Catolicismo, 2000, números 589 a 600

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J~}If~ Nesta edição A palavra do sacerdote

Nos tópicos de Revolução e Contra-Revolução transcritos no último mês (Cap. VIII da Parte li, nº 3, A, B e C) o Prof. Plínio Corrêa de Oliveira descreveu alguns meios para desvencilhar-se do processo revolucionário. Nos tópicos a seguir (D, E, Fe G), consideram-se alguns meios apropriados para converter um revolucionário. Basicamente consiste em mostrar a hediondez da Revolução e ensinar-lhe o amor à desigualdade. D. A plausibilidade desse "choque" em nossos dias O ra, toda a humanidades encontra. na iminência de uma caLás Lro f'c, e ni sto parece estar prec isa mente a gran de ocas ião preparada pela mi seri córdi a de D eus. Uns e outros - os Ircv lucionári os] ela ve locidade ráp ida ou lenta - neste terríve l crepúscul o cm que vivemos, podem abrir os olhos e converter-se a Deus. O co ntra - revo lu c i o nári o deve, pois, aproveitar zelosamente o tremendo espetácul o de nossas trevas para se m demagog ia, sem exagero, mas também sem fraqueza - fazer compreender aos filhos da Revolução a linguagem dos fatos, e ass im produzir neles o "f lash" sa lvador. Apontar varonil mente os peri gos de nossa situação é traço essencial de uma ação autenti camente co ntra-revolucionári a.

E. Mostrar a face total da Revolução N ão se trata apenas de apontar o ri sco de total desaparec imento da civili zação, em que nos enco ntra mos. É preciso saber mostrar, no caos que nos envol ve, a face Lotai da Revolução, cm sua imensa hedi ondez. Sempre qu e esla face se revela, aparecem surtos de vigorosa reação. É por este moti vo que, por ocasião da Revolução Fran cesa, e no decurso do sécul o X fX, houve na F ran ça ui11 movimento contra- revolucionári o melhor do que j amais houvera anteri orm ente naquele país. Nunca se vira tão bem a face da Revolução. A imensidade da voragem em que naufragara a antiga ordem de co isas tinha aberto muitos olhos, subi ta mente, para toda um a ga ma de verd ades sil enciadas ou negadas , ao longo de séc ul os, pela R evo lu ção. Sobretudo, o espírito desta se lhes pa- ·

tenteara em toda a sua malícia, e em todas as suas conexões profundas com idéias e hábitos durante muito tempo reputados inocentes pela maiori a das pessoas. Ass im, o contra-revolucionári o d vc, co m freqüência, des mascarar o vulto gera l da Revolução, a fim de exorciza r o quebranto que esta exerce sobre suas vítimas .

F. Apontar os aspectos metafísicos da Contra-Revolução A quinla-c.-sênc ia do cs1 írilo revo lucionári o con.- istc, co mo vimos, em odiar por princípi o, e no pl ano metafísico, toda desiguald ade e toda lei, especialmente a L ei M ora l. Um dos pontos muito imporlanlcs do trabalho contra- revo lucionári o é, pois, ensinar o amor à des igualdade vi sta no pl ano metafísico, ao princípi o de autorid ade, e também à Lei M oral e à pureza; porque exatamente o orgulho, a revolta e a impureza são os !'atores que mais impulsi nam os homens na senda la R vo lu ção ( fr. Parle 1ap. VII , 3).

G. As duas etapas da Contra-Revolução

a. Obtida a rad ica l mod ifi cação do revo lu c ionári o em contra-revolucionári o, é a pri meira etapa da Contra- Revolução que nele find a. b. Vem depois uma segunda etapa, que pode ser bastante lenta, ao longo da qual a alma vai

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Veneração aos ícones: devoção arraigada entre russos

Escreve,n os leitores ajustando to las as suas idéias todos os seus modos de sentir à pos ição LOmada no ato de sua conversão. e. E é ass im que se pode delinear em muitas almas, em duas grandes etapas bem diversas, o processo da Contra-Revo lução. Descrevemos as etapas deste processo enqu anto rea li zadas em uma alm a, indi vidualmente considerada. Mula /is mulandis, elas podem ocorrer também com gra ndes gru pos humanos, e até com povos inteiros.

Plinio Corrêa de Oliveira deixa claro - no capitulo que publicaremos na próxima edição - o papel da graça para a conversão do revolucionário e a importância que há em reavivar nele a noção do bem e do mal.

9 A realidade concisa,nente Nossa capa:

1O -

Em primeiro plano: Imagem Peregrina de Nossa Senhora de Fátima que verteu lágrimas em Nova Orléans (EUA). Fotocomposiçâo do ateliê artístico de Catolicismo.

Revolução e Contra-Revolução

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Hediondez total da Revolução denunciada: causa da conversão de revolucionários

Carta do Diretor

Ontem, os "Sem Terra"; hoje, os "Sem Teto", e amanhã? Terceira Via: rótulo desgastado das esquerdas

32 li

500 anos da Descoberta do Brasil: antecedentes do grande evento histórico

Nacional Neoliberalismo: o bode expiatório de esquerdistas brasileiros

Página Mariana

Discernindo

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16 -

36 -

FEBEM: grave problema, mal focalizado

Colômbia: denúncia do poder narco -guerrilheiro Uruguai: surpreendente virada conservadora nas recentes eleições presidenciais

TFPs e,n ação

Vidas de Santos

40 Com

seus estandartes rubro -áureos, a TFP sai às ruas em defesa da Santa Igreja contra o filme blasfemo "Dogma"

18 -

Santa Genoveva: missão providencia l e Padroeira de Paris

Capa

21

Sínodo dos Bispos europeus: aspectos pouco divu lgados da reunião sob o crivo de professor italiano

Internacional

14 -

4 Nossa Senhora das Vitórias: devoção mariana multissecular

Entrevista

Terra de Santa Cruz - 500anos

12

No cruzamento da Av. Brasil com Av. Rebouças, cena da Campanha contra o filme "Dogma"

Anibientes, Costu,nes, Civilizações

Grandes acontecimentos do século XX, à luz da Mensagem de Fátima

44 Estandarte

da TFP : símbolo da legitimidade e do espírito combativo

Santos e festas do ,nês

30 O Professor universitário italiano Roberto de Mattei concede entrevista a Catolicismo

Oficiais do Exército cambogeano observam crâneos de vítimas do regime comunista de Pol Pot. É preciso saber mostrar a hediondez totnl da face do comunismo revel,1tl,1, por exemplo, ne t,1 foto.

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Com a palavra ... o Diretor

PÁGINA MARIANA

Leito r a migo, \

O sécul o XX co meçou otimi sta e eufó ri co. E termina sob o signo da cat{istrofe, mas també m da luminosa Mensagem cl Fátima. Quando o ass unto é um retro peeto hi stóri co, Catolicismo dispõe de um teso uro que o coloca em vantagem obre qu alqu e r outra revi sta: as sábias aná lises de li ve ira. seu insigne inspirador, o Prof. Plinio Corrêa d Nascido em 1908, esse ilustre escri tor e líd r ca l li co cresceu, pode-se dizer, corno qu e a res pirar os ares derrade iros da charn ad· , Belle Époque . Ass istiu as principais mud anças ocorrid as no frenéti co ·écul o XX , anali sa ndo-as à lu z da imorta l doutrin a da Santa Igrej a, lego u-nos um cab chi ele va lor inestim ável. Denunciando, com soli citude apo tó li ca e ze lo ca tó li o, o crescente afasta me nto da humanidade em re lação ao Cri ador, o Prof. 1 lini o aco mpanhou passo a passo as etapas dessa decadência co m suas penetra ntes ap reciaçõe . Co nstatou ass im a decepção e mes mo a angústia que ato rme ntam in c nláveis co ntemporâneos nossos neste fim de mil êni o. Com vi stas a propiciar um a vi são globa l - por me io ele algun s traços muito gerais - da história deste sécul o, que agora atinge e u ocaso, apresentando de modo objetivo eus des vari os e suas es1 ra nça , Catolicismo oferece ao caro le itor matéria es pec ial, fo rm ada pelas seletas ex pl anações e análi ses desse pensador católi co de envergadu ra excepc io na l. É digno de nota que, a lém dos as pectos negativos destes últimos ] 00 anos qu e revelam um ápice do multi ecuJ ar proce o revolucionário - os documentos citados acenam também, e com ênfase , para um pó lo de esperança: a Mensagem de Nossa Senhora de Fátima. Ela contém, a par da ameaça dos justos casti gos divinos, a grandi osa promessa do Reino de Maria: "Por f im, meu Imaculado Coração Triunfará! ". Desejando a todos os que compõem af amília de almas de Catolicismo os melhores fruto s espirituais que podem ser hauridos dessa substanciosa matéria, despeço-me, cordi almente, E m Jesus e Mari a

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misteriosa atuação sobre as almas dos fiéis "Tínhamos já visto todas as maravilhas de Paris. Para mim, encontrei uma única, aquela que me arrebatou: Notre Dame des Victoires! Ah, não saberia dizer o que senti a seus pés. As graças que Ela me concedeu emocionaram-me tão profundamente, que some:..te minhas lágrimas traduziram minha felicidade, tal como no dia de minha primeira Comunhão ... " (Sta. Teresinha) Nelson Ribeiro Fra elli Especial para Catolicismo França

Paris - Para bem e ntende r essa ex pansão de e nlevo de Santa Teres inha e m suas Mern.órias Autobiográfi.cas, é preciso conhecer a Bas íli ca ele Notre Dame eles Victoires (Nossa Senhora das Vitóri as), em Pari s. Em 1887, de passagem pela capital francesa, a pelite Therese a vi sitou, em co mpanhi a de seu pai. Essa visita é hoje recordada pelo altar clecl icaclo à Santa, logo à entrada da hi stórica Basílica. É prec iso não só conhecê-la, mas, se possível, freqüentá- la.

Atmosfera diferente para cada estado de espírito F reqüenta r uma igrej a signifi ca convi ve r com e la nos vári os mo me ntos da vicia : na norm alidade des botada ele todos os di as; nas horas de afli ção; nos in stantes de es perança ou de júbilo .

Altar-mor da Basílica de Nossa Senhora das Vitórias, em Paris À direita: foto de Santa Teresinha tirada em 1894

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É na diversidade de oç~s.iões, domi nadas por sentimentos vários e até opos. 't, tos, que se experimenta o amparo acolhedor recebido em nossas igrej as. Elas foram concebidas pelo espírito católico, desde o início da Cristandade, para abrigar todos os estados de alma dos fié is. O silêncio, as altu ras, a penumbra dos altares - tudo corrobora a idéia do sagrado, tudo evoca uma presença invi sível. Ali diminuem-se as di stâncias entre o vi sível e o invi sível, pois este torna-se quase palpável. Por que ouvimos pessoas afeitas à oração freqüentemente dizer: "Prefiro estar em tal igreja; para ficar em recolhimento vou a tal outra; ou ainda: sei que a Catedral é esplendorosa, mas nos momentos de 0:flição, vou à minha pequena capela..." Será legítimo esse modo de buscar o ambiente propício ao estado de espfrito de cada um ? Uma forma de oração que desejamos dirigir a Deus ou a seus Santos exprime-se melhor num ambiente? Quem poderia afumar o contrário? A Santa Igreja, tão atenta à sensibilidade de seus filhos, multiplicou os edifícios sagrados, cada um com sua "personalidade", cada um sugerindo, a seu modo, o que o fiel preci sa compreender. Cada um concedendo-lhe o que espera receber. Em outras palavras, a Igreja dotou suas igrejas da possibilidade de comunicar um aspecto da infinita paternidade de Deus, de sua bondade ou de sua majestade. É preciso freqüentar tais lugares de oração - sobretudo aqueles eri gidos em tempos de fe rvor, não portanto essas igrejas elitas modernas, que mais se assemelham a barracões ou hangares sem alma, ou a frios templ os protesta ntes para senti r a grandi osa mani fcstação di vina que neles se dá . Tomando gosto cm seu convívi o, percebe- e aos poucos a sabedori a ela Igreja em confe rir a seus templos dimensões tão vastas, co luna, tão robustas, vitrais tão coloridos, pe- · numbras de tanta serenidade, acústi ca ecoando a voz da sabedoria eterna.

As "gêmeas celestes" Quando recém-chegado a Roma, não posso me esquecer de minha fugaz "implicância" com a multiplicidade de suas igrejas. Para que tantas? (Di zem exi stir na Cidade Eterna cerca de 380). Uma 6

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clacle por seu recolhimento, penetra a inpessoa freqüenta um a ou du as igrejas, não mais. Roma não tendo a popul ação teli gência pelo simples fato de deixar-se de São Paul o, torn a-se inútil essa profuestar lá. Prega um sermão contínuo. Sabendo ouvi -lo, a alma sobrecarregada de são de igrejas? preocupações, cios atuais dias, repousa. Em particular duas delas, situadas no Por seu silêncio e dimensões, ela anima Foro ele Trajano, pareciam-me supérfluas. Uma a 1Ometros ela outra, idênticas, e por os sentidos, desperta a inteligência, perisso mesmo chamadas carinhosamente pemite compreensão mai s füc il elas mani fes tações de Deus. Não se pode estar nela los romanos de "as gêmeas celestes ". Ao alheio ao estado de oração, mesmo menos se fossem const:ruíclas a uma boa distância uma da outra ... pensava eu se nada se reze em particular. Notre Dame des Victoires se encarrega de apressadame nte. Q ue e nga no ! A maternalidade da Igreja vai bastante compor a oração, ora na inteli gência, além desses cálculos ligei ros. ora no coração, à medida em que se a Residindo por peito, passados contempl a, considerando suas di os primeiros meses, comecei a vimensões, suas pedras austeras, seus sitar, inicialmente por curiosiclamármores e bro nzes venerave lmente desgastados pelo passar cle, um a delas. Afe içoei-me secular dos fi éis. logo a seu ambiente. Pa sei a Como as catedrais, ela tem comparecer a ela quase todos um odor próprio, algo do incenos dias. E, como situava-se ao lado ela outra, não podia deiso longamente impregnado nas xar de passar pela "celeste vipedras, al go cios velhos carvalhos dos altares e da chama dos zinha", movido por um certo sentimento ele coites ia, mais cio círi os: suaves exalações que marque pela pieclacle, não me pacam o espírito como se fosse m o recendo coITeto saudar uma deodor da piedade. Lápides e inscrilas e ignorar a gêmea. ções evocam sua atribulada e gloEm pouco tempo dei-me ri osa hi stória. Haverá na Igreja conta de que, embora tão seglóri a sem tribul ação? melhantes, ambas constituíVitória sobre am dois universos di stintos: os hereges: surge o sentimento ele ser bem acoImagem de Nossa Nossa Senhora Senhora das Vitórias lhido numa, era suavemente das Vitórias difere nte elas sugestões que penetravam a No lu ga r onde hoje se encontra a alma estando na outra. Concluí então como Basílica, ex isti a no sécul o XVI um conera estulta minha inicial implicância. vento de religiosos agostini anos. Toda O fato me traz à mente um princípio muito caro ao grande in spirador e sus- Pari s os conhec ia sob o simpático nome tentácul o desta revi sta, Dr. Plínio Corrêa ele Petits Peres (Pequenos Padres). Poele Oli veira. Repetia ele eguidamente: bres, humildes, ao construírem seu convento fa lto u-lhes recursos para ereção de "Todas as vezes que na anta Igreja al 1 0 uma digna capela. Um sim ples oratóri o nos / are ·e torto cl A vi·, enquant o s rv ia-lh s d lu ar d oração. Mas nunfundad a por Nosso . ' nhor .1 'sus risto m deiada p ' ia Trnd ic.; fío dos s ~ ·ul os rn r ' nun ·iara m , ·onstrução cl uma - a clisto,·(·c7o estâ e11I1111s.1·0 ,,isto ". Ain cup •ln, u quol d •di ·ariam a N s a Senl mrn, s •111 dú vida . el a uma v z o prec ioso prin ·í1 io •rn ·0 11firm ado. As "gêm •as celestes " nud11 ti N ·ss11 di l'i ·uldadc, ag ira m como o 1'11:1,i11111 os pobr ·s cm todo o Reino da nham de cxorbitant ompl ·tavu m s · 1:rn1H,;u: r · ·orrcra m ao Re i. Mas este, harmoni osa mente. 1111iil o so lic itado, levou tempo em atenNotre Dame des Victoire d ·r os Petits Peres. Difíceis eram aguerevigora os sentidos, i ·s tempos. A contínua ameaça protesdesperta a inteligência tante à Reli gião verdadeira, dentro do Rei no cristi aníss im o, exi g ia imensos Notre Dam.e eles Vic toirl's ,: d ·ssas igrejas que, imprcss ion.,ndo 11 Sl'llsihili - sacrifícios por parte da Coroa. Mas tão

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logo Lui z XIII venceu os inimigos da Fé no fa moso cerco de La Rochelle, acedeu ao pedido dos Petits Peres - sob a condição ele dedicarem a futura igreja a Notre Dam.e eles Victoires. De igreja, e não ele capela, fal ava a generosidade Real. Lui z XIH, clando-lhes um vasto terreno próximo ao Palácio Real, desejou marcar sua gratidão a Mari a Santíssim a pela vitóri a sobre a heresia. Com a posse do terreno, a pedra fund amental fo i posta em dezembro de 1629, um ano depois da queda ele La Rochelle.

declarara não saber como manifes tar sua gratidão a Nossa Senhora, nem como incentivar seus súditos a honrá-La di gnamente. Dali , essa devoção irradiou-se para todo o Reino.

Milagre do Imaculado Coração de Maria: ressurreição espiritual

Do humilde Irmão Fiacre ao... O ges to rea l se ri a recompensado poucos anos mai s tarde. Passados já vinte e três anos de sua uni ão matrimoni al, a Rainha Ana d' Áustri a ainda não dera ao Rei o tão desejado herdeiro. Em toda a França faziam-se orações por seu nascimento. Ora, fo i um dos Petits Peres, o fa moso Irmão Fiacre, que em 1637 teve um sonho em que apareceu a Santíssima Virge m. Ela lhe apresentava o herdeiro do tro no, o futuro Luiz XIV. O Irmão Fiacre não tardou em anunciar aos Reis o sinal recebido. Ele o ti nha como vindo do Céu. O Rei encheuse ele esperança e ordenou-lhe que parti sse imedi atamente em pereg rin ação pelos principais santuári os da França, pedindo o cumprimento cio que a vi são anunciara. Hoje, o principal vitral ela Bas íli ca ce le bra esse aco ntec imento. Di vidido em três cenas narra ndo fatos da históri a de Notre Dam.e des Victoires, ele fi gura os Reis cri sti aníss imos ajoelhados, entregando seu cetro a Nossa Senhora elas Vitóri as . Na parte infe rior, mostra, ele um lado, a vi são do Irmão Fiacre em sonhos; e de outro, o Cardea l de Pari s, fe licitando a Rainh a pelo próximo nascimento cio herdeiro.

... Rei Sol De fato, no ano seguinte, Lui z XIV vinha ao mundo. A Rainha fo i agradecer sua fec undidade a Notre Dame des Victoires. A partir de então, e por mais de um século, Notre Dame eles Victoires tornouse um centro de fervorosa piedade. A nobreza a freqüentava in spirada pelos Reis. O povo, encorajado pela pi edade da nobreza, afluía em massa. Lui z XJU

A igreja fo i devolvida ao culto católico somente em 1809. Mas, já quase não havi a fi éis fe rvorosos. Nas imediações restava m ainda focos de pessoas de má vida. Notre Dame des Victoires vegetou durante anos, parecendo fadada à morte paulatina, como acontecia com incontáveis outras devoções perseguidas.

Certa vez o Rei Sol, Lui z XIV (foto acima), percorreu, em ação de graças por seu nascimento, algun s cios santuários vi sitados em peregrinação pelo bom Irmão Fiacre.

De Basílica famosa ...

a bolsa de valores No fim do sécul o seguinte a esses fatos extraordinári os, em l 789, eclodiu a Revolução Francesa. Herdeira do protestanti smo, fo i ela uma explosão de revolta contra a Religião. Os revolucionári os, odi ando a proteção ali concedida por Nossa Senhora das Vitóri as à fa míli a rea l, pilharam-na impiedosamente. O saqu e foi total. Profanações inúmeras. O edifíc io sagrado fo i tran sformado em bolsa de valores. Tornou-se templo de negóc ios e tran sações fin anceiras. Ali corri a dinheiro e o dinheiro atra iu a má vicia. A impiedade desenvolveu-se livremente naquela região em torno cio Palácio Real. A bolsa permaneceu naquele local até 1796. Mesmo o convento cios agostini anos não escapou à fúri a revolucionári a. Expulsos os religiosos, nunca mais retornaram. Uma parte de suas dependências fo i transformada em Prefe itura. A outra, votada ao uso profan o. E assim permanecem até hoje.

Em 183 2 um pároco é no meado para a igreja, pois a comunidade dos Petits Peres tinha desaparec ido na turbul ência revolucionári a. Esse pároco era o Abbé des Genettes, Sacerdote de grandes qualidades intelectuai s e humanas . Co m que difi culd ade lutava ele contra a impiedade de então ! Seus paroqui anos pensavam sobretudo em dinhe iro e em prazer. Não alcan çou o êxito de recri sti ani za r aquelas fa mílias do bairro. Pensou em pedir demi ssão ele uma paróqui a tão fria. Foi quando, em 3 de dezembro de 1836, durante a celebração do Santo Sacrifício da Mi ssa, teve ele a inspiração de consagrar sua paróqui a ao Imacul ado Coração de Mari a, Refú gio cios Pecadores. Feita a co nsagração, a face espiri tual de seus paroqui anos mudou inteiramente. As fa míli as afluíam em gra nde número. Devoções eram praticadas co m fervor e ass iduidade . Abbé eles Genettes fund ou a Arquiconfraria de Notre Dame des Victoires. Ela tornouse céle bre, fonte de conversões inúmeras. Co nserva-se nela a carta do Santo Cura ele Ars pedindo para ser ace ito co mo membro . São João Bosco a vi sitou. Alphonse Rati sbonne também, depois de sua conversão espetacul ar em Roma . De todas essas sa ntas vi sitas, a que marcou mais profund amente fo i a da Santa de Lisieux : "Ah, não saberia dizer o que senti a seus pés." Teri a sido tão melhor que ela tivesse sabido dizer o que sentiu ... Com sua finíss ima percepção e de li cadeza de alma, Santa Teres inha teria dito sobre Notre Dame de Victoires talvez a última palavra, e poupado ao leitor estas mal traçadas linhas, tímida tentativa de contar-lhe como são os encantos de uma igreja maravilhosa. ♦

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Pâlavra

jterdote

PERGUNTA Na chamada Igreja Ortodoxa Russa "Cismática", os ícones representam o ascetismo e a felicidade de viver. A representação da Fé através dos Santos sempre foi muito importante na Rússia da Religião Ortodoxa. E para os Católicos?

A re prese nt ação d os mi stérios sagrados por meio de im agens, sej am elas pinturas ou esculturas, ou então dese nh os s imb ó li cos, co rresponde a uma exi gênc ia da natureza hum ana, pois sendo o homem dotado não só de uma alm a espiritual, mas também de um co rpo mate ri al, é prec iso que as verdades lhe fa lem não só à inteligência, mas qu e atinj am também a sensibilidade e a imagin ação, para qu e os sentidos internos e ex ternos parti cipem do cul to que se deve prestar a Deus. Ass im, desde os primórdi os do cri sti ani mo, encontramos dese nhos e fi guras representando a Cri sto Nos-

RESPOSTA É inegável o papel que os íco nes dese mpe nh am na vida religiosa dos povos da anti ga Rú ss ia, qu e enco ntram nesse gênero de arte um modo de ex pressar a sua fé. Ca be e ntreta nto observa r que ele não co nsti tui um a ori gin ali dade da chamada Igreja "O rtodoxa " ru ssa. Os be los íco nes da Igreja ru ssa são um a herança de B izâncio ou Constantin o pl a, ca pita l do e ntão impéri o Roman o do Orie nte, a cuj o Patri arcado cató1ico apostóli co romano esteve subordin ada desde as ori gen . Os ícones surgiram muito antes do cisma que separou da comunhão católi ca gra nde parte do Ori ente cri stão até hoj e.

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c las ta , qu e e m so Senhor e seu g rego s ig nifi ca Mi s té ri os nas qu ebrado res ele catacumbas (subimagens, porqu e terrâneos de Roma onde os pri se us sequa zes destru íam as im ameiros cri stãos se ge ns, ac usa nd o esco ndi am para os ca tó I icos de Cônego pra ti car sua Reli JOS É LUIZ VILLAC gião, então proiad orarem ído los bi da pelos pagãos, e tam- (tal co mo di zem os protesbém onde sepultavam seus tantes de hoj e .. .). No Ocidente essa práti mo rtos, e m g ra nd e parte ca se dese nvolv e u muito mártires). mais li vremente, e não se fi A represe ntação da fé xou uni camente em pintuatravés das im age ns foi coras, como os íco nes bi za nmum tanto ao Oc id e nte co mo ao Ori e nte. Po rém, tinos - ali ás belíss im os e ri cos de ex pressão, co mo o no Orie nte surgira m maiode Nossa Senh ora de Kare re i. tências a ta l rep ree ntação , dando ori ge m a za n, Padroe ira da Rú ss ia um mov im e nto hos til ao (foto abaixo) . Na [d ade Méc ulto da im agens, co nh e- di a essa representação ati ngiu seu auge com as belas c ido co mo heres ia ico nocatedrais, com seus ricos vitra is e sua profusão de imagens de pedra. Por meio delas, toda a Hi stóri a Sagrada e a vida dos Santos vinham representadas, de maneira q ue o povo simpl es se instruía e se afe rvo rava pela sua contemplação. Por isso as catedrai s eram chamadas de Bíblias de pedra . Isto continuou nos séculos que se seguiram , co m todo o fl oresc imento da arte barroca, da qu al nós bras ile iros pode mos nos orgulh ar de possuir um dos ma is ri cos e significa ti vos acervos. Basta recorda r os proretas, como também os Pas,1·os do Po ixcio, do Aleijad in ho, ·111 on go nha s do ampo, Minas Gera is. Ass im, se adm iramos os be los ícones biza ntin os e russos, devemos igualmente adm irar a representação dos mi stérios da Fé através de outras formas sensíveis, verdadeiras obras de arte. ♦

Graça através de Frei Galvão Bl Estou muito alegre por receber a revista Catolicismo , pois seus arti gos são bem esco lhidos, de fác il compreensão e de bom gosto. Estou escrevendo para publicar um mil agre de Frei Galvão, para sua canonização. Foi isso que lhe prometi . (H.S.N. -

ri tual e moral. Temos este compêndi o que é uma enciclopédi a muito es pec ial. Co nsidero " Bel/e époque ", esse período ag raciado em que temos todas aquelas di sc iplinas, inteli gentemente mini stradas, aqui e agora, graças à di dática cri stã de nosso pro fesso r Doutor Plíni o. Somos mui to gratos a V Sa. (J.T.S. -

Nota da redação: Ap resenta mos

aqui uma sín tese da narração conti da na carta da mi ssivista: ela descreve que prec isava ampliar e reform ar sua residência, mas as dificuldades financeiras não a permiti am e, além do mais... perdera o emprego. Como se não bastassem tais provações, a Providência Divina enviara-lhe uma a mai s: um desastre que a deixou com dificuldades de se locomover por si só. Tomou conhecimento da edição de Catolicismo [setembro/ 1998], cuja matéria de capa era dedi cada a Frei Galvão, do Convento da Luz. Ela então ofereceu essas provações a Deus e fez uma promessa, rezando diante da pintura do novo Bem-aventurado, estampada na capa da referi da edição. E pediu-lhe que, se fosse da vontade de Deus, ela obti vesse os meios para ampli ar e reformar sua casa. Ao que fo i atendid a por Frei Galvão.

''A melhor leitura indicada"

R Em primeiro lu gar quero parabeni zar pelo belo trabalho desta glori osa revi sta, que, após a Bíbli a, considero co mo a melhor leitura indicada em relação ao conhec imento e aprendi zado ela palavra do Senhor, Deus. (C.A.C.M. -

Graças à didática de Doutor Plinio Em épocas passadas, idas e vi vidas ... havia para nossa fo rmação nos insti tutos de educação, o estudo do catecismo, história sagrada, hi stória eclesiástica, apologéti ca cri stã, e mais ainda, para quem tinha mais fô lego, a sociologia, fi loso fi a, teologia e política. Uma vivência de formação às pessoas de boa vontade com relati va oportuni dade. Hoje leio com respeito a magnífi ca Catolicismo , uma visão panorâmi ca de todo aq uele aspecto cultural de engrandec imento espi-

Paraná)

Tesouros da Santa Igreja Bl Nossa revi sta Catolicismo , de fin a e artísti ca impressão, é no seu conteúdo, essência da nossa Sa nta e Sagrada Igreja Católi ca, Apostóli ca Romana. Sempre na tradi ção de São Tomás de Aq uin o, Santo Agostinho, São Gregóri o Magno, Santa Tereza d' Áv il a. Nessa rev ista colhemos os tesouros dos Dogmas da Fé, as Bem-aventu ranças, os IO Mandamentos e os Li vros Sagrados. (J.D.O.C. -

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Paraíba)

Bahia)

ante. Os ditos sem terra nada mai s são que agitadores. Continuem escrevendo sobre eles, pois devemos estar bem informados sobre esta gente. Gosto muito também da parte dos santos, pois, nós católi cos, não sabemos nada ela vida deles. (R. F. -

Rio Grande do Sul)

Reflexão do nosso progresso espiritual Bl Acho muito importante divul gar a rev ista Catolicismo , pois na minh a opini ão a mes ma trata ele ass untos polêmicos e que nos leva ~1 refl exão cio nosso cresc imento espiritual e da nossa relação co m Deus e para com o nosso próx imo. Fica- nos então a pergunta? O que es tou faze ndo de bom nessa minha passagem pela terra? Será que sou daq uelas pessoas que só pensa m em si e em acumular bens materi ais? Acredito que um cios objeti vos desta revi sta é faze r co m que o cri stão se consc ienti ze de sua fo rça interi or e a co loque em práti ca na busca de um mundo melhor onde todos tenh am co ndi ções dignas ele viver como ser humano. Pa rabéns e continuem acredi tando que as pessoas possa m ser melhores como seres humanos. (E.A.M.G. -

São Paulo)

Rio de Janeiro)

"Sinto-me armado" Assuntos polêmicos Bl Ag radeço o envios de Catolicismo que têm nos sido muito útil , principal men te nos assuntos mais polêmicos no Bras il e in formações importantes para nossa fa míli a no di a-a-di a. (A.C. -

Rio Grande do Sul)

"Sem terra", ou agitador? Bl Venho por meio desta externar minha opini ão, pois gosto muito de ler Catolicismo, leio todas as matéri as apresentadas e depois passo adi -

M Eu na condição de católico, fi z opção co mo adepto cio aposto lado de Mari a, por isso, acho- me um mari ano de coração, já tenho inclusive recebido da Campanha Vitori osa "Vinde Nossa Se nh ora não tardeis", o título de Benfeitor, pelo certificado de benemerência datado ele OS ele janeiro ele l 995, honrari as que considero da mais alta relevância de toda minha vida. Com este títul o , sinto-me "armado" para enfrentar minha difícil , mas grati fica nte pro fi ssão.

CAT O LICIS MO

(B .S.L. -

Maranhão)

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Memorial para recordar... um terrorista

Governança progressista: novo rótulo para substituiradesgastadalercelra Via?

C

AIDS: aumento planetário

da devastação

M

ais de 2,6 milhões de pessoas morreram de AIDS no ano passado, cifra mais elevada desde o início ela epidem ia nos anos 80. E as estimativas são de que mais do dobro dessa cifra- 5,6 milhões ele ad ultos e cri anças - foram infectados em 1999. Os números constam cio relatório Informe da

épidenúa de AIDS - dezembro de J999, divulgado em conjunto pelo Programa elas Nações Unidas para o HIV/AIDS (Unaids, sigla em inglês) e pela Organização Mundi al da Saúde (OMS).

"A epidemia está longe de ternúncu: Na verdade, está se ampliando", informa Peter Piot, diretor executivo ela Unaicls. "Desde o inicio da epidemia em 81, aproximadamente 50 milhões de pessoas foram i11fectadas pelo HIV em.ais de 16 milhões morreram". Apesar disso, não se fala em a soc iedade moderna voltar-se para Deus e cumprir os M andamentos cio Decálogo, especialmente o 6º e o 9º que dizem respeito à prática ela castidade. A expansão ela AIDS não constituirá urna manifestação impressionante ela ação punitiva divina nos dias ele hoje? ♦

auso u ju sta indignação em amplos setores ela população pauli sta na, a hom enagem prestada ao terrorista Carlos Marighell a, por ocasião cio trigésimo aniversário ele sua morte. Com autori zação ela Prefeitura ele São Paulo, foi erigido um memorial em granito na Alameda Casa Branca, com os seguintes dizeres: "Aqui tombou Carlos Marighella, assassinado em 4 de

novembro pela ditadura militar ". É importante recordar que Marighell a havia escolhido corno método ele ação a luta armada, mediante a qual almejava impl antar no Brasil a mais terrível e sanguinária elas ti ranias ela História: a comuni sta. Ou

e

erca de 6 mil pessoas associadas à União dos Movimentos da Moradia (UMM) ocuparam seis espaços, entre terrenos, prédios vazios, fábricas abandonadas e galpões na capital paulista. O movimento existe há cerca de 12 anos. Segundo seus líderes, tais ocupações estão sendo planejadas há seis meses. Morador e dono do prédio da rua do Gasômetro nº 660, na capital paulista, An tonio Cidrão diz que foi expulso pelos invasores, juntamente com seu sobrinho e o filho deste, de apenas três meses.

AT OL I C I S M O

Janeirode•2000

sej a, a ditadura do prolelariado, res- , ponsável pela morte ele lOO milhões de vítimas em todo mundo! Curiosamente são autoridades pacifistas que propiciam agora a ereção de um monumento ao sanguinári o Marighella 1 Que pacifismo ♦ é esse?

A UMM conta com o apoio da Pastoral da Moradia da Arquidiocese de São Paulo e do Deputado Henrique Pacheco (PT). De acordo com Sebastião de Oliveira Júnior, um dos líderes, ainda existem cerca de 50 locais que podem ser ocupados. Eis aí mais uma investida contra o já debilitado direito de propriedade no Brasil de hoje. A sanha invasora e revolucionária do MST no campo vai se transplantando para as cidades. Aviso aos proprietários urbanos: se não reagirem, dentro da lei mas com prontidão e eficácia, "ponham suas barbas de molho ".. . ♦

loucuras do mundo moderno

O

e

Carlos Marighela: terrorista agora é glorificado em monumento ...

Os sem-tetona sinistra senda dos sem-te11a

s irmãos Mi chel e Joelle Leroy travam luta insó lita contra o Poder Judici ário na ilha da Reunião , território francês no Oceano Índico: desejam conservar em casa o corpo da mãe, Lise, morta em julho. Desde a morte, o cadáv r vem sendo conservado a IOgraus n ' gativos, no servi ço funerário da ·11pital, Saint Denis. A família ' SL, ti ' 10

A

cidida a insta lar uma câmara fri gorífica em casa. A primeira resposta do Tribunal foi negati va, mas os irmãos recorrera m da decisão. P d idos mórbi los e antinaturais ·0 1110 ·ss ' são indicativos do grau d' ti ·snti'.Ü0 e de absurdo a que che1ou o n,u ndo neopagão de nossos di:is, que voltou as costas para seu ' riud or. ♦

té há pouco a Terceira Via parec ia destinada a marcar in delevelmente os rum os ela política intern acional. Porém, ninguém sab ia dizer no que ela co nsi stia, quais suas características etc., nem mes mo seu grande defensor, o Primeiro-ministro britânico Tony Blair. Nos últimos tempos, declarações provenientes cios meios ela esquerda parecem indi ca r que se us propugnadores estão firm eme nte dispostos a demolir o "rnu ro " ideo l óg i co em que se env o lvi am: Gerhard Schrbcler, C hance ler ela Alemanha, interrogado sobre o aumento elas desigualdades, fo i claro: "Não acredito mais que seja

mostrou que a teoria.filosófica co rnunista não fun ciona na Terra ". (lei., ib.) Essa moda demolidora parece estar na ordem do dia até em terras tupiniquins: o deputado José Genoíno, líder do PT na Câ mara e exguerrilheiro, declarou não acreditar

"mais no socialismo como um sistema econômico e polílico que deve ser implantado. Considero o socialismo um conjunto de valo res e uma referência de ação política"

(" Jornal do Brasil", 8-1 1-99). Por tudo isso, houve uma certa ex pectativa quanto às declarações cios C hefes de Governo afi nados com o que se poderia qu alifi car ele esq uerda pretensamente rosa, desejável uma sociedade sem de qu ando se reuniram em novembro sigualdades" (" Folha ele S. Paul o", passado, no Palazzo Vecchio, em 28-I l-99). Nina Kruchova, neta de F lorença, Itáli a: B ill C linton, PreNikita Kruchev, ex-sec retário gesid ente dos EUA , Tony Blair, ral cio antigo Partido Com uni sta ela Gerh arcl Schrbder, Chan ce ler aleex -URSS, di sse que "a prálica mão, L ionel Jospin, Primeiroministro soc i ali sta da França, M assimocl' AleDante Alighieri: "No meio do ma, Primeiro-minisaminho da Terceira Via encontrar-vos-ei tro "neo " -com uni snuma floresta obscura ta da Itália e o Presi\ __ _...-1-_______ \ dente Fernando Henriqu e Ca rd oso, proveni ente dos arraiais da esquerda brasi leira. Prosseguiriam naquil o que pareceria ser uma autodemolição elo soc iali smo , ou indicariam algum ru mo novo ? N ada saiu de concreto. Apenas a tentativa de co nso lid ar um novo nome que substituísse a desgastada Ter-

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BREVES RELIGIOSAS João Paulo li adverte Imprensa Por ocasião do 40º aniversário, em setembro último, da União Católica da Imprensa Italiana, João Paulo li condenou a prática do sensacionalismo nos meios de comunicação social. Chamando a atenção para o risco da massificação cultural das pessoas , bem como para a dificuldade de controlar a autenticidade dos fatos levados a público pela imprensa, rádio e televisão, o Pontífice terminou seu pronunciamento afirmando ser necessário criar um Comitê de Ética capaz de controlar os abusos. ...J

Basílica de São Francisco de Assis reinaugurada Com a presença do Cardeal Angelo Sodano, - Secretário de Estado da Santa Sé, bem como de inúmeras autoridades religiosas e civis, foi reinaugurada em 28 de novembro último a Basílica dedicada a São Francisco d~ Assis, na Itália. O templo havia sido parcialmente destruído por dois terremotos em 1997. Ostrabalhos incluíram restauração das partes derrubadas, reforço da estrutura para tornar o edifício mais resistente a novos abalos sísmicos, bem como minuciosa restauração das obras de arte . ...J

ceira Via: "gqvemança progressista". Algo

(Charge do "Corriere dei/a Sera", Milão, 21-11-99)

que, como a sua predecessora, situar-se-ia ~ntre... o sociali smo estatista e o neoliberalismo. Rótulo vazio que, mais urna vez, L....vW,VGW nada significa... ♦

e AT O LIe ISMO

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As grandes navegações portuguesas e o Descobrimento do Brasil não teriam sido possíveis se não fossem precedidos por uma geração e~cepcional de Príncipes - a Ínclita Geração - formados segundo os princípios católicos, impulsionados por um verdadeiro espírito de Cruzada e dotados de qualidades humanas invulgares, marcando a história lusa e européia.

Antecedentes do Descobrimento do Brasil Essa epopéia começa com a conqui sta de Ceuta, na Áfri ca, em 14 15. Depoi s vem a ex ploração das ilhas da Madeira e dos Açores, nas décadas de 20 e 30. Segue-se o reconhecimento da costa africana, em 1434, tendo sid o ultrapassado o Cabo Bojador, atingindo-se o ex tremo sul do Continente pelo Cabo da Boa Esperança, em 1487. Logo depoi s f'oi aberta a rota das Índias, em 1497, por Vasco da Gama. O primeiro empreendimento es panhol data de 1492, com Cri stóvão Co lombo, a serviço dos Reis Católi cos. A ex pansão efetu ada por outros povos europeus é bastante posterior. As primeiras ini ciativas relevantes de franceses e ingleses surgem apenas nos anos 30 do século XVI.

O Rei, a Rainha e o Condestável NELSON R /\tvtOS BARRETO

E

ste é o primeiro de um a séri e de artigos de nossa rev ista dedi cados à comemoração do V Centenário do Descobrimento do Brasil. O próx imo arti go abordará outros importantes antecedentes dessa Descoberta: O in fa nte Dom Henrique, o Navegador, a Escola de Sagres e a Ordem de Cri sto. Como pôde um pequeno país, com menos de dois milhões de habitantes, realizar a epopéia dos descobrimentos por "mares nunca dantes navegados"? Portugal fo i o pioneiro dos descobrimentos empreendidos pela Europa cri stã nos séc ul os XV e XVI, seg uid o pela Espanh a e depoi s por outras Nações. Até fin s do sécul o XIV, além da Europa cri stã, o conhec imento máxi mo do Planeta correspondi a a cerca de 1/4 de toda a Terra e encontrava-se grosso modo na posse da civil ização islâmi ca. Ao longo do sécul o XVI, o con hecimento do orbe terrestre aproxima-se da sua totalidade e passa a ser influenciado dec isivamente pela Europa cri stã. 12

e AT oLICISMO

" O reinado de D. João !foi mais imporlanle na hislória da Europa do que ele poderia ler sonhado, pois foi o período que preparou Pom1gal para o seu grande século." 1 Portuga l estava ainda impregnado do espírito de Fé e das sa ntas ousadias da Cavalaria da Jdade Média - época iluminada pel a filosofia do Evange lho, como di z Leão Xllf, e pelo aroma dos santos, con hec ida co mo a "doce primavera ela Fé" . Era um a nação privilegiada , ainda pouco co nta min ada pe la dec adência trazida pela Renascença. Esta gerou um novo "!ipo ln111w110, legíti1110 precursor do homem ga11a11 ·ioso, se11.\'//al, laico e prag málico de nossos dias, da cul/11/'C/ e da ·ivilização rnalerialistas e111 que cada vez mais varnos üne1gi11do ". 2 Para compreender o ambiente em que se formo u a Ínclila Geração 3 , é prec iso co nhecer duas fi guras que marcaram essa época: a Rainha Da. Filipa ele Lanca:tcr e o Bem-aventurado D. Nuno Álva res Pereira, o Condestável. No dia 2 de fevereiro ele 1387, o R ·i D. João l , Mestre de Av is, desposou I a.

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Filipa, filha cio duque inglês D. João de Lancas ter. Senh ora bondosa e pi edosa, recitava todas as manhãs as horas canôni cas, às sextas-fe iras não fa lava a ninguém sem antes ter recitado todo o saltério, jejuava freqüentemente e li a as Sagradas Escrituras nos tempos conveni entes:' Maior influência ainda que o Rei e a Rainha exerceu Nuno Álvares Pereira, que era muito amacio pelo povo. Além ele vencer a batalh a ele Aljubarrota e diversas outras, ele influenciou toda a fl or ela nobreza lusitana com suas virtudes. Era um cava leiro tão perfeito quanto se pode enco ntrar em livros ele cavalari a. Invi cto no ca mpo de batalha, ex ímio nas virtudes cri stãs, empregou sua fortuna na caridade e na construção ele mosteiros e igrejas dedi cados a Nossa Senhora, terminando seus dias como simples irmão leigo. Com o exemplo cio Rei e ela Rainha nas virtudes domésticas ela famíli a cató li ca, e com Nuno Álvares Pereira servindo de herói-modelo à mocidade cio país, a vida nac ional elevou-se a um nível de pu reza que nunca antes conhecera.

A Ínclita Geração Os seis filhos ele D. João foram criados em uma atmosfera glorificada pela piedade mística de sua mãe, fortalecida pelo pai soldado e pelos am igos guerreiros, e tornada intelectual pela sua própria paixão pelos livros. Ri ca herança fo i a deles. Descendiam lc grandes ca mpeõc , como Afo nso l lcnriqucs, o terror cios Mouros; dos dois Eduardos ingleses - 1e 111 - ; e de A fon so IV, herói do. alado. Além desses herói s, tinham por ant ·passados príncipes tão cul tos como 1 . 1 iniz, o Rei Trovador; Afonso, o Sáb io, de as tela; e João de Lancaster, patrono das letras. Não é ele espantar que to los ·sses jovens infantes tivessem uma natural inclinação para o saber. Quando os três filhos mai s velhos 1 . Duarte, D. Pedro e D. Henriqu e -

completaram a idade para serem armados cavaleiros, D. João comunicou-lhes que tinha pensado num grande projeto: reali zaria uma séri e de torneios todos os dias de um ano, para os quai s seriam convidados os campeões de todas as nações. No meio desse vistoso e magnífico aparato, com os representantes de toda a Europa ass istindo, os jovens infantes seri am armados cavaleiros. Mas eles não gostaram da idéia do torneio. Queri am ser armados cava leiros no campo de batalh a. E, por sugestão de João Afonso de Alenquer, Tesoureiro Rea l, pediram ao Rei, seu pai, que empreendesse a conqui sta de Ceuta, a mai s bela cidade, a mais fl orescente da Mauritânia, ao norte da África. Os futuros cavaleiros encheram-se de en tusiasmo: conquistar Ceuta mouri sca, o porto de refúgio de todos os piratas sarracenos que infestavam os estreitos. Isto não seria apenas um grande e útil feito de armas, mas também um fe ito de Cruzada! Sim, levar a espada ela Cruzada à Áfri ca seria abrir um novo capítulo à hi stória daquela Guerra Santa que a Cristandade vinha travando há 600 anos contra o islã. Até então, o papel dos Cri stãos fora sobretudo defender e rec uperar. A tomada de Ceuta poderia ser o ponto de partida para uma grande e nova ofensiva. Poderia atravessar o mundo, ful gurar desde a Áfri ca até o Extremo Oriente, e rea lizar a vi tória final da Cruz. Depo is ele vencer o ceticismo do pai e os obstáculos fin anceiros , ouvido os conselhos dos teólogos e do Condestável, receber a permissão e a bênção da mãe, eles puseram-se a executar o ambicioso plano, mas sem revelar o alvo da empresa. As funções foram divididas entre os três infantes. D. Henrique foi incumbido de ali star gente no Norte e concentrar-se na cidade do Porto. D. Pedro faria o mesmo no Sul, trazendo os conscritos para Li sboa. D. Duarte fi cou com a admini stração das finanças e da justiça. D. Henrique partiu então para o Porto, sua cidade natal. O povo atendeu a seu apelo com entusiasmo. Todos os di stritos ferviam com os preparativos. Os caminhos estavam congestionados de carros de boi e fi adas de mulas carregadas de provi sões para a esq uadra. Os citadinos alimentavam-se das tripas do gado, para que todo

ele, uma vez abatido, fosse salgado para o navi o. Por isso foram ape lidad os de tripeiros, como até hoje se des ignam os nasc idos no Porto.

A Conquista de Ceuta "Senhor, eu vos peço por vossa mercê que m.e outorgueis duas coisas: a primeira, que eu seja um elos primeiros que pise em terra quando a Deus apra zar chegarm.os diante da cidade de Ceula, e a segunda é que quando a vossa escada real for posta sobre os muros da cidade, que eu vá primeiramente nela que oulro algum", pediu D. Henrique a seu pai , D. João. Term inados os preparativos, a esquadra parte de Lisboa. Depois de 15 dias, com uma semana de calmaria, ela chega diante de Ceuta. "Meu.filho , disse o Rei sorrindo a D. Henrique, bem me lembro do pedido que me fi zestes ... Agora é o tempo ele vos responder. Vós requerestes que foss eis em companhia elos primeiros que pisassem em terra, porém., a mim não me apraz que vás como companheiro, mas como principal capitão!". D. Henrique beijou a mão do pai, extasiado. O momento por que suspirava e trabalhara durante três anos seria no dia seguinte ' Três anos, a um mancebo de apenas vinte e um, parecem um bom pedaço da vicia. Na manhã seguinte, depoi s cio sermão do capelão e ela absolvição gera l, as ameaças e o desdenho de alguns mouros na praia foram o sinal para o assalto. Saltaram tantos para o mesmo barco que ele virou imed iatamente. Começaram a batalha com as armaduras molhadas. D. Duarte entrou na luta sem esperar a autori zação do pai. Ele encontrou D. Henrique combatendo fortemente na praia. Empurremos os mouros até a porta - disse-, pois poderá ser que entremos junto com eles ou, ao menos, forçaremos tanto que não possam fechá-1.a. Depois que os portugueses derrubaram o gigante negro, um verdadeiro Golias, os mouros debandaram todos. D. Henrique, seguido de quinhentos homens, precipitou-se na cidade. A luta estendeu-se por quase todo o di a. O sol ia já em declínio, e a luta nas ruas quase cessara. Os mouros tinham fugido da cidade, abandonando seus mortos. CAT O LI

O Condestável de Portugal, Beato Nuno Álvares Pereira

No domingo de manhã, a mesquita foi purificada com sa l e água, tendo sido cantado um solene Te Deum. Depoi s de terminada a Santa Mi ssa, D. João armou os filhos cavaleiros - três guerreiros jovens e altos revestidos de reluzentes armaduras, cingindo cada um , orgulhosamente, a espada que sua mãe abençoara. Eles não podiam imaginar que a conquista de Ceuta viria a ser um marco na hi stória da Europa e da Cri standade. Tal conquista foi a prova de fogo , mediante a qual a Ínclita Geração demonstrou seu exími o valor guerreiro. Valor que se manifestari a depois através de outros feitos épicos, como as grandes navegações e descobrimentos, inclusive o de nosso Pátria, em abri I de 1500. ♦

Notas: l. Elain e Sancea u, D. /-le11riqu e, o Nav egado r, Editora Livrari a Civili zação, Porto, 1988, p.18 2. Plínio Corrêa de Oli veira , Revolução e Co111raRevo/11 çlio, Diári o das Leis Llda, SP, 2a. ed., 1982, p. 19. 3. Assim denominada por Ca mões, a geração ilustre dos seis lithos de D. João I e Da. Filipa de Lancaster. 4. Fernão Lopes, Crôuica de D. Jolio I - Parte li , cap. XCV li , op. citado, p. 1 1.

e

ISMO

Dezembro de 1999

13


NACIONAL

NeOliberalismo ou neo-socialismo?

E

m artigo publicado em "O Estado de São Paulo" de 20l0-99, sob o sig nificativo título de Marighella, o tristemente a famado Frei Betto, com sua costume ira ling uagem demagóg ica, lança a c ulpa de todos os nossos mal es "na invasão hodierna do FMI, na qual

Os problemas econômicos que asso-

lam nosso País provêm da aplicação de princípios do liberalismo econômico? Ou está-se qualificando de neoliberal uma política baseada, de fato, em princípios socialistas?

"um desprestigioso 93." lugar, entre Marrocos e Gabão". E "nossas políPEDRO LUIZ DE CARVALHO ti cas econôm.icas são tidas por menos liberais d e L uth er King, C hé G uevara, Luiz que as de países ex-comunistas, como a Carl os Prestes e F ran c isco Juli ão .. . República Checa, Hungria e Polônia". "Isso é .fácil de entender. Não pode Por outro lado, D. C láudio Hummes, Arcebispo de São Paulo, e m artigo tamser exemplo de neoliberalismo nossa 'república de alvarás', que tem moeda bém publicado naq ue le diário pauli sta, afirma que "a globalização econômica, inconversível, controles cambiais, complicadíssima regulamentação trabalhisde perfil neoliberal selvagem, produziu um altíssimo e intolerável índice de deta, tributação punitiva que a~fixia o setor semprego". privado, um.a Constituição intervencionista que até recentemente sancionava Os "falsos canalhas" monopólios estatais, e expandiu de caPor seu lado, o conhec ido econom istorze para quarenta os instrumentos de ta e ex-Senador Roberto Campos, e m intervenção econômica". artigo publicado na revi sta " Veja", ed iE acrescenta o articuli sta: " O Brasil ção de 3-10-99, sob o título Os Falsos está lambém longe de ser um campeão Canalhas, de monstra aqu il o que nós, da globalização". Assim, a participação não econom istas, vi slumbráva mos há j á cio comércio exterior no PIB "é de apenas 15%, inferior à média latino-amebastante tempo: "tornou-se um modismo recente incriminar pela estagnação ricana e largamente superada na Eurodo desenvolvimento brasileiro dois fal - pa e nos países emergentes da Ásia". sos canalhas: o neoliberalismo e a Argume nta Roberto Campos: "Neoglobalização. Só que esses dois canaliberalismo e globalização não explilhas quase não exislem no Brasil ". cam., portanto, nossa pobreza. São fa lE prossegue o a rti c uli sta: sos canalhas. Os verdadeiros canalhas "Nenhum dos inslilutos especializa- são oultvs". dos em análises comparativas inlernaciD ntr os "outros canalhas", apontados pc l conhec ido eco no mi sta, desonais de graus de liberdade econôm.i ·a taca m-se: "A previdência pública comdeixa de classificar o Brasil como impenitentemente dirigis/a". Assim, o Econom.ic puJsória, que é urn sisLema de solidarieFreedom ofthe World, publicado conjun- dad , i11 verlida, sendo ao mesmo tempo: a111ide1110 ·rá!ica (porque obriga o cidadc7o a enlregar sua poupança a um ad1ninis/rador público); anti-social (pois O Santo Padre Pio XI condenou a conlribuição dos pobres financia apoenergicamente o socialismo, em todas as suas versões sentadorias precoces especiais emfàvor

o ga rrote é substituído por retaliações, a rendição por acordos, as baionetas pelo.fluxo de capitais, os saques por juros e amortizações, os chef es de armadas por ministros da Fazenda subservientes à m.etrópole ". Tudo e m me io a um c anto de louv or à m e mória de Marighella, colocado num a ltar ao lado

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eATOLIeISMO

tamente por l I Institutos de pesqui sa a pa rtir de l 996, ao avali ar o níve l de liberdade econô mi ca de 124 países, segundo 24 critérios, situa o Brasil em

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Marighella: idealista, defensor da dignidade e da justiça? "Há quem pre_fira silenciá-lo para não se sentir questionado pelo que ele significa de firmeza de convicções e, so retudo, idealismo centrado no direito de todos os brasileiros à dignidade e à justiça", escreve Frei Betto. Deveríamos e ntão sentir-nos questionados por quem propôs como objetivo de sua vicia transfor mar nossa Pátria , med iante atuação terrorista, num país comunista, ateu, igualitário e a nticristão, como a infeli z C uba de Fidel Castro, do "Paredón" e da miséria? Tal proposta representa um escárn io à inteligência de qualquer um, pois essas desgraças são conhecidas de todos !

de classes politicarnente mobilizadas); e antidesenvolvimentista (porque não é fonte de poupança capitalizada para a alavancagem. do desenvolvimento)". Denuncia a inda o ex-Senador "um sisLema fiscal punitivo e voraz que, entre impostos e déjicits, absorve 40% do PIB, sem contrapartida aceitável de serviços", e "#ficitsfiscais que criam um ciclo vicioso: já.fugircun os capitais externos - voláteis - e os poupadores nacionais exigem. juros elevados. Estes deprimem a economia pri vada e as receitas fiscais . Esse círculo vicioso é 'made in Brazil'. Não f oi gerado pelo neoliberalismo nem pela globalização".

Neoliberalismo ou Neo-Socialismo? É bem ev ide nte que não é nas g loriosas páginas de Catolicismo que o le itor e ncontrará um a defesa d a globali zação destruidora das autê nticas diferenças culturai s das nações, e mesmo das regiões, nive lando tudo por baix o e te ndendo a estabe lece r um a soc iedade muncli ali sta igualitária, que evoca a pavorosa imagem do Leviatan.

Tampouco consid ramos ocapitalism e o liberalismo econômico nosso modelo ideal desiste ma e de doutTina econômicos. Em• bora seja certo que o capita lismo, em seus princípios fundamentais de defesa da propriedad privada e da livre iniciativa, está de acordo com a doutrina social católi ca defendida pelos Papas, devendo ser combatido e m seus abusos. Qualquer le ito r habitua l de Catolicismo conhece nossa posição de defesa cios valores básicos da C ivili zação C ristã, à luz dos princípios sempiternos ela doutrina tradicional da Igreja Católica. E, de modo mais especial , já tomou conhecimento da defesa que nossa revista, ao longo de seus quase 50 anos de existência, tem fe ito de uma concepção orgânica da sociedade civil e de suas instituições políticas, sociais e econômicas. E m outros termos, tais instituições devem funcionar de modo análogo ao de um organismo vivo*. N a terminologia cio Papa Pio XII, essa sociedade orgâni ca é denominada verdadeiro povo, que se opõe à massa, isto é, a um aglomerado a morfo e revoluc io nári o de indivíduos. Acontece, porém, que, para tentar sa lvar a honra do sa ng uinário e antinatural regime com uni sta - se é que a palavra honra possa ser ap licada a um regime que timbra e m violar princípios da ética natural e da mora l católi ca - , as esq uerdas vêm profetizando o rracasso cio capita li smo. O que não se pode admitir é que essa mesma esquerda - responsável de ter lançado o País à beira da desgraça a que foram submetidos os países cio Leste europeu, e que, no presente, subjuga a C hina, o Vietnã, o Cambodge e C uba - venha agora nos querer impor "goela abaixo", a idéia de que estaríamos sendo conduzidos à ruína pelo liberalismo econômico. Este, ao menos, não se constitui - como o socialismo em suas diversas modalidades num regime antinatura l em sua essência, em seus fundamentos mesmos, como repetidame nte foi lembrado pelo Magistério tradicional da Igreja. A esse propósito, é bastante sig nifi cativo o seguinte tópico da Quadragésimo Anno, de Pio XI:

Costumes campestres tradicionais indicam resquícios de sociedade orgii11ica ainda existe11tes hoje, como o cortejo de vacas ornamentadas com flores (foto), dura11te festejos populares 11a Alta Baviera (Alema11ha)

"O socialismo, quer se considere como doutrina, quer como fato histórico, ou com.o 'ação', se é verdadei ro socialismo, mesmo depois de se aproximar da verdade e da justiça nos ponLos sobredilos, não pode conciliar-se com a doutrina católica, pois concebe a sociedade de modo completamente avesso à verdade cristã .. .. Socia lismo religioso, socialismo católico são termos contraditórios: ninguém pode ser ao mesmo ternpo bom católico e verdadeiro socialista" (Pio XI, Encícl ica Quadragesimo Anno, Vozes, Petrópolis, pp. 43-44). N a verdade é a aplicação de princípios soc iali stas que está empurra ndo o País por um cam inho que o Bras il c ri stão e autêntico abomina, rum o este rejeitado por todo bras il e iro de bom se nso! ♦

*

A tíLUl o de exe mpl o, ve r a res peito os seguin tes números de Catolicismo : O culto cego

do núm,ero na sociedade con.1e111po rânea, nº 8 agosto/ 195 I ; A sociedade crislÜ e o ,gânica e a sociedade rnecânica e pagã, nº I 1, novembro/ 195 1; Povo, massa e a influ ência da mídia , nº 543 , março/1 996; Como o Clero, a nobreza e o povo participam. do governo, nº 545, maio/ 1996; Aspectos fundarn entais da nob reza numa Civilização Cristci, nº 549, setembro/ 1996. Todos os artigos supra citados são de autori a cio Prof. Plíni o Co rrêa de O li ve ira .

C AT O LICISMO

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DISCERNINDO, DISTINGUINDO, CLASSIFICANDO À esquerda: menores rebelados ameaçam refém, na FEBEM Tatuapé, em maio último. Foto na página seguinte: menores infratores encapuçados durante re volta na FEBEM Imigrantes, em outubro passado

req uinte de maldade, chegam a queimar os corpos daqueles que acabam de assass inar.

Soluções que não solucionam

Há solução para a

FEBEM? Pululam as falsas soluções. Mas ninguém se lembra de apontar as verdadeiras causas do problema C.A.

N

a superfície dos fatos, todo mundo sabe o que ocorre na Fundação Estadual do Bem-Estar do Menor(FEBEM). Menores infratoresmuitas vezes perigosos, até assassinos contumazes, drogados - confinados em dependências que não são prisões mas têm algo disso, vigiados por monitores que não são carcereiros mas têm algo disso. Junto com eles, autores de dei itos menores como pequenos roubos, desacato etc. Não estão cumprindo pena, pois não foram e não podem ser condenados porque a lei não permite. Estão ali num sistema correcional, para serem re-educados e devolvidos ao conv ív io soc ial.

Até cenas de satanismo Freqüentemente, ocorrem revoltas na FEBEM. Os menores fogem, às vezes em bandos. D ias depois são encontrados novamente, neste ou naquele ponto do País, roubando, matando, estupran do etc .. . Voltam para a in stitui ção até 16

C ATO LICISMO

nova revolta e nova fuga. É um círculo vicioso. Ou então, desaparecem de vez e ningué m sabe onde fora m parar. Ou ainda formam partidos contrári os entre si que se digladiam dentro dos muros da instituição, com um ódio mútuo e um desejo de extermín io que espanta: por causa da droga, ou então, por rivalidades diversas, próprias do mundo do crime. Tudo isso acompanhado da destrui ção das dependênc ias da FEBEM, provocando incêndios, demolindo muros, arrebentando móveis. Recentemente os problemas se agravaram. As fugas aumentara m, a vio lênc ia se radicalizou. Os meno res não se contentam mais em fu gir. Fazem reféns, a meaça m vidas. Ou perpetram cenas antes só reg istradas entre adoradores do demônio e m sessões de magia negra: cortar a cabeça de um compa nheiro,jogand o-a por cima do muro sobre a pequena multidão de familiares , policiais e c uri osos, atraídos pela revolta. Num

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Há forte divergência entre os que anali sam as causas de todas essas barbaridades. Para uns, a situ ação ca lamitosa é fruto do excesso de autoritari smo no trato com os menores; as autoridades é que são culpadas, precisam ser mais brandas , respe itar os "direitos humanos". Para o utros- talvez a mai ori a da população - esses menores infrato res são pessoas "que não prestam", sendo preciso utili zar métodos e nérg icos no trato com eles; lugar de bandido é na cadeia, mesmo se for menor, dizem. Ante a divergência no ana li sar as causas, surgem ev idente mente divergências no apo ntar soluções. Estas são as mais diversas. Descentralização das unidades, tornando-as menores e mais facilmente controláveis; separação por idades e tipos de infração; aco mpanhamento psicológico; redução da idade penal para 14 anos, a fim de que os jovens infratores possam ir mais cedo para a cadeia; apli cação de penas alternativas, como prestação de serviços à comu ni dade e reparação dos danos; e ensinarlhes uma profissão honesta. Todas essas medidas - e ainda outras - têm um quê de bom senso, por onde e las poderiam ser defensáveis e produzir bons frutos. Mas seriam necessariamente fr utos parciais. Elas não vão ao âmago do problema.

Proibição generalizada, eficaz e misteriosa ... E, no entanto, a solução é simples como tudo, cri sta lina como água. Tal solução não é ad uzida por nós, e la é fruto da abedoria milenar da Santa Igreja Católi ca e está à di sposição de qualquer pessoa que deseje raciocinar com objetividade e bom senso. Mas existe hoje em dia uma proibi-

ção de se tratar dos ass untos sob o ponto de vista da doutrina tradicional da Igreja. Proibi ção misteriosa, não escri ta, nem constante de um regulamento qu a lquer, mas tão efi caz que o le itor poderá procurar nos j ornais, na telev isão, no rád io, em roda de a mi gos, por toda parte enfi m, e difici I mente encontrará quem a transgrida. E ntretanto, a doutrina ca tó li ca é aquele tesouro de que nos fa la o Evangelho, do qual se tiram "coisas novas e velhas" (Mt 13,52) para resolver todos os problemas. E nsina-nos a doutrina cató lica que o homem - você le itor ou leitora, eu, todos nós - temos uma natureza (a natureza humana) criada por Deus, fundamentalmente boa. Mas o pecado de nossos primeiros pais, Adão e Eva - o chamado pecado original - , liv reme nte cometido por eles, introduzi u em nossa natureza uma inclinação para o mal, a qual nós herdamos. É por causa dessa inclinação má que nós somos ten dentes ao pecado, seja o pecado diretamente co ntra Deus, seja contra o próximo, seja contra nós mes mos. Todo o ser hum a no é in c lin ado, pois, a mentir, a roubar, a pecar contra seu próprio corpo o u o dos o utros, mesmo a mata r, tudo isso sem culpa própria. Até o momento em que venha a aderir co nscie ntemente a essas inc linações e pô-las em prática. Pois então, aí, aquela raiz de mal torna-se efetivamente um pecado pessoal, culpado e digno de castigo. Se não aderir, não há culpa; pelo contrário, resistindo, pratica-se a virtude .

Formação moral sólida, é básico e necessário! Não vamos tratar aqui do pecado em sua dimensão eterna, após esta vida o que implica na ex istência do Céu e do Infe rno - , pois isso nos levari a longe. S itue mo-nos tão-so me nte no aspecto social, que mais diretamente interessa ao caso FEBEM . Ora, essa inclinação para o mal tem de ser co mbatida dentro de nós. Devemos também ajudar os outros a combatê-

la dentro deles. É esse um aspecto fundamental da virtude. Sem a graça de Deus , nada podemos, mas essa graça leva-nos a trava r esse combate, o mais meritóri o de todos neste mundo. Para tal co mbate é prec iso fo rmação mora l sólida, uma noção c lara da importância capita l dos Mandamentos da Lei de Deu s. Ora, é exatamente tal formação de caráter re li gioso que veio sendo aba ndonada em favor de pedagogiâs utópicas , baseadas em diversas alegações: "direitos humanos"; "liberdade responsável"; fa lsa idé ia de que o ho mem é sempre bom e a sociedade é que o corrompe; de que não há pessoas más, apenas ignorantes etc. É claro que a formação moral e re li giosa não produz frutos automáticos. É necessári o a correspondência pessoal à graça de Deus. Se o indivíduo não quer lutar e esforçar-se, não há o que possa

tra nsformá- lo numa pessoa de bem. Até no interi or dos mais santos conventos, em épocas passadas, houve revoltados. Lutero fo i um deles. Ora, tal fo rmação mora l e religiosa é básica, sendo uma escora poderosíssima para quem desejar, de fato, praticar o bem. Mas no ambi ente la ico (para não dizer ateu) das unidades da FEBEM, com a presença da televisã_o incentivando para o mal, sem qualquer educação mora l que predisponha os menores a combater seus próprios vícios e inclin ações, como esperar so lução?

Ensinamento de ontem: solução para hoje Uma objeção poderia levantar-se con-

tra o remédio que propomos: é que ele é tão bom, que é inaplicável, pois comportaria não só a regeneração dos internos da FEBEM como de toda a sociedade. A resposta é simples. De fato, a degradação moral desta nossa época de fil mes blasfemos e difusores da vio lência, de jornais e rev istas pornográficos , de televisão corruptora, de escolas ensinando indi scriminadamente um a absurda ed ucação sex ual, não é propícia à fo rmação de um a sadia juventude. Mas en tão recon heçamos: o mal é generalizado, impondo-se uma ampl a e profunda conversão, como a pedida em Fátima por Nossa Senhora. O caso da FEBEM é ape nas um tumor concentrado, num organi smo todo ele doente. Não julguemos que vamos poder curar o tumor, deixando correr li vremente pelo organi smo toda sorte de vírus e tox inas. É cé lebre a imagem, traçada por Santo Agostinho, de uma sociedade em que todos os membros fossem bons cató licos.Imagine-se - diz el e - "um exército constituído de soldados como osforma a doutrina de Jesus Cristo, governadores, rnaridos, cônjuges, pais, fi lhos, senhores, servos, reis, juízes, contribuintes e cobradores de impostos como os quer a doutrina cristã! E ousem [os pagãos] ainda dizer que essa doutrina é oposta aos interesses do Estado! Pelo contrário, cumpre-lhes reconhecer sem hesilação que ela é uma grande salvaguarda para o Estado, quando fielmente observada" (Epist. l 38 ad Marcell inum , cap. II, nº 15 , Opera om ni a, tomo II , Mi gne, col. 532; ap ud Plínio Corrêa de Oliveira, "Nobreza e Elites Tradicionais Análogas", pág. 54). Fora dessa perspectiva, estejamos certos, nem a FEBEM nem qualquer problema no campo po líti co ou soc ial tem solução. É por isso que nos entu sias ma o triunfo do Imaculado Coração de Maria prometido em Fátima, mesmo que, para chegar até ele, a humanidade tenha de atravessar castigos inenarráveis. Que maior casti go do que esta soc iedade febem( izada) em que vivemos! ♦

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VIDAS DE SANTOS

,,. tro desejo senão o ele viver como virgem cristã. O Bisp , vendo no chão uma moeda, na qual estava gravada uma Cruz, tomou-a e, entregando-a a Genoveva, recomendou-lhe que a usasse ao pescoço como sinal ele sua consagração a Jesus Cristo. Segundo alguns autores, é este o primeiro exemplo que se conhece do uso de medalhas ao pescoço. Certo dia de festa, sua mãe, que por qualquer motivo não estava ele bom humor, negou-lhe permi ssão para ir com ela à igreja. Como Genoveva insisti sse, alegando que havendo se tornado esposa de Jesus Cri sto ti nha obrigação de servi -Lo do melhor modo, a genitora, irritada, deu-lhe uma bofetada, ficando cega no mesmo instante. Depoi s ele um ano de cegueira, iluminou-se o espírito de Gerôncia, que reconheceu no castigo uma justa punição de Deus. Pediu então à filha , cuja virtude agora reconhec ia, que lhe trouxesse água do poço, faze ndo sobre ela o sinal da Cruz e lavando-lhe os olhos.

,nissão histórica providencial e Pàdroeira de Paris Vivendo entre dois mundos - o da Gália romana, que se extinguia, e de cujo desmoronamento foi testemunha, e o da Gália franca, que nascia de suas cinzas e em cuja conversão trabalhou denodadamente - Santa Genoveva serviu de ponto de união entre romanos e bárbaros. E recebeu de Deus a missão de transmitir a fé católica dos vencidos aos vencedores, preparando assim as sementes daquela que seria a nação cognominada Filha Primogênita da Igreja, a França. PLINIO M AR IA SüLIMEO

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orria o ano 400 de nossa era. O gigantesco Império Romano do Ocidente vivia seus últimos dias. Na província romana da Gália (atual França), em meio aos pagãos que ainda faz iam sacrifícios humanos ao deus Thor, o cri stiani smo começava a lançai suas raízes quando, vinda de além Reno, uma horda de bárbaros devastou a reg ião quase sem encontrar resistência. "Por que os gauleses, outrora tão bravos, não se def enderam ? Porque os rornan.os, com seu luxo, tinham-lhes dado sua moleza e seus vícios " ' . Com o tempo, a vida recomeçou com os novos bárbaros sendo assimil ados pela população do país.

Foi nesse período que, no ano 422, na pequena cidade de Nannetodorum (hoje Nanterre), nos arredores de Pari s, nasceu em uma famíl ia cristã Genoveva, que tão importante papel desempenharia na v·d, da futura nação convertid a ao cristiani smo.

Instrumento de grandes maravilhas Seus pai s, Severo e Gerôncia, sendo católicos fervorosos, procuraram formar a filh a nos mesmos princípios reli giosos. Dócil e sempre aberta à ação da graça, Genoveva crescia de modo análogo ao do Menino Jesus: "em graça e santidade diante de Deus e dos hom.ens ". Quando tinha de sete a oito anos, em 430, passaram por Nannetodorum os Bispos Germano, ele Auxerre, e Lobo, de Troyes. Enviados pelo Papa São Celestino I, esse doi s luminares da Igreja na época, dirigiam-se à Inglaterra a fim ele combater uma perniciosa heres ia defendida pelo monge Pelágio. Toda a população católi ca reuniu-se para ouvir o sermão que Germano pregaria. Como os que são am igos mais íntimos ele Deus logo se reconhecem, o grande Prelado di scerniu , entre seus ouv intes, a menin a Genoveva, que trazia na fronte o sinal dos eleitos. Qui s saber quem era, e fa lar com seus pais. Quando estes se apresentaram com a filha , São Germano, pondo a mão na cabeça da menina, disse: "Bendito dia aquele em. que o Senhor vos concedeu tal filha; os a,~jos a saudaram sem dúvida no seu nascimenlo, e Deus Nosso Senhor a destina a ser instrumento de grandes maravilhas" 2 . Voltando-se depois para Genovcva, exortou-a a consagrar-se inteiramente a Deus e a não ter outro esposo que Jesus Cristo. A menina rc pondcu-lhe que nunca tivera ou-

Santa Genoveva cura a cegueira de sua mãe

Neste momento, a cegueira fo i curada. O epi sód io revela a humildade ela mãe e o Dom cios mil agres ele que já era dotada a filh a.

Na cidade da qual seria a Padroeira Naquele tempo, não havendo em Pari s e redondezas convento para as virgens que se consagravam ao Senhor, estas, para melhor dar o exempl o, permaneciam em suas casas, em meio a todos. Tinham lugar reservado somente na igrej a. Quando chegavam a uma idade conven iente (que era hab itualmente os 25 anos), apresentavam-se ao Bispo que, depoi s elas preces e cerimôni as apropriadas, lhes concedia o véu. Como a virtude de Genoveva e sua piedade eram já eminentes, o Prelado admit iu-a com a idade de l5 anos. A partir ele então, como faziam as virgens consagradas, a adolescente passou a alimentar-se apenas ele legumes, a beber somente água, e cobriu -se co m um cilício, passando longas horas em oração.

fen o e 1s pais fa lecido nessa época, Genoveva mudouse pa ·a a casa de sua madrinha, na cidade ele Lutécia, atual Pari s, que mai s tarde terá a honra ele tê- la como Padroeira.

Queriam queimá-la como feiticeira Pouco depoi s de estabelecida em Lutéc ia, Genoveva fo i acometida por uma paralisia quase total, acompanhada ele fo rtes dores. Não podia servir-se ele nenhum ele seus membros. A estran ha doença chegou a um auge no qual ela perdeu os sentidos. Permaneceu durante três dias nesse estado, conhecendo-se que estava viva somente pelo fraco pul sar cio coração. Durante esse período ela fo i transportada, em espírito, entre os coros dos Anjos, dando-lhe Deus a con hecer o muito que deveria faze r e padecer por seu amor no resto ele sua vicia. Parte desse sofrimento começou para ela logo em seguida, porque, em sua inocência, com uni cara a algumas pessoas indiscretas o grande benefício de que tinha sido objeto. Ora, as almas medíocres não podem suportar que ou tras vivam em hori zontes mais altos. Vinga m-se delas pela ca lúni a e pela difamação. Assim, começaram a dizer que Genoveva aparentava santidade para exi bir-se, que suas pretensas virtudes não passavam ele fin gimento, e outras co isas no gênero, sem olhar para os bon s frutos que produzia. E como a ca lúnia atrai mai s as almas soezes que a verdade, ini ciou-se contra a Santa um a verdadeira ca mpanh a ele cli famação, chegando-se ao po nto ele qu erer-se queimá- la como fe iti ceira. Ora, sucedeu então que voltava a Lutécia, novamente a caminho ela Inglaterra, o ilustre São Germano, agora nimbaclo por fama universal ele santidade e com o crédito de muitos milagres e prodigiosas conversões. Ouv iu as ca lúni as em silêncio. Limitou-se a diri gir-se à casa onde vivia a Santa, sendo ni sso acompan hado pela multidão. Lá chegando, saudou-a com profundo respeito e reverência, após o que fo i refutando calúni a por calúni a, mostrando, pelo contrário, o mérito dessa virgem diante ele Deus. Voz tão autorizada teve uma ação verdadeiramente exorcística, cortando pela raiz todo o vendaval levantado pela maledicência.

A Santa salva Paris diversas vezes A virtude de Genoveva voltou abri lhar perante os homens. "Ela penetrava, graças a uma luz sobrenatural, no fundo das consciências, e levava a todos, pelo seu discurJO ú~flamado, ao amor de Jesus Cristo. Passava sua vida em oração e lágrimas contínuas . .... Sua abstinência era prodigiosa, e mal se poderia crer se nc7o se visse um excelente modelo na vida de seu meslre e direto,; São Germano de Auxerre"3 • Enquanto ela edificava_a todos com suas vi rtudes, uma grande calamidade ameaçava abater-se sobre Paris. O terrí-

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ffi vel Átil a, rei dos mais ferozes bárbaros da época, os hunos, tendo atravessado os Alpes e o Reno, invadi a com suas hordas a Gá li a. Paris estava na sua rota ele sangue e destruição. Na consternação geral, muitos pensavam em fu gir ela cidade, pois por onde passava o "Flagelo de Deus" - como era conhecido -, nada mais crescia no solo devastado. Genoveva saiu então ele seu retiro para exortar o povo a obter mi sericórdi a de Deus, por meio de orações, jejuns e peni tências. E àqueles que queri am fugir, di sse com autoridade: " Eu vos predigo que, pela proteção de Cristo, Paris será poupada, enquan/o os lugares onde vos quereis re.fúgiar tombarão sob o poder do inimigo, não restando lá pedra sobre pedra"4 • Mui tos fora m os pari sienses dó-

ceis aos seus co nselhos que se revezavam na igreja, numa contínu a prece ao Céu. Mas novamente o demônio susc itou outros contra ela, alega ndo que os levava a uma ru ína inevitável com suas pseudo-profecias. Os âni mos novamente se ac irraram de ta l modo, que desejavam outra vez queimá- la. Mais uma vez São Germano, que já gozava da glóri a ce leste, li vro u-a, desta feita po r me io de se u Arced iago. Este, chegando a Pari s, reuniu o povo, mostrando como o Santo Bispo Germano, du rante sua vida, hav ia honrado Genoveva. Citou-lhes os testemunhos que dela hav ia dado antes de morrer. Com isso, apaziguou de novo a tempestade. A profecia da Santa cu mpriu-se à risca, pois apesar ele Átila licar correndo ela cidade ele Champagne a Orléans e ele Orléans a Champagne, não avançou até Paris. Finalmente, foi derrotado por uma coligação de romanos, francos e visigodos, na estupenda vitória de Chalons-sur-Marne, em 45 1. Alguns anos mais tarde, Pari s fo i siti ada, desta vez por Meroveu, terce iro rei dos francos. Os romanos, que ainda aí conservavam fo rte guarni ção, res istiram vári os anos, até caírem ante essa nova força . "Não se deve espantar se Santa Genoveva, que estava lá, não evitou esse golpe, pois não tinha intenção de se opor aos desígnios de Deus, que queria fa zer dessa cidade a capital do mais f lorescente reino que jamais houve sobre a Terra" 5 .

Entretanto, du rante esse pro longado cerco, que red uziu Pari s à mais extrema penúria, "Genoveva, compadecida de tantafome, j untou grande quantidade de trigo. Conduziu-o a Paris através de inúmeras d(ficuldades, salvemdo assim a vida daquele povo qflito"6 . "Essa m.agnânima caridade, aco,úpanhada de rnuitos nú lagres, deu novo lustro às suas virtudes, faze ndo-a ser venerada mesmo pelos pagãos. Chilperico, pai de Clóvis, estimava tanto a nossa santa que nunca se atreveu a negar- lhe coisa algum.a que pedisse"1 . Fo i às suas instâncias

que ele construiu um magnífico templo pri mitiva mente consagrado aos Apósto los São Pedro e São Paul o e mais tarde dedicado a essa Santa. Muitos consideram que ela

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São Germano exortou Genoveva a consagrar-se inteiramente a Deus

contribuiu poderosamente para a conversão de Clóvi s. A seu pedido, este pri meiro Rei cri stão da França li bertou prisioneiros, deu grandes es molas ao Clero e aos pobres, e ed ificou vári as igrejas. Seguindo o exemp lo de Genoveva, mui tas jovens consagraram-se a Deus, algumas delas, como Santa Aude, sob sua direção, chegaram a santidade em inente. A rainha Santa Clotilde, esposa ele Clóv is, tinha Genoveva em alta consideração, e sempre que possível ia entreter-se com ela. A fa ma dessa Santa chegou tão longe, que o fa moso São Simão Estilita, do alto ele sua coluna na Ásia Menor, pediu a peregrinos franceses que o recomendassem às orações dela. Cheia de anos e de virtudes, Santa Genoveva entregou sua puríss ima alma a Deus em 5 12. Toda Pari s chorou.

Milagrosa atuação post mortem No ano 887, cio Céu, novamente sa lvou ela sua cidade ele Paris, siti ada pelos terríveis normandos. Pela primeira vez sua urna, cinzelada pelo fa moso Santo Elói, foi levada pelo Clero e Magistrados, o que fez levantar mil agrosamente o cerco, no momento em que o inimi go se preparava para o assalto fin al. E, em 11 29, quando a epidemi a chamada "dos ardentes" - porque provocava alta temperatura e fazia inúmeras vítimas em Pari s - grassava na cidade, sua intercessão fo i decisiva. Outra vez, a urna contendo seus restos percorreu a ♦ cidade, curando-se repenti namente 14 mil enfermos.

Notas: 1. Sabi ne d u Je u, Sai 11 te Ge11 evieve, Les Éd i1 io ns d u C locher, To ul o use, 1939, p. 4. 2. Ecle lvives, E/ Santo de Cada n ia , Eclil o ri al Lui s Vi ves , S.A. , Sa ragoça, 1946, p. 32. 3. Les Peti ts Bo ll and istes , Vie des Saints, d 'aprés de Perc G iry, pa r Mgr Pa ul G uérin, Pa ri s, Bo lo ud ct Ba rra i, Libraircs-Éditc urs, 1882, 101110 1, p. 95. 4. Sab ine d u Jeu, o p. c il. p. 26. 5. Les Pelil s Boll and isles, op .c il. , p. 97. 6. Sw 110.1· de cada dia , o rga ni zação do Pc . José Lc i1c, S.J., Ed ito ria l A.O. , Braga, 1993, p. 19. 7. Abbé Cro isse1, Aiio Cristiano, Madrid , a1urn ino Ca ll eja, 190 1, 10 1110

1, p. 27.

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"No paraíso técnico da Revolução"

Nosso século presenciou o brilho e a elegância da Belle Époque (foto acima), mas também duas Guerras Mundiais

pós um j antar durante o qual Plínio Corrêa de Oliveira comentara os principais acontec imentos deste sécul o, fo rm a-se em torno dele uma roda no Salão Azul de sua residência e alguém pergunta: "D,: Plínio, tendo o S,: anali-

Ao términ o da leitu ra deste arti go, leitor ami go, escreva e env ie-nos sua defini ção cio sécul o XX. Boa leitura e... aguarelamos seu pronunciamento.

sado os grandes acontecimentos desses 100 anos, se o Sr: pudesse de_finir, nwna só palavra, o século XX, que palavra empregaria para classificá- lo?"

O jantar e a roda mencionados são imaginári os, mas bem poderiam ter-se realizado, poi s jantares e rodinhas onde an imadas conversas ocorri am, foram con tantes na longa vida de Plínio Corrêa ele Oliveira. E uma pergunta do gênero ela acima referid a poderia com naturali clacle ter sido form ul ada. N este anoitecer cio sécul o XX, na aurora cio terceiro milêni o, Catolicismo norm almente pediri a a Dr. Plínio, uma análi se retrospectiva desses 100 anos e seus prognósticos para o novo milênio que desponta. Tendo ele fa lecido a 3 ele outubro de 1995, como fazer? N ão haveria algum meio para conhecermos seu pensamento sobre essa virada ele página ela Hi stória? O pensamento, a luta, a obra e os princípios defendidos por um homem são, por assim di zer, cristali zados e imorta l izaclos ele modo eminente em seus

Que pal avra o caro leitor utili zaria para definir nosso sécu lo?

O O O O

Século Titanic, Século.frustrado, Século da esperança, Século da decepção, □ Sécu lo do petróleo, □ Século paraíso da técnica, □ Século da valsa ao rock, □ Século.falido, □ Século catastrófico, □ Século do hippismo e punkismo, □ Século do caos, □ Século do Igualita rismo, □ Século Perestroika, □ Século da Aids, D Outro qualificativo?

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Há quc111 considere que o f'i111 do séc ul o e do 111ilênio j á se deu , na passage111 do ano 1999 para o ano 2000. De fato, simbol ica111ente o ano 2000 (co mo o foi o ano 1000 de nossa era) é muito representat ivo e pode levar a essa opção. En tretanto, co nsiderado cio ponto ele vista cro nológ ico, é fora ele dúvida qu e a década ter111in a co111 o I O, a cen tena co111 o 100 e o milh ar co 111 o 1000. Assi111 sendo, o segundo 111i lêni o ter111ina co m o ano 2000 e o terce iro se in icia co 111 200 1. O presente ano é, poi s, o úl1i 111 cio segundo 111 il êni o. Ta l é a concepção cronológ ica ele que se utili za este arti go, sc111 deixa r ele ter c111 vista o gra nde si111boli srno que, em si mes mo <.:unsideraclo, tem o ano 2000.

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escritos. Estes não permitem que se percam na noite da História o passado e a luta ele um homem. A ss im sendo, co mpul samos, ainda que parcialmente, a vasta literatura legacia por Plínio Corrêa de Oliveira, jul gando que poderíamos rev iver algun s cios principai s acontec imentos cio século XX, tomar conhec imento ela vi são ele conjunto e ela análi se que ele faria desses 100 anos e, em suma, daquilo qu e, em linhas gera i s, ele escreveri a para Catolicismo nesta ed ição cio primeiro mês cio ano 2000, último do mil êni o. Pesquisamo., então, inúmeras confe rências, incontáve is arti gos, entrev i stas, cartas e livros que nos deixou esse grande pensador e líder católico que prati camente atravessou o século ele ponta a ponta - ele 1908 a 1995 . Extraímos, desse vasto cabedal de fé e cu ltura, aq ui lo que, segundo nossa opinião, poderia dar ao lei tor certa idéia cio tema. Sendo este demas iadamente amplo para ser aba rcado por inteiro no espaço que aq ui di spomos, tentaremos desenvolver apenas os principais aspectos cios aco ntec imento atinente às proféticas revelações ele Fátima.

Na euforia das grandes invenções Próspero nasceu nosso sécul o, num c lim a sa Luraclo ele otim i smo. N os fausLosos sa lões, iluminados pelas re-

cém-inventaclas lâmpadas elétricas, dançavam-se as va lsas v ienenses e exalavam-se os melhores perfumes ela Belle Époque. Século qu e ass istiu às expos ições universais, nas quais grandes invenções foram apresentadas, mas que tam bém presenciou a duas Grand es Guerra s universa is... N a capital da "douce ur de vivre" [doçura ele viver], na Pari s de 1900, teve lu ga r a primeira grande ex posição uni versa l. Vi sitantes de toda as ori gens, cio Oc idente e cio Ori ente, acl mi raclos, l,1 estiveram prestando suas homenagens aos surpreendentes progressos que a técnica acabara de descobrir.

N asc ia a era apoteótica da máquina. D espontava a civili zação indu stri al e o mundo mecani zado, nos quai s os homens esperavam poder viver pl enamente fe li zes - a tecnologia resol veri a todos as clificuldacles, a ciência eliminaria as doenças e, quiçá, até a morte.

Essa concepção de vida é denunciada porPlinio Corrêa de Oliveira: "Autosuficiente pela ciência e pela técnica, [o homem] pode ele reso lver todos os seus problemas, eliminar a dor, a pobreza, a ignorância, a inseguran ça, enfim tudo aq ui lo a que chamamos efeito cio pecado ori ginal ou atual. .... Nesse mundo, a Redenção de N osso Senhor Jes us Cristo nada tem a fazer. Pois o homem terá superado o mal pela ciência e terá transform ado a Lerra em um 'céu.• tecnicamen te delicioso. E pelo prolongamento inclefiniclo da vida esperará vencer um dia a morte" 1• Com tal mental idade entrava a humanidade nessa nova era que prometia "um paraíso na Terra". E entrava eufóri ca, como ingressara a tripul ação no Titanic - o fabul oso e gigantesco pal ác io flutu ante, o "insubmergíve/" ti-ansatlântico - , símbolo deste século, que, como o Tita nic, por ass im dizer, adotara o lema: "Nem Deus me af'un.da". O Criad or aceitou o desafio; co mo co nseq üênci a, o mítico vapor jaz no fundo cio ocea no ...

tão, tendo como pólo ele atração a Europa, particularmente Pari s - , uma profunda modificação transformou as mentalidades e os modos ele ser. N ovos "valores" emergiram, os costumes mai s tradicionais fora m abalados, tudo em nome ela rnodernidade lançada pelos Estados U nidos - a American way o.f l!f'e - , especialmente do cinema, a grande novidade da época. H o ll ywood passou a ser o novo pólo de atração mundial.

Dos restos da Civilização Católica à Cidade do Demônio O mundo saído el as trincheiras da guerra ele 19 14- 19 l 8 era compl etamente outro. A Europa cató lica a gra nde pre-

Das harmonias da valsa ao trovejar dos canhões:

A Primeira Guerra Mundial Raio em céu sereno: o assass inato do juclicada - es pec ialmente o glori oso herdeiro cio Impéri o Á ustro-Húngaro, o Império Á ustro-Hún garo. As suaves A rqui duque Franc isco Ferdinando, em melod i as elas val sas vienenses fora m Sarajevo, no dia 28 ele junho ele abafadas pelos grunhidos do.fax 19 14. Esse atentado, executa!rol e pelos ruíd os clajazz band, do por um anarqui sta sérvi o, oriundos ela América do Norfoi a centelh a da Prim eira te. Usando linguagem metaG uerr a Mundial ( 19 14fó ri ca, em arti go publicado no 19 18) . Castigo da Prov idên" O Legionári o" , Plínio Corrêa cia? Por quê? Não teria sido pelo de Oli veira ass im descreve os fato ele ter posto a humanidade efeitos do pós-G uerra: Arquiduque mais fé na ciência e na tecnologia "É preciso ter vivido em 1920, Francisco Ferdinando do que no Cri ador ele toda s as ou 1925, para compreender o tre. ? COISas. mendo caos ideológico em que se Pior que a própria guerra fora m suas debatia a humanidade. A Cri standade paconseqüências: o Continente europeu fo i recia um imenso prédi o em trabalhos fi profundamente aba làclo por um psynais ele demolição. Não havia o que não terremoto que fez tremer o magnífico se fizesse para a destruir. Aqui, especialised i fíc io da C ivili zação Cristã e revolutas silenciosos e metódicos arrancavam cionou os costumes. Apesar do epicentro uma a uma as pedras, desconjuntavam as desse psy-terrem.oto ter ocorrido no vetrnves, tiravam as portas a seus batentes, e lho Continente, seus efeitos fizeram -se as j anelas a suas esquadrias. Essa faina, . entir em todo o orbe. N o Bras il , por que faziam com o muti smo, a solércia e a exemplo - que tranqüilo vivi a até enagi Iidade ele conspiradores, progredia com

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fri eza inexorável, sem perda de um instante, sem desperdíci o de um segundo .. .. Procuravam com o material roubado à Casa de Deus, construir em suas linhas extravagantes e sensuais, a orgulhosa C idade cio Demônio. "Tudo isto não é senão alegori a. E não há alegori a, nem image m, nem descrição que possa retratar a confusão daqueles dias de pós-Guerra" 2 •

O maior acontecimento do Século XX "Pode-se afirm ar categoricamente e sem o me nor rece io de contradita, que as aparições ele Nossa Senho ra de Fátima e do Anj o da Paz em Fátima consti tuem o acontecime nto mai s importante e mais empo lgante cio Século XX" 3 . Certamente poder-se- ia também afirm ar que, elas apari ções marianas, Fátima é das mais importantes ele toda a Hi stóri a ela Igrej a.

cidos f atim6logos, versaria sobre a atual cri se que se abateu sobre a Santa Igrej a. 13 de julho de 1917: Nossa Senhora, na terceira aparição, prevê o fim ela Primeira Grande Guerra. "A guerra vai acabar. Mas se não deixarem [os homens] de ofender a Deus, no reinado de Pio XI começará outra pior ". Se atenderem aos meus pedidos, a Rússia se converterá e terãO paz. Se não, espalhará seus erros pelo mundo, promovendo guerras e perseguições à Igreja. Os bons serão martirizados, o Santo Padre terá muito que soji·er, várias nações serão aniquiladas. Por fim o meu Imaculado Coração triunfará!" 5• Da enumeração acima, cumpri ram-se quase todas as profec ias. Por exemplo, a Primeira Grande Guerra terminou um ano após a previ são; eclodiu a Segunda Guerra Mundi al; a Rússia espalhou seus erros pe lo mundo - e largamente !; a perseguição à Igreja, ora cruenta, ora moral, é um fato do loroso e cotidi ano; cató li cos são martiri zados na China, no Sudão, na fndonés ia e em diversos países; no Ocidente, os verdadeiros fi éis têm ele enfrentar o martírio ele alma, representado pe la imoralidade gal opante, por uma socieclacle cada vez mai s longe cios ensinamentos ele Nosso Senhor Jesus Cristo e até pelo processo ele autodemo lição da Igreja, clenunc iaclo por Paulo VI. Esperamos, po is, que as profecias finais se realizem o quanto antes.

A Revolução Comunista

13 de Maio de 1917: a inda em me io à Primeira G uerra Mundi al, e m Portuga l, na aldeiaz inha de Aljustrel, próx imo a Fátima, Uma Senhora mais brilhante que o Sol aparece sobre uma azinheira a três pas torinhos que cuidavam de algumas ovelhas na Cova ela Iri a. Dois de les (Fran c isco e Jac inta) se rão e m maio próx imo beatificados por João Paulo Jl. E Lú cia - hoje nonagenári a re li g io a de um Carmelo em Co imbra reté m o fa moso Terceiro Seg redo de Fátima que, egundo hipóteses ele conhe-

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C ATO LIC ISMO

Não se ate ndeu ao maternal pedido ele Nossa Senhora, co muni cado na terce ira apari ção ele Fátima, e ... a lguns meses depo is, ex pl ode a Revo lução Comuni sta na Rúss ia: " Em 19 17, um novo sopro ele espírito revo luc ionário varreu a E uropa. Deuse o imenso estrondo do desabamento cio czari smo, e se impl antou o comuni smo na Rússia. Toda a vicia intelectu al e social se secc ionou ainda mais do passado. No Ocidente, a hegemoni a se des locava cada vez mais da Europa tradi cional para os Estados Unidos nive ladores" 6 .

''A Rússia espalhará

seus erros pelo mundo ... " Na linha dessa previ são ele Nossa Senhora, o Prof. Plíni o escreveu um artigo,

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Lenine: homem-símbolo dos erros do comunismo, na fase inicial da Revolução bolchevista

publicado na revista "Cruzado Espanhol", de Barcelona, em maio de 1962, do qual extraímos o seguinte trecho: "Pe rto de me io séc ul o de po is ele anunciado por Nossa Senhora - caso seus pedidos não fossem atendidos e o mundo não fi zesse peni tê nc ia A Rússia espalharia seus erros por toda a parte - é fo rçoso reconhecer que os ho mens não fi zeram penitênc ia, e de fa to o mundo inte iro está convul sio nado pe la ação dos erros que a Rú ss ia está espalhando por toda a parte .... " H á um a c ircun stâ nc ia qu e to rn a parti cul armente digna de nota essa profec ia. É qu e e la foi a nun c iada aos Pastorinhos de Fátima po r Nossa Senhora e m 13 de julho de 19 17 . O ra, nessa data, a própria Rúss ia ainda não se fi zera comuni sta, po is a revo lução [comuni sta] irro mpeu a 7 ele novembro desse mes mo ano. Isto é, nem ela mes ma abraçara os erros dos quais, segundo a reve1ação d e N ossa Se nh ora, se faria pro pagadora mundial. Aquil o que a três pequenos pastores analfa betos havi a sido anunc iado como certo , inúmeros estadi stas europeus, americanos ou as iáti cos nem de longe o previam. "Este particul ar muito contribui para dar à M ensagem de Fátima um peso extrao rdinári o".

o "O Legionári o" (inicialmente órgão da Congregação Mariana da Paróqui a de Santa Cecíli a e mais tarde órgão ofi c ioso da Arquidi ocese de São Paul o), escrevera e le 447 artigos contra essa fal sa reação. "Se mpre qu e o de mô ni o es tá na iminênc ia de perder uma partida, sua g rande a rm a é a co nfusão. Utilizou -a ainda desta vez. "A Hi stóri a talvez di ga, algum di a, em que antros o plano tenebroso se fo rjo u. Mas o fato é que, para ate nder aos anseios das massas sedentas de C ivili zação Cristã, apareceu na Alemanha um partido logo copiado e m outros lugares, que se propunha a impl antar um novo mundo cristão . À primeira vista, nada mai s simpático .... "M as, se se atentasse para o lado positivo dessa ideologia, lado que só aos poucos a maquiavélica propaganda parda reve lava aos inic iados, que terríve l decepção. Ideologia confusa, impregnada de evolucioni smo e materialismo histórico, saturada ele influências filosófi cas e ideológicas pagãs, programa político e econômico radical e caracteri sticamente socialista, intoleráveis preconceitos racistas. E m uma pal avra, por detrás dos bramidos anticomuni stas do nazismo, era o próprio comuni smo que se prete ndia restaunu-. Um comuni smo ardiloso, de máscara cri stã. Um comuni smo mil vezes pior, porque mobili zava contra a Igreja as armas satânicas da astúcia, em lugar das armas inócuas e impotentes da fo rça bruta.Um comuni smo que começava por empolgar os espíritos por algumas verdades, punha-os em delírio sob pretex to de entusias mo por essas verdades, e os atirava em seguida aos erros mai s terríveis. Um comunismo, portanto, que significava, não a obliteração dos maus, mas dos bons, a mais terrível máquina de perdição e de mistificação que o demônio tenha engendrado ao longo da História" 7 •

A Segunda Guerra Mundial (1939-1945)

ao comunismo Um a consta nte na vid a de Plíni o Corrêa ele O li veira fo i a denúnc ia e o co mbate ao nazi-fasc ismo. Apenas para

No pedido de Nossa Senhora - "[se os homens] não deixarem de of ender a Deus, no reinado de Pio XI começará outra ( guerra /pior" - pairava a ameaça de que, caso não fosse atendida, viria

uma guerra ainda pi or. A humanidade fi cou surda à celesti al voz de Fátima e ... a hecatombe eclodiu envo lvendo o mundo inteiro. Dentre os muitos prog nósti cos de Plínio Corrêa de Oliveira, impress iona parti cul armente o acerto na previ são que fi zera, com IOanos de antecedência, da Seg unda G uerra Mundi a l, em ca rta escrita a um amigo em 1929. (Ver tópi co dessa mi ss iva no qu adro ao lado) . E m março de 1938, a Al emanh a nazista anexa a Áustri a e, em seguida, o territóri o sudeto. Di scernindo os aco ntec imentos, Dr. Plíni o esc reve em "O Leg ionári o": "A guerra é uma questão de dias, ou de meses, mas fa ia/mente explodirá" 8 . E la não tardou. Em 1º de setemb ro cio ano seguinte, o Führer a lemão ordena a invasão ela Polôni a. A G rã-B retanha e a França declaram g uerra ao invasor naz ista . Ini c ia-se a Seg und a G rande G ue rra. Os Es tados Unidos so me nte e ntrariam no co nflito em 1941 , após o bombarde io lançado pelo Japão contra a base naval norte-americana de Pearl Harbour, no Pacífi co (foto abaixo). Após seis anos ele conflito, resultou

um mapa mundial completamente mud ado, fra ci o nado e m do is bl ocos : a URSS abocanhara vários países , especialmente do Leste europeu, escravi zando-os e segregando-os do Mundo Livre - seg undo a im o rta l e xpressão el e C hurchill - pela "Co;tina de Ferro"; e o mundo não-comuni sta sob a liderança dos Estados Unidos.

O mundo "pós-Segunda Guerra" Como na Primeira, também na Segunda G uerra Mundi al - apesar da ca-

Previsão acertada M eu caro "Cada vez m ais se acentua em mim a impressão de que estamos n o vestíbulo de uma ép oca cheia de sofrimentos e lutas. Por toda a parte, o sofrim ento da Igreja se torna mais in tenso, e a luta se aproxima mais . Tenho a imp ressão de que as nuvens do horizonte político estão baix ando. Não tarda a tempestade, que deverá ter uma g uerra mundial como simples prefá cio. Mas esta g uerra esp alhará p elo mundo inteiro uma tal confusão, que as revoluções surg irão em todos os can tos, e a putrefação do triste século XX atingirá seu auge. Aí, então, surgirão as forças do mal que, como os verm es, somen te aparecem nos m om en tos em que a putrefação culmina. Todo o 'bas-fond' [a p arte mais baixa/ da sociedade subirá à tona, e a Igreja será perseguida por toda a parte. Mas .. . 'e t ego dica tibi quia tu es Petrus, et super hanc petram aedi f i ca bo Ecc lesiam meam, et portae inferi non prae va l ebunt adversus Eam '*. "Como conseqüência, ou teremos 'un nouveau Moyen Age' fuma nova Idade Média} ou teremos o fim do mundo. "Eis a nossa principal tarefa: prepararmo-nos para a luta, e preparar a Igreja, como o m arinheiro que prep ara o navio antes da tempestade ". Plínio Corrêa de Oliveira

*

"Tu és Pedro e so bre es ta ped ra edifi ca rei minh a Igrej a, e as portas do i nfe rno não preva lecerão contra ela" (Mt J 6, 18).

tas trófi ca destruição materi a l - o que mais se destruiu foi o que restava cios val ores ela C ivili zação C ri stã. O mundo oc idental, sob a influência hollywoodiana, procurava sofrega mente o gozo da vida, fruindo os deleites da sensua lidade, segundo uma concepção neo pagã . E m uma pa lavra, procurava a fe lic idade

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ple na o nde e la não se enco{1tra: nesta Terra. "Com efeito, ensina-nos a Igreja

que esta Te rra é um lugJr de exílio, um vale de lágrimas, um campo de batalha, e não um luga r de delícias" 9 . Pode-se di zer que os g ra ndes ve ncedo res dessa hecato mbe mundi al fora m o igualitari smo e o permissivismo. Numa frase - ali ás , e la be m serviria para definir o Século XX - Dr. Plínio resume tal situação:

"Duas noções concebidas como valores metafísicos exprimem bem o espírito da Revolução: igualdade absoluta, liberdade completa. E duas são as paixões que mais a servem: o orgulho e a sensualidade" 10 •

O maior naufrágio da História Em artigo para o quotidi ano "Folha de S. Paul o", o pe nsador católico assim sinteti za as seqüe las da Segunda G ue rra Mundi al: "Para não alo ngar por de mais as coisas, considere mos só as décadas q ue se seguira m à Segunda G uerra Mundi al. Incontáve is mudanças se tê m produ zido, nesse pe ríodo, no modo ele pe nsar, de sentir, de vive r e ele agir dos ho me ns. Cons ideradas essas muda nças e m seu todo - e descontadas as exceções - é inegáve l que elas rumam para uma situação vio lentame nte o posta a todas as tradi ções espi ritu ais e c ulturai s que recebemos. Essas tradições ainda estão vi vas, mas a todo mo mento a lg uma modi ficação as debilita. Logicame nte, se ningué m se le vantar e m fa vor delas, acabarão po r perecer. Ora, o pe rec ime nto dessas tradi ções impo rta, a me u ve r, no maio r naufrág.io da Hi stóri a" 11 •

"Para alé m da tri steza e das punições supre mame nte prováve is, para as qu ais caminhamos, te mos di ante ele nós os clarões sacra is da aurora do Reino de M ari a: 'Por fim, o meu Imaculado Co ração triunfa rá'. É uma pe rspectiva gra ndi osa de universa l vitó ri a do Coração régio e ma te rnal da Santíss ima Virgem. É uma pro messa a paziguadora, atrae nte e sobretudo majestosa e e mpolgante" 12 •

Século XXI: século do Reino de Maria Das profecias ele Nossa Senhora na terceira Aparição de Fátima, resta- nos dizer algo sobre uma delas, que a inda n ão se c umpriu : Po r fim. o me u

Imaculado Coração triunfará!" Essa g ra nd e p ro m essa reve la o restabelec ime nto da o rdem católi ca no mundo , um ress urg ir da Cristandade. Q ua ndo se dará? O fu turo a Deus perte nce, mas uma elas grandes certezas ele Plíni o Corrêa ele O liveira sempre fo i a da vi tó ri a ela Contra- Revolução 13 e do triunfo do Im ac ul ado Coração co m o advento do Reino de Maria. ste, segundo a concepção do gra nde mi ss io nário fra ncês do sécul o X VIII, São L uís Mari a G ri gnio n de M ontfort, é o modo mais adequado para a instauração na Terra cio Rei nado ele N osso Senho r .J esus Cri sto : "Qua ndo virá este te mpo fe li z e m que M ari a será estabelec ida Senhora e Soberana nos corações, para submetê-

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CATO LICISMO

Objeção: o comunismo acabou U ma o bj eção poder-se- ia faze r. A Rú ss ia não teri a se convertido com a Perestroika de Gorbac hev? (foto abaixo). Este não teri a sido o palad ino dessa con-

São Luís Maria Grignion de Montfort

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(transparê nc ia) e depo is de Perestroika (reestrutu ração) . Em o utros te rmos, ex ibir uma cara me nos e nrugada que a do vel ho comuni smo. O bte nd o com isso que os Iíderes soc ia li stas não fosse m apeados o poder na UR SS e se ado rmecessem as reações da op ini ão públi ca oc ide nta l, faze ndo ai nda c re r que, uma vez "morto o comunismo", també m o anticomunismo pode ria desmo bili zarse e "encostar suas armas". O número de otimi stas bobos q ue ac red itou não fo i p equ e no ... Co m o d iz a Esc ritu ra, "Stultorum inf initus esl numerus" (o número dos to los é infi ni to) (Eccles . 1,15).

Desmantelamento do regime comunista? Ou metamorfose? ve rsão previ sta po r N ossa Senho ra e m Fátima? E o comuni s mo, não mo rre u? Não ca iu junto com o Muro de Berlim, destruído e m novembro de 1989?

Mudança de rótulo, mas não de conteúdo

Várias nações serão aniquiladas A certeza da grande inte rvenção de Deus na Histó ria com o triunfo de Nossa Senhora- e não o triunfo da "ciência e da técnica", como no início descrevemos e que esperava a ma io r parte dos ho mens no começo do século - é a certeza na mudança do ru mo dos acontecime ntos. Porém, uma vez que não houve a eme nda dos pecados e a conve rsão pedida em Fátima, tal mudança de rumo somente parece possível após um a o utra puni ção també m de propo rção universal.

los ple name nte ao impé ri o de seu g ra nde e único Jesus? .... quando chegará esse te mpo fe li z, esse século de Maria, e m que inúmeras almas escolhidas, pe rde ndo-se no abi smo de seu inte rio r, se to rnarão cópi as vivas de M ari a, para amar e glorifi car Jesus C ri sto? Esse te mpo só chegará quando se conhecer e praticar a devoção que e1isino, Ut adveniat regnum tuum, adveniat regnum Mariae". (Que venha o Re ino de M ari a, para que assim ve nha o vosso Reino - o u sej a, o Reino de Jesus C ri sto) 14 •

Em meados da década de 80, o regime comuni sta estava por ca ir de podre na ex-U ni ão Sovi ética, e a q ualque r mo me nto aq uele caldeirão expl odi ria, devido a seu antin atura l regime de escrav idão, mi séria e vergonha. Assim sendo, precisava ele passa r po r uma cirurgia p lástica, a prese ntar no va cara maqui ada e amistosa, a fim de ainda ser ace ito pe la opini ão públi ca m undial uma transformação nos métodos de ação para me lho r atingir o fim. Coube a que m estava no comando da Meca do com.unismo internacional o matreiro camarada Gorbachev - apresenta r ao mundo uma "política-cosmética ", batizada com o no me ele Glasnost

E m 1992, para a Parte III ele sua obra Revolução e Contra- Revolução, o Prof. Plínio Corrêa de O liveira fez alg un s come ntári os atu ali za ndo o qu adro po lítico de e ntão, devido à me tamo rfose ocorri da no mundo comuni sta. Apresenta mos a b ai xo um trec ho qu e res p o nd e sati sfato ria me nte à objeção sup ra: " N o ocaso do ano de 1989, aos supre mos diri gentes do comuni s mo internac io na l pareceu afin al c hegado o mome nto de la nça r uma i me nsa cartada po lítica, a maior da hi stó ri a do comuni smo. Esta cons istiria em de rrubar a

Cortina de Ferro e o Muro de Berlim, o que, produzindo seus efeitos de fo rma simultâ nea à execução dos programas 'liberalizantes' da Glasnost (] 985) e da Perestroika (l 986), precipitari a o apare nte des mantelamento da ill Revolução (a comuni sta) no mundo soviético.

"Por sua vez, tal desmante lamento atrairia para seu supre mo pro mo tor e executo r, Mikhail Go rbac hev, a s impati a e nfáti ca e a confia nça sem reservas das po tências econô micas estata is e de mui tos cios poderes econô micos privados do Prime iro Mundo. "A partir di sto, o Kremlin poderi a esperar um flu xo assombroso de recursos fi na nceiros a favo r de suas vazias a rcas. Essas es pe ran ças fo ra m muito a mpl a me nte confi rmadas pelos fatos, pro po rc io na ndo a Go rbac hev e à s ua equipe a poss ibili dade de continuar flutua ndo, com o timão na mão, sobre o ma r de mi sér ia, de indo lê nc ia e ele in ação, e m face do qua l a in fe li z população ru ssa, suj eita até há po uco ao capita li smo de Estado integral, vai se have ndo, até o mo me nto, com um a pass ividade desconcerta nte. Passividade esta propíc ia à generali zação do ma rasmo, do caos, e quiçá à fo rm ação de uma c ri se conflitu a l inte rna, suscetível, po r sua vez, de degene rar em uma gue rra c ivi 1. .. o u mundia l" 15 • "Foi neste quad ro que irro mpe ram os sensac io na is e brumoso~ acontecime ntos de agosto de 199 I , pro tago ni zados por Go rbachev, Yeltsin e o utros coauto res dessa j ogada, que abri ra m cami nh o à tra nsfo rmação da .URS S numa frouxa confederação de Estados e depois ao seu desmante lame nto. " .... Não é possíve l duvidar que [a Perestro ika] sej a um req uin te do comu ni smo, pois o confessa seu pró prio auto r no e nsa io p ro p aga nd íst ico 'Perestroika - Novas idé ias para o me u país e o mundo' (Ed. Best Se ller, São Paulo, I 987, p. 35.): 'A f inalidade desta

reforma é garantir .. .. a transição de um sistema de direção excessivamente centralizado e dependente de ordens supe-

rio res para um sistema democrático baseado na combinação de cent ralismo democrático e autogestão'. Autogestão esta que, de mais a mais, e ra 'o objetivo supremo do Estado so viético', segundo estabelecia a própria Constituição da exURSS e m seu P reâmbulo" 16 •

Estudantes diante do edifício da Universidade da Sorbonne, durante a rebelião de maio de 60

Passagem da Terceira para a Quarta Revolução Como ve mos, não se trata ele "conversão", mas de "camuflagem ", um a táti ca no avanço da Revo lução e m sua marc ha da Terceira (o capitali smo de Estado le ninista) para a Quarta Revo lução (a c ultu ral, seguida do des mantelamento do Estado): a ple na rea li zação da meta marxista. Sobre esta, Plíni o Corrêa de O li veira ass im di scorre: "Como uma modalidade de g ue rra ps icológica revo luc io nári a, a pa rtir da rebeli ão estud a ntil d a So rbo nne, e m maio de J968, nume rosos auto res socia li stas e marxistas e m geral passa ram a reconhecer a necess idade de uma fo rma de revolução prévia às tra nsformações políti cas e sócio-econô micas, que operasse na vida cotidi a na, nos costumes, nas me nta lidades, nos modos de ser, de sentir e de viver. É a chamada 'Revo-

lução Cultural '. Foto simbólica: a população alemã destrói o Muro de Berlim

"Cons ideram eles que esta revo lução, prepo nderantemente psicológica e tendencial, é

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uma etapa indi spensável p~ra se chegar

à mudança de mentalidade que tornaria possível a implantação da utopia iguali tária, poi s, sem tal preparação, a transformação revolucionária e as conseqüentes 'mudanças de estrutura ' tornar-seiam efêmeras" 17•

Revolução sangrenta e Revolução sem sangue Outra pergunta que alguém poderia enunciar: Até o período da Guerra Fria , entendia-se por erros do comunismo a invasão de nações livres e a tomada do poder pelo regime comuni sta, implantando nelas a tirani a do Estado totalitário, o ateísmo e o materi ali smo. Mas, a partir da era go rbacheviana, que erros seriam esses? Como vimos acima, a "metamorfose comunista" foi uma mudança de tática para melhor atingir o a lvo. Este consiste na li quidação da C ivilização Cri stã - austera e hierárquica, funda mentalmente sacra[, antiigualitária e . antiliberal" 18• E essa liqui dação passou a ser executada não por me io da força bruta - a sangrenta Revolução comunista - , mas pela infiltração pacífica e sorrate ira dos princípios comun istas no Ocidente, minando os costumes e produzindo a comp leta desagregação moral med iante a Revolução Cultural. Tendo j á Catolicismo , em sua edi ção de março último, desenvo lvido essa temática, por amor a brevidade relacionaremos aqui apenas alguns pontos de tal Revolução - c uj a meta principal é a descatolicização da sociedade - em seu desígnio de estabel ecer a desordem interna na alma humana, ex tinguir o insti tuto da famíli a e subverter a ordem no plano cultural , políti co, soc ial e econômico. [ - O princípio comu ni sta do amo r livre penetra paulatinamente os lares, destruindo os sagrados vínculos do matrimônio e da fidelidade conjuga l • • • • • •

legitimação do divórcio; entrada do concubinato; limitação da natalidade; relações pré- matrimoniai s; liberação da pílula anticoncepcional; legali zação do aborto;

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• • • •

esterili zação de homens e mulheres; fertili zação in vitro; modas que caminham para o nudismo; educação sex ual tendenciosa nas escolas;

II - O prin c ípio co muni sta do igualitari smo penetra paul atinamente a sociedade, destruindo as hi erarquias legítimas e mes mo as desigualdades proporcionais e harmôn icas • le is socia listas que corroem o dire ito de propriedade; • reformas de base de inspiração soc iali sta (agrária, urbana, e mpresarial) ; • fu são em super-empresas, super-bancos etc. em detrimento da iniciativa privada; • modas unissex; • igualdade entre pai s e filhos, professores e alunos, patrões e empregados etc.; • engenharia genética: construção do ser humano padroni zado ;

li 1 - Fin alidade: destrui ção total cio que resta da civili zação cri stã rumo ao reino de Satanás • proliferação cio tráfico e consumo ele drogas; • aberrações do homossexuali smo, rumo à lega li zação do "casamento" homossex ual e à tota l promi scuidade; • estabel ecimento da eutanásia; • construção ela igreja do homem ; • proliferação ele cu ltos esotéricos, bruxaria e satanismo ...

mente sa lta ao espírito é se os pedidos [de Nossa Senhora, em Fátima] foram ate ndidos. "Mencionando tão-só o primeiro pedido, isto é, a conversão da humanidade, é tão óbv io que não foi atendido, que me di spenso de entrar em pormenores. "Como Nossa Senhora estabeleceu o atendimento cios seus pedidos como condi ção para que fossem desviados os flage los apocalípticos por E la previ stos, está na lógica elas coisas que desça sobre a humanidade a cólera vingativa e purificadora de Deus, antes de vir a nós a conversão dos homens e a in stalação cio Reino ele Maria".

A doença do século Não seri a o vírus ela AIDS - que desde sua descoberta (1981 ) vem prol ife rando e di zimando milhões de pessoas - um dos .flagelos apocalípticos da cólera de Deus para casti go da humani dade pecadora? Quem ousará negar que castigos ainda piores poderão ocorrer se não houver uma sincera conversão? Nesta agonia do século XX, quem espera, por assim di zer, que "in articulo mortis", nosso século termine seus di as convertido espontaneamente? Causari a surpresa se, antes ou após ouv irmos as badaladas cios sinos anunciando o fim cio ano 2000 e a passagem para o te rce iro mil êni o, fossem infli gidos os castigos prev istos em 1917? Começari-

am e les por uma Terceira Guerra Mundial? De outro modo? Não sabemos. Seja como for, permaneçamos fi éis e tenhamos confi ança. E ao menos quando os sinos estiverem tocando, se até lá chegarmos, rezemos uma Salve Rainh a pedindo a Nossa Se nh ora para aj udar-nos nesta cam inhada rumo ao século XXI, e que este seja o século d Ela.

Por que chora a Mãe de Deus? Se a Virgem San tíss im a c hora pe los São Pedro mal es acima re lacionados, que atingem sobretudo a sociedade temporal , como afirma r que a Ela não causa a me nor tristeza a dolorosa situação em que se encontra a sociedade espiritual? No tocante a esse ponto, Plínio Corrêa de Oliveira faz uma alusão no referido artigo supra citado: "O mi sterioso pranto mostra-nos a Virgem de Fátima a chorar sobre o mundo contemporâneo, como outrora Nos-

1. Plínio Corrêa de O li veira , Revolução e Cou tra -Revolução, Artpress, S. Pau lo, 4". ed ição e111 português, 1998, Parte 1, Cap. XI, 3, p. 85. 13-5- 1945.

3. Antonio Augusto Borelli M achado, As aparições e a mensagem de Fá1ima co11for111e o.,·

A marcante foto do século 4.

Lágrimas, milagroso aviso Em artigo publicado na "Folha de S. Paulo" em 6 de agosto de J 972 e reproduzido em numerosos jornais de diversos países, Plínio Corrêa de Oliveira a sim se manifesta a respeito desse fato , um dos mais transcendentais do sécul o: "Isto posto, a pergunta que natural-

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5.

Jornais do mundo inteiro estamparam,

a partir de 21/6/72, esta pungente fotografia, na qual se vê a Imagem de Nossa Senhora de Fátima vertendo lágrimas

"Ainda é tempo, pois, de sustar o castigo, leitor, leitora!" Em 1972, Plinio Corrêa de Oliveira dizia que ainda era tempo de sustar o castigo. O que diria ele hoje, no ano 2000? •~s portas do inferno não prevalecerão" Mesmo dentro dos escombros do sécul o XX, tenhamos sempre os olhos voltados para nossa Mãe e Senhora, Rainha do Céu e ela Terra. Disso nos dá exemplo o fund ador da TFP, mediante palavras cheias de fé, escritas no final de sua magna obra Revoluçâo e Conlra-Revolução: "Em meio a esse caos, só algo não

variará. É, em meu coração e em meus lábios, como no de todos os que vêem e pensam comigo, a oração: Ad te levavi oculos meos, qui habitas in coelis. Ecce sicut oculi se rvo rum in manibus dominorum suorum, sicu.t oculi ancillae in man.ibus dominae suae; ita ocu.li nostri ad Dom.in.am. Matrem noslram donec misereaLu.r nostri. (Levanto meus olhos para ti , que habitas nos Céu . Assim como os olhos dos servos estão fixos nas mãos dos seus senhores e os olhos ela escrava nas mãos de sua senhora, ass im nossos olhos estão fix os na Senhora, Mãe nossa, até que Ela tenha misericórdia de nós" - cfr. Ps. 122, 1-2). "É a afirmação da invariável confiança da alma cató lica, genuflexa, mas firm e, em meio à convul são geral. "Fi rme com toda a firm eza dos que, em meio da borrasca, e com uma força de alma maior do que esta, continuarem a afirmar do mais fundo do coração: Credo in Unam, Saneiam, Catholicam et Apostolicam Ecclesiam, ou seja, Creio na Igreja Católi ca, Apostólica, Romana, contra a qual , segundo a promessa fei ta a Pedro, as portas do inferno não prevalecerão" 20 • ♦

Notas:

2. Plí ni o Co rrêa de O li ve ira, in " O Leg ionário",

À vista desse quadro ele horror - contendo parte dos abomináveis desregramentos produzidos em nosso triste século - , causar-nos-ão surpresa as lágrimas de Nossa Senhora (fotografia ao lado), vertidas milagrosamente em 1972, na cidade norte-americana de New Orleans?

so Senhor chorou sobre Jerusa lém. Lágrimas de afeto te rníssimo, lágrimas de dor profunda, na previsão do castigo que virá. "Virá para os homens do sécu lo XX, se não renunciarem à impiedade e à corrupção. Se não lutarem especialmente contra a autodemolição da Igreja, o maldito fumo de Satanás, que, no di zer do próprio Paulo VI 19, penetrou no recinto sagrado.

6. 7.

111a11 11scritos da Irmã Lúcia, Editora Vera Cru z Ltda. , 46" edi ção, São Paulo , 1997 , 3''. capa. Para a lr111ã Lúcia não representa 111aior difi culdade o fato de se entender habitual111ente que a guerra co111eçou so 111ente sob o pontifi cado de Pio X II . Observa ela que a anexação da Áustri a - e podería111os acrescentar vários outros acontec i111cntos políti cos no fi111 cio rei nado de Pi o X 1 - co nstitu em autênti cos pro legômenos da co nf'lagração, a qu al se co nliguraria inteiramente como tal algum tempo depo is (c fr. Entrev ista ao Pe. l ongen, feverei ro de 1946 , apud Pe. João M. de M archi , I.M .C. , Era 1.1111a Senho ra mais brilha 11te que o .\'OI, Ed ição cio Sem inári o da s Mi ssões de Nossa Senhora de Fáti111a, Cova da Iri a, p. 58). Antoni o Augusto Borelli Machado, As apari-· ções e a 111ensage111 de Fóti111a co,!(orme os 111an1.1scritos da Irm ã Lúcia, Editora Vera Cru z Ltda. , 35" edição, São Paulo, 1993, pp. 46-47. " O L eg ionári o", 1:l-5- 1945. " O Legionári o", 13-5- 1945.

8. " O Leg ionári o", 18-9- 1938. 9. Plíni o Corrêa de Ol iveira, " Fo lha de S. Paulo", 29-7-80. 10. Plínio Corrêa ele Oli veira, Revolução e Contra -Revolução , Artpress , S. Pau lo, 4". edição em português, 1998, Parte 1, Cap. VII , 3- D, p. 62. lL "Fo lh a de S. Paulo", 20-3- 69 12. Catolicismo, maio de 1967, Fótima, numa visão de co1(jw1to. 13. Em síntese, Plíni o Corrêa de O li ve ira, em sua 111agna obra Revolução e Contra-Revolução , de 11 0 111ina Revo lu ção o p rocesso 111ulti ssecular que ve111 destruindo a Cri standade, desde o declíni o da Id ade M édi a - época e111 que o idea l católi co el e sociedade mais se aprox imou de sua rea li zação. E entende por Co ntra- Revolução a reação orga ni zada que se opõe à Revo lução e visa res taurar a Cri standade. 14. Tratado da ve rdadeira de voçüo à Santíss i111a Virge111 , São Luís M aria G. ele M ontfort, Vozes. Petrópoli s, 1984, 13" ed., pp. 2 10-2 1 1. 15. Sob o títul o Com.1.111i.1·uw e anticomunismo na o rla da última década des te milênio, foi lançad a, a partir de fevereiro de 1990, firme interpe lação de Plínio Corrêa de Ol iveira aos líderes comuni stas ru ssos e oc identai s, a propós ito da Perestroika. Publicada em 2 1 jornai s de oito países, alcançou grande reper-

cussão no Brasil e no ex terior (cfr. Catolicis1110, março ele 1990). 16. Plíni o Corrêa ele Oliveira , Revolução e Co11 tra -Revolu çüo, A rtpress, S. Paul o, 4". edi ção em portu guês, 1998, Parte 111 , Cap. 11, B, p.

)5 7 17. Op. cit., Parte III, Cap. li , B, p. 164 . 18. Op. cit., Parte li, Cap. li , 1, p. 93 . 19. Sobre as ca lam idades na fa se pós-concili ar ela Igreja, é ele fundam ental importância o depoimento hi stórico de Paul o VI na A locução Resisti te fort e.,· infide, de 29 de junho de 1972, que citamos aqui na versão da Poli gl otta Vati ca na. Referindo-se à situação da Igreja de hoj e, o Santo Padre afirma ter a sensação de que "p or a/g l/lna fissura tenha entrado a .fwnaça de Satw1ós no templo de Deus .... Tam.-

bé,n na Igreja reina este estado de incerteza. Acreditava -se que, d ep o is do Concílio, viria 111n dia ensola rado para a História da Ig reja. Veio, p elo co 11tró rio, um dia ch eio de 1111.ve11.s, d e tempestade, de e.l'cu.ridüo, de indaga çüo, de incerteza (cfr. lnseg11a111e11ti di Paolo VI, Tipogra fia Po li glotta Vati ca na, vo l. X, pp. 707-709). 20. Plíni o Corrêa de Ol iveira , Revolução e Co11.tra -Revolu çüo, Artpress, S. · Paul o, 4'. edi ção em português, 1998 , Parte 111 , Cap . 11 , B , p. 199.

e AT OLIe ISMO

Janeiro de 2000

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Santos'·e festas

JRO

de

São Félix de No/a

Santo Hilário de Poitiers

Santa Inês

São Simão Estilita

São Guilherme de Bourges

Santo Ildefonso

Faleceu no Senhor, recebendo o título de mártir pelos inúmeros sofrimentos que padeceu.

- - - - 24 - - -

- - - - 28 - - -

- - - - 30 - - -

São Francisco de Sales, Bispo, Confessor e Doutor da Igreja.

São Tomás de Ac1uino, Confessor e Doutor da Igreja.

Santa Jacinta Mariscotti, Virgem.

- - - 15 - - -

Roma para ve nerar os sepulcros ele São Pedro e São Paulo. Ao visitar depois os cristãos nos cárceres, fo ram também detidos e martiri zados .

Santo Amaro ou Mauro, Confessor.

+ Fossa Nuova, 1274. O mai or

- - - - 20 - - -

+ Annecy, 1622. Bispo de Genebra, animado de profundo amor ele Deus e das almas, dotado de uma bondade e suavidade excepcionais no trato, sólida cultura e ortodoxia, fund ador e diretor de incontáveis almas. É patrono dos jornalistas e publicistas católicos.

----- 1 -----

---- 6 ----

- - - - 10 - - -

SANT A MARIA, i\1ÃE DE DEUS.

Santa Rafaela Maria, Virgem.

São Guilherme de Bourges, Bispo e Confessor.

(Anti gamente, Circun cisão do Menino Jesus) Primeiro Sábado do mês

+ Es panha, 1925. Com a irmã, fund ou em Córdova as Escravas do Sagrado Coração ele Jes us, dedi cadas a adorar o Santíssimo Sacramento e a educar crianças, sendo Superiora Geral até 1893. Foi beati li cada em 1952 e canoni zada em 1977 .

+ 1209. Grande amante ela solidão, entrou na Ordem de Cister de onde a obedi ência o tirou para ocupar a Arquidiocese ele Bourges, no centro da França.

----- 2 ----Ncste ano:

EPIFANIA DO SENHOR, OU SANTOS REIS. Epi fa ni a signifi ca "manifestação". Com a adoração dos Magos, Nosso Senhor manifestou-se não só aos judeus, mas a todos os povos .

---- 3 ---Santa Genoveva, Virgem. (Vide seção Vidas de Santos, p. 18)

----- 4 ----Santo Odilon, Abade. + Cluny, 1048. Um dos grandes Abades de Cluny, cujo papel fo i primordi al na Idade Médi a. A ele se deve a introdução da Festa de Finados, e, para controlar o espírito ex tremamente belicoso do tempo, a Trég ua de Deus , que proibia atos de hostilidade ou pilhage m da quarta à tarde à segunda-feira de manhã.

----- 5 -----

---- 7 ---São Raimundo de Penhaforte, Confessor. + Es panha, 1275. Dominicano, " Príncipe dos canonistas" e grande confessor, foi igualmente célebre por seus milagres. Com São Pedro Nolasco fund ou a Ordem elas Mercês para a redenção ele cati vos. Primeira Sexta-feira cio mês

----- 8 ----São Pedro Tomás, Bispo e Confessor. + Chipre, 1366. Carmelita, encarregado pontifício ele deli cadas missões dipl omáticas, depois Bispo e Legado uni versal para todo o Oriente.

- - - 11 - Santo Higino, Papa e Confessor. + Roma, l 42. Grego de ori gem, por sua virtude e coragem fo i escolhido para suceder a São Telésforo, que sofrera o martírio. Lutou contra vá ri os heres iarcas e animou os cri stãos perseguidos pelos pagãos.

- - - - 12 - - São João de Ravena, Bispo e Confessor. + Itáli a, 494. Bi spo de Ravena, du ra nte a in vasão cios bárbaros retirou-se com muitas fai11ílias que queri am pôr-se a salvo no meio das águas, tornando-se assim um cios fund adores de Veneza.

- - - 13 - - -

---- 9 ----

Santo Hilário de Poitiers, Bispo, Confessor e Doutor da Igreja.

Ncstc Ano:

+ 367. "O Atan6sio do Ociden-

São Simão Estilita, Confessor.

Batismo do Senhor.

te " lutou acirrada mente contra os

+ Síria, 459. Santo para ser mais admi rado que imitado, foi despedido de mosteiro em mosteiro devido seu modo singular de faze r· penitência. Acabou construindo para si uma coluna para isolar-se em seu topo, mas precisou ir elevando a altu ra à medida que as multidões o procurava m.

t

Santo André Corsini, Confessor.

ari anos, dos quais sofreu rude perseguição e longo desterro; neste, escreveu 12 liv ros sobre a Santíssima Trindade que Ih~ valeram o título de Doutor da Igreja.

30

CATOLICISMO

+ Fiésole, 1373 . Também Carmelita e contemporâneo cio anterior, ele uma elas mais ilustres fa mílias ele Florença. Eleito Bi spo de Fiésole, levou suas virtudes a um grau heróico.

- - - 14 - - São Félix de Nola, Confessor. + 256. Sacerdote, passou por vários suplícios nas perseguições dos Imperadores romanos pagãos Décio e Valeri ano, saindo incólume.

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+ Subiaco, 584. Filho ele um senador romano, aos 12 anos foi entregue a São Bento para ser educado. São Gregório Magno o exalta pelo seu amor à oração e ao silêncio.

- - - 16- São Marcelo 1, Papa e Mártir. + Roma, 309. Reorgani zou a hierarquia eclesiástica destruída pelas perseguições de Diocleciano. Sob Maxêncio, foi ex ilado e obrigado a viver num estábulo onde morreu em co nseqü ência dos maus tratos.

- - - 17 - Santo Antão Abade, Confessor.

São Sebastião, Mártir. + Roma, 288 . Centurião da guarda pretori ana de Diocleciano, sustentava, com zelo apostólico, os Confessores da fé e os mártires. Denunciado, foi tres passado com fl echas; curado mil agrosa mente, foi açoitado até a morte.

- - - - 21 - - - Santa Inês, Virgem e Mártir. + Roma, 304. A fo rtaleza desta menina de 13 anos assombrou mesmo seus verdugos, que no entanto, a matara m cruelmente. Com Santa Cecíli a, Santa Inês torn ouse a mais ilustre mártir de Roma.

- - - - 22 - - - -

- - - - 25 - - Conversão de São Paulo Apóstolo Ao cair do cavalo, de perseguidor tornou-se apóstolo. Tnstruído pelo próprio Cri sto Jesus, tornou-se um cios mais ardorosos proclamadores cio Cristiani smo.

- - - - 26 - - Santos Timóteo, Mártir, e São Tito, Confessor.

- - - - 18 - - -

+ 304 e + 628 . São Vicente fo i um valoroso diácono de Saragoça que enfrentou toda sorte de tormentos para provar sua fidelidade a Cri sto. E Anas tác io fo i um monge persa decapitado com outros 70 cri stãos pelo rei Cosroes.

Santa Prisca ou Priscila, Virgem e Mártir.

+ Ásia Menor, séc. l. Dois discípul os de São Paulo. Timóteo fo i seu preferido e fiel companheiro, a quem escreveu du as cartas cheias de conselhos. Bispo ele Éfeso, morreu apedrejado pelos pagãos. São Tito também acompanhou o Apóstolo em algumas viagens, e fo i depois Bispo de Creta, onde morreu.

- - - - 23 - - -

- - - - 27 - - -

+ Egito, 356. Viveu longos anos de peni tê ncia no deserto, onde era freqüentemente atacado pelo demônio. Depois agrupou os solitários sob sua direção, lançando os primeiros alicerces ela vida em comum.

+ Roma, séc. 1. É considerada por muitos como a primeira márti r cio Ocidente. Bati zada por São Pedro aos 13 anos, fo i martiri zada pouco depois por não ter queimado incenso aos deuses.

- - - 19 - Santos Mário e Companheiros, Mártires. + 270. Mário, a esposa Marta, e dois lilhos, viajaram da Pérsia a

Santos Vicente e Anastácio, Mártires.

Santo Ildefonso, Bispo e Confessor. + Toledo, 667. Di scípul o ele Santo Isidoro, Arcebispo de Toledo e zelosíssimo defensor da virgindade de Maria contra os hereges, e creveu um livro refutando-os. A Virgem apareceu-lhe revestindoo de uma casula e di zendo: "Tu és meu capelão e m.eu .fiel not6rio; recebe esta casula que meu Filho te envia" .

Santa Ângela de Merici, Virgem. + Bréscia, 1540. Consc iente de que as desordens da soc iedade vêm em grande parte ela corrupção da família, fund ou um instituto religioso, ela. Ursulinas, dedicado à educação ela ju ventude feminina e à formação de mães cristãs.

teólogo da Igreja fo i, aos cinco anos, confiado aos monges em Monte Cass ino, entrando depois para a Ordem dominicana da qual é elas maiores glórias. Com razão chamado Doutor Angélico, por sua pureza ele vicia e elevação ele doutrina, a qual transcende a pura inteligência humana. É o patrono das escolas católi cas.

- - - - 29 - - -

+ Viterbo, 1640. Se bem que educada cristãmente, levou vida frívola e mundana mesmo no convento, onde entrou por ordem do pai. Adoece nd o gravemente, o confesso r da casa não quis atendêla di zendo que o Céu não era fe ito para pessoas vãs e soberbas. Um terror salutar levou-a ao arrependimento, remorso, depois reparação, tra nsformando radica lmente sua vida e condu zindo-a à honra dos altares.

São Gildas o Sábio, Confessor.

- - - - 31 - - -

+ Perúgia, 178. Notável pelo es-

+ Turim , 1888. Este é um cios santos modern os que exerceu enorme influência no campo religioso e social, por sua pessoa e pelas obras que fund ou: a Sociedade Sales iana e o Instituto das Filhas de Mari a Au xili adora. "O êxito dessa obra, di zia São Pi o X, só

São João Bosco, Confessor.

pírito ele mortificação e generosidade para com os pobres, aos 30 anos foi eleito Bispo ele Perúgia. Não querendo sacrificar aos ídolos, fo i mergulhado em termas aquecidas a alta temperatura, mas nada lhe aco ntece u. Na pri são, converteu seus carcereiros. Foi fi nalmente decapitado.

pode explicar-se pela vida sobrenatural e santidade de seu Fundador" . De alma simples, alegre

e ardente, não havia obstácul o que o detivesse na linha cio bem.

DOM

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2 1 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 23 24 25 22 26 27 28 30 31 29

CAT O LIC ISMO

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ENTREVISTA

O .Prof. universitário italiano

Roberto de Mattei focaliza alguns dos pontos salientes do último Sínodo europeu • • • • • • • • • • Prof. de Mattei: •• "O autor do : Relatório Prévio •

• • Europa não é somente o berco da Civilização Cristã. Ainda hoje, nos albores do novo século e ao cabo de dois milênios, no decorrer dos quais tornou-se protagonista da História, o Velho Mundo tem um peso determinante para o porvir da sociedade temporal em todos os continentes. Em outubro último, S.S. João Paulo li convocou um Sínodo para analisar a si tuação européia à luz dos desafios lançados à Igreja pela crescente secularização do continente, o qual quase poderíamos definir como "naturaliter" (naturalmente) cristão. Alguns vaticanistas usaram a dramática imagem de um Sínodo que, do ponto de vista da Fé_ca tólica, faria as vezes de um conselho médico convocado à cabeceira de um moribundo. A Europa padece de uma grave en fermidade? Ou é um organismo sadio que, como outrora, constitui -se em fonte de vida para si e para o mundo? Roberto de Mattei, professor universitário, escritor e jornalista romano, acompanhou passo a passo o Sínodo da

ª

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eAT

O LIC ISMO

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: • • •• • •• • :

••

Europa. A partir de duas agências de notícias - Corrispondenza Romana e Correspondance Européenne - ele analisa para um selecionado público europeu os maiores acontecimentos da atualidade. Nada mais apropriado, pois, que entrevistá-lo sobre esse Sínodo, tarefa da qual se encarregou o correspondente

: de Catolicismo em Roma, Juan Miguel • Montes. A entrevista realizou-se na sede

à Discussão [do Sínodo da Europa], o Cardeal-Arcebispo de Madri,

.

• de Lepanto, pujante associação de ins• piração católica localizada em Roma, que • sob a direção do Prof. Roberto de Mattei : defende na Itália os valores fundamen • tais da Civilização Cristã.

••

• Catolicismo - Prof. de Mattei, há alguns anos fui testemunha privilegiada da conversa que o Sr. manteve com o fundador da TFP, Prof. Plínio Corrêa de Oliveira, a qual • esteve na origem de seu livro 1900-2000. •• Dois sonhos se sucedem: a construção e ades• fruição. Naquela ocasião, segundo nos pa: rece, surgiu uma idéia, hoje freqüentemente • repetida por outras vozes na Europa, mas : até então inédita, consistente em confron• taro clima psicológico da Bel/e Époque. O : otimismo de então parece ceder lugar a • uma visão preocupada diante das grandes : sombras que ameaçam a sociedade con• temporânea. O Sr. notou esse clima refleti: do também no Sínodo? • Prof. de Mattei - Sim, efetivamente, na en: trevista coletiva de encerramento do Sínodo, • seu Presidente, Cardeal Tettam anzi, pergunta: do se con siderava a nota do evento pessimi sta • ou otimi sta, respondeu que ela era realista. Ou : seja, que tomava em conta as luzes e as som • bras do quadro.

denunciou 'uma •• fé meramente • humana no pro- :

gresso', a qual • marcou a profun: da desorientação ••

• : • : • : • : • : • : • : •

: • • •• • ••

de nossos diaS, ao se perder o senso metafísico da exiS t ência"

Catolicismo - Aos 10 anos da queda do Muro de Berlim, no Sínodo falou-se bastante de comunismo. O que foi dito a esse respeito? Prof. de Mattei - Antes de res ponder a essa

Já de si essa aprec iação co ntrasta co m o otimi smo bastante dese nfreado dos anos 60 e 70. Por outro lado, quem es tuda com atenção as intervenções na aul a sinod al, co nseg ue di scernir co m muita nitidez quai s são essas so mbras. O autor do Relatório Prévio à Discussão, o Cardea l-Arcebi spo de M adri, Rouco Varela, denunciou "uma f é me-

questão, recordo que o saudoso Dr. Plíni o propôs em 1990, num cé lebre manifes to de repercussão intern ac ional intitul ado

Comunismo - Anticomunismo na o rla d a últi ma d éca da de st e milênio, a in stitui ção de um pro-

reunente humana no progresso", a qual marcou a profund a deso ri entação de nossos di as, ao se perder o senso metafísico da ex istê ncia: as pessoas não sa bem de ond e vêm nem para onde vão . Co m toda a seqüela de con seqü ências soc iais que isso aca rreta.

cesso para jul gar o co muni smo e seus cúmpli ces no Ocidente. Seu apelo infeli zmente não f oi atendi do. Hoj e co meçam a levantar-se vozes nesse se ntid o. O Card ea l Schonborn , Arcebi spo de Vi ena cidade situada a poucos quil ômetros da ex-Co rtina de Ferro - , afirmou qu e "e nquanto os crimes do nacio-

Catolicismo - O Sr. acha que essa visão do "Relatório Prévio" representa o parecer de todos os Padres sinodais? Prof. de Mattei - Ce rtamente não. O Card ea l Po up ard fa lou de uma "arn.bi valência do Sínodo" e o Cardeal M eisner, de Co lôni a, sublinh ou qu e houv e "di vergência s" . A agê nc i a pr og r ess i sta ADIS TA - que dois di as depo is foi denun ciada por um ex-ofi cial el a KGB co mo tend o sid o fund ada e sustentad a por esse organi smo so vi éti co - publi co u co m exc lu sivid ade um a intervenção do Ca rd ea l M artini , de Mi Ião, identifi cado co mo chefe de um dos "pólos ideo lóg icos" do Sínodo. O Ca rd ea l mil anês di sse qu e, aos quarenta anos da co nvocação do Co ncíli o, faz-se necessá ri a outra asse mbl éia "mais uni versal e autori zada do que um. Sínodo" , que ten ha "o pleno exercício da co leg ialidade ep iscopal ", para faze r frente a algun s temas ce ntra is emergidos nessas décadas, co mo "a posição da mulher na

soc iedade e na Igreja, a pa rticipação dos leigos em algumas responsab ilidades ministe ri a is , a sex ualida d e, a d iscipli na do matrimônio" etc. A lgun s B ispos fa lara m no mes mo sentid o. Outros, pelo contrário, fi zeram intervenções claramente di vergentes. Não obstante foi dado grand e rea lce pe la mídia à interv enção cio Cardea l M artini : o vaticani sta de " La Repubbli ca" (23- 10-99) escreve, bastante deso lado, qu e o Sínodo "isolou o alto Prelado", enqu anto para outros anal istas o Purpurado co nsc ientemente lan çou um mani festo qu e terá repercussões futura s.

nal-socialisrn.o f oram. discutidos e superados, os do corn.unismo ain da estão envoltos muna 'nu vem de não saber' e no silêncio. Também nós, cristãos e bispos do Ocidente, não participamos talve z nesse silêncio? Não deveríarnos pedir perdcio neste Sínodo pa ra que a lernbrança dos mártires possa se r celebrada com co ra ção pu ro'!"

"O Cardeal Schonborn, Arcebispo de Viena, afirmou que 'enquanto os crimes do nacional socialismo foram discutidos e superados, os do comunismo ainda estão envoltos numa nuvem de 'não saber' e no silêncio' 11

As conseqü ências desastrosas do co muni smo foram também denun ciad as pelo Card ea l es lovaco Korec, B ispo de Nitra, protagoni sta em seu país da resistência cl andestin a; por S. Exa. Revma . M ons. Mudry, B ispo ele lvano-Frankiv sk, na Ucrâni a; pelo A dmini strador Apos tóli co da Rúss ia Européia, M ons. Konclru siewi cz; por M ons. Cosa, admini strador Ap os tólic o da M oldávia ; por M ons. Ender, qu e oc upa an álogo ca rgo na Es tôni a; por M ons. Michalik, Arcebi spo de Prze my sl; por M ons. Komari ca, B ispo de Banj a Luka, e por vári os outros ec lesiásticos do L este europeu. M ons. Zycuski , arcebi spo ele Lublin, denunciou "o genocídio sem precedentes" perpetrado pelos comuni stas; o Cardea l Swi atek, A rcebi spo de Minsk-M ohil ev, descreveu a trágica herança deixada pelo marxismo, especialmente "o terrível vazio espiritual e a noçcio de homo sovieticus"; também so bre o homo sovieticus deteve-se o Arcebi spo de Lvi v dos Latinos, M ons. Jaworsk, afirm ando que durante

"a ocupação cornunista se quis f ormar um. homern novo, um ateu combatente, para quern ncio existe uma dimensão do transcendental, com a CAT O LI

e

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conseqüente f alta de uma justa hi. c..e i va Lores " . , erarquta

probl emáti ca, e conc luiu lançando urna advertênc ia: "Nunca se con-

A difíc il situação p ara a Igrej a nos países do Leste do continente fo i assin alada por [rin a Alberti, convidada especi al, conhec ida po r ter traduzido So ljenitsin : "O deser-

ceda aos muçulmanos uma igreja católica para o culto islâmico, porque isto é para eles o sinal mais seguro de nossa apostasia" . É la_mentáve l constatar que e m alguns lu ga res d a E u ro pa essa prát ica efetiva mente ex iste. A lain Besançon, membro do lnstilut de France, convidado especial do Sínodo, afirm ou que "a imi-

to do ateísmo imposto por 70 anos - di sse - desaparece com Lenlidão. A evangelização da Rússia representa uma dificu ldade que supera o imaginável. Talvez baste mencionar-o fato de que o número de crentes que praticam sua fé incluídos-todos os cristãos - é cerca de 2 ou 3% da população". En-

gração dos muçulmanos na Europa representa uma fa to novo: os 4 a 5 milhões de les, residentes na França, cons tituem um núrne ro cornparável ao dos católicos praticantes" . Segundo o intelectual fran-

tre os mártires do comuni smo fo i recordado vári as vezes o Ca rdea l Al o is Stepinac.

Catolicismo - Outro tema que surgiu de maneira inesperada no Sínodo foi o da ameaça ou, como alguns preferem chamá-lo, "desafio" do Islã, com seu maciço fe nômeno de imigração na E uropa. O que o Sr. teria a dizer sobre esse tema ? Prof. de Mattei - Efeti va me nte, e m sua intervenção no Sínodo, no di a 13 de outubro p.p ., o Arce bi s po de S rnirna (Turqui a), M o ns Gui sepe Bern ardini , sustentou que a Europa corre o ri sco de ser "dominada pelo Islã" e que os primeiros sinais d isso j á são visíveis. Ta mbé m o Ca rdea l Pouparei , P res ide nte do Pontifício Colég io para a C ultu ra, levanto u a questão numa e ntrev ista co ncedida ao di ári o pari siense "Le Figaro", imediatamente antes do S ínodo .

: •

• "Mons. Guisepe • : Bernardini, • Arcebispo de : • :

Smirna (Tur-

quia), sustentou que a Europa : corre risco de O • •

ser 'dominada pelo Islã' e que • OS primeiros

• •

sinais disso já • Mons. Bernardini c itou "um autorizado • são visíveis. personagem. muçulrnano ", o qu a l teri a dito a : O domínio seus interl ocutores cri stãos: "Nós vos invadi- •

remos graças r'ts vossas leis democráticas; do,ninar-vos-emos graças às nossas /e is religiosas". E ac rescentou: "O domínio já começou com os petrodólares, usados para construir mesquitas e centros culturais nos países cristãos de imigração islâmica, inclusive Roma. Com.o não ver um claro prog rama de e;i;pansão e reconquista?"

: começou com • os petrodólares, : usados para • : construir mes• quitas e centros : culturais nos •

O di á logo co m o Is lã, seg undo M o ns. : Bernard ini , arri sca tra nsformar-se num "diá- • logo de surdos". Obvi amente, "é preciso dis- :

tinguir a m inoria fa ná ti ca da m.a io ria tranqüila, mas esta últim.a, ante uma ordem. dada em nome de Alá e do Corão, m.archará sem titubeios". O P re lado pro pôs um "Sínodo ou um simpósio de bispos " para fazer face à 3 4

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• : • : •

países cristãos de imigração islâmica"

cês, a Hi stóri a ensina que é precá• rio o convívio pacífico entre o Islã e o C ri sti a: ni srno. E que, portanto, uma Igrej a que não está • segura de sua Fé corre o risco de passar para o : Islã, como já aco nteceu no passado na Síria, no • Eg ito, no Magreb, e inclu sive na Espanha. De: nunciando o fascí ni o exercido pelo Islã sobre • muitos cató li cos, constatou que alguns j á per: dem a noção dos confins que separam a Bíblia • do Corão. Besançon di sse também que na E u: ro pa, nas peri fe ri as islami zadas das c idades, • "muitos cristão se sentem ameaçados". Con: cluiu seu di scurso propondo que se veja a rea li • dade de frente, ex plicando aos cri stãos o que é : o Islã, reforçando o ensino da própri a Fé e evi • tando ex pressões erradas corno "as três religi-

: ões reveladas", "as três religiões de Abraão", • ou ainda as "três religiões dos Livros".

• Catolicismo - Que outros aspectos do : Sínodo lhe pareceria interessante ressaltar? • Prof. de Mattei - Ho uve o utras denúnc ias : • : • : •

importa ntes, como a do Cardeal López Trujillo, sobre a demo li ção da fa mília, ou a de Mons. Perko, Arce bi spo de Be lgrado, que vê co1n. apreensão a presença de Satanás no mundo, em\ certas mani fes tações contemporâneas co rno a corrupção sex ua l e o aborto. Acrescento u que

: "é inútil observar muitosfenômenos só do pon• to de vista sociológico ou psicológico, quando : está presenle a a1ividade diabólica ". • : • : • : •

O utros Padres sinodais entoaram hinos em senti do oposto, corno fo i dito antes, louvando perspecti vas tais como a globalização e a perda das soberani as nac ionais. Creio que as vi sões divergentes surgidas no Sínodo, ao tratar dos problemas da Igrej a na E uro pa, constituem um testernunho e loqüente de sua cri se interna - da

qual fa lou o Cardeal Rouco Varela - e que poderi arn ex primir-se em dra máticas dil acerações. A mensagem do Sínodo fa la, é verdade, das esperanças que é prec iso depos itar no futuro da Europa. Para mim, as esperanças residem no.fato de que ainda vejo nos fi éis comuns muitas energias de Fé, que bem canalizadas podem faze r refl orescer a cristandade, como já aconteceu em outras eras históricas. Não nos esqueçamos que Nossa Senhora em Fátima a firmo u que após mui tos vais-e-vens, o dogma da Fé seria conservado em Portugal. Quero crer que a graça prometida àquela nação no extremo ocidental do continente se estenda a todo o resto do mesmo. Numa palavra, minhas maiores esperanças baseiam-se na crença de que a mi sericórdia di vina terá em vi sta a incrível capacidade que tem a Europa de vo ltar a levantar-se depois dos momentos mais difíceis de sua hi stória.

• • : :

sito desses ma les, surge, po r exe mpl o, "a tre-

rnenda crise pela qua l a /ravessa uma insti tuição tão essencialmente vertebradora da soc iedade como o é afarnília, à qual se prelende desvincu lar de su.a raiz intrínseca e f undadora, o m.atrimônio ". Qu e m não vê nas

Belgrado, vê com apreensão a d presença e • 1 a lavras do Purpurado espa nho l um a c lara Satanás no mun- • alusão às úl tim as medi das ado tadas pe la esq ue rd a na E uropa pa ra lega li za r to rpezas do, em certas ·ç_

como o assim chamado "casamento" ho mossex ua l? Será q ue o "gozo do [mo me nto] presente" - perg unta o Ca rdea l - é "a única saí-

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mani1 estaçoes • • : • :

contemporâneas como a corrupção moral e o aborto"

da para a crise da ideolog ia do prog resso a qu.e se dedica hoj e o humanism.o imanenlisMas o nde talvez sua denúnc ia se to rna ma is dram áti ca é qu ando descreve a crise do mun do cató li co, afetado po r um a "interprelação secularista da fé". O Purpu rado afirm a categori camente "que as conseqüfa ? "

Catolicismo - O que mais o Sr. poderia nos dizer sobre o Relatório do Cardeal Rouco Varela? Prof. de Mattei - O Re lató ri o de si, impo rtante no Sínodo - contém uma análi se basta nte im pressionante do qu adro euro peu conte mpo râneo. Parece-me que em algumas de suas linhas e le confirm a a denúncia do proces o revo luc ionári o, fe ita pe lo Prof. Plinio Corrêa de O li veira em sua renomada obra Revo-

lução e Contra- Revolução. Após constatar as profundas desilusões ocorridas depois da queda do sistema comuni sta na E uropa O ri ental, o Relatório remonta à raiz hi stórica dos males hoje tão patentes, estigmatizando "o hwnanismo imanen-

tista que desembocou nos totalitarismos observados na Europa ", e adverte qu e "a sobrevivência desse humanismo imanentista, que se encontra na base tanto do liberalismo .filosóf ico radical como do marxismo, coloca os europeus de hoj e ante uma situação tão problemática quanto decisiva". O Cardeal continua a descrever o panorama nos seguin tes termo. :

"Não é estranho que nesse contex/0 se tenha aberto u.m amplíssimo ca,npo para o Livre desenvolvimento do nihilismo na.filosofia, do relativismo na gnosiologia e na moral, e do pragm.atismo e até do hedonism.o cínico na con_figuração da existência diária".

''Mons. Perko Arcebispo de

• •• • :

O Card ea l Ro uco o bse rva qu e, a pro pó- •

ências que derivan·1.da erosão dafé pe la rn enta li dade imane ntis ta C!fe/am capila rrnente todos os ârnbitos da vida da Igreja", e "qu.e as raízes mais pro.fúndas [d a cri se da Igreja] devem ser buscadas na secularização interna". "Não se pode esperar vocações sace rdo tais prossegue - enquanto a imagem do sacerdote seja a de um 'trabalha dor social '"; "não se pode esperar vocações duradouras à vida consagrada enquanto os religiosos e religiosas aparecem. como '.fiéis ao mundo ' mais do que com.o servidores do único necessário, através de uma vida de pobreza, castidade e obediência"; não se pode tran smitir a Fé se aquil o a q ue "se entrega m são .fórmulas de um humanism.o mais ou menos moderno ou pós-mode rno, tingido de vaga religiosidade d e co nfecção heterogênea, ern lugar da única Verdade". E conc lui , pe rguntando aos Bi spos prese ntes: " Não .falamos muito pouco e .fi·agrnentariamente da Glória que a Igrej a espera para seus.filhos e para a criação eterna [... ], não silenciamos amiúde a real possibilidade da pe rdição eterna para a qual • nos previne o próp rio Jesus Cristo?" ♦

• • • •• * •

A s fon tes de todas as ci tações do Sínodo consta m em "Corri spo ndenza Romana", nº 64 1, de 30- 10-99.

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INTERNACIONAL --·

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"' '" •l<OOID~111,:11 .• 1~11~o r :~ IHARJ OLAS A/1.IERIC/\S• I' • 9-A

Si no se extirpa el cáncer Narco-Guerrillero Colombiano, se extenderá a toda América

COLÔMBIA

Denunciado perigo do narcotráfico colombiano

Mnnities to de la Socicdnd Colombiana Tn1dición y Acción - riro C ivili7..:,ci6n Cris1i:urn

D p rornu

t.-s dc 1111cc 1.m ai\o c1 l' a l~ 1 iene skmlo som ct i•

do a crccicn lcs Cf>IICUioncs dei CJCCll li \ O a b gucrrillo. AI comicu10, por cn111:1<lc 1~ t1 de qu,; ,;::,,e pniccro c1Jflduc1rln 11 13 paz, ln

u pin iôn pü h lic/1. h:: d ió a1JOfO. m as a i q uc ,131 cl ur u

Em face do agravamento impressionante da situação da Colômbia, a recém -fundada Socie-

dade Colombiana Tradição e Ação, pró-Civilização Cristã - entidade autônoma e coirmã da TFP . brasileira - lançou incisivo e oportuno manifesto sobre o perigo extremo representado pela narco-guerrilha e pela indulgência frente a esta por parte do governo daquela nação. Ameaças estas muito sérias não apenas para a

Colômbia, mas para a comunidade internacional, especialmente para os países da América. Catolicismo tem a satisfação de oferecer, em primeira mão, ao público brasileiro os principais excertos desse importante e atualíssimo manifesto, publicado no "Diario Las Américas" (5/12/99), de Miami. O documento deverá ainda ser estampado em outros jornais dos Estados Unidos, bem como da própria Colômbia.

11uc e;1 n rolitica fflto rcm1 i1c que I;, vioh::11t i11 s ii;:1 c.-ccicmlo, la al nro 111 1,1; , n t: )(l},m (lii: ntlo ror todos lo, :unh ic ni cs de ln Nnci 6n.

f a c:sco l:id u g ucnillen1, i raciM u 1ft bcucvolcnc in gubm 1a ti H1) a l,1 consiguicntc irnrmnid:itl, ~u\C i1ó c n lu ~ úl1i rnui mc~c:s una c onmociÓfl im .:rnnci onnl

por c r111H de la cu:111 vim o~ r,:1bcs se dhponcn o :t) II • :i Co lombi• a rcsolvcr cl e,n, c problema, pucs é~c )H lo! ponc en rM:sgo y nmc mtc:i con pcnurb:u- • iodo cl C on1incmc .

1l:1r

La bonovoloncla anto oi crimen ahuyonta o lo gente do bien No Obll.ln l~. h • )" SÍl!IOITIJI\ 4c q~ , .1 ·' ) ud • ..,,.. ()e,un..J.. pu, f1 Oob:m10. r.o I corrrg,r 1u dcl1<1I• nl 1 ,c,.m,mr I• -"'':'lcnn!n m,c~. hno • busar nue\1l romu, de <1 11,(Mlón C0111llgllm1 ll&,slnrctot10tcrque11l l•crb!1111Clor!.\IK1f1111i'I 11111,.lrd~. pt,u 1a lmr,Jrld.W dd cnmtn amua con ri l},:<(fho Y b Mn~IC:11 <lc ~'1l' dct•nrnc y l"""°CII fui:11111

c~mpctmo~ 11b.i ntk111an ~u, rqiiOlll'l buSl,lr1Q(I Oll!\ mu1q111I• itbd q11C: oo c~ i,1c co cll:u, mi» que: 1:wnpo,;:o t,mdrin Ctl la1 pc:Ofoi u 11,b.,.,,._, y IV"I''" ll>UIO<Cf.. J"tf(I mlU oliíln,doi. IX'; an cl 1•1!~ rara ""irfn o uns n,1C:fo111:s. fl lln k o , ce!Or r on ( l c u~ I ti ( ,Uh iHno -'<" c.fu u ,1 co conror dar t.• r i d e 1.. bu n 1n i:11 crri11,,...t.

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Caso não seja extirpado, o câncer narco-guerrilheiro colo111biano estender-se-á por toda a A111érica

Ln ln111di10 cjcmplu J.i: obl«11cn1c dnp.,sic:i6n of,d~ 111 auc m ll a ..., AC1.M i.1, d..111 e1ou1<k> " " d..-lsrme ~ és•~ :11,-0 la 11Ud1dadc d«irqw ~ "'°"lmln loA.,pi ,~ &, $C haya 1ltp<lo11 I@ ""p,,1··. ru~on•-.e«>n IM ÍU(17U A~llS. amtlnl.l pn-tcn1ión Chn lo c11nl ll:O<>(on)(I cl Mmhtro

de- Ocfau.a, 11 p:uttrr sir1 no1ar t,, fm~rKioo q111: Cffll cu resi,uutn pro<!~ cn c l l'• I• ni lu:1 11i:-.1tOJ QUC ::.i1 eon1am,.

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O.ido tw llt'ia,o, '/ 1 01( b dl'"\ldl.a d t O l ldado c111 t. hltt IM>C■11 II D!,., dn 11 nd1 bn «.n • •k-•t l• I• iu n-i• d<' IOJ úl l i, "' '"' f."hl, u t11 • 11c 11 o (e uh .. 11.,to•1:uurlllrr11,.,. l,C"l,c pro,ó\\Cllt.l: l llm<:IO 111.ll: lnlC ~11 llllll<lan 1111 rnh Impor.

H

á um ano o País vem sendo sub11etido a crescentes concessões do Executivo à guerrilha. No começo, por causa da promessa ele que esse processo condu ziri a à paz, a opini ão pública lhe deu apoio, mas ao ficar claro que essa política só permite o cresc imento da violência, o alarme vai se expa ndindo por todos os amb ientes da Nação. Há sintomas de que a ajud a que vários países se di spõem a conceder à Co lômb ia será destin ada pelo Governo não para corri gir sua om issão e restaurar a soberani a nac iona l, mas para buscar nova s fo rm as de distensão com a guerrilha, sem reco nhecer que assim a cri se nacional continu ará se agravando, pois a impuni dade cio crime arrasa com o Direito e a ausência deste deprime e põe em fu ga as pe soas de bem. E nqu anto c resce a c ri se sóc io-

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Governo se esforça em concordar é o das hostes guerrilheiras. Se, apesar dos grandes protestos da população contra a guerrilha marxista, o Executivo se mantém indolente ante esta última - sem importarse com suas exigências, com os vínculos que ela mantém com o narcotráfico, nem com os abusos que comete contra os habitantes - privará o País da colaboração dos colombianos patriotas e da ajuda internacional para enfrentar a emergência. Dado esse ri sco, e ante a omissão de entidades que há poucos anos denunciavam com valentia a inércia dos últimos governos ante a ofensiva

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narco-guerrilheira , bem como em face do persistente sil êncio que em relação a esta g u ard am as mais imp o rt antes agremiações do País, a Sociedade Co-

lombiana Tradição e Ação pró-Civiliza ão Cristã, ao consti tuir-se para suprir essas defecções, adverte o País sobre o rumo ruinoso para o qual está sendo impul sionado .

O enclave narcoguerrilheiro, uma violação da soberania nacional A Colômb ia está perplexa porque o Govern o retirou de uma parte de nosso território - mai or que vários países europeus - tudo o que ali representava a soberani a naciona l, dando de fa to, se não de direito, às hostes da guerrilh a, papéis e fac uldades que, segundo nossa ordem jurídi ca, não se podem delegar, menos ainda para inimi gos da Pátria. Os guerrilh eiros aproveitam-sedessa situ ação, como era de esperar da índole de suas vicias: não seguem outra lei

11 1.... er,tairt, 111.1 e ~11,-en..1,,., e! G<-toie100 tolt-.rlJ i,l l'odt,r :,~rco•i;IICflillc10 quiltklmlna y ir~orn/1\izt i, variai rr;ilonc,, lo '!"Ct,1ui,alc ~ l"'m1/ti, rmnt'ltt~ c1nccro'IO~ "n ti tcrrnor,, . n~c1onal,,p11ni rdelo.;.:unlc1 ,r (ormM rll nu,c1i\11u!jtn ln1

An1u. d do,nlnltl auenillcro t'f1I cLindei,doo, y ro• lo , nl1mo de ck,10 mudo P,<C.&rio. p:.id 1ic in in: ub!• la ~ •· Mn dr Q1M ~,,,_.,.. au1ootlnd locamb.,1tt:ic ('!ICI füt uro. lo qot l)N1!1 rct\4\lllf la ,-i~..:,•lk b lc, :. nu,s 11'°"' ,.1 Oob,,:nio w lvi6 olidal ex domimo, pOI' 1111 phw1 pf'ff,,.,ltll

flj;,. fl" e <la<puà foc p,oa Olt'\do y (k(- lrulldo illllclinklo, pc"!,C' ~ qua 11 gurm lb no m_,n que, dtjft,,\ cl ,rin1cn,sinoqucptr,i111rifnt'I

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fo;ul1,,,k1) b,c,1c1, t~ 1,u l-,m ,k !i o:gi6c1<>0-.e~inn n R IC>J qi,c poo run rei111 u , r·uli,ei,n S«.llNtrOS, c.,,10,., ion r, )' ~1cmn'101. 1t~mi:-nl.ln iu poder de fi.cgo. pnc1iun cl 1ttlu111m,c,110 artn• • , k, ,fo nii'I<)$ pcit11 n~mcni1r 1111 cvn11 i:r n1c1. h mpo11 ludo , •k.&dr IA1 i.c-1,·o • la cúi pldc dd l'o<kr ti ~bli«>. lu co 11d l, ckl1N v•n qut canth1 do, t i proN-So de p1.e• Qo-- p•fffi. ca ff<ln .

A mayo r dobllldad dei Goblcrno, mós propotoncia guorrlllora

Pai~. ll..S«kliad..C.tktmlrÍII~

Y ,:\t·dUo · FIC9 CMU<M"l1n...Cili.ll1111.l. 11~M,1111.. uf p;'"' 11, pllr u.1• <lefeccionc, a1h' kt'\f: 11 l'tb Mlhf'I! • I n,11100 N UI01.0p(N"C l cual e.. impul\.lldo

EI onc lavo narco-guorrllloro, una vlolación de la soboranía na cio nal

ni,

d.ul<!o d.. h.:l:ho, li 110 de 1.>crtcho. 1 IM h""-'tCI dt 1~ l(llfflll ••· ra1ielca )' i\1cu llld11J11

wgUI, 1111eiuo rnúon Joddko, no 1e p,.!Wcn dck GM. mc:llOll a(m a cncn1l~ tk 11 i',m!1 qll(.

l.01 11•~11illc<01 aprovt.. han c,a thlllclón, C(lfl\O era tk U f'C"" <l<' l,1 indolc dl: ~•1t ~ldar Ili> Jlgi.,n mM ley q ua h ~unvcnit ncl1 1n•ui11•, no t 1t-en ljllt h:1Y1 u-11\l cnmcn 'I-"

Tolorar un c.âncor narco-gucrrillcro provoca rá una intorvenclón forânca l.llc p;,nornrn.a '"" "' toLm111t, Ili> solo~ nunlra Potri , . s·no cn md.. A1n~1ic11, 1''-"'' oo-n« , ,. ~,cs dn 1111ndos ~ "~!crwr IJ P.,.l son u~dns por ln nMCo•i,:111:mlln p,1111 cMrcm,u- 1u ncr~• Jión )' d.,r OU(' "º impulso ~I ut.f'ico da d r08,t l, CIM\ lo , u) I d,1, . ia 111 IIO<la 1tlbre la 1»b laeLÓ<I locnl ) ,·n w rovl,i ,i:,,.11, " ,.,.., . 11ropahcr:un,-,:1d.:ldcrocincçrp1ra dÇoruintn1c

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Ali. t1 comim q,.K ~ ' " "" rn I• pm,~ c::i ~ d(b,,1u .mm ,aclO<\Jln) n, las t nn..:J1M de oponión de UNI ,ntcr.·cn• eión annMla aunrue r.a p.,.n ~ bc,;1r a n~c,lr~ P~ria y • /\nlC11ca <lei c.,,ic:u n;o, ~o,pmllcru. hub,~n~ pub!ic-Mlo

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(;nmo c1 obv1o, 11 iucr.il la hnpooc, fll " 116:cr con~,0 ,1, con ti C'lobltr oo, qua «!LIC lmpf..b 11 IJ••ci10 lodh :,..dOO con, t.n cll 111 q,... rlO ,u I• melll tlcf• ns.o :an1c 10\ 11.o<j11t) 11uo:J1 ell11 r~1IM. li1 q ue til ~ q ut b N1fló11 H w no,la • 11 li< l l t■ i.:un r lllcra "' 1 ta11w"'1 llltr111hu 1t:1 y sorprn ivoJ. 1h1 bw1 •

Colomtll1.

car 11111 , oh1d 6n b#lln de rondo p• r • •uo rl~.

M,s,on, 11 i;umil lllog,ó l1 c~t h1iión dtl c,ITT110dc /1 11'1'1 ofid1lc1 q ue lue haron con v,gn, y •í,çlkl, cootn, c:!L•.

alcJ.&rlOO J»o•• 0 10 l.u dcnuncuu 11c ipupo11 111afll!lll.l ~ q..., aqncllos~iol1b.ln111sikr«hoJ.1inqueh.1) 1, tmuirill1cuos, concl ud6fl cn 1,1! k11hOO de lu.. llfi.,anlllmo1 cumpeu,ntQ;, con 1(1 que, cl Oobkrn..> <la cl \~lo, <k p<ueb,i a I• ICu\lClhn ,!e h"

F.$e P,:,IIDnllnll pooc .. n11c<r,nl• c,11hilwl.Mtdcn,,c-,1r111lns111udonci., p-ud no k l"J(dc prc:lcnd« qur Colornln ,,u wn ar.,.tl:i la ('01lr&e1611 )' el abtn(lono a q.ic se t11 llevõ, coan• dr- 1uu•d c r ,lrl~ r llf, ,n iar d 1 1111ut . nuro--r,.,r ,rlll<•'IO, • ((llld icl6a !lo t1wc .e k: \IC" l'a,h• h.J,«:rlo. p■ r■ lo ru i cut nlt t on l•Mi11t1a1l<l1<l co..il u n11L No~ 111111 de u1nr 11 í1,,;-r.:.a dc mo<lo timpli11111 nun ivo, s uro rnelon.al ~ fi m1e. co n mM1J.u co111plcmcn1 •" ~s 11u11

i\sl mi1mo, la gu(nill1 cu t<! 1~ di,nl1Ki6cl 1\e los grur,o1 p.a ot,(UIJ"°I 11ue, l"llr'-'•Ujd de ta ,nd kac i• dt! E.m1do p-.t111. <lt londt.tftl~pnblx1"'n dc,.._,,.li,qll(J.J((l>mlOJOf1COfllal

fin, :idffll:l.1,lol t1!"'1l{l1UfJ''""lfllC$CCOflÍIS(!llCl'llHlllllH dc

l~ p,o n i<u lari::- •l•l,o b1 lj\lC: clln IICII('• COftlO Jo [1 ltg1tim1 dt!cnu íue,c "" cri rnm cu,.,oosc: Of'OI\C • lt vln-lfnd1 nian• hu.

Abando nar regionas a la safia guerrlllera estimula la violoncla Ahono tiler,, com o cl faUdo K1 ulmc de i llebt-1 d, maflten • er d or;k 11 ili.lbll,;:11 y de pr<>1e~c• las 10!\lS a1i•.n...._., dei P1ls, cldc1<111r.c~l1f'<>l-'l.: .....,, IAptr1t'l:ucl6nonll o1cml •loll gruro, de dct"<ni1 pnu.;fa •que IIIICIC:'IO<I r-ra u.,,,., c-sc \•clo-d ,ju,I iu rn,1"> " n11te hai rtglon n. lo cul, lt JOI 11~ '•• o rcCtr 1• v•clflaor"•· N llm ., b ri cl ~rlmu, lkn1(11'11 T\ lil:<i CO lllll :l ll li• mtrli"u·

Co!o111b1• prrpleja po,11ue ,1 Gobluno •thN tk un .. (U MC de, l\llC'-\110 1cni ltif,o, ,nu &li•ndo. IIIOC ~U!II pa!....1 C"111opcos.!Cldolc, ,1uc rcpic1mub.11llil1t0bf1tnbMck>r.,1.

M U I n ,·lnH , •·t1h·knd {I li 1,ncifk-:ll'16n cad a d ll mb lt-ja u , porqut J O:- b bu:1e11, eu t um o rr wlo 1lt i. J u1lcl11 y d(I O rd u , t ino CQnlO u• u l~tr lbu d óa d t lt,J n lmlnll l.... ~ 1~lm 11u ■ IJ • d11 w r ..· la tb ,

ti E1 t , u1, ~o O\l(!l!a. \lllf-$. cl lc<;onl de. po1' (IIOCle • ,io,m•l•hord•ni,11 ln.,lyf'Jrdilic ull•t • lf j,!n:i111\lue ; ump1ff ' " ,lel,,:r ele d.e fende r uu t,1111 Jnl,cmnia. u 1n ~H uh)t • IO 1k un a <'tJM'i"I( ,lc: lir h wcl6 11 latcm•don11I: ) ,1wc i:nn p:on, <ltl r .r,. l, j{I, 11• lan"n• • •· .,.. 1- ihl, Ôftltrvtnd 6n, j u, 11.ut i1wc t•ll w ...,. I• vi• ' " ''" po,•h •bk: I'" ' • ~ai Vir a

IA, jlrarwk1 ~c1U1s de la pobl,1cl6ll ~onlft\ ln

li

econômi ca e centenas de milhares de cam pon eses aba ndonam suas reg iões em busca de um a tranqüilidade que nelas não ex i ste - e que tampouco terão nas periferias urbanas - , e grupos meno res, porém mai s qualificado s, deixam o País para v i ver em o utras nações, o único setor com o qual o

r or rkllos1uc11í11 cros~mc8)nl\u1r,t11<kr•l fücgny1 11Ct11111, 1"'11 vigilar y Jlll"'°r 1! ot: tumplcn 1~ h!pu1,:1i,u1 1,0: uerJos. !~ op-lnloo d( nldic hK~• d~ dlw ,n hmN, ...-~}~ndo.,,c, a p.irl ir tlc C"\:ltonc(~ltm inidtl. g<'!Oil! ou ~lfll d e !3 ·zona 4~1 tk~~je', mlr111 ru lru a,norid. ~ M ,·1" l,cn otdecucn!N u.n1e d!o,. p.ra ,.,uar .:iue IKllllrn fOn ta rr~u11111 d,,i, 11~611

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Manifesto da Sociedade Colombiana Tradição e Ação pró-Civilização Cristã

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AVISO

olon1biann Tn:1 d icióu y Acción - pro C i vil i ~::ació n Cristiana /\p.,n ndo A1.!.n:o 44 .0 11

C11li • Colo111bi1 1d.ll n)I;: (57-2) 667 9919 1.:- m nil : touli11ççlon@1cbt3Yld'.fUll..tJI.

e o Com1ssil'111 tlc 1:,tudiM por .-\p1U1:ido A\:rcu 50.528 Uogo1.i - Co lombio

J"d .lfu-..: (57 !) 24 K, 75(14

la l.il>c rtad de C ubii

l'.0 . Uo.x 14333-1 Comi G:iblcs . Minmi , Fl. 33 114

Como é óbv io, a guerrilh a impõe, para fazer co ntatos com o Governo, qu e este impeça o Exército de cumprir qual quer ação contra ela que não seja a de mera defesa ante os ataq ues que dela receba, o que exige que a Nação se submeta à tática guerrilheira de ataques

intermitentes e de surpresa, sem procurar uma solução bélica de fundo para vencê-la. Mai s aind a, a guerrilh a obteve a exclu são do Exército de altos oficiais qu e lutaram co m vigor e efi các ia contra ela. Alegam para isso denúncias de grupos marxistas ele que aq ueles [militares-1 violava m seus direitos, sem que haj a, em vários casos, conclusão em tal sentido da parte cios orga ni smos competentes. Com o que o Governo dá o valor de prova à acusação dos ai iados da subversão, enqu an to, ante os desmandos desta, mostra um a absurda inércia. Do mes mo modo, a guerrilha ex i ge a dissolução dos grupos particulares que, devido à ineficác ia do Estado em defender a população de seus ataq ues, fo rm aram -se com tal fim , além de pressionar para que se co nfi squ em as arma s cios parti culares - sa lvo as que ela detém - , como se a legítim a defesa fosse um crim e qu ando se opõe à violên cia marxista.

Abandonar regiões à sanha guerrilheira estimula a violência

lc l:(',S.l )~9 1•l7 l !

Fac-simile do texto integral do manifesto no "Diário Das Américas", em 5-12-99

senão a conveniência marxi sta, não crêem na ex istência de outro crim e senão o de opor-se a esta, nem d outro dever que o de abrir caminho à Revolução . Por isso os guerrilheiros e negam a suspender o fogo e a aceitar - para vi giar e jul gar se os hipotéticos acordos são cumpridos - a opini ão de alguém fora a deles mesmos, crendo-se, a partirdes a concessão inicial, govern antes ela " zona de despejo". Enquanto as autoridades se voltam concessivas ante eles, para ev itar

Quanto maior a debilidade do Governo, mais prepotente a guerrilha

que acabem com a pretensa distensão. Ass im , os narco -guerrilh eiros suplantam autorid ades, usurpam faculda des e bens , exp ul sam. da região ou assassinam os que poderiam res istir, reali zam seqüestros, extorsões e alentados, aumentam seu poder de fogo, praticam o recrutamento arm ado de meninos a llm ele aumentar seus contin gentes, impon-

do, das selvas à cúpu la do Poder público, as condições para que continue o processo de pseudo-pacificação.

Com efeito, co mo o Estado se ex i me do dever de manter a ord em públi ca e proteger as zo nas afastadas do País , o desarmamento da população e a persegui ção unil ate ral aos grupos de defesa privada - que nascera m para preencher esse vazio - deixarão in-

defesas muitas regiões, o que, longe de favorecer a pacificação, estimulará o crime, tanto marxista como antimarxista . M ais ainda, os guerrilh eiros procu-

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rarn impo r ao Executivo seu~ aberrantes c rité rios e m maté ri a políti ca e sóc ioeconôrnjca: que se radicalize a Reforma Ag rária e se inici e m outras reformas sociali stas e confi scatórias e que seja estatizada a extração do petróleo, para submete r a Colômbia aos erros marx istas e ao caos g lobal. Não só isso: ao ex igir a g ue rrilha a troca ele seus adeptos presos e condenados, por soldados que ela ma nté m cativos, pretende assim obter urna fa lsa leg itimidade política, habituar o País a ceder ante a violê ncia marxi sta, e que o

seqüestro seja equiparado à pri são dada pe la Justi ça aos delinqüe ntes. Ao aceitar essas ex igênc ias, o Governo tolera o Poder narco-gue rrilheiro que domina e traumatiza várias reg iões, o que e quiv a le a pe rmitir tumores cance rígenos no te rritório nacional , a partir cios quai s se formarão metástases nas zonas vizinhas, tornando a pacificação cada dia mais distante, porquanto ela é buscada não como fruto da Justiça e da Ordem, mas como retribuição dos criminosos à impunidade de que gozam.

Tolerar o câncer narco-guerrilheiro provocará uma intervenção externa É comum que se trate na impre nsa, nos de bates inte rnacionais e nas pesqui sas ele opin ião, de urna intervenção externa para libertar nossa Pátria e a América cio câncer narco-guerri lheiro, tendo-se publicado sondagens rnonstrando que g rande parte ela Colômbia tomá- laia com alívio. O Executivo ostenta, poi s, o recorde ele - por s ua s concessões à horda criminosa e por dificultar ao Exérci-

to o c umprime nto de se u dever de defender nossa so berania - isto seja objeto de uma espécie de licitação internacional; e que grande parte do País, longe de lamentar essa possível intervenção, julgue que ela é a via mais provável para salvar a Colômbia. Nenhum prog resso pa ra a pacifi cação será obtido tol e rando-se enc laves g ue rrilhe iros e m nos so te rritóri o , onde as le is são a rrasadas pela pre potê ncia marxi s ta, impedindo o País de cumprir com os co mpromisso inte rnac io-

nai s mai s ele me nta res, corno os de s ubstituir os c ultivos ilíc itos, res pe itar a inve rsão estrange ira e proteger os direitos individu ais , o que afugenta a cooperação inte rnaciona l de qu e a Pá tria necess ita. Com a esperança ele que este apelo I NFOl{MACION

Tradicion y Acéion por un Uruguay auléntico, cristiano y fuerle Grave problema de conclencla UI rellglón y el bitn comtin exigem 11lv.1r ti Uruguay dei petigro M>Cilto.comu~ h,pam,ro

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sej a ouvido pe los Poderes públicos e que, e m decorrência, ajam com justiça - ou sej a, que trate m o criminoso e o home m de be m corno o que eles são, e não de modo inverso - a Sociedade Colombiana Tradição e Ação, pró-Civilização Cristã pede à Santíssima Virgem de Chiquinquirá, R ainha e Padroeira da Nação, sua insondáve l proteção para restaurar a vi gência plena do Decálogo, suscitar na população forças para defende r a Pátria e impul sioná-la a reco nqui s tar a ordem, a g ra ndeza e a prosperidade. ♦

URUGUAI

No Uruguai, importante manifesto favorece candidato antimarxista Às vésperas da última eleição presidencial uruguaia, a recém-fundada entidade Tradição e Ação por um Uruguai Autêntico, Cristão e Forte publicou vigoroso manifesto alertando os eleitores do país vizinho sobre o perigo que representaria para ele a ascensão do candidato esquerdista ao poder, Tabaré Vázquez. Por certo, esse documento - publicado na íntegra no diário "EI País" de Montevidéu, em 25/11 /99 e, de forma resumida, em vários outros jornais da capital uruguaia - pesou favoravelmente no embate eleitoral, do qual saiu

vitorioso Jorge Batlle, candidato antimarxista. Os componentes da nova associação coirmã e autônoma da TFP brasileira - inspiraram -se na vida, obra e pensamento do insigne fundador desta, Prof. Plínio Corrêa de Oliveira. É com prazer que, de modo inédito no Brasil, damos conhecimento a nossos leitores dos pontos essenciais do referido manifesto, que, segundo tudo indica, exerceu influência decisiva para impedir que o Uruguai caísse sob o jugo de um governo marxista.

GRAVE problema de consciência para cada católico uruguaio:

SALVAR o Uruguai do PERIGO con,unista

E

m 28 de nove mbro os urug uaios esta re mos - junto à urna e perante Deus - responde ndo a esta perg unta: Permitire mos que o Uruguai seja comuni sta?

Nessa hora é necessário agir com sabedoria, considerando que: 38

C ATO LICIS MO

1. A doutrina tradi c ional cató li ca condena o Comunismo, sob todas suas formas e em . todos seus graus, e afi rrna que o Socialismo, corno doutrina, como fato hi stó ri co e corno ação, é incompatível com os dog mas da Ig reja Católica, poi s seu modo de c~nceber a sociedade se opõe diametralmente à verdade cristã.

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2. Assim , resulta ser contrário à Fé e aos inte resses da Pátria vo ta r pe lo soc ialo-cornunis rno. 3. O voto dos católicos é decisivo, te m peso suficie nte para definjr a situação. 4. Taba1·é Vázquez está associado à "esquerda cat6lica" e a comunistas, socialistas e tupamaros.

querda cat6lica" e o silêncio quase ge5. Nem ele, nem esta, nem estes se "dessolidarizaram", em nenhum momento, da doutrina, dos crimes e das atrocidades do comunismo. Por quê? 6. Tabaré Vázquez usa urna lin g ua gem que le mbra as a lu c inações dos "reformadores " soc ia lo-com uni stas: ameaça-nos com fazer " tremer até as raízes das á rvore. ", re nega todo nosso passado, qu e r refazer tudo a partir ele zero, identifi ca- e co m a utopia marxista de so nhar co m o adve nto de um "homem novo", à margem de e contra D e us . 7. Sabe mo · bem o tremor ou terremoto que es ·as utopi as socialo-corn uni stas e ngendram. Es ·as alucinações são responsáve is dire tas pe lo infe rno dos campos de concentração e das "clínicas psiquiátricas" sov ié ticas; pelos horrores ele Mao Tsé Tung na Ch in a; pelas a tro c idad es do s Khrner Ro uge no Carnbodge; pe lo te rror e o crime disseminados na Colômbia e no Pe ru pe la gue rrilha ; pelo paredón; pelos traba lhos forçados e pela mi séria e m uba. 8. No iníc io esses "reforrn 1dores" pareceram generosos, idea li stas, des interessados. Conseguiram as irn o apo io de não comunistas para c hega r ao poder. Depoi s os fatos termjnararn des mascarando-os, ou se eram rea lm e nte ingênuos, foram postos de lado pelos mais radicais. 9. Os ali ados de Tabaré Yázquez são até mai s claros em seus reincidentes pro-

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Fac-simile do texto integral do manifesto publicado em "EI Pais", em 25-11-99

pós itos. O senador e le ito tupam a ro , Fernández Huidobro, dec larou qu e "a atividade política de hoje [dos tuparn aros ] é leg itimadci pela atividade guerrilheira de ontem"! Que "leg ilinúdade " estarão pensando alca nça r, se a lém dos bancos leg is lativos co nseg uem o Executivo? 10. Contudo, a ameaça do Encontro Progressista - Frente Ampla (EPFA) não teria consistência se não contasse com o poderoso apoio da "es-

ral das autoridades eclesiásticas. 11. A "esquerda católica" deu um g ra nde a poio a Tabaré : A Se mana Social escolhe u um nome, um terna e um modo de abordá- lo que parece de propósito para induzi r o cató lico desavi sado a votar pela Frente Ampla. Não menos favoráveis a Tabaré foram as declarações do Arcebi spo a propósito do "capitalismo selvagem", as quais foram interpretadas e m c lave soc iali sta. 12. Esta é urna e le ição que transcende as naturais difere nças políticas entre os partidos tradic ionais. É uma e leição entre ser fi e l à herança ocidenta l e cristã de nossa cu ltura ou re negá- la em bloco, corno dá a e ntender Vázquez. Por isso não só os biancas e os colorados , mas também muitos dos qu e votaram no pri me iro turno po r Tabaré, devem agora votar pela úni ca opção lícita , o abandeirado dos não comuni stas. 13. É necessário que peçamos a nossos Pastores para re mediar o mal fei to pe la "esquerda católica", lembrando sem arnbigüidacles a cloutri na cató li ca tradicional e não pe rmitindo que os urug uaios sejam e nga nados a esse respei to. Um a palavra vale nte, c lara e e né rg ic a do s Bispos p o de , me s mo in e.x,tremis, afastar o pe ri go e sa lvar a Pátria ameaçada. Que a Santíssima Virgem ilumine nossos Pastores e ajude cada uruguaio a cumprir seu dever de cristão e de patriota nesta hora! ♦

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À esquerda: Mons. Gilles Wach durante sua exposição. Da esquerda para a direita: Dr. Paulo Corrêa de Brito Filho, Diretor da TFP, Mons. Gilles Wach, Dr. Eduardo de Barros Brotero, Vice-Presidente no exercício da presidência, Rev. Pe. David Francisquini e Dr. Caio Vidigal Xavier da Silveira, Diretor da entidade

Fotos: Diogo Wnki

Abaixo: Parte da assistência que lotou o Auditório, a qual acompanhou com vivo interesse as palavras do conferencista.

Visão parcial do Auditório da TFP na capital paulista, durante a referida sessão de encerramento

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Aspecto da mesa que presidiu a sessão de encerramento do Encontro Regional de Correspondentes da TFP, de São Paulo, realizada no Auditório da entidade na capital paulista, em 15 de novembro último. Da esquerda para a direita: Dr. Plínio Vidigal Xavier da Silveira, Dr. luiz Nazareno de Assumpção Filho (orador), Dr. Eduardo de Barros Brotero e Dr. Caio Vidigal Xavier da Silveira, Diretores da TFP

Estando em vi sita à TFP brasile ira, M ons. Gilles Wach pôde acompanhar o trabalho desenvo lvido por seus sóc ios, cooperadores e correspondentes, duran te a campanha públi ca reali zada pela entidade contra o filme blasfe mo "Dogma", em novembro último, nas principais ruas da capital paulista.

Conferência de Mons. Gilles Wach

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Mesa que presidiu a sessão de encerramento do Encontro Regional Norteparan aense de Correspondentes da TFP, realizada no Auditório do Hotel Crillon de londrina, em 28 de novembro p.p. Da esquerda para a direita: Prof. Gil de M acedo Grassi, encarregado da Sede da TFP em londrina, Dr. Plínio Vidigal Xavi er da Silveira, Diretor da entidade, e Sr. luíz Dufaur, um dos conferencistas do Encontro

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Aspecto parcial da assistência do Encontro Regional Norte-paranaense de Correspondentes da TFP, du ra nte a conferência p ronunciada pelo Prof. Gil de M acedo Grassi na Sede da entidade em londrina, no dia 27 de novembro p.p.

N a foto, Mons. Wach aparece junto com acompanhantes diante da Catedral de São Paulo, n a Praça da Sé. Da esquerda para a direita: Dr. Plínio Vidigal Xavier da Silveira, Diretor da TFP, Desembargador Júlio César Paraguassu, do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro, correspondente da TFP, Rev. Pe. Raúl Olazával I CRSS, Mons. Gilles Wach, Dr. Paulo Corrêa de Brito F°, Diretor da TFP, e Sr. José Antonio Ureta, sócio da TFP francesa.

ons. Gilles Wach, fund ador e Pri or do Instituto de Cristo Rei, Sumo Sacerdote, c uj o Semin ári o está

locali zado e m Gri c igliano, na Toscana (Itáli a), vi sitou a TFP em nove mbro úl timo. No dia 20 desse mês, o ilustre ecles iásti co pro nunciou um a confe rênc ia no Auditório da entid ade, situ ado à rua Dr. M artinico Prado 246, na capital pauli sta. Em sua alocução, o orador di scorreu, com penetração de espírito, sobre a decadência da c ivili zação contemporânea, foca lizando, de modo espec ial, o processo de di ssolução da ordem na soc iedade civil , bem como o empenho revo lucionário de destrui ção do instituto fa mili ar.

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-81-:: Ji>JJJ~J Aspecto parcial da assistência à conferência inaugural do Encontro de Correspondentes da TFP, realizado na Sede da entidade em Brasília, no dia 28 de novembro último. Na foto, Dr. Paulo Corrêa de Brito Filho, Diretor da entidade, discorre sobre a atualidade da Mensagem de Nossa Senhora de Fátima Diogo Wakl

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População paulistana: reação surpreendente Com o aumenlo ela violênc ia nos últim os anos e a falla ele segurança públ ica, os molori stas pau li stanos adqu iriram o hábito ele não baixa r os v idros cio veícul o quan lo obrigados a parar em um s mároro. ConLuclo, em face cios estandarles ela TFP, esse quadro alterou-se LoLalmente : ao invés ele fi sionomias ten sas e apressadas, um sorri so so lícito e receptivo aguarelava os parti cipantes da ca mpanha.

TFP nas ruas

Apoio ao combate contra a blasfêmia Diri gida Lambém aos pedes tres , a ca mpanh a ele rua ela TFP co nstatou a profunda indignação elas pessoas contra as ag ressões l ançadas pe l o f ilm e "Dog ma " . l slo reve la que, em nosso País, não fa llam ai mas ele escol, dec ididas a não permiLir que essa empresa estran geira ven ha o fender a Reli gião professada pela mai ria cio povo bras ileiro.

Ação imediata

Sócios e cooperadores diante do Monumento às Bandeiras, no lbirapuera, com seus estandartes, capas e magafones, no encerramento da campanha, em 19 de novembro

Sócios e cooperadores da TFP vão às ruas alertar a população sobre os perigos do filme blasfemo mediante o qual produtores americanos atentam contra a tradição religiosa das famílias brasileiras Co nju ga ndo o v i go r mora l dos pai s e mães de fa míli a aderentes da campa nh a O

Amanhã de Nossos Filhos com o fervo r reli gioso dos aderenle da campanha Vinde Nossa Senhora de Fá!ima, não fardeis!, a TFP promoveu na cidade de São Paulo uma pujante mani f"cstação púb li ca de protes-

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to co ntra um a das maiores agressões morai s já desferidas contra a Santa I greja fu ndada por Nosso Sen hor Jesus Cri sto.

De São Paulo parte o brado retumbante dos católicos Iniciando uma onda giga ntesca de mobilização, cuja meta é atingir todos os Estados brasileiros, a TFP ocupou, nos dias 19~11 e l 3- 12p.p. ,as principais vi as públicas da capital pauli sta para recolher assinaturas de adesão à Petição que foi enviada ao Mini stro da Ju sti ça, José Carlos Dias, soli citando a intervenção deste, a fim ele que o fi lme - cini camente chamado "Dogma " - não seja importado ou ex ibido em nosso País . Num cruzamento da rua da Consolação, sócios e cooperadores abordam celeremente os motoristas dos carros

Sóc ios e cooperadores ela TFP, que participaram la campan ha ele rua , relatam que muiLas pessoas não só fi caram indi gnadas ao Lomar conhec imenlo cio con leúdo blasf"cmo cl es lrutivo cio Fil me "Dog ma", como so licitavam vários exempl ares ela P tiçi:ío para reco lher assin aturas ele par nt 'S 'a mi gos .

º

o gos lo pelo víc io e a tendência a escarnecer ela vi rtucle.

Ajuda dos Párocos será bem-vinda Confiando ta mbém na adesão cios Párocos ao es forço co ntra o veneno mora l que ameaça invadir o Bras il através desse fi I me, a TFP espera que os Sacerdotes saberão rejeilar com a devi da energia - durante as Mi ssas e demais aios reli giosos - esse ignóbil alenLaclo à Reli g ião ela ma iori a elas famílias brasi leiras. Rejeitamos energicamente

as blasfêmias do film e "Dogma"! O Brasil é católico! O Brasil é de Nossa Senhora! ♦

Diversas medidas tomadas pela TFP Desde a léca la d 60, 1or ini cialiva cio Prof. Plínio orr~a de livei ra, as campa nhas de ru a cons tilu em Lracli ção na TFP. M as, como a en tida I não poupa esforços na hora de defon ler a mora l cató li ca, uma série ele outra s medidas fora m tomadas conlra o film blasfemo. Denlre elas cabe de tacar a carta que o Coordenador ela ca mpan ha Vinde Nos-

sa Senhora de Fá!ilna, não /ardeis!, r. M arcos L ui z Garcia, envi ou a mai s de 8 mil paróq ui as em todo o B ras il , na qu al relala ao: Párocos as blasfêmi as co nLi cla s no filme "Dogma", bem como s u conleúclo imoral , que incita nos jovens

1 - Campanha na rua 15 de novembro, no centro da cidade 2 - Da esquerda para a direita: Dr. Luiz N azareno de Assumpção Filho, Dr. Plínio Vidigal Xavier da Silveira, Dr. Paulo Corrêa de Brito Filho, Diretores ela TFP. Ao fundo: Revmo. Pe. David Francisquini e Cel. Carlos Antonio do Espírito Poli (Rt), Diretor da TFP, por ocasião do encerramento da campanha 3 - Cena da campanha no cruzamento da Av. Brasil com com a Av. Rebouças em 13-12-99

4 - Na Av. Dr. Arnaldo, enquanto os slogans são proclamados pelos megafones, sócios e cooperadores abordam os carros

CAT O L I

eISMO

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Leão Vllílil~@ú@ rll@ Rf!!(j}Oi ([}ÜlfliVrl/@rlJ@ IJTJ@ @$d@@<il z1uf/@

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TFP PLINIO CORRÊA DE OLIVEIRA

scolhi o leão para o estandarte da TFP, porque o leão sempre me lembrou um princípio do qual sou muito cioso, do qu al faço muita questão em todos os assuntos: o · princípio ela legitimidade. Que o poder, a influ ência, a sabedoria, a g lória estejam em mãos ele quem de dire ito. Esse seria um modo muito resumido ele definir o princípio da leg itimidade.

Rosa: rainha das flores Ora, é ev idente que o leão é, entre os animais, o que a rosa é entre as flores. A rosa é naturalme nte ra inh a. Co loque m um a rosa, verdadeiramente bonita, no me io ele qu alquer outra espécie ele flores - mes mo entre nossas orquídeas, tantas vezes lind as ... A rosa ofusca todas essas es péc ies, inc lu sive as orquídeas. A rosa é superior indi sc utive lme nte .

leão: rei dos animais Coloquem um leão entre todos os outros animai s ... Estes se ec lipsam. O e lefa nte é maior, mas ... que massa bruta, vil. O camelo anda mais, porém, com um passo de escravo carregado, não desenvolve a marcha garbosa do leão. ·o leão marcha e salta, o camelo anela. Considerem a raposa: ela é esperta, mas é frág il; quando a esperteza não lhe dá resultado, e la está perdida . Considerem todos os outros animais: e les possuem alguma qualidade eminente, mas não apresentam aquele co njunto ele qu alidades mediante as quai s o leão é o leão.

Olhem para o leão - e le é re i. Ele desfruta como que do direito ele errei: ele man eia, ele tem a garra cio rei , e le impera! Era no rmal que ele tivesse a cor cio re i. O co lorido próprio para as co isas régias é o áureo. Um leão ele prata, que frustração! Um leão ele ouro, que natura lidade!

Yermelho simboliza a luta Assim sendo , colocar azul em nosso es tandarte? Minha hes itação foi entre o azul e o vermelho. M as não durou muito . Artisticamente fa lando, o ouro é mai s bonito sobre o azul cio que sobre o vermelho. Con siderando um azul e um o uro bem esco lhidos, a combinação é lindíssima. Mas o azul como que repousa da vivac idade do ouro. E eu não queria repouso em nosso estandarte. E u queria a luta! E aí está nosso estandarte. Excertos da conferência proferida pelo Prof. Plinio Corrêa de Oliveira para sócios e cooperadores da TFP em 7 de fevereiro de 1987. Sem revisão do autor.



F:'t~Jffg Nesta edição A realidade concisamente

Plínio Corrêa de Oliveira apontou (final do Cap. VIII, Parte li) alguns meios para a conversão de um revolucionário. Nos ítens a seguir, ele escreve sobre o dinamismo da Contra -Revolução, sua invencibilidade e a importância da vida sobrenatural, a qual eleva o ser humano acima da natureza decaída.

Capítulo IX Força propulsora da Contra-Revolução Ex i ste um a fo rça propul sora el a Contra- Revolução, ass im como ex iste outra para a Revolução .

1. Virtude e Contra-Revolução Apontamos como a mais potenl e rorça propul sora da Revoluçã , o di nami smo el as pai xões humanas desencadeadas num ódi o metafísico contra Deus, contra a v irtude, contra o bem e, espec ialmente, contra a hierarquia e contra a pureza . Sim etri ca mente, ex i ste também uma dinâmica contra-revo lucionári a, mas ele natureza inteiramente diversa. A s paixões, enquanto tais - tomada aqui a palavra em seu sentido técnico - são moralmente indiferentes; é o seu desregramento que as torn a más. Porém, enquanto regul adas, elas são boas e obedecem fi elmente à vontade e à ra zão. E é no vi gor ele alma que vem ao homem pelo fa to ele D eus govern ar nele a razão, a razão dominar a vontade, e esta dominar a sensibilidade, que é preci so procurar a serena, nobre e efi cientíss ima fo rça propul sora ela Contra-Revolução.

bem . D e sorte que a alma lucra incomensuravelmente com a vici a sobr natural , que a eleva ac ima elas mi s ri as ela natureza d ca íd a, ' do própri o nível da natureza human a. (l 11 'SSil íorça ele ai ma ·ri sl: qu ' ·si ~ o dina mi smo da onlra- R ·voluç:10.

3. InvencibiUcladc da Contra-Revolução Pode-se pergun La r de que va lor é esse dinami smo. Respondemos que, em tese, é inca lcul ável, e certamente supe-

ri or ao da R 'voluçoo: " ( )11111 /rr 110,,·s ,1111 (l 1'ilip. 4, 1J). Q 11:111do os hollll' ll S rl·so l v ·rn coopcrnr ·0111 n !'rn,11 d · 1 ' us, são as 111 11 rn vilh 11 s d11 l li sl< ria que ass im .-e op •r: 1111 : < :1 ·onv •rsão do Impéri o Roman o, < a rorm ação el a Jclacle M édi a, a reconqui sta ela Es panh a a partir de ovaclo nga, são todos esses aco ntec imentos que se dão como fruto elas gra ndes ress urreições ele alma de que os povos são também suscetívei s. R ess urrei ções invenc ív ei s, porqu e não há o que derro te um povo virtuoso e qu e verd adeiramente ame a D eus.

12 Varão

;,, ('() l/llÍ Ili(' ('01(/r ll "/(I / "

Capítulo X A Contra-Revolução, o pecado e a Redenção

de nobre estirpe, o descobridor da Terra de Santa Cruz

Nossa capa: Fotocomposição do ateliê artístico de Catolicismo

Capa verdade sobre o maior crime praticado na História: o comunismo

Leitura Espiritual

2

20 A

A invencibilidade da Contra - Revolução

Internacional

4

21

"Quando os homens resolvem cooperar com a graça de Deus, são as maravilhas da História que assim se operam: é a conversão do Império Romano, é a formação da Idade Média". Na foto, a catedral de Reims, onde era m sagrados os Reis de França, edific,1d,1 no século XIII, verdadeiro relicltrlo d pedra, obra-prima da arqultct11r,1 medieval e apoteose do e tifo gótl " ·

A Co ntra-R evo lu ção tem , como uma ele suas mi ssões mais sa li entes, a ele restabelecer ou reavivar a di stinção entre o bem e o mal , a noção cio pecado em tese, cio pecado ori ginal , e ci o pecado atu al. Essa tarefa, qu ando ex 'eutada com uma pro funda ·ornp ' netração do es pírilO dn 11 1\ ·j:1, 11ão tra z consigo o ri srn dl' dl'scspcro ela mi scri ·6rdi:i di vi11 11, hipoconclri sm o, mi s11nt1 opi o l'll' .. de que Lanto fallllll \'l' l't os I1111 1lll'S mais ou m ·nos intilI1·1ulrn, pl'i w, 111a xi 111as ela R ·volt11; 110

Nossa Senhora do Ó : devoção antiga, mas atualíssima

Vidas de Santos Joana de Valais: filha, irmã e esposa de Reis

Destaque

7

Católicos cearenses contra peça blasfema

S.O.S. Família

26 Família

neste f inal de século: imersa no relativismo moral

A palavra do sacerdote

8

Esclarecimentos sobre Adão e Eva e sua descendência

41

Nacional

28 Direito

Alternativo invocado para legitimar invasão do MST

Eleições Chilenas

30

"Acción Familia" alerta público chileno sobre perigo da vitória de candidato esquerdista

Votos de Natal e de Ano Novo

Santos e festas do mês

Adeus Macau: ex -colônia lusa agora sob o jugo comunista chinês

23 Santa

Escrevem os leitores

31

Mãe do Redentor em terra de exílio

Carta do Diretor

5

Elizabeth li profere "O Discurso da Rainha" em sessão de abertura do Parlamento inglês

14 A

Revolução .e Contra-Revolução

1. A Contra-Revolução

deve reavivar a noção do bem e do mal

Pleiteada canonização de cubanos ma rtirizados pelo regime comunista Vladimir Putin da KGB ao Kremlin

Terra de Santa Cruz -500anos

Página Mariana

2. Vida sobrenatural e Contra-Revolução Tal vi gor ele alma não pode ser concebido sem se tom ar em consideração a vid a sobrenatural. O papel ela graça consiste exatamente em ilumi nar a inteli gência, em robustecer a vontade e em temper ar a ensibiliclacl e ele maneira que se voltem para o

1O -

32 Entrevista

34 Diretor

do Bureau da TFP no Reino Unido fala sobre a reforma da Câmara do Lordes

Grandes Personagens

37 Judas

Macabeu: Guerreiro heró ico contra a paganização de Israel

TFPs em ação

40 -

A vitoriosa campanha da TFP contra o filme "Dogma"

Ambientes, Costumes, Civilizações

44 São

João de Deus: a força do olhar de um Santo

O menino cubano Elián junto iÍ Imagem Peregrina de Nossa Senhora de Fátima

ontln 11 ir mo 11 11 prll xhnn dição a re1irod11 o cto ,p. X, no qual o Autor 1111ll1 t , 111111111, 111 1 OI mais salientes ct I ontr I R vnlu o

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PÁGINA MARIANA

Com a palavra ... o Diretor Prezado leitor, E m nossa matéri a de capa da presente edição anali sada urn a obra que causou sensação espec ialmente nos meios intelectu ais ele l o lo o mun do: O Livro negro do

comunismo. Já não se tra ta mais de especul ações ou mes mo pos içc s id 'O I >ricas. Os crim es prati cados pelos govern os m arx istas foram cata logados e eles ·rit os , d ' próp rio punho, por autores esquerdi stas, sendo o coord enador da equipe - qu rcdi •iu o li vro um exrn aoísta que se defin e co rn o an arqui sta. São esses fatos - os quais é prec iso não ignorar -

que Catolicismo traz hoj ' ao

co nhec imento do ami go leitor. Escri ta ori gin ari amente na França, a obra f'o i trad uzida para dive rsos id iomas , ten-

-,nvocaçao ,,,,,

do sido recentemente lançada no B ras il. Seu co nteúd o é cs tarrecedor. v id nciando qu ão danoso tem sid o para a hum ani dade o fl aoe o lo co muni sta ori •in ado na Rússia, o l ivro reve la ao leitor, em cores vivas e rea li stas, a v rel ade i ra hcca tomb ' r prcs ntada pe las perseguições a reli giosos, nobres, propri tári os de terra, int lcc tu ais etc., que o co munismo moveu em todos os

surpreendente... mas encantadora

países que subju gou. A l6m dos cri mes prati cados cm nome do idea l igualitári o anticri stão, um traço comu m ressa lta no processo revo lucionári o marx ista, em âmbito univer sal: no início, a Refor111a Agrária. Seguem-se depois outras Reformas denominadas de Base, bem

Curiosa devoção mariana com profundas raízes no Brasil

0

como a chamada Revolução Cultural. O leitor conhece algum país onde isso estej a aco ntecendo agora ? É para esse ponto que Catolicismo chama a sua atenção. Será que nós j á não estamos sofrendo esse sini stro processo? Os bons cos tumes são qu alificados de retrógrad os, a moral é ridi cul ari zada, Deus é mai s usado para merchandising cio que cultuado pelos homens. E is al guns aspectos da

Revolução Cultural que va i tragando o Brasi 1! Co ncomitantemente, a esquerd a brasil eira eri ge co mo bode espiat6 rio da mi séria a propri edade privada, e tenta impingir como panacé ias a Reforma Agrária, as Reformas de Base. Sua apli cação representa o fim da ordem, o co meço do caos, o avanço do co muni smo confo rm e previu N ossa Senh ora em Fá tima. Ao caro leitor desej o boa lei tura e uma fec und a refl exão a respeito do nosso papel na defesa da C ivili zação Cri stã.

Cordi almente,

9~7 Paul o Corrêa de Brito Filho DI RETOR

VALDI S GRI NSTEINS

e

ertos nomes ou invocações de Nossa Senhora, pelo fa to de os termos ouvido sempre, desde a in fância, não nos chamam a atenção. M as, para quem nunca os ouviu, parecem um tanto estranhos. Fato muitas vezes embaraçoso para quem reside ao lado de urna imagem que sempre invocou e nem sabe qual a ori gem cio nome. Foi o que aconteceu a um amigo com a invocação de N ossa Senhora cio Ó. Tantas vezes a ouviu, e quando lhe perguntaram o significado dela, que perpl ex idade!

Ó Menino Jesus! A pós o pecado ori ginal, Deus prometeu a A dão que viria um Redentor. A humanidade fi cou séculos esperando o nasc imento dA quele que nos abriri a as portas do Céu. Especialmente no povo eleito, hav ia os que aguardavam o nascimento desse Salvador, o Mess ias. E sobretudo esperava-O ardentemente uma donze la pertencente ao povo jud eu: M ari a Santíssima. Pa ra ce lebrar essa ex pec tati va de Nossa Senhora, o anseio e a alegri a com que Ela aguarelava o nascimento de seu di vino Filho, determin ou a I grej a que a

última semana antes do Natal fosse denominada "da expectação" ou "da esperança". E que esses desej os estivessem refl etidos nas antífonas do Ofício ou B reviári o que devem rezar sacerdotes e reli giosos. Por coincidência, nessa mesma semana elas começavam todas por Ó '. A ssim eram lidas as antífonas Ó! Sabedori a, Ó 1 E mmanuel , Ó ! R ex Gentium , Ó ! Acionai, Ó! Radi x l esse, Ó ! Clavi s D avi d etc. Antífonas que termin ava m todas co m a invocação " Ven.i ", vinde. Tais súplicas ardentes para que viesse logo o Salvador do mundo, a Santa I grej a as ex traiu das mai s notáveis passagens da Sagrada Escri tura, nas quais os Patriarcas e Profetas manifestam seus desej os de que nascesse o quanto antes o Redentor. Se eles mani festavam ass im tais desej os, qu anto mais não os manifesta ri a N ossa Senhora, que sabi a estar tão próxi mo o nascim ento do M essias! E se eles diziam: Ó ! Senhor, vinde logo, com quanta mais f é N ossa Senhora não di -

Fotos: Francisco J. Oozsa

ri a o mesmo ! D esse pensa mento pi edoso nasceu a devoção a N ossa Senhora do Ó.

Uma devoção que sobrevive à transformação da cidade de São Paulo N a capital pauli sta, a paróqui a da

Freguesia do Ó, e o ba irro nascido em torn o dela, elevem seu nome a essa invocação. Já em 1618, havi a sido constru ída uma capela com tal nome numa aldeia de índios próx ima aPirati ninga pelo bandeiran te M anuel Preto. M as com o aumento da po pul ação fo i necessá ri o edi fica r novo templ o, concluíd o em

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DESTAQUE Altar mor da paróquia de Nossa Senhora do Ó, em São Paulo

1795. Essa nova igreja incendiou-se no final do sécu lo XIX, tendo sido subsli tuída pela atua l, qu dala de 190 l. Se es e temp lo falasse, poderia narrar as incrívei s transformações que viu se realizarem a seu redor... Em todo caso, é reconfortante ver ainda hoje a torre da igreja com seus anjos tocando trombeta para celebrar a alegria da Virgem que vai dar à luz.

Devoção antiga em três outros Estados brasileiros Se bem não haja documentos que o comprovem, parece ter sido em Olinda que começou essa devoção no Brasil. Isto porque ex iste uma imagem que consta ter sido levada lá por ocasião da fundação da cidade. Talvez a tenha conduzido algum devoto português de Évora o u Torres Novas, locais onde tal devoção é muito difundida. Em todo caso, é certo que j á em 1709 a imagem e ncontrava-se no local. No Rio de Janeiro, ex isti u uma pequena capela dedicada a Nossa Senhora do Ó, na Várzea,junto ao morro de São Januário e da praia, que foi construída após a reconq ui sta da cidade das mãos do franceses calvini stas. Na c idade de Sabará, em Minas Gerai , a devoção foi levada àquela região 6

eAT

OLICISMO

pela família do bandeirante Bartolomeu Bueno, a qual construiu no século XVIII uma igreja com a mesma invocação. Portanto, em vários lugares do terri tório nac io nal a devoção tem origem muito anti ga. E se, infe li zmente, em alguns locais a devoção desapareceu, em outros mantém-se até o presente. Também na América hi spânica a devoção se difundiu , o que não é de e tranhar, uma vez que fo i um espanh I do século VII, Sanlo fldc ~ nso, Bisp de Toledo, na Espanha, que m pe la primeira vez mandou f'eslejar Lal invocação. E foi espe ialmenle n Peru que a d voção vingou , graças ao empenho dos padre j esuíLas. Esles fundaram em Lima, na igreja de San Pedro y San Pablo , uma confraria à qual pertenceu grande parte da c lasse alta da cidade, tendo vários Vice-reis ingressado nela. Esta confraria, que começou com apenas 12 pessoas e poucos recursos, foi crescendo até contar atua lmente com centenas de assoc iados e um capital considerável. Uma particularidade de tal associação era mandar celebrar numerosas mi ssas pelos confrades defuntos, as quais chegaram a 27 .000 no começo do sécul o passado! Só por essa c ifra podemos ava li ar quanto estava difundida a devoção a Nossa Se nhora do Ó no Pe ru .

Devoção ultrapassada ou muito atual? Infelizmente, Lanlo no ex. terior quanto no Brasil a referidà devoção foi decaindo , por motivos vários. Dentre eles, convém ass inalar o fato de o homem moderno ter o coração fec hado para as alegrias inocentês, como é a alegria do Natal, ou a alegria da mãe que espera o nascimento de seu filho. Quantos homens não sen-

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Le m mais nenhuma a legria no Nalal, quando antes o esperavam ansiosos na infânc ia! o nc luímos com uma proposta: assim e mo Nossa Senhora, na expectativa I nasc imenlo do Salvador, rogava ! nh r, vind logo! - também nós devemos, h ~e mai s do que nunca, suplicar: "Ó! enhora, vinde logo! Antes havia a expectativa da vinda de Vosso divino Filho. Hoje, grande é a •xpectativa de que se cumpram as prof ecias q11e anunciastes em Fátima no ano de 19 17. Não tardeis!" ♦

Bibliografia: Ru i cn Vnrgas gartc, .J . /-listaria dei Culto de Mar(r, e11 lbemw11érica y de s 1.1.1· lmáge11es y c111111ario.1· 111 ás celebrados, Madrid , 1956 , Torno li , 3" cdi çiio. Ni lza Botelh o M cgal e, Cento e do ze in vocações da Virgem Maria 1w Brasil, Ecl. Vozes, 2" ccli çiio, Pctropoli s, 1986. Edés ia Aclu cc i , Maria e seus gloriosos 1í11 ilos, Ed . Lar Catól ico, 1" ecli çiio , 1958.

j

-r

Fachada da igreja de Nossa Senhora do Ó, na capital paulista, cuja construção data do início do século XX

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Até quando os ímpios, Senhor, se hão de gloriar?"

O

s teatrinhos chamados de vanguarda costumam pipocar aq ui , lá e acolá como decorrênci a de nossa prove rbial falta de cultura. Um dos expedi entes de seus metteurs en scene a fim de atrair alguns "gatos pingados" para suas exibições - consiste em tomar como enredo de suas peças, se assim podemos chamá- las, temas reli giosos ou sagrados. Um exemp lo disso aca ba de se passar em Fortaleza, no católico Ceará. Com uma letra infame e blasfema, o "Monólogo 'A' "estreou naquela capital no di a 29 de novembro último, no Teatro Radical, ao ensejo da abertura da campanha "Ato Radical Contra a AIDS". Tal peça, sob pretexto de combater a AIDS, ex ibe uma imitação bl asfema e burlesca da Santa Mi ssa, quando uma mulher de má vida, cujo nome é Maria, conspurca um cálice semelhante aos uti lizados no Santo sacrifício. A oração, mediante a qual o Anjo São Gabriel saudou a Mãe de Deus e que os séculos perpetuaram - "Ave Maria, cheia de graça, o Senhor é conVosco, bendita sois Vós entre as mulheres e bendito é o fruto de Vosso ventre, Jesus"- , vem apresentada de modo blasfematório com adaptações ignóbeis e vis, absolutamente irrepetíveis. Tal encenação é publicada pela imprensa diária com linguagem tão crua e imoral que torna-se impossível reproduzi-la nas páginas de Catolicismo. "Monólogo 'A"' visa, na realidade, zombar da Igrej a Católi ca - Corpo Místico de Cristo e a única verdadeira; de Nossa Senhora, c uj as prerrogativas exce lsas todos conhecemos através da Ladainha Lauretana; e da santa Mi ssa, renovação incruenta do Sacrifício de Nosso Senhor Jesus C ri sto. Representações como essa apresentam cenas de um nível tão baixo que, além do grave pecado de bl asfêmia, fa-

Em Fortaleza, salutar reação de católicos contra peça blasfema vorecem a desagregação da sociedade, aceleram o processo de decadência da família, cujos vínculos e ncontram -se hoj e tão frágeis, e conduzem a juventude aos maiores desvari os morai s.

Dr. Francisco de Assis de Arruda Fmtado

Justa indignação: católicos cearenses se mobilizam O líder católico de tradi cional família cearense, Dr. Francisco de Assis de Arruda Furtado, advogado e professor, membro do Instituto do Ceará, indignado com a matéria divulgada pelo matutino "O Povo", de 29-11-99, da capital ' cearense, encabeçou um movimento de leigos, a fim de buscar apoio da Hierarquia católica. No mesmo dia da publicação da matéria blasfema, realizou-se um a reunião, da qual partic ipou grande número de pessoas, inclusive repórteres de "O Povo".

O Dr. Arruda F urtado esteve no Palácio Arquiepiscopal, onde foi recebido por Dom Adalberto, Bispo Auxiliar de Fortaleza, o qual passou a integra r a Comissão de contatos com as autoridades civis, e com a direção de "O Povo". Tendo em vista a agressividade da mencionada matéria jornalística, o Dr. Juvenal de Arruda Furtado e o engenheiro Célio Zenon Figueiredo Lima propuseram um ato de desagravo pelos ultrajes cometidos contra a Reli gião católi ca. Foram criadas igualmente comissões para promover uma representação junto à Procuradoria Geral da Justiça do Ceará, o que foi efetuada no di a 30 de novembro último, pedindo abertura de inquérito policial, uma vez que a peça fere o artigo 208 do Código Penal , que define como cri me "vilipendiar publicamente ato ou objeto religioso" Um vereador propôs à Presidência da Câmara Munic ipal de Fortaleza, moção de repúdio à peça, a qual foi aprovada por unanimidade. Considerando que no dia da apresentação da peça o Sr. Arcebispo de Fortaleza, Dom José Antônio Tosi Marques, não se encontrava na c idade, a Comissão de lei gos procuróu-o no dia 2 de dezembro, pedindo-lhe apoio, enquanto principal Prelado da Igreja do Ceará, para que se promovessem e fizessem reali zar atos de desagravos nas Missas do domingo seguinte. O Sr. Arcebispo prometeu examinar o assunto . Na realidade, essa representação teatral constitui verdadeiro escárnio e um deboche da Religião Católica, professada pela grande maioria do povo brasileirn. Como desagravo, compete a nós católi cos implorar com o sa lmista: "Até quando os ímpios, Senhor, até quando os ímpios se hão de gloriar? Pro.ferirão blasfêmias, falarão com arrogância, jactar-se-ão os que praticam a iniqüidade?" (S I 93, 3 e 4). ♦

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A

Palavra do d Saceri ote

PERGUNTAS As respostas do Sr. para Catolicismo n2 584 [agosto/99) deixaram-me algumas dúvidas no que se refere à Criação: 1. Será que Adão, Eva , cobra e tudo mais não são apenas símbolos?

2. Quando Deus criou todos os seres, é óbvio que Ele criou também a Eva Negra, a Eva Amarela, a Eva Branca etc. Não é verdade?

3. Quando Caim matou Abel , ficou com muito medo, diz a Bíblia. Pergunto : medo de quem? Não seria de outros pastores? E mais: o Gênesis diz que Caim mudou-se para outro lugar e fundou uma grande cidade; ora, para formar uma grande cidade precisa haver multidões. Portanto, não faz sentido algum dizer que ele precisou casar com uma irmã, porque já havia multidões! 4. A Bíblia data apenas de seis mil anos nos dois Testamentos. Pergunto : entre os sete dias que o Criador criou tudo e os 6 mil anos mais, daria para imaginar quantos milênios se passaram?

5 . Diz a Vulgata: no princípio tudo era trevas e os espíritos pairavam sobre · as águas. Pergunto: quando Deus disse "haja luz", o sol apareceu de repente tal qual se o vê hoje, ou demorou milênios ? Eu imagino que sim".

a

CATO LIC ISMO

RESPOSTAS 1. Com relação a Adão e Eva e todo o ep isódio do pecado ori gin al , respo nd e o grande exegeta francês, altamente autori zado pela I greja, o Pe. Luís Claúdi o Fillion:

"a narração é de urna grande beleza; todos seus detalhes são históricos e reais, de nenhum ,nodo alegóricos ou figurados .... A serpenle .... o que nos mostra que j á, sob o reptil ,naterial e vulgar se escondia aquele que os primeiros rabinos chamavam, ern lembrança a esse episódio, 'a se rpenl e antiga ', o chef e dos demônios. Porque o mal j á havia penetrado no mundo" (L.-CL. F illion , La Sain te Bible Comm.entée d 'apres la Vulgate et Les textes originaux, Letouzey et An é, Éditeurs, Paris, 1899, tomo J, p. 30). Trata-se, poi s, de uma realidade hi stórica. Sob a serpente escondia-se o demônio.

Eva negra, Eva amarela? 2. Não é tão óbv io, como diz o leitor, que D eus, quando cri ou todo o se res, cri ou também uma E va nc ra , um a Eva amarela, uma ·va branca ele. e om iss se qu r di zer que essas várias -ri· 11uras foram cri adas simul1an amente com a primeira ·va, mãe de Lodo o gênero humano, a tese não é aceiLáv 1, pois é Verdade de Fé, ensin ada pela I greja, que todo o gênero humano é oriundo de um úni co e primeiro ca ai ADÃO e EVA - , criad o por Deus no 6º dia da Criação do mundo. É o que a Sagrada Teologia denomin a de M onogeni smo. Ev identemente, co mo so mos todos obras de Deu s, ao lon go da sucessão dos

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tempos e valendocultor. A ex pressão se de ca usas se" passado rnuilo tempo" pode siggundas, Deu s in diretamente cri ou nificar vári as gerações, poi s no inítambém ad i ícrcnc ia ção de ra ças: ci o os prim eiros neg ra , amarel a, homens viviam vábranca el e. Ma.· ri as ce ntenas de Cônego isso parece ter-se JOSÉ LUIZ VI LLAC anos. Adão , por dado gradualmenexe mpl o, viv eu 9 Oanos. A hi1 tese, portante, com uma acentuação dos traços fi sionômicos e oulr s to, do I itor, de que aim ti carac teres, para os qu ais ·onvess fi cado co m medo de tribuíram condi cionam nLos outros pasto res , é cabível e cio meio ambi ente cm que vi pode es tar sub entendid a viam. Ba ste- nos o ensin aquando este di z a Deus que mento cio Sagrado M ag istéseu pecado era muito grande, ri o. H á aind a estudos fundae que, portanto, "todo o que me acha,; me matará" (id. ib., cios, com base bíblica, de que, 14). Para imped ir isso, D eus dos três fi lhos de Noé, terse- iam derivado diferentes imprimiu-lh e um " sinal" raças: os indo-europeus vi (Gen. 4, 15). ri am de Jafet; os habitantes Caim andou "errante soela África e ela Ásia oc idenbre a terra, e habi tou o país tal viriam ele um filh o ele ele N oel. E Ca im co nheceu Cam, chamado Ca na ã; os sua mulher, a qual concebeu semitas (árabes e judeus) de e deu à luz Henoc. E edificou um a c icl acle, qu e c hamou Sem . É certo, porém, que nas Sagradas Escrituras não há H enoc, do nome de seu filho" dado algum que permita che(id. ib. , 16- 17). Há aqui ougar à co nc lu são de nosso tra pequena imprecisão do consul ente, da ex istênc ia sileitor ao dizer que na Bíblia eslá dito "grande cidade"; de multânea de vá ri as vas.

O castigo de Caim 3 . Não cn ·ontrei, em minha v ·rsão da Vu lgata, a expressão citada I cl leitor de que, d pois d matar Abe l, aim

''. f'ico11 co 111 mui/ o m.edo"; m •s mo por 1u c, im ccliala 111 · nt 'após o f'ra tri cfcl io, apar e ·u-lh ' 1 ·us 1 ' r •untando por s ' u i nné o, ao qu ' , 1' r ·si ondeu d · rnodo arro •an l ·:

"Po rvenlu m so11 o ,;11ortlo de rneu ir111ão!" . Para s cnl ·nd · r o qu • egue na pergunt a d ' nosso leitor (se aim fi ·ou ·om medo ele outros paslor •s) 'preciso no1·1r a ·x pr ·ssi o

"passado m11i!O 1e111110" (

;

•n .

4, 3), que vem lo •o d ·poi s da citação d ' qu · /\h •I foi Ias tor ele ov ·lhas • Cai m ti •ri -

onde lira lógicas conclusões. Pelo contrário, com.entando esse trecho, o já citado Pe. Fillion, depois de afir-

mar que realmente Caün casou-se com uma de suas irmãs (o que era plenarnente justificável nos prim.órdios, por ser da mesma geração que ele, e não de outra posterior), diz o autorizado autor a respeito dessa "cidade": " que devia ser bem modesta em seus princípi os : algumas cabanas, rod eadas por uma cerca protetora. O qu e, no entanto, j á era um prog resso" (id. ib. , p. 36).

Qual a idade da Terra 4. Da criação do mundo até a vinda de Nosso Senhor teriam. ocorrido 4 mil anos, seg undo alguns exegetas, 6 mil anos, segundo outros. O "Martirológ io Romano", à hora " Prim.a" do Ofício Divino, na Vigília do Natal, anuncia solenemente: " N o ano 5 199 da cri ação do mundo, quando D eus criou o Céu e a Terra; no ano 2957 do Dilúvi o e 2015 cio nasc imento ele Abraão .. .. estando em paz todo o Universo, à Sexta lclade cio Mundo, JESUS CRISTO, Deus etern o e Filho do eterno Pai .... tendo sido co ncebido cio Espírito Santo .. . nasceu , feito homem, ela sempre VIRGEM MARIA , em Bel ém de Jud á: A NATIVIDADE DE

NOSSO SENHOR JESUS CRISTO, SEGUNDO A CA RNE."

Dois luzeiros 5. Dis se D eus: "Sej amfeilos Luzeiros no firm.amento do Céu, e separern o dia da noite, e sirvam para sinais, e para (distinguir) os tempos, os dias e os a n os; e re spland eça m no fir m.am ento do céu, e a lunú em a te rra. E assim se f ez. E Deus f ez do is g rande s lu ze iros: o lu ze iro maio,; que presidisse ao dia, e o Luzeiro meno,; que presidisse à noite" ( icl ., 1, 16- 17).

Jubileu de Prata sacerdotal É-nos é muito grato registrar aqui a comemoração pelos 25 anos de sacerdócio do Revmo. Padre David Francisquini, realizada em dezembro último na igreja do Imaculado Coração de Maria, em Cardoso Moreira (RJ) . Dados biográficos

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O Revmo. Pe. David Francisquini entrou O Revmo. Pe. David para o Seminário Menor em Jacarezinho (PR) Francisquini agradece à e ali concluiu, em 1967, o curso Clássico. Rehomenagem que lhe foi cebeu a batina em 8 de dezembro desse prestada por ocasião de seu Jubileu de Prata sacerdotal mesmo ano. Em seguida, cursou Filosofia nos Seminários Maiores de Curitiba e de Diamantina (MG), tendo completado o curso de Teologia no Seminário Maria Imaculada de Campos (RJ) . Há 25 anos, no dia 8 de dezembro de 1974, recebeu as ordens menores e maiores e foi ordenado Presbítero, na Catedral do Santíssimo Salvador de Campos. Na formação do sacerdote homenageado exerceu papel fundamental o ilustre colaborador de Catolicismo, Revmo. Cônego José Luís Marinho Villac. Este último foi Reitor do Seminário diocesano de Jacarezinho, e, mais tarde, Vigário da Igreja de Nossa Senhora do Terço e fundador do Seminário Maria Imaculada, de Campos. Neste Seminário o Revmo. Pe. David concluiu seus estudos de Teologia. Atualmente Pe. David exerce sua missão sacerdotal na Igreja do Imaculado Coração de Maria, em Cardoso Moreira (RJ). Chegou ele a essa cidade em 1977 como Pároco da Matriz de São José. Em 1986, adquiriu o terreno onde foi construída a magnífica igreja do Imaculado Coração de Maria, da qual se orgulham hoje todos os cardosenses. Amigo da TFP Entusiasta do livro Revolução e Contra -Revolução, do Prof. Plínio Corrêa de Oliveira, o Revmo. Pe. David sempre propagou os ideais da Sociedade Brasileira de Defesa da Tradição, Família e Propriedade (TFP) , fundada por aquele insigne pensador e líder católico. O fecundo apostolado sacerdotal do Revmo. Pe. David Francisquini tem se caracterizado por seu zelo em defender a ortodoxia católica.

Aspecto parcial do numeroso público que compareceu à Missa comemorativa do Jubileu de Prata do Revmo. Pe. David Francisquini na igreja do Imaculado Coração de Maria, em Cardoso Moreira (RJ)

Co menta o Pe. Fil lion : "Essa li ngua-

gem não é cien!Ífica , mas é exata". Portan to , Deus teria cri ado o so l j á consumado , como criou o homem j á ad ulto. " Porque a

Deus nada é impossível" ! (Lucas 1, 37). ♦

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l MAR~ Pedida canonização de mártires cubanos

Cães e mascotes poderão superar bêbes no século XXI

N

o século XXI, o número de nascimentos cairá de forma tão drástica que a população mundial estagnará depois de 2035, de acordo com a previ são de alguns futuristas . Mas se a diminuição do número de cri anças poderá reduzir a pressão sobre os recursos alimentares, outra fome estará crescendo: a dos cães, pôneis e outros animais que estão substituindo as crianças em muitos lares. Essa substituição alimentar dos bebês pelos mascotes é uma das previ sões feitas para o séc ulo XXI na "edição do milênio" da revi sta "Future". Ou se restaura a instituição natural da família, cujo fim primordial é a perpetuação da espécie e a educação da prole, ou o gênero humano tornar-se-á, dentro de algum tempo, uma cri atura de Deus em extinção. E tal extinção, de i , erá um terrível castigo divino para essa pecaminosa ♦ e abi smal inversão de valores.

U

m grupo de desterrad os cubanos entregou, no fi nal ~o ano passado, ca rta a Joao Paul o II, na qual pede m ao Pontífi ce a ca noni zação de cubanos martiri zados pe lo reg ime co muni sta de Fide l Cas tro. Na foto alguns dos desterrados cubanos segurand o uma faixa, na Praça de São Pedro, em Roma, com os di -

zeres: Santo Padre resgatai doesquecimento os mártires cubanos, vítimas do comunismo. N a mesma faixa, à esquerda, fi gura um desenho em que aparece a Virgem do Cobre, Padroeira de C uba, e aba i xo, um barco evoca ndo a trágica epopéi a dos balseros, que arri scam a vida para fu gir do " Paraíso" castri sta... ♦

Estado socialista num país dito capitalista...

D

a riqueza que as empresas brasileiras conseguem gerar, o FISCO abocanha uma fatia sete vezes maior do que aquela destinada, na forma de remuneração de capital próprio, aos donos ou acionistas do empreendimento. Isso torna o Estado brasileiro, de longe, o maior sócio das empresas nacionais. É um sócio que tem sobre os verdadeiros empreendedores uma vantagem insuperável: não investe, não precisa disputar mercados, não enfrenta crises, não corre ris-

co. Apenas arrecada. Essa é a conclusão do levantamento feito pelo Prof. Ariovaldo dos Santos, da Faculdade de Economia e Administração (FEA) da USP. O governo leva 43,3% do valor adicionado pelas empresas. Suportar esse incômodo sócio está se transformando num ônus quase insuportável para as empresas do País neste período da chamada abertura econômica e internacionalização dos mercados, que exige cada vez maior competitividade e agilidade. ♦

ladimú; o terrível, até onde

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irá Vladimir Putin, delfim de Boris Yeltsin e novo homemforte da Rússia?" N esses termos , a revi sta pari siense "L'Express", de 22 de dezembro último, ini cia se u arti go de capa refe rente à ascensão do anti go fun cionário da KGB (po lícia do Partido Comunista Soviético) ao posto de Prime iro-mini stro da Rú ss ia. Sem o menor pudor, Yeltsin havia afastado anteriormente o Primeiro-mini stro Stepachin e nomeado Putin para o cargo. Com que objetivo? Ao que tudo indi ca, para evitar que ele - Yeltsin e sua famíli a - fossem parar na cadeia... Dessa forma surpreendenle p,u·a o mundo ocidental, no dia 3 1 de dezembro, Yelts in - que nesse dia estava sóbri o - anunciou sua renúncia à Presidência, poi s desej ava que Putin, o terrível, lhe sucedesse. Segundo o jorn ali sta francês Gilles Lapouge, "todas essas pes-

soas que, com Yeltsin, mergulharam nos cofres do Estado, des via ram bilhões de dólares com cumplicida-

A

gui sa de amostragem, eis alguns títul os de notícias publicadas em diver os jornai s brasileiros, referentes à AIDS:

• HIV triplica entre mulheres. • Órfãos da AIDS já são 11 milhões. • AIDS contamina 8,5 mil pessoas por dia. • AIDS matará 2,6 milhões este ano. E las pipocam como fogos de ar10

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eISMO

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tifício, só que, ao invés de mostrarem algo de belo e maravilhoso, espargem uma luz negra. E nos dão a conhecer o progresso dessa epidemia horripilante, que se alastra de forma avassal adora e irresistível, em âmbito universal. Chaga que é principalmente fruto da devassidão moral de uma sociedade que virou as costas a Deus e a seus Mandamentos, contaminando inclusive vítimas inocentes, ♦ como são os recém-nascidos.

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Vladimir Putin, ex-funcion ário da KGB

de da máfia, estavam em vetdadeiro pânico" antes da subida de Putin.

O

Brasil espera colher safra recorde de 83,44 milhões .de toneladas de grãos no ano agrícola 1999/2000. A previsão, divulgada pe la Companhia Nacional de Abastecimento (CONAB) , representa crescimen-

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A ss im , em co nseqü ênc ia de acordos políticos, a primeira medida do novo Presidente fo i conceder imunidade penal vitalícia a Yeltsin e sua família, mediante decreto que lhes dão amplas garanti as: o ex-Presidente e fami I iares não poderão ser processados, nem presos ou interrogados . Co m o dizem os franceses:

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"Plus ça change, plus c'est la même chos e ". Quanto mai s a Rú ss ia

muda (mantendo entretanto no Poder os egressos do comuni smo!), mai s ela é sempre a mesma... ♦

Brasil - potência agrícola, apesar de tudo

AIDS - adevastação cresce

'

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A"estratégica" renúncia de Yeltsin...

to de 1,2% em comparação com a safra passada. É o terceiro ano consecut ivo de aumento da produção brasi leira de grãos. O PIB agrícola crescerá 6% no referido ano agrícola, segundo o Ministro da Agricultura Pratini de Moraes. "O setor foi fundamental para manter o nível de atividade econômica e ajudará o País a atingir D, 5 % de crescimento estimado para o PIB este ano". Tudo isso, apesar das crimi nosas invas ões do MST, das confiscatórias desapropriações da Reforma Agrária, e da política de preços do Governo que desestimula o agric ultor. ♦

BREVES RELIGIOSAS .J Beatificação dos

30 mártires brasileiros No próximo dia 5 de março, João Paulo li beatificará os 30 mártires brasileiros assassinados no século XVII por indígenas incitados por holandeses calvinistas no Estado do Rio Grande do Norte. A cerimônia se dará na Praça de São Pedro no Vaticano - como marco do V centenário da Evangelização do Brasil. .J Escultura baseada

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no Santo Sudário Um escultor italiano confeccionou em bronze uma nova imagem de Nosso Senhor Jesus Cristo, inteiramente baseada nas impressões deixadas pelo Corpo de nosso Divino Redentor no Santo Sudário de Turim . A obra - que já está exposta aos fiéis a partir de 9 de janeiro último, na Basílica de Bolonha (Itália) - apresenta as mesmas dimensões do Sagrado Corpo, em tamanho natural.

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Santuário de Guadalupe: 7 milhões de visitantes O Santuário de Nossa Senhora de Guadalupe, no México, cuja festa se comemora em 12 de dezembro, foi palco do maior afluxo de peregrinos durante o ano de 1999. Mais de 7 milhões de fiéis o visitaram para homenagear a Padroeira da América Latina .

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Fatores providenciais para o No plano científico a Escola de Pilotos de Sagres e no campo econômico a rica Ordem de Cristo ofereceram condições para o que seria realizado .décadas após, pela esquadra de Cabral: o descobrimento da Terra de Santa Cruz NELSON RAMOS BA RRl~TTO

"Cinqüenta léguas ao su l das Canárias, o Cabo Boj ador proj eta-se da costa estéril no mar dese rto. Era aqui o termo do mundo medieval - o limite além do qual a nenhum navio era permilido navegar: Passar o Cabo Bojado,; concordavam os marinheims, seria simplesmente tentar o desastre." 1 O Infa nte D. Henrique, o Navegador, contrapondo vári os argumentos a essa crença, d ura nte 12 anos - de 142 1 a 1433 - enviou nav ios regularmente, com ordem de ultrapassar o Cabo Bojador (em destaque, no mapa acima, à direita). Às vá rias ex pedições que vo ltava m sem êx ito, e le sempre dizia: "Voltai voltai e ide mais longe!" Em 1433, de pois de nova insistência de D . Henrique, G il Ea nes, de Lagos, revestiu-se de coragem e juro u que dessa vez não vo lta ri a sem êx ito. Passados os meses, ele volto u com o ful gor do triunfo no o lhar, e com um punhado de ervas murchas na mão . S im , tinh a dobrado o cabo Boj ador! N ão c ustara nada. Encontrara mar calmo junto à costa afri cana e a praia era só areia. A única coisa viva j unto daquela costa deso lada eram algumas pl antinhas rasteiras, cujos restos secos apresentava ao Infa nte. Para prosseguir nos descobrimentos era necessário uma rev isão completa da ciência da navegação. O processo antigo da navegação de cabotagem, reali za12

e

AT O LIC IS MO

Descobrimento do Brasil ela próx imo à costa e orientando-se pelos pontos de referência ao lo ngo de la, fo ra adequado às viagens num mar interior como o Mediterrâneo. As viagens costeiras do Atl ânti co eram impraticáveis devido aos ventos e às correntes. Os pil o tos el e D. He nriqu e prec isa va m aprender a internar-se num mar imenso, d ias e semanas seguidos, sem se deixarem perder entre o céu e o mar. A resposta a esse pro bl ema estava escri ta nos céus. Os navegantes precisavam aprender a determinar a posição de sua "casca de noz" no espaço marítimo. A bússola, o astrolábio e o quadrante já eram conhecidos. D. Henrique, com os matemáticos e as trônomos reunidos à sua vo lta, estudou como esses instrumentos poderi am ser aperfeiçoados, simplificados e adaptados à navegação marítima. Muito se te m dito e escrito a respeito da Esco la de Pi lotos de Sagres. A verdade é que D. Henrique não fund ou uma escola regular, mas a sua corte parecia um cong resso de téc ni cos e m sessão permanente. O Jnfa nte, enqua nto viveu, j un to u ho mens de ciênc ias à s ua roda e nunca lhe fo i di fíc il atraí-los. Ele trabalhava até altas horas com uma companhi a cos mopo li ta de fís icos e de cosmógrafos. U m dos seus principa is colaboradores fo i o cé lebre Jaime ele Maiorca, judeu convertido ao catoli c ismo. E le reuniu no promont rio ele Sagres, na parte mais ocidental de Portuga l, "lá onde acaba a terra e começa o mar" (Camões, Os Lusíadas, 54), os maiores especiali sta em navegação, cartografi a, astro nomi a, geografia e construção nava l.

O inédito das caravelas portuguesas O utra necessidade das navegações no Atlântico era um novo tipo de embarcação. Foi nos estaleiros ele D. Henriqu que se planejou a caravela. E la era rápida, leve

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Vista aérea do promontório de Sagres, no qual estava situada a famosa Escola de Pilotos

pedi ram e obti vera m, com freq üência, permi ssão para comp ra r caravelas em Po rtu ga l. As Ordenações Manuelinas assim legislavam: "Mandamos e defendemos que nenhuma pessoa de qualquer condição que seja não venda aos e.si rangeiros cara velas; .... nem as vá lá f azer ao estrangeiro". 2

Outra descoberta lusa: o nó, medida marítima

e de fác il manobra. Robu sta, para poder enfre ntar mar alto e tempo rui m; pequena, para explorar li torais; capaz de navegar com ventos contrários, era dotada de espaço para carregar suprimentos em longas viagens, além de estável e controlada por tripul ações pequenas. Podi a costear as praias peri gosas e navega r e m mares rasos. As mais antigas carave las utili zava m ape nas velas quadradas, fáce is de manej ar, mas inadequadas para enfrentar ve ntos fo rtes. Co m o te mpo, fo i adotado o uso combinado de velas redondas (que só permiti am viagens com vento de popa) e lati nas (tri angul ares, para velej ar com vento lateral, que aproveitavam qua lq uer d ireção do vento, a mais leve brisa, enfre ntava m os ventos fo rtes, podendo até navegar co ntra eles), fe ito considerado como superior aos conhecimentos náutico. da época.

Sigilo protege as invenções das caravelas A ca rave la, uti li zada em Portuga l clcsd 1442 co mo nav io típico e exclusiv cios Descobrimentos, fo i uma conqui sta técn ica dos portugueses. Era lóic , pois, q ue os lu sos se reservasse m a exc lu iviclade de sua utili zação e pro ibi ssem a sua vencia para estrange iros. Aproveitando-se elas boas relações ele família, os Reis Católi cos de Espanha

A unidade de velocidade marítima usada ainda hoje - o nó - fo i inventada pelos portugueses, com base em um método e ngenh oso. Os nós ori g in ais eram dados numa co rda, a di stâncias equivalentes ao comprimento ci o casco de um navio. Em alto- mar, amarrava-se a corda a um barquinho, que era lançado ao mar. Um marinheiro fi cava na amurada, com uma ampulheta na mão. Como não tinha ve las, o barquinho fi cava parado enquanto o navi o se afastava e a corda ia se desenro lando. Pe lo núme ro de nós era possíve l saber a di stância percorrida com re lação à mini atu ra. A ampulheta info rmava o tempo gasto no percurso. A medida, chamada até hoje nó marítimo, corresponde a 1,8 quilô metro por hora. 3

Ordem de Cristo: jurisdição espiritual sobre terras descobertas No mes mo ano de 1433, do o utro lad o el a Áfri ca, o a lmi ra nte c hinês Z he n H e c hegava até a cos ta el e M oçambique, co m uma esquadra el e 3 15 navios. Os c hineses poss uía m uma c iv ili zação mil enar, com os co nhec imentos técni cos muito mais ava nçados ci o qu e os europeus . Estes úl tim os, na é poca, a ind a es tava m e ngatinh a ndo nos co nh ec im e ntos téc ni cos. Mas a razão iluminada pe la Fé produ z marav ilhas. Comparados às carave las, os nav ios ele Z he n He era m verd ade iros tra nsatl ânti cos. O ma io r de les tinh a 135 metros, e nqua nto a carave la e ra um ba rco de ape nas 20 metros. M as por que a poderosa C hina não descobriu o caminho para Portugal? Os hi stori adores imparciais, sem as

visões materi a li stas e marxistas, resumem numa trilogia e na seguinte orde m de va lo r os três grandes motivos cios descobrimentos portugueses: Deus, o

Rei e o Ouro. Deus - o moti vo reli g ioso: a expansão da Fé entre os gentios, a continuação da C ru zada contra os mouros. Rei - o motivo po lítico: o desej o ele ex pansão de Portuga l. Ouro - o moti vo econômi co: a conqui sta de novos mercados, o ri co comérc io das espec iari as e a descoberta de j azidas de ouro. Em D . Henrique, o Navegador, essas moti vações são clara mente encarnadas. A conquista de Ceuta tinha como obj etivo co mbater os mo uros . Já qu anto aos povos mais primitivos, ao sul do Cabo Boj ado r, e le espe rava co nve rtêlos ao c ri sti a ni s mo. A bo nd ade era mui to mais persuas iva e os prime iros co ntatos ami stosos pode ri am travar-se a res pe ito de coisas materi ais. O negociante podia abrir o caminho e o mi ssionári o seguiri a atrás. Tendo e m vista esses altos ideais, D . Henrique mandou um envi ado ao Papa com as seguin tes propostas : Sua Santi dade d ignar-se- ia concede r à Coroa de Portuga l as terras que os portugueses descobri ssem? A Grelem de Cristo poderia fi ca r com a jurisdi ção espiritual sobre e las e Sua Santi dade poderi a conceder as indul gências att-i bu ídas aos cruzados àque les que fosse m mortos em terras muçulmanas ou pagãs? O Papa Eugêni o IV mandou uma B ula concedendo tudo quanto D. He nri que pedira. O Infante D. Henrique era o governador da opulenta Ordem de Cristo , que herda ra as riqu ezas d a Ord e m ci os Templários em Portugal. Ele di spunha

de grandes recursos, e, como admini strador, não podiam acusá- lo de incompetência. Por muito estranho que pareça, esse observador das estrelas era dotado de considerável tino para os negócios; e a empresa em que se metesse alcançava êx ito fin anceiro. E ntretanto, o mar - construção naval, armação de navios, reparação das naves, re mune ração dos navega ntes, pensão das suas viúvas etc . - absorvia a maior parte dessas riquezas. Não havia fo rtuna que resisti sse a tal sangri a. A Coroa teve que ir em socorro do Infa nte, mas nem isso fo i sufic iente para e quilib ra r s uas fi n a nças, te nd o e le morrido endi vid ado. D. Henrique de ixo u ass im lançadas as bases para, no dia 22 de abri I de 1500, as naus que pertenciam à Ordem. de Cristo, tendo em suas velas a C ru z de Cri sto e sob o comando de Pedro Álvares Cabral , aportarem à Terra de Santa Cru z. ♦

Notas ] . Elai ne Sanceau D. He11riq11e, o Navegado ,: Ed itora Livrari a C ivil ização, Porto, 1988 2 . O rd e nações ele D. M an ue l, 1.5., t ítul o LXXX Ylll. 3. Pablo Nogue ira . O gêni o portug uês. Novos estudos mostram como avanços na tecno logia pe r m it ira m os descob ri me nt os . Rev is ta "Veja" , São Pau lo, 3/11 /99 p. 80.

Fontes de referência: Lui z Fili pe Ba rreto, Os descob rimentos e a Orde111 do sabe,: Gradi va, L isboa, 1989. Elai ne Sanceau, op. c it. Ja ime Co rtesão, A Política de S ig ilo nos Descob rimentos. Ed itora Co mi ssão Executi va elas Co memorações ela Mo rt e cio In fa nte D. Henrique, Li sboa, 1960. Fernancl Braucle l, A difusão das técnicas: revoluções e atrasos, in Civilização m aterial e capilalis1110. Lisboa, Cosmos, 1987. Lui z Carlos Figue iredo e Janaína Amacio, No 1e111po das caravelas. SP/Go iânia, Ed itoras Contex to e ela UFG, 1992.

C AT O LIC IS MO

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CAPA

Livro Neg;ro do

L uís DuFAUR

Documentada obra de autores esquerdistas - que dizem anteciparse a uma possível utilização pela direita de inédito documentário dos delitos comunistas traz consigo incógnitas que dão o que pensar sobre os rumos do mundo atual

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me não só destruiu a fé no Cza,; omo também a fé em Deus". Quem terá pronunciado essas palavras brutais e cínicas? Vladimir Ilitch Oulianov, vulgo Lenine, homem símbolo do com uni smo soviético - o maior cri me co metido na História - utili zou a fome como meio "didá1ico" de transformar a soc iedade e extirpar qua lquer fé rei igiosa. Ele, a exemp lo de' Marx , considerava a reli gião o "ópio do povo ". O livro, objeto deste artigo, examina os.frutos criminosos desse reg ime monstru oso. O séc ulo XX deixou pesada heranças. Entre elas, os erros da Rússia espa lhados pelo mundo, co mo previu Nossa Sen hora em Fátima. Erros que se condensaram numa bandeira tinta de sangue: a cio co muni smo. Hoj e, no Brasil , ele ão ex umados pelo Mov imento dos Sem-Terra (MST) e outros afi ns - a par do.folclore sini stro de Marx, Lenine, Mao e Che Guevara -, ao promoverem invasões e depredações, semeando a ten são no campo e na cidade. Enqu anto na vizinha Colômbia a guerrilha marxista- lenini sta já efetivamente domina parte do país. O Livro Negro do Comunismo, há pouco ed itado no Brasil 1, pôs em foco a magnitude dos crimes gerados por esses erros. Desde que fo i publi cado na França, em 1997, ele susc ita apa ixonadas polêm icas. Numerosos simpatizantes do co muni smo saíram da moita em defesa do parti do . No Parlamento francês , o Primeiro-mini stro soc iali sta Lionel Jospin correu em socorro de seus ali ados do Partido Comuni sta, denunciados por

CATO LICISMO

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deputados da direita com base no refe rido Livro Negro 2 . Apareceu até um volume criticando essa obra, ironicamente intitul ado Livro Negro do Capitalismo, aliás tão pífio que a revi sta "Veja" o qualificou de "obra idiota e estapafúrdia" 3 . O Livro Negro do Comunismo foi escrito por esquerdistas. O coordenador da equipe é Stéphane Courtois, diretor da revista Communisme e diretor de investigações do prestigioso Centre National de la Recherche Scienlifique de Paris. Ele vem cio maoísmo e se define como anarqui sta4 . Os títulos e obras dos demai s co laboradores ocupam algumas páginas. Por sua vez, a Rússia abriu-lhes arquivos até então zelosamente fechados. A erudi ção é esmagadora, e a rea lidade retratada, es tarrecedora. Segundo os cálcul os, o comuni smo é responsável por cerca de 100 mi lhões de mortos. Só na China somam 63 milhões, e na Rú ssia 20 milhões. E isso apesar de os autores minimizarem as cifras. Exempl os: a Comissão sobre Repressão do governo russo concluiu que os bolchevistas matara m pelo menos 43 mi lhões ele pessoas entre 19 17 e 19535. Na Coréia do Norte, segundo a agência católi ca Zenit6, o co muni smo matou de fome 3,5 milhões, sete vezes mai s do que os autores in formam.

Mito da Revolução Francesa: modelo para esquerdas contemporâneas O Livro N ,gro carateriza o comunismo co mo intrin s ca mcnt criminoso, genocida, muito mais noc ivo à hu manidade que o nazismo ou qualquer totalit ari smo do séc ulo XX, enquadrando-o no

gênero de crim.e contra a humanidade. Teses que deixam em maus lençóis as esquerdas, inspiradas, todas elas, no mesmo sonh o igualitário. Para o Livro Negro do Comunismo, a emulação com a Grande Revolução - a Francesa de 1789 - é que moveu os revolucionários vermelhos. Robespi erre abriu o ca minho, Lenine e Stalin lançaram-se nele, os Khmers Vermelhos cio Camboja bateram reco rdes genocidas. Para todos eles, a utopi a igualitári a e libertária tudo justificava. Exterminar milhões não importava, em sua opinião, porque assim nasceria um mundo novo, fraternal, para um homem novo liberto da canga ela hi erarquia e da lei. O obstáculo a varrer era a propriedade privada. E o adversário a eliminar eram os proprietári os. Os comunistas atiraram-se ferozmente sobre eles do mes mo mod o como Robesp ierre encarniçara-se contra os nobres.

escondidos. As violações praticadas então pelos comuni stas foram sem conta. Entretanto, em julho-agosto de 1918, os bolchevistas perderam o controle de quase todo o país. E na região que dominavam eclodiram 140 insurreições. Os proprietários agrícolas formaram exércitos de·até dezenas de milhares de homens. Porém, estes não compreendiam a natureza ideológica do adversário e que era preciso opor-lhe uma ideo logia anti comuni sta. Repetiam inadvertidamente o jargão dos bolchevi stas, pensando com isso seduzi-los. Ingenuidade! Os comuni stas maquiaveli camente propunham arranjos, atribuíam os excessos a funcion ários e prometiam uma solução assim que os anticomunistas entregassem as armas. Isto feito, matavam-nos desapiedadamente.

Da Reforma Agrária à Guerra Civil

Brutal nacionalização da indústria e primeira grande fome

Na Rússia - como em geral nos países que caem nas garras do comunismo - tudo começou pela Reforma Agrária. Sob o tzarismo, os agitadores incitavam à partilha negra de terras invadidas. Era a luta de classes dos sem-propriedade contra os proprietários rurais, grandes ou pequenos. O desastroso desenlace da l Guerra Mundial deixou a Rússia num a situação caótica. O tzar abdi cou e foi substituído por políticos centri stas, concessivos à esquerda. Em face di sso, a minoria comunista ousou o inconcebível e apoderouse do governo quase sem res istência. Logo a seguir, Lenine declarou a Guerra Civil contra os proprietários. Comitês revolucionários de intelectuais com uni stas conduzindo uma tro pa de "elementos criminosos e socialmente degenerados " (p. 127) instauraram o terror. A droga corria farta entre eles. Os proprietári os de milhares de faze ndas invadidas fora m mortos ou fugiram para o exterior. Os donos ele roças ou chácaras ficaram, prov isoriamente . Em 29 de abril de 191 8, Lenine decretou "uma batalha cruel e sem perdão contra esses pequenos proprietários" (p. 83). Os bolchev istas passaram a desarmá- los e a lhes confi scar o grão. Quem res isti a era torturado ou espancado até a morte. Roubavam-lhes até a roupa interior de inverno e os sapatos, ateava m fogo nas saias das mulheres para que di ssessem onde estavam sementes, ouro, armas e objetos

Lenine posa diante de uma monstruosa cabeça de Danton, em Moscou, para um filme de propaganda soviétida

Tendo confi scado o alimento, o governo reduziu o povo pela fo me. Só comia quem possuísse o cartão de racionamento di stribuído pelo partido ... Havia seis categori as de estômagos excomungados. Os burgueses, os contra-revolucionários, os proprietários rurais, os comercianLes, os ex-militares, os ex-policiais foram condenados ao desaparec imento. Nas ciclacles, as fábricas pararam. Os operários trocavam ferramentas e máquinas furtadas elas oficinas por alimentos. A · ditadura soviética nacionalizou, então, as indústrias e as militarizou. Trabalhava-se sob ameaça. A ausência podia acarretar a mo,te. O pagamento não ultrapassava um terço ou metade do pão necessário para a sobrevivência. As inúmeras revo ltas operári as foram afogadas em sangue. O paraíso igualitário estava começa ndo ... "As cidades devem ser impecavelmenLe limpas de toda putrefa ção burguesa .... O hino da classe operária será um canto de ódio e de vingança!", escrev ia o "Pravcla" - jornal oficial - em 31 de agosto de 191 8. A fome prostrou a popul ação. Em 1922 não havia mais revo ltas, apenas multidões apáticas C ATO L I

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Devido à guerra civil e à política bolchevista em relação ao campo, uma terrível fome devastou as regiões do rio Volga nos anos de 1921/22, ceifando 5 milhões de pessoas, sendo as crianças suas primeiras vítimas

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impl orando uma mi galha e morrendo como moscas. Foi o início da primeira grande fome que ceifo u 5 milhões de vidas. Os cadáveres insepultos ac umul avam-se nas estradas. Surgiu o canibali smo. O · comuni stas deitaram a mão nos bens da igreja cismática (dita ortodoxa), majoritári a na Rú ss ia. O co nfi sco ocorreu com profanações e cam.avais anti-religiosos. Após sucess ivas ondas aniquil adoras, pouquíss imos templos permaneceram abertos. Os "Popes" (chefes da igreja cismáti ca) tran sform ados em agentes do Partido.

A sangrenta estatização dos campos

O historiador Chien Po Tsan é entregue à sanha dos agitadores maoistas que consideravam todos intelectuais como inimigos de classe

Dois comissários bolchevistas, com dois motoristas, exercendo sua sinistra atuação no campo russo

A Reforma Agrári a prometeu terra aos que não a possuíam. Mas na verdade o comunismo de ejava implantar os kholkhozes, isto é, granjas comunitári as pertencentes ao Estado, onde os camponeses obedecem como servos à planificação socialista. Stalin co mpl etou a estati zação do campo decretand o o ex te rmíni o im edi ato de 60 mil chacareiros e o ex ílio da grande maiori a para campos de concentração da Sibéri a. Mesmo os simpati zantes do governo perderam tudo, sendo deslocados para terras incultas de sua região. Em poucos di as, a meta de 60 mil assassin atos fo i superada. Em menos de dois anos fo ram deportados l .800.000 proprietári os e famili ares. A viagem mortífera, em vagões de gado, du rava vári as semanas, sem alimento nem ág ua. Os comboios descarregavam os cadáveres na estações. Os locais de acolhida era m ermos, sem instalações básicas. As baixas por inanição, doença ou fri o atingiram mai s do 30% dos deportados, no primeiro ano. Como nas granj as coleti vas os assentados desenvolviam resistência pass iva às normas, Stalin dec idiu submetê- los pela fome. As reservas de ali mentos, sementes e ferramentas fo ram confiscadas.

Carentes de tudo, os camponeses abandonavam os filhos na cidade próxima. Em Jarkov, crianças famintas lotavam as ruas. As que ainda não haviam inchado fo ram conduzidas a um galpão, onde agoni zaram aproximadamente 8 mil crianças. As outras fo ram despejadas num loca l longínquo para morrerem sem serem vi stas. Esta fase fin al da Refo rma Agrária provocou 6 milhões de mortes.

O Grande Expurgo: 6 milhões de vítimas Em janeiro de l 930, os pequenos comerciantes, artesãos e profi ss ionais liberai s fo ram "desclassificados", isto é, privados de moradi a e de cartão de racionamento. E, por fim , deportados. Stalin excogitou também o Grande Expurgo nas fil eiras do partido e da admini stração públi ca. Universidades, academias e institutos diversos foram quase esvaziados . Até Tupolev, inventor cio tipo de avi ão que leva seu nome, fo i víti ma. A alta ofici alidade do Exército foi expu,gada numa porcentagem de 90%. A mortandade cau sada pelo Grande Expurgo atingiu mais de 6 mi lhões de pessoas, embora ofici almente só tenha havido 68 1.692 execuções. Du ra nte a 11 Guerra Mundi al, o co muni smo russo di zimou as minori as étni cas. Mais de 80% dos 2 milhões de descendentes de alemães que moravam na URSS fo ram expurgados como espiões e colaboradores do inimigo . Vári as outras etni as fora m supressas. Os ex purgos alimentavam o gigantesco sistema ele campos de concentração, onde os deportados fun cionavam como mão-de-obra escrava para sustentar a economi a sovi éti ca. Nesses locais, a alimentação era ínfim a e nojenta, e a morta lidade pavorosa.

Na Europa Oriental: "requinte" do modelo russo e cruel perseguição anticatólica Na Europa do Le te, ocupada pelos russos, reproduziu-se o mes mo drama. Em algun s países, o comuni smo requintou a perversidade. Na pri são romena de Pitesti os estuda ntes religiosos eram batizados todos o di as, enfi ando-se-lhes a cabeça em baldes cheios de fezes, enq uanto era rezada a fó rmul a batismal. Os semin ari stas dev iam ofi ciar missas negras, especia lmente na Semana Santa. O texto lirú,gico era "pornográfico e parafra seava deforma demon[aca o original" (p. 495). A perseguição tornou-se encarniçada co ntra

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CATOLICISMO

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o cl ero católico. Um Bispo greco-católico escreveu este tes temunho comovedor: "Durante longos anos, suportamos, em nome de São Pedro, a to rtura, os espancamentos, a fo me, o fri o, o confisco de rodos os nossos bens, o escárnio e o desprezo. Beijávam.os as algemas, as correntes e as grades de f erro das nossas celas como se f ossem o~jetos de culto, sagrados; e a nossa f arda de prisioneiros era o nosso hábito de religiosos. Nós havíamos escolhido carregar a cruz, apesar de nos proporern sem. cessar uma vida f ácil em tro ca da renúncia a Roma . .. .. Hoj e, apesar de to das as vítimas, a nossa Igreja possui o mesmo número de Bispos que ha via na época em que Stalin e o Patriarca ortodoxo Justiniano triunf almente a declararam morta" (p. 486).

crianças órfãs ou abandonadas. O regime repri mi a os famintos, entes não previ stos na pl anifi cação soci ali sta... O sistema amarelo de campos de concentração fo i (e co ntinu a sendo) o maior cio mundo. Até meados cios anos 80, mais de 50 milhões ele infe li zes passaram por ele. A média de ingresso nesse sistema é de I a 2 milhões de pessoas por ano, e a popul ação carcerári a atinge, em médi a, a cifra de 5 milhões. Os presos-escravos vivem psíquicamente infantili zados, num sistema de autocríti cas e delação mútu a. Esses cárceres, di sfarçados em unidades industri ais do Estado, desempenharam importante papel nas ex portações chinesas. Pense ni sso o leitor qu ando lhe oferecerem um produto chinês a preço ínfimo ...

Na China: Reforma Agrária, "salto para a frente" e a maior fome da História

Revolução Cultural: eliminação radical da tradição e do pensamento

A China de Mao-Tsé-Tung seguiu as pegadas da Rúss ia com aspectos surpreendentes. Assim que se apossava ele uma região, o comuni smo chinês empreendi a a Reforma Agrári a. Mas antes de eliminar os proprietári os, desmorali zava-os o quanto podi a. Eles eram por exempl o submetidos ao "comício da acidez ": os parentes e empregados dev iam acusá-l os das pi ores infâmi as até que "entregassem os pontos", sendo então executados pelos presentes. Um proprietári o teve que pu xa r um arado sob as chibatadas ele colonos, até perecer. Chegou -se a obri ga r membros ela famíli a ele um faze ndeiro a comer pedaços ela carne dele, na sua presença, ainda vivo ! A Refo rma Agrári a chinesa ex tinguiu ele 2 a 5 mi lhões ele vidas, sem contar aqueles que nunca vo ltara m entre os 4 a 6 milhões envi ados aos ca mpos de concentração. Em 1959, Mao pro pôs o "g rande salto para a _fi"enre", que consistiu em reagrupar os chineses em comunas populares, sob pretexto ele um acelerado progresso. Fo i pro ibido abandonar a comuna, as portas das casas fo ram queimadas nos altos fo rnos, e os utensílios famili ares transformados em aço. Ini ciaram-se construções deli ra ntes. Os responsáveis co memoravam res ultados ful gurantes e co lheitas astronômicas. Mas logo começou a fa ltar o alimento bás ico. Barragens e ca nais viraram pesadelo para seus constru tores escravos . A indústri a parou . A fome mais mortífera ela Hi stóri a el a humanidade sacrificou então 43 milhões ele vicias! Era proibido recolher as

Em l 966, Mao lançou a Revolução Cultural. Tratava-se de reduzir a pó os vestígios do passado, de eliminar tudo quanto fal asse da alma espi ritual ou evocasse a beleza. Os cenários e guardaroupas da Ópera de Pequim fo ram queimados. Tentou-se demolir a Grande Muralha, e os tijolos arrancados servi ram para construir chiqueiros ' Era proibido possuir gatos, aves ou flores ! À palavra intelectual acrescentava-se sempre o qu alifi cativo f edorento. Os professores devi am desfilar por ru as e praças em posições grotescas, latindo como cães, usando orelhas ele burro, se auto-denunciand o co rno inim.igos de classe. Alguns, sobretudo diretores de co lég io, fo ram mortos e co mid os. Te mpl os , bibli otecas, mu seus, pintu ras , porcelanas virara m cacos ou cin zas. Os mortos são ca lcul ados entre 400 mil a I milhão, e os encarceramentos em torno de 4 milhões: uma alucinante ninharia, se co mparada aos massacres da Reforma Agrári a e do "salto para.afi·ente" ! Apesar di sso, a Revolução Cultural serve até hoje como fo nte de inspi ração para revo luções do gênero.

Genocídio comunaecológico no Camboja

Na foto abaixo: enquanto os líderes comunistas Mao-Tsé-Tung e Peng Chen posam para fotos, cerca de trinta milhões de chineses morrem de fome ...

Acima: duas fotos clandestinas de fábricasprisão na China: produtos para exportação

A China moldou os regimes comuni stas do Ori ente. Parti cul armente o cio Camboja, onde os C ATO LIC IS MO

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Acima: "Museu do genocídio", onde são expostos milhares de crãnios de vítimas não identificadas do Khmer vermelho,

criado pelo governo pró-vietnamita, após a queda do abominável regime de Pol Pot

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guerrilheiros vermelhos exterminaram mais de um quarto da população nacional. Logo após a co nqui sta da capital, Phnom Penh, metade dos habitantes do país foi impelida para as estradas. Doentes, anciãos, fe ridos, ex-funcionários, militares, comerciantes, intelectuai s, jornali stas eram chacinados no local. 41 ,9% dos habitantes da capital foram eliminados nessa ocas ião. Para poupar bal a ou por sadi smo, matava-se com instrumentos contundentes. As multid ões de ex-c itadin os foram co nduzidas a campos coletivizados. Ali trabalhavam em condições duríss imas, recebiam horas de doutrinação marxi sta, com pouco sono, separação total da família, vesti mentas em farrapos e sem remédios. O país transformouse num só conglomerado de concentração. Não havia tribunais, universidades, liceus, ensino, moeda, comércio, med icina, correios, livros, esportes ou distrações. Os ex-citadinos viraram bestas de carga, enquanto ouviam elogios do boi que trabalh a se m protestar, sem pensar na mulher e nos filh os. Vestiam um uni forme único, de cor preta, e se arrastavam fam intos pelos campos mal explorados. Os fugitivos sumiam na selva ou eram sad icamente chac inados. Comiam insetos, ratos e até aranhas, disputavam com os porcos o fare lo das gamelas. Grassava o canibalismo. Designavam-se prisioneiros para serem transformados em adubo! Por vezes, na colheita da mandioca, "desenterrava-se um crânio humano através de cujas órbitas saíam as raízes da planta comestível" (p. 728). Os chefes comuni stas Ca mbojaanos haviam estudado na França, onde militaram no Partido Co muni sta Francês, tendo então conhecido as novas doutrinas ecológicas ... Sua meta: eliminar o senso da própri a individualidade, todo sentimento de piedade ou amizade, qualquer idéia de superioridade. Assim, queriam fotjar o "homem novo", integrado na natureza, espontaneamente sociali sta, detentor de um saber meramente material , de um pensamento que não pensa. Resultado: diminuição demográfica de 3,8

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milhões de pessoas; 5,2 milhões de sobreviventes; 64% dos adolescentes órfãos; e um povo psiquicamente arrasado.

Como explicar incógnitas pendentes? O Livro Negro do Comunismo ocupa-se mui to pouco - e mal - da América Latina. Ignora inteiramente guerrilhas como as havidas no Brasil, Argentina, Chile e Uruguai. Por quê? Após tal leitura, densa e documentada, um mundo de interrogações permanece na cabeça do leitor. O que fo i feito na Rúss ia dos campos de conce ntração? Eles ex istem aind a? Ou fora m extintos? Se ex istem, por que ninguém fala deles? Se fora m extintos, que mi stério explica o fato de os grandes órgãos de imprensa do Ocidente não enviarem jornali stas para entrev istar as vítimas ou filmar os loca is de tortura e morte? Por que as ONGs humanitárias não procuraram na Sibéria ou alhures eventuais sobrev iventes? E por que a coorte de defensores dos "direitos humanos" não se interessou pelo destino fin al desses milhões de vítimas? E como explicar ainda seu silêncio sobre os atuais cárceres-fábricas chineses? Nada! Nada é feito! E quando vozes se levantaram para pedir uma Nüremberg para julgar os crimes do comunismo, um pesado véu baixado pela mídi a afogou a iniciativa. O que ocorreu? Os autores marxistas do Livro Negro do Comunismo alegam tê-lo escrito porque "não se pode deixar a uma extrema direita cada vez mais presente o privilégio de dizer a verdade " (p. 45). Porém, no ideário da extrema direita ocidental, o que ex iste de consistente nesse sentido? O grande lance anticomunista de repercussão mundial sobre o assunto foi o lúcido e brilhante manifesto de autoria do Prof Plínio Corrêa de Oliveira, intitulado Comunismo e anticomunismo na orla da última década deste milênio 7, ampl amente divulgado pelas TFPs e entidades afi ns dos cinco continentes. São as TFPs e suas congêneres que esses autores tiveram em vista? Por que suscitam elas essa inquietação na esquerda, notadamente a francesa? Se o comuni smo ele fato estivesse morto, para que tanto dispêndio de tempo e esforços? Para cortar o caminho ao anticomunismo, que se diria igualmente morto? P r que, então, essa preocupação com o anti comuni smo? Alguma razão deve haver, e por certo não deve ser desprezível. Qual é ela? eja como for, uma coisa é inquesti onável:

Os dados publicados nesse Livro Negro confirmam uma vez mais o acerto da opos ição cerrada contra o comuni smo levada a cabo pelo Prof. Plínio Corrêa de Oliveira, durante todo o tempo de sua longa atuação pública. Oposição essa que seus fiéis seguidores - hoje reunidos em diversas TFPs e associações afi ns - mantêm acesa, num mundo que procura não ver o perigo representado pelo co muni smo chin ês, c uban o, vietnamita, norte-coreano. Para não fa lar em regimes soc iali stas impl antados em numerosos países que - sobretudo através ela Revolução Cultural (homossex uali smo, aborto, amor livre etc.) - vão empurrando as mentalid ades para o pantanal comuni sta. Ao final de sua leitura, o Livro Negro do Comunismo deixa um vasto leq ue ele incógnitas a desafiar a perspicácia de qualquer um, além ele abu ndante matéri a de reflexão para o atilado e inteli gente leitor brasileiro. ♦

Notas 1. Stéphan e Courtois, Nicolas Werth , Jean-Loui s Panné,

2. 3. 4.

5. 6. 7.

Andr zej Pa cz kow ski. Kare l Ba rtos ek, Jea n- Lo ui s Margolin, O liv,v neg ro do co111w1is1110. Crimes, 1en vr e repressão, Bertrand Brasil, Rio de Janeiro, 1999, 917 págs. CJi: "Le Monde", Paris, 3-8-99. "Veja ", S. Paulo, 3/ l l//999. "Expresso ", Lisboa, 6-11 -98. CJi: ".foma/ do Brasil ", 30-10-99. Ze11i1, 2-9- 1999. "Folha de São Paulo ", 14/2/90. Publicado ademais e111 numerosos jornais e revis/as de iodo o 1111.111do.

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INTERNACIONAL

Nossa ~enhora desterrada entre pagãos "F re i Luís de Granada (1504- 1588) é dos esc rito res que ma is co ntribuíram para formar º ca ráte r e º esp írito c ri stão do povo espa nh o l. Escreve semp re para o povo, pondo a seu a lca nce, com um a clareza e precisão ini gua láve is, as doutrinas mais exce lsas do crist ia ni smo. Nin guém, co mo e le, soube unir à e levação do pensamento e profundidade, bem co mo à segura nça de doutrina, a a menid ade e transparência de estilo, acessíve l a todos. Ne-

sp_iritual

nhum livro foi tão lido e med itado na Espanha co mo os seus" (Obra Selecta, co le tâ nea dos textos ca pita is de Fre i Luís de Gra nada, B.A.C., Mad rid , 1952, Pró logo). Dessa ob ra extraímos as co nside rações aba ixo, refe re ntes à fuga da Sagrada Fa míli a para o Eg ito (pp. 769-770) . Esta med itação é muito ap rop ri ada pa ra a Festa litúrgica de Nossa Senhora do Desterro, a qua l se refere aos anos e m que a Sagrada Família permaneceu desterrada no Egito. Tal festividade co me mora-se no dia 17 deste mês, na c id ade e na Cated ral de Flo ri a nopó li s, c uj a Padroeira é Nossa Senhora do Desterro.

Viagem da Sagrada Família ao Egito: conjunto escultural, Catedral de Florianópolis

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té aq ui , sacratíssima Virgem, tudo tem sido para Vós alegrias, tudo favo res do Céu, tudo marav ilhas das maravilhas. É tempo que comeceis a beber o cálice de vosso Fi lho, e de saber que coisas são os trabalhos deste mundo. Tempo há, di z o Sábio (Ec l. 3,5), de abraçar, e tempo de afastar-se dos abraços. "Até aqui foi tempo de gozar dos abraços de vosso Filho; já é tempo que comeceis a beber do cá lice que Ele bebeu. Não espereis, Senhora, outro fruto deste mundo. No vale ele lágrimas em que estamos, no lugar de desterro, na terra de condenados junto aos ri os de Babilônia onde estão emudecidos os in strumentos musicais de Sião e onde tão poucas vezes se ouvem cantares ele alegri a. "Portanto, aprontai-vos, Virgem, para as lágrimas, pois o tempo e o lugar não vos convidam a outra coisa. Hoje se encerra vossa alelui a. Hoje se dá fim aos vossos prazeres, e se vos dá para comer a amaríssima fruta deste século. "Consideremos, pois, co m que pressa se levantaria a sacratíssima Virgem nesta hora [em que São José, alertado por um Anjo em sonhos, comunicou-lhe que era necessário fugir para o Egito], tomaria em seus braços o Menino, e deixaria sua pobre casa sem despedir-se de nin guém, porque a pressa cio negócio não clava lu gar a mais, e começari a a anelar com gran-

lh os que passastes nesta jornada, abandonando vossa terra, vossa casa, vossos doces conhecidos parentes, e, caminh ando para terras estranhas, bem como terras de idólatras e infiéis, com esse tão delicado Menino em vossos braços, onde não tínheis casa nem abrigo nem faze nda para servi -Lo. "Se entre vossos naturai s não achastes mais que estábulo e um presépio para o nascimento cio Menino, que acharíeis entre infiéis, bárbaros e estranhos? Onde chegaríeis? Quem vos acolheria? Quem usaria convosco ele caridade onde reinava a infidelidade? "E sobretudo isto: que sentiri a vosso piedoso coração morando em terra de infiéis, vendo ali tão desterrado e morto o conhecimento ele Deus, e tão vivo o culto e serv iço dos demônios? "Se, do santo Lot se di z que morava entre aqueles que atormentavam a alma cio justo com suas más obras (Gn 13,6), e se cio Apósto lo São Pau lo se lê (At l 7, 16) que se afligia seu espírito vendo a cidade de Atenas entregue ao culto dos ídolos, que sentiríeis Vós que, quanto maior graça tínheis, tanto mais sentíeis a desonra de Deus e a perda de tantas almas? "E Vós, ó santíss imo Men ino, por que tão rapidamente quereis começar a padecer trabalhos? Por que não quereis perdoar os ternos anos de idade?"

A fuga para

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CATOL I CIS M O

o Egito de pressa seu caminho. Porque, a que tão bem saberia estimar o tesouro que tinha, não fa ria caso ele perder todas as coisas para assegurar tão grande bem. "Oh noite escura! Oh noite tenebrosa! Oh noite ele lágri mas e ele dor! Oh, se desta maneira soubessem os homens estimar a Cri sto, se soubessem pôr o valor que convinha neste tesouro, que quando corresse o risco de perdê-Lo ou de perder tudo o demai s, soubessem perder para ganhar! E ·mesmo tivessem, com o Apóstolo, todas as perdas por lucros (Fil 3,8), quando elas conservassem este Bem! Porque, se a astuta serpente sabe pôr todo o corpo em perigo para assegurar a cabeça, na qual consiste sua vicia, quanto mais deveríamos pôr a risco todo o demais para assegurar a Cristo, nossa cabeça, em Quem está nossa vida. "Tornando, poi s, a Vós, Virgem Santíss ima, que tão grandes foram os traba-

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A t rREDO M Ac HA LE

ortuga l acaba de conceder à Chi na vermelha a soberania de sua anga co lôni a de Macau, quase quatro sécul os e meio após haver sido conqui stada pelos lusos. Esse inexplicável ato se dá praticamente dois anos e meio após o Reino Unido faze r o mesmo em relação ao enclave britâni co de Hong Kong. E ocorre poucos meses depois ele os Estados Unidos terem entregue a soberani a do Canal do Panamá - de importância política e econôm ica vital para o Ocidente - a um regime pouco consistente e de tendência esquerdi sta, como é o vigente hoje no Panamá. As entregas ele Hong Kong e Macau marcam a aceitação dócil , da parte de duas nações européias - e no fundo de todo o Ocidente - , ao desígn io do regime comuni sta ele submeter sob seu tacão todos os territóri os que considera chineses. Com isso, tal regime procura reunir característi cas de uma grande potência, não só de população excepcional - mai s ele 1 bilhão e 200 milhões de habitantes - , mas por sua hegemonia, sem que povo algum lhe resista. A continuar tal situação, poderá ele ir subjuga ndo aos poucos ex tensas áreas cio Ex tremo Oriente.

De concessão em concessão até a meta final A última etapa no processo para recapturar os pretensos territórios chineses - a mais grave e crucial e também a mais cobi çada por Pequim - é Taiwan (Fo rmosa), a próspera ilha de 22 milhões de habitantes, onde vivem há meio séc ulo os chineses nacion ali stas e anticomuni stas, desde qu e foram derrotados no co ntinente por Mao Tsé-Tung. A eles somaram-se muitos fugitivos da tirania vermelh a da China co ntin ental, num êxodo incessa nte. Taiwan vive sob um regime nitidamente ca pitali sta e anticomuni sta, desfrutando de uma prosperidade excepcional , máxime se comparado co m o que acontece na Chin a vermelh a, onde a mi séri a é a norma geral e a mera sufi ciência um a exceção. • Formosa é, pois, o reduto dos chineses patriotas, ali ados de importantes forças ele outros continen tes. Mas tudo isso, somado à sua riqueza, constitui moti vo a mais para a obsessão de Pequim em conq ui stá- la e dominá- la. Ali travar-se-á um grande embate entre os que desejam a liberdade e os que, a priori, se submetem

à fórmu la enganosa, e certamente efêmera, ele suj eição no pl ano político, mas de apare nte diferença no te rre no sóc io econômico. Até agora - ou seja, com Hong-Kong e Macau - tais reunificações ocorreram sob o lema idea lizado por Pequim, ele um. país, dois sistemas: enquanto o território continental se mantém comuni sta, aceita para esses territóri os o sistema capitali sta. . Por quanto tempo? Em princípio por 50 anos, mas ninguém pode di zê- lo co m certeza. Porqu anto é de se temer qu e essa dualidade dure apenas o indi spe nsáve l para qu e Pequim dê outros passos, obtenha novas vitórias e se prepare para novos aboca nh amentos. Em tal caso, não serão as nações li vres - tão concessivas a Pequim - que oporão qua lquer res istênci a. O reg ime comuni sta chinês procedeu com essa aparente tolerância justamente para não alarmar os habitantes desses antigos encl aves. Pois cio co ntrári o, eles poderiam emigrar rapidamente, transformando aqueles lugares em novos símbolos da tragédia que sucede fata lmente com qualquer nação, por mai s próspera que seja, quando cai sob o domínio vermelho.

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VIDAS DE SANTOS Diáspora chinesa: outra presa a ser abocanhada ,., por Pequim Essa concessão temporária visou sobretudo não inquietar - e inclusive atrair- a enorme e riquíssima diáspora chinesa. Esta, a partir de Hong-Kong e Taiwan, estende sua rede industrial, comercial e financeira por todos os continentes, relaciona-se intimamente com as mais variadas potências econômicas do mundo e penetra inclusive nas zonas litorâneas da própria China vermelha, onde esta tolera o capital estrangeiro. Com efeito, ao longo da última década, desde a queda da Cortina de Ferro e do conseqüente des moronamento dos regimes comunistas da Europa Oriental, a camarilha comunista que oprime a China lançou-se várias vezes em brutais repressões contra sua própria população, com o intuito de manter seu domínio coletivista e tirânico. Mas, ao mesmo tempo, procurou escapar do efeito natural desse regime, que é a crônica miséria, pois esta torna precária a subsistência daquele. Para isso, Pequim optou por negoc iar o recebimento de gigantescas injeções de dinheiro capitalista. Em condições que são de um lado enormemente privilegiadas, mas que, de outro, requerem a cumplicidade e docilidade dos aplicadores de capitais com o injustíssimo e antinatural regime imperante naquele imenso país. Com efeito, inversões provenientes de mais ou menos todas as latitudes - de modo muito notório da rede ch inesa realizam-se ali, mediante a insta lação de gra ndes fábricas, beneficiam-se dos baixíssimos salários pagos na China e vendem seus produtos ao Mundo Livre, obtendo assim imensos lucros. Isso representa uma forma de cumplicidade entre capitalistas e comunistas, obviamente muito mai s em benefício destes últimos do que daqueles. E com tremendo prejuízo para os empregados e operários, que auferem salários miseráveis, embora altos se comparados com a população comum da China. Obviamente, a entrega de Macau mostra uma colaboração de Portugal com a Ch ina na execução desse plano vergonhoso, cujo desenrolar sign ificará uma exten22

CATOLICISMO

O porto de pescadores denominado A Vila, em Macau, tornou-se um dos primeiro entrepostos comerciais da Ásia. Mais um tento ganho pelo expansionismo comunista chinês

são àquele antigo território luso da simbiose capitalista-comunista. Simbiose essa que já opera em várias regiões da China continental, tendendo a substituir a atividade econômica atual, centrada no turismo e no jogo - e infelizmente nas depravações que freqüentemente os acompanham - por uma forma velada de trabalho escravo.

Tragédia do Timor Leste: lição desaproveitada Às considerações prévias sobre o aspecto sócio-econômico convém acrescentar outras referentes a aspectos mais elevados - rel igioso, moral, cultural - que o mundo contemporâneo parece não querer ver, e que por isso mesmo devemos ressaltar e analisar. Há alguns meses, a opinião púbica internacional observou consternada os gravíssimos mas sac res acontecidos no Timor Leste. Essa ilha, também outrora colônia portuguesa, foi invadida e ocupada pela Indonés ia em 1975, quando se desenrolava na metrópole a tristemente célebre Revolução dos Cravos. Esta última levou Portugal a uma situação limítrofe do comuni smo e precipitou várias de suas co lônias em reg imes marxi stas e antinaturais. Até hoje o território de Timor Leste é habitado por uma população majoritariamente católica, que manifesta clara afinidade com o mundo luso. Pois bem, diante da ostensiva tolerância do Ocidente, essa população foi arrebatada pela Indonésia · da soberania portuguesa e traumatizada pela brutal perseguição religiosa isl âmica, à qual se somou a violência das turbas locais. Hoje se equilibra numa independência, cuja solidez é pouca clara. Essa é uma li ção que Portugal deveria ter aprendido e contudo não levou em consideração, uma vez que agora abandona outra pequena colônia no Extremo Oriente. Entrega-a à tutela infame do co-

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Santa Joana de Valais, filha, irmã e esposa de Reis, era disforme, quase anã e corcunda. Foi desprezada pelo pai, rejeitada pelo esposo e teve seu casamentO declarado nulo. Exemplo heróico de paciência e perseverança, tornou-se a fundadora de uma congregação religiosa

munismo chinês, o que significará certamente nova opressão sobre seus habitantes. Sem dúvida, na China a opressão é extremamente aguda. Ali os direitos básicos impressos por Deus em nossa natureza humana não são respeitados, e isso o sabem os observadores internacionais. Como tomar a sério, pois, um compromisso mantido com tal governo, quando diariamente chegam ao Ocidente notícias das brutalidades cometidas por essa tirania oriental? Que mistério explica o afã do Mundo Livre em confiar numa pseudopotência atéia e criminosa da qual não se pode esperar senão o mal e violações qa Lei natural nas mais diversas formas?

PLINIO MARIA SOLIMEO

Taiwan: próxima vítima a ser abandonada pelo Ocidente? Considerando não somente a perspectiva de amanhã, mas também de depois de amanhã, cumpre observar que o regime de Taiwan rechaça a escalada de conquista desenvolvida por Pequim. Ele vê de perto a opressão e a miséria que afetam a população continental, e as ameaças que pairam sobre os que optaram pelo exílio em seu território. Mas não está nada claro se, na hora decisiva, contará com o apoio do Mundo Livre. Antes, Mao Tsé-Tung jactava-se da paciência chinesa, dizendo que seu regime poderia esperar um século para recuperar Taiwan. Hoje, Jiang Zemin já deixa entrever que deseja subjugá-la no curso de seu governo, e se ufana de sua habilidade em obter a aquiescência doresto do mundo. Conseguirá? A diplomacia comunista está tentando inclusive, segundo noticia a imprensa, obter apoio do Vaticano para suas pretensões, mediante pequenas concessões, na linha de uma suposta liberdade religiosa. Na realidade, se o Ocidente estivesse decidido a opor-se a essa entrega, já teria assumido tal posição em relação a Hong~ Kong e agora a Macau. E a Pequim não teria restado senão res ignar-se. ♦

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oi grande o choque e desgosto de Luís XI, da França, ao saber que sua esposa, Charlotte de Savoia, em vez do robusto e belo menino que ele esperava, deu-lhe uma filha. E ainda mais, feia, disforme, diminuta, raquítica. Por isso, praticamente desde o primeiro instante, desprezou o novo pequenino ser. A Rainha, pelo contrário, boa e piedosa, com terna solicitude formou sua pequena Joana na via da sabedoria cristã, tendo a satisfação de ver que a menina recebia com precoce avidez tudo o que ia na linha da virtude. Assim, "aos cinco anos, pedia à governante que a conduzisse à igreja; e já, pelas suas palavras e exemplos, edificava seu irmão Carlos, e Ana, sua irmã, que com ela foram educados no castelo de Amboise".

Desamparada, é sustentada pela Mãe celeste O pai, entretanto, não via com bons olhos essa piedade, e proibiu-a mesmo de rezar, sob a ameaça de severos castigos. "Esse pai imprudente formava assim, com suas próprias mãos, o primeúv elo dessa cadeia de sofrimentos que iria compor toda a vida dessa virtuosa

princesa. Numa idade tão tenra e em tão grande perigo, Joana não podia esperar um apoio proporcionado à sua fraqueza na terra; também procurava alguma mão para defendê-la, uma luz para dirigir seus passos. Lançando-se um dia nos braços de Maria, com um amor e uma confiança sem limites, disse ela: 'Ó minha Mãe, ensinai-me Vós mesma o que é necessário que eu faça para Vos agradar'. Aquela que não se invoca jamais em vão dignou-se responder nestes termos: 'Minha filha, seca tuas lágrimas; um dia tu fugirás deste mundo do qual temes os perigos, e darás nascença a uma Ordem de santas religiosas ocupadas a cantar os louvores de Deus, e fiéis a seguirem meus passos'" 1 • "Se bem que desprovida pela natureza, débil, disforme e corcunda, na idade de nove anos seu pai contratou. seu noivado com. o jovem Duque de Orléans, seu primo, de onze anos de idade. O casamento foi celebrado três anos mais tarde, em 1476"2 • O Duque de Orléans, primeiro Príncipe de sangue, protestou veementemente contra essa violência. Não conseguindo evitá-la, voltou contra a jovem esposa todo seu desprezo e ódio, praticamente ignorando-a. Joana

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retribuía a atitude agressiva do marido com uma submi ssão a toda prova. Mas nada conseguia aplacá-lo. E ntretanto, Luís XI, que apesar de tudo temia a Deus, adoeceu gravemente. E tendo ouvido contar as maravilhas que São Francisco de Paula operava na Itália, sentindo-se nas últimas, obteve do Papa que desse ao fundador dos Irmãos Mínimos - um ramo reformado dos Franciscanos - a ordem ele ir ter com ele na França. Esperava ser curado por um mil agre do santo . Mas tal não era a vontade da Providência. Luís morreu confortado por Francisco de Paul a, tendo antes ordenado à filha qu e o tomasse co mo diretor ele consc iênc ia. Sucedeu-lhe no tro no seu filho Carl os VIII. E, como prova de gratidão a São Francisco de Paula pelo bem que fizera a seu pai e a toda a Corte com sua edificante vida, "tornou-se

amigo de. Fran cisco e doou vários mosteiros para os Mínimos. Francisco passou o resto de sua vida no de Plessis, que Carlos havia construído para si" 3 .

Ingratidão e repúdio por parte do marido

residência. Seus habitantes a recebera m como verdadeiro presente do Céu. E la não de ixari a mais seu caro Berry, que edifi cari a com sua devoção e piedade. Joana continuava diri gindo-se espiritualmente, por correspondência, com São Francisco de Paula. Consultou-o particularmente sobre seu desejo de estabelecer uma nova congregação re li giosa fe minina em honra da Anunciação da Virgem, como a Mãe ele Deus lhe havi a revelado. Ev identemente, num assunto de tal monta para a g lória de Deus e exaltação de Sua Santa Mãe, o santo fra nc iscano não podia senão pôr todo seu e mpenho. E incentivou-a ele todos os modos possívei s a dar andame nto ao pl ano. Joana ex pôs então o pl ano a seu confesso r, o fran ciscano Gilberto de Ni cola"i (ou Gilberto Nico las, como afi rma m outros, e que depoi s, por sua grande devoção a Nossa Senhora, mudari a seu nome para o de Gabriel M aria). Este não partilhava a mesma opini ão, e aconselhou Joana, em vez de ini ciar nova congregação, a fun dar uma casa ele alguma das congregações já ex istentes, como fizera sua mãe C har"Minha filha, um dia fugirás deste mundo, lotte ele Savoia, estabe lecendo qual temes os perigos" do as Clarissas em Paris.

Num a desavença entre os dois primos, o Duque ele Orleans le vantou -se e m armas contra seu Re i. Derrotado, fo i condenado à morte. M as, às instâncias ele Joana, seu irmão, Carlos VIII, não só comutou a sentença como concedeu li berdade ao rebelde. A gratidão é das ma is frágeis virtudes. Pouco tempo depois Carlos VIII fa lec ia, e o Duque de Orl éa ns subi a ao trono com o nome ele Luís XII. Um de seus primei ros atos fo i exatamente o de pedir ao Papa a declaração de nulidade de seu casa mento por ter sido a ele fo rçado e jurando não ter sido consumado 4 • A notícia do repúdi o da Rainha encheu ele indi gnação o reino, que venerava sua bondade e virtude. Mas, para Joana, a humilhação fo i uma libertação, pois ass im podia entregar-se inte iramente à piedade e levar avante a obra que a Santíssima Virgem lhe pred issera quando era ai nela criança. Seu pai lhe hav ia dado, entre outros, o Ducado de Berry, onde e la escolheu a cidade de Bourges para fixar

Após obstáculos, aprovada a nova congregação Dois anos se passaram sem que o confessor mudasse ele posição. E nfim , ca indo a Princesa seriamente enfe rma, o assustado confesso r deu -lhe imediatamente a autorização, com o que e la fo i recuperando as fo rças até se restabelecer comp letamente. Joana, tendo já um bom número ele ca ndidatas, passou a red igir as regras da nova in stitui ção, sob o título " Das dez virtudes" ou " Dos dez prazeres da Virgem". Como todos os fundadores, a Princesa encontro u séri as dificuldades para a aprovação de suas regras. Para isso e la envi ara seu próprio confessor a Roma. Q uando todas as portas parec iam fec hadas e a missão destinada ao total fracasso, entro u em cena o Cardea l João Batista Ferrier, Bispo de Módena. Conhecido por seu saber e

virtude, e com muita autoridade na Corte Pontifícia, teve A 4 de fevere iro de 1505 entregou a Deus sua bela alma, uma vi são na qual São Lourenço e São Franc isco ordeque sustentara corpo tão disforme. navam-lhe que promovesse a aprovação daquela santa Arrependimento tardio de Luís XII regra. Assim foi feito pe lo Papa Alexandre VI, ed ificado pelo empenho de tão alta Princesa da Casa Real ela França Durante hora e me ia após sua morte, todos podiam nessa obra. ver uma extraordinária claridade em seu quarto, enquanto Enquanto isso, Joana obtinha do Rei, seu ex-esposo, outras pessoas notaram a presença de uma cl ara nuvem todas as licenças necessárias para edificar, em uma de sobre a igreja das Anunciadas. suas terras, um mosteiro. Trabalhou também para a reAo mesmo tempo em que os solenes sinos da catedral fo rma de um convento de re li ele Bourges anunciavam seu trângiosas beneditinas que tinham sito para a eternidade, um sini stro perdido seu primitivo fervor. cometa apareceu sobre o palácio Durante a co nstru ção cio do Rei Luís XII. Assustado e tarconvento, vários milagres comdi amente arrependido, ele conviprovaram que a mão de Deus dou todos os habitantes da cidade estava a li . para o esplêndido funeral , honra Não menor empenho pôs a póstuma que prestava àq uela que Princesa na preparação esp iri tanto desprezara em vicia. tual de suas filhas. Escolheu as Joa na de Valo is fo i enterrac in co mais virtuosas das da com todas as cerimôni as decandidatas para a to mada cio hávidas à nobreza de seu sang ue. bito da Ordem da Anunciação, Corpo incorrupto: em 8 de outubro de 1502. Asvítima de ódio herético s im começou essa in stitui ção que, da cidade de Bourges, esQuando fo i ex um ada, 56 palhou-se pela França e depois anos após sua mo rte, seu corpo pelo mundo. foi e ncontrad o totalmente in Joana era a primeira a dar corrupto. "Mas no ano de 1562 o exempl o cio ma is perfeito esos heréticos calvinislas, lendo pírito evangéli co. Renunciou a surpreendido as rnelhores cidatodos os seus be ns, dos quais des da França e decla rado não se utili zava senão com a guerra a todas as coisas sanaprovação cio Superior da Ortas e sagradas, não pouparam. de m, vivendo ass im na ma is as sagradas relíquias dos Sanperfeita pobreza, obed iênc ia e São Francisco de Paula foi diretor espiritual -ios. Queimaram então o corpo de Santa Joana de Va/ois castidade. dessa Bem-aventurada Prince-

União perfeita de corações A Princesa chegou a um tal grau de o ração que, segundo narram as crôni cas, estando certo dia em oração durante a Santa Missa, viu num êx tase Nosso Senhor Jesus Cristo e a Santíss ima Virgem. Apresentaram-lhe seus corações num prato, ped indo-lhe que ali pusesse também o seu. Joana ficou perplexa, pois procurando-o, não o encontrou. F icou comprovado, assim, que seu coração estava mais perfeitamente unido ao de Nosso Senhor que a seu próprio corpo5 . Embora tivesse só 40 anos, Joana de Valois, vítima de incurável doença do coração, sentiu q ue sua vida terrena chegava ao fim. Despediu-se de suas filhas espiritu ais, dando a cada uma, em particul ar, um conselho.

sa e atiraram suas cinzas ao vento" 6 . Assim , aq uil o que o própri o fruto do pecado ori ginal havia poupado - o corpo incorrupto da Santa - , o ♦ ód io sectá ri o dos protestantes destruiu.

Notas: 1. Les Pet its Bo llancli s tcs , Vies des Sa i11.1.1·, cl 'apres le Pere Giry, par •

2.

3. 4. S.

6.

Mg r. Paul G ué rin , Blo ucl e t Ba rrai , L ibra ires- Écl iteurs , Pari s, 1882, torno 11 , p. 262. La Grande E11cyclopedie, Pari s, Société An o nyrne ele La Grande Encyclopecl ic , to rn o 2 1, p. 1O 1. Jo hn J . Dela ncy, /Jic tionary of Sa i111s, Doub leclay, New York, 1980. p. 235, verbete Sa int Fra nc is of Paola. Cfr. E11 cic/opedia Cattolica, C ittà de i Vaticano, Casa Ecli tri ce G.S . Sansoni , Firc nze, 195 1, p. 486. Lcs Petits Bollancl is tes, op. ci t. , p. 267 . lei . ib., p. 268.

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ReViravolta Da família tradicional do início do século, instituída pelo sacramento do matrimônio indissolúvel e monogâmico, à "família pra frente", ou seja, desestruturada, da a tualidade á no lon gínquo séc ul o XVll, em Quito (Equador) , Nossa Senhora, sob a invocação do Bom Sucesso, previu , em revelações a Madre Mariana de Jesus Torres, reli giosa concepcioni sta, a terrível decadência da fé e dos costumes no século XX. Numa das revelações, Ela se refere explicitamente à quase extinção do Sacramento do Matrimônio em nossos dias, pela implantação de "leis iníquas" uma delas, certamente, a lei do Divórcio.

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"Quanto ao Sacramento do Matrimônio, que simboliza a união de Cristo com a Igreja, será atacado e profanado em toda a extensão da palavra . .... Impor-se-ão leis iníquas com o obj etivo de extinguir esse Sacramento, facilitando a todos viverem

mal, propagando-se a geração de .filhos mal-nascidos, sem a bênção da Igreja. Irá decaindo rapidamente o espírito cristão ".

1900-2000 Na edição especia l da rev ista "Veja" de 22-12-99 - comemorativa do século XX - , na seção Comportamento, há uma estarrecedora comparação entre o número de separações matrimoniai s do início do século XX com as do fim deste: "De cada 86 casamentos em. 1900, um termina va em. separação. Hoje ocorre um divórcio a cada seis uniões".

Nem todas as pesquisas co incidem com esses dados . Segundo outras estatísticas, na primeira década do século as se. parações eram ainda menores, e na última década o número de divórcios é maior que o publicado por "Veja". Mas, em todo caso, tomaremos como base a informação desse semanário, pois o tombo nele constatado não é pequeno. Ou seja, no in ício de nosso sécul o a porcentagem de separações matrimoniais era de 1, [6%; e neste fim de sécul o a porcentagem de divórcios é de 16.66%.

Profunda transformação das mentalidades Como expli car este "tom.ho moral"? O que se passou nas mentes, a ponto de levar muitos a julgar hoje normal aquilo que há 100 anos era cons iderado pela grandíss ima maioria das pessoas um a aberração? Se os princípios básicos da moralidade não mudam , o que se alterou então? A verdade moral revelada por Deus, consubstanciada nos Mandamentos do Decálogo? A lóg ica? A cri se econômica? - Não! Uma cri se moral e religiosa! No início do século, o casamento baseava-se em sólidas razões e convicções. Depois, foi deslizando na rampa escorregad ia dos sentimentos vaporosos, em que as disMadre Mariana de Jesus Torres, a quem Nossa Senhora do Bom Sucesso previu, no século XVI, "leis iniquas"

que visariam extinguir o Sacramento do Matrimônio, no século XX

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Pseudo-moral permissivista choca-se com o doutrina católica

Relembrado ensinamento de ontem e de sempre "É necessário admitir realisticamente e com profunda e sentida sensibilidade que os cristãos hoje, em grande parte, sentem-se perdidos, confusos, perplexos e até çlesiludidos: foram divulgadas prodigamente idéias contrastantes com a Verdade revelada e desde sempre ensinada; foram difundidas verdadeiras e próprias heresias, no campo dogmático e moral, criando dúvidas, confusões e rebeliões; alterou-se até a Liturgia; imersos no 'relativismo' intelectual e moral e por conseguinte no permissivismo, os cristãos são tentados pelo ateísmo, pelo agnosticismo, pelo iluminismo vagamente moralista, por um cristianismo sociológico, sem dogmas definidos e sem moral objetiva."

(Alocução de João Paulo li, 6-2-81, aos Religiosos e Sacerdotes participantes do I Congresso Nacional Italiano sobre o tema "Missões ao Povo para os Anos 80", in "L'Osservatore Romano", 7-2-81).

posições mutáveis do coração foram substituindo os princípios racionais iluminados pela fé. Hoje em dia deu-se mais um passo: é o mero instinto carnal que, não raro, dita normas em matéria de uni ão dos sexos. Ainda no início do século XX, existi a uma como que "barreira de horror" entre as famílias bem constituídas e os "casais" divorciados. Atualmente, tal "barreira" quase ... não mai s ex iste. Daí a mudança de comportamento que "Veja" constata. Precursor do divórcio entre os esposos, um divórcio em relação à doutrina e às normas estabelecidas pela Santa Igreja Católica em obed iência aos Mandamentos divinos, debilitou os bons e tradicionais costumes, levando os homens a uma posição relativista em face da religião e da moral. Tal posição não apenas nega a doutrina católica - ao menos pela via dos fatos - mas

Na época de nossos bisavós, as famílias, constituídas pelo casamento indissolúvel e monogâmico, como, por exemplo, a da foto acima (1890), pautavam geralmente sua conduta por princípios firmes e objetivos

faz tábula rasa da própria existência de uma verdade objetiva. "Não há verdade, nem erro; nem. bem, nem mal ", é o que está na base das posições relativistas. Daí, passase a desprezar a lógica e a razão, deixandose o homem guiar pelas próprias emoções e pelas paixões desordenadas, não mais orientadas pela inteligência .

Relativismo: um "mal do século" Tal constatação hi stórica leva- nos à seguinte reflexão: aqueles princípios que, na época de nossos bisavós, constituíam verdades firmes e objetivas, con hecidas por todos (casa mento indi sso lúve l e monogâm ico, por exemplo), na época de nossos avós foram sendo silenciados e se adelgaçara m. Na época de nossos pais ... tran sformaram-se, em grande parte dos casos, em simples hábitos mentai s, herdados dos antepassados. Hábitos estes sufi cientes ainda para se "equilibrarem" enquanto costume soc ial, mas não sabendo já encontrar sua justificativa diante dos outros nem de si mesmos, prontos para capitular frente à primeira investida da Revolução mora l; do divórcio que batia às portas, por exemplo. · Conseqüência: sem uma formação moral adequ ada, os filhos tornam -se permissivistas, vivem como folhas soltas, sem nenhum vínculo que os segure à "árvore " fa mili ar. Pois os pais, não vivendo mais de acordo com o que ensina a Igreja, Mãe e Mestra da Verdade, não dispõem de argumentos para reter a prole junto a si. Ao menor sopro - ao menor desentendimento - , por um simples capricho,

Recordemos aqui o que o Concílio de Trento (1545-1563) - durante o qual foi definido o caráter sacramental e indissolúvel do vínculo matrimonial entre cristãos, doutrina portanto sagrada e intocável que nenhum católico pode negar sem incorrer em excomunhão - afirma a respeito do casamento cristão: "Se alguém disser que o vínculo do matrimônio pode ser dissolvido pelo cônjuge por motivo de heresia, de molesta coabitação ou de abandono do lar - seja excomungado" (Concílio de Trento, DenzingerSchoenmetzer, "Enchiridion Symbolorun", 1805). "Se alguém disser que a Igreja erra quando ensinou e ensina segundo a doutrina evangélica e apostóli-

segue-se o apelo do divórcio. Ou, o que vai fi cando comum , nem sequer se casam ! Sobre esse "mal do século " alertou João Paulo II, ao condenar o "relativismo intelectual e moral " que leva a pôr em dúvida a Verdade revelada e desde sempre ensinada. Ver quadro na p. ao lado. Tendo ocorrido esse como que divórcio em relação à verdade ensinada pelo Magistério infalível da [greja, somente o retorno a Esta poderá salvar as famílias do nat!frágiu, uma vez que a Esposa de Cri sto é nossa única tábua de salvação. Para se efetuar esse retorno - e assim sa lvar a instituição da família da gravíssima crise que sobre ela se abateu, contaminando-a com os erros do século - é necessário: a) insistir sempre nas imutáveis normas da Santa Igreja a respeito do sagrado vínculo conjugal; b) não esq uecer jamai s as principais fina lidades do matrimônio: a perpetuação da espécie humana e a ed ucação dos filhos; e também o mútuo auxílio nas adversid ades da vida; c) recordar as leis estabelecidas por Deus para o matrimônio: o casamento é monogâmico (celebrado entre um só homem e uma só mulher) e indissolúvel até a morte de um dos cônjuges. (Ver quadro ac ima.)

ca (Me 10, 1 Cor. 7), que o vínculo do matrimônio não pode ser dissolvido por causa de adultério de um dos cônjuges e que, nenhum dos dois, nem mesmo o inocente que não deu motivo ao adultério, pode contrair outro matrimônio em vida do outro cônjuge, e que comete adultério tanto aquele que, repudiada a adúltera casa com outra, como aquele que abandonado o marido, casa com outro - seja excomungado" (Concílio de Trento ibid. , 1807). "O vínculo do Sacramento do matrimônio é indissolúvel, e embora por adultério, heresia ou outras causas possam os cônjuges proceder à separação de corpos, não lhes é licito contrair outro matrimônio" (Bento XIV, ibid, 2596).

Para Deus nada é impossível Algum leitor cético sorrirá diante do que acabamos de dizer. Estamos no ano 2000, objetará ele! Como pensar seq uer na possibilidade de um a tal co nversão moral? Isso é utopia. Ca lma, sen hor obj etante. Concordamos em que, olhando para as pessoas de hoj e, imersas no relativismo moral que acima descrevemos, tal conversão se afigure imposs ível a um ateu prático. Mas olhando para Deus ... fonte de todo poder e de toda bondade, que vela pelos superiores interesses de sua glória, as maiores conversões - e as mais inesperadas - tornam-se possíveis. Ai nda quando, para operá-las, Ele tenha de recorrer a castigos inenarráveis e a man ifestações surpreendentes de Sua misericórdi a. Exemplos históricos não faltam nesse sentido, a começar pela conversão dos bárbaros na Idade Média e a Reconquista espanhola. Sem falar nos prodígios ocorridos no Antigo Testamento. É, ali ás, o que nos foi anunciado, no início do sécul o XX, em Fátima, por Nossa Senhora, excelsa Medianeira entre Deus e os homens. ♦

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Vida Ad111irable de la Rda. Madre Maria11a de Jes1ís Torres, estJa11hola e 1111a de lasf1111dadoras dei Monasterio real de La Li111tJia Co11cetJci6n ei, la C11idad de Q11i10, escri ta aproximadamente em 1790 por Frei Manuel So uza Pereira, O.F.M.

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NACIONAL

Conluio perigoso:

MST e o chamado

Direito Alternativo Na invasão promovida pelo MST em fazenda de Matão (SPJ, decisão de juíza, inspirada no chamado Direito Alternativo, introduz precedente ameaçador que poderá enfraquecer ainda mais o debilitado princípio da propriedade privada PLINIO

V.

XAVIER DA SILVEIRA

Em 18 de dezembro último, a Fazenda Bocaina, sede da anti ga Usi na Ximbó, em Matão (SP), fo i invadida pelos chamados "sem terra" do MST, com cobertura do prefeito petista, Adalto Scardorelli. Dez dias depois, o Bispo de São Carlos, D. Joviano de Lima Jr., rezou Missa no acampamento estabelecido pelos invasores na referida fazenda e, trocando o solidéu por um boné do MST, cortou com alicate uma cerca de arame, declarando que "Deus não quer o lat~fúndio; quer ver a terra compartilhada " ... Compareceu ao ato a Prefeita de Jaboticabal, Maria Carlota Rocha, também petista, além de certo número de visitantes de Matão. Até aq ui , nada de se estranhar,já que c lero esq uerdista e políticos do PT unidos, apoiando invasões do MST, são ato res costumeiros em cenas de Reforma Agrária. 28

C AT O LIC ISMO

As diversas fases da Reforma Agrária socialista e confiscatória Cabe le mbrar que a Reforma Agrária sociali sta e confiscatória, que vem há décadas flagelando o País, passou por vá ri as fases. Num a etapa inicial, seu bode expiatório foi o lat~fúndio improdutivo, pretenso responsável pelos bolsões de miséria reinantes no País. Esse chavão, entretanto, acabou por se desgastar, tendo o próprio Presidente Fernando Henrique reco nhecido, em dezembro último, que tal latifúnd io não existe mais e é um "tigre de papel". Viu-se então a súcia agro-reformista obrigada a ir aposentando o antigo bode expiatório, e a começar a ag itar novos espantalhos-pretexto para as desapropriações. A saber: as áreas plantadas com sementes transgénicas, no Rio Grande do Sul, confo rme conclusão do 17º E nco ntro Estadual do MST, realizado em São Leopoldo (RS) em dezembro último; fazendas cujos proprietários tenham débitos fiscais, conforme declaração do coordenador nac ional do MST, Gi lmar Mauro; e as terras produtivas que não cumpram a.função social, conforme o mesmo coordenador. Este último, recentemente arrogou ao movimento o pseudo-direito de ocupar as propriedades que - segundo seu arbítri o - se incluam nesse aliás muito e lástico conce ito de função social.

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Numa entrevista ao jornal "A Tribuna", de Araraquara (SP), o mesmo Gilmar Mauro fez a espa ntosa declaração de que MST policiará e punirá as empresas rurai s que, sempre seg undo se u critério, tenham transgredido leis trabalhistas e a legis lação ambienta l. E acrescentou que também se rão visadas pe la atuação "punitiva" dos "sem-terra" as fazendas de monocultura. Razão? E las co nstituem "uma estrutura ex-

tremamente cara para a sociedade". Não seria o MST que custa caro demais para a sociedade?! Mas enfim, assim estaremos muito bem: o MST passará, simpl esmente, a acumu lar as funções de juiz do trabalho e da vara ambiental , de polícia e de mini stro encarregado da política econômica do País! Em cena o Direito Alternativo As várias fases da esca lada agroreformista poderiam ser comparadas aos atos de um a peça teatral que se vai desenvolvendo. O e nredo é mais ou menos conhecido e previ.c;ível. Às tantas, porém, aparece em cena um novo figurante, de certo modo inesperado: o chamado Direito Alternativo, representado pela Juíza Sílvia Este la Gigena de Siqueira, da 1ª Vara Cível de Matão, que não atendeu ao pedido de liminar de reintegração de posse dos proprietários da área ocupada. Inesperado sim , já que temos visto a Justiça, habitualmente, cumprir o seu dever em casos s imilares, assegurando o exercíc io do direito de propriedade garantido para todos os brasileiros pela Constitui ção Federal. No caso e m pauta, porém, preferiu a Magistrada violar flagrantemente o que preceitua o art. 926 do Código de Processo Civil, que estabelece que "o possuidor tem direito a ser mantido na posse em caso de turbação, e reintegrado no de esbulho". Assim, negou-se a restabelecer a ordem jurídica violada pelos "semterra" em flagrante ato de esbulho possessório, julgando- melhor desconhecer o direito líquido e certo dos esbulh ados, assegurado pela Constituição e pela legislação ord inária. D. Joviano de Lima Jr., Bispo de

São Carlos (SP), com o boné do MST, no a to de cortar com alicate a cerca de arame, na Fazenda Bocaina (Município de Matão - SP)

eATo

A Juíza justificou sua decisão invocando o princípio constitucional da função social da terra, o qual, aliás, o Congresso ai nd a não conseg uiu seq uer regulamentar, de tão vago e e lástico. E, em divagação bem pouco jurídica, observou apenas que a Reforma Agrária é "almejada desde sempre pelos homens do campo, que também são cidadãos desse País"! ("O Estado de S. Paulo", 24-12-99). Essa é mais uma decisão que se alinha entre as de a lgun s juízes, feli zmente bastante minoritários, seguidores do assim chamado Direito Alternativo. Pretendem eles que, em suas decisões, não se devem basear no que preceitua a le i, mas si m em princípios gerais de justiça que interpretam a seu bel-prazer. Alguns até abraçam os "dogmas" marxistas da luta de classes e do caráter "ma ldito" do Direito, este ass im expresso pelo próprio Karl Marx: "O direito é a vontade, feita Lei, da classe dominante". Felizmente, o Tribunal de Justiça de São Paulo não navegou nas turvas águas alternativas e acol heu o recurso impetrado pelos proprietários. Concedeu-lhes a liminar so1ici tada. E assim não restou à Magistrada o utra alternativa senão estipular, em 30 de dezembro último, o prazo de 20 dias para que os "sem-terra" abandonem a área esbulhada. Estamos certos de que o Tribuna] de Ju stiça, em seu julgamento final, confirmará a liminar concedida, assegurando definitivamente aos legítimos proprietários a posse da terra, apesar das razões apresentadas pelo MST em co ntestação- se é que delas se possa dizer que razões sejam ... De tal modo que os esbulhadores não venham a poder tentar qualquer saída alternativa, vendo-se obrigados a conformar-se com a úni ca cabível: "meter a viola no saco"... ♦ LIC ISMO

Fevereiro de 2000

29


ELEIÇOES CHILENAS INSHOON .,,..

"Acción Familia" ai Pais:

Acción familia

jNo es lícito alos católicos votar por lagos!

11

Acción Familia por un Chile auténtico, cristiano y fuerte'' ,,.,.,.Mooott.1~.-c...wc-i1: •

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1t.t---" ...

em face da eleição presidencial chilena

H A toda a equipe de Catolicismo e das TFPs envi amos os melhores votos de Boas Festas e desejamos que a partir do ano do Jubil eu 2000 as bênçãos de Deus caiam efu sivamente sobre as vossas boas almas de fo rma a que os fru tos comecem a produzir os efeitos tão esperados para a Humani dade e glóri a de Deus. Com toda ami zade. (M.L.C. e D.M.C -

Portugal)

Teria sido, pois, o caso de os Bispos adverla •ro C.d.1...-0. •...,....,• tirem os fiéis chilenos, para evitar à Igreja C:~,~ r;t- ~- ~-~ dt :Zc1.\i:~-~ ~:: ;~~,,lc e à Civili zação Cri stã a tragédi a de serem ~ o!t.~;r'b!r~:~~~~:::=~loQi:'~~~z~-:: ombo.lvtwioc~~p()'Ololg'Hioyninp10kMtM1,111Qp.,tri((l llo~o lo ~ol to161íco tais leis. Entretanto, eles, em aprovadas No illdt!Ml-. lo opcnic'l_6n dtl Ricordo l.1 iJI Mogi11Wt0 PIWIW:io lo1 pu!IIOI wdodi», Wtle«i6n po1olaf'l~1011~1100-10po,o011le, parlo c...olmemo1ip,111<'0fUllcia.nonllci6o'fOlorpottl geral, mantiveram-se em silêncio. ==( ~ ~~=:.:..':"!i:~..;.t.~==~t t::,.::,~:J pll'Olar.io, hagon oif 11.1Vór.111ÔHNioc!. lo1 p ,ncipiot ~ . "O Chile se encontra uma vez mais em =:0·~~~=~~1111: :-~i:~ -G i~.~ ~~:-"~":'~ · uma encruzilhada: deverá decidir se con,......~,...W-.. ~~Vi:.~t11i1 Hoi&à. :;;:~Soo":oºvv, tinuará baseando-se nos princípios j imda=-~~~C,vi Ptdido$ dtl tt:1110 comple10 d1 Hlt mtnifiu to V~, lnforma<lnes ~mp,l'la 1: mentais da Civilizaçcio Cristci ou se afàsc.~m,1 198 . Corrto JS • Sain1ia o • Ttllfu.: 106 96)9 • E-mafl: tc<lon l1mlU101nt1l<hlM.net tar-se-áfortemente da Lei de Deus e de seu árias nações ibero-americanas têm rea- passado católico". Assim começava o mazado eleições presidenciais, nas quais nifesto (distribuído nas ruas de Santi ago e 1posto em jogo, sem que o eleitorado publicado, de forma resumida, no diário "El o percebesse claramente, o futuro delas. Mercurio", em 12 de janeiro último (fac lsto porque os candidatos esquerdi stas simile acima, à esquerda) de Santiago, bem ocultam sua ideologia, e quase não se lecomo em quatro outros periód icos chilevantam vozes que alertem os eleitores con- nos ligados a este), de autori a de "Acción tra a confusão daí decorrente. Há dois meFamilia por wz Chile auténtico, cristiano ses, fo i a vez da Argentina, logo depois a y fu erte", assoc iação recentemente constido Uruguai e há pouco a do Chile. tuída, inspirada na vida e obra do ilustre Nesse último país, a coa li zão da Depensador católico brasileiro Plínio Corrêa mocracia Cri stã e da esquerda sociali sta de Oli veira, fu ndador da TFP. apresentou como candidato Ricardo LaDirigindo-se à Nação chilena, porque, gos, mini stro no govern o de Salvador salvo raras exceções, aqueles que deviam All ende, e du rante mui tos anos fe rrenho orientá- la segundo a doutrina tradicional da adepto do marxismo. Hoje, porém, ele se Igreja, guardaram silêncio ou pronunciaproc lama "renovado", ou seja, tolerante ram-se de modo indefi nido, "Acción Faem relação a economi a de mercado. Essa milia" descreveu o "new look" da esquerfo i a úni ca saída que restou a Lagos para da, do qual Ricardo Lagos é um exemplo. não afuge11tar os eleitores. A nova tática da esquerda consiste em Em matéri a de fa míli a, contudo, em não atacar diretamente a livre empresa e a várias ocasiões Lagos defendeu o aborto, o economia de mercado, mas desgastá-las com divórcio e outras aberrações contrárias à propostas socialistas. Enquanto isso, promodoutrina católica e mani festou o propósito ve uma Revoluçcio Cultural que inclui o aborde implant~í- los no Chile. Mas, em vista da to, o divórcio e outras aberrações para cherejeição que tais propostas encontraram, gar, por meio da corrupção da sociedade e deixou nos úl timos meses de insistir nelas, da demolição da família, ao regime igualitáo que lhe permitiu iludir mui tos votantes. rio e anárquico que os marxistas anseiam. . IV~

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CAT OLICISMO

Fevereiro de 2000

Os católi cos - dizia o Mani festo devem evitar que seja eleito Pres idente um candidato contrário aos princípios da Santa [greja, pois ele provavelmente aprovará leis opostas à ordem natura l que Deusestabeleceu na Cri ação. As quais, uma vez aprovadas, abrirão ademais novos caminhos para a esquerda. Descendo ao caso concreto, o Manifesto apresentou afirmações públicas de Ricardo Lagos que favorecem a desagregação da fa míli a, pondoas em contraste com a verdadeira doutri na da Santa [greja, para que o leitor pudesse constatar o peri go que signifi ca a vitória do mesmo. "Acción Familia" analisa depois a atitude da Conferência Episcopal do Chile, que evitou em sua Dec laração sobre a eleição as palavras divórcio e aborto, a fim de que nenhum candidato fosse favorecido nem prejudicado pelo documento, enquanto alguns Bispos mostravam-se a favor do candidato esquerdista. O documento conclui , pois, alertando: "Portanto, como católicos preocupados pelos destinos de nossa Pátria, cremos que, em consciência, não é lícito votar no Sr. Ricardo Lagos". Ao encerrar a presente edi ção de Catolicismo , já é certa a vitóri a do candidato sociali sta. Se ele no futuro co mbater a famíli a, caberá aos Bispos chilenos grande responsabilidade pelo fato, em virtude de se terem omitido nesta emergência. Em qualquer caso, porém, aos católicos re tará o dever e grandes possibilidade de defender essa instituição, celulamater da sociedade. ♦

R Através de sua pessoa, peço levar meu abraço ao pessoal da revi sta Catolicismo, diga que podem contar comi go, que aqui se encontra à inteira dispos ição um soldado do Senhor para ajudar, na medida de minhas poss ibilid ades, na rea li zação dos pl anos para o ano 2000 na entrada do terceiro mil êni o. Feli z e bom Nata l para você e todos os ami gos tefepi stas. (J.G.M.M. -

Fundo e forma

L

··--------,__.,.,.,.Aorcit..,...,,..., ........-1a .... 1 •~ 4el ~ p!t,rdt

~,.,,] Desejo aproveitar esta oportunidade para ex pressar minhas co ngratulações pela exce le nte apresentação da rev ista; não somente pela relevante qu alidade de seus arti gos, co mo também pela beleza e cuidadosa impressão. A publi cação, tanto por sua índ o le (fund o) co mo por sua co nfi guração (form a) é altamente elog iável, ao mes mo te mpo qu e contribui para robu stecer e tonifi car a confi ança e es timular o co nhec imento doutrin ári o católi co. Rece ba m um a es pec ial e afetuosa saudação pelo Santo Natal. Que todas as graças do Meni no Jes us e de Sua Santíssima Mãe derramem abundantemente sobre os senhores. (C.P.C.M. -

Estilo Plínio Corrêa de Oliveira

Soldado do Senhor: ajuda a Catolicismo

Frutos esperados

Manifesto de

Argentina)

Rio de Janeiro)

Votos a colaboradores e leitores

N Nestas festas natalinas cumprimento es pec ialme nte o Senh or Diretor de Catolicismo e estendo meus votos aos que colaboram com esta magnífica publicação e também àqu eles qu e a lêe m com o agrado igual ou maior que o meu. (A.A.D. -

Pernambuco)

Brasil mais cristão

R Chegamos a mais um final de ano! Boas Festas ! Feliz Ano Novo! e Novo Milênio! Formulo o desejo de que o Brasil seja mais cri stão como tem indicado os arti gos dessa revi sta. Em 2000 continuem batendo nesta tecla! Chegaremos lá. Claro que com a ajuda indispensável da Vi rgem Maria e ... apesar de nossos governantes ! (G.M.F.J. -

Fortaleza)

A mesma luta de Dr. Plínio Defesa da família e da Fé l'>--<J Meus votos de um bom Natal, pedindo que Dr. Plini o, no alto dos céus, in spirem os Srs. a tocarem a luta anticomunista e antiprogressista, que outra lu ta não é senão a dele próprio, o bo m combate que ele travou por Deus e Maria Santí sima, pela Igreja Católi ca, Apostólica, Romana. (J .M.V. -

Bahia)

[>..<] Esse singelo cartão para mani festar nossa alegri a e agradecimento por desfrutarmos dessa leitura tão importante para a defesa da famíli a, sobretudo da fé. Menciono família e fé porque são os principais alvos da imoralidade descarada que a televi são difunde.

(P.N.C. -

Minas Gerais)

C ATO LI

eIS

l>-<l Parabenizo os responsáveis de Catolicismo por co ntinuarem o

es til o ci o saud oso Prof. Plínio. "Mato minhas saudades" doestil o dele lendo essa revi sta .... No ensejo, ex presso meus cumpri mentos para que tenham um Feli z Natal e mui tos progressos no novo ano. (J.A.R.S. -

São Paulo)

Prosperidade abençoada ~ l Que todos os bons sentimentos estejam com vocês nesta passagem de ano e no novo milêni o que chega e meus melhores votos de muitas fe licidades e de prosperidade abençoada por Deus a Virgem Mari a.

(G.V.I. -

Santa Catarina)

Nota da Redação: Lamentando não haver sufi ciente espaço para publi ca r aqui a totalid ade cios amáve is votos de Natal e An o Novo gentilmente envi ados a Catolicismo , agradecemos aos caros leitores e retribuímos sinceramente suas reconfortantes palavras, pedindo à Santíss ima Virgem e a São José que obtenham do Divino Menino as mais preciosas graças para eles e suas respectivas famíli as, no decurso do ano 2000 do nascimento de Nosso Senhor Jesus Cristo. E, desse modo, possam enf re ntar co m ânim o fo rte as eventuais difi culdades e apreensões do novo ano que desponta no conturbado mundo atual. Desse modo, por maiores que sejam as provações, conservemos inabalável confiança na intercessão da Excelsa Medi aneira entre os homens e seu Di vino Filho- úni ca solução para todos os probl emas que afli gem, em nossos di as, indivíd uos, fa míli as e nações.

MO

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31


Santos e festas de JVlEJRJE[JR(O) 1

4

Santa Veridiana, penitente.

Santa Joana de Valois

+ Toscana, 1242. "Depoi s de ter miraculosamente multiplicado os víveres numa época ele penú ria , qui s escapar do entus iasmo popular vivendo rec lu sa" durante 34 anos (Martirológio Romano-Mon ás tico) . Sua santidade atraiu- lhe a visita ele São Francisco de Ass is.

2 Apresentação do Menino Jesus no Templo e Purificação de Nossa Senhora. A festa da Purificação é também chamada elas Candeias, comemorando o dia em que Maria Santíss ima, em obediência à Antiga Lei, apresentou Seu Divino Filho no Templo, 40 dias após seu nascimento. Foi saudada pelo velho Simeão, o qual predi sse as Sete Dores que haveria de sofrer.

3 São Brás, Bispo e Mártir. + Sebas te, 3 16. Bispo em Sebaste, na Armênia, grande taumaturgo, por ter li vrado um menino de um espinho que lhe atravessara agarganta, tornou-se padroeiro contra as doenças nesse órgão.

t

Beato Stefano Bellesini, Confessor + Genazzano (Itália), 1840. De-

votíssimo de Nossa Senhora, foi pároco do célebre santuário no qual se encontram o milagroso quadro da Mãe do Bom Conselho, bem como o corpo incorrupto deste Bem-aventurado.

32

C ATO LIC ISMO

(Vicie seção Vidas de Santos p. ??)

t São João de Brito, Mártir. + Madurai (Índi a), 1693. Natural ele Li sboa, muito menino ainda perdeu o pai , Salvador Pereira ele Brito, que foi enviado por D. João IV para governar o Brasil, onde faleceu. João de Brito como missionário na Índia, converteu, entre muitos, um Príncipe indiano, que renunci'ou à poligamia. Uma elas ex-esposas do potentado mandou matar o Santo. Primeira Sexta-feira do mês

5 Santa Águeda ou Ágata, Vírgem e Mártir.

+ Sicília, 251. De nobre famíli a, entusiasmou-se desde pequena pelo idea l ela pureza, dando a própria vicia para defendê-la. Primeiro S,1bado do mês

6 S. Paulo Miki e Companheiros, Mártires. + Nagasaki , 1597 . Vinte e seis re-

ligiosos e leigos crucificados em Nagasaki, no Japão, por sua fidelidade à fé ele Cristo.

t Santa Dorotéia,

Santa Apolônia

São Brás

e justiça, tinha especial dom para aplaca r discórdias e harmoni za r interesses opostos. Abdicou ela coroa, di stribuindo seus bens em esmola, para fazer uma peregrinação a Jerusalém e a Roma. Morreu a caminho, em Lucca.

eles contra os cristãos e por sua idolatria. Torturada com ferros em brasa, foi finalmente queimada viva por amor ele Cristo.

8

+ Constantinopla, entre 895e90 1.

São Jerônimo Emiliano, Confessor. + Veneza, 1537. Fundador ela Congregação ele Somasca, dedicada a atender órfãos e crianças abandonadas, e converter mulheres perdidas, famoso por milagres que operou em vida, morreu ele peste que contraiu cu idando ele empestados.

9 Santa Apolônia, Virgem e Mártir. + Alexandria, 249. Sob o Imperador Déc io, por ódio à fé, quebraram-lhe todos os dentes. Lançou-se espontaneamen te na fo gueira que prepararam para seu suplício, abrasada que estava pelo amor a Cristo.

10 Santa Escolástica, Virgem. + Úmbria, 543. Irmã gêmea ele

São Bento, asse melhou-se também a ele na santidade. São Bento viu sua alma subir ao céu em forma ele pomba.

Virgem e Mártir + Cesaréia (Turquia), 320. Presa

11

durante a perseguição ele Diocleciano. (284-305), preferiu morrer a renegar sua fé.

Nossa Senhora de Lourdes (1858).

7

Santa Eulália de Barcelona, Virgem e Mártir.

São Ricardo Rei, confessor. + Lucca, 722. Soberano ela Ingla-

terra, perfeito modelo ele virtude ' Fevereiro de 2000

12 + 304. Aos 14 anos de idade, fu -

giu de casa para ir increpar os oficiais imperiais por suas cruelcla-

t

Santo Antonio Cauleas, Patriarca Patriarca de Constantinopla, fez os maiores esforços para restabelecer, na Igrej a cio Oriente, a paz abalada pelo Cisma ele Fócio.

13 São Martiniano Ermitão, Confessor.

+ Atenas, 398. Natural ela Palestina, fez-se erm itão na Grécia, convertendo a cortesã Zoé, que fora tentar pervertê-lo.

14 São Cirilo e São Metódio, Bispos e Confessores. + Morávia, 869 e 885. Estes doi s

irmãos gregos foram env iados a evangelizar os eslavos, cios quais se tornaram Apóstolos.

t

São Marão, Solitário

+ Síria, cerca ele 423. Monge que viveu perto da cidade ele Cir, na Síria. Favorecido com o dom dos milagres, atraiu grande número ele di scípulos. Tivera, como primeiro mestre e como modelo na vicia ascética, São Zebino. O culto ele São Marão foi recon hecido pelo Papa Bento XIV em 1753.

15 São Cláudio de la Colombiere, Confessor. + Paray-le-Monial , 1682. - Con-

fessor e Diretor espiritual de Santa Marga rida Maria Alacoque e Apóstolo cio Sagrado Coração de Jesus.

Santa Juliana de Nicomédia

16

São Cirilo e São Metódio

20

Santa Juliana de Nicomédia, Virgem e Mártir.

Santo Eleutério, Bispo e Confessor.

+ 305. "A seu noivo, que presidia o tribunal em nome e sob a pressão ela autoridade imperial , ela res pondeu: 'Se você teme um Imperador mortal , quanto mai s elevo eu temer o meu Imperador, que é imortal! "' (cio Martirológio Romano- Monástico).

+ Tournai (Bélgica), 456. Educa-

do por São Meclardo, foi sagrado Bispo ele Reims por São Remígio. Devido a seu zelo pela pureza ela fé, foi atacado por hereges, morrend o em virtude dos ferimentos . É venerado como confessor ela fé.

21

17 Sete Santos Fundadores dos Servitas, Confessores. + Florença, séc. X111. Estes comerciantes fl orentinos ludo deixaram para seguir a Cri sto, fundand o para isso a Ordem cios Servos ele Maria. Foram tão unidos em vida, que são comemorados juntos depois de sua morte.

18 Santa Bernardette Soubirous, Virgem. + Nevers, 1879 . Sua inocência

atraiu-lhe a predileção ela Mãe ele Deus, que lhe aparece u IO vezes na gruta ele Massabiele. Durante as aparições teve origem a nascente mi la grosa que tantas pessoas atrairia a Lourcles e tão grandes milagres operaria.

19 São Conrado de Placência, Confessor. + 1351. Casado, vivia uma vicia

comum . Muito adieto à caça, provocou involuntariamente um in cêndio. Para livrar um outro ela acusação, confessou seu cri me, vendendo ludo o que linha para sanar os danos. Li vre cios bens terrenos, sua es posa entrou num convento e ele foi para um deserto onde santificou-se durante 40 anos ele oração e penitência.

São Pedro Damião, Doutor da Igreja. + Ravena, 1072 . Entrou na Ordem dos Camalclulenses. Nomeado a con tragosto Ca rd eal -Bi spo el e Óstia, teve ele aceitar sob pena ele excomunhão. Deixou mais ele 158 cartas, 60 opúscu los, vá rias vicias de santos e admiráveis sermões. Sofria muito de insônia e ele terríveis dores de cabeça, sendo por isso invocado contra esses mal es.

São Jerônimo Emiliano

São Ricardo Rei

nação a Roma já na velhice, faleceram a caminho, em Lucca, com o intervalo de uma semana.

Papa São Pio X como modelo da juventude.

28

26 .

São Torquato, Bispo e Confessor.

Santo Alexandre, Bispo e Confessor.

+ Cácli z (Espanha), séc. 1 ou 11. Tido como o primeiro cios "Varões Apostólicos", Bispos enviados de Roma à Península Ibérica no I século. Foi Bispo de Cádi z, que edifi cou com sua ciência e virtude.

+ Alexandria, 420. Depois de ter lentado em vão reconduzir à ortodox ia o ímpio Ario, seu subordinado, convocou um sínodo que condenou a heres ia ariana . Apoiado por seu diácono, o futuro Santo Atanásio, fez triunfar a verdadeira doutrina no Concí li o de Nicéia, em 325.

29 São Gregório de Narek, Confessor. + Armênia, 1OI O. Monge armên io, quando dois teólogos, para provar sua ortodox ia, ofereceram-lhe um par ele pombinhos assados numa sex ta-feira, ele, batendo palmas, ordenou às avezinhas que voassem, pois naquele di a ele não comia carne. Os pombos ressuscitarnm e saíram voando!

27 São Gabriel da Virgem Dolorosa, Confessor. + Ancona, 1862. Aos 20 anos en-

trou no Convento cios Passioni stas de Morreva llc de Ancona. Faleceu aos 24 anos, sendo des ignado pelo

22 Cátedra de São Pedro.

23 São Policarpo, Bispo e Mártir. + Es mirna (atual Turquia), 155.

9

Di scípul o de São João Eva nge li sta , fo i Bispo de Es mirn a. Martiri zado aos 86 anos.

24 São Sérgio, Mártir. + Cesaréia, 304. Magistrado que se tinha feito mon ge, parali sou com sua oração os sortilég ios cios sacerdotes pagãos. Por isso sofreu o martírio, sendo decapitado.

9999 Fevereiro 2000

DOM

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TER

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1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 27 28 26

25 Santo Avertano e Beato Romeu, Confessores. + Lucca, 1386. Frades carmelitas franceses, que a piedade tinha levado a empreender uma peregri -

CAT O LI

e

ISMO

Fevereiro de 2000

33


ENTREVISTA

IJJJ jJ,jJ0 J~J r

]~ jJ

JJJ

Diretor do Bureau TFP do Reino Unido denuncia investida socialista contra a Câmara dos Lordes

Sr. Moran -

seu poder ele atrasa r a aprovação ele algum a leg i slação. A essas refo rm as convé m acrescentar a Salisbu ry Convention, estabelec id a pelo Marqu ês ele Salisbury (Prim eiro-mini stro no final do séc ul o XIX e iníc i o do XX) , pela qual os Lordes com prometi am-se a não veta r nenhum • • projeto de lei que integrasse a plataforma de • eleição cio Governo. •

•• •

••

Catolicismo - Participando a Coroa do Parla- • : • • ••

eses atrás, a imprensa de todo o mundo noticiou uma vota-

ção realizada na Câmara dos Lordes, no Reino Unido, que praticamente extinguiu seus membros hereditários .

: Catolicismo - Quantos membros a compõem, •

Fo tos: Frnnclsco J . Dozsa

M

Catolicismo julgou interessante, a esse propósito, entrevistar o

Diretor do Bureau (Escritório) da TFP daq uele país, Sr. Philip Moran Jr., que viera a nossa Pátria para manter contato com a TFP brasileira. Tendo conhecimento de um substancioso estudo que aquele Bureau lançara no Reino Unido a respeito dessa temática, bem como de intensa atividade do mesmo ao ensejo da aludida votação, nossa reportagem dirigiu ao operoso diretor do mencionado organismo uma série de perguntas, de molde a esclarecer o assunto para os leitores de Catolicismo.

0 Sr. Philip Moran Jr. respondeu com segurança e clareza às questões que lhe foram propostas, na Sede do Cons elho Nacional da TFP, à Rua Maranhão, 341, na capital paulista.

Catolicismo - Antes de entrarmos propria- • • mente no tema da entrevista, o Sr. poderia nos • dizer algo sobre a origem da Câmara dos • Lordes e os primórdios dessa secular insti- •• • tuição da história inglesa?

Sr. Philip Moran:

"Já há muito tempo a Sr. Philit> ·M oran Jr. - Utna fo nna primitiva da : Câmara dos Câmara dos Lordes começou no século X[ : The • Comuns é Witans, que constituía u111 Conse lh o dos reis : suprema no saxônicos. No século XIV, antes ele Henrique VIII • e da impl antação da heres ia ang li cana, a Câma- : plano legislativo, ra dos Lordes tomou sua forma definitiva, compreendendo du as câmaras distintas: os membros proveni entes ela [greja, que são chamados Lordes Espirituais; e os magnatas esco lhidos pelo Monarca, denominados Lo,des Temporais. A Câmara dos Comuns é co mposta por membros que representam as vári as regiões e ciclacles cio Reino Unido.

• : • •

• •• •• •

Catolicismo - Como funcionava a Câmara dos • Lordes em sua origem? : Sr. Moran - Ela aconselh ava o Soberano na •

34

administração do Reino. Era composta pelos líderes religiosos , pelos nobres mais importantes e poderosos, bem como pelos ministros do Rei. No século XIII, também co meçaram a integrá- la representantes das reg iões, cidades e bairros.

CATOLICISMO

.

Fevereiro de 2000

• qual sua estrutura e hierarquia interna?

• : • : • • • • :

Sr. Moran _ Hoje ela é composta por 26 arcebispos e bispos anglicanos (cujo caráter sacra· c ato' i ·ca menta1a 1greJa I nega, , da 1' deco rrendo n,~ao serem eles verdadeiros Bispos), cerca de 750 pares hereditários e aproximadamente 500 pares vitalícios. A nobreza inglesa admite cinco graus: D uque, M arque. 's , Co nde, v ·sco 1 nde e Ba, r,a~o . Des de do sécul o XV, os Lordes Temporais começa-

• rama ser chamados " Pares" ou iguais. Eles es: tão divididos em quatro gru pos maiores : Conser• vadores, Traba lhi stas (socia li stas), L ibera is-de-

: 111ocratas e Crossbenchers. Os três prin1eiros re• presentam os três partidos políticos mais impor: tantes e o qu arto é constituído por Lordes que • não pertencem a qualquer partido político. :

• Catolicismo - Então, o que vem a ser o Parla: mento?

• Sr. Moran - O Parlamento in glês é composto : por três unidades: a Coroa, a Câmara dos Lordes • e a Câmara dos Comuns. Qualquer lei precisa : ser aprovada pelas duas Câmaras e depoi s rece-

:

ber o placet do Monarca.

• enquanto a • Catolicismo - No decorrer da História, que reCâmara dos : formas alteraram sua composição e estrutura? • Sr. Moran - Já há muito tempo a Câm.ara dos Lordes está : Comuns é suprema no plano leg islati vo, enqu anreduzida apenas • to a Câmara dos Lordes está redu zida apenas a : um a Casa de revisão leg islativa. Essa alteração a uma Casa • ocorreu mai s signi ficativamente neste século, de revisão : mediante os Parliament Acls (Atos cio Parlamenlegislativa" • to) ele 19 11 e 1949. Estes permitem que algun s : projetos ele lei se tornem lei sem o consentimen• to dos Lordes, co mo também limitam a um ano

mento Inglês, com que periodicidade a Rai- : nha Elizabeth li comparece a este? •

Sr. Moran -

[a Câmara dos Lordes] • : será extinta • -pelo menos : • a curto prazo -, : mas transforma• da numa • • instituição que : não terá nada de • comum com a : antiga Câmara • : dos Lordes. • Tornar-se-á uma

Ela abre a sessão anu al do Parla- :

mento, cuj os trabalhos ini ciam-se em outubro. Nessa ocas ião, ela profere o famoso "The Queen's Speech" (o di sc urso da Rai nha), que anuncia o programa do Govern o para aq uele ano. Ademais, el a el eve dar o Roya l Assent (placel definitivo) a todo o projeto ele lei, pois, caso contrário, a proposta legislativa não se tornará lei.

Catolicismo -

Poderia nos expor toda a polêmica travada a propósito das modificações propostas pelo Primeiro-ministro Tony Blair?

Sr. Moran -

"Não creio que

Creio que a melhor maneira ele responder a essa pergunta é reproduzir as próprias palavras da líder ela Câma ra dos Lordes, Lacly Jay of Pacldin gton , porta-voz cio Governo nessa Casa leg islativa. Ao co meça r o debate, afirmou: "O Governo julga que modernizar a constituição é vital para modernizar a democracia do país. Legislar para extinguir o direiLo dos Pares heredilários serem. membros do Parlamento, direito este que é um elemento profundam ente antidemocrático .... Na Câmara reformada e revitalizada, que desejamos criar para o século XXI, a seleção pelo prin cípio de hereditariedade é uma anomalia e não pode continuar." Portanto, os Pares hereditários estão sendo exp ul sos da Câmara em virtude de um princípio ideo lógico! Além do mais, tal argumentação é hipócrita, pois como os Pares vitalício são nomeados pelo Pri1neiro-1ninistro, sa indo os Pares heredi tários , desaparecerá o único elemento inclependente da Câmara, permanecendo apenas Lordes caudatári os do Primeiro-ministro.

: • • •• : • • •• • •• • •• • •• • •• • : •

: •

• •

Catolicismo - Quais são os planos do Go- •

verno Blair para a Câmara dos Lordes refor- : mada? •

marionnette nas mãos do Primeiroministro"

. • • • : • : •

.•

Este é exatamente um outro aspecto absurdo. O Governo planeja uma reforma em duas etapas. Primeiro ex pul sará os Pares hereditári os da Câmara, e depois estudará co mo se rá constituída a nova Câmara. Foi estabelecida uma Comissão Real para estudar a situação, a qual apresentará suas sugestões nos primeiros dois meses cio ano 2000. É largamente sabido que tal com issão não terá a coragem de sugerir algo que o Primeiro-mini stro Tony Blair não desej e. Por conseguinte, essa comi ssão não produzirá nada que represente um verdadeiro progresso para o País. Pelo contrári o, o Primeiro-mi ni stro, medi ante tal comi ssão, disporá de mais poder para faze r pa ssa r os proje tos de l ei demolidores elas boas tradições do Rei no Unido.

• Catolicismo - O Sr. crê que, tendo sido elimi: nado o fator hereditário na composição des• sa secular instituição, ela será abolida, a mé: dio ou curto prazo?

• S1: Moran - À lu z cio que respondi ac ima, não : • : • •

creio que será ex tinta - pelo menos a curto prazo - , mas transformada num a in stituição que não terá mais nada de com um co m a antiga Câmara dos Lordes. To rnar-se-á uma marionnette nas mãos do Primeiro-m ini stro.

• •: Catolicismo - Como o povo inglês considera • atualmente a Câmara dos Lordes?

: Sr. Moran - In fe li zmente, o povo inglês, tra• • •• • •• • •• • •• • ••

balhaclo pela mídi a, não se dá conta da profun didade cio probl ema e de suas conseqüências para o futuro do País . Apesar disto, as pesq ui sas de opini ão indi ca m que 14% da popul ação não deseja a extin ção cios Pares hered itári os e 32 % não querem que eles sejam abo lidos até se encontrar um a alternativa adequada. I sto mostra bem que o Govern o está pondo em prática o plano de reforma mais por conta própria do que seguindo a vontade do povo, que ele supostamente representa.

• : C'atolicisnzo - Uma vez expulsos os nobres • hereditários dessa instituição, há perigo de, : mais cedo ou mais tarde, também ser abolida • a Monarquia inglesa? : Sr. Moran - Não há a n1enor duvida! Pois o

• : • : •

gue está sendo visado é o princípio da hereditarieclacle, que é a base cio regime monárqui co inglês. Os "think tanks" (doutrinadores) do Particio Trabalhista, que é um partido soc iali sta, j á falam de uma monarquia eletiva.

CATO LI CISMO

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GRANDES PERSONAGENS Catolicismo - Que atuação ~esen-

.

volveu a TFP do Reino Unido na defesa das gloriosas tradições dessa Câmara?

S1: Moran - Dado que dependia in- ,__._____,, , v=,...r.1llll teiramente da atuação dos Pares here:.il_._llllli'I.~---ditários a oposição à nova lei e a derv -,,;:;r·~rota do projeto de reforma, distribuí- - -- ____u.;_ ____ ,_....__.._ mos um sintético estudo intitul ado "Today the : : Lords ... Lomorrow the Queen" (Hoje os Lordes, • • amanhã a Rainha), justificando o direito hered itá- • • • rio, com base na Lei natural e na moral, como tam- • • bém desmascarando o fim último desse projeto so- • • ciali sta. Fortalec idos assim cloutrinariamente, os : "Era tão forte : Pares hereditários teriam mai s ânimo, como tam- • a pressão dos • bém argumentos, para se opor à investida socia- : : li sta igualitária. Essa iniciativa produziu impacto. • líderes conser- • Recebemos cartas inclusive de Lordes que agra- : vadores sobre : cleciam o envio do documento e comun icavam que • seus liderados, • : tinham usado argumentos dele em seus discursos : na Câmara, durante os debates. Ao todo, foram • que eles • di stribuídos 3. 100 exemplares aos Lo,des, filhos : barravam, na : primogênitos herde iros do título, membros ela : porta, a entrada • Câmara dos Comuns, como também a outras im•. •• dos Lordes con- • portantes personalidades cio País. Ademais , tivemos participação numa his- : servadores dese- : tórica denúncia fe ita na Câmara dos Lordes, por • josos de votar •

.

ocas ião da leitu ra definitiva do projeto de lei. • Há um nobre chamado o Ear/ of Burford, :

contra O projeto. : filho primogênito cio Duque ele St. Albans. : Mesmo assim, : Como filho primogênito ele Duque, ele não • vários conserva- •

tem direito ele falar na Câmara, mas sim, ele assistir os debates aos pés cio trono. Meses antes ela votação final , perguntou-nos se julgávamos conven iente ele denunciar a traição que estava sendo consum ada . Afirmou que ele estava clisposto a, contrariando as praxes, falar na Câmara na hora decisiva. Ev identemente, demos todo apo io a sua proposta! A seu pedido, revimos o texto que ele hav ia preparado e fizemos algumas sugestões . Na hora deci siva, não lhe fa ltou coragem: subiu no saco de lã - símbolo ela riqueza da lnglaterra e onde senta o Lord Chanceller - , e denunciou, em altos brados, a traição que estava sendo feita. Este gesto provocou uma confusão na Câmara e causou grande impacto.

•• •

•• • •• • •• • •• • •• • •• • :

• Catolicisnzo - Detendo os Pares conservado- : res a maioria na Câmara dos Lordes, como • se explica o fato de ter o Governo vencido a : • votação por 221 votos contra 81?

Sr. Moran - Por duas razões. Primeiro: já antes ele se ini ciarem os debates, uma pretensa concessão permitindo que 92 Pares hereditários permanec ssem no cargo até que fosse decidida a 36

C ATO L IC IS MO

: • : •

Fevereiro de '2000

dores votaram contra ele, seguindo suas consciências retas"

••

compos ição final ela Câmara foi efetuada às ocu ltas e ntre Lorde Cranborne, ex- líder cios conservadores, e o Governo. Os Lordes acabaram ace itando tal medida que então foi incorporada como emenda ao projeto de lei ini cia l. Faço nota r ser isto ridículo, pois a Com.issão Real pronunciar-se-á sobre o tema no começo do ano 2000. Portanto, esses 92 Pares pe rm anece rão poucos meses na Câmara. Além do mai s, um total ele 92 não poderá exercer influênc ia decisiva sobre a legislação por falta ele número. Essa comb in ação, ademais, deixou uma porta aberta, isto é, co nsistiu num pretexto para a in ação dos Pares moles, que não queriam lutar. Em segundo lugar, tal concessão fo i apoiaela pelos líderes ela bancada cios conservadores, os quai s mandavam seus liderados se absterem ele votar no pleito definitivo do projeto de Lei , a fim ele, pelo menos, passar tal emenda. (O Govemo ameaçou os Pares hered itári os ele não apoiar essa emenda, caso os co nservadores se opusessem ao projeto ele lei). Era tão forte a pressão dos líderes conservadores sobre seus liderados, que eles barravam, na porta, a entrada dos Lordes conservadores desejosos ele votar co ntra o projeto! Mesmo assim, vári os conservadores votaram co ntra ele, segu indo suas consciênc ias retas, e visando o bem comum do Reino Unido.

: Catolicismo - Quais os futuros planos de • atuação do Bureau TFP do Reino Unido quan• to à Câmara dos Lordes?

•• Sr. Moran - Continuaremos a manter contato • •• • •• • •• • •• • : •

com vários Lordes que estão interessados em exe rcer se u papel de I iderança, dando bom exemp lo à população do País. Pretendemos elesenvolver um a ação que est imul e essa sua posi ção, bem como anime as elites tradicionais a cumprirem sua mi ssão hi stóri ca primordial: cul tivar, alimentar e difundir o impulso para todas as forma s de elevação e de perfeição em todo o corpo soc ial. Se o nobre de nossos dias conservar-se cônscio dessa missão, an imado pela fé e pelo amor a : u111a tradição ben1 entend ida, e tudo fi zer para • desempenhá-la bem, ati ngirá ele uma grandeza

: -

podendo obter unia vitória -

não n1enor do

• que a dos seus antepassados. Ancestrais que con: tiveran1 os bárba ros gern1ânicos, repeliran1 o lslã

• para o continente africano, e, sob o comando de : Goclofreclo ele Bouillon, conquistaram Jerusa lém • por ocasião ela I Cruzada! ♦

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-=--~~

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Egito, voltou-se contra Jsrae l. Tomou Jerusalém, profanou o santuári o do Templo e levou cons igo seu tesouro e vasos sagrados. Dois anos depois, invadiu novamente a cidade santa, matando muitos ele seus hab itantes. Fortifi cou acidadela de Davi, onde deixou uma guarnição. Os moradores de Jeru salém fugi ram, ficando a desolada cidade nas mãos cios estrangeiros pagãos. Antíoco aboli a as leis nacionais, a Religião, os usos e costumes das nações conquistadas, obrigando-as a adotar, sob pena de morte, os ela Babilônia. Em Israel houve muitas apostas ias: " Todos aqueles israelitas que tinhwn abandonado a lei do Senho1; jun/aram-se aos ímpios; .fizera,n mui/o mal no país, obrigaram o povo [fiel] de Israel afugir para lugares afaslados, a buscar retiros, onde pudesse esconder-se na sua.fúga" (I Mac. 3, J5).

EJudas ~caheu, a espada de CDeus Ess_e grande herói do Antigo Testamento, • na guerra de 1ndependência religiosa dos hebreus contra a Babilônia, foi cognominado Macabeu, que significa "Martelo". Dele diz a Escritura Santa: "Revestiu-se de couraça como um gigante", "tornou-se semelhante a um leão por suas ações" e "perseguiu os maus, buscando-os por toda a parte" (I Mac. 3, 3-5).

cu~

Jost MARrA oos SANTOS

dos maiores gênios milita1es de todos os tempos, Alexanclre Magno - a ponto de setornaromaior imperadorcl aTerra em sua época - encontrou aos 33 anos o invencível inimigo de todo mortal: em lO dias passou cio fastíg io ela glória hu mana para o túmulo, em 323 A.C. Sem descendentes, dividiu seu império entre generais e am igos. A partir de então, a Palestina, juntamente com a Síria, passou a ser dominada pela dinastia dos Seleucos. Um dos membros dessa dinastia , Antíoco Epífanes (175- 163 A.C .), empenhou-se em força r os judeus à apostas ia da verdadeira Re li gião (preparatóri a ela vinda ele Cri sto) parà abraçar o paganismo. Os Livros cios Macabeus (l e Jl) descrevem esses fatos, estendendo-se por um período de 40 anos, de 175 a 135 A.C.

*

*

Antíoco , depois de conq ui sta r o

E ntre os que não dobraram o joelho ante os pagãos, sa li entou-se o sacerdote Matatias que, vendo os males que se abatiam sobre seu povo, com seus irmãos e cinco filhos retirou-se ele Jerusalém para Modim. Foi lá que o procuraram os enviados ele Antíoco para que ele, como principal e chefe de grande família, desse o exemplo ele submi ssão, sacrifi cando aos ídolos. Com isso, tornar-se-ia "amigo do rei". Indi gnado, responde u Matatias que, ainda que todos apostatassem, "eu, meus.filhos e meus irmãos seremos.fiéis à Aliança dos nossos pais" (icl. ib., 20).

Nesse momento um judeu, à vi sta ele. todos, avançou para oferecer o sacrifício pedido por Antíoco. " Vju -o Matatias e.ficou abrasado de zelo: as suas entranhas comoveram-se, inflamou-se o seu .fúror segundo a lei e, arremetendo contra ele, matou-o sobre o altar; matou também ao m.esrno tempo o oficial .... e destruiu o altar". E gritou em alta voz: " Todo o que tem zelo pela lei e quer permanecer .firme na Aliança, siga-m.e". E fugiu com

os seus parentes e adeptos para o deserto (id. ib. 24-27).

Guerra Santa em defesa da Aliança com Deus e contra a paganização de Israel Sucedeu então que os so ldados de Antíoco perseguiram uma parte dos ju-

e AT OLIe

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deus que tinha se refugiado ~o deserto. Estes não quiseram defender-se porque era um sábado, ev itando assim profanálo, guerreando, segundo a lei judaica. Sabendo disso, Matatias e seus partidários resolveram que, para não se extingu ir os últimos filhos fiéi s de Israel , deveriam lutar, qual fosse o dia que os ini migos os atacassem. E não moveriam apenas guerra defensiva . Juntando força cons ideráve l, percorreram vilas e aldeias, perseguiram os judeus apóstatas, circuncidaram os meninos ainda incircuncisos e derrubaram os altares profanados. Quando Matatias senti u próxima a morte, convocou os seus e, entre outras palavras, disse-lhes: "Agora domina a

soberba e é o tempo do castigo, da ruína e da indignação. Agora, pois, ó .filhos, sede zeladores da lei e dai as vossas vidas pela aliança f eita com vossos pais. .... Não temais as ameaças do homem pecado,; porque toda a sua glória irá ter ao esterco e aos bichos; .... annai-vos de valor e procedei com valentia em defesa da lei, porque por ela é que sereis gloriosos. Judas Macabeu, de grande valor desde sua mocidade, seja o general de vossas tropas e conduza a guerra contra as nações" (id . 2, 49-50, 62-63, 66).

Judas: tenacidade bélica e "martelo" dos pagãos Judas, cognominado "Ma cabeu " (marte lo) por sua tenacidade na guerra, era o terceiro filho de Matatias . Seu g lorioso cognome passou a ser ap li cado indi stintame11te a seus irmãos e a todos que impugnavam o pacto com os pagãos, como os "sete irmãos Macabeus", martirizados diante de sua mãe. General das tropas de Deus contra a prepotência pagã, sua guerra era uma guerra santa. Por isso seus homens tinham que se preparar para ela não só pelo exercício das armas, mas sobretudo pela oração e jejum, sabendo que seria Deus Q uem lhes concederia a vitória. Certa vez, quando Seron, genera l do exército sírio, cercou os judeus com grande número de homens, os so ldados di s·eram a Judas: "Como poderemos, sen-

do tão poucos e vindofatigados dojejum de hoje, pelejar contra tão poderoso exército ?". A resposta foi taxativa: "É coisa 38

CATOLICISMO

fácil virem a cair os muitos nas mãos dos poucos; pois para o Deus do Céu não há diferença entre splvar com um grande número ou com um pequeno, porque a vitória na guerra não depende da grandeza dos exércitos, mas daforça que vem do Céu" (id . 3, 17- 19). Confirmando es-

O Arcanjo São Miguel combate ao lado dos Judeus - Gravura de Gustavo Dorée (séc. XIX)

Segundo os exegetas, São Miguel, Protetor da nação judaica no Antigo Testamento, apareceu a cavalo, com hábito bra11co e armas douradas, vi11do em socorro de Judas Macabeu na batalha que este travou contra Lísias - tutor do rei A11tíoco - e seus 80 mil home11s

sas palavras, 800 inimigos foram mortos e os demai s fu giram. A série de batalhas vitoriosas de Judas Macabeu foi num crescendo até a reconquista de Jerusalém. É tocante ver a indescritível tristeza daqueles valorosos corações à vista do "santuário de -

bela e santa, inspirada pela crença na ressurreição . ... . Santo e salutar pensamento este de orar pelos mortos" (cfr. id. 12, 39-46) .

serto, o altar profanado, as portas queimadas; nos átrios, arbustos nascidos como num bosque ou nos montes". Com lágrimas nos olhos aqueles fi é is "prostraram-se com o rosto em terra, e, ao som das trombetas, levantaram gritos ao Céu" (id. 4, 38-40).

Quando, no século XVI de nossa era, o ímpio Lutero começou a negar a ex istência do Purgatório e a necessidade de se reza r pe las benditas a lmas que a li padecem , simplesmente exc luiu da sua Bíblia reformada, entre outros esc ritos, os doi s Livros dos Macabeus. Com essa simpl es medida, tentou o heres iarca extinguir a crença numa verdade admitida desde o Antigo Testamento, confirmada no Novo, com mai s de 1600 anos de ex istência !

Demoliram o altar contaminado pelos sacrifícios aos ídolos, construíram um novo, e ass im restauraram-no e seu . cu lto. Para isso, o Macabeu "escolheu

sacerdotes sem mancha, cheios de zelo pela lei de Deus, os quais purificaram os santos luga res" (id. , ib. , 42) .

Na hora da morte, fé e heroísmo do guerreiro

Judas cercou o monte Sião de altos muros e torres, e fortificou a cidade de Betsur, para ter uma fo rtaleza nas fron teiras da Jndumé ia.

Deus protege Judas Macabeu e pune chefes jactanciosos Como fo i dito, Judas Macabeu e os seus e ram sempre vitoriosos, porque Deus ass im o queria . E isso ficou comprovado quando ele teve que dividir o exérc ito para atender a vários pedidos de socorro. Env iou seu irmão, chamado Simão, com parte dos homens para a Ga liléia, e fo i, acompanhado de Jônatas, para Efrom , com outra parte. Deixou José, filho de Zacari as, e Azarias como chefes do resto do exército para proteger a Judéia. Mas deu-lhes ordem estri ta de se limitarem a governar e não dar batalha até que e les voltassem. Ora, ouv indo os grandes feitos de Judas e de S imão nas respectivas e mpresas, José e Azarias disseram entre si:

"Façamos também célebre o nosso nome indo pelejar contra as nações que estão ao redor de nós" (id. 5, 57). Saíram e foram vergonhosamente derrotados,

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postos em fuga com a perda de dois mil soldados. Comenta a Escritura que e les desobedeceram a Deus para fazer grande seu nome. "Mas não pertenciam à

raça daqueles a quem era dado salvar Israel" (id., ib., 62). N ão era com esse espírito que o M aca beu e seus irmãos entravam nas batalhas. Diante do grande exército de T imóteo, "Macabeu e os seus compa-

nheiros fa ziam oração ao Senhor, lançando terra sobre suas cabeças, tendo cingidos os seus rins de cilício". Enfrentaram-se então os dois exércitos, "tendo uns, além. da sua coragem., o Senhor por garantia da vitória e bom. êxito das suas armas, e indo os outros ao com.bate movidos apenas pela sua f ogosidade". O que sucedeu? "No maior ardor da peleja, apareceram. no Céu aos inimigos, cinco homens resplandecentes, sobre ca valos adornados com freios de ouro, que serviam de guia aos judeus.

Dois deles, tendo no meio de si Macabeu, cobrindo-o com suas armas, guardavam-no para que andasse sem risco da sua pessoa; lançavam dardos e raios contra os inimigos, que iam caindo f eridos de cegueira e cheios de turbação. Foram mortos vinte mil e quinhentos homens de pé e seiscentos cavaleiros" (11 M ac. JO, 25-31). Não foi só nesta ocasião que Anjos foram visto ajudando Judas Macabeu. Quando Lísias, tuto r do re i e seu parente, reuniu 80 mil homens contra ele e os seus, viu-se "um homem a ·avalo que

ia adiante deles vestido de hábitos brancos, com armas de ouro, brandindo uma lança. Então bendisseram todos ao mesmo tempo ao Senhor misericordioso e encheram-se de co'iagem, prontos a pelejar não só com os homens, mas também com os animais mais f erozes e a atravessar muros de ferro" (II Mac. l l , 8-9). Os exegetas afi rmam que esse Anjo

era o glorioso São Miguel, Protetor da nação judaica no Anti go Testamento.

Orações e sacrifícios pelos defuntos: crença no Purgatório No dia seguinte a uma batalha, Judas fez juntar os mortos e levou -os para serem e nterrados no túmulo de seus respectivos antepassados. Sob a túnica de alguns cadáveres encontrou objetos de ouro consagrados aos ídolos, que tin ham tomado do inimi go, o que era proibido pe la lei judaica. Reconhecendo que por isso tinham sido punidos com a morte,

"todos bendisseram o Senhor, justo juiz, que descobre o que está escondido. Em seguida, postos em oração, suplicaram [ao Senhor] que se esquecesse do pecado cometido". E Judas, "tendo f eito uma coleta, mandou duas mil dracmas de prata a Jerusalém, para se oferecer um sacrifício pelo pecado. Obra

F inalmente, o g lo ri oso Macabeu recebeu o prêmio de sua bravura. Estando acampado em Elasa com apenas três mil homens, foi ele cercado por um exérc ito de 22 mil. Grande parte dos judeus, tomada de pânico, fugiu, deixando Judas com apenas 800 homens. Mesmo estes propu seram fugir para reorganizar o exército. Respondeu o Macabeu: "Longe de mim fugir à vista deles. Se é che-

gada a nossa hora, morramos valorosamente por nossos irmãos, e não manchemos nossa glória com esta nódoa" . Apesar do pequeno número, Judas e os seus resistiram da manhã à tarde, até que o heróico general, sendo envo lvido pelas duas alas do exérc ito inimi go, foi morto pelos adve rsários. Impossíve l seria narrar neste limitado espaço todas as grandes batalhas desse imortal guerreiro . O mesmo se deu com o escritor sacro, auto r do l Livro dos Macabeus, que adverte: "As outras

narrações das guerras de Judas, das façanhas que operou e da sua grandeza, não se acham escritas, porque eram muito numerosas" (I Mac. 9, 22) . ♦

CATO L I

e

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Demonstrando mais uma vez a seriedade de sua atuação, O Amanhã de Nossos Filhos convida seus aderentes a participar bem de perto da vida econômica da entidade, divulgando seu balanço anual e as atividades desenvolvidas durante 1999 " Eficiência e transparência: eis o q. ue tem pautado nossa gestão à .fi'ente de OANF" Com essas palavras, o Dr. Paulo Corrêa de Brito Filho abriu a últi ma reunião de coordenadores de 1999. A "transparência", aludida no exórdi o do Coordenador, referia-se à divulgação do relatório anual da Campanha. Quanto à efi ciência da atual gestão, basta conhecer O Amanhã de Nossos Filhos para saber: nos dois úl timos anos, ele se tornou o símbolo da resistência moral dos pais e mães de famíli a de nosso País.

OANF: eficiência e transparência Sede virtual - Com qu ase 100.000 contatos no site www.oanfilhos .org.br - endereço virtual da Campanha - , o relatóri o anu al aponta 1999 como sendo o ano da conso lidação do Ranking dos Piores, pesqui sa permanente que tem tirado o sono dos promotores da im ora lid ade ao indi ca r os programas com maior índice de rejeição.

Divulgação do Ranking dos Piores O relatóri o info rm a ainda que o resultado do RP tem sido enviado peri odica mente às maiores empresas de pu blicid ade do Bras il. "Tal procedimento - afirm a Dr. Paul o Brito - tem dese ncoraj ado in úme ros progrcunas

Stl bl rn111 fObft oOANF ~

Mecanismos da Campanha usados em 1999 TV Debate - No capítulo atinente às atividades reali zadas em 1999, o relatório de OANF revelou aos aderentes que o boletim TV Debate, embora di spendi oso, tem-se revelado instrumento de grande efi ciência para info rmar as pessoas sobre os perigos da TV imoral. Só em 1999, sua tiragem foi de 69.8 15 exemplares, di stribu ídos em mais de 5000 municípios do território brasileiro. Mala direta - Considerando somente os envios pessoa is, fo ram remetidos 359.341 correspondências. Se essa cifra fosse somada ao número de envi os posta is referentes ao boletim info rmativo e às respostas aos aderentes, o movi mento postal ultrapassari a meio milhão de envi os. 40

e ATOLIe ISMO

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imorais". Segundo o Coordenador-Geral, a indi cação de que um referido programa imoral tem imagem negati va junto aos te lespectadores desestimul a os anunciantes, difi cultando a tendência à baixari a.

As batalhas de 99 O relatóri o também apresenta uma súmula dos principais embates de OANF no ano de 1999. São eles: Apelo ao Mi ni stério Público contra os fil mes pornográfi cos da BAND; protesto conlra a presença de Pe. Marcelo Ross i em programas imorai s; protesto contra o programa Raul Gil , que ex ibi a crianças imi tando coreografi as imorais; protesto contra o programa do Ratinho; ação para

Fevereiro de ' 2000

revelar a rejeição dos brasil eiros contra o film e bl asfemo " Dogma" .

Projetos do ano 2000 Aume ntar a fo rça de impac to da Campanha e sensibili zar a opini ão públi ca, eis os obj etivos de OANF para o ano 2000, segundo o relatóri o. Para atingi-l os, a Campanha pretende: expandir o TV Debate, incrementando a comuni cação da Campanha; aumentar maciçamente o número de aderentes, para intensificar a pressão junto às emi ssoras; atuali zar periodi camente o web site de OANF; criar sistema de envi o de e-ma ils· de protesto às emi ssoras de TV que ex ibirem programas imorais (o sistema fun cionará a partir de alerta de qualquer aderente); centrali zar ação sobre anunciantes e patrocinadores, lembrando-os da rejeição do públi co aos programas imorai s; impl antar o Disk TV Denúncia ; diri gir ca mpanha aos professo res de esco las primári as através da di stribuição de cartilh as alertando os alunos para os perigos da TV imoral.

Meio milhão de reais Na parte fin al do relatório, encontrase a estimativa de custos para as campanhas deste ano: MEIO MILHÃO DE REAIS. A cifra é impressionante, mas o Coordenador-Geral di z confi ar pl enamente na ''.fortaleza moral do brasileúv". Segundo Dr. Paulo Brito, "nenhum pai ou mãe consciente irá negar apoio a esse esforço em. prol de nossos.filhos e nelos. Se todos nos unirmos, sairemos vencedores da TV imoral e desagregadora".

Seu apoio não pode faltar Desde já, a rev ista Catolicismo se so lidari za co m as atividades de OANF neste novo ano. Faça como nós, parti cipe também dessa luta! É o futuro de nossos filh os e netos que está em jogo. Eles ♦ contam com a sua generos idade!

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A Virgem de Fátima intercedeu por Elián''

N

a calada da noite de 21 de nove mb ro p.p., 15 c ub a nos, desejosos de se libertarem da ti rani a comuni sta do reg ime F idel Castro, lançam-se ao mar, num barco improv isado e preparado às escondida , na esperança de chegarem a Mi ami (EUA), onde reencontrariam parentes e velhos ami gos, co mpatriotas que tiveram a dita de escapar do "paraíso cubano". Na rea lidade, do "cá rcere cubano".

=

Drama no mar e miraculoso resgate O traiçoeiro streito da Flórida não foi favoráv I a esse gru po de 15 cubanos. O rústi o barco afundou e 12 dos fugitivos 111 rrcram . Dos três sobreviventes, um m ni no de apenas 6 anos, sa lvo mil agrosamente: E li án Gonzá lez Broto ns, que pe rdeu sua mãe, Elisabct Brotons, de 29 anos, nesse naufrágio. No di a 25 d novembro - dois dias após a tra éd ia cm alto mar Eli án, (hoje fa moso, cuja fo to fi gurou na capa da r ·vista "Time") foi resgatado por dois p scadores na costa de Fort Lauderda le, na Flóri da. Ao ser encontrado, estava agarrado num a câmara de ar e protc ido cios tubarões por golfi nhos que o rodeavam o tempo todo. Chega ndo m terra firme, o Se rviço de Imigração e Na !ura/ização dos EUA (INS) entregou a uarcla prov isóri a do menino-náufrago a seus tios-avós paternos que vivem no ba irro de Li!tle Havana (Mi ami ). Depois, o INS determinou que o pequeno balseiro fosse clevo lviclo a Cuba até o dia 14 de janeiro, co mo ex igiam Fidel Castro e o pai que pertence ao Partido omunista Cubano. Um pa i, aliás, que não cuidava mais do filh o desde a época 111 que abandonou a esposa, para se junt ar com outra, e que sequer pagava a ct ~vid a pensão obrigatória ao filh o.

Miami -Dade, anunciou que Eli án poderi a permanecer em territóri o norte-ame-. ricano pelo menos até 6 de março, quando haverá uma audiência sobre o tema: sofreri a ou não o menino "danos mentais e emociona is " se obri gado a retornar à Cuba? "Tenho a íntirna convicção que a Virgem de Fátima intercedeu por Elián ", afirmou o tio-avô do menino ao tomar conhecimento de que o prazo para a deportação do sobrinho fora postergado. De outro lado, uma comi ssão do Co ngresso americano decidiu con vocar Eli án para depor em audi ência previ sta para o di a l Ode fevereiro próximo.

Deportação de Elián volta a cárcere comunista

O Sr. José ldalberto Pardal, membro da TFP, oferece a Elián uma miniatura da Imagem de Nossa Senhora de Fátima

Em cena a TFP O Sr. José Iclalberto Parcial, de orige m c ub a na, membro da TFP qu e atualmente pres ta co laboração à TFP norte-a mericana, e o Sr. Sérgio de Paz, da Comissão de Estudos Pela Liberdade de Cuba, estiveram na casa do Sr. Lázaro González, tio-avô de Eli án, em 22 de dezembro último. Levavam nessa ocasião uma réplica da l,nagem Peregrina de Nossa Senhora de Fátima e ofereceram ao menino uma mini atu ra desta. Diante clEla, o pequeno cubano, juntamente com seus fa mili ares, rezou pedindo especial proteção da Virgem de Fátima. No dia lO de janeiro p. p., a juíza di strital Rosa Rodríguez, da Comarca de

Com isto, fi cou temporariamente parali sado o processo de deportação. Mas a luta judicial pela guarda do pequeno náufrago continua. Castro vem utili zando o caso como tema políti co-patriótico, organi zando desfil es e envenenando os cubanos contra os Estados Unidos que, segundo ele, teriam "seqüestrado" o menino e responsabili za a "máfia cubano-americana e a extrema-direita do Congresso dos Estados Unidos" pela permanência ele Eli án naquele país. E utili za como principal argumento, para a deportação, pretensos " di reitos do pai de Elián ". "Direitos" que antes este não se preocupava em exercer, sobretudo não cumpri a seus deveres para com o filho. Contudo, deportar Eli án será devolver o pequeno à barbárie comunista crime imperdoável, que pesará na consciência de todos os que colaborarem para que a cri ança volte à Ilha-Prisão, de onde sua mãe o tirara. Rezemos por Eli án, supli ca ndo a Nossa Senhora de Fátima - a qual tão bondosamente o vi sitou alguns di as após ter ele chegado aos Estados Unidos que o proteja e não o desampare em nenhuma circunstância, ainda se injustamente deportado para Cuba, onde certamente receberá rígida e antinatural deform ação de tipo marxista. ♦

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162 mil petições contra uDogma" entregues em Brasília

U

ma pilha de mais de 10 metros de Ministério da Justi ça pelo responsável do Escritório da TFP em Brasília, Sr. altura, contendo 162 mil Petições Nelson Ramos Barretto, acompanh ado contra a exibição do filme "Dogma", foi entregue ao Mini stro da Justi de numerosa com itiva. Para o Presidente em exercício da ça, Dr. José Carlos Dias. As Petições foram encami nhadas ao Ministro acomTFP, a ex ibi ção do filme "constitui grave violação e desrespeito à Lei de Deus panhadas de uma carta de Dr. Eduardo e à San.ta Igreja Católica, um.a vez que de Barros Brotero, Presidente em exerescarnece da Fé da maioria de nossa cício do Conse lho Nacional da TFP, entidade que promoveu esse abaixo-ass i- . população e agride gratuita e virulentamente sua doutrina". nado junto ao público brasileiro, incluNo ato da entrega das Petições, Nel sive através de duas de suas campanhas: Vinde Nossa Senhora de Fátirna, não son B arretto respondeu à pergunta de tardeis! e O Amanhã de Nossos Filhos. um jornali sta, que ind agou se tal maniAs l62.000 Petições (esse número f estação não configu rava uma volta à cens ura: pode se r bem ultrapassado, pois elas continu am a nos chegar) contra a pelí"A leg islação penal brasileira impede, por exemplo, que um indivíduo cu la blasfema foram apresentadas ao

dif'am.e ou calunie outro. Ora, não seria razaável cham.ar de censura tal norma legal, que garante o direito da pessoa de não ter sua honra violada. Da mesrnaforma, não é razaável qual!ficar de censura o direito de não se permitir que um.filme como esse ofenda e ridicularize a Religião professada pela maioria do povo brasileiro". Acrescentamos que a "liberdade de expressão" não pode jamais servir de escudo para se atacar brutalmente - e de modo soez e obsceno - valores reli giosos dos mai s sagrados: a Pessoa adorável de Nosso Senhor Jesus Cristo, a pureza imaculada de Nossa Senhora, a Santa Igreja Católi ca e os cató li cos do mundo in teiro. ♦

Vitória da Campanha contra

11

Dogma''

O filme não será exibido por grandes Redes de Cinema rimeiramente a imp rensa anunciou que esse filme só fora liberado para maiores de 18 anos . Já ra uma meia vitória nossa . Pois os defensores da película blasfema alegavam que se tratava de uma simples comédia . Como proibir uma "simples comédia " para menores de 18 anos? É claro que tal restrição de idade era influenciada pela grande adesão do público brasileiro à denúncia feita pela TFP , especialm ente através das Campanh as Vinde Nossa Senhora de Fátima, não tardeis! e 0ANF, contra o ca ráter blasfemo do f ilme. Depois dessa notícia, entrega mos no Mini sté ri o da Justi ça, em Brasíl ia, 162 mil Pet ições contra a ex ibição de " Dogm a" no País . Em 14 de janeiro p.p. o caderno " Folh a Ilu strada"

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da "Folha de S. Pau lo" estampou nova e impo rt ante informação: as grandes Redes cinematográficas Luiz Severiano Ribeiro, Cinemark e UCI hav iam se recusa do a exib ir a película . Isso se deu, segundo aque la pub li cação, "depois da polêmica criada por grupos católicos .. .. A organização católica TFP (Tradição, Família e Propriedade) enviou 162 mil Petições assinadas ao Ministério da Justiça, pedindo a proibição do f!lme ". "No Braslf, a meta inicial [dos distribuidores da pelícu la] de distribuir de 50 a 80 cópias não foi alcançada por causa dos protestos". Assim, ma is uma vez, com o auxíl io de Nossa Senhora , a TFP alcança uma vitória em defesa da Igreja Católica e da Civi lização Cristã.

Declaração do Coordenador Geral da Campanha 11 Vinde Nossa Senhora de Fátima, não tardeis!", Marcos Luiz Garcia . ... A Bem - aventurada Jacinta di1.ia à M adre Godinho, C\ que cuidav dela no hospital Da. t of ni a, onde termi nou seus din s: 'Minha madrinha, peça muito pelos go vernos! Ai dos quo porseguem a Religião de Nosso onhor! ' Parn nvuliar bem a gravidade do din ' om que vivemos, procur 1110 s responder às seguint s JH r11untas: O11 1111tos católicos que costumnm comu ngar vão assistir 110 filme blasfemo "Dogm 1" 7 01 i.11( a consistência da fé de un 111 pessoa que permanece ind lf oronte diante de uma tão ro111 l>url <1 ofe nsa a Deus e a No 1 . 011hora ? C. 0111 0 neg ar a hipótese de um L i11,ligo, anunciado em Fátim 1, 1 c1so os homens não se llH nd nssem ?... od o• os part icipantes da Camp 111 11l c1 Vinde Nossa Senhor ih F- tima, não tardeis!, prot f ,l i1111os e afirma mos que, d ntro d,1 mais estrita legalid d , < 011t111uare mos a defend r o•, 111.iis alt os valores de no 1 111 l1gião Católica Apostóll I llrnnana, especialmente dlv l11o1 Pessoa de Nosso Se-

Cooperadores da TFP carregam dezenas de caixas contendo as 162 mil Petições contra a exibição de "Dogma"

Comitiva da TFP diante do edifício do Ministério da Justiça, em Brasília, e abaixo: caixas contendo as petições junto à Comitiva

im 1 V1111om Maria, pois anim 111 1• 1inteira certeza de que t .iv llanch e de pecados ,11 o1 I' virá o triunfo do < 11l ,1<lo Coração de Maria!

CAT O LI

e

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fi sionomia do quadro apresentado à direita é toda marcada pelo olhar. Os traços são co muns, regulares, não di ze m nada de especial. rta barba, pro vave lmente aparada, cobrindo parte do ro sto. O bi gode, muito fininh o, devi a ser cos tume da época em que ele v iveu. Ca i xa ocul ar bem feita, com uma certa profundidade, nada de extraordinári o. Sobrancelhas, testa, carnatura comuns: sembl ante comum . Entretanto, qu ando se observa o olhar, tudo sa i do banal. Tudo tran scende o corriqueiro por causa desses olhos. Escuros, pro fund os, como que em parte pensando, em parte vendo. O lh ar meio teológ ico e meio místico. Pensando, pensa ndo, pensando em alguma coisa muito alta que absorve inteiramente a inteli gência da pessoa. A fo rça de alma dela é verd adeiramente extraordin ári a. Quem fo i ele? São João de Deus. Vi veu no séc ul o X VI. Fundador de uma Ordem Hosp italar fa mosa e como tal um dos homens bastante conhec ido de seu tempo.

*

*

* O qu e se deve fazer quando se vê um rosto como ·ssl·'l Compará- lo com as fi sionomi as que se observa m nas rua s dia ri amente. Sembl ante comum é direito de cada um ter. Ningu 111 pode ser considerado inca paz pelo fato de ter ti sionomi:i co mum . Quantas faces comun s encontramos na ru a! Não d ·v • mos despreza r ninguém por causa disso. M as, andando pelas v ias públi cas, onde va mos cnco111 rnr alguém com tal olhar? Podemos ir aos templos cio mundo capitali sta modern o, que são os bancos. A os j orn ais, aos aeroportos. O nde qui scr111 os .. . É isso que deparamos? Entretanto, que segura nça não dari a aos passageiros d · 11111 avi ão se eles encontrassem um piloto com um olhar scml:lh :1 11 te ao do qu adro acima para comandar o vôo ! A ssim é o trabalho rea li zado pela graça de Deus: csrn lhl• no mundo uma pessoa comum, mas que, dotada de gra nel · nhnn, reali za através dela um a magnífi ca obra! Excertos da conferência proferida pelo Prof. Pllnlo Corrêa de Oliveira para sócios e cooperadores da T P em 17 de janeiro de 1986. Sem revisão do autor.



A palavra do sacerdote Após ter discorrido sobre o dinamismo das paixões humanas, a importância da vida sobrenatural e a invencibilidade da Contra-Revolução (Cap. IX de Revolução e Contra-Revolução), no tópico abaixo (Cap. X), o Prof. Plínio Corrêa de Oliveira trata de uma das missões mais salientes da Contra-Revolução: reavivar a noção do bem e do mal. E começa

8

A realidade concisa,nente

1O -

o Cap. XI relacionando a Contra-Revolução com a sociedade temporal.

2. Como reavivar a noção do bem e do mal Pode-se reavivar a noção do bem e d0 mal por vári os modos, entre os quais: • E vitar todas as formul ações que tenh am o sabor de moral leiga ou interconfess ional , pois o laicismo e o in te rco nfess i o nali sm o co ndu ze m , logicamente, ao amorali smo. • Salientar, nas ocasiões oportunas, que D eus tem o direito de ser obedec ido, e que, pois, seus M andamentos são verdadeiras leis, a que nos confo rm amos em espírito de obedi ência, e não apenas porque elas nos agrad am . • A centuar que a Lei de Deus é intrin secamente boa e confo rme à ordem do universo, na qual se espelh a a perfeição do C ri ador. Pelo que ela deve ser não só obedecida, mas amada, e o mal deve não só ser evitado, mas odi ado. • Divul gar a noção de um prêmi o e de um cas ti go posf-lnortern. • Favorecer os cos tumes sociais e leis em que o bem sej a honrado e o mal sofra sa nções públi cas. • Favo recer os cos tumes e as l eis que tend am a ev i ta r as ocasiões próxi m as de pecado e até mes mo aq uil o que, tendo mera aparência de ma l , possa ser nocivo à mora lidade públi ca. • Insistir sobre os efeitos do pecado ori ginal no homem e a fragilidade deste, sobre a fecundidade ela Redenção de N osso Senhor Jesus Cri sto, bem como sobre a necessidade da graça, da oração e ela vigilância para que o homem persevere. • A prove itar todas as ocas iões para apo ntar a mi ssão ela I g reja co mo mes tra da vi r tucle, fo nte da

graça, e inimi ga irreconcili ável cio erro e do pecado.

Capítulo XI A Contra-Revolução e a sociedade temporal A Contra-Revolução e a soc iedade tempora l é tema j á tratado a fundo,

de ângul os cli v rsos , •111 muitns obras de valor. N ão podendo abar ·:;\- lo lodo, o presente trabalho se cin ge a lar os princípi os mais gerais de um a ord em temporal contra-revoluc ionári a (Cfr. espec ialmente Parte I - Cap. VII, 2) e a estudar as relações entre a ContraR evolução e algumas elas organi zações mais importantes que lutam por uma boa ordem tempora l.

Terra de Santa Cruz -500anos

12 Ascendência Nossa capa: Fotos da campanha da TFP contra Dogma junto ao Monumento às Bandeiras, no lbirapuera, capital paulista, em 19-11-99 (fotos Francisco J. Dozsa)

Nacional

14 Projeto

de lei do desarmamento: frustrado artifício para sua aprovação

Entrevista

2

16 Dr.

N a soc iedade tempora l, age m numerosos orga ni smos des tin ados a reso l ve r a ques tão soc ial te ndo cm vista, direta ou in d iretamente, o mes mo fim suprem o ela Co ntra -Revo lu ção , a i nsta uração cio Rein ado ele N osso Senhor Jesus C ri sto. Dada esta comuni dade ele fin s (Cfr. Parte II - Cap. XII, 7), importa es tudar as relações entre a Co ntra- Revolu ção e aqu eles orga ni smos.

Carta do Diretor

a. N a medida cm que as obras em epígrafe norm ali zam a vicia soc i11 I, pr ju cl ica m eco no 1111 ca o clesenvo l vim ·nl o do processo rcvolu ionCir io. E, n 'S IC sen tido , são ip.rn./<1<·/0, l' aind a que ele modo apl' nas i 111 plfc il o ' ind ireto, aux i I i:ircs p1't'l' iosos da ContraRl'vo l 11 ,·1 10 .

Como reavivar a noção do bem e do mal?

Wladimir S. Reale, da ADEPOL, discorre sobre aborto e desarmamento

Página Mariana Nossa Senhora da Escada Devoção de marinheiros portugueses trazida a nosso País

20 São

Bento opera um de seus maiores milagres

Internacional

34 Fracassa

mais uma tentativa de subversão indígena e marxista no Equador

21

Vergonha para o Brasil e passo vigoroso rumo ao nudismo: liberação do topless

De norte a sul do Brasil ecoou brado da TFP contra a blasfêmia

Discernindo

27

Escreve,n os leitores

36

Capa

Atualidade

7

Imagem de Nossa Senhora da Conceição da Escada que se venera na capela da vila da Escada (SP)

Leitura Espiritual

4 5

guerreira

de Cabral

1. A Contra-Revolução e as entidades de caráter social

serviço social, assistência social, associações de patrões, de operários, etc.

não só ser evitado, ma orl lntl o".

A União Européia e o respeito à soberania do povo austríaco

Revolução e Contra-Revolução

A. Obras de caridade,

Imagem de Nossa Senhora com se11 Divino Filho, que perfura o dragão i11(cm ,1l1 venerada em Heidelberg (Alemanha) . Ela expressa adequadamente a "no lo <l o bem e do mal " e a idéia de que est "eh vt

Os 1 2 Apóstolos

O que é a blasfêmia e sua malícia

Vidas de Santos

37

São Cirilo de Jerusalém, Doutor da Igreja, baluarte contra o arianismo

TFPs e,n ação

40 -

S.O.S. Fa111ília

29 -

Divórcio: ataque ao fim primordial da família

Santos e -Festas do 111ês

32 Indígena revoltoso empunha bandeira comunista diante do edifício do Congresso equatoriano, em Quito, durante a agitação política, em meados de janeiro último

Atuação da TFP contra o projeto de lei do desarmamento TFP norte- americana na Marcha Pela - Vida

A111bientes, Costu111es, Civilizações

44 O

soldado escocês e a gaita de fole

t r 11111Jllcado na edição vinclour 11 rt 1ltnr1\ 1111 11 ação social, quando e 1u rc;lcl I por ontrn-revolu cionários,

th v, c:o111h 11, r 11 111 111 de c lasses.

e ATOLIe

IS MO

Março de 2000

3


PÁGINA MARIANA

Com a palavra ... o Diretor .., Leitor amigo, A vitória alcançada pela TFP co ntra o film blasfemo Dogma oferece-nos importantes li ções. Primeiramente a constataçà. · de que, a propósito d ssa pernicio a produção, o Ministério da Ju stiça acabou afirmando- através cio argum nto utili zado para liberar o filme - que a Constituição brasileira não concede aos iclad ãos de bem o direito ele não sere m ofendidos por causa de sua Religião. ABSURDO?! Pode at ser, mas não luí. outra conclusão lógica que se possa tirar. E, preferindo sustentar o "direito" à liberdade de expressão da di stribuid ra cio filme Dogma, o Poder Público nego u a cada brasileiro cató li co o direito de ver sua Rei igião respeitada. Contudo - e aqui vem a segunda lição - , se as autoridades foram omissas e inse nsíveis ao apelo de milhares de católicos, o mesmo não aconteceu com as grandes redes comerciais de cinema, que não ficaram indiferentes às campanhas promovidas pela TFP. Prevendo que, além ele fracasso nas bi lheterias, a película comprometeria sua imagem em face das famílias, tai s redes fecharam suas porta ao filme blasfemo. Tendo-se posto e m co ndi ções de provocar violento prej uízo moral às famílias brasil eiras, os promotores da distribuição ele Dogma acabaram por ter de suportar violento prejuízo financeiro ... Das 80 cópias que pretendia m despejar no mercado cinematográfico , conseguiram di stribuir, na estréia do filme, apenas 22, segundo uma notícia, e somente 11 , de acordo com outra fonte. Assim mesmo, tais cópias foram projetadas quase só nos cinemas chamados alternativos. Conclusão: as autoridades calaram-se, abandonando à sa nha dos blasfemadores o povo católico. Este, por sua vez, não esmoreceu; organizou-se, reuniu recursos própri os e, a exemplo de Davi, e nfre ntou o Golfas da Internacional da Blasfêmia. E venceu. Venceu e aprendeu.

É isso o que poderão comprovar todos os qu e tomarem conhecimento ele nossa matéria ele capa. Boa leitura. Cordialmente,

9~7 Pau lo

orrêa ele Brito Filho Ü IRl:TOI

Antiga devoção mariana popular de Portugal e do Brasil, ligada ao mar V ALOIS

GRINSTEIN S

N ão 1~

é de estranh ar qu e, pela acentuada vocação marítima de Portuga l, tenha sido a devoção dos marinheiros de Li sboa uma das mai s popu lares no país, e, por essa razão, uma das primeiras a se implantar no Brasil. Escada? Que nome estranho para des ignar uma devoção a Nossa Senhora, poderão pensar algun s ao ouvi- lo. Outros, mai s eruditos, estabelecerão tal vez um nexo com a escada de Jacó, narrada na Sagrada Escritura, poi s o Patriarca sonhou co m uma escada que levava ao Céu. De modo análogo, Nossa Senhora leva ao Céu, logo ... E ainda outros, quiçá, relacionarão o nome com imagens da Paixão de Cristo, dado que, muitas vezes, Nossa Senhora aparece ao lado da escada utili zada para descer o corpo de seu Divino Filho da cruz. O que ninguém consegue imag inar é a razão verdadeira da invocação Nossa Senhora da Conceição da Escada.

Na origem do nome, singeleza de circunstâncias naturais Qualquer pessoa dotada de cultura bás ica conhece a eno;·me importância que tiveram as navegações e descobri mentos portugueses nos séculos XV e XVI, bem como o fato de terem sido os navegantes lu sos que uniram, por via marítima, diversos continentes. E que tal epopéia ocorreu med iante viagens realizadas a bordo de navios que, se comparados aos de hoje, eram se melhantes a frágeis cascas de nozes. Coragem não faltou aos navegantes daquela época. Também não fa ltou fé e fortaleza para correr todos os riscos. E tal fé dos marinheiros lusos encontrava uma expressão encantadora na devoção a Nossa Senhora da Conceição da Escada, na cidade ele Lisboa.

A ima gem o ri gina l da Virgem Santíssima - que depoi s ficou conhecida sob essa invocação - é muito antiga, anterior à reconqui sta da ciclaclc aos mouros, em 1147. Ela se encontrava em uma cape la situada à marge m do ri o Tejo. Ao partir, os marinheiros encomendavam-lhe seus trabalhos, e agradeciam sua proteção ao vo ltar. Como a margem do rio é elevada, precisavam subir ou descer os 3 1 degraus que separa m a capela cio rio. Por isto, co m a passar cio tempo, a imagem ele Nossa Senhora da Co nceição começou a ser chamada de Conceição da Escada, para diferenciála ele outras imagens de Nossa Senhora da Conceição (devoção muito difundida em Portugal). Desse fato resultou que a imagem passou a ser conhecida como Nossa Senhora da Escada. Dada a importânc ia que a vida li gada ao mar tinha para o povo português naquela época, é compreensível que a

referida imagem fosse elas mais veneradas. De onde se ex plica que, cada vez que se decid ia a rea lização ele procissões para ce lebrar tal ou qual vitória, ou pedir proteção co ntra es te ou aque le fl age lo, eram as procissões da capela de Nossa Senhora da Escada elas mais concorridas. Com o tempo, começaram a acorrer à capela pessoas em barcos de loca is longínquos, a fim ele cumprir promessas e votos, bem como agradecer favores recebidos. Numa determ inada época, rea li zava-se um a procissão com tochas acesas, provavelmente à noite, que desc ia o rio até chegar à cape la dedicada a Nossa Senhora da Conceição da Escada.

Vitória de Aljubarrota fortalece devoção A procissão mai s importante, porém, era a que comemorava a vitória dos por-

e AT o LIe Is Mo

Março de 2000

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ATUALIDADE tugu eses em A lju barrota, .,no a no de 1385 . As tropas portuguesas, co mandadas pe lo Ve ne ráve l Nun ' Álvares Pe re ira, lutavam não só para defende r a indepe ndê nc ia do país, mas sobre tudo para este não cair no c isma que ameaçava di vidir a C ri standade, j á que o Re i de Caste la na ocas ião apoiava um antipapa. Após travarem a luta e m condições de in fe ri o ridade numéri ca, os portugueses obtiveram memoráve l vitória. Ao te r notícia do triunfo, o povo acudiu em massa aos diversos santuários do país, e um dos ma is concorridos foi o de Nossa Senhora da Escada, onde pessoas de todas as c lasses soc iais se dirig iram para agradecer a Nossa Senhora a insig ne proteção. Que tenham sido de todas a. classes soc iais não é de estranhar, po is à M arinha dedicavam-se representantes de todos os segmentos socia is da é poca. Desde o nobres mais e levados que comandavam as arm adas com destino à África ou à Ásia, até os mais humildes servido res .

Devoção expande-se para Bahia e São Paulo Com as descobe rtas ma rítimas que ia m sendo fe itas, a Fé cató li ca ia se expandindo . Por isso, ao dominar novos te rritórios, uma das prime iras preocupações dos portug ueses era e ns inar as verdades da Fé aos habitantes do loca l. E nada me lho r para conso lidar uma a lma no caminho da ve rdadeira Reli g ião do que e ns in á- la a amar e confi a r nAque la que é a Mãe de Deus, e por isso mes mo, nossa advogada. Co mo doi s dos prime iros loca is a serem co lo ni zados em nosso País fo ram a Ba hi a de Todos os Santos e zonas na reg ião próxima ao litora l d e São Paulo, é compreensível que aí se e ncontrem as duas cape las ded icadas a Nos -

sa Senhora da Escada . A ex iste nte na Bahi a apresenta uma caracte rísti ca muito anti ga, da época da escrav idão: os escravos, qua ndo a inda não batizados, não podiam fi ca r dentro da Ig reja, permanecendo num a lpendre junto à entrada. É por isso que o pequeno te mplo possui um ampl o a lpe ndre. A o utra capela s ituava-se numa vi la c hamada Escada, nome este proveniente da própria invocação mariana. Ta l capela está si_tu ada cerca de G uarare ma, 6

C ATO L IC ISMO

Topless e nudismo: liberação cronologicamente calculada? Conclua o leitor, se puder. .. EosoN

cidade a 80 quil ô me tros da capita l pauli sta. Dev ido à sua prox imidade do ri o Paraíba, essa v il a e ra freqüe ntada tanto por pescadores como por viaj antes que navegava m rumo ao Rio de Jane iro. Quando passou por lá, e m 1717, o Co nde de Assuma r, Gove rn ad or de São Paul o, Escada e ra uma vil a que j á possuía sua própria Câmara Munic ipal. Mas o pequeno núc leo não prospe rou , e com sua decadê nci a também fo i min guando a devoção ma riana que lhe de u origem. As devoções marianas não constitue m, via de regra, um fruto artific ia l, ocasionado por a lg um inte resse huma no. E las floresce m naturalme nte quando Nossa Senho ra di stribui s uas g raças, valendo-se, por exempl o, de uma imagem sob esta o u aque la invocação. E e o povo é ve rd adei ra me nte pi edoso, costuma corresponde r a essas g raça , propaga-se naturalme nte a devoção Àq ue la que o : u ·tenta nas duras lulas da vida . Q ua ndo, poré m, a popu lação deca i em fervor e não ma is invoca a Virge m Santíssima, as devoções li gadas a a lg uma capela o u imagem també m por vezes decaem. As pessoas deixa m de freqüentar o loca l, e vão se o lvidando das graças receb idas. Nessas condições, não raro Nossa Senhora o pe ra novo prodíg io, a fim de reerg ue r a a nti ga devoção. Mas, infe li z me nte, ne m sempre os ho. me ns corres ponde m à nova ma nifestação da bondade mate rn a.

Dois terremotos e decadência da devoção Foi o que aconteceu ·om a ima m de Nossa Senhora da Escada m Portugal. E m 153 1 um terre mo to destruiu a cape la, que foi reedificada. Mas como a d voção continuava deca indo aos po u ·os,

Março de 2000

Capela da vila da Escada (próxim,1 a Guararema -SP) : 110 alta,; antiga imagem barroca ele Nossa Senhora da Escada, reproduzida na p. 5

pe rmitiu N ossa Se nhora que novo terremoto e m Lisboa, mais terrível que o ante ri o r, destruísse o pequeno templo em 1755 . Nos dois casos, os edifícios que abrigavam a imagem foram destruídos, sa lvando-se contudo, milagrosame nte, e ntre as ruínas, tanto a efígie ma rian a como o a ltar e m que e la se encontrava. A decadê ncia do c ulto a Nossa Senhora sob essa invocação hav ia chegado a ta l ponto, que a cape la da Escada não foi ma is reconstruída. Por isso, a pri miti va imagem foi levada para o tem pl o ele Nossa Sen hora das Me rcês e m Li sboa, o nde se e ncontra até hoje. Pareceri a um tri . te fim d e uma invocação mari a na a ntes tão difundida.

Renascimento promissor Entreta nto, a devoção não mo rre u. Ela de ito u raízes c m nosso País, surg indo várias capelas a e la ded icadas, como a que fo i edi li cada na vila da Escad a, acima re ferida , no Estado de São Paul o, e ano a trás c m uritiba, no bairro Novo Mundo. P ça mos à Mãe de Deus que este seja um s inal cio rev igo ramento dessa be la devoção tão ace ndrada e m nossos a ncestrai s lusos, es pecia lme nte os navegador s, que a trouxeram para a Terra ele Sa nta Cruz. ♦

• Roma, 7 de junho de 1950. O e ntão Arcebi spo D. Aloísio Trag li a aprova a impressão de mais uma ed ição do Prontuário de Teologia Moral cio Pe. Franc isco Lárraga, O . P. Este último é o "morcdista mais Lido, comentado e plagiado na Espanha desde 1706 e muito elogiado por Santo Antônio Maria Claret", afirma no prefác io que esc reveu para essa obra o Pe. Pedro Lumbreras, O. P. Com mai s de 40 ed ições conhec idas pel o mundo afora, reza esse Prontuário no tomo I, p. 25 1, número 376: "P. - É ré de escândalo a mulher que se adorn a com esmero? "R. - Se o adorno é excessivo, é pecado venial per se; poré m, seri a grave se ne le ho uvesse um fim gravemente mau , ou prev isse que havia de ser ocasião de ruína es piritu al a a lg ué m em particul a r, como sucede muitas vezes. O

mesmo se deve dizer do péssimo costume dos decotes que usam em algumas ocasiões; se são de maneira que deixem em grande parte, ou quase por completo, descobertos os seios, ou cobertos só com uma tela muito delgada, será pecado grave de escândalo, porque semelhante imodéstia provoca à desonestidade". Essa é a doutrina católica pe re ne da Santa Ig reja - da Igreja de sempre ! O que di ze r e ntão do topless (o u monoquini) , te ma que ocupo u recenteme nte as manchetes de jornais? E mai s a inda do nudi smo?

Vinte e três anos depois ... a previsão acertada Fontes de referência: Edés ia Aducci , Maria e seus gloriosos títulos, Editora Lar Ca tó li co, 1958, I" ed ição. Ni lza Bo te lho Megal e, Ce1110 e doze invocações da Virge111 Maria no Brasil, Ed. Vozes, 2· edi ção, Pe trópo lis, 1986.

• 19 de agosto de 1973, "Folha de S . Paulo ". Sob o tít ul o Ban g ladesh, Watergate e nudism.o, escreve o Prof. Plinio Corrêa ele Olive ira: .... "As a uto ridade em M ô naco aca-

bam de pe rmitir o nudi s mo nas praias. A políc ia está inc umbida de re primir as legítimas reações do senso moral dos monegascos, garantindo os nudi stas contra mani festações de hostilidade o u desprezo ! ... . Se pe lo mundo inte iro j á se a lastrou o biquini e hoje é até fab ri cado por mãos de freira s, que m pode fec har os o lhos para o fato de que te re mos, e m prazo mai o r ou me nor, o monoquini , e depo is o nu total?"

Mais 26 anos se passaram ...

a realização da previsão • 14 de janeiro de 2000 , "O Estado de S . Paulo" : "Políci a do Rio reprime nudez na praia - Toda nudez será casti gada nas praias do Rio. É o que afirma a polícia, que di z receber reclamações de famíl ias que desa provam a presença dos adeptos cio naturi s mo na zo na oeste. O prefeito Lui z Paulo Conde não se opõe ao nudismo na praia. 'Eles tê m esse dire ito, mas precisam de loca l reservado, para não serem incomodados e não incomodar os não adeptos, declaro u por meio de s ua assesso ri a de imprensa . A lhe ias à polêm ica, turi stas aproveitam o bom te mpo na cidade para fazer topless, principalmente na zona sul , o nde não se registrou reclamação" . • 18 de janeiro de 2000, " O Globo": " Áreas exclusivas para o topless - O Secretário de Segurança Pública, Jos ias Quintal , di sse que vai-propor à Prefeitura reg ul amentação de faixas exc lus ivas para a prática de topless nas prai as cio Ri o ..... Garotinho di sse que a pra ia é um te rritório livre, onde ningué m é obrigado a fic ar o lhando o que não que r. Se não que r ver, não o lha. O s o lhos são a ja ne la do pecado - di sse o govern ador em tom de brincade ira" .

N EVES

• 18 de ·aneiro de 2000, "Fo lha de S. Paulo" : "Ca riocas desafiam a políc ia e voltam a faze r topless na praia. - A pri são da re prese nta nte comercia l Roseme ri Mo ura Costa, 34 , que faz ia topless a nteo nte m na prai a do Recre io, não i nti mi dou as fre qüe ntadoras das praias cariocas. Em Ipane ma, a modelo Cristina Nie meyer, 34 - que se ide ntificou co mo sobrinha do a rquiteto Oscar Nie meyer - aprove itava o sol ela tard e e di sse que ' não a bre mão d o topless na praia "' .

• 19 de janeiro de 2000, "O Globo": "Topless libe rado. - D e poi s da repressão, a liberação. O Secre tário ele Segurança Pública, Corone l Jos ias Quintal , e o prefeito Lu iz Pa ulo Conde decidiram ontem que o topless es tá libe rad o nas praias do Rio. Quinta l an unc io u que as políc ias c ivi l e militar não irão ma is ag ir contra as banhi stas qu e di spen sare m a parte d e cima do biquini, orie ntação publicada no Diário Ofi c ial " . • 27 de janeiro de 2000, "Jornal cio Brasil ": "Pre fe itura e lege Praia do M e io para nudi smo. - O secretário muni c ipal do M e io Ambi e nte, Maurício Lo bo, an unc io u que a Praia do Me io em Barra ele Guaratiba (Zo na Oeste), fo i a escolhida para abrigar a prática oficial do nu dismo no municípi o". *

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A simples sucessão das notícias ac ima mostra ao le ito r como o pl ano foi be m executado ... Na libe ração tota l do topless nas praias e parcial (por e nquan to) do nudi smo, não parece haver co in cidências. H á so bretudo muito mé todo! E para passa r da areia para o as falto é só dar algun s passos a ma is... ♦

C AT O L IC ISMO

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Palavra

sJCerdote PERGUNTAS Senhor Cônego: Peçolhe o obséqu io de dizer algo sobre os 12 Apóstolos - seus nomes, algo de sua vida e morte, e sobre qual foi o Apóstol o que substituiu o traidor Jud as. Foi São Paulo? Muito obrigado.

RESPOSTAS Vejamos primeiro o que diz o Evangelho sobre eles: "Os nomes dos do zes Apóstolos são: o primeiro, Simão, chamado Pedro, e André, seu i rmão; Tiago, filho de Zebedeu, e João, seu irmão; Felipe e Bartolomeu; Tomé e Mateus, o publicano; Tiago, filho de A lfeu, e Tadeu; Sim.ão cananeu, e Judas lscariotes, que foi quem O entregou" (Mt

1O, 2-3). Visto isto, algumas palavras sobre cada um de les: Santo André - Natural de Betsaida, na Galiléia, era irmão de São Pedro e, como ele, também pescador; era discípu lo de São João Batista e encontrou-se com Jesus no dia de Seu batismo às margens do Jordão. Foi o primeiro a receber o chamado divino, e em seguida trouxe Pedro. Depois da morte de Jesus, segundo a Tradição, pregou o Evangelho

e

CAT OLICISMO

na Cíntia e Grécia, e outra tradição mostra também sua presença na opulenta metrópole de Bizâncio (atual Constantinop la). Como e onde morreu é incerto, mas uma antiga tradição assegura que foi crucificado em Patras, na Grécia. É Padroeiro da Rússia e da Escóc ia. Festa: 30 de novembro. São Pedro - É o mais em ev idência dos Apósto los e constituído Príncipe dos dema is pelo próprio Filho de Deus, liderando-os e governando-os após a Ascensão de Nosso Senhor Jesus Cristo ao Céu. Propôs a esco lha do sucessor de Judas, e fo i o primeiro a pregar aos gentios. Encarcerado por Herodes Agripa em Jerusalém no ano 43, foi liberto por um Anjo (Atos 12, 6 e ss). Foi depois para Roma, da qual fo i o primeiro Bispo e, como Vigário de Cri sto, Soberano Pastor de toda a Igreja, sendo crucificado - de cabeça para baixo como pediu sob Nero, na co lina do Vati cano, cerca do ano 64. Festa: 29 de junho. São Tiago Maior - Filho de Zebedeu e irmão de São João Evangelista, era da Ga liléia. Teve a glória de ser o primeiro Apóstolo a receber a coroa do martírio, em Jerusalém, sob Herodes Agripa I. Antiga tradição afirma que, antes disso, São Tiago pregou na Espanha, e que seu corpo, após o martírio, foi transportado para Santiago de Compostela, que se tornou um dos maiores centros de peregrinação da Idade Média. Festa: 25 de julho. São João EvangelistaO Discípulo Amado que teve o priv il égio de, na Últim a Ceia, repousar sua cabeça no Março de 2000

sagrado peito do Salvador, fo i o mais novo cios Apósto los. Por não se ter casado, é conhecido como o Apóstolo virgem.

tado a Jesus por Feli pe, e que mereceu do divino Mestre o estupendo elogio: "Eis um verdadeiro israelita, em. quem não há dolo" (Jo 1,

Esteve presente Cônego nos principais atos JOSÉ L UIZ VILLAC 47). De acordo da vicia públ ica ele com o Martirol óNosso Senhor e recebeu Nos- gio Romano, ele pregou na sa Senhora como Mãe, aos Índia e na Grande Armênia, pés ela Cru z, de quem setor- onde foi decapitado pelo rei nou o guardi ão até a Assun- Astyages. Teria também preção de Maria Santíssima ao gado na Mesopotâmia, Pérsia Céu. Depois da morte de Je- e Egito. Festa: 24 de agosto. sus, acompanhou São Pedro São Tomé - Também a Samaria e participou do l Concílio de Jeru salém , em cognom inado Dídimo, é mais 49. De acordo com a Tradiconhecido por ter sid o o ção, ele fo i a Roma, onde, sob Apóstolo da dúvida, segu ida o Imperador Domiciano, foi de esp lêndido ato ele fé. Secondenado ao martírio, sain- gundo a Tradição, São Tomé do milagrosamente ileso de pregou o Evangelho na uma caldeira cheia de óleo Parthia e na Índia, onde receferve nte. Foi então exilado beu a coroa cio martírio. Fespara a ilha de Patmos, onde ta: 3 ele julho. escreveu o Apocalipse, últi mo Livro do Novo TestamenSão Mateus - É tamto. Retornou a Éfeso em 96 e bém chamado Levi, ou o puescreveu seu Evangelho e três blicano, porque era coletor de epístolas, morrendo em ida- impostos. Foi autor do primeiro Evangelho, escrito prode avançada. Foi o único dos vavelmente entre 42 e 48, viApóstolos que sobreviveu ao martírio. Por sua sabedoria e sando provar peremptoriaseus Escritos é também mente que Jesus Cristo era o cognom in ado Águia divina , Messias prometido no AntiTeólogo Sagrado e Doutor da go Testamento e que nEle se Caridade. Festa: 27 de decumpriram todas as Profec izembro. as. De acordo com a Tradição, São Mateus pregou na São Felipe - Também Judéia e depois foi para o origin ário de Betsaida, na Oriente tendo sofrido o marGali léia, foi, provavelmente, tírio na Etiópia, seg undo o antes discípulo de São João Martirológio Romano; ou na Batista. Depois da morte de Pérsia, segundo outra tradiNosso Senhor, segundo a Tra- ção. Festa: 21 de setembro. dição, pregou o Evangelho na Grécia, morrendo crucificado São Tiago Menor - No de cabeça para baixo cm vangelho é chamado Hierápolis, sob o Imperador com José, Simão e Judas TaDomiciano. Festa: 3 de maio. deu - irmão de Jesus, isto é, primo-irmão. Segundo a São Bartolomeu Se- Tradição, foi o primeiro Bisgundo muitos exe 1 ctas, seria po ele Jerusalém e escreveu o mesmo Nata na ·I, apresen- uma Epístola. Sua Carta, que

consta do Novo Testamento, não é aceita pe los hereges protestantes - Lutero a denom in ava epístola de palha - po is nela o santo Apóstolo, seguindo o ens inamento ele Cristo, afirma a necessidade das boas obras. Pergunta e le : "Purven lura poderá salvá-lo tal fé?" e contin ua: "Po rque assim como o corpo sem espírito é morto, assim. também afé sem obras é morta" (Tiago, U, 14, 26).

Fo i atirado cio alto do pinácu lo do Templo pe los fariseus, e apedrejado até a morte. Festa: 3 ele maio. São Judas Tadeu - Provave lmente irmão de Tiago Menor, ele aco rdo com a Tra-

Descida do Espírito Santo sobre Maria Santíssima e os Apóstolos. - Tapeçaria de 1596 - Catedral de Como {Itália)

clição prego u na Mesopotâmia e teria sido martirizado com São Simão, na Pérs ia. É autor de uma Epís tola , inserida no Novo Testamento, em que vitupera energicamente a soberba e a lu xú ria, bem como os "falsos profetas". Não há abundânc ia ele dados a respe ito da vicia desse Santo Apósto lo, não obstante, por seu poder ele intercessão, seja objeto de extraordinária devoção popu lar. Festa: 28 ele outubro. São Simão - De acordo co m a Trad ição, era também conhecido como o cananeu (pelo que alguns o identificam com o esposo elas Bodas de Caná), ou zeloso , para o distinguir ele São Pedro e ele Simão (não Apósto lo), irm ão de Tiago, que sucedeu a este como Bispo de Jeru sa lém. São vene ráve is hipóteses,

como também o é ter ido ele para a Pérs ia co m São Judas Tadeu, e lá sido martiri zado. Por isso, as festas cios dois Apósto los é comemorada no mesmo dia, a 28 de outubro. Aqui estão os 11 Apóstolos. Pa ra oc upar o lugar ele Judas, o traidor, sob a direção de Pedro, foi esco lhido São Matias, conforme narram os Atos cios Apósto los, (At 1, 15 a 26). Com isso ficou completo o Colégio Apostó li co. Entretanto, há um clécimo-tercei ro Apósto lo, que não faz parte cio conjunto dos 12, mas que é o Apóstolo por excelência: São Paulo. Nascido em Tarso, atual Síri a, estudou com Ga mali el e fo i zeloso fariseu. Tinha por profissão confecc ionar tendas. Pactuou com o apedrejamento ele Santo Estêvão, o Proto- mártir, e converteu-se depo is a cam inho de Damas-

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co. Passo u três anos na Arábia, onde foi instruíd o pelo próprio Cri sto. Realmente, afirma ele aos Gálatas: "Asseguro-vos, irmãos, que o Evangelho pregado por mim, não tem nada de humano. Não o recebi nem o aprendi de homem algum, mas mediante uma revelação de Jesus Cristo" (Gal 1, 11 - 12).

São Paulo foi essencialmente o Apóstolo dos Gentios. Prega ndo- lh es JESUS CR [STO, fez três épicas viage ns apostó li cas, fund and o igrejas (espéc ie de dioceses), algumas das quais ate ndeu com paternal so li citude, dirigindo-lhes suas famosas epístolas. Percorreu todo o Jmpério Rom ano. Aprisionado pe los romanos em Jerusalém e envi ado a Cesaréia, permaneceu preso por doi s anos, sendo então mandado a Roma para ser julgado - por ex igência sua - , co mo cidadão romano que era. Segundo a Trad ição, depois ele lib e rto foi à Espanha e França, e na sua volta visitou as cri standades ele Éfeso, Macedônia e Gréc ia. Foi então preso novamente e enca minh ado a Roma, onde foi decapitado na Via Ostiense, no mesmo dia em que o Apósto lo Pedro era cru c ifi cado na co lin a cio Vaticano. Pela profundeza e vasti dão ele sua doutrina teológica e pela abundância de ensin amentos morai s, suas Epístolas constituem um dos mais profundos e valiosos tesouros da doutrina católica. Ensina a Igreja que, abaixo da Maternidade Divina de Nossa Senhora, não há maior dignidade que a prerrogativa ele APÓSTOLO ele Nosso Senhor Jesus Cri sto. "Rainha dos Apóstolos - rogai por nós"! ♦ M

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Oencanto perene dos cristais Baccarat

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accarat, pequena cidade francesa a nordeste de Paris, fundada em 1764 por Louis de Montmorency-Laval , nobre de alta estirpe, tornou-se universalmente célebre pelos seus cristais. Os cristais feitos a mão pela empresa Baccarat ainda hoje são sinônimo de requinte, em plena era de tecnologia. Apostando no promissor mercado brasileiro para produtos de luxo, a Baccaratabriu, há um mês, sua segunda loja em São Paulo, com investimento de cerca de um milhão de reais. O sucesso da marca no Brasil não é recente. D. Pedro li era grande admirador desses cristais e fazia questão de ter à mesa somente exemplares deles importados da França. A primeira loja da marca no País foi inaugurada em São Paulo há cerca de um ano e meio. ''.4 Baccarat possui três museus: dois na França e um em Tóquio", disse Anne -Claire, presidente da empresa. "Costumo brincar que o Brasil é o quarto museu Baccarat, devido às grandes coleções de cristais que são mantidas por famílias tradicionais brasileiras".

Século XX: castigado por guerras econflitos aumento do número de golpes militares fez com que 1999 chegasse ao se u fim com 65 países em confl ito, quase o dobro dos existentes pouco antes de terminar a Guerra Fria, segundo re' latório da Fundação do Conselho de Defesa Nacional. D e acordo com o diretor-executivo do organi smo, Major reformado Andy M ess in g, esse estado de agitação tende a crescer. "Os próximos 20 anos serão mais difíceis '-' , disse. Em seu relatório anual sobre as zonas de batalha, a Fundação informou que neste ano há mais cinco países afetados por conflitos do que em 1998. I sto significa que, ao iniciar-se o ano 2000, um terço das 193 nações do mundo está abalado por guerras, revoltas intern as ou outro tipo de violênc ia. Será que todos esses conflitos j á não co nstituem um prelúdi o dos grandes castigos previ stos por Nossa Senhora em Fátima?! ♦

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apoiarão tampouco candidaturas austríacas a cargos internacionais e não atenderão seus embaixadores em nível político, apenas técnico", afirmou em comunicado oficial o Primeiro-mini stro de Portugal, Antonio Guterres, do Partido Socialista, que exerce a presidência rotativa da UE. Além de países da UE, os Estados Unidos e Israel ameaçaram a Áustria com sanções, dev id à coali zão firmada pelo Partido da Li 10

CATOLICISMO

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Mas, se por um lado a Baccaratinveste em design para manter também um estilo contemporâneo, o desenho antigo é responsável por seu prestígio, sendo preferido pelo público mais fiel. "Apesar de estarmos sempre lançando linhas novas, recebemos vários pedidos para reeditar modelos antigos", afirma AnneClaire. A empresa decidiu então, a cada ano, relançar séries limitadas de cristais que fizeram sucesso em outros tempos . Além disso, aceita encomendas para recriar peças esgotadas. Em termos de autênticos valores artísticos, eis aí mais um significativo exemplo da supremacia dos estilos antigos sob re os mais recentes. ♦

herd ade - cujo líder Joerg Haider é considerado neonazi sta - com o Partido Popular Au stríaco (conservador), lid erado por Wolfga ng Schuessel. Com essa atitude, a UE deixa transparecer seus objetivos de cercear a soberania dos países que integram aq uela comunidade, além de tentar exercer um controle da vida política de cada Estado-membro. É ele se notar que a maioria dos Estados que co nstitu em a UE são govern ado atualmente por sociali stas ... Catolicismo sente-se à vontade para criti ca r essa atitude interven cioni sta la presidência da UE, pois, na trajetóri a de meio século de nossa r vista, ela sempre adotou uma

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onovo governo austríaco eaincoerência dos países da UE pres idência da Un ião Européia anunciou que 14 países eles ·e organismo vão rejei tar todos os contatos ofic iais com o novo governo da Á ustria (também membro da UE), integrado pela extrema-direita. "Esses países não

posição co ntrária ao nazifascismo. Adema is, o in signe in spirador e maior co laborador ele Catolicismo, o Prof. Pl íni o Corrêa de Ol iveira,já desde a década de 30 deixara patente essa atitude, mediante 447 arti gos qu e escreve u contra o nazifasc ismo no " L egionário", ór- · gão oficioso ela Arqu idiocese ele São Pau lo, cio qual fo i diretor. O que não podemos concordar é com a posição contraditória ele · políticos que se di zem democratas e propugnam medidas bem pouco democráticas no plan o elas relações entre as nações européias. Co mo é o caso do Vice- pres idente da Asse mbl éia ela Repúbli ca, em Portu gal, M anuel Al egre, líder proemi nente do Partido Socia li sta portu -

BREVES REllGIDSAS

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guês, que a propósito ela formação ci o novo governo austríaco dec larou: "A democracia não acaba nas ' ií t~ ,

eleições, hfi vtflores a respeitar e os povos têni que assumir a responsabilidade de suas escolhas ". Que valores se rão esses numa democracia, que ex trapolam os pleitos eleitora is? Os pseudo-va lores das extintas "Democracias Populares", satélites da falecida Un ião Sov iéti ca? Note-se que não sofrem qu alqu er es péc ie ele sa nção países comuni stas que vio lam todos os di reito s divinos e hum anos, co mo a C hina e a Co réia cio N orte, por exemplo, e são até fartamente favorecidos no co mérc io intern acional. ♦

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Casamento indissolúvel Ao receber no Vaticano, na tradicional audiência de início de ano, os juízes do Tribunal da Rota Romana, João Paulo li voltou a reafirmar o caráter indissolúvel do casamento. ''.4 Igreja, sendo _J

fiel a Cristo, não pode deixar de repetir com firmeza o alegre anúncio do caráter definitivo do amor conjugal, que encontra em Cristo seu fundamento e força". Na China, perseguição aos católicos Segundo a agência de notícias Fides, continuam as violentas perseguições aos católicos chineses. Em dezembro último, autoridades comunistas incend iaram e dinamitaram duas igrejas na Diocese de Wenzhou . Além disso, a polícia seqüestrou dezenas de sacerdotes nos últimos meses. _J

Imagem de Jesus Cristo na Polônia Inspirada no Cristo Redentor do Rio de Janeiro, será construída em Kielce, no sul da Polônia, uma imagem de Nosso Senhor Jesus Cristo. A escultura terá 71 metros de altura e deverá ser instalada numa colina daquela cidade. Católicos de origem polonesa que vivem nos Estados Unidos financiarão os trabalhos para esse fim . _J

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Pertencente a uma linhagem de nobres e valorosos guerreiros, o intrépido Pedro Álvares Cabral caracterizou-se por sua devoção mariana, precioso legado transmitido aos descendentes FREDER ICO

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A nobre e heróica estirpe de nosso Descobridor ju nto co m seu pa i, Luís Álvares Cabra l. A genealog ia e a origem do nome Cabra l perdem-se nas brumas da histó-

DE A BRANC HES V 10 TT I

ortugal, nome de um pequeno país - peq ue no e m d imensões , mas no rme qu anto a tradi ções hi stóri cas e va lor humano - , era uma nação de pouco mais de I milh ão de habi ta n- · te quando se lançou na proeza de expandir a Fé e o fm pério por um mundo até então desconhec ido. Nesse novo mundo, misteri oso e fascin ante para os europeus da época, inseri a-se o nosso Bras i1. Hoje, tra nscorri dos cinco séc ul os, permanecem ignorados ela gra nde ma iori a dos brasil eiros, fatos re lativos à fi gura do protagon ista de ss e marca nte ev e nto hi stó ri co Ped ro Álvares Cabra l. Assim , é por nós pouco conhec ido aque le que to rnou o Brasil conhec ido.

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De elevada linhagem Q ue m, afi na l, fo i o ho me m que a hi stória menciona como aq ue le que descobriu a Ilha de Vera Cruz, posteriormente chamada ele Terra de Santa Cruz e , fi nalmente, Brasil ? Sua hi stó ri a ainda não fo i por completo estudada (e ta lvez nunca o venha a ser), e mbora mui tos pormenores sej am conhec idos cios hi stori ado res. No a no de 1468 no Caste lo de B e lm o nte, prop ri edad e ela fa míli a C abra l, nasc ia um me nin o de no me Pedro, fi lho de Fernão Cabral e de Dona Isabel ele Gouveia. Fernão Cabra l luto u ao lado de D. João I e os três Infantes, na fam osa conqui sta ele Ceuta, em 14 15, 1

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CATO LICISMO

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ri a portuguesa. O Visconde de Sanc hez de Baê na ass im esc reve: "A família Cabral demarca a sua existência desde lernpos imemoráveis .. .. Nenhuma outra a sobrepl!ͪ em sólida antigüidade de nobreza e f eitos de edificante e variada lição. O seu aparecimento, embora a princípio não se possa coordenar numa série genealóg ica, que nos leve, indivíduo por indivíduo, a estabelecer a sua conlinuidade desde os primeiros tempos da mona rquia, remonta-se todavia bern longe, vendo nós brilhar de espaço a espaço nas lutas de Portugal nascente, alguns indivíduos do apelido Cabral" .2 A e levada linhagem ela famíli a (impossíve l ele ser reprod uzida em um artigo sintético) e o seu prestíg io, permitiram a Pedro Á lvares Cab ra l co ntra ir matri mô ni o com Dona Isabel de Castro, dama pertencente à ma is a lta nobreza do Re ino, como terceira neta cios Reis Dom Ferna ndo de Portuga l e Dom Henriq ue de Castela, sobrinha do cé lebre heró i da Índia, Afonso de Albuq uerq ue.

Qualidades pessoais: critério para a escolha de Cabral Nessa é poca, Po rtu ga l, c he io cios "cristãos atrevimentos" de que nos fa la Camões, estava preparando armada a ser envi ada às "Índ ias" . Para organizar a exped ição, o Re i Dom Manuel, o Venturoso , convocou seu Conselho: "E ncio somenle se assentou no conselho o número de naus e gente que ha via de ir nesta armada, mais ainda o capitão-m.or dela, que por 'calidades ' de sua pessoa, foi escolhido Pedra/ vares Cabral, .filho de Fernarn Cabra/" 3 • Pedro Á lvares Cabra l fora esco lhi do, por suas "qualidades pessoais ", para che fi ar a esquadra que, no dia 9 ele marDom Manuel, o Venturoso - Óleo do século XVI, Museu de São Roque, Lisboa (Portugal)Durante seu reinado, foi descoberto o Brasil

ço de 1500, após a Santa Mi ssa celebrada pelo B ispo D. Diogo Orti z, Bispo de Cepta, rumari a para as Índi as, passando pelo Brasil. Dessa ex ped ição, que trataremos em arti go posterior, parti ciparam 13 navi os, tendo apenas qu atro de les consegui do retorn ar a Portugal. Os de mais perderam-se todos, tragados pelo mar, juntamente com sua tripul ação. No dia 23 de junho de 1501 - o u sej a, um ano, três meses e 14 di as depo is de sua parti da, totalizando 470 di as de viagem vo lta Pedro Álvares Cabral ao Tejo.

Pedro Álvares Cabral - Detalhe da Iluminura do "Livro das Armadas" - Biblioteca da Academia de Ciências de Lisboa (Portugal)

Pôde, desse modo, Dom M anue l, o Ventu roso, acrescentar ao seu título de "Rei de Portugal e dos Algarves Daquém e de Além Mar em Áf rica, e Senhor da Gu iné " o ele "Senhor da Conquista, Navegação e Co mé rc io da Etiópia, Arábia, Pérsia e da Índia". Não percebera ele ainda, a essa a ltura, qu e Ca bral hav ia enriqu ecido sua coroa com um fl orão incomparavelmente mais sun tuoso e, mais do que isso, levantara o Estandarte da C ru z na terra que estava des tinada a ser o país de maior população cató li ca do mundo 4 •

Incompreensões e afastamento da Corte Pedro Álvares Cabral retorna a Portugal e, como freqüe nte mente aco ntece na vi da dos home ns esco lhidos pela P ro vidê nc ia Divin a p ara rea li zare m grandes obras, sofreu incompreensões e di ssabo res, tendo se retirado da Corte e nunca mais recebido qualquer e ncargo públi co. Não sabemos o motivo que levo u o descobridor do BrasiI a se afastar da vida pública 5 • Sabemos que e le se manteve retirado e, depois dos sucessos referidos, recolheu-se em suas terras de Santarém, tendo fa lecido em 1520 ou 1528 , divergem os autores sobre a data. Sua sepultura esteve perdida du ra nte os sécul os XVII e XVIII, tendo sido e nco ntrada e m 1839 pe lo hi stori ado r brasile iro Francisco Ado lpho de Varnhage n, Vi sco nde de Porto Seguro, na sacri sti a ela Igreja de Nossa Senhora da Graça, em Santarém. Em 1903, o Be l. Alberto de Carvalho tro uxe para o Brasil parte dos resto mortais de Pedro Álvares Cabral, que fora m depositados em uma urna na capela-mor da Catedral Metropo litana do Rio de Janeiro. Pouco conhec ida é a hi stóri a de um grande descobridor. Ma is do que descobrir te rras, e le comandou uma expedição que inic iou a evangeli zação dos índi os, trazendo incontáve is almas para a Igrej a de C ri sto. Intrépido batalh ador, desej ava dil atar a Fé e expand ir o império. Sabia ser gentil e amável, como o fo i com os índi os bras il e iros, m as ta mbém sabi a guerrear contra os inimi gos de Cristo, co mo o fez co m mo uros que o traíra m na Índ ia.

Devoção mariana: virtude do Descobridor e de sua família Em sua nau capitânia, Cabral levava consigo uma pequena imagem da Senhora da Esperança, até hoje venerada em Belmonte, certo de ser Ela o melhor refúg io nas inconstâncias do mar tenebroso. Foi di ante dessa imagem que ele, no mo mento e m que seus companhe iros celebravam o descobrimento do Brasil , se ajoe lhou e agradeceu a Deus o sucesso do empreendimento 6 .

Torre medieval do Castelo de Cabral, em Belmonte (Portugal)

Quando retornou de sua viagem, o nosso descobrido r mando u co nstruir uma capela para a Senhora el a Espera nça. Capela essa ampli ada pelos seus descendentes que a iluminaram quotidianamente com um círio. 7 Pedro Á lvares Cabral fo i, antes de tudo, um homem de Fé, que se lançou ao mar sob a proteção da Cru z de Cristo, nome com o qual fo i primeiramente " bati zado" o nosso B ras il , segundo seu desejo, como capitão da esquadra. Uma esquad ra que levava a bandeira da Ordem de Cristo, em cujas velas se esta mpava a Cruz característi ca dessa Orde m de Cavalaria, e que chegou ao solo de um país iluminado pelas estrelas cio Cruzeiro do Su l. Que a Senhora da Es perança, a qu al tão bem protege u o descobridor de nosso País, continue a derramar suas bên♦ çãos sobre a Terra de Santa C ru z.

Notas: 1. Segundo se acredit a, pois não se tem certeza

do ano. 2. Sanches de Baê na, O Descobridor do Brasil, Pedro Álvares Cabral , Lisboa, 1987, pp. 1022. 3. João de Barros, Décadas da Ín dia , Década 1, Livro V, Cap. 1. 4. Apud O 'Muy Bom .fidalgo ' que descobriu o Brasil, Catolicismo , nº 2 19 , março de 1969. 5. Algun s hi stori adores, co mo Gaspar Corrêa em se u li vro l endas da Ín dia, levantam a hi pótese de um desente nd ime nto com Vasco da Ga ma, que teri a ex ig ido ser o comanda nte, e m lugar de Pedro Álvares Cabra l, da esquadra que partiri a para as Ín dias e m 1502. 6. C fr. Bue no, Eduardo, A Viagem do Descobrimento , Vol. 1, Co leção Terra Bras ili s, Ed. Objeti va, Rio de Jane iro, 1998. 7. Cfr. Co rtesão, Jaime , A Expedição de Pedro Álva res Cabral e o Descobrime,1.10 do Brasil, Portu gáli a editora , Lisboa, 1967.

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NACIONAL

·,

Projeto de lei do desarmamento: manobras para sua aprovação e resistências Para surpresa e indignação geral, foi incluído na pauta de convocação extraordinária do Congresso Nacional, em janeiro/fevereiro últimos, o Projeto de lei do desarmamento. Um projeto que, caso aprovado, só vai desarmar as pessoas honestas, tornando o uso de armas restrito _ aos criminosos, já que estes não pensam em devolver as suas ... NELSON RAMOS BARRETTO

o ano passado, o Executi vo enviou à Câmara dos Deputados um projeto radi ca l de pro ibição da venda e da posse de armas de fogo, apresentado co mo so lução núraculosa que iria "propiciar ao cidadão maior segurança e tranqüilidade" . Aproveitava ele o clima emoc ional em que se encontrava - e ainda se encontra - a opi ni ão pública di ante das cenas de violência nas rua , escolas e cinemas. A TV e a mídia em geral apoiaram a "solução milagrosa" ,já que elas não têm nenhum interesse em que se debata a causa profun da da violência, nas quais aparecem como uma das culpadas, pela propaganda aberta que promovem a favor da desagregação moral da juventude e da família. A reação fo i crescendo aos poucos. À medida que a emoção passava, a razão e o bom senso fora m prevalecendo. Nesse sentido, serviu para ga lvani zar tal reação e fo rtifi cá- la, a di stribui ção para todos os parl amenta res, da edi ção de agosto de 1999 da revi sta Catolicismo , com matéri a de capa sobre o proj eto de lei do desarmamento, demonstra ndo o quanto ele contrari a a moral católica e a Lei Natural , que gara ntem o direito de legítima defesa. Contri buiu para essa rejeição a posição do re lator escolhi do para dar o parecer sobre o projeto, o deputado Alberto Fraga (DF) , coronel da Po lícia Militar do Distrito Federal , com ex peri ência na qu estão do combate ao crime.

N

No Senado, investida-surpresa Di ante da res istência da Câmara, o Governo federal usou de um arti fício legislati vo: apresentou o Em sua edição de agosto último, Catol icismo apresentou como matéria de capa um substancioso artigo que critica o projeto de lei do desal'm amento do Governo Federal

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mesmo projeto no Senado, por meio de seu líder, o Senador José Roberto Arruda (DF) . Al ém di sso, incluiu-o na pauta da convocação ex traordinári a de janeiro/fevereiro, a fim de ser aprovado em reg ime de urgência. Novamente a TFP se pôs a campo. Em carta diri gida aos Senadores, o Dr. Eduardo de Barros Brotero, Vi ce-pres idente no exercíc io da Pres idência da entidade, mostrou os ri scos inerentes à aprovação desse projeto: "Se um a Lei vier suprimir ou limitar os meios para o exercíc io da legítima defesa, o Estado deve ser obri gado, prev iamente e também por fo rça de Lei, a assegurar às vítimas indefesas do crime - aos impedidos de se defender, portanto a todos os bras il eiros - a respectiva ind eni zação pelos danos que sofrerem, em sua integridade física, de seus fa mili ares e de seu patrimôni o". Faxes, cartas e telefonemas de correspondentes e sim pati za ntes da TFP lotaram os gab inetes dos Senadores. A reação destes pôde ser notada em vários pronunciamentos, dos quais destaco alguns: ■ Sen. Lúdio Coelho (MS): "Não são as armas que matam, mas sim aqueles que as empunham. A criminalidade tem causas complexas e requer mais estudos e deve ser votado na sessão legislativa normal". ■ Sen. Romeu Tuma (SP): "Mui tos crimes são cometidos com AR- 15, submetralhadoras e armas automáticas de fabri cação estrangeira que entram livremente no país". E acrescentou: "Para ex igir que o cidadão não se arme, é prec iso que o Estado garanta sua segurança e não é isso que acontece no Brasil de hoje". ■ Sen. Jefferson Peres (AM): "Ignoraram o autorc do projeto a reali dade do Bras il rural". E observou que "na Amazôni a, a espingarda defende o caboclo contra G ras ma lfeitores sendo também instrum nto de trabalho usado na caça de subs ist~ncia". E pergu ntou: "Co mo fica rão os proprietários rura is do País?

Esses são normalmente homens pacatos, obedientes à lei e que, com aprovação de projeto proibindo armas de fogo, serão os prim eiros a entrega r ao Poder Públi co seus in strumentos de defesa". Co m isso, pensa o Senador, "vai ser uma tranqüilidade assa ltar uma faze nda". O setor mais prejudicado por esse proj eto de lei, o setor rural , mobili zouse em torno da Ca mpanha SOS- Fazendeiro enviando ca rtões vermelh os aos Senadores de se us res pec tivos Es tados. Essa ini ciativa provocou a parali sação do projeto no Senado. Não se conseguiu sequer reali zar votação em qualquer de suas Comi ssões, durante a co nvocação ex traordinári a.

49.758 roubos na cidade de São Paul o, representando respecti va mente um total de 23.04 1 e 199.032 delitos. " No qu adri ê ni o 95-98, a média anu al de homicídios aum e ntou para 7.824, com um total de 3 1. 297 mortes - um incre mento de 8.256 ou 35,8% a mais - , e a médi a anu al de ro ubos passo u pa ra 70 .4 18, num to ta l de

Fórmula do meio termo: fracasso em matéria de segurança Di ante da reação, tanto na Câmara quanto no Senado, surgiu uma fórmul a de meio termo: seri a permitida apenas a posse da arma, fi cando restrito o porte. O Deputado Lael Vare ll a (MG) manifes tou sua preocupação co m essa fórmula intermedi ári a, al ertand o qu e "e m matéria de vida e segurança, não há meio termo. Se não fi zermos um a análi se séri a, buscarmos as experi ências conhec id as, poderemos adotar uma políti ca desas trosa, co mo a que já vem sendo apli cada, tornando impossível devolver as vidas ceifad as pelo aumento da vi olência". E citou o exemplo de São Paulo: "No governo Lui z Antoni o Fleury ( 199 1 a 1994), havi a 69.000 pessoas co m porte de arma. Era um contingente civil armado, a custo zero, de mais da metade do efetivo da Polícia Militar do Es tado. Com o Governador Mári o Covas seguindo essa política anti -armas, esse número fo i reduzido para -2.200 portes. Com que resultado? "Pelas estatísticas ofi ciais da polícia pauli sta, no quadriênio 9 J-94 houve uma médi a a nu al de 5.760 homi cídi os e

Brasília, 26-2 (Agência Brasil-ABr) - Reunião de líderes partidários no Senado, para decidir a fus ão dos textos dos projetos que tratam da proibição da venda de armas. E/D Senadores Sergio Machado, Romero Jucá, Renan Calheiros, Jader Barbalho, José Roberto Arruda, Pedro Piva, leomar Quintan i lha, Arlindo Porto, Romeu Tuma. (Foto: José Cruz-ABr)

28 1. 672, represe ntando um a variação percentu al de 41 ,5%. "Essas 8.256 mortes a mais, em quatro anos, foi o preço dessa política antiarmas. Agora, eu pergunto, quem devolverá essas vidas? Acaso o governo Covas? " Uma pesqui sa conduzida pelos professo res James Wright e Peter Rossi, para orientação de um estudo ofi cial patrocinado pelo Departamento de Justiça americano, apontou o cidadão armado como o mais eficiente meiQ de impedimento do crime da nação. Para chegar a esse re-

sultado, Wright e Rossi entTevistaram mais de 1.800 bandidos aprisionados pelo país". Du ra nte a convocação ex trao rdinári a, a Co mi ssão de Relações Exteri ores e Defesa Naci onal da Câmara aprovaram o substitutivo do relator, permitin do a posse, mas restringindo o porte de

armas, que fi cari a pri vativo dos militares e poli ciais.

Porte de armas, livre nos Estados Unidos: sucesso Prosseguiu o Deputado Lael Varella, citando o li vro Arrna.1· de f ogo, Cidadania e Banditismo, o outro lado do desarmarnento civil, do Dr. Lui z Afonso San-

tos:" 'Numa política oposta, 32 Estados americanos adotaram o porte livre, ou seja para pessoas de bons antecedentes, aprovadas em exames psicotécnico e de habilitação no manuseio de arma; e, segundo pesqui sa do Prof. John Lott, houve uma queda impress ionante da crimi nalidade. A curva descendente do crime violento coincide com a aprovação do porte livre. Os 300.000 portes de armas na Fl órida , os 600.000 na Pennsilvanya, os 300.000 no Texas e inúmeros outros, nos 32 estados que aprovaram a medida, são claramente um fator de inibição do crime. "Com o porte li vre, o número de crimes ca iu 8 1%! De 71 5,9 crimes violentos por 100.000 habi lantes nos estados onde o porte é proibido, reduziu para 378,8 nos estados de porte livre'. "O porte de arma, além de ser um d_ireito individual , cumpre o excelente papel de inibidor da crimin alidade. O cidadão armado inibe a ocorrência de crimes e não os prati ca. O porte livre somente tro uxe benefícios para os ameri canos, tornando-os mais livres e reduzindo a criminalid ade".

* * * Para concluir uma observação se impõe: Di ante dessa fórmul a de meio-termo, que parece predominar tanto na Câmara Fede ral qu anto no Se nado, cumpre alertar a opinião pública a respeito do peri go desse ex pedi ente. E manifestar para os parl amentares a necessidade de se rejeitar a proibi ção do porte de armas que consta dos projetos em di scussão nas duas Casas legislativas. ♦

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ENTREVISTA Catolicismo - Em 18 de novembro último, o :

Aborto e Desarmamento dois temas capitais na atualidade brasileira

O

nosso entrevistado d e hoje , Dr. : Wladimir S. Reale, é um ilustre •

• prio Códi go Penal. Di scute-se mui to sobre o as: sim chamado aborto legal di ante das condições • em que ele não é considerado crime. U m particul ar aspecto dessa lei estadual editada qu ando era govern ador o Sr. Marce lo • Al encar - merece ser lembrado : sua aprovação ocorreu num momento ex tremam ente infeli z, • porque naquele instante o Papa vi sitava o País, e • a posição anunciad a por ele fo i a de que efeti • vamente o aborto é um crime abomin ável, uma • vergonha para a humanidade. Sua Santidade fez essa dec laração no dia 4 de outubro de 1997. E ntão, a nossa pos ição baseia-se inc lu sive no que estabelecia a Consti tuição es tadu al, no ponto em que ela, reprodu zindo a federal , assegura a invi olabilidade da liberd ade

Delegado de Polícia do Rio de Ja- :

neiro, Presidente da Associação dos De- •

legados desse Estado desde 1990, tendo : sido tam.bém Presidente dos Delegados de Polícias do Brasil ( 1993/95 e 1995/97) . Ocupou igualmente a presidência da lnternational Police Association (IPA) Seç ão Brasileira ( 1979/81) . Assum e ele lugar d e destaque na luta contr a o aborto, tendo apresentado re -

: • :

• : •

presentações de inconstitucionalidade : e m re laç ão a leis relacion adas com esse t ema, a propósito do est upro. E também, m ediante representação de inconstitucion a lid ade, conseguiu impedir a aplicação de lei estadual, no Rio de Janeiro, que visav a , na prática, o desarmamento da população .

• : • : • :

O Dr. Wladimir S . Reale discorre portanto como especialista sobre dois importa ntes assuntos qu e têm merecido part ic ular atenção de Catolicismo.

: • :

de con sci ência. N a medida em que essa é realmente inviolável, como obri gar o serv idor - que amanhã poderi a ter um pensamento di fe rente a respeito do tema - sob pena de punição, sob pena de •• sanções, a essa pos ição contrári a à liberd ade de • consc iênci a?

Dr. Wladimir: • "Quando se fala .• : da Constituição : •

Catolicismo - Órgão Especial do Tribunal de

Justiça do Rio de Janeiro considerou incons- • titucional a lei estadual 2.802/97, que obriga- : va as delegacias de polícia a fornecer às mu- •

lheres vítimas de estupro a lista de hospitais onde elas poderiam fazer abortos. Presidindo o Sr. a Associação dos Delegados de Políeia do Rio de Janeiro (ADEPOL) e tendo sido essa a entidade que apresentou a representação de inconstitucionalidade dessa lei, que razões foram aventadas para fundamentar tal

: • •• • : • :

recurso?

• D1~ Wlaclimir S. Reale - Ini cialmente, a Cons- : tituição, sej a a Federal sej a a do Estado do Ri o • de Janeiro, tem princípios, e como tal deve sem- : preocupar um lugar de supremac ia. Então, quan- • do se fa la da Consti tuição Federal no que di z res- : peito ao direito à v ida, esse direito é abrangente. • E, diga-se mais, até dentro da grande polêmica : que se in sta lou depois de 1988 di scute-se se, • efetivamente, à luz da atu al Constitui ção, esse : direito à vid a não teri a revogado também o pró- •

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Federal no que diz respeito ao direito à vida, esse direito é abrangente. Discute-se se, efetivamente, à luz da atual Constituição,

:

responsabilidade de encaminhar a mulher à prá-

ti ca do aborto, num momento em que nem se sabe : efeti va mente se haveri a o problema da gravidez. • Então , esse ponto de consc iência é fund a: menta l em tal matéri a. A lém disso, uma vez que • a Constitui ção do Estado, em seu arti go 35, d iz • que o Poder Público garantirá o direito à auto: regul ação da ferti I idade, co m a I ivre dec isão da

• ••

mulher, do homem ou do casa l para procri ar ou

dei xar de fazê- lo, é clara a vedação de qualquer • atu ação coerciti va ou indutiva. Essa é uma reg ra : expressa da lei positiva.

[esse] direito à vida não teria • revogado tam- : bém O próprio Código Penal"

N ós sabemos o que é uma delegac ia po li -

cial, o que tem de trepidante. Com seu movim en• to, ali as co isas são todas efervescentes. Como • então querer atribuir a um policial de pl antão a

Então também essas razões -

e não somen-

te as de natureza de consc iência - nos im peli • ram a levar i ·so ao tribunal. E o Tribunal de Ju s: Liça, pelo Órgão especia l que é o seu Órgão má-

xi mo - formado pelos 25 mais antigos desem: bargadores - acabou entendendo que a lei era • inconsti tucional.

DesembargadorThiago Ribas Filho, do Órgão Especial do Tribunal de Justiça do Rio, concedeu liminar suspendendo a lei municipal 2.903, de 22 de outubro passado, que era anã-

• : • :

Ioga à lei estadual 2.802/97, a qual foi consi- • derada inconstitucional pelo mesmo Tribunal. • · t rou agravo reg1men· •• A P re f e,·t ura d o R.10 1mpe tal para tentar derrubar essa liminar, que aten- •

: • : •

"Recentemente : houve uma lei •

estadual no Rio de Janeiro, que •• simplesmente

deu representação de inconstitucionalidade proposta pela ADEPOL. O Sr. julga que o Tri- • bunal acolherá tal agravo? :

•. • .•

do D eputado Federal Luciano B ivar, Presidente Nacion al do Partid o Soci al Liberal (PSL), que vendo a legitimidade para essa fin alidade permi tiu que ingressássemos também com essa ação. O nobre Parlamentar representa o povo do Estado de Pernambuco . Vale a pena aqui um breve retros pecto sob,·e essa n1ate'1··, a. Recentemente houve uma outra lei estadual,

aqui no Rio de Janeiro, que simplesmente proi biu • a comercialização ele armas e afins, impedindo que : o cidadão fluminense pudesse adquirir armas e

proibiu a comercialização • •• de armas e afins. .•

Dr. W. Reale - Esse agravo não só foi julgado, •

muni ções para sua defesa e a defesa do seu

como rej eitado por unanimidade. I sso porque o D esembargadorThi ago Ribas • Filho, ex-Pres idente ci o TJRJ, da maior respeita- • • bilid ade, entendeu que não cabia a reform a ele •

patrim ônio. Essa lei es tadual, de autori a do Dep. • Carlos Mine, cio PT, aprovada na A ssembléia e •• sancionada pelo Govern ador, acabou se incorpo• rando à bandeira do Govern o, no sentido de impe-

sua dec isão, no que fo i acompanh ado pela totali dade dos seus pares. Até porque ele invocou o própri o precedente que nós havíamos co locado na ini cial, j á que a nova lei municipal era exa-

: • .• • :

dir que o cidadão tivesse a poss ibilidade de clecidir se ele quer ou não ter arma para sua defesa, ele seu patrimônio e ele sua famíli a. Entrei, então não na qualidade de Pres idente da ADEPOL e sim

lentadas nos seus direitos - , com uma ação direta

tam ente uma reprodução da es tadual, só que no âmbito do municípi o. Envolvendo, além do pessoai ele Saúde, as delegacias diretamente, razão por que ocorreu o que os tribunai s definem co mo a pertinência temáti ca, permitindo a proposta pela A ssociação cios D elegados ele Polícia cio Estado do RJ . Aproveito para passar às mãos do senhor uma cópi a dessa últim a inicial que contém os fundamentos, além das questões jurídicas, e que dá também o resultado do acórd ão da es tadual.

Entrei, então, com uma ação : direta de incons• .• titucionalidade. • E O STF, por : unanimidade, • : suspe ndeu essa • lei estadual" : • : • •

Catolicismo - Segundo notícia veiculada pela imprensa, em 16 de janeiro p.p. o Sr. entraria com representação de inconstitucionalidade no Supremo Tribunal Federal contra o Governo do Estado do Rio, que estabeleceu o pagamento de uma taxa anual de R$ 200,00 para os proprietários de armas. Tal representação foi de fato apresentada? Em caso afirmativo, que argumentos foram aduzidos para fundamentá-la? Dr. W. Reale - Já demos entrada sim , ontem, em Brasíli a, no Supremo Tribu nal Militar, a urna ação direta de in con stitu c io nalid ade, cuj o núm ero é 2 132. Os autos j á se encontram de posse do Mini stro M oreira Al ves, que é decano da Alta Corte bras ileira. N a realidade, essas ações diretas ele inconstitucionalidade no STF são um in stru mento vi goroso na defesa da Constitui ção, e na defesa do cidadão. Nesse caso parti cul ar, ti vemos essa possibilid ade graças também ao apoio

• • : • : • : •

como advogado que atu a no STF em causas de • interesse da Polícia Judiciária brasileira e também : de interesse de cidadãos e empresas que são vio: ele inconstitucionalidade, a ele nº 2035. E o STF, • por unanimidade, suspendeu essa lei estadu al. : N a etapa subseqüente, o Govern o estadual, • inconformado com tal dec isão, que varreu essa • lei cio Estado cio Ri o de Janeiro, reso lveu instituir outras leis burl ando a dec isão da Alta Corte, procurando cri ar dessa fe i ta dificuldades para a situação então dec idi da. O que fo i fe ito, inicialmente, mediante outra lei que cri ava novas difi culdades, exi gindo que apenas através de exa mes psicotécni cos e necessid ade ele cursos fo sse possível a obtenção de um a arm a. Sucede que a legislação federal estabelece essas regras apenas para quem desej a o porte ele Arm a e não para quem jul ga necessári o ter arma em sua casa para sua defesa, direito que assiste a todo cidadão. E fez mais. Reso lveu, por um outro caminho, cri ar dificuldade ainda maior, em relação ao registro de armas que são cadas trad as para fin s ele control e. A ss im , atrav és de uma emenda parl amentar de • autori a do mesmo depu tado Carl os Mine, • e apoiado pelo Govern ador do Estado, Sr. : Antony Garotinho, passou de R$ 16,30 - taxa • de registro da Arma - para R$ 200,00 anuais'

:

Ora, são 111ais de 500 111il armas registradas

• no Es tad o d o Ri o de Jan e iro . Seri am R$ : 100.000.000,00 (cem milhões de rea is) arreca• dados anualmente, isto é, o equivalente a 20% ele

e ATOL te

t

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todo o ICMS do Estado obti qos du rante um mês ! : : País se o porte de arm a não poderi a deixar de ser Esse valor demasiado ca racteri zou o que se • • contravenção, torn ando-se um crime autônomo. cham a de "irrazoabilidade" da proposta, vi olan- : : A lei 9437, de 20 de fevereiro de 1997, que in sdo o devido processo lega l, além de transfo rmar • titui o Sistema Nac ional de Armas, o SINARM , essa taxa em imposto, o que é fl agrantemente in- : • buscou antes de mais nada estabelecer um gran • de co ntrol e de arm as ! Aco mp anh amos essa constitucional. • De um lado pretendeu-se qu e o tra mitação no Co ngresso Nac ional, cidadão - que tanto imposto já paga se nd o eu na ocas ião Pres id ente da nesse país - se desfaça de sua arma, Assoc iação dos Delegados de Polícia cri ando esse "IPA", ou seja, impos to do Brasil (AD EPOL), entidade que reúne os delegados da Polícia Fedesobre pro priedade de armas . É um vara l, das Polícias dos Estados e do DF. lor in aceitável! Veja a questão il ógica dessa maO que aconteceu? Houve uma ani sti a téri a. que objeti vava a regul ari zação das armas no País, para se poder calcul ar O cidadão tem direito à vid a, à propri edade. Essa taxa iri a lançá- lo na adequ adamente o número ele ta is arclandestinidade, porque margin al não mas . As pessoas ele bem, avi sadas, reg istra arm a. Isso é um abu so contra o registra ram suas arm as. Como jul gaqual demos ontem entrada pedindo uma - . -,,....-:: mos o período de seis meses muito _,......,_,_..__ ex íguo, na qu alidade de Pres idente da liminar que suspenda tal lei, nesse e em ~:,:,~'!~~,---L . muitos outros as pectos ex torsivos. __....,.,__ ADEPOL cio Bras il , empenh amo-nos Al ém dessa questão das arm as , muito junto ao então Mini stro da Ju sque afeta o cidadão, ex iste uma questi ça, o Sen. Renan Ca lheiros, para que tão relaci onada com as empresas pri vatal prazo fosse pro rrogado por mais _._.____• - -'-""--- :=::'.:.::!;;:;;;;;;íiiii■ seis meses, porque fa ltou esc larecidas de segurança. mento e co municação num país conNesse meio tempo, as autoridades • tinental como o Brasil. Causou-me certa perpl eresolveram cri ar uma autarquia chamada Rio Se- • •• xidade que o prazo não fosse prorrogado por mais gurança. A intenção era tentar unificar procedi - • mentos policiais através de uma fu são, de fato, das • • seis meses . Por que não se prorroga r por mais "Pretender : se is mesese nãosefazermais propaganda?Essa po líc ias civil e militar - o que também é : inconstitucional. Mas, no fundo, a intenção fo i de • desarmar a • indagação fi cou no ar! cobrar uma taxa pela prestação ele serviço ele poli - : : Agora, ele uma certa fo rm a, ve io a res posta, ciamento: foi cri ada então uma taxa para policia- • população, com • qu ando o Sen. Renan Ca lheiros chegou a propor mento em eventos - tud o também in co ns- : a argumentação : a proibi ção abso luta da comerciali zação ele ar• mas e sua utili zação pelo cidadão. Então, ex pli titucional. O objetivo era, de um lado, asfi xiar as • de que O empresas parti culares de segurança, medi ante a : : ca-se por que não houve um aumento do prazo criação ele um Instituto ele Segurança Pública, com • desarmamento • ele pro rrogação, quando a intenção exatamente fu são ele polícias, o que não é permitido por nor- : vai diminuir a : era a radi ca l. ma estadual. E, de outro lado, fixa r valores abso- • criminalidade, Ass im , pretender desa rm ar a popul ação, lutamente abusivos para o funcionamento também : • co m a argumentação ele que o desarm amento vai : diminuir a criminalidade, especialmente nos cri dessas empresas, estabelecendo taxas a serem pa- • especialmente gas por elas à Polícia Federal e ao Estado. Os au- • nos crimes • mes sem causa, isso é equ ívoco. •• •• mentos foram da ordem de 2000%. O que se vê no es1Jírito desse proJieto, aboora sem causa, • isso é um : cio líder do Governo federa l, Sen. Arruda, do qual 0 Catolicismo - Até o momento, parece haver •• • Sen. Renan Ca lheiros é relator - entendendo que equívoco" um impasse entre as posições assumidas • • tal proposta tenha vindo através do Senado, já que •• na Câmara está havendo um impasse no referente a pelos Senadores Renan Calheiros e Pedro : Piva quanto à votação, no Senado, do projeto • • que tão - , é que, na realidade, ele é coerente com •• tudo o que vem ocorrendo anteriormente. de lei de Desarmamento, enviado pelo Gover- : no federal ao Congresso. O relator do projeto • • E - outra contradição - decorreram 50 •• anos para se tra nsfo rmar a co ntravenção em cri na Câmara também propôs emendas substan- : ciais que alteram seu texto original. Qual sua • • me, e agora, com um pouco menos de três anos : ela vigência da Lei 9437 - que é unia lei boa -, opinião a respeito dessa controvérsia? • Dr. W. Reale - Eu gostari a ele faze r uma colo- • • torn a-se necessári o um prazo razoável para que cação prelimin ar. : : tal Jegislação sej a cun1prid a. E insistindo no recaDura nte mais de 50 anos di scutiu-se neste • • clastra mento das arm as sem registro no país -

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med iante prazo ele um ou dois anos - co m propaganda que ressalte a importância di sso. Parece-nos que o Se nador Pedro Piva elefe nde uma proposta melhor, apesa r ele, segundo ela, poder se li berar apenas as espinga rdas .. . Discordo também dessa medida. Jul go que a atual lei é boa; as armas de defesa pessoa l devem ser mantidas, para qu e o cidadão dec ida se quer ou não poss uir uma arm a de fogo para sua defesa e de se u patrimôni o, porque o Es tado não tem condições ele estar presente em todo lugar, em todos os lares, empresas e ati vidades. Dentro desse contexto, acho que a pos ição do Sen. Renan Ca lheiros no projeto ele lei 6 14/ 99 - reprodução el a pro posta por ele fe ita anteri ormente ao Presidente da Repúbli ca e transformacia em projeto ele lei que tramita agora na Câmara - não co ndi z com a realid ade nac ional. E há um outro as pecto particul ar que não pode ser esquec ido: a questão das fá bricas de armas e de seus respectivos comerciantes, atividade esta lícita. Como admitir que se asfi xiem as fábri cas ele armas, ou então, permitir que elas apenas ex portem? Que éti ca é essa? Ex portar armas para que elas sejam usadas no exteri or, mas não querer permitir que elas sejam utili zadas no interior do País? Sem fa lar que elas acabarão voltando na esteira do contrabando. Então, a asfi xia dessas empresas na rea lidade só pode interessar a grupos in ternacionais. Se o mundo inteiro am anhã vier a ser desa rm ado, então teríamos um a outra situação , o que comportari a novos debates. O certo é que, no contex to atual, tal pro posta é abso lu tamente descabida e não va i contribuir para o combate à criminalidade . Fa lo co mo profi ss ional, já há 35 anos no ramo e conhecendo a segura nça públi ca no Brasil inte iro, com suas rea lidades di stintas. Essa proposta é um eq uívoco !

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''As armas de

defesa pessoal devem ser • mantidas, para que o cidadão decida se quer ou • • não possuir uma : arma de fogo • para sua defesa : e de seu • • patrimônio" • : • : • • •• •

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Catolicismo - O Sr. está de acordo com as posições - apresentadas em Catolicismo, na edição de agosto último - assumidas pelo Coronel do Exército de Cavalaria e Estado-Maior (R1) Carlos Antonio Hofmeister Poli, pelo Coronel do Exército de Infantaria e Estado-Maior Mário Hecksher Neto (R1 ), e pelo Cel • PMESP Jairo Paes de Lira sobre o projeto de • lei de Desarmamento do Governo Federal?

Dr. W. Reale - Sem dú vida, achei que todos • ass un1ira111 unia pos ição co111uI11 , que é impedir • essa proibição, em nome do respeito ao ciclacl ão, •

• que encontra uma garantia na própri a Constitui ção. Tenho dúvida se essa proibição, mesmo apro• vada por lei federal , não seri a inconstitucional. Até • porque, se isso vier a ocorrer, vamos enfrentar tal • di sc ussão sob o as pecto constitucional cio direito • à vida e ao patrimôni o. Essa matéri a, mesmo sen• do aprovada, será suscetível de uma futu ra decisão cio Supremo Tribunal Federal sobre o tema. • Os autores das matéri as , todos também pro• fi ssionais do meio, enfoca m-nas com grande pro: fundid ade, cada um a seu modo. • O Coronel Po li elaborou matéri a substan• ciosa, trazendo algo que muito me impress ionou, a sa ber, a citação el a Co nstitui ção Pas tora l • Gaudium et Spes: "Nwn in undo marcado pelo mal e pelo pecado existe o direito à legitirna de• f esa por meio de armas. Este direito pode se tor: nar um deve r grave para quem é responsá vel pela vida dos outros, pelo bem comum da fa m.ília e • da cornunidade civil ".

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Impressionou-me igualmente o peso hi stóri co el a citação, proveni ente do Vati cano. Ele abordou também um tema interessante: o de que a necess idade da proibição do uso de arm as de fogo não está demonstrada, com o que concordamos integralmente. No mesmo sentido, o Coronel Hecksher resumiu o absurdo desse projeto de lei do clesarmamento, qu ando, na parte fin al, ressa ltou o fato de os políticos de esquerda estarem batendo paimas para ele. Sa li entamos também, em relação ao Estado cio Rio ele Janeiro: essas matéri as, que fo ram obj eto do nosso ataque nos tribun ais, tanto no TJRJ como no STF, foram sempre apresentadas por políti cos de esquerda ou el e ex trema-esquerela. E muitos pegara m em armas , como o própri o Sr. Carl os Mine .. . Li também com atenção a matéri a cio Coronel Paes de Lira, da Polícia Militar de São Paulo. Fez aná li ses interessa ntes so bre to da essa polêmica. Revelou profund os conhecimentos da questão nos estudos comparativos com a situação ele outros países que iniciaram uma tênue ex peri ência sobre o pro blema do desarmamento, como o caso ela Tnglaterra, que não serve absolutamente de exemplo para o Bras il. Temos aqui uma reali dacle absolutamente diversa da britâni ca. E1n resu1no, acho que a TFP ca1ninha 1nuito bem na defesa da sociedade, sustentando a primazia da f~,mília e da propriedade, princípios basilares que são consagrados na Constituição Federal. Entendemos que não será bom para o País se, efetivamente, essas leis vierem a ser aprovadas. E confi amos que os parl amentares rejeitem tais propostas, quer na Câmara Federal , quer no Senado. ♦ C ATO LICIS MO

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CAPA "A litera tura da O rdem Beneditina não tem páginas m ais encantadoras e sugestivas, depois das da Santa Rergra, que aquelas em que São Gregório Magno (540-604) relata a Vida e Milagres de São Bento no Livro li de seus Diálogos. Conservam ainda, através dos

snintual

séculos, a fragrância intacta e o frescor de seus prime iros dias"*. Ocorrendo no dia 21 do corrente a festa do glori oso Patriarca dos M onges do Oc idente, São Bento, da obra de São Gregóri o M agno extraímos o enca ntador trecho aba ixo.

*

Pe. Bruno Av il a, O.S .B., Vida ele San Benilo, Editorial San Benito, Buenos A ires, 1956, Introd ução, p. 7.

Dogma: por que fracassou essa investida da Internacional da Blasfêmia WILSON GABRIEL DA S ILVA

ciativa promovida pela TFP con·a a ex ibição do film e blasfemo Dogma no Brasi l, rea li zada com a am pla participação da campanha Vinde São Bento ressuscita o menino a pedido do pai (gravura antiga)

São Bento ressuscita um morto

"t

erta ocasião, hav ia saído com os irmãos para trabalhar no campo, e nesse momento chegou ao mosteiro um rude camponês levando nos braços o corpo de seu filho morto, chorando amargamente e perguntando pelo venerável Bento. Quando lhe responderam que estava no campo com os monges, deixou junto à porta do mosteiro o corpo do falecido filho e, grandemente perturbado pela dor, saiu a correr em busca do venerável Pai. "Naquele preciso instante, porém, já estava regressando o homem de Deus com os irmãos. Nem bem o avistou, o infeliz pai começou a gritar: 'Devolve-me meu filho, devolve-me meu filho!' Ao ouvir tais palavras, deteve-se o homem de Deus e lhe perguntou: 'Por acaso eu te roubei teu filho?' Ao que respondeu: 'Ele morreu; vem e ressuscita-o'. "Ouvindo isso, o servo de Deu s entristeceu-se m uito, dizendo: 'Afa stai-vos, irmãos, afastai-vos; coisas dessas não cabem a nós, antes são próprias de santos Apóstolos. Por que quereis impor-nos car20

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gas que não somos capazes de suportar?' Mas o infeliz, esmagado pela dor, persistia em seu pedido, jurando que não iria e mbora enquanto ele não lhe ressuscitasse o filho. E ntão o servo de Deus perguntou: 'Onde está ele?' Ao que o pai respondeu: 'Junto à porta do mosteiro, ali está seu corpo'. "Chegou o home m de Deus com os irmãos, pôs os joelhos em terra e inclinou-se sobre o corpinho do menino; levantando-se em seguida, ergueu as mãos ao Céu e di sse: 'Senhor, não olhes os meus pecados, mas a fé deste homem que pede que se lhe ressuscite o f ilho, e fa z voltar a este corpinho a alma que dele quisestes levar'. Mal hav ia acabado de proferir tais palavras quando, voltando a alma ao corpo do meni no, este estremeceu de tal modo que todos os presentes puderam aprec iar com os eus próprios olhos como se havia agitado com aq uela sacudida maravilhosa. Bento, então, tomou a mão do menino e o devolveu vivo e incólume ao pai". ♦

Nossa Senhora de Fátim.a, não tardeis! e dos aderentes de O Amanhã de Nos sos Filhos, constituiu-se em v itori oso protesto co ntra a cresce nte ond a ele blasfêmias que procura cobrir ele ri dícul o a Religião católica . Diante do express ivo apo io popular à atuação decidida el a TFP e de se us simpati zantes, que co letaram e entregaram ao Mini sté ri o da Justi ça 162.3 18 petições co ntra a exib ição do filme, grandes cadeias de c inema recuaram. Em conseqüência disso, Dogma está sendo ex ibid o apenas em red uzido número de sa las, especialmente cio circui to altern ativo. Apesar de ter ini ciado a luta sozinha e com parcos recursos contra a hostili dade hab itual do macro-cap itali smo publicitário, a TFP e os cató li cos reunidos em torn o dela obtiveram importante v itória contra a impiedade. Os lei tores ele Catolicismo puderam acompanhar o assun to nos úl timos meses (cfr. ed ições ele novembro, dezembro, janeiro e fevere iro últimos): uma produ ção c in ematog ráfica in fa m e, intitulada Dogrna, leva ao cú mul o o ele-

O autor de Dogma, Kevin Smith, tem o desplante de se dizer católico. Acima, à direita: propaganda do filme na Internet

boche da Reli gião católi ca, ridicularizan do seus dogmas fundamentais.

Dogma: amontoado de infâmias _Produzido por Kevin Smith, um cineasta e ator que se diz católico( !), Dogma tem um enredo absurdo, que resumimos a seguir, cio arti go "Besteiro{ de Dogma nâo sai da idéia iniciar', de Sérgio R izzo ("Folha de S. Paulo", guia ele cinema, 2 1 a 27 de j aneiro): dois anjos renegados vislumbram a chance ele vo ltar ao Céu graças a um portal cri ado por um padre rnarqueleiro de Nova Jersey. Como o retorno pode acarretar o fim ela humaniclacle, um sera fim vem à Terra para convencer Bethany, a última descendente ele Jesus Cri sto [na realidade é apresentada como descendente ele N ossa Senhora] para impedir a ação cios anjos decaídos.

Acrescentamos que esta última trabalha numa clínica de abortos, tendo ela mesma se submetido a um aborto. Aju dam-na dois ' profetas' que só pensam em torpezas, um 'anj o' beberrão e um a espécie de musa celestial que tem por profissão fazer streap-tease (desnudarse). Por fim , Deus entra em cena representado por uma cantora de rock-androll. E le (e la) gosta ele v ir à Terra praticar esportes. Segundo o citado guia ela "Fo lha", "o

escracho inclui brincadeiras primárias sobre o sexo dos a,7:jos e o dos m.ortais, corijelu.ras raciais sobre Jesus e seus apóstolos .... e o retorno dos debilóides tarados de O Balconista (94) e ?roeu.rase Amy (97), os .filmes anteriores .... de Kevin Smith, interpretados pelo próprio diretor e por Jason Mewes". Imagine agora o leitor que alguém difamasse ou ca luni asse os membros de sua fam íli a, por exempl o seu pai e sua mãe, e o fizesse de público, pelos j ornai s e pela telev isão. Como reagi ri a qualquer home m, vendo ridi cul ari zada sua mãe, posta em dúvida sua conduta de mulher honesta, escarn ec ido seu pai mediante comentári os abomináveis, em tom de piada e em nome da liberd ade de expressão e da ficção "artí.\"lica" ?

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Flagrantes da filmagem de Dogma diante do portal que os "anjos rebelados", segundo a película, desejavam transpor

O mínimo que se pode dizer é que ga ni zada pela TFP, exprime bem o esnenhuma pessoa de bem, com a mais sencial. Mas há mais. comezinha noção de honra, aceitaria tais Toda injúri a contra o próprio Deus ou contra tudo aq uil o que tem relação ofensas pacificamente. imediata com Ele - Nossa Senhora, os Ora, o filme Dogma vai muito além Santos, a Igreja Católica, as coisas sada ofensa a uma pessoa humana. E le ofende diretamente a Deus, ridiculari- . gradas - é blasfêmia. E a blasfêmia é um pecado gravíssimo contra o primeizado na pessoa de uma cantora de rock; ro Mandamento, princ ipalmente quanatenta contra a divindade de Nosso Senhor Jesus Cristo, representado como do ofende os dogmas fundamentais de nossa santa Religião. E mais ainda em um degenerado moral; zomba da Igreja Católi ca por E le fundada; insulta Nossa se tratando de injúria pública, como no caso desse filme, destinado a uma puSenhora, cuja santidade insigne e cuj a blicidade mundial. virgindade são negadas; debocha dos Respondendo a uma pergunta form uApóstolos e Profetas, figurados como lada pela revista "Isto É", o Diretor de homens vulgares e cheios de vícios (no Imprensa da TFP, Dr. Paulo Corrêa de filme, Moisés é chamado de bêbado e um fictício 13" Apóstolo diz que Jesus Brito Fi lho, classifica o filme de "lixo se divertia ouvi ndo piadas imora is); descinematográfico" que escarnece da Fé respeita a Santa Missa, indi gna e satan ida maioria do nosso povo. E insiste: camente comparada ao ato sexual... "Não se trata (apenas) de permitir ou Como se vê, a pretexto de coméd ia, não a exibição dessa imundice em foro que se faz é ach incalhar os dogmas ma de .filme, ,nas sim de exercermos o mais sagrados da Religião cató li ca. nosso direito de que não seja ofendida e Dogma é "O.filme que ri de Deus", conridicularizada nossa Fé católica, apostólica, romana, professada pela grande fo rme se intitul a um artigo da revista "Época" sobre o ass unto. maioria dos brasileiros " . Dogma não é o primeiro nem o úni TFP, praticamente sozinha, co filme desse gênero, mas fo i a gota lidera oposição à blasfêmia d'água numa taça já repleta, pois as zom"Não podemos pernútir que Deus e barias da película somam-se a numerosua Mãe Santíssima sejam brutalmente sos outros filmes blasfemos, que deturultrajados em nosso País. Esse filme pam as figuras sagradas de Nos o Senhor Jesus Cri sto, de Maria Sa ntíssima apresenta Nosso Senhor Jesus Cristo e dos Santos. como homossexual e Nossa Senhora Impunha-se, pois, fazer a lgo. Embocorno mulher de má vida." Esta reação de um aderente da campanha Vinde Nosra a TFP e suas co-i rmãs de outros países não tenham pedido ereção canôn ica, sa Senhora de Fátima, não tardeis!, or22

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como associações religiosas, porque desnecessário para suas atividades, elas constituem entretanto - além de seu caráter c ivil - associações privadas de fiéis, em face do Direito Canônico (câns. 215 , 298 e 299). E las são constituídas de católicos praticantes e baseiam sua atuação nos princípios da doutrina tradicional da Igreja para a solução dos problemas da ordem temporal. Assim, as TFPs dos Estados Unidos (país onde foi produzido o filme) e do Brasil sa íram às ruas contra o filme de Kevin Smith, ligado à distribuidora Miramax, dependente da poderosa Disney (cfr. Catolicismo dezembro/99, p. 10). No Brasil, o filme está sendo distribuído pela Lurniere.

O "levante" que deu certo O resultado, o leito r j á conhece pelas páginas de nossa revista. Convém entretanto acrescentar algu ns dados de fonte totalmente insuspeita. "O levante contra o filme deu certo, escreve Ivan Finotti na 'Folha Ilu strada' (2 1- J -2000). Há 40 dias, a Lumiere pretendia lançar Dogma em 80 cinemas cio País. Hoje o filme estréia em apenas 22 a las de oito cidades .... , a maioria delas espec iali zada em filmes alternativos ou ele arte." Na realidade, outras informações dão por certo a ex ibi ção, na estréia, em ape nas 11 sa las. A mesma reportagem ela "Folha" reproduz declarações muito e luc idativas quanto aos motivos do fracasso do filme no Brasil:

"O exibidor ficou assustado com essa polêmica. A campanha conseguiu inibi-los. Não posso condená-los. Ninguém quer confusão", diz Bruno Wainer, diretor-executivo da distribuidora Lumiere. "Considerando que o .film.e Dogma está repleto de blasfêmias e perversões sexuais e fa z apologia do aborto, da eutanásia, do alcoolismo e da pornografia para apresentar enredo ultrajante à Fé católica, pedimos providências imediatas de Vossa Excelência para proibir a importação .e a exibição do fi lme em todo o território brasileiro", dizia a petição encam inh ada pela TFP ao Ministro da Ju stiça a esse respeito, ac rescenta a referida reportagem da "Folha", após estender-se sobre a campanha da TFP: "O m.áximo que o Ministério da Justiça pode fa zer - e fe z - é indicar o filme para maiores de 18 anos. A secretária nacional da Justiça, Elizabeth Sussekind, responsável pelo Departamento de Class(ficação lndicaliva, determinou a restrição cilando cenas de 'ex/rem.a violência e de uso de drogas ' ". O que representa mais uma limitação à difusão do filme blasfemo. Desse modo, ficou novamente comprovada a eficácia das campanhas ela TFP. E manifestou-se igualmente o espírito católico do povo brasileiro, o qual se associo u em grande número ao protesto contra o filme blasfemo, injurioso à fé professada pela grandíssima maioria da população. A generalidade dos catól icos, acostumada a ver sua fé espezinhada pelos poderosos meios de comuni cação, recebeu como uma lufada ele ar fresco a campanha da TFP, que ostentou com garbo a primazia dos princípios cristãos.

"Máquina internacional do anticristão" A luta contra a blasfêmia (e não apenas contra a exibição ele um filme, é bom frisá-lo) trava-se em co ndi ções desi -

guais, a bem dizer ele Davi contra Gol ias. E no caso, Davi não é representado pelos produtores ele cinema e muito menos pela mídia. Atesta-o o escritor O lavo de Carva lho em arti go para o "Jornal da Tarde", ele São Paulo ("Dogma" e men tira, 6-1-2000). "Sou conlra a proibição de qualquer .filme, escreve ele, mas não quero ser cúmplice de uma operação montada para enganar o público. A Igreja e a TFP, que pediram a proibição de Dogma, não são o poderoso estab lishme nt oprirnindo um pobre artista libertário, como procuram apresentá-las

Os dois "anjos decaídos": clima de chanchada blasfematória

os apóslolos da liberação do espetáculo. Guardadas as proporções que as separam, ambas são organizações debilitadas, perseguidas, boicotadas e rnarginalizadas, em luta contra a máquina internacional do anticristão [destaque nosso]. "Quando o establi shment quer impedir que você veja um fi lme, ele não pede às autoridades civis que proíbam sua exibição: ele simplesmente lira o.filme de circulação com um memorando administrativo, como a Disne.y fe z com Sete Anos no Tibete e Kunclun, que cometiam o pecado mortal de denunciar o rnassacre de um milhão de tibetanos pelo governo chinês e assim arriscavam prejudicar os interesses comerciais que unem os EUA ao seu sangrento 'parceiro privilegiado ' do Extremo Oriente.

"Se a Igreja e a TFP pedem a proibição do .filme, é porque não Lêm meios de lutar con/ra a propaganda anticristã com as próprias armas dela. Quem tem dinheiro opõe anúncio a anúncio, espetáculo a espetáculo. Quem não /em, pede socorro ao Ministério da Jusliça. "Não apóio, continua Olavo ele Carvalho, os que pedem a proibição de Dogma, porém., é preciso denunciar toda tentativa de rnanchar a nobreza de sua causa, tão respeitável, ao menos em tese, quanto a da liberdade de expressão". Apenas dois reparos aos comentários do arti culista: 1- a Igreja tem muito mais força do que ele diz. Caso e la tivesse se empenhado (por meio ele seus Bispos e de seu Clero), o resultado poderia ter sido ainda mais rápido e total. Prova-o o muito que pôde obter o punhado ele católicos congregados na TFP sem o apo io ele qualquer poder. Pois, in felizmente, se a TFP sa iu de público contra a blasfêmia, o silênc io ela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil - CNBB sobre o assunto foi por assim dizer oficial; 2 - De acordo com a doutrina católica, não existe "liberdade de expressão" quando se trata ele blasfêmia ou qualquer outra forma de mal: sua difusão constitui , de fato, um abuso ela liberdade. Confirmando o enunc iado do ftem l acima, notícia ela "Fo lha de S. Paulo" ele 3-12-99, intitulada "CNBB nãofala sobre o Dogma", afirma que a entidade ep iscopal resolveu não se manifestar publicamente sobre o assunto: "Não tomei conhecimento sobre a campanha [da TFP] nem sobre o filme. Não existe nada de oficial da CNBB com relação à polêmica" , afi rm ou D. Raimundo Damasceno, Secretário-geral ela Conferência dos Bispos, ao "Jorn al ele Brasília", ele 21-1 l -99. Assim, fe ita a exceção honrosa do Emmo. Sr. Cardea l-Arcebispo cio Rio ele Janeiro, o qual pediu a uma cadeia ele cinemas que não projetasse o filme, as

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Acima: comissão da TFP entrega no Ministério da Justiça, em Brasília, as 162 mil petições contra a exibição do filme.

À esquerda: campanha pública da TFP, em São Paulo, com estandartes e cartazes, contra Dogma

mais altas fig uras eclesiásti cas o ptaram . aceitar pi adas e zombarias a respeito de sua fé, em especial contra nosso Redentor pe lo s il ê nc io. O que confere à T FP e aos e sua Mãe Santíssima ou contra a Santa ade re ntes da campanha Vinde Nossa SeIgreja enquanto instituição di vina. nhora de Fátima, não tardeis! e de O Amanhã de Nossos Filhos o mé rito de TFP, seus aderentes e tere m e nfrentado quase sozinhos a hossimpatizantes X tilidade cios me ios ele comuni cação faInternacional da Blasfêmia voráveis ao film e bl asfemo . Ol avo ele Carvalho falou e m "má quiO s adve rsári os da Re li gião cató lica na internacional do anticristão". Podedefendem esse film e, como tantas oumos fa lar também numa Internacional da tras bl asfê mi as, em no me ela libe rdade Bla5fêrnia, à semelhança ela Internacioele ex pressão. Têm e les esse dire ito? nal comuni sta ou da sociali sta. Não, confo rme j á o di ssemos ac ima. A ex pressão se justifica, po is o fil E ntretanto, a ex plicação to rn ar-seDogma, co mo di ssemos, não é o me á mais fac ilmente compreensíve l se fi único no gênero, mas co loca-se na eszermos um a comparação e ntre difamateira de uma séri e de outros espetáculos ção, ca lúni a e bl asfêmi a e a apli ca rmos ofensivos à Re li gião cató li ca, co mo Je à vida rea l. Difamar é ate ntar contra a boa fam a . vous salue Marie, ele Jea n-Luc Gocldard , o u A última tentação de Crislo, el e ele algué m, imputando- lhe ações ofe nMartin Scorsese etc. sivas à sua reputação . Se, ademai s, tais O s inimi gos el a igrej a in siste m e m imputações fo re m fal sas, será ca lúni a. lançar imundices sobre as co i as mais A blasfê mi a é muito mais g rave : sagradas ou que simboli za m no ·a santa ofende o pró pri o De us ou o que Lhe di z Re li gião. Ass im , o le itor le mb ra r- e-á, respeito, co mo Nossa Se nhora , os Sanpor certo, ele te r visto com freq üê nc ia o tos, o culto sagrado (a Mi ssa) etc. C ri sto Rede nto r do Ri o ele Jan eiro ser Se nenhuma pessoa ele bem aceita imo bj eto de pi adas, charges e mes mo de passível que caluniem seus próx imos, com anúnc ios publi c itá ri os po r vezes sum amais razão o católico não está obrigado a

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me nte irreverentes ou diretame nte imorai s, co mo o de ro upa íntima fe minin a divul gado há alguns an os. F ilmes ele ori gem itali a na, francesa o u no rte-a me ri ca na, to mand o co mo tema a vicia de Jesus ou e pi sódios narrados nas Sag radas Escrituras, procuram e m geral dar uma interpretação que nega ou di storce a divindade de C risto ou desfig ura outros personagens bíblicos. Tudo é adaptado ao homem hedoni sta de nosso te mpo, não para in struí-lo sobre as verdades ela Fé, mas para aguçar ainda mais suas te ndências pecaminosas e ti rar-lhe o resto de fé que ainda possa te r. A títul o de exe mplo : o álbum INRI, sobre a vida de Nosso Se nhor, ilu strado pe la fo tógrafa sueca Bettina Rhe im s, apresenta na capa um cruc ifi cado insólito . E m lugar de nosso Redentor a parece uma mulhe r j ovem co m o bu sto à mostra ! De ntro, apresenta a Ceia como um banquete de homossexuais, atiran do sobre o pró pri o Di vino M es tre o infamante ultraje de viver e m me io a tarados e prostitutas. Outro exempl o é o desenho de c urta- metragem Deus é pai, de um cartu ni sta gaúc ho. "O desenho causou alvo-

roço ao se r 'premiado no Festi val de Gramado do ano passado" po r se u "conteúdo ousado, grosseiro", segundo artigo de Alexandre Maron na "Folha de S . Paul o" de 2 1- 1-2000. Segundo o a rticuli sta, Jesus aparece "vestido com uma cam.isa do grupo de rock pesado Ki ss,

vai ao w nsul!ório de urna psicóloga discutir sua relação com Deus". O Padre Eterno es tari a indignado com a rebe ldi a de Se u Filho e a pl atéia te ri a rido muito

"com as gmsserias trocadas por pai e fi lho diante da psicóloga. A dupla troca xingamenlos a/é que a psicóloga parece controlar a situação". Ergue ndo-se contra essa Internacional da bla.1:fêrnia, a TFP conclama a que faça m o mes mo todos os brasileiros de bem - e muito espec ia lmente os católi cos e ho me ns de fé . Há pouco, o pres idente Fern ando He nrique convoco u os bras il e iros para uma cru zada contra a impunidade ("O Estado de S. Paulo", 1011-99) . Esta cru zad a deve estender-se, mais do que tudo, e m favo r dos princípi os cri stãos que são o fund amento de nossa civili zação .

TFP e entidades afins do exterior contra Dog,na Também fora do Brasil a máquina satânica da Internacional da Blasfêmia encontrou grandes obstáculos ERNESTO B UR INI

e nclo sido exposto, na parte a nteo r, o desenrol a r da C a mpanha d a T F P no Bras il co ntra D ogma, sentare mos a seguir breve rese nha da mesma campa nha desenvolvi d a e m o utro s p aí ses, no s quai s as reações fo ram inúmeras e vi gorosas, despe rta nd o um ressurg ime nto da consciência cató lica.

zad o pe la T F P d e u-se no Linco ln Center de N ova York e co ntou com a presença do Bi spo A ux ili a r dessa c idade, M o ns. Garme nclia.

Estados Unidos

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Apresenta mos esse país e m primeiro lugar, porque fo i nele produz ido o film e bl asfe mo, te ndo s ido iniciada pela TFP norte-americana a campanha contra sua exibição. Campanha esta de e nverg adura , qu e incluiu mani fes tações e m v ias públi cas, a lca nça ndo grande re perc ussão. A T F P no rte-americana, através de sua c ampanha America Needs Fatima (A América precisa d e Fá tim a), di s tribuiu 2, 5 milh ões d e fo lh e tos ale rtando sobre Dogma. O s e ncarregados d a ca mpa nh a ca lc ulam que cerca de 180 mil pessoas protestaram j unto à Watt Disney e associados. A di stribui ção dos volantes cessou a p artir do mome nto e m que a pe líc ul a foi retirada dos c ine mas o nde era exibida. A atu ação da T FP começou desde a estré ia do film e, no dia 4 de outubro último, quando re uniu 2 mil pessoas numa vi gíli a de oração e m re paração pelo filme Dogma, diante do local o nde se reali zava o New York Film Festival. O princ ipa l ato do re púdio organi -

~

to dia nte dos c ine mas o nde o filme bl asfe mo era exibido . A T FP no rte-ame ricana o rgani zou mais de 400 desses rallies of reparation anel protest (manifestações de re paração e protesto). Só dian te da sede central da Watt Disney Corp., na Califó rni a, fo ram reali zados seis, um dos qua is contou com a presença de mais de 800 pessoas. C inco Bi s pos norte-americanos e nvi a ram à TFP expressivas cartas de adesão à sua iniciativa co ntra o filme Dogma. E loqüe nte re pe rcu ssão da campanha - a qual de ita por terra o fal so arg ume nto de que a ação da TFP contra Dogma só serviu para pro pagá-lo - foi extraída da e ntrevi sta de Kevin Smith, diretor da pe líc ula, à cadeia CNN de notíc ias:

- " O Sr. não pode se qu e ixa r, a ca m pa nha dos católicos atrai o interesse sobre o fi lme, f azendo- lhe propaganda grátis. " Não é esse tipo de propaganda que procuro. Meu filNo alto: durante a manifestação de protesto promovida pela TFP norte-americana, diante do Lincoln Center, Nova York, na estréia de Dogma, em 4-11-99, o Arcebispo Auxiliar da cidade, D. Francisco Garmendia, dirige a palavra aos manifestantes. · Acima: Nessa ocasião, manifestantes exibem cartazes contra Dogma.

O utro po nto alto da campanha fo i a rea li zação de numerosos rallies, o u ato ele p rotesto pacífi cos . Vá ri os g ru pos, p o rtando cartazes, rezava m , cantava m e b rad avam slogans de proles-

me é um entretenimento e esses tipos o converteram numa polêmica!" (destaque nosso) . Dentre as inúme ras reações ao fil m e, r e produ z imos es te pequ e no exe mplo de um g rande ato de coragem reco mpensado: uma j ove m de l 9 anos, da Loui sia na, viajou de sua cidade até a capital do Estado, para o rgani zar um protesto . Apesar de seus esforços, ni ng ué m a aco mpanhou. C olocou-se e ntão sozinha e m fre nte do cine ma, com os fo lhetos na mão . A partir desse mo-

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DISCERNINDO, DISTINGUINDO, CLASSIFICANDO

•~ uma Cultura Cristâ, conhecida no país pela sigla DVCK, enviou recentemente aos adere ntes de sua campanha A Alemanha precisa da ajuda de Maria , um boletim informativo no qual descreve o conteúdo blasfemo do filme. Com o título "Dogma: um filme com conteúdo blasfemo - A Virgem Maria e a Igreja católica fortemente atacadas", o informativo, " Luz de Fatima ", comenta que "poucas vezes se viu na história do cinema uma tâo grosseira burla das verdades da Fé " . E mais ad iante: "Sob o pretexto satânico de fa zer uma interpretaçâo livre da História Sagrada, 'Dogma' é uma máquina de guerra contra a Igreja, contra cada católico e contra nossa Fé".

S.A., representante local da Walt DisneyMiramax, na qual lhe era so li citado recusar absolutamente toda oferta ele importar e distribuir o referido filme. Essa voz de a lerta despertou imediatamente ca lorosa reação; pouco depois era entregue a Buena Vista um a petição subscrita por mais de 6 mil pessoas, entre as quais se destacavam 1 l Bispos. Ao mesmo tempo, a FAM distribuiu milhares de volantes em Buenos Aires, denunciando o caráter blasfemo de Dogma e convidando os catól icos a reagir contra esse agravo à sua fé. As agênc ias noticiosas Zenit e AICA em itiram um com uni cado de imprensa informando detalhamente sobre a campanha. Outras entidades de renome sornaram suas vozes co ntra a ex ibi ção da película e lamentaram que não houvesse uma reação por parte das autoridades que devem vela r pelo respeito à Religião da maioria do povo argentino.

Argentina

Áustria

, 1 A assoc iação l~á~il_na, la ~ gran esperanza, 1111c 1o u em

- - - - A associação Juv entude Austríaca, con hecida pela difusão da Mensagem de Nossa Senhora de Fátim a nesse país de tão antiga tradição cató li ca, publicou reportagem contra a difusão de Dogma em língua a lemã. A apresentação consistiu num artigo de duas páginas de seu boletim , com uma tiragem de IO mil exemplares.

mento, com a ajuda cio Ce11tro de Protestos da TFP, termin u a demonstração com mais de 60 participantes.

Alemanha

!IIIPl'l A Associaçâo Alemâ por

dezembro último uma campanha de a lerta e protesto contra Dogma, em uni ão com as TFPs ele outros países que já se haviam empenhado na mesma batalha. A campanha fo i difundida através de dois boletins da e ntid ade, cujos aderentes env iaram cartões de protesto a The Walt Disney Studios - Latin America. Um aspecto dessa ação consistiu na amp la utili zação de com unicações via Inte rnet, tendo chegado correspondências de adesão da Espanha, Porto Rico, Estados Unidos, Austrália, Inglaterra, Costa Rica, México e Itália. A Fundación Argentina del Ma íiana (FAM), entidade de destacada atuação em defesa ela fa míli a ante a imora lidade televisiva, denunciou o caráter blasfemo de Dogma em carta divulgada nos mais variados amb ientes re li giosos e sociais daquele país. Antecipando-se ao anúncio de sua estréia, a FAM conv idou os católicos argentinos a subscreverem uma mensagem dirigida à empresa Buena Vista

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eATo LIeIs

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França

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"Tudo é uma brincadeira, uma enorme e engraçada brincadeira, nâo a tomem a sério, nâo quisemos ofendê-los; isto nâo é uma tragédia, nâo levem as coisas até esse ponto". Este é o principal argume nto, esgrimido com pertinácia, das publicações de Kevin Sm ith. "Olhem, nâo me explico em que pude ofendê-los; eu também sou católico ... " À maneira ele propaganda, o distribuidor francês BAC Filmes publicou um expressivo av iso de um a pág in a no jornal "Libération", agradecendo àqueles que riram em lugar de polemi zar. É triste dizê-lo, fo rm ando parte do coro dos "despreocupados hila-

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riantes" não fa ltaram vozes como "La Croix" e "La Vie Chrétienne", que ainda hoje se apresentam como tribunas do pensame nto cató li co francês. Nem tudo e ntretanto sa iu como os promotores ele Dogma esperavam: " .... irreverência, insolência e audácia seio o resumo de 'Dogma' . .... É preciso, com efeito, atrever-se a atacar a Bíblia e a Religiâo Católica em geral .... tudo consiste em ridiculizcu: Nada é tomado a sério, tudo nâo é senâo sacrilégio .... 'Dogma' é wnfilme altamente irreverente .... Mais além das blc1.~fêmias, que certamente se encontra reio em abundância .... ( c.fi: www.TFJ.fr, 19-1-2000) Esses trechos foram extra ídos da crítica c ine matog ráfica de TF 1, a pri ncipal cadeia ele TV privada da F rança. Seu autor, Ol ivier Corriez, reconhece, e logia e ap laude com entusiasmo e sem reservas o caráter blasfemo do filme ; fe li cita pelo res ultado e se une às propostas irre li giosas, dizendo que Dogma faz o bem por onde passa. Nada mai s inoportuno para o delicado alibi que Sm ith e os seus se propuseram cultivar... Talvez sem o desej ar, e por excesso de e ntu siasmo ideológ ico por muito tempo contido, Corriez falou demais. "Há amores que matam", diz um antigo provérb io.

Polônia _ _ ___, Também nesse país, onde o catolicismo é a co lun a vertebral da nacionalidade, está sendo pre parada a ex ibição de Dogma . A Associaçâo pela Cultura Cristâ (ACC), sed iada em Cracóvia, co- irmã da TFP brasile ira, tomando como fonte de informação as reportagens pub li cadas em Catolicismo, preparou cu idadosa matéria que vem sendo difundida em todos os âmbitos católicos daquela nação. Com sua campanha, iniciada e m 25 de janeiro último, ACC propõe-se mobi li zar o público e m gera l, até conseguir uma sentença judicial declarando o fi lme "ofensivo à Religiâo e aos bons costumes". Uma dec laração categórica da Justiça impediria a introdução do filme em território polonês. ♦

Os novos blasfemadores A brilhante campanha que a TFP moveu contra a projeção no Brasil do filme Dogma teve o grande mérito - entre outros - de trazer à tona o grave problema da disseminação da blasfêmia C.A.

ão foi a TFP bras ileira apenas, mas também a fra ncesa, a norte-americana e outras associações pela face ela Terra, congêneres ela TFP, que atuaram valentemente na mesma frente de batalha contra a ex ibição do filme blasfemo. O problema não é só brasileiro. Tanibém os pecados , os vícios e os crimes vão sendo g loba li zados nes te mundo de Interneis, de fusões empresa ri ais e bancárias, de econom ias interdependentes. Como um a espéc ie ele AIDS do espíri to, a blasfê mia vem oc upando cada vez mais espaço, a pretexto de liberdade artística, liberdade de imprensa, é proibido censurar e o ut ros slogans do gê nero. Uma verdadeira onda de fil mes , outdoors, artigos e tc., ex plorando a blasfêmia, vai invad indo como um mar de lama e abom inação as telev isões, os cinemas, a impren sa, as ru as e os lares.

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tal de todas as virtudes: o amor de Deu s. O tamanho do pecado de blasfêmia se mede exatamente pelo Objeto que e le desafia e ataca: o próprio Deus Nosso Senhor. E volta-se também contra as obras-primas da graça divina: a Santíssima Virgem, em primeiro lu gar, e de-

O que é blasfêmia? A famosa Enciclopedia Cattolica define a blasfêmia como "uma expressão injuriosa contra Deus". E em seguida baseia-se em Santo Tomás de Aquino para expli car que "a blasfêmia proferida conlra os santos, redunda, por via de conseqüência, em ofensa a Deus" . A bla sfê mia não é um problema atua l. E la sempre ex istiu. O que é de hoje, é sua proliferação impune, que encontra campo propício nesse relativismo moral e reli gioso que di sso lve as inte li gênc ias num ma g ma ec um ê nico e anestes ia as vontades. E com isso impede a prática da maior e mai s fundamen-

São Paulo, o Apóstolo dos Gentios, mosaico - Capela Arquiepiscopal de Ravena (Itália) O Apóstolo afirma que entregou os blasfemadores a Satanás, portanto excomungou-os

poi s os Santos. O blasfemador fere di retamente o primeiro e e segundo Mandamentos do Decálogo (Amar a Deus sobre todas as coisas; Não tomar seu semto Nome em vão) .

Condenação da blasfêmia no Antigo e Novo Testamentos O primeiro blasfemador de que se tem notícia é o próprio Lúcifer, que posto di-

ante da supremacia adorável de seu Criador, ousou levantar-se num brado de ód io, revolta e inveja: "Não servirei". A grav idade dessa primeira blasfêmia é atestada pelo castigo justo e terrível que lhe foi imposto: o inferno eterno. No Antigo Testamento , a Lei Mosaica , com uni cada a Moisés pelo próprio Deus, punia com pena de morte os blasfemadores. Tendo um homem "blasfemado e amaldiçoado o nom.e do Senhor, foi levado a Moisés .... e puseram-no em prisão até saberem o que o Senhor ordenaria. O Qual falou a Moisés, di ze ndo: 'Ti ra o blasfem.o para/ora do arraial, e todos os que o ouviram, ponham as suas mãos sobre a cabeça dele, e todo o povo o apedreje. E dirás aos.filhos de Israel: o homem. que ... . blaJfemar o nome do Senhor, seja punido de morte '" (Lev. 24, 11- 16). No Novo Testamento, o Apóstolo São Paulo entrega a Satanás (excomunga, pois) os blasfemadores. Em suas diretrizes a Timóteo, menc iona a lguns indivídu os "os quais eu entreguei a Satanás para que aprendam a não bla~femar" (I Tim. 1, 20). E o primeiro Papa, o glorioso São Pedro, condena aqueles que "blasfem.ando das coisas que ignoram, perecerão por sua própria corrupção, recebendo a paga de sua iniqüidade, eles que fa zem consistir a sua f elicidade nas delícias de cada dia" (l I Ped. 2, 12- 13). A Santa Igreja Cató li ca Apostólica Romana, seguindo as pegadas de Nosso Senhor Jesus Cristo, sempre manifestou

eATOLIeISMO

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. ............................. ........ Neoblasfemadores e neotraidores: mais insolentes

grande horror à blasfêmia, m,andando inclusive, em seu ordenai ento jurídico, que ela seja justamente punida (cân. 1369). Igualmente os Santos, que melhor do que ninguém espelham o espírito e a mentalidade da Igreja, sempre se mostrai-ain severos com a blasfêmia. E quando aconteceu de algum deles ter em suas mãos legitimainente o poder do Estado, o exerceu com rigor contra os blasfemadores. Ass im o caso de São Luís IX, Rei de França no período de 1226 a 1270. Sua bondade para com os súditos mais necessitados fo i tal, que se tornou proverbi al em sua época. A fa ma de sua santidade já corri a em vida dele e tornou-se verdadeiro clamor após sua morte, até sua canonização pelo Papa Boni fác io VIII, em 1297. Ele sempre fez questão de não reviciar ofensas pessoa is. Mas quando a atingida era a glória ele Deus, levantava-se como um leão em defesa dos direitos divinos. São Luís promulgou leis severas contras os blasfemadores. Mas não se con- · tentou com isso. Ze lava pessoa lmente pela apli cação delas.

Energia de um Rei Santo contra a blasfêmia No ano de 1255, narra o croni stamonge Guill aume ele Nangis, contemporâneo de São Luís: "Ocorreu que um homem de Pari s, ele condição médi a [burguês], praguejou vergonhosam ente co ntra o nome ele Nosso Senhor e disse grande bl asfêmi a. Por causa di sso, o bom rei Luís, que era muito exi gente em matéri a ele retidão, mandou prendê- lo e marcá-lo com um fe rro em brasa nos lábios, a fim de que ele tivesse para sempre memóri a ele seu pecado e para que os outros hes itassem quando pensassem em praguejar vergonhosamente contra o seu Cri ador. "Numerosos sábios segundo o século, quando o souberam e vi ram, amaldi çoaram o Rei e murmuraram desabridamente contra ele. Mas o bom Rei, lembrando-se da Escritura que di z: ' Se reis f elizes quando os homens vos amaldiçoarem por causa de Mim ', .... disse uma

palavra bem cristã: a saber, que ele queria ser marcado com um ferro em brasa desde que todas as pragas vergonhosas fossem eliminadas de seu Reino. 28

CAT O L ICISMO

Se porventu ra algum leitor - desses que preza mais os direitos humanos do que os direitos de Deus (como se o ho me m pud esse te r dire itos co ntra Deus!) - , sentir-se incomodado ou enraivec ido com o que acaba ele ler, é possível que exc lame: "São Luís IX é medieval, hoj e as coisas são diferentes".

A esse leitor lembro que Nosso Senh or Jesus Cri sto não era medi eva l e entretanto, com sua autoridade divin a, fo i muito incisivo: "As coisas que saem da boca vêm do coração, e estas mancha m o hom em; po rque do coração saem .... as blasfêm ias" (Mat. 15, 19).

São Luís IX não revidava ofensas pessoais, mas era rigoroso ao punir as blasfêmias

"Depois di sso, sucedeu que o Rei fez um novo benefício ao povo de Pari s, do qual recebeu muitas bênçãos. Mas quando soube, di sse publicamente que ac reditava receber mais louvores de Nosso Senhor pelas maldi ções que lhe tinham sido endereçadas por ca usa daquele que ele tinha mandado marcar com ferro em brasa por ter desprezado a Deus, cio que esperava receber ele bênçãos que as pessoas lhe mandavam por aquil o que ti nha feito pelo bem comum em Pari s" (apud Jacques Le Goff, São Luís - biografia, Editora Recorei, 1999, p. 2 15). Também o mais conhec ido bi ógrafo de São Luís IX (seu contemporâneo), Joinville, conta: "O Rei amava tanto a Deus e sua doce Mãe que mandava punir gravemente todos aqueles que fa lavam co isas indecentes ou proferi am pragas vergonhosas de Deus ou de sua Mãe, se estivessem ao seu alcance. Desse modo, vi qu ando mand ou enfo rca r um ouri ves [que tinha bl asfemado] em Cesa réia, de ceroul as e cami sa, as tripas e as vísceras de um porco em volta do pescoço em tão grande volume que lhe chegavam até o nari z" (idem, p. 536).

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E o mesmo se diga do casti go infligido pelo Criador à insolência ele Lúcife r. Mas há mais. Se os antigos bl asfemadores eram passíveis de punição, que mudança se terá operado nos novos, pai·a que não mais o sejam? De fato eles mudaram, sim, mas para pi or. Requintaram suas ofensas, aperfeiçoaram seus métodos de bl asfemar, torn aram-se aind a mais in solentes. Por que então não são punidos? É prec iso reco nhecer, pois, qu e a grande mudança não se deu nos blasfe madores. Eles pi oraram, é verdade, mas no total continuam em seu mesmo di apasão lu cife rino. Os que sofrera m uma transformação substancial fora m estes sim - os que deveri am defender o bem. Perderam seu amor a Deus, a Nossa Senhora, aos Sa ntos, e por isso pouco lhes incomoda que sejam ultraj ados do modo mais aviltante. Acomodaram-se ao mundo moderno, adotaram seus slogans e mes mo seu espírito relativi sta, e vivem contentes em meio a um mundo que ofende publicamente o Deus que di zem louvar. Se é verdade que hoje em di a se fo rmou uma co,ja de neobl asfemadores qu e querem vingar-se de Deus por ter Ele in sp irado e favorecido uma Civilização Cristã sobre a Terra - não é menos verdade que eles se benefi ciam da compl acência, por vezes do apoio, dos neotraidores ela honra di vina. Porém, "Aquele que habita nos Céus ri-se. O Senhor zomba deles" (Ps 2,4), pois o momento do acerto de contas che♦ gará para todos.

A família no turbilhão do neopaganismo Se o caráter sagrado, indissolúvel e monogâmico do matrimônio é rejeitado, não se atinge o fim para o qual Deus instituiu a família

clio. Eis aí os funestos frutos de uma concepção neopagã cio insti tuto familiai·.

"Casamentos experimentais" Além do pretexto acima, costumamos com certa freqüência ouvir um outro, mais individualista: "Eu (esposo ou esposa) tenho o direito de vi-

ma leitora, ze losa em procurar harmoni zar conflitos entre esposos, nos escreve: " Venho por meio desta .... [narra caso parti cul ar de um casa mento que ela co nseguiu sa lvar], bem como

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verfeliz e partir à procura de uma 'alma irmã'para.formar novo lar".

Di storce-se, com tal afirm ação, a fin alidade do matrimôni o, pois, segundo essa concepção, a fe licidade individual e egoística dos cônjuges sobrepuj a razões de caráter mais elevado como são a conservação e perpetuação da espécie e a reta educação ela prole. Fi nalidade esta que só se reali za ad equ adamente no casa mento monogâmico e indisso lú vel. Também cada vez mais - e

pedir argumentos para responder à seguinte objeção que costumo ouvir: 'Tctmbém. sou contra o divórcio, mas não será melhor divorciar para evitar que os filhos assistam às constantes brigas dos pais?"'.

Tais bri gas realmente podem ex istir, sobretudo em casa is cada vez mais freqüentes no mundo hedoni sta e neopagão de hoje - que se uniram tendo em vista principalmente o prazer. Quando o convívio começa a apresentar seus espinhos e ex ige seriedade e dispos ição para o sacrifício, nascem os desentendimentos. Os filh os certamente sofrem com isso, mas sofrem bem menos do que com a separação dos pais, como veremos em seguida. Antes di sso, note-se que a condenação ela Igreja ao divórcio fund a-se em altas razões de caráter religioso e mora l e também de Direito natu ra l. É toda a sociedade humana que fica pro fund amente abalada por uma lei de divórcio. De modo que, embora se deva fazer o poss íve l para minorar o sofrim ento dos fil hos de um casal desajustado, ta l sofrimento não justifi ca uma separação com novo "casamento" . Esse é freqüentemente um pretexto de casais que procuram justificai· a separação. E ainda quando, numa situação de extrema incompati bilidade entre os esposos, a separação se faz necessária - pelo desquite, admitido pela Igreja em casos excepcionais - nada justi fi ca o divórcio com

"está se to rn ando moda" -

Os pais são responsáveis pela assistência aos

filhos, não apenas nos primeiros meses de lactação e dentição, mas em todo o período necessário ao desenvolvimento normal deles, dando-lhes educação física, moral e intelectual

"re-casamenlO". Po is, mes mo no caso do

desquite, o víncul o matrimoni al não se di sso lve, e é desejável tentar, a qualquer tempo, a reconciliação dos esposos. Os próprio ti lhos, quando perguntados, em geral preferem que os pais fi quem juntos a que se separem, mesmo em situações de tensão. Ademais, o pretexto para o divórcio, baseado no "bem dos.filhos", não se sustenta, pois estes são os principais prejudicados. Diversos estudos comprovam que a separação traz como conseqüências, entre outras: danos à saúde mental e física cios fi lhos, baixo nível ele aprendi zado, depressão, imersão no submundo elas drogas, loucura, e até mesmo, em certos casos, suicíe

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ouve-se fa lar em "casamento de experiência"; ou seja, o casal passa a viver junto por algum tempo; se não der certo, separa-se e ponto fin al. Parte-se então para "outra experiência", à procura ... "da f elicidade perdida". O divórcio e o chamado "casamento de experiência" - sintomas características do neopaganismo contemporâneo não resolvem os problemas conjugais. As clificulclacles aumentam, a infelicidade domina nessas situações morais ilícitas. Tanto o divórcio quanto o concubinato são antes fon tes de ódio do que de amor e os fi lhos ficam desamparados. É o que veremos.

Argumentos antidivorcistas Para esc larecer com segurança e adequadamente todas essas questões, baseamo-nos especialmente num autor que nos pareceu mais indicado, não apenas tendo em vista nossa mi ssivista, mas todos os leitores de SOS-Família. Ass im sendo, passaremos a publicar nestas páginas algun s trechos escolhidos do livro O Divóro

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cio, do Padre Leonel Franq1 S.J. ("Empresa Editora A.B.C. Ltda.", ., Rio de Janeiro, 1936). Esse renomado jesuíta, antes de aprese ntar argumentos contra as posições divorcistas, fundamenta bem a finalidade do instituto da família - o que vale para todos os tempos e todos os lugares - pois sem conhecer os fin s essenciai s da uni ão matrimoni al não se compreenderá claramente os argumentos antidivorcistas.

petuiclacle da raça - bem social, bem humano - é a finalidade primordial e direta da família. Dar aos cônjuges a legítim a satisfação dos seus afetos - bem individual e passageiro - eis o que ele um modo, não ac identa l, mas indireto e secundário, ex prime as intenções da natureza. "Nesta concepção biológica, objetiva ela família, temos uma base cient(fica para investiga r-lhe as leis essenciais. A estrutura de um órgão é condicionada pela sua função. As leis ele uma sociedade são deConceitos básicos terminadas pelas suas finalidades imanenpara a argumentação tes. Se o fim da família é natural , imperio"A família, associação do homem e da so, necessário à conservação e desenvolvimulher, preposta à nobilíss ima função de mento cio gênero humano, necessários, imtransmitir a chama da vida, reveste toda a periosos e naturai s serão também os meios complexidade e grandeza que ex ige a elevaque lhe condicionam a realização objetiva. ção hierárquica da nossa dignidade racional. Obrigatório o fim da união conjugal; obrigatórios, pela mesma razão, os meios ex i"O ato transmissor da ex istência é, nas plantas, uma simples função orgânica; nos gidos para o seu conseguimento. São as animais, associa-se-lhe a sensibilidade, mesmas necessidades ela existência, são as que os distingue das plantas; no homem é mes mas leis fundamentai s ela vicia, que um ato humano, que participa de toda a impõem a conservação da espécie e as consua natureza, fisiológica e psíquica. Na . dições essenciais que a tornam possível. " Deixamos, assim , a areia movediça biologia vegetal , dirigem-no as leis orgânicas; na biologia zoológ ica, os impulsos cios ap ri ori smos subjetivos, as análi ses espontâneos do instinto; na biologia hu- abstratas de idéias inadeq uadas para tomarmos pé no terreno sólido ela realidamana, os princípios racionai s da moral. "A sociedade doméstica, lógica e crode. O nosso método é ri gorosamente ci nologicamente anterior à sociedade civil , entífico. Só ele nos permitirá determinar o regime normal da família" .... é, pois, uma instituição natural ; tão antiga como a humanidade, tem as suas origens na própria vida humana, que ela gera, for- Geração e educação: funções complementares ma, aperfeiçoa. "A sua finalidade, superior aos capri "U ma vez assentado o método cientíchos efêmeros das paixões, independente fi co cio nosso estudo, não será di fíci I dedo arbítrio elas convenções positivas, é di - mon strar que indissolúvel constitui a lei tada pela natureza imutáve l elas coisas .... fundamental da família humana. "A finalidade primeira ela união ma"Integrando os dois sexos num principio fisiológico capaz de transfundir a vicia, trimonial é, já o dissemos, a conservação unindo as duas pessoas na harmonia de da raça. A geração é a grande lei biológica de defesa da espécie. É a resposta da qualidades físicas que se correspondem, completam e aperfeiçoam, a sociedade convicia às devastações ela morte. Cada geração que passa transmite à que se lhe sejugal é postulada pela própria natureza cio homem como condição indi spensável ela gue a vicia e, com a vicia, as particularidasua ex istência, formação e aperfeiçoamen- des que lhe co nstituem o tipo específico. to. Os seus fins essenciais - conservar a Esta transmi ssão, que nos animais se reaespécie e assegurar a felicidade dos cônju- li za com a necess idade inelutável cio insges - acham-se inscritos, com caracteres tinto, impõe-se ao homem com a necessidade moral ele um dever. Cumprir este indeléveis, nos instintos, nas tendências, nas exigências da vida humana. dever, eis a função primordial ela famí li a. "En dehors de lafamille, escreveu um "Entre estas duas finalidades ex iste uma hi erarquia evidente que subordina o grande biólogo conte mporâneo, il est menos ao mai s, o particular ao universa l, impossible de form e,· vraimenl. eles o efêmero ao permanente. Garantir a per- hommes 1• A sabedoria da família, afirma 30

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exi ge absolutamente a ex periência, a dedicação, o amor cios pais. Dando a vida, eles contraíram a obrigação ele lhe assi stir com os seus cuiclados em todo o período necessário ao seu desenvolvimento normal".

Necessidade da formação física e psíquica

por seu lado um mestre ela pedagogia, é para aformação do homem o que é o tronco para a árvore 2. Com efeito, formar homens não é dar-lhes simplesmente a vida na fugacidade cio ato gerador, é ainda assegurar todos os meios sem os quais a vicia não é di gna de ser vivida. Forçando talvez a nota, disse Leclére que o Dom da vida, se se lhe não acrescentam. oul.ms benefícios, é, não só o mais incompleto, senão ainda o mais perigoso e fúnesto dos dons: A educação, ern suas diferentes.formas, deve ser considerada como urna espécie de reparação real 3. Mai s simplesmente diremos, que, sem a educação, a geração é um ato imperfe ito, inútil e sem finalidade biológica. Geração e educação são funções complementares. A lei natural que vela pela perpetuidade ela raça, substituindo os que morrem, pelos que nascem, impõe, com o mesmo ri gor, uma e outra. "Para ser homem, o recém-nascido precisa antes de tudo da educação física. Nada

O primeiro e mais fundamental direito das crianças é o de ter pai e mãe que lhes

assegurem a existência com todos os corolários de uma vida dignamente humana

mai s humilhante para o rei da criação cio que o seu nascimento. Vede uma criancinha a vagir no berço; é a expressão da mais compl eta impotência. Respira e digere; para tudo o mai s precisa da assistência materi al cios pais. E esta necessidade prolonga-se por anos e anos. Não é somente nos primeiros meses ele lactação e ele dentição; é durante todo o período cio crescimento, ela idade esco lar, da puberdade, que os filhos, fi siologicamente, não bastam a si mesmos. A começar da correção elas taras hereditári as, a observância cios preceitos de higiene indispensáveis à formação ele um organ ismo robusto, a ass istência na emergência dolorosa de doenças eventuai s, a prática sadia cios exercícios desportivos, as primeiras iniciações nos perigos ela vicia sex ual - tudo

"E todos estes sac rifícios, longos e penosos, só para fo rmar no homem um belo an imal. Mas o homem não é só isto, não é principalmente isto. De pouco valem à sociedade os músculos robustos de um jovem ou os nervos fortes ele uma jovem , capazes de resistência às fadi gas ela vicia física, se não é sadia e vigorosa a alma que os viv ifi ca. O homem, tal qual o reclamam a cligniclacle de sua natureza e as ex igênci as ela vicia soc ial , é também uma inteli gência iluminada pela luz ela verdade, uma vontade forte, capaz ele imprimir, por entre a anarquia elas tendênc ias inferi ores, uma orientação el evada e co nstante à sua ativ idade moral , um coração formado em todas as delicadezas da am izade e em todas as generosidades do sacrifício. Mais importante que a educação física ela criança é a sua formação psíquica. "E esta ex igência é tanto mai s imperiosa quanto mai s elevado é o estágio do progresso humano. Os animai s, no inatismo cios seus instintos invari áveis, encontram o ele quanto hão mi ster para viver a vicia ela espécie. Sem o aprender, constróem os castores as suas casas, fabricam maravilhosamente a sua colmeia as abelhas. A cu ltura espiritual e moral cio homem ex ige a disciplina de um longo tirocínio. O patrimônio científico, acumul ado pelo trabalho paciente elas gerações que foram, não se transmite num dia às inteligências que surgem, virgens ele todo o conhecimento como a alvu ra de uma folha de papel. Num dia, não se temperam os caracteres fortes nem se conso lidam os hábitos ele virtude, laboriosa conqui sta, na luta constante contra as tendências impulsivas cio egoísmo rebelde e incessantemente a renascer" ... .

Direitos da criança? Sim. Sobretudo o de ter uma família bem constituída "É visível que só a monogami a realiza esta co ncentração de afetos que poderá benefi ciar a pais e a filhos. A dedicação, a deli cadeza, a afetividade do coração fe-

minino; a autoridade firme, a constância na disciplina, a energia na repressão, própria ao caráter viril, integram-se na unidade de um princípio ed ucativo completo. Fisiologicamente insufi cientes para dar ori gem a uma nova vida, os pais são-no outross im psicologicamente para levá- la à perfeição normal cio seu desenvolvimento. Na vicia conjugal inteira rea li za-se, na sua sub limidade, a palavra inspirada: erunt duo in carne una [serão doi s numa só carne]. O rea li smo da exp ressão sublinha magnificamente a grande unidade da família ex igida pela gra ndeza de sua mi ssão: já não são doi s seres separados; são duas atividades harmônicas, sinérgicas, convergentes, que se associam e compl etam numa só carne. Como a geração, a educação é dever so lidário cios que se uni ra m na intimidade cio conjúgio 4 • "A este tesouro insubstituível das afeições de fa mília, a esta colaboração constante elas suas ativ idades íntimas têm os tilhos um direito inali enável." Muito se fala nos nossos dias nos direitos da criança. O primeiro e o mai s fundamental destes direitos é o de ter uma família, o de ter pai e mãe que lhe assegurem não só a ex istência mas todos os corolários ele uma exi stência dignamente humana. A finalidade biológica cio matrimônio é garantir uma instituição destinada a.fim.dar esta.família, a assegurar aosfilhos uma casa paterna no verdadeiro sentido da expressão: a casa como di z H. Bondeaux, a criar e fixar um lar .... No ponto de vista biológico o casam.ento só tem um.fim, um.a razão de ser: a.fúndação da.família com Lodos os deveres que corri.porta a concepção biológica da .família humana, isto é, os deveres de .formação .fúica e in!.electual e de educação dos .filhos 5. Continuaremos com o tema. ♦ Notas 1. "Fora da Jc1111í/ia, é impossível formar verdadeira111e11t e os homens "; Gra sset, Devoirs et périls biologiques, Pari s, Al can, 19 17, p. 305. 2. Pes talo zz i, Aus de111 Sc hw eize rb/a11 , em Ausgewü hltc Werke, 1897, t. 111 , p. 62. 3. Apud Grasset, op., cit. , p. 35 1. 4. Já Ari stóteles hav ia posto em relevo esta so li dari edade dos sexos - cfr. Oecon. , 1, 4. 5. Pesta lozz i, Abe11dstu11de, em Ausge ,vii hlr e Werke, 1897 , Tomo Ili , p. 13, ap ud , Grassei, op. cit. pp. 326, 327. "A casa parema é o.fi111 da111en10 de roda a cultura l11.111w11a" .

e AT o LIe Is Mo

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Santos·· , e festas

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~ ICO São Casimiro

1 São Rosendo, Bispo e Confessor. + Celanovà (Portugal), 977 . Filho do Conde D. Guterre e de Santa llduara, Bispo aos 18 anos, fo i suscitado por Deus para alentar os guerreiros do norte da Penínsul a Ibérica na Reconquista destinada a devolvê- la ao impéri o da Cru z.

2 Santa Inês de Praga, Virgem. + Praga, 1282 . Filha do Rei da Boêmia e parente de Santa Isabel da Hungria. Pretendida pelo Jmperador alemão Frederico li , recusou-se a esse matrimônio por se ter consagrado a Cristo. Fundou um convento de clarissas. Santa Clara a chamava "metade de minha alma".

3 Santos Emetério e Celedônio, Mártires. + Calahorra (Espanha), cerca de 304. Filhos de São Marcelo, capitão da Legião Romana. Na cruel perseguição contra os cristãos, no reinado de Diocleciano, puseramse destemidamente a pregar a Fé e increpar a superstição pagã. Presos, fora m dego lados e seus restos mortais atirados ao ri o. Suas cabeças veneram-se em Santander, onde chegaram mil ag rosamente por mar. PRIMEIRA SEXTA-FEIRA DO MÊS

4 São Casimiro, Confessor. + Polônia, 1484. Filho do Rei da Po lônia e Grão- Duque da Lituâni a, desde sua juventude distinguiu-se pela piedade e austeridade. Para ser fi el a seu voto de cas1idade, recusou-se a casar com a

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CAT OLICISMO

filha do Imperador alemão. Faleceu aos 24 anos. PRIMEIRO SÁBADO DO MÊS

5 São Teófilo, Bispo e Confessor. + Cesaréia (Palestina), 195. Dos mais ilustres Bispos da Igreja do Oriente, torn ou-se célebre pelo zelo em defender a Tradição.

6 Santo Olegário, Bispo e Confessor. + Barcelona (Espanha), 11 36. Bi spo de Barce lona, fo i Legado Apostólico na Cru zada que o Conde de Barcelona empreendeu contra os mouros. Para esse fim , também estabeleceu na Espanha a Ordem dos Templários.

7 Santas Perpétua e Felicidade, Mártires. + Cartago, 203. Perpétua, nobre cartag inesa, e Felicidade, escrava, por sua fidelidade a Cristo fora m lançadas às fe ras, que as respeitaram. Foram então mortas por um glad iador. Seus nomes encontra mse no Cânon da Mi ssa.

8 QUARTA-FEIRA DE CINZAS (Jejum e abstinência)

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São João de Deus, Confessor. + Granada (Espanh a) , 1550. De ori ge m portu guesa, fun do u na Espa nha a Ord em dos Irm ãos Hos pitalares para cui dado dos doentes. Patro no dos enfe rmeiros e enfe rm os, seu nome fo i co locado na Ladainh a dos Agoni za ntes.

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Santa Inês de Praga

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Santa Francisca Romana, Viúva.

Santa Matilde, Viúva.

+ Roma, 1440. Da mais alta nobreza romana, fo i modelo de esposa e mãe, al ém de Fundadora das Obl atas Beneditinas. Tinha trato fa mili ar com seu Anj o da Guarda, a quem via continuamente.

+ Turíngia, 968. Rainha, mãe de um Imperador e um Duque e avó de Hugo Capeto, que inaugurou a dinastia capetíngea na França. Foi despojada pelos filhos e aprisionada num mosteiro. Restitu ída à antiga posição, fundou hospitais, igrejas e mosteiros .

10 Santos Mártires de Sebaste. + Armêni a, 320. Presos, açoitados e postos des pidos em um lago semigelado. Um guardi ão, vendo no céu a coroa que os aguardava, juntou-se a eles para substituir um que fraquejara.

11 Santo Eulógio, Bispo e Mártir. + Córdoba (Espanha), 859. Protótipo da reação espanhola contra a influência muçulmana na Igreja local e seu prócer, o ímpio Bispo Rccaredo. Foi decapitado por ordem do sultão Maomé.

12 Santa Josefina ou Fina, Virgem. + São Geminiano (Itália), 1353. Vítima ex piatória, por cinco anos viu-se pregada ao leito com o corpo em corrupção e na mais extrema pobreza. Após sua morte, ocorreram muitos milagres.

13 São Nicéforo, Mártir. + Constantinop la, 828. Patri arca de Constantinopla. Por defe nder o cul to às image ns contra os iconoc las tas, morreu no desterro, sendo por isso considerado mártir.

15 São Raimundo de Calatrava, Abade e Confessor. + Espanha, 1163. Pregou uma cruzada para defender Toledo do peri go muçulmano e fundou a Ordem religioso-militar de Calatrava, destinada a combater aquele peri go na Península Ibérica.

16 Santo Heriberto, Bispo e Confessor. + Co lônia (Al e manh a), 102 1. Chanceler do Imperador alemão Otão Ili e depois Bispo de Colônia, operou muitos milagres ainda em vida. Morreu du rante uma visita pastoral.

17 São Patrício, Bispo e Confessor, Apóstolo da Irlanda. + Irlanda, 46 1. Evangelizou o país recém-saído do jugo romano, convertendo os chefes de clãs e famí1ias. Semeou mosteiros por toda parte com tanto sucesso que a Irianda fi cou conhecida como "Ilha dos Santos".

18 São Cirilo de Jerusalém, Bispo, Confessor e Doutor da Igreja. (vide seção Vidas de Santos p. 37)

Santas Perpétua e Felicidade

19 São Pancrácio, Mártir. + Nico méd ia, séc . IV. Cri stão, apostatou para obter importante ca rgo na co rt e do 1111 pe rado r Diocleciano. As orações da mãe e das irmãs obtiveram-lhe o retorno 11 verdade ira fé, que de rendeu com seu sangue.

20 (Neste ano) São José, Esposo da Santíssima Virgem, Patrono da Igreja Universal e da Boa Morte. Para se ter idéia da grandeza desse Santo, considere-se apenas que fo i esposo da Rainha dos Céus e pai adoti vo de Jes us.

21 São Nicolau de Flüe, Confessor. + Su íça, 1487. Le igo, pai de 10 filh os, de comu m acordo com a es posa reti ro u-se aos 50 anos para uma vida eremítica. Consultado em se u reco lhimento, Nico lau "11cio só salvou a Co1i/ederaçcio (S uíça) 1111111 1110111e11to de crise pro.fi111da, 111as traç-011 para o seu país as li11has do111i11a11tes d11111a política cristc7'' (Pio XII ).

22 Santa Leia, Viúva. + Roma, 383. Matro na roma na

di scípu la de São Jerônimo. Enviuva ndo, entrou num mosteiro. Mereceu os maiores elogios desse Santo.

23 São Toríbio de Mongrovejo, Bispo e Confessor. + Lima, 1606. Embora leigo, fo i

nomeado Jui z da Sant a Inqui sição em Granada, e depois Arcebispo de Lima. Ordenado e consagrado

,................... Santa Francisca Romana

Santa Catarina da Suécia

Bispo, por ma is de 20 anos ded icou-se a evangeli zar sua enorme Arqui diocese, eliminando os abusos, construindo igrejas, hospitais e escolas.

São Sisto 111, Papa e Confessor.

24 Santa Catarina da Suécia, Virgem. + Valdstena, 133 1. Filha de Santa Brígida e aparentada à fam ília reinante. De excepc ional beleza, teve que se casa r por razões de Estado, mas o virtuoso marido respeitou-lhe a virgindade. Enviu va ndo, entrou no convento que a mãe havia fund ado.

25 ANUNCIAÇÃO DO ANJO E ENCARNAÇÃO DO VERBO. O ma is importante acon teci mento da Hi stória - o Ve rbo de Deus se incarna no seio puríssimo ele Mari a - tendo seqüência até a Mo1te, Ress urreição e Asce nsão de Nosso Senhor Jesus Cri sto.

26 São Bráulio, Bispo e Confessor. + Saragoça (Espa nha), 65 1. Nolêíve l pe la cul tura , aco nse lh ou Reis, inte rve io at iva mente em Concíli os e governou com sabedo ri a sua Diocese, to rnando-se uma das g lóri as da Igreja visigótica na Es panha.

27 São João do Egito, eremita. + 394. Solitário na Tcba ida, sua obed iência exemp laríss ima to rnou-o um dos ma is famosos contemp lativos de seu te mpo. Dotado do do m de profec ia, era proc urado por mul tidões de vá rias regiões por causa de suas Iuzes.

São Patrício

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cedendo-se continu amente nos louvo res a Deus.

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+ Roma, 440. Ainda pres bíte ro,

combateu tenaz mente a heres ia pelag iana, sec undando ni sso os grandes sa nt os da época, São Zózi mo e Santo Agostinho. Sucede u a São Celestin o I no Só li o Ponti fíc io, ded icando-se a exti rpar em sua ra iz novas heresias que germi navam na Igreja, bem co mo peri gosas inovações que surgiam a cada dia. Depois de oito anos de govern o, amado e venerado pelos fi éis e od iado pelos hereges, entregou sua alma a Deus.

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São João Clímaco, Abade e Confessor. + Pa lestina, 649. Após brilhantes estudos, reti rou-se ao deserto do Mo nte Sin ai, onde, a princípio, vive u iso lado. Mas , correndo a rama de sua sant idade e sa ber, muitas pessoas passa ram a proc urá- lo em busca de conselho. Torn ou-se o mais popular escritor ascético de seu tempo dev ido a sua obra Escada do Paraíso, ve rdadeira súmu la de espiritualidade monásti ca que lhe valeu também o cog nome de Clí11 ,aco, do grego cly111ax, que signifi ca escada.

Santo Eustásio, Abade e Confessor.

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+ França, 625 . Discípu lo e sucesso r do gra nde apóstolo da Irlanda, São Co lu mbano, na Abad ia de Luxeuil , na Fran ça. Sobrinho de São Mie10, Bispo de Langres, de u novo brilho a essa Abadia que contava com 600 monges. Ne la estabe leceu o coro perpétuo, de dia e de noite, co m os monges su-

São Daniel, Mártir. +Veneza(ltália), 14 11 .A lemãodc origem, estabe leceu-se como comerciante em Veneza. Bem sucedido, dava seu lucro aos camaldulenses, no conve nto dos quais morava como hóspede-leigo. Foi assassinado por lad rões que assa ltaram o mosteiro.

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CATO L IC IS MO

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INTERNACIONAL

No Equador, abortada revolução indigenista radical de preços. Medidas que os partidos se negam a apoiar, po rque poderi am tornar-se impopul ares e m decorrência da agitação soc ia l.

Há pouco, desencadeouse nesse país um movimento revolucionário que tentou instaurar um regime autogestionário, manipulado por clérigos esquerdistas, políticos marxistas, centrais sindicais e indígenas. Tal regime daria lugar a uma nova sociedade, formada por um conjunto anár- . quico de tribos indígenas. O plano abortou. Mas em quanto tempo se intentará reeditá-lo? ALFREDO MAC HALE

Efeito das políticas socialistas e igualitárias: decapitação do país

E. O Vice -Presidente Gus tavo Noboa, por ocasião de s ua ascensão ao cargo de Chefe do Executivo

á vários anos o Eq uado r vem aparecendo com freq üência no noti ciário internac ional , devido às sucess ivas crises políticas e sócio-econô mi cas, bem como pelas crescentes agitações de que foi objeto, sem que seus líderes reajam adequadamente para manter a paz social. Em meados de janeiro último, o país viveu novamente um período crítico de agitação e mobili zação indígeno-operária, que culminou com a derrocada do Presidente Mahuad e a instal ação de um triunvirato de duração efêmera, formado por um representante do Exército e pelos chefes do Poder Popular - o movimento sed icioso. Para evitar as reações internac ionais adversas, esse triunvirato foi logo substituído por um governo encabeçado pelo até então Vice-Presidente, u tavo Noboa. que a imprensa intern acional mais

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rea lçou na cri se fo i a quebra do sistema econô mi co e o co nflito dos Poderes do Estado entre si e com os vá ri os setores da soc iedade. Sem e mbargo, também são graves a politização da Ju stiça - a po nto de um ex-Pres ide nte da Corte Suprema ter sido um dos líde res da sublevação - , a corrupção do Poder Públi co e o lame ntável desvio de certos ec les iásticos, levando mui tos cató li cos a pensar qu e estão agindo seg undo a doutrina da Santa Igreja, quando, na verdade, sucede precisamente o contrári o. É óbv io que a cri se econômica serve de pretexto aos ag itadores. E la tornouse crônica devido à falta de vontade do govern os e m reso lvê- la, pois para tal seri am necessári as certas med ida duras como a red ução da burocrac ia estata l e do setor público, a e liminação do subsídios a alguns produtos e a liberdade

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Como é sabido, a popul ação equ ato ri ana tem um importante componente indígena, a qu al durante sécu los harmoni zou-se perfeitamente no conjunto do povo. [sto devido à profunda reli giosidade dos índios e sua admirável docilidade de espírito, que os faz ia compreender seu papel humilde mas honrado em re lação às pessoas de condi ção e cultura mais elevadas, seja do C lero, sej a das e lites tradicionais da nação. Não obsta nte, à medida que se agravou a cri se ex istente na Ig reja Cató lica, germens de revolta penetraram também na sociedade tempora l, poi s diminiu a benéfica incidência da Re lig ião na vida da população. Esta última deixou de ver, em muitos membros do C lero, exemplos ed ifica ntes a serem seguidos, passa ndo não raro a dar crédito aos de magogos de subúrbi o. A aliança entre a esquerda católica e os grupos marxistas aç ulou os operários urbanos e os camponeses indígenas contra os patrões. E impul sionou uma Reforma Agrári a nefasta, de caráter soc iali sta e confi scatóri o, que traumatizou as regiões mais trad ic ionais. Além disso, red uziu os pretensos beneficiários a uma mi sér ia profunda, despejando-os e m número crescente nas grandes c idades , onde ag itadores esquerdi stas começaram a manipulá-los e desv iá- los.

Há uma década: início da Insurreição indígena Entretanto, o fracasso mundi a l das esq uerdas, e m fins dos anos 80, obrigou seus êmulos equatori anos a diminuir, nos a mbi entes urbanos, o to m ideo lógico

marxi sta da agitação, que se mostrava contraproducente. Co m isso, a agitação do ele me nto indígena - efetuad a de forma primordi al e intensa pelo C lero progressista - tornou-se a form a mai s comum de cri ar tensões socia is. E m 1992 ce lebrou-se o V Centenário do Descobrimento da América, comemorando o início da epopé ia evangeli zadora e civili zadora do Continente. Nas vésperas, começou a chamada Insurreição indígena, através da qual a esquerda católica esforçou-se por transformar aquela mag na data no início da descri stiani zação do Equador, tendo como conseqüência lançar o país no primitivi smo pagão e no regime coletivista*. N aq ue la ocas ião, os ma rxistas do Eq uador - rurais e urbanos , leigos e ec les iásticos, agitadores políticos e sin dica is, firm emente articulados - queri am eliminar no país até a última fazenda particular, por ver nesta uma instituição-chave para o processo civilizador, que abominavam!, da massa aborígene. Desej avam ainda transformar a nação num mero conjunto de nacionalidades indígenas , se m Estado que as aglutinasse e organi zasse. Formaram-se então vários ag rupame ntos de aborígenes, segundo as diversas etni as, liderados por marxistas ecles iásticos adeptos da Teologia da Libertação, antropólogos obcecados pelo tribali smo e agitado re fa náticos pelo coletivismo. Iniciaram eles a transformação cios indígenas em massa-de-manobra apta a cumprir, hoj e, o papel que outrora Marx atribuiu ao pro letariado.

Após fracasso, nova tentativa da Insurreição indígena E ntretanto, em virtude de uma sad ia reação da opinião pública, as mela de eliminar as faze ndas antes de l992 e de di ssolver o próprio Estado estivera m longe de se obter. Essa situ ação obrigou os promotores do desconte ntame nto e da violência a retraírem-se. Até o fin al dos anos 90, os agitadores indi ge ni s tas te nta ra m , em v á ri as ocasiões, recomeçar a mobilização revoluc ionária. Serviram-se da tri ste situação de abandono e mi éri a e m que se encontram os silvíco las, sobretudo nas comu nas autogestionárias que substituíram as

faze ndas privadas. Mas, de modo geral , de poi s de um período de co moção, voltaram a encolher-se. Lendo-se a impre nsa equ atoriana ele hoje, constata-se a reedi ção da mes ma tentativa da revo lução indi geni sta de lançar o país na ana rquia, com a instalação de um regime autogestionári o. Uma frente fo rmada por indígenas, pelas centrais sindicais, por políticos marxistas e cléri gos esquerdistas invadiu as cidades e derrubou o govern o; com a cumplic idade de militares go lpistas. O Arcebispo de C ue nca, terceira cidade do país, foi a figura-de-proa do movimento, para conferir-lhe credibili dade, pelo me nos e ntre os que não conhecem o Pre lado. Ele não e ncontrou melhor ex pediente do que encarregar um feiti ceiro tribal para dar uma pseudobênção ao Poder Popular, cuja direção colocou nas mãos do c hefe dos grupos indíge na s, a lega nd o qu e tudo isso concorreri a para o bem comum. E pediu à Força Pública que não reprimi sse a mobilização pacífica.

Esquerda católica atual requintou métodos Mai s. O Poder Popular, formado por indígenas, operári os e militares, houve por bem revogar uma suposta delegação ele pod eres fe ita às autoridades, pelo povo - de legação que o bvi ame nte nunca ex istiu - e ex igiu a desmontagem cio própri o Estado, o qual seria s ubstituído pelo Poder Popular no exercício ele algumas funções. Isto tran sformari a o Equ ador num conjunto de tribos, sem le i ne m civili zação, suj eito a in términ os e cruentos conflitos entre aborígenes. Algo de parecido sucedeu na Rússia durante a Revolução bolchev ista, quando os soviets, fo rmados por soldados, operários e camponeses, sob a direção ele um punhado de agitadores e políti cos cúmpli ces, derrubaram primeiramente o Czar e depois o governo provi sóri o. E assu mi ram o Poder, ameaçando lançar o país na anarqui a, a qual de u pretexto para a in stauração da Ditadura do proletariado e do regime sov iético durante ma is de 70 anos . Agora, caso o mov im ento tivesse vencido, provavelmente have ri a no Equador um longo período de anarquia,

seg undo os costumes indígenas e as quimeras dos clérigos liberac ioni stas. E para isto, um Arcebispo inc itou a uma revo lu ção de uma radicalidade se m precede ntes, e nquanto muitos outros Bispos tomaram posição indul gente em re lação ao mov imento revo lucion ári o, parecendo desej ar que este fosse ainda m a is lon ge d o qu e os sace rd otes sandini stas de tão tri ste memória .

Aborto da Insurreição apenas retarda processo Po is bem, tal revo lução fo i abortada quando seus mentores se deram conta das reações que ela poderi a suscitar no Exterior e o retrocesso que isso causaria n o processo de indi geni zação d o Equado r. Vários de seus líderes foram presos e começam a ser julgados, mas já há pressões para que sej am anisti ados. Ao mes mo tempo, se di z que a sublevação indíge na reco meça rá dentro de algumas semanas caso essa ani stia não seja concedida, ou se o governo, no decorrer de alguns meses, não aceitar as ex igências dos líderes indígenas. Tudo indica que um parênteses de ca lm a abriu -se na cri se equatori ana , durante o qu al algun s atores serão substituídos e certos erros táti cos corrigidos, para recomeça r - se mpre com os mentores eclesiásticos de esque rda - ao menor pretexto que ocorra. Este poderá ser a manutenção das medidas econômicas do governo deposto, ou o processo judicial que possa ameaçar os dirigentes da sublevação, ou ainda simpl es mente, a alta dos preços de alguns arti gos vitais. Uma revo lução vitoriosa no Equ ador provave lmente in fec taria a nações vi z inha s, j á trabalhad as por crises e conflitos. E de ali , através da Amazônia, fac ilmente ating iri a o Brasil, onde seria rece bido d e bra ços abertos pe lo Conselho lncligenista Missionário e pela Comissão Pastoral da Terra, órgãos da CNBB. ♦

*

A respe it o dessa atuação da esquerda a 116/i ca para triba li zar os países da América , em especial o B rasil , ver o brilhante estudo do Prof. Plínio Corrêa de O li vei ra , Tribalismo lndfg e11a, I dea l Co11111110 -Missio11ário pa r a o Brasil do Século XXI , Editora Vera Cru z, São

Paul o, 1977.

eATOLIe ISMO

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VIDAS DE SANTOS Século,XX M 'L i co m sumo prazer Corn a

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palavra ... o Diretor e o artigo Os grandes acontecimen/os do século XX, na perspectiva de Fátima do último Catolicismo, jane iro ele 2000. Ambos arti gos me ajudaram muito efi cazmente. Desejo enviar minha op ini ão, como leitora ele Catolicismo, para de finir o século XX; sem dúvida fo i o século do igualitarismo e do caos mais espantoso, até hoje conhecido. Mas, sobretudo, e mai s importante, foi o sécul o que viu nascer a Contra-Revo lução, viu nascer seu fundador, Plínio Corrêa de O li ve ira, que verdadeiramente soube interpretar a Mensagem de Nossa Sen hora ele Fátima ..... D r. Plíni o de nunciou o fim da Revolução e profetizou o futuro e triunfo da Igreja. Fe lic ito Catolicismo pelos exce lentes arti gos deste último número, que já nos preparam com empo lgante entu siasmo para ver a g lóri a da Contra-Revolução. (D.M.G.A. -

Argentina)

Nossa Senhora que desata os nós! N1 Estou enviando com prazer a te la ele Maria, a que desata os nós. A tela ficou quase que perfe ita. Vários nós já foram desatados do meus ca minho. Creia- me. (A.A.L. - Fortaleza)

"Coisa em extinção" M Ocasião também para agradecer a boa leitu ra (coisa em extinção nas bancas ele nossa cidade) que essa revista nos proporcionou no passado 1999 e que nos proporcionará nos 12 meses de 2000 sob as bênçãos ele Deus e que Ele continue, como fez no ano anterior, a proteger toda a equipe de Catolicismo nas realizações desse novo ano. (F.F.N. - Mato Grosso do Sul)

"Fascinante demonstração de idéias" R É desnecessário dizer o quan to aprecio a estimada e conspícua revi sta Catolicismo, editada por vocês. Tampouco é preci so que lhes d iga o quanto me satisfaz e complementa a leitu ra da mesma. Admiro a revista, pois além de proporc ionar prazer, entreten imento e informação, também constitu i uma fasc inante demon stração ele idéias e iniciativas bem organizadas em nome dos católicos, sob o auspício ele Nossa Senhora ele Fátima. Em tempos como estes, com fa lsos profetas, ídolos, políticos, fa lsas e errôneas ideo log ias e fi losofias, é realmente urgente e necessári o um me io de informação como Catolicismo, para que não nos percamos cio Reino ele C ri sto. (R.C. - Minas Gerais)

"Parte de nossas vidas" R A rev ista Catolicismo contribui para que o Sa lvador nos vis ite e faça para sempre morada em nosso coração, e, ass im , Ele não será apenas parte da hi stória, mas será parte de nossas vicias! (A.D.M. - Paraná)

Farol R Aproveito esta para e log iar a excelente revi sta Catolicismo que serve como uma luz e um farol para todo o povo cristão. (P.A.D.F. - Rio de Janeiro)

tagens de esc larecimento à população, que tanto precisa d iante ele todo e ngodo, transmitido pelos meios de comunicação, na atua l sociedade. (M.G.B.L. - Santa Catarina)

Corajosa comissão de pais e mães

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R Estou lhes escrevendo para dizer quão grande é nossa alegria por sermos assinantes desta rev ista. Eu e minha famíli a sentimos muito prazer ao ler cada pág ina. Por vezes, até rel e mos algumas páginas para aprofunda r no conhecimento ela vida de alguns santos, por exemplo. Deixo u-nos surpresos a atitude cio SBT pelo pouco caso em recebe r a comissão de pai s e mães para entrega r a peti ção de protesto. Mas ficamos fe li zes e m ver a coragem destes pai s e mães ao enfrentar a direto ri a de ssa emissora. (L.L.N. - São Paulo)

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R As meditações ele Natal ele Dr. Plini o são sempre lindas, desse ano especia lme nte me e mocionou e aj udou para um exa me de co nsci ê ncia para a e ntrada no novo século. Muitas felic idades a vocês que continu am o ca mi nho aberto pelo Mestre Plini o Corrêa ele Ol iveira. (F.C.D. - São Paulo)

Ínclito Magistrado R

M Causou-nos viva impressão a

U

na da é pocas mai s co nturbadas da Igreja foi sem dúvida o séc ul o JV, agitado por disputas teológicas e lulas elas mais apaixonadas e encarni çadas que já houve na História da Igreja. B ispos dos mais san tos e ortodoxos (ortodoxia= verdadeira doutrina), como o grande Santo Atanásio, foram ex ilados de suas dioceses e perseguidos pelo poder imperial, gan ho pela heresia ariana enquanto heresiarcas cleclaraclos pavoneava m-se e m seus lugares. Heresias menos co nhec id as , mas não menos perniciosas, corromp iam e tumultuavam os fiéis. Em meio a esse caos, eram necessários home ns para governar a Igreja de Deus não só ele ex ímia ortodoxia, mas ele extrema prudência e virtude, que ervissem de luzeiro ao povo fiel. Um deles foi São Cirilo

meditação cio Prof. Plínio Corrêa ele O liveira tendo como motivo o Natal. Profunda, séria, lógica e ao mesmo tempo ag radável que nos e leva às alturas longe das co isas terrenas que nos impedem, muitas vezes, de e levar o pensamento. (S.T.K. - Paraná)

Esse Doutor da Igreja

brit;n::::n'::'h::::,.': JJ

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Novo século

Profundidade, seriedade e lógica

.... No número 585 tive oportunidade ele ler o brilhante comentá ri o do ínclito magistrado Jú li o César Paraguassu, e fique i deveras satisfeita por saber que temos tão ilustre personalidade, defensora do Catolicismo. Na oportunidade parabenizo esta brilhante rev ista pelas repor-

~j JjLJ® __,J ~ JBJ lJ ~ rJJ ~ 1J~ perseguido pela heresia, defensor da fé católica

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convulsionado por heresias e paixões ;f'- _,- . políticas desencadeadas -_

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PLIN IO MAR IA SüLI MEO

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ele J~rusalém, cuja festa comemoramos no cl1a 18 ~o ~~rrente.

Extraordm~no pregador e cateqwsta

Cirilo nasceu e m Jerusalé m ou arredores, no ano 3 15. Pouco se conhece ele sua infância e juventude a não ser que se ap li cou cedo ao estudo elas Sagradas Escrituras e ele escr ito res eclesiásticos, bem como da retórica, o que depo is se refletiria no seu mag istério. Ordenado sacerdote por São Máx imo erusal é m, dedicou-se desde logo à catequese cios catecúmenos (neófitos que se pre paravam para o batismo) . Muito versado, refutava os pagãos com suas próprias armas, e tornava acessíveis àq ueles que se preparavam ao batismo os mai s e levados mi stérios ele nossa fé. S uas pregações , reali zadas na porta da Basíli ca cio Santo Sepu lcro (po is os não-batizados ne la não podia m a inda entrar) eram tão aprec iadas, que copilaclores anônimos as foram anotando. Tais notas formaram precioso conjunto , que foi pub li cado sob o título ele Catequeses, obra que va le u a seu autor o título ele Doutor da Igreja. Como essas pregações visavam a formação cios catecúmenos, C iril o nelas explica prime iro o Símbolo cios Apóstolos (o C redo); depois os Sacramentos que os neófitos deveriam receber num mesmo dia, isto é, Batismo, Confirmação e Eucaristia. Em se- ...

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guida discorre sobre a Santíssima Trindade, aproveitando toda ocasião para combater erros e heres ias contra a verdadeira fé. "O talento e a eloqüência que Cirilo empregava

C iril o negou-se. Acácio re uniu então uma assembléia de Bispos arianos que depôs o Santo de sua Sé. Restabelecido ne la no ano seguinte pe lo Concílio de Seleucia (359), os Bi spos ari anos, à força de pressões, conseguiram nova me nte depô-lo num Concílio em Consta ntinopla. E m 36 1, morto o Imperador Constâ ncio, seu sucessor Juli ano (q ue ficaria mais tarde tristemente famoso com o terrível cog no me de Apóstata), chamou de volta todos os Bispos ex ilados, e ntre e les São C irilo.

nessa série de instruções, o designaram de maneira natural aos sufrágios do Clero e do povo quando a morte de Máximo tornou vacante a Sede episcopal" de Jeru sa lém no ano 350 2 . ~ouco depois de sua sagração epi scopa l, ocorreu na C idade Santa um grande milagre, narrado pelo próprio Bispo ao Imperador Constâ nc io, Desafio a Deus: visto por milhares de pessoas tentativa de reconstrução e atestado mesmo po r hi stori do Templo adores pagãos: "No dia 7 de maio de 351, às nove horas da O novo Imperador - que era secreto inimi go dos crismanhã, uma imensa cruz de lu z apareceu acima do tãos - começou a favorecer por todos os modos o reviver Gólgota, estendendo-se até o Monte das Oliveiras, distante do paga ni smo . Jul gava que, cerca de três quartos de légua. sendo os mártires sementes de cri stãos, não deveria empregar Ela se mostrou muito distin tamente não a uma ou duas as perseguições, mas uma verpessoas, mas a toda a popudadeira revolução pací fi ca lação da cidade .... permaneco ntra o Cristian is mo. Fachada da igreja do Santo Sepulcro: ceu visível aos olhos sobre a Ora, uma das profecias de em seu interior veneram-se os locais da Crucifixão e do sepultamenteo do Redentor. Terra, e mais brilhante que o Nosso Se nh or qu e se hav ia O edifício foi construído pelos cruzados, cumprido com a mai s inexosol, do qual a luz, sem isso, a no século XII, época do Reino Latino de Jerusalém. teria encoberto" 3 • Co m um rável exatidão fora a da ruína mi sto de susto e a legria, o povo acorreu às igrejas, do Templo de Jerusa lém e conseq üente di spersão do louvando o Senhor por essa manifestação de seu poantigo povo e leito. Anular e des mentir tal profecia seria um gra nde go lpe assestado nos cri stãos . Esse der e muitos pagãos se co nverteram. era o objetivo de Juli ano. Para isso, primeiramente Começa a perseguição atra iu à C idade Santa todos os judeus que pôde, prodos hereges arianos metendo-lhes in teira liberdade, e, sob retudo, incentivando-os a reco nstruir o Templo. Pôs o tesouro Ia começar para o Bispo da C idade Santa uma séri e de perseguições que se prolongariam praticaimperia l à disposição deles, bem como operários e mente até sua morte. todo o aparato de que di spunha. Sobreveio em Jerusalé m e adjacênci as uma granOs hebreus, exultantes, acorrera m a Jerusalém. de fome. Milhares de pobres morriam à míngua por Todos queriam aj udar não só doando dinheiro, mas não terem o que comer. Para sanar essa trágica situajó ias e bens. E até mulheres bem situ adas foram ca rrega r entulhos e pedras para a obra. ção e socorrer suas ovelh as, C iril o não teve o utro rec urso se não vender mob ili ár io e parte dos bens Para começar a construção do novo Templo foi diocesanos. Isso fo i interpretado por seu Metropolita necessário arrancar os a li cerces que restavam do anAcácio, Arcebispo de Cesaré ia, herege ari ano que protigo. São Ciril o mantinha-se impáv ido, na convi ccurava um pretexto para afastá- lo de Jerusalém, como ção de que prevaleceriam as palavras de Nosso Senhor. Mostrou aos judeus que, apesar das cond ições apropriação indébita dos bens ecles iásticos. Intim ado pelo Arcebispo a comparecer ante um tribun al, mai favo ráveis possíveis, eles estavam ajudando o

c umprimento da profecia, fazendo desa parecer até os vestígios do Templo primitivo ao arrancar-lhe o qu e restava dos ali cerces. Mas a Providência manifes tou-se de modo mais categórico . Um escr itor in suspe ito, porque pagão, conte mporâneo dos aco ntecimentos, Ammia noMarcelino, narra: "Enquanto o -

conde Alípio, assistente do gover- • nadar da província, apressava vi- .. vamente os trabalhos, espantosos turbilhões de chamas saíram dos lugares contíguos aos fundcunen tos, queimaram os trabalhadores e lhes tornaram o lugar inacessível. Enfim,, esse elemento persistindo sempre com uma espécie de teimosia a rejeitar os obreiros,foise obrigado a abandonar a empresa" '1• Praticamente a mesma coi- "' sa narra Sã.o G regó ri o Nanzian- ~ zeno, ig ua lm e nte co ntemporâneo dos fato , os quai aliás são tam bém co nfirm ados por o utros esc ri tores da época, tanto cristãos quanto pagão e judeus. Fortaleza heróica nas perseguições

São C iril o de Jeru salém co locou sua ass in atura na condenação dos semi-arianos e dos M acedonianos5 .

Combatente em prol da fé -

Até o fim os inimi gos do Santo quiseram denegrir sua fig ura e sobretudo sua ortodox ia-, bem co mo a legitimid ade de sua e le ição ep iscopa l. E fo i para e le um a honra e um a g lória que o Segundo Concíli o Ecumê ni co de Constantinopla , e m 382, tenha de le atestado: "Esse Bispo, bem-ama-

do de Deus, foi ordenado canonicamente pelos Bispos de sua província, e combateu pela fé em diversas ocasiões" 6 . Enfim , depois de ter, co mo São Paulo, "combatido o bom combate e percorrido a carreira inteira", esse heró ico Prelado e Doutor da Igreja rendeu a Deus t:ranqüilamente o espírito em 386, com a idade de 70 anos. ♦ Notas: 1. A heresia ariana, que assolou a Igreja no sécul o IV, teve como autor o heres iarca A ri o, ecles iás ti co de Alexand ri a (Egi to). Ela negava a clivi nclade de Nosso Se nhor Jesus Cristo, tendo sido condenada pe lo Concíli o ele Nicéia (325). 2. L es Petits Bo llancli stes - \lies eles Sai11ts , d'apres le Pere Giry, par M gr. Paul Guérin , Pari s, B loud et Barra i, Libraires-Écl it eurs, 1882, tomo III , p, 486.

São Gregório de Nissa foi designado O Apóstata Ju li ano promete u pelo Concílio de Antioquia a prestar vin ga r-se de irilo quando voltasauxílio a São Cirilo no trabalho de se da g uerra na Pér ia, mas fo i anreforma da Diocese de Jerusalém tes chamado ao Tribuna l de Deus o nde pre. tou contas de sua impi e3. lei, , ib. dade. 4. Amm. Marce l 1, 1. II , e. 1. , apud, Les Petits Bo/la11distes, op. ciL Entretanto, o Imperado r Va lente, também favopp, 488-489. recedor do arianismo, tornou a exila r o Santo em 5. A heres ia do Macecloniani smo (séc. IV) consis ti a em negar adi367. Dura nt onze ano Ciri lo peregrin ou de mosvin clade do Espírito Santo, co nsidera ndo-O a primeira criatura do Fi lh o ou Verbo , teiro e m 111 stc iro , lc Diocese em D iocese, até que, 6. Les Petits Boll andi stes, op. cit. , p. 486, subind o ao trono o Imperador Graciano, ordenou que fossem restituí las a todos os Pastores em coOutras fontes de referência: munhão com Papa São Dâmaso, suas respectivas Pe. José Le it e, S.J ., Santos de Cada Dia, Edi tori al A.O., Braga, Dioceses. Ass im , cm 78 , C iri lo vo lto u à C idade 1993, vo l. 1, pp, 348-349. Santa para não mai s sair. E! Sa nto de Cada Dia , Ecle lvives, Editorial Lu is Vives, S,A., Saragoça, 1947, vol. II , p. I 90. Mas se u trabalho não era fáci l, pois s ua Fr. Ju sto Perez de Urbe!, O .S.B., A ,io Cristiano, Ediciones Fax , Diocese, depoi s de onze a no em mãos de hereMadrid, 1945, vol. I, pp, 519 a 522. ges, e nco ntrava-se num estado de ca lamidade espiritual. Po r isso o Concílio d Antioquia (379) deNota da Redação: Devido a um lapso de rev isão, a ilu stração apresentada na p, 23 s ig no u São Gregório de Ni s a para ajudá- lo na rede nossa últi ma edi ção é um quadro da Bem-aventurad a Madre forma do se u reba nho. Teresa de Santo Agostinho, filh a de Luís XV, e não de Santa Joana M ais tarde, no Conc íli o de on tantinopla (381), de Valois,

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Encontro Regional de Correspondentes do Rio

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o dia 6 de fevereiro último, a TFP promoveu, no Rio de Janeiro, um Encontro Reg ion al de Co rrespondentesEsclarecedores e Sim patizantes. Aproximadamente 200 pessoas lotaram o auditório "Ouro" do Hotel Novo Mundo, seg ui nd o com es pecial in teresse as exposições. Na fo to à esquerd a, a mesa que pres idi u a essão. Da esquerd a para a direita: Sr. Marcos Luiz Garcia, Coordenador ela Campanha Vinde Nossa Senhora de Fátima, não tardeis!, dura nte sua ex posição , Dr. Plínio Yicl igal Xav ier ela SiIveira, Di retor da T FP, e Dese mbargado r Júli o César Paraguass u. Na fo to abaixo, à esquerda, visão parcial da ass istência que co mpareceu ao evento.

Desagravo a Nossa Senhora das Graças ·1\ r -

o bairro da Varginha, em Jun diaí (SP) , os moradores man tê m uma imagem de Noss a Senh ora das Graças , em t amanho natural, voltada para a estrad a. Ela ali foi c olocada há alguns anos, em pagamento de uma prom ess a. Encontra-se sempre flori da, t endo se transformado num ce nt ro de devoção não só dos ha bit ant es das redo ndezas como de t odo s os que passa m por aqu ela m ovi m entada vi a. Rece ntemente, na ca lad a da noite , mãos sacríl egas apedrejaram a imagem , causando consterna ção e verdadeiro f uror nos moradores, 1

que org anizaram uma comovida reparação, reali zada no dia 29 de janeiro último. Para o ato foi especi almente co nvidada a TFP, que se fez presente na pessoa d e seu Dir et or , Dr . Plínio V. Xavier da Silv eira , do Coordena do r-g eral da Camp anh a de Fát ima, Sr. M arc os Luiz Garcia, bem como de diversos sócios , cooperad ores e c orrespond entes da entidade. Os estandartes e as insígn ias da TFP m arc aram o ambient e. As partes atingid as pela sacrílega agressão, da im agem fo ram

restau ra das no ato por um especialista , ao som de cânticos e fogos de artif ício, diante do numeroso público presente . O brado característico das c ampanhas da TFP - Tradição, Família, Propriedade, Brasil - ecoou no final. .

Desarmamento? Nunca!

E

stá tram itando nas Comissões do Senado Federal um projeto de lei de auto ri a do Executi vo, que prevê o desa rmamento da popul ação, numa clara vi olação do di re ito de legít ima def esa do indivíduo , e portanto c ontrári o ao art igo 5°da Constit uição bras ileira. Preocupada com as conseqüências fun est as que poderão ad vi r d essa proposta leg islativa, a TFP, conforme já noticia artigo sobre a matéri a, à p. 14 desta edição , iniciou uma campanha de telefonemas , faxese e-mails aos

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congressistas. E, mais recentemente, somou-se a essa iniciativa o envio de cartões vermelhos de alerta aos Senadores, protestand o cont ra o referido projeto lei. A repe rcussão fo i ta l que fracasso u o plano do Govern o Federal de co nseguir de afogadi lho a aprovação do proj et o em con vocação extraordin ária, durante as fé ri as parl am entares . Os Senado res, alert ados espec ialmente pe la campa nha da T FP, reso lveram est udar mais detidamente o assunto e deixar sua votação em plenári o pa ra o reinício das ativi dades leg islativ as.

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Marcha Pro-Life: 27 anos de protesto anti-abortista Orlando L ra r. Correspondente

dos Estados Unidos

Imagem milagrosa de Fátima visita novamente a TFP

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,agem de Nossa Se1hora de Fátima, a mesma que verteu lágri ma s em 1972 , e m N e w Orlean s (E.U.A .), esteve no Brasil em janeiro último. O fato da lacrimação dessa admirável Imagem - ocorrido 14 vezes - foi largamente publicado em jornais do Brasil e do exterior, na ocasião. O resultado da análi se confirmando as milagrosas lág rimas foi divulgado po r abali zado laboratório dos Estados Unidos. Ago ra, vinda de uma peregrinação por cidades norte-americanas, essa Image m de Nossa Senhora passou três di as em São Paulo, onde es-

teve ex posta à visitação na Sede do Conselho Nacional da TFP, à rua Maranhão, 341 (fotos l e 2). Foi com imensa alegria que sóc ios, cooperadores, correspondentes e simpati zantes da entidade acolhera m e agradeceram essa celestial visita. As fotos 3, 4 e 5 mostram cenas da triunfal despedida da Ima ge m no aeroporto de Cumbica em 18-1-2000, di a e m que ela voltou aos Estados Un idos. No embarque a Image m recebeu es pec iai s provas de veneração por parte do público, deixando entre todos indi zíve l saudade e a esperança de que possa logo retornar ao Brasil.

WASIIINC TON - A capital ameri cana anrn11 l1· · ·u espec ia lmente mov ime ntada 11 11 111 anhã el e 24 ele j ane iro último . 1:il 11 s i111 ·rm in áve is ele ônibu s bloqu av:1111 o 11 • ·sso ao Elipse Park, va s ta :i r ·11 liv r ' be m e m frente ao monuni ·111 0 11 ( i ·orge Washington e a pou cos 111 ·tros tl u asa B ranca. Provenie nt ·s dos qu atro ·a ntos cio País, 120 mil p ssoas :i •10111 ·ra va m-se neste loca l para mai s 11111:i v ''/. protes tar contra a mat a nça d · ino · •nt ·s nos Es tados Unidos . Est iv · rn111 pr 'S · ntcs ao evento, manif" •s tund o 11 ssi 111 s ' li a po io ao

mov im nto anti -abo rti sta, c inco Cardeais e 25 Arceb ispos e Bispos. Fenômeno único no mundo, a Marcha pela Vida rea li za-se a cada ano no mes mo dia em que a Suprema Corte clec icliu, em 1973, que a mulher tem o dire ito ele assass in ar, e m seu próprio ventre, a criança em gestação. Esse pec a d o abomináve l vem despertando crescente reação na opini ão púb li ca conservadora el a Nação. A mai s s ig nifi cat iva d essas

reações é a pos sibi I idade de e le ição, neste ano , de um pres idente comprometido com a causa pela-vida. Como os conservadores já são maioria no Congresso, esse futuro ocupante da Casa Branca teria enormes chances de ve r aprovada uma e me nda co nstitucional que baniria para sempre o aborto no país. Como j á se tornou cos tum e , a Marcha - que se ini cia no Elipse Park e termina diante da Suprema Corte foi encabeçada pelos estandartes rubroá ureos da Soc iedade Arnericana de Def esa da Tradição, Família e Propriedade (TFP). Notável também foi a atuação da Fanfarra ela TFP e dos Alunos da Academia São Luís de Montfort. Com ta lento, dedicação e muito entu sias mo, esses jovens souberam manter sempre e levado o ânimo dos parti c ipantes da Marcha. Por quatro horas consecutivas, a li es tavam e les, firm es , to ca ndo , brada ndo e di stribuindo fo lhetos a uma temperatura de IOgrau s negativos! ♦


Soldado escocês: · ,no combate, a plenitude de viver

põe a vida por uma Causa. Ainda que seja para f icar cego, estropiado, paralítico e passar a vida inteira numa cadeira de rodas ou morrer - ele se realiza".

Plinio Corrêa de Oliveira

ª

so ldad o qu e se vê na fo tografi a à esquerd a é um tocado r de gaita de fole, p ro vave lme nte da G ua rd a es, cocesa. E le ce1tamente usa uma saia c ham ada kilt e me ias co mpridas, que se pode m ver na fotografi a aba ixo. Veste ta mbém um pale ló azul-m~u-inho com ga lões prateados, de mane ira que o traje parece um pouco sing ul ar para o lhos bras ile iros. O desenho do tecido e as cores do kilt vari am de acordo com o clan a q ue pertence a pessoa. Para se compreende r essa vestimenta, convé m le mbrar que e la é um unifo rme caracteri sticame nte regio na l. Nasceu e m fun ção de c irc unstânc ias locais e apresenta, à prime ira vi sta, uma certa no ta de ex travagâ nc ia que todos os usos e costumes, ace ntuad ame nte regio na is, costuma m ter. Ass im, são modos d e ser que se expl icam be m de ntro de um certo pano ra-

ma, mas que e m o utras c irc unstâ nc ias fi cam completa me nte fora cio lugru·. Esse tocado r ele ga ita de fo le eleve ser vi sto e m seu a mbi e nte: a Escócia brumosa, mo ntanhosa, d o whi sky, com suas tradições que a inda contêm impo rtantes restos da C ivili zação Cristã.

* * É neste a mbie nte -

*

no qu a l a g ue rra se travava num c lima ele proeza e de façanha - que os ho me ns combatia m. E a ig un s, como esse so ldado, tocava m maravilhosame nte as suas gaitas de fo le, soprando com vi gor, a fim ele estimul ar os o utros a ire m para a fre nte... Po r outro lado, nota-se ne le uma espéc ie de otimi smo. É o otimismo da E pessoa que julga que não va i s uced e r na d a na g ue rra? ~ Não 1 Po r mais inc ríve l que • ' · 0 pareça, essa d isposição ele O

N ão é, poi s, a atitude daque le que igno ra o peri go, mas a do ho me m que caminha rumo a este. E, pa ra e le, ta l atitude é mai s impo rta nte do que levar uma vid a cômoda, possuir um automó ve l, goza r boa saúde etc. E le marc ha para a fre nte com resolução. Para esse soldado escocês, a g ue rra, a luta : a vida é isso ! Esto u e xpli c ita ndo essa a titude d e a i ma e m te rmos la icos. M as os escoceses c hegaram a te r de mod o compl eto ta l equilíbri o me nta l e e mociona l, numa é poca e m que se tinha Fé. E m que a Fé cxpl icava cabalme nte essa pos ição de a lma oferecia f undame nto a e la. Poder-se-ia pergun tar: mas se Deus não exi ste - conforme pro pugna c ri a ·o ncepção la ic ista de vida - , mo rrer o u fi ·a r estro pi ado não é a ma io r das icli oti · s? Posto o absurdo - Deus nfto cxisli r, a Re lig ião Cató lica nfto ser vcrclad ira - , as atitudes ma is clí ·pa re · são, ao 111 's n1 0 te mpo, as ma is razoá ve is e as ma is 'SllÍ pidas.

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a rrostar o pe ri go - uma ~ atitude vi ve nc ia l - é um ~ resquíc io de Fé ex istente em sua a lma. • 0 que está ex presso no rosto de le é o seguin te: "Combater é uma grande coisa. O homem alcança um.a forma de plenitude quando ele é um herói e ex-

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Fundamento do verdadeiro ~ h ' · a Fe' uJ ero,smo.

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M as Deu ex iste. • s, ·nfre ntamos todo. os pcri 'OS por a mo r a Deus, à Causa ca ló li ·a, à Pátri a - porque esla nclo o pr6pri o País e mpenhado na gue rra d v ' · S' defende r sua nação, isso é uma virtud' ·11 tó li ca - então, que be leza e que ma •nfli ca rea li zação ! Nessas condições, é fá ·il ir para a fre nte ... e quem se ex põe, se r ·uli za. Com preende-se, e m vi sta di sso, a in trepidez e m face do adversári o, do p ri •o, po rque a mo rte no combate equi va l a u111 ho locausto prestado a De u · N osso S nho r. Se o rac iocíni o fi cou clru·o, cx pli ca-s ', desse modo, a razão de se uli li za r os ·l '· me ntos da tradição pru·a fo rm ar urna v ·r <lade ira idé ia do que é a Igreja ai lli ·u. Porque, e mbora esse home m possa n, os ·r cató li co, sua atitude a inda é d corr ' 111 · dos ensiname ntos da Santa [g rcja, q u • s ·ul os de C ivili zação C ri stã gera ram . F ica a í um co m c nl ~ri o v ivo d o hero ís mo, que muitos li vros d ' 1 ·i111r:1es piritu al não proporc io nam a s ·us 1 ·il or ·s. ~""(;'

N~ C\

Excertos da conferência prof rld p 1 Prof. Plínio Corrêa de Ollvolra para sócio e cooperadores da TFP om 5 de fevereiro de 1969. Sem revisão do autor.



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A palavra do sacerdote

O Prof. Plínio Corrêa de Oliveira, nos tópicos de Revolu ção e Contra-Revolução que publicamos na edição anterior, ressalta a importância de se reavivar a noção do bem e do mal e de se atuar na sociedade temporal. Na presente edição, veremos que qualquer ação autenticamente contra-revolucionária não é movida por interesses, mas por princípios. b. Contudo, convém, para tal , lembrar algumas verdades que, infeli zmente, não é tão raro encontrar obnubiladas entre os que abnegadamente se dedicam a essas obras: [de caridade, assistência socia l, etc.] • É certo que tais obras podem aliviar, e em certos casos suprimir as necessidades materiai s geradoras de tanta revolta nas massas. Mas o espírito de Revolução não nasce sobretudo da miséria. Sua raiz é moral , e portanto religiosa 1. A ssim, é preciso que nas obras ele que tratamos se fomente, em toda a medida em que a natureza especial de cada uma o comporte, a formação reli giosa e moral , com especial cuidado no que diz respeito à premunição das almas contra o vírus revolucionário, tão forte em nossos dias. • A I greja, M ãe compassiva, es ti mula tudo quanto possa trazer alívio às miséri as humanas. Ela não nutre a ilusão de que as eliminará todas . E prega uma santa conform idade com a doença, a pobreza e outras privações. • É certo que nessas obras se apresentam ocasiões preciosas para criar um clima de compreensão e caridade entre patrões e operários, e conseqüentemente se pode operar uma desmobilização dos espíritos prontos j á para a luta de classes. Mas seria errado supor que a bondade desarma sempre a maldade humana . Nem sequer os ben efíc ios incontáveis de Nosso Senhor em sua vida terrena consegu i ram evitar o ódio que Lhe tiveram os maus. A ss im, mbora na luta contra a Revo lução se d ·va de preferência guiar e esc larecer ;11nistosamente os espíritos, é patente qu • um combate direto e expresso contra as várias formas desta - o comunismo, por exemplo - por todos os meios justos • legai, , é licito e, geralmente, até indi spensável.

• É particularmente de se observar que essas obras devem incutir cm seus benefici ários ou associados uma v rd adeira gratidão pelos favores recebidos, ou, quando não se trate de favores mas de atos de justiça, um real apreço pela retidão moral inspiradora de tais atos. • Nos parágrafos an teriores, tivemos em mente principalmente o trabalhador. Cumpre salientar que o contrarevolucionário não é sistematicamente favorável a uma ou a outra classe social. A ltamente cioso do direito de pro-

São Vicente de Paulo e as obras de caridade que fundou. O Santo pregava santa conformidade com a doença e a pobreza

priedade, ele deve, entretanto, lembrar às classes elevadas que não lhes basta combater a Revolu ção nos campos cm que es ta lhes ataca as vanta, ·ns, ' paradoxa lment favor· · ·-la ·on,o l1111l as vezes s • v ~ p ·las palavl'lls 011 pdo ex ·n,plo, e111 todos os 11111rns l\' 11\'II0N, ·omo a vid11 <k 1'11111 li11 , 11s prni 11s, p1 ,s1·1 nas, L' 011l rn s di w rs<ks, 11 s 111 ivid111h•N 111 tel ·ctuui s, 1111ísll('IJSl'll', l lr1101'('11 11 1J1d11 qu • lh1·s si •a o l' l' tllplo l' lhl'S IH'l'lll' .,~ id ·i11s H'Vol11ci11111 11 111s M 'II I lrn 0~1 111w11ll' 111ili1.11do 1wl11 lfrvo l111, 110 <'01111 1111~ l' li t ·s " s1·111i 1·0111111 ll'Vo lt11·10111111 as" • S1•111 11' 11:d1111•111l· 11rn ·1vo ~ 11nslo ·1·m·i11 <" 1) h11rl' 111•N111 v11l 1'111 i,.111 SL' nas

Nesta edição

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• nos traj es , para desarm ar a R ·vo lu ·, o. Uma autoridad social que s • d • •rada ·, tamh m ela, comparável ao sa l qu • n; o sa l 'ª · ó s · rvc para ser ali rada ~ rua • sobr • eh pi sarem os transeunl ·s . 11~-lo-t o, na maiori a dos casos, as mullidõ ·s ·h ·ias ele desprezo. • ons ·rva ndo-se ·om di gnidade e energia cm sua situação, elevem as classes altas ter um trat o dir to e benévolo com as d mais. A carid ade e a justiça praticadas à di stância não bastam para es tabelecer entre as classes relações ele amor vcrd adciram ntc cristão. • Sobretudo lembrem-se os proprietários ele que, se há muitas pessoas di spostas a defender co ntra o comuni smo a propriedade pri vada (concebi da, é claro, como um direito indi vidu al com fun ção também soc ial) , é pe lo princípio de que el a é desejada por Deus e intrin seca mente conforme à L ei natural. Ora, tal princípio tanto se refere à propriedade do patrão qu anto à do operário. Em conseqüência , o mesmo princípio ela luta contra ocomuni smo deve levar o patrão a respeitar o direito do trabalhador a um sa lário ju sto , co ndizente com suas necessidades e as de sua família. Co nvém recordá- lo para ac ntuar que a on1ra - Revo lução não • a d ·f ·nsora ap ' · nas da pro))l'it·dad t• pat,·ontd, 111 as da d · a111h11 s as l'111ss t•s. 11111 11 :10 lu la por i11l<•n·ss1·s d1• I" 11pos 011 ·111 · •oria s sol 'i111.~. 11111 s prn p1i11d pios .

Destino aos objetos religiosos já muito deteriorados A variedade de invocações a Nossa Senhora Condições para que a oração seja bem feita

A realidade concisan1ente Nossa capa:

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A primeira Missa celebrada no Brasil (detalhe) - Óleo de Victor Meirel/es, Museu Nacional, Rio de Janeiro

Monstruosa "cultura da morte": suicídio assistido! Pratos chineses à base de .. . rato Protestos contra topless

Revolução e Contra-Revolução

Atualidade

2

14 Beatificados

Concepção contra revolucionária das obras sociais

Carta do Diretor

30 brasileiros

martirizados por calvinistas no século XVII

4

Escreve,n os leitores

Página Mariana

15

5

S.O.S. Fan1ília

Nossa Senhora do Rosário: grande devoção peruana

16 A

indissolubilidade do vínculo matrimonial: freio às paixões desordenadas e sustentáculo do Estado

Sen1ana Santa

7

Considerações sobre os dias da Semana Santa

Túmulo do Pe. Marco d'Aviano na igreja dos capuchinhos, em Viena

Entrevista

28 Chefe

da Casa Imperial do Brasil esclarece importantes questões sobre o descobrimento de nosso País

Santos e -Festas do ,nês

32 Internacional

34 Reações

incoerentes por parte dos opositores ao novo Governo au s tríaco

História

36 Padre

Marco d' Aviano: instrumento divino para atuar na História

Vidas de Santos

TFPs e,n ação

18 São

40 -

Paulo da Cruz, fundador dos Passionistas

Capa

21

Objetivos principais do Descobrimento da Terra de Santa Cruz

Visão parcial da assistência numa das conferências do Congresso de Correspondentes-Esclarecedores da TFP, no Auditório Plínio Corrêa de Oliveira, situado na Sede dos Buis-sonets, na capital paulista

TFP reúne seus Correspondentes- Esclarecedores e Simpatizantes - A TFP obtém vitória judicial contra agremiação carnavalesca

An1bientes, Costun1es, Civilizações

44 Nossa

Senhora da Piedade

N , 1iróxlm, ed ição, mostrar-se-á que a lu fo v rdadeíramente eficaz contra o co111unl mo e seus derivados consiste numa n futação inteligente de seus sofismas.

Notus: 1. fr. Leão XIII , Encíclica Grav1',l"fl1· ( '1111 11111111i, de 18/1/1901, Bonne Presse, Paris, vol. V1, p. 212. 2. Cfr. MI. S, 13. C AT O LIC ISMO

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Com a palavra ... o Diretor

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PÁGINA MARIANA

Leitor amigo, Neste mês, a liturgia católica celebra a Sagrada Paixão e Morte de nosso Divino Redentor. A essa comemoração Catolicismo dedica substanciosa meditação, além de admiráveis considerações sobre Nossa Senhora da Piedade estampadas em sua contracapa, ambas de autoria do Prof. Plinio Corrêa de Oliveira.

*

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J lJ milagrosa Padroeira de Lima (Peru)

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Por sua vez, tanto a matéria de capa desta edição quanto a substanciosa entrevista de D. Luiz de Orléans e Bragança, Chefe da Casa Imperial do Brasil, merecem um comentário especial. Nosso Brasil - que desde sempre esteve nos planos da Divina Providência - nasceu à sombra da Cruz e cresceu sob o manto da Mãe de Deus, que se tornou sua Padroeira com a invocação de Conceição Aparecida. A expansão ultramarina de Portugal - nela se inclui de modo saliente o Brasil - já fora predita no século XII ao primeiro Rei de Portugal, Dom Afonso Henriques, numa famosa visão que teve de Nosso Senhor Jesus Cristo, precedendo a batalha de Ourique, aparição na qual foram revelados os altos desígnios divinos sobre a heróica Nação lusitana. Desde aquela memorável aparição, os Reis lusos estabeleceram bases sólidas que favoreceram a realização dos planos da Providência a respeito de seu povo. Assim, orientaram as políticas e as diretrizes do Reino de Portugal que resultariam na expansão marítima e no descobrimento do Brasil. Este, por sua vez, já nasceu inserido naquele amplo contexto de expansão da Fé católica. Em vista disso, a formação, a partir do século XVI, do que se poderia chamar a nação lusobrasileira, muito se beneficiou de certa consciência que possuía de sua missão histórica. Entretanto, hoje em dia, os brasileiros são bombardeados de todas as formas pelos meios de comunicação e até pelo próprio sistema de ensino, com dados e notícias que em larga medida falseiam nosso glorioso passado de Fé e de expansão nacional. A juventude brasileira recebe, já no primeiro e segundo graus de ensino, informações que freqüentemente denigrem e deturpam a história pátria, gerando em muitos uma absurda vergonha de seu País, por ainda não conhecerem o Brasil autêntico e seu glorioso passado católico. Afinal, se nesse passado não primassem a verdadeira Fé e feitos heróicos como a expulsão dos calvinistas franceses, no século XVI, e dos hereges holandeses, no século XVII, se nossas origens não tivessem ocorrido à sombra da Santa Cruz e aos pés do Altar, não seríamos hoje o País de maior população católica da Terra! Por isso, convidamos o leitor a voltar os olhos para a verdadeira história do País e redescobrir o lídimo Brasil, a fim de haurir nos fastos de nosso glorioso passado os ideais com vistas à realização futura da magnífica missão reservada pela Providência à Terra de Santa Cruz. Essa é a contribuição que desejamos oferecer à nossos leitores, mediante a matéria de capa comemorativa dos 500 anos do Descobrimento. Procuremos, pois, com fé e devoção, retemperar nossas forças e fortalecer em nós a esperança, aprofundando o conhecimento da história fidedigna deste País-continente, tão amado pela Providência Divina. Cordialmente,

9 ~7 Paulo Corrêa de Brito Filho DIR ETOR

Inúmeros são os milagres registrados pela História, operados por intercessão de Nossa Senhora, através de alguma de suas imagens: enfermos curados, pecadores convertidos, necessitados socorridos. Entretanto, uma imagem da Virgem Santíssima que tenha dirigido a palavra a três santos... não é habitual. Esse prodígio entretanto ocorreu com a imagem da Padroeira de Lima, que falou com Santa Rosa de Lima, São João Macias e São Martim de Porres! V /\LD IS

E

ntramos na igreja do Rosário, que fica próxima da bela e ampla Praça de Armas, em Lima, no Peru . Em silêncio, caminhamos da porta para o altar mor, passando ao lado de vári os al tares e im age ns de sa ntos d a O rd e m dominicana. Do lado esquerdo aparece uma im age m de No ssa Se nhora be líss im a. E m determinado momento, meu acompanhante di z: - "Ouça, se ocorrer um terrem.oto _fique perto desla imagem". Surpreso, olho para ele. Já presenciei terre motos e se i que, no momento do tremor da terra, todos sentem uma inclinação natu ral de correr para onde não haja nada que possa cair sobre a cabeça. Vendo minha desconfiança, ele narra o que aconteceu com São João Maci as. - "Ele eslava rezando nesle local quando começou um Jerremoto. São João Macias levantou-se, e, como qualquer

mortal, correu para o claustro do convento. Nis10 ouviu que a imagem lhe dizia: 'Frei João, Frei João, aonde vais?' Ele Leve ânimo para deter-se e responder: 'Senhora, estou fu gindo como os outros do rigor de vosso Santíssimo F ilho'. Então Nossa Senhora respondeu-lhe: 'Volta e fica tranqüil o, que aqui estou eu' . Depois disso o Santo sempre afirmava que não tinha melhor refugio para os terremotos do que a capela da Virgem do Rosário. Defato, sempre que ocorre um terremoto na cidade, pede-se aos.fiéis presentes nessa igreja que não saiam, e até hoj e nunca se lamentou qualquer desgraça". - "Convenceu-me!, respondi - lhe. Em caso de terremoto aqui .ficarei, bem ao lado da Virgem ".

No início de seu culto, milagre espetacular A imagem de Nossa Senhora do Ro-

G RI NSTE INS

sári o, de tamanho natural , tem uma hi stória que se confunde com a da cidade de Lima. Quando fundad a, em 1535, a capi tal peru ana recebeu a imagem como presente do Imperador Carlos V. Quando os espanhóis foram conqui star a cidade de Cuzco, capital do Império [nca, encontraram um formid ável exército de indígenas barrando a entrada . A desproporção era tremenda: os espanhóis contavam apenas 600 homens, enquanto os índios so mavam dezenas de milhares . Quando estes foram atacar os espanhóis, apareceu Nossa Senhora do Rosári o com uma vara na mão, com a qual ameaçava os pagãos, impedindo-os de ferir os católicos. Ante esta vi são, os indígenas não só fu giram, mas pediram a paz e muitos soli citaram o batismo . Foram tantos os milagres reali zados pela image m que numerosas confrarias foram fundadas para propagar sua devoC AT O LIC ISMO

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SEMANA SANTA

Santa Rosa de Lima - Gregorio Vásquez, (séc XVII), Museu de Arte Colonial, Bogotá, (Colômbia)

ção. A primeira foi de sil vícolas, em 1554. Seguiram-se um a de nobres chamada "dos espanhóis", em 1562, e outra denominada de "pardos", em 1564. As senhoras doavam suas jóias à imagem, que chegou a ser uma das mais ricas da cidade . Mui tos nobres deixavam em seus testa mentos indi cações para lhe se re m ofertados seus bens. O altar, o ando r, os toc heiros, tudo era de prata. De tal maneira afluíam as doações que, por ocasião da procissão ele 1643, a imagem levava dois milhões de péro las e jóias di versas ! E tudo isso era fe ito com o bom gosto e a categori a que caracterizam os usos e costumes da nação peruana. Em 1922, por ocasião do ato da coroação canônica da image m, foram di stribuídos seis mi l rosários de prata e nácar aos presentes à sole nidade !

N ossa Senhora do Rosário e seus devotos santos... Todavi a, as melhores jóias ele Nossa Senhora não são as materi ais, mas aquelas almas santas que bri lhara m por suas virtudes e devoção a E la. Uma das maiores devotas dessa imagem fo i a grande Santa Rosa de Lima .

Consta na Bul a de sua canoni zação que Nossa Senhora do Rosário conversou com ela. Quando a santa contava pouca idade, pergun tou à imagem se deveria ser chamada Isabel (seu nome de bati smo) ou Rosa (denominação usada por sua mãe e no me co m o qu a l Sa nto To rí b io de Mogrovejo a tinha crismado). Nossa Senhora respo nde u-lhe que se cham asse Rosa de Santa Maria. O utro milagre se deu num domingo de Ramos . Q uando ela fo i reza r di ante da imagem, notou que Nossa Senhora a o lha va co m espec ial be nevo lê ncia . E que, em determinado momento, volto use para o Menino Jesus em seus braços . Este d isse então à Santa: "Rosa de meu coração, Eu te quero por esposa ". Santa Rosa caiu des maiada. No pi so da igreja onde o prodígio acontece u, encontrase hoje uma placa comemorativa do fato . Além d isso, q uando Santa Rosa fa leceu, seu corpo fo i levado pa ra a igreja do Rosário. Ao entrar ali o corpo da Santa, a face de Nossa Senhora resplandeceu ele modo bril ha nte, marav ilha testemunhada por todos os presentes. São João Macías estava certo d ia orando d iante da imagem quando de repente entrou em êxtase, fi cando suspenso no ar. Um noviço dominicano, Frei Anton io Espino, presenciou o prodígio e saiu correndo para comunicar a todos do convento. Contudo, São João interceptou-o na porta, proibindo-o de narrar o que vira até sua morte. De São Martim de Porres conta-se que não só conversava com a image m, mas que, em certa ocasião, esta ordenou a um anjo que tocasse o sino do convento, função exercida por São Martim, que se encontrava ausente.

Milagres para todo tipo de devotos No d ia l 9 de novembro ele 16 14, um devoto, Afonso Pérez de G uzmán, foi r zar dia nte da imagem. E le era um so ldado espanhol que tinha sido f rido p ·los índ ios araucanos no Chile, d urn nL· uma batalha. Coxo, só pod ia anelar d · mu i ·tas. Quando implorava ajuda a Nossa S ·nhora do Rosário, sentiu qu · as forças lhe fa ltavam e desmai ou. /\o a ·ordar, ·slava tota lmente curado. O osso ·stava no seu lugar e desaparecera o buraco - Lão gran-

de que nele se pod ia introdu zir a mão aberto pelo ferimento. Na parede da capela da mil agrosa imagem vi a-se outrora um tambor pendurado . Estra nho e inusitado objeto, representava e le um contraste com as numerosas jó ias doadas pe la nobreza de L ima . Q ual a origem desse ta mbor? No ano ele 16 15, enfrentara m-se nas águas do Pacífico a esquadra espanhola e a de um pirata ho landês. Em meio à luta, um capitão espanhol de nome Albendín, esta ndo fer ido e vendo seu barco afun dar, invocou a proteção da Vi rge m do Rosári o, tendo pulado na água. Para não morrer afogado, agarrou-se a um ta mbor objeto que dific ilmente se manteria boiando. Mas, contra toda a expectativa, as ondas lançaram o capitão na pra ia, com o seu ta mbor salvador. E, em agradec imento, o mili tar deixo u-o pendurado na parede da capela, onde permanece por mais ele 200 anos .

Segura Protetora nos terremotos ... espirituais Esses são alguns dos mil agres materi ais operados pela prod igiosa imagem. Os espiritu ais, no enta nto - tão ma is importa ntes, como por exemplo as conversões - , fruto das graças recebidas di ante dela, são também muito numerosos. Por isso, há sempre devotos rezando aos pés da milagrosa Padroeira de Lima. Lentamente e com muito pesar, tive que me afasta r da imagem. Q uanta hi stóri a, qu anta bondade, quantos mil agres real izaram-se naq uele local! E refletia então: se por ocasião de um terremoto fís ico é seguro estar perto dE la, quanto ma is necessário não será sua intercessão nestes di as de contínuos terremotos espi ri tuais? Para o oração materno a d istânc ia não xisle. /\ss im , quando o ca ro leitor s nlir Ludo li" m 'r a seu lado e mu itas ·oisas um 'açarcm ca ir-lhe sobre a cabeça, nuo d ·ixe ele invocar Nossa Senhora do Rosário. Ela o protegerá! ♦

Fontes de referência: Recopilação de fa tos ltistó rico.1 da Arq11iconfraria. de Nossa Senh ora do l?os6rio de Espanhóis, Irmãos 24, Li ma, 1945. Rubén Yargas Ugarte, S..J ., Historia dei culto a Maria en. lbemamérica , 71111 ·rcs ,rúficos Jura, Mad ri d, 3' ed ição, 1956 .

Por ocasião da Semana Santa de 1989, um grupo de jovens cooperadores da TFP pediu ao Prof Plínio Corrêa de Oliveira que fizesse alguns comentários sobre a Paixão e Morte de Nosso Senhor Jesus Cristo. O insigne fundador da entidade pronunciou então as substanciosas considerações que seguem, as quais poderão servir para reflexão de nossos leitores, durante a Semana Santa que se comemora no corrente mês. Baseados em princípios doutrinários imutáveis, e numa liturgia que reflete perfeitamente o espírito da Santa Igreja, tais comentários continuam inteiramente atuais, apesar das diferenças que porventura o leitor venha a notar em relação ao que tem diante dos olhos nos tristes dias em que v1vemos. A Lamentação de Cri sto- Fra Angélico, 1436 - Museu de São M arcos, Florença {Itália)

rej a é o Corpo Místico ele Cristo. Nosso Senho r Jesus C ri sto é a Cabeça deste Corpo Místico. A Igreja itui uma sociedade hi erárquica que Ele fund ou, da qu al São Pedro é o C hefe e os Bispos são os Príncipes locai s. O Papa é o Mon arca ela fgreja, que te m auto ridade sobre os Bispos e seus súd itos .

U m ponto mui to importante da do utrina católica é o seguinte : o Sumo Pontífice exerce uma autoridade completa tanto sobre todos os Bispos qu anto sobre cada fi e l. Não corresponde à verdade imaginar que o Papa ma nda nos Bispos e, por me io destes, nos fi éis. A autoridade do Papa é d ireta sobre todos os fiéis.

Se fosse indireta a autori dade ci o Pontífice, caso e le desse uma ordem e o Bispo a recusasse, os fié is não fica ri am obri gados a seguir a ordenação do Papa. O Sumo Pontífice dando uma ordem, o B ispo deve exec utá-la . Se ele não a executasse, o fi e l sabendo que o Papa orde nara aq uil o, deveria segui -la do

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C AT O LIC ISMO

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C ATO LICISMO

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mesmo modo. A autoridade, do Papa é, portanto, direta sobre os,.. B ispos e sobre cada fiel. Essa é a estrutura jurídica da Igreja. Mas, além dessa estrutu ra jurídica, constituindo um todo com Ela, ex iste o Corpo Místico de Cristo.

Corpo Místico de Cristo e Redenção Nosso Senhor Jesus Cristo morreu na Cruz, e o sacrifício que ofereceu de sua vida constituiu um tesouro de graças infinito, que é incalculável. E que se destina a todos os fiéis, em todos os tempos, em todos os lugares, até o fim do mundo. Essas graças destinam-se, portanto, à salvação de todos os fié is. Mais ainda: servem também para atrair à Igreja aqueles que não pertencem ao grêm io dEla - portanto heréticos, cismáticos, judeus, maometanos, ateus etc. - em virtude das graças que Nosso Senhor Jesus Cristo conseguiu no alto da Cruz. E le é o Redentor. A Co-Redentora é Nossa Sen hora. Por suas lágrimas, E la concorreu para redimir o gênero humano. E porque E le quis dar-lhe essa função nobilíssima, E le desejou que as lágrimas de sua Santa Mãe também fossem tomadas em consideração pelo Padre Eterno, para rem ir o gênero humano e fazer parte do tesouro da Igreja. Mas também fo i da vontade do Redentor que os nossos sofrimentos individuais, bem suportados por amo r a Ele, integrassem o tesouro da Igreja. E ntão, é por isso que constatamos os santos sofrerem imensamente. É porque e les, com seu padecimento, igualmente representam algo para o tesouro da Igreja.

Simbolismo sublime da gota d'água Tsso é simbo li zado de modo muito belo na Missa: quando chega o momento do Ofertório, o Sacerdote co loca uma gota de água no vinho que será trans ubstanc iado. A água não pode ser consagrada, porque Nosso Sen hor Jesus Cristo estabe leceu que a Consagração fosse feita só com pão e vinho. Se se quiser consagrar só a água, não se opera a transubstanciação. Mas aq ue la água misturada com o vinho forma um só lí-

e

CATOLICISMO

A Ú ltima Ceia - Bernardo Rodriguez, Museu ele Arte Religiosa. Coleção da Arquidiocese de Popayán, Colômbia

quido com este, e na hora da Consagração e la é consagrada também. De maneira que aquela gota de água, incapaz de, por si só, de ser trans ubstanciada no Corpo e Sangue de Nosso Senhor Jesus C ri sto, ela o é, contudo, enquanto mi sturada ao vinho. É o símbolo do sacrifício dos fiéis. Nosso sacrifíc io por si só não vale nada, mas unido ao de Cristo Nosso Senhor e às lágrimas de Mari a Santíssima, passa a valer alguma coisa. É o símbolo que nos anim a a sofrer e m nossas lutas, perseguições, trabalhos, incompreensões e dificuldades. Sofremos e vamos para frente. Nosso sacrifício aumenta, simbo li camente, a gota de ág ua. O u seja, aumenta a contribui ção que Nosso Senhor Jesus C ri sto quis que fosse também indispensável para a salvação dos homens. E le poderia dispensar isso, mas desejou dar-nos a glóri a de nos associar ao tesouro da Santa Igreja. Assim, durante o sofrimento que nos advir, lembremos: tal padecimento é a gota de água. Mas esta certamente será misturada aos so frim e ntos indi z íve is dEle e aos sofrimentos preciosíssimos de Nossa Senhora, para red imir todo o gênero humano . Por isso, não conheço quem possa faze r algo me lhor pela Ig rej a, do que sofrer por E la. Sob esse ponto de vista, ex istem alguns que reza m e outros que trabalham, mas para sofrer.. . todo mundo tem medo e quase ninguém deseja padecer. Se Nossa Senhora nos env ia um sofrimento, devemos aceitá- lo, contentes. Sofrendo, seremos mais úteis à Igreja do que se proferíssemos um lindo discurso, montássemos um a grande associação ou realizássemos qualquer outra co isa.

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Tesouro da Igreja: "Banco do sobrenatural" O conjunto desse tesouro da Igreja é a conjunção das almas que sofrem. Nosso Senhor Jesus Cristo, com o anto Sacrifíc io da Missa, re nova s ' mpr •

te roxo, com uma capa roxa, descalço, em sinal de penitênci a, e percorre a igreja inteira. C hega até o crucifi xo e oscul a-o também. Depois sai pelo fundo da igrej a. E fica tudo si lenci oso, parado.

Sábado Santo ou de Aleluia

sua Pa ixão de modo incruento - não mais derrama sangue - , mas verdadeiramente a renova. E nós, e m última análi se, bem emba ixo, também em algo aume ntamos esse tesouro, fo rm ando o co njunto uma espéc ie de Banco doso-

brenatural. Mas Nosso Senhor Jesus Cristo é tão superi or a todo mundo, que Ele é a Cabeça desse tesouro. E os outros constituem o corpo desse tesouro. Nosso Sen hor é Homem-Deus. E nquanto Deus, para E le não há presente, nem passado, nem futuro. Tudo é simultâneo. Presente, passado e f uturo são próprios a nós, li gados a um corpo material. O Divino Redentor, portanto, viu tudo quanto haveri a de pecado até o fim do mundo, e sofreu em virtude desses pecados. E le conheceu cada homem, cada alma. E durante a Paixão, E le rezou por cada homem que haveria de ex istir, por cada alma, até o fim do mundo. E até mesmo pelas alm as que depois recusaram a graça e foram precipitadas no inferno, E le antes rezou. Essa atitude s upõe extraordinária generosidade.

Dias da Semana Santa e seu significado Na Quarta- f ·ira 'a nta inic ia-se propriam 'nt · a part ' ma is densa da Semana S:1nta, •m ·c lebração da Paixão de Nosso S ·nho r. Rezava-se na Igreja o (~/'feio r/11 Trevas. É o Ofício que canta as Ir ·va s que vão e nche ndo o mundo,

porque Nosso Senhor está sendo perseg uido .

Quinta-feira Santa Depois, na Q uinta-feira Santa, celebra-se a Missa em que se comemora a institui ção da Sagrada Eucari stia. Terminado o Santo Sacrifício, o padre conduz o Sa ntíssimo Sacramento até uma caixa bonita, de madeira dourada, denominada sepulcro. Como Nosso Senhor, depois da Ceia, sofreu a Pa ixão e morreu , após a Missa que celebra a Ceia as igrejas não tocam mais os sinos. Realiza-se a cerimôn ia consoante ao desnudamento dos altares, em que o Padre vai de altar em altar, retira as flores, os vasos, apaga as velas. Os altares ficam desnudados de todos os orname ntos, co mo se o cu lto estivesse cessado, porque Nosso Senhor está morto, j aze ndo naq ue la ca ixa dourada, o sepulcro. Todos os sinais de a legri a da Igreja cessam.

Sexta-feira Santa Na Sexta-feira Santa comemora-se a morte dE le. É o dia em que se oscula solenemente a C ru z. Os Sacerdotes colocam junto ao altar uma cru z enorme. E os fiéis , cantando hinos de dor, vão, um a um, oscular as chagas, as mãos e os pés do Redentor. Osculam também a chaga do santo lado, perfurada pela lança de Longinus . Quando chega o Bispo, tudo pára. Ele e ntra com um paramento inteiramen-

nas chorosa, mas tristeza de varão como a de São Pedro! Em outras palavras, a indi gnação contra nossos pecados! Não ad ianta eu me agastar com o pecado dos outros e não me indignar com o meu. Primeiro é com o meu, pois quem pecou fui eu. Fui eu o autor do

No Sábado de Aleluia, a Igreja j á ini cia as cerimônias com as alegri as da Ressurreição. Ao me io dia, começam a bimbalhar os sinos, para anunciar C ri sto ressuscitado! Aqui no Brasil hav ia o costume de os meninos confeccionare m uns bonecos grotescos, que e les denominavam Judas. Era essa a ocasião de malhar o Judas , o traidor, enqu anto todos os sinos das igrejas tocam sem parar, em comemoração da Ressurre ição de Nosso Senhor Jesus C ri sto ! No domingo de Páscoa, a [greja ap resenta-se toda fl o rida e vitoriosa. C ri sto ressuscitou, celebra-se a Missa de Páscoa.

Significado da Semana Santa aplicado à nossa época Na Quarta-feira de Trevas devemos amar a Igreja enquanto padecente nos dias de hoj e. E apliquemos a nossos dias as trevas que vão dominando o mundo. A escuridão do pecado, da desordem, a abo minação que vai enchendo a Terra, em todos os sentidos, são trevas. Na Quinta-feira Santa co me moramos a resistência que Nosso Senhor opôs a todas essas trevas. Ele instituiu a Sagrada Eucaristia para estar conosco em todas as ocasiões. Devemos com ungar co m espec ial devoção e também lamentar a futura morte dEle. Mas chorar como pecadores, pois sabemos que O ofendemos no passado, e devemos c horar os nossos pecados a vida inteira. São Pedro, por exemplo, em virtude de ter negado a Nosso Senhor, chorou o resto de sua ex istência. Segundo a tradição, quando ele morreu (foi crucificado de cabeça para baixo pelos romanos) apresentava dois sulcos no rosto, por onde, durante toda a vida, as lágrimas correram. Cabe a nós também vincar em nossa alma dois sulcos: o da tri steza dos pecados que cometemos e o do pesar pelos pecados que os outros praticam. Contudo não deve ser essa uma tristeza ape-

A Negação de São Pedro -Anônimo, Museu Jijón, Quito (Equador)

meu pecado. "Quia peccavi nimis cogitalione, verbo et opere" - diz-se no Confiteor. Porque pequei muitíssimo por pensamentos, palavras e ações, por minha culpa, por minha cu lpa, por minha máxima culpa! Assim, a idéia dos próprios pecados e dos pecados de outrem deve entranhar nossas almas, especia lmente nesses dias benditos da Semana Santa. ♦ Nota: Palestra proferida em 19-3- 1989. Sem revisão cio autor.

CATO L IC IS MO

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A

Palavra do d Saceri ote Pergunta 1

O que fazer com impressos religiosos já velhos como, por exemplo, textos de orações, estampas, livros? Podem ser queimados? O que fazer com imagens quebradas que não têm mais conserto? Resposta Tudo que é sagrado deve ser tratado com respe ito, e tanto mais respeito quanto mais sagrado. É esse princípio que guiou a consul ente em sua pergunta. Em última análise, a pergunta é : como se desfazer, de mane ira respe itosa, de um obj eto sagrado ou de um texto religioso q ue se deteriorou a ponto de não mais servir para o uso? Textos de orações, estampas reli giosas, bíblias sagradas ou manuais de oração que se encontram esmaecidos pelo uso, ou se desfizeram em pedaços, estão, por isso mesmo, num estado tal que, em mu itos casos, são indignos de sua cond ição sagrada. Assim, o próprio respeito ao seu conteúdo ou ao seu s ignificado está a pedir que sejam destruídos. Mesmo em se tratando de objetos bentos, por terem perdido substancialmente sua forma prim itiva é provável que já tenham perd ido também a bênção. Nada impede, pois, que sejam queimados. 10

C AT O L IC ISM O

É o me lhor. Co mo isto nem sempre pode ser feito faci lmente, sobretudo por quem vive nu ma grande cidade, será talvez recomendá ve l rasgá-los em pedaços, envolvêlos nu m saco plástico e colocá- los nu m cesto de lixo. Recomendação análoga pode ser feita em relação a imagens partidas que não têm mais conserto. O ideal seria enterrá- las, mas se isso não for possível, o melhor é terminar de fragme ntá- las e envo lvê- las també m em um plástico ou papel de embrulho por terem sido portadoras de bênçãos. Ao proceder dessa mane ira, a pessoa imbuída de espírito religioso não está sendo mov ida pe lo desprezo para com as coisas da Fé, antes pelo contrário, pelo sumo respe ito q ue esses objetos, já deteriorados, ai nda merecem.

ve nerada co m o Men sagem contiRa inha e Padroeinua tão atual. Cora do Bras il. mo Nossa SenhoNossa Senhora ra da Conceição do Ca rmo, ou do Aparecida recorMo nte Ca rme lo, da-se a imagem de le mbra o céle bre Nossa Senhora da episód io do profeCônego Conceição, mi lagrosamente " pes- JOSÉ L UIZ VILLAC ta E li as qu e, no Mo nte Carm e lo cada" no Rio Pa(Palestina), viu uma nu venziraíba, em 1717. Como pri nha aprox imar-se da terra e era me iro "apareceu" a imagem o prenúncio da chuva copiosa sem a cabeça, e uns metros que Deus prometera enviar ao ad iante os pescadores recupefi m de três anos de uma esti ara ram a pequen ina cabeça, tal gem abso luta com que castifato não podia deixar de ser g,ua os fi lhos de Israel. Segunvisto como mil agroso. Da dedo a trad ição, os discípulos de voção que daí nasceu a essa Santo E lias constituíra m com imagem, fo i e la chamada, e le o embrião da Orde m do muito brasi le irame nte, de Carmo, ded icada desde então Nossa Senhora Aparecida ! O - mu itos sécu los antes da título, canonicamente aproEncarnação do Verbo - a vevado pela Igreja , inc lui o nerar a futura Mãe do Salvanome de "Conceição", q ue dor, prenunc iada na nústeriolembra o privilégio da Imasa nuvem, j á como a Med iaculada Conceição. É sob esse neira da Graça. título que Nossa Senh ora é

Pergunta 2 Imagem de Nossa Senhora do Carmo Igreja da Ordem Terceira do Carmo, São Paulo.

Qual a diferença entre Nossa Senhora de Fátima, Nossa Senhora Aparecüla, Nossa Senhora do Carmo, Nossa Senhora Rainha e outras?

O Profeta Elias e seus discípulos constituíram no Antigo Testamento o embrião da Ordem do Carmo.

Resposta Ev identemente , Nossa Senhora é uma só. Mas a piedade dos fiéis fo i criando nomes diversos para honrar a Mãe de Deus por alguma de suas virtudes, privi légios, episódios de sua vida terrena ou de sua niaterna l proteção aos homens ao longo da História da Igreja. Assim, Nossa Senhora de Fátima - ou ma is precisamente, Nossa Sen hora do Rosário de Fátima - é o título com que se recordam as célebres aparições da Virgem em Portugal, em 1917, cuj a "'

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O título de Nossa Senhora R ainha - tão enaltecido . na Ladainha lauretana - põe em rea lce o fa to de que, imedi atamente abaixo de Nosso Senh or Jes us Cri sto, q ue é Re i do Universo por natureza e direito de conqui sta em conseqüênc ia da Redenção, Nossa Senhora é Ra inha porque seu Divino Filho A estabeleceu como tal. Ela é Rai nha da Igreja, Rainha dos Corações, porque tem um especial poder junto a Deus para tocar os corações dos homens e convertê-los, encaminhando-os assim para a salvação. M as por que tanta multi plicidade de títulos? Não bastava um só? Cada um de nós tem um nome e basta! Aque le qu e ama verdade ira mente a Deus, a Nossa Senhora, à Santa Igrej a e aos santos, tem necess idade de multiplicar os apelativos para expressar o seu amor. Isto é assim até no amor humano quão conspurcado hoj e em di a ! No que e le tem de natural e de acordo com a ordem estabe lec ida por De us, po r exempl o o amor fili al, necessita exprimir-se pela abun dânc ia das palavras. E tudo aquil o que é natural se refl ete na vida da lgreja, a qual acolhe materna lmente as expansões legítimas do afeto de seus fi éis. E estes têm assim a oportunidade de expressar a multíplice variedade de seus sentimentos, de acordo com o seu feitio de a lma, ou simplesmente confo rme às di sposições de momento, de alegri a ou ele tristeza, ele esperança ou de afli ção, de consolação ou de desolação ... A Santa Igreja, como mãe sábia, acolhe e abençoa todos esses anseios de alma ele seus filh os, aprovando, ou às vezes corri gindo, os títul os com que e les se dirigem à Mãe de

Deus, invocando o seu auxíli o e m todas as suas necessidades . E a Virgem Mari a - tão nossa que às vezes até achamamos de " minha Nossa Senhora" - nun ca de ixa de atende r ao menor pedido de seus filh os, sob qualquer título que sej a, como inculca muito acertadamente a oração de São Bernardo: "Lembrai-Vos, ó piíss ima Virgem Mari a, que nunca se o uviu dizer que algum daqueles que têm recorrido à vossa proteção, implorado a vossa assistênc ia e reclam ado o vosso socorro, fosse por Vós desa m pa ra cl o. Anim ad o e u, pois, com igual confiança ...". "Rainha de todos os Santos - Roga i por nós" !

Pergunta 3

Tenho 69 anos, tenho problemas nos joelhos e por isso não posso ajo elhar quando rezo o terço. Posso rezá-lo sentada ou às vezes recostada ? Resposta Sim , pode. O importante é ter presente que o Terço (a terça parte do Rosário) deve ser rezado de modo digno, com atenção e devoção. A me lhor mane ira de rezar o Rosári o é sem dúvida de joe lhos, di ante cio Santíssimo Sac ramento ou de uma pi edosa image m de Nossa Senhora. Mas pode-se perfe itamente rezá- lo e m qualquer o utra postu ra dig na, como seja andando numa sala dentro de casa o u no j ardim, sentado ou até mesmo recostado ele modo decoroso, se o cansaço do di a ou um incômodo de saúde não nos permitirem fazê- lo de outra fo rma. Mais importantes, contu-

do, são nossas disposições espiri tuais. Uma oração fe ita de maneira mecânica ou distraída, cul posamente, pode diminuir ou até mesmo invalidar sua eficác ia im petrató ri a e santificadora. Por isso, devemos procurar medi tar as palavras que estamos pronunc iando, ou o mi stéri o cio Rosário que corresponde à dezena qu e es ta mos reza ndo. Para esse efeito, ajuda termos em mãos, quando possível, um método para med itar o Rosário. Há alguns mui to bons, redigidos por São Luís Grign ion ele Montfort, com um pensamento para cada Ave-Maria. O u o livrinho distribuído pela ca mpanha Vinde Nossa Senhora de Fátima, não tardeis!, que oferece uma med itação co nc isa para cada um cios quinze mistérios do Rosário. Porém, como ensinam os teólogos, salvo uma graça especial, o homem não consegue aboli r toda e qualquer distração, pois normalmente não tem condições ele exercer um controle abso luto sobre sua ~maginação. Assim, as distrações involuntárias não invali da m o efeito meri tório e impetratóri o ela oração. Mais importante ainda é a devoção ou fervor interno com que faze mos nossa oração, isto é, nossa disposição de ânimo de, em tudo e sem-

pre, nos conformarmos com a paternalíssima Providência, nos e ntregarmos inteiramente a Deus, a Nossa Senhora, aos Santos, e de batalharmos por sua causa, decididos a tudo sofrer antes que cometermos qua lque r pecado. Sofre rmos com paciência, em pri me iro lu gar, os aborrec imentos e contrariedades desta vicia; mas sobretudo sofrermos as provações esp iri tuais, como as penosas securas e ari clezes q ue ocorrem com freqüênc ia em toda vicia espiritua l, mesmo bem conduzida, ou ta lvez principalmente nas bem conduzidas. É por isso que os autores espiri tua is distinguem o fervor do sentimento de .fervor. O fervor reside na determ inação rob usta da vontade de servir fielmente a Deus, e pode ou não ser acompanhado de um movimento da sensibili dade. Uma devoção meramente sensível, ao contrário cio que mui tos imaginam, não tem rea l cons istência e valor dia nte de Deus. É c laro que as consolações sensíveis, com que Deus acompanha às vezes nossas orações, não devem ser desprezadas, pois nos ajudam a cami nhàr com maior fervor no serviço clEle. Mas elas não são essenciais para uma ora♦ ção bem feita.

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Ameaçada antiga Catedral do Rio de Janeiro

A Topless:

boie em salão de beleza, amanhã em qualquer local...

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oradores da vila de Buckinghamshire, na Inglaterra, estão pro testando contra a inauguração de um salão de beleza onde todas as funcionárias trabalham praticando topless. Gary Menagh, proprietário do local, la mentou as críticas. Em nossa última edição, publicamos matéria referente à autorização do topless em praias do Rio de Janeiro, bem como da liberação - para o nudismo - de uma praia da cidade pelo Prefeito carioca . Há uma vigorosa reação moral empreendida pela cam panha Vinde Nossa Senhora de Fátima não tardeis! contra esse abominável permissivis mo. Mas se ela não encontrar eco suficiente em nossas au toridades, e não houver uma reação proporcionada da população, dentro de algum tempo o topless implantar-se -á entre nós, não só nos salões de beleza, mas também nos escritórios, nas casas comerciais etc. Para deter essa onda de pré-nudismo não bastam al gumas críticas, como ocorreu na Inglaterra. É necessário uma reação indignada, forte e radical por parte dos setores sadios da opinião pública brasileira1 ♦ 12

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Na antiga catedral do Rio, foram coroados D. Pedro I (foto acima) e D. Pedro li (foto abaixo)

igrej a de Nossa Senhora do Carmo da Anti ga Sé, a velha catedral da Praça XV, no Rio de Janeiro, encontra-se em péssimo estado de conservação. Trata-se de uma das igrej as mais importantes, em matéri a de hi stória da cidade e do País, por ter sido a capela imperial , e desde o reinado de D . João VI aparecer li gada ao Paço imperi al. Também nessa igreja foram coroados os nossos dois Imperadores, D . Pedro I e D. Pedro li. Su a cripta - loca l que deverá ser ponto de destaque na festa dos 500 anos cio Descobrimento do Brasil - está invadida pela água. Existe o proj eto de transferir para lá os restos mortais ele Pedro Alvares Cabral, hoj e ocultos atrás de uma parede, sem vi sibilidade al guma. País que desconsidera e menospreza suas tradições, perde sua identidade. Será que o Brasil não preservará essa prec ios idade arquitetôni ca e hi stóri ca, mes mo agora, quando celebra seus 500 anos? ♦

Na China comunista, da ratoeira para a mesa!

A

região de Luo Feng, su os responsáveis pelo negócio. deste d~ China, conta já Regime comunista e carne de com oito restaurantes rato até que combinam! especializados em servir pratos Em todas as épocas e latipreparados à base de ratos. tudes os ratos sempre Num único final de seforam considerados ani mana, a clientela desmais nojentos e portadosa iguaria degustou res de diversas doenças. 500 kg de carne dos Será que no clima marxisroeqores, equivalenta chinês a natureza dos te a 3.000 ratos, inroedores se transforma em . . e? ... ♦ formam, orgulhosos, __RR."'"·\iJ'- .,,.

Suicídio assi tido: reflexo chocante da Revolução Cultural canal a cabo cio estado ele Oregon, nos Estados Unidos, exibiu um programa espantoso que ensina, passo a passo, métodos de suicídio. O vídeo é baseado no livro Final exit (Saída final), de Dreck Humphry. Um sucesso editorial, a ob ra dirige-se a doentes que desej am pôr fim à própria vida! A divul gação do programa pela T V provocou forte polêmi ca, mes mo entre os defen sores ela eutanásia. Muitos temem, com razão, qu e a exibi ção do método, didaticamente feita, acabe estimulando pessoas frágeis emocionalmente a se suicidarem . Oregon é o primeiro estado americano que legali zou o suicídio assistido. O programa li sta as três drogas mais letai s em ordem de potência e apresenta informações sobre os lugares onde elas podem ser encontradas, com ou sem prescrição médica. Eis aí um sintoma aberrante e recente ela Revolução Cultural, fruto do neopagani smo: a cultura da morte em uma de suas mais sini stras manifestações - o suicídio assistido ! ♦

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"Estado paralelo" na favela Heliópolis

O.

Prefeito de Cersos imo, pequena loca lidade ao sul da Itáli a, está oferecendo um prêmio de 2500 dólares para cada casal que tiver um filho neste ano! Aquela vil a de 864 habitantes, v -

rificando-se nela apena. três nascimentos cm 1999, está ameaçada de dcsaparcc im nto. Eis aí mai s um significativo 'X ' mplo dos amargos frutos da mental idad' antinatalista moderna. ♦

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s traficantes da fave la He/íópolis decidiram ocupar o território da favela Paraguai por cons iderá-lo estratégico para a distribuição criminosa da droga na capital paulista. Essa guerra já provocou 23 mortes e o desalojamen to de centenas de famílias apavoradas, que não têm outro lugar para morar.

À medida que a socie dade se degrada, o tráfico de drogas aumenta, porque cresce o consumo . Coibido num lugar, ele renasce no outro mais devastador. Medidas de força são úteis e necessárias, mas elas não resolvem o problema de fundo, que só uma conversão moral pode solucionar . ♦

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BREVES RELIGIOSAS Rei do Lesoto rejeita poligamia "Ela será a única". Com estas palavras, o Rei Letsie Ili, do Lesoto (enclave da África do Sul), anunciou seu casamento com a estudante Karabo Morsoeneg , de 23 anos, rompendo o censurável costume pagão da poligamia, adotado por seus ancestrais. Graças à sua ades ão ao catolicismo , o atual monarca, de 35 anos, tomou essa importante decisão. _J

Bombardeada escola católica no Sudão Os inimigos da Santa Igreja Católica não cessam seus ataques contra Ela, não poupando sequer as crianças. Fato confirmado por uma equipe internacional de jornalistas que esteve na cidade de Kaouda, no Sudão: um avião do governo lançou quatro bombas numa escola católica, localizada numa cidade no sul, ocasionando a morte de 14 crianças . Mais uma atrocidade praticada pelo governo islamita sudanês, movido pelo ódio ao catolicismo. _J

Vestígios da provável primeira igreja do Brasil Arqueólogos da Universidade Federal da Bahia encontraram ruínas de um edifício - base da torre sineira - no município de Porto Seguro, no sul da Bahia. O local sempre foi indicado por historiadores como sendo aquele onde se edificou o primeiro templo católico no País: a Igreja de São Francisco. Construído entre 1502 e 1515, teria ele sido destruído em 1560 por um ataque dos índios aimorés e reconstruído no início do século XVIII. _J

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ATUALIDADE

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Os Protomártires do Brasil ,/1,

lista de São Vicente, alertou os índios, falando-lhes em sua própria língua, que não tocassem em sua pessoa nem nos objetos sagrados do altar. Ao mes mo tempo, exortava os fiéis a bem morrer, rezando com eles apressadamente o Oficio da agonia. O ód io dos indíge nas recaiu com maior furor sobre o Sacerdote, que trucidaram cruelmente.

deSov~rJ#

foi trucidad~!l1: durante a Saii,Ja Missa pelos 1 çaly,inistas, / f untam _,pte com os fiéis '\/ ,, 1

Paganismo e heresia: em oposição, heroísmo no martírio

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Beatificados 30 fiéis martirizados por calvinistas no Rio Grande do Norte, em 1645 AFONSO DE SOUZA

o dia 5 de março último, João Paulo II beatificou os Protomártires do Brasil, ou seja, os primeiros católicos de nossa Pátria a serem reconhecidos pela Igreja como mártires, por terem derramado seu sangue em defesa da Fé. Trata-se de um grupo 30 pessoas (as que foram identificadas, num total de cerca de 150), entre homens, mulheres e crianças, vítimas da sanha de protestantes holandeses da seita calvini sta, auxi liados por índios canibais. O massacre ocorreu nas localidades de C unhaú e Uruaçú, no Rio Grande do Norte. Entre os mártires, há dois sacerdotes. Vinte e sete são brasileiros natos, um português, um espanhol e um francês. "Vivia-se o conturbado período do domínio holandês no Nordeste do Brasil ( I 630- 1654 ), quando as autoridades flamengas, influenciadas pela Igreja Cristã Reformada Calvinista, iniciaram uma verdadeira perseguição religiosa às pequenas comunidades nascentes de ca-

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tólicos da então Capitania do Rio Grande, que começavam a se organizar. A situação agravou-se de tal maneira que culminou com o holocausto de numerosos cristãos dessas comunidades", explica Dom Heitor de Araújo Sales, Arcebispo de Natal , no Prefácio do livro Protomártires do Brasil, de autoria de Monsenhor Francisco de Assis Pereira, postulador da causa desses mártires.

Massacre durante a Missa Segundo narra esse autor, a chacina em C unhaú deu-se da seguinte maneira : No domingo, 16 de julho de 1645, cerca de 70 fiéi. haviam se reu nido para a Missa dominical na capela de Nossa Senhora das Candeias, junto ao E ngenho de Cunhaú, a 65 quilômetros de Natal. Logo após a Elevação, so ldados calvini stas hol andeses e índios canibais aliados, trancaram as portas da igreja e começaram uma chacina generalizada. O celebrante, Pe. André de Soveral, pau-

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Morticínio semelhante sucedeu alguns meses mais tarde, em 3 de outubro do mesmo ano. As autoridades hol andesas aprisionaram os católicos que se haviam refugiado, com o Pe. Ambrósio Francisco Ferro na Fortaleza dos Reis Magos, e mai s outro grupo que tinha feito o mesmo em Potengi, conduzindo-os para perto do Engenho de Uruaçú. Lá foram e ntregues à mercê de 200 ferozes índios, comandados por um chefe pervertido ao calvinismo, e protegidos por soldados holandeses. Os selvagens caíram sobre as vítimas, mata ndoas com requintes de crueldade: "A uns cortaram os braços e pernas; a outros degolaram; a outros arrancaram os olhos, as línguas, narizes e orelhas; aos mortos despedaçaram-nos em pequenas partes. A Mateus Moreira.foi arrancado o coração pelas costas e este morreu exclamando: 'Louvado seja o Santíssimo Sacramento'". Como afirma Monsenhor Francisco Pereira, "a atitude resignada dos fiéis ao suportar tantos suplícios, confissões explícitas de f é como a de Mateus Moreira, orações e penitências feitas pelos moradores momentos antes do rnartfrio, são sinais mais do que evidentes d • que, do ponto de vista das vítimas, foram preenchidos todos os requisitos t •o fógicos para o martírio". Nestes tempos de confusão religiosa e tibi eza generalizada, o exemplo dess s mártires brasileiros brilha com particular esple ndor. E les que roguem por nós e pe lo nosso Brasil. ♦

''Alta qualidade"

Santa Genoveva

[gj " .. .. Gostei ime nsamente do

l'.81 É com alegria que escrevo

número de março, celebrando a vitória contra as blasfêmias do 'Dog ma ' . Está de alta qualidade, em todos os aspectos". (N.R.F. - França)

para o senhor pela primeira vez neste novo milênio . E m primeiro lugar, quero agradecer-vos pelo envio da rev ista Catolicismo e do boletim Ecos de Fátima. Vou conta r- lh e o que me aconteceu quando recebi a revista do mês de j a neiro. Eu estava muito doente , se m coragem e sem vontade para nada neste mundo, parecia que estava num caminho se m saída e sentia um medo estra nh o. Foi e ntão que receb i a rev ista Catolicismo e logo peguei para ler. Comecei pela vida de Santa Genoveva . Parece que foi um milagre. A exemplo dela, senti um grande amor por Jesus e todo aq ue le desânimo, medo e mal-estar desapareceu. (R.G.S. - MG)

"Século Catastrófico" f8l O aitigo de capa da revista Catolicismo de janeiro/2000 mechamou basta nte a atenção. É de fundamental importância para a humanidade .... para defi nir o sécul o XX, poderia se dizer que seri a o Século Catastrófico, pois resumiria todas as mazelas que nele ocorreram ... e que ainda ocorrem. Século do Titanic, que ousou adota r o lema: " Nem Deus me afunda". Com este lema, o Titanic nada mais nada me nos representou e m sua época o Satanás que tentou Jesus por 3 vezes. E assim, quantos seres humanos inocentes foram vítimas dessa tentação! .... Se o Ilmo. Dr. Plinio Corrêa de Oliveira ainda estivesse em nosso convív io diria, tenho quase certeza, que a Cristandade cont inua sendo um imenso prédio em trabalhos finais de demolição. Pois hoje, o que vemos, são espec iali stas silenciosos e metódicos que tudo fazem para destruí-la . .... As lág rimas de Nossa Senhora, vertidas milagrosamente em 1972 em New Orleans, ainda hoje estão sendo derramadas, podemos ter certeza disso, e juntamente com e las estão as nossas, cató licos, apostó licos, romanos e marianos, diante de tanta violência, blasfêmias, pornografias, profanações, que acontecem no mundo todo. Termino aq ui meu co me ntário sobre o arti go supra-c itado, rogando a Deus s uas bênçãos e a proteção maternal de Nossa Senhora Virgem e Mãe, para todos nós, irmão e m Deus e Maria. (1.C.V.L. - AL)

Padres mudaram discurso

sobre os sem-terra 18:1 Quando recebi a revista Catolicismo, após ter lido e relido, acabei fazendo uma revo lu ção dentro de mim e da paróquia de minha cidade . Eu era revo ltado contra os padres, porque eles só falavam nos sem-terra. Então me debrucei sobre a reportagem que publicaram sobre esses sem-terra .... Entreguei a revista a um Padre e fiz um pedido: "Se a rev ista Catolicismo tem lóg ica, a faça chegar ao vigário e que pelo amor de Deus e a Mãe Mai·ia, mudem o discurso e parem de falar nos semterra, porque nossa Jgreja está ficando vazia". Eu mesmo era um desses, me afastei da missa por muito teOJpO, mas não minha fé, e muitos e muitos procuraram outras religiões, ou melhor, outras seitas. Graças a Deus, a entrega da revista ao meu amigo padre fez um grande efeito durante o ano

de 1999: os padres da paróquia foram mudando o discurso e hoje é difícil ouví-los falai·em dos semterra. Para os senhores sentirem a gravidade das ofensas que nos diziam nos sermões, um exemplo: que quando um dono de terra morre ele levari a a terra no cai xão para o inferno. Blasfêmia contra Deus e contra tudo. (O.D.A. - SC)

Discernimento dos acontecimentos H Os descaminhos de muitos reforçam a importância da TFP, que propugna magnificamente por nossas mais belas tradições, pela dignidade da família e manutenção da propriedade. A le itura de algumas obras da TFP, como Revolução e Contra - Re volução; Um Homem, Uma Obra, Uma Gesta, muito me tem ampliado o conhecimen to, facilitando a co mpreensão e a discernir a forma de atuação daqueles que pretendem a destruição dos valores perenes da soc iedade. Sempre quando recebo Catolicismo, começo a ler, e vou destacando artigos, para e nvi a r a jorna li stas, políticos, militares, pad re e a migos. Gosto de toda a s ua composição, mas aprec io de modo espec ial os aspectos políticos e aqueles que narram a História da Igreja, tão ig norada dos católicos, mas e m Catolicismo, tão bem divulgada . .... Atualmente as forças da Revolução controlam modernos e poderosos meios de comunicação, e vão de forma sistemática destruindo nossos valores. Também lame nto ver a CNBB lutar por uma reforma agrária que favorece a implantação do comunismo no Brasil. (J.N.K. - RS)

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Família . . . . . . . . . . . . . . . . .

. S.O.S ......

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Indissolubilidade do vínculo conjugal, defesa contra a tirania das paixões "Nenhuma revolução Objetivo primordial será possível enquanto da família não é uma existirem a família e o egoística fruição "A fa mília humana te m espírito de família .... Ela como objetivo e razão de ser, é uma instituição bur- a continuação e perpetuidaguesa, inventada pela de da espéc ie. É o que deriva dos caracteres biológicos coIgreja .... Importa, pois, muns ao ho me m e aos ani mai s. C umpre, porém, levar destruir a família"(*)

T

ais palavras, que poderiam ter ido ejetadas de láb ios torpes como s de um Lutero (na I Revolução: a Protestante - 1517) ; de um Danton (na II Revolução: a Francesa - 1789) ; de um Lenine (na Ili Revolução: a comuni sta - 1917); ou ainda de um CohnBendit (na IV Revolução: a sorboni ana - 1968), foram pronunciadas no Congresso da Federação Co muni sta de 1924(*), na extinta União Soviética. Se para esses revo lucionários importa, a qualquer custo, destruir o instituto fam ili ar, para nós, católicos, cumpre defender incansavelmente essa sagrada instituição - a qual como que ago ni za na UTI do mundo moderno. No intuito de pôr em c irculação os argumentos em favor da família monogâmica e de fundamentar as razões últi mas da uni ão matrimonial indi sso lúvel, prosseguiremos o tema inic iado na últi ma edição de Catolicismo 1• Tendo bem presente que é enfermo um Estado no qual as famílias não sejam estáveis e sadias, po is e las, alé m de fundamento e princípi o de vitalidade do próprio Estado, são também a celula mater da sociedade c ivil. 16

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em consideração a característica biológica própri a do homem .... a fa mília deve não só procri ar os filhos, mas formálos, educá- los, de mane ira que possam vir a ser homens em toda a ace pção do termo, capazes por sua vez de parti c ipar, ativa e pessoalmente, no progresso físico da humanidade" 2 . "Nunca, no passado, se julgou que a família existia unicamente em proveito dos indivíduos que a compõem. Esta idé ia é uma inovação recente, profundamente eivada de individu ali smo e no sentido em que de ordinário a entendem - radicalmente falsa" 3 •

Indissolubilidade: postulado da ordem e da felicidade conjugal "A natureza não é contraditóri a. Não costuma opor, mas conciliar os interesses. A grande le i da perpetuidade do vínculo co nju ga l, tão impe ri osa me nte ex ig ida pe lo be m da prole, é també m o postulado psicológico da feli c idade in dividual dos cônjuges. "Antes de tudo, moraliza e eleva à dignidade do homem o instinto sexual . Exercido fora da ordem, contra as ex igências

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A família é a grande escola educativa do verdadeiro amor. No seio dela se desenvolvem os mais nobres afetos humanos.

essenciai s de sua finalidade, não há instinto mais irrefletido, mais anárquico, mais anti-social. Percorra-se a história dos indivíduos e dos povos e verificar-se-á, sem grande esforço de análise, que na origem de todas as decadências físicas e morai s se acha quase sempre o desregramento da paixão viole nta. Desencadeá-la, indi sciplinada, ao sabor de seus caprichos é dar ao egoísmo estéril e esterili zador o mais poderoso dos seus estímulos. Embotamento da inteligência, mo1te dos afetos delicados e generosos, velhice precoce e deprimente ão o ferrete ignominioso com que a natureza estigmatiza o homem sensual. É a justa sanção imanente ela ordem natural violada.

Família monogâmica: escola educativa do verdadeiro amor "A incli ssolubiliclacle cio vínculo funda a família, estável, humana, fora da qual

todo o exercíci o elas fun ções genésicas, contrário à sua f·inaliclade biológ ica, é imoral e ilíc ito. E a família assim constituída é o contrapeso com que a natureza corrige e educa os excessos cio sentido depravado . Nela se desenvolvem simultaneamente todas as tendências da paternidade e da maternidade. Fundidos pela intimidade rec íproca cio amor numa só unidade moral , que corresponde à unidade física do filho, os pai s constituem , na família regularmente organizada, o exemplo singular ele uma soc iedade inte iramente orientada para o bem ele um terceiro. Dar, manter, aperfeiçoar uma nova ex istência em que se prolongam e sobrevivem duas existências anteriores; orientar para a realização deste ideal querido a colaboração constante dos mais nobres sentimentos de benevolência, simpatia e dedi cação, à custa elas maiores fadigas e dos maiores sacrifícios, é o mai s des interessado e nobre objetivo a que pode aspirar uma assoc iação humana. Admiráve l compensação da natureza! "Fora ela família , o frenesi do in stinto reprodutor declina as responsabilida-

des, não se inquieta com a finalidade de suas fun ções, é a ex pressão brutal do egoísmo, alheio às conseqüências de se us atos. N a di sc iplina constante e benfazeja da família monogâmica aliase a mai s acrisolada dedicação, aperfei çoa-se com o exercício das mais nobres virtudes, gera, alimenta, desenvolve, na exuberância de uma floração magnifica, os mai s nobres afetos humanos. " Mestra de sacrifício, destruidor cios ego ísmos sexuai s, a família é, por isso mesmo, a grande escola educativa cio verdadeiro amor, nobre sentimento que deca i se mpre onde o lar esquece a austeridade de suas tradições.

O amor verdadeiro: em sua natureza, absoluto "O amor é absoluto no tempo: as suas promessas, as suas aspirações são eternas; com os corações nobres, não se estipul am pactos efême ros. "A bsoluto no exclusivismo: com o mes mo amor, não se amam três; a inten sidade do fluxo e refluxo afetivo não pode oscilar senão entre duas almas. Na sua ex pressão profundamente humana, 'o ciúrne, como o notou com justeza Gioberti, é a voz da natureza que recla1na a monogamia'. "A bso luto na totalidade ela doação: quem regateia, quem dá por metade, não ama; por defini ção, o amor é a doação recíproca, irrevogável, completa de duas almas. "A família indissolúvel é, poi s, a ex igência autêntica do mai s nobre amor. As

paixões inferiores poderão reclam ar nos povos corruptos e decadentes a fragi Iidade das uniões conjugais; o mai s nobre dos sentimentos humanos ex ig irá sempre a sua perpetuidade como a tradução genuína da própria natureza. "Como ex pressão da própria natureza e como baluarte contra os seus inimi gos. Sim ; também o amor está suje ito às vici ss itudes da nossa fraqueza, também ele, que é virtude, tem suas tentações. A monotonia do cansaço, o prurido da novidade, o horror ao sacrifíc io podem inspirar ao coração cio homem pensamentos menos dignos. A família protege-o contra si mesmo. Eleva a grandeza deste sentimento delicado das camadas inferiores - onde se agitam as paixões efervescentes dos sentidos - à inviolabilidade do santuário da consciência, onde se afirmam imprescritívei s, as le is majestosas ela moral. De um amor ani mal faz um amor humano. Para dignificá-lo e protegê- lo, o dever estende a universalidade infrustáve l cio seu império benfazejo, e o segredo de suas energias fecundas até às mai s doces intimi♦ dades do coração" 4 •

Notas: 1. Afa111ília 11a turbilhão do 11eopaga11is1110 (Sobre a finalidade para a qual Deus in stituiu a família ). 2. Grassei , Devoir et périls biolog iques, Paris , Alcan, 19 17, p. 320 . 3. Fe lix Ad ler, La conduite de la vie, Paris , 1928, p. 222. 4. Padre Leonel Franca S. J., O Divórcio , Ri o de Jan e iro , Empresa Ed it o ra A.B.C. Ltcla , 1936, pp. 18 a 23).

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VIDAS DE SANTOS

São Paulo da Cruz Apóstolo da Paixão de Cristo Aos 21 anos alistou-se na cruzada contra os muçulmanos; fundador da Congregação dos Passionistas, "arrancou inumeráveis almas ao inferno, e obteve as mais brilhantes vitórias sobre o erro, o vício e Satanás. Curou doentes, obteve a vista para cegos, a audição para surdos, a palavra a mudos, o uso dos membros a paralíticos, ressuscitou mortos, aplacou tempestades, penetrou em segredos das consciências e no futuro". 1 PLINI O MARIA S OLIMEO

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aulo Francisco foi o sealtares, dividindo seu tempo undo dos 16 filhos docaentre Deus e sua família. Olhasal Lucas Danei e Ana Mava os cuidados da casa e eduria Massari, ambos de fidalgas cação de seus.filhos como uma famílias empobrecidas, na remissão santa; sem jamais se gião do Piemonte, ao norte da lastima,; carregava ofardo com Itália. A 3 de janeiro de 1694, uma paciência inalterável" 3 • "uma luz extraordinária ilumiDe pais assim, nasceu um grannou o quarto onde ele nasceu, de santol de noite, de maneira que as Ainda muito pequeno, a pilâmpadas que lá estavam aceedade de Paulo Francisco era sas pareciam apagadas" 2 . tão profunda, que bastava a mãe Os pais, que exerciam o pelhe apresentar o Crucifixo para queno comércio de tecidos na que ele deixasse de se lastimar localidade de Ovada, Diocese ou então fizesse algo de que não de Alessandria, no Piemonte, gostava. Incutindo-lhe uma proeram sobretudo modelo de cafunda devoção à Paixão de Nossal cristão, vivendo numa santa so Senhor Jesus Cristo, a mãe afeição e no temor de Deus. seguia um impulso divino, pre"Homem de fé antiga e de cosparando aquele que seria o tumes sem mancha, de rara pigrande apóstolo desse Santo edade, Lucas encontrava suas Mistério. O próprio Cristo cruSão Paulo da Cruz delícias na oração, na leitura cificado mostrava-se a ele em de livros de piedade, sobretudo na Vida dos Santos . .... freqüentes visões, às vezes coroado de espinhos, com o Para seu Deus ele teria sacrificado voluntariamente seus corpo retalhado pela flagelação, e mes mo como um ser interesses mais caros, suas afeições mais puras, e mesque se contorce de dores, um corpo que não é senão mo sua vida. Tal era sua fé que, esposo e pai, ele aspirauma chaga. va o martírio". A Mãe de Deu s també m Ih aparec ia, algumas veSua esposa não lhe ficava atrás: "humilde e modeszes para socorrê- lo. Isso ocorreu, por exemplo, quando ta, piedosa, não amando senão a solidão do lar ou dos ao atravessar o rio Orba com seu irmãozinho, João Ba-

tista, caíram ambos na água. Debatendo-se os dois entre as ondas, apareceu-lhes, anelando sobre as águas revoltas, a formosa Senhora, que dando-lhes a mão tirou-os para fora. O Menino Jesus apareceu-lhe também uma vez para fazer-lhe companhia quando ele rezava o terço, devoção à qual se afeiçoou desde muito pequeno. Aos 10 anos foi enviado a Cremolino para os estudos, lá permanecendo por cinco anos . Sua vicia nesse período foi mais a ele um consumado asceta cio que a ele um menino na primeira adolescência. Ele "passava parte da noite na contemplação das divinas bondades de seu Deus, nas dolorosas cenas de sua páixão. Não as interrompia senão para dilacerar sua carne virginal com cruéis flagelações, e não se p ermitia senão poucas horas de repouso sobre pranchas. Ele j ejuava freqüentemente . .... Sua terna e viva devoção à Santíssima Virg em não se igualava senão à proteção especial com a qual essa Mãe de misericórdia o circundava" 4 • Não só seus condiscípulos, mas os habitantes cio lugar passaram a designá-lo como o Santo. Muitos de seus colegas, levados pelo seu exemplo, entregaram-se à vicia de piedade e depois entraram em Ordens religiosas, então focos de piedade cristã. Terminados os estudos, voltou Paulo Francisco para casa. Enquanto aguarelava os desígnios ele Deus a seu respeito, continuava a levar vida ele intensa piedade.

Alista-se na Cruzada contra os turcos muçulmanos Aos 21 anos, em 1715, Paulo Francisco tomou conhecimento ele duas bulas de Clemente XI que promovia uma liga entre os Príncipes católicos e animava também os fiéis a se engajarem na luta contra os turcos muçulmanos que preparavam grande investida contra a Europa. Aconselhava-os ainda a aplacar a cólera ele Deus e implorar seu auxílio por meio ele jejuns, penitências e orações públicas. Paulo Francisco, vendo nisso não só a oportunidade de possivelmente derramar seu sangue pela Fé, mas tam-

São Vicente Maria Strambi, discípulo amado de São Paulo da Cruz e primeiro biógrafo do grande fundador

bém a de lutar por ela, partiu para Crema como voluntário no exército cristão. Mas outro era o combate que Deus queria dele, e o fez compreender isso durante a oração. Paulo Francisco pediu dispensa do exército e voltou à sua terra. Um tio seu, sacerdote, propôslhe então vantajoso casamento com uma moça rica e virtuosa, e, para assegurar-lhe o futuro, fê-lo seu herdeiro. Paulo recusou as duas propostas, pois decidira-se a servir somente a Nosso Senhor Jesus Cristo.

Conduzido em espírito ao inferno Certo dia em que Paulo Francisco, devido a uma contusão na perna, encontrava-se no leito fazendo sua meditação, foi levado em espírito ao inferno. "Ele perdeu os sentidos, e de seu peito escaparam grandes gritos: era como uma mistura incoerente de escárnios e de cruel desespero. Seu irmão João Batista, e sua irmã Teresa, que acorreram para o despertar e acalmar, foram tomados de pânico. Voltando a si pouco a pouco, ele disse, com um sentimento de horror pintado em sua fa ce: '. Não, eu jamais direi o que vi' ..... Mais tarde o Santo confiou a uma pessoa que, nessa circunstância, tinha sido transportado pelos Anjos ao inferno, e que havia visto, com temor e tremor, as penas eternas dos danados" 5 •

Congregação dos Passionistas: revelação ao fundador No ano de 1720, durante um êxtase, Nosso Senhor mostrou-lhe o hábito passionista, ao mesmo tem• po em que lhe imprimiu na alma as regras que a Congregação deveria seguir. Noutro dia, a Santíssima Virgem apareceu-lhe trazendo na mão o mesmo hábito, e nesse instante Paulo viu-se com ele revestido. Nascia assim a Congregação cios Passionistas. Paulo confiou a seu confessor, o Bispo ele Alessandria, a visão que tivera. Manifestou-lhe, então, o desejo de portar

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Casa Generalícia dos Passionistas (1773), em Roma. Nesse local morreu o fundador da Congregação em 18 de outubro de 1775.

o háb ito a e le reve lado, o que oco rre u e m nove mbro do mesmo ano. A primeira pessoa que se juntou a Paulo Franc isco fo i seu irmão João Batista, seu co mpanhe iro de pe nitências e orações na juventude, e que seria até o fim da vida seu mai s firme apo io. Ambos receberam o sacerdócio em 1727 , estabe lecendo-se l O anos depois no Monte Argentaro, onde foi fundado o primeiro convento e novici ado da nova Congregação. Seus membros, além dos três votos (pobreza, obed iênci a e castidade), pronunciavam um quarto: o de propagar a Paixão de Nosso Senhor Jesus Cri sto. Some nte e m 1746 as regras da Cong regação foram aprovadas por Be nto XCV. Nelas estão a li adas a vida conte mplativa e a ativa. Se o pass io ni sta deve ser um apósto lo da palavra , te m que haurir na co ntemplação o es pírito que vivifique essa pa lavra. Mas ni sso tem q ue have r justo equilíbrio: "Fo i o que o Espírito divino inspirou admiravelmente a Paulo da Cruz. Muita solidão, contemplação e mort!ficação para manter o fo go sagrado na alma; mas não de mais, para não enervar o corpo nem lhe tirar as forças que o apostolado exige: eis a solução do problema; eis o passionista, tal qual o fa z seu lnstituto". 6 A pregação de M issões e os exerc ícios espi rituai s tornaram-se a meta da Co ng regação, tudo co m muita ênfase posta na sagrada Paix ão de Cri sto. "Durante 50 anos São Paulo da Cruz consagrou sua vida a converter os pecadores, a sant(ficar os corações arrependidos, a aperfeiçoar as almas dosjustos". 7

que o Papa lhe ordenava, sob obediência, que não morresse então. Ao receber a ordem, Paulo da Cruz pegou seu Crucifixo e, com lágrimas, pediu a vida, para obedecer ao Papa. Desde esse in stante, começou a me lhorar até ficar co mpletamente são. Nesse mes mo ano, o santo fundou o ramo fe minino dos Pass ioni stas . Grande pregador com fa ma de santidade, procurado por todos, desde o Papa até o mais humilde pescador, aclamado pe las multidões, São Paulo da Cruz parec ia insensível a qualquer pensamento de vanglória. Ele afirmou com toda simpli c idade a seu diretor es piritual: "Graças a Deus, jamais um pensamento de orgulho se aproxima de mim. Eu me creria um danado se me viesse um. pensamento de orgulho". Seu espírito de obed iência ia tão longe, que ele fi zera um voto de obedecer a todo mundo naq uil o que não fosse contra a lei de Deus. Sua pureza era ilibada, e ele conservou sua inocênc ia bati smal até o último suspiro. Um dia, não sabendo estar sendo observado, ouvira·mno dizer: " Vós sabeis bem, Senhor, que com o concurso de vossa graça eu jamais SL(jei minha alma com uma falta deliberada".8 São Paulo da C ruz morreu nos braços de seu discípulo amado Vicente Mari a Strambi, que de le hav ia recebido o háb ito e com e le convivera. Também e levado à honra dos a ltares, São Vicente fo i o prime iro biógrafo ♦ do grande fundador.

Por obediência ao Papa, pede e obtém sua própria ctira

l. Pe . Loui s-Th é rese de Jés us Agoni sa nt, 1-fis!Oire de Sa i111 Paul de la Croix , Librairie H. O uclin , Édite ur, Pa ri s, 1888, p. 5. 2. Pe. Pio do Nome ele Maria, Vida de São Paulo da ruz, Imprensa

Enfraquec ido pela extrema fad iga e contínua peni tê ncia, e m 1771 Pe. Pau lo da Cruz fo i acometido por uma doença que os méd icos an unciaram ser mortal. Doi s de seus re li giosos apresentaram-se então ao Papa a fim de ped ir uma bênção especial para o moribundo. C lemente XIV, que media bem a extensão que essa perda representaria para a Ig rej a, mandou-os di zer ao doente

Po ntifícia cio Instituto Pio IX, Roma, tradução portuguesa, 19 14, p. 4. 3. Pe. Lo uis-T h. ele Jés us Ago ni sa nt, op. c it. , 1 p. 22 e 23. 4. Les Pe tits Boll anclis tes - Vies des ai111s, d'apre.1· le Pere Giry, par Mg1: Paul Guéri11 , Pa ris , Bl o ud e t Barrai , Libra iri es-Écliteurs, 1882, torno X III , p. 453. 5. P. Lo ui s-Th . ele Jésus Agonisanl , op. c it. , p. 57. 6. lei. ib., p. 9 . 7. Les Pe tits Bo ll a ndi stes, op. c it. , p. 455. 8. P. Lo ui s-Th. De Jésus /\ •oni sa nt , o p. ci t. , pp. 577-578.

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Notas:

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monte, muito alto e redondo, e de outras serras mais baixas ao sul de'ie; e de terra chã, com grandes arvo edos; ao qual o monte alto o capitão pôs o nome de 'O Monte Pascoal' e à terra 'A Terra de Vera Cruz"'.

Descobrimentos e ideal de Cruzada Portugal construíra a melhor e a mais bem equipada frota que era possível naquela época. Como lembra o renomado hi storiador Jaime Cortesão: "A vasta

Uma Europa conhecida como C ristandade. Não por acaso vários pesquisadores chamam a Tomada de Ceuta, início das grandes navegações, como a última das Cruzadas.3 Com efeito, quase todos os homens que participaram da Tomada de Ceuta estavam cruzados, ou sej a, hav iam colado cruzes nos uniformes, de ixando claro que partiam para uma ação religiosa. O Papa da época, Gregório XH, confirmou essa di sposição de combater pela Cruz e concedeu-lhes indul gência plenária, própria aos que morrem em uma C ru zada. 4

Religião e solenidade: saída da esquadra

D. João li - Museu de História da Arte, Viena. Esse monarca português continuou a obra iniciada por seu tio, o Infante D. Henrique, incentivando a epopéia dos Descobrimentos

empresa educadora preparada pelo Infante D. Henrique e continuada pelo sobrinho e pelo Príncipe Perfeito sazonava os melhoresfrutos. Em Lisboa pululavam agora os navegadores e os cavaleiros, os astrônom.os e matemáticos, os mestres do astrolábio e do quadrante". 2 Desde que D. Henrique criara afamosa Escola de Sagres e reunira os melhores gênios, Portugal despontava como a potência naval da época, muitas décadas à frente das demais nações européias. Mai s do que uma potência naval, Portuga l ainda respirava os influxos de uma E uropa nascida da C ruz de C ri sto.

Tudo estava pronto para que a maior frota que Portugal já lançara ao mar partisse. Conta-nos o hi storiado r João de Barros: "Foi el-Rei, que então estava em Lisboa, um domingo oito dias de Março do ano de 1500, com toda a corte ouvir missa a Nossa Senhora de Belém que é em Restelo" . 5 Essa pequena capela da Ermida de São Jerônimo, construída a mando do Infante D . Henrique quase l 00 anos antes, era agora o ponto de partida das expedições portuguesas. Por volta das 9 horas de uma manhã radiosa, o cortejo real - rutilante de ouro e veludo - chegou à capela, onde já se encontravam os capitães da frota e os demais financiadores do empreendimento.6 O pesqui sador Carlos Heitor Caste llo Branco ass im narra o so lene episódio: "El-Rei e a Corte ocupam os seus lugares. O Bispo de Ceuta, D. Diogo Ortiz, grande matemático e cosmógrafo, e orador ilustre que servira tanto a D. João li, conhecedor dos profundos seg redos do Reino, vai celebrar a nússa e fa zer o sacro sermão . .... O Bispo, com sua mitra e o seu báculo, ladeado de acólitos, pre. cedido de todos os sacros auxiliares, dirige-se ao altw; entre os aromas do incenso e o cântico majestoso próprio destas cerimônias, em que a Igreja Católica eleva as almas, com seu ritual de séculos. Círios e tochas seio acesos. "Principia D. Ortiz o ato sagrado. As almas se aquecem de emoção e fé. Olhos marejam-se de lágrimas. Pedro Álvares Cabral, ao lado do seu Rei, c;joe-

lha-se humildemente. Momento crucial de sua vida, que iniciaria sua entrada na história" .7 Após o Sermão, pronunciado à Iuz de tochas, D. Diogo benzeu uma bandeira da Ordem de Cristo - Ordem Militar originária dos Cavaleiros Templários da Idade Média - e, retirando-a do centro do altar, a entregou a el-Rei. D . Manue l passou-a então a Pedro Álvares Cabral, colocando-lhe também na cabeça um barrete bento, que o Papa lhe mandara. Depois, fez-se um a solene proc issão de re líquias e cru zes para aco mpanhar Cabral ao batel que o levaria à sua nau a nau capitânia. Seguiu à frente o Bispo, ladeado dos acólitos e precedido do porta-cruz e dos capitul ares; aco mpanhavam-no os freires de C ri sto, com as tochas na mão. E I-Rei faz as recomendações finais. E levam-se estandartes e bandeiras. Retine m e silvam trombetas, atabaqu es, flautas e rufa m tambores. No dizer de João de Barros "não parecia mar, mas um campo de flores, com a prol daquela mancebia juvenil, que embarcava". 8

Nos objetivos da expedição: predominância do fator religioso Ao contrário do que afirma uma ultrapassada corrente marxi sta - defensora da tese de ser a econo mi a o "motor da história " - , outros eram os objetivos da Ex pedição. Desde a batalha de O urique, no século XU, quando D . Afonso Henriques recebeu de Deus a missão providencial de constituir o reino de Portugal 9 , os monarcas lusos procuraram, além da dilatação do Impé rio, a difusão da Fé católica. Não é expli cável a enorme expansão do pequeno Portugal somente por razões econômicas ou políticas. A esse propósito, E laine Sanceau co menta judiciosame nte: "A expansão portuguesa de além-mar éfenôm eno inexplicável àface da História. O desejo de expansão supõe falta de espaço e os Portugueses tinham ma is do que o bastante na sua linda pátria pequenina .. .". 10 Segundo o pesquisador Armando Alexandre dos Santos, a população de Portugal, na poca dos descobrimentos, era de pouco mais de um milhão de habitantes

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Elevação da Cruz - Pintura de Pedro Peres, Museu Nacional de Belas Artes, Rio de Janeiro

- não muito superior à população atual de Lisboa, ou, para falar em termos brasileiros, de uma cidade como Campinas. 11 Além de buscar especiarias nas Índi as, Portugal levava consigo mi ssionári os para converter os povos à verdadeira re li gião. "E porque el Rei - di z o cronista Damião Gomes - foi sempre mui inclina-

do às coisas que tocavam a nossa Santa Fé Católica, mandou nesta armada oito .fades da Ordem de S. Francisco, homens letrados, de que era Vigário Frei Henrique .... para administrarem os Sacramentos aos Portugueses, e aos da terra que se quisessem converter à Fé". 12 Jaime Cortesão, selando a união dos objetivos re ligiosos e econô micos, afirma: " Podem considerar-se obj etivos

principais, por um lado, a aliança com os índios e a sua melhor cristianização, e por outro a guerra aos mouros infiéis, para obter, pela paz com uns e a luta com os outros, o exclusivo do comércio oriental. Quanto à gue rra com os mouros.fazer reparo a essas intenções seria ingênua incompreensão do tempo. Este pleito secular constituía ainda então um dos fundamentos da própria nacionalidade . .... E a balança .... era naquele tempo um símbolo de paz". 13

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Seri a errôneo negar o interesse econô mico, mas pior erro cometeria aque le que não entendesse a "visão de mundo" daque les portugueses . Eram homens já · influe nc iados pelos desv ios renascentistas, de gozo da vida. Mas també m eram ho mens que, em boa medida, ainda respi ravam o ar da "doce primavera da Fé'' - a saber, a ldade M édi a, na fe li z expressão do Conde de M ontalembert - e se lançavam no ideal de lutar por Deus e pe lo Impéri o. Nesse sentido, concl ui Pero Vaz de Caminha sua carta: " Porém, o melhor

fruto que de la se pode tirar parece-me que será salvar esta gente. E esta deve ser a principal semente que Vossa Alteza em ela deve lançar".

Na viagem: clima religioso a bordo As 13 naus de Pedro Álvares Cabral zarpara m de Lisboa na manhã do di a 9 de março de 1500. No di a 22 de março a esquadra av ista a ilha de São Nicolau. No dia seguinte aconteceria a prime ira perda da expedição. A nau comandada po r Vasco de Ataíde simplesmente desaparece, "sem

que houvesse tempo forte ou contrário para poder ser" . Apesar das dili gênc ias fe itas para encontrá- la, dura nte dois di as de infrutíferas buscas, nunca mais se soube de

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seu paradeiro. Cento e cinqüenta homens tinham sido "comidos pelo mar". O s pe ri gos de uma vi age m como essa eram de todos conhecidos, tanto que a maior parte da tripulação havi a deixado seu testamento antes de embarcar. Do is, em cada três viajantes, nunca mais retornari am a Portugal! A viage m rea li zava-se e m pl ena Qu ares ma. O s mi ss io nári os, a lé m de celebrarem as mi ssas, também fisca li zavam a conduta dos marinheiros, proibindo os jogos de azar e as leitu ras dos "romances de cavalaria"., próprios a corro mper a alma de seus leitores. Hav ia o teatro, que era permitido, sempre com fund o religioso e procurando inspi rar a Fé a esses ho mens que se lançavam na epopé ia dos descobrime ntos . C hega o domingo da Páscoa, 19 de abril de 1500. Após longos di as em alto mar, a esquadra já se encontrava próx ima do Brasil. A al egri a da Ressurre ição de Nosso Senhor contagia os tripul antes. A me lho r ração é separada, os melhores vinhos, os bi scoitos mais bem conservados são servidos à vontade . A Missa solene é celebrada no convés da nau-capitânia, entre os mais ricos paramentos e os mais belos castiçais. O órgão de frei Maffeu, um dos oito frades da frota, modulou a música sacra, cuja melod ia ecoou nos corações e mentes dos comandantes, dos soldados, da marinhagem e dos degredados. Dois di as depo is, e les encontrari am os prime iros sinais da Ilha de Vera Cruz!

Páscoa inspira primeira denominação no Brasil "Da nau capitânia, instruções claras eram transmitidas. Agia-se com a maior prudência, os capitães pilotos seguiam com presteza as ordens recebidas. Anoitecia. Tochas acesas. Tiros de bombarda saudavan o encontro de terra. "Enfim no d ia seguinte - o sol raiava, num céu ,nuito alto, de ares bons, suaves brisas. Foram cantadas as matinas. O erguer do sol foi iluminando um monte não avistado antes. Estavam prudentemente a 6 léguas da costa. Velas arriadas. O capitão olhava para aquele monte, dádiva celeste parecia no céu surgir entre as lembranças recentes da alegria da Páscoa - e

o místico líder ela esquadra um só nome achou para batizá-lo: Monte Pascoal!" 14 É a terra, a Terra de Vera Cruz !

Relações amistosas entre índios e portugueses Muito pouco conhec ida hoje é a sabedori a de Portugal na obra de evangelização do Brasil. Nessa linha, eluc idativa é a carta de Pero Vaz de Caminha. Ele, que fora escolhido para ser o contador da fe ito ria de Ca licute (onde morreu alguns meses após deixar o Brasil), legou-nos uma carta de grande valor literári o e hi stórico, considerada como a Certidão de Batismo da Terra de Santa Cru z. Com precisão minuciosa, o documento de Caminha evi dencia a atitude cordial dos índ ios e dos portugueses. Apesar de ser uma carta na qual transparece uma visão romântica da vida indígena - que posteriormente influenciou Rousseau em seu Bom Selvagem.- , a mi ss iva é a única fo nte q ue nos resta re latando os primeiros contatos com os nativos. Depo is de algun s dias de contatos e amabilidades, e m que índ ios subiam a bordo das carave las e os po rtug ueses mi sturava m-se com eles, cantando juntos e trocando presentes, c ri a-se um clima de ami stoso convív io 15 • No fi nal, os índ ios estavam de ta l fo rma acostumados com os portugueses, que levou Caminha a afirm ar: "E estavam já mais

mansos e seguros entre nós do que nós estávamos entre eles". Da mesma forma fo i confeccionada a prime ira C ru z, fe ita com a ajuda dos indígenas. A carta ainda relata um aco ntecimento qu e m a rcava o iníc io da o b ra evangeli zadora:".... disse o Capitão que seria bom irmos direto à Cruz, que es-

tava encostada a uma árvore junto com o rio .... e nos puséssemos todos em joelhos e a be(jássemos para eles [os índios] verem o acatamento que lhe tínhamos. E assim fi zemos. A esses dez ou doze que a[ estavam acenaram-lhes que fizessem assim, eforam todos be(já-la". Esses índ ios, da tri bo dos Tupini quins, logo tornara m-se ali ado dos portugueses. Eram povos nômades que vagavam pe lo território brasil e iro e q ue fora m se mi sturando com os brancos e fo rmando o sentimento de nossa nacio-

nalidade, na qual se mistu rara m os bra ncos de Portugal, os índios que aqui habitavam e, posteriormente, os negros que viri am da Áfri ca.

Missa no nascimento de uma Nação N o mesmo c lima cordi a l dar-se- ia a ofi ciali zação do Descobrimento. Ao contrário da África, onde Portugal deixava seus padrões de pedra (s inal de s ua posse), aqui e le deixou a C ru z com as insígnias reais. 16 Na sexta-feira, prime iro dia de maio e penúltimo da esquadra no Brasi l, fo i celebrada a primeira Missa em terra firme (e a segunda desde a chegada de Pedro Á lvares Cabra l, pois houve Missa no di a 26 de abril , celebrada em uma ilha). Convocada toda a tripul ação, fez-se um e norme cortejo de mais de 1000 homens. "Cantando em maneira de procissão", com os estandartes da Orde m de C ri sto bem ergui dos à sua fre nte, os ho mens segui ra m até o loca l "onde nos

parecera melhorfincar a Cruz, para ser melhor vista". Vári os índi os logo se juntara m à proc issão e ajudara m a carregar a Cru z di ante da qua l renovar-se-i a o Sa nto Sacri fíc io do Calvário, ato que fi cou imo rta li zado na Hi stóri a co mo A

Primeira Missa. Du ra nte a celebração, os indígenas aco mpanharam os portugueses em seus gestos. Ajoelharam-se na consagração, levantaram-se no Eva nge lho, sentaramse no sermão etc . Um dos índios, narra Cam inha, homem de c inqüenta anos aprox im adamente, chamava os dema is sil vícolas e, a ndando entre e les, "acenava com o Paço d'Arcos (Lisboa) : Caravelas Portuguesas

dedo para o altar e depois aponlou para o Céu, como se lhes dissesse alguma coisa de bem; e nós assim o tomamos". A pós a ce lebração , Fre i Henri que d istri buiu vári as cru zes de estanho aos ind ígenas: "pelo que o Padre Frei Henri-

que se assentou ao pé da Cruz e ali, a um por um, lançava a sua [cru z] atada em um f io ao pescoço, fazendo- lha primeiro bei;jar e alevantar as mãos." Os índ ios recebi a m esses obj etos como presentes preciosos. M al sabi am o a lto valor de les. Mais do que sinal de ami zade, os nativos recebi am o símbolo do C ri stão.

Tomada de posse da terra e nova viagem No sábado pe la manhã iniciaram -se os preparativos para a saíd a rum o a Calicute, na Índia. Pedro Álvares Cabra l ordenou que a nau dos mantimentos segui sse para Portuga l re latando o achamento da Terra de Vera Cruz. Os mantimentos fora m, então, di stri buídos entre as demais embarcações. Essa nau, comandada por Gaspar de Lemos, levava as cartas que Cabral, todos os capi tães, vários escrivães, os princ ipais re li giosos e os fi dalgos mais nobres, além das cartas de vários marinheiros, enviara m a Portuga l, entre elas a carta ele Pero Vaz de Caminha e a do Mestre João, as únicas que chegaram até nós. 17 Além das cartas, a nau levava amostras recolhidas na nova terra. Eram arcos, fl echas, cocares, pedras de pouco valor.. . e duas araras que tanto espanto causaram na corte . Surpresa maior provocaria o tupiniquim que desejou seguir no nav io de Gas par de Lemos. Segundo o jesuíta Si-


mão de Vasconcelos, o naü~o "foi receEm Calicute: bido com alegria do rei e do reino". 18 traição dos mouros Além desse nativo, outros doi s pediCom a esquadra reduzida a seis naram para seguir viagem à Índia, como vios, Pedro Álvares Cabral chega a Calicute. Era o dia 13 de setembro de 1500. pajens de Aires Coriêa e Simão de Miranda. Como os patrões, eles não passaApós sucessivas tratativas, em que a riam do Cabo da Boa Esperança. troca de ricos presentes era um sinal de paz, o Samorim Glafer, Senhor de CaLogo após a saída de Gaspar de Lemos, a esqu adra de Cabral partiu para licute, autorizou que os portugueses estabe lecessem uma feitoria na cidade, s udoeste, rumo a Calicute, onde os portugueses pretendi a m comprar as com livre trân sito e permi ssão para o comércio, como se fossem da terra. Aucaras espec iarias tão apreciadas na Europa, como a pimenta, a canela e o torizou ainda a pregação dos Frades em gengibre. sua cidade, pe lo que estes desembarcaDois degredados são de ixados em ram , juntamente com o feitor designasolo brasileiro para aprenderem a língua do, Ayres Corrêa. e o costume daquele povo ainda descoO acordo foi gravado em folhas de prata com um selo de ouro. nhecido. Ao mesmo tempo, cinco outros marinheiros desertam, preferindo ficar Os árabes, insatisfeitos com a perda na formosa terra descoberta a enfrentar do monopólio sobre o comércio das esas incertezas do mar. 19 peciarias e com a liberdade que os mi ssiQuanto a esses cinco desertores, a onários receberam para pregar o Evanhi stória não registra o seu destino. Os gelho, procuraram semear inimizades entre o Samorim e os seus novos aliados. degredados foram resgatados, vinte meNo dia 16 de dezembro de 1500, a ses depois, por uma nova expedição en- . viada de Portugal após o regresso de feitoria portuguesa foi atacada por centenas ou milhares de árabes. Mais de 50 Gaspar de Lemos com a notícia do descobrimento. O comandante dessa nova portugueses faleceram , entre eles Ayres expedição era o rico e culto florentino, Corrêa e Pero Vaz de Caminha. Américo Vespúcio. Durante dois di as aguardou Pedro Álvares Cabral as desculpas do Samorirn. Tempestade, fé e orações Vendo que este não se manifestava e perno Cabo da Boa Esperança cebendo a tra ição que sofrera, decidiu Aproximadamente 20 dias após zarbombardear a cidade de Calicute. O par de Porto Seguro, quando a frota se Samorim havia rompido a sua palavra. Após o bombardeio, que durou mais encontrava nas proximidades do Cabo da Boa Esperança, desencadeou-se uma de 40 horas, o Samorim fugiu . terríve l tempestade. Segundo Fernão A fama de valor dos portugueses - e Lopes, "as águas se levantavam tão ala notícia do terrível revide que o fidalgo tas que parecia que as punha [as naus] Cabral intlingira ao Rajá de Calicute correram céleres por toda a região. Os nas nuvens e depois no abismo, com os vales que abriam".20 principais senhores da costa de Malabar, E completa o cronista João de Barquerendo selar a ami zade com tão poros: " .... no geral da gente não havia deroso vi sitante, envi aram mensagens ao mais que o nome de Jesus e de sua Mãe, Capitão para que fosse aos seus portos pedindo perdão de seus pecados, que é completar a carga que lhe faltasse. a última palavra daqueles que têm a Na véspera do Natal, a frota portumorte presente" .2 1 guesa chega a Cochim, onde o Rajá era Nessa tormenta naufragaram as naus conhecido como um homem cordato e de Aires Gomes, Simão de Pina e Luís desejoso de aliança com os portugueses. Pires, além da caravela de Bartolomeu Foi assinado um tratado entre o Rei Dias, o descobridor desse "Cabo das de Cochim e D . Manuel , pelo qual ficou Tormentas" ! Ao todo, 380 homens se estabelecida a primeira feitoria portuperderam no mar. guesa nas costas do Malabar. Enviou o A nau de Diogo Dias desgarrou-se e Rajá um embaixador a Lisboa, para lefoi parar em Mogadíscio, na Somália. var à Rainha de Portugal um rico pre-

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CATOLICISMO

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sente de sedas e um magnífico colar de pérolas. Estava estabelecida a rota para as Índias, quebrado o monopólio árabe do comércio das especiarias e iniciada a evangelização daqueles povos.

Volta de uma epopéia Em 16 de jane iro de 1501 , deixa Cabral a cidade de Cochim rumo a Li sboa. Todavia, mais um incidente at:rapalharia a viagem. Logo no início da volta, depois de a frota ter cru zado o Oceano Índico, a nau abarrotada de especiarias de Sancho de Tovar encalhou num banco de areia em frente à cidade de Melinde (hoje Quênia), na África. O capitão manda resgatar os homens e incendiar o navi o, procurando preservar o segredo das embarcações portu guesas. E m 22 de maio de 1501 , a frota consegue dobrar o Cabo da Boa Esperança, desta vez sem problemas. No dia 2 de junho, na cidade hoje conhecida como Dakar, no Senegal, as naus lusas encontraram o navio de Diogo Dias, que se desgarrara da frota havia mais de um ano. Nessa embarcação, todavia, restavam apenas sete homens doentes. Segundo Eduardo Bueno, um dos homens, ao rever a frota de Cabral, morreu de e moção. 22 Poucos dias depois, já no porto de Bezeguiche, localizado à foz do rio Senegal, Cabral encontra a expedição de Américo Vespúcio, que acabara de deixar o Brasil. Em 23 de junho de 1501, chegou o primeiro navio da frota de Cabral a Lisboa. Era a caravela Anunciada. Seu s marujos se referiam ao Brasil como a "Terra dos papagaios". O Capitão da Armada, Pedro Álvares Cabral, só chegaria um mês depois, em 2 1 de julho. O Rei recebeu-o em Santarém, em seu palácio de verão.

Brasil em vez de Terra de Santa Cruz Sabendo que o nome de Vera Cruz e podia aplicar apenas à relíquia da Cruz de Cristo, D. Manuel altera o nome do novo continente para Terra de Santa Cruz. Entretanto, essa denominação não duraria muito.

Em virtude _d a grande quantidade de pau-brasil encontrado em nosso litoral, o País passou a ser conhecido como Brasil. 23 Essa mudança causou grandes protestos. Assim se expressa João ele Barros: " .... Porém, como o demônio pelo sinal da Cruz perdeu o domínio que tinha sobre nós, mediante a paixão de Cristo Jesus consumada nela: tanto que daquela terra começou de vir o pau vermelho chamado brazil, trabalhou que este nome ficasse na boca do povo, e que se perdesse o de Santa Cruz: como que importava mais o nome de um pau que tinge panos; que daquele pau que deu tintura a todos os sacramentos pelos quais somos salvos, pelo sangue de Cristo Jesus que nelefui derramado".2'1

Portuga l soube reali zar com ev idente êx ito e indomáve l valentia a primeira parte da hi stóri a de nosso País . Agora, depois de 500 anos de lutas e ele trabalhos, aq ui floresceu este Brasil que, apesar de tudo, é para a Santa Igreja de Deus e a Civ ili zação C ristã motivo de radiosa esperança. Não foi sem razão que a Providência Divin a terá feito nascer um País de

dimensões continentais, ele poss ibilidades fabulosas, de riquezas inesgotavelmente fec undas. Nação em cuj o firmamento brilha o Cruzeiro do Sul , catequizada pelo ze lo de um Anchieta e bati zada com o nome ele Vera Cru z. Co m impress io nante clarividência, ass im profetizou o Beato Anchieta, Apóstolo do Brasil, o papel que cabe a nosso País no contexto das nações sul -

americanas: "A terra em que sopra o Sul, conhecerá o Teu Nome e ao mundo austral advirão os séculos de ouro, quando as gentes brasílicas absorverem Tua doutrina". 25 Dotado de fino senso psicológico e histórico, o Prof. Plínio Corrêa de Oliveira, em memorável di scurso proferido no IV Congresso Eucarístico Nacional de 1942, em São Paulo, referiu-se a esse grandioso futuro reservado pela Providência Divina à Terra de Santa Cruz. Aludiu ele à impressão causada e m todos que viaj am por nosso Pais, de Deus tê-lo destinado para teatro de grandes feitos (v ide quadro à p. 23). Mas esta g randeza futura tem uma condição. Será grande a nossa história se soubermos ser fiéi s aos des ígnios de Deus e a Seu chamado. O que se enquadra no panorama grandioso da Mensagem de Fátima. Que Nossa Senhora Aparecida, Rainha e Padroeira do Brasil , interceda para que a Terra de Santa Cruz possa ser um lu zeiro sob re o mundo, irradiando o Lumen Christi (Luz de Cristo, luz da Ressurrei ção, como canta a liturgia da Igreja no Sábado Santo) e realizando plenamente a esplendorosa missão que lhe está reservada pela Providência Divina. ♦

Notas:

apa receu a D. Afonso Henriques prometen do-lhe a vitóri a e co nfiand o, ao futuro país que estava nascend o, a mi ssão de espalhar a Fé pelo mundo. 10. Ela ine Sanceau, Afonso de Alb11q1.1erq11e, o m 11/io da Índia , C ivili zação, Porto, 1982, p. 5. 11. Cfr. Armando A. dos Santos, A Propósito de um Quinto Centenário, Notícia Bibli ográ fi ca e Hi slórica, PUC, Campi nas, Ano XXX , Nº. 170, p. 23 1. 12. Da mi ão de Góes, Ghronica d'EI Rei O. Ma n1.1el, Parle 1, ca p. LIV, apud Catolicismo março/69, nº. 2 19. 13. Ja ime Cortesão, op. c it. , p. 155 14. Carlos 1-1. C. Branco, op. c il. , p. 75. IS. Nem Lodos os índios que habitavam o Brasil eram pacíficos . Muitos eram ca niba is e a gra nde mai oria vivia e m g uerras lri ba is. 16. No caso do Bras il , não havia necess idade de se de ixa r um padrão como sin al de posse, vi slo que o País já era de dom íni o português desde o Tratado de Tordes ilhas, ass inado alguns anos antes.

17. A Relaçcio da Piloto Anônimo foi feita posteri orme nte, contendo o re lato da viagem até Li sboa , passando por Ca lic ute. 18. Apud Ed uardo Bue no, op. cil. p. 110 19. Pero Vaz de Cam inha fala e m dois desertores, mas os historiadores c itam o relato de Alberto Canlino, que inte rrogou marinheiros nas tabernas portuárias de Lisboa após o regresso da esquadra. 20. Fernão Lopes, fl istó ria do Descobrimento da Índia , apud. Eduardo Bu e no, op. cit., p. 117. 21. João de Barros, Décadas da Índia, Década I , Livro V, Cap. 2, apud Catolicismo março/ 69, nº 2 19 . 22. Cfr. Ed uardo Bueno, op. c il. , p. 120. 23. Ou dev ido ao pau-brasil ou à le ndári a "Ilha brazil'.' (i lha que fa zia parte dos mapas medieva is e que nunca fo i encontrada), o nosso país passou a ser conhecido como Brasil. 24. Apud Carl os H . C. Branco, op. cil. , p. 85. 25. Beato José de Anchieta, De Gestis Mendi de Saa, apud Catolicismo, 1,·amformar tribos em civilização cristci, junho de 1977, nº 3 18 p. 5.

Missão Providencial de nosso País

1. Cfr. Eduardo Bueno, A Viagem do De.l'cobri111e11to, Coleção Terra s Brasil is, Ed. Objeli va, p. 1 1, Rio de Jane iro, 1998. 2. Jaime Co rlesão, A Expedição de Pedro Álva res Cab ral e o Descobrimento do Brasil, Ed. Portugá li a, Li sboa, 1967, 2 1. 3. Nesse se nlido se pronunciaram, e ntre outros , Eduardo Bue no , Ca rl Erdmann , E la in e Sa nceau. 4. C fr. Ed uard o Bueno, op. c it. , p. 51 S. João de Barros, Décadas da Índia, Década 1. Livro V, Cap. 1; apud Catolicismo marçol69, nº. 2 19. 6. O alto custo da exped ição e ra financiado , e m parte, pelo capital privado, sob retud o pelos ricos co merc iantes de Gê nova e Flore nça. 7. Carlos HeitorCastell o Branco, Gloriosa e trágica viagem de Cabral, Ed. do Escr itor, São Paul o, 1972, 8. C fr. Jaime Co rtesão, Ca rl os H. C. Branco e Ed uardo Bue no. 9. Segund o trad ição portuguesa, Nosso Se nhor

Nossa Senhora Aparecida, Rainha e Padroeira do Brasil, intercessora junto a Deus para que o País cumpra sua missão histórica

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ENTREVISTA

O sigllificado mais profundo da

Descoberta do Brasil Entrevista com Dom Luiz de Orléans e Bragança, Chefe da Casa Imperial do Brasil

.• Cato licismo • : • • •• •

Catolicismo sente-se honrado ao • publicar em suas páginas a entrevista • com um descendente de Dom Manuel, •

Dom Luiz:

"O fato de o

• • • •

Venturoso, Monarca português em : Brasil ter sido • cujo reinado providencialmente foi • : descoberta a Terra de Santa Cruz. : descoberto pelos

0

E ninguém é mais capacitado, a ••

portugueses

vários títulos, para falar sobre o V trouxe a nosso País o inestimáCentenário do Descobrimento de vel dom da Fé nossa Pátria, do que o Chefe da Casa • lmperial brasileira e membro da ilustre •

• •

• • •

Há quem diga que seria melhor para o Brasil ter sido descoberto por países como a Holanda, a Inglaterra ou a Alemanha, porque assim nosso País seria hoje mais rico e adiantado. O que pensar disso? Dom Luiz - Em prime iro lugar, é prec iso di zer que o princ ipal para um país não é tanto o progresso econô mi co, quanto professar a verdade ira Re li g ião. O fa to de o Brasil ter sido descoberto pe los portugueses trouxe a nosso País o inestimáve l dom ela Fé cató li ca apostólica roma na. Mas não apenas isso, trouxe-nos também, com a índo le bondo a, afetiva, do português, todas as suas características ele bom senso e ele capac idade ele mi sc igenar-se; trouxe para nossa terra toda uma me ntalidade, todo um modo ele ser, que é muito diferente, e a me u ver superior, ao modo ele ser cios países ele origem protestante. Bas ta di zer que, na realid ade, em nosso País não ho uve problemas raciai s. Apesar do fato d e algun s índios, no começo, terem sido escrav izados, contra a vontade ela Igreja e contra a vontade cio Re i, apesa r ele os negros terem sido trazidos para cá - e mbora vendidos po r che fes de tribos riva is, na África, a mercadores - , e viv ido num regime de escravidão, nunca tivemos probl e mas raciais. Poi s não era por ód io racia l que e les eram escravi zados, e sim por cond ições sócio-econôm icas da época, con-

• forme hoje ex planam os hi storiadores.

católica apostóli- : Nosso País, embora não seja o mais rico dinastia de Bragança, que sucedeu à • ca romana. Mas • d o mun d o - apesar d e no. sa riqueza · ser bem dinastia de Aviz, sob cujo reinado o Brasil nasceu para a História. Rendemos aqui nossa homena gem ao Príncipe Dom Luiz de Orléans e Bragança e agradecemos suas

• • consideráve l - , a despeito de não estar, por • • ass im di zer, na ponta do progresso material , • trouxe-nos todas : ap resenta em seu ambi ente um bem-estar de

• não apenas isso, •

: •

abalizadas palavras sobre um tema • tão grato a todos nós, explanado por • ele com sabedoria e penetração de : espírito. • 28

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as suas caracte- • vida que outros paíse não têm. O idea l ele conrísticas de bom : vívio, arra igado na alma brasile ira, o idea l do senso e de miscigenar-se"

• bem-querer, o idea l de aceitação de tudo quan•• to há de bom nos o utros fez com que vi essem • para cá imigrantes das mais variadas partes cio : mundo, se senti ssem à vo ntade e se ass imilas• sem ao nosso povo .

Comparem isso com certos países co lo- • • nizados pe la Holanda, ou pel a Ing laterra. Os • Estados Unidos tiveram uma Guerra da Seces- • são, apresentam probl emas raciai s até hoje. A África cio Sul enfrentou proble mas raciais, bem co mo um a discriminação muito fo rte. Na Indonésia, onde a Holanda se estabe leceu depois dos portugueses, a mi sc igenação prati camente não se de u. A me u ver, nosso País foi pri vil egiado por ter sid o descoberto pelos portugueses e co loni zado por um povo autenti camente católico.

• • • •

Catolicism o - Certos autores

Catolicismo - Alguns historiadores afirmam que a conversão do continente americano foi um milagre. Não deixa de ser realmente espantoso o fato de missionários terem percorrido distâncias tão grandes para converter tanta gente. O que pensar dessa afirmação? Dom Luiz - Toda conversão é um fe nômeno sobrenatura l. É uma graça de Deu s e, po rtanto, algo que naturalmente é inexp li cável. Toda conversão individual é j á um milagre. O fato dessas conversões na América terem se dado e m tão grande quantidade, mostra uma predileção ela Providência em relação aos nossos países, ela América do Sul e ela Améri ca Central. Os mi ss ionários que aq ui vieram eram de prime ira ordem. Basta citar um Nóbrega, um Anchi eta , um São F ranc isco So lano no Peru, e tantos outros, que percorreram estas vastidões evange li zando os índi os, converte ndoos, trazendo-os para a verdadeira Fé, e nsin ando-os, dando-lhes também os rudime ntos de c iv ili zação, de confo rto, para t irá- los d a barbárie em que vivi am. E u acred ito que e les fora m poderosamente auxiliados, eles também, por uma graça es pec ial. Várias c idades - entre as quai s a princi pai é São Paulo - foram fundadas por miss ionári os. São Paulo fo i fundada por Anchi eta, todos o sabem, e tornou-se a maior metrópole da A mé rica do Sul. Há um fato r que ajudou mui to o traba lho mi ssio nári o e m nosso Conti ne nte. Na Europa acabara de eclod ir a revo lta protestante, que afasto u da Ig reja pe lo menos um te rço dos países europeus. E Santo Inácio de Loyola em primeiro lugar, e também os o utros Gerais de Ordens re li g iosas que e nvi aram mi ss ionári os

• • • • • • :

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"Os missionários

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que aqui vieram percorreram • •

estas vastas regiões evangelizando

: • •

.

• • • : OS índios, conver- : • tendo-os, trazen• do-os para a .• • verdadeira Fé, : : • ensinando-os, • : dando -lhes OS : • • • rudimentos de • civilização" • • : •

para a Améri ca, sentiram que e ra prec iso pra ti car um revide, conqui star para a Re li g ião católica áreas novas que compensassem a perda que ela tinha so frido com a revolta protestante. E por isso mandaram para cá os seus me lhores e le me ntos, o qu e pode ex plicar, também de um a mane ira natura l, o sucesso que e les tiveram.

asseveram que os objetivos da expansão marítima portuguesa eram econômicos, encobertos sob uma capa religiosa. Essa será uma visão da realidade histórica? Dom Luiz - É uma visão totalme nte di storcid a. De fato houve um certo interesse econômi co nessas vi age ns , nessas ex plorações . Entretanto, não era isso o primordi a l, era mai s um me io para autofinan ciar esses descobrimentos. A origem cios descobrimentos, o iníc io ela co nqui sta portu g uesa no Ultramar se deu com a conqui sta de Ceuta, qu e era um ninho de pirata s que fec ha va a e ntrad a do Mediterrâneo. A Hi stóri a co nta que os Infa ntes D. Duarte, D. Ped ro e D . Henrique, devendo ser a rmacios cavale iros, pediram a seu pa i, o Re i D. João ], que a cerimôni a se desse depois de uma faça nh a de armas. Não um torn e io de fa z-deconta, mas uma e mpresa e m defesa da Fé, e m de fesa da ci vili zação cri stã. E propu seram a co nqui sta ele Ceuta. D. João 1, antes de se !ançar nessa empresa, fez questão de co nsultar teó logos, morali stas, ca noni stas, e a própria Santa Sé, não para saber se essa conqui sta e ra va ntaj osa eco no mi ca me nte , politica me nte, ma s se era "do serviço de Deus". E fo i só de poi s de ter obt ido um a resposta afirmativa qu e e le começou a \organi zar a esquadra. As outras conqui sta s, as outras navegações, qu e no começo fora m impul sionadas pe lo Infante D. Henrique, que era Grão-Mestre da Ordem de Cristo, tinham o mes mo espírito. Era mui to mai s para expandir a Fé do que para angariar riqu ezas.

Catolicismo - O que havia de heroísmo, no : sentido católico, na viagem de Cabral e nas • outras navegações lusas? Nelas o heroísmo primava sobre o mero espírito de • aventura? CATOLIC I S MO

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Dom Luiz - É evidente qu,e o he ro ísmo primava sobre o espírito de ave ntura. Como j á disse, o ideal de expansão da Fé e ra o que movia esses navegadores, o que impul sionava esses gue rre iros. Era, no fund o, a continuação do empu xo vindo da Reconqui sta que expul sara do te rritóri o metropolitano o invasor mo uro. Terminada a Reconqui sta do te rritório metropolitano, Portugal , com o mes mo ímpeto, com o mesmo espírito de defesa da Fé, lançou-se na África, e além da África, na Ásia, e de passagem no Brasil. Um mero espírito de ave ntura não explica tudo isso. H avi a um ideal relig ioso por trás. Considere só esse dado: dois te rços das tripulações dos navios portugueses que zarpavam e m direção à Índi a pe reciam no caminho de ida ou de vo lta ... Ora, arri scar tanto, só por dinheiro, ninguém o faz. É que havi a por trás um ideal religioso . Catolicismo - Alguns autores asseguram que Portugal era um país atrasado na época dos Descobrimentos marítimos . Como explicar, então, ter sido ele o único que empreendeu navegações tão arriscadas, e cujos navegadores percorreram distâncias tão longas? Dom Luiz - Po rtu ga l não era atrasado . B asta di zer que o desenvo lvime nto das carave las, essa nave peque na, rápida, res iste nte às te mpestades, muito pró pri a a navegar contra ve ntos contrá ri os, fo i rea li zado e m Portuga l. O as trol ábi o, o sexta nte, a bú ssola, tudo isso, estava lá muito a pe rfe içoado. O sistema de cartogra fi a, a o bservação dos astros para orientação das naus també m fora m dese nvo lvidos e m Po rtuga l, tna is especiaJ1ne nte na c hamada Escola de Sag res. N ada di sso constitui sinto ma de um pa ís atrasado. O que explica, a meu ver, que um paí~ tão peque no tivesse empreendido navegações tão arri scadas e alca nçado terras tão lo ngínquas quanto o fez Po rtugal, fo i um desígni o da Providência Divina em relação a esse mesmo povo. O e mpuxo po rtuguês para essas navegações, para tais conqui stas, é um ímpeto movi do por algo de sobre natura l.

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• Catolicismo - A Ordem de Cristo é herdeira : da Ordem dos Templários. Teria a Provi- • 30

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• dência Divina com isto algum desígnio, considerando-se o fato de o Brasil haver sido • descoberto com a cooperação de uma • Ordem de Cavalaria? • • Dom Luiz - O fa to de a O rde m de C ri sto te r sido herdeira d a Orde m dos Templ á ri os revela algo de muito bo ni to na Hi stóri a, que é a continuidade dos idea is. A O rd e m do Templ ári os fo i a O rde m de Caval ari a, de c ru zados por excelê nc ia. E la deca iu no sécul o X IV e fo i fec hada pe lo Pa pa C le me nte V, por influ ê nc ia do Re i da Fra nça. E ntreta nto, seus me lh o res e le me ntos co nseg ui ra m esca pa r ao iníqu o processo que lhes fo i movido na França e se refu g iaram e m Po rtu ga l. O R e i D . Dini z teve o bo m senso de aco lhê- los e, com a utorização da Santa Sé, fun da r a O rde m de C ri sto. E is aí ma is um in díc io de que as navegações portug uesas e ram , no fun do, uma co ntinuação da e po pé ia das C ru zadas. O ímpe to que le vava os navegado res po rtugueses era, em última a náli se, o ímpeto cru zado . As naus portu guesas oste ntavam nas suas • ve las a C ru z de C risto, que era a C ru z da Or• dem à q ua l perte nc iam seus capitães, a qua l • também fin anc iava, junto com a Coroa, esses : e mpreendime ntos . : O Brasil , antes de ser te rritóri o português, • fo i território da O rde m de C risto. E le perte n• e ia ao Re i de Portu ga l, porque o Re i era G rão: M estre da O rde m de Cri sto, e não porque era • Re i de Portugal. Foi só no século XVII que o • Brasil tornou-se um te rritório ultramarino do • • Re ino de Portu gal, e no século X IX to rnou-se : Re ino-Unido . M as a origem do Bras il , como a • ori gem de todos os territórios ultra marinos, de : todas as conquistas de Portuga l na África, na • Ásia, na Oceani a, fo i um e mpuxo cru zado, o : empu xo mi ss ionário que a Ordem de C ri sto • trazia consigo desde a Idade Média, que havia : he rdado da O rde m dos Templ ári os e desenvo l• vido em Portugal. : • Catolicismo - Poder-se-ia conjecturar qual : teria sido a História do Brasil se não ocor• resse o descobrimento e a colonização por: tuguesas? • Dom Luiz - É mui to di fíc il faze r conjectu: ras nessa linh a. Se o B ras il não tivesse sido • descobe rto por po rtu gueses, certame nte teri a

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••

"O Brasil, antes de ser território português, foi território da

Ordem de Cristo. Ele pertencia ao R e,• d e p ort uga,I porque O Rei era Grão-Mestre da

Ordem de Cristo, e não porque era Rei de Portugal"

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sido descoberto mais tarde por espanhó is, o u por fra nceses , ou então por ing leses, o u holand eses, e nossa hi stóri a te ria sido completame nte difere nte. Não have ri a povo bras ile iro como e le é atua lme nte, um povo bondoso, afe tivo, co m g ra nde sen so d os unive rsais, muito in telige nte, intuitivo, propenso a co mpree nder todos os o utros povos e acolhê-los . E ntretanto, se o Bras il não tivesse sido descobe rto por ne nhum povo europe u, é de se teme r que as tribos ind ígenas que aqui viviam , e que se e ntredig ladiavam, se e ntredevoravam e se g ue rreavam - escravas dos piores vícios - , pouco a pouco fosse rn se e xtinguindo, o u se degradando a inda mais, até um ponto que é meio inimagin áve l. An ali sando-se a s itu ação dos índi os, é prec iso di zer qu e e les praticava m a antro pofag ia, poss uíam escravos - ali ás, muitos dos esc ravos índi os , redu z idos a esse estado pelos po rtug ueses contra a vontade da Coroa e dos mi ss io ná ri os, principalmen te os Jes uítas - , e ram comprados das tribos de que j á eram escravos, tribos que havia m ve nc ido suas própri as tribos . Ass im , entre os índios praticava-se a a ntropofagia, verifica ndo-se també m a escravidão, o homossexuali smo, a promi scuidade sex ua l, uma coisa espantosa. Observavam-se algumas práti cas abomináve is, como uma que subs iste hoje e m dia - pe lo menos subsisti a há IO anos - quando estive no Ama pá: certa tribo, qu ando nasc ia uma cri ança mongoló ide, o recém-nascido era ente rrado vivo, para que não causasse trabalho a outras pessoas. Tud o isso reve la que os nossos qu e ridos indígenas, por causa do paga ni s mo, tinham atin g ido um a grande degradação , have ndo o pe ri go de deg radar-se aind a muito ma is. Para eles, a vinda dos po rtu g ueses, dos mi ss io nári os, re prese nto u e no rm e be ne fíc io mes mo do po nto de vi sta do que hoj e cha mam os "direitos huma-

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nos". Catolicismo -

Historiadores marxistas afirmam que o Brasil foi invadido e conquistado e não descoberto, tendo os índios sidos dizimados e escravizados, e que eles mais perderam que ganharam no contato com o mundo civilizado. Como

• : • : •

: refutar essa posição histórica de cunho

"Os portugueses, • marxi stª? • Dom Luiz - Em fin s da década de 70, o Prof.

chegando ao Brasil, não tentaram guerrear os índios, mas, ao contrário, estabeleceram com eles boas relações. O maior bem que os portugueses poderiam tirar desta descoberta era a salvação das almas dos povos silvícolas, que viviam imersos no paganismo"

:

Plini o Corrêa de Oliveira lançou um livro -

• Tribalismo Indígena, ideal comuno-missioná-

•• rio para o Brasil do século XXI - no qual

• magistralme nte refut a essa posição . Essa obra pate nte ia o grande lucro que obtiveram os sil • víco las, saindo das trevas do pagani smo e da •• barbárie para alcançare m os esple ndores da • Fé verdadeira e os benefíci os da C ivili zação : Cri stã. • O s marx istas de fende m a tese de que tudo : no inundo se faz através de lu tas, pe la dialéti• ca inerente, segundo eles, à pró pri a orde m do •• ser. • De fato, as coisas não se passa ram assim . : O s portugueses aqui chegando , em primeiro • lugar tentara m converter os índios. Trouxe ram : mi ss ionári os e ajudaram os indígenas a se ele• var a um nível c ultu ral muito supe rior. Houve : a escravidão, mas ela fo i combatida tanto pe lo • Rei quan to pelos missionários jesuítas. : Ta mbé m não se pode di zer que fo i uma • conqui sta. A conqui sta supõe que um povo • sej a dono de um território e sej a espo li ado •• dessa propri edade. Ora, os índi os eram nômades, não tinham o senso da propri edade, não se firmava m em um de te rmin ado te rritó ri o, mas perambulavam po r essas vas tidões ime nsas, se m to ma r rea lm e nte posse da te rra . E é no rma l que, advindo um povo com senso da propri edade, a p ro ve itasse esse ime nso espaço livre e se esta be lecesse aqui . Isto não é conqui sta, é tomada de posse . É preciso ac rescentar qu e os po rtug ueses, c hegando ao B ras il c om o j á o di sse, não te nta ram gue rrear os índi os, mas, ao contrár io, es ta be le'êeram co m e les boas re lações. Co mo j á es ta va presente nas in struções do Re i de Portuga l, e que consta, ali ás, da carta de Pero Vaz de Ca minh a, a maior conqui sta q ue os lu sos pod e ri a m faze r nes tas ba nd as, o maior be m qu e e les pode ri am tirar desta desco berta, era a sa lva• ção das a lmas dos po bres silvícolas que vi •• via m imerso s no paga ni s mo . Isso é o contrá• ri o d a luta de cl asses, da di alética marxi sta. : É a caridade cri stã qu e estava chegando a ♦ • nosso te rritóri o.

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Santos ·, e festas

de A~JRJlL Santo Hugo de Grénoble

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Santo Hugo de Grénoble, Bispo e Confessor.

Santo Isidoro de Sevilha, Bispo, Confessor e Doutor da Igreja.

+ (França), 1132. Lutou contra os excessos cio Imperador alemão Henrique V e em defesa cio Papa Inocêncio 11 contra o antipapa Pedro ele Li ão. Primeiro sábado do mês

também Bispos" (Do Marti ro lógio).

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Santa Cassilda, Virgem.

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+ 636. Sucedeu a seu irmão, São Leand ro, na Sé ele Sevilha. A ele se elevem a criação ele seminários, a unificação ela liturgia, a regulamentação ela vicia monástica e outras importantes obras ela disciplina eclesiástica.

São Francisco de Paula, Confessor.

+ Burgos (Espanha), 1007. Filha cio Rei mouro ele Toledo, converteu-se ao beber a água milagrosa cio poço ele São Vicente. Levantou ali uma ermida, onde viveu em oração e penitência.

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+ Plessis, 1508. Itali ano, fundou a Ordem cios Mínimos. Luís XI obteve cio Papa que o enviasse à França a fim ele prepará-lo para a morte.

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Santa Maria Egipcíaca, Penitente. + Palestina, 500. Atri z e pecadora, tocada pela graça, fugiu para o deserto, onde viveu mais ele 40 anos fazendo peni tê ncia. A São Ciríaco, que a encontrou no fim desse período, narrou sua vicia pouco antes ele falecer. Muito popular na Idade Média, sua vicia deu ori gem a muitas legendas.

São Vicente Ferrer, Confessor.

São Terêncio e Companheiros, Mártires.

+ Vannes (Fra nça), 14 19. Domi nicano espanhol , converteu hereges e muçulm anos, bem como consolidou a fé em muitas províncias. Trabalhou com êx ito para o término cio Cisma cio Ocidente.

+ Cartago, 250. Na perseguição ele Déc io, esses 40 cri stãos prefe ri ra m a morte a sacrificar aos ídolos.

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Santo Estanislau, Bispo e Mártir.

São Prudêncio, Bispo e Confessor. + Troyes (França), 86 1. Espanhol, capelão na Corte ele França, elaborou uma coletânea cios Salmos que se tornou o breviário ele todos os clérigos. Foi depois Bispo ele Troyes.

3 São Ricardo de Chichester, Bispo. + Inglaterra, 1253. Chanceler ela Universidade ele Oxford, conselheiro cios Arcebispos ele Cantuária São Edm undo Rich e São Bonifácio. Teve que lutar contra a prepotência cio rei Henrique 111. Morreu em Dover, quando pregava a Cruzada.

7 São João Baptista de la Salle, Confessor. + Rouen (França), 17 19. Fundador cios Irmãos das Escolas Cristãs cleclicaclos ao ensino, demitiuse cio cargo ele superior para terminar sua vicia na oração e mortifi cação. Primeira sexta-feira do mês

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Santa Engrácia, Virgem e Mártir.

São Dionísio, Bispo.

+ Carvajales (Espanha), 1050. Natural ele Braga, fo i morta por um mouro com o qual não quis secasar.

+ Corinto, 180. "Devido à ciência e à graça de que foi dotado .... ilustrou o povo não somente da sua cidade e província, mas ....

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CATO L ICIS M O

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11 + Cracóvia, 1097. Gra nde defenso r da moral católica e santidade do matrimônio, fo i assass inado pelo Rei Bo les lau 11 da Pol ôni a, por increpar-lhe a vida debochada.

12 São Júlio 1, Papa. + 352. Defendeu o mi stéri o da Santíssima Trindade contra os hereges e, no Concílio de Sárdica, reabilitou Santo Atanásio e proclamou a primazia da Sé episcopal de Roma.

13 Santa Margarida de Métola, Virgem. + Itália, 1320. Fi lha de Condes, disfo rme, cega, coxa, aleij ada e feia, fo i abandonada numa igreja. Recolhi da por pi edosa famí li a, ensinava o catecismo e encantava a todos pela inocência, alegri a e confiança na Providência.

São Francisco de Paula

14 Santa Ludovina de Schiedam, Virgem. + Holanda, 1433. Como vítima ex piatóri a, foi atingida por quase todas as moléstias imag ináveis em meio à ex trema miséri a, por mai s de 20 anos. Era favorecida por constantes visões de Nosso Senhor, cio Paraíso, do Purgatório e do In fe rno.

15 Santas Balissa e Anastácia, Mártires. + Roma, 66. Ilustres matronas romanas discípu las ele São Pedro e São Paulo, sofreram cruel martírio por terem recolhido as relíqui as cio Príncipe cios Apóstolos para dar- lhes sepultura.

16 DOMINGO DE RAMOS. Triunfal entrada de Nosso Senhor Jesus Cri sto em Jerusalém poucos dias antes ele Sua Paixão na mesma cidade.

t São Benedito José Labre, Confessor. + Roma 1783. Mendigo voluntário, peregrinava entre os mais célebres santuários ela Europa sofrendo humilhações e maus tratos. Ao fa lecer em Roma, as crianças es pontaneamente saíram gritando pelas ru as: "Faleceu o Santo".

17 Santo Aniceto, Papa e Mártir. + 166. Sírio ele ori gem, sucedeu a São Pio I no Sólio pontifício. Combateu os hereges gnósticos que in fes tavam Roma.

São Benedito José labre

18 São Perfeito, Mártir. + Có rdoba , 850. Sacerd ote em Córdoba durante a domin ação muçulmana, teve a cabeça cortada em praça pública por ter dito que: "Mafoma era inimifio de Deus e fa lso profeta que, depois de mergulhar os seus 110 lodo, os queria levar aos tor111en1os do i11fer110 ".

19 São Leão IX, Papa e Confessor. + 1054. Lutou contra a simonia e a incontinência eclesiástica . Excomungou o Patriarca de Constantinopla, Miguel Cerulário, que expul sara daquela cidade todo o Clero latino.

20 QUINTA-FEIRA SANTA. In stit uição ela Eucaristi a e cio Sacerdócio.

21 SEXTA-FEIRA SANTA. Paixão e Morte de Nosso Senhor Jesus Cristo. Jeju m e abs tinência.

22 SÁBADO SANTO. Jesus Cristo no sepulcro e a soleclacle ele Nossa Senhora.

23 PÁSCOA DA RESSURREIÇÃO. "Cristo ressuscitou; ressuscitou verdadeira111e11te, Al/eluia!"

23 São Jorge, Mártir. + Lyclia (Palestina) 303. Patrono da Inglaterra, Portugal, Alemanha,

São João Baptista de la Sal/e

Aragão, Gênova e Veneza. É um cios ma is popul ares sa ntos no mundo, sabendo-se dele, com certeza, somente que sofreu o martírio em Lyd ia. Deve ter pertencido à Guarda Imperial. Na Idade Média, seu culto desenvo lveu-se no Ocidente, sobretudo dev ido aos cru zados.

24 São Fidelis de Sigmaringa, Mártir. + Suíça, 1622. Alemão, trocou a advocacia pelo burel capuchinho. Ded icou-se com sucesso à pregação e ao confessionário, convertendo muitos ca lvinistas. Tendo convertido dois cios mais célebres, na Suíça, foi ali martiri zado.

25 São Marcos Evangelista, Bispo e Mártir.

São Ricardo de Chichester

+ Fra nça, 17 16. Ardente mi ssionári o popular, apaixo nado pel a Cru z ele Nosso Senhor e doutor marial por excelência. Sua maravilhosa doutrina ela Sagrada Escravidão a Nossa Senhora fo i reconhecida e assumida pelo grande Papa São Pio X e tornou-se patrimônio da Igreja.

27 Santa Zita, Virgem.

São Pio V, Papa e Confessor. + 1572 (antes, a 5 ele maio). Inquisidor e Comi ssário Geral do Santo Ofício e de pois Bispo, Cardea l e Papa. Lutou contra a heresia e convocou a cruzada para a defesa ela Cri standade contra os muçulmanos obtendo, por suas preces, a memorável vitória ele Lepanto.

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Santo Eutrópio de Saintes, Bispo e Mártir.

29 Santa Catarina de Siena, Virgem. Itália,+ 1380. A maior glóri a feminina da Ordem Domi ni cana, trabalhou para o retorno cio Papa ele Avin hão a Roma, pediu a reforma cio Clero e a orga ni zação ele uma cru zada contra os infiéis.

+ França, 404. Romano, aco mpanhou São Dionísio à França, sendo o primeiro Bispo ele Saintes. "Após ter exercido durante longo tempo o ofício de pregado,;.foi decapitado em testemunha a Cristo, 111orre11do e111 triunfo" (cio Marti ro lógio Romano).

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Trazida pelos Anjos, ele Scuttari (A lbânia), a Ge nazzano (c idade próxima ele Roma), em 1467, durante a invasão turca no país. lnvocação in cluíd a na Ladainh a Lau retana.

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28 São Luís Maria Grignion de Montfort, Confessor.

+ Eg ito, 86. Discípul o ele São Pedro, apóstolo cio Egito, onde fo i martiri zado. No século XI , seus sag rados restos mortais foram trasladados para Veneza.

Nossa Senhora do Bom Conselho, Genazzano.

São Marcos Evangelista

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+ Luca, 1278 . Como criada, durante 40 anos ed ificou a ilustre famíl ia Fati nelli por seu es pírito sobrenatural. Inúmeros mil agres em vicia comprovaram sua santidade. Padroeira elas empregadas domésticas.

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INTERNACIONAL

Nem nazifascismo, • nem comunismo No caso Haider, histeria artificial e coletiva desmascara esquerdas européias RENATO V ASCONCE LOS

Frankfurt - Que m, nesta e ntrada do apresentava séri a agravante: o chefe do Partido da Liberdade, Jõrg Haicler, seria ano 2000, passo u os doi s primeiros meum neonazista ... ses de inverno na E uro pa, coberta em grande parte po r este manto presti gio* * * O Prof. Plínio Corrêa de Oliveira so de a lvura que é a neve- os alemães a de no min a m de pompa branca - , fundador da TFP e insigne inspirador e pôde presenciar uma agitação que saprincipal colaborador de Catolicismo até cudiü o Velho Continente. De cândida, tal movim e ntação não a prese ntou o menor vestígio. Refiro- me àq uil o que talvez pudesse ser chamado o "caso Haider" ou o "IL!/âo Haider", que teve seu epicentro na Áustria, um dos países membros da Comunidade Européia , regido, como os demais, pela democracia representativa. O caso estourou quando se apuraram os resultados das e leições parlamentares, em outubro último. Das urnas este oráculo da vontade do povo, o qual é o verdadeiro regente da res publica numa democracia - sa iu notavelmente fortalecido, com 27 % dos votos, o FPÕ (Freiheitliche Partei Ôsterreichs - Partido da Liberdade da Áustria) , que se tran sformou ass im na segunda força política do país, depois do SPÕ (Partido Wolfgang Schüssel, novo Chanceler do país, é o líder do Partido Popular Austríaco, que, Socialista). juntamente com o Partido da liberdade da Também obteve boa votação o ÕVP Áustria, forma a coalizão governamental (Ôsterreichische Volkspartei - Partido seu fa lec imento - foi um dos raros esPopular Austríaco) , sucessor do antigo crito res que denunc iou desassombradaPartido Democrata Cri stão. Na nova configuração parl amentar, mente, a seu tempo, os erros cio nazifaso Partido Socialista, aboletado há décac ismo . Nas páginas de "O Legionário" das no poder, não conseguia re unir com · - então órgão oficioso da Arquidiocese os Partidos Comuni sta e Verde mai ori a de São Pau lo - e le condenou aquelas ideo log ias, quando elas estava m no fasparlamentar que lhe permitisse formar novo gabinete de esq uerda. tígio de seu poder, atrai ndo por isso contra si ódios furibu ndos. Nessas circunstânc ias - ó horror! E Catolicismo, fiel a essa orientação, - , havi a o perigo de os dois partidos da direita (Partido Popular Austríaco) e a poderia erigir como lema nunca desmentido de sua atuação nessa matéria: "Nem extrema direita (Partido da Liberdade) nazifascismo, nem comunismo". Por se coligarem para formar o novo goverisso, nossa rev ista sente-se inte iramente no. E, para a lguns espíritos, a hipótese 34

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à vontade para tratar desse espinhoso tema. Voltemos, pois, a ele.

Histeria, hipocrisia, covardia Tão logo os diri gentes cios dois Partidos auslTíacos, ditos de direita, reuniramse para entabular negociações, levantouse um alarido mediático por todo o Continente. Nas principais capitais européias muitos políticos manifestaram-se apavorados com o perigo de ressurgimento cio ... nazismo! Perigo que era glosado em prosa e verso pela mídia escrita e falada. A fera , que parecia morta há décadas, estaria a ponto de reerguer-se, pronta para o bote, mai s sedenta de sangue do que nunca. O estrondo foi num crescendo até transformar-se numa verdadeira hi steria, a histeria anti-haideriana. Ao constatar ta l exc itação, val e a pena sa lientar nela doi s pontos: de um lado, o aspecto de artificialidade; de outro, a imensa hipocrisia da quase totalidade de seus fautores . Artific ialidade, porque baseada em exageros e unil ateralidades so bre o pretenso nazismo de Haider. Hipocri sia, porque os C hefes de Governo e políti cos que ameaçaram a Áustria com sanções e boicote - e depoi s congelaram suas relações diplomáticas com esse país, tachado agora de retrógrado, em desenvolvimento - são os mes mos que mantêm excelentes relações com a Líbia, o Iraque, a China, países do minados, todos e les, por sistemas totalitários, nos quais os dire itos humanos são violados sistematicamente. Aliás, trata-se aq ui de uma hipocrisia te mpe rada com boa dose de covardi a. Pois esses mes mos políticos, que se mostram cérebros ferozes, defensores impertérritos dos princípios democráti cos tão logo apareça o menor vi s-

Atualmente os principais países europeus - exceto a Espanha - são governados por sociali stas. É c laro que a perspectiva de conviver, dentro da Comunidade E uropéia, com um governo direitista, incomodou os democratas de esq uerda. E o incômodo levou à ação imed iata. Com o apoio da mídia, cri ouse um caso. O caso Haider. Mas onde encontrar o pretexto? Ji:irg Ha ider, líder populista e Governado r da província da Caríntia, fez, em passado não muito di stante, declarações demagógicas que levara m a esquerda a id e ntifi cá- lo co mo s imp at iza nte de Hitler. Por exemp lo, afirmou que este acabara com o desemprego na Al~manha. Para os neo-inquisidores da esquerda e uropéia, esse dito provava irrefragavel mente que Haicler seria nazista e antisemita. O estrondo havia encontrado um pretexto.

nô meno austríaco era uma peste peri gosa, a ser debe lada em seu nascedouro. O primeiro-ministro português, Antoni o G uterres - também simultaneamente Presidente cio Conselho Europeu e da Internacional Socialista - advertiu a Áustria de que a Comunidade E uropéia não tolerará atitudes "racistas e xenóf obas". Schrbder, Chanceler soc ialista da Alemanha, que há pouco convidou Fidel Castro a vi sitar a Expo2000 em Hanover, impôs, com mão de fe rro, o di stanciame nto da Alem anha e m re lação à nação vizinha e irmã. Dessa forma, tal estrada ideológ ica só te m um sentido, não tem contramão. C uriosa concepção de liberdade democrática ! A tônica gera l dos pronunci amentos insistia no congelamento implacável das relações com a Áustria, caso ela cedesse à tentação totalitária, que, para tais democratas, consiste em aceitar um governo de direita. Era o que exigiam os cérebros da Comunidade Européia, defensores extremados do ideal democrático, de repente ameaçado nos rincões austríacos pe lo avanço do neonazismo, despótico, insensíve l aos dire itos humanos ... Apesar cio barulho, à sanior pars (a parte sad ia) da opini ão públi ca européia não passou desapercebido o ridículo e m que ca íram os políticos soc iali stas, devido à sua afoita reação em prol da democrac ia e dos dire itos humanos, pretensamente ameaçados. Pois bem sabem os e uropeus dessa sanior pars que, embora Haider tenha feito decl arações censuráve is, isso não signifi ca serem nazistas os eleitores que votaram no FPÕ e muito menos ainda ser nazista o simpático e pacato povo austríaco.

A mão só vale no sentido da esquerda ...

Saturação da mediocridade socialista

Po líti cos de todos os esca lões deb lateraram que não pod iam adm itir na Áustria um gove rno liderado por um neonazista, que era preci so quebrar a o nda do anti -semiti smo re nascente etc. Barak, Primeiro-ministro de Israel , chamo u de volta seu embaix ado r na Áustri a, o qual abando nou o país num av ião da El-Al. O e mba ixador israe le nse na Alemanha declarou pelo rádio que o fe-

E a mídia, que se engajara de corpo inte iro na orquestr:.ação, foi obrigada a co locar matizes nas críti cas que vinha faze ndo. Tanto ma is quanto, a continuar o estro nd o mediático, ficava colocada e m questão, qu er sequei ra o u não, o próprio fundame nto da democ racia moderna - a vontade popular - e espezinhado o princípio da soberania nacional.

lumbre de esta re m ameaçados na peq uenina Áustria, transforma m-se e m poodles engraçadinhos e in ofens ivos qu ando se trata, por exemplo, de question ar a g igantesca Rú ss ia, a propósito da ascensão de Putin ao supre mo ca rgo de governo. Tais cér e bro s - perdão , esses poodles - têm memóri a curta. Não se lembram que Putin , sob o pseudônimo de Stasi, foi antigo chefe do escritório da KGB (polícia secreta soviética) em Dresclen. O lvida m-se, por exemplo, que e le já co locou no governo nove me mbros da KGB e instituiu, em dezembro último, a militari zação de jovens escolares entre 14 e 17 anos ...

Coerência: qualidade rara (ou inexistente) entre socialistas

Na rea lidade, cansado da mediocridade socialista, o povo austríaco quis dar novo rumo a seu país. E, para tal, elegeu um políti co oportuni sta, o qu al, fazendo refe rênci as a valores tradicionais, está conseguindo capitalizar a in satisfação crescente dos e le itores e m relação ao socia li smo. O novo rumo tinha, portanto, notas conservadoras e um cunho nitidamente

O Primeiro-ministro português, o socialista Antonio Guterres, atual Presidente do Con selho Europeu, fez uma advertência à Áustria muito pouco democrática, que contém ameaça à soberania desse país

anti-socialista e avesso à ideo logia que orienta a maior parte dos demais países me mbros da Comunidade Européia. Vê-se então que, a pretexto de combater um poss íve l renascer do nazismo, deseja-se retirar ao povo austríaco o direito de exercer sua liberdade de escolha, mediante ele ições. E o país é coarctado no exercíc io de sua soberania. Estamos, poi s, isto sim, diante da ditadura coligada de todos contra uma só pequena nação. Em outros termos, cios fortes contra o fraco. Diante da vitóri a conservadora na Áustria, fa ltou a serenidade de espírito com a qual - numa democracia em que vigore um mínimo de coerência - devem ser recebidos os resultados de um escrutíni o, seg undo j á ad moesta va Sêneca: " Vis tu aequo animo pati candidatus sujfi"ag ia ?" (Tu te apresentaste como candidato. Estás disposto a acei tar com tranqüilidade o resultado da elei♦ ção? - De Ira, 3,37).

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HISTÓRIA Depois de ler o opúsculo A gravidade do Pecado do Padre Marco, o Imperador Leopoldo I (quadro à esquerda) escreveu nas próprias páginas do livro: "Eu não sei se haverá alguém que, depois de tê-lo lido, ainda ouse pecar. Parece ter sido escrito para mim, pobre pecador."

A Providência Divina serviu-se desse extraordinário frade capuchinho para salvar a Europa Cristã da investida humanamente irresistível do poderio turco-muçulmano no século XVII

O Papa Inocêncio XI (quadro abaixo) apoiou incansavelmente o Imperador Leopoldo I durante a ameaça da conquista de Viena, capital do Império, por parte do poderio turco.

depois de tê- lo lido, ainda ouse pecar. Parece ter sido escrito para mim, pobre pecador".

Carlos Eduardo Schaffer Correspondente Austria

Viena - O cerne da Históri a, numa perspectiva teológico-cató lica, consiste no relato dos episódios da luta entre o Bem e o Mal , a verdade e o erro. É o que ensina o grande São Luiz Maria Gri gnion de Montfort, em seu "Tratado da Verdadeira Devoção à Santíssima Virgem", ao comentar a inimi zade que Deus colocou entre a serpente (na qual se escondia o demônio) e a mulher (Nossa Senhora). Normalmente Deus intervém nessa luta, respeitando sempre o livre arbíLTio dos homens, através das chamadas causas segundas, isto é, atuando através de causas naturais, ou através ela graça no interior das almas. Tais circunstâncias tornam as intervenções divinas nem sempre perceptíveis pela grande maioria elas pessoas. Há entretanto dois tipos de intervenção ele Deus que são de mai s fácil percepção: uma, mediante grandes milagres; e outra, atrnvés ela atuação de alguém suscitado pela Providência Divina e de grande virtude, que, atuando profundamente sobre a sociedade, muda os rumos da História. Por vezes tais pessoas são canonizadas pela Igreja, mas não necessariamente.

Decisivas intervenções divinas na História austríaca A hi stória da Áustria apresenta epi sódios bem característicos dessas duas fo rmas de intervenção: por exemplo a atuação milagrosa do Padre Marco d' Aviano na defesa de Viena cercada pelos turcos em 1683; e a transformação ela vicia cató36

C AT O L ICISM O

bessem a Sagrada Comunhão. A bênção dos enfermos não deveria se transformar em um ato como quê mágico, admini strado a pessoas de pouca fé . Elaborou então um ritual da bênção aos doentes, no qual o ponto básico era a reforma de vida, levando o enfe rmo a uma reconciliação com Deus ou a uma vida mais perfeita. Em 1680 foi publicado em Bozzanno um livreto contendo refl exões extraídas dos Sermões do Padre Marco, intitul ado A gravidade do Pecado. Esse opúscu lo veio ter às mãos do Imperador Leopo ldo 1, que após lê- lo, escreveu em suas páginas: "Eu não sei se ha verá alguém que,

defensor providencial da Cristandade ameaçada lica em toda a soc iedade austríaca, por influ ê nc ia de São Cleme nte Maria Hofüauer, no início do sécul o X IX. A atuação ele São Clemente Mari a Hofbauer fica para ser narrada em outra ocasião. No presente artigo ocupar-nosemos ela vicia cio Padre Marco d' Aviano, cujo tricentenário da morte foi comemorado no último dia 13 ele agosto com grande solenidade na cap ital austríaca. O Pe. Marco d' Av iano nasceu em 17 · ele novembro ele 163 1 na cidade de Aviano (Friuli a - Itália). Segundo filho de uma abastada e piedosa fam íli a, com numerosa prole ( 1O filhos), fo i batizado com o nome ele Cario Domen ico em honra ele São Carlos Borromeu, por cuj a intercessão sua cidade natal tinha sido libertada de devastadora peste naquele mesmo ano. Em 1645, com apenas 14 anos, Cario Domenico ficou muito impressionado com

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os relatos da defesa da ilha de Creta pelas tropas da Repúb lica de Veneza contra as forças turcas. Decidiu então aj udar os cristãos perseguidos pelos turcos muçulmanos no Ori ente. Juntou o pouco dinheiro que acumul ara como estudante e, sem av isar ninguém, partiu de nav io para Capo d' lstria. Nessa cidade, por fa lta de meios, chegou a passar fome, vendo-se compeli do a ped ir abri go em um convento de capuchinhos. Lá recebeu o chamado de Deus para entrar na Ordem dos capuchi nhos, onde, além de serv ir a Deus mais diretamente, teve conhecimento de que também poderia ser nomeado capelão das tropas que lutavam contra os maometanos.

Exímio pregador para a santificação das almas Em 2 1 de novembro de 1648, entrou para a mencionada Ordem tomando o

nome de Irmão Marco. Um ano depoi s, tendo passado por muitas provações devido à sua fraca saúde, professou, fazendo os votos perpétuos. Somente a um terço dos irm ãos era fac ultado estudar filoso fia e teologia para se tornarem pregadores. O Padre Marco, devido à sua timidez, não conseguiu passar nos exames. Contudo, o excelente caráter do noviço chamou a atenção do Gera l da Ordem, Padre Fortu nato ele Cadore, o qual, por ocasião de uma vi sita ao convento, autorizou-o a continuar os estudos. Assim, o Irmão Marco fo i ordenado em 18 ele setembro de 1655 e, em setembro de 1664, aos 33 anos, recebeu a )áurea de pregador.

Dom dos milagres e bênçãos miraculosas Em 8 de setembro de 1676, festa ela Natividade de Nossa Senhora, operou o Padre Marco seu primeiro milagre. Após uma pregação muito abençoada no Convento ele São Prosdoci mo, das Damas Nobres ele Pádua, exortou os doentes a que se preparassem espiritualmente para a bênção, por meio de propósitos de progresso espiritual. Foi-lhe então apresentada a Irmã Vincenza Francesconi, que há mais de 13 anos jazia paralisada em uma cama. Rezou com ela a Ladainha Lauretana e, depois, deu-lhe a bênção. Sentindo a ação da graça, a doente exclamou: "Estou curada ". O capuch inho ordenou então que ela subi sse e descesse uma escada próx ima, o que a miracu lada fez sem esforço.

A partir desse momento multiplicaram-se sem cessar os milagres. O afl uxo de povo era tão gra nde ao convento do Padre Marco, que seus confrades seq ueixavam ela imposs ibilidade de observar a vida conventual. O Convento e a igreja pareciam ter-se transformado em uma praça de mercado. Não poucos saíam curados, outros adquiriam mai s confi ança na Providência Divina e saíam reconfortados. Em 20 de outubro de 1676 o Pad re Marco fo i chamado a Veneza, tendo lá alcançado a graça do arrepend imento para doi s membros da nob reza da c id ade (Frederi co Cornoro, que sofria há muitos anos de gota, e Laura Grilti, consumida por um câncer no peito), tendo ambos ficado sãos também de corpo. Curo u ainda muitas pessoas do povo. Para onde se movesse, acompan hava-o grande multidão. O dom dos milagres, entretanto, representava para o Pad re Marco grande sofri mento, pois via que muitos o procuravam só para se verem livres dos males do corpo. E o que ele desejava era conduzir essas almas a Deus pelas vias da sàtitidade. Resolveu , então, somente dar a bênção aos doentes que antes se confessassem e rece-

Padre Marco chegou a ser conduzido perante o Tribunal da Inquisição, que o proibiu de dar a bênção aos doentes. Tal proibição, contudo, teve pouca duração, pois inúmeros exames médicos das curas provavam a autentic idade e duração dos milagres. Continuou ele, portanto, a percorrer em todas as direções o norte da Itália. Logo a notícia desses mil agres espalhou-se pela Europa. Os convites dirigidos ao Pad re Marco para visitar esta ou aquela diocese eram tantos, que tornou-se impossível atendê- los todos. Passou, então, a combinar por carta o dia e a hora em que daria a bênção para tal pessoa ou cidade. Esse método, porém, revelou-se também insuficiente. Foi aí elaborado um ca lendário para o ano inteiro, com data e hora marcada para a bênção ser mini strada aos doentes. Nessas condições muitos mil agres se operavam à di stânci a. A bênção seria concedida sempre que os doentes - Bispos, nobres, o próprio Imperador e muitos simples fi éis - a implorassem e se preparassem, confessando-se e comungando previamente.

Missões públicas em diversos países da Europa Jnúmeras eram as súplicas dirigidas ao Papa e ao Geral dos capuchinhos para que o Padre Marco transpusesse os Alpes e fosse à Áustria. Com muita dificuldade, em mai o de J 680, obteve-o o Duqu e Carlos de Lorena. Este, após ter sido despojado de suas terras por Lui z XfV, foi prestar servi ço ao Imperador austríaco como intendente no Tirol, e três anos mais

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tarde tomaria parte destacada na defesa de Viena contra os turcos. O puque havia sido anteriormente curado pelo capuch inho de fortes dores nos pés. Na Diocese de Munique, após a visita do Padre Marco, uma comissão preparou um livreto com base no relato de testemunhas, que narraram 39 1 milagres operados. Em novembro de 1680, o Santo visi tou Salzburg e depois Linz, onde pela pri-

De volta à Itália, em l68 I, pregou a Quaresma em Veneza, que se transformou numa Nínive convertida. Depois da Páscoa, por ordem do Papa deveria o Padre Marco ir pregar nos Países Baixos, passando pela França. À medida que a viagem prosseguia ia aumentando o número de fiéis que acorriam às suas pregações. Em Lion reun iu-se uma multidão de 200 mil fiéis. Luiz XIV, que fora da França apoiava os protestantes e os turcos, a fim de enfraquecer o poderio da Casa d' Áustria, temendo admoestações à sua pessoa e críticas do capuchinho à política do Reino francês, mandou prendêlo e levá- lo oculto em uma carreta de feno até a fronteira dos Países Baixos. Na Bélgica, na Holanda e depois na Alemanha, novamente continuaram os sermões a produzir os mesmos salutares efeitos.

Advertência profética diante da ameaça turca

tou também indi spor a Polônia com o governo imperial. Leopoldo l contava somente com um poderoso e incansável defensor: o Papa Inocêncio XI. Este tentou , com pouco êx ito, coli gar as nações católicas para a defesa do Sacro [mpério. Apenas a Polônia, a Baviera, a Saxônia e a Renânia prometeram ajuda. Já no início de J683, o exérc ito turco havia tomado Belgrado e aprox imava-se de Viena com mais de 250 mil homens.

O cerco de Viena e a atuação política do admirável capuchinho Na noite do dia 7 de julho, o Imperador foi obrigado a abandonar a cidade, para congregar as tropas aliadas mai s a oeste. No dia 17, os turcos fec haram o cerco em torno da capital. Setenta mil pessoas permaneciam em Viena, entre as quais LO mil soldados. A defesa fo i organizada com a ajuda das Corporações de Ofício e dos estudantes. O famoso historiador von Pas-

Em meados de 1682, voltou o Padre Marco a encontrar-se com o Imperador nas proximidades de Viena. No dia 2 de j u lho, ao despedir-se da capital do Im-111,.,..,,..pério, novamente advertiu a cidade: "Ai de ti, Viena, se não reformares teus costumes. Um terrível castigo em breve abater-se-á sobre ti". Muito significa-

tivamente, não foram registrados milagres nessa ocasião. E então voltou para seu convento na Itália. Todos os fatos até aqu i mencionados conferiam ao Santo capuchinho enorme autor idade moral Quadro do Rei da Polônia, para o papel que ele iri a desemJoão Sobieski, heróico comandante dos exércitos católicos, que salvou Viena penhar na inspiração e organ izado ataque turco 110 século XVII ção das tropas católicas que defenderiam a capital austríaca. meira vez encontrou-se pessoa lmente com Na correspondência estabeleo Imperador Leopoldo 1, com quem já cida entre o imperador e o capumantinha correspondência. A Imperatriz chinho, nota-se uma crescente preajoelhou-se diante dele e implorou-lhe a ocupação de Leopoldo I com o au. mento cio poderio turco sob o governo bênção. Padre Marco corajosamente censurou do Grão-vizir Kara Mustafá. A situação aumentava de gravidade as indecisões do Imperador nos negóc ios de Estado e muitas inju stiças cometidas devido à atitude de Luiz XIV. Este apo ipor funcionários e juízes. O Imperador ava os revoltosos húngaros, os quais pepediu-lhe que repetisse ta is admoestações diam o auxílio dos turcos. Além de asseem suas homilias na igreja dos capuchi - gurar aos turcos que nada empreenderia nhos. Foi então que proferiu, de maneira em defesa cio Império austríaco, o monarca francês prometia até atacar o Im profética, a ameaça. "Convertei-vos, sepério na região do Reno, a fim de obri gar não virá sobre Viena um castigo mais tero Imperador a div idir suas forças. Ten rível do que a peste de 1678-80". 38

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Estátua do Pe. Marco diante da igreja dos capuchinhos, em Viena. O religioso sempre estava, durante a batalha, nos lugares de maior perigo, exortando com o seu crucifixo na mão, os combatentes católicos a lutar com confiança e coragem

tor observa que "assim começava o mais preocupante de todos os cercos da História". Se Vi ena fosse

corajosa intervenção do Duque Carl os de Lorena consegu iu enfraquecer a ala direita do exército turco, o que permitiu à cava laria polonesa acabar por infligir-lhe uma grave derrota, colocando todo o exército inimi go em fuga desordenada. Estava assim definitivamente quebrado o mito do poderio turco. Mas os esforços do Padre Marco não cessariam então. Ele insistia em que os Bálcãs fossem completamente li bertados do domínio turco.

conquistada, toda a Europa ficaria ameaçada de cair sob o domínio muçulmano. Mediante freqüentes cartas, o Imperador ia co locando o Padre Marco a par dos acontecimentos. De todos os lados receb ia o frade apelos para que viesse ao teatro ela batalha. O Conde Felipe Guilherme, do Palatinado, escreveu-lhe: "Vossa vinda é absolutamente indispensável. Sem vossa presença estamos perdidos ".

Por sua vez, o Imperador hesitava em solicitar a vinda cio Padre Marco, pois este estivera muito doente no início daquele ano. Mas, com o agravamento da situação, apelou ao Papa e conseguiu que este o enviasse o mais rapidamente possível. No início de setembro, chegou o Santo capuch inho à cidade ele Linz. Cabendo naturalmente a Leopoldo lo comando gera l elas tropas, mas não tendo qualidades para tal, a primeira tarefa do Padre Marco fo i convencê-lo aceitar a hu milhante mas generosa atitude de ren unciar a esta posição, permanecendo à margem elas operações, conservando contudo o título nominal ele chefe supremo dos Exércitos católicos. No dia 4 de setembro, tendo chegado os reforços prometidos, manifestaram-se desacordos e rivalidades entre os chefes dos diversos exérc itos. O frade participou do conselho de guerra rea li zado na cidade de Tui ln , como Legado papal, e conseguiu um acordo de todos para que cada Prínc ipe comandas e eu exército, mas sob a li derança do mais altamente colocado entre eles, o Rei João Sobieski, da Polônia. Duas vezes este teve que ser acalmado pelo monge para continuar as negoc iações.

Preparação espiritual: condição da vitória militar No dia 8 de setembro, festa ela Natividade de Nossa Senhora, celebrou o Padre Marco Missa nos campos de Tulln e concitou todos ao arrependimento de suas fa ltas e a terem grande confiança em Jesus e Maria. O Rei João Sobieski escreveu à sua esposa no dia seguinte: "Passamos o dia

Decepção do Santo e radicalidade do espírito combativo

Frei Dr. Vincenzo Criscuolo O.F.M., Postulador da causa de beatificação do Pe. Marco cfAviano junto ao túmulo do defensor da cristandade, na igreja dos capuchinhos, em Viena

de ontem em oração. O Padre Marco d 'Aviano deu-nos a sua bênção. Ele proferiu um extraordinário sermão de exortação. Perguntou-nos se túihamos confiança em Deus e, à nossa resposta unân.imefeznos repetir diversas vezes o brado 'Jesus Maria, Jesus Maria'. Ele é verdadeiramente um homem de Deus e não é nem inculto nem carola". O frade foi depois de unida-

de em unidade transmitindo confiança. No dia 11 os Exércitos católicos conquistaram a colina de Kahlenberg, pouco defendida. Grave erro tático dos turcos, pois dela se tem boa visão de todo o campo onde a batalha decisiva iria se desenrolar.

Atuação decisiva para a obtenção da vitória No dia 12 pela manhã, o santo capuchinho celebrou Missa e-distribuiu a Santa Com unhão para os generais. Proferiu também um curto mas eloqüente sermão, tendo oferecido sua vida se necessário fosse. Durante muito tempo, a batalha permaneceu indecisa. O Padre Marco ia com seu Crucifixo na mão aos lugares onde o perigo era maior, exortando todos a lutar com confiança e coragem. Até que uma

Em Viena, a comemoração da vitória consistiu numa grande decepção para o santo capuch inho, pois os vienenses só pensavam em compensar com grandes festas as privações passadas. Os militares planejavam atacar a França para castigar Lu iz XIV por suas traições, enq uanto o capuchinho dizia: "Sendo a França uma nação católica, devemos nos defender somente na medida do estritamente necessário. Todas as nossas energias devem-se voltar contra o poderio turco, este é o nosso verdadeiro inimigo". O Papa Inocêncio Xl

propunha uma aiiança entra a França, Veneza e o Sacro Império, a fim de libertar todos os cristãos dos Bálcãs e da Hungria. De 1684 até 1688, exerceu o Pe. Marco d' Aviano a função de capelão militar do Exército de libertação ela Hungria, com o títu lo ele Missionário Apostólico. Preocupou-se com o bom equipamento dos exércitos e procurou evitar que os soldados saqueassem as regiões conquistadas. Apesar de muitos problemas de saúde, continuou visitando Viena com freqüência até o ano de 1697, procurando sempre consolidar as conquistas obtidas - e leválas mais à frente -em regiões que tinham sido ameaçadas pelos turcos. Em ju lho de 1699, estando em Viena, adoeceu gravemente. Veio a fa lecer no dia 13 de agosto, às 11 horas, no Convento dos capuchinhos, na presença do Imperador e da Imperatriz. Ainda uma vez abençoou-a, pouco antes de entregar sua alma a Deus. Está em curso o processo de canonização do Pe. Marco d' Aviano, sendo seu Postu lador Frei Dr. Vincenzo Criscuolo O.F.M. ♦

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Portaria do Ministério da Justiça viola a Lei de Deus Ao enc~rrarmos esta edição, rio que vi ola frontalmente a Lei de Deus, tran sgredindo vários M andamentos do está para ser publicada a Decá logo . É absurdo aceitar que filmes qualquer momento - infor- po rnográfi cos e que induzem à violênma a imprensa - uma Por- c ia possam ser ex ibidos pelo simples fato taria do Ministério da Justi- de seguire m a classificação de idade e ça, criando seis faixas de de horári o recomendados pe lo Mini stério da Justiça. classificação de idade e de horários para veiculação de Menina de sete anos é programas de TV com cenas vítima da TV imoral e violenta A prova concreta de que a mera rede violência, sexo, uso de · gulamentação de horários não resolve os bebidas e drogas

S

egundo Portaria do Ministério da Justiça, as emi ssoras de TV deverão exibir em filmes, novelas, .s eri ados e desenhos animados, urna tarj a com cl ass ifi cação da idade e do ho rário recomendados pe lo Governo.

graves proble mas cri ados pe la TV imoral e violenta fo i a recente notíc ia de uma menina de sete anos que sofreu mais de 40 facadas de um colega de nove anos, fo rtemente influenciado pela vio lência do filme "B rinquedo Assass ino", ex ibido pelo SBT dentro do horário ex ig ido pe la legislação.

A Portari a estabelece seis fai xas de idade e de horári os . A progra mação li vre poderá ser exibida em qualquer horário. Filmes e programas de TV indi cados para maio res de 12 anos serão veicul ados a partir das 20 horas. Aqueles indicados para maiores de 14 anos serão permitidos a partir das 2 1 horas, e para maiores de 16 anos, a partir das 22 horas. Filmes e programas de TV para maiores de 18 anos com conteúdo de muita violência e sexo poderão ser veicul ados a partir das 23 horas ... Essa medida baseia-se no princípio d que a ex ibição de pornografia e de vioP nc ia na TV é lícita a partir de delermi nado horário. Trata-se de um crité-

CATOLICISMO

Essa Portari a do Mini sté ri o da Justi ça te m efe ito análogo ao de se permitir serv ir à mesa a lime ntos deteri orados co m a cl assificação: "A lime nto deteri orado; ingerir após as 23 horas". M as se não é líc ito permitir que ali me ntos deteri orados sej am servidos à mesa, pois seri a ex por as pessoas a so frer dano grav íssimo à saúde, armando-lhes uma cil ada peri gosa e trai çoeira; se não se pode auto ri zar que uma empresa fabrique alimentos contaminados, a inda que ela indique, com uma faixa na embalagem, o grau de contaminação daque le alimento; da mesma fo rma, a preservação da saúde mora l e o equil íbrio psíqui co e psicológico da popul ação estão acima de qu aisquer interesses de come rciantes da pornografi a e da vio lência.

Garotinho e o Prefeito Luiz Paulo Conde, para que cessem qualquer favorecimento àquela infame prática, que logo levará ao nudismo total. Eles estão ateando fogo ao Brasil!

corre para a violência contra as mulheres? E como negar o ilogismo gritante que há em li-

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Via Sacra x carnaval anticatólico

Critério utilizado viola a Lei de Deus

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Alimentos deteriorados e classificados

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último carnaval foi ainda mais ofensivo a Deus do que os anteriores. Há anos a imoralidade nessas fes tas neopagãs não vem senão aumentando. E agora vemos o carnaval do ano 2000 passar da imoralidade para a bl asfêmi a, a serviço de urna ideologia expli citamente esquerdista e anticatólica, acompanhada de gravíss imas ofensas ao Sagrado. Para desagravar essas ofensas, que justificam o merecido casti go profetizado por Nossa Senhora de Fáti ma, nossa Campanha está promovendo uma grande difusão da séria e comovedora Via Sacra composta pe lo inesquecível Prof. Plinio Corrêa de

Oliveira, acompanhada de um CD com bela gravação da mesma. Graças ao apoio de nossos participantes, mais de 160 MIL exemplares dessa Via Sacra já foram e nviados ! Assim, nossa luta continua. E, para ser autêntica, coloca ela em xeque o mundo moderno, sem temor de desagradar a quem quer que seja, pois visa agradar antes de tudo a Deus e a Nossa Senhora. Move-nos a esperança, mais ainda a certeza, de que todo o empenho desse apostolado será coroado com o triunfo do Imaculado Coração de Maria!

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Os congressistas, tendo saído da Sede dos Buissonets, chegam, em cortejo, à Sede do Reino de Maria pela rua ltacolomi

Diante da Sede do Reino de Maria e de seu torreão, onde está sempre hasteado o estandarte da entidade, participantes do V Congresso de CorrespondentesEsclarecedores dão um público testemunho de fé nos ideais da Contra-Revolução

Fotografia tirada de um nível superior, focaliza diretores da TFP, no torreão, e particip;wtes do Congre o abaixo

V Congresso de Correspondentes -Esclarecedores e Simpatizantes da TFP lanche servido à tarde aos congressistas, no páteo da Sede dos Buissonets, vendo-se à esquerda imagem de Nossa Senhora das Graças

R

ealizou-se em São Paulo, nos dias · 5, 6 e 7 de março, no Auditório Plinio Corrêa de Oliveira, à Rua Dr. Martinico Prado, 246, o V Congresso de Correspondentes-Esclarecedores e Simpatizantes da TFP. Contou com a participação de representantes de TFPs ou entidades afi ns dos Estados Unidos, Argentina e Uruguai . Cerca de trezentos e cinqüenta participantes foram divididos em três grupos, para o melhor aproveitamento dos temas abordados em 15 exposições realizadas nesses três dias de estudo intensivo. Houve também aud iov isuais e momentos de sad io lazer. Os participantes seguiram a programação com grande interesse e seriedade. Os temas das conferências, inspirados nos luminosos ens inamentos legados pelo insigne fundador da entidade, Prof. Plinio Corrêa de Oliveira, foca lizaram especialmente a atuação contrarevolucionária da TFP em meio à grave crise que assola e m nossos dias a Civi lização Cristã. Foi também realçada a importância da Mensagem de Nossa Senhora de Fátima para a compreensão e análi se dessa cri se, bem como para nortear as atividades empreendidas pela TFP brasileira e entidades afins.

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,.

Á Dr. André Ramos Varanda (esquerda), Sr. Américo Tadaharu, Srta. Maria Henriqueta Azeredo Santos e Dr. Plínio Vidigal Xavier da Silveira, Diretor da TFP ◄ Dr. João Teixeira de Almeida Jr. (esquerda), Sra. Adelaide Marcos da Silva e Sra. Alexandra Pinheiro Balthazar Os congressistas manifestaram com freqüência sua adesão e entusiasmo às teses expostas nas conferências, mediante prolongados aplausos

T Dra. Maria Sofia de Oliveira Ribeiro Vidigal (esquerda), Da. Gilda de Oliveira Ribeiro Vidiga l e Sr. Marcos R. Balthazar

Dr. luiz Moreira Duncan (esquerda), Sra. lvette Miranda dos Guaranys, Sr. Fernando Bianchi dos Guaranys, Dr. André Ramos Varanda, Promotor Público em Tocantins, e Cel. Carlos Eduardo E. Hofmeister Poli

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ora

ade

da

i Jesus é depositado nos braços de sua Mãe Redenção se consumou. Vosso sacrifício, Senhor Jesus, se fez inteiro. A Cabeça da Igreja, que sois Vós, sofreu quanto tinha de sofrer. Restava aos membros do corpo padecer também. Junto à Cruz estava Maria Santíssima. Para ) que dizer uma palavra que seja, so·'> bre o que Ela sofreu? Parece que o próprio Espírito Santo evitou descrever a pungência da dor que inundava a Mãe como reflexo da dor que superabundou no Filho. O Profeta Jeremias, num tópico de suas Lamentações, colocou na boca do Redentor o seguinte brado de aflição, que este proferiria em Sua Paixão: 'Ó vós todos, que passais pelo caminho, atentai e vede se há dor semelhante à minha dor ' (Jer. 1, 12). Isto pode aplicar-se também à dor de Nossa Senhora. Só uma palavra a pode descrever: não teve igual em todas as puras criaturas de Deus. Nossa Senhora da Piedade! É assim que o povo fiel invoca Nossa Senhora quando A contempla, sentada, com o cadáver do Filho divino ao colo. Piedade, porque toda Ela não é senão compaixão. Compaixão do Filho. Compaixão A Santa Mortalha - Grupo escultural de Caspicara (séc. XVII), Cate• dral de Quito (Equador)

Plínio Corrêa de Oliveira dos filhos, porque Ela não tem só um filho. Mãe dEle, tomou-se igualmente Mãe de todos os homens. E Ela não tem apenas compaixão do Filho, mas também dos filhos. Ela olha para nossas dores, nossos sofrimentos, nossas lutas. E sorri para nós no perigo, chora conosco na dor, alivi a nossas tristezas e santifica nossas alegrias. O próprio do coração de Mãe é uma íntima participação em tudo que faz vibrar ocoração dos filhos. Nossa Senhora é nossa Mãe. Ela ama muito mais cada um de nós individualmente, ainda que seja o mais miserável e pecador, do que poderia fazê- lo o amor somado de todas as mães do mundo por um tilho único. Persuadamo-nos bem disto. É a cada um de nós. É a mim. Sim, é a mim, com todas as minhas misérias, minhas infidelidades tão asperamente censuráveis, nieus indesculpáveis defeitos. É a mim que Ela ama assim. E ama com intimidade. Não como uma Rainha que, não tendo tempo para tomar conhecimento da vida de cada um dos súditos, acompanha apenas em li nhas gerai s o que eles fazem. Ela me acompanha em todos os pormenores de minha vida : Ela conhece minhas pequenas dores, pequenas alegrias, meus pequenos desejos. E la não é indiferente a nada.

Se soubéssemos pedir, se compreendêssemos a importunidade evangélica como uma virtude admirável, saberíamos ser minuciosamente importunos com Nossa Senhora! E Ela nos daria na ordem da natureza, e principalmente na ordem da graça, muitíssimo mais do que jamais ousaríamos supor. Nossa Senhora da Piedade! Tanto valeria, ou quase, dizer Nossa Senhora da Santa Ousadia. Porque o que mais pode estimular a santa ousadia - ousadia humild , submi ssa e conformada de um mi serável que a piedade matern al inimagin áve l d quem tudo possui ? Via Sacra, XIV Estação, "O Legion(irio", S. P1111 lo, nº 558, 18-4- 1943.

Nota da Redação: Esco lhemos o trecho aci11111 , p ·lo

fato de se co memorar no presente mCs a . · 111111111 Sa nta de Nosso Senhor Jesus Cri sto. AI III di sso, como reparação ao ultraje feito a Nossa Sc11hon1 po,· det.erminada agremiação ca rnavalesc a, no (1l ti111n carnaval, em São Paulo, ao tentar ex ibir, d· 1110(10 sacríl ego e grotesco, uma representação da i11111 g ·111 de Nossa Senhora da Piedade. Uma liminar ohtldn pela TPP, e outra pela Cú ria Arquid iocesa,111, i111p · diram que essa representação participass · sn~ri l,· gamente do cortejo carnavalesco.


Jacinta e Francisco

AS CRIANÇA MOSAS D.


Nos tópicos de Revolução e Contra-Revolução que publicamos em nossa última edição, o Prof. Plinio Corrêa de Oliveira apresenta uma visão contra-revolucionária das obras de caridade e serviço social (obras movidas por princípios e nunca por interesses); a seguir, passa ele a descrever no que consiste a eficácia da luta anticomunista. Em 1959, quando essas linhas foram escritas, estava-se no auge da Guerra Fria contra um comunismo insolente e desafiante. Hoje, quando o comunismo se metamorfoseia e se disfarça para atingir melhor seus objetivos e espalha-se por toda parte, os princípios abaixo enunciados permanecem inteiramente atuais, como uma prova a mais da perenidade da visão de Plinio Corrêa de Oliveira. B. Luta contra o comunismo Referimo-nos com este subtítu lo às organizações que não se ded icam principalmente à construção de uma ordem soc ial boa, mas ao combate contra o comunismo. Pelos motivos j á ex postos neste trabalho , ~-eputamos legítimo e muitas vezes até indi spensável tal tipo de organização. É claro que desta forma não identificamos a Contra-Revolução co m abusos que organi smos deste tipo possam ter praticado num ou noutro país. Entretanto, cons ideramos que a eficácia contra-revolucionária de tais organ i smos pode ser acrescida de muito se, conservando-se embora em se u terreno es pec iali zado, os seus membros tiverem sempre em vista algumas verdades essenciai s: • Só uma refutação inteligente do comuni smo é efi caz. A mera repetição de "slogans", mes mo quando inteli gentes e hábeis, não basta. • Essa refutação, nos meios cultos, deve visar os últimos fundamentos doutrinários do comunismo. É importante apontar o seu caráter essencial de seita fi losófi ca que deduz de seus princípios uma peculiar concepção do homem, da sociedade, do Estado, da Históri a, da cultura, etc. Exatamente

Pierre Joseph Proudhon (1809-1865) - Pintura de Gustave Courbet, 1853, Petit Palais, Paris. Socialista francês, considerado por Karl Marx como "conservador" e "pequeno burguês balançado consta ntemente entre a economia política e o comunismo", é, em certo sentido, um precursor da mentalidade contemporânea que se professa anticomunista e se auto-intitula socialista.

como a I greja deduz da Revelação e da L ei Moral todos os princípios da civ ilização e da cul tura católica. Entre o comunismo, seita que contém em si a plenitude da Revolução, e a Igreja não há, pois, conci liação possível. • As multidões ignoram o chamado comunis mo cientifico, e não é a doutrina de M arx que atrai as massas. Uma ação ideológ ica anticomuni sta deve visar,junto ao grande público, um estado de espírito muito difundido, que dá amiúde aos próprios adversários do comuni smo certa vergonha de se voltarem contra este. Procede tal estado de espírito da idéia, mais ou menos consciente, de que toda desigualdade é uma injustiça, e de que se deve acabar, não só com as fortunas grandes, como com as médias, poi s se não houvesse ri cos também não haveria pobres. É, como se vê, um resíduo de certas escolas sociali stas do século X IX, per fumado por um sentimental ismo românti co. Daí nasce uma mentalidade que, pro-

A palavra do sacerdote

8

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Ateísmo e agnosticismo

A realidade concisa,nente

1O fessando-sc anticomunista, enlr tant o a si mesma se intitula, frcqli nl cment ', socialista. Esta mentalidade, cada vez mais poderosa no Ocidente, constitui um perigo muito maior do qu ' a doutrinação propriamente marx ista . Ilia nos conduz lentamente por um d ' ·li v ' de concessões que poderão ·h • 1 t1r at o ponto extremo le tran sfor11111r ·m repúblicas co muni sta s as n1u,1 ·s de aquém cortina de f 1nl . 'll iis rn11 · ·ssõcs, que dei xa m v r u111 11 ll' 11d 11·ia ao igualitari smo ·on 111irn · 11 0 dirigismo, se vão notando ·111 lodos os campos. A ini iativa privada v11i Sl'ndo sempre mais · ' r · ' Hdn . Os i 111 poslos de transmi ssão ct11I,I·tt 111or1/s s1 o 1110 onerosos qu 111 • •rios ·usos o 1:isco é o maior h rd ' iro. /\ s inl l'I fv1 lll'IIIS ofic iais em mal ria d ' · 111hio, l ' portação e import aç:io ·olo ·11111 1111depl'lldência cio stado lodos os illl l'l'l'SSl'S industriais, com r ·iais • bu11 ·:í, ios. Nos salários, nos alu u is, nos pr \ '. OS, <'111 tudo o Estado int rv 111 . 1\1' ll' III industrias, bancos, uni v ·rsidad ·s. jrn 1111ls, r:ídioemi ssoras, canai s ,k 1•l<·vi s1 o, l'lc. E ao mesmo passo qu ' o di, i1 is,110 i •ualitário vai ass im tra nsl'o, 1111111do II l' ·onom ia, a imora lidad • · o lih 1rnl is1110 vão dissol vendo a f'ani li 11 · p1v p11rn11 do o chamado amor li vr ·. Sem um combal ' •sp · · li ·o 11l'Sla mentalid ade, ainda qu · 11111 t·11 111 ·li s1110 tragas ·e a Rú ss ia • u ( 'hi11 11, o ( kid ·n te dentro d ' ·inqll · 11111 ou t·~• 111 unos seri a co mun is111 . • dir ·i lo d· prnpri cdadc é tão sa rado q11 ', 111 ·s mo se um reg ime d 'Ss • • 1 •r ·ja toda a liberdade, e até lodo o apoi o, Ela não poderia aceitar como lícita uma organização social ·m que lodos os bens fossem coletivos .

Elián será forçado a retornar à Ilha -prisão? Mais uma comprovação da autenticidade do Santo Sudário

S.O.S. Fa,nília

Nossa capa: Fotografia de Jacinta e Francisco Martas

12 Conselhos

para evitar discórdias no convívio familiar

Ho,nenagem Revolução e Contra-Revolução

2

A eficácia da luta anticomunista

16 O

Cardeal Josef Mindszenty - símbolo da resistência anticomunista - falecia a 25 anos atrás

Carta do Diretor

Escreve,n os leitores

4

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Página Mariana

Capa

5

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A Virgem Padroeira do Luxemburgo

Destaque

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Ameaça chinesa não intimida Formosa

Beatificação de Jacinta e Francisco: almas modeladas por Nossa Senhora

Wladimir Putin, o novo Presidente russo

Entrevista

34 D.

Custódio Alvim Pereira analisa virtudes dos novos Bem-aventurados, Jacinta e Francisco Martas

Grandes Personagens

37 O

maior dos Profetas messiânicos: Isaías

Vidas de Santos

TFPs em ação

27

40 -

São Bernardino de Siena: "espada cortante" como pregador

Internacional

30 Vitória

de Putin: a KGB no Kremlin

Santos e festas do mês

32

Eventual ajuda da Europa a Fidel Castro: TFP francesa pede intervenção de Chirac Caravanas da TFP visitam quatro Estados brasileiros

A,nbientes, Costumes, Civilizações

44 Uniformes

de Guardas Pontifícias

Caravana da TFP na divisa entre os Estados de São Paulo e Mato Grosso do Sul

Na próxima edição veremos o qu IH II a um autêntico contra-revolucion rio , r • peito da soberania das naçõ .

CAT OLIC ISMO

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PÁGINA MARIANA

Com a palavra ... o Diretor

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Ami go leitor,

Jacinta e Francisco, beatificados no dia 13 deste mês, são os dois bemaventurados não-mártires de mais tenra idade da História da Igreja.

Padroeira do pequeno Grão Ducado de Luxemburgo, cuja população tem sido, tradicionalmente, modelo de fidelidade a Maria Santíssima

Ao conhecer a vida e as virtudes desses do is videntes de Fátima, o le ito r enco ntrará valiosos e lementos para a fo rm ação da co nsciênc ia re li g iosa e mora l de seus filh os. Co m apenas 10 e 11 anos incompletos, respectivame nte, essas c ri anças fo ram capazes de prati car em grau heró ico as três virtudes teo logais - Fé, Esperança e Caridade - e as qu atro cardea is - Prudência, Justiça, Fortaleza e Tempera nça - ,

V ALOIS

GRINSTEINS

sendo por isso e levadas à honra dos altares. Com sua beatifi cação, a Santa Igrej a apresenta à ve neração dos f"i ·is do is novos intercessores . Esta é uma ocas ião pro píc ia para que pa is e mã s ·t lt qu ·m seus filhos sob a proteção espec ial dos Bem-ave nturados Jac inta Fran ·is ·o Ma,to. [nfe li z me nte, nos di as de hoje a in ocê nc ia d as c ri a n ·as ·s i, 1 ra v ·mente ameaçada, es pecialmente pelo permi ss ivi smo moral, pe la 1· I ·v is, o, p ·las modas, pe los ambi entes públicos e até mes mo pri vados d mui tos lar ·s ond · nao se zela mais pela observânc ia dos princípi os morais e dos bo ns ·os lu111 ·s. Nossa Senhora, j á na prime ira aparição, convid u os paslori nll os : prática da o ração e dos sacrifíc ios, anunc iando-lhes que teri am mui lO q u · sol'r •,-, mas que a graça de Deus seri a o confo rto de les. E les fo ram fi is at •nd ·n 1111 1 · 11 ·rosame nte ao pedido de M ari a Santíss im a. Q ue belo exe mpl o para lodos 11 >s i Com esta matéri a de capa, Catolicismo mais um a v "/, ui o rd u importante tema da atualidade, analisa ndo- sob um ângul que di li ·iln1 · 111 • s · · 11 ·01H rará em outros órgãos de imprensa. S im , p rqu as n tí ias a lu sivas a ·ssu h ·ati fi cação não têm foca li zado, de modo es pec ial, exemplo d· vi riu 1· ti · .Ili ·i111 a • Francisco. Adu zimos ainda, nessa matéri a, fatos po uco ·onh • ·id os da ·xi sl n ·ia dos extraordinári os videntes, as cri anças mais fa mosas cio mund o, ap ·sa r d· a 111 /dia não lhes dar o destaque que merecem ... Desejo a todos uma boa leitu ra, e até a próx im a ed ição. Co rdi a l mente,

?~7 Paul o Corrêa de B rito F ilh o DIR ETOR

Q

uando lemos histórias de anti gas devoções à Virgem, muitas vezes 10s depara mos com a dific uldade de entender a importância dos acontecimentos q ue lhes dera m ori gem, devido à grande mudança que se verifico u em nosso estilo de vida em re lação ao de nossos antepassados. Assim, por exemplo, pode nos parecer exagerado o temor dos antigos em relação à seca. Isto porque esquecemos que naq uelas remotas épocas não hav ia a moderna téc nica agrícola, os processos de conservação e armazenamento de alime ntos e as fac ilidades de transporte de nossos dias. Uma esti agem podia significa r não só a fo me, mas a morte e a ruína defi ni tiva de uma região. Lembremo-nos que as pessoas antigamente não emigrava m com a fac ili dade psicológica com que o fazem hoje. As viagens eram difíce is e deixar uma família estável, uma tradição e um modo orgân ico de viver, constitu ía uma dil aceração. Nos dias atuais de globalização crescente e com fa míl ias lamentavelmente di minutas, perdem-se as tra-

Visão noturna da capital de Luxemburgo

<lições e vi ve-se quase do mesmo modo no Ceará como em Tóquio. Para nós é também difíc il entender o terror produzido por uma peste antigamente . Hoj e, que vive mos no século da medic ina - com ra ios laser, antibióticos, operações espetacul ares, reimplantes de órgãos etc.-, uma peste que mate a metade, um te rço ou mesmo uma percentagem significati va da população parece-nos algo abso lutamente fo ra de cogitação. Entretanto, para nossos antepassados a palavra peste era sinônimo de tragéd ia . Eram c idades inte iras que começavam a contar seus mo rtos di a após di a. O ambiente das l9ca lidades fi cavam lúgubres, a epide mi a avançava, os alime ntos fa ltavam, as águas fi cavam conta minadas etc. A penas para ilu strar esse drama, basta d izer que du rante a Peste Negra de 1348 a c idade de Pari s perde u metade de seus lOO mil habi ta ntes. Di ari amente mo rri am cerca de 800 pessoas.

Do sofrimento, nasce uma bela devoção O simpático Grão Ducado de Luxemburgo é um dos menores Estados da Europa, encravado entre a Alemanha, França e Países Bai xos, situado po is na fronteira entre nações católicas e protestantes. E fo i precisamente para defender a Fé e evitar o contágio do protestantismo que os padres Jesuítas fu ndaram um colégio na cidade de Lu xemburgo, capital do G rão Ducado, em 158 J. Um desses padres, Jacques B rocquart, teve a feliz idéia de cri ar um oratório fora da cidade para uma image m de Nossa Senhora, pois a devoção a E la é a melhor defesa católica. Esse oratório, primeira mente ape nas uma pequena capela, fo i edificado a partir de 1625, num local chamado G lacis, e ficava anexo à igreja de São Miguel, sob custód ia dos padres dominicanos e sede da Confraria do Rosári o. Mas em 1626 grassou no local uma terrível peste. As vítimas aumentavam

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DESTAQUE dia a dia, e entre os doentes.~ogo se contou o próprio Padre Brocquart. Este, per~ cebendo que lhe restava pouco tempo de vida, fez uma promessa a Nossa Senhora: se Ela o curasse, ele se dirigiria descalço até a capela e Lhe ofereceria um círio de duas libras de peso. Logo após a promessa, o sacerdote jesuíta ficou milagrosamente curado. Dedicou-se ele então, com todo entusiasmo, a terminar a capela - o que foi realizado em agosto de 1627 - , e nela entronizou uma imagem de madeira da Santíssima Virgem com a invocação de Nossa Senhora da Consolação. As pessoas começaram a acorrer a essa capela, apesar de encontrar-se afastada da cidade, pedindo a Nossa Senhora que as protegesse, bem como a suas famílias. E a partir daquele ano a devoção difundiuse rapidamente. A peste terminou e a capela foi solenemente consagrada em 1628, vendo-se num nicho a inscrição

rou de crescer, mesmo terminada a peste. E Nossa Senhora premiou essa fidelidade mediante numerosos milagres. Assim, entre 1639 e 1648 - uma década após a consagração da capela operaram-se curas surpreendentes. A mais célebre foi a de Jeanne Godius, filha de um importante funcionário da época, Procurador-geral do Rei da Espanha, Felipe lV, que após ficar acamada durante 1Oanos, levantou-se milagrosamente curada. Nessa ocasião, a imagem foi trasladada para a igreja dos jesuítas, onde recebeu durante oito dias a veneração dos fiéis. As autoridades ecle-

"Maria, Mãe de Jesus, Consoladora dos Aflitos", que perdura até hoje.

Fidelidade do povo de Luxemburgo é premiada Se tal peste e a proteção de Nossa Senhora tivessem ocorrido na atualidade, qual seria a reação de nossos contemporâneos? - Provavelmente, assistiríamos algo triste e desolador. As pessoas recorreriam à Mãe de Deus e agradeceriam as graças concedidas. Mas, passado o perigo, esqueceriam da bondade maternal da Senhora da Consolação que socorrera os aflitos, até que novo perigo os lembrasse da existência do santuário. Essa é uma concepção utilitária que presentemente se tem de Nossa Senhora. Porventura Ela é nossa Mãe apenas quando temos problemas? Não nos ajuda e protege sempre? Se apelamos à Virgem só quando enfrentamos problemas e depois esquecemos dEla, seremos como o filho ingrato: agradece à mãe quando esta lhe dá comida, e logo desaparece da casa ... até que a fome aperte de novo. Como qualificar tal filho? Não foi esta porém a atitude do bom povo católico de Luxemburgo. Pelo contrário, a afluência de peregrinos não pa6

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Catedral de luxemburgo, Santuário de Nossa Senhora Consolatrix Aflictorum

siásticas estudaram tais milagres e, após meticulosa investigação , concluíram pela veracidade deles. O fluxo de peregrinos aumentou ainda mais. Em 1666, durante uma guerra com a França, as tropas do Rei Luiz XIV ameaçaram conquistar a cidade. As autoridades do pequeno Luxemburgo recorreram a Nossa Senhora Consoladora dos Aflitos, como em outras ocasiões de perigo, e logo foram atendidas. Devido a esse fato, a imagem foi declarada Padroeira da cidade e as festas em sua honra duraram oito dias, dando origem à oitava, que se repete anualmente. Uma vez mais os habitantes perma-

neceram fiéis a Nossa Senhora e não A esqueceram . Em 1678 Ela foi eleita Padroeira de todo o Grão Ducado de Luxemburgo, sendo introduzidas cópias da imagem em quase todas as igrejas do país.

Santuário atual de Nossa Senhora Consolatrix Aflictorum: Catedral Passaram-se os anos. As guerras e suas seqüelas açoitaram também o Grão Ducado, mas não conseguiram extinguir a devoção popular ao Santuário com aquela invocação. E le é hoje o mais venerado do país. Basta pensar que, num Estado com população de aproximadamente 420 mil habitantes , ele recebe mais de 100 mil peregrinos por ano. A capelinha original foi destruída pela fúria anticatólica durante a Revolução Francesa. Foi então construída outra, noutro local, já dentro da cidade. Tal capela é apenas uma lembrança, porque a imagem foi levada para a igreja de Nossa Senhora a cargo dos Jesuítas, atual Santuário de Nossa enhora Consolatrix Aflictorum. Hoje esse templo é a catedra l de Luxemburgo. Praticamente todas as comemorações do país rea lizam-se nesse Santuári . Uma das mais importantes foi a celebração da volta de 13 mil pri sione iros após a Segunda Guerra Mundial. O povo mantevese fiel a essa devoção a Nossa Senhora e E la o protege até hoje. Seja tal devoção um exemplo para nós. Invoquemos a Santíssima Virgem a todo momento, confiemos-Lhe toda as nossas dificuldades e rezemos sempre, especialmente nestes dias de confusão e pecado. Nossa Senhora nunca nos aba ndonará. Não sejamos filhos in ratos, mas imitemos a fidelidade dos d volos luxemburgueses, parti ularm •111 ' nos mo♦ mentos de desgraça.

Fontes de rcl'crêm:ia: Domeni co Murc ucci, Sa n t uari Mariani d'Europ11, i:ltl. Sun Paolo, Torino, 1993 . Edésia i\du ·ci , Maria e seus gloriosos tftulos, Ed. Lar al óli co, 1958. Jea n Ladamc, Notre Dame de Toute L 'Europe, Ed. R siac, 1984.

Formosa: último bastião a desafiar o despotismo comunista

O candidato vitorioso Chen Shui-bian e a vice -presidente eleita Annelte Lu

Nas últimas eleições presidenciais, a opinião pública da Ilha manifestou sua disposição de não se submeter ao dragão vermelho, mesmo que isto lhe custe maciço bombardeio de foguetes e leições presidenciais de 20 de narço em Formosa representaram para o Partido Nacionalista (o Kuomintang), no poder há mais de cinqüenta anos, uma pesada e inesperada derrota. Chen Shui-bian, do Partido Democrático Progressista, obteve 39% dos votos. James Soong, que saiu do partido governista, concorreu como candidato independente; nele votaram 37% dos e leitores. Lien Chan, do Prutido Nacionalista, recebeu apenas 23% dos sufrágios. O Presidente e leito Chen Shui-bian, embora favorável à independência de Formosa em relação à China vermelha, apressou-se em declarar, em sua primeira entrevista logo após a e leição, que espera 'Jazer uma viagem de reconciliação à China" antes de sua posse no dia 20 de maio próximo. E acrescentou que considera inaceitável a fórmula de reunificação proposta por Pequim e já aplicada em Hong Kong: "um país, dois

sistemas".

Decepção dos anticomunistas após a vitória de Chen Os eleitores de Formosa elegeram Shui-bian por causa de sua plataforma de independência face à China. Que decepção terão experimentado, ao toma-

rem conhec im ento das declarações concessivas do novo presidente, que se mostra disposto a uma "reconciliação" com a China comu nista? Abandonada por políticos do mundo inte iro, conduzida de modo equívoco por muitos de seus dirigentes, até quando a opinião pública de Formosa continuru·á sua heróica resistência às tentativas de anexação por prute de Pequim? Aliás, convém ressaltar que quase ninguém mais a chama de Formosa, a Bela, que é a tradução portuguesa de Taiwan. Não será esta uma primeira tentativa de propiciar a "integração" da "província separada", como a denominam os comunistas chineses? Em 1979 Formosa assinou com os Estados Unidos o "Taiwan Relaction Act", que legitima, no caso de uma invasão da Ilha, uma ajuda americana sob a forma de venda de armamentos. Por ocasião das e leições de 1996, os comunistas chineses fizeram manobrasameaça no estreito de Taiwan. Os Estados Unidos intervieram e env iaram para a região dois porta-aviões e l4 navios de guerra. As eleições de março último deram azo a que os chineses voltassem à carga com novas ameaças e tentativas de intimidação. Estacionaram em Fujian , na costa bem em frente a Formosa, mais de

lOOO foguetes de curta distância e mísseis Cruise, com os quais dizem que têm condições de destruir todos os portos, aeroportos, centros militares e de comunicação de Formosa. Contudo, os comunistas não dispõem de meios de transporte suficientes para um desembru·que na I Lha. Formosa já apresentou aos Estados Unidos uma longa lista de armas estratégicas de que precisa , incluindo o moderníssimo sistema de radar e defesa anti-foguetes Aegis. Até agora não se sabe se os americanos irão vender-lhe esses armamentos, indispensáveis pru·a que Formosa tenha uma modesta mas suficiente força de delimitação (isto é que restringe o poder do inimigo) face aos comunistas de Pequim. *

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A população de Formosa, decididamente anticomunista, deseja manter sua independência custe o que custar. Ela não quer se escravizar a um sistema antinatura l e "intrinsecamente perverso" - na expressão do Papa Pio XI, no tocante ao comun ismo e socia li smo. Contudo, ela enfrenta três problemas: o primeiro é certa moleza e mesmo entreguismo, encontradiços entre seus dirigentes; o segundo consiste num crescente absenteísmo do governo dos Estados Unidos, que parece mais preocupado em comerciar com o continente; e, por fim, o isolamento político mundial em que se encontra. Os fatores adversos são muito consideráveis e graves. Até quando permanecerá de pé este bastião do anticomunismo, talvez o último, que enfrenta desassombradamente, há décadas, a prepotência comunista no mundo, como outrora Tróia enfrentou o poderio grego? ♦

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A

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Palavra do d Saceri ote Pergunta O que vem a ser agnóstico? Assistindo a um film e, recentem ente, o ator dizia: "Não rezarei o terço, sou agnóstico".

Resposta A afi rmação do ator indica bem o que ele mesmo entende por agnóstico: ele se recusa a rezar o terço (e obviamente qualquer outra prece), po rque não reconhece valor à oração, isto é, o recurso a um E nte s uperi o r Deus ! - que pode nos aj udar em nossas necessidades. É - como se vê desde logo - uma fo rma de ateísmo. Embora para a maioria dos efeitos práticos todas as formas de ateísmo dêem no mesmo, cumpre fazer uma di stinção entre elas, para se compreender as diversas mental idades com que temos de lidar. O ateu propriamente dito como se deduz da palavra grega que lhe deu o ri ge m átheos, a partícul a a indi ca negação, e theos sig nifi ca Deus - é aquele que pura e simplesmente nega a ex istência de Deus. E le portanto declara: Deus não existe. Q uando alguém não quer ir tão longe, afirm a apenas que Deus escapa à capacidade de apreensão da inteligência humana, ele dir-se-á agnóstico. Também aqui a origem da palavra

a

C ATO L IC ISMO

esclarece o seu significado: agnóstico vem do grego ágnostos, a saber: que não se

pode conhecer; ininteligível, incognoscível. Para o agnóstico, portanto, a razão humana não pode chegar ao conhecimento ce1to da existência de Deus e, como conseq üência prática, passa a viver como se Deus não existisse. Isto nos leva fo rçosamente a anali sar o fundamento do ateísmo, sej a na sua expressão radica l, sej a na sua expressão um tanto atenuada do

agnosticismo. Não é o momento de enfrentarmos aqui o dogma da chamada sociedade pluralista de nossos di as, seg und o o qu a l todas as corre ntes de pensamento - sej am e las religiosas, fil osófi cas, artísticas, socio lógicas, po líticas, ou o que for - são legítimas e tê m dire ito de c idadani a. Vejamos apenas como a posição do ateu ou do agnóstico são inaceitáve is*.

Deus é conhecido através de suas obras O Livro da Sabedoria afi rma clara me nte qu e "p ela

grandeza e f ormosura da criatura pode-se visivelmente chegar ao conhecimento do seu Criador" ( 13, 5). Isto é,

tantas marav ilhas - pode be m ser o caso do nosso agnóstico, q ue peca por omi ssão - ; e a d aqu e les qu e, fasc inados pela excelê ncia das criaeles, encantados Cônego com a beleza de JOSÉ LUIZ VI LLAC l uras , pecam por exagero , po is as tais coisas, j ulgato ma m e rradamente como ram-nas deuses, reconheçam de uses, fab ri cando pa ra s i quanto é mais formoso do ído los q ue as representem. que elas Aquele que é seu SePois bem, o li vro sapienc ia l nhor; porque fo i o autor da chega à conclusão, tal vez surfo rmosura que criou todas preendente para os ag nóstiestas coisas. Ou, se eles se maravilharam do seu poder cos, que e les, os primeiros, e influência, entendam por são piores que os segundos! Lê-se no mesmo capítulo 13, elas, que O que as fez é mais versícul os 6-9: "Todavia esfo rte do que elas" ( 13, 3-4). tes homens [os idólatras] são E conclui com a frase j á citamenos repreensíveis, porque, da: "Porque pela grandeza e aturas - o fogo , o ve nto, as estrelas, o so l, a lu a (cfr. Sa p . 13, 2) co mo de uses. O L ivro da Sabedori a comenta: "Se

fo rmosura da criatura podese visivelmente chegar ao conhecimento do seu Criador"

se caem no erro, é talvez buscando a Deus e desejando

( L3, 5).

Como não descobriram que Deus é o Criador?

A fo rmosura da C ri ação é tanta, que muitos até tomaram equivocadamente as cri-

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o que se pode conhecer de Deus, é-lhes [ele falava a respeito cios pagãos] manifesto, porque Deus lhes man(festou. Porque as coisas invisíveis dele, a partir da Criação do mundo, são vistas e compreemlidas pelas coisas que foram f eitas; por exemplo, o seu poder eterno e a sua divindade; de modo que eles [os pagãos] são inescusáveis . Porque, tendo conhecido a Deus, não O glorificaram como Deus, nem lhe deram graças, mas desvaneceramse nos seus pensamentos, e obscureceu-se o seu coração insensato; porque, dizendose sábios, tornaram-se estultos, e mudaram a glória de Deus incorruptível para afigura de um simulacro de homens corruptível, de aves, e de quadrúpedes, e de serpentes " (Rom . 1, 19-23). P a l a vr as du ras para os o uvid os ci os

Qual é a responsabilidade moral de quem não chega a esse conhecimento? O L ivro da Sabedoria anal isa duas espéc ies de mentalidades: a dos que nem sequer investi gam quem é o auto r de

não descobriram mais faci lmente o Senhor dele?".

São Paulo: os ateus e agnósticos são "inescusáveis"

Deus existe, e é o Criaclm· de todas as coisas "Pela grandeza e formosura da criaturas se pode visivelmente chegar ao conhecimento do Criador"

idó latras, mas ta mbé m de ate us e ag nós ti cos . Po ré m quão verdadeiras! As invisibilia Dei [as coisas invi síveis ele Deus] tornam-se manifes tas e compreensíveis a partir das cri aturas vi síve is que De us fez . Fechar os o lhos para elas, como fazem os ateus e agnósticos, é dar uma demonstração de arrogâ ncia, de dureza de coração e de estultíc ie: palavras de São Paulo !

"Lta ut sint inexcusabiles". De modo que e les, ateus e ag nósti cos, como os idó latras, são inescusáve is, isto é, não têm desculpa nenhuma para o seu ate ísmo e ag nostic ismo.

Conseqüência normal: o chafurdamento no pecado Por isso, Deus os abandona a seus pecados: "Pelo que

Deus os abandonou aos desejos do seu coração, à imundície; de modo que desonraram os seus co rpos em si

mesmos, eles, que trocaram a verdade de Deus pela mentira, e que adoraram e serviram a criatura de preferência ao Criador; que é bendito por todos os séc ulos. Amém " (Ro m. 1, 24-25). Palav ras de São Paulo ! Não nos iludamos com a aparente honestidade de vida de alguns ateus e agnósticos: porque "eles trocaram a ver-

dade de Deus pela mentira", o seu coração normalmente é corroído pelos desej os impuros, e isto faz com que, quanto mais vivam, mais se tornem incapazes de ver a Deus, porque a bem- ave nturan ça evangéli ca não é para eles:

"Bem-aventurados os puros de coração porque eles verão a Deus" (Mt. 5, 8). ♦

*

Poderíamos aqui reproduzir as provas racionais da existência de Deus, tão bem explanadas por Sa nto To más de Aquin o. Mas isto nos levaria longe. Atemo-nos apenas ao Li vro da Sabedo ri a e a escritos de São Pa ulo, j á de s i muit íss im o ilustrativos.

O Planetário

B

se não te mos um co nhec imento direto de Deus, podemos chegar ao conhecimento dEle através de suas obras. Por isso, o mes mo Livro da Sabedori a afirm a que "são

vaidade todos os homens nos quais não se acha a ciência de Deus, e que pelos bens visíveis não chegaram a conhecer Aquele que É, nem, considerando as suas obras, reconheceram quem era o Artífice" ( 13, 1).

encontrá-Lo. Porquanto eles buscam-No pelo exame de Suas obras e são seduzidos pela beleza das coisas que vêem. Mas, por outra parte, nem estes merecem perdão, porque, se chegaram a ter luz bastante para poderem fa zer uma idéia do universo, como

També m o Apósto lo São Paulo é severíss imo para com uns e outros. Sua linguagem é profund a, e ne m sempre mui to fác il de entender. Mas à lu z elas ex plicações j á dadas, o leitor atento certa mente a compreenderá: " Porque

raile, astrônomo famoso, tinha um amigo, que , destituído de crenças religiosas não acreditava fosse o universo obra exclusiva de Deus . Desejando confundir e vencer o ateísmo absurdo do amigo , o astrônomo construiu um magnifico planetário, isto é, uma peça mecânica que reproduzia o Sol e os principais planetas com seus movimentos e suas órbitas, e convidou o jovem ateu a observar o interessante engenho. Graças a um dispositivo muito original, fazendo -se mover o 'planetário, os astros iniciavam suas rotações em torno do Sol ao mesmo tempo que os pequeninos satélites, com precisão matemática, se moviam em torno dos respectivos planetas.

- É realmente muito interessante declarou o ateu. - Quem foi o autor deste engenhoso aparelho? - Não houve autor algum - respondeu tranqüilo o astrônomo. - Como assim? - Muito simples. Este planetário apareceu aqui por uma simples e natural casualidade! - Que disparate! Uma peça tão perfeita não pode ser obra da casualidade! Isso é impossível! - Como impossível? - replicou o astrônomo . - Se na tua opinião um simples planetário não pode ser obra da casualidade, como ousas aceitar que o Universo , com suas infinitas e insondáveis maravilhas , tenha surgido por acaso?" (L endas do Céu e da Terra - M alba Tahan)

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Aniquilamento da privacidade

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rede privada de TV alemã RTL2 copiou uma prática que havia causado furor na Holanda, meses atrás: colocar cobaias humanas para serem observadas, de modo degradante, pelos telespectadores . Dez voluntários escolhidos entre 22 e 37 anos, atraentes e d inâmicos para garantir um mínimo de ação, foram selecionadas entre quase 20 mil candidatos . Não se trata de atores profissionais de mais uma novela barata. Na realidade, são homens e mulheres "de verdade ", que vivem fechados numa casa de 1 50 m 2 , forrada de câmeras de TV, inclusive nos banheiros, duchas e quartos. Nada escapa à curiosidade dos telespectadores ... O Ministro do Interior Otto Schily afirmou: (Os que ainda têm algum sentimento de dig nidade humana) "deveriam boicotar este programa ". E o Bispo de Tréveris , D. Josef Spital , argumentou que o programa revela "desprezo pelo ser humano ". Além de constituir uma brutal violação de Mandamentos da Lei de Deus, essa asquerosa programação é mais um lance avançado da Revolução Cultural, visando aniquilar os vestígios das noções de moralidade, privacidade e intimidade ainda existentes nas pessoas . ♦

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Na Espanha, mais uma derrota socialista Espanha foi às urnas no dia 12 de março último. E repetiu a dose, só que mais forte. O PP (Partido Popular), de centro-direita, no poder desde 1996, conseguiu pela primeira vez a maioria absoluta no Parlamento: 183 cadeiras num total de 350. Eleitora lmente, obteve 44,54% dos sufrágios. N a oposição, o PSOE (Partido Socialista Operário Espanhol) caiu de 14 1 deputados para 125. E a IU (Esquerda Unida), liderada pelos comunistas, proporcionalmente baixou ainda mais, de I6 para 8. Com esse voto, o eleitorado espanhol reafi rmou sua preferência por um governo que venda empresa estatais, promova a livre iniciativa e protej a o ensino privado. Concorreu também, para a obtenção desse resul tado, o êx ito da política do atual governo contra o desemprego. Está ainda por ser feita uma conso lidação das posições conquistadas. N a campanha houve pouca nitidez ideológica, o que se refl etiu no comparec imento às urn as de so mente 55 % do eleitorado. Esse des interesse tem relação íntima com um fato imenso, e pouco notado, da Espanha atual. Ex iste um divórcio profundo entre a índole nacional categórica do, "pão, pão; queijo, queijo", e o clima dominante na política espanhola, consensual e rel ativi sta, no qual a clareza da oposição entre esquerda e direita se embaçou. A propaganda faz crer que cada um desses setores da opini ão pública é um mero complemento do outro no cenári o nacional. O que debilita bastante os atuais êxitos anti-soc iali stas e favoO Primeiro-ministro José Maria Aznar, líder do vitorioso Partido Popular ♦ rece o caos.

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BREVES RELIGIOSAS _J

Santo Sudário: veracidade novamente comprovada

A cientista suíça Mechthild Flury Lemberg , especialista em história de tecidos, em recentes declarações à imprensa, disse que encontrou fortes semelhanças entre o Sudário tecido que envolveu o Sagrado Corpo de Nosso Senhor Jesus Cristo após a Crucifixão - e fragmentos de tecidos produzidos no Oriente Médio, cerca de dois mil anos atrás . _J

China comunista protesta contra canonização de mártires

Diante do anúncio de João Paulo li de que em outubro próximo serão canonizados 120 mártires chineses, o porta-voz do Ministério de Assuntos Exteriores do regime comunista de Pequim fez ameaçadora declaração: "Esperamos que o Vaticano não volte a fazer coisas que firam os sentimentos chineses". _J

Em Roma: muitos peregrinos, poucos turistas

Para surpresa das autoridades romanas, neste início do ano 2000, a cidade de Roma ficou repleta de peregrinos e vazia de turistas. Devido ao Ano do Jubi1eu, as quatro Basílicas Maiores não estão podendo atender satisfatoriamente a todos os fiéis. Quadruplicou o número de confissões. Só na Basílica de Santa Maria Maior têm-se distribuído quase 2000 comunhões diariamente.

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Família

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Com a palavra final, o Apóstolo São Paulo O leitor poderá achar enigmático o título, mas, ao chegar à conclusão deste artigo, compreenderá

por que a palavra derradeira não ficou com a matéria publicada pela revista "Veja"

e

americana Di ane Vaughan (ver quadro abaixo)-, trata-se de sugerir meios que ev item ou atenuem a desventura, sempre funesta e traumática, da separação. É o que proc ura re mos apresentar neste arti go, anali sando cada um dos "7 renças e novas queixas, casais se entensinais de alerta" e propondo, no fin al de,n cada vez menos e separam-se cada vez mais. A iniciati va, na maior parte . de cada análise, uma reflexão, sempre fund amentada no ensinamento do Madas vezes, é da mulher". A colaboração gistério tradic ional da Igrej a. M ag istéé ass in ad a por Th aís Oy a ma e Li zia ri o - é bom reafirm ar - que é o mesBydlowski. mo desde sempre, uma vez que a verdaEssa longa reportage m "coloca o de revelada não é relati va, ontem com dedo" numa grave "ferida" que penalium sentido, hoje com outro. za a sociedade moderna - por exemplo C umpre sa lientar que, por maiores com a constatação: "Atualmente, uma em que sejam as dificuldades que se enconcada quatro uniões se desfaz no País". tre para seguir as indi cações que propoNão é difícil para " Veja" apontar a mos abaixo, o bom resultado é sempre ''.ferida" - pois não se necessita olhos possíve l para a alma que reza, espec ialde águi a para ver o óbvio ... - , mas o mente se essa oração é feita por meio de proble ma está em indicar poss íveis "reNossa Senhora, Medi ane ira de todas as médios" que ajude m a curá- la, ou ao graças . Este é pois o princ ipal conselho menos aliviá-la. U ma vez li stadas "as para um casal e m dificuldade: a oração sete fases que precedem a separação" humilde e confiante. - s inteti zadas pe la soc ió loga no rte-

o mo matéria de capa," Veja" publicou, em sua edição de 22 de março p.p., reportage m espec ial sobre a proble mática do divórc io, sob o títul o: "Confro ntados com velhas dife-

Sinais de alerta Fase 1 -

O segredo

"A idéia da separação começa a tomar f orma. O cônjuge insati.~feito dá pistas do seu descontentamento, sugerindo que o outro mude o comportamento, retome os estudos, emagreça". A fim de ev itar que a "idéia da separação" tome fo rma, e evitá- la in ovo, é necessári o que os cônjuges estej am bem compe netrados da fi nalidade da uni ão matrimoni al e do compro mi sso que fi zeram para toda a vida. (Di sso j á temos tratado) . O "segredo" para evitar o "descontentamento" com comportame ntos irritantes por parte do outro é ter paciência, po is todos os seres humanos têm defeitos, ningué m escapa ... Um é gordo demais, outro esque lético; um não pára de tanto trabalhar, outro vive parado; um é coléri co, outro fle ugmático; um não corta as unhas,

o outro as está cortando a toda hora; um dorme com j anelas e portas abertas, outro com tudo hermeti camente fec hado; este ronca profundamente, aque le outro tem insôni a etc., etc. Cada qu al tem seus pontos fracos e a lgum comportamento estranho. É portanto preciso suportar as fraquezas de um , para que o outro, por sua vez, suporte as de le. Que atire a primeira pedra que m - a inda que muito dotado - se julgue sem nenhum defeito .. . Não se pense pois que, separandose, encontrar-se-á um ser perfe ito. Este não ex iste ! E o próximo(a) companheiro(a) poderá ser muito pior. Ninguém tenha ilu sões ! Pense-se no compromi sso fe ito pera nte Deus, mediante o sacrame nto matrimoni al, compro misso sério, que não pode ser ro mpido por meras futilidades. E medi te-se nesta be la consideração que fa z São Francisco de Sales: ■ "A metade da nossa sant(ficação pmvém de nossas relações com o próximo, porque, suportando-nos uns aos outros e perdoando-nos mutuamente é que nos exercitamos em todas as virtudes e as levamos à perfe ição. Mas se o próximo não tivesse defeitos, o que é que teríamos de suportar? Tire-se ao próximo seus defeitos e, digam-me, onde fica m as ocasiões de praticarmos as mais belas virtudes? Fossem perfeitos nossos coirmãos e vivêssemos com anjos, onde estariam a paciência, a af abilidade, a mort!ficação, a caridade e todas as belas virtudes que de la derivam ? Jamais teríamos ocasião de praticá-las".

Fac simile da parte inferior das pp. 122 e 123, da edição de "Veja " (22-3-2000)

Fase 2 - As queixas "O insati:,feito passa a se queixar, em casa e em público, e a comentar com todo mundo hábitos do outro que o irritam ". Hoje um cônjuge está se que ix ando do outro, amanhã será este que estará se que ixando do prime iro. Para evitar a irritação e a insatisfação no convívi o, há necess idade de se s upo rtarem mutu amente, de sere m indulgentes - não em relação ao mal, pois a indul gência é uma virtude, filha da caridade. Essa tolerânc ia mútua exi ge pequ enos sacrifíc ios rec íprocos.

"Saber sacrificar coisas pequenas é a maior prova das grandes energias . .... Há pessoas que estão prontas a sacrificar a vida, mas que não sabem sacr!ficar seus defeitos", afirm ou certa vez o Pro f. Plinio Corrêa de Olive ira. Na vida doméstica, esses pequenos sacrifíc ios redundam em grandes benefícios. Sua prática tornará agradáve l o convívio em família e harmoniosa a vida no lar. Mas para tal é prec iso sabe r conte r-se - o que é própri o ao home m, ou a mulher, superior - , não come ntando co m o utros os hábitos que o irritam, tanto mais que, ao comentá- los sem necessidade, fac ilmente se chega até a maledicênc ia, e desta à di fa mação , que pode constituir grave pecado. Esses murmúrios chegarão aos ouvidos dos filhos, que serão os mais prejudicados. Pensem os pai s amiúde nos filh os e nestes prové rbi os da

Sag rada Escritura, po is eles ajudar-lhesão a moderar a língua não comentando de público o que se passa entre as paredes domésti cas: ■ "Não pode fàltar o pecado num caudal de palavras; quem modera seus lábios é um homem prudente" (Pr. ] O, 19). "Falar muito sem of ender a Deus é milagre que não se vê sobre a fa ce da Terra" (Ecl . 19, 17).

Fase 3 - A transição "O cônjuge descontente passa a evitar o outro e a negligenciar até os.filhos. Começa a observar o mundo dos nãocasados efàz novos amigos. Compromissos familiares viram um tormento".

É cl aro que, em certos casos, o convívi o contínuo pode ser árduo, mas ao mes mo tempo constitui proteção contra uma séri e de ri scos, tanto para os

Fac simile da capa da edição de "Veja " (22 -3-2000)

Estudo da socióloga americana Diane Vaughan identifica as sete fases que precedem a separação

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As queixas

A idéia da separação começa O insatisfeito passa a tomar forma. O cônjuge a se queixar, em casa insatisfeito dá pistas do seu e em público, e a comentar descontentamento, sugerindo com todo mundo hábitos que o outro mude do outro que o irritam o comportamento, retome os estudos, emagreça . .-....:·

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A transiçio O cônjuge descontente passa a evitar o outro e a negligenciar até os filhos. Começa a observar o mundo dos não-casados e faz novos amigos. Compromissos · ormento

entimentos de ade e culpa e seu scila. O outro já u a crise, mas quer ssageira

O descontente explode, geralmente na volta de uma viagem ou depois de alguma experiência agradável sem o cônjuge. Sente que não pertence mais "àquele mundo" e pede a separação

O casal troca acusações e revira As tentativas surtem efeito o passado_ O que vai ser contrário: irritam mais o insatisfeito. abandonado pede uma nova Quem tentou a reconciliação fica chance e dá início a tentativas confuso e em desvantagem. Quem de reconciliação, que vão de quer romper, convencido de que ao mudança de hábitQs é aparência menos tentou, sai de casa ou pede ~em emocional que o outro saia


cônjuges quanto para os filb,?S que, estando sós, podem contrair amizades perigosas e mais faci lme~te ficarem expostos a ocas iões próximas de pecado - o que a Santa [greja sempre manda evitar. "Neg ligenciar os ftlhos "- é um item dessa Fase 3 - , mas há um outro não mencionado: primeiro negligenciam-se os filhos que se teve; depois evita-se a concepção deles, pois nos lares onde os cônjuges vivem descontentes os berços estão vazios. Assim como uma virtude praticada por um membro da família atrai as bênçãos de Deus para todos os demais, o pecado de um pode atrair infe licidade para toda a família. Esta é uma razão a mai s por que a Igreja insiste na recomendação: aquele que caiu em pecado grave, que se levante o quanto antes pelo arrependimento e pelo sacramento da confissão. Para alimentar o temor de Deus e o horror ao pecado, pensem os cônjuges nesta "verdade-esquecida", extraída da Bíblia Sagrada. São palavras do Profeta Natan ao Rei Davi: ■ "Cometestes um adultério, ficai sabendo pois, que o flagelo de Deus não sairá de vossa casa e a vingança divina cairá sobre vossos .filhos e sobre tudo que vos pertence". Palavras muito duras? Sim, fora de dúvida, mas que predispuseram o Rei Davi a arrepender-se para o resto da vida que levou e, assim, santificou-se.

Fase 4 -

A incerteza

"Assustado, o insati.sfeito alterna sentimentos de infelicidade e culpa e seu humor oscila. O outro já percebeu a crise, mas quer acreditar que é passageira finge ignorar a situação". Combater a insatisfação revela que a pessoa tem domínio de si. E quem tem dificuldade em dominar-se, faz bem em exercitar-se ... Exercitando-se, sentir-se-á superior e menos embrutecido, perderá as "incertezas", pois é próprio do ser racional saber conter-se, não se mover por impulsos instintivos, mas pela inteligência. De nada adianta ''.fin gir ignorar a situação" . É preci so considerá- la de 14

C ATO LIC ISMO

Maio de

frente, o que não quer dizer exagerar a infe lic idade e dramatizar a "crise" "Quem semeia ventos colhe tempestades" ... Por vezes será necessário calar, esperar um bom momento, mas encontrando-o, dizer uma "palavrinha " judiciosa que ajude o outro, dando-lhe um bom conselho. A crítica áspera e repentina pode "azedar" ainda mais a situação, mas uma caridosa advertência, sempre "acolchoada de algodões" ... , pode evitar o desfecho doloroso. E a parte advertida, não deve ser obstinada. Jamais deveria retrucar com palavras do esti lo: "Eu tenho razão e ponto final, não suporto suas bobagens". Deve ouv ir atenc iosamente o outro e procurar ver em sua advertência o zelo, a amizade; e esforçar-se para corrigir as próprias fa ltas, quando de fato e las existam. E se não forem reais? - Não retrucar intempestivamente aos berros . Nunca ! Em certos casos, vence quem sabe ceder. Deve-se deixar passar alguns dias, convém pensar, rezar, esperar também um bom momento para proferir a "acolchoada palavrinha ". Enquanto se espera a ocas ião propícia, medite-se sobre este conselho de São João Crisóstomo:

nado pelo Papa Pio IX no famoso "Syllabus", de 8- 12- 1864 ( 1). O cônjuge descontente medite também estes doi s ensiname ntos de outro pontífice, o Papa Pio XI: ■ "O casamento não f oi instituído ou restaurado pelos homens; mas po r Deus .... que o cercou de leis por Ele outorgadas". 2 "Do fàto de a Igreja não ter errado nesta doutrina [a indissolubilidade], e por isso mesmo ser absolutamente certo o vínculo matrimonial não poder ser dissolvido nem mesmo pelo adultério, segue-se, com evidência que muito menos valor têm as outras razões, aliás mais fracas, que costumam ser apresentadas a favor do divórcio, as quais, por conseguinte, não devem ter-se em conta alguma" 3.

O Profeta Natan exorta o Rei Davi, após o adultério, à penitência.

Fase 6 - A reconsideração

da tempestade vem a bonança " ... O cônjuge que assim agir pode obter, como resultado, que sua paciência deixe o outro edificado, passando este a admirar as virtudes próprias a uma pessoa de bom coração, dotada de nobreza de alma, que soube vencer o amor próprio ofendido; pessoa na qual se pode confiar, pois quem é capaz de governar suas emoções é capaz de bem governar a família. Nos momentos das tempestuosas discussões, pense nesta sentença de São Roberto Belarmino:

" O casal troca acusações e revira o

passado. O que vai ser abandonado pede uma nova chance e dá início a tentativas de reconciliação, que vão de mudança de hábitos e aparência à chantagem emocional ". "Quando um não quer, dois não brigam" ... Ainda que um dos cônjuges tenha toda razão, recebendo uma acusação, não responda ele com outra, uma vez que o mal não se paga com o mal e um erro não justifica outro. É claro que, no calor de uma discussão, a pessoa sente-se "picada" em seu amor próprio; e este, quando contrariado, tende a ficar cego, impe lindo a pessoa a deixar-se guiar pelas emoções do momento. Cuidado I A pessoa q ue não se controla, pratica atos imprevisíveis! Nessas ocasiões, $--t;,, é recomendável parar, rezar e pensar, ~ ois o ser humano não deve se deixar ~- '~r (,guiar pe las emoções, e sim pelos dita, es da razão e pela lei de Deus. z Há hora para falar e hora para calar; ~f sta é uma boa hora de calar-se, o melhor 1 é ouvir as tempestuosas acusações re-signa-da-men-te! "Depois

■ "Mais valem uns gramas de caridade, que toneladas de razão". Ou neste conselho de São João C risóstomo: "Procurem amar e serão amados; louvem os outros e serão por eles louvados; respeitem-nos e serão respeitados; cedamlhes espontaneamente e eles terão toda sorte de atenções em relação a vós".

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Fase 7 - A separação

1

"As tentativas surtem efeito contrário: irritam mais o insati.sfeito. Quem tentou a reconciliação.fica confuso e em desvantagem. Quem quer romper, convencido de que ao menos tentou, sai de casa ou pede que o outro saia".

■ "Aquele que me adverte, me dá maior prova de amizade do que àquele que me bajula ".

Fase 5 -

O confronto

" O descontente explode, geralmente na volta de uma viagem ou depois de alguma experiência agradável sem o cônjuge. Sente que não pertence mais 'àquele mundo' e pede a separação".

A pessoa que foge de seus deveres famil iares com experiências extraconjugais fac ilmente terá remorsos, explosões nervosas , confrontos internos e, ·com freqüência , passa a ser assíd uo freqüentador de clínicas psiquiátricas ... A indissolubilidade conjugal foi estabelecida por Deus e lei humana alguma tem poder de separar o que o Criador uniu. Não sendo, portanto, lícito "pedir a separação" para contrair novas núpcias; e nem o Estado - mediante a lei do divórcio - transgredir a Lei de Deus, o que foi severamente conde-

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i

Esta "Fase 7" si ntetiza o doloroso desfecho : a separação. Mas não tem amparo na realidade dos fatos a afirmação - "As tentativas [de reconciliação] surtem ef eito contrário ". Muitas vezes a pessoa que procura sinceramente reconciliar-se, salva o casamento. Desde que tenha em vista manter a harmonia e a boa ordem no seio da família, cumprindo os deveres próprios ao estado de casado, mantendo a reta intenção de bem educar os filhos e prestando ao cônj uge auxílio nas necessidades da vida. Se um casal, lamentavelmente, chegar quase a ponto de entrar nesta "Fase 7", ten ha bem presente que, por mais dura que esteja a situação, ela ficará muito pior se a divisão da família se concretizar. A separação a limentará as paixões desregradas, as quais escravizarão a pessoa, exigindo novas uniões e novas separações. Separa-se à procura de uma ilusão, mas a nova união trás geralmendesilusões ai nda maiores.

Além das desilusões, há o pior: vida pecaminosa, que importa no desagrado de Deus, por romper as santas e sábias leis que Ele estabeleceu para o próprio bem de seus filhos. *

*

*

Acentuamos que o esforço que propomos acima, em cada uma das fases, deve sempre ser regado pelo orvalho fecu ndante da oração: "Pedi e recebereis, batei e abrir-se-vos-á", disse Nosso Senhor no Evange lho. Lembremo-lhe essa promessa, e recomendemo-la por meio de sua Mãe Santíss ima, a Quem E le nada recusa. Assim, por maiores que sejam as insatisfações na vida familiar - "não há rosas sem espinhos"-, os cônjuges não ten ham a menor sombra de dúvida que sua fidelidade será recompensada, sobretudo no Céu. Entretanto, mesmo nesta Terra, será recompensada também com a alegria autêntica de quem conserva a consciência tranqüila. Tranqüilidade de consciência que não manteria em hipótese alguma, divorciando-se e dando vazão aos apetites sensitivos, escravizando-se às paixões desordenadas. Como diz São João Evangelista: "Todo aquele que comete o pecado é escravo do pecado" 4• Conclu indo: a palavra final do problema levantado - e não resolvido por "Veja", está com o grande Apóstolo São Paulo, que, em defesa da indissolubilidade do vínculo matrimonia l e da integridade da Fé, pregava: "Aos casados mando, não eu mas o Senhor, que a mulher não se separe do marido. E se ela estiver separada, que _fique sem casar, ou que se reconcilie com seu marido. Igualmente o marido não deixe sua esposa" 5• ♦

Notas: L

2.

3. 4. 5.

"fure na turae ma lrim onii vinculum non est

indissolubilie, e/ i11 variis casibu.1· divortium proprie dictum auctorilate civili san ciri potes/ ". É a propos ição condenada. (O vínc ulo do matrimôni o não é indi ssolúve l pe lo D ireito natural , e, e m vários casos, o divó rc io propriame nte dito pode ser rali fi cado pela autoridade civil) - (Sy /labus, 8- 12- 1864, do Papa Pio IX, propo s ição 67, De nz. Sc h. 2967). Encícl ica Casti co1111ubii, 3 1- 12- 1930, Pio XI. A.A.S., 32, p. 574. Jo VIII , 34. Cor. 7, 10- 11.

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HOMENAGEM

Há 25 anos ... Falecia o Cardeal Mindszenty, o bom Pastor que deu a vida por suas ovelhas, não aceitando a menor colaboração com os tiranos comunistas que dominaram a Hungria. Seu corpo, exumado em 1991, foi encontrado incorrupto. indômito Cardeal Josef Mindszenty, Arcebispo de Esztergom e Primaz da Hungria, em 6 de maio de 1975 entregava sua alma a Deus. Ele foi, para o povo húnga ro e para o mundo, o modelo da re sistência católica ao regime comu nista que dominou sua nação por mais de quatro décadas. Mesmo preso, cruelmente torturado e obrigado a ausentar-se de seu povo, jamais dobrou os joelhos diante da tirania vermelha. Neste 25' aniversário de sua morCatolicismo, pesquisando seus ar-

º

quivos em busca de material referente a esse herói da Fé, encontrou algo inédito . .. Durante muitos anos, o Prof. Plinio Corrêa de Oliveira colaborou semanalmente para a "Folha de S. Paulo". Um desses artigos ele o escrevera para ser publicado no domingo, 1O de novembro de 197 4, comentando as corajosas atitudes assumidas naqueles dias por dois grandes Purpurados que haviam resistido heroicamente às perseguições comunistas: o Cardeal Josyf Slipyi, Arcebispo-Mor do rito ucraniano, e o Cardeal Mindszenty, acima mencionado. Por algum problema circunstan -

cial, o artigo não foi publicado na data aprazada. E dada a conjuntura política do momento, o insigne pensador católico resolveu escrever a respeito de outro tema de atualidade para o domingo seguinte. Assim, o artigo sobre esses dois Purpurados foi arquivado e passou, então, 26 anos "dormindo" numa gaveta. Agora, temos a alegria de trazê-lo a lume, numa homenagem aos dois insignes Confessores da Fé. A resistência impertérrita dos Cardeais Slipyi e Mindszenty ao genocídio físico e espiritual de seus respec tivos povos ganhou novo relevo com a recente publicação da tradução do Livro negro sobre o comunismo no Brasil - objeto da matéria de capa de nossa edição de fevereiro/2000 - que descreve de forma documentada o caráter intrinsecamente criminoso da doutrina e da prática comunistas.

Sim, ajoelhemo-nos leitor

Q

Plinio Corrêa de Oliveira

uando faleceu De Gaulle [1970], vários órgãos da imprensa mundial afirmaram que com ele se encerrava a era dos demiurgos . Daqui por diante, num mundo cada vez mais socializado, os grandes homens de outrora seriam substituídos pelas grandes equipes ou grandes organizações. Não há dúvida que a previsão está dentro da lógica do socialismo. Pois, segundo este, as pessoas devem ser absorvidas pelos grupos, e os grupos pelas O Cardeal Mindszenty concede entrevista à imprensa, após ser libertado da prisão durante o levante popular anticomunista, em 1956

grandes multidões despersonalizadas, anorgânicas e anônimas, valor máximo do mundo futuro. Esta perspectiva importa, para cada um de nós, na diluição do próprio eu no magma confuso das multidões. Não consigo compreender, pois, como com ela possa rejubilar-se qualquer pessoa de espírito arejado e bem constituído. Aliás, este desideratum socialista é falso. É possível que o rolo compressor do igualitarismo socialista consiga achatar milhões de personalidades. Mas da humanidade assim metida à força em moldes absol u tarnen te antinaturais se exalará, por certo, um gemido surdo e universal. Corno sempre acontece com os grandes gemidos dos povos opressos, também o do eventual mundo socializado encontrará almas de escol que o formulem em termos de pensamento, de literatura, de arte ou de ação. Esses serão os grandes homens do dia de amanhã. Suas figuras impressionantes formar-seão nas sombras das prisões, altear-se-ão no isolamento trágico que rodeia os inconforma- .

dos , e se imolarão no devotamento e na luta. As massas não os conhecerão, talvez. Pouco importa. Tais homens serão verdadeiramente grandes. E no dia do Juízo Supremo, o Justo Juiz saberá dar-lhes o prêmio devido. Assim, é o próprio socialismo quem terá feito nascer os grandes homens, cujo surgimento quisera evitar. *

*

*

Sobretudo estou certo de que continuará a haver grandes homens no futuro, porque "o Espírito sopra onde quer" (S. João III, 8) e ninguém O impedirá ele efetuar nos homens sua obra santificadora. Ora, santificar importa em formar personalidades inteiramente definidas, características inquebrantáveis, que nenhum sistema de massificação conseguirá diluir. O Santo é precisamente o contrário do homem massificado. Ele é o contrário cio homemformiga, autômato vivo das imensas babéis socializadas. O Santo é corno o fermento na massa (S. Mateus XIII, 33): ele comunica aos outros sua força de personalidade, e quebra assim a inércia das multi dões estagnadas. Ele é corno o sal (S. Mateus V, 13): dá sabor ao que é insípido, dá pois vitalidade às personalidades insípidas, medíocres ou até vulgares. E entendo aqui por "Santo" não só os gigantes do heroísmo cristão, mas cada homem que vive na graça ele Deus. Assim, enquanto durar o mundo, a Igreja continuará a produzir homens ele fibra e até

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L , 10): a frase de Davi me sobe do coração aos lábios, no mo mento em que me é dada a fe lic idade de proclamar as grandezas autênticas de do is Cardeais da Santa Igrej a ! Só à Igreja cabe decretar canoni zações, e E la muito prude nte mente não canoni za ninguém em vida. Não quero preceder a Igreja. Limitome a dizer que, no momento em que os dois Cardeais se apresentam ao mundo associando-se à causa dos perseguidos por amor à Fé, são bem-aventurados. *

*

*

As nuvens plúmbeas to ldam o horizonte baixo. A poluição espiritual afeO Cardeal Mindszenty concede audiência tou extensas zonas da própria atmosao Sr. Martim Afonso Xavier da Silveira - portador de mensagem de fera interior da Igreja Santa. O comuadmiração e homenagem da TFP ni smo internacional a todo custo quer na capital austríaca, em março de 1974 induzi-la a um acordo. Acordo ambígrandes ho me ns: "o Espírito sopra guo e entregui sta, oferec ido ora por onde quer" ... diplomatas maqui avélicos, ora por prelados cav il osos, como Pimen, o "patri* * * arca" fac-totum dos ateus de Moscou. Dois fa tos recentes o confirmam. Muitos crêem, e outros fingem crer na As c inzas do so li tári o de Colo mbey sinceridade dessas manobras pacifistas. [De Gaull e] ainda não acabaram de Neste úl timo problema não entrou esfriar na tumba, e o mundo já pode o Arcebi spo-Mor do rito ucrani ano, contemplar a plena ful guração de duas Cardea l Josyf Slipyi, e ex po nd o-se grandes persona lid ades, aureo ladas embora a todos os ri scos, arra ncou a com uma g lóri a que ne m C hurchill , máscara dos bl andiciosos ateus. De pé, nem Adenauer, ne m De Gaulle posna assembléia do Sínodo [dos B ispos, suíram. U ma g lóri a perto da qual toda realizado em Roma de 27 de setembro grandeza merame nte humana não é a 26 de outubro de 1974], em presença senão pó, c inza, e nada. Uma g lóri a de Paulo VI, proclamou ele [no dia 3 que excede e m esplendor, fo rça e dode outubro] grandes verdades que reçura todas as glórias. Seu nome é bemduzem a pó - ou antes a lama - a aventu ra nça. "Bem-aventu rados os política de Brezhnev. No mundo comuque sofrem perseguição por amor à ni sta as persegui ções não cessaram. Os justiça, po rque deles é o Reino do católicos ucranianos continuam sofrenCéu " (S . Mateus V, 10) . Isto não fo i do as piores perseguições. E, exclama procl amado por nenhuma comi ssão de Slipyi, ninguém há pela vastidão da d o utos, ne m po r qu a lqu e r ato d a Terra que os protej a. Pime n (a cuj a UNESCO . Foi simples mente enunci- . posse no "patri arcado" de M oscou, asado no alto de um pequeno monte de sistiu uma delegação Vaticana presidiprovínc ia por Alguém que, sendo verda por um Cardeal, e que recebeu redade iramente ho mem, não era somencentemente a vi sita do Pe. Arrupe, Gete ho mem. E ra o Homem-Deus. E por ral dos jesuítas) qualificou a persegui isto ta l bem-aventurança transcende ção dos ucranianos de uma das ações toda grandeza humana. mais memoráveis de nosso século. Esses do is bem-aventurados fora m A denúnc ia do Cardeal se alongadois Cardeais. "Meus ossos humilhava, espoucando no ar as verdades indos estremeçam de alegria" (Salmo cômodas e dramáticas. Os sinais lu 18

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minosos indi cava m qu e se ca lasse, po is se u te mpo regul amentar tinha passado. M as ele continuava a fa lar. Enquanto não o arrancassem materialmente da tribuna, não parari a sem ter dito tudo . E nquanto ele fa lava, nada havi a que fazer. Quando e le se ca lou, nada hav ia que di zer. No dia seguinte, o noticiário dos jornais mostrava ao universo a estatu ra moral inteira de um grande homem ...

*

*

*

Passemos ao Cardeal Mindszenty. Todo o mundo lhe tem contemplado, fremente de admiração ou hi1to de ódio, as três sucess ivas "crucifixões" : nas masmorras nazistas, nos cárceres comuni stas e na solidão trágica da embaixada americana. Resistiu até aqui . Finalmente, o que nenhuma fo rça humana consegui ra de le, obteve-o o que se lhe afi gurava um dever de obediência ! Deixou a Hungri a contra a vontade, e fo i para Roma, onde o esperava um tépido e honroso fim de vida. Hora difíc il esta, para todos os heró is. A hora de calçar os chinelos, de sentai· na cadeira de balanço e acender o cachimbo. Hora em que o herói corre o ri sco de amo lecer. Os chinelos fazem fe necer fac ilmente os louros ... - Te ri a o Ca rdea l Mind szenty consentido e m não lutar mais, em não ser ma is um entrave, uma recriminação viva, uma ameaça mora l irredutíve l, para os tiranos comu ni stas de Budapeste? Houve um momento e m que um sus pense se fo rmou a este respeito . Nenhum sintoma de res istência, nenhum sinal de vida partiu , durante alguns di as, da Torre de São João, o alojamento cercado de silêncio e de mi sté ri o e m qu e Paul o VI hospedara o Purpu rado ancião . N ão se sa be exata me nte co mo . Nem a que horas nem de que je ito . Mas o fa to é que, em certo momento, o cardea l Mindszenty fendeu a corti na de mistério e de silêncio. Cortou as di stânc ias, atravessou a fro nte ira austríaca e apareceu e m Vi ena. Aos que lhe perguntaram a razão porque

ele ali se fixa va, respondeu com uma singe leza, a um tempo sublime e encantadora: "Assim estarei mais perto

de meu povo ". A frase é um novo programa de devotamento, já em fi m de vida. E la lembra a frase de São João sobre o Redentor: "Como amasse os seus, amou-

os até o fim" (S. João Xlll, }). Ao que consta, pro mete u e le a Viena não intervir em po líti ca. O que, aliás, não sig nifica a cessação da luta. Po is du rante toda a sua vid a protestou j amais ter fe ito tal coisa, uma vez que não é po lítica cumprir o dever de Pas tor.

Nestes dias torvos em que tantas almas acomodatícias e se m ideal pregam o fi m do anticomuni smo e a q uebra das barreiras ideológicas, a fi gura do Cardea l Mindszenty, de pé, a peque na di stancia do terri tório húngaro, com a fronte e o pe ito vo ltados para os ventos frios e pestíferos que de lá sopram, é o próprio símbo lo da coerênc ia heró ica, uma barreira ideológica viva firm ada na Fé e na graça, e por isto mes mo superi or a qu alque r pressão humana. Outro bem-aventurado mostrou assim ao mundo a grandeza de sua envergadu ra de heró i.

*

*

*

Há certas grandezas que to rn am pálido qu alquer elogio. Elas não se conte mpl am de pé, mas de joe lhos. De joelhos di ante de Deus, g lorifica ndo-O pelo que opera em seus e le itos. E ped indo-Lhe que os preserve da humana debilidade até a hora extrema. A ss im , d e j oe lh os, peça mos a Deus, por M aria, M edi ane ira de todas as graças, para esses do is grandes lu tadores, o prêmi o dos prêmi os, que é a posse do Reino do Céu. ♦ S im , ajoelhemo- nos leitor.

Anos marcantes na vida do Cardeal Josef Mindszenty (1892-1975) 1915 - Ordenado sacerdote . 1944 - Nomeado Bispo de Veszprém. Neste mesmo ano é feito prisioneiro pelos nazistas. 1945 - Nomeado Arcebispo de Esztergom por Pio XII. 1946 - Nomeado Cardeal pelo mesmo Papa, que, ao entregar-lhe o chapéu cardinalício, prognosticou: "Serás o primeiro a sofrer o martírio, simbolizado por esta cor vermelha ". 1948 - Seqüestrado de seu Palácio arquiepiscopal, pelos comunistas, é, em seguida, despido e jogado numa minúscula prisão. Durante 39 dias é submetido a torturas físicas e psíquicas: sujeito a contínuos interrogatórios mesmo às noites, a fim de impedi-lo de dormir - , ouve falsas acusações e é espancado com cassetetes. Tentam fazê-lo confessar crimes que não cometeu. Ficando alquebrado, treme dos pés à cabeça com a lembrança das torturas . Depois, é lançado de masmorra em masmorra, num período de oito anos. 1956 - Devido ao levante popular contra o comunismo na Hungria, o martirizado Purpurado é li-

berto . Esse levante, porém, du rou poucos dias, pois é esmagado sob as botas soviéticas, obri gando o Cardeal Mindszenty a pedir asilo na Embaixada dos Estados Unidos em Budapeste. Nesse local permanece por 1 5 longos anos, confinado e proibido de exercer qualquer ação, para não desagradar o governo marxista ... 1964 - É visitado em seu exílio por Mons . Agostinho Casaroli, que propõe ao Cardeal Mindszenty um plano para abandonar a Hungria, pois sua simples presença intranqüiliza os governantes comunistas . Ele rejeita a proposta, uma vez que desejava permanecer junto a seu rebanho, dando-lhe exemplo de resistência anticomunista. 1971 - O destemido Pastor é obrigado a deixar seu país, porresolução direta de Paulo VI, que ofereceu-lhe como residência a Torre de São João, na cidade do Vaticano. 1974 - Convidado pela Santa Sé a renunciar a seu cargo de Arcebispo de Esztergom e à sua dignidade de Primaz da Hungria. Diante de sua negativa, é destituído do cargo e da dignidade .

O Cardeal Mindszenty abandona a torre em que residia, no Vaticano, e aparece em Viena . Desejava ficar próximo a seu povo, zelar por milhares de húngaros que escaparam de seu país e viviam na Áustria, bem como denunciar o regime marxista que escravizava sua pátria. 1975 - O sacrifício chega ao fim. Aos 83 anos, o Pastor-mártir, tendo se sacrificado heroicamente por suas ovelhas, entrega sua alma a Deus. Foi aberto processo para sua beatificação. 1991 - Seu corpo é exumado e encontrado incorrupto, após 16 anos de sua morte .

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CAPA Mais uma graça de Frei Galvão

R Através dessa revista pude conhecer a linda hi stória de Frei Galvão e, através dela, quero testemunhar a cura que recebi de Frei Galvão e que jamais esq uecerei. Eu sofria há uns dois anos de uma dor ag uda no estômago, que meu médico dizia ser úlcera, tomava remédios o tempo todo, nada resolvia e a dor continuava cada vez mais intensa. Uma vez pensei que iria morrer de tanta dor,joguei-me de bruços na cama e chorava desesperada. Minha filha trouxe os remédios e não aceitei porque e les não resolviam nada. E la saiu e voltou com uma cáps ul a e me disse: "Mamãe,

você acredita em Deus, não é? Então tome porfavor ". Tomei e percebi que não senti a mais dor a lguma. Fiq uei pasma o lhando para minha filha e ela me disse:

"Por que me olha assim mãezinha ?", e nqu anto enx ugava minhas lágrimas (que não eram mais de dor, mas de alívio, por não sentir dor a lg um a e nunca ma is doeu). Perguntei: "O que é que

você me deu para tomar ?". - "Dentro da cápsula estavam escritas as palavras das pílulas de Frei Galvão. Foram elas que le curaram, mãezinha". Nunca mais senti dor. Faz mais de um ano que recebi essa graça maravilhosa, graças a essa maravilhosa revista. (M.M.C. -

SP)

Despoluição mental

M Parabenizo os escritores da revista pelos excelentes temas que nos brindaram nestes primeiros meses deste ano. Mostrei a alguns am igos, só os 3 ass untos principais, das capas de jane iro, fevereiro e março, o de abril não recebi ainda, e ficamos sem saber qual e leger o melhor. Um parente co-

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mentou que, vendo esta rev ista católica, limpa os o lhos de tanta sujeira e corrupção que vemos nos nossos jornais. Todos os temas estão ótimos. Vocês estão fazendo um trabalho maravilhoso, continuem assim, cada vez melhor. Fiquem com Deus. (M.J.I. -

MG)

''Algo novo e brilhante"

M É com muito cari nho e atenção que lhes escrevo estas poucas linhas para demonstrar o quanto adm iro esta revista Catolicismo, as publicações são excelentes para as famílias. Estamos muito felizes em receber todos os meses e cada vez nos e nsinando a lgo novo e brilhante. Não tenho nenhuma crítica, só posso e log iar. Os assu ntos estão a cada mês un s melhores que os outros. A Palavra do Sacerdote, para mim pessoalmente, é um estudo bíblico que me tira da tristeza, das preocupações e me dá ânimo logo que le io, me enc he ndo de paz. Uma o utra pessoa, que começa a se transformar, quero dizer, melhorando , também fica com muita paz. Ficou muito contente de saber da ex istê ncia dessa rev ista . (C.A.S. -

CE)

Evangelização IBl Como milhares, ac ho a revista Catolicismo de excelente redação. Aborda temas da atualidade, não deixando de lado a Evangelização, que é a meta principal da revista. Estou lucrando com a le itura e espero lucrar ai nda mais. (T.R.A. - RJ)

Vida de Santos

M Agradeço as rev istas que me mandam, achei ótimas, principalmente a vida dos santos e tantas outras estão muito instrutivas, so-

bre o divórcio, por exemp lo. Enfim tudo ótimo. Muito obrigado. (N.P.S. -

SP)

Formação da juventude

NJ Tenho gostado muitíss imo dos ass untos tratados na Revista Catolicismo, são oportunos e atuais, e tenho louvado a Nosso Senhor Jesus Cristo por essa graça. Ajuda muito para dar formação para os jovens, livrá- los da violência e tudo mais ..... Peço a Deus que o lhe pelo Brasil e que Nossa Senhora Aparecida abençoe o nosso país, livrando-o de todas as desgraças e crimes hediondos e que a mocidade atual lute pelo nosso Brasil e vença. (O.Q.L. -

Formação da família católica

M Re novei a assinatura dessa conce ituada revi sta, pois e la é uma excele nte fonte de informação para a família católica. Gosto muito de ler sobre a vida dos santos. (M.A.A. -

Santidade:

SP)

SP)

Variedade

M Gosto muito da variedade de temas da rev ista, quando e la chega em minha casa é motivo de muito contentamento e distrai muito aq ue les que gostam das coisas de Deus e querem ficar por dentro dos acontec imentos. Para mim a revista não merece nota 10, mas l000!

a verdadeira glória de Jacinta e Francisco No dia 13 de maio, 83° aniversário da primeira aparição de Fátima, serão beatificados Jacinta e Francisco, os pastorinhos a quem Nossa Senhora apareceu naquela localidade. Por terem sido confidentes da Mãe de Deus e atingido a virtude heróica em tenra idade, alcançaram um renome autêntico e universal sem paralelo PLINIO MARIA SüLJMEO

(C.M. -MG)

Ideais l>---<l Comungo com os ideais apresentados na revista Catolicismo. É excelente ! A apresentação gráfica e sobretudo o conteúdo, que só faz jus a elogios. (W.G.S. - PR)

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enho esperança de que o Senhor, para glória da Sanlíssima Virgem, lhe concederá [à Jacinta] a auréola da santidade. Ela era criança só nos anos. No demais sabia já praticar a virtude e mostrar a Deus e à Santíssima Virg em o seu amor, pela prática do sacr/f{cio ... É admirável como ela compreendeu o espírito de oração e sacr(f{cio, que a Sanlíssima Virgem nos recomen-

dou ... Por estes e outros lfatos] sem conta, conservo dela granq_e estima de sanlidade " 1 • (Lúcia falando de Jac inta. O mesmo poderia ter ela afirmado também de Francisco, como veremos). Jacinta e Francisco Marto serão os dois beatos não mártires de mais tenra idade da História da Igreja. Poderiam duas crianças que morreram, uma com J O anos incompl etos e

outra com 1 1 também incompletos, ter praticado as três virtudes teologais (Fé, Esperança e Caridade), e as quatro cardeais (Prudência, Justiça, Forta leza e Temperança) no grau requerido para serem e levados à honra dos altares? Por causa dessa questão, "durante

seis meses de estudo . ... dezoito peritos da matéria debruçaram-se sobre a vida dos dois pequeninos e, com grande ad-

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miração pelas suas virtudes, deram. o seu voto positivo, por escritó, à Congregação para a Causa d s Santos". 2 Qual a importância que terá na vida da Igreja essa anunc iada beatificação? É que "Fátima tem tido tais influências de sanlidade d!fitndidas pelo mundo e pela lg reja, que seu caráter extraordinário não pode entrar nas leis ordinárias da sociologia em uso. Porque Fátima possui, como talvez nenhum outro carisma da Ig reja, o que pode ria chamar-se o carisma da atração religiosa. Desde o princípio, Fátima tem atraído os.fiéis ao lugar de penitência e oração sem outros apelos, motivos ou insinuações que os que procedem de sua Mensagem austera de salvação . .... Os.fi·utos, na conversão dos corações, têm sido espetaculares. Por todas parles osfiéis se sentem estranhamente comovidos e atraídos aos luga res por onde passa a imagem Peregrina, a fa zer oração e penitência, pela simples presença da imagem bendita. E este f enômeno não tem precedentes nem explicações sociológicas sujicientes" 3 . A beatificação dos doi s videntes do divino drama de Fátima aumentará ainda mais seu interesse e seu fervo r. * * * Nosso objetivo neste arti go não é trata r das Aparições nem da Mensagem de Fátima. Isso já foi feito em diversas ocasiões por esta revi sta. Vi samos tão-somente dar alguns traços gera is ela ex istê ncia dos doi s novos beatos, ressa ltando as pectos menos conhec idos ou menos co mentados de suas vicias.

que a irmãzita. Por qualquer coisa não estava com tanta paciência, por qualquer coisa era uma mexida que até parecia um bezerro. "Não era em nada medroso. la de noite sozinho a qualquer sítio escuro sem mostrar receio ou sequer contrariedade. Brincava com os lagartos e as cobras que encontrava; fa zia-os enrolar em volta do seu cajado e dava-lhes a beber nos buracos das pedras o leite das ovelhas. Andava à cata das lebres, raposas e toupeiras" 4 • Como todas as c ri anças, Francisco tinha lá seus pequenos defeitos. - Terá sido por isso que Nossa Senhora lhe clis-

se que teri a que rezar muitos terços para chegar ao Céu? Conta- nos, por exemplo, Ti Marta: "Uma noite em que se não resolvia a rezw; levanto-me e vou até a casa de f ora Francisco: espírito para onde ele se linha metido. Quando inocente, reto, cordato me viu aproximar-se do pé de le, no j eito de lhe chegar, gritou logo: - Ai, meu Franc isco e Jacinta Marto, respectirico pai! E resolveu-se logo de caminho vamente o o itavo e nono filhos de Maà reza". Mas, esclarece Ti Marta: "Isso nue l Pedro Marto, o Ti Marto, e décimo e déc im o primeiro el e s ua esposa, foi antes de Nossa Senhora aparecer; que, depois, nunca faltava; antes, eram O límpi a de Jesus Santos (q ue tinha j á doi s filh os de um casame nto anterior), · eles [o Francisco e a Jaci nta] a puxarem a gente para ir ao terço". nasceram no povoado de Alju strel, perEntTetanto, o próprio pai reconhece tencente à fregues ia de Fátima. que Franc isco era muito dócil e ele obeTi Marta, no conceito un ânime de diência modelar. Sempre amável, cordato seus contemporâneos a pessoa mais rescom todos, ele "brincava indislintamenpeitável da Serra, di z de seu filho mai s te com qualquer - di z Lúc ia. Não quesnovo: "O Francisco era robusto. Tinha boa saúde; futuram o- lo por isso a ser tionava com ninguém. Só algumas vezes retirava-se do jogo quando via algurna de nervos, forte e resoluto". coisa que não lhe agradava. Se lhe per"Era mais bravo, mais desinquieto

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guntavam por que se ia embora, respondia: - 'Porque vocês não são bons';ou, então, simplesmente - 'porque não quero brincar mais'". "Nosjogos- ainda Lúcia - embora pusesse grande interesse, poucos pequenos gostavam de brincar com ele, porque quase sempre perdia. "Eu mesma simpatizava pouco com ele porque o seu. temperamento pac(fico excitava até os nervos da minha excessiva vivacidade. Às vezes, pegava- lhe num braço e fa zia-o sentar no chão ou subre algum.a pedra e ordenava-lhe que estivesse quieto; e ele obedecia como se eu. tivesse uma grande autoridade. De-

1

'

a ensinar a roubar? ... E só lá foi depois ele obter permissão da madrinha6. Alma ele artista, Francisco extasiava-se com as belezas da C riação: o céu estrelado, os riachos e fontes, as flores, e sobretudo o sol, para ele símbolo do poder ele Deus. Contemplativo, entTeti nha-se com pouca coisa: bastava-lhe sua fl autinha de bambu para que passasse horas dela tirando sons nostálgicos com saudades cio Céu, ou alegres, para que Jacinta e Lúcia dançassem nos c,u11pos. Em ráp idas pinceladas, ass im era Franc isco antes elas aparições: inocente, preservado, co m muita re tidão ele alma, mas talvez um pouco mole e acomodado, o que não o impedirá ele ser mi se ri cordi osa me nte escolhido para confidente ela Mãe ele Deu s.

Jacinta: temperamento sensível, retidão de espírito

Ti Marto e sua esposa Olímpia de Jesus, pais ele Jacinta e Francisco

pois pesava-me de ter f eito isso e ia buscá-lo, e, tomando-o pela mão, traziao comigo com a mesma boa disposição corno se nada tivesse acontecido" 5 . S im , Fra nc isco gostava ele jogos; mas evitava contendas. Ced ia seus direitos sem resistir: - Julgas que foste tu. que ganhaste? Pois seja! A mim pouco se me dá ! Se lhe roubavam algo, não tentava recuperá- lo: - Deixá-lo lá; pouco me ralo. Muito inocente e de consc iênc ia sensíve l, certa manhã sua mãe sugere- lhe que ap roveite a ausênc ia da madrinha para levar as ovelhas pastar em seus campos. Ele respondeu que isso não fa ri a. Quando a mãe lhe deu uma bofetada, virou-se di gnamente para e la perguntando: - Então é a minha mãe que me está

J

Jac inta, segundo Lúcia, era o contrário de Francisco, e nem pareciam irmãos a não ser pe las fe ições. " Foi sempre muito mansinha - re lembra comovido o pai. Neste jeito era uma coisa muito admirável. Ainda de peito esta va sempre por tudo. Se linha f ome, dava sinal choramingando u.m bocadito e, depois, não dava mais trabalho. A gente ia a esta ou àquela banda, à Missa, etc. e tal, e ela não se ralava; nem era preciso estar com maneiras para ela ficar descansada. Não se incomodava com nada. Do j eito dela não criamos ·mais nenhum. Era um dom natural" 7 • Tinha uma ex traordinária sensibili dade ele a lma e impressionava-se muito facilmente. "Ainda de cinco anos mais ou. menos - diz-nos Lúcia - ao ouvir narrar os sofrimentos do Nosso Divino Redentor enternecia-se e chorava. Coitadinho de Nosso Senhor - murmurava - eu. não hei-de fà zer nunca nenhum pecado, não quero que .Jesus sofra mais ". Fugia como da praga dos que diziam más palavras ou tin ham conversas inconvenientes "porque isso era pecado e entristecia Nosso Senhor". Mentir? Nunca, pois é também pe-

cado. Narra o pai: - "Quando a mãe a enganava dizendo, por exemplo, que ia às couves e ia mais longe, a Jacinta não deixava de lhe dar a sua piadazita: .... 'Então a mãe mentiu-me? Disse que ia aqui e foi •~,, • aco lá? ... . Isso de •~•• mentir éf eio! "' 8 Como se u irmão Fra nc isco, e • talvez mais do que e le, a Jacinta poss uía uma alma requintada, terna e afetiva. Amava as ove lhas, e desi gnava a cada uma de las pe lo seu nome. Hav ia a pomba, a estrela, a mansa, a branquinha. Mas os cordeirinhos brancos eram seus preferidos. Jacinta tinha uma verdadeira paixão pelas flores. Uma ele suas prediletas di strações na Serra, era colher flores. Às vezes fazia com elas grinaldas para enfe itar a prim a. Outras, clespetaláva-as para atirar sobre Lúcia como via os anjinh os fazerem na Proci ssão ele Co rpus Christi. Amava a lua, a lâmpada de Nossa Senho ra, mais que o sol, "porque não fa z mal ao olhar"; e quando a lua era cheia, corri a a dar a boa nova: - Mãe, lá vem a madrinha do Céu! Este anjinho, não tinha defeitos ? Pequenos embora, também os tinha. Diz Lúcia que, por ser a caç ulinha de fa mília numerosa, fora um pouco mim ada. Por isso, às vezes, quando a co ntradi z ia m, ficava am uada. E, para aceitar de vol tar a brincar, era necessári o de ixá- la esco lher não só o jogo, mas também o parcei ro. Com sua vitalidade surpreendente, chegava às vezes à demasia quando, por exemplo, tratava-se da dança - aliás, muito co r'!lum e ntre os ca mpo neses ela Serra. Com uma ag ilidade e graça surpreendentes para a idade, punha-se a saracotear até ficar afogueada e quase sem fô lego. Esta alma com muito de angéli co estava ass im

",Í!,•

.,

predi sposta pela graça divina para receber as vi sitas celestes.

Aparições impelem essas almas infantis para a santidade Na primavera de 1916 a vida cios três alegres e despreocupados pastorinhos de apenas nove, oito e seis anos de idade iri a sofrer brusca mudança: "Os corações de Jesus e de Maria estão atentos à voz de vossas súplicas", diz-lhes o Anjo de Portugal , o Anjo da Paz. "Oferecei constantemente ao Altíssimo orações e sacr(fícios". " De tu.do o que puderdes, oferecei um sacrifício ao Senhor em. ato de reparação pelos pecados com que Ele é of endido, e de súplica pela conversão dos pecadores . .... Sobretu-

do aceitai e suportai com submissão o sofrimento que o Senhor vos enviar". Este é um programa de santidade, só pedido aos verdadeiros íntimos ele Deus. E os três cumpri -lo-ão à risca e com fe rvor, sem lamú rias ou queixas nem pena ele si mesmos, com verdade ira alegri a e amorosa submissão. Inventavam mesmo os me ios mai s variados de se sacrifi car. Ass im , aproximadamente um ano depo is, estavam prontos para receber a visita da Rainha cio Céu. E Ela veio, não com agrados, não com meigui ces, mas com seri edade, repetindo logo no primeiro encontro o convite à oração e ao sofrimento feito pelo Anjo. "Ides pois ter muito que sofrer. Mas a graça de Deus será o vosso conforto". Oração e so frime nto em reparação ao Imac ulado Coração ele M aria e Sagrado Coração de Jesus, tão ofendidos pela te rríve l apos tas ia ela Human idade. A extensão desse pedido, e les só iri am compreendendo aos poucos com o auxíli o de uma graça espec ial.

Francisco - consolador de Deus Embora inocente e desapegado, Francisco deveria ter ainda algumas fraquezas ou pequenas fa ltas ele generos idade de que precisa-

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va se corrigir. Se estas não o impediam ·, de ver o Anjo e Nossa Senhora, no entanto nada ouvia do que diziam. Entretanto, quando Nossa Senhora afirmou que ele precisaria "rezar muitos terços" para que Ela também o levasse logo para o Céu, sem ressentimento nem inveja das outras duas crianças, ele excla mou : "Ó minha Nossa Senho-

ra! terços digo eu quanto vós quiserdes!" É curioso que, depois da visão do inferno, segundo Lúcia, Francisco foi o que ficou menos impress ionado com aquele horror. Pois o que mai s o atraiu e absorveu -naquela visão foi Deus, a Santíssima Trindade "naquela luz imen-

reparação consoladora com.o a que expressam. as palavras de Francisco, do tipo tão requin.tadam.en.te 'teocên.trico', não é possível ter sem. um.a graça mística extraordinária; o mesmo deve-se dizer a respeito do realismo da tristeza de Deus" [tão vivo em Francisco]9. Seguindo esse apelo à contemplação, tornou-se comum a ele apartar-se das duas meninas para rezar só. Quando lhe perguntavam o que estava fazendo, mostrava-lhes o terço. Se insistiam para.que fosse brincar com elas, respondia: "Não

vos lembrais de que Nossa Senhora disse que devo rezar muitos terços?". E se

sa que nos penetrava no mais íntimo da alma". Isso dá um traço da esp iri -

perguntavam por que não rezava com elas, respondia: - "Gosto mais de re-

tualidade desse pequeno pastorzinho e da vocação a que foi chamado.

zar sozinho, para pensar e consolar a Nosso Senhor, que está tão triste por causa de tantos pecados ...". Dirigido assim pelo Divino Espírito Santo, Francisco fez progressos admirávei s nesse campo. Quando as meni nas o descobriam absorto detrás de alguma paredinha e lhe perguntavam o que estava fazendo, respondia:

- Estou a pensar em. Deus, que está tão triste por causa de tantos pecados ... . Se eu fosse capaz de lhe dar alegria! ... .

Ao término da aparição de outubro de 1917, Jacinta é conduzida por um popular

Lúcia comenta que, "enquanto Jacinta parecia preocupada com. o único pensamento de converter pecadores e de livrar almas do inferno, ele [Francisco] parecia pensar unicamente em. consolar a Nosso Senhor e a Nossa Senhora, que lhe tinham. parecido tão tristes". Quando a prima lhe perguntou o que gostava mais, se de consolar a Nosso Senhor ou de converter pecadores, ele não titubeou: "Gosto mais de consolar

a Nosso Senhor. Não reparaste com.o Nossa Senhora, ainda no último mês, se pôs tão triste, quando disse que não ofendessem. a Deus Nosso Senhor, que já está muito ofendido? Eu queria consolar a Nosso Senhor, e depois converter os pecadores, para que não O ofendam. mais". 24

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Em 1951, a trasladação dos restos mortais de Jacinta para a Basílica de Fátima

Com razão comenta um autor: "Um.a

Consolar a Deus, dar-Lhe alegria' Que altíssima meta! Que programa de vida! I sso é praticar de maneira sublime o Primeiro Mandamento, esquecendo-se de si e amando a Deus sobre todas as coisas.

Pequenos, mas com grande espírito de sacrifício Para mortificar-se, os três pastorinhos inventavam mil coisas: dar o lanche para os pobres e comer raízes ou bolotas, escolhendo as mais amargas; abster-se de beber, às vezes o dia todo, quando com muita sede; esfregar urti ga no corpo para · molestá-lo; rezar prosternados horas seguidas as orações que o Anjo lhes ens inara, eram algumas delas. Certo dia encontraram um pedaço de corda áspero, que logo ataram à cintura sob a roupa. rsso incomodava tanto que os impedia muitas vezes de dormir. Foi preciso que Nossa Senhora lhes recomendasse que à noite tirassem esse instrumento de suplício.

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Tendo-lhes certo dia um sacerdote recomendado que rezassem pelo Santo Padre, explicando-lhes quem era, acrescentaram, no fim do terço, três AveMarias na intenção do Pai comum da Cristandade. Quando os pastorinhos entraram para a escola, Francisco di sse às duas meni nas: - "Olha, vocês vão, que eu

Duas aln1as florescem no Céu Já há quase 10 anos, quando surgiram notícias sobre a possibilidade de beatificação dos videntes de Fátima, Jacinta e Francisco, o Prof: Plínio Corrêa de Oliveira comentou a importância desse ato a realizar-se agora no dia 13 maio. Apresentamos a seguir excertos de suas penetrantes considerações, feitas em 10 de maio de 1991. PLINIO CORRtA DE ÜLIVElRA

Eu dou muita importância a essa beatificação. O que se lê sobre a post-vida de Jacinta e de Francisco fala muito a favor de uma existência santa, de modo a merecerem a honra dos altares. Jacinta, por tudo quanto sofreu, assim como Francisco. Adoeceram, tiveram enfermidades penosas, difíceis etc .. ,., Tudo leva a crer que Jacinta estava no pleno agrado de Nossa Senhora, quando se deram as aparições. Com seu irmão, Francisco, não foi assim. Ele, em qualquer coisa, tinha desagradado a Nossa Senhora, o que não o impediu de ser testemunha das aparições e, assim, for-

mar um trio com a prima, Lúcia, e com .a irmã. Francisco não ouvia o que Nossa Senhora dizia, "apenas" A via (pudéssemos nós vê-La! nem sei o que diria!). Mas ficou claro que ele "apenas" via porque tinha em algo desagradado à Santíssima Virgem. Considerem agora o modo de Nossa Senhora tratar as almas eleitas (ele era uma alma eleita e morreu em odor de santidade): Ela limitou-lhe em algo o conhecimento do que se passava. Ele teve a graça de vê-La, mas não a de ouvi-La. Assim Nossa Senhora foi severa, privando Francisco de lhe ouvir a voz, mas depois, dando-lhe a graça de arrepender-se, deu-lhe também a graça de emendar-se. Vida breve, toda de holocausto, uma vida santa e a morte em odor de santidade. Jacinta tinha um grau mais alto, ouvia o que Nossa Senhora dizia. Ela carregou todo o peso da privação e até das incompreensões das pessoas de seu tempo e morreu, amorosamente, voltada para Nossa Senhora. São duas almas que, a serem beatificadas, reunirão em si rico conjunto de ensinamentos para nós. Aqueles que tenham a ventura de nunca ter pecado, poderão ver em Jacinta uma protetora especial; e aqueles que tenham pecado, vejam no Francisco um protetor particular - receio bem que o número de protegidos do Francisco seja bem maior! E que dois protetores novos floresçam para nós no Céu, nesta grande ocasião. O que quer dizer "floresçam no Céu'? Eles estão no Céu, portanto, e já floresceram. Porém, irão ter a glória extrínseca que lhes vem dessa beatificação. Nesse sentido emprego a palavra florescer.

fico na igreja junto de Jesus escondido. Não vale a pen.a aprender; daqui a pouco vou para o Céu. Quando voltarem., vêm. aqui a chamar-me". Assim passava horas ajoelhado diante do Santíssimo, procurando "consolar" e "dar alegria" a seu Deus. "É bem. possível - comenta outro autor - que desse modo, sem. direção,

Francisco tenha aprendido a praticar a oração mental. Ele pode muito bem. terse tornado um. muito avançado contemplativo, e pode ter tido êxtases. Ele tinha aprendido do próprio Mestre a lição que Santa Teresa ensina em seu Caminho da Perfeição: que alta oração requer amor, solidão, desapego, ver-se livre de todo apego a si mesmo ou sensualidade"'º. No dia 23 de dezembro de 1918 os dois irmãozinhos adoeceram, vítimas da ep idemia de bronco-pneumonia que atormentava a Europa. M esmo durante a doença, continuaram a rezar e a sacrificar-se pelos pecadores. Sobre Francisco, escreve Lúcia: "So-

fria com. um.a paciência heróica, sem. nunca deixar escapar um gemido nem. a mais leve queixa. Tom.ava tudo o que lhe dava a mãe, e não cheguei a saber se alguma coisa lhe repugnava. "Perguntei-lhe um. dia, pouco antes de ele morrer: - Francisco, sofres muito? - Sim., sofro. Mas sofro tudo por amor de Nosso Senhor e de Nossa Senhora. "Um. dia deu-me a corda ( que usava à cintura por penitência) e disse-me: - Tom.a lá e leva-a, antes que minha mãe a veja. Agora já não sou capaz de a ter à cinta. " Esta corda tinha três nós e estava manchada de sangue" 11 • No dia 4 de abril de 191 9, sem que

houvesse gemido ou contração do rosto, com um sorTiso angélico nos lábios, Francisco foi de encontro à Santíssima Virgem, que o esperava de braços abertos.

Jacinta: vítima reparadora, seriedade e generosidade Jacinta, após as Aparições, levou tão a sério sua missão de rezar pelos pecadores que foi obsequiada com várias graças místicas. Teve visões proféticas, obteve curas e graças consideradas miraculosas, e conta-se mesmo dela um fato de bilocação. Ainda em Fátima, no ano seguinte ao das Aparições, Nossa Senhora apareceu-lhe mais três vezes. 12 A maturidade e precocidade na virtude dessa humilde pastorinha impressionava. Lúcia testemunha: "Tinha um

porte sempre sério, ;,,.odesto e amável, que parecia traduzir a presença de Deus em. todos os seus atos, próprio de pessoas já avançadas em. idade e de grande virtude". "Se na sua presença algum.a criança, ou mesmo pessoas grandes, diziam. algum.a coisa, ou fa ziam. qualquer ação menos conveniente, repreendia-as dizendo: - Não façam. isso, que ofendem a Deus Nosso Senhor, e Ele já está tão ofen.dido! .... 13 Lúcia reconhece: "Nosso Bom. Deus m.efez a graça de ser sua confidente mais íntima; dela conservo as maiores saudades, estima, respeito, pela alta idéia que tenho de sua santidade". Sua dolorosa doença foi ocasião de oferecer muitos sacrifícios a Deus. Um dia perguntou à Lúcia: - "Já fizeste hoje

muitos sacrifícios ? Eu.fiz muitos. Minha mãe foi-se embora e eu quis ir muitas vezes visitar o Francisco, mas não fui. Outro dia:

- "Cada vez me custa mais tom.ar o leite e os caldos; mas não digo nada e tom.o tudo por amor de Nosso Senhor e do Imaculado Coração de Maria ".

Alto grau de santidade A missão reparadora de Jacinta vai intimam ente li gada ao Coração Imaculado de Maria. Quando Nossa Senhora mostro u o inferno aos três pastorinhos, disse- lhes: "Vistes o infer-

no para onde vão as almas dos pobres

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VIDAS DE SANTOS pecadores; para salvá-las,., Qeus quer estabelecer no mundo a devoção ao meu Imaculado Coração". acinta foi, a seu modo, uma mi ssionári a dessa devoção. Ao despedir-se de Lúcia antes de partir para Lisboa, recomenda-lhe veementemente: "Tu permaneces aqui para dizer que Deus quer estabelecer no mundo a devoção ao Imaculado Coração de Maria. Quando tiveres que dizer isto, não te escondas". E acrescenta: "Diz a todo o mundo que Deus nos concede as graças por meio do Coração Imaculado de Maria. Que se peça a Ela. Que o Coração ·de Jesus quer que, a Seu lado, se venere o Imaculado Coração de Maria. Que peçam a paz ao Imaculado Coração de Maria; que Deus a entregou. a Ela. Oh! Se eu pudesse meter no coração de todo mundo o fogo que tenho aqui dentro do peito queimando-me e fa zendo-me gostar tanto do Coração de Jesus e do Coração de Maria! .... ". Por isso, "Jacinta bem merece o título de modelo-vítima reparadora do Coração de Maria que devemos olhar os que queremos viver em profundidade a mensagem de Fátima" 14 • Certo dia confiou a Lúcia que, quando estava só, levantava-se muitas vezes para rezar a oração do Anjo: - "Mas agora já não sou capaz de chegar com a cabeça no chão, porque caio; rezo só de joelhos". Como pôde Jacinta, tão pequenina, assumir e compreender tão profundamente o espírito de mortificação e de penitência? Lúcia responde: "Primeiro, por uma graça especial de Deus que, por meio do Ima culado Co ração de Maria, lhe quis conceder; segundo, vendo o inferno e a desgraça das almas que ali caem". Comenta o já citado Pe. Alonso: "Diante de Jacinta, a própria Lúcia sentia o que de ordinário se sente junto a uma pessoa santa, que em tu.do parece comunicar com Deus .... A vista do inferno a havia horrorizado a tal ponto que todas as penitências e mortificações lhe pareciam nada contanto que conseguisse livrar dali algumas almas" 15 • Nossa Senhora perguntara a Jacinta se queria ficar um pouco mais na Terra para 26

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sofrer pela conversão dos pecadores. A generosa criança respondera que sim. Com isso foi para dois hospitais onde muito sofreu, e acabou morrendo sozinha em Lisboa, afastada dos parentes. Mas Nossa Senhora não a deixou só. Aparecia-lhe freqüentemente, inst:mindo-a, aconselhando-a, aleitando sobre a situação do mundo e a iminência dos castigos. A Madre Maria da Purificação Godinho, a quem Jacinta fazia suas confidências, anotou muitas das comunicações celestes e med itações da jovem pastorinha, que aparecem em vários li-

que por ele podia atravessar-se a mão. Ela sofreu tudo caladinha, só gemendo às vezes: "A i, minha Nossa Senhora!". Mas, para consolar os que a viam sofrer, dizia: "Paciência! Todos temos que sofrer para chegar ao Céu" . "O Senhor uniu Jacinta à sua Paixão dolorosa e às dores da Virgem do modo mais íntimo. E todas as graças de consolo que recebeu das várias visitas de Nossa Senhora, não foram impedimento para que essa Paixão acerba tocasse os limites do martírio mais horrível. Diríamos que, para ser modelo de vítima reparadora, Jacinta teve que passar por todas as noites dos sentidos e também do espírito sofrendo aquela temível solidão que ela tanto temia" 16 • Na Sexta-feira, 20 de fevereiro, Nossa Senhora veio buscar Jacinta, que apesar de não ter completado os 1O anos, morreu e m odor de santidade. ♦

Tro111beta do Céu, Pregador do Evangelho Iniciador do culto ao Nome de Jesus, grande devoto da Santíssima Virgem, famoso pregador popular, São Bernardino de Siena, cuja festa comemoramos neste dia 20, alcançou tal santidade em vida, e sua intercessão tantos milagres após a morte, que lhe mereceram a honra dos altares apenas seis anos após seu passamento

Notas:

Terço s u sados pelos dois pasto rinhos

vros e mostram o grau de maturidade espiritual a que chegou esta menina de me nos de IO anos.

Compreensão profunda e séria da eternidade Vendo pessoas vestidas imodestamente ire m visitar doentes, ou enfermeiras muito e nfe itadas, dizia à Madre Godinho: "De que serve tudo isso? Se elas pensassem que têm que morrer e soubessem o que é a eternidade! .... Sobre uns médicos ateus, comentou: "Coitados! com toda a sua ciência, mal sabem o que os espera". Pedindo-lhe a Madre Godinho que rezasse por alguns pecadores e mpedernidos, responde u: "Pois sim, Madrinha; mas esses já não têm remédio !" Jacinta foi operada em feve reiro de 1920 uma segunda vez. Devido a seu estado de fraqueza, só puderam utili zar clorofôrmio e anestesia local. Ao ver-se sem suas roupas nas mãos dos méd icos, chorou muito. Retiraram-lhe duas costelas, deixando um orifício tão grande

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1. Irm ã Lúcia, Con tribuição de 111e1n6rias pessoais para a biog rqfia da p equ enina Jacin ta, apud Pe. Luí s Gonzaga Ayres da Fo nseca S.J. , Ed itora Vozes Ltda , Petrópo li s, 5" ed ição, 1954, Prólogo. 2. Cfr. Pe. Luís Kond or, Vi ce- Postulador das Causas, Haverá santos entre as crianças ... em breve, "L'Osservatore Romano", ed ição e m portu guês, 6 de março de I999. 3. J oaq uin Mar ia Al o nso, Do c trin a y espiritualidad de i mesaje de Fátima , Ari as Montan o Ed itores, S.L., Madrid , 1990, pp. 333, 334. 4. Pe. João De March i, l.M .C., Era uma Senhora mais brilhan tes que o Sol ... , Sem inári o das Mi ssões de Nossa Senhora de Fátim a, Cova da Iri a, 4' ed ição, 1954, p. 35. 5. Id. , ib., pp. 35 a 37. 6. Id ., ib. , p. 37. 7. ld ., ib., p. 40. 8. lb., ib .. 9. Pe. Joaquín M. Alon so, op. c it. , p. 127. 10. Willi a m Thoma s Wal sh, Our Lady o.f Fatima, Image Boo ks, Garden C ity (NY), 1954, p. 157. 11. Pe. Luís Gonzaga Ayres da Fonseca, S.J ., Nossa Senhora de Fátima , Editora Vozes , Petrópoli s, 5" ed ição, 1954, pp. 148- 149. 12. C fr. Relatóri o ofic ial do Prior da freguesia de então, acabado no mês de agosto de 19 18 e en tregue à Autori dade Ec les iásti ca em 28 de abril de 19 19, in Pe. Luís Gonzaga Ayres da Fonseca, op. c it. 13. Pe. João De Marchi , op. c it., p. 2 15. 14. Pe. Al o nso, op. cit. p. 143. lS. Ide m, op. c it., pp. 132, 134. 16. ld . ib., p. 144.

Ar-üNSO DE SOU ZA

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ern ardino era filh o de nobre família, das mai s ilustres da República de Siena Órfão de mãe aos três anos e de pai aos seis, foi criado por sua tia materna, Diana, mulher virtuosa que plantou em sua alma as sementes do verdadeiro amor a Deus, à Sua Mãe Santíssima e aos pobres. Aos II anos fo i enviado a Siena para receber formação condi zente com seu ilustre nome junto aos tios paternos. Para isso recebeu educação dos melhores preceptores da cidade. 1

Castidade combativa Sumamente amante da virtude da pureza, Bernardino, hab itualmente respeitoso e ameno de trato, incendiava-se de indi gnação ao ouvir qualquer palavra imoral. A um homem que ousou di zer uma em sua presença, deu-lhe um soberbo soco no queixo, que repercutiu em toda a sala onde se encontravam. O libertino não teve coragem de defender-se contra um frágil adolescente, preferiu a fu ga, cheio de confusão. Em outra ocasião, recrutou meninos para expul sar, a pedradas, outro libertino que se jactava de suas obscenidades. Mais tarde, quando já franciscano, certa vez em que coletava esmolas para seu convento, uma dama convidou-o a entrar e m seu palácio, prometendo-lhe grande es mola. Entretanto, a despudorada mulher, logo que se

viu a sós com Bernardino, quis com ele pecar e ameaçou-o, caso ele não consentisse, de gritar pela janela acusando-o de a ter querido violar. Sem hesitar, Bernard ino "tirou do bolso um azarrague e bateu tão desapiedadamente na própria pele, que a tentadora deixou a idéia infame e pediu-lhe humildemente perdão" 2 • Era sobretudo seu porte modesto, mas firme, que impunha respeito. De maneira que, quando os amigos estavam em conversa imoral e viam que Bernardino se aproximava, mudavam logo o teor de sua conversação. Após terminar o estudo de Filosofia , aplicou-se ao do Direito civil e canônico, e estudo das Sagradas Escrituras.

Arrisca a vida para tratar de pesteados Aos 17 anos entrou para a Confraria dos Discípulos de Nossa Senhora, agregada ao hosp ital La Scala, de Siena, que tinha por fim servir os doentes. No ano de 1400 a peste, que já havi a desolado parte da Itáli a, chegou com toda sua virulência a Siena, ceifando di ari amente quase uma vintena de vítimas. Em breve não haveria praticamente mais enfermeiros para o cuidado dos doentes. Bernardino reuniu então 12 de seus amigos dispostos a essa heróica obra de mi sericórdi a, tanto mais admirável quanto maior o perigo de contá-

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ffi gio. Dedicaram-se aos vitimados dia e noite durante os quatro meses que durou a epidem ia. Findo esse tempo, exausto pelo trabalho e vigílias que despendera em prol dos empestados, Bernardino caiu de cama com violenta febre que durou outros quatro meses. Mal se recuperara, entregou-se a outra obra de misericórdi a: o cuidado de uma velha e piedosa tia, que ficara cega, paralítica, e coberta de chagas . Dela cuidou por dois anos, até que ela entregou sua alma a Deus.

Pregado à cruz, seguiu fielmente

a ordem do Redentor Desejando então levar uma vida mais recolhida, enquanto esperava conhecer os planos de Deus a seu respeito, retirou-se a uma casa dos arredores da cidade onde

Oratório São Bernardino de Siena, Peruggia (Itália)

se enclausurou, dedicando-se à oração e mortificação, jejum e recolhimento. Certo dia em que rezava diante de um Crucifixo, disse-lhe Nosso Senhor: "Bernadino, tu me vês despojado de tudo e pregado a uma cruz por teu amor; é necessário, se tu me amas, que te despojes também de tudo e leves uma vida crucfficada" 3 • Para isso, o jovem sentiu-se inspirado a entrar para os Franciscanos observantes, no convento solitário de Colombiere, a algumas milhas de Siena. E assim fez no dia da Natividade de Nossa Senhora, que era também o dia de seu vigésimo segundo an iversário. Professou no ano seguinte, na mesma so lenidade, e um ano depois, também nela, celebrava sua primeira Missa. Foi na escola de Jesus crucificado que e le aprendeu a praticar, em grau heróico, as virtudes cristãs. Para isso, dia e noite prosternava-se diante de um Crucifixo. Ou-

tra vez, durante essa meditação, Nosso Senhor lhe disse: "Meu filho, tu Me vês pregado à Cruz; se tu Me amas e queres Me imitar, prega-te também à tua cruz e segue-Me; assim estarás seguro de Me encontrar".

Milagrosamente, torna-se grande pregador Seus superiores, vendo tanta virtude nessa candeia, quiseram que e la não permanecesse mais oculta, mas que brilhasse à luz do mundo. Por isso designaram-no para a pregação. Bernardino obedeceu. Mas como sua voz era fraca e rouca, não podia atingir o número de fiéis que se reuniam para ouvi-lo. "Contudo não desanimou com isso, mas recorreu à Santíssima Virgem, que imediatamente deu robustez e claridade à sua voz, e o adornou com todas as qualidades de um bom pregador" 4 . Após suas pregações, "os homens vinham depositar entre suas mãos os dados, as cartas e os outros instrumentos de jogos proibidos, as mulheres traziam a seus pés seus ornamentos, cabeleira, tecidos, perfumes e outros produtos que a vaidade desse sexo inventou para perder as almas querendo embelezar demasiado seus corpos. A palavra de Deus em sua boca era como uma espada cortante e como umfogo que consome o que há de mais duro e mais resistente. Assim, chamavam-no a Trombeta do Céu, o Predicador do Evangelho" 5 • Os frutos de suas pregações eram a inda maiores porque acompanhadas de milagres. Restituiu saúde a doentes, curou leprosos. E certa vez que um barqueiro se recusava transportá-lo à outra margem de um largo ri o, porque não tinha com que pagar, estende u na ág ua seu manto, sobre o qual e le e o compan heiro cruzaram o rio como no mais seguro barco. Chegados à outra margem , o manto não estava seq uer molhado!

Iniciador do culto ao nome de Jesus " Pode-se di zer que São Bernardino de Sienafoi o iniciador do culto ao dulcíssimo Nome de Jesus. No final de seus sermões mostrava ao povo uma bandeirola na qual havia gravado em letras ele ouro o monograma JHS, e convidava a todos os.fiéis a prosternarem-se diante dela para venerar o nome elo Redentor elo mundo " 6 • Isso pareceu temerária inovação a alguns espíritos do mundo, e uma campanha de difamação foi organ izada contra ele, com tanta eficácia, que o Papa Martinho V proibiu-o de pregar. Diante da atitude totalmente submissa de Bernardino, o Sumo Pontífice informou-se melhor e quis que ele se defendesse. "Leu com o maior

Cerimônia fúnebre de São Bemardino de Siena - Afresco da igreja Santa Maria de Aracoeli, Roma

gosto sua apologia, e satisfeito com suas razões e seu proceder, abraçou-o ternamente, exortando-o a derramar por toda parte o fruto ele seu zelo "7 • O Imperador alemão Sigismunclo tinha por e le tanta veneração, que desejou que ele o segui sse a Roma para assistir às cerimônias de sua coroação, em 1433.

Vigário Geral da Ordem Venerado também por seus irmãos de hábito, estes o e legeram, em l438, Vigário Geral de todos os conventos da observânc ia. Nesse cargo, São Bernardino restabe leceu a observânc ia em muitos co nve ntos e ma ndou co nstruir outros, à maioria dos quais deu o nome ele Santa Maria de Jesus, pela sing ular devoção que tinha a esse nome . No interva lo entre suas atividades apostólicas, ele escrevia. Entre suas obras estão os tratados da Religião Cristã, do Evangelho Eterno, da Vida de Jesus Cristo, do Combate Espiritual, além de Meditações e Sermões. Por causa de sua saúde alquebrada, descarregou parte cio peso de seu cargo sobre São João de Capistrano, seu discípulo e sucessor.

vosso Nome aos homens que vós me destes; agora eu Vos peço por eles, e não pelo mundo, porque eu vou para Vós" . Tinha 64 anos. Muitos anos antes, estando o grande São Vicente Ferrer pregando em Alexandria, na Lombardia, disse publicamente "que havia um personagem no seu auditório que seria a luz da Ordem de São Francisco, de toda a Itália, e da Igreja; e que ele seria declarado santo com ele " K_ Esse santo foi exatamente São Bernardino de Siena. ♦ Notas L Se mpre que cabíve l, co nvém ressa ltar o ilu stre nasc imento da-

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Morte franciscana: na terra nua Em 1444 dirigia-se ele a Nápoles para pregar umas missões. Chegando a Áqui la, sentiu que seus dias estavam contados e que deveria preparar-se para comparecer diante do Tribunal do Supremo Juiz. Para segu ir o exemplo de São Francisco, pediu a seus confrades que o colocassem sobre a terra nua para aí expirar, o que sucedeu no dia da Ascensão à hora das Vésperas, quando cantavam no coro a antífona: "Meu Pai, eu.fiz conhecer

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queles San tos que fa zem jus a essa condição privi legiada. Assim fa zend o, co locamos em prática o princ ípio de San to In ác io de Loyola cio age re contra , a saber, sempre que o erro, o fe io ou o mal nos impe lem a ag ir numa direção, devemos aluar na direção contrária. Portanto, numa é poca tão igualitária e conturbada pela lul a ele classes como a nossa, compraz-nos ressa ltar pessoas de nome in signe e ele fortuna , que, lendo sabido utili zar-se de sua pos ição ou de seu s bens com desapego, ou mes mo ren unciar a e les por amor de Deu s, at in giram a mai s alta santidade. É o caso ele São Bernard ino de Siena. Santos de Cada Dia, Organizado pe lo Pe. José Leite, S.J ., Ed itorial A.O. , Braga, 1987 , vo l. li , p. 111. Les Petits Bollandistes, Vies eles Sa int.,·, d' aprés le Pere G iry, par Mgr. Pau l Gué rin , Paris, Bloud el Barrai , Librai res-Éditeurs, 1882, torno VI , p. 57. Ecle lvives, E/ Santo de Cada Dia, Editorial Luis Vives, S.A., Saragoça, 1947, vol. III , p. 207 . Les Pe lils Bol landistes , op. cit. , pp. 57-58. Ecle lvives, op. cit., p. 208. P. João Croi ssel, S.J. , Atio Cristiano , Madrid , Saturn ino Ca lleja, 190 1, torno li , pp. 598-599. Les Pelils Bo ll ancli stes, op. cit. , p. 61.

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INTERNACIONAL

Na·Rússia, volta a KGB Wladimir Putin, o novo Presidente da Rússia, será um Napoleão soviético? Hipóteses sobre o significado profundo da última eleição russa Renato Vasconcelos Frankfurt - A vitória de Wladimir Putin no primeiro turno das eleições presidenciais russas de 25 de março último traz consigo incógnitas e lança sombras inquietantes sobre os rumos futuros da Rússia. Compareceram às urnas cerca de dois terços do eleitorado (68% de 108 milhões de eleitores). Apresentaram-se 11 candidatos, de antemão quase todos sem a menor chance de serem eleitos. Putin obteve 52% dos votos. - O segundo colocado, com quase 30% dos votos, foi o chefe comunista Siuganov. E o terceiro colocado, o liberal lavlinski, teve que se contentar com 5% dos sufrágios.

Correspondente Alemanha

Ascensão meteórica O que está por detrás da rápida ascensão de Putin ? Por que foi ele o "delfim" de Yeltsin? Um interessante artigo de Markus Wehner, comentarista político do "Frankfurter Allgemeine Zeitung",

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Guerra de encomenda e atentados suspeitos A guerra era porém impopular. Já na década de 70 os russos haviam perdido 80 mil homens, sem conseguir dobrar a resi stência dos chechênios. Como então tornar justificável ante os olhos da opinião publica uma intervenção implacável na pequena república caucasiana? Era preciso criar um estado de indignação na opinião pública. Nos últimos dias de agosto e no início de setembro ocorreram diversos atentados a bomba em Moscou e nas cidades vizinhas, ceifando a vida de centenas de pessoas. Os chechênios negam terem sido os autores dos Após bombardeios russos, a cidade chechena de Eliztanzhi ficou arrasada, apesar de sua insignificância militar. Mulheres e crianças inocentes foram as principais vítimas desse bárbaro ataque

De espião à Presidente da Rússia Quem é propriamente Putin, esse político que há menos de um ano não passava de um "uomo qualunque" e que agora acaba de ser guindado ao mais alto posto na Rússia? Nascido há 47 anos, Putin formou-se pela Universidade de Moscou. Tornou-se pouco depois agente da KGB , que o enviou para a Alemanha. Antes da reunificação alemã, foi durante 15 anos chefe do serviço de espionagem russo em Dresden. Voltando para a Rússia no início da década passada, foi nomeado vice-prefeito de São Petersburgo. Antes de ser indicado como chefe de governo, na segunda semana de agosto do ano passado, Putin era diretor do serviço secreto.

O último trunfo do grupo era precisamente Putin, que se mostrava disposto a entrar para valer na guerra contra a República do Cáucaso e garantir os privilégios da camarilha. O resultado foi a nomeação de Putin para chefe de governo em agosto.

procura dar a esta pergunta uma resposta, cujos elementos essenciais apresentamos abaixo. Na luta para não perder o controle do poder, o staff' do Kremlin (também chamado de ''.família do Kremlin") tentou em vão achar vários sucessores para o enfermiço Yeltsin. Prirnakov, Luschkov e Stepaschin não concordaram com as condições impostas: manutenção da influência do staff; imunidade total para Yeltsin, favorecimento dos novos magnatas corno Beresovsky (mídia) e Rornan Abramowitsch (petróleo), be m como levar a cabo a guerra da Chechênia, a fim de satisfazer setores descontentes do exército.

atentados. Suspeita-se fortemente que o serviço secreto russo tenha sido o responsável pelos crimes. Contudo, a propaganda habilmente orquestrada levou o público a acreditar que os atentados eram obra de terroristas chechênios ... 1 Com a indignação da opinião pública no auge, o Kremlin não teve dificuldade em intervir brutalmente na Chechênia. E pari passu com os sucessos da intervenção militar, foi subindo a popularidade de Putin, considerado então o salvador da pátria, ameaçada por inescrupulosos terroristas . O apoio da opinião pública permitiu a Putin agir de modo implacável. No dia 22 de agosto ordenou o bombardeamento de Grosny, capital da Chechênia, só terminado com a completa destruição da cidade. Na Rússia não se teve pena dos habitantes da cidade, devastada de tal modo que se diria atingida por urna bomba atômica. Desconfianças de que os atentados pudesse m ter sido feitos pelo serviço secreto surgiram até mesmo na imprensa russa, logo rebatidos por Putin como pensamentos cínicos e amorais.

Transmissão do poder ao Príncipe herdeiro Esmagada quase definitivamente a insurreição na Chechênia, criada a imagem de um estadista forte e que punha a casa em ordem, estavam postas as condições para que Yeltsin transmitisse o poder ao grande homem do momento . O que foi feito com pompa e circunstância. Na noite de 31 de dezembro, Yeltsin renunciou ao cargo de Presidente da Rússia. Em contrapartida, recebeu de seu Príncipe herdeiro, Putin, a garantia de imunidade perpétua, além de uma polpuda pensão ...

Gosto pelo poder O novo presidente da Rússia gosta de aparecer em fotos portando quimono de karatê, trajando uniforme de piloto de caça. Transmite assim a imagem de jovem e dinâmico. Ele também não esconde sua admiração por Napoleão. Desinibido como o foi o Corso, não se peja de manifestar abertamente sua atração pelo imenso poder que lhe caiu nas mãos.

No livro Conversas com Wladimir Putin, lançado antes das eleições por três jornalistas, com uma tirage m de 50 mil exemplares, o novo chefe do Kremlin decl ara que é "uma sensação agradável " decidir sozinho, sabendo ser "a última instância". E adiante: "Agora ninguém mais me controla. Pelo contrário, eu é que controlo todo o mundo". Estaremos assim diante de um novo Napoleão, que tentará fazer da Rússia um Estado forte? Cometerá ele os mesmos desatinos políticos e empreenderá as mesmas aventuras bélicas do general corso que se autoproclamou imperador dos franceses? Por fim, chegará ele ao extremo de tentar refazer, a seu bel prazer, o mapa da Europa "more napoleonico ? ". 2 * * * Com o resultado da vitória eleitoral de Putin parece claro aos observadores que a pretensa democratização da Rússia soviética não passa de urna balela. O emprego de métodos condenáveis, totalmente carentes de escrúpulos, que parecem ter possibilitado a ascensão de Putin ao poder, fornece matéria mais do que suficiente para reflexões. E sobretudo prudência no que di z respeito às relações com a Rússia, a qual , diga-se de passagem, continua a receber anualmente a bagatela de 50 bilhões de dól ares de investimentos ocidentais! É preciso não perder de vista que Putin, ao que muitos dizem, não passa de um joguete nas mãos de um stajf'que domina o país a fim de conduzi-lo para onde exigirem os seus interesses e ambições.3 ♦

Notas: 1. M. Wehne r, Das grasse Spiel, in " Frankfurter All gemeine Zei tun g", 25 -3-00. 2. Andrei Piontow ski , diretor do In stituto de Estudos Estratégicos de Moscou, afirma que Putin é "wn homem. da guerra, ele é um símbolo". E sobre a participação de Putin na gue rra da Chec hênia, comenta: "Esta guerra ele não afaz apenas por considerações pragmáticas. Ele a conduz com entusiasmo. Vi ram os seus olhos, quando se referia à guerra? Eles brilham, quando ele fala da guerra " (" Die Welt", 28.3.00). 3. "Die We lt", e m s ua seção Komm entar, de 27-3-00: "Quem apoia Putin precisa ao menos co,npreender isso: o aparato do poder está voltando e com ele a tradiçiio russa de um. governo de ,não de f erro".

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Santos , ,e festas

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São José Operário, Esposo da Santíssima Virgem. Pio XII transferiu a festa do Patrocínio de São José, que se celebrava em meados de abril , para este dia, a fim de dar aos operários um protetor celestial e assim repudiar o tom revolucionário e o caráter de luta de classes que se mani festa m tantas vezes nas comemorações do 1º de maio, desde meados do século XLX. Embora São José seja também, convém não esquecer, Príncipe da Casa de Davi , nesta data se comemora especialmente sua condição de operário.

São Máximo de Jerusalém, Bispo e Confessor. + 35 1. Sucedeu a São Macá rio como Bispo de Jerusalém. Com sua ciência e santidade contribuiu para o êx ito do primei ro Concílio de Nicéia. Primeira sexta-feira do mês

2 Santo Atanásio, Bispo, Confessor e Doutor da Igreja. + Alexandria (Egito), 373 . Grande defensor da fé contra os hereges arianos. O vigor e a segurança doutrinária de seus escritos valeram-lhe o título de Doutor da Igreja.

3 São Filipe e São Tiago Menor, Apóstolos. + Século 1. São Filipe deixou a casa, mulher e filhos em Betsaida para seguir Nosso Senhor, sendo marti rizado em Hi erápoli s, na Frígia (Ásia Menor). São Tiago Menor, primo de Nosso Senhor, foi o primeiro Bispo de Jerusalém, onde sofreu o martírio.

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6 São João Apóstolo, na Porta Latina. Século 1. O Imperador Domiciano o fez lançar aos 90 anos em uma caldeira de azeite fervente junto à Porta Latina. Dela o Apóstolo virgem saiu rejuvenescido. Foi então des terrad o para a ilh a de Patmos, sendo o único Apóstolo não mártir. Primeira sábado do mês

7 Santa Flávia Domitila, Virgem e Mártir. + Roma, século I. Da família dos três últimos Imperadores romanos do século I, sofrendo o martírio por Cri sto, deu mais glóri a a Roma que seus augustos parentes.

8 Nossa Senhora de Luján, Padroeira da Argentina. Imagem levada do Brasil para o país irmão, operou inúmeros milagres. Sua Basílica tornou-se centro de peregrinação não só para argentinos, mas também para pessoas de outras nações, especialmente uruguaios e paraguaios.

Santa Mônica, Viúva. + Óstia (Itália), 387. Modelo de

esposa e mãe, por suas orações e lágrimas obteve a conversão do marido, e depois a do filho, Santo Agostinho. Esta dedicou-lhe belas pág inas em suas Confissões.

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9 São Pacômio Abade, Confessor. + Egito, 348. Trocou o exército de Constantino pela solidão do deserto. Divide com Santo Antão a hon-

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Santo Antonino de Florença

Santo Atanásio

São Pacômio

Santo Isidro, o Lavrador

ra da instituição da vida religiosa em comum.

sorteio para substituir o infame traidor Judas lscariotes no Colégio Apostólico (antes a 24 de fevereiro).

dor da Ordem dos Celesti nos, aos 80 anos fo i elevado ao Sól io Pontifício. Porém, sentindo-se incapac itado para exercer tão alta dignidade, resi gnou.

ção Francesa, ensinando catecismo, cuidando de doentes e dando esconderijo a sacerdotes fi éis em pleno Terror. Fundou em Besançon um ramo das Irmãs de Caridade. Morreu no convento de Nápoles, devido a perseguições de seu Bispo e de suas próprias irmãs de háb ito.

10 Santo Antonino de Florença, Bispo e Confessor. + 1459. Antônio, conhecido pelo diminutivo por causa de sua pequena estatura. Defendeu o Papado no Concílio de Basiléia e a sã doutrina católica no de Florença.

11 Santos Abades de Cluny, Confessores. França, séculos X a XII. "A elevada autoridade moral de Cluny, que, do século X ao XII os abades Odão, Majolo, Odilão, Hugo e Pedro o Venerável coloca ra,n a serviço da Igreja e da paz civil, explica-se pela irradiação de suas personalidades, pela estabilidade de seus mandatos, isenta de toda ingerência secular e por sua fidelidade ao 'nada preferirà obra de Deus'" (Do Martirológio Roma-

no Monástico).

12 Santos Nereu e Aquiles, Mártires. + Roma, século 1. Membros da guarda do Imperador a serviço de Fláv ia Domitila (vide dia 7), foram convertidos e batizados por São Pedro, o que lhes valeu o martírio.

13 ANIVERSÁRIO DA PRIMEIRA APARIÇÃO DE NOSSA SENHORA EM FÁTIMA

14 Domingo do Bom Pastor

t

São Matias Apóstolo, Mártir. + Século I. Um dos 72 Discípulos de Cristo, foi escolhido mediante

15 Santo Isidro, o Lavrador, Confessor. + Madri , 1170. Perfumou os campos de Castela com o aroma de sua inocência, piedade e bom exemplo. Padroeiro da capital espanhola.

16 São Simão Stock, Confessor. + Inglaterra, 1265. Geral da Ordem

do Carmo, recebeu da Santíssima Virgem o Escapulário com a promessa de que, quem com ele piedosamente morresse, não padeceria as penas do inferno.

17 São Pascoal Bailão, Confessor. + Valência (Espanha), 1592. Irmão le igo franciscano de pureza angélica, passava horas di ante do Santíssimo Sacramento. Recebeu aí a profunda ciência com que refutava hereges e explicava sabiamente os mi stérios de nossa fé. Padroeiro dos Cong ressos Eucarísticos.

18 São Félix de Cantalício, Confessor. + Roma, 1587. Irmão leigo capuchinho, amigo de São Filipe Neri, durante 40 anos pediu esmola nas ruas de Roma para seu convento. "O soji·im.ento é uma graça de Deus", dizia, "e as do res, rosas do Céu".

19 São Celestino V, Papa e Confessor. + Anagni, 1296. Eremita e funda-

20 São Bernardino de Siena, Confessor. (vide seção Vidas de Santos, p. 27)

21 Santo André Bobola, Mártir. + Polôni a, 1657. Oriundo de uma das mais anti gas e nobres famíli as da Polônia, entrou para a Companhia de Jesus, dedicando-se à pregação na Lituânia e depois na Polônia. Fo i martiri zado por cossacos russos cismáti cos com tais requintes de maldade, que a Sagrada Congregação dos Ritos afirm a que fo i o martírio mais cru el já ap resentado àquele Di castério romano.

22 Santa Rita de Cássia, Viúva. + Itáli a, 1457. Durante 18 anos suportou as asperezas e infidelidades de um marido de caráte r brutal , a quem converteu com sua paciência e espírito sobrenatural. Tendo ele sido assassinado, pediu a Deus a morte dos filhos que queriam vingar a do pai. Após a morte do marido e dos filhos, entrou para o convento das agostinianas. Operou tantos milagres que passou a se r co nh ec id a co mo a "Advogada das causas perdidas" e "San.la dos impossíveis".

23 Santa Joana Antida Thourét, Virgem. + Nápoles, 1826. Esta destem ida santa passou por grandes perigos e provações durante as persegui ções desencadeadas pela Revolu-

24 Nossa Senhora Auxiliadora. Invocação inserida na Ladainha Lauretan.a por São Pio V, em louvor ao milag roso auxílio da Mãe de Deus na Batalha de Lepanto contra os turcos muçulmanos. A festa fo i instituída em 18 14 para celebrar a volta de Pio VII a Roma, depois de cinco anos como cativo de Napoleão.

25 São Gregório VII , Papa e Confessor. + Salerno, 1085. Um dos maiores Pontífices da Santa Igreja, fo i seu acé rrim o defen so r co nt ra as investidas do poder temporal que queri a sobrepor-se à Igreja. Promoveu a reforma do clero, então infectado de maus costumes. Morreu no ex íli o, perseguido pelo Imperador alemão Henrique IV. Por sua combat ividade em favor dos direitos da Igreja, torn ou-se exemplo para todos os Pontífices que o sucederam.

26 São Filipe Neri, Confessor. + Roma 1595. Fundador da Congregação do Oratório, que tinha como principal finalidade a renovação da vida cristã entre os leigos de Roma.

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São Filipe Néri

Santa Rita de Cássia

27 Santo Agostinho de Cantuária, Bispo e Confessor. + 605. Envi ado pelo Papa São Gregório Magno, evangelizou a 1nglaterra, sendo considerado o Apóstolo daquela nação.

28 São Germano de Paris, Bispo e Confessor. + 576. Antes de seu nascimento, sua mãe quis abortá-lo; não o conseguindo, depois do parto tentou envenená- lo. Salvo por um ti o ermitão, que o fo rm ou na prática da virtude, chegou a ser Bispo de Paris, exercendo salutar influência sobre os soberanos da França. Que terrível pecado ter-se-ia cometido caso o projetado aborto tivesse sido levado a cabo!

de São Agrício, Bi spo de Tréveris, de quem tornou-se discípulo. Com a morte deste, foi elevado àquela Sé, onde notabilizou-se pela destemida defesa da ortodox ia (= verdadeira doutrina) e ao aco lher Santo Atanásio, então ex ilado.

30 Santa Joana d' Are, Virgem. + Rouen (França) 143 1. Suscitada por Deus para Iivrar a França do jugo inglês, esta virgem guerreira fo i depois traída e queimada como fe iticeira, sob as ordens do Bispo Cauchon. Reabilitada por Ca li sto Ili e m 1456, teve a heroicidade de virtudes reconhecida em 13 de dezembro de 1908, sendo beatificada por São Pio X em 1909 e canon izada por Bento XV em 1920. Heroína nacional da França, inspirou numerosas obras artísticas e Iiterárias.

29 São Maximino, Bispo e Confessor. + Tréveri s, 349. Deixou o país natal atraído pela fama das virtudes

31 Visitação de Nossa Senhora (anteriormente Festa de Nossa Senhora Rainha).

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Santa Maria Ana Paredes, Virgem. + 1645. A Açucena de Quito. CATO LIC IS MO

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ENTREVISTA

Arcebispo português exalta virtudes dos videntes de Fátima, beatificados pela Igreja Nesta edição, em que nossa matéria • de capa é dedicada à beatificação dos vi- •

dentes de Fátima Jacinta e Francisco, pa- • receu -nos muito apropriado pedir ao cor- • respondente de Catolicismo em Roma, Sr. •

Juan Miguel Montes, para entrevistar o ilustre Prelado português D. Custódio AIvim Pereira . Atualmente reside ele em Roma, onde é Cônego da Basílica de São Pedro e Vice-presid e nte de seu Capítulo. Arcebispo Emérito de Lourenço Marques, capital de Moçambique (África), D. Alvim Pereira é ainda Patrono da Campanha de difusão da devoção a Nossa Senhora de Fátima, promovida por Luci sull'Est, da Itália. Tal associação, como já é do conhecimento de nossos leitores, divulga a mensagem de Fátima , sobretudo na Rússia e nos países do Leste europeu. Tomando conhecimento das penetrantes c onsideraç ões desse insigne eclesi ástico a respeito do significado mais profundo da vida de dois videntes escolhidos por Nossa Se nhora para difundir no mundo sua grande Mensagem - e meditando-as - os leitores de Catolicismo poderão tirar grande proveito espiritual

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Catolicismo - Jacinta e Francisco são os bea- : tos não-mártires mais jovens até hoje elevados •

à honra dos altares, o que abre um precedente •

na História da Santa Igreja. A infância, que era a • idade da inocência, está deixando de sê-lo em • nossos dias, sobretudo devido aos maus efei- : tos da televisão e como conseqüência da dis- • seminação da imoralidade por todas as idades :

• novos, elevados às honras dos altares. E isto acontece pela primeira vez, na Igreja, em 2000 anos . • Se é um precedente e outros se seguirão, não • o podemos saber; mas é possível, observando os •• fatos todavia, que, sobretudo com crianças inocen• tes, unicamente a ação extraordinária de Deus as faça compreender aquilo que os adultos aprendem em anos de formação. Tratando sobre Francisco, voltaremos a este ponto. Televisão, rádio, todos os meios de comunicação social são o grande problema de nosso tempo, precisamente pela influência que exercem na idade infantil. Os adultos podem aprender a defender-se e equilibrarse; as crianças não. E aqui está a responsabilidade dos pais, neste tempo de total agitação do mundo, com a agravante de que os inimigos de Deus e da Igreja procuram roubar aos pais esta responsabilidade, passando tudo para o Estado. Assim, não é impossível surgirem novos Franciscos e Jacintas, porque Deus pode intervir sempre, quando e como qui ser. O que os homens e os Governos poderiam e deveriam • fazer era controlar os meios de comunicação, espe: cialmente a televi são, obrigando, por exemplo, en• tre outras coisas, a reduzir as horas de emissão, de D. Alvim Pereira: : modo a encontrar temas construtivos. De fato, com "É possível, • a mani a de transmitir notícias o dia e parte da noiobservando os : te, é impossível encher horas e horas só com coisas • boas e úteis. Daí, infindas inutilidades e, o que é fatos, que, • pior, coisas condenáveis.

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sobretudo com

• Catolicismo - No caso de Jacinta e Francisco, a Santa Sé aprovou um milagre só, para as duas

crianças inocen- : tes, unicamente • a ação extraordi- :

e camadas sociais. Dir-se-ia que hoje seria quase impossível surgirem novos Francisccis e Jacintas. O que V. Exa. gostaria de comentar a respeito?

• : • ••

D. Custódio Alvim Pereira - De início, quero fazer uma observação. Às perguntas que me fora m encaminhadas podem dar-se diversas respostas, conforme cada um vê o mundo, a Igreja e as crianças. Eu vou dar a minha resposta; outros dariam outras. É bem notado, nesta primeira pergunta, que Francisco e Jacinta são os beatos não-mártires, mais

• : adultos apren• dem em anos de : formação" • : •

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causas de beatificação.Trata-se de um procedimento normal ou houve uma dispensa especial

• do Papa?

nária de Deus as faça compreender aquilo que os

: D.AlvimPereira - Dispensaespecialnãocreio que • tenha havido ou fosse necessária; mas aí a resposta •• segura só poderá dá-la a Congregação para a Causa • dos Santos. Penso que as duas crianças, irmãs de san-

: gue, viveram tão unidas, que espiritualmente não • podem ser separadas. : • Catolicismo - O que se poderia fazer, além de re: zar, em face da canonização dos dois videntes? • D. Alvim Pereira - Difundir a vida dessas crian-

• porque as suas relações com Deus, depois das aparições, ultrapassam nossa observação. • É só referir e meditar as suas palavras, como • •• •• faz o Pe. Leite. • • Preparando esta entrevi sta, voltei a ler Fran• cisco do Pe. José Leite. Como o mundo seria outro • • • • se este livrinho andasse nas mãos de todas as crian• • • ças ... Com este nosso Francisco, Deus diretamente Catolicismo - Dos três videntes de Fátima, pelo foi o Diretor Espiritual que o elevou a viver o que que se tem publicado, Jacinta parece ter sido a talvez intelectualmente não compreendia bem. mais favorecida com graças místicas e dons Dá a impressão de que, como Jacinta via de profecia. V. Exa. é dessa opinião? Nossa Senhora, Francisco via Deus; e sofri a D. Alvim Pereira - Sou sim senhor, lenao vê-Lo ofendido pelos homens; e queri a ir do a vida escrita pelo Pe. José Leite (Jacinta para o Céu para O consolar. Noto este porde Fátima), especialmente na doença e na menor: Jacinta morreu sozinha, só com a morte. Senhora. Francisco, na casa dos pais, viu Essa criança vivia como se visse conuma grande luz na janela. Sorriu e fin outinuamente Nossa Senhora e Ela lhe tivesse se .. . Entrava já na vi são beatífi ca. Na vésdito que ia para o hospital, a fim de sofrer pela pera, Jacinta e Lúcia tinh am estado todo o conversão dos pecadores, não para se curar. di a com ele, como a despedi r-se. Na vida e na morte, tinham de estar juntos e era doloNesse viver como se A visse, está incluído que, efetivamente, a Senhora lhe tenha aparec ido rosa a separação. realmente e diversas vezes. Ela mesma o confessa A irmã iria bem depressa ao encontro dele, a Lúcia. Interessante é notar como ela lamentou-se • • mas Lúcia fi caria ainda por cá. Por isso na tarde : da véspera de sua morte, diz ele à Lúcia: "Decerdo abandono em que esteve no hospital. Só a Se- : nhora a vi sitava... • • to no Ceú vou ter muitas saudades tuas". E esta: Neste aspecto, é comovedora a despedida de : : "Adeus Francisco, se fo res para o Céu esta noite Lúcia, quando, abraçando-a e chorando, lhe disse: • • não te esqueças de mim ". De novo, Francisco: "não te voltarei a ver morrerei sozinha". "Já an- : : "Não esqueço niío, fica descansada ". E o sentites de ir para Lisboa, doente em casa dos pais, se • • mento natural obrigou-o a agarrar a mão direita respirava nesta criança qualquer coisa de extraor- : : da Lúcia e choraram os dois, com a força extraordinário. Quem a visitava se sentia contente" . • • dinári a dum a despedida até o Céu. Momento, Evidente que é tudo obra direta de Deus, o que : "Dá a impressão : ambiente, sublimado pela Fé. E co mo este, outros de que, como • muitos na vida desta cri ança. Vivi a, mesmo sem justamente chamamos de graças místicas ou pro- • fecias, como diremos relativamente ao Francisco. : Jacinta via : compreender nem ouvir. A mim impressiona- me profundamente e jul- • • Quando, por exemplo, numa das aparições do go ser a última graça, pois ninguém assistiu à sua : Nossa Senhora, : Anjo recebeu do cálice o sangue do Senhor, não morte. Tinha de estar só Nossa Senhora... • Francisco via • entendeu como à Lúcia fosse dada a Comunhão e a : Deus; e sofria ao : ele e à Jacinta o que estava no cálice. Então, perCatolicismo - A literatura de Fátima tem posto • • guntou a Lucia: "O Anjo a ti deu-te a Sagrada Coem realce ultimamente a figura do Francisco, : vê-Lo ofendido : munhão, mas a mim e à Jacinta, que fo i que nos que se imbuiu profundamente do significado • pelos homens, • deu?". Obtida a resposta explicativa comentou: "Eu mais alto da Mensagem de Fátima: o distancia- : e queria ir para : sentia que Deus eslava em mim, mas niío sabia O mento da humanidade em relação a Deus, pelo • • como era ". pecado, e a necessidade de oferecer reparação : Céu para : Estupendo! Cá está o segredo de toda a vida e consolar a Deus Nosso Senhor. Com a beatifi- • O consolar" • do Francisco. Senti a que Deus estava com ele, mas cação do Servo de Deus Francisco Marto, quer : : não sabia como era. Mas o saber como era não lhe a Igreja renovar para os homens o apelo de Fá- • • interessava. Sentia e vivi a. Pronto. tima à conversão? : : Outro exemplo: Quando Lúcia foi levada para D. Alvim Pereira - É verdade. Ultimamente o • • Ourém, por causa das aparições, Francisco e Jac inta nosso silencioso Francisco é observado com muita : : fi caram a rezar por ela todo o dia. Quando ela volatenção, devido às suas dúvidas, perguntas e res- • • tou, diz o nosso Francisco: "Tu vens cá? Veio aqui postas, singelamente apresentadas pelo Pe. Leite, : : a tua irmií buscar água e disse-nos que te tinham o mesmo que escreveu sobre Jacinta. Destas duas • • já matado. Já choramos e rezamos por ti ". Só Deus : pode dar coragem e força nos momentos trágicos crianças não se pode escrever uma vida, não só : porque humanamente nada fizeram de especial, mas • • da vida, sem um desorientamento. ças de modo que muitos que a leiam, recorram aos videntes. Então, podem aparecer os milagres para a canoni zação. Será o selo definitivo da Igreja. Claro que eu já não estarei neste mundo, mas espero estar com eles no Céu. Ali a alegria não se pode aurnentar, 1nas devem viver-se este e outros acontec imentos, no mistério da visão beatífica.

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GRANDES PERSONAGENS

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Também eles, Francisco y, Jacinta, foram depoi s conduzidos a Ourém e ameaçados de morte. E também aqui o nosso h rói se comportou à aitura de Deu s. "Se nos ,natarem, como di zem, da qui a pouco estarem.os no Céu!. Que bom!. Não me importa nada!". E qu ando a irmã foi separada e int erro ga da: "Deus queira que a Jacinta não tenha medo. Vou rezar uma Ave-Maria por ela ". De Francisco e Jacinta não se podem passar em silêncio o espírito e o exercício da penitência. Símbolo de quanto se penitenciam é a corda atada à cinta e que ninguém devi a saber. Assim·, naqu ela véspera da morte, entregou a dele a Lúcia: "Toma, leva-a antes que a minha mãe a veja ". Quem ensinou a essas crianças a sofrer e a rezar sem que os outros saibam?! Extraordinário o nosso Francisco noutras manifestações. Logo na primeira aparição e quando ouviu que tinha de rezar muitos terços antes de ir para o Céu: "Ó ,ninha Nossa Senhora, terços, rezo todos quantos Vos quiserdes". "Gosto tanto de Deus. Ma s Ele está tão triste por causa dos pecados. Já me falta pouco para ir consolá- Lo. No Céu vou consolar ,nuito Nosso Senhor e a Senhora" . Na sua inocência devia compreender que Deus, agora, não sofre, mas so freu quando se fez também homem. Era necessário reparar. Gostava de rezar sozinho e vê-se que entrava em verdadeira contemplação. Uma vez Lúci a e a irmã chamam-no e perguntam-lhe: "Então ncio ouviste?" "Eu não, não ouvi nada!" Grande prazer em fazer companhia ao Senhor Sacramentado - Jesus escondido, como dizia. Lú eia ia à esco la, como a Senhora lhes tinha dito, para aprenderem a ler. Mas ele: "Olha, tu vais à escola. Eu .fico aqui na igreja junto ao Senhor escondido. Não me vale a pena aprender a ler; daqui a pouco vou para o Céu. Quando voltares vem por cá cha,nar-me". Durante a doença, alguém que o visitava escreveu: "Não sei que tem o Francisco. A gente sente-se aqui tão bem! É um mistério que não se entende. Ao entrar no quarto do Francisco é como entrar na Igreja ". Franci sco ainda não tinha feito a primeira Comunhão . Só das mãos do Anjo havia recebido o Sangue de Nosso Senhor. Fê-la e na cama, doi s ou três dias antes de morrer, em estática contempl ação. Ao despertar daquele doce enleio, as suas pri meiras pal avras foram para a mãe: "O senhor Pri36

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. • • • •

• or ainda me trará outra vez Jesus escondido". Trou-

•• xe, e nesse último dia, ele di sse à irmã: "Hoje sou

mais feli z do que tu, porque tenho dentro do meu • peito Jesus escondido" . • Alonguei-me muito a escrever sobre Francisco, mas vali a a pena. Até que eu fi z uma boa e longa meditação. Com a meditação dele e da irmã, o que a Igreja quer é renovar, converter os homens e as nações. Afinal, o grande problema do mundo é este: crer ou não crer em Deus. Se os homens acreditassem e refl eti ssem, não digo que ficariam automaticamente resolvidos todos os problemas, mas via-se e aceitavase a Luz para os enfrentar e tentar reso lvê- los.

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Catolicismo - Nota-se que tudo relacionado a Fátima desperta uma grande repercussão no mundo inteiro. Assim, a devoção a Nossa Senhora de Fátima chegou aos mais extremos rincões da Terra e é um dos fatos mais promissores da atualidade, apesar da enorme decadência religiosa do mundo moderno. A que V. Exa. atribui esse fato? • : • : •

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• crer OU não crer • : em Deus é não • : SÓ O grande, mas : • O : • : • •

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D. Alvim Pereira - Atribuo a urna intervenção de Deus nestes anos de total desorientação. Como di sse ac ima, repetirei que o crer ou não crer em Deus é não só o grande, mas o único problema do mundo . Interessante que, há anos, alguém afirmou , a propósito de Lourdes e Fátima: "Lou rdes foi a resposta a uma objeção. Fátima é a constituição de um sistema". Quer dizer, organi zar o mundo fazendo-o crer em Deus. Catolicismo - O que teria V. Exa. a recomendar aos leitores de Catolicismo por ocasião da beatificação dos dois mais jovens protagonistas do maravilhoso evento ocorrido em Portugal no ano 1917?

D. Alvim Pereira - Aos leitores do Catolicismo, no espírito da n1ensagen1 de Fátin1a e do nosso grande Plinio Corrêa de Oliveira, recomendo que vivam co n10 verdadeiros filhos da Igreja e seja111 exemplo para todos os homens, no Brasil e no mundo. Ao 1novi1nento Luci sul/' Est, que se faça1n novas edições cios pequenos livros, Jacinta e Franciscoe os difundam na Itáli a, na Rúss ia, onde se puder chegar... • Francisco morreu em 4 de Abril. Eu tenho o • prazer de conceder esta entrev ista na mesma data, mas 82 anos depoi s e no ano Santo de 2000. Lou• vado seja o Senhor! ♦ CATO LIC ISMO

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Tríptico de São Pedro Mártir (detalhe) - Fra Angélico, Museu de Siio Marcos, Florença

Me conheceu, e meu p~vo 11~q teve entendimento" (Is 1, 2-3). E com estas grandiosas e pungentes palavf.as mostrando a bondade de Deus e a ingratidão do povo eleito que Isaías inicia seu livro. Filho de Amós, do sangue real de Judá segundo antiga tradição dos hebreus, Isaías - "Javé salva" - nasceu em Jerusalém por volta do ano 765 A.C. Seu estilo nobre e elevado faz supor que recebeu educação das melhores da sua época. Casado e com dois filhos, Isaías deu-lhes nomes simbólicos. O primeiro, Scar-Jasub, quer dizer "um resto voltará"; de acordo com comentaristas das Sagradas Escrituras, queria significar que, após muitas vicissitudes e derrotas, sobreviveria um resto, do qual nasceria o Mess ias prometido. O segundo filho chamava-se Chas-Bas, que significa "apressai-vos em devastar", e anunciaria a devastação dos reinos de Israel e da Assíria.

"Uma virgem conceberá e dará à luz um filho e o seu nome será Emanuel" (Is 7, 14)

Nasce a vocação profética Isaías não nasceu Profeta. Sua vocação foi-lhe dada "no ano em que morreu o rei Ozias" (Is 6, 1), após espetacular visão: Deus mostrouse a ele, sentado em Seu trono, guardado por serafins de seis asas, que clamavam um para o outro "San.to, San.to, San.to é o Senhor Deus dos exércitos; toda a Terra está cheia de Sua glória" (Is 6, 3). Diante disso Isaías humilhou-se, lembrando-se de seus pecados: "Ai de mim", gemeu, "que estou perdido, porque sou um homem de lábios impuros, habito no meio dum povo que tem os seus também impuros, e vi com meus olhos o Senhor dos exércitos" (Is 6, 5). Esse ato de humildade foi agradável a Deus. Ordenou que um serafim tomasse do altar, com uma tenaz, uma brasa, e com ela purificasse os lábios de Isaías. Nesse momento "estremeceram os umbrais das portas à voz do que clamava e a casa encheu-se de fumo" . E essa voz divina, à vista da depravação de Judá, indagava: "Quem enviarei Eu? E quem irá por nós ?" Nesse momento, Isaías, cheio de zelo pela glória de Deus, exclamou: "Aqui me tens, Senhor; envia-me" (Is, 6, 8). E tornou-se assim um Profeta, e dos maiores

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dentre eles. Pregou em Judá (o reino do sul) mais ou menos ao mesmo tempo em que Amós e Oséias pregavam em Israel (reino do norte). Sua "participação ativa nos assuntos de seu país fa z de Isaías um herói nacional. É também um poeta genial. O brilho do estilo, a novidade das imagens fazem dele o grande 'clássico' da Bíblia. .... Isaías é o Profeta dafé e, nas graves crises que a nação atravessa, pede que confiem só em Deus; é a única oportunidade de salvação. Sabe que a prova será dura, mas espera que sobreviva um 'resto', do qual o Messias será o rei. Isaías é o maior dos profetas messiânicos" 6 . · De aspecto grave e majestoso, a presença de Isaías transmitia um imponderável de grandeza e bondade, que a todos impressionava. Durante mais de 40 anos, sob os reinados de Joatão, de seu filho Acaz, de Ezequias e Manassés, interveio nos grandes acontecimentos de seu tempo, que não eram propícios. Ao mesmo tempo que predi sse grandes castigos para o povo prevaricador,

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anunciou também a vinda do Redentor, de um resto que permanecerá fiel , de uma virgem: "Uma virgem conceberá e dará à luz um filho e o seu nome será Emanuel" (Is 7, 14); "foi posto o principado sobre o seu ombro; e será chamado Admirável, Conselheiro, Deus forte, Pai do Século futuro, Príncipe da paz. O seu império estender-se-á cada vez mais e a paz não terá.fim; sen.tarse-á sobre o trono de Davi e sobre o seu reino, para o firmar e fortalecer pelo direito e pela justiça, desde agora para sempre; fará isto o zelo do Senhor dos exércitos" (Is 9, 6-7). "Repousará sobre ele o Espírito do Sen.hm; espírito de sabedoria e de entendimento, espírito de conselho e de fortaleza, espírito de ciência e de piedade; e será cheio do espírito do temor do Senhor" (Is 11, 2-3). Ozias, que governou long amente, e seu filho Joatão, tiveram um bom e próspero reinado. Há povos que não sabem conviver com a riqueza sem corromper-se, e esse foi o caso dos antigos judeus. A miséria moral e espiritual do país era tão grande quanto o era sua prosperidade material. "A prática da religião exteriorizava-se em numerosos atos públicos de culto, em funções litúrgicas, mas era destituída de sincero sentimento interior e de vida moral correspondente" 7 • O que levava o Senhor a dizer pela boca do Profeta à nação desviada: "Lavai-vos, purificaivos, tirai de diante dos meus olhos a malícia dos vossos pensamentos, cessai de fa zer o mal, aprendei afazer o bem, procurai o que é justo, socorrei o oprimido, fazei justiça ao órfão, defendei a viúva " (Is 1, 16-17).

Idolatria e sacrifícios humanos E essa degradação aumentou ainda no reinado de Acaz, um dos monarcas mai s ímpios de Judá, príncipe idólatra que fechou o Templo e imolou o próprio filho ao ídolo Moloc. A idolatria trouxe consigo a corrupção de costumes, de tal modo que Isaías increpou, com

linguagem severa e cheia de ameaças, dirigentes e povo: "Ouvi a palavra do Sen.ho1; ó príncipes de Sodoma, escuta a lei do nosso Deus, ó povo de Gomorra" (Is 1, 10). "Eu lhes darei meninos para príncipes, e dominá-los-ão efeminados" (Is 3, 4), "pois fi zeram, como os de Sodoma, pública ostentação do seu pecado, e não o encobriram" (Is 3, 9). Como castigo, o reino de Judá foi invadido e devastado pelos reis da Síria e de Israel, aliados contra Acaz. Jerusalém, a capital, foi assediada como por um a pinça, tendo numa das pontas Rasin, rei da Síria, e na outra, Phaceu, rei de Israel . Acaz, contra o parecer de Isaías que o aconselhava a pôr sua esperança no rei dos Céus, recorre u à ajuda do rei da Assíria, Teglat-Falasar, em condições ruinosas. Essa aliança, que colocava Judá sob sua tutela, precipitou também a ruína do reino de Israel, predita por Isaías, assim como o aniquilamento de sua capital , a Samaria. Com o fracasso de sua missão junto a Acaz, Isaías retirou-se para a vida privada. Voltará a aparecer no te mpo de Ezequias, filho e sucessor de Acaz, rei piedoso que encetou a reforma dos costumes e combateu a idolatria. Nessa época, a Assíria c·omeçava a disputar, com o Egito, a hegemonia na Ásia ocidental.

Senaqueribe, rei dos assírios, partindo de Nínive, em campanhas fulminantes, desbaratou os egípcios e voltou-se contra o ingrato reino, cercando Jerusalém com inumerável exército.

Profeta Isaías, Aleijadinho (séc. XIX) - Escultura em pedra sabão, Congonhas do Campo (MG)

Volta a Deus e vitória milagrosa dos judeus

Assíria x Egito: grandes potências entram em conflito

Ezequias, vendo que tudo estava perdido, voltou-se para Deus como seu único refúgio e pediu o auxílio do Profeta para aplacar a cólera divina. Isaías sustentou-o em sua resistência, prometendo-lhe o auxílio divino. E eis que, durante a noite que antecedia a batalha decisiva, apareceu "o anjo do Senhor e f eriu cento e oitenta e cinco mil homens no campo dos assírios. E quando surgiu a manhã, eis que todos estavam reduzidos a cadáveres" (Is 37, 36). Falecendo mais tarde Ezequias, foi sucedido por seu filho, o degenerado Manassés. Isaías retirou-se para os bastidores, e nada mais se conhece dele depois de 700A.C. Antiga tradição judaica "mencionada e admitida como autêntica por muitos dos primeiros Padres da Igreja, atribui-lhe a morte cruel mas gloriosa do martírio: o ímpio Manassés teria feito serrar seu corpo ao meio com uma serra de madeira " 9 . Na Segunda parte de seu livro, Isaías anuncia o Salvador como o Servo de Deus que deverá sofrer verdadeira Paixão. Anuncia també m a próxima libertação e a glória da futura Jerusa lém. ♦

Isaías teve também que enfrentar a guerra que convulsionava todas as nações asiáticas. Contra o poder assírio, começou a levantar-se, como grande potência, o Egito. Espremidos entre os dois colossais contendores, ficavam os pequenos reinos do Oriente Próximo. E ntre eles surgiram dois partidos: um propenso a negociar com a Assíria, outro a somar-se à oposição, encabeçada pelo Egito. "Isaías, em nome de Deus, pregava a neutralidade, combatia toda a esperança fundam entada nos homens, e incitava a pôr toda a confiança em Javé, fundador e protetor da n.ação" 8 . Por isso, contra o parecer de todos os ministros, desaconselhou o rei a se aliar com o Egito; mas não foi ouvido. Sucedeu e ntão o pior para Judá:

1. Os chamados Profetas maiores do Anti go Testa me nto, po rqu e nos deixaram maior número de esc ritos, foram Isaías, Je rem ias, Ezeq ui e l e Daniel. 2. A Bíblia de Jerusalém, Introdução a Isa ías, Sociedade Bíblica Cató lica Inte rnac ion al e Paulus Ed itora, São Paulo, 1980, p. 1339. 3. Santos de Cada Dia , Organi zação cio Pe. José Leite, S.J., Ed itorial A.O., Braga, 1987, p. 388. 4. L.-CL. Fillion , La Sa inJe Bible commentée d'ápres la Vulgate, Pari s, Letouzey et Ané, Écliteurs, 1899, cleuxiême écl iti on, tome V, p. 265. 5. Cfr. Is 6, 6-7. 6. Bíblia de Jerusalém, p. 1339. 7. Pe. Matos Soares, Introdução a Isaías, Bíblia Sagrada, Edi ções Paulinas, 1980, p. 796. 8. lei., ib. 9. L. -CL. Fillion, op. c it, p. 267.

Notas:

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o i encaminhada no iníc io de abril pe lo Presidente da Câmara dos Deputados, Dep. Michel Temer, ao então Ministro da Justiça, Dr. José Carlos Dias-através de Indicação legislativa de autoria do Dep. Severino CavaJcanti (PPB-PE), 2" Vice-presidente da Câmara dos Deputados e Corregedor desta - solicitação que pleiteia a criação da Delegacia do Telespectador - DELETEL. Essa iniciativa do deputado pernambucano teve origem numa proposta fe ita pe lo Amanhã de Nossos Filhos e atende ao anseio de milhares de brasileiros, espec ialmente de pais e mães de fa míli a, seri amente preocupados com a imoralidade e a vio lência crescentes nos programas televi sivos do Pa ís. Programas estes que infringem os mais e lementares princípios da moral e dos bons costumes, constituindo grave peri go para seus filhos e netos .

A cri ação da referida De legac ia vi nha sendo aguardada com ansiedade, há te mpos, pe los ade rentes de O Amanhã de Nossos Filhos, tendo essa campanha sugerido ao parl amentar pernambucano que tomasse as providênc ias cabíve is para satisfazer o ane lo ardente dos vári os milhares de seus aderentes. Ass im sendo, efetivo u-se o início dos trâmi tes para que a DELETEL se to rne uma rea lid ade. O Dep. Severino Cavalcanti, na mesma ocas ião, apresentou ao Presidente da Câmara Federa l projeto de lei que regulamenta a progra mação de emissoras de rádio e te levi são.

Um Projeto que estimula

Um velho anseio de OANF

a opinião do telespectador

O Dep. Seve rino Cava lcanti , com base em dispositivo do Regimento Interno da Câmara Federal, requereu fosse encaminhada ao Sr. Ministro da Justiça, na fo rm a d e Indicação legislativa, a sugestão de ser criada no âmbito do Departamento de Políc ia Federal, uma delegacia especializada - DELEGAC IA DO T ELES PECTADOR - destinada a apurar infrações cometidas pe las emissoras de rádio e televi são, relativamente ao desvio das fin alidades in stituc io nais prev istas no a rt. 22 1 d a Constituição Federal.

Pe lo texto da proposta leg islativa do Dep. Severino Cavalcanti , que o Pres i-

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C ATO LIC IS MO

Maio de 2000

cie nte d a Câ ma ra e nca minh o u à aprec iação da Co mi ssão competente, fi ca proibida a ve icul ação de cenas de nudi s mo, ele sexo explíc ito, de org ias sexua is, de palavras ele baix o calão e ele gestos obscenos. É também pro ibi da a utili zação ele cri anças na co mpos ição cio e lenco ele qua lquer programa de rádio ou ele te levi são, be m como ele ado lescentes e m qualquer tipo de programa que ex iba ou insinue cenas libiclinosas ou sensuais. Em sua justificação, o projeto atende "a um anseio da populaçcio brasileira, que está cansada de ser agredida, em sua unidade familiar, por prog ramas de rádio, sobretudo de televisão, que têm em vista unicamente pregar o amor livre, o erotismo, a sensualidade desenfreada, a qfronta aos preceitos morais e religiosos". E ac rescenta: "Os valores morais e cristãos de nossa sociedade têm de ser p reservados". O público bras il e iro - os pa is e mães ele fa míli a ele modo particular apreensivo com o descalabro mora l causad o es pec ia lme nte por programas de TV, espera que o Sr. Mi nistro ela Ju stiça atenda logo à solicitação que lhe fo i expedida. E que o Congresso Nac iona l vote sem de longas o projeto de le i. ♦

Dep. Severino Cavalcanti, que apresentou a solicitação pleiteando a criação da DELETEL

C AT O LICISMO

Maio de 2000

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Carta aberta da TFP francesa ao Presidente Chirac

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Em carta ao Presidente francês, a TFP questiona a ajuda _européia a Fidel Castro. A missiva acentua que o auxílio a ser concedido à Cuba comunista pela União Européia, em nome da democracia, no momento mesmo em que se aplicam sanções contra a Áustria, pode ser considerada como uma formidável manifestação de hipocrisia

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A carta, datada de 6 de março úl timo e assinada pelo Presidente da TFP fra ncesa, Sr. Beno1t Bemelmans, é um ape lo ao Presidente Jacques Chi rac, soli citando sua "alta intervenção" para que a França não permi ta a inclusão de C uba comuni sta no acordo de cooperação entre a União E uropé ia e os países da África, Caribe e Pacífico . Esse acordo deve entra r em vigor em breve, e a inclu são de C uba significaria sustentar o regime tirânico de Hava na e prolongar a ago nia de milhões de cubanos. A inclusão de Cuba no grupo de países que receberão fo rte ajuda econô mi ca dos europeus estari a dec idida em princípio, fa ltando apenas a ratificação do Conselho de Min istros da E uropa. E is alguns excertos da carta:

"A Sociedade Francesa de Defesa da Tradição, Família e Propriedade - TFP, assoc iação de cató licos anticomuni stas, manifesta respeitosamente sua surpresa e sua inquietude d iante da notícia de que a U ni ão E uropéia estaria se preparando para 'recompensar' C uba - e seu sangrento ditado r F idel Castro - incluindo-a no novo acordo de cooperação entre a Uni ão E uropéia (UE) e os países da Áfri ca, Caribe e Pacífico (ACP) .. ... "Falando em nome de seus colegas, o Secretári o de Estado dos Assuntos Exteriores espanhol, Ramón de Mi guel,

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C ATO LIC IS MO

presume que, com essa medida, que inclui abundante ajuda fi nanceira, a UE teria 'a grande alavanca ' necessári a para introd uzir em C uba 'mudanças rumo ao

plu ralismo democrático' e 'o respeito dos direitos humanos'. "Entretanto, como ind ica m os sucessivos re lató ri os da organi zação Pax Christi e de o utras organi zações hum ani tárias, os fa tos se obstinam em demo nstra r o contrári o: as condesce ndênc ias dipl omáticas e a abundante ajuda euro pé ia ao reg ime castri sta - que oste nta m e m prime ira linha, para grande vergonha nossa, os investime ntos fran ceses, públi cos e privados - não servi ra m senão para refo rçar e s ustentar o reg ime comuni sta, pro longando ass im o crue l to rmento de 12 milhões de cubanos . "É público e notóri o que a lei cubana sobre os investimentos estra ngeiros consagra e reforça o traba lho semi -es. cravo: o Estado fi xa os preços dos salári os em dó lares e não repassa aos traba lhadores cubanos empregados pe las empresas estrangeiras senão uma quanti a irri sória em moeda do país. Mesmo a ajuda humani tá ri a (inclu sive o lei te e m pó envi ado pela o rgani zação Caritas) é des vi ado para os entrepostos governamenta is. "A C uba comuni sta continua a es-

Maio de 2000

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Caravanistas da TFP percorrem várias cidades

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c rever com sa ngue um dos ca pítul os mais sini stros do livro negro do comuni smo contemporâneo, aumentando de modo alarmante a repressão, como se constatou ainda recente mente ... .. "A E uropa, em nome da democracia, abriria seus braços à ditad ura comuni sta cubana ao incluí-la no novo tratado de cooperação UE-ACP, enqu anto , em no me desses mes mos princípios democráticos, a E uropa anuncia fortes sanções contra o governo austríaco ' Parafraseando a conclusão de um editoria l do j o rnal 'Le Mo nde' (9-2-2000), ta l contradi ção poderi a 'ser interpretada

como uma fo rmidável manifestação de hipocrisia' e, como faz ia notar o utro ed itori al, a indignação seletiva não deve servir de biombo à ti rania comun ista (cfr. 'La Croix', 22-2-2000) .. .. . "Pelo contrário, estamos certos, Senho r Pres ide nte, que uma to mada de posição de sua parte em defesa do povo cubano oprimido pe la tirania será acolhida com reconhecimento por todos os franceses amantes da liberdade, e atra iri a as bênçãos da Providênc ia D ivina sobre sua pessoa e nosso pa ís". ♦

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ovens cooperadores da TFP organi zara m-se em duas carava nas para di ·undir, por vári as c idades brasileiras, diretamente nas ruas, obras da e ntidade . Foi pa rticul armente simpática a recepção q ue nosso povo d ispensou aos caravan istas. N a imposs ibi li dade de aqui transcreve r todas as repercussões registradas pelos carava ni stas, c ita mos apenas uma, a títul o de exemplo, que dá um pouco o to m ela aco lhi da nas c idades percorridas:

"Moço, você pode achar que não, mas o lema dessa bandeira [referindose ao estandart da TFPl 'Tradição, Família e Propriedade', pode parecer coisa do passado, mas está vivo na cabeça de todo mundo, m.uil.as vezes dormindo

lá no fundo da gente; mas o exemplo de vocês, saindo pelas ruas com essas bcmdeiras, f az acordar e animar a gente". Foram as palavras simples, mas autênticas, de um pescador a um dos jovens partic ipantes de uma carayana. Fotos: 1. São José do Rio Preto (SP) 2. São Carlos (SP) 3. Florianópolis (SC) 4. Blumenau (SC) 5. Joinville (SC)


Guardas Pontif íc'81; forças a serviço g ~ doPapado \ J t-

P LINIO C m~RÊA DE Ü LIVEIRA

a fotografia (l ), vê-se um guarda suíço papal em traje de grande aparato. Ele pertence à úni ca guarda que ainda ex iste atualmente na Santa Sé, responsável pela defesa do Santo Pàdre e do Estado do Vaticano. Esta guarda é recrutada e·ntre suíços, desde o século XVI. Seu unifo rme fo i desenhado por Michelangelo. A outra fotografia (2) focaliza três guardas suíços, com o mesmo traje, distinguindo-se nele a couraça e uma espécie de gola fe ita de tule. O guarda do meio porta a bandeira da corporação, sendo ladeado por dois outros que empunham art ísticas espadas, cuja copa apoiam em seus ombros. Na fotografi a (3) vêem-se dois gendarmes pontifícios que envergam trajes do século passado, da época de Napoleão Bonaparte. Eram escolhidos para essa guarda voluntários que se distinguiam por sua fé e desejavam prestar esse serviço ao Papa. O Sumo Pontífi ce co ntava também com a Guarda Nobre - composta exclusivamente de aristocratas, cujo traje era muito mais próprio às pessoas de alta condição - e a Guarda Palatina. A Gendarmaria Pontifícia e essas duas últimas corporações fora m extintas . Serão comentados apenas os uni fo rmes da Guarda Suíça e da Gendarmaria Pontifícia, tendo-se em vi sta que são uni formes com três séculos de diferença. Um é do século XVI e outro do século XJ X.

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A Guarda Suíça O uniforme do século XVI, como as vestimentas mais antigas, é muito mais vistoso, mais alegre e mais bri lhante do que o do século XIX : o elmo, com um ornato de pluma vermelha; a couraça, que ainda traz uma reminiscência medi eval; as luvas brancas e uma espécie de culote com fa ixas douradas e azui s. Os guardas suíços não usam propri amente botas, mas meias aderentes às pernas, amarradas à altura do joelho por uma li ga dourada que contém um laço. Tudo isto lembra o esplendor das anti gas cortes, a alegria e a doçura de viver que eram inerentes ao Ancien Régime. Qual é a alegria que ex prime esse uni fo rme? (Aliás, não deve ser considerado um traje idealmente católico - ele é bonito, contendo muitos

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valores cató licos, mas já tem qualquer coisa de revolucionário, fruto da influência renascenti sta). É uma alegri a que não tem nada de sensual. É a alegri a de ser soldado, de combater e de ser dedi cado ao Papa. Ela simboli za um princípio muito contrário ao progressismo católico, que é o princípio da fo rça a serviço do Papado.

A Gendarmaria Pontifícia Essa guarda usava unifo rme caracteri sticamente napoleônico: um enorme gorro preto de pele na cabeça, bem alto, tendo na parte superior um ornato vermelho. Ca lças brancas colantes, paletó preto, com a forma de fraque. No paletó, chama a atenção um ornato que está desaparecendo dos unifo rmes modernos: são as dragonas . Usadas para dar uma bonita confo rmação ao corpo, modelam os ombros e rea lçam a fa rda. Dragonas douradas ! Anti gamente as dragonas eram símbolo da honra militar junto com a espada. Conspurcar as dragonas de um soldado ou de um ofi cial era a mes ma coisa que esbofeteá- lo. No colarinho vemos um friso branco e, na frente do paletó, botões prateados. A manga apresenta um desenho bonito. Lu vas brancas. Atrai a atenção a beleza da espada. Todos esses ornatos quebram algo de monótono que se nota no unifo rme. As botas são altas. A fotografia (4) apresenta a Gendarmaria Ponti fíc ia com uni forme de gala e grande aparato, por . ocasião de uma cerimônia na Corte de São Dâmaso, do Palácio Apostólico, no Vaticano. É um uni fo rme bastante belo, embora seja mais triste do que o da Guarda Suíça. Mas, comparado co m as fa rdas modern as, esse uni fo rme é de um esplendor tal que, se um regimento de gend armes des filasse nas ruas de uma cidade modern a, tenho a impressão de que seri a um sucesso. O povo bateri a palmas e correri a atrás deles. Sobretudo numa cidade onde a popul ação fosse muito comuni cativa como o Rio de Janeiro ...

Excertos da conferência proferida pelo Prof. Plinio Corrêa de Oliveira para sócios e cooperadores daTFP em 19 de janeiro de 1970. Sem revisão do autor.



d~)~~~ Nesta edição Religião

Na última edição publicamos o trecho de Revolução e ContraRevolução no qual se afirma que, para se obter eficácia na luta contra o comunismo, é indispensável, além de refutar os princípios marxistas, desmascarar certa mentalidade socialista. No trecho que segue, o Au-

1O O

pedido de perdão de João Paulo li

Internacional

tor passa a considerar um tema muito atual, relacionado com a moderna tendência à globalização.

15

Tomvo houve 0 111 que a lwma11iclarlc se ,11Jroxlmou rio idea l de Crist.1ncla<lo, ,rn q1ml os {)ovos, forma11clo uma vasta familia e piritual, viviam 11uma ,mid,1rle de cultura, ele fé e de civilizaç,io. Essa época foi a Idade Média, duta11te a qual se constituiu o Sacro Império Romano Alemão, que uniu vários povos e favoreceu, ao mesmo tempo, as sadias características locais. Não os fundiu, como atualmente o faz a União Européia, que tende para o sonho utópico ela "República Univ rsal", na qual haveria uma só raça, um só povo e um só Estado. Na ilustração à esquerd,1, figura a galeria cios Imperadores <lo S,1 ro Império Romano Alemão oxlsto11t 110 Palácio cio Rómer, em Fra11kf11rt (Alemanha). Nele, durn11to orlo período histórico, ern m oro,1tlo~ os Imperadores alem líos .

Terra de Santa Cruz -500anos

18 Comemorações Nossa capa: Sa11t'A11a e Nossa Senhora menina. Anônimo cio século XVIII, proveniente cio Convento elas Mercês - Museu de Arte Sacra ela Universidade Federal ela Bahia. Escultura em madeira dourada e pintada. Foto: Ferrante Ferranti - U11io11 Latine

A Contra-Revo lução, inimi ga da República Universal, também não é favorável à situação instável e anorgân ica criada pela cisão da Cri standade e pela secul arização da vida internacional nos Tempos Modernos. A plena soberani a de cada nação não se opõe a que os povos que vivem na Igreja, fo rmand o um a vasta famíli a espiritual , constitu am, para resol ver suas questões no plano internaci onal, órgãos profundamente impregnados de espírito cristão possiv ·I mente presididos por representanl ·úla Santa Sé. Tai s órgãos pod ·ria111 Iam bém favorecer a ·oop ·rnç,1o dos po vos ca tólicos para o h ·111 ·011111111 l' 111 todos os seus aspe ·tos , es1w ·i11l111 ·111 • no qu diz resp ·i to ~ d •i'l'sa du 1 •r ·jn con tra os inti is, · : proll'c; ao da li b rdad • dos 111issionarios ·111 ll'l'rus gen tíli cas ou do111inadas p ·lo rnmu nismo. 1 od •riam tai s ór •aos , por li 111 , entrar em contato ·om povos n:io ca-

tólicos para a manutenção da boa ordem nas relações internacionais. Sem negar os importantes servi ços que em vári as ocas iões possam ter prestado neste sentido organismos 1·i gos, a Contra-Revolução d ·v • f:1,-, ·r ver sempre a terrível lacuna qul' l 11 laic idade destes, bem ·0111 0 ai ·r1ar os espíritos contra o ri s ·o dl' qul' l'SSl'S organi smos se 1ransfornw111 1111111 /'l'I me de Repúbli ·a lJ11iwrs11 I (( 'l'r. l'ar tel ap. Vll , .l , /\ , 1').

2

A concepção de República Universal é oposta à de Cristandade

3. Contra-lkvolu ·f,o · nacionalismo Nl•stu Ol'cll'III ele idvias, a Contrai{ ·vohui :10 d 'Vl' l'il l:1vore · •r a manutl'nc,·no dl' tod as as sadi as ·aracterísti l'ils lo ·ui s, t· 111 q11 alquer terreno, na cultura . nos eostumes etc. Mas s ·u nacionali smo não tem o c:adt ·r de deprec iação sistemática do qu • ~ de outros, nem de adoração dos valores I átrios como se fossem desligados do grand e acervo da civ ili zação cri stã.

4 /\ 'rand •;,,a qul' a C'rn1trn R1·volução d ·s ·ja p11r:1 todos os p111 s1•s s<Í é e só pod · s •r 11111,i: 111•1·1111dl•;,11('11sta, que i mpl irn 11:i prt· s1·rv11c,·1\o ci o:-, v:tlores pl'nili:il'l'S li rncl 11 11111, l ' Ili) ('l)IIVÍvio l'ratt•111e1 l' llt l'l' toei o~.

4. A Confra-lkvoluçao e: o militarismo () rn11t n1 1'l'Vo l11 ·io11:írio dev • la11H·11t:ir il p:11, ar111ada , o liar a •uerra inju sta l' d ·piorar a corrid a armamcn t is la d · nossos lias. Não tendo, porém, a ilusão de que a I az reinará sempre, considera uma necessidade deste mundo de ex ílio a existência da classe militar, para a qual pede toda a simpatia, todo o 1'l'ro11I H' cimento, toda a admirac;ao a q111· l.1 zem jus aqueles cuja 111iss1u i 1• 1111,11 1· morrer para o bc111 cll' todo (( 'II I' 11 te l - Cap. X II) .

dos

500 anos : desvirtuamentos desdouram as festividades

Militantes do MST ocuparam o prédio ela Receita Fe<leral em Belo Horizonte clur,wte os primeiros dias de maio passado

Capa

21

Europeus reverenciam o Brasil Barroco

História

34 Após

1 22 anos, encontra -se incorrupto o corpo do Papa Pio IX

Vidas de Santos Revolução e Contra-Revolução

Carta do Diretor

2. Cristandade e República Universal

Governo americano capitula ante as exigências de Cuba, no episódio Elián

Mani-Festo da TFP

5

Denunciada atuação do MST tendente a desestabilizar o País

A realidade concisaniente

8

A queda do Primeiroministro, ex -comunista, da Itália Produção agropecuária, principal sustentáculo anti- inflacionário

Diante <lo Oratório ele Nossa Senhora da Conceição, vítima cios terroristas, sócios e cooperadores ela TFP comemoram, 110 dia 1º ele maio último, 30 anos de vigílias 11otumas ele orações

29 São

Pedro de Verona, martirizado pelos maniqueus

Escreve,n os leitores

35

Santos e festas do ,nês

Entrevista

32

36 Exilados

cubanos explicam os verdadeiros termos do caso Elián

Fáti,na 2000

39 A

terceira parte do Segredo de Fátima

TFPs e,n ação

40 -

Manifesto da TFP norte-americana sobre o affaire Elián Oratório da TFP: três décadas de vigílias

A,nbientes, Costunies, Civilizações

44 Profetas

do Aleijadinho e da Catedral de Amiens

n,

Iniciaremo 11ro1<l111<1 d o , 1111 11• lo XII, •~ lf/11 /,1, ,1 Ccm lr,1-R vo/11 ,tu ''

C AT O L IC ISMO

Junho de 2000

3


MANif ESTO DA Tf P

Com a palavra ... o Diretor Amigo le ito r, In fe li zme nte, as comemorações do V cntenári o do Descobrime nto do Bras il desenvo lvera m-se sob o influ xo de uma mcn la li daclc q ue ace na para a triba li zação do País, co mo se nunca tivésse mos tido e m nossa l lisló ri a uma cu ltura compatível com a d as gra ndes nações do mundo. Pensando ni sso, Catolicismo convida o le itor para uma viagem pe las ins ig nes prod uções a rtíst icas nac io na is de séc ul os a nteriores . ha rro ·o pá tri o atin g iu um po nto e levad íss imo de expressão cul tura l, sendo rcvc rcn ·iado no l~x l rio r, e nq ua nto a ma io ri a dos bras ile iros pouco o conhece. Nossa matéri a de capa, nesse senti do, é bastante s i nili ·ativa. la ap resenta prec iosas esculturas da Ex pos ição Brasil Barroco - enlre cé11 e /erra , o rga ni zad a no in íc io do presente a no c m Pari s, no Pelil Pedais. A propós ito dessa presti g iosa mostra, observou Edo uard Pommie r, Inspetor-geral e mé ri to dos Museus d a França: "O Brasil é este grande país que se acha no coração do barroco

universal, no qual encontrou uma expressão visceral de sua identidade". O arti go ressa lta a inda a pos ição ímpar ocupada pe lo A le ij adinho e m nossa a rte co loni a l barroca, exa ltad o pe lo céle bre hi sto ri ado r fra ncês de a rte Ge rma in Bazin e pe lo onservado r-gera l d o Patrimô nio daque le pa ís, Gilles C haza l. No Bras il de hoje, contudo, no pl ano artístico, é c rescente o núme ro dos admiradores de ma nifestações opostas à c ultura ba rroca. Seus gostos te nde m para uma pseudo-a rte de caráte r triba l.

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*

De o utro lado, é di g no de me nção e ntre os te mas tratados neste núme ro d Catolicismo , o artigo Balanço provisório do recente pedido de perdão de .João Paulo 11. Tr~s meses após esse ato pe nite nc ia l, bo m número de cató licos ma nifesta pc q I xidaclc c m r · lação a e le, e nqua nto muitos de seus destinatários jul ga m-no in sufi c ie nte e ex i , m um aprofundamen to d o mesmo. Tais ati tudes, Catolicismo não poderi a de ixa r d apr s nl:'.í- las ao ·aro l •il or, no intuito ele be m in fo rmá- lo. Ass im , submete mos à sua ap rec iação lo is I mas b ' 111 a111 :1is ' da maior importânc ia. Desejo a todos um a boa le itu ra ... 'a i a próxima ·di ção .

o rcl ia lmc ntc,

~~7 D IRETOR

P. S.: Esta revista que está em suas mãos pode ser considerada como uma pequena galeria de arte, ta l o smcro q ue e nvo lveu sua edi ção . Ao cons ide rar as selec io nadas o bras ba rrocas ne la rc procl uziclas, o le ito r a mi go pode rá fo rma r, no campo d a a rte, uma vi são cio Bras il .rea l e resgatar, assim , a autê ntica me mó ri a nac io nal.

Em defesa da unidade nacional ameaçada pelo MST Tendo o MST ultrapassado todos os limites da lei e do bom senso, a TFP adverte: caso as autoridades não atuarem agora com energia e decisão, o caos instalar-se-á no País e daí, poder-se-á descambar para a guerrilha e mesmo para a guerra civil ~

E

preoc up a nte a co njun t ura atua l, como imprev isíve is são os rumos que e la pode acarretar para o nosso que rido Bras il. D ia nte di sso, a TFP - fi e l à sua mi ssão de defender a Tradi ção, a Família e a P ropriedade, consig nad a em seus Estatutos, fi e l també m ao pe nsa me nto de seu ins ig ne fund ado r, Professor Plí nio Corrêa de O live ira - não pode o mi tir sua contribuição, ainda que com breves re fl exões, para o esc larec ime nto de seus sóc ios, coo perado res, corres po ndentes, a mi gos e simpati zantes es parsos pe los q ua tro cantos deste nosso Paíscontine nte, e do público e m geral.

Brasil: tesouro que recebemos de nossos antepassados O B rasil é um tesouro que recebemos de De us, um prec ioso legado de nossos a nte passad os, que g lori osamente fo1j ara m a estrutu ra re lig iosa-soc ia lpo l íti ca-econô mi ca de nossa Pátri a, a qua l se estende por q uase 50 % da Améri ca do S ul. Tesouro indi ssoc iável da c ivili zação cri stã e da Re li gião Católica, que professavam os bra vos navegado res que aqui apo rtaram há 500 anos. Seguiram-nos as fi g uras incomparáveis do Beato José de Anc hieta, do Pe. Ma noel da Nó brega e de ta ntos o utros lumina res da fé e g iga ntes d a ded icação, que o utro intuito não possuíam senão o de, catequi za ndo os po bres indíge nas, li vrá- los do extre mo primiti vismo e da inqua lificá ve l barbárie e decad ência e m que e ntão jazia m.

São muito conhec idos os re latos, da é poca e posteri ores, que nos fa la m da a ntropofag ia, do infa nticídi o, do sui c ídio ri tua l, da escrav idão das mulheres, do ho mossex ua li smo, pa ra que seja prec iso aqui ins istir sobre isso. Tais rea lidades no rteara m os e nsiname ntos que, recebidos na fo rmação cios bras ile iros, desperta ram e m suas mentes, e sobretudo e m seus corações, um só lido a mo r à Pátri a, à sua gra ndeza, à sua predestinação hi stó ri ca. Nessas verdades, ou seja, nos princ ípi os da c ivilização ocidental e c ristã, e na sabedoria coloni zadora lusa, fund ame nta-se essa prodi giosa unidade terrilorial e nacional da Amé rica po rtu guesa. Nossos maiores, vindos da Mãe Pátria - Po rtugal - , diminuta em extensão, mas grande em bravura, fi zeram do BrasiI a extrao rdinária obra ele c ivi Iização cujo lume, em sua essênc ia, não é o fuscado pe los numerosos prob le mas atua is. Ne la se produziu a ma is surpreendente fu são de raças - quão contrastante com o que se passa em outras plagas de inspiração protesta nte - de ta l modo que à unidade de te rri tório somo u-se a unidade cio que poderíamos c ha mar a raça brasileira , a va lo rosa gente que habita esta g rande te rra. Raça esti, na compos ição da qual o índio e o negro, e posteriormente o imigra nte, ocupam pos ições de honra.

Um show publicitário que pode virar revolução Some nte a ltos e e levados princípios são pró pri os a co ndu zir os jo vens ao

heroísmo, os ho me ns madu ros à refl exão, os anc iãos à sabedo ri a. A TFP defe nde ta is princípi os contra a surpreende nte o nda de demagogia, esse verdade iro show publi c itári o de larga e nve rgadura que o Pa ís todo presenc io u atôni to e que visa construir um o utro Bras il , infie l a s i mesmo, à sua autênti ca bras il idade. Os aco ntec ime ntos rocambo lescos e desairosos que marcaram as come morações cios 500 a nos do B ras il são po r de ma is recentes pa ra que seja necessári o e ntra r e m po rme no res. Eles continua m a produ zir seus efeitos. Basta le mbrar ge ne ricame nte a tentativa de e ri g ir um mo nume nto a ntidescobrime nto no própri o local-símbo lo do descobrime nto, e m Po rto Seguro. O enfre nta mento de manifes tantes do MST e seus caudatári os contra a Po líc ia baiana, pa ra des virtuar a so le nidade comemorativa ofi c ia l, d a qua l partic ipava m o Presidente da Repúbli ca e o Pres ide nte de Po rtu gal. O desíg ni o de rea liza r urna a nticome moração, paral e la e contrária à q ue se realizava. O pro testo arru aceiro levado a cabo pe lo M ST po r me io de invasões de ma is de uma dezena de edi fíc ios públicos, alé m de di stúrbios e ocupações várias. A ex igênc ia de manter um di álogo com o go ve rn o federal, de po-

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tê ncia a potênci a, d esig nando inclusive qua is deve riam ser seus inte rl ocutores. A afronta fe ita ao representante de João Paulo II, Cardeal Ange lo Sodano, por um índio devidamente industriado, que se apresentou durante a Mi ssa pa ra invectivar os presentes dize ndo que e les não tinham verg onha. O que o bri gou o Bi spo de Eunápoli s a pedir pe rdão ao Legado pontifício, de ixando cl aro que a inte rve nção do índio fora escrita por algué m que ocupa cargo na CNBB. Todo esse show o povo bras ile iro foi con strang ido a pre se nc ia r, a través ele certa mídia loquaz e meticulosa, pron ta a dar cobe rtura a qualque r pa lavra, qualque r gesto, qu a lque r a me aç a prove ni e nte dos arrai a is dos "sem-te rra" e quej andos. A tal po nto os ate ntados à o rde m foram levados lo nge, que as auto ridades pude ram falar, sem ridíc ulo, e m ameaça às próprias institui ções, e m mobili zação do E xé rc ito e e m e nquadra me nto cios res ponsávei s na Le i de Segurança Nac i- . onal. Sobretudo te ndo e m vi sta o repúdio generali zado ela população a essas desordens, inconformada com a atitude passiva que até então vinham to mando alg uns governantes em face ele fatos que se avo lumava m na razão direta da impunidade de seus autores. O MST a pa rec ia nas pág in as dos j o rn a is e nos vídeos d as TV s co mo uma es pécie d e g iga nte Ad a mas to r a a me aç ar o povo bras il e iro com a im plantação , de um mom e nto pa ra o utro, de um so c iali s mo de tipo fid e lcastri s ta, odi e nto e des truid o r, a nte a o mi ssão ine xpli cáve l de a uto rid ad es ass ustad as e ine rtes. Esse e ra o show. Aute nti ca me nte show. Mas show que, se não fos e detido a te mpo, poderia transforma r-se e m a marga realidade, como aconteceu tantas vezes na histó ri a das revo luções. Foi ta mbé m um show a queda d a Bas tilha e m 1789; mas porque providê nc ias não foram tomadas a tempo, cabeças ro laram na g uilhotina e a Fra nça inte ira se e nsang üe ntou . Foi ainda um show a tomada do Pode r por Kere nsky, na Rússia, e m agosto de 19 l 7 ; mas três meses depoi s seguia-se a esse show a maior, a mai s longa e mais espantosa tira ni a que o mundo j á conheceu .

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eAToLIeIsMo

Apoios que possibilitaram a formação de um movimento anti-social O MST co meçou timi da me nte sua trajetó ria, no iníc io d os a nos 80 , sob patrocíni o d a ala dita " prog ress ista" cio c le ro. E, até hoj e, "padres e Bispos dão

uma ajuda inestimá vel às mobilizações dos sem-terra" ("O Es tado de S. Pau lo", 10-5-00). A o rga ni zação goza ta mbé m do apo io de po líticos de esque rd a e é forte me nte ba fej ad a po r certa mídi a . Be nefi c io u-se largame nte a inda da co mplacênc ia de a uto ridades que queriam ve r ne le ape nas um " movime nto social ", c ujos obj e tivos e m fav o r d a c lasse cios ag ric ulto res po bres deve ri a m ser presti g iados . De fato, e m po uco te mpo o M ST deu mostras abunda ntes de ser um pe rnic ioso mo vime nto anti -socia l. As re integrações de posse concedidas e m séri e pelos Tribuna is be m mostram o caráte r ilegal d o es bulho possessóri o prati cad o pe lo mo vime nto invasor. Mas, por incríve l qu e pa reça, muitos gove rnadores negam-se a cumprir essas o rdens judic iai s, ou e ntão, prote lam inde finidamente seu c umprime nto. F ruto de uma hábil manipul ação ele g ue rra psicológica, o ma l de ixou de ser o esbulho para ser o confro nto. Cada vez que uma invasão se processava, procurava-se inculcar que o importante não era restabe lecer a o rde m e o dire ito, mas s im evita r o confro nto. Com isso, o grande pe ri go de ixava de ser o M ST, e passava a ser a Po líc ia Militar, apresentada pe la pro paganda esquerdi sta como intolerante e pe ri gosa. Não fa lto u, desde o princípio, que m denunc iasse - e de modo in siste nte o pe ri go que constituía m a inc ipie ntes "ocupações" de te rra. Esse mé rito ning ué m o pode negar ao Prof. Plíni o Corrêa de Oliveira e à o bra po r e le fund ad a, a T F P. Apo ntou e le o ri sco que corriam a ag ri c ultura nac io na l, os produto res rurai s, os agric ulto res po bres utili zados co mo massa de ma nobra, o di re ito de propried ade e o próprio futuro do Bras il. Poré m, o nde sua voz no rmalme nte deveri a ser o uvida com ma is ate nção nas lide ranças da c lasse dos produto res rurai s - aí e ncontrou e la, não raro, um

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eco di stante, um ar desate nto, o timi sta e m re lação à s ituação, uma atitude freqüe nte me nte o mi ssa, po r vezes até co mpl ace nte com o mal que começava já a mostrar suas garras. Ainda recente me nte o Sr. Luís S upli cy Ha ffe rs, pres ide nte ela Sociedad e Rura l Bras ile ira, a íirmo u que "o minis-

Iro Raul Jungmann /em lido muito born desempenho na refo rma agrária" ("Jorna l do Bras il ", 26-4-00) . Q uando é público e no tó ri o que a escalada do M ST se deve, e m larga medida, à po lítica ele Reforma Ag rári a do Sr. Jung ma nn . Adubad o pe la do utrina revo luc io nári a da "esque rd a cató lica", regad o in cessante me nte pe las ág uas fe rtili za ntes do dinhe iro prove ni e nte até do Ex te ri o r, ilumin ad o pe lo brilh o fá tu mas consta nte d e certa mídi a, não e ncontra nd o diante ele s i o bstác ul o proporc io na l às fo rças po líti cas que o apoiavam, o es pinhe iro cio M ST c re. eeu e se dese nv o lve u , a meaça nd o ago ra cob rir todo o Bras il co m seus ga lho. rebarbativos e ag ress ivos . C hega ndo inc lusive a la nçar vá ri as me tás tascs, q ue se constitu e m e m o rga ni zações s imil ares atua ndo no ca mpo o u nas c id ades , como o MLST, e contag ia ndo tamb m a ma is a ntiga CON TAG. Qua nto à opini ão púb li a naciona l, de modo gera l, la t 111 u o MST, inic ia lme nte, com ind i ~ rc nça, depo is co m desagrado c rescente; hoj , assustada, e la cobra pro vi lê n ias do ovcrn o. Atua lm nte o M T ul trapasso u tod os os limites, não só da lei mas cio bo m .·cnso. As invasões ele terras particul ares e de pr lios públi cos, os seqüestros, a manu te nção ele reféns, a provocação de conflitos com mortos e feridos, tudo isso · faz de le um mov ime nto po uco di fe re nte da g ue rrilha que infes ta a Co lô mbia. A continuare m as infrações à orde m nesse ritmo, e m breve aqui també m se pode rá seguir o exe mplo do governo co lo mbiano, que concede u extensas zonas do Pa ís para sere m do minadas pe los u ' 1-ri lh ·i ros ... à espera do mo me nto · 111 q u • ·lcs do mine m o Pa ís todo. Ta is refl exões oco rr •111 11111 11rnl mcnte a que m assistiu p ·rpl ~xo o sltm1 • produ zido e m torn o cio MST rt l'S Nl'~ 1111,mos dias, a prete xt o d · ·0111(· 111011 1, 111 H los 'iOO anos do d 'S ·olwi11ll'lll o do l\111 ri

A lamentável atuação da "esquerda católica" Nesse show, a T F P, soc iedade c ivil form ada por le igos cató li cos praticantes, lame nta profunda me nte a parte que ni sso tudo teve e te m a Comi ssão Pasto ral ela Terra , braço ela C NBB que fa vo rece a re vo lução no ca mpo. A po nto de D. To más Ba lduíno, presidente d a C PT, ter dec la rad o que as invasões de te rra são

"uma maneira sadia de se moddicar a eslrulura fun diâria nacional" ("O G lobo", 9-5-00). E isto, não o bstante a c lara ad ve rtê nc ia fe ita po r João Paul o II: "Nem a Jus-

liça nem o bem comum consenlem em danificar alguém nem invadir sua propriedade sob nenhum pretexto", di sse o S umo Po ntífice, quando de sua vi s ita ao Bras il e m 199 1. "Ao Estado - prosseguiu - cabe o dever principalíss imo de

assegurar a propriedade pa rticular por meio de leis sábias" ("Fo lha de S. Paulo", 15- 10-9 1). Adve rtê nc ia re ite rad a de po is com ê nfase: "Recordo as pala vras do meu

predecessor Leão XIII, quando ensina que 'nem a jus/iça, nem o bem comum consen/em em danificar alguém ou in vadir a sua propriedade sob nenhum pretexlo' (Rerum Nova rum, 55). A Igreja não pode estimular, inspirar ou apoiar as iniciativas ou movimentos de ocupação de terras, quer por invasões pelo uso da fo rça, quer pela penetração sorrateira das propriedades ag ríco las " (João Pa ul o ll, ao recebe r, em 2 1-31995, os Bi spos brasile iros da R egio na l S ul 1, do Estado de São Paul o) . Por seu c redo socialo-comunista, po r seus métodos, por seu desprezo pe la propriedade, po r sua vio lê nc ia antibras ile ira, o M ovime nto dos Sem-Terra q ui çá te r-se- ia es vanescido, não fosse o apo io que essa al a do E pi scopado nacio na l, através da Comi ssão Pastora l ela Te rra e o utros me ios, lhe e mpresta. N o mo mento, com os prime iros atos e né rg icos po r parte cio Go ve rn o fcclcra l, e m nosso Pa ís à be ira de uma g ue rra c ivil , d e um a dil ace ração qu e, de no rte a sul , que braria esse prec ios íssimo e ma ravilhoso vaso de c ri sta l que é a unidade naciona l, surge um rai o de es pe ra nça . Oxa lá e le se tran sforme e m rea l id ade !

Po is, se operad a essa que bra, o caos e a luta fratri c ida pode m to mar conta d a Nação. E, a ocorre r ta l c atás trofe, nada ma is tri ste do que con stata r a dura rea lidade : o MST (e o mes mo se di ga de seus congêne res), que hoje se apresenta co mo mo vime nto po líti co , a isso te ri a levado nossa te rra e nossa gente , com o tri ste s uporte, e mesmo incenti vo, d a parte mino ritári a, po ré m a ma is atu a nte, do co lég io dos Pre lados que traça m os rumos e m nossa Pátri a ela atu ação d a S a nta fg rej a Cató li ca Apostó lica Ro ma na.

Também os pobres índios utilizados pela "esquerda católica" Q ua nto nos d ó i levar mai s lo nge nossa la me ntação. M as os fatos c lama m. O C LMJ - Conselho lndi ge ni sta Miss io ná ri o, que deve ri a ser o braço d a C N BB para a eva nge li zação dos in díge nas - d á pl e no apo io a uma re in te rpre tação de nossa hi stó ri a qu e condu z a um desprezo (senão ao ódio) a tod o um passado nimbaclo pe las g ló ri as do Be m-ave nturad o Anc hi e ta e tan tos confessores e mártires da fé. E a uma ação no presente que, a produ zir seus efe itos na turai s, leva r-nos- ia a retroag ir à idade da pedra lascada. Até mes mo pensadores e soc ió logos de idé ias be m di fe rentes das da TFP, vi ra m-se na o bri gação de contestar tal insensatez. Foi o caso, por exemplo, do soc ió logo Hé lio Jag uaribe que, e ntre o utras o bservações de bo m senso, afirma que é um "equivoco perpetuar as

cul!u ras indígenas. Nenhum povo permanece eternamente no neolílico .... Os índios (apenas cerca de 300 mil) dispõem de 11 % do terrilório nacional. O quefa //a é apropriada assistência para que, voluntária mas condignamente, ing ressem na comunidade brasileira" ("Jornal do Bras il ", 4-5-00) . A li ás, te m cau sad? não peque na estra nheza a concessão de ex te nsas áreas do territó ri o nacio na l - muitas de las fro nte iriças - a uns po ucos índios, merecedores sem dú vida ele tod a a nossa s im patia e ajuda, mas atua lme nte incapazes de admini strá- las e de a prove itálas devid amente. E que são me nc io nad os, ade ma is, co mo se constituíssem

" nações" diferentes da brasile ira. Nações que amanh ã, sob o influx o de de magogos, pode rão que re r te r seu pró prio territó ri o pa ra constituir-se e m Estado sobe rano . Ao que tudo isso vi sa? Ao des me mbrame nto cio Brasil e à constitui ção de Estados comuno-triba li stas?-É impossíve l não perg unta r.

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Ass im , po r me io destas breves considerações, a TFP - a ma is pujante força c ató li ca le iga antim arxi sta e a nti -soc ia li sta que te nha surg ido e m nosso País - a bre d e par e m pa r sua alm a di a nte ele todo o Bras il. E e la es pe ra que "do

Prata ao Amazonas, do mar às cordilheiras " - con fo rme di zia conhec ido refrão - sej a o uvida esta adve rtê nc ia, toda e la fe ita de am o r a nossa Pátria e à c ivili zação c ri stã : o Bras il caminhará para a paz e para a o rd e m se nossas a uto ridades atu are m agora co m e ne rg ia e dec isão, e a o pini ão públi ca bras il e ira fi ze r sentir todo o seu desconte ntame nto com o presente rumo qu e o MST e congêne res vi sam d a r ao Pa ís. Caso con trá ri o, do caos pod e r-se-á desca mba r para a g ue rrilha e mes mo para a g ue rra c ivil , e o Tribun a l d a Hi stó ri a e o ele De us julga rão os que fo re m c ulpados pe lo rasga me nto d o tec ido d a unidade nac io na l. Em qualque r caso, a TFP não se clesvian1 de sua atitude - nunca des me nti da desde que foi fundad a - de atuação ri gorosamente de ntro da Le i de De us e dos ho mens. Nesta abe rtura d e alma, invocam os a Rainha e Padroe ira do Bras il , N ossa Se nho ra Aparec ida, rogando-Lhe que condu za a todos os bras il e iros nas vi as da sabedoria c ri stã e nos preserve dos des vari os qu e po nh a m a pe rde r esse do m ime nsa me nte prec ioso da unida-

de nacional. São Paul o, 23 de ma io de 2000

Conselho Nacional da' Sociedade Brasileira de Defesa da

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TRADIÇÃO, FAMÍLIA E PROPRIEDADE - TFP e

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Dez Mandamentos: antídoto contra orelativismo moral

Esmolas de igreias e '1moosto de paz'! na mira da guerrilha colombiana

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o dia em que a organização guerrilheira Forças Armadas

Revolucionárias da Colômbia (Farcs) voltaram a propor aos

Dez milhões de órfãos: flagelo universal da AIDS

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ez milhões de órfãos é o drama que ocorrerá até o final do presente ano, devido à AIDS, segundo dados da Fundação François-Xavier Bagnoud Center, vinculada à Universidade de Nova Jersey (EUA) . A estimativa foi apresentada recentemente em Santos (SP) por James Oleske, professor de pediatria daquela Universidade e Diretor do Centro de Tratamento e Treinamento Aids Pediátrica, da referida Fundação. As projeções indicam ainda que, em 2000, cinco milhões de crianças serão infectadas pelo HIV e haverá um milhão de mortes de crianças causadas pela terrível moléstia . Aplica -se no caso o adágio: "Os inocentes pagam pelos pecadores ". ♦

Crianças infectadas pelo vírus da AIDS em Lusaka, capital da Zâmbia (África)

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Estados Unidos a legalização do consumo de drogas, o Arcebispo de Bogotá, D. Pedro Rubiano, revelou que nem o dinheiro das esmolas dominic ais das igrejas é poupado. "Eles exigem 50 mi lhões, cem milhões de pesos (de 25 mil a 50 mil dólares) de várias paróquias", di sse o Prelado. E acrescentou: "Os párocos têm sido

muito claros, di zendo que, por princípio, não podem entregar

Por que se persegue a âncora verde, em vez de favorecê-la?

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chamada âncora verde (a produção agropec uári a) fo i o principal sustentáculo contra a inflação, mantendo-a em níveis sati sfatóri os depois do Pl ano Rea l. E tem segurado quase soz inh a as contas ex tern as: enquanto a balança comercial co mo um todo tem apresentado segui los cl éfi cits, os negóc ios d agribusiness têm produzido exce lentes supcráv its: 11,7 bilhões ele dólares em 98, 11,9 bilhões em 99 e a prev isão entre 14 e 15 bilhões em 2000. A prod ução agrícola revela-se, ass im , um porto seguro que o Govern o deveria tratar com mais atenção. Se ele favorecesse os produtores rurai s, como favorece a Reform a Agrária soc iali sta e confi scatória em curso, e além disso, fosse eficazmente enérgico em relação ao MST e à ag itação no ca mpo, a âncora verde estaria imensamente fortalecida. E, como conseqüência, o Bras il poderia ter um desempenho eco nômi co e soc ial muito melhor. ♦

para a guerra dinheiro doado pelos.fiéis para obras sociais e para a evangelização ". Esclareceu ain-

Soldados do Exército colombiano escoltam vítimas de seqüestro, abandonadas por guerrilheiros do país

da que os guerrilheiros j á havi am ex igido anteriormente as esmol.as das igrej as, mas nas últimas semanas têm aumentado a pressão e a violência contra os sacerdotes. E para agravar o c lim a de banditismo da guerrilha, as Farcs anunciaram que cobrariam um imposto de paz de pessoas e empresas detentoras de patrimônio superior a l milhão de dólares. A guerrilha divulgou documento em que afüma deverem os contribuintes compare-

cer voluntariamente para pagar a taxa. Caso não o façam, estarão sujeitos a multa. Insi stindo em não pagar, serão seqüestrados! Eis aí o fruto que o Governo de Pastrnna está colhendo com sua política ele concessões à guen-ill1a. Política suicida, que tenta aplacar a ferocidade da fera narco-guen-ilheira concedendo-lhe cada vez mais carne... O leitor conhece alguma situação semelhante no Brasil ? ♦

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iroteios em escolas, erosão da família e as circunstâncias escanda losas que condu ziram ao processo de impeachment (não efetuado) do presidente Clinton - tudo isso deixou em muitos a sensação de que os Estados Unidos estão à deriva, dizem diversos cientistas políticos americanos . A Assembléia Geral do Estado de Kentucky debateu oito projetos de lei visando afixar em lugares públicos os 1 O Mandamentos da Lei de Deus, antes de enviar uma dessas propostas para assinatura do Governador Paul Patton . Eis um sintoma de que os americanos anseiam por uma sólida estrutura moral. Os cidadãos daquele Estado colocaram milhares de cartazes apoiando a iniciativa em suas casas. A questão é um tema corrente nos programas de entrevista de rádio e nas páginas de editoriais dos jornais. O Estado de Kentucky não está sozinho nessa aspiração. Os legislativos de 11 outros Esta dos americanos estão discutin do neste ano projetos que permitem a exibição dos Manda mentos do Decálogo em edifíci os públicos. Em dois deles, Indi ana e Dakota do Sul, os proje tos já foram aprovados. Para muitos americanos, os Manda mentos indicam o caminho do retorno à certeza moral. As pesquisas de opinião re fletem claramente essa tendên cia. Uma pesquisa da revista "USA Today", da cadeia CNN, e do Instituto Gallup constatou que 74 % dos americanos apoiavam a exibição pública dos Mandamentos. Que tal se no Brasil edifícios públicos começassem a exibir em lugares de destaque o Decálogo? Não seria salutar para quebrar o relativismo moral reinante? ♦

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BREVES REllGIOSAS Beatificação de Francisco e Jacinta Marto A Conferência Episcopal Portuguesa, em março último, publicou uma Nota Pastoral a respeito da beatificação de Francisco e Jacinta Marto, na qual afirma: "A beatificação destas duas crianças traz uma confirmação, por parte da Igreja, da credibilidade das aparições de Fátima". Esta é uma conseqüência no plano eclesiástico que ninguém pode negar. _J

Milícia muçulmana seqüestra e mata católicos nas Filipinas Terminou de forma trágica o resgate dos 27 reféns católicos seqüestrados pela milícia extremista muçulmana Abu Sayaff , no dia 3 de maio último, em Basilan sul das Filipinas: quatro reféns adultos foram encontrados mortos, entre eles o Padre Rhoel Gallardo, com sinais de tortura. _J

_J Nomeado sucessor do Cardeal O'Connor, falecido recentemente A Santa Sé nomeou o Bispo de Bridgeport (Connecticut), Monsenhor Michael Egan, como novo Arcebispo de Nova York para ocupar o cargo de seu predecessor o Cardeal John O 'Connor, falecido aos 80 anos, em sua casa, no dia 3 de maio último. Este teve o mérito de ser muito combatido por defender a louvável tese de que os políticos católicos favoráveis ao aborto deveriam ser excomungados, bem como por declarar que certas músicas de rock poderiam levar à possessão demoníaca .

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RELIGIAO

Bàlanço provisório do recente pedido de perdão de João Paulo li Mujtos destinatários desse pedido julgam-no insuficiente e exigem ainda mais, enquanto numerosos fiéis manifestam em relação a ele perplexidade, à espera de um esclarecimento do Magistério eclesiástico que dissipe suas dúvidas PAU LO HENR IQUE 0 -IAV ES

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c urso de uma cerimôni a peite nc ia l sem precede ntes na Hi stóri a, João Paulo 11 pediu oficialmente perdão a Deus, em no me ela Santa Ig rej a, pe los pecados co metidos po r seus filh os desde a sua fund ação há do is mil anos. O inédi to gesto, rea li zado na Basílica de São Pedro durante a Mi ssa cio prim e iro do min go el a Qu ares ma, in c luiu sete co nfi ssões de c ul pas, enun c iadas po r sete di gnitá ri os el a C úri a Ro mana, seguidas de sete pedidos ele pe rd ão pe lo pró pri o Po ntífi ce: urn a confi ssão geral das culpas do passado numa autê nti ca "pur(ficação da memória"; um pedido de perdão pe lo emprego de "métodos não evangélicos " no servi ço da Fé; pe la separação dos cri stãos; pe las persegui ções co ntra os judeus ; pe lo desres pe ito cios dire itos dos 10

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povos e das respectivas culturas e re li g iões; pe los ate ntados contra a cli gni clacle el a mulh er; e, fin a lme nte, pe las vi o lações dos dire itos huma nos.

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Com a mpla cobertu ra ela mídi a cio mund o inte iro, o ato pe nite nc ia l, ao mes mo te mpo vasto e des prov ido ele ac usações prec isas, susc ito u reações desencontradas . Eli e Maréchal, comentari sta re i ig ioso do di ári o pari s ie nse " Le Fi garo", assim descreve essas pri me iras reações: "'É de mais', indignam-se uns. 'É muito pouco', protes-

tam outros. E entre os dois, uma maioria silenciosa, por vezes perplexa, que acompanhou ou seguiu o Papa em. sua oração". 1 Passados três meses desse gesto ele penitê ncia - repetido, nos mesmos termos, no que di z respe ito às perseg ui ções ao povo judeu, por ocas ião ela poste ri o r vi ·ita pa pal a Jsrael - , Catolicismo apresenta a seus le itores um balanço prov isóri o elas princ ipa is repercussõc do ped ido ele perdão entre os cató1icos, bem como das reações de destacados representantes ci os "destinatários" desse gesto.

Um projeto controvertido desde seu anúncio Na verdade, a controv érsia sobre esse pedido ofi c ial de perdão estabeleceu-se desde seu anúnc io, e m 1994, por ocas ião do Consistório extraordinário de Cardea is, convocado para tratar dos preparativos do Jubi le u mil enar.

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João Paulo li abençoa a Porta Santa na Basílica de Santa Maria Maggiore, em Roma, no Jubileu do Ano Novo

O doc umento prév io do Co nsistório sugeri a um ato da Ig rej a destin ado a

" reconhecer os erros cometidos por homens que .fizeram parte d Ela e que, em ce rto sen tido, agiram em nome dEla" 2, po is "o reconhecimento coraj oso das culpas e também das onússões das quais os cristãos, de alguma fo r1na, tornaram-se responsáveis .... poderá dar impulso eficaz à nova evangelização, e tornar mais fác il o caminho que leva à unidade", afirm a a inda o clocumento.

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Segundo Lui gi Accatto li , conceitu ado vaticani sta do di ári o mil anês "Cor-

ri ere delta Sera", a proposta papal "levem /ou dú vidas e obj eções entre os Cardeais", não so mente na "consulta prévia encaminhada por correio" , mas até mesmo "durante os trabalhos elo Consistório", no seio do qual "parece que a maioria dos Cardeais .... observou que .... é preciso não encarar o passado da maneira atual ele encarar as coisas". Parti cula rmente, "os Ca rdeais do Leste teriam man(festado o temor de que o exame .final do milênio pudesse causar contentamento à velha propaganda anticatólica elos reg imes comunistas"; enquanto os

senão acaba-se por dar a impressão ele que, ao converter-se ao catolicismo, entra-se numa gang de malfeitores e não na comunhão dos santos". 8

As balizas introduzidas pelo Vaticano Di ante dessas c ríti cas do Cardeal Biffi e das dúvidas dos de mai s Cardeais reti centes, o Vaticano julgou conve-

cia unívoca no testemunho bíbliA Comi ssão Teológica reconhece ainda o fundamento dos temores manifestados pe lo Cardeal Biffi , di zendo: "Não faltam, toda-

via, .fiéis desconcertados, com a sensação de que sua lealdade à Igrej a parece abalada. Alguns deles perguntam como transmitir o amor à Igrej a às novas gerações se à própria Igrej a se imputam crimes e culpas. Outros a.firmam que o reconhecimento de culpas é, além de tudo, unilateral e vantaj oso para os detratores da Igreja, sati5feitos em vê- La confirmar os preconceitos que eles mantêm a respeito clEla". 12

trado .. .. o receio de que o reconhecimento de culpas estranhas à cultura elos seus povos pudesse vir a ter sobre esses wn reflexo negati vo sem qualquer contribuição pastoral positiva" .4 O único partic ipante do Consistó ri o ex trao rdin ário, cuj as o bj eções ao projeto fi ca ram conhec idas, fo i o Cardea l G iaco mo Biffi , que escreve u uma nota pas toral a respe ito do ass unto. Ne la, o Arcebi spo de Bo lo nha apresenta um a obj eção teol óg ica de envergadura: "Nossas ações pecarninosas", di z o Pre lado, "são ações extra-ecle-

siais quanto ao seu ser. Por isso a Igrej a, embora composta de pecadores, é sempre santa: ex mac ul a-

tran.~formar-se em.fonte de ambigüidade e até de mal-estar espiritual, especia/m.ente entre os .fiéis mais simples e pequenos". 6 Na ótica do Cardea l Biffi, o povo fi e l "não sabendo fa zer muitas distinções teológicas, por essas autoacusações veria perturbada sua serena adesão ao mistério da lgreja".7 Uma posição seme lhante à cio Arcebi spo de Bo lonha fo i assumida várias vezes po r Dom Sa ndro Magg io lini , Bispo de Como (Itáli a), o qual não hes ito u em dec larar rece ntemente que era prec iso ser "muito prudentes no pedi-

do de perdão pelas faltas do passado,

ace itação de culpa propos ta por João Paulo 11 "não encontra correspondênco". 11

Ca rdea is da Amé ri ca Latin a, el a Ásia e da Áfri ca "teriam demons-

tis immac ul ata". 5 M as o que mai s parecia afli g ir aquele Purpu rado era o efeito antipastora l que podi a produzir um mea culpa desse gênero, na medida em que "poderia

nac iona l estudou o tema A Igreja e as culpas do passado e publi cou suas conc lusões no documento intitulado Memória e Reconciliação .9 Ne le se admite que, ao menos até Paul o VI, "não se encontram em toda a história da Igreja precedentes de pedidos ele perdão relati vos às culpas do passado" 10 e que a

Por solicitação do Cardeal Joseph Ratzinger, Prefeito da Congregaç,'io para a Doutrina da Fé, a Comissão Teológica lllternacional estudou o tema A Igreja e culpas do passado e publicou suas conclusões no documento Memória e Reconciliação

No contexto bíbli co e teológico do te ma - cuj a aná li se escapa ao limitado escopo deste artigo - , a Co mi ssão apresenta certas ba li zas qu e deveri am enquadrar uma co mpree nsão o rto do xa do mea culpa jubilar. A prime ira baliza inte lectu al é a convicção de que, ao propor uma confissão de culpas, a Igreja o faz "não

enquanto sujeito do pecado, mas enquanto assume com solidariedade materna o peso da culpa de seus .filhos" . 13 Em segundo lugar, diz o documento, "a determinação das culpas do pas-

nie nte fundamentar me lhor esse pedido de pe rdão. Po r so lic itação do Cardea l Joseph Ratz inger, a Comi ssão Teológ ica Inter-

sado a serem reparadas implica, antes de mais nada, um correto juízo histórico, que fundamente o juízo teológico", pois somente após uma "avaliação his-

Ao propor uma confissão de culpas, a Igreja o faz "não enquanto sujeito de pecado, mas enquanto assume com solidariedade materna o peso da culpa de seus filhos" CATO L IC ISMO

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O pedido de perdão da Igreja "não deve

ser entendido como renegação de sua história bimilenar, rica de méritos nos campos da caridade, de cultura e de santidade"

tórica rigorosa" é possível perguntar "se o que foi dito ou f eito pode ser interpretado conforme ou não ao Evangelho" . 14 Para tal , é preciso ev itar toda genera li zação e proceder a uma "reconstrução do a,nbiente, dos modos de pensa,; dos condicionamentos e do processo vital em que os eventos e as afirmações se situam". 15 Em terceiro lugar, a Com issão Teológica prec isa que a responsabilid ade subjetiva pelas faltas do passado "não se transmite por geração, razão pela qual os descendente.s· não herdam a (subjetiva) responsabilidade dos atos de seus antepassados". 16 E, finalmente, relembra a Comi ssão, se fa ltas houve, e las não são, ne m de longe, uma excl usividade da [g reja Católica, mas que "a história das várias religiões é semeada de intolerâncias, superstições, conivências com poderes injustos e negações da dignidade e liberdade da consciência". 17 Para ava li ar o gesto penitencial de João Paulo U é preciso, pois, ter em mente todas essas distinções, e muitas outras, exp li c itadas pela Com issão Teo lógica Internacional em seu documento. Caso contrário, ou sej a, se ta is bali zas intelectuais forem omitidas, correse o ri sco de, implicitamente, "descanonizar " um São Bernardo por ter pregado a Terceira Cruzada e redi g ido a regra da Ordem Militar dos Templários ; ou um Papa São Pio V, por ter exerc ido o cargo de Supremo Inqui sidor da Igreja e haver favorec ido a tarefa da 1nquisição na Espanha; ou um São Roberto Bellarmino, por ter presidido o tribunal que entregou Giordano Bruno à fog ue ira do braço secul ar; ou um São Francisco de Sales, por ter favorec ido um intento de reconqui sta ele Genebra (c idade da qual era Bispo) das mãos dos ca lvini stas. Ou ainda, correr-se- ia o ri s12

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co de "desbeatijicar" um Be m-aventurado José ele Anchieta, por ter e le evangeli zado os índios e secundado a conquista do Brasil pe los colonizadores portugueses, ou de tirar ela Iista dos santos um São Francisco Solano por ter fe ito o mesmo no Parag ua i. E m o utros termos, incorrer-se- ia no erro flagrante de incluir entre os supostos fa ltosos do passado "a i,~fi.nita série dos beatos e dos santos", muitos dos quais "não passariam nos exam.es do novo 'teo logicamente correto "', poi s "são responsáveis por pensamentos e obras a respeito das quais 'os novos crentes purificados na ,nem.ó ria' devem pedir perdão " - como adverte, não sem ironia, o conhecido j ornali sta Yittori o Messori . 18 Segundo reconhece João Paulo II, o pedido ele perdão da Igreja "não deve ser entendido .... como renegação de sua história bimilencu; rica de méritos nos campos da caridade, da cultura e da santidade". 19 Cuidado este, aliás, que órgãos ela mídia - tantas vezes dominada ou manipulada por correntes ideológicas adversárias ela Igreja Cató lica não tiveram de nenhum modo. Basta percorrer os títulos ou comentá rios de grandes jornais cio Brasil e cio Exterior daque les dias para perceber que o ato penitenc ia l f'oi compreendido por esses órgão e m sentido diametralmente oposto. Por exemplo, é e loq üente a seguinte passagem cio quotidiano itali ano " La Repubblica" : "O catolicismo triu~fante pede perdão, a poderosa Cúria admite seus pecados, o Papa-monarca abraça os joelhos do Cristo e confessa que os cristãos têm 'desconf'essado' o Evangelho .... não sempre, não todos, só em alguns momentos, som.ente alguns cristãos. Mas as distinções nesta jornada memorável não têm nenhum peso " .20

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A insatisfação dos eternos descontentes A cerimôni a penitenc ial, assim ap resentada por certa mídia, dividiu , como era natural , o grande públi co e até os próprios cató licos. "Para alguns trata-se de um novo e emocionante início, não só para a Igreja, mas para a sociedade em. ge ral", comenta Yittorio Messori em sua coluna do "Corriere cle ll a Sera", enquanto "para outros é uma utopia bem-intencionada que, com.o sempre acontece, produz.irá frut os opostos aos desejados" .2 1 Mas o jornali sta itali ano fo i otimi sta em sua aprec iação. Po is, para certos apologistas ela iniciativa tratou-se apenas ... de um início decepcionante. E, insati sfe itos, ex igem desde j á muito mais. Um representante ca tegori zado cio setor dito "progress ista" ela Igreja, por exemplo, o teólogo Hans Küng, privado pelo Vati cano, desde 1979, ele sua licença de ensinar, apressou-se em fazer um comentário insolente a respeito cio ato penitenc ia l: "O Vaticano tem urgente necessidade de um Gorbachev que introduza g lasnost e perestroika no petrificado sistema vaticano. Fica a esperança de encontrar um entre os cardeais". 22 Por sua vez, o Dr. André Nahum , escritor e ed itoriali sta da Rádio J ucla ica ele Paris, leva a ousadia de perguntarse: "Podemos, por fim, estar seguros hoj e, depois do l,Concíliol Vaticano li e depois deste acontecimento histórico de domingo, que a Igreja redescobrirá o ensinamento do judeu Jesus na sua autenticidade ?".23 O pasto r Jean-Arno ld ele C lermont, presidente da Federação Protesta nte ela Fra nça, ap rove itou o pedido de pe rd ão para fazer uma observação cáust ica a res pe ito do Dogma ela Infalibilidade pontifíc ia: "Eu penso que muitos ain da estão embalados pelo mito de uma Igrej a lnfálível. Para nós, protestantes, urn a Igreja , embora_ inspirada por Deus, é .fá lível, como toda sociedade humana". 24

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Aqu i no Bras il , o ped ido de perdão ele João Pau lo II aos ind ígenas, re iterado pe la Confe rência Nacional dos Bispos do Brasil, teve, por exem pl o, co mo

resposta , um lamentáve l epi sódio. Um índio pataxó interrompe u a Mi ssa cele brada em Porto Seguro pelo Cardea l Soclano, por ocasião das co me morações cio quinto cente nári o cio Descobrimento cio País, para acusar os co loni zadores de tere m "destruído a cultu ra dos povos indíg enas, estuprado .suas mulheres, in vadido e devastado suas terras a qualquer custo ". E co nc luiu , diri g indo-se aos parti c ipantes ela ce lebração litúrg ica, so b o a plau so el e muitos B ispos: "Não perdôo. Não perdôo esse massacre" .25 O pedido de perd ão às mulheres não e nco ntrou me lhor aco lhida: "Aprecio este gesto, dec laro u Sandra Maraini , esc ritora fem ini sta itali ana, vejo-o com simpatia, mas peço a Wojtyla não deter-se no perdão" .26

Perplexidade dos fiéis A arrogância cios inimi gos da Igrej a di ante do mea culpa ele João Pau lo li teve corno contrapa rtida o mal -estar - previsto pe lo Cardeal Biffi - , que se dari a entre os fi éis, incapazes ele fa zer as eruditas di stinções inte lectuais sugeridas pe la Co mi ssão Teológica Internac ion al. Urna rápid a am'í lise da seção ele correspondência cios le ito res do "Le Figaro" revela tal perplexidade. Convém ressaltar que o res ponsá vel por essa seção, o jornali sta Max C ios, dec larou qu e, e ntre os te rnas que havi a m suscitado maior número ele cartas à redação encontrava-se o ato ele João Pau lo li. E que, nesse assunto , "a maioria dos [seusJ nússivistasjulga que o Papa vai longe demais na contrição; e deseja que a m.esma atitude seja pedida às outras religiões, em particular aos protestan tes, aosjudeus e aos muçulmanos". 27 C itamos a seg uir a lg um as dessas correspondências cios três primeiros dias após o ato cio Pontífice, qu e refl etem perp lex idade, mi sturada, por vezes, com ressaibos ele mágoa : "A leitura Icios sete ternas cio pedido de perclãol me dói muito, mesmo que eu cornpreenda o motivo profundo. Os que não conhecem ou não amam a Igreja vão dizer: 'A h, vocês viram ... '. Enquanto que eu não posso deixar de pensar comemoção em todos aqueles sacerdotes, religiosas e leigos, que derarn sua vida para

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INTERNACIONAL socorrer os perseguidos ... ., Parece- me justo que hoje eles não sejam esquecidos, mas que, pelo contrário, lhes seja prestada uma homenagem, porque eles são muito mais numerosos dos que se afástara,n dos valores do Evangelho" N.M. Ve rsailles.w

"As declarações do Papa, que f ez o

"Parece-me justo que hoje eles [sacerdotes, religiosos e leigos, que deram a vida para socorrer os perseguidos] não sejam esquecidos, mas que, pelo contrário, lhes seja prestada uma homenagem"

mea culpa pelos seus predecessores, de-

vem ser creditadas aos adversários da Igreja Católica. Um dia bastante negro para a Igreja e muito bem sucedido para os que A combatem. Mas nós já estávamos habituados aos pedidos de perdão de todo tipo" - Alice RUY, Pa ri s. 29 "As autoridades eclesiásticas não param de bater no peito pelos pecados com.etidos no passado pela 'Igreja '. É uma obsessão irritante e urna caricatura da contrição. A Igreja é uma instituição e não urna pessoa; e o pecado é sempre pessoal. Nós não temos nenhuma responsabilidade pelas faltas comei idas por nossos ancestrais; e uma tal incitação pode provocar nos católicos o ef eito inverso: exigir dos protestan/es a conl rição pelos pecados de Lutero, e dos muçulmanos, o arrependimento pelo crimes de Maomé. -

Iva n GOBRY.

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c lara resposta dos Sag rados Pastores, própria a diss ipar a confu são. E is s uas pungentes inte rrogações: "Se aqueles Pon1(fices !que apoiara m a Inqui s ição, as C ru zadas, a Evange li zação da América e tc. l erraram,

como estar seguros de que não erra o

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Papa atual ? Quem me garante que algum sucessor seu não pedirá perdão pelos seus perdões? Que sucederá amanhã com os católicos obedientes, se hoj e são valorizados corno profetas aqueles que se opuseram alé ao Magistério de Papas san/os?" .... " Perguntas dramáticas, repetimos. E, para urn crente, muito dolorosas. Mas a própria lealdade e .fidelidade são as que as impõem.. É, pois, com confiança fi lial que esperamos respostas claras que nos c;judem a entende,: E que nos manlenham num empenho sempre mais laborioso: encontrar a seg urança (e a aleg ria) do católico, agradecido por um. Magistério estabelecido pelo próprio Cristo como garanlia de uma orientaçãojirme". 31 Essas cons iderações do coluni sta itali a no fora m partilhadas por numerosos come nta ri stas e m todo o mundo. E ta is pe rpl ex idades Catolicismo não pod e ria deixar d e a presentar a seus le ito res. ♦

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A julgar por essas reações, não se e nganava o j o rn a li sta Vittorio Messori (o qu al, como se reco rda, foi a nos atrás convidado por João Paulo li para reco lher suas confi dê nc ias no livro-entrev ista No um.bral da esperança) ao prog nosticar o torme nto espiritual pe lo qual passari a m os fiéi s. E ao desejar uma

O Bem -aventurado José de Anchieta (1534-1597), Apóstolo do Brasil, grande missionário evangelizador dos índios, secundou a conquista do País pelos colonizadores portugueses

Notas: 1. C rr. " Le Figaro", 14-3-2000, Le pcm/011 d11 Pape ne co11 vi e111 pas à 1011s . 2. c rr. Lui gi Accauoli , in Q11a11do o Papa pede pe rdão, Ecl. Paulinas, São Paul o, 1997, J . 63. 3. c rr. ici . ibi ci. , p. 64. 4. C fr. icl. ibicl., pp. 64-65. 5. C fr. icl. ibicl ., p. 69 6. C fr. icl. ibicl. , p. 68 7. c rr. ici. ibici .• p. 70. 8. Cl"r. " Le Figaro", 9-3 -2000. 9. Ecl. Loyo la, São Paul o, 2000. 10. C fr. Co mi ssão Teo lóg ica Intern ac io nal , Me111ôria e Reconciliação , p. 14.

14

C ATO LICIS MO

11. C fr. icl . ibid. , p. 30. 12. rr. icl . ib icl ., p. 19. 13. C fr. icl. ib icl .. p. 38. 14. c rr. icl . ibici ., p. 39. IS. C fr. icl . ibicl ., p. 40. 16. C rr. icl . ibicl .. p. 45. 17. fr. icl. ibicl ., p.60. 18. C fr. "Corriere cle ll a Sera" , domingo, 12 ele março ele 2000. 19. Discur.w ele 1º ele selembro ele 1999, in Me111ôria e Reconcitiaçcio, p. 62. 20. C fr. " La Repubbli ca", 13-3-2000. 21. C fr. "Corri ere cle ll a Sera", dom in go,

Junho de 2000

12 ele março ele 2000. 22. C fr. " La Repubbli ca", 13-3-2000. 23. C fr. " Le Figaro", Correio cios leitores, 14-3-2000. 24. C fr. " Le Fi garo", 28-3-2000. 25. C fr. " Jornal cio Brasil " , 27 -4-2000. 26. C fr. " La Rcpubbli ca" , 13-3 -2000. 27. C fr. " Le Figaro", Le bloc-11011•.1·dl' Ma, Cios, 17-3-2000. 28. C fr. "Le Figaro", 1. '.l 2000. 29. C fr. " Lc Fi •aro", 14 '.l . 000. 30. C fr. " Lc · igaro", 15 1 0(10 31. c rr... orri ·r. (k-1111 Sl' III ", 1 1 1 2.000.

Frankfu rt -

A o pini ão públi ca do mundo inteiro ainda conserva na me mória a cena patética ocorrida na manhã do dia 22 de abril último, no bairro Pequena Havana ele Mi ami: uma tropa de c hoque do Serviço de Imi gração, armada de metralhado ras, invade a casa de ex il ado s c uba nos para " resga tar" E li á n Gonzalez, o me nino c ubano ele ape nas seis a nos. A tragéd ia que se abateu sobre o peque no c uba no começou no di a 25 de nove mbro do ano passado. À procura da libe rd ade, vários me mbros de s ua fam íli a, exceto o pai , divorciado da esposa, tentam atravessa r com uma bal sa os 160 quil ô me tros qu e separa m os EUA da ilha- pri são. Co ntudo, a frágil em barcação desconjunta-se, naufraga ndo e m alto ma r. Salvaram-se apenas doi s fug itivos, a lé m de Eli á n. Num últim o gesto de a mo r materno e à espera do impossível , sua mãe a marro u-o a uma câmara de ar. E o que parecia impossível, de fato aconteceu. Dois pescadores e ncontraram a cri a nça, aga rrada à bóia e rodeada de go lfinhos que a resgua rdavam cios ataques de tubarões . C irc unstâ nc ias que verdadeiramente roçam no mirac ul oso. E que deram ocas ião a manc hetes de primeira pág ina na impre nsa inte rnac io nal.

Oportunidade única Fidel Cas tro não deixou passa r a o portunidade de ouro, o mome nto pro-

píc io para um gra nde lance propagandístico. O septuagenário governante comunista j á não consegue mai s empolgar as massas c ubanas, cansadas de um reg ime tirâ nico que vai se prolo ngando inde finidame nte há mais de quatro décadas. E prec isa c riar casos novos, um atrás cio o utro, para aquecer seu públi co, pos itivame nte frio e apático, fa rto de o uvir, c he io de tédio , e n fado nh os e inté rminos di scursos sobre as fanada s g ló rias da revolução ele 1959 . Em s ua te ntativa de reacend e r o 'Jogo da revolução" e m meio a brasas que se extinguem inexoravelme nte, Fidel Castro agarro u sô frego, no decurso do ano passado, todas as o po rtunidades que lhe vieram ao e ncontro :

1. Enceno u um processo-mamute contra o governo norte-americano por "sabotagem e embargo ". Os juízes - seus juízes ... - condenaram os Estados Unidos a pagar a "irrisória " soma de 180 bilhões de dólares como compensação pelos prejuízos causados pelo e mbargo à ilha. 2. Te ndo C uba obtido _ape nas o te rce iro lu gar nos jogos pan-americanos rea li zados e m Winnipeg, Canadá, julgo u descobrir um complô contra os cubanos. E a co nstatação fei ta pela direção cios jogos, d e que o a tl e ta c ub a no ] av ie r Soto mayor competira dopado, não e ra o utra coisa que uma "in/ame e vergo-

nhosa mentira".

3. O c hefe co muni sta fo i receber pessoa lm e nte no aeroporto de Hava na um c uba no ex pul so dos Estados Unidos co mo "persona non gra/a ", gra veme nte s uspe ito de espionagem. E cata pultou o pres umido es pi ão imediatamente à categori a de "diplomata dig -

no e exemplar". O caso E li án insere-se nesta seqüê ncia. É a mais recente, e sobretudo ruidosa, ca mpa nh a de propaga nd a mov ida co m ime nso estardalhaço pe lo ''.führer " das Antilhas, vi sando ga lvani zar o públi co c uba no. Pouco impo rta a Castro sabe r e m que medida sua qui xotesca ave ntura (enfrentar o colosso do No rte) vai o nerar o comba lido e rári o da falida ilh a caribe nha. Resgatado na s cos tas do m a r da Fló rida, foi o menino confiado, no di a 28 de novemb ro aos c uidados de seu tioavô, que o recebeu como um prese nte vindo do Céu.

O show castrista e a necessidade de criar inimigos imaginários Em Cuba, entretanto, começa o show de Fidel Castro. O pai do peq ue no náufrago, que desde a separação de sua esposa não mostrava o menor interesse pelo fi lho, de. cobre em s i fib ras recônditas de amor paterno, alega o pátri o poder e ex ige com veemê ncia a volta cio me nino para Cuba. E e m toda a ilha "ex pl odem" ma-

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Tudo isso aca ba sendo uma verborragia ridíc ula que bem se coaduna com as conhec idas bufonarias de Castro. E indi cam que o chefe do "comunismo tropical" va i-se tornando cada vez mai s apegado a sua estre ita vi são comunista das coisas. O e te rn o dirigente da antiga Pérola das Antilhas, que jamais foi bo m pa i para seus numerosos filhos - e corno pode sê- lo um co munista, adepto do amor li vre? - infl ama-se agora ele zelo pelo pátrio pode r, que estaria sendo posto e m xequ e no caso E lián. E não poupa o bjurgató rias contra .

nosso Elián volte a Cuba, a vitória total ainda não terá sido conseguida " contra o

Por ordem da Ministra da Justiça, Janet Reno, Elián foi entregue a seu pai, expressamente enviado por Fidel Castro aos Estados Unidos para buscá-lo

nifestações gigantescas de protesto popular a ped ir que os Estados Unidos res pe ite m o pátrio pode r e "liberlem" o "balserito". Imensa hipocri sia! Corno a propaganda comuni sta ousa a legar o princípio do pátrio poder, quando se sabe que o comuni s mo prega o a mo r livre e a destruição da in stituição fa mili ar? 1

imperialismo americano e o e mbargo. Ou seja, a luta revo luc ionária continua. E d á a e nte nder que o povo c ubano encontra-se rodeado de inimi gos, não só americanos. O go ve rno do Canadá seria um "lacaio dos ianques", po rque ousou esfria r suas re lações com C uba e m 1999, por causa ela perseguição aos dissidentes. A Polônia e a República Checa seriam "traidores sem consciência", porque apresentaram à Comi ssão de Direitos Humanos das Nações Unidas, e m Gene bra, um pedido ele condenação da ilhapri são. Países e urope us, e ntre os quai s França, Alemanha e Grã- Bretanha, e le os qualifica de "criminosos", responsáveis por assass in atos e m Kosovo.

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Nossa Senhora de Fátima inte rceda por Elián! ♦

A opinião pública norte-americana ficou chocada e perplexa diante do brutal "resgate" efetuado por agentes do Serviço de Imigração

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ri a m uma vez ma is usando seu pretenso despotismo contra a pequena e fraca ilha do Caribe.

A capitulação americana Ora, a atitude cio governo e de po líticos no rte-a me ri canos e m todo este "affáire" re presenta be m exatamente o contrário ela pre potê ncia imag inada por Fidel. Enquanto a população de ex ilados cuba nos de Miami e m peso mani festava-se a favor da pe rma nê nci a de E li án nos Estados Unidos - e para isso não po upo u qu aisq ue r esforços - boa parte dos po líti cos e das autoridades, e ntre e las o Presidente C linto n e a Mi ni stra d a Ju stiça Janet Re no , levara m água para o mo inho de Castro e se mostraram favoráveis à d e volu ção cio balserito a seu pa i, com o seu conseqüe nte retorno a C uba. A controvérsia sobre o pátrio pode r no caso Eli á n subiu aos tribuna is. A dec isão foi que o menino deveri a ser devolvido ao pai. Os parentes de Mi ami

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Inferno das Caraíbas .

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"A batalha por Elián" - brame em Havana o ve1ho marxi sta se rá conduzida "com todos os meios, exceto a guerra ". E acrescenta: "A inda que o

os Es tados Unidos , qu e esta-

uma vida marcada pe la vulgaridade proletária cio comuni s mo. No plano individual, a tragéd ia de Eli án estará compl eta. Fidel Castro terá co nseguido, mome ntanea me nte, aquecer suas bases. E os Esta do s Unido s te rão sa ído cio "qffáire " com seu prestíg io chamuscado ao capitular uma vez ma is diante das ex igê nc ias inso le ntes do homem qu e transformou a ex-Pérola das Antilhas no

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Cubanos no exílio protestam contra a tentativa de devolver o "balserito" a Cuba

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ape laram, co nseguiram uma dilação do prazo de e ntrega. Te ndo-se esgotado o prazo, a Mini stra da Ju stiça de u o rde m para que E li án fosse retirado à força ela casa de seu .ti o-avô e e ntreg ue a seu ge nito r, ex pressa me nte env iado por Ficlel para buscá-lo. A bruta l idade do "resgate " efetu ado por agentes cio Serviço ele Imi g ração, o c horo desespe rado cio "balserito " de ixa ram a opinião pública pe rplexa e c hocada. Perplexidade que só fez aume ntar, quando foram publicadas fo tos de um Eli á n sorridente, ele cabelo cresc ido (e m a lg umas horas ... ) ao lado do pai. Estranha mudança no comportame nto do me nino, o qual, segundo declarações de um acompanhante, não fez senão chora r na viage m de Mi a mi pa ra Was hingto n. Foto-montagem? Entre mentes, a Corte de Apelações de Atlanta determinou que Eli án não saia dos Estados Unidos até que se complete o processo judic ial, iniciado por seus parentes de Miami , solicitando que o Serviço ele Imigração lhe conceda asilo político. E o show castri sta continu a. Poucos dias após a e ntrega ele Eli á n a seu pai, desembarcam nos Estados Unidos, vindos ele C uba, um primo d e sua idade, sua professora e do is c_o leguinhas de jardim da in fâ nc ia, a fim de "criar uma atmo.\fera cubana " e m to rn o dele. Como terminará o caso Elián ? Se não inte rvierem novos fatores , é prováve l que a pobre cr ian ça tenha que retornar à ilha-prisão, da qual escapara de modo tão prodigioso. E a í recebe r uma "educação" atéia e im oral, levar

Notas: 1. Em carta publi c~1cla no j orna l " O Estad o ele S. Paulo" (3 -5-00) , o conhec ido escritor cubano A rmand o Vallaclarcs inrorma que, segun do a Con stituição e o Códi go ela In fân cia e ela Juventude cubanos, "é o Estado comuni sta - não os pa is - o real e implacável detentor cio pátrio poder. E que, portant o, se Eli án vo ltar a Cuba , não perm anecerá nos braços ele seu pai , e sim nas garra s cio ditador Castro, que já o espera co m um centro ele 'reeducação ' instalado numa elas sedes ela União ele Jovens Comun istas " .

Elián, com seu tio -avô, Lázaro González. Juan Miguel González, pai de Elián, em sua casa na ilha-prisão, com a foto de "Che" Guevara ao fundo


Uma onda de manifestações e invasões, realizadas por uma minoria articulada, procurou convulsionar o País e desmerecer a obra evangelizadora e civilizadora Ftm)ERICO

R.

DE ABRANC Ht;s Vt OTTI

udo parec ia preparado para um ·ande acontecimento, próprio a reembrar os 500 anos de lutas e desafios, dores e alegrias, derrotas e vitórias que formaram o nosso Bras il. Um país que soube reunir povos de todas as origens, acolhendo-os em suas terras e fo rmando-os nessa esplêndida harmonia de raças e cul turas. Sim! Nosso País comp le tou 500 anos! Todavia, acontec ime ntos va ri ados surpreenderam todos aqueles que ag uardava m a ce lebração do maior fato de nossa História, isto é, a chegada do Evange lho e da C ivili zação às terras onde antes impe rava o paga ni smo e a barbárie.

Os acontecimentos

do dia 22 de abril Logo no iníc io da manhã do di a 22 de abril , ocorreram os prime iros confrontos entre manifestante e a polícia. Um grupo de sem-terra, anarqui stas e estudantes entrou em choq ue com a po líc ia, fec hando uma das rodov ias de acesso a Porto Seguro. Mai s de 100 pessoas foram presas. Às IO horas, um combo io de mani festantes foi retido na BR 367, por uma das barre iras po li cia is. Os manifestantes descera m dos ônibus e começaram a gritar pal avras de ordem e a bl oquear a rodovi a. Por vo lta das 1 1 horas, outro grupo de manifestantes ini ciou uma m.archa 18

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pacífica pelos Oulros 500 anos. Novame nte, houve choque com a polícia. Os índios foram retirados pe la FUNAI e co locados em ô nibu s que partiram para suas a lde ias. No início da tarde, um grupo de semterra iniciou um protesto na e ntrada de Eunápoli s, na BR IO1, que imando pneus e fechando a rodov ia. Por vo lta das 17 horas, temendo novas manifestações, a entrada de Coroa Verme lha foi interditada pe la Cava laria e pela Po líc ia de choque. Vários eventos que estava m programados foram cancelados . Os aco ntec imentos em Porto Seguro, re lativos aos 500 anos da Terra de Santa Cruz, parecem ter sido fe itos sob medida para criar no País uma má impressão de sua H istóri a. A articuli sta Dora Kramer, do "Jornal do Brasil", faz uma afirmação contundente sobre isso: "A intenção era verdadeiramenle esta, criar urna situação de co,1fivnto .... O co11fi on1ofoi buscado e o

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Coroa Vermelha, Cabrália (BA) Foto aérea do local onde foi rezada a Missa dos 500 anos do Brasil

governo correspondeu às expec/ali vas. Simples com.o isso e nada mais". 1 A própria Nau Capitânia, réplica da e mbarcação utili zad a por Ca bral e m 1500, não conseguiu zarpar por prob lemas técni cos, apesar de te r consumido a rortun a de quatro milhões de rea is. O e ngenhe iro nava l in g lês, Ralph Ni cho lson, que construiu a réplica da caravela Nina, de C ri stóvão Colombo, para as comemorações de 1992, afirmou que foram cometidos erros e lementares na réplica construída no Brasil , sendo um de les - a fa lta de lastro - imperdoável: "Creio ser uma coisa superbásica e fácil de calcular o peso necessário do las/ro num.a embarcação".2

tórios invadidos .... O Brasil nãofoi descoberto não .... o Brasil foi invadido e tomado dos indígenas do Brasil. Essa é a verdadeira história .... ".3 Esse refrão, publicado na revi sta "M issões" sob a ori entação do CJMI (Conselho lndi geni sta Missionári o), parece esclarecer um pouco os aco nteci mentos do dia 22. De fo rma aparentemente espontânea, vozes se levantaram afirmando a suposta "invasão" de um país (que, diga-se de passagem, ai nda nem ex istia), di zimação de seus habitantes, exploração de suas riquezas, extermínio de suas re ligiões etc. Não se trata, como veremos, de vozes contrárias a abusos que possam ter ocorrido na evangelização do Brasil , mas sim de pessoas interessadas em realizcu· uma verdadeira "revolução" social no País.

Por que desmerecer a História do Brasil?

Revolução nas estruturas sociais

"Nossas 1errasforc1111 i11vadidas, nossas terras são tomadas, os 11ossos terri-

Afirma o C IMI : "A luta articulada é alicerce para a construção de um pro-

jeto comum. que .. .. revolucione as es/ru/uras sociais desse país" .4 Para tanto, eles bu sca m "arlicular nosso movimento com as lutas sociais já exislentes em âmbito local, reg ional e nacional e projetá-lo no âmbito internacional, tanto na Arnérica Latina, como na Europa .... ". 5 Sobre essas metas, comenta o Pres idente da Comissão Pastoral da Terra , D. Tomás Balduíno: "O Governo acha que o movimento é político; e é. O governo pode temê-lo, porque é f eilo para as mudanças. Coincide com os rumos do rnovim.ento zapatista, no México, e dos índios, do Equador. Os índios brasileiros, como os sem-terra, vão dizer que não querem só resolver o problema da fa lta de terras; querem resolver os prob/em.as do país" .6 Em outros termos, o que deseja essa ala dita progressista cio clero é "revolu cionar" as estruturas soc iai s do Brasil nos rumos do mov_imento za pati sta cio Méx ico ! Desde o início das come morações, ainda no dia 2 1, afirma "O Estado de S. Paulo": "Um dos refi'ões que podiam ser ouvidos um dia antes da repressão era: 'Che [Guevara], zumbi, Antonio Conselheiro, na luta por justiça nós somos companheiros".1 Na mes ma maté ri a, o qu otidi a no pauli sta re laciona os grupos articulados contra os 500 anos: índios, MST, ana rqui stas, estudantes, punks, bolcheviques, Bi spos da ala progress ista etc. 8

lações indígenas que o trabalho missionário? Quem melhor amalgamou as populações dispersas em. pequenos núcleos da costa e do interio,; que o vigário e o cura ? Quem maisfez pela instrução do povo que a Igreja ? Quem. mais envidou e4orços na moralização da família, na paz e concórdia dos cidadãos ?"9 Não foi por acaso que alguns Bispos se recusaram a partic ipar da Missa presidida pelo env iado do Papa.'º

O índio pataxó e o discurso preparado A imprensa deu muito destaque ao discurso do índio Matuluê - cuj o no me verdadeiro é Jerry Adriani - , filho de pataxós, neto de negro e casado com uma branca " , fe ito na ocasião da mi ssa e considerado um "esponlâneo desabafo" por alguns setores do clero progressista. Tod av ia, esse di scurso fo i encomendado. Sobre isso, decl aro u o Bispo de Eunápol is : "Ele foi usado . ... . Essa agressão fo i exagerada e a pessoa que f ez isso [escrever o disc urso] não de-

A Missa do dia 26 de abril Como parte das co me morações ofic iais pe los 500 anos cio Descobrimento, fo i organizada uma mi ssa e m me móri a da ce le brada pe lo Fre i He nrique de Co imbra, no dia 26 de abril de 1500. O Cardea l Ângelo Sodano, Secretári o de Estado da Santa Sé, representou João Paulo II nas cerimô ni as comemorativas do Descobrimento A diferença de posicionamento entre o Cardeal Sodano e o CJMI pode bem ser ex pressada pelo to m de sua homilia: "Quem. mais ajudou a civilizar as popu -

Coroa Vermelha, Cabráfia BA Foto da cruz junto à qual foi rezada a Missa dos 500 anos do Brasil

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monstrou fidelidade ao car{o que ocupa na CNBB. Foi uma traiçao". 12 O que disse, afina l, esse índio pataxó? A lém ele chama r os presentes ele "sem.-vergonha " , disseque "não perdoava" a "invasão" elas suas terra s e o "massacre" dos índios ... Esquece, o índio Matuluê, que aquela terra, hoje pertencente aos pataxós, pertencia ori gina lmente aos Tupis (na época cio descobrimento), que as hav iam conqui stado cios Tapuias . 13 Atua lmente, 1 1% cio território naciona l são reservas ind ígenas, onde hab itam menos cio que 0,2% ela população do Bras il. 1,i

O uso político dos índios Cabe citar um antropó logo contrário às comemorações dos 500 anos, mas que reconheceu, em entrev ista ao "Jornal cio Bras il " , como os índios podem ser manipulados. Ao saber que os índi os cio A lto Xingu far iam homenagens ao Presidente Fernando Henrique, o sertanista O rl ando Yillas Boas cri t icou as ONGs ele áreas indígenas, afirm ando:

"Os índios nem sabem que podem homenagear auloridade ... . Temo mu ito essas forças estranhas que atuam. por trás das ONGs" . 15 Ora, se não sabem que podem "homenagear ", como é possível afirmar que seu movimento de "conlrariar " tenha sido espontâneo após todas essas denúncias publicadas em numerosos j ornais?

Combate à evangelização: negação do mandado do Redentor Sobre todos esses acontec imentos, comentou a ex -deputada carioca Sandra Cava lcanti : " .. .. osfestejos dos 500 anos

do Descobrimento viraram um pedido de desculpas aos índios. Viraram um alo de guerra. Viraram a invasão de um país. Viraram a conquista de uma nação. Viraram uma verdadeira catáslrofe. '. 'Um. grupo de brancos leve a audácia de alravessar os mares e de se instalar por aqui. Teve a audácia de acredilar que irradiava afé cristã. Teve a audácia de querer ensinar a plantar e a colhe,: Teve a audácia de ensinar que não se deve fa zer churrasco dos seus semelhanles. Teve a audácia de garantir a vida de alei20

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Porto Seguro - Centro histórico reformado para as comemorações dos 500 anos do descobrimento do Brasil (BA)

jados e idosos. Teve a audácia de ensinar a contar e a escreve,: Teve a audácia de pregar a paz e a bondade. Teve a audácia de evangelizar" . 16 E comp leta : "Mais tarde, vieram os negros. Depois, levas e levas de europeus e orientais. Graças a eles somos hoje uma nação grande, li vre, alegre, aberta para o mundo, paraíso da ,nesliçagern .... Para o Brasil, o índio é tão brasileiro quanto o negro, o mulato, o branco e o amarelo. Nas nossas veias correm todos esses sangues. Não somos uma nação indígena. Somos uma nação brasileira" . 17 Mais cio que descobrir o Bras il , Portugal converteu povos e salvou almas. Mais cio que expandir o Império, Portugal expa ndiu a Fé, irrad iando o lu men Christi (a luz ele Cri sto) pe los quatro cantos ela Terra. Como afirmou certa vez o Prof. Plí nio Corrêa de O live ira: "lmplanlando a

primeira Cruz, erguendo o primeiro afiar; rezando a primeira Missa, e congregando no ato sagrado porlugueses e ín . dios, Frei Henrique de Coimbra lançava as bases do Brasil crislc7o". Combater a cvan gel ização da América ou cio Brasil não é clef'encl er a cultura indígena, mas combater o próprio Nosso Senhor Jesu s Cristo que ordenou a evangeli zação do mundo inteiro (cfr. Mt. 28, 19). É condenar os índios ao pagani smo mais primitivo, à escravidão mais sel vagem , ao desconheci mento ela Redenção.

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Seja mos fiéis ao Brasi l autêntico, a

Terra de San ta Cruz, que soube reunir vários povos em uma única nação sob as luzes do Cru zeiro do Sul e as bênçãos ela Mãe de Deus, Nossa Senhora Aparecida, Padroeira ele nossa Pátria. ♦

Notas: 1, Kramcr, Dora , Coisa.\' da Palílica: pri.1·io11ei1vs do passado, in " Jornal do Brasi l", 25-4-00. 2. 1: il ento, Bi,1ggio, Erros na co11s1 r11çcio da 11a11 seriio ap11rados . in " O Estado de S. Paulo··. 27-4-00, p. A 14.

3. Brasil: 0111ro.1· 500, in " Mi ssões", 3-4 -00,

p. 11 . 4. op. cil. p. 14. 5. Idem, p. 14. 6. " Gazela Mercan til ", 2-5-00 - A- 10. 7. Arruela , Rold ão, Ma11ife.1·1açâo re1111i11 leq11e de 111o vi111 e1110.1· de oposiçiio ", in " O Es tado ele S. Pau lo" , 24-3-00, p. A 13. 8. Idem, ib. 9. Arruda , Rold ão, Cardeal e11fa1iz.a papel posi1ivo da lgr~ja 110 Pa(I'. in " O Estado ele S. Pau lo" , 27-4-00, p. A 14. 10. Fo ram eles D. Tomás Ba lcluíno (presidente da CPT), D. Fran co Masscrclclolli (Pres idente do CIMI) e D. Heriberto Hermes (cfr. " Jorna l cio Brasil " , 26-4-00, p. 7). 11. U111 Pa1axó q11e res11111c o Brasil, in " O Globo", 28-4-00. 12. Antenore, A rm ando, CNBB leme reaçcio do Va1i ca110 a {lf o, in " Fo lh a de S. Pau lo" , 29-4-00, p. 9. 13. Ja guaribe, Héli o; A q11 es1cio indígena , in " Jornal do Brasi l", 4-5-00. 14. lei ., ib. 15. Giralcl i, Renala , É preciso pedir pe,diio, in " Jornal do Brasil " , 24-4-00, p. 4. 16. Cavalcanti , Sandra ; Brasil 1111111·0 perte11ce11 ªº·" índios , in " Jornal do Brasil ", 2 1-4-00. 17. ld ., ib.


Átrio da igreja do Bom Jesus do Matosinhos com os 12 Profetas Aleijadinho (séc. XIX), Congonhas do Campo (MG)

Jesus é flagelado (detalhe) Aleijadinho (séc. XIX), Passos da Paixão, Congonhas do Campo (MG)




VIDAS DE SANTOS

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Grande Inquisidor, Taumaturgo e Mártir Dotado de raro carisma de pregador e convertedor de hereges, esse extraordinário frade dominicano libertou, por meio de uma Cruzada, toda a Toscana da heresia dos maniqueus, sendo por eles martirizado PuN10 MARIA Sou 1v11,:o

escreveu no chão: "CREDO" . M al tinha acabado a escri ta, cravaram-lhe um punhal no coração. Morto o grande inimigo ele sua seita - sei ta dos cátaros ou maniqueus - os doi s hereges lançara m-se sobre o outro dominicano que, de j oelhos, rezava, matando-o no mesmo instante. Esses frad es assass inados tão barbaramente eram dois filh os espirituais ele São Domingos. Um deles, Pedro ele Verona, o Inquisidor-mor ele toda a Itália, era tão grande pregador e polemista, que os hereges tinham sido ob rigados a proibir seus corre li g ionários de ouvi -lo devido ao número ele conversões; o outro, era seu companhe iro, Frei Domingos. São Pedro de Verona tinha tal fama ele sa ntidade, que foi canoni zado no mesmo ano de s ua mo rte. Sua festa é comemo rada no dia 4 do corrente.

Lírio nascido no lodo

Martírio de São Pedro de Verona de Bolonha (Itália)

Domenichino, Pinacoteca

o domingo, 5 de ab ril de 1252, dois frades dominicanos viajavam pela estrada que li ga as c idade de Como e Milão, na Itáli a. Enquanto caminh avam, iam rezando o Sa ltério. De repente, sain do ela mata, dois homens os atacaram, desferindo sobre um deles terríve l golpe ele maça. O frade caiu por terra e, le ntamente, molhando dois dedos no próprio sangue,

N

Nada pode ser ma is favorável para a formação de um Santo cio que um lar verdadeiramente cri stão, pois de uma árvore má não pode sair um bom fruto. Mas a Providência pode ab rir exceções a essa regra, e muitas vezes abre. Foi o que sucedeu com São Pedro ele Verona, filho de pais hereges maniqueu s. Como nota um biógrafo seu, "parece que havia nas-

cido com uma averscio natural pelas máximas desta abominável seita e a todos que pretendiam encaminhálo a ela. Prevenido por uma graça oculta, igualm.ente desprezava, mesmo antes do uso da razcio, os afagos, carícias, solicitações bem como as arneaças, golpes e maus tratos dos que desejavam, com a maior ânsia, instruí-lo desde cedo nos elem.entos de sua heresia ". 1 Como os hereges não tinham esco las na c idade, o pai e nviou-o a um professor cató lico para ap render as primeiras letras. Este semeou no coração do pequeno

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Pedro, áv ido das verdades Zeloso demolidor das heresias eternas, os fundamentos da única Reli g ião verdadeira, Após sua profissão religioa cató lica. sa, F re i Pedro dedicou-se co m Certo dia, um tio heafi nco aos estudos, tornandose capaz de, em pouco tempo, rege cios mais fanáticos, e ncontrou-se com o mereceber a orde nação sacerdota l e "de subir no púlpito, de atanino que vo ltava das aulas, e o in te rrogou sobre car os hereges, e de parece r nas mais belas ocasiões para o que estava aprendendo. a defesa e sustentáculo da Ig rePedro infl amou-se e ntão na exp li cação cio Símboj a. Ele se comportava com temlo cios Apóstolos ( o C reto zelo que, segundo os termos de Santo Antonino, todas suas do), que refuta o erro fun ações parecian·i animadas de damental daqueles he reuma muito viva fé e ardente ges. Por mais que o tio arcaridade" .3 Desde sua ordeg um entasse, o menino defendia co m ardo r o que nação, Frei Pedro pedia sempre ap re nd era . no Santo Sacrifíc io da Missa a Preocupado, o herege g raça de derramar seu sangue Sepulcro de São Pedro Mártir, apresentando ao centro cena de sua canonização, realizada na cidade de Perugia, pela Fé. fo i procurar o irm ão e em 1253, por Inocêncio IV - Basílica de São Estórgio, Co meçou então a parte vera le rto u-o no se ntid o de Capela Portinari, Milão (Itália) dadeiramente extraord inári a de que, caso não imped isse o menino de continu ar a freqüentar as aulas , este estaria sua vicia, que tem poucas simil ares na História da Igreja. Co m um dom especial para mover os corações mesmo perdido para a seita. O pai de Pedro, seja por não ser cios mais fa náticos maniqueus, supondo talvez que depo is dos pecadores mais endurec idos e dos hereges, sua pregação de adu lto, ser- lhe- ia mais fác il convencê- lo, deixou-o era acompan hada de milagres portentosos. O que converti a com o professor. E, mais tarde, env iou-o à Universidade muitos, para desespero cio inimigo infernal que procurava de de Bolonha. todos os modos impedi- lo de fa lar. "Era lastimável a corrupção de costumes que reiCerta vez pregava e le na praça do mercado de Florença, poi s não hav ia igrej a suficientemente grande na cidade para nava entre a juventude daquela Universidade. E é verossímil que isto mesmo movesse o pai de Pedro a enviáconter a multidão que fora ouv i-lo. De repente, surg iu um lo para lá, parecendo-lhe que, uma vez que a licenciosienorme corce l negro, correndo a toda brida e m direção aos dade de costurnes lhe estragasse o coração, seria então ouvi ntes, parecendo disposto a esmagar tudo que encontrasfácil apagar dele as impressões da doutrina católica" .2 se pela frente. O Santo, com o Sina l da Cruz, dissipou como Mas Deus preservou-o cio víc io como o tinha protegido fumaça esse fantasma fe ito pelo demônio. D~ outra feita, depoi s de uma pregação, um rapaz pediu da heresia. para se confessar. Acusou-se de ter dado um pontapé em sua Foi em Bolonha que Pedro tomou conhecimento de mãe. Frei Pedro repreendeu-o severamente, dizendo-lhe que uma nova ordem de frades pregadores e de seu fundapor esse ato ele merecia ter o pé decepado. O infeliz ficou dor, Domingos de Gusmão, em cujo hábito, negro e brancompu ng ido, mas interpretou mal a admoestação do Santo, co, estão refletidas as duas virtudes que e le mais amava: poi s chegando em casa, cortou o pé. Houve um vozerio cona humildade e a pureza. Apesar de ter apenas J 6 anos, o tra Fre i Pedro, ac usado de imprudênc ia. Este foi até a casa do ado lescente ap resentou-se a São Domingos, que o adpenitente, pegou-lhe o pé decepado, e com uma bênção junmitiu incontinenti no nov iciado. tou-o de novo à perna! O noviço julgou seu dever domar de vez todas as Como os líderes dos hereges estavam desesperados pelas más inclinações, triste herança dos pobres filhos de Eva, perdas que sofriam, um deles reso lveu "desmascarar" o Sa npor uma mortificação espa ntosa. Praticamente não coto. "Eu vou, disse e le aos seus,fingir-me de doente, e aproximia, pouco dormia e reta lhava o corpo com flagelações. mar-me-ei dele com a multidão; ele impor-me-á as mãos e Em pouco tempo seu organ ismo ressentiu-se e e le fo i dir-me-á que eu estou curado. Então eu declararei sua imatacado por mortal doença. Mas uma milagrosa interpostura". E fez isso. Frei Pedro, no entanto, disse-lhe: "Se venção divina sa lvou- lhe a vida.

estás doente, sejas curado; se não, .fiques doente". Nomesmo momento, o homem foi atacado por uma terrível feb re, que o levou a um estado desesperador. Confessando sua falta, pediu ao Santo que tivesse pena de sua a lma e de seu corpo. Fez uma abjuração de seus erros e foi c urado. 4 Numa outra ocasião um pseudo-bispo dos maniqueus desafiou o Santo para um debate público. Como o sol estava abrasador e ele não consegu ia refutar os argumentos cio Santo, para provocá- lo e desviar o ass un to, disse- lhe: "Por que não pedes ao teu Deus que nos envie uma nuvem para nos proteger?". - "Fá-lo-ei da melhor vontade, respondeu o servo de Deus sem hesitar, se me prometeres a~jurar tua heresia, caso vejas a oração ouvida". Isto foi aceito ; então disse Frei Pedro: "Para conhecerdes todos, e confessardes à uma, que o nosso Deus, único onipotente é o criador das coisas visíveis e invisíveis, peço- Lhe, em nome de seu Filho Jesus Cristo, que nos envie uma nuvem para nos de.fender dos raios do sol". E ao faze r o sinal da C ruz, imediatamente apareceu no céu sereno uma nuvem amena que aliviou a todos. 5 A fama do grande taumaturgo precedia-o nas c idades, sendo e le acolhido com o repica r dos si nos das igrejas. Todos queriam receber sua bênção, vê-lo de perto, tocá-lo. Fo i mesmo necessário, e m Mil ão, preparar uma cadeira portátil fechada, para protegêlo da multid ão e m seus deslocamentos de um lugar para outro.

Colóquios com três bem-aventurados celestes São Pedro de Verona foi muito favo recido com visões celestes. As virgens e mártires Santa Catari na, Santa Jnês e Santa Cecília freqüentemente lhe apareciam, e tinham com ele fam ili ar entretenimento. ísso foi -lhe causa de uma grande provação, pois um dia um frade ouviu aq uelas vozes femininas na cela cio santo, e comunicou ao Superior. Este, no capítulo, repreendeu Frei Pedro, que em vez de se defender, disse apenas: "Sou um grande pecador,', pois, em sua humildade, não queria que soubessem dos favores celestes que recebia. Foi então relegado a um convento distante, com a proibição de sair e de pregar. Certo dia, nessa reclusão fo rçada, Frei Pedro lamentou-se amorosame nte diante de um C rucifixo, dizendo: "E, então, meu Deus! Vós, que conheceis minha inocência, como podeis so.fi-er que eu permaneça tanto tempo na infâmia ?". Nosso Senhor respondeu-lhe: "E eu, Pedro, não era inocente ? Merecia os opróbrios e as dores co,n que .fiti acabrunhado no curso de minha Paixão? AprenSão Pedro Mártir - Fra Angélico, (séc XV) Museu de São Marcos, Florença (Itália)

de assim. de mim. a sofrer com alegria as maiores pen.as, sem ter cometido os crimes que te são imputados". 6 Mas os superi ores deram-se conta de seu erro e chamaram de volta o grande pregador. Em 1232 o Papa Gregório IX, que con hec ia o zelo e a pureza de doutrina de Pedro de Verona, nomeou-o Inquisidor-Gera l da Fé. Foi enviado então a Florença para exa minar uma Ordem re lig iosa que estava surgindo, fundada por sete varões daque la c idade. Graças a seu testemunho favorável, a Ordem dos Servos de Mari a fo i confirmada. F rei Pedro de Verona não combatia a heresia só com palavras mas "persuadiu os católicos a se coligarem em uma espécie de cruz.ada para expulsar do país todos os hereges; e, em menos de seis anos, logrou ver católica a Toscana inteira" .7

Ardor apostólico coroado com o martírio Os hereges não se conformavam com o deperecimento de sua se ita. Assim, co ligaram-se para exterm inar aq uele que tantos estragos fazia. Por uma luz sobrenatural , São Pedro conheceu que o momento de seu tão desejado martírio estava próximo. E o disse a muita gente, por exemplo, a uma multidão de 10 mil pessoas que o ouvi am em Milão, no Domingo de Ramo . No sábado segu inte à Páscoa, como vimos, dirigia-se de Como, onde era Prior, para Milão, quando foi martiri zado aos 46 anos. Como foi o prime iro mártir da Ordem Dominicana, é também con hecido como São Pedro M ártir, e foi imortali zado por seu irmão de hábi to, o cé lebre Beato Fra Angélico, em várias pinturas. ♦

Notas: 1. Abbé J . C roi sset, S ..J ., Aíio C rist iano, Madrid. Saturnino Ca ll cja , 1901, l. 11 , p. 342 . 2. ld . ib. , p. 343. 3. Les Pctit s Bo llandi stcs, Vies d es Sai11ts, pa r M g r. Paul Guérin, Pari s, Bloud e t Ba rra i, L ibra ircs - Édit c urs , 1882 , to 1110 V, p. 80. 4 . Vi e.,· des Sai ,11 .1· à I '11sag e des Prédicate11rs, Abbé C. Martin , Librairic Reli g ic usc c t Ecc lés ia stiquc, Paris , 1865, to1110 li , p. 133. 5. Cfr. Sa1110.r d e Cada Dia, o rga ni zação do Pc . José Leite, SJ ., Ed ito ri a l Apos lo lado da Oração , Braga, 1987 , vol. li , p. 18 1. 6. Lcs Pctits Bollancl istes , op. c it. , p. 8 1. Abbé Cro isscl, op. c il. p. 345 .

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Santos ·\ e festas

de JUNlHO 1 São Justino, Mártir. + Roma, 167. O mais ilu stre apolog ista cri sião do séc ulo li. Chegou ao co nhecimento da verdade ao estudar os vários sistemas filosó fi cos. Tornando-se ardoroso defenso r ela fé, verberou os Imperaclores romanos com duas Apologias do Cristianismo, que lhe valeram o martíri o.

2 Santos Marcelino, Pedro e Erasmo, Mártires. + Roma, 304. São Marcelino, sacerdote, e São Pedro, exorcista, foram deca pitados na perseguição ele Diocl ec iano. Sa nto Erasmo, Bispo ele Fórmia, foi martiri zado na mesma perseguição.

Primeira Sexta-feira do mês

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ça católica, uma das grandes glóri as ela Idade M éd ia. Viúva, assistiu com dor seus netos serem assassinados pelos próprios pais (filhos ela Santa) para imped i-los de rein ar. Retirou- se então para Tours, onde se entregou à oração e penitência pela co nversão cios mesmos.

5 São Bonifácio, Bispo e Mártir. + Alemanha, 754. De ori gem inglesa, é considerado o Apóstolo da A lemanha, onde converteu os povos bárbaros e estabeleceu o cato licismo. Nesse sentido, pode ser considerado um cios fu ndamentos do Impéri o cr i stão RomanoGermânico que se constituiria depoi s co m Carlos Magno.

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Santo Ovídio, Bispo e Mártir.

São Norberto, Bispo e Confessor.

+ Braga (Portugal), séc. 11. Pagão,

+ Al eman ha, 1 134. De fa míli a aparentada à cios I mpera clores , passou sua juventude, segundo suas palavras, "como cidadão de

converteu-se com as pregações de São Pedro e São Paulo em Roma. São C lemente o enviou co mo Bispo para a então Bracara-Augusta, onde, depois ele muitos trabalhos e conversões, fo i martiri zado.

Babilônia, escravo do praze r e prisioneiro de seus caprichos" .

ASCENSÃO DE NOSSO SENHOR JESUS CRISTO AO CÉU

Um raio que quase o fulmina levou-o à conversão. Depois de dedica r-se à pregação, fundou os Cônegos Regul ares Premonstratenses. Eleito Bispo ele Magdeburgo, fo i um exemplo de verdadeiro pastor de ai mas.

t

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( vide seção Vidas de Santos p. 29)

Santo Antonio Maria Gianelli, Bispo e Confessor.

Primeiro Sábado do mês

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São Pedro de Verona, Mártir

t Santa Clotilde, Viúva.

+ Itália, 1846. Fi lho ele agri cultores, dedicou-se à pregação, fun -

545. Sendo esposa ele C lóv is, Rei dos Francos, suas orações e exempl os o levaram à conversão, o que foi essencial depoi s para constituir a Fran-

dando para auxi li á-lo nesse mi ni stéri o os Institutos elas Filh as ele M aria San tíssima cio Horto, cios Missionári os ele Santo Afon so ele L igóri o e cios Ob latos ele Santo

+ Tours (França),

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eATOLIeISMO

Junho de 2(100

São Bonifácio

São Romualdo

São José Cafasso

Afonso . Bi spo ele Bobbio, fo i um verd adeiro mi ss ionári o para seus diocesanos.

es tando para morrer foi encon tra do por um mon ge a quem narrou a vida e ele quem recebeu a sepultura.

São Ranieri de Pisa, Confessor.

8 Santo Efrém, Confessor e Doutor da Igreja. + Eclessa (A lta M esopotâmia), 373.

Simples diácono, foi grande devoto ele Nossa Senhora e um campeão co ntra as heresias. Seus hinos e escri tos apologéticos valeram-lhe os cognomes ele Cítara do Espírito Santo e Cantor da Virgem.

9 Bem-aventurado José de Anchieta, Confessor. + 1597 . Após tolo cio Brasil. Trabalhou ativamente pela conversão dos indígenas à Fé católi ca, tiran do-os ele suas superstições pagãs e ele se us cost umes mal éfi cos , como a an tropofagia, o infanticídio etc. Fez muitos mil agres.

10 Santa Margarida da Escócia, Viúva. + 1093. Exemplo ele ra inh a, esposa e mãe, é a padroeira daquele país. De seus seis filhos, dois são também cultuados como sa ntos.

13 Santo Antonio de Pádua, Confessor e Doutor da Igreja. + 123 1. Nasceu em Li sboa, onde se fez agost ini ano e depoi s franci scano. Na Itália, São Francisco o encarregou ela pregação e o chamava ele "seu Bispo" por sua erudição. Cognominado Martelo

dos hereges.

14 Santo Eliseu, Profeta. + Pal estina séc. IX A.C. Perfeito di scípulo el e Santo Eli as, dele recebeu o duplo espírito, pelo qual obteve o dom cios milagres e o espírito de profecia. Como Santo El ias, é co nsiderado um cio s fun dado res ela O rd em Ca r melitana.

15 Santos Vito, Modesto e Crescência, Mártires. + Roma, 305 . Vi to ou Gu iclo, fi -

11 SOLENIDADE DE PENTECOSTES

t

São Barnabé, Apóstolo e Mártir. + Chi pre, séc. 1. Fiel co mpai1heiro ele São Paulo na evangeli zação, este o chama ele Apóstolo, embora não fosse um cios Doze.

12 Santo Onofre, Confessor. + Egito, séc. IV. Erem ita durante

60 ano s no deserto ela Teba ida,

lho ele pais pagãos, fo i martiri zado ainda menino juntamente com seu preceptor e sua ama, Modesto e Crescência.

16 São Cyro e Santa Julita, Mártires. + Síria , séc. IV. Julita, por não querer renega r a fé, estava sofrend o o martíri o quando se u fi lho Qu iri co , ou Cyro, ele apenas três anos, que lhe fora arrancado cios braços, se lhe juntou para morrer afirmando qu e também era cri stão .

17 + 11 60. Anti go tocador ele li ra , converteu-se pel as orações de Santo A lberto ela Córsega. Entrou para o mostei ro ele São Guiclo, onde operou muitos milagres.

18 DOMINGO DA SANTÍSSIMA TRINDADE

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Santa Juliana de Falconieri, Virgem. + Florença, 1340. Aos 15 anos entrou para a Ordem Terce ira elas Servitas, ela qual se tornou superiora e cuj as regras redigiu . Era devotíssima ela Paix ão ele Cri sto, ela s dores el e Ma ri a e ci o Santíssimo Sacramento.

19 São Romualdo Abade, Confessor. + Rom a, 1027. Depoi s ele uma vicia mundan a e diss ipada , Romualclo fundou a Ordem cios Camalclulenses para unir a vici a ele corn uniclacle à eremítica. Fa leceu com 120 anos.

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Santo Erasmo

São Luís Gonzaga

Santo Antonio de Pádua

de, vítima ele uma epidemia contraída ao ass i stir enfermos. É patrono el a juventude.

que o sensual ca li fa Abclerram ão 111 , cativado por sua beleza e seriedade, fez- lhe propos tas in fames. M ov ido po r sa nta ira , o menino ele 13 anos responcleu lhe: "Afasta-te, cão. Nc7o sou dos teus efeminados laca ios". Foi então martirizado.

São João Evangeli sta. Sendo Bi spo el e Lyo n, escreveu cinco liv ros contra heresias na scentes, recebendo a coroa do martírio na persegu ição movida pelo Imperador Severo.

22 SANTÍSSIMO CORPO E SANGUE DE CRISTO

t

São Paulino de Nola, Bispo e Confessor. + 43 1. Pagão, de nobilíssima família, ainda jovem foi Prefeito ele Roma e Senador, casando-se com uma cri stã. Ao co nverter-se, de acordo com a esposa, renunciou a tudo e fez-se sacerdote.

23 São José Cafasso, Confessor. + Turim ( Itália), 1860. Contemporâneo, conterrâneo e mestre ele São João Bosco, formou o Clero pi emontês nos bons princípios ele São Francisco de Sales e Santo Afonso ele Li gório.

24 NASCIMENTO DE SÃO JOÃO BATISTA. Por ter sido purificado ainda no ventre matern o pelas palavras ela Santíss ima Virgem, é o ún ico Santo, além da Mãe ele Deus, ele quem se co memora o nasc imento.

27 São Cirilo de Alexandria, Bispo, Confessor e Doutor da Igreja.

Sumo Pontificado quando era apenas subdiácono, foi duas vezes exi lado pelos lrnperaclores, morrendo vítima de privações e fadigas.

21 São Luís Gonzaga, Confessor. + Roma, 159 1. De fam ília princi pesca, aos 17 anos ingressou na Companhia ele Jesus. De uma pureza angélica, morreu aos 24 anos em Roma, co mo mártir da caricia-

25 São Guilherme Abade, Confessor. + Nápoles ( Itália), 1142. Fundou um mosteiro no monte Vergiliano, que passou a chamar-se Montevergi ne, em louvo r ela Virgem . Rogério II , rei de Nápoles, o tomou co mo conselheiro.

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+ 444. Um cios grandes Doutores da I greja cio Oriente e principal defensor ela _ortodox ia contra os hereges nestorianos. No Concílio ele Éfeso (43 1), fez proclamar o dogma ela unidade de pessoa em Cristo (uma só Pessoa divina) em duas naturezas, divina e humana; e a conseq iiente Maternidade divina ele Maria Santíss ima.

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SAGRADO CORAÇÃO DE JESUS. Festa ce lebrada na sex ta- feira que segue a O itava ele Corpus Christi , corno prolon gamento el a mes ma. "O cu lt o ao Sagrado Co ração", esc reve o Ca rd ea l Pi e, "é a quintessên.cia do cri.1·-

tian.ismo, o compêndio e sumário de toda a l?eligião".

Santo lrineu, Bispo e Mártir. + Lyon (França), 202. Di scípulo ele São Policarpo, que o fo i el e

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São Silvério, Papa e Mártir. + Gaeta (Itália), 537. Elevado ao

29 COMEMORAÇÃO DO MARTÍRIO DE SÃO PEDRO ESÃO PAULO, APÓSTOLOS

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26 São Pelayo, Mártir. + Córdoba (Espanha), 925. Caiu refém entre os mouros. Foi então

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HISTÓRIA Orientação e amparo 'li,

Encontrado incorrupto o corpo do Venerável Papa Pio IX 122 anos após seu fale-

perguntou quem Ela era -

cimento, está perfeitamente conservado o corpo desse santo Pontífice, que altaneiro enfrentou todos os erros de seu tempo, sendo considerado um dos maiores Papas da História

Imacu lada Con ceição ". • Promulgação da Carta Encíclica "Quanta Cura" com o "Syllabus", e m

G

iovanni Maria Mastai Ferretti, de uma famí li a de Co ndes, era o nome do Papa Pio IX , en tão Bispo de Ímola (Itá lia), quando e le ito sucessor do Papa G regóri o XVI , pelo Conclave de 1846. O Pontificado de Pio IX fo i o mais longo da História, de 1846 a 1878: 32 anos! E neste período conqui stou e le inúmeras g ló ri as para a Santa Igreja e desbaratou seus adversários - espec ialmente os racionalistas e liberais - que, naqueles tempos, A combatiam de todos os modos, intern a e exte rnamente. É impossível hi stori ar nesta página todas essas g ló ri as. Entre tan to, ao se falar do Santo Padre Pio IX, seria uma lac una imperdm'íve l não mencionar, a inda que sintetica mente, ao menos três grandes triunfos por e le obtidos:

• Proclamação do Dogma tia Imaculada Conceição de Nossa Senhora , cm 8 de dezembro de 1854, pela B ul a ln e.lfábilis Deus. Essa definição dog máti ca foi motivo de g ra nde júbilo e ntre os cató li cos cio mundo inteiro. Tal verdade de fé fo i confi rm ada, três a nos depois, pela própria Santíssima Virgem na Gruta de Lourdes, ao respo nd e r quando Sa nta Bernadette So ubirou s

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C ATO LIC ISMO

"Eu sou a

8 de dezembro ele 1864, qu e constituiu um a fulmin ante conde nação dos princ ipa is e rros daquela época - de modo particular do libera li smo que e ntão imperava.

• Proclamação do Dogma da Infalibilidade Pontifícia , fe ita juntamente

l>--<1 Pela presente, temos a sat isfação de comunicar a V. Sa. que já se e ncontra e m pl e no fun c io namento nossa Rádio FM Comuni tária. In formamos também que a Revista Catolicismo está tendo g rande destaque e m Programa Re iigioso, apresentado diariamenLe naquela e mi ssora de rádio. (H.S.L. - PI)

Reconhecimento dos restos mortais do venerável Papa

"Na atmosfera mística da cripta de São Lourenço do Verem.o, dedicada ao mártir prato-diácono da Igreja de Roma, na terça-feira, 4 de abril p.p., ocorreu o reconhecimento do corpo do Venerável Papa Pio IX que lá repousa desde 13 de · julho de 188 1, três anos depois de seu piedoso trânsito, ocorrido no Vaticano em 7 de f evereiro de 1878. "Quando o Juiz Mons. [Gianjiwico] Bel/a e o Prof Arnaldo Cape/li, anátorno-pat6/ogo da Faculdade de Medicina da Universidade Ca tólica do Sagrado Coração, em Roma, coac(juvado pelo D,: Nazareno Cabrielli, do Laboratório dos Museus Vaticanos, deram autorização

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desejar, e a toda a eq uipe dessa revista ímpar, uma santa e feliz Páscoa, agradece ndo a Nossa Senhora a proteção e a formação que recebemos, e a aj uda que Catolicismo nos dá fazendo-nos compreender e julgar os confusos aco ntec ime ntos e m me io ao caos atua l. Dr. Plinio pensou e m tudo! E preparou seus filhos queridos para orie nta rem e a mpara re m os que desejam s incerame nte seguir a Nosso Senhor Jesus C ri sto. Ele deve estar conte nte, sorrindo para os sen ho res. (G.F.G.T. - RS)

Difusão radiofônica de Catolicismo

com os Bispos reunidos no Concíl io Vaticano 1, e m 18 de julho de 1870. Ou seja, que o Papa é in fa lível, e m matéria de Fé e Costumes, quando fala "Ex Cathedra" (sole ne me nte). Tal proc lamação constituiu outro duríssimo go lpe contra os adve rsári os da Igreja e motivo de gra nde afervo ra me nto e e ntus ias mo cios fiéis cató li cos.

O jornal oficioso do.Vaticano, "L'Osservatore Romano", de 9 de abril últi mo, publicou notíc ia que a legrou inte nsa me nte os corações dos cató licos nos quatro cantos do mundo. Eis um resumo da a uspic iosa matéria de auto ria do artic uli sta Cari o Liberatti:

l>-<l Sempre empo lgada com cada

Catolicismo que recebo, venho lhe

para que se abrisse a urna que continha o co,po do venerável PonlÍfice, houve um momento de projimda e intensa comoção. Pio IX, quase pe1feitamen.te conservado, depois do último reconhecimento ef etua do sob o pontificado de Pio XII, de 25 de outubro a 24 de novembro de 1956, apareceu com toda a serenidade da sua humanidade, tal corno estava registrado pela documentaçãofotográfica, pela iconogrqfia tradicional e consolidada pela descriçãofeita nos textos dos depoirnentos processuais. "Entre os presentes, a única sobrinha sobrevivente, a Princesa Patrizia Torlonia, não conseguiu conter as lágrimas de intensa comoção e de alegria, ela que era a única entre os presentes que havia assistido ao reconhecimento de 1956".

''Artigos que parecem falar" Esto u muito fe li z co m esta revi sta, muito atuante, com conteúdo profundo e co m arti gos que parecem falar com a gente . (D.P.D. - TO)

ex istem pessoas que dispõem de seu te mpo para levar aos lares católicos a pa lavra de Deus no seu maio r esple ndo r. (S.C.P. - AP)

narrados especia lme nte nas hi stórias de Nossa Senhora, alg umas nunca tinha o uvido falar. O povo aq ui gos ta muito dessas hi stórias. (H.S.N. - BA)

Desde política até religião

Graças à Divina Providência

l v<J Eu quero dizer que tenho apreciado muito a rev ista, tratando de assuntos importantes. Quero parabenizar toda a equipe desta ed itora . Sempre que recebo cio corre io me dá muito contentamento e fico muito grata, po is traz para todos nós muitas experiências e trata de tudo de nosso interesse especial, desde política até re lig ião. Aqui fico rezando, pedindo ao Espírito Santo e à Virgem Maria, da qua l sou devota, para que vocês sejam iluminados a cada dia nos seus traba lhos. (M.F.M.G. - MT)

maravilhoso trabalho de divulgação desta linda revista Catolicismo. Confesso que quando recebo cada uma, fico contentíssimo. Tudo que e la aborda merece infinitas graças. Estou fazendo uma grande propaganda da mesma. Leio ate ntamente e depois e mpresto para pessoas que fazem parte de minha comunidade na Jgreja Católica. (A.F.D.N. - MG)

Obra maravilhosa

l>-<l É uma rev ista belíssima, que

[>..<] Fico muito feliz de receber a revista Catolicismo. É uma o bra maravilhosa, qu e vem me agradando bastante com assuntos atua1izados, fo rnecendo conhec ime ntos, por exemplo, sobre fatos ocorridos na vida de santos, e nfim tudo é agradável ele se le r, porque é esc rito de fo rma atraente que pre nde a atenção. (C.T.N. - RJ)

merece ser basta nte divulgada, pois os assuntos são muito importantes. A ge nte lê, nos toca muito e aume nta nossa fé e m Deus e em Nossa Senhora. Deveriam ter todos os lares cató licos uma revista destas todos os meses, pois é uma grande bênção uma le itura desse tipo nos dias de hoje, e m que muita gente perde a esperança e desespera, às vezes troca até ele re li g ião. (A.A.P. - PA)

Novidades jamais pensadas

Brilhantismo

l>--<I É com muita satisfação que faço

[)...(] Continuare i assinando esta revista, pois a considero uma publicação autêntica, que não tem vergonha de extern ar o que pensa, entretanto, gosta ri a - como sugestão - que a mesma segui sse uma linha ma is próxima de São Tomás de Aquino, proc urando conc iliar a fé e razão. Tenho em mãos a rev ista de nº 592 e quero sa lie nta r o brilhantismo das res postas dadas pe lo Cônego José Luiz Villac. (T.A.F.T.L. - MG)

1~ Agradeço pelo extraordinári o e

Confirmação na Fé

f>-.< I

Esplendor l>-<1 Gostaria de rei ic itá-lo por esta g ra nde obra que é Catolicismo , pois a lé m ele abordar temas atua is e variados, cm deixar de tratar cios te mas polê mi cos, e tudo cons iderado à lu z do Eva ngelho. Uma leitu ra para toda a famíli a, fáci l e bem ilustrada. Com is ·o podemos acreditar e ter esperanças que ainda

uso destas linh as para expor- lhes que desde os primeiros exemplares que recebi , fiquei satisfeito com o conteúdo de Catolicismo. Traz muitas nov idades que jamais pensava ex istir dentro de minha re lig ião. (J.R.G. - PR)

Nossa Senhora [:>,,<] Estou contentíssima com Catolicismo . Estou maravilhada! O

que mais gostamos são os mil agres

Deus queira que e le logo possa ser cano ni zado ! ♦

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ENTREVISTA

Elián e a inexplicável continuidade da ditadura comunista em Cuba Catolicismo - Por que os Srs. acham que • Elián González despertou tanto interesse no mundo inteiro? De Paz - Pela simples razão ele que a hi stóri a ele E li anc ito é, aos olhos cio B ras il , cios Estacios Unidos e cio mundo, um símbo lo vivo cio gigantesco drama pelo qual atravessa C uba há 41 a nos, ma rtiri zada por um sistema comuni sta intrinsecame nte perverso. Era e le um cios J3 c ubanos que fugiam ela ilha-cárcere em busca ela liberdade numa frágil embarcação que soçobrou, mo rre ndo afogados I O deles, incluincio s ua mãe, E li zabeth Brotons Rodriguez. Cantón - Houve também várias c irc un stânc ias extraordin árias em torno do resgate do menino no Estreito da Flóricl a, que co ntribuíram para chamar a ate nção inte rn ac iona l e atrair a natural compaixão pelo menino. E le, co m seis anos, fo i ac hado por pescadores no dia 25 de novembro de 1999, data e m que se fes teja nos Estados Unidos o Dia de Ação ele Graças. A mãe, E li zabeth, antes de se deixar vencer pelo cansaço e morrer afogada, juntou forças para amarrar seu fi Iho a um a câmara ele a r. Segundo os méd icos que o examin aram após o resgate, o menino, s urpree ncle nte mente, não ap resentava sin ais de des idratação ne m de queimaduras de so l. Por fim, escapou e le dos tubarões que infesta m o es tre ito ela Flóricla.

• • • • • • • Na foto, os entrevistados junto a um guarda suíço, no Vaticano

Catolicismo - Castro, alegou os direitos do : • • • • • • • •

. . • •

Catolicismo - Mas chegando a Miami, come- • çou outra odisséia para Elián ... De Paz - Sim, num primeiro momento, em Mi ami , o menino passou a morar com ti os~avós paternos, que lhe concederam todo carin ho e proteção, ele mane ira a permitir-lhe superar, ainda que e m parte, o trauma sofrido. Mas logo depois, na c hamada terra da libe rdade aco nteceu o inimagináve l: as autoridades norte-americanas, através do Serviço de Imigração, cedendo aos apelos cio reg ime comuni sta, começararn a fazer todo o possível para devolver o me nino a C uba.

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pai sobre o menino, o pátrio poder. Esse argumento, à primei ra vista, parece ter sua razão de ser, máxime para aqueles que, como nós e os Srs. , defendemos a instituição da família. Cantón -A obj eção é muito oportuna, e nos dá ocasião de mostrar, mais urna vez, o c ini smo do govern ante comuni sta, que se arvorou da no ite para o dia como defensor da fam íli a ... , precisamente e le, que te m dedicado todos os esforços para destruí-la. É indispensável perguntar que sentido e q ue valor tem, na Cuba comunista, do ponto ele vi sta jurídico, esse pátrio poder, o u seja , o leg ítimo direito e domínio dos pais sob re os seus fi lhos, quando estes são me nores ele idade. A Constituição c uban a, e m seus capítulos IV, "Fa míli a" e V, "Educação e Cu ltu ra", deixa claríssimo que é o E stado comuni sta que possui os direitos rea is sobre as me ntes elas crianças e j ovens cubanos, im pondo aos pa is a crue l obri gação de transformá-los em cidadãos comunistas. De Paz - Mais ai nda, em C uba , o tex to constitucional simpl es me nte ignora o dire ito natu ral dos genitores de escolhe r a edu cação que julgarem mais adeq uada para seu s fi lhos. Nos arti gos 35 e 38, a Constitui ção passa a atribuir aos pais, em nome do Estado comu ni sta, " res-

: • : : •

De Paz: "Nos artigos 35 e 38, a Constituição [cubana] • passa a atribuir aos pais, em nome • do Estado comunista, 'responsabi• lidades e 'funções essenciais' numa 'educação' e 'formação' que os prepare de maneira integral para 'a vida na sociedade socialista' "

• ponsabilidades" e 'Junções essenciais" numa "educação " e ''.formação" que os prepare, ele • mane ira "integral", para "a vida na socieda•• de socialista". Depois ele impor aos pais tão

•• • : • : •

od iosas obrigações constitucionais, contrárias à Lei de Deus e ao Direito natural , a lei fundamenta l c ubana, no arti go 39, deixa c laro que, ainda ass im , esse papel "educati vo" dos pais é sec undário ao lado do que se atribui a si mesmo o Estado com uni sta.

Catolicismo - Mas nesse contexto jurídico, qual é então, o papel que resta aos pais? Cantón - De fato, não resta aos pais cubanos o mínimo resquício ou marge m de liberdade • para decidir sobre a formação mora l cios filhos: suas consc iê nc ias pertencem ao sistema cornun is ta. Achamos s um a m e nte importante estende rmo-nos sob re esse terna, pois corno j á foi dito, o pátrio poder tem sido o grande argumento dado por Castro, argumento, aliás, aceito • incrive lmente pelas autoridades norte-americanas. Corno conclusão, envi ar de volta a C uba Eli anc ito González não é entregá- lo aos braços ele seu pai, mas às implacáveis garras cio Estado comuni sta, que se apoderará ele seu cor: po e sobretudo ele sua a lma, tal como o te m fe ito com gerações inteiras de meninos e jovens de nosso sofrido país. Aliás, o reg ime c ubano j á anunc iou que aguarda Eli anc ito para

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FÁTIMA2000 hospedá- lo num centro de ·,"reeducação" in stalado num a elas sedes ela União dos Jovens

Comunislas.

Cantón:

"Também, nas

Catolicis1110 - Se os Srs. nos permitirem, há • • últimas semanas,

um ponto delicado que gostaríamos de tratar: uma série de artigos e editoriais em jor- •

nais do mundo inteiro, inclusive do Brasil, vem acusando os exilados cubanos de extremistas. Um quotidiano brasileiro, tido por alguns como de centro e por outros de centro-esquerda, em nota editorial, acusouos de terem uma "cega hostilidade", "delírio " e até "paroxismo" anticastrista. De Paz - Agradecemos a s inceridade da pe r- • : g unta , pois, assim poderemos co locar os pingos nos " is" qua nto a essa questão. De fa to, as esquerdas do mundo inte iro valem-se da in genui dade e até ela cum plic id ade de certos meios de comunicação, num inc rível j ogo de "prestidigitação" publicitári a. Estão ma nipul a ndo o caso cio me nino E li án e a pos ição anti co muni sta ci o ex íli o para tirar Fidel Castro e seu nefasto regime cio "ba nco dos réus" e cio "pelourinho", e co locar e m seu lugar os ex il ados c uba nos e os amigos da libe rdade ele C uba, que, há décadas, de nunc iam as atroc idades do sistema comuni sta. É uma tentativa ele sa lvar do naufrágio, a todo c usto, o s istema comuni sta c ubano . Cantón - Gostaria de ac rescenta r que a posição cio ex íli o c uba no, ao reje ita r até a me no r forma ele aceitação ela nefasta revolução c ubana e a me no r ap rox im ação com o reg im e castri sta, não é fruto ele nenhum "delírio" o u "paroxismo ", mas da plena adesão à doutrina ela Igreja que conde na o comuni smo como "intrinsecamente perverso " e considera "inadmis-

sível a colaboração com ele em qualquer lerreno ", segundo pa lavras textuais ele S.S. Pio xr na fa mosa Encíclica "Divini Redemplóris ". Catolicis1110 - Os Srs. referiram-se a tentativas de salvar do naufrágio o regime comunista. Poderiam dar outras provas ou exemplos? De Paz - Por ocas ião cio 4 1° a ni versári o ela revolução comuni sta, e m 1º ele ja neiro de 2000, o normal teria sido que um clamor ele indi gnação e repúdio se levantasse nos o rga ni smos in38

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a agência Fides assinalou que o regime de Castro estava usando o caso Elián para efetuar 'montagens' e até uma 'mascarada internacional"

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ternacionais supostamente defensores cios direitos humanos, ela mídi a etc. Sem embargo, o contrário fo i o que se deu. Nenhum desses orga ni smos, nenhuma elas tantas ONGs que no mundo mon ito ra m a violação cios dire itos elas pessoas e, que nos conste, ne nhuma chancelaria oc ide ntal, teve, na ocasião, uma palavra seq uer para condenar um s istema com uni sta violador ele todos os direitos de Deus e dos ho me ns. Cantón - Também, nas últimas semanas, a agência vaticana Fides assinalo u, com acerto, que o regime ele Castro estava usando o caso ele E li án para efetuar "m.onlagens teatrais " e até uma "mascarada internacional " que servisse para ocultar no exterio r uma onda repressiva contra os cató licos e os oposito res na Ilha. Essa de núncia ela Fides, desmascarando a ma nipul ação dos comuni stas cubanos em torno do caso E li án, deveria ter ocupado as manchetes dos jornais e ter sido objeto de ed itoriais e comentári os no mundo inte iro. Mas o contrário fo i o q ue se deu. Pouquíssimos jornais e agências deram eco a essa denúncia ela Fides . Com esse silêncio, obv ia me nte protege-se a ditadu ra castri sta e te nta-se sa lvá- la do fracasso.

Catolicis1110 - Uma pergunta final. Há especialistas latino-americanos que dizem que Cuba comunista já não representa nenhum perigo para o Continente. O que os Srs. pensam sobre isso? De Paz - S implesmente, e com todo respeito para com esses especialistas, é só percorrer a s itu ação político-social ele vários países ela América Latina, co m movi me ntos esq uerdistas recomeçando as ag itações, para ver a necess idade d e não s ubest im a r o perigo castri sta. Temos manifestado publicamente nossa preocupação diante ela confi"Estão manipuguração de um eixo político-militar esq uerd islando o caso do • ta que, partindo de C uba e passando pela menino Elián e a • Venezue la, c hega à Colômbia com a g ue rrilha marx ista e o narcotn'ífico, atinge o Peru com o posição Sendero Luminoso, alastra-se pe lo Equ ado r, anticomunista do pelo C hil e co m o s urgimento de movimentos exílio para tirar indigeni stas revo luc ionários, pelo Bras il com Fidel Castro e seu o Mov imen to cios Sem-Terra - tão e log iado nefasto regime do por Castro - e ameaça o utros países do Con'banco dos réus' e • tine nte. "Não há pior cego do que aquele que do 'pelourinho', e não quer ver", diz o refrão. Os fatos , q ue estão colocar em seu à vista ele todos, mostram o perigo que reprelugar os exilados senta o comuni smo c ubano e nquanto suporte cubanos" ♦ para a subve rsão no Contine nte.

Terceira parte do segredo Continua atual a Mensagem de Fátima?

C

omo é cio conhecimento ele nossos leitores , no fim ela cerimônia ele beatificação ele Jacinta e Franc isco, no d ia 13 de maio, o Cardea l Secretári o ele Estado, Angelo Soclano, a nunc io u a próxima pub li cação ela terceira parte cio segredo ele Fátim a. Julgamos e ntretanto possíve l faze r a lgumas observações a res peito cio te ma,

com base nas notícias e comentários estampados nos j o rn ais. Desde logo, é óbv io que a terceira parte cio segredo fará um .só todo com as duas o utras, reveladas a nte ri ormente pela Irmã Lúcia. De resto, o que a ntecipou o Cardea l Soclano no tocante à perseguição à Ig reja e ao sofrime nto cio Papa confirma aq uilo que já se sabia nas duas o utras pa rtes. Das palavras conhecidas do segredo de Fátima emerge um fato indiscutíve l: vis lum bram-se aq ui alg umas predições que j á se reali zaram ao lo ngo ela história; o que nos induz a dar fé a toda a Mensagem. A lguns jornais, comentando o anúncio cio Purpurado, observaram que a atual expectativa e m torno de Fátima deverá desaparecer, pois tudo será conhecido. Parece- nos que erram clamorosamente: como dissemos as duas primeiras partes falam de uma cronologia de acontecimentos trágicos que desfecham - segu indo a interpretação mais evidente elas palavras ele Nossa Senhora - , uma grandiosa promessa, essencial à Mensagem, a qual joga por terra as situações dra máticas ne las d esc ritas: , o triunfo elo

Imaculado Coração d~ Maria. Por conseguinte, a grande expectativa, ou melhor, a gra nde esperança, continua de pé. Sobretudo porque, como não escapou a um comentarista muito lúcido, em sua análise sobre o último dia 13 de maio - não obstante fa le e le como he breu le igo, e portanto, não cató lico, Gacl Lerner - é agora que se tornará

ma is pre me nte e pe ri gosa para a Ig reja a ameaça ele uma sutil perseguição pe la via ela secu lari zação profunda ela soc iedade, fruto do processo revoluc ionári o multissecular dos tempos modernos (cfr. "La Repubblica", 14-5-2000). Não é some nte, portanto, a ameaça que provém para a Ig rej a dos sistemas políticos totalitá ri os o u semi -totalitá ri os como os ela C hina, Vietnã o u Sudão, mas sobre tudo aq ue la que surge para a fé, a partir ele um contexto sóc io-político ateizaclo, no qual milhões ele nascituros são abo rtados, experiências biotecnológicas tendem a sub ve rter a orde m ela c ri ação divi na e a ofens iva ho mossex ual procura impor a toda a soc iedade compo rtamentos contra a natureza, para só falar ele a lg uns cios e le me ntos cio quadro atua l. ♦

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Mensagem da TFP norte-americana

norte-ameri cano, e cegar nossos olhos em relação a um lobo feroz em pele de ove lha. Aceitaríamos aproximação com Hitl er em 1944? Impensável. Não podemos esq uecer que, por sustentar os princípios da liberdade, os Estados Unidos entraram em guerra com o nazismo e seu gêmeo no mal, o com uni smo, sac rificando legiões de filh os. Não somos os mesmos Estados Unidos? Por que deveríamos renunc iar agora a nossos princípios e convicções, àque les mesmos princípios que fizeram a grandeza pátria? A TFP norte-america na não acredita que nossa nação se desonrará assim. Pelo contrári o, c ultivamos a esperança indestrutível, nutrida na fé, de que venceremos essas tramas de g uerra psicológica e trabalharemos para restaurar os princípios sad ios do passado g lorioso de nossa nação, que fizeram os Estados Unidos conhecidos no mundo como a "pátria dos li-

Para onde a caminhada de Elián está nos levando? A. TFP dos Estados Unidos publicou na edição de 27 de abril p.p. do importante diário "Washington Times"*, documento no qual toma posição face à questão do menino Elián, fugitivo de Cuba e salvo das águas por pescadores no Estreito da Flórida. Apresentamos abaixo excertos principais da mensagem daquela valorosa entidade.

berdade de E li án fica reduzida a três e le me ntos: um caso abs urd o de pátrio poder, um grupo emotivo de c uban os a nti com uni stas decrépitos, e um governo que se excedeu usando policiais armados para reso lver o problema. Será esse seu real signifi cado? É o que veremos, ao o lh ar retrospectivamente daqui a alguns anos?

A message r, h rom t e American TFP

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Qual é o assunto real em questão? Devolver uma criança a seu pai, ou tratar da dura realidade cubana?

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'º É c laro que se o caso El ián ~hort. wc are hcing 1 h1 1•11dnr1c rhc Nc" llc C/iambcrJ:un l 11rn 1/ny or se restring isse so mente a um a lcasr to look lhe othcr lhl'lr h,•rray.11. Would wc havc questão de pátrio poder, não hal111w,, upio U ru/u 1,1i, , Hir!cr m Wc rnus1 nor fo rg l, 1/Jlhold 1hc veria caso e nem história gerapnnc,pfcs of frecdo111 " ars agains1 Nat1sm ' li dora de tanta notícia na imprenCOmmuoi~oJ, S.'tcrificin UI fll•r Arl' wc no( fi te ~a ~hou /d \l. c rc ooum;e 0 sa escrita, rádio e televisão. 1111,11,k•\,md . TI1e madc A mc,u,;, ~i c,u " Atrás da questão do pai erThc A mciic:in TFP t ht•li1•1c our 11,uio,1 " Ili ~o Ji ~ho fh, lr 1, uihc,. g ue-se o problema maior da " Cd11.: nsh ao •tmlmg fauh lhM " e w,u dc fcn1 pátria ou, melhor dizendo, da mr11gucs wo, k íl' lh of our What la tito ,..., ,..uo? 1111111, ,,.,11 Ih u hm e matlc Amcnca impenitente ditadura comuni sih h11, 11 Rotumlng • c:ltlld to hla falho, !!1~ a~ 1l1t• l,md of lhe u1, f li~• homc of llll' hravl'. :.i~•g Wlth Cuba'■ alarlt ' ta . Esse despotismo caduco Our fu tu rc and lhe ~ 1 til th,• worh/ - dcpc nd ~ ro a i;rc111 está no centro da questão, e rn u fn1 rhfulnc~s io rh u hcn 111s Wc lurn our rho ugh t~ 1•111~r" ru todo mundo sabe disso. God ,\11111gh1) ílnd lo Our uf ( of EI Cohrc " ho w,1khc:~ i uh~ p:u ron s:uru . Dwml' l'ron Um grupo corajoso desaEhan fro,n lhe l hark ,1111c,1 lfr" UI lhe Florida S1ram. l\fay Ou cerdotes na Ilha declarou re,111111!/ Mcr ~ •1•illC Son rn1 cn ·cnc tll l\.'1,11,.. thc,_,_nrll,ons of ''Elrnns.. ~rill centeme nte que o regime IIIH,,;r lhe cn11unu,u ,q ,h,111• ,';;e~;.: •' Amcricn fmoifu/ 10 11 cas tri sta se mostra de um a " efic iê nc ia diabólica" em Tht:Arnc •11 l'FP April 11, JOOO seu domínio sobre o povo cubano. Não há liberdade naThe American · Societ f quela ilha-prisão, onde as lradition, FamiJy yd; th e Defense ►f liberdades mais fundamen " an roperty - TF . d . 1· . 0 . Oo.'< I H6S - \'ork, PA 17405 - l 'el. (717) 22 ta!S e prattCar a re 1Contarlou,websilea,• , ~-7147-Fnxc(717J2lS-? g1ão, e ser propnetano, . d . , . : ~ - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - ~ ~-~ "~ •:w·:lt:1>.:•:••~---.....:!l de se associar com pessoas de 1

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-rente contínua de fotos de um orridente Elián González reuni do com seu pai bem pode provocar a impressão de um final fe li z na triste história do jovem refugiado cubano. Fosse alguém bastante ingênuo para crer nisso, a conclusão seria que tudo não passou de uma tempestade em copo d'água. Ademais , seri a levado a pensar que o Arcebispo de Boston, Cardea l Bernard Law, estava certo quando afirmou que o caso todo não passava de um circo com uma solução simples: devolver o menino ao seu pai. Pelo fato de a posse [de E lián pelo pai] estar amparada a bem dizer na totalidade da le i, sua situação está encerrada para muitos norte-americanos. Prevalecendo esse estado de espírito malsão, a valorosa luta pela li -

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vres e a casa dos bravos ".

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s ua esco lh a , te ex pressar li vremente as própri as opi niões, de viajar co m seg urança - são rotineiramente negadas. li án para C uba A volta d fo rçada ou voluntári a - não altera essa rea lidade fund amental. Procu rando retê-lo aqui , a comun idade cubano-norte-ameri ana estava lutando para defendê- lo de um Estado polic ia l cuj a Consti tu ição estatui que o governo deve supervi sionar "a fo rma-

ção da personalidade comun ista dos jovens e crianças ".

os mis e ráveis pelo seu trabalho estafante, comendo as parcas rações que são distribuídas e ao mesmo tempo sendo obrigados a proclamar sua adesão a doutrinas e políticas marxistas, toleraríamos qualquer aproximação com Castro? É c laro que não. Pelo contrário , o povo norte-americano se levantaria para pedir que o regime fustigado pelo Cardeal Ratzinger como "vergonha de nosso tempo" fosse derrubado, e que a liberdade, a propriedade privada, a livre iniciativa e a vida fam iliar fossem restauradas .

Seja a justiça restabelecida em Cuba e restabeleceremos relações amistosas

Devemos evitar com cuidado esta manobra de guerra psicológica!

Se, como os cubano-norte-ameri canos, todos os norte-americanos ti vessem fam ili ares sujeitos à asíi xiante opressão em C uba, ganhando sal ári -

Uma manobra ardi losa de guerra psico lógica revolucionária está em curso, procurando explorar os senti mentos generosos, apanágio do povo

Nos so futuro - e o futuro do mundo - depende em gra nde med ida de i10ssa fidelidade a essa herança. Vo ltamos agora nossos pensamen tos e orações ao Deus Onipotente e a Nossa Senhora da Caridade do Cobre, Padroeira de Cuba. A Divina Provi dência sa lvou E li án das águas infestadas de tubarões do Est re ito da Flórid a. Que Nossa Senhora e seu Divino Filho intervenham logo, para libertar os milhões de "E li áns" que ai nda sofrem sob o jugo com uni sta e, sobretudo, para manter os Estados Unidos fiéis a seus nobres ideais . ♦

TFP norte-americana 26 de abril de 2000

*

Alé m do "Wash in gton Times" , 27-4-2000, o doc umento também fo i publicado nos seguintes jornais: " Diario Las Ame ri cas", 5 de maio e "The Wanderer" , prime ira semana de maio.

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Oratório de Nossa Senhora da Conceição, vítima dos terroristas

Programa radiofônico A Voz de Fátima alcança sucesso nas emissoras de todo o país

30 anos de vigílias

O lançamento do primeiro programa radiofônico do projeto A Voz de Fátima, ocorrido em maio,

obteve numerosas repercussões do público ouvinte, ·p or ser valioso recurso para a formação da consciência religiosa e moral das famílias católicas de todo o Brasil O programa radiofônico A Voz de Fátima tornou-se :=::-.::.!:::~~~~.::.~.!..":"'~ real idade graças ao e1npenho e dedicação dos Provedores de Fátima que trabalharam ativamente para incentivar o lançamento e o sucesso desse programa mensal. Numerosas rádios escreveram para a Campanha informando, através de um form ulário de pesquisa e ava li ação, as repercussões que obtiveram por ocasião da emissão do primeiro programa transmitido

no mês de maio. As emissoras manifestaram também o interesse de transmitir os próximos programas da Campa nh a, que inicialmente serão mensais. . Tais programas - que visam incentivar a máxima difusão da Mensagem de Fátima, inc lu sive para as ma is remotas reg iões do Brasil - foram produzidos com técnicas modernas de comunicação, que os tornam acessíveis a todas as camadas da sociedade.

Narrativa das Aparições de Fátima, comentários e cartas dos participantes da campanha O primeiro programa do projeto A voz de Fátima narra a aparição do Anjo de Portugal, que preparou os três pastorinhos para as seis posteriores aparições da Mãe de Deus, verificadas no ano seguinte. O Anjo recomendou-lhes que fizessem penitência e oferecessem orações e sacrifícios a Deus em ato de reparação. Se esses pedidos foram feitos em uma época com menos pecados do que a atual, imagine o leitor o que Nossa Senhora pediria em reparação pelos pecados cometidos pela sociedade hodierna! Nas próximas ed ições do Programa A Voz de Fátima serão apresentadas cada uma das seis aparições de Nossa Senhora aos três pastorinhos. O primeiro Programa traz ain-

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da, uma carta impressionante e dramática de uma pessoa participante da Campanha Vinde Nossa Senhora de Fátima, não tardeis! que recebeu graça muito especial por ter sua vida sido salva graças a orações dirigidas a Nossa Senhora de Fátima. Quem ainda não teve oportu nidade de ouvir o primeiro programa, pode entrar em contato com a central de atend imento da Campanha peló telefone (0XXl 1) 3955-0526 e solicitar o CD gravado com o primeiro programa A Voz de Fátima . Peça o quanto antes o seu exemplar. Esse programa também fo i colocado no site da Campan ha na Internet, para que um nún~ero maior de pessoas possa ter acesso a ele. O endereço do site é: www.fatima.org. br

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Provedores de Fátima

são premiados com viagens para o Santuário de Fátima em Portugal Campanha concede prêmio a participantes que atuaram como Provedores do Projeto A Voz de Fátima, com viagens ao Santuário de Fátima em Portugal o dia 13 de maio foram premiados dois participantes da Campanha Vinde Nossa Senhora de Fátima, não tardeis! por terem atuado como Provedores do projeto A Voz de Fátima. Os premiados receberão duas passagens aéreas, com direito a sete dias de estadia em Portugal. A foto acima focaliza uma cena do referido sorteio. Esse prêmio constituiu uma forma de estimular e retribuir o empenho dos participantes da Campanha em colaborar ativamente como Provedores do projeto A Voz de Fátima. Os provedores tinham como meta obter novas inscrições na Aliança de Fátima. Os recursos fornecidos por essas inscrições vão financiar os programas radiofônicos A Voz de Fátima, que serão produzidos e transmitidos mensalmente. Os provedores premiados terão oportunidade de viajar em peregrinação ao Santuário de Fátima e conhecer o lugar onde Nossa Senhora de Fátima apareceu aos três pastorinhos. Recentemente Francisco e Jacinta foram beatificados por João Paulo li no próprio local das aparições. ♦

de orações que sobem aos Céus oclia lº dc mai o último,emcon e moração pelos 30 anos ele insitui ção ela vigíl ia ele orações permanente diante cio Oratóri o ele Nossa Senhora ela Conceição, sóc ios, cooperadores, correspon le ntes e s impatizantes da TFP participaram de uma ce rim ônia frente a esse sin c io Oratório (foto aba ixo). Foi ele construído, e m 1969, em reparação à Yirg m anlíss ima, cuja imagem fora atin gi la por uma criminosa bomba terrori sta.

N

l° de maio de 1970: Início das vi gíli as de orações permanentes diante desse Oratório. * * * Durante essas três décadas ele vigílias, todos os dias do ano e durante a noite inteira, sócios e cooperadores ela TFP - revezando-se em turnos ele hora em hora - fazem vigílias ele orações frente ao Oratório, suplicando a proteção ele Nossa Se nhora pela Igreja, pelo Brasil e por todos aque les ·que se recomendam às nossas preces. *

Para rememora r 20 de junho de 1969: data da exp losão da bomba na nLão sede cio Conselho Nacional ela TGP, locali zada na rua Martim Franc is o, 665. Tal detonação ocorreu às vésp ras deu ma grande campanha promovida p la entidade contra o progressismo inlil1 raclo nos meios católi cos. 18 de novembro de 1969: no exato local em que a bomba x1 lodi u, foi inaugurado - po r ele ·isão cio Pro f. Plínio Corrêa ele O liv ira ' 111 resposta à ameaça terrori sta - o ral 6ri o com a imagem ele Nossa Senhora da onccição, que fi-

500 anos da Primeira Missa Na cerimô ni a ac ima refe rida, comemorou -se também os 500 anos ela ce lebração da Prime ira Mi ssa em solo continental brasileiro, no dia Iº ele maio de 1500. Referindo-se a esse simbólico e importante acontecime nto hi stórico, certa vez o Prof. PIinio Corrêa ele O Iiveira comentou: " O Brasil teve certidâo de nascimento com a carta de Caminha; batismo com a Santa Missa; e nome Cristão de Ilha de Vera Cruz, Terra de Santa Cruz. Belíssimo qfloramento na Hislória, que /a/vez nenhum.a outra nação possa oslentar igual ". ♦

* Os

le itores de Catolici.mw que desejare m ser incluídos no li vro de orações do Oratório, poderão enviar-nos um b ilhete e nunciando suas intenções. Numerosas pessoas já nos escreveram re latando graças alcançadas por intercessão de Nossa Senhora da Conce ição, vítima dos terroristas . Outras, costumam levar flores ao Oratóri o, movidas pe la mesma intenção.

e

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I

Página Mariana Damos início ao Capítulo XII - o último da Parte li de Revolu ção e Contra-Revolução - no qual o Prof. Plinio Corrêa de Oliveira, revelando seu profundo amor à Santa Igreja Católica, defende a tese de que a Contra-Revolução deve apoiar-se na Igreja e humildemente servi-La.

Capítulo XII A Igreja e a Contra-Rcvol ução A Revo lu ção nas· ·u, ·o mo vi mos, de uma xI losão d' paix õ ·s d ·sregradas , que va i co ndu zindo à destrui ção de toda a soc iedade tempo ral , à o mpl ·ta subversão da ordem moral , à negação de Deus . O grande alvo da Revo lução é, po is, a Igreja, Corpo Místi co de Cri sto, M estra infa lível da verda de, tutora da Lei natural e, assim , fundam ento último da própri a ord em temporal. I sto posto, cumpre estudar a relação entre a lnstitui ção di vina , qu e a R evo lução quer destruir, e a Contra-Revolução.

adversári os oriundos de outras gentes, e por certo enfrentará ainda, até o fim dos tempos, probl em as e inimi gos b m diversos dos de hoj e. cu obj eti vo consiste em exercer s ·u poder espiritual direto e seu pod ·r t •mporal indireto, para a sa lvação

1. A Igreja é algo de muito mais alto e mais amplo do que a Revolução e a Contra-Revolução A Revo lução e a ContraRevo lução são epi sód ios importantíss imos da Hi stória da Igreja, pois constituem o própri o drama da apostas ia e da conversão do Ocidente cri stão. M as, enfim, são meros ep isódios. A mi ssão da l greja não se estende só ao Ocidente, nem se circunscreve cronologicamente na duração do processo revolucionári o. "Alio.1· ego vidi

ventos; alias prospexi animo proce1/as" (Cícero, Famili ares, 12, 25, 5), poderia Ela dizer ufana e tranqüil a em meio às torm entas por que passa hoj e. • A I reja já lutou cm outras terras, com

Em primeiro plano, ,l Ponto ,111/'A11qolo, sobre o rio Tibre e, ;I rllroll,1, " ., tolo 1/0 Sant'Angelo. Ao f1111<lo, ,, IÍf)11l,1,1.1 B,1\1/1 ,1 de São Pedro, em Rom,,, lm/Jolo ,1,1I1oronidade da Igreja Católl 11

das almas. AR ·volw; ao l'oi uI11 ohst{icul o que se leva ntou l'0t1t r:r o ·x ·rcício dessa mi ssao. A lul u n,11l rn tal obstáculo co ncreto, l'lltrc t1111tos ou tros, não é para a I •r •ja Sl' ll:to uI11111 ·io c ircunscrit o às dim ·nsm·s do obstácul o

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A milagrosa imagem de Nossa Senhora de Quinche

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- meio importantíss imo, é claro, mas simples meio. Assim, ainda que a Revolução não ex isti sse, a I grej a faria tudo quanto faz para a salvação das almas. Poderemos elucidar o assunto se compararm os a pos ição da Igreja, em íac à Revo lução e à ContraR •vo lução, co m a de um a nação ·111 •u ·rra. Q uando Aníba l estava às porta s d · 1 orna , f'oi necessário 1 •va nt ur • diri ir contra ele toda s as l'or~·as da Repúb li ca. lira u11111 r ·açao vital contra o pot ·111 ss i 111 0 • qu ase vitori oso :idv ·rs 1ri o. Roma era apenas :i r •:rçao a Aníba l? Como prl't ·nd ~ lo'? I •u :tl111 ·nt • absurdo seri a im 11 •i11 :1r qu • a Igreja é só a ('011I rn R ·volução. A l i:í s, ·u111I re esc larecer qu • 11 'ontrn- R 'V0 lução não é d ·s ti11ada a sal va r a Esposa de (\i sto. Apoiada na promessa de sc11 1"t111d:idor, não prec isa Esta dos 110111 •11s para sobrev iver. P ·lo ·ontrário, a Igreja é que da v ida à ontra- Revolu ção , qu ', sem Ela, nem seria exeqüível, nem seq uer concebível. A Contra- Revo lução quer concorrer para que se salvem tantas ai mas ameaçadas pela Revol ução, e para que se afastem os catac li smos que ameaçam a sociedade temporal. E para isto deve apoiarse na Igreja, e humi !clemente servi -La, cm lugar de imaginar or ulhosamenle que A salva.

Reportagem especial sobre a Beatificação de Jacinta e Francisco

A palavra do sacerdote

1O Nossa capa: São Miguel (detalhe) - Iluminura de "Les tres riches heures du Duc de Berry", séc. XV, Museu Condé, Chantilly (França)

A realidade concisamente

12 Revolução e Contra-Revolução

2

A Igreja é a vida dos contra -revolucionários

Carta do Diretor

4

O que é pecado? Que são as "indulgências dos Anos Jubilares"?

Mulher-soldado: afronta à Lei natural Leis socialistas eliminam o charme francês nas feiras livres

S_ o_s_ Família

14 O

círculo vicioso do divórcio

Santos e -Festas do mês

16

Nacional

34 Reforma

Agrária: miragem e fracasso

Vidas de Santos

37

São João Francisco de Régis, missionário e convertedor de hereges

Escrevem os leitores

40

Entrevista

18 Globalização

e tendência ao caos na atividade financeira

Comemoração

21

Praça diante da Basílica de Fátima: 650 mil pessoas compareceram ali para assistir à beatificação dos dois videntes

TFP: quatro décadas em defesa da Civilização Cristã no Brasil

Capa

26 De

que modo pode o homem enfrentar o assédio do demônio

TFPs em ação

41 -

Campanha contra projeto de lei de desarmamento Caravana da TFP norteamericana percorre cidades esclarecendo o caso Elián

Ambientes, Costumes, Civilizações

44 Castelo

de Cheverny: o triunfo da graça sobre a força

Dr. Caio Xavier da Silveira, em nome das TFPs, ap resenta ao Presidente da lituânia, Vytautas Landsbergis, os microfilmes de 5,2 milhões de assinaturas, em prol da lil5ertação do país, em dezembro de 1990

No próximo número C,1/0/idsmo transcreverá os itens 2 a 7 do 111 mo Capitulo XII, nos quai s Ptinio Corr a d Ol iveira continua a expor a 1 11 lmn nunciada.

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Com a palavra ... o Diretor

PÁGINA MARIANA

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.., Amigo le itor, Notícias e mais nolíc ias 1 , u rras ou confrontos ocorridos na Europa, na Ásia, na Áfri ca e no Ori e nle M di o · o qu I mos todos os di as na grande impre nsa. M as p rati ca me nle n nhum )r ,;10 da mídi a lrata da mais te rrível das gue rras, que nos e nvo lve a lodos, dir ·tam ·nl ', num om ba le invisíve l! A gue rra que se " Non sen io111 !" (Nãos rvire i !) - lançado por ini ciou com o brado de r ·h · li ão Lúc ife r e pela le ião d anj os d ' ·a dos, a 1ua l dura ai hoj . Uma le rríve l d isputa, que nos ac mpa nh ará ai · o nosso úl1i111 0 ui ·nto. Te ndo isso m vista, 'alolicismo ·o nvida o l · ilo r a ·o nhec r melhor os rec ursos qu a Sa nt a l 1r ·j:i o l' ·r ' ·· a ·ada um paru q ue possa v nc r ssa enca rni çada lul u, na · · rt ''.l,a 1• qu • 1· mos a nosso lado a Ra inha dos Anj os e toda a corte · '1'S I '. P · la l · itura da ma l ri a ele capa deste mês, será poss ível conhece r mais profun da m · nt e, por exe m plo, os fe nô me nos da possessão di abó li ca e do ma lefíc io, freqi.ie nlemente de nominado sortil égio e brux ari a. Saiba o leitor que os malefíc ios, em algun s casos, têm por base assass in atos de cri anças, pecados co ntra a natureza e mi ssas sacríl egas. O substanc ioso estudo que apresentamos - ampl ame nte docume ntado - mostra que fe nô me nos di abó li cos não ocorre m apenas com indivíduos. Pode have r países o u reg iões inteiras que se compo rtam, dura nte certos períodos de te mpo, co mo ve rdade iras co lô ni as do Império de Satanás . lsto ex plica por que um Pre lado ucrani a no - po r ocas ião das pe rsegui ções re li giosas e mpreendid as na anti ga Uni ão Sovi éti ca pe los governos le nini sta e stalinista - aludiu a uma possessão di abó li ca co letiva e m c urso naque la região do G lobo. Ass im , a revi sta qu e es t::'í e m suas mãos co nté m uma ta l riqu eza doutrin ári a e ele in fo rm ações, que pode ser co nside rad a como um verd ade iro manual de combate pa ra se atuar co m segura nça e m todos os lances dessa pug na es piritua l e de rrotar o espírito el as trevas, desfazendo seus múltipl os embustes . Desej o a todos um a boa leitura, que revi gore as a lmas no decurso dessa magna pcl ja invi síve l.

Cord ialme nte,

9 ~7 Pa u lo ' orr~a d Brito Fi lho ( I Rl iTOR

A imagem de Nossa Senhora de Quinche é, fora de dúvida, a mais renomada do Equador, e seu Santuário, dos mais visitados. Sendo sua devoção infelizmente pouco conhecida no Brasil, apresentamos abaixo um resumo de sua história e de seus inumeráveis milagres VA LDI S

GRI NSTl;:INS

1bro-me que, certa vez, o Pro f. ni o Corrêa de Oli veira chamou a atenção para um fato: dentre as apari ções ou mil agres de Nossa Senhora nas Améri cas, grande número relaciona-se co m os índi os, o que revela a bondade da Mãe de Deus para com eles. Por exempl o, em Guadalupe (México), a Virgem Santíss ima apareceu ao índi o Diego; Nossa Senhora de Coromoto (Venezuela) ao cac ique da tribo Coromoto; Nossa Senhora de Las Lajas (Co lômbia) à índi a Mari a; Nossa Senhora de Co pacaba na (Bolívia) ao índio Francisco Tito Yupanqui. Várias outras aparições testemunh am ta l predi leção da Rainh a do Céu. Podemos igualmente incl uir entre essas devoções a lc Nossa Senhora de Quinche, iniciada cm 1585 , pouco tempo após a conqui sta do Equ ador pel os espanhóis. Não longe de Quito, rumo ao noroeste, existi a um a tribo indígena chamada dos Oyacachi s. Esses índios, ao que tudo indica, fo ram os que martiri zaram o sacerdote jesuíta Rafael Ferrer. Mas, anos depois, já convertidos, desejavam possuir uma imagem de Nossa Senhora, o que não era muito fác il de se obter naqueles tempos.

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Padroeira do Equador Nascimento singelo da devoção Um escultor de nome Diego Robles havi a esculpido uma imagem para uma outra tribo indígena, mas como os sil vícolas não quiseram ou não puderam pagála, vendeu-a aos Oyacachi s. A imagem era de madeira, tendo 62 centímetros de altura. Os nativos, muito pobres e rústicos, co locaram-na numa gruta, à fa lta de utro lugar. E querendo vesti -la de modo parec ido a uma dama espanhola, trajaram-na com uma túnica de grosso pano, o único qu possuíam, o qual porém não decorava bem a imagem. Nossa Senhora, Mãe por excelência, não se preocupou com o humilde traje, dec idindo premi ar a devoção dos indígenas.

Começou então a operar contínuos mil agres. Muitas vezes saía de sua gruta e voltava somente no outro dia. Quando vo ltava, os índios perguntavam-lhe onde tinh a estado, e a imagem simpl esmente mostrava-lhes os pés cheios de lama, dando a entender que tinh a ido socorrer diversas pessoas. Al ém disto, sabia-se na reg ião que a gruta da imagem fi cava em muitas ocasiões iluminada, e às vezes ouvi am-se sons musicais sa ir dela. Como começavam a aparecer peregrinos de outros loca is, atra ídos pelos numerosos mil agres, dec idiram os índi os construir uma capela mais di gna para a Mãe celeste. Certo dia passou pela região o escultor da im agem. Os silvíco las encomenC AT O LIC IS MO

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FÁTIMA2000 daram-lhe um pequeno alta,r para a Virgem, tendo ele se negado a construí-lo. E foi embora. Quando, porém, passava por uma ponte primitiva, seu cavalo deu um salto e ele caiu . O escultor só não rolou pelo precipício porque uma de suas esporas ficara presa numa elas cordas ela ponte. Ficou dependurado assim sobre o ab ismo, e não consegui a sa ir do apuro. Lembrou-se então da imagem da Virgem dos Oyacachis ... Prometeu a N ossa Senhora que, caso o livrasse do perigo, ele voltaria e faria o altar. Apesar de ser aquele um loca l isolado, logo surgiram várias pes oas que o alvaram . Em cumprimento da promessa, o esc ultor voltou e construiu o alta r.

Encantadora simplicidade, milagres portentosos

M otivo? Os in fe li zes índios eram dotados de temperamento muito vo lúvel. Se num momento iam bem, nada garanti a que no minuto seguinte não se comportassem mal. Assim , aquela tribo, tão favorecida por Nossa nhora, cm meio a uma festa com bcbcd ' ira, r caíra no paganismo ... Os silv f olas tomaram a cabeça de um urso d · idiram adorá- la. Retiraram as j óias la ima, '111 e oferecera m-nas a ssc r ti ·h •. Como cas t.i o, o Bispo 1" tirou- lh ·s a imag m e tra sladou-a a um povoado próx imo. Mas Nossa S ' nhora M ãe! Mesmo após o p cacto, Ela não se esqueceu dos pobres Oyacachis e continu ou a favorecê- los com milagres. Havia, no povoado de Yaruquí, um indígena que sofria de hiclropi sia. Gastara toda sua fortuna de vacas e ovelhas com feiticeiras, as quais não o tinham curado. Desiludido, o índio recorreu à imagem e prometeu- lhe abandonar as feitiçarias, caso fosse curado. Juntou o pouco dinheiro que lhe restava e mandou rezar uma Mi ssa. Permaneceu na igreja o dia inteiro e j á no outro dia estava curado. O mil agre foi testemunhado pelo Pe. Francisco Cáceres, sacerdote naquele povoado. Uma senhora d istinta, dev ido a c rta do nça, não podia falar há três anos. Rezou uma novena li an lc la im agem , ·olocou cm seus ombros um manto branco que aque la cos tumava usar, e logo fi cou curada, sem que nunca mais vo ltasse a so frer da doença.

Toda a tribo colaborou na construção ela capela. Uma índ ia, ele costumes muito puros, tinha por encargo levar comida para os que se achavam no bosque cortando madeira. Como seu pequeno campo estava pronto para a colheita, e ela não tinha a quem recorrer para ficar impedind o os pássaros ele comer tudo, na sua simplicidade, foi até a imagem. E a nativa pediu-lhe que cuidasse de ua plantação. fncrível misericórdia da Rainha dos Céus e da Terra: várias vezes, ao voltar, a indi azinh a encontrava a própria Virgem Santíss ima cuidan do do tri ga l, la mesma rorma que ela A via representada na imag 111! Um casa l ele fn tios foi ajudar a construção da capela, deixando seu filho junt a uma árvore enquanto trabalhavam. Toda a população se traslada Ao retorn ar, um urso devorava o indi ojunto com a imagem ... zi nho. Afu gentaram a fera, mas ... o pequeno tinha perdido um braço e morreAumentando o número de peregri ra. Os pais não duvidaram: levar am o nos, decidiu-se fazer novo templo para pequeno cadáver junto à imagem e sua milagrosa imagem, que se tornou a plicaram um mil agre. N ossa Senhora Padroeira do país. Como o único terrenão se fez rogar por muito tempo: de- . no di sponível ficava a certa distftncia do anterior Santuário, logo que a imagem vol veu a vida e o braço ao menino! Este estupendo milagre fez com que foi mudada de local, em 1630, o povo também trasladou -se, surgindo assim, a devoção se difundisse enormemente e sua fama chegasse muito longe. em torno da nova igreja, tornada Basílica nacional, uma nova cidade. Trasladação da imagem, Já em nosso sécu lo, em fevere iro ele multiplicação dos milagres l 909, houve um desastre ferroviário Após 30 anos, o então Bispo de Quiperto da cidade de Riobamba. Entre o lo, Frei Lu iz López de Solís, fez traslaferidos estava um sen hor co lombi ano, dar a imagem ao povoado de Quinche. que ao sa ltar do vagão em que viajava,

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teve o ca lca nh ar destroçado por uma das rodas. Apesar dos cuidados médicos, logo gangrenou a fer ida e lhe av isaram que seria preciso amputar o pé. O colombiano, contudo, resisti u. Então, uma senho ra sugeriu - lhe que fizesse uma pereg rin ação ao Santuário de Qu inche, pedindo um milagre a N ossa S nhora . Ora , não é agradáve l faze r uma via c m por ca minhos difíceis e lon 'OS , a ·ava l o e 0 111 ga ngrena no pé. IJ, naqu la po a, não hav ia outra alternativa . O devoto co lomb iano, contudo, não teve dúvida e partiu em peregrinação. Já ao iniciar a viagem sentiu alguma melhora. Chegando à cidade de Quito, desceu do trem, alugou cava los, um par de mul etas e partiu rumo ao Santuári o, a dois dias de marcha. Próximo ao templ o, decidiu, em homenagem a N ossa Senhora, fazer o último trecho a pé, avançando de muletas. Ao chega r ao Santuário não sentia mais dores ... Examinaram-lhe o pé, tiraram as ataduras... a gangrena havia desaparecido. E, em seu lugar, surgira nova carn atura e o ca lcanhar perdido no desastre. O feli z peregrin o deixou no Santuári o, como lembra nça, as mul etas, e deu de presente a N ssa cn hora um manto e uma túni ca de fio s de prata. Fa lta- nos espaço para relatar outros tantos e tantos milagres operados pela im agem, espec ialmente por ocas ião elas ep idem ias ele peste que asso laram Quito. Entretanto, os prodígios ac ima relatados serão suficientes para aq ueles que co nfi am na bondade e mi seri córdi a ela M ãe ele Deus. Esperamos ter contribuído ass im, ao menos um pouco, para fazê-La con hecer e amar. Para concluir, ape nas uma pergunta: se E la operou e opera tantos milagres, não será, caro leitor, que N ossa Senhora de Quinche está à espera ele sua oração para rea li za r mais um ? ♦

Representantes das TFPs européias em Fátima no dia 13 de maio. Da esquerda para a direita: Paul Folley (Reino Unido), Carlos E. Schaffer e Atílio Faoro (Alemanha), Marcelo Dufaur, Maria la/onde e Jacques Géliot (França)

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~J ~ J lf JtgQJ @J memorável beatificação _J

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Neste tão esperado dia os dois pastorinhos Jacinta e Francisco foram exaltados à glória dos altares, em cerimônia de beatificação realizada em Fátima com a assistência de 650 mil peregrinos

Nas datas solenes, as cerimônias li túrgicas são realizadas nos degraus ela Basílica, onde se encontra um altar-mor de grandes proporções , transformando ass im o Santuári o em uma espécie de igreja a céu aberto com capacidade para receber até 500 mil fiéi s. Os que não conseguem lugar na Esplanada, assistem a cerimôni a desde os jardins cio Santuári o.

Grande fervor Um momento de grande fervor ocorreu quando a imagem de Nossa Senhora de Fáti ma saiu ela capela das apari ções, conduzida em procissão pelos cadetes da Força Aérea Portuguesa, acompanhada por crianças que lembravam, por seus trajes típicos, Jacin ta e Francisco (foto aba ixo).

Atílio Faoro e Carlos Eduardo Schaffer Enviados especiais

Bibliografia:

FÁTIMA, Portugal - Desde as cinco

Pe. Carlos Sono, l li,,·1r11·ifl //1• la l111 llRl'II y dei santuário de i Q11i11 cll(' , Quito, 11)().1 , Pc. Rub n Yarg11 s ll g1111\·, S.J.; ll istoria dei 11/10 de Mflrifl 1·11 l/1( •111111111'1'/ rn, Tui leres G ráfi cos Ju r:,. M11dl'id , 111~ (1 , ' 1\111111 ti , I\ •. ,l11N1' .111l111M 111111 M 11 l11Vl' l ll' , Obras Co111 11l1 •tr,,1·, ( '111· 111 ·11 , 11/H 1

horas ela manhã, filas e filas de peregrinos esperava m pacientemente nas ruas de Fátima e na Esplanada da Basílica de Fátima, o so lene momento da beatificação dos dois viden tes da Cova da Iria, por João Paulo ll (foto aci ma) .

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Ao lado do altar, sob a cplunata sul da Basílica, estavam numerosas personalidades e autoridades po~tuguesas, além de membros do Co rpo Diplomático e convidados especiais. Entre os convidados, a Sra. M ari a Emília dos Santos, curada mil agrosamente por intercessão dos Beatos Francisco e Jacinta, milagre este que tornou possível a beatificação. Próxima ao trono pontifício encontrava-se a Irmã Lúcia, hoj e religiosa ca rmelita em Co imbra, que saiu da clausura com licença papal para ass istir a beatificação dos seus primos. Com 92 an s, é a úni ca sobrevivente das apari õ se testemunha da terceira part dos r do de Fátim a.

Bem-Aventurada Jacinta: ''Ó mãe, vi hoje Nossa Senhora na Cova da Iria!" Jacinta, com ape11os sete anos, lança essa .fi·ase inocentemente para sua mãe. A exclamação ecoo na aldeia e corre de boca em boca. Hoj e convergem para este local milhiJes de 11ere1vi110.1· dri mundo inteiro! Finda a prim •ira apari ·;1o d· Nos sa nhora, os vid ·111 's Lú ·in , Fran cisco e Ja ·inta, maru vi lhados • ubsorlos, vo ltam para ·asa sabor ·ando as maravilhas que hav ian contempl ado.

,~·rn 111elhor guardá- la.1· só para si.

Para que as ha via,n os outros de saber'! Ninguém acreditaria em nós pensa Lúcia, que propõe aos primos não dizer nada a ninguém. O contrato fica estabel ec ido ...

Rito canônico Rea li zou-se o rito canônico há séculos cm uso na Igreja para as beatificações. O Bispo de Leiria-Fátima, acompanhado dos postuladores da causa de beatificação, aprox ima-se do trono papal. O Bi spo toma a pal avra:

- Santo Padre, na qualidade de Bispo de Leiria-Fátima, peço humildemente a Vossa Santidade que se digne inscrever os veneráveis Servos de Deus Francisco Marto e Jacinta Marto no número dos Beatos. O Bi spo continua sua petição lendo uma curta biografia onde sali enta as virtudes dos videntes que, em

19 17, viram seis vezes a Santíssima Virgem que os exortava a rezar e a fa zer penitência pela remissão dos pecados, para obter a converscio dos pecadores e a paz para o mundo. - A colhendo - responde o Papa o desejo expresso pelo nosso irmão Sercifim, Bispo de Leiria-Fátima, por muitos outros irmãos no Episcopado e por tantos fiéis cristãos, depois de termos ouvido o parecer da Congregação da Causa dos Santos, com a Nossa Autoridade Apostólica concedemos que, de hoje em diante, os Veneráveis Servos de Deus Francisco Marto e Jacinta Marto sejam chamados Beatos e possa celebrar-se anualmente a sua.festa, nos lugares e segundo as normas de direito, 110 dia 20 de.fevereiro. Em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo. Nesse momento, duas g igantescas hand •iras do Vaticano e de Portugal, que l'sl:1va11 1hasl ·adas na fachada da Basíli -

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"Abso rvidos pela surpresa, permanecíamos pen.salivas ", conta Lú cia. Jacinta, de vez em quando, exclamava com entusiasmo: "Ai que Senhora tão bonita!" Lúcia diz a Jacinta: "Estou mesmo a ver, ainda vais

ca, são lentamente substituídas por duas fotos de Francisco e Jacin ta, tiradas na época das apari ções. A multidão de fi éis, qu e até aqui guardava um respeitoso sil êncio, apl aude entu siasmadame nte os dois novo s beatos. Em seguida, houve a celebração de uma Mi ssa solene.

O desejo de milhões de devotos Os sinos da B as íli ca anunciam as 12 horas - por uma co incidência curiosa, exatamente neste horári o, no dia 13 de maio de 19 17, ocorri a a primeira apari ção de N ossa Senhora. Estava con sumado o desejo de mi . lhões de devotos de N ossa Senhora de Fátima: a beatificação dos dois pastorinhos. Com isso, eles podem ser venerados em algumas igrejas autori zadas pela Santa Sé. A guarda-se, agora, a canoni zação, que só pode oco rrer depois de cinco anos da beatificação e que necessita de um novo milagre, reconhec ido pela Igrej a. Com a beatificação de Fran ·isco '

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dizer a olg11r!m!" - "Não digo, ncio! ,~·s l<'. jas de.1·rn11.rnda " - foi a resposta de Ju ·inta.

"Eu vi Nossa Senhora!" N aquele di a, os pais de Francisco e Jacinta tinham ido à feira de Batalha, cidade vizinha de Fátima. Regressaram à casa depoi s do sol posto. Mal a pequenina Jacinta os av istou de longe, correu para a mãe, abraçando-se a seu s j oelhos. E, não podendo conter em si tanta alegria, quebrou o contrato de não dizer nada a ninguém ...

"Ó mãe, vi hoj e Nossa Senhora na Cova da Iria!"

dito pelos familiares, chegou até os ouvidos de Lúcia que repreendeu a prima. "Eu lenho cá dentro uma coisa que não me deixava estar calada", responde Jacinta com lágrimas nos olhos.

De boca em boca, a notícia deu a volta na aldeia e hoje no mundo inteiro, poi s não há, em qualquer canto da Terra, quem não tenha ouvido falar de Fátima.

Bem-Aventurado Francisco: "Meu desejo é consolar a Nosso Senhor" Francisco Marro viveu apenas 10 anos e destacou-se no desej o de consolar a Nosso Senhor, de ser o "consolador de Deus " que so.fi·e pelos pecados dos homens. Trocou a aleg ria de criança pelo silêncio da meditação e da oração. - "Que estavas afazer aqui temlo tempo"? pergunta Lúcia a Francis-

depois converter os pecadores para que não O of endessem mais! "

co, que respondeu:

Suportou os grandes sofrimentos da doença que o levaria à morte sem nunca se lamentar, oferendo todos padec imentos para co nsol ar a Nosso Senhor Jesus Cri sto.

- " Eslava a pensar em Deus, que está tão frisl e por causa dos muilos pecados. Se eu O pudesse consolar! Queria consolar a Nosso Senhor e

A revelação, recebida com descré-

Jacinta, a Igreja dá um novo e relevante impul so à propagação das Aparições e da M ensagem de Fátim a, class ificadas muito bem pelo Prof. Plíni o Corrêa de O li veira como o "acon/ecimento capi-

lal do século XX".

Terceira parte do segredo de Fátima "O Papa confiou à Cong regação da Doutrina da Fé o enca rgo de /ornar pública a terceira parte do seg redo, depois de lhe ler preparado o adequado comentário ", afirmou o Cardeal Ângelo Sodano, Secretári o de Estado do Vaticano, no fin al da Mi ssa em Fátima. Essas palavras co lheram de surpresa os peregrin os presentes no Santuári o, que em silêncio ouviram a notícia. A respeito dessa comunicação e de sua repercussão na imprensa internacional , Catolicismo publicou cm sua edição de junho último arti o Terceira parle

do segredo 0111i111w atual a Mensagern d , Frí1i1110 '! R ' ·om ·ndarnos a nossos 1·ito1"s 1011 111r ·011h • ·i rncnto dessa 111:11 ·ria , 'II SO 11:lo o lrnh:1111 feito. ♦

Que é um beato?

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egundo a doutrin a da Igreja, é a pessoa a quem se reco nheceu a prática de virtudes heróicas durante a vida, tendo-se evidenciado como um verdadeiro exemplo de Fé e sa ntidade. Chamar-se-á mártir se morreu assassin ado po r defender a Religi ão . Se a morte não envolveu viol ência, a Igreja denomina confessor da Fé, tal como serão evocados, a partir de ago ra, os Bea tos Francisco e Jac inta M arto, que fa leceram, respectiv ame nte , com 1 O e 9 anos . O processo de beatificação de Francisco e J ac inta durou 50 anos, tendo sido aberto em 1 946 e oficialm ente instalado na Dioc ese de Leiria em 1952.

Até há pouco a Santa Sé não aceitav a processos de ca nonização de crianças , com exceção de casos de martírio. Esse critério foi alterado em 1 981 pela Congregação da Causa dos Santos, abrindo, portanto, a possibilidade de cri-a nças não mártires ascenderem à honra dos altares. Assim, os pastorinhos da Cova da Iri a são as primeiras criancas na Históri a da Igreja dec laradas beatos sem terem passado pelo martírio . Segundo o Padre Luís Kondor, vicepostulador para a beatificação dos pastorinhos, essa era a maior dificuldad e para o andamento do processo . Agora - anun cia o sacerdote - seguir-se-á o processo de ca noni zação.


P~lavra' do d Saceri ote

O que é pecado? Qual a diferença entre errar e pecar? Nesse sentido, gostaria também de saber o que são as indulgências? Basta uma pessoa passar pela porta de uma Igreja selecionada pelo Vaticano para que seus pecados sejam perdoados'!

Resposta Ao perguntar a d ife re nça entre erra r e peca r, a consul ente se situa no pl ano da condu ta mora l, po is é claro que e la não deseja saber as co nseq üênc ias práticas pe lo fa to de, po r exempl o, ter e rrado as q ucstõc · nu ma prova , ter esco lhid o ma l uma pro fi ssão ou ter fe ito ~1111 mau negócio . Se be m q ue o e rra r as q uestões num a prova possa deco rrer de nossa insufic iênc ia in telectua l (e ni sto não entra ri a pecado), pode ta mbém ser conseqüência de uma neg li gênc ia nos estudos, e aq ui j á e ntrari a um a fa lta moral , um pecado. Também o ter escolhido mal uma profissão pode ser fruto de neg ligênc ia e m co ns ul ta r os pais ou pessoas qu alificadas que poderiam nos ter ori entado melhor e ev itado o nosso ·rro. Idem quanto a um mau n ·gó ·io. Nestes dois últ i 111 os ·x ·mplos, a pessoa pod · t ·r p · ·mio ·ontra a vir10

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tude da prudê ncia, q ue nos recomenda to ma r as medidas adeq uadas e ao nosso alca nce para obter um determinado fim . Nem todo erro, portanto, i mp li ca e m peca d o, m as pode-se di zer que todo pecado é um erro, pois nos afasta de Deus e de nosso últim o fim , q ue é dar g lóri a ao ri ador e sa lva r a nossa alm a. E este é o s upre m e rro q ue podemos cometer. Mas 6 prec iso dis tinguir entre o pecado leve e o morta l. Somente este último rompe nossa ami zade com Deus e nos torn a merecedores do casti go eterno. Para co meter um pecado mortal é prec iso que a matéria seja, de si, grave, e ter agido scienter ac volenter, isto é, com pleno conhec imento de que estávamos vi o lando a Lei de Deus e com plena de1ibe ração da vo ntade. Se a matéri a é leve, ou se desconhec ía mos qu e ta l ato e ra contrári o à Lei de Deus, ou se não ho u ve um pe rfe ito consentimento el a vo ntade, o p caclo 6 ve nia l não nos ex lui ela amiza lc ele Deu ·. A nos ind ica r o que 6 certo e o q ue 6 errado c m matéri a mora l, te mos de ntro de nós a consc iê nc ia mora l, q ue nos ac usa sempre q ue procedemos mal. Devemos cuidar, porém, de confro ntá- la co m o ensinamento da Santa Igreja Cató li ca, po is pode aco ntece r qu e te nh a m os um a co nsc iê nc ia deformada po r fa lh as da educação que recebe mos, pe lo a mbi e nte e m qu e vive mos, e so bre tudo pe la herança de nossos pecados passados, que d isto rcem a nossa co nsc iê nc ia e to ldam a nossa vi são moral. Essa é uma das graves conseqüênc ias do pecado, mesmo ve ni a l.

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Somente Deus pode perdoar os pecados

a prova que Jesus dava aos escribas e fari seus de que Ele era Deus, e, po rtanto, podia pe rdoo mctido, poar os pecados. r6m, o p cado, soEsse poder di bretudo o mortal, vino de perdoar os põc-s im ed iataCônego peca dos , Jes us mc nt a q u s tão J OSÉ LUIZ VILLAC Cristo o conferiu à d perdão . · aq ui Igreja, mais precisamente aos nós nos o lo a mos d ire taBisp .e sacerdotes, que no Same nte d iante la Ju sti ça e da cra mento da Confissão perdoMi se ricórd ia de D us: soam os pecados em nome e pemente Deus pode perdoar los méritos de Jesus C ri sto. os nossos pecados. Pois soPara recebermos o perdão, demente ao ofendido cabe o di vemos estar arrependidos dos re ito e o poder de perdoar. pecados, confessá-los ao sacerÉ bem conhecida a passadote, termos o firme propósito gem evangélica em que apresentara m a Jesus C ri sto um paralítico: " Vendo Jesus a fé que eles tinham, disse ao paralítico: Filho, tem confiança; teus pecados te são perdoados. E logo alguns dos escribas disseram dentm de si: Este blasfema [porque só De us pode perdoar os pecados, e eles não queriam reconhecer que Jesus era Deusl E tendo Jesus conh ecido seus pensarnenlos, disse: Por que pen.l'Cli.1' rnal em vos.l'O.I' coraçries ? Que coisa é 11w is./â ·il dizer: Teus pecados /e são perdoados, ou dizer: Levem/a-te e anda? Pois para que saibais que o Filho do homem [Jesus é ao mesmo tempo Deus e homem l tem poder sobre a terra de perdoar os pecados: Levanta-te - disse então ao paralílico - toma o leu leito e vai para a tua casa. E ele levantou-se efoi para a sua casa. E, vendo isto, as multidões temeram e glorificaram a Deus, que deu tal poder aos homens" (Mt 9,2-8). A c ura milagrosa do paralítico - totalmente ac ima da capac idade humana - era

Ao alto: Basílica do Santíssimo Salvador de Latrão. Ao lado: Basílica de Sa11t,1 M aria Maior, cm Ro111,1

de não mais cometê-los e aceitarmos a penitência imposta pelo confessor. Aqui entra a questão das indul gênc ias e da Porta Santa, sobre as quais inc ide o in teresse da consulente.

Indulgências: remissão da pena temporal devida pelos pecados No pecado, é preciso di stinguir duas conseqüências: a culpa e a pena. O sacram ento da Confi ssão I ivra o homem da culpa do pecado (isto é, restabe lece nossa ami zade com De us), bem como can-

cela a pena eterna (conde nação ao il1ferno) merec ida pelo pecado mortal. Mas como o pecado, sej a e le ve ni a l ou morta l, rompeu a ordem moral , esta prec isa ser restabelec id a medi ante uma p ena temporal aplicada ao infrator. Uma parte desta pena é sa ldada pe la penitência imposta pelo sacerdote ao fim da Confi ssão (e m geral alguma oração ou boa obra que ele nos manda faze r). Mas o "saldo" deve ser pago por nós medi ante sacrifícios vo luntári os ou ace itando pac ienteme nte os sofrim e ntos qu e Deus nos manda ao longo da vida, ou então no Purgatório depois desta vida. Como, apesar de tudo, o nosso "sa ldo" pode continuar negativo, e habitualmente o é nesta vida - nunca temos certeza a respeito disso - convém recorrermos às indulgências. Para compreender o que são as indul gênc ias, é prec iso ter presente o conceito de Tesouro espiritual da Igrej a. Este é constituído pelos méritos infinitos de Nosso Senhor Jesus C ri sto, aos quais se somam os méritos superabundantes de Mari a Santíss ima e os dos demais Santos, e mesmo das almas fi é is deste mundo, que adquire m méri tos com suas boas obras . Este conjunto de méritos constitui um Patrimô ni o espiritual insond áve l, que Jes us C ri sto co loc a nas mãos da Ig rej a para que o di stribu a em benefíc io dos pecadores, a pagando com ele a pena temporal a ser c umprida na Terra o u no Purgatóri o devida pelos nossos pecados . É a isso que se chama indulgência. A indul gê nc ia, po r s ua vez, pode ser plená ria (total) o u parcia l. A ind ulgênc ia plenária apaga de um a vez

todas as penas temporai s devidas pe los nossos pecados. A indulgên cia parc ia l a umenta o valor de determinada ação meritóri a que praticamos: por exe mpl o, se rezamos uma Ave-M ari a, isso tem um certo mérito; esse mérito é multiplicado se essa AveM aria for rezada conforme as condições estabe lec idas pela Igrej a para lucrar uma determinada indulgênc ia parcial. A Igreja, portanto, usando da faculdade que lhe fo i confe rida por Nosso Senho r Jesus C ri sto, estipula as ações q ue devem ser cumpridas para ganharmos uma indul gênc ia parc ial ou plenária. O Terço, por exemplo, rezado em famíli a ou di ante do Santíss im o Sa c ra me nto ( mes mo não estando ex posto), é fa vorec ido co m uma indul gênc ia plenária ( um a vez ao dia); em o utras situações, a indul gênc ia é ape nas parc ia l.

Anos Jubilares: indulgências consideravelmente ampliadas Durante os Anos San/os ou Anos Jubilares, essas condições para ganhar indulgências são consideravelmente ampliadas, como é o caso do corrente Ano 2000, dec larado tal pela Bula lncarnationis Mysterium de S.S. João Paulo li, e m 29 de novembro de 1998. Ass im , aque les que fi zerem uma pereg rinação a Roma e vi sitare m, em g rupo ou individu a lme nte, uma da s c ha madas Basílicas Patriarq 1is (São Pedro do Vaticano, Santíss imo Salvador de L atrão, Santa Mari a M aior, São Pa ul o d a Vi a O s ti e nse o u fo ra dos muros) e lá permanece re m a lg um te m po e m adoração eucarística ou devotas re fl exões, concluindoa s co m um Pai- Nosso, um

C redo e a invocação da Bemave ntu rad a Virge m Mari a, lucrarão um a indul gê nc ia ple nári a toda vez que o fi zere m, mas a pe nas um a vez por di a. Co m o, o bvi a me nte , a grande mai ori a dos cató licos não poderá ir a Roma, o Papa fac ultou aos Bispos do mundo inte iro que des ig nem as [grejas que os fi é is deverão vi sitar e m suas respectivas di o ceses p a ra lu cra re m a mes ma indul gência. Co nvé m esc larecer que, para ganhar a indulgência plehária, é preciso: 1 - estar em estado de graça (ter recebido o perdão de seus pecados mortais pela Confissão ou por um ato de contrição perfe ita) e expulsar de sua alma todo afeto ao pecado, mesmo venial. É preciso também: 2 - confessar-se (uma Confissão basta para vári as indul gências); 3 comungar ; 4 - rezar pelas intenções do Soberano Pontífice (ao menos um Pai-Nosso e uma Ave-Mari a). To d as as indul gê nc ias podem ser aplicadas em sufrág io das almas do Purgatório, bastando para isto fo rmular a intenção pela alma que queremos favorecer, ou, segundo pi edoso costume, pelas almas em geral , principalmente as mai s abandonadas e esquecidas por seus parentes e ami gos. E a Porta Santa? Ela só se abre, na Basílica de São Pedro (ou numa das outras Basílicas Patriarcais), durante os Anos Jubilares (cada 25 ou 5 anos), costume introduzido a paitirdo Jubileu do ano 1423 (na Basílica de Latrão). Passar por ela significa a passagem do pecado à graça e confessai· que Jesus Cri sto é o acesso e caminho único e absoluto para a sa lvação (cfr. lncarnationis ♦ Mysterium, n.8).

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União Européia Xtradição francesa

A Sem-terra capitalistas e... CPT socialista Levantamento realizado pelo Serviço de Inteligênci a do Governo federal nos acampamentos do MST rev ela um perfil surpreendente dos sem-terra: 75 % dos acampados defendem a propriedad e privad a. Segundo declaração do líd er do MST no Pontal do Paranap anema, José Rainha Jr., a maioria dos assentados do MST é capitalista, confirm ando assim a pesquisa . Na contramão dos asse ntados capitalistas co loca-se a Comissão Pastoral da Terra (CPT) - órgão da CNBB - , defendendo a desapropriação até de propriedades rurais produtivas p ara fins de Reforma Agrári a, além de pretender limit ar todas as propriedades do País ao máximo de 35 módulos rurais . De aco rdo com ta l projeto de car t r nitidam nt soei li sta, id ali zado por Comi o, r s c im a d r f rida m d id dev ri m er utomaticam nte entregues ao Governo, que as repassariam aos sem -terra. Ind enizações ... só para os lat ifúndios produtivos . Os proprietários de terras improdutivas não receber ão nad a pela perda do imóvel. Confisco puro e simples. O projeto confiscatório deverá ser apresentado ao Congresso Nacional na forma de emenda constitucional de iniciativa popular, organizada pela CNBB, MST e mais 31 entidades lig adas à questão agrária. Caso vingasse essa absurda proposta, em breve a CPT teria conseguido a favelização total do campo em nosso País ... a serviço de seus objetivos socializantes, contrários à doutrina tradicional da Igreja em matéria social. ♦

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s tradi cionais e pitorescas fe iras ao ar livre francesas estão prestes a receber um golpe fata l, dev ido às diretrizes cerebrin as elaboradas em Bruxelas sob re a hi giene. Das praças de mercado da Provença até as docas da Bretanha, admini stradores de povoados, fazendeiros e pequenos comerciantes estão em pé de guerra, por causa da determinação que receberam de cumprir, num prazo de 15 dias, norm as de uma ri gidez descabida. Segundo estas , em todos os pontos de venda deverá haver re-

fri geração, eletricidade, suprimento de água e lavatóri os. De acord o com os habitu és dessas feiras e de defensores do estil o de ser francês, as imposições da União Européia privarão os pelilsfermiers (pequenos proprietários) de seu ganha-pão, além de eliminar um aspecto enca ntad or das tradições francesas.

"A beleza de nossos mercados e f eiras aoar li vre eslá no modo agradável conw os lipos de mercadorias es/ão dispos/os lado a lado. Com essa lei, o charme desaparecerá", observa o fe irante Damien Bolieau.

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11 Normas estúpidas e dirigistas, aplicáveis a países tão diferentes entre si, como o são os membros da Uni ão Européia, elaboradas em gabinetes por técn icos obtusos, descolados das realidades e dos costumes locai s, vão fazendo ta bula rasa de tradições seculares da E uropa, nasc idas prin c ipal mente sob o influxo benéfico da Santa I greja. Tradições que constituem verd adeiras pérolas da Civilização Cri stã ocidental! ♦

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Uma feira francesa ao ar livre: aplicadas as normas de Bruxelas, desaparecerá seu c harme

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"Um abismo atrai outro abismo"

Tirania cubana endurece

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idel Castro negou-se a entrar no clube dos países ACP (África, Caribe e Pacífico) alega ndo que a Europa queria impor a Cuba "exigências inaceitáveis". Além disso, decretou a suspensão temporária dos investimentos estrange iros e demonstrou fa lta de disposição em introdu zir peq uenas mudanças po líticas para adaptar a rea lidade cubana a cláusul as que favorecem a democracia e os chamados direitos humanos na ilha-pri sã . omcnta-sc cm uba qu oca. o lián serv iu para um rearm amento ♦ idco ló i o dor gimc, o que prov cou certo 1rii11~/alismo.

Mulheres no exército dos Estados Unidos: desvirtuamento e gravidez ara a escritora e j ornali sta norte-americana Stephanie Gutann, espec iali zada em ass untos militares, quartel não é lu gar para mulheres. Em seu recente liv ro - The Kinde,; gentler military (O mais suave e amável militar) ela faz uma ardorosa defesa da cultu ra guerreira e declara que guerra é co isa para homens! Quando o exérc ito norte-ameri cano aceitou introduzir mulheres nas suas fileiras, ao invés de elas se masculini zarem, o que ocorreu fo i o amolec imento dos sold ados! P:ira não deixá- las em situaçiio d 's f:ivo

rável, eles precisam abrandar, ser mais genti s e menos enérgicos nos treinamento s. Resultado: os so ldados es tão ficando cada vez menos aguerridos. Outro problema grave que Gutmann aponta é a chamada

confi'aternização exagerada , ou seja, o rel ac i oname nto imoral. Com uma tropa constituída por homens e mulheres j ovens não é de s estranhar que o ·on lin , •ntc de gráv idas s • r:1 ~·11 notar rapi -

clam ·nt ' ... Pul'll Sl' ln uma id éia di sso , hust:1 1l-111hrnr qu e,

·1Holanda

já liberou o aborto e as drogas . A prosti tuição é ali considerada um meio de vida como outro qualquer. No próximo mês uma lei vai perm itir a eutanásia até para crianças com mais de 1 2 anos, mesmo contra a vontade dos pais ... Para comentar essa , série de abom inações, cabe lem brar a frase bíblica: "Um abismo atrai outro abismo " (Ps 41, 8). ♦

durante a campanha da B ósni a, entre dezembro de 1995 e julho de 1996, a cada três dias uma recruta americana era tran sferid a para uma base na Alemanha por ter engrav idado ! A mi stu ra indiscrimin ada de homens e mulheres nas Forças Armadas norteameri ca nas constitui um a afronta à Lei natural e ao mais elementar bom cnso. E só pode incrementar vi gorosamente a Revolução ultural , qu e vem demolindo os próprios fund amentos sadi os do tecido soc ial! ♦

Crueldade diabólica? Uma criança foi seqüestrada e assass inada por traficantes de drogas, que lhe abriram o corpo e encheram- no de codeína (droga derivada da morfin a), numa fru strad a tentativa de introdu zir esse narcóti co no Golfo Pérsico, informou a polícia de Sha,jah, nos Emirados Árabes Unidos. D e acordo com o chefe do esquadrão antidrogas do Emirado de Sharjah - Abdul Rahman Naser AI-Fardan - a mulher que carregava a menina nos braços foi detida ao desembarcar num aeroporto não revelado ela região. Num depoimento divulgado pelo j orn al "Golf News", AI -Fardan ressa ltou que um policial do aeroporto foi brinca r com a menina, e então percebeu que ela estava morta! C rim e tão monstru oso como esse não só refl ete o grau d maldade e perversão dos que o praticaram, mas tem qualquer coisa de di abó lico. E, ante a repetição de fatos desse gênero, é lícito perguntar se não haverá muitas almas, na soc iedade moderna e paganizada de hoje, sujeitas a algum grau de possessão diabólica. ♦

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BREVES RELIGIOSAS Em Nápoles, renovação secular de milagre Nos primeiros dias de maio, numerosos grupos de fiéis reuniram-se na Catedral de Nápoles, juntamente com diversas autoridades eclesiásticas e civis, para presenciar o milagre da liquefação do sangue de San Genaro, que ocorre todo ano, desde o século XIV. Nesta ocasião, o prodígio ocorreu com maior rapidez que em outras épocas: antes que o vaso contendo o sangue fosse retirado da urna, a liquefação já se produziu, para grande entusiasmo dos milhares de devotos do santo. _i

Sacerdote antiabortista expulso da Cuba castrista Informa a agência de notícias Zenit que o sacerdote Miguel Jordá, em recentes declarações à imprensa revelou : "Fui expulso do país, entre outras razões, por defender a vida antes do nascimento". Explicou que difundiu impressos em sua paróquia, nos quais denunciava que, em Cuba, numa população de 12 milhões de habitantes, se contabilizam 130 mil abortos por ano . Essa foi a chispa que desencadeou a sua expulsão... _i

Devoção mariana no Vietnã do Sul Na diocese de Saigon, no Vietnã do Sul, há um "Centro Fátima" em Binh Trieu, sempre lotado com a presença de fiéis e devotos. Entre maio e outubro, no dia 13 de cada mês, quando se comemoram as aparições da Virgem, chegam fiéis de Nha Trang, Phan Thiet, Phu Cuong e My Tho, para as orações . _i

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AS principais vítimas Os filhos são as vítimas mais prejudicadas pelo divórcio. Além de

crescerem desamparados, pagam caro por uma decisão irrefletida dos pais, por um simples capricho ou por um interesse individual dos seus gonzos naturais, entra a so fre r. Alte ra-se pro fundam ente o jogo ps ico lóg ico de idé ias e sentime ntos indispensáveis à sua ex istê nc ia e à evo lução norma l de seus e le mentos. Já não é um organi smo adaptado à sua fun ção. Daí desordens, insufic iê ncias, dores, - sinto mas de um ma l pro fund o - que do mai s humilde indivíduo estende a todo o corpo socia l as suas conseqüê nc ias fun estas.

etomamos nesta edição o ate n dim e nto aos le ito res que pedi am arg ume ntos sólidos para fundame ntar a instituição familiar, para sabere m defe nde r as famílias ameaçadas de se desfa zere m, corroídas como estão po r mitos mode rnos como este: "o casamento indissolúvel é urna tristeza, uma prisão". O contrári o do que e nsina a Santa Lg reja: de ntro elas dific uldades inere ntes a todo convívio humano, a indi ssolubilidade conjugal propo rc io na a verdade ira a legri a e fe lic idade, tanto aos pai s quanto aos filh os. Tendo isso e m vi sta, transcreveremos novos trechos selecio nados do livro O Di vórcio', de autori a do sacerdote jesuíta Padre Leone l Franca S. J. ( 1893-1 948), conhecido apo logista e pedagogo .

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Estabilidade do lar: indispensável para a formação dos filhos

O egoísmo subverte a ordem natural " Não está nos pa is, senão nos filh os, o porquê da socied ade conjuga l. N a sua própri a natureza traz o matrimô ni o a le i primordial ele sua constitui ção. S ua razão ele ser é a pro le; sua constitui ção fund a me nta l será a indi sso lubilidade que, só, re úne as co ndições ex ig idas pe la c ri ação e desenvo lvime nto no rmal elas ge rações futuras. "Com o divó rcio inve rte-se esta hierarquia de fin s naturai s. Já não é a prole que dita a le i da famíli a; é a pe rversão essenc ia l. Uma legislação arbitrária dos ho me ns, vis ive lme nte inspi rada pe lo egoísmo das pa ixões, te nta substituir-se à o rde m natural das relações que a razão serena reconhece e impõe à consciê nc ia com a invio labi lidade de um deve r. "Ora, não se pe rturba a harmonia rac iona l elas coisas sem provocar a crise ele grandes catástrofes. A famíli a, violentame nte desconjuntada pelo divórc io 14

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"A prol e é a prime ira vítima cio divó rcio , a mai s di g na ele lás tima po rqu e a ma is inocente . E ntre o filh o e o divó rc io há um a ntago ni s mo íntim o, constante, irreconc i Iiá ve l. E nada demo nstra tanto o caráte r antinatural desta instituição quanto esta incompatibilidade abso lu ta co m a razão de ser primo rdi a l d a fa míli a. "O prime iro e fe ito do divórc io é e limin ar a prole. Su a te ndê nc ia negativi sta manifes ta-se logo e m impedir que venha m à ex istê nc ia os frutos naturai s do matrimô ni o. "É uma conseqüê nc ia imane nte ao dinami smo psicológico criado pe la me ntalidade divorc ista. A c ri ança, por sua natureza, pede uma casa com futuro garantido. Se à solidez dos lares de fini tivos se substitui a mobilidade te mporária el as te ndas, tudo o que é estáve l e durado uro passa a ser um móvel deslocado, um traste inútil , uma travanca a e mpecer a li be rdade cios mov imentos. Que m,U'iclo que rerá ser pa i, se ama nhã a esposa que lhe d via ser a companhe ira insubstiluívcl na educação cios filh os, pode clcscr1 ar a casa cm busca ele

no vas ave nturas do coração? Que esposa, sobretudo, se dec idirá a submeter os ombros aos deveres da mate rnidade, se amanhã o pai de seus filh os a pode desamparar, sem apo io e sem recursos, com quatro ou c inco serezinhos frágeis nos braços, le mbranças ingratas de um amor fa lido, obstáculos pe nosos a tentativas ele uma nova reconstituição da vida? Não; num lar que o divó rcio pode ro mper não há lugar para a criança 2 .

"Espada de Dâmocles" ameaça a família "A prole que, na orde m natura l, era o fim do matrimônio, no regime divorci sta é sempre um risco, ama nhã ta lvez um obstáculo, mais tarde um remorso. E esta menta lidade hostil ao be rço, genera lizase es pontaneame nte onde quer que o divó rc io te nha obtido uma sanção lega l. Quando num pa ís [o Brasil , po r exe mplo], os la res que se des pedaçam cada ano, se conta m por dezenas e dezenas de milhares, como não quere is que diante ele uma nova família não se apresente, como possíve l, a eventualidade do lorosa de uma ruptura? Como não te me r da fragilidade de um vínculo que a prime ira inconstânc ia huma na, a veemê nci a da prime ira pa ixão ou as clificulclacles das prime iras divergênc ias pode rão partir ama nhã? E di ante desta probabilidade, não será previdê nc ia espontânea, atravessar a vida escote iro [só], para fac ilita r a salvação no prime iro naufrágio? (Grifos nossos) "Como uma es pada de Dâ mocles, a probabilidade ele uma dispersão ameaça tod a a sociedade domésti ca na sua exi stênc ia e no exercício da prime ira e ma is essenc ia l de suas fun ções. E este e fe ito desastroso [é bo m que o note desde já o le ito r], não o produ z só o divórc io nas fam íli as que ati nge na realidade, desarti cul ando-as; este nde-se a toda a in stituição que fe re ele mo rte, torn andoª incapaz de preenche r a sua supre ma ra zão ele ser. A esterilidade não resulta cio divó rcio e m ato, mas da sua simples possibilidade. (Grifos nossos) "E a nação inte ira começa a sofrer; arruina-se o presente e compromete-se o futuro. É uma como necessidade psicológ ica . Na f amília nova, escreve E. Lam/, nâi!fragos da f amília destruída, objeto de discórdia entre o esposo a que pertencem

e o outro a que são estranhos, intrusos para os nascidos do segundo malrimônio, os filhos do prim.eitv seriam para lodos um embaraço e uma repreensão. O remédio será a esterilidade dos casamentos. Quanto maisjâcil se volve o divórcio, tanto mais lógica se torna esta esterilidade ....

Prole - garantia da estabilidade do lar "Escrito na legislação ele um país, o divó rcio é o seu gênio mau . Inimigo da sua vida, esterili zador da raça, fa utor da sua decadência irremedi ável. .. .. a pro le, [pe lo contrário], que nas exigências da sua evo lução normal, impõe aos progenitores a indi ssolubilidade da vida comum, com a sua simples presença, é um dos c imentos mais fortes da união conjugal. " O filh o é a expressão viva do amo r cios pa is. No te mperame nto, nas qu a li dades, nos traços ela fi s io no mia que se vão definind o com os anos, traz e le, inde léve l, a impressão d as du as vicias que se fundiram na sua. Cada nova fl o rzinh a que desabroc ha no la r c omo que rejuvenesce com a sua frescura os e ncantos do prime iro a mo r. E, com os a nos, inte ns ificam-se os sentimentos de s impatia; apura-se o senso d a respon sabilid ade nos encargos comuns da edu cação; a fa mília tod a conso lida-se numa estabilid ade definitiva . Os filh os, na tura lme nte, são os mais seguros de fe nsores d a indisso lubilidade conjugal. Casal sem

filhos, e m pa ís divo rc ista, é vítima prová vel da grande te ntação ele recomeçar o rom ance ele novos a mo res.

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"Já o leito r terá chegado à co nclusão es po ntânea destas cons ide rações. O divórc io, por uma sua própri a natureza, tende a multiplicar os lares sem filhos. Lares sem filh os, po r sua pró pria natureza, são mai s fac ilmente divo rc iáve is. Por sua pró pri a natureza, po is, o divórcio é um dissolve nte progressivo da famíli a. É o prime iro dos seus círc ul os vic iosos. Não é o único, in fe li zme nte" . ♦

Notas: L Pad re Leo ne l Franca S. J. , O Divó rcio , Ri o de Jane iro, Empresa Editora A.B. C. Lida , 1936, pp. 33 a 37. 2. Em abono desta a firmação cio Pc. Leonel Franca, vemos hoje c m dia a pro liferação do uso de anti concepc io na is e até do abo rto como me ios a nti - na tur a is el e l imit a r a p ro le indesejada . Em algun s pa íses da Europa já se fa la em importar o maior núme ro possíve l de imi g rantes, prove ni e ntes de o utras pl agas, outras raç a. , outros costumes, outras re li g iões pa ra preenc he r o vazio ele uma po pul ação qu e vai decrescendo por fa lta de filh os e te nde a desaparecer. Soa isso como ma ldi ção! 3. E. Lamy, na introd ução ao opúsculo de M. G. Noblcma irc, Le complot colllre lafa111ille, p. 8.

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Santos ·,e festas

de JU r oIO 1

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IMACULADO CORAÇÃO DE MARIA.

Santo Antônio Maria lacearia, Confessor.

Por dec reto da Congregação do Cu lto Divino, ele 1° de janeiro ele 1996, aprovado por João Paulo 11 , a ce le bração des ta festa foi introduzida no Ca lend ário Romano Universa l como Memória obrigatória. Na reforma cio Calendário Romano, executada no pontificado ele Pau lo V1, a comemoração cio Im acu lado Coração ele Maria desceu para a categoria ele Memória facultativa, a celebrar-se no sábado seguinte à solenidade cio Coração ele Jesus. Com freqüência suced ia que a festa não era ce lebrada, pe la ocorrência ele outra com Memória obrigatória . Pe lo atua l dec reto, a co me mora ção do 1macu lado Coração de Mari a sobe novamente para a categori a de Memória obrigatória em todo o orbe cató li co . Primeiro sábado cio mês

+ Milão, 1539. Fundador ela congregação cios léri gos Regulares ele São Pau lo, Barnabitas, ded icou-se à restauração religiosa ela Itá lia antes cio Concíl io ele Trento.

2 São João Francisco Régis, Confessor. (Vide seção Vidas de Santos, p. 37)

6 Santa Maria Goretti, Virgem e Mártir. + Ferriere cli Conca (Itáli a), 1902. Esta menina ele 12 anos incompletos preferiu morrer, ele modo cruel, a perder sua pureza virgi nal. Exemplo flagrante para tantas adolescentes cio mundo moderno influenciadas por costumes corruptos.

7 S. Guilhcbaldo, Confessor. + Alemanha 790.

ilho de São Rícarclo, rei cios Saxões oci lentais. Monge cm Montecassi no, foi, por sua serenidade e doçura, refl exos ela santidade ele sua alma, escolhido por São Bon ifácio como auxiliar na evangel ização da Alemanha, onde mo rreu. Primeira sexta-feira do mês

3

8 Santo Eugênio, Confessor.

Índia, séc. 1. Segundo a Tradição, pregou o Evangelho na Armênia, na Média, na Pérsia e na Índia, onde foi martirizado.

+ Cartago, 505. Dirigiu sua dio-

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cese com destemor durante o domínio cios hereges vândalos, sendo por eles condenado à morte. Exi lado na França, morreu num convento por ele fundado.

Santa Isabel de Portugal, Viúva.

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, li I O l 1

M

São Guilhebaldo

atarin a. Fundou a primeira conregação religiosa feminina brasi leí ra , ela s Irmãzinhas da l111aculada Conceição.

São Camilo de Lellis, Confessor.

10 Santa Felicidade e seus Sete Filhos, Mártires. + Roma, séc. li . Felicidade, ma-

São Tomé, Apóstolo, Mártir.

+ •strcmoz, 1336. Espanhola ele orig m, Rainha de Portugal, distinguíu-s' pela ilimitada caridade purn t'Olll os n ·ccssitaclos. Várias v1·1, ·~ oht ·v · a paz entre Príncip ·s "' ist os liti giosos.

São Tiago Maior

Beata Paulina do Coração de Jesus Agonizante, Virgem. + São Paulo, 1942. Oriunda ela Itá-

lia, aos 10 anos emigrou com a famíl ia para o Estado de Santa ' Julho dB 2000

trona romana, imolada com os filhos por ódio à fé sob Marco Aurélio, quis ser a última a morrer para os animar à perseverança durante o martírio. Exemplo ele mãe cristã que prefere ver morrer seus filhos a vê- los perderem a fé.

11 São Bento Abade, Confessor. + Montecassino (Itália), 547. Pa-

triarca d s monges cio Ocidente, Patr no ela Eur pa. Seus monges reconstruíram, por meio cio ristiani smo, aq uele continente arrasado pelos bárbaros.

12 São João Gualberto, Confessor. + Itá li a, 1073. Nobre, seguiu a carreira militar. Numa Sexta-Feira Santa perdoou o assassino ele seu irmão em honra cio mistério cio dia, recebendo ele Deus, em recompensa, a vocação religiosa.

14 + Roma, 1614. Tocado pela gra-

ça, entregou-se ao serviço cios enfermos nos hospitais, espec ialmente cios pestíferos, fundando para isso a Ordem cios Mini stros dos Enfermos.

+ Alemanha, 1024 e 1033. Santo Henrique era Duque ela Bav iera, quando recebeu cio Papa a coroa cio Sacro Império por seu zelo pela propagação ela fé e por sua vicia profundamente religiosa. Guardou a virgindade com sua esposa, Santa Cu neguncles, a qual, após a morte cio marido, ingressou num mosteiro por ela fun lado.

São Tomé, Apóstolo

baros e increpou a Imperatriz, segunda mulher ele Luís o Bonachão, por seus adu ltérios e maquinações políticas. Esta mandou assassinar o Santo.

ressurreição. Antiga tradição di z que morreu no sul ela França.

19 Santa Áurea, Virgem e Mártir. + Córdoba, 856. Religiosa havia

15 São Boaventura, Bispo, Confessor e Doutor da Igreja. + Lyon (Fra nça), 1274. Discípulo ele São Francisco ele Assis, di stinguiu-se por sua sabedoria e piedade. Seus escritos, cheios ele unção sobrenatural , lhe valeram o título ele Doutor Serájico. Davase muito com o Rei cristianíssimo, ão Luís IX ele França.

16 NOSSA SENHORA DO CARMO. Festa prescrita a toda a Igreja em 1726 por Bento XII , tem por fim agradecer a Nossa Senhora as extraordinárias graças que concedeu à Ordem do Carmo e a todos os que, usando o escapul ário, se confessam seus di gnos servos.

17 Beato Inácio de Azevedo e Companheiros, Mártires.

13 Santo Henrique li e Santa Cunegundes.

Santo Henrique li

1570. Estes 40 Márlires do Brasil, a cam inho ele nossa Pátria, que vinham evangeliza r, foram vítimas ele piratas heréticos protestantes. Em um êx tase, Santa Teresa os viu entrando no Céu. +

18 São Frederico, Bispo e Mártir. ➔

l lolandu, 838. Dcf'cncleu os cl ir" itos d11 1•reja, evangelizou bár-

mai s ele 30 anos, assustou-se no tribunal muçulmano com os instrumentos de tortura, renegando a fé. Mas no dia seguinte reapresentou-se ao tribunal afirmando ser mais cristã cio que nunca. Foi decapitada e lan çada no rio Guadalquivir.

20 Santo Elias, Profeta. Séc. IX A.C. Dos mais extraordinários personagens cio Antigo Testamento, "consumia-se de zelo pelo Senho1; Deus dos Exércitos". Foi arrebatado aos Céus num carro ele fogo, devendo voltar no fim cios tempos para lutar contra o Anticristo. É considerado um cios fundadores cio Carmelo. Sozinho enfrentou e mandou matar 600 profetas cio ídolo ele Baal.

21 São Lourenço de Bríndisi, Confessor e Doutor da Igreja. + Lisboa, 16 19. Reiigioso capuchinho italiano, pregou durante 20 anos na Itália e Alemanha, sendo um cios mai s terríveis adversários do protestantismo em seu tempo.

22 Santa Maria Madalena, Penitente. + Séc. 1. " Porque muito a111.ou, muito lheJoi perdoado". Acompanhou o Divino Mestre até a Cruz e foi a primeira a ter notícia ele sua

23 Santa Brígida ela Suécia, Viúva. + Roma, 1373. Da famíl ia real ela Suécia, casou-se com o Príncipe da Nerícia. Este, após o nascimento ele oito fi lhos, entrou para a Ordem cisterciense e a esposa retirou-se com a filha , Santa Catarina, para Roma, onde fa leceu. Grande mística, teve muitas revelações, pelo que é chamada ele a profetisa do Novo Testamento.

24 Santa Cristina, a Admirável. + Bélgica, 1224. Faleceu aos 20 anos. Ressuscitou durante a Missa ele corpo presente, afirmando ter estado no inferno, no purgatório e no paraíso, onde, em proporção decresce nte, viu inúmeros conhec idos.

25

São Pantaleão

Santa Brígida da Suécia

27 São Pantaleão, Mártir.

É considerada padroeira elas clonas-de-casa.

+ Nicoméclia, séc. 111. Médico, con-

verteu-se à fé ele Cristo. Foi martirizado sob Max imiano. Uma ampola com seu sangue é conservada em Ravello, Itália, liqliefazenclo-se milagrosamente em sua festa e na iminência de catástrofes.

28 Santos Nazário, Celso e Vítor 1, Mártires. + Séc. 1 e li . Os dois primeiros foram martirizados em Milão nas perseguições ele Nero, e suas reiíquias reencontradas no século IV. São Vítor I, Papa ele origem africana, fo i martirizado em 197.

29 Santa Marta, Virgem. + Séc. 1. Irmã ele Lázaro e Maria

Madalena, foi honrada várias vezes com a visita ele Nosso Senhor. Representa a vida ativa enquanto sua irmã, Maria, a contemplativa.

30 São Pedro Crisólogo, Bispo, Confessor e Doutor da Igreja. + Ravena, 450. Por sua eloqüência foi chamado Crisólogo, isto é, palavra de ouro. Grande moralista, combateu as superstições vindas cio paganismo.

31 Santo Inácio de Loyola, Confessor. + Roma, 1556. "Tudo para amaior glória de Deus" foi o lema deste sa nto que, seg un do o Papa Gregório XV, "tinha a alma maior que o mundo". Para combater a pseudo-Reforma protestante e propulsionar a Contra-Reforma, fundou a Companh ia ele Jesus. Seus Exercícios Espirituais, escritos por inspiração ele Nossa Senhora, levaram muitas alm as à perfeição.

São Tiago Maior, Apóstolo, Mártir. + Séc. 1. Irmão ele São João Evangeli sta, foi um cios três Apóstolos presentes à Transfiguração ele Nosso Senhor e à sua Agonia cio Horto. Pregou na Judéia, Samaria e Espanha, onde seu sepulcro, em Compostela, fo i um cios mais famosos ela Idade Média. Conta-se que ele aparecia durante as batalhas contra os mouros para incentivar os cri stãos.

26 Santos Joaquim e Ana, Pais da Santíssima Virgem. + Séc. 1. Descendentes de reis e pontífices, sua maior glória vem ele terem sido pais ela Virgem Ma,ü e avós cio Verbo ele Deus Humanado.

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ENTREVISTA

Globalização e situação financeira mundial: tema de candente atualidade analisado com objetividade e penetração

T

alvez a palavra em voga mais controvertida em nossos dias seja globalização. Catolicismo julg a importante tratar essa temática, de modo específico, conjugada com a situação financeira de nossos dias. Para fazê -lo , pareceu -nos oportuno entrevistar o Dr. Carlos Patrício dei Campo, já conhecido de nossos leitores por suas substan ciosas apreciações sobre temas rela cionados com a Economia .

: • • •• • •• • •• • •• •

Catolicismo - Por que uma baixa no preço :

: Dr. C. dei Campo - Para responder à sua per-

das ações pode conduzir a uma recessão? Dr. C. dei Campo - Depende da causa e da magnitude da baixa dos preços. O aumento ela taxa ele juros, de si, provoca uma queda da atividade econômi ca. De outro lado, uma perda ele confiança que determine uma queda abrupta na Bolsa ocas iona, em última análise, uma sensação de perda ele riqu eza, a qual pode provocar uma diminui ção no consumo elas pessoas . Essa queda de consu mo conduz a uma recessão e pode até provocar uma depressão econômica, conforme a reação psicológica cio público.

• : • • •• •

Catolicis11io - Como explicar o fato de as

• • : • •

"Num certo • • sentido, a globalização que • • se deseja impor • • • • •• ao mundo, • mais do que um • • intercâmbio de • • • bens e recursos, : • • • característico : • do comércio

ações terem atingido um preço absolutamente desproporcional em relação à rentabilidade das empresas? Dr. C. dei Campo - Muitos especiali stas se :

fazem essa pergunta. Chegam a falar ela ex is- • tência de uma "exuberância irracional" que : leva o público a comprar sem lógica. • Mais ainda, uma proporção não pequena :

O Dr. Carlos Patricio dei Campo, agrô- :

cios investidores tem -se endividado e até ven - •

nomo pela Universidade Católica do •

elido suas casas e parte ele seu patrimônio para : aplicar em ações. • Esse comportamento cio mercado ac ioná-

Chile, é doutorado em Economia Agrária : (M.S.) pela Universidade da Califórnia, Berkeley (EUA). É autor, juntamente com o Prof. Plínio Corrêa de Oliveira, de livros importantes e de reconhecido valor como : Sou católico: posso ser contra a

rio tem levado conhecidos e respeitado acl mi -

Reforma Agrária? ( 1 981); A Reforma : Agrária socialista e confiscatória - A propriedade privada e a livre iniciativa, • no tufão agro-reformista (198 5). Tem •

scmpcnha na economia mundial, pode ocasio-

Dr. Carlos dei Campo:

da TFP, em São Paulo.

"Em princípio, a queda significativa • nos preços das •• ações na Bolsa de • Valores norte•• americana pode

Catolicismo - Nos últimos meses, o noticiá- • rio econômico internacional tem revelado apreensão quanto à situação financeira mundial. Até que ponto essa apreensão tem base objetiva? Dr. Carlos dei Campo - De fato, nos últimos meses, as ações negoc iadas na Bolsa de valores norte-americana têm perdido mai s de um terço d s u valor, apó · quase uma década ele cresci111 ·1110 conlínuo. E m princípio, essa queda sig11ili ·111iva nos preços das ações pode ter como t·o11st•ql\ nci.i o início de uma recessão da econo111i 11 11111l•1·il'11na ; o que, pelo peso que esta de-

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• : : • : • : • : • : •

ter como canseqüência O início de uma recessão; o que, pelo peso que esta desempenha na economia mundial, pode ocasionar uma recessão econômica internacional"

• : Catolicismo -

Quais são as causas dessa • queda dos preços das ações? • Dr. C. dei Campo - Pode haver uma série de : razões.

• •• • ••

De um lado, os investidores podem ter a percepção de que o preço das ações está excessivamente alto. De fato, os preços cios papéis

das empresas - especialmente as de novas tec• nologias - estão muito desproporcionados em •• relação à rentabi lid ade delas. Seriam necessá• rias várias gerações para justificar o preço das : ações de algumas dessas empresas. • Também, a política do Banco Central ame: ricano, de aumento paulatino da taxa de juros, • faz com que o investidor prefira as aplicações : em renda fixa, ao invés de ap li car cm ações. • Finalmente, pode haver uma perda de con: fiança que incline o poupador ameri cano a sair • do mercado das açõ ·s, 1 menei o uma queda : considerável das m smas, cnq uant permane• ce com seu dinh ' iro ap li cado nelas.

• • : •

• nar uma recessão econômica internacional.

ainda outras obras publicadas . : Chileno de origem, o Dr. Carlos Patrício • dei Campo, está radicado no Brasil desde •

1972, tendo concedido a entrevista a Catolicismo na sede do Conselho Nacional

ni straclores de fundos ele investimento à quebra ou a fechar seus negóc ios, sob a alegação ele terem sido vítimas ele tal comportamento, por serem lóg icos nas decisões que tomam.

Catolicismo - Então, pergunto, quais são os • critérios que devem ser utilizados para se tomar decisões corretas? Dr. C. dei Campo - Essa é uma questão difícil ele responder. É óbvio que uma decisão econômica está sempre sujeita a ri scos, pela simples razão ele que o homem não conhece o futuro. Em situações normais, tal risco é mensurável. Existem modelos para se tomar decisões que levem em conta e calculem esses ri scos. Ora, esses modelos lógicos têm-se mostrado falho na atuais circunstâncias. Portanto, em certa med ida, muitas decisões que envolvem ri scos maiores, viraram um jogo ele azar. Em vista disso, não se pode negar que o caos penetrou em questões decisivas como o assumir decisões no mundo elas finan-

: • • : • •• • •• • •• • •• • •• •

gu nta, é indispensável definir o que se entende por globali zação . Para tal, é necessário distinguir o comércio internacional - caracterizado pelo intercâmbio ele bens e rec ursos entre países com característi cas naturais, econôm icas, políticas e culturais diferentes - de um processo induzido e massi íi caclor imposto ao mundo, que envolve a queda de todas as barreiras nacionai s, tanto econômicas como culturais, provocada pela assim chamada globali zação. Nesse sentido, a globali zação que se deseja impor ao mundo, mais cio que um intercâmbi o ele bens e rec ursos, característico cio

corné rci o internacional, é un1 processo de desapa rec imento ele todas as diferenças ele natu-

reza econôtnica, política e cultural, para se che-

• gar a uma só econom ia e a uma só cultura.

internacional, é um processo de desaparecimento de todas as diferenças de natureza econômica política e cultural"

:

Essa tentativa de de1nolição das diferen-

• : • : • : •

ças naturai s entre países, características de uma ordem natura l cri ada por Deus, não pode deixar ele gerar incertezas e transtornos que concluzem ao caos universal. Ademais, esse intento favorece o movimento que visa à constituição ele uma utópica República Universal, sonhacla por muitos esq uerd istas ele tempos passados.

• Catolicismo - Mais precisamente, em que • sentido tal processo de globalização induz : ou favorece o caos nas decisões que as • pessoas têm que tomar no seu dia-a-dia? • Dr. C. dei Campo - O processo de globali za• ção, que tende a fundir em uma só todas as economias cios países, quebra um elemento básico elas decisões econôm icas, que é a correlação entre o agente que toma a decisão e o

ças. Tal reaJidade, aliás, não pode ser outra, des- : ele o momento em que a irracionalidade parece • presidir a tomada ele decisões.

Catolicismo - Esse caos tem alguma relação com a globalização?

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: • : • : • • •• • •• • •• • : • : •

- e la tem co laborado, de s i, para difundir o caos. Basta considerar que a Internet estáse tran sfo rm ando no principal meio para realizar, a partir da própria casa, ap li cações financeiras dos recursos restritos de pessoas que , a lhe ias ao mundo elas fin a nças, são vítimas de um verdadeiro bombardeio de informações. E passam a orientar-se em suas decisões mais por impul sos otim istas o u pessimistas do que por fundamentos econômicos objet ivos. Basta um c liqu e no mouse para comprar ou vender ações, o u realizar as mais diversas movimentações financeiras, nas mais diferentes partes cio mundo. Portanto, não causam estranheza as declarações de destacado diretor de um importante fundo ele investimento norte-americano, que

: cerrou suas portas porque não tinha mais condi-

ções de enfrentar milhões ele mouses, gui ados mais pelo impul so cio que pelo pensamento .

: Catolicismo - Ao encerrarmos a entrevista,

agente que recebe o prêmio ou castigo pela decisão assum ida. Numa situação regulada por um comérc io internacional natural e equilibrado, as conseqüênc ias positivas (prêm ios), ou negativas (castigos) de uma decisão têm - normalmente - seu impacto restrito a uma área de influência relativamente peque na. Numa economia globa li zada , contudo, tal área de influê ncia pode ser universa l. Assim, por exemplo, nessa situação, uma eventual queda da Bo i a devalore de Hong-K ng, prov ada por um agcnte talvez irrc l vant no mundo das finan ças, pode provoca r uma cri se universa l. Essa s ituação não. ó tende a aumentar o ri sco na tomada de decisões em qualquer lugar do planeta, como torna qua e impossível medir o risco e prever as conseqüências que tal decisão traz para o próprio agente que a toma. [sso é propriamente o caos.

.

• • • •• "O mundo atual • : quer construir • uma nova : Torre de Babel, • : que se concretiza• ria para alguns na : • República • Universal. • • Ora, isso é • : impossível. Essa • nova Torre de

•• Babel, mais cedo

Catolicismo - Em todo esse panorama que • o Sr. descreve, que papel desempenha o : avanço da informática? •

Dr. C. dei Ca,npo - É inegável que a iTlformática - e sua correlata indústria da com uni cação - tornou-se cond ição necessária para a globalização. Sem e la, a globali zação seri a inviável, e, portanto, nesse sentido, ela desempenha um papel essencia l na impl antação do

: • : • : • ·aos na acepção aqui tratada. : Ma s - independente de vantagens que • u ·omuni ·ação lobalizada tem trazido nos : mui s div ·rsos ·;11npos da atividade humana •

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ou mais ta rde, cairá por terra"

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gostaríamos de saber o que, em seu parecer, pode suceder num mundo assim globalizado .

Dr. C. dei Campo - Dentro do caos -

no sentido aqui empregado - é difícil dar alguma resposta adeq uada a essa pergunta. Minha impressão é a de que o mercado está se tornando cada vez mai s. uje ito a ações psicológicas, muitas del as sem conteúdo racional e lóg ico. Isto torna os me rcados voláteis, ou seja, cambiantes e imprevisíveis. Em s itu ações assim, nas quais a racionalidade torna-se como que ausente, não é de se estra nh ar que as pessoas sejam faci lmente manobráveis. Elas não têm mais um a op ini ão própria, certa e bem fo rm ada. Assim , irrefletid ame nte podem deixar-se levar por orie ntações subj etivas ap resentadas, por exempl o, pela mídia . Não deve causar estran heza, portanto, que o processo de globa li zação seja acompan hado por so lavancos um tanto inesperados, às vezes positivos, outras vezes negativos. E m minha op ini ão, o mundo atual quer construir u111a nova Torre de Babel, que se concretizaria para algun s na referida República Universal. Ele pretende fazer des ta Terra um paraíso sem pobreza, sem doe nças, num a palavra, sem a C ru z de Nosso Sen hor Jes us C ri sto. Ora, isso é irnpossívcl. Por conseguinte, essa nova Torre de Babel pr tendida pe lo homem contcmporân o, mai s ceio o u mais tarde ♦ ca irá por terra .


Plínio Corrêa de Oliveira: homem de fé, pensamento e ação

Esses Co rres po nd entes e Simpati zantes atu am - nas horas que suas obrigações famili ares e profi ssionais lhes deixam livres - nas grandes, médi as e pequenas cidades, em todos os Estados bras ileiros, à maneira de gotas de azeite que embebem a contex tura de uma folha de papel, na qu al está desenhado o mapa do Brasil. Sua ação se faz ora de maneira capilar, ora em grandes mobili zações, sempre para pro mover algum bem ou evi tar algum mal para o Bras il. onde se irradiou seu pensa mento e sua atuação. Dois de seus livros - Em defesa da Ação Católica e A liberdade da Igreja no Estado comunista - foram elogiados pela Santa Sé. Homem de ação, atuou com sabedori a e coragem em vári os momentos cruciais da política nac ional e internacional , denunciando e opondo obstáculos aos adversários da Civili zação Cri stã nos pontos mais sensíveis, e deixando-os sem face di ante do público em geral. A exempl o do Di vino Sa lvador, de quem era disc ípul o fiel, despertou contra si ódios furibundos, ao mesmo tempo que admirações entu siasmadas . Em face de Plínio Corrêa ele Oliveira, era imposs ível fi car indiferente. Sua obra máx im a fo i, segun do ele mes mo di zia, a fundação ela Soc iedade Bras ileira ele Defesa ela Tradição, Famíli a e Propriedade - TFP. Associações co- irmãs e autônomas da TFP, inspi radas na obra Revolução e Contra- Revolução de Plíni o Corrêa de Oliveira, fora m se co nstituindo nos cinco continentes.

Gloriosa pré-história da TFP Em certo sentido, pode-se di zer que a TFP não completa 40 anos, mas 72, pois ela começou a germinar quando Dr. Plí nio, com 19 anos ele idade, iniciou sua mi litância católica no ano ele 1928. Dentre os então congregados marianos da Paróquia de Santa Cecíli a, em São Paulo, ele aglutinou um grupo de escol do qual iri a na cer mai tarde a TFP. Após sua brilhante atuação como deputado (o mais jovem e o mais votado do Brasi1) para a Constituinte de 1933- 1934, dedicou-se ao jornalismo católico no semanário "O Legionário", que por seu esforço foi elevado ele folha paroqui al a órgão of-i cioso ela Arquidi ocese ele São Paulo. Através de "O Legionári o", Dr. Plínio e seu gru po movera m guerra sem quartel contra o nazismo e o fasc ismo, então no

Vasta rede de correspondentes e simpatizantes Hoje a TFP aglutina e coordena uma vasta rede de corresponde ntes e simpatizantes esparsa por todo o Brasil. A liberdade da Igreja no Estado comunista, Revolução e Contra-Revolução, Baldeação ideol ógica inad vertida e Diálogo: três obras de Plínio Corrêa de Oliveira que marcaram época

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auge de seu prestígio. O que lhe valeu, na época, não poucas oposições. Concomitantemente, o mesmo grupo combateu de frente o comuni smo. Entretanto, a batalha mais difícil que tiveram de travar esses precursores ela TFP, foi ante os primeiros fogachos da infiltração esquerdi sta nos meios católicos, que começava m então a se mani fes tar.

A grande originalidade desse livro hoje com 33 edições em 8 línguas - consiste em descrever, na sua gênese e no seu mecanismo de atuação, as causas profundas da enorme crise que começou por abalar a Cri standade medieval e hoje atinge seu paroxismo: os vícios cio orgulho (que leva ao igualitari smo) e da sensualidade (que leva à revolta contra qualquer freio moral). Tais paixões, manipuladas com maestria pelos agentes da Revo lução universal - em

Primeiros embates contra o progressismo dito católico Em 1943, Plínio Corrêa de Oli veira detectou e denunciou a penetração velada dos primeiros germes do esquerdi smo católi co no Brasil , ao lançar o livro Em. def esa da Ação Ca tólica.

Ele e o "Grupo do Leg ionário" entravam assim em rota ele co lisão direta contra o progress ismo nascente (oriundo do "moderni smo" condenado por São Pio X), abrindo os olhos a muitos católi cos, que não pod iam crer no fato de ec lesiásticos adotarem idéias opostas à doutrina tradi cional ela Igreja, como era o caso dos di tos "prog ress istas".

Fundação de Catolicismo Em 195 1 nasce o mensário ele cultu ra católica Catolicismo , e inicia-se expansão pelo Brasil do chamado Grupo de Catolicismo - o qual realizou diversas Semanas de Estudos - , sementes ela futu ra TFP. Ao lançar, em 1959, a obra Revolução e Contra- Revolução, acima mencionada, Plíni o Corrêa de Oliveira teve a clara intenção ele aprese ntar ao públi co a fund amentação doutrinári a da corrente ele pensamento que hoje se ag lutina em torno da TFP.

sua várias etapas: Protestanti smo, Revolução Fra ncesa, Co muni smo, Revo lu ção Anárquico-Cultu ral - constituem as molas propul saras ele um mesmo processo já cinco vezes secular.

Reforma Agrária Questão de Consciência

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A TFP fo i fundada no momento em que o País passava por convul sões précomuni stas que antecederam imedi atamente à era Goulart. Plínio Corrêa ele Oliveira escreveu, em 1960, em co laboração com dois Bispos e um economi sta, o liv ro Reforma Agrária - Questão de Consciência, que denunciava essa ag itação pré-comuni sta em seu ponto nevrálgico: a controvérsia agro-refo rmi sta levantada sobretudo pela esquerda católica. Acima: capa do livro de Ptinio Corrêa de Oliveira No Brasil: a Reforma Agrária leva a miséria ao campo e à cidade. À direita: Sócios e cooperadores e correspondentes da TFP realizam ato público para protestar contra a repressão soviética aplicada à Lituânia, na Praça Ramos de Azevedo, em São Paulo

A presença da TFP nas ruas difundindo esse livro, interpelando líderes ela esquerda católica, atuando nas uni versidades, esc larecendo o homem cio campo e ela cidade, apontando os inocentes-úteis cio co muni smo, contribuiu possa ntemente para desfazer o mito ele que o Brasil cri stão rumava em bl oco para a esquerda. Essa denúncia da TFP produ ziu profundo mal-estar entre os propugnadores ela Reforma Agrári a socialista e confiscatória, especialmente os seus ex poentes ela esquerda católica. Dentre estes expoentes destacava-se D. Helder Câmara, na época secretário-geral da CN BB . A questão da Reforma Agníria, colocada assim em seus verdadeiros termos e anali sada sob o pri sma da doutrina católica tradi cional, deixava sem saída os agroreformi stas. E levantou contra o agro-socialismo uma sadi a reação em todo o País, a qual fo i fator determinante para prepara r o cl ima que desfechou na queda do regime Goulart. Se naquela época a TFP tivesse cru zado os braços em face à Reforma Agrári a, o País provavelmente teri a sido subjugado pela tirania comuni sta, e experimentado a catástrofe de um regime que só sabe produ zir escravidão, fo me e mi séri a. Vári as outras Campanhas desenvolveu a TFP em prol do sagrado di reito ela propri edade privada. Para citar apenas alguns exemplos : • Em 198 1, a TFP divul gou o li vro de Plínio Corrêa ele Oliveira Sou católico: posso ser contra a Reforma Agrária ?, defendendo a tese ele que, enquanto católico, o brasileiro pode e deve ser _contra a Reforma Agrária. A obra refutava o documento virulentamente agro-sociali sta Igrej a e problemas da terra, lançado pela CNB B na reunião de I!aici de 1980. Desse livro fo ram difundidos, pelas caravanas da TFP, nada menos que 29 mil exemplares, em todo o territóri o nac ional. • Em 1992, a TFP sa iu às ruas em campanha nacional de ab_flixo-assinaclo alertando contra projetos de lei de Reforma Agrária e Reforma Urbana, e pleiteando a reali zação de um plebisc ito para se conhecer o verdadeiro modo de pensar do brasileiro. Resultado: 1.133.932 adesões de pessoas ele todas as classes sociais, em 15 Estados, uma vigorosa amostra ela rejeição da população a essas medidas desastrosas.

Em defesa da família, contra o divórcio A TFP, em defesa ela instituição ela família, fez tudo o que estava a seu alcance para evitar a introdução cio divórcio em nossa legislação, através ele grandes campanhas ele mobili zação popular. Em 1966, promoveu abaixo-assinado de I milhão ele brasileiros, conseguindo deter a aprovação ele uma lei divorcista, in cubada num projeto de Códi go Civil então em curso. Em 1975 , tendo o divorcismo voltado à carga, ela atuou arduamente, mais uma vez, em defesa ela famíli a, promovendo

campanhas nas ruas elas principai s cidades cio País, evi tando na ocasião a impl antação cio divórcio. Dois anos depois, devido principalmente à indolência, quando não a indiferença manifes tada por grandíssima parte cio Epi scopado nacional2 , o di vórcio acabou se impl antando, com suas tristes conseqüências ele di sso lução mora l em todo corpo soc ial.

Infiltração comunista nos meios católicos Em 1968, chegando ao auge a agitação comuno-católica no Brasil , a TFP saiu

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e apoio - têm sido entretanto instrumentali zados. É o que demonstra com abundância de documentação o Prof. Plinio Corrêa de Oliveira em seu livro Tribalismo indígena, ide-

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Alguns dos órgãos de imprensa que publicaram. a mensagem contra o socialismo autogestionário de Mitterrand

às ruas colhendo assinaturas para um abaixo-assi nado a Paulo V[, pedindo medidas urgentes contra a infiltração com uni sta nos meios católicos brasileiros. As TFPs da Argentina, Chile e Uruguai aderiram a esse abaixo-assinado, reali zando campanhas análogas. Assim, atingiu-se um total de 2.060.368 assinaturas, que foram posteriormente entregues em microfilmes no Vaticano. Em 1969, a TFP lançou-se às ruas para denunciar organismos semi -clandestinos - o IDO-C e os "grupos proféJicos" que atuavam nos meios cató li cos para Lransformar a Igreja numa nova Igreja dessacra li zada, igua litária e posta a serviço do comunismo. Nessa campanha foram usadas pela primeira vez as capas de campanha rubras que tanto marcaram a presença pública da entidade nas ruas nas décadas seguintes.

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Declaração de Resistência face à Ostpolitik vaticana No ano de 1974 a TFP brasileira e as demais TFPs e entidades afi ns de outros países - perplexas ante a política ela Santa Sé, ele aprox imação com os regimes comunistas - publicaram, em vários jornais do País e cio Exterior, um manifesto em que se declaravam em "estado de resistência " face a essa Ostpolitik. O propósito elas TFPs de "resistir-lhe em fa ce " , baseada na Epístola de São Paulo aos Gálatas ( 2, 11) em nada afetava a submissão e o acatamento devido ao Romano Pontífice. Uma frase ela declaração, relativa a Paulo Vl, exprime o espírito do documento: " E de joelhos, .fitando com veneração a .figura de S. S. o Papa Paulo VI, nós lh e 111w1!f.,.1·1a111os !Oda a nossa .fidelidade. Neste ato .filial, dizemo.1· ao Pas/or dos Pastores: Nossa alma é Vossa, nossa vida é Vossa . Mandai-nos o que quiserdes. Só não mandeis que cruzemos os braços diante do lobo vermelho que investe. A isto nossa consciência se opõe". Sob o título "A política de distensão do Vaticano com os governos comunistas - Para a TFP: omitir-se? ou resistir?",

essa declaração foi publicada em 57 jornais ele 1 1 países.

Tribalismo indigenista-ecológico

N ,,o MI trat,1 de fotomontagem. É mesmo uma comltlv,1 d,,s TFPs na Praça Vermelha, em Moscou, oc,,~1.,0 cm que essa delegação entregou o m,1/or ,,t,,1/xo-,1ssinado da História p/eitean<lo ,, f//11•rl,1ç,,o cl.1 litu!inia do j ugo soviético

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O problema elas agitações indígenas como as que marcaram as comemorações cio V Centenário do Descobrimento do País - não nasceu nas selvas. Originouse nas sacri stias e em cenácu los ela "intelligentsia " de países civili zados. Os índios - a tantos títulos dignos de simpatia

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idiotices destinadas a dar uma imagem repugnante do governo da República.fiwicesa ? .... É preciso não dramaJizar essa barulhenta campanha internacional".

Concomitantemente, no Brasil , a TFP fez uma grande manifes tação para protestar contra a brutalidade da repressão sov iética aplicada à Lituânia. Slogans como:

al com.uno-missionário para o Brasil no século XXI (7 edições, 76 mil exemplares).

Queda do Muro de Berlim - Manifesto da TFP

"Stalin ainda vive na pes~·oa de Gorbachev!" - "Perestroika ontem era última moda, hoj e já é uma velheira! " foram bra-

Essa obra foi divulgada em 2.963 cidades brasileiras pelas caravanas da TFP. E se hoje um "comuno-ecologismo " radical, tocando as raias do irracional, ameaça arrancar do Brasil a Amazônia, lembremo-nos que, a respeito desse ri sco, o Brasil foi alertado há mais de 20 anos.

Al guns meses após ruir o "Muro ela Vergonha", as TFPs e bureaux-TFP de 22 países deram a público o manifesto Co-

dados em todo o centro de São Paulo. Na foto da página 23, a manifestação diante cio Teatro Municipal.

Mensagem contra o socialismo autogestionário de Mitterrand Jamais o Presidente francês François Mitterrand poderia esperar que, cio Brasil , viesse um contra-golpe à sua política de soc ialismo autogestionário. Ele e o Par-

munismo e anlicom.unismo na orla da última década deste milênio.

Publi cado em 8 1 dos mai ores jornais de 22 países, o manifesto escri to por Plinio Corrêa ele Oliveira interpelava todos os responsáveis - diretos ou indiretos, do Ocidente e cio Oriente - pela monumental tragédia, toda ela feita de irreli gião, escravidão, fome e mi séria, a que foram arrastadas as nações comunistas. E alertava para uma ação camuflada do comuni smo, daí em diante.

Pela liberdade da lituânia

Edições em vários idiomas do livro Nobreza e elites tradicionais análogas nas Alocuções de Pio XII ao Patriciado e à Nobreza Romana

tido Sociali sta Francês queriam exportar essa ideologia para o mundo inteiro como produto novo no mercado político. Da lavra do Prof. Plínio, a Mensagem O socialismo autogestionário: em vista do comunismo, barreira ou cabeça de ponJe? recebeu então a adesão das 13 TFPs

esparsas pelo mundo e foi publicada nos principais jornais ele 53 países, atingindo a cifra de 33 ,5 milhões de exemplares ! A força desse golpe a cntiu e confessou o própri jornal comuni sta "L' Humanité" ( 11- 12- 198 1), de Paris, que comentou furibund o: "Quem permite a não se sabe que a.1·sociaçcio, mais ou menos brasileira, espalhar; a golpes de bilhões,

A campanha triunfal em favor ela libertação da Lituânia produziu a adesão colossa l ele 5.218.520 pessoas, em 26 países, ao abaixo-assinado da TFP. Esse abaixo-ass inado, incluído no ano de 1993 no "Guiness Book of Recoreis", representou um duro go lpe à enganosa política ela perestroika , elo títere sov iético Michail Gorbachev. O clima de degelo dos países da Cortina de Ferro não se hav ia completado. Tanto é que, enquanto a delegação das TFPs ainda se encontrava na capital russa, Vladimir Krioutchov, chefe da temível polícia política sov iética KGB , declarava pela TV de Moscou que "não tolerará a ingerência nos nossos assuntos internos .... desses organismos e grupúsculos que, 110 estrangeiro, .... moveram durante décadas e continuam a mover; uma guerra secreta contra o Estado soviético".

No di a anterior, a mesma delegação havia protocolado no Kremlin uma carta a Gorbachev, expondo a este o conteúdo da campanha em prol da Lituânia. Uma das mais recentes campanhas da TFP visou impedir a exibição do filme blasfemo Dogma no País. Tal foi a reação despertada, que os próprios distribuidores do filme desistiram de levá-lo a cartaz na maioria das salas de projeçií o. Na foto, aspecto do encerramento da campanha, no Parque do lbirapuera, em Sií o Paulo.

Novo livro: papel da Nobreza e de elites tradicionais Um livro polêmi co, que quebrou com mitos e tabus velhos ele mai s ele 200 anos: Nobreza e elites tradicionais análogas nas Alocuções de Pio XII ao Patriciado e à Nobreza romana.

Escrito com base na doutrina cató lica e nos ensinamentos dos Papas, especialmente Pio XJI, é um desmentido categórico ele que a igualdade abso luta é a suprema norma ela justiça. Nessa nova obra, o in signe pensador e líder católico ressalta o papel "rectrix" e indispensável desempenhado pela Nobreza e pelas elites tradici onais análogas na boa ordenação da soc iedade hum ana. Lançado em grande estil o na Europa (França, Itália, Portugal, Espanha) e nos Estados Unidos, o livro recebeu cartas ele louvor não apenas ele membros ela Nobreza, de intelectuais, jornali stas e de personalidades ele todo o mundo, mas também de Cardeais, Bispos e renomados teólogos. A propós ito cio lançamento do livro no Palácio Pallavicini, em Roma, o quotidiano "La Repubblica" ( 1- 11-93) comentou que a grande presença de Cardea is e ec lesiásticos ao ato "revela a atenção que alguns ambientes da Cúria Romana deram ao encontro ".

Campanha de Fátima Sobre a Ca mpanha Vinde Nossa Senhora ele Fátima, não !ardeis!, promovi da pela TFP, cremos dispensável tratar neste elenco - bem como a Campanha O Amanhã de Nossos Filhos" (contra a imoralidade na televisão) e S.O.S. Fazendeiro (combatendo a Reforma Agrária soc iali sta e anti-cristã) - , pois o público de Catolicismo, quase que mensa lmente, tem acom panhado essas atividades. Apenas relembramos que o emprego do moderno sistema de mala-direla permitiu à TFP divulgar a mensagem profética ele Nossa Senhora de Fátima a milhões de brasileiros e manter correspondência ass ídua com 1.485.11 2 de pessoas. Segu-indo o exempl o de Plínio Corrêa de Oliveira, voltamos nossas almas agradecidas a Nossa Senhora. Pois, nesses 40 anos de árdua mas gloriosa luta, a TFP, seus sócios, cooperadores, correspondentes e simpati zantes sempre contaram com uma poderosa aliada neste combate: a própria Virgem Santíssima, a qual anunciou em Fátima: " Por .fim, o m.eu Imaculado Coração triunfará!". Será este o triun fo da Santa Igreja e ela Civili zação Cri stã contra o neopagani smo e o sec ular processo revo lucionário que as vêm assolando profundamente. ♦ Notas: 1. Àq ueles de nossos leitores que desejarem conhece r mais profundamente as atividades da TFP (a té 1988), aconsel hamos adquirir o li vro U111 Ho111e111, 1.1111a Obra, 1111,a Gesta, Ed ições Brasil de Amanhã, Artprcss - Indú stria Gráfi ca e Ed itora Llda. Rua Javaés, 68 1 - O11 300 1O - São Paulo - SP. Fone: (0 11) 220-45 22; Fax: (0 11 ) 220-563 1. 2. Segu ndo a apreciação do Cardea l Eugêni o Sa lles, Arcebispo do Rio de Janeiro, "se a Igreja 110 Brasil tivesse lu1ado como o ccm lea/ Molla, o divórcio 11õo teria .,ido apmvado" ("O Globo", 2 1-9-82).


CAPA Natureza de um fenômeno estranho: a possessão

Vade retro Satana ! Um inimigo que nos vigia continuamente. Como um chacal, ronda suas vítimas à espreita do momento para devorá-las. * Sua tática principal: fazer-nos crer que ele não existe. * * EosoN

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ma Jovem pro f'·essora de A v1"gnon (França), que dava sinais de possessão demoníaca, fo i conduzida, por ordem do Bispo, ao Cura d' Ars. la acompanhada de um vigário e ela Superiora das Franciscanas ele Orange. Chegaram a Ars em 27 ele dezembro ele 1857. No di a seguinte, fi zeram-na entrar na sacristia, no momento em que o santo Cura revesti a-se para celebrar a Mi ssa. Em seguida a possessa se pôs a gritar, procurando fu gir: "- Tem gente demais aqui! - exc lamava. "- Tem gente demais, - acrescentou o Cura - pois bem, saiam todos! "E, a um sin al ele sua mão, fi cou só, fre nte a frente com Satanás. No in ício, apenas ouviu-se dentro ela igreja um ru ído confuso e violento. Logo o t m se leSão Jot10 Maria Vianney, o Santo Cura d'Ars, vou ainda mais. O vigá ri de Av ignon, travou terríveis batalhas contra o demónio e praticou vários exorcismos vigil ante j unto à porta, pôde ca ptar o se- alguns deles famosos na história guinte diálogo: · da espiritualidade católica "- Queres sa ir a todo custo? - dizia o Padre Yi anney. ele educadora na cidade ele Orange. E ele "- Si m! não retornou". Eis aí um , dentre tantos fa tos históri"- E por quê? "- Porque estou com um homem que cos que comprovam experimentalmente a não quero ! ex istência cio demônio e sua ação caracte"- Não me queres então? - pergun- rística na alma e no corpo ele uma possesto u o Cura com tom irônico. sa, descrito por Mons. Cri stiani , conheci"- Não ! - gritou o espírito infernal. . cio autor francês, em sua obra Presença E este não! fo i proferido em tom estridente de Satan no mundo moderno e furi oso. O renomado teólogo francês Acl Tan"Quase em seguida, a porta tornou a querey, em sua conhecida obra Compêndio abrir-se. Todos puderam ver a jovem pro- de Teologia Ascética e Mística assim desfessora chorando ele alegria .... E voltan- creve a ação cio demônio sobre os homens: do-se para o Padre Yi anney, di sse- lhe: "Cioso ele imitar a ação divina na alma cios Tenho medo que ele volte ! Santos, esforça-se o demônio por exercer N, o, minha fil ha - respondeu- também o seu império ou antes a sua tiraIh ' o sant o hom ·m - , ou não tão breve. nia sobre os homens. Às vezes assedia, por "/\ jov · 111 pôd ' retomar suas funções assim dizer, a alma por fora, suscitando1

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lhe horríveis tentações; outras vezes instala-se no corpo e move-o a seu talante, como se fosse senhor dele, a fim ele lançar a perturbação na alma. No primeiro caso temos a obsessão, no segundo a possessão" 2 . Assim, enquanto mediante a obsessão (ver quadro à p. 27) o demônio atua ex ternamente suscitando no homem tentações, grandes ou pequenas mas sempre perigosas, pela possessão ele instala-se no corpo deste para perturbar a alma. Eis a ex pli cação, aprese ntada por Mons. Cri stiani em sua referida obra, sobre a natureza e a causa da possessão: "Não ex iste ta lvez fato mais ex traordinário que o ela possessão diabólica. Que tal fato ex iste é o que demonstram mui tíssimas experiências. Sem dúvida, houve possessos desde muito tempo antes ela vinda ele Jesus Cri sto à Terra. Houve possessos em torno dEle, como o Evangelho nolo mostra. Na Igreja primitiva, foram inúmeros os casos, e a instituição ela ordem dos exorcistas, entre os membros cio clero, é uma boa prova disso ..... "A teologia católica, baseada sobre os fatos ele possessão demoníaca, tomou posição tão cleciclicla a respeito deste problema, que chegou a elaborar uma teoria completa sobre o assunto. Assim, o Ritual Romano, livro oficial do cerimonial eclesiástico, explica os sinais pelos quais se conhece a autêntica possessão e dá os remédios necessários para combatê-la: os exorcismos" 3. O mesmo autor afirm a, no que concerne à possessão e suas causas, que não podemos esco lher gui a mais seg uro e mais preciso que a obra ele Mons. Sauclrea u, L'état mystique... et les fa its extraordinaire.1· d • la vie spirituel (Pari s, Amat, 2" ecl., 192 1).

"Segundo Mons. Saucl reau, a possessão nunca chega até a animação. lsto quer di zer que o demônio não substi tui a alma cio possesso, não dá vicia ao co rpo, mas, sem que saibamos como, apodera-se desse corpo, faz sua morada nele, quer seja no cérebro, quer nas entranhas, porém, em todo caso, no sistema nervoso. Não tira à alma, portanto, seu domínio normal sobre o corpo e sobre os membros; imprime às faces cio rosto uma expressão desconhecida e que corresponde à ação cio demônio. "O demôni o não est,i sempre presente no possesso. Entra nele quando quer. Provoca nele ataques. Um possesso poderá até ser li berado mo mentanea mente pelos exorcismos, e depois torna-se novamente presa cio demônio. Em seu estado normal, o possesso é como todo mundo .... "Por outro lado, os demônios não atuam todos da mesma maneira , porque estão longe de ser totalmente iguais. Acred itava-se, não sem razão, que todos os deuses do paganismo eram demônios" 4 • "Omnes dii gentium, daemonia ", diz a Escritu ra (Salmos 95, 5).

Múltiplas causas da possessão: o sortilégio ou bruxaria "O bom sen. o popul ar co locari a na primeira fil a elas causas ela possessão as fa ltas com.elidas pelo possesso. Não é assim em absolu to. As causas de possessão são, na verdade, mu ito variáveis ..... "Se os demôni os fizessem li vremente seus estragos entre os homens, a hu manidade estari a transtornada, não seríamos mais donos de nossos destinos, a obra ele Deus entre nós estari a desv iada de seu objetivo. O fa to é, em si, inconcebível e, por mais poderosos que sejam os demôni os, a verdade é que 'esses cães estão acorrentados' .... "Os demôni os não atuam entre nós senão na medida em que obtêm - como está escri to no Livro ele Jó - a permissão de Deus, soberano Senhor. O caso cio mesmo Jó, submetido às infestações ele Satanás, é uma boa prova ele que não são as fa ltas da vítima que ex plicam suas penas . "Por vezes, pode haver culpa do pos-

sesso, como reconhece Mons. Saudreau: ' Uma pessoa fico u possessa em conseq üência ele uma oração a Mercúrio, feita por ela, a conselho de uma ve lha curandeira' 5 . "Em mui tos casos pareceria que a ori gem da possessão teri a sido um male.f{cio. É o que o público denom ina mais correntemente uma bruxaria. Mons. Sauclreau é categórico neste ponto: 'uma das causas mais.fi·eqiientes das vexações diabóli-

"A possessão pode ser e é seguramente, às vezes , uma prova permitid a por Deus, como no caso do santo homem Jó ou no do Cura d' Ars; sem que tenha havido fa lta por parte cio in festado ou do possesso e sem que haja ocorrido malefício. "Em suma, os casos ele possessão são casos extremos ele um fa to imenso que se estende por todo o universo espiri tual: a lu ta do bem contra o mal, da Cidade de Deus contra a Cidade ele Satanás" 7•

Como combater a possessão

O malefício ("despacho") parece ser uma das causas mais comuns dos fenómenos diabólicos

cas é o malefício'. E esc larece: 'os malefícios são os sacramenlos do demônio"'. "Pareceri a que o demônio, depois de ter estabelecido seu ritual próprio para o lançamento de sorti légios, se vê obrigado a atu ar quando o bruxo observa as fo rmas que ele prescreveu.... Porém os malefícios não têm todos a mesma efi cácia. "No século XVII , em processo célebre, descobriu-se que os malefícios tinham por base assassinatos de crianças, pecados contra a natureza e missas sacrílegas" 6.

O autor francês refere-se a seguir ao exorcismo como o meio de combater a possessão: Co mo di sse mos, o remédi o que Deus qui s para a possessão é o que chamamos exorcism.o, que signi fica c01~juro. Porém, ex istem regras muito precisas para praticar o exorcismo. "Se a pessoa mani fes ta em si a presença de uma inteli gência cli ferente da sua, ex iste possessão e não enfe rmidade. O Ritual Romano traz prec isões sobre este ponto essencial. E acrescenta: 'Os demônios suscitam todos os obstáculo.1· que podem impedir que opaciente seja submetido a exorcismos"' 8 • O cânon l 172 cio Cód igo ele Direito Canônico contém di spos ições concernentes aos exorcismos.

O demônio no Antigo e no Novo Testamento O demônio é mencionado freqüentemente no Anti go Testamento, por exemplo, no Livro ele Isa ías: "Como caíste do

Obsessão: tentações mais intensas e prolongadas "A obsessão é em substância uma série de tentações mais violentas e duradouras que as tentações ordinárias. É externa quando atua sobre os sentidos externos, por meio de aparições; internas, quando provoca impressões íntimas. É raro que seja puramente externa, visto o demônio não atuar sobre os sentidos senão para perturbar mais facilmente a alma. Há, contudo, Santos que, pelo fato de serem obsedados exteriormente por toda a qualidade de fantasmas, conservam na alma uma paz inalterável''. Ad Tanquerey, Compêndio de Teologia Ascética e Mística, Livraria Apostolado da Imprensa, 49 edição, 1948, Porto, p.858.

CAT OLICISMO

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Delassus: "Desde a criação do gênero humano, o homem se extraviou. Em vez de crer na palavra de Deus, e de obedecer à sua ordem, Adão escutou a voz sedutora que lhe di zia para co locar o seu fim em si mesmo, na sati sfação ele sua sensualidade, nas ambições do seu orgulho" 10 • Di z piedosa tradição que Adão e Eva fi zeram penitência numa caverna do monte Ca lvário, que tem esse nome porque ali fo i descoberta a caveira do primeiro homem (cfr. Lc 23, 33). Realmente, debaixo do Calvário e ocupando o mesmo espaço cio Gólgota, hoje encontra-se a capela de Adão, na qual es tivera m também, até 1808, os sepulcros de Godofredo ele Bouillon, que conquistou a Cidade Santa, e de seu irmão Balclu íno, primeiro rei católico de Jerusa lém. "Por sua vida penitente, Adão e Eva são Capela de Adão. A tradiçt,o diz que Adão e considerados santos e sua festa celebra-se a Eva, depois do pecado original, fizeram 19 de dezembro. Dois de seus filhos, Caim penitência neste lugar. Ele se encontra no Gólgota, na Basílica do Santo Sepulcro, e Abel, constituem o primeiro exemplo de em Jerusalém. divisão do gênero humano: Abel é o exemcéu, ó astro brilhante, que, ao nascer do · plo dos fiéis que caminham para o Bem, e Caim, cios que caminham para o Mal" 11 • dia, brilhavas?" (I s 14, 12). O Apocalipse - o último livro do Os demônios conspiram contra o homem porque não podem tolerar que ele Novo Testamento, escrito pelo Apóstolo tenha sido redimido pelo Verbo Divino que São João Evangeli sta - ass im descreve a se encarnou no seio puríssimo de Maria, queda de Lúcifer e dos anjos rebeldes: "E houve no Céu uma grande batalha: unindo-se à natureza humana. O pecado original fo i uma vitóri a ele Miguel e os seus anjos pelejavam contra o Satanás sobre o homem. Mas a Redenção dragão, e o dragão com os seus anjos pelejafoi a vitóri a de Jesus ri . to sobre Satavam contra ele; porém, estes não preva lecenás . Ass im , Deus não consentiu que o deram; e o seu lugar não se achou mais no u. môni o arrastasse Lodos os homens para o E foi precipitado aquele grande dragão, aq uela antiga, erpente, que se chama o Demônio seu reino. e Satanás, que seduz todo o mundo; e foi Pode-se falar num precipitado na terra, e fora m precipitados Império de Satanás? com ele os seus anjos" (Apoc. 12, 7-9). Não se pode pôr em dú vida, entretanIncapazes de amor, os demôni os ento, que Satanás tenha o seu Império, concontram-se ligados pelo ódio mútuo e ódio a todas as coisas. Por isso, tramaram tam- siderando-se o termo latino imperium no seu significado político-jurídico: "lmpebém a perdição do gênero humano. rium é o vocábulo empregado, em amplo "Satanás, invisível agente pessoal, inimigo cio homem, que o condu z à perdi - sentido, para significar o supremo poder, ou a suprema autoridade, confe rida a cerção, afastando-o de Deus" 9. tas instituições ou a certas pessoas. IndiAdão e Eva cederam ca, assim , o próprio poder conferido ao à tentação diabólica imperador, em virtude do qual exerce sua autoridade soberana em todo territóri o " ereis como deuses conhecendo o onde se situam ou limitam os domínios h · 111 ' o mal" (G n 3, 5). Esta fo i a frase imperiai s, em relação a todas as co isas ou q11c a astuta serpente di sse a Eva. E, assin 1, /\d:10 'Eva se deixaram seduzir. a todas as pessoas" 12• Ora, Satanás manda nos diabos e nos /\ prop<>si lo, observa o renomado eshomens que a ele se entregam pelo pecado. l' l'ilo,· l' po l •mi sta rran ês Mons. Henri 28

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Ensina Nosso Senhor que "todo o que comete pecado é escravo do pecado" (Jo 8, 34). E o Império de Satanás possui seu território, seu âmbito de competência e sua área de jurisdição. Tem sua metrópole e suas colônias. A metrópole é o Inferno, mas, pelo menos em potência, sua área de expansão colonial abarca toda a Terra habitável. Em geral , fo ra do Infe rno, à primeira vista não parece que Satanás exerça verdadeiro império sobre um terri tório, mas apenas sobre pessoas. No entanto, se atentarmos bem ao que acontece, verifi caremos que, embora de fo rma temporária e não permanente, há nações que se comportam, durante longos períodos de tempo, como verdadeiras colôni as do Império ir1ferna /, ta l é a dominação que ele exerce sobre o povo no seu conjunto. Em outros lugares, não possui Satanás debaixo de suas ordens senão min ori as nac ionais di spersas, mais numerosas ou menos; mas há nações em que as maiori as e os governos vi vem como que subjugados por ele. Exempl o fri sante di sso fo i a extinta e desdi tosa U.R .S.S .. A respeito do reg ime que nela imperava, Mons. André Sheptyskyj, Arcebi spo de Lvov e líder da Igreja Católica na Ucrâni a durante as perseguições de Lênin e Sta lin , escreveu à Santa é uma ca rta, na qual fi gura um a frase bastante significati va: "Este regime só pode se ex1>licar como um caso de possessão diabólica coletiva". E pediu ao Papa Pi o X[ que sugeri sse a todos os sace rd otes e re li g iosos cio mund o qu e "exo rcizassem a Rússia soviética". O

Prelado ucrani ano fa leceu em 1944, estando atualmente em andamento seu processo de beatificação (cfr. Ca tolicism.o, nº 590, fe vereiro 2000, p. 19). A questão levantada pelo Arcebi spo ucrani ano não se colocari a hoje, talvez até com mais razão, em alguns lugares do mundo, uma vez que o processo revolucionári o multi ssecul ar de destruição da civili zação cri stã não fez senão acentuar-se intensamente desde então? Assim , não estaríamos assistindo, em escala crescente, a um fe nômeno de possessão colet iva, ao menos em largas es feras do mundo atu al? Questão ainda mais de licada: pode o demôni o in sinu ar-, e dentro da própri a lgreja de Jesus ri slo, em certos períodos

de grande provação e pecado? Para responder com segura nça a tal pergunta seria prec iso que teólogos - autênticos teólogos ele ortodox ia ilibada - o estudassem com cuidado e se pronunciassem a respeito. Mas a pergunta não pode deixar de ser levantada tendo em vista o memorável pronunciamento de Paulo VI sobre as ca lamidades na fase pós-conciliar da Igreja, feito em 29 ele junho de 1972, na Alocução " Res isti te fo rtes in fide", que citamos aqui na versão da Poliglotta Vaticana (maiúscul as nossas): O Pontífice, "referindo-se à situação da Igreja de hoje, afirmou ter a sensação de que ' por alguma fiss ura tenha entrado a FUMAÇA DE SATA NÁS NO TEMPLO DE DEUS'. Há a dú vida, a incerteza, o complexo dos probl emas, a inquietação, a insatisfação, a confrontação. Não se confi a mais na Igreja; confia-se no primeiro profeta profa no que nos venha fa lar, por meio de algum jornal ou mov imento social, a fim de correr atrás dele e perguntar-lhe se tem a fó rmula da verdadeira vida. E não nos damos conta ele que já a possuímos e somos mestres dela. Entro u a dúvida em nossas consciências, e entrou por janelas que deviam estar abertas à luz..... Também na Igreja reina este estado de incerteza. Acred itava-se que, depois do Concílio, viria um di a ensolarado para a História da lgreja. Veio, pelo contrário, um dia cheio de nu vens, de tempestade, de escuridão, de indagação, de incerteza. Pregamos o ecumeni smo, e nos afastamos sempre mais uns dos outros. Proc uramos cavar abi smos em vez de enchê- los. Como sucedeu isto? O Papa confi a aos presentes um pensamento seu: o de que tenha hav ido a INTERVENÇÃO DE UM PODER ADVERSO. Seu nome é o DIA- n BO, este mi sterioso ser ao tut qual também alude São Pedro em sua Epístola" (Cfr. lnsegnamenti di Paolo VI , Tipografia Poliglotta Vaticana, vol. X, pp. 707-709).

torna muito fác il pela preguiça ou má vontade em encarar de frente o próprio pecado, reconhecê-lo e humildemente acusálo no tribunal da Confi ssão. A cidadani a in fernal concede o "direito" ele sati sfazer todos os apetites ela concupiscência, e de praticar todos os pecados mortais correspondentes, enquanto houver saúde e dinheiro. Em troca, os deveres impostos por esse Império cumpremse geralmente depois da morte, e consistem em suportar o insuportáve l fogo eterno... Por outro lado, basta o verdadeiro arrependimento dos pecados e o sacramento da Confi ssão para liv rar-se da tirani a desse Império. Quanto à principal táti ca do demônio para atuar internamente na Igreja, desde que Ela foi institu ída por Nosso Senhor Jesus Cristo, é a di sseminação das heresias. O conhec ido hi stori ador francês do in ício do século XX, Pe. Emmanuel Barbier, comenta a esse respeito: "O fl agelo da heresia decorre de duas fo ntes. As primeiras conqui stas da lgreja havi am sido fe itas sobre o elemento judeu e sobre o elemento pagão. Aqueles que aceitaram o Evangelho, nele não reconheceram toda a di vina salvação, que é preciso receber simplesmente, sem acréscimo e sem atenuação. Muitos mi sturaram à doutrina cri stã outros ensinamentos e deram ass im nascimento às heresias. Estes ensinamentos estra nhos estavam incrustados quer no judaísmo, quer no paganismo" 13_

"O número dos tolos é infinito": o gosto de ser enganado Diz antigo provérbio que o mundo quer ser enganado, e por isso, em todas as idades houve embusteiros que trataram desati sfazer esse desejo elas massas. E o demônio pode utilizar-se desses embusteiros para afastar as pessoas da verdadeira Fé. A essa má inclinação, as Sagradas Escrituras acrescentam que "os perversos d(ficultosamente se corrigem. e o número dos tolos é infinito" (Ec l 1, 15).

Quando o embuste se vela sob fo rmas reli giosas ou mi steri osas e atu a por meio de agentes de mi stifi cação com poderes desconhec idos ou pretern aturai s, então ele pode arraigar-se de ta l modo no cora-

A confissão freqüente fortalece a alma para resistir aos embates do demônio e escapar do domínio de seu "Império"

A Medalha de São Bento

fi ciente um pecado mortal para adquirir

Propagada em todo o mundo há mais de trezentos anos pelos monges beneditinos, e aprovada pelo Papa Bento XIV em 1742, a Medalha de São Bento tornou-se célebre por sua extraordinária eficácia no combate aos demônios e suas manifestações; protege contra malefícios de toda espécie, doenças contagiosas, picadas de serpentes e outros animais venenosos ; protege também os animais domésticos e veículos. Aprovada e louvada pelos Papas, a Medalha de São Bento possui a força exorcística da Santa Cruz do Redentor - o sinal de nossa salvação.

cidadania nesse Império; e para nele per-

Dom Próspero Guéranger O.S.B., A Medalha de São Bento, Artpress, 1999, São Paulo.

O Império de Satanás possui os seus cidadãos Entre os homens, ao Império de Satanás pertence aquele que o deseje: é su-

manecer, basta a fa lta ele contrição, que se C AT O L IC IS MO

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buco, o Catimbó do Nordeste, o Nagô ou as Casas de Minas do Maranhão, a Paj elança da Amazôni a: eis a matéria remota desse novo tipo de Espiritismo. Os Kardecistas não toleram que se qualifique a Umbanda como espírita. Mas os própri os umbandistas continuam a proclamar empenhadamente que também eles são verdadeiros espíritas. A Federação Espírita Brasileira, numa solene declaração, publi cada no órgão ofi cial Reformador, de julho de 1953, pág ina 149, acabou concedendo aos umbandi stas o ' privilégio' de se chamarem espíritas" 15 •

ção, que a luz claríssima da .v,erdade difi cilmente consegue arrancá- lo da imaginação popular. ., Exemplo fri sante de estultice popular o leitor encontrará nos epi sódios vividos pelo Profeta Daniel (Dn 14, 1-42). Depois dele desmascarar o fal so deus Baal dos babilônios, estes o qui seram matar! ... * * * É ótima defesa contra o demônio usar sobre si a Medalha Milagrosa, o Escapulári o do Carmo, o Agnus Dei, a Medalha de São Bento (ver quadro na página anterior), a água benta etc. De nada adiantarão, porém, se a pessoa não se empenhar na observância dos Mandamentos. O Pe. Gabriele Amorth - de quem falaremos adiante - assim se refere ao uso da Medalha Milagrosa: "Constatei em várias ocasiões a eficácia das medalhas que as pessoas usam com fé. Bastaria falar da Medalha Milagrosa difundida em milhões de exemplares no mundo depois da apari ção da Virgem a Santa Catarina Labouré (Paris, 1830); se falássemos das graças prodigiosas recebidas através dessa simples medalhinha, nunca mais acabaríamos" 14 •

Cultos afro-asiáticos de conotação satanista na atualidade

Certas práticas hinduístas, sob a capa de bem espiritual, atrai alguns para as formas mais veladas de falsa religiosidade

Evocar os mortos: proibição formal da Igreja

Fac-símile de "O Estado de S. Paulo", 15-1-99

magia negra. Ela fo i presa com o concubino e a mãe de santo, que também teriam participado do crime, no litoral fluminense (cfr. "O ft Estado de São Paulo", 15- 1-99). co,.,i. ~ A difusão de cultos afro-asiáGovern~ do Estado do Rio de Janeir~· ticos de conotação satanista é hoje Fun~açao para Infância e Adolescênci w . Voce ode a·udorl · uma realidade. No Uruguai, por ae registrou desaparecimento'foto d . . exemplo, a umbanda é a prática ~ a menina divulgada em cartaz religiosa que mai s cresce, a tal ponto que a fes ta de Iemanjá é a mais popul ar do país, atra indo para as praias centenas de milhares de prati cantes desse cul- Namorado e foi es ancad to de ori gem afri cana (c fr. "Fomae-de-santo também do e j~gado a, o corpo queima. em um r ua deserta fio ram presos, suspeitos lha de S. Paul o", 27-11 -99). na Bª!xada Flum inense. ' de participação no crime cia~~f~ assa~sinar a fil ha , Pa tríMesmo aqueles que procupohc1a denunciar O s s upos to d . . eu ram esses cultos por razões folFE RNANDA PONT~ esaparecun ento Sua . . . . ~~•c1r1va levou as a utorid~des a l•::-.pcda J f>n nt o K'i l ndu cl óri cas ou turísti cas, arca m le~~~ â ª r a foto da cria nça na gacom o ri sco de ser envolvidos IO - A vendedora Patrí- d · os ~ enores desaparecidos -~ FuAndaçao _!3rasilcira da Infância Ped rosa de So uza por eles e sofrerem as consecia e dolcscencia (FIA) 0 . de 24 anos i · ' · coracusada de t , o1 presa poda · qüências. mo, _criança apareceu no mes. er matado a p ó

Em sua obra Sobre a heresia espírita, o mesmo autor acrescenta: "A prática generalizada pelo espiritismo de evocar os mortos não é recente. O espiritismo atual é a continuação da magia e da necroman-

N,.,o .....

M~ . ae. e acusada da morte de menina em ritual de magia

O Prof. Plínio Corrêa de Oliveira observava que "o homem gosta de meias verdades, mas tem horror à verdade total". E Donoso Cortez, renomado escri tor, fil ósofo e sociólogo espanhol, diz que "o espírito humano tem f ome de absurdo e de pecado" (cfr. Obras Completas: Ensaio sobre o Catolicismo, B.A.C., Madrid, 1946, Tomo 2, p. 377). filha , Thaís de Souza ~o~ madncs, !nas como estava deforÉ por isso que a grande maioria dos enterrrado como • d' l?!es, de 3 anos, segund o a genteo, fo1 Espiritismo A • 111 1homens prefere o caminho fác il das meias pohc1a, cm um ri tual d ,· p risao de Pa trícia fo i . e maus- poss1veJ tr t umbandista poniiíc ,1 P J' . t a os e magia negra. Com eh verdades, desembocando em religiões fa loram p~esos o seu na morad~' a d esco n fiar d;s ~~~~~[tssou D. Frei Boaventu ra Klosas. O demônio os atrai como pode, exo pedre iro Well ington L - , a presentava sobre o su os t que d os S an · t os Ma rtin s d e cao saparcc imento da fil ha P o depl orand o suas más tendências e se us ppenburg O.F.M., Bispo de 24 "Ela fo i contra ditóri~ ano -, e a mãe-dc-san'to N , vícios. Ass im , a uns conseguirá arrastar . Novo Hamburgo (RS), expli nos seus mi a C ris tina D 'A •i oe- depoimentos" c1 · tendente d p . , ':çse o super in·1 10 Vl a, de 27 diretamente para o satani smo rad ical dos ca: "Não podemos indi car ',• s, que teriam participado da d I a ofi cia Especializae o assassina to. O crime ocor- t ' e egado Clá udio Góes A.n sacrifícios cruentos. A outros, atrairá para uma data exata para a aparireu cm ma rço do ano . . contem, Pa trícia fo i subm~fd . 1111 casa de Patr' . passad~, as form as mais veladas de fa lsa reli giosi- ção, entre nós, daq uil o que novo interrogatóri o. c~n~ · ,c,a, no m umc1 p10 de Ma11garat1'ba · A criança , . f . tu-se, chorou e aca bou con dade que parecem beni gnas, às vezes sob hoje se chama espiritismo cssa ndo a tra ma. a capa de fil antropia ou de bem espiri tual , de Umba11da . Movim ·ntos como certas práticas hinduístas. popul ares, de ori gem ni tidamente afri cana, 0 111 fachadas cristãs, mas fortemenExemplo típico, entre muitos, de sataainda hoje, para form ar a umbanda (palate pagani zadas e diretamente influencianismo cruento, é o caso de uma vendedora vra afri cana que significa fe itiçari a). O do Rio de Janeiro que declarou ter matado das pe las práticas espíritas, aos poucos se Batuque do Sul , a Macumba do Ri o, o a própria filha de três anos em um ritual de aglutinaram e continuam a coordenar-se Candomblé da Bahia, o Xangô de Pernam-

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A festa de lemanjá, prática da Umbanda (palavra africana que significa feitiçaria), ultrapassa nossas fronteiras e consegue adeptos no exterior. Em países como o Uruguai, o número de seus seguidores cresce de forma preocupante

eia de tempos idos. Já no Anti go Testamento exi stem testemunhos das consultas aos mortos praticadas pelos hebreus" 16 • E prossegue: "Mas o fim vi sado foi sempre o mesmo: evocar os mortos, para deles saber alguma coisa. O espiritismo

moderno, portanto, é a magia ou a necromanci a da Anti güidade. Ora, consta de textos insofi smavelmente claros do Anti go Testamento que Deus proibiu, sob as mais severas penas, semelhantes práti cas de necromancia e magia" 17_ Eis abaixo alguns textos da Sagrada Escritura, que condenam severamente a necromancia e a magia: • Êxodo 22, 18: "Não deixarás viver os feiti ceiros". • Levítico 20, 27: "O homem ou a mulher em que houver espírito pi tônico ou de adivinho, sejam punidos de morte. Apedrejá-los-ão, o seu sangue cairá sobre eles". • Lev. 19, 3 1: "Não vos dirij ais aos magos , nem interrogueis os adivinhos, para que vos não contamineis por meio deles. Eu sou o Senhor vosso Deus". • I Reis 28, 5-25: Estes versículos narram a hi stória do rei Saul , que fo i consultar um a pitonisa. A conseqüênci a do epi sódio inteiro é exposta no 1 Livro dos Paralipômenos 10, 3: "Morreu, pois, Saul , por causa das suas iniqüidades, porque ti nha desobedecido ao mandamento que o Senhor lhe tinha imposto e não tinha observado; e além disso tinha consultado a pitoni sa e não tinha posto a sua esperança no Senhor; por isso Ele o matou, e transferiu o seu reino para David, filho de Isaí''. • [V Reis 17, 17: "E con sagraram seus filhos e suas filhas por meio do fogo, e entregaram-se a adivinhações e agouros, e abandonaram-se a faze r o mal diante do Senhor, provocando a sua ira". • Isaías 8, 19-20: "E quando vos di sserem: Consultai os pitões e os adivinhos, que murmuram em segredo nos seus encantamentos: Acaso não consultará o povo ao seu Deus, há de ir fa lar com os mortos acerca dos vivos? Antes à Lei e ao Testamento que se deve recorrer. Porém, se eles não falarem na conformidade desta palavra, não raiará para eles a luz da manhã". Em vi sta do acima exposto, decorre a pro ibição divina de evocar os mortos e consul tar médiuns, maçumbeiros, gurus, carto mantes. Tal proibição é cl ara, repetida, enérgica e severíssima.

O espiritismo: verdadeira heresia Em face dessa tão radical negação de toda a doutrin a cri stã, o Epi scopado Brasileiro, reunido no VI Congresso Eucarís-

tico Nac ional ( 1953), presentes os Senhores Cardeai s, Arcebispos, Bispos e Prelados e o Representante da Nunciatura Apostólica, Mons. João Ferrofino, determinou que: " Os espíritas devem ser tratados como verdadeims hereges" 18 • O que vem a ser, pois, o herege? É aquele que, após o batismo, nega com pertinácia qualquer verdade que se deva crer com fé divina e católica, ou duvida perti nazmente a respeito dela, uma vez que o Direito Canôni co assim define a heresia: "Chama-se heresia a negação pertinaz, após a recepção do bati smo, de qualquer verdade que se deva crer com fé divina e católica, ou a dúvida pertinaz a respeito dela" (cân. 751 ). É essencial ao herege, pois, negar com pertinácia. Não seria herege quem negasse uma verdade sem obstinação, sem saber que se trata de verdade de Fé. Portanto não são hereges, nem podem ser tratados como tais, todos aqueles que, por ignorância e iludidos pela falaz propaganda espírita, aderiram ao espiritismo. Mas se, avisados, persistirem no espiritismo, tornam-se pertinazes, e, portanto, hereges, devendo conseqüentemente ser tratados como tais. Em seu liv ro ac ima mencionado, D. Frei Boaventura KJoppenburg conclui que "é sem dúvida severo e inexorável o modo de tratar os espíritas. Mas é uma medida necessári a e justa ..... O modo como continuam a evocar os mortos equivale a um a insurreição abe1ta contra Deus e a Jgreja" 19• Por isso, "os espíritas excluíram-se a si mesmos da igreja" 20 .

Condenações do reencarnacionismo há muitos séculos "Reencarnação é o termo usado para indicar a passagem da alma de um a outro corpo humano. Há um significado mais restrito da metempsicose, que indi ca a transmigração da alma humana através de vários corpos dos homens, dos animais, das plantas etc" 2 1• "No século LV, Orígenes tentou apresentar esta doutrina como sendo católica, in spi rando-se ·em Platão, levantando-se contra ele uma forte polêmica. Ela foi condenada pelo Concílio de Constantinopla no ano de 543 (Papa Virgílio). O absurdo da reencarnação foi posto a nu em declarações inequívocas do Magistéri o Ec lesiásti co, segundo o qual, após a morte,

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cada indivíduo é julgado e rec~be um destino eterno irrevogável (cfr. lI Concílio de Lyon, ano 1274; Constitúição Apostólica Benedictus Deus, de Bento XJI, 29- 1- 1336; Decretum pro graecis , do Concílio de Florença, 4-6- 1439)" 22 . "Um decreto do Santo Ofício, de 4 de agosto de 1856, decl ara ilícita, herética e escandalosa a prática de evocar as almas dos mortos, receber respostas etc.; a decl aração da S. Penitenciária ( 1º de fev./ 1882), dec lara ilícito ass istir, ainda que passivamente, às consultas e jogos espíritas. Leão XIII proibiu a leitura e a posse dos liv ros nos quais se ensina ou se recomenda o sortilégio, a adivinhação, a magia, a evocação dos espíritos e semelhantes superstições" 23 .

trinas marxistas, dominaram nestes últi mos anos a cul tura, a educação e o mundo do espetáculo" 27 . "A magia e o espiri tismo são incentivados por vários canais de televisão. Acrescentem-se ainda os jornais e os espetáculos de horror, em que ao sexo e à violência se aliam mesmo um sentido de perfídia satânica e a difusão ele certas músicas ele massa que invadem o público até à obsessão. Faço aqui muito particularmente referência ao rock satânico ...." 28 . "Os Exorcismos são esconjuras ou mandados imperativos que o ministro autorizado pela Igreja faz em nome ele Deus contra o demônio, para que abandone as pessoas por ele possuídas ou cesse de infestar pessoas ou coisas, ainda que inanimadas" 29 .

Faltam exorcistas autênticos

Visão de leão XIII: crescente atuação diabólica no mundo

O Pe. Gabriele Amorth, exorcista ofi cial da Diocese de Roma, esclarece em seu ensaio Um exorcista conta-nos: "O demônio faz tudo para não ser descoberto, mostra-se muito lacônico e proc ura todos os meios para desencorajar o pac iente e o exorcista" 24• E acrescenta: "Os exorcistas na Itáli a são pouquíssimos, e os que estão preparados, ainda são menos. A situação noutros países é ainda pior, por isso têm-me procurado para a bênção pessoas vindas da França, Áustria, Alemanha, Suíça, Espanha e Inglaterra, onde - a se acreditar no que me di zem - não consegui ram encontrar um exorcista. Incúri a dos bispos e dos sacerdotes?" 25 . "Hoje em di a a Pastoral, neste setor e no mundo católico, está compl etamente descurada. Não era ass im no passado. Cada Catedral devi a ter um exorcista, do mesmo modo que tem um confessor, e devi am ser tanto mais numerosos os exorcistas, quanto maiores fosse m as necessidades: nas paróqui as mais importantes, nos santuários" 26 . "Minha experiência direta leva-me a afirm ar que novos fatores estão na ori gem do aumento considerável das vítimas do Mali gno. Em primeiro lugar, analisemos a situação do mundo consumi sta cio Ocidente em que o sentido materialista e hedonista ela vida fez com que muita gente perdesse a fé. Penso que sobretudo na Itá1ia uma grande parte ela culpa cabe ao comuni smo e ao socialismo que, com as dou32

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E ainda o mesmo autor di z: "Muitos ele nós recordamos que, antes da reforma litúrgica do Concílio Vaticano li , os ce lebrantes e os fi éis, no fim de cada missa, ajoelhavam~se para rezar

menico Pechenino na revista Ephemerides Liturgicae, 1955 , pp. 58-59: Não me lembro exatamente cio ano. Uma manhã, o grande Pontífice Leão XIII tinha celebrado a S. Missa e estava a assistir a uma outra de ação de graças, como de costume. De repente, viu-se ele virar energicamente a cabeça, depois ele fix ar qualquer coisa intensamente, sobre a cabeça docelebrante. Finalmente, voltando a si, bate ligeira, mas energicamente com a mão, levanta-se. Dirige-se ao seu escritório particular. Daí a uma meia hora, maneia chamar o Secretário da Congregação dos Ritos, e estendendo-lhe uma folha de papel, manda fazê-la imprimir e enviar a todos os Ordinários do mundo. Que assunto continha? A oração que rezávamos no fim da missa com o povo" 30.

Apesar dos embustes do sincretismo religioso, a doutrina católica não mudou Papa Leao XIII

uma oração a Nossa Senhora e outra a São Miguel Arcanjo: "'São Miguel Arcanjo, protegei-nos no combate, sede nosso auxílio contra a malícia e ciladas do demônio. Ordenelhe Deus, instantemente o pedimos, e Vós, Príncipe da milícia celeste, pelo divino poder, precipitai no Inferno a Satanás e os outros espíritos malignos que vagueiam pelo mundo para perder as almas.' "Co mo é que nasceu esta oração? Transcrevo o arti go escrito pelo Pe. Do-

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tudo está bem, que você pode mi sturar a Fé da lgreja com um outro credo, como se fosse algum tipo de mescla", comentou em declarações reproduzidas por Larry Rohter no "The New York Times" 31• Convém insistir, portanto, que o sincretismo - fu são de várias fo rmas e opi niões religiosas 32 - apresenta-se como um "fenômeno universal em relação aos problemas religiosos mais graves, espec ialmente no que se refere ao judaísmo e ao cri stiani smo" 33 . Mi stura os Santos da Reli gião Católica com personagens, míti cos ou não, de outras reli giões, sejam elas o espiri tismo, o candomblé, a macumba, ou qualquer outro culto pagão. Trata-se de um artifício de que pode servir-se o diabo para enganar os incautos, especialmente as pessoas que vi vem na ignorância religiosa. Além do sincreti smo, é inquietante a difusão considerável que a superstição, a magia e o oculti smo vêm alcançando em nossos dias, como veremos a seguir. Tão uni versal é o fenômeno, que recente notícia da agência Zenit menciona o espantoso avanço do esoteri smo e da magia no país em que se encontra o próprio centro da Igreja Católica e da Cristandade: "No mínimo inquietantes: ass im são os dados oferec idos no Congresso sobre

Ora - poderia objetar algum leitor-, há eclesiásticos que abrem os braços e di alogam amigavelmente com macumbeiros e espíritas. Infeli zmente é bem verdade que, sobretudo nos últimos 30 ou 40 anos, mui tas decl arações e atitudes de membros do clero parecem em contradição com a doutrina acima exposta. Uma conferência anual de padres e Bispos negros realizada em Salvador, em julho cio ano passado, incluiu uma vi sita aos dois principais terreiros de candomblé.

Superstição, Magia e Satanismo na Úmbria, organi zado pelo Instituto Teológico

Chocado com isto, o Pe. Pierre Mathon anunciou que celebraria uma missa de repúdio às práticas religiosas que descreveu como demoníacas, e acusou o clero em questão ele desviar-se da única Fé verdadeira. "O di álogo é bom, mas fechar os olhos aos padres católicos que recebem as bênçãos de sacerdotes cio cadomblé é simples mente inaceitável", afirmou o Pe. Mathon durante sermão em Salvador. E acrescentou: "Esses padres são a própria Igreja e estão dando um mau exemplo" ... .. É o que confirma o próprio Arcebispo Primaz ele Salvador, D. Geraldo Majell a, que atribui as manifestações de sincreti smo religioso presentes na Bahi a li " .... fa lta de conhecimento mais profundo da Reli gião e ela Fé católica. Conseq üentemente, acreditam que qualquer coisa vale, que

de Assis. Os números fa lam por si mesmos: mai s de 12 milhões de itali anos recorrem a um mago pelo menos uma vez por ano, mais mulheres do que homens, 40% com estudos secundários, 30% com estudos universitári os superiores. A Agência ANSA cita Mons. Ennio Antonelli , secretário-geral da Conferência Episcopal • itali ana: 'com a taxa de 8 por mil do imposto sobre a renda que se destina às igrejas e religiões, a lgreja Cató lica recebe 500 milhões de dólares, por ano, enquanto a quantia faturada pelo mundo do ocultismo chega a 750 milhões de dólares' 34 . A nós, católicos leigos, cumpre, nas tri stes circunstâncias atuai s, redobrar os esforços para esclarecer o próx imo sobre a expansão das vári as for mas de cultos satânicos que vão corroendo o catolicismo no Brasil. Peçamos a Nossa Senhora Aparecida e a São Miguel Arcanjo que nos dêem toda proteção e ajuda nessa luta contra o Império de Satanás. ♦

Notas: * São Pedro

co mp ara o de môni o a um leão rugidor que gira cm torn o dos homens para tentar devorá-los (c fr. 1 Petr. 5, 8 e 9). ** Cfr. Charles Baudelaire, poeta fra ncês satani sta ( 182 1- 1867): "A melhor astúcia do di abo é fa zer-nos crer que não ex iste". 1. Monsenhor Cri sti ani , Presencia de Satâ11 e11 el 111u11 do 111 ode m o, Ed iciones Pe nse r, Buenos Aires, 1962, pp. 94-95. Tradução castelhana da edi ção ori ginal fra ncesa (Éd iti o ns France Empire, Paris, 1959) por Marta Acos ta Vam Pracl. 2. Ad Tanqucrcy, Co111pê11dio de Teologia Ascética e Mística, 4" cd., Livraria Apostolado da Imprensa, Porto, Portuga l. Tradução Portuguesa da 5" edição ( 1920) do ori gin al francês pe lo Pe. Dr. João Ferreira Fortes. 3. Cfr. Monsenhor Cri sti ani , op. cit. pp. 63 e 64. 4. Op. cit. , pp. 64-65. 5. Op. cit. , pp. 65-66. 6. Op. cit.. pp. 67-68. 7. Op. cit., pp. 68, 69-70. 8. Op. cit. , pp. 70, 7 1-72. 9. E11ciclopedia Cat1olica. Citl il dei Vatican o, 1953, vol. 1O, p. 1948. 10. Mo ns. He nri De lass us, La Co 11j 11ratio 11 A11tichrétie1111 e; Dcsclée, De Brouwer et Cie. , Lille, 19 10, tomo 1, p. 12. 11. Cfr. John L. McKcnzic S. J. , Diciondrio Bíblico, São Paulo, Paulin as, 4" ed., 1983, pp. 2 e 133) . 12. De Plác ido e Sil va, Vocabulârio Jurídico, Livrari a Forense, Rio de Janeiro, 10" cd., 1987, vol. 1, p. 420. 13. Abbé Emmanucl Barbier, Histoire Populaire de L' Ég lise, P. Lethielleux, Éd iteur, Pari s, 19 1O, pp. 18 1- 182. 14. Pc. Gabri ele Amorth , U,11 exorcista co11tc1-110s, Pa ulinas, Lisboa, 3" ed., 1998, p. 57. 15. Frei Boave ntura Kloppenburg O. F. M., O Esp iri ti.1· 1110 11 0 Bras il, Es tud os 1, Vo zes, Petrópoli s, 1960, p. 5 1 16. Idem, Sobre a Heresia Espírita , Vozes, 4" cd., 1957 , p. 23. 17. Idem, ibidem. 18. Op. cit. , pp. 9- 18. 19. Op. cit. , p. 16. 20. Op. ci t. , p. 17 2 1. E11ciclopedia Ca 11olica, Cillà de i Vati ca no, 1953, vol. 1O, p.677. 22. Idem, p.678 . 23. E11ciclopedia Ca11olica, vol. 11 , p. 11 35 e ss. 24. Pc. Gabrielc Amorth, op. cil. , p. 97 25. Op. cit. , p. 2 1. 26. Op. cit. , p. 22. 27. Op. cit. , p. 59. 28 . Op. cit. , p. 60. 29. Enciclopedia Ca uolica, Città dei Vati ca no, 1950, vol. 5, p. 596. 30. Pc. Gabriclc Amorth, op. cil. , pp. 43 -45. 3 1. Larry Rothcr, Relação com candomblé divide católicos da Bahia, "The New York Times", 12. OI. 2000. 32. Th e Ca tlwlic E11 cyclopedia, Th c Uni versa l Know ledge Foundation, lnc. Ncw York, 19 12, vo l. 14, p. 383. 33. Enciclopedia Ca tto lica, Cill ü de i Vati ca no, 1953, vol. 11 . p. 662. 34. Agência Zenit, Roma, 10-5-2000.

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NACIONAL

REFORMA AGRÁRIA: amargos frutos junto ao Rio Araguaia PAULO HENRIQUE CHAVES E NELSON RAMOS BARRETTO

aminho do Assentamento do Es011.dido - no me proveniente do rio que o cruza - , no muni cípio de Caseara-TO, e ncontra mo-nos com o Sr. Alcides Ferreira Borges, 65 anos, natural de Irecê (BA), pai de três filhos . E le não é assentado, mas arrenda uma terra vi zinha ao assentame nto. (ndagado sobre o juízo que fazia do assentamento, e le não titubeia em lançar impropérios contra a Reforma Agrária. Ao perceber o gravador em nossas mãos, já manda um recado: "Eu quero que vocês levem gravado para o Governo que esse negócio de Reforma Agrária é jogar dinheiro no mato! Esse pessoa/faz uma conta no Banco e não paga mais nunca! Todos aí do Assentamento do 'Escondido' devem ao Banco".

Cinco anos depois: desafio não respondido Em J 995, percorremos 21.850 qui lômetros de nosso te rritório-continente. Vi sitamos 44 assentamentos de Reforma Agrária nas cinco grandes regiões do Brasil. Efetuamos 369 entrevi stas, gravadas em 67 horas de fitas magnéticas. Tudo isso completado com mais de 1.200 fotos. Fizemos ainda longa entrevista com o Diretor de Assentamentos do INCRA, em Brasíli a, Dr. Raul do Valle, que nos fa lou sobre as "maravilhas" alcançadas pe la Reforma Agrária. O esforço dessa pesq uisa resultou na publi cação do ensaio: Reforma Agrária sem.eia assentamentos - Assentados colh m miséria e desolação - Reportag 0 m da TFP revela a verdade inteira. Ta l estudo foi recomendado e orientado pelo in squ ível Prof. Plínio Corrêa de Oliveira, d f •nsor ardoroso do princípio

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nhor de nosso futuro. Com efeito, pelo menos em dois terços do imenso território brasileiro não foram cometidos os erros observados em outros países, porque este ainda estava inabitado. E m meados do mês de março últi mo, e ncontravamo-nos às margens do Ri o Araguaia, onde deságua o Ri o do Coco, no município de Caseara (TO), divi sa com o Estado do Pará. Tomamos conhecimento da ex istência de assentamentos de Reforma Agrária na região. Al guns deles eram de ini ciativa do Governo estadual e outros do Governo federal. Ocasião oportuna para verificarmos, também ali, o que vem ocorrendo nestes últimos cinco anos no tocante à propa lada Reforma Agrária e informarmos os le itores de Catolicismo de seus malefícios. Na verdade, visitamos detidamente dois Projetos de Assentamento na região. Ocupar-nos-emos hoje de apenas um : o Projeto do Escondido, considerado o melhor, ou o menos ruim da região, situado praticamente dentro da cidade de Ca eara.

A palavra dos entrevistados: clamor anti-agro-reformista

da propri edade privada. O in signe líder católico j á havia escrito várias obras de caráter doutrinário, demonstrando não só os ma lefíc ios quanto a inviabilidade da Reforma Agrária, quando nos propôs a e laboração do mencionado trabalho. O estudo tinha um objetivo bem determinado: que brasileiros se rendessem di ante da evidênc ia dos fatos e não se deixassem enganar pela Reforma Agrária. Nosso ensaio obteve sucessivas edi ções, totalizando mais de 100 mil exemplares, difundidos por todo o País. Chamamos a atenção do leitor para . a contundência de nossas afirmações na ocasião, tais como: "Onde se implanta um assentamento de Reforma Agrária, começa a devastação "; "Os assentados chegam a passar.fome e só sobrevivem fora da terra"; "Há um enorme desperdício do dinheiro público, além dos erros técn icos"; " Desorganização e imprevidência do INCRA "; "Calote nos empréstimos"; "Apesar de toda cijuda, fracasso ... "; "desistência e abandono";

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Alcides Ferreira Borges, não assentado, cultiva com êxito área arrendada contígua ao Assentamento do Escondido. Além da plantação de milho, planta, com ótimo índice de produtividade, feijão, mandioca e abóbora.

" Favela rural", "Os sem-terra continuam sem terra"; "Ônus para os municípios"; "Promiscuidade"; "Brigaria e roubos"; "Assentamentos: misto de ditadura e escravidão"; "Cumplicidade da mídia e de autoridades"; "Esquerda católica, a grande propulsara ". Chegamos mesmo a desafiar os discordantes das conclu sões de nosso ensaio, que as contestassem com dados objetivos e concretos. Passados c inco anos, não surgiu sequer um contestador.

No Sahara verde Nos idos de 1977, o Prof. Plínio Corrêa de Oliveira, ao receber uma delegação de estudantes france. es interessados em conhecer Brasi1, referiu-se ao nosso Sahara verde, a Amazônia, como pe-

O j á c itado Sr. Alcides Ferreira Borges, baiano falante, foi descrevendo as mazelas do assentamento. Enquanto nos mostrava sua bela roça de milho e de feijão, ia soltando o verbo: - "Aqueles que tiraram as terras aí no começo do assentamento não têm mais ninguém aí. Já venderam suas terras e foram para a cidade. Um aí fez .força para eu comprar o lerreno dele. Mas o presidente da associação deles, um tal de Mineirinho, não deixou que eu comprasse. Ele é do PT" . .. .. E o Min e irinho também d ve ao Banco? - "Ele também não pagou a conta. Esse negócio de assentamento é conversa. Eles pegam aquela cesta básica que o INCRA dá e já vão indo embora. Quando recebem dinheiro do INCRA é cerveja que não é mole! Vão todos para o f orró num bar da cidade. Um dia o dinheiro acabou. Aí pronto. Muitos venderam" . .... O Sr. conhece o utros assentamentos aqui na reg ião? - "Existe um outro assentamento

por aqui que se chama Caiapó. Esse é grande. Este daqui é pequeno, só tem 17 assentados. Assim mesmo, alguns j á possuem mais de um lote, porque compraram de outros. O Prefeito daqui já tem dois lotes aí". O Sr. tem alguma coisa a nos di zer lá do Caiapó? - "De lá, vinha gente para acidade deitada na ambulância, .fingindo de doente... Quando pensava que ele estava no Hospital, ele estava nos botecos..." Mas tudo somado, parece que esta Reforma Agrária não dá certo e m lugar ne nhum. É bem isso? - "Isto aqui é um absurdo! O Governo tinha que mandar uma .fiscalizaçc7o para estes cantos aqui ... Não é só por São Paulo, nesses lugares grandes não ... Fiscalizar! É a maior ladroagem ..."

O Padre é "mais petista que tudo no mundo"

emenda-se] da Igreja não, desse povo, porque a Igreja não tem nada a ver corn isso, porque a Igreja não tem culpa. " Porque eu não gosto de i17:justiça e o padre está fa zendo injustiça. Porque esse pessoal é ruim e ele o coloca para dirigir o assentamento. "Eu não sei se vocês são pelistas ... Porque eu sou contra o PT mais do que o 'cão' é contra a Cruz! Mas o cão aqui é o demônio, não é cachorro não! E petista é bicho ruim e o padre é ligado ao PT mais do que ... Ele é de Araguacema [cidade vizinha]. É ele e mais três freiras, todas do PT Ele.foi à minha casa,falou comigo e eu acabei pedindo para ele sair de lá, porque esse negócio de tirar o que é dos outros para mim não serve. Isso não é justo. Ele não está sendo de Deus, não! Esse povo não quer nada com Deus, porque Deus não quer isso não! "

Da terra não tira nada

Há padres envolvidos aq ui neste assenta mento? - "Os dirigentes do assentamento se reúnem com o padre. O padre daqui é mais petista que tudo no mundo. Quando começa um assentamento, ele corre para lá fa zendo missas e procurando agradar o povo. E eu passei a não gostar da Igreja [e tirando o boné, pedindo desculpas,

De ntro do Assentamento do Escondido, entrevi stamos o Sr. Ivanildo Nakano, 35 anos, casado, doi s filhos. O nome indica-nos sua ascendência j aponesa. Vivendo há c inco anos no assentamento, e le nos conta sua hi stória: "No todo, são 17 assentados aqui, tocando 25 hectares para cada um. Na verdade, a gente comenta: para quem não

Há sete anos Zé Ximango vive na casa construída com troncos e coberta com folhas de babaçu (à direita) . Ao fundo, casa inacabada de alvenaria construída com

verba insuficiente fornecida pelo INCRA. Embaixo, ele mostra à reportagem de Catolicismo sua fracassada roça de milho

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VIDAS DE SANTOS lvanildo Nakano, que f Omprou lote de um ex-assentado, ja adquiriu um segundo lote de outro desistente. Razão de seu êxito: espírito de empreendimento, característico da livre inciativa.

não quero ver m.ais abacaxi na núnha f i-ente. O dinheiro que saiu para nós fo i para plantação de abacaxi, mas na hora de vender não apareceu comprador".

ffi

São João Francisco de Régis,

E aq ue le arroz plantado ali em c ima?

quer lrabalhar é muita terra, mas para quem quer lrabalhar é pouca. Tem gente que está há sete anos aqui e ainda está com a terra todinha porfazer" . ....

- "O arrozal não é meu não. É de meus.filhos. Foi plantado capim no rneio dele. Meus/ilhas trabalham corn cam.inhão lá na cidade. Ganham lá e põem o dinheiro aqui ".

O que hav ia no seu lote quando você o adq uiriu ?

Quanto S r. tira por mês aq ui , se fo r transformado em salári o?

- "A única coisa que havia aqui era um curral, mas a pessoa de quem eu compi'ei o lote, o Zé da Madalena, tirou as tábuas e vendeu. Quando eu comprei não tinha quase nadafeito. Tive de desmatar, fazer cerca. Hoje, na verdade, tenho dois lotes". Que tipos de ajuda vocês recebem aqui po r parte do Governo? - "O Banco do Amazonas dá uma

espécie de PRONAF(Programa de Crédito Auxílio Fam.iliar) especial, por onde a pessoa não precisa empenhar a terra · para pagar, mas apenas extge que um assentado avalize o outro e assim ninguém pagou nada. "Dos oito primeiros assentados que .ficaram, só existe um que está mais ou menos. Quando eles implantaram o assentamento eles.fizeram a coisa mal feita. Deram dinheiro para.financiar uma plantação de abacaxi, laranja e coco. Acontece que os pés de coco morreram. todos, pois .fà.ltou irrigação no período da seca. As laranjas deram praga e ninguém punha veneno e acabaram morrendo. Os abacaxis acabaram se perdendo também porque eles plantaram errado, o adubo que era para uma plantação eles colocaram em outra. Outros venderam o adubo que receberam. No .final ninguém conseguiu dinheiro para pagar as contas e ninguém tem nada. Na época, cada um recebeu do INCRA 7.500 reais". Quantos sa lários o pessoa l tira aq ui da terra?

- "Sei não. Daqui não tira nada. Tem que trabalharfora. Só um ou dois que vivem disso aqui e os demais têm. renda fora" . e quando sa ía o dinhe iro? Normalmente, o di nheiro era bem utili zado? 01110

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- "Alguns torravam o dinhei ro. Outros recebiam o dinheiro parafazer cercas com madeira boa e acabavam.fázendo com madeira ruim. e desviavam o dinheiro.

Devagar, quase parando... Sr. Je rô nimo Rona ldo Pere ira, natural de Tupaciguara - MG , 46 anos, casado, dois filhos, há 20 anos na região, onde traba lhava para faze ndei ros, e há apenas três anos no assentamento, nos informa: "Já comprei de outro. Comprei

um primeiro lote, aí o Prefeito propôs uma troca comigo para que seus lotes .ficassem juntos e aí nós I roca mos " . E como estão as coisas com o Sr.?

- "Surg iu esta opor/unidade de comprar aqui, eu comprei. Cornprar terra nunca é dinheiro perdido. A casa já estava pronla ". Se for co ntar quanto le d inheiro o S r. tira aq ui por mês, qua nto representa em sa lá ri os mínimos?

- "O máxüno que posso tirar da qui é um salário mínimo. Tenho cinco cabeças de porco. Aqui a gente vai devagar, quase parando".

"Não quero ver mais abacaxi na minha frente ... " Sr. José Galdino Marinho, natural ele Patos de Minas, apelidado de Zé Xi mango, 6 1anos, seis filhos . O que o Sr. vem plantando aq ui em seu lote?

- " Planto milho, mas o milho não presta não. Abóbora dá, mas precisa adubo ... " O Sr. está aq ui desde o começo do assentamento?

- "Sim, mas lenho muita dívida para pagar. Nós plantamos abacaxi mas perdemos tudo! Não vou plantar mais e

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missionário excepcional e baluarte antiprotestante

- "Do chão aqui só eu mesmo. Nüo tiro nern 200 reais por mês".

O exemplo desse notável jesuíta é especialmente oportuno para nossa época, em que a falta de autêntico zelo apostólico e espírito sobrenatural está na raiz da decadência religiosa e da proliferação de falsas religiões

E esta casa que o Sr. está fazendo aí?

- "Pa ra construir a casa, recebi c1juda do INCRA somente para comprar o material, masfoi preciso inleirar: 2.000 lijolos, 12 sacos de cimento ... Gaslei demais e a casa não está pronla ... " Antes de nos despedirmos, o Sr. Zé Xi mango ainda nos disse que antigamente ali clava mui ta banana. Saíam cam inhões de banana, mas agora não sai mai s.

PLJ NIO M ARIA SOLIMEO

Voz que clama contra a Reforma Agrária

ro Cura d' Ars - , embora muito parcimoniosamente, o que ele pede. É um santo aj udando a outro, para a ma ior g lória de Deus. 1 Do segundo João, o C ura d' Ars, muito já se fa lou. É sobre o primeiro, falecido prematuramente aos 44 anos de idade, no exercício de seu zelo apostó lico, c uj a festa comemoramos no dia 2, que fala remos no presente artigo. De São João Francisco de Rég is dizem os Bolancli stas: "Um desejo imenso de procurar a glória de

A presente reportagem não nos fa la através da voz supe rior dos princípios, ou ela linguage m fria dos números e das estatísticas. É a voz mai s imed iata, e portanto ma is sensíve l, dos fatos objetivos ap resentados pela reali dade. E essa voz não fa la, e la c lama:

A Reforma Agrária não resolve o problema social, nem o econômico. Pelo contrário, ela freqüentemente os agrava até o paroxismo, gerando miséria, desolação e comiseração para com tantos trabalhadores rurais de boa f é, enganados ! O atual programa de Reforma Agrári a não difere substancia lmente cio programa proposto pelo Presidente João Go ul art, na década ele 1960. Por mais que se insista num erro, este permanece sempre um erro. Em 1960, Plíni o Corrêa de O liveira lançava o brado de alerta: Reforma Agrária - Ques!ão de Consciência. Tal brado vitorioso convenceu os brasil eiros ele e ntão que a Reforma Agrá ria só causa miséria. Essa verdade pe rmanece hoje e continu ará vá lida no futuro, porque a Reforma Agrária se baseia cm princípios ele índole soc iali sta . ♦

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m pobre peregrino, faminto, maltrapilho e exausto, chega ao santuário de La Louvesc, a 1. 100 metros de a lti tude, nas montan has do Haut-Vivarais francês. Prostra-se cm profu nda oração diante da urna de carva lh o na qual estão os restos mortais do apósto lo da região. Estávamo no início do séc ul o XIX. O que fo i pedir esse rapaz, aparentemente tão desprovido ele aptidões natura is? É um João, ainda não canonizado, que pede a outro, já elevado à honra d saltares, que lhe obtenha a graça de conseguir reter em sua me mória, rebe lde, os rudimentos de lati m necessários para chegar ao sacerdócio. E o João canonizado - Francisco ele Rég is - obtém para o João que virá a sê- lo - Maria Vianney, futu -

Deus; coragem a que nenhum obstáculo, nenhum perigo podem causar temor; aplicação infatigável na conversão dos pecadores; doçura inalterável que o torna mestre dos corações mais rebeldes; inesgotável caridade pelos pobres; paciência à prova de todas as contradições e de todos os maus tratos; firmeza que as ameaças e mesmo a vista da morte não puderam jamais abalar; a humildade mais profunda, abnegaçüo mais completa, despojamento mais absoluto, obediência mais exata, pureza de anjo, soberano desprezo do mundo, amor insaciável pelos sofrimentos, em uma palavra, todas as virtudes pelas quais uma pessoa sant!fica a si própria e sant!fica as outras, tal é o resumo desta admirável vida". 2

No lar, pureza da fé; no colégio, exímia piedade João Francisco nasceu no início de 1597 de uma abastada família que se distinguiu pela pureza ela fé numa

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ouvi-lo sem derramar lágrirnas .... Um pregador eloépoca e região em que dominavam os hereges hu gueqüente e renom.ado, tendo-o ouvido, disse: 'É em vão notes (protestantes ca lvini stas). Um de seus irmãos dará que trabalhamos para ornar nossos discursos. Enquanto a vida pela causa católica contra esses pérfidos inimi os catecismos deste santo missionário convertem, nosgos da Relig ião alguns anos mai s tarde. sa bela linguagem não f az senão entreter sem. produzir Aluno do colégio dos jesuítas de Béziers, mostrounenhumfruto". s se um apóstolo nato. Sua devoção a Nossa Senhora leE outro hagiógrafo, o Pe. José vou-o a ingressar na CongreLeite, descreve com vivacidade gação Mariana do colégio, torseu e ntranhado ze lo apostólico: nando-se apóstolo de seus co"Com o bordão de peregrino legas, c inco dos quai s, para lee envolvido num pobre casaco, var uma vida mai s perfe ita, percorria montes e campos, no mudaram- se para a mes ma inverno sobre a neve, e no verão casa qu e R ég is. Então, com sob os raios abrasadores do sol. pouco ma is de 14 anos , comOnde havia uma casa para visipôs um a reg ra para e les , na tar; uma miséria para socorrer; qual fix ava as horas para o esou um coração para consolar e tudo, proibia toda conversação abrir para Deus, aí chegava seminútil, dispunha a leitura espi pre o missionário por caminhos ritual durante as refeições, exainverossím.eis ". 6 me de consciência à noite, e comunhão aos domingos. Sermões ardentes Aos 19 anos, querendo dederrotam heresia dicar-se de modo mai s especicalvinista e al a Deus, entrou no Noviciacorrupção moral do dos Jesuítas, onde foi exemEm 1633 o B ispo ele Yiviers plo de obediência, humildade pediu ao Superior dos Jesuítas e devotame nto. Certo dia em um missionário para acompanháque ele se levantou furtivamenlo e m s ua Vi s ita Pa s toral à te durante a noite para ir rezar diocese, onde não só hav ia decana cape la ela casa, fo i visto por um colega que o de nunciou ao Pórtico da Catedral de Viviers (França) . Nessa cidade, dê nc ia re li giosa, mas também os Francisco de Régis realizou verdadeiros prodígierros prote stantes ele Ca lvin o superior. "Não turbeis as co- São os apostólicos, convertendo, com seus sermões inflahaviam fe ito muito estrago entre municações que ess e anjo mados, inúmeros hereges calvinistas o povo . São Franc isco de Régis mantém com. Deus, responde ufo i o escolhido. Seus sermões inflamados e suas patéti lhe o sacerdote, pois, ou muito me engano, ou um dia cas exortações ating iam diretame nte o coração ele seus celebrar-se-á na Igreja a.festa de vosso companheiro" .3 ouvintes, produzindo muitas conversões. Causou senUm conhec ido a utor ele vidas de santos come nta a sação a de uma notável senh ora protes tante, que propósito ele seu nov iciado: a bjurando sua heres ia, foi recebida sole ne me nte no seio " O sagrado caráter do sacerdócio encheu seu coraela Igrej a. Esse fato ocasionou novas conve rsões. ção com tal abundância de espírito de humildade, que Em Sommi eres, cidade con hecida pela irrelig ião e resolveu viver daí para a frente morto a si mesmo e tocorrupção ele costumes, os res ultados foram tão notátalmente entregue a promover a glória de Deus e a salve is que surpreendeu o própri o mi ss ionário. Escreveu a vação das alrn.as ". 4 seu superi or dizendo que os frutos havi am sobre pujado Exemplo de vida, carisma da pregação ele tal modo sua expectativa, que ele não tinha palavras para ex plicá-los. Dir-se- ia que os habitantes da c idade Após sua ordenação sace rdotal e m 1630, os haviam nasc ido de novo . e mpestados ele Toul ouse receberam as primíc ias cio miPara consolidar esses frutos, o mi ssionário instituiu nistério apostó lico cio neo-sacerdote. "Sua linguagem a Confraria do Santíssimo Sacramento, restabe lece u o era simples e popular; mas o fogo da caridade, do qual costume das orações da manhã e da no ite nos lares, e ele esta va inflamado, dava a seus discursos um poder um modo de socorrer os pobres da paróqui a . !ai que toda a cidade vinha escutá-lo e ninguém podia

Santificação do próximo baseada na santificação pessoal

ditava ver no altar não um homem, mas um anjo. Eu o vi algumas vezes nas conversasfanúliares, calar-se repentinamente, recolher-se e iriflamar-se, após o que ele falava das coisas divinas com tanto fogo e uma veemência que demonstravam que seu coração estava transportado por um impulso celeste. ... . Ele passava uma parte considerável da noite ouvindo confissões, era necessário uma espécie de violência para obrigá-lo a tomar um pouco de alimento". 8

Esses resultados provinham da vida interior do apóstolo, que nada negligenciava para aniquilar-se a si mesmo, com vistas a obter graças em suas pregações. Além de macerar seu corpo com disciplinas e cilícios, alimentavase apenas de pão e água, dormindo apenas quatro horas diárias, e ainda sentado num rude banco. Hoje em dia, cató li cos espantam-se da irre ligião e do progresso de se itas protestantes em certas reg iJunto a seu túmulo, milagres ões. Em últim a aná lise, isso não ocorre ria ~ -- - lembram o Evangelho ... se houvesse na atua lidade muitos cató licos, especialmente sacerdotes, Enfim, embora tivesse tido coimbuídos desse espírito. municação do dia de sua morte, São Não era com concessões Franci sco ele Régis quis morrer doutrinárias que São Francisno campo ele batalha, com as co ele Rég is obtinha seus tri armas na mão. Ardendo de feunfos. Mas, por exe mplo, bre, dirigiu-se para Louvesc, a avançando com o C rucifixo fim de pregar uma missão nas na mão contra so ldados profestas natalinas de 1640. Pastestantes que se preparavam sou o tempo pregando e ouv inpara pi lhar uma igrej a e codo confi ssões sem se poupar um meter toda sorte ele sacrilég iminuto, até cair no confess iom1os, increi ava-os com tanta forrio. Pediu então para ser levado a ça e convi cção, que os mesmos um estábulo, a fim de ter a consolaabandonavam seu intento. ção de expirar num estado semelhante Sua ene rgia contra as blasfêmias só ao do nascimento de Cristo. igua lava sua pate rnalidade no confessionáTantos foram os milagres ocorridos em rio. Certa v z, tendo um homem ousado blasseguida junto à sua sepu ltura, que os ArceMedalhão de Clemente XI. Este Papa beatifemar em sua presença, deu-lhe sonora bobi spos e Bispos cio Languedoc francês esficou o admirável jefetada. A uma mulher que fi zera o mes mo, creveram uma carta ao Papa dizendo: "Sosuíta em 1716 cobriu -lhe a boca com barro. O mais surpremos testemunhas ele que diante do túmulo endente é que, cm ambos os casos, vendo que o sacerdo Pe. João Francisco de Rég is os cegos vêem, os coxos dote fora movido por seu amor inflamado pela glória ele andam, os surdos ouvem, os mudos fa lam, e o ruído Deus, o primeiro ajoelhou-se imediatame nte a seus pés dessas assombrosas maravilhas espalhou-se por todas as nações". 9 O Sumo Pontífice C lemente XI beatificou pedindo perdão, e a segunda a fastou-se compung ida. 7 Para o zelo cio mi ss io nári o, não havia limites. Dava então o grande jesuíta em l 716 e seu sucessor canoniaul as de catecismo às crian ças, evangelizava os adultos, zo u-o em 1737. ♦ vi sitava os prisione iros e os cl entes e co nduzia à eme nNotas: da mulheres de má vid a. Ass isti a os moribu ndos e tinha 1. Cfr. Francis Troc hu , Le Cu ré D'Ars, Librairi e Ca th o liqu e um dom especial para di spô-los a morre r santamente. Ernrna nue l Vitte, Lyon-Pari s, 1935, pp, 50-5 1. Fu ndava, com as senhoras da cichclc, associações de 2. Les Petits Bo ll andistes , Vi es eles Sa int,1· , d'apres le Pere Giry, caridade para amparar as famíli as p brcs, e, quando neBloud et Barra i, Libra ires-édite urs, Paris, 1882, torno VII , p. 86. 3. Ede lvives , E/ Sa nto d e Cada Dia , Edit ori a l Lui s Vives S.A., cessário, ia e le mesmo mendigar para so orrê-las . Zaragoza, 1947 , to mo Ili , p. 476. Narram-se várias profecias e muitos mil ag res do 4. lei. ib, Santo. 5. Les Pettits Bo ll andi stes , Vies des Saints, d ' apres le Pere G iry, Um ele seus conte mporâneos depôs sob juramento Bloud et Barrai , Libraires-édite urs, Pari s, 1882, tomo VII , p. 89. 6. Pe, José Leite, SJ,, Santos de Cada Dia, Ed ito rial Aposto lado da no processo de canonização: "Tudo nele inspirava scm-

tidade. Não se o podia ver nem ouvir sem se sentir abrasado de amor divino. Ele celebrava os santos mistérios com uma devoção tão terna e tão ardente, que se acre-

Oração, Braga, 1987 , tomo li , p. 366. 7. Cfr. Ede lvi ves, o p. c il. , p. 480. 8. Lcs Peti ts Bo ll andi stes, op. c it. , p, 96. 9. ld. ib., p. 99.

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Jacinta e Francisco , l>--<l Jamats poderei deixar de admirar uma revista tão maravilhosa quanto o Catolicismo. A mesma traz muitas informações e faz com que a família cresça unida, consc iente e respeitando os mandamentos deixados por Deus. Sobre esse último número, As

Mantenho meu protesto contra a ap resentação do filme "Dogma" no Brasil , devemos combater da forma mais dura que pudermos para que a blasfêmia e a imoralidade não perturbem a paz em nossa família. Coloque em sua age nda que continuo na luta com vocês. (A.V.S. -

PE)

crianças maisfam.osas do mundo, é sem dúvida, inca lc ul ável minha satisfação poder saber mais sobre esses dois Santos tão queridos que foram beatificados por Sua Santi dade o Papa João Paulo 11. (A.F.S. -

CE)

Maior divulgação í>-<1 Sobre Francisco e Jacinta, vemos que pouco se conhece a respeito de suas vidas, talvez devido ao fato de não se divulgar suas histórias. Acho que deveria haveF maior divulgação, pois as informações são precárias e deixam a desejar, ao menos a mim, que tenho grande interesse e gost,u-ia que houvesse mais pesquisas para um melhor conhecimento ele suas vicias. (V.C.F.-PE)

A verdadeira glória

Modelos para as crianças

H Nesta edição da rev ista Catolicismo, imposs ível não dar nota 1O, principalmente à matéria sobre as duas crianças que ficaram famosas no mundo, Jacinta e Franc isco, que poderiam ser consideradas modelos para as cria nças de todos os lares brasileiros. Também a edição a nterior, ·obre os 500 anos cio Descobrimento do Brasil, merece nota I O. (V.P.E. -

SP)

A alegria é nossa Gosto imensamente ela rev ista Catolicismo e espec ia lme nte este último volume em que trata ela beatificação cios pastorzinhos de Fátima. Obrigada, fico alegre quando a revista chega em casa. [:5--<;]

(R.M.M.M. -

MG)

l>-<l O artigo referente à verdadei ra g ló ri a ele Jacinta e Francisco está simpl esmente maravilhoso. Incríve l que nos dias ele hoje, infelizmente, muita gente não conheça os fatos e nvo lve ndo Jacinta e Francisco e a irmã Lúcia, ainda viva. Parabéns, continuem divulgando esses fatos. (Z.C. -SP)

Na agenda

M Gostei espec ia lm e nte do exemp lar 593 ele Catolicismo (As crianças maisfam.osas do mundo), espero que contin uem sempre assim , aperfeiçoando a cada dia as notícias sobre religião e a vicia.

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Divulgação da Fé Católica

ça , esc larecendo- nos importantes questões hi stóricas, acerca do Descobrimento do Brasil pelos nossos avoengos lu s itan os. As festas , co memorando o evento , foram brilhantes e m Portugal , porém, aq ui e m nosso Brasil , sofreu o deletério impacto do Marxismo , asso lando nossa Pátria e desinformando nos sa g e nte ... Nunca se fa lou, escreveu tantas blas fêmias e in fâm ias a respeito deste fato hi stó ri co , co mo vem oco rre ndo, neste ano, em nossos meios de co muni cação, nas esco las e nas diversas assoc iações ... Destacamos também o belíssimo artigo "Expansão da Fé e

do Imp ério Luso: principal mela do Descobrimento ", magnificamente desenvolv ido pelo Sr. Frederico R. Abranches Viotti.

Desarmamento? Não!

"Nem nazd"acismo nem comunismo", do Sr. Renato Vascon-

à primeira vi sta sensato, na v er-

celos, nos escla rece muito bem acerca cio fato político recentemente aco ntec ido na Áustria. Na co luna "H istóri a" , temos cio Sr. Carlos E. Schaffer, o brilhante texto, enfocando o Revmo. Pe. Marco D ' Aviano, providencia l defen sor ela C ri standade ameaçada pe lo Islam ismo Otomano, tratando o tema ele modo bem informativo daquele fato hi stórico cio sécul o XVIII. (A.J.F.P. -

IBl Estamos recebendo em ordem esta excelente publicação de rico conteúdo espiritua l, cristão e moral. Congratul amo- nos com os Srs. pela beleza ele sua apresentação gráfica e pelos textos muito bem redigidos, divulgando nossa Fé C ri stã Católi ca Apostólica Romana tradic ional , sempre dinâmica, autêntica. O exemp lar ele abril está magnífico, ap reciamos tudo , da capa à contracapa. Destacamos a e ntrevista feita com S.A .I.R . o Sr. Príncipe Imperial do Brasil, Dom Luiz ele Orléans e Bragan -

alguns, pareceria que respos ta mais sensata seria Sim! Pois se há tantos crimes, seqüestros, assaltos à mão armada etc. etc., desarmando-se a população, acabar-se-ia com a criminalidade ou pelo menos ha veria forte diminuição. Além do mais, dizem eles, "não se combate violência com violência"e o bandido só mata quando percebe que estamos armados e dispostos a reagir. Se o tratarmos com bondade, com resignação e paciência, ele não irá nos matar ... Ali ás , é dever da polícia garantir a nossa segu rança; é a ela, em primeiro lugar, e não ao indivíduo, a quem incumbe combater o crime.

SP)

Vencendo as dificuldades l>--<l Adorei a palavra do Apóstolo São Paulo, Sinais ele Alerta. Sou casado há 26 anos, tenho um casa l ele li lhos que adoro. Posso dizer que, apesar das grandes dificuldades da vida doméstica, mmca brigamos e vivemos bem graças a Deus. Peço-lhes que orem por nós, que rezamos por vocês e para que Deus abençoe esta revista maravilhosa que ass ino há quatro anos. (E.A.M. -

SP)

Desarmamento: Sim ou Não? A pretexto de combate à escalada do crime comum e organizado e talvez para não ter de confessar sua impotência, autoridades decidem pressionar o Legislativo para que este aprove - e com urgência - o projeto de desarmamento da população (a honesta, evidentemente, pois bandido não cumpre a lei). Será essa a verdadeira solução? ·r. Deputado, An-.qurok"'lrwburo"r,·triNMDOdt" ec-Ondc•$tll~dt.1pu•·ob~ldru:

, vioknuwpc».w;u ino«ni.c-,.

Entretanto isso, que parece dade supõe uma vis ão distorcida e rom ântica do crime e do criminoso, além de deformada do ponto de vista religioso. Distorcida e romântica, pois parte do princípio de que o ladrão é apenas uma vítima social. E se ele rouba ou assalta, é sempre porque está num extremo de necessidade, na aflição de não ter sequer um pedaço de pão para alimentar seus fi lhos, ou para matar sua fome ... Certamente há os que o fazem por esse motivo, mas tudo indica que constituem ínfima minoria, que em geral se limita ao estritamente necessário para satisfazer uma emergência. Aliás, os v erdadeiros pobres preferem recorrer à caridade pública e pedir esmola. Norm alm ente, não roubam cartão de crédito, relógio, jóias, carro, ou assaltam bancos ... Quem faz isso, optou pela criminalidade, mesmo sabendo que corre o risco de ser mandado para a prisão ou de sofrer morte vi olenta . Na verdade, antes de adotar o crim e, ele se afastou de Deus, rejeitou a moral e poderá mesmo ter perdido a fé. m con seqüência, não respeita mais os direitos do próximo. Ele escolheu a vida mais fácil preguiçosa, por não querer labutar diari mente para obter o que lhe é nec sário à subsistência, preferindo roubar aquil qu os outros conseguiram com sa riff i .

l\1cnclo,.umcn1c

deração o número de crimes caiu 81 %! No Estado de São Paulo aconteceu exatamente o contrário. Durante o governo Fleury (91/94) havia 69.000 pessoas autorizadas a portar arma. No quadriênio seguinte, durante o governo Covas, o porte de armas foi dificultado e caiu para 2.200. Resultado: o número de crimes aumentou 35,8% e o de roubos, 41,5 % !

Desarmamento? Nunca! *

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Assim sendo, e partindo do princípio de que nossa Constituição nos garante a vida e a liberdade de ir e vir, é dever do Estado prover à nossa segurança pessoa l para podermos exercer esses direitos sem constrangimento. Mas, como o Poder Público mostra -se incapaz de defender individualmente todos os 1 60 milhões de brasileiros, não pode nem lhe cabe a prerrogativa de impedir que cada um possa exercer seu direito de legítima defesa, possu indo e portando discretamente, nos termos definidos por lei, armas de uso pessoal. A legítima defesa pessoal, mesmo independente das obrigações do Estado e da polícia, é antes de tudo um direito e um dever do indivíduo . E ele tem que ter os meios para exercer essa defesa. Contra fatos não valem argumentos: Nos Estados Unidos, 32 Estados adota ram o ·p orte livre de armas. Em c onseqüência, nessas unidades da Fe-

O Estado brasileiro, contrariando esses princípios e dados de bom senso, pretende agora assumir com exclusividade a tarefa da defesa individual de cada um. Nada mais funesto! A partir do momento em que os aventureiros tiverem certeza de que todos os brasileiros honestos estão desarmados, eles farão a festa. Foi o que aconteceu na Alemanha nazista de Hitler e no Moçambique comunista de Samora Machel. Será isso que se pretende para o Brasil? Eis por que a TFP (Sociedade Brasileira de Defesa da Trad ição, Família e Propriedade), através de sua campanha SOS Fazendeiro, está empenhada em lutar para impedir a aprovação de projetos de lei do desarmamento que correm simultaneamente no Senado e na Câm ara dos Deputados, em Bra sília. Os políticos devem sentir nossa preocupaç ão , no ssa ang ústia, nosso receio de que, aprovados tais projetos, ficaremos à mercê dos bandidos, criminosos e aventureiros. ♦

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, Campanha de Fátima promove difusão nacional da Medalha de São Bento A Campanha Vinde Nossa Senhora de Fátima, não tardeis! está promovendo a divulgação da Medalha de São Bento, por se tratar de um excelente meio de defesa contra a influência diabólica, e principalmente porque, em nossos dias, uma das piores ciladas do demônio é fazer crer que ele não existe abrir a te,~·a e mos~ra r o lnferno ara os tres pasto nnhos, Nossa Senhora de Fátima parece ter querido prevenir os sécul os futuros a respeito da crescente ação di abólica que nos cercaria. Basta ver o notic iári o e verifi car os casos crescentes de magia negra e todo tipo de sortil ég io, inclusive com sacrifíc io de crianças.

As ciladas invisíveis

é o projeto de le i favo rável ao "casamento" ho mossex ual, pecado g ravíss imo contra a natureza, que c lama a Deus por vingança. É grave o ri sco ele aprovação desses projetos, os qu ais podem inaugurar uma ação di abó lica mais inte nsa em nosso País. Di ante ele tal ameaça, esta campanha naci o na l ele difu são d a meda lh a exorcísti ca de São Bento, tradi cional-

Alé m das mani fes tações di abó li cas ostensivas, exi stem aque las que tal vez sej am as mais peri gosas, pelo fa to de se r quase imperce ptíve l a presença de seu autor ma is din âmi co, o di abo. Desse modo, obtém e le que famíli as se desagreguem, filh os se lancem nas drogas e na imorali dade, pessoas perca m tudo o qu e possue m sem qua lquer expli cação e e ntre m e m decadê nc ia mo ra l co mpleta.

Leis diabólicas O demôni o també m pode tentar influenc iar grupos de pessoas que possuem altas responsabilidades cm determinada Nação. Assim , por exempl o, está tramitando no ongresso Nacional proj eto d ' lei favo ráve l à ampli ação dos ·asos lc aborto, o qual equi va l · a 11 111 verdadeiro assassinato d ' ·ri anças inocentes e indefesas e 1•va à •xcomun hão automáti ca. utrn ameaça ao Bras il

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mente recomendada pe la [grej a, tornase cada vez ma is indi spensável e útil.

Uma arma poderosa da Santa Igreja A Medalha de São Bento é uma elas mais poderosas armas que a Santa Igreja Católica colocou em nossas mãos para nos de fende r el a ação exercida pe lo espírito maligno. As ciladas diabólicas tentam destruir a paz na família, no trabalho, na saúde, e tentam muitas vezes impedir- nos de rezar e até ele pra ticar boas obras. O uso dessa Medalha , alé m de efi caz no co mbate contra o demô ni o e suas mani festações, pro tege ta mbé m contra ma le fíc ios de toda espécie, como doenças contagios,1s, picadas de serpentes e outros animais venenosos. Protege também animais domésticos e veíc ul os, no sentido ., ele evitar desastres e acidentes. Os interessados em receber o livreto ex pli cativo juntamente com a meda lha de São Bento eleve m li gar para o pl antão de atendimento da Campanha através do telefone (0xx 11) 3955-0660. Esta campanha de difusão ela Medalha ele São Bento igua lmente está acessível no site www.fátima.org.br. Parti cipe também des ta cruzada nacional e ajude a levantar verdade iras barre iras ele de fesa contra a ação di abó lica em nosso País. ♦

Epica caravana da TFP norte-americana 58 c idades dos Estados Unidos já foram pe rcorridas, em um mês, por me mbros ela T FP daque le país, numa caravana organi zada para esclarecer a opini ão pública american a sobre os verdade iros termos em que se põe o caso E li án - o peq ueno balseiro sa lvo ele modo milagroso no mar, qu ando fu g ia co m s ua mãe da C uba comuni sta , e cuja pronta devo lução é ex igida por Castro. O públi co tem rece bido a caravana ela entidade com e norme simpati a. A maioria das pessoas está convi cta ele que não se deve devo lver o me nino Eli án, po is eq ui valeri a a jogá-lo no i11ferno comuni sta. Contam os carava ni stas que ape nas uma ínfima mi nori a é fa vo rável à devo lução. Encontram-se também pessoas ainda cm dúvida sobre se é ou não o caso de devo lver o ba /serito para C uba. A elas, contudo , bas ta uma breve ex plicação para que co mpreenda m a tra ma que está por detrás desse caso. N ão s' tr:i ta apenas de uma questão ele pátri o poder - ·o rno alega a propaga nda pró-devo lução do me nino - poi s El ián, ele fato , não fi caria sob respo nsa bilid ad · d ' seu pa i, mas sim ele Castro .. . No fundo , o qu · s • di scute, não é a educação de um menino - 1 or mais que esse te ma possa despertar interesse - mas sim , s' os agentes cio comunis mo internac iona l t 'l m di r •il o ou não a recuperar aque les que conseguiram l'u 1 ir das mazelas e pe rsegui ções cio reg ime . Um ma nifesto d:i 'l'FP, intitulado " Pa ra onde a caminhada de Eli611 estd 11 0s levando", fo i publi cado nos seguintes j o rna is : "Wash ingto n Times", Di ári o Las Amé ricas" e "Th ' Wanclcrer". Este últi mo está sendo larga mc nl ' di stri buído pelos ca ra♦ vani stas (fotos I e 2).

Foto 3: estampada pelo "The New York Times", na qual o Governador do Texas, George W. Bush, candidato à Presirl ncia da República e sua espo a, //}em o manifesto da TFP norte-america na, publicado no " Was hington Times"

C AT O LIC ISMO

Julho de 2000

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o maravilhoso do equilíbrio Plinio Corrêa de Oliveira

C

onsidero o pa norama qu e se observa na fotografi a acima de alta categori a. Trata-se do Castelo de Chevern y, de estil o renascentista e clássico, situado no va le do L ire, na França. Onde cslá a beleza dele. • preciso anali sa r clcmcnlo por clcmcn1 0. A gra ma de um verde csm ·ralda, que em nossos trópicos não germina. No meio da grama, a coisa mais comum do mundo: uma estrada inteiramente reta. No fundo, um castelo. O que tem esse castelo pro pri amente de maravilhoso? Não se vê uma estátua, não se observa quase orn ato, nem é ele uma construção cara . É o marav ilhoso do equilíbri o, maravi lhoso do edifício bem pe nsado, es tud ado e construído com categoria. É o equilíbri o que se encontra nas coisas francesas, que contêm Loda espécie de sabores.

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A nalisemos o prédio. Ele composto ele

uma espécie de torreão central , que é o ponto monárqui co ela construção (foto abaixo). Essa parte central é toda leve, toda esgui a, mas ele tal maneira é bem pensada, que não se apresenta como raquítica, cl n nhum modo, cm relação a s dois ex tremos atarracadõcs ' bojudos , cxis1cnL ' S num e nout ro lado do ponl o central./\ pa ri ' r ta da fa ·hada ' Slá b ·m no centro: a graça dominando a força ; Jacó dominando Esaú. Os elementos pesados coordenados em torn o cio leve. É a afirma ção da superi orid ade cio espírito. O triun fo ela graça sobre a força, ela inteligência sobre as coisas da matéri a.

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Entretanto, o contraste entre a parle central e os doi s extremos é equilibrado - porqu e todo co ntras te, para ser equilibrad o, tem que apresentar termos interm edi ári os harmônicos - por dois co rp os el e edifíci os

iguais, que não são tão esguios quanto o corpo central , nem tão bojudos quanto os ex tremos, mas que se situam entre um e outro desses elementos, preparando a transição. A altivez do castelo está no que ele tem de mais gracioso. É como quem diz: "Forte eu sou, m.as sobretudo eu me preza de ser inteligente. Em úlJim.a análise, sou completo. Sou dotado de inteligência e de força. Sou equilibrado " . O castelo, sendo talvez um pouco di screto demais, foi rea lçado pela perspectiva. Fica num grande parque, envolto por um simples, mas esplêndido tapete de es meraldas para lhe servir ele apresentação. Ao longe, arvoredos form ancl a moldura. Dir-se-ia que ele sa i de dentro ele um mundo de delícias e ele mi stéri os. A clareza e a lógica cercadas pelos imponderáveis: outra forma de equilíbri o. Não é verd ade que um dos pnr,. ·r •s da vida, que torn am a cx ist ~n ·iu hu11111 n11 digna de ser cri stãm nt vivida, ~ 11 11 11 li sar as coisas dessa forma ? M as 11111di s11r com os olhos I os1os no ' u. Porq11 · ·s ses são va lores d ' espírit o, • s1 o 11ss i111 porque a civil ização que >crou tai s val o res foi cri stã. ão ass im, porq11 • l'oi d ·r ramado o prccio o sa ngu d Nosso S · nhor Jesus ri sto.

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Tais va lor 'S s[ío um r ,fi xo da I r ·j11 ai >li ·a. S • 11, o f'oss ·m as virtudes ·ris-

!>IE,V tfís, isto mo t ' ri a sido assim. Enl t o, não um puro gáu- l'-~ 'l"~ cli o para os olhos que se • • Lira dessa análi se, nem O ~ um puro gáudio da inleligência. M as por cima ~ dos gáudios vi sual e da in- . - ~ teligência há uma alegri a su• ~ peri or cio espírito, que consicl ·ru 1111111 OI dem transcendente ele coisas. Ord1•11 1 1111 qual exi ste um Deus pessoa l • sol11 1•11 11 tural, no Qual todas as form as 1k l'(Jtll lí bri o reali zam-se de modo 1:10 i11~111 ul11 vel, que é impossível de s ·r i11111 pl 11 11tl11 por qualquer cri atura . Assim é a Terra como II h 1111 111 d1 Deusa fezecomoa ivil i~.11~· l11 ( 'tl 1111 modelou. Em última an(i li s ·, l', 1111 1111 11 fi gura do Céu, para o q11 11 I lodo 1111 c1 mos chamados.

~

Excertos da Prof. Plínio e os e cooperad de 1961. Sem

a


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Escreve,n os leitores

Os itens do Capítulo XII que ora publicamos continuam a expor a tese de que a Igreja é a alma da Contra-Revolução.

2. A Igreja tem o maior interesse no esmagamento da Revolução

6. A exaltação da Igr ja

Se a Revolução ex iste, se ela é o que é, está na mi ssão da l greja, é do interesse da salvação das almas, é capital para a maior glória de D eus que a Revolução sej a esmagada.

Propos ição ev id nt '. S' 11 R ·volução é o contrári o da I r ·ja, impossível odi ar a R ·volu ·, o ( ·011sid ·ra<.fa gl oba lmenle, • não ' m ai •um usp' ·to iso lado) combut ·-la, s ' 111 iJJ.w1jtw10 ter por id ai a ·xa ll açéO da 1 •r·ja.

3. A Igreja é, pois, uma força fundamentalmente contra-revolucionária Tomado o vocábul o Revolução no sentido que lhe damos, a epígrafe é concl usão óbv ia do que di ssemos acima. A fi rmar o contrário seri a di zer que a I grej a não cumpre sua mi ssão.

4. A Igreja é a maior das forças contrarevolucionárias A primazia da I grej a entre as forças contra-revolucionári as é óbvia, se considerarmos o número dos católicos, sua unidade, sua influência no mundo. M as esta legítima consideração de recursos naturais tem uma importância muito secundária. A verd adeira fo rça da I grej a está em ser o Corpo Místico de N osso Senhor Jesus Cri sto.

5. A Igreja é a alma da Contra-Revolução

7 : A palavra do sacerdote

é o ideal da Contra-

8

Céu, Inferno ou Purgatório? Após o Juízo Final, o que acontecerá com as almas condenadas?

Revolução

7. O âmbito ela ontraRevolu ão ultrapas a, d algum modo, o da I reja Pelo que lieou dito, a ação contrarevolucionária envolve uma reorganização de toda a sociedade temporal: " Há

todo um mundo a ser reconstruído até em seus fu ndamentos", disse Pio X.11, diante dos escombros de que a Revolução cobriu a terra inteira.

Ora, esta tarefa de uma fundamenta l reorganização contra-revolucionári a da soc iedade tempora l, se de um lado d ve ser loda inspi rada pela cloutrin n da Igrej a, envo lve ele outro um s ' m-núm ro ele aspeclos concretos e prút i ·os que •sl ão J ropri amente na ord · 111 ·ivi l. · a esle títul o a ContraR •voluç, o tra nsbor la do âmbito eclesiás1i ·o, ·onti nuando sempre profundam •nt · li ada à Igreja no que di z respei1 0 ao M agistéri o e ao poder indireto desta.

Nossa capa: Fotografia de Nelson Barretto Fotocomposição do ateliê artístico de Catolicismo

1O -

Elián devolvido ao regime comunista cubano - Restaurado o edifício gótjco da Ilha Fiscal

Brasil Real

Vidas de Santos

2

12 Costumes

34 Santo

O fim últ imo da ContraRevolução : a exaltação da Santa Igreja

4

Grandes Personagens

Santos e festas do ,nês

37 Abraão:

Patriarca do Povo eleito, modelo admirável da confiança em Deus

14

Página Mariana

5

Estêvão, o Rei Apostólico

aristocráticos na vida rural de São Paulo no século XIX

Nossa Senhora de Siracusa (Itália)

Entrevista

Fáti,na

16 Famoso

40 Revelada

exorc ista de Roma , Pe. Gabriele Amorth aponta o perigo do crescente poder diabólico na atualidade

21

Confirmada previsão da TFP sobre fracasso da Reforma Agrária

Internacional

30 Coréia

do Sul alimentará fera famint a e traiçoeira?

TFPs e,n ação "A Mensagem de Fátima e a c rise da Fé,, - Con ferênci a promovida pela TFP francesa A ç ão contra imoralíssimo programa domingueiro de TV

A,nbientes, Costu,nes, Civilizações

Ciência

33 Evolucionismo:

a terceira parte do Segredo de Fátima

42 -

Capa

abalado

44 Santuário

do Sagrado Coração de Jesus, em São Paulo

tabu universal Se a Contra-Revolução é a lyla para extinguir a Revolução e construir a Cri standade nova, toda resp lend ' nte ele Fé, de humilde espírito hi rárquico e ele ilibada pureza, é cl aro qu • isto se fará sobretudo por uma aç: o profunda nos corações. Ora, esla a ·, o obra própri a ela I grej a, que ensina a doutrina ca tólica e a faz amar e prati rnr. A 1 •r ·ja é, po is, a própri a alma du ( '0111 r:1 R ·vol ução.

Estátua eqüestre de Santo Estêvão, escultura de Alajos Stróbl, localizada atrás da famosa igreja M atias, em Budapeste

Revolução e Contra-Revolução

Carta do Diretor Em continuidade o Prof. Plínio Corrêa de Oliveira trata do tonus contra-revolucionário que deve haver no apostolado católico. É o que veremos na próxima edição.

: A realidade concisa,nente

Pe. Gabriele Amorth, Presidente da Associação Internacional dos Exorcistas, concede entrevista exclusiva a Catolicismo

CATO L IC ISMO

Agosto de 2000

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Com a palavra ... o Diretor

PÁGINA MARIANA

Leitor amigo,

Palermo - Estamos no dia 23 de março do ano de 1953. Em Siracusa, encantadora cidade portuária ao su l da Sicília, num bairro conhecido pelas suas nefastas preferências pelo Partido Comunista, dois jovens esposos - Angelo Iannuso e Antonina Giusto - estabelecem sua moradia na rua chamada degli Orti. A princípio, tudo parece correr feliz em sua vida conjugal. Mas a lua-de-mel passou depressa e algo de muito grave vem abalar a quietude daquele novo lar. Com efeito, a senhora Antonina passa a manifestar distúrbios de natureza neurológica, os quais, al iás, iriam complicar também sua grav idez, no seu sexto mês, bem como a vida do nascituro. Os sintomas apresentados pela paciente eram crises convulsivas, perda da palavra, da capacidade visual e também da consciência. Um quadro patológico peculiar, que iria levantar muitas suspeitas e tornar ainda mais surpreendente e maravilhoso o que viria a ocorrer naquele 29 de agosto de 1953 ... De fato, nesse dia, após o ma.rido ter saído p,ua t:.rabalha.r no campo, a senhora Antonina deitara-se ao final de ma.is uma de suas crises. Eram 8h30 da manhã. De repente, os seus olhos foram atingidos por uma luz fulgurante e voltaram-se para o quadro de gesso de Nossa Senhora, representando o Coração Imaculado de Maria, que lhe haviam dado como presente de casamento e que estava pendurado na parede, à cabeceira da cama. Dos olhos da imagem estavam brotando duas grossas lágrimas, que foram seguidas de duas outras e de muitas outras ma.is.

A Reforma Agrária no Brasil é um verdadei ro aclávcr que acumula atestados de óbito emitidos por várias personalidades, mas que co nlinua in scpullo nos porões do planejamento de burocratas do Governo Federal. Quando 'algum alto funcion ário ligado à Reform a Agrária sa i do Governo, costuma expor ao público os motivos pe los quais essa não dá cerlo . E, c m gera l, não faz senão repetir as razões que nesse sentido o Prof. Plínio Corrêa de Oliveira, à rrcntc ela TFP, veio dando a público desde 1960. Aliás, esse cadáver acumula també m atestados de óbito no Exterior, tornando ai nda mai s patente o porquê de seu insucesso. Países como Japão, Rússia, Coréia, Méx ico, só para c itar alguns exemplos, tentara m, fracassaram, e j á abandonara m tal idéia. Mas o Brasil in islc ... retomando ciclicamente a velha reforma sob novas denominações, tai s como ... Estatuto da Terra (ET), Plano Nac ional ele Reforma Agrária (PNRA), Novo Mundo Rural etc. E o cadáver continua insepulto, velado por certa ala de políticos e burocratas de esquerda. O último a assinar o seu atestado de óbito foi o ex-Presidente do INCRA , Sr. Francisco Graziano, c ujas declarações são largamente tratadas nesta edição de Catolicismo . Homem de esquerda, e portanto propugnador da Reforma Agrária, as causas que e le apresenta do desastre agro-reformista no Brasil - pasme o amigo le itor - são as mes mas que a TFP, entre outras, tem invocado. Lendo nossa matéria de capa, o le itor poderá tirar as suas própri as conclusões, após apreciar o quadro comparativo que apresenta, lado a lado, as atuai s dec larações do Sr. Graziano e posições defendidas em obras lançadas pela TFP, no decurso de várias décadas . Um consc iencioso trabalho e lucidativo, que conduz forçosamente às seguintes perguntas: quais as razões que levam o Governo a insistir na Reforma Agrária? Por que o plano de Reforma Agrária no Brasi l ainda não foi enterrado? Quais os verdadeiros interesses que o cercam? Por que as esquerdas continuam propugnando a Reforma Agrária, quando até aderentes seus reconhecem a invi abilidade dessa inic iativa? E os líderes rurais? Eles não vêem isso e não sentem na própria pele os efeitos do desastre? Por que não promove m uma reação efic az em defesa da agropecuária brasil e ira, verdadeiro esteio da economi a nac ional? Por que o MST continua a ser ape lidado de "movimento social" e a gozar de privilég ios inauditos, inclu sive passando por c ima da le i? b, finalmente, a última e dolorosa pergunta: por que um a influente ala do Clero continu n propu nan lo a Reforma Agrária soc iali sta e confiscatória, apesar de ela viol ar doi s Mu11dn111 ·ntos da L i lc Deus? Um católico não pode ser indiferente às injustiças que a Rl'l'or,1111 /\1•ró ri 11 v ·rn produ:t,indo, e muito menos apoiá-las . lisp ·rn q11l' o 11111 ii•o l ·ilor :ipr• ·i ' ss arti g . 1i q,w Nl'II l'Olll l'11tlo o l'S ·l11r ·ça · ori •nt a r sp ito ele um lema tão di storcido pela d1•111111'01'i:11•sq1w1di st11l' l'Sl' t111Hlll'11do por · ·rios ,r,, os da mídia . C'mdi11'11w111 -,

Lágrimas analisadas, comprovadas, ... Paulo 'o,ra d ' Brito Fi lh D IRETOR

Parte 1 Na década de 50, mensagem sem palavras, mas muito eloqüente, da Mãe de Deus UMBERTO BRACCESI

De início, a jovem gestante imaginou estar tendo alguma alucinação, decorrente de seu estado de enfermidade. Porém, ao constatar que as lágrimas escorriam com intensidade e freqüência cada vez maiores , não tendo forças para levantar-se, chamou aos gritos os seus familiares: "Venham ... Venham ver o

quadro de Nossa Senhora que chora!". Então, os parentes acudiram, puderam ver a imagem em prantos e, diante daquele pungente fenômeno, puseram-se também eles a chorar. .. CATO LICISMO

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Com a velocidade do re lâ mpago, a notícia corre u por toda a rua degli Orti e alastrou -se através de todo o bairro de fama tri stemente esque rdi sta, fazendo confluir uma multidão de curiosos e de fi é is qu e se apinhavam para constatar, com os próprios olhos, aquele extraordinário acontec ime nto . Mas não ficou a pe nas nisso: para a felicidade e comoção de todos, estando a lacrimação num fluxo ininte rrupto, e les puderam e mbeber seus le nços e flocos de. algodão para conservar as prime ira relíquias daquela pungente cena. Devido ao e no rme a flu xo de gente, o quadro do Imacu lado Coração de M a ri a fo i in stalado na sacada da janela que dava para a rua . Ali , e nqu a nto as fa ces da im agem continu avam sendo regadas por aq ue le prec ioso líquido, hav ia um ambie nte sere no mas filial: ning ué m gri - . tava fre netica me nte anunciando o mi lagre, ning uém se agitava, ning ué m se dese ncadeava em tempestades e motivas .. . Analisando esse e quilibrado comportamento soc ial, o Professor Giuseppe Marino, ne uro-psiquiatra de fama intern ac ional e espec iali sta e m patologias nervosas, especialme nte nas que se refere m ao campo místico-relig ioso, declarou: "As 'alucinações' eram vistas

O quadro do Imaculado Coração de Maria, cujas faces foram regadas pelas lágrimas

Relicário que abriga as milagrosas lágrimas

mas humanas".

... e operaram maravilhas

concretizar-se numa realidade palpável, representada pela fluente cascata de pérolas que, como ficou demonstrado depois nos diversos laboratórios de análises clínicas, eram lágrimas nas quais notou-se a presença de água dis tilada, cloreto de sódio e partículas inJi.nit esirnais de substôn ·ia protéi ·a" e le me ntos que constituem uni a lá >rima humana .

... que repercutem em todo o mundo ... O prodig ioso pranto pro lo ngo u-se, com inte rvalos irregul ares, durante quatro dias. E, assim, puderam-se contar aos milhares as teste munhas provenientes de todas as categorias sociais e de várias nacio nalidades, porque a impre nsa local alardeara logo o ocorrido, atraindo imediatame nte a ate nção da imprensa 6

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LI

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pressionantes seq üê nci as da lacrimação, as quais hoje estão re unidas num a colossa l cole tâ nea reali zada pelo Pe. Sbri g lio , do PIM E, aos c uidados técnicos da SONY. E ntre me ntes, o Arcebispo loca l, Mons. Etto re Baranzini , julgo u melhor proibir mo me ntaneamente os seus sacerdo tes, religiosos e fre iras de se aprox imare m do local do prod íg io. Ademai s, pediu o rie ntações para dois peritos na maté ri a - o Cardea l S hu sler e o Pe. Geme i li - alé m de inc um bi r pessoas de sua in1 ira co nfiança de reunirem todos o. ele me ntos (inclusive alg um as testemunhas sob jurame nto) para a redação de um relató rio fidedigno a ser enviado para o competente Tribunal Ec les iásti co. Também devi a faze r parte desse doss iê o parecer de uma conspícua comissão médi ca constituída de 14 me mbros, inc luindo-se até o Dr. Mi che le Casso la, conhecido por seu agnosticismo re ligioso . O veredicto da mesma havi a s ido de que se tratava, efetivame nte, de "lágri-

italiana e, co mo u111 raslilho d · po lvora, à estra nge ira . /\o lll L' SlllO 1 ·rn po, cinea mado res de lodo o 1111111<l0 li l111aram im-

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Naq ue les dias, Don G iuseppe Tomase lli , um sacerdote sa les iano de Catânia, cidade próxima de S irac usa, depois de ter dado pouca impo rtâ ncia ao fato no ti ciado pe los jo rna is, mudo u de idé ia e resolveu ir pessoalmente ao loca l onde ocorri a m aqueles po rte ntos. A imagem mi rac ul osa já hav ia s ido in sta lada na praça vizinha à rua degli Orti , para poder abarca r a multidão de peregrinos que vinham pedir - e quantos obtinham! as c uras da alma · do corpo . O sa ' rdo1' aco111pa11hou • pr ·s ·n ·iou lai s ' lanl11s •l'lu; 11s ali rnn · ·didas, qu reso lve u l'Sl' n 'V\' I' sohrt· esses falos um livro be m d\'1 11 lh ado ao q ual deu o título História ti, • Nn.1-.1·" Senhora das Lágrimas, que passou a ser uma das melhores o bras de consulta sobre esse prodígio mari ano. Na próx ima ed ição destacaremos alguns locantes casos, por e le re feri dos , q ue dão uma idéia de como Nossa Senho ra das Lágrimas mostrou a sua maternal compa ixão por o ·as i; o daque la ♦ comovente maravi lh a.

"Foi uma graça de Deus"

Campanha de Fátima

Entretenimento: leitura

l>--<I Sinto-me feliz e m ser assinante dessa be líssima revista Catolicismo, pois não a conhecia e ne m sei co rn o conseg ui obtê-la. Foi uma graça de Deus. Fiquei um longo tempo sem informação e sem receber as edições, mas ineditame nte apareceu-me alguém que reativo u me u estímulo e re novei minha assinatura, e e m po ucos di as recomecei a recebê- la. É mui to importa nte. Quanta coisa boa c hegou ao meu conhecime nto com a le itura dessa revi sta e, através dela, te nho adquirido outros livros que ta nto valorizo!. .. por exemplo, os que relatam a vida dos sa ntos. Adorei saber mai s sobre as crianças videntes de Fátima (história que conheço desde a infânci a). (F.C.G. - BA)

1>-<I Muitas curiosidades foram sanadas através da histó ria de Jacinta e Francisco, é ex traordinária e santa. Te nho muita fé e rezo todos os dias pe los problemas do mundo atual .... Esta campanha só me traz sati s fação e tranqüilidade de alma. Continue m se mpre ass im. Não tenho nada a reclamar, só a agradecer. (V.C.J. - MG)

M Gostaria de di ze r que estou

"Continuem sempre assim" l>-<I Gostei muito da última edição da rev ista Catolicismo e espero que continue m sempre assim, trazendo a nossas casas estas maté ri as maravilhosas que a revista te m publicado. (F.M.L. - GO)

Imensamente agradecido

M A rev ista é uma graça para aq ue les que a tê m e m s uas mãos, e la nos deixa informados dos di versos ass untos que g iram em torno da l grej a e de Maria Mãe de Deus e nossa. Fico imensamente agradecido. Mal a revista chegou às minhas mãos, eu a li e repassei aos me us colegas, que também ficaram marav ilhados. A reportagem que mais me chamo u a atenção foi sobre a Beatificação e hi stó ria dos doi s irmãos Francisco e Jacinta, que graças a Deus já podemos bendizê-los e logo os teremos como santos. (J.R.F.S. - .MA)

muito fe li z por te r me tornado também um assinante desta maravilhosa revi sta , po is com ela encontrei uma ó tima leitura para minhas horas de folga, além da Bíblia, que também gosto de le r. (F.P.V. -TO)

Que lute e vença

N Gosto muito da variedade de D. Alvim Pereira, Arcebispo português

N Tenho o maior orgulho e respeito pelo Catolicismo, fico mui to feli z quando recebo a revi sta. .... Os assuntos para mim estão es pe tac ulares . A e ntrevi sta com D. Alvim Pere ira é maravilhosa, re nasce cada dia a Fé e m nosso De us e proteção cada vez mais de Nossa Senhora, Santíssima Virgem. (L.A.S. - PB)

temas da revi sta, qua ndo ela chega em casa é motivo de muito conte nta me nto e distrai muito aqueles que gostam das coisas de Deus e qu e re m fic a r por dentro dos acontecimentos. Ajuda muito para dar formação para os jovens, li vrá- los da violência e tudo mais ... Peço a Deus que olhe pelo Brasil e que abençoe nosso país, livrando-o de todas as desgraças e crimes acontecidos, que a mocidade atual lute pelo nosso Bras il e ve nça. (C.C. -SC)

Reflexões Inspiração católica O artigo SOS Famaia, "S inais de Alerta", foi muito be m-vindo e abre perspectivas de atenção para os casa is, princ ipalme nte cató li cos , para não incidire m nesse erro fun esto e destruidor que é a separação. A biografia do Cardea l Josef Mindszenty, estimula-nos a caminhar cada vez mai s na retidão. Os exemplos admiráve is dos três pastores de Fátima, principal me nte Jac inta e Francisco, são motivo de profunda re fl exão sobre a nossa vida espiritual. A fina flor do santos - São Bernardino de Sie na - nos de ixa um exemplo mag nífico do res peito e amor a Deus, respeitando o templo sagrado do Espírito Santo, que é nosso corpo após o batismo. (J.L.0.S. - RJ) l'>:-<1

É urna ótima revista ele inspiração cató li ca e com e la ve nho aprendendo muita coisa boa sobre minha re ligião. Sei cada vez mai s como abordar esses assuntos com minha família. Aprecio muito a " Página Mariana " e outra, que não pode faltar, é a "Palavra do Sacerdote". Também "SOS Família" ajuda muito de como conviver e m fa mília com dignidade. Os fatos atuais, nacionai s e internacionais, nos de ixa m be m informados. A página "Vida dos Santos" é outra que jamais pode rá faltar. Es pec ia lmente gos te i desse número de maio, sobre a vida de Francisco e Jacinta, j á beatificados, be m como da e ntrev ista com o Arcebispo português, é e mocionante. (M.J.D.S. - SP)

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e AToLIe Is Mo

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Pi lavra s~Cerdote --------?

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Pergunta 1 Quando uma pessoa é muito bo_a e amiga de todo mundo, não faz mal a ninguém, não mata, não rouba, mas nwica confessou, nem comungou, vive em concubinato e morre nesse estado, tem alguma chance de obter o perdão de Deus e ir - pelo menos - para o Purgatório?

Resposta A idé ia que muitos faze m do que seja uma pessoa "muito boa" é exatamente a que a prezada consulente descreve: "amiga de todo mundo, não Jaz m.a l a ninguém, não mata, não rouba". Acontece que, freqüentemente, uma pessoa assim infr inge outros Mandamentos da Lei de Deus ou da lgreja, como sejam, no caso em foco, viver em concubinato, não freqüentar os sacramentos etc. Que juízo fazer dessa pessoa? Será ela realmente boa? Como conci liar a visão aparentemente boa que ela dá de si com o fato de não estar em ordem, em outros pontos, com relação a Deus e à Igreja? Há um princípio de mora l que diz ser verdadeiramente bom só aquilo que não tem nenhum defeito: "bonum. ex integra causa, ma/um ex q11oc11111que defectu ". Ass im, uma lac;a d cristal que tenha ap ·nas uma p •qu na trinca

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será posta de lado pela dona de casa que prepara um a recepção em seu do micílio. A taça não está boa para se r apresentada aos convidados! O u um vinho de alto preço e deli cioso, mas contendo uma go ta le ta l de ve ne no, não pode ser servido. O mesmo se deve dizer na ordem mora l: um a pessoa que é boa ape nas em parte e falha em pontos essenc iai s não está e m condições de se apresentar diante de Deus. É cl aro que entra aqui toda a distinção entre pecados veniais e mo1tais, que certamente a consulente conhece bem. Se a alma se apresenta diante de Deus com peca los vcniais, ou mesmo mortai s já p rdoaclos, ela va i para o Pur alório, o rn o ca minh o I uri f'i cador para o éu. Mas, apresentando-se a alma diante de Deus com somen te um pecado mortal não perdoado, ela não tem chance nem sequer de ir para o Purgatório. E a Justiça de Deus se abaterá sobre ela com toda a força! Infelizmente se ensina pouco hoje em di a sobre a maldade que há no pecado moita! e como ele é incompatível com a glória de Deus. Mas, até o mo me nto da morte, entra também a consideração da Mi seri córdia de Deus: "A misericórdia e a verdade se encontraram. fa ce a face, a j ustiça e a paz se oscularam. " (PS 84, 11). Em atenção ao bem que uma pessoa praticou durante a vicia, ou por qualquer outro desígnio misterioso de sua Providência sobretudo se ela tiver tido devoção a Nossa Senhora Deus pode dar-lhe, no último momento, a graça de chamar um sacerdote diante do qual , Por disposição de Seu Filho, Ma ria Santlssim,1 esperança das ,1/111,, s 11111• padecem no Pmc, ,1/ótlo

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ve rd ade ira me nte Resposta arrependida, ela reN ão ! O be lo conheça que andou costume de se comal e confesse os locar uma vela aceseus pecados. E sa na mão do agoass im rec upe re o ni za nte - ou, se es tado de g raça isso não fo r poss íque lhe permitirá Cônego e ntra r no Cé u. JOSÉ LUIZ VILLAC vel , manter a vela segura por algum Como também , o parente ou ami go - é para que é mais raro - se a pessoa s ignifi car que e le conserva não conseguir obter a presenacesa a luz de sua fé em Deus ça de um sacerdote - e la e na Igreja até o momento derpode pedir a Deus, por me io radeiro. Mas o fato de ele esde Nossa Senhora, a enorme tar sozinho e não have r ningraça de fazer um ato de conguém cm torno dele que lhe trição perfeita (isto é, uma autêntica detestação da vida t ccaminosa que levou, por puro amor de Deus não apenas p ·10 medo las penas do inferno), ato esse que igualmente restabe lece a uni ão da alma com Deus, rompida por uma vida em pecado mortal. Seria, no entanto, presunção e temeridade levar vida pecaminosa contando com tais graças de última hora ... É preciso converter-se o quanto antes.

Pergunta 2 É verdade que, quando uma pessoa morre sozinha, sem a presença de velas acesas, isto significa que morreu sem a luz de Deus e que está perdida?

ofereça essa vela acesa, de modo algum quer di zer que e le morreu privado da lu z de Deus. A luz de Deus está acesa em seu coração se e le tem fé, esperança e caridade e portanto morre em estado de graça, arrependido de seus pecados, conforme explicamos na resposta anterior.

Pergunta 3 Será que as orações e penitências que fazemos pelas almas [do Purgatório] são aceitas por Deus para perdão de seus pecados? Mesmo quando temos sérias dúvidas sobre a salvação de uma pessoa, podemos rezar por ela?

Resposta É de fé que as orações e penitênc ias que faze mos be m co mo as indul gê nc ias que lucramos - são apli cáve is às almas cio Purgatório para alívio das penas te mporais dev idas por seus pecados. As almas do Purgatório não estão mais em condições de sati sfazer pelos seus própri -

os pecados. Co ntudo, elas fazem parle do que se chama a Igrej a Padecente, e participam portanto dos méritos cio tesouro espiritual da Igrej a, constituído sobretudo pelos méritos infinitos de Nosso Senhor Jesus Cri sto, dos mérito s s upe rabundantes de Nossa Senhora, dos méritos dos Santos e mesmo das orações e boas obras prati cadas pelos fi é is aqui na Terra, fi é is es tes qu e constitue m a c ha mada Ig rej a Militant e . Também os justos que estão no Céu (Igreja Triunfant e) roga m a De us pe las a lm as que estão no Purgatório, e obtêm o alívio de suas penas. E sobretudo Nossa Sen hora intercede em favo r delas, retira quanto antes do Purgatóri o os fi é is devotos que A honraram nesta Terra com o uso piedoso do Escapulário do Carmo (há também o utros escapul ários de va lor semelhan te) . No século XIV, Nossa Senhora apareceu ao Papa João XX II , prome tendo es pec ial ass istência aos que trou xessem o Escapulário do Carmo, assegura ndo que os I ivraria do Purgatório no primeiro sábado após sua morte. Essa segunda promessa é conhecida como Privilégio Sabatino.

E as pessoas de cuja sal vação duvidamos, vale a pena rezar por elas? - Sim, porque dúvida não é ce1teza, e é certo que o mérito ele nossas orações nunca se perde. Ainda que os méritos de nossas orações, penitências e indulgências não se apliquem a elas, Deus os ap licará a outros entes queridos que estejam precisando delas, ou às almas esquecidas e mais abandonadas.

Pergunta 4 O que acontecerá com as almas que estão no inferno, após o Juízo Final? Será que alguma delas, depois de tanto sofrimento, têm alguma chance de ir para o Céu?

Resposta Não, isso é absolutamente impossível! É ensin amento da Fé ! "Quanto durarão o Paraíso e o Inferno? O Paraíso e o lr!f'e mo durarão eternamente" (Teólogo Gi useppe Perardi , "Man uale del Catechista" , pub licado por ordem de S. S. Pio X, Ed itora Licet, Turim, 4ª ed ição, 1914). As almas que morrera m rompidas com Deus, ou seja, em estado ele pecado mortal, fi zeram uma opção definitiva . Isto implica em uma aversão a Deus, que é também uma

"E /Satanás] foi precipitado na terra e foram precipitados com ele os seus anjos (Apoc. 12,9). Os demônios e os homens que morreram em estado de pecado mortal fizeram uma opção definiv.J.

aversão definitiva, irremed iável. Essas almas amaram aqu i na Terra o que contrariava a Deus e od iaram aq uilo que era confor me a Deus. Se a morte as colheu nesse estado lastimável, elas, vendo-se diante do próprio Deus, no Juízo Particular logo após a morte, afastam-se c!E le por uma incompatibi lidade rad ica l com tudo que é de Deus, ou segundo Deus. E ai nda que - hipótese imposs ível - Deus as convidasse a ir para o Céu, e las, j á confirmadas no mal , não que re ri a m. E mpede rni das, preferem os horrores do in fe rno e a companhi a dos demônios e dos outros réprobos, a habitar num Reino de pureza e beleza como é o Céu, na companhia de pessoas boas e amáveis, como são todos os be m-aventurados na Igrej a Triu nfante. Porque se conformaram. nesta Terra ao feio e ao sujo, ao torto e ao errado, não suportam mais um lugar onde tudo é o contrário daquilo que pecaminosamente amaram na Terra! "A morte aeterna libera nos, Domine". Da morte eterna, livrai-nos Senhor' diz a Ladainha de Todos os Santos. ♦

CATO L ICISMO

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Epílogo trágico: Elián retorna ao interno comunista Suprema Corte dos EUA não renovou a ordem judicial que impedi a o balserito Eli án González (foto abaixo) de ser devolvido ao comuni smo cubano. Prevaleceu, ass im, o fal so argumento da Mini stra ela Justiça, Janet Reno - a mesma que ordenara a brutal retirada cio menino ela casa ele .-cus fami liares em Mi ami - , ele que cabe ao gcni tor ele EI i án o pátrio poder. lsto,

ª

apesar ele todos saberem que a Constitui ção co muni sta de Cuba, bem como o Código da Infâ ncia e Ju venlude daquele país, negam abe1tamente esse pátrio poder. Apesar também de saberem perfeitamente que esse troféu político concedido a Castro - o qual foi pessoalmente visitar o menino em 14 de julho - ajuda a perpetmu· a escravid ão ele milhões de cubanos que vivem oprimidos, restando-lhes apenas a esperança ele um di a lançaremse ao mar, arri scando suas vidas em bu sca el a liberd ade. Como, ali ás, ocorreu no di a 6 de julho último, quando 25 cubanos (9 homens, 6 mulheres e I Ocri anças) atingiram as costas da Flóri da em uma frágil embarcação. om mais estes 25, chega a 1. 16 1 o tota l ele cubamos que alcançaram as praias norte-americanas desde o resgate ele Eli án. George W. B ush, ca ndidato republi cano à presidência cios Estados Unidos, lamentou nos seguintes termos o retorno ele Eli án à Ilha-Presídio: "Causa-me lristeza ver que esta

terra de homens livres envia de vol/a um menino para uma Cuba comunisla, sem lhe dar uma audiência jusla num tribunal de.família". Rezemos por Eli án, para que Nossa Senh ora que o sa lvo u das águas, o sa lve também do comuni smo. ♦

Esplendor da tradição refletido na Ilha Fiscal

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pós um exaustivo trabalho de restauração, sob a coordenação da Marinha brasileira, proprietária dessa jóia arquitetônica, a Ilha Fiscal reabre suas po1·tas para o público conhecer o local onde realizou-se o último baile da Monarquia. O Palacete, construído em estilo gótico provençal , foi concebido inicialmente para ser um entreposto alfandegário. Entretanto, devido ao seu luxo e imponência , acabou transformando-se também em local de recepções da Corte. A antiga ala imperial , constituída por três grandes salas onde D. Pedro II recebia os convidados, foi destinada a abrigar o cerimonial da Marinha. Na primeira sala - de estar - foram colocados móveis em estilo gótico, bem como uma cópia do magnífico quad ro O último baile da Monarquia, pintado por Auré-

lio Figueiredo em 1904, além de cortinas e tapetes verdes, cor da Casa de Bragança. Em seguida, o visitante poderá apreciar a bela sala de jantar com mesa posta para 22 convivas. O serviço de louça ostenta o monograma da Marinha, desenhado especialmente para a reabertura. Subindo a escada de granito chega-se a um belo salão com esplêndido piso, em forma de mosaico. constituído por 12 tipos de madeiras brasileiras. Do teto, em azul cobalto entremeado de estrelas

douradas, pende um magnífico lustre de cristal, que tem como suporte um dos símbolos do Império, esculpido na pedra. Todo brasileiro sente-se orgulhoso em admirai· o seu passado histórico, expresso nas tradições do País, resgatadas e realçadas pelo dedicado e patriótico trabalho de nossa Marinha. Quem não sabe de onde veio perde sua identidade e não sabe para onde vai! ♦

O belo edifício gótico da Ilha Fiscal, recentemente restaurado, é uma das atrações turísticas do Rio de Janeiro

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vada que acha o homossexualismo incompatível com os valores morais que procura infu ndir em seus adep- • tos; obrigá-los a aceilar um homossexual em suas fi leiras f ere o direito da organização de se opor e deseslimular a homossexualidade". Essa vitóri a poderá indi spor ainda mais os escoteiros com os chamados grupos antidi scrimin ação. A li ás, j á se faz sentir a persegui ção contra os escotei-

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ros, pois em vári as cidades dos Estados Unidos tais grupos brecaram a concessão de locais públicos para as suas atividades. Dale, o pivô da di sputa, atacou os escoteiros, comparando-os aos dinossauros, "que acabara111 exlintos

porque não evoluíram". l à is palavras indica m bem que esses homossex uais entendem por evolução uma total inversão de valores. O aperfeiçoa mento evolu tivo, para eles, consistiri a na prática ele atos que, além de vi olarem a própri a L ei natura l , são condenados radica lmente por Deus na Sagrada Escritura. Foi em virtude desse vício, praticado por seus habitantes, que Socloma e Gomorra foram destruídas por uma chuva d "enxofre e fogo vindos do céu ", envi ada por Deus ( n 19, 24). A Santa Sé tem condenado rcitcrad am ' 111 ' as práticas homossex uais. ♦

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Brasil: campeão de carga tributária na América

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os impostos ult rapassa m 30 % do PIB. O Brasil é o país da Améri ca com maior carga tributári a. Andréa Lemgruber citou como exemplo a Argentina, cuja carga tributá ri a situ a-se entre 2 1% e 22%. do PIB, e o México, com carga de 16%. O Go verno brasileiro é o maior sóc io da iniciativa priv ada ... nos lucros. Contudo, quando as empresas sofrem algum prejuízo, precisa m arrum ar-se sozinhas, para sa ir do verm elho! ♦

...1 Bispos italianos

condenam práticas espíritas

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niã o, Esta dos e Muni cípios estão cada v ez mais v orazes e já rec olh eram em impost os a elevad a cifra de R$ 306 ,26 bilhões em 99 , o qu e representa R$ 37 bilhões a mai s qu e do ano de 98. Portant o, a ca rga t ributária brasileira aument ou de 29,9 % do PIB em 98 pa ra 30,3 2% no ano passado. Seg undo Andr éa Lemgruber, co ord enadora de Estudos Econômicos Tributários da Rece ita Federal, esta é a segund a v ez que

BREVES REllGIOSAS

Escotismo americano diz NÃO ao homossexualismo or cinco votos a qu atro, a Suprema Corte dos Estados U niclos rej eitou o recurso movido por Mames Dale, ex-chefe de escoteiros de New Jersey. Dale havi a sido afastado dos escoteiros, após dar entrev ista a um j orn al loca l a propós ito ele sua atuação em um grupo universitári o ele ativi stas que cleíendem o homossexuali smo. Justificando seu voto, o jui z William Rehnqui st disse: "O movimento escoteiro é uma or ,anização pri-

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Os Bispos da região Emilia-Romagna (Itália) publicaram, em maio último, nota pastoral com o título A Igreja e o além, combatendo práticas sumamente execráveis, muito em moda atualmente, consistentes em comunicar-se com o além para se obter informações de pessoas que faleceram . O documento relembra que tais fenômenos já foram condenados pela Igreja, estando, portanto, os católicos, sobretudo os sacerdotes, proibidos de participar dessas práticas . ...J

Na China comunista: prisão

Segundo informa a Agência Zenit, na região de Zhejiang (sudeste da China), o sacerdote Jiang Sunian, pertencente à Igreja Católica fiel a Roma, foi preso e condenado por um tribunal de segunda instância a seis anos de prisão por ter impresso Bíblias e outros materiais religiosos . ...J

Em Uganda, 400 bruxos convertemse ao catolicismo

Em cerimônia pública , realizada semanas atrás na Igreja de Cristo Rei, em Kampala (Uganda, África), 400 bruxos provenientes do norte do país , renunciaram a suas práticas fetichistas e abraçaram o catolicismo diante dos fiéis reunidos num ato de penitência e conversão, conforme notícia divulgada pela Agência Fides .

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Av. Paulista no dia de sua inauguração -Aquarela de 1891

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Prefaciando algumas Memórias do livro Vida Cotidiana em São Paulo no Século XIX, Julieta Scarano 1 tece interessantes comentários que revelam a mentalidade aristocrática do paulista da era do café R EYNALDO

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Colono estrangeiro: enriquecimento para o microcosmo auto-suficiente das fazendas

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pauli sta do século passado, voltado para a vida rural e o contato com o campo~elevava ao mesmo tempo suas vi stas para o que de melhor havia na civilização européia e tomava a culta França como modelo. Nada de comum, portanto, com o encerrarse numa vida aborígene. Lemos que o pauli sta do século XIX procurava a transform ação do vulgar e agreste em requinte, ao contrário da tendência que hoje presenciamos no mundo todo de uma sempre maior vulgarização do home m, com o abandono da etiqueta, das boas regras de educação. Ta mbém no pauli sta a tendência aristocratizante, para o mais elevado, fo i substi tuída pela inclinação generalizada ao vul gar. Passemos a expor o que nos conta Julieta Scarano a respeito da antiga São Paulo.

Tendência aristocratizante para o aperfeiçoamento "Os inícios podem ter sido simples, mesmo modestos, a situação privilegiada pode ter tido curta duração, não importa, aqueles que tiveram riqueza e poder no decorrer do momento áureo do café se consideram os verdadeiros paulistas. Con sideram-se o sal desta terra, a medida exata do que foi ou é um paulista. Essa aristocracia republicana foi influente, a própria Ina von Binzer notou esse aspecto e, se chamou os jovens da fa mília Prado de 'meus romanos', não foi apenas por seus nomes pró pri os, mas pela postu ra, ao mesmo te mpo mo I rna e tradicional que muitos costumam, sem v r12

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velha São Paulo, registrando a contínua presença da Igreja Católica norteando os costumes. "Os autores nos mostram a São Paulo dos matagais contínuos e cheios de cobras, dos batráquios e dos 'deficientíssimos ' serviços públicos para uma cidade que, ao menos na aparência, toma contornos de uma urbe moderna. A narrativa parte dos tempos em que seguimos o príncipe regente subindo a cavalo a ladeira do Carmo, a caminho de se tornar imperador do Brasil , até os momentos das novas construções de estil o francês, erguidas por arqui tetos estrangeiros ou por aqueles form ados no exterior. É quase como assistir à passagem da cidade de taipa para aque la de alvenari a e monumentos europeizantes (Lima de Toledo, 1978)".

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dadeira razão, chamar de ro mana. De qualquer modo, viés ari stocratizante .... "É curioso notar que as vil as, mai s tarde cidades, era m loca is onde os grandes da terra construíam suas belas casas, seus palacetes imponentes, e o Yale do Paraíba Paulista, o mais antigo centro cafeicultor desta Província e Estado, prima por possuir belas moradas tanto rurai s como urbanas, e alguns imponentes monumentos civi s .... "Trata-se de momento de intensa europeização e tanto uma como a outra Memória que trnta da vida rural, bem como as relativas à vida urbana, manifestam a idéia da França como modelo. É a época em que o fa usto e o luxo passam a ter imenso valor, e isso acontece em uma ou duas gerações. Se estudarmos os inventá.rios dos fazendeiros do Yale do Paraíba, veremos como de pais para filhos ou netos há uma substancial mudança em relação ao mobiliário, aos objetos que possuíam e mesmo às próprias casas de morada. Objetos ricos e requintados constam de testamentos dos últimos decênios do século XLX, enquanto que aqueles elencados p las g rações mais antigas mostram a grande pobr za, inclusive tachos de cobre fu rados e outros ele teor semelhante. "Evide nt e111 ' nt ', oca ~ propiciou toda essa nova ri qu '"·ª• ' o desejo de emul ar as ricas moradas f'ra 11 · 'sas influenciou na escolha do rnobi I iário 'de objetos de prata e de cri stais ...."

D os matagais ao estilo francês ... Em seu prefác io, a autora sintetiza bem as tran srormações e evoluções por que passo u a

"Na região de Araraquara o imi grante irá competir com o escravo e mesmo substituí-lo na labuta di ári a. Aí, o processo de tra nsformação se generali za e se diversifica com a presença das vias férreas, permitindo não apenas uma comerciali zação mais ágil e efic iente, mas também maior fac ilidade na introdução de novas levas de colonos e de produtos e objetos, possibilitando uma modernização da vida di ári a. Evidentemente, mesmo não se processando uma modificação estrutural e verdadeira na vida pauli sta, a presença de tantos elementos de outras nac ionalidades, sobretudo de italianos, vai enriquecer e modificar inúmeros aspectos do cotidiano. É interessante que os autores dessas Memóri as, apegando-se à sua categori a soc ial, não cheguem a explicitar o quanto esse as pecto deve ter mudado, a longo prazo embora, a situação dos donos da ter ra. "Não pretendiam que assim fosse, e o fato de di zerem prefe rir a imi gração de latinos, porque neles encontram as pectos sociai s e cultu rais mais próprios para o co lonato, mostra o quanto desejavam manter as características do mundo que conheci am e que lhes parec ia váli do e bom. "Na visão de Pereira de Souza e da maioria dos que recordaram aquela época, a faze nda aparecia como um microcosmo polivalente e em muitos aspectos auto-sufic iente. Ela não lhes parec ia um lugar e urna vida fi xada no tempo e morta, mas, pelo contrário, cheia de movimento, com desejo de faze r dela, ou, melhor, da casa de morada e de seus arredores, alguma coisa que lembrasse a Europa que admiravam, buscando uma certa modernidade ....

Nobreza rural: importante papel na vida política "Everardo Yallim Pereira de Souza chama suas Memóri as de Reminiscências acadêmicas, e o títul o limita-se aos anos em que ele fo i acadêmico de Direito, se be m que o texto se mostre muito mais abra ngente. Ele fa la principalmente do grupo que, embora em grande número proveniente de fa míli as de agricultores, agora com terras esgotadas ou prestes a se esgotar, busca no dipl oma a manutenção de um s/atus que vinha perdendo. "É o momento no qual os doutores passam a ter papel primordi al e m nossa vida políti ca .... e, ori ginários e mbora da vida rural, exe rcem suas atividades em São Paul o e també m no Rio de Janeiro, capital do país. Com o dipl oma, os home ns da anti ga nobreza ru ral vão manter suas velhas prerrogativas e indivi dualm ente chegam mes mo aos mais altos cargos da República. Eles sentem que são modernos e rea lmente terão importância no desenvolvimento econômico pauli sta. Mantêm, entreta nto, um respeito pela tradi ção que os fez considerare m-se os leg ítim os pa uli stas, pois agora competem co m imigrantes estrangeiros e mi grantes nacionais". *

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Como acabamos de ver, São Paulo ia formando urna nobreza local - a nobreza da terra - à medida em que suas fa míli as procuravam um aprimoramento sempre maior e passavam a ocupar as fun ções diretivas do Estado. Nota-se, numa sociedade ainda muito influenciaqa pela Igreja, um desejo de perfeição que passa do espiritual para o te mporal, elevando o nível de vida e benefi ciando a sociedade como um todo, a ponto de constituir o que o Prof. Plínio Corrêa de Oliveira de nominou eliles tradicionais análogas 2. Hoje, in feli zmente, os costumes tornam-se cada vez mais vulgares, e a tendência à perfeição fo i substituída especialmente pela busca desenfreada de prazer. O resultado? Parece supérfluo fa lar dele. Todos o sentimos na própria pele.. . ♦

Notas: l. Na cidade, assim como no Ca mpo -

P refác io Memó ri as de Ge nte Pa u lista , de Juli a Scara no, pp . 144 a 148 . 2. Cfr. Plíni o Con"êa de O li ve ira , Nobreza e elites tradi-

cio na is aná logas nas a locuções de Pio XII ao Palriciado e à Nob reza romana , Livrari a ed itora Civili zação, Po rto, 1992.

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Santos~e festas

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Santo Afonso Maria de Ligório, Bispo, Confessor e Doutor da Igreja.

Transfiguração de Nosso Senhor Jesus Cristo.

São Lourenço Diácono, Mártir.

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Esta festa, relembrando a glorificação ele Cristo no Tabor, fo i instituída por Ca li xto Ili , cm 1456, para comemorar a vitória cios cristãos sobre Maomé 111 , conquistador de onslantinopla e terrível inimigo cios cristãos.

Santo Eusébio de Vercelli, Bispo e Confessor.

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gação do Santíssimo Redentor, dedicada à pregação de missões populares.

+ Itália, 370. Foi ex ilado pelo Imperador Constâncio por não querer aceitar a heresia ariana, só voltando à sua diocese depoi s da morte do Soberano.

3 Santa Lídia. + Ásia Menor, séc. l. Pagã, dedi-

cava-se ao comércio em Filipos, qu ando fo i convertida por São Paulo.

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São Caetano de Tiene, Confessor. + Nápoles, 1547. Fundador da

Ordem dos Clérigos Regulares os Teatinos - que, numa heróica confiança na Providência, têm por regra viver somente das esmolas recebidas por iniciativa dos doadores.

8 São Domingos de Gusmão, Confessor. + Bolonha , 122 1.

São João Maria Vianney, Cura d' Ars, Confessor. + Ars, 1859. Sua fama ele pregador e confessor atraía pessoas ele todas as partes ela França à paróquia ele Ars. Grande batalhador contra os bailes e o demônio. São Pio X nomeou-o Padroeiro ele todos os párocos e pastores de almas.

ô ncgo de Osma, na Espanha , oriundo de nobre f'amflia . Ao dirigir-se em peregrinação a Roma viu o estrago que a heresia albigense fazia no sul ela França. Aí ficou para pregar e defender a verdade, fundando a Ordem dos Pregadores. A ele Nossa Senhora revelou a oração cio Santo Rosári o.

Primeira Sexta-Feira do Mês.

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São João da Alvernia, Confessor.

Dedicação da Basílica de Nossa Senhora das Neves.

+ 1322. Movido desde a infâ ncia

Roma. Segundo a tradição, caiu neve em plena seca, clelimitanclo o lugar onde deveria ser edificada essa igreja. É a maior Basílica mariana ele Roma, por isso conhecida omo Santa Maria Maior. Primeiro Sábado do Mês.

pela Paixão de Cristo, este franciscano leve uma existência de enorme penitência. Mandado para o Monte Alverne, onde São Francisco hav ia recebido os estigmas, pregava aos peregrin os que lá acorriam.

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Santa Rosa de lima

+ Pagani , 1787. Fundou a Congre-

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+ Roma, séc. UI. Espanhol de ori-

gem, foi o primeiro dos Sete Diáconos de Roma. O Papa São Six10 li conliou-lhe a ad ministração cios bens da Igreja. Negando-se a entregar ao Prefeito da cidade esses bens depois do martírio daquele Papa, foi cruelmente assado a fogo lento numa grelha.

11 Santa Clara de Assis, Virgem. + 1253. Digna êmula ele seu conterrâneo e contemporâneo São Francisco, fundou a ordem segunda cios Franciscanos, conhecida pelo seu nome - as Clarissas-, dedicada à contempl ação e ao cultivo da mais estrila pobreza.

12 São João Berchmans, Confessor. + Roma , 162 1. Nov iço jesuíta,

falecido aos 22 anos, tinha chegado aos cumes da perfe ição por sua pureza, mortificação e entranhada devoção a Nossa Senhora.

13 Santos Hipólito e Cassiano, Mártires.

Santa Mônica

São Domingos de Gusmão

São Pio X

juventude da avalanche revolucionária, fundou a associação M ilícia da Imaculada. Fez o mesmo no Japão, incentivado por Pio XI. Voltando à Polôni a, continuou seu trabalho ele promoção ela boa imprensa, pelo que foi preso pelos nazistas. Ofereceu-se para substituir um cios condenados a morrer de fome não só por ter este família, mas principalmente para poder assistir até o fim os outros nove prisioneiros.

ordinário aos Sagrados Corações de Jesus e Maria.foi o primeiro a pensar, e 11cio se111 i11spiraçcio divina, e111 tributar-lhes u,n culto litúrgico. Desse cu lto Leio doce, deve-se-lhe considerar co,no Pai, Doutor e Apóstolo".

gindacle, vivencio entre extraordinárias penitências e mortificações, perseguições diabólicas e comunicações di vinas.

15 ASSUNÇÃO DE NOSSA SENHORA AOS CÉUS. Festa mariana de muito antiga tradição, a Assunção da Mãe de Deus foi solenemente proclamada como dogma por Pio Xll, em 1950.

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14 São Maximiliano Maria Kolbe, Mártir. + Auschwitz, 194 1. Já aos 2 anos,

este franci scano, para preservar a

São Bernardo de Claraval, Confessor. + 11 53. O monge mais ilustre de

seu século. Fundou a Ordem Cisterciense, foi conselheiro de Papas e Príncipes, pregou a Segunda Cru zada, combateu os hereges. Devotíssimo de Nossa Senhora, é chamado de Doutor Melí/luo, e considerado o último dos Padres da Igreja latina. Compôs a Sa lve Rai11.ha.

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Santo Estêvão Rei, Confessor.

São Pio X, Papa e Confessor.

(Vide seção Vidas de Santos, p. 34)

+ 19 14. O lema cio seu Pontificado era Restaurar Ilido e111. Cristo. Foi o grande Papa da Eucaristia e do Catecismo, cio Direito Canônico e do Canto Gregori ano. Reformador ela Cúri a Romana, e sobretudo o gra nde batalhador contra os erros cio Modern ismo (precursor do atual Progressis,no) , cognom inado por ele "síntese de todas as heresias".

17 São Jacinto, Confessor. + Polônia, 1257. Nasceu perto de

Cracóvia, sendo recebido na Ordem dominicana pelo próprio São Domingos. Pregou muito em sua terra e nos países bálticos. Convocou uma cruzada contra os prussianos em 1228. São Jaci nto é padroeiro principal ele seu país.

+ Ímola, séc. Ili. Santo Hi pólito era

o carcereiro de São Lourenço, que o converteu, batizou, e a quem seguiu no ma1tírio. Cassiano foi um professor, que seus alunos pagãos denunciaram como cri stão. Não querendo oferecer incenso aos ídolos, foi martirizado em Ímola.

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18 Santa Helena, Viúva. + Roma, 329. Mãe ele Constanti-

no, Imperador romano que, uma vez convertido, consolidou o triunfo da Igreja sobre o mundo pagão. A Santa Helena se atri bui o encontro da verdadeira ruz de Cristo.

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22 NOSSA SENHORA RAINHA. Festa anteriormente celebrada a 31 de maio. Neste dia, celebrava-se a festa do Imac ulado Coração ele Maria, atualmente comemorado no sábado imediatamente após a festa do Sagrado Coração ele Jesus.

23 Santa Rosa de Lima, Virgem.

São João Eudes, Confessor.

+ 16 17. PADROEIRA PRINCI-

+ l1rnnça, 1680. Dele disse São Pio X: "/\ ,riem/o com um amor extra-

PAL DA AMÉR ICA LATINA. Aos cinco anos fez voto ele vir-

24 São Bartolomeu Apóstolo, Mártir. Séc. 1. Segundo autores antigos, seu verdadeiro nome seria Natanael, ele quem Jesus disse: "Eis um verdadeiro israelita no qual ncio hâ dolo". Levou o Evangelho a vários países, inclusive Pérsia, Índia, Arábia e Armênia, onde teria sido esfolado vivo.

25 São Luís Rei de França, Confessor. + Tunísia, 1270. Foi modelo ele Rei e estadista cristão. Empreendeu duas Cruzadas, morrendo na segunda, atacado pela peste. Devotíssi mo ela Sagrada Paixão, fez construir a famosa Sain.te Chapei/e, relicário de pedra e vitrais, para abrigar a coroa de espinhos do Salvador. Perseguiu implacavelmente os blasfemadores.

Santa Lídia

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Santo Agostinho, Bispo, Confessor e Doutor da Igreja. + Hipona, 430. De le disse Leão XI li: "É um. gênio vigoroso que, do111ina11.do todas a.,· ciências hu -

manas e di vinas, co,nbateu todos os erros de seu tempo". Morreu quando os vândalos punham cerco à sua Sede episcopal , a cidade ele Hipona, ao no rte ela África.

29 Degolação de São João Batista. Conforme narra o Evangelho, a santa intransigência do Precursor em condenar a vicia pecaminosa de Herodes, fez com que este o mandasse degolar, cedendo às maq uinações de sua concubina.

+ Madri , 1865. Dedicou-se intei-

ramente às obras ele misericórdia. Entre estas, fundou várias casas para pecadoras arrependidas, a Congregação elas Senhoras Adoradoras e Escravas do Santíssimo e ela Caridade. Morreu ele cólera, ao socorrer empestados.

Santos Félix e Adauto, Mártires. + 266. Félix, presbítero, fo i condenado à morte sob Diocleciano. No caminho para o suplício, acercou-se dele um homem que declarou abertamente também professar a mesma fé, sendo ambos degolados.

31 São Raimundo Nonato, Confessor. + Cardona, 1240. Da Ordem das Mercês, resgatou milhares de cri stãos cativos dos muçulmanos no norte da África, permanecendo várias vezes como refém, enquanto se obtinha o montante. Por ter sua mãe morrido antes de o dar à luz, recebeu a denominação ele 110 11. natus.

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26 Santa Micaela do Santíssimo Sacramento, Virgem.

Santo Eusébio

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27 Santa Mônica, Viúva. Óstia, 387. uas orações obtiveram a conversão cio marido e, depois, cio filho, Agostinho, destinado a ser um cios maiores lumi nares ela Igreja. +

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ENTREVISTA

íl /~ . famoso exorcista Exorcista da diocese de Roma: alerta quanto ao importante avanço do demônio

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Revmo. Pe. Gabriele Amorth, da Pia Sociedade de São Paulo, muito apreciado na Itália por seus livros sobre Noss a Senhora e sua atividade jornalística - seu program a na Radio Maria peninsular conta com 1. 700.000 ouvintes - , tornou -se mundialmente conhecido com o lançamento de sua obra Um exorcista conta-nos, em 1990. Tal obra alcançou notável êxito editorial na Itália, tendo sua traduç_ã o portuguesa obtido várias edições. A partir de então, a mídia internacional vem focalizando a atuação desse sacerdote, nomeado Presidente da Associação Internacional dos Exorcistas. Solicitadíssimo por inúmeras pessoas necessitadas de amparo contra as insídias diabólicas, 0 Pe. Amorth exerce intenso e extenuante trabalho apostólico. Mesmo assim, marcou um horá -

• : • Pe. Gabriele : Amorth: • ''A ação diabólica • rio para receber nosso enviado especi - •• ex t raord",nana ' · e' ~ ai, Sr. Nestor Fonseca, a quem aco• uma açao rara. lheu amavelmente, juntamente com o , • E aquela na qual fotógrafo, Sr. Kenneth Drake, na Casa- •• o demônio causa Mãe da Pia Sociedade de São Paulo, • • distúrbios particuna Cidade Eterna, no dia 26 de junho último. E durante aproximadamente : lares, que podem duas horas foi respondendo, com a : chegar à possessegurança de um zeloso e experimen- • são diabólica" tado e xorcista, às múltiplas e comple- : x qu stões que lhe foram sendo • pr nl d as. Abaixo transcrevemos : part d ub s t a nc iosa e ntrevista. • 18

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Catolicismo - Todas as pessoas sofrem as insídias e as tentações diabólicas, acontecendo de uma mesma tentação voltar a se repetir muitas vezes. Podemos dizer que tal tentação torna-se um estado de perseguição do demônio?

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Pe. Amorth - Devemos distinguir a ação ordinária da ação extraord inári a do demônio. A ação ordinária é a de tentar-nos. Por conseguinte, todo o ca mpo das tentações pertence à ação ordinári a diabólica à qual todos so mos suj eitos e o seremos até a morte. A tal ponto somos sujeitos a essas tentações, que Jesus Cri sto, faze ndo-se Homem, aceitou ser tentado por Satanás, não apenas nas três tentações do deserto, mas durante toda a sua vida, como também ocorreu com Maria Santíssima. [sto porque a tentação faz parte da condição humana. Esta é a ação ordinária do demônio, como dizia o Catecis mo de São Pio X, "por ódio a Deus, [o demônio] tenta o hom.em ao mal". Ou seja, por ód io a Deus, o demônio gostaria de arrastar-nos todos para o inferno. A ação extraordinária, por sua vez, é uma , ação rara . E aquela na qual o demônio causa distúrbios particulares. Portanto, não se trata de simples tentação. Distúrbios particul ares que podem chegar à possessão diabólica.

: Catolicismo - Que tipos de distúrbios podem : ocorrer?V. Revma. poderia classificá-los e, • ao mesmo tempo, dar as razões da existên: • : •

eia de tais distúrbios?

Pe. Amorth - Nã xislcm lois casos iguais. Já fiz mais de 40 mil ' X0r ismos. Entendamonos. Não a 40 mil p ' ssoas, pois cm mu itas de-

las eu fi z centenas e centenas de exorcismos . Poi s livrar uma pessoa do demônio, geralmente, constitui um trabalho MUITO lento. Como escrev i em meu livro Um exorcista conta-nos, fico bastante contente quando uma pessoa se livra do demônio, após quatro ou cinco anos de exorcismos, com a média de um exorcis mo por semana. Conheço pessoas que ficaram livres do demônio após 12 ou 14 anos de exorcismos seguidos. Portanto, mui tos exorcismos feitos à mes ma pessoa. Uma pessoa pode levar vida normal com sofrimentos, de maneira que aqueles com os quais convive nem se dêem conta de que está possessa. Apenas quando sobrevêm os momentos de crise, ent~o ela se comporta de uma manein1 inteiramente anormal, não podendo cumprir seus deveres de trabalho, de fa mília, sem excess iva dificuldade. Em alguns casos, a pessoa pode ser assaltada pelo demônio, digamos, 24 horas ao dia. Em tal caso, a pessoa não pode fazer nada. Mas são casos raríssimos. Normalmente o demôni o apenas em certos n10111entos investe contra a pessoa e se 111ani festa , sobretudo quando é obrigado a fazê- lo durante o exorcis1no,

"Quando sou procurado por pessoas de 50, : 60 anos, e ao fazer• lhes exorcismos, •

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falando com o

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demônio, descubroque às vezes a pessoa era criança ou ainda se encontrava no próprio

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• Catolicismo - E qual é a causa para que o : demônio permaneça mais ou menos tem- • po na mesma pessoa? :

Pe. Amorth - A expul são do demônio depende de uma intervenção extraordinária de Deus. Ou seja, cada expu lsão do demônio constitui um verdadeiro mil agre. E Deus pode praticá-lo a qualquer momento. Nós, exorcistas, podemos prever, através de algo que nos oriente, quanto tempo ser-nos-á necessário para expul sar o demônio de uma pessoa. Por exemplo, uma criança. É mais fácil expulsar o diabo de uma criança que de um adulto. O mesmo passa-se em relação a uma pessoa que nos procura logo após ter sido possuída, uma vez que o demônio ainda não teve tempo de deitar raízes naq uela pessoa. O primeiro exorcismo fa la em "erradicar e expulsar o demônio". Ao contrário, torna-se muilo mais difícil quando sou procurado por pessoas de 50, 60 anos, e ao fazer-lhes exorcismos fa lando com o demôni o - pois eu falo diretamente com o demônio quando a pessoa está endemoninhada - , descubro que às vezes a pessoa era

: criança ou ainda se encontrava no próprio seio • materno quando sofreu os primeiros ataq ues do Mali gno.

• • • • •

seio materno,

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quando sofreu os : primeiros ataques • do Maligno" :

Catolicismo - V. Revma., há pouco, referindo-se à expulsão do demônio de um possesso, disse que ela constitui sempre uma intervenção extraordinária de Deus ... Pe. Amorth - Certo. A libertação de uma pessoa da ação do demônio constitui sempre uma intervenção extraordinária de Deus. Aliás, tenho disso um exe mplo, ocorrido na semana passada. Um caso muito difícil de possessão diabólica e eu tinha razões suficientes que levavam a prever muitos anos de exorcismos para se libertar aquela alma das garras do demônio. Acontece que tal pessoa foi ao Santuário de Lourdes, na França, tomou banho na piseina, acompanhou a procissão do Santíssimo Sacramento, rezou muito. Resultado: um mil agre ! Voltou para casa completa mente livre da possessão.

• • Catolicismo - V. Revma. poderia dar uma ex• plicação a nossos leitores, ainda que su• cinta, da necessidade do exorcismo e dos •• exorcistas?

• • • : •

Pe. Amorth - O exorc ismo é constituído de várias orações ofic iais fe itas em nome da Igreja, e Deus ouve essas orações. Com efeito, ex istem tantas razões para isso! O exorcismo depende muito das causas que determinaram a possessão diabólica, uma vez que estas exercem muita in fluência sobre o possesso. Dou-lhe um exemplo simpl es. Se uma pessoa se consagrou a Satanás e fez o pacto de sangue com ele, é fác il entender que ela praticou um ato voluntário de doação de si mesma ao Maligno. Então, libertar tal pessoa torna-se muilo mais difícil , faz-se necessário muito mais tempo do que o empregado para libertar um inocente, que foi vítima de um malefício causado por outra pessoa.

Catolicismo - Pelo que V. Revma. afirmou acima, o exorcismo não constitui o único modo de uma pessoa fazer cessar a possessão. Haveria outras? Porque com a • atual dificuldade em encontrar exorcistas ... : Pe. Amorth - Pode-se libertar da possessão • com o exorcismo, que é uma oração oficial • da Igreja, mas reservada aos exorcistas - pou-

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Catolicismo - Os demônios têm nomes?

Pe. Amorth -

Quando constring idos pelo exorcista a dizer seus . nomes, costum am apresentá- los. Os que têm nomes bíblicos ou de tradição bíblica, são demônios fortes e é muito mais trabalhoso exorc izá- los. Continu amente dão nomes como Satanás, Asmodeu, Li1ite, denominações ig ualmente importantes. O nome Lúcifer é de tradição bíblica e não um nome bíblico. Ou seja, nós o atribuímos à Bíblia, mas esta não c ita Lúcifer. Encontramos freqüentemente um demônio de nome Zabulom. O nome Zabulom, e ncontramo- lo na Bíblia, mas nunca • como demônio. Zabulom é uma das 12 tribos : de Israel. Há um demônio, porém , que tomou • posse desse nome e é um demônio fortíss imo . E ncontramos nas Sagradas Escrituras o demônio Asmodeu. Deparo-me muitíssimas

vezes com ele, porque é o demônio que destrói os casamentos. Ele rompe os matrimônios ou os impede. É tremendo! Uma pessoa possuída ou possessa, in genere, pode estar dominada por muitos demônios. Temos um exemplo no Evange lho, quancio Nosso Senhor interroga os endemon inhados ele Gerasara e pergunta: "Como te chamas?" E o demônio responde: "leg ião" , porque são muitos . Lembro o caso de um demônio fortíssimo que possuía uma freira , uma possessão tremeneia (às vezes, são vítimas que se oferecem pela conversão dos pecadores e sofrem esta espéc ie de possessão). Quando eu lhe perguntava o número, respondia-me: "Mi lhares!" "Mi-

"Quanto ao rock satânico é tremendo. Pode conduzir à possessão diabólica porque ensina o culto a Satanás. E pouco a pouco, através do culto a Satanás, chega-se a ser possuído por ele"

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Todos sabemos que existe o nudismo . Todos sabemos que haverá !já houve, em Roma I, dentro de alguns dias , uma manifes tação de homossexuais! Uma d mon stração do vício, o pecado que isso representa! Ali está, não há dúvida, a ação do demônio. No caso ac ima, ex iste a ativ idade o rdinária do demônio de tentar o homem, mas também a atividade extraordinária do demônio, que se serve da ocasião para possuir as pessoas que promovem essas coisas . Quanto ao rock satân ico, é tre mendo. Pode conduzir à possessão diabólica porque ens ina o culto a Satanás. E pouco a pouco, através cio c ulto a Satanás, c hega-se a ser possuído por ele. Satanás é esperto, introd uz-se sem nunca fazer-se sentir. Pode-se começar com s imples jogos de cartas, de tarôs, e , através dos jogos, saber se vai ganhar na loteria, adiv inhar acon tecimentos, doenças de am igos. E, pouco a pouco, vai -se sendo possuído pelo demô nio . O diabo age assim : atua sem se fazer sentir. ..

:

Catolicismo - As doutrinas marxistas e sua

Calolicismo - A TV, de um modo geral, com •

aplicação concreta contribuem, de modo : considerável, para a difusão do satan ismo • na sociedade contemporânea?

lhares !" "Milhares!"

programas incentivadores de práticas de •

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mem de Deus. Por o utro lado, tivemos pela primeira vez na História urn fenô,ne no profetizado en1 Fátima - 1917, 13 de julho-, a aparição mais impo rtante de Nossa Senhora em Fáti1na, aquela na qual e ncontram-se os segredos e em que Nossa Senhora fez ver o inferno. Nessa ocas ião, entre o utras coisas, profetizou: "Se não

obedecerem minhas palavras, a Rússia espalhará seus erros pelo mundo". Nunca aconteceu que o povo tivesse sido instruído para o ateísmo. Em Moscou , entretanto, existia uma Universidade do ateísmo, na qual se formavam os participantes cio Partido e se ens inava como atuar para destruir a religião em uma nação religiosa. Jamais, no passado da humanidade, ensi no u-se o ateísmo. Foi uma novidade de nosso século, devido ao comu nismo que espalhou o ateís mo por todo o mundo.

grandíssima invenção do homem. Tu inventaste o mau uso dela, a.fim de corromper as pessoas" .

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Pe. Amorth - Sim. Tenhamos presente que assim como o demônio pode possuir uma pessoa, pode igualmente possuir uma classe de pessoas, pode assumir o governo ele uma nação. Exemp lifico. Estou convi cto de que Hitler, Stalin, eram possuídos pelo demônio e que o nazismo - em massa - era possuído pelo Maligno. Auschwitz, Dachau : não podem ser expli cadas as atroc idades cometidas nesses lugares sem se cogitar numa perfídia verdadeiramente diabólica. E não há nenhuma dúvida de que o demônio influiu muitíssimo no mundo cultural. O demônio quer distanciar o ho-

magia e espiritismo, bem como desagregadores das tradições cristãs e da família, têm colaborado ponderavelmente para o incre• mento do satanismo? E o rock satânico, tem concorrido para a disseminação do poder do demônio? Pe. Amorth - Quando foi inventada a televisão, o Padre Pio ficou furioso. E a quem lhe dizia que se tratava de uma magnífica invenção, e le respond ia : "Verá que uso farão dela!" Com efeito, a TV é corrupção da juventude e ig ualmente dos velhos! Ouso acrescentar: é também a corrupção dos padres, cios sacerdotes e elas frei ras. Com os espetácu los contínuos ele sexo, ele horror, ele violência ... A Internet é a ind a pior, a Internet é a inda pior, rep ito. Certa vez, ao fazer um exorc ismo, falando com o demônio, ele dizia: "A televisão, .fúi eu que a inventei!" Eu afirmava: "Não! Tu és um menLiroso! A televisão é uma

quíssimos, quase ine nco ntráveis . Outra forma, • • aberta a todos, são as orações de libertação. No final de meus liv ro. e u acresce nto orações • de libe rtação que s ugiro. As orações mais efi- • cazes são as de lo uvo r, g lória a Deus. Assim nós também muitas vezes, nos próprios exo rc ismos, rec itam os o C redo, o Glória, o M ag nifi cat, Salmos, trechos da Bíblia, o Evangelho em que Jesus libe rta os endemoni nhados. E las têm grande eficácia.

Catolicismo - A falta de fé seria a

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: : bruxos e cartomantes, muito mais que o núme• • ro de sacerdotes. : • Ex istem também na Itália de 600 a 700 •• seitas satânicas. E 37% da juventude itali ana • "Tenhamos : participaram algumas vezes de sessões espíri: presente que • • tas, acreditando ser um mero jogo ... • Um movimento dirigido por um sacerdo• assim como o •• •• te ensina aos pais como fa lar com seus filhos demônio pode • falecidos ... Jsto é espiritismo puro. Em outros • possuir uma •• •• tempos o espiriti smo exercia-se através de um classe de pessoas, • • médium em estado de transe, e o médium evo•• cava a pessoa. •• pode assumir o governo de • • O espiritismo consiste em evocar um de•• funto para inte rrogá- lo e obter de le respostas. : uma nação. • • Agora não é mais necessária a presença do méHitler, Stalin : diu,n, pois pratica-se o espiriti smo através do : eram possuídos • • gravador, do televisor e da Internet ... Os dois pelo demônio" : : n1eios n1ais usados são g ravadores e escritura • • automática. A página mais lida dos jornais é o • : horóscopo .. . e os quotidianos não são compra• • • dos pelos a nalfabetos. São os industriais, os po: : líti cos, que não tomam decisões sem antes o u• vir um bruxo . Ou seja, sempre que diminui a • : : Fé, aumenta a superstição. • Por exemplo, faz-se um referendum na [tá• : : lia para a defesa da fam ília, vence o divórcio; • • faz-se um refere ndum em defesa da vicia, vence o aborto. E isto na católica Itália ... N ão nos espantemos, Satanás é poderoso. Nosso Senhor o chama por duas vezes "PríncipedesteMundo". São Paulo o chama "Deus deste mundo " . São João diz: "Todo mundo jaz sob o poder do Maligno" . E quando o demônio tenta Nosso Senhor, levaO ao alto do monte, fá-Lo ver os reinos da Terra, e diz: "São meus, e os

principal e mais profunda causa do aumento do poder satânico no mundo atual? Pe. Amorth - Sempre. É matemático. Exam inando toda a história do Antigo Testamento, a história ele Israel, quando esta abandona Deus, entrega-se à idolatria. É matemático, quando se abandona a Fé, entregamo-nos à superstição. Isto aplica-se, em nossos dias, a todos nós do mundo ocidenta l. Tomem as velhas nações da Cristandade medieval. A católica Itáli a, a França, a Espanha, a Áustria, a [rlanda, que uma vez foram nações c ujo catolicismo era forte . Agora o catolicismo tornou-se fraquíss imo. Na Itália, de 12 a 14 milhões de italianos fre- • qüentam atualmente sessões ele bruxaria e car- •• tomantes. Há no país aproximadamente 65.000 •

dou a quem quero e se tu te ajoelhares diante de mim.. ." . Jesus não lhe responde: "Tu és um mentiroso, todos os reinos são de meu Pai. É Ele quem dá a quem quiser". Não, não. A Escritura diz: "Tu ajoelhar-te-ás somente ante teu Deus". Nosso Senhor não contrad iz o demônio. Hoje tantos ajoelham-se diante de Satanás para obter sucesso, prazer, riquezas - as três grandes pai xões do homem! E o demônio oferece o sucesso, o prazer, a riqueza, mas sempre unidos a terríveis sofrimentos. Vemos o sucesso, vemos o dinheiro. Imaginamos que aquela pessoa é • feliz. Não é verdade, pois o demônio só pode •• praticar o mal. Por conseguinte, as pessoas que • se entregam ao demônio têm o inferno nesta vida

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e na outra. Aqui um inferno dourado, mascara- : do de sucesso, e depois ... o 'f ogo eterno! •

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Catolicismo - Qual a influência do chamado • progressismo católico nessa decadência da : virtude teologal da fé? •

Pe.Amorth - Hoje, infe lizmente, ex istem teólogos e exegetas que negam até mesmo os exorc ismos de Nosso Senhor. N o me u último livro - Exorcismos e Psiquiatras - dedico um capítulo aos exorc istas franceses; apenas c inco de um tota l de 105 crêem e fazem exorcismos, os o utros ... não crêem neles. E m um de seus congressos, convidaram para falar exegetas que negam os exorcismos de Nosso Senhor. Afirmam eles tratar-se de uma linguagem apenas cultural e que o Redentor adaptava-se à mentalidade da época, mas que, na verdade, aq ue las pessoas eram ape nas lo ucas e não possessas. Essas préd icas de exegetas influíra1n nos espíritos dos Bispos, dos padres e tc.

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Catolicismo- Quais as razões que levam Bis- •

pos católicos a se desinteressarem inteira- : mente da temática demônio, abandonando • assim os fiéis à ação preternatural, cres- : cente nos dias atuais? •

Pe. Amorth - Não há razão para se impressio- : nar com minha resposta. No Evangelho, N osso Senhor diz: "O demônio é.fortíssimo" . Isto está muito claro. É fo rtí simo e conseguiu, com sua habilidade, fazer-nos crer que [e le] não e xi ste, coi sa que mais lhe agrad a. Porq ue pôde realizar isso ne.tes séculos pois já faz três sécu los que fa ltam exorc istas. E isso explica meu combate aos Bispos, aos padres q ue não crêem na ação do demônio. E u os critico fortemente. Julgo que 90% dos padres e dos B ispos não crêem na ação extraord inária do demônio. Talvez existam alg un s ! TALVEZ, TALVEZ . No Concílio Vaticano II, alguns B is pos j á afir mava m que não existia!. .. Durante o C oncílio, he in ! Diante da Assembléia Conc iliar! Repito: ten ho por certo que 90% dos Bispos e sace rdotes não crêem na ação extraordiná ri a d o de mônio. Ra z.ão pela qual há três séculos, na Igreja lu1ina, v \rifi ca-.·c uma escassez espantosa de ·xor ·islas. Na Ale manha, nenhum! Na Á ustria,

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''Julgo que 90% dos padres e Bispos não crêem na ação extraordinária do demônio. Razão pela qual há três séculos, na Igreja latina, verifica-se uma escassez espantosa de exorcistas"

: nenhum! N a Suíça, nenhum! N a Espanha, ne• nhum! E m Portugal, nenhum! Quando e u di go : "nenhum", não estou afirmand o que não ex is• tam um, dois, mas de tal maneira não são en: contrados, que os considero como inexistentes. • Em uma c idade e uropéia, importante cen• tro de peregrinação, temos uma livraria Pauli•• na. Quando lá estive, dei-me conta, através de • um livre iro amigo, que di spunha m de meu li •• vro na livrari a, mas escondido. "Os Bispos dis-

• seram-nos para tê-lo escondido, e não expô-

•• lo! De não expô- lo!" •

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Por outro lado, há muitos Bispos que não no mearam exorcistas. Um Prelado famoso - o Cardeal Todini, que fo i Arcebispo de Ravena - , numa transmissão te levis iva jacto u-se de nunca ter no meado exorc istas ! Esta, infe liz me nte, é a s ituação na qual nos encontra mos.

: Catolicis,no - V. Revma. baseia-se em alguma • escola espiritual, em algum Santo, para tomar

: uma posição tão louvável quanto destemida? • Pe. Amorth - E u proc uro seguir a linha ini: c iada por um santo espanho l, o Beato Francis• co Palau, carme lita no, que j á e m 1870 veio a : Ro ma falar sobre o exorc ismo com o Papa Pio • IX. Vo lto u depois a Roma durante as sessões : do Concílio Vaticano I, para que se tratasse da • necessidade de exorc istas . Com a interrupção : daquele Conc ílio e m razão da tomada de Roma, • o ass un to seq uer fo i levantado.

Catolicismo - Pe . Amorth, que conselho V. Revma. poderia dar-nos e a nossos caros leitores para nos precavermos contra eventuais malefícios (macumbas, por exemplo) que se queiram fazer para nos prejudicar?

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Pe. Amorth - O conselho número um consiste e m ter fé. Depois, viver na graça de Deus. Se se vive e m estado de graça, está-se protegido, é ma is difícil que a mac umba nos atinja. Porém, se se é rea lmente ating ido, é necessário recorrer-se aos exorci smos, a muitas orações, a muitos sacramentos e, com a graça de Deus, se é libertado. Mas pode ser que Deus permita que se continue no estado de possessão, para o bem es piritual da própria pessoa . Assim , ão João C risóstomo afuma que o demôni , mal rado e le próprio, é o gra nde sa ntific ador das a lm as.. . ♦

Reforma Agrária no Brasil: fracasso reconhecido e teimosamente sustentado GREGÓR IO VIVANGO LOPES

A imprensa vem alardeando o fracasso da Reforma Agrária, admitido até por conhecidos esquerdistas, como o agrônomo Francisco Graziano. O próprio Governo deixa entrever o malogro, comprovando-se assim, de modo espetacular, as previsões feitas ao longo de décadas pelo Prof. Plínio Corrêa de Oliveira, à frente da TFP. O futuro apresenta-se cheio de incógnitas.

E

stá em curso no Brasil uma perplexitante manobra de opin ião pública a respeito da Reforma Agrária. É preciso ter os o lhos abertos! A menos que queiramos ser enganados, estado de espírito, aliás, não tão raro. Há gente para tudo neste mundo. Não fa ltam também os que gostam de ser enganados. Sobretudo é agradável iludir-se a respeito da realidade, quando e la cobra de nós uma atitude firme. É tão gostoso não fa zer nada ... permanecer numa suave indolê ncia ... ou - segundo a pitoresca expressão italiana - no· dolce far niente ! Foi assim, no confo,to e no descanso, que as tropas de Aníbal foram dizimadas em Cápua; Bizâncio foi esmagada pelos invasores turcos; os nobres franceses do Antigo Regime tiveram suas cabeças decepadas pelos revo lucionários... e a sociedade atual vai afundando no caos e na criminalidade.

O problema agrário numa visão lucidíssima Neste século que ingloriamente expira, a Reforma Agrária tem sido o cava lo de bata lha das esquerdas, mesmo as mais revo lucionárias e sanguinárias. Desde Zapata e Obregón, no México, passando por Allende no Chile, João Goulart no Brasil ou Fide l Castro em C uba, chegando até os atuais guerrilheiros colombianos, envoltos no sangue de suas vítimas, a Reforma Agrária tem sido o tema que lhes serNo dia 3 de junho último, realizou-se no Palácio do Planalto uma reunião convocada pelo Presidente Fernando Henrique (foto acima, no centro), à qual compareceram o Presidente da CNBB, D. Jaime Chemello (à esquerda do Presidente), os Ministros da Justiça, José Gregori, e da Reforma Agrária, Raul Jungmann, bem como representantes do MST. O Chefe de Estado prometeu, na ocasião, 2, 1 bilhões para estabelecer novos assentamentos no País.

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O Presidente João Goulart (abaixo) e as Ligas Camponesas de Francisco Julião (à esquerda). Um plano agro-reformista, no início da década de 60, que o Brasil rechaçou.

ve de bandeira e de pretexto, para objeti vos que ora ocultam, ora revelam. Que papel desempenha nisso o MST? E a Reforma Agrária do governo brasileiro, o que pensar dela e de suas constantes mutações? *

*

*

Em 1960, o Prof. Plínio Corrêa de Oliveira lançava, com outros autores 1, o livro Ref orma Agrária - Questão de Consciência (RA-QC, como fi cou conhecido na intimidade da TFP), que rapidamente se tornou best-seller nacional, com edições também em outros países. A partir dessa data, até praticamente seu fal ecimento em 3 de outubro de 1995, o fundador da TFP denunciou incansavelmente a trama que estava em curso no Brasil a propós ito da Reforma Agrária. Campanhas, conferências, artigos, livros2, opúsculos, enfim não houve o que ele não fizesse ou propulsionasse para esclarecer o povo brasileiro, as autoridades constitu ídas e as cúpulas rurais sobre os verdadeiros termos da cont:rove1tida questão. O fruto de tanto esforço fo i enorme para o bem do Brasil , sobretudo o fato de evitar catástrofes maiores que estava m para abater-se sobre a Nação e que talvez 22

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nos tivessem conduzido a ser uma imensa Cuba. Esse esforço entretanto jamais fo i reconhecido e as conseqüências aí estão. Tal reconhecimento, estamos ce1tos, darse-,'í num futuro talvez bem próx imo, quando o atual processo de derrocada das instituições chegar a seu ponto de liquidação final e uma nova era surgir, toda ela inspirada na doutrina tradicional da Santa lgreja Católica. Em termos mais diretamente religiosos, quando se der o triunfo do Imaculado Coração de Maria prometido cm Fátima por Nossa Senhora e antevisto pelo grande missionário francês do século XVlll , São Luiz Maria Grignion de Montfo rt. Justo é, porém, que vá sendo posta no alqueire essa lu z que o neo-pagani smo moderno de todos os modos quis impedir que luzisse. Seja este arti go, pois, uma primeira homenagem a Plinio Corrêa de Oliveira, à sua lucidíssima visão dos acontecimentos, à sua prev isão sem fa lha, à sua condição de lutador incansável nas lides da verdade católica. Toda a análi se que a seguir faremos do pro blema agrário em nossa Pátri a, tem por base o enorme e luminoso cabedal que ele nos deixou. Vamos a ela.

A Reforma Agrária em seus vários aspectos Na década de 60, o debate em torno da Reforma Agrária era visto sobretudo em termos ideológico-religiosos. Tratava-

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se de saber se a impl antação da Reforma Agrária fa voreceri a ou não a estratégia comunista para a tomada o poder. E por comunistas entendia-se não apenas os minguados partidos co munistas brasileiros, que nunca conseguiram maior expressão popular, mas sim toda a gama de esquerdistas infiltrados na Igreja, socialistas de vários matizes, criptocomunistas etc. Nessa disputa, as esquerdas agro-reformistas faziam valer argumentos de forte tendência niveladora. A utopia social que abraçavam apontava para uma sociedade igualitária, em que todas as desigualdades soc iais, mesmo quando harmônicas e proporcionadas, deveriam ser abolidas . In cluindo as desigualdades de bens. Questionavam não apenas o tamanho das propriedades (que desejavam todas pequenas, de tipo exclusivamente familiar), mas o próprio princípio da propriedade privada era posto em xeque por elas. Co mo conseqüência, a Civili zaçã o Cri stã, tal como ela fo ra hi storicamente desenhada e vivida pelos Papas, pelos Santos e pelo povo católico em gera l, era a grande inimi ga a ser destruída. E isto principalmente porque ela consagrava a reta des igualdade como um bem, fruto da própria natureza criada por Deus. Desigualdade esta que, regul ada pela justi ça e temperada pela caridade, produ ziu grandes fr utos sociais e fac ilitou a sa lvação de número infi ndável de almas. Contra a Reforma Agrári a, tal como vinha sendo então pro posta, o Prof. Plínio Corrêa de Oliveira levantou uma bandeira e fincou um marco: por investir contra o princípi o da pro priedade privada, o agro-igualitari smo era co ntrário a dois Mandamentos da Lei de Deus, o 7º Não roubarás e o 10º Não cobiçarás as coisas alheias. Nunca fo i refu tado. Posto nesses termos o debate entre agroreformistas e anti-agro-reformistas, os pri meiros não conseguiram sustentar a nota. Primeiramente, fa ltava solidez doutrinária a suas posições, uma vez que elas colidiam de frente contra todo o ensinamento católico favo rável à propriedade privada, que os Pontífices romanos havi am desenvolvido abundantemente em sua doutrina social. Além di sso, o povo brasileiro, majoritari amente católico (na ocasião as pesq ui sas fa lavam em 92 ou 93 %), não aceitava

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uma posição anti-religiosa, sobretudo com a marca do comuni smo. E isto apesar de que não faltaram ecles iásticos da chamada "esquerda cató lica" que defenderam abertamente a Reforma Agrária socialista (mesmo Bispos, como foi o caso de D. Helder Câmara, o Arcebi spo Vermelho, hoje cultuado pelo MST que até pôs seu nome em alguns de seus acampamentos). A polêmica levou a se questionar a própri a expressão "Reforma Agrária". O que significava esse rótulo? Toda e qual quer Reforma Agrári a seria sempre má? Ou sempre boa? Para esclarecer bem sua posição, o Prof. Plínio Corrêa de Oliveira escreveu: "Esta designação genérica [reform a agrárial tem servido de rótulo a sugestões ou proj etos muito diversos em seus obj eti vos e no espírilO que os anima. Assim, pode-se f alar de uma ref orma agrária sadia, que constilua autêntico progresso, em harmonia com nossa Jradição cristã. Mas também se pode fa lar de uma reforma agrária revolucionária, esquerdista e ma/sã, posta em desacordo com esta tradição. Este último tipo de reforma agrária importa em golpear a fundo ou até em eliminar a propriedade privada. Por isto mesmo ele deve ser tido como hostil também à f amília. Com efeito, propriedade e f amília são inslituições correlatas e fim dadas nos mesmos princípios" 3 . Em seguida ele mostra que o agro-reformi smo que se queria então impor ao Brasil - e do qual a presente Reforma Agrária é um desdobra mento - era daqueles que golpeiam a fundo a prop riedade privada. Quanto a uma reforma agrári a sadia, ela im pli caria numa leg islação e numa política que favorecessem o trabalhador rural sem atacar o direito de propriedade. Incluiria, por exemplo, crédito fácil , assistência técni ca, concessão de terras devolutas, fo mento de empregos, parcerias, empreitadas etc. 4

Na arapuca das esquerdas, líderes rurais Não podendo sustentar a polêmica em seus termos mais profundos - ideológico-religiosos - a esquerda agro-igualitária forçou a transferência do debate para outro campo. A Reform a Agrária nada teri a de ideo lógico e muito menos carrearia consigo conotações religiosas. Era sim-

plesmente um assunto sócio-econômico, que visava melhorar a produção agríco la nac ional e ajudar as classes menos favorecidas dos agricultores. Essa tomada de pos ição da esquerda não era propriamente nova. Ela já estava presente na fase anteri or da pol êmica. Nova, sim, era a estratégia de dar realce exclusivo aos aspectos sócio-econômicos, pondo na sombra e até negando o caráter também ideológico e religioso do tema em debate. A nova estratégia teve um importante efeito imediato favorável à esquerda. Esse efeito foi sentido sobretudo na atitude de numerosas cúpulas de fazendeiros, que não só aceitaram renunciar à proteção que lhes vinha da fo rtaleza inex pugnável dos princípios católicos que defendem a propriedade privada, como começaram até a fazer concessões inadmiss íveis aos agro-refo rmistas. Deixaram-se iludir - não falamos aqui dos que tenham participado

Contraste entre o prédio do INCRA em Brasília ( acima) e um assentamento em Andaraí-BA (à esquerda) . É essa a Reforma Agrária tão bafejada pelas esquerdas do País?

conscientemente desse jogo - optando por uma Reforma Agrári a aparentemente moderada , mas que continha em si os mesmos germes igualitários. Eles que eram, ao mes mo tempo, uma fo rça poderosa no panorama nac ional e os mais interessados em preservar suas propriedades agrícol as do tu fão agro-reformi sta, adotaram a fil osofia suicida do "ceder para não perder". E _de cessão em cessão, chegaram aos dias de hoje, em que a outrora poderosa classe dos faze ndeiros, a tantos títulos benemérita pelo mui to que fez em favor do desbravamento e cresc imento da Nação, tornou-se uma classe humilhada e deprim ida. É verdade que os proprietários ru rais ainda têm grandes possibilidades de ação,

caso sa ibam enfrentar a cruel guerra psicológica que lhes move certa mídi a e mui tos cléri gos. Quererão eles, hoje, lançarse a uma ação legal de resistência e protesto que, sem ser cruenta como a que se trava atualmente no infeli z Zimbabue, entretanto é vital para sua sobrevivência como classe e para o bem do Brasil ? O futuro o dirá. A TFP de sua parte fez tudo o que pôde, e continua disposta a tudo fazer, dentro das leis de Deus e dos homens, em defesa dos princípi os perenes da Civili zação Cri stã. Nos anos de 1987/88, quando se debatia em Brasília a nova Constituição brasil eira, toda a Nação presenciou o fa to insólito de que a poderosa Bancada Ru ralista, influenciada por líderes rurais então

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dinâmico exatamente na faculdade de pensar e de querer, e não no fato de ter o estômago cheio. Anticomunistas pobres ecomuni stas ricos (os famosos "sapos") têm sido uma constante em nossa história. "A reação anticomunista do regime militar, excessiva em mais de um lance de repressão policial, f oi ao mesmo tempo de um liberalismo ideológico quase absoluto, que permitiu aos esquerdistas se infiltrarem largamente no ensino e nos mass media. E implantou na economia o socialismo. Em suma, o perigo comunista entrou gravemente acrescido na Nova República" 5.

Ao lado do Ministro Raul Jungmann, da Reforma Agrária, o Presidente do INCRA, Orlando Muniz, discorre sobre as metas de assentamentos para o presente ano, apesar do malogro dess,e tipo de produção agrícola

muito considerados, aprovou os dispositi vos que permitiam ao Governo fazer essa Reforma Agrária soci ali sta e confiscatória que aí está e que significou a derrocada da elas e dos proprietários rurai s. E isto apesar de que os constituintes fo ram alertados a tempo para a gravidade das conseqüências que decorreri am dos dispos itivos então em debate. O livro do Prof'. Plíni o Corrêa de Oli veira, Projeto de onstituição Angustia o Paú , enviado a todos os constituintes e divulgado em campanha nas ruas, chegou a ter a impressionante saída de mais de mil exempl ares diários, o que equivali a a um verdadeiro plebiscito. Não fo i suficiente para mover os legisladores ele então ao bom senso, nem mesmo - o que é incrível! - os representantes dos rurali stas .

Sem ditadura, MST instrumento para impor a Reforma Agrária Porém a Reforma Agrári a socialista era um-processo extremamente artificial, desti nado a quebrar estruturas tradicionais que tinham fe ito a grandeza da Nação, e sem comprovar qualquer vantagem econômica ou social efetiva para o trabalhador rural. Punha adernais cm risco a produção, contrariava interesses justos e legais cios pro24

CATO

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prietários de terras, e pesava absurdamente sobre o bolso do contribuinte. Esse conjunto de fatores a tornava dificilmente realizável, sem um governo de força que a impusesse, à maneira de Lenine ou Stalin. Mas uma ditadura abertamente comunista parecia descartada para o Brasil, após vários intentos fracassados como a Coluna Prestes e as veleidades ideológicas ele um João Goul art. O governo militar que se instalou em 1964, apesar de ter produzido uma lei ele Reforma Agrári a truculenta - o Estatuto da Terra - , tinha sua base ele apoio popul ar justamente nos setores majoritári os ela Nação que não queri am o socialismo. A campanha prevenindo para o aparecimento, depois de 1964, ele um "Jangui smo sem Jango", corajosamente lançada por Plinio Corrêa de Oliveira em face das diretrizes agrárias cio governo militar, alertou os brasileiros. E, em parte por bom senso, em parte por necessiclacle, o governo nascido em 1964 acabou por dar à Reforma Agrária apenas urna aplicação parcimoniosa e pouco efetiva. Aliás, a nosso ver, se outros tivessem sido os rumos cios governantes que se su. cederam de 1964 a 1985, eles poderi am ter levado a cabo uma ampl a campanha de escl arecimento da opinião pública nacional sobre os verdadeiros objetivos da Reforma Agrári a que Jango qui s fazer. Teriam com isso, possivelmente, ev ita lo o adormecimento em que cai u grande parte do público em relação a probl emas ideológicos vitais para o País. Pois o s r humano tem seu aspecto mais nobre e mai s

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O resultado fo i que, a partir de 1985, a esquerda - que em boa medida se havia refu giado em certas sacri stias - voltou com seu ímpeto ideológico intacto, encontrando como oposição, não mais o povo pensante e reativo da década de 60, mas uma massa voltada primordialmente para seu conforto pessoal e seus interesses particulares. Descartada, como vimos, a poss ibilidade para essa esquerda de impor a Reforma Agrári a por via ditatorial , restavalhe aplicá-la pela via democrática, e tomar até, para si, a bandeira da democracia. Mas essa via não fac ilitava as coisas para os agro-reformi stas, dado que o povo bra ·ileiro não estava de nenhum modo convencido da necess idade de uma Reforma Agrári a confi scatória. Viu-o perfe itamente Plinio Corrêa de Oliveira, quem em 1985 pediu um plebiscito sobre a Reforma Agrária em livro de grande divulgação6. Reiterou o pedido em 1992, lançando desta vez a TFP em campanha nas ruas - quando se debatia no Congresso a atual lei de desapropri ações. Obteve 1. 133.932 adesões popul ares em pouco mais de um mês. A resposta cios agroreformistas a esse apelo fo i um silêncio pesado. Eles sabi am que a via democrática lhes trazia perca lços bem consideráveis. orno vencer então a res istência popul ar? orno fazer, dado que a Reforma Agrária era uma etapa necessária para chear aos objetivos comuno-socialistas? A quebra da estrutura social no campo, base ele nossa economi a, era uma providência prévi a necessári a para depois quebrá- la também nas cidades. A "esquerda católica" lançou-se então, com todo o ímpeto, a form ar um esqua-

drão ele pessoas que pudessem exercer, no teatro da Reforma Agrária, o papel violento que estava vedado ao Governo exercer. Surgiram os sem-terra. O proselitismo foi incansá vel: desempregados, desocupados, marginais, até simpáticos bóiasfrias e verdadeiros trabalhadores foram arrebanhados e lançados contra fazendas cuidadosamente escolhidas, mediante planificação feita nas trevas. É cl aro que, para pôr em marcha esse plano, contribuíram possantemente todas as facções da esquerda revolucionári a, fossem elas políticas, econômicas, sindica is e mediáticas. Porém, dado o caráter profund amente religioso e católico do bras ileiro, o obj etivo só pôde ser levado adi ante pela ação da "esquerda católica". Foi ass im que, sob a bandeira da chamada "Teologia da Libertação", o Brasil viu estupefato que cléri gos incitavam e comandavam invasões, sempre presentes nos aca mpamentos com Mi ssas, Romari as, Pregações e o que mais fosse necessário (dinheiro do Exterior ev identemente ...) para fo rçar as consciências dos que ainda tivessem consc iência. Nem mesmo a palavra do Papa, claramente contrári a às invasões, foi suficiente para deter o ímpeto ele Bispos, padres e leigos agro-igualitários 7 •

Duas pinças da Reforma Agrária: MST - legislação socialista A Reforma Agrária passou a atuar então à maneira de uma tenaz com duas pinças. Uma pinça agressiva, extra-ofi cial, violenta, que invade, destrói, ameaça, era o MST. A outra pinça, oficial, que utiliza uma legislação agrári a soc iali sta e confiscatóri a para vistoriar e desapropriar aquilo que foi previ amente invadido e depredado. Feita a desapro priação, montado o assentamento, tratava-se de manter aquela situação permanentemente irrigada com dinheiro abundante, em parte para que ela não acabasse di ssolvida no marasmo de seu próprio artificiali smo, em parte para que o mov imento extra-ofi cial pudesse continuar crescendo e exercendo seu papel assustador. Esse papel não se limi tava a desejar uma Reforma Agrári a para o Brasil. Os obj etivos do MST são mui to mais ambi ciosos. Deseja ele que a esquerda to me

as rédeas do poder político em condi ções muito favoráveis à reali zação de suas utopias comuno-sociali stas. Mostra-se aparentado aos zapati stas do Méx ico e as semelhanças co m o sanguinário movimento guerrilheiro da Col ômbia são evidentes8. Ali ás, diga-se de passagem, o MST nunca escondeu que a isso visava. Iludiuse quem qui s. Os própri os meios de comunicação de esquerda e centro-esquerda, que tão grande papel representaram na propagação do MST, ora o apresentavam como um movi mento de aglutinação de pobres camponeses desejosos de terra, ora mostravamno com sua verdadeira face comuno-socialista. Mesmo este último tipo de propaganda - menos freqüente - tem sido precioso para o MST. De um lado, ele necessita mostrar-se como é na realidade, para poder impor-se, mas de outro prec isa abso lutamente amortecer as resistências da maioria da popul ação: como o médico que diz ao paciente que vai extrair-lhe o pul mão, mas antes dessa bárbara operação lhe aplica um anestésico. Houve, é claro, ao longo de todo o processo, bate-bocas entre o Ministro encarregado da Reforma Agrária e os líderes sem-terra, houve alguns se m-terra presos, até condenados. Incidentes de percurso. Mas no total , o processo se desenvolveu inexorável. E o MST ganhou até, da mídi a e de setores do Governo, o apelido de movimento social, co m o qu al procura enfe ita r-se com o uma prima-donna de opereta. Fez parte da di alética em meio à qual veio sendo conduzido esse show, a divisão dos agro-reformi stas em duas alas. Uma que apoiava integralmente o MST. É o caso, por exemplo, da Comissão Pastoral da Terra (CPT), braço da CNBB para fazer a revolução no ca mpo9. A outra ala, legalista, queria uma Reforma Agrária sem violência. Com isso, sorrateiramente os termos do probl ema foram modificados. E em lugar de se discutir Reforma Agrári a, sim ou não, passou-se a di scutir Reforma Agrária, co m violência ou sem vi olência. A entrada do MST em cena, também facilitou enormemente que certas lideranças dos propriet,íri os rurai s, inexplicavelmente favoráveis às leis confiscatóri as de Reforma Agrária, pudessem passar a de-

fendê-las livremente junto a seus liderados, a pretexto de deblaterar contra a ação do MST, de sua violência intolerável. "Ref orma Agrária, sim, mas dentro da lei", passou a ser o slogan. preferido dos partidári os do "ceder para não perder".

Acerto das previsões da TFP

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É claro que a Reforma Agrária foi um fracasso em matéria de produção. Portanto, também em matéria soc ial, pois que melhora social pode ter quem está con denado a viver num assentamento de mi séri a? O fracasso dos assentamentos foi o último tema referente à Reforma Agrária do qual se ocupou o Prof. Plinio Corrêa de Oliveira antes de seu fa lecimento. Há muita gente iludida, di zia ele, achando que a Reforma Agrária é fe ita de fato para produzir e ajudar o agricultor pobre. Temos obri gação perante Deus e perante nossas consc iências de alertar essa gente para seu engano e tentar evitar assim que sejam arrastadas ladeira abai xo do socialismo. Por isso, incumbiu ele doi s valorosos integrantes da TFP, os Srs. Paulo Henrique Chaves e Nel son Ramos Barretto, para que fi zessem uma ampla repo1tagem, com toda objetividade, sobre a situação dos assentamentos. Viajaram eles de norte a sul do País, percorreram 21.850 km em 49 di as, vi sitaram 44 assentamentos, de preferência os considerados modelos, nas cinco grandes regiões do Brasil, gravaram entrevi stas de 369 pessoas (assentados, vizinhos, autoridades), em 67 horas de fitas magnéticas, tiraram mais de 1200 fotos. Desse trabalho cuidadoso resultou uma extensa reportagem sobre assentamentos, publicada em janeiro de 1996, em livro largamente difundido10e que foi envi ado a todos os deputados e senadores e aos membros do Poder Executivo ligados à área rural. O fracasso econômico e social dos assentamentos aí está fartamente documentado. Mas a Reforma Agrári a prosseguiu . Como explicar isso, a não ser pelo fato de que a Reforma Agrária não é fe ita em fun ção da produção nem do bem-estar social do agri cultor, mas sim com objetivos outros, de índole ideológico-igualitári a? Ela prosseguiu e deu no que tinha que dar. Um tumor pode ser ocultado aos olhos de outrem durante algum tempo, mas, à L I

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Denúncias de Graziano

Textos da TFP

"O Estado de S. Paulo" (22-5-2000)

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(de anos anteriores) -

Denúncias de Graziano

(Reforma Agrária = R.A.)

a) Desvios de verbas, venda de terras pagas pelos contribuintes e desperdício de investimentos ultrapassam A$ 12 bilhões a fundo perdido;

a) Todos esses Programas de R.A. são de uma elaboração dispendiosa. E mais dispendiosa ainda é sua aplicação; o imenso vulto dos gastos necessários para que o mecanismo burocrático dinossáurico ponha em execução a R.A. ; os gastos operacionais assumirão por sua vez proporções faraônicas; e é nesse mar de dívidas que a R. A. imergirá nosso País já insolvável (* pp. 71 e 84).

b) O MST cada vez mais rico e os pequenos agricultores cada vez mais pobres;

b) AR.A. se apresenta como uma agressão aos trabalhadores rurais, os quais terão suas condições de vida tornadas mais árduas e penosas ( * * p. 11 ).

c) O governo tem se torcido e contorcido para provar que faz o maior programa de reforma agrária do mundo;

c) Uma tão imensa reforma, no ponto mais vital de nossa economia, uma transformação total do País inteiro não pode deixar de levá-lo ao abismo se não for acertada(* p. 45).

d) O governo não vai conseguir fazer a reforma agrária funcionar, a reforma agrária acabou;

d) A R.A. não resolve nem o problema social , nem o econômico. Pelo contrário, ela freqüentemente os agrava até o paroxismo, gerando miséria e desolação (* ** p. 59).

e) O governo já distribuiu 12 milhões de hectares. Qual foi a produção que trouxe todo esse investimento? O programa tem mais terras do que a área agrícola de São Paulo, Paraná e Minas Gerais somados, mas não apresentou produção;

e) É de se esperar que a R.A. provoque uma diminuição da produção e da produtividade na agropecuári a .... diminuição na oferta de alimentos para a população, diminuição na produção de exportáveis etc(** pp. 325/6).

f) O MST é apenas um movimento político que quer tomar pela força os meios de produção e o poder;

f) Tem-se desenvolvido em todo o País a atuação de minorias coligadas em prol da implantação a curto prazo da R.A. Movimento esse nitidamente igualitário, em cujo percurso se podem notar duas etapas: a) a conquista do poder; b) a ação niveladora do Poder conquistado (* p. 28). Revisão agrária, Reforma Agrária e socialização agrária não serão três etapas de uma mesma revolução?( ** ** p. 227).

g) Não se pode continuar dando um sítio, um trator e um monte de dinheiro para o contemplado fazer o que quiser; é melhor criar empregos e garantir a compra da produção;

: . g) É preciso dar curso a uma política agrícola que crie novos empregos no campo, favoreça os sistemas de parceria e arrendamento, estimule os pequenos produtores, já legítimos proprietários e facilite o acesso à terra a outros (*** p. 59) . A escola católica não participa do exclusivismo em favor da propriedade familiar .. .. não se lhe afigura desejável que elimine o salariado, o arrendamento e a parceria, que são formas de exploração rural lícitas e muitas vezes insubstituíveis(** p. 227) .

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"O Estado de S. Paulo" (22-5-2000)

Textos da TFP (de anos anteriores) -

(Reforma Agrária= R.A.)

h) Os números que refletem os resultados da A.A. são trágicos. Estatísticas mostram que 25% dos assentados abandonam seu lote no primeiro ano e 35% caem fora no segundo ano;

h) O porvir certamente provocará a evasão de muitos dos assentados dessa "camisa de força " que serão os assentamentos(***** pp. 86/7).

i) Não dá para corrigir os desvios porque hoje há mais de 2,3 mil assentamentos e o INCRA perdeu o controle do barco;

i) A R.A. constitui uma aventura que muito provavelmente conduzirá o País a um verdadeiro caos econômico e social( * p. 147).

j) Jungmann fez um esquema com ONGs e cooperativas do MST. Contratou técnicos ligados ao MST. Resultado: o MST está rico, muito rico, com dinheiro de sobra para fazer manifestações no Brasil inteiro, graças ao desvio de recursos proporcionados pelo próprio INCRA. O Jungmann sabia disso;

j) Desde que um grupo de invasores ataque uma propriedade, está criado o conflito. Isto feito, a "solução" consiste em que o Poder público se associe aos invasores para os "assentar" nas terras assim arrancadas à força das mãos do proprietário, e expulse a este da terra, metendo-lhe no bolso alguns títulos públicos ... . Em outros termos, será a revolução agrária, tornada vitoriosa pelo Estado( * p. 61).

k) É enorme a quantidade de bandidos e marginais que se disfarçam de sem-terra para invadir fazendas;

k) Qual a vida de cada "invasor " antes de se entregar à sua presente ocupação? Teve passagens por delegacias criminais , ou de ordem política e soci al? Foi processado? Condenado? Cumpriu integralmente a pena imposta?( ****** p. 26) . Ninguém pode negar a existência de agitadores profissionai s, de membros do Clero esquerdista , de membros das CEBs que promovem artificialmente a violência (* p. 116).

1) Não adianta tirar os excluídos da periferia das cidades para excluí-los na zona rural, criando favelas no campo.

1) Que a R.A. produz "favelas rurais" é expressão lançada pela TFP em 1987 já no título do livro Reforma Agrária: terra prometida, favela rural ou kolkhozes?, de Atílio Guilherme Faoro. Nele está dito, por exemplo, que a R.A. conduz "à formação de incontáveis 'favelas rurais ', frustrando os mesmos trabalhadores sem terra que ela alega querer beneficiar" ( ** * * * p. 98).

(*) A Reform a Agrári a soc iali sta e conli scatóri a - A prop ri edade privada e a li vre inic iativa, no tufão agro-reformi sta ( 1985). (**) Sou Ca tól ieo, posso ser co ntra a Re fo rma Ag rária? ( 198 1). (***) Reform a Agrá ri a seme ia assentame ntos - Assentados co lhem m iséria e deso lação ( 1996). (****) Re fo rma Ag rá ri a - Q ues tão de Co nsc iênc ia ( 1960). (*****) Reforma Agrári a: terra prometida , fave la ru ra l o u ko lkhozes? ( 1987). (******) No Bras il : a Reforma Agrári a leva a mi séria ao ca mpo e à c idade ( 1986).

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medida que cresce, tende a explodir. A Reforma Agrária explod iu. E quilo que o Prof. Plínio Corrêa de Oli\)eira sempre afirmara, hoje é proclamado pela imprensa.

Um agro-reformista agredido pela realidade ... Como ex-presidente do INCRA e exsecretário de Agricultura de São Paulo, o atual deputado federal Francisco Graziano Neto, professor e doutor em economia agrícola, fala com autoridade de quem conhece o assunto. Ademais, Graziano é inteiramente insuspeito para fa lar. Além de pertencer ao partido do Presidente da República (PSDB), ele confessa: " Eu sou um cara da esquerda, que continua de esquerda " i1 _

Suas denúncias sobre o fracasso da Reforma Agrária versam sobre uma realidade que se tornou tão evidente, que dispensam demonstração. Elas acabam também indiretamente provando - e quanto! - o acerto das aná1ises e previsões de Plínio Corrêa de Oliveira, que hoje podem ser tidas como verdadeiramente proféticas, iniciadas quando o processo agro-reformista apenas engatinhava e depois reiteradas praticamente a cada passo dele. Publicamos em quadro à parte uma comparação - muito sumária, embora - entre algumas denúncias feitas agora por Graziano e as prev isões anteriormente apresentadas pelo Prof. Plinio Corrêa ele Oli veira e pela TFP. Esse fracasso foi sendo evidenciado através ele sucess ivos "planos" com diferentes nomes: Plano Nacional de Reforma Agrária, Novo Mundo Rural etc. Agora, a palavra de ordem é descentralização. Mas, como diz bem Graziano, os agro-reformistas podem se "torcer e contorcer" que a Reforma Agrária não dá certo. Mesmo o mais propagandeado dos líderes semterra, o marxista João Pedro Stédile, declara "nós nos demos conta que só a terra e o crédito não resolvem" 12• E é claro que não resolvem, pois a Reforma Agrária social ista é um processo completamente antinatural. O próprio Presidente ela República, através ele seu porta-voz, ensa iou um desmentido às denúncias ele Graziano 13, mas o fez em termos tão tímidos e tão pouco convincentes, que eq uivaleu a uma confi ssão. 28

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JORNAL

Reforma Agrária: etapa intermediária rumo à utopia socialista Assim descreve o jornalista Luís Nassif essa situação: " O MSTfàzia um muxoxo daqui, o Ministério da Reforma Agrária, de lá. Aí vinha a CNBB efa zia o meiocampo, sendo disputada por ambos. A bancada ruralista entrava na valsa, conseguindo passar adiante terras sem valor. .... Depois de um caldeirão de dinheiro sendo jogado fora, depois de se ter criado uma falsa ilusão em centenas de milhares de desvalidos, que serviam de massa de manobra, MST, Ministério da Reforma Agrária, CNBB e bancada ruralista confessam que o jogo era.fàlso" 14 • O "caldeirão de dinheiro sendo jogado fora " - utilizando a expressão cio jor-

nalista supra mencionado, teve um acréscimo considerável. Em 3 ele julho p.p., o Presidente Fernando Henrique chamou de surpresa o MST para conversar no Palácio cio Planalto, quando anunciou a concessão da "bagatela " ele 2, 1 bilhões ele reais para os assentamentos ela Reforma Agrária. Na ocasião, o próprio Ministro Raul Jungmann declarou não haver dinheiro para cumprir a promessa. Mesmo que não seja essa quantia, certamente uma "bagatela " menor será ''jogada f ora ", confirmando a realidade notoriamente conhecida: a Reforma Agrária é um "sç1ça .,·em,/imdo" ... orno corrcr[io as coisas daqui para a frente? Diante de urn futuro incerto, llma coisa entretanto parece certa: a esq uerda revolucionári a não vai parar. Todo ~ss.e aparato de ONGs, setores políticos e governamentais, movimeptos ditos sociais, pressão da esq uerda internacional, poderosos foles da mídia - sem que lhes falte "a bênção litúrgica do clero de esquerda " 15 - está aí e ameaça continuar sua

investida. O fracasso da produção nos assentamentos não vai detê-la, porque ela verdadeiramente nunca qui s a produção. · As condições mi seráveis em que a Reforma Agrária jogou o pequeno agri cultor também não vai detê- la, porque ela nunca desejou de fato o bem do agricultor nem de ninguém. A esquerda revolucionária corre atrás de uma utopia - o igualitarismo comunosocialista - e a Reforma Agrári a era apenas uma etapa de destruição ela organ ização social do campo e não um lim em si.

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BRASIL Ministro reage à proposta que FH fez ao MST fli.1)01\ tk çh;una,. dr SU IJ>l'C)a, O M S'í par.t COO\'t rs:ir no l'l:m.:iho e de JYOIIIC~f nuu ltS 2,1 bil~ JXW asscnUln"l(ntl)( rur.m, o prt$Mk:n1t Ftm:mdo lk nriquc dcilOII G1!b,,.'f10 I\Jr1c). Utll dos lk~IC., dos S(ll'Hffl',I, com OS nli niitros Ja Rdomu Av'ri:l. lbul Jungm:111n. e da Ju...ôça,

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FHC promete ao MST liberar mais R$ 2,1 bilhões Ri•cursos 1v7o 1><1gar t1 pr6xlmu S<1fra (IRrfrnl" 11ns asst111tm11e1110., e fimmd nr a co11str11çilo dt! 150 mil e<1sas 1xm , t1S/nmflius dos sem-tem, que receberllo .seus lo1t•s até o fim pn:sitknlc Femando l len ri-

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Nçsf,e sentido, pode-sç çlizer que, em larga meqida, fl Refoq11a A~rária ílti11giµ os objl:!\IVO~ ciíl esqµercl !I, pois a c\emolição que ela prqduziu no Brasil não foi pequena. Demolição no conceito de propriedade privada, demolição de restos de estrutura orgânica do Brasil real , demolição da cl asse dos fazendeiros, demolição cio clima de paz e bem-estar social que havia no campo, em uma palavra, demolição dos restos ainda quentes ela Civili zação Cristã. É provável que durante algum tempo - difícil de prever - ainda se arraste a execução da Reforma Agrária. Mas poderão ir incorporando-se a ela elementos novos e mais radicais. Quais serão eles? Virá a guerrilha, al iada ao banditismo e ao narcotráfico, como na Colômbia? As invasões urbanas tomarão vulto? Virá o caos generalizado, por meio de greves, arruaças e tomada de edifícios públicos e particulares? Procurarão nos impor um tri-

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2002

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liberado RS 6 bilhões p.1ra ;1 rdOf'•

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Fac símiles da parte superior da primeira pá gina do "Jornal do Brasil" e do "Estado de S. Paulo", de 4 de julho último: as manchetes ressaltam a vultosa verba para o novo auxílio destinado aos fracassados assentamentos e as manifestações contr,irias a essa ajuda por parte de dois Ministros presentes à reunião convocada pelo Chefe de Estado

balismo-ecológico? Virá uma ditadura de tipo cubano ou russo? Esse leque ele opções está aberto diante da esquerda, e ela não hesitará em enveredar pelo que julgar mais eficaz. Nesse contexto, é muito preocupante também o desarmamento ela população civil , a qual fica assim à mercê dos ataques mais inesperados. De modo que o fracasso da Reforma Agrária socialista e confi scatóri a pode ser comparado à agonia ele um monstro, de cujos estertores podem sa ir os golpes mai s inusitados, as rabanadas mais perigosas, ou mesmo, na hora da morte, gerar filhos piores que ele próprio.

Verdadeiras esperanças: Fátima e Aparecida Há nesse quadro alguma sa ída para quem deseja um Brasil cristão, ordenado e pacífico? Se tal fo i o acerto do Prof. Plínio Corrêa de Oliveira - como vimos - em prever os males que nos adviriam da socialização cio País, não é o caso de dizer que a saída por ele apontada também é a melhor? E essa saída ele a encontrava no conteúdo ela Mensagem de Fátima. Estamos vivendo dias de controvérsia em torno do terceiro Segredo de Fátima. Nossa Senhora prometeu na Cova ela ]ria o triunfo ele seu Imaculado Coração, após o qual o mundo teria algum tempo de paz. Entenda-se da "paz de Cristo no Reino de Cristo". Ela descreveu castigos que se sucederiam sobre a Humanidade pecadora, antes que esse triunfo se desse. Não estamos nós já em meio a esses castigos? Deverão eles ainda agravar-se? Seja como for, estejamos com o espírito pronto para os acontecimentos que virão e que podem surgir de improviso. Com fé, confi ança na Providência Divina e sem nos deixar enganar por jogos e manobras de todo tipo que nos deglutirão irremiss ivelmente se não formos vigilantes. Nossa Senhora Aparecida, Rainha do Brasil, vele por nossa Pátria, tão maltratada até por muitos ele seus filhos. ♦ Notas: 1. Os outros autores foram: D.G era ldo Proença Sigaucl , Bispo de Jacarezinho e posterionnente Arce bi spo ele Diamantina ; D. Antoni o de Cas tro Mayer, Bispo de Ca mpos; e o economista Luiz Mendonça de Freitas. 2. Seriam necessár ios vá ri os vo lum es para hi storiar tão memoráve l luta. Aqui lembramos apenas os títulos de alguns outros de seus li vros sobre o assunto: Declaração do Morro Alto ( 1964 - com os mesmos autores de RAQC, assessorados por agricu ltores e técnicos); Diálogos Sociais ( 197 1); Sou Católico, posso se r contra a Reforma Agrária? ( 198 1 - co m Carlos Patríc io dei Campo) ; Agitação Social, violência : produtos de labo ratório que o Bra sil rejeita ( 1984); A Reforma Agrária socialista e confiscatória - A pi·o priedade privada e a livre iniciativa, no tufão agro-reformista ( 1985 - com Carlos Patrício dei Campo); No Brasil: a Reforma Agrária leva a miséria ao campo e à cidade ( 1986).

3. RA-QC, "Aviso Preliminar", pág. XIX. 4. RA-QC, págs. 9 a 12. 5. Plínio Corrêa de Oliveira, "A Reforma Agrária leva a miséri a ao campo e à cidade", Vera Cruz, 1986, pág. 35.

6. A Reforma Agrária .wcialista e co11fiscatória - A propriedade pri vada e a li vre iniciativa, 110 tufão agro-reformi sta ( 1985 - com Carlos

Patricio dei Campo). 7. Foi clara a advertência fe ita por João Paulo li : "Nem a J11stiça 11.em. o bem comum. consentem em da11./ficar alguém. 11.em invadir sua propriedade sob 11.enlwm pretex to", di sse o Sumo

Pontífice, quando de sua visita ao Brasil em 1991. "Ao Estado - prosseguiu - cabe o dever principalís.Yim o de assegurar a propriedade partic 11/a r po r meio de leis sábias"

("Folha de S. Paulo", 15- 10-91 ). Advertência reiterada depois com ênfase: " Reco rdo as palavras do meu. predecessor Leão XII/, quemdo ensilla que 'nem. a j11.1"tiça, nem o bem con11n11 consentem. em danificar alguém 011 invadir a sua propriedade sob 11en/111111. pretexto' (Rerum No va n1111, 55). A Igreja tufo pode estimula,; inspirar ou. apoiar as i11.iciativa.1· ou m.ovime11.tos de ocupaçüo de terras, quer por invasões pelo uso da força, quer pela penetração sorrateira da.\" propriedades agrícolas"

(João Paul o 11 , ao receber, em 2 1-3- 1995, os Bispos brasileiros da Regional Su l 1, do Estado de São Paul o). 8. "Os choques armados do MST com a polícia, o Exército e os seguranças de fa zendas invadidas ou ameaçadas de invasão podem arrastar o Brasil a um conflito armado como o que ensanglienta a Co lômbia há mais de três décadas. O alerta vem de ninguém menos que um integrante do Estado-Maior Central das Forças Armadas Revolucionárias ela Colômbia - Exérc ito cio Povo (Farc-EP). 'Abram o olho com isso 1 Aqui começou assim' , avisou o comandante lván Rios cm entrevi sta exclusiva ao JT no povoado ele Los Pozos, na zona desmilitari zada do sul do país .... o JT ouviu de uma fonte muito bem colocada no alto comando das Farc-EP a confidência de que a organização ' mantém relações, no Brasil, com o MST e o partido do Lula' " ("Jornal ela Tarde", 24-5-2000"). 9. O presidente da CPT, D. Tomás Balduíno, declarou que as invasões ele terra são "wna 111a 11 e i ra sadia de s e 111. od(f"i ca r a es trutura .fu11diária nacional " ("O Globo", 9-5-00) .,Para ele, "o nome refo rma agrária é apenas aceitável; na verdade o q11 e se busca é mais 11111a revolução ag rária " (Jornal dos Sem-Terra, se-

tembro/97 ). 1O. " Reforma Agrária semeia assentamentos -

Assentados colhem mi séria e deso lação - A TFP revela a verdade inteira", Artpress Editora, São Paulo, 1996. 11. O Estado de S. Paulo, 22-5-2000. 12- Folha de S. Paulo, 14-5-2000. 13. Ver "FHC contesta críticasfeita.1· por Gracia no " , em "O Estado de S. Paulo", 23-5-2000. 14. Folha de S. Paulo, 24-5-2000. 15. Ex pressão utilizada em entrev ista pelo colombiano Ricardo Vélez Rodríguez, professor das Universidades Gama Fi lho, no Rio, e Federal de Juiz ele Fora (MG), na qual denuncia "a estupidez das elites intelectuais brasileiras que fingem ncio perceber as semelhanças entre a tática de tomada do poder do MST e a dos guerrilheiros das FARC na Colômbia, do Sendero Luminoso no l'eru e do.\" zapatistas no México" ("Jornal da Tarde", SP, 14-5-2000).

C AT O L IC ISMO

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INTERNACIONAL mundo inteiro, tem como objetivo abrir as vias para uma eventual reunificação cios dois países - o do noite, comunista e esfomeado, com o do sul , próspero. De gravidade única reveste-se enfim a iniciativa do Presidente sul-coreano ao quebrar uma barreira psicológica de aversão ao comunismo. Com efe ito, em sua visita a Pyongyang, Kim Jung Dae (antigo militante de esquerda, que chegou a ser condenado à mo1te por atividades subversivas) evitou cuidadosamente qualquer referência ao regime comunista, motivo principal da divisão dos dois países, e encontro u-se com o ditador do Norte como se estivesse revendo um primo pobre. E ao mesmo tempo que mani festava o desej o humanit{u-io de que fa míli as divididas pela guerra pudessem reencontrar-se em meados de agosto, exclamava pateticamente que "uma nova aurora eslava raiando para a Coréia" ... O que se encontra na ori gem dessa "aurora" que eles ponta na penínsul a ao sul da Mandchúria, sob o bafejo simul tâneo dos Estados Unidos e da China?

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Um retrospecto histórico

A suspeita reconciliação entre as duas Coréias O Presidente da Coréia

do Sul visita de improviso a Coréia do Norte. O objetivo é abrir as vias para uma eventual reunificação dos dois países. Em que base? Sob a égide do comunismo, de um lado, e do entreguismo, do outro? R ENATO V ASCONCELOS

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e AT oLIe ISMo

Aeroporto de Pyongyang - 15 de junho. Vestindo uma ordin ária j aqueta cor terra, Kim Jong li espera a chegada de um vi sitante do sul. Kim Jung Dae, Presidente da Coréia do Sul , desce do avi ão traj ando um te rno be m cortado e ouve · de seu anfitri ão palavras tranqüili zadoras: "Não se preocupe. Vou lhe dar o melhor tratamento possível ".

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A surpreendente, inesperada e grave visita de Kim Dae Jung ao ditador comuni sta vitalício da Coré ia do Norte, Kim Jong li (foto acima), fo i qua lilicada como uma "reunião de cúpula lústó-

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rica " , "déten.te sem precedentes ", "o mais importante acon.lecirnento havido n.a Ásia depo is da viagem de Nixon à China em 1972 ", "a queda da última muralha da Guerra Fria" etc. Inesperada, sim , pois nada faz ia prever um degelo nas relações entre os dois pa íses, d ivid idos há mais de 50 anos, desde que os comunistas tomaram conta do poder ao Norte. Ainda no ano passado , a Coré ia do Norte enviou nav ios de guerra contra o Sul, provocando um confro nto, do qual, ali ás, sa iu venc ida. Surpreendente também. Preparada à sorrelfa, a visita, que pegou de improviso a opinião pública na Coréia do Sul e no

De 19 L0 até o fim da Segunda Guerra Mundial, a Coréia esteve sob do mínio nipônico. A vitória naval do Impéri o do So l Nascente sobre o Jmpéri o Russo, em 1905, alimento u pl anos expansioni stas j aponeses. Procurando novas vi as para introduzir-se na China, foram eles je itosa e ardilosamente ocupando a Coré ia até que, e m 1910, obri garam o Imperador Sunjo ng a abdicar do trono e anexaram o país ao Japão. Esta situação perdurou até a rendição incondi c ional do Eixo e m 1945 . Recobrari a a Coré ia, afi na l, a liberdade que lhe fo ra tirada durante quase quatro décadas? Ledo engano ... No di a 9 de agosto de 1945, quando a segunda bo mba atômica explode em Nagasaki , a Rúss ia dec lara g uerra ao Japão e com isso "conquista " o di reito de partic ipar da mi ssão de expul sar da Coré ia os j aponesés. Na Ásia, como na Europa, os Estados Unidos segui am a mes ma política de pul so mole e de concessões face à Rúss ia sov iética. E concordam "per viamfacli " que os soviéti cos ocupem o norte da Coréia até o paralelo 38. Tal estado de coisas deveria

permanecer até que se reali zassem e leições livres. Porém, ao Norte, apoiados pe los sov iéticos, os comuni stas coreanos fund am por toda a parte comi tês popul ares. Em fevereiro de 1946, Kim 11 Sung ass ume a che fi a do PC e to ma o pode r na Coréia do No rte. Em setembro de 1947, as Nações Unidas decidem promover e le ições gera is na Coréia. Contudo, a comissão de contro le não consegue entra r na zona norte. As e leições rea lizam-se apenas no sul. É e leita uma Assemblé ia Consti tuinte, em IOde maio de 1948. Promul gada a Constitui ção, surge como nação independente a República da Coré ia, em 15 de agosto de 1948. Três semanas mais tarde é proclamada ao norte da penínsul a a República Po pular, tendo como chefe Kim li Sung. Estava consumada a divisão da Coré ia.

A Guerra da Coréia Com a criação dos dois países, os Estados Unidos retiram-se cio Sul e a Rússia, cio Norte. Porém, os soviéti cos deixam na Coréia do Norte, dominada já pe los comunistas, um imenso arsenal. É o que vai possibilitar, do ponto de vi sta bélico, a invasão do sul. Do ponto de vista político, desempenha papel decisivo a declaração de Dean Acheson, então Ministrn das Relações Ex teriores americano, feita em janeiro de 1950: "A Coréia encontra-se.fora do cinturão defensivo dos Estados Unidos". O s comunistas interpretam as pa lavras de Acheson como uma pro messa de que os Estados Unidos não interviri am, caso a Coréia do Sul fosse atacada. Conseqüe ntemente, não perde m te mpo. Sem prévi a decl aração de guerra, num grande ataque-surpresa desfechado na manhã de 25 de junho de 1950, tanques norte-coreanos invadem e do minam em poucos di as todo o sul do pa ís, inc lu sive a capital Seul.

O c hoque ex perimentado pela opini ão públi ca mundi a l é grande . E as Nações Unidas não têm outro remédi o senão intervir, envi ando uma fo rça expedicionári a internacional, sob o comando do Gen. M ac Arthur, considerado herói norte-americano da U Guerra Mundi al. É o começo da Guerra da Coréia. E também do período deno minado de "Guerra Fria". Em pouco tempo Seul é libertada e os comuni stas são rechaçados para o norte. A China de Mao-TséTung intervém, enviando 300 mil voluntários para aj udar seus ca maradas coreanos. Segund a invasão do sul. Seul é novamente conqui stada pe los vermelhos. O Gen. Mac Arthur propõe então levar a guerra ao próprio território chinês e bombardear as vias de acesso uti 1izadas pe los voluntários do g igante amarelo. O Pres ide nte americano Truman não aprova a proposta. Contudo, Seul é libertada e os comuni stas repe li dos para além do paral elo 38. Em julho de 1953, é assin ada afin a l em Panmun-

Monumento, no Cemitério Nacional de Seul, em homenagem ao soldado coreano que valentemente lutou contra a invasão comunista durante a Guerra da Coréia


CIÊNCIA jon um armistício que vigora até hoje. Ao longo do paralelo 38, d-ia-se uma zona desmilitarizada. •

Novos abalos no darwinismo

Cortina de Ferro na Ásia À semelhança das duas Alemanhas, baixou entre as duas Coréias uma Cortina de Ferro - célebre expressão cunhada por C hurchil l. Contudo, a Coréia do Sul teve que sofrer ao longo dos anos infiltrações de agentes do Norte, atentados terroristas contra membros do Governo, sangrentai; escaram uças na fronteira, além de suportar intensa e ininterrupta propaganda desestabilizadora. Kim II Sung, o Grande Líder que, ao invés de construir um changri-lá, instaurou um regime de opressão, repressão e mjséria, deteve as rédeas do governo até sua morte, em 1994. À maneira de um dinasta, já havia transmitido parte de seus poderes a seu filho, o atual ditador Kjm Jong II. A respeito deste, pouco ou nada se sabe a não ser que se trata de um stal inista da linha dura, terrorista fanático e avesso a aparecer em público. Cinqüenta anos de comunismo arrastaram a Coréia do Norte não apenas para o abismo de mjséria moral inerente ao regime comunista, mas também para as piores catástrnfes econômicas e sociais. A pobreza ali é inünaginável. Só nos últimos cinco anos o país perdeu 2 mjlhões de pessoas, todas elas mortas de fome. Os ditadores do Norte pouco se preocupam com essa tragédia de proporções dantescas. Empenham-se exclusivamente em desenvolver o projeto da bomba atômjca e levar adjante o programa de testes com mísseis intercontinentais, capazes de atingir a costa nmte-americana. Para tais fins, destinam todos os recursos disponíve is das comba lidas finanças do país. Muitos temem que Krrn Jong II vá desviar a ajuda que eventualmente receba do Sul para a fabricação de armas, as quais venderá a países como Iraque ou Irã. Cu lturalmente, os noite-coreanos encontram-se estagnados e desligados do resto do mundo. No país não há programas de rádio, a não ser as emissões do 32

CATOLICISMO

O que surgiu primeiro: o ovo ou a galinha?

Controle de remédios na Coréia do Sul (acima), cujo acentuado progresso econômico contrasta com a miséria reinante na Coréia do N orte

Governo. Ninguém pode telefonar para fora da nação ou receber correspondência do Exterior. Sob o tacão da bota comurusta, o norte-coreano leva uma vida mjserável, cinzenta, sem ideais nem esperanças. É o resultado lógico da implantação de um sistema ateu e antinatmal.

Contraste imenso O contraste com o Su l não pode ser maior. Devastada pelos três anos de guerra, com sua capital transformada num monte de ruínas, conseguiu a Coréia do Sul soerguer-se dos escombros e transformar-se num país próspero. Ocupando uma superfície de 128.500 km2 e com uma população de aproximadamente 45 milhões de habitantes (mais do dobro da população da Coréia do Norte), a Coréia do Sul é um dos chamados Tigres asiáticos por seu intenso desenvolvimento econômjco. Hoje o nível de vida do sul-coreano é 100 vezes superior ao standard dos norte-coreanos. O excelente labor mjssionário do século passado obteve para a Igreja Católica centenas de milhares de conversões. Os católicos somam hoje cerca de 4 milhões. Um quarto da população se diz cristã. Pois bem. Tudo isso fica comprometido com a política de aprox imação iniciada pelo presidente Kim Dae Jung,

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pois ela não se baseia na extinção do comunismo nem na expansão do cristianismo. A nova política é apoiada, aliás, pelo Presidente norte-americano. Na mesma semana da visita, Clinton suspendeu uma série de restrições comerciais, turísticas e bancárias impostas à Coréia do Norte. O que Dae Jung pretende alcançar? Um amálgama da cosmovisão cristã com o ateísmo comunista? Um nivelamento econômico do Sul e do Norte, para o qual é necessário a "bagatela" inicial de 500 bilhões de dólares? Fazendo tabula rasa dos últimos 50 anos, desprezando o sangue generoso ele dezenas ele milhares ele heróis que caíram lutando contra o comunismo, fechando os o lhos para o fanatismo ideológico que domina o Norte, esquecendo o tremendo desnível cu ltural e econômico entre o Sul e o Norte, sai ele agora a campo em sua temerária empresa de "reconciliação"! Ora, nessa empresa, nessa cava lgada rumo a um futuro cheio de incógni tas - para empregar uma imagem de Bismarck - , quem é o cavaleiro, quem é o cavalo? Ou seja, quem vai cavalgar e quem será a cavalgadura? É de se temer, e muito, que na relação cavalo-cavaleiro, Da.e Jung acabe, por causa de seu entreguismo e moleza, desempenhando o papel de cavalo ... Mas desde já ele tem a promessa do outro Kim, o ditador: "Não se preocupe. Vou lhe dar o melhor tratamento poss(vel" ... E homens como Dae Jung são imensamente propensos em acredi♦ tar em promessas vãs. ..

A singeleza da pergunta esconde, na realidade, um problema insolúvel para os que procuram explicar a origem da vida através da evolução RosÁRIO M. GutR10s sa sobre o criacionismo, nascidas para contra-atacar as idéias científicas sobre a origem do homem, possuem agora postos avançados nos países mais diversos. Como a Coréia, por exemplo, onde o movimento possui mais de 2000 cientistas. Ou na Nova Zelândia, onde osfiliados passaram de zero a 20% da população, após uma visita de propaganda feita pelo principal promotor do c riacionismo nos EUA, Henry Morris, cultor de 'O Dilúvio do Génesis'".

N

o Brasil , em ambientes mediáticos e educacionais, podemos dizer seguramente que só se pesquisa, difunde e ensina a teoria evolucion ista, velha de mais de 150 anos, de Charles Darwin. Apesar dos numerosos desmentidos que ela já recebeu. Ora, essa teoria , apresentada como um dogma, vem sofrendo novos graves abalos. "Ensinar que o homem e os símios têm antepassados comuns, ou que tudo procede por etapas, não sãofavas contadas como parece", informa Simona Yigna, do "Corriere dei la Sera". Isto porque o movimento criacionista - o qual lê a Bíblia como texto científico - vai tomando proporções inimagináveis há algumas décadas. A importância desse movimento está diretamente relacionada com o país onde ele é mais difundido . Se alguém pensou nos Estados Unidos, não se enganou. A articu li sta informa, e pantada, que ."é difícil crer, mas é no país líder mundial no campo cientifico que o darwinismo está mais ameaçado. Nos Estados Unidos, 47% da população e um quarto dos estudantes universitários não crêem na ligação homem-símio e estão convencidos de que a humanidade foi criada por Deus, em seis dias e há menos de 10 mil anos". E conti nua: "Segundo uma pesquisa conduzida em março último, igual número de americanos estão mais que convencidos da importância de ensinar aos estudantes tanto o evolucionismo quanto o criacionismo, 'de modo que os jovens possam decidir por si sós'. E nos últimos 10 anos, cerca de 20 Estados da Federação

A doutrina de Charles Darwin (,'1 direita), verdadeiro tabu universal até há pouco, está sendo seriamente abalada pelo criacionismo, consagrado na Bíblia

adotararn leis a favor da divulgação da teoria criacionista nas escolas".

A razão de ser da vida O interessante é a razão apontada por essa reviravolta: "Toca num ponto nevrálgico da população - comenta Eugene Scott, responsável pelo Centro Nacional para a Educação Científica - , a propósito da popularidade crescente do criacionismo. Porque mostra a evolução como um fenôm.eno que não tem objetivos. E os homens, hoje mais tio que nunca, querem saber se suas vidas têm um sentido". (Grifo nosso). A articulista do "Corriere della Sera" observa que "o antidarwinismo está se espalhando corno uma mancha de óleo em escala mundial. Sem absolutamente estar mais lim.itado aos meios bíblicos. Ou políticos. As associações pela pesqui-

Além de difundir conceitos errados, a mídia nacional está "fora de moda" " E na Europa?", pergunta-se a articu lista e prossegue: "O velho continente não.fi.ca atrás, parece, com os países Baixos no topo da classificação dos países pró-criacionismo. Foi preciso uma série de protestos e tomadas de posição por parte da Academia de Ciências Holandesa para reintroduzir no ano passado, pela primeira vez em 20 anos, questões sobre a evolução nos testes das escolas estatais. "E na Inglaterra, pátria de Charles Darwin, o Movimento pela Ciência da Criação conseguiu também apresentar ao público uma mostra dedicada às teorias antidarwinistas sobre a origem do homem ". Eis uma notícia realmente digna de ser difundida. Entretanto, quantos de nossos leitores terão tomado conhecimento de artigos desse gênero na imprensa brasi leira? Nossa mídia, infeli zmente, parece ciosa apenas em difundir toda espécie de descoberta científica, desde que corrobore as teses evolucion istas... ♦

eAToLIe Is Mo

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VIDAS DE SANTOS

ffi

Rei modelar e grande Apóstolo da Hungria O povo húngaro estava destinado pela Providência Divina a ser evangelizado e convertido por um dos seus líderes, que se tornaria seu

primeiro Rei, Santo Estêvão, o Rei Apostólico, cuja festa comemoramos no dia 16 deste mês PLJNIO MAl{IA SOLJMEO

G

ysa, quarto Duque dos un os ou hún garos, inda bárbaro e pagão, teve a felicidade de casar-se com a virtuosa Sarolta, filha do Duque de Giula, que aos encantos femininos unia os da virtude. Como uma nova C lotilde, empenhou -se ela com sucesso na conversão do marido, que com muitos de seus nobres, recebeu o batismo. Essa conversão, embora sincera, não foi sufic ient para fazê- lo cessa r de vez com os costumes bárbaros, e sobretu do para torná-lo modelo diante de seus súditos. Um dia em que refletia sobre o modo de levar Rico relicário contém a mão direita seu povo todo à conversão, um doReiApostólico anjo lh e apareceu. Disse- lhe que, por ter as mãos ainda tintas de sangue, isso caberia a um filho seu, o qual "será do número daqueles Reis que Deus escolheu para Reis eternos". A Geysa, por s ua vez, Deus enviari a como embaixador um santo varão que devei-ia ser obedecido 1 pelo Duque em tudo o que mandasse . Esse varão era Santo Adalberto, Bispo da Boêmia, que, obrigado a sair de sua diocese em virtude da rebeldia de seus rudes vassalos checos, foi pedir asilo na Hungria. O Duque Geysa recebeu-o com grande benevolência, pondo-se em suas mãos para que o gu iasse naquilo que julgasse ser da maior glória de Deus.

"O santo Bispo com sua vida, doutrina e pregação divina, converteu grande número daquela gen te que, por sua natural condição e por sua idola tria fero z e bárbara, vivia apartada do grêmio . "2 . e,la S anta Igre_1a

O mais completo Príncipe de seu século E nquanto isso a Duquesa, que em tudo ani mava e secu ndava seu esposo, estando para dar à lu z, Leve uma visão "a sseg 11rc111 -

do -lhe que o filho que ela pordou ed ifi car um mosteiro em tava no seio acabaria a obra honra de São Martinho. que ela e o rnarido haviam coLivre assim para prosseguir meçado, e que ele exterminaria seus desígnios, ed ifi cou igrejas o paganismo do meio de seu e mosteiros, e mandou vir de 3 povo" o utros países sacerdotes e reli O esperado menino - futu g iosos recomendáve is por sua ro Santo Estêvão - nasceu em pi edade para evangelizar seu 977, recebendo o nome do propovo. Alguns destes viriam a Lomárti r em louvor deste. A crireceber a coroa do martírio. ança "soube pmnunciar o nome Mas faltava ao jovem Duadmirável do Salvador antes de que a chancela do Sumo Pontísaber pedir o pão e saudar seu fi ce. Por isso, enviou uma e mSilvestre li ofereceu a Santo Estêvão pai e sua mãe. Viu -se nele, desbaixada a Roma com a finaliuma coroa de ouro belíssima, de a i11fância, tão belas inclinadade ele oferecer ao Pai comum adornada com esmaltes e pérolas ções para a piedade, que não se da Crista ndade aquele novo duvidou que ele levasse avante Estado cristão, pedir para ele a 4 .fielmente o que o Céu ha via prometido e predito" . bênção apostólica, a confirmação das dioceses criadas. Fo i dado ao menino, como tutor, Teodato, Conde da E, sobretudo, conceder ao novo Duque cristão o título Itália que, de comum acordo com Santo Adalberto, fêde Rei para que, com mais autoridade, levasse avante lo progredir nas sendas da virtude e da ciência, de modo tudo o que pudesse serv ir para a propagação da fé e da que "os conhecimentos com que ilustrou sua inteligênverdadeira religião. cia e as virtudes com que adornou sua a/ma.fizeram de Narram os cro nistas que, nessa mesma época, o DuEstêvão o Príncipe mais completo de seu século" 5 . que da Polônia, M iceslau, tendo-se convertido ao cristiaQuando Estêvão atingiu os 15 anos, seu pai confiouni smo, mandara ao Papa uma embaixada com o mesmo lhe parte dos negócios do Estado e, vendo que Deus o pedido. Si lvestre li, para honrá-lo, havia mandado prehav ia dotado de uma prudência singular, não tomava parar magnífica coroa de ouro com riquíssimos es mal ne nhuma medida importante sem ouv ir antes seu paretes. E ntretanto, um anjo apareceu-lhe comunicando-lhe cer. Pou co mais tarde confi ou-lhe também o co mando que aq ue la coroa não seri a para o duque polonês, mas do exército. para Estêvão, Príncipe da Hungria, cujos embaixadores No ano de 997, duas mortes fer iram o generoso cochegariam no dia seguinte, porque suas virtudes e zelo ração de Estêvão: a de seu pai , a quem devia suceder, e pela fé lhe mereciam essa preferência. a de Sa nto Adalberto, a quem considerava seu pai espiO Sumo Pontífice recebeu com alegria as novas da ritua l. Este, tendo ido evangel izar os povos da Prússia, conversão daquele distante país , concedeu a coroa a lá obteve a coroa do martírio. Estêvão com plenos poderes apostólicos para fundar igrejas e erigir Bispados e Arcebispados. Deu-lhe tamO Primeiro Rei Apostólico bém uma bela cruz que deveri a preceder o novo rei como O primeiro cuidado de Estêvão ao subir ao trono Dusina l de seu apostolado, porque, dizia o Papa, "eu sou o ca l, foi o de fa zer a paz com seus vizinhos, a fim de Apostólico, mas ele merece levar o nome de Apóstolo, 6 poder dedicar-se a estabelecer sol idamente o cristianispois que ganhou tcio grande povo para Jesus Cristo" . mo e m seus Estados. Bem suced ido na primeira empreA coroa presenteada pelo Papa passou a ser uma versa, não o foi na segunda, pois alguns de seus vassa los dadeira relíquia para os húngaros, e um símbo lo de sua ainda muito apegados ao paganismo e às superstições, própria nacionalidade. Tem uma cru z um tanto inc linalevantaram-se em armas contra ele, atacando a cid ade da por causa ele um ac idente, e é guardada exatamente de Yeszprem, a mais importante do Ducado depois de assim até nossos dias. Estergon. Estado húngaro: Estêvão preparou-se para a campanha militar com "Família de Santa Maria" j eju m e oração, esco lhendo para patronos de sua e mpresa São M artinho de Tours, seu compatriota, e São Estêvão submeteu sua coroa e Estados à Sé de PeJorge. E, embora com um número inferior de soldadro, e consagrou seu Reino e pessoa à proteção espec ial dos, desbaratou o inimi go. No loca l da vitó ria, manela Mãe de Deus, de tal modo que só se referia ao Estado

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GRANDES PERSONAGENS

húnga ro como "a família de San ta Maria ". "E tal é o respeito que os húngaros têm à Virgem, que ao falar dEla, a denominam sempre de 'a Senhora', ou 'Nossa Senhora ', e inclinam. a cabeça ao mesmo lempo, algu7 1nas vezes dobrando os j oelhos" . Em louvor a tão excelsa Se nhora, mandou ed ificar mag nífica ig reja em Szekes-Fehervar, confi ando-a aos melhores artistas e esculto res. Se u zelo pela Religião estende u-se para alé m de seus domínios. Fundou um mosteiro e m Jerusalé m por devoção ao loca l do padec imento do Salvador, estabeleceu em Ro ma uma ig reja co legia l com doze cônegos e hospedaria para os pereg rinos húngaros que se dirigissem à C idade Eterna, e o utra mag nífica ig reja e m Constantinopla . Compreende ndo que, a par da evangeli zação, e ra necessári o c uidar da educação intelectua l e mo ral de seu povo, c hamou e ruditos monges - os únicos educa !ores da época - para essa imprescindível tarefa.

Solicitude de pai para com o povo Santo Estêvão era sobre tudo um. pai para seu povo. E como tal o tratava, ocupando-se de preferê ncia dos ma is necessitados como os pobres, os ó rfãos, as viúvas e os doentes, dos quai s muitas vezes c uidava com as próprias mãos. E isso era tanto do agrado divino, que lhe foi conced ido o dom de c urar doe nças. Foi obseq uiado també m co m o dom da profecia, ve ndo aco ntecimentos futuros como se esti vessem diante de seus olhos. Passava os dias c uidando dos negóc ios públicos, e parte da no ite e m oração e pe nitê ncia. "Era grave e sé-

rio em suas ações; raramente se o via rir; porque estava tão composto e dentro de si corno se com os olhos do corpo visse a Aquele Senhor que via com os da alma, e como se estivesse diante de Seu tribunal para dar-Lhe conta de toda sua vida. A Cristo trazia em sua boca, a Cristo em seu coração, a Cristo em Iodas suas obras" 8. "Tinha o santo rei um caráter admiravelmente equilibrado, de modo que nem sua bondade nem sua inesgotável generosidade degeneraram jamais em debilidade , , - "9 . ou d 1ss1paçao Não é de adm irar que, vivendo sempre na presença de Deus, o Rei-apóstolo tivesse êxtases e fosse visto levita ndo.

Combates e cruzes de um Rei zeloso Na hora do combate, Estêvão combatia como um bravo, mas c iente de que a vitória depe ndia de De us. Q uando seu cun hado e ami go o Imperador Santo Henrique fal eceu , seu sucessor, Conrado II, quis apoderarse do re ino da Hungria. O santo preparou -se o me lho r

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O Patriarca_, .Jlbraão

que pôde milita rme nte . Mas co nfi o u-se so bretudo a Nossa Senhora. Ocorreu e ntão um fato prodi gioso: os generais do Imperado r recebe ram o rde m de retornar a seu país sem haver batalha. O Imperador, não tendo dado essa ordem, reconheceu no fato uma interve nção divina e abandonou seu proje to de conqui sta . Como todos os ele itos de Cristo, Estêvão fo i agrac iado com Sua c ruz. Durante três anos fo i ato rme ntado por violentas e agud as dores; morreram- lhe os filhos, restando- lhe ape nas o ma is velho, Amé rico. Neste, por sua di spos ição à virtude, de pos ita ra todas suas esperanças. Era o consolo de sua vida e esperança de sua velhi ce. M as Deus qui s també m condu zi- lo para o re ino do Céu, para o qual estava tão mad uro que foi e levado depoi s à honra dos altares .

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Chefe de muitas nações, pai de reis'', aliado do Senhor Jos1~ M ARIA oos SANTOS

.Jl

pós a confu são das línguas e ad ispe rsão dos povos, ocorridas devi do à sobe rba dos ho me ns que pres idiu à construção da Torre de Babel, Deus reso lve u esco lhe r para Si um povo destinado a conservar o verdadeiro c ul to, e a pres tar- Lhe conti nua me nte as ho nras que Lhe são devidas. D esse povo deveriam nascer, muitos séculos depois, No sa Senhora e o Messias prometido, Nosso Senhor .Jesus C ri sto. O Patriarca Abraão foi e lei to pelo C riador para ser o chefe desse povo, devendo sua admi ráve l fé ser levada até as últimas conseqüênci as e sua descendê nc ia numerosa

Normas de governo refletem santidade Para esse filho, Estêvão hav ia escrito alg umas no rmas de governo que são como um espe lho de sua própria alma: "A prálica du uraçüu é a garantia da saúde do reino ..... O rei que não atende à voz da misericórdia

é um lirano. Por isso, meu .filho muito amado, doçura de meu coração, esperança da geração fu/ura , recomendo -te que tenhas enlranhas de mãe não só com os teus parentes, não só para com os chefes do exército e os polen/ados, mas para com todo o povo. "As obras de piedade serão a base de lua felicidade. Sê paciente não só com os ricos, rnas também. com os necessitados. Sê for /e, de maneira que nem afortuna te levante nem /e desanirne a adversidade. Sê humilde, que Deus se encarregará de exaltar-te. Sê doce, sem esquecer a justiça e sern castigar irrefletidamente. Sê casto e evita os estímulos da concupiscência como lcllidos de mor/e. Estas são as pedras preciosas duma coroa real. Sem elas perderás o reino da terra e também não conseguirás aquele que não acaba" 10 .

"corno as eslrelas do Céu".

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Notas: 5. Eclelvives, E/ San/o de Cada Día , Edito ria l Lui s Vi ves , Saragoça, 1955 , Vol. V, p. 22. 6. ld ., p. 23. 7. ld ., p. 26. 8. Pc. Pedro de R ibada ne ira , o p. c it. , p. 349. 9. Eclelvives , op . c it., p. 27 . 10. Pe. José Le it e, S.J ., Sa111os d e Cada Dia , Livraria Aposto lado el a Ora ção, Braga, 1987 , vol. li , p. 547.

Promessa divina: "Farei de ti um grande povo" Certo dia, o Senhor disse a Abrão:

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Não longe de Babel, na Ca ldéia, onde foi ed ificada a famosa torre, situava-se a cidade de Ur. Nela vivi a Ta.ré, home m teme nte a Deus e que observava suas leis, com seus filh os Abrão, NacoreArão. Este último, que teve por fi lho Lot, faleceu antes da morte de seu pai e de seus irmãos. Nacor casou-se com Melca e Abrão com Sarai , sua sobrinha, fi lha de Arão. Os habitant s de Ur eram idólatras e adorava m toda fonte de calor simbolizada pelo sol, aslro. sobretudo pelo fogo. Talvez tenha sido por isso q ue Deus o rdeno u que Abrão de lá saísse com sua família , para que sua fc não corresse ri sco '. Com sua esposa Sarai, seu pai Taré e o sobrinho Lot, Abrão de ixou Ur para estabelecer-se e m Haran , na Mesopolâmia. Lá fa leceu seu genitor.

Santo E~têvão fa leceu no dia da Assunção do a no do Senhor de i038, sendo cano ni zado e m 1686 pe lo Papa Inocênc io XI. ♦

1. C l'r. Pe. Pedro de Ribad ane ira , in la Leye11da de Oro, L. Go nzález y Co rnpaiii a Ed ito res , Barce lo na , 1892, 10 111 0 Ili , p. 346. 2. ld. ib., p. 346. 3. Les Pe tits Bo ll a ndi stes , Vies des Saints , par Mgr. Pa ul Gu é rin, Blo ud et Barra i, L ibra ires - Edite urs, Pari s, 1882, p, 422 . 4. !d. ib.

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"Sai da lua terra, e da tua parentela, e

da casa de teu pai e vem para a terra que eu te mostrar. E eu farei de ti um grande povo, e te abençoarei, e engrandecerei o teu nome, e serás bendito. Abençoarei os que te abençoarem, e amaldiçoarei os que te amaldiçoarem; e em ti serão benditas todas as nações da Terra " (Gen. 12, 1-3). Come nta o Pe. Matos Soares 2 : "A promessa f eita a Abraão orienta-se essencialmente aofitturo e supõe um plano de salvação, oculto· por ora na mente de Deus. Transparece, porém, já elareunente que essa salvação se estenderá a todos os povos". Ao que acresce nta o

Após derrotar Codorlaomor e seus aliados, Abrão foi saudado pelo rei de Salém, que era também sacerdote do Altíssimo

mais caro na terra: pátria, parenles, casa paterna. Deus arranca assim violenlamenle a todas suas antigas relações e ao perigo de idolatria, aquele de quem Ele quer se servir parafitndar uma raça nova e santa. 2ª 'e vem para a terra ... .'. Terra que uma revelação ulterior deverá determinar " 3 • Note-se que Abrão ti nha 75 anos quando Deus lhe fez essa revelação !

ilu stre comentador da Sagrad a Escritura, Pe. L. CL. F illion: "Essa ordem tem

A longa peregrinação do Patriarca

duas partes: J" 'Sai de lua terra.. .'. É a renúncia a tudo o que o homem tem de

Começou então para o futuro patriarca uma longa pe regrinação: "A brão pas-

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sava verdadeiramente sobre a Terra corno um viajante. A tendé1 que havia plantado na véspera, ele a dobra va no dia seguinte, corno um exilado que não tem domicílio permanente, e procura sua pátria. Dos campos de Sichem, desceu rumo ao sul da Palestina, e, logo, mesm.o para o Egito por causa da fome que desolava o país de Canaã" 4 • Voltando do Egito, Abrão fixou -se perto de Betel e "era ,nuito rico ern ouro e prata " (Gen. 13, 2). Ora, co mo seus rebanhos e os de Lot hav iam se multi plicado muito, e não hav ia pastagens suficientes para eles, Abrão propôs a Lot que se separasse m, e ge nerosa mente deixou ao sobrinho que escolhesse aregião para estabelecer-se. Lot fixou -se nas férteis pastagens da região chamada Pentápol is - fo rmada pelas cidades de Sodoma, Gomorra, Adama, Seboim e Segor - a qua l, antes do castigo do Senhor, "era toda regada de água. como o paraíso do Senhor" (Gen. 13, 10). Abrão fo i mais para o Ocidente, habitando o vale de Canaã. Novamente o Senhor falou a Abrão: "Levanta teus olhos, e olha .... roda a terra que vês, eu a darei para sempre a ti e à tua posteridade. E multiplica rei tua descendência como o pó da terra . .... Levanta-te, e percorre o país em todo o seu comprimento; porque eu to hei de da r " (ld. ib., 14- 17). Levantando sua tenda, ele fo i fi xar-se no vale de Mambré e ali edificou um altar ao Senhor.

Abrão, o guerreiro, abençoado por Melquisedec

um exército de apenas 3 18 homens, indo ao encalço ele Codorl aomor e os reis seus ali ados. Ca indo sobre eles ele surpresa, de noite, desbaratou-os, e libertou Lot com tudo o que lhe pertencia. Retornando dessa ex pedição, Abrão fo i saud ado e abençoado por Melqui seclec, personagem misteri oso, Rei de Sa lém, cid ade que mais tarde viri a ser Jerusa lém, e também sacerdote do Al tíss imo.

Origem dos ismaelitas Como fi cari a a promessa ele Deus se Sarai era estéril e Abrão avançado em anos? Segundo costume ela época, que tolerava a poli ga mia, Sarai pediu que Abrão tomasse sua escrava Agar como esposa, pois o filho ela escrava pertenceri a à senhora5. Mas o que se seguiu transformou-se numa fonte de amargura para Sarai, po is a escrava, tendo conceb ido, desprezou sua senhora. Agar deu

"Não estendas a tua m<'i o sobre o menino e não lhe faças mal algum"

Nessa ocas ião, os reis cio Ponto, dos à luz a Jsmael, que seria o avô cio povo elamitas e "das gentes" fi zeram guerra · árabe. Mas Jsmael não era o filho ela procontra os cinco reis da Pentápoli s, demessa de Deus .. . vastando toda a região e levando tudo o Nova promessa, mudança de que encontravam. Lot fo i também feito nome de Abrão para Abraão pri sioneiro, e apossara m-se ele Lodos os seus bens. E Deus falou mai s uma vez a Abrão, Mas um de seus cri ados, que escaquando este tinha 99 anos: "Anda em para, correu para comunicar o sucedido minha presença e sê pe~feito. E eu fa rei a Abrão. Este imed iatamente esco lheu minha aliança entre Mim e ti, e multiseus mais bravos homens e improvi sou plicar-te-ei extraordinariamente. .... Tu 38

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serás pai de muitas gentes. E não m.ais serás cham.ado com o nome de Abrão, mas chamar-te-ás Abraão, porque te destinei para pai de muitas gentes. Eu te farei crescer (na tua posteridade) extraordinariamente, efar-te-ei chef e das nações, e de ti sairão reis . .... Darei a ti e à tua posteridade a terra da tua pereg rinação, toda a terra de Canaã, em possessão eterna, e serei o teu Deus" (lei . 17, 1-8). Dito isto, o Senhor acrescentou que a circuncisão - prefigurando o batismo seria o "pacto marcado na vossa carne para (sinal de) aliança eterna" entre Deus e seu povo. Além disso, Sarai deveri a doravante ser chamada Sara6, e o Senhor a abençoari a com um filho que "será chefe de nações e dele sairão reis". Em sua simplicid ade, Abraão pensou: " É possível que a um homem de cem anos nasça um/ilho ? E que Sara dê à luz aos noventa?" E di sse a Deus: "Oxalá Ismael viva em tua presença !". Mas Aquele para quem nada é impossíve l re petiu que Sara daria à lu z um fi lho que deveria ser chamado Isaac. Abençoaria também Ismael e fá- lo-ia pai ele 12 príncipes, e cabeça de uma grande nação. E repete: "Mas o meu pacto eu o estabelecerei com Isaac, que Sa ra te dará à luz no próximo ano, nesta mesma época" (ld. ib., 9 a 22).

Vícios contra a natureza: causa da destruição de Sodoma Entretanto Deus, vendo que as cidades que formavam a Pentápoli s estavam prevari cando gravemente com o vício infame, resolveu destruí-las. E o fez saber a Abraão. E aq ui se travou um diálogo ad mirável entre Deus e Abraão, no qual este manifestou de todos os modos seu desejo ele salvar as cidades pecadoras ela justa ira divina, por causa daqueles habitantes que não haviam pecado "Perderá tu o justo com o ímpio ? Se houver 50 justos na cidade, perecerão todos juntos !" aigumentaAbraão (lei., 18, 23-24).

O Onipotente respondeu-lhe que, se houvesse 50 justos nas cidades prevaricadoras, por amor deles perdoaria toda a cidade . E assim foi Abraão abai xando a cifra até chegar a IOjustos. E o Senhor concordou que se houvesse IO justos, por amor deles perdoaria toda a cidade. Porém, não havi a seq uer 10 justos em Socloma: apenas Lot e sua fam ília. De us, po is, "condenou a uma total ruína as cidades de Soe/orna e de Comorra, reduzindoas a cinzas, pondo-as por exernplo daqueles que venham a viver irnpiamente; e li vrou o justo Lot, oprinúdo pelas injúrias e pelo viver luxurioso desses infames " (ll Ped, 2, 6-7 ). Doi s anjos mandaram Lot e sua família sair ela cidade antes de a destruir com as outras. E fizera m chover sobre aquelas cidades enx o fr e fogo cio céu, não restando delas matéria viva alguma.

Abraão, submisso a Deus, disposto a sacrificar Isaac Entretan to, cumpriram-se os dias e Sara deu à lu z. Isaac. Este, como o futu ro Jesus Menino, crescia em graça e santidade diante d Deus e cios homens. Mas certo dia ara vi u Ismael, que era 13 anos mais velho do que Isaac, dele debicar. Pediu então a /\braão que ex pul sasse a escrava e seu fi lho de sua casa. Ora, Ismael era filh o também ele Abraão, e este ficou chocado co m a proposta ela esposa. Mas disse- lhe o . ' nhor: "Não te pareça áspero tratar as,yi111 o menino e a tua escrava. Atende Sara em tudo o que ela te disse,; porque de lsaa · sairá a descendência que há de ter o teu nome" (ld . 2 1, 11 - 12). Crescendo Isaac, o Altíssimo qui s provar a fé de Abraão. E disse- lhe: "7bma Isaac, teu .filho único, a quem a11·ws, e vai ao território de Mória, e aí oferece-o em holocausto sobre um dos montes que eu te mostrar" (lei. 22, 2). Abraão não hes itou um instante. Chamou Isaac, pôslhe aos ombros um feixe de lenha, e, portando uma adaga, dirigiram-se para o lo-

ca l indicado por Deus. Isaac, entretanto, não vendo a vítima, perguntou ao pai onde eslava ela. Abraão respondeu-lhe que Deus a indicaria. No alto cio monte, pre parada a lenha para a fogueira, Abraão pediu a Isaac que se deitasse sobre ela. O adolescente nada repli cou, obedecendo fi elmente a seu

O fiel servo de Abraão, Eliezer, com a ajuda divina, encontrou Rebeca, a futura esposa de Isaac

pai. Este, leva ntando o braço, ia desferir com a adaga o go lpe sobre a vítima, quando um anjo do Senhor o chamou pelo nome e disse- lhe da parte cio Altíssimo: " Não estendas a tua m.ão sobre o menino, e não lhefa ças mal algum; agora conheci que temes a Deus e não perdoaste teu fi lho único por amor de mim" (lei . ib., 12). E vendo Abraão perto um carneiro preso a um arbusto pelos chifres, pegou-o e ofereceu-o em holocausto ao Senhor. Esse ato heróico ele fide lidade ao Primeiro Mandamento - Amar a Deus sobre todas as coisas - mereceu a Abraão que Deus renovasse com ele sua aliança.

Casamento de Isaac com Rebeca: assegurada a descendência como "as estrelas do Céu" onla a Sagrada Escritu ra que "Sara viveu 127 anos, e morreu na cidade de Arbéia, na terra de Canaã. E Abraão

veio para a prantear e chorar1 " (lei . 23, 1-2). É muito saborosa e cheia ele detalhes pitorescos a descrição que a Escri tura Santa faz elas tratativas ele Abraão para conseg uir um sep ul cro perpétuo para Sara. Abraão pensou então no futuro de seu filho, e em dar-lhe uma digna esposa. Confi ou a mi ssão ao seu fi el servo Eliezer. Este, com a ajuda divina, encontrou Rebeca, filh a de Batuel. E as bodas rea li zaram-se segundo desejo de ambos. Abraão fa leceu "numa ditosa velhice e em avançada idade ( 175 anos) e cheio de dias; e foi unir-se a seu povo " (lei ., 25, 8). Foi enterrado junto a Sara. "A braão é herói da vida espiritual pela f é e pela obediência. Simboliza o cristão, estrangeiro na terra, que está a caminho da pátria celestial" 8 . ♦

Notas: l. C fr. Atos , 7, 2-3. 2. Bíblia Sag rada , Edições Paulinas, São Paul o , 1980, p. 36, 3. 3. La Saintc Biblc, co mme ntéc cl ' aprês la Vul ga te, Pari s, Lcto uzey e t Ané, Éclite urs, 1899, l. 1, p. 58 . 4. Les Pe tits Bo ll a ncli s tes , Vi cs el es Sai nt s, cl'ap rês le Pe re G iry, par Mg r.Paul Guérin , Par is, B loucl e t Barra , Libra ires- Éd ite urs , 1882, 101110 X li , p. 183. 5. A respe ito dessa pa ssagem, nota o Pe. Fil li o n: "Sa ra, se mpre esté ri l, qui s prec ipita r o c umprime nto elas promessas divinas po r um ex ped ie nte humano , que logo será para e la fo nte ele a margos arrependime ntos" (lb., p. 69). 6. Sarai queria di zer "pri11cesa ", e Sa ra, princesa por a ntonomásia , el e aco rdo com o Pe . Fi lli on: "A es posa ele Abraão, cm vez de se r so me nte prin cesa de urn a tribo isolada, tornar-se-á a rainha e mãe de famí lias numerosas" ( ld .ib. p. 72). 7. " Sara é honrada co mo a mãe espiritual de todos os cre ntes, c m razão de sua confiança em De us e de sua fi rme coragem e m ex ilar-se de sua pátria e percorrer urna te rra estrangeira pela fé cm Abraão e pelo se nt imen to de re lig ião. Ela é honrada també m como uma fi g ura mi ste riosa, seja da Virgem Maria , que deu à luz ao verdadeiro Isaac, seja da Igreja Cató lica , da qua l os filh os igua lam e m número as estre las cio firmame nto" (Les Petits Boll andistes, op. c it. , p. 190). 8. Pe . José Le ite, S .J. , Sa11 10.1· de Cada Dia, Li vra ri a Aposto lado da O ração, Braga, 1987 , vo l. Ili , p. 152 .

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FÁTIMA

Aberto o envelope contendo a terceira p,;.rte do Segredo de Fátima Fátima é o acontecimento capital do Século XX e as três partes do segredo referem-se a transcendentais acontecimentos da História Universal

ção ao Imaculado Coração de Maria, à segunda guerra mundial , e depois ao prenúncio dos danos imensos que a Rússia, com a sua defecção da fé cristã e adesão ao totalitarismo comunista, haveria de causar à humanidade .. ... "A terceira.parte do segredo foi escrita por ordem de Sua- Excia. Revma. o Senhor Bispo de Leiria e da(. .. ) Santíssima Mãe, no dia 3 de Janeiro de 1944. endo em vista a recente revelação "Existe apenas um manuscrito, que é da terceira parte do Segredo de Fáreproduzido aqui fotostaticamente. O entima, dado a público no dia 26 de . velope selado foi guardado primeiramente junho último, muito se tem falado do tema. pelo Bispo de Leiria. Para se tutelar mePreferimos, enquanto "assenta-se a poeilhor o segredo, no dia 4 de Abril de 1957 o ra" dos primeiros notici ários, analisar cui- envelope foi entregue ao Arquivo Secreto dadosamente os documentos para apresendo Santo Ofício. Disto mesmo, foi avisada tar, na próxima edição, uma apreciação a Irmã Lúcia pelo Bispo de Leiria. serena a respeito de matéria revestida de "Segundo apontamentos do Arquivo, tamanha magnitude. no dia 17 de Agosto de 1959 e de acordo Enquanto preparamos os mencionados com Sua Eminência o Cardeal Alfredo estudos, oferecemos hoje a nossos caros Ottaviani, o Comissário do Santo Ofício, leitores a transcrição integra l das três par- Padre Pierre Paul Philippe OP, levou a João tes do Segredo, a fim de que todos posXXIII o envelope com a terceira parte do sam também analisá- las e, sobretudo, resegredo de Fátima. Sua Santidade, depois zar tendo em vi sta os acontecimentos prede alguma hesitação, disse: Aguardemos. vistos em 1917 por Nossa Senhora de FáRezarei. Far-lhe-ei saber o que decidi. tima aos três pastorinhos. "Na realidade, a decisão do Papa João XXIII foi enviar de novo o envelope selaHistórico do para o Santo Ofício e não revelar a terO documento oficial, distribuído à ceira parte do segredo. imprensa na Sala Stampa do Vaticano pela "Paulo VI leu o conteúdo com o SubsCongregação para a Doutrina da Fé, cujo tituto da Secretaria de Estado, Sua Excia. Prefeito é o Cardeal Joseph Ratzinger, Revma. D. Ângelo Deli' Acqua, a 27 de contém uma apresentação assinada pelo Março de 1965, e mandou novamente o Secretário da referida Congregação, Mons. envelope para o Arquivo do Santo Ofício, Tarcisio Bertone, SBD, Arcebispo eméricom a decisão de não publicar o texto. to de Vercelli , na qual ele diz: "João Paulo II, por sua vez, pediu o "Fátima é, sem dúvida, a mais proféenvelope com a terceira parte do segredo, li a das aparições modernas. A primeira e após o atentado de 13 de Maio de 1981. Sua Eminência o Cardeal Franjo Seper, a segunda parte do segredo, que são publi ·adas cm seguida para ficar completa a Prefeito da Congregação, a 18 de Julho do ·um ·nl ação, di zem respeito antes de de 1981 entregou a Sua Excia. Revma. D. mui s ~ pavorosa visão do infe rno, à devoEduardo Martínez Somalo, Substituto da

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Secretaria de Estado, doi s envelopes: um branco, com o texto original da Irmã Lúcia em língua portuguesa; outro cor-de-laranja, com a tradução do segredo em língua italiana. No dia 11 de Agosto seguinte, o Senhor D. Martínez Somalo devolveu os dois envelopes ao Arquivo do Santo Ofício".

Primeira e segunda partes do Segredo de Fátima "Bem, o segredo consta de três coisas distintas, duas das quais vou revelar. A primeira foi, pois, a vista do inferno! Nossa Senhora mostrou-nos um grande mar de fôgo que pareia est,u debaixo da terra. Mergulhados em êsse fôgo os demónios e as almas, como se fossem brasas transparentes e negras, ou bronziadas com forma humana, que flutuavam no incêndio levadas pelas chamas que d'elas mesmas saiam,juntamente com nuvens de fumo , caindo para todos os lados, semelhante ao cair das faulhas em os grandes incêndios sem peso nem equilíbrio, entre gritos e gemidos de dôr e desespero que horrorizava e fazia estremecer de pavor. Os demónios destinguiam-se por formas horríveis e ascrosas de animais espantosos e desconhecidos, mas transparentes e negros. Esta vista foi um momento, e graças à nossa bôa Mãe do Céu; que antes nos tinha prevenido com a promeça de nos levar para o Céu (na primeira aparição) se assim não fosse, creio que teríamos morrido de susto e pavor. ·Em seguida, levantámos os olhos para Nossa Senhora que nos disse com bondade e tristeza: - Vistes o inferno, para onde vão as almas dos pobres pecadores, para as salvar, Deus quer estabelecer no mundo a devoção a meu Imaculado Coração. Se fizerem o que eu di sser sa lvar-se-ão muitas

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Fac símile do texto manuscrito da Irmã Lúcia contendo a terceira parte do Segredo

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almas e terão paz. A guerra vai acabar, mas se não deixarem de ofender a Deus, no reinado de Pio XI começará outra peor. Quando virdes uma noite, alumi ada por uma lu z desconhecida, sabei que é o grande , in al que Deus vos dá de que vai a punir o mundo de seus crimes, por meio da guerra, da fome e de persegui ções à Igreja e ao Santo Padre. Para a impedir virei pedir a consagração da Rú ssia a meu Imaculado oração e a comunhão reparadora nos primei ros sábados. Se atenderem a meus pedidos, a Rússia se converterá e terão paz, se não, cs1alhará seus erros pelo mundo, promovendo guerras e perseguições à Igreja, os bon s serão martirizados, o Santo Padre Lerá muito que sufrer, várias nações serão aniquiladas, por fim o meu Imaculado Coração lriun l'ará. O Santo Padre consagrar-me-á a Rússia, que se converterá, e será ·o nsc lido ao mundo algum tempo de paz".*

Terceira parte do Segredo de Fátima "J.M.J .

A terceira pari ' do segredo revelado a 13 de Julho de 19 17 na ova da Iri aFátima. Escrevo em acto de obcd i6ncia a Vós Deus meu, que mo mandais por meio ele sua Ex.eia Rev.ma o Senhor Bispo de Leiria e da Vossa e minha Santíss ima Mãe. Depois das duas parles que já expus, vimos ao lado esquerdo de Nossa Senhora um pouco mais alto um Anjo com uma espada de fôgo em a mão esquerda; ao centilar, despedia chamas que parec ia iam encendia.r o mundo; mas apagavam-se com o contacto do brilho que da mão direita expedia Nossa Senhora ao seu encontro: O Anjo apontando com a mão direita para a terra, com voz forte disse: Penitência, Penitência, Pcni (ncia! E vimos n' uma luz emensa que é Deus: "algo semelhante a como se vêem as pessoas n' um espelho quando lhe passam por diante" um Bispo vestido de Branco "tivemos o pressenti-

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mento de que era o Santo Padre". Varios outros Bispos, Sacerdotes, religiosos e reli giosas subir uma escabrosa montanha, no cimo da qual estava uma grande Cruz de tronco. toscos como se fôra de sobreiro com a casca; o Santo Padre, antes de eh gar aí, atravessou uma. grande cidade meia cm ruínas, e meio trémulo com anelar vaci lante, acabrunhado de dôr e pena, ia orando pel as almas dos cadáveres que enco ntrava pelo caminho; chegado ao cimo do monte, prostrado de juelhos aos pés da grande Cruz fo i morto por um grupo de soldados que lhe dispararam varios tiros e setas, e assim mesmo fora m morrendo uns trás outros os Bispos Sacerdotes, religiosos e religiosas e varias pesso-

as sec ulares, cavalheiros e senhoras de varias cl asses e posições. Sob os doi s braços da Cruz estavam dois Anjos cada um com um regador de cristal em a mão, n'êles recolhiam o sangue dos Martires e com êle regavam as almas que se aproximavam de Deus. Tuy-3-1-1944".

*

Na "quarta me móri a", de 8 de Dezembro de l 94 1, escrita pela Irmã Lúc ia, e la acrescenta: "Em Portugal se conservará sempre o

dogma dafé." Nota: Na transcrição, respeitou -se o texto original mesmo quando havia erros e imprecisões de escrita e pontuação, os quais, aliás, não imped em a compreensão daquilo que a vidente quis dizer.

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OANF mobiliza-se contra o quadro mais imoral do programa Domingo Legal Milhares de aderentes enviam e-mails de protesto ao SBT exigindo o fim da Banheira do Gugu

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orningo após domingo, é sempre a mesma coisa. Na briga com o programa Domingão do Faustão para alcançar maiores pontos no Ibope, o apresentador Gugu apela cada vez mais para tentar chamar a atenção · dos telespectadores. Se fosse ainda urna briga com argumentos cu lturais ou educacionais, mas não .. . Os produtores desse programa apelam novamente para a imoralidade promiscua e desenfreada, principalmente no quadro da Banheira do Gugu. Como os aderentes de OANF e também vários pais e mães de todo Brasil pediam medidas urgentes para acabar com essa imoralidade insolente, a Coordenação da campanha O Amanhã de

Nossos Filhos organizou um envio maciço, em 20 de junho, de milhares de emails para seus aderentes, os quais, por sua vez, encaminharam também um protesto indignado ao SBT. Para que o caro leitor torne conhecimento do conteúdo do e-mail remetido pelos aderentes de OANF ao Sr. Augusto Liberato, com cópia para o Sr. Sí lvio Santos e a produção desse programa, leia a seguir um resumo do "e-protesto " : Senhor Augusto Liberato Será que o tratamento de Senhor não constitui um excesso de respeito de minha parte? Será que merece respeito quem não tem a menor consideração à minha família, à moral do povo brasileiro? A propósito, será que você ainda se lembra do significado da palavra MORAL? Com certeza, não. Caso contrário, você jamais uniria tanta imoralidade com as orações dos sacerdotes constantemente exibidos no seu palco. Diga-se de passagem, você somente os convida por cau-

Ü Corregedor da Câmara Federal, Deputado Severino Cavalcanti, recebeu informações seguras da assessoria do Ministério da Justiça, de que no dia 25 de maio último chegou às mãos do titular daquela Pasta, Sr. José Gregori, através da Casa Civil da Presidência da República, a Indicação Legislativa de sua autoria solicitando a criação da Delegacia do Telespectador - DELETEL. Por enquanto, o que podem fazer os pais e mães decentes do País é muito pouco diante desta verdadeira indústria, que é a TV imoral. Tal protesto enérgico é porém indispensável, pois infelizmente o telespectador não encontra alguém para reclamar seus direitos a uma televis o com programação sadia.

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sa do Ibope e não pela mensagem de fé para sociedade tão carente neste sentido, corno é a brasileira. Ao menos, é o que concluo tendo em vista as obscenidades apresentadas em seu programa. Mas, como a sua família reagiria se soubesse que, na votação do Ranking dos Piores no Site da campanha "O Amanhã de Nossos Filhos", da qual sou participante ativo, o seu programa encontra-se a menos de três pontos percentuais dos filmes pornográficos exibidos na Rede Bandeirantes, que é considerado o prograrna atual mais imoral da TV brasileira? Qual seria a surpresa deles ao perceber que o seu programa está se igualando, na opinião de pais e mães conscientes de suas atribuições educativas, a verdadeiros filmes pornográficos? Com certeza, seria uma grande decepção, posso lhe assegurar·. Por favor, Senhor Augusto Liberato, não continue a emporcalhar· a minha casa com toda esta degradação, toda esta imoralidade! ♦

Somente quando for aprovado o Projeto de criação da Delegacia do Telespectador - DELETEL - é que pais e mães de família terão para onde encaminhar oficialmente suas queixas diante de tantos abusos da TV imoral. Por isso não deixe de solicitar, através da Central de Atendimento da Campanha "O Amanhã de Nossos Filhos", a sua Moção de Apoio ao Projeto de Criação da DELETEL, para que uma grande pressão seja exercida e os burocratas de Brasília entendam que esse projeto representa um grande clamor da sociedade brasileira. Para pedir sua Moção de Apoio ligue para o telefone (11) 3955.1140. Participe!

CATOLICISMO

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Leitura Espiritual Da obra de Plinio Corrêa de Oliveira, abordamos na edição precedente a questão do tonus contra-revolucionário (Parte li, itens 2 a 7); a seguir, demonstra ele que todo católico, na medida que faz apostolado, impregna sua atividade com um teor contra-revolucionário.

7

: A palavra do sacerdote

8 8. Se todo católico deve ser contra-revolucionário

lução nesse campo, e marcar ·orrespondentcrn nt de um cu nho contrarevolucionári o tudo quanto li zer.

Na medida em que é apóstolo, o católico é contra-revolucionário. Mas ele o pode ser de modos diversos.

C. O contra-revolucionário

A. O contra-revolucionário implícito Pode sê- lo implícita e como que inconsci entemente. É o caso de uma Irmã de Caridade num hospital. Sua ação direta visa a cura dos corpos, e sobretudo o bem elas alm as. E l a pode exercer esta ação sem falar ele Revolu ção e Contra-Revo lu ção. Pode até viver cm condições tão esp iais que ignore o fcnôm no Revolução ontra- R 'volução. Por m, na medida cm qu r alm ' ntc fi z r bem às almas, ·starií obri 1 anclo l.l retro ·cd ·r n ·las a influ 'ln ·ia da R vo lução, o qu • impli ·itam ·nt • fazer ontra-R ·volução. B. Modernidade de uma explicitação contra-revolucionária Numa época corno a nossa, toda imersa no fenômeno Revo lução e Contra-Revolução, parece-nos condição de sad ia modernidade conhecê- lo a fundo e tomar diante dele a atitude perspicaz e enérgica que as ci rcun stâncias pedem. Assim, cremos sumamente desejável que todo apostolado atual , sempre que for o caso, tenha uma intenção e um tonus explicitamente contra-revolucio nário . Em outros termos, julgamos que o apóstolo realmente moderno, qualqu ·r que seja o campo a que se dediqu ', a ·rcsccrá muito a eficácia ele seu trabalhos· souber disc rnir a Rcvo-

explícito Entretanto, ninguém negará que seja lícito que certas pessoas tomem como tarefa própria desenvolver nos meios católicos e não católicos um apostolado especificamente contrarevo l ucionário. I sto, el as o farão procl amando a ex istência da Revolução, descrevendo-lhe o espírito, o método, as doutrinas, e incitando todo à ação contra-revolucionária. Fazendo-o, estarão pondo suas atividades a servi ço le um apostolado espc iali zado tão natural meritório (' por c · rt o mais profundo) quanto o dos qu' s speciali za m na lut·1 ·on lra outros adversá ri os ela 1,reja, como o espiriti smo ou o prol sta nti srno. Exercer influência nos mai s vari ados meios católicos ou não católicos a fim ele alertar os espíritos contra os males do protestantismo, por exemplo, é certamente legítimo,

São Miguel Arcanjo, glorioso Protetor da Igreja

' ne ·essá ri o a uma ação antiprotestant ' int ·li lent e e licaz. Aná logo procedimento terão s ca tólicos que e entreguem ao apostolado ela ontra-Revolução. O s po ss ívei s excessos desse apostolado - que os pode ter como outro qualquer - não invalidam o princípio que estabelecemos. Poi s

"abusus non tollit usum". D. Ação contra-revolucionária que não constitui apostolado Contra-revolucionários há, enfim , que não fazem apostol ado em sen o estrito, pois se dedicam à luta cm certos campos como o da ação espec ifi ca mente cívico-partidária, o u cio combate à Revolu ção por meio de empreendimentos econômicos. Trata-se, ali ás, ele atividades muito relevantes, que só podem ser vistas com simpatia.

-

É possível a certeza

da própria salvação? - Um índio pagão pode salvar-se?

. A realidade concisa,nente Nossa capa:

O enterro do jornal comunista "L'Unitá" - Ligação entre música rock e satanismo

Foto de Luis Guillermo Arroyave

Revolução e Contra-Revolução

2

Contra-revolucionário implícito e contra revolucionário explícito

Internacional

Santos e Festas do Mês

12 AIDS

32

está dizimando a população africana

Página Mariana

5

Entrevista

S.O.S. Fa,ní/ia

34 Encarregado

14 Além

Perseguição religiosa

Vidas de Santos

16 Neste

37

fim de século, recrudesce o ódio contra os católicos, em vários países

Nossa Senhora de Siracusa - Parte li

40 -

Escreve,n os leitores

20 21

São Jerônimo, luzeiro da Igreja e de sua época

TFPs e,n ação

Capa Publicaremos na próxima edição o último trecho do derradeiro capítulo da Parte li. Nele o Autor conclui que somente entre católicos existe autêntica ContraRevolução.

do Bureau das TFPs na Polônia : regime comunista deixou chagas prof(Jndas no país

de infelicitar os filhos, o divórcio arruína a vida dos cônjuges

Carta do Diretor

4

Dentre os inúmeros visitantes do stand da TFP, na 41ª Expo -Agro - Rio de Janeiro, merecem menção alguns prefeitos do norte fluminense

1O -

Segredo de Fátima: chave para entender o futuro

Fáti,na

20 Cumprimento

de uma das profecias de Fátima: os "erros da Rússia", hoje perfilhados por partidos políticos do mundo inteiro

Componente do conjunto norte-americano de rock satânico KISS. As gravadoras de discos descobriram que o-diabo pode ser um bom negócio

Simpósio de universitários na Sede da Serra do Japy (SP) - Caravana da TFP percorre sete capitais brasileiras Cursos de formação para a juventude nos Estados Unidos

Atnbientes, Costu,nes, Civilizações

44 Charme

e espírito aristocrático na antiga capital do Brasil

CATOLICISMO

Setembro de 2000

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Com a palavra ... o Diretor

PÁGINA MARIANA

Amigo leitor,

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notícia do prodígio, como vimos a publicação anterior, correu céere e fez aflui r devotos àq uela cidade, tanto da Itália quanto do exterior. O AJcebispo local tomara medidas para avaliar a autenticidade do portentoso acontecimento, pedindo o parecer cios peritos eclesiásticos e de uma equipe médi ca. Um sacerd ote salesia no, Dom Tomaselli , que acorreu ao local, fará as vezes ele repórter, permitindo-nos retomar o ponto da matéria anterior...

Quando no dia 26 de junho passado, o Vaticano revelou a terceira parte do Segredo de Fátima, o tema atraiu vivamente a atenção do público, tendo sido objeto de numerosos comentários em órgãos da mídia, em âmbito internacional. Passada a fase mais intensa do noticiário a respeito da questão, e já de posse de um conjunto suficiente de informações, Catolicismo oferece agora aos leitores uma análise séria, serena e objetiva do texto apr s ntado pela ongregação para a Doutrina da Fé. Para isso convidamos o Dr. Antonio /\u 1 usto Bor Ili Machado, colaborador de nossa r vista um d s mai res f'alim logos la atu aliclad - autor do best-seller "As aparições a mensagem de Fátima conforme os manuscritos da Irmã Lúcia". Des e livro já fo ram divulgados mais de 3,7 milhões de exemplares, tendo sido ele traduzido para 18 idiomas. O leitor constatará, pelo mencionado artigo, que o tema foi desenvolvido por uma autoridade no assunto. E, temos certeza, essa análise será de grande valia para todos, e, de modo particular, para os devotos de Nossa Senhora de Fátima, que pautam suas vidas por sua importante mensagem. Merece igualmente ser lida e aprofundada a matéria redigida por Beno1t Bemelnians, Presidente da TFP francesa, que apresenta uma excelente análise da profecia de Nossa Senhora de Fátima referente aos erros que a Rússia espalharia em escala mundial. O artigo chama a atenção para um dado pouco conhecido: tais erros fazem parte hoje de quase todos os programas de partidos poJíticos do mundo inteiro ... Assim, é com satisfação que presenteamos nossos leitores com essas duas excelentes colaborações, tão elucidativas e importantes para a vida dos católicos atuais, e cujo conteúdo dificilmente erá encontrado em outras revistas. Boa lei tura ... e até o próximo mês.

*

Cordialmente,

~~ 7 DIRETOR

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Parte li

Na primeira parte deste artigo - publicada na edição anterior -foi narrada a lacrimação miraculosa ocorrida em Siracusa, na Sicília, num quadro de gesso representando o Coração Imaculado de Maria, pertencente ao humilde lar do casal lannuso, em 1953 U MBERTO B RACCESI

*

*

"Há dezoito meses, o Sr. Vincenzo Arico tinha perdido a visão e enxergava ape nas umas sombras. Ele costumava fi car sentado junto à soleira da porta e para retornar ao interior da casa fazia-o às apalpadelas, apoiando-se na parede. Para ir ele um lado ao outro ele seu quarto precisava da aj uda de sua esposa. Ao chegar em Sirac usa, para descer do carro teve de ser sustentado. Rezou na rua deg li Orti e imediatame nte fico u curado da vi sta. Eu quis interrogá- lo: 'Como é que o Sr. recuperou a vi sta?' - ' De repente! Mas eu tinha rezado e esta manhã, antes de vir aqui , recebi a Comunhão com minha mulher'. "À tarde, ele veio passear comigo e, ao vê- lo caminhar com aquela serenidade, eu pensava: quem haveria de reconhecer neste homem o cego desta manhã? .. . "Fui visitar o Sr. Caruso Giuseppe, morador na rua Z ia L isa 236. De seus própri os lábi os tive co nhec imento do seguin te: ' Quinze anos atrás, fiquei obrigado a usar o bastão para poder andar. Cinco anos depois, tive de recorrer a dois bastões. Tendo ouvido fa lar das curas realizadas por Nossa Senhora, fui de carro para Siracusa. Ali ass isti à cura de um cego; a minha hora ainda não tinha chegado. À tarde voltei para Catânia. Enquanto descansava, senti uma fo rte aguilhoada no tórax; depois de um instante, senti outra. Pensei comi go: 'Será que Nossa Senhora está querendo dar-me a graça? Quem me dera ... .' . E não prestei mais atenção no ass un to. "No dia seguinte, lá pelas onze da manhã, enquanto estava sentado no quarCATO LIC ISMO

Setembro de 2000

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to, diante de uma cóp ia da imagem de Nossa Senhora das Lágrima s, ao notar que o pavio de cera estava com a chama muito fraca, pensei em acender a lamparina a óleo. Sem refl etir sobre a mi nha incapacidade de loco mover- me, fui para o ou tro quarto, apanhei a garrafa de óleo, acendi a lamparin a e reco loquei a garrafa em seu lugar. Para fazer tudo isso eu não hav ia utilizado os bastões. Caí em mim e pensei: 'Será que eu sarei?' Comecei a passear sem algum apoio e dei uns gritos de alegria. Foi um dia de peregrin ação em minha casa ... Todos os que chegavam queriam ver-me ca minhar e quando chegou a tarde j á estava b m can ado. Eu tinha ido para iracusa num sábado, e no sá bado s guinte para lá voltei a fim de levar os meus bastões para Nossa Senhora".

devoção ao Coração Imaculado de Mari a, externando os votos relativos à construção diligente de um Santuári o que perpetue a memória do prodígio". O Arcebi spo de Siracusa diri giu -se então oficialmente à res idência dos l annuso, na rua degLi Orti, para prestar sua homenagem ao Quadro miraculoso e constatar pessoalmente o enorm e bem que N ossa Senhora estava rea li zando sob a invocação de seu Imacul ado Coração . Tomando o Quadro nas mãos, o Prelado observou -o longa mente diri giu um a ard ente oração à Yirg m diant e ela emocionada multidão de li is ali ajoelhados, m·rnifcstando ass im seu apo io à.quela nova devoção mari ana.

Pio XII: diante dos sofismas adversários, clareza da verdade

Para coroar tão sublime milagre, a palavra do Vi gári o de Cri sto. No dia 17 de outubro do ano seguinte, Pio XII qui s Em sua empol gante e documentada encerrar o Convênio Mariano da Sicília narrativa, Dom Tomaselli continua: "No . com uma mensage m rad iofô ni ca na mês de outubro ocorreram. curas ainda qual, depoi s de lembrar que os numerosos santuári os dessa ilha testemunhavam mais portentosas" ... No mês de dezembro, o Arcebispo quanto ela merecia ser chamada Feudo apresentou toda a documentação do Tri de Maria, comentou com penetração de bunal Ec lesiástico à Conferência Episcoespírito os fatos extraordin ári os ocorri pal da Sicília reunida em Bagheria, prodos em Siracusa : " N ão sem comoção tomamos conhevíncia da capital sicili ana, Palermo, a qual emItIu seguinte ju ízo: " Os Bispos da ci m nto da unânim • d ·claraçflo do EpisSicília .... , após terem ouvido o amp lo copado da. i ·ília sobr ·a r ·alidad ' d ·srelatóri o do Exmo. Mons. ttore Barante aconte ·im · ntt o.... \) 1111 r • ·nd •rá a hum an idade a recô ndit·1linguag ' lll d ·szini, Arcebispo de Siracusa, a respeito da lacrimação da Imagem do Coração Imasas lágrim as? Oh , as lá rimas de Maria! No Ca lvári o elas eram lágrim as de co mculado de Maria .... , avaliados atentamente os testemunhos citados nos documenpaixão pelo seu Jesus e de tri steza pelos tos originais, concluíram unanimemente pecados do mundo. Estan1 Ela chorancom o juízo de que não se pode pôr em do ainda dev ido às chagas que são aberdúvida a rea lidade da lacrimação. Desetas no Corpo Místico de Jesus pelos nujam que tal manifestação excite todos a merosos filhos, nos quai s o erro e a cul uma salutar penitência e a uma mai s viva pa apagaram a vida da graça? Pela esp -

Santuário para perpetuar o milagre

ra do tardi o retorno dos filhos outrora fi éis e que agora são arrastados por fal sas miragens para as fi !eiras dos inimigos de D eus? Diante dos fasc in antes so ri smas dos adversários da Jgreja, não há ou tra atitude senão opor a clareza da verdad e, 1orqu e um povo que não sabe quai s são os verdadeiros tesouros não saberá conservá-los nem defendê-los: ele dar-se-á conta dos b · ns perd idos, qu ando tiver sido depr ·dado cios mes mos".

Lágrimas de tristeza pelos pecados do mundo om ereito, nos anos sucessivos, sobretudo devido à política do "ceder para não perder" praticada pelos que se di ziam cristãos, eram aprovadas pelo Parlamento itali ano - para fa larm os somente da Itália - as leis que instituíram o divórcio e o aborto . .. Poi s bem, contemplando num rápi do olhar a situação do mundo atual, quem poderi a afi rm ar, em sã consciência, que de lá para cá as nações deram a devida atenção a essa mensagem muda, mas tão eloqüente? Quem poderi a asseverar que o Coração Imacul ado ele Maria, isto é, a mentaliclacle sumamente ordenada e puríssima da M ãe de Deus, j á está impregnando e sacra liza ndo as instituições, as 1·is os costumes em nossos dias? S ·rá uma atitude mais reali sta, pois, p ·di r a Nossa Senhora que, pelos méri tos d ·ssa pr ciosas lágrimas, toque e conv ·rta as almas. Sim, é sem dúvida uma mun ·irn mai s lili al co locarm o-nos em atitud · ora nt ' , penitencial e contra-revolu ·ionária , ·om os olhos postos nAquela da qual a 1•r •ja di:t. "q11e é 1-nais terrível

do q11e 11111 exército <!Ili orei •111 de batalha ". qu ·, na ova da Iria, depois ele profcti :t.ar que o ·omuni smo espa lharia os seus ·rros p ·lo mundo, prometeu sua irr •v ·rsív •I v it l ri:i : "Por.fim, o meu lmarnlorlo Com(·1lo tri1111fará". E isto suced ·rá ap<Ís u hurnanidade pecadora - surdo aos p ·didos fe itos em 19 17 pela Mãe d · 1 ·us ' lll Fátima - ter sido purificada p ·los apoca lípticos castigos revelados 11:i t ·rceira parte do agora conhecido ♦ Segredo ele Fátima.

Fiéis manifestam sua veneração a Nossa Senhora das Lágrimas de Siracusa, toca ndo o quadro miraculoso com objetos

Comemora-se a 29 de setembro a fes ta do g lo ri oso São Mi g u e l , c uj a invi c ta combatividade em defesa do D eus o nipote nte é ass im d esc rita no Apoca1ipse: "Houve uma batalha no Céu: Migu el e os

seus Anjos guerrea ram contra o Dragão. O Dragão batalh ou, juntam ente com os seus Anjos, mas foi derrotado e não se encontrou mais um lugar para eles no Céu" (Apo . 12, 7-8). E o Profeta Dani e l refere-se a São Mi guel nos seguin tes termo s: "Naquele tempo, surgirá Miguel, o grande Príncipe, constituído de fensor dos filho s do seu povo [isto é, o povo fie l ca tóli co, herd eiro, no N ovo Testam ento, do povo de Israe l], e será tempo de angústia como jamais ho uve" (Dan. 12, 1 ).

São Mi guel é comumente designado como Arca njo. Entretanto, tal qualifi cação pode ser genéri ca e não signi fi ca r que ele pertença ao o itavo coro de Anjos (os Arca njos). A esse respeit o, merece ser reprodu z id a signifi ca tiva c itação do grande exegeta jesuíta Pe. Co rn éli o A Lapide, nasc ido em Boc ho lt, provín c ia belga de Limburgo, em 1567 , e fa lec ido em Roma , a 11 de m arço de 1637. A extensa obra desse in signe autor, qu e comentou todos os I ivros do Antigo e do Novo Testamento, é até hoj e un iversa lmente admirada . M erecem espec ial destaque a grande erudi ção, a escrupulosa diligênc ia e o lumin oso engenho com qu e e le trata da Sagrada Escritu ra. Embora num o u noutro ponto do texto bíblico tenh am surgido novas questões, é incontestáve l que se us m agnífi cos comentários e eruditas c itações ain da ho je goza m de auto rid ade. Eis sua s palavras:

São Miguel Príncipe da Milícia celeste, poderoso escudo contra a ação diabólica "Muitosjul ga m que Mi gue l, tanto pela dignidade de natureza, como de graça e de g lór ia é abso lutame nte o primeiro e o Príncipe de todos os anjos. E isso se prova, primeiro, pelo Apocalipse ( 12, 7), onde se diz que Mi gue l lutou co ntra Lúcifer e seus anjos, res istindo à sua so berba com o brado che io de humild ade: ' Quem (é) co mo Deus ?' Portanto, ass im como Lúc ife r é o chefe dos demônios, Migue l o é dos anjos, se ndo o primeiro e ntre os Serafins. Seg undo, porImagem de São Miguel, com elmo e revestida de armadura medieval, colocada na flecha da torre da Abadia do Mont Saint Michel (França)

que a Igreja o chama de Príncipe da Milícia Celeste, que está posto à e ntrada do Paraíso. E é em se u nome que se celebra a festa de todos os anjos. Terceiro , porque Miguel é hoj e cultuado co mo o protetor da Igreja como outrora o foi da Sinagoga. Finalmente, em quarto lu gar, prova-se que São Miguel é o Príncipe de todos os anjos, e por isso o primeiro e ntre os Serafins, porque o di z São Basílio na Homilia De Angelis: 'A ti, ó Miguel, ge-

neral dos espíritos celestes, que por honra e dignidade estais posto à frente de todos os outros espíritos celestiais, a ti suplico ... "' tCorn élio A Lapide, Commenta ri a in Scripturam Sacram, t 13 , pp . 112- 114) .

e AT o L IC ISMO

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Palavra

siCerdote Gostari,a de saber sobre "Salvação", mais precisamente seJá a temos garantida. Há alguma passagem da Btblia que diga que não devemos achar que estamos salvos? Resposta O consulente se coloca o problema da salvação, que é prec isa me nte o prob lema central de nossa vida. Não a saúde, não a sustentação fi nanceira, não o gozo dos prazeres, não a conquista de uma po ição social proeminente. Nossa máx ima preocupação deve ser alvar a nossa alma

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CAT

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e alcançar a vida eterna, mediante o co nheci me nto , o amor e o serviço de Deus neste mundo. Com efeito, "que aproveita ao homem ganhar o mundo todo, se vier a perder a sua alma ? Ou que dará o homem em troca da sua alma?" - di sse Nosso Senhor Jesus Cristo (Mt 16, 26). Aqui já vê o consulente que a poss ibilidade de não nos salvarmos ex iste, e é afirmada de modo muito categórico pe lo próprio Filh o de Deus. Isto é, algun · prefere m di spenclcr todos os esforços em alcançar as coisas deste mundo, a ponto ele trocá- las pela salvação ele sua alm a! Não há loucura maior. Entreta nto, a bu sca ela sa lvação não deve ser fe ita na angústi a de nossa alma. E para isso De us pl antou e m nós, pelo sacramento do Bati smo, três raízes de sa lvação, que são as virtudes teologa is: a.fé, a esperança e a caridade. "Sem a fé é impossível agradar a Deus " - dizi a São Paulo (Heb 11 , 6). a

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virtude da caridaqu e a graça de de - que signifiDeus não di spensa ca amor ele Deus a colaboração do - implica na obhomem. servância dos Mandamentos de Jesus Pergunta Cri sto. Di sse Ele: " Pe rmanecei no Um índio, Cônego meu amor. Se guar- JOSÉ LUIZ VILLAC quando morre, dardes os meus vai para o Céu? mandamentos, permanece - Será que a misericórdia [de reis no meu amor" (Jo 15, 9- Deus] condena os índios? 10). A fé e a caridade, por- Diz São Paulo, [na ep{stola tanto, nos enca minh am para aos] romanos, que Deus se a sa lvação. dá a conhecer a todos, e com .. pocl mos ter a certeza certeza eles crêem em Deus mora l ele que, se perseverare lhe dão um outro nome, mos no caminho dessas duas pois estão na ignorância. virtudes, salvaremos nossas almas. Essa certeza nos é Resposta dada pela outra virtude teologal: a esperança. Esta virDeus se dá a conhecer aos tude - que, como fo i dito, homens de dois modos: 1º) recebemos no Batismo junto com as virtudes da fé e ela caridade - nos comunica a certeza moral de alcançarmos a vicia eterna e os meios necess ári os de c hega r a e la, apoiado no aux ílio onipotente de Deