta das 6:00 hs. , um comando ~ greve, atravts de poderos[ssimo sistema de som instalado cm caminhonete, incitava à greve os operários da lndústriaAutomcla/, cm Diadema. O ve[culo estava inteiramente isolado. Certo nilmero de curiosos, auaidos pelo som, permanecia a uma distãnciaprudencial de uns60 metros,em ruaadjaccnte.Narampadeacessoàíãbrica, uns 20 ou 30 operàrios encontravamse visivel~nte desintnessados da arenga. Mais pareciam aguardara hora de inidar os ra a os. ooman , nadaoonseguisse, afastou-se daquelelocal. Algumasempresascomseusônibusprópriosoualugados,transponavamoperários.
EmSãoCaetano,ocomérciofuncionou quase normalmente. Jácm São Bernardo, a maioria das lojas não abriu as portas. A l'o/ks.,.'attn funcionou na medida em que asoondiçõespcrmitiamachegadadosoperàrios. Confonnc um empregado, a maioria queria trabalhar, mas estava impedida pela falta de transporte. Haviaumpiqucteabordandoos funcionàrios, e sobretudo pressionando os motoristas da empresa a suspenderem o transportedefuncionários. Massemêxito. Na empresa Ornitx, houve grande comparecimento dos funcionàrios. Mais de umcaminhoutrêshoras,dacasaatéa íábrica, e outros dormiram em casa de parentes, nas proximidades, para não perderem o horário. Os bancos, grosso modo, funcionaram em todo o ABC. O metrôfuncionou normalmcnte,apesardoapelocxplícitodirigidopclopresidente da CUT, Jair Meneguelli, aos metroviários para que parassem. O número de piquctciros parece nllo tcr sido suficicnte para bloquearasestaçõesdcmctrõ. Os ônibus que ligam o populoso bairro dc ltaquera á estação mais próxima do metrõ começaram por funcionar normalmente. Às S;OOhsda manhã, a estação já seencontravacheiadepassageiros. Pouco depois, cacos de vidros passaram a ser vistos nos leitos das ruas, e no ponto final 3 õnibusserccolhiamcom os vidros trazciros quebrados, indicando que o apedrejamento começara. Formou-se ali uma aglomeração de motoris1as, aguardando ms ruç a garagem para a r 1 ou não os ônibus. Na Radial Leste-principalartériaque liga numerosos bairros operários ao centro
- o trânsito estava quase normal. Menos quanto aos ônibus. Poucos circulavam . Jààs4:00hsdamanhãhaviamuitagenteandandopelasruas,emdircçãoàsestaçõesdo metrô. Em Itaquna, o comb-cio esteve aberto. Somente as lojas Pernambucanas e um supermercado conservaram as portas semi-fechadas pela manhã. Os bancos também funcionaram. Na fábrica Sanyo, de aparelhos elctrodomés1icos,amaiorde ltaqucra,ocomparecimento dos mais de 1000 operários foi maciço.Afébricadispõedeõnibuspróprios. Thml*m na fábrica &tltr, de produtos quimicos, a prcsença foi quase maciça. Em sao Miguel Paulista, um piquete da CUT percorria loja por loja, no centro, fazendo semi-drculos em torno das lojas paraimpcdirqueaspcssoascntrassem ou saissem. Boa parte do comércio baixou as portas. Cresceu o policiamento ostensivo nas imediações. Havia umas 60 pessoas em torno dos 6 ou 7 piqueteiros. Às 16: IS, os piqueteiros se deslocaram para uma fábrica, a Nitroqufmica. Esta indústria ocupa umas I0ou 12 quadras. Os piqueteirosaguardavamasaldadosoperários,cercadc3000.Ofatodepararemeesperarem a saída dos trabalhadores provocoudesãnimo.Atal ponto,quefoinecessárioaorapazdomegafoneoonclamar:"Oh pessoal, não vamos perder o entusiasmo nllo.Nãovamosdeixarpararonegócio,vamoscontinuar". Constatava-seaprcsençadeagitadores queac mp n distância. Alguns destes levavam, ocultos dentro de jornais, pedaços de ferro. Eram pseudo-populares que não participavam CATO LIC ISMO ABRIL 1989 - 7
A policia eitampret<!nl~,
Folo lirai/11 de dentro ilo lta11co ltaú (Hua Roo Vi,ia)J Oi: piqueleiros preni0<111m Qsquelr1,/x,/lram.
maie,.~laoo inh.• n,ir
do movimemo, masque poderiam ''aderir'' a qualquer momento. Logo que os piqucteiros sairam do centro comercial de São Miguel, os comcrcian!es reabriram as por1as e retomaram o comércio. Ospiquetcirosadotavamosscguintemétodo: brados com música; deboche dos nt1o aderentes;emoaçãodacançãofrancesa''Alouette" com leira adaptada; quando isso ocorria.opúblicogos1ava,ria,ficavajunto. Vários piqueteiros faziam gracejos, e atraiam assim muito mais gente. Quando aparecia um mais radical, agitado, falandohorrores.istodeixavaopúblicoassustadoe reticente. Nos bancos, os gerentes mantinham as portas fechadas. Os piqueteiros gritavam: "Porque não deixam falar com nossos colegas? Os militares prenderam nossoscolegas''(eraumaalusãoaospoliciaisqueestavamjuntoá porta). Os empregados continuavam trabalhando. Para assustar os comerciantes, oaltofatante advertia: "Não chutem as portas, companheiros. não quebrem os vidros". De fato, ninguém estava fazendo isso. NafábricaN/troqulmica, por voltadas 17horas,caiuumachuvaforte,queprovocou a dispersao de umas 40 pessoas. ficando o número reduzido a 20. Estas desanimaram completamente, pararam de bradar palavras-de-ordem e passaram a irradiar, pelo alto-falante da Kombi, sambas. Era ridlcu lo. Mais tarde.ás l8:30hs,osoperáriossa- -íram~lHiltNt{~·aos- · teiros, os quais. frustrados sedistaciaram, passandoparaooutroladodarua. Era tão fracaamanifestação,quemuitosoperârios 8 -
CATOLICISMO ABRIL 1989
nãorelacionavamospiqueteiroscomagreve geral. Não sabiam quem eram, nem o que faziam. Vendo que nada conseguiam, ospiqueteiros entraram na Kombi, e após darem 3 voltas em frente da indústria adonandoo alto-falante, partiramantesmcsmodasaidadetodososoperários.
' 'Estão quebrando" NoCcn1rovclho(praçadaSéeadjacências). o pessoal da CUT - principalmente dosindicatodosbancários-haviamontadovários "comandosdeesclaredmento", eompostosdcaho-falan1espostosemearrinhosdemãocomosquaisperCOITiamasruas. Em frente ao Banco do Brasil, na Av. Slo João, os piquctciros procuravam evitar que os bancário~ emrassem, dizendo que a greve era muitoimportame. Isso ás 8 hs., quando os bancos não haviam sido abenos ainda. Diziam que a paralisação já era geral. Em frente ao banco ltaü, da rua Boa Vista, um comando impedia as pessoas de entrarem no prédio, inclusive fazendo chacotas. Quando os funcionários começaram a abrir as portas, piqucteiros passaram a rombardeles,sendofilmadospelatelevisão. Logo que a porta se abriu, os grevistas avançaram para ela, aos gritos e usando apitos, fazendoa laridoeexercendomui1a pressão. Os encarregados da segurança do banco procuraram então fechar a porta. Es-de-vidro;"O"trinco·foi·fOTÇlldu-e · dro quebrou-se. Gritos: "Estão quebrando!". Já havia alguns policiais na porta. mas foi chamado reforço. Chegou logo de-
pois uma trop.i. de choque, o que causou certo pânico nO seio do pessoal da CUT. Houve correril. tendo sido presos alguns elementos. ES1c piquete - composto de ccrcadetOO~ssoas-eraornaiorexistentcnocentro4acidadeecommaisâ nimo revolucionáriq. Todas as demais agências bancárias no centro abriram suas portas. Tumbém !lO centro comercial, um grupo fazia pr~ãoparaqueaslojas fechassem suas portasedeixassem defuncionar. Àchcgadadapo!lciaopiq ueteseretirava. A policia não enfrentava os piquetes. A menos q~e houvesse violência. Assim ocorreu em todo o centro. O procedimento mais comum era as lojas fecharem as portas, quando chegava o piquete, e reabrirem-nas após sua passagem. Tal situação se manteve por toda a manhll. No centro novo - entre o viaduto do Chá e a praça da República -havia um grupobemmenordepiqueteirosemaisdesanimados.Por vezes. sentavam-seem frente das lojas Mappin . com os alto falantes desligados . Elesfizcramumapasseataaomciodia, com um grupo de 100 pessoas e que não atraia mais ninguém. Deslocaram-se para a Pça. Antonio Prado e ali uma arenga foi dirigida ao público. O presidente do sindicato dos bancârios,Gilso n Carneiro.explicou comoestavaasituaçllo da greve. Mes mo sendo horadoalmaço.ninguémparouparaouvi-lo. ·tson71COnR1hoü qut OS p1queteiros fossem almoçar, pois haveria uma concen1ração de professores na Pça. da República.Segundoosindicalista,craprcciso"dar
A GREVE QUE NÃO FOI GERAL
O 6n ibu.1 ~ certndo pelos piqu,:tei~ da CIJI', ,:omo1ori.uapr*"ionado
umaforça"aosqueparticipa~deial reunião, sendo necessário, pois, que todos sedirigisscm paraaquelclocal.
Porém,napraçadaRcpública,nãoaparcceram os professores esperados pelos piqueteiros. Estes, então, colocaram-se na praça, fizeramaconclamação ... eseretira-
ram logo. Só depois de uns 40 minutos chegaram os professores - não mais que 10! Opresidentedosindicatodosjornalistaspassoupelolocal sugerindopiquetesdian-
tedosgrandesjomais,paraqueelessesolidarizassem com a greve. Ameaçaram fechar a TV Globo. Ficou nisso.
Logoquccomcçouachovcr acidadeficou limpa, não houve mais nada. Estava marcada para as 17 hsuma reu nião na quadra de esportes dos bancários, na rna Tabatinauera. Apareceram apenas 30pessoas. Nãohouvenllmeroparaareunião, a não ser por volta das 19 hs, quando então uma centena de pessoas se espalhou num audilório com 400 lugares! A reunião era acompanhada com desinteresse, parecendo ser um show apenaspa-
HN>ÇOJ cnuad0t, rol>eçtu baixru, olguiu cli~a"' a 5en/ar4e n.«s bana» da l'roça Ramo, de Azevedo: o piqu,:f,: em frente ao ,',fo/1/JÍn entra em d,:l<'inimo
Eisalgunslugaresemquetaismanifestaçõcs eram mais visíveis: por volta das 16 hs.,em fren tedaSecretariadaAgricuhura, na Pça. da República; às 18:00na pça. da Sé, onde a peroração era intercalada com músicas e danças sertanejas; por fim, em frente ao Mappi11, às 19:00 hs. Nesta exibição,ooradorestavacercadodetrêsindividuosportandotabuletascomdizeressobreagreve: "Nossa greve foi um êxito ... Paramos 70'ladosoperãrios... Amanhã conseguiremos ainda mais" - blasomwa o improvisado arauto. Nas adjacências, três rapa1.0tas, contrafeitos e confusos, estendiam aos pedestres o jornalzinho da CUT anunciando o "l::xitolotal". No viaduto do Chã, à noite, um comicio pouco freqüentado anunciava que no primeiro dia a greve fora ''quase total"! Dizia-.!C ainda que a greve fora preparada durante mais de um mês pela CGT, a qual percorrera "fãbrica por fãbrica".
''Vocês precisam
ra ~~;:~s:~ccostumam ir ao centro paacreditar'' ra fazercompras,visitas,ousimplesmente passear, não foram nos dias de greve para Em Santo Amaro, houve um clima de evitar problemas. Isso ocasionou sensivel normalidade pela manhã. Em frente a uma queda do ílu~o de pessoas. garagem de ônibus havia um magote de gre0 policiamento ostensivo parecia ser vise as para impedir a circulação dos ônibus. do agrado da população. No centro de Santo Amaro notava-se De modo geral, no centro, parecia ser muita insegurança por parte dos lojistas. um semi-íeriado. Os transeuntes estavam Eles abriam as portas só pela metade e obca lmos. servavam, temendo alguma invasão. Por ~ odomnorrolenta· erninterrompida- - Í!lll,-3€abaram~indo..de.u.ibathar..no.i: de quando em quando, por comiciozin hos malmcn1e e fecharam as portas. relâmpagos, que não impressionavam os Mas em pontos fora do centro de Sanci rcunstantes. to Amaro todas as lojas funcionavam nor-
malmente. Próximo i Praça 13 de Maio havia um caminhão enorme da CUT com virios lideres sindicais, quediscursavam voltados para a agência do Banco do Brasil. Passaram mais de uma hora e meia discursando, e convidando os íuncionirios a abandonaremobanco.Estcspermaneciam inteiramente indiferentes aos grevistas, o qucostornavaaindamaisfuriows. Paradaraimpressãodequeagrcveestava se impondo, diz.iam os piqueteiros: "Veio tal boato de que tal fibrica e tal banco não estão aderindo à greve, mas eles estão sim, estão aderindo, vocês precisam acreditar''. À hora do almoço o piquete dirigiu-se aosindicatodeindúmiasplis1icas. Estavam cansadissimos, frustrados. Um deles, lid er de um grupo que fazia agitação em frenteaumacmpresadeônibus, diziaquenãoaceitavaaradicalizaçãodentro do sindicato, porque isto afastava as pessoas. ''Nós começamos com esse radicalismo todo, e vão 6 ou 7 gatos pingados nas nossas reuniões! Isso é um absurdo. Nós temos que mudar nossa tática". Nas portas das garagens de? empresas de ônibus da Zona Sul a partir das 4:00 hsda manhã, aglomeravam-se alguns motoristas e cobradores sem saber o que íazer, próximos de alguns policiais e de dois ou três participantes do movimento grevista. Às 6 hs., vimos o primeiro ônibus na rua. A partir de então, aos poucos foram aparecendo mais ônibus e, às li hs.,elescircutavam cm quantidade. Desde as4 hs., nos toUICJJni.bus.,....h3via pessoas à espera dostransportescole1ivos. Na av. Cuped, uma empresa de ônibus, emcujaentradahaviaumpiquetc,encon-
CATOLIC ISMO Al~RIL 1989 -
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A GREVE QUE NÃO FOI G ERAL
No quadra d e ~ do ,i,uliwW do, 001Kdrio,, CI ~1.1nião ,obrw: a ~-e 11/roiu pouca gente
trou uma saida jeitosa para o caso: abriu nos fundos da garagem umapassagemnumacercadcmadeira,atravfsdaqualcscoavamosõnibus.Sairamunstrêsouquatro
deles. De repente, houve uma cena-show: cer10 motorista manobrou determinado
ôni bus, tirando-o da garagem, enquanto um grevista gritava: "Companheiro, não arrisquesuavida,pelasruasestãomilhares de pessoas apoiando a greve geral, e elas vãoscenfu recercomvocê,companheiro'' ... O motorista, amedrontado, aderiu sob os aplausosdos6ou7grevistas ... Na agência do banco Bradtsco, em Santo Amaro, chegaram a entrar cerca de 30 pessoas com faixasegritandoparaosfuncionáriosaderirem ágreve. Na região de lnterlagos, cs1acionavam nasportasdasíábricaspiquetesmuitorcduzidos. Um ônibus da empresa " Bola Branca" foi depredado. Consta que a direção desscempresarecolheuosõnibusemseguida. Os motoristas da "Bola Branca" fura· rama greve. Às8 hs., da estação Paralso do metrô. saiam centenas de pessoas continuamente para os locais de trabalho, na região da Av. Paulista. Havia ali perto um peiqucte rorn 30 grevistas que usavam apilos irritantes e portavam 8 faixas com dizeres como: ''Estamosemgreve";''Grevegeral'', lmegrava o piquete um caminhão com sistema de som altíssimo, de cima do qual se dirigiam insultos contra os que passavam: " Parecem carneiros que vão para o matadouro! Se alguém lhes batea carteira, vo~ g en1'+-Agor-a+o-Sar1iey-quetá roubando o povo ... e todo mundo vai trabalhar, pensando em sua própria barriga sem se importar com os 80 milhões de IO -
CATOLIC I SMO ABRIL 1989
Em ""'1~em pel1JJ ru.u do ttn lro, a~ n$ pi111.1etein)O dirigwm ~ a ~IMHU p,,$UUUJ1 l'lll.1 jone/ns ,Em ,,rédw&, cone/amando-as a aderir !i IV-
brasileiros que morrem de fome, com as crianças do Brasil,dasquais metademorre antec:s de l ano ... "elc. Mas o cortejo dosqueiamtrabalhareranumeroso,indiferente. Hou ve uma passeata na Av. Paulista com 120 pessoas. Os grevis1as sairam da Pça. Osvaldo Cruz, dirigiram-se ao Conjunto Nacional e voltaram pela outra pista. Sentaram-senoasfahodaavenida.emírenteao Bancol3radescosituadonaquela praça. Depois decidiram seguir pela Av. Brigadeiro Luis Antonio ati o viaduto da rua 13 de maio. Dispersaram-se logo depois de as TVs os filmarem longamente. Havia, na Barra Funda, zona oeste, em garagem da CMTC, um piquete de 17 pessoas, estando o ambiente calmo. Os ônibus municipais não saiam. A Prefeita aderira à greve! Nasfábrkasreiriavaacalma e os operários trabalhavam. No Campus da USP (cidade universitária), os estudantes fizeram piquctes durante algum lempopara proibir a entrada. Quase tudo funcionou normalmente, nas Perdizes. A PUC (Universidade Católica) estava aberta, embora só um ou outro alunotenhacomparccidocomaespcrança de assistir aula. N0Pacaembu,a1éafeira-livrefuncionava normalmente em frente ao Estádio Municipal. Em toda a região circunvizinha {Av. São João, praça Marechal Deodoro). a normalidade era completa. Um operário do metrõ comentou: "Aqui não chegou nem noticia de greve". nrltapcci~ovtmcn de pessoas foi absolutamente normal. Por volta das 6:30 hs. da manhã, quando um grupodetranseuntes,quetrabalhaemSão
Paulo, ia embarcar no ônibus, passou um Volkswagen da CUT com alto-falante, ameaçando-os com represálias caso se dirigissem para seus em pregos. Amedrontado, aquele grupo cedeu. Fora islo, tudo funcionou normalmente, inclusive os ônibus urbanos. Alguns passantes foram entrevistados
~~i::: J:i;r;:::tde~Jfo~::'~~~~i~:~~
ciaisera um só:essaéumiigreve política, por isso o povo não a apoia.
SEGUNDO DIA DA GREVE No segundo dia de greve, diminuiu o número de piqueteiros, aumen tou o compared mcnto ao trabalho, como também o número de ôni bus em circula,;ão. No centro apareceu uma bandeira do PC do B e outra da CUT. Os ônibus esta vam lotados e o número das pessoas nas filas também era maior doquenoprimeirodia.Omcdodiminuiu. Oscarrosdeparticularesquesolidariamente transportavam outras p:ssoas, também aumentaram. Na garagem da Viação Bola Branca, em Santo Amaro, vários motorisias queriam furar a greve. A polícia protegia-os, mas os ônibus não salram porque os empresários ficaram com medo de depredações. Numa íâbrica dessa r(:gião, em frente à qual estavam estacionados dois carros com alto-falantes no volume máximo, toITT"1)J'lfflffâr10S - Cerca üe!OOO~ vamtrabalhando. AindaemSantoAmaro.ospiquelesficaram parados diante das garagensdcõni-
A GREVE QUE NÃO FOI GERAL STEAK HOUSE
bus. Motoristas chegaram a jogar ônibus em cima de piquetciros para abrir caminho.
Os Animos começaram a acirrar-se entre trabalhadoresepiqueteiros. Em lntcrlagos,nãohaviamaispiquctes. Algumas empresas de õnibus começaram a funcio nar a 100'11, outras parcialmente.
Na Viação São Luiz, motoristas e cobrado-
res fu raram a greve. Só havia um piqucteiro da ÇU T . Diante da Viação Bola Bran-
ca, havia 7 piqueteiros, o que não impediu os motoristas de furarem a greve. Em frente à Viação Jurema, havia muitos policiais, e 25piquetciros,osquaisnão conseguiram impedir que os motoristas fu. rassemagrevc.
No bairro da Lapa, na garagem da Viação Gato Preto, havia 4 piqueteiros, que nãopudcram im pedirosemprcgadosdetrabalhar,apesardeumônibustersidoatingido por pedras, ficando com seus vidros quebrados. Na Av. Paulista, um caminhão grande da CUT com um homem e uma mulher, percorria aquela anéria ora num sentido, oranoutro,massemconscguir atrai r atençãodo público. Na Rua Boa Vista, em frente ao Banco ltaú, permanecia uma Kombi com apenas um piqucteiro discu rsando, ai~ de dois rapazes que seguravam uma faixa. No Largo do Café, os piquetciros convidavam, cm vão, as pessoas para entrar nodesíile.
CONCLUSÃO Agrevedosdias 14e l5demarço,quc quis ser grande, teve apoios inesperados. Até indúst rias mais importantes, ao invés dcaceitaremodesafio.capitularampreviamentc,oonccdendoftriasooletivasaosseus empregados. O que constituiu um convite implicito a outras empresas para agirem de modo anãlogo. Foi um reforço à atitude da Prcfeita Erundina, a grandc prop ulsoradagreve. Assim, assistiu-se à cena de o macrocapital apoiar indiretamente a greve. De out ro lado, foi not.livel a atitude de alguns operários que, prevendo a falta de transportes, dormiram em casas de parentes, para não chegarem tarde ao trabalho. !:.digno de aplauso. Quandoumafirmacolocavaõnibuspróprios para o transporte de seus operários, o comparecimento destes foi praticamente maciço. Apenas uma [nfima minoria esta· va empenhada em faz.cr greve. Essa greve trouxe ainda algumas incóg~~'::;/d;i~\:i1~ d:i~t~~~id:~Q~:
gou ao marco desejado por seus orga nizadores. De outro lado, o mecanismo dos piquetciros era vasto e algum trabalho ele realizou. Em outros termos, não faltou quem procurasse sublevar a população. Ela não qu is se amotinar. A própria presença de piquetciros na cena ta prova dc quc fo i insuficien teaaçãopersuas ivaexercidapela propagandagrevista.Quandosequer pressionaralguémparaquenãotrabalhe,tal atit ude revela pouca convicção do próprio poder de persuasão. Ficoupatenteainda,queostrabalhadores estavam muito empenhados em ir trabalhar. Do contrário não iriam. Um serviço de piquetciros tão amplo, que ab rangia tantas regiõcs, revela que os dirigemes da greve receavam um fracasso. 1:. mais um sintoma da CJiistência de um operariado não revolucionário, mas que a mfdiaeacsquerda católica timbram em apresentar ao público como sendo revolucionário. lànto maisquehãnaaltaenamtdiaburguesia muita gente pronta a ceder ao menor pretexto. Parecehavernasclassesmaismodcstas um medo instin ti vo mas real de se verem derepentesobodominiodeumregimecomunista. De onde, tais classes julgarem que mais vale a pena apenarem o cinto doquecontribuirparaumadesordem,cujasconseqüênciaselas receiam. Os "slogans" e as faixas ~ram de um n!vet primário. Não se baseavam em nenh um raciocínio que acenasse com a alta do custo de vida etc. Consistiam em puro estufamentodeuma indignação que quase não existia. Entraremos agora num perlodo de greves? Uma greve a cada 4, 5, 6 meses? Seria uma forma de pressão para dar a entender àburgucsiaahaemédiaqueclasestãoperdidas. Nessa hipótese, a atual greve teria em vistai r trcinandooesquemadasparalisaçõcs do trabal ho . Mas dosando-as de maneira tal, quc ncnh uma grcvc levc o desa· grado até o excesso. E que, de outro lado, nãosejatimidademais. Hã um limite que agrevcnãodevcultrapassar, segundo certos parlmetros de opinião püblica. Qual t extamentctal limite? Porqucagrevcatual pareceu ficartãoaq utmdoesperado1 Ocertoéqucumagrandemãquinade articularagrevc nãoconseguiucfetuarscu objetivo:umaamplaparalisaçãodotrabalho.
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~::s!r'{~~i~:;;'õ:ir;~~~a'.:-. me nte este lim ite? Não sabemos. Mas a im· lndúst,,o Gróf.:o e Ed,t"'º uoo pressão t de que a greve nem sequer che- Ruo Jo.-oés. 681/689 Tele!o"" 1011) 270-~521
R.Dt . Manmicol'rado.34l-Uig1<n6polit (Serv,çodemm:gapan,•regilo) Esuw:ionarnontoprópriocommanobri111
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CATOLICISMO ABRIL 1989 -
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A GREVE QUE NÃO FOI GERAL
A
GREVE GERAL de 48
horas ,ontou, desta feita, com a ar1icul ação conjuntadas duas maiorescen1rais do Pais - CUT e CG T
-,aliadasa fcdcraçõeseconfcderações de trabal ho cm vários Estados, além do ostensivo
apoio de prefeituras cm poder do PT. Nessctrabal hode''co nscientização" ocupou papel relevante a CN BB, que, por meio de scusecmArio-geral,O.Antonio CelsodcQuciroz,oomoque''abcnçoou" a greve - segundo
o comentário de Meneguelli . Adernais, os Padres foram instruidos pela cntidadc para, durante os sermões dominicais, instarem os católicos a apoiar
Até
o movimerno (cfr. "O Estado deS. Paulo", 5-3-98). Ao Comando Geral da Greve, em Brasília, as perspectivas soovampromissoras. Dessa coordenação faziam pane, junto comas liderançassindicais,represcntantes do PT, PCB e da ComissãoPastoralOpcrãria(ór· gão da CN BB), (cfr. "Jornal doBrasil", 14·3-89).Cotigados. entraram cm liça para convenccrostrabalhadoresasuspcnderemasatividadesnosdias 14e ISdemarçoúhimo. Paraob1cr1ali nt cntofora m mobi lizados, sócrn São Paulo. cinco mil "piquctciros",desig- - +~"feR~kament&-( "comissõesdcesdarescimemo", emdfrersos pon,osdacidadc.
a imprensa
Cur~a Se a• •ea1I•da d e •
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CATOL IC I SMO ABR I L 1989
Trnb,lho'"ãlogofolcmp,tto-
<lido em outras capicais. A CUT, adrmais, distribuiu mais
de IOOmilcartazesc lmilhão dcfolhctosco11voca1u.loàgrcvc,bcmcorno lOO rn ilsclosadesivos e 600.000 jornais. Muitos sindica1os.comoodosmc1alúrgicosdcSàoBernardo,pcrcorrcram os bairros com carros de somparadivulgarasmctas(cfr. "Voz da Unidade" . 10/ 16-3-89 e " Jornal da Tarde" . 11·3-89)
Apenas o funcionalismo... Ent retanto. setores ligados aomovimentosindical,cmSão Paulo. nao ocu lt aram que, se houves.setransporte,agrcvcfracassaria (cfr. "fo.. lha de S. Paulo", 14-3-89).Comefei10, "foi uma greve de ônibus"', anunc1ou,cmmanchete, um matutino paulista (cfr. "Jornal da Tarde", IS-3-89). A própria FIES P q uc articu lou um serviço de informações Jcsde cedo nasfãbricas-surprcendeu-sc com osaltosindicesde co m parcc1men10 dos trabalhadores ao serviço, o que na Capital var iou de 80 a 85¼ no primriro dia, elevando-scaos90ou 95'7, no scgundo. Até mesmo cm Campinas, e Sa ntos - duas cidades cujosprcfcicossãodo PT-o comparecimento ao trabalho nas indústrias foi muito grandc:naprimcira,50',',:nasegun .. da,normal(cfr. ''Diário do Comércio", JS.. 3..89). Para que se possaavaliarq uãoparcosforam osresul1adosob1idosc111Campinas. por exemplo, convém ter presente que a Preícitura cerrousuaspor1aseoakaidepc1istapassouoprimcirodiadagrevc ajudando a CUT e a CGT a arrcgimcntaradeptos (cfr.''Jo rnal da Tarde"', 15-3-89). E1n-SaflWS;-6e-modo-J)llftiett-lar - onde a prefeita pctisia Teimados Santos concedeu antecipação sal~ria! aoi fu11<:ioná-
~
A GREVE QUE NÃO FOI GERAL riospúblicosgrevistas-ospróprios sindicatos consideraram
radadasdiversasrcgiõesdo Pais, verificou-se entre os servi-
o movimento um fracasso. O dores públicos( ... ) [fudo isto) prcsidentedoSindicatodosMetalúrgicos de Santos, Arnaldo
Gonçalves, da CGT, lamentou, laconicamente: "A maior par-
te dos trabalhadores da região optou pela não-participação". Aprefeita,desolada,constatou: "Santos, que tradicionalmente
tem sido urna cidade comba1iva,destavczdeixouadesejar". Números do Comando de Greve do ABC demonmam que a categoria dos metalurgicos -2JOrniltrabalhadores-,tidacomoa mais mobilizada da rcgião,apresentouindicemcnor deadeslloqueadosmotoristas deônibusurbanoseadostrabalhadoresemindústriasquimicas. Com efeito, - assina la " 0 Globo" de 17-3-89 -. mesmo semaconivênciatâcitaouoincentivoexplicitorecebidodealgunsGovcmadoresc prefeitos,
játeriasidodecisivopara a repercu~odagreveaparticipaçãodosservidorespilblicosnos di\·ersos níveis: federal, estadualemunicipal( . .. ). Sãoreveladoresos nil meros fornec id os pela própria CUT, antes e depois da greve. Das S09 asscmbl6as realiudas pelo Pais afora e registradas pela CUT, formais ou não, em que se votou pela greve, 175 (ou seja, mais nrnrterço)"i'orann:l · respilblicos( ... ).Eassimfoidurantc a greve: o maior grau de adesão{SS,1), na média ponde-
porque, ao contrário do q ue ocorrenosetorprivado,ofuncionário público está abrigado nosestatutosquelhegarantem estabilidade" ("O Globo", 17-3-89). Apesar disso, os resultados foramtãoescassosjánoprimeiro dia, que o próprfo boletim ''Folha Bancária'', daCUT , publicou, na edição do di a 15: "A assembléia do Banco do Brasil, realizadaontemànoite,dccidiu suspender" o movimento, já que" nllohaviacondiçõcspara prosseg uir comagrcvehojc" .
... malgrado os piquetes Sendoassim,oqucmialcvado algumas empresas paniculares de ônibus à paralisaçao? Não seria difícil responder, tendo-se em vista a ação coercitiva dos piquetes que, cm vários Estados, "agiramcomoqu1seram.onde quiseram" ("O Globo", 16-3-89). Em São Paulo, o sindicato das empresas de transpo rtcu rbanoregistrou525 velculosdanifkados por "piquetciros", ou seja, q uase l0º/1detodaafrotadeônibus particulares da cidade.Como be m assina la um ó rgão da imprensa, "a cifra das depredações ê uma mostra eloqüente dograudecocrçãoedce~terioridadeq ue ca racte ri zouomovimcnt o" (" Fol hadeS. Paulo" , 17-=3-89), cujo "alto teor de anificial ismo nãoescapaãsensibilidadedost rabalhadores( ... ) levando o povo em gera l (a) uma reação forte mente marca dapelaindiferença,quandonão pelo-repúdio-<k,çlarado-(~ vistas)" ("O Globo", 11-3·89). Fazendoccoa taissentimentos, o Sindicato das Empresas
de Transporte Coletivo Urbano de Passageiros divulgou comunicado à imprensa, sob o titulo: "Desculpe,SãoPaulo",onde consigna seu protesto: "As empresas particulares de ônibus nãoaderiramàpretendidagrevcgeral,masseviramforçadas amanter a maiorpartedesuas frotas nas garagens, por força da atuação de piquetes, atentadosaosseusvcículoseameaças físicas aos seus funcionãrios porumaminoriadca8itadores.
Os gn•1•is1as, incupores deporalisor a dasw trabalhadora com seus argumentos, optaram por interromper o transporte públicodestacapita!" (" FolhadcS. Paulo",16-3·89-grifonosso).
... e o apolo de Prefeitos e Governadores Entrc as formas de colaboração com a greve, avulta esta, rc!atada pela imprensa: "Dona Erundina autorizou a CMTC a pagarcomancecedênciadedois dias o vale de 3017, do salãrio quc habitualmente é dado 5Ó no dia 15aos28 mil funcionáriosdaempresa.Comodinhei, ro no bolso e a promessa da Prefeita de q ue ni nguém seria punido, motoristas e cobradoresdaCMTCdeixaramnagaragemos3200ônibusdaPrcfeiturnepassaramafazcr 'piquetes' parapara rosõnibusdascmpresas privadas"("Jornal do Brasil", 18-3-89). Na véspera da greve, a Prcfcita reccbcu, adcmais, um telex do secretário de segurança Pública colocando a Polícia Militar à disposição para assegurar a circulação dos ônibus. Não houve resposrn (cfr. "Jornal da Thrdc", 17-3-89). ..Semap.aralisaçãodosônibus municipais, o comparecimcnto de trabalhadores ãs cmpresas teria sido total'', dcclarou o diretor da Cooperação Sindical da FIES P, Robeno Delta Manna. O Ministro da Justiça, por seutumo,comcntouqucaparalisaçãosó tcvcêxi10 onde hou-
nãohcsitoucmchcfiar"piquetes" grevistas. ldêntica atitude tomou o de Vitória, Viclor Buaiz,quepertenceàmcsmatcgenda. Outras autoridades estaduais, a títulos diversos, favoreceram o movimento. Em Manaus e JoãoPcssoa- informaoMinistroda Justiça - a própria policia não se declarou contrãria à paralisação, sendo que em Vitória, ela foi recolhida dasruas,aopassosq ucem Cuibá - fato significativo a scu modo - . a greve foi suspensa mais cedo. por causa de um jogo de futebol(cfr. "O Globo" , 1~-3-89 e " Jornal do Bras il", 16-3·89).
Persuasão, a grande ausente Por todo o Brasil multiplicaram-se os atos de violência. Em Porto Alegre - segundo o relações púb licas da Brigada Militar, lenente Jkder -, os piqueteiros usaram "artefatos deguerrilhaurbana,comobodoqucs especiais com impacto de umabalaca!ibrc38"("0Estado de sao Paulo", 16-3-89). Tambrni a Prefeitura Municipal de Salvador, cm comu nicado à imprensa, relatou ter hav ido uma verdadeira ''operação de guerrilha" em garagensdcõnibusdacidade,impcdindootrãfego de veículos ("A 'Tarde", Salvador, 13-3-89). Entreasdetenasckpiqueteiros detidos peta Policia nos vãrios Estados, achavam-se o PadreJoreMahon,dcSantoAndré o Frade Romildo Delfina dos Reis, em São Paulo (cfr. "Jornal do Brasil", 16-3-89). "Não queremos que os 1rabalhadoresdeixemdctrabalhar por falta de 1ransportcs, mas por convieção" (,.Folha de S. Paulo", 13-3-89), proclama, surprcendcnteetachativo,oprcsidcntcdaCUT, parccendoconfessar, nas entrelinhas, a ruina da própria obra. Pois, precisamente persuasão foi o que não seviunestagrevc. lktumbante fiasco da esquerda patenteou•
11poio-oo-Poder-Wbliw,=-J--><=""°'""-''°"'~~
mo cm São Pauto, Rio e Porto Alegre. Nessa última capital, o Prefeito do PT, Olívio Outra,
laciosa quamo essa fracassada Greve Geral... Armando Braio Ara
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CAT OLIC ISMO ABRIL 1989
01 EM abril de 1959 que "Ca~
Y
tolicismo" teve a honra de dar a lume o hoje célebre ens~ io do P.rof. Plínio Corrêa de Oliveira, "Revoluçao e Contra-
Revoluçao"
De lá para cá a "RCR", como passou a ser conhecida, correu o mundo. De livro de cabeceira dos sócios e coo-
peradores da TFP brasileira, ela foi sen-
transcorridos e das perspectivas novas que se abriam a partir de então. Constatação que diz muito: RCR viu comprovados - ao longo de 20 anos de acontecimentos borrascosos, de embates terríveis ocorridos no próprio campo por ela abordado - a veracidade de seus princípios teóricos e práticos, a lucidez e objetividade de suas análises, o acerto de .suas previsões.
do editada, em forma de livro, em nume-
rosos países das três Américas e da luropa. Grande foi o seu contributo para o
debate de idé ias, a respeito das raízes
O que é a Revolução?
da crise contemporâ-
nea e dos modos de vencê-la. Aceitas en-
tusiasticamente por uns, negadas enfati-
Na introdução da sua obra, assim se exprime o Prof. Plínio Corrêa de Oliveira:
camente por outros,
as teses de RCR tornaram-se um marco do pensamento contemporâneo. Mas o maior fru-
to até agora produ-
"Se todos os cató licos fôssemos o que devemos .ser, o Brasil .seria hoje uma das mais admiráv~i.s potências cató li cas nascidas ao longo dos vinte sécu los de vida da Igreja.
zido por RCR. foim, segu ndo depoimento do próprio Prof. "Por que, entao, estaPlínio Cor rêa de Olimos tão longe deste ideveira, o ter inspiraal? Quem poderia afirdo a formação de mar que a causa princi15 TFPs nos vários pal de nossa presente .sicont inentes . Entidatuaçao é o espirit ismo, des estas que levam o protestantismo, o ate ísPLINIO CORRÊA DE OLIVEIRA à prática, em seus mo, ou o comunismo? respectivo s palses, Não. Ela é outra, impale de acordo com as pável, subt il, penetrante circunstâncias locais, os ensinamentos como .se fosse uma poderosa e temível contidos em RCR. Prova de fogo para radioatividade. Todas lhe sentem os efeiuma obra que visa estar voltada toda tos, ma s poucos .saberiam dizer-lhe o noela para a realidade! Prova da qual RCR me e a essência (... ) Co m que nome chatem se saído ex ími amente e com um brimá-la? Quais os meios por que ela age? lho sem igua l Qual o segredo de sua vitória? Como combatê-la com êxito? Inicialmente o livro estava composto de duas partes, versando respectiva"Este inimigo terrível tem um nome: mente .sobre a "Revolução" e a "Contraele .se c hama Revoluçao. Sua causa proRevolução". Em 1977, o auto r acrescenfunda é uma expio.são de orgulho e se ntou-lhe uma terceira parte (publicada sua lid ade que inspirou, na.o diríamos em "Catolicismo", janeiro de 1977), na um .sistema, mas toda uma cade ia de .s isqual ana li sa os praticamente 20 anos detemas ideológicos. Da larga aceitação corridos desde o lançamento da prim eidada a estes no mundo inteiro deeorre: ra edição. E constata "ni'lo haver modifiramas três grandes revoluções da Histócações a introduzir na obra", a não ser ria do Oc idente: a Pseudo-Reforma, a acrescentar a ela uma aná lise dos anos Revolução Francesa e o Comunismo" CATOLICISMO ABRIL 1989 -
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tando dia a dia ma is, co m a terri ve l força de expa nsao dos gases. Para escâ nd alo de incontáve is alma s, o Corpo Místico de Cristo ent rou no sin ist ro processo Na terceira pa rte, o Prof. Pl ín io Cord e como que autod emo liçao". rêa de Oliveira apo nta o prin ci pal êxito Ai nda na tercei ra parte vem prev isdo comunis mo em nossos dias: to, pelo autor, o ca mi" D ent ro da persnhar da sociedade tempopec t iva de 'Revolurale d a pró pria esfera esçao e Contra-Revolup iritu al para o tribalisçao', o êxito dos êximo, incl usive em seu astos alca nçado pelo pecto psicol óg ico, qu e comu nismo pós-sta licomporta o eva nescimenni ano sorride nte foi to da razão. Tal prev isao o sil êncio enig mát i- qu e em nossos di as co, d esco ncerta nte va i se rea li za nd o a olhos e espa ntoso, apocavi stos - é sinteti zad a 1ipti ca mente tr ág iem pou cas palavras no co do Concílio Vat ilivro do in sign e pensacano 11 a res peito dor ca tó lico: d o comun is mo. "É pela aquisiçao des"Este Concí li o sas ' riqu ezas' (ful gu rase qui s pastora l e ções do mundo da transnao d ogmát ico. A lpsicolog ia ou d a para psica nce dogmát ico ele co logia) que o ho mem rea lmente nao o teco mpensa ria a atro fi a ve. Além dist o, sua da razao . omissao sobre o co- P,1dre$ conciU.ves, n.a pr.a ç,1 de SJ o Pedro, um.a cong reg ,1çJo ger,1/ "Da razAo, sim, outromunis mo pode fazê- .após do Concílio V,1/ic,1no li. lo passa r para a His- O si/Meio enigmJ/ico, desconcerl.ante e p.asnlOSO ra hipert ro fi ad a pelo livre exa me, pe lo ca rtes iatória como o Conci- do fex to con ci/i,1r no loc,1 nfe ,10 co munismo constituiu p.ar,1 este último, de ,1cordo com o .IU· nismo etc., d ivi nizad a pelio a-pas tora l (. ..) for de " RellQ/uçJ o e Contr.a·Re110luçJo", la Revo luçao Francesa, "Com tát icas ag- o "ê.. i to dos l _.ilos". ut ilizada até o mais f ra ngiomate das qu ais, co abuso em toda escoaliás, o mín imo que No c.apíl ula Ili, o ,1utor se refere ,10 la de pensamento com use pod e dize r é que moYimen/o es lrufur,1/ist,1 como precursor d,1 sao con testáve is no I V Reyo /uçJo - es/Jg io do processo reYolucio · nista, e agora, por fi m, nJrio que ilpresenf,1 c.ar.acleríslic,u trib,1is. p lano teórico e se Chelj,1, J ôl hum,1nid..de como um Ioda - n,1 li• atrof iada e tom ada esc rava a se rviço do tote mi svê m most rando rui- nh,1 do que prupóem defenso rf'S do /rib.afümo il .a /insir o esl Js io d e b.arbJrie de tribos indiKen.a s mo t ranspsico lógico e panosas na prát ica br,uileir,u , enfre as qu.ais fis uram os SuiJs, raps icológ ico ... '' (... ) se u sil ênc io soconhecidos como Beiço s de P.aur b re o co muni sm o de ixou aos lo bos tod a a liberd ad e. A ob ra desse Co ncíl io Fica aqui, pois, nosnao pode est ar in ssa homenage m, sin ge la c ri ta, enq uanto efet imas de t od a alm a, ao v am en te pas t o ral, Prof. Pl ínio Corrêa de nem na História, nem O liveira pelos 30 anos deno Livro d a Vida . corridos de sua mag is"É du ro dizê-lo. tra i obra. E ta m bé m nosMas a evidência dos so agradecimento pe lo fa tos aponta, neste bem enorme que ela vem sent ido, o Concil io Vatica no li com o real iza ndo no mu ndo inteiro, e pa rt ic uum a das maiores ca lam idades, se na.o la rmente em nosso País, nao podendo a maior, da Histór ia da Igreja {ver d epo iser olvidado ainda o benefício incompa------mento-histôrico-de·Pttulc-V+-em,-;2'99-66419Q;7Z;>2+-J.- -,,á,áwe+1 <>í!U~Q.l.l()luç.l0--e--Úlnwlc"'ad< -RC<ee>1.1avll!JUc 1-_ _ _ __ A pa rti r de le penetrou na Igreja, em proçao" tem proporcionado ao corpo red aporções im pensáve is, a ' fu maça de Satatorial de ''Catol icismo", que de la vive nás' (Paul o V l, 29-6-1972), que se va i d il ae nela consta ntemente se inspira. O maior êxit o do co muni smo
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CATO LICISMO ABRIL 1989
Policiais patru/llam as ruas da capita/ venezuelana a fim de tornar efetivo o toque de recolher decrerado pelo ÇJOVerno
.,. , . .,- =,.--n
Órgôo de imprensa novo-iorquino registra ··corocas ferve. Washington dormi/o"
NÃO COMPREENDO ... Pl ínio Corrê a d e Olivei ra
Nestes últimos dias. advertiu em tom profético o "New York Times" que o drama caraquenho é um sinal de que a crise econômica, a qual - segundo o jornal GOVERNO do presi- estó a lavrar em vôrias nações dente Pérez jô mandou suspender deste continente, por motivo da di· o toque de recolher. dado em Cavida externa. ameaça abalar a esracas na orla das noites. Gesto tabilidode de Ioda a Ibero-América. prótico de inegóvel importôncla Multo expressivamente, o editosinlomôtica, que simbollza o reinírial do volumoso ôrgôo de imprencioda norma lidade nagrande casa nova-iorquino registra: "Carapltal. cas ferve. Washington dormita" . Assim. os torvas dias do motim E faz ver que as democracias lativôo afundando no passado. e jô no-americanas que iróo a e1eise torna mais fôcil a anôlise dos çôes este ano - premidas pelo múltiplos aspectos dele. peso da divida externa - podelslo. muito embora um fato conrôo escolher governos populistas. tinue de pé. que. existindo no os quais preguem o repúdio desmaiar porte das capitais ibero-asa mesmo divida. e o anliamedca_llml§O![!!ric;;sa,pnº'---== ' Ql!O---'ll=-4-'DW"c"°'Ç.ôa..ao..curso..qUS-\lô~... Aismo-i!slemôlliGo,- - - - - - 6s de Corocas, ne!as se pode re- gu indo os acontecimentos nos naUm artigo no mesmo jornal. pupetir o drama que ló começo o çôes ibero-americanos, P0f elas blicado na importante secçôo "A encerrar-se. despertados ô vida . semana em revisto", traz por lilu-
O
Desta forma. é plausível que ir· rompam motins em série. na América Latina. assim como se multipli· com em cadeia os furúnculos em um corpo minado pela furunculose. Onde quer que haja cidadestumor. a explosôo do pus pode sobrevir de um momento para o o uIro. o que vem prevendo largamente a midia brasileira, ao mesmo tempo que também o fazem. no Exterior. importantesórgôospublicitôrios em mais de um país. Na impossibilidade de os citar lodos. exemplifico sobretudo com a mídia da América do Norte, pais o nde se radicam os principais credores de nossa divida externo, e em Madrid que. conjuntamente com Lisboa, dó particulorissl-
e
e
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CATOUCISMO ABRIL 1989 -
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lo: "A crise da divida eKferna faz explodir a bomba de tempo lati· no-am8flcana". Eassim por diante. Por sua vez, a Imprensa madrl· lenha nôo flca atrás. No conheci· díssimo quotidiano ABC do dJa .4 do corrente, a primeira página é ocupada inteiramente com a fo· to de um Incêndio que um bombeiro tenta apagar. A foto está encimada pelo título: "A divida externa acende o vulcõo Ibero-americano". A matéria versa sobre o caso de Corocas e pondera que o mesmo pode repetir-se na Colômbia. em conseqüência do narcotráfico, no México, no Brasil e na Argentina, em razôo da divida eKferna, na Nicarágua, EI Salvador e no Panamá. por motivo das guerrilhas. Nôo é minha lntençõo comen· for aqui o efeito deletério da dívida eKferna sobre as condições gerais da Ibero-Américo. Mas me causa estranheza que no Brasil, como nas nações Irmos deste continente, e ainda na Espanha e nos Estados Unidos, as atenções se concentrem de tal maneira na di· vida externa que releguem a pia· no Insignificante, ou passem sob inteiro silêncio outras cousas ponderáveis do mal-estar econômico. causas essas cuja responsabilidade toca a nossos governos. A primeiro dessas causas, cuja ellmlnaçôo nossos credores nos Indicaram como um dos meios de escaparmos, pelo menos em parte, aos efeitos desastrosos da divida eKferna, e que consiste em todo uma política de saneo· manto de no~sa economia, nosso
Devido aos soques, os alimentos esçassearom em Corocas. Soldados do exército fiscalizam os pessoas que formam lilas poro comprar viveres 18 -
CATOLICISMO ABR IL 1989
governo se obstina inexpllcavel· mente em nôo aplicô-la. Assim, noo compreendo. absolutamente nôo compreendo, por que motivo o Brasil de há multo jó nõo restituiu O Iniciativa privada as empresas estatais cujo déficit vai devorando nossos recursos. Do mesma maneira, nôocompreendo como um clamor noclonal autenticamente suprapartldário nôo forçou a adoçôo dessa medida. De outro lado, nõo compreendo como a Imprensa mundial e a Ibero-americano nõo registram que. no coso do Venezuelo, houve obviamente uma ágil, vigorosa e solerte operaçôo comunista, sem a qual tudo leva a crer que o motim caraquenho nem de longe teria tido a gravidade que teve, ou sequer teria ocorrido. Alguns Indícios do caráter cons· plratárlo do motim: 1. A trágica sublevaçôo cara· quenha começou em todas as favelas de Corocas ao mesmo tempo. Ou seja, multo exatamente á meia-noite, todos os favelados desceram em massa para os bairros ricos ou medianos. Ora, tal nõo poderia dar-se sem uma possante e subterrônea organlzaçôo da força de impacto favelada, a articular o Imenso ofensivo. 2. A Identidade de métodos: ou seja, o ataque foi quase exclusivamente desfechado contra supermercados e "shopplngs", e foram deixadas de lodo vitimas multo mais polpudos, como joalherias e outras formas de comércio de luxo. Isto deixa ver uma disciplinado uniformidade de ação
do massa, entretanto posto em delfrlo. Uniformidade esta que. Iam· bém ela, sugere a Idéia de um possante ôrgôo diretivo que agu· çou a lndlgnaçôo popular. e as sistematizou em táticos de ataque multo definidos. Quais esses responsáveis? Evidentemente os ideólogos que lucram Com todo esse drama. E o clô. sempre a serviço deles. dos fomentadores slstemôllcos de paixões populares. 3. Ainda me causa estranheza que em Ioda ·essa midia nocional e lnternoclonal tenha sido omitida qualquer referência de peso ô dinômlca e nefasta coloboraçôo da chamada esquerdo catôlico. A falta de espaço me Impede de tratar ainda de outro aspecto do assunto. Se o glorioso estandarte tefeplsta nõo tivesse sido objeto de furibundas medidos, Injusta e arbitrariamente tomadas pelo governo Lusinchi, qual teria si· do o eleito da presença dele no ambiente venezuelano antes do motim. como durante ele? Também não compreendo porque, sobre Isso, se faz tão estranhôvel silêncio Registro tôo-só que de tudo is· so resulta o movimento geral de antipalio contra o América do Norte. com o qual só lucro Moscou, enquanto a adminlslraçoo Bush continua a dormir, em vez de correr e voar em defesa da coesão continental, por melo de uma político econômica autenticamente dístensora do crise na qual a Ibero-América vai afundando, por efeito da divida eKferna.
m
ANADAS, as flores que ornavam o salão carnavalesco caíram no
po;s delas 1ntercorre um lapso de tem po. que sobre tais loucuras podem reflet ir ido·
chão. Pelo chão. também. rolavam
riearnente os loucos Pensará algum leitor que. daqui por
algumas máscaras amarrotadas. Alguns botões de fanta.sia. desgarrados das .. vestes" que ornamentavam. Um salto de sapato que se descolara. e pouco mais além dois "tênis" que o uso
diante. nãofare1 outracOISa senão alinhar
algllfl$lugarescomun-;sobrealoucuracarn.avalesca. tão envelhecidos quanto o li)(o
carn.avalescodecadaquarta-feiradeanzas
momo (do qual se fala cada vez menos,
nesta época intolerante pa ra com os reis talvez fosse rnelhof dizer-se " o presidente momo", por várias razões, inclusive porque o número de momos não cessa de crescer entre os Presiden tes), analisado com o recuo histórico dos aoos. vai assumindo cada vez mais o aspecto de seguro previsor do futu ro: cada carnaval apa· rece como uma ''loucura' ' quando compa· rada com a normalidade da 'lida no ano em que é festejado. Mas, ao mesmo tem· po, é uma antevisão do que será a norma· hdade no ano em que esta última tenha caido ao nível do que há dez ou há vinte anos se tinha por carnaval e loucura Um amigo. lúcido e penetrante obser•
CARNAVAL DE HOJE
bruto e continuo do carnaval tornara pre· maturamente ve lhos. Garrafas. vazias umas. semivazias outras. Cacos de alguns copos. 1,xo das mais variadas espécies, cores e mal cheiros. Era esse o quadro apres.entado pelo salão onde. na véspera ainda, se "pulara" o carnaval orgíaco Qual éeste·salàolOndeselocal1zava? Qual o nível económico-social dos que nele haviam "pulado"? É um salào qualquer. situado num ponto qualquer das continentais vastidões do BraSII, onde haviam "pu· lado" carnavalescos de um nível social ou económico qualquer. que tanto poderia ter sido do maior luxo quanto da mais vulgar gafi eira. Porque tudo está tlOIT'IOge· neizado. reduzido ao mais baixo padrão que as circunstâncias hoJe em dia comportem. Em suma, tudo est.i nivelado sob o rolo comf)(essor do tnffexivel igualitarismo moderno Para simp lifi car, bastana mencionar o mais importante dos níveis que nes te artigo mantive em si~io até aqui: é o nivel moral, que a televisão vem reduzmdo gradualmente à ultima expressão. tanto nas favelas ou nos tugúnos. quanto nas casas e nos apartamentos do maior luxo ... res;alva feita às ··raras e honrosas exceções ' ' de estilo Se o carnaval terminou na quarta-fe1r~ de cinzas. d1a8defevereiro, pol'que so hoje. quando tudo que a ele se refere sau 1n1e,ramente da cnsta da atualidade, publico algumas reflexões 50bre o assuntcl Do salão-tipo acima descrito, todos o: entulfios Já foram varridos, e toda a v;rredura Jâ foi queimada. Acabou-se o qle alguns amda teimam em chamar de feera carnavalesca, a qual se transforma en pesadelo à medida que o carnaval vai ct-egando ao fim, Já não é. pois. hora de pmsar e de escrever sobre o carnaval. E é este o momento que escolho para trata- dele? Sim. Precisamente sim. Muito ~~~lê-um g,ande ato de loucura coletNa. E com ela s, passa o mesmo do que com as loucur.s 1nd1v1dua1s: é só quando cessam. e de-
há quase 50 anos já se podia prever PLINIO CORRÊA DE OLIVEIRA (especial para "Catolicismo"}
''Ei-los em pleno desabafo. rubK:tJlldosepletóricos menll'IÕeS de fodds as ,da(ks"
Engana-se. entretanto. o leitor. Dese. 10 pór em rea lce , neste artigo, preci$ame nte um aspecto lúcido e até "profético" n<? sentido amplo ~até o
vador das coisas de ontem como das de hoJe, me deu a ler, há dias , um recorte publicado no ano de 194"1 e referente ao
ex~:;.:'º,;':;;"'.':,;~;:..+::"c:'~-'i-c's,~!õãr,d,;;;'..;;~"c.;·~ii~~i'',2'~!c~ai,~-iit~ci'l'iõ::ii,:..ã,"'ãiial- -
te último tem qualquer COISa de sério. E até de terrivelmente séno. É seu aspecto de an tev~ão do futuro. Momo, ou o rei-
das idéias ditas modernas destru1a pnncipios. a!uia hábitos, deformava senlJmentos e desorientava as mentalidades, Ca-
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da ano representava um degrau que se desaa na escala da moralidade. E, por IS· so, cada carnaval seguinte trazia consigo S111tomas mais característicos de decadên· da moral, Todos os 1nst1ntos, todos os atre· vimentos, todas as imprudéncias, todas asfaolidadesedesregramentos. cada vez mais acesos e mais mal contidos no cor· rer do ano. explodiam durante o carna· vai com 10tensidade ma!Of'. Os três dias de ca rnaval passaram a ser a vá lvula por onde passava a chama de um incêndio que crescia sob a aparente normalidade da vida cotidiana. O carnaval perdeu assim sua nota fam~iar. Ao lado do corso, OU· tras festas apareceram. Mais "decididas", mais " radKa1s" Por que lembra r tudo is· to?. Chegamos por fim a este reSl.l ltado antigamen te o carnaval era um desabafo Mas desabafo Sl.lpóe abafamento. A vida se transformou em um carnaval: o carna• vai perdeu sua razão de viver.( ... ) "Todo o mundo, nestes dias. foge pa· raas praias e para os campos. Para quê? Para descansar? Sim. Só para isto? Talvez não. Com efeito, chegados às praias, aos campos, o que fazem os excursionistas? Outrodesabafo.Desabafam-sedacrv1hza· ção. Despem tudo quanto podem despir. Falemos só dos homens: peitos peludos à mostra, braços felpudos cobertos ape· l'IM pelos poucos centimetros de uma manguinha lflfantil, camisão de tecido porosoe cores de hnger ie de crianças de se te, llSildo iodo ele indecen temen te de fora e às vezes de calça curta e meia curta. ei· los em pleno desabafo. rubicundos e plet6· rKos meninões de todas as idades - 20. 30. 50 anos - e de todas as profissões desde o banqueiro, o ,ndustrial ou oco merdante até o modesto funciooáno, pas• san.do pela classe intermed1ána dos douto· res e professores. Tudo se desabafa. tu do se despe. tudo toma roupas com cor te de tra1e proletário ou de mendigo (ma, com qve fazendas exorb1tantemen· te caras~. tudo toma ares de pov,léu. que· bram·se as últimas cenmômas. desfazem· se os Ult1mos recatos, dissolvem-se as úl· tias dignidades, e. terminados os dias de excursão. todo mundo vo lta para a vida de todos os dias um pouco mais inimigo da roupa, da linha. da cerimônia. do que fôra. É o fruto deste outro gênero de de· sabafo. Outrora. o carnaval era um desa· bafo da 1moral1dade. Agora. as excursões marítimasesilvestres serve mparadesaba· far as regras mais elementares do bom tom. Daqu a 30 anos. é prov.ivel que o desabafo COflSISt.1 em llSilr sô uma tanga. não limpar mais os ouvidos nem o nariz. nem as unhas , cuspir no chão , dançar samba descalço nos matos. Haverá tabas lu· xuosas, com diárias de 700 a 800 cruzei· ros. Cada pena de tanga cusurá IOO cru· zeiros. o que não será mal porque as tangas não terão muitas penas. Uma tanga m e cuia or1g1n 1 ser de penas de pássaro de vá.nos países. cus1arii alguns dez mil cruzeiros "Exagero. dJr·se·á. Há 30 anos. havia 20 -
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uns catões que pred,z1am em que charco haveríamos de parar. E havia também uns toleirões que respondiam 'exagero· . Os exageros não estavam nos profetas. mas nos acontecimentos que superaram as pro· fec1as".
Tudo isto foi previsto e publicado em 19-4'1. Há cerca de meio século, pois O pmal que publicou - ··o Legioná· era um simples semanário. pouco conhecido do grande público, se bem que gozando de gran de notoriedade nos am· pios, bem coordenados e poderosos meios cat61icos:"quantummutatusab1llo"(quão mudados de então para cá- V1rgiho, Ene1· da. Livro li. 274). O trecho transcrito era um tópico da seção "7 D,as em Revista". E seu autor era .. . eu . Eu , sim, que deste artigo me e$Cjuecera completamente. Assim é que cada carnaval, bem anali sado. isto é. quando passado 1nte1ramerite o veoto de loucura que nele soprou. se manifesta urna previsão de como será a decadência moral e global - pois as de· cadências morais contêm em germe todas as outras decadéncias - que ocorrerá nos anos vindouros. A tal ponto que a lou cura de ho,e seria senso comum. bom sen· so, normahdade de amanhã Recolhemos pois alguns traços do car· naval de 1989 " 'Marg1na1s do mundo inteiro. uni· vos·. Este poderia ter sido ogn to de guer· ra da Be1ja·Flor. na manhã de terça-feira. quan do o carnavalesco Joãozinho Tr inta trouxe para o Sambódromo o clima que antecedeu a Revolução Francesa há 200 anos .. (O Estado de São Paulo, 9-2·89). "Com o enredo 'Ratos e urubus larguem a minha fantasia', a escola de João zinho Tnnta trouxe para a pista hordas de mendigos. prostitutas. bêbados e lou cos. trouxe fantasias coloridas. carros fei tos de ferro·velho e restos de lixo. uma empolgação COQtag1ante dos passistas( ... ) Sem 1dé iasnàosevenceumcarnaval. (... ) Foi assim que o l,xo virou luxo na escola de Nil6polis, e bichos fe,os como ratos e urubus Vlraram ma,s uma pâg1na da hl'itÓ· ria do carnaval" 0ornal do Brasil. 8·2·89). "A cena final do desfile da Be11a-Flor ( ... ) Um tipo de deusa pagã saída do ma· to e dos morros. nua e crua . Descalça Sem plumas(... ). E aquela pagã abre os braços como o Cristo sobre a Guanaba ra. E lança be11os pra mult1dáo" (Folha de S. Paulo , a.2.89). "A Mocidade Independente de Padre M,guel levou para a Marquês de Sapucai (Rio de Janeiro) mulheres nuas com os corpos pintados por artistas plást,cos Mas a Umão da Ilha ousou mais: com o
· Em tempo: a nudez dos homens nos desfiles está subst1tu,ndo a das mulheres" (OGlobo. 7-2-89). .. A caracteristica do bloco (das Piranhas. R10 de Janeiro) é a irreverência e malícia dos seus componentes homens travest idos de mulher - que uti lizam rou· pas caricatas, perucas e muita maquilagem feminina .. (O Globo, 5-2-89). Em Santo André. no desfile da Bar.ela daBa,xar;a , "ostravest1s,comosgrossos láb ios pintados de ba ton , bei1aram ates· ta de todo homem calvo que aparecia pe· lo caminho" (Diário do Grande ABC, 5.2.89), "Apesar do nome. as 'Virgens· {de Oli nda, Pernambuco) não adm item a pre· senÇa de mulheres en tre os seus cordões Ao todo são 200 í,gurantes. formados por homens wlteoros, pais de fami1ia e atê avós. Eles desfilam vestidos de mulheres" Qornal da Tarde, 31· 1-89) "Serpentinas e confetes Jogados do primeiro andar. a orquestra do Bkx:o da Saudade tocando frevo no páttO ex terno enquanto no térreo a comunhão era dada a cerca de dois mil fiéis. Esta combina· ção de sacro e profano ocorreu ontem, durantem issacelebradana igre1adasFron· teiras, em Recife, em comemoração aos 80 anos de Dom Helder Càmara. Arcebispo Emérito de Ohnda e Recife{ ... ). Dom Helder, que chorou de emoção. misturouse aos integrantes do bloco carnavalesco logo que a orquestra tocou o frevo 'Valores do Passado'" CO Globo". 8·2-89). No dta em que tudo isto for normalidade e bom senw. em que abismos terá caido o mundo? E o carnaval destes dias. que ou tros horrores pressagia rá? Ou esta marcha para o ab,smo será cortada pelo cast igo pi-enunoado por Nos· saSenhoraem Fátima para a humanidade decadente: "Deus( ... ) vai pumr o mun· do de seus crimes, por meio da guerra da fome e de perseguicõesà lgre1a (... ) A Rüss1a (- -,) espalhará seus erros pelo mundo (... ); vârias nações serão aniquila· das"I E, em um mundo regenerado, have rà "novos céus e novas terras" Ou, enfim. se pode esperar uma sqll· ção 1ntermed1ána, com a hipótese de Qle um Clero estuante de fé e de amd oe Deus. austero e desapegado. preg\le io mundo a regeneracão moral quivit;rá 0 f~!tt~1~~!~ v11:e ria ~; forcoso é reconhecer que não é te 'iffi tido que os acontecimentos parecem COf'· rer.A1ulgarpelasaparênc1.iis.seNossa'ie· nhora de Fátima não 1nterV1er nos acon:edmentos do mund o. a caminhada par-, o futuro não parece 1nd,cada por esses .a· cerdotes exímios. mas por esses D. 1-el· der, revestido dos paramentos da M1sa que cele~rara. circundado pelos figuran'es
cultora (Fulana de Tal) ..de 36 anos. total mente nua, representando Afrodite, a dellSil do Amor" (0 Globo. 7·2·89).
braços levantados para exprimir sua ae· gre e eufôrica conson.íncia. enquanto ;e ouvia o frevo "Valores do Passado".
rio"
~~a~~f~
Discernindo, distinguindo, classificando ...
Consenso e Pilatos A pala11ra consenso comporta. co-
f
rompê-lo sem que pereçam as duas.( ... ) Por isso o que cré, ama, e o que ama. odeia ternac1011al da propaganda, como se fostudo o que se opõe a sua. fé e a seo se um talismã (1). Todos os prob lemas amor( ... )A tolerâ nciaelevadaa princip io e até todas as oposições que divid em os é a psicologia de Pilatos convertida em homens e as nações encontranam sua sotdeal( ... ) lução - quase mâgica no consenso: o "As nações transigentes. tolerantes. comunismo e o antKomunrsmo por e)(emsão as nacões débeis, que come<am ceplo. Vai-se produz,ndo ass,m. na soc,edadendo em seu espírito, em sua alma. que de temporal. o mesmo efe, to deletério é o que pnnc,palmen te as cons titui e as que uma certa utilização da palavra ecud istingue, e depois cont inuam cedendo menismo tem causado na esfera rehg10em seosd1re1tos e em seu território, casa. Ninguém mais deveria agir segundo da vez com menos energia. até que se pnndpios, nem guiar-se pelo bom senso. vão ext1nguH1do como uma lâmpada que Sena preciso abdicar da razão , como tamapaga seu Ultimo resp lendor sob re um sebém da Fé. e sair à procura de um conpu lcro( ... ) senso entre a verdade e o erro. o bem · Não afirmar. nem negar. nem d1Ni· l'ara Viizquei de Mello.afée aintra n- dar acerca das questões mais 1mportan· e o mal. o belo e o fe,o. A intransigência. eis o ,mm,go. 1:, sob nova capa. o relati- $igência caminhom KIII/H"e unida, tes para os homens e as sociedades. é devismo velho de guerra tantas vezes conclarar-se coberto de lepra mental. expedenado pela Igreja d indo para si mesmo ce rtifica do de inépNessa perspectiva . o ma is terríve l efeito da " Perestroicia( ... ). Es te homem neutro que se abstém de pensar. de ka" e da "Glasnost" sobre as mentalidades é sua ação psiquereredesenllr( ... )nãoépossivelencontrá-loemnenhucológica corrOSNa, que fu os anticomunistas aspirarem a ma lamude sem haver-lhe extirpado antes o exercício da raum consenso com os comunistas, sem qualquer sma! de con zão. po.-que de semelhante neutralidade só gozam os ,d,oversão destes. Tal s,tuação é a seu modo apoca líptica , pois tas e os postes" (2) a profecia de Nossa Senhora em Fátima , de que a Rússia es palhará seus erros peki mundo, vai -se assim realizando, não po.- meio de uma guerra espetacular. nem através de uma im~ão ditatorial. mas pela simples evanescerxa das resisPilatos, cita.do tão a propósito po.- Vázquez de Mel!a. não deseiava. de ,nic10, matar o Cordeiro de Deus. Mas, pa~;~;~s~nticomunistas. fruto da prnpaganda relat,v,sta do ra ev, tar choques e dissensões que lhe se riam desagradáveis A esse propósito, vale a procurouentrarnumconsenpena conSlderar o texto tão socomossacerdotesiudeus magnificamente anticonsenAssim. não ousando tomar sual que a seg1.11r transcreveo partido de Jesus cootra o mos. do pensador catóhco esde Caifaz. mandou flagelar a panhol do inkio do sé<:ulo, rnocéncia para coo tentar o JuanVázquez de Me lla. cr ime. Resultado: a política do consenso levou-o à de<re· tacão do de1ddlo. Até que abominações nos levaráelahojeemdia1 'Todas as ve rdades são CA o bje tivas e todos os erros são subjetivos. O erro não é senão uma sombf-a que l)f'OJe· tamos sobre as coisas, e a verdade não é senão uma luz que as co isas irradiam sob re nós. Como, pois. há de transigir a luz de fora com a sombra de dentro?( ... ) "'A fé e a intransigéncia caminham sempre unidas pelo ~ o com um vinculo tao estreito. que não se pode mo é óbvio, sentidos legit1mos e correntes. Entretanto. vem ela sen-
do lançada ultimamente no mer cado 1n·
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A Imaculada Conceição e a intransigência santa
E
não será difícil encontrar a resposta: resultam de um extremo debilitamento ou d11 perd11 completa do amor a Deus. Com efeito, qual o filho digno desse nome que, vendo a vida de sua mãe ameaçada por algum marginal, não se tra nsforma im ediat11mente num combatente, e se lança contra o malfeitor? O amor gera no filho a dedicação e a combatividade cm defesa da mãe. Analogamente, e com muito maior ra zão, o ve rdadeiro amor a Deus tem uma de suas expressões no ódio ao pecado, na luta contra este, na oposição enérgica aos que o promovem.
MSEUartigo"A s~nt~ inlransi-
genaa, um aspecto da Imaculada Conceição" (•), o Prof Plinio Corrêa d e Oliveira estuda, com a profundidade e a clareza q ue o caracterizam, um traço fundamental da alma verdadeirame nte católica: o amor à verdade e ao bem, enquanto em luta contra o erro e o mal. O u seja, e nquanto defendendo os direitos de Deus Nosso Senhor, da Santa Igreja, edasalmas,faceaosataques frontais ou insidiosos do demônio, do mundo e da carne.
Atual deterioração
da resistência ao mal
A Imac ula da, antítese do mundo de seus dias
Ora, poucas coisas urge tanto revigorar nas almas dos católicos de
nossos dias, quanto esta santaenergia, esta ca-
l~~=i:;";':!°v~~~ :°!:~:::"s!;";;:~::ei :-~:!~t::;;~~=:;eigv::.i: Com efeito, a maior pauage~ do (,1,,:. XY111), i~11irad11 t m
tragédia de nossa época, não está tanto na audácia, no furor, ou na astúcia dos inimigos externos e internos da Igreja e da Civilização Cristã. Ela reside, isto sim, na moleza dos bons ante as investidas do mal. Moleza, preguiça de reagir, que em incontáveis católicos de hoje já se transformou numa · · t as abomi na ões ue de todos os lados se multiplicam . E em muitos o utros se deteriorou ain-
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Â/IOCQ.lipn.
da mais, tomando-os coniventes com elas .. Verdadeiro amor, verdadeiro ódio e combatividade Se nos r untarmos uai a causa profunda dessa mo eza e essa mdiferença - ou mesmo conivência -
Ora, "quanto maior é o amor à virtude, tanto maior é o ódio ao mal" - escreve o Prof. Plinio Corrêa de Oliveira, no artigo acima referido. Em conseqüência, "por amar a Deus sem medida, Nossa Senhora correspondentemente amou de todo o Coração tudo quanto e ra de Deus. E porque odiou sem medida o mal, odiou sem medida Satanás, suas pompas e suas o ras, o emomo, o mu ndo e a carne".
O mundo ... Como eril o mundo, quilndo nasceu, e aqui viveu, Aquclil que foi preservada do pt.--cado desde o primeiro instante de seu ser? O gr.inde pensador Ciltólico passa a analisar o panorilma histórico daquelil época, que pode ser resumido no seguinte quadro: o Império Roma· no estendera seu poder a todo o Ocidente, subjugando povos gentílicos que anteriormente haviam brilhado ;x:,r seu poderio militar, suil riqueza, sua civilização, e também os judeus, o povo eleito do Antigo Testamento. Quer esses povos pagãos, quer os ju• deus, quer seus senhores romanos, estavam dominados, emboril em graus diversos, pela devassidão moral. Uma depravação geral dos caracteres, uma corrupçdo de todas as virtudes, trilzendo como conseqüência a ruína da cu ltura e da civilização, mostravilm bem que a humanidade rola· va rumo a um imenso colapso. "A noite, a noite moral do obscurecimento de todas ,is verdades, de todas as virtudes, descera sobre o mundo inteiro, gentilidade e Sinagoga": cm suma, "era um fim de mundo ... ", cscrcvco Prof. PlinioCorrêa deOlivciril. Foi, assim, num cümulo de males, num "ambie nte oposto a todo o bem, qucnasceuamaissantadascriilturas, a Cheia de Graças, que todas as na· çõcs haveriam de chamilr bcm-aventudada". E, como Deus A dotar;i de uma ;ibundfincia insondável de "luzes naturais e sobrenaturais, Nossa Scnhor,1 conheceu por certo a infâ. mia do mundo em seus dias. E com isto amargamen te sofreu". Qual u relacionamento que resultou dessa violenta anlílesc, entre a santidade da Virgem e a maldade do mundo de enti'io? "Mariil Silntíssimil - responde o pensador católico - tinha em si abismos de amor ,l virtudc, e, portanto, sentia forçosilme n11.' cm si ilbismos de ódio ao mal. Ma· riil cril pois inimigil do mundo, do qual viveu illhciil, scgrcgildil, sc111 quillqucr misturil nem aliança, voltada unicamente pilril as l"Oisas de Deus". E de seu lildo, o mundo, cnchafurdildo no pt.><:ado, "parece não tcrromprccndidO"T1c11TT1madcrMar1a Pois não conSlil que tivesse tributa-
do admirilção proporcionilda il sua formosuril Cilstíssima, a sua graça nobilíssima, a seu tra to dulcíssimo, a sua caridade sempre exorável, acessível, mais abundante do que as águas do mar e mais suave do que o mel".
A Ima cu lada, os maus' radicais e os pecadores "de me io termo" "E - pergunta - como não haveria de ser assim? Que compreens.'io poderia haver entre Aquelil que eril toda do Céu, e aqueles que viviam só pilra a terra? Aquela c1ue eril toda fé>, purcza, humildade, nobreza, e ilqueles que eram todos idolatria, ceticismo, heresia, concupiscência, orgulho, vulgaridilde?". Como também, de outro lado, que compreensão poderia haver entre "Aqucl,1 que era a fé> levada por uma lógicil adamantina e inflexível a todilsilS suas conseqüências", e ;iqueles que, sem levar emboril o mal a to· da a sua radicillidilde, "renunciando a qualquer lógica, viviam voluntariamente num pântano de contradições'', cm que se mesclilvilm verdildcs e erros, costumes sildios e vícios de toda ordem? Com efeito - pondera o Pruf. Plinio Corrêil de Olivciril - o qualific,1tivo lmilculada dcsigníl "a integridíl· de absolu ta nil fé e na virtude. E portanto a intransigência absol uta, sistemática, irredutível, a aversão complctil" a toda espécie de heresia ou de vício.
"Q ue m fez mai s pe los impios, do que Maria?" Mas - poderia alguém objetar \ili i11tr,1nsigência n,'io se co,1 duna com o amor il0 próximo. Pois este amor
nos levil a c1ucrer a s.1lvação até pa· Til os piores criminosos, p,ua os maiores inimigos de Deus. A verdilde é predsil mcnte o contrário desta objeção. Aq uele que se opõe cncrgic,1mente à aç,\o dos maus, cm primeiro lug,1r defende as ;ilmas retas, que poderiam lraque1ilr sob a pressi'io dos ímpios. Mas, cm segun-
do lugar, com suil oposição intrilnsigente beneficia tilmbém os próprios propugnadores do mal. Pois, ao resistir a eles, quebril-lhes a cmpáfia, e o impulso nos ru--nos da perdição. E isto cria condições especialmente propícias paril quc a graça atue naquelas almas empedernidas. E, sobretudo, o católico santamente intransigente, ílO mes mo tempo re7.a pela conversão dos fautorcs do pecado. Precisamente, Nossa Senhora foi modelo insondavel mente perfeito deste modo de proceder. Com efeito - observa Plínio Corrêa de Oliveira - o afastamento da Virgem Puríssima em rdação ao mundo prevaricador, "ni'io significou um desin teresse pelo mundo. Quem fez mais pclos ímpios e pelos perndores do que Aq uela que, para os Sillvar, vol untariame nte consentiu na imolaçi'io crudelíssima de seu Filho infinitamente inocente e santo?"'
Intransigência frente ao mal : lição para nossos dias Nossa honra, nossa alegria e nossa glória é sermos devotos de Milria. Ter devoç.'io é admirilr, é amar, é procurar imitar. Urge pois que imitemos Nossa Sen horil, quer quanto il seu espírito de or;1ção, quer quanto à i11transigênci;1 dela face ao mal. É este último aspecto que põe em relevo o Professor Plínio Corrêil de Oliveiril, nas palavras finais de s uil vigorosa ilnálisc: ,. A devoç.'io a Maria Santíssima, 110 que de melhor pode consistir, do que cm Lhe pedirmos ni'io só o amor il Deus e o ódio ao demônio, mils aquela santa inteire;,.,'! no ilmor il0 bem e no ódio ao mal, cm uma palilvrJ, aquela santa i11tr11nsigência, que tanto refulge em sua Imaculada Conceição?" Antonio Oum,1s Louro
wssu...uti~-Jn1a<:ula.J.,....C;u.""'~~·outror;,01ltu.1d.1, hojet5,,c•s.1u,,dd,1""cm· •ca1olicism<>"", nº~56. dl'",.cmbm d" 1988
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2.1
A
A revisla "Fonune" apresen1ou um balanço das reformas introduzidas por Gorbatchcv, em grande escala, a partir de janeiro de 1988. Essas reformas visariam sanar as falhas e remov er os obstáculos que impedem asindústriasrussasdccncherem as prateleiras, cronicamente vazias, das lojas, armazéns etc. Mais importante ainda, de superar as dificuldades encontradas para alimentar satisfatoriamcme o povo. A ''glasnost'', 1raduzida por transparência, abertura, permitiu que se apontassem, previamente, as mazelas do regime. A "perestroika", entendida como rccstruturaç11.o, consistiria basicameme no abandono da burocracia asfixiante, permitindo que o conjunto das indústrias consignadas na experiência estabelecessem suas meias, obedecendo às leis da livre co11corrência. Ê verdade que as demais estatais teriam prioridade 11as e11comendas e que as próprias empresas integrantes do novo sistema de autoflllanciamemo dependeriam de outras estatais para a obtenção de matérias primas. Mas, ainda assim, esperavase uma diminuição das encomendas estalais dos atuais 1000/o para 70 6/o. Os restantes 30% da produção seriam de livre escolha das empresas. Poderiam produzir o que quisessem para exportar ou vender para o consumo i11terno. * Crescimento - O que se obteve com tais experiências? Muito pouco, para não di zer nada. Em alguns casos, houve piora. A revista enumera alguns indicadores do comportamento da economia sovittica, mostrando, com a neza as cs1a11s11cas que, quanto ao crescimento, parece que haverã este ano au24 -
Pouca variedade de c.1rne cm,1rousucdcKicv
GLASNOST e PERESTROIKA: alguns resultados
ento inferior a 11/o. Nos anos 80-85 não houve crescimento. Em 85 Gorbatchev assumiu o governo, e logo começaram a soprar novos vemos. Segundo o noticiário fczcrer,aságuasestagnadas principiaramasemovcr.Entretanto, como diz John Tedstrom, um economista da Rãdio Libertyde Muniquc, ''nadaindicaqueGorbatchevtcnha sequer melhorado o resultado geral da produção soviética" ("Fortunc", J0-l-89). * Castos - As coisas não vão bem no tocante aos gastos do governo. Economistas da PlanEcon (de Washington, EUA) admitem que o déficit orçamentãrio estatal aumentou quatro vezcsdesdcque Gorbatchcv subiu ao poder, em 1985 . A inflação, tão nossaco11hccida, encontra-se franca mente na faixa dos dois digitos e crescendo até cm muitos preços o 1ciats.: ncc rio dizer que a existência de inflação numa economia
CATOLICISMO AHRlL 1989
cm que os preços stlo "congelados", é muito grave. Turistas ocidentais são procurados nas calçadas de cidades russas para comprar dólares americanos com ofertas até dez vezes maiores do que o dl.mbiooficial . Ou seja, diferença de cerca de 1000%. * Reformas induslriais - No inicio do ano passado, cerca dc 60"1o das indústrias foram obrigadas a adotarem o sistema de auto-financiamento. Assim ntlo receberiam mais dinheiro do planejamento central para produzirem: deveriam fabricaraquiloqucosoonsumidores desejassem. Mas, entre os consumidores está o próprio Estado com sua eoslU-
seq üência, prati came nte 100% das encomendas continuam sendo do próprio Estado ... Quase tudo permanece como antes: os burocratas determinam o que o público deve querer, o que as fábricas devem produzir e o que as lojas devem vender.
tado socialista tem de suprir igualmente a todos. Em con-
zação popular em rel:ição à falência material do sistema
Amargor e "aperto de cinto" Qual a atitude do público face às reformas? As "atitudes do consumidor" observa "Fortune" - são cada vez mais amargas e cinicas. "Uma das conscqüências cola1erais da 'glasnost'
soviétiooeossucessosdoücidente. Na realidade, a 'perestroika' não conseguiu melhorar o padrão de vida significativamente. Por isso, muitos cidadãos sentem-se relativamente mais pobres" (id.,ib.). Mas os males não cessam aí. ''Para conseguir apoio público, a fim de adotar as mudanças de preços que provocarão mais 'aperto de cinto', Gorbatchev redobrou seus esforços no sentido de apresenºtar resultados positivos ao consumidor. Sua maior preocupação é o desempenho da agropecuâria. 'Se pusermos anualmente 80 quilos de carne na mesa do consumidor', disse ele queixandose na reunião de novembro do Comitê Central, 'os outros problemas não seriam tão graves corno agora'. (80 quilos representam um au-
"Gorbatchevplanejagastar 120 bilhões de dólares na construção de indústria de processamento de alimentos até 1995.Gastarátarnbérn bilhões em novas estradas". É de se notar que a revista, especializada em economia, não levanta a questão elementar: de onde sairão esses bilhões? Algumas linhas mais abaixo, entretanto, o artigo menciona, de passagem,quealgunsdesses''bens serão comprados no Ocidente e pagos através dos créditos recentemente obtidos pelos soviéticos - cerca de 10 bilhões de dólares - de bancos europeus e japoneses". Fica claro quem financiará tais reformas: o Ocidente. A esse respeito, Judy Shelton, pesquisadora do instituto Hoover, de Stanford, California, pondera "que iria tan-
negativos
Em Lvov(Ucrânía), fila para comprar poucasmltatas
menco de 27% nos atuais níveis de consumo)" (id .,ib.). Convém notar que a média atualédcccrcade85grarnas de carne por refeição. "Gorba1chcv planeja fomentar o arrendamento com duração de até 50 anos - de pequenas glebas de terra das fazendas estatais a indivíduos e familias. Depois de vender uma parte de suas colheitas ao Estado a preços fixos, os fazendeiros podcrãodispordo resto" (id.,ib.). Hã ai um perigo. Digamos que numa primeira etapa o Estado se contente com 50% da produção, ou menos até. Quemgarantiráquejãnosegundo ano o governo não queira receber mais 10% ou -------20%-;-alegando-.:ompensa más colheitas cm outras regiões? CATOLIC ISMO ABRIL 1989 -
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Escrevem os leitores
ploosdoiscasosancxos.AProfcssora lris dissc que sc: a direçãodcCA.TOLICISMOdcscjar, poder!! publicar o que QlliSCT das dtJas respostas( ... )· Primeira resposta (alun o do 1° a 110 do 2° grnu): " Co ncordocomaidéiabàsicaretra1ada no artigo que li: os pais de hoje estão acomodados em rdação à ação mal(:fica da telcvisão ( ... ) No entanto faço ressa lvas
fu;~~n~~:i=~ :~::a\ók M• notl da Co ncelçio P . Soa res , Ca metj (PA): Acabo de receber a edição de CATO LI C ISMO de dezembro último, e oom quealegria. Felicito-os por tão grandiosa matfria sobre Dr. Plínio Corrêa de Oliveira. Q ue Nossa Sen hora os recompensccquccsta sejaa primeíra deuma~rie. Anna Maria Corrfa de Me ndonça Coimbra, Sio Joi;t'; do
Rio Prcio (SI'): ... esta eficien-
às coisas de Delis e informado das organizações hllrnanas Qlle s.ão da vontad e de Deus, corno a TFP.
Ferna ndo Anto nio Sabino Co rdeiro, Recife (PE): Tomamos co nhecimento da revisrn CA TOLJCISMO ao folhearmos o n~ 454, de ouwbro de 1988. Achamos mui to interessa mes os temas nela contidos, a55im sendo, gostarlamos de fazer urnaa.ssi natura.
te e esclarecedora revi sta.
S1e plltrso n Hoh. B•l•o Gua ndu (•::Sl: Prof. PlinioCorrêa de Oliveira: Acabo de ler CATOLICISMO n? 456 e convenci-mcdcqucoilus1rcaniversarian tc I:, sem favor, um dos paladi nos do laica10 católico brasileiro,oornumaíolhat};prcssivade scrviçosp restadosàcausa de nosso Deus e de nossa Mãe,aSama lgreja.Congratulo-me oom V. Sa. e louvo o Pai pelo que V. Sa. (: diante dele. Ne~u Augusto 'l'adeu de Ganler Peplow, Curiliba (P R): ... seu 11obili55imo e corajo50 periódico, no meu emender, o único que se: ergue em defesa dosprinclpios daCiviliuiçãoCatólica. I.-.ttma Codho, Co nsc:lhriro bbkte (MG): Foi com inusi tada a legria que receb i a revista CATOLIC ISMO 110 do meu gos10.Estouadmira11doosart igos do Dr. Pl ínio Corrfa de Oliveira, que, qual João Batista da Bíblia, toarautodobcm e davcrdade.Quantoscapren de nessarevista! MarcosdaCosla Ra mos,Tuca no (DA); Venho por mciodcs·- -··abeni1.à-los =lo trabalho desenvolvido até então. Sou um leitor asslduo. Sou scminarista, procuromesmoantea.sdificu ldadcsde vida estar ligado
Josl ll aroldo Nasdmento, P,1111euru (CE): Sou casado com umaassinantedevossomensã· rio CATOLICISMO, por isso resolvemos escrever estas linhas eenviarestepcqueno li vrctosobre Natal. Es1ã sendo vend ido na.s igrejas depois da Missa. Os senhoreii que têm o dom quase div ino de analisar as coisa~. se quiseram para1eceralguma.s critkasaquies!á( ... ).Estou enviando Cd ... para que os Senhores nos enviam um ou doi s mi meros de CATOL IC ISMO de o utubro, n? 454, aquele que fala sobrea.s belezas do Brasil.
Nota da Redação: Recebemos o Jivreto, o qual scrã dentro em breve comentado por esta revista. Vlhil Nogueln - cooperador da 'l"FP, Brasílh1 (DF): A Profcssora lrisMcdei rosfez distribuição gi-atuita de XC!"OX artigo "Pais capitulam sem do luta ante a ação desagregadora da TV", publicado em CATOLJ C ISMO, n? 4~2. para seus alunos e alunas do 2~ grau. Ois• se para eles responderem 50zi. 11hos ou com a ajuda dos pais dandoasi m rcssõcs tamofavorllvcis ou contra a respe1!0 ao mencionado artigo. Vá.rios alunos responderam, alguns com aajtJdado:Spais,comopor exffll•
26 - CATO LI C ISMO AliRI L 1989
ca como u\bua de salvação da huma11idade. Ameii de sermos cató licos,esplritas. cvang(:licos, foz-se ncccssllrio sermos cristãos. Ao falar em Cri stianismo refi ro-me ã csshcia do ensino deJesus,scmascontradiçõesimpostas no correr dos s&:u los, sem magias ,rnitosee ncenações ( ... ) Co mque au1oridadescfa la em visão distorcida da Igreja? A deformação mi lenar que o Cristianismo sofreu, nos diz a História, que foi decorrência da'visãodi storcida'dalgrcja em relação a o Cristianismo( ... ). Voltando ao assu nto TV, se concordo com o fim em si, não querdizer queeuconcorde com os argument os-meio uti liwdos poreiisarevistacatólica". Segunda resposta (aluna do 1° ano do 2° grau, com ajtJda dopai): " ... tforçosorcconhecer quea par dos inúmeros bcnefícios trazidos pelo advcmo da TV, manifestam-se variados enocivosefeilos noãmagoda ~ lulamaterdasocicdadc,afamilia. Isto porque, infclizmcntcagrande maioriadospais tcm amortecidosscusj uizos (... ). E ainda,apardisto,eJtisteapres• sao desenfreada da sociedade consumista na qual vivemos que( ... ) não vacila em derruir valoresmoraiseespirituais,utili za ndo-se inescrupulosamcntc dastela.sdatelcvisaoparaexercer umaaçãodeleto!riaaosbons
costumes e sobre a sa nidade memaldaspcs.soas,fazendoparcccrnormatidadeoqueéanormal, vir1udc o que é vicio e amoroqucébestialidade. Tenho porianto a certeza de que e:s te arrigoéde umaimportància lmparc que seria dc mãxima rclevAncia sua difosão a ummaior númcrodepais,afím dcquescpossacontribuirmais efetivamente para a formação dcumaconseiênciacrlticaquantoao acatamento indiseriminao;to e submisso às mensagens, cmsuamaioriadistorcidas,velculadas pclatclcvisllo."
Nola da Redação: O autor da primeira resposta coloca-se numa posição a-ca tólica, e até anti-cató!ica ao acusar a lgreja dehavcrdetu rpadooCristianismo.Eaúnícabasequeapresenta para sua acusação é: "nos di z a História".Q ual éa "História" que lhe dá fundamento pararnlafirmação, qual o autor, ele não esclarece ... Mas o que importa na resposta t VCI" comoattumapessoacolocada emposiçãocont rãriaàdenossarevista,cntretantoconcorda cornatcscdoartigo emqucstão: "os pais estão acomodados cm relaçãoàaçãomaléfícadaTV". Oautordascgunda reiiposta , embora i;ej a de opinião de queaTVtrouxe"inúmerosbc· ncficios'',sevêcomoqucforçado pelos fatos a reconhecer "éforÇOSOreconhccer"-os mal es da TV, a abdicação da " gra nde maioria" dos pais e a pressãoda"sociedadcconsumista" (pior ainda ta preiisllo dasocicdadecomunisia)contra os valores morais e espirituais. Resta-nos dar os parab(:ns ã Professora ]ris Medeiros por suaali tudeapostólicacinteligente.
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O FOTOLITO DO PRESENTE PARA O FUTURO
RU<l 91,godeiro Go"'õo Pei~oto, nº 482 - C,ty Lopo FO!le$:83HO57-260-9669· CEPO5078 ' - -- - - - - - - - - - - - - '
em ação ífl, ~TFPs --ltiM_ J Alerta cont ra e squ ema socia lista espan hol BUENOS AIRES - Denunciando a mais receote iowestidi da revol1.1Çio socialista em e1,u la murnfül, qlle cons.iste na impfanuçio gradual doest iloautogestionãrio emtodososaspectmdavidadeumpais,aSociedadeArgen-
tinade Def=idaTradiçâo, h mítiaePropricdade eu.i promovendo a divulgação de uma sintesedolivro"E$f!anha - anestesiadascm o perceber, ;imOf"daçadasemoquerer, CKtra-
viada s.em o saber", publ icada em Madri por
ticiada pelos ó.-gãos de impn:n$3. ora com im· parcial idade,oracommauhumor . "Em nosso pais - salienta aTF P argenti· na - os mais altos dirigentes do radicalkmo e do peronismo também têm mar,ile)udo emmuitnoclliõesaintenç.iodelev.iraca· bo uma revoluçiocultura1eautogestionária. "Arevoluçãoculturalcriaumaenuuzilhada sem alternativas. O u a sociedade argentina reage, ou aceita a condição de sitirna anenc· !.iada, amordaçadaeextnviada,ficandoilmer· cê das tCCnicas de p!Kocirurgia po~licll. É vi· talqueos argentiroosnão aceitemo tristep;l· pcl doinfe1it paciente desta subrepticiae U · sombrosarevol ução" .
TFP-Covadonga. E nio~ a síntese. mas o próprio livro -
que demonsu·1. com base em farta documentação. como essa revolução vem sendo posta em pdtica na Espanha - est.i :;endo colooda ao ilkarice dopüblico pela TFPargentin,1 A campan ha, que tem repercutido amplamente nn principais cidades do país e conta com a par1icipõ1çâo da fanfarra formada por jovens coopendores da entidade , vem i.endo no-
Mais um não calegórico a filme blasfemo Ofilmc"Jcvoussalue,Marie".cujaprojeçãohav iasidoantcriormcntcproibidapclasau1oridadesbr.i!.ilcir.is.comcçouh.ápoucoaser projetado num dos cinemas da capi1.il p;iulista Solicitado pcb imprensa a manifcsw·se sobre
o assunto. o Prof. Plínio Corréa de Oliveira voltouacxi)<"cssarorepúdiodaTFPacssapclicula nossegu intcs1ermos "O filme é indiscutivelmente blasfemo, e muito gravemente blasfemo. Em conseqõência, ele agride .i TFP nos próprios fundamentos dela. Poisnossaentidadebaseianosensinamcntos tradicionais do Supremo Maginério da Igreja toda a sua doutr inação e toda a sua atuaçiosócio-cconómica. "Ass.;m, entre cla e o filme h.á urm colisão p;1ten1e.completaeinsanável" . Quanto aevcntuaisj)<"otestosdc rua contra o filme, ponderou: ''Épossivclquetaismanifestaçõesocorram no~l.comojiaconteceuemoutrosp;ii· ses. Delas!Uopartitip.ará.porém.aTFP. Pois NstafUqui:cbp;1rticip.assep;1raquequalquer episódioinesperado.queentioocorrcsse.suscitasse explorações publici tárias ruidosas. rid icubs, cnquanto ta isnocivas para a pr ópria luta anti-Godard "De explorações. dessas tem o público p;1ulis1aexemplorecente" .
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CATOLIC!Srvro ABRIL 19/J!) -
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A indiferença em face d e tal cena é impossível!
U
MA PESSOA de nossa época que. na poélica imagem da Sagr<.1da Escrilura, tomasse "as as.."ls da aurora" (S1. 138, 9) e
voasse até o mais alto dos Céus. que reação leria se se visse de rcpen1c colocada a 11le uma cena como a que ilustra es1a página? Entusiasmo? Ódio'? Alraçâo? Repulsa'? Só uma coisa é ce rta : cl.1 não poderia permanecer in diferente. Pois há momentos na vida de um homem cm que ni'io lhe é dado ficar no meio lermo , Ou ele se alça aos pin6cu los do sublime ou ele afunda no pânta no da traição . Exemplo típico foi Pôncio Pilatos. An1c
o Jus10. nilo lhe foi dado ficar indiferente como era seu desejo: acabou por condcná-1O Assim , os espíritos hoje cada vez mais raros, penetra -
dos pelo senso católico, pelo amor de todas as hierarquias retas. pelo verdadeiro sentido da humildade cristã que consislc cm admirar de toda alma aquilo <1ue nos transcende e é digno de louvor. esses cairiam de joelhos. extasiados an te o esplendor desta cena. Em seu coração, se não com seus lábios, exclamariam : "Santo, Santo, Santo é o Senhor Deus dos exércitos" e para sempre bem-aventurada a Mãe Santíssima de Deus. Outros haveria ~ e é de se temer que fossem muitos - habituados a refocilar-sc com gosto na impureza ou na vulgaridade. espíritos igualitários que odeiam toda superioridade. que não suportam o esplendor e a pompa das coisas santas. Tais esplritos sentir-se-iam heterogêneos cm relação i\ gra ndeza da cem1, odiá-la-iam. e contra ela se revoltariam . O primeiro a agir assim foi Lúcifer. Colocado. talvez. ante cena semelhante a es1a, preferiu os horrores e as baixezas do inferno a viver em melo a tanta magnificência. num quadro tão gra ndioso, no qual e le não ocupilva o centro .
A iluminura que aqui reproduzimos é do célebre livro de orações "Les Heures d'Étienne Chevalier", de Jean ·ou uet séc. XV A cena é esplendorosa. O que mais impressiona primeira vista são as cores: o azul profundo, o dourado
luminoso, e outras ainda. Alémdeumaluzbrilhanleesuavequeseesparge por todo o ambien1e a partir das Três Pessoas divinas. Fica-se maravilhildo! Éumarepresenlação magistral. Imaginada pelo autor, da contemplação da Santíssima Trindade. cheia de adoração, a c1ue se entregilm os anjos e santos do Cé u. e do louvor gaudioso que prestam a Nossa Senhora . O trono das Pessoas divinas. de trés lugares iguais, é todo de ouro resplandecente com dosséis góticos exímiamente trabalhados. Dois serafins esvoaçam e m ambos os lados do trono, enquanto dois o ulros, com forma s de leões alados, mantêm-se imóveis embaixo dos dcgrnus Nossa Senhoril tem seu trono coloc11do em posição kiteral, à direitil da Sanlíssima Trindade, com dossel rne· nos sunluoso e um degrau abaixo do trono divino. Sobre a cabeça ostenta a coroa que recebeu no Céu. Fou· quet nmresenta aqui a imensa dignidade a que Ela foi elevada, a onipotência suplicante de que foi investida e sua qualidade e)(celsa de Rainha do Céu e da Terra, tõo acima das demais criaturas. De modo que Ela nos pare· ce mais próxima da Trindade do que dos anjos e santos, assim como. ao olhar a lua, vemo-la mais junto dases· !relas do que de nós mesmos. Os anjos - como também os santos - <1ue circundam os dois tronos s.'io tantos que chegam até os bordos da iluminura, significando-se assim o número imenso deles. que se estende par3 illém do que a vista 1>0de akançar e o quadro conter . A diversidade das posições exprime os diferen tes mé· ritos, enquanto as ves1es mostram a presença de bispos. reis, religiOsos e religiosas. leigos. etc . Tudo islo faz lembrar as impressionantes revelações feitas ao Apóstolo virgem: "Ouvi uma como voz de muitas multidões no Céu. que diziam: Aleluia: a salvação. e a glória e o poder são devidos ilO nosso Deus ( ... ) E oulra vez disseram : Aleluia (. .. ) E ouvi umil como voz de grande multidão e como o ruído de muitas águas e como o estampido de grandes trovões, que diziam ( ... ) alegremo-nos e e)(ultemos e demos-Lhe glória" {Ap . 19, 1-7). "Apareceu no Céu um grande sinal: ~ma mu-
Af01LJCliSMO N'.' 46 1 - M11io ,le 1989 - Ano XXX I X
e/ernamentedividindoesubdMdindo a porção já explorada de seu território, mediante uma Reforma Agrária socialista e confiscatória - resolvalançarsecom coragem e inteligência à ocupação de seu imenso "hinter/and" amazônico. lsto não impedirá, éclaro, que se preservem espéâesanimaisei•egetaispr6priasàregü1o.
GUERRA NÃO DECLARADA DOIS PESOS E DUAS MEDIDAS Os Estados Unidos mos· tram-sesurpreendentementegenerososquandofornecemdinheiro aos países comunistas. Estes podem obter créditos sem prérequisitos e para fins gerais, o que não se verifica conosco. Comefeito,enquantoexige muitas vezes, das nações amigas-ajustotítulo,valedizcr - quecontenhamseusgastos (principalmente das onerosas e inúteisestatais),oGovernonorte-americanodemonstradesconcetantecoridescendênciaem faceàsdesastrosasefalidaseconomiasdoblocosoviético,concedendo-lhessempremaisauxí!ios, em condições favoráveis . Agravante: não poucas vezes taisdébitosmalchegamascrsaldados! O comunismo serve-se de tais vantagens tão-somente para prolongar sua tirania sobre ospovossubjugados;eosEstadosUnidosapcrtamassimoslaços da opressão.
so pulmão''. Assim, ao contrá· rio do que intentam inculcar, com grande alarde publicitário, correntes ecológicas, o mundo não morrerá por falta de ar, caso o Brasil - ao invés de ficar
UM FAXINEIRO SENSATO ...
AMAZÔNIA NÃO É PULMÃO DO MUNDO
Em emrevista u "l 'Osserl'a· tore Romano'', o novo f}residen· te da conceiruadíssima Academia Pontifícia de Ciências, Prof Giovanni Banis/a MariniBeflollo, comentou o desma1ame1110 da~- grandes bacias flu viais do Congo e da Amazônia. Eis suas palavras: "Não está - em-jogo·(rt0"t'tlSO)·o-ronlrib1110 f)(lra a fixaçrlo do bióxido de carbono", ou seja, a liberaçrlo de oxigênio, pois "os mares represemam 90 por cen/o de n0.\'· 2 -
Entre 1965 e 1975, durante a guerra do Vietnã, morreram 13 americanos por dia; no Líba· no - pais flagelado por uma tuta crônica e interminável - , houve 22,2 mortes diárias, em média, de abril de 1988 a janeirode 1989.
No Rio de Janeiro, a contar apenas os primeiros dias de abril,houve 107 mortes,ouseja, mais de 17 por dia. Moços e velhos, pobres e ricos, bandidos e inocentes são dizimados a qualquer hora, nos locais mais diversos da cidade, mesmo nos de maior movimento. Também em Sao Paulo as estatísticas assustam: nos primeiros dias de abril, registra· ram-se42 homicídios misteriosos na cidade, além de inúmeras agressões vio lentas, a tiros epau!adas. "Opioréqueultimamente oscrimesnãotêmmotivo'',observa uma escrivã paulista da Divisão de Homicídios. Quem nãovêesgarçar-sedestaforma, otecidosocial,apontoderompcr toda sua contextura, fazendo-nos imergir numa nova barbárie?
NOSTALGIA DÃ LUCRO Com essas irreverentes mas suges!ivas palavras, a revis1a no rte-americana "Newsweek" procura descrever a intensidadc do sentimento popular húngaro e austríaco relativo ao passamento da legendária Imperatriz Zita. Aproveitando de modo meramente comercial e muitas vezes vulgar tais anseios, os técnicos cm publicidade julgaram fazer bom negócio apresentando à venda objetos evoca· tivos da dinastia Habsburg, como cartões-postais do lmpc-
~::â:
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t~~~~ !~:n~\~~~~/~:\~ ~i~~~!:~ªJ/a~i~~;;~j;,1~~1~~~ É-l::1men1ável-o -tom- poueo-digno-prc.sente-em-algumar dessas rna11ifes1ações, próprias ao ambiente moderno. Mas não se pode deixar de constatar qu.into elas significam como recouhccimcnto da autêntica e robusta popularidade da tradição.
C ATOLIC I SM O MAIO 19H9
Para que serviria um monte de manteiga amassada deixado em uma das paredes da Academia de Artes de Dusse/dorf? Certamente foi o que se pergun/ou o fa xineiro do estabelecimento, antes de f}raticaro ato de e/ementar bom senso que con· sistiu em jogar ao fixo uma "obra de arte" do alemão Josef}h Benys, morto há três anos. O funcionário não {}ode· ria imaginar que aqueles 2,5 quilos da "melhor manteiga alemã" constilufam uma valiosa escullura e que, ao jogá-la fora, estava criando uma disf}UW judicial. Agora, o governo da Renânia do Norte- Westfàlia lerá de {Jogar a Johannes Stuettgen, discípulo e herdeiro de Benys, 111110 indenização de 40.000 marcos (USI 22.f)()()J comoressarcimentope/adestruirão da indecifrável obra de arte moderna. Levado às últimas co11Seqlli:llcias O princípio de que 1 'J:1Lfi:._ são emocional subjetiva, (flli'//1 poderá imf}e<Íir que se chegue a disparates do gê,wro?
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,(.ffiJ AfOUCftSMO
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SUMÁRIO TEOLOGIA DA LIBERTAÇÃO Visão panorâmica da TL - um movi me nto intern acional articlllado:
Assestando o foco nos pontos nevrálgicos
histórico, apoios episcopais, ram ificações, relação com a subversão. Sua doutrina é uma perversão da mc nsagcmcristã, sendoapcnasapa-
rentesasdivisõcsinternasqucapresenta..
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TJ.l 'sEMAÇÃO Atuação da TFP uruguaia: fator prepo nd erante da vitória antiterrorista e anti-esquerdista no plebiscito de 16dC' abril último ..... . .. ...... 13 RELIGIÃO
São Fernando de Castela, a combatividade a serviço da Fé . ..... .. .. 15 EDUCAÇÃO
Proposta da Secretaria da Educação do Estado de São Paulo aspi ra unir aos trabal hadores os loucos e os criminosos, nu ma frente única contra o capitalis mo .......... . .. .. ........ . . 17 Ml5TÓRIA
Para comemorar o bi«ntcnário da Revolução Francesa, uma nova historiografia evita o pon to ce nt ra l do acon tecimento: a divisão ideológica ...... ............................ ..... 18 INTERNACIONAL Os magníficos funerais da Impera-
triz Zita fazem rev iver aspiraÇÕeS
A
G LASNOSTe a pcrcs1roika gorbachcveanas continuam os grandes acontecimentos da poli1ica internacional. Nas últimas semanas a publicidade se diri giu sobretudo para a escolha de l. SOO dos 2.250 represcntan1es que const ituem o Congresso de Deputados do Povo. A estrela das eleições foi Boris Yeltsin, veterano dirigente comunista içado à condição de símbolo da democratização sovié1ica e grande advcrsàrio dos "imo bilistas". Elegeu-se deputado com uma surpreendente percentagem de 89,4% dos votos, fazendo surgir variadas especulações sobre os futuros rumos da po lítica soviética. Quanto ao povo, a si1uaçl'io parece ser diferente. Abalizadas informações fa. 1am de a patia gcnerali1.ada, alCm de um certo mau humor da população com a deterioração da jâ péssima situaçã-:> econômica. Sc1cnta a nos de perseguição, desagregadora dos grupos sociais naturais - sobretudo da família - e de ga rroteamcn to da normal expressão das idéias, teriam criado em largas fa i,,;as da população um tipo humano abúlico, bastante resignado ao micro-consumo e habituado a uma tosca vida de pensamento. Esia faixa, provavelmente majoritária, está-se mostrando até agora refratária aos est[mulos aber1uristas da nova politiea russa. Os setores "imobilis1as" temem, entretanto, que ela se possa mover, a partir de um certo mo mento, nu m rumo perigoso ao regime. A nova feição da Rússia, jâ discretamente anunciada por Gorbachev em alguns pronunciamentos, se n?io empolga o povo russo, tem condições de embair o Mundo Ocidental, bombardeado por maciça propaganda a favor do " new look" sovié:ico. E assim acelerar o processo de convergê ncia entre os dois mundos, feito sob a alegação de evitar a guerra e com o objetivo de, unindo-os, tornar mais igualitário o Ocidente e mais liberal (ou menos tirânico) o Oriente.
de glórias passadas . . .. .. .......... 24
Uma das questões nevrálgicas para o sucesso da convergência é a posição que tomará diante dos fato s o clero e o laicato católicos. Sem que haja de importantíssimos setores religiosos um claro favorecimento ou pelo menos a ncui;:;:. tralidade benevolente, estes objetivos fundamentais do movimento socialo-comu=T~;'!'.1;= TalW1lll Rqislnnista correm seríssimos riscos de fracasso. Percebe-se como é funda mental palWoçl,o: ... Martim r ,_..,,.,, 6'S- Ol22'- SI<> ra as forças revolucionárias o t rágico e dissolvente processo de con1cs1ação intra~~P~ R.. XI< <k XI~ 202 - l:1 1110 eclesia l, a tualmente cn1 curso. Nele, jogam papel destacado as correntes que se l:..fo<b:~ .. Mar1i.,F,H>cloto,66l - Olll6 - S.O articula m cm torno à Teologia da Libcrtaçlto. & .,~.,...,. 1,.,nm'' Catolicismo" apresenta nesta edição um amplo e revelador estudo a res pcito. O trabalho expõe as origens doutrinárias e históricas da TL, decorrência [6gica da radicalização dos erros liberais e modernislas, sua expansão e meta mo rPoro-a.aç:,<1<cader-oço1 - . . - ·- foses nos últimos 20 anos, e a fisionom ia que aprese nta hoje. No âmbito cclcsiâstico, a atuação da T L 1em uma constante: ati vo fat or de contestação e desagre· R111 Monioo t",ando«>.66l -Oll2'-S.O P,ulo.SP ac:'lo. No tcmnoral outra: "comnanheira de viaeem" solicita, e por vezes deci~"[':~::·:~=:::m,;_,-e_.--fT"'siv","',e._, s,=""";,"" 1m"',"' ,,."'ee'-'m"'p",'ê'isc-' ,""""' ,•"' 1ic"'o,"',"êdo"'"",o"',;"m"'eo', o-',"om " ',"' m'-' ·st-",."'-'""-='----"CATOUCISMO" é uma pubticaçto mfflW
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CAT O LIC ISMO MAIO 1989 - .'J
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Arevolução em nome do Evangelho A
OPINIÃO pí1blica nacion1d assistiu - s urpresa e pan11lisada - a um súbito e inespen11do progmso cleiloral de cer1a es.i uerd a , nas eleições municipais de novembro. Progresso, dig a-st' de passai:cm, bem mais modeslo do que alarde-iam e querem fazer crer os meios de comunicação , de modo i:ernl, e que se dc11 eu mais à di11ísilo dos :id11erd rios do que ao pró prio desempcnho.(Cír. Pliniu Corria de Olivein11, " Ascençio das es11uudas: mera fanlasmago ria .. , Folha de S . Paulo, 16 e 19/ 1/ 89). Seja como for, niio deixa de SC'r verdade qu e a esquerda encarapilou-se em prefeíh1ras e rimaras municipais de 1rês capitais e mais algumas r idades ímportanles. O que so bre1udo chamou a a lençiio do pÍlblico , que se tra ia de uma esq uerda diferc11te. embon11 a maioria d as pessoas não saiba di7.er exalamenlt no qu ê. Na wrdade essa nova esquerda se professa man isl , SC' prodamu soâalis111, prega a Ili/a dr l'lu~·scs, <1uer a abolição da propritda d t pri'l'ada e não rejcila o emprego da vioJê11da. T udo eomo a n/ha esquerd a comunisla orlodoxa. Ni o obstante , lodos sentem. é uma esquerda difercnte. Seu discurso lem algo de"º"'º· tão dh·crso du retórica melálica e sem vida do velho e unêmico PC H. como
Teologia d a Li bertação (T L) completou há po uco 20 anos de existência. Com efeito, a ma ioria dos auto res considera que seu nascimento "oficial " ocorreu na 11 Assem bléia Geral do Episco pado Latino-Americano, reun ida cm Medcll in (Colô mbia), em agos to -setembro de 1968 . Q ua l o saldo d essas duas décadas d e a ti vidades? Um balanço sumá ri o 111 os1rará qu a is os avanços e recuos, triu nfos e derrotas, expansão e retrocesso dessa correme, de suas origens até nossos di as. A extensão do te ma não permi te a pro fundam entos, mas tão-só rá pidas pinceladas .
Movimento organizado
A TL é não ape nas uma dou tri na e um a corrente de pensamento, mas ta mbém um movimento a rtic ulado, -----ae caráter mtern acio na, reumn ricos e ati vistas que se propõem transfor ma r a Igreja e a sociedade no sentido igualitár io visado pelo comu nismo. 4 -
CAT O LI C ISMO MA IO 1989
lambém da de seu irmiiu sl·parado, o neurastênico l'C do H. E é justan1enle nesse algo 11ue es hi a cha ve do enigma t o ,·erdudeiro perigo. Para dizê-lo cm duas palavras. é a moti'l'açifo rrfigiusa que eonfere alguma audiência a essa novaes11ucrdajun10 11 selnres da populuçiio mujorilariamenle cutúlica du País, sempre refratária à preguçiio comunisla e:i.:11líei1a dos 11nliquados PCs. Em úllíma análise. a força preponden11nte, e a mais dini mica, a mais de se lemer, dessa"º"'ª esquerda IIOlilicopurtidária é a velha csq11crda catõ/ica, em sua roupa11.e111 111ualiz11da, a 'feoJogia da Libt•rl!lfíiO, com su:1 lr111,11 de clw,,11e, as Co munidades Eclesiais de Base - ci:m·.
Teologia da Ubcrlação .. . A exp ress ão não é eslranha. Quase todo mundo ou'l'iu falar del a. Mas quem sabe e...:ala mente o qu e é? De onde veio? Para onde vai? O 11uc qu er? O que faz? Ncsle a no a ·1·t a linge a maio ridad e - 21 :rnos - se se considerar, como o fazem muilos a utores, a reunião
BALANÇO de 20 ANOS Luis Sérg io Solimeo Esse movi mento teve como precursora 11111a corrente eu ropéia, globalmente conhecida po r Teologia C ritica , composta de várias vertclltcs do pensamento teo lógico pro testan te e católico, cm voga nos a nos 60: Teolngiu d11 Espernnça (M ol1man n, protesta nt e, alemão ), Teologia Política (Metz, católico, a lemão), Teologia da Morte de Deus (Ro bi nso n, proteslante, inglês), Teologia d11 Revolução (Co mblin, católico belga residente no Brasi l), e outras. No começo dos a nos setenta, os teólogos da li bertação convergiram para nr<..--r!st!lurpa r11.rsoci1di mo, surgid o no C hile durante o governo marxista de Salvador Allcnde . Seus p ri ncipais coordenadores foram os sa-
ccrdotes chilenos Gonzalo Arroyo SJ , Scrgio Torres, Pab lo Richard e Ronaldo Muiíoz. Ent re os p rinci pais ideó logos desse movimento d estacavam-se o s padres G ustavo G ut iérrez (peruano) e Mugo Assmann (brasileiro), apo ntados como " pais" da T L. Outras figuras d e proa eram o Bispo de Cuernavaca (México), D. Sérgio Mé-ndez Arceo, e o sacerdote salesiano Giulio Gi rardi (i taliano). Enco ntros cm nível in ternacional for am realizados cm Sa ntiago do Chile, El Escoria l (Espanha), Cidade do México, Dc1roit (Estados Uni-
~),iiuebetj€an~á,~.- - - - Na segund a metade dessa mesma década de setenta. por iniciativa do Pe. Sérgio Torres (ex ilado cm Nova
do episcopado lalino-americano em Medellin (Colôm bia), celebrada cm meitdosde 1968, como seu nascimenlo oficial. A ocasião é oportuna pan1 um balanço. ··Ca1olicismu ·· aprrscnta ncsla edi\·iio um relruspetlo da TL desde suas origc ns até nossos dias - " Balanço de 20 anos" -: seus avan,·os e rcc11os, vitórias e derro1as, apoios e reações; e prMura responder à pergunta 11ne II todos interessa: 1111al o seu ru1uro? P11ralelamenle,1ra\:aumesboçodc sua do111rin11igu11lihiria e revolucionária - "Negllçiio da 1-"é rris1ã" - estranho e conlnditório amálgama de elcmt•n/os biblieos rum o materialismo histórico e dialético do marxis1110. o 111ml tem por for\'.11 propulsora a /Ilia tlc clusse~·- Fieu a110nt11do 1a1nbén1 o papel insubs1i1uível dos moderados, esses elernos adoradores do meio-lermo e da ambigüidade. inimigos de Ioda reaçiio. 11ue não qucr,m de forma a lguma frear o carro 11ue desre a ladeira, mas Ião-só diminuir•lhe (como?) a vrlocidadc. E que sempre - a Hislória o tem demonslrado - acabam por ajuda r os avançados a atingiA matéria é da ma ior oportunidade para quem c1utr en1endcr o que se passa no País (e, 1!111 a lgu ma ml!dida, no mundo). níio só na esfera rdi~iosa. seuiio lambém na polílica. na social e alé na econômica. Pois em Ioda.~ elas está presen1e - em sua ven;iio moderada o u avançada - essa nova esquerda, difercnle no tom e n11 linguagem, mas ,a final é a mesma do comunismo russo, chinês uu· cubano. Hasta olhar para a Nicarág ua!
York após a queda do governo maneista de Allende), foi criada a Associação Ecumênica de lcólogos do Terceiro Mundo - ASETT. Essa associação agru pa representantes das três Américas, da Âsia e da África e tem pro movido reuniÕl!s internacionais de teólogos da libcr1ação ora na África ou na Ásia. ora nas Américas. Seu encomro mais im portan te foi o IV CongrõSO lntrrnarional 1-:C-umênicodeTeologia, realizado em 1980 t'm São Paulo. Por ocasião desse congresso realizou-se a famosa Noile Sandinisla no auditó rio da Pontifícia Universidade Católica, na qua l teólogos da libertação, bispos, sacerdotes.rcligiosas,agentcspastorais e integrantes de Comunidades Eclesiais de Base - CEBs comemoraram com guerrilheiros sandinistas a tomada do poder na Revolução na Nicarágua.
Respaldo episcopa l
1,;,lll'f! umn i,ingf'm " OH lrtl II ll,wa,111, Mo..,.,,., ou l'equi111, 1"r.?i 1/euo ninda r11ro11trn rempo /J(<ffl OS&<l$Wrllr /J()/i/icos de cJfj uer,fo. Nu foto, de 6c11/o1, com o vi<:e-11rrfci1<> de S,fo l'uulo. l.u/1 f."iluor• do Greenhn lgh.
de comunicação têm prodigalizado ao movimemo e às a tividades de seus próeeres. Mui1 0 mais importante. eo111 udo, para a grande propagação da leologia da Libertação por toda a parte. é o apoio que vem recebendo de numerosos bispos, por vezes de Con ferências Episcopais inteiras (como ocorre no Brasil, com exceções). Em nosso pais, a CN BB se a rvorou cm paladina dcs-
Expan soo da TL Nouaoopa Põe em foco a sessão de enn-rramenlO do 1:,.,-.ontro wbre 111()/ogia do f.i.
bertoçilo,1ramcorrid11nolli112411ejaMiro tíltinw, na igreja ife,Slw DomUlr , na bairro diu Perd~s (São Piwlo). IJí,euna o Canlen/ Am1. TomWm fizeram uw da /J(l/ovm lu/o, 1-'rei
&JJ e frei tktlO. f:nlre o 11ríb/ico /WIO•
oom-$1l 1,áll-0.! tcólog~ da /iberroçii.o tie IJllÚf!S hi,pan.o-american01. Na oca-
sião, fo i lançada of,riafmentea lhie '°'Teologia e Uberroção"' - conjunto
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sa corrente cm face das medidas restr i· tivas do Vat icano, por si nal bem moderadas. Sem esse respaldo episcopal. as do utrinas da TL não se leriam infiltrado nas publicaçÕl!s católicas, nas aulas dos scmin:'Jriose un iversidades, nas pregações das paróquias, nas reuniões das Comunidades Eclesiais de Base, na atuação dos órgãos de pastoral.
làis encontros eomribuiram em muito para a considerável expansão df'lll'ro,sobreadoutrinaeaaluaçào quc....a...IL.cru1t1cCC1..LI1.cs.sas_~ ~uu.d.a...i:aláli.ca...uura das de existência. fãa do Hrmil e ,la Amérioo hi&pânica. Outro fator dessa difusno foi a am(Foto llro,w Sa ntarelli) pla cobertura publicitária que os meios
Conhecidas editoras católicas, como Vozes e Paulinas (B rasil), Orbis 80o ks (Estados Unidos). Sal Tttrae e Sludium (Espanha) , e muitas o ut ras, inclusive protestantes, têm contribuldo poderosame nte para a divulgação e popularização da T L. De maior alcance é a presença de teólogos da libcrtaç11o cm sem in:'Jrios e universidades católicas, uma vez q ue atinge n1 os futuros sacerdotes. Para mencionar tão-só algu ns nomes mais representativos, J,' rei Leonardo Boff leciona no Instituto Toológico Franciscano de Petrôpo11s; trel uocrnv s uorr,- ~ depois de ensinar durante anos na Universidade Católica do Rio. lcriona atualCATO I .IC I SMO MAIO 1989 -
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(há quem fal e em 1.200) e inúmeros leigos, pres1a suporte logis1ico e de intendência para o Novo Exé rcito do Povo, brnçoarmado do Partido Comunista filipino, o q ual há anos cnsangücnta o arquipélago. Ca usaram es panto as declarações do Cardeal Sin, Arcebispo de Mani la, nos inícios de 1988, de que, d ura nte anos a fio, o Novo Exército do Povo recebera milhões de dólares por a no da Igreja Católica (através do Departamento de Ação Social, o rganismo do episcopado da<1uelc pais), para a compra de arma111cntos. Não é de est ranhar que, lambém ali, como na América Central , sacerdot es se tenham unido à guerrilha comunista e 1ombado cm meio à lurn armada. Tol o caso do Pe. $antiage ~.;,l as, :ilistado no Nóvo Exército do Povo cm 1976 e morto anos depois.
da e incentivadora da subversão comunista. Em paises da América Central, 1eólogos da libertação e mili!an1es das CEBs não se comcmaram com apenas apoiar a guerrilha comunista, vindo a par1icipar ativa mente da lu1a armada. E vários sacerdotes mo rreram a li de armas na mão, entre outros o Pe. Ga rcia Laviana ua Nicarágua, o Pe. Graneis Carne)' cm Ho nduras e o Pc. Rmilio Grande em E\ Salvado r. Na Colôm bia, o Pe. "Camilo" López juntou-se ao Exército Nacional de
O 11<:rwrrw /',•. Gu.< lut·o G.. 1ierre: é rnu , idc-
mdo o "1u1i " 1fo 'leologio ,fo Ubcrtm;iio. Ao lodo. o d,il,mo /'1,/,/0 Riclwrrl, ""' ,lo, fimdiuforeJ rim ··Cri.•flim /Horn o Sociufomo'', 1onwu-1e vt"dete deuu tculus iu .
mente na Faculdade de "Teologia da Arquidiocese de S!lo Paulo, o nde também dá au las l' rei Gilberlo Go rg11. · o Pe. JoséComblin lecio na no lnsit uto ícológico da Paraíba: o Pc. J.IJ. Lihílnio deu aulas na PUC do Rio de Janeiro por vários anos, ensinando agora no Instituto lcológico dos Jesuítas cm Belo Horizonte; e assi m por diante. Além de toda a ex pansão que obteve na América Latina - o continente católico por excelência - a T L penetrou nos Estados Unidos (principalmente emre os hispanos), na Ásia (Filipinas e Coréia do Sul) e na África do Sul. Convé m lembrar que a T L não é especificamente católica, mas " ecumê nica ", reunindo indistintamente católicos e pro1cstantcs na admiração pelo marxismo e na aç11o cm prol do comunismo . Da T L têm saido algumas varia ntes que utili7.am o mesmo método e participam da mesma luta peta implantação do socialismo: Teologia Chicana o u Teologia Mestiça (Esrndos Unidos); 1Colo-gia Feminisla (cujas origens também remontam a esse país, e que se es palho u J>Or quase todo o mu ndo, inclusive pelo Brasil); Teologia Negra (Estados Unidos e África do Sul); 'ICologia Minjung (Coréia do Sul). -
Co n sc ientizaçõo. invasões . saq u es
Libcnaç11o. comunis1a . Na real1lblk ele não se chama ··Camilo"". ma5 adotal prcnoml' l'm homenagem ao Pe. C;unilo Torres. mono cm 1966 n:1 guerrilha comun isla. Declara o Pe. 1.6pez: ··Cristo é o primeiro do~ rcvolurionários. E se a Bíblia e o fuzil es1tlo unidos na Colômbia. isso se ckvc ao exemplo do Pc. Ca milo ·1orrcs, que aa a luz para a Colômbia". Luís Loz,ida. co1mrnda111c de Pc. Lópcz, cnaltcrc o serviço prestado 1>0r esse sacerdote i1 guerri lha conwnista: "Graças 11 ele, os camponeses estão convencidos de q ue nós n;lo somos nem ateus ne m canibais, como acusam os reacionários". Nas longínquas Filipinas, único pais asiát ico de população compactamente ca1 ó lica (como se recorda essas ilhas foram colonizadas pelos espanhóis), os partidários da TL chegara m igualment e às ültimas conseqüências de sua doutrina. Em 1972 o Pc. Edicio de la Torre, da Congregação do Verbo Divi-
Se cm o ut ros países os sequazes da TL ainda não chegaram a1 é a guerrilha e a luta armada, ela te m sido, cn1retanto, a inspi radora de invasões de 1crras, saqucs,agit;u;ão1>0li1 icae social. Assim, no Brasil , a Teologia da Li bertação, através das C EBs e das '' Pas10rais" (C PT - Comissno Pastoral da Terra, C lMI - Conselho lndigenista Missio ná rio, Pastoral da Saúde, Corniss11o J us1iça e Paz, etc. ), tem scrvi-
lO U
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fb-8-6U0v-er-sêG- - - - +no;-fundou"1Jm.-rorgani:r.ação-dandestc-· na , os Crislãos para a Libertação Na-
Nestas duas décadas de atuação, a TL tem-se mostrado uma grande alia6 - CATOLICISMO MAIO 1989
cimrnl . Essa organi zação, formada por u1n número muilO grande de padres
frl'i C,.,,/oL·is /Wjf ,.,; o /1 ci,w de /)eus ,w resime oomu,.is1" du füiJJiH e no de Culx,
do de instrumento de conscienfri:!içiio, isto é, da tra nsfornrnçlloda mentalidade de pessoas simples. Por meio da atuação concreta em movimemos reivindicatórios, com motivação religiosa desviada pela doutrina igualitária da TL, boas donas de casa, camponeses e operários se têm transformado cm rcvoludonãrios eivados do espírito de luta de classes e de lcndências socialistas. Seos partidos de esquerda têm apresentado algum progresso eleitoral cm nosso país (o qual, de resto, é bem menor do que a imprensa e a TV propalam) tal se deve em larga medida à atuaçi'lo dos teólogos da libertação. Em algumas regiões as CEBs e as "pastorais" conscimcm a espinha dorsal dos partidos de esquerda. A agitação rural promovida pela CPT tem assumido formas que, cm muitos casos, ni'lo estão longe da luta armada. Basta lembrar as "operações pega-fazendeiro", realizadas por membros das CEBs da Prelazia do Acre e Purus. Nesses connitos de terras muito sa nguejà foi derramado.
populares, feroz ditadura, é apontada como sendo modelo e meta para onde devem tender os demais palses da América Latina.
O Reino d e D eus ... no comu ni s m o Os teólogos da libertação transformaram-se nos grandes pregoeiros dosocialismo, nos arautos do regime comunista, identificado por eles co111 o próprio Reino de Deus. As viagens que vários dentre eles - como Frei llelto, Frei Leona rdo Boff, Frei Clodovis Boff e O. Pedro
CRISTIANOS
Ni ca rágua : a TL no poder
A revoluçi'lo subversiva promovida pela TL jã conseguiu uma vitória significativa, que foi o !Tiunfo do sandinisrno na Nicarágua. f'oi ela, através das CEBs sobret udo, qoc arregimentou os militantes revolucionários, conscient izou-os e os lançou à luta armada. lnstalou-se ncsscinfclizpaís - que saiu de uma ditadura corrupta para um regime socialista - um governo clérigo-comunista ditatorial, do qual vá rios sacerdotes fazem parte (Pes. Fernando e Ernesto Cardenal, D'Escoto, Parralcs, etc .). Essa situação criou dific uldades entre a Santa Sé e os refe ridos sacerdotes, centre estes e o arcebispo de Managua, D. Miguel Obando. O cardeal nicaragücnsc - agora em certa oposição ao regime - havia saudado anteriormente o advento do socialismo sandinista cm Carta Pastoral assinada por todos os bispos do pais. A Nicarãgua se tornou a menina dos olhos da TL, atraindo o apoio e a solidariedade de todos os lt.'ó[ogos da libertação e dos progressistas do mundo inteiro (D. Pedro CasaldMiga chegou a ser repreendido pelo Vatica------1lll. por suas constantes viagens à uele país). A revolução nicaragücnsc estabelecendo, com seu cortejo de consdhos
Terço no /H?JroÇO, ftui.l em unm dm 111f"ioS e "coque1el11w/olQV"11aoulra,eiso"crislão reoo/uciomlrio" /ormmlo J>Clll 1'/,. Folhcro llicarngi1e11~ 1111ra a formuçtlu ,le CIWs.
Casaldâliga - têm empreendido à Ni· carágua, a Cuba, à Rússia e á China, são de natureza eminentemente propagandis1ica. No seu livro l'idcl e a Religião, f'rci Betto apresenta o tirano do Caribc como um grande chefe de Estado, dócil, pacifico e amante da religião. Frei Clodovis vai mais longe, apresentando Cuba e a Rússia como ensaios do Reino de Deus. Em sua Carla Tcolóica sobn! Cuba 1986, o religioso servita escreve: "Falando como t ogo, diria que embora a presença da Igreja seja fraca, a do Reino parece forte".
E também: "Frei Berto me confiou ter u n!tida impressão da presença do Reino naquela obra revolucionária (a Revolução cubana)". No regresso de sua viagem à Rússia cm 1987, o mesmo Frei Clodovis Boff assim se manifesto u: "A Teologia da Libertação não pode deixar de reconhecer os sinais históricos do Reino dent ro do socialismo real''. làmbém Frei Leonardo, seu irmi'lo e companheiro de viagem, viu "os inestimáveis bens do Reino que os soviéticos souberan1 pelo socialismo cons1ruir". O Pe. Ernesto Cardcnal, Ministro da Cultura da Nicarágua, é ainda mais cxpHcirn: ··Em um dos meus versos escrevi uma vez a seguinte linha: 'comunismo e reino de Deus na terra significam a mL-sma cols11' .... O Es1ado da 'sodcdade final com unista' .... ~rá, ela mesma, o 'Reino de Deus na Temi'''. Por isso se entende que os teólogos da libertação considerem como missão da Igreja a pregação do comunis1110. Foi o que declarou com todas as palavras o mesmo Pc. Cardcnal numa entrevista a Crisis, revista de Buenos Aires, em 1974: ··[A missão da Igreja] neste momento, na América Latina, é sobretudo pregar o comunismo". Taticamente o sacerdote-minisiro sandiríista considera que a tarefa mais imediata do clero li bcradonista consiste em acabar com o medo do comunismo: "O problema é acabar com o medo do comunismo - declarou ele cm 1979 ao repórter alemão Pe1er Klein - ser um elemento de muda nça e de refor ma, eajutl11rn11construçiiotlo s11cialismonaAméricaLatina,atéalcançar a paz e realizar a construção dosocialismo. Isto feito, partir para a conslruçii.o da sociedade (inal comunista , isto é, a fundação do 'reino do amor"'
O Vatican o e a TL Da parle do Vaticano, a primeira chamada de atenção quanto a desvios da TL foram os discursos pronunciados por João Paulo [ l cm Puebla (México), por ocasião da III Assembléia Geral do Episcopado Latino-Americano, cm 1979. O Pontífice impugnou certas "releituras" do Evangelho que vêem a salvação como uma obra apenas política. "Essa concepção de Cristo corno político, revolucionãrio, corno o subversivo de Nazaré, não se compagina com a catequese da Igreja", acrcscen ou. Em agosto de 1984 a Congregação para a Doutrina da Fé emitiu a lnstruCATOLICISMO MAIO 1989 - 7
-e;·11•®t·1-c·1!!~HrJt·e ·1• ção sobre alguns aspectos da Teologia da Liber1ação. Em um de seus tópicos a Instrução resumia: "Estamos, J)Ois, diante de um verdadeiro sistema, mesmo quando alguns hesitam cm seguir sua lógica até o fim. Como tal, este sistema é uma perversão da mensagem cristã, como esta foi confiada por Deus à Igreja. Essa mensagem se encontra, pois, posla em xeque, na sua globalidade, pelas 'teologias da libertação"' (IX, 1, grifos nossos). Dois anos mais iarde a mesma Congregação promulgou novo documento relativo à TL - Instrução sobre a liberdade crislã e a libertação. làl docu1nento trata dos aspectos mais gerais da libertação, mas lembra que a verdadeira libertação é a do pecado (Nº 23). A propósito da "opção preferencial pelos J)Obres", a Instrução accnnm que "tal opção não é exclusiva nem excludeme". Por essa razão, condena o uso do marxismo para expressar a referida opção: ''A Igreja não pode exprimi-la com a ajuda de categorias sociológicas e ideológicas redutoras, que fariam de ial preferência uma opção partidária e de natureza conílitiva" (Nº 68). Por essa mesma época a Congregação para a Doutrina da Fé apontou vários erros contidos em um dos livros de Frei Leonardo Boff, Igreja, Carisma e Poder, e impôs ao teólogo um ano de silêncio obsequioso.
TL e esquerda católica
Em que pese toda a cobertura publicitária e wdo o respaldo episcopal que recebe, a corrente ou movimento da leologia da Libertação não leria chegado á expansão e iníluência que alcani,:ou, se não se inserisse no contexto muito mais amplo da crise geral da Igreja pós-Vaticano li. Com efeito, a TL não é senão o aspecto extremado e ostensivo de um fenômeno mais geral na Igreja: a esquerda católica. Por essa designação entende-se um vasto conjunto de personalidades, de correntes de pensamento, de movimentos mais ou menos articulados, mais ou menos espontâneos que, dentro da Igreja, simpatizam com as posições de esquerda. As simpatias vão desde um socialismo quase róseo, até as concepções sociais e politico-econômicas mais radi- e a~uc .,eco11fu11dc111 tOilt ocou,nn· mo. A atuação impune desse magma indefinido cria um clima propicio para o 8 -
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aparecimento e desenvo lvimento da TL, bem como dificulta sua condenação. Dois casos servirão para ilustrar o que acaba de ser afirmado. Em 1984, como ficou dito, a Congregação para a Doutrina da Fé decidiu !Omar medidas em relação a Frei Leonardo Boff, e o convocou a Roma para explicar-se. Depois de muito lcrgivcrsar, o religioso rebelde compareceu ao Vaticano, escoltado por dois cardeais brasileiros, Dom Paulo Evaristo Arns e Dom Aloisio Lorseheidcr. .. Quando Frei L. Boff foi condenado ao silêncio obsequioso deu-se um fato inaudito: dez Bispos brasileiros publicaram um documento de apoio ao teólogo da libertação e de pro1esto contra a medida da Santa Sé. Posteriormente, vários outros bispos saíram cm defesa de Frei Leonardo Boff. Entre esses bispos, alguns são tidos e havidos por moderados .. , Na mcst'na ocasião a referida Congregação romana dirigiu consulta aos bispos do Peru sobre a conveniência de tomar medidas análogas cm relação ao Pe. Gustavo Gutiérrcz. Os bispos peruanos se dividiram a respeito, o que levou a Santa Sé a não tomar nenhuma medida.
Qual o futuro da TL? Após a publicação pela Santa Sé das duas lnsln1ções, cabe perguntar qual o futuro da TL. Num primeiro momento parece ter havido certo recuo (estratégico?) por parte da alguns te'[ologos da libertação. Assim, o Pe. Gutiérrez tem-se mostrado mais cauto na defesa pública do marxismo e quanto ao emprego da força armada para a tomada do poder politico. Entretanto, essa postura mais circunspecta no campo da ação concreta não representa uma retificação de rumos no campo doutrinário. Ela não elimina o fundo intrinsecamente mau e revolucionário da TL. Por outro lado, outros representantes dessa corrente nem esse recuo tático fizeram. Ao contrário, intensificaram até sua pregação revolucionária e sua apologia do mundo comunista. Foi justamente após a publicação da primeira lnslruçiio da Congregação para a Doutrina da Fé, em 1984, que Frei Betto teve seus longos colóquios com o ditador cubano, dos quais resultou o propagandístico livro l<"idel e a Religião. E foi cn.ntc-silCTTcio-ubsequiosrr-qu
lhe foi imposta, que Frei Leonardo Boff foi à Rússia com seu irmao Frei Clodovis e o mesmo Frei Bctto. Viagem
ao termo da qual os três religiosos anunciaram que o Reino de Deus jã se encontra implantado ... no imenso Gulag soviético. E nesse mesmo período o frade dominicano foi visitar outros lugares onde germina a "semente do Reino": Checoslováquia, Polônia, China .. . Ainda é cedo para formular um prognóstico mais seguro sobre o futuro da TL. O certo é que a divisão (aparente ou real, pouco importa) que começa a se delinear nas "hostes da TL, longe de prejudicar sua expansão, cria condições mais propicias para ela, do mesmo modo que a existência de facções socialistas ditas moderadas preparam o campo para o comunismo. É fácil de entender: se a TL se radicaliza como um bloco compacto e homogêneo, certos elementos da esquerda católica - moderados por temperamento, formação ou interesse - vêemse obrigados a romper com ela. Mas, se ao lado de alas ou correntes radicais, existem outras mais moderadas, num amplo espectro do vermelho mais carregado ao rosa mais tênue, os setores da esquerdacatólicaavessosaos''extremismos" sentem-se à vontade para apoiar a ala ou corrente mais conforme com sua própria mentalidade, ou com seu próprio dinamismo. E a História das idéias tem demonstrado que as alas moderadas, por sua falta de impulso próprio, são sempre levadas de roldão pelas correntes mais radicais. Assim, embora com velocidades diferentes, todas as alas da TL tenderão a convergir para o mesmo termo final. Com isso quem ganha, naturalmente, é o comunismo. Por conseguinte, para combater eficazmente a TL não bastam medidas apenas contra suas alas mais "avançadas''. É preciso reprimir também as "moderadas". Mas de nada adiantarão as medidas adotadas com relação à TL enquanto se deixar o campo livre para a atuaçilo da esquerda católica, pois ela constitui o caldo de cultura que alimen~ ta o surgimento da TL e de seus seguidores e admiradores.
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ARA ENTENDER a Teologia da Libertaçllo, a lguns pressupostos sllo neeessârios.
Teo log ia - N oçõo sumá ria Teologia é o estudo de Deus, considerado em Si mesmo e em Suas relações 00111 o homem e demais criaturas. Tal estudo se faz a partir dos dados da Revelaçllo. Isto é, das verdades ensinadas pelo próprio Deus aos homens, e que estão contidas nos livros da Sagrada Escritura e no depósito da Tradição. Atarefados11--ólogosoonsiste cm explicar o conteúdodcssasverdadcsctirardelas todos os desdobramentos doutrinários e conseqüências de ordem prática. Em última amilise, cm expor as verdades que se devem crer (feologia Dogmática) e os man<.la,ucntos quc sc dcvem praticar (fcologia Moral) para se salvar.
''Negação da Fé cristã" Gustavo Antonio Solimeo
Pape l da FIiosofi a Notrabalhodeinvcstigação e exposição das verdades da Fé e dos preceitos da Moral, os teólogos têm de recorre r a métodos, conceitos e terminologia empre.~tados à Filosofia. Ê evidente que o emprego, na elaboraçllo tcológica, de uma lílosofiafalsaconduzincvitavclmcntc ao erro doutrinário, àhcrcsia. Ao longo dos séculos os autorescristãosforamelabo-randouma filosofiaqucfosseinteiramenteapta para exprimir com exatidão as verdades da Fé. Dessa elaboração resultou a chamada Escolõ'l stica, s!ntese do pensamen!O dos folósofos antigos, dos Sam os Padres e dos Doutorcs, retiíicada, sistematizad--.r-iqueçida..pclo.-gêni de São Tomõ'ls de Aquino. Tal filosofia foi declarada pelo Magistério da lgrc-
mt1time111oprocurwr ,foTealogi<11foU~ r1<1çóo
ja como inteiramente confo rme com as verdades reveladas, e adotada a partir de Lc!lo XIII (Enclcliea Actcrni Patris, 1879), para a formação dos futuros sacerdo-
'"· M oderni smo e "Nova Teo log ia " Nos línsdoséculo passado e inicios deste surgiu uma vasta corrente de edesiàsticos (teólogos, exegetas, professores de semin õ'lrio e universidades) e de leigos militantes que se propunha conciliar a Igreja com o es pírito e os erros do mundo moderno. Dai lhe veio o nome de Modernismo. Essa corrente, abandonando a lílosofia iomisia, deu origem a um sistema fil osófico-teológico de fundo racionalista, evolucionista e imanentista. Contra tal sistema o Papa S."lo Pio X lançou uma sérir. dr. importantes doc umentos (Decreto Lamcmabili e Encíclica Pasccodi Dominici Grcgis, ambos de 1907 e Carta Apostólica Notre Charge Apos/o/iquc, 1910) e re· primiu seu fautores por meio de medidas enérgicas. Os mod,·rnis/as recolheram-se então à sombra da clandestinidade. No pontificado de Pio XII essa corrente ressurgi u sob nova forma, conhecida por "Nova Teologia". Esse Papa tomou uma série de medidas disciplinares e publicou vàrios docu111entos condenando as novas doutrinas: en cklicas Mystici Corporis Chris1i (1943), Mediato, Dei (1947) e Humani Generis (1950). Neste último documento Pio XII reprovava o abandono da filosofia tom ista por parte dos novos teólogos: "Enquanto desprezam esta filosofia,exalta1woutras( ... ) de modo que parecem querer insi nuar uetodasasfilosofias ou fcorias ( ... ) podem conciliar-sccornodogmacató lico". E advertia: "Mas
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A foice e a Cnu, ufoiceeomarielo: em nome da religiãua 1'Lprega ocomu11i1mo
nenhum católico pode pôr I olicitar a mensagem cristã. cm dúvida quanto tudo isso E o que sem meias palavras é falso, especialmente quan- nem circunlóquios declarou do se trata de sistemas co- omaisrcpresentativoexpoenmooimanentismo,oidealis- te brasileiro da leologia da mo, o materialismo - ta n- Libertação, Frei Leonardo to histórico como dialélico Boff: "O que propomos não - , ou ainda o existencialis- é teologia dentro do marxismo quando professa o ateis- mo, mas marxismo (ma/criamo ou nega o valor do racio- /ismo hislórico) dentro da tecinio no campo da metafisi- ologia'' (''Jornal do Brasil'', ca" 6/4/80). Tui advertência, porém, A adoção de um sistema não foi suficiente. filosófico materialista e ateu na elaboração teo lógica conMarxismo duz necessariamente a uma Teologia atéia e materialista, na Teologia o que é um absurdo, uma Ao fim do Concílio Vati- contradição nos termos. cano li esses erros proscritos Por conseguinte, a 'Ieolopo r Pio XII renasceriam com gia da Libcrtação, na realidanovo dinamismo e passariam de, não constitui uma teoloa dominar o ambiente teoló- gia mas sim a negação de togico. da e qualquer teologia, de Desprezando a inequívo- qualquer "estudo de Deus". ca advertência do pranteado pontífice, os continuado- O homem no res da Nova Teologia foram lugar de Deus evoluindo gradualmente na adoção dos abcrrames sisteComo se chegou a tal mas modernos, culminando aberração? - corrnraccitação-punre--si >etcrabandoTRniafilos: pies do marxismo, por par- fiatomis1aeprogrcssivaaceite dos teólogos da libcr/iiçilo, 1ação das modernas concepcomo instrumento para ex- ções filosóficas de caráter na10 -
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tura!ista,imanentistaecvolucionista, em cujo centro está o homem. O homem, e não Deus, passou a ser o objeto da indagação teológica. Sendo o homem o centro da nova "teologia", não é na Revelação que se devem buscar os dados para sua elaboração e sim no acontecer humano, na História. A História não é, entretanto,invcstigadanemintcrprctada pelos teólogos da libertação segundo os métodos e leis próprios dessa ciência, mas em conformidade com a ideologia marxista.
oprole1ariadoestariaprornovendo a sua auto-redenção, e, ao mesmo tempo, libertando o opressor de seu egoísmo, consubstanciado na propriedade privada. O homem só será inteiramente libertado - prossegue Marx - quando for abolida a propriedade privada, visto que, em última análise é dela que decorrem todas as desigualdades e estruturas de opressão.
luta de classes, motor da História
Por Sua Paixão e Morte na Cruz o Divino Salvador resgatou o gCOero humano da divida contraída para com a justiça divina pelo pecado original. Tui resgate (em latim redemptio = Redenção) cons1itui uma verdadeira libertação do homem, da tríplice escravidão do demônio, do pecado e da morte eter;r,-coTTTTodas-as-conseqü cias de ordem social, terrena. Ames de tudo, porém, a Redenção constitui uma li-
O marxismo concebe a História como um permanente conflito cntreduasclass,:s antagônica~eirreconciliáveis, os proprietários dos meios de produção e o proletariado. Segundo o autor de O Capital, o proletariado resulta e1rnr:nituai;:ttnle"Oprcss~ , é conseqüência da espoliação deumaclassepalaoutra. Lutando contra essa opressão
Da Redençõo sobrenatural à libertoçoo político
bertação sobrenatural, dom gratuito da misericórdia divina A qual o homem deve associar-se por suas boas obras. Adotando as categorias da ideologia marxista, a Teologia da Liber1ação subsli· tui o conceito de Rcdcm;ilo sobrenatural pelo de /ibcrlação política Com isso, o centro do mistério da Redenção passa a ser ocupado pelo homem e sua práxis (ação) libertadora. Em outros termos, a Teologia da Liber1açi'lo, como o marxismo, faz do homem o seu próprio redentor, ou an1es libertador
f relei111.-a '" """ marxi.1111 da Hibli11, lroneformanda os penonnsenJ JagJ"ada,em lídere1 reoolucioaárw.!
''Releitura'' dialética da Bíblia A partir desse enfoque, as Sagradas Escrituras são submetidas a uma " releitura" dialéticaetodaadoutrina católica reformulada Cristo é apresentado como o "subversivo de Nazaré", um líder popular que foi morto ao tentar sacudir o jugo dos dominadores romanos e dos chefes da Sinagoga. Moisés passa a ser o caudilho político que libertou seu povo da opressão do faraó e o conduziu à lerra Prometida. A Missa deixa de ter seu significado de renovação incruenta do mistério da Cruz,
" Reino'', identificado com o regime socialista.
ÜJ 1eó/ogoa da liber1C1«;0
para simbolizar a celebração das lutas do povo. E assim os demais Sacramentos e toda a Li1urgia. O pecado perde o seu carâ1er de ofensa pessoal a Deus, e adquire uma dimensilo social de cs1rmuras de oprc:ssilo. O mal não consistiria no desrespeito dos Mandamentos pelos homens e sim na existência de desigualdades políticas, sociais. econômicas e até religiosas, consubs1anciadas nas estruturas da sociedade e da própria Igreja.
Igreja popular Atribuído esse caráter messiânico ao povo. jfl n!l.o é do lado aberto do Salvador na Cruz que nasce a Igreja, mas do sofrimento e das lutas desse povo. A Igreja não é mais o Corpo Místico de Cristo; o instrumento por meio do qual Deus distribui Sua Graça; aassembléiadosfiéisreunidos para prestar cullo a Deus, à Santíssima Virgem e aos Santos; o lugar onde os fiéis recebem os Sacramentos e são instruídos na Fé A Igreja passaaseraorganização do povo para a luta li bertadora de Iodas as opressões. Os Bispos não são jâ os Pastores instituídos pelo Divino Pastor para ensinar, goSantidade e vernar e santificar Suas ovepróxls lhas, mas os lideres da luta revolucionórla revolucionâria. Demro dessa dinâmica Como conseqüência, é na luta revol ucionária que igualitâria, a lgreja-que-naso cristão an uncia e profeli- ee-de•povo opõe-se é "Igreja institucional", hierárquiza a mcnsagem evangélica Santo não é aquele que ca, sacra!, e se corporifica cumpre os Mandamentos e cm micro-organismos sem espratica asvirtudes,esimaque• truturas e de relações horileque se engaja na lutapolí- zontais, as Comunidades tica -ou na subversãoeaté Eclesiais de Base - CEBs na insurreição armada, no Desaparece a distinção entre Igreja docente e Igreja disterrorismo e na guerrilha para modi ficar as estruluras ccnie. E a distinção entre da sociedade e implantar o lgrejaCatólicaedemaisigre-
O bitpa segumW II TI.: em vez de /Kl3tor de almn•, lldcr //Olllico-1i1idiA:11/. (1), Mmm.> More/li Jafo
II
grevi.!uu e m uma igreja de Suo /'1rn/a),
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jas ou senas se cva ncscc, em favor do compromisso popular
"N egaçoo da fé da Igreja" São Pio X qualificou o Modernismo de "síntese de todas as he resias". Tal qualificativo be m caberia à cor rente neo -moder nista - a leologia da Libe r-
tação - a qual, " propõe uma intcrprc!ação inovadora do conteúd o da fé e da existência crist ã, interpretação que se afasta graveme nte da fé da Igreja; mais ain da, constitu i uma negação prática dessa fé" (S. Congregaçao para a D ou trina d a Fé, Instruçilo sobre ,1/guns aspectos da 1eo/ogi.1 da Libcnação, 6 de agos to de 1984, V I, 9).
UM DOS GRANDES PROBLEMAS para o comunismo , na América Latina, é a religiosidade do povo, católico naimensamaioria.Essare!igiosidadeeonstituiomaiorohstáeulo para a propagação do comunismo, uma vez que este sistema é totalmente in compatível com a doutrina católica A única maneira de contornar tal obstáculo consiste cm faz.erpassaromarxismosob a capa da religião Esseéograndeservi çoquealeologiadaLibertaçãovem presrnndoaooomunismointernacional Éo que reconhece, agradecida, Moscou. A importante revista comunista russa Problemas de Filosofia trouxe cm seu número de janeiro de 1985 artigo de V M. Pacika, imimlado "Dialética do desenvolvimento social e luta ideológica da 'Teologia da Libertação - Variante latino-americana radical". O artigo traz numerosas citações de teólogos da libertação, em especial do Pe. Gustavo Guticr rcz, provando o caráter marxista da TL Escreveo"camarada" Pacika: "Na luta ideológicaacir radaquesedcsenvo lvcnocontinentelatino-americanoaleologiadaLibertaçãoscinsurgecom criticasàideo!ogiaburgucsa"(leia-scnãocomuni sta) . Nessacritica,segundooautor, a TL inclui "o cristianismo tradicional", que qualifica de "sustentàculodo regimedcopressãoccxploração" A TL - prossegue a revista - "valoriwndo altamen1e a teoria marxisra, estimula o seu estudo e conlribui para a difusiiodomarxis moemlargoscí rculos dapopul açiio". O que o artigo não diz é que tais círculos são refratários à pregação marxista direta, e só se abrem a ela porque vem oontidano invó lu cro rcligioso. lnvólucro,aliás, transparen te, como cinicamente reconhece a revista moscovita: "A própria motivação religiosa às vezes fica só no invólucro verbal" .. Além de propugnar o marxismo, a TL presta outro gran de serviço ao comunismo, talvez o mais importante: combater o anticomunismo. É o que diz o articulista de Problemas de Filosofia: a difusão que a TL faz do marxismo enfraquece "os estereótipos antimarxistas e anticomunistas" e "contribui para a erradicação deles" Não se podia desejar mais de um exército aliado: além de defender as posições do cúmplice, combate as do adversã-
-1----,"~ ·o,~.. _A _TL~'-" _s"~"-"_s d_oi_s s~e,-viç~os~a~ o '~ºm ~'~º'~ sm~o-~..
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(TraduçllodiretadorussoporArnolfoJosefovich,doServi çodeTtadutores da TFP).
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Moscou: TL a grande aliada do comunismo
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TFPs em ação
IJI Sob11U1ow.Jaixaufuo1lu 1.elaTH'urusuaiaauma im/X>rl11nle prnçn de Mon1~,i,!lu,JOCios11 roo,~rmlorei da entfrfode
,fü1ribuem 11e11 manifeswii po1mlaçãa. l\'11 /010 me,wr, sócio.ido e111i1lo.deconudem entrn>iitaaumacadeia de TVnOTte-amcricana
NO URUGUAI
Atuação brilhante da TFP NO BRASIL
Patrulhamento da imprensa
R EALIZOU-SE no Uruguai, no dia - t(rde--abrihilrimO;"-tlm- ple~to- q
manteve a chamada "Lei de Caducidade", mediante a qual se co ncedeu an istia aos militares. Dos eleitores, 52,57"• (vo-
10s amarelos) manifestaram-se a fa vor da man utenção da referida lei e 40, 1) 1/1 (votos verdes) pleitearam a revogação dela. Compar'ecernm às urnas 1.890.200 uruguaios (82 ~, do eleitorado) O tcma~ra de atualidade candente Fa vorecido por uma anistia ampla e irres trita concedida pelo Parlamento uru guaio cm 1985. o terrorismo tupamaro pretendia,casofosserevogadaaquclaki, submeter a julgamento os militares que atuaramnaresistênciaàssuasinvestidas, nasúhimasdét:adas O Parlamento posteriormente esten• deu a anistia também aos militares, me• diuntca chamada "Lei de Caducidade". A esquerda, porém, conseguiu reunir o número necessário de assina1uras para convocar o 1nendonado plebiscito Em manifesto lançado a 2 de março último e difundido amplamente em todo o país, no período que amecedeu 110 plcbiscitoaSociedadeUruguaiade Defesa da Tradição, Família e Propriedade defendeu a manutenção da ''Lei de Caducidade" como imperativo de justiça, dado que, em 1985, o Parlamento uruguaio aprovara ampla e "generosa" lei de anistia para os terroris1as tupamaros. O aspcc10 mais profundo da questão, e que foi re-Jlçado no documenlo da Tf,P fuguaia~nunci:l~gu· te forma 1) O povo estava de acordo com os terroristastupamaros,quede:sejavamas-
cender ao poder e transformar o Uruguai numa Cuba nllo insular, no sul do Continente? 2) Ou os uruguaiosaprovavamadcícsa que as Forças Annadas do país empreenderam, das instituiçõcsedacivilizaçao ocidenrnl, com Vl'Slígios de cristã, existente no Uruguai corno cm toda a América do Sul?
Vigorosa campanha de âmbito nacional Duas caravanas de sócios e coopera- , dores da TFP uru guaia efetuararn brilhante campanha pública nas principais cidadcs do it11crior - a qual depois tarnbém atingiu a capital do país - difundindo milhares de volantes contendo o texto do referido manifesto. Faixas com incisivos dizeres foram afixadas em logradouros públicos, enquanto sócios e cooperadores da entidade pro-clamavam slogans, entremeados por to-ques de trompete. Eis algu ns deles: - "Uruguaio, a TFP te pergunta : se· rá juSIO punir os que em pregaram a violência para le defender do comunis mo, c..absolvCLO!LQuc_a___u=""-'""'-"'------l-subjugaraele? Não cometas essa injustiça, confirma com o teu voto a ' Lei de Caducidade'!" CAT O LIC I SMO MA IO 1989 -
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TFPs em ação - "Processar os militares depois de anistiar os tupamaros é uma injustiça. Fazê-lo quando a guerrilha renasce no Co ntinente, é suicídio". Através da difusão do manifesto e pelo próprio valor simbólico de sua presença e atuação na rua, alUação e presença que são sempre ideológicas, a TFP uruguaia ajudou a opinião pública a discernir o verdadeiro conteúdo ideológico da
pergunta plebiscitária.
Nessascondições,aquelaentidade,como foi reconhecido por todos os uru-
gua ios, constituiu um fator preponderante da vitória no pie biseito, o qual manteve a anist ia dos militares. A prova do realce obtido pela atuação da
vistas. Quotidianos de grande ti ragem de São Paulo e Rio chegaram ao ponto de estampar fotos de faixas afixadas nas ruas de Montcvidéu, cm algum as das quais figuravam, de modo bem visível, as letras TFP. Entretanto, as legendas dessas fo tos e o resta nte da matéria jornalística sileociavam inexpli cavelmente acampanhapromovidapelaentidade,cuja importânciac porteatraiam aateoção de grandes cadeias de rádio e TV, bem como de prestigiosos diários da AméricadoNortccdcvárias naçõcseuropéias ... Convém not ar que o tema TFP não
tit uiu dos fatores mais relevantes para a vitória de cuoho antiterrorista e anti-esquerd ista do plebiscito de 16de abr il "Alguém poderia imaginar o que teria sucedido ao Urugu ai sc os tupamaros triu n fado?" - indaga o docu-
~:~tim
''Tulvcz os cérebros do Terror tivessem experimentado aqui a sa nha genoc ida e triba l do Khm er Rouge cambodgeano, que transformou o infclil pais asiático num grande campo de concent ração. " Para livrar- no s desse terrorismo, militar_cs e policiais tivera m o dever de vigiar, repr imir e derro tara subvcrsãotupamaro-comunista, tiveram que assumir o poder e instaurar um regime de exceção, entregando em seguida o poder aos ''Sobre os prcsumíveis excessos repress1vos foi aprovada a Lei de Caducidade. làl atitud e tem numerosos
TFP do pais vizinho paprecedentes históricos. !en teia-se, com evidênDepois da 1[ Guerra eia solar, med iante o Mundial, por exemplo, empenho com que granos Aliados - aos quais dcs órgãos de comu nicadevemos o haver libertação social do Uruguai do todo o Ocidente da edosmaisvariadospaditadura brutal e anti lses solici taram aos diricrista do nazismo gen tes daquela associanão sofreram nenhum ção ent revistas e declaprocesso pelos excessos rações sobre o plcbiscique por certo cometeto, a respeito da at uaram.Ainda hoje,passação da TFP, por ocados mais de quarenta siãodaconsulta plcbisanos, quando as paicitária xõcs estão praticamenA campanha emprcte exumas e os princiendida pela entidade pa1sprotagonistasmorfoi noticiada por nove ~ tos, as potências Aliacanais de televisão, dez das não dão publicidadiários ou semanários C ,ivm1m'e &óc·o, e e , rmlore,' TJ·, urugua·fl J>en:orrernm o ·,ucr"' de à documentação ofie quarenta e dois rã- paí5 divulgando o mm,lfe•W ,/ti e,uidmle afmx,r du ' "Lei de Cm/ucid1Ule" eia] comprometedora dios uruguaios ( ... ) Foram concedidas entrevistas a cin- deixa de causar interesse a tais órgãos " ! louve um cnfrentamcnt o armado co cadeias de TV, duas cadeias de rád io, de im prensa. Tunto isso é verdade que entre duas forças opostas. Uma - asubtodas de porte, e cinco grandes diários uma rusga insignificante entre entusias- versão dos tupamaros - quis impor-nos do Exte ri or. Dentre esses órgãos desta- tas e detratores da TFP, à saída de uma asangucefogoum rcgimeintrinsccamencam-se a cadeia nort e-americana de TV , Missa na Catedral Mclquita, em São Pau- te perverso, o comunismo. A outra, cuma NBC, e os diários "Ncw York Times" lo, meses atrás, deu origem a noti ciário prindo o seu dever, a ela se opõs, assim e "Washi nglon Post" espalhafatoso em quotidianos de grande defe ndendo da tiran ia marxista o pais, Tudo isso não obstante, os ó rgãos tiragem dessa capital. Embora a rusga te- suas instituições e seus habitantes. Amde com un icação social brasileiros prima- nha durado tão-só urn minuto, segundo bas co meteram violência. Só que a subram tam bém desta vez pela omissão e reconheceu um dos referidos jornais, não versiva é, em si mesma c cm seus fins, inaparcntcdcsinteresseem noticiar essa atu a- tendo ela produzido outros inconvenien- trinsecamentc perversa. A outra é conde ção . Nenhum desses órgãos, com a exce- tes senão desarranjar algumas gravatas... nável em seus excessos, mas de si natu· ção de um quotidiano gaúcho, proc urou ral e elogiável. a TFP uruguaia para pedir qua lquer de· "Ante ta l situação, a pergunt a sobre claração. E, que saibamos, nenhum órQ ÍnCÍSiVO manifesto a derrogação da Lei de Caducidade secogão nacional, excetuado o mencionado loca assim: Poderemos os uruguaios exi-
diário sut-riograndense, cm s'="::..: '"=-"="=iá---'--'d"'a"----" T--"F--"P----" u-'-' ru,,.,,u,.,,a,,,ia,,___ ~'-''"'' "-' " ='"'"-'1iç"' 'º'-'d=º'-" "'=iti"' ,"c;c " cc ' "" po"" 1ic=iai"'·.c: " ' ''-· __ -----riõs,~fêi'ênciãã campan a pois e aver consenll o que se amst 1e da TFP uruguaia, embora grandes diáParece-nos oportuno destacar ainda se us inimigos, os sediciosos, contra os rios brasileiros tenham publicado sobre algunstópicosmaissignificativosdomcn- qua is eles nos defenderam? Eviden teme no tema extensas matérias e mesmo entre- cionado documento, queccrtamenle cons- te não". 14 -
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O "invencível campeão deJesus Cristo' ',
Ca1mdoliuro da lrmã Maria ,lo
e rmowbrea , · ·
deSiit> Fermmdo deCmlela, editarlo/lela "Foundaiionfora
CivS/;::;~::: • •...;,./"-•_.;;; _
SAO FERNANDO DE CASTELA
e
OMEMORA-SE no dia 30 de maio a festa de um verdadeiro protótipo <lc rei e guerreiro, elevado à honra dos altares, e uma das maiores glórias da Espanha. Seu corpo, até hoje incorrupto, ve nera-se na majes· tosa catedral de Sevilha, obra-prima do gótico capanho! Nascido cm 1198, filho de Afonso I X, rei de Leão, e de Berengucla de Castela, irmã de Branca, rainha de Fran· ça e mãe de São Luís, Fernando Ili realizou intei ramente o pla no a el e n: vcla<lo por Nosso Se n hor Jesus Cristo, na no 'tc ' v"gT d ,. :nas 9uc ~ p·1ra !Or .. a · ·av 'c"ro
Na ocasião, Nosso Senhor lh1: <füS1::
"C: ro':rdct", paa•,• ·'a · r,1c·,, unnrcprcsc nr ção e p;,rábola maravilhosa, a lim de que os .séculos futuros possam con· m;' ·1 i,,u:: 1uc F 11, R · cr ··no e Senhor un·vcrs ' , movo contra os po<lcr d ·1s trevas, com o objct"vo de conquistar toda a terra para meu Pai".(") Logo após ter si<lo armado cava leiro, fez o seguinte juramento: "Eu, Fernando, rei <le Castela, juro a Deus TodoPoderoso que morre." se ne'ir"o para d ~ der Sua': . ta Lei e meu p;iís"(p. 68) São Fernando promoveu uma guerra sem quaricl c0111ra os mouros que dom·navam ,;. ,de p·,rtc'o tcrr -t'r'c· ,i·,nhol. Foi ele quem deu o impulso dcdsivo para a vitória completa da Rcccmquista, que se daria somente cm 1492 , quando Fernando de Aragão e Isabel dominaram Granada, co locando o pon to term inal numa gloriosa luta que se prolongara por mais de oitocentos anos
O FOTOLITO DO PRESENTE PARA O FUTURO
Al'mh gue, :ont , os, Tit· is, ~51 r•rnando preocupava-se com os ma lefícios produzidos pelos herege s Presidia tribunais dos quais faziam parte bispos e sábios, para_iulgar aqueles que falseavam a doutrina católica,colocando cm risco a Igreja e o Estado Algumas vezes, após o julgamento que culminava na condenação à morte d,; um réu, de mesmo . co m as próprias m -os , levava lenha ira ar ulle·ra cm que ·a pun"do o culp·1do. Ass·m, o samo monarca externava seu'· 1 preservar a Igreja e a sociedade temporal da ação dcletéria dis,cmi11ada pelas heresias Após ter conquistado Córdoba, qu<: estava cm poder dos "nfi'"s h·' 5~• os, s-o Fernando tran,r nou "l mc squ"ta cm catedral. Obr"g I os muçulmanm arreg·,rcm, até Santiago d e Campostéh1, os sinos que pertenciam a es sa cidade. 11oi urna rqmração ao qu e o sultão Al·Mansur fi n do· s 'cu!os a nt<:s, obr"gan<lo os ntó l"cos a'· a ·cm·hrc os ombros os mesmos sinos, de sde Santiago de Compos tela até a cidade de Córdoba Em Córdoba, São Fernando estabeleceu sua co rte e ali fez o voto de não voltar a Castda, enquanto não n :conquistassc todo., os territórios dominado s pelos mouros El<: pessoalmente dir igia as gu,:rras, levando sem pre no arção da sela de seu cavalo urna imagem da Virgem das Batalhas DurantcoccrcodeScvilha, qucdemorou<lczesscisrncscs, os muçulmanos l' :rama s~o ,., ido um 1<.:rço da cidade. O santo não aceitou a 1iroposta, e os infiéis lhe prome teram a metada de cidade. Recusando esta última oferta, disse: "As vi tórias prometidas por Deus não são me ias vitó rias"(p. 253). Numa revelação, Santo Isidoro de Sevi lha lhe prometera a tomada de Sevilha Preparnndo novas investidas co ntra os mouros , São Fcr1nn<lovc·o 'Vccerna"dadc dc53anos ,t· ssa mcsrn·1 c· d·ldc Em lm' JUC, :vcnrn, P·,,: :ontem1x A :os c hamavam-no de "nosso querido filho, o ilustre Rei de Castela, inve ncível carn 1>Cão de jesus Cristo"(p. 214) Em 1671, o Papa Clemente X o canonizou
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AH! ADEMAGOGIA REVOLUCIONÁRIA ... AFIGURE-SE, leitor, a seguinte sit uação pungente Um sexagenário que, desde a infância, tem um dos rins inutilizados e, de repente, vê-se acometido de forte nefrite no único rim cm funcionamento. A moléstia agrava-se celeremente aca rretando acentuada urcmia, que sujeita o paciente a mais de urna hemodiálc~e. Os médicos consultados lhe dão apenas 60 dias de vida. Abatido e deprimido, o doe nte recorre à sua vasta parc111ela na es(X'rança de conseguir a doação do imprescindível rim de que dependia sua salvação. Aquela, entretanto, nilo lhe veio cm socorro, pois cada qual se acovardava diante da perspectiva da doação. O sexagenário, pcrrencentc a destacada familia de numerosos e prósperos fazendeiros do Pontal do Paranapancma, em São Paulo - pois esta
hist"6ria é real, leitor ... - dcfromando-se cada vez mais com a morre dirige-se à sua fazenda para tra!ilr da divis!lo das 1crras entre seus filhos. Ali chegando, tem uma forte crise, que redunda em desmaio. O fazen deiro ~ prontamente socorrido por um casal de colonos. Refeito, a esposa do lrabalhador rural indaga o por quê de tanto abatimento. Estabelt.-cesc, ent11o, o seguinte diálogo ent re pat r!lo e empregados: Pmr!lo: "Estou nos bordos de um buraco, diante da seguinte aherna1iva: ou alguém me puxa, ou cu caio nele. Estou condenado à morte e ninguém quis me ajudar". E o propriet:irio passa a narrar cm detalhes a história de sua moléstia Espos,1 do colono: "Sr. X. , pois saiba que o senhor 11110 vai morrer por causa de u111 rim. Vou doá-lo ao senhor", diz compadecida e em tom veemente. Pn1nlo: "N11o posso aceitar isso, sem o consentimento de seu marido". Co/0110: "Sr. X., se ela n!lo doar, doo cu, e se meus rins n11o servirem, meu filho de IS anos vai doar para o senhor. Se n11o, vou procurar entre meus parentes quem doe, mas o senhor 11110 vai morrer, sr. X!"
O escada clinico do doente !Ornava-se cada vez mais critico. Conseguido o rim da esposa do colono para o transplante, feitos os exames percincntcs, dos quais se constatou 99% de probabilidade de a operação ser coroada de êxito, o paciente 1em ainda forte crise sendo internado numa UTI em Presidente Prudente para nova hemodiálcse, com sérios riscos de urn desfecho fatal para sua vida Entretanto, efetua-se o transplante e j:i hã um :mo o fa1.cndciro seitagenãrio vem se reslabclccendo paulatinamente de sua enfermidade. Assim , o patrtio é resgatado das fauccs da morte devido à dedicaçtio de um empregado. Quanto todo esse episódio destoa de certa demagogia revolucionária cm ~'::;"~r~i~;t~in~:s~'.ª!c c~:ts:s~~~/~:;i:s~~;~~ir-se com as pala-
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BLASFÊMIA EM JOÃO PESSOA
E ~cs~;a~~~i~~: ~~ i:r;~~~ 1
foi exposto um pa inel que, de modo imoral e blas femo, representa Nosso Senhor Jesus C risto. A fi gura. no estilo de "arte" moderna, mostra um ente crucificado, com órg11os genitais masculinos expostos, e ademais com seios. Esse atentado, ultrajante ao espírito católico e ao senso artístico, causou profundo mal-estar à população daquela cidade, tendo a Cíl mara Mu nicipal aprovado requerimento que solicitava ao Prefci10 de João Pessoa fosse retirado da praça o nefando poster. Que um "artista" moderno tenha desenhado tal figu ra não espanta. O que causa pasmo é a Prefeitura tê-la prestigiado , expondo-a cm lugar tão central, como é o parque Solon de Lucena (Lagoa). Mas o mais pcrplcxitante é que O Arcebispo de J oão Pessoa, de quem deveria provir O mais categórico protesto ante o insólito acontecimen1o e condenação dessa gravíssima blas fêmia, tenha indirctamente justificado o painel, dizcndo não ver nenhuma maldade no artista, o qual, segundo D. José Maria Pires, "retratou a sua visão de Cristo".
Apresentar Cristo de mavras de um famoso igualitário do século passado, que descreveu a organi· ncira andrógina, cumpre acrcszação das classes sociais de seu tempo como uma "cascata de desprezos" ccntar, é uma forma de gnoOu seja, cada superior desprezaria os inferiores. E cada inferior odiaria se, heresia diversas vezes conseu superior. dcnada pela Igreja, o que um -M.ir,6.:temagogir,-coi110-met1t~l-.- - - - - - - ---l+I--A<cebispo_clcxeria..sabcL___ _ Luiz Carlos Azevedo P _ F. M.
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~
ENTROdeseuobjeti-
vo de con.JUniscizar
osestudantes,a"Pro· posta Curricular para o Ensino de História 1° grau", da Secretaria de Educaç;lo do Estado de São Paulo, a respeito da qual já tecemos em "CATOLIC ISMO'' vários comentários (1), procurajustificaraviolência, o roubo, o assassinato, e até sugera que se modifique a própria noção de crime
Violência Eis o que afirma o Anexo I da Proposta a respeito da legitimidade da violência contratodaautoridade,rnesmo dentro da familia. "Se, numa situação de greve, o pesquisador tiver um único critério para conceituar a violência, vai colocar em pé de igualdade a violência do grevista com a da repressão, quando, na realidade, o critério deveria ser o da legitimidade da violência. A partir dai, torna-se possível perceber que cada uma dessas violCncias tem uma natureza diferente( ... ) Se o eriterio é de considerar a violcncia, toda vez que se prive alguém do seu papel desujeito,todaformadedo-
(
minação passa a ser violência , desde( ... ) o autoritarismo familiar, até a violCncia legal,inclusivedapolícia(2) Assim, quando se exerce autoridadepratica-sevio[Cncia, porque se ''priva alguém do seu papel de sujeito", E portanto pode-se resistir,
mina!idade e a violência urbanas", e que se discutam questões como "drogas( ... ), prostituição ( ... ), con fina mento dos 'loucos' nos hospícios( ... ), siscerna carcerário etc." (3) É uma tendência para a completa inversão da ordem:
''Aspráticasligadasàvadiagem, ao roubo e ao assassinato, comuns entre ostrabalhadores brasileiros pelo menos até o século XIX, foram concebidas antes como en<lcmias e degradação social do que como sendo portadoras de um papel impor-
No ensino de 1 ~ grau:
Apologia política do crime também pela violência. Éoigualitarismornaisradical e mais fanático para tentar justificara revoltacaracteristicada lutadeclasses.
Criminalidade "loucos" Citando "o crescimento urbano não acompanhado pela expansão e democratização dos serviços, pela participação popular", a Proposta pede que se estudem "problemas derivados da· exclusão socia.[, envolvendo a cri-
o cnmmoso passana a ser vitima, e a causadora dos crimes seria a sociedade (capitalista) que promove injus1amente a "exclusão social" A Proposta procura coligar todos os bandidos e tarados numa frente única com as forças trabalhadoras É estranho que a palavra "loucos" esteja entre aspas notex1ooficiaL Parece estar aqui insinuada a absurda teoria - ca<la vez mais <lifun<lida - de que os confinados nos hospícios não seriam loucos, mas sim portadores de mensagens iluminadas. Nós outros, talvez sim, seríamos os loucos.
Até o assassinato é justificado Em seu Anexo 3, diz a Proposta·
tame em termos de auco·organização desses segmentos contra todas as formas de opressão capitalista" (4) Trata-se, portanto, da apo logia pOlitica do crime! Ademais,essaquaseidentificação dos trab-alhadorcs com os ladrões e assassinos, além de injusta é tendenciosa
Repensar o Direito positivo Continua o Anexo 3 "A recuperação da dimensão internacional e multifacctária das lutas sociais no rnundo do trabalho e sua repercussão na formação de uma tradição de resisténcia do trabalhador brasileiro contra a opressão capitalista permitem repensar certas práticas sociais consideradas pelo direito positivo como cri-
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mes, mas que na verdade
constituíram-se em elementos reveladores de uma co nsciência política (ainda que muitas vezes fragmentária e ambígua) do trabalhador co ntra formas opressivas que lhe foram sendo hi srnricamcntc impostas." (5) Assim como os progressista s querem a "re-Jcitura" do Evangelho, os propugnadores do novo currículo de História desejam ''repensar'' o Direito positivo. O objetivo é o mesmo: adapcar a Religião e a História ao marxis-
Noçõo que se
evanesce Háalgu nsanosat rás,essa Propos ta Curricula r revolucionária provocaria indignação e os mais categóricos pro testos de pais, professores e associações civis e relígiosas relacionadas com o en-
mo.
Por que hoj e qua se nenhum protesto se leva nta? Thlvcz seja porque a noção da importância capital da educação de uma criança se está evancsccndo. Paulo Francisco Martos
Não deixa de ser curioso notar que os inimigos da tradi ção católica defendem entre1an to umasuposta "tradição de resistê ncia do trabalhado r" contra o capitalismo. Para eles, só o capitali smo é o pressor; quanto à esc ravização efet uada pelo comumsmo em tantos povos, ne nhuma m enção é feita.
NOTAS (l)''Catolicismo''n ºs.445, 446, 448e455,respectivamenledejanciro, fevere iro, abril enovembrode 1988 (2) "Proposta Curricular para o Ensino de História - 1° grau", lmprensaOíicialdoEstado S.A. - IM ES P, J • edição preliminar, 1986,p.3 1. (3)ldem,p.27. (4)e(5)ldem,p.37.
São l'aulo, /983. Agitadores roubam calçados de uma loja tlef'redada. Pouco depois estoriam invarli111lo supermercad03
g~ALCADos í ~->,.c___>J..._~i I
Escrevem os leitores AluisiuMareosdeAlmcida, Campos OU): É com muita satisfação que me d irijo a V.Sa parae11ternar-lhcagraticlãoe parabenizã-lopelom agnííicoa rtigo sobre o Santo Sudário de Turim, publicado no nº 457, dejancirode 1989.Éumverdadciro desagravo a Nosso Senhor Jesus Cristo. Nesta hora tão grave, em que "o sal não salga",istoé,cmqueaprópria Hierarquiaeclesiásticafoim in gidapcloserros modernos, em quca"fumaçadeSata náspene irou na Sa nta Igreja", CATOLI CISMO continua inabalável, comoinexpugnávcltorre,imbatível, defendcndo a cidadc do Bemcomaltaneriacsemtcmor. Luiz lto~rto Pereira, Siio Caclano do Sul (SP): É de hã muito que os leio e admiro es1a1radicionalrevista( ... )Enão faço ass inatura por obrigação, mas sim por prazer, pois gosto dos temas abordados e também adm iro muito o Sr. Dr. Plínio e a TFP Alel<andrc llainaski, Sanlo AnloniodaPlatina(l'R):Venho por meio desta pedir assinalU rasparaasseguintespessoas(seguem4nomeserespectivosen dereços, e a qua ntia de NCzS 72,00) .
Nota da Rcdaçiio: Estemissívista nos dá um el<emploconcreto de zelo apostólico. como estírnuloaoutrosleitores:4asDeniseMariadeMaUosLo· ves, Nali~idade (RJ): O n" 457, dejaneiro/89,entrcoutrostemas, trata de um especialmente caro à alma católica: o San to Sudário de Turim. Com riqueza de informações e uma
daSíndone( . .. ) foi muito feliz a abordagem do tema, numa hora em que o no ticiã rio naciona l e internaciona l não poupou csforços para tornarpúblicoo rcsu ltadodo testeaqucfoisubmetido o Sudário, através do Ca rbono 14 ( ... ). Artigos com essaforçadea rgumcntaçiio irrcfutável porpartedosdetratores - enobrecem esta revista que sempre foi a paladina das "verdades esquecidas" Marco Aurelio Trali, Pirnci• caba (SP): Tive oportunidade delerumexemplardcstarevista,emcinteresscípeloseuoonteúdo. Ficariaagradecidoderecebe rinfo rmaçõcssobrc a assinatura Henrique Fernandes F.nsa, S>ioLourenço(MG):Venhosen sibilizadoagradccerocnvioda revista CATO LI C ISMO, dando inicio à assinaturadadita revista,delciluratãoprofundae tão ap reciada.Es to u enviando o cheque{ ... )complcmcn1ando assim, para mais um ano Adeliat·ercs Saad, D mpos (RJ): Há uma dezena de anos que sou leitora de CATOLICISMO e mu ito me tenho cmpe11hado, em minha cidade, pe!adivulgaçlloda mesma, agora cm formaderevistabcmilustrada, comtemasvariados( ... )Nãovejooutramelhorrevistaemnosso país; tem tudo para uma familia cristã se deliciar na leitura, ajudando na boa formação dos jovens Noladp Redação; O empenho na divulgação da revista é o mclho r simornadequesegostadcla. Parabéns Cla rice Pinlo da Sil~a, São
a.ila-hi~ograwu,c.aruculi,J~-fildO~ · C,,,,,m~osWS~l'~,E~"~" ~ " -~ coloca o leitor numa clave em que ele pode vislumbrar as multiformes mavarilhas da Sagra-
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vista me imcressa e gostaria de saber sobre o preço, como consegui-la ..
f
;se;~;;;, i~":~";;od:;;;; sinos Q
EIS HORAS da tarA nobre tran-
se reunisse ele para a cclebraçâo; concedei, nós Vô-
l_j de.
?e~~ii:i:1e: ::i:~: dão dos cam~s. Um ti~:~)~ c~;,ue::!a~g~~=: se o tilintar do Ange/us,
~os~~\~aa~~sp:~eac:~
cre-
--·-- ,._
santa Igreja, em atenção
:a:i?li~:d:u;iliª~:pr:;j~ Santo. E através do seu to-
amortecido pela distância J:: a voz cristalina e materia] da Igreja, que convida para a oração" (" Ambientes, Costumes, Civili-
que e do seu som, sejam os fiéis convidados para a santa Igreja e para a felicidade celeste. E <1 uando sua melodia soar aos ouvi-
1951). Assim inicia o Prof.
longe sejam repelidas todas as insídias do inimi-
:i~s~·~ t ~;~~~~ct~
i:~ dJ:&.,~~~ ~et!~ ;::~
~~i;iom~;~~t~aded~~~~
da obra-prima de M,llet, "O Angelus", que reproduzimos nesla página . Destacamos a poética afirmação de que o som dos sinos é a voz cristalina da Igreja. Poesia no melhor sentido do termo, pois decorre ela da explicitação, cheia de beleza, de uma verdade profunda. Antigamente, toda a vida católica, nos campos 1 ~ua ~;;c%d~':~1:':a ~:o~:,u:i:~t:;~:; rentes ocasiões que se apresentavam para os homens
r:~t:t: J':
~~s:~~~,!
:-a~~'::'e :;~~=ru~~;~ta~ r:~=~a~ ~~u: repica nobremente, como a apressar os fiéis; ele é festivo ao anunciar um batizado ou um casamento; é profundamente triste ao dobrar finados; é solene para a coroação de um Rei. O sino estava intensamente ligado ao pu lsar da vida da Igreja, e de tal modo, que se transformou num elemento integrante da tradição c.itólica. Seu som, grave e plangente ou cristalino e alegre, é também exordstico, pois empurra para longe os demônios dos ares e leva paz às almas atormentadas pelo inimigo dos homens. Por todas essas razões, a Igreja, em sua sabedoria, instituiu outrora uma bênção especial para os sinos, a qual se encontra no Ritual Romano. Dentre as orações, cheias de beleza e significado, que o sacerdote deve rezar por ocasião dessa bênção, salientamos a que segue.
" Deus, que pelo bem-aventurado Moisés, legislador e servo vosso, ordenastes se fizessem trombetas de prata, as quais, tocadas pelos sacerdotes no
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s uavizada a fúria dos trovões, e pelo poder de vossa dextra sejam prostra~as por terra as potest·ades do ar; de modo que, ouvmdo este sino, estremeçam e fujam ante o santo estandarte da Cruz nele gravado ... "Aspcrgi, Senhor, este sino, com o orvalho do ~:i~~~~ ~~~t~rft~ {t;ej:oc~~:i~~ie:~:!u~~is~ tão, aterrorizada a milícia adversa, revigorado no Senhor o vosso povo por Ele convocado; e, como que
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: tt~!~ i;~:~:~r~C:a°:s"t~~l: s!~i~a um cordeirinho em holocausto ao Rei do eterno império, o rumor dos ventos repeliu a tu rba inimiga, assim também, enquanto o som deste sino percorrer as nuvens, as mãos dos anjos conservem o grêmio de vossa Igreja e as virtudes dos fiéis, e a protC(ão eterna lhes salve as almas e os corpos".
3
r:,;:r:
cret!'::íd~ t~dC:~;t;!bi;~t~ e~f~~~~~~ pelará o Episcopado por causa "do incessante ruído provocado pelo toque matinal de numerosos sinos de igrejas", na capital ('.'Diário de Pernambuco", 1-12-88). O autor da maténa, Waldimir Maia Leite, comenta: "é de estranhar que, com tantos outros sérios problemas ambientais, haja essa preocupação, em Lisboa, em relação aos sinos, aos sons musicais das igrejas. Pois os sinos não tocam. Eles falam. A linguagem da religiosidade". Portanto, não é só aos demônios dos ares que os sinos incomodam. É também ao S1.'Cretário de Estao o m 1cne,em o uga .. C. A.
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REVOLUÇÃO FRANCESA:
ta mo le de concreto e vidro, quatro vezes o Arco do Triunfo de Napolc.'.lo, abriga rá a Fundação dos Direitos do Homem. Na direção les te de Paris, exata ment e no local onde se encomrava a Bas1ilha, Mittcrrand mandou edificar o Tea1ro da Ópera. "Esta ópera da Bastilha pretende ser 11m projeto de esq11erdu, mas na realidade é 11111 111on11me,110 fú nebre à Revoluçtlo' ', comentou o analista polí1ico Jean 13audrillard (2). Nas comemorações do bicentenMio.
Entre a Liberdade" eaGuilhotina, N 11
ADA FA LTARÁ no feslim CO• 111emorativo da Revolução Francesa, a qual neste ano celebra seu bicentenário. As empresas comerciais e o Governo socialista fra ncês oferecem de tudo; barretes frigios e "cocardes", ro upas em estilo revolucionârio ''sans-<:ulone'' ,calcndários rcpublicanos e att preserva tivos sexuais com motivos de 1789 ... Para auimar este festival, os socialistas gastara m nada menos do qu e 1,3 bilhão de dólares ( 1) na consirução de três obras, uma delas rea lmente faraônica: a "pirâmide de vidro", construida na entrada do muse u do Louvre. O Moloch arq uitetônico, verdadeiro aten1ado ao bom gosto francês, destoa
de modo aberrante do antigo palácio dos reis d a França e de seus belos jardins, cenário de acon tecimentos dra máticos d urante a Revolução. No topo da colina de La Défense, seg uindo a monumental perspectiva da aven ida Champs Etisêc, foi construi do outro pesadelo: um edifício de 72 andares em forma de cubo vazado. Esl'ian fandoaán...,..., da
liberdade, que Mo amarg0$frulw lraria1,u.ra a Franra e Q1111111,fo. l foje, o nn:i.!i,m i.!mo l, iJtóriw - cuja figura uponv.cial o! 1-N.lns,ois Furel(/olomeno.-) - pre1en<leJe111m,ru árvon, a~~ u, fn,tos!
a imagem e o espetáculo dominam sobre o significado ideológico do event o. O pllblico está sendo convidado a participa r co mo ator em peças teatrais chamadas ''exposiçôes lútlicus interativas''. Em julho próximo, haverá no Tea1ro da Ópera umaenccnação daqu edada Bastilha. Cada assiste nt e poder á tomar parte no "assalto" a um gra nde molde da controve rt ida p r isão e levar co mo bri nde, não as cabeças decapitadas de se us defensores, corno cm 1789, mas um propagand istico ladrilho tricolor com as insc rições "Liberdade, lgual<lade, Fralernidude''.
FrutQs amargos da "Arvore da liberdade" Nl'toobstanteoscsforços dos socialistas para tra nsformar o bicen tenário numa co memo ração a-ideológica, uma pergu nta assaz incômoda permanccc no espirito de incontáveis franceses: o que seestácelebrando?AR cvolução? Mas essa mesma Revolução derrubou a Bastilha e inventou a guilhotina! O poder que proclamo u os '' Di re itos do Cidad l'to" deu inicio ao Terror, período c 111 que-mililares-d&-homcn,.---mulh ercs c cria nças foram brutalmente massacrados. Após cer decretado a li-
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berdade h.,.iosa. ~ · :~volução desencadeou uma das mais terríveis perseguições à Igreja Católica, só comparável, talvez, com a dos tempos de Nero e Diocleciano. Embora o dístico do bicentenário apresente três pombinhas, slmbolo da paz, sabe-se que pelo menos 1,3 milhão de franceses pereceram nas guerras da Revolução e do Império t' ..
(3).
Um canal da televisão francesa levou ao ar um programa sobre o processo de Luis XV I. Depois da encenação
lha , mas uma enlutada missa de "requiem". A memória t rágica dos 117 mil vandeanos, martirizados com requintes de crueldade por sua fidelidade à Religião e ao Rei, clamaria à cons· ciência francesa em protesto cont ra uma operação de extermínio, o "genod dio franco-francês", decretado pela Convenção Nacional, em 1793 e q ue prosseguiu até 1795 (5). Para se contornar ta l objeção, sem propriamente respondê-la, crio u-se artificialmente uma "interpretação ('Onsen-
odrama do Bicentenário do julgamento, os 1elespec1adores pude- suai' ' da Revol ução. ''O Terror e avio- roso no Cardeal francês Paul Poupard, ram, como jurados, dar seu "veredic- lência nlJo fazem parte dela", afirmam Presidente do Pontificio Conselho pato" pelo telefone. Valeu a pena decapi- os idealizadores dessa nova hermenêu· ra a Cultura: "O bicentenário celebra tar aquele descendente de São Luís? tica. Esses crimes constituem um "des- 1789 e nOo 1793; celebra a liberdade e O resultado foi surpreendente: dos 116 vio", uma "traiçdo" aos prindpios nOo o "Terror, os Direi/os do Homem mil ouvintes que se manifestaram, 72,5% de liberdade e fraternidade. Entre a e nOo sua violaçdo. Um dos méritos votaram contra a mone do rei! magnifica "alvorada da democracia" do bicentenário é desmitificar a separaDesiludido, o jornalista Alain Duha- e a ditad ura sangrenta de Robespierre çDo maniqueísta, até agora predominanmel declarou: "As comemoraçôes do não hã ligação possível, dizem eles. te, entre revolucionários e contra-revobicentenário voo reCordar a todos que Tui im postação tem um partidário ardo- lucionários, entre inimigos e amigos em 1789 a França era uma grandà liberdade. Nilo se trata de celede NaçOo, a primeira potência brar uns contra os outros, mas O "sans-cu/olte", çam a bamlcira 1ricolor,f1gura 1/piw da Europa, o país farol, um cadi- 1/a lfovaluç/io ~·,,.,,ce,a. A empáfia que M /)(J(le 1fücernir uns com os outros" (6). Ou seja, nho cultural e intelectual ... O ,w pcrw1wgem é um preaúncio dos crimes da llevo/u. deve-se celebrar ecumenicamente que ela é hoje? Quanto mais ção, ;w co 11lnlria do que procuram fazer crer os 11000< uma Revolução por excelência brilhan1e for o aniversário de hislorimlore, ne11e bicen1enária. não-ecumênica ... 1789, mais ele alimentará as saudades ... "(4). François Furet, A ''árvore da liberdade' ', planlíder do consenso tada a 14 de julho, cm lugar dos beneficios prometidos, gero u fruUm dos primeiros historiadotos amargos impregnados do res a atacar a1ese de que a Revoodor de sangue da guilhot ina ... lução constituiu um movimen10 único foi o egresso do Partido CoEcumenismo munista francês, François Furei. nas celebrações Em seu livro sobre a Revolução, publicado em 1964, o ex-membro Do ponto de vista histórico, da "CélulaSaim-Just" contestou, os que são favoráveis à Revolunum ato então de "rebeldia", ção Francesa vêem levantar-se os pontifices marxistas da Sorboncontra ela, logo à primeira vista, nc que aceitam a "positividade" uma tremenda objeção; se a Revodo Turror, sem o qual a Revolulução é um bloco, isto é, um mo· ção não teria sido vitoriosa. vimento único que vai de 1789 a Furet dháde o período revo lu1815, com a queda de Napoleão, cionário em dois: o primeiro, de seria bem diflcil desembaraçar1789 a 1790, marca o advento se de seus "aspectos negativos". da "democracia". O segundo, a A lembrança das 600 mil vitimas que ele chama de "derrapagem 179 da Revolução", compreende o 0
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aquele que o atual Cardeal de Paris, Mons. Lustiger, celebrará no aniversário da queda da Basti-
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qual, todo aquele que não procurava aparecer como revolucionário ardente, podia ipso facto ser CATO LI CISMO MA IO 1989 -
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considerado suspeilo, conduzido a prisao efreqiien1emen1e mono) e aguilholina. "Pode-se negar q11e nessa imensa ecloslJo de liberalismo, q11e domina a França entre 1750 e 1850, o Terror nllo foi se11lJo um breve parêntese e uma con1ra-corre11te? Pretender q11e ele foi necessário para Jazer triunfar a Revofuçbo liberal é próprio a uma metaflsica finalista, nDo d História" (7). Com François Furet, ex-presidente da "Éco[c des Ha u1 es f.:rndes" e atual d iretor do Instituto Raymon Aron, nasceu a corrente do "revisionismo crilico e reinterpretaçDo da Revoluçlio Francesa".
uma h istoriografia sob medida Olvidada em seus primórdios pelas tubas da propaganda, a "escola revisionista" adq uiriu râpida notoriedade a partir de 1983, quando o socialismo de Mitterrand, aplicando a poHtica de coabitação com o centro, inaugurou a "era consensual". caracterizada pelo ''fim das puixôes pofítico-ideológicas'' (8). Os socialistas visavam com essa nova tâtica a eliminação dos fatores religiosos, políticos e culturais que pudessem criar conílitos de opiniílo ou antago nismos doutrinârios. No campo historiográfico eles realizaram, através do revisionismo crilico. uma espécie de "peresiroika" da Revolução FranceDesmitificando embora a legenda revolucionária fabricada pela historiografia marxista, osrevisionistasesvaziaram o contclldo ideológico da secular polêrnica cm torno da Revolução. Adap- - - rararrr-n:r,-assinr,+mentalidade-rlo-eu ropeu de 1989, que de nenhum modo deseja reavivar a lembrança de Austerlitz ou Waicrloo, batalhas onde tomba22 -
CATOLICISMO MAIO 1989
ram milhares de soldados franceses, ingleses e alemães. É com base nesse pretendido consenso hiscórico. nessa coexistência ecumênica e contradi1ória entre adeptos das idéias dC 1789 e rcfratârios a elas, que o governo socialista francês comemora o bicentenário da Kcvo lução. Nesse sentido, afirma o escritor revis ionisrn Guy Chaussimmd-Nogarct, em livro recentemente cdi1ado no Brasil: "É possfrel hoje festejar simultânea 011 s11cessivamerue o milenário dos Capelos - dinastia d qual pertencia Luís X VI e que govemou por séculos a Prança - e o bicentenário de 1789. . ... Um mesmo citlad0o pode punicipar de 11111a e de 011/ra comemoraçoo sem crise de consl'iência, podendo se reconhecer, sem ter que Jaz.er escollra, como legatário das duas herançi.1s'' (9). Não se trata, portanto, de contes· tar os princípios revo lucionários, mas apenas de "s11peror o crença romt1nlica nos efeitos purificadores do violbrcia" que outrora animou os líderes da Revolução: "O Terror nuclear é o conseqüêncio de uma retórico im•entada por homens de letras fracassados, como Robespierre e Saint -J11st" (10).
Fim da distinçã o
luz. Nunca, talvez, a oposiçílo de princípios separou 1ão 1>rofundamcn1e os homens quamo aquela que di vidiu cm doiscam1)0sirrcconciliávcisospartidários e os adversários de 1789. Por trás das preferências cn1rc Monarquia e Rcpllblica, duas mcmalidadcs, dois sistc· mas filosóficos se en1rechocava111 numa luta de vida ou de morte. Neste triste ocaso do século XX, o princípio de contradiçao parece banido da 111e111alidadc relativist a do homem contemporâneo. Embotada css.1 noção elementar e primeira, pode-se celebrar si multaneamemc o rei e aguilhotina que lhe decepou a cabeça ... "Oxalá foras frio 011 que111e; ma!;" porque és momo, e nem/rio nem q11ente, começar-te-ei a vomitar da minha boca" (Ap. 3, 15- 16). Condenação terríve l, expressa na Sagrada Escritura, contra todos a<1uclcs que procuram uma composição entre a verdade e o erro, o bem e o mal. Br:iulio de Arng;lo N~as (l)""OEJ1adodcS. Paulo",27-12·88. (2)"" 1'olhadc S.Paulo".26-2·89. (3)Cfr. ltênéSnlilloc, "Lc Coüc de la lto!volu· tionFrançaisc",Pe rrin,l'ari,. 1987. (4) .. 1.c l'oinl"".Pari.s,8·8·88. (S)Cfr. Rtynald s«hcr. "LcGtnocidcFra11rofrançaisc:la\lc1~Vcngé '',l'.U.F.,Paris,l986. (6)"l0Giorni'".jan/ 89 . f7)J..rançois Fu rct.'"LaRo!volu1ion l'rançaisc", Fayard,l'aris,1973. (8)"'08iadodeS.l'aulo'',17-l2·88 . (9) Guy Chaussi nand .Nogarct, "A Queda da &wilha'".JorgcZahar,Slol•aulo.1989. ~~~~ean , Paul Dollt, "' 1..e Magazine l. inb"ain:".
ILUMI NA SUA VISÃO
VISOTIC
entre verdade e erro Defender as idéias revolucionárias e ao mesmo tempo rejeitar suas consePa p e l sed o com qüências pr:hicas, como historicamenaplicaçõo d e silico ne , te se manifestaram, é uma contradição ílagrante. Violentar a natureza dos fa. esp ecial para tos para justificar tal paradoxo, enqualimp eza de le ntes drando-os nun1a inlerpretação ecumênica absurda, é transformar a his1oriografia numa atividade cultural dirigium Pfodulo do ARTPRESS -da-e-pré-concebida~ . - - - - -H 1m:rosrrto""GrófiCO·e·Editoroi: A Revolução Francesa foi um dos Ruo Jovoés. 6811689 _ 50o Paulo (SPJ principais movimentos ideológicos da lelefooe (011) 22Q.d522 História e só é compreensível a essa
Ca ri caturo publ icado em "Le Soleil" (22 -10-66). de Qoébec
mossexuais lutam para obstaculi7.ar - e já têm obtido res ultados ponderáveis qualquer discriminação contra os aidéticos, procurando impedir, por exemplo, que os enfermeiros que lidam com doentes infectados usem roupas protetoras especiais. E tentam cvi1ar, igualmen te, que sejarn realizadostestessa nguínoosempessoas pertencentes aos gru pos de risco da doença. O que vem tornando a A IDS a primeira epidemia politicamente protegida da História, aumentando assim ext rao rdinariamcnle sua disseminação e o risco de contágio dos s!los (cfr. "Catolicismo", nº 458. fevereiro de 1989). Outro grupo de pessoas q ue, para seu próprio bem e o da sociedade, tradicionalme nte vive confinado, de preferência cm grandes granjas agricolas, é o dos loucos. E unta das discriminações que con1ra eles norrna lme nteseexerceé a de que não podem vo tar. Nad a é ma is na1ura l. Po is o vo to, de si, exige pleno conhecimento de causa, lucidez para analisar os problemas da nação e saber o ptar pelas soluções adequadas, inscritas no programa deste ou daquele partido político. Como pedir isto a um pobre doente mental? Mas va i lo nge o horror irracional á discriminação, como também a supers1ição e o feitiço do igualitarismo. No Canadá "50 mil pessoas atingidas por doenças mentais (e sob curatela) poderão votar nas eleições, como resultado de uma decisão tomada pela Cor1e Federal de Justiça" ("Le Devoir", Québec, 18-10-88). À partir dessa incrível decisão, funcionários da just iça cleitorar passaram a percorrer os hospitais psiquiátricos para alistar os doent es. Tais funcionários ''não eram obrigados a julga r a ca pacidade de cada doente mental para exercer o voto" (idem, 15- 11 -88). Po rta nto, podiam alistar mesmo os loucos furiosos! Os pobres d oentes, porém, parecem ter most rado mais bom senso: "No Hospital Robcrt-Giffard, deQutbec, de ntre os 1.850 beneficiários da medida, só uns 370 se inscrevcran1 para votar" (idem, ibidem). Ou seja, só 20•1, dos loucos desse hospital resolveram inscrever-se. Menor ai nda foi a porcentage m dos votantes no Hospital Douglas, de Montréal (12 1/o ): "Cerca de 650 pacientes do Douglas têm o direito de votar. Ape nas 75 demo nstrara m desejo de exercer seu direito" (ide m, 22-11-88).
A DISCRIMINAÇÃO
e o feitiço do igualitarismo
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DISCRIMINAÇÃO é um bem ou um mal? Depende. Se ela se ex.erce de modo injusto, tornase condenável. Mas se é exercida por motivos justos, entiio é louvável. O que são, de si, a s prisões, sentlo lugares o nde permanecem segregados aque les que l)Or seus atos delituosos se tornaram indignos do convívio social - e conforme o caso até perigosos para ele - ao menos temporariamente? A discriminação do criminoso, praticada cm todas as épocas. por todos os povos, embora de modos d ifere ntes, é o que há de mais necessá rio. f?. ainda con forme á razão a discri minação daqueles q ue, mes mo sem culpa própria, põem cm risco grave a saúde e a vida de seus semelhantes. Os leprosários medievais - quand o ainda não se conhecia a cura da lepra e antes deles a discriminação dos leprosos preceituada por Deus no Antigo Testamento (cfr. Lev. 13, 1-8), são exemplos muito marcantes. Os pobres infelizes que eram portadores d a lepra - doença terrível e contagiosa - deveriam retirar-se do eonviv io socia l e vive r entre si. É uma cruz bem pesada.mas necessária. A Santa Igreja, de pena dos leprosos, suscitava vocações admiráveis: pessoas havia, inteiramente sãs, que passavam a vive r nos leprosários só para tratar dos doentes, expo ndo-se vo luntariameme ao risco iminente do contágio. Porém , de o utro lado, a própria Igreja tinha um rito pelo qua l o lep roso era considerado como morto para a sociedade, e só podia viver segregado. Tal l)rocc<limento é bem caracteristico da Santa Igreja. Com uma d as mãos impunha a Cruz necessária às costas do en fermo, e com a outra encontrava os cirineus que o ajudassem a carregá.la. Enérgica, contudo mais materna ainda do que enérgica, multiplicando-se en1 manifestações de afeto no mesmo momento cm que exercia sua energia.
Co m
vistas ao futur o
De futuro, quando os presentes horrores tiverem cessado, e a harmonia da C ivilizaçao C ris1a - fruto do tri unfo do Imaculado Coração de Maria, predito por Nossa Senhora cm Fátima - voltar a brilhar com ful gor incomparável, tais absurd os deverão ser lembrados. Assim, as gerações que nos sucederem poderao conservar a idéia de quão fundo é o poço em que hoje caimos, e, em oonseqiiência, tomar as providências necessárias para não tornar a nele resvala r. Caso contrário, sempre haverá individuas de men t alidade 01imista e folgazã - ou cntilo ve lhacos per igosos disfarçados de otimistas - que cond uzirão o mu ndo A idéti cos e l oucos de novo a este ponto . Os fatos típicos do es pír ito revo lu- - - - - - - - - - - - - - - -1-e ciõIDWiO(scnsffiil e 1gualnãno) de nossa é poca ever o Hoje cm di a, uni verdadei ro feiti ço do igualitarismo leentão ser clcncados e proclamados, para evitar no vas va nta-se cega111enle contra quaisq uer discriminações, até ruínas. as mais necess.'1rias. Nos Estados Unidos. grupos de hoGregório Lopes
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GRANDEZA E NOSTALGIA NOS FUNERAIS DA IMPERATRIZ ZITA Nelson Ribeiro Fragelli - env iado especial -
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IENA - QUEM ESTIVESSE próximo à pequena igreja dos capuchinhos, no centro de Viena, ao fim da tarde chuvos,1 e fria de 1° de abril, poderia ter julgado que os vit rais das imponentes igrejas da cidade tivessem subit,1mcntc se anima-
do, e suas figuras, representando cenas do passado imperial, tom:mdo vida, tivessem acorrido capuch inhos. Cercada de silenciosas figuras a imponente carruagem fúnebre, adornada de pesado luto e puxada por três parelhas de cilvalos negros, cm meio a longo cortejo, pára cm frente à Cíl pcla his tórica. Associações milicianas, conscrva11do antigas tradições, robustos camponeses do Tirol , de um olhar mm\ e leal, vestindo uniformes de o utros tempos, rctirílm d íl cílrruílgem o peSíldO esquife coberto de - - ;-----::;M-----,½:f-------- - i ·men,;,o...\lcludo...ucgro..J.c1laJJdO-o à pmta da Cíl pcla estranha mente fechada. Tudo permanece por alg um te mpo IJm,. °'"" ecoco1ir10: mcml,ri~• de ""'",.~....-;,.~;., u11i1:ersiráriu imóvel, s ile 11ciosame 11te estát ico. Ouve-se apenas, ao lo n c,1tôlim. nm,•rgruuforrujes rlrr,•111ic/wlc, ,,,,,,,1n,,,,,,,fo ,,ku/o ,\j 'fll ge, no a lto da imensa torre da Catedríll de Sa nto Estêvão ílOS
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o repicar de seu grande sino - Pummcrin - que com seu timbre aveludado e grave sempre soara nos grandes momentos da monarquia aust ríaca. O Mestre de Cerimônia posta-se sole nemente à frente do esqu iíe, junto il port,1, e com ocastão prateado de seu bastdo a golpei,1 por três vezes. ''Quem dcscjaenlr.ir?'', pergunta, lti de dentro, o Superior dos capuchinhos. "Zita, Imperatriz da Ãustria, Rainha da Hungria, da Boêmia, Dalm,kia, Galícia, llíria,etc.", responde o Mestre de Cerimônias, declinando a longa lista de títulos da nobre desaparecida. "Não a conh~o", replica o capuchinho. O Mestre do Cerimonial insiste com três outras batidas. ''Quem deseja entrar?", repete o Superior. "Zita, Sua Majestade Imperial e Real", ouve-se do lado de fora. "Não a conhe(O", é a resposta que vem da capela, abafada pela porta ainda cerrada. O Mestre do Cerimonial pela terceira vez insiste, resoluto, batendo ainda três vezes. Ã mesma pergunta do religioso responde a voz súplicc do lado de fora: "Zita, pobre mortal e pecadora". Só então o velho monge ordena a abertura da secular porta de bronze de sua igreja: "Assim sendo, que entre", declara, solícito e paterno. O esquife põe-se cm 111ovimento, nos ombros dos milicianos, passando ao altar-mor entre duas alas de capuch inhos em hábito penitencial, entoando o "Mater Dolorosa". Têm início as orações e bênçãos, intercedendo a Santa Igreja por uma alma que se apresenta ao JuÍ7.o de Deus. Três majestades se encontra vam naquela pequena capela: a Imperatriz morta, revestida de grandezas históricas incontáveis; a majestade da Morte, sob cujo império todos se encontram, grandes e p(!quenos; e a Majes-tade--E>ivintt,----intcio--e-íim-de-todas-a,.+coisas, que tudo governa e tudo julga - os homens, as nações, os reinos e os impérios.
O coro dos Meninos Cantores de Viena entoa então a "Salve Regina" Um histórico canhão troa. A salva de 21 tiros ouve-se ao longe.
Assim chegavam ao fim as pompas fúnebres da esposa de Carlos de Habsburgo, último imperador austríaco, deposto por uma revolução em 1918, morto pobremente no exüio. A Imperatriz foleceu no convento onde passou os últimos anos de sua vida, na Suíça. Seu corpo era agora sepultado na cripta da capela dos Capuchinhos, onde repousam os restos mortais de membros da fa mília Habsburgo. L.-1 estão os túmulos de 12 imperndores e 16 imperatrizes. Os funeríliS emocionaram a Europa e tantas outras partes do mundo: 150 mil pessoas partici param, durante 4 dias, das cerimônias de despedida de Zita. Milhões as acompanharam pela televisão, em vários países. Acorreram desta vez a Viena mais jornalistas do que por ocasião da visita de João Paulo li. Cerca de mil componentes de 40 organizações de artilheiros, soldados imperiais, antigos batalhões de caçadores etc., cm uniformes históricos, participaram do último cortejo. Algumas delas com suas bandas. Quase todas portavam espadas e carabinas. Tão numeroso conjunto de regimentos históricos não se apresentara, nem
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mesmoporocasiàodocnterrodeFrancisco José, cm 1916. O país, então cm gue rra, tinha que manter seus home ns sobretudo na frent e de batalha. A guarda-civil de Murau, na Es tíria, envergava seu uniforme, adotado cm 1820. A companhia de granadeiros de Friedburg, oeste austríaco, portava sua farda "bra nca como a neve" e capacetes de pdc de urso. Todos eles têm longa tradição de fid el idade aos Habsburgos. A guarda-civil dc Ricd tivera como madrin ha a lmperatriz Elisabcth - familiarmcntcconhecida pelo nome de Sissi - esposa de Francisco José. Ela mesma confi ara ao comandante de então a bandeira que tremulava naquela cerimônia. Os Ko1lerschlager, atiradores de escol do tempo das carabinas, tinham no chapéu negras plumas de corvos. Entretanto foi à antiga guarda pessoal do Imperador - os Trabanten - que coube a honr,1 de desfilar junto ao esquife, ao lado dos membros da familia imperial. A sua fidelidad e através dos séculos tornou-a tão estimada, que após a queda da monarquia, jamais foi abolida pela Re pública. Criada em 1286, na então cidade ducal de St. 'kit, foi a partir d e e ntão agregada â pessoa do Imperador. Tradicionais associações universitárias, em trajes
naram a Áustria, levando-a a um esple ndor e importância que desapareceram com a perda do trono. O carisma da "arqui-famíli a" consistiu antes de tudo na fideli dade à Santa lgreja, colocando a serviço dEla sua cspada e s ua influência cm momentos ápices da História. A batalha de Lcpanto e a cv.ingcl iwçào d.i América testemunham essa dedicação. Um traço luminoso ma rcou especialmente os Habsburgos: no século XVI, qua ndo a Igreja teve sua unidade te rri vclmente rasgada pelo golpe do lutcranismo, eles permane<:ern m fiéis a Roma, tr.insformando Viena no cent ro
Áustria, casa-te" . Foi assim que a aura dessa di nas tia envolveu- nos também a nós brasileiros, qua ndo uma arquiduquesa de Áustria, Dna. Leopoldina, tornou-se nossa Im peratriz.
A voz aveludad.i e grave do Pummerin contribuía para ace ntua r n.is fi sionomias, dentro e for.i do cortejo, a bru mosa inquietação de que o lmpério, que de algu m modo ti nha naq uela cerimônia um prolongamento, desaparccesse definitivamente com o fcchamento da sepu ltura de sua última Imperatriz. O lhos fixos na pequena igreja, cuja cripta abriga nobres sepulcros, todos pcrman(!Ciam cm reflexivo silêncio, disciplinados, resignados. Duas vezes a banda toca o hino imperial "Deus proteja o Imperador", de Joseph l-layd n. Nas duas vezes grande parte do público oacompanha,cantando. Nesse momento, desce o corpo à sepu ltura. Terminada a cerimônia, participantes e povo, pouco a pouco, se dispersam pelas roas do centro, sob fina chu va e a luminosidade difusa e ténue de um crepúsculo nublado. Rt..'COlhcm-se nos cafés, onde calmame nte refletiriam sobre a fastuosa tarde: o fabuloso cortejo que, em curto
i:n~!ºc !~~~s ~~~~:s~ Parlicipn do cortejo numero,o Clero, o religi-OJo q,umlo o 1ecula r ::j~:;;ó~:~:s~:~a~ p~c;~ precediam o clero, imediaeia ai nda percorrer os espftamente antes da imensa carruagem da Contra-Reforma Católica, na Euro- ritos. Atravessa ndo a capital aust ríafúnebre. Sempre ligadas aos ideais pa Central . O esple ndor de suas igre- ca, ele passou poraquclasexistências, d o Império, foram elas as mais dedi- jas atesta essa fide lidade. Fidel idade emarcoua históriadcste íimdeséculo. cadasguardas de honrada falecida lm- que lhes valeu, até o fim do Império, Dizem uns que naquela tarde o peratriz, durante os 4 dias em que a honra de serem odiados pelos ini- centro de Viena estava repleto de adseu corpo passou em Viena. migos da Igreja . "É preciso aniquilar miradores dos tempos im periais. IsNumerosas personalidades ede- os Habsburgos, monarquia papista", so é certo . Outros qu iseram ver nasiásticas compuseram o cortejo em pa- era o brado jacobino, em 1918, no mo- quele esplendor uma ameaça à Repúramentos sagrados de elevada pom- mento em que a derrubavam . blica. Também é certo que os que ali pa. Ordens militares e de cavalaria, Não faltou aos Habsburgos um estavam não pensava m na Repúbliaristocratas de alta linhagem, deram mis todecorage mempreendedora,se- ca, naqueles insta ntes em que uma ao público a idéia de um passado re- gura administração e s util diplomacia, dor f.izia reviver aspirações adormecid ivivo, até então conhecido apenas que tantas vezes consis ti u em bem es- das e reanimava o amor por glórias nos livros e mo numentos, nos so- colhidas uniões matrimoniais que passadas. Coraçõesdoloridosdcsligan hos de incontáveis austríacos ou lhes deram reinos, asseguraram-lhes va m-se transitoriamente - pelo espa-
'"ª'°
- ~:~~~c~ãé"';:~:;~•d ,,,a~m ~e~ m~ó,eiac,dec.e , ,e"""''=""'""'-"+"~~,c:""~e,;: i:,~!c..;';,.:,' o :.: 1;g:it;::; :; r:::;m._,r~~~I~: Em todos se refletia a gra vidade do momento. Sabiam que por mais de seis sécu los os Habsburgos gover26 - CATOLIC ISM O MAIO 1989
chcs Austria heirate!", di zia-se dos Habsburgos, d izia-se da Áustria. ''Que outros façam guerras; tu, feliz
;,~~~~ij~~;~;;=,~:~/;;;:---nunca deixara m de fasciná- los. Eles ali tomaram forma, ainda que momentancamente, e como que por e ncanto.
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VIDA COM GRANDEZA
MORTE COM ESPLENDOR
DORES DE CABEÇA-1
DORES DE CABEÇA-2
AsdoresdecabeçadeGorbachev conti nuarão insolúveis, sedependeremdasfarmãciassoviéticas:nelasnãohãsequeraspirina. A absoluta carência dos medicamentosmaisrudimen taresea péssima qualidade nas manipulações de reméd ios são alguns dos pontos destacados pelo "Pravda", jornal oficial do PC russo. Não fosse a importaç,ão de medicamentos, os cuidadosmédicosestariaminteiramenteparalisados.
A falta de aspirina ainda n0ot!opior. Na Rússia, deacordo com o "folclore" socialista, aserviçomt!dicot!gratuito aqui se diria. "direito e dever do Estado", Em outras palavras, n0o funciona ... O alendimer/lo médico-hospitalar depende de suborno: o pagamento "porfora" t!necessárioemludo, desde o uso de termômeiro alt!acirurgia . .-_tinsubmiss(Jo_à regrapodetermmaremtragt!dta: duas m4es que n4o pagaram a
BANQUETE PARA CARENTES
Anualmentenomêsdefevereiro, desde 1545, realiza-se no salão de festas da Prefeitura de Bremen (Alemanha Ocidental) um banquete em benefício de pessoas que trabalhavam no mar, e que se tornaram carentes. Do tradicional banquete participam cerca de 280 se nhores,equeméconvidadosó pode participar uma vez na vida. O cardápio, bem como a seqü~ncia dos pratos, é invariãvel hã mais de quatro séculos: sopade galinhaàbremense,bacalhaucommolhodelagostim,repolho refogado com castanhas e li ngüiça,assadodevitelacom saladadeaipoeameixas,línguadoàri guense, queijos, frutas e café. Eis um simpãtico resqulcio detradiçao,emmcioàdemolição sistemãtica d e valores do - p essltdo,que--se-observa-no,dias pardacentos em que vivemos. Nafoto,obanquetedefevereiroúltimo. 2 -
CATOLICISMO JUNHO 1989
propina para as enfermeiras encarregadas dos bebês recém-nascidostiveramseusfilhosdevoradospor ra1azanas! Oulropaciente, parall!ico, ouviu de um enfermeiro: "Arranje-se;naosou obrigado a lhe dar comida na boca".Essesfatosassombrosos foram denunciados agora, no primeiro congresso médico da Rússia em mais de 60 anos...
Segundo o "Jornal do Brasi/" (6-3-89),oSecretáriodeRecursos Fundiários do extinto Mirad, Euler lázaro, informou que chega a /./00.()(){) o número de tftulos da divida agrária com prazos vencidos e n4o pagos. O mesmo matutino informa que o Governo Federal deve mais de 489 milhôesde cru.adas na~·os aos proprietários de lodo o Pafs que tiveram suas
GOVERNO NÃO PAGA
r;:,~':Ien1!::~ºff1Íl°:óof'fJ1l;
DESAPROPRIAÇÕES
NOVOS ARISTOCRATAS
Lenta, pesada, devoradora do erário público, má administradora: essas silo algumas coracterislicosdo máquinagovernomenlalbrasileira. Uma nova ''virtude"vem-sesomaraessas "qualidades": a de má pagadora. A mldionacionaldánoticia de que o Governo federal está emotrasonoresgatedoschamados TDAs (Tflulos da Divida Agrária). EssesTDAsslJotítu/osemitidos pelo Governo, que lhe permitem nao pagar ao faundeiro desapropriado, à visto e em dinheiro, ojustova/ordaterra. O pagamento t! feito em papéis, com reduüdo valor ,·omercial, sacados contra o futuro.
em circu/aç{Jo no Brasil.
Com a nova Const ituição, osindiossetransformaramna c!assedebrasileirosmaisprivilegiadaemmatériadepropriedade privada. Nessamatéria,oqueaConstituição tira dos fazendeiros, dã aos índios. Eo dã cm proporçõesmaioresdoqueastoleradaspara os fazendeiros. Não se pode com preender qual é a vantagem que o bem comum aufere com essa política de dois pesos e duas medi das, uma vez que os índios não s.llocapazesdedar umaprovcitamcnteidôncoàsextcnsasâreasquelhessãorcscrvadas.
~AtOLICESMO
Assestando o foco nos pontos nevrálgicos ~~~~~~:~1~w~i;᪠~; SUMÁRIO
NACIONAL
útil. Ou se preferirá a indefinição e a modorra? ................ 4 RELIGIÃO Lourdes vem sendo invadida pe·
la chamada ''renovaçãocarismática", com prejuízo para a devoção tradicional a Nossa Senhora .. .. ... 7 HISTÓRIA
O "Terror": componente necessário ou simples excesso da Revolução Francesa? ............. 10 ARTE A arquitetura tradicional tem melhor acolhida nos dias de ho-
je do que a moderna ......... 16 INTERNACIONAL
Colômbia: a guerrilha, o narcotráfico e a omissão governamental levam o país ao caos . . . 19 MUNDO COMUNISTA Uma visita à "Cortina de Ferro" que separa a Alemanha Oci-
A
VI ZINHA-SE a eleição presidencial no Brasil, e com ela aumenta a perplexidade da opinião pública. De um lado, a escassa representatividade das candidaturas não-socialistas l)Ode resultar numa surpresa desastrosa, como seria a vitória de um candidato definidamente de esquerda. De outro, constata-se um preocupante mutismo nos setores apolíticos, por onde corre a seiva autêntica da nação; quem sabe por não haverem ainda encontrado meios de se expressar, ou talvez por aturdimento ou apatia. Tal situação cria um impasse, tornado agudo pelo presente quadro nacional - greves, bombas, criminalidade solta, desemprego, ameaça de hiper-inílação. Da[ surge logicamente a perspectiva de um acordo dos partidos politicos para a constituição de um governo a ser qualificado de salvação nacional, cujo intuito declarado seria aplicar um programa saneador na economia e institucionalmente estabilizador. A chefia desta frente ampla, postas as atuais circunstâncias, poderia facilmente derivar para as mãos de um polltico fortemente esquerdista, mas que assumiria, provavelmente, por força de compromissos, um programa visto como moderado. A resignação do público conservador seria obtida pelo afastamento das ameaças de desordem ou até de conflagração. Obtida a paz social, reclamada pela população ordeira e trabalhadora, restaria contentar a esquerda . . A frente ampla aplicaria então - embora sem agitação - um programa marcadamente socialista, condição para os setores esquerdistas aceitarem juntarse ao governo. Ocorreria assim uma espécie de détente interna, análoga à preconizada pela pereslroika no campo internacional, naturalmente ovacionada por boa parte dos grandes meios de comunicação social. Seria a "fórmula brasileira", com a qual, não nos iludamos, o Pais resvalaria acentuadamente rumo ao socialismo integral. Condu zir-se-á a situação para tal desfecho? Quem viver, verá.
dental da Alemanha comunista ...... 22 NOSSA CAPA
Piquetedegrevistas,naaveniWISlo
Joio,
São Paulo(lotoBrunoSantarelli)
O que pensa "Catolicismo" sobre tal impasse? Neste número publicamos esclarecedora análise do Prof. Plínio Corrêa de Oliveira sobre a situação naciona1 . O Presidente do Conselho Nacional da TFP, ante o desnoneamento do público, propõe saída "serena, pacifica e allamente desejável". Uma inter-articulação de setores sociais afins - não pollticos - para uma ação conjunta que ainda poderá evitar ao Brasil desenlaces funestos: seja a ascensão de um esquerdista notório, seja ainda um consenso de aparências 1ranqüilizadoras e núcleo demolidor. A prOJ)Osta é sensata, é viável, desde que se esteja disposlo a sacudir a atual modorra.
CATOLICISMO JUNHO 1989 - 3
Articulai-vos, brasileiros apolíticos, para intervir ativamente em nossa vida pública : esta é a única soluçao
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Aviso da TFP aos indolentes PLINIO CORRÊA DE OLIVEIRA VINDAS DAS mais diversas latitudes do Pais, chegam-me frcqüenlemcntc repercussões sobre a ião querida (como por vezes tão odiada ... ) entidade a cujo CN presido, isto ~. a TFP. Com efeito, a TFP está continua-
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mente em foco: ora em muitos meios de comunicação socia1, sôfregos de se referirem a ela para denegri-la ao minimo pretexto, ora na atenção do grande público, atralda por alguma ampla campanha ou publicação nossa. Desta perene atualidade do assunto TFP, diz bem um fato ainda recente. Em 1987, qua ndo os trabalhos da Constituinte atingiam o seu cllmax, a TFP lançou o livro "Projeto de Constituição angustia o Pais" (Editora Vera Cruz, 209 pp.), de minha aUloria. Em 19 dias, a venda pública da obra alcançou a mldia de 1083 exemplares diários. Não tenho noticia decscoamen-
to tão vertiginoso, na megalópotis paulopolitana, de obra dessa naturez.a. O público de nossa urbe se mostrava, assim, sedento de conhecer o pe nsamento da TFP sobre a futura Constituição. Quant o ao escoamento global desse livro, em nosso Pais, foi ele de 73 mil volumes, em três edições. Também no imbróglio poHtico de agora, quando outra grande incógnita se depara ante os olhos da Nação, o afã de conhecer a opinião da TFP se manifesta. Dos mais variados lados se nos pergunta, com cohfiança tocante, qual será, na próxima eleição presidencial, o candidato mais desejável. Ou, antes, qual o menos indesejável. Por vezes, a mesma pergunta se volta co ntra nós, com certo cunho de intimação: que candidato potável a TFP tem para propor? E, se não o tem, que solução ela encontra para tirar o Pais da perigosa mixórdia em que pa-
A sro,wk oompanha pública (Ú ttnd.o do "besi-llu" "Projeu,deWA$1ituiçdo ª1161'-'liaoPoú" detenniM110UCOOirn!nlO
detrüediçõe,,uceuivw da obra, qruiu lcançou aupreuivaiotal de73.QOO e:iempl.are,
rece ir soçobrando? A alvissareira Abertura de o ntem nos co nduziu á 1errivel Apertura de hoje. O que fazer agora?
Uma aná li se que continua atua l PARA RESPONDER, destaco desde logo alguns aspectos da presente situação. Em "Projeto de Co nstituição angustia o Pais", fiz notar (pp. 23 e 45) a profunda carência de representatividade nacional de nossos quadros politicos. Tal carência não fez senão patentear-se ainda mais ao longo dos anos de 1987 e 1988, marcados pelos debates constitucionais. Destes resultou esta triste Constituição, em que quase tudo causou angústia, pelo Brasil afora. Digo "quase", para excetuar uma ou outra medida que deixou satisfeita a grand e maioria da Nação. Exemplo disto foi a revogação da "clâusula pétrea", que desde a Constituição de 189 1 proibia absurdamente a campanha pró-monarquia, enquanto fra nqueava Ioda a li berdade para a propaganda co munista. Tal revogação seguiu-se a uma carta emocionante dirigida aos Srs. Constiwintes pelo Chefe da Casa Imperial Brasileira, o Prlncipe D. Luiz de Orleans e Bragança. Na mesma perspectiva, teve assinalada vitór ia a iniciativa do deputado Cunha Bueno em favor da convocação de um plebiscito que, no ano de 1993, darA ao Pais o ense• jo de optar pró ou contra a mo narquia, bem como o regime parlamen tarista. Em vista da próxima eleição presidencial, as três primei ras grandes candidaturas a surgir foram de políticos notó ria e a1é chocantemente esquerdis-
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tas. lstoexplicaqueincontáveisbrasileiros estejam fazendo "grise mine" ou até"facciaferoce"diantedaperspectiva de os candidatos irem sendo escolhi· os Cfüi'elfderes pollticõ-paftil!â~ por equipes estritamente poHtico-partidârias. Tudo sob o bafejo da esquerda. 4 -
CAT O LIC ISMO JUNHO 1989
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to de utopia importaria em renunciar a que, na voragem da mais terrível crise econômica, poli!ica, social e ideológica de nossa História, fosse possível achar uma saída.
O Prof Plinw C....rrffi deOliveiraapresenla awluçào verdadeira para oBrwilsa.ir daema/aoo ernque se enromra
Em face da modorra, oferecimento da TFP MAS - DIRÁ alguém - e se o roteiro traçado pela TFP não despertar a atividade dos que em tese com ele concordem, e suscitar a oposição dos que dele discordam, como se tirará dessa entalada o Brasil? Como já foi dito, recusamo-nos a encarar a hipótese. Mas, admitida ela tão-só "argumentandi gratia" - isto é, para o mero efeito de argumentar - como salvará a TFP este Brasil? A tal pergunta só cabe uma resposta. Caso a grande e querida população de um pais de 140 milhões de habitantes, imersa numa crise terrível e evidente, se mantivesse indolente e muda, invencivelmente disposta a nada fazer para salvar-se, quem neste mundo teria genialidade suficiente para salvar esta nação? Aos que não querem salvar-se, nem o próprio Deus salva, advertiu Santo Agostinho: "Qui creavit te sine te, non salvabit te sine te" (Quem te criou sem teu concurso, não te salvará se para isto não agires).
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ESTA SITUAÇÃO vem de há muito. Já foi ela descrita no livro que a TFP lançou em 1987 (pp. 23 e 45). E igualmente lá está predito que, se dos setores apollticos do Pais, não surgirem lideranças extrapartidárias de escol, que escolham figuras também apoliticas para ocupar considerável número dos cargos de governança - dos quais a presidência da República é o ápice - não haverá para o Brasil qualquer solução (op. cit., pp. 23-25). Assim vem chegando o fatídico 15 de novembro, sem que o Brasil apolítico tenha aproveitado o tempo para se estruturar e entrar em liça, renovando e arejando a atmosfera rarefeita de nossa vidaclvica.
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Soluções falsas A soluça.o verdadeira QUE SOLUÇÃO apresenta então a TFP? Que o Pais recorra às cúpulas das grandes associações de classe? - Tui proposta, a TFP não a fará. Pois, ao longo dos debates da Constituinte, as cúpulas profissionais que falaram, o fizeram quase sempre
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;0o~~~~~:~~~u~n-a~5~e ta~: to já se ia extremando neste sentido. Ou, então, se assinalaram na prática
da ruinosa política do "ceder para não perder", isto é, do ceder muito, diante das esquerdas, para tentar não perder tudo ... E quando não agiram assim, foi porque se calaram completamente. A TFP só vê uma saída para a situação. É que todos os brasileiros cônscios da realidade dramática destes dias, se agrupem com urgência, inter-articulando elementos afins quanto às soluções que desejem dar a suas preocupações clvicas. E que, por sua vez, estes grupos se reúnam em amplas coliga~~~d:~e:°:!~g~~ic~~ r~:r:cme~;r!; que nessas fileiras sobressaiam naturalmente as pessoas mais ilustres por seus predicados intelectuais e morais, e por sua influência sobre os que caminham com elas pelos mesmos rumos. E que, por fim, emerjam de tais frentes amplas, robustas e equilibradas candidaturas, entre as quais nos seja dado escolher a melhor, em vez de votar ingloriamente pela " menos má".
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DIRÃO ALGUNS que o remédio apontado pela TFP é muito bom, mas que o País caiu em uma modorra invenclvel. De sorte que tal solu-
DESVIO OS OLHOS deste panorama sombrio, para fazer aqui um oferecimento . Se a intermediação da TFP for útil em algo, para que se produza essa aglutinação de brasileiros apoliticos mas válidos, ela oferece aqui seus préstimos para tal. Se alguém nos objetar que não deseja usar nossos préstimos porque somos por demais categóricos em nossa linha de pensar e de agir, nós lhe responderemos; Neste caso, continua a dormir comodamente, ou atira-te aos braços dos que têm como ideal a indefinição, ecomo hábito invenclvel a modorra. E na hora da eleição opte pelo "menos mau". Isto feito, teu candidato, se vencedor, acabará por te entregar às mãos do comunismo. E então deixa-te devorar por ele. Porém não acuses a TFP de não haver oferecido a sua dileta Pátria uma salda serena, pacifica e altamente desejável. Tu te perdeste apesar disto? A culpa, ó indolente, só será tua ...
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--ça~ãfirt~~:~~:~r~·~,;-m_ <a_to_,-+-:::.::.::.::.::.::.::.::.::.::.::.::.::~ - - - aceitar como utopia a única salda que vê para a situação. Pois qualificar is-
N<lla: Transcritoda "Fo!tladoS .Paulo", S->19.Aq>iJrtf• , otíluloeoswblltulossàodosla r<daçlo.
CATOLICISMO J U NHO 1989 - 5
Discernindo,
distingu indo, classificando ...
TRISTE ARQUÉTIPO Aquescdeveumataldesprevenção, uma confiança tão sem barreiras da parte de homens que carregam sobre os ombros as mais pesadas responsabilidades do momen to
atual, e que um dia serão severamenlC julgados pela História? Deixando de lado compromissos
inconfessáveis que eventualmente existam e futuramente venham arevelar-se, detenhamo-nos por ora a
analisar as mentalidades dos que assim agem. Há neles um entranhado horror à confrontação, seja esta poHtica, psicológica, econômica ou ar-
mada. O desejo da aproximação e
Roosevell, patrorw da per-e,troika
da reconciliação t neles tão delirante, vai tão além dos limites do razoável e do equilibrado, que os fazem esperar bons resultados de qualquer promessa, como no · deserto o homem sedento espera obter água da primeira miragem que o fasci na. Luta não, e de nenhum tipo. Acordo, custe o que custar: seja a preço de dinheiro, de interesses inalienáveis, da própria honra e mesmo da liberdade se for preciso. Ê preferível ver erradamente as coisas e as situações, a contrariar o plano preguiçoso de uma paz fácil e sem esforço. Desde a Conferência de Yalta, em 1945, os cargos de direção do mundo ocidental vêm sendo preenchidos, de modo geral, por pessoas com essa mentalidade. São elas mais fáceis de vergar ante qualquer pressão que se lhes faça, e de serem cegadas por qualquer luz de esperança com que se lhes acene. Falamos de Yalta. De fato, o Presidente dos Estados Unidos na
~a~~~~k~~r ~~~~~d~~o~il~
"Eu penso que se a ele (Stalin) der mos tudo quanto é possivel dar\he, sem pedir nada cm troca, noblesse oblige, ele não tentará anexar se-
ja o que for e aceitará trabalhar comigo para um universo de democracia e de paz" (in Arthur Conte, "Yalta ou a Partilha do Mundo", Biblioteca do Exército Editora, Rio,
1986). Entregar sem pedir nada. Doce ilusão,amargarealidadc.Stalinanexou em seguida toda a Europa orienta l e se torno u um feroz inimigo da democracia e da paz. "Espero que a intervenção russa na Europa não seja mui to rude". Espera por quê? Note-se: tal espera nça se manifesta na época do a mais cruel fase do co-
: .~l~~!:n";,~·
"Vou me entender melhor com Stalin do que com C hurchill. Este éum idealista. Stalin éum realista como cu ... Ele há de querer a Finlândia e os Estados Bálticos. Não setratadecontrariaressesdesejos". Rooseve lt confessa-se, pois, um homem sem ideal, pronto a ceder ante o comunista Stalin, com base no ... realismo! Êcslritamenteinimaginável. "Além disso, a população da Polô nia oriental deseja ser russa ... Falta saber se Stali n ficarà por aqui ... " Q uanto à Polônia, não é verdade. Por outro lado, ele concede, concede, concede, e ai nda fica na dúvida se Stalin não quererá mais! "Devemos contar com os magníficos êxitos econômicos da Rússia". Não havia razão alguma para comar com tais êxitos. Pelo contrário. Ê uma esperança no vãcuo.
M A IS ESPETACULAR do que o lançamento da primeira nave arquétiJJ:O do governante com essa espacial em direção à lua, foi o Jan- mentalidade. Tudo quanto ao comuçamento da perestroika em direção nismo se entregou de mão beijada Tal era a indolência e o otimisao Ocidente, pelos russos. Enquan- naquela Conferência, e tudo quan- mo com que Rooseveh via o comuto na fria e inóspita superficie de 10 de lá para cá se acrescentou a cs- nismo staliniano. Só um estado de nosso satélite não havia ni nguém pa- sa entrega, têm Roosevelt como pa- espirita assim poderia explicar tanra festejar a aproximação do módu- trono. Julgue o leitor, pelo texto ta entrega. Pois, afinal, a incompc\o lunar, do lado de cà da Cortina que abaixo transcrevemos, da atitu- tência, a ingenuidade, a negação de Ferro a perestroika foi recebida dedo então governante norte-ameri- do pecado o riginal e mesmo a estulcom gra nde calor e euforia pelos di- cano cm face da expansão russa tlcie têm seus limites. Ê a mentalidari ge ntes polilicos e financeiros oci- após a Segunda Guerra. Ê sempre de euforic amente emreguista q ue redentais, a ntes mesmo de a nova po- Roosevelt quem fala. Entremeamos almente explica o porquê de tan ta ~t~;m;;__::."":::ist:::•.:,•P-:::"=:"c:"':::"c,qe::"':::lqe:"'::.'---;;'º;;m;;;'";:'';;";;.º';;; · ;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;~-" ""'"='~ira~.- - - - -r,;r:-i
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CATOLIC ISMO JUNHO 1989
H
~d:~: d;éi:~e~~º;~;;'~ Lourdes para rei.ar à Mãe de Deus, no local das Suas aparições a San1a Bcrnadettc Soubirous, em 1858. E, atendendo
ao pedido de Nossa Senhora, as mu llidõcs de fiéis lavam-se comaâguadagrutadasapariçõcs e at~ dela bebem. Tiveram lugarapartirdcentãomilharcs de cu ras e milagres, segundo o tcstcmunhodcincontliveisfifis. Dentre os inúmeros prodígios, foram rcgistrad1u 6.000 curas, sendo que, 2.500 delas foram qualificadaspelacifncia mtdicacomo''ccrtas,durtivcise incxplicâveis".e64foramrcconhecidasoficialmentcpcla lg.rcjacomomilagrcs,apóssevcr[ssimos exames(•). Comessasgraçascxlraordinárias a Providência Divina quismanifcstaraoshomcnsseu bcnq>lâci1oparacomadcvoção â Imaculada Conceição. Antcriormente às apatiçõcs, cm l 854, o Venerável Pio IX proclamara o dogma da lmaculadaConccição,inintcrruptamentcpleiteadodcsdca ldadcM«liapor Santos e insigncs teólogos da Igreja, e por Universidades. Tal dogma hâ muito jâ constituia um anscio gcral dos católicos. Sua proclamação foi acolhidacomjúbilopelalgrejauniversal.Efoiobjctodahostilidadcporpar1cdossctorcs libcTais e anticlericais do skulo XIX, e de minorias "católico-liberais", enquistadas na Igreja.
A "água mil agrosa" e as d ifa m ações a n ticle ri ca is Jâ desde o tempo das aparições, aâguada fonte de Lourdcsfoiqualificadacomo"âgua milagrosa", no mesmo sentido cm que numerosas imagens de NossoScnhor,dcNossaScnhoracdeSantos são consideradas "imagens milagrosas". Nessa mesma acepção, tam~m muitas rcllquias são chamadas "reHquiasmilagrosas". Assim, incontáveis brasilciros,cmsãconsciéncia, rcputam milagrosa a imagem de Nossa ScnhoraAparccida,cemprccndcm romarias a Seu santuário parasolicitaracuradcsuasdoenças, a solução de problemas delicados, a paz e o conforto - de-alm;rpara-suas-afli · rituais. Igualmente, 1ém-sc difundidoaosmilhõcspelomun-
Ges1os 11fuiooomúu qu11 cowam l!Jf}ki11. ,h pnin'ool "curümdlica.i" sen1eiam a confwão em Loorda.
LOURDES
Confusão e ameaça à piedade mariana doa''Meda lhaMilagrosa'',indicada por Nossa Senhora, cm SuasapariÇões, na Rucdu Bac, a Santa Catarina Labourt. Empregando expressões como"âguamilagrosa","imagem mi!agrosa''etc.,geraçõesegeraçõcs de fiéis, na simplicidade de sua ft, nllocntendiamoutra coisa senão o que a Santa Igreja ensina cm mattria de milagres. Faio atestado pelo empenho e entusiasmo com que os católicosadquiriaminumerâveis publicaçõcsdetodacsptcieensinando a s.ã doutrina sobre os milagrcs,epelapacificaeirrcstrita aceitação das boas pregações dos sacerdotes, especialmcntenossantuâriosondeestas scrca!izavam. N!lofal1aram,entrc1anto,encarniçados inimigos da fé, que aHftcavnnrnrtrd mosupcrtições, hist6riasmágicasoucharlatancscas,incscnipu-
losamcnte manipuladas po r umclcroâvidodearrancardinhciro do povo ignaro. Para osdetratoresanticlericais, imagens, rellquias ou medalhas milagrosas n!lo passavamdecxploraçôcsdacre11dice popular. A "água milagrosa" de Lourdcs entrava nessa classificação lmpia como uma âgua comum, talvez atéinfcctada, como, aliâs,cra considerada a água benta das igrejas. Porém, essas calúnias não conseguiram arrcíecera devoção do povo fiel, e as muhidões de peregrinos não cessaram de se rcvciar cm Lourdcs para lavar-se com a âgua da gruta e de la beber. como recomendou Nossa Senhora. E tam-
" Re n ovação car ism ática" Nas dtcadasqucsescguiram ao Concilio Vaticano li, surgiram tendências progressistas, quepassararnancgaraautell!icidade dos milagres e a importãncia da âgua de Lourdes, cm nomcdatcologiadcuma"lgrejanova", "aggiomata"', libcradadas"c-rençassupcradas",defe11didaspela''lgrejaConsta11tiniana",hierârquicaevoltada para o sobrenatural. A pregaçãoprogrcs.sistacausounãop<>uca confusão entre os fiéis, e, em medida ponderável, conttibuiu para a diminuição da devoção a Nossa Senhora de Lourdes, sem contudo conseguir extingui-la. Nos últimos anos, os
~mi.::~;~~~~/!c~...;;~do~:~m~fl~~i~~:~.:~:-:;;' ~,~r:;~~~.,,~~~:~ ~ "" ~~.~· -----1 San1issima, nãoconheccramin- do um fenômeno novo: grupos, tcrrupção. que declaram pertencer à "Rc-
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novaçãoCarismática",esoolheram Lourdes como um dos seus pontos preferidos de reunião. Lácomparecemerealizampráticasecerimônias,queelesreconhecem causar estra11heza aos fiéis,devotosdaVirgemSantíssima,deacordocomatradição da Igreja. A "Renovação Carismática" é um movimento integrado por um certo número de comunidades, que tendo seoriginadonasseitasprotestantespentecostalistas dos Estados Unidos, começou a propagar-se em ambientes católicos. Os grupos e comunidades ''carismáticas'' freqüentadores de Lourdes anunciam que, nas estranhas cerimônias de curas fisicaseespirituaisrealiiadas por eles, produiem-se "mila-
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gres'',frutoda''fé''da''comunidade"edefatoresambientais indefinidos,quepairariamnolocal. Ocasodajovemenfermeira Suzy constitui um exemplo. Paralizada há dois anos por umapoliartritecrônica evolutiva, levantou-se da sua cadeira de rodas, subiu os dez degraus do altar e pôs-se a dançar em torno do mesmo, em meio ao estrépito das palmas dos carismáticos trazidos pela "Comunidade do Leão de Judá e do Cordeiro Imolado" ("La Croix", Paris, 6--8-87). De fato, tais comunidades da "Renovação Carismática" francesapossuemcertascaracteristicas, próprias a causar pcrplexidade aos católicos nãoiniciadosnessaspráticas. Numencontro de quarenta grupos da "Renovação Carismática'
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do-se um tempo de preparação edecastidadeantesdocasamentocristão". Ora,essapráticaé gravemente condenada pela moral católica, pois implica ela em expor-se voluntariamente a umaocasiãopróximaeconstantedepecadomortal. De sua parle, a mencionada "Comunidade do Leão de Judá e do Cordeiro Imolado" -cujos iniciadores provêm do protestantismo-admiteamescla de sexos e de estados devida em suas casas. "Irmãos", "irmãs" e casais compartem o tetoeoalimentonumambiente "gozoso" e "evangélico". A mesma comunidade - comotantosoutrosgruposda "RenovaçãoCarismática"-praticaumecumenismoousado,aceitando membros, sem deixar claro sob que condições, oriundos do protestantismo, do judaísmo, e trabalha por uma coníluência ecumênica da Igreja comsua"irmãmaior",aSinagoga, como seesta não tivesse renegado a si mesma, rejeitando o Divino Salvador. Tal "conrnnidade caris mática", segundo seus animadores, reali1.aritos praticados pela seita hebraica "Hassidim" e pelas igrejas doOriente,scmmanifestarprevenção alguma em relação a tais práticas. Também não se csclarecesea mencionadacomu-
nidadeseinspiranosritoscatólicosdoOriente,ounosdasigrejas cismáticas, causando assim uma impressão desnorteante, quefavoreceaconfosãoeocaos rcligioso. O fato de o movimento da "RenovaçãoCarismática"recusar-sea registraros "milagres" quedizocorrerem - eemcerlamedida,produzir - emsuas singularescerimôniasepcregrinaçôes, aumenta a confosão. Pois, se eles são autênticos, por que temer tal registroeaconseqüenteanâliscmédica?Oscarismáticos,contudo,procuramexp!icartalrecusaalegandoarígidczelentidãodoscontrolesexigidospela lgreja,antesdereconhecer o milagre. Mas, o bem dalgrejanãojustificatalatitude de necessária prudência? Ou seráqueoscarismáticosse julgamdispcnsados,aocontráriode todos os outros mortais, dessa cornpreensive! e materna vigilância da Igreja? Tem cham~do a atenção da imprensa o fato de Bisposesacerdotes-outroratãosilenciosos,quandonãorclicenteseobjetan1es em relação aos milagres - apoiarem prcsemementeosritosecerimôniasdecura de doenças e seus respectivos "milagres", organizados pela "Renovação Carismática", e até deles participarem. leriam
esses Prcladose&accrdOlesevoluldo em sua opinião a respeito dos milagres e das prâticas de dcvOçào que tradicionalmente ocorrem cm Lourdes? A Interrogação torna-se mais agudaaoscverificarquea "Renovação Carismãtica" relega a um segundo plano a igua de Lourdes eo uso que a Mllc de Deus aconselhou fazer dela. e isto sem explicar por quf. Fato que, para a massa de devotos de Lourdcs, parece uma atitude de desdém e até me!imo de ceticismo.
A,ópa, da !fllla,Olquai, acorn-m
preuurow, o, fiéU, poderM
,,.,.._
ttrduvfodw
pradaria. A 1Wlkiavem
ro=,u/o corulemação.
Perplexidade ante declarações de eclesiásticos Ncstecontcxto-emquerituaisestranhosàtradiçãocatólica semeiam confusão cm relaçãoàspràticasdaverdadeiradevoção à Imaculada Conceição -dcclaraçõcsdoBispodioccsanode Lourdcs, Mons. JcanSahuquct, e de altos rcsponsàveis riapróxima;cstuda-seapossibieclcsiásticos pelo Santuário, cau- !idade de não mais se celebrar saram perplexidade no seio dos missas na gruta. Além disso, simples fiéis. "A é.gua da fon- osrcsponsivcispelograndeSante de Lourdes, que os doentes tuârio francfs conclu[ram que usamparabeberoutomarba- aâguadagrutaesticontaminanhonaesperançadesecurarem, da ... não ía.t milagres", declarou o NIio é de estranhar, pois, Prelado na homilia da celebra- que muitos católicos franceses çllodol31ºaniversâriodasapa- se interroguem se as práticas rições ("Veja", São Pauto, de devoçllo recomendadas por 1-3-89). "Osimbolismodaâgua Nossa Senhora, em Lourdes, como sinal de purificação e de não ficarãoscriamenteprejudivida é freqüente na história das cadas com a adoção de tais mereligiões, freqüente nos misté· didas. rios pagãos(... ) Esta âgua não Com efeito, estava no dircié uma âgua mâgica: a expressão todosperegrinosedevotosdo 'âgua milagr0$8' é ambígua", mundointciroaguardarexpresacrescentou Moru. Sahuquct, sões de esti mulo à devoção a numaconferinciaaosdiretores Nossa Senhora de Lourdes e dasperegrinações,alldefcve- deconfirmaçãodasprãtieastrarei ro último (Suplemento do dicionais, bem como da doutri"Bulletin Rcligieux" da Dioce- na imperecivel da Igreja sobre se de làrbes e Lourdcs, de os milagres; palavras capazes 16-2·89). "Ela (a água) não é de dissipar as névoas da confuum talismã", completou o pa- são crescente. Todavia, o discurdrc Joseph Bordes, reitor do so de Mons. Sahuquet tratou Santuârio ("Lc Berry Républi- da âgua de Lourdcs como se cscain'', 22-3-89). tafossccmnossosdiasconside"Veja" teceu o seguinte co- rada prevalentemente segundo mentãrioarcspeitodasdcclara- eri t&-ios mãgicos. Ora, parece ções de Mons Sahuquet: ''0 bis- evidente que a generalidade dos p() da diocese local, dom Jean fiéis, de nenhum modo, intcrSahuquet fez mais mal ao cul• preta supersticiosameiite o efeito da Virgem do que um sécu- to da âgua nas cu ras miraculolo de pregaçlo protestante" sa.s. A massa dos fiéis sabe que (art. cit.). O desconcerto cres- é só Deus Quem efetua o milaceu com o anúncio, por partc ~boraãsvezcs · dos responsiíVcts pelo Santuârio, va da âgua como um meio pade uma série de medidas surpre• ra opcrâ-lo. E esta crença, proenden1es: as ãguas da gruta se- fundamente arraigada no povo rio desviadas para uma prada- mais simples e menos inslruido,
não pode ser posta cm dúvida, mesmo se consideramos suas com preenslvcis incorreções de 1inguagemque,porvezcs,destoamdaprccisãoda1crminologia teológica.
O meridiano ensinamento d e S:i.o Tomás de Aquino Como ensina o Doutor Angélico, o milagre propriamente dito não é produtidopela imagcmmilagrosa,pelarcllquiamiraculosa,nemmcsmopeloSanto em vida, mas sim por Deus, quescserveinstrumen1almente das imagens, rellquias ou do Santo em pessoa, para obrar Suasmaravithas.làntonasimagens quanto nas relíquias.e mesmo ainda no Santo, não hiumavirtudcprópriaei ntrlnseca,pelaqualseoperamosmilagres(cfr.SumaTcológica.JIll,q. l78,a. lcadl:1,q.ll?, a. 3 ad 1). E foi sempre nesse sentido que normalmente os católicos do o rbe in1eiro cn1enderamo valor da âgua de Lourdes, quando a denominavam, cheios de fé, simplesmente "â· gua milagrosa". E o mesmo se poderia dizer do modo pelo qual os católi cos se referem a · cn.u..rcllquias.milngmsas_ Embora tenham elas sido assim qualificadas pelos fiéis desde sempre, nem por isso foram estes advertidos de as estarem
transíormandoemobjetosmãgicosctalismlnicos.Eaindapoder-sc-iaperguntar:algrejase teria enganado durante quase doismilanosarespeitodocul10 prestado às imagens e o bjetos que são instrumentos de Dcuspara()pC!"arprodigios,alimcn!andoasuperstiçãoeacrendice de ralzes pagãs? Entllo, o que rcstariadocultocda litur• giacatólicos? Moos. Jean Sahuquet lembraasapariçõesda lmaculada Concciçãoearccomendaçllodfla de se fazcr uso da ãgua da gruta. Por~, dâ-lhe um novo significado meramente genérico - o de um slmbolo da Agua do Batismo - sem aludir às razõcs cspeclficas das prâticas de devoção em Lourdcs,eratificàla.s. O P relado menciona também o simbolismo da âgua entre os pagllos. Ncs1cs dias de oonfusão,osimples!cigo,não familiarizadocomatcologia,fica sem meios de compreender todooalcancedcssaspalavras. Eelassoamparaosouvidossimples mais propriamente como uma censura unilateral à de~oçllo que se tem a Nossa Sen hora mcdiantc a igua de Lourdes. E, em meio a toda essa ambigüidade e confusão, o movimento da "Renovação Carismática" traz para Lourdes novos ritoseprâticas,nosquaisNossa Senhora vai sendo posta de lado. Enquanto a "comunidade operadora de curas pela fé" toma realce, sendo exaltada por eclesiásticos. Não constituem tais atitudes uma ingratidão para com Nossa Senhora, no local preciso ondeElaquisderramarsuasgraçasmisericordiosasdeumaformainequlvocaccomumcsplendorsem igual no mundo? Esta éahoradapreceparaqueNosso Senhor Jesus Cristo inspire atodos.naSan!algreja,palavraseatitud csquedissipemcsse caos, por amor a Sua M!ie Santlssima,pelobemdaCristandade e da França, a primogfnita dentre as nações católicas. CaioXavierdaSilvdra nosso correspondente (•) "Catolicismo" tem publicado anigos sobre as aparições e .milagl"C5-0COrr~-Lou des. Entre os mais recentes, veja-se: nº 434, fevereiro/8?; nº 446, fevereiro/SS e nº 4~9. março/89.
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se em bandos aos presídios (alguns deles eram antigos conventos), que se encontravam abarrotados de "suspeitos". Poriando à cintura uma faixa tricolor, simbolizando a Revolução, representantes da Comuna improvisaram os "tribunais revolucionários", simulacros de tribunaisquevisavamcondenararbitrariamenteàmonemilharesdefranceses. Vejamos a descrição do Abade Sicard, mestredesurdo-mudosdeParis, testemunha ocular dos massacres na Abadia (antigo mosteiro beneditino deSaint-Germain-des-Prés, transformado em cárcere politico desde 1789): - "Matava-se debaixo da janela de minha cela. O griro desesperado das vítimas, o ruido dos sabres decapitando as cabeças, a fúria dos assassinos, rudo isso ressoava em meu coraç(Io. ( .•• ) A cabeça de Luis X/li é mmrrmla ao povo. A guilhotina funcionava sem ces.wr /)ara que a Revolução fone ur/iurr!e.
P
ARIS, 2 de setembro de 1792. Os sinos s.oaram alarme e os tambores repicaram em toda a cidade. Sob pena de morte, foi proibido o trânsito de pessoas não autorizadas pelas ruas, as fronteiras foram fechadas, os passaportes confiscados. Jacques Oanton, então Ministro da Justiça, deliberou nomear comissários para proceder à busca em residências, apreensão de armas e requisição de cavalos. Todos os que se haviam manifestado contra a Revolução, ou pareciam suspcitos por sua maneira de pensar, foram encarcerados. Por que se aterrorizava assim a capital da França? Depois do golpe que derrubara o Trono, a 10 de agosto daquele mesmo ano, a Comuna insurrecional de Paris, uma espécie de órgão administrativo municipal, passou a exercer férrea ditadura, tomando medidas de exceção, que constituíram a famigerada '"política de salvaçdo pública'', Aboletado no poder, encontravase na Comuna um punhado de homens saidos da escória: o presidente, Huguenin, antigo concussionário; Antoine Rossingnol, assassino; Louis Manuel cra falsário; e Jacques René Hébert, fiscal de teatro demitido por desfalque, conhecido como o "Homero da pornogra/ia" (1), AsdificuldadesdaguerraqueaFran-
"Após sumário condenaç{Jo, os réus eram atirados no meio do pátio e rrucidados pela populaça, que /renéti-
OTERROR: um homem sanguinário, Jean Paul Marat, "o amigo do povo", promoveuse o massacre dos elementos considerados "cúmplices dos estrangeiros": "Anles de desaparecerdes - dizia ele aos revolucionários - suprimi os vossos inimigos e acabai com as vossas vilimas. Cal sobre aqueles que têm carruagens, criados e vestidos de seda. Visitai as pris6es, assassinai os nobres, os padres e os ricos. Nada deixeis atrás de vós sen(Jo sangue e cadáveres!" (2)
Massacre premeditado A lista dos que deveriam ser massacrados foi elaborada, dando-se preferência aos padres refratários (que se negavam a jurar a cismática Constituição civil do clero), Com antecedência fo ram previstos os menores detalhes: carroças cobertasencontravam-sereservadaspara o transporte dos mortos; vinagre e escovas, distribuídos aos verdugos para limpeza do sangue de suas vítimas; uma grande vala comum foi aberta
ca gritava: - vivo a noçdo.l - Os canibais aplaudiam e até dançavam em torno dos corpos horrivelmente mutilados" (3),
vaso de sangue Ainda na madrugada de 4 de setembro prosseguiam os massacres na Abadia. Apresentou-se nessa ocasião à barra do "tribunal" o antigo governador do arsenal dos Inválidos, Virot de Sombreuil. Para confortá-lo moralmente, sua filha o tinha acompanhado ao cárcere e com ele se apresentou aos criminosos travestidos de "Juízes". Logo foi cOnlknado à morte. Após a sentença , a pona de acesso ao pátio da prisão foi aberta. A filha de Sombreuil viu aterrorizada cenrenas de corpos despedaçados e uma súeia embriagada brandindo chuços e sabres ensangúentados. Instintivamente, e!a adiantou-se e protegeu com seu cor· po o pai condenado à !remenda chacina, ao mesmo tempo que, chorando, pedia indulgência aos carrascos.
-----,,,,-,-nue<:"'1atrmarr.ra""/fà-/Ámn,rs11m1ar11;,01no "'1 r pm-1cornm-t=r.mmcllrnllmtctnflr - - - - r -"tfrrrd-el~ctmn1um~aw-Pªra os déspotas da Comuna decretarem o estado de sitio, ou seja, a "pátria em perigo". Por instigação de 10 - CATOLICISMO JUNHO 1989
Os assassinos estavam armados de fuzis, sabres, lanças e chuços. Como chacais sedentos de sangue, dirigiram-
gue que jorrava de uma cabeça dccapitada, "temperou-o"com pólvora e vinho e, oferecendo à pobre moça, dis-
-"iii§ell§d·iil·i·Elrf:W:·ii'iiSI Héi·lel34i· se: - "Se beberes o sangue dos aristocratas, terds salvo a vida de teu pai ... " Impulsionada pelo amor filial, ela bebeu o conteúdo repugnante do vaso em meio às gargalhadas dos "sans-culottes". Seu pai foi posto cm liberdade provisória ... para ser guilhminado no ano seguimct (4)
Mártires do Carmelo No convento dos religiosos carmelitas, encontrava-se detida pela Revolução a fina flor do clero francl:s. Subitamente, as portas foram arrombadas por uma malta de bandidos liderada por oito comissários, "les Jreres rouges de Danton" (os irmãos vermelhos de Danton). Concitados a renegar o catolicismo, prestando juramento à Constituição civil do clero, 185 bispos, padres e religiosos preferiram morrer a aderir à igrejacismâticacriada pela Revolução.
rosto, que a prostrou por terra. Seu corpo foi desnudado e mutilado do modo mais ignominioso. Um dos bandidos arrancou-lhe o coração e o comeu, numa bestial demonstração de ódio revolucionário. Sua cabeça decapitada foi colocada sobre uma mesa de taverna, onde se brindou sua morte, e em seguida fincada na ponta de uma lança e levada em desfile pela cidade até a prisão do 'lempto, para ali ser mostrada à rainha encarcerada (6).
tinados, afogados nos rios e exterminados em massa a tiros de canhão, ou ainda por outros meios. Essaespantosamatançafoiincrivelmente justificada por aqueles que a promoveram. Os [[deres revolucionários viam no lerror um meio eficaz para o triunfo da Revolução. Jâ no ''Contrato Social" (Livro IV, Cap. 8), Je-
"Não se faz revoluções com cná" ... Os massacres de setembro, que cm apenas quatro dias deixaram o saldo de 1300 mortos, foram o prelúdio do grande lerror que dominou a França entre 1792 e 1794. Durante esse periodo - verdadeira mancha de sangue na história da Civilização - dezenas de milhares de franceses foram guilho-
derrapagem da Revolução? Ao cabo de duas horas, os veneráveis sacerdotes foram chacinados com requintes de crueldade. Ainda hoje são visíveis nas paredes de mármore da igreja, onde ocorreu a ímpia carnificina, as marcas das lanças tintas do sangue daquelas vitimas inocentes. Canonizados porteriormcnte pela Igreja, seus nomes encontram-se inscritos, em letras de ouro, no mesmo lugar em que receberam a coroa do martirio (S).
Requinte de ódio
revolucionário
No cárcere de La Force, destinado exclusivamente às mulheres de mãvida, a Comuna houve por bem prender distintas damas da nobreza, como Maria 'lereza Luiza de Saboya Carignan, Princesa de Lamballe e camareira maior da corte. Diante do tribuna[ de sangue lâ organizado, a princesa foi intimada a "jurar ódio ao rei e d rainha". Como se negasse a semelhante felonia, dois guardas_a_.atu:aram...nO-m-Cio....da..cana\ha aglomerada à saída do presídio. !mediatamente, a confidente de Maria Antonicta recebeu um golpe de sabre no
No convento ,lo, carmelitas, bi,pw, padru e religw,o,fornm chacinado, por não iukrirem ó iu"e.ia 0011ui111áonal cismdfica. Agora, quer...e negar qllfl tais Jato, J~m parte do "ap(· riw" do Revolução.
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Bicentenãrio da Revoluçao Francesa
vai de 1789 a 1815, com a queda de Napoleão, é um fato constatado por partidários e adversários da Revolução. Com lucidez cínica e impassível, Georges Clemenceau posteriormenie Presidente do Conselho de Ministros, da França - assim se exprimiu .. \.· ·.. ·.· em discurso proferi. do na Câmara dos Deputados, em 29 de ja; " 1 neiro de 1891: "Senho•. 1 . res, queiramos ou nt'Jo, t~ ' .~ que isso nos agrade ou que nos espante, a Revofu.çllo é um bloco. E um bloco do qual nDo se pode fracionar nada, pois que Jean Paul Marat, (mor10 em jullu, de 179.1 p<>r Charloue Car- a verdade histórica doy), recomendaoo: "A"4U,inai 01 rwbre$, 01 paàre1 em ricw; nllo o permite!" (10). rulda deixeú alrá.i d e 00., ,enão sangue e cadáver-e,". O caráDo outro lado da ter premed~u.do do Terror foi denunciado pelo Abbé Barruel. barricada,oabbéBarruel relata em suas an-Jacques Rousseau, mestre espiritual "Memórias" o caráter premeditado dos cabecilhas de 1789, defendeu a le- do Terror: "Nessa Revoluçllo Francegitimidade da "Vontade Geral" elimi- sa, ludo, até os crimes mais espantonar os "apóstatas", "transviados" e sos, foi previsto, combinado, resolvi''irrecuperáveis" sociais. do e adrede preparado. Todo o mal A sombra de Maximi\lien Robespier- que ela fez/oi conseqüência necessária re, llder mãximo da Revolução no pe- de seus principias e de seu sistemajiloríodo 1792-4, aparece por detrás dessa sófico" (li). carnificina: "O Terror é a luta da liberdade contra seus inimigos"(?), dizia ele. Derrapagem Em discurso pronunciado antes da da Revolução? queda da monarquia, 0anton foi incisivo: "Ntlo se faz revoluçôes com chá! Precisaríamos chegar a 1989, quan· Os princfpios de justiço e humanidade do se comemora o bicentenário da Resoo bons em teoria e nos livros de filo- volução, para se negar a evidência dos sofia. Na prática, porém, s4o necessá- fatos, em nome de uma "nouvel/e hisrios outros meios poro agir, sendo pre- toire" (nova história). Nos alambiques ciso contar com bandidos e soldo" (8). do "revisionismo critico", liderado Collot d'Herbois, terrorista-regici- na França pelo ex-membro do Parti· da, que juntamente com Joseph Fou- do Comunista, François Furet, destilouché ficou tristemente célebre pelas blas- se uma interpretação consensual absur• fêmias que difundia e pelos fuzilamen- da da Revolução Francesa (ver a restos efetuados em Lyon, não podia ser peito artigo que publicamos na edição mais claro ao declarar na Convenção: de maio). Partindo do principio da bondade "O 2 de setembro é o grande artigo do credo de nosso liberdade (sic!). Sem inata da Revolução, essa escola de hisele, nao teria sido posslvel prosseguir toriadores se recusa a filiar o Terror a Revoluç4o. NDo haveria liberdade, ao que eles chamam "aquela aurora magnifica da democracia, representanem Convenç4o nocional..." (9). da pela Declaraç0o dos Direitos do HoClemenceau: mem"(l2). A Revolução é um bloco Distinguem, assim, duas revoluções: - - - - -~ - - - - --+,~ ibmite,p1fra""?lw,b?lft·rte-, A unidade ideológica e o dinamis- tra radical e detestável. De uma para mo do processo revolucionário, que outra teria havido uma "derrapagem",
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um "desvio da brilhante marcha mmo à liberdade". "Derrapagem" em 1792? Por que não em julho de 1789, quando arruaceiros contratados atacaram a Bastilha e, a convite de seu governador - cuja vida foi o preço de seu otimismo - nela entraram, massacraram a inexpressiva guarnição, soltaram meia d\lzia de presos e passaram para a história como os "heróis que derrubaram o simbolo do despotismo'"! Já naquela época a tática da "eliminaçllo ffsica" dos adversários da Revolução não foi aplicada? E a invasão de Versalhes, em outubro de 1789? Não foram ali barbaramente mortos os guardas suíços que defendiam o palácio, sem que ninguém se comovesse com o fato? E Luis XVI posto sob a infamante tutela dos "clubes" de Paris? E a prisão do rei em Varennes, em junho de 1791? A se seguir o critério da violência ou não-violência para separar a "boa" da "má" Revolução, como pretende a historiografia "consensual", é ocaso de perguntar se cada um desses acontecimenios, e muitos outros, também representou uma "derrapagem". Ora, na multiplicidade dessas hipotéticas "derrapagens'' há um denominador comum: a utilização da violência para se levar adiante o movimento revolucionário. }OC<fius Danton, MinMtro da }iuliço, mandaoo encarcerar as que julgava ,wipeitw por sua maneiro de pemar. Era o modo de aplicar 01 "0ireiro1 do llomem".
--03§ífl§íf·til·N·ElrRGl'i361·Hdi 1:1341· DePoiS da queda da Baslilha, a Re· volução engendrará o fenômeno a que muitos historiadores chamam de "ciclo infernal", que só terminará quando se tiver esgotado toda sua p()tencialida· de revolucionária. Como Saturno, a Revolução ir.é. devorando seus próprios filhos, numa corrida aloucada rumo à anarquia. Há quem aceite e há quem rejeite os prindpios de 1789. Mas quem os ap rova, se quiser ser coerente, também
XV l ,&rcclona, 1936,pp.546-7. (S)cfr. J . B. Wciu,op.cit.,pp. 544).1. (6)cfr.J.B.Wciss,op.cit.,pp.S~7 .
deve assumir sem reservas a herança sanguiná ria da Revolução: o 'Terror e a guilhotina! Bráulio de Aragtlo
(7) ''Dicfionaill de la Rbolution tf th /'Empiu", LarouQe, 1974, p. 270.
Notai (l)cfr.PierreGaxouc, "LaRll'0/111/onFranrulst", ArthtmcFayard, Paris, 1966,p. 200. (2)Picrre0axotc,op.cit.,p.200. (3) Buchez et Roux, "Hisfolll Parlamtnlalrt dt la Rll'Olufion Françr,ist", vol. XVIII, Paris, 1874.p.106. (4)cfr. J . B. Vo'ew, "Hist6riaUnillf!rsal",vol.
(8)PicrrcGaxouc,op.cit.. p. 234. (9) Mortirner-Tcrrumx, "lfisroirc dt la Term,r", Paris,190S,p.l92 (IO)Frb::l~ricBluche, "Septtmbrtl791:1011iquQ d'unmassacrc",Lafíont,Pari1, l986,pp.2Sl-2. (li) AbM Barrucl, "Mlmolrrs pour .ttn>ir 6 l'HistoiuduJacobinismr",LcPrat,Pari,,1940, p.7. ( 12)"0b1adodtS.Palllo", l7- 12-18.
Bicentenário
em=-~
questões PARIS - Conhecida na França p()rsuasbrilhantesevitoriosascampanhas de repúdio à onda pornográfica na TV e à exibição de filmes blasfe. mos, tais como "Je vous salue, Marie", de Jean Luc Godard, ou "A última lentaçtlo de Cristo", de Martin Scorccse, a associação "Avenir de lo Culture" lançou há pouco o folheio "O Bicentenário em questôes". Traia-se de pesquisa endereçada a cem mil universitários, "'convidando à rej1ex4o e ao debate sobre a Revo/u. ç4o Francesa". O ques1ionário, composto de 27 perguntas, expõe diversos pontos de vista sobre o "evento fundador da França moderno", levando em conta as recentes conuibuiçõcs da historiografia. Sobre cada fato ou tese, ele sugere três respostas difercn1es, caben· do ao destinatário a livre escolha de uma delas, ou mesmo a redação de umanovaresp()sta. Em linguagem clara e incisiva, bem ao gosto dos franceses, a "enquête" levanta delicados problemas- apro· vcitando a atualidade do tema - concercentes às comemorações do bicente~-rioe~~!r~r:~~sReexve~~~~: France-
"O bicentenário adotou em suas comemoroçtJes a alegria e o humor. Rir e sorrir, eis uma maneira de ceie-. brar os 200anosda Revofuçtlo... ''de· clarou Jean-NOCl Jeanneney, presidente do evento. -Oquevocêpensasobreessehumor preconizado para os festejos da Rev:lut~~ modo de impedir que a antipatia pela Revolução, bastante generalizada no público, se transforme em hostilidade declarada. b. O humor é uma maneira de se conseguiroconsensonecessárioà paz civil. e. O que há de rislvel na Revolu· ção? O ideal comum sobre o qual se funda a França moderna? Então a Re-volução é uma impQstura e não merece ser festejada! Pelo contrário, pre• tende-se escarnecer das vitimas da Re-volução? Deseja-se ainda profanar os túmulos e bailar nos cemitérios? Pobre francês que brinca com a Revolução ... Há certas circunstâncias onde o humor é indecente!" Outra questão indaga: "A terceira República festejou o centenário da Revoluçtlo e estabeleceu o 14 de julho como dato Nacional. N4o seria mais lógico comemorar a fundaçr1o
so significa muito mais do que o Repú· blica. b. Sim, mesmo que seja mais fácil obter-se um consenso em torno de 1789 (queda da Baslilho), do que a propósito de /792 (quedo do Ttono e instauraç4o do 'Terror), serio melhor festejar umafundaçtlo e nlJo uma des· lruiçtlo. e. Jamais se encontrará na RevoJu. ç(Joumadalacapaz.deunirosfranceses. Essas e outros questlJes, obordan· do aspectos diversos, como ''Ambien· tese Cultura", "Igreja e Revoluçtlo", ''A guerra dos simbolos" e1c., são tra. tadas no mordente "moiling" de "Avenir de la Culture". As respQstas serão um indicador fiel do pensamento da juventude fran· cesa sobre o terrivel acontecimento, que há 200 anos marcou tão profunda· meme,a ferro, fogoesangue,asinstituições e a mentalidade, não 5Ó da França, mas do mundo inteiro. Nota na parte supcnor da prmmra pq ma do folhct~ do Avem~ de l~ Cultu,e fiauram do~
T~~~
~~:S~~~~::~hl~:=-
1;9?']:::~~~:SJ~~u:a d:e;i!~iha~:_ a. Nilo, pois o Revoluçllo France- ça rcpuhlican.a e rcvolU<.i<.ln4,ria.
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No local do atentado
A ttde do Tf'P fi1X>üwmide11f'll.lda como upl0$lio da bomba 1erron$ta, em 20dejunho de 1969
surge um oratório e
OMPLET AM-SE neste mês vin-
te anos do atentado terrorista â sede da TFP, situada na rua Martim Francisco, 665, bairro de Santa Cecflia, em São Paulo. Na madrugada do dia 20 de junho de 1969, terroristas colocaram uma bomba de dinamite naquele loca), onde estava instalada a sede da Presidência do Conselho Nacional da S<,.. ciedade Brasileira de Defesa da Tradição, Familia e Propriedade. Atualmente funcionam no edifício o Serviço
pois contra a infiltração comunista na Igreja. Pois nenhum outro fato há que possa explicar tal ódio contra nossa entidade", respondeu o Prof. Plinio Corrêa de Oliveira, em artigo publicado na "Folha de S. Paulo" (25-6-69). Se o objetivo dos leTrOristas foi o de intimidar a TFP, não obtiveram eles nenhum resultado, pois três dias após o atentado a entidade saia novamente às ruas em mais uma de suas memoráveis campanhas públicas.
de Imprensa da entidade, bem como a redação da revista "Catolicis-
mo" e da Agência Boa Imprensa ABIM.
O que valeu à TFP a honra daquela bomba? "A convicção, o denodo e a eficácia com que ela (a TFP) se afirmou
-
errrt961-=1963--con~fm'm1rA'gT: ria de Jango, com que ela se opôs em seguida ao divórcio, e clamou deH -
CATOLIC ISMO JUNHO 1989
Inauguração do oratório Uma imagenzinha de Nossa Se· nhora da Conceição, existente na sala contígua ao foco da explosão, foi seriamente danificada. A TFP a guardou carinhosamente e, durante as obras de restauração do prédio, construiu no local da explosão um peque-
da da sede que a TFP possuía na Rua Pará 50, até a da Rua Martim Francisco 665. Com seus estandartes e capas ru· bras, cantando hinos de louvor a Nossa Senhora, os sócios e coopera· dores da entidade, além de amigos, caminhavam com grande ufania, apesar da forte chuva que os colheu em meio ao percurso. Nossa Senhora quis, assim, que a TFP passasse por uma dupla prova: do fogo (a bomba) e da água (a chuva).
Cresce a devoção Uma devoção popular, simples e espontânea, começou logo a se mani· festar junto a esse oratório: eram moradores do bairro que vinham rezar ali, eram transeuntes que se detinham para uma ou duas Ave-Marias; em pouco tempo surgiram ofertas de flores e velas para a imagem. E Nossa
n~:~ ~~C:e~;r~~~~~fü.,.;t~~:,'~~: " 1-'Se",nh"', :.r,:..~""~;,d~~ai'~,.';;.iê;a,.,'~icç:,".,,,:,.,~vcu,;;°'"':,"· - ;~:t~:~:~f~ftr~e::~:= !~~~~°!e~~~t~~~ j!!~1
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pontos de São Paulo, que vêm até o oratório para rezar, fazer promessas, agradecer favores recebidos de Nossa Senhora. Flores chegaram de outras cidades, outros Estados, e até do Exterior.
Ao longo dos anos, o oratório foi recebendo dádivas de pessoas beneficiadas por graças da Santíssima Virgem: uma coroa de ouro, que cinge a fronte de Nossa Senhora, e dezenas de rosas prateadas, as quais vão sendo dispostas, em forma de árvore, de ambos os lados da imagem. Além desses, outros objetos preciosos foram doados ao oratório, como um resplendor de pérolas, brilhanEssa crescente devoção popular letes, anéis etc. Por muito tempo a TFP vou sócios e cooperadores da TFP os expôs no nicho aos pés da imagenocupados embora com estudos e atizinha, mas, devido à onda de assalvidades em prol da Sociedade - a sutos e roubos dos últimos anos, foram gerirem ao Prof. Plínio Corrêa de Olieles depositados num banco. veira de se revezarem durante as noiS freqüente e particularmente totes, a cada hora, rezando continuacante observar-se, durante a madrumente o Rosário junto à imagem que gada, pessoas que descem de seus auos terroristas danificaram. tomóveis, ou surgem a pé no meio da noite, e se aproximam do oratório. São jovens ou pessoas em idade madura que vêm pedir a Nossa Senhora um auxílio em situações difíceis. Às vezes ajoelham-se diante da imagem e rezam. Alguns soluçam, como um jovem melenudo que, de mãos postas e joelhos em terra, exclamava: "Nossa Senhora, acertai minha vida". Entretanto, o ódio também ronda. Comodamente protegidos pela velocidade de seus automóveis ou motocicletas, nas horas caladas da noite, alguns proferem, ao passar pelo oratório, os mais torpes palavrões e blasfêmias, e por vezes atiram ovos e outros objetos contra Em se•nifle.l:óriw colocado1 diretamente na calçada, (U)ú cooperaMre1 da Tf'P fru;em vigília, acompanha- OS vigiliários. dwde numeroso público, no qual 1e de11acam o Pe. ,foto11W de Paula e membroid-0 Co,11elha NacWnal da Tl-'P Há ainda os que, para indicar rancor e protesto, buzinam ou aceleram estrepitosamente O Presidente do Conselho NacioAntes da recitação de cada um seus veículos. Apóstolos sinistros nal da TFP aquiesceu e, no dia 1° dos terços do Rosário são lidas as in- da cacofonia, odeiam um oratório de maio de 1970, foi solenemente inau- tenções da vigília, reproduzidas na em que todas as harmonias se reugurada a vigília diária de orações, quarta'capa de "Catolicismo". Nelas nem. que se estende até hoje, das 18 horas se incluem os pedidos de todos aqueMas tudo isso passa, e só uma de um dia até às 8 horas da manhã les que, pessoalmente ou através de coisa fica: a firme vontade de Nossa seguinte. cartas ou telefonemas, indicam inten- Senhora de continuar dispensando, Ajoelhados em genuflexórios pos- ções a serem lembradas junto a Nos- no oratório, torrentes de graças para tos sobre a calçada, dando as costas sa Senhora da Conceição, Vítima dos todos aqueles que ali acorrem. ara a rua, enfrentando or vezes in- Terroristas. Há até um livro es ecial Quem dese'ar o auxflio de uma tenso no ou c uva, os v1g1 1 nos ão para reco er pe i os e orações. prece junto ao orat rio po er se iprova não só de piedade, mas tamAo fim de cada hora, os vigiliá- rigir ao local, escrever ou telefonar bém de coragem e ufania católicas. rios são substituídos por outros. para (011) 825-6427.
Vigília de Orações
A abertura da vigília é feita segundo um cerimonial singelo mas expressivo: as duas tochas são acesas e os vigiliários, revestidos com suas capas rubras, rezam o "Angelus" (ou, no Tempo Pascal, a "Regina Caeli"). Começa então a recitação contínua de Rosários, que se iniciam com o Credo e terminam com a Salve Rainha e a Ladainha de Nossa Senhora. Entre uma dezena e outra é intercalada a jaculatória que Nossa Senhora ensinou aos videntes de Fátima, para ser incluída no terço: "Ó meu Jesus, perdoai-nos, livrai-nos do fogo do inferno, levai as almas todas para o Céu, principalmente as que mais precisarem". Ao fim de cada Terço, é rezado um "Lembrai-Vos", a tocante oração de São Bernardo.
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MilãSIIF1W~1C·
Por que o público prefere os estilos tradicionais na arquitetura? QuEM ACOMPANHA a
evolução da arquitetura nas revistas especializadas fica com a impressão de que os estilos tradicionais não têm direito de cidadania, são execrados, estão fora de moda. Quando, porém, se passeia pelos bairros residenciais, verifica-se que a maioria das casas são construídas em estilo colonial, rústico ou mediterrâneo. Para tentar deslindar essa contradição, a reportagem de ''Catolicismo'' entrevistou Adolpho Lindenberg, fundador e presidente da conhecida construtora CAL, e um dos principais responsáveis pela volta do estilo colonial ao nosso cenário urbanístico. 16 -
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CATOLICISMO- Dizem que a CAL alcançou sucesso pelo fato de dar bom acabamento a suas construções, ser honesta em suas contas e construir em estilos tradicionais. Esses fatores pesam igualmente ou há algum deles que prepondere? AL - O último fator, isto é, a preferência pelos estilos colonial e neoclássico é de longe o mais decisivo, pois empresas que constroem com capricho e são honestas existem às centenas. CATOLICISMO zões hã outras?
Além dessas ra-
colunas e paredes. Antigamente as casas, mesmo as mais pobres, se diferenciavam umas das outras. Nos dias de hoje os prédios de apartamentos impõem uma igualdade de plantas e de acabamentos a todas as moradias. Isso na verdade é uma violência, e no fundo a natureza humana se rebela contra esse cerceamento do espírito cria1ivo e individual das pessoas. A CAL procurou desde seus primórdios não só permitir que os condôminos fizessem alterações em suas unidades e escolhessem livremente os acabamemos, como até os estimula a tomar essas iniciativas. Isso resulta, é verdade, numa sobrecarga de serviços, mas os clientes se sentem aliviados, realizados, menos angustiados.
AL - Sim, a CAL foi pioneira no assim chamado "Acabamento Personalizado". A Arquitetura Funcional, à semelhança das demais artes modernas, CATOLICISMO - O senhor consideé essencialmente igualitária. E como to- ra, por conseguinte, o acabamento perdo movimento igualitário, visa nivelar sonalizado como uma reação ao nivelatudo e todos por baixo; para isso, tem men to e à standardização das moradias? a padronização, a uniformidade e a standardização como seus instrumemos pre- AL - Exatamente. O ideal seria que feridos Haia vista,-'!WLlLJio,un,caa,4-'""--'"''"°"'~c_líapanamentos 1ivesescolas de Gropius e de Le Corbusier se 15 plantas distintas e 15 memoriais é a Modulação, ou seja, a repetição de acabamento diferenciados. Ai os monótona das distâncias entre os vãos, moradores se sentiriam realmente bem
instalados e as do nas-de-casa se sentiriam realizadas por terem adaptado e decorado suas residências segundo seus gostos, preíerências e necessidades. CATOLICISMO - Mas não é só a CAL que fala em acabamento personalizado. A maioria dos anüncios apregoam esse sistema de construir ... AL- Ê verdade. Nós lançamos a idéia, mas hoje em dia, felizmente, boa parte das construtoras de apartamentos de alto padrão estão permitindo aos moradores modificações em suas unidades. E essa prática eu a considero um movimento tendencial contra-revolucionário de primeira importância. CATOLICISMO - Mas voltemos à problemática dos estilos tradicionais. Pelo que o senhor disse, os compradores de casas e apartamentos de luxo preferem o estilo tradicional. Por que então as construtoras não lançam só ediflcios em estilo mediterrâneo ou neoclâssico? AL - Primeiramente, façamos uma distinção. Não são apenas os compradores de apartamentos de luxo que preferem os estilos tradicionais, mas toda a população. A questão é que aqueles que têm maior poder aquisitivo podem impor suas preferências, ao passo que os mais pobres precisam conformar-se com o que lhes é oferecido. Quanto à relação entre o nümero de ediflcios tradicionais e os ediflcios sem estilo ou com linhas modernas é interessante constatar que, na dêcada de 70, o estilo mediterrãneo chegou a dominar o cenário paulista, e mais da metada dos ediflcios construídos nessa época obedeciam a tal estilo. Mesmo agora, o novo tipo de projetos com cantos cortados, assimetria acentuada, tijolos à vista, "bay-windows" etc., obedece mais a conceitos tradicionats do que à ditadura dos caixotes modulados de outrora ... CATOLICISMO - Mas o senhor acha mesmo que toda a população dá preferência aos estilos tradicionais? Não hã um exagero nessa afirmação?
AL - Vamos devagar com essa questão. Realmente não se pode dizer que todos são hostis aos estilos modernos. Uma boa parte deseja projetos sem estilo nenhum, apenas com conforto e economia, outros almejam soluções arrojadas, inovadoras, na linha da últi~ a . " A ques o que a paree a da população que preferiria morar em casas ou apartamentos de estilo, parce-
la esta que não é absolutamente pequena, era forçada, por assim dizer, a ad· quirir moradias standardizadas e de estilo funcional, pois não havia outras. Quando a CAL começou a construir casas em estilo colonial houve um desafogo, um alivio, uma sensação de libertação. E o resultado é que casas em estilo colonial, rústico, ou mediterrâneo se espalharam por toda a ci dade, e hoje em dia dois terços das construções de residências obedecem a esses estilos. CATOLICISMO - Como se explica o fato de as revistas de arquitetura abstraírem completamente dos projetos feitos de acordo com os estilos clâssicos1 AL - Realmente, os projetos clássicos são publicados apenas em revistas "não policiadas'', de divulgação, como a ''Casa e Jardim", "Casa Clâudia", "Casa Vogue'' ... Os órgãos especializados, como que obedecendo a uma batuta desconhecida, só se referem a projetos modernos ou ditos da última moda, como o "neoclassic". CATOLICISMO - O Sr. não poderia se estender um pouco mais sobre essa opÓsição entre os estilos funcionais, modernos e de acordo com a moda e os estilos tradicionais? AL - O Movimento Modernista, que se originou no começo do século XX, após a 1• Guerra Mundial, tem como objetivo o igualitarismo omnlmodo e, porisso mesmo, nivelar e standardizar todas as casas e todos os pr&lios. Eles poderiam eventualmente variar de di· mensões, mas todos deveriam ter a mesma aparência, o mesmo acabamento, a mesma categoria. Exemplo t!pico desse modo de pensar são os prédios residenciais de Brasllia. Além disso, o esplrito modernista cu ltua o insólito, a aberração, o extravagante, o contra-senso. Os estilos tradicionais, cm oposição diametral à essa filosofia, têm como meta a procura do belo, do harmônico, do proporcionado, do bom gosto. E tal procura ordenada dá origem adivesidades infinitas, e desigualdades harmônicas, e desse mundo complexo, pleno de valores e riquezas de esplrito, brota um verdadeiro hino de louvor a Deus ... CATOLICISMO - Mas não se pode negar que a tendência modernista triunfou em todo o Mundo ... AL - Infelizmente é verdade, mas no campo da arquitetura o Movimen-
to Modernista teve seus percalços. Como ensina o Prof. Plinio Corrêa de Oliveira, a Revolução não pode caminhar com rapidez exagerada, pois corre o risco de a opinião pública não acompanhá-la e até vir a criar movimentos de reação. fase sábio principio se aplica especificamente à evolução dos usos, costumes e estilos. A moda pode obrigar à maioria da população que pendure nas paredes quadros absurdos e pode exigir que as mulheres se vistam com andrajos. Mas quando quis impor de um dia para outro, que todos abandonassem suas casas aconchegantes para irem morar em blocos uniformes de concreto armado, houve então uma reação da opinião pública. Foi esse ''não'' ao absurdo, à brutalidade e ao mau gosto que predispôs os espíritos à volta aos estilos tradicionais. CATOLICISMO-Quais são as características do estilo moderno que mais atentam contra o bom senso? AL - Formato externo de caixotes que se encaixam ou se superpõem. Estruturas de concreto armado aparentes, que dão a impressão de obra inacabada ou de fàbricas, pés direitos baixíssimos, que acachapam as pessoas e as impedem de olhar para o alto; paredes de vidro que transformam os interioresemvitrinesouestufas,eliminando todo o aconchego e privacidade, e principalmente, em nome de uma pseudo-funcionalidade, a execração, a eliminação total, a excomunhão de tudo o que seja enfeite, adorno, embelezamento, decoração. Segundo os cori feus da Arte Moderna só o funcional é válido. CATOLICISMO - Mas não existe uma certa verdade quando se diz que uma casa, um apartamento, deve ser funcional? AL - Certamente, é evidente que sim, muito embora a funcionalidade não seja a qualidade mais importante. O sentir-se bem, o aconchego, a adequação da casa com a personalidade de seu morador e os valores estéticos são mais fundamentais. Mas a questão é que nada é tão pouco funcional como a arquitetura dita funcional. Parece um paradoxo mas não é. A arquitetura moderna execra tudo o que pode ser considerado supérfluo. Ora, se um ou outro detalhe decorativo pode ser considerado supérfluo, o conjunto deles certamente não o é. ·o~nJmm,ctonuptrnuorn!lo-é ~rfluo". Eis ai uma máxima muitíssimo verdadeira. CATOLIC ISMO JUNHO 1989- 17
mos a proveitando ao máximo o CATO LI C ISMO. Estou colocando o di nheiro para renovar aminhaassinaturadesuarcviS(a.
Joio 811ld oino dos Reis Irmio, lt11bun11 (RA): A revista CATOLICISMO nos traz análises de temas da atualidade numalinguagem ftr.cil c apetitosa. EurealmcntecstoumuitosatisfeitoemreccbeTna minha casa cstarevista{... )intcressa.aquem gosta de estar por dentro do passado, presente e fuiuro. Estou enviando NCzS ... referente ti oomplementaçllo da anuidade. Wllli11n Robfrto Pin heiro, Birigui (SP): Estive lendo uma das revistas CATO LI C ISMO, fevereiro/89,eacheiumapublicaçãobastantcintercssan1e;gostariacntãodcsaberalgumasinformaçõcs para a assinatura da mesma.· F.dmilson de L11~rd11 E:vangellsta, Pombal (PB): Precisamos todos nós, admiradores deste grande movimento espiritual da TFP, nos aproximarmosmais,procurandonaslcituras doutrinárias conhecermos melhor alguns temas po lêmicos como Moral, Aborto, Família, para podermos combater os adversários de uma sociedade maishumanadcmelhorqualidade.ComopodercireccberoscnsinamentosdonossoilustreDr. Plinio Corrêa de Oliveira? Devo salientar que apreciei muito o artigo sobre a Idade Média, lavrado pelo Sr. Grcgorio Lopes, explicando muitos pontos históricos de nossa civilização cristã. Nota da Redaçiu: Sobre o louvAvetdesejodereccberoscnsinamcntosdc Dr. Plinio, estamos respondendo ao missivista. Antonio de Arruda Le me, Slo Pa ul o (SP): A propósito dos excelentes artigos sobre o 1
veis por CATOLICISMO que, semprcjuiwda.1ediçõcsameriores,seapresentaemcadanovo número mais admirável. Ju1rn Lopa Rodrigues, Ca mpos (RJ): A cada número da revista CATOLICISMO que recebo, mais me convenço de que as portas do inferno não prevale«rãocontraalgrcjaCatólica Apostólica e Romana. A defesa da tradição, familia e propriedade, principios essenciaisàsobreviv!nciadeumacivi lizaçãocristã,cstàscmpreprcscntenasbemdistribuldaspâginas dessa revista. Citamos por exemplo, no número de janeiro/89,11magnificacxposiçllosobrcoSanto Sudllriodc Turim, cm oposição às prctcnSÕCs dos inimigosda lgrcjaemfazercrer &ejaaimagemalimisteriosamcntc estampada, falsificação da ldadcMMia. JostLuiz Viegas de 81rros, Jundiaí (SP): Verdadeirame nte absurdas as posturas de Sarney em Angola. Primeiro deposita flores na sepultura de Agostinho Neto, depois declara que aliberdadctardou,maschcgou. Notada Red11çlu: O missivist11 apresenta aindasugcstões dctcmasquegrutariadcvertratados cm CATOLICISMO, como, por exemplo, o cooperativismo. Agradecemos as sugestões, as quais levaremos nadevida consideração e atenderemos na medida das possibilidad~. Pe. Osvaldo Vc nluru:no SS88, Alto Anguaia (MT) {cm carta ao Prof. Plínio Corrêa de Oliveira): (... ) com as óbvias felicitações pelos artigos sobre o Santo Sudário de Tu rim e da
JoslMa ri11 deAq ulno, Sio Paulo (S P): Leio e aprecio essa revista jâ desde longo tempo;acompanho,pois,comsatisfaçllosemprecrcsccntc,atransrormação de sua aprcscntaçllo gràfica,amclborno1!nero{... ) ocsmcrodoatualsistemadepaginaçllo1ornaram-namaisprãticaca1raente, mantcndoentrctantoamesmaorientaçãoortodou; verdadeiro paladino da defesa intransigente da doutrinacatólica,da lgrcjaedacivi\izaçllocris1lcmseusvaloresbàsicos:tradiçllo,famlliacpropricdadc. Paramim,degrnndeatcancc têm sido os primorososartigossobrcacrisedafamlliaaprcsentados pelo Dr. Murillo Gallicz, além de tantos outros, sâbios, penetrantes c dc grandc atualidade.Gostaria de apresentar 'duas sugestões: a) a volta de''Ambicntes,CostumcscCivilizações"; b)algumas biografias como de Frei Galvão e Padre Belchior de Pontes. NotadaRedaçio:Abiografia do Pc. Belchior de Pontes foi publicada em nossa edição dcmarço/ 1968, nº207;deFrci Galvllo,umapcqucnabiografia ».iu no número 344, agosto/1979, além de outros dados biográficos cm março/1986, nº43J.Mas,parccc-nosoportuno aprescntar novos aspectos davidaadmiráveldesseúltimo religioso, fundador do Convento da Luz, na capital paulista, oquefaremrucmbreve.Quanto a "Ambientes, Costumes e Civilizações", a sugestão do missivistaserviu-nosdcocasilo
para renovarmos mais uma vez ao Prof. Plínio Corrêa de Olivciraopcdidodcqucretomccssa sua magntfica c insubstitulvcl seçllo. lnfclimicnte, porém, o excesso de ocupações nlo lhe permite fazê-lo de momento. Seos!eitoresrczaremncsscscntido, quemsabe ... Pc. JOK M11 ri 11 Nollueina, ll11mbaradi (PR): Venho por mciodcstapcdir-lhcmil dCM:ulpas por nno poder assinar a revista CATOLIC ISMO. Pois, chcgandonestaparóquia,cncontrci muitas outras assinaturas. Por estar chegando aqui, nno poderia desfazer estas assinaturas. É sempre a mesma his1ória, no fimdoanotamasassinaturaspara pagar, ea nossa sirnação financeira agora que cstà melhorando. Peço por favoresperar-me mais um pouco, para a assinacura da revista CATO. LICISMO. Assim que cu puder comunicarci.Querodesejaratodos vocês um feliz tempo Pascal,equcoDivinoEsplritoSantoosilumineparaquetenham mais brilhantismo,nes1acomunicação tão dinâmica que vods
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União das F..scolas Superlore~ do Parii- UNESl'a, lllb li o-
teca ~nt ral, Belém (l'A): Vcri-
ficandoo nosso fichário, observamos o não reccbimcmodo número 460 da revista CA TOLICISMO, que essa Editora publica. Naccrtczadequerccebercmosembrevc,agradecemosantccipadamenle. P. S. - Seria possível uma cortesia por parte dessa &füora, o enYio dos números anteriores ao ano de 1986, para que possamoscomplctarnossacoleção7Somosvclhosassinantcsdessapublicaçllo. Contamos com vocês!
O FOTOLITO DO PRESENTE PARA O FUTURO
,..._ ~~g~~·6;ej!~~~:u,;;;',.,~'.--1-''"'""'"-"'="'"'""--·- - - -+1-2!"¼!~~~~!'""'~~!."-:?I~ Fones: 631-1057 - 260-9669- CEP 05078- SOo Poulo (SP) mo(,.,). Aproveito o ensejo para cumprimentar os rcsponsá-
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J udi1hOaireWa ls.h,811kK!ifield (C•lifórnia-EUA): Esta-
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Por trás de uma "Cortina de Silêncio"
AColômbia vai afundando no caos Que o Brasil está sendo lançado no caos, todos o sentimos na pele. Mas o que geralmente não se sabe é que em maior ou menor grau, e adaptado às peculiaridades de cada país, toda a América l.Atina vem sendo trabalhada pelo mesmo processo caotizante. Caso característico é o da Colômbia. Num quadro de patente desrespeito às leis vigentes, a guerrilha, o narcotráfico e a omissão governamental transformaram a nação--irmã no mais sangrento palco de violência de toda a América do Sul. Essa trágica realidade não é suficientemente apresentada pela mídia. Como conseqüência, o público brasileiro está desinformado sobre a verdadeira situação de uma importante nação, vizinha de nosso País. A fim de proporcionar a seus leitores uma visão panorâmica e objetiva da situação colombiana, "Catolicismo" solicitou ao Sr. John Spann, enviado especial de nossa revista à Colômbia, que analisasse in loco e detidamente o atual processo de desagregação a que está submetido aquele país sul-americano. Apresentamos a seguir sua primeira colaboração. John Spann - Enviado especial -
Dois fenõmenos delltuosos amplamente tolerados A ofensiva guerrilheira e o narcotrãfico têm causado anualmente na Colômbia incontáveis crimes. Ê verdade. de um lado, que a gue rrilha atua em zonas escassamente povoadas, e de ouuo, os assassinatos devidos ao narcotrãfico correspondem em grande parte a vinganças entre rivais; portanto, a maior parte desse elevado número de assassinatos não afeta diretamente os habitantes comuns das grandes cidades. Entretanto, pela forma galopante com que progridem os mencionados fenômenos delituosos, é evidente que estes não tardarão a atingir de forma grave toda a população. Durante o ano de 1988, o número de soldados e policiais mortos pela guerrilha ultrapassou o milhar! E só no mês de janeiro do presente ano, o número de pessoas que tiveram morte violenta foi de 1400! Além disso. sempre que o submundo do crime se apodera de uma sociedade, começa corroendo ou dizimando os setores que geogrãfi-
Como &e engeudrou u tragédia alua/: acima,guerri/heimsda M/9 realizam os 1râmi1es parn gozar doani&tio,ar,ósaqualreiniciaram a violência. Ao lado, 0
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de guerrilheiro da rAH.0, grupo •1uefnlnrn
Jepozeuqurrnroia cadauezm11i&fot11;1ena
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ca ou suctatnrentettre-sa-o-nratrp;.,,,,,,.~ - - - - - - - - - -~ mos, depois do que sua ação vai-se expandindo para os demais. A intensidade do fenômeno guerrilheiro cresceu raCATOLICISMO JUN!-1O 1989 -
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pidamente durante o governo do Presidente Belisario Betancur (1982-1986), por causa da inusitada e sistemática be· nevolência deste para com todos os grupos subversivos. Com o narcotráfico, ainda que não tenha havido declarações de tolerãncia, esta tem sido manifesta, a ponto de os principais envolvidos não serem sequer fo rmalmente acusados e muito menos julgados. Quandoocasíonalmen· te caíram nas mãos das au1oridade, estas logo lhes deram liberdade. E não poucas personalidades procuram tornar propicio o "diálogo" também com aqueles que traficam tóxicos ... Na realidade, isto significa que se prentende conceder-lhes mais ou menos tudo o que peçam, ou seja, a mais absoluta impunidade.
Tltubela•se ao combater o mal que se deixou crescer À medida que a situação se torna mais grave, as autoridades do atual governo anunciam planos destinados a corrigi-la. E aqui entra um terceiro fator que produz o caos: a improvisação e incongruência de várias dessas medidas, o que traz ao país a sensação de que o governo titubeia, e com isso SO· menteaeentuaacrise. Com efeito, cm 1987, o Presidente Barco, alàrmado com os assassinatos
de várias personalidades e pressionado tanto por seus correligionários quanto por seus opositores, anunciou de for. ma bombástica, como uma panacéia, a criação, por decreto presidencial, de um Tribunal Especial para investigar crimes particularmente graves. Entretanto, com tal medida, dava·se a impressão de que a maior parte dos assassinatos continuaria sem investigação eficaz e que o Executivo reservava-se o direito de abrir um caminho rápido tão só para a elucidação de alguns casos de seu interesse especial ... E com isso patenteava-se que, para quase todos os colombianos, não haveria verdadeira justiça. Por essa razão, a Corte Suprema declarou, pouco depois, que o mencionado decreto era inconstitucional, e assim a opinião colombiana foi levada a considerar, uma vez mais, que a criminalidade é um problema insolúvel. O mesmo ocorreria meses depois com dispositivos-chaves do recente Estatuto anti-terrorista ("EI Tiempo", 26-11-88), o que lhe tirou toda eficácia. E recentemente, o próprio Chefe de Estado anunciou, ainda com maior alarde, novos e singulares decretos para restabelecer a ordem pública ... deixando ver - como mostra o quadro desta página - graves incoerências em sua concepção. No entanto, a polêmica em torno dessas medidas deitou luz sobre aspectos bastante mais crlticos da justiça colombiana ...
Converg@ncia clérioo-guenilheira: Mon.,. Sema, BiJpo de Caq11elá, em lro&alioos crim guerri/heUW
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O caos não s6 nas normas legals1 mas na aplicação destas Com efeito, logo no inicio do debate, ficou dito que, dos incontáveis crimes cometidos no pais, somente 30,. dão origem a um processo policial e judicial que termina em sentença; ou seja, 97•/o dos crimes permanecem absolutamenle impunes! Mais ainda, mostrou-se que uma das razões para que isso aconteça é que a dotação de pessoal para a Policia judicial - encarregada de numerosas diligências relativas aos processos - é ridiculamente insuficiente: para 2.000 juizcs existentes no pais e para 300.000 processos iniciados anualmcn· te, hã somente 200 agentes! ("El Ticm· po", 27-11-88). Já antes de tudo isso, o Tribunal de Ordem Pública havia produzido consternação na Colômbia ao formular uma sentença - contraditada e anula· da depois pela Corte Suprema - no sentido de que os atos da guerrilha não podiam ser qualificados de terrorismo, por serem deslinados a obter concessões políticas e não a causar pânico ("E[ Ticmpo", 13-8-88)! Como se uma coisa estivesse desvinculada da outra, precisamente na época em que o pânico terrorista é uma arma political Recentemente, por ocasião do seqüestro de um destacado politico - cujo resgate estava sendo negociado com seus raptores - o Ministro da Justiça (um dos principais guardiães, em tese, da lei colombiana), interrogado sobre se não seriam ilegais estas tratativas com a subversão, declarou sem evasivas: "Não há código que valha mais que a vida de um homem". Acrescentando cm seguida: "Nada do que favoreça a Pátria Pode ser imoral ou inconstitucional" (''EI Tiempo", 20-7-88). Portanto, falando como Ministro, deixou claro que colocava suas próprias idéias acima das leis e do que indica a Moral. Sendo assim, e unindo-se tais conceitos a numerosos outros elementos de juízo, como estranhar que ocaos e a ilegalidade vão tomando conta do país-irmão? Prestem.atenção os demais povos, pois os gérmcns que corroem as instituições colombianas certa· mente não se satisfarão com o que obtiveram até o presente. São gérmens que, quando não combatidos, tendem r s1 >SâCXpansáo... e não apareceram ainda os que queiram combatê-los e ao mesmo tempo disponham dos meios adequados para isso.
Para grandes males, grandes remédios ... e grandes frustrações
As PROFUNDAS e crônicas perturbações que a ordem pública sofreu na Colômbia levaram o Presidente Virgílio Barco a promulgar, em novembro último,
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um decreto destinado a combatê-las energicamente, o que era mu ito desejável. Não obstante, logo depois - e sem que ninguém discutisse a necessidade de medidas drásticas - as propostas do Executivo despertavam polêmica. Por quê? Segundo o decreto governamental:
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• Os juízes passariam a ser protegidos pelo anonimato, para impedir as vinganças dos condenados e de seus cúmplices. lstO deixava ver que, se o Estado
é incapaz de resguardar a vida dos ju!zes, muito menos poderá proteger, como é seu dever, todos os colombianos. • Os juizes poderiam negociar com os acusados a redução de suas penas cm troca da delação de seus cúmplices, o que é incompatível com a ordem jurídica colombiana e inadequado à mentalidade latino-americana. Numerosos juristas vaticinaram que essa parle do decre10 presidencial lerá vida curta, pois será também declarada inconstitucional pela Corte Suprema. • Es1abelecia-sc pena de prisão perpêtua para os terro ristas, já que na lei colombiana não existe a pena de mo rte; mas, também neste caso, juristas destacados ponderaram que não é possível, com base em faculdades extraordinârias e provisórias, motivadas por situações de exceção, decreta r medidas cujo efeito será permanente. Por esta razão, ê de prever-se que a Corte Suprema declare inconstitucional e nula também essa parte das medidas propostas. • Declarava-se que, nos casos de assassinatos cometidos por integrantes de corpos armados ilegais, os fautores receberiam o dobro da pena que normalme nte lhes caberia; mas esta d isposição ê de eficácia duvidosa, uma vez que os mais aniigos, numerosos e sanguinários desses corpos armados ilegais são os grupos guerrilheiros, e contra eles os organismos oficiais em geral não têm promovido processos, com o que se lhes ortorgou uma quase absoluta impunidade. Daí a referida duplicação da pena equivale a nada, pois o dobro de zero ê z.cro! Assim , a opinião colombiana é induzida a habi1 ·r mo se o objetivo fosse acostumá-la a conviver com o caos.
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BERLIM - "Esta é uma fronteira religiosa. Do lado de lá eram as ter· ras do Barao von und zu der Tann, amigo pessoal de Martinho Lutero, aqui as dependemes do Arcebispo de Würzburg. Hoje é a linha fronteiriça entre o mundo livre e o eomunis1a. Í! o que explica o seu zig-zag, já que ela retraça os limites entrecortados das pro· priedades de ambos senhores", as.sim se exprimia o .. Polizeiobermeister" (Chefe de policia) Klaus Kochen, que nos servia de guia. Estupefatos, dian· te de nós se apresentava o espetáculo tétrico da cortina de ferro, com suas torres de vigilância e suas altas cercas de negra chapa perfurada, enferrujada. Ao fundo, em plena Alemanha comunista, a pobre cidadezinha de Wie· senfeld , onde ninguém é dono de na· da. O pQvo escravo trabalha de sol a sol, mais precisamente" a partir de uma hora após o nascer do sol até uma hora antes do poente", informa uma camponesa. O que cm ccnàs épocas do ano na Europa significa traba· lhar das 6:00 ás 19:30 hs1 Aliás, trata-se de uma dupla corti· na de ferro. Com efeito, um terreno de umas poucas centenas de meuos - a "zona proibida" - separa ambas cêrcas. Quem ali trabalha, o faz ten· do a seu lado soldados que montam guarda " para prmegê-lo dos inimigos do lado ocidental" . (Essa é a hipocrisia oficial!).
"O que vou ficar fazendo sozinho do lado de cá?" ... - - - - - - - - - - - - - - - ---11e,no-Hofseht1lt nosso correspondente 22 -
CATOLIC ISMO JUNHO 1989
Pouco durou para que detrás da segunda cerca surgissem dois soldados (sempre dois!) que com binóculos nos observam . Mais um minuto e - então nós também com binóculos, que o policial ocidental nos emprestara - pudemos distinguir que apanhavam um telefone escondido num dos mou rões de concreto. Dentro em breve, numa curva da precária pavimentação que acompanha a primeira cerca, e que é utiliza. da pela patrulha de urgência, surgiu uma pequena moto, em estado lastimável, que percorreu lodo o curvilíneo e dantesco circuito, e dois outros soldados, com suas metralhadoras, pararam diante de nós. Trinta metros nos separavam! Trinta metros separam dois mundos! São os "Greso". Quem não ouviu falar dos tristemente famosos "Vopo" do muro de Berlim ("Volkspo. lizei", a Policia popular)? Aqui eles são os "Greso" ("Grenzsoldaten··, sol· dados da fontei ra). Um "se escondeu" atrás da moto e assestou em nossa dire• ção uma longa luneta, enquanto o ou· tro. com urna Possante tele-objet iva, tirou diversas fotos dos 20 membros da TFP francesa e do Bureau alemão das TFPs que eu acompan hava nessa im· pressionante visita, a convite da Guar· da de Fronteiras da Alemanha livre (''Bundesgrenzschutz''). Do lado ocidental, o campo estava lavrado até o limite do território! Na linha de divisa, em antigos marcos de pedra que delimitavam os reinos da Prússia e do Saxc, podia·se ainda ler as letras KP (Kônigreich Preussen) do lado oriental, e SW (Saxe·Weimar) do ocidental. "A linha que encima os marcos traça com exatidão os limites dos dois reinos", explicou-nos o guarda de fron1eiras. Hoje retraça ela "com exatidão" a divisão de dois mundos ... Começa ai o império da iniqüidade: trinta metros de terreno de segurança, ora arado, ora aba ndonado. oncte, por vezes, em esconderijos atrás de arbustos, se escondem soldados comu nistas; e, em seguida, é a tétrica cortina de ferro que se ergue. Nesse "terreno de segurança" , já portanto na Berlim Oriental, mas ainda próximos à linha frontei riça, , altos e repelentes marcos de cimento, a cada 500 ou 1.000 metros, listrados de preto, amarelo e vermelho, encimados pelo martelo comunista e o compasso maçônico, nao deixam dúvidas: "Deutsche Demokratischc Republik" (DDR, a Alemanha Oriental).
" Mais recentemente foram desativadas as minas e as ''Toclesautomaten'' (•);
1111311iitili·l·l-t Hllei·l·tâli§ii· Organizaçõo dos obstáculos na fronteira da Alemanha comunista
hoje não são mais as máquinas mas os homens que matam os fugitivos! A fro nteira ... se humaniza", dizia cm tom de ironia o policial.
Quatro em cada cem Não se trata mais de uma barreira de armadilhas automáticas, por certo, mas de homens autômatos! E quantas dezenas ou quantas centenas de mil hares de alemães do Leste aspiram transpor essa barreira! Quiçá milhões . Contudo ... uma lnfima parte dos que empreendem uma fuga atingirão o Ocidente! Porque as barreiras não são apenas as duas cêrcas vigiadas. Os cinco quilômetros que, do lado oriental, precedem a fronteira constituem com efeito "á· reacontrolada". Ninguém pode aí adentrar sem salvo conduto. E de cada 100 que se aventuram, apenas 20 conseguirão atingir a dupla barreira de altas cercas. A primeira é encimada por grande quantidade de fios que acionam alarmes: sonoros, luminosos, cães policiais os "Greso" eles mesmos; é todo um aparato que ao menor sinal se põe em marcha. Pobres 20 fugitivos que ai che-
gam: apenas 4 conseguirão a liberdade! Para os 96 outros é a aflição, a prisão, a morte ou ... a torturai Atingida a primeira cerca é preciso .sallá-la sem que se acionem os alarmes. "Não se pode fazer com uma escada?", perguntamos. "Certamente", respondeu nosso guia, "mas estas são controladas, registradas, para as possuir é preciso uma permissão especial, e são mantidas sob chave''. Pouca chance de sucesso! Há não muito tempo, ali a poucos metros de nós, explicounos ele, um jovem de 19 anos viveu sua aventura precisamente com uma escada. Ele a construíra às escondidas, com diversos pedaços de madeira , alta, muito alta, conseguindo na calada da noite .sallar a primeira cortina de ferro sem acionar os alarmes, e galgar a última com auxílio de ganchos de açougueiro. Chegado ao topo, sem apoio, afobado, lançou-se para o solo como pôde. Caiu com a face por terra. Todo ensangüentado, só lhe fa ltavam 30 metros Livres Nenhum p,o ·• eia!. Nenhum cão. Juntando as últimas forças, conseguiu arrastar-se até um pequeno vilarejo que toca a fron -
EXPLICAÇÃO DA GRAVURA
l. Mar001Íffllllririçood•Almlanlul01101wn,s. ta{r,mo-l'UJl>tlho-anwdo),dtl,IOm. ~.Fliu.deoontrole,delm••ld.l••pllinadlo, ~.Ot,stiruloduplo,<ka,çanittilka{2,«lrn),
6.1'-..,n 7.0bstkulo.,mplos,dccaramaitlic•(l.lOm). 8.f'OMOba!1ando1po.lUfCllld••riculoo(1uar• n,ecldo<kplacas<koonc,<10). 9.l'•indc<OB1rol<<k6m,dosttnMl1•<klot,orqUàlq.,..si11&l<k - . LO.Camuihocarrouhri. ll .lbnedo.;.ia,<kconcfflo. ll.lb<r<:·quadradado.;pa,deconae10. lla.lbffe<kcoctW'ldo,deooacmo(l,...,,,l. ll.Abfi&o<k-.,,IIÇAO,<kOOflCtt!O, 11.Posla<kUumli\açl,o. U.Moun)eslipdol:iredoteltfiWCaNblminca. l6.Cor1SIO<lrr<:diç1<kcksl)Oliciais. 17.Bar,ci:r1<:omdi,p0oi1i•otl)llr• sin1ioelicrico,c ac(r,iicos.Partodel1comob$1A<:uloduplo dcec<came1.1Jica,1uordadop0rclos 18 . Muro <k ronçr<10, ullliudo tamWm <omo
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CATOLICISMO JUNHO 1989 -
2.'J
IIIIH::Mf-ifí•l•lêt·Ulfíl·H·Pi§ÊH tcira, ali a nossos pés. Estava salvo. Um dos 4 felizardos. 4 em cada 100! Aproximamo-nos, fôra ali, um l)Ouco mais acima. Do outro lado da cerca. precisamenie no local desta fuga, junto a um "bunkcr" de observação, estavam infatigáveis os dois "Greso" que há l)OUCO nos fotografavam, Via-se.os atarefados: 1elcfonavam, escondiamse, assestavam seus binóculos em nossa direção ... Foram-se só quando já nos afastávamos! E, no entanto ... são eles mesmos - os "Greso" - os que mais fogem para o Ocidente, embora estejam sempre a dois para que se entrevigicm!
A prlsOo mais cara da História Há um temi)() recente - quando a iml)Opularidadc dos caml)Os fronteiriços minados os obrigaram a arrancar essas terríveis ciladas mortifcras - o Policial que nos servia de guia teve de contactar em caráter oficial os soldados que trabalhavam na linha da fronteira para saber da hora em que as minas explodiriam. Contacto diílcil e delicado, pois os comunistas são proibidos, em principio, de manter qualquer comunicação. Num dado momento ele se encontrou frente a frente com um "Greso" isolado. A dois metros um do outro, sem obstáculos. E arriscou um diálogo súbito: "Quando esta cerca for derrubada você passa para o Ocidente? - "O que vou ficar fazendo sozinho do lado de cá?", resl)Ondeu quase sussurrando o soldado comunista ... Mas ... a cortina de ferro continua a existir. "lcm-se idéia de quanto custa todo esse aparato de repressão?'', perguntamos. "Cada quilômetro de cerca, e apenas a cerca, calcula-se cm l milhão de marcos!'', resl)Ondcu-nos o Policial, "e como são duas, são 2 milhões; o que, multiplicado Por 1.400 quilômetros - o comprimento da cortina de ferro alemã - atinge aproximadamente 3 bilhões de marcos"! A isso seria preciso acrcsceniar as incontáveis torres de vigia que salpicam toda a fronteira, os sistemas de alarme, os vclculos, minas, metralhadoras automâticas, pavimentações de alerta, serviço de iluminação, cães amestrados, trincheiras antiveículos que percorrem os l.400 quilômetros (apenas para os Q cm!...), um sem número de dispositi· vos, tudo indescritível. Ainda, deve-se somar o permanente patrulhamento 24 - CATOLIC ISMO JUNHO 1989
dos "Greso", não só na fronteira como ao longo de todos os S quilômetros que a precedem ... Esta é a situação de um país onde a penúria é de lei. Eis uma tirania que faz lembrar o regime nazista! "Acusam-nos de revanchistas e nazistas", continuou nosso guia, "mas mudamos de regime em 1945, são eles os continuadores do regime hitlerista". ''Até pior'', acrescentamos nós. ''Pior do que antes", concluiu ele.
Salmos pensativos. Indignados. As imagens voltavam umas após as outras às nossas mentes. Não conseguíamos
pensar nem falar de outra coisa. Nessa noite não foi fácil conciliar o sono. À indignação sucedia-se ou1ros sentimentos: o de que aquilo não pode durar, o de que é preciso resistir, o de que ... bem, Nossa Senhora de Fátima nos trazia o alento e a resl)Osta: "Por fim meu Imaculado Coração triunfarâ!". (•) "Tbdesautomaten" ("engenhos de morte"), mais conhecidos entre nós como as "metralhadoras automâ1icas", são espécies de granadas automáticas, altamente mortfferas, que estouram nos mourões das cercas ao menor toque humano ou de um animal.
Na China, povo ama tradições imperiais Por razões táticas, o governo comunista da China viu-se obrigado a permitir uma discreta recordação das tradições nacionais. E o povo está mostrando que não as odeia, antes sente nostalgia delas. Por exemplo, nestes últimos meses, quarenta anos após a implantação do comunismo na China, o filme "0 último Imperador" atrai multidões. Conta a história de Pu Yi, o menino monarca deposto em 1912. E junto aos muros da ''Cidade Proibida", turistas chineses alugam vestes semelhantes às usadas por este rei, para com elas revestir seus filhos e assim fotografá-los. Em Pequim, vive ainda Aisin Gioro Yunying, única irmã de Pu Yi, que nunca fala - mesmo para seus filhos - do passado imperial. "São memórias muito doloridas", comenta. Ela e seu marido, um nobre da Manchúria, foram "reeducados" pelos comunistas, perseguidos, presos e privados de muitos pertences que recordavam seu passado imperial. A princesa só pode falar a estrangeiros sob a vigilância de um funcionár io comunista. A mera rcsen a e uma anc1 sem nen um er, mas portadora de um grande passado, ainda incomoda.
TFPs em ação Contra o torpor, apelo ao heroísmo
piritos a impressão de que se inicia uma era de bem estar e prosperidade definitivos. Teriam ficado para trás os tempos em que o pais era o primo pobre da Europa, a qual lhe voltava as costas com desdém ... O documento do Cen-
LISBOA - Chamantro Cultural Reconquista do a atenção do público deseja que as vantagens português para que desda integração do país no perte do misterioso torMCE sejam aproveitadas por que o domina, e reapara corrigir os erros crôcenda a velha chama de nicos da polltica agrária Fé e hero[smo, grandeza confiscatória implantada do Portugal de outrora, anteriormente, e ao mesa Centro Cultural Reconmo tempo chama a atenquista elaborou substanção para o perigo de que cioso estudo, publicado as medidas exigidas por em seu boletim "TFP Luessa integração venham sa Informa". a desfigurar ainda mais Ao tratar do ver da deios vestígios do passado ro perfil da alma portucristão. guesa, o documento reE para demonstrar a monta às origens da nainconsistência de uma vicionalidade, às lutas consão cor-de-rosa do panotraos invasores muçulmarama luso, relaciona fa. nos e à expansão marítitos concretos de uma ten· ma que levou a Cruz de dência à autodemolição Cristo aos mais distantes nacional, semelhante à aupontos do Globo. Evoca todemolição da Igreja. com especial admiração Por exemplo: oBeatoNunoÁlvaresPe- A descolonização reira e a Rainha Santa consistiu na transferência Isabel, como figuras intedas colônias para a órbi· gras e abnegadas que ta soviética; as populamarcaram a História de lrrn11fem de Nona Senhora da Co,iceiç6-0, de Vila Viro,a, ções ficaram reduzidas Portugal nos momentos Padroeiro de Portugal às mais penosas condimais tristes e dolorosos. ções de miséria. Rejeitando a versão -A provinda de Made que os atuais problemas da na- sa aquele sinal que tinha sido até cau, a exemplo de Hong-Kong, seção se restringem apenas à econo- então a sua glória, a sua alegria e rá entregue à China, sem que ninmia e às finanças, o Centro Cultu· a sua honra: a Cruz de Nosso Se· guém tenha sido consultado a res· ral Reconquista aponta numerosos nhor Jesus Cristo. peito, nem em Portugal, nem em sintomas da grave crise social, moMacau. Onde estão os ardorosos rale religiosa que solapa o pais ho- Ilusão otimista defensores da democracia liberal e je em dia. Essa grave crise - saliendas consultas populares? ta - tem um nexo profundo com A estabilidade polltica de cunho - A aprovação da lei do abora descristianização propugnada pe- liberal, o afastamento do perigo to e a difusão de anticonceptivos los iluministas e revolucionários imediato de uma tomada de poder poderão reduzir a taxa de natalidafranceses de 1789, e trazida a Portu- pelos comunistas, eo recente ingres- de em Portugal, como já ocorre - gat"p-Or· Napoleão-e-seure~rciros:- -s-cnte· Pontrga:hrcrM~R1Rto-r:oiITT1umrl--.,mmciITlu ros ricos palses europeus, Pretendia ela apagar da fronte lu- Europeu despertaram em muitos es- com a sombria perspectiva de um CATOLIC ISMO JUNHO 1989 - 2S
TFPs em ação envelhecimento prema turo da nação. - Ação deletéria da imoralidade em geral e da televisão em particular, como veiculo de violência, pornografia e inqualificáveis ultra· jes à Religião Católica. - É muito sintomático o afastamento de grande número de católicos portugueses dos deveres religiosos. Nos últimos anos, o comércio esteve aberto nas grandes cidades por ocasião da Sexta-Feira Santa, e no Porto chegou-se a marcar uma partida de futebo l justamente para as três horas da tarde. Fo r ça j o v e m
Este é, infelizmente, o Portugal
dc hoje. Um pais onde a Fé se evanesce como um perfume que se evapora de seu recipiente aberto. Enquanto essa situação perdurar, Portugal caminhará certamente para a destruição de tudo o que ainda resta de Civilização Cristã. De sua parte, o Centro Cultural Reconquista, com o apoio de numerosos amigos e simpatizantes se propõe a prosseguir sua atuação junto à opinião pública, para defender as tradições lusas e os princípios básicos da Civilização Cristã. E conclui o documento: "Com os olhos postos na Virgem Mãe de Deus, que ao escolher a nossa Pátria para, de Fátima, falar ao mundo inteiro, manifestou por ela especialíssima predileção, consagramos aqui, com gratidão fil ial, nossos trabalhos, nossos esforços e nossa luta ideológica em prol de um Portugal sempre mais cristão e fie l a si mesmo. Estamos certos de que contribuiremos, assim, para que um dia não muito distante se cumpra inteiramente aquela Sua promessa
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Prestígio inadmissível concedido ao
JJ
d !!G~~ ~ !enu~~ ~a~ e~O cente onda publicitária que procura apresentar Fidel Castro comovedete política, capaz de solucionar problemas decorrentes da guerrilha revolucionária edo narcotráfi co, incentivados a partir da própria Havana, a Sociedade Colombiana de
::f
Defesa da nadição, Família e Propriedade publicou substancioso manifesto, em página inteira do diário "EI Tiempo", desta capital. A TFP colombiana sustenta haver uma monstruosa inversão deva!ores no fato de transformar um ti-
rano, que completa três décadas de crimes contlnuos, em astro cota- na, dizendo-lhe ao final da entrevisdo na esfera internacional, fazen- ta: "O Sr. , Presidente Fidel, aindo vistas grossas para a miséria bru- da que não se dê conta, é também tal vig_ente em Cuba - que a colo- cristão, ao menos porque procede cana completa dependência soviéti- de uma familia católica e porque ca - bem como para o exílio fo rça- alimentou seu pensamento nas fondo de 10% de seus habitantes, e a tes de Marti e de Pepe de la Luz". existência de incontáveis presos poO mani festo denuncia ainda o llticos. verdadeiro "apartheid" ideológico No referido documento, a enti- a que vão sendo reduzidos os ant idadefflanifesta também viva surpre- comunistas. sa ante as declarações de destacaChamando a atenção do públidas figu ras do Episcopado católi- co colombiano para os graves risco, que passaram recentemente a cos da busca da paz através de uma elogiar o tirano. É ocaso, porexem- cordialidade relativista, conforme pio, do Presidente do Conselho advertência fo rmulada pelo Emmo. Episcopal Latino-Americano, Mons. Cardeal Ratzinger, o documento diDario Castrillón, que chegou a qua- rige uma súplica a Nossa Senhora li fiear a situação da Igreja em Cu- de Chiquinquirá, Padroeira da Coba de "muito esperançosa'', dan- lômbia, que milagrosamente restaudo como razão o fato de o gover- rou sua imagem para recompensar no castrista ter permitido a ativida- seus devotos. A ela a TFP implode de sacerdotes estrangeiros, cuja ra que realize agora o milagre muiorientação, porém, o Prelado não to maior de reconstituir em tantos menciona .. de seus filhos as verdadeiras convieAlém disso, o mesmo Prelado ções cristãs, de maneira que estes
---é:lã~oc.,e,;;h,,ei.a_,, dc,_,, es:-"pe"-,an~ça~e.;,;d=u,,,rn~:t-'~h~e~o~u!'ª-'êd~ec~ la~rn~,=~n~m="'::"'7-p;ossam_exigir_o.finulas...conlemJlO,--'Por fim o meu Imaculado Coração triunfará!"'. 26 - CATOLICISMO JUNHO 1989
causando desconcerto entre os fiéis - , que esteve com Fidel em Hava-
rizações ent rcguistas em relação aos ímpios.
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Oratório de Nossa Senhora da Conceição Vítima dos Terroristas
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N ICO NO BRASIL e no mundo, em que pessoas ajoelhadas, em genuflexórios colocados diretame nte na calçada, re.r.am durante a noite inteira - das 18 horas de um dia ãs 8 horas da manhã seguinte - o oratório de Nossa Senhora da Conceição Vítima dos Terroristas está situado na Rua Martim Francisco 665, bairro de Santa Cecília, em São Paulo. Com devoção e altaneria, sócios, cooperadores e correspondentes da TFP ali rezam diariamente nas seguintes intenções: * Pela Igreja, para que Nossa Senhora a faça triunfar sobre o comunismo e o progressismo, e a leve ao mais alto apogeu; * Pela Cristandade, paril que Nossa Senhora lhe dê sabedoria e intrepidez na luta contra seus adversários ostensivos e velados; * Pelo Brasil, para que Nossa Senho ra o livre do progressismo e do comunis mo declarados ou velados, e o leve à realização de s ua providencial missão; "Para que Nossa Senhora proteja a TFP contra as investidas de seus adversários, e a torne sempre mais dedicada e eficiente na defesa da civilização cristã; * •m favor das ssoas visadas la uerra psicológica comunista, para que Nossa Senho-
ra lhes dê argúcia, fortaleza de ânimo e vitória; * Por nossos correspondentes, amigos e benfeitores, para que Nossa Senhora os recompense ao cêntuplo pelo apoio que dão à nossa Causa; * Pelos nossos adversários, para que Nossa Senhora lhes toque a alma e os converta; " Por todos os que sofrem na imensa urbe, para que Nossa Sen hora os console, ajude e santifique; " Por todos os que agonizam, para que Nossa Senhora lhes sorria na hora extrema; * Por todos os que perseveram na virtude, par;i que Nossa Senhora lhes dê constante progresso; • Por todos os que lutam, vacilando nesta noite entre a virtude e o pecado; * Por todos os que pecam, para que Nossa Senhora os preserve do desespero e os reconduza ao bem; * Pelas intenções de todos aqueles que se recomendaram às nossas orações. Tais vigílias de orações vêm sendo feitas ininterruptame nte desde 1° de maio de 1970. Até o dia 31 de maio deste ano, no oratório foram rezados, durante 97.510 horas, 390.040 ten;os do Rosá rio e 130.013 ladainhas lauretanas. Nas páginas 14 e 15, breve hist rico o o r a l ~ -
AfOILJCliSMO N? 463 - Julho de 1989 -
Ano XXXlX
Bicentenário da Revolução Francesa
Quatro revoluções desagregam omundo moderno
f" 2-REVOLUÇÃO FRANCESA Em 1517, o frade revolucionário /. Em 1789, explodiu a Revolução Martinho Lutero lançava um brado Francesa. Todos os revolucionários ao mundo contra a Igreja hierárquica ç $eram igualitários, mas com matizes, instituída por Nosso Senhor Jesus que se definiram no curso do processo Cristo. O poder de ensinar, desse evento histórico. Os de governar e de sant ificar conferido "feuillants", os girondinos, os ao Bispo de Roma e aos demais bispos jacobinos e depois os adeptos de em união com ele, foi negado, com Babeuf constituiram quatro gradações, pelas diversas tipos de revo lucionários, com seitas protestantes. radicalidade crescente.
~ 4- ; PÓ;AREVOLUÇÃODASORB~NNE~ Dando corpo às tendências do movimento "hippie" e congêneres, arrebentou, em 1968, a Revolução da Sorbonne. Sucedem-lhe os "punks", os verdes e a "nova onda" de artistas e literatos. O espír ito da Revolução = ~ ~~ ~ -.--F~r~ a n~cesa, cujo bicentenário se comemora
.J'
ne~~~-~n0~,b~~~en u~:~!;;~;;~e~e os / r dicalidade sem precedentes.
- isto I, legislar. Nem tampouco deba1er em lermos elevados, problemasde interessenacionaf.
SATANISMO NA CIDADE ETERNA Despachos em cemitérios, proíanações deigrejasemissas negras, entre outras práticas dos seguidores do diabo, já fa. zcmpartedosboletinsdcocorrênciadospostospoliciaisitalia-
POR TRÁS DA G LASNOST A SERVIDÃO Em Utrecht (Holanda), foi recentemente criada a "Fundação Paridade", cujo objetivo e luta r pelaobservância dos direitos humanos na Alemanha comun ista, informa o di ário alemão "Frankfurter Algemaine Zci rnng". A entidade pretende enviar à embaixada da República Dcmocràtica Alemã (comunista) uma pe1ição de quin 7,e famlliasquedesejamobter licença paraseus membros viverem jun1os. Eles foram separ.idos pdo muro que os vermel hos edificararncntreasduasAlcmanhas. Apóscercadequarentaviagens á Alema nha comunista, o fundadorde''Paridade''oon statou que lá existe " mu ito ódio e oposição por parte do povo'' ao regime policiatesco rei nante. Nessas visitas, ouviu lame ntações sobre a "grande misé ri a" do pais. Além de não poder viajarao Extcrior,osalemãcs-orienta iscstãoproibidosat éde"rcu• nir-sc livremente,comprarlegumes ou ler os jornais que desejem". Sentem-se ainda limitados em sua liberdade de culto: "Sem dúvida, pode-se assistir a uma Missa; masquem defa to sededi caà lgrejadcvecspe· rar represálias" - acrescenta odiilriogcrm ânico.
envolveu-se em dfrers-OS episódios que o desdouraram sobremaneira, favoreceu à toda brida o empreguismo de parentes, legislou quase s6 em cuusa p,6pria e até hoje nem aprovou seu Regimentofllterno. Em meio a isso ludo, os representantes da NaçiJo - impóvidos - elevam ainda mais seussalórios.J11stifica1ivasalegadas: certo purfamentar lembrou as contínuas viagens que necessita fazer; 011 /ro illwx:ou o atendimento a pedidos de efei1ores (órulos, assist€ncia médica etc.), e assim por diante, com vistasaasseguraremaobtençiio de novo mandato. Curiosamente, 1,arece que n(lo fhes ocorre exercer o mún11s para o qual foram eleitos
EM C AUSA PRÓ PRIA .. D11,ante os últimos vir1te meses - após a promu/gaçtJo da nova Carta - u Congresso 2 -
CAT O LI C I SM O - JULH O 1989
O "Diário Oficial " (f0-3-89) publica praticamente 7 póginas de decretos assinados pelo Presidente Sarney e pelo Ministro da Agricullura, /ris Resende, declarando ''de interesse social, pqra fins de reforma agrdria", nada menos do que sete im6veis rorais, numtotafde26.0fJ hectares desapropriados.
C OLONIZAR PARA MANTER SOBERANIA
O mais curioso é que, no mesmo número do "Diário Oficial", aparece uma exposição de moti vosd0Sccre1ário-Geral do Conselho de Segurança Nacional (atual Secretaria de Assesso ramento da Defesa Nacional), General Ruben s Bayma Dcnys, datada de 12-7-88 , em que este lamenta o "expressivo graude esva1jamcn1odemográfioo" da Amazônia ocidental. cujoscontigentcs humanos" resumem-seapequenasvilase poEXPROPRIAÇÕES, voadosmuitomal aparclhados", RITMO ACELERADO com "população inexpressiva e o êxodo rural crescente''. Apesar de ndo dispor de diCabe aqui uma pergunta : nheiro pqra pagar suas dividas empenhando fabulosas somas anligas em motlria de Refor- de dinheiro em desapropriações ma Agrdrio. nem por isso o Go- de terras particulares, nãoestaverno Federal detém sua cami- ráoGovernodispendendoinunhada expropriat6ria; pelo con- tilmenteverbasqueseriammais /rdrio, conlraidívidasnovas. bem ap licadas na colonizaçãv deseuimensolatifúndio amazõnico? Não estará dando oGovemo.assim, argumentos á rccenEmmdadeim~lheresnoperiote movimentação in-
Turim registra o maior número de adoradores do demônio - cerca de40 mi1-, disseminados por incontáveis seitas. Há roubo de Hóstias consagradas em diversos templos locais. Causa assomb ro a proliferação dessessi nis1rosrituais nopaissededaCristandade.Jávão longe os tempos em que grandes samoseinílamadospregadorcs dardejavamdospúlpitoscontra práticas satânicas ...
tfi!~!e:/,,';J·c::;~:';:;~~~:
~.nomu11do.arrifrasof11."Ulis
ternacional, co m fortercspaldodacsqucrdacatólica,qucpleiteia a intcrnacionali:ração da Amazôn ia, em nome dos direitos humanos? De pouco adian-
mo: li milh/Jes. Enlre/onlo. - co11forme Murroy Feshh/Jch, pesquis11· dor umerkono de probkmas so1·ié1icw - ll'WlndosM em coma os oborlosíltgais. osnúmeroscn:s«m
defesa da soberania do Brasi l sobre o terri tório amazônico, se para lá não for atraido o fluxo migra-
11,(Jes de nascimemos, em mtdia
partn mms ensamentc povoadas do Pais.
a 700 morrem, por c/Juso de rom-
pliwçr'Jes resull/Jnles do aborto.
Assim l naRússia. Nas clínicas (como a do foto), as mm s4o tro1adas como J]tfas 11umofdbrinltkmoo1ugmremsir~.
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IJAtOl!.JCF.§MO SUMÁRIO HISTÓRIA Bicentenário da Revoluçào Francesa: - A RF é a segunda das quatro eta-
pas de um processo multissecular que corrói o Ocidente 4 - A publicação da verdade histórica desmitificou a RFem geral, ea tomada da Bastilha em particular ....... . ...... . .......... . .................. 6
RELIGIÃO Três bispos cubanos no exílio refutam carta do Cardeal Arns de apoio aFidclCastro ........................ 10 MUNDO COMUNISTA
Assestando o foco nos pontos nevrálgicos
N
UMA GRANDE NAÇÃO, a Alemanha Ocidental, produzem-se alarman-
tes sintomas de cessação da vontade de resistir ao comunismo, causados principalmente pela enganosa propaganda distensionista, soprada desde Moscou. A partir do momento em que os alemães cressem que o Cremlin renunciou a seu imperialismo doutrinário-militar, que razões teriam para deixar empilhar mísseis e bombas em seu território, corno julgam necessário os especialistas da NATO? Este clima distensionista ameaça debilitar a própria NATO, cujo apoio cessaria na opinião pública, quando esta acreditasse que a Rússia já não mais constitui ameaça militar. "Catolicismo" publica nesta edição elucidativa matéria a respeito.
Frei Betto faz apologia do regime comunista chinês, perseguidor dos autêntkoscatólicos 14 INTERNACIONAL
A propaganda da "perestroika" vai atingindo seus objetivos no Ocidente: divisão da NA TO 19 NACIONAL
No páreo para obter a Presidência da República, sucedem-se os favoritos: Caiado, Lula, Collor. A "mídia' faz propaganda consensual cm torno de um nome. . 25
O
DEBILITAMENTO da NATO traz naturalmente ao esplrito, por um
jogo de analogias históricas, o fim da Santa Aliança. Pois a NATO tem no século XX papel semelhante ao que teve a Santa Aliança no século XIX. As potências conservadoras de então, as três monarquias centrais - Áustria, Prússia e Rússia - coligaram-se para deter a expansão subversiva das idéias da Revolução Francesa, a revolução do momento. No século XX, importantes nações ocidentais aliaram-se para deter a expansão da revolução de hoje, o comunismo, aliás filho da Revolução Francesa. E assim como as forças revolucionárias trabalharam no passado obstinadamente para abater aqueles três obstáculos a sua hegemonia - e o conseguiram - não descansarão hoje enquanto não deitarem por terra os obstáculos atuais . A aproximação entre NATO e Santa Aliança, Revolução Comunista e Revolução Francesa ganha particular atualidade nes1e ano em que se celebra o bicentenário da Revolução Francesa. Na França, a efeméride desencadeou uma ava-
"CATOLICISMO"' é uma publicação mensal
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lanche de publicações e provocou debates; o resultado está sendo que, muitas teses históricas, antes padficas entre especialistas idôneos, mas pouco divulgadas, passaram ao conhecimento geral, desacreditando anteriores versões fantasiosas e laudatórias, geralmente impressas em manuais escolares. Desmitificada a Revolução Francesa em sua pátria de origem, como tem ocorrido, ela será questionada gradualmente em outros países, inclusive no Brasil, onde sua de\ctéria influência se faz sentir profundamente em instituições e modos de ser. "Catolicismo" se antecipa a um previsível debate e apresenta nesta edição esclarecedor artigo sobre esse episódio-chave da História. Registra também, com satisfação a perene atualidade do livro "Revolução e Contra-Revolução" do Prof. Plínio Corrêa de Oliveira, ensaio em que são analisadas as quatro etapas do orocesso revolucionário - do oual a Revolução Francesa é marco fundamental - que ameaça submergir o mundo na barbárie completa.
CATOLICISMO - JULHO 1989 - 3
-·!!3§:ii§:i·fd·i·l·fli§f?·0H3'i'l31-1119419
QUATRO REVOLUÇÕES DESAGREGAM Â ACONTECIMENTOS fugazes, repentinamcntc lançadOll à publicidadc obsessiva,paralogodcpoisafundarcm nodesinteresse.Quemtempaciênciapararecordarhojcoslanccs-naocas.iãoconsideradosscnsacionaisctemadcmanchctesduran1c meses - das suressões presidC11ciais de 1955, 1960ouatémesmodc 1985cm nosso Pais? Outros fatos, porém, por vezes distantes de nós pela barreira dos séculos, despertam interesse continuo por tertm ainda nos dias presentes uma infü1ênciadccisiva oos espiritos. 1:: o caso da Re\·olução Francesa, cujo segundoccntenãrioestãscndocelebradono corrente ano. Tal efeméride deu ocasião a um aceso debate na França, discussões nas TVs e rádios, publicações de vários gêneros, que vêm desmitificando a Revolução Francesa cm sua pátria de origem. Fato que, mais cedooumaistardc,acabarãrepcrcutindoentre nós, onde ainda dominam largamente a respeito,sobretudo emmanuaiscscolares,clichêsanacrônioos, fantasiosos, laudatórios e com escasso compromisso com a realidade histórica(Vcja tambl!m nesta edição o artigo "RevoluçãoFrancesa:rnito,realidade,desilusão").
H
Revolução Francesa, elo de um processo multissecular
Narevisãohistóricacmcursoélógicoque proxirnamenteganherdevopublicitárioaanãlisedascausaspróximaseremotasdaRevotução Francesa, assim como das seqüelas que deixou. Em outras palavras, a consideração do processo revolucionário que, desde fins da ldadcMédia,promovcademoliçãodacivi\ii.açãoocidcntal,da qual nasceu cnaqual estã inserido o Brasil. A Revolução
Hã no homem, como fruto do pecado original, uma tcndéncia, progressiva e insaciãvtl quando livre, a se revoltar contra toda norma. Daiapossibilidadedeseserdirigidopclos impulsosmaisdcsregrados e dcstruidores. A sujeiçãoordcnadadosimpulsosàrazãoiluminadapela Fé, aperfeiçoa a natureza humana e, como conseqiilncia, lança as bases para umprogressoauténticoccontínuo. i::ocaminhocivilizador. Pelocontrãrio, a renúncia à rcprtssao das manifestações desordenadas dos instintos e da fantasia,cmbruteceanatureza c lcva ã barbãric, situação que sctores do mundo moderno qualificam ele libertação cdesalienaão. Taisimpusos,a1mcnta osorapcoorgulho, ora pela sensualidade, levam o homem a rebelar-se contra a hierarquia legitima, a 4 -
CATOLIC ISMO - JULHO 1989
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Soq,u, do d, """' t1bodia ct1l61,.<t1 por ct1m/)()11ttt• prota/a11I••, dumnt• " "Gunni dUl Cr,.mpont1t1" (1524-1525). Tal i,uurrt~ojoi provoctula dir<lom•11tl ~la n,vo/ufão i..iciadtl por l,ulero (Mi11iatura de um ,,..,,.,.,crilo d• Jocob Mura, Bibliolt:et1 do Caslelo de WürlkmMYJ, A/•,,..,nli<I).
nãosuportaraautoridade,acontestarosprincípioscasinstituiçõesquclhcimpedemodesbordamentodaspaixões. Exacerbadascdirigida.s,desdefinsdaldadcMédia,poríorças revolucionãrias surpreendCfltcmentc destras, estas duas paixões vêm alimentando uma contestação cada vez mais sôfrega de igualdade completa e liberdade sem freios. Carcomeram acivilizaçãocristã,nascidadapregaçãodo Evangelho, boa-nova cheia de doçura, paz e afeto, mas para cuja obtenção é necessârio caminhar pelas austeras vias da humildade, abnegaçãoccornbateàspaixõesdesregradas.
mais coerentemente lógicas com as l)CSSimas premissas adotadas pela generalidade delas, negaramatémesmoosacerdóciodcordemc estabdectram a igualdadccomplcca entre os crentes. Nelas, o pastor age como mero delegado da comunidade. No campo moral, a sensualidade libertada pela revolta protestante causouasupressãodocelibatoeclesiástico, acaboucomasordcnsreligiosas,gencralizou o divórcio. Este espírito contestatário, ansioso pela libertaçãototaldetodososcntravesaoorgulho c à sensualidade, não se deteria na esferareligiosa.
O Protestantismo A Revo l ução F ra n cesa
Historicamente, a primeiragrandcmanifes1açãodoprocessorevolucionãriofoi0Protcstantismo, que teve condições de medrar no solo antes preparado pela disseminação do espírito sensual e mundano do Humanismo e da Renascença. O Protestantismo contestava a ordem eclesiãstica. Negousuccssivamentea autoridade papal, aautoridadecpiscopalcatémesmoadossimplespárocos,cxtrcmos que ia alcançando segundo o pcrmitiam as resistênciasatãvicasdos povosa que infcctava.Na l_nglaterra,amiga dacontinuidanos e seitas.como bispos,masadmitiramsacerdoles.
os as
NostculoXVJjãhouvccertasseitasprotestantes - entreelasosanabatistas - quc procuraram impor um estado de coisas marcadamente comunista. Não tiveram êxito duradouro por causa dos ainda arraigados hãbitos derespeitoàautoridadccdeaceitaçãodaordem natural. Porém,umalentapropaganda, feitamuitonotadamentenossalõesdaaristocraciaenosambientcsda burguesia letrada, espalhava uma doutrina laicista, liberal eracionalista, contrãriaaoquedepreciativamente era denominado o obscurantismo da épo. cictopcdisrmrimperava-c---estevt-na--origemdeummovimentorcpublicanoigualitãrio. Con1ra os reis usaram-se argumentos
"'
OMUNDO CONTEMPORANEO semelhantesaosqueanteriormenteoprotestantismo havia brandido contra o Papa. As
razões alegadas contra a aristocracia tinham
reveladorasscmelhançascomospretextosanteriormentc utilizados contra os sacerdotes (os aristocratas da Igreja) pelos seguidores de Lutero, Calvino e outros do mesmo gênero. Assim como o protestantismo se dividiu emscitas,ospartidãriosdaRevoluçãoFrancesa sc dividiram em facções cuja gradação ia desdeos"feuitlants''-umaespttiedeanglicanos da contestação ao Ancien Régime quedescjavamapenasumaMonarquiaenfraquecida, até os seguidores de Babeuf, diretamcntecomunistas,passandopelosgirondinos, deindolerepublicanamoderantista,cosjacobinos, mais radicais, que chegaram a impor uma tirania sangrenta. A Revolução Francesa impressionou maisaimaginaçãodospo. vosdoquesuasuccssora,aRevoluçãoComunista. A Bastilha, a Dttlaração dos Direitos do Homem e do Cidadão, a decapitação de Luis XVI e de Maria Antonieta !ornaram-se símbolos universais de uma doutrina, de um tipohumanoedcummododcserqucinílucndaram gerações sucessivas desde o século XVIII expirame até nossos dias, miasma ao qualpoucossoubcramsubtrair-senoOcidente, mesmo no Brasil. A Revoluçi\o Comunista
Babeufe seus partidários foram derrota· dospelareaçãopopularsuscitadapelasconse,. qíiênciasdeumarcvoluçãoquemuitodosatcmorizados de então haviam estimulado em suasprimeirasfases.Scussuccssorcsiriamen· tretanto radicalizar a mesma obra nos séculos
XIX e XX. Histórica e doutrinariamente o igualitarismototaldeBabcufconstituiucompcmentc imponante na formaçãodosocialismoutópicodeiníciosdoséculoXIX,dedondeiriamcdrarosocialismochamadocientllico de Marx e Engels. O socialismo também scdividiuemvãriascorrentes. Umadclas,o marxismo-leninismo, !ornou cm 1917 o poder na Rússia. A última desigualdade, a de ordem econômica, seria atacada muito especialmente a partirdeMoscou,pelacxacerbaçãoda lutadccla1.SCSparachegarãrevoluçãosociaL Nas últimas décadas, o comunisrnocolocou ênfasc cspccial na utilização das t:l.ticas deguerrapsicológica,destinadasadesarticular,inibir,aternorizaredenegrirseusadversários reais, ao mesmo tempo que adormetem ouembaemasmaioriasdesinteressadas. Ulilizou para isso, inclusive, considcráveis paret· lasdosmeioscatólicos.Arcvoluçãocomunisla, ajudada por seus "companheiros de viagem",cspraiou-sepelomundointeiro,co11Stirnindo hoje, no momento cm que substitui ascarrancasdeStalinedeBrejnevpelosorriso rotundo de Gorbachev, o mais sinistro e tirânico império da História. A partir da explosi\o sorboniana de 1968
A Revoluçãocomunisrahaviacriticadoo libcralismoburguêsdecorrcmeda Revolução Francesa, do qual aliás esta se originara. De modoanâlogo,aexplosãolibcrtária,simbolizada sobretudo pela revol1a estudantil dc maio de 1968 na Sorbonne, querendo levar o comunismo até o seu extremo anárquico, te· vccomoumdeseusalvosrclcvantesaditadu-
Marx, c,msi1lcrado o fondador do clwrnado socialilrno•cicnrlf,co, • Lenin<, qut o adaptou t aplicou na R,lssio, estão na orig.,m da 1, ,uim etapa rtooliu:ionária, a rom,mista
raeoburocratismoqueasfixiavama Rússia. Dcsejavairalémdobolchcvismo,implantandojáaautogestãocrealizandolinalmentca utopiarevolucionáriaexpressanatrilogia"li· bcrdadc, igualdade, fraternidade". Emergiu IIClita convulsão anarquista, concomitantemente, uma das mais sinistras facttas do proccsso revolucionário em curso, soba forma de umarcvoluçãocuhuralepsico16gica.Enquanto a Revolução no século XVI proclamara pe!olivre-e;,;ameasobcraniadarazão frente àFée10MagistérioEclesi:l.stico,enoséculoXVlllaendeusaranolluminismo,noséculo XX combateria sua primazia. A denúncia dossuperiores,nomundoextcrnoaohomem - Deus, Papa, Reis, pais, professores e patrão -já estava feita. Faltavaainda denunciar, no interior do homem, a superioridade da raz.ão. A inteligência hoje é 1ida pelos rnaismodernosevanguardeirosrevolucionãrioscomo uma espécie de deusa impostora, reprCS.'iivadafantasiaedosinslintos,queé preciso rebaixar. Dai vem o "hippismo", o "punkismo", o ccologismo cm suas manifestações mais extremadas, as correntes artisticasdevanguardaeo ressurgimentodoanarquismocomraizfreudiana, todos negando à razãosua-naturalfunçãodiretivaepregando vidafantasiosaeinstintiva.Estarevolução, aquartagrandcexplosãodoprocessorevolucionário, difunde-se insidiosa epacilicamen· te pelo mundo inteiro. A politica de Gorbachcv e as recentes manifestações es1udantis chinesas,enquantofavorecendoaautogestão e denunciando o burocra1ismo enregelado doEstadocomunista,tudoopareceindicar, serão vistas no futuro como episódios seus. Scestarevoluçãodosinstintoschegaraseu extremo lógico, desaparecer:\ da Terra não apenasacivilizaçãocrista,masapróprianoçãodevidacivilizadacdecuhura,qucéum patrimônio comum da Humanidade. Nessa hipótese,ohomcmde<:airáatéchegaràvida das comunas tribais. O que diriam destcdcs• fechoasmultidõcsdeoportunistasquc, ao longodosúltimosséculos,corrcramatrásdas derradeirasrnodasrevolucion:irias,porquc julgavam ver nelas o futuro , que identificavamcomoprogressocamodcrnidade? A Divina ProvidCocia, por amor à Igreja eàsuaobra,pode,diretaouporintcrmédio dos homens, interromper esta demolição multissecular, pcrspcctiva aliás constante da luminosa e esperançadora Mensagem de Fátima. Porém.enquanto Deus não determinar, para castigodahumanidadc,avitóriadoBcm,até onde despencaremos? No bictnlcnàrio de urndosquatrogolpesfundamcntaisdaRevolu ão nósticaeigualitáriaqucdesagregao 1cnte,aquesto eveestarnoccnro e nossasrcflexôes. Pl:RICLES CAPANEMA CAT OLIC ISMO- J U LIIO 1989- 5
1111mHMiil§el·iii N·Flrlã!ê11'13·i·Nii·ini3¼i·
SOL RADIANTE da manhã de verão do d ia 14 de julho de 1789encontrou os parisienses cm febril agitação. Bandos armados de vagabundos, homens mal vestidos e de sinistra aparéncia há alguns dias perambulavam pela cidade ameaçando as casas onde burgueses medrosos se enclausuravam. Padarias e lojas comerciais haviam sido saqueadas e criminosos de diversas prisões soltos pela ralé que as invadiu. A extensão das desordens era grande, e o governo, julgando-se impotente para as reprimir, 1evc a fraqueza de conceder
O
a Assembléia Nacional reunida em Ycrsai!les - recentemente auto-proclamada "Constituinte", sem que para isso tivesse recebido qualquer mandato seria dissolvida pelo rei ; um regimento alemão estaria em ordem de batalha e outro havia começado a matança dos "'palriol(Js" no arrabalde Santo António; a capital da França seria logo bombardeada a partir da colina de Mon1martre ... O arsenal dos Inválidos, onde existia o mais Importante depósito de armas da cidade, foi invadido e dali a turba levou 28 mil fuzis e 24 canhões.
prisão de Estado, que na ocasião contava para sua defesa com apenas 82 soldados franceses e 32 suíços.
A "TOMADA" DA BASTILHA Em volta dessa fortaleza de altas torres e espessas muralhas comprimiamsc, vociferando, cerca de um milhar de indivíduos. Seu governador, Jordan de Launay, mandou cerrar as pontes levadiças que davam acesso ao interior da prisão. Prometeu a uma delegação do "povo", que amavelmente recebe-
--WUa-ani,;,0;·40cal.-- - - - -+ E " " " - - - - - - - ---Wa.Lrua_.=sa..n'°-.lÚlIÍICli!i"'-'<'-"""-Por toda Paris, grupos bem organizados de agitadores espalhavam os mais absurdos rumores. Dizia-se que 6 -
CATOJ.IC ISMO - JUI.HO 1989
Como se sabia que na Bas1ilha havia grande quantidade de munição, os desordeiros dirigiram-se àquela célebre
fosse atacado. Dois assaltantes, entretanto, conseguiram pcnctrarnocdificioe, a macha-
dadas, quebraram as correntes de uma da o marco divisor de urna pontes, sem que a guarnição se desse nova era histórica, o ''símao trabalho de atirar para impedi-los. bolo da vitória do povo soImbuído do "espírito filosófico e hu- bre a tirania". Noafãdefabricaro "mimanitário" do século XVI II, de Launay limitou-se a ameaçar os insurgen- to fundador da França motes que, devido à sua moleza, passaram derna", os revolucionários para a História como "heróis da liber- não vacilaram sequer diante do ridículo. Descobriram dade" (l). Em tropel,os assaltantes invadiram nas masmorras da prisão o pátio interno da Bastilha. Havia ali "instnimemos de tor/1/ra, como um corpete de ferro uma segunda ponte. Para dela se apoderar, a horda de invasores atirou so- destinado a prender wdas bre a guarnição. Foi então, pela pri- as articulaçóes do prisioneimeira v~, que os defensores da prisão ro, mantendo-o numa imoabriram fogo, pondo em debandada a bilidade eterna". Este "terrívcl aparclho" nào passacanalha. Um destacamento de guardas revol- va de uma armadura medietosos, trazendo do is canhões, vieram val que ornamentava um em auxílio dos atacantes. Dispararam aposento da Bastilha! Uma simples imprcssorepetidas vezes, mas as paredes da fortaleza, deummetrodelargura, resisti- radandestina, que fôraapreendida cm 1786, passou por ram ao impacto das balas Porseulado,osquinzecanhõesins- uma "máquina destrutiva, talados no alto das torres da Bastilha publicamen1e exposta, sem não deram um único tiro durante to- que pessoa alguma adivido o cerco. De Launay não queria tru- nhasse seu nome e o fim a cidar a multidão, reforçada agora por que se destinava" ... (5) Foi possível, pelo menos, milhares de curiosos (2). Depois de quatro horas de tiroteio libertar os prisioneiros poliescasso e mal organizado, deu-se um ~c:~~:iitmas do absolutis- miséria, 0 d,supero especialmmt, para o, pldHur: deooufato surpreendente, testemunhado peHá muitoelcsjá nãoexisda mor1"/ida,h precoa, multif,lícaram·1< M lo Tenente Louis Oeflue, do Regimento suíço de Salis-Samade, um dos so- tiam.Osassaltantesnãoencontraram na Bastilha senão breviventes do assalto à Bastilha: "M de Launay, sem avisar nem consultar quatro falsários, dois loucos e um de- se uma multidão de historiadores libeo Estado-Maior da Guarniç(Jo, fez ces- bochado, encarcerado a pedido da fa- rais, um tanto líricos, que verteram paraosmanuaisescolaressuaimaginasar o fogo e ordenou a capüulação. milia Fiquei atordoado ao ver qua1ro assaiAfirmou-se ainda que a Bastilha ção fértil, não só a propósito da toma/antes se aproximarem das pontes leva- de Santo Antônio fôra tomada pelo ''po- da da Bastilha, mas de toda a história da Revolução diças da fortaleza e Jazê-las baixar. vo". Jules Michelet, historiador que Quando lemos nesses manuais a hisEntão, a populaça invadiu a pris(Jo e no século passado inventou o "catecismo republicano das crianças", assim tória da Revolução, temos a impressão desarmou seus defensores" (3). Embora os revolucionários tivessem insuflou esse mito: "Uma idéia se le- de que, atingindo o seu cume, o gênio prometido ao Governador que "ne- vantou com o dia sobre Paris, e todos francês d.-u ao mundo as leis univernhum mal seria feilO àqueles que se viram a mesma luz. Uma luz nos espí- sais dcfinitiv.is, qual novo Moisés no rendessem", de Launay, que ingenua- ritos, e em cada coração uma voz: alto do Sinai. Estas leis, insurgindo-se mente fôra todo confiança e bondade, 'Vai, e tu tomarás a Bastilha!' Isto pa- contra a antiga ordem fundada sobre foi morto nas mais odiosas circunstân- recia impossível, insensato e estranho ... as desigualdades, e consolidada ao loncias. Os golpes de sabre da populaça Enlretanto, todos acredilaram e assim go dos séculos por uma espécie de patriarcado familiar. social e político, criafuriosa separaram pouco a pouco seus sefez.1 '' (6) Para mostrar quanto esse romantis- va um novo regime, que se dizia basemembros. Um cozinheiro, chamado Desnot, "que sabia preparar carne", mo literário se afasta da realidade, ado na "liberdade, igualdade e fratercortou-lhe a cabeça, espetou-a na pon- basta invocar o depoimento insuspei- nidade" Os homens que fi2cram a Revoluta de uma lança e, seguido de uma to de Jean Paul Marat, chefe revolumultidão de canibais, levou-a cm tro- cionário tristemente famoso por sua ção são descritos como gigantes . Giganradicalidade sangüinária: "A Bastilha, tes da palavra, da força de vontade e féu pelas ruas da cidade (4) mal defendida, foi tomada por alguns da vitória. Venceram obstáculos que soldados e por uma multidão de des- pareciam intransponíveis. Demoliram LEGENDA IDEALIZADA graçados, a maior parte dos quais numa só noite - 4 de agosto de 1789 - instituições seculares (a Nobreza e Acontecimento cm si mesmo medi o- eram alemães e provincianos. Os pari cre, a que a a ast1 a 01 m1t1 ica- sienses, e ernos µate as, oram ape- o ero renunciam a seus 1re1 os. 1da pela propaganda revolucionária, a nas por curiosidade" (7). Atrás do zeramtremerareligiãoduasvezesmiletal ponto que passou a ser considera- sulco deixado por Michelet, precipitou- nar - o Catolicismo - e venceram a
".º,'.7'/i,.,
CATOLICISMO - .JULHO 1989 -
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-ªUd§nh§H·Hf l·[·lti#d·ll'li·[ 131·1:li¾i· Europa coligada contra eles. Com o general Bonaparte, o mundo curvouse diante da bandeira tricolor da Revolução, cint ilante como um ramo de louro sob o sol do triunfo ...
TRISTE REALIDADE Essa visM idealizada da Revolução não resiste, entretanto, 'a análise objetiva dos fatos e à critica da historiografia moderna, mesmo aquela favorável aos princípios de 1789. Comentando a profusão de obras e de documentos que vieram à luz por ocasião do bicentenário da Revolução, Georgcs Suffert, critico literário do Figaro-Magazine, foi incisivo: "Desse monrJo de obras, que ora puxa à direila ora à esquerda, sai contudo uma certeza: a Revoluçao que os alunos das escolas. dos liceus e das faculdades aprenderam durante um século é mais uma narraçlJo mitológica do que uma história"(S). Um balanço sumário da Revolução Francesa será suficiente para mostrar ao leitor a inconsistência da mitologia revolucionária.
A "FATURA" HUMANA
O século XVIII vinha se desenrolando cm muita paz para a França. Apenas se registrara um ou outro conflito fora das fronteiras. A guerra era, então, uma obrigação exclusiva de nobres e profissionais. Com a Revolução tudo mudou. O povo foi chamado às armas, para tomar parte nas honras e nos horrores do combate. Inaugurou-se a "promoçlJo democrática do holocausto" (9). Porcausadaguerraciviledasgucrras externas, morreram naqueles vinte
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CATOLICISMO - JULHO 1989
e cinco anos de Revolução cerca de dois milhõesdc franceses, número equivalente ao dos mortos nas duas guerras mundiais! À falia de voluntários, a Convenção Nacional - primeiro governo da República - decre1ou a conscrição obrigatória, formando assim um exército de 1.200.000 homens. Para fugir ao alistamento, muitos se mutilavam. As deserções eram tantas que, durante o período napoleónico, havia brigadas especiais para caçar os refratários. Nosmassacresdesetembrode 1792 ( ver a respeito artigo que publicamos na edição de junho), só em Paris foram mortas 1300 pessoas em apenas quatro dias. Durante o Terror - junho de 1793 ajulhodc 1794 - aeliminaçãodos ''indescjávcis'' passouaobcdcccrritos ''lcgais": na Capital, a guilhotina funcionava oito horas por dia . decapitando 2639 pessoas naquele período. Em Nan· tes, o todo-poderoso comissário da Revolução, Jean-Baptiste Carrier, irritado com a lentidão da guilhotina, promoveu afogamentos cm massa da população. O pérfido convencional chegou a declarar: "Faremos da França um cemitério, enquamo nlJo a govemarmos à nossa maneira" (IO). A Revolução decretou o extermínio da população da Vendéia - região oeste da França que se levantou em defesa do Altar e do Trono - , numa operação militar conhecida como o "genocídio franco-francês". O General François Westerman, um dos comandantes das "colunas infernais" - responsáveis por tal operação - , prestou contas à Convenção nos seguintes termos: "Já nJo exisle a Vendéia! Foi aniquilada pelo nosso sabre livre, com suas mulheres e crianças. Não lenho nenhum
prisioneiro a reprovar-me. Exterminei 111do!"(ll). No meio dessa carnificina, não espanta que uma edição da Constituição do ano Il i da República ( outubro de 1794) tenha sido encadernada com pele humana! (12) ACHINCALHE ÀS LIBERDADES INDIVIDUAIS A famosa "Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão" é comumente apresentada como o código da liberdade, a base da moderna democraeia. Ao proclamar os ' tdireitos", oscons· tituintes de 1789 olvidaram, cntrctanto, os "deveres". Por outro lado, um problema se punha: quem velaria pela ap licação dos princípios contidos na· qucla declaração? A lei. E o que é a lei? A "e:'{pressão da vontade geral", isto é, a "maioria" simples de uma Assembléia de "representantes". Com base nessa dou trina, a Convenção Nacional, eleita por apenas !0% do corpo eleitoral após a carnificina de setembro de !792, fez-se "intérpre· te da Vontade Geral" , invocando o nome do "povo" em todos os atos de arbitrariedade. A Constituição do Diretório (julho de !795) foi "plebiscitada" por 208 mil votos, sendo que os eleitores eram sete milhões. Como se isso não bastasse, o regime invalidou pura e simplesmente a eleição daqueles que n:lo lhe agradavam. Em 1797, o general Bonaparte teve de vir em socorro da república, pois a população havia eleito para o Dirctó· rio um monarquista, François de Bar· thélcmy, que foi preso e deportado para a Guiana. A liberdade da Revolução não é a liberdade palpável, diversificada e pródiga do Antigo Regime. É a liberdade com "L" maiúsculo, principio abstrato e deusa fria, que não vacilará cm cstabclccernaFrançaumregimedeterror e violência: "A árvore da liberdade nJo saberia crescer se nlJo fosse regada com o sangue dos reis" (13). Controle policial e repressão encontram-se por toda a parte, e cada instante da vida revolucionária é uma caçada aos "suspeitos" . É necessário apresentar constantemente o pas~aporte interior e o certificado de civismo, fome· cido pela seção revo uc1on na e cada bairro. Portar a Cocarde tricolor tornou-se obrigatório cm 1793.
I' ,anlto''k or,os "s,upeito,''_-qut Ul/(;U/'1d,
upecialment,ap6sa supre,s"o ' , interrogatório,~ da difua dos ri"' -
ficavamjá aguar,lando um suplícioq,uu,urlo
A terrível "lei de 22 do prairial do ano li" (10 de junho de 1794), de autoria do convencional Georgcs Couthon, suprimiu o interrogatório dos acusados, proibiu a atuação do advogado de defesa e obrigou o juiz a se pronunciar ou pela pena de morte ou peta absolvição do réu. Foi principalmente com base nessa lei, que os famigerados "tribunais revolucionários'', em nome da ''liberdade", condenaram à morte milhares de franceses.
PERSEGUIÇÃO RELIGIOSA A Rcvolu',:ãoteveumcaráteragressivamente anticatólico. Seu espíritoigua litàrio não podia tolerar uma estrutura profundamente hierárquica e sacral como a da Igreja Católica. Era preciso criar uma Igreja subordinada ao Estado, laicizar os padres e 1ransformar os bispos em funcionários públicos. Já cm 1789, os próprios constituintes violaram o artigo 17 da ''Declaração dos Direitos do Homem" ao decretar a venda, sem indenização, dos bens eclesiásticos. No ano seguinte, a Revolução exigiria o juramento dos sacerdotes á Constutuição Civil do Clero, condenada como cismática pelo Papa Pio VI No afã de descristianizar a França, a Revolução deportou e assassinou grande parte do Clero, proibiu o culto cató1co, emo tu e trans ormou cm cava ariças igrejas seculares. A Sainte-Chapelle escapou à demolição porque os
revolucionários a transformaram em depósito de viveres Em Notre Dame de Paris, celebrouse a 10 de novembro de 1793 o "culto da liberdade e da Razão". Os sans-culolles destronaram a imagem de Nossa Senhora cem seu lugar uma megera de teatro foi cultuada como a "deusa liberdade". Cenas lúbricas e canções blasfemas profanaram o interior da venerável catedral. Uma das estrofes cantada, dizia "Sobre os altares de Maria Colocamos a liberdade, O messias de França é a Santa igualdade" (14)
do ''consenso'' e do ''revisionismo critico", François Furei, que com sua teseda "derrapagem" tenta desesperadamente separar a "boa" da "má" Revolução (ver nosso artigo de maio/89) declarou: "A Revo/uçJo ar:abou.l Agora a França pode pensar cada vez menos nl!sse passado como modelo incomparável" (15) E o que ficou de bom após a Revo• lução? O que ela não conseguiu destruir, isto é, o que não perverteu da tradição cristã!
HERANÇA LÚGUBRE
NOTAS (l)cfr . Franzfun<k - Br<n1ano.Os&grtdo, d11&,t1/ha L<lo.l'on o.19S6.p. 100 (2/cfr.Fran,Fun< k-BmHano.op.cit.p.102 (])dr. "L; Poinr"'. /,u l'rised;/a /JaSlill,.julhod< 1988. núnieroosp,dalhors,ero, (41dr . Vi<fr<Gaxou,,L11 Rfro/ulionf··roaç11"'1.A rt0ffilc
Depois de oito séculos de estabilidade monárquica, a França, em apenas vmte e cmco anos, passou por 0110 formas sucessivas de governo. Reviravoltas politicas, convulsões sociais, guerras, nas quais até um soldado virou imperador ... A Revolução transtornou profundamente a nação. Hoje, 200 anos após aqueles trágicos episódios, 720/o do público francês absolveu o rei e repudiou a morte da rainha. O canal de televisão que promoveu a pesquisa, prudente, não ousou por em julgamento Danton, Marat, Robespierre, ou qualquer outro chefe revolucionário ... os o vere 1c o avoravc aos soberanos mártires revela a desilusão da França com 1789. O próprio lider
6RÁULIO DE ARAGÃO
Fayard. Paris.1966. p.%
(j)cfr.Fran,Funck -Br<nlano.op.CiL.p.10\I (6) Jul<, Michd«. 1/istoiN' d;/~ Rho/Ulitm Fronç,,i.w. 1omel.Cercledull1bliophik.Pari,. 1%7.p, 19l (7)cfr. Fran,Funtk-llr<nlano.op.cit,p. 1()/l (8) GtorguSuffen. Pourenflnira,.,.-la Ré,olr,lit>n. Dotumcnt l"opro-Ma1~,Jne. l'ari1, (l.10.86,p.29 (9)cfr. Renést.Jillo,. Uroúld~luRho /"1;,,,. Fron fai,...Perrin.l'ari,.1987.p.l2 (IO) dr. Uic/ionnoin de la Rt,oJuriun ,i d, L "Empi re.Larnussc.Poti>.1%S.pp.68 (l\) cfr . Gen , l'ron;QisUh1<rmon.r,/01óriodCon>'tn-
plo, de:wmbrode/?9J. inR<ntSédill01.op.ci1 . p.24
(12) dr. J. B. \\~i». 1/is/ori<, Uni,.,r,ol.
Bort:elt>nO.
IPJ6, Vo/XV//1, p.J~2 Bar/>N' d< V1<u;:a<". Di,cu,s,:, nu Con ,•rn.ao. 10 M jonmo dr 1793, in (.li.;!iQnnair~ <l< la Rémlution., Je l"Einpir,,op.cit.,p.39 (/J)
CATOLI C ISM O - .JULHO 1989 -
9
Cubuf . ,buma ".
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CUBA:
afinal posso falar Plínio Corrêa de Oliveira
AUSOU GER AL dcsconcerto cm nosso pais a carta que S.E. oCardcalArns, Arcebispo de São Paulo, enviou ao
~~:t~:1:;~~·
t;~!::n~:~~ versário da v1tóna da rcvolução comunista em Cuba Com efeito, não se compreende como a implantaçAo de um regime politico e sócio-econômico escancaradamente comunis1a, que se mantém até hoje sem nenhuma das ast utas maquilagens gorbachevianas, e que, portanto, está cm contradição frontal com a tradicional doutrina católica, possa ser saudada pelo principe da Igreja com as felicilaçãos e os elogios de que é pródiga a missivado Purpuradoao ''comandante'' E igualmente incompreensível é que S.E. haja apresentado a realidade dos
comoa liberdadereligiosa, a misêria popular e o caráter policialesco da já vet usta ditadura cubana. Entretanto, enquanto se erguia um concerto de protestos contra a referida carta , preferi calar-me. Pois a voz dos fatos é, em matérias como esta, de importância evidente. E esta voz, só a pessoas que visitaram de modo imparcial a llha-prcsidio, ou que1enham acesso próximo, vivo e coiití nuo com o que lá se passa, cabia levantá-la pelas tubas da grande publicidade. Ora, com desconcerto ainda maior para mim, até aqui não me haviam che-
pre bem informado e di nâmico TFP Washington Bureau, dirigido pelo meu querido Amigo Mario Navarro da Costa, autorizados e abundantes pronunciumentos de origem cubana, próprios a esclarecer o público brasileiro a(..-erca da tris1e realidade existente na Ilha abençoada que teve no século XIX por Pastor máximo o grande Santo Antonio Maria Clarct, e cuja formosura risonha nosso século celebrou durante décadas designando-a com a alcunha de "Pérola das Antilhas". Miami, a metrópole da península da Flórida, fica situada à distfincia de 125 km de Cuba, e é assim o ponto do território nor1e-americano mais próximo dessa ilha Por isso mesmo, tornou-se ela o ponto de atração de todos os infelizes cubanos que conseguiram escapar à vigilância castrista. E têm c!es sido tão numerosos que, com o tempo, trans-
!:ct;a~~i~~:~:si~:s°~~a~::~:a~~~ eu sai ba - as agências noticiosas internacionais Essa omissão dos maiores interessados na matéria, isto é, os próprios cubanos, me red uziu ao silêncio. Pois o que fazer cm beucílcio de irmãos na fé que ntlo se defendem a si próprios? Também cm relação a eles cu me reportava em espírito à frase de Santo Agostinho que, relativamente aos brasi/eiros indolentes, mencionei em recente artigo: " Qui creavit te sine 1e, non salvabit te sinete'', ou seja, Deus que te criou sem teu concu rso , não te salvarâ sem teu concurso ("Aviso aos indo-
~:~~~rnad: r:iaf:~e::a7;;!~:d: nhol e o inglês, e na qual bilingues s:lo até os letreiro~ dos ônibus. Como bilingues são os meios de com unicação social, pois utilizam uns o idioma inglês e outros o espanhol. Ent re esses últimos ressalta, por sua importânciajornalistica, o '' Diario lasAméricas". Pois foi nas páginas desse cotidiano, cm 11 de maio p.p., que deparamos com um documento de alta importânc1a . Trata-se de uma carta aberla dirigida ao Sr . Cardeal Ams por três Bispos cubanos residentes no cxilio, e como tais capacitados para falar com uma
~!~:~
___fat~n..w""'-'"""'"""'-""c.di>l'""''4la"""",,:':._':.:J"FEQ"oil!lh,u,d!,,~S.J:P:,.,""''º~"'ª82,-5-~891,...j_!;libe~,d,;,,!d~,*d'~"'c!º~'J/."'i!l''°~''..!'"""'~'"~ticC'1cO·:__ t es do que a opinião mundial 1cm por veridicas no tocante a pontos essenciais 10 -
CATO LI C ISMO -
J ULHO 1989
Mas, enfim, cessou meu doloroso desconcerto. Com efeito, recebi do sem-
mente católicos, residentes cm países comunistas, não gozam
Nessa carta, desenvolvem eles de modo respeitoso, mas também evangclicamcnte franco, toda uma argumentação própria a esclarecer o püblico sobre quanto dista da realidade dos fatos a descrição que o Purpurado brasileiro faz da liberdade religiosa e civil, bem como da situação econômica em que se acha o povo da Ilha. Trata-se de um documento que nenhum brasileiro pode ignorar. Por falta de espaço, deixo de publicar outro documento altamente elucidativo distribuído em folha avulsa â população de Miami. Ê ele assinado por mais de cem notabilidades cubanas no exílio, e comém uma comedida mas franca manifestação de desacordo em relação à carta enviada pelo Sr. Cardeal Arns ao "comandante". Ê este o texto da carta aberta dos três Bispos cubanos (a divisão cm subtitulos, bem como os grifos, são de minha responsabilidade):
1 - Por que eslll carta pllblici1.. - 'ºDirigimo-nos de público a V.E. por duas razões principais: primeiro porque o motivo que nos leva a escrever esta carta édc ordem pública, tendo sido veiculado na imprensa nacional e internacional; e segundo porque, 1e11do cscri10 a V. E.. primeiramenre em forma pril'adu, ntlo recebemos resposta, depois de haver esperado um prazo de tempo razoável. Nossas anteriores cartas a V.E. foram datadas de 16 de janeiro (Mons. Boi.a Masvida1) e 23 de fevereiro (Mons. Román e Mons. San,Pedro) do corrente ano.
2 - O "Sr. Caslro, dil ado r vih1Ucio de Cuba" por lrinta anos. - ··o objetivo da presente é sua mensagem de Natal .10 Sr. Castro, di1.1dor l'italicio de Cuba, por ocasillo do trigésimo aniversário de sua 1onwd,1 do poder.
Não vamos repet ir o que dissemos cm nossa correspondência privada, embora nos permitamos faicr um resumo dos principais pontos que abordamos
3 - Exilos " muilo rel:11ivos.. e "por demais onerosos". - "Dizíamos a V.E. que seria mui10 longo expor toda a situação do pais no que se refere à discriminação, falta de liberdade religiosa etc., e mostrávamos oearátcrdiscu/il'e/ d,1s conquistas e dos êxitos, porque se fazem, de um lado, com um cus/o ético e espirirua/ muito elevado, e, de outro lado, porque são mui10 re/alivos(cartade Mons. Boza Masvidal). 4- Diladu ra milita r cruel, represslva e policialesca. - "Também recordamos a V. E. que Cuba sofre, 11,1 30 anos, sob uma cruel e repressil'.1 ditadura miliwr, num es1ado polici,1/csco que l'iola ou suprime continua e ins1irucio1wlmc11te os direitos fu11dame11/11is da pcssou humana. E ent re outras provas
ponto por ponto iodas as as~rtivas de V.E. na mencionada mensagem, mas consideramos necessário apontar algumas das mais impressionantes. Afirma V.E que 'hoje em dia Cuba pode sentir-se orgulhosa de ser, em nosso continente tão empobrecido pela divida externa, um exemplo de justiça social'. Não queremos atribuir a V.E. o que não disse, mas lendo-st esta frase poder-se-ia pensar que Cuba não está, como o restante do continente, empobrecida pela divida externa. Estamos certos de que V.E. sabe que Cuba tem uma enorme dívida externa não só com os paises ocidentais, como também com os países comunistas: segundo os últimos dados disponíveis, esta divida ascende aproximadamente à cifra de 5,5 bilhões de dólares. 6-Mordomiasopulenlasparapcqueno grupo de privilegiados - o 110vo na miséria. - "Quanto A justiça social, da qual V.E. afirma ser Cuba um exemplo cm nosso continente, desejamos lembrar que enquar110 um mímcro bastantt· reduzido de alras autoridades do gOl'cmo desfrurtlm de rodas as comodidades da vida, o povo se vi! reduzido ao nível de sobH'l'il'êlici.1. Eminência, alguns de nós estivemos, cm
desta situação mencionamos as aventuras militares do castrismo que custaram milhões de dólares ao povo cubano e milharesdevitimasasuajuvcmude(carta de Mons. Román e Mons. San Pedro).
passado recente, em Cuba, não para discutir como cozinhar camarões e lagostas com o 'comandante' (ver 'Fidel e a Religião. Conversas com frei Bet-
5 - Conteslada a as.se rtiva du Cardeal Arns sobre a divida externa cuba- "Seria muito longo comenrnr
Jr,.m,.;, •• ,~,. "'8"'"" p,no,.,,/j,ladr da
dita· ,l11rac,.,1,i,t,. "~•J~M11d0Jx,â,n1,.,,,.,tepa· rapodcrromJ,rarm•ioq11ilod•C1mu "c"da , . . , . , , , . • ,s.-,,m·,.,
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CATOl.lCISi\lO-JlJl.110 [()89- 11
to', pp. 28-29, 33-34), mas para conviver com nosso povo e compartilhar sua a ngústia e sua dor. 7 - Populaçiio redo7.ida à sujeiçiio 101al equi Y11len le à minoridadc. - "Estamos certos de que V.E. não deseja para seu q uerido Brasil uma sit uação na qual um número re<luzidissimo retenha irreversivelmente todo o poder político e econômico, dele a busando para seu pró prio proveito e para perpetuar-se no poder, enquanto a populaç4o cm geral é mantida numa si1uaç.'Io de sujciç4o total, equivalente a minoridade. Pergunte, por favo r, Sr. Cardeal, a seus amigos que visitam Cu ba e freq üentam as personalidadesdaditadura, se vira m alguma vez qualq uer um deles esperando pacientemente com um cartão de raciona me nto na mão para poder comprar meio quilo de carne a cada
de Deus' (Evangclii Nuntiandi, nºs 34 e 35). 9 - " Übr11 de a mo r" crislíio, da qua l um milhiio de cubanos fu giu es pavorida, - "De outro lado, afirmar que as estruturas vigentes em Cuba 'permitcm fazer da convivê ncia política uma obra de amor' é desconhecer totalmente a realidade cubana. Se fosse como diz V.E., por que se deve co11siderardc/i/uosotcntarcscapardcssa 'convivê11ci11 política' que se qualifica aqui como 'obra de amor'? Por q ue um país como Cuba, que quase não linha
Sr:s. Bispos cubanos. - "Cremos, Sr. Cardeal, que V.E. é vítima de sua bondade e bom coração . V.E. não conhece Cuba senão at ravés do testemu nho de outras pessoas de sua confia nça. Não nos cabe exprimir aqui uma opinião sobre a intenção dessas pessoas ou o conhecimento que elas possam ter da cs1ranheza em face do silêncio de V.E. a11te 11ossooferccimc11to fralerna/, como irmãos no Episcopado, de pôr .1 sua disposição outros aspectos da si/Ilação em Cuba, que pelo visto V.E. ignora.
nove dias ou duas camisas por ano, como o restante da popultiçllo.
8 - Uma liçiio de Pau lo VI. No, ,l/1,',"º' lrinll! '""" m'1il dr ""' ,ni/1,i,o d~ eu.b,rno1 afflndonou a ilha, " ,., no upaço "Diz em seguida d<1 "únco muu, <1m 1980, 125 mil f>usoos u l'111Çt1rom ,U COJ!'11 d,,. J,'/6rida (p,ar1i11do V.E. que ·a fé cris- da fflfa dr Marie/, como u vi 1U1jo10), """' ;xo,Jo inconlrolá«I!" tã descobre nas conquistas da revolução os sinais do rei- emigrantes, viu nos Ultimos 30 a nos no de Deus que se manifesta em nos- da ditadura castrista, um milh,fo de cisos corações e nas estruturas que per- dadifos abandonarem o p,1/s? Por que, milem fazer da convivência política no breve espaço de cinco meses, cm uma obra de amor'. Não sabemos por 1980, 125 mil pessoas se lançaram às q ue, ao ler estas frases, nos vêm à men- costas da Flórida, num êxodo incontrotc aquelas out ras de Pauto VI nas q uais lãvcl? Que deveríamos pensar, Sr. Carafi rma que 'a Igreja ... rcjcila a substi- dcal, se. em ci nco meses, 1 milhão e tuição do anúncio do reino pela procla- 100 mil brasileiros procurassem refugio mação das li berta ções humanas, e pro- no Chi le? clama ta mbém que sua contribuição para a libertação não seria completa 10 - Rejeitadas pelo Sr. Cardeal se descuidasse de a nunciar a salvação Ams informações oferecidas pelos três em Jesus Cristo. (Ela) ... não identi fica nunca a liber1ação hu mana com a salvação cm Jesus C risto, porque sa----be:--:--:--ue-nào-Httficiente-1n!tttur-tt~~=~,='!""ê-"'"""~,==+ libertação, criar o bem-estar e o desenvolvime nto pa ra que chegue o reino 12 - CATO LIC ISMO - JUUIO 1989
ti - A r1111a deliberdadc religiosa " diminol cm númerus a bsolutos" as "ocaçOessat<t rdotais e religios11s, e a "assis tê nc ia ili MiSSII dom inic11I". - "Um dc.'SSCSaSpeclOS que poderia preocupar a V.E. é a fa /t/1 de liberdade religiosa cm Cuba, a qunlafcta especialmemeoscatóJicos. Esta falta de
liberdade, cujos detal hes poderíamos oferecer a V. E. quando o desejasse, se reflete tragicamentcnasestatisticas religiosas; Cu-
"Enq..,,nlo um número 1.>a,1,mu ,wJ,uido de ai/tu ,..,,.,,i,1,ufr, do goot!mo dt1.frutam 1lo IQ· da•,., oomodidadt1 do. vitla, o />000 s• rodu::ido ,w n/vdda so/',rouivtncia''
™
ba é o único pais entre seus irmãos do Caribe, e provavelmente da América Latina em geral, que nos últimos 30 a nos viu diminuir em números absolutos a quantidade de católicos, sacerdotes, religiosos e seminaristas, bem como a assis1ência à Missa dominical.
12- Uma info rmação q ue nio corresponde aos falos. - "A recente polêmica suscitada por sua carta natalina é uma prova evidente do que estamos dizendo. V.E. pôde responder e fazer
1odasas declaraçõespúbticasqucacrcditou oportuno fazer, tanto cm sua pãtria como no Exterior. Que saibamos, os Bispos de Cuba, por seu lado, ma ntiveram seu cosmmeiro silêncio. A imprensa atribuiu a V.E. a afirmação de que a mensagem, q ue p retendia ser confidencial e privada, se tornou pública somente depois que o Sr. Arcebispo de Havana deu seu assentimento. Consta-nos o tes temunho d e pessoas inteiramente Fidedignas de que essa /lfirmaçA'o 11,'10 corresponde aos fatos. Eminência, não duvidamos de sua veracidade, mas pensamos que uma vez mais V.E. foi vítima de sua confi ança e credulidade, confiando em terceiros. 13 - To ma ndo po r base a exortação aposl61ica "Evangclii Nuntiandi". - '' A propósito desta liberdade religiosa nos atrevemos mais uma vez a citar a exortação apostólica Evangc/ii Nuntiandi: 'Desta justa libertação, vinculada à evangelização, que tenta implantarcstruturasquesalvaguardcmalibcrdadc humana, não se pode separar a necessidade de garantir todos os direitos fundamentais do homem , entre os quais a liberdade religiosa ocupa um posto de primeira importância' (Evangclii Nuntiandi, nº 39). 14 - l)cus afasle do Brasil a lriigica experiência cu ba na. - "Queremos
D. EJ,.,,rdo &u,. Masuidal, 8i1/>0 tm Lo, 'úqru.J
concluir reiterando a V.E. o desejo que exprimimos em nossa correspondência privada: 'Deus queira que seu país nunca tenha q ue passar pela trágica experiência pela qual n6s estamos atravessando'. "Senhor Cardeal, Paz e Bem. Mons. Eduardo Boza Masvidal, Bispo em LosTequcs; Mons. Aguscin Romfm, Bispo Auxítiar de Miami; Mons. Enrique San Pedro SJ, Bispo Auxiliar de Galveston-Houston''.
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F. I01 li 257-1800, Ttlu (010125962 AOCU
As
MANffESTAÇÕEs p,ólibcrdade na China tomar:;im no último mês um tr:iglco realce com o revide s;mgrento levado :, cabo pelos "duros" do regime de Pequim. A "Praça da Paz Celestfal" tornou-se teatro de um m;;issacre Infcrn;d. A atu:dldade de tais ;1contecl-
n1cntos leva-nos l11cxoravcliucnte a uma pergunta de gr:mdt: alcance par:a o Br.isll. Em nossa pátria, é sabido que os cl1:unados ''teólogos da libertação'' são grandes propagandlst::,s do com unismo. Pois bem, a TL, quando defen-
de os regimes comunistas, é ela pr6-"duros" ou pr6-"pt:restroika"? Pelo artigo e rcspec1Jvos box de nosso colaborador Gregório
Lopes, que a seguir cstan1p:1111os, co11su1a-sc documcoradamen r e que as simpatias de Frei Berro um dos divulgadores mais cm evidência da TL - correm para o fado dos "duros". Ou pelo menos .:1ssim era quando escreveu seu recente rc:lato sobre sua viagem .l China, aqui analisado. Adem:lis, tudo leva a crer que ele: continue prd-"duros", pois, como se sabe, é gr:u1de :1111/go de Fldcl Castro, e o ditador cubae ,ç cot:. no mundo comunista o papel de "duro". Haja vista que ''o governo de Cuba allnlwu14 -
CATOLICI SMO - J U LHO 1989
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se aos dirigentes chineses 112 aeusaçio de que os sangrentos distúrbios provocados pela Intervenção do Exército em Pequim foram obr:J de 'elementos contn,-rcvolucionários', O comu11lcado foi divulgado pela agencfa ofldal ''Prensa Latina .. e public:Jdo 110 'Granma' (órgão do PC cubano)" ("Foll1a de S. Paulo ", 6-6-89). Ora, esse,ç mesmos "duros" que Fldel apoia J:rnçaram contra seu próprio povo tanques de 30 to11cladas com canJ,õcs destinados ao combate em campo aberto, e mobillzar:.m a formld.1vel força Julang (Onda gig:mte), que preserva as tradlç,)es guerreiras dos lwme11s da Mo11g6lla, Manchúria e Sd1c11iang. Encurralados no centro e nos cantos da praça, millrares de jovens, crianças e velhos foram metralhados. Os corpos caiam Js dezenas. Os tanques pass.:1vam por cima das pessoas, as poças de sangue se ac11m11lavam. Eram mc:traJJ1ados att! os que levavam feridos para os l1ospllais ou os que ;apareciam nas j;anelas e curiosos. As estatísticas, ainda Imprecisas no momento cm uc:enc1:rr.uuos a edição, apootam entre 4 e I O mil morros. 1"V ch.ioesa mentiu descaradamen-
0drama da Igreja ~uma
te, noticiando que os mortos en,m dez, todos soldados. Como acidade foi em seguida tomada pelo c:xérdro e o abastecimento suspenso, Pequim ficou sem alimentos e as pessoas impossibilitadas de sair Js ruas, pois nos dias s11bseqiientes os soldados contlnuav:1111 atir;ando indiscriminadamente na populaç:io. Vejam pois os admiradores d:, Teologia da Liberta.ção, ;1 que conseqüências essa ..dureza'' conduz ...
Entre a perseguição e o colaboracionismo Frei lktto tem se mostrado um incansável propagandista do comunismo. Não só das idéias marxistas, mas dos regimes comunistas de hoje na Rússia, em Cuba, na Nicarágua e ultimamente na China. Assim, de 4 a 25 de outubro último esteve ele em visita àquele pais de raça amarela, acompanhando uma equipe de 17 turistas-propagandistas ligados à 1eologia da liber-
tação, entre os quais os eternos Freis Clodovis e Leonardo Boff. O relato das impressões pessoais de Frei Betto so re a viagem o u ex nmg---as citações deste artigo - intitula-se
Uma jollf!m maniftllant, i/H,rb<,mnu,nttagarmd,,por,oldados
"" /1~ da P= Cdalial, "" Pequim
Quem promoveu a viagem
A
CHINA em confusào "A Igreja na China", publicado pelo "Centro de Educação Popular do Instituto Sedes Sapicntiae - CEPIS'', documento Nº 2, novembro de 1988. Abai110, no artigo principal, analisamos a terr!vel perseguição contra a Igreja Católica na China, qucseentrevê pelo relato do religioso dominicano. Nos requadros apresentamos outros aspectos impor1an1es da viagem da equipe, e da situação daquele pais. A Igreja Católica Apostólica Romana, na China, vive nas catacumbas e perseguida. Mas há ou1ra igreja, cismática, separada de Roma- a tal ''Associação Patriótica Católica da China" - subserviente ao governo comunista e gozando do pleno apoio deste. Cada uma delas teria 3 milhões de seguidores, embora fontes da igreja "patriótica" digam que os da catacumba são apenas um milhão.
Não se sente irmão dos perseguidos A divisão entre os católicos na China, como é sabido, deu-se por ocasião da tomada do poder por Mao T sctung, em 1949,edaperseguiçãoreligiosa que se lhe seguiu . Tendo um bom número de católicos chineses permanecido, então, heroicamente fiéis a sua religião, embora na clandestinidade, o gove rno viu-se forçado, para tentar confundi-los e destrui-los, a favorecer a formação de uma "igreja católica", pró-comunista, desligada de Roma, a qual acorreram logo os católicos de esquerda· espécie de teólogos da libertação da época - e med rosos de todo tipo. Segundo Frei Betto. porém, a culpa da divisão recai sobre "o Vaticano, imbuidode um anticomunismo sectário. não foi capaz de compreender que a
VISITA de Frei Betto e seus companheiros á China constituiu um lance dentro de um vasto plano de aproximação com o comunismo, que vem sendo arquitetada por uma gigantesca máquina de guerra pslcol6glca atuante no Ocidente. A equipe foi devidamente adestrada para cumprir bem seu papel: "O rotei· ro foi cuidadosamente preparado pelo grupo canadense Am1t1• China • a Assoclaçáo Patriõtlca Cat611ca da China" (esta última, mais conhecida no Ocidente co, mo Igreja cat0llca da China, es.tá rompida com o Papado e é subserviente ao governo comunista). " Antes de viajar a Pequim prossegue o rellgloso dominicano - estivemos em Beloell, no Canadá, quando fomos Introduzidos á cultura, aos costumes e á hlstô· ria chinesas". Não lallou " o cola· boração do Pe. Ismael Zuloaga, SJ, que responde Junto ao Superior Geral dos )esuitas pela atenção mlsslonãrio ã Repúblico Popular do China". Ao chegar àquele pais, a diligente equipe não ficou solta, mos teve " como guias opadre canadense Mlchel Marcll, SJ, da Amltlé-Chine e Liu Bal-Nlan, da Associação Patrlõtlca". E há mais: " Também facilitaram a nossa comunicação as Irmãs mlsslo· nários do Imaculada Conceição, fleurette Lagace, de Montreal, e Lulza Tan, de Taiwan". tudo bem aparelhado - Frei Betto não diz quem custeou a viagem e tão especializada preparação - o comboio se deslocou ao longo de sete cidades chinesas, terminando por Hong,l(ong.
,r/lim,u dabrofa/ r,prrnãu dog,,<..,..,,od,inrs
CATO U C ISi\ 10 -JULHO 1989 -
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revolução livraria o povo chinês de sé· culos de dinastias" . O Papa na época era Pio XII. O apoio do governo aos católicos colaboracionistas foi crescendo à medi· da que crescia a santa firmeza dos fié is a Roma, até que, em t9S7, formou-se oficialmente a Associação Patriótica Católica da China, que busca fazer as vezes de igreja católica. O pretexto dado por essa associação para seu rompimento com Roma foi o fa to de o Vaticano reconhecer o governo de Formosa (na época , símbolo da rcsis1ência chinesa ao comunismo). Durante a " revolução cultural" de Mao Tse-Tung "a catedral de Pequim virou usina elétrica, a igreja de Imaculada Conceição, oficina de carros", e assim por diante. Agora, informa Frei Betto, Pequim tem dado sinais de querer reatar relações- com o Vaticano. mas exige que este rompa com Formosa e não interfira nos assu ntos internos do pais (eufemismo para significar que será o governo comunista e não o Papa quem nomeará os Bispos c dirigirâ a igreja).
Nessa situação, " um número considerável de católicos chineses insiste na com unhão doutrinária e canônica com Roma". Note-se o ver bo empregado pelo religioso dominicano: insiste. Como se se tratasse de um mero problema de insistência e não de fé e de salvação das almas! P rossegue: "A queles que se tornaram reconhecidamente sujeitos a Roma encontram-se nas prisõcs". Constatação fria de um fato espantoso. Frei Bctto não se sente irmão
doscatólicospcrseguidospelocomunismo, mas sim aliado dos perseguidores. Fosse algum teólogo da li bcrtaçllo parar numa prisão de Pinochet ou mesmo de alguma das democracias sul-americanas, e toda a esquerda ulularia sem parar. Os bispos e padres colaboracionistas ocupam altos cargos no governo, são deputados etc.; possuem sete grandcs seminários regionais e dezenas de seminários menores, além de revistas
M anifutoçâo
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E
storçando,se embora por enaltecer o que viu na China, Frei Betto depara sempre com um po· rém. Etogla a governo por ter promovido, entre outras coisas, a reforma agrária e Ingressado no clube atômico (de repente, tratando-se de um pais comunista, Ingressar no clube atômico passa a ser uma benemerência!). Louva o fato dt que na China se "erradicou a corrupção", porém Informa-nos em seguida que "os próptos jornais do pais denunciam o aumento de casos de corrupção na máquina burocrática, do número de roubos e assaltos". A culpa, ele a atribui não ao regime, é claro, mas às reformas que estão sendo feitas ... O pafs "eliminou a miséria", diz Fttl Betto triunfante. Porém "automóveis são raros" e "os comi· nhões que trafegam por toda parte" são "velhos"; na população, "a maioria vive modesta a apertadamente" e "o problema da moradia continua crônico", O religioso tem sua expttcação para Isso: o socla· llsmo "não deve ser entendido como sinônimo de r!que?Q" e SUQ Just!ç::: comporte "::füpc;lção ao sacrlficlo". 16 -
CAT O LIC ISMO - JUL H O 1989
Ora, o espirllo de sacrifício que a Igreja sempre ensinou vem sendo quallflcado pelos teólogos da libertação · na esteira de Marx • como um ópio que deixaria o povo á mercê das classes prlvllegiadas, Mas quando se trata de vergar sob a pobreza soclalisla ai passa a ser bonito ler "disposição ao sacrlficlo". Mais ainda, o amor socialista seria "fruto de um profundo processo educativo". Curiosa afirmação. Atê agora nos haviam dito que o socialismo era uma reivindicação das massas oprimidas. Els que salta Inusitadamente da caixa a afirmação de que as massas precisam ser profundamente educadas (por melo da chibata?!) para ficarem soclallstas. O camaleão socialista vai deixando as cares da hipocrisia para ostentar as do cinismo. Para o governo chinês, diz frei Betto, ''o valor prio· ritárlo é a familia", porém "não se permite que um casal tenha mais do que um filho; todo parto termino com a ligação das trompas, independente da vontade do casal (...) a let do controle da natalidade é aceita pela Igreja da China". Ofrade faria melhor em dizer que o valor prioritário e a de~tn.!!çãa de familla e que a t!!!adur::: !de tipo nazista) abarca a própria vida intima do casal.
diversas. Rompidos eom Roma, fazem entretanto questão de estar ligados ao progressismo ocidental : "Na biblioteca (do principal seminãrio) obras de Rahner, Congar, Kung e Sehillrbeeekx". É, elogia Frei Oeno, uma " igreja aberta ao socialismo ( ... ) deseja fazer seu aggiornamento, assumir as decisões do Vaticano ti, atualizar-se litúrgica e teologicamente". Para isso é poderosamen1e assessorada pelo Ocidente: "Hacercade60jesuítas trabalhando na China como tradutores ou professores e outros religiosos estrangeiros". Os membros dessa igreja colaboracionista acusam os verdadeiros fiéis de ameaçarem a "unidade da Igreja na China", pois "celebram clandest inamente em casas de familia, mant êm scminarios ocultos". Os colaboracionis1as buscam perverter os católicos romanos: "Queremos que eles se juntem a nós"; e para isso, "nos seminários oficiais haveriaseminaristas quesep reparam para exercer o ministério junto aos fiéis clandestinos".
A pressa do frade Qual a posição de Roma, cm face dessa situação? Frei Betto aborda esse tema com cautela, mas procura ndo dar a entender que o Vaticano caminha aos poucos para um reconhecimento da igreja colaboracionista. Diz ele que "alguns bispos públicos (isto é, colaboracionistas) são aceitos por Roma". E acrescenta: "No xadrez diplomatico, recentemente o Vaticano deu um lance que assinala uma mudança de rota
em qualquer pais o capltallsmo le· va sempre vantagem 1...) Como ficam a solidariedade e o lntemaclonalisCHl~A também vai se adaptan• mo proletários se a China favorece do a perestrolka, para poder mulltnaclonals que exploram os poreceber mals abundantemente dl· vos do Terceiro Mundo?". nheiro do Ocidente e exportar com Frei Betto é, pois, um "duro". Em mais facllldade seu veneno ideoló· llnguagem mais agglornato dir-se-la glco. Assim, aquela mesma lenga- um fundamentalista do comunismo. lenga que se diz da Rússia, Frei Bet- Ao menos em teoria. Na prática é to a repete em relação à China: ln· diferente: ele vê bem para onde sotroduçào parclal da propriedade pram os ventos da revolução, e seu, privada, do lucro controlado, dosa- principies ortodoxos não são assim lório diferenciado etc. tão rtgldos como para resistir ao oporMas o religioso não ê um entusias- tunismo. Ei-lo então engajodo a seu ta da reforma. Teme que ela venha modo no barco das mudanças • es• a abalar o férreo marxismo clássico. sa grande manobra comunista de E a tal ponto teme, que os chineses nossos dias. e dando seu aval ''ire"tentaram amainar as Inquietações tlllcaçáo cubana, ó perestrolka sovl· de quem, como eu, desconfia que ética, á modernização chinesa". • "fundamentalismo" O cede ao oportunismo
A
na quesl!lo da China: fez Cardeal o bispo de Hong-Kong"'. Hong-Kong, como se sabe, é uma colônia briUlnica encravada em território chinês, e que por acordo entre os governos da Grã-Bre1anha e da China serã integrada ao domínio comunisia em 1997. Assim sendo, explica o frade dominicano, em 1997 teremos um Cardeal nomeado por Roma numa diocese da China comunista; isto "demonstra claramente que Roma pretende reforçar sua proximidade com a República Popular da China e com a igreja local". A julgar pelas informações dadas por Frei Betto, o Vaticano n:lo estaria
U}fa1
monttuJa por t'mpl"t'Sll odd,.mal 11D
cidade chint'MJ ik Sh,mun,
limítrofe de Hong Kong.
O capitalismo intt'riwakmal ll(Jrt'ssa-u em nmi!dUir
ajudallOQ-oas.sim (1
nl(Jnter-se no
pod,.,.
empenhado em apoiar e dar ânimo aos heróicos ca1ólicos que lhe são íiéis, mas sim em encont rar um modo de ''reatar com Pequim sem ferir profundamente· os católicos que sofreram longos anos de cárcere por fidelidade ao Papa". Que dados terá o religioso para por o problema nesses termos? Não sabemos. Quanto a ele, pessoalment e, acha que se deveria, sem mais, passar por cima desses fi éis: "O fato de católicos padecerem em prisões na China não deveria servir de mmivo para retardar o rca1amento". Ele tem pressa da união Rorna-Pequi1n, dado que o governo chinês "logrou implantar a justiça social preconizada pela Igreja" . Fica claro, pois, de passagem, o que Frei Bet10 entende por "justiça social preconizada pela Igreja": é pura e simplesmente o comunis mo, e logo o de tipo chinês! "A reintegração de Hong-Kong podera significar a reintegração canônica de toda a Igreja na China á comunhão da Igreja universal, dentro de novos critérios". O novo critério fundamental é que o Vaticano tera de ceder: "As exceções abertas por Roma, como o direito de bispo nomear bispo sem passar pela prévia aprovação o Papa, deverão inevitavelmente ser amCATOLIC ISMO - .JULHO 1989 -
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pliadas no contexto dos países socialistas". Em outros termos, a Igreja deve adaptar-se ao comunismo e não este à Igreja, como o cavalo ao cavaleiro que o dirige. Tal é a união por de preconi zada. Ademais,afidelidadctãoduramente provada e tão heroicamente mantida, dos católicos resistentes, não é, para Frei Beno, um problema que engaje a fé e a caridade, mas simplesmente "um problema é1ico de alta razão humanitária". E o impasse se resolve pela expulsão (velada, é claro) desses católicos, concedendo "direito de emigração aos que desejarem viver sua fé junto a comunidades católicas estrangeiras". O que significa admitir que na China não deva haver liberdade para a prática tradicional da Religião católica. Dessa forma, segundo o plano esboçado por Frei 13etto, o próprio Vaticano - por meio de um acordo com o governo comunista chinês - vibraria o golpe de morte numa igreja riel; a qual nem o comunismo carrasco, nem o canto de sereia da igreja cismática colaboracionista conseguiram até agora dobrar.
Fantasma no horizonte Os teólogos da libertação vão pondo assim suas ga rras de fora. No Ocidente, é a pregação da liberdade, dos direitos humanos e o que mais seja, para os comunistas. Nos países comunistas, quem não aceitar o comunismo ... que se vã! E se o comunismo viesse a lograr - como é desejo deles - tomar o poder num número esmagador de nações, o que se faria dos não-comunistas? Não tenhamos ilusão. A mais negra perseguição contra os fiéi s emerge como um fantasma de horror e abominação no fundo do horizome "progressista". Chegaremos até lá? Nossa Senhora nos ajude a "evitar à civilização ocidental agonizante, o soçobro final para o qual esta se vai deixando rolar" (Plínio Corrêa de Oliveira, "O punho Leis", 1982, São Paulo). GREGÓRIO LOPES
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CATOLICISMO - JULHO 1989
Se os Bispos tivessem ouvido São Pio X... SÃO PIO X, Alocução aos Bispos, 24- 12-1904: "Uma só recomendação vos faço, Veneráveis Irmãos: vigiai sobre vossos seminários e sobre os que aspiram ao sacerdócio. Vós o sabeis : sopra forte sobre o mundo um vento de independência mortal para as almas, e esta independência se introduziu também no samuário . Independência não só cm relação à autoridade, mas também em relação à doutrina. Daí resulta que alguns de nossos jovens clérigos, animados desce espírito de crítica sem freio que domina hoje, chegam a perder todo o respeito pela ciêrn.:ia derivada de nossos grandes mestres, dos Padres e dos Doutores da Igreja, intérpretes da doutrina revelada. Se por acaso tiverdes em vossos seminários um desses sábios do novo estilo, desembaraçai-vos dele bem depressa, e por nenhum preço lhe imponhais as mãos. Mesmo que seja apenas um, s vos arrcpcn r 1 pr , (in "La Critique du Libéralismc", nº 116, 1-8-1913, p, 545).
deLUrpada por Stalin. "O acordo [de YaltaJ cm si era realista e flexível: a Europa Oriental deveria fer 'eleições livres' e governos 'amigos' da Rússia. Stalin interpretou isso como uma completa subserviência. A interpretação de Gorbachev é inteiramente diferente. Ele sabe que o Ocidente não enviaria tropas para auxiliar os rebeldes do Leste, porque a Rússia é ainda umasupcr-potência.Gorbachev é mais generoso do que Breznev ou Stalin. Na sua ótica, a Finlândia é 'amiga' e a Suécia, 'aceitavelmente socialista'" Nos limites desse raciocínio fica insi nuado que se a Europa caminhar para a posição finlandesa ou sueca tornar-se-á aceitável para ocomunismo gorba~heviano.
RETIRADAdastm-
1
A
p~s russas.do Arcg~mstll.o, somada as
refor mas promovidasporM1kahilGorbachev,1eveumcíci1opsico-
J
l6gico sob re o Ocidente difí-
cil dc se aquila1ar. Ela efetivamente contribuiu para acentuar a impressão de que ,
com Go rbachcv. encerravase na Rússia, q uiçA definitiva mente, o perlodo de conquistas bélicas. A nova imagem de um comunismo "pacifico" e "generoso" em propostas de desarmamcnto, inclusivc unila-
teralmcnte, tem provocado dificuldades profundas no
cerne do sistema de defesa Ocidemal, a Organização do Tratado do Atlântico Norte, (NATO). Desmobilizada a opinião
Nova Ordem Política. O Tratado do Atlânti-
pública ociden tal, so b o bafe-
jo dos pacifistas, muitos crêem que basta fazer con-
cessões a Gorbachev para a fastar o perigo da guerra
Seria real esse quadro? Ou, pelo contrário, a estrategia russa conterá agora ciladas mais sutis do que ou1rora? Especialistas discutem a questão, procurando elucidar o enigma Nesse novo contexto, tanto George Bush qua nto Gorbachcv falam numa possivel reorganização do mapa poliro passo para Sc,i, uma nova Yaltico mop,u. o p,im,ita?
A deturpação stalinista. Henry Kissinger propôs, segundo "The Economist" vo tratado Leste-Oeste, pedoB-4-S9,q"'""""'"ºlo qual "os russos dariam mais liberdade à Europa O rienta l em troca da promessa ocidental de não criar problemas Seria para auma Rússia região". novanaYal-
Tanquuwlho1«ob1oldo1 1iforctirodos.
N_,,,,,.,b11i1""'"' ·
GORBACHEV MARCA o
COMPASSO
britânica -~dta,i=o,c=que ,= ov~ , a=oo=revista mo ' é=' um =,"'o=;cc , ,e--1--1
d, rntific,ção do p,imoirn,
co Norte, visa responder solidariamente a eventual ataque por parte de Moscou e pa!ses do Pacto de Varsóvia (versão comunista da Aliança Atlântica). Tal Aliança Ocidcnlal tintta todo o propósito numa Europa do pós- guerra, quando a Rússia, insaciável, acabara de abocanhar todo o Leste europeu. E ameaçava, se pudesse, domina r o resto. Nesta época em que o dirigente máximo comunista acenacomareti radauni lateral dedezmiltanques, redução de tropas acantonadas nos países do Pacto de Varsóvia e até a eliminação de quinhentas ogivas nucleares, pareceria inse nsatez, aos olhos do europeu e sobretudo do alemão ocidental, não responder com atitudes generosas a tal prova de boa vontade. Na realidade, comenta o comandante da NATO, Gcn.
0IHrôa~· da pouco significa: "Eles esCATOLIC ISMO JULHO - 1989 -
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tão produôndo cerca de 3000 tanques novos por ano - muito melhores, diga-se de passagem - do que os que eles estão falando em retirar" ("Time" , 29-5-89) Por ocasião da reunião comemorativa dos 40 anos da fundação da NATO, em fins de maio pp., foi proposta pelos dezesseis países membros um desafio ao "bloco soviético a aceitar uma nova ordem política na Europa" ("O Globo" , 31-5-89). Finlandização. Como será essa nova ordem política, senão uma Europa sem barreiras, neutralizada, fin landizada, que cedo ou tarde se distanciará do único paísquepoderiaajudá-la eficazmente a manter-se independente, os Estados Unidos? De fmo, os estremeci mentos nas relações entre a Ale manha Ocidental, Estados Unidos e Inglaterra, só tendem a crescer. Em essência,
Inglaterra e Estados Unidos vêm insistindo junto à Alemanha na necessidade de modernizar o armamento da Aliança Atlântica. Alegam para isso duas razões principais: paralização do progresso em matéria de defesa militar e desconfiança quanto aos rumos de Gorbachcv. 0 chanceler alemão, Helmut Kohl, defende a tese de que ''se deve adotar uma decisão definitiva o mais tarde possivcl: só então, à luz dos resultados do desarmamento, deve-sc decidir que grau de modcrnidadc devem ter as novas armas. O ponto de vista de Bonn rcílcte a crcscente sensibilidade ante à rápida transformação das rela· ções Leste-Oeste, mas também a preocupação de que se reacenda o veementedebate sobre os euromisseis na campanha para as próximas cleições gerais alemãs" ("Tribuna Alemã", março 1989).
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CATOLIC ISMO JULHO - 1989
Redução parcial. Além das armas convencionais, o Leste e o Oeste possuem três tipos de misseis nucleares os i111crcontincntais, os de médio e de cuno alcance. Os primeiros nào foram objeto de acordo recente. Os de alcance intermediário (de 500 a 5000 quilômetros) fo ram objeto de acordo, entre Reagan e Gorbachev, para desmantelamento. Os curtos, principalmente sediados na Alemanha Ocidental, prcocupam sobremaneira o povo alemão: cm eventual conflito, sobre ele é que cairia a réplica a estes artefatos. A superioridade numérica em armas convencionais e mesmo atômicas do Pacto dcVarsóvia,cracontrarrestada pelo poder dissuasório desses últimos misseis nucleares dos aliados Deverá haver uma redução dos misseis nucleares de curto alcance "logo que
Não disse Bilf.l O ,üsarmamento i pm valer!
seja combinada e entre em vigor uma redução das arma s convencionais'' ("O Globo", 31-5-89). Apesar disso, ''Kohl continuará insistindo para a adoção de umaposturamaisabertana questão do desarmamento, que seria fundamental para sua campanha de reeleição no ano que vem" (id., ib.). Quer dizer: a fricção entre membros da NATO continuará apesar da redução dos mísseis Por quê? Segundo noticia a revista madrilcnha "Época", corre no quartel general da NATO que "a guerra fria terminou e se começa a sentir que a NATO não tem inimigo" ("Época", Madrid, 6/ 12-3-89). Ou seja, teria perdido sua razão de existir Essa a grande vitória de Gorbachev : confundir seus inimigos, lançar a divisão entre seus adversários. ADAlBEl!TO FEl!l!Ell!A DA COSTA
NOVA POLÍTICA, VELHOS ERROS A
RÚSS IA conti nua fiel à tática ~econseguirsubstanciosos.au.xíhos dos países e da iniciativa privada ocidentais para sustentar sua débil economia, ao mesmo tempo que seus mentores insistem cm testar utopias. É preciso que o burguês ocidental, pragmático, otimista, por assim dizer embarque na nova política sovié1ica, a qual -
a seu ver -
parece afas-
tar, por si só, o fantasma que mais o apavora: a guerra atômica. No Ocidente, tende a se tornar cada vez mais freqüente a presença de personagens russos. Inte rcâmbios cultu-
rais, comerciais, científicos, propici;1m tais encontros. Um dos efeitos dessa nova política é a tendência a diminuir a rejeição natural do público a um regime que parece se penitenciar de suas máculas (endossando, tacitamente, as acusações que lhe eram feitas), sem oficialmenteabandonarascausasmais profundas de seus erros. Figura das mais categorizadas para influenciar no sentido dessa política é o economista russo Abel Aganbeg uian - natural da Armênia, chefe do Departamento de economia da Acadernia de CiCncias da Rússia, conselheiro informal de Mikhail Gorbachev, e tido como o idealizador da "pcrestroika" (reestruturação da economia soviét ica). Esteve ele longamente no Brasil fazendo palestras, dando entrevistas, rnrnandocontactocom indus1riais, banqueiros etc . Em conferência pronunciada na Universidade de São Paulo, cm maio último, apresentou Aganbeguian um balanço dos quatro anos de "perestroika". Parece-nos oportuno e elucidativo apresentar aqui alguns aspccrns dessa exposição, realizada diante de uma cen1ena de pessoas - univcrsitários e clementos da esquerda em geral. Com pseudo-candura afirma Aganbeguian que as reformas atuais representam "uma ruptura com o passado" stalinista e que elas são feitas para o ''bem estar do povo'' . Convém lembrar que, com igual pretexto empreendeu-se a derrubada do tzarismo e se im lantou o mais tirânico dos re gimes na Rússia, assim como em todos os países cm que se instalou o comunismo.
Constata ele que o atual nível de vida em seu país "não corresponde à posição da URSS no mundo" e que "o povo quer mais bens nas lojas". Mas lamcnrn: "sempre que os representantes do Governo propõem combater a escassez de produtos com o aumento dos preços, a populaçao acaba preferindo permanecer na escassez, mas com preços baixos" ("O Globo", 4-5-89). Tal fato, a ser verdadeiro , é realmente preocupante. Revelaria apatia, esmorecimento, falta de desejo de melhora por parte do povo russo. Isso poderia ser debitado à quebra psicológica gerada por mais de setenta anos de um regime antinatura!, ou então, a que o povo não crê cm nada mais que provenha das atuais autoridades, inclusive de Gorbachev. Ell). sua longa palestra de cerca de trêshoras,Aganbeguianapresentaainda os planos sempre "bem intencionados" do Governo para solucionar a crise do regime: "queremos aproveitar as riquezas do país; atrair os trabalhadores" etc. E enumera longa lista de mazelas - as mais negras, e pouco divulgadas pela "mídia" ocidental que os soviéticos pretendem sanar: ''Temos 50 milhões de ssoas sem casa; vivem com outros. ovens vivem em coletivos". Ressalta a intenção de permitirem as autoridades soviéticas a cons-
tituição de "joint-ventures" [firmas freqüenteme nte estrangeiras que se unem com as do país para determinado empreendimento visando um benefício], com vistas a at rair capital para a Rússia. O que soa aos ouvidos dos empresários ocidentais corno um canto de sereia . No campo da saúde, constata Aganbeguian que "no passado tínhamos expectativa de vida de 70 anos, igual à do Japão. Hoje, no Japão a média é de 77 anos e na Rússia baixou para 68 anos". Quanto à mortalidade infantil "cstamos cm SSº lugarl" E acrescenta de modo otimista: "no futuro esperamos aumentar novamente a expectativa devida". O balanço e os planos são tão vastos, que praticamente não há campo intocado pelas reformas. Mas, é preciso acentuar, reformas à socialista. Sendo elas fruto de planejamento estatal, a propriedade privada é totalmente proscrita, ou admitida de forma raquítica. Constitui exemplo disso o plano de arrendamento de terras, mencionado pelo conferencista. Na realidade, esse arremedo de iniciativa privada é muito limitado. Hà planos para arrendar terras aos kolkozcs, sovkozes (•), cooperativas, fami lias, etc. por períodos de cinco a cinqüenta anos. Como a Rússia não possui indústria que permita o armazcnamcmo de alimentos, Aganbeguian nos informa que o Governo soviético já obteve dois bilhões de marcos (um bilhão de dólares) da Alemanha Ocidental e Itália para esse efeito. Ê um bom início ... E certamente não ficará nisso. Dessa forma, o burguês concessivo do Ocidente imagina afastar o espectro da guerra, saciando a fome do urso russo. Esqueceele -seé quealgumavez o admitiu - que a verdadeira causa das guerras encontra-se nos pecados e iníqüidades cometidos por Estados que violam, de modo sistemático, os Mandamentos da Lei de Deus. Ao contrário do que imagina o burguês concessivo, ao ajudar o comunismo, ele apressa ocastigo qucassim pensavava afastar. R. MANSUR GUÉRIOS
CATOLJClSMO-JULIIO 1989 - 21
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Waldir R11miro da Cosia, SalV11dor (RA): Aproveito a oportunidade para ex pressar minha opinião sobre CA TOLICISMO: considero um gu ia na vidadeumapessoaneste mundo corromp ido e agonizante. Vivo transportando a rcvisrn para onde quer que vá e nllo dei xo de divulgá-la. NotadaRrdaçio: A d ivu lgação de CATOLIC ISMO, ponavoz de nossos ideais comuns, é da maior importância. Fica aqui para os leitores o exe mplo desse missivista Carlos Wihelm M. Lins Rollm, Joi o PtSS0II (PB): Pela presen1e venho expressar-lhes a minhagrandesa1isfaçlloporestar inscrito entre os assinantes destaintrtpidaevalorosarevista que é CATO LICISMO. Mais do que satisfação é um dever d e justiça manifestar publicamente a minha opinião sobre essa magistral publicação. Os Srs.cer1amenteco11hecemapcça de teatro do famoso escritor francês E. Rostand que primou muito por e:,:p\orar rm suas obr as os aspectos épicos e brilhant cs da vida. Lendo o CATOL IC ISMO vem-me sempre à mcm ória a sua peça denominada o "Chant cclair". Com efcito, no mundo de hoje uma espécie de injeção anestésica íoi-lhe ministrada e toda a sua capacidade de reação desapareceu Acontecem as maiores aberrações, as maiores trag(!d ias, as maiores blasfêmias quer na sociedade temporal quer dentro das muralha ssagradas da Santa Igreja e tão bem mostradas na Seção do CATOLICISMO .. A Real idade concisamente" e apesar de tudo não se vê ne -
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sua política da "Pcrestroika" e da "Glasnost", nllo despcrrn nenhumareaçlodaopinillopú-
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leis; {OU)
:i:am~~ean~;~~~;:i:it:i;:: 1 ~ - - -- - - - -ral CATOLICISMO se ergue '""'° da ,o;«, da <ompos,a de tal qual o "Chantedair" da
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peça de 11.ostand, fazendo soar avozclarae heróica,conclamando todos a se unirem em umaCruzadaemfavordalgreja e da Civil ização Cris1!1 em nossos dias. Dói di zê- lo, mas é bom que se diga para que o Supremo Ju iz não nos pe1;a contas dcnossosi!êncio nodiadonosso Juízo particu lar. No meio dessa dormidcira geral quão poucossãooselcmentosdalgreja Católica que se levantam em favor do bem ! Pior ainda Os que levan lam a voz sllo os que pretendem destruir todo o bem. E sobre isso nem precisaria me estender pois CATOLICISMOtcm se revelado um arauto na denúncia da tristemente célebre "autodemolição" da Igreja José t·ernando Hlbtiro dr BllrT0S, Sio Pa ulo (SP): somente ho_ic pude terminar a leitura do anigo do Dr. Plínio ("Mera íantasmagoria", in "Catolicismo", nº458). Considcrciacelente o nível do artigo. O Dr. Plínio analisa muito bem as "pscudosituaçôesdemiséria"queassolam nosso Pais. O fracasso da "grevegcral"Wveioconfirrnar,no meu entender, o artigo "Mera fantasmagoria".Quantoàsituação dos empregados rurais, mi nha aperiência na ãrca, pois sou dcscendenteetcnhomuitosprimoseirmãproprietãriosdc fazenda,foiperfeitamentereproduzida. Os empregados de fazenda levam "wn vidllo", se o Sr. me
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__,""" " "w'""''JJJinaw:ld!il.o.R,m,m,;i;!"._," r ú ia .u. d • de 191 7 geme sob o pero da bola comunista e hoje soba dcspótica bota de Gorbach ev com a
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hã muito teriam eclodido rebeliões de porte. Enfim, a si tuação pollticadenosso l'aisédaspiores.
CATO LI C ISMO -JULH O 1989
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Há um ano falecia o Dr. José Carlos Castilho de Andrade
Uma alma católica: ordem e decoro visores e criou toda uma escola de jornalismo católico que mais tarde o Prof. Paulo Corrêa de Brito Filho desenvolveria harmonicamente, até o ponto em que hoje se encontra nossa revista. · A preocupação de Dr. O Dr. Josi Carlos CaslÍ/hQ dt: A rrd-radt:, que "/iava a disti,.çào ,i mo· Castilho, à frente de "Catodt.$1ia, evitava de•• deixar JQ!ag-rafar. Asrim, a me/hQr.futo quo ,/ao licismo" - então editado so nmst:T1)(J no arquivo do "Catolicirnw" data ,ia ipoca em quo Q Qra· cm forma de jornal - foi tório do Nosra S, nhQra J,, Corrc.,irão vÓ/Íma ,lo, lerroris1a, eslava recionário graduado e modelar sempre a de que a publicadm -iflaugtlrado. ÂQ j,mdo, ván0s membros do C,msellw Nacfo,,a/ da CMTC e depois da Elctro- ção tivesse muita substância da TFI'. Efllre elu, o, saudMoJ /Jr. josi do Azeretlo S,m!os t Prof paulo. Empresas nas quais não só do ponto de 11ista /i'ernan,lo ,-·,,,q,,im de Almeida, q!le a morte já /evo!l. demonstrou ser obscrvanti3- domrinário, como também simo da hierarquia institucio- daobservaçãodiligenteeacuECORREU no últi- mais salientes e a dedicaçao nal, prestando a seus superio- rada da realidade. E isso semmo mês, dia 24, o mais completa: os princípios rcs toda forma de solidaric- pre ao lado de um requinte primeiro aniversário da ordem, e do decoro. Nis- dade e apoio, mas cxigindo- de ornato literário e jornalísdo falecimento do Dr. José so se inspirava, por exemplo, a, igualmente, de seus subor- tico. Seu trato pessoal tinha Carlos Castilho de Andrade, sua oposição ao progressis- dinados. O extinto foi tama tantos e tão altos títulos mo, o qual vem disseminan- bém modelar na alta qualida- todas as características de ligado a nossa revista ea to- do, infelizmente, nosambicn- de de seus serviços, como um gcntlcman, c ao mesmo da a atividade da TFP. Nes- tesqueconsegue influenciar, também na pontualidade tempo a força, a coerência e o domínio de si de um hose aniversário, foi celebrada a total falta de ordem e de em executá-los. a Santa Missa cm intenção decoro. Também como coroEssas mesmas qualidades mem de ordem. Em continuo contato com de sua alma, com o compare- lário desses dois princípios, ele as pôs a serviço de ''Catocimento maciço de sócios e provinha sua visão dos pro- licismo", nos longos anos o Prof.Plínio Corrêa de Olicooperadores da TFP, bem blcmas brasileiros, acresci- em que esteve à frente de veira, de quem foi discípulo como de familiares do saudo- da - corno projeção no cam- nosso mensário. E ainda co- desde os tempos cm que espo internacional - da solida- mo diretor vice-superinten- te dirigia o então jornal ofiso extinto. riedade do Brasil em relação dente da Diretoria Adminis- cioso da Arquidiocese de a Portugal. trativa e Financeira Nacio- Sào Paulo, o "Legionário", Outro ponto saliente da nal da TFP, órgão de dirc- Dr. Castilho encontrou em A ocasião é oportuna pa- mentalidade de Dr. Castilho çào jurídico-financeira da abundâncianaescoladcpenra que "Catolicismo" pres- foi seu desacordo e desagra- Sociedade Brasileira de Defe- samento e ação do fundador te mais uma merecida home- do simultâneos em relação a sa da Tradição, Familia e da TFP, tudo o que necessinagem àquele que foi seu dois tipos de regime político- Propriedade. Pertencia ain- tava para expandir sua pródiretor compctentee admira- social: o dcmocrático-re11olu- da, de modo saliente, ao pria personalidade, bem covclmcntc abnegado. cionário (demagógico, na accp- Conselho Nacional da entida- mo para fortificar sua fé e alimcntarsuavidadepiedaMuito se poderia escrc- çi'lo aristotélico-tomista) e o de. ver sobre a personalidade e totalitário comunista ou naziEm "Catolicismo", que dc . A Pro11idência o levou 11irtudcs do falecido diretor fascista. Regimes de um ou ele di_rigi!l de 1951 a 1975 _d_e___....'...ci.s,mo:'c.. ' --'"=+a'""''-"P<'-"ll"-""=-==-1-:a..prumouD...OLlal<>._L<l<"-1-'""-J>.Llllll!S-"<-J.<!ll<l<,_;,llQ.S._ de tudo, porém, foi ele um espírito como elementos de pois como diretor efetivo ter percorrido uma carreira católico, no qual doisprinci- desordem e de não decoro, - prestou Dr. Castilho assi- repleta de benemerências. P.V.X.S. pios inspiraram as virtudes porrazõesfáccisdescdcduzir. nalados serviços, formou reA ordem e o decoro iníluenciaram ainda a fundo o modo pelo qual ele considerava as tradições do passado, amando muito a hierarquia, tanto na Igreja quanto no Estado. E amando-a inclusive cm todos os terrenos onde ele exerceu sua influênciabenfazeja,porexempio, como advogado e fun-
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C ATOLI C ISMO - JULHO 1989 -
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CATOLICI SMO JUNHO 1989
OQUE ATFP PENSA DO PRESENTE QUADRO ELEITORAU Numerosos assinanlts de nossa revista lfm solicitado uma pala.
vra de orientaçlo dela a respeito das próximas eleições presidenciais. Em vista disso, a direçio de ºCatolidsmo" pedia ao Pror. PU.llio Col'l'H de Otinin, Prtsldtnte do Colllflbo Nacional da TFP, que fizesM! declal'8Çita sobre esse lema. Apresentamos a seguir as clarivldentes e oportunas observaçõt,s do Insigne pensador calóllco. O tilulo e os subtUulos sio nossos.
eram Cristão. E ne nh um outro partido se mostra apetente de tê-lo cm seus quadros. O mi to, a aura de invencibilidade jovcm,jubilosacirrevcrsivelmente triunfantc que se havia constituído em torno dele, encontra-se dessa forma desfeita pelos fatos . O pap e l d a T F P
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Sucessivamente ...
- ~ ,t,<", ,(',, -- - "-~<""'"' --~ Re t rocesso d e Caiado, o fim de um mito De ab ril a maio, houvcconsiderável retro-
no desestu famen to d esse mito A TFP está certa de que seus nu merosos alertas (sem réplica da parte do Sr. Caiado), a respeito da política suicida do "ceder para não perder" adotada pelo então presidente da UOR, contribuiu em larga medida para o desestufamento desse mito, que ia conduzi ndo a classe rural, talvez irreversivelmen te, e com ares de vitória, abismo abaixo.
cesso de alguns candidatos presidenciáveis. Ou1ras candidaturas, pelo cont rãrio, avançaram O retrocesso mais considerãvcl foi o do Sr. Ronaldo Caiado. Parece que, afinal, a classe dos fa-
zendeiros abriu os olhos e comprcen deu que o Sr. Ronaldo Caiado não ~ pessoa adequada, nem para rep resentá-la nos grandes foros do País, nem para representar a totalidade da nação na direção do Brasil e nos con!atos internacionais.
através dos contatos mantidos no pró- Lu la, o utra prio meio de onde se podia esperar ca n dida tura que lhe viesse maior apoio, isto é, o seria m ent e aba lada ruralista. Nessas condições, no presente moSr. Ronaldo Caiado foi, durante mcnto ele - que chegou a declara r bom tempo, um "favorito", um caroque bastaria se a presentar como candi- peão para o Grande Prêmio PresidênSegundo as pesquisas de opinião, dato à Presidência do Pais, que os par- eia da República, senão de toda a mio Sr. Caiado estâ colocado nos últi- tidos viriam correndo disputâ-Jo co- dia, pelo menos de grande parte dela. --mos-lugarcs:-E--as-dupla,-de-propagan- mo-ea ndidalo-----stHnconl ra-rcduzido.- , - Já-anteulcle.--ao..mesmo..t.empo_q distas da TFP, que percorrem o inte- a disputar palmo a palmo a aceitação ele e posteriormente, fo i do mesmo rior do Pais, confirmam tal ret rocesso, de sua candidatura no Partido Demo- modo "favorito" cavalo de corrida CATOLICISMO - JULHO 1989 - 25
nesse pâreo do primeiro prêmio presidencial, seu concorrente, Luís Jgnâcio Lula da Silva. Mas também Lula vem experimentando considerâvel retração, ainda que não tão grande quanto a do Sr. Ronaldo Caiado. Tui retração deveu-se principalmente ao desagrado da opinião pública diante das conseqüências da greve "geral" de março passado e do surto grevista posterior, evidentemente impulsionado pela CUT, tão ligada a ele e ao partido que dirige, o PT. Segundo a revista "Veja" (17-5-89), desde o início de tal surto, o nome de Lula vem caindo nas pesquisas. "Reconhecemos que a opinião pública estâ irritada com as greves", afirma o deputado Paulo Delgado (PT-MG), "mas não podemos frustrar o movimento sindical".
Tumbém contribuiu para o desprestígio de Lula o no1iciârio jornalistico a respeito da reação decepcionada e ao mesmo tempo irônica de muitos elementos dos altos meios financeiros norte-americanos, em relação à exposição que ele fez em Nova York, no Hotel Waldorf Astoria. "A grande maioria não gostou do que ouviu. Muitos riam nas horas mais sérias" ("O Estado de S. Paulo", 3-5-89). Em proporção menor, mas ponderável, pesaram contra a candidatura de Lula algumas atitudes da prefeita D" Erundina, como por exemplo o tombamento da residência Matarazzo, situada na Av. Paulista, para construir a chamada "Casa do Trabalhador", que repercutiu muito mal em amplos setores da opinião pública paulista. Esses e outros fatos alertaram muita gente que dormia por ai afora, embalada pela falsa segurança de que poderia conseguir os melhores resultados da política de concessões feitas em relação à esquerda ...
No ocaso dos "favoritos", surge uma candidatura nova: Collor
Nesse clima de ocaso de "favoritos". desponta uma figura que se apresenta ao público brasileiro como solução: Fernando Collor de Mello. Uma vez mais, grande parte da ml- dr.rtoma-ess:rfigunrmpresen mo se fosse outro campeão de corrida que entrou no páreo eleitoral. 26
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CATOLICISMO - JULHO 1989
Campeão de corrida que, ao contrário de Lula, Covas ou Brizola - os quais, na medida em que vencessem, representariam uma capitulação acovardada da burguesia ante opções radicalmente esquerdistas - , implicitamente oferece às classes dirigentes, em seu "discorso", uma perspectiva menos sombria que a apresentada pelos três candidatos da esquerda.
çãoaos omros. Simomadessa ''consensualidade" é o fato de quase não haver mais polêmicas sérias e de conteúdo doutrinârioentreeles. Em conseqüência, quando um desses órgãos apoia certo nome ou candidato, é lançado sobre este uma tal carga publicitária, e tão unânime por parte dos demais órgãos, que acaba privando o público dos critérios de análise.
A "midia" cerca Fernando Collor com propaganda parecida à que favoreceu Caiado
TFP recomenda: atitude de análise, sem confianças cegas nem incondicionalismos festivos
Neto de Lindolfo Collor, politico gaúcho muito saliente na era getuliana, ligado por vínculos familiares mais ou menos desfeitos, como por vlnculos familiares atuais, ao grande capitalismo, ele próprio um capitalista de considerável fortuna, o nome de Fernando Collor desperta em certos setores brasileiros a esperança de que venha a representar uma solução centrista, com alguma tendência à direita, para a solução da situação caótica que submerge o País. Começa a cercá-lo uma aura parecida com a que outrora favorecia Caiado. E a mídia vai projetando dele a imagem d.e pessoa resplandescente de otimismo, de êxitos passados e de esperanças para o futuro. E que traz em si uma como que promessa "evidente" de vitória.
Não é nossa intenção, nes1es comentários, impugnar a atitude dos que consideram a presença de Collor, na lista dos mais cotados presidenciáveis, como representando certa distensão e certo alívio quanto à pressão das esquerdas.
Atitude "consensualista" da "mídia" priva o público dos critérios de análise
Collor parece ser um candidato preferível aos outros. Mas, da[ a depositar nele - como se fosse um candidato talismânico a confiança cega, presente em certas formas de entusiasmo sugeridas por elementos das comunicações sociais, isso se nos afigura excessivo. É necessário acompanhar com atenção o que ele diz, para ter idéia exata do voto que se vai dar.
Alguém dirâ: "Bom, mas afinal das contas, não há cm quem votar, senão ele". - Está bem, respondemos nós, mas é indispensâvel rechaçar o incondicionalismo utópico e festivo que certa mídia tem o vicio de criar cm torno de alguns candidatos. Esse mopismo otimista é que vai marcar a atmosfera do primeiro período de governo. E acaba beneficiando prematuramente um novo Presidente de República com uma carga de confiança que ele talvez mereça ... masque talvez não mereça.
Esses não são comentários anti-Collor. São comentários pró-Brasil. CoMas é preciso tomar cuidado. mentários que convidam á vigilância e Uma análise dessa série de nomes à atenção. que recentemente têm subido e desciEles não desviam votos de Collor. do ao sopro da publicidade (lembre- Apenas procuram atenuar fanatismos mos aqui, de passagem, um nome que que facilmente se podem tornar excesjá vai afundando nas sombras da histó- si vos. ria: o de Tancredo Neves) leva-nos à Talvez se pudesse dizer que não fal conclusão de que, nos últimos dez tariarn motivos para essa vigilância, nor,-os,neionfe--comunicaçãio-s<>ci·at-t=oonduta-passadmtuahfo 31. Cuido Brasil vêm usando e abusando de lor. Mas esta seria matéria extensa decerta atitude consensual, uns cm rela- mais para ser, por nós, aqui analisada.
TFPs em ação O denso livro de 600 paginas teve duas edições, totali zando 11 mil exemplares. A barreira de silêncio erguida na imprensa em torno de TFP-Covadonga fo i também rompida com a divulgação de 20 mil
exemplares de uma síntese dessa mesma obra, bem como de 500 mil cartas de propaganda dela.
Em Roma, a obra foi distribuída a personalidades pelo Ufizzio (Escritório) local das TFPs, enquanto reportagens cont endo seu resumo foram amplamente divulgadas pelas TFPs co-irmãs no Brasil, Argentina, Bolívia, Chile e Uruguai.
Estandartes tremulam nos Andes LIMA - Aproveitando a temporada de férias, jovens estudantes do Núcleo Peruano de Tradição, Família e Propriedade percorreram cerca de 20 cidades peruanas, da região sul, divulgando estampas da imagem peregrina de Nossa Senhora de Fátima . A proclamação de slogans, com frases alternadas em castelhano e qucchua - idioma indígena usado por ponderável parcela da população - salientou especialmente a promessa feita pela Santissima Virgem em Fátima, de que "por rim o meu Imaculado Coração triunfará". Na foto, aspec10 da campanha . NOTÍC I AS BREVES
MEDELLIN, Colômbia - A TFP colombiana elaborou substancioso audiovisual no qual aponta a impressionante degradação moral e artística produz.ida pelos conjuntos de música rock da atualidade. Além de apresentações na sede da entidade, foi esse documentário projetado cm cerca de vinte estabelecimentos de ensino desta cidade. Ao longo de 90 minutos, a projeção mostra como os vários est ilos de música - sacra, clássica, folclórica etc. - podem expressar formas de ordenação de alma, enquanto o rock é essencialmente alucina---do-;--nnimalesco-e-até--sat-anist-a-;--eon forme já o manifestam abertamente alguns de seus cantores.
A iniciativa suscitou vivo interesse tanto entre professores quanto entre alunos, que assim se viram convidados a rejeitar completamente esse tipo de música, cuja nocividade até então não haviam percebido. A tentativa de um ou outro ''roqueiro'', de apresentar objeções durante as projeções caiu no mais completo vazio. MADR I - Ao fazer um balan. ço de sua mais recente iniciativa - que divulgou em escala nacional a obra "Espanha anestesiada sem percebê-lo, amordaçada sem querê· lo ... " - TFP-Covadonga registra eficiência-das-eampanhas--ideol gicas de rua, com esrnndartes, fanfar ra e proclamação de slogans .
CORRESPONDENTES ESTUDAM "REVOLUÇÃO E CONTRA-REVOLUÇÃO"
SESSENTA corrcspvndcntes da TFP, residentes em sua maioria na Grande São Paulo, nos municípios de Santo André, São Bernardo e São Caetano (ABC) participaram no Auditório São Miguel, em São Paulo, de um si mpósio de aprofundamento das teses da obra básica da TFP, " Revolução e ContraRcvolução", de autoria do Pro f. Plinio Corrêa de Oliveira. Publicada inicialmente nas páginas de "Catolicismo", cm l 959, o estudo analisa a crise do mundo moderno, resultante de sucessivas investidas contra a civilização cristã, a partir do Renascimento, do Protestantismo, da Revolução Francesa e do Comunismo, cu lminando cm nossos dias com a revolução "hippie". Jurandir Cavalcante, advogado que participou do encontro, comentava nestes termos a oport unidade da iniciativa: "Nós, que temos cole· çõcs de comentários ao Código Civil e outros códigos, sentimos a necessidade de uma coleção de comentários a uma obra tão densa como essa,--do-E>r--:-P.linio.--énquanto-t-al~ coleção não sai, reuniões como essa aj udam-nos muito". CATOLICI SMO JULH O 1989 -
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"Da Rainha surgiu uma mártir, da boneca uma heroína ... ''
A
RAINHA Maria A_ntoniela foi, em
vida, objeto de acér-
rimo ódio por parte dos re-
vo/11cio11ários. Depois de sua execução na gui/110/ina, passmi a ser uma da s v{timas da Rcvolr1ção qw: mais
cmilrovérsia ca11sou entre
os historiadores. Reproduzimos a seguir alguns excertos do primei-
rodisc11rsvp1íblicopro111mciadonajuvenil "A cm/emia de Letras" da Cm1grt'gaçâo Marianark 51111/aCedlia, 11a capital pa11/ista, em 1928, pelo cnliio rsludanfe de Direi/o, Plúlio Corri?a de Oliveira · ''Reverendíssimo Monsenhor Diretor da Senhores ACíldêrnicos A simples enumeração dos títulos com que foi conhecida durílnte sua curta vida Maria Antonieta de Habsburg traz consigo a recordação da série de acontecimentos extr.iordinários e imprevistos que constituíram a trama da existénci.1 feminina mais interessante do século XVIII. Na sua primeira fase, a vida desta princesa decorreu feliz e brilhante como um sonh_o dourado, em que se reuniam, na mesma pessoa, toda a glória do poder, todo o brilho da fortuna e t do o encanto de uma radio-
sa juventude. Subitamente, porém, este longo encadeamento de venturas foi cortado por um tufão medonho, que provocou o naufrágio da monarquia, a profanação dos altares e a derrota de uma nobreza que, através dos séculos, vinha escrevendo com a própria espada as páginas mais brilhantes da história da França. Em pleno desabamento do edifício político e social da monarquia dos Bourbons, quando todos sentiam o solo ruir sob os pés, a alegre arquiduquesa d' Áustria, a jovial rainha de França, cujo porte elegante lembrava uma estatueta de Sêvres, e cujo riso tinha os encantos de uma felicidade sem nuvens, bebia, com dignidade, com sobranceria e com resignação cristã admiráveis, os goles amargos da imensa taça de fel com que resolvera glorificá-la a Divina Providência. Há certas almas que só são grandes quando sobre elas sopram as rajadas do infortúnio. Maria Antonieta, que foi fútil como princesa e imperdoavelmente leviana na sua vida de rainha, penmte o vagalhão de sangue e miséria que inundou a França, transformou-se de modo surpreendente. O historiador verifica, tomado de respeito, que da rainha surgiu uma m.írtir, da boneca uma heroína ... "
ro, os olhos cheios de lágrimas,gritavam: ' Isso é o comunismo?"' Em termos patéticos, um correspondente da imprensa brasileira cm Pequ im narrou esta cena do massacre perpetrado pe los comunis tas ch ineses na Praça da Paz Ce lest ial. Após a matança, no encalço de "suspeitos", os chefes marxista s est imulam agora a delaçãoemtrocaderecompen-
sassi nado pelo me nos 200doen tes nos últimos dois a nos. As vi ti mas - todas com ma isde75a nos - foramexterminadasporqueeram ··doentesexigentese trabal hosos", admitiram as assassinas. As mortes foram provocadas por doses excessivas de barbitúricos, ou por asfixia dos doentes com a introdução forçada de àgua nos pu lmões por via ora!. Segundo um inspetor de policia, aquelas enfermeiras ··transformaram as agulhas das seringas empunhais". Eis ai um sin10ma típ ico do espírito neopagão de nossa época. A cutanãsia é um crimc,a!émdeserpccadograve contra o 5º Mandamento da Lei de Deus: "Nilo malarãs" .
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COSTUMES VITORIANOS TAL Ê A ÚLT IM A moda nos Estados Unidos. Crescem ver1icalmen te os chamad os "novos vitorianos" que se inspiram não apenas na decoração, mas até na cultura e no estilo de vida familiar da
1.500íirmascri;idaspan1atcnder essa faixa do púb li<.:o. O ccntro de seu interesse é vida farniliar, costumesdoméstieos, dccoraçào, educação infantil, conversa e boas maneiras. Na folO, a fami lia de Ro rmld Fkming loca mús ica na sa la de visitas de .~ua residência, cm csliloCambridgc.
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CA'l"Ol.l CISMO -
AGOSTO 19WI
Empilhados cm casas (ou <.:ascbrcs?) co nstruída.~ habitualrnente ;io rl'<lor de uma pcquc napraça-ondete lefone. cozinha e até banheiro são comuns - os infelizes chineses não têm como evadir-se... Enquantoisso,Gorbachev con ti nua a sorrir, parecendo - ó suprema ironia! - tirar proveito da tragédia chinesa parasuapcrcstroika,aosolhos do Ocidente best ificado ...
ENFERMEIRAS QUE MATAM
ANTES DO PLANO Ve r!lo, um especialista calculou que os 17 bilhões de dólare s correspondentes à divida das siderúrgicas csrntais - cujo "déficit" o Governo prodigamcntecancelou - dariam pa ra construir 8.300.000 casas populares, de alvenaria, a l.300.000 cruzados de então cada uma. Assim, o incêndio dcgastosdosallosfornoscon sumiu as casas que poderiam abrigar qua se 35 mil hões de brasi leiros pobres. Tais usina s - que usufruem lodosos privilégios de produçao e importação - foram construidas com 10 por cento apenas de capital próprio (de que dispu nha o Governo) e 90 por een10 de capital tomado de cmprés1imo no Exterior. Quem é. po is. o verdadeiro rcspo nsãvel pela divida externa?
DESCALABROS li PARA a construção de uma das principais empresas do grupo siderúrgico Açomi nas, foram apl icados 800 mi lhões de dólares na compra de laminadores, que ficaram amontoadosaorclcntoduranlcecrca de o ito anos. Devido a esta ••brilli;nile" iniciativa, qua ndo " Açominas entrou
QUAT RO enfermeiras uma das qua is, pros1Ítuta ao1=1õspi rã l-dcTiiiiir,1irirdi'.i "eiffõf5N"3\':ttfTâ""m:m'inw.nrm mais concei1uados de Viena ·'déficit" de ... 3,874 bilhões {Áustria). confessaram tera s- de dólares!
(@AtOLfCfSMO SUMÁRIO RELIGIÃO A devoção a Nossa Senhora está intimamcnte ligad.i â temática "Revoluç.ioeContra-Rcvoluç:io", Tal devoção(,_ o penhor de vitória para o Reino de Maria, 4 NACIONA L O aumento de cri minalid ade no Bras il não s.e deve ii pobreza, mas a causas morais ....................... 10
HISTÓRIA DurantcaRcvoluçãoFrancesa,deu-
sc o trágico e glorioso martírio das carmelitasdcCompiêgne ....... 14
PSICO-POLfflCA No atual con texto político-social do 0.:identc, o centro(,_ um caminho que, por e tapas, conduz o homem con temporâneo à extrema esq ue rda ................................. 20 INTERNACIONAL
Órgão do Episcopado francês recolhedinheiro,especialmcntenaQuaresma, para apoiar a subversão pelo mundo afora. Mesmo em nossa Pátria. 22 NOSS'°' C'°'l'A Imagem P"'"'lV'"' de t"'-" S.,nho<• d~ Filhm.1 que ......teu l.lg,,,,_ mil~s n - = tr Hn Nov• Orle,onf, " - " ~ Uni-
doo, em 19'2 Afoto,deÃngeluMondazro,
Assestando o foco nos pontos nevrálgicos
O
MUNDO COMUN ISTA, de mo mento, apresenta duas faces . Uma sorri e seduz, a outra amedronta e repugna . A primeira é a russa. A segunda, a chinesa, tem um símile bem menor, porém próximo a nós, na tirania fidclis!n , paradoxalmenle de1eriorada e endu recida, mas ai ud a tão a gosto dos "teólogos da libcrtaçll.o" . Estã em curso, por parte da Rússia, uma autêntica e insidiosa operação de conquista, que aliãs jã contab ilizou importantes êxitos. Não é militar, nem cstã derramando sangue; suas armas são as da propaganda. Visa, não a ocupação dos territórios, como na guerra clãssica, mas o domínio das mentes . Parecias imensas do público ocidenta l, inclusive decisivos setores dirigentes, arraigados cm concepções anacrônicas a respeito do que é guerra, do que é polilica e do que é conquista, estão se deixando embair pela imagem desarmante de um comunismo sorridente, reformista e com anseios democrãticos. Nes te palco, cuj0 ator principal é Gorbachcv, também constituem papéis impor1antes a encenação cm torno do triunfo de "Solidariedade" na Polônia, o degelo húngaro, a anunciada derrubada da "Corti na de Ferro" e declarações como a de Ocheuo, líder do PC I, de que o comunismo, enquanto sistema de governo, fracassou. Derrubando nas psicologias as barreiras que ai nda se opõem ao avanço comunista, n1io haverã resistCncias de monta nas ordens econômica, política ou militar. contra ele. Caminharemos para a convergência dos regimes políticos, qual ificada por Gorbachev, no que se refere ao \'.elho Cont inente, de "o caminho do consenso em direção a urna casa euro péia com um ". Tal confluência serã uma eta pa nccessâria da planejada e apocallptica convergência dos sistemas econômicos, das doutrinas mais contrárias, e até mesmo das raças e das religiões. Entrariamos desta forma na etapa do comunismo integral, ateu, relat ivis1a, radicalmente libcrtãrio nos costumes e de um igualitarismo ext remo.
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ONTRA ESSA investida a rdilosa, os meios meramente humanos são irrisórios. Para defender-se dela o homem sensato confia sobretudo nos recursos sobrenaturais. Tendo cm visrn isso, "Catolicismo" oferece a seus leitores nesta edição uma abarca1iva anãlise feita pelo Prof. Plinio CorrCa de Oliveira, mostrando o papel essencial que a devoção a Nossa Senhora desempenha para o triunfo da Igreja e a restauração da civilização cristã, o que necessariamente significa o esmagamento da Revolução e de seus ardis.
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ATO LI C ISMO mostra também - e este aspecto se relaciona proximamente com a revolução no Brasil contemporâneo - que a onda de criminalidade crescente é alimentada mais pela decadência moral do que pela existência de bolsões de pobreza, dcsfa1.cndo assim um dos principais mitos de que se serve a esquerda para demolir os fundamentos da presente ordem sócio-econômica.
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D~YO~AO MARIANA: fator decisivo no embate entre Revolu~ão eContra-Revolu~âo Plínio Corrêa de Oliveira
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PROFUNDO exisll'11tc ('11/re a devoçiio a Nossa "/{ern/11çiio (' Contra-Revoliiçiio" (a "RCR", como do Prof. Pli11iu Corrt'll de 0/iwira? admiráveis cm1si1frm,;i'ws, iuMitas no Brasil,q11e a das parte inte:;;rrmfe do Prólogo que o Prof. Pli11io 1mm fl niiçiio arsmtina da "RCR" (Buenos Aires, 1970). A co11l11rhada situação do m1111doe111 q11evivt•mos, provrnienlcda exacerbação dos erros npo/ucimuírios, toma especialmenle uportww ,:sta publicaçiio. Bem co1110 nos leva a evocar, l'm 11ossa capa, a i111nge111 de Nossa Sehora de Fátima, 11 rnja c,:/este 110s adverte prffisammtr con tra a /e11c/Jrosa face Revolução f/11 dias - o co1111mis1110 - e de modo especial contra 11m11 de s1111s molas prop11/soras, a sr11s1111/idade. Aú 111rs1110 te111po que aponta a devo,;ão II Seu l111arnlado Coração e ao Sa11/11 Rosário como rl'médio efirnz cm1tm PS males d11 lfrvolução. Ademais, a pre{)("11pação em tomar c/l!rú aos o/Jws dos /ri/ores o nexo entre a devoção II Nossa Scnlwra l' a temática "RCR" 11fio é só nossa. Do Sr. Edward forgc Amnlcs (Belo /-/orizm1tc-MG) recd,emos o seg1ii11te pedido, q11e Vt'/11 de CIICO!llru li //OSSO J1ropósito: "'COMO ASSINANTE rmligo, ll'11l10 o/!sen,ado que a revista pu/!lirn pelo mrnos 11m arli~o c111 cad11 edição sobre a dcmçfio a Nossa s,,11/10ra. De 011/ro lad11, u livro ·1~('vo/11çâo t' Omlra-l~evolr1ção', da Prof. Plit1io Corrêa t/c 0/ii•cira, é cilmfo frcqiimlcmente. J\ devoção a Nossa Sc11/10ra e II temática t/c 'lfrmlução e Cm_1lra-Rn,o/11çfio' parecem ler ffl"IP 11r.~·o, mas q_ur !làO clicgo a <'t'r rillra111cnli'. [ pPr 1ss11 que lhes /Jl'fO. cmn o oliJc/11,0 de 11ni'11/ar 111111/os /cilons q11c, creio, csl11rl10 com 11 11wsma impress.io, qul' 'Catolicismo' p11/Jliq11c
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Orgulho e impureza na origem da Re\'oluçao A Revolução ê apresentada nessa obra como um imenso processo de tendências, doutrinas, transformações políticas. sociais e econômicas, derivado em última análise - cu seria tentado a di zer , em ultimissima análise - de uma deterioração moral provocada pelos vlcios fundamentais: o orgulho e a impureza, que suscitam no homem um a incompa1ibilidade profunda com a Doutrina Católica. Com efeito, a Igreja Católica como Ela ê, a doutrina que ensina, o Universo que Deus criou e que podemos conhecer tão csplendidamen1e ai ravés de seus prismas, tudo isso e:,;cita no homem virtuoso, no homem puro e humilde, um profundo enlevo. Ele sente alegria ao considerar que a Igreja e o Universo s!l.o como são. Porém, se uma pessoa cede algo ao vicio do orgulho ou da impureza, começa a germinar nela urna incompatibilidade com vários aspectos da Igreja ou da ordem do Uni\'crso. Essa incompatibilidade pode originar-se, por exemplo, de uma antipatia com o caráter hierârquico da Igreja, desdobrarse em seguida e alcançar a hierarquia da sociedade temporal, para mais rnrde manifestar-se cm relação:\ ordem hierárquica da familia. E, assim, por vá.rias formas de igualirnrisrno, uma pessoa pode chegar a unia posição mctaílsica de condenação de toda e qualquer desigualdade, e do caráter hierárquico do Universo. Seria o efeito do orgulho no campo da metafísica. De modo análogo se podem delinear as eonscq\leneias da impureza no pensamento humano. O homem impuro, em regra geral, começa por tender ao liberalismo: irrirn-0 a existência de um prC'Ct'ito, de um freio, de u,na lei que circunscreva o desbordamento de seus sentidos. E, com isto, toda ascese lhe parece antipática. Dessa antipatia, naturalmente, vem uma aversão ao próprio principio de aurnridadc, e assim por dian!c. O anelo de um mundo anárquico - no sentido etimológico da palavra - sem leis nem poderes conslituidos, e no qual o próprio Estado não seja senão uma imensa cooperat-iv~-rei~ibei:a · mo gerado pela impureza. Tanto do orgulho, quanto do libera-
lismo, nasce o desejo de igualdade e liberdade totais, que é:, me,lo:la do comunisrno. A partir do orgulho e da impureza se vão fornrnndo os elemento~ constitutivos de uma concepção diametralmente oposta à obra de Deus. Essa concepção, em seu aspecto fina l, já não difere da católica só em um o u otro ponto. À medida que, ao longo das gerações esses vícios se vão aprofundando e tornando-se mais acentuados, vai-se cs1 ru1 urando toda uma concepção gnóstica e revolucionária do Universo. A individuação, que para a gnose ê o mal, é um principio de desigualdade. A hierarquia - qualqucrquesejaé íilha da individuação. O Universo - segundo os gnósticos - resgata-se daindividuaçãoedadcsigualdadcnum processo de destruição do "eu" que reintegra os indivíduos no grande Todo homogêneo. A rcali1.ação, entre os homens, da igualdade absoluta, e de seu corol.'irio, a liberdade completa numa ordem de coisas am'l rqu ica pode ser vista como uma e1apa preparatória dessa reabsorção total. Não é difícil perceber, nesta perspectiva, o nexo entre gnose e comunis-
A de\'OÇ!io a Nossa Senhora é essencial para a Conlra-Re\'oluç!io Assim, a doutrina da Revolução é a gnose, e suas causas últimas têm
suas raízes no orgulho e na sensualidade. Dado o caráter moral destas causas, rodo o problema da Revolução e da Contra- Revolução é, no fundo, e principalmente, um problema 111oral. O que se diz cm "Rcvoluçilo e Con1raRevolução" é que se não fosse pelo orgulho e pela sensualidade, a Revolução, como movimento organizado no mundo inteiro, não existiria, não seria possível. Ora, se no centro do problema da Rcvohição e da Comra·Rcvolução há uma quest:'io moral, há também e eminentemente urna qucs1ão religiosa, porque todas as questões morais são substancialmente religiosas. N:'io hà moral sem religião. Uma moral sem religião é o que de mais inconsistente se possa imaginar. Todo problema 111oral é, pois, fundamentalmente religioso. Sendo assim, a luta entre a Rcvoluçilo e a Cont ra-Revo lução é uma lula que, cm sua essfocia, é religiosa. Se é religiosa, se é uma crise moral que dá origem ao espirita da Revolução, ent:1o, essa crise só pode ser evitada, só pode ser remediada com o auxllio da graça. Ê um dogma da Igreja que os homens nilo podem, somente com os recursos naturais, cumprir duravelrncntc, e em sua integridade, os preceitos da Moral católica, sintetizados na Antiga e na Nova Lei. Para cumprir os Mandamen1os,énecessáriaa:xistência da graça. Por o ut ro lado, se o homem cai cm estado de pecado, acu111ulando-sc
Edif,rndt1 ,obff " r,a,st1 d11 Art1f11, " n,,ilizaçâo ro11/rmporá11ra alr,m(ou ufi('"" ff1ultmlo1 ulff/>ilo,w; ,,tu porim dt1'0ram o ltomrm
CATOI.ICIS/vlO -
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ra é como alguém que tem uma corda atada ao pescoço e conserva apenas um fio de respiração. Quando não tem nenhuma devoção, se asfixia. lendo uma grande devoção, o pescoço fica completamentelivrccoarpenetraabundantementc no pulmão, podendo o homem viver normalmente. A esterilidade e até a nocividade de tudo quanto se faz contra a ação da graça, e a enorme fecundidade do que se fa1. com seu auxílio, determinam bem a posição de Nossa Senhora nesse combate entre a Revolução e a Conira-Rcvolução, pois a intensidade das graças recebidas pelos homens depende da maior ou menor devoção que a Ela tiverem. S5o /,,sis Maria Crig1"m d~ Mm,tfi,rt, aJH;,,,,. '' ,.~-.z ma · 1, pi,.,,., o 'mim", <'qual/mia rasgara "Tratudoda vt'rdadámdeVOf5o" "Nem Deus ,wm .'wrrlwr" - ''Ab<,ixo o Estildo ' /m,,;la"'ª"' M irrs11rr«M< de m11io ti• /968, picharrd" "' parcd,s d11 S,,rbomlf. O anelo d,'"" nnmd<> ª"árquíw i" J,onu, cxtreaw do lilH rali,nw ~rado p,:la imJmrntJ
nele as apetências pelo mal, a forliori não conseguirá levantar-se do estado em que caiu sem o socorro da graça. Provindo da graça toda preservação moral verdadeira ou toda regeneração moral autêmica, é fácil ver o papel de Nossa Senhora na luta entre a Revolução e a Contra-Revolução. A graça depende de Deus, mas Deus, por um ato livre de sua vontade, quis fazer depender de Nossa Senhora a distribuição das graças. MariaéaMedianeiraUnivcrsal, é o canal por onde passam todas as graças. Portanto, seu auxílio é indispensável para que não haja Revolução, ou para que esta seja vencida pela Contra-Revolução. Com efeito, quem pede a graça por intermédio dEla, a obtém. Quem tente consegui-la sem o auxilio de Maria, não a obterá. Se os homens, recebendo a graça, correspondem a ela, está implícito que a Revolução desaparecerá. Pelo contrário, se eles não corresponderem, é inevitável que a Revolução surja e triunfe. Portanto, a devOÇão a Nossa Senhora é condição sine qua non para que a Revolução seja esmagada, para que vença a Contra-Revolução. Insisto no que acabo de afirmar. SeumanaçãoforfielàsgraçasneccssáriaseatésuficientesquereccbedeNossa Senhora, e se se generaliza nela a pr t1ca os an amemos, rnev1tavc que a sociedade se estruture bem. Porque, com a graça, vem a sabedoria, e 6 -
CATOLICISMO -
do homem entrarão nos eixos. Isso se verifica, de certo modo, com a análise do estado cm que se encontra a civilização contemporânea. Construida sobre uma recusa da graça, alcançou alguns resultados estrepitosos. Estes, porém, devoram o homem. Na medida cm que tem por base o laicismo e viola, sob vários aspectos, a or· dcm natural ensinada pela Igreja, a ci· vilização atual é nociva ao homem. Sempre que a devoção a Nossa Senhora seja ardorosa, profunda, de rica substância teológica, é claro que a oração de quem pede será atendida. As graças choverão sobre a pessoa que reza a Ela devota e assiduamente. Se, pelo contrário, essa devoção for falsa ou tíbia, manchada por restrições de saborjanscnistaouprotestante, há grave risco de que a graça seja dada menos largamente, porque encontra por parte do homem nefastas rcsis1ências. O que se diz do homem pode dizerse, mula/is 11111/andis, da familia, de uma região, de um pais, ou de qual-
iu~~~::~~ 8;t~-s~u~~aen~.a economia da graça, Nossa Senhora é o pescoço do Corpo Místico, do qual Nosso Senhor Jesus Cristo é a Cabeça, porque tudo passa por Ela.
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No"" S,tn/11,ro ,.wrtt ..-.-,-- . .,..,..,...., sua rfti/U0so/>r-.,ocur1odo, aconl<CÍ.,,rnlosl<l'T<'RO.-. Por w;us E/,. int,ruim dirtt<1mn,1,, como ofn ,.., /.,,p,mto, oss,gumrnio o aitóri,, ,; ""'"" ~ mlólicoco11tmosmuçtllnu,nos - Q,uulmd,Vianl;.,o, l'al/irio Or,cald, Vw~""
O concurso do espírito do mal Uma visão da Revolução e da Contra-Revolução não pode ficar apenas nestas considerações. A Revolução não éo fruto da exclusiva maldade humana. Esta última abre as portas ao demônio, pelo qual se deixa estimular, exacerbar e dirigir. É, pois, importante considerar, nesta matéria, a oposição entre Nossa Senhora e o demônio. O papel do demônio na eclosão e nos progressos da Revolução foi enorme. Como é lógico pensar, uma explosão de paixões desordenadas tão profunda e 1ão geral como a que originou a Revolução não te ria ocorrido sem uma ação preternatural. Além disso, seria difícil que o homem alcançasse os extremos de crueldade, de impiedade e de cinismo, aos quais a Revolução chegou várias vezes ao longo de sua história, sem o concurso do espírito do mal. Ora, esse fator de propulsão tão forte está imeiramente na dependência de Nossa Senhora. Basta que Ela fulmine um ato de seu império sobre o inferno, para que ele estremeça, se confunda, se encolha e desapareça da cena humana. Pelo contrário, basta que Ela, para castigo dos homens, deixe ao demônio um certo raio de ação, para que a ação deste progrida. Portanto, os enormes fatores da Revolução e da Contra-Revolução, que são respectivamente o demônio e a graça, dependem de seu império e seu domínio.
Efetiva Realeza de Maria der de Nossa Senhora nos aproxima da idéia da realeza de Maria.
É preciso não ver essa realc1.a como um titulo mcramcnle decorativo. Embora submissa em tudo à vontade de Deus, a realeza de Nossa Senhora importa num poder de governo pessoal muito autêntico. Tive ocasião de empregar certa vez, numa conferência, urna imagem que facilita a compreensão do papel de Nossa Senhora como Rainha. Imaginemos um diretor de colégio com alunos muito insubordinados. Ele os castiga com uma autoridade de ferro. Depois de os ter submetido á ordem. retira-se dizendo á sua mãe: "Sei que governareis este colégio de modo diferente do que estou fazendo agora. Vós tendes um coração materno. Tendo eu castigado esses alunos, quero agora que os governeis com doçura". Essa senhora vai dirigir o colégio como o diretor quer, porém com um método diverso daquele que usou o diretor. A atuação dela é distinta da dele: não obstante, ela faz inteiramente a vontade dele. Nenhuma comparação é exata. Entretanto, julgo que, sob certo aspecto, esta imagem nos ajuda a entender a questão. Análogo é o papel de Nossa Senora como Rainha do Universo. Nosso Senhor lhe deu um poder régio sobre toda a criação, cuja misericórdia, sem chcgaranenhumexagero,chegaentretanto a todos os extremos. Ele colocou-a como Rainha do Universo para governá-lo e, especialmente, para governar o pobre gênero humano decaido e pecador. E é von tade dEle que Ela faça o que Ele n:to quis fazer por si, mas por meio dEla, régio instrurncn10 de seu Amor. Há is um re ime verdadeiramente marial no gove rno do Universo. · assim se vê como é que Nossa Senhora,
embora sumamente unida a Deus e dependente dEle, exerce sua ação ao longo da História . NossaSenhoraéinfinitamcnteinferior a Deus - é evidente - porém, Deus quis dar a Ela esse papel por um ato de liberalidade. Ê Nossa Senhora quem, distribuindo ora mais larga· mente a graça, ora menos, freando ora mais, ora menos, a ação do demônio, exerce sua realeza sobre o curso dos acontecimentos terrenos. Nesse senti· do, depende dEla a duração da Revolução e a vitória da Contra-Revolução. Além disso, ás vezes Ela imcném diretamente nos acontecimentos humanos, como o fez, por exemplo, em Lcpanto. Quão numerosos são os fatos da História da Igreja cm que íicou clara sua intervenção direta no curso das coisas! Tudo isto nos foz ver de quantos modos é efetiva a realeza de Nossa Senhora. Quando a Igreja canta a seu respeito: "Tu só exterminaste as heresias no mundo inteiro'', diz que seu papel nesse extermínio foi de certo modo único. Isso equivale a dizer que Ela dirige a História, porque quem dirige o ex!crminio das heresias dirige o triunfo da ortodoxia, e dirigindo uma e outra coisa, dirige a História no que ela lem de mais medular. Haveria um trabalho de História interessante para fazer, o de demonstrar que o demônio começa a vencer quando consegue diminuir a devoção a Nossa Senhora. Isso se deu cm todas as épocas de decadência da Cristandade, em todas as vitórias da Revolução. Exemplo caracteristico é o da Europa antes da Revolução Francesa. A dcvoç:lo a Nossa Senhora nos países ca161icos foi prodigiosamente diminuida pe o Ja nsemsmo. e e por bSO q ficaram como uma ílorcsta combu~tiCATOLICISMO - AGOSTO 198(1 -
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vel, onde uma simples chispa pôs fo. go cm tudo. Estas c outras considerações tiradas do ensinamento da Igreja abre m perspectivas para o Reino de Maria, isto é, uma era histórica de Fé e de vinudc que será inaugurada com uma vitória espetacular de Nossa Senhora sobre a Revolução. Nessa era, o demônio será expulso e voltara aos antros in fernais, e Nossa Senhora reinara sobre a humanidade por meio das inst ituições que para isso escolheu.
O Re ino d e M a ria e a uni ão de a lmas
que brilham em muitas revelações particulares, de que vira uma época na qual Nossa Senhora ve rdadeira mente triunfará. A realeza de Nossa Senhora, embora tenha uma soberanaefieáciacm toda a vida da Igreja e da sociedade temporal, realiz.a-sc cm primeiro lugar no interior das almas. Dai, do santuário interior de cada alma, é que ela se renete sobre a vida religiosa e civil dos povos, enquanto considerados como um todo. O Reino de Maria será, pois, uma época cm que a união das almas com Nossa Senhora alcançará uma intensidade sem preccdcmcs na História (exceção feita, é claro, de casos individuais).
vel. Ela abarca não só os deveres materiais do homem, como também até o mérito de suas boas obras e orações, sua vida, seu corpo e sua alma. Ela é sem limites, porque o escravo por definição nada lem de seu. Em troca dessa consagração, Nossa Senhora at ua no interior de seu escravo de modo maravilhoso, estabelecendo com ele uma união inefãvel. Os frutos dessa união serão vistos nos Apóstolos dos Últimos lempos, cujo perfil moral ele traça, a fogo, em sua famosa "Oração abrasada". Ele usa, para isso, uma linguagem de uma grandeza apocalíptica, na qual parece reviver todo o clamor de um São João Batista, todo o fogo de um São João Evangelista, todo o zelo de um São Paulo. Os varões portentosos que lutarão contra o demônio pelo Reino de Maria - conduzindo gloriosamente, até o fim dos tempos, a luta contra o demônio. o mundo e a carne - São Luís os descreve como magniíicos modelos que convidam desde já, à perfeita escravidão a Nossa Senhora, os que, nos tenebrosos dias de hoje, lutam nas fileiras da Contra- Revolução. Assim, com estas considerações sobre o papel de Nossa Senhora na luta da Revolução e da Contra-Revolução, e sobre o Reino de Maria, vistas segundo o "Tratado da Verdadeira Devoção". creio te r enunciado os principais pontos de contato entre a obra prima do grande santo e meu ensaio - tão apequenado pela comparação - sobre "Revolução e Contra-Revolução''.
Quanto a essa perspectiva do Reino de Maria, encontramos na obra de São Luís Maria Grignion de Mo ntfort Esc ravidao a Nossa Senho ra algumas alusões dignas de nota. Ele é e A pf)sto los sem dúvida um profeta que anu ncia d os Ultimos Te m pos essa vinda. Disso fala claramente: "Quando virá esse dilúvio de fogo do - Qual é a forma dessa união tm puro amor, que deveis atear em toda certo sentido suprema? - Não conheterra de um modo tão suave e tão vee- ço meio mais perfeito para enunciar e mente, que todas as nações, os turcos, realizar essa união do que a Sagrada os idólatras, e os próprios judeus hão Escravidão a Nossa Senhora, tal code arde r nele e converter-se?" ("Ora- mo é ensi nada por São Luís MariaGrigção Abrasada" de São Luís Maria Grig- nion de Montfort no "TI-atado da Vernio n de Montfort, "Oeuvres dadeira Devoção". Complétes", Editions du Seuil, Paris, Considerando que Nossa Senhora 1966, pág. 68 1). Esse dilúvio, que lava- é o caminho pelo qual Deus veio aos rá a Humanidade. inaugu rara o Rei- homens e estes vão a Deus, tendo preno do Espírito Santo, que ele identifi- sente-a realeza universal de Maria, nosca com o Reino de Maria. Nosso san- so santo recomenda que o devoto da to afirma que vai ser uma era de flores- Santíssima Virgem se consagre inteiracimento da Igreja como até então nun- mente a Ela como escravo. Essa consaca houve. Chega inclusive a afirmar gração é de uma radicalidade admiráque "o Ahissimo, com sua Santa Mãe, devem formar para si grandes sa11tos. que sobrepujarão cm santidade a maior parte dos outros santos, como os cedros do Liba110 se avantajam aos pequenos arbustos" ("Tratado da Verda· dcira Devoção à Santíssima Virgem" de São Luís Maria Grignion de MontEM SEU NÚM ERO 100, de abril de J9S9, "Catolicismo" se viu honrado por fort, "Ocuvres Complétcs", Editions estampar, pela primeira vez, o msaio " Revoluçlo e Contra-Revoluçlo" do Prof. du Seuil, Paris, 1966, págs. Sl2 e 513, Plínio Corrêa de Oliveira que posteriormente, m forma de livro, 5ffll publicado Nº 47.) Considerando os grandes sancm espanhol, francês, inglh, italiano e portu,u&. Em 1976. o autor acmcentou tos que a Igreja já produziu, ficamos uma nova parte ao livro pata tralar da revoluçio anarquista desencadeada a panir deslumbrados ante a envergadura desda Sorbonnc em maio de 1968. "Revolução e Contra-Revolução" descreve a crise ses que surgirão sob o bafejo de Nosmultissecular do Ocidente, aponta-lhe as causas, mosua suas últimas perspectivas, sa Senhora. mas indica também o caminho de salvação. O livro é o compendio buico para a Nada é mais razoável do quei mavasta fam ilia de almas que se congrega, cm dezenas de paises, em torno dos ideais ginar um crescimento enorme da santida Contra-Revolução. Convida o homem contcmporlneo a rejeitar todos os upecdadc numa era histórica cm que a atuatos da· revolução laidsta e igualitiria e a restaurar em su.u bases, ao mesmo temção dc Nossa Scnhora aumente também po perenes e atualizadas, a ordem espiritual e a ordtm 1emporal cristls. No mo-prodigiosamente. Podemos, pois, dizer mtnto cm que a Rc~olução FranttSa, embora velha de 200 anos, salta para a caque São Luís Maria Grignion de Montpa de revistas internacionais, o livro de Plínio Corrla de OliVflra, por causa da 1 0 1 1 ;,eac~;éid'::,c-','c;;;~éc.,;c'c~~coº;,-;,d;;;;,cé:i,,~;:,::':,,r-~,ér.u',;:--c;:':;;,:,--'H-~;~"'!sitm,.,id~"'~csc""''"inhd'c.'~:"s~º";"":~=C:s':i1~~1:~ ~~eªac:a~n~%'::t!~e:~ d~~~-=c:~:~~<1r:n~ to canonizado pela Igreja, dá peso, ausadiamente atualizados. toridade, consistência, às esperanças
Atualidade perene de "Revolução e Contra-Revolução"
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CATOLIC ISMO - AGOSTO 1989
Discernindo, distinguindo, classificando ...
OTELEFONE EOPÊNDULO
visitarafeiradeexposi-
çOOiem Filadélfia. Afebredeinvençõcsestavaentãoemscuauge. An tesedcpoisdessadata,omun-
doscembriagavaromassuccssivasdcscobertaseinvenções-cle, tricidade, lâmpada incandesceme,
rádio,pára-raio,fonógrafo,aviãoetc. , sem falar do campo da medicina que haviam se sucedido ao aerostato, à màquina a vapor e outros. A tknica prometia - e todos, salvo honrosas exceçõcs, ingcnuame111c acreditavam - o paraíso nesta terra, feito de comodidades e facilidades sem fim.
deeedordosmoiores, o pavor dos armamentossofisticados,aagitação eos1,essdascidades industrializadas,tudoistocriou um novo esiado deespirito,preocupado e desconfiado cm relação à técnica. Oparalsocicntifico revelou-se mais bem um purgatório, quiçà a caminho de um inferno. E o pêndulo oscilante das preferênciaspúb!icasjàsedcsloca rapidamente cm direção ao ponto oposrn do quadrante. Estado de espírito propicio à atuaçãodosnovosutopii;tas,pregadores de ccologismos, tribalismos e nalllrismos de toda csj)CCie. Muitos deles, sob pretexto de libcnar a humanidade dos pcmiciososefci10sdatécnica,écontra aprópriaciviliz.açãoqueinvestem.
Foi em meio a essa euforia generalizada, que o nosso saudoso imperador chcgouàítiradeFiladtlfiaeláseaproximoudopavilhãoondeumantigopro-
fcssordesurdos-mudosexibiaumaparelhosingular. Tomandonasmãosoobjeto que lhe era mostrado, e aproximando-o do ouvido, O. Pedro li teve a conh«ida exclamação: "Isso fala!". O professorcraGraham Bellcoaparclho, umprimciromodclodetclcfonc. De então a nossos dias, o telefone fczseucaminho(como,alüls,asdemais invenções),passandoporaJ)(rfciçoamcntos sucessivos. Chegamos assim a este finaldoséculoXXnumaugedeprogresso científico cm que, contra toda a expectativa de nossos ancestrais, a euforia da técnica mudou-se cm fobia. A poluiçãodosarcsedaságuas,o ruídoensur-
Oqucfaltouàciênciaparadesenvolver-sc de modo harmônico e católico, evitando assim a reversão do péndulo da História para o tribalismo? AJ)(rguntatah·ezcxigisseumaenciclopédiaparaseradcquadamenterespondida. Permita-se-nos aludir de passagem a um dos elementos apenas dessa complexa resposta. A ciência foi conduzida sob o signo do funcional. A dcspreocupaçãoemesmoahos1ilidadeemrelação ao adorno e ao embelezamento foram monumentais. O telefone, por exemplo, deveria ser prático. atendendo às necessidades (oucaprichos)dacomunicação. Telcfonesbclos,artisticos,ornam<.'"ntais,
para quê? No fundo, era a concepção matcrialistaquesetsgueirava.Tudopara um funcionamento material pcrfei10, nadaparaprecnchcranccessidadede beleza que tem a alma humana. Ornamento foi considcrado sinõnimode supéríluo. Assimchegamosaoshorriveis"orelhõcs" queenfeiama paisagern urbana de todo o Brasil. Altamente funcionais, slloentretamoabjetosquantoasuaaparência. Se um bicho fa lasseaofekfonc, sentir-sc-ia,quiçá,J)(rfei1amentcávon1ade num "orelhão". Mas o caminho paraovulgarnãoparouai. Em março deste ano reatirou-se cm Hano\·er(Al<.'"rnanha)uma"feiradatclecomunicação", onde foi apresentado o Uhimo"grito"damodcrnidade:otclefoncemformadctênisquev<.'"rnosnafo10. Levar um sapato ao rosto é repugnante. Ademais, cm meio às formas de calçadohojehabituais,otênissobressaise por sua especial vulgaridade: até há pouco só era admitido para a prática d<.'" esportes. No tênis, como aliás em qualquercalçado,nadamaisvildoque a sola, pelo seu con1ato direto com o chão, com os vermes, com a imundicic. Pois bem, é a sola de um tênis que a pessoa teráa impressão de estar esfregando no próprio rosto,eem especial em sua bocaeouvido,quandousaressc tipo de telefone. I':: possível que ele scjamuitopràtico.MaséeJ1travagantc, grotesco,vil,eoClipiritohumanoscntese 111al1ratadoao1erdcutilizar tal meio de comunicação. Por que não alidar o funcional ao belo? l'::maisumaquedarumoàtota!ausincia do que é ordenado, proporcionado, da bclc-za enfim. Ausência que teva ohomcmmoclcrnoasemir-seexpatriadoem meio ao "paraiso" técnico. E essa sensação de exilioparece es1arsendo orientada rumo à constiluição de uma sociedade ecológico-tribal. O tênis-telefone é ao mClimo tempo uma perfeição tknica e um passo que dcgradao<'"spíritohumano, apro.~imando-odaanti-culturacdaanti-civilização. C. A.
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A ESCALADA A DA CRIMINALIDADE SITUAÇÃO de instabilidade, na qual nos-
so pais vai entrando
- há quem pretenda dizer afundando - ap resenta múltiplas facetas; polltica, econõmica, institucional, ideológi-
ca, moral etc. Tão ampla de aspectos ela se apresenta, que se é tendente a falar de uma instabilidade sistemática. Não há quadrante do panorama nacio nal em que não
se veja a confusão, de si altamente propicia à desestab ilização geral.
"Catolicismo" tem se ocupado, quando se apresenta a ocasião, ora de um, ora de outro ponto dessa crise, com atenção posta na sua
natural escala de valores, ou seja, salientando os aspectos de natureza ideológica e moral mais im portantes, e porisso, mais densos de co n· seqüências práticas.
A criminalidade allmenta-se dos defeitos morais Nesse sentido, cabe- nos hojeumapalavrasobreo teTornou-se lugar com um reíerir-se ao crescimento da criminalidade nos gra nd es centros urban os do Pais. A esse assunto os órgãos da m/dia não poupam espaço nem recursos técn icos. Obrasileiro vai assim sendo habi1uado a conviver com o espeetrodosassal!os, as!>aSSinatos, agressões contra a honra e violências do.: toda natureza. A imprensa diária vai aprcsentandoindicescrescentcs de delinqüEncia não só no Rio e em Slio Paulo, mas emouirascapitais,verdadeiramcntcalarmantes, aco mpanhados de pormenorizadas descrições de a lguns desses cn mes, nos qua1s se constatam ext remos de perversidade. 10 -
CATO l.l CISMO -
Estamos pois, sem dúvida, em presença de um dos aspectos mais c hocantes da crise moral e institucional em q ue vivemos. E nlio poucas vozes se levantam pa ra diagnosticar pretensas ca usas desse mal, não no campo moral, mas social. A fome, o desemprego, a pobreza e os desníveis sociais seri am os responsáveis pelo aumento assustador da criminalidade. Dentre tais vozes sobressaem , pelo radi calismo de suas conclusões e pela publicidade de que são objeto, as provenientes da esque rda "católica" e dos seto res dit os progressistas em geral. (Ali ás, registrese de passage m , quão raras sãoasdenúnciasáimoralidade desbragada dos costu mes como ca usa da crimina lidade, po r parte desses "zelosos" guardi ães do Evangelho). Ora, todo mundo sabe que os defeitos morais se alimentam uns dos out ros, e qu e os grandes crimes provêm, via de regra, de delitos menores, e estes de pequenas infrações e deslizes morais. As quedas espetaculares e repenti nas são raras, e mesmo essas seguem um processo semelha nte, a penas mais interno e sut il. A doutrina católica sempre ensinou tal verdade, aliás de fácil comprovação pela observaç:'lo comum d a vida, e ao alca nce de qualqu er 'pessoa. Entretanto, a instabilida. de sistemát ica de que se falava, e o caos geral do qual es ta se nutre, parecem ter o condão de desfigurar ou emaçar a asrea@a esmais evidentes, no espíri to de muitos de nossos contempo-
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NO BRASIL Qual sua verdadeira causa? rftneos. De onde a possibilidade de se atribuir a angustiante criminalidade at ual âs causassociais acima referidas.
Fotos e estatísticos Impugnam teorias Quando num clima de confusa o dos espíritos o bom senso vacila, saúdam-se com alegria e alívio as info rmaçõescientifieas, a linguagem dos fatos e das estatísticas, que reavivam certas verda· des e desmontam art iculações mais ou menos demagógicas. Ê este entre ou1ros o mérito do trabalho do professo r Ed mundo Campos Coelho, do Instituto Universitário de Pesquisas do Rio de Janeiro (IPURJ), em meticuloso estudo sobre as cau-
sas da criminalidade, noticiado amp lamente pelo "Jornal do Brasil" no fim do ano passado. As pesquisas do sociólogo carioca, formado pela Unívcrsidade da Califórnia, cond uzem a eonclusões que desmascaram as teses comuno-progressistas de que o crime é conseqüência da desigua l distribui ção da renda, e portanto, da sociedade capitalista. Constata ele que há, isto sim, uma re lação direta cntreocrescimentodadclinqüê ncia e a impunidade ao crime. E que o periodo em que se registro u um grande aumento da criminalidade no Rio de Janeiro e São Paulo, coincid iu com a diminuição de detenções nesrn área. Quando o índice de criminalidade total no Rio subiu SOV/t
llo,11icldiunammln,gmfo. Obrasil,iroooi,r,.dohabituadoa«mvi,,.., rum u esputro do, ,usalto.i, auaui,,,,101 , violfocias d11 to,/a rspéri,. (>'!JJ'O.}O!<i.MO!/TI.'1110~'>,"Jü - AG>'ül. Hd.J)
em dez anos, o índice de detenções (presos em cada 100 mil habitantes ) diminuiu 27,4%. Em São Paulo a ta· xa de prisões efetuadas decresce u 9,2¾. O sociólogo pesquisou ainda a eventual relação entre o aum en1oda delinqüência e fatores sociais (pobreza, dese mprego etc.), tendo concluído que os dados disponíveis não permitem afir mar que es tas seJam as causas principais do au mento da criminalidade ("Jornal do Brasil", 22-1 1· 88). Uma pesquisa efetuada nas prisões de São Paulo levo u a resultados escla recedores: 54,9% dos condenados tinham c ur sado até a 4 •série ,c36'.'t atéa8 •scrie do primeiro grau. Só 3% dos detentos eram analfabetos. Constatou-se que o nível de instrução estava acima da mêdia da população do País e, em alguns casos, acima da do próprio Es1ado. "Até que surjam confirmações empíricas em cont râ· rio - afirma o sociólogo - se ria oportuno arquivar
as teorias segundo as quais a pobreza, o ana lfabctismó, desemprego e desniveis de renda ou as crises econômicas co nstituem fatores causais oudeterminantes dacri· minalidade" ("Jornal do Brasil", 22- 11 -88). Se a crise econômica, desemprego e pobreza são os principais fatores que leva m ao deli!O, como explicar que num periodo de acentuada recessão, en tre 1980 e 1983, a criminalidade violenta tenha diminuído no Rio? Ê o que pergun1a Edmundo Campos Coelho. Para ele não existe nenhuma comprovação consistente desse determinismo e, por conseguinte, ninguém enco ntra base para afirmar que políticas sociais, por si só, podem modificar o quadro ("Jornal do Brasil" , 15- ll -88). É assim mais um mito caro a todas as esquerdas, especialmente a "católica", queseevanescepela voz dos fatos. Preg uem os Manda· men!Os da Lei de Deus e a criminalidade entrará em recesso.
Na legislaçõo espanhola: aberrações genéticas O Parlamento espanhol, de maioria socialista, aprovou. e o Governo promulgou em nomnbro 61timo, a "Lei IObrc Tk· nicasdcRcproduçãoAHistida"queautorizaainseminaçloartificialda mulhersoltciraeinclusivclésbica,oquecontrtria fronlalmenteamotalcatólica. Piorainda,autorizaelpC'li&lciudeinscminlçlodeanimail com material hu mano e vice-vena. O Dr. MartiDU-Fornés. acad!mico dti Reais Academias de Medicina, de Zarqoça, comentou: "(A lei) Pombilitari que wn biólogo em aeu laboratório 1)()$51 fecundar uma chimpanú-Rmea com cspa:mas bummos. E seria tamban (pela lei) poatvcl a hipólese contriria: f«un· dar uma mulllcr com esperma de chimpanú". O fato t extrcmamcnle ,..ave. Ê a primeira vez, que Wbamos, que um Oom-no - e los<> da catól.ica Etpanha! - au10riza experimciu que conduz.em• rormaçao de 111111 ap6cie lllbhumana, intermcdiuia entre o homem e o animal. E que, C'Vfll• tualmente, se constituiria num alç.aplo, a maneia de um ralo de esgoto, por onde IC poderia prec:ipiw a natural bwnan1, com vistas a seu 10W desvinuunano e quiçi atinçlo. Não sabemos ltt que ponto a cifncil teri meios pan. cal• nhar rumo a ena abominaçlo. O q\lf lim sabemos 4 coMtituir vczo corrente do euruturalismo - trlÇOI do qual se observam em outras correntes de pensamento modernas - prcpr o deuparecimen10 do homem da facc da Terr1, por meio de sua imer• çào no reino merameote animal, e depois no reino miDCTal. Em matéria reli&iosa, por sua vez, al1umas aludo prosressiuno dito católico ji se encaminham IICS5a direçlo, ao propo, rem como ideal próximo para o homem a rida indl,rna na selva. E é para 16 que acenam também as facções mais ex1mnadas do ecologismo.
HENRIQUE GUIMARÃES
O EXEMPLO DA PÁT RIA-MÃE PORTUGAL íe7 hã pouco uma am pla reforma da constituição, da qual varreu a carga ideol611ica socialista que a impregnava, desde a ma lfadada " Revoluçllo dos Cravos", em 197S. "Portugal já nbo caminho (}'1ro o 'socíedode sem dosses', nem vive o 'transiç4o para o socioltsmo'. Agora é o país da 'soâedade livre, jussta e solidária' e da 'reali:aç4o da democracia eco116mica '. Nada de Reforma Agrário, chegudeestalllis"("O Estado deS. Paulo", 3-6-89). Quão diíerente é estt' som do emitido pela nova constituição brasileira, que representou um avanço terrivel cm direção à socialização do País. E é muito de se recear que ainda mais se poderá dizer ncsse sentido, quando forem votados os quase trezentos temas que devem constituir a legislaçllo ordinária. Q uando atê Gorbachcv se sente bem no palco das liberalizações - , se bem que até o momento nada de muito concreto se tenha operado na Rússia - por que a esquerda nos quer meter ncs1e atoleiro da misfria em que caíram todos os países que hoje gemem sob o peso dos regimes socialista e comunista? O exemplo de Portugal, nossa pát ria-mãe, não nos iz nada?
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do eu era menina, lá na Paraíba era tão bonito! A igreja seenchiadegente para rezar, e quando chegava o mês de Maria, as irmandades todas se reuniam para recitar o terço e adoraroSantissimoSacramcnto. O padre falava de Nossa Senhora, depois saiam todos cm procissão louvando à Virgem Maria.A cidade inteira participava. SÁBADO à noite, está reunida A senhora precisaa Comunidade de Base da Vila Jericó ... vavercornoerabonico! A "gente" fi ... Irmã Gertrudes - uma agente pasto- cava tão alegre ... Hoje não há mais ral, ágil e gorducha- fala animada- nada disso: a "gente" fica com uma mente para uma roda de oito a dez pes- saudadedessasbelezas ... ccomumpesoas, que regularmente ali se reúnem, so no coração por não poder manifespois o padre Tenório diz que é peca- tar nossa devoção. Irmã, isso não seria do não panicipar. também uma opressão? ''As reuniões são sempre iguais, semA religiosa não consegue ocultar lipre a mesma conversa", desabafa um geiroembaraço, c um instantedesilênou outro quando longe dos ouvidos cio e expectativa é rompido pela voz do padre Tenório ou da irmã Gertru- nervosa e irrequieta da catequista: des. Esta última, entretanto, pareccndoalhciaaodesinteresse ge ral, estimula seus sonolentos ouvintes a darem ''tcstcmunhos"dc"injustiçassociais". - Américo, lembra-se da reílexão do 4° dia da novena do Natal? Quem são os oprimidos de nossa sociedade? (1) O interpelado titubeia. - Bem ... , o livrinho diz que ... que Jesus é o libertador dos oprimtdos ... (2) Gcraldina, uma jovem catequista, atalha: - Américo, diga que os oprimidos somos nós, os pobres, os marginalizados, os injustiçados, os ... - Eu também queria dar um testemunho - interrompe dona Maria das Neves, uma nordestina afável, operosa... mãe de nove filhos e que se orgulh1t·de-tê---lO!"ffiuettdo-bem-a-todos-ape sar de sua pobreza-; na verdade o que queria fazer é uma pergunta: quan-
É
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CA l"Ol,IC:ISMO- ACOSTO 1989
- Maria das Neves, você é uma retrógrada; a Igreja avançou e essas velharias todas acabaram. Veja esse livrinho das Paulinas (2); diz que essas coisas eram um mecanismo com que as classes dominantes controlavam o povo oprimido. Pensar como você pensa é um retrocesso; você tem de ser moderna, avançada ... Dona Maria das Neves calou-se. Não entendera muito daquele "charabcá", mas pensou com seus botões: "Por que tenho eu que ser como eles dizem, e não como cu sou? Sinto-me oprimida com isso, mas não adianta falar. .. " A religiosa, visivelmente contrafeita com o rumo que tomava a reunião, cm vão procura serenar os ânimos: - Esta história de discussões, polêmicas, são coisas ultrapassadas. Ademais estamos no período do Natal que é a "festa da fraternidade entre os povos" (3). - De fato - interrompe Rafael, um advogado inteligente e ainda jovem - as coisas parecem ter mudado mesmo. Antigamente, o Natal era a festa do nascimento do Menino-Deus, que veio ao mundo para salvar. Era antes de tudo, ocasião para se dar glória a Deus no mais alto dos Céus, pois Ele vinha trat.er ao mundo a paz aos homens de boa vontade ... A essa altura a catequista não mais se contém e põe-se afalardcmodotorrcncial e agressivo: - Vocês estão vendo? Rafael tem o tipo de religião que este livrinho da coleção "Cadernos de Base" qualifica de mecanismo dcoprcssão(4). Você está "bitolado", Rafael;-esthneste=-----siado para as realidades sociais.
- Chii, já vem você com essas palavras dificcis, protestou a nordestina. - Uma vez que comecei a falar, não vou parar, retomou Rafael. Vou dizer tudo o que há muito tenho gua rdado sem poder externar. Irmã Gertrudes parecia paralizada, como que atingida por um raio. Nunca imaginou que uma reunião da comunidade resultassc cm tal cnercnca. Rafael conti nua: - Agora, cu gostaria de saber o que são esses avanços sociais de que vocês tanto falam! Tais avanços levam para onde? Caminham em direção a quê? - Ora Rafael, você é um "quadrado", "bitolado", quer explicação para tudo. Você nao tem caridade fraterna; tem o espírito do Concílio de Trcnto, coisa ultrapassada. Agora estamos
de Gera!dina. São unsradicais,faná1icos,intransigentcs ... São uns ... - Um momcnto Geraldina - intcrveio Rafael com cabeça que nte não se chega a nada. Realmente, eu rcccbiavisirn<lerapazes da TFP. Forammuitocorteses, serenos, e discutimos idéias durante várias horas. Eles me apresentaram uma impressionante docume ntação, explicaram tudo com muita clareza,
no ~mr:,r:i~o:~~~rV:t~~i'ma Geraldina - acode a religiosa - , avançamos para um mundo mais 'fraterno... onde haja mais igualdade, está compreendendo ... ? - Ê isso mesmo - completa a catequista - onde não haja mais ricos nem pobres. Onde não haja patrões, e que todos lenham tudo cm comum, está entendendo? Onde ninguém possa dizer ''isso é meu'' ''aquilo é teu'', mas tudo seja partilhado entre todos. Ouvi dizer que isso se chama socialismo. Ê lá que queremos chegar. - Era bem o que eu queria ouvir - retoma Rafael com ar triunfante - isso é o comunismo disfarçado com o nome menos ant ipá1ico de socialismo. lrma Gertrudes se remexia na cadeira e mordia os lábios de raiva. Rafael completa: - Entao digam de uma vez: vocls acham bom tudo aquilo que nos aproxima do comunismo e julgam mal tudo o que nos disiacia dele. É muito estranho irmã, pois esse pessoal que pensa assim, vive a dizer que defende os pobrcs, os oprimidos, mas querem para o Brasil, justamente, aquele regime que, onde se implantou, não !em pro<luzido senão miséria e opressão. Esse regime é tal que o Card. Joseph Ratzinger, prefei10 da Sagrada Congregação para a Doutrina da Fé o qualifica de
~ii:;d~~~ª~t:,dbje~ tar, exatamente o que não encontro aqui. Mostraramme também o vo[ume enorme de li"I'ambém ela tinha sido txcluída .. vros, revistas e demais publicações da TFP. Ê impressionante! E tudo per- guinte. Rafael, após um rápido jantar, feitamente documentado. Dr. Plinio sai apressado para não chegar atrasacom mais dois colaboradores chegaram do à reunião, mas uma expectativa esaté a publicar um li vro sobre as Comu- tranha se apodera de seu espirito. Chenidades de Base, no qual fazem a estas, gando ao local de costume encontrou-o gravíssimas acusações. Mas provam tu - deserto. "lerão todos se atrasado"?, do o que dizem! O livro mostra que pensou. Não foi necessário muito temmuitas CEBs se apoiam cm doutrinas po para que se desse conta de que o lude fundo marxista e favorecem aber1a- gar de reunião tinha sido mudado e ele mente o com unismo. Confesso que fi - não fora avisado. J ásedispunhaavoltar para casa quando lhe vem ao enconquei muito impressionado. - Isso é mentira! Os bispos certa- tro dona Maria das Neves, saltitando mente já responderam, mostrando que agilmen1e - apesar de seus setenta todas essas provas são falsas. Irmã!, anos - para evitar as poças d'agua mostra ao Rafael a resposta de nossos pelo caminho. Também ela tinha sido bispos ... excluída. Rafael então compreendeu tudo: A religiosa entretanto guardava dcsco ncertado silêncio. Rafael completa: ele e dona Maria tinham cometido - Pois exatamente o mais inexpli- um "crime", para o qual não há percável é que eles dizem que o livro foi dão nem caridade fraterna: Tinham difundido por todo o Brasil e ninguém ousado discordar! .A.RNÔB\0 GUW.A.M respondeu. - Já é muito tarde - intervém irma Gertrudes consultando o relógio. Acho melhor irmos embora, e espero Notas quenapróKimareuniãohajamaiscari- (l)''Na1al,festadafra1crnidadce11trcospovos"
COM UNIDADE CH: \/'l i.A JE
~r:];;i:!~i;:;ti?~i{·:.c1~:~;.~:
"a ~rionndhea v~ên~s~~s~~n~o;~t~/rom- da<l~ r::i::~~:a e;:rr:t~~;·apressadamenpc irmã Gertrudes com os olhinhos pe- te; o grupo se dispersa. e cada qual to· (JJ "Na1aJ fes1ada rrarcrnidadccn1«'ospovos··. quenosevivosalhesaltaremdasórbitas. ma seu caminho, pensativo. e". - Onde li? Bem ... Foi no ··catoli(4) "Como fuocionaasoclcdadc", p.lJ. 5 cismol..!.,-a-revis111-da-T-F-P~. - - -r-- - - - - - - - --h,< ~ ; ~ ~ ~ : ~1 =-~~~ia 0 - Eu bem que desconfiava de que Uma chuvinha miúda e persistente memos f'onlifkios, Vou:i. Pe1rópolis, 1984. 2' voei está metido com essa gente, expio- caiu durante todo o dia, no sábado se- cd .• ~01. 20J, p.39.
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CATOLIC ISMO - ACOSTO 1989 -
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·Hi&n0§nl·tii·H·tâlrlêttêíl'i3·1·1di-lHi¾i·
[=:l supera a legenda l
O ma rtírio das dezesseis carme litas
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~~
de Compiêgne
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Caio Xavier Ja Silveira
~
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C oRREU O MUNDO, décadas atrás, com enorme sucesso, a peça teatral de George Bernanos, "O Diálogo das Carmelitas", depois levada ao cinema e mais recentemente à televisão. Bernanos baseia-se no romance de uma convertida alemã, Gertrud von Le Fort, "A última no cadafâlso", que narra, romanceando, o martírio de dezesseis religiosas carmelitas durante a Revolução Francesa. Neste ano em que se comemora o bicentenário da Revolução Francesa, a presente edição de "Catolicismo" oferece aos leitores um sucinto histórico da epopéia religiosa dessas cnnnelitns wio ávice o glorioso martírio ocorreu em 17 de iulbo de 1794 Qual é a verdadeira histÓria desse holocausto, que não só se mostrou fecund~ para o campo da arte mas levou São Pio X a beatificar, a 27 de maio de 1906, essas Carmelitas?· (*) 14 -
CATO LI C ISMO -
AGOST O 1989
Um ca rmelo amado p e los reis
indeícsas,entrcasquaisvãrios bi5pose muitos sacerdoles, perecem nesses sinisu os "massacres desetcmbro",queduramtrfsdias. PAR IS - NO ANO de 1640, as carmelitas da cidade Porumdecretodeagostodesfrancesa dc Amicns, para atenseano,os reli giososvêtm-seconsder ao desejo de uma nobre e trangidos a evacuar se us convensanta viúva, Mme. de Louvantos, que ficam à disposição do court, de fundar um novo mosPoder Público. Em CompiCgne, teiro, tiraram a sorte entre váascarmelitasrecebem,a l4deserias cidades selecionadas para tcmbro,festadaexal1açaodaSanversobrcqualrecairiaa escolha ta Cruz, a ordem de abandonar divina.CompiCgnefoia escolhio edificio. Procuram então abrid,. go, em grupos de quatro ou cinO novo Carmelo, como cm co, em casas de pessoas amigas. Trfs diasmaistarde,sãoconvidageral são as obras de Deus, teve um inicio humilde, experimendasaprestarojuramento"Libertando muitas dificuldades, até dade-lgualdade". Como vários bisposeopróprio superiordocarobter, oito anos depois, uma casa definitiva. E isso apesar da melo nãovêem inconvcniente ncsproteção da familia real, cm sejuramento,claso pronunciam. suasestadiasperiódicasnocasteNem o superior nem elas conhelo da Coroa, em CompiCgne. ciam os textos de dois breves de Narram as Crônicas da CoPio VI, um dos quais dizia: "Vêmunidadcquc,certodia, assislinse manifes1amente que a tiberdadecaigualdadcproclamadaspedo ao Oíício Divino no convento, a rainha Ana d' Áustria, enla Assembléia têm por objetivo, tão Regente de França, notou a como Nós já o provamos (Breve del0demarçodel791),derrubar pobreza do cálice utilizado para o Santo Sacrificio, e a falta a religião católica, à qual, com de um ostensó rio para a exposiesse intuito, eles negam o thulo ção solene do Santissimo Sacra- Lui, XII' com o mo1tlo real, ao, dezª"º' ,I~ ;,100,. Ci1tco ª"°' de religião dominante no reino"(Brevc de 15 de Abril de 1791). Tui intuito ficarã mais patão com ci nco anos, que trazia religio,a um cálic~ • um ,olHrbo o,/.n,ório. tentequando,emoutu brodcl792, numa das mãos um cálice e na a Convenção começar a discutir outra soberbo ostensório. "Veum novo Calendãrio para substide, minhas madrcs-dissearainhaàs cialmentcpelosenciclopedistas,osaconteci- tuir o Gregoriano. Naquele, o mês é dividireligiosas - o presen1e que o rei vos mentos anti-religiosos começam a precipi- do cm três décadas, sendo o IOº, o 20° e faz". Uma humilde irmã leiga, animada tar-se naquela naçao íilha primogCnita da oJOºdiasoonsideradosdedcscanso. "' Papela bondade da soberana, disse- lhe com Igreja. A 2 de novembro de 1789, os bens raqueserveovossoCalendãrio?',perguntoda simplicidade: " Ah Madame, como edcsiâsticossãocornpu[soriamentccoloca- tarã alguém ao relator Romme. 'Para sueu gostaria de ver esse bom rei com o dos à disposição do Poder Público. No ano primir o domingo', responde este". E o seu pequeno manto real!" Anad'Áustria, seguinte,épromulgadaacismãticaConsti- historiador PierreGaxotte, que narra o faencantada com a ingenuidade e o bom tuição Civil do Clero, à qual todos os sa- to, conclui: "Suprimirodomingo,ossanespírito da religiosa, mandou buscar o cerdotes 1êm dejurar fidclidade, sob pena tos,asigrejas,ocleroeDcus,eisoobjctimanto e o colocou nos ombros do peque- de serem considerados "fora da lei''. Os vo ... '' nino rei. novos votos religiosos serão também proiMais tarde, as carmelitas nobremente Muitos anos depois, o Rei Sol não bidos, e osjã pronunciados não terão ga- se ret ratarão desse juramento, feito sem dcixarà de favorecer e visitar nova men- rantias do Governo. pleno conhecimento de causa. le o Carmelo, no que serã imi1ado pos1etassim que, a4de agosto de 1790, as riormente pela ra inha Maria Leczinska, carmelilas recebem, em Compitgne, "coDe há muito esco lhida s esposa de Luls XV, e por sua filha Mada- missãrios do povo", para fazer o inventâme Luisa de França, mais tarde também rio de seus bens. Voltam no dia seguinte, Narra a Irmã Maria da Encarnação carmelita. paraoonvidar, rcligiosapor religiosa,a "a- umadastrêsímicassobreviventcs- quc proveitarem" o privilégio conçedido pela durante as festividades da Pâscoade 1792, Sob a torm e nta lei, vol1andoparacasa. rcmemorava-senorecreioosonhodeantir evo lu cionária EmParis,entrctanto, ascoisassepreci- ga Irmã desse convento, de há maisdc70 pitom. A I0deagostode 1792,édcrruba- anos atrás. Vira ela toda a Comunidade, Essas pacíficas religiosas contemplati- daa monarquiaeoreiéfeitoprisionciro. çomexceçãodeduas ou trêsreligiosas,elcvas,ocupadasemlouvaraDcus,comoinís- No inicio de setembro, um populacho pre- var-seaoCéu,emmeioagrandeesplcndor, meras outras na França, em rcve evem v1amcn e organizado, e com éspãntOSã 1rn:crJfflp"lmtlanr-eordeiro~rivitégi experimentar um verdadeirocalvãrio. Sob berdadcdeação, procedcauma selvagem das almas virgens. Comentando 1al sonho, o impulso das idéias novas, scmeadas espe- carnificina nas prisões. Mil e cem vitimas a Superiora, Madre Teresa de Santo Agosti-
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-~HH#efl:IH·iii·H·Glit=Wl'i3·1·8di·ld3¾i· nho, ndama: "Reservar-nos-ia o Céu essa glória do martírio? Todas num só dia, que alegria!" Algum tempo depois da Páscoa, esteve em \'isita ao Carmelo o bispo de Saint-Papou!, Mgr. de Maillé-la-To ur-Landry. Conta ele qu e, ao administrar os últim os sacramen!osa umajovcmde 15a 16anos, "virtuosacomoum anjo'' ,cstacntrou cm êxtase \"Cndo um grande oilmcro de religiosas, especialmentcuma co munidadeinteira,subir ao Céu com palmas nas mllos. Madre Teresa, co movida, dirige-se às suas filhas: " Poderíamos esperar que fosse à nossa comunidade que o Céu predestinasse um tão grande favor?!" Apar1irdccntão,àrncdidaqueaumcnta a tormenta revolucionária, mais toma vulto no cspl rito de Madre Teresa a idéia do m:mirio. Assim, cm determinado dia, a Superiora comunica ás suas religiosas que, "tendo feito sua meditação sobre essa matéria [domartlrioJ,veio-lheaopensamento fazer um ato de consagração pelo qual a Comunidade se ofereceria cm holocausto para aplacar a cólera de Deus, para que a divina paz que Seu Filho 1·eiotrazer ao mundo fosse co ncedida à Igreja e aoEstado".Aidéiafoiunanimcmentecomparti!hada, caSuperioradeuentão leitura ao ato de co nsagração, ao qual iodas as religiosas se uniram. AssimoCéupreparava,comantecedên cia, essasalmas parao martírio, aceito de antemão, e quando as circu nstâncias não permitiam ai nda supor que ele se daria em tempo tão breve.
nar Luís XV I. "I:. possível não lamentar tl!o bom rei, que não teve jamais em vista senão a felicidade de seu povo?" -escreveMadreTeresadcSanto Agostinhoapcssoa amiga. "Ele nunca se mostrou mais dignodegovernardoquequandoquiseram perdê-lo''. Estacarta serádepoisaprescntada como urna das provas dc seu "fanatismo"! Quandoarcligiãocatólicaéoficialmente supressa como "obscuramismo e superstição", e se proclama o culto da "Razão", em CompiCgne a igreja de São Tiago se traosforma no templo da nova "deusa", enquan to o prefeito an1111cia que, dai para a freme, o "Catecismo" dos franceses será a "Declaração dos Direitos do Homem'', e seu "evangelho", a Constituição ... Em março de 1794, duas religiosas viajam a outra cidade, paraassistiremaoirmnodeumadelas,queficaraviúvoe Irmã Maria da Encarnação vai a Paris tratar de assuntos familiares. PordcsigniossecretosdaProvidência,essastrêsreligiosasficar!loprivadasdagraçodomartírio. Madre Teresa de Santo Agostinho corre o mesmo risco, pois seus superiores a mandam à Capital para atender à mãe, idosaereccntementeviúva,quevaimudar-separaointeriordopaís. Mas,alertadaporumpressentimento sobrenatural, abrevia sua estadia cm Paris, para chegar a Compiegne no mesmodiaemqueascasasdasrcligiosas s!lo vasculhadas por membros do Comitê de Vigililnciadacidadc. A indesejável visi-
Fid e lid ade na prova Mas voltemos à dispersão imposta às carmelitas. A proximidade das casas nas quaisestãodistribuidas,permite-l hes,cr uzandoalgunsjardinsequint ais depessoasamigas, reunirem -se para alguns atos em comum, sem chamar muito a atenção. Desse modo, podem levar uma vida religiosa de certa intensidade, "conserva ndoa unidade deobediência a nossa Santa Regra e á Reveren da Madre Priora, mantendo-nos todas, pela graça de Deus, numa perfeita hannonia deprincipios,desen1imeotosedeconduta",rclata lrmãMariadaEncarnação.Assistcm ao Santo Sacriflcio celebrado por umpadrcrefratário-istoé,quenãoprestara o juramen10 cis mático à Constit uição Civil do Clero - na igreja de Sant o Antônio; não sl!o incomodadas por nin guém e admiradas em segredo por mu itos, dada a santavida ue levam. Nodia2 1 de janeiro e 1793, a onvenção, numelltremodeaudáciaeparatornar irreverslvel a Revolução, manda guilhoti-
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ta se repete nos dias segui ntes, tomando os "represcntames do povo" a liberdade dc sc apropriarematé dasrefeições dascarrnclitas,dcmaneiraqucclas têm,somados "aossofrimentosdoesplriw, os do corpo, pela privação dos alimentos", narra Irmã Maria da Encarnação. l:.occrcoque se fecha e elas já se preparam para o pior.
Os fato s se prec ipitam Após o exame das "provas" da "conspiração" encontradas, as religiosas são detidas a 22 de junho. O ''perigoso" material recolhido é enviado a Paris com os dizeres: " Já de há muito desconfü\vamos qucasex-religiosascarme!itasdestemunicipio,se bem que alojadas cm casas diferentes, viviam em comunidade, submissas ás regras de seu ex-convento. Nossasdesconfiançasnãoernmvãs. Após várias visitas feitas, encontramos correspondência criminosa; não somente paralizavam elas os progressos no espírito do povo, admitindopcssoas numaconfrariadi!adoescapulário,masfaziamtambém votos pela Contra-Revolução e destruição daRepllblica erestabelecimcnto da!irania". No momento mesmo cm que a Revolução prega, alto e bom som, a Liberdade, a Igualdade e a Fraternidade, considera-se grave crimt ter uma idéia diferente sobre formas de governo, bem como propaga r a devoção ao escapulário de Nossa Senhora do Carmo!. ..
Qµ,,n,/n a, ta rm,:l,1a1 ducU1m da, ta""f<U para """" leoodas a pruõn, ,mpac.enlnu st <> co.r«"'"', oqual emp,,..,..,ua.frr,ra ""'" i,fo.,. faun,lnata1rdebruços1t>b"<> calfam~nll> f enda t rom afaa ~,uang,unlml« aanciàaindaagrad-u.
A 12 de julho, enquanto almoçam na prisM,asreligiosasrccebcmordemdepartidaimediataparaParis. Jãasesperamforaalgumas viaturas cercadas por mulheres histéricas,boapartedasquaissãoex-beneficiadas pelas carmelitas, que as injuriam gritando: ''Faz-se muito bem em as destruir, porque não passam de bocas inúteis. Bravo! Bravo!"
O "consummatum est"
AochegaremàCapital,asdetidassllo levadasparaaConciergerie,palãciotransformadocmprisãocqucserviadeante-sala da guilhotina. Ao descer das carroças, elas o fazem com muita dificuldade por terem as mãos atadas. 0 carcereiro, impacicnte,cmpurraamaisidosa,quaseoctogenária e doente, fazendo-a cair de bruços sobre as pedras do calçamcnto. 0 povo presente não pode reter um protesto: "Ah miserável, V. a matou!" Ferida e com a face ensangiientada,aanciãaindaagradecea scualgozpornãoatermatado,porqueissoa privaria da graça do martírio. Na terrível noitcquepassamaguardandoojulgamento,ouve-se,naConciergerie,asreligiosascantarem oOfício Divino. Com mais uma quinzena de pessoas, namanhãseguinte,ascarmelitascomparecem ante o Tribunal Revolucionário. Não há testemunhas nem advogado de defesa para os réus. Estão julgados de antemão. AsfilhasespirituaisdeSantaleresasão assim condenadas à morte "por terem efernado reuniões e conciliábulos contra-revolucionários,entretidocorrespondênciafanática, conservado escritos liberticidas bem como s!mbolos de aglutinação dos rebeldes da Vandéia",ouseja,emblemasdoSagradoCoraçãodeJesus. Para poder-se avaliar a "objetividade" desse julgamento, convém dizer que um dos réus, Mulot dela Ménardiére, primo deumadasreligiosasequeforapresopor terem encontrado correspondência sua no Carmelo, é condenado à morte como "padre refratário ... chcfe de aglutinação contra-revolucionária de uma espécie de sede daVandéia(sic!)compostapelasex-religiosascarmelitaseoutros inimigosda Revoluçllo". Ora, quem preside o julgamemo é Toussaint-Gabriel Scellier, originário de Compiégne e que não pode deixar de conhecer Mulot,quelásemprevivera, tendo sidoatécandidatoaprefeitocrn 1791.MulotdelaMénardiCrcnuncafoipadre,écasado e agricultor, por demais conhecido na cidade. Enquanto aguardam os carrOÇõeS que -as-devenrconduziraoiocah::lo-suptíti , mo es1ão cm jejum, Madre Teresa de Santo Agostinho, temendo que alguma possí-
vcl fraqueza físíca possa ser tomada como temor da morte, vende a um circunsta111c um chale de uma das freiras e proporcionaacadareligiosaumaxícaradechocolate, que, segundo depoimentos, "todas to mam com a maior tranqüilidade". No longo percurso até a Praça do Trono"Derrubado'',localdacxecução,ascarmelitas cantam o Miserere, a Salve Regina e o 1c Deurn. Pela primeira vez, desde o inicio da Revolução, há um silêncio quase reverencial da multidão, não se ouvindo nem mesmo as "fúrias da guilhotina" megerasdebochadascsedentasdesanguc quchabitualmenteaoon1panhamasvítimas, insultando-as e saboreando sua angústia e
Era o dia 17dejulhode 1794. Aos pés da guilhotina,MadreTercsadcSantoAgostinho pede para sera última a morrer, a fim de poder encorajar suas filhas até o fi . nal. Segurando uma pequena imagem de Nossa Senhora nas mãos, ela entoa o Veni Creator Spiritus. Irmã Constância, a primciraaserchamadaparaosuplício,aproxima-sedela,osculaapequenaímagem,e pedeàSuperiorasuabênçãoelicençapara morrer. Sobe depois serenamente os degraus do cadafalso, indo colocar-se sob o cutelo para não permitir que os carrascos atoqucm.Asoutrasrcligiosasscguirão scu exemplo. Os carrascos,chciosdcrcspeito, não mostram pressa nem impaciência, permitindo que todas cumpram esse último rimal da Comunidade. As carmelitas portam, segundo testemuhar,crirábitcrn:ltgioso;-trrctusivc.nnanto branco de cerimônia. Haveriaalgumsaccrdote,disfarçado cntreamultidão, para
lhesdaraabsolviçãosuprema?Éprovávcl, poiscomprovadamente,durantetodooTcrror,semprchouvemaisdcumdcsse.>heróicosdefcns.orcsda fé quc,com risco para suasvidasterrenas,possibilitavamaou1ros alcançara eterna.
Mortas " in odium fidei" O historiador do Terror e do Tribunal Revolucionário, Henri Wa!lon, do lnslituto de França, senador, anti goministro, e "pai da Constituição de 1875", no ProcessodeBeatificaçãodasDezesseisCarmelitas, declarou sob juramento: " Na minha opinião, elas foram levadas á morte in odium /idti (por ódio à fc) ... Que a Religião se tenha tornado um 'crime de Estado' isso saltaeom umaevidênciaperfeitadetodos os atos do Tribunal Revolucionário, pelo qual, muitos, nãosóreligiososmaspadres e leigos, foramcondenadosàmorteunicamente por fatos religiosos" Osacrificiodcssasmártiresnãofoicm vão. Apenas dez dias após sua morte, alguns dos principais propulsores do lcrror revolucionário perecem, por sua vez, na guilhotina,evidentcmcntesemaresignação ncmaserenidadeeconvicçãodeinocência que as das carmelitas. Pelo contrário, a maioria morre, como Robespierre, desesperado, maldizendo-seasi própriocaosoutros ComamortcdcssecorifeurevolucionáriofindaoTcrror,Cpocaquc anovacorrentehistórica"consensual" - tãocelcbrada nos dias de hoje, cm que se comemora o bicentenáriodel789 - considcrauma"dcrrapagem"doprocesso.Naverdadc,acondenaçãoeae~ecuçãodasreligiosasdcCompiêgne - um dos crimes mais simbólicos dolerror - eomotodos os demaisdelitos e abominações praticados durante essa rase, revelam a realidade mais proíundada Revolução. Tais monstruosidades não constituem "desvios" de um processo histórico, como hoje se apregoa, mas integram seu próprio cerne. Estcéomomentooportunoparadenunciar a mais recente manobra visando despoluir a face sinistrada Revolução Francesa.
(') E<tcan igo M ~•·S< no crudi,o l;-,0••1..,,an1 du C arm<I - LI ,·éritablt pas,io n de, Sci,c C armtlitcs dc C .. 11pit111• "". Libr.iri< Plon. Pari,. l9S4. do R•• P.llru no d< J,M .• Carmclira D<sc•lço .dir<to, dos "' Ê,odcsCo rmé litoin,.·· < aooo, de • á ria< oolfa, obra, l'rata·« de om complo:lo dOC\l rnenlàrioçom mais de S60pl1Jinas. n«s quai,,.1101ran«:rito. <k><un1<en«,. pú blico>< prh·a<lo, r<1ativosà vida < mo,1e<lts;asca r• nieli1 as.Esreci>lmell <0:os u,a nu sorilos dc umada, 1rh wbr<>Í'<n«sdatra8éd ia . lr . Maria dal oco rnaçlo :to~-crimnte-n<rllrqttn'O" nal:cus Ptoc,:<>U1C1oôn óco,; • .,-Quidio..-nano (l l/%- l899) : ~ :"'~:~,~ :l:;:tl90l ) paro a bea1ifócaçilo da, ',\,nerà·
CATOLICI SMO - AGO STO !989 -
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Escrevem os leitores TV Escrcvo-lhc,emprimeirolugar, a fim de cumprimcmá-lo pelo artigo oponuno e pioneiro, sobre a influência nefasta da TV, publicado em CA TO LI CJSMO, nº 452. Aproveito a oportunida!kparalhcinformar que, hoje cedo (23/4), a Rádio "Voi da Ambica" - serviço ca.~tclhano - emitiu uma reportagem de cerca de dez minutos
sobre o mesmo tema. Trata-se de uma entrevista com o Prof. Dr. Ccn!cr Wall (ou Hall), Professor na Universidade do EstadodeWashingtonD.C.Suaes-
pecialidadc~ a sociologia. Ooorre que o professor enumerou, aprincipio,umastricdefatores que -
no mundo contempo-
râneo - incitaria à violência. E atravk de amplas e Wias cstatlstícas, por um p r = de eliminação,acabourcstandocla
- a "bête noir" - como a rcs-
nal e muiios se1orcs da Igreja querem omnir e, até mesmo, dizerqueasituaçãofdiferente. A mesmu rcp<Jrtagcm mostra o facasso do regime comunista, bem como a miséria em que Cubasecncomradevidoàsreformasaliopcradas. É impressionamecornocm tãocurtopcrlodo de tempo Fidcl Castro conseguiu transformaraou1rora "Pérola das Amilhas" numailhamiseràvcl.Épcrplexitanteque,diamedeumquadroaterradorcomoeste,dcntrodaprópria Igreja Católica, Corpo Místico de Nosso Senhor Jcsus Cristo, haja quem elogie o regime de Cuba - carta do Cardeal Arcebispo de São Paulo. D. Paulo Evaristo Arns, ao ditador cubano Fidel Castro, chamando-o de "qucridlssimo Fidel" -c, mais ainda, dcscjco mesmo para o Ocidente e (por que não?) para todo o mundo (Zulcida Vasconctlos Alm eida Ca mpos, Kelo llorizonlc-MG).
ponstivd pelo incdvel e alannan-
te índice de homicidios nos EUA. As mais recen tes investigações comprovam o foto, não só cm relação aos EUA, mas tam~m em relação à África doSulcCanadã. Neste último pais, p<Jr exemplo, onde a TV foiimroduzidaaproximadamentc dez anos após o haver sido nos EUA, a constatação é flagrante. (Sfrglo LulzTyborC•· mugo ,Gua ruj,-SP).
MU RA L
Venho por meio desta en viarrneuscalorososcumprimentos à redação de CATO LI CISMO por suas reportagens tão atuais e completas. Gostaria de me rtferir, especificamente, à matéria sobre a Revolução cubana, salda cm CATO LI CISMO nº 4S7, de janeiro/ 89. Foi
Peço que remeta uns 15 exemplares do CATOLJC IS· MO de mar/ 89 e se já tiver o de abr/ 89, remeta tam~m uns IS. O jovem José Gomes da Silva, universitário, simpatizante da TFP, tem me comprado mimeros avulsos de CA TOLICISMO. Eu havia lhe dado hã mais ou menos uns 4 meses atràs um exemplar de CATOLJCISMO de dez/84, que tem na pàgina 14 o artigo "Marx, este ídolo de pés de barro". No dia 16/4/89, ao visitar este jovem ele me contou que 1irou um xerox dest e artigo e o colocou no mural da Faculdade de Economia do Crato, onde ele é cstudante. Então muitos estudantes destaFaculdadeficaramemfrente do mural lendo este artigo e
reccdora. principalmeme sobre os aspectos da mldiu internado-
sados no anigo que o tiraram do mura! e fizeram xerox-cópia
C UBA
para eles. depois o colocando no mesmo lugar. Disse-metambém o Gomes que lc,ou exem plares de C/\TOLJCJSMO para cs\3 !'acuidade do Crato e os mostrou aos es1Udal11l'$ e elcsficaramimpressionado~(exprcssilodoGomes)com as ma térias divulgadas e a imprc~silo da revista. J>eçoqucrcme1acu· pom proposta de assinatura para este jo,·c,11 pois é muilo simp:\tico à Tl'I'. Continuo rezan do pelos Sr~. e pela Causa Ca1ólica tradicional defeodida tão llrdua e brilhantemcmc pelo mensário CA TOLIC]S1'·10 e assim fazendo tanto bem às almas que o lêem ( ~·ranl'i~o Tui1rcs de Li m•, J uazeirn do No rlc-CE)
INTERESSE Sendo assinantt da rtvista CATO! .!CISMO hã vâriosanos, tenho-a na ma;o, con1a, haja visloas posições a!i dcfc11didas, scmcxccção.cstarcmempcrfeitaconwnãnciacomos autênticos ensinamen1os tradicionais doSupr~moMagistériodalgre· ja. Trabalho como funcionário público exercendo a função de Sc<:retárioda Facul<ladc de Dircito(CentrodeCiênciasJuridicas) da Universi dade Federal da Paraibaetcnhosempreasa· tisfaç!lo de di,,ulgar no nosso mural livrt artigos do ilustre pcnsadorcatólicol'rofenor l' linio Corrêa de Oliveira, além dcoutrasma1é-riastratadasnessaconccituadissimarevistadentrc as quais destaco as si.-çôcs "Discernindo, distinguindo , classificando ... " e "A Realidade (concisamente)". As p<JSi· ções corajosas assumidas pelo ilustre Professor Plínio Corrêa de Oliveira são dignas de um verdadeiro Filho da Igreja soan do como um hino de lou,·or a Deus os i;cus pronunciamentos em favor da Civili1.ação Cristã na defesa intransigente dos intercs$CS da Santa Igreja (Culos Alberto Bniz de Mrlo, J oio 1'1'$.SOa-P B).
PE de Sâo Jo~ dos Campos, sir~o-me da oponunidade para comunicar 1>0r imermédio de V.Sa. ao uludido cicmi\W que cm dezembro de 1988. a1ra,·és deurnasériedccincocomtntàrios succssi,os, defendi a t\'SC da inaplicabilidade do ··teste com oCarbono- 14" ", que vinha sendo empregado nas in,·c~1igações a propósito da "'datação·· doSanioSudllriodeTurim( .. . ) considerado p<Jr Mons. Emílio Ricci como ~ndo o ··Quinto Evangelho'", 1arnanha ~amassa de informts do mesmo dedu· zida. É. portamo, com imensa sat isfação que vejo minha t~'OríasobreoSantoSudário(ainaplicabilidadcdomencionadotestc) coincidir com as conclusões aqucchegouesscautênticocien· tis1a (... ). Solicito a V.Sa. a fi ne1.a de far.er chegar às maos de Dr. Gonzalcza cópia desta carta ( lh imund o Aristidts Ribe iro, }'orh1l tu-Ct::). Nota d a Redação ; Enviamos, pelo correio, ao Dr. Gon:t.alez, cópiasda carta edos ane-
ESQUERDAS
Na qualidade de a.ssiname, leitor assíduo de CATOUC ISMO (hã mais de 10 anos), e faceàelucidalivaentrcvistaconcedid~ _à me?cio_nada revista pelo
Sirvo-mt da presente para encaminhar três assinaturas novas de CATO LI CISMO. A re· vista está excclcn1e. Continuem assim, que a vitória certamente será nossa. Nossa Senhora jamais abandonará que m batalha pela irn pl3ntação do bem. Já estamos no1ando o que se passano8rasil.poisoclerocsquerdista há tanto l111ando pelo comonismo, e no cnrnmo o povo parece rejeitar candidatos da esquerda. Ê o mamo da Virgem
Demétrio Gon1.~les Alarcón, com destacada atuação no JN-
sil (Dí dirn o Rolim. Sio Josê d~ Hoa Vls111.- PR).
SUDÁRI O
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A
"REVOLUÇÃO CU LTUR AL" é a atualroupagemdoso-
Segundo o arquiteto dinamarquês que a projetou, ela dcveser"umarcodeiriunfo dedicado à glória da humanidade". gou-!.e dcdcsmascararasipróDe proporções inumanas, pria neste século: a ninguém retilinea,deuma frigidamonoconvcnceudurave!m emeepor cromia, a "Grande Arca" é toda parte onde aplicada geesmagadora pelo gigantismo rou miséria. Gorbachev é o efrustrantepeloimcnsovazio maisrca:meeinC'Speradomeinterior: expressão exata do nestrel que choraminga sob a estado de espírito próprio ao janela do capitalismo, implototalitarismo socialista.O prerando uma moeda. De ouro, sidente Mitterrand escolheu porfavor,poisodéficicégranpessoalmente esse projeto em do. uma seleção feita entre 424 Cinicamente fazendo pououtros. cocasodescu fracasso,edisA contradição do homem postoaconquis1aro0cide'n contemporâneo encontra-se te,osocialismoenceta sua"reaí expressa em mui tas de suas voluçllo cultural". Ela deve peculiaridades:pobrecmimarevolver os estilos de vida, os ginação e dispendiosíssima na execução; vidro e aço são comportamentos - muda11doconscqüentementeamoral. alternadamente utilizados em Detal modo que, habituando sua estrutura; o revestimento o eu ropeu a novas formas de éfeitooradevulgaralumlnio viver, ele possa tam bém aceiora de fino mãrmore de Carra1ar, logo depois, a completa ra; sua monumen1alidade absPARA COMEMORAR o bicen1enôrio da revolução de todos os valores trata abrigará o utilitarismo Revoluçõo Francesa, o Governo socialista pragmático de empredrios, visada pelo marxismo. francês preferiu evitar o debate ideológico Dentro do programa da banqueiros,funcionãriospú''revo!uçãocultural"aarquite- e propulsionar a revoluçõo cultural. Assim, blicos. O metrô, bem como tura, ao mesmo tempo viva trensde longopercursoepisno Louvre foi construída uma estranha eicpressão da cultura de um tas dealtavelocidadecortarão p irõmlde. Outra dessas realizações povo e ati vo fator de modelaseu subterrâneo. Na parte características foi a "Grande Arca". gemdoscspíri1os. dcveser promaisaltafuncionaráaFundafundamente al terada. ção lnternacionaldosDireitos Assim é que o governo francês programou um conjunto do Homem e das Ciências Humanas, para que assim melhor de rea lizações culturais com asq uaisosocialismodcseja marcorresponda à idéia primordial de fazer do edifício um "Arcar o pais. A "Grande Arca" é um dos pontos fortes dessa co do Triunfo do Homem". ambição. cialismoeuropeu. A teoria marxistaencarre-
A"Grande Arca"
Glorlflcação do homem contraditório Imenso cubo de 110 metros de altura, posto em um dos extremos do eixo que liga as construções grandiosas de Paris: o palàcio do Louvre, o obelisco da Praça da Concórdia e o Arco do Triunfo. A "Grande Arca é um monumento de pres1igio, ao mesmo tempo simbólico e utilitário", segundo a intenção dos que o imaginaram. 0 local de sua construção é o bairro ultra-moderno de " La Oéfense", centro empresarial e comercial, cujos edifícios, gigantescos blocos de concreto de frias formas geométri- C:1$~$C.ele.vam.às.poa:tas.da.degantc..e~.umaan0c·--·4
Seus construtores se gabam de que em seu imenso vazio inmior caberia a Catedral de Not re Dame com sua esbelta flecha. Chocante justaposição imaginária de monumentos ant!podas: um voltado para a eicaltação religiosa da excelsa Mãe de Deus; o outro para a glorificação materialista do homem, de suas técnicas e das doutrinas que engendrou cm oposição a Deus. Todas as vezes que os homens se volta m primordialmente para si, dando as costas a seu Criador, caminham cm direçllo a sua ruína. Serã hoje a "Grande Arca", como outrora o foi a Torre de Babel, um marco nessa caminhada? __ NEtSON fllAGELLI
CATOLICISMO -
AGOSTO 1989 -
19
NA SESSÃO promovida pela TFP, a 9 de junho último, no auditório do 1-lotel Mofarrej, em São Paulo, após a co11ferê11cia do Cel. Sa 11111el T. Dicke11s (ver notícia a respeito nesta mesma edição, em "TFPs em ação"), o Prof. Plínio Corrêa de Oliveira dirigiu aos presentes palavras de e11cerra11Je11to. Depois de elogiar a exposição do ilu stre visitante, o Prof. Plfnio a11alisou co111 particular hrilho e clarividência a mentalidade centrista em nossos dias. Seguem os principais tópicos dessa exposição, com ligeiras adaptações de linguagem. Os s11btít11los são da redação.
O centro, a onça e o cordeiro
O p,íl,lir" /)•~so,1~ "" 11udiltf,ri,, do Afof,,.u:j Jlot~I 11Ci>mp,mhou ~,,.,. .,,,., int~u:su ,u u~lllrw:~doms p,,lm:r<u do l'u:sidMU du Con.ulhl> /ltaâ,,,oa/ da TFI'
20 -
CATO I.I CIS~·I O -
AGOSTO 19!19
O TAUOLEIRQ polítíco 131110 da América Cen1ral quamo da América do Sul , nota-se esta constante: uma direita que deseja uma rcprcssno antícomunista; um ce ntro que nào quer com empenho coisa alguma: e uma esquerda que deseja uma colaboração com o socialismo e com o comunismo. Colaboração essa tendente a se transformar numa ali:1nça, depois numa imitação e por fim numa capitulação. Esta é a marcha da esquerda.
N
Um pêndulo viciado pe lo sentimenta li smo Mas o elemento decisivo aí é o centro. Esse centro decisivo, cujo apoio deve ser disputado igualmente pela direita e pela esquerda, inclina-se freqüen temente para a esquerda, muito mais do que para a direita. O centro normalmente seria como um pêndulo entre a direita e a esquerda. Mas na realidade trata-se de um pêndulo rachado, que funciona mal: quando vai para a esquerda ele sobe muito, quando se inclina para a direita, fa2apenas uma pequena oscilação. É um pêndulo viciado. Nessa psicologia centrista, que dâ à minoria irremediavelmente minoritâria do comunismo, um apoio e uma força que ela naturalmente não teria, figura entretanto a idéia de que os comunistas são os maus e os conservadores os bons. Por que os centristas não se inclinam então para os conservadores? Porque, segundo a mentalidade centrista, sempre que um indivíduo ~ mau, ele o é sem culpa própria, porque não teve apoio, não foi bem tratado: ele é mau porque não encontrou carinho, não encontrou ajuda, não encontrou pessoas que lhe explicassem o equivoco em que está. São mentalidades sent imentais, que por sentimentalismo não querem reconhecer a existência do mal no mundo. Para esses, a solução é encher os maus de ag rados, de carinho, provar-l hes de todas as maneiras possíveis que eles têm II colaboração daqueles a quem querem atacar. AI cnt!lo os maus ficarão desarmados pela força de doçura do bem. E o perigo desaparecerá. Tal é o artifício de guerra psicológica revolucionária empregado no mun.n1ciro,...pai:a...fa1.cr....com...quc....os....da____ direita sej am sistematicamente vistos com desconfiança, e os da esquerda com
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No auditón'o do /lfufan-,j Hotel, r:um~m a rntsa, da ,,q..,rda para a dirt:ita, Dr. P/in,'o VúJital Xauú,r da SilL'f!ria, S.A.I.R. Dorn &rlrand d• Orl,aru • Bragança, C,I. Sam1UI T. Du:Uru, Prof. Plínio Corria <U 0/iwira, S . .A .I .R . o.,,,, Luiz <U Or/mru • Rrapfl("a, Dr. Eduardo <U Barros Brot<ro • Dr. M6rio Navo..-o tÜ, Cosia
confiança; e assim as maiorias centristas girem para a esquerda. Ag radar para não lula r
ma socialista". "Não! O senhor não entendeu. Eles querem a Reforma Urbana? Façamos uma parte do que eles querem, e eles ficarão com o apetite saciado e não farão o resto". Quan10 à Reforma Empresarial, é a mesmissima coisa. E assim, na malfadada política do ceder para não perder, do agradar para não lutar, nós vamos entregando os pontos, os pontos, e os pontos. E cu aproveito a oportunidade da excelente exposição, tão sin1omàtica, que o Cel. Dickens fez aqui, para por cm realce a importância desse aspecto da questão. E, em conseqüência, incitar os senhores a que cada um - na sua vida particular, nas suas famílias, nos seus locais de trabalho, em todas as formas de relações que tenham aproveite a ocasião para expor isto, para manifestar isto, ix,rque esta é a arande torção das mentalidades na qual nós nos encontramos hoje em dia.
Daí decorre um fato extraordinariamente extravagante. Nós, que somos os homens da ordem, que andamos escrupulosamente dentro da lei, que temos o desejo de tratar cordial e amistosamente todo mundo que nos dê garantias de não estar do lado mau - mas que na defesa da boa ordem atacamos o comunismo, que é o inimigo irremedlàvel e fundamental da boa ordem -, nós passamos por ser os intratàveis. E os da esquerda, que têm campos de concentração, prisões políticas, que matam, que confiscam, que dissolvem as familias e fazem toda espécie de mal, a esses é preciso agradar, pois, estão equivocados ... Desmontar esse estado de espírito centrista é um dos objetivos essenciais da TFP. E ao longo de todas as suas Uma pa rábo la campanhas, a TFP dirige-se cordial- exp licaliva mente ao centro e diz: "Os esquerdistas estão destruindo a vocês! Eles estão Uma noticia publicada hoje por confiscando suas propriedades! Vamos um quotidiano é muito significativa lutar juntos contra esse confisco". do que eu acabo de dizer. Os trabalhaO resultado é um sorrisão de tan- dores e os proprie1ários de zonas ontos proprietários: "Nãããoo! Vamos ad- de ainda existem onças, estão vendo mitira ReformaAgràriaem algo, assim os seus rebanhos dizimados por elas, eterficam-satisfeitos-e-nãcrvãcrexigi -e-não têm-defesa-;-porque-a-legi~lação uma Reforma Agrària total". Nós dize- não lhes permite matá-las. Estão ali mos: "Vamos impedir qualquer Refor- criando o rebanho; cstà ali a onça que
quer comer o rebanho, e assim roubar o trabalho do homem; e este não pode matar a onça. E o mesmo sentimental que tem pena da onça, vé com mà vontade o homem que cria o cordeiro para matá-lo. E acontece que a onça acaba tendo tanta liberdade, que està ameaçando a vida dos cordeiros e dos homens. Quem forma uma idtia otimista e sentimental da onça; quem protege a onça e não se lembra de proteger aquele que !Cm o direito de ser protegido - que é ames de tudo o homem acaba criando a seguinte situação: as onças devoram os cordeiros - é o caso concreto-, mas os donos do rebanho não podem defender os cordeiros matando a onça. Ora, isto é uma imagem expressiva da política do centro cm relação à direita e à esquerda. Não se tem o direito, pensam os cent ristas, de ter uma política fo rte com os comunistas. Ê preciso poupàlos, é preciso conservá-los etc. Os comunistas pulam para agredir ... : "Ah! pobre onça ... Deixe que ela mate a fome e ela não comerà mais cordeiros". Mas a fome dela é eterna! Enquanto houver onças, elas vão comer cordeiros. E o resultado é que as onças ficam ganhando a partida e os cordeiros apanham. E não há meio de ensinar isto aos centristas. Nós falamos, nós repetimos, e os cordeiros tomam sempre a mesma atitude, quase se diria intencionalmente imbecil. E esta imbecilidade é o principal apoio dos políticos esquerdistas que desenvolvem o programa de ação de que o Cel. Dickens acaba defalar. Tui situação existe, analogamente, em todos e cm cada um dos paises da AméricadoSul,cameu ver existe pelo mundo inteiro. Este é um ponto de luta continua da TFP, para esclarecer o público. E nós devemos sair daqui com a convicção exa1a, viva, tornada mais tÕ· nica por estes exemplos, de que ou fa. zemos a grande luta contra o comunismo consistir não só em apontar os males deste, mas em mostrar aos centristas a imbecilidade do caminho em que andam - ou mostramos a estes que eles sacrificam os cordeiros cm favor das onças - ou nós não teremos feito nada de realmente eficaz contra o comunismo. Es1a-é;-mi11hatte11horas-e meus-se- nhores, Altezas Imperiais e Reais, esta é a grande lição desta noite. O
CATO LIC ISMO - AGOSTO 1989 - 21
Ôrgão do Episcopado francês financia a subversã
MICHEL ALGRIN
1
La subversion humanitaire
0 /i,,ro ·do,iú 11 â(1 ,lo !tt,'~h,I Algri". O dut · .,1,.,,1,. capa, IÍrodo dt l't'!•Ísta sandinúla . i/u1 /ro o ltt1rd • ·..,.·''~ou"'"" """'' d~ Criuo " '""'"" d, t"~"" ,/,. rnlw,,rsâa
mfo sabe o\111e significa a sigla Fretifi\ mas eu so11 um esvecia/isto em reloçôes illlernocionuis e sei que significa Fren te de Liberlaçdo do Timor, 11111u orga11i::.açõo de g11errilha marxista" ( 1).
A polêmica reacende-se No fi nal do ano passado, a polêmica parecia entrar cm dedinio. "Estamos comemes em ver <111e cessaram os owq11es co111ra esse órgdo do qual somos/1111dodores. Nós con1in11oremos a defendê-lo contra rodos os processos de imençôes" - afirmava o Cardeal Dcrour1ray, durante reunião dos Dispos fra nceses cm Lourdcs, cm 29 de outubro de 1988 (2). A satisfação cio presidente da Conferência Episcopal francesa durou pouco. O livro de Michcl Algrin "A subversão humanitária - As boas obras do CCFD" reacendeu a polêmica. Depois de estudar o destino das verbas distribuídas pelo CCFD dura nte sete anos, de 1981 a 1986 , Algrin, pcrplc-
e. --ELMACH}f ----~ . ... . .- ,
T01'AS t,,AS
AJIMAS
QueéoCCFD
A quase totalidade dos brasileiros nunca ouviu falar dessa sigla: CCFD. Ela contém as iniciais do "Comi1ê Católico contra a Fome e para o Descnvolvimcmo'', organização fun dada cm 1961 pelo Episcopado francês e q ue reú ne 25 grupos e movimentos cristãos na Fra nça. Administra ndo a impressionanre sorna de 20 milhões de c,,p,, dn .,,,;,,,, 11ir,m,gUnu~ " E/ !tforhrt," dólares anuais, a principal fo nt e de re- finattâada ~lo CCFIJ com ,/i,o hrirn ,,,,..,.~,,,/a cursos do CCFD provém das ofertas ,lo nas rnltlas d~ Q.,,...,,ma, rm igrrfa1fra11 rcco lhidasnas igrejas daFrança ,duranN ·.,,, · r," ,,.· r /m~ ·,.s,ruçõ, l C a Quaresma. Pelo volume dos recur,1.,,,.,,,, · '"""'"· sos que movimenta é o principal organismo francês não estatal de ajuda humanitária aos países ~ubdcscnvolvidos. xo, declara: ''Oq11edescobrimosi11icia/O " casoCCFD"comcçouem 1985. me11te nos deixou descon certados. deA denúncia explodiu como urna bom- pois constermulos" (3). ba: o CCFD abusa da confiança dos Categórico. ele resume assim suas ca1ólicosesuaaj uda finaneeiraédcsti - conclusões : o CC FD é ut11 organisnada a regimes ou operações de guerri- mo que "/) mente aos católicos; 2) lha comunis1as, a movinl("ntos e comu- <lirige os fundos q11e ret·ebe para fins nidades de base ligadas á Teologia da tliferemes daqueles que os tloadores Libcr!aç!lo, a revistas de linha socialis- esttJo 11 0 direiro de esperar e para os ta e mesmo a pu 1c .1~· • ~ arn--sofidtrtrlos:---#-H'ttbttl lffl---1988 as dcnimcias se sucederam O - de Jato - pelo comunismo i111ernoCCFD defendeu-se mal cia11a/" (4).
AI,,
N
A FAC HADA, carirn1i va e humanitária. Na realidade, uma empresa de subversão. A acusaçilo C forte, mas bem documentada. O acusado: o mais im[)ortantc organismo humanitário francês, diretam e nte ligadoá Co nfcrfatcia Episcopal da FranA polêmica, que desde 1985 vem
agitando aquele país, h'âpouco recebeu mais lcnhaparn alimcmara fogueira: o livro int itulado '"A subversão humanitária - As boas obras do CCFD" (Edições Jean Picollec, Paris, 1988). Seu autor, Michcl Algrin. é professor de Ciências Po líticas na l·acuh.ladc de Dirci1 0 da Universidade d<.' Pari ~. Ele
mesmo cont a como nasceu a idéia de escrever a obra: ··comet.--ei o inlcressurme pelo CCFD e exa111i11a11do fl h:sla <los ilwncia1111•111os e e1 uados ,oressa orga11izaçt10 1101ei a presença te nomes estrunhos t·omo SWAPO, Poli.w1rio e Fretifin. Muita geme n:rU/11/('llt e 22 -
( :,\TOI.IC:IS1'.IC) -
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Pll'E8t,,O
,.,.,.s.
acontece o caso mais clamoroso de apoio à subversllo da Igreja Católico, financiando padres revolucionários e sustentando a mais perigosa Teofogia da Libertaçllo" (6). Além da subversão, o CCFD está comprometido com subsidiosa publicações de inqualificávcis padrões morais. Ademais da revista "La Bicicleta'', cujos artigos imorais são dirigidos aos estudantes chilenos, a revista também chilena "APS I" chegou a publicar na edição de 2/15 de dezembro de 1985, um "dicionário erótico" (7). Certamente não era para este fim que os católicos franceses concederam polpudas doações ao CCFD nas campanhas da Quaresma .. .
No llrasil, a revista " Trmpo e Pr,1rnça ", órg,i" do Ctnlro Ecumênica d, Oocumrntt1ção r lnformaçãu, finanáado fHlo CCf'O, fest,, ,..,.,,,,di,;âod, outubrod<!'/987, os 70 anos da Rtoolu,;âo ~umunisia na Rússia .
ja,
O método utilizado pelo autor foi reco lhereestudarcomatençãoocontcúdo e a qualidade dos artigos de revistas francesas e estrangeiras financiadas diretamente pelo CCFD ou publicadas pelos organismos que ele sustenta. O livroédivididocmduaspartes. Na primeira, Algrin analisa a doutrina exposta nas mencionadas publicações, e q ue norteiam a atuação do CCFD. Na segunda, à semelhança de um ''livro-branco' ' , o autor reproduz dezenas de documentos utilizados e mencionados na obra. O leitor encontra aí o quadro completo das verbas c rcspcctivos bencficiários do CCFD no período analisado, bem corno fac -símiles de folhetos, artigos, cartilhas e livros que comprovam as teses afirmadas.
Alguns exemplo s escl arec edores "'Todas as armas ao povo!!!" - é o titulo de página inteiro estampado pela revista nkaragüense '"El Machete", destinada aos camponeses dopaís e financiada pelo CCFD. Nos meses de maio e junho de 1983, a pubficaçllo trazia no seu interior matérias pouco humanitárias: inslruçôes ilustradas rela1,vas ao manuseto e 1/(/flwçoo ãofiizi de assalto AKM 7.62 e do fuzil VZ-M 52! (5). Para Algrin, "na Nicarágua
')Pamérica Jatlná
- EL SALVA!m VENCERÁ ! Apl,io ,i gu,rri/M comunista ~m I:.'/ &/!Jàd()r "" 1,,,/etim do Gn,po d~ S,,/id<Hiedad, cmn a AmiricaLatina, p"blicadoemLisboo,fin"nciado ptlo CCFO
No Brasil Alguns grupos e movimentos são subvencionados pelo CCFD cm nossa Pátria. Por exemplo, a Federação de Órgãos para a Assistê ncia Social e Educação - FASE, que publica uma revista dedicada ao sindicalismo agrário e à Reforma Agrária. Tumbém o Instituto Brasileiro de Anàlises Sociais e Econômicas - IBASE, em cujos catálogos de publicações estão obras sobre as Comunidades Eclesiais de Base e livros dos irmãos Leonardo e Clodovis Boff sobre a Teologia da Libertação. Algrin menciona ainda outro o rganismo apoiado pelo CCFD: o Centro Ecumênico de Documentação e Informação - CEDI, que edita a revista ''Tempo e Presença", de linha socialista e ecumênico-progressista. A publicação se apresenta como "um instrumento de rejlexdo paro o ecumenismo l·omprometido com a construção de uma novo sociedade" (9). Além das mencionadas entidades, vários movimentos de cunho político , designados algumas vezes com rubricas curiosas, aparecem na re lação de beneficiados pelo CCFD no Brasil. Alguns çxemplos: "Atividades concernentes aos Direitos do Homem: Comissão Justiça e Paz", "Assistência Jurídica aos trabalhadores e associações de quarteirão (Centro de Defesa dos Direitos Humanos de Joiville)", "Formação de trabalhadores rurais no sul do Brasil", "Organização de comunidades de base com a Comissão Pastoral da Terra", "Educação popular na comunicação", "Projeto cultura l dos trabalhadores do Vale do Aço'', '' Animação cm bairros operários" etc. (10) .
Os olhos dos franceses se abrem
"É vital para o sobre1,1ivéncio da Quem imagina que o CCFD ape- Igreja colocar à luz do dia as verdadeinas colabora com os movimentos em- ras atividades de toda esta rede marxispenhados cm destruir a civilização ta que A deslrói do interior" - afircristã ocidenta l, não conhece a reali - ma Algrin (li). E para justificar seu dade inteira. Alguns governos de pa- apelo, cita alguns números. "Com baíses já "libertados" são premiados se em 314 organizaçôesjinanciadas pecom auxílios pelo CCFD. Assim, ver- lo CCFD, de 1981 a 1987 (algumas o bas para os regimes comunistas do foram muitas vezes), aparece e/aramenVietnã do Sul, Laos, Cambodge e te que só 53 projetos tiveram uma finaaté para Cuba foram concedidas. lidade ligada diretamente ao desenvolAlgrin explica que tais ajudas visam vimento econômico e à saúde, ou seja, "consolidar 11m regime marxista" e 17% do conj111110. 70% das organiwçoes em, ao conffá1'1õ;"]R5rjTmlltdffde- , ã]udãrõs1siema nesta {}ff/cf os de rec·onstruçOo que segue o guerra a formação, a educaçllo 'popular', a revo/11cionária' ' (8). edição de revistas 011 manuais de educaCATOLIC ISMO - AGOSTO 1989 -
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çtJo marxista, cujos amostras acabumosde ver, 011, enfim, opoli1ico"( l2).
Ousando afirmar que o CCFD emerge como "11m novo poder" que tem como missao "1ransformar as 111en1alidades e as esmuuras", Algrin sustenta que "é uma espécie de Igreja paralelo que se esboço" (13). "Os olhas se abrem", afirma Jac-
ques Bonomo, cm artigo estampado em "Figaro-Magazine", cdiç11o de 11 -3-89, o qual 1rata da impressionante queda dos donativos ob1idos pelo CCFD, nos últimos anos. Coincidindo com as denúncias lançadas , a partir de 1985 a arrecadação do CCFD gradualmente caiu: 11 8 milhões de francos cm 1985, 87 milhões em 1986, 83 milhões cm 1987 e apenas 70 milh0es em 1988. Para o articulista, os católicos franceses tomam consciência do abuso de confiança que representa o CCFD ''engrossando, em nome de Cristo, o tesouro do guerra da sub~·ers/Jo mundial", o que aparece como "o mais imoral dos escândalos" (14).
Os números. de fato, indicam que a opinião católica francesa já não deposita sua confiança no CCFO como ounora. E, a seu modo, exprime seu pro1esto, participando de maneira crescente da estupefação do aU1or do livro "A subversão humanitária - As boas obras do CCFO" . Tui espanto, Michel Algrin oe)(primiu com estas duras palavras: "O homem que escreveu este livro (... ) esta1•0 espontaneomen1e inclinado (de inicio) o apoiar a oçtJo do CCFD (... ) Quof niJo foi seu espanto ao descobrir que os fins perseguidos eram completamente diferentes daq11eles queefe imaginava. Pensando mergulhar em águas claros, caiu numa cloaca. Sw:, revo//a interior foi tal, que ele decidiu apresentar seu testemunho, donde as páginas que se seguem'' (1 5) . ATÍLIO FAORO
Notas (1) "30Giorni" td.
portuguesa. dc~cmbro L988.
1~ :~:~i:~!;~!i lliu::fG~~~~~~~.-.~;~~~~ 1 1988. p. 12. Picolltt, Pari~.
li:.?Jolltn;r.~~~~:;ugucsa.dczcmbrol988. (7 ) Op. ci t,, pp. 162-163 18> Op. cit., p. 14. PP- •9--52 e (LO) Op. d1 .. p. 160. (ll)Op. cii .. 11. 14 3-
~~:h~-:. .
"'Tempo e Prescnçi".
Sentido autêntico da democracia O OI RETOR desta revista recebeu do Revmo. Mons. Emílio Si lva de Castro um opúsculo de sua autoria com amável dedicatória, e cujo título - "Sentido autêntico da Democracia" , Presença Edições, Rio de Janei ro, 1988, 28 páginas - indica já a final idade do estudo. O referido ecl esiástico espanhol, conhecido amigo do Brasil, é professor universitário no Rio de Janeiro. Apresentamos a seguir tópicos dos mais significativos desse interessante opúsculo, no qual transparece sem dúvida o amor de seu autor para com a autêntica doutrina político-social da Santa Igreja e seu profundo conheciment o dela.
Há " uma espécie de legitimidade internacional, que impôs na opinião pública mundial a adesão à democracia, como se se tratasse de verdadeiro dogma, matéria de uma fé profana cujo objeto é a religião democrática( ... ). Acontece porém que a palavra democracia tem scn1ido plurivalente. São duas as suas acepções mais comuns: a) a democracia autêntica, em seu significado tradicional aristotélico-escolástico" e "a democracia moderna, liberal, de sufrágio universal", a qual "es1á ocasionando a ruína social dos povos modernos. que após a Revolução Francesa a adotaram e que os mantêm cm permanente estado de ansiedade e revolta". A "verdadeira democracia que explanamos, teoricamente inatacável, descansa numa série de pri ncípios de ordem natural e revelada que concebe o homem como ser transcendente, sujeito o mais importante da criação, portador de valores eternos, ordenado a Deus como a seu fim úlii mo". A democracia moderna "rousseauniana e liberal , baseada cm princípios radicalmente opostos, cont rários ao pensamento cristão'', destruiu "todas as estruturas orgânicas da vida social que através dos séculos tinham sido criadas". Nela, "os votantes constituem uma massa amorfa, seus elementos são átomos, geralmente teledirigidos pelos que dominam os meios de comunicação e a dinâmica da agitação". As " democracias modernas de modo nenhum podem dizer-se a utênticas e representa1ivas". 0 5 do :~~o~ c~:~t;i~~/~~~~n~,i:~ cnh::~~~ , ~~;~~~:ac,~!n~~t:;r~~ buern, nada têm de democracias; sendo na realidade totali1arismos 1 ~ugn°c:crv~~:. ~i~!~:~~=n~~u~u~~on;r:v:~ :,~ :,u~~~ as democracias modernas silo o meio e a passagem para essas oueras formas totalitárias". A democracia autêntica é "ótima for ma de governo, sem exclusão das outras duas formas, igualmente legitimas. a monárquica e a aristocrática, e que poderilo também obter a preferência daqueles
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24
~
CATOLICIS MO--: AGOSTO 191!9
do de sua experiência pcssoal , o Cd. Dickcns dcclarou: ''Visitl'i 11/ii111a111e111e
',
l'úrios J)llÍses da Améric(I Ce11tral, acabo de chegar tie E/ Safrodor, onde esiiw para a tomado de posse do Presidente Alfre<lo Criuiaui, velho couhpcido meu, que me havia c:011vidado. É de se perguntar
,l
~ TFPs em ação Confe rência de coro nel ameri ca no A CONV ITE da TFP, o Cel. Samuel T. Dickcns, o qual teve destacada atua-
ção como piloto da Força Aérea norte-americana durante as guerras da Coréia e do Vietnã , e que
vem se dedicando ao CSIU· do e à ação ideológica contra o comunismo, proferiu, cm 9 de junho último, conferência no Mofarrcj Hotel, na capital paul ista. Ao .iprcsentá- lo às 700 pessoas presentes, o Prof. Plínio Corrêa de Oliveira ressaltou que o confercn-
por que Ef Salwulor ainda 11Uo co11segui11 ganhar a guerra contra a guerrilha, o FMLN, após nove anos. O Jato é que, ammciada a realiwçtlo de efeições livres para presidente, 1·eio do México u fim de participar dos debales o chefe da ala política dos com,mislas S(llvudorenhos, declarando que co111i1111a em conrmos com a ala armada ~ o FM LN. E isso ocorre enquanto a ju1•enwde perde sua vida em combate, er,qua1110 as pessoas são mwiladas co111i1111amente pelas minas omipessoa que os guerrilheiros colocam ao redor das povoaçóes.' · 'A propagall(/a da esquerda comra E/ Salvador sempre fala dos esquadrôes <la morte, o que nao passa de pura propaganda <.'O· 1111111ista. A realidade é que, enquanto os líderes da ufa política aparecem em /Júblico, na televistlo,
cisia fora condecorado duas vezes por sua participação cm 233 missões de combate, tendo sido tcmbém comandante da base da NATO na Espanha. Como especialista em assuntos relacionados com
a América Lat ina. o Ccl. Dickens tem assessorado militares e políticos de realce, deitando especial empenho cm desfazer os mitos postos cm circulaçno por intelectuais e pela midia esquerdistas. Segundo tais mitos, o socialismo, mesmo falido na Rússia, seria uma icndência populauenL'1SJ.'.J:ns;l<LJJcQ..j..;J
Ocidcmc e cm especial na América La1ina. Fa lan-
\'w~,m,oJ>, ',/ " <!Ulfl'f,\ •s,,,t, 'j·:,,,· , du (;ri. /Ji,·h1u .
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Tf'I'. "" ,uuH1,;,;,, do M,if11rr,j / /.,t,I
CATOI.H :JS/'.10 -
A(;QSTO 191N -
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TFPs em ação a ala armada continua a assassinar quase diariamente os da direita, e isso jamais sai na imprensa dos Es1ados Unidos. Mas, se um pobre capil:'lo do exérciio marn em combate dois ou três guerrilheiros, ent.'10 todos os grupos de defesa dos dirci!os humanos se lcvan1am cm protesto. É fáci l imaginar ades-
esta Capital. O documen to demonstra que, sob os efeitos de uma propaganda pseudo-centrista, opais vai de fato resvalando rumo a uma esqucrdizaçào. Abrindo-se assim campo para o reaparecimento de um novo Kerensk.y que, na trilha do moralização que isso causa falcei do dcmoerat a-cristão no exêrcito e no povo sal· ''1- Eduardo Frei, prepare terreno para um outro Salvadorenhos''. Referindo-se ainda às rc- dor Allendc. centesinvestidasdocornunisRessalta a TFP : embomo internacional, ressaltou ra o anticomu nismo milio Cel. Dickcns: "Embora tante se faça presente na sendo 11111 fance de /JfOpaganplatéia (ou seja, entre os da, o livro 'Pereslroiko', de eleitores) o mesmo não Gorbatchev, deixa emrever ocorre no palco político, que essa refor11111/açao era onde numerosos dirigennecessária, porque esta\'a to- 1es não-social is1as empe/a/mente em processo de des- nham-se cm dilu ir suas trniçtlo a economia da UniOo posições ideológicas, paSoviética. NOo é /a{ livro, ra se mostrarem o mais portanto. 11ma munifestâçlio centristas passiveis. Manide bou vo111ade, mas constiwi 111110 tentmiva de impe- fes1am eles uma espécie dir, apesar da produçllo tle de respeito humano, pelo armas, que a Rússia lenha qual tomam habitualmenuma eco110111ia q11e a colo- te ares pragmáticos, sem que entre os poises menos jamais declarar-se a favor desenvolvidos do Terceiro de princípios definidos. Entre outras razões , levaMwulo''. os a isso o mito habilmente divulgado de que as maiorias são esquerdisias. Na realidade, a maioria do povo chileno rejeita a esquerdização, e mesmo entre os 540"/o de eleitores que no plebisci to de outubro último votaram pelo "não'' à permanênSANTIAGO - Uma cia de Pinochet , encontrasubstanciosa análise do se uma ponderável parcepanorama político chile- la decididamente contrária no, com vistas ao pleito ao socialismo e ao comupresidencial de dezembro nismo. Apenas considerapróximo, foi dada a públi - ram eles pouco cmwenienco pela Sociedade Chile- te outorgar um mandato na de Defesa da Tradição, de mais oito anos a Pino1•am1 ia e ropric1.1a1.1e. ... ..... , " v através de manifesto no de pressão internacional jornal ''El Mercúrio'', e eclesiástica pró-esquerda.
Moderados tendem a favorecer a esquerda
26 -
CATOUC!SJ\ 10 -
AGOSTO l':l!JIJ
O manifesto da TFP cita ainda, para fundamentar sua assertiva quanto à inconsistência do esquerdismo junto ao público chileno, recente entrevista do conhecido sociólogo nco-socialista francês Alain Touraine, reconhecendo o êxito econômico alcançado no Chile e não descanando uma vitória direitista nas próximas eleições. O documento aponta por fim a analogia entre a índole da Democracia Cristã chilena - partido que se apresenta como centrista por excelência - e a facção dos Girondinos, da Revolução Francesa. Em 1791, os depulados majoritariamente provenientes da província da
Gi rondaconslituiram uma força revolucionária moderada, de burgueses favoráveis à extinção incruenla do Antigo Regime. Após a Assembléia de outubro de 1791, ingenuamente imaginaram eles que a Revolução estava encerrada. De fato, ela se desdobraria na etapa jacobina, que chegou a ter aspectos comunistas durante o Terror, cm 1794. Dessa for ma, os girondinos passaram a ser sim· bolo de todas as correntes ideológicas cent ro--esqucrdistas, tributárias das extremas esquerdas, às quais aparentemente combatem, mas secretamente admiram. A situação se repetiu em 1917, na Rú.ssia, onde a queda do czarismo se deveu à açao de uma burguesia com espírito girondino, que favoreceu a ascensão do socialista Kerensky, o qual, por sua vez, entregou o poder ao comunista Lenine.
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CATO LI C ISMO AGOSTO !9B9 -
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ERDIDO NA floresta, surge em meio a densa névoa azulada, banhada pela tênue luz do ocaso, um castelo de sonhos. Oir-se-ia que o prodígio de uma foda, conjugando luz e neblina, modelou num recanto do paraíso sua morada encantada ... Para as crianças, as fadas são a personificação de um mundo
P
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do o Anjou e o verdejante Maine, cada uma com características próp rias, s3o interligadas por essa extensa e fertilíssima bacia fluvial. Incrustada como um colar de diamantes nesse território privilegiado - um dos berços da Civilização culta e brilhante do Antigo Regime - encontra-se uma série de fortificações, de castelos esplêndi-
ça, Chaumont conservou algo da austeridade militar própria às antigas fortalezas medievais. Fosso e ponte levadiça, torres de vigia com seteiras guarnecem o castelo que, entretanto, já não conta com as sólidas muralhas típicas das construções dos séculos XII e XII I. Seu telhado cônico de ardósia, escurecida pelo tempo, contrasta
FANTASIA
NO VALE DO LOIRE maravilhoso. Para os adultos, es- dos e de residências palacianas, com a alvura das paredE:?s, discretase " paraíso" chama-se Vale do onde outrora pulsou a vida políti- mente ornadas com brasões e renLoire, o jardim da França. NelE:?, ca e de corte fran cesa dilhados esculpidos na pedra. A o gênio francês, inspirado pela CiExemplo magnfficode uma des- profusão das chaminés confere-lhe vilização Cristã, prodigalizou obras s.1s jóias do Loire é o castelo de um tom de va riedade e bom gosmagníficas. Drenou pântanos, fez Chaumont, que aparece na foto to, acentuando a nota de fantasia recuar feras, abriu caminhos e trans- desta pílgina envolvido pela nebli- presente no conjunto. formou as florestas cm bosques na do outono europeu. Ncssa estaChaumont emerge das brumas encantadores. ção do ano, as folhagens das árvo- e da floresta como do fundo dos O Vale d o Loire é um jardim res adquirem rica matização de co- sécu los, cvocando um passado cheio de variedades. Com precn- res que as tornam especialmente cheio de sign ificado histórico, de de a região oeste da França banha- belas. A delicada luminosidade personagens célcbres, de episóda pelo rio Loire - o qual, em da atmosfera e a amenidadc do cli- dios por vezes dramáticos. Realçaseus 1.010 quilômetros de extensão, ma propiciam um bem-estar tempe- do pelo esplendor da natureza oné o maior do país - e alguns de rante, que prepara os espíritos pa- de se encontra, o castelo permanescus afluentes, como os rios Cher, ra enfrentar as inclemências do in- ce como testemunha de uma civililndre, Vienne, Thouet e Loir. Oi- vemo. Embora construído no final 1.açào que transformou o Vale do rpmvfncias;.:omprcenden--do-séeulo-K-\L,em-plena-RenasceJ\--Loire-no..jar.clinun,_ _ __,__
Af01UCISMO N? 465 - Setembro de 1989 - Ano XXXIX
As facilidades promc1ida s s:\o de talordem,quea iniciativa tornouse conhecida como o "Mini-plano Mauhal"doUSte. Cus1aromprccnderquecritérios nortciam 1a! política, a qual ccnamemecau5arácuforiaaGorbachev.
INDIGÊNCIA MENTAL
MASSACRE IMPUNE 11cm nomomcntoemqueocorriaomassacredosesiudantescpopu lares na Praça da l'azCdeslial, cm Pequim. o diário "Women's Wcar" publicava um suplemento in1ciro,emrores,sobrccomooves1Uárioinspírado n05 uniformcsdos GuardasVermclhostornava-scdcliciosamcnte chique no mundo da modano11 c-amcricano! /\gora, apó!i aquela carni ficina promovidapelosromuniscas,aA dmini~tração norte-americana acompanhada por vàriosou1ros lidcrcs ocidcntais- apressou-sccm dcclararquenãoadornráreprcsátias firmesromraaChina. po1julgà-lascontraproducc.-n1es ... Afirmaçõe; desse gênero n.ão desestimularão oscheíes marxisrn s - aindacomasmãos 1imas dcsangue - a intcmarnov:1s ·· proczas·· . Ant espelocontràrio ...
Stnossasf}Otencio/idadesnaluraisfossemronvenierrtelll('n/tap/oradas-semas interferénciardescobidas do Governo - mJo haveria romolemerporn=osrleslinos.
PERPLEXIDADE QUE AGRIDE Nocomun i,atlofinaltlareunião dccúpula,promovidaeml'aris,pclo5se1epaiscsmaisindusirialiZ3dos, 1oduua1cn,çõcsdmliderc:sociden1aissedirigiramaomundocomunis11,em particular à l'olônia r Hun · gria, cujas economias obsole1as e damorosamcmc tlcficit:irias passa r~o a contar com o d«isivo apoio docapi1alismoimemaci<N1al,n.atrntativa clesesperada clc soerguf-las.
A EVIDÊNCIA DOS FATOS A balanço comercial brosileiru ffSistrQUnomtsdejunhoosuperu-
vilr«ordede1.1bilhlJndedólurtS. Com essr rr:sulstHIO, o saldo do semestrt' 111/nge 9.1 bilhrki de ddloresrontr118,6bi/hl)esdel988, co111expo11sãode6,5porfi'ntO Coeformeodiretorda Ctmeiro de Comércio CX1erior do &mro do Brasil-C«tX, Numi, Salek, tuis resultados Qjastum qr,ofqwr hipólese de o Pais errlrar "em poffl/uso", poiso1owllsuficien1e11orasaldar1110s osromprom/s$0s,,x1ern0$. Comose"',n4oobslanteossucasivrudesucm0$ dupülitico et:o-n6miéõ::jinontt,ro gol'trnamental, oiniciatfrt1privadamon1lm-sepufentt,
2 -
CATO LIC ISM O -
Setembro 1989
O Tribunal de hs/Íf/1 dt Silo 1'1111!0 - cidadeondeusFaculdodi:sdeDif"f'ilopu/u/0111 - mfo,·em co11S4>Kuindo selecionar. MI núm~ ro suf"icierrte, currdidotos hobilitudosporaoscurgosdej"itepromo--
,M.
Co16s1ro/l' 11116/ogo vtrifiro-se com440bochoréisejulusmilitonles(luedisputo,·0111vagas1w1"ribunaldelustiçade Brusllia. Aofi11ol das provas, o Dewntxi,:odor que prtSidiuutxirrcuexuminodoro exibiu os resultados: ape,rOS qua1ro upro,·ados. Do jornalismo d engenharia, Jus â~ncias sociois 6 medicina, 11enham ramo do saber escopo õ degringQ/udagero/.
MARCHA DA IMPUNIDADE No Brasil,h.:i85milcriminosos encarttradosesecakulaque80
mil devam estar à solla pelo Pais afora. Segundo Muylacrt Antune1., ex-secrctllriodaSegurança l'ilblica c Jusiiça de São Paulo. os mandados não saocumpridos porque os aparelhosreprcssivossllo inericicn1es,alémdoquenãocxis1cm sagas disfl()nivcisnosistcmapcnilenciário O amai secretá rio da Scgurança Pllblica de São Paulo, Flcury Filho,acresccmaquca legislação cm vigor"favorcccmaisaobandido do que ao cidadão", poi1 dei ~a a Polida "inibida e, às vezes, ma nietada". Im pedidos pela nova Consri1uiçãodccfetuar pris.õcssem manda · do. os homens da lei v&m-se na oon1ingênciadescri1aporumdel('Ja· docarioca;éprl!cisooonveocerbandidos e assallames a esperar quic1os onde es1ao. a1é quc a policia consiga umaordcmdcprisllopara detê-los ...
NOSTALGIA TEM FUTURO Millenwold l umupeguenorida de M,·aro (Alemanha Ocitltrrtul}.
pr6xima110SAlpes.rom8.()(J(Jhabi1on/1'11. NoslruloXVIII, Muthias K/01~. aprendeu no //(j/iaofaur violinos dea/1oq11alidudee, vollandopara suaMi11enwoldno10l,inkiouafobrinlft1a deks. Erui11ou suo arte 1/0Sfllhose vi:,;inhos, Do/surgiu umu tscol/l de fabricrm/l!S dt violinos qae rivaliwvam em qr1olidade rom osde Cremonu (llólio), onde SQ/Jressuiu111osmundialmen1efu1111r sosS1rudivarius, A irrduSlrioliwr,Jo, no irrkio do skulo XX, C/IJ/SOII 11 mudOllfU ~ ojll'Í(J dos artes4os de Mi11en1W.1//I, restando apenas uma meia dúzia deles, como rcmo11cwente.s dra111u/rudiçtJoemq11eo1rabolho 111unuo/eronobilitado11elofino gos1oartistiro,qualida~,1tmo1eriois tesroladealtaperfrif{lo. Porlm,oshubiwmesdut:idud~ :únha a/ema 1iverom sar11/ades de sea/10SSado!Einiciuramnes1euno co11111e1içôes unuais poro e.stimulor 011T01fu('t1Qde •iolinosfei/0$Urtesonolfllf'n/e, Forum 11/i6s ujudodos por uma 1endb1â111efK'ru/itodu 11 deixar~ ludo irrstrunmt/OS eletrônicos, demenorper/l'içlo rknico, subslituídospelostrudieionais,/ei· tos ó 111(10, com maior q1,alidade ucústktl.
,r_""-ae'.._-'"'<'~ .,:_,~.&..'-'-''1-1 renJo":~~';1id':·:::~;~;;;:símpd1iea rompe1iç,1o com Crtmo--
@AfOLTCfSMO SUM Á RI O NACIONAL O Assen tamento Pirítuba da Reforma Agrária, em ltapeva-SP, conside -
rado empreendimento modelo, de foto se revelou um fracasso . Ouvidos por nossa reportagem, os assentados reclama m amargamente ... 4
Assestando o foco nos pontos nevrálgicos A
t:~:~:sMb:n:~~~:sl~~l~~ta para favorecer os chamados sem-terra, con-
RELIGIÃO
Forn mprodigiosasasgraçasderramadas na França por ocasião d a pe-
~~~~:i::a '!tu: Gr~~J{;,:~t 1
durante a2' Guerra Mundial.
19
HISTÓRIA
Há50anos inidava-sea2• G uerra Mundial. Uma previsão sensaciona l do pacto Ribbentrop-Molotov. 26 INTERNACIONAL
Em Paris, as comemorações do bicentenário da Revolução Francesa, baseadas no "consenso", nãocon28
A questão - absolutamente chave para se saber se.ª Reforma Agrária está alcançando os objetivos alardeados - levou três colaboradores de "Catolicismo" a procurarem um assentamento considerado modelo de Reforma Agrâria, o Assentamento Pirituba, implanlado em 1984 pelo governo paulista no sudoeste do Esrndo. Após ouvirem vinte e quairo pessoas direta ou indiretamente envolvidas, elaboraram a presente reportagem que pode ser classificada de scnsacio11al. Sensacional porque revela pela voz dos próprios assentados que o Reformo A grário 111,0 sotis/a1. os trabulhutlores. E se ela não deixou satisfeitos exatamente aqueles a quem visou beneficiar, para que serve então?
PROGRE SSISMO
Frei Bctto resolveu comparar o recente Encon tro das CEBs, em Duqu e de Caxias- RI, à Revolução Francesa ................................... 30 TFPs EM AÇÃO
Algumas atividades das TIPs: Colômbia, Peru, Portugal, Espa nh a,
32
Brasil.
NOSSA CAPA Qb.,r,.1roda án,allldoAn.,ntam.,n 1<1Piritub.,, "m llapev•,ron,ide,ad(, ..-.,dclo,.,•l•mBi.., q.,. e,iU di.on1~ dclc, aprH<'fltam <> •m1Mn1" de •u1b>1i<;, fa,·cl,, rur•I. qu" a Rd"Of· m.oAgr,lnovaidis,,,min.andoJIOf!Od<,oteTri1ório=i<>n.o1 Folod<WillWIICru.t.
:i~~~ ~~~~'~s
1 1 T AL ;;;:i:1~:~:= ld: : :s~~:~:::~:ss:::i::: pois podem estar movidos por sentimentos de inveja, rivalidade ou ressentimento; aliás, de modo geral, os assentados são elementos desqualificados, moral e profissionalmente''. A hipótese equ ivaleria a di zer que a Reforma Agrária é feita para uma ralé, constituída por uma coleção de bandidos, de incapazes e de ingratos . Os defensores da Reforma Agrária encampariam tal acusação'!
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1
"CATO LI CIS.\1 0 " I: uma publicação m.,n .. J
~!;:~:,~~~e:".:'r:,:'º111ª Ltda. =T~;'!.~":;;Tablwli - Rq,Mra~= lua /dott"" F. - . ~ - 01u,r; - Slo 1•...io,SP1l .. S<l<d<S<l.,.bro.l01 - UIOO =:~u& M>n .. r,_.;,,,.,,61i! - Oll21i - Sto Paulo,SP - T•t(Oll)m.rnn
~"";'~;~:=-~; ~,,:;:,,::,:,~:-::,::;.~, ~~~~= R:;i,:1
;:~··t!,,ria~~::'·,s~<lil.,..,
Lut.o.- 1 .. J......_IWll/lll'l - 0lllO - S1oP..1o,!W
:::=::::;.t~-·~-,:::":.
::=::::.!r""~~0~.'...~"P~~'.
o :u:~!~~~:r~~!s;;t::b~:s~;:1 t\::~s~uº11!~~11! ~~:;~:;u~~::e.l ::~ produção, eles não ganham para seu sustento e o de suas familias. Responsabilipor est a situação diretores e técnicos do asse mame nto. transbordam de im1n1taçõcs contra quem aparentemente os encheu de beneíícios. de quem dependem, e a quem por isso mesmo teriam todo o interesse em não acusar. Em suma, sem pretender encampar as impu1açõcs con1rárias a direção do assentamento, os autores da reportagem fazem quesUlo de registrar que os fatos alegados provam que a adminislmç(Jo 11(10 co11segui11 captar o co11/i<111ro dos assenlados. Este é o fato bruto e simples, que a Reforma Agrária conseguiu produzir. Para os asse ntados, Reforma Agrária é sinônimo de subprodu1ividade, carêneia, injustiça, descontentamento, frustração. Mas, se a Reforma Agrã ria é impugmivel do ponto de vista dos princlpios,
zam
os
E
l"'~:"',~;;;.=:cc::-=.,. '-' '=,,=_=,=:-=,=·, ~,: ~; '-'~--j-~po~n,gao~:~;~:;ra-fru~trante-quando-analisad11 sob o 1ingulo-do!-fat 0$,Yllleu a
CATOLIC ISMO - St:tcmbro 1989 - J
Pirituba assusta Fagundes
clara e am ena manhã d e
pforllfUfo , é um fra ca u o completo. l 'iritub(I, 11or exe m)Jlo, é
'"' oo otimi.mio e d d e11preocupaçãa, Fa simd es, sorriden te e satiefeito, respira-
va contente o,,,.ekfre.,ca ar nwtirial, co11vert1anda 11a po rta da bar do port1,g ul!1 com um c011h ccirlo t1eu , o Dr. Geraldo. Enqi«m lO Fcigundes, qu e go,Ua r.>a
d e .se .sentir lu,m à vontade, calçava sandá liw e enverga va uma vUtma ca -
111i11a e11tampmla, o Dr. G.iral<lo, c,dvogado e faund eiro no ii1terior elo fatado, et/ Ultra coma sempre IH!J tid o com di.1crição e bom gosro. Os doU conver sauam animada m ente naquela e&qui."º da nui Mar1im f'rancW:o com a Martinica Prado, no bairro d e Sa ,ita Cecllia, na ca11i1ul pauli.11a; e11<111ina p arecida com </IW fque r 0 11/ra, mio / o,r,1e e1UW'Tinra1'(n1: doi.1--,xu,ord e· /d o ora16rio de Nosw Senhora da Conceiçã o Vítima doa 1'errorU1a11, m e$-
,w
4 - C ATO LI C ISMO -
& tcml>ro 1989
- " Você t1a be Geroldo, cfü:ia Fa g11ndet1 nbri,1do 11111 forgo .wrri!Jo em 5ua fa ce redanda, eJto11 1,ensa11do em tent(lr outra ve:: alguma coisa no cam po; o problema d (I Rt>forma Agró ri(I aca bo11 , não 5e ou lli! maU falar de nada , 11em rm imprensa 11em 110 teleui5Õo, e /X>rlant-O a perigo /m.J.1ou de ve::; bem que e u tinlm nuão d e rião me preocu1,ar ... " "t é é é, Fngund eJ, você :sempre o m eu110 re5po11d eu tronqüilo Dr. Geraldo, - cerklme 11te você 11ão ou vi u falar d o que e5tá aco11tece11do 110 Asse11tamc u10 l'iritulm, em llapeva?" " Piritulm? Asumtam ento? Bem ... " - - ..Olhe - Fagundes, se---ooci- niio vê maU n e nhuma propaganda sobre a R ef orm a Agrária, não é JX>rque não
de São l' mdo, que 110 Ílllcio foi !!tper-embombado, di::ium que era m<Xlelo e agora 11ir o 11 1,ma f11vela rura l, 05 Cf1mpoJ es f,io (I IK1t1d o1111d05 e 05 1raiK1/hadores de lá revollad os, porque ,liz.cm que foram engmiados .. . "
NOU-O repórter, q,~ aliá.1 ccml,ecia bem o a.u 111110, w r r iu e pe1liu /ice nço 11o ra enlror 11 (1 coriven a, d11n111fe a qmd :se informou mai!J detida me111e .sobre o tema. Algmu di~ 1le1>0U, Jain com 1m1 colega pum ltapcva, d e oride ri oJ trou• e es/a-re p o r1agem ,
De fo.t-0, o f 'agu nda não tinha ra-
mo 1,ara fi car tão clespreocupada ...
llll駷l·iil·l·!§::14i·i§3í·I A
PRESENTE nmortagem foi elaborada com base em depoimentos de vinte e quatro pessoas - registrados em fitas magnéticas - direta ou indiretamaente engajadas na vida do Assentamento Pintuba . Também foram consultildas noticias di! imprensa locill e nacional, documentos fornecidos por ilSSerHil· dos - tais como o estatuto da Associaça.o dos Assentildos - alguns relatórios da diretoria, balanços etc A peça rnais importante é o abaixo-assinado de vinte e nove assentados descontentes da áreil 1, enviado em janeiro de 1987 a diversas ,1utoridades, e que estrilnhamente n,,o teve repercussJ.o nil imprensil Neste documento, bem corno nos depoimentos orilis, afloram graves acusilções a diretores e técnicos do assentamento 1mr atos de autoritarismo, irregularidades financeiras e administrativas. injustiça s e falhas técnicas Nao compete aos autores da reportage111, feita em ma rço, apurar se as denúncias SJ.o verdadeiras, nem'>endossá-las. Servem os fatos alegados apenas como prova de que existe uma fogueir,1 de desco11tcnta mcntoda parte dos assent,1dos r nada mais do que isso
Na.o obstante, antes de publicar a 1>resente maté· ria, seus autores enviaram à Secretaria da Agricultura do Estado de S.'lo Paulo. na pessoa da Sra Rosemeire de Almeida. diretora do De1>artamento de Assentamentos Fundiários, comunicaçao escrita da existênci;i daq ue las imputações, perguntando se a Secretaria "con hece estes fatos. se tem alguma explicaçJJo para t'les e se tem pos!çJJo tomada em defesa dos acusados" Ao mesmo tempo, pediam uma entrevista com o atual responsáve l pelo projeto. abrindo espaço a um pronunciamento "da Secretaria da Agricult ura. A CO· mun1caçllo e o pedido ficaram sem resposta Finalmente, de aco rdo com as boas técnicas jornalísticas, os autores da reportagem confronta ram os depoimentos obtidos oralmente entre si e com os registrildos no abaixo-ass inado dos vinte e nove assentados da área 1. Nessa ve rificaç.'lo constataram. em t."lo expressivo número de depoentes, impressionante concord/lncia na narraça.o e intcrpretaç:io dos diversos fatos mencionados
Retrato de um assentamento modelo da Reforma Agrária
"MISTO DE ESCRAVIDÃO EDITADURA" ATilUO FAORO e NELSON BARRETO Fotos: WILLI AM CRUZ
E REPENTE Pirilubu virou notícia... - Assim s~ iniciava um artigo da conhecida revista "Reforma Agrária" (1), da AURA (Associação l3rasilcirn de Reforma Agn'lria), apresenta ndoo projctodoassentamcnto implantado cm 1984 em terras da Fazenda Piri tuba, nos municipios de ltapcva e ltaberâ, sudoes1e paulista. A orquestração publicitária que "de repente" lançou Piri!uba no mercado como "um exemplo de asselllamemo bem sucedido", com ou com a participação de conhecidos ó rgãos da mídia, como TV Globo, "Folha de S. Paulo" e "Jornal da Tarde" e atraiu ''visitanres que se multiplicavam" c:i1plica a revista - desde oficiais da Aeronáutica a1é o Ministro da Reíorn111 Agrária, o qual ''de lá miu ellfusiasmmlo ".
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História da Fazenda Plrituba Segundo o advogado Jairo Amorim, doSindlcãioRural de hapeva, a hlst ria da Fazenda Pirituba é louga: ..Nos ülos de 1950 a fazenda pertencia ao
depulado estadual Antfmio Vieira Sobrinho, mnheddo po, Ton;quinho Pereira. Eu sei por i1iformaç1Jes que ele acabou emregando essa fa<,em/a uo Bonco do Estado de Sllo Po11/o em pagamento <le um empréslimo que ele /e1•antara na ocasillo. Posteriormellle, o Banco transferi11 paro o Governo do Estado a posse da terra. Ent4oessa/a<.enda de 7 mil alqueires foi entregue a Lino Vinre11V, que se propunha a i11cre111e111Ur a plantaçllo <le trigo na regido". As terras da Fazenda Pirituba nao chegaram entretanto a ser cullivadas de acordo com o plano inicial. ''O Vin l"Cnzi nllo ti,rh(I condiçôes tle explorar toda a área, J!O..!!i!!!!_ cru muito ron de", continua o Dr. Jairo Amorim, "e foi permitindo in1•asôes aqui, ali e acolá. A 1•er(lade é que chegou ,111111 pon-
AREFORMA AGRÁRIA NAFAZENDAPIRIIUBA
em que a Fatenda Piri111ba 1illha q11ase (luu111as familias. Por volw de 1961, o Governo do Est(ldo rescindiu o contrato de t·omod(l/0 com Vincenú, e emrou l'Om 111110 açllo conlru o~· posseiros", Era imenç:'lo do emao governador Carvalho Pinto utilizar as terras para seu projeto de Reforma Agrária batiza10
CATOI.JC ISMO - St:t<·rnbro l!.18\.1 - .i
-·'3§·l·iil·l·i§1114i·l§31·1 Ao lad<> ,l<u Urr,u imjm>dutili<ll
tia Rif<Jr-ma A,rrária, : •,
pujantulawum, ,hparti~ulan, ,· ,,..,,1·...,m· mo
1doma/ucrua .. ,
do com o nome de Revisão Agrária. Mas elas continuaram ocupadas por posseiros, enquanto ações movidas pelo Estado se arrastavam na Justiça. Em 1973, nova tentativa governamental de regu larizar a posse da terra levou as autoridades a prometerem eseritura para quem assinasse um con1promisso de compra e venda com prazo de cinco anos. O ato governam ental limitava a aquisição a 40 alqueires por familia. Muitas cláusulas contra1uais não foram cum pridas, sobretudo da parte do Estado. En1 vista do caos criado pelas circuostãncias e por deoúncias de corrupçi'lo, as autoridades competentes chegaram, cm 1978, a instaurar um inquérito administrativo, o qual m1o logrou sauar a confusao reinante. Com efeito, os promitentes compradores - inclusive muitos que saldaram regularmente seus compromissos - aré hoje não receberam títulos definitivos. Começam as Invasões articuladas
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A falta de titu lação foi o fa lor propicio que inspirou a articulação de 6 -
CATOLIC ISMO - Sctembro 1989
um movi111ento de sem terras que dese• java ocupar a área. Liderava-o um engenheiro agrônomo da própria Secre1aria da Agric ultura, Zeke Hezc Jr ., que em julho de 1983 íoi incumbido pelo Governo Montoro de resolver o problema da Fazenda Pirituba. Diplomado em 1982, portanto sem experiência profissional, atribuía a ''tronqüilidodecom que enjren1avo os problemas" à sua militância de ci nco anos no movimento estudantil.(2) Para o advogado Jairo Amorim, esse agrônomo "burb11<lo, pe1isto, q11e deve ler vindo do inferno", só veio agravar os problemas já existentes. Em dia e hora marcados - madrugada de 13 de maio de 1984 - 250 famili as, 101alizando 1200 pessoas, com apoio dos Sindicatos dos Trabalhadores Rurais de Itararé e llabcrá, do Vigário de Itara ré, Padre Narciso, de poliricos como os deputados Sérgio Santos (PT) e ValdirTrigo(PMD H), chegaram em caminhões e ocuparam parte das terras da antiga Fazenda Pirituba. A Secretaria da Justiça, co,n o auxilio doliislifiifO --d e- Assuntos--Fun1.1i"â'rll) - IAF, entrou com pedido de seqücstro, isto é, apreensão judicial das ter-
vasores, permitindo que cerca de 160 das 250 familias fossem assentadas na área seqüestrada. Constituiu-se assim o Assentamento de Reform a Agrária da Fazenda Pirituba, composto de 3850 hectares e dividido cm área I e área li , at11bas sob a mesma direção, correspondendo a cada fa mília o cu ltivo de lotes de sete alqueires. Posteriormente, uma terceira área foi incorporada ao projeto. Assentamento modelo
"Fazenda Pirilllbu é exemplo para Novo Repúblico"; "Em Pirituba, um exemplo de ossentomen/o que es/6 dondo certo"; "Reforma Agr6rio: dois bons exemplos dados por Silo Paulo"; " Piriluba, exemplo vilorioso e sem mistérios" - eis alguns títulos de noticias de jornais e revistas que foca lizaram o projeto de Reforma Agrária, quando este ainda estava no início (3). O governador Mo ntoro, em fevereiro de 1985, cm apoteó tica visita ao local, onde desceu de helicóptero, chegou a declarar que "o assentamento no Fozendo Pirilubu é exemplo a ser seguido pelo Nova Repúblico", n1ostrando-se impressionado com a "experiência comunit6ria 11/i implonto<la" (4). Posteriormente, a propaganda em favor do Assentarncoto Pirituba utilizou- o- recurso- dc:-organizaratt-a-vcnda direta ao consumido r, nas entradas de vár ias estações do metrõ paulista-
-ti§·l·iíi·i·Meei4i·I#31•1 Um insensato sistema de crédito comunitôrlo No Assentamento Pirituba, os assentados têm o uso da ierra, mas a propriedade do imóvel é do Estado. Sem 1itulos de propriedade. os assentados não têm acesso ao crédito agricola, uma vez que a terra não pode ser oferecida como garantia para constituição de hipoteca. Sem créd ito, o assentado recebe o chão, porém não tem meios de tornar a terra produtiva. Como sair do impasse? O meio excogitado pelos executores da Reforma Agrária foi o de fornecer crédito não aos assentados individualmente, mas à associação deles. Esse mccanismo, aparcntcmentecficicntc, produzconseqüênciasestranhaseadvcrsas. a) O financiamento recebido pelo assentado, acarreta-lhe um ônus a título individual mas o dinheiro é crcdi1ado na conta da associação. O assentado é forçado a aceitar esse procedimento que lhe é apresentado como o único meio viável de acesso ao crédito . b) A diretoria da associação fica investida como administradora do dinheiro dos assentados, mas não responde por eventuais prejuízos e danos ocorridos em caso de má administração. c) Os assentados respondem individualmente pelas suas próprias dividas, mas como o crédito é concedido ao conjunto dos associados, eles ficam prejudicados na hipótese de um de seus colegas nao honrar seu compromisso. Alguém que fique doente ou deserte do assentamento transfere a divida para os demais. Assim, estamos diante de um sistema de crédito e gestão comunitários, que regra geral desfecha no autoritarismo arbitrário ou mergulha na corrupçilo. E o empreendimento assim constituído logo cai no descrédito geral. Foi __Q__gue_ocorrcu no Assentamento Pirituba.
no, de feijão produzido na área da Re- ro incerto. "O §Overno ndo ~ai mais forma Agrária. Propagandísticos sacos dar títulos de posse aos agricullores plásticos de 2 quilos ofereciam "Feijão que/orem asse111ados dentro do prograda Reforma Agrária", nos quais se ma de Reforma Agrária" (6), afirmou anunciava a colaboraçilo da Caixa Eco- sem rodeios Dante de Oliveira, c1111lo nômica do Escada de São Paulo, do ministro da Reforma Agrária. Bancspa e do Governo Quércia. b) O domínio da terra fica com o A TV Globo compareceu ao assen- Estado ou com uma associação de astamento e filmou a lavoura de feijão, -~ o tados. O Estado não distribui terras que apresentou como fruto da Refor- a ninguém individualmente, retendo ma Agrária. A filmagem, aliás, gerou o domínio delas cm seu nome ou, quanprotestos, pois focalizou pujantes la- do muito, no de uma associação de asvouras de produtores particulares na sentados que em tudo depende do Estaregiilo, cm vez das plantações dos as- do. " Só o associalivismo garante o susentados. ''Até filmaram o meu /eijdo, cesso do empreendimento .... só o traem vez do deles", qucixou-sccontraria- balho em comum, no solo sem dono, do Hcndrick Loman, agricultor vizinho livre de cobiras mesquinhas e interesdo assentamento e diretor da Copasul ses anti-sociais", recomenda, numa lin- Cooperativa Agropecuária Sul Pau- guagem pesadamente socialista, um dolista Ltda. cumento do ex-MIRAD, ao traçar dire''Belíssimo, com resullados 100% trizes para os assentamentos de Rcforpositivos" - declarou urna visitante ma Agrária (7). do assemamcnto, procuradora geral c) Colclivismo na organização da do Estado, Norma Kyriakos, que con- produção . À semelhança dos "ko/khosiderou isso possível graças à ''boa or- zes" russos, das comu nas chinesas, ganizaçdo dos assentados e ao seu espf- das "granjas dei pueblo" cubanas, e rito comunitário" (5). das agrovilas polonesas, a produçilo é coletivizada, por intermédio de coopeO "modelo" Pirituba rativas integrais de participaçilo obrigatória, nas quais o cultivo da terra, o No Assentamento Pirituba, encon- uso de máquinas e a comercialização tram-se realmente muitos traços de da safra são comunitários. O próprio um assentamento rnodeto, não no sen- Presidente Sarncy, em dcclaraçilo à imtido de exemplo de sucesso, mas de rcalizaçilo de um figurino pré-estabelecido para ser implantado pela Reforma Agrária cm todo o Brasil . Nm et1lrodas d, algumas tsla~s do mrtró E de tal maneira foi aplicado esse pauli<ta,w, propaga,ulí, tíco, ,acos plásticos fígurino, que se pode sustentar ter si- d, 2 qt<ilos d., " Feijão da R~forma Ag,-ária " do esta a ralân profumla do fracasso. Í""'"' of;c,cid.,, aos trans,unlu . .. Em outros termos, o Assentamento Pirituba foi modelo de assentamento coletivista, muitoscmelhanceàs fazendas colet ivas adotadas cm países comunistas, chinesas e cubanas, nfio cnoredendo nada ou quase nada à doutrina e aos hábitos da propriedade privada. Tudo no assentamento foi corrrn le a partir desse erro inicial. E dentro de umacocrênciastalianiana , tentou realizar o sonho utópico do coletivismo socialista, que nem a Rússia foi capaz de implantar, e cujos amargos frutos até Gorbachev hoje lamenta ... Por isso, o est udo do "modelo'' Pirituba tc111 particular importância, sendo oportuno aqui lembrar as caracteristicas principais dessc projcto colet ivista. a)Osassculados nfio recebem lílulosde ro rietladci11divitlual.Rcccbcm quando muito, uma precária concessão de uso, ficando em geral com uma promessa de outorga de títulos num futuCAT OLICISMO -
Scic m bro 1989 -
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-si§·l·iil·l·l§eeiêfi·I§dl·I Empregado d efende a ferra de seu pafrõo " Estouaquiparacuidardafazcndadopa1rao.Agora,o'cara'\'emagredireinvadiroquenãoédele,emao a gente tem que defender o patr;lo". -Assirnjustificaseuatodelcghima defcsaotra1oris1adaFazendaBcrgamini , José Milton Tavares, o qual, emno\'embrodc1988,dcfendeuàbalaastcrrasdafazcndacmquetrabalha Segundo narra o próprio José Mihon,ascondiçõesqucenvolveram o episódio foram dram~1icas. Quando gradeava a terra, viu-se cercado por oit~nta homens que, já dentro dafazenda,oameaçaramanunciando: "nós já estamos tomando coma da fazenda e você pode fugir e deixar o trator". Advertindo em seguida: " Ou você sai, ou nós \'amos pôr fogo no trator" . O empregadoresponde: "Mas cu estou em cima do trator,estoutrabalhando , estoucumprindo o meu serviço, a ordem de mcupatrilo".Novaameaçadosinvasores: "Nós vamos torrar você". Constatandoagravidadedasarneaças,adisposiçãodelcvá-Jas a eaboea desproporção numérica dos agres.sores. José Milton retirou-se do !oca!, levando o trator para a sede da fazenda. Os invasores apro\'citaram-sedissoparafustigarogado,oomointuitodcfazerestouraraboiadac romperaswcas Voltandoaolocal,dcstavczacavaloearmado. o tratorista pediu aos invaso res que "deixassem a criação em paz", poisestot1rnndo a boiada "vão matar uma criança , uma niulhcr, machucar um oturo, ca culpa será de vocês que andam invadindo o que é dos outros". Enfurecidos, os agressores disse ram : "Nós vamos fazer de você um bife, um bife bem batido,com mãodeoitcntahomcns''. E JoséMilton prossegucanarração: "Vieram igual uma capctada emcimademim , defoicc, fa cão,pcdaçodepau . Aícumcvirnuitoapcr· tado nas rnilos deles, dei uns tiros pa ra cima. Depois, quando vi que eles estavam muito cm cima mesmo, o que eu fiz, para defender-me, foi atirar na direção deles . Oitenta homens cm cima de um, o que agente fai,nãoé? ... " Apósoineiden te, noqualfo i ferido na perna Aparecido Pereira da Silva,ogrupode invasorcsseretirou da fazenda. A au toridade policial pareceu-ao-loc.aJ.....c...1-ocorrên.c· foi registrada nadelcgaciadc ltaberá .
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CATOLICISMO -
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prensa. "defendeu a formai;üo de pro· prie<ladescofeli1•as11asâreasmraisdesapropriadas para fins de Reforma Agrária", entendendo que o coletivismo agrário ' ·pode dar mais resultados do que a {Jropriedade individual" (8) Vejamos agora corno tudo isso teve realidade no Assentamento Pirituba.
Os sem terra continua m ... sem terra!
11lg11·
oulra pode dar um rebote. Se mio tiver docu111e1110, o Ertado pode resolver qualquer tipo de negócio.,_ Esse temor de João !Jatista tem 10do o propósito. Já ocorreram arbitrárias expulsões no assentamento . Por exemplo, com Waldcmar de Lara , exvice-presidente da Associação dos As· sentados da área l , o qual assim relata seu drama: "Eu não linha IÍ/1/lo de propriedade, me expulsaram, pois eu não linha garantia 11e11h11ma''. Afinal, se o domín io das terras não foi concedido aos asse ntados , a quem elas pertencem? As terras contin uam sob tutela do Estado, conforme explica Ana Maria Faria Nascimento, que foi coordenadora do projeto cm 1985: "As famílias assentadas m1o terão a posse <la !erra O que existe é uma a11toriwçao de uso da terra, 11111 contrato ainda precário"
Para animar os as~entados, o go\'crnador Montoro teria manifestado a cspcrança de que "a Justira decida pela emissão de /Ílufos de posse, que serão entregues às famílias assentadas" (9). Ora , transcorridos quase cinco anos da formação do assentamento, os assentados queixam-se da falta compiela de 1í1ulos que lhes dêem espcrança de sair da condição de sem terra ··Q11ando lava bonilo, o Mo/1/oro veio, (10) . i11ce11tfro11 o povo e disse que tínhaAté aqui esperaram em vão os as111osga11ho o pri111eiro ca111peo11al0 bra- -sentados pela titu lação, e, sem dllvida, sifeiro, q11e ganhamos 11111 peda~-o de cm vista da lei 4.957, promu lgada pe· /erra e que ele ia dar para nós um lilll~ lo próprio governador Momoro, cm lo de terra '·, conta o assentado J osé 30 de dezembro de !985, está fechada Soares Ramos, 56 anos, 13 filhos , da a possibi lidade de concessão de títulos área 1. de propriedade cm projetos de ReforSegundo ele, depois qtie o governa- ma Agrária patrocinados pelo Goverdor Montoro foi embor,1, entrou o Ze- no do Estado de São Paulo. ke lkze J r., que queria um documenSegundo dispõe aquele diploma teto cm nome da associação. "No bolo gal, os assentamentos comportarão a nós não queremos - desabafa - nós ou10rga de uma permissão de uso do queremos é um documemo individual imóvel, pelo prazo de até 5 anos, nupara cada um". ma "etapa experime/1/a{"; e, depois, ··Es~·e é o vroblema que está preoc11- numa ' 'etapa defini1i1•a' '. a outorga vando", afirma o assentado J oão Ba- de concessão de uso (arts. 4°, 8° e 9º) , tista Pereira, que foi presidente da As- e desta vez sem praw definido. Ou sesociação dos assentados na área 11 du - ja, os asse nt ados fica rão indefinitlanwn- rantc-dois-anos-e mcio::--f'ara·cle;-a faJ,,.- --te-na-posição-tle-~em-terra:;-poi~ eonta do documento de posse é uma ame- cessionário" ou "permissionário" é aça de expulsão: ""De 11111a hora para mui10 diferente de proprlCti"Hio. Por
S,:t<·mbro t9H9
-Fi#•i-lil•l·Mrri=H·l#dl·I isso mes mo, nõ'io po<lem vende r, deixar cm hera nça para a viúva e fi lhos, e realizar outros atos j url<licos incre mes à condiç!lo de proprietário: hi potecar , arre nda r e1c,
Fracasso econôm ic o Nu m primeiro momento, o projeto de Reforma Agrària do Assen tamento Pirirnba foi muito ajudado por setores governamentais, religiosos, políti cos, de imprensa, bem como pela Ll1A, Caixa Econômica do Estado de São
!ou-o acerca dos recursos existentes para os assen tamentos, decla ra ndo seu n..-ceio de <1ue " a e ventual nOo co11secuçOo ti essas metas /om eça um urg,mumto fort e àqueles que, por outras razôes, querem criticar o projeto de reforma ogr6ria", e q ue "se possa utilizar, mais tartle, estatísticas que niio r,os sejam /Ol'Orá1•eis .., Na respos ta, o Sr. Dan te de Oliveira demo nstro u q ue compart ilha da mes ma preocupação: ''Eu vejo o grane/e perigo pura a Reforma Agrária: de aqui a três 011 q11atro anos, os f)rogru-
la CA lC - Companhia Agrícola Imobiliária e Colo nizadora , empresa pertencente ao Gove rno do Estado de S;'io Paulo (extinta posteriormente). Com polp udos fi na nciamentos concedidos peta Caixa Econômica do Estado de São Paulo, a Associaçã o dos Assentados chegou a contratar bóias-frias para trabalharem em suas terras, num regime q ue, segundo nmicio u a im pre nsa , teria deixado " encabu lado" o próprio prcsiden1e da associaç;'io, Dclwek Ma theus, q ue declarou: ' 'Pura todos os efeitos externos, a assoduçao tem de uubalhur nos moldes cupitufislus. É co11/raditório, mas nilo tem como eviwr"( 12). Esta safra dos assentados foi apresentada pela imprensa como fr u10 do sucesso do pla no de Reforma Agrária no Estado de Si'lo Pa ulo. Segundo Benedito Domingues de Lacerda, "era jomul, revista e te/evislio" que davam ampla propaganda no sentido de ··mosuar pura o Brasil que aq11ele era um esquema tle Reforma Agrária que da1•0 certo". A ilusão da "safra capitalista" duro u po uco. Razão tinha Delwe k Mathcus ao dizer que isso era para "efeitos externos": a associação. constituida em moldes coletivistas e di rigistas, já na repartição dos frutos da safra 84/8S levou a conseqüências desastrosas.
fndl ces d e produtividade ma nipu lados
Paulo e o u1ras instit uições pl1blicas e mas de Reforma Agrária serl'irem coprivadas, Tui tratamento permit iu uma mo exemplo tlaquilo que não eleve ser sobrevida artificial, como se pode fa- /eito " ( JI ). zer com urna criança alimentada na csO " grande peri go"' temido por Dan1u fa, Mas agora, passados quase cin- 11" dl' Oliveira é hojl' intl'irll realidade co anos, não podendo manter o reben- também no asse nlamenlo " modelo" to permanentemente com vida artifi- do go w rno do E.stado de São Paulo. cial, o fracasso vai ga ngrenando o as- É o que passare mos a ver agura, come· senta me nto. çando 110r examina r o 11ue aconteceu Conscientes desse fenô meno, parti- na primmeiras11fr11(84-85) . dários da Reforma Agrária temem que o fracasso dos assenta mentos sirva de O apare nte sucesso argumento contra eles. Ê o que se cons- da saira "capita lista " tata, por exemplo, no debate ocorrido no Senado Federal, no dia 2 de dezcn1Na safra 84/8S, tudo correu bem bro dc-1986,_q uando a li...comparece para-a lavoura.-C:h11vas-reg11iares per o Sr. Dante de Oli vei ra, à época minis- mi tirarn excelente produç1lo em 1oda tro da Reforma Agrá ri a. O senador a reg i1lo. No Assenta men10 Pirituba , Fernando Henrique Cardoso interpe- a área [ teve suas terras preparadas pe·
Quanto aos números obtidos nessa pri meira safra, a propaganda manipulou os dados para impressionar o público. Por exemplo. a revista " Reforma Agrâ ria", da ABRA, em sua edição de maio/j ulho de 85 , apresenta eufórico ar1 igo de Zckc Bczc J r. e José Eli da Veiga , no q ual uma ta bcl;1 compara os resultados da safra obtida no asse ntame nto com a média do Estado de São Paulo. A safra de feijão, segundo os artic ulistas. teve o rendimento de 51 sacas por alq ueire ( 1,3 toneladas por hectare), enquanto a prod ução média de São Pa ulo ter ia sido 26,4 sacas po r alq ueire (0,67 t/ ha). A ma ni pul;1çi\o de dados torna-se mani festa, pois a rev ista omite me ncionar q ue a regi1lo sudoeste paulista - onde se situa o asscn1amento - obtéu1 indices reco rdes de produtividade de feijão que superam e-longe a média- do-Esrndo de-Si\o Paulo. Por exemplo, produ tores vizinhos ao Asse nta mento Pirituba, nessa mesma safra. colhcrall\ aci ma de 1lO CATOLICISMO - Sc1cmbro 1989 - 9
eeti§·l·iii·l·l§11i¼i·Md® sacas por alqueire plantado, segundo informa Hendrick Loman, há 18 anos agricultor na região. ''Naquele ano, quem colheu menos, entre agricultores da regilio, colheu IJ0 sacas por alqueire", pondera de sua parte o advogado do Sindicato Rural de ltapeva, Dr . Jairo Amorim, e conclui: ''E o Estado fazendo estardalhaço de q11e a Reformo Agrária dele colheu 50sucas". Os próprios meios oficiais tentaram supervalorizar a safra, como ocorreu na mencionada visita do então governador Montoro ao assenta mento, cm feverei ro de 1985. Na ocasião, teria ele afirmado que na colheita de feijão obteve-se "ótimos resultados", chegando-se a colher, "em determinadas áreas, até 80 sacas por alqueire, sem dúvida uma marca excepcional para o fei Jr1o" ( 13). A manipulação de dados revela-se também - no mencionado artigo, -
na apresentação do resultado da safra de milho. A associação teria colhido 57sacasporalqueire(l,4 t/ ha),enquanto a média no Estado de São Paulo seria 98 sacas por alqueire (2,46 t / ha). Portanto, já abaixo da produtividade média estadual. Ma~ a revista da ABRA deveria ter informado também que, na safra 84/85, na região agrícola do sudoeste paulista, a colheita de milho atingiu índices superiores a 300 sacas por alqueire! Com muita razão, José Carlos Bagdal, possuidor de um lote próximo ao assentamen10, externa sua perplexidade: "Tem cabimento tirar uma 1erra de um homem que produz 300/350 sacas de milho por alqueire, pura dar para uma pessoa pr0<lu zir 50, que é o que a turma do assentamento produz?" Depois do ano agrícola 84-85, cujo sucesso foi mais aparente do que real, o desempenho econômico do assentamen to foi de mal a pior, entrando
" No tempo que tinha patrõo, minha situaçoo era melhor"
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cm irrcmediâvet declinio. A situação hoje nas três áreas é melancólica, como se verá a seguir.
Areo 1: fraca sso e caos
Essa área, cuj a primeira safra foi
cm 84/85, encontra-se hoje invadida pelo caos e pelo desânimo. Todos reco· nhecem o fracasso econômico. O coletivismo e o dirigismo impostos através da associação arruinaram o ânimo dos mais empreendedores, além de provocarem cisões graves e profu ndo desagrado nos assen tados em relação ao esquema adotado. Para tentar remediar o fracasso resultante do coletivismo total, optou-se pelo coletivismo parcial, com a criação de grupos de produção compostos de familias. Novo fracasso. O endividamento dos grupos redundou na suspensão dos financiamentos, com a conseqüente paralização das atividades no ano agrícola de 88. Agora, é voz corrente que, no próximo ano, ca· da qual vai tocar as lavo uras por sua própria conta! Elias Ramos, que acaba de iniciar uma rOÇa à revelia da diretoria, ex plica a razão de sua atit ude: "Com esses diretores aí, nlio se tem crédito nem pura uma caixa de fósforos em 1/apeva. Eles es1tlo tr1o apurados que chegaram o falar que do a110 q11e vem em diante cada qual foca o se11 como puder".
Area li : atividades paralisados A reportagem encon1rou Manoel
Duarte, conhecido como "seu" Mancco, 59 anos, dez filhos, instalado na área 1, em misero barracão de pau-apique. Com a saüde abalada - sofre de bronquite, inchações no corpo e problemas de visão - explica que isso aconteceu pelo fato de ter espalhado cal virgem na sua lavoura com suas próprias mãos, sem nenhunia proteção. Signatário de um abaixo-assinado de vinte e nove assentados descontentes, Manoel Duarte confessou-se desiludido e mesmo " ludibriado" pela Reforma Agrária. Suas palavras demonstram amargura: "Entramos em comunidade, junto com a igreja, pensando que todos eram irmãos. Nr1o ia ter política, n4o ia 1er nuda. Todos concordaram. f,,fas depois, vimos que eles estavam querendo passar a geme para trás. E falavam: se vocés quiserem é assim. Se nr1o quiserem, o port4o de salda é fá em baixo''. D" Lindalva, sua esposa, compartilha a mesma decepção: "Perdemos o ano, nl1o lemos nada plantado". A família sobrevive graças ao trabalho dos filhos fora do assentamento. A familia de Manoel Duarte está ameaçada de despejo do assentamento, junto com outras oito, depois que corajosamente denunciaram irregularidades na administração da associação. "Seu" Maneco é um dos que já ·-s?niem sauda·dcrdo ttmp'Cr-enrque-nabalhava com o-patrãcr:--E"arrcmata:· "A minha situaçr1o era melhor".
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CATOLIC ISMO - S<:1cmbn:, 1989
A chamada área 11 , fo rmada simultaneamente com a área 1, foi desmembrada no segundo ano de atividades apenas por estar localizada a 10 quilômetros de distância. Os estatutos e o funcionamento da associação criada então eram idênticos. Com isso, o coletivismo dominante na área I projetouse na área 11 , trazendo em conseqüência todos os vícios e desgraças pró prios do esquema com unitário. João Batista Pereira,na1uraldeltaberâ, foi presidente da associação da área li durante dois anos e meio, e hoje é dirigente de um gr upo de produção. Com fisionomia desanimada, diz que "ninguém está agüentando mais" e "agora os politicos nl1o tém vindo. As coisos e~·,ao diflceis, o firw11ciamen10 já está atrasado, nao sei se vai sair. .. Es/amos tocuntlo ui tio jeito nosso". Os asseniailõsdií"áTcalnêrifnffi"tivos de sobra para dcsãnimo. As dividas se acumularam a tal ponto que os
llils3§·i !ii·l·i§::f¼fi·Mii·t la/mente fora de época. A prod11çJo logicamente 1100 ia dar nado". Quanto às demais safras, o resullado não foi muito diferente. José Pedro de Souza, 36 anos, três filhos, paranaense, com ar preocupado admite que no ano passado "deu 100 pouquinho '' e o pla ntio deste a no (feijão da seca) está atrasado. Em inicio de março, a terra ainda estava sendo preparada, enquamo as lavouras da região já crescidas e cm íloração. "A sobrevivência ainda é precária, só que a ge11le tem esperança que ainda melhore", lenta justificar-se o coordenador Marcos. Mais realista, José Lima da Rocha, secretário da associação da área 11 1, confessa: "M11iras pessoas v4o desanimando, v4o indo embora Éramos,
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Maisumavez,asus1entaçãoar1ificial, de estufa, explica a sobrevida da área 1[ 1. O próprio coordenador Marcos, entusiasmado, informa que tem sido saliente o apoio de D. Ala no Pena: ''O Bispo é muito interessado pelo q11es100. O Bispo goslou do trabalho e veio o tru/or, veio o verbo [da Misereorl". Informa ele ainda que a LBA concedeu também uma verba, a fundo perdido, para construção do armazém.
Coletivismo· origem profundo d o fracasso Segundo os idealizadores do Assentamento Pirituba, o coletivismo deveria ser uma carac1cristica essencial dcs1
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::r~ae~~r~~~:i!~!~'.ªro? vo para que Delwek Matheus afirmas-
se que '"o trabofho em conj111110 é u chave do sucesso'' do assenta mento ( 14). ''A expficaçiJo básica do milagre [da sa fra inicia li ni1o está no compojurldico 011 técnico, e sim 110 processo de organiwçõo do grupo de agricultores··. declara Zeke lle'LC Jr., no mencionado artigo para a revista da ABRA ( 15) Corno já vi mos, aos assentados foi subtraido o dirciio de receber titu lo de posse da terra. O Estado concedeu uma "aurori;.açao de uso" da terra, a título precário, para uma associação
sete tratores que possuíam, mais uma colhedeira, um secador, um caminhi'.lo Mercedes e um carro Volks foram vendidos em dezembro de 1988 para pagar as contas a1rasadas. Com isso, a atividade agrícola ficou paralisada, o galpão construido para depósito da colheirn está vazioeprecariamente adaptado para funcionar ... como escola
Área Ili: sobrevivência artificial Fruto de uma invasão, em abril de 1986, surlj:i~ a área Ili. inicia/iYQ - conta Atila Gera, proprietário rural na região - por1i11 <lo Sindicato dos Trabalhadores Rurais tle ltaberá, tlo1· prefeitos de ltaberá e ltupe~·a e du Igreja". Com apoio de D. Alano Pena, Dispo de ltapeva, depois de um ano à beira da estrada, os invasores tornaram as terras de Antenor Batista dos San· tos. Consumada a invasão, o Estado ent rou com uni projeto emergencia[, formando a área 111 , destinando 480 hectares para 106 familias. Quanto à produção nessa área, os resul!ados ainda são inexpressivos. Segundo Marcos Augusto Pimentel, tb.:nico agrícola e coordenador do ro·e!o, a pnme1ra lavoura deu só pura alimen1açi10 do pessoal. Foi um p/untio mais pof(/ico - explica - porque to-
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no inicio, 106 famílias, hoje nós contamos com 69". Comparativameme, as familias da área Ili estll.o ainda cm melhores condições do que as das áreas I e l l. Qual a razão disso? São os próprios assentados que dão a explicação. "É porque ni1o eslomos endividu,los, como o área li, que teve que vender /Of/o o muq11i11ário. Quem está nos ajudando bas1u11te é a LBA, ue o ·udou 110 ma uinário ant d vir esse trator tia Alemanha, da Misereor, e oi melhorou o situaçllo ", afirma José Pedro de Souza CATOLICISMO -
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-si=i·i·!ii·I·!§:: 4 - 99 • de assentados. Na prática, o Estado erigiu a associação em canal necessário entre assentados e Governo, em instru~ mento do poder estalai nas funções de organizar a preparação do solo, o plantio, a colheita e a comercialização da safra. O dinheiro concedido pela Caixa Econômica estadual, a titulo de íinanciamento, foi entregue não a cada associado, mas à associação, para que esta o gerisse, adquirindo máquinas e msumos No que diz respeito ao livre exerdcio do direito de associação, convém ressaltar a inautenticidade do modelo adotado no projeto. O assentado é forçado a aderir à associação, sob pena de cair em desgraça. O próprio estatuto, nos artigos 6° e 7°, prevê a participação nela dos lavradores integrantes do assentamento, e o associado excluido "será definitivameme eliminado doprojelO". Ni nguém melhor do que os assentados são credenciados para fala r a respeito. Vejamos o que eles têm a dizer.
Inconformados, vinte e nove assentados denunciam erros do coletivismo Um abaixo-assinado subscrito por vi nte e nove assentados da ârea I reveta que os "beneficiários" foram prejudicados pelo esquema coletivista
O abaixo-assinado nasceu de uma reunião realizada em 7 de dezembro de 1986, na escola da ârca 1, feita com o fim de analisar o desempenho do projeto e o papel da associação. Participaram da reunião nove assentados Antônio Vergueiro da C ruz, Benedito Domingues de Lacerda, João Gomes da Silva, José Benfica Nascimento, José Domingues de Lacerda, José Soares Ramos, José Porfirio de Azevedo, Manoel Duarte e Roque Ferreira de Souza - que acabaram redigindo os termos do abaixo-assinado posteriormente subscrito por outros vinte colegas Em janeiro de 1987, o abaixo-assi~ nado foi encaminhado à Frente Nacional do Trabalho, cm Brasitia, e a diversas autoridades. O documento não recebeu o devido realce por parte da imprensa A criação da associação só foi aceita "com o objetivo de que as coisas nos facilitassem na parte do crédito ogrlcofa e outros benejTcios", esclarecem os signatários, para mais adiante afirmar que a associação não correspondeu â expectativa, deixando um saldo negativo de 80% Mencionando como pontos positivos a construção de barracões, a aquisição de máquinas e implementos, e a relativa íacilidadc cm obter créditos, o documento consome cinco de suas seis folhas datilografadas para expor "as partes negativas, as que nbo deram
erto". Os assentados descontentes resumem desta forma suas queixas· "lº) O autoritarismo dos principais diretores e técnicos agrônomos que illlervém muito na associaçao, e que agem como aulénticos tlitadores. 2º) Mui1as injustiças por parte deles. Jº) Muita falta de esclarecimemo na parte administrativa com refaçbo ao dinheiro, o que tem gerado muita desconfiança por parle dos associados. 4°) fnsegurança na terra, visto que se tem 11111 documento (aU/orizaç(Jo de uso) em nome da associaçbo. 5 º) A diretoria é um fardo muito pesado para os associatlos, visto q11e slJo pagos os diaristas para c11idar da lavoura de sete famffias de diretores e outros da eq11ipe de manulençlJo. 6°) Dinheiro q11e foi usado e ntlo foi prestado conta (valor muito alto). 7°) Muitas falhas na parle técnica (serviço dos agrónomos)".
Algumas queixas do abaixo-assinado Na impossibilidade de transcrever todas as queixas contidas no abaixoassinado dos vinte e nove assentados, a timlo de exemplo podem-se mencionar: • Sumiço de mil sacas de feijão - Na primeira safra de feijão, mais de mil sacas ''foram 1·endidas pela diretoria e até hoje nenhum associado viu a cor do dinheiro"
árra lll utd s.obrroivtndo artifiâalmrnl,
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-f'§·l·IH·l·f§::f#i·l§dl·I • Saldo de empréstimo desaparece. - "Em fevereiro de 1986, obtivemos um empréstimo do Fundo Social (aproximadamente de Cri 500.000.000,00). Desse dinheiro soubemos que foi comprado um trator ao valor aproximado del00.000.000,00. Orestantem1osabemos o que foi feito". • Direloriaviveàscustasdosassentados. - "Somos obrigados a pagar diaristas para cuidar da lavoura do pre· sidente, vice-presidente, tesoureiro, secretário, mais três membros que cuidam das máquinas, e um que cuida do barrac/Jo; além desses, temos que pagar uma secretária que trabalha no escritório, cuidando do serviço que seria do secretário (Antônio Fernandes da Silva); temos ainda que pagar uma faxineira para o escritório. Ainda demos um carro do ano, Volks-Gol, para a diretoria, pagamos o combuslfvel e acessórios do carro, que mui/as vezes faz corridas para lugares sem nenhum interesse para os associados. Prova disso, é que domingos e feriados nr1o há expediente, porém o carro não pára. Além disso a diretoria come e bebe em restaurantes a hora que querem, e pagam a conta com o dinheiro dos associados". • Ameaças ditatoriais e insegurança na terra. - ''Como se tem um documento (autorizaç/Jo de uso) em nome da associaçdo, os diretores agem corno se fossem donos da terra. Não aceitam diálogo, nem idéia de ninguém. Se alguém reclamar ou falar mal da associaçdo, ou entoo tentar mudar alguma coisa, fogo vem a resposta deles: quem achar que nllo está bom, o port/Jo está aberto, ou seja, vá embora! Ou ent/Jo, chamam-no no escrilório e 'd0o a maior prensa', como aconteceu com Mário Arruda, Aristeu Pereira da Silva e Waldernar de Lara". • Autoritarismo e luta de classes: - "No começo de nossos trabalhos aqui no projeto, já tinham saído os primeiros créditos de investimentos e custeias. Estes créditos foram transferidos para a conta da associaçao, para serem administrados pelo presidente e pelo tesoureiro. Estes, em hipótese aiguma, arrumavam dinheiro para ninguém. Via-semuitaspessoastrabalhando em estado precário, descalças, outros vestidos de bermuda. Nesta época, os holandeses aqui vizinhos tinham muito serviço em suas lavouras. Eles fizeram oferta de trabalho aos rapazes e moças aqui do projeto e muitos oram trabalhar para os holandeses. Porém, quando Zeke Beze Jr. e os principais diretores souberam (Delwek Ma-
Pamuvt!rwdor Lúlf!u F•rreim d• Melo, d•llamri, "h~i• OI/ ass•ntado, u a~ham numa sit,uição difícil, • passando ali, abemdiur,fom•".
Foco permanente de intranqüilidade "Quando saiu essa Reforma Agrária, criou-se uma insegurança na regiao. N/Jo há tranqüilidade. Existem fazendeiros que já venderam a área, até por preço baixo, de medo de que seja invadida. Hoje, pasto de 500 hectares pode ser desapropriado pelo Estatuto da Terra, pela Constituição nova. Entdo, o sujeito se preocupa".' Este alerta é do vice-presidente da Câmara dos Vereadores de Itararé, Sr. Lineu Ferreira de Melo, que durante doze anos foi presidente do Sindicato Rural de sua cidade, cargo que ocupou até o final do ano passado. De 1981 até agora, só naquela região, houve seis invasões, habilmente montadas e aproveitadas por clemen1os políticos, religiosos e da imprensa como instrumento de pressão com vistas á execução da Reforma Agrária. Atualmente, o foco mais preocupante encontra-se na chamada área Ili do Assentamento Pirituba, na qual as famílias reivindicam mais terra. Descontentes, cerca de setenta pessoas daquela área invadiram, cm novembro de 1988, a Fazenda Bergamini, que faz divisa com o assentamento. A invasão não teve sucesso. Mas continuam os planos para novas investidas na circunvizinhança: "É, por enquanto sossegou. Invadimos para aumentar a área. Lá é do Estado também. E se a turma resolver [de novo] entrar, nós entramos" - foi o que afirmou José Pedro de Souza, 36 anos, natural do Paraná, pai de três filhos.
theus e Valdemar Ferreira) protestaram gens de ônibus para atendimento na e proibiram, inclusive ameaçando pu- cidadcdecriançasdoentesdosasscntanir o chefe de família que tivesse um dos Altivino Vieira e Roque Ferreira filho trabalhando para os hofandeses, de Souza e da esposa de Antônio Verargwnentando que os holandeses eram gueiro da C.ruz. nossos inimigos. E assim, os rapazes e moças foram obrigados a parar de "Se outro faz pró mim, trabalhar para os holandeses". por que eu vou fazer?'' ~ P.k!lª-.d~_d_Qtnles.,~ - '--t--- - - - - - - - - os descontentes mencionam três casos em que Dclwek Matheus e Valdemar Ferreira recusaram dinheiro para passa-
Em tese, o trabalho comunitário divide tudo por igual entre os assentados. Mas a teoria socialista está longe
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-Fi§·l·iii·l·l=i,,M4i•I=i31·1 "Se for trabalho de cativeiro, poro mim nõo serve" \Valdemar de Lara foi vicepresidente da Associação dos Assentados da área 1. Jâ1inhaexperiência comolavrndor,poistrabalhara dez anos como arrendatário. Hoje, com 37 anos, três filh os, 1rabalha ndo como vigia noturno em ltaberã, ele se exprime com íluência e método, na impressionante narração do período de dois anos e mcioquepcrmaneeeu
l'or' 11,c· r ·e, ' ··ru ""adm·,,· ,,,_,.., ' Mso1/w11 lo, I". U ·"r' '.am, c,b,,., ,~11,lo ~xpr,/,o ,1,, auociflrào e do lo/~ q,u ,,,..,,,,.,..,_ Sru,fi/1,,. Sim,mr ficor, naqr,rl,, ,..:asi,io ""''" ma1iuuia ~la arbitmriedm{t- vwlm ta snfri,{a p,rla fa,.,í/ia. desJHjmfo Jrm indrniuirãa.
da realidade. Sendo desi}!uais os homens, existem naturalmente entre eles, diferenças de ta lent os, saúde, idade, aptidões nat urais etc., com reflexos no rendimento do trabal ho de cada um. Isso sem mencionar as tendências que todo homem tem pma o vicio, a bebida, a vadiagem, a preguiça. Co111ra estas tendências, os homens de boa for maç3o moral reagem: os outros não. Tal realidade não poderia estar ausente do asse ntamento, pois onde cstA o homem, as desig ua ldades apa recem. E o trabalho con111ni1ã rio e planificado, que supõe a igualdade completa, acaba sendo intermi nãvel fonte de injustiças, desavenças , dcs:lnimo nos melho res, exploração dos mais fracos pelos mais fortes corrupção por parle dos oportun is1as. Esse é o quadro real tra· çado pelos depoimentos dos assentados no projeto Pirituba. "Na hora em que e11 colhia, vinha a associaçdo em cima e a diretoria fala 1•a: você vai ter que ajiular a pagar uma parte daquele oulro que 11ào deu porque ele del·cuidou da lavoura. E11tl10, nJo é 11111 1rabalho honesto, porque se o 0111ro m'lo 1rubalho11 é porque nDo quis foz.er como eu", exclama \Valdemar de Lara. Adcnito Vaz Mar· til~ . ~avczprotcsta: "Do jeilo que estão trabalhando aqui, é pior do q11e ser empregado em fazen da. Mistura 111do, uns iam trabalhar, 14 -
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outros 11{}0 iam. O que 1rabulha1•a mais safa wmando no nariz. Morria de /fabolhar e 1111nca sobral'a dinheiro '·. Benedito Dom ingues de Lacerda coma fatos de sua amarga experiência no curto pcrlodo em que esteve no cargo de 1esourciro da associação: ··comerei a ver coisas q11e 11(10 podiam 1eruconlecido ". E dã um exemplo: "Eu tla1•a requisiçilo vara o Petlro Ferreira ,te Araújo pegar gasolina 110 pos/0, em 1/araré. Ele /raz.ia 110/a de 100 lilros de gasolina. para Jaz.er 11111 trajeto de 30 km! E eu falava: 11110 se vode faz.er isso". Benedito foi logo excluído da diretoria e explica que um dos motivos foi que "a geme estava ven<lo aquelas coisas erradas". Segundo depõe Manoel Duarte, vulgo Mancco, 59 anos, o dinheiro dos assentados era muitas vezes desviado misteriosament e. E explica que ··velo esquema que foi feito", de grupo de trabalho comunitário, "se um 11110 pugar, a coma fica de1•e<lora. Desse jei10, como é que pode?" Revoltado com as injustiças que sofreu, Orncilio de Almeida, conhecido como Pingo, 57 anos, afirma que o assentamemo só está bom para os dirigentes. E acusa destemidamente o presidente da associação, Dclwck Mathcus:
-;;~~i~"l1:::,;;~· :::iz~: ~~~:;: bou cheque. Tenho meio cu111i11hilo <Íe
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"O que res1a ali é intriga e briga'', sentencia \Valdemar, referindo-se à sua experiência de ''beneficiário" da Reforma Agrãria. "Eu acho que pura o homem trabalhador, ali 11170 tem nada de bom". O afastamento de \Valdemar da associação, e depois sua ex pulsão do lote que ocupa va, fo i 1raumatiLante para sua filha .mais no• va, Simone, hoje com sete anos. "Eu sul e esta me11i11a tinha quatro aninhas, ficou chorando", di1 Waldcmar. E D" Cacilda, sua esposa, completa: "Ela pegou o galinho debaixo do braro, ea bonet·u ,lebaixo do outro e ficou esperando o cami11htlo du mudança, chorando". O dinamismo de \Valdemar granjeou-lhe simpatia e liderança entre os assemados, que o elegeram para a vice- presidência da associação. Inconformado com irregularidades e desmandos adminis1 rativos, resolveu denunciálos. O que provocou o desencadeamento, por parte dos envo lvidos, de uma campanha de pressao, que rcsullou cm sua expulsao da associação, seguida do despejo da terra sem justa indenização. Um dos signal ários do abaixo-assinado de vinte e nove descontentes com a associaç3o dos assentados na área 1 - no documen10 ele recebe o apoio dos demais pela injustiça que sofreu Waldemar de Lara pensa que a Reforma Agrária acatra sufocando a liberdade do 1rabalhador: "Se for um trabalho, vamos di,-dP arrifflt'O, piffll mtfft nlJ9 serve".
-駕I•lii·l·l§11i¾i·l§d!·I provas, de testemunhas. Só do nosso grupo, sao dez. E tem testemunhas dos outros grupos. Roubou cheque nominal. Esse aí eu acho que o diabo está no couro dele. Acredito que Deus não funciona no esqueleto de um homem desses" . Otacilio prossegue: "O que rem a melhor casa no assentamenro é o Dico [Aristeu Pereira da Silva]. É um malandra da diretoria. Ele ganhou porque roubou. Do chão ele tira muito pouco, ele tem uma roça perdida no meio do mato". Muitas crit icas ta mbém tem o mi neiro José Soares Ramos, 56 anos, 13 filhos. Declarando que a "pior traiçllo para nós" foi a associação, assevera que na formação dos estat utos "todo mun<lo assinou em branco", pi:nsando que estava ''pedindo hn;, água, escofa, posto de saúde". Para etc, os assentados foram enganados também porque queriam ''um documento individual para cada um", pois "no bolo nós ndo queremos não". E, indignado, põe a culpa nos dirigentes: "Esses tais diretores sujos aí não querem isso. Eles querem sombra e água fresca, ir a Silo Paulo, passar na TV e fazer campanha suja lá".
Assentados vôo se transformando em favelados do campo O fracasso econômico do assentamento repercutiu inevita velmente na situação sócio-econômica dos assentados. Penalizado com as dificuldades dos assentados, o vereador Lineu Ferreira de Melo, de Itararé, responsabiliza o Sindicato dos Trabalhadores Rurais e o Padre Narciso, também de Itararé, "por ter levado esse povo para lá". Pois, "hoje os assentados se acham numa situação difícil, e passando até, a bem dizer, fome". "Eles prometeram coisa melhor, que iam conseguir luz, água, uma casa melhor para todo mundo morar. Mas até agora nada. Não tem água, nem luz, a gente vai pegar água 110 poço, ali no banhado'', queixa-se decepcionado Elias Ramos, 24 anos, filho de um assentado na área l. E prossegue: "A gente trabalha o tempo inteiro, e 1em que dormir 110 colchllo de
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A situação habitacional, segundo o plano gover namental para este assentamento de Reforma Agrária, seria resolvida com a construção de uma agrovila cm cada área, que albergasse as famílias, cm casas dotadas de saneamento básico, luz, escola e posto médico. À e:ii:ccção das casas de alguns dirigentes e raros assentados, as agrovilas estão em precário estado, com os mesmos barracos de plástico, lata e papelão que foram armados no início do As escolas estão funcionando graças à presençadeprot"essoras ma ntidas pelas prefeituras de ltaberá e ltapeva. Os postos de saúde, construídos pelas administrações municipais, entretanto não têm médico nem remédios, pois depe ndem do governo estad ual , que é o responsável pelo projeto. Nada faz crer que este quadro se modifique. O emperramento burocrático do Estado provoca interminável e desgastante jogo de empurra-empurra, no qual quem perde é o assentado. A propósito, Waldemar de Lara conta que o coordenador do projeto, Zeke Beze Jr. , solicitado a conceder ajuda para levar um doente à cidade, declarou: ''Conosco é a parte técnica,jinanciamento; negócio de saúde tem que ser com a Secretaria da Saúde". A experiência da Reforma Agrária lança o asse ntado em doloroso desamparo. O assentado não é proprietário nem empregado. À mercê de superfuncionários do Estado, o assentado não
se beneficia dos direitos que empregados do cam po e da cidade hoje desfrutam, tais corno férias re muneradas, INPS, Fundo de Garantia, 13º salário . pagamento de ho ras extras e aposentadoria. Com poderes quase ilimitados e despóticos, esses superfuncionários podem niuito facilmente cometer abusos, sem que sejam controlados e punidos. O fruto dessa inédita e ambígua situação j uríd ica é que os asse ntados acabam sendo funcionários de empresas estatalizadas, sem direitos sociais e trabalhistas, e portanto vítimas indefesas de arbitrariedades dos executo res da Reforma Agrária.
Exemplo de despotismo No mencionado documento de vi nte e nove descontentes, encontra-se ·a denúncia de dois casos de injusta expulsão do assentamento "por motivos banais", ex pulsão planejada e executada por técnicos do Estado e membros da diretoria da associação. A denúncia salienta que os excluídos da associação "tiveram suas terras tomadas sob ameaça de morte, inclusive com a lavoura de milho e arroz que estava plantada na !erra". Isso, que ocorreu em janeiro de 86 com os assentados Waldemar de Lara e Benedito Domingues de Lacerda, agora ameaça nove famí lias que já foram excluídas da associação e têm prazo marcado para se retirarem da terra.
À c,•,untts pio.cm indico.t,'vo..,do. loeal~,úutlmu ,leo.n•nto.m•nto tnco.bremo. fi,ur.lizo.ção ..nque ' nco>1lro.
- {~'~:r:~~;:,o:::;: - l--- - - -~ 1.;;;ti~,:_ mos Jeijdo podre, que mal dá para comer... "
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-Fi§•l•lil•l•l§11i¼i•l§Hl•I Asfamíliasasscntadas,emsuageneralidade,vivemdiariamenteesscqua dro de insegurança e ambigüidadc, e sobrevivem apenas graças ao trabalho avulso nas lavouras de agricultores vizinhos. A experiência da Reforma Agrária devia resgatá-las da situação de bóias-frias. Na realidade, para subsistirem e não morrerem de fome, elas continuam trabalhando como tais.
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O desô ni mo toma conta dos asse ntados Não é de espantar que o desânimo progrida cada dia mais entre os assentados. "Isto aqui não vai prá frente mais", desabafa amargurado Elias Ramos, que vive na área 1. Na área ll, a situação é semelhante: "Não está compensando, a gente não agüenta mais plantar", diz Pedro Sebastião Fialho, no que é acompanhado por João Batista Pereira: "As coisas esliío dij{ceis, já estamos fritos. Se nOo tiver '11111a mão', não vai". Na ãrea Ili, embora o assentamento tenha começado há menos tempo, os sintomas de desagregação já estão presemes. " Muilos<lesistiram, tem pessoas que não agüen1am, é quase impossfvel sobreviver " , di z José Lima da Rocha.
Saudades de um patroo Não causa surpresa que muitos asscntados, caindo na reali<lade, comccem a sentir saudades do tempo cm que trabalhavam para um patrão. Comparando sua sirnação de hoje com a da época em que era empregado numa fazen da , João Batista Pereira, ex-presidente da associação da área li , confessa: "Lá [na fazend a) tinha energia, água, mais conforto. E sempre a gente tinha o apoio do patrllo, não é? Aqui, a coisa é mais dij{cil". Declarando que foi "ludibriado e atraiçoado pelos dirigentes da associação", com voz embargada e apreensivo, Manoel Duarte, o Maneco, fala com saudades dos tempos cm que tinha patrão: "Minha situação era melhor. Eu trabalhava mais, todos os dias. Quando eu precisava de 11111 remédio, eu chegava na fazenda, o patrão punha eu, a mulher e a criança no caminhllo e descia na farmácia. É claro quc-eirpagava,ud~ f:ogitando7la hipótese de abandonar o assentamento "porque aqui nOo tem condições 16 -
CATOLICISMO - Sct,;rnbro 198
" Eles montaram um esquema d e escravidõo e ditadura " O sofrimento parece estar presente na fisionomia serena e na voz pausada de Benedito Domingues de Lacerda, 41 anos, casado, dois filhos, hoje residindo cm ltaberá, cm modcsia casa construida com ajuda de familiares. lcndopassadotrêsanosnoAssentamcnto Pirirnba, Benedito contou como foi atraido para o projeto de Reforma Agrária. "O sonho do pequeno lavrador é possuir um pedacinho de 1err11. Então, quando surgiu aquela oportunidade, a Igreja ajudou, a Podre Narciso de Itararé". Mas seu sonho durou pouco, pois "eles deram uma outorizoçõo de uso, em nome da ossocioçJo. Umo autoriwçlJo que nós, os assentados, não conheclomos. Éramos pessoas sem instrução". Reconhece ter sido i!udidoeapontaosdirigentcsdaassociaçãoeomorcsponsáveis pelos prejuizoscausa<los aosassentados. E aludindo às denúncias de irregularidades, que fez, lamenta: "A voz dagen/e foi sendo aba/oda'' em vista ''dos injustiças que se via lá''. Ao relatarcomofoiexpulsodaassociaçãoeposteriormentedespejadodolote quecultívava,contaqueoscoordenadorcsdoprojeto,AnaMariae Hcitor , chegaram aameaçá-!o de que, senão abandonasse a área, "sessentoeqaolro homens iam buscá-lo, vivo 011 morto". Benedito, católico praticante, era encarregado da marrntcnção da capela do assc111amcnto e até conhecido, entre os colegas, como "o r:opelíio do igreja". Nos anos que lá passou perdeu tudo o que tinha, até "11ma parelho de burros". Emocionado pela recordação do pesadelo que viveu , resume sua experiência com estas palavras: "Eles montaram um esquema. Vamos dizer a verdade. Nós tivemos uma situaçllo misto. Um misto de escravidão e ditadura. Ditadura por parle deles, escravidl1o por porte dos assentados. Porque eles queriam que os outros trabalhassem do-jeiw-qw-eles-queriam,- senãociá-esHlwi-fllflffif(J(ff}-de-S8ir~esquelN<l niio dava certo, nem dá certo. Não tem r:ondiçôes de dor certo".
-ti§·l·iil·l·l§1184i·i§3!·1 de trabalhar", mostra-se arrependido pelos cinco anos passados no Assenta· mento Pirituba: ficou mais velho, per· deu a saúde e, nesse periodo , conseguiu apenas "comprar 11m cavalo e assim mesmo financiado''. E, compraiido, fala que já 1emconvitcdoseu antigo patrão, que "me recebe agora mesmo", para trabalhar lá no Mato Grosso, ''onde já renho 11111 casal de filhos meus".
Misto de escravidôo e di tadu ra "Vamos dizer a verdade. Nós !Ívemos uma sit11açõo 111is1a. Um mis10 de escravidão e de ditadura. Ditadura por parte deles, escravidiio por parte dos asse111ados. Porque eles queriam f111e os 011tros 1rabulhassem do jei/0 f/11e eles queriam, senão já estava amearado de sair". - Este balanço da experiêm:ia de Reforma Agrária no Assemarncnco Pirituba é de Benedito Domingues de Lacerda, o q1ml completa que a "imagem falsa" que se projetou do assentamento na primeira safra foi substituída pela realidade: "Aq11elcesq11ema não dava certo, nem dá cer/o. Não 1e111 comliçôes de dar cerio ". De sua parte, Waldcmar de Lara, que passou mais de dois anos no assentamento e chegou a ocupar a vice-presidCncia da associação da área 1, descreve sua situação: ''F11iparaoussen1amen10 para 1er 11111 pedaço de /erra, para lrabu/Jwr. Para eu ter minha liber-
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O resultado das duas primeiras sairas No número de abril/julho de 1988, a revista "Reforma Agrá ria", da ABRA , publica artigo de 1rês colaboradores , analisando os res uh ados ob· tidos pelos assentamentos das áreas I e li do Assentamento Pirituba. Os dados apresentados sao insuficientes para se formar um juizo objetivo sobre o sucedido nos dois primeiros anos de atividade agrícola, respec~ tivamente nas safras de 84/85 e 85/86. Entretanto, algumas conclusões podem ser 1iradas. a) De um resultado positivo no primeiro ano (84/85) passou-se a um resultado negativo no segundo ano (85/86). Depois de pagas amortização e juros de empréstimos contraídos para compra de máquinas; no primeiro ano o Asse ntamento obteve um resultado líquido anual de 68 OTNs por fa111i lia, equivalente aproximadamente a 6 OTNs me nsais por familia. O que corresponderia hoje a cerca de 74 cruzados novos por mês, menos que um salário mínimo. Isso sem considerar a amortii:ação da terra. b) No segundo ano, obteve-se um resu lrndo líquido negativo de 50 OTNs por família. Em outras palavras, os asscmados das áreas I e li não 1iveram condições de enfrentar os compromissos financeiros assumidos, o que os forçou, pouco tempo depois, a venderem as máquinas e equipamentos para pagar seus compromissos. Isso explica o que aconteceu na área li que, cm fins de 88, vendeu todas as máquinas, equipamentos e até vekulos para saldar suas dívidas com o banco.
<Iode. Agora, se for um 1rabalho, vamos dizer, de ca1ireiro, prá mim não serve. Porque, trabaflwredarodinheiro na mão de quem não sabe adminisirar, não serve. Isso não é um /rabalho de proteger o pequeno agrk11/tor. Para mim isso af é um projeto de opress{Jo em cima do 1ra/Jalhador". Bascado na sua experiência de Reforma Agrá.>w
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ria, fa7. um apelo às autoridades: ··Que analisem melhor o sistema <le assenwme1110, que valorizem melhor o lra/Jaflwdor. Que rea/mel/le dêem valor aos que trabalham, 11110 vdo na conversa de pessoas que Jazem polílica j111110 a eles '·. A opinião de Benedito Domingues de Lacerda e de \Valdemar de Lara,
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excluídos do assentamento, foi compartilhada por vi nte e sete outros colegas que, na denúncia já mencionada, condenam "o outoritarismo dos principois diretores e técnicos-ogrlJnomos que agem como a111lnticos ditodores".
Essa é a deseriçllo da verdadeira fi. sionomia do Asse ntamento Pirituba. Os leitores podem julgar, pela voz dos próprios asse ntados, quanto é desastrosa para os prete nsos beneficiários a implantação da Reforma Agrária no País. Pirituba não é um asse ntamento agro-reformista qualquer, pois foi insistentemente apresentado como modelo a ser imiiado em todo o Brasil. Modelo, ele o é. Só que nllo de sucesso como apregoava a propaganda, mas de vergonha, de inj ustiça e de oprcssflo, que brada a Deus pedindo reparação. "Catolicismo" colheu, nesta reportagem, um verdadeiro clamor dos infelizes assenrndos. Esse clamor deveria ser ouvido pelas autoridades em geral e 1ambém por certas lideranças rurais que, inexplicavelmente, insistem cm afi rmar que são favo ráveis à Reforma A rária desde ue realizada em terras improdutivas. Adeptos de 1âticas cntrcguistas - expressas em "slogans" tais como "ceder paro n{lo perder", ou "é 18 -
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preciso ter jogo de cinturo", - essas lideranças patronais se comportam como " companheiras de viagem" da Reforma Agrária socialis1a e confiscatória. E, assim, colaboram com os verdugos que já hoje oprimem milhares de fa mílias de trabalhadores rurais iludidos pelas falsas promessas da Reforma Agrária. D
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Notai (l)Maio/julhodc l98S,p.61. (2) 1dcm, ibidem , p. 64 \l)"SP Agricultura ··. iníormativoda Secretaria da AiricuhuradeSãoPaulo,Ano 1,n• l, março de J98S; " O Indicador Rural"", l'Q uint.ena dcju lhodc l9l!S;"'AGazcta"',Slo l'aulo, 10.6-8':i; " Reforma Agrária" . maio/ju lho de 1985.p.61. (4)Cfr. informalivocitado.p. l (S)Cfr. iníormativocitado,p. 3 (6)"1'olhadcS. Paulo'". L9·9·8':i. (7)Apud Nelson de F . Ribeiro, "'Caminhada e espera nça da Reforma Ag_rària", Paz e Torra, Rio, 1987,pp. 09-140. (8) Cfr . "Jornal do Bra1il" , 6-4-87 . Sot>reo vcrdadcirosigníficadodosassen1a=ntosda Reforma Agol.ria, ver " Reforma Agiria: "terra prometida",íavelamratou"kolkllozcs'? - MistbioqucaTFPdcsvcnda".deAtilioGuilhermcFaoro.VcraCrut,São Paulo,1987 (9) "OGu.arani"",ltarari(SP),2·3·85. (10)""0 Indicador Rural", Rio, 2' quintcnadc julhodcl98S (ll ) "Diârio do Congresso Nacional"", Secção li , l <.lc detcmbro d~ 1986. p. 4516 {t?)~·Follenk"!§:-Paoto·":"!=6=86. (Ll)"OGuaranl", harar~,S P,2-3-8'. ( 14)"FolhadcS.Paulo".8-6-86 ( IS)"RcíormaAgrària",p.63
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PARIS - Foi espetacular o movimento de piedade e de renovação espiritual ocorrido na França, cm plena li Gra nde G uerra Mundial, conhecidopor ''Grand Rctour'' (Grande Retorno). Iniciado em 1943 durante a ocupaçao nazista do território francês, com as peregrinações simultâneas de quatro cópias da imagem de Nossa Senhora de Boulognesur-Mer (um dos mais antigos centros de peregrinação marial da Europa), esse movimento durou cinco anos, sempre com o mesmo fervor e enlevo, sempre arrastando consigo populações entusiasmadas. Jâ vimos o histórico do Grand Retour e muitos de seus efeitos peculiares sobre as almas (1). Hoje daremos alguns exemplos mais prototípicos dessa epopéia maria na. Ausência total de qualquer meio humano ou nat ura l Convfo1, de início, insistir cm um po nto. Vistoqueduran-
to oparóquias G,u,d R,tou, "milho" de (16.000) fora m'
AÇÃO IRRESISTÍVEL DE NOSSA SENHORA DO "GRAN D
sacudidas por um prodigioso estremecimento espiritual", e que .. milhares de almas voltaram às font es da água viva" (2), uma pergunta pode vir ao cspirito do leitor: que nova forma de aposto lado o u que hábil manipulação da piedade popular, cond uzida por especialistas cm opinião pilblica, foi utilizada para se chegar a esse t.lo impressio nante resultado, há ape nas pouco mais de quarenta anos? A resposta é decepcionantc para os que são ávidos de novidades. Tudo foi feito no mais trad icional estilo: "Nenhuma pregação erudi,a; a prece, a mais popular de todas, a Ave-Maria. Os cânticos conhecidos por lodos. Os gestos, os mais elementares e expressivos: braços cm cruz, caminhada com - o·r p:és-descatçor.ttm-apcto-feito-a todos, sem exceção , para o rnar as igrejas e mo ntar guarda no santuário . As
RETOUR" procissões largamente abcr1as e muiio numerosas, ni nguém de fora. E o po· vo gostou disso" (Mons. Terrier, bis· pode Bayo nnc, p. 154). Tratava-se simplesmente de "uma imagem que passa, multidões que há meses a seguem, pés descalços, braços cm cruz, o coração simples ... um íluido inexplicável passava transformando as almas. Sem teorias sobre a prece, rezava-se. Sem a te• ologia da penitência, ela era vivida" (p. 120).
'O Grand-Rerournão·se-colocav:a de nenhum modo no plano das opções temporais; ele se sit ua va cscri1amcntc
no plano religioso, ascético e mlstico. Ele se aparentava às missões, aos re1iros, aos recolhimentos e às peregrinações" (p. 121). "Se se pergunta o que pôde obter tão surpreendentes resultados, é necessário constatar imediatamente a ausência total de qua lquer meio humano ou natural.. . é pura e simplesmente a 'loucura da Cruz' cm si" (p. 84) de que fala Sno Paulo. Co ncl uindo, "uma das grandes lições do Grand Re10/tr foi mostrar que os meios estrilamcnte sobrenaturais são mais necessários do que nunca. Nenhumatécnica,nenhum progresso do homem os substituirão" (p. 120). "Nenhuma oposição se podia manter"
~ óbvio que os inimigos de Deus e de Sua Igreja te ntaram fazer o que puderam para impedir essa onda de piedade reafervorante em meio a um mundo já tão paganizado. Porém, "desprendia-se, com efeito, dessas vias mariais que palmilhavam a França em todos os semidos, uma tal piedade, uma ta l convicção religiosa, um tal poder es piritual, um tale/ande preces, que nenhuma oposição se podia manter". E tudo foi tentado: "organizaram-sedancings, bailes; fei-se vir circos para contrarrcsrnr essa ma nifestação religiosa. Curiosamente, com a chegada da Virge m, dancings, bailes, circos se esvaziava m como por encanto. Nossa Senho ra se tornava a irresistível atração" (p 26). Alguns exemplos: • Em Ev rcux, o prefeito socialista proíbe qualquer mani festação de rua . O Bispo lhe faz saber que ou a Virgem entra solenemente ou não viré, pois não quer recebê-la em sua cidade episcopal "pelas portas do fu ndo". Uma polêmie11-9e-desenc11deta-inílama11do a população, o que o briga o prefeito a voltar atrás. E é numa cidade mais en-
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/ m,,g,m d.- Nms<1 Se»lwm d~ /Jm,log,u, lc,,a,J,. ~m J,ronú,ir,
galanada do que nunca, que Nossa Senhora do Grand Re/011r cn1ra em Evreux (p. 24). • Em lkauvais os "espíritos-fortes" são organizados. Espalham um folheto conclamando a população, seja qual for a oricmação política, " livrcspcnsadores e tudo o que a Rcpúblíea tem de defensores (sic!) parn se levan tar ao grito de 'Defendamos Marianne contra a Virgem Maria " (p. 25) (J). Tudo inútil. O triunfo da Virgem é lotai. • Em outras cidades, como Ho11il!es e Keirns, concla mam para cont ramanifestações no mesmo di;1 e ho ra cm que estavam programadas homenagens à Virgem. Na primeira cidade praticamente não comparece ninguém ao a10 ímpio, e, na segunda, enquanto 30 a JS mil pessoas acompanham a Virgem Náutica, apenas urna dluia de envergonhados cidadãos comparecem à 11olsa de Valores para a eonlra-mani feslação ... (pp. 25-26). • Argen1cuil, nos ,nredores lk Paris, é um rcduto comunista. Apcsardisso, a reccpr;ão à Virgem é um lriu11fo. ____Q_p rcfeitu, despeitado, não pôde fazer nadascn;lotcntarproecssaromissionário dirigenle dá peregrinação por: I") ter organizado procissão sem rermis20 -
C ,\TOUC l SMO -
são municipal; 2°) ter feito o povo eantare, 30) havcr gcnte descalça no ato! (p. 24). A ação do sobrenat ural se faz sentir quando menos se espera, mesmo havendo relu1ãncia cm relação a ela. Assim: • Lfran, pequena cidade do Ariégc , é convidada a mudar o dia da fes ta local para dar acolÍ1ida a Nossa Senhora do Grund Re1011r que por lá p;1ssará. "De jeito nenhum!" é a rcspost;1 peremptória. O povo, pouco fervoroso, t<:m mais empenho na famosa fes ta, com a feira que atr;1i todos os anos gellle da redond<:za, do que na passagem de uma imagem. Chega o dia; a fcs1a atinge seu aug<:: todos comem , bebem, cantam e dançam. Subitamente, sem que ninguém saiba de onde, um sussurro começa a correr de boca cm boca: ''A Virgem cst:", chegando!" Os músicos são os primeirbs a abandonar scu cstrado, scguidos pclos dançank .>. Em poucos minutos a feira está vazia. A noite, cm VCl de ser no local da festa, é na praça da Matriz que todos se apinham . poisotcmpo pequeno para conter tantagcn1ep;traa Missa da meia-noite (pp. 26-27).
Sc1 cmbro l'.111'.l
• Numa cidade da Borgonha o rcspci!o humano imrera de tal modo que contagia o vigário. Por isso, este não av'isa ni nguém da passagem da Virgem. Julga ridículooquesecontadc procissões com os braços <:m cruz, pés descalços ... "Isso não é mais para o século XX!" Quando chega o cortejo do Grtmd Rewur, minguado, pois ninguém o fora esperar nos limites da paróquia, é percebido apenas por alguns. Nada está pr<:parado e a igreja está vaôa. Entristecidos , os missionários improvisam um altar para a imagem da Senhora do Gra11d Rewurcse rc1iram à casa paroquial para a lmoçar. Apenas começam a refeição, alguém os interrompe: "Vinde, a igreja cs1á cheia. Todos vos esperam ·· . Como?! Sim, cm menos de meia hora o templo está supcrlo1ado. Nossa Senhora se incumbira de fazer circular a n01icia por meio das poucas ressoas que tinham visto o magro cortejo. Depressa um missionário sobe ao púlpito e outro entra no confessionário. Aí, 1ambém, sem que nin guém tivesseousadopr<:nunciar, há vários rc10rnos a Deus. A Missa é celebrada cm meio a um fervor indizível, s<: ndo inllmcras as comunhões. "Qu<: sopro, cm algumas horas, passou para descnca111ar 1antas alrnas cnfcrrujadas na rotina e na ncgligl'ncia'! "' (pp. 51-52). Sirnplcsrncntc a aç;lo irresistível e avassaladora d' Aqucla que é a Rainha dos corações.
Reza-se, re za-se, E, nesse clima de fervor . nada se teme pedir. Como filhos que sabem que sua mãe ludo pode, as súplicas jorram abundantes, confiantes: • Esta menina de nove anos, por exemplo . já reza fervorosamente há uma hora. os braços cm cru,:. O que rede ela à Virgem com i.111ta insistên cia"! O missionário a in1erpcla. Quer oquemilharesetalvczrnilhõcsdcnianças, na Europa . dcvcri;un desejar n<:sses terríveis ;mos da guerra: a volta do pai que partiu para o Jronl e do qual há quatro anos não tem mais notícias. Etn cas,1, é este quem a espera de br;1ços abertos! ,\ ora~ão dos pequenos faz violência ao Céu ... (pp. 52-53). • É comovente ver o modo como esse senhor reza. E há horas aí está. de joelhos, o olhar fixo na Virgem. O missionário qticr ajudá-lo, mas slJ Nossa cn10ra po e aze- o: tem seis 1lhos pequenos e a esposa <:s!á cm agonia, desenganada pelos médicos. O que
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será de seus filhinhos sem o amparo da mãe? indaga ele, súplicc, Àquela que é a Mãe de Deus e dos homens. Quando chega cm casa, compreende que fora atendido. Não querendo ser ingrato como os nove leprosos, volta para agradecer. Durante dois dias mais acompanhará a Senhora do Grand Retour cm ação de graças (pp. 116-117). Se esses rezam facilmente, com fervor, movidos pela confiança, outros são como que forçados a fazê-lo por um poder irresistível: • Esse ferreiro que aí está, rezando tão contrito, ainda de manhã tinha bem outros propósitos. Anticlerical, alto e bom som anunciara que, para perturbar "essa palhaçada", iria bater violentamente na bigorna exatamente quando,;, cortejo passasse por sua rua. E assim o faz até que o andor da Virgem, fortuitamente, para bem diante de sua porta. Sem deixar de bater, ele ergue os olhos encontrando os da Senhora. É o suficiente para fazê-lo largar a marreta e incorporar-se ao cortejo (p. 149). • E esse camponês, ainda com roupa de trabalho? Não sabia que a Virgem Náutica estava na cidade vizinha. Mesmo que o soubesse não teria ido vê-la, pois "o trabalho não espera". Assim que começa a arar o campo, relata: "Uma voz medisse: 'Vá até a cidade. Aguém o espera'. Quem poderia me esperar? Eu não podia imaginar. Mas aquilo se tornou obscdantc. Deixo o trabalho sem saber por quê e parto. Chego e compreendo imediatamente quem me esperava. E sei por quê. Ela me esperava. E cu faço o que Ela de mim esperava" (p. 150). • O que faz aí essa jovem tão impropriamcntevcstidacomtrajesdebailc? Ê simples. Para ir ao clube, tem ela de passar diante da igreja. Lá está a Virgem do Grand Re/our. O som dos cânticos e preces, a atmosfera de bênçãos que se desprende do edifício sacro é tão forte, que ela não resiste: entra para ver e ali permanece (p. 151) . • Esse outro senhor era um "espírito forte". Há pouco, enquanto tomava um copo de vinho com os amigos no principal bar da cidade, bradava contra essas "superstições", e afirmava: "A mim a Virgem não terá". Poucodcpois, seus companheiros, atônitos, o vêem no confessionário. A saida, querem tirar satisfações. Ele, ainda emocionado, só responde: ''Vocês não podem-compreender--o-qu c-se--passouem mim. Eu mesmo não compreendo. Eu não pude deixar de ir là" (p. 131).
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• É o que acon1ece também com este que acompanha a procissão como a contra-gosto, o o lhar crispado, os punhos cerrados, falando consigo mesmo. Caminha como que impulsiona· do por uma força irresistível, resmungando: "Verdadeiramente Ela é terríve l, essa Virgem. Ela é terrível!" Na igreja, ainda sob efeito da mesma força, lança-se ao confessionário depois de tantos e tantos anos (p . 149).
de Lourdes, dizem. Nós ousamos dcclarar que é mais forte do que Lourdcs, em certo sentido. O peregrino, cm Lourdcs, é transplan1ado para fora de seu ambiente, para um contexto e um meio de tal maneira impregnados de sobrenatural, que nada lhe parece difícil, nem o terço na mão, nem a prece com os braços cm cruz ou com os joelhos cm terra. Essas manifestações de fé (no Grand Retour) Nossa Senhora nô-las leva a fazer cm nosso próprio ambiente, em nossa rua, sob os olhares atentos de nossos vizinhos, de pessoas que nos conhecem. Nós não nos inquietamos mais com o que eles possam pensar. .. É sempre o mesmo o grande vencido do dia: o respeito humano'' (p. 58).
Tudo isso e muito mais acontecia no Grand Retour. Não havia vcrgonha, acanhamento ou respeito humano que detivessem as pessoas movidas pela graça. Eis com9 o confirma um depoimento da época: "Ê algo de maravilhoso, escreve a revista 'A Semana Religiosa', de Nevers, de sobrc-huUma última pergunta não pode deimano e, - não tenhamos medo da pa- xar de vir à mente do leitor: dada tolavra - milagroso, os redemoinhoscs- da a epopéia missionária dessas imapirituais-que·se·levantam·quando·a·bar- - gens-c-o- bem-cspiri1uahte--que--foram cada Virgem avança ao longo de nos- ocasião. Por que não se organizam nosos caminhos e ruas ... É a atmosfera vas peregrinações pela França e pelo CATOLICISMO - Setembro 1989 -
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mundo? Mais do que nunca, na crise contemporânea, não é necessário um novo Grand Retour da humanidade a Deus, por Maria? Não foi, em certo sentido, um Grand Re1011r que Nossa Senhora prometeu em Fátima, quando falou no triunfo de Seu Imaculado Coraçao? Por que não pedir que ele venha o quanto antes?
Portada ridad•d• lfot1l.1t'"""""'· Aofimdo, flCÚ/mfo da /l,uilica ond, a Imagem .
GUILLAUME8ABINET
(l)Cfr . .. Cato licismo'',nº4S3,setembrode l988. (2)1hda , a<ci1açôe$ do,s1eanigo foram tiradas daobra''l)anslcSillagedetaVierge··. L. Devi· neau OMI. Apostobt de la Presse, Paris, 1%3 lndicamossempre aspá.gi nasdcondee.iraimos as citações. As duas citaçcks que foram inseri d_asn~1\1rechocncon1ram -se nap. 12domen. (l)Marianneéumafiguramlticademulherque passouareprcsentar,apartirdaRevoluçãoFran· cesa,aquelaRepública. (4) Tulveza boa religiosa tenha aqui um lapso de memória. Scgundoosdadosquetcmos.duas das cópias, após as peregrinações . voltaram a se u ponto de origem, em Boulogne-sur-Mer, em 1948, onde foram entusiasticamente re<:tbi · das por uma multidão de 150 mil pessoas. Uma 1er~ira,queperegrinava pclas Amilhas,pcrmaneceu na Martinica. Assim, apenas uma foi paraa Diocesede Bourgcs
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-~ istinguindo. classificando
LITURGIA GUERREIRA LITURG IA católica, 1al como a foi concebendo a Tradi çao, é uma sinfonia i11in1crrupta de louvor a Deus. Tem ela aspectos suaves, amenos, quase diriamos meigos: comporia grandezas de uma elevação sublime; não lhe faltam ainda impostações guerreiras como a ponta de uma espada. Estas últimas slio certamente as mais esquecidas ncs1a época de convergcncialismo e consenso. E como toda verdade esquecida produz um vácuo irrcparã vcl, cal omissão deturpa a visão que se tem do conjunto da Liturgia. Ê como se de repente se calassem os trompetes, no momento mesmo cm que deveriam tocarpara a l:,clczada sinfonia. Convém, pois, e muito, para evitar urna idéia adocicada e falsa dos esplendores litúrgicos, lembrar algo de seus aspectos guerreiros.
A
O Patriarca é 11{10 só o pregador do E1•a11gelho, mas o cavaleiro <le Deus. Ele 11/Jo a empunha. mas u espada está a seu serviro 110 exerclciodesuamiss/Jo. O diácono sem/o o ser1·idor 1emporal do Bispo de acordo com a 1radiç{lo, e/ede1,eemp1111há-la, naproclamaç0o ,lo EMngelJto. Simbo/izundo assim a resoluçao decomba1er mili1arme111e os inimigos <lo Evunge/Jto e de barrar o cu111i11ho aos infiéis''. Isto explica, aliás, um bonito hábiw que existiu quase até a Revolução Francesa . no /\ntigo Regime, época cm que os nobres sempre levavam consigo uma espada. Durante a Missa, á leitura do Evangelho, todos eles desembainhavam suas csp;idas, em sinaldcqucestavamprontosal utar cm defesa da Palavra de Deus e da Santa Igreja.
''Todos os anos, no dia da Epifania (6 de janeiro), celebra-se em Cividale·le-Frio11I (lláJia), a Missa <li· 1a do EspudDo. D11ra11te a Missa ÍII· leira, o <liáco110 e111pu11ha a espada nua na 111(10 <!irei/a, e sobre sua w O Bispo é um pastor de almas, beça tem 11111 capa'-·ete riq11issimatodo mundo o sabe. Mas o que se 111e111e orna<lo e com pl11mas. evanesceu das mentes de muitos é ''Os lit11rgistas dizem que a palaque, dian1c do lobo, o Pastor ou é vra evangélica é como 11111 gládio um combatente ou ele trai sua missão. cortante e que todo crisiao <leve esO Pontifical Roman o, muito a tar pronto fl rlefen<lé-lfl até o sangue. propósito, na cerimônia de sagração 'N0o vim 1raz,er a pa1;, mas fl espflTaisaspec1osgucrreirosda Liturepiscopal, ao impor a mitra ao His- du', disse Jesus. gia católica autorizam-nos a uma po, lembrava-lhe sua condição de "t.Su, explicaçno é excele,ue, pcrguntaemrclaçãoaofuturo.Quauguerreiro: mas ela 11'10 110s impede de buscar do tiver cessado o processo de "au"Impomos, Senhor, sobre a ca- a origem históricfl de 11111 Ido raro 1odemolição" da Igreja e tiver sido beça des1e /Jispo, sof<lado 1•ruso, o rito na Igreja. e,cpclida de seu interior a "fumaça capaceu de defesa e salvaç/Jo, a fim "O Patriarca de Aquiléia (ci<lfl- de Satanás" - repor1:mdo-nos às <Íe que seu rosto por ele ornado e de q11e 1e1•e como sucessora Veneiu), expressões empregadas por Paulo sua cabera por ele protegi<la af)(tre- Pa11/i11. obteve, pelfl generosidade V I - pelo espetacular triunfo do çam, como cornos dos <fois 1es1a- <le Carlos M11g110, imensos territó- Imaculado Coração de Maria, pre111en1os, 1erríveis aos inimigos ,la rios. Com o temJ)O, o Patriarca <le visto em Fátima, co1110 se dará o ,·erdade, e des/es se /0me ele J}otlero- Aq11i/éia 10111011 lugar na hierarquia desenvolvimento da face combativa so ad,•ersário" (destaques nossos). feudal (. . .) Tomou-se 11tlo só flito da liturgia? Serão imroduzidos nela dignau.írio '-'Clesiástico (ele é o ances- ritos que lembrem a execrnbi lidade lral do Patri(lrca de Veneza), mas de toda a convcrgênda com o mal'/ tombem 11111 senhor muito poderoso. A Santa Igreja, então lim pada "fuDa revista "Ecdesia" de Madri "A espada que figura nu festa maça de Satanás'', saberá o que conUaneiro/ 1955, pp. l 17 a 122) extra- <la Epifania, nesta igreja, t/e1•e le111- vém fazer! irn~- - - - - - - - -l"taLõSUS...circun.illl-·=1iswtów,.,·c·ae.<._ _ _ _ _ _ _ __,c"-."' A--j
CATOLJ C /Sf..,10 -
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Escrevem os leitores MESMA UNHA CATOLI CISMO continua na mesma linha de sempre, isto t, deíendendo a ortodoxia católica e alertando contra o perigo marxista. Parabéns pela perseverança, tão rara cm nossosdias(Guilhermel'creiraCavalcante, Cabacei ras-PB).
ARGUMENTOS H à muito tempo vinha dcscjando escrcver-lhes para expres-
sar osmeusmalsefusivoscumprimentospclapublicaçãorcgulardabrilllanteeimrépidarevista que o! CATO LI C ISMO. No meio do caos que se abate sobreacivilizaçllocristll,CATOLJ CJSMO
t
como uma lu z que
brilha nas 1rcvas. E na quase, oumclhordizendo,natotaline-
;,;istencia dc boas lcituras nessa nossa imprensa tão imoral, CA-
TOLICISMO t lido com avidez. 13. nela que encontramos argumemos contra toda a sorte de asstdio e pn:ssÕC!i do mundo. Alimentamos nossa fé com os exemplos de: coragem e virtude dos santos e ao mesmo !empo ficamosaopardosdescalabros denossasociedade(Mari1~linad1CruiHlbelro,Joi oPl'5so11-PB).
TV Aqui lhe envio este ar1igo que pode ser interessante para CATOLIC ISMO: o que acontece quando a população se vê forçada a observar uma "abstinência"dcTV(Erne-sloBurini, Buenos Ahu - Argcnlina). Noh1 da Hcdaç:iu: Trata-se de uma reportagem publicada no jornal argentino "La Nación", 14/!i/89, sobre a restrição forçada dos horários de -TV-:-dcvldo- ia-msrcn-ergé1tc
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que atingiu a nação irm ã. Traduzimosaseguiralgunstópicos mais interessantes: "Mais de um consumidor de TV teve de rene1irs.obreasi1uaçãodedepcndênciaaqueosujeitaoconsurnodiârio de tantas horas de transmissão. A falta de tclcvi sãoobrigoumuit ostclespcctadoresamodificarseushãbitosquotidianos, e a dar-se conta de que não sabiam como suprir a carência da imagem no vldeo ( ... ). 'Notou-se uma mudança -e,cprCS$0u Margarita Aphalo, da Livraria Letras de San Telmo - mais do que na venda, noscomentiriosdesat isfaçllodeclientes, mães de adolescentes, porque seus filhos se estão interessando pclateitura. Porout rolado,tambémmuiws adultosre(..'<.lllhe<:enique,apartir da redução do horário de TV, recuperaram o hàbito da leitura'. ApsicólogaLiaLerner enfatizou: fa1ode não existir este terceiro membro que é a televisão. facilita a comunicação na familia' . Em nota publicada no Ultimo domingo em 'La Nación' renetiram-se alguns aspectos do prejulzo que ocasiona às crianças permanecer ante um televisor durante muirns horns: obesidade e a umento da agressão. 'lníluenciou-me(adiminuiçllodohorãrio da TV) de modo muito positivo - disse Nélida, dona de casa, 53 a nos. Agora tenho muito mais tempo para ler, para ouvir milsica e para visitar parentes. Comprovei, enfim, que sem televisão me libertava de um hábito que já se tornavaidiotizan1e'.MariaRosa,donadCcasa,36anos: 'A redução do horário de TV permite-me dediear-meaoosturar,1ecerou ler,atividadesqueeujãtinha bastanteesqueeidas'.MariaClara, docente, 36 anos, mãe de duar n1h·:rr.--our.mt
·o
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(ascrianças)seorientaramparaoutrasatividadescomoleitura ejogos que não realizavam quando havia TV. Agora que estãonoperlodoesoolar,(aausênciadaTV)lhe~permileordenar as atividades da tarde sem estarempendentesdequecomeceou termine mi ou qua l programa' . Para Ksiazeniecr, 'nas cria nçashãatitudesderaivae impotfncia porque não sabem com o que substit ui r a TV. Ou ço não sóde menores, mas tambem de anciãos e~pressões como: sinto Falta dela. Como se se esti vessem referindo a uma pessoa'",
Ar1icutação oomunista - "Chico Mendes"; c)Tufãoecológioo-inversãodevalores. Escendo saudações ao Prof. Plinio Corrêa de Oliveira e rogo a Nossa Senhora do Dom Co nselho que perman~a derramando graças na TFP para que esta con1 inu c com o csplrito que a vem norteando at~ esses nossos dias dc borrasca (Scbas!ião Aprigio da Costa Honório, S/lo JO!'édosCampos-S P).
''TURI SMO " Recém -c hegado da Europa, ondetivcaopo rtunidadcdcpcrmaneccr por quase sete meses atrabalho,procuro,naspági nas desta Revista (da qual possuo diversos nilmcrosantigose recentes),rclembrarcomsaudadesosambientes,oscostumes, eacivi lizaçãocomosquaispudeconviver( ... ). An1csmesmo de paralãirpudcpreparar,não sóasmalas,mas1ambémoespiritocritico(pclalei1uradolrabalho''RevoluçlloeCon1ra-Revolução''eoutrosartigospublicados por essa Revista ) e oroteiro "tudstico" (pela kitura das reportagens que ela period icamente apresenta sobre locais dignosdcvisita:casteloSepatãcios, capelas e catedrais, bosquesejardins, lugarcjosecida des.etantasoutraseoisasmais). Tendo a oportunidade de lã fi car por um pcrlodo que não foi pequeno pude contem plar os diversos aspectos com os o lhos outrosqueosdeumsimplesturisrn (... ). Porém, muito mais qu e um simplesconsolo,a leituraatual retrospcctivadas páginas desse Mensário contribuiu para enriquecer as impressões quemeficaramgravadasnoespirito (... ). Resla -me, senhor Dire!Or, agradecer à equipe de CATOLI CISMO pelas informações que obt ive na lei1ura de suas páginas (fha ln Gouvria Limrira, Vl1óri1-l-.:S).
INFORMAÇÕES Gostaria de pedir informações sobre os seguintes fatos: a) Praça da l'az-braçoscruzaorantc-a lifdracõffiiiiiistã;
Nola da Kcd1çlo: Sobre os trágicosacontecimemosdejunho na China (Praça da Paz Celestial)omissivistacncontrarã dados no artigo "0 drama da lgrejanumaChinaemooníusão" (Nº 463, julho/89) e na Seção "A Realidade. concisamente" (Nº 464, agosto/89). A respeito do ca50 "Chico Mendes'', dado o carâter prevalcmemente policial do mcsmo, não está na indole de nossa revista dar-lhe maior o;paço, embora não descartemos a hipótese levantada pclo missivistade uma possível articulaçllo comunista ligada de alguma nurncirn aos fatos. Por fim, quantbàccologia,temosem vistapubli carproximameme um artigo a respeito. Podemos ent reta nto adiantar desde já que o atual "tufllo ecológioo", embora afirmando dc:permeioalgumasverdadcscomo quando aponta cenos malesdaciviliz.açàoindustriali· zada-emseuconjuntotemsc mostrado um fator importante da"QuartaRcvolução",descritaedcnunciada pelo Proí. Pli· nio Corrêa de Oliveira na Parle lll descuadrnir{lvelefamos.oensaio''RevoluçãoeCon traRcvoluç
SÃO PEDRO JULIÃO EYMARD
"Que é o amor, senão exagero?" "NOSSO SEN HOR quer estabelecer em nós um amor apaixonado por Ele. Toda virtude, todo pensamento que não termina numa paixão, que não acaba por tornar-se uma paixão, nada de grande produzirá jamais. ( ... ) O amor só triunía quando é em nós uma paixão vital. Sem isso. podem produzir-se atos isolados de amor, mais ou menos freqüentes; a vida não é tomada, não é nada( ... ) Nosso amor, para ser uma paixão. deve sofrer as leis das paixões humanas. Falo das paixões honestas, naturalmente boas; pois as paixões são indiferentes em si mesmas; nós as tornamos mâs quando .as dirigimos para o mal, mas só de nós depende utilizá-las para o bem. Ora, a paixão que domina o homem, concentra-o. Tal homem quer chegar a uma determinada posição honrosa e elevada. Só para isso trabalharâ: dez, vinte anos, não importa. Chegarei, diz ele; faz unidade; tudo se acha reduzido a servir esse pensamento, esse desejo, deixa de lado tudo quanto não o conduzir a seu objetivo Eis como se chega no mundo ao que se deseja: essas paixões podem tornar-se más, e ai! muitas vezes não são mais que um crime contínuo; mas enfim podem ser e são ainda honorificas. Sem uma paixão, nada se alcança: a vida carece de objetivo; arrasta-se uma vida inútil. Pois bem, na ordem da salvação, é preciso ter também uma paixão que nos domine a vida e a faça produzir. para a glória de Deus, todos os frui os que o Senhor espera. Amai tal virtude, tal verdade, tal ministério apaixonadamente. Devotai-lhe a vossa vida, consagrai-lhe os
vossos pensamentos e trabalhos; sem isso.nada alcançareis Jamais, sereis ape nas um assalariado, jamais um herói!( ... ) Ah! no Juízo, não serão tan tos os nossos pecados que nos aterrorizarão e nos serão censurados; estão irrevogave lmente perdoados Mas Nosso Senhor nos censurarâ por seu amor! Vós me amastes menos que às criaturas! Vós não fizestes de Mim a felicidade de vossa vida! Vós me amastes bastante para não me ofender n1ortalmente; mas não para vive r de Mim! ( ... ) Dizem: Mas t exagero tudo isso Mas que é o amor, senão exagero? Exagerar é ultrapassar a lei; pois bem. o amor deve eii;agerar ! (. .. ) Vamos! Entremos cm Nosso Senhor! Amemo-10 um pouco por Ele: saibamos esquecer-nos e dar.nos a esse bom Salvador! Imolemo-nos um pouco! Cousiderai estes círios, esta lfimpada, que se consomem sem deixar vestigios. sem nada reservar". (São Pedro Julião Eymard, "O Santissimo Sacramento", Coleção "Os grandes autores espirituais", nº 24, Ed. Paulinas, São Paulo. 1956, pp. 27 a 32)
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CATOLICISMO - Setembro 1989 - 25
Soldado,
CINQÜENTA INICIAVA SUA
HÁ HITLER A
PRIMEIRO de selembro de 1939-justamentehAcinqüenta anos - os tanques, carros de assalto e baterias de Hit ler, prote· gid os por nuven s de slukas e messerschmidts, at ravessavam a frontei ra da Polônia, desencadeando o que viria a ser uma das maiores hecatombes da História: a Segunda Guerra Mundial. Durante os cinco anos e meio que durou, através de marchas e contra marchas, inicialmente parecendo favorecer o Eixo, e fi nalmente pendendo para os Aliados, a gue rra, de modo direto ou indirelO, desfigurou o panorama mundial, desde os costumes e o comportamemo humano ao equilíbrio político internacional. Vista na perspectiva de meio século, dela se pode dizer hoje que contribuiu decisivamente para apressar o passo da Revolução mundial anticristã
,.,,.,.,;n ..,..,,,,,..,.do " barrám 'I"' ,,,,.,,.,.,., " Alrmànloa ,la t•oiônia
acampamentos para "divertir" os exércitos em meio à luta. Do â mbito militar, a onda de permissivismo moral filtrou para as populações civis No campo político, a guerra veio trazer uma novidade espetacular: a Rüssia soviética, que mal se mantin ha em suas próprias pernas, potencialmente perigosa somente pela enorme população, mas definitivamente potência dcscgundaclassc,alimentadacindustrializada pelos aliados, através da fati dica rota de Murmansk, surgia na mesa das negociações como um dos quatro grandes, ditando vontades e iippondo condições, anexando nações, e com seus exércitos ocupando todo o lcs1e europeu até Berlim A 1udo isso, condm:iu o fuhrer Adotf Hitler, ao desfechar, ás 4145 da manhã de l? de setembro a operação Caso Branco
Fraqueza de Hitler Depois do guerra, um novo mundo
No momemo da invasno da Polônia, Hitler falava alto. " Ná 11111a palaÉ historicamente recon hecido o fa- vra que sempre ignorei: capiflllaçao ... to de que as guerras, de modo geral, Só deixarei o uniforme militar após a contribuem para o re laxamento dos vitória'' - disse nesse trágico l ? de costumes, com a movimentação de tro- sclembro ao Reichslag, simulacro de pas e o dcsloca memo das pessoas de parl amento alemão. Na verdade esiascu lugar habitual de vida ou das con- va blefando, como blefou desde que diçõcs sociais a que estão sujei1as. A subiu ao poder, através de um consengue rra de 39-45 foi especialmente de- so (que já naquela época era sinônivastndor:i:-ncnc-campo-;-com-o--concu - ,no-de-rendiçti·o nttiro-pctoreo-n-s; so do cinema e do rádio e das visitas dores e centristas. De fato, ele precisade atores, comediantes e bai larinas aos va evitar uma guerra mundial, para a 26 -
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qual ainda não estava preparado. Temia a intervenção dos ingleses. Não era capaz de manter a guerra cm duas fren tes; sco exército francês,ivcssc invadido a Alemanha no oeste, ele teria fracassado na Polônia. Ele precisava, pois, de um apoio que impressionasse o mundo e o deixasse livre na frente oriencal: o apoio dos soviéticos. Em meados de agosto enviara a Moscou uma proposta de pacto de nãoagress11o. Molotov, chefe das Relações Exteriores da Rússia, há meses mantinha negociações inconclusivas com franceses e ingleses. No momento mais agudo da crise, Hitler enviou a Moscou seu ministro Joachim von Ribbcnt rop e, a 23 de agosto, estourou o que parecia ser uma bomba na política internacional: o pacto Ribbentrop-Molotov. A Rússia comprometia-se a não intervir no caso de invasão alemã na Polônia. Hitler pôde, assim, transpor as fron1eiras do leste. A 17 de setemb ro, o Exércilo Vermelho invadiu, por sua vez, o pais católico. Soube-se, então, que o pacto continha cláusulns secretas, que resolvia m sobre a partilha da Polônia e estendiam a influência russa sobre a Estônia, a Letônia e a Finlândia ...
Uma tina percepçõo político Nré~ lsmo era mio co-- - mo e~trcmo oposto do comunismo, falsa visllo que perdura ainda hoje em
Só com o apoio soviético foi possível invadir a Polônia, ), manobra prevista em "O Legionário " '{, por Plínio Corréa de Oliveira ~
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ANOS TRÁGICA AVENTURA
Ag,-euiion<1ú·soviitica vista"" im/1nnsa
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am• ricanaem 1939
espíritos superficiais . O próprio Hitler tinha se apresentado assim, mas sua ação, uma vez no poder, era de molde a produzir na Alemanha o que o
com unismo tinha produzido na Rússia. O culto pelo trabalho ma nual era o mesmo; os valores tradicionais e espirituais do povo alemão foram abandona-
dos. O determinismo histórico previa na Rússia como idade adulta a ditadura do proletariado e, na Alemanha , o Reich de Mil Anos. Os soviets de 1917 tinham extinto na Rússia a propriedade privada; na ;~e;:~:i~ ~~:~~~~:~c:;~~~ªd!ee~:
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cos. Todos confirmavam as posições firmes do d iretor da publicação e que lhe tinham custado objeções e até a zombaria de simpatizantes do nazifascismo, inclusive entre destacados lideres católicos brasileiros.
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:~~:á~;c~ii{gã~afáº!~\'.cªv~a'°i~:c~~a~~~ meridiana que o mundo não se dividia ::t~:i~aq~~:~~ ~~i;c!:~,r~o~~crai~~;~~: <leira e Revo lução, alinhados nesta nazismo e comunismo, embora com disfarccs de antagonismo. A 27 de agosto, logo após a concrctização do pacto Ribbcntrop-Molotov, "O Legionário", cm vista do que afirmara cm edições anteriores, podia galhardamcntc publicar o a rtigo intitulado
Hoje nos causa admiração e respeito esse discern imento e capacidade de previsão, fruto de uma fidelidade viril e clarividente à Igreja. Muitos dos que então simpatizavam com o falso direitismo fascista se bandearam para o esquerdismo propugnando pcla Reforma Agrária, pela Igreja nova e teologia da libertação. E passaram a - acusarPlinio·eorrêa·dc-0 1iveira-de-na- em zifascista .. . HOMERO BARRADAS que analisava os últimos eventos politi-
"Os recentes aconteâmentos pro---poreimraram-uma-con/innaçtJo-sensaciona/ às previsôes desta folha", -
católico,
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PARA cSQUcCcR o SANGUc! PÓLVORA que cm l 789 se encontrava na Basti!~ia, com ccrtcw n!l.oseriasufictcntc para fabricar todos os fogos de art ificio que explodiram nas comemorações do biccntenârio da Revoluç!l.o Francesa. A Prefeitura de Paris, por exemplo, tendo a testa o centrista Jacques Chirac, promoveu um lindo espc1âculo de pirotecnia para celebrar os cem anos da torre Eiffel e prome1 e outro para o dia 23 deste mês: "1789 sur Seinc" (1789 sobre o Sena).
A
Desogrado
a Revolução, gastou bilhões de dólares na construção de obras faraônicas, que desagradaram a grande maioria do público francês e lhe valeram o apelido de "Mitterran1sés". De fato, recente pesquisa revelou que 80% dos parisienses abominam a pirâmide de vidro construida na entrada do museu do Louvre. Para eles, aquela "bij111eria ramanho /rambolho ·• só serve para conspurcar a paisagem do castelo que costumava ser um dos 1nais belos cartões postais do muudo (\). 0 "Grande Arco", da Defense, construido para comemorar a Declara-
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Jaol'"""'"
~ea~te= a 0R,"p"' · 6 "' ' ""' """' · ,cc oc"' i,'----+1!~.d~; lista, François Mitterrand, não foi tão sa cdiçi'io de agos10), tampouco cscafeli z cm sua escolha. Para comemorar pou âs criticas, Muitos o classificam 28 -
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de "arte pós-nada", devido<) ex travagâ ncia de seu estilo: um cubo vazado, que servirá de escritório "para exec111ivos neuróticos".
Até somba e zebras Entretanto, o ponto auge das ceiebraçõcs oficiais do biccntenirio ni\o foi o "terror arq11ite16nico t/e Millerraml", mas o desfile d.o dia 14 de julho, quando 32 dirigentes mundiais estiveram prcsemcs cm Paris para assistir a um espetáculo no mais puro c:st i1 1 ~~d t;~:~~~/;~~v~:.~:~~aldc~~~ jazz a1é samba brasileiro, 1.ebras, elefantcs, sem falar nas acrobacias dos
1~
aviões Miragc e no aparatoso desfile mili1ar. Na noite de 14 de ju lho, houve a ópera-desfile A Marseif/aise cm lo uvor do hino que pretensamente simbolizaria a lula da liberdade contra a 1irania Os o rganizadores do evento, emrctanto, parecem ter esquecido <1uc, cm abril de 1792 - data cm que Rouget de Lislc compôs a célebre canç!lo foram os revolucionários que declararam a guer ra ii Áustria, numa formidável manobra pol i1ica que atcílria fogo à Europa e possibilitaria li derrubada da monarquia. Em outros termos, a Françarevolucionáriacraanaç:loagrcssora, não os países ··subjugados vela tira11ia''.
na, extin guindo assim unrn "odiosa dij(•re11ça t'l1/re proflssôes ". Farmacêuticos e charlatães tiveram, até 1803 . os mesmos dire itos dos médicos ! (4) Na Vcndéia, cm setembro de 1793, os mesmos revolucionários fuzilaram mil hares de camponeses e devastaram a regi/lo. Por requinte de sadismo, violava m as mulhcrcs. introcluziam car1uchos cm seus corf)Os para depois lan çá-tos ao fogo ainda com vid,1. (5) 'lhdo isso é assaz incômodo para quem deseja comemorar os "direi1os <lo homem", a "liberdade, ig11ald11de efrulernfr/(ufe"..
Ca rn ava l de co ntradi ções
Na impossibilidade de mudar a História, os organizadores do bicentenário resolveram esvaziar o con1cí1do ideológico da Revolução e imprimir um caráter lúdico às comemorações. Isso lhes permitiu celebrar 1789 à moda pacifisrn, isio é, sem polêmicas que pudessem reaccndcrascinzasdeum 1>assadoque, de si, representa um verdadeiro libelo contra o movimento revol ucionàrio. Tudo virou festa!. Inocentes crianças
Essa e outras contradições aberrantes provocaram um clima de hilaricdadc e descontentamento entre os franceses. Muitos terminaram o camo da Marsei llaise com o grito realista "viva o rei!"(2) Urna pesquisa feita pela revista "Figaro Magazine "' revelou q ue 59% dos parisienses se mostraram irritados ou indifcrcntescmrclaçàoaobiccntcnário, enquanto 62'1• consideraram "chocan1cs'' os gastos com o acontecimento. (3) Até hoje, incomávcis franceses não cnlcndcm porque, cm 1889, a então vacilante terceira república, fixou o 14 de ju lho como data nacional. Não seria mais lógico se comemorar a fundaçiio da república (2 1 de setembro de 1792),cm lugar de fcsicjaradcstrui çll.o de uma prisao de Estado semidesati vada (a Bastilha)? NM é paradoxal essa come moração de uma monarquia constitucional (1789) por um governo republicano? Acou tcce que a proclamação da rcpllbt\ca foi precedida pda chacina das Tolherias e pelos massacres nas prisões da Paris, os quais liquidaram nfio os guardas, mas os prisioneiros! Por outro lado, a primeira república foi " legitimada" 1>0r apeuas to'!o do eleitorado, gove rnou através do Terror. guitho1inou milhares de pessoas, dccre1o u a "lei dos suspeitos" . suprimiu a liberdadr de imprensa, fechou as igrejas. perseguiu o cle ro e deixou a França cm ruínas. Foi a república que, em nome da "modernidade". condenou à morte, como ...!.'.suspei10!..'_,---o célebre-c1uimic Antoine Lavoisier. Em nome da "igualdade"', fcchouasfaculdadcsclcmcdici-
C o n se n so? u m an estésico e fi caz
Não
trajam a car111ag110/e e fazem o papel de encantadores sa11s-c11/ottes, mas sem brincar com cabeças dccapi1.idas, nem levá-las n.i ponta de chuços ... Inaugurou-se , assim, um "consenso'' que prcccnde despojar a Rcvoluçiio de seus asp,cc1os negativos e sanguinolentos. A versão histórica dessa eficaz manobra de anestesia da opinião pública francesa - h.'l séculos dividida cm revolucionários e contra-revolucionários - foi batizada corno "revisionismo cri1ico". Seu cabecilha, François Furei, inventou a tese de "derrapagem". segundo a qual 1eria havido uma Revolução "boa" c o utra "má". No 14 de julho último, celebrou-se tão somente o bicentenário da "boa" Revolução ... A '"má". isto é, a memória dos dois milhões de vitimas, foi esquecida pelos fogos e pelo vinho! BRÁULIO OE ARAGÃO NOTAS (l)""OfaiadodcS.l'aulo"', IJ.7.89 (2)'" Lc0uotidicndc l'a,iÇ", 13.7.89
(l) '"l'olhadcS.Paulo".14.7.89 (4)cfrRcrn!Sédillot. ""LeCoU!dcla RC,·olu1ion FrançaiJ.C'".Pcrrir,. l•a,i,;.1987 (S)dr Rcynal<I Sechcr.··LcGénocidcrr:111co-fran\"ªÍ" la Vc11dé<, Veng<'' ". l' .lJ. l· .• l'aris. l987
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So.:1,·111hro
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Uma curiosidade sobre as CEBs A
S COMUN IDADES Eclesiais de Base CEBs andam meio apagadas ult imamente: falta de arraigo popular? Não serefizeramdadenllnciapublicada pela TFP? (•). Talvez haja de ambas as coisas
IJ. Mlluro Mo,.,1/i,
/Jispo,ü lJuqrt• de CaJtfos-Rj, e,ncujndiocue .udeMO ltnamlro J,.., CEHse
o/vrnJ
um pouco. O fato é que as CEBs rea li:t.aram em julho úllimo um Encontro na cidade de Duque de Caxias (RJ), para o qual trouxeram representantes de vários países do Continente, numa mistura de católicos e protestantes. Mas não conseguiram despertar o interesse do grosso dos católicos, revelando-se mais uma vez um fenômeno de
iniciadosedecúpulascclesiásticas: 90 bispos estavam presentes, fora os padres! MuitosdestesenvergandocamisetasdaCUTouboinasdo PT. Tratar aqui do Encontro, de seu ambiente ou do seu documento final seria um pouco chover no molhado. São sempre os mesmos temas politioos que vêm à baila, procurando unir todos no socialismo, nao se importando com as verdades católicas, desprezando as condenações dos Papas ao comunismo, criticando a colonizaç11o da América que qualificam de "invasão ibérica" e outras "preciosidades" do gênero.
Esfregando-se no Revoluçõo Francesa Um ponto porém há, extremamente-curioso.-que-va le a pena tratar. Num artigo sobre o Encontro das
CEBs, Frei Betto, sentindo provavelmente o grau de desprestigio em que elas se encontram, não achou nada melhor para tentar pó-las em foco do que comparar o Encontro à Revolução Francesa. Que os erros comunistas, nos quais as CElls se abcbcram, provêm da Revolução Francesa, isso já foi exposto pelo Prof. Plínio Corrêa de Oliveira no livro acima citado. Mas a tarefa a que se ent rega Frei Bctto é outra. li. Revolução Francesa vem sendo muito falada ultimamcll[e, devido às oomcmoraçôes de seu bicentenârio. E o religioso parece 1er julgado prestigioso para as CEBs esfregá-las na Revolução Francesa para ver se algo da notoriedade·do·bicentenârio cola nelas. O que talvez ele nllo saiba é que as come-
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morações dos duzentos anos vêm sendo um fracasso cm todo o mundo, especialmente na França; e que JXJrtanto seu esforço para encampar o prestígio da Revolução em favor das CEBs nllo é só risivel, é inócuo. Um amigo francês, cm visita ao Brasil, con1ou-me que no famoso jardim das Tulherias, em Paris, foi montado um cenário permanente de comemora(,:ÕCS, com monumentos, ambientes, rememorando a Revolução. Ademais, há lá uma animação continua, com shows, espetáculos rcfcrc111es ao evento, pessoas ves1idas de sans-culotte etc. O Governo previa uma freqüência de 10 a 15 mil pessoas por dia, e o ingresso cobrado era de 40·franco. Nos primeiros dias, decepção! Havia muito mais
"animadores" do que popularcs. Ccrtamcntescria o preço alto. Baixaram-no uma vez, a segunda, e assim foi até chegar afinal a S fra ncos (NCzSJ,00).Masnada,ninguém vni. A tal ponto <1uc um articulista de " Le Monde" chegou a dizer, cm tom de gracejo, que o jardim das Tulherias tornou-se o lugar mais tranqüilo de Paris, próprio para o encontro de pessoas que desejam tratar de a lgum assunto particular sem serem incomodadas. O problema não era o preço, mas outro: duzentos anos depois, o povo francês, com o recuo do tempo, percebe melhor a violência e artificialidade da Revolução que lhe foi imposta, de modo que, mesmo nas comemorações a-ideológicas e de puro passa-tempo que foram feitas, ele se omite.
A s CEBs no fo rró Mas, voltemos a Frei Betto. Seu ar1igosobre o Encontrodas·CEBs intitula-se ''Clima de Revolução Francesa'' (" Diário Popu lar", SP, 19-7-89). Nele, o religioso procura aplicar o lema da Re voluç11o - liberdade, igualdade, fraternidade ao Encontro de Duque de Caxias: 'ºHavia comple10 liberda,te: nos gntJ)QS e plenários, leigos sequiosos ,!e 111110 Igreja mais evo,rgélicu q11es1io,ww1111 teólogos, padres e bispos". Na Revolução Francesa o questio uamcn to cheou a·o-po"ntõ7:l~rrar n cabeças de eclesiásticos e nobres, mas ao que parece,
em Duque de Ca:ii:ias, os senhores bispos e padres sai ram todos com m as cabeçar sobre os ombros! Faltou J lgo pois para a equipart.ç11o. Chegaremos lá? "A igualdade tra11spare-
"ª
cia ( ... ) participaçi1o dos leigos nas ce/ebraçóes lilúrgicas e nas filas onde prelados e lascados aguardavam a mesma comida". Se os leigos partieipam da celebraçll.o litúrgica em igualdade de condições com bispos e saccrdoles. e depois vão todos indistintamente fazer fila para comer a mes ma co mida, quer dizer isto que acubou a diferença entre bispos, sacerdotes e leigos? E qu e portanto não há mais uma Igreja hierárquica? Se é isso, então de fato há aqui uma analogia co m a Revol ução Francesa, durante a qual a Igreja Católica foi proibida de existir e substituída por urna igreja co nstitucional igualitária, al iãs co ndenada co mo cismática pelo Papa Pio VI. Silo isto as CEBs? Responda Frei Beuo.
"Ea/ra/ernidademoslrava-sc no clima pentecos/a/ (... ) um bairro (de Duque de Caxias) acolheu seus hóspedes (das CEBs) com um forró que durou até o ama11hecer. Viveu-se ali na Baixada a antecipa((Jo do socialismo democrúlico que se cons1i111i no objetivo dos cristOos engajados na /ma por justiça".
Escolas a serviço da anti-educaçoo AS ESCOLAS devem descnvolVcr a personalidade dos alunos, visando o aperfeiçoamento moral, intelectual e füico deles. Para isso, é necessário que fomentem a moralida. de, a seriedade, o respeito, em síntese, a ordem. Eis ent re· canto o que vem ocorrendo cm alguns estabelecimentos de ensino cm nosso Pais: -Êcorrenteousodeshortsporpartedealunosealunas, que costumam sentar-se no chilo dos pátios internos dos colégios, ou nas calçadas. Em muitas faculdades, professores ministram suas aulas usando ... bermudas! Adcgcnercscênciadosambicntesescolaresvcrnseacentuando nos Ultimos anos. Jà em 1987 comentava a "Folha de S. Paulo" a respeito de co nhecida escola paulis1a: urna "caractcristica do colégio .... ê o barulho nas cla~s. Os alunosnâoparamdcfalar. .. geralmentebrincadcirasoupiadas. Hâumaincapacidadcdeseficarcalado,ouvindooutra pessoa falar (~cja o professo r ou algum aluno aprc«-ntando um scrninário). Osproícsso rcssc adaptam a esta situação, dando aula no meio da balbí1rdia". E acrescentava o scguin1edcpoimcntodeumaalunadecertaescolapar!Ículardc São Paulo: - "Aqui ~ocê vai ao cinema co m o professor e dcp0is come uma piua" (cfr. "Folha de S. Paulo", 22-11-87). E depois da pizza, para onde ,110? Mais reccntcmcn!e, o mesmo jornal publicou rcportagens sobrc os cursinhos dc São Paulo, nas quais afirma que osprofcssorcs111aisbcm sut'Cdidossãoos"show-mcn"(homcns show). Um desses professo res, "ao entrar na sala de aula, l).lrcce ter sido ligado cm uma tomada de alta volrngem. Elé1rico,cngraçado eca1ivan1e, éum dos proíessores mais populares". Quando um aluno es1á dis1raido, o professor se diri ge a ele dizendo: "O colega ai pesquisando o teto. Prestem atenção, que já já chego no se~o total" ("Folha de S. Paulo", 2S-9-8S). Outros fatos poderiam ser referidos, mas esses já são suficientes para mostrar que muitas escolas perderam a seriedade e se transformaram em instrumento de dcgcncrcscência dos alunos. Noticias como essas causariam pasmo aos pais, alguns anos atrás. Ficariam indignados e se organizariam para impedir que seus filhos fossem objetos de uma anti-cducaçao, freqüentando tais escolas Por que hoje permanecem impassl\·eis ou até aprovam? Seráqueasnoçõesdemorat, honra, dignidadeestão scevanesce ndo nos espiritos?
Se a ante-sala do socialismo das CEBs é o forró, Frei Betto precisaria apenas levar esse mesmo forró um pouco mais longe para que a analogia co m a Revo lução Fraueesa que ele estabelece fosse perfeita. De fa1 0, ai111plantação do regime revolucionário na França foi precedida de danças macabras, feitas não só em meio à bebe<leira, mas também no sangue e aos cadáveres. Quererão as CEBs mesmo neste ponto co mpletar a an al ogia? GREGÓRIO LOPES l'linio Co« h de Oli>0iro , Gu,(~•o An(onioSoiim<O, l.ui > Sh• ioSoiimro,
(º)
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CATOLIC ISMO - Setembro 1989 - 31
Em IJi/bao, apr,s,ntaçifo
dolivrod,
Brilhante campanha da TFP na região da ETA
posto revolucionário", a ETA prossegue sua manobra de desagregação do Es1ado espanho l, sem ser contrariada por medidas eficazes da parle do PSOE, atualmente no poder, fato também de· nuneiado no livro-bomba editado pela entidade.
MADR I - A campanha d e di vulgação, efet uada por TFP-Covadonga, em ni vel nacional, do livro-denúncia " Espanha anestesiada sem o perce ber, amordaçada sem o qu erer, extraviada sem o saber", que desmascara a Revolução encoberta, promovida pelo PSOE, atingiu umadasregiõesmais'' sensivcis"daEspa nha: as províncias bascas. Alí, um dos movi mentosterrorisias maissangre ntos da Europa - a ETA -vem pleiteando a separação daquelas províncias do resto do pais. Por meio de atcmados e extorsão do "im-
Nodia20dejunhopassado, fo i la nçado o livro em Bilbao, noaudi tór iodo Carlton Hotel, que se achava lotado. O principal orador, Padre C uc S .J., apresento u a obra e fez uma dura crítica aos ro ubos sacrílegos, às blasfêmias contra Deus, a Religião e Nossa Senhora, acrescentando que os piores ladrões não são os que roubam e profanam, mas os que, de dentro da Igreja , se aproveitam de sua condição para destruir, amordaçar e anestesiar o povo fiel.
Conferência
Aos p,'s dn Virg,m /Jrm,w d, Vitóri,. , ~íti,,.,. de ,~írios a/n1tt1dos /errorúlas, enc,..,.,,r,-s; a ,..,/owsa t;timpa.,l,u ,/; Tf"P-Covadot1.i:a au, Vasctmgadas.
A campanha de rua em Bilbao, Vitória e San Sebastián, principais cidades da região Basca, fo i marcada pela profunda reatividade do público e sua categóri ca divisão cm relação à obra da TFP espanhola . D ivisão
de ca mpos "Uns quase nos abraçavam de a legria, outros nos insu ltavam e qu ereriam nos golpear, devido ao ódio que scntiarn",atest_a.umdosparticipantcs. Formavam-se na rua gra ndes blocos de trnnscuntes , que paravam para veracampanha,erccebiarn com avidez o fo lheto de propaganda. Foi vista, após a passagem dos sócios e coooperadores, uma pessoa lendo em voz alta o folheto pa· raumagrandero<la queouvia com atenção. Os aplau-
ameaças. - " Sois valentes! Ou en tão: -
É
"Viva
ra os católicos! - Nem espanhóis, nem católicos, fo . ra!" Um homem pegou um fo lheto, fez um aviãozinho com ele e lanço u-o ao ar: outro o pegou em vôo , desdobrou-o e saiu lendo. Muitos sentiam medo de apoiara campanha, em virt ude do terrorismo. Um transeunte declarou: "É muito arriscado comprar o livro narua",eout roacresccn10u: " Soismaisvalentcs qucSantiago!" Umascnhorasaiudoprédio de um banco, pediu vários folhetos e voltou para os distri buir em seu interior: outra, cheia de ódio, com o folheto picado cm pedacinhos na mão di 7.: "Dá-me outro, pois este o rasguei muito rápido". Um trabalhador, de uns vinte anos, não podia crer que ainda existissem cspanhóiscapa7.esdeemprccnder tal iniciativa, e du as senhoras, bascas, dizia m que a ETAnàodcfcndiaum simpático e sadio rcglonalismo, mas, pelo con1rário, odiava as tradições bascas, pois as
A-r-=-Qrramtu-nmter:r -vmmrgm:r~ Vitória ... vos matamos! Sc existe um inferno, é pa-
:n - CAT O LI C ISMO - Sctc111hm 1989
giões mais católicas da Espanha.
TFPs em ação É necessário notar que a caravana pôde se hospedar numa casa do Bispado de Bilbao, ao lado da Basílica onde é venerada a padroeira da cidade, Nossa Senho-
ra de Bcgonha. Vários pa-
dres, nessa ocasião, mani festaram seu apoio à iniciativa da entidade. A campanha encerrouse com um alo de desagravo em praça pública , diante da sede do gove rno , e m Vitó-
ria. Na fachada da catedral, e111 frente daquele prédio,
encontra-se uma imagem de Nossa Senhora - a Virgem Branca de Vitória - que já íoi alvodevâriosatenrndos. Um grande público acompanhou o ato de rcparaç:lo, durante o qual várias pesso-
as se emocionaram até as lág rima s.
Favorecimento da guerrilha não traz pacificação BOGOTÁ - A política governamcmal de concessões ao M- 19 e a outros gru pos guerrilheiros, adotada ao lo ngo dos últimos seis anos na Colômbia, tem aba ndo nado incontáveis cidadãos ã mercê da ação sanguinária da subversão. De rato, esta prossegue fazendo vitimas e evid enciando seu objetivo de tirar, das acordos com o governo, tod as as va ntagens possíveis, sem qua lquer recuo ou adesão à pretendida pacificação d o pais.
Não obstame, nos úhi· mo:smcscs,chegouascraven· tada nos meios governamen· tais a hipótese d e sereoncedida uma ampla anistia aos guerÍ-ilh eiros, para os crimes cometidos no passado e, virtualmente, para os que venham a cometer no futuro. Ao mcsn10 tempo, é incrível mas o Poder Público jã começou a tomar medidas repressivas contra os partícularcsquedecidiramuniresforços para defender seus direi• tos, cm colaboração com a autoridade militar. Em pronunciamento estampado em seção livre no jornal "EI Tiempo", de Bogo tá, em 16 de junho úllimo, a Sociedade Colombiana de Defesa da Tradição, Famllia e Propriedade dirigiu apelo ao Chefe da Nação,
EM MANCHETE de primeirapágina,o"Diãrio Popular'',dacapitalpaulista,atraiuaatençãodeseus leitores,eml9dejulho passado,paraatriplicecolisãodevekulosocorrida próximo ao Viaduto Parai· so. No acidente, perdeu a vida o Sr. Antônio Carlos Arruda Longo. Sacerdotetrajandobatina eministrandoa Extrema-Unçãoaagonizante C umacenaquevaisetornandoinfeliunentecada vez mais rara hoje em dia. Mais rara ainda, em se tratando de alguém prensado na lataria contorcida de seu carro, surpreendido pela morte, no momento mais inesperado. Por isso, o jornal estampava com destaque fotos do sacerdote, Pe. Afonso Rodrigues SJ, numadasquais,eleungiaa fronte do acidentado. Anoticiareferia-setambémaoesforçodesenvolvido por um motociclista nã,o identificado; aludia-se apenas ao fa10 de ele ostentar no peitoumdistintivodasCongregaçõesMarianas,cterpercorridovãriasigrejasdaredondez.a a fim de obter um sacerdote. Em carta que o jornal publicou alguns dias após, o jovem Ivan Carlos Ramires - o mo10cielista referido na nod cia - esclareceu que o mencionado distintivo deixou de ser usado pelas Congrega.5._ões Marianas, hã mais de três d~adasLe gue eleo usa habitualm~ cooperador da TFP.
DIARIO POPULAR
no sentido de que faça ccssar a "injusta e perigosissima discriminação a favor da guerrilha marxista, com um e ficaz e imediato programadecombateã subversão'', O docume nto salienta também que "a restau ração autêntica e inteira da ordem pública tornaria desneccssãrioqueospar1icularessepreocupassem com qualquer forma sistemâtica de defesa própria, porque o Estado teria vo ltado a cumprir seu dever constitucional de proteger os direitos ind ividuais".
Candidatos apoliticos, uma proposta para sair da crise LIMA - Em documento publicado nos diârios "EI Ex preso" e "El Comércio", desta capital, o Núcleo Peruano Tradição, Familia e Propriedade analisa o clima polilico peruano, marcado por certa nota de confusão e desânimo ante a ação dos grupos político-partidârios que se vêm alternando na direção do País, sem representar autenticamente o que pensa, quer e espera a grande maioria dos peruanos. O documento da TFP perua na propõe que os cargas diretivos, ta nto no poder Executivo quanto Legislativo, não sejam monopólio desses políticos profiss ionais, mas que sejam também exercidos por lidcresext ra-partid ãrios, dos que se destaquem por suas q ualidades morais e intelecluais e que a eles se candidatem. '-'O -modo-para que surjam esses lideres é que os peruan os de reta posição,
CATOLIC ISM O -
Setembro 1989 -
33
-
TFPs em ação nllo partidaristas, passem a manifestar seu pensamento, a dcsafiarasopiniõesaparcn1emente domi na ntes e os clichês eleitorais, aglutinando cm torno de si os que pensam de forma semelhante. E também, quc sc decidarn a abando nar e repudiar as dissensões quando estão em jogo os interesses do país, e a d iscutir e polemizar sem deixarse intimidar pelo q ue di z a moda, a grande imprensa o u as 'pessoas bem informadas"'.
Desagravo à Padroeira de Portugal
/ ,,....gem de Nos,a Srnhora da Canuirão, padrorira de Portwgal, viti""' de iacrilcgo a.tenta.do, nmd,uida cm ,o/cru procútiio por gmmlc ,uimcn, ,/e fiii,. lk,tacaram -,e n~ssa ot:a1iiio 01 trl.h.nda.rtu do Cnrlro Cwltural R uonqui, ta -rFI', que p,art iciJxm ,/Q "10 de dtiagrooo.
Associando-se à iniciati- TFP norte-americana va, o Centro Cultural Reconquista - T FP fez-se repudia queima ocorreu em junho último, representar por seus jovens quando um individuo, in- cooperadores, que desíila- da bandeira nacional duzido por agentes protcs- ram portando seus estanuintcs, invadiu a tradicio- dartes rubros nos quais íiA hi,t6n·cafoto da IH,.,d,iro. s~mlo nal igreja de Vila Viçosa gura, além do leão rompan~rgr,ida no pico do "'°"t~ Su n '/,ar,Ai, e jogou ao chão a im agem te, a Cruz de Cristo. J,. ilha l wojima, co,.quúlmlu de Nossa Sen hora da ConVila Viçosa està partia,njap,a11c,nnal/GunTa ceição, Padroeira de Por- cularmente vinculada à Al ,mdio/, inspirou oor1i110 J,',:/U/d~ II H,lon a.o tugal. devoção à Virgem da Cona,ulpfroM,,.wrialda O fato, que se insere ceição Imacu lada e às Ar · ' norf~·" m, · na, numa onda de atentados mais belas páginas da hiscn, Ar/i.,gfon blasfemos cm nossos dias, tória lusa. Foi ali, cm susci10u a mais viva repul- 1640, logo após a Restausa dos católicos portugue- ração da Coroa porrngueses. sa sob a égide dos BraganDepois de resta urada ça, que o Rei Dom João cm Lisboa, a imagem re- JV fez celebrar solenementornou solenemente à Vi- te a fes ta de 8 de dezemla Viçosa, cond uzida em bro, agradecendo a protecortejo de automóveis. ção recebida nas lutas que Além das irmandades das antecederam sua ascensão Regias Con fraria s Concep- ao trono. Posteriormente, cionistas, dos oficiais e o monarca consagrou todos Escravos de Nossa Se- do o seu Reino, incluinnhora da Conceição, nu- do o Brasil e demais colômeroso público participou nias, a Nossa Senhora da da fest iva procissão de de- Conceição, oferecendosagravo à Mãe de Deus, que-percorreu-as-ruas-da ~~~~~~~~i~c{~;eí,-;-\- ,f!9S.,,--'4c...;c~-~--.,'--,li;;;;.:;allif',,.------' cidade, especialmente en- sucessores a partir de engalanadas para o ato. tão deixaram de usar. LISBOA - Uma impressionante explosão de ódio à devoção ma riana
34 - CATO LIC ISMO -
Setembro 1989
TFPs em ação NOVA YORK - Na Qu inta Avenida, uma das princi pais artérias desta capital, voltilram a tremu-
lar os estandartes da TFP norte-americana, no início da campanha de colem
de assinaturas cm âmbito nacional, em apoio a um apelo dirigido aos congrcs-
~i~ras do pais. Nele, os signa 1á ri os so licitam aos mem bros do Legislativo
Federal que, cm consonância com o Prcsidcmc Bush, proíbam a prática da queima da bandeira norrc-amcricana, que vem ocorrendo em algumas manifestações de protestos. O assumo entrou na
ordem do dia após a brecha aberta pela decisão
nacional, de maneira que não o derrubem os vemos das possíveis borrascas. E elevá-lo bem alto, de sorte que a bandeira tricolor seja vista com nilidez e simpatia, mesmo no Ex1erior. "Nesta bandeira, cujo significado moral e histórico assim tão nobremen1e se exprime, o americano, desde os Grandes Lagos até o Caribe, e do Alfânlico até o Pacífico, vé refletido o próprio espírito nacional, a sua própria memafidade individual. E por isto ele a amo e a cultua como 11111 dos mais altos valores morais e culturais da Pátria".
da Suprema Corte, ao jul gar uma queima pública da bandeira efetuada pelo indivíduo Grcgory John-
son , no Texas. Esse tribu-
nal interpretou o gesto de Johnson como exercício da liberdade concedida pela Emenda n ? 1 da Cons1i1 uição.
Manifesto Sob o titulo "O estranho d ireito d e insu ltar a Pâtria" o man ifesto da TPP norte-americana começa por evocar a cena de soldados fi ncando o mastro com a bandeira que trem ula ao ve nto, no pico da colina de Suribaehi, por oeasiilo da vitória obtida na batalha de Jwo Jiina, no Pacífico. ''Os soldados - ressalta o docu mento - nu-
ma cooperoç0o que deixo ver ao mesmo tempo o pulsar uníssono e fraternal dos coraçôes, não têm um só movimento 110 qual lranspareça- o ódio ao vencido. Só o que eles desejam é fincar bem J1111do o hoste do pavill,0o
Contra o ultraje
Refcrindo-se ainda à bandeira, a mensagem ao Legislativo Federal fonn ula a segu ir suas indagações capitais: "É equilativo, é lícito, é digno que um cidadãq
aqui nascido a odeie? E lícito que- e/e- a inSlllte? Que a destrua? Tem nosso país o direito de se deixor conspurcar de 1al ma-
11eira em seus símbolos e suas honras? E11tre as /iherdades constitucionais norte-america11as está a de esbofetear os ~·ímbolos do Noção? E u ma vez que a Corte S uprema - â q ual os sign atá rios manifestam a co nsideração d ev id a --=--cfftCTldCu que a E menda n? 1 contém essa est ranha liberd ade, o m an ifes to propõe que sej a refor-
mada a Co nstituiçilo, de modo a salvaguardar a honra da bandeira nacional. Tal ,lten,.çao .. .. ta Mal 1se jus1ificaplenamcn t seg,rndo o pri ncípio su emo do Di reito, válid,._ i:w ra todos os povos, en' '< dos os tempos: "Saiu J ?puli supre-
ma lex""T
\~
IVàçã-o - -
do povo scj, a suprema lei", Ciccro, " De Lcgibus", 3, 9).
CATOL ICISMO -
&tcin bro 19139 -
3.'i
VocAçÃo PARA OS PÍNCAROS A
MEIO CAMINHO entre o Céu e a Terra, encravado no cume de íngreme penhasco, ergue-se altivo, no esplendor de fu lgurante iluminação, o santuário de Saint-Michcl-d' Aiguilhe du Puy (São Miguel da Agulha de Puy), localizado na região centro-sul da França. Solitário e quase inacessível, dir-sc-ia concebido para anjos e não homens. Entretanto, uma regra elementar de defesa, aliada à ousadia de seus construtores, determinou a escolha de tão insólito local para ins talação de uma igreja. Em meados do décimo século, época em que fo i edificado o s antuário, a Santa Ig reja ainda rezava, na Ladainha das Rogações, a expressiva invocação: " a furorc Normannorum, libera nos Domine" (do furor dos Norma ndos, livrai- nos Senhor). Esses temíveis b.írbaros, vindos do norte, penetraram no inte rior da França pelos rios, saquearam e quei mara m cidades e igrejas. Para escapar à destruição, era necessário fugir para lugares inóspitos, de d ifícil acesso, que pudessem dissuad ir de uma eventual incursão os normandos. Pântanos, ílorestas e montanhas foram utili1.ados como refúgio pela população indefesa diante da sanha dos invasores. Nessa conjuntura, compreende-se que o Ordinário do vilarejo de Le Puy, Dom Godcscalc, tenha procurado no pico do rochedo de Aiguilhe um lugar adequado para homenagear o l' ríncipe da Milícia celeste. Do ponto d e vista estra tégico, a construção é inexp ugnável. Tem-se a impressão de que o próprio penhasco foi lapidado para dar lugar a um monumento de Fé que desafiasse os ventos, as tempestades e os séculos, simboli1,ando d e modo eloqüe nte as palavras pronunciadas pelo Divino Mestre ao fundar a Santa Igreja: "Tu és Pedro e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja" (MI 16, 18). Arte pré-românica, um tanto primitiva, nota-se já, na elevação e na hnrmo niosa proporção de sua torre, algo da grandiosa vocação da alma medieval para os píncaros. De foto, algum lempo mais tarde, as torres das catedrais gótkas va rarão os céus à procura do Absoluto, num verdadeiro " tcotropis mo" que caracteri zará a Idade Média, essa "doce primave ra d a Fé".
>---+-- - - -
bbo t 800 gramas de sabo11e1e - 1100 por semana ou mb, mas por ano! Tamtém o açú car está racionadoel'mmuiws podarias falta p(lo. Para com pra, certos géneros, é preciso recorrer aos mercados populares, onde um (/Uilo de 1oma1e do Azer/xJij6o custu mais do que 11m salário m{nimo! OtronomistasoviéticoNik<>lai Shmelev desabafa: "N6o há alternativa para nós. Tentamos tudo, incl11siwt compo de concenlroçtkJ, Tudosemoslro11
1'"o'la de masc,wi1,u.
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l rÚU • ,mtigll rwli,ladt llgraoou ·1• M a(~,,. me,~, Cóm um '"'"" r11cÚ>,wme11 -
ta, p,,i,,1c1>ueiamosobiio, ooçúcareof,,;.,,
DOS CANDIDATOS ESUAS MAZELAS Osillnc:io(tolafourefativo) decertosportidospolítirossobre o empreguismo e as estroinices dos es101ois brasileiros causo as$Ombro. lula vem a público poradedDrar: "OGoverno /brasiltiro/ n6o pode despedir ninguém sem queos(lispensados ll'nham emprego garantido aqui foro''. Nilo mer,os duconcertan/e, nessalinha,éadecfarO(llodoamdidato Collor de Mel/o sobre as estatais: "Priva1izá-lusni1osignifica nettSSOriamente 1,a~erir o putrimôniopúbficopuroa~ dDdep,ivada". A prOfKJ$/ade lulaéseme/han11', pois l'le 1ambém ufirma que dl'3ejaafNnOS rornaraststatais maistfte~ntn/sic/.
BANCARROTA SOVIÉTICA O agrônomo rnsso Vladimir TijonovpropôsofimdoarrenJ. -
damentodasterraseacntrcga da propriedade aos agricultores como imica so lução capaz de evitara fome coletiva no Pais daqui a um ano. Por sua ve1., Leonid Abalkin, supcrvisordarcformacconôrnica gorbachcviana, adverciu: as eslataisrussas terãode despcdir ent re doze e quinze milhões de uabathadores antes do ano 2000, pois se o deficit anual do Govemo (avaliado cm cem rnilhõesderublos)nãoforreduzido, jamaiscessa rãooracionamento e as intermináveis filas paraaçompradcalim cn tos. Aliãs, o próprio PrimeiroMinistro Nicolai Rizhk ov afirma serem nada menos que novc mil as es1atai s que ca usa m prejuízo ao Pais!
BANCARROTA SOVIÉTICA-li Nas rereunias dt Moscou, oracionamentodesab4o vigora desde abril. Cada peS$oa só tem direito a uma barra desa-
CAT O LICISMO - Outubro 1989
inef,ciente. Fundar a e<:onomio de mercado é uma ques1Do de sobrevivêncioparanW" Arevis1uru$$0"Nov0Myr" fftllluz o sentimento popular nestes ll'TIIIOS: "O passado I vergonhoso,oprese11teéhorriveleo/U1uroimvrevisfrel",
O pé esquerdo está sobre uma esfera . que representa o Globo terrest rc,sobrco qualLúcifcr exerce se u poder. Aanlilisemostraqueafigura assim reprcsernadanllo podcseradequalqucrdosdcuse5 rnilológioos,rnass imadel.úcifer.
E, TA1AIS, C, USA DA DÍVI !A O Estudo br0$ileiro defém alr1olmen1e"a1ivoseconômicos estimados em 200 bilhões dedóJara que, st tra11.s.feridos J}Ura ainicia1ivapur1in,la,, aqut.Stt1o da (//vida ex1erna p(X}eria ser 1ranqiii/omente negociado, pelo pr0<-esso de deságio. Isto es16 aronll'cenllo. com $UCf'SSO, no México". O pronunciamen10 é de fonle autoriwda: />auto KnipJ)f'I Gal/eua, secretário do Cow;elho Pederol de De$e.statii0(40, d11ran1e o 1/ Semindrio Internacional sobre De~ta1iwç4o e Privo1izuç4o , promovido pel/1 lºederaç4o das Jndúslrias do E$tadodtMinas. Segundo Gallttla, ogrun,le problema da e<:onomiu brasileira é u co11trodiçOo en1re a se10, priv/ldo, responsável por 80 por cen10 do saldo da 00/an('O romtrcial,e ··11mapore/hoesta1af que ,tetb11 90 por cento de uma dlvirl/1 exrerna estim/ld/1 em 114 bilh1Je$(ledólures'',
LÚCIFER EM MOEDA
MODAS TRADICIONAIS NO PAÍS DA MODERNIDADE
Cada vu mais o sa1anismo vai penetrando no mundo moderno. lnformaarcv isiasuiça "Saka lnformacionen" que a nova moeda francesa de dez fr.incos apresenta, nada maisnadamenos,doqueafiguradeU1cifcr. Num dos lados da moeda eslllo as palavras " liberdade, igualdade, fraternidade!", lcnrn da Revolução Francesa. O outro lado mostra a figura de um homem nu. com asas. Sua maodircila segura uma tocha. Ora,cm latim, apalavra Lúcifer sig nifica "porta-lu1.". A esquerda tem o punho cerrado.
Barba ra Bush. a nova Primeira Dama norte-americana, levaçom naturalidade sua condição de avó. Não pin!a os cabclos,nãousacalçasoompridos, debta-sc íot ografa r com os netos e usavestidosdccortcclãssico. Já no dia da posse do ma rido, usou luvas brancas. Comenlãrio de Vai Cook, da loja grã-fi naSaks-Ja11dcl:"Es1ãhavendournavohaamodasantigas; as luvas brnncas são mui10 e~press ivas disto". Em Washington, comenta-seque Barbara Bush será uma das inspiradoias da moda feminina nacional nos próximos anos.
~A(jí'OLICI§MO SUMÃRIO IN'IERNACIONAL AcoafmaatlaaçiodaRÚIIUI~
rilofimdococnunilmoedoan~ 11uuú1mo? A viMO fkll m um otf.. mllta refutw pela TFP .. ..... p. 4
~~e:~
berdade da Igreja no Estado COD'lu· nlilta" .............................. p.10
NACIONAL A pobreu, no Bruil é tio grande
:L~~--~-~~-~-~~~--~
ARTE Eldlo cokmial: beleza e funcionalidade ..................... p.17
RELIGIÃO Hlllóril Sagrada: a Criaçlo . p. 19 HISTÕRIA Qum, foi Vollaire, e.- preanor da Revoluçlo Francna ., .. ... p. 20 AllJAUDADE Como • comemorou no Brasil, os :aio ano. dot controvmtdo9 " direi-
tos humanos'' da Revoluçlo France1,1 .. .. p.22
H~~!e~;~~~a:a~~t~~/;::;~::°mr:~;~:i~n~:~~: : d':c~~i:~~~~e~~; 0
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fria· julga que os anticom unistas são antipãtlcos por seram negarivistas. Declaram-se hostis a todo negativismo, sem se darem conta, talvez, de estarem tomando eles próprios uma atitude negativista em relação aos que assim rotulam. Reservam para si o monopólio do negativismo simpático. Mais ainda, facilmente otimistas, sonham com a perspectiva, que julgam próxima, de poderem etiquetar os anticomunistas jã não só de antipáticos e negativistas, mas também de anacrônicos e mesmo inúteis.
~~~:r~~c~~~:~t:s:~~:~~:
P ~c~ :~g:~e:~~~v~~m:~~~n~;a~:ren::~~ universal. Liberalizada a sociedade russa, supõem arbitrariamente esses otimistas que a prosperidade lhe viria aos borbotões, e com ela o apaziguamento mundial. Os blocos militares mrna r-se-iam anacrônicos. Com o depereci mento do comunismo faminto e agressor, seu amidoto amargo, o anticomunismo, perderia razão de ser. O mundo, livre das rigidezes das posições dogmáticas e absolutistas, ingressaria então na era da boa-vontade, por meio do diã\ogo confiante, conslTUlor do consenso. OM PROFUNDA penetração-psicológica, o Prof. Plínio Corrêa de Oliveira analisa nesta edição as raizes mais recônditas desse estado de esplrito, generalizado em todo o Ocidente, e que vai conquistando perigosamente parcelas crescentes da opinião brasileira. Aponta suas incoerências, os sonhos mópicos de que se alimenta, e os pesadelos que trará, mas dos quais seus adeptos imaginam escapar apoia ndo a distensão promovida pelos estrategistas do Cremlin.
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r'!."(NUcs Lida. =T·.:,:';~.~'i!~mah11hl - RqiMfl• Jltâçle:Rua Mon.-Fruci!al,665 - 0lll6 - 5'° Pa.lo,SP I R•Sntdt$ecalbto.m2 - 21100 -
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G«htl&:R,..M11tUllfrlllOÍ!al, W-Olll6 - Slo P1ulo, SP- Ttl:(Oll) W:n-01 f ~ : (dffl1,1..-Wdio..,._ f...... dolll(l" ''Catoli<iao")-.,_S/AGnllai e
1 :i:~odJ/~:fg~:'.~emc~:n:':t~:~,::,.~~~:=~/:. i;;r:e~ ribalta da cena foi empurrado o sr. Tadeusz Mazowiecki. o Chefe de Governo escolhido em comum aco rdo por "Solidariedade" e o PC polonês. Mazowiecki é um militante da esquerda católica. Vinte e cinco anos atrás, tomo u parte na ofensiva publicitária desencadeada na Polônia contra o estratégico livro "Acordo com o regime comunista. Para a Igreja, esperança ou autodemoliçllo?" do Prof. Plinio Corrêa de Oliveira. As teses do estudo, muito especialmente a iliceidade moral da convivência estável entre a Religião católica e o regime cO· munista, aplicam-se hoje ao cerne da par6bola polonesa, que pode, a qualquer momento, ser lançada propagandisticamen!e como fórmu la para um mu ndo em que os dois blocos se aproximam.
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Ltda.- R.. J.,,M , 61 1/619 - 0II XI - SloPtulo, SP
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INALMENTE, "Catolicismo" apresenta mais uma palavra elucidat iva sobre a atual situação brasileira. Um anigo ágil e bem fundam entado desfaz mitos a rcspeiw da extensão da pobreza em nossa Pátria, tão úteis para a esquerda, obstinada em velhacamente ocultar que a ap licação de suas desgastadas receitas sempre generalizo u e agravou a mi
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C ATOLI CISMO - Outubro 1989 - 3
"HOMEM DA RUA" mais caracter!stico não é única, nem principalmente, o analfabeto. O arquétipo dele é um homem - ou uma senhora - que fez curso secundário completo, o u até obteve um d iploma universitário. Esse gê nero de " homem da rua" tem certa cultura geral: ele lê os jornais (excetuados os pesados suplementos semanais especializados, ou quase tanto, ao alcance só de especialistas ou de pessoa apaixonada pela matéria
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de conuadições e de dramas, nos quais podem estertorar pelas décadas, quando não pelos séculos afora, nações inteiras. Ê bem este o caso da Rússia atual. Estão sendo ali roti na os dramalhO(s políticos, que giram em tomo de interpretações livrescas de textos de Marx, Engels, Trotsky e outros teorizadores da primeira era comunista. Vêm depois as disputas utópico-politico-ideológicas sobre as reais ou supostas infide· tidades de Lênin ao pensamento de
Marx. Idem de Stalin com referência a Lênin. Em seguida (e para só mencionar os elos principais) de Kruchev, e depois Brcjnev, succssivamemequestionados sobre o mesmo tema. E agora, por fim, o drama pega fo. go em todo o império soviético. Comunistas radicais e mantenedores intransigentes do capitalismo de Esiado, de um lado, e, do outro lado, autogestionârios ávidos de atingir o desmantelamento desse mesmo capitalismo (como também do capitalismo privado
Morto o comunismo? E o anticom nismo também? Conversando com o "homem da rua" Plínio Corrêa de Oliveira tratada, da qual faz para si uma espécie de hobby). Mas sua experiência da vida(pessoa l, familiar, social, profissional etc.) e o exercicio de atividades comportando responsabi lidades que preocupam ou fazem pensar, lhe conferiram certa capacidade intelectual e lhe proporcionaram, em conseqüência, inegável influência nos ambientes em que vive. Em out ros termos, ele constitui um ponderáve l fator da opinião pública. De tudo isso lhe vem a preciosa função natural de equilibrar, com seu bom senso arejado, a influência, aliás a tantos t ít ulos valiosa, dos inielectuais "puros", dos tecnocratas, ou dos burocratas. Estes tendem, por seus e:oi;cessos, a uma espécie de tota litarismo tecnocrático, burocrático e livresco, cujo exclusivismo produz com freqüência planos e soluções engendrados numa atmosfera de irrealidade, de utopia, de ar confinado. Em tal atmosfera, a vitalidade se extingue, a realidade, em mui to do que ela tem de mais subtil , foge e se evanesce, e as ideologias unilaterais edisparatadas assa ltam e conquistam a opini ll.o pública. Esta pode ser la nçada assim num caos todo feito de con fusão, 4 -
C ATOLICISMO - Outubro 1989
O " IU>m,mda """ " -q~ftzcuno1«1111dário compldo, ,,.. ati obteve um diploma uni· ...,...;tán"a - co,utitui um ponderávtl falar da t>Piniiio ptll>lim, léltd.o o prtt,",w, fa~a naluMldt.«juilibror, .,.,m,e11bami,,uoo"'fa,ifJ, a injlulncia, aliá, o /011/01 litulw valWsa, dor int,l,ctuaís "puro,", dfJJ lunocroto.,, audwbwrocrol<U
no Ocidente), discutem se é o caso de substituir um e outro capitalismo pelo socialismo autogcstionârio. Este último, preconizado como arejado e salutar, é concebido por seus propugnadores como um tecido de grupos humanos de dimensões celulares. Tal tecido const ituiria a organização social ideal para o homem de hoje. Cada grupelho celular se au togcriria em uma harmonia interna utópica e imperturbâvcl, naqualtudoseriacomum:bens, trabalhos, frutos, como até - dizem ou insinuam alguns, com alta verossimilhança - "esposas" e íilhos. Qual seria a explicação desta harmonia interna, bem como da esperada harmonia dos grupelhos entre si? Intelectuais utopistas "puros" não se detêm excessivamente em problemas desses. Tais grupclhos, formando imensos magmas pacificos, pastorilmcn1 e simples e primitivos, constituem a meta desses uto pistas. Seu "wishfuf lhinking" (•). E, porque desejam ardentemente esse ideal, ipso facto passam a son har como seria a realização dele. (•) Em idioma inglCS, um desejo ardente qucle,aohomemapen,arcagircomoK a coha dcscjada j:I fosK uma realidade.
Ê nestas águas turvas da Rússia nova que, segundo querem uns- influenciados talvez pela meta consignada no P reâmbulo da Constituição soviética (•) - Gorbachev vai emigrando para a autoges1ão, navegando penosamente cm frágeis embarcações como a perestroika ou a glasnost. E assim vai dando curso ao obscuro dramalhão.soviético. Não espanta que ele tenha de enfrentar even1ualmen1e uma perigosa reação anti-autogestionária e favorãvel à manutenção do capitalismo de Es1ado, segundo querem os "conservadores" soviéticos. (' ) "OobjetiYQ$uprtmodoE.s1udosovi• étiro,edijirarusociníadecomunistasem cl11SSe$,naqual$tth.ret1YQ/ver6auu1ogu• /{Josocialcomunis1a''(Corrslo'1ud6n-ley FundamMlal - 1/e /(J Uni6n de Rep,ib/ira,, Soci(J/imuSovitticos, dc7 deoulubrode 1977,Editorial Progrcso,Moscou, 1980,p
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Apomandoasfalhasdoa1ualsiMcma$0vil1.ico, Gorbachevafirma, cm seu livro '"Pc;~~r~~!ª;;;r~~~ Thinkin1 for Our Coumry
"Drixou~pouroupaf-O(HJNOid,iade Urtit1de(Ju1ogu1fJodapava trabalhador. Apropritdadepriblicafaigrad1111lmer11etx· du(dadeseuverdt1deiropropriet6rio-o trabalhtJdar.. Em1fai11pmu;ipi,lc11U$Q daqueQCQr1tequ:nonovou16glo,a'>'tlho sis1ema de ,ntlo rcort()mko romffl)U " /r<1,tiformi,r~, de fator de ~rtW>fwment~, que re111rdavi, o ovall(O doso-
,:m freio
''Um povo tdUNldo e doti,do poro cQM:re-litor o sori<,/umo n4a p6M /ater uso pi~ no d'1.f pottrtdolidlldes inere,,tn "º soei,,/ismo. deseudireiladetomarpartee/etiva n11admirtistraçdodornq(>c~doE.stado . .. ''Ne:,tasrondiçoo.,JuP'rfluodr:trqut as•11li0$0Sidifuslkllnins-0bre,ntbot autt>gntlJo, rorttro/ttkgan~oseperdu, t vlnru/Qf{Jo do, lrttereuu pribliro t JJUSOQ/ deú11r11m de ser opl/Ndu t dt se dUtn•all'trtm tJdequadamtnlt" (op. cit.. Harpcr & Row, Nova York, 1987, pp, 47-48)
Segundo GorbaChcv ""plana la.rgamcme cmijCUl'vro,ap,. · 'karons·l\cnarctomada denas iMias de LCflin. E, por isso. oplanoderefonnaeoonõmicaqucaprc::51:fllOU ao plcnirio da Comi.sdo Cemrat do Par1ido,emjunhode 1987, "pre1'111crlo· çdodenov...-utrulurllSfNIOtlÍV>C•onaisde gul(Jo, por11oduet1W>fvimtnfO, em todos os seus ...-pretos, d1n bases democr6IIOIS dag,stllo,epa"'""mplaintroduçdodo, pri1K:fpiosd11autogutlla"(op.cit.,p.8<1) A perestroiki,, portanto, nlo 5ignif,ca um recuo do comun·smo - como mu·105 pcnsam-masumpassoavantcna1cn11tivadc realização da meta última da utopia marxista-lcninista. EGo1ba<:llevnlopcrdc ocasião,cms,,ulivro,dcdizcr, alto e bom som,queosocidcntaisnãos,,iludamaess,,respcito(cfr.op.cit.,p.36ss.)
Sobrecstelema,verPlinioCorrfadcOlivcira,::J$oci11/ismoau1ogts1ion6rlo:em•ls111 '. romun·mo, barre· ou cabeça' ponte?, Mensagem das TFP1, ''CatoliciJmo'', n? 37J-374 , janeiro-fevcrcirode l982
Enquanto isto se passa no interior do território russo, o império soviético se vai descosturando em várias de suas mais longinquas partes. Movimentos separatistas sacodem "repúblicas unidas" distantes entre si como a Estônia e a Armênia. e da Ucrânia se estendem até o Kazaquistão. para atingirem em seguida os confins da Sibéria. Ao mesmo tempo, repúblicas comunistas "soberanas", como a Hungria, a Romênia, a Bulgária, e principalmente a Polônia corcoveiam ao iníluxo de impeiuosas tendências centrífugas. No que dará tudo isso? Ninguém o sabe. E nem o pode saber, pois todo este quadro constitui um imenso bruaã de incógnitas que se agitam, se entrechocam ou se enireajudam convulsivamente, em uma penumbra de informações que a cada instante se torna mais sombria. Porém, há alguém que "o" sabe.
Reside ele no Ocideme. Não é um homem, mas uma legião de homens, cuja imensa maioria é constituída de "homens da rua" como acima os descrevi. E abrange até figuras de relevo em alguns ambienta de especialistas vivendo exclusivamente no ar confinado de bibliotecas ou de laboratórios, das macroburocracias, ou ainda nos escritórios das grandes empresas. lbda essa gen1e que "sabe" onde dará tudo isso se recruta nas vastas áreas de opinião pública constituídas pelos 01imistas do Ocidente. Tomando seus sonhos utópicos por pressentimentos "proféticos", interpretam a realidade presente como se a autogeslil.o fosse realizar no mundo, afinal liberado das grandes estruturas, a era da concórdia pcrfeilaedapazeterna. Para alcançarem uma e outra, muitos são os utopistas que aspiram a que se fundam todas as nações, todos os sistemas filosóficos e religiosos, todas as ideologias, por mais opostas que sejam. Seria um fruto da "queda das barreiras ideológicas", seguida presentemente pela era do consenso universal, na qual não haveria mais polêmicas nem dissídios. E, portanto, deixaria de ser temerário e passaria at~ a ser desejável o desarmamento total. Seria a era ecumênica do diálogo que tudo resolve na concórdia. O comunismo. tornando-se aulogestionário, se evanesceria como perigo para o Ociden1e. E o Ocidente deixaria de ser um perigo para o mundo comunista. A humanidade inteira entoaria por fim o hino da convergência total Por sua vez, a morte do comunismo traria - oh suprema ventura para os otimis1asl - a morte do anticomu-
É prtcipitiuloptnsar qm a, mariijtlla~s d, dtsconltrtlamrnMd• v6riasr111ia, . . . . , . ~'RI na R& · ,,omot1l11 rmlimda ,,,, conduwmaj)ooo 101)' • a umproussa t/ede,....,mb"UUIIIOI,
Yt,.,.,.,,.,
,;....,,,.,j,a/Uum l1pmu,,ruja, rornuput1'tf11t,u vâoeaind.a
CATOLICISMO -
Outubro 1989 - 5
nismo. Pois a extinção de uma doença torna inúteis os médicos nela especializados. Tudo isso se apresenta assim aos olhos de muito considerável parte dos ''homens da rua", isto é, os otimistas, que sonham obsessivamente com a fartura univers111I, num mundo de que tenha sido por fim afastado o espectro da hecacombe nucle111r. Mas os homens que sonham têm não raras vezes certo pudor de estarem
sonhando. E por isto nem sequer chegam a explici1ar para si próprios os seus sonhos. A fim de os conhecer, é preciso ausculta r as opiniões que emitem sobre fatos concretos. Opiniões estasquc frcqücntemcnteexistcmincubadas nos comentários que o "homem da rua" otimista faz nas conversações correntes da vida cotidiana. Na anâlisc destas opiniões pode-se perceber entretanto para que rumo caminham suas utopias.
Neste artigo, todo voltado a dialogar com o "homem da rua", passo agora a considerar vãrios aspectos dos sonhos dele, o que me permitirá pôr a nu as diversas aspirações que o movem. Para maior brevidade na aplicação desse processo, exporei a matéria cm duas colunas. Em uma se enu ncia a posição do otimista . Na outra o dcsmascaramcnto polêmico que lhe inílige a TFP.
Osonúod~ f'.orlxu:Mu
e " ~rutroiko., motú,;ndtu~ro."((1. paro.wotimistasod.k"tois, tim 11mfn'KW"''' osorrisodtKnu:Mu, q""em/Jaiuu ()ci,Ju,tee
i..antíwuadua,tros" da "1*Xislinct4 pacifica "
política
PROPOS IÇÕES DOS OT IM ISTAS
1.
RESPOSTAS DA TFP
1.
A personalidade de Gorbachev, como também a de Rulssa, sugerem ao discernimento psicológico dos observadores !Ucidos e intuitivos a persuasDo de que eles s6o "fx>.. as pessoas", amigos do seu povo. e desejando para eles tanta fartura quanto possfvel, a elimillaçOo do despotismo policialesco e a supressilo do espectro da g11erra nuclear.
O otimista desenvolve suas cogitações tipicamente assim: uma impressão pessoal, uma viva simpatia que ele experimente cm relação a terceiros, lhe servem de raz.1o suficiente para confiar nestes. E, com base nessa confiança, conceber sonhos deliciosos. Uma mera fotografia de jornal ou de revista, ou então a simples anãlise fisionômica feita quando a cara de uma pessoa aparece no vidco de uma televisão pode arrastar assim os otimistas - individuas, grupos ou multidões - aos atos dcconfiançamaistemerârios. O conhecimento e a anâlise da biografia da pessoa em foco, de seus escritos, de seus feitos: tudo isto pouco importa. Basta ver-lhe a foto, ouvir-lhe a voz, para julgar. ..
2, Gorbuchev e Ralssa, porsuu pop11/aridade no Oriente como no Ocidente. st1o onipotentes, podem tudo quamo querem. Já que querem o que queremos, isto é, ioda prosperidade para todos os povos do mundo, a conseqüência é que "o negócio está feito" de parte a parte.
Mais uma vez, é bem este o ponto fraco dos otimistas. Sem nada conhecer dos antecedentes das pessoas, têm facilidade cm atribuir as mais generosas e desinteressadas imenções àqueles que lhes tenham "caído no goto". Foi assim que multidões inteiras se entusiasmaram na década de 30, na Alemanha e fora dela, por um simples pintor de paredes que haviam "visto" e "ouvido", e que, ato continuo, lhes havia "caido no goto". Quando tais otimistas chegam a ser muito numerosos, sejam eles nazistas, fascistas, comunistas ou de qualquer outra espécie, está aberta uma era de triunfo fácil para os demagogos e para a demagogia.
3 , O natural é que Gorbachev esteja firmlssimo no poder, pois é absurdo supor que um povo que sofre miséria há 70 anos nao esteja ru gindo de vontade de se enriquecer.
6 - CATOLICISMO - Outubro 1989
2.
3.
Tal pode ser realmente a atitude de um povo sujeito a prolongada miséria. Mas pode também ser que um povo assim tratado, em vez de rugir, se sinta esmagado, desanimado, e por fim acomodado à sua invariável condição de escravo. Por que supor que a tão imensa população da Rússia soviética tenha, face à própria misiria, uma atitude unânime? Pode bem ser que junto ao Bâltico os oprimidos rujam, e junto ao Mar Negro ou ao Mar Cáspio. pelo contrário, os oprimidos bocejem indolentemente conformados. Em coerência com sua propensão ao otimismo, o "homem da rua " lança, sem mais provas, a afirmação de que todos rugem. E a partir dai tira lá suas conclusões ... também otimistas: o comunismo "já era". Merece esse modo frívolo de pensar, que se o refute com maior atenção? - Não o cremos(•).
-~~: ~~,~~":::;;c.ri~Ít~~~1~!~.r:;.;.;~~~~~-=!;!~~'!1;~ da r,ma populllf{lo atr,rdida, aniqr,i/ada, aftrrori~ p(}r r,ma longa luta "'!ln r,m su(tma d" •alarn antitosta lilopia criminQ$Q do 'homtm nol'O". ~en/a a,ios ck 'fl'"'" romr,ntl"la 10,naram tslt po•a apdtico" irnspo,u,jwl. Por dtlrrh dt r,ma elilt inttl«tr,a/ .••. h/J r,ma popul~o d" 186 milh&s dll w•Ulkos qufl ~a c-rhm mu reformas. Como podMia G(!rbacht• fa-
ué bc~"te~: =~:'~-~:r::;~~i~~o~ªÍ\~;::";:"::~~a;~n{~~-:!~~ ~:~~ ~- 1~\e. gi~~ :!~';:~u~~~e~~s~ti-~··Express" (p. 38). Wladimir Berelo•itch lnsi,1e na mesma ldfü, de5erenndo "w habitantes da Rússia profunda"' corno um ''glnero humana sr,bmisso. attrrori:.ado t irrespons4vel, modf/ado por dkad/U de despoli5mo. E se nptra dnta populll{"IJO qr,t ela tamt lnkiatiwv;, qr,e fia aprovt a.f reformas? .... O qut corocu,ri?Q Q populaç60 t uma apalia 1tff11"
4.
O regime poficiafesco comprimia no povo jaminlo e enfurecido a possibilidade de se revoltar Gorbachev soltou o fera. Ninguém mais teró meios de o prender de novo. A agressividade da miséria é onipotente, e /01. reconhecer, o justo lftulo, em Gorbachev, o polodino da fartura para IOdos e o campello da liberdade. Um homem que enfeixa assim em suas m4os todo o potencial incontenfvel do opini4o público ninguim o derrubar6.
5.
Todos os planos de Gorboche.., s4o ..,;á..,eis e ser4o \'encedores Todas as suas promessas s4o sinceras e ser4o cumpridas. Todas as suas garantias de desarmamento merecem confiança absofuta: seria absurdo que assim 11'10 fosse. Isto le\'a o Ocidente (governos, polfticos, capitalistas, intefecluais e mídia) a apoiar defiberadamente Gorbache.., (e Jaz.em bem). O que fhe vale den tro da Rússia um imenso reforço de prestigio e de poder.
4.
No "~vo ... tnfurtddo"'? - Como acaba de ser dito, esta afirma_ção contém uma simples hi pótese, um mero pressuposto. Nem scmpre a miséria e a opressão enfurecem. Pelo contrário, alquebram por vezes. Só os aco ntecimentos que estão cm via de se desenrolar dirão se as massas russas estão todas elas scriamenle enfurecidas, ou, pelo contrário, lamentavcln_tente alquebradas. Como na China, por ocasiã_~ da_ rceen~e r~volta, os fat~s fizeram ver que a opressão restaurada em consequência da v1t6na dos comunistas duros e "conservadores" acabou por encontrar diante de si - pelo menos até o presente - a submissão da maioria desalentada "Ningu,m o derru bará" . O vaticínio, baseado no vácuo de uma preliminar não comprovada, vale tão pouco quanto pouco vale essa mesma preliminar ...
5.
Na verdade, o otimismc> fácil do Ocidenie es1á ajuUando de todos os modos Gorbache.., a se manier no poder: créditos estatais e pri..,ados espantosamente amplos; planos de _desarmamento confiantes quase até a ccg_ue1ra,_ com falta de garantia de fiscalização séria do desarmamento que a Rússia fana em contrapartida; negociações internacionais de todo gênero. altamente prestigiosas para Gorbachev; viagens ~o exterior ~ão menos prestigiosas e propagandistic~, tudo isto vai sendo fornecido pelo Ocidente, "drogado" de otimismo, para aJU· dar Gorbachev a resistir eficazmente a oposições internas. Este frenesi de ceder, de recuar ante o poder soviético, de favorecer de todos os modos Gorbachcv não é de muito bom agouro. Pois causa a impressão de que tal frcncsi dos ocide ntais é movido cm boa parte pelo próprio pânico de que, se n!lo dessem a Gorbachev essas benesses torrenciais e mordomias gigantescas, temeriam que eleruissc "Quando a. esmola é demais, o pobre dcsco~fia". Com ,efeito, nlio dá para desconfiar, á ..,,sta desta chuva de esmolas despeJada pelo Ocidente sobre Gorba-
Um p,wo sujeito a f,rolongodo. mi1i ria, comoo,o ·.u·, rm v,,:d
1'1'girrtooltmlo, dtmodounânimr, oo l' lhrconffdrralgum1Ufmnqui1U, p«/tr/J 1en1 ·,-.u ,">a1.' , d ,n · ' ·, tx,r fim , habituado an,a i11 mriáv,,/ candif(io de ucmoo
CATOLIC ISMO - Outubro 1989 - 7
6.
O atual estado de miséria da Rússia tem algo de essencialmenle inslável aos olhos da burguesia e das massas do Ocidenle, para as quais 1udo quanto é lrágico é improvável. E, quando chega a realiwrse, é efémero. Assim, o natural é que Gorbachev se mantenha estavelmenle com as rédeas na mao e que, se seus adversários "duros" alcançarem contra ele alguma vilória, esta seja meramenle episódica e de curta duraçao. Desfechará assim numa catáslrofe para os culpados e num happy end para as vftimas. O ''conservantismo" sta/inista esláfadado, pois, à calástrofe. E a pcrestroika e a glasnost ao triunfo. É o resultado imperalivo da fatalidade histórica. A admitir o contrário, a vida seria insuportável para o otimismo ocidental filantrópico. Logo, a opressão segundo o estilo stalinista terá que acabar de vez.
7.
Aliás, nao é d1jfcil normafizor a situaçao da Rússia: basla liberafü.ar tudo, que a ordem e a fartuirrigadas pela liberdade, renascer(Jo em todas as partes
ra,
8.
Os movimentos autonomislas nao amea(·am verdadeiramente Gorbachev. O império soviético é tlJo imenso que pode perder a maior parte de suas regi6es nao russas e ainda assim continuar muito grande. E, das repúblicas comunislas nlJo integrantes da chamada URSS, várias delas poderlJo desiacar-se do bloco soviético sem que este deixe de ser considerável.
9.
O comunismo morreu. Alegria ainda maior para o otimista: morre ipso facto o anticomunismo, no qual o otimista ocidental vê um incômodo profeta de desgraças, um desagradável pregador de aus1eridade, deponderaçlJo, decoerência, de seriedade de espirita. Assim libertado de seus pesadelos, o burguês ocidental pode entregar-se às delícias da aurora do relalivismo absolu10,frfvo/o e borboleteante, que constituirá para ele o céu na terra.
8 -
CATOLICI SM O -
Outubro 1989
chev? Desconfiar, sim, que um verdadeiro pânico da derrota dele no interior da Rússia seja, conjuntamente com o otimismo frívolo dos benfeitores, uma das causas das vantagens de que Gorbachev vai sendo cumulado ... Bastará, então, que um estalido súbito denuncie que Gorbachev está fraco, para que deixe de ser econômica e politicamente remável apoiá-lo. Benesses e mordomias começarão emão a retrair-se avaramente. E ai de Gorbachev!
6.
Causa assombro que o pressuposto otimista sobre o efêmero da situação de miséria e de opressão na Rússia seja tomado como indiscutível por alguém O Csarismo caiu em 1917. E de então para cá manteve ele toda a assim chamada União das Repúblicas Socialistas Soviéticas, e inclusive o gigantesco Estado russo, na mais negra miséria. Uma miséria unida a uma pesada escravidão, a qual foi qualificada, a muito justo titulo, de "vergonha de nosso tempo", em documento da Congregação para a Doutrina da Fé, presidida pelo Cardeal Joseph Raczinger (lnstruç(Jo sobre alguns aspectos da "Teologia da Libenaçllo", de 6de agosto de 1984, XI, 10). A outra face da miséria no império soviético é na verdade a escravidão. As condenações à morte por motivos políticos, o inferno da Lubianka, as prisões intérminas na Sibéria, os hospitais psiquiátricos abismaticamente lúgubres, a opressão policialesca incessante e omnipresente : quando a Rússia ainda não conseguiu se libertar de todos estes horrores, depois de mais de sete décadas de pesadelo, falar no efêmero de tudo quanto é terrível constitui afrontosa negação da mais evidente realidade histórica Quanto a es1e argumento, é melhor não perder tempo em refutá-lo; basta olhá-lo com desdém e passar adiante: "non ragioniam' di lor', ma guarda e passa" (A Divina Comédia, Inferno, Canto 111 , v. 51) aconselhou Virgílio a Dante. E este seguiu o conselho. Façamos o mesmo.
7.
A liberdade é um grande bem. Nunca deixou de o ensinar a Santa Igreja. E particularmente o fez Leão X[JJ na encicliea Libertas Praeslanlissimum. Mas - e a Igreja o ensina igualmente - essa liberdade só é um bem na medi· da em que seja circunscrita pelos princípios da moral cristã e da ordem natural Observar esses princípios, encontrar na aplicação concreta de cada um deles a justa norma, a perfeita medida do proceder humano, dotar a autoridade de todo o poder necessário para o exercício de sua missão, mas evitar que esse poder se exceda, fixar os limites que ele não pode ultrapassar, instituir para isto o complexo e sapientíssimo sistema dos grupos intermediários entre o Estado e os indivíduos, e, por fim, estabelecer ainda as normas de equilíbrio nas relações entre tais corpos intermediários e as liberdades individuais, eis aí uma ciclópica massa de serviço, impossível de ser !evada a bom termo sem a ajuda inestimave!mente preciosa da graça de Deus. Abstrair de tudo isso, imaginar que por um simples "soltar de cães" da liberdade, todas as coisas voltem espontaneamente aos seus eixos, é a utopia de meropnmata.
8.
O assunto está mal focalizado pelos otimistas . Para todos os que se habituaram a ver o império soviético com as dimensões gigantescas a que chegou, não pode deixar de causar uma impressão penosa e profundamente desp restigiante o presenciar que deste moloch se destacam incot11enivelmente mais e mais parcelas, como a um leproso vão caindo as carnes putrcfatas. E o efeito devastador desse processo paraleproso não pode deixar de abalar o prestígio de Oorbachev, à mesma medida que as "carnes" forem caindo de sua área de mando.
9.
Realmente, segundo o provérbio clássico, aqueles que Deus quer perder, Ele previamente os torna loucos: "Quos Deus l)Crdere vul t, prius dementai". Assim, o otimista ocidental delirante se compraz de antemão, e precipitadamente, com a vitória do líder russo. Ora, nada garante que Oorbachev não seja um mero camuílador de propósitos que não tem, e construtor de planos que ele mesmo sabe só se poderem realizar no reino da utopia. O ocidental otimista à outrance confia assim no seu inimigo de ontem, que presumivelmente também é seu inimigo hoje e o será amanhã Em sentido contrário, ele quer, ao mesmo tempo, ganhar distância dos anticomunistas, os dedicados e desassombrados paladinos da civilização ocidental e cristã . Se os magnatas do Ocidente conservarem esta mcmalidade - quer vençam os comunistas, quer os amicomunistas - uma coisa é certa : esses otimistas cairão. Pois são sempre eles os grandes derrotados da His1ória. E, merecidamente, novas elites, suscitadas pela Providência, os substituirão para a reta direção das coisas deste mundo. O
Discernindo,
distinguindo, classificando ..
E~au1::i~rt~r::~ BURGUESES DE ONTEM, ~::~ -~::::::'.:'h,::
nobrcrci,cis-nosaqui, todos os .'iCis, de antiga burguesia de Calais e importantes negociantes. Nós nos entrega• mos,noestadoemque vedes, à vossa inteira discriçlo,parasalvar a restante poputaçJ,o de Calais' "O rei fixou sobre elcsumol harmuitoir• ritado, e entreg ue a uma grande cólera não podia falar; e quando elefalou,foiparaordenarquclhcscortassem as cabeças imediatamente." Vári0$ dos presen• tes intercedem pelos seis burgueses sem nada obter, at~ que a próo povo na praça do pria rainha pede "pelo mcrcadoclhccomuniamor do Filho de San· Os uú ln<~u ,ú Calaú, conjMnto uculturo.l tÚ Rod.in (1840-1917) 1a Maria e pelo amor caasoondiçõcs. O cronista medieval de mim, de ter pitdaJean Froissart (Sttulo dedessesseishomens", XIV) relata numa linaoqucorei,afinal, guagem cheia de pitoacabou por aceder, cn• rescoessefamosoepisó1regandoosburguescs dio: àrainhaparaqueoslivrasse (in "Moyen ceiro,chamadoSenhorJacquesdeWis- Age",deAndré LagardeelaurentMisam, personagem rico em bens móveis chard, Éditions Bordas, Paris, 1966). "Um momento depois, o mais rico edomlnios,dizendoqueeleacompanhaburguês da cidade, chamado Eustàquio ria os seus dois primos. Assi m fizeram de São Pedro, levan tou-se e falou assim Pedro de Wissant seu irmão, depois o diante de todos eles: 'Senhores, seria quinto e o sexto. E esses seis burgueses Compareo leitoradedicaçãodesses uma grande dor e uma grande tris1eu sedesves1iramlâ,noMercadodeCalais, burgueses, que oferecem suas vidas padeixar perecer uma tio numerosa popu- não conservando senão um calçJ,o e rasalvarsuacidade,com apoliticaenlação, pela fome ou de outra maneira, uma camisola; eelessepuseramacor· trcguista que vem sendo levada a cabo quando a isso se pode encontrar remé- daaopercoço,oomoascondiçõesocxi- por altos setores da burguesia de nossos dio. E ao contrário, seria uma gran de giam. dias.Corrcmestesaaplicargrandesce.caridade, e de grande mfrito diante de "Vendoentãohomensemulherese pitaiseacomunicarknow-hownosterNO$SO Senhor, se se pudesse preservàseus filhos chorar, torcerem-se as mãos ritórios de além Cortina de Ferro, para la de semelhante calamidade. De minha e lançar grandes gritos de dor, nlo hã que não morra de inaniçJ,o o inimigo pane, eu lenho tio grande esperança coraçJ,o tão duro no mundo que não que os quer devorar e a todo o Ocidende achar graça e perdão junto a Nosso fosse tomado de piedade. Eles avança- te. Basta-lhes a promessa de que será Senhor,secumorroparasalvarestapo- ramassimatéaportadacidade,escolta· lentoodesaparedmentoda burguesia e pulação, que cu me ofereço em primei- dos por lamentações, gritos e lágri- do sistema ocidental de vida, e que só ro lugar. E cu me entregarei de boa von- mas ... " se comsumarâ amanhã ou depois de tade, vestido somen te de uma cami501a, Dirigiram-seen tãoaolocalondees1a- amanhã,parajâficaremcontentes. a cabeça descoberta.os pés descalços e vaorei,oqualvinhaseguidodar11.inha, Se rubor ainda houvesse em vossas uma corda ao pescoço, à disposição do denobresedegrande multidão. face$, ó vós que ho,ie tendes nas mãos nobre rei da Inglaterra'. "Orei não disse uma palavra, mas o poder do dinheiro, elas se incendiariam "Um outro muito honrado burgues, lançousobreelesumolharcheiodefu- ao contemplardes os seis burgueses de personagemdeprojeção,quetinhaduas ror, pois ele odiava terrivelmente os ha· Calais. Maséprópriodosqueseentrc• belas moças pôr fil has, levamou-see fa- bilantes de Calais pelos grandes estra- gam à autodemoliçJ,o, promoverem-na lou do mesmo modo, dize ndo que ele gos e contrariedades que, no passado, tendo na mentcafriezadeumtécnico, aCQmpanhava seu compadre Eustâquio eleslhehaviamcausadonomar.Nossos no coração a dureza de um Ímpio, e nos de São Pedro; ele se chamava Senhor seis burgueses se colocaram imediata- làbios o sorriso otimista de um tolo Jean D' A ire. Após ele, levantou -se o ter- mente de joelhos ante o rei e falaram C.A ra Calais (cidade portuária francesa), cm 1347.ApósCOl'"ajosarcsistfociadconzemcses, os sitiados sao reduzidos a parlamentar. O rei faz conhecer suas condições ao governador de Calais, Jean de Viane:oi: ele poupará a cidadcseosseisprincipaisburgucseslhctrouxcrcmaschavesdapraça,vcstidosapcnascom uma espécie de camisola e com uma corda ao pescoço. Talc:d g!ncia deixa prCYcr que, nãooontenteoomlhes impor essa humilhação, o sobe rano britânico os fará executar. Jean de Vianes rcllnc todo
BURGUESES DE HOJE
CATOLIC ISMO -
Outubro 1989 -
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Há 26 anos, o Prof. Pl inio Corrêa de O liveira denunc iava
a fraude da coexistência pacífica cató Iico-comunista O desenrolar dos acontecimentos na Polônia, com a indicação do Sr. Tadeusz Mazowiecki, católico de esquerda, como primeiro ministro, torna patente a nossos leitores de modo a, por assim dizer, tocar com a mão, a atualidade do tema abordado em "A Liberdade da Igreja no Estado Comunista "
O Pref. Plinio Ctnria ,k 0/iw;,a ( na foto tiroda em 1964, o «l~o do famw.l polo• rri, " Kien.nJ,i" ,... mão) ..-,pondeu.a.oata'I""' tn,bliaJfã,, a 1eu tllud.o atmvi, do "Calolw:ismo " (11 ." 162 de jllnM ,ú 1964)
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M AGOSTO passado complctaram-se 26 anos da me':l?rávcl da-
E
ta em que o Prof. Pllmo Corrêa de Oliveira publicou em ''Catolicismo" essa sua portentosa obra (1). Memorável para "Catolicismo", memorável para os brasileiros e, sem nenhum temor de e:,i:agcrar, afirmamos que memorável também para os católicos fiéis do mundo inteiro. Não só porque dito estudo vem sendo difundido com enorme repercussão pelo orbe católico (2), mas talvez principalmente porque sua atualidade não fez senão crescer, sendo hoje sua_tese central o ponto rectri.x cm torno do qual gira a situação religioso-política mu ndial. O Prof. Plinio Corrêa de Oliveira bem merece aqui nossa homenagem e gratidão por haver discernido e denunciado com tanta antecedência, lucidez e coragem a trama montada pelo comunismo para conduzir aos poucos, atra-
to - CATOLICISMO - Outubro 1989
véi da tática da coexistência pacifica, milhares de católicos do mundo inteiro à apostasia total. Roma-Polônia A repercussão do livro foi imediata e de grande alcance. Merecem especial destaq ue neste sentido Roma e Polônia. Na Cidade Eterna, realizava-se nesse momento a segunda sessão do
Concilio Vaticano li , e na Polônia preparava-se a fórmula "mágica" de coexistência pacifica comuno-católica. "A Li berdade da Igreja no Estado Comunista" de tal maneira colocava o dedo na chaga da " questão polonesa", que apenas tr& meses depois de publicado cm "Catolicismo", o próprio Sr. Mazo wiecki , então deputado do grupo católico "Znak" na Dieta polonesa, escreveu, cm colaboração
com o Sr. A. Wieloviesky, um artigo que procurava ser uma réplica ao estudo do Prof. Plinio. O atual Primeiro Ministro polonês o fez estampar no semanário "Wiez" (nºs 11 -12 novembrodezembro de 1963), do qual era redator-chefe. Sobre outras manifestações de mal-estar produzidas em Mazoviecki pelo livro de Dr. Plínio ver a entrevista publicada nesta edição. Ainda na Polônia, o Sr. Zbigniew Czajkowski, ''católico''-comunista, ao mesmo tempo que se levantava contra a obra, viu-se obrigado a reconhecer que es1a alcançou grande repercussão atrás da cortina de ferro. Pouco depois de publicado em ''Catolicismo", o livro foi distribu!do a todos os padres conciliares presentes à segunda sessão do Concílio (como também o foi na seguinte).
Previita e denunciada a parábol;i polonesa Os fatos se foram sucedendo rapidamente. Com efeito, a 4 de janeiro de 1964 "A Liberdade da Igreja no Estado Comunis1a" era publicado na íntegra ém "li Tompo", o diário de maior circulação em Roma, com uma nota introdutória da agência ASSI, que bem poderiamas chamar de profética, por sua impressionante atualidade. Nela se lê: "Assistimos nos dias passados a precisas e concretas tentativas marxistas de penetrar decididamente no mundo católico. Para realizá-las .... chegaram a Roma o ministro das Relações Exteriores polonês, o presidente da Dieta e o ex-secretário do Partido operário unificado polonês (comunista], e um deputado de um grupo dito católico !seria talvez o Sr. Mazoviecki? Não o sabemos] .... Parece justamente que, na atualidade, a PollJnia assumiu opapel de ponte entre o mundo comunisfa e o mundo cot6lico. através de mil vias e ambientes" (Cfr. ''Catolicismo'', fevereiro de 1964, nº 159 - destaques nossos)
"Eco fidelíssimo" Como a difusão e as repercussões da obra se multiplicavam, para atender o pedido de amigos e responder a objeções de adeptos da tese oposta, seu Autor a ampliou em vários pontos, e assim foi publicada em "Catolicismo" de maio de 1964. Eloqüente e cheia de significado como aprovação das teses da obra foi a carta de 2 de dezembro de 1964, da Sa-
Resumo da tese de "A Liberdade da Igreja no Estado Comunista"
"A,
PRIMEIRA VISTA, dir-se-ia .... que as almas podem conhecer e amar a Deus sem ser ins1ruidas sobre o principio da propriedade privada. Isto nos parece falso .... O principio da propriedade privada está consignado em dois mandamentos da lei de Deus (nl!o roubar e nl!o cobiçar os bens alheios). Renunciar a ensiná-lo aos fiéis seria, para a Igreja, o mesmo que renunciar a promover nos homens o conhecimento e o amor de Deus .... Com efeito, sem senso de propriedade nl!o /tá senso de justiça. A Igreja, se renunciasse a formar nos fiéis a noção exata da propriedade, renunciaria a formá-los na justiça.
A liberdade condicionada: um simulacro falacioso "De mais a mais, o mandato de Jesus Cristo à sua Esposa consiste em que pregue a Lei inteira a todos os povos, em todos os tempos. Se algum governo terreno exige dElo o contrário como condiçl!o para ser livre, Ela nllo poderá aceitar essa liberdade que ndo é sendo um simulacro /a/ocioso. "Consideremos um outro aspecto da questão. "Segundo certas noticias da imprensa, alguns governos comunistas enunciam o propósito de, pari passu com a concessdo de certa liberdade religiosa, operar um recuo parcial no socialismo, admitindo a titulo provisório algumas formas de propriedade privada. Neste caso, a influência do regime sobre as almas seria menos funesta. A pregação e o ensino católico não poderiam então aceitar de passar sob silêncio, não propriamente o principio da propriedade privada, mas toda a extensão que este tem na moral católica? "A isto se poderia responder que nem sempre os regimes mais brutalmente antinaturais - ou os erros mais flagrantes e declarados - silo os que conseguem deformar mais fundamente as almas. O erro descoberlO ou a injustiça brutal, por exemplo, revoltam e causam horror, ao passo que mais facilmente são aceitas como normais as meias injustiças e como verdade os meios erros, e uns e outras mais rapidamente corrompem as mentalidades .. "Para aniquilar as vantagens que, no Ocidente, o comunismo jâ vem alcançando com seus acenos de uma certa distensão no terreno religioso e social, é importante e urgente esclarecer a opinião pública sobre o caráter intrfnseca e necessariamenre fraudulento da "liberdade" por ele concedida à Religil1o, e sobre a impossibilidade da coexistência pacifica de um regime comunisla - ainda que moderado - com a Igreja Católica" ("Catolicismo", n? 152, o subtítulo e os destaques são nossos). CATOLIC ISMO - Outubro 1989
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grada Congregação de Seminàrios e Universidades. Neta, o Cardeal Pizzard o e Mons. Dino Staffa, respectivamente Prefeito e Secretàrio daquele Dicasté· rio, depQis de elogiar vivamente o Prof. Plinio Co rrêa de Oliveira e desejar uma larga difusão para'' A Liberdade da Igreja no Estado Comunista" (e· dição jà ampliada), qualificam esta obra como "um eco fidelíssimo de to-
dos os Documentos do Supremo Magistério da Igreja, inclusive as luminosas Enclclir:as 'Mater et Magislra' de Joilo XXlll e 'EclesiomSuom'dePaulo VI".
Vinte e seis anos depois Neste momento, em que a ardilosa trama comunista parece obter sucesso
na Polônia, a atualidade de "A Liberdade da Igreja no Estado Comunista" torna-se candente. Em face da parábola polonesa pois é claro que esta fórmula ultrapassa de longe os limites daquele pa[s (3) - os católicos do mundo inteiro são chamados a pronunciar-se sobre as teses da memoràvel obra focalizada neste a rt igo. Aquém e além cortina de ferro (4) é preciso estar alerta e resistir, não se deixando iludir por fórmulas tiradas da cartola comunista - como a "coe,xistCncia pacifica" - as quais só co nduzem à defecção e à apQstasia geral, como tão magistralmente o prova, no mencionado livro, o Prof. Plínio Co rrêa de Oliveira. JUAN GONZALO LARRAIN CAMPBElL
NOTAS
(1) Em 1974, o Autor jul&ou convenimle mudarlhe o thulo para "Acordo com o rc1ime comuniS11:par1algreja,cspcrança.ou1modernoliç&o?" (2)Tut1ldasdezediçõescmpor1u1u&: 100.000 exemplares. Teve, além disao, m•isdc60.000exemplarcs em outro, oito idlomas e foi trans,;rito intearalmenteem maisdctrinlajornaiserevistas deonzepai$t$. (J) lkmbtm .. O Estado de S. Paulo" (23-8-89) reconhecequcoqucocorrcem Vartóvi1"uhrapaua infinitamente o qu•dro d• Polõnia. É o próprio destino do bloco romunis11, em PQO, quecstiemjogo''.
(4) Vindo da Polõnia, Jl.ubem Cftl.r Fernandes,
1n1ropólogodoMU$eUNlcional,decl&roo: .. AI basesdalgreja.baiiloclero,ílfflietc,dcsoonfiam dequa!queridti•dcoolaboraçlo.enquanto • quartatcndência,mai1 conservadora enaciona·
li11a,queficouforadachapacleit•pcl0Solidariedade, condena abenamen1e~ •pacto com odiabo'"( .. OEstadodeS.Paulo".20/8/889).
TFP, Walesa e seu "anjo" da guarda "Catolicismo" - Qual foi sua impressão sobre o ambienlC criado na Iu!.lia pela estadia de Walesa, em janeiro de 1981 ? Paulo He,.,;q,.,, Clu.va: "Pupnki a,u
'I""...., rod.ramm 'I"""' ,,.. afinal
otn/rr:ui,tado: Waksa ouM~kiJ"
QUANDO, A PARTIR de agosto de 1980, os holofotes de toda a imprensa ocidental enfocaram' Walesa - e o iluminaram depois, com especial solicitude, durante sua visita a Roma, cm janeiro de 81 - dirigia naquela cidade o Escritório de representação das então 13 (hoje 15) TFPs, o Sr. Paulo Henri que Chaves, sócio da TFP brasileira. A atualidade candente que tem tomado a ques1ão polo11c· sa gira em fu11ção de um único aspecto: a concretização da coexistência comuno-católica - que chegou ao stu ZCnite com a indicaç!o, em agosto, do Sr. làdeusz Masowiecki, católico de esquerda, para primeiro ministro - a qual já germinava, bem discernida pela imprensa, na referida visita de Walesa à Cidade Eterna. Assim, ninguém mais indicado que o encarregado naquela ocasião do "Ufficio" TFP, para apresentar ao vivo -atravésdeumaentrevis1a-a 11ossos lcitores,algunsaspectos até agora desconhecidos da referida visita. O diálogo travado entre o Sr. Paulo Henrique Chaves e Walesa(bem como a interferência de seu assessor) foi grava· do pelo encarregado do "Ufficio" TFP, encontrando-se cm stu poder a fitamagné1iea.
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C ATOLIC ISM O -
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Paulo Henrique Chaves - 'R'nho viajado por quase todos ospaiscsda Europa, passandovàriosanosna França e na Itália, como tambtm por algumas 11açõcs da América do Sul. Em todos eles, acompanhei com muita atenção o acontecer religioso, polltico,socialeeoonômico, participa11dodcnumerososcongrcssos,cursos,conferências, entrevistasetc., e nunca, cmminhavida,prcsencieiumaorquestraçãopublici tàriamelhor montada pela mldia do que a organizadà para Watcsa. Por uma longa experiência adquirida na TFP, notei logo que st tratava de um show publicitário de grandes proporções. Convencido disso e com natural euriosidadc, como jornalista credenciado em Roma, panicipei da entrevista coletiva de imprensa que Walesa eoncedeu, e fiz-lhe algumas perguntas. C-Quemcstavaprcsentcàentrcvista,eondestrcalizoucla? PHC - Reatizou-st na Sala de Imprensa Est ran geira, no ce11tro de Roma, um lugar muito prestigioso. Havia cerca de 300 pessoas e11trejornalistas, sindicalistas e outros. Somente no inicio da en trevista, quando o coordenador da sessão aprcscmou Walesa aosjornalistas, tomei co11hccimcntodequejuntoaeleestavaoSr. TadeuszMazowiccki, o qual. parasurprc· sa minha, faria o papel de "anjo" da guarda de Walesa.
Afo"if,, tafô,,s
....,:-,_..,..,.....,...,._r_-,.. _,~, -
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conlrária,aogoUt:mo co,m,nist", como tsUI. promov,'daflor "Solidan'tdr,d,",na tapitalpolomw, em ".f<>Sl<>último, preJ,amram o clima p,,ran,uu,uãodt 'liu/~,., Mazou,i«ki aocargadt fm·m,iro-mi,uSt ro
C - Quais foram as perguntas que o Sr. fez a Walesa? PHC - Podem resumir-se a uma só, dividida em quatro pontos: a)eu me encontrava ali representandomaisdedezpublicaçõcs das Sociedades de Defesa da Tradição, Familia e Propriedade, dos Estados Unidos, Brasil e outros países; b)tinha em mãos dois livros: "A Igreja e o Estado Comunista, a coexistência impossivel" (cujo titulo original é "A liberdade da Igreja no Estadocomunista")e "Batdeaçãoideológica inad~·er· tida e Diálogo", ambos de autoria do Prof. Plinio Corrêa de Oliveira,queanteriormenteforamfortementequestionadospelos Srs. Zbigniew Czajkowski, A. Wielwieyski e pelo próprio làdeusz Mazowiecki nos jornais "Kierunki", "Zycie i Mysl" e "Wiez" (todos católico-esquerdistas da Polônia); c) perguntava a Walesa se ele tivera conhecimento dessa polémica. Em caso afirmativo, qual era sua opinião sobre o assunto; d) eu estava seguro de que o pensamento dele sobre aquela matéria (ou seja, a impossibilidade moral, conforme a doutrina católica, dacoexistênciapacificaentrecatólicosecomunistas), naqueles dias tão at ual, interes.saria vivamente não só às colônias polonesas espalhadas no Ocidente, mas igualmente a toda a opinião pública. C-EqualfoiarespostadeWalesa? PHC - 'leria mais propósito que me falasse de Mazowiecki. C- Como assim? PHC - Porque já na primeira parte da pergunta, quando citei as TFP5, Masowiecki deu um pulo na cadeira e, aproximando-se ainda mais de Walesa, de quem já estava a um palmo de distãncia, soprou-lhe umas tantas coisas ao ouvido. Antes mesmo que eu terminasse a pergunta, Walesa, demonstrando nervosismo, disse algumas frases em polonCS, das quais apenas foi traduzido que "a pergunta estava sendo muito longa". E, sem nenhum nexo, acrcscentou: "Nós não escrevemos em jornais brasileiros, não sabemos o que neles se escreve, não podemos controlar as matérias que eles publicam".
Percebendo que Walesaestava visivelmente aconselhado a descartar a pergunta, retruquei: "Um momento. Eu falei da imprensa polonesa. Estesestudostiveramrepercussãona Polônia. O Sr. Tudeusz Masowiecki ocupou-se deles". Masowiecki, que estava notoriamente incomodado, procurou, em tom de brincadeira, desviar o assunto, dizendo: "No que se refere às repercussões na Polônia, não se pode ter a pretensão de no Brasil saber mais do que nós potonescs". Ante a escamoteação evidente dos fatos por parte daquele que é o atual primeiro ministro polonês, eu, com o livro na mão e apontando-o, com voz firme, lhe disse: ''Senhor, o seu nomeestã aqui''. Ao que ele, agora em tom sério, respondeu: "A Igreja na Polônia vive num clima digno, e là a lgreja é uma grande defensora dos direitos humanos". C- Pelo que o Sr. relata, eles não responderam sua pergunta. PHC - Com efeito, nada responderam. E isso ficou tão evidente que, tão logo Mazowiecki terminou sua "resposta", recebiumbithetedeumasindicalistaquefaziapartedacomissão de recepção de Walesa - aliãs, pouco tempo depois presa oomotcrrorista-dizendoqucminhaperguntanãoforarespondida por ser polêmica. C - E como foram as respostas aos outros jornalistas? PHC - As demais perguntas não foram ideológicas, mas as questões um pouco mais dificeis de serem respondidas foram literalmante sopradas ao ouvido de Walesa por Mazowiecki. Gostaria de ter em mãos, na ocasião, um vídeo-cassete para regisfrar o auxilio permanente de Mazowiecki a Walesa, situação que me lembrava a imagem do "anjo" da guarda. E hã mais: todas as perguntas de mais densidade, Mazowiccki as respondia diretamente ... Além disso, chamou-me muito a atenção a cumplicidade dos presentes com o que se passava. Ela era tão notória que, cm vârias oêasiões, perguntei aos que me rodeavam quem era afinal o entrevistado: \Valesa ou Mazowiccki. E a resposta geral era um sorriso malicioso insinuando nossa saida bem brasileira:vocêsabecomoé,nãoéL.
CATOLI CISMO - Outubro 1989 -
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A,utaç,';tsrod,,viária, apiRhadastkg,ntt,ímpl" do paoo, Wm dispa.ta, que viaja. Não há •=!J'ro•mfalar dtumJl(rnjHnSmo /trrÍVd• geruralizado?
~obreza inflacionada A
TODO MOMENTO ouve-se dizer que l,á pobreza generalizada no Brasil, fruto de estruturas injustas. É isso verdade? Mais ainda, afirma-se que os ricos estão cada vez mais ricos, e os 110hres cada vez mais pobres. Há base na realidade para tal afirmação? Você já viu alguém apresentar provas? Ou é pura demagogia de quem descia levar o País para a esquerda? Ademais, desenvolve-se no Exterior uma campanha organizada pura apresentar o Brasil quase como um país de indigentes. No que se fundamenta ela? A seguir, o economista Carlos Patricio dei Campo - autor de obras já comentadas em "Catolicismo", bem como de substanciosos artigos, exclusivos para nossa revista - analisa sob o ângulo das questões acima enunciadas a economia nacional e apresenta a elas respostas de grande atualidade. O presente artigo é apenas uma pincelada do livro "Está o Brasil resmlando para a extrema-esquerda? ", do mesmo autor, editado em inglês e difundido especialmente nos Estados Unidos e na Europa, e cujas teses, baseadas em farta documentação, pcnnanecem irrefutadas Trata-se de uma obra que a esq11erda não se atreveu a comentar. 14 -
CATOLICISMO -
Ou(ubro 1989
O
PAÍSVIVEuma
séria crise sócioeconõmica. Bastaafüirqualquer jornal,ouassistiràtetevisão, para ter-se a impressão de que, de um momento para outro, podemos cair em abismos. lssogeraincertczaeinsegurança .
Não é objetivo destas linhas avaliar tal crise em seu conjunto, o que nos levaria muito longe. Limitam-se elasaurnaspectodaquestão: a situação social, vista sob seu ângulo fundamental, ou seja, o que vem acontecendo com os rendimentos da população.
Há exagero no falar de pobreza? Eis como alguns apresentam a situação; "Brasil tem 70 milhões de mi'seráveis passando fome" (1).
"Sessenta e cinco por cento daforço de trabalho no Brasil recebe até um salário mfnimo" (2). "Dos sessenta e dois milhôes de habitantes que vivem abaixo da
linha de pobreza, 38,3 mifhôes esttio abaixo da linha de indigência . .... Se os primeiros conseguem pelo menos se alimentar, as demais nem isso Jazem direito" (3). Nmicias desse tipo abundam na mídia, tanto no Brasil como no Exterior. Terão elas fundamento na realidade? Não haverá exageros emtaisafirmações?Quedados lhes servem de base? Responder a estas e a outras perguntas do gênero é o assunto central do presente artigo.
dos e até de "Shopping Ccnters" em bairros populares e cm numerosas cidades do interior etc ... Tal inflação de consumo não encontra explicação no quadro de miséria generalizada acima descrito. Enãotemmesmoexplicação, pelo simples motivo de que o quadro não é real. Para comprová-lo, convido o leitor a refletir um pouco sobre alguns fatos ocorridos na recente história econômica do Pais.
Ourante o Plano Cruzado, ''estouro'' dos salõrlos • não.aumento Para um observador im- proporcional parcial, não deixa de cha- no consumo de mar a atenção a contradição alimentos entre as afirmações acima e essenciais
o choque coma realidade
a realidadequeelevêaoseu redor: tráfego intenso nas estradas em fins de semana eferiados,rodoviáriasingurgitadas de gente, "febre" nas compras de automóveis novos e usados, como também de eletrodomésticos, para aproveitar o recente - e aliás fracassado Plano Verão, construção de hipermerca-
1: do conhecimento de todos que, no ano do Plano Cruzado, a economia nacional teve um significativo crescimento, provocando aumento da demanda de mão-deobra. Em principio, este aumento não acarretaria de si um crescimento significativo no nível dos salários; pois, em uma situação de pobreza generalizada, onde o desemprego ou o subemprego são abundantes, um aumento na procura de mão-de-obra não redunda em crescimento proporcional dos salários. Ora, o que se viu no Plano Cruzado foi um verdadeiro "estouro" no salário real dos trabalhadores e operários cm geral. E a escassez de mão-de-obra se fez notória especialmente na construção civil, setor que emprega predominantemente mão-de-obra de pouca qualificação. Outra caractcrlstica do Plano Cruzado foi a explosão especialmente no consumo de bens duráveis e de ar1igos não essenciais, e um aumento não proporcional no consumo de produtos alimentícios essenciais, como arroz, feijão etc. (4)
Ora, se seten!a milhões de miseráveis passam fome, t:, vendo suas rendas melho-
radas, não aumentam explosivamente o consumo dos alimentos básicos, de duas, uma: ou são enfermos mentais, que não sabem avaliar suas próprias necessidades; ou aexistênciadessestaissetenta milhões de famintos nãopassadeficção.Asegunda hipótese, obviamente, é a que calha. Várias outras contradições do gênero poderiam ser citadas.Masafaltadeespaço não o permite. Passemos a considerar, agora, os dados concretos, e suas fontes.
A renda real• subestimada A quase unanimidade dos comentários sobre a pobreza no Brasil refere-se a estudos feitos com base no Plano Nacional de Amostras de Domicilio (PNAD). O PNAD é uma pesquisa anual, baseada em amostragem de domicílios, realizada pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), com o intuito de calcular certos indicadores sociais, e determinar algumas características da população, tais como nlvcl de renda, distribuição do emprego por ramos de atividade, características dos domicílios, propriedade de bens etc. Os dados são obtidos por meio de entrevistas diretas nos domicllios escolhidos para amostra. De acordo com estudos de conhecidos cspecialis!as, o PNAD subestima significativamente os ganhos da população, especialmente daqueladebaixarenda(5). Isto porque, na própria definiçãoderendaconsiderada pela pesquisa, é deixado de lado um conjunto importante de fontes de entradas. Assim, a produção para consumo próprio, por exemplo, não é considerada como renda.
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O lucro que o trabalhador autõnomo aplica na sua profissllo tambtim nllo seria renda No caso dos cmpregadores, ou dos trabalhadores autônomos, o rendimento se refere à retirada mensal, ou seja, de acordo com a própria pesquisa, "ao rendimenlO bruw. menos as despesas efetuadas com o negócio ou profissdo". É simples perceber como tal definição tende a subestimar a renda rea l, pois facilmente não toma em consideração a renda investida em máquinas, equipamentos, gado etc. A valorização dos ativos, como bens imóveis e outros, também não é considerada como renda. O mesmo se dá com a valorização, fruto de alteração na composição de certos ativos como gado etc. Facilmente isso redunda numa subestima significativa da renda, especialmente daqueles que vivem por conta própria, sobretudo no setor agrícola.
O ganho real Pode ser o dobro do calculado pelo PNAD Uma avaliação detalhada dessa subestima tem sido feita por vários autores, como os já citados. A subestima atinge valores em torno de 43%, e, no caso dos estratos de rendas mais baixas, pode atingir até 80 e mesmo 100% . Ou seja, o ganho realmente obtido pode chegar ao dobro do estimado pelo P-NAD.
a
A pobreza é bem menor do que parece Não quero cansar o lei!Or com mais dados e cálculos. Eles são abundantes, mas cabem melhor em estudo para especialistas. Basta assinalar que, tomando cm consideração as limitações aqui apontadas, os índices de pobreza se mostram drasticamente reduzidos. Eles chegam a níveis em tomo de 18 a 20% da população. làis índices são similares aos que prevaleciam no início da atual década. Obviamente não se pretende negar, com isso, a anomalia que eles revelam. Noentanto,indicam umasituação de muito menos gravidade do que aquela correntemente difundida.
Buscar, na via socialista das reformas de estrutura, a solução para esse problema, écaminhar paraoagravamento da situação. Assim o mostra a experiência dos países socialistas. A saída para essa situação deve ser procurada na análiseeextirpaçãodascausas que a originaram. Elas residem principalmente no modelo de desenvolvimento induzido, de industrialização forçada a que foi submetido o Brasil nas últimas décadas . Isto criou desequilíbrios profundos, que afetaram principalmente os setores primários da economia que empregam mão-de-obra não qualificada.
A 1oluçllo caminha pela via da desestatlzação Paralelamente, o Estado brasileiro interveio maciçamente na economia por meio de controle de preços e outras medidas, e comprometeu seus recursos em atividades produtivas (como siderurgia, energia, indústrias química e mineradora etc), com péssimos resultados: e deixou de lado atividades próprias de sua esfera, como saneamento, habitação popular, assistência educacional etc. Portanto, a solução verdadeira deve caminhar no sentido de tirar a economia de controles governamentais artificiais e transferir atividades diretamente produtivas, do Estado para o setor privado, liberando assim recursos para a realização de programas que melhorem os conhecimentos e capacidades da população de baixa renda.
Abrir-se para a concorrência externa Concomitantemente a esta redefinição do papel do
Estado na economia, a política econômica deveria ser orientada no sentido de aproveitar as vantagens comparativas do Pais. abrindo com critério a economia à concorrência externa, o que redundaria em benef1cio de todos, especialmente dos mais necessitados. Os primeiros resultados seriam uma queda da inflação e conseqüente diminuição das incertezas que atualmente assolam o Pais. Isso poderá ser tema de um próximo artigo. CARLOS PATRICIO OEL CAMPO
Notas {l)"ZeroHora",25-9-88,p.48. {2)''GazetaMcrcantíl'',31-3-89. declaraçãodeChristophcrLund, presidentedaCãmaraAmericanadeComércio. (3) "Jornal do Brasil". 9-4-89. dados publicados no estudo do Prof. Maurício Romão, a pedido da OIT (Organização Internacional do Trabalho). (4) "Veja", 5-11-86, p. 123. (5) Cfr. Oscar Allimir, "The extended of poverty in Latin America", Word 8ank Staff Working Papers, nº 522; Guy Pierre Pfeffermann, "The Distribution oflncomein Brazil'", Word BankStaffWorking Papers,nº356.
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Entrevista com o diretor-presidente da CAL
Estilo colonial: manifestação das mais autênticas da arte brasileira O Dr. Adolpho Lindenbcrg, fundador e diretor-presidente da Construtora Adoltiho Undenbt:rg - CAL, e membro do Conselho Nacíonal da TFP, concedeu uma
CATOLICISMO - O senhor con-
poderiam perdurar, apesar dos progres-
sidera a construçao de casas e ediffcio~; sos no arte de construir? O Estilo Coloem estilos tradicionais como a soluçao nial é funciono/? para se evitar os absurdos e contra-sensos do estilo moderno? Os estilos acadêmicos ntto ficaram superados pelas novas lécnicas construtivas e pelo apa-
entrevista a "Catolicismo" (ver recimento de novos maferiais de cons-
nossa edição de junho/89) sobre a atual voga dos estilos tradicionais em matéria de construçào. Convidamo--lv agortl, tendo em
lruç6o?
vantagens e seu!> aperfeiçoamentos possívt'is para nossos dias.
CATOLICISMO - Quais s/Jo as corocterfsticas do Estilo Colonial que
A.DOLPHO LINDENBERG-Absolutamente. é: verdade que a Revolução Modernista de 1922 truncou a evolução do Estilo Colonial. Se vista sua conlreâda competência ela nãonatural tivesse ocorrido, haveria um no assunto, a discorrer sobre o progresso sadio nas linhas tradicionais estilo colonial ~- essa jóia da e uma absorção espontânea dos novos arquitetura brasileira sua.~ materiais que têm sido descobertos.
AL - Antes de mais nada, a at· mosfcra patriarcal que imprqna as nossas velhas casas de fazenda. Um misto de senhorio e simplicidade, uma allanaria acolhedora, um bem estar caseiro, familiar, Intimo. Suas características construtivas são: largas va randas que pennitem reuniões praticamente ao ar livre, beirais ao redor da toda a casa que a protegem das fortes chuvas e do calor do sol, paredes grossas que proporcionam um esplêndido isolamento tfrmico (visitei um antigo edificio colonial, o convento de São Francisco, em São Sebastião, que causava a im· pressão de um ambiente com perfeito sistema de ar condicionado!); pisos de CATOLICISMO - Outubro 1989 -
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tábuas largas de madeira de lei, forros cm forma de caçamba e decorados, pts direitos altos que refrescam o ambiente, portas, gradis e rótulas de madeira trabalhada, pedras entalhadas etc.,etc ... CATOLICISMO - Mas o senhor n4o se referiu nenhuma Vet às plantas das antigas casas ... AL - Realmente, pois nesse campo reconheço que houve um grande progresso. Basta dizer que num bom número de residências existiam alcovas sem j anelas, e que nas casas só havia um único banheiro rudimentar, ou o que ainda é pior, muitas vezes ele ficava do lado de fora da residência. CATOLICISMO - E quanto às novas técnicas de construçao? AL - Nesse campo também houve diversos progressos. O uso do concreto armado permitiu a construção de casas muito mais sólidas, nas quais alicerces,colunas,vigaselajessãoconstituldos por aquele material de construção; permitiu também a introdução de grandes vãos, livres de colunas. As fábricas de vidro fornecem presentemente imensas e belíssimas placas de cristal; hoje existem tintas esplêndidas com uma variedade de cores imensa; há também ótimas instalações hidráulicas, elétricas, de ar condicionado, de segurança etc. São todas elas novidades muito boas, mas que não invalidam em nada as construções coloniais. Parece-me oportuno fazer ainda uma observação a respeito do emprego do concreto armado. Ê de se lamentar o uso quase exclusivo desse material - constituído de elementos mais simples e vulgares - especialmente em prédios maiores, tornando, com isso, as construções com materiais intrinsecamente mais nobres, como a pedra, cada vez mais raras. CATOLICISMO - Mos· como se faria esse casamento entre o estilo colonial e o concreto armado? AL - O concreto armado, ao contrário do que afirmam os arquitetos ditos mais avançados, não precisa ficar aparente. Ele é por si mesmo um material resistente, mas grosseiro e feio. Mesmo os esforços dispendiosissimos que muitos construtores fazem para dar uma vista agradável às estruturas, 18 - CATOLICISMO - Outubro 1989
O Hgmcn/(1 lateral do. ampla mranda, 11a t•aunJa VM, cm Vassouras (RJ), dá auuo a capdo b,,m carack.-útiéa do colonial da lpoca
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polindo-as e envernizando-as, não têm conseguido resultados apreciáveis. Sendo assim, o próprio ao concreto armado é ser revestido com argamassa, mármores, pastilhas etc. É algo semelhante ao que acontece com o nosso esqueleto. Ele é essencial, sustenta o nosso corpo, mas a natureza cuidou para que não ficasse aparente. CATOLICISMO - E quanto às plantas das casos que o senhor mesmo reconheceu que eram muito primitivas? AL- Não vejo nenhuma incompatibilidade entre um projeto inteiramente racional, que vise proporcionar o maior conforto possível aos moradores, e o Estilo Colonial. E nesse caso teríamos conciliado a nobreza, a singelez.a eoaspectopatriarcaldenossascon1ruções tradicionais com o que há de mais avançado na arte de construir.
CATOLICISMO - A CAL fetalgum esforço para incentivar os trabalhos artesanais em suas cons1ruçôes coloniais? AL - Nós fomos duran te muitos anos os grandes incentivadores das pequenas oficinas que decoravam azulejos e cerâmicas com motivos brasileiros. Estimulamos também a vinda de anesãos de Minas Gerais, que trabalhavam com a nossa tão versá.til pedra-sabão. Procuramos ainda valorizar ao máximo os trabalhos de entalhe em madeira, pois considero esse tipo de trabalho artesanal uma manifestação muito autêntica da Arte Brasileira. Não posso, por fim, deixar de reíerirme à colocação de gradis, portões, escadas e1c. de ferro balido ou fundido, que comprávamos em demolições no Rio e na Bahia. Esses materiais em geral obedecem a desenhos belissimos e são muito decorativos. D
História Sagrada em seu lar Cria ç.lo do homem
Acriação(l)
"Só Deus ~ eterno. Todas as coisas foram criadas por Ele. Deus, com um simples ato de Sua vontade, J)Odia criar, de urna só vez, todasascoisasqucc:cis• 1cm, mas qui, empregar seis dias na obra da criação" (2) Cri ação do mundo "No principio criou o cfo catcrra;masaterra cs1ava sem forma,cobcrtadcllguas ccnvoltacmtrevas. "No primeiro dia criou Deus a lu1. e separou-a das trevas. À luz chamou dia e às trevasnoi1e. ''Noscgundodiafez.ofirmarnento. Ao firmamcn10, Deuschamouctu "No terceiro dia reuni u as ãguas em um só lugar, e a essas Aguas deu o nome de mar;aorcstantc,qucperma· neceu cllltuto, pôs o nome de terra. Disse, então Deus: 'produza a terra ervas, plan13.'i e ãrvo.-cs fru1ifcras'. A terraobedCQCueasãrvorcsderam fru • to segundo a sua cspá:ic "No quarto dia disse Deus: 'Façam· sc luzcirosnoctu,esepare-.scodiada noite, e marquem.se as estações e os dias do ano'. E fez. então, dois grandd luzeiros: o maior · o $OI • para rcsplandccer dc dia; o mcnor - a lua - para dis· sipar as trevas da noite. Depois fez. as estrelas "No quinto dia criou Deus as vãrias espécies de peixes, eas vâriascspá:id de ptissaros. "No sexto dia criou toda a sorte de répteiscdequadrUpcdcs, ctodososo utrosanimaisquevivcm na tcrra." (3)
"Preparado estava o palâcio; mas na criação faltava orei". {4) Assim, pois, ainda no se~to dia, Deus disse: "Façamos o homem à nos· sai magcm esemclhança, e presida aos peixes do mar, e às aves do céu. e aos animaio;.selvàticos, e a toda a terra,ea todos os r~teis que se movem .";Obre a terra."(S) "E compôs, com barro, um corpo ltumano,einspirOu·lhcumaalmavivcn· te e imortal. Assim foi criado o primeiro homem, que se chamou Adão, que querdizer'fcitodctcrra"'{6) No sétimo dia, o descanso "E vendo (Deus) que todas as coisas eram boas e procediam segundo a Sua vontadc,no~timodiadcscan.";Ou,qucr
noções básicas frutas,qucotcrrenofértilproduziasem cul tura. Deus, para ensinar o homem que devia fugir da ociosidade, tinha ordenado a Adio que trabalhasse, m35 tão só para seu cntrelenimento Deus fez. passar todos animais pcran· tcohomem,afimdcqucclcdcsseno· meacadaum."(8) FormaçJo de E..,il - insti tui çJo do mat rimô ni o "MasnãoseachavaparaAdãoum adjutóriosemelhan1eaele "Mandou, pois, o Senhor Deus um profundo.";Ono a Adão; c,enquantoele estava dormindo, tirou uma das suas costelas, e pôs carne no lugar dela. E da costela, que tinha tirado de Adão, formou o Senhor Deus uma mulher; e a levou a Adio. E Adão disse: 'Eis aquiagoraoosrodcmcusosroscacarne de minha carne( ... ) Por issodcixarãohomcmseupai e sua mãe, cseuniriasua mulher; e serão dois numa sócarne."(9) Cri ação dos Anjos "Deus tinha, tambtm, criado uma multidão de anjos, isto é, de csp!ri10s sem corpo, enriquecidos de cxcc• lcntcsdons."(10) 0 (l)Atendcndopedidosdcnumcrososlcitorts,passamos .apartir dcsia edição, a aprcscm~r algu. ma.inoçõcsdernstóriaSag.rada. oomeçandopclaHistóriadaCria· çlo. As footts m,que nosba,carm,os scrlo - alml da Sa&ra·
dizer,ccsrou de criar outras coisas DeussantiOcouo.sétimodia,equisque nesse dia os homens, abstendo-se dos trabalhosscrvis,scocupassemromentc em coisas de piedade. "Na lei anligascobscrvavaosábado; nós, cristãos, cm memória da Ressu rreição do Salvador, temos por santo o domingo" (7) Par;aíso te rrest re "O homem Foi colocado por Deus no Paralso terrestre, lu gar dclicioslssi· mo, onde abundava toda a esl)«ic de
d&Escrltur,(Ediçôc$Paulin11,Sl0Paulo,
6'cd.,l9l3,1r•duçãodoPe.M1tosSoarts) -1s squintes: São JQAo Bosco, "História BlbliçadoVclhoeNovoTcs1amcnto",Livra· riaSaltsiana,SloPaulo,2'cd.,t920;Mons. Cauly,Vigl,rioOcral dc_Rcims, "~r50dc hutrução Rdi1io5.a", L,vrariaF,.ncacoAl· ~.SãoPauto,1913.obn.d<>:fiadaporlelo XIII; Pc.Tiago Eckcr, "Blbha das Exola.t
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(2)SàoJolo8oKo,p.7
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p.14 ('JGcn, J,26 (6JSloJo.toBosoo,p.8 (7) ldc-m. p, 8
(8)1dem,pp.8·9 (9)Gcn. 2.20-24 (I0)SloJolo8osoo, p.9
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VOLTAIRE em rápidas pinceladas SE A REVOLUÇÃO FRANCESA foi .ào e c,;rtamcnte ela o foi (ver nossas cdiçõc'> de maio a i.ctc mbro/89) --. quem aplainou seus caminhos? Dentre os vários homens que se entregaram à inglória tarefa de preparar a formidãvd explo~o anti,social e anti-religiosa de 1189, d~taca-se o escritor hançois \1arie Arouct, co11-nominado Voltaire (1694-1778). Quem foi ele? Sem pretender, num simples artigo, apresentar uma biografia de Voltaire, e.sboçamos aqui - a propósito do bicentenário da Revolução fran(esa - aliuns rápidos traços de sua personalidade e de sua açà.o.
maléfü.a
Vt>ltoil't. S"" fipm m:, grokJaJ, come, a tU um ltippi.t mode,.... (ut.itua <'m mltnno.., d,, lloudo11 - 1778, &rlim, Ácad~mia d,, Bijfnfilw.flm)
OUVE TEMPO cm que os homens eram designados pelo tra.ço .?e sua psico. logia, de sua vmude, ou mesmo de seu fis1co que mais os caractenzava. Assim 11vemos Fernando, o Santo; Isabel, a Católica; Carlos, o Temerário; Henrique, o Navegador; Carlos, o Calvo; e tantos outros. Voltaire foi o Ímpio, como Judas fora o Traidor. "Esmagai a Infame", era seu dito constantememe repetido contra a Santa Igreja Católica. Sua figura e suas atitudes eram grotescas, tinha algo já de um moderno hippie. A biografia desse homem, que dedicou à impiedade os 84 anos de sua vida, é-nos relatada por um seu admirador e grande escritor, Jean Orieux ("Voltaireou /a Royautéde /'Esprit", Flarnmmarion, Paris, 1966, 827 páginas). Nes.se autor, inteiramente insuspeito, colhemos os traços da vida de Voltaire que seguem
Procedimentos Infames Nascido na burguesia, Voltaire era filho de um notário, e sua mãe urna senhora digna. Revoltado comra sua própria condição - tinha despeito de 20 - CATOLICISMO -
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não ser nobre - não achou nada melhor para alimentar sua revolta do que denegrir infamemente sua própria mãe: "Ele dá a entender muito claramente que sua mt1e teria tido amanles e que ele seria filho de um deles. É o padre Chateauneuf - um libertino - que segundo ele seria seu pai. Em ourra ocasit1o, penderá mais para M. Rochebrune, um nobre de Auvergne". Aos 13 a nos de idade tomou emprestado de uma mulher uma considerável quantia em dinheiro, assinando promissórias cm troca. Quando a dívida foi cobrada, provou que ao assi nar as letras faltava-lhe ainda um mês para adquirir a maioridade, não sendo pois juridicamente responsável pelo pagamen-
to ...
de seu valor originário. Foi ai que Vol1a ire passou a Hirsch uma grande qua ntia de dinheiro para que ele fosse ao Saxe comprar esses tlt ulos que a li se vendiam a um preço baixlssimo, a fim de exigir depois, a partir da Prússia, seu reembolso pelo valor no minal. Os dois "sócios" desentenderam-se e o escândalo veio a público. Sabia-se na Europa que Catarina li assassinara seu marido para ascender ao trono da Rtissia. Voltaire conhecia o fato , como todo mu ndo. mas eralhe prestigioso manter a arni:iade da imperatriz, por isso limitou-se a brincar· "Eu sei bem que lhe censuram algumas bagatelas a respeilo de seu marido; mas st1o negócios de família, nos q11aiseu 11t10 me meto''. A esse propó· sito, o escritor Horãcio Walpole comen1a: "Voltaire me foz. horror com s11a Catarina. Que belo temo para brincadeira é o assassinato de um marido!"
Apesar de ser "rico como um próspero banqueiro", aos S6 anos, morando na Prússia, "ele se acumpliciou com um 1rajicante berlinense, um judeu, Hirsch, para mon1ar um negócio de especulaçt1o ilegal. Nada era mais sus- Odiosa peito que se11 associado e sua associa- hipocrisia çtlo ". Tratava-se do seguinte: Frederico II, rei da Prússia, após uma guerra Certa ocasião, querendo fazer uma vitoriosa, tinha obrigado o Saxe a reem- entrada prestigiosa cm Paris, e sendo bolsar todos os prussianos portadores ncccssãrio para isso most rar-se menos de um titulo de empréstimo do Esta- ímpio, pagou um padre capuchj_o ho do saxão, pelo valor nominal. Ora, es- para ouvi-lo em "confissão" e da r-lhe ses titulas haviam caldo muito abaixo a comunhão na Páscoa.
-·t1aa,o~m-m-e-r-em-w íl' aPara que lh_c abrissem as portas da Academia Francesa, fez-se passar por devoto e dedicou versos a Bcmo XIV, cmão Papa A fim dccscrcvcrcertosartigos anti-religiosos para a famosa "Enciclopédia" cm elaboração, retirou-se a um convento beneditino, fingindo estar recolhido cm oração e usando hábito e crucifiw, para poder assim ter fácil acesso à biblimeca dos monges. Depois comentou: "É um muito bom estratagema de guerra ir junto aos inimigos para abastecer-se de artilharia contra eles".
1-1, e+·
Juntou-se também incestuosamente à própria sobrinha, viúva, Mme Denis
Dominado pela soberba
"Ele próprio se incensava sem pudor". Ademais, não admitia criticas a suas obras, e quando as recebia entrava "emcrisedefuror". Quando assistia a representações de suas peças "ele soltava por vezes na cena e corria entre os atores. Em sua poltrona, ele exclamava, gemia, chorava enquanto agitava D lenço, e Adúltero e Incestuoso até desmaiava caldo sobre seu assento". Reservava, no teatro, até 400 lugaViveu 17 anos com uma mulher ca- res para uma claque encarregada de sada - Mme. de Chateie! - e chegou aplaudir, e ele próprio, de seu camaroa dividir seu leito com outro concubi- te, dava os sinais convencionais. no que ela arra njara, além do próprio Desprezava o povo simples, ao marido. Ocorreu de estarem os quatro qual chamava "a canalha", queria que no mesmo castelo! se ''proibisse o esludo para os t:-ubolhudores", e dizia que "o mmor serwço que se posCa1an·11a li, da R ,i.ssia. Paro. f,<,<kr pr..tigiar·•• com o "'" sa prestar 00 gênero huapoio, V<>ltai~J,zvistasgrouasaoassauina1op,:,r,la , mfru· mano consiste em sepaendido de seu marido (Quadro de l.,ampi, Mweu de /'Ermita - rara povo tolo dos pessoge, Saint-Pet,r,bur11 I asdebem,parasempre''.
Poltrão Diz seu amigo d'Argcnson, que Voltaire era "reconhecidamente um poftrdo" Um oficial do Rei da França, atacado num escrito de Voltaire, proclamou que iria a Genebra, onde emão residia o poeta, para "cortar-lhe as orelhas". A ameaça amedron tou sobremaneira Voltaire. Um dia em que esterecebiaCramcr, para tratar da publicação de um escrito sobre a "bravura", o editor, cm meio à conversa, informou-o de que chegara a Genebra um oficial francês. Foi então que Cramcr "sem nada compreender, viu Volraire afundar em sua poltrona, seus joelhos e suas mdos tremiam de maneiro inquietante: 'fechem-se logo os portos' gritou o poeta apavorado. Depois, voltando-se poro Crumer es111pefolo 'Voltai logo
à cidade efa::;ei correr o boalo de que
eu acabo de morrer subilamente". Voltaire mandou ainda investigar na cidade, e só sossegou quando soube que o oficial que ali chegara nada tinha a ver com o que o ameaçara Certa vez correu o risco de ver-se envolvido num processo referente à profanação de um Crucifixo. A esse propósito "ele tinha angústias tdo cméis que o lançavam em crises delirantes: ele sapateava, rolava por/erra, subia pelos corlinas urrando de terror"
Mesquinho Na corte de Frederico 11, na Prússia, os empregados tinham o privilégio de recolher para si, todas as noites, as velas que sobravam nos candelabros, para depois revendê-las. Pois bem, Voltaire, quando lá viveu, adiantava-se a eles e as recolhia ... Mais ainda: "ele adquiriu o hábito de dirigir-se toda noite, antes do jantar, ao apartamenlo do rei. Para ir, iluminavam-lhe o caminho, mas paro voltar ele próprio o iluminava, tomando do apartamento do rei uma vela que escolhia bem grande. Repetindo duas ou lrts vezes por noile essas idos e vindas, ele ganhava assim três velas quase intactas .... O manejo não passou desapercebido do rei, a quem o procedimento pareceu infame".
A morte de um implo O médico que o viu morrer, Tronchin, escreveu: "Eu quereria que todos os que foram seduzidos por seus livros fossem testemunhos de sua mor/e. Nao é passivei manter-se ante tal espetáculo .... Pouco tempo antes de morrer entrou em agiloç.:Jes horrfveis, gritando com furor: 'Eu eslou abandonado por Deus e pelos homens'. Mordia os dedos, e levando as m4os o um vaso noturno. tomando o que ali havia, ele o bebeu" Mme. Vi!tette, dona da casa em que morreu Voltaire, contará mais tarde ao Pe. Depery que descreverá a seguinte cena: Voltaire "via o diabo nas cercanias da coma e gritava como um condenado: 'ele está lá, ele quer me pegar, eu vejo o inferno'" No dia 30 de maio de 1778, às li horas, Voltaire estava com os olhos fechados quando "repentinamente lan çou um grito arroz. terrível, interminável" e morreu. Todos ficaram aterrorizados. GREGÓRIO LOf>ES
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O ÚLTIMO dia 26 de agOS· to transcorreu o bicentenário da "Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão", procla· mada dura nte a Revolução Francc· sa pela Assembléia Constituinte da França. Essa "Declaração" tornou• se o "catecismo cívico" dos revolu· cionários, algo parecido com aqui lo que o Decálogo representa para o Cristianismo. Entretanto, os "novos Moisés da humanidade", ao compilarem a súmula dos "direitos", fizeram questão de olvidar "o fa ntasma dos de· veres" ( 1), além de passarem em si· lêncio pomos fundamentais de vá· rias questões importantes. Tal omis·
forma de cubo vasado que ab rigará a Fundação dos Direitos do Ho· mem, mas também na capiial paulista, onde a Secretaria Municipal de Cultura promoveu o projeto "Cida· de, Cidadão, Cidadania". Cada entidade participante do evento teve oportunidade de "interpretar " a seu modo o significado da controvertida "Declaração". Na galeria Prestes Maia, no centro da cidade, o artista plástico Cildo Meireles deixou uma montanha de dois metros de altura de papel celofane amassado. Sem nenhuma explicação, longe de relacionar a ''o· bra" com os " Direitos do Homem ", o público entendeu tratar-se de uma
cido que o comunismo é filho da Revolução Francesa. Lenine, por exemplo, dizia.se "filho espiritua l de Robespierre" (3). Foi cm nome da " igualdade", contida na Declaração de 1789, que Mao T5'!-Tung implantou na China o regime coletivis· ta e promoveu a "revolução cultU· ral" para mudar os hábitos "burgue· ses" da população. Os ge nerais comunistas que o rde· naram o massacre dos estudantes chineses a legaram agir "e111 nome do povo", do mesmo modo que, em 1793, a Convenção Nacional decreto u, também em " no me do povo", o genoci dio da Vendéia. é por isso que muitos historiado-
"abstração" representando o lixo de São Paulo! (2). Não menos insólita fo i a "versão" de Gu to Lacaz, que exibiu no Parque lbirapuera um conjunto de cadeiras flutuando sobre a ãgua. A que propósito? Ninguém fi cou sa· bendo. Por sua vez, Siron Franco pretendeu representar os "direitos dos pre· sidiários", ao instalar duas jaulas em duas estações do mctrõ. O tiro, porém, saiu pela culatra: "Se todos os delegados construissem mais CS· sas coisas, os bandidos acabavam", comentou uma sensata dona de casa. Em vários pontos da cidade fo. ram afixados painéis exaltando o " nascimento da cidadania". Um deles (vide foto) representa uma colu· nade carrosblindados paradosdian· te de um vulto, numa clara alusão ao massacre de estudantes perpetra· do pelos comunistas na Praça da Paz Celestial de Pequim. O autor ~do- quadro, todavia, p-al'ea rer-csque·
res vêem na Revolução Francesa, não a gênese da democracia, mas do totalitaris mo: "A Revolução e a Declaração dos Direitos do Ho· mcm não fizeram senão pavimentar com belas palavras, mal esclarecidas, o caminho de grandes crimes" (4). A célebre apóstrofe de Madamc Roland , "liberdade, liberdade, quantos crimes se cometem em teu no· me", pronunciada quando afamosa revolucionária, já u11rapassada por desdobramentos posteriores da Revolução, subia ao cadafalso, bem poderia ser aplicada tam bém aos ''Di· reitos do Homem": quantos crimes se cometem cm seu nome!
"Direitos do Homem": quantos crimes se cometem em seu nome! são permitiu a "violação legal", pelos próprios constitui ntes, daquela publicitada "Declaração". De fato, foi após a "Declara· ção" que os bens da l grcja foram confiscados, as ordens monásticas extintas, instituiu-se um passaporte para transitar entre as cidades, foi s upressa a liberdade de associação e de im prensa e inventou-se aguilhotina, alimentada pela "lei dos SUS· peitos". Ademais, o culto católico foi proibido, foram deportados 75 mil padres e bispos, sendo centenas deles chacinados. Sem falar da guerra declarada à Áustria, e as invasões napoleô nicas cm toda a Europa.
Espetáculo Insólito Não obstante a lúg ubre realidade histórica que envolve a "Declaração" de 26 de agosto d e 1789, a data fo i comemorada não s6 em Paris, com a ina uguração do "Are de la Dêfcnse":-iíganiesco edifíc!OCm
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IIRÃUUO DE ARAGÃO (l )Cfr. Dictionnai1eCri1iq11cdela Rlvol11l'lammarion, Paris, 1988, p
~;; :~:nçalk:,
(2)"0EsradodcS.Paulo".2S·8·89 (l)Cfr. PhilippedcVillicrs ,"Lcmeouvnrc auxco11r,cursdc1êtcse1 aux mcntcursdu b'ccmenairc",AlbinMi.hcl,Paris, l989.p.6l (4) Jean Dumon1,"Porq11oinousnec,!ICb1e0Ti!fi:ü1'7$J'-;;,,;:-lr.O:t-:-;-PnTl's;-19tl,-....
Escrevem os leitores INSULTOS E VAZIO
M~1"~:d;~~~t~~:~:1~:
cismo", E eu panicularmentc me sinto um privilegiado por
ter acc$SO às enormes besteiras publicadas mensalmente nessa rcvis1a. Certos artigos beiram ao ridiculo onde acredito cu que someme pessoas que não têm consciência da realidade qucO!lccrcamddmcrcdibitidadcaelcs.
Scíossecitarosilariantes artigos publicados neste periódi-
coseria obrigado a citar todos eles, poisatf hoje, depois de receber por mais de um ano essa publicaçlion!loencontrciainda palavras sensatas que viessem a retratar,queviessemmos!rar arcalidadcnaqualestécnquadradaamaioriadosofridopovo brasileiro.
Hojcopaísagoniza,caqualidadcdcvidadapopulaçãobrasilci ra pode ser com parada com adosrnaispobrespaisesdocontincntcafricano. Oanalfabetismoabsolutoafetacercade20•!, da papulação, o relativo o dobro. Numa sociedade moderna a totalidade da papulação de 15 anos ou mais passui o que dizrespeitoaolQgraunoensinobrasitciro. No Brasil,osque chegam a concluir o 1° grau, nessa faixa etãria, são menos del0~. Aqualidadedcvidadobrasileiro é baixíssima. Mais da metadedosdomicl!ios nll.o têm luz elétrica, 710/o nllo possuem água encanada, mais de ss•r, nlo passuem escoadouro adequado, 65~ nlo dispõe de fil. no e mais de 79~ não tem geladeira. Então o que vemos no Brasil? O que vemos é um dualismosocial,ondedeurn ladoencontra-seumamodernasociedade industrial, quejã é a oitava economia do mundo ocidental e do outro lado, encontra-se
umasociedadcprimitiva.vivendocm um nlveldesubsist~ncia, no mundo rural, ou cm condi çõcs de miserâvel marginalidade urbana, ostentando padrões depabrezaeignorãnciacomparãveis, como dito antcriormente,asmaisatrasadassocicdades afro-asiàticas. O percentual de miseráveis quevivemnazonaruralultrapassaa50~dototaldemiseráveisquetemosnoBrasil,ouseja,amaioriavivenazonarural. E qual é a salda para essa gente? Serãquea soluçãoes!á nos gra ndes centros? Lógico que não. Essaspessoassedeslocandodocampoparaacidadeestariamapenastransferindooproblemada zona rural para a urbana. Uma das soluções está na REFORMA AGRÁRIA, que éparestarevistamuitocombatida. A solução para essas pessoas está no próprio campa, e é dever do Estado desapropriar terras improdutivas e produtivas e distribuir para essa gen te. O que nllo podemos permitir é queessaspessoassempassado e sem futuro continuem vagando par ai a espera de um milagre divino. Na revistado mês de julho, o Sr. José Fernando Ribeiro de Barros, São Paulo, afirma queostrabalhadoresruraislevam um "vidão". Como pode umserhumanosertãohipóçrita? A não ser que ele considere um "vidllo"umapessoanllo ter acesso a cducaçll.o, como acontececomamaiorianocampo,não1eracessoaumprograma assistencial de saúde, não ter acesso ao lazer, enfim. não ter minimascondições de levar uma vida digna. Aoinvésdcstarevistasepreocupar com as filas na União Soviética ou com os antigos automóveis que trafegam pelas ruudeCuba,es1arevistapoderia se voltar para o Brasil, e mostrar nossas filas por excm-
pio. NIio filas para a compra de bens de consumo, pais o povo não iem dinheiro para isso, mas vergonhosas filas para se ter direito a um atendimento médico de péssima qualidade, ou filas onde apasentados são obrigadosaficarhoraspararecebcrmiserasquantiasdaPrevídéncia. Fala-se em massa~ de estudantes na China. Mas par que não falarmos em massacre de campontse$,massacredeindios, não na China, não na União Soviética, muito meno, em Cuba, mas sim aqui no Brasil. Vamos falar da fome, que mata mais do que qualquer guerra jlt registrada na história. Porque mascarar a realidade?Porquedefenderumcapitalismoquetemlegadoaospaises do)•mundocondiçõessul>-humanasdevida. Já estamos cheios de tanta fal'$D. Mas toda farsa mais cedo ou mais tarde acaba sendo desmascarada.Atenciosamente, P.S. Espero que minha carta, se publicada, seja publicada em sua totalidade, sem que hajadistorçõesemminhaspalavrascomovocêsfazemcomos fatos(C•rlosAmérleo,Campos • RJ).
NOTA DA REDAÇÃO T ~~~s~~R!:~~c:i! ;~:: gué:$. Temos nesta seção publicadomuitascartasdelcitoresquc elogiamaobjetividadeeaqua~!ª~~:t~li~sa~:~ l~~i~:it: munhoqucnoshonraeincentiva. Porém,acartadestemissi-
vista é de certo modo ainda maiscomprobatóriadaobjetividadedoquepublicamos.Defato,numacartatãoíuriosaesobretudotll.olonga,oSr. Carlos Américo (cujo segundo nome parece ser mais propriamente umprenomcdoqueum sobrenome) não encontrou nada de consistente para nos impugnar. Tudoseresumeageneralidades, inverdade$ e insul1os. Quanto aestestit1imos-quepareçem tersidoescritosparapreencher afa!tadcargumentos-deixcmo-los cair no chão. Pode-se discordareobjetarseminsullar. Tal é, aliás. a regra da boa palémica, que o missivis1a não seguiu. Note-se que para o Sr. Carlos Américo, "Catolicismo" não traz absolutamente nada de bom. Paraelc,todososartigos são hilariantes (ele escreve sem h;aortografia não é o seu forte), e "palavras sensatas" ele aindanãoascncontrouemnossarevista,cornrelaçãoltrealidade brasileira. Nilo se poderia ser mais radical. Seriam insensatas, pais, as palavras que temos publicado deeconomistas,jornalistas,homensptiblicosdeprojeçlloeaté de operários e "assentados"? E seriam hilariantes temas aqui tratadoscomooSantoSudârio, massacres na China, a pabrci:a na Rtissia ou cm Cuba ... ? Protcslamoscontraainjtiria gratuit amentclançadasobretodosos leitores quc nos honrarn comseuassentimento.trarados pelo missivista como "pessoas qucnaotlmconsciénciadarealidade";eemparticularprotestamoscontraoinsu ltodirigido ao Sr. José Fernando Ribei ro de Barros. Se o Sr. Carlos Américo manifestasse seu dcsacordodemodocortésoupelomenos neutro. seria digno de ser levado em consideração. Porém, Maseisquenossomissivistasemostradocumentado! Ele brande estatísticas. É pena, pO· rém, que não indique a fonte deondetirouosdados,para quepossamo5julgarda idonei• dadedela. As porcentagens são assim atiradas ao ar. sem que saibamosdcondeelasprovem. Ora,osdadosmaisrecentes sobreoassuntosãoospublíca• dos pelo 113GE, referentes a 1987, com base no Plano Nacional de Am0$lragem Domiciliar {vol.11, tomol, p,âg. 33). Ees·
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ses dados - os mais precisos que atualmente se possuem no Brasil - infclivnente para o missivista, são bem diferentes dos que ele cita: • domidlios sem luz elétrica-JBGE: 17,S•!o;missivista maisde50'11 *domicíliossemãguacncanada - JBGE: 33'11; missivista: 71'-o • domicitios sem filtro 18GE:44,79'h;missivista:6S'11 • domicllios sem geladeira - JBGE: 34,7'11: mis.sivista
,,..
O mesmo IBGE, referente a 1984, fornca dados concernentes a escoadouros: não têm escoadouro ligado a rede geral ou fossa asséptica, 52,15'71 (mas, desses 52, IS'h, 31,l.S'-o têm C$008douro ligado a fossa rudimentar, de onde sobram apcnas21'71). Paraomissivis1a, seria m 85'71 sem escoadouro adequado. Ninguém defende que a siluação e,iprcssa nesses núme-
ros seja ideal. Dcvcmoscsforçar-nos, todos n6s brasileiróS, para melhorã-la. Mas dai aos dadoscatastróficosdafonteignorada na qua l se abcbcrou o Sr.CarlosAmérico,adistãncia é grande . Aliás, umdosobstâculosmaisconsidcràvcisàsolução dos problemas brasileiros é a demagogia que se faz em torno deles. No que tange ã pobreza inflacionada, o missivista poderã consultar também o documentado artigo do economista Carlos Patrício dei Campo, que publicamos nesta mesma edição O que entende o autor da carta por analfabclismo rclalivo, que atingiria 40'11 da população? Ele fica no vago. Tumbém nllo define o que e!ltende por uma ''sociedade moderna" ScrâadosEstadosUnidos?Então. nesse caso, o capitalismo quecletantoabominaSCTiavantajosolãondeelcémai!inu:iramc11teaplicado?Ouserâasociedadecomunistarussa,cujosresultados o próprio Gorbachev tem mostrado serem desastrosos?
DizaindaomissiYislaque, de!l!reosmiseràveisqueexistem no Brasil (e cujo número ele nãoespecificanemaproximada mente) a maioria vive na zona rural.cqueasoluçãonãoconsistecm levâ-losparaosgrandes centros. Estamos de acordo em que não devem ser levadosparaascidadcsosneccssitados do campo. Aliãs, quando defendemos nós tal falsa solução? Jamais. O que defende mos,issosim,éque!hcsdeveriaserfaci litadoodcsbravamentodenossasfromeirasagrioolas, qucoEstadodeveriaabrirmão desuasterrasdevolutas(verda· deiroslatifúndiospüblioos,inoomensuravclmeme maiores do qu eosparticulares)paraque nclastrabalhasscmosquc!lecessi1am Quanto à Reforma Agrária (queomissivistadescjaoomtanta radicalidadequeaté aescrevcu~'Omtodas aslctrasmaiüsculas!), ela tem tratido para os pobres trabalhadores rurais só decepção e amargura. Veja-se a respei to a ampla reportagem
que publicamos cm nossa ediçãodemembrosobreoAsscnt.amento Piri1uba, considerado modelo de Reforma Agrâria, e que na verdade se re~lou um modelo de fracasso. Ou então a anterior reportagem sobre o assentamento do Pontaldol'aranapanema, em nossa edição de março/88 No que se refere aos males da Previdência, apontados pelo Sr. Carlos Américo, constituem um bom nemplo daquilo a que conduz a estatização da medicina e da previdênci3 soc::ial,estatízaçlotllocombatida por es1a revista. Como se v!, as alegações domissivistacontra"Catolicismo" não encontram apoio na realidade. Ele nos parece iludidoporccrtapropagandaesquerdista (esperemos que não seja coniventecomela),quenloccssa de repetir slogans vazios de conteúdo, e ela sim distorcendo os fatos. Fazemos nossas, pois,aspalavrasfinaisdosingular missivista: "lbda farsa aca basendodesmascarada".
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Outubro 1989
6~ e 7° AMPARES
FOME 2 5 6 M L L ~ ~
de divulgação do órgão de cultura "Catolicismo", no Parque Assis Brasil. No presente número desta revista, ''Catolicismo'' documentou com fotografias e depoimentos gravados de pretensos Soa o TÍTULO acima, "beneficiários" da Refor· a TFP publicou no diário ma Agrária, que esta últi"Zero Hora", de Porto Ale- ma os vem reduzindo à degre, em 1~ do setembro últi- plorável condição de favelamo, comunicado refutando dos rurais nas terras outronotícia estampada em 29 de ra prósperas dos municípios agos10 naquele mesmo jor- de ltapeva e ltaberà (SP). nal, sob a epigrafe "TFP Seria de espantar que, em vai embora e a calma volta nosso Pais, no qual se recoao parque". Seguem os prin - nhece aos comunistas o direito de propor a revogação cipais excertos: de incontáveis leis vigentes 1) causa espanto que para implantar o regime soum jornal com já 1ao velha viético, não se reconhecesse experiência publicitária co- aos opositores da Reforma mo "Zero Hora" espere per- Agrária o direito de proclasuadir do espírito agressivo mar cm alto e bom som o e turbulento da TFP um pú- fracasso clamoroso de nosblico inteligente como é o sas leis agro-reformistas. do Rio Grande do Sul, o No dia em que se negasse à qual tem presenciado exata- TFP, como a todos os antimente o contrário, pois viu agro-rdormistas o direito a TFP agir em muitas oca- de proclamar suas convicsiões neste Estado de manei- ções, nosso desditoso País ra exemplar, cortês e pacifi- deviamudarseunomc,pasca. Esse público sabe ade- sando a chamar-se Repúblimais,queessaéa nota inva- ca Soviética Brasileira. riável das campanhas que a entidade vem desenvolvendo de Norte a Sul do Pals. Com efeito, é o que documentam 3.611 atestados cm posse da entidade, firmados por delegados de polícia, jul· zes ou prefeitos municipais, emterritóriosdecujajurisdição nossas campanhas se realizaram.
A TFP DESFAZ INVERDADES
Nos caminhos da Cordilheira dos Andes LIMA - Jovens do Núcleo Peruano de Tradição, Familia e Propriedade, após três dias de caminhada, visitaram ruínas de Puyu Pa1amarca, antiga cidade in. ca, situada a 4.500 metros de altitude. Junto a uma Cruz erguida num dos picos das imediações, os jovens rezaram o Terço, rogando a Nossa Senhora sua especial proteção para o Peru nos dias atuais, carregados de ameaças.
3)
A aíirmação dodirc· torda FARSUL, Sr. Hugo Giudicc Paz - publicada em "7.cro Ho ra" - de que a TFP fizera no Parque As· sis Brasil uma "manifestação
.... deforma clandestina" é autodemolidora. Pois toda manifestação é intrinsecamente uma divulgação pública re1umban1c. O que é o contrário da clandestinida-
2)
A TFP fez, nos dias 26 e 27 do corrente, 16 ho· ras de campanha pacifica CATOLICISMO -
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de. Quanto à presença da TFP no Parque de Esteio, era ludo quanto se podia imaginar de menos clandestino. O direito de levantar o stand fora concedido nominalmente à TFP pelo sr. Waldir Antonio Heck, encarregado da Coordenadoria de Eventos da Secretaria de Agriculmra e Abastecimenlo do Rio Grande do Sul.
4) Em acréscimo, o sr. Hugo Eduardo Giudice Paz dirigiu à nossa entidade, cm 30 de agosto, a segui nte carta concernenle à suposla "clandestinidade" de nossa presença no Parque Assis Brasil: ''Cientificado, por documentação Mbil, de que, diferentemente do que me fora informado, a TFP havia locado espaço à Secretaria da Agriculturaduramearealização da XII Expointer, retiro do teor de minha manifestação a expressão: 'de forma clandestina'. Evidentemente, a locação do espaço pela TFP, à Secretaria da Agricultura, retira do episódio qualquer clandestinidade ou ilicitude" .
5)
Cumpre ainda registra r nossa est ranheza diante do fato seguinte: publica ''Zero Hora" na mencionada edição do dia 29-8-89 que "o secre1ârio da Agricultura, Marcos Palombini , justificou a retirada do stand da TFP dizendo que a Ex.pointer não se presta para divulgação de proselitismo polltico. Por isso, também mandou retirar algumas faixas com propaganda do candidato Ronaldo Caiado... " Em flagranle contradição com es1a assertiva, vimos ontem e hoje naquele parque um stand com letreiros da UDR, bem como, em outro local, uma faixa dessa mesma entidade. lemos em nossas mãos fo10grafias do stand e da faixa e o próprio material de propaganda ali distribuído. Quanta contradição e quanto espírito faccioso a empanar o brilho de uma Exposição.
6)
Fica assim demonstrado, mais uma vez, que as versões geradas pelo inveterado azedume de "Zero Hora" contra C5.Sa associação nãotemamcnorconsistência.
Candidatos não acreditam no mito da fome NENHUM DOS CANDIDATOS à presidência da República compareceu ao 1~ Simpósio de Alternati- . vas Contra a Fome, realizado em Brasília, no último mês de julho. Estiveram presentes â reunião O. Heider Câmara e dois representantes soviéticos. O total desinteresse dos candidatos, informa a " Folha de S. Paulo", de 30-7-89, decepcionou o organizador do Simpósio, engenheiro Valdo França, integrante de um grupo de cinqüenta "ecologistas radicais". t!: sintomático que tais políticos - mais do que ninguém, no momento, cortejam eles as massas em busca de votos - não se interessem por esse tema, tra nsformado em milo. Ao que parece, o tal "povo faminto" da mitologia esquerdista nll.o está tão convencido de sua própria fome ... Se estivesse, além do antigo Arcebispo de Recife - presença infalível em tais eventos - e dos russos, cerrnmcme participariam do simpósio todos os candidatos à presidência, obcecados pelos votos. Eis aí um significati vo indício do bom senso do povo brasileiro. Este percebe que nosso Pais, como um todo, como bem aceniua o Sr. Carlos dei Campo em artigo publicado nesta edição, está longe do estado de penúria tão decantado pelo coro de vozes socialistas.
/cOLEGio/4~ ~
NA REVOLUÇÃO FRANCESA, OS GÉRMENS DO COMUNISMO
SANÍ'IAOO - A convite da Sociedade Chilena de Deíesa da Tradição, Família e Propriedade, o Dr. Nelson Ribeiro Fragelli, sócio da TFP brasileira, cs1eve cm visita a esta capital e outras cidades chilenas, proferindo palestras em diversas universidades, sobre a Revolução Francesa, no inicio das comemorações de seu bicentenário. Fundamentando-se na obra básica da TFP brasileira, "Revolução e Contra-Revolução", de autoria do Prof. Plinio Corrêa de Oliveira - a qual serviu de inspiração para o surgimento das outras TFPs -, o conferencista analisou os acontecimentos de 1789 como etapa do processo iniciado com o Renascimento e a Revolução Protestante, visando a gradativa destruição da civiliz.açãocrislã. Expondo e comcn1ando em quadros murais as noticias mais sintomáticas das mudanças e recuos da investida internacional do comunismo, um atuante gru- -t-Po-,:!C'""ttniYCr11i1érios-da-TJ<.P--andina-tem-sc....af: .. _ como polo de ação ideológica anticomunista, atraindo a viva simpatia de numerosos colegas. 26 - CATOLIC ISMO - Outubro 1989
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I
MAG I NE -SE por um instante, rnro leitor, imerso n um mundo de so nh os cm quc lh e fosse possível voar corno um pássaro. Lá do a lt o, numa situaçiio p ri v ilcgii,da para corucrnplar a p aisagem, d esco rtinar-se-iam a lguns aspcclOs maravilhosos ... O so l reco lhe-se lentamente e deixa nas águas o re flexo dourado d e seus raios. SoUrc essa massa <lc o u ro líquido, gracioso como um cisne, alvo como a neve, Jluiua u m castelo de fábulas . P ara rea lçara leveza queocaractcrizaea si metria de suas linhas, o arquiteto ousou construí-lo sohrc o le ito de u m r io, que espelha a invulgar beleza a rq uitetônica e lhe confere uma inconfu n dível nota
it11prcgnad.1 da clcvaçfüi de alma e da harmonia de cs p íritocaractcds ticas d a Civi lização Cristã . De fato, quando o cas1clo de Chcnonccaux foi construído, no século XV I , o ~oi da Idade Média j á havia se pos10. Ent retanto, se us raiós potentes continuaram a iluminar, ainda por algum ternpo, os rurnosdacuhura, d a a rt e e daorganiza~cãos6cio-política dos povos cris1ãos, ass im como na paisagem que figura na foto desta página, e1nboraoculto, o ast ro- rei con t inua a fazer incidir sua luz dou rada sobre o rio Cher, transfigurando-lhe as água~.
d e poesia.
Banhado nessa atmosfera lendária, não é difícil imag inar o c1ue se ri a a vida nesse castelo, cm seus ~éculos de g lória, à noite, com todas as luzes acesas refleti n do-se sobre o rio, e o ~orn da~ mUsicas evo l;u1do-sc pelas jan elas abertas, p ara se pcrd cn: 1n cn1 rc as fl ores de parques gcomctricameme pc rfc icos. Cin1ilan1c sob a resplandecente luz do ocaso, Chenonccaux de5pcrta cm muitos cora,;t1e5, pelo fascínio de seu esplendor, o d esejo arden te de uma n ova aurora ainda mais es pl ên di(h da C ivil izaçã10 Cristã.
A originalidade dessa fauslosa construção, estável sobre lt su 1>erlTde móvel das águas, a elegância de sua fachada, a a ltanaria d e suas torres, o e n canto dos jardi ns e dos bos<1ucs, proporcionam umi, vi~ão de conjuruo deslumbrante para o nosso sonho ...
Sonho? _NiiQ.] R ealidade feérica nascida do gê n io fra n cês, n um a época cm que a i1 rt c ;tÍ nd a eslava
inCQmprcensível desembaraço, o CQm1.mista Roberto Freire "um ateu correto", CQn íorme 0 .Casaldàl iga-põe-se aprcgar: "comu,1i5mo é uma palavra que surgiu a partir de uma organi1.ação (sic!)ligada à lgreja Ca1ólica , segundo a qual os frutosda1 erra e dotrabalho dever iam ser divididos cm comum' . Sllo, pois, cúpulas da burgucsiaedocleroque 1rabalham pela csquerdi zação do pais, e não o povo. ·
ELEIÇÕES li RÚSSIA, PAIS SUBDESENVOLVIDO ''Devemos reconhecer a amargarealidadedequcaestrutura e a efetividade de nossa economia, o estado de nossa base tecnológica e mat erial eo graudeq ua lificaçãodos lrabalhadorcs não correspondem ao n ivel deumpalsdcsenvolvido", comenta $erguei Kara-Nursa , emartigoparaarevistaciemificarussa"SnaiyeNarodu"("Sabcdoria Popular"). Co m cfcito,scgundoumestud o dcCyri lBlack,daUniversidadcdcPrinceton,dcsdearevolução bolchevista de 1917 a Rilssia não passou à frente de qualquer pais cm termosdein di ccs eco nõmicos e sociais per capita. Segundooórgão governamenlal , " lzvcs1ia", uma fa. milia de quatro pcs50a.'l vive c mmld ia oitoanosnu m cubiculo de nove metros quadrados antes de CQnseguir acomodações melhores ... Décadas a fio. o Ocídcme aparvalhado qui s acreditar no mitoda'' superpotência"comu ni srn. Agora,osprópriossoviéti cosdcsfazcm a balela!
1111wrois paro evif,,r ,,ue a mal se propague. local ;,,dicoda para debate e J)QSlerior /ançamen/0 do comp1111h(J: Cenrro éducacionol Sagrado CoraçlJo, no Alto da Boovislo (Rio), Sobreludo em meios co/6/iros era corrente, 1emposa1rás, invttlirron1,aoava11çodaimoralidode, em especial dos pecados con1ra a natureza. Hoje, p0rém ...
ELEIÇÕES 1 Enquanto seto res da burguesia naciona l promovem as candidaturas comuni sta (Roberto Freire) e bri1.o li sta, D. Lu ciano Mendes de Almeida, prcs idcn teda CN BB, nllooculta que também a en1idadc prcíere "um candidato progressista e de es querda". Segu ndo o utras declaraçõe$ demciosetlcsiãscicos,aspreíerê ncias retairia m sobre Covas e Lula. Ao mes mo tempo, e com
AIDS MORAL Umahis16riaemquadrinhos reiro/ando homossexuais, bem como uma/olonovela representando meretri~es - eis o que a ex-prostituta Cubriela Silva leite, do lns1ituta de Estudos do Re/igi/Jo (/SER), vinculada à CNBB, prap{'Js-se lançar numa campanha de prevem;llo can1ro a AIIJS. Fino11dados pela Minislério do Saride, cada um dos /ivre/ru lerá tiragem de J milhllode exemplores. Em nenhum momento, con1udo, éaconse/hadaa abs1enç1Jo dapróticadea1osil/ciloseomi2 -
CATOLI C IS MO -
Nove m b ~o 1989
A ssim, nesse diupasllo de incangn,b,cias, a campanho efeito,al avança movido a ''slogans" votios e oi11su/1ossoews. /,rs/a,,ro-/ie, des/e modo, no Pais, a "democ,acio-sem-idéias" - em q11e o p0bre eleitor, desinfor111oda, owrdida e nauseada. ~se abrigada avotaremraras e 111Joemprogromas. que - se existem - n/Jo 1€111 profundidotle alguma. Seróesto11maa111imicademocracia?
OPERAÇÃO " ENXOTAFAZENDEIRO" Med ia nt coemprcgo detratores, foziseaté metralhadonu, policiais de Toca ntins escorraçaram raundeiros da região de Palmas ,obrigando-osaabandonar suasterras, desapropriadas hácinCQmcscs, mas ainda não pagas.
Meses atrás, no município de Sa nta Vi1ória (Minas Gerais), o INCRA jã ac io nara a rorça p0licialparadespejar os proprietàri os da l'a1.eud:1Cruze Macaúbas,cmanálogMcondiçõcs. At é hà pouco. era m pcrsegu idosossubvcrsivoseosi nva- . sores. E, parn fau r co m que a repressão cessasse, prornoveuse a a bertura . Agora, verificase que a pcrseguiçllo nao cessou. apenas mudou de bordo: os~guidossãohojeos prÔprieiârios rurais - agarrados àunhaeexpulsos d asfazcndas confiscadas! Qucmserâapróximavi1ima?
NOTÍCIAS DO PARAISO DOS TEÓLOGOS DA LIBERTAÇÃO A milamonio igualitária e colelivista sof,e11 outra trombodo dos falos. Dcmkl Ortega. o ditador nkuragiiense, premido J)f'la realidude, tomou medidos d1iríssim11s 1e11111ndo arranjar um pouco o des1raç11da economia do J)ll/s. A refomw ugrário, o es101iwç1Jo e o fim da estfmu/a à pradur;IJo cu usada pelo perseguir;da à propriedade privado eà/ivrei,ricio1ivaacurre1orom um desastre de praporç(Jes inimagináveis. A influ(,'lfafai de 10.000% em 1988! Vin1e mil por cento, feitor, ~od n/Jo leu mal. Or1ega prome1e11 suspender o reforma ogróriu, pagur algo aosproprietóriosdasindúslrias es/alizudas. AMm do mais. demi1iró JQ.000 /1wcio11órios pribficos (equivale fll e aqui o /.500.()()()) ecartaróogoswda &todoem40%. Seuq r,iogoverno p11Iesse l. 500.000 J)f'Ssaos 110 alhoda rim, quolntJoserio o protesto? ló, é normal; vem de 11111 go vema de ex/remo-esquerda ... Or1ega c11/po11 a guerrilha amigovemamen1alpelodesos1re. N/Ja se sabe bem qrie culpa da poderio ler 1111s expropriações de fozemlus e ilrdiistrias e na co/e1iviwçha geral. />rl'l.'iso1111, sem tfúvidu, arr1111j11r um bode expiatório e es/e ntJo poderio se, a revo/11çl10 sa11dinis10, o para/so de D. Casa fdáliga e Frei Ho/f e modelo para Lula. Aliás. após dez unos da revalur;dosondinis111, u Nicoráguo 1ar1/0U-se 11/0ÍS pobre (/Ue O Hoili.
(9AfOUC]SMO SUMÁRIO NAOONAL
Oeleitorbrasileironãopodecontentarseemvotar no"me\horzinho". Entrevista com o Prof. Plínio Coma de Oli-
vrir.l ..
. ......................... 5
MEDIONA Nova tentativa para ampliar o número
decasosemquealegisl,ç)oadmiteo aborlo.Emsentidorontr.irio,documentado estudo da Comissão de Estudos Médicos da TFP impugna como ilicitas
e desnecesdrias mesmo as ooncessõn legaisjáffiStentes ................... 8
INTERNACIONAL MalaHungriaensaiouuma"abertura" e
i' os alemães orit-ntais se aproveitam
delaparaescapatdaopressãoemistlria ....•........................................ 12 PROGRESSISMO O caso do Seminário SERENE-2 e do JTER, em Recife, focos da Teologia da Llbertaçio ................................... 17
~~~ d:
10 M.aº::C~~E;mA~:u~~;?!_sc:1:~~i!r:~~~~ ox~:m~nt:~ ::/iç: de Nossa Senhora cm Fá1ima, no século XX, constituindo uma cadeia de graças especialíssimas distribuídas à humanidade, com certas caractcrlsticas comuns de alcance contra-revolucionário: apontar as calamidades presentes, fruto do afastamento em relação a Deus; pedido insistente de oração e penitência; e a profecia de castigos apocalipticos seguidos de uma vitória espetacular da Sanilssima Virgem na sociedade e nas almas; tudo confirmado por milagres estupendos. 1 1 1 o ~;~:m~:Re~s::-;:1~;~~~P=:!~~ª ::z: : c:~~i;~ i:r:t:i!~· c:s,:r~: de si um afervoramento da devoção a Nossa Senhora, cm termos de comunicação filial de alma e de confiança absoluta na Mãe de Deus, que proporcionam, desde já, uma degustaçllo primeira dos grandes dias do Reino de Maria que virá e cujos rasgos essenciais se encontram descritos na obra do grande após1olo marial do século XVIII, São Luiz Grignion de Monifon.
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AMBIENTES, COSTUMES A ditadura da moda, embora sob for. masdi\lfl'Sil!i,vemseeXl.'rtendonoOci-
dentedesdefinsda[dadeMédia ... 20 RELIGIÃO Suplemento especial: Nossa Senhora das Graças e a revelaçào da Medalha MilagrosaaSantaCatarinaLabouré(história,profeciasemilagres) NOSSA CAPA
lmogtm de Noou S..nhOT• da. Gra,;a,. S..dc "Pr-toSum",daTFP,r\llc.pllalpaulista
''CATOUCISMO"
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~ ·e;:r~;~~:~T;n;::,r~-:C:~e~::~:::cºn;; p~c:;:i:~~~~~aª:: sa série admirável de aparições; Nossa Senhora das Graças, que aparece a San. ta Catarina Labouré, na capela da Rue du Bac, em Paris, e lhe revela a Medalha Milagrosa. Nossa Senhora das Graças, com seus braços estendidos e acolhedores, a distribuir sem cessar seus favores, é a imagem afetuosa desta devoção. r'\I ZER QUE O TEMA é atual, é pouco. Ele tem valor perene. Por isso dediLlcamos na cdiçllo deste mês, cm que se comemora a festa de Nossa Senhora das Graças, um suplemento especial para relatar, resumidamente embora, o histórico das aparições na Rue du Bac, o cumprimento das profecias feitas por Nossa Senhora para os anos subseqüentes, e o caudal de graças que dali se originou. E também as perspectivas para o Reino de Maria.
uma publiqçlo mmsat
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Pulo,SP/R•Stt•deS....bro,lm-21100Campot,RJ. G.rf....:MuaMlrtimFrucioco,66S - Qlll6-Slo
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~~i~:a~:1~~~: :":t~~~:~~~a;oad~~:~: ::oc~:d~~~~o;n~~:mª,P~: quase tanto, sobre problemas-chaves do Brasil, como a imoralidade galopante e a socialização crescente. O Prof. Plinio Corrêa de Oliveira concede entrevista esclarecedora sobre as eleições presidenciais deste mês.
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~{:::::.:::.:~
s lho que tes,
~cs~~~:b~~
~~~:~:i:a ~~u!~::;:;:::~e::o~~s~~~i::~~r~::~~r~~: uma doutrina segura, uma argumentação sólida e o apelo insistente para cesse de vez em nossa Pátria qualquer favorecimento da matança de inocenque brada aos Céus e clama a Deus por vingança.
CATOLIC ISMO - Novembro 1989 - 3
distinguindo. c lassificando ...
DO CONFESSIONÁRIO Ã TELEVISÃO
A
CENA é apresen1adapela telc-
visão. No pri·
mriro plano há um vi-
dro opaco, à man~ra de biombo. Detrás dele, um vulto humano se move. Para evitar qualquer possibilidade de reconhecimento, seu rostoestàademaisrccoberto por uma máscara. Os telespectadores
est!loatentos. Odesconheddocomeçaafalar; sua voz é veiculo das piores intenções e relataosfatosmaiscscabro-sos: está pensando seriamente em matar o próprio pai e asfbi:iar a mãe. Noutro dia, a mesma cena; a voz desta vez é feminina: declara-se viUva e diz ter contratado um homosse1tual para atrair seu filho, pois teme perdê-lo para outra mulher? E assim,
a cada dia, o programa apresenta as "confissões" de um novo individuo.
Ummtdicoanestcsistadeclaraterparticipado já de vários assassinatos de velhos ou doentes graves, enquan10 um pervertido que vive às custas de mulheres relata detalhes escab rosos de sua "profissão". Nlo estamos inven1ando, os dados são reais. E não se trata de artistas encenando, mas de pessoas que efeti· vamentescapresentam para "confessar-se" ao público. O programa realiza-se na Itália, no canal RAl-3, tem atraido grande audiência e, segundo informou a revista "Der Spiegel", "produtores alemães estilo disputando a liefflça para utilizar a fórmula na TV da Alemanha". O programa, chamado ''lo Confesso", como facilmente se percebe é uma paródia do sacramento da peni1ência, quc se alinha à fileira cresccntedcsacrilégioseblasfêmiasdomundo moderno. Qualquer dado sobre a identidade dos "peni1entes" é mantido no mais absoluto sigilo. Os produtores afirmam receber cerca de cem telefonemas diários de candidatos à "confissão", que desejam revelar
.f -
CATOLI C ISMO -
Novem bro 1989
seus problemas mais in1imos devido a ''uma necessidade profunda de desabafo".
O sacramento da penitência, instituido por Nosso Senhor Jesus Cristo, é a seu modo uma prova da divindade da Igreja por Ele fundada. De fa. to,queinteligênciameramcntehumana poderia excogitar um 1al remédio para o pecado? Se nilo fosse divino, seria uma loucura. O pecado. além de ofender a Deus. deixa na consciência do homem um peso insuportável, uma angústia de fundo que nada remedeia. O sacramento da penitência - com a confissão arrependida dos pecados e a absolvição - nos obtém o perdão efetivo da ofensa. Mas hà mais. Quem, com alguma experiência da vida e com a prática da Religião católica, jà não sel)liu alguma vez, após confessar-se. aqueleleni1ivo na alma, aquela sensação do perdão obtido, uma inundação de paz que nada substitui? O sacramento da penitência, atém de perdoar as falias, vem preencher uma necessidade do pecador de ser ouvidoemsuamiséria,dcseramparadoem sua queda, de ser confortado em seu soerguimcnto. Aquelas longasfilasqucpresenciàvamosantigamcnte, de um lado e outro dos confessionàrios, cons1ituiam um reconhecimento público e humilde da
condição pecadora da humanidade, manifestavam a beleza do arrepend imcn10 e osten1avam a confiança no perdlo. C hegava a ser emocionanlc contemplâ- las no scu deslocamento vagaroso e intermitente, no seu silêncio recolhido e orante, em que a dor e a esperança se osculavam. Cada qual aguardava o momento precioso de ajoelhar-se, ab ri r suaalma ,baternopcito e ser absolvido. O que vemos hoje? O sacramento da penitência vem sendo a ntipat ii.ado, vilipendiado, esvaziado de seu significado profundo. Os confessionàrios foram "desa1ivados" cm quase todas as igrejas. E as confissões, cada vez mais raras, fazem-se agora em salas comuns - ou em confessionários dos quais foi retirada a divisão de madeira que separava o confessor do penitente - ambos sentados frente a frcn1e conversando, mesmo quando se trata de senhoru ou moças, com não pequeno cons1rangimento para o pobrefiel,scm falar dos inconvenientes morais. Não é de estranhar, pois, que com tal "pastoral da penitência" os fiéis sevejamcadavezmaisafastadosdessaprâ1icareligiosa, comtodasasconseqiiências mesmo psicológicas desse afastamcnto:distúrbiosncrvosos,insegurançasetc.Parapreencheressalacuna, proliferam os divãs de psicanalistas. Só que neles não se concede o perdão dos pecados nem se devolve às almas a paz interior ... ~ nesse contexto que aberrações televisivas como a acima descrita passam a ter êxi10, não só junto aos que estilo tomados pelo gosto de exibir-se, mas também em relação às mirlades dealmassemrumo,desvairadascenlouquecidas pelos próprios pecados e pela falta de um confessionârio acolhedor.
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Atendendo ao pedido de Inúmeros leitores, interessados em conhecer a opiniôo do Prof. Plínio Corréa de Oliveira. presidente do Conselho Nacional da TFP, a respeito das eleições deste mês, publicamos a entrevisto que ele concedeu com exclusividade a "Catolicismo".
CATOLICISMO - Prof. Plínio, o que o sr. pensa a respeito do quadro eleitoral brasileiro?
PCO - Na realidade, o quadro eleitoral parece renovar, em alguma medida, o que jã descrevi pormenorizadamente em meu livro "Projeto de Constituição Angustia o País", no qual analisei, entre outros temas, as eleições para a Assembléia Cons1ituinte, realizadas em 1986. Por certo, é elemento vital da democracia que todos conheçam o candidato cuja opinião confere com a sua. Que cada eleitor tenha uma idéia clara dos problemas do Estado e uma noça:o definida a respeito do que deseja cada candidato a cargo eletivo. Isto é a própria nervura vital da democracia. Ora, uma vez chegado o período de preparaça:o eleitoral, como expliquei naquele livro, começou um estilo de propaganda, o mais lamentável possível. Em vez de ser a propraganda dos programas dos candidatos, era a propaganda da cara dos mesmos. Lembro-me de ter visto, CATOLICISMO -
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naquela campanha para a Constituinte, um desses cartazes de propaganda com a eara enorme de um homem, e apenas os dizeres: "Fulano de tal, é federal". Então, votava-se nele por causa da cara! Alguns candidatos achavam que o próprio rosto aparentava ser o de um homem simpático, afável, acolhedor, e que tem o jeitinho de arranjar emprego para todo mundo que pedir. Para isso, sorriam á maneira de máquina de dizer sim, que já fosse dando tudo o que se lhes pedisse, inclusive coisas improváveis, coisas que seriam do interesse do Estado não conceder. Outros candidatos julgavam que o partido que podiam tirar de sua cara era dar a impressão de serem homens estudiosos, compenetrados com os interesses nacionais. Arranjavam um penteado convencional de homem estudioso, faziam-se fotografar com uma pastinha debaixo do braço, ou então com uma pilha de livros diante de si. Mais interessante era o candidato milagreiro. De vez em quando aparecia um hmm:m, tirado de repente do nada, ou pior, de um passado negativo. Assim "selecionado" o candidato, dizia-se: este é o homem! Vai resolver todos os problemas do Brasil. E havia uma multidão de otimistas que já iam admitindo: ah, é esse, é? Então vou votar nele. Criava-se uma espécie de corrente quase magnética de simpatia reciproca, e a mídia começava a repetir que fulano ia resolver isso e fazer aquilo. Sobre o passado dele, discrição, porque no passado ... Conforme o dinheiro que corria na campanha, ele vencia. E vencia - coisa mais extraordinária - como se tivesse sido eleito pela massa, quando a pobre massa fora manuseada por um certo capital. A massa dizia que ele era a soluçao, porque a maior parte da mídia inculcava ser ele a solução. Entlio, sucedia que o macro-capitalismo publicitário pesava de modo decisivo na opinião pública. Esta nào era formada pelo estudo, nem pela reflexão, nem por uma tradição doméstica ou por uma tradição cultural, adquirida em alguma universidade, onde se tivesse estudado, não era formada por nada, mas pela apresentação publicitária magnética e repentina do "salvador". O que se podia esperar como resultado de uma eleição que tinha como rai z a irreflexão? Pode-se esperar que de um copo vazio saia a água para matar a serie? Nôlo. De um voto vazio de pensamento não pode sair uma solução bem pensada. CATOLICISMO - Bom, tudo isso diz respeito ao passado, um passado relatframeme recente, é rerdade, mas enfim, é o passado. A entrerista que o Sr. está me concedendo deYe rersar sobre o presente. A respeito deste presente que está ai, yfro e palpitante, o que me diz o Sr.? Em termos concretos, peço-lhe que me fale sobre as eleições presidenciais de 15 de noYembro. Sobre o ponto-cha~·e por excelência, que é sua apreciação acerca dos presidenciáYeis... Emfin1d, 1987, iníciod, 1988, a J'J,'P,jatuoug,and, campanha pública dé ~nda dn abra "J>rajuo d, Canstituifãa angudia a J>aí, ", trndo •• t1go1tuia dua1édíçix1 do livro, na tolald, 70.000éx,.,,p/a,,s
PCO - Ao longo de toda minha vida, sempre evitei questões pessoais. Só as questões doutrinárias têm sido tema de meus pronunciamentos. Nessa perspectiva, evitei de tratar das próximas eleições, pois, a bem dizer, na presente campanha, quase só estão pondo em foco temas pessoais, acusações reciprocas de uns candidatos contra outros.
Mas, precisamente nisso, as próximas eleiçoes estão se revelando uma reedição das eleições para a Assembléia Constituinte, em 1986. Só que em plano mais alto. Pois visam eleger o Chefe de Estado. Ou seja, o personalismo trivial e rasteiro do pleito de 86 se repete, quiçá ainda mais acentuado, na campanha eleitoral de 89. Para constatá-lo, basta lembrar aqui o debate entre presidenciáveis travado na TV Bandeirantes, no dia 17 de outubro. Por isso, estendendo-me sobre as eleições de 86, pretendi falar implicitamente do pleito de 89. "Para bom entendedor, meia palavra basta" ... E os "bons entendedores" enxameiam no público brasileiro. CATOUCISMO - Mas, em última análise, hd alguns candidatos que silo um pouco melhor:inhos do que outros. Não valeria a pena saber quem são eles? PCO - De imediato, é possível que alguns candidatos sejam melhorzinhos do que outros, mas o bem do Pais não consiste em nos contentarmos com tão paueo. O Brasil merece muito mais, incomparavelmente mais do que essa situação. E, portanto, é preciso exigir absolutamente, dado que estamos num.i democracia, que o jogo democrático se cumpra, e se cumpra com a mfdia ajudando o público a formar correntes de opinião que exprimam as tendências a que os diversos segmentos geográficos ou sociais delas são propensas. O maior bem do Brasil não consiste cm escolher o melhorzinho ou o piorzinho - escolha aliâs duvidosa - mas consiste em dizer: nós queremos tudo, cm outras palavras, queremos para o Brasil que se escolha o melhor, que se escolha o ótimo. conhecidas bem as idéias de todos. E concedendo a todo mundo a liberdade de se exprimir, dever-se-ia repudiar quem pleiteasse votos sem ter programa, ou que apresentasse um programa que não fosse - para usar uma palavra moderna - abrangente. Isto é, um programa que tratasse do conjunto das questões nacionais, e que expusesse as razões de cada propasta. Ê preciso que os partidos paliticos ofereçam ao público ideais definidos, baseados em argumentação, apresentada com seriedade. Só assim pode-se esperar algo de bom. Por isso, sem recomendar a abstenção de voto, parece-me conveniente que os homens públicos situados fora da política não alimentem o presente debate eleitoral par sua participação nele. Seria alimentar um pernicioso fogo de palha. Esse alheamento á controvérsia eleitoral desprestigia os pleitos vazios e prcpa· ra o público para exigir, dos partidos políticos, futuros pleitos substanciosos e à altura do Pais. CATOLICISMO - O Sr. jd enunciou tais propostas atra~·és de órgãos da grande imprensa diária? PCO - lenho escrito na "Folha de S. Paulo", que f:. um jornal de larga circulação nacional, mais de um artigo a esse respeito. E o tenho feito argumentadamente, exprimindo meu pensamento, que sei constituir também o modo de pensar bastante generalizado entre quantos têm consonância com a TFP.
Opúb/iCQ,,nlmp<Jmoolar <mqucm?Cadaqua/o u,.be. l'o•q ~rli'JU<n<'ionooutro? Qtw.,cninguimo,abe.
CATOLICISMO -
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A TFP denuncia tentativa de introduzir no Bra sil
A MATANÇA de INOCENTES A ""''"11f"dlJ.li Ín«"1llu -
POR MEIO DE notícias veiculadas pela imprrnsa, o público brutltlro lem se inteirado de que se nlli arlkulando uma tentativa de amplo akaace para legali:i:ar o abono no Brasil. Tendo em visla o perigo de que seja reconhecida e incenlh·ada pela lei esta matança de Inocentes em nossa Pálrla, a Sociedade Brasileira de Ddna da Tnidiçio, Familia e Propriedade -
pin1.,..., d~ Fro. AniJlko, 1k. X I V -Miu.er,deSõo /lforcw, F/ore,v;o
TFP, alravk de sua Coml.ssio de Estudos Médicos, f.el a seus propósitos dc- lutar pda ddna du Instituições bibicas da civilizaçio cristi, lança um brado de alttla ao povo brasUeiro, cbamando su• alençio para o canliler criminoso dessa lnldaliva, atentatória à lei divina, à lei natural, à l'ida humana e à in~tltulção familiar. Este pronunciamento é Inspirado na dou1rln11 c111tólica, na verdade clentlrica e no desejo de servir ao Brasil.
PRETEXTO de que o número de abortosil.egais realizados no Brasil é muito grande, bem comoodemulheresquemorrememconsequêncíadessapràticacrimlnosa,pessoaseentidades favoráveis à liberalização e legalização ampla do aborto encontram-se em grande aiividadeparaobteressameta,atravésda elaboração de leis ordinárias complementares à Constituição. Números assustadoramente elevados de abortos ilegais e de casos fatais deles decorrentes costumam ser apresentados, por partidàrios da legalização do aborto, como argumento a favor da mesma. Porbn, tais cifras nem sempre correspondem à realidade, e muitas vezes são de um exagero evidente. Um exemplo da atividade pró-legalização do aborto é a resolução da Secretaria de Saúde do Estado de São Paulo tornan do obrigatória a prática do aborto nos serviços de saúde da rede pública do Estado, nosdoiseasoscmqueelejãélegal no Brasil. Ou seja, quando a gravidez resulta de
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CAT O LIC ISMO -
cstuprooupõcemriscoavidadamãe,scgundo estabelece o artigo 128 do Código Pcnal.Talresoluçãoasscgu raaosmédicos, individualmente considerados, o recurso à objcçãodeconsciênciaparanãorcaliz.aro aborto: porém obriga a insti1uiçllo, enquanto tal, a rcalizá.-lo(cfr. "Folha dcS. Paulo", 23-2-89). Essa resolução foi seguida por outra da SceretariadcHigieneeSalldcdoMunicípio de São Paulo. Assim, também os hospitais municípais passarão a fazer obrigatoriamente o abono legal nos dois casos previstos pela lei (cfr. "Folha de S. Paulo", 24-2-89). E também já foi sugerida a realização de um plebiscito no País para uma consulta popular sobre a legalização do aborto (cfr. "Folha de S. Paulo" e "Jornal da Tarde", de 28-4-89). Osprincipaisargumcntosqucaíloram das declarações feitas por autoridades públicas, ou por grupos e entidades favorà· veis à legalização do aborto, são os seguintes: - A moral, a ética ea legislação devem scadaptaraoprogressodacíêncíaeaos costumes da sociedade. - A!egaliz.açãodoabortofazdiminuir amorbidade e amortalidadematcrna,bcm como o nllmero de abonos ilegais e até o dcabonosemseuconjunto(legaiseilcgais). - O uso dos contraceptivos, difundido e orientado por programas de planejamento familiar, faria diminuir o recurso ao aborto ilegal e, supostamente, tambtm aolegal.
No,w1bro 1989
- O concepto, em suas primeiras se manas de vida, não deve ser considerado como pessoa humana, sujeito de direitos. - A mulher tem o direito de dispor de seu próprio corpo. Consideremos agora a falsidad e desses argumentos.
A ciência e a lel devem confonnar-se ó moral Para os partidàrios do aborto, é a moral que deve adaptar-se à ciência, e não o contràrio. Essa man eira de ver as coisas, porém, é oposta ao pensamento católico tradicional, segundo o qual nem ludooqueépossível fazer,emvirtudedosavançosdaciência,é!icitofazerdeacordocomosprcceitos da moral. "A técnica jamais poderá
subtrair-se ao julgamento da moral, por. que ela existe em funç4o do homem e de ruas finalidades . .... t verdade que a evoluç40 das 1écniros 1orna cada vez mais fácil o aborto precoce, mas a a~·aliaç4o moral do mesmo ntJose modifica" ( 1). Aindasegundoaargumentaçllodospartidários do aborto, não só a moral, como tambémalegislaçãodoPaisdcvcriaadaptar-s,., aosprogrcssosdaciênciacaoscostu· mesgencralizados da população, por mais imorais,criminososouantinaturaisqueestes fossem. Ou seja, legalizar aquilo que "todo mundo faz''. Entretanto, tal como acontece em relação à ciência, também a legislação de um
-·1:.J•JrJi• paisdcveconformar-scaosprindpiosimu1ávcisdamoral.daleinaturaledalcidivina. "Faz parti' dos dei'l'res da autoridade
Realmente, muitas mulheres,pormotivosdivcrsos, de~jam manter secreto o aborto, o que seria difkil sefossercalizadopormcios lcgaiseminstituiçõcspúbli-
pública agir de modo que a lei âvil seja regulada pelas normas fundamentais da lei moral na11uilo que cuncerne aos direitos do homem, da ,•ida humana e da institui• çtiofamiliar"(l).
"'·O seguinte depoimento, por exemplo, vem tia Jnglacerra, pais onde o aborto foi legalizado em 1967: "l
O perigo real dos abortos "legais" Outra alegação dos partidários do abaortoé adcq uecoma legalização,osabortos passariam a scr feitos por pessoal habilitado e competente, em hospitais da rede pública de saúde, com toda a segurança na sua exrcução e com risco mínimo. Ora, issonãotvcrdade. No Japão, por exemplo, após 20 anos de aborto legal, uma pesquisa feita pelo governo denunciou as seguintes complicações pós-aborto: esterilidade cm 90,. dos casos; abortos cspomãneos habituais cm 14%; aumento de 400~0"\los casos de prenhez tubãria; irregularidades menstruais cm 171ft; dores abdominais, tonteiras, dor decabeçaetc.,cm20-30% (3). A casuística de um hospiial-escola da Inglaterra mostra, nos casos de aborto legal, complicações por infecção em 21'h dos casos, nccessidadcdetransfusão sa ngui neacm9,Slli', , rupturadomúsculo cervical em S'lt dos aborios por sucção e curetagem, e pcrforação da parede uterina em t,70/o. "t significativo que alguma~· das
complicaçtJes mais süias ienham ocorrido com os mais antigos e experientes of)l'rado-
res" (4).
Nos Estados Unidos a situação não se most rou diferentt: "É certo que um mímero maior de mulheres morre agora, de\lido
certo que n(Jo houve diminuiçlJoda número de abortos clandestinos enue nós, desde /967"(6).
Clama a Deus por vlngan9a Sobrctudo,alcipositivahumananãopodci rcontraatcinaturalealcidivina. E ambas preceituam de modo claro o "nao matarás'',considerandoohomicidio voluntário con tra um inocente como umcrime,e atécomoumdospccadosquebradamaos cfos e clamam a Deus por vingança (7). E todo aborto provocado, direto e voluntário, constitui um homiddioperpetrado contra um .ser humano inoccutc e indefeso: portanto, um crime e um pecado que brada aos céus e clama a Deus por vingança. O reconh ecimento do embrião recémformado como constituindo um .ser humano, sujeic o de direitos, não é írutoapenas deoonsideraçõcsfilosóficas,jãdesialtarnentc concludentes, mas também de uma constatação objetiva de caráter científico, cm virtude do progresso das ciências biol6gicas, mais cspecialmc111e da gcnética e da em briologia. Aes.serespeito,assimsepronunciauma autoridade internacional na matéria, o Prof. JerômeLejeune,catcdrãticodegené· tica fundamenta) na Faculdade de Medicina da Universidade de Paris, e membro da Academia Pontifícia de Ciências: "A
No =•f>í,,nt~ d, lixo dr um hospital•rsrola canadnur. o,;,.;,. Iro ruu/tado ,/, uma mo,ih,; ,/, trab,,/1,o: serri humano• com a i,/ade feia/ dr d~:roilo a,·i11t~ t qu,.lru s~mam11 abortados
ao aborto, em New York City. do que antes da promulgaçiJo da lei f)l'rmitindo o aborlO por mera solicitoçlJo; l' que a maioria dessas mortes 1em sido conseq11ência dos abortos legais, enllodosileguis"(S). Tarnbémaespcrançadcqueadespenalização vã reduzir o núm ero de abortos clandestinos, e até o número total de abortos, não corresponde à realidade histórica. Em paisesondehouveessadespenalização,a experiência most rou não só um au mento acentuadodonúmerototaldeabortosrepresentandoasomados legaiscdos clandestinos - como até mesmo um aumento destesúltimos,apesardakgalização.
Você mataria Beethoven! O JORNAL "A Ordem", do Porto (Portugal), publicou tempos atrás instrutivo diálogo imaginário entre dois médicos, a respeito do aborto. Diz-se que tal diálogo teria sido criado por Benjamin Constant, conhecido cientista político francês do século passado. O colóquio é o seguinte: - Suponhamos que você seja o médico de uma familia em que o pai é sifilítico, o primeiro filho é cego, o segundo nasceu aleijado, o terceiro tuberculoso, o quarto oligofrênico, e a mãe, que espera o quinto rebento, vem-lhe pedir que faça um aborto. O que faria você'? O outro médico responde prontamente: - Neste caso não teria dúvidas em atendê-la. Seria mais do que justo. O primeiro médico, jocoso, arrcma1a em tom fu lminante: - Parabéns! Você acaba de assassinar Luwig van Beethoven! .. A atirnde irracional, precipitada e pecaminosa do médico abortista teria assim não só privado um ente do mais elementar dos direitos - o direito à \lida - mas impedido a humanidade de enriquecer-se com um inegável talento musical.
vida tem uma história bem longa, moscada um de nós 1em um início bem precisu, o mo111en10 da co11cepç1Jo . .... logo que os 23 cromossomas J)(lternos 1ra:idos J)l'lo esf)l'rmato:óide e os 23 matemos 1ruúdos pelo óvulo se unem, toda a i11formaçiio 11ecessária e suficiente J)(lra a constituiçllo gené1icadonol'Oserhumanoseenrontrareunida"(8). No mCll rno sentido se pronunciam os ginecologistas espanhóis J. Jimenez Vargas e G. Lopes Garcia, pro fessores na Universidade de Navarra: ''A vida da pessoa huma-
na começa 110 processo de fertiliwçOo; desde que se produz a Jusilo do ó~ulo com o espermotolóid,, aquilo f um ser humano. E o é 1an1onaprimeiradivis1Jocelularcomo na primeira sema11a da gral'idez ou nas CAT O LIC ISMO -
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rascsmaisavançadasdefetoerectm-nascido"(9).
A condenac;õo lnequlvoca da Igreja Porml, tratando-se deum assunto que deve ser considerado principalmente à luz da ft e da moral, como t o caso do aborto, muito mais importante que o pronunciamento de qualquer autoridade cientifica ou polltica é o pronunciamento da Santa Igreja. Enacondenaçãoscveraaoabortodiretamente provocado, a doutrina da Igreja semprefoiamesmaaolongodesuahistória, e continua a sê-lo. Ela não mudou nem pode mudar; é imutãvel: "O respeito pela vida humana impl)e-se desde o momrntorm quecomf'ÇOII o processo da geraçllo. Desde quando oóvulofoifecundado, encontra-se inaugurado uma vida, que n4o é nrm o do pai nem a da mlle, mo.sadeumnovoserhumono que se desenvolve por si mesmo. .... Ora, do pomo de vista moral, istoécer10, mesmoqueporventurasubsistisseumadúvidaconcernentt ao fato de o fruto da concepç4o ser }6 uma pessoa humana: éobjetivamente um pecado grave ousar correr o risc:o de um homicldio. t j6 um homem aquele q11e o viriaoser"(IO). Em seus numerosíssimos
a mulher, obrigando-a a submeter-se ao procedimento abortivo). A mulher, nlJo raramenre, nllo incorrerá na excomunhllo, porenconrrar-sedentro dascircunstOncias alenuantesdocân. /324,ll,JOe.5""(11). Ou seja, amulhersónãoincorreráem excomunhão se se submeter ao aborto sem o consentimento da vontade, movida por paido ou coação (12).
Aborto "terapêutico", lnJustlflc6vel pela moral • pela ciência Antes de terminar estas considerações sobre uma eventual ampliação dos casos em que o aborto seria legal no Brasil, de.,.emos recordar que elc não se justifica nem
Neste sentido declarou Pio Xll: "Salvor a vida da mlle é um fim nobillssimo; porém a mor1e dire1amente provocada da criança como meio para esre fim nllo é liâra. A destruiç4o direta da chamada 'vida sem valor', nascida ou ainda por nas«r, praticada em grande número nos últimos anos, nllo se pode de modo algum justificar" (14). Atualmente,comosprogressosdamedicinarealizadosnasúhimasMcadas,agravidez praticamente já não representa uma ameaçaparaavidadeuma mulher enferma, qualquer que seja a doença de que é portadora,desdequeadequadamemea.ssistidacomosrccursosqueamedicinahojedispõe. Já não hã indicação para aquilo que seriaochamadoaborto"terapêutico"(l5).
r;o~t~~~mt:osf~:t~°s!::t~ Ma,iifut,i,1/u pr-6-abar10 .. . e a,11i-abor10 dinnu do uiifu:io da Sup~m,, Carl,, na capital nort,-amm"Mna, confirmar a doutrina de , mjuthoMttimo, apó,adttú&>dtuJutlt:tribu""tthj>trmi1frkistUâmbi1ontàd..,,,/.a1ringindopni1icn.1abar1is1,u seus predecessores sobre o aborto. Tumbém é bastante significativo que, mesmo nos dois casos em que já é permitiPortanto, o que deve ser modificado no atual Código de Direito Ca11ônico, pro- do por lei, ou seja, quando a gravidez re- nalcgislaçãobrasilciraéexatamenteemscnmulgado em 1983, o aborto provocado figu- sulta de estupro ou põe em risco a vida da tido contrário ao que desejam os partídãra entre os poucos delitos ainda punidos mãe. riosdo aborto, ouseja, colocar fora dalci comapenadecxcomunhão: "I) - N4o é licito jamais provocar o mesmo os casos que atualmente são consiCânon 1398: "Quem provoco o aborto, aborto, ainda que seja para salvar a vida derados legais. De tal modo que no Brasil seguind<>-se o efeito, incorre em excomu- da m4e ou a reputarllo de uma jovem viti- todo aborto direto \·oluntário, por qualnhllo la1ae sen1entiae''. ma de estupro (cfr. Denzinger J/84, quer motivo, seja considcradocrime e traiado como cal. Easinstituiçõesdesaúde,púEmnotaao~dapâgina,ocomentaris- 2241-2244). taacresccnta: "2) - O chamado aborto 'terapêutico' blicas e privadas, totalmente proibidas de ''Advirta-se que o cânon nllofaz nenhu- é tllo /licito como o aborto criminoso, j6 rcalizá-locscveramentepunidasseofizcrem. ma rxceçllo quanto aos motivos do aborto. q11eofim nuncajustificaosmrios"(l3). A excomunh(Jo atinge, portanto, também Alémdissoéindispcnsávelteremvis- Contraceptivos aumentam os que ff'(l/izam o aborto no caso de estu- ta que a vida do embrião, em si mesma o número de abortos pro da mulher, de deformidades do feto considerada, tem o mesmo valor que a ou de perigo de vida da m4e. E atinge por vida da mãe. São duas vidas distintas, Por fim, mais uma esperança infundaigual a todos os que, a cilncia e consâén- com seus direitos próprios. Não pode ha- da que é necessilrio desfazer: a de que o cia, intervêm no pr«esSo abortivo, quer ver o dilema de sacrificar uma para sal- uso difundido dos contraceptivos faria dicom a cooperação material (mMicos, enfer- var a outra. Nãotlicitoeliminar avida minuir o nômcro de abor1os. meiras, parteiras etc.), quer com a coopera- que teria "valor menor", ou seja, a do Ora,éumaconstataçãohisióricauniverçllo moral verdadeiramente eficaz (como o filho, para salvar a de "maior valor", sal que exatamente o oposto é que ocorre. marido, o amante ou o pai que ameaçam queseriaadamãc. Em todos os países onde o uso dos contrat0 - CATOLICISMO -
Novembro 1989
A,-nifut(l(iiu OOnll'YIO/loorfO
multiplimra"'•"""'
t:.1adolU,.i,Jo,,...., ano,8(). NafoU>, ~"'
lt jllJ,,",otlon, ,,,, 1983.
ccptivosfoiamplamcntedifundidocpropagado, o nllmero de abortos aumentou imediatamente. E a explicação é simples e evidente. O h!bitodorccursoaoscoRlraccp!ivoscria umamcntalidadeantinatalista,cujamaior preocupaçãoénãotcrofilho.Seaingestãodocontraceptivoéncgligeociada,esquecida, ou se o contraceptivo falha e surge umagravidezindescjada,orecursoaoabor· to se impôto, a uma conM:ilncia corrompida, quasc como a única solução vilida. "l conhecido a profundo 1ransjo,mordo ideológica e psic:t>-sttuaf qw o hábito dos rontrattptfros produz 11as mufh~ts. .... lf6 muitas mulheres qut, tmbora nllo dmjQS5i!m a gravide~ olhavam com hor· ror o oborfo quando ainda nlJo u haviam tn/regue ao uso dru co111ractptivos; es/os mamas, depoisdeutiliz4-lospora/gum tem· po, passam sem dificuldade ao 11borto quan· do o 00111,oceptivo falho . .... Tbda fac-ili/a· rio ltiol ao emprego dos rontro«ptivos é umafuz l'tfdeaooborto, mtsmoqueoof>or. /Orontinutsendoifegaf"(l6).
Rumo a uma mentaHdade anti-vida Umadaspiorcsconscqülncias de uma JcgislaçlO permissiva quanto i contracepção e ao abono é a de criar na população uma mentalidade generalizada, embora cmgrausdiversos,quenãoéapcnasantinatalista noseusemido maisestritodcevitar os 11ascimcntos. Ela vai evoluindo de um modo mais amplo para se converter numa mentalidade anti-vida. Pois quem ji era fa. vorivel t, contracepção e hoje é ía\or;h·et aoaborlo,amanhãseriía\·Oràveliculaná· sia. Se uma criança ames de nuccr pode scr eliminada porque scu nascimento não é desejado e seria um peso ou um estorvo para os pais (ou porque poderia vir a nasccr com alguma doença congênita ou hereditária), por que não eliminar também um ancião inválido ou improdutivo, cuja manu-
tençãoemvidareprcscntaumsacrinciopara a familia? Ou um doente incuiivdcujo1ra1amentomeramen1epaliativoacarreta· riaumõnusfinancciroinútilparaafamllia ou para o Estado? Nlo será esse o itincràrio dos partidãrios do aborto? Quem se surpreenderia emvê-losamanhãnaimprensaounatelevisão, propondo acliminaçllo "legal" de docntcsincurãveis,oudeanciãosquccons· titutm um pao "insuportável" pari 1ua.s familias?
de publicamente a Deus, o cMtigo cairá sobre toda a naçlo, pois, cm principio, o Es· 1adoéreprescntan1cdanaçãopcranteDcus. COMISSÃO DE ESTUDOS MU>ICOS DA TFP
...
\IISoctacl&Conarqaçlo~1Douui1111laFf."I~ cl1raçto0Qbr<o1bl,no1><o•ondo".18,11,7,,Ed.P&<1· ~ .... 2' tcllo;lo, lffl. o• 17 (l)l-_""~•:dri,.pctoddll•U-••lodipol.llcltllaprOC1-",1 Ili
(l)Ap,tdWillkc,Or1ndMrs. J,C.,'"ll.,.dboolon Abortio<1". 111_,...Publ.Có.,l..,.,lOIIIPtNlll"1-Cla-
Apelo • advert6ncla
..,._i.Olilo.19'l.p 9'.
A Comissão de Estudos Médicos da TFP. ítel ao principio de que a ciência de· vescconformarà moral, equca Mediei· naCumaciênciadcstinadaasalvaruvidM e não a elimi!Úl-135, não deseja para o Brasil1legalizaçãodcumcrimeascrpcr· pctrado através de aios aparen1cmentc médicos, por profissionais habilitados para a priticamédica. B por iuo volta a solicitar do Poder P(lblico o mesmo que já pedira cm seu memoorial de 11172 (17): que sejam eliminadas da legislação brasileira as duas concessões contidas no art. 128 do Códi&o Penal para a pritica do aborto legal, ficando assim total c definitivamente proibida no Brasil esta intervenção criminosa.
ap,,dWillkc,<>1>.cil.pp.96-9'1.
jl)J A
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.. oi., ••Lcp1Abonloa.1ô11,-
ca/ , \ - oflt1 R1.t.1"', Tht LIIK'el. l•l?-l<nl,
"Dew ficar bt>m claro .... que um cris1/10 nllo podt nunca co,rformar•se com uma lei em si mesmo imoral; e esse é o caso pr«isameme daquela que admitisse tm principio a /iceidade do aborto. Ele n4o pode par1ic1{)Qr ,ruma campa,rha dt opini4o em faWJr ~ uma lei de tal flnero, ntm dor-lht a própria odesllo. Ele ,rlJo poderá, mtnosoinda, colol>orornasua aplicoçllo" (18).
Caso nosso apelo não seja atendido, o Poder P(lblico deverá arcar diante de Deus com mais esta responsabilidade peta inlro-duçãodcumaleipositivafrancamenteaten· tatória à lei divina. E quando o Es1adoofen·
(JIT. lhl.,-t,"lr>ekN:t<!Abonk>a.1Doculllffll<'lll.. pon",2"ed«to,)IIICirodel9'7J,op,odW1lllo.op, c,o .
,p.110. (6) J. C. Mc:C'lure 11,o.,n, llammcumhh HOfl). Londor,, Tht lo,,do,, C.flU"I New~ IS+71, ll)IMI Wíll-
h.011, fil,p.lo, {7)Fr.AllloftioAOJOMoriQOl'."lk>lopaMoral.n 5qw-..--, lbmoo l. a.A.e., Madrid. 19'7, p. m. (l)Dioao,oapc<uu10Siol0dode8i--lJ.IO-f"I. ili"L-0...--a-",<diçlo _ _ _ ._.
.,..r.--.»H).11. (9)"Abonoyronu~i"""",Edicion<1Un,wrlldAd de N1,&rr1 S. A, Pamplcftl (l'.spanl\l), )' <-dk .... 19'0.p 1)6 (l0)5octldaC01111t&A\"lopar111Dou1tlnodl ~-1. '"OeclarJÇlo oobtt o aborlO prmoc.-do", n~I 6, 1, 12. IJ), (llló!>dl1o<l< Di,ricoC1"6nico. promulpdo por JO-.:. Pauloll,P.opo llodu(loor,r;ialdaConfer'-:laNacio-
ul...,..._doltmi&Notuc-*"""'
""·Je-
-s.HorcolSJ,EdiçOai.a,,;,ia.5"°Paulo,l\llJ,p.609 Cll)c,p. (11.,pm
(ll)FrA11j.-lOJOM-OP,0p.di.p.lJJ c11io..w ... a._.-u1111U-Ca16liclhlM,..deObol.,rlrio • .:.tnoapoo1oladodo•l*lftfu, tn129-IO-,t.lnLuÕIAloMoM1>llo)'ffTO."M0<1IM«li•
01011looS.C,-1.....,..,..i.i.i.ie,;,,"',l!d.Po,,Mlldrid,
19,,,p.HO 4i,)Aasc~o.veja-,,obtmdo<u.....,...i.otn d,Jo&ollvonfrii.,•<looSan1otAl.,secolabo<lldo<n. "Aboi-10 - odirri•odonaxi•u•o••Ml&'"(Ll-,arl& Ai!• Ediuwo. Rio de Jun«>. 1912), lotnld& peb, Aca.i... Nat...t • Modoriaa. ..- u.c-r"" -O··-~d&ln<dlciMbras,lrift&prOIIÓ!Jl•Od&iovJS1fnciad<lndkoç6,sp&rlOlbo< 10•••..•..Ndco" (16) J. J - . . V.po. Cl. Lapa ClMâa. ··Abono 1 CO<Mr-..ol-.. , J'P. 160-161. 1171 Em 12,-1.n, 1 Comi..ao dt 1:t...ios M ~ d& TFPtn•iouootn.1loMlnl11rod&JuS1iça, Prol.Alíudo Blluid.""' - i & I • pn:>pó<i,o d& •.,...,;.,. dr ...,ti/1&r•lndicaç6espar1orali-aodeabonoolopb,po,meiodom!ld,r~r,oClldiJol'elW. 41•)~1d1("onpqoçloporo1Dou1rinad&R <larlÇlotobr•oabonopr.........to'". •ºll
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ALEMANHA ORIENTAL
A fuga do "paraíso" ..
A
S VéSPERAS de comple1ar 40 anos de exis1ência. a "nação" cárcere que é a República Democrática Alemli se obstina em manter os alemães orientais sob o tacão do comunismo. Sua população. desde a di11isão em duas Alcmanhas do pós-guerra, recusa-se a acreditar nas mara11ilhas do "paraíso" comunista e vem emigrando para o Ocidente a cada oportunidade que se lhe apresenta. A cifra já atinge 3,5 milhões de refugiados (cfr. "Folha de S. Paulo", 11 -9-89). Os alemães orientais, normalmente impedidos de fugi rem para a Alemanha Ocidental devido à cortina de ferro, aproveitaram as férias que goza11am na Hungria - pais que desde maio passado iniciou a remoção da cerca que a separa11a da Áustria - para alcançarem a liberdade. Nestes últimos meses, a fuga dos alcmãesoricntaisfoiaumcntando.atingindo, cm meados de setembro último, a impressionante cifra de mais de 14 mil refugiados em menos de uma sema12 -
C ATO LIC I SM O -
Declarações dos refugiados permitem aquilatar algumas das agruras presentes no dia-a-dia dos laboriosos alemães orientais, que os levaram a abandonar os poucos bens que possuíam e iniciar vida no11a na Alemanha Ocidental. '"Nos próximos cem anos nada 11ai mudar em nosso país', dizem jo11ens alemães orientais. Quem quiser comprar um carro fica na fila 16 anos; um grupo de moradores de Berlim Oriental fez uma festa hâ poucos dias para comemorar os 25 anos do pedido - ainda não atendido - de instalação de uma linha telefônica; e quem não é amigo do sapateiro pode ficar esperando semanas até que uma meiasola fique pronta" ("Jornal da Tarde", Jl -9-89). Realmente, considerando só o lado material - e é bem este que o comunismo pretende melhorar, pois não considera o espiritual - é proíundamente sombria a permanência dessa sinmção de miséria. O estado de espírito dos refugiados dá, cm certa medida, idéia do pesade-
No"cmbro 19119
lo de que escaparam: "Os refugiados alcmãesoriemais riame se coníra1c11izavam ao cruzar a fromcira da Hungria com a Áustria. Uns poucos choravam, outros abriam garrafas de vinho espumante. Ninguém olhava para trás" ("Folha de S. Paulo", 12-9-89). O comunismo se jacta de que o futuro está com ele, pois assegura ter a juventude a seu fa11or. No encanto, a média de idade dos refugiados é de 32 anos (cfr "Jornal do Brasil", 17-9-89). Sua preocupação: começar 11ida nova num país onde possam dizer o que pensam e comprar o que desejam. Não querem continuar num pais onde o "sistema nos controla atl! a tumba" (id., ib.).Qucrdizer.aausênciadeperspecti11as no plano meramente material insistimos - e a possibilidade de emitir sua opinião sll.o as causas mais próximas que levam o homem comum a fugir deste curioso "paraíso socialista" .. R. MANSUR GU~R10S
A
HONROSA outorga do título
de cidadão paullstanoposl mo,tem,conferidahádiaspelaCâmaraMunicipaldeSãoPauloàmemória do falecido "camarada" Salvador
A
Atlende, o malogrado presidente da Repúblicachilena,nãopodedei;,;ardeterproduzido na opinião pública de todo o País os
"canonização" cívica
de ALLENDE Plínio Corrêa de Oliveira
Aj(J/1adt mur:adoria.s a vender
fezcomq"" m«iu.sfoj<u
efeitos mais desfavoráveis. A lamentável deliberaçãofoiaprovadaemvotaçãosecreta.
Evidentemente,odescontentamentoassim produzido em todo o País é muito menos manifestativo do que seria um descontentamento de igual intensidade surgido
nas fileiras da esquerda. Não se iluda, porém,oleitoresquerdistacomaautenticidade e amplitude do desagrado ocasionado pelo gesto de nossa Câmara Mun icipal.
Os centristas e os direitistas são -cada um desses setores a seu modo - homens de ordem. E o próprio de quem ama a ordem consiste em não exprimir seu desagrado em termos de agitação e desordem. Essas últimas oonstituemaúnicalinguagemdosprosélitosda anarquia, do caos e da violência. A indignaçãodaordemseexprimeemtermos deprotestodigno,comuma força calma, segura de si, e disposta à luta. A luta de cavalheiro, queédiametralmentcooposto da fanfarronada agressiva e vulgar dos piquetes de greve, das "ocupações" lesivas aopatrimôniodeoutrem, c congênercsmétodosdeprotesto. Razões possantes justificam o dcsagrado,-aindignação-queessa "canonização"cívicadeAllendecausou. Com efeito, não há quem ignore em nosso Pais, como em todo o mundo livre, tersidonosanos70-73,omalogradoChefede Estado chileno uma das figuras mais marcantesdainvestidacomunistadomundoibero-americano. Sua administração foi assinalada por uma aplicação maciça em ritmo atabalhoadamente crescente dos princípios marxistas. E dai adveio para seu desditoso país umasériedecatástrofesque, como fruto característico do capitalismo de Estado, precipitou ponderável número de ricos à pobreza, eageneralidadedospobresàmiséria. Não veja o leitor nessas afirmações, uma vácua e enfurecida manifestação de antipatia doutrinária de uma organização como a TFP, notoriamente anticomunista. Apolêmicaelcvada,substanciosaecortês sempre caracterizou esta entidade. E na considerável mole de publicações que elatemdadoalumeemlivros, revistas e jornais, jamaisseafastoudaslinhasnormativas desseseuprocedimento,comotambém jamaisseomitiudedocumentarcuidadosamente todas as suas assertivas. A aprovação dessa honraria significa aos olhos do público uma aprovação injustificável, no plano doutrinário como nos resultadosconcretos,detodososprejuizos, privações e malogros sofridos pelo povo chileno durante o governo do fogoso líder
CATOLICISMO -
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8. Servos da gleba - O ~ovemo nã_o concedeu um só título de propnedade individua! aoscamponeses"beneficiados"comaReformaAgrãria(cfr. ''Ercilla'', 10-8-77). Aos cam· poneses que, iludidos, esperavam que o go• vemo lhes daria um pedaço de terra, foi o próprioMinistrodaAgriculturadeAtlende, JacquesChonchol, queseencarregoudead· vertir: "Quero que entendam bem que n/10
haverá distribuiçOo de propriedade individuo/ da terro" ("El Mcrcurio", 31-1-71).
9.
"Um q"ilo de QfÚetlr
a
cada 15 dias, meio q,.U,:, d• canu, a cada doi• m•.e•"
da extrema-esquerda. Easimpatiadosque assim se solidarizam post mortem com a suaobraseráinterpretada,ademais,como umaadesãoaosprindpiosfundamentalmenteanticristãosemqueestaobraseinspirou. Quero crer que a maioria dos membros de nossa Câmara Municipal que votaram emfavordaconcessãodacidadaniapaulistana post mor/em ao malogrado Chefe do Executivo chileno não estão informados dosmuitosmaleficiosqueaadministração deste - inspiradapelosocialo-comunismo - acarretouparaodesditosopaisentregue aos cuidados dele por uma funesta coligaçãoentreademocraciacristãeasesquerdas. Passoadarumelenco(que,secompleto, tomaria muito mais espaço) dos fatos que evidenciaramocaráterpersecutório e ruinoso de sua desastrada gestão. Faço notar que os poucos fatos não documentados neste elenco sãodeabsolutanotoriedadepública no Chile. Assim o leitor ajuizará do desacerto da"canonização"laicaecivicadofinado Presidente.
1.
internacional , in "Fiducia" , Santiago, maio de 1974).
3.
Racionamento geflll - Em abril de 1972, A!lendc criou as JAPs (Juntas de Abastecimento e Preços), que distribuíam umcartãode racionamentoàs pessoasque nela se inscreviam. Só com esse cartão se podia comprar gêneros alimentícios fora do mercado negro: um quilo de açúcar a cada 15 dias, meioquilodecarneacada dois meses.
4.
t'ome Para resolver o problema da fome, Bosco Parra, Sccrctãrio-Geral da agremiação "Esquerda Cristã", propôs aoministrodaAgriculturadeAllende,Jacques Chonchol, um "consumo iguo/itório básico paro ioda a popu/aç/10" (''El Mcrcurio", 21 -8-72).
5.
Os mitos allendislas - Os "Cristãos para o Socialismo" da cidade de Antofagasta fizeram a apologia da fome: "O crist/10 n/10 teme o jejum, está fomiliorizado com ele", afirmavam ("Folha de S. Pau-
Refo rm a Agrária - Com a aplicação da Reforma Agrária, a produção agropecuárianoanoagrícola 7l-72diminuiu3,6•!o; no ano72-7Jaqueda foi de 13,7f/o (cfr. Carlos Patrício dei Campo, "A propriedo-
lo", 10-9-72). E a Federação Feminina do Partido Socialista chegou a recomendar queasmulheres socialistasseabstivessem de comer carne bovina durante um ano (cfr. "O Jornal", RJ,30-9-72).
de privado e o livre iniciativa, no tuf/10 agro-reformista", Ed. Vera Cruz, SP, 198S,
6. Greves e invasões no campo -
p.141). 2. Quedanaprodu çiodetrigo - Aprodução de trigo baixou para quase a metade: de J.367.974toneladas, no ano agricola 70-71, para 749.6S4 toneladas no período72-73(cfr. "Ercilla",Santiago, l0-8-77). NofinaldogovernoAllendenãohavia trigo suficiente para a população. O pão era feito com ''farinha preto", isto é, com a fibraquenormalmentenãoéaproveitada na fabricação de farinha, por ser indigerível pelo homem e bastame perigosa para asaúd e (cfr. Prof. FernandoMonckcberg Barros, especialista em nutrição de fama 14 - C ATOLICISMO -
Com oiniciodaagitaçãoagrãria,jãantesde Allende, de 1960a 1966 houve greves em 827fazendase36invasõesdepropriedades. Em 1970, no fim do governo Frei e come· ço de Allende, as greves foram 1127 e as invasões 48. Em 1971, 1758 greves e 1278 invasões (cfr. Carlos Patrício dei Campo, op. cit., p. 142). 7. oesapropriaçõcs - No final do governo Allende, em 1973, somavam S.809 as fazendas desapropriadas, num total de I0milhõesdehectaresquerepresentavam 470"/o das terras produtivas e 60'10 das terras irrigadas.
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Impopularidade - A impopularidade da Reforma Agrãria entre os camponeses foireconhecidapelaprópriaComissl!oCentraldo Partido Comunista, quecomentando aderrota sofrida pelaesquerda naszonasagricolas,numaeleiçãoextraordinãria de 1972, declarou: "Um dos retrocessos que mais nos deve preocupar é o que sofre-
mos no campo (. ..). Desapropriamos comonenhum governoeretrocedemosno com-
po"("El Mercurio", 3-2-72).
10.
Queda do t111balho - O Ministro da Agricultura reconhecia em 1972: "NtJo
temas recursos para fazer produzir o /erro desapropriada" ("El Mercurio", 26-8-72). Eadmitiaqueemalgunsassentamentosse trabalhavaapenascincohorasdiárias(cfr. "Portada", Santiago, n. 25, nov./71). O secretãriogeral do Partido Comunista, senador Luis Corvalán, se queixava, em informe ao Partido,queadesordemnosassentamentostinhatrazido,entreoutrasconseqüências,orecrudescimentodoalcoolismo(cfr."ElSiglo",jornaldoPC, 14-8-72). No ano agrícola 71-72, os assentamentos cultivaram apenas 19f/odaárcaaproveitãvel de suas terras (cfr. Carlos Patrício de! Campo,op.cit.,p. 142). 11. Jnflaçãonoquadrodefuncion.iirios -SóoMinistériodaAgriculturachegou ater24milfuncionãrios,oqueequivalia aquatrofuncionãriosporfazendadesapropriadaeumparacadatrêsfamiliasdecamponeses "assentados" (cfr. "Ercilla", 10-8-77).
12.
Perseguição aos proprietários - A perseguiçãoaosproprietãriossefezdeclarada.Assim,osucessordeChoncholnoMinistériodaAgricultura,RonaldoCalderón, declarava: "'Temos ódio declossee essa cios-
se (dos proprietários r"rais) dewpareceró" ("ElMercurio'',9-2-73).
13.
Reforma empresarial - No governo Frei, 510"/odasaçõesdasprincipaisminas de cobre já haviam passado para as mãos do Estado. Allendeestatizouos490Jo restantes. Durante o governo deste, 400"/o das empresas industriais e cerca de 8011Jo do sistema bancãrio passaram para as mãos do Estado.
14.
Inflação - Para incrementar a demanda interna, ogoverno aumentou a ofer-
ta de dinheiro, chegando o crescimento, em 1973, a 390'- (dr. Alvaro Bardón e outros, "Una Década dt Cambios Economicos''). O dCficit fiscal aumentou de l0,4'em 1970 (com relação ao gasto fiscal) para 34,J'lt em 1971,41,8"' em 1972c55'lt cm 1973 (dr. Carl os Patrício dei Campo, "Chile /987: O/vidos y co,ifusiones amenaza11 la propiedad privada y la libre iniciativa", p. 16). Nos anos de 71, 72, 73,osaldo da balança de pagamentos apresentou valorcsnegativosde299,8milhõcsdedólarcs,280,8milhõcsel 12, l milhõcs,respcctivamente. As reservas diminuiram de 394 milhões de dólares em 1970, para 76 milhõcs em 1972 (cfr. idem, p.l7). A inílaçlo chcgouamaisdeSOO'-(dr.idcmp.45).
te órgãos de difusão. Teve repercussão in-
ternacionalacscandalosabatalhadogoverno por assenhorear-se da Companhia Manu• íaturciradePaptiscCartões,únicaprodu· toradepapcldeimprensanopaís. 18. 0 poderjud lclárl oeo podtrlcgislalivoco nlra Allt nde-OgovernoAllende foi cometendo cada vez mais ilegalidades ao impor suas mCOidas socialistas. Entre elas os chamados "Decretos de lnsistência", abusos da lci de imprensa, irregularidadcs na nomeaçlo de mi nistros etc. Como resultado, a Cone Suprema de Justiça declarou cm 25 de maio e um mês depois, em 25 de junho de 1973, que o Poder Executivo se havia afastado das leis e da Constituição. E a Câmara dos Deputados em 22 de agosto de 1973, declarou "ilegal o
15. Queda
nos sal, ri os - Depois de um ilusório aumento do salãrio médio, de 87,Sdólares para 102,1 em 1971,cstecaiu para82,l dó lares em l972,epara44,I em l973{cfr."OEstadodeS.Paulo",l8-1-87).
governo A/lende por vio/açôes conscientes e ,epetidus da Constituiç4o ", Anàloga opinião emitiram a Controladoria Geral da República e o Colégio dos Advogados do Chile.
19. A Rússia soviitict suga o Chile -
O..ro.nte25dial Fi,d,.l C..s1ro portic,'f,ou dt m;,.nift1tM«1 pol/1ic..s no Cloilttdeu.tonu/A01 público1aAlltlVU.
tas do MlR, presos por delitos comuns de assalto e assassinato, além de uma ampla anistiaparadetentosemgeral. Ex-detentos foram admitidos na Policia Civil, enquanto a unidade móvel deCarabineiros,espccializadanamanutençãodaordcm, foi desativada.
17. Ctnsun -
O jornal "El Mercurio" e sua innuente cadeia de imprensa, foi pressionada com perseguiçloaos proprietãriosemseusbenspessoaiseinvestigaçõcs nacontabilidadedojomal. A Editora Zig-Zag sofreu intervenção do Estado, apósconflitostrabalhistas.Omesmoacontcccu com incontãveisemissorasde rãdio, chegando o governo a controlar mais de 90dela.sem todoopa[s(maisdametade das existentes natpoca). A lei de imprensafoiabusivamenteusadaporAllendecontra seus adversários, movendo continuas ações judiciais, prendendo jornalistas anticomunistas, suspendendo temporariamen-
Allendcentregou o abastecimento das companhias pesqueiras estatizadas a grandes barcos russos. Em 1973, cm conseqüência dessesaoordospesquciros,osrussosoomeçaram a construir um porto na baía de Colcura, ao sul de Santiago, que na realidade não era senão uma base para abrigar naviosdeguerra.AembaixadarussaemSantiago contava com seis ou sete ediflcios e mais de 50 automóveis. Tknicos russos que trabalhavam na empresa cons trutora KPB eram oficiais soviéticos que estavam treinando guerrilheiros na localidade de EI Bclloto.
20. Filkl tseora Alludt - Em fins de 1971, Fidcl Castro chega num avião russo a Santiqo, percorrendo o país de ponta a ponta, como um triunfador. Ourante 25 dias panicipou de manifestações politicas edeuconselhospúblioosaAllendeeaseus assessores em matérias de polltica interna. Incent ivou de todos os modos a revolução. Proclamava o ditador cubano: "Asrevolu-
çlJeschi/e11aecuba11aest6ou11ida$"("Fo-
lha de São Paulo", 14-11-71). Homenageou um monumento a "Che" Guevara. Fotos mos1ram os carros que serviam de cscol1aaAllendeeCastrocomgucrrilheiros guarda-costas apresentando suas armas ao ar em sinal de vitória, lembrando a entrada de Fidel cm Havana. Ao encerrar sua visita, numa grande manifestação pública, em Santiago, Castro repreendeu duramente os membros do governo Allende por não saberem mobilizar o povo como ele cm Cuba. De fato, o estãdio onde se realizava a manifestação estava quase vazio! SimbólicofoioprescntcqueCastrolevou a Allende: uma metralhadora, com a qual, aliás, segundo consta, este se suicidou ... D
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História Sagrada em seu lar /ºhiera, quia:serafins,q uerubins, tronos;2 ° hierarqu ia:dom inações,principados,potestades;J•iiierarquia;virtu des , arcanjos,anjos. "Entre os anjos,conhecemosnomeadamente: São Miguel.chamado a rcanjo, cujo nome significa: 'quem é semelh ame a Deus!' ; São Gabriel, arcanjo também, cujo nome quer d izer 'Força de Deus!'; São Rafael, mandado a Tobias: seu nome se traduz por ' Reméd io de Deus"' (4).
Anjos e demônios
An jos da guarda
•·Deus tinha, também, criado uma multidão de anjos, isto é, de espíritos sem corpo, enriquecidos de excelemes dons"(l). "O nome anjo significa enviado ou mensageiro, porque Deus os manda para exec utar as suas ordens. Manifestaram-se,porvezes,aoshomens,comcorposdeempréstlmo; suanaturez.a,porém, é completamenteespiritua!esuperiorà dohomem.Osanjos sllodotadosdeinteligência, vontade, poder, beleza, que exccdemoqueencontramosdemaisperfcito cntreoshomens. " Numa noit e, um anjo C;,<1erminou 185.000homensdoe;i<ércitode Se naquerib" (2). O grande J udas Macabeu re fere-se aessc e;i<termínionaoraçãoquedirigiu a Deus, implorando Seu au;,<ilio contra oe;i<ércitodo !mpio Nicanor: "Senhor,quandoos queorciSenaqueribtinhaenviadoblasfemaram contrati,veioumanjo,ematoudeles cento e oitenta e cinco mil homens. E;i<termina hoje da mesma sorte esteexército diante de nós, a fim de que saibam todos os outros que (Nicanor) falou mal comraoTeusantuàrio; e julga-o segun doa sua malícia." (3)
"!-lá .... ent re os . anjos alguns a quemOeusconfio u amissãodenos defender. "Acrençano anjodaguarda é baseada na Sagrada Escritura: 'Deus, d iz o Salmista, ordenou aos seus anjos que nos guardassem'. 'OanjodoSenhorestá sempre ao lado dos que 1emem a Deus, e ampara-os contra os perigos' (Salmos XCeXXXIII). Tal era já a crença judaica.
Coros a ngé li cos "Os profetas, especialmente Daniel eS.Jollo, nas suas visões, falamdemilhões e milhõesdeanjos cercando otrono de Deus. "Não são todos iguais. Baseada em algumas passagens da Escritura sagrada, a Igreja Católica admite, com S. Dionísio o Areopagita, que os anjos se di vidememtrêshierarquias,abrangendocadaumatrêscoros, vindoa serao todo nove coros de anjos, como segue:
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n oções b ásicas " Mas Nosso Senhor a confirma no Eva nge lho,quando,pedindoaosdiscípulos que não dêem cseândalos às crianças, acrescenta: 'Eu vó-lodeclaro, seus anjos contemplam sem cessar a face de meu Pai'(S. Mat.XXIII, 10). "Mais,édoutrinageralmenteaceita, e baseada por igual na Sagrada Escritura, que a Igreja, os reinos, as dioceses, asparóquias 1êmtambém seusanjostutelares. "OanjodaguardaaprescntaaDcus as nossas orações, inspira-nos bons pensamentos, protege- nos nas tentações e nãonosdesamparanemmesmonopurgatório. "Emretribuíçllodevemos-lhe respei to, devoção econfiança." (5). Gu e rr a no Cé u "Os anjos fo ram criados antes do homem,numestadodcsantidadecfelicidade. Depois de os ter criado justos e santos,Deusquisexperimentarsuafidelidadecomofeitambémparacomohomem no paraíso terrestre. Chefiados por Lúcifer,algunsrebelaram-seconlra Deus, desobedeceram por orgulho, e, cmcastígodesuarevolta. foramimediatamente precípitados no abismo do in fcrno. São os maus anjos, ou demônios"(6). São João Evangelista, no Apoca lipse, faz referência à !ma entre os anjos bons, chefiados por São Miguel Arcan jo,eos mau s, liderados por Lúcifer: "E houve no céu uma grande batalha: Miguel e os seus anjos pelejavam contra o dragão, e o dragao com os seusanjospelejavamcontraelc;porém es tes não prevaleceram, e o seu lugar não se achou mais no céu. E foi precipítadoaquele grandedragão.aquclaantiga serpente, que sechama o demônio e Satanâs,qucseduz todoomundo; e foi precipitadonaterra,eforam precipitadoscomeleosseu s anjos" (7). 0
N OIH
(l) Sã0Jo.\oflosro. ll i>06ria lliblka d0 Velhoe Novo T,.1urnento. Li-rarioSaksiana Edi1ora , S.lo Poulo. 2' edição,1920. p. 9
(2)Mon,. Cauly. Cúrsode lnstru<;l 0R oli1íosa. Li· vraria Fra r><i 1<0Alve,, S.10Paulo, 1924, p.27. (J) 1 Mao. 7. 41 -42 .
São Mig,ul /Úrro/ando Lúcifer - Imagem ••culpida por Martin Frey, tm 1588, lgr-t· jade São Mig,ul, Munique (A/emanlu,)
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(4)Mon, . Cauly. op . dl.p. ?II CS) ldom.pp.30-l l (6)1dt m.p. ?II. O)Ap . 12,7-9
Capela do Seminário SERENE-2 ('1squuda), em cujo altar vi-se ali um pandciro;fachada do edifício do INTER (centro); e ,eu diretor, Pe Cláudio Sartori, com fisionomia (barba e cabe/Qs longos) que lembra a dt um guru
No foco da Teologia da Libertação TEXTO: BRAULIO DE ARAGAO FOTOS: RICARDO TRIGUEIRO
e
BELO BRASÃO episcopal com as insígnias de um antigo Arcebispo de Olinda e Recife, esculpido na parte superior do edifício, dava-me a convicção de estar no endereço certo. Procurava,nobucólico bairro da Várzea, a seis quilômetros do centro da capital pernambucana, o Seminário Regional do Nordeste (Serene-2), recentemente atingido por um decreto de extinção, emanado da Congregação Romana para a Educação Católica. O que teria causado tão drástica resolução? Ao penetrar no interior do antigo e amplo casarão, cercado de frondosas mangueiras que atenuam um pouco a ação inclemente do sol nordestino, en-
contrei um pacífico casal de velhos que me informaram ser ali um abrigo para idosos. O Serene-2, na realidade, funciona nos fundos do edíficio. Instantes mais tarde, cruzei com dois jovens seminaristas que se prontificaram a me mostrar as dependências daquele conhecido estabelecimento, onde se ensina a Teologia da Libertação.
CHÊ GUEVARA, CUT E PT Já na sala de recepção, pude ver um dos padres que leciona no seminário. Pelo jeito estava de férias, pois, bem ao estilo progressista, lia o jornal comodamente deitado num sofá, apenas de calção e com uma sumária camiseta. Enquanto aguardava ser recebido pelo padre reitor, o holandês Geraldo Penuk, observei algumas "peculiaridades" na decoração do recinto: dezenas
de cartazes fazendo propaganda da CPT (Comissão Pastoral da Terra) e da CUT (Central única dos Trabalhadores) enchiam as paredes da sala. Uma fotografia grande de uma metralhadora "ponto 30", sobre a qual pousam duas aves, chamava a atenção do visitante pela pacífica frase, inscrita abaixo de filetes de sangue: "Não temais! O Pai cuida de cada um de nós" ... Nas salas de estudo dos seminaristas, tentei localizar algum Crucifixo, imagem de Nossa Senhora ou, pelo menos, o icone de algum santo. Mas não logrei êxito. Pelo contrário, fiquei sabendo que "Ché Guevara Vive!", devido aos inilmeros cartazes de propaganda do tristemente célebre guerrilhei• ro comunista, afixados cm lugares estratégicos. Nos quadros negros, frases irreverentes como ''abaixo a ditadura episco-
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ATeologlada Liberlação não favorece a ação dos movimentos socialo-comunistas oo Brasil? O comunismo nllo é uma ameaça
pura a sociedade brasileira. A Têologia da libertaç{lo inclui, de/ato, esses mo~imentos sociais, mas n6s s6 os aceitamos na perspectiva de Cristo. É verdade que os jovens com os quais trabalhamos têm a tendência de dar muito valor a cerras expre,ss(}es polflicas de nossa aJUaç{lo pastoral. Qualseráofuturodosseminaristas, com o fechamenlo do Serene-2? Se perseverarem as atuais disposi-
pai", "fora Dedél", revelavam o grau de animosidade dos seminaristas em relação ao Arcebispo de Recife, D. Jo. sé Cardoso Sobrinho. Por outro lado, a "opção preferencial" pelo PT parecia dara. Em cada janela ou porta viam-se adesivos da propaganda eleitoral do candidato Luis Inácio Lula da Silva.
"REGIME ABERTO" Nessas circunstâncias, pensei comigo: será que estou rea lmente num semi· nário? O!l(lc o ambie nte sacral e recolhido, indispensável para a boa forma çtl.o dos sacerdo tes do Altíssimo? làis considerações fo ram interrompidas pela aproximação do Diretor do estabelecimento. Fumando um odorifero cachimbo, Pe. Geraldo Penuk começou a responder às perguntas da entrevista: Quais os aspectos mais salientes da formação 1eológica e pastoral do Screne-2?
Existe o seminário e Instituto 'Teológico (/TER). Este só cuida da formaç4o intelecllla/, numa linha bem libertadora, isto é, o que lá se ensina tem em vista o povo. Eu sou missionário redentorista. Nosso lema era "evangeliwr os povos''. Hoje, nós dizemos ''evangelizar e ser evangelizado pelos povos". Isto define bem o estilo de nosso seminário. Para que tivéssemos uma vida inseri18 - CATOLIC ISMO -
da no meio do povo, foi adorado, já em 1966, pQr iniciativa do padre belga Joseph Comblin, o sistema de seminário aberto: em grupos dedou, os seminaristas moram em repúblicas e pens(}es nas bairros operários da periferia, onde participam de movimentos populares e ceiesiais. A ulillzação do marxismo na Teologia da Libertação não deformaria arealidade brasileira, ao aprese ntar um a situaçlo de eonnito e luta de classes?
çôes, ele será fechado. Mas se houver diálogo, poderemos encontrar um caminho que salve a filosofia principal desse tipo de seminário, que é a integraç{lo junto ao povo. O presidente da CNBB, D. Luciano Mendes de Almeida, vai a Roma/alar com o Papa e com os Cardeais sobre o problema. Também o visilador apostólico, D. Zico, explicará novamente o que viu em nosso seminário. Temos esperança de que se encontrará uma soluç{lo pura o A emrevistaenccrrou-se. Essa aceitação das idéias comunistas num seminário, deixou-me constrangido ...
Sociologicamente falando, sempre º QUE TIPO DE PADRES houve e sempre haverá uma luta de clas- ELES QUEREM? DE PROVETA?11 ses. N4o há como fechar as olhos à realidade! Marx atinou para cerras coiAgradecendo a atenção do Pe. Gesas importantes, que n(lo podem ser raldo Penuk, dirigi-me ao centro do negadas. O marxismo tem certos mé1odos de análise social que s4o aprovados. Nesse sentido, é inegável a influlncia do marxismo na Têologia da libertaçllo. Assim como Tomás de Aquino aproveitou a filosofia pugll de Aristóteles, para elaborar a teologia do tempo dele, nós aproveitamos certos elementos do marxismo. Do contrário, seria afirda "'"CÍf" cobertura da in,p,t,ua, foi i,u,"tnifi€an mar que só a Igreja sabe Apaa~ le o nlÍll'lfflt de pum,u 'I'"" compar«n< ao alo de prolt1h), das coisas, mais ninguém. ,-JwuJ.o no R«if~ «>ntra o j«Mmcnlo do St:RF.NE-2 e Isso 11(10 é verdade! do INTER
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Recife, onde deveria se realizar uma manifestação de protesto, promovida pelas Comunidades Eclesiais de Base (CEBs), contra o fechamento do ITER e do Serene-2. A julgar pela propaganda feita na TV e na imprensa, poder-se-ia esperar milhares de participantes "no dia de jejum e oraçtlo", realizado em frente à linda basílica do Carmo. Esperança vã. Uma centena de curiosos, poucos adeptos da Teologia da Libertação, muitos dos quais tomando "pinga" para "agüentar o jejum", formavam um circulo em torno de uma bíblia aberta em cima da calçada. Um poderoso sistema de som transmitia discursos inílamados, num claro incitamento à luta de classes dentro e fora da Igreja: "lrmJos e irmlls! Tem gente querendo que a História volte para trás ... que na Igreja tudo volte a ser pensado e decidido de cima para baixo... tem gente querenda impedir a mudança da sociedade ... E quem seria? "SJo os ricos e poderosos, espantados com o povo das Comunidades e Movimentos populares ... Sao também os pobres iludidos (sic!J, que v(Jo pela cabeça dos ricos ... S(Jo as freiras, padres e bispos, que procuram os favores dos ricos e se aliam aos interesses dos poderosos ... " A poucos metros do microfone, encontrava-se o Diretor do Instituto leológico do Recife, o iuguslavo naturalizado italiano, Pe. Claúdio Sartori. Barba grisalha e cabelos longos soltos ao vento, com vago aspecto de guru. Perguntei-lhe quais os motivos do fechamento do !TER; foi incisivo: "O Vaticano alega que o !TER n{lo prepara adequadamente os candidatos ao presbiterato. A nossa pergunta é a seguin-
O Pt . Rtgi11.o./dr, l',,/r,sr,, proas,r,dr, por injú ria. r,.r, Supumr, Tribunal Ftdor(J/, fr,i "m do, lúü u, do. mo.nift•to.fâo ro11.tm " ft dw=nto do SERENE-2 • dr, INTER
te: que tipo de padre eles querem? Padre de 'provera', paraficarnasacristia? É claro que n(lo preparamos esse tipo
de padre!". E deixando-se inílamar pelas próprias palavras, explicou: "O problema é a incoerência entre o que se prega e o que se prarica. Parece-me uma grandíssima contradiç(lo afirmar que a Teologia da Libertaçtlo é necessária - conforme afirmou o próprio Jol1o Paulo li - e ao mesmo tempo nl1o permitir que insritutos como o !TER preguem esse ripo de teologia". Aproveitando a ocasião, perguntei sobre o papel do marxismo no currlculo do ITER: "O 1rabaiho é a chave da interpretaçdo de toda a realidade. O marxismo é o instrumental que nos fa'l. entender melhor a sociedade, através da intuiçdo de que os aspecros econômicos condicionam os outros aspectos da vida. O ser humano é um ser econômico e quem melhor descreveu tal realidade foi Marx. Por isso, o !TER procura interpretar a realidade social à luz do marxismo". A mesma posição do Pe. Geraldo! Tratava-se, pois, de uma doutrinação articulada pró-marxista, dentro de uma instituição para formar padres católicos!
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UMA VALIOSA LIÇÃO Depois desta "experiência" num dos mais importantes focos da Teologia da Libertação no Brasil, entendi melhor o alcance do que lera numa revista do PC da Rússia: "valorizando aftomenre a teoria marxisla, a Teologia da Ubertaçdo conlribui para a difusllo do marxismo em largos cfrcuios da popu/açao". (Problemas de Filosofia, Moscou, janeiro de 1985). Igualmente refleti sobre o significado da "Instrução sobre alguns aspectos da Teologia da Libertação", quando denuncia que essa dita teologia ''prop(Je uma interpretaç{lo inovadora do conteúdo da Fé e da existência crist(J, interpretaçdo que se afasta gravemente da Fé da Igreja. Mais ainda, constitui uma negaç{lo prática dessa Fé" (S. Congregação para a Doutrina da Fé, 6-8-84). Compreendi, então, as razões que levam o Scnene-2 e o Instituto Toológico do Recife a não quererem fechar suas portas. Ttata-se, para eles, não de propagar a fé católica apostólica romana, mas sim de difundir o marxismo sob capa de Teologia da Libertação. O (º) M tnlre>istas uan,critu nesta mll&ia forarnoollétdi<la,, à Agmcia lloil lmpr<,...- ABIM. q"" pos.sui a.,._.,.
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<>o = CATOLICISMO - NovembrQ 1989 -
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A revolução escravizado ra da
MODA
EGUIR A MODA, estar in, no vento, na crista da onda ainda é, para muitos, um ato de afirmação da própria individualidade. O homem ou a mulher, na última moda, sentemse tomados pela sensação inebriante de serem admirados pelos outros. Embora sempre obrigado a pular com sofreguidão de última cm último, o individuo de posse do dern ierrriextasia-secomaidéiadesuasuperioridadc sobre os atrasados em relação àmoda.Estarnovento,crê-se,émanifestação de modernidade, de originalidade e, atémesmo,depersonalidadecriativa. Mas, o que é a moda? Essas imensas mudanças na ordem das roupas, músicas, cores, modos deseredepensarque fazem amoda,tãocapazesdeenal1eceralgunse rebaixaraoutros,sãofortuitas?Ou,pelo contrário, são orientadas por mecanismos pouco observados pelos seguidores do último grito?
S
evoluçãoimprevisíveldoscostumes. Serã bem assim?
Unicidade da moda nas sociedades pós-medievais "L'empire de l'éphémere"desfazmuitas dessas suposições. Logo de inicio, Lipovetsky afirma que "a moda nllo pertence a todos
hscínio e mistério da moda Gilles Lipovctsky, jovem mas já celebrado 'escritor francês, pub[icou um livro considerado ponto de referência necessário para se comp reender os mecanismos da moda. lntitula-se,sugestivamcnte,"Oimpério do efêmero" ("L 'empire de l'éphémlre", Gallimard, Paris, 1987, 345 páginas). Olivrotemrecebido,desdesuapublicação, inúmeros aplausos em Paris, capital da moda, embora o autor sustente teses bastantedesmoralizadorasparaosseguidores incondicionais doderniercri ... Supõe-se geralmente que a moda é um fenômeno tão espontâneo quanto o capricho humano. Tal esponraneidade faria da moda - na imaginação de muitos - o que hã de mais contrário à idéia de uma organizaçãoqueimprimerumodcfinidoà 20 -
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Ela é "um processo excecio1u1/, inseporJ1,e/ do nascimento e do desem·olvimento do mundo moderno ocidental, .... Nilo é sem1o a partir do fim da Idade Médio que é possível reconhecer a própria ordem do moda, a moda como sistema, com s11as metamorfoses incessantes, seus movimen10s brnscos, suasex1rai•agâncias"(p, 2S). As sociedades anteriores não conheceramestesingularfenõmeno.Peloconcrário. mesmo as mais refinadas culturas antigas tiveram uma estabilidade secular ou milenar nos seus costumes. "O mistério da mo-
da está nisso: na unicidade do fenômeno, na emergência e na instaloçllo do seu reino no Ocidente moderno, e em nenhuma outroparte"(p. 26). Conteúdo ideológico da moda Nasuaobra,densadcdados,Lipovetsky conta a história da moda até nossos dias, descobre muitas alavancas, discretas mas poderosas, que a governam, e mostra que seu funcionamento e seu rumo nãoéingênuonemideologicamemedcsintcrcssado. Com efeito, segundo Lipovetsky, desde o fim da Idade Média, as cortes européias foram ditando moda às sociedades ocidentais. Com o tempo, a corte da França passou adeterocetrodas modas. Porém, naquelascortes,csobretudonafranccsa, foicrescendocadavezmaisainfluênciae o poder dos modistas e costureiros. Grandes ou pequenos mestres da moda, eles seduziam as apetências mundanas de seus diemes, até chegarem a ser, nos s&:ulos XIX e XX, verdadeiros reitores dos rumos dos costumes no mundo. Tais modistas e costureiros foram a alma do que se chamou depois a Hou/e Cou-
lure(A!taCostura).Oquee!escriavampa· raumaclientelaaristocráticaericaeraprontamentcimitadopormodistasdeváriosniveissucessivos,atéchcgaràscamadaspopu!aresdosmaisvariadospaises. Lipovetsky apresenta o rumo da Haute Coutureparisiensecomoumaevoluçãocontinua - apcsar das inevitávcis idas e vindas - em dir~ãoàigualdadedasclasses sociais e dos sexos, paralela ao avanço dos ideaisnivcladoreselibertáriosdasrevoluçõesfrancesa,oomunista e demaiodc68. Igualitarismo e
sensualidade nas modas No século XX, a aceleração igualitária e libertária das modas foi vertiginosa. O cxemplomaiscaracteristiooéodaindumentària feminina. A imagem da mulher, sublimada pela cultura católica, foi velozmente precipitadanavulgaridadeenaimoralidade através de etapas sucessivas. Nos anos 1900, diz Lipovetsky, o costureiro Poiret realizou uma verdadeira "revolução", de fundo "ideológico", ''emnomedoliberdode", até no vestuário intimo feminino (p. 122).0famosoChanel,scguindoaPoiret, lançou o "miserabilismode/11xo". Nos anos 20, a Haute Courure promoveu o estilo garçonne, da mulher vestida do modo o mais parecido posslvel com o homcm,crcconouassaiasàalturadosjoc!hos. Na década seguinte, a Haute Couwre mandou despirascostasedeu um pulo assombroso em direção ao nudismo nas roupas de verão e de praia. Nos anos 60, outro modista célebre, Courrêges, tomou amini.saia,aparecidanosambicntesdcgradadosde Londres, e projetou-a no mundo (p.95).
A• CM!ts wropiin, ditava"' a moda tamb.:m pnra /J$ trnJu masculino,, qi,ando wn ar!ÍJ · la a11ónim<> pintou este qi,adro d, Sir Walter Ralúgh, uufiiho (aproximadm,,,nt, 1590) Naif,Madt l rnbt:idtPlJrlugai, esposadolm · puadQr Carla, V (abaixo à ••qu,rda), skufo XVI, a1 ""''" , ,,ropiias ditarJdm a moda <i, ,oei,dad,,oci,lentais. QuandoNallierpintor, o qr,adro ,/a cond,ua lÚ Tilliêr,1 (cmtro), "" mtado dü sit:ulo XVIII, a cort,frnnc,.a dtfi"nha o cttro dru moda,. Um sici,lo d,poú, quando!:.". ilivb-fopfoto1<1uaupom( dirá· ta),<>sm,stresdam<><f,. - m<>disiru,co,111reiros - torn<Jram ·s, <>S vtrdadúros reitor<• dor n,m<1.< d1J$ ~orlumh ,m lodo o ""'~do.
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AprópriaRevoluçãodeMaiode68foi, para o autor de ''L'empiredel'lpMmefe", um grande "movimento de moda", pois ela se exprimia mais IX'T gestos, modos de vestir,desentir,dequercredepensarin, quematerialii.avamasdoutrinasde Marx, Freud e Reich. Thmbém em 1968, o modista de militância comunista Saint-L.aurent bradou: "À bas /e Ritz! vive la rue!" (p. 130). Ou seja, não mais elevação e dccêncfa, nem fi11ura e bom gosto, mas vulgaridade e sensualidade!
Escr.ividao à propaganda Nos dias de hoje, afirma Li1X1ve1sl:y, assiste-se à liqüefação psicológica e moral do individuo atrelado ao carro da moda. lh11sformado num ente-massa, o homem no 11entoniparaondeolevaapublicidadc, istoé,correatrásdeuma "superficialidade lúdico, de um 'cocktail' de imagens,
Manl,au de chinchila (1908-1910), Jpoca ,,.. 9"" o cmtim,iro fmnci~ l'oi1'11!I ,,,,,/U(Ju uma wrdadeira 1'11!00l~o d• fundo ,.dtt,Uf'co na mO<ÚI., "•m nom• do l,'~rdad•"
''Uma revoluç4o no indumentária feminino oparere e fo1;, de alguma maneira, lóbulo rosa do passado, do imperativo docerimonio/ e do ornamento luxuoso próprio do modo anterior", escreve Li!X'vetsky (p. 9S).Passou-seausarmateriais1X1bres,1ecidosgrosseiros,elementossin1éticosoucom apar!ncia de gastos ou empoeirados: cores cinzentasetristes,quandonãoabcrrantes e cansativas. As simplificações e a vulgarizaçãodovestuáriotinhamumnexoprofundocomairrupçãodo monstruoso nasartes plásticascubistas, abstratas, construtivistasetc(p.95). Jeans, revolução sexu;i,I e anuqui;i, Usando o fean, tecido que não CJO:ige muita limpei.a nem ser bem passado, que seusagastoeatérasgado,homensemulheres, a11ciaosecria11çasdeixaramdesedifcrenciar. O jean implicou, segu11do Li!X'vetsl:y, na passagem a uma sensualidade ''mais imediatamente sexual''. "Como 'ieon' - acrescenta ele - o modo de apresentar-se democrático-indi~iduo/ista deu um novo pulo poro frente" (p. 175) "A inc/inoçllo pelo 'iean' - diz Lipovetsl:y - antecipou a irrupç4o do contracultura e do conteslaçtJo generaliwdo do fim dos anos 60" (p. 95). Jeans, hippismo, drogas, agressão sexual, Revolução anarco-libcrtáriadaSorbonneedoscampiuniversitãrios dos Estados Unidos formaram um pacote inseparável. 22 -
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No,anos 20, a " llallte Coullln"lanfl'" o ~,1ilo''prçonn•","'cortandoaswias,i9/tu· m do, j<Hlho,, conforme II pode obieroor ..,,tido ti~ noil• acima, d• tule bronco horda· dorhpirolas~lan11joula1na,corodo1
"º
sons e tendências, que ela [a publicidade] lhe oferece sem preocupuçllo dos limitaçl'Jes do princfpio de realidade e da seriedade da verdade"(p. 223). Tudo isto é o oposto da autêntica liberdade para o bcm nos costumes, caracteristi· cadassociedadesverdadeirame11tecristãs, austeras,sacrais,hierárquicaseanti-igualitárias, a que Lipovetsky alude com estas palavras: "Durante uma grande parte do percurso da humanidade, as obras superiores do espfrito constiluiram-se sob a autoridade estética dos antigos, edificaram-se tendo em vistaaglorijtCQÇ(lodeva/oresctlestes, dos soberanos e das pessoas mais elevadas; elos es1avom voltadas, antes de tudo, pura o passado e o futuro . .... Quando a artetinhaoencargodelouvorosagradoe
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a hierarquia, o eixo temporal dos obras era bem priori1ariame111e o porvir antes que o presente efêmero: era preciso dar testemunho da glória eterno de Deus, do grandeza de uma estirpe ou de um reino, oferecer um hino grandioso, 11m sinal imortal de magnificlncia em vista da posteridade. Fiel às liçl'Jes do passado e voltada ao porvir, a cultura escapou estruturalmente à produçQo da modaeaocultodo presente ''(p. 249). Hoje, condui Li!X'~·etsl:y, chegou-se a uma situação totalmente diferente. A moda abriu um fosso entre a ordem do passado e a futilidade vazia da pura novidade moderna. Em conseqüência, o efêmero impera, nada estrutura a socicdade; e a pessoa, desindividualizada, desaparece numa massa que a m(dio manipula como um monte de areia. Modu e F.itim;i, Lipovetsl:yretratabcmumlongoesub· til processo, mas não se mostra mui10 incomodado com ele, nem com seus péssimos resultados. Em nada ele se reporta a um principio moral ou religioso. Sua visão é laica. Entretanto,quão espantoso éestcpanorama quando se tomam em consideração aspalavrasdeJacinta-umadaspastorinhas a quem Nossa Senhora revelou em FãtimaosterríveiscastigosquecairfamSObreaHumanidade,casoestanãoreformasse seus costumes: "H6o de vir umas modas que Mo de ofender m11ilo o Nosso Senhor. As pessoas que :rervem a Deus n(lo devem andor com a moda. A /grtja n(lo tem modos. Nosso Stnhor é :rempre o mesmo" (A. A. Borelli Machado, "As aparições e a mensagem de Fãtima, conforme os manuscritos da Irmã Lúcia", Ed. Vera Cruz, São Paulo, 1982, p. 66). SANTIAGO FEQNAN0U O "jean" "'11 jown1 -
1L1odo na ronf«çifo d,u co/ça, implicou "" pa11agorm o urna sensu.alidad• "rnois imedfo1an1tnte •~=t"; oo mumo tempo, o ILIO d• tal lui,W ,ln, ~ns~fa n qu,: "o modo de op1'11!s~"t"r-u d~m0<:r/Jtico indiuidu.nlista "de11, " u.m pulo para afe.,u "
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EGUNDO O FIGURINO psicológico atua]. mente mais em moda, fica bem ser ou pe· lo menos parecer moderado. O moderado é por definição um centris· ta, que não quer comprometer.se com as conseqüências dos princípios que adota. O ideal até é não ler princípios, e ir navegando em meio às várias correntes de opinião, sem nunca tomar uma posição muito derinida. O moderado quer ser bem visto por todos, mas não hesita em abandonar seus amigos para não dar a impressão de ter uma preferência exclusiva. Mudará de partido tantas vezes quantas for necessário, traindo sucessivamente aqueles que tinha apoiado, pois o moderado nunca tem opinião estável, a não ser a respeito de sua própria moderação. Se sua posição de meio-lermo é atacada, emão se 1orna furioso: o moderado é um fanático da moderação ... Ataca furibundo os que desejam o bem por inteiro, dizendo que assim não se obtém nada, que é preciso fazer concessões para ,captar a simpatia dos outros, e que sobretudo não se deve ser extremista(a essa altura ele já está gritando ... ) Com os extremistas do mal, pelo contrário, fala manso. sorri e colabora com eles, pois assim. diz ele, tornarse-ão menos exigemes e, quem sabe, não irão tão longe quanto quereriam. Após ler traido a todos, não satisfazendo a ninguém, o moderado acaba sendo hostilizado pelo geral dos homens, e não raras vezes tem um fim trágico. Se sua presença é freqüente ao longo da História, ela se repete e se multiplica em nossos dias. Apresentamos abaixo a tradução da rápida biografia de um deles, escrita pelo conhecido his1oriador francês G. Lenotre (•). Aqui, o nosso moderado é um nobre que par-
ticipou da Revolução Francesa, com todo o ardor de sua moderação ... "Stanislas de Clermont-Tonnerre, de ilustre família, portador de nome famoso, bem visto na Corte, era daqueles para quem qualquer modiíicação da ordem estabelecida não podia ser senão prejudicial. ( ... ) Tinha lido Montesquieu e Jean-Jacques Rousseau; afiliado à Maçonaria, era um apaixonado das idéias igualitárias. Apesar de dispor, pela generosidade da Corte, de um alojamento no Palácio de Luxembourg e de 14.000 libras de re ndimento, era um descontente. (. .. ) Passou para o campo dos oposicionistas e se destacava, em meio aos oíiciais do exlrcito, pelas mais revolucionárias assertivas contra Luis X VI e sua política.( ... ) "f: neste estado de espiri10 que Stanislas participou dos Estados Gerais, na qualidade de deputado da nobreza, e levou a cabo seu 'golpe de Estado' pessoal. Julga criminosa a obstinação desdenhosa de sua ordem (a nobreza) e jun1a-se ao Terceiro Estado (a plebe) de um modo estrondoso, arrastando consigo alguns nobres que convenceu da necessidade da união. ( ... ) No inicio foi triuníal: o Terceiro Estado festejou este aristocra1a que, rompendo com seus pares e espezinhando os preconceitos de sua casta, confraterniz.ava com o partido popular. Foi instalada uma poltrona para ele ao lado do presidente. As mais banais de suas palavras eram aplaudidas. ( ... ) Stanislas chegou togo ao apogeu: tinha muita vivacidade de espírito, maneiras nobres como sua origem; fala com facilidade, se bem que a improvisação está acima de suas forças; as ilusões de que es1á cheio, sua eloqüência elegante ascomunica a seus ouvintes. Torna-se rapidamente presidente
da Assembléia. ( ... ) Em contra-partida, no campo da nobre1.a, que discrédito! Ele é o deser1or. o trânsfuga, orenegado, o ingrato que deu o primeiro golpe de picareta no antigo edifício da monarquia, esta monarquia à qua l ele devia tudo. "E eis que, em outubro, o populacho invadiu o caste· lo do rei (em Versalhes), massacrou guardas e impôs pelas ameacassuasexigências; arrastou a familia real prisioneira a Paris, e subitamente, para Stanislas, assim como para outros, moderados como ele, como ele partidários das reformas, o véu se rasga. Não são eles culpados deste desastre? Não sllo suas atitudes que suscitaram e justificaram 'a impaciência da classe baixa?'( ... ) Clermont-Tonnerre fez seu "mea culpa": 'Sou um desses homens fracos evariáveis que não se fixam em nenhum partido' confessa ele; assim, todos os partidos o rejeitam; ele ê um desses 'moderados furiosos' eternamente infamados pelos extremos de qualquer opinião. ( ... ) Quando atravessa, saindo da Assemblêia, o jardim das Tulherias. o desgraçado, que tinha sido o !dolo efêmero do povo, é vaiado e atacado: 'É um celerado! É preciso enforcá-lo!'. É obrigado a refugiar-se na casa de um guarda do jardim até que um destacamento da Guarda Nacional venha protegê-lo e reconduzi-lo a sua casa. "Suspeito para a direita, para a esquerda, tan to na Corte quanto no povo, considerado revolucioná rio por alguns, retrógrado por outros. Quando ele fala, de um lado o acusam de demagogo, de outro de odioso maquiavelismo. "Uma noite - era 9 de agosto de 1792 - ClermontTonnerre jantava na rua Plumet. em casa de Montmorin:
lá estavam Males herbcs, Lally e algu ns outros. lnq uietaos a efervescência popular, e quando se separam, o toque a rebate se faz ouvir; o populacho eslá caminhando em d ireção às Tolherias. O que faze r? Irá Sta nislas j un tar-se aos defensores do castelo real? Como seria recebido? Prefere voltar para casa. Dia 10, às nove da manhã, quando o motim vitorioso já expulsara o re i de seu palácio, uma horda desenfreada invade a residência do 'infame moderado'. Ele é arrancado dos braços de sua esposa; quer falar, mas o tempo da magia das belas frases passou . Um golpe de foice o atinge na cabeça; ele escapa, foge, acolhese numa casa amiga, sobe até o 4? anda r; é perseguido, alcançado, jogado pela janela, cai na calçada onde termina m de matá-lo a golpes de mac hado e baionerns". (") "La!"'•<-·· ·l • " L a ~ - - pM Pa,i>,19J.O
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CATOLICISMO -
Novt·mb,·o 1989
Revelações, omissões, distorções
A
HISTÓRIA recente da Igreja no Brasiltcmdcspe.r1adouma. louvãvcl
atcnçãodcpcsq11isadores nortc-amcrican05qucaqu1vêmanahsarosrumoscainíluSndadocatolicismobrasileiro.
Em geral esses acadêmicos do Norte Fazem
investig:açõesaprofundadascmesmocxausti-
vas, revelando Fatos poucoconhttidoscdando usim uma boa contribuição para o oonhtcimcnu.> desta fpoca tio rica da História da religião em nossa Pátria. Entretanto, muitas vezes, esses mesmos 1)C5(1Uisadoresentramcmoontactoaquioom
osmeiosacademioosesqucrdistas, e sob sua influencia, como tambnn sob o influxo dos
livros,rcvistucjornaiscatólicosquecompulsam , acabam p(lracci taru mavisãodeformada de muitos acomecimcntos. Como também tém suas anãlisesc conclusões influenciadas pela visão da esquerda. Dcondc,apardcumserviçorealqucpres1am«imsua.s pesquisas, poroutroladoajudama fonalei:erumainterpretaç!odcformadadahis16ria,cmquestão.
Um grupo ocuHo no NktdaCNII O Prof. Scou Mainwaring, da Univcrsidadc de Stanford (EUA), não fugiu a essa rcgra e publicou um estudo A Igreja Católica ca Polltica no Brusil (1916-19/JJ) (Brru;iliense, São Pau lo, 1989),comasqualidadescosdcfeitosaponlados. Emrc os fatos pouco conhecidos que o Autor põe cm relevo, está a existência e a açãodeumpcqucnogrupodebisposesquerdistas-algunsdosquaiselcmesmoqualifi-
cadcsocialistas-quchàmaisdcumadtcada trabalham no interior da CN BB, com o fitodclcvaresscorgani11moeclcsiàsticocada vcz maisparaaesqucrda. Escreve o Autor: "Minha ínformaçdo sobre grupo surgiu de entrevistas cam dois bispos que dele parlidparum desde o infi:io, D. Tomás Baldulno e D. Wuldir Calheiros" (p. 206, nola). "O:fbisposprogf"f'5Sislos-explicaMainwaring- tumlwm trubalhal'llm dentro da instÍluiç4o para tru,q/ormá-la f'm vn de formarem um movimen/Q paralelo que criticQva u hierarquia. Um grupo de bispos progressistas começouasereunirregularmenteem 1967 e desempenhou um papel Cl'nlral no dmnvolvimen10 da Igreja. Foram responsdveis por diversos d0<·umentos imp-0rum1es ('A MurginalilOft10 de um Pov<J', 'Ouvi os Orltos do meu Povo' e 'Y-Juca Pirama. O fndio, Aquele que deve Morrer') e dtsl'mpenharam um papel imponante nacri(lf4o da Conselho lndi,cnista Missiondrio (CJMJJ, a CPT e a CPO. Esses bispos nunca emÍ/irtun um documento que f i ~ crltú:-as 11 CNBB ou mesmo aos bispos COIISUVadores ou rcacioMrios. Viam a sua funç4<> como a de 1rocar itNias, fornecer apoio às bases e, uma veiou outra, redigir documentos acerca da Igreja t da a(® pastoral. Tam~mfrurum uma tseolha conscieme de incluir um maior número f}OSSivel de bispos, de modo o reduúr o JX)SSibilidode de serem vistos como um grupo dissidente. O grupo se ampliou indo de aproximadamente JJ bispos em /967 a aproximadamente (i) na dkada de 80 e continuou a desempenhar um papel importante no dtsf'nvolvimento da
/grtja"(p.193-194).
A respeito do Prof. PlinioCorrfadcOlivci ra cda T FP o Autor peca sobretudo por omissãoeportcrscbascadocm publicações
:r~i:
~~i~\~ª
i~de:~d:~ ::::~ d~t tas t das entrevistas com as pcssoat envolvidas. Ekdcscreveaformaçãodaesqucrdacató-
lica no Brasil, a panir da Açlo Católica, na dttada de 1930, e mais tarde na açto da JUC e da JOC, na dtcada de 195$- 196$, sem men-
cionar uma .só veza lutaqueDr. Plinioea pré-T FP, e depois a TFP, moveram contra ela. Como ignorar o Em Deftsa da Açtio Católica de Plinio Corrêa de Oliveira (1943) que teve tanto impacto e gerou tanta pol&nica naépoca,ao falar da Ação Cató lica brasileira? Mais tarde, como deixar de considerar 05 inúmeros manifestos e abaixo-assinados qucos cstudantes universitáriosdocntão "'Grupo de Catolicismo" (TFP) levaram a cabo para desmascarar o 50eialismo oculto da JUC, nos inlcios da década de 1960? Como deixar de mencionar tamb6n, ncsu q>OCI., ~,~Têo:1ci~~~ͺr~~~!'!:iao~ Plínio juntamC11tc com dois bispos c um economista, quctornou-scobes1-ul/~qucoontrabalanç0u a ação dos bispos esquerdistas e impediu a aprovação, na época, da Reforma Agràriasocialista? Tanto maisquantooAutor sc cstcnde longament esob rc aapoiodos bispos de esquerda à Reforma Agrária! OAutoromitetudoisso,oque faz dele um historiador pardal, que sonega ao leitor as informações necessárias para este formar umaidéiaoorTttasobrcos fatos analisados.
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2.5
Por outro lado, quando Mainwaring se refere à TFP(oque faz duas vezes ao longo do trabalho , co m igual número de citações do Prof. Plínio Corrêa de Oliveira) - lendo omitidotodaaa1uaçãodou1rináriaeordeira queacaracteriza-traçadelaumacaricatura. Porinsinuaçõcsmaisdoqueporafirmaçõcs, apresema-a como um grupo político (meiomilitarizado)queserviudeapoioàditadura milita r. Eis o que se lê à página 92 do reFerido livro,emnota; "Um uemplo relevame (de movimemo reocionário) seria o movimento Tradiçllo, Famflia e Propriedade (TFP) que se originou no Bra5i/efoiinf/uente na5pressôesquedesembororom no golpe de 1964. A TFP lom~m foi impor1on1e na processo que levou ao Alo lnslitucionol nº 5, em dezembro de /968. O movimento espalhou-se por au1ros paisese, em alguns casos. cama no Chile e Argentino, tam~m fortaleceu o extremo direita. Na Brasil, o TFP nunca foi um mavímemo ofiriul du Igreja, mascan1u voroma apoia oliva dos lideres dos bispos rrocianários: Dom Antônio de Castro Muyer e Dom Geraldo de Proença Sigaud. A hierarquia 10lero11 as tentativas do movimento de se idemificor roma um grupo da /greju ali o início da década de 70. quandosuasposiçôesreaciondrias se 1ornuram inrompat/veíscam u visba que o maioria dos bispos linha do missbo da Igreja. O 1rabolha mais abrangente sobre a direi/a católica t Integrismo Brasileiro, de Amoine". Como se vê, tudo é insinuado e nada t ditodaramente.Sobretudo,nadaéditoque pcrmilaaoleitor formar uma idéiaobje1iva sobreaTFP. A afirmação de que "a TFP nunca foi ummovimemooficia/da lgreja"éverdadeira e nela nada hi\ de criticável. Ela sempre sedefiniucomoumaa.ssociaçãodvicade ins piração católica, o que está inteiramente de acordocomoDircitoCanônico. Mais à frente (p. 193) o Autor falarà sobre as crltica5 que a CNBB tem feito à TFP, sem mencionar as resp0stas que a associaçllo publicou. A TFP nada teve a ver com os manejos pollticos que levaram ao Ato Institucional nº 5. Agrandcatividadedasociedaden~se anoforamascampanhasdecunhoestritamcante doutrinârio a respeito das declaraçõcs escandalosas esubversivasdoPc.JoscphComblin, c um abaixo-assinado público ~ indo a PauloVl quctoma5se medidascontraainfihracãocomunistaeesquerdista nocl cro. A fo nte que de cita. o Pe. Charles Antoine, é notoriamente de esquerda e facciosa. O mesmo acontece com o ex-deputado Márcio Moreira Alves, no qual de também se baseia Ao tratar longamente das CEBs, exagerando muito sua iníluência, o Autor não faz menção às criticas altamente documentadas, quer quanto à ortodoxia, querem relação à sua ação, que a TFP fez às CEBs em livro mui todifundido e citado(•). Os exemplos acima bastam para mostrar comooei;tudodeScou Mainwaring, em que pesem os méritos de uma amp la pesqu isa, em alguns pomos, padece de parcialidade e dacarênciadeobjetividadequedeveearacterizar umtrabal ho dehistoriador. tulSSE RG IOSOI.I M EO (') Pli nH>Corrtad<Ol iv<ira. Gu,tavo /\ntonioSoli· mrooLui,Sn$K) Solimro.""A•CEBs.<l•1 q""is rnui-
~o"~ !\·~;.~i~"c~~.sa: ~::i. ~· l~rcvc e<>-
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No vembro 1989
NOSSA SENHORA DA RUA COM ESSE SUGESTIVO título, uma devota do oratório de Nossa Senhora da Conceição Vitima dos Turroristas compôs a significativa poesia que abaixo transcrevemos. O oratório, que a 18 deste mês completa 20 anos de existência, nasceu no local onde terroristas colocaram urna bomba de alto teor explosivo em 20 de junho de 1969, numa sede da TF P, cm São Paulo, na Rua Martim Francisco, 665, bairro de Santa Cedlia (ver reportagem a respeito em nossa edição de junho):
Nossa Senhora da Rua sobe e desce transeunte ... Assim, devoção - p0<:sia recitada cm prosa e verso, naalmadecadaum. Nossa Senhora da Rua, Nossa Senhora Formosa. Nossa Senhora Sorriso, Nossa Senhora Piedosa! Chora pranto, Seca pranto; Nossa Senhora entendendo, Nossa Senhora atendendo entreluzeseperfumes:Nossa Senhora das velas, Nossa Senhora das flores ... em meio às rosas vermelhas recolhendo as nossas dores. Vai-e-vem o dia inteiro, Passam passos, vêm,ev!lo ... e Nossa Senhora linda com sua ternura infinda, com seu Menino na mão, vai desvendando o segredo de alegrias, ou de medo, das gentes, no coraçào. E la é muito pequenina; sócabemesmoentrcas flores no altar daquela esquina
que é uma esquina de louvores! Ali, na Martim Francisco, pertinho da Martinico tonde Ela fica, e eu fico de alma tão deslumbrada que nem digo mesmo nada. Mas Ela bem me conhece; e sabe até onde moro: - Apareça lá cm casa minha formosa vizinha com sua bondade azul! Nem que seja de passagem Nossa Senhora mensagem! Ou por um só m inminho Nossa Senhora Caminho, porque lá Fora, na rua, o transeunte qu e passa espera por uma graça! Passam passos, voltam passos, 10doselcs vêm e vào: e aquela esquina florida éa síntese colorida de uma pura devoção. Alguns vão mais apressados outros param descansados entre a cidade eo altar. Éaíngênuafestaderua c o povo já se habitua àpausapararezarl
O célebre poeta Guilherme de Almeida comemou a respeito da imagenzinha do oratório: "Procure-a nas horas de !risteza e procure-a nas horas de alegria, pais ela, Nossa Senhora da Rua, sendo da Rua, h:I de entender-nos melhor'' {idem, ibidem).
ARTISTA PLÁSTICA
Quadros à óleo, aquarelas e paste l Temas de pa isagens , casa rios, ma rinhas e natureza morta
Decore com arte e bom gos to! EXPOSIÇÃO EM S. PAULO: RU A JOAQUIM GUARANY, 90 SROOKLYM - SÃO PAULO - FONE: (011) 241 -9355 - Tratar com Ângela
Escrevem os leitores FONTE
CONTEÚDO
SEGURA Atodoinstantenosvalemos dos artigos da revista CATOLICISMO, que acompanhamos desde seu primeiro número, para consultas e estudos, pois sabemosserfonteseguradeculmraeinformações.Oselogiosnunca serão suficientes para demonstrar o quanto
de sua utilidade (lvette Miranda dos Guaranys, Campos - RJ).
APERFEIÇOAMENTO Sempre recebo com grande alegria os números de CATOLICISMO, que não faz outra coisa senão melhorar e aperfeiçoar-se mais e mais. A apresentação da revista está esplêndida, irradiando sempre distinção e categoria; os artigos interessantíssimos e variados, o que torna a leitura atraente e proveitosa, pois tudo está bem pensado e bem documentado. As fo-
cos e desenhos também me agradam muito; vejo com satisfação que foi aumentado o número de páginas. Posso assegurar-lhes que é com certo pesar que uma ou outra vez me desprendo dealgumexemplarparaaicnder os "pedidos importunos" - como diz o Evangelho - de meus amigos que o requerem porque não puderam lê-lo ou porque o necessitam. (Carlos Alberto Diaz Vellu, Buenos Aires - Ari,:enlina).
Quero parabenizá-los pelas excelentes reportagens, entrevistas, comentários. O que mais nos atrai numare· vista não é só a sua tiragem ou apresentação, mas sim o seu conteúdo. Interessantes não são só as notícias que falamsobrctcmasarnais,rcligião, politica etc., mas também sobre fatos históricos que muitas vezes nos passam desapercebidos, como por exemplo o bicentenário da Revolução Francesa de maio/junho/89 e a sua influência nos dias atuais: outra notícia muito interessante foi "Grandeza e Nostalgia nos Funerais da Imperatriz Zita"(LeilaBastosWagner, Campos - RJ).
do amparado pelo superior. Artigos desse gênero trazem oquenecessitamosparaeducarosnossos filhoseinstruílos para se defenderem da ação maléfica e eorruptora doambicntequeelesfreqücntam fora do lar. Como seria interessante se CATOL ICISMO ajudasse a nós, mães católicas, a educar os nossos filhos,constituindoumaverdadeira familia cristã, publicando cm todos os números um artigo do gênero daquele conto maravilhoso! Não quero dizer que a querida redação dessa revista deva mudar de estilo - acho que está excelente - mas peço apenas para acrescentar uma seção de contos infantis ou algo do gênero (Maria de Lou rdes da Costa Dias, São Paulo - SP). NotadaRcdação:Aidéia écxcclentcejáacstávamos procurando realizar na medida das possibilidades. Assim, por exemplo, o espaço que destinamos em nossa rcvistaaassuntoshistóricosecontos em geral vem sendo aumentado ultimamente.
CONTOS
COERÊNC IA
CATOLICISMO de dezembro último trouxe um Conto de Natal sobre um fa. to ocorrido na época da Revolução Francesa. Aquele artigo me agradou muito por causa do [ado maravilhoso que lembrava os natais de antigamente e o fundo moral que demonstrava a fi delidade do inferior para com o superior e a paternalidade do superior em re lação ao inferior. Compreendi que a autoridade não existe para oprimir - como ensma certa pregaçãocomuno-progressita - , mas para amparar e proteger o mais fraco. E, por outro lado, como fica agradecido o inferior quan-
A importante revista CATOLIC ISMO prima pela honestidade e coerência dos conceitos emitidos em seus artigos e matérias(Maurlcio Brandão de Vilhena, Tanaby - SP).
REVOLUÇÃO FRANCESA É com muita satisfação
que me dirijo a V. Sa. para parabcnizá-lo pelo magnifico artigo sobre a Revo lução Francesa, mostrando muito bem explicitado a crueldade e horrores que foi essa Revolução, publicado no Nº 462, junho/89. O mais triste é que vemos em nossos dias a
humanidade comemorando o bicentenário de tal mo nstruosidade (José Carlos Mo· risson, Campos - RJ).
FAROL CATO LI CISMO é para nós um 'farol' no impasse das crises do mundo cm que atravessamos. Crise religiosa,crisefamiliar,crisepolitica ... O CATOLIC ISMO de junho/89,n°462, nosadver-
1~:!~~::'MO Qsttromoltiill~• ~•~!::;
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te sobre o caos em que o Brasil vai caminhando e, no meio de todas essas adversidades, o 'farol' ilumina com o artigo do Prof. Plínio Corrêa de Oliveira: 'Aviso da TFP aos indolentes' (A nezitaM11ri11 Mendes Mascarenhas, Mi race ma RJ ).
IMPERATRIZ ZITA É com imensa satisfação que me dirijo a V. Sa. para externar-lhe a gratidão e parabcnizá-lo pelo excelente artigo sobre "Grandeza e Nostalgia nos funerais da hnpcratriz Zita", publicado no Nº 461, maio/89. Foi um artigo bem comentado eclogiadosobreaúltimaimperatriz (Andreita das Graças Barreto de Almeida, Campos - RJ).
Há 250 anos, nascia Frei Antonio de Sant'Ana Galvão
BANDEIRANTE de CRISTO
[fil
O ANO de 1739, há 250 anos portanto, nascia na então Vila de Sanw Antonio de Guara1inguetâ Antonio Corrêa Galvão de França, o conhecido Frei Galvão. Não sendo poss[vel abranger nos li mi1es de um a rtigo sua intensa ativi-
dade apostólica, limitar-nos-emos a rememora r a lguns aspectos pitorescos de sua existência heróica.
As fa mosas "pilu las" As "pílulas" de Frei Galvão tiveram uma origem curiosa. Foram as do res provenientes de cálculos vesi-
cais de um rapaz e o desejo do santo franciscano de manifestar sua caridade àquele necessitado através de um sinal sens[vel, à maneira de um sacramental, que as originaram .
Certamente inspirado por Nossa Senhora, não se contentou aquele va-
rão de Deus a rezar as orações que os parentes do jovem vieram lhe pedir. Tomou m pedacinho de papel e nele escreveu, em latim: "Post Partum Virgo Inviolata Permansisti, Dei Genitrix Intercede por Nobis" (depois do parto permanecestes Virgem, Mãe de Deus, intercedei por nós). Enrolou-o todo, dando-lhe a forma de um canudinho e o enviou ao paciente, recomendando que o tomasse como se fosse remédio . O enfermo tomo u a primeira "p\lula" de Frei Galvão e logo expeliu um grande cãlculo, para imenso alívio próprio, dos parentes e amigos. Conta-se que frei Galvão, chamado para auxiliar num grave trabalho 28 -
CATOLICISMO - Novembro 1989
ESCRAVO DE MARIA SANTÍSSIMA é CARACTERÍSTICA própria dos samos a devoção a Nossa Senhora. Não fugindo a essa regra, Frei Antonio de Sant' Ana Galvão consagrouse como escravo de amor à Rainha do Céu e da Terra. Transcrevemos aqui excertos da cédula irrevogãvel de filial entrega a Maria Santíssima, feito pelo insigne franciscano: "Saibam todos quamos esta cana e cédula virem, como eu, Padre Antonio de Sant' Ana, me entrego por filho e perpétuo escravo da Virgem Santíssima Maria Senhora, com a doação livre, pura e perfeita de minha pessoa, para que de mim disponha conforme sua vontade, gosto e beneplácito, como verdadeira Mie e Senhora minha. E vós, soberana Princesa .. .. assisto sob vosso olhar, porém, na parte inferior sinto a lei repugnante de meus membros a do espírito que me retarda e embaraça. Temo, Senhora, que me impeça o bem que desejo, porém, vós, piedosíssima Senhora, assisti-me e socorrei-me como a vosso discípulo, ajudai-me como a filho, obrigai-me como a servo, quando eu tardar em resistir às tentações .... antes me tireis a vida que ofender a vosso bendito Filho, meu Senhor. Não permitais fique desamparado com me e:o:pulsardes do ditoso número de vossos servos e escravos, mas antes alcanceis perdão de minhas culpas reduzindo-me à vida perfeita até à morte, para que nessa glória vos louve e dê graças eternamente. Para tanto vos ofereço desde agora todos os meus pensamentos, palavras e obras e tudo o mais meritório que fizer e indulgências que ganhar, para que apresenteis junto com os vossos merecimentos a vossa Filho Santíssimo, dispondo de todos eles conforme for vossa vontade ..... "E, para que conste que esta minha determinação foi feita em meu perfeilO juízo, faço esta cédula de minha própria letra, e assinada com sangue de meu pci10. Hoje, dia do patrocínio de minha Senhora, a Mãe de Deus. "Nove de novembro de 1766. De minha Senhora Maria Santíssima indigno servo. Frei Antonio de Sant'Anna".
de parto, deu à gestante uma de suas famosas "pílulas". Logo após, o par· to ocorreu sem problemas. Alguns "fioretti" Frei Antonio de San1' Ana Galvão foi certa vez pregar missões na tradi· cional cidade paulista de ltu. Num sítio próximo à cidade, morava um velho prelo, bom e trabalhador . Vin. do a adoecer, fez a promessa de dar a Frei Galvão, se viesse a ser curado por sua intercessão, uma vara de fran· gos. E o santo frade menor, sem de· mora, curou e bem curado o homem dos frangos ... Este, em retribuição à graça alcançada, amarrou doze fran• gos pelos pés, colocou·OS numa va· ra e foi a !tu em busca do padre mis· sionário. No caminho, de repente, três aves escaparam da vara e puse· ram·se a correr de lá para cá. Duas, o velho preto Jogo conseguiu recupe. rar. Um frango carijó, no entanto, dava trabalho ao piedoso homem, que irrefletidamente deixou explodir sua raiva gritando: "Pare aí, frango do diabo!" Logo enroscou·se o frango nu· ma moita. De lá voltou à vara do pa. gador de promessa e desta a Frei Galvão. O santo religioso alegremente foi recebendo do velho sitiante frango por frango, elogiando um por um e agradecendo. Quando chegou a vez do último, do carijó ... , o santo pa. dre Galvão o rejeitou terminantemen· te, alegando ser aquele um "frango do diabo!" . .. Em outra ocasião, encontrava.se o Apóstolo da Capitania de São Pau. lo numa fazenda do interior paulis· ta. Algumas crianças, atraídas por sua presença, resolveram dar uma olhadela pelo largo espaço aberto na parte inferior da porta do quarto do santo ... Logo puseram·Se a gritar: "Frei Galvão está voando pelo ar! Frei Galvão está voando pelo ar!. .. " Não só as crianças presenciaram cenas dessas. Uma velhinha, certa vez, perto do Convento da Luz, viu o Frade que se aproximava todo recolhido, caminhando cm plena rua como que a voar. .. Ao se cruzarem, ela não conteve sua surpresa: "Ué, senhor Padre, então, vossemecê anda sem
NA SÃO PAULO DO SÉCULO XVIII, SURGE UM CONVENTO CONCEPCIONISTA E QUALQUER lado em que se desce da estaçã? Tiraden· tes do metrô pauhsta, ao se atingir a avenida do mesmo nome, o transeunte depara de repente com algo que contrasta com o aspecto agressivo e trepidante de uma cida· de como São Paulo: o Mosteiro de Nossa Senhora da Conceição da Luz, marco do passado colonial pau• lista. No século XVIII, foi o Mostei· ro fundado, substituindo a capeli· nha mandada construir no antigo Campo do Guaré pelo português Domingos Luis, o "Carvoeiro", e sua esposa Ana Camacho. A cape· la tinha sido inaugurada pelo beato José de Anchieta que nela celebrou uma Santa Missa! Por volta de 1765, Madre Hele· na Maria do Espírito Samo asseve· rou a Frei Galvão, seu confessor, ter recebido uma revelação sobrenatural da parte de Nosso Senhor Je· sus Cristo para fundar um novo con· vento na cidade de São Paulo. O venerável franciscano, solicitou então ao governador da capitania de São Paulo, D. Luis Antonio de Souza Botelho, o Morgado de Mateus, que comunicasse ao Rei a intençao de fundar um novo convento na capital paulista. Se da Metrópole não viesse proibição expressa, para oca·
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so dessa fundação, a permissão esta· ria tacitamente concedida. Essa medida, combinada entre os três personagens, tinha sua razão de ser. Por causa dos erros do enciclopedismo, a politica anticlerical do Marquês de Pombal perseguia e cerceava a prática do ca1olicismo nas terras do reino de Portugal. Estava proibida a fundação de novos conventos, bem como a admissão de noviços nas ordens religiosas já existentes. Não encontrando oposição ncs· sa implícita sondagem à corte, deram-se por satisfeitos os heróicos fundadores. Iniciou.se então a obra da refor· madaantigacapelinha.A2defevererio de 1774 realizou·se a fundação do Recolhimento de Nossa Senha. ra da Conceição da Luz da Divina Providência. Certamente por prudência, Frei Galvão conservou o Recolhimento como simples casa de retiro. Somente 155 anos depois, em 1929, o convento foi incorporado à Ordem Concepcionista, e elevado à condição de Mosteiro pontifício. O antigo Recolhimento tornouse assim o Mosteiro da Imaculada Conceição da Luz. Foi ele uma das grandes realizações de Frei Antonio de Sant'Ana Galvão.
CATOLICISMO -
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pisar no chão?" Frei Galvão sorriu, saudou, passou! Não sem razão, em Limeira, A raras e outras cidades do interior paulista, o povo reza a seguinte quadrilha: ''Nas minhas aflições, dai- me consolação, Senhor meu Frei Galvão, que não pisais no chão". Morreu idoso e lúcido, aos 23 de dezembro de 1822.
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A CASA DE FREI GALVÃO GUARATINGUETÁ - Neste ano em que se comemora o 250? aniversário do nascimento de Frei Anmnio de Sant'Ana Galvão, homenageando a memória de seu filho ilustre, esta cidade concluiu a restauração da casa em que o venerável franciscano nasceu, no século XVIII, iniciada pelos amais proprietários do imóvel, Therez.a e Tom Maia. Situa-se ela na esquina das atuaisruasFreiGalvãoe Frei Lucas, no centro da cidade. Típica residência colonial setecentista, com suas janelas e porta principal em arcos, telhado com cinco quedas d'água e seis cômodos. As paredes da construção eram de taipa. Quem for a Guaratinguetâ, terá agora mais um ponto de referência e um elo de ligação com essa alma de escol e grande brasileiro que foi Frei Antonio de Sant 'Ana Galvão. 30 - CATOLIC I SMO -
Novembro 1989
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BR ASÍ LIA - Pouco ames detercminícioosdcba tesso bre a lcgislaçi'.lo ordinária que regulamenta a Reforma Agrária, prevista no texto constitucional, o Escritório da T FP na Capital federal fez chegar a todos os deputados e senadores a ed ição de sccembro de "Catolicismo" Em carta de apresentação da revista, o seu direto r, Pau lo Corrêa de Brito Fil ho, chamavaamençi'.lodos parlamen tares para a reportagem especial da l-<liçno,docume11 tand ooest rondoso fracasso do Assentamento l'i ri1ub:1,irnplamadono sudoestepaulistapcloen1/logovernadorFranooMontoro,etidocomo uma iniciativa modelo de Reforma Agrária.
TFP re pudi a assass ina to d e Bisp o colo mbiano A Sociedade Brasi leira de Defesa da Tradição, Família e Propricdadc - TFP, tornapllb!ico sc u caloroso protesto pcloassassinmodcD. JcsúsJa ramillo,Bispo dadiocescdcArau-
ca, Colômbia, no dia 2de outubro último, nas proximidades do povoado de Arauquíta. O :,10 ~,wri lcgo foi praticado por guerri lh eiros do grupo autodenominado Exército de UbcrtaçaoNncional,cujosintegrallles se des1acam por uma especial ferocidade. &se setor da guerrilha colombiana é <..'0nheddo por sua ma rc-.. n1e dcpendência ao ditador cuba no Fidel Castro. Ademais, importa notar q ue na dircç!lo desse grupo guerrilhciro 1omam partetrê:ssacerdotes apóstatas, sendo o dirigente máximo o n-c lérigo espanh ol Manu el Perez O. Jaramillo tinha sido seqiks trad oju111ocon1 um sacerdote e doi s se minaristas, que estavam cm sua companhia A111es do homiddio do Prelado - um oposi1or das guerrilhas que assolam h.à muitos anos o terrilório ~"Olo mbiano - osaccrdoceeosscminaristas foram soltos. Só depois de ter sido 1orturndo, o Bispo de Arau ca foi executado. Co rn oéfácilver,aexccuç!lo de D. Jarnmillo muoriza csperançasdcqucessavílimadotcr-
MADRI - PuradesagravarodivinoSa lvador, ultrajado pelos sacrílegos a temados qu~ derrubaram , por duas vncs, a cruz erguida 111\ décados, no ponto mais allo da Península Ibérica o pico Mulhacén, situado na Serra Nevada - uma caravana de 20 jovens cooperadOfes de TFP-Covadonga ergueu naque le local nova cruz, rnaisalladoquea amerior. As duas peças de madeira foram adquiridas e preparadas no vilarejo de Serra Nevada, nos arredores de Granada, com a colaboração de carpinteiros ali residentes, sendo depois ca rregadas pelos jovens, ao tongo dccincohorasdccscalada. Devido à rar1:façàodoareao in tcnsoesforço fisicoempreendido, tornaram-se necessários, durant e a subida, frcqüentesintervalosparadescanso, queforam tambémaprovcitadosparasebradar em co njunto a jaculatór ia "Ave Crux, spes unica" (Ave Cr111., ímicacspcrnnça). Coml-çava j/i anoitecer, quando o Crui.ci ro fo i erguido . Dian1e dele, os cooperadores da en! idadc rnaram pela ca usa d;, civi liuu;ão criitll na Espanha de nossos dias, bem co mo recitaram a Consagraç!lo a Nossa Senhora, stgu11do o método de São Luís MariaGrignondcMontfort. rorísmo .seja declarada mártir pela Igreja , e assim elevada às honras dos altares. Conhecedora do cri me, a TFP colo mbiana enviou a S.S. João Paulo li um telegrama de pêsames. No me5rno sen tido, 1elcgrafoua D. Afonso Lo-
pcz Trujillo, Presidem e da Conferência Episcopal Colombiana. Em si nal de luto e protesto, a TFP brasilei ra fez alçar seu estandarte, com uma tarja ne gra,emtodasasscdes da cntida de no Pais e o mesmo farão as demai s TFl's sul-a mer icanas.
Fanfarra exibe-se ao público paulista No populoso Conjulll o Habitaciooal José Booifãcio, situado no bairro de ltaqucra, na capital paulista, a Fanfarra dos Sam os Anjos, composta por jovens cooperadores da TFP, participou das fe:stividades do dia da criança, organizadas anualmcntcpcloSr.ManoclBernardei;,destacadocomerciantelocal. Essa par1icipação foi comentada com viva simpatia por 11umcrosas pessoas presentes, muitasdasqualsjáconhcciam a TFP e o oratório de Nossa Se-nhora Aparecida, nistenlc numa de suas Sedes naquele bairro, :1 rua Sábado D'Angclo. Na ocasião, foram também distribuídas às crianças Medalhas Mila grosas dc NossaScnhoradasGraças.
CAT O LI C ISMO -
Setem bro 1989 -
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Uma gesta em forma de livro
N ;u:~!~~~~e~~;~:~~m~Fa~~ ~t~:::~v~i~re~~~.1i:':;r~~~r;::
aqui o texto explicativo nele cont~do. •
•
Sob a liderança de Plinio Corrêa de Oliveira, começou a afirmar-se nos anos 30 uma corrente de católicos entusiastas, a qual daria origem sucessivamente à expansão e apogeu do "Legionário", ao florescimento de "Catolicismo", e â fundação da TFP brasileira. Posteriormente, surgiriam TFPs e entidades afins um pouco por toda
pa~, pª~fa~~
::;:~i~~~::s!~;::t
1::ne:~Íve sempre mais no exato
momento em que a tradição vai sendo repudiada, a familia dissolvida e a propriedade assaltada por agentes socialistas, comunistas e ... capitalistas a pujança dessa corrente constitui o que alguns denominam ''fenômeno TFP''. Este livro descreve pormenorizadamente tal "fenômeno", através da narração dos fatos gerados ao longo de várias décadas, primordialmente pela atuação de Plínio Corrêa de Oliveira com um grupo de amigos, depois pela TFP brasileira, e por fim pela vasta familia das TFPs coirmãs e autônomas. Por certo, este volume se tomará desde logo uma obra de referência indispensável para os que desejam conhecer a fundo e imparcialmente as TFPs. Quer para os que queiram concordar com elas e amá-las, quer para aqueles que, movidos pela hostilidade, tenham a ilusão de encontrar motivos fundados para combatê-las.
(llAtoLIC!SMO
Nossa Senhora das Graças
AMedalha Milagrosa revelada a Santa Catarina Labouré OZ MISTERIOSA da graçaqueresso-
~~~ n:a.s~~~~~n~C::.....c~:.çfi~·~!~'~i~
Saint Laurent). Assim nos fala aquela que é a Mater D1vmae C, m11oe (Mãe daDivmaGraça). Quando pela primeira vez abrimos nossos olhos para este mundo, já sobre eles p~usava cheio de complacências o ccles1e e virginal olhar de Nossa Senhora das Graças. Olhar puríssimo, olhar sacratíssimo, sumamente régio, olhar indizive!mente materno de Maria que nos fita no decorrer de nossa vida, multiplicando os sinais da pre-
sença "quão santa, quão serena, quão benigna, quilo amena" (Hino "Ave Mundi") da Virgem Santíssima. Presença constante a ornar com graças sempre novas e mais intensas aque!es que em obediência às palavras da Santíssima Virgem trazem sempre consigo a Medalha Milagrosa: "Todas as pessoas que a usarem receberão grandes graças, trazendo-a ao pescoço".
A santa que recebeu as revelações A origem da Medalha Milagrosa remonta ao início do século passado. Em 1806, exatamente no ano em que os exércitos de Napoleão, espalhando a Revolução Francesa por toda a Europa, esmagavam e extinguiam o Sacro Império Romano-Alemão - fundado havia 1006 anos por Carlos Magno - e desta maneira acentuavam o processo de demolição da Cristandade, já entào em ruínas, neste mesmo ano de 1806 a Providência fazia nascer na Borgonha uma menina, destinada a representar um imenso papel contra-revolucionário em seu tempo e nos séculos futuros, talvez atê o fim do mundo. Catarina labouré, aos nove anos perdeu sua mãe, de origem distinta, ligada à pequena nobreza de Fain-lcs-Moutiers. Toda em lágrimas, sobe ela então em um móvel, e declara abraçando uma imagem da Virgem: "Agora, vós sereis minha mde".
c..
de devia se renovar e estender-se a1é as extremidades da /erra. "Por fim, o vi vermelho negro; o que me punha a tristeza no c:oraçilo; vinham-me tristezas que tinha muita dific:uldade em dominar. NIio sei porque nem como essa tristeza se re/adonava c:om a mudança de governo".
iarina reconhece,
no quadro r,pruà,tan,lo S<io Viunle
d, Paulo, oa,u;,'ãoquelhe fYrtura.
Mas, seu confessor, Pc. Aladel, aconselhou-a: "NIio esc:u/e estas tentaçôes. Uma Filha da Caridade é feita para servir os pobres e n(Jo para sonhar".
Nosso Senhor lhe aparece
E Maria Santíssima, correspondendo a tanto afeto por Ela mesma inspirado, tornou-se de modo especial mãe de Catarina. Certa vez, um sonho deixou-a intrigada: após celebrar missa na igrejinha de Fain-les-Moutiers, um velho e desconhecido padre, cujo olhar mui!o a impressionara, faz-lhe um sinal para que se aproxime; tomada pelo temor, ela recua, mas sempre fascinada por aquele olhar. Ainda cm sonho, ao sair da igreja para visitar uma enferma, reencontra-se com o velho padre que lhe diz: "Minha filha .... tu agora me fo-
ges, mas um dia serás feliz em vir a mim. Deus tem deslgnios sobre ti. Nao o olvides". Catarina não entendeu ... Aos dezoito anos, uma enorme surpresa: ao entrar no parlatório da casa das Filhas da Caridade cm Châtillonsur-Scinc, onde fora estudar com uma prima, depara com um quadro que retratava ... o mesmo ancião de cujo olhar jamais se esquecera; era São Vicente de Paulo, fundador das Filhas da Caridade, queconfirmavaeindicavaassim a vocação religiosa de Catarina. Entretanto, só aos 23 anos, vitoriosa ante todas as tentativas paternas de afastá-la dos caminhos que Deus lhe traçara, Catarina obteve autorização para entrar como postulante, exatamente na casa das Filhas da Caridade de Chàtillon·sur-Seine, onde, seis anos antes, tivera a grata surpresa de rever o velho padre de seu sonho de menina. Três meses depois, no dia 2! de abril de 1830, transpôs pela primeira vez os umbrais do noviciado das Fi2-
lhas da Caridade, na Rue du Bac, em Paris. Passados alguns dias, com a presença do Arcebispo de Paris, Monsenhor de Quélen, deu-se a solene trasladação, num esplêndido relicário de prata, do corpo incorrupto de São Vicente de Paulo da catedral de Notre-Dame à capela de Saint Lazare, ondeatéhojccncontra·se exposto à veneração dos fiéis. O rei Carlos X participou das cerimônias.
Aparições do coração de São Vicente Foi durante a semana que se seguiu a essa glorificação de São Vicente, ao retornar da capela dos Lazarisrns, onde as Filhas da Caridade faziam todos os dias uma novena ante a relíquia de seu fundador, que Catarina, na Rue du Bac, teve suas primeiras visões.
''Oc:oraçãodeSão Vicentemeaparec:eu 1rês vezes de modo diferel/le, três dias seguidos: branco, c:or de carne, o que anunciava a paz, a inocência eu uniao. "Depois o vi vermelho cor de fogo; o que devia acender a caridade 110 coraçao. Pareda-me que a com1111ida-
CATOLICISMO - Supkmcnto especial do n'.' 467
A Providência, entretanto, preparava a alma de Catarina para as revelações de Nossa Senhora que se haviam de seguir, elevandosuascogitações paraosgrandcsinteresses da causa dalgrejacdacivi!izaçao cristã:
"Eucra-relacaasanta - favorecida com uma
owra graça: a de ver Nosso Senhor 110 Samfssimo Sacramento durame iodo o tempo de meu noviciado, menos wdas as vezes que eu duvidava. "No dia da Santlssima Trindade (6 de junho) Nosso Senhor me apareceu como Rei, com a cru:: sobre o peito. No momento do Evangelho, pareceu-me que Nosso Senhor era despojado de todos os seus omamé111os, caindo tudo por terra. Foi ent(Jo que tive os mais negros e tristes pe11same111os: o Rei da Terra seria perdido e despojado de suas vestes reais". Catarina, que polarizava cm Carlos X, Rei de França, a interpretação da visãoquetivcra,tentaconfiarsuasapreensõcs ao Pe. Aladel, que não lhes dá a menor importância.
Primeira aparição de Nossa Senhora Transcorrido pouco mais de um mês, na noite anterior ao dia da festa de São Vicente, 19 de julho, Catarina vê pela primeira vez a Rainha do Céu eda Terra.
"Haviam-nos distribuído {às noviças] um pedaço do roq11e1e de linho de São Vicente. Eu cariei a metade e a engoli, adormecendo ('0111 o pensamento de que Silo Vicente me obteria a graça de ver a Sal/líssima Virgem. "Enfim, às onze e meia da noite, ouvi que me chamavam pelo nome: 'Minha irmã! Minha irm(J!' Acordando, corro a cortina e vejo um menino dequafro a cinco anos vestido de branco que me diz: 'Vinde à Capela; a Santíssima Virgem vos espera'. "Vesfi-me depressa e me dirigi para o fado do menino que permanecera de pé. Eu a segui, sempre à minha esquerda. Por rodos os lugares onde passái·amos, as luzes estavam acesas, o que me espantava muito. Porém, muito mais surpresa fiquei, quando entrei na Capela: a porta se abriu mal o menino a tocou com a ponta do dedo. E minha surpresa foi ainda mais completa quando vi todas as velas e castiçais acesos, o que me recordava a missa de meia-noite. . "Por fim, chegou a hora. O menino mo preveniu: 'Eis a Santíssima Virgem: ei-la'. "Eu ouvi como umfrufru de vestido de seda, que vinha do fado da tribuna, perto do quadro de S3o José, e que pousava sobre os degraus do altar, do lado do Evangelho, sobre uma cadeira igual à de Sant'Ana . . "Nesse momento, olhando para a San//ssima Virgem, dei um salto para julllo dE/a, pondo-me de joelhos sobre os degraus do altar e com as mdos apoiadas sobre os joelhos da Sanlissima Virgem ... "Ali se passou o momento mais doce de minha vida. Ser-me-ia impossfvel exprimir tudo o que senti. Ela disse:,,,. 'Minha/ilha, o bom Deus quer encarregar-vos de uma missdo. Tereis
muito que sofrer, mas superareis estes sofrimentos pensando que o fareis para u glória do bom Deus. ... . Sereis contraditada, mas tereis a graça; ndo 1emais. .... Sereis inspirada em vossas oraçôes.. "Os tempos s(Jo muito maus, calamidades virllo precipitar-se sobre a França. O Irona será derrubado. O mundo inteiro será transtornado por males de toda ordem. (Ao dizer isto, a Santíssima Virgem tinha um ar mui-
to penalizado). Mas vinde ao pé deste altar: ai as graças sertJo derramadas. .. sobre rodas as pessoas, grandes e pequenas, particularmente sobre aquelas que as pedirem . .... O perigo será grande, entretanto não temais, o bom Deus e São Vicente proregerão a comunidade". Interrompamos aqui, por um momento, as palavras de Nossa Senhora e vejamos como elas se cumpriram nos 21 anos subseqüentes. O h J. M. Aladtl: dif"icu/da,Úftll Crflr
nasaparições
NouiçasdMl'ilhas
MCaridad,na law.nderia,romo umpod,
110
S"nta C"tarina
CATOI.ICISMO -
Supkmenw ,:,.~pccial do nl' 467 -
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Prossegue o relato da primeira aparição de Nossa Senhora Mas retornemos ao manuscrito em que Santa Catarina relata a primeira aparição da Santíssima Virgem, naquela noite de 18 para !9dcjulhodc 1830. É Nossa Senhora quem adverte: "Minha filha, eu gosto de derramar graças sobre a comunidade em particular. Eu a aprecio muiro. Sofro porque há grandes abusos na regularidade. As Regras nao stlo obsen•adas. Há grande refaxame1110 nas duas comu-
Santa Catarina Labouréprocura converter numbros da Comu"a ,listribuindo-lhrs M~dalhar lllilagm,a$
Carlos X, Luis Felipe, Napoleão III Uma semana depois desta aparição eclode a Revolução de julho de 1830, atestando o alcance profético das visões de Santa Catarina. Tratava-se de uma nova explosão do espírito de 1789, manobrada pelos comitês republicanos e carbonários de insurreição, que empunhando a bandeira tricolor da Revolução Francesa derrubava o Rei Carlos X. Um anticlericalismo virulento se manifesia: igrejas profanadas, cruzes postas por terra, comunidades religiosas invadidas, devastadas e dispersas; padres perseguidos e maltratados. Entretanto, cumprem-se fielmente as promessas de Nossa Senhora: os Lazaristas e as Filhas da Caridade, ambos fundados por São Vicente de Paulo, atravessam incólumcs esse turbulento período. Impotente para levar às últimas conseqüências seus princípios igualitários, a Revolução faz sentar no trono de São Luís um rei não legitimo, embora verdadeiro príncipe. Luis Felipe, filho de Felipe Egalité, era, dentro da Paris convulsionada, o homem escolhido para aliar o estabele4 -
CATOLICJSMO
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cimento de uma pseudo-ordem com a vitória dos ideais libertários. Foi feito rei a 7 de agosrn de 1830. lnsadâvel no anelo de seu próprio paroxismo, c não se contentando em haverderrubadoalcgitimidadedinástica, dezoito anos depois a Revolução põe por terra o próprio trono ilegítimo de Luís Felipe, o "rei-cidadão". SantaCatarina,quctemeraesofrera tanto com a queda do Rei Carlos X, não atribui, porém, o mesmo significado nem mostra a mesma dor ao ver cair Luis Felipe ... É proclamada a li República francesa. Efêmero, o novo regime é dirigido, cm meio ao caos e às barricadas, primeiro por um governo provisório, e mais tarde por um presidente eleito, Luís Napoleão, que três anos depois, cm dezembro de 1851, por um golpe de estado, faz-se imperador sob o titulo de Napoleão Ili.
Suplcmcm o especial do n? 467
nidades. Dizei-o àquele que está encarregado de uma maneira particular da comunidade. Ele de11e Jazer tudo o que lhe for possível para repor a regra em vigor. Dizei-lhe, de minha parte, que vigie sobre as más leituras, as perdas detempoeasvisitus ... "Conhecereis minha visita e a proteçlio de Deus e de São Vicente sobre as duas comunidades. Mas 11(10 se dará o mesmo com outras congregaçôes. Haverá vílimas (ao dizer isto, a San/Íssima Virgem tinha lágrimas nos olhos). Para o Clero de Paris haverá 11ítimas: Monsenhor, o Arcebispo (a esta palavra, lágrimas de novo) "Minha filha, a Cruz será desprezada e derrubada por terra. O sangue correrá. Abrir-se-á de no110 o lado de Nosso Senhor. As ruas estarlio cheias de sangue. Monsenhor, o Arcebispo, será despojado de suas vestes (aqui a Santíssima Virgem nlio podia mais falar; o sofrimento esta11a estampado
em sua face). Minha filha - me dizia ela - o mundo todo estará na tristeza. A estas palavras, pensei quando isto se daria. Eu compreendi muito bem: quarenta anos". De fato, quatro décadas depois ...
aos setente dias da Comuna, cumpriram-se com perfeita e1C.atidão. Derrotada por fim a Comuna, Adolf Thiers é nomeado, em agosto, primeiro presidente da anticlerical Ili República, que assim subst itui o Império de Napoleão Ili. A Revolução, em seu terceiro passo, mais uma vez triunfara, e assim chegará att nossos dias ... Realizou-se, pois, processivamente, ao longo de quarenta anos, em três etapas, tudo quanto o coração de São Vicente, Nosso Senhor Eucarfstico e a Santíssima Virgem previram em suas aparições a Santa Catarina, em 1830.
A guerra franco-prussiana e a Comuna Em 1870, a França e a Alema nha entram em guerra. A 2 de setembro, uma esmagadora e humilhante derrota obriga Napoleão Ili a capitular em Sedan. Dias depois, em Paris, é novamente proclamada a República, à testa da qual estava um governo de defesa nacional, cujo espírito sectário bem se caracterizava pelo bradodeGambetta, um de seus mais destacados membros: "O clericalismo, eis o inimigo". Em março seguinte, com a França ainda em sangue, arrebenta uma Revolução na capital, conhecida como a Comuna. O governo republicano é obrigado a transferir-se para Versailles, e a capital vive então setema dias sob a tirania de um conselho geral, composto por furiosos anarquistas. Quando, a 18 de maio, Notre Dame tles Victoires -histórico santuário favorecido por todas as graças ligadas às aparições da Rue du Bac, e sede de uma arquiconfraria mundialmente difundida, cuja ins[gnia é a Medalha Milagrosa - foi invadida pelo batalhão dos "vingadores da República" que praticaram, então, infames sacrilégios, Santa Catarina declarou: "Tocaram em Notre Dame des Victoires. Pois bem! É a derrota deles, nllo irllo mais longe". De fato, três dias depois entrava em Paris o exército regular, vitorioso contra a insurreição revolucionária, mas sem ainda dominar toda a cidade. Por ordem do comitê executivo da Comuna, a 24 de maio foi fuzilado no cárcere de La Roquette - conforme previra Nossa Senhora - o Arcebispo de Paris, Mons. Darboy. Já em seus estertores finais, dois dias depois, os rebeldes assassinaram vinte dominicanos e outros reféns, clérigos e soldados. I':: a semana sangrenta ... Entretanto, mais uma vez, os Lazaristas e as Filhas da Caridade, sob a proteção de Nossa Senhora, atravessam incólumes uma Revolução. Durante a Comuna, enquanto todas as irmãs, em meio aos insultos e ameaças dos Communards, estavam
Segunda aparição de Nossa Senhora: a Medalha Milagrosa Parla d, ,ntr-ada do
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tomadas de terror, Santa Catarina era a única a não ter medo: "Esperai, a Virgem velará por nós, nllo nos ocorrerá nenhum mal". Quando os revolucionários invadiram o convento das Filhas da Caridade e e1C.pulsaram-nas, Santa Catarina previu que todas estariam de volta dentro de um mês, no dia 31 de maio; e assegurou à Superiora que a própria SantíssimaVirgemguardariaacasaintacta. Ao retirar-se, Santa Catarina apanha a coroa da imagem do jardim a fim de subtrai-la à profanação, dizendo a Nossa Senhora: "Eu voltarei para vos coroar no dia 3 I de maio". Estas e muitas outras previsões, relativas
Voltemos ao ano de 1830, à capela da Rue du Bac. Quatro meses haviam transcorrido desde a primeira aparição de Nossa Senhora, que deixara em Santa Catarina profundas saudades e um imenso desejo de rever a Mãe de Deus. Eis como em seus manuscritos a própria noviça das Filhas da Caridade narra a segunda aparição: "No dia 27 de novembro de 1830 .... vi a Santíssima Virgem, de estatura média, estava de pé, trajando um vestido de seda branco-aurora feito à maneira que se chama à la Vierge, afogado, mangas lisas, com um \•éu branco que Lhe cobria a cabeça e descia de cada fado até em baixo. Sob o véu, vi os cabelos lisos repartidos ao meio e por cima uma renda de mais 911 menos três centímetros de a/lura, sem franzido, isto é, apoiada ligeiramente sobre os cabelos. O rosto bastante descoberto, os pés apoiados sobre meia esfera, e tendo nas mllos uma esfera de ouro, que representava o Globo. Ela tinha as maos elevadas à altura do estômago de uma maneira muito natural, e os olhos elevados para o Céu ... Aqui seu rosto era mag11ijicomente belo. Eu nao saberia descrevi-lo ... E depois, de repente, percebi nesses dedos anéis revestidos de pedras, umas mais belas que as outras, umas maiores e outras menores, que lançavam raios cada qual mais belo que os ou/ros. Partiam das pedras maiores os mais belos raios, sempre alargando para baixo, o que e11chia toda a parte de baixo. Eu nllo via mais os seus pés ... Nesse momento em que estava a contemplá-la, a Santfssima Virgem baixou os olhos, fiitando-me. Uma Vozsefezouvir, dizendo-me estas palavras:
CATOLIC ISMO - Suplemento especial do 11? 467 -
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- A esfera que vedes represerua o mundo inteiro, particularmente a França ... e cada pessoa em particular... "Aqui eu não sei exprimir o que senti e o que vi, a beleza e o fulgor, os raios ttlo belos... - 'É o símbolo das graças que derramo sobre as pessoas que mas pedem', Jazendo-me compreender quanto é agradável rezar à Samlssima Virgem e qual/lo Ela é generosa para com as pessoas que a Ela rezam, quantas graças concede às pessoas que Lhas rogam, que alegria Ela sente concedendo-as ... Nesse momento formou-se um quadro em torno da Santíssima Virgem, um pouco oval, onde havia no alto estas palavras: 'Ó Maria concebida sem pecado, rogai por nós que recorremos a Vós', escritas em letras de ouro..... EntlJo, uma voz se fez ouvir, que me disse: 'Fazei, Jazei cunhar uma medalha com este modelo. Todas as pessoas que a usarem receberão grandes graças, trazendo-a ao pescoço. As graças serão abundantes para as pessoas que a usarem com confiança ... ' Nesse instante, o quadro me pareceu se vollar, onde vi o reverso da medalha. Preocupada em saber o que era preciso pôr do lado reverso da medalha, após muitas orações, um dia, na meditação, pareceu-me ouvir uma voz que me dizia: 'O M e os dois Corações dizem o suficiente"'.
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Terceira aparição de Nossa Senhora Poucos dias depois, em dezembro de 1830, a Santíssima Virgem visita Catarinape\aterceiraeúltimavez. Ê com o mesmo vestido cor de aurora e o mesmo véu que a Virgem Maria se faz ver, segurando novamente um globo de ouro encimado por uma pequena cruz. Dos mesmos anéis ornados de pedras preciosas jorram, com intensidades diversas, a mesma luz:
A figura de Nossa Senhora na Meda lha A PROPÓSITO da figura de Nossa Senhora, com os braços e as maos estendidos, tal como aparece na Medalha Milagrosa, levanta-se uma delicada e controvertida questão. Dos manuscritos de Santa Catarina pode-se auferir que Nossa Senhora lhe apareceu três vezes, duas das quais oferecendo o Globo a Nosso Senhor, e não com seus braços e suas virginalissimas mãos estendidos, como figurado se encontra na Medalha Milagrosa. Esta divergência entre as descrições de Santa Catarina e a representação da Medalha Milagrosa foi apontada já pelo biógrafo de Santa Catarina, Mons . C hevalier, ao depor, em 1896, no processo de beatificação:
"Eu ndo chego a explicar-me porque o Padre A/ode/ suprimiu o globo que a Serva de Deus sempre me afirmou, a mim, tê-lo visto nas mlios da Santíssima Virgem . Sou (evado a crer que ele agiu assim para simplificar a medalha". Porém, se lamentável é esta "simplificação" feita pelo Pe. Aladel, em verdade ela não é causa da menor perturbação. Sobre a Medalha Milagrosa, ta! qual o mundo inteiro hoje a conhece e venera, pousou a bênção de Nossa Senhora. Ê o que insofismavelmente se deduz das incontáveis e insignes graças, dos fu! gurames e inúmeros milagres que tem ocasionado, bem como da reação de Santa Catarina ao receber as primeiras medalhas cunhadas pela Casa Vachette, dois anos depois das aparições: "Agora, é
preciso propagá-lo''. E, por fim, uma confidência decisiva estabelece a mais inteira segurança: em 1876, pouco antes de falecer, Santa Catarina, interrogada por sua superiora, Ir. Jeanne DufCs, acerca do Globo que não figura na Medalha, categoricamente respondeu: "Oh! Não se deve tocar na Medalho Mifagrosa". 6 -
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"Dizer-vos o que semi e tudo quanto compreendi no momento em que a Santíssima Virgem oferecia o Globo a Nosso Senhor é impossível de exprimir. "Como estivesse ocupada em contemplar a Somíssima Virgem, uma voz se fez ouvir no fundo de meu coraçdo: 'fates raios slJo sfmbolo das graças que a Sontfssima Virgem obtém para as pessoas que Lhas pedem'. Essas linhas devem ser colocadas como legenda embaixo da Santfssimo Virgem. "Estava eu cheia de bons sentimentos, quando tudo desapareceu como algo que se apaga; e eu fiquei repleto de alegria e consolaçlJo".
A cunhagem das primeiras medalhas Encerrava-se assim o ciclo das aparições da Santíssima Virgem a Santa Catarina, que recebe no entanto uma consoladora mensagem: ''Minha Jifha,
doravante nilo mais me vereis, porém ouvireis minha voi durante vossas orações". Mas o confessor de Sama Catarina, Pe. Aladel, a quem ela tudo relata, mostra-se frio e incrédulo, considerando-a sonhadora, visionária, alucinad,. Dois anos de tormento se passam:
"Nossa Senhora quer... , Nossa Senhora está descontente... , é preciso cunhar a medalha", declara-lhe a Santa. Por fim, depois de consultar o Arcebispo de Paris, Mons. de Quélen, que o encoraja a levar adiante o empreendimento, o Pe. Aladel encomenda à Casa Vachcttc, em 1832, as primeiras 20.000 medalhas. A execução ia com~ar, quando uma epidemia de cólera, vinda da Rússia através da Polônia, irrompeu em
Medalha Milagrosa: primeiros prodígios AS MEDALHAS Milagrosas iniciaram seu esplendoroso cortejo de milagrcsduranteaepidemiadecólera havida na França, em 1832. Seguem alguns exemplos: -Naescolada praçadolouvrc, a pequena Caroline Nenain (oito anos),daparóquiadeSaintGermain l'Auxerrois, única em sua classe a não portar a Medalha, é também a únkaatingidapelacólera.Nodiaseguinte àquele em que recebera com grandepiedadcsuaMcdalhaMilagrosa,a1ncnina,curada,retornaàaula. -Nadiocesede Meaux,umasenhoraatingidapelacólera,jádesenganada,eàsvéspcrasdcdaràluz, rccebeumaMcdalhaMilagrosa:nasccumabelacsaudávelcriança,esua mãevé-setotalmentecurada. - Prestes a falecer, um militar de Alençon respondia com blasfêmias e insultos a todos os incitamentos à conversão que lhe dirigiam o capelão e as religiosas: "O vosso Deus nlJo gosta dos franceses: dizeis que Ele é bom e me ama, mas se assim fosse como deixar-me-ia sofrer deste modo? NlJo preciso de vossos conselhos, nemdevossossermóes". À medida que se aproximava a
morte, multiplicavam-se as imprecações. Quando ninguém mais esperava sua conversão, seis dias depois dcumafrcirahaverprcndidoaoleito, sem que ele o percebesse, uma Medalha Milagrosa, o militar declara: "NiJo quero morrer no estado em que me encontro; peçam ao podre que Joça o favor de ouvir-me emconfisslJo".
E em meio a terriveis tormentos, morrecomserenidadeafirmando: "O que me causa pesoré haver amado 10o1arde,enlJoamormuitomois".
Parisa26demarço,emplenoCarnaval,ceifandovidas, num imenso cântico fúnebre ... Num só dia houve 861 vitimas fatais . No total foram registradas oficialmente 18.400 mortes, porém, na realidade, houve mais de 20.000. As descrições da época são aterradoras: em quatro ou cinco horas, o corpo de umhomememperfcitasaúdc reduzia-se ao estado de um esqueleto . Como se fora num abrir e fechar de olhos, jovens cheios de vida tomavam o aspecto de velhos carcomidos, e logo depoisnãoeramsenãocadáveres. Nos derradeiros dias de maio, a epidemia parecia rccuar.lnicia-seenfimacunhagem das primeiras medalhas. Na segunda quinzena de junho, porém, um novo Fota autêntica de Sa"'ª Catarina LahquTé, ,w 70 ano• surto do tremendo castigo redobra o pânico do povo. .. Mas, finalmente, no dia 30, a Casa ao Catolicismo, convcne-sc subitamenVachctte entrega os primeiros l.500 te na igreja de Sant'Andrea delle Fratexemplares, que são distribuídos pelas te. A Santíssima Virgem lhe aparecera Filhas da Caridade e abrem o cortejo com as mesmas características da Mesemfimdasgraçasedosmilagres(ver dalha Milagrosa: "Ela nodo disse, mos exemplos dos milagres em quadro à eu compreendi tudo", declarou Afonso Tobias Ratisbonne, que pouco departe). pois rompeu o noivado e tornou-se no mesmo ano noviço jesuíta, e mais Conversão tarde sacerdote, sob o nome de Pc. Afonso Maria Ratisbonne. de Ratisbonne Ora, quatro dias antes, por imposição de seu amigo, o Barão de BussiOs prodígios voavam de boca em éres, muito a contra-gosto e por bravaboca por toda a França, transpunham ta, Ratisbonne prometera rezar todos as fronteiras e os mares; e, assim, em os dias um Memorare e aceitara colobreves anos, tornara-se corrente em o car ao pescoço uma Medalha Milagrotodo mundo católico a noticia de que sa. E ele a trazia consigo quando NosNossa Senhora pessoalmente apresenta- sa Senhora apareceu ... Essa espetacular conversão comora a uma religiosa, Filha da Caridade, o modelo de uma medalha, que logo veu toda a aristocracia européia e temcreceuscrchamada''milagrosa",tão ve repercussão mundial, tornando aingrandesetãoabundaniesforamasgra- da malsconhecida, procurada e vcncraças alcançadas, conforme a Santíssi- da a Medalha Milagrosa. Entretanto, ma Virgem prometera, por aqueles que ninguém, nem mesmo a Superiora da Rue du Bac, nem mesmo o Papa, saa usavam com confiança. Já cm 1839 mais de dez milhões bia quem era a religiosa por Nossa Sede medalhas haviam sido difundidas nhora escolhida para canal de tantas pelos cinco continentes. E relatos de graças. Exceto o Pe. Alade!, que a tumilagres chegavam de todo o orbe: Es- do envolvia no anonimato ... Santa Catados Unidos, Polônia, China, Abissí- tarina, por humildade, manteve durante toda sua vida uma absoluta discrinia ... Em 1842, uma notícia estampada ção, jamais deixando transparecer o por toda imprensa corre como rastilho celeste privilégio de que fora objeto. Para ela importava apenas a difude pólvora: um jovem banqueiro, judeu de raça e religião, noivo, vindo a são da medalha; era sua missão, e estaRoma com olhos críticos em relação vacumprida. CATOLICISMO - Suplemento esp~cial do n? 467 - 7
Perspectivas do Reino de Maria A 31 de dezembro de 1876, morre Santa Catarina Labouré. Asaparições ·ctc Nossa Senhora das Graças (ou da Medalha Milagrosa), como as sucessivas de La Salette, Lourdes e Fátima, abrem uma esplêndida perspectiva marial para o futuro, não obstante os horrores em meio aos quais presentemente nos cncomramos. A esse propósito comentou o Prof. Plinio Corrêa de Oliveira: "Para além da tristeza e das p11niçôes supremamente pro~·áveis para as quais caminhamos, lemos diante de nós os cfarOes sacrais da aurora do Reino de Maria: 'Por fim
o meu Imaculado Coraçao triunfará'. É uma perspectiva grandiosa de universal vitória do Coraçao régio e maternal da Santfssima Virgem. É uma pro-
messa apo1,iguadora, atraente e sobrewdo majestosa e empolgante" ("Catolicismo", maio de 1967). Sim, o Reino de Maria do qual nos fala São Luís Maria Grignon de Montfort - e para o qual acenou Nossa Senhora em Fátima, após os castigos que predisse - também foi antevisto por Santa Catarina Labouré, em 1876, um mês antes de subir aos Céus; "Vir(Jo grandes catástrofes . . o sangue Jorrará nas ruas. Por um momento crer-se-á tudo perdido. Mas ludo será ganho. A Sanlissima Virgem é quem nos salvará. Sim, quando esta Virgem, oferecendo o mundo ao Padre Eterno, for honrada, teremos a paz". COMISSÃO DE ESTUDOS SÃO BENTO. do TFP Obrasconsuhadas: - lt. Laurcntin e P. Roche CM, " Catherine Labouréel la Médaitle Miraculcusc - Documen1sAuthcntiques". Lethiellcux, Paris. 1916 - R.Laurcmin,"ViedeCa1hcrincLabouré Récit'", Desdée. Paris, 1980. - R.Lauremin,""ViedeCa1herineLabouré Preuses". Desci«. Parii. 1980. - R. Laurentin,""Ca1herincLabouréetlaMédailleMiracukur.c - ProctsdeCatherine''.Lethidleux. Paris. 1979. - PlinioCorrêade Oliecira,''RevoluçãoeCon1ra,Revolu~o·'. Diâriodas Leis, São Paulo,2 ' edição,1982. - São Luís Maria Orignon de Momfon, '"lratadoda Verdadeira DevoçãoàSantlssima Virgem'". Vozes,Pe1r6polis,1971 - JuanBta.Weiss."HistóriaUni,·crsa l'".,·olumcs20e24, Tip0grafiadclaEducaei6n, Barcelona, 1933. - '"A Medalha Milagrosa - sua origem, his16ria, difusão c resuhados". ediçao re,·is1a e au,ncn1ada à do Padre Aladel. por um religioso da Congregação da Mi ssão, Imprensa Commercial. Porto, 1884
o mundo, exatamente como São Luís Maria Grignion de Montfort aspirava e profetizava para os últimos tempos: uma era em que a Rainha dos Corações deve brilha r como jamais brilhou em misericórd ia, em força e graça, ou seja, um Reinado de Maria sobre todo o Universo. Ao longo de seu q uase meio século de vida religiosa, Santa Catarina tanto desejou a execução dessa imagem, e de um altar onde a Santa Mãe de Deus, assim representada, deveria ser especialme nte venerada, que a este propósito deixou d iversos manuscritos do maior significado, emre os quais selecionamos dois. Um deles, provavelmente de 1841,assim reza: "Agora, nesses dois úllimos anos, eu me sinto atormentada e pressionada a vos dizer que seja elevado, como tenho pedido, um altar da SSma. Virgem no mesmo lugar em que Ela apareceu". Em outro manuscrito, não daA pn"mâ ra ''Yfrgem com (J G/a/H;", conurootado, Santa Catarina declara: da na Casa das Filhm da Caridade, em "A imagem deve ser de tamaR euil/y. Santa Catarina não escondeu sua nho natural, com um véu sobre deupçãoaovi-la. a cabeça, descendo até em baixo; deve ter o rosto descoberto, e nas A Vfrgem e o Globo mtlos, elevadas à altura do estômago, um globo de ouro, como UMA PALAVRA convém dizer se ela o oferecesse a Deus. Os dedos acerca daq uilo que fo i para Santa devem es1ar guarnecidos de pedras Catarina, conforme ela mesma decla- preciosas, da maior parte das quais rava, o tormento e o martírio de partem raios que descem até os pés, cobrindo tudo em baixo. suavida. " Estas linhas devem ser colocaA Santíssima Virgem trazia um globonasmãos,eapesardainsistên- das em baixo da coluna: 'Minha ficia de Santa Catari na junto ao Pe. lha, este globo representa o mundo Aladel e aos seus subseqüentes con- inteiro, particularmente a França, fessores, nen hu ma imagem a repre- e cada pessoa em particular. Estas sentava assim. pedras, de onde não parte nada são Foi só no ano de sua morte, as graças que os homens esquecem 1876, que Santa Catarina contem- de me pedir'". . Logo em seguida, e conferindo plou - aliás sem esconder sua de~ cepção - a primeira imagem repre· uma luz mais esplendorosamente sentando Maria Santíssima como profética á missão que Nossa SenhoEla de fato aparecera; porém, mes- ra em 1830 lhe concedera, uma exmo assim, sem os raios que de suas clamação textual de Santa Catarina virginalíssimas mãos partiam : "Nos- soa como um toq ue prccurSOf do sa Senhora - exclamou Santa Cata- Reino de Maria: "Oh! como será rina - era bem mais bela que is- belo ouvir dizer: Maria é a Rainha to .. . " Que diria Santa Catarina se do Universo, particularmente da tivesse visto a posterior imagem, França. E os filhos, com transporque ora se encontra na capela das tes de alegria, bradarllo: e de cada Aparições, aliás tão modernizada? ... pessoa em particular! Este será um A imagem de Nossa Senhora com tempo de paz, de alegria e de felicio Globo conduz à idéia de um do- dade que será longo. A Sanlfssima mínio, um poder, um senhorio e Virgem será portada em es/andarte, uma autoridade sobrenaturais sobre e daráa volta em torno do mundo''.
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tornará desde logo uma obra de referência indispensável para os que desejam conhecer a fundo e imparcialmente as TFPs . Quer para os que queiram concordar com elas e amá-las, quer para aqueles que, movidos pela hostilidade, tenham a ilusão de encontrar motivos fundados para combatê -las.
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Conheça pormenorizadamente o "fenômeno TFP"
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Suas origens e suas primeiras lutas contra o chamado "progressismo católico"
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Suas batalhas em defesa da propriedade privada e a livre iniciativa, contra a Reforma Agrária, a Reforma Urbana, a socialização da medicina etc.
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Suas pugnas em defesa da família brasileira
* Suas campanhas de alerta contra manifestações da chamada "Teologia da
Libertação".
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A nobre epopéia de suas caravanas que, no Brasil, desde 1970, percorreram 4 milhões de kms., visitaram 20 mil cidades e difundiram 1,4 milhão de publições.
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A base doutrinária em que se fundamenta a TFP
* Suas táticas de ação *
A atuação das TFPs e sociedades afüns em 20 países dos cinco continentes
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Declarações inéditas de Plinio Corrêa de Oliveira sobre as origens da crise que assola a Santa Igreja no Brasil Uma realização
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Traços biográficos deste grande lider e pensador católico brasileiro
{)VEM SÃO esses rapazes, tão j ovens,
que, a;:',.1do de pessoas m aduras e experientes, propug nam pela Tradi ç:Io, q ue muitos iulgava m mor ta? Jovens tão amáveis, tão alegres, que estão sempre com un i ca n do esta coi s:1 preci osa: a esper an ça? Defen den do um p r ograma t ão sério, t ão profun do, que imp r essi o n:1pela d ensidade, e inspir a confia n ça? O q ue é essa Sociedade cívica anticomunista constituída de católicos apos1ólicos rom anos con vicws e p r atica ntes, que j am ais se calaram nem cederam terren o ante as i ão ajud:1das in veMidas levadas :1 c:1bo p ela esquerda cató lica e p ala Teol ogi:I da Liberlação parn a conquist a da opini:Io pública brasileira? Quem são esses p rop agandisws, das m:1is variadas idades, que lutam contra a Refor ma Agrária, a Reforma Urbana, a Rcforn1a Emp r esarial , a 1n:1ioria d eles sc,n fazcnd:1 o u casas o u 1crrc nos o u em pres:is? Idealism o cm forma pura, que se julgava ter desap ar ecido . Q ue se p or ia m em suas c:1 mpanhas m,s grandes capitais com ia/ d esen vo ltu ra que j á têm sido qualificad os como "os d o n os d:t ni:i '"? E que d ep o is não descuidam d e v isit :1r as 111en ores vil:ls
do interior? O que são essas o u1rns T F Ps qu e, d ep o i s da fund :1ção da co irm ã br:1sileir;i, surg iram e se esprai:lram p o r mais 14 p aíses e c uj:i i rra diação d o uirinári:1 j á a1ing iu 53 11 0S
cin co
Preço do livro 60 BTNs Envie já o cupom anexo ou fa<,.a o pnhdo pelo tddom:
(O 11) 220-4522
O OCIDENTE SOFRE CHANTAGEM Mero artificio da propaganda soviética para "convencer o Ocidenteainjetarcapitalnaesfacetada economia socialista'', Eis<.:omoasovietóloga francesa Françoise Thom, no livro "O momentoGorbachev",qualifica os reais desígnios do lidcr
russoaoexecutara"perestroika". A argumentação é dara e precisa: oferecendo créditos e tecnologia aos comunisrns, o Ocidente,narcalidade,"oxigcnaoregimc,permitindo-lhcretardarasmudançasix:onômicas indispensãveis' '. Françoise Thom exorta o MundoLivrea"rejcitarachantagemdoKremlin" ...
GUERRILHA
URBANA
planUlo nas delegacill$acobum sendo eles próprios processados se prenderem qualquer criminoso conhecido, nOo em flagrante, sem mondado. Como conseqüência de ludo, revelo-seestedodochoconte: os 250 marginais detidos em média, diariamente, pela polícia, apenas no cen1ro do Copi1al poulis1a, re/ornom às r111l$ no dia seguinte. No Rio Grande do Sul, o Ouvidor Geral do Estado, José Bacchieri Duor1e, igualmente alerta:nocombaleàcriminalidade, "no maior parle das ve~es. (osleis)se tornam inócuas ( ... ) porque sao mais favorecedoras de quem pratica o crime do que pro1etoras da sociedade ( ... )" '. De acordo com ele, "uma cidade como Por/o Alegre, nu qual, segundo informaçôes das autoridades policiais, ocorre um assalto de vinte em vinte minulos,éobvioqueesllivivendoumaautênticoguerrilhourbana".
''Há dias, a polícia puulis1ano deteve dois homens que prelendiam seqüestrar um ropo~,
PDQNCP
exigir o resgate da/am(/ia e ma-
A recente propaganda eleitoral pela TV - comenta um órgão da imprensa carioca - padeceudc''agudaancmiaintcle<:tual''.Osprogramascram ' 'mediocres,easidéias,quenão hâ" , foramsubstituidasporcasosesdrúxulos. Nllosequis fazer ninguém pensar - talvez pelotemordequealgumaatividadementalacabasse ' 'resultando na percepção do jejum de idéias a que estamos submetidos" Num sentido anâlogo, fez notar um jornal de Recife: "os candidatos agridem-se, é claro, atévirulentamememaspare<:em tersaido todosdomesmoninho,
tá-lo em seguida. O fato n{Jo se consumou e os dois esttio saltos, poisnao hó do queacusáfus, segundo a lei". Ao relatar o inacreditável episódio, o jornalista Percival de Souw observa: "confundindo comm:Jter a criminalidade com comm:Jter a policia, aConsti1Uiçao1rat.alguns dispositivos que deixaram, na prá1ica, ll$ autoridades de milosamarradas". A poflcia - recorda o jornalista - também f]l!rdeu o direitu de expedir mandados de busca e apreensOo. E como o Fórum nilo funciona à noite ou de madrugado, os policiais de
2 - CATOLICISMO - Dezembro 1989
quandosetratadasgrandesde-finições. Basta ver os programas( ... ) Dão a impressao de tervindodamesmamatriz". Pormaisquesecelebrea líberdadededizeredefazer, forçoso é reconhecer que ela tem comopressupostooutraliberdade: a de pcnsar. Ora, como refletir seriamente sobre as propostas partidârias sc todos os programas, nas grandes linhas, mais ou menos se equivalem, detãoamblguosegenéricos? Somente um novo partido -estesimautêntico! - podería suprir esta lacuna: o PDQNCP, isto é, ' ' Partido Dos Que Não Conseguem Pensar" . Tal novaagremiaçãocongrcgariaosinconformeseomoatual quadro partidário. Eraestaasugestãoformulada, há9anos,pcloProf. Plinio Corrêa de Oliveira, em artigo para a "Folha de S. Paulo" (8-5-80).Enquantoissonãoocorre,oPais,cmmeioàbalbítrdia, àbrigariacaóticacvaziadescnlido, e à vulgar competição de interesses, vai resvalando em direção ao abismo ...
DESMANDOS PARLAMENTARES Em depoimento à Comissao de Economia do Senado, o minislro Mai/son da Nóbrega responsabili:.ou o "aparelho es/atal" ea nova Cons1iruiçlJopelo virtual colapso das finanças públicos. Tal quadro - de si dramólico - só 1ende a agravar-se com aemradaem vigor das vinte e cinco novas Constituiçôeses10duais. Nelas, a enxurrada de
concessôesaosfuncionáriosdos vários Estados da Federaçdo - sempre às cr,s/as do contribuinle - só encontra paralelo nos descabidos aumentos salariaiscomqueosporlamentares, prodigamente, se autopremiaram. Cuidando, por outro lado, mui1a1· veze~-. de matérias que nao lhes sllo próprios, várias Constituiçôescontémdisposi1ivosaberran1es,comoacarioco, a qual chego a prever o nú.mero de equipes q ue devem participar de um compeonalo fu1ebo Us1ico ...
"MEDIEVAL TIMES" Chamando a todos de "my lord"e"mylady",oanfitrião dáas boas-vindas. Um cavaleiro misterioso surge e própõe um brinde à honra e kaklade de seus senhores. É o campeão da Rainha. Aarenaétodade<:oradacom escudos e bandeiras medievais. Clarins tocam e anunciam que échcgadaahoradeoscavalcirosscaprescntarem , e a seguir as justas se iniciam. O " Medieval Times" - conjuntodeespctãculosquc rcvivem omaravilhosoeoépicodaldade Média - estâ expandindo sua área de atuação nos Estados Unidos. Os turistas verão artesllosconfecc ionandonahora objetos medievais típicos, bem como te<:elões e Ferreiros, que traba lham com peças de vidro e esmaltadas. Hâ até uma coz.inhamcdicval "ldadeMédia,doceprimavcra da Fé", atrai turistas do mundo inteiro, saturados da ''modernidade''.
~AtOLICISMO SUMÁRIO TFPs
- Uvro resume a atuaç.'lo do Prof Plínio Corrêa de Oliveira e da TFP até o presente momento . .. 4 - Encontro de Correspondentes e Simpatizantes da TFP ..... . .. ...... 26 NATAL
Um conto evoca a epopéia dos chooansea força evocativa do Natal. . ... 7 RELIGIÃO
Congresso científico realizado em Paris reforça os argumentos em prol da autenticidade do Santo Sudário e critka o teste do Carbono-14 9 INTERNACIONAL
O Cambodgc volta à tona dos noticiários, ante a ameaça de retorno do Khmer vermelho ................ 14 ARTE
A Bienal prepara a civilização do hediondo ............................ :19 HISTÓRIA
Não se pode comemorar o bkentenário da Revolução Francesa, sem lembrar que ela foi essencialmente antkatólica . . . 20
:ub:~~~i~! ::í~:j;
D ~~~~!~?u!. ~:;i~a~~ê!~~=~~~o;~r~~an:~:e:;nde~ tra os ambientes, suaviza as almas e nos faz sentir a alegria da virtude. Tornamonos mais efusivos, a bondade encontra menos obstáculos. Elevamos o trato, embelezamos a decoração e os trajes, melhoramos a comida, como resposta a este sorriso divino. O ambiente no Natal brinda os homens com um prelüdio da civilização que existiria, se houvesse fidelidade aos ensinamentos do Redentor. Diante do Presépio. em atitude de adoração, humildes e agradecidos, peçamos ao Menino-Deus que apresse as promessas de Sua Mãe cm Fátima. Entll.o, a graça de Nata! serã uma jóia inigualável num diadema de favores contínuos que receberemos do Céu.
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d~u;~:t:os~~ gi~~:s:~ vrãlgicos do panorama atual. E um deles constitui a mudança espetacular que vem ocorrendo na Europa Oriental. Na trilha da Rússia, a Polônia, a Hungria e a Alemanha Oriental es1ão aplicando suas versões da perestroika. Também a Finlândia recebeu permissao de Moscou para se aproximar do Ocidente. Comcn1a-se que estaria próximo um processo liberalizante na Tchecoslovâquia. O mundo comunista se despe do que causava horror aos ocidentais, enquanto de nosso lado. larguíssimos setores do público, otimistas e abobados, recusam.se a ver câlculos estratégicos nesta gigantesca manobra. Os dois mundos se aproximam; a convergência continua o fatopredominame.
o ~.~:;~í~::/:~:~~~~=t~i~:~~!~~:~s:;:r::ct':;:s~:;:;~::::
mitas, o "Khmer Vermelho", a organização comunista delirantemente assassina, tem possibilidades de retomar o poder. Repetir-se-á o macabro genocidio de meados da década passada'! Haverá novo show de horror, que, por contraste, realçaria a face sorridente do comunismo'! E, em conseqüência, o Ocidente se sentiria compelido a financiar os regimes de 1ipo novo, para evitar a volta do comunismo com face lirll.nica e brutal? "Catolicismo" 1raz esclarecedora matéria a respeito. "CATOLICISMO"' ó uma r,ublica.ào mensal daEmpr..,.Padro e..ldliord<Ponlesltda. Dlr-.h<iloContodtBnlo•·.n.o
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SSE PANORAMA inquietame não impede que o quadro tenha aspectos animadores. "Catolicismo" trata de dois deles. Acaba de vir a lume livro longamente esperado pela familia de almas que se congrega em torno dos ideais da Tradição, Família e Propriedade. Com o titulo "Um Homem, Uma Obra, Uma Gesta - Homenagem das TFPs a Plinio Corrêa de Oliveira" , o trabalho, magnificamente ilustrado, resume a vida do fundador da TFP brasileira e descreve a gesta que, a partir de sua ação, atinge hoje uma vintena de países em cinco continentes. Por outro lado, continuam os protestos enérgicos de cientistas - dos maiores em suas especialidades - contra a idoneidade do teste do Carbono-14 aplicado a fragment os do Santo Sudário de Turim. Recente congrc,sso em Paris reforçou ainda mais, do ponto de vista científico, a posição que orientou por séculos a piedade católica. Diga-se de passagem, também agravou a já delicada situação de figuras do mundo eclesiástico e civil que afoirnmcnte haviam trombeteado para todo o orbe os res ultados do controvertido teste.
CATOLIC ISMO -
Dc:mnliro 1989 - J
"Um homem, uma obra, uma gesta" OAM COMO o eco de um sino distante, aos ouvidos de um católico de hoje, as seguintes palavras de Plinio Corrêa de Oliveira: '"A Igreja vivia numa paz religiosa compfera, numa co,rfionça inleira de uns catóficos nos outros, numa concórdia IOtof das associaç(Jes religiosos entre si, na reuni4o filia/mente submiSStJ de todo o lak"UlO â Sagrada Hierarquia. Em suma, a pat, religiosa que S4o Pio X conseguira para a Igreja à custa de heróicos esforÇQS contra a heresia modernista, pairava ainda suave e Jec11ndamenle sobre o Brasil". Quando se deu isso? Não foi num
S
passado remoto, mas há apenas algumas décadas, e naquela época - o fim dos anos 20 e o inicio dos anos 30 deste século - Plinio Corrêa de Oliveira via abrirem-se diante de si perspectivas que pareciam risonhas. O próprio Alceu Amoroso Lima (Tristão de Ataydc), dcPoiS baldeado para as hostes do progressismo "católico". augura11a ao hoje Presidente do Conselho Nacional da TFP: "Que Deus te preser11e e te d€ o posto de Chefe da geraçt1o, que te está destinado". Essa ''grande e luminosa realidade", que íoi o mo11imento católico entre 1928 e 1935, 11cm e11ocada como ponto de partida de uma autêntica cruzada no li11ro "Um homem, uma obra, uma gesta'' (Edições Brasil de Amanhã, São Paulo, 1989 - 496 pp.), lançado pelas 15 TFPs hoje espalhadas por todo o orbe, como homenagem a Plínio Corrêa de Oliveira ao ensejo da comemoração dos sessenta anos de sua atividade pública. Trata-se de um verdadeiro álbum, com esmerada impressão e 500 ilustrações das quais muitas coloridas. Ao mesmo tempo, apresenta doeu4 - CATOLICISMO -
Dezembro 1989
" Que Deus te preserve e te dê o posto de Chefe da geração, que te está destinado" Akcu Am1,n:,oo l,11na
~"' ca,ia a l'linio Corrh ,le Oliveira
mentação exausti11a e irretorqulvel a respeito da História da Igreja no Brasil. E ademais descreve com todos os detalhes desejáveis a performance atual de uma corrente de opinião - a das TFPs - que se mostra pujante em muitos pa!ses dos cinco continentes.
Na origem da luta contra os erros do progressismo Os brasilianistas e outros estudiosos hoje discutem sobre qual foi o pon-
to de origem das divisões existentes no ambiente católico do Brasil, divisões estas que, como é óbvio, são um mal menor cm face da investida contaminante do progressismo "católico", encharcado de erros dou1rinários e, inclusi11c, proclivc à subversão. Um deles, Ralph Dclla Cava, procura resumir as principais opiniões. Segundo ele, quatro analistas situam a origem do conflito cm l 960, ano cm que foi lançado o best-selfer "Reforma Agrária - Questão de Consciência" e em que foi fundada a TFP. Ralph Della Cava. entretanto, com toda razão remonta ao ano de 1943, quan. do se publicou o livro-bomba "Em Defesa da Ação Católica•· (" Igreja e Estado no Brasil do século XX: sete monografias recentes sobre o catolicismo brasileiro, 1916/64", in "Estudos Ccbrap" 12, abril/ junho 1975). Seja como for, é sempre Plinio Corrêa de Oliveira quem esu\ no pólo da reação ao neomodernismo progressista, pois foi o inspirador eco-autor do livro "Reforma Agrária - Questão de Consciência": foi também o fundador da TFP e, ainda, quem escreveu "Em Defesa da Ação Católica". Diz ele; - "A luta foi particularmente árdua porque nosso intuito era tentar ex· 1inguir o mal, porém de forma a causar o mínimo possível de ressentimenlOS e de divisllo nos meios católicos. Para isso era preciso conduzir o combate na ordem das idéias, poupando as pessoas tanto quanto possível. E, pois, mencionando só os opositores que 1ivessem matéria publicada sobre o assun10. Foi o que fi;,;". Estas palavras bem demonstram que Plínio Corrêa de Oli11cira foi e continua sendo não apenas o guerreiro jus-
tamente temido pelos arraiais neomodernis1as, mas também, e de maneira autênlica, um perfeito cavalheiro, impecavelmente firme, gentil e leal. Como se sabe, esta primeira fase da luta do fundador da TFP terminou em um "estouro", descrito em "Um homem, uma obra, uma gesta" como "um 1uj4o de di1,-que-diz. de detraçôes e calúnias, iodas elas verbais, vagos e desacompanhados de provas". Apesar da carta de apoio enviada por Moos. Montini, em nome do Papa Pio XII , "a noite densa de um ostracismo pesado, completo. intérmino, baixou sobre os remanescentes - apenas nove - do ex-grupo do 'legionário'".
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-ff Plínio 0mm fU Oliurim, ""- ~ do.pablitaráo do "E.., lxfuo da Ação Católica"
Nasce~ TFP Pacientemente, com os destroÇos da primeira nau que havia ido ao fundo e valiosos elementos novos, Plínio Corrêa de Oliveira constituiu um segundo "vaso de guerra", que haveria de prosseguir na mesma direção, embora acompanhando o curso continuamente renovado dos fatos. Foi a TFP. Nos seus quase trinta anos de existência, a entidade fez história por sua considerável influência nos acontecimentos de 1964; por sua batalha contra a Reforma Agrária socialista e confiscatória antes, durante e depois do regime mili1ar; por suas lutas contra a Reforma Urbana, a Reforma Empresarial e a socialização da Medicina; por ter promovido o maior abaixo-assinado da história brasileira, contra a infiltração comunista na Igreja; por ter denunciado as Comunidades Eclesiais de Base; por sua atuação durante a Constituinte de 1988; por muitas outras luminosas campanhas e, talvez mais do que tudo isto, por sua ação depresençaprestigiosa,altanciraeinintcrrupta no cenário de nosso Pais, nas últimas décadas. Tudo isto é recorçlado com muitos detalhes na obra "Um homem, uma obra, uma gesta", a qual fornece dados bastante interessantes sobre as atuais atividades que constituem a ••poténcia de fogo" da TFP, entre as quais vale a pena destacar as seguintes: - Rotina de propaganda da TFP: nada menos que, em média, 2.925 contatos diários cm todo o Brasil, que vão desde o homem da rua até as personalidades exponenciais das cidades (por ocasião das grandes campanhas, esse número é cerca de seis vezes maior); - Correspondentes-esclarecedores em557cidades;
"Explanaste e defendeste com penetração e clareza a Ação Católica, da qual possuís um conhecimento completo, e à qual tens grande apreço ....
Confiança
Com a publicação, em 1959, do ensaio ''Revolução e Contra-Revolução'', Plínio Corrêa de Oliveira fornecia ao grande pllblico uma definição dara e concatenada dos fins que visa, e ao mesmo tempo dos meios e métodos J. R. Mon1ini,Sub1tiiu10" que propõe usar para a consecução des(Secr.:tariadel!J,adodt:Sua SanlidadeP io Xll) ses fins. Foi a divulgação das idéias nele contidas que deu origem á formação de - 3.611 prefeituras ou delegacias 14 TFPs - coirmãs da TFP brasileira de policia de todo o País atestaram e autônomas entre si - além de burepor escrito o caráter ordeiro das cam- aux para a representação delas, e de panhas da TFP; simples núcleos incipientes (com o cará- 19.387 campanhas cm municí- ter juridico de sociedades de fato, ten· pios e localidades de nosso interior, dentes a constituírem futuras pessoas percorrendo mais de quauo milhões jurídicas). E foi assim que os ideais exde quilômetros (o que corresponde a pressos nas palavras Tradição-FamiHadez viagens da 'Terra à Lua); Propriedade fazem hoje cm dia palpi- Venda cm campanha de 1 .430.981 tar almas entusiâsticas em mais de vinlivros; te países nos cinco continentes. - Média de tiragem dos livros que As atividades das diversas TFPs esedita verdadeirameme assombrosa pa- tão descritas com muitas ilustrações ra um Pais como o nosso, cm que 5 na terceira e última parte do livro "Um mil exemplares são uma tiragem boa, homem, uma obra, uma gesta". até para romances: 106.629 exemplares por titulo! - Forte predominãncia numérica Para terminar esta rápida recensão jovem nas fileiras da entidade; do denso documentário posto ao alcan- "last but not leost"; No orató- ce do público brasileiro pela TFP, nario que a TFP mandou erigir em ple- da melhor que transcrever aqui as palana rua, em Sll.o Paulo, no lugar onde vras com as quais Plínio Corrêa de explodiu uma bomba terrorista, seus Oliveira fecha seu depoimento contipropagandistas já rezaram 323.400 ter- do em "Um homem, uma cbra, uma ços do Rosário nas 83.370 horas de vi- gesta": gllia noturna que fizeram no local. "Para onde iremos? - S6 Deus o O livro estampa um mapa do Bra- sabe. Quem cumpre seu dever /01. a sil cm formato grande com as cidades vontade de Deus. Quem faz a vontajá percorridas pelas caravanas da de de Deus sob os ausplcios de Maria TFP, acompanhado da interminável Santlssima, só pode considerar o Jutu· relação nominal de todas elas. ro com confiança". D CATO LICISMO -
Deze mbro 1989 -
5
Discernindo, " ,
distinguindo, classificando ...
M DALHAS A GRANEL Q
ANDO RoscanaSarney, filha do atual Presidente da Rcpúbl ia,foioondeoorada,cmnovembrode 1988,pcloMinistrodoExército, Gal. Leõnidas Pires Gonçalves , com a Medalha do Pacificador - destinada,
emprinclpio,aquemsesalicntacomo "amigo das Forças Armadas'' - a maioria dos brasilciros fioou sem entendff o significado do ato. Mas a surpresa cresceu de ponto, pouco depois, quando o arquiteto comunista Oscar Niemcyer íoi
imprensa. Ora,enquantoascondccorações signi ricaram uma honraria que se atribuiaaalguémemvirrndedeumato altamentelouvâvelpraticado-emgeral um acode bravuracmcombateou da posse de uma condição de rara excelência, elas refletiam o apreço dos povos pelo que é digno de especial estima. Baseavam-5enumaconcepçllo hierarquizada da vida social, na qual os mais excelentes a algum título eram os
agraciado com a Medalha Bibliot«:a Nacional, por indicação 00 Minis1ro da Cultura, José Aparecido de Oliveira. A propósito do
fato, a revista "Veja" (30-11 -88) informou
queopróprio"Niemeycr ficou constrangido porque não se lembrou de ter feito nada em prol da Biblioteca Nacional", "NIio sei por quemcindicaram'',comcntouclc. Hoje em dia, muitos poderão querer mcdalhas por vaidadc pcssoal,masdcfato ning uém lhes dà grande O /01,io d~ 01<ro, uma da, maü famw"' rond~co""fÕ<'• d,, valor. As condccoraDa ro,..,.,,nU dt ouro P,,nd• 11m ram,iro. çõc:s,entretanto,jâ roramaltamenteapreciadas, e poder oslentar uma delas ao pci- mais considerados. E por issodesejavato constituia uma honraria a poucos con- se que ostentassem o sinal exterior de cedida e estimada por codos. sua grande honra. Toda a sociedade se beneficiavacclevavapclofato de seus melhores elementos serem assim indicados â consideração gcral. A que se deve uma tal decadéncia Para falardasmaisantigascfamonoapreçodcvidoàsoondccorações? sas condecorações, oriainadasdas OrA razão fondamental é que na "bol- densdccavalaria,lembrcmos,porexemsa de valores" da civ ilização atual, as pio, o Tos/lo de Ouro, outorgado pela noções de honra e dignidade tiveram Casa d'Áustria; a Ordem do &pirito uma queda vertiginosa: gozandooutro- Santo,pelossoberanosfranceses;asOrradamaisaltaconsidcraçll.o, passaram, dens religiosas e militares espanholas em nossos dias, praticamente ao nivcl de Sanciago e Calatrava; e a ponuguczero. O leitor consulte, por exemplo, sa Ordem de Cristo. Rcccbf..tas CTa raos jornais quotid ianos: qual é a noticia ro, e implicava numa grande honraria. sobreu rnhomcmpúblicoquetomaalguHoje, as condecorações passaram a ma atitud e cm funçll.odc um l)Ontode seroutorgadas dcmodoindi scriminado. honra? Hâinteresses,hâ rasteiraspoUti- Em lugar dos heróis e de pessoas altacas, hâ íalcatruas, hâ o que se quiser. mente qualificadas, começaram a ser Mas, honra ... Nllo hâ noticia. A pr6- beneficiados os políticos, os amigos, os p riapalavraéraramcntccncontrada na jogadores de futebol, os artistas etc. Pa-
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CATOL IC ISMO -
Dezembro 1989
raaccndcr ademandadeumpúbticotão vasto, aumentou o número das oondccoraçõcs; proporcionalmente à diminuiç/1.o dcseusigniricadocatédeseuva!orma1crial. Confcccionadasquecramdcouro, prata, pedras preciosas, passaram a scrfabricadasdeumaqualquerligamctâlica de pouco preço, em geral esmaltadu. Em 1988, o governo de Minas Gerais distribuiu 172medaJh35dalnconridência,amaisat1acon decoração daquele Estado! Mas, de longe, o rccordcatéagoracscâ com o governo de São Pauto que, em 1982, entregou, num só dia, 400medalhasda0rdcrn do lpiranga. Quando governador de Brasília, José Aparecido criou di,·crsucondccoraÇOO casdistri bulaaarancl, oquelhevalcuocp[tcto de "U das M~'da lhas"
Falamos do passado,falamosdopresente. E o futuro? Havcrâ nele lugar para condecorações? A pergunta não nos parece bem posta. Poisas condecorações, cm última antilise, nada mais sll.odoqucumaalta formadercconhecimentopúblicoda honra. Foi asubstituiçllodoamoràhonra-aqualseevancsccu-pclodavulgaridade.queocasionouodesprestlgiodasoondecorações. De modo que a pergunta pert inente seria; comosecolocarâde foturoa questll.oda honra? Pondoosolhosparaalémdaspresentcsmisérias,paraoReinodeMariaprcdito de algum modo cm Fátima por NossaSenhora,parcccnormalquc,oom a civitizaçll.o cristll, sejam restauradas cmsuapknitudeasnoçõesdecavalaria católica, de lula pelo bem e de honra, todaselastàoarinscomareligillo. Resiaurada a noçll.o de honra, estarâ feito o principal nesse campo. Os modos adequados para reconhcd-la de público surgirllonaturalmcnte.
Cri,u,,idud~.
C.A.
AS MARGENS do Couesnon, nessa região de Fougeícs que, de 1793 a 1800, foi teatro da epopéia dos chouans (camponeses do noroeste da França que se insurgiram contra a Revolução Francesa, em defesa do Trono e do Altar), numa noite de inverno de 1795, um destacamento de soldados da República revolucionária seguia por um atalho bordejando a floresta. De ombros caídos, com ar aborrecido e fatigado, vergados ao peso de enorme mochila e ~:a::~~g~~:.~~~~:::;:d~ u m camponês que, ao cair da no_ite, emboscado nos juncos, fizera fogosobreopequcno grupo. A bala atravessara o chaj)l!u do sargcmo e, fazendo ricochete, fora quebrar o cachimbo que um dos soldados fumava. Imediatamente perseguido, acowdo, cncurra-
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um dos azuis (soldados da Revolução) que o amarravam. Era um adolesceme franzi no, de ar zombeteiro e vicioso. Enquanto apertava os nós, ia troçando da amção do prisioneiro, naquela fala característica de certos bairros populares de Paris: - Não te assustes, flor! Não é para já; ainda tens pelo menos seis horas de vida ... - Amarra-o bem, Pedrinho! Não o podemos deiii:ar
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- Não se aílija, sargento Torquarns · respo ndeu o
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:~ª~;vi~:~:n::s g~~e~al'.e~~ bes, cão - continuou, dirigi ndo-se ao camponês , que retomara o aspecto impassível não imagines que vais ser tralado como ci-devant (nobres, que em geral eram guilhotinados). A República nl\o é rica, e há fa lta de gui lhotinas; mas hás-de ter a tua continha de
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~~~;;g~?;ªd~r~i/:~:~=~ =n~:::· ~~~ix:in~i'. das, com ar impassível e duaté amanhã de manhã. Semro. Os seus pequenos olhos ~ - - - - - - - - - - ~ pre te distrais ... claros espiavam de fugida as Dito isto, Pedrinho foi sen• sebes que orlavam o caminho e os atalhos tortuosos tar•se entre os camaradas, ao pé do fogo. E tirando que se abriam aos lados. Dois soldados levavam enrola· do saco um pedaço de pão grosseiro, começou a comer das nos braços as extrcmitlaLlcs tia l:<.!1Ua que lhe apertatranquilamente. Quando acabou de comer o pão, Peva os pulsos. drinho pôs-se a limpar a espingarda. Escolheu uma ba· Na encruzilhada de Scrvilliers, o sargento mandou la de calibre e, segurando-a delicadamente entre os defazer alto: os homens, derreados, ensarilharam as ardos, disse ao camponês, que lhe seguia todos os movimas, atiraram as mochilas para a erva, apanharam ramentos com o olhar: mos secos, juncos e folhas, que amontoaram no meio - Estãs a ver, meu menino? Esta é para ti! da clareira, e fizeram uma fogueira, enquanto dois deJn1roduziu-a no cano da espingarda e, a servir de lcs ama rravam bucha, meteu solidamente o um papel amarcamponêsa uma rotado. Todos árvore, com a os homens desacorda que lhe taram a rir, e prendia as mãos. cada um disse O chouan, com uma graça, no os olhos vivos prazer maldoso e singularmente de saborear a móveis, obscr· agonia do infevava todos os liz. gestos dos seus - Tenhoaqui guardas. Não uma dose igual tremia, não diparateservir!ziapalavra:mas gritou um. a angústia con• Vais ficar traia-lhe as íeique nem uma ções:eraevidenpeneira ... - grate que julgava cejava outro. - Eu guara morte próxi• do.me para o ma. A sua ansiefim:umaemcadade nllu passou daouvido! -gridesapercebida a tou o sargento.
CATOLIC I Sf-10 -
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E de repente, enfurecido: - Ah! canalha de chouan - berrou, aproximando-se dele. - Se eu pudesse malar com um tiro mais mil da tua casta!.. O camponês, silencioso, permanecia calmo sob a saraivada de ameaças. Parecia escutar um ru ido longinquo, que os grilos e risadas dos soldados o impediam de ouvir. E de repente baixou a cabeça e concentrou-se: do fundo da floresta, subia no ar calmo da noite a voz de um sino, que a aragem dos bosqucs trazia, clara e ritmada ... Quase a seguir, ou1ro sino, mais grave, ecoou do lado oposlo do horizonle, e depois mais ou1ro, fino e melancólico, ouviu-se lá muito ao longe. Osazuis,surpreendidos,interrogaram-se: - Que é isto? ... Por que é que estão a tocar? ... Scré um sinal? ... Ah! bandidos ! Estão a dar o alarme! Falavam todos ao mesmo te mpo, alguns correram a pegar nas ar mas. O camponês levantou a cabeça e, fitando-os com os olhos claros, disse apenas: ~Natal. - I! ... o quê? - I! Natal. Estão a tocar para a missa da meia-noite. Os soldados, resmungando, !Ornaram a sentar-se em volta da fogueira. E um silêncio caiu. Na1al... A missa da meia-noite. Essas palavras que hã tanto não ouviam impressionavam-nos: vinham-lhes à idéia vagas imagens de horas felizes, de ternura, de paz. De cabeça ba ixa. escutavam aqueles sinos que falavam a todos uma lingua esquecida. O sargento Torquatus pousou o cachimbo, cruzou os braços e fechou os olhos como um diletante que saboreia uma sinfonia. Depois, como envergonhado daquela fraqueza, voltouse para o prisioneiro e perguntou num tom duro: - l::s cá do lugar? • Sou de CoglCS, aqui perto. • Então ainda hã padres-curas lá na tua terra? - Os azuis não chega ram a toda a parte, não atravessaram o Coucsnon , e daquele lado ainda se vive cm liberdade. Estão a ouvir? 1:: o sino de Parigué que cstã a tocar agora. O outro, o mais pequeno, é o do castelo do senhor de Bois-Guy, e acolá, mais longe, é o sino de Montours. Se o vento estivesse de jeito, até se ouvia o sino gra nde de Landéans. Um dos soldados, Gilles, que permanecera silencioso durante as ameaças feitas ao chouan, ouvia agora com grande atenção e parecia particularmente tocado. Os demais, após um fugaz movimento de ternura, haviam fechado definitivamente seus corações. Nesse instante, de todos os cantos do ho ri zonte, subia na noite o badalar das a ldeias longínquas: era uma
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CATOLI CISMO -
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melodia doce, cantante, harmoniosa, que ora se ampliava, ora diminula ao sabor do vento. Gillcs, de cabeça baixa, escutava. Pensava em coisas há muito esquecidas; via aigrejadcs uaaldeianatal, resplandecente de velas acesas, o prCKpio de grandes roc hedos musgosos, onde brilhavam lamparinas vermelhas e azuis; ouvia subir, na memória, os alegres cantos de Natal, essas músicas quctantasgeraçõesentoaram, ingênuas loas , tão velhas como a França, o nde há pastores, ílau1as, estrelas e criancinhas - e que falam também de paz, de perdão, de esperança ... Ele sentia degelar o coração ao bom calor dessas imagens suaves, de que andava há tanto afastado. Os sinos ao longe continuavam a tocar. Torquatus determinou que todos fossem repousar, e designou Gilles para a primeira hora de ronda. Em pouco tempo o improvisado acampamento estava mo ntado, e os azuis, exaustos pelo peso daquele dia, e desejosos de esquecer o som daqueles sinos que lhes haviam trazido ta ntas recordru;ões de uma infância c;n0lica e feliz, ressonavam est irados sobre mantas de dormir. A foguei ra crepitava ainda, mas com menos ardor. Só Gilles e o chouan permaneciam acordados. O azul então, com cuidado, procurando não pisar nos gra vetos secos que podiam estalar, a proximou-se da árvo re onde, amarrado, o chouan o olhava ... o advinhava! - Sabes, disse o soldado quase ao ouvido do prisioneiro, na minha terra fazia-se um gra nde berço na igreja, punha-se um Menino Jesus lá dentro, ladeado por Nossa Senhora e São José. E inopinadamente acrescentou: · Queres ficar livre? Eu te solto!. .. • Mas e tu? Vais morrer em meu lugar? Eles te esquartejam. - Eu fujo também. Estou farto desta Revolução à qual me levaram a aderir. Minha família sempre foicatólica. Em casa, desde a infância aprendi a respeitar o Rei. - Então vem comigo, respondeu o chouan. - Volta à fidelidade. Eu te levarei a um padre que não fez o juramen to revolucio nãrio, para que te confesses. Defenderemos juntos Nosso Senhor Jesus Cristo e o Rei legitimo. A essa altura, o ex-azul, com uma faca afiada cortava as cordas que prendiam o prisioneiro. Em questão de instantes ambos se embrenhavam na floresta porcaminhos que só o chouan conhecia. Os sinos já nll.o se ouviam mais nos ares, mas nos corações daqueles dois homens eles continuavam a tocar. Era Natal! O (Adaptação de um conto de G. Lenôt re, publicado em "Lendas de Natal", Editorial Verbo, Lisboa, 1966).
Simpósio científico sobre o Santo Sudário de Turim Nelson Ribeiro Fragclli Nosso correspondente
Ampla rejeição do resultado do CARBON0-14 Antecedentes
PARIS -
Próximo a uma das margens do rio
Sena, nilo longe do Arco do Triunfo, num centro de estudos,
cientistas sisudos e de renome explanavam teorias, exemplificavam-nas por meio de projeções fotográficas; por
vezes discutiam acaloradamente. Em sua grande parte, correspondem à imagem que freqüentemente se atribui ao pesquisador habituado ao silêncio dos Jabora1órios, absorto,
curvado sobre amostras, frascos, microscópios e compêndios - cominuamcntc tomado por considerações de a/la ciência, abstraído, nem sempre encontrando cm sua aplicada atenção disponibilidade para ocupar-se da realidade miúda que a rodos circunda.
Estavam ali reunidos, no Centro Chaillot-Galliera, participando do "Simpósio Internacional Científico de Paris sobre o Santo Sudário", realizado em 7-8 de setembro último. O encontro era organizado por 16 cientistas franceses. Mais de 30 personalidades do mundo cientifico expunham suas teses. Quase todos traziam anos de trabalhos dedicados ao Santo Sudário, geralmente realizados em Jaborarórios alramentc especializados de universidades de vários países.
O público internacional vinha tendo noticias dos resultados de pesquisas cientificas feitas com amostras do Santo Sudário, especialmente depois de 1978. Naquele ano. cm caráter excepcional, o Sudário foi exposto ao público, em Turim, e a partir de então maior publicidade foi dada aos resultados dos esmdos a respeito. Cientistas catego rizados pasmavam o mundo de admiração com o que revelavam sobre o vulto impresso naquele tecido: um homem morto, de majestosa beleza, tendo sofrido o suplicio da crucifixão .romana. O conjunto das pesquisas confirmava sempre os dados da Fé contidos na Escritura, bem como a crença multissecular da Igreja de que aquele vulto é o de Nosso Senhor Jesus Cristo, milagrosamente impresso no Sudârio que envolvera o corpo do Salvador após Sua morte na cruz, durante os trCS dias em que permaneceu no sepulcro. As revelações da ciência levavam CATOLICISMO -
lkzcmbro 1989 - 9
os fiéis a renovar sentimen1os de compaixão pelo Homem-Deus em Seus sofrimentos para redimir o gênero humaLivros foram escritos por cientistas - geralmente não-católicos - descrevendo resulrndos espetaculares obtidos, grandes somas foram destinadas a estudos buscando explicação para as maravilhas contidas naquela imagem e no modo misterioso como se formou ela sobre o Sudârio. Nem tudo podia ser explicado pela ciência, obviamente, mas os res ul tados falavam sempre de um processo extrao rdinârio de formação da figura - o que incitava os sãbios a ampliarem suas pesquisas.
Uma voz dissonante: o carbono-14 Hã pouco mais de um ano, a 14 de outubro de 1988, com grande espalhafato da imprensa e aparente apoio de personalidades eclesiásticas, alguns especialistas em determinação de datas de objetos arqueológicos, utilizando o método Carbono-14, propalaram que recentes testes realizados em amostras do Santo Sudârio levavam à conclusão de que a origem do tecido se encontra nos skulos XIII -X IV, e não no século 1. A ser admitido como verdadeiro o resultado desse leste, a autenticidade da relíquia ficava contestada. E o venerando Sudário de Turim não passaria de uma grosseira falsificação medieval! O próprio Cardeal Ballestrero, então Arcebispo de Turim, pareceu dar crédito a esse teste, o que causou não pouca confusão entre os fiéis. De onde surgiu, inevitável, a pergunta: segundo as mais categorizadas autoridades científicas de nossos dias, essa determinação da data de origem do Sudãrio, mediante o processo Carbono-14, pode ser admitida como inequívoca? Que garantias se pode ter da precisão desse método? E,tistem outras pesquisas, realizadas por ramos diversos da cil'!ncia, que apóiam ou infirmam tal conclusão? Visando responder a questões como essas, o simpósio de Paris congregou o maior número dC cientistas pertencentes a domínios diferentes até hoje reunido cm congresso a respeito do Santo Sudário. Eles trouxeram
à consideração dos participantes um
conjunto de documentos e conclusões até então nunca presentes num só encontro. Daremos apenas uma súmula da impressionante massa de argumentos, experiências, provas, exames, realizados com amostras do Santo Sudârio, e que concluem por sua indubitável autenticidade, em que pese a dissonante, mas no caso pouco autorizada, "voz" do Carbono-14.
Calorosa recusa do resultado obtido pelo método Carbono- 14 Ficaria aquém da realidade dizer que a conclusão da quase unanimidade dos membros do simpósio - com óbvia exclusão dos especialistas cm Carbono-14, que realizaram o teste do ano passado, ali presentes - põe em dúvida aquele teste. A recusa em atribuir ao Santo Sudário uma origem medieval foi clara, generalizada na aula do congresso, e em alguns casos, expressa com indignação. Um dos primeiros oradores foi o prof. Gino Zianotto (Itália), especialista em estudos de crucifixão romana. Longos trabalhos comparativos do Sudário com outras descobertas reeemes de supliciados na cruz pelos romanos, no primeiro século da era cristã, concluem que o vulto analisado pertence com toda certeza a um homem crucificado no primeiro século, e não poderia ter sua origem em nenhuma outra época. Jâ no terceiro século observam-se variantes na crucifixão romana, e no
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quarto a cruz foi substituida por uma "forquilha". Régine Pernoud, grande autoridade em estudos medievais, baseou sua exposição em pesquisas históricas mostrando que o Sudârio n!io é uma relíquia aparecida subitamente no s&. XIV (como pretende o teste Carbono-14), mas é "uma peça conhecida e venerada desde a alta Idade Média e nos tempos feudais". Antoine Lcgrand (França), sindonólogo, cientista que pela primeira vez formou a imagem tridimensional do vulto do Sudârio de Turim, chamou a atenção para elementos históricos que mostram a presença do Santo Sudârio cm Constantinopla, no séc. VIII. Estudos de ícones bizantinos e medalhas cunhadas por imperadores de Bizâncio revelam-se inspirados na figura do vulto do Sudário. lanWilson(Grã-Bretanha),presidente da Sociedade Britânica do Sudârio de Turim, apresentou indicações históricas condizentes com a existência do Santo Sudârio bem antes do séc. XIV. Não é aceitável a idéia de uma crucifixão no séc XIV; e a formação daquela imagem tão extraordinária não pode de modo algum ser feita por um artista do séc. XIV. A maior parte dos retratos de Cristo - continuou Wilson - sejam eles ícones, mosaicos, afrescos ou moedas, tais como foram analiOfm11âsEui11 tobnllinia; Tiu tm<1p11.-01fK'ro.}111tifiwr p.ro.ntt gmndt1 cK11túla1 ruasexJ><rib,cia1oomocndxmo-14
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sados em Ravena, Síria, Chipre e re• gião do Sinai, mostram simultaneamente características iconogrâficas que provam o conhecimento prévio da imagem hoje estudada no Sudârio 'de Turim. O valor do resultado obtido pelo método Carbono· 14, concluiu Wilson, pode ser seriamente contestado. Quatro especialistas cm tecnologia têxtil apresentaram suas pesquisas, unicamente do ponto de vista da tra. ma do tecido do Sudârio, do material dasfibras,seuenvelhecimentoesurpreendcnte conservação até nossos dias. Sllo estudos que, embora sem ter em vista imediatamente provar a autentici· dade do Sudârio, revelam quão minu· ciosas são as investigações sobre ele, tornando assim extremamente difícil a possibilidade de admitir seriamente uma falsificação, ou engano a respei· to de sua origem datar dos tempos de Crisrn.
Autores do teste cantam fora do coro Jacques Evi n, ex.aluno da Escola Superior de Petróleo e Motores e diretor do Laboratório de Radiocarbono da Universidade Claude Bernard (Lyon, França), participou de testes, no ano passado, realizados com amostras do Santo Sudário. Ele defende a origem medieval da relíquia. Em exposição eminentemente técnica referente ao processo Carbono-14, concluiu, com desaprovação da maioria dos cientistas presentes: "Qualquer que seja o modo de formaçlJ0 da imagem sobre o Sudário, nlJo se pode agora pôr em dúvida uma alribui('1'0 medieval do tecido". O britânico Mike Tite, diremr do Laboratório de pesquisas do Museu Britânico, é o principal defensor do re. sultado a que chegou - idêntico ao de J . Evin - com o teste Carbono.J4. Relatou longamente o processo de des· contaminação prévia das amos1ras reco. !hidas no Sudârio, discorreu, em lin. guagem rebuscada, sobre a determina· ção da idade do objeto analisado a par. tir da "curva de calibragem de afta pre, cis4o de SluiYe&Pearson, estabelecida pela de1erminaç(Jo da dala dendroc,o. nológica" etc. Disse que experiências simultâneas foram feitas cm laborató·
rios de radiocarbono no Arizona, Oxfo rd e Zurich. Os três teriam chegado a resultados semelhantes, atribuindo ao Sudário urna confecção medieval.
Prosseguem as recusas c2.lorosas A Ora. van Ooterwyck-Gastuche (França), doutora em Ciências, direto· ra dos irabalhos do Museu Real da África Central (Bélgica), afirmou que "as datas estabelecidas pefo mé1odo Carbono-14 est(Jo longe de definir ma· lemaricomenle o idade dos materiais. Os especialistas rejeitam a priori toda determina('4o feita em ossos, conchas, amostras contendo cin1.as etc. , e aceilam unicamente as datas estabelecidas para madeiros e carv4o de madeira de grandes dimenslks. A fidelidade do método é posta em dú-..ida", concluiu. Resultados aberrantes obtidos na determinação da idade, conhecida previamente 10 1es1e, de mui10s mate· riais analisados pelo processo Carbono· 14, levam a rejei1ar a conclusão a que chegaram Evin e Tite a respeito da data de origem do Sudário. Uma data assim obtida, isolada de contexto arqueológico, não é suficiente para definir a idade de um objeto Arnaud Upinsky (França), matemático e epistemólogo (perito em estudos críticos do desenvolvimento, métodos e resultados das ciências), atacou rijamcnteosresultadosaquechcgaram, no ano passado, os autores do teste Carbono-14. Em longa exposição, das mais aplaudidas, apresentou a consti·
tuição inteiramente coerente dos três graus de autenticidade do Sudârio: cicn· tifica, histórica e semântica. Não hã falhas nessa autenticidade- nada de fa lso foi enconlrado. nas incontíveis u:pcriênciaseanílisesfeitascom oSudli. rio, em quase um skulo de estudos cienlificos (desde 1902). Outros tesou· ros históricos são declarados autênticos com muito menos exigência cientifica. Como pode o método do Carbo-no·14, que se põe em contradição com inúmeras ciências, ser acatado como vâlido? Até 1988 as conclusões sobre a autenticidade do Sudário aumentavam continuamente. Naq uele ano, um teste isolado apresenta·se contrârio a tantos ou1ros de inteira credibilidade. O procedimento normal da Ciência, cm casos semelhantes, consiste cm pôr de lado esse teste e declarâ·lo aberrante, sob pena de negar a v•lidade do próprio método cientifico. Pode uma experiência pôr em cau· sa todas as outras? O Carbono-14 poderia anular os resultados obtidos an1eriormente? Os métodos científicos u1ilizados desde 1902 serão válidos para !O· das as outras pesquisas, exceto para a detenninação da autenticidade do Sudá· rio? A resposta a estas questões tem que ser obviamente NÃO, afirmou Upinsky. O Santo Sudârio encerra características incompatíveis com a falsifica· ção. ~ uma constan1e na análise cientl· fica a constatação de que todo falsário deixa seus traços. Toda falsificação traz em si as marcas do falsário. Ora, no Santo Sndário jamais se encontrou
Dr. Upinsl;_:,
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..qu,rdaparo adirtiu,) n,mprimo,/ado opó$n,ad,cisi.,,,
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abtidop,la mitodo carlloo,o-U-, naanop,usado
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~lgo falso, contradilório 011 aberrante. E se fosse ele obra deum falsário, dadas as maravilhas que encerra, seria o caso de se dizer: ..Que genial e honesto falsário!" Ora, em ciência, a genialidade e a honestidade são características que se opõem ao torpe oíício de falsãrio. Em meio a aplausos, Upinsky concluiu; "A escolha dos séculos XII/XIV enquanto hipótese de trabalho para a de1erminaçi10 da origem do San to Sudário condut a absurdos tais que, o odmili-lu, o ciência teria de rem1r1cior d sua própria credibilidade. Ela tem valor apenas paro demons1rar o absurdo que significaria querer tomar a Idade Média como época do aparecimento do Sudário"
O p reço de um ''desmascaramento'' desmascarado. Segundo o "Daily 'J'Clegra'ph". de Londres, de25 de março deste ano, quarenta e cinco homens de negócios e "amigos ricos" ofertaram ao Prof. Edward Hall - um dos cientistas que dirigiu a presumida anãlise do Santo Sudãrio pelo m~odo do carbono-14 - um milhão de libras esterlinas por seus sen-iços. especialmente por ter "demonstrado, no último ano, que o sudãrio de Turim era uma falsificação medieval". O dinheiro foi entregue numa data bastante signiíica1iva: Sexta• Feira Santa, dia 24de março! Esseé umprestnteinsólito,aindamaisseconsiderarmosqueascadeirasdeciência em Oxford estão sendo suprimidas uma depois da outra por falta de verba. Hall aíirmouquc usarão dinheiro para criar uma nova cadeira de ciência arqueológica. cm beneficio precisamente do ... Dr. Michael Ti1e, o cieniista que exerceu o principal p3pel "nodesmascaramcntodoSudãriodeTurim"etentousedcfendcr, cm vão, no encontro cientifico de Paris (Extraido de THE CATHOUC COUNTER-REFORMATION, Morden, lnglaterra, junho-1989)
Como se formou a imagem No Simpósio de Paris, tratou-se também do modo, ainda misterioso, pelo qual a imagem do Crucificado se imprimiu no Sudãrio O Dr. Gilbert Lavoie (Estados Unidos), doutor em Medicina e presidenie do West Roxbury Medical Associates, apresentou resultados impressionantes de estudos feitos da imagem impressa sobre o Sudãrio. Sua eximia exposição demonstrava cabalmente que o homem ali representado; a) morreu cm posição vertical de crucifixão; b) a imagem não pode ter sido formada por nenhum mecanismo tendo por origem um processo de contacto; e) as manchas de sangue e a formação do vulto daquele homem foram causadas em dois momentos diferentes. O Dr. Lavoie mostrou como os músculos arredondados daquele cadáver - e não achatados. como seriam os de um corpo deitado - bem como a posição distendida dos pés, indicam que aquela imagem foi formada num momento cm que o corpo estava alçado, como que suspendido, e não deitado, como se poderia pensar. "Nl1o tenho dúvida de que essa imagem, com tais caructerlsticas, só pode ter sido formada sobre o Sudário no momento da Ressurreiçllo ", concluiu, entusiasticamente aplaudido, o Dr. Lavoie. Quatro cientistas italianos e um norte-americano apresentaram conclusões sobre a formação da imagem no 12 -
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"'"'""'"'"'
oDr. /,avoit (E.lado, Unido,) oodiftnbra
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upn110/1tla unagtm gm.vad.ano Santo Sudar«I dt Tun·m
Sudário. Alguns deles dedicam-se há mais de 47 anos a essas experiências. Maria Moroni (ltãlia), especialista em eletrônica, demonstrou ser impossível obter uma imagem como a que se encontra no Sudãrio, pela liberação de calor do corpo humano. O Dr. Eberhard Lindner (Alemanha) contesta os resultados da anãlise feita com o Carbono-14, e afirma que a ressurreição do homem ali representado rica provada com as análises jã feitas a1é agora pelos vã rios ramos da ciência que se ocupam tão detidamente do Sudário.
Balanço do congresso A que resultado chegou o "Simpósio Cientifico Internacional de Paris", após a apresentação das numero-
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sas considerações de peritos de variados ramos da ciência, pesquisadores incansãvcis que ao longo dos anos vêm tentando desvendar todas as maravilhas contidas no Santo Sudário de Turim? O teste do ano passado, utiliz.ando o Carbono-14, foi categoricamente rejeitado pela quase totalidade dos participantes. O prof. Mikc Tite e seu parceiro francês, Jacques Evin, embora tratados com a cordialidade de praxe pelos colegas durante os debates, não tiveram no Congresso senão o lugar incômodo reservado aos contestatários, que pouco podem íazer para sustentar seu atrevimento. Eles não ousaram sequer criticar nenhum dos milhares de testes feitos com o Santo Sudário e que concluem por sua indiscutível autenticidade. D
História Sagrada em seu lar noções básicas
O PECADO ORIGINAL
"O Sen hor Deus tinha plantado , desde o principio, um paralso de del ícias, no qual pôs o homem que tinha formado. E o Senhor Deus tinha produzido da terra toda a casta de árvores formosas à vis ta, e de frutos doces para comer; e a ãrvore da vida no meio do paraíso, ea árvore da ciência do bem e do mal" (l).
A desobediência "Adão e Eva, no Paraisa Terres trc, cometeram uma gravlssi ma desobediência
Reparando que estavam desvest idos, correram, envergo nhados, à procura defol has defigueirapara secobrirem; e esco nderam-se entre as árvores do jardim. " lmediatamenteDcussefezouvir: •Adão, Ad li.o, onde estãs?' Ele respondeu: 'Estou escondido, Senhor, porque não ouso comparecer à tua presença'. E Deus disse; 'Por que temes a minha presença, senão porque comeste do fruto proibido?' Replicou Adão: 'Eva, que me deste por companh eira, trouxc-mcdaquelefrutoc euo comi' Eva eK usou-sedizendo: 'Comido fruto daquela árvore, enganada pela serpente'. Deus, vendo que, após o pecado, ain da procura vam at ribuir a culpa um ao outro, pronunciou esta tcrrivel sentença, primeiro contra a serpent e":(]). '"Pois que fizeste isto, l!s maldita entretodososani maiscbes1asdaterra ..... Porei inimizades en tre li e a mulher, e enue a tua posteridade e a posteridade dela. Elatepisaràacabeça, etuarmarástraiçõcsaoseu calcanhar'"(4) Osaucornnpiri1uais,hrn,n<11a niulllerqu~esmapcaMçada scrpen-
'"Comei, disse-lhes Deus, de to-
1C, uma profecia a respeito de Nossa
dos os frutos que quiserdes, mas não toqueis nos frutos da árvore da ciê ncia do bem e do mal. No dia em que os comerdes, morrereis'. O demônio, que ti nha sido expulso do céu por soberba, e condenado para sempre ao inferno, levado pela inveja dequeouuos fosse m gozar a felicidade que ele perdera, tomou a forma de uma serpente e disse a Eva: 'Por que não comeis do fruto desta árvore?' Ela respondeu: 'Porque Deus o proibiu , sob pena de morte'. 'Na.o, replicou a astuta serpen te, não morrereis; pelo contrário, assim que o comerdes, tornarvos-eis semelhantes a Deus, conhecendo, como Ele. o bem e o mal'. A mulher, seduzida por tais palavras, comeu o fruto proibido: em seguida co rreu levar do fruto ao co mpan heiro, o qual seguiu o seu exe mplo" (2).
& nllora. ESãoLuisMariaGrignion de Montforc, comcncando esta me-imapasS,igem,diz:"Deusnãopõssomcncc ·n· r · 1c. mas ·n·m·tadQ, e não somente entre Maria e o demônio. mas tambtm cnire a posceridade da SantlssimaVirgemca posteridade do demônio" ("Tracado da Verdadcir• Devoção à Santíssima Vir1m1", Vous, l'etrópolis, 196l,6'ed.,p. S6)
C.utigo de Adão e Eva ''No mesmo instante tudo mudou aos olhos de nossos progenitores; o remorso começou a atormentâ-los.
"Disse também à mulher: 'Mulliplicareiostcustrabalhos, e(especialmente os de) teus partos. Darás à luz ,om dor os íilhos. eestarâssobo poder do marido, e ele te dom inará' "E disse a Adão: 'Porque dcs1e ouvidos á voz de tua mulher. e comes· teda ârvore, de que eu te ti nha ordenado que não comesses, a terra será maldita por tua causa; tirarás de la o sustentocomtrabalh ospcnosostodos os dia s de Ilia ~ida. Ela te produzirâ espinhos e abrolhos, e tu comerás a erva da terra. Comerás o pão com o suor do teu rosto, até que voltes à terra, de que foste tomado; porque tu l!s pó, e em pó te hâs de tornar"' (5)
A A1111nriaçãa - Fra. Angllico (dttnlh, dn ,xpul~tio dt Adão • Em do l'n,n llo), M11St111 do l'rndo, Mahi
Promessa do S;11lvador "Em seguida, Deus vestiu Adão e Eva de peles de animais e expulsouos do Paralso. À porta do jardim coloco u um anjo, armado de uma espada chamejante,paralhesvedaraentrada '' Por es1a grave desobed iência nossos primeiros pais calram na desgraça de Deus, e com eles toda a sua descendência. Mas Deus não quis abandonar o gênero humano na perdição merecida. Depois da queda de Adão e Eva, prometeu qu e nasceria da mulher Aqueleque viriaesmagaracabeça da serpente, isto é. do demônio. Era o Messias prometido, um Redentor, por cuja mediação todos os homens pudessem readquirir o direito à vidaeterna"(6). O
Notas (i)Gcn.2,8-9. (2) São João Bosco, "História Blblica do Velho e Novo Testamento", Livraria Salesiana Editora, São Paulo, 1920, 2' edição, pp. 11 - 12 (J)SãoJoãoBosco,op. cit.,pp. 12-13. (4)Gen,], 14-15. (5) Gen , 3, 16-19. (6) São João Bosco, op. cit., p. 13
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Volta a ameac;a do terror Khmer
parábola para o mundo?
CAMBODGê voltou ao noticiário internacional. O pais e o povo ficaram associados à idéia de tragédia. De faw, de abril de 1975 a dezembro de 1978, ~alizou-se naquela naçJo o mais espantoso genocídio
de que se fem notícia: a dcsrruiçtla, desmora.Jizaçilo e dispersifo de uma popu/açtJo pelo comunismo anárquico do Khmer vermelho, de tipo chinês.
A esse espanto somou-se outro, 11/10 menos apcx:aliptico: a assombrosa indiferença do Ocidente em rc/açito ao que lá ocorria. Com a mente bloquc.1da por uma propagallda internacional intensa em favor dos chamados "direitos humanos" das esquerdas - que o fazia indignar-se com a pris§o de qualquer
terrorista. - o homem ocidcmal nifo se lembrou de que os cambodgcanos também tinham direitos humanos, e assisliu inerte ã chacina, como a um filme de terror que nilo lhe dizia respeito. No Natal de 1978 um exército vietnamita, sob instigaçJo russa , invadiu o Cambodge e impôs ali a ditadura de um comunismo "clássico" de estilo soviético, fazendo cessar a "experiência" Khmer. A partir de enlilo o silêncio baixou sobre o no1iciário a respeito do Cambodgc, como regido por uma misteriosa baruta. Agora, tiJO inopinadamente quanto entraram, os vietnamitas resolveram sair. E o Khmcr vermelho - enigmaticamente conservado dura/1/e onze anos junto á fronteira com a Taillindia, e controlando mesmo pequenas regiões montanhosas no Cambodse - ameaça voltar e assumir o comrole do país Assistiremos a uma nova etapa de genocfdio e destuiçJo? t, passivei. Tudo dependenl dos altos interesses do comunismo internacio11al, que impulsiona a matança, ou a perestroika, conforme suas conveniências de momento. Uma só coisa parece provável no panorama; tristemente provável: aconteça o que acomecer, o Ocidente não se mo1·crá para salvar o Cambodge, a fim de 11,fo co111rariar russos ou chi11eses. E contilluará a clamar pelos direitos humanos ... da esquerda O momento é oportuno para recordarmos o que ocorreu no Cambodge nos quase quatro anos em que Po/ Pot, chefe supremo do Khmer vermelho, ali imperou. E parn darmos um apanhado da sítunçilo como ela agora se apresenla, pcrgunrando que perspectivas há de que a fórmula Khmer seja "experimentada" rambém em outros países. No Brasil?! 1-f -
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Cambodge: laboratório de um modelo novo de sociedade
P
IN YATHAY, um cam-
bodgeanoqueviveu mais dedoisanossoboregimcinstaladopelosKhmersvermelhos no seu pais, em sua obra "l 'U1opie Meumilre"
sionan te: um comerciante muito rico abandonou a cidade levando cons igo um saco cheio de dinheiro ~pensando poder resolver com ele qualquer problema que ocorresse durante a
("AUtopiaAssassina",b:litions
marcha. Dois dias mais tarde,
Robert Laffont, Paris, 1979),
jogou-se do alto de uma ponte, abandonandoàbciradocaminhoseubem-amadodinheiro Todos os "!dolos"do mundo moderno - em adoração dos quais muitos tinham traido a rel igião, a moral ea honra - foram derrubados como castelos de cartas por aqueles mesmos soldados con1ra os quais não se quis combater, e
nosoolocadiantedaseguintc realidade: pela primeira vez na
história da Humanidade, um paíscivilizadollançadoviolentam nente na vida tribal, rumo
ao modelo tantas vezes desejado pelos teóricos igualitários
do comunismo moderno ( 1).
A surpresa aterradora
~t~~i~~~~~:s
dos Khmers vermelhos - tomam conta da capital do Cambodge, Phnom Penh. Na ma-
~=r~:~ :r~!;i; públicos de transporte, higiene, ãgua,eletricidadeforamsupressos.Osaquefoiencorajadopelosnovossenhores.Nesstapocalipse,ossuicidiossemultiplica-
nhã do dia seguinte, os habitantes de todas as cidades do pais recebem uma ordem dos vencedores que deixa o mundo intei-
Sob vlgllõncla do "Angkor"
17deabrilde 1975.0sguer-
rilhciroscomunistas - chama-
rocstu pefatoe,infetizrncnte, paralisado: toda a população urbanaéobrigadaaabandonar as cidades imediatamente Algumas horas depois, na capital, uma imensa multidão começava a sair da cidade. O êxododedoismilhõesdepessoas,avançandoàrazAodevãrias horas por quilômetro, produziu um engarrafamento monstruoso. Mesmo os doentes foram arrancados de suas camas de hospitalepostosaandar ... ou morrer. No caos da evacuação, numerosas familias ficaram separadasparasempre.Osatrasados eram implacavelmente mortos. Mas o plano da Revolução para o Cambodge não fazia senão começar. Pouco depois da evacuação, os Khmers vermelhosdecretaramqueodinheiro não tinha mais valor. Pin Yathaytestemunhaumfatoimpres-
Uma tão radical mudança na sociedade não era possível senão após a população ter sido submetida a um verdadeiro "tratamento de choque". !)e..
Pois deserem sacudidos,golpeados, verem calcadas aos pés todassuasrcsistênciaspormeio deumaarbitrariedadcsemescrúpulos, os cambodgeanos estariamprontosparaomundotribalista,soba!gidedaorganizaçãocomunista, o "Angkar". Um ambiente sinistro reinava em todas as partes. O riso cramalvistopelosnovos mcstres. Vivia-seno terror. A população foi obrigadaausarsomente roupas escuras, de preferência pretas. Aqueles que não as possuíam dessa cor, deviam tin gi-las com um corante indicado pelos Khmersvermelhos. ARevoluçãoigualitãria,que ao longo de cinco séculos de
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1~ - . U,..,l l
l"'ll':"lla,:...,._.
cxistênciaavançousempreescondendoseu verdadcirorosto(2), no Cambodge aprc:sentou-!wesem máscara.Seusdc:sígniosevidcnteseramdestruirqualquertraçodecivilização,paraconstruir um "homem novo" num "novo Cambodge". Otrabalhointclecmal,sobretudo, devia desaparecer. "A
RevofuçDo n4o precÍS(I nem de sábios, nem de ciências, nem dees1udos'',diziamoscomunistas. Esse principio absurdo foi aplicado com uma intransigência radical.
O crime lnstltuclonallzado Mashouvemais.Asocicdadetribalista autogestionáriaseriaconstruldasobre umaimensa montanha de cadáveres. Alguns meses após a tomada do poder, os comunistas decretaram que todos aqueles que
tinhamsidofuncio náriosdogovemo, militares ou professores dequalquernívcl, deviamapresentar-se paraque seusconhecimentosfos.semulilizadosna"rt· oonstruçãodopaís".Comuma ingenuidadedif!cildecompreender,a maioriaseapresentouco· mogadoaomatadouro,acreditando na boa vontade dos Khmers vermelhos ... Aos milhares, foram conduzidos ao mais fundo da norcsta e massacrados.Maistarde,omesmo"convite"foifeitoatodososprofüsionais,comosmesmosresuhados. Hoje em dia, encontramse de tempos em tempos, cm clareir.asda ''jung/e"cambodgeana, milharc:sdeesqueletosdas vítimasdcs.sec:span1osogcnod dio Asrarastestemunhasocularesdessasexecuçõesficaramimpressionadas pela frieza com a qual agiam os Khmers. Em geral, não utiliz.avam armas de fo-
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:: ee -,, go,masenxadasoubastões. "Ê dificil imaginar como rapazes ou moças de l5ou 16anoseragrandeonúmerodeKhmers vermelhos com essa idade puderam chegar a esse grau de crueldade. A hipótese de uma possessão diabólica não parece imposs[vel; " • Estâ fora de cogitação que os Khmers vermelhos, tão bem apoiados,constitu(ssemumbandodeloucos. Pergunta-se então qual o interesse da Revolução comunista mundial na "experiência" cambodgeana. "Dir-ye.iaqueosmovimentosmaisvelozes(daRevolu~o) silo inúleis. Polim nllo é verdade. A exp/osllo desses exlremismos fevan1a um estandarte, crio um ponto de mira fixo que fascina pelo seu próprio radicalismo os moderados, e para o qua/estessevllolen1amen/eencamínhando (... ). O fracasso dos extremistas é, Pf)is, apenas aparente. Eles colaboram indirela mas possantemente para a Revoluç(lo, atraindo paulatinamente para a realizaçllo de seus culposos e exacerbados devaneios a muftid(lo incontável dos 'prudemes', dos 'moderados' e dosmedíocres"(3) MARIO BECCAR VARELA (l)Cfr. PlinioCorrõodt01i,ei,1,""1hbali ,-
mo 1 ~ , !dt:al Comúr,o-Mmio..-lo
[tf:g§r,~?.~:: çlotContta-R"'"otw;lo".(r,atltllle!CI {))ldtm.p. lS
"
soube lam~m que chamas à tua mulner de 'querida'. Nllo há 'queridas'aqui. Éproibido."
Uma odisséia no Cambodge AIGN NGOR, um jovem medioodePhnomPenh, faz um impressionante relatodasatrocidadesqueviu e sofreu no Cambodge, durante o domínio dos Khmers vermelhos, chefiados por Pol Pot De seu livro "Uma Odisséia Cambodgeana" (Editora FixotFilipacchi), a revista "ParisMatch",dc30desetembrodo úl!imo ano, publicou um signifi· cativoatra10,doqual recolhemos o que segue
H
"Uma sociedade de ~uaktade e de Justiça" "Às quatro horas da monhll os Khmers wrmelhos locavam o primeiro sino". Era o despertar no campo de trabalhos forçados, no qual Ngor se fazia passar por um ex-motorista de tâxi, pois todos os que tinham alguma instrução superior eram mortos. Transcorrida meia hora do toque,eraprecisojuntar-seà própriaequipeeoomeçaracavarcanais de irrigaçllo: "nem um momenlo de repoUS-O, nem um dia de descanso, nem um minuto de alegria. Trabalhos forçados perpéruos para poder ficar vivo"
A• formtgas, a tena1 1 o facõo
Osalto-fatantesmartelavam: "Unamo-nos para construir um Cambodge espléndido e de111ocr61ico, uma nova sociedade de igualdade e de justiço". Hora do almoço: longas filas para rcccber na oozinha comunitâria "nossas miser6veis porçôes de arroz cozido". A tardeeramaislongaemaisquentc. "O pior momento do dia chegava: o fim da /arde. Era o momento em que os soldados vinham para prender alguns. Nllosesabiaquantosdestesiam ser executados e esta incerteza 1ornavaaesperaaindamaisinsuport6vel". Trabalhava·seati1arde''sob a luz da lua". À meia-noite "o sino tocava em meio aos pios das corujas e ao concerto dos grilos. Es111pidificados, nós éramos ent4o conduzidos a nossas redes,juntoàs6rvores. Quatro horas depois, o sino nos acordava de novo. Poder comer e dormir: nós nbo pensávamos senllo nisso ... " Ngor,tendoenoontradouns frutos.selvagens.dissimulou-os junto a sua rede. Os meninosespiõesosdescobriram. Ngoré preso e advertido:
cois~-;~:::,:s,Ípr~ib~~~~~~
=-"'""'.1t,J~ = ----""'!-,-----.....
Emconseqüênciade.seu"crime", Ngor, puxado por uma corda amarrada tão fortemente a seu braço que impedia a circutaçãodosangue,iconduzido a um mangueiral. "Ao /~ de cada mangueira estava atado um prisioneiro. Passei diante de uma mulher, deitada de bruçOS S()bre um banco, com os pulsos e os pés esticados para os quatro cantos por meio de cordas que os amarravam. Elo vollouorosroenosolhou com os olhos esbugalhados. Formigas vermelhos cobriam seu.sbraços,eseudedoses1ai•am ensangüenrados." Quanto a Ngor, fizeram-no seotar-secomo dorsoapoiado num tronco e as mão amarradas atrâsda árvore. Foram-se "Alguma coiso subia pelo meu pescoço. Picada. Uma formiga vermelha!Euestavasemadosobreumformigueiro" AssimficouNgorabandonado às formigas. A tortura era tremenda. À tarde, um soldadoseaproximacomumatenaz esedirigcámulherdeitadasobrco banco. Tenta fazê-la confessar que seu marido era oficial doexército. Ela nega ··o homem subiu sobre o banco, colocou seu~ esmagando a mllo amarrado da mulher, com a lena~ segurou algo, e o puxou com um golpe seco.
cr,cm.11,e;""d" Kh,nn- <orn,,dl,,, Ai11dt1cri<i11ç,u,
.m,,,jó. lomtuio, p,.lo6d.fo
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ant,s,b, tomada dop,,dtr pt/Q1Klnmr1
u,;r-m,;/N>I, .,.,, 1975, e no dia tm 'l"ea,11,
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fagird" Cambodp
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De.eernbro 1989
IL......__. ,_..,_ _ , _
Um urro desesperado encheu a euao11viarepetirqurseu11wri· , ~ - - - - - - - - - - - - ~ clareira. O homem se pôs ertt- do nllo era soldado. Ela foi 10, um pedaço sanguinolento amarrada a uma árvore". O pendia da tenaz, preso entre as khmer comunista com uma lonhastes cerradas ga faca "rasgou suas vestes, "- Se ru m:Jo me dizes a abriu-lhe o vrntreelirou o beverdade, amanhlle11/earranca- bê. Desviei os olhos, mas nllo reiou1raunha havia mrio dr escapar aos gri"A mulher se contorcia de tosdesuaagonia.Estesse1rans- I ' - - -- - - - - - - - - - - - ' dorsobreobonco". formaram rm grmidos e depois Deitaram Ngor no chão, e veio o siléncio. Ela es1ava morS TROPAS vietnamitas remanobradopeloregimevie1enquanto um guarda o manti- 1a. Oassassino passou 1ronqüilaentraram no Cambod- namita (e portanto pelos rusnha com a cabeça füadaaoso- men/e diante de 111/111, levando ge nos últimos dias de sos),contacomumaforçaregulo, otorturadorcolocou a mão o feto pelo cordllo. Ele o sus- 1978. Os Khmers vermelhos, larsuperior àsomadosKhmers direitadoprisioncirosobreuma pendeu no 1e10 da pris4o, ao /a- chefiados por Pol Pot, reíugia- vermelhos (30 mil homens) com raiz da mangueira, imobilii.an· do de outros já seros, negros e ram-seentãojunto ao litoral e omrosdoisgruposguerrilheiros do-a com o pé. "Em seguida mumificados". Alguns pcque- à fronteira com a làilândia, e que dependem do príncipe Noropegou seu facllo e de um só gol- nos lobosaproximaram -se,atra- mesmo dentro desta - onde don Sihanouk (total dos três, pe seccionou-me o dedo mini idos pelo odor do cadáver da aoqueparece,nestesquaseon- 55 mi! homens). Mas o fator mo. Uma dor atroz subiu pelo mulher. "Começaram a dece- ze anos n!lo foram incomoda- númeronãoédecisivoquando meu braço e veio explodir em pá-lo, com muitos uivos e ro(- dos por ninguém ... -e inicia- conspiratasealtosinteressesenmeurlrebro".Aindanãocon- dos de mastigação". ram uma ação guerrilheira no tram tam~m em jogo. Siha-
Momento atual e perspectivas
A
tentcs,oguarda segurou a perna de Ngor, enquanto o outro visavadcstavezotornozelo,ferindo com o facão: "Nllosufi-
Pelamanha,oskhmersver· melhosarrancaramoutraunha
cientemenre fone para cortar a ar1iculaçllo, mas o necessário para deixar o osso à mostro (... ). As formigas vermelhas, a/roídas pelo sangue, devorai•amme as nuJos". No pé, era "insus1en1ável a dor do neno exposto (... ), Foi uma longa noite. Eu ouvia os gemidos da mulher sobre o bonco". Via por
ta; "Minha perna direita esta· vainchadadesdrosartelhosaté o oito. Cada vez que eu punha o pé no chllo, a dor lancinante s11biaa1éoq11adri/".
terraopedaçodecepadodeseu dedo mínimo, coberto de formigas!
''àmulhersobreobonco'' Porfim,tevamNgordevol-
A certa altura do caminho,
"deram-me 11mponta-~ noflanco. Eu caf num buraco (. . .j Sen ti que coloco~·om o pé sobre meu pe,st:OfO e o esfregai·am comosefa: para apagar uma ponta de cigarro". Nessa posição,
Se tu morres, nõo se perde nada"
c com o cano do Fuzil aponta· do para si, Ngor ouvia os khmers vermelhos dizerem o provkbioquecoslumavamaplicar aos prisioneiros; "Se 111 vi-
À tarde, um novoprisioneirot1raz.ido: "uma mulher grá-
ves, nllo se ganha nada. Se tu morres, nllo se perde nada".
vida. Ao passarem por mim,
JACKSON SANTOS
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n,
d~
Cambodge, de pequenas proporções, que se estende até hoje Atividadequeincluiadisseminação de minas nos arrozais, destinadasamutilarosquenelas toquem, bem como incursõesem vilarejos e regiões montanhosasmatandotidereslocais A metadaguerrilhapareceter sidoadehabituaroscarnbodgeanos a sua presença, à espera do momento oportuno para retomar o poder Teráchegadocssemomento?
Salda Inesperada Em setembro passado, as últimas tropas vietnamitas de ocupação, obedecendo a uma inesperada palavra de ordem (deMoscou?),deixaramoCambodgc. Hun Sen, atual primeiro-ministro cambodgeano, tlte-
nouk, por exem plo - que governou o Cambodge de 1960 a 1970, e parece contar com as simpatias dos Estados Unidos -estáadvogandoumgoverno de consenso ... incluindo os Khmersvermel hos! OfatoCque,comaperspec· !ivaderetornodosKhmersvermelhos, "um indizível terror" se apoderou da população, "as
imagens obsedantes vo/1am", "o medo se li nosolhos"descm·eoenviado esj:,ecial da revista L'Express; a lembrança de que, em menos de quatro anos, 70%dasmulheressobrcvive ntesestavamviúvas ... Acomissão de inquérito instalada paraapurara cxtensãodogenoddioconcluiuhaver),4milhões entre mortos e desaparecidos (a população atual é de 7,5 milhões).
"'P;'.'"~;
,' rcan,o, n,,m umm'n«iod _,..,.-,,,,:•• alegria"
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te e.,, se e AICmdasrecordações,cxistemasseqiidas. Levantamento feito com base numa aldeia de 1.800 habi!antesconstatouque, após !979e por efeito dos traumas, IS4criançasalinasceram fortemcn1eafetadas:surde2,deformações,tarasbizarras,etc. Tantoseclama,ecomraiao, contra os crimes nazistas. Mas eos Khcmrs vermelhos que estão ai e ameaçam voltar, ninguCm se incomoda com eles? Estarão automaticamente absolvidos pelofatodeseramcomunistas? Esscacenarnovarncntecom o horror Khmer, apoiado ptla China-semqualquerperspectiva de solução para o caso de recomeçarem os morticínios a que se deve? A revista "Time"chegaadizerqueoataque do Khmer vermelho não dado como duvidoso. Perguntascapenas "onde, quando ecomo". Tratar·$C-ãde preparara opinião mundial para outros genocídios semelhantes em di versos palses, impulsionados pelos "duros" do comunismo? Ou serà uma arma psicológica paralançaroOcidenteaterrorizado, e obstinado em nao lutar, aos sinistros braços da pcrestroikaedocomunismogorbacheveano, como alternativa? Caminharia nesta última direção a hipótese da formação de um governoprovisórioparapreparar uma "abertura'', com apoio russo e norte-americano.
e
"'"
Brasil na primeira fase?
Pr My-Samed y, decano da Faculdade de Medicina de Phnom Penh e sccrciãrio-geral da Cruz Vermelha cambodgeana, estudou o traumatismo mental deixado pelo regime do Khmer vermelho na população. Compõe-se este de quatro fases sucessivas: confusão, melanootia, deli rio e demência. Se o Bra-. sil estiver sendo preparado para uma "operação Cambodge", bemsepoderiadizerquejâfomos imersos na primeira fase e 1 estamos em vias de passar pa- 1 raasegunda Ante a impressionante ação conjugada do polvo comunista, que lança sobre o mundo seus tentáculos, ora para afagar e atrair (como é o caso da pcres· troika, da glasnost, da parâbola polonesa etc.),ora para aterrorizar e destruir (como na China, no Cambodge etc.), o Qci. dente continua incrivelmente inerte e concessivo. Em tal situção, como não levantar os olhos para Aquela queemFãtimaproíetizou: "vcf.
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&tátuo. da "d~a R,uõo" teNdo cu/1"""'1 fNlot J'f..olueiomíriot . J.'-ra~, foi 10/eroemeritt i"stitu/da " 10 ,ú nowmbro de 1793.
.C . , _
uiu,, fNlo qual a Reuoluçiio ,,,-.u..deu sub11i1ufr o Catolicitmo""
Ódio ao Catolicismo: força motriz da Revolução Francesa
C
OM O ESPETÁCULO teatral - Philippe de Villiers, no1abitizou-se Ora, querer separar a Revolução "leClavecin Oculaire" (o Cra- pelo dramático manifes10 dirigido ás da questão religiosa equivale a não comvo Ocular), curiosamente inspi- autoridades responsáveis pelo evento: preender nem asuahis1ória, nem a narado na vida artistica do Antigo Regi. "Nllo acrescentem ao massacre de inO· tureza do dinamismo que a impeliu me, o govêrno socialista de François cenles o massacre de sua memória! aos piores excessos. Miterrand encerra, no dia 31 de dezem- NIio peçam aos franceses que escarrem bro, as comemorações oficiais do bicen- sobre suas 1umbas!" ( 1). ALTAR E TRONO tená rio da Revolução Francesa. As toneladas de fogos de artificio, MANOBRA ARDILOSA Com efeito, a monarquia francesa o grande número de festas e desfiles era essencialmente católica. Desde o não conseguiram, entretamo, apagar No intuito de esvaziar o con1eüdo batismo de Clóvis, no ano 496, ela sela· da memória dos franceses a lembran- ideológico das comemorações, os orga· racom a lgrejaumaaliançaquedura. ça lúgubre dos fatos históricos. nizadores do bicentenário tiveram o riatrezes~ulos. Paraalgunshistoriadores,obicente- cuidado de sepultar no olvido vários Dura111e a cerimônia de sagração nário representou uma "comemoraçllo aspectos importantes da Revolução. na catedral de Reims, o rei era ungiconjisca1ória da verdade". Para ouO mais gritante deles foi o caráter do com o óleo sagrado, que lhe comu· tros, "uma overdose de mentiras". E agressivamen1e anticatólico do movi- nicava a virtude de um principe cris· o deputado da Vendéia - região oes- mento de 1789, escamoteado de modo tão. "Roi ires Chrétien" (Rei Cristianiste da França, vitima do genocidio de- intencional pelos próceres socialistas simo) era o titulo dos soberanos france· cre1ado pela Convenção revolucionária que dirigiam as festividades. 20 -
CAT O LICISMO -
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Nas missas dominicais de todas as paróquias do reino, o oficiante cantava o Domine sa/vum fac regem, e os chefes de familia costumavam rezar, após o Ângelus, a seguinte oração: ''Senhor, guardai o rei e abençoai sua fa milia. Conservai a descendência de SQo luis efa;.ei com que seus filhos lenham a Fé cot6/ica" (2). Compreende-se assim o significado profundo das palavras do libertino conde de Mirabeau, uma das fi guras proeminentes da Revolução em sua fa. se inicial: " t preciso antes descotolicit.ar a França, para depois torná-la revoluciondria ". (3)
Às vésperas de 1789, a Igreja era a instituição mais rica da França, e o Clero, a primeira Ordem (ou classe) do Estado. A seu encargo estavam a No in1uil11<Ú ridicularimr educação, a assistê ncia social e hospita- a San/a lgnja, a máquina IUproJ,apndo lar. d;, Rir,olucôoJ:..,n«,a Por1anto, os bens da Igreja não ser- prodtu.iu can·ca/unu como uta, viam apenas para sustentar seus mem- ottd, Papa , Bispo, bros e custear as despesas do culto, sôortprt:untadwde mas 1ambém eram utilizados em bene- j.,,.,,,,.i,,,,t,,ca. ficio da população carente. Altm disso, Ela participava do orçamento do Estado atravts de uma conRdigiosos ltnlam,,cotx,r tribuição voluntâria, chamada dom graà mim imp/a,;i,v,,/ do, tuito . Por exemplo, em 1788, parte da ftu.Urt:ooluâonários. Oquadrr, frota francesa foi renovada graças à s,.,tí.-i«lrt:v,,f" generosidade do Clero (4) oca ·1,,!f" · menu Esta ordenação da sociedade era inanticatMito tolerável para os revoluciomirios, que domo,,imtnlod, 1789. cm sua grande maioria se diziam ateus, livre-pensadores e anticlericais ferrenhos. Aproveitando-se da reunião dos Estados Gerais (espécie de Assembléia de representantes, oriundos de todas as provindas e com poderes limitados), a 5 de maio de 1789, e da moleza de Luis XVI, os partidârios da Revolução niciaram o processo de demolição do Antigo Regime. De Assembléia meramente consultiva, eles a transformaram em "Const ituinte", sem que para isso gozassem de qualq uer mandato, mesmo popular. Tois revolucionários, na realidade, não passavam de pequena minoria da população, embora estivessem bem articulados para a consecução de seus objetivos lmpios e desagregadores da ordem estabelecida. O alvo preferido dos revolucionários foi a Igreja. Apenas dois meses 1·· após a reunião dos Estados Gerais, o Clero deixou de existir enquanto primeira Ordem social. No final de agos-
to daquele mesmo ano, foi aprovada a separação da Igreja e do Estado, o qual a panir de então passaria a ser laico. Com isso, a religião desapareceu da lei civil. Medidas anticatólicas segui ram-se umas às outras. Pelo decreto de 2 de novembro de 1789, os bens do Clero foram postos "à disposiç4o da Naç4o ". De imediato, ele nada alterou. Emretanto, um ano mais tarde, começaram as vendas de igrejas, palácios episcopais, ins1i1uições de caridade e bibliotecas. A França monást ica foi ve ndida! Durante séculos, a piedade cristã acumulou tesouros no interior das catedrais, construiu monumentos veneráveis, como Cluny, Fontevraud e Jumihes. Livros e manuscritos raros, ornamentos preciosos, esculturas e aliares finamente entalhados, faziam parte desse imenso acervo legado à Igreja por gerações consecutivas. Em poucos anos, esse inestimável patrimônio desapareceu. Construções seculares foram literalmente despedaçadas: madeira, mármore, grades, assoalhos e até as fechaduras das portas foram vendidos em leilão e freqüentemente adquiridos por aventureiros inescrupulosos.
CONSTITUIÇÃO CIVIL DO CLERO A supressão da Ordem eclesiástica, o confisco de seus bens e a extinção das Congregações religiosas prepararam o terre no para a criação de uma "lgreja-revolucion6ria''. A Consti1uição Civil do Clero, tornada lei a 24 de agosto de 1790, fo i a "carta•magna" dessa nova religião que já não era católica, uma vez que não mantinha laços com Roma, e dependia inteiramente de um Estado que não era mais cristão (um pouco à maneira da atual igreja ortodoxa russa, dependente dos ateus do Cremlin). Operou-se assim uma profunda mo· dificação no panorama religioso da França: 53 dioceses, 4 provlnciaseclesiásticas e 4 mil paróquias fora m extintas. (5) A partir daquela data, os bispos e vigários seriam indicados por uma "assembléia de cidad(los ativos", incluindo os não-católicos. Uma vez eleitos, "os novos pastores n4o podem se dirigir ao Papa para obter qualquer forma de conjirmaç4o no cargo" (6). Sob pressão das "Sociedades fX)pulares", homens de vida escandalosa,
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-~11s&Ht&íi·m·e-eerew1•1a-1-eii·i:IH#i· como Thomas Lindet e Dumouchel, foram eleitos "bispos-conslilucionais". O presidente do Clube dos jacobinos (a ala mais radical da Revolução), M. Pourchot, foi nomeado para a diocese de Grenoble. Um juramento de fidelidade à Constituição - condenada como cismática pelo Papa Pio Vi - fo i exigido dos eclesiásticos. Os que se recusaram a prestá-lo passaram a ser chamados de ''refro/órios''eperseguidoscomo ''suspeitos", isto é, candidatos águilhotina. Não obstante os esforços da Revolução para substituir o Catolicismo por urna ''religido nucionol'', os fiêis recusaramse a freqüentar as igrejas dos "pastores constitucionais". Em a lguns lugares, os bispos cismáticos eram recebidos pelos diocesanos com hostilidade. A tropa tinha de intervir para lhes garantir a posse. Por isso, eles ficaram conhecidos peta alcunha "évêques des bai"onneues" (bispos das baionetas). · Pela primeira vez em seu curso, a Revolução encontrou uma poderosa resistência na massa da população. O Catolicismo tornou-se então sinônimo de Contra-Revolução, e o novo regime passou a considerar os padres refratários como seu primeiro inimigo.
CAMPANHA DE DESCATOLICIZAÇÃO Depois da queda da Monarquia, a 10 de agosto de 1792, a Revolução deixou ca ir a mãscara e se proclamou abertamente anti-cristã. Int roduziu o divórcio, proibiu o uso da batina, transformou seminários e igrejas em casernas, estrebarias e até clu bes noturnos. Massacrou centenas de bispos e padres nas prisões de Paris (ver edição de maio de "Catolicismo"), e depo rtou um terço do Clero fran cês. O Cristianismo foi banido da vida quo1idiana: imagens, cruzes, obje1os de devoção, tudo aquilo que lembrava o ''fanatismo" foi proibido sob pena de morte. Em Saumur, a piedosa imagem de Nossa Senhora de Ardilliers chegou a ser oficialmenle guilhotinada na praça de Bilangc. (7) Contudo, não bastava suprimir. Era necessário violar e profanar. Tol foi o sem ido das mascaradas religiosas, o nde bandos de "sa1JS-culottes" roubavam das igrejas objetos sacros e, vestidos com paramentos eclesiásticos, saiam ás ruas dançando de forma grotesca. Em Quimper, o representante do Comitê revolucionário, M. Dagorn, in· 22 -
CATO LI C ISMO -
vadiu a Catedral durante a celebração de uma missa, abriu a golpes de sabre a poria do tabernáculo e, num sacrilégio nefando, atendeu suas necessidades fisiológicas dentro do próprio cibório (8). No afã de descatolicizar a França, a Revolução criou um novo calendário em que se suprimiam o domi ngo e as festas litúrgicas . Cada dia, em lugar de um sa nto, celebrava-se um fruto ou um mineral. O quinto dia da semana era dedicado a um animal. Assim, a festa dos Reis Magos passou a ser ''fesra dos rrês sans-eulottes", e o dia de Natal, 25 de dezembro, passou a ser chamado o dia do ... cão ! (9)
RELIGIÕES REVOLUCIONÃRIAS Proscrito o Catolicismo, os sequazes de l789tentaram "sacro/izar"a república, criando uma seita com dogmas, cerimônias e orações próprias. Imprimiu-se um "carecismo rep11blicuno ", cuja epigrafe inicial reza: · 'O inferno vomit(I os reis, e a Rau'lo os destrói". Em o utro trecho, lê-se: "Que é o balismo? - É a regeneroçdo dos franceses começada a /4 de julho de 1789... "( 10). O ''culto da Rau'lo" foi solenemente ins1i1uido a IOde novembro de 1793. Nessa ocasião, no interior da venerável Catedral de Notre-Dame de Paris, megeras de teatro semi-n uas fizeram o papel de ''deusas'', cnquanrn se cantavam estrofes da "ladainha à Guilho-tilla": ''Santa Guilhotina, /errordosaristocratas, protegei-nos. Máquina amável, tende piedade de nós. Máquina admir6vel, livrai-nos dos nossos inimigos" (li) Por inspiração de Maximilien Robespierre, frio e sanguinário lider revolucionário, que se fazia chamar "o incorrup1lvel", a Convenção Nacional instituiu a festa do "Ser Supremo" (8 de julho de 1794), no intuito de "desferir um golpe morto/ no fanarismo'' (1 2). Após a queda do "incorr11ptfvel", hou ve ainda uma última tentativa de criar outra seita revolucionária, com fort es conotações de panteísmo, chamada "Teofilanlropia", a "religião" oficial do Diretório (governo revolucionário que sucedeu a fase do lerror). Por fim, vendo que "o sangue dos mártires é semente de novos cristdos", os revo lucionários deram marcha à ré no processo de descristianização da França. Antes do general Bonaparte
Dezembro 1989
Grouuro b/01J,ma, pi111ada por ,.,oo/uda11á· rias, rrprtsMla a ultbraf,iQ dt uma mina Ocultoca1&/ioofaiabjttod,tanr1anU100M·
.,ia,,profa-ôa.
tornar-st Napoleão 1, mas jã governando a França com o titulo de Primeiro Cônsul,foi ratificada com· a Santa Sé uma Concordata que permitiu a "liberdade religiosa vigiado". Porém, as Or· dens religios.as continuaram fec hadas e o Clero teve de renunciar definitivamente aos bens confiscados.
CHAGA INDELlVEL Tão radical e cruel foi a perseguição sofrida pelos cató licos franceses no periodo 1789-1799, que a podemos comparar com a época de Nero e Diocleciano, ou seja, com as crueldades infligidas aos primeiros mártires da Santa Igreja. Por isso, duzentos anos após a queda da Bastilha, ainda continua indelével em muitos corações católicos a eha· ga aberta pela Revolução Francesa. Pretender olvidar aqueles anos de pesa· delo é afrontar a memória de milhões devítimas,expor-seâacusaçãoda História e, no caso do bicentenário, ao fracasso! BRÃULIO DE ARAGÃO
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(1) P•ilippf d, V~lion. U11rr .,,,_,, ,oux ~ tk 11/ntl •i,x ,,,.,,,.,.ndt, l>ittnttn•,rr. A!bin M><lld,
P•ri,. 1989, p.14 (l)cfr. L'Off1ttd,.in6l'u$<JfrtkRl)mt, Poril, li69, p,ll (J)dr. M. l )dar,..,, L 'fupritfimoi/P<tl, IJn<I& O. ll<oo ·
-,-,Lilk.1910,p.41
(4)<fr.,.... -..o.m•,,.,,,-,,..I',,_ Mf'rttn«,Hoth<t1<,Pa,i1,19l2,p.204 U>J<• IH vi..,r1,. Clrr,st/un,_,,, /Urolu1"'11, NEL. Pari,.1988,p.i9. (6) cfr. Co,ut/1uiç60Ci,;'d1J C/no. Titulo 11. &rtlJO
19,in.J<a,rd<Vi&i,,ri,-,ot> (i1.,p.TT (') Jn•<l<Vlji-.ot>-cil,p.165
{S) dr. M. Sde,,o. Hr,tO,rr M "1 Const,fi,t/Otl 0>1# dtJClnJ'.lloth<tlt,Pari,,19-6],p.4-lJ (9)J<ud,\'i.-.c,p .<i1.. pl67 110) A. A~lord, l,ec,,/1,tk /~ Roison ti ltt'i,/ltdtl'I:."· 1rrS..µrlm,.Alcon,P•ri1. 1892.p.107 (ll)A.,hlortl.op.cit.,p.ll(I (ll)Al....,M•••n.R--rrrtt/,tn./tt6tl"rt1" S,,p,f,n,,lloch<tto,l'ari,,19J1,p.9J.
E
M D IVERSAS ocasiões, "Catoli-
dsmo" tem apresenta.doaseus leitores análises da assim chamada arte moderna, cuja expressão máxima, no Brasil, é a exposição Bienal Internacional de São Paulo, agora em sua 20" cdiçllo. Quem, como nós, percorreu os labirintos de tal exposição, dificilmente
poderá deixar de concluir que o tédio face ao horrendo é a nota psicológica dominante dos que desprevenidamen-
te perambulam por aqueles corredores. Com efeito, diante de uma exposição gigantesca, com cerca de seis qui lôme-
tros de e"'tensao, mais de três mil obras, 156 artistas de 42 países, poucos conseguirão deter-se para analisar aquilo que lhes entra olhos adentro. Uma impressão difu sa de frustração, com uma nota de impotência, acompanha o tédio. O público, em sua grande maioria constituído por escolares levados por seus professores, vê, sem nenhum entusiasmo, algo que é feito para não ser entendido pelo comum dos mortais. Qualquer tentativa de aprec iação, classificação, distinçll.o, fica inibida, desorientada: isto é arte? É belo? Conduznos a a lgo mais elevado? Ao sublime? Ou repugna ao senso cs1ético? A tal ponto é patente essa inibição, que já de entrada hâ quem procure justificá-la, desestimulando a análise: "qucmacharquepodeserúti\,civilizado ou culto tentar decifrar essa babel ( ... ) vai sair do pavilhll.o de três andares cansado, irritado e, pior, se sentindo burro" ("Veja em São Paulo", 18- 10-89). É essa a sensação dominante: se alg umas obras têm aceitação em certoscenâcutos restritos, são aplaudidas, premiadas até, e eu, pob re mortal, não consigo compreender porque uma tal banalidade ou hediondez merece prêmio, elogios dos especialistas e outras não, é porque não entendo nada! Para evitar o ridiculo, o melhor é ficar quieto e trotar de acordo com a moda - conclui, de si para si, o pobre basbaque ...
Um exemplo Não é nossa intenção apresentar uma anâlisecabaldealgoqueporsi sedesclassifica,ecujasustentaçãoé,exclusivamente, fruto da midia. Ao registrarmos o evento, procuramos, isso sim, mostrar aqu ilo que poderia indicar um rumo dentro do caos contemporâneo: a "arte'' moderna como fator de preparação das alma'.sparaaaccitaçãocn1cdiadade uma civilização do hediondo. A nosso ver, a obra mais reveladora de certa tendência, que não hesitamos classiíicar de satânica, é a do norueguês
Kjell Erik Killi Olsen, denominada "Salamandernalten". Em um cubo de aproximadamente 4x8x4 metros, co m pequena cn1rada, o estande, mergulhado na escuridão e rcalçado por tênue luz neon, apresenta bonecos monstruosos de )X)UCO mais de dois metros, como que pairando no ar, ao longo das paredes laterais. No centro, um como que monstro-mor preside a si nistra reunião. Um mau odor, fruto quiçá do material empregado, acentua a hediondez da montagem. É, na realidade, um templo ao poder das trevas. Segundo palavras do próprio Olsen, sua imenção - naqualtransparecealgodeimpositivo - é "quero que as pessoas saiam daqui diferentes" (id., ib.). Diferemes para o bem7 Nada indica. O efeito próprio de uma tal "obra de arte" é habituar as pessoas a relativizarem o horrendo, achando-o normal: original,
20~ bienal Tédio e indiferença face ao hediondo
Arte que torna o mundo mcno1bc:lot maitfcio "Ver,l,.driro,prn;ilos
saído,doi'lfe,.,.o" Dt,rauiot,ritico.
,o macabro
até. Pouco a pouco essa "arte" monstruo-
sa tenderá a passar dos eenâculos "anisticos", para as construções, os ambientes, tornando o mundo ainda menos belo, mais feio. A aflição estampada nesses bonecos, verdadriros precitos saídos do inferno. nos impele a encerrar estas linhas com uma prece Àquela que é a Sede da Sabedoria, a Virgem Santissima, poderoso ant ídoto contra todaessadesrazãoestética. QueElaprotejaosincautos, e,sobretudoas pobres crianças levadas )X)T seus professores, dos efeitos deletérios dessa pretensa arte, expos1a com tanta abundli.ncia no labirinto de seis quilômetros do parque do lbirapuera. R. MANSUR GU~RIOS
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Dezembro 1939
Escrevem os leitores O Neurose Tenhooprazc:rdepodcr cnviar-lhc, ancxo, xcrox dc artigo quccontt mmat t riaassaiinteressante sobrc a dcgradação via TV, Sugiro CATOLICISMO publicar o artigo - Sérgio C11 mar11:o, Gu11ruji1 -SP.
Nola da Rcd11çio: Trata-se do artigo "De como adquirir uma boa neurose", de Nair Lacerda, publicado em "A Tribuna",Santos, 14-S-89.Naimpossibilidadedc reproduzi- lo na ínlcgra, seguem alguns excertos importantes: ..Ao que parece, é elegante/ater análise, visitar psico/ogos, psiquiatras, enfim, tratar dw nervos, porque /ombém é eleganre ter nervos sens{-
veis. É bom aderir. A.i:sim, ~ deremosfalar no 'meu ano/isto', com aquele ur misterioso e possessivo com queosr:lientf'l/alam neles. Depois, há sempre um halo de seduf{lo, um qul de atraente, na fato de ser-se neurótico. Manter o l'(JUillbrio mental e 11ervoso riesta lpoca cibernlticaeintransit6ve/,idar provas de capacidade coriácea de suportar, de i11sensibilidade de uço, um de~·/igamento já seriu sintomu animador no caminho da desejada neurose. Quem quersingulariz_ar-sef)4'1aca/mu, 1)4'/a serenidade, pela l'(Jüanimidade, sabendo-se que essas stlo coisasvergonhosas?A.i:sim,ouçamos programas de rádio que /ai.em a dramatii.aç4o de quantos crimes aparectm por a(. É uma belf'l.a. N4o faltam os gritos e gemidos das vltimas, nao faltam oscomenláriosdascomadres em tomo do ferido ou do defunto. Tamblm no famoso seio do lar, o som e a imagem duque/upobrecaixinhu(... )tra:um-nos 1odososestupros, assaltos, espancamentos, roubos
menores e maiores em pleno dia ou d /ui. do luar(... ). A aproximaç4o es1ranha de violência e sexo ( ... )ioprato de resistência dos programas. I:, isso que crianças e adolescentes absorvem a todas us horas. É assim que as crianças e os adolescentes pensam queu vida i, que a vida /em /orçosamenle de ser. ( ... )Se 1140 houver um pranto movimento para dar paradeiro a essa forma de agress4o aos que ainda n4o aprenderam a se defender, a próxima geraç4o n4o terá nem adolescentes nem crianças. Apenas adullos, dos cinco anos em diante, adultos curregados de todas as misüias morais, com todas as descrenças, com ioda a sensibilidade perdida, a compor vidas sem rumo. Home11s sem capucidude de levuntar os ofhos pura as es1relas".
O Propriedade privado Em mãos o enmplar n~ 466, queconu!macartadoSr.Carlos Amtrico, de Campos-RJ . Gostei muitissimo da re5posta da redação.E.stábem escrita, bem fundamc!ltadaeagradeçoadefcsa cm meu favor. Gostaria nes te passo de cxpcnder algumas considerações a respeito do assunto enfocado pelo Sr. Carlos Am&ico, complementando a nota da redação. Repetimosquc nossac,iperifociacom o homem do campa permit e cxpendcrmos consideraçõcs sobrc a condição do trabalhador rural. Experi~ncia dcoorrcntc de minha famllia toda 1tr constitulda par fazende iros, bem assim afamlliademeucunhado. Desde a mais tenra idade freqüento fazendas nos Estados deS. Paulo, Minasc RiodcJaneiro e posso dizer que a vida do homem do campa é infinita-
mente melhor que aquela dos camponeses transferidos para o meio urbano. Vou ci tar apenas dois exe mplos( ... ) Tenho cm casaosrelat6riosdcminha mllc, de minhas primas, que não hesitaram cm lecionar para os colon os. Será que os tcc no-burocratas ou suas filhas vão sair da Ca pital e lecionar paraos "asscn tados"? Para finalizar devo dizer que tudo isto foi possivel graças ao ins1ituto da propriedade privada e ao e5pirito cristão qucsempre norteou o meu relacionamento e o demcusparcntcsparacomaqucle5 que nos au1tiliam com sua força de trabalho. Não usamos de demagogia, mas respeitamos o preceito de Cristo: "Amaivos uns aos outros", prcccito que não aparece nem de longe nosprogramasdccoletivização da propriedade rural coordenados pelo Estado e tllo bem expostos pela revista CATOLICISMO no seu n~ 465. - Josf t'trnando Rlbtlro dt Barros, Sio Paulo,.SP.
D Franqueza
rcs, na biblioteca do mC$mO. Esto u participando da campanhadedivulgaçãoda rcvista,e porissocrciosermuitooportunoa exposição denúmeros atrasados da mesma, já que seus assuntossllosemprea tuais. José Alvts Rodriguts, Braslli a-DJ-'.
Sempre que houver dportunidadc,divulgaroperigodiabólicoda falsa teologia da livcrtaçllo. - Oóvls Prot,r10, Natal-RN.
O Conhecimento
t uma revista excelent e. Abrangeassuntosgcrais,principalmcntc na área de religião, trazendo aos usuàrios conhecimentos divers.os. - Ntyde Espc"r Kallj5, Panos-MG. O Apostolado Souapaixonadapore5sejornal (hoje revista)desdequecomccci a 1a-10 cm 1977. Pores-
ê surpreendente ler o n~ 462
se motivo quero lcvã-lo a ou-
de CATO LI C ISMO. como nos mostra toda a realidade docaos em todo o mundo. Sem o CATO LI C ISMO, como ficariamos sabcndo de tudoo que acon tccc narcalidade7Escm rodcios! t por isso que cada vez mais gosto de CATOLlCISMO e recomento a todos, pais é a revista católica au tlntica. Neste n? 462 nos mostra como foi a Revolução Francesa realmente. Que continue sempre assim, que éistoqucgostamos:dafranquezaeclarezaem mostrarcomoanda cstcmundotãochcio de caos. - Muilda C. s. Miceichl'lli, Mlni«ma-RJ.
tras pessoas que necessitam de apostolado para estarem a par do que se passa no mundo e de formarem suas almas catolicamentc. - f"ilomena de Jesus Alvu P treln,Sio Paulo-SP.
O Blblloteco O motivo principal desta minhacartaésaberdapossibilidadedeadquirirtodososnúmeros atrasados corrcspandente5 aosanos l985/1988,oquedaria um total de 48 ruimeros. O motivodeminhasolicitaçãosc prende ao fato de cu trabalhar emcolégionaàreadebibliotcconomia - !eciono mat ér ias relativasa e5saárea-egostaria de co locares1csnilmerosà di spasiçllo dos alun os e profe5:;o-
O Orlentoçõo CATOLICISMO é a revista católica do Brasil mais ortodoxa, com mel hor apresent ação e distribuiçãodctcmasqueabrangemasintcrrogaçõesdocristão dehojenestemundodeconfusão,dando-lhcoricn1açãoscg ura que o impede de ser vítima da Revolução na Ff, na moral, nos constumcs e na polltica. Ne5ta era de convergfncia ecumênica e ideológica nos previnecontraosembustesdcSatanãsque tcnta abalar acoluna da Igreja sustentada par Nosso Sen horJ esusCristoquc lhc da rá a vitória final. Destaco os artigossobreaTcologiada Li· bertação e Revolução Francesa comoscntinclasco!ltraocspiritodeinérciaqucinvadcasconsciências religiosas e políticas de muitos. - Walneir Nogueira de t'igutlrtdo, 80111 Jtsus do ltabapoana-RJ.
CAT O LI C ISMO -
Deze m bro 1989 -
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A11u,.,querda, o Rmw. Pt:. Olmo !'ira Trindad,. OtuuJitán"oaplaudtdtpl a r,ma dru magi1trois rtsJ,<>,ta, doPref. Pliniol"oJ'rW.dtOlitJt:fra
TFP reúne correspondentes e simpatizantes REALIZOU-SE de 7 a 9 de outubro llltimo, em São Paulo, um Encontro Regional de Correspondentes e Simpatizantes da TFP, abrangendo a região centro-sul do Pais, Que contou com46lparticipantes. O primeiro ato do programa estava marcado para o dia 7, às 16 horas. Porán, já por voltadasl)horll.'l,emsuaquase totalidadeoscorrespondcntesesimpatiz.anteshaviamchegado e 5C dirigiam à sede central da TFP para cumprimentar oPror. PlinioCorrêadeOliveira. Homens, mulheres,crianças superlotavam as dependências
26 - CATO LICISMO -
daquelasede,maniíescando5eu desejo de dizer uma palavrinha r;ipida ao Dr. Plínio, pedir-lhe um conselho, uma oração. O que fez com que o Encontrotivõ.'ie,antesdesuaaberturaoficial, um inicio c.~tra-oficial... Taltomodoorgãnicocviva:i como se passam as coisas no Brasil. Ao menos no que resta do Brasil autêntico que não 5C deixouinfectarpelalepradoindiferentismo cdoegoismo. O Encontro foi prcs1igiado pela presença dos Rcvmos. sa· t-crdotes Pe. Olavo Pires Trindade e Pe. Gervásio Gobato. A conferência pronunciada pelo primeiro sobre "Adoutrinacatólica,aeducaçãoeas modas" tcveótimarcceptividade,sobrctudo junto às mães de Familia, naturalmentepreocupadll.'lcom oporvirdeseusfilhos.
lkzembro 1989
Foram apresentadas canções infantis,executadasporumpitorcsco ooro de mcninll.'l, treinadoporumadcdicadacorrespondentc.Namesmaocasião,foram upostos trabalhos realizados pelas correspondentes, como belos estandartes, bonecas de estilotradicionalecomvcstidos regionais. Altmd.aconfcrênciaina1.1gural,pronunciadapel0Prof. Plinio Corr~a de Oliveira, foram abordados diversos temas que 1ivcram em vista a gravidade dosdill.'lQuceorremcaesperança dos que virão. Os estudos transeorreramnumdimadeseriedade e entusiasmo, sempre elevado, como costumam ser os atos promovidos pela TFP. À sessão de encerramento cstevc prcscnte,fazcndoparte da mesa, o Chefe da Casa lmpe-
Durante os dias do Enconcro, o Presidente do Conselho Nacional da TFP respondeu a numerosaspcrguntasaprcscntadaspclosparticipantes:e!ciçõcs, situação nacional e internacional, problemas da Igreja c do progressismo, atuação da TFP etc. Seguem excertos de uma dessas reSJ)OStaS, relativa à pe-rcstroika. Palavras de Dr. Plinio Gorbachev tem declarado queofatodcelcquercrimplantar a autogcstão não significa qucllajarenunciadoaocomunismo. Ele, alii\s, o diz claramenteemdiscursos,cntrevistas, de,::larandoissoaChefesdeEs· tadocomquemtrata. Nãodescjaumdesviodorumodocomunismo, mas sim a maturidodc do comunismo. Tal ta autogcstllo. Ora,querelaçãohâentrea tabadelndiocogrupoautoges1ioni\rio?Scosscnllorcsanalisa-
Um pift,ruco Ct,m d~ m,mina•, rv:gid,, por uma corn,pond~nu ,la TFP, aprv:,~nft,U·it numa da1 Ttuniôts dt, se/t,r f•mi1'ÚW
rcm bem, uma taba de índio corresponde mais ou menos a um grupo autogestionário. Os bens são comuns; o amor é !ivre; não existe o problcma dc educar os filhos, porque nao são educados por ninguém, sao as folhas do mato que os educam; e a taba vive como pode sob a dirtçao de um guru. En quantoocaciquedirígesobretudonaguerra,oguru,oupajé,
é quem recebe manifestações do alto, ou "do baixo",ccom base nessas manifestações que d.lo sinais mais ou menos autênticos de que realmente umsercstranhoestáscrnanifcstando - cleorienlaosíndios. Numerosos são os partidáríosdaautogestlloqueelogiam como modelo para a sociedade huma11a a tribo indígena. De maneiraquenósficamos,dere-
pente, diante desta si tuação espantosa: neste ano de 1989 e logo mais vamos ter os sinos anunciando o ano 2000 da era cristã - depois de os homens 1erem tanto produzido, tanto lutado, tamoscesforçado, tanto construido, encontramo-nos diantedeumaforçaquesea presenta como a mais moderna, como sendo o dia de amanhã, e que inculca como ideal, como desfecho dessa cami11hada, a volta para o cstado tribal. Se, com meus próprios olhos, não tivesse tido a prova do que estou dizendo, teria dificuldade deacrcditar. Masescrevi um lívroaesse respeito, com provas e documentos.
Alerta da TFP: ensino brasileiro em perigo "Monstro estatizante ameaça o ensino brasileiro". Este é o título do documento que a TFP elaborou sobre a nova Lei de Diretrizes e LlasesdaEducação, o qual foi distribuído aos
Crítica à Teologia da Libertação O BUREAU das TFPs em Londres acaba de editar em forma de livrcto a conferencia sobre Teologia da Libertação proununciada pelo sócio da TFP brasileira, Sr. Luís Sérgio Solímeo na Universidade de Birminghan. Essa conferência, realizada em novembro de 1987, foi patrocinada pela Theo!ogical Society (Sociedade Teológica) desse importante centro de ensino inglCS. O conferencista ressa ltou um aspecto "positivo" da Teologia da Libertaçllo, que foi o de quebrar o pragmatismo do mundo moderno, que não dava importância às questões teológicas. A TL, pelo co ntrário, pôcodebatc teológico no centro dos acontecimentos, oque,desi, é correto, ressalvada sempre a distinção entre o temporal e o espiritual. Falando depois sobre as origens da TL, L S. Solímeo mostrou a inílui!ncia que o pensamento europeu de esquerda e dos círculos acadêmicos do Velho Mundo exerceu sobre a TL e os "teólogos da libertaçao". Recordou que quasetodososprincipaiscorifeusdessacorrentefizcramcur~n..., sos na Europa. Onefas10papeldadita"conscicntização"naTLfoiressaltado, mostrando o o rador como a mudança de mentalidadc das pessoas simples, através de artificios diversos - criando um estado de revolta e inconformidade - é um dos principais objclivos práticos da TL. No fimdoprocesso,a pessoa que fora11traida por um aspecto religioso, acaba setornando um marxista na prática. Paralinalizar,oconfcrencistautiliwu-se dosdadosestatísticos do livro do Prof. Carlos dei Campo, "Is Brazi! S!iding Toward lhe Extreme Left?" (Está o Brasil resvalando paraaextremacsquerda?),paramostrarcomoéfalsoomito dcquehãmisériageneralízada no Brasil, apresentado pela esquerda "católica" ea TL.
membros da Comissi'l.o de Educação da Câmara dos Deputados. O texto, de autoria da Comissão de Estudos Pedagógicos da TFP analisa o subslitutivo do deputado Jorge Hage (PSDB-BA) - atualmente cm debatenarnencionadacomissão da Câmara - ressaltando os perigos que essa proposta lcgislativaacarretaráparaaeducação cm nossa Pátria, especialmente no que se refere a três pontos: l) a chamada "gestão democrática" ou seja, a autogestãonaeducação;2)osufocamentodo ensino particular; 3) aviolaçllodosdireitosda familia e o caráter totalitário de uma escolarizaçao obrigatória e indiscriminada do ensino A autogestão será aplicada mediante "conselhos escolares, com representantes da comunidade in1erna e extcrna á esco· la",oquerepresenta uma que· brado princípio de hierarquia, indispensável em todo estabelecimento de ensino bem ordenado,bemcomoáretaespecialirn· çãopedagógica,quescrequer na tarefa educacional. Quanlo ao ensino privado, embora reconhecendo teoricamenteodireitoáinicialivaparticular,osubstitutivoJorgeHage, na prática, torna bastante limitado tal reconhecimento, em virtude dos encargos com qucoEstadooneraráoesforçodainiciativaprivadanaárea educacional. O documento da TFP também acentua o perigo de uma campanha publicitária movidacontraascscolasprivadas, tendente a apresentá·las, embloco,injustamente,diante da opinião pública, como sangue-sugas e exploradoras. Naquestãoreferenteàescolarizaçao obrigatória, proposta pelo mencionado substitutivo, apartirdapré-cscolaaléoensi· no do 2º grau, o tex!O da TFP ressalta a semelhança de tais disposítivoscomaConsti1uição soviética,aqualprevê''aimplantação,corncarátergeral,doen· sino secundário obrigatório". O documento da entidade termina conclamando os congressistas, os educadores e os pais a que se empenhem para que a Lei de Diretrizes e Bases 0a Educaçllo não introduza novas medidas decaráter socialis1anoãmbitopedagógicoepreserve os autêntkos valores da edu~açlloem nosso País. D
CATOLICISMO -
Dezembro 1989 -
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na um mo.~tciro para asfilhasdeSantaClara, que foi o segundo daquela Ordem religiosa fundado na Colômbia. Ainda nos alboresdanovafundação, seu pai deu-lhe de presente uma imagem do Menino Deus, que foi muito venerada pelas monjas, e considerado abade do Mosteiro. Em 1644, houve um grande terremoto em Pamplona. As religiosas, para se pro1egerem, acorreram à horta do convento. Uma delas, encarregada do altar do Menino Jesus, lembrou-se de que a pequena imagem ficara abandonada e exclamou: "O Menino ficou órfão" ... E correu para busc:1.-lo.
to ouro e prata, mas não consegui ram entender como foi realizado esse trabalho. Um médico ficou admirado ao observar que o Menino tinha na aparência umavértebradeslocada,advertindo que se alguém propositadamente a tivesse feito daquele modo, teria conseguido uma perfeita representação anatômica da realidade.
O Pequeno Órfão
Passado o cataclismo, e não tendo voltado a religiosa que partira :1. procura da imagem do Menino Deus, puseram-se suas irmãs de hãbito a buscá-la entre os escombros, pois o convento e a cidade haviam
ficado destruídos. Encontraram-na falecida, vitimada pelo peso de uma viga, sobre a qual, de pé, Jesus Menino olhava-a com misericórdia. Tendo movido suas mãos - que até aquele dia estavam cm atitude de oração - a imagem abençoava a religiosa. A partir de então, passou a ser chamada "El Huerfanito" (O Pequeno Órfão). Em 1944, cumpriram-se 300 anos do milagre e da definitiva consagração do Menino Jesus como abade do Mosteiro. A imagem nunca saiu da clausura. Aquelesqueavencram,ofazem atravésdasgradesdolocutório,atrás das quais eneontra-se ela sobre urna colu na que lhe serve de pedestal. O
A TFP colombiana, em agradecimento por um favor recebido pela intercessão do Menino Deus numa grave e urge nte necessidade, ofereceu·lhe um hâbito de abade, inspirado nos trajes de cerimônia das TFPs. Na foto que ilustra esta matéria, vemos o "Nii'io Huerfanito" revestido daquele traje. A fisionomia da Menino Jesus, grave mas cheia de bondade, atrai a devoção do fiel, que a seus pés expande sua alma e dEle recebe uma bênção protetora.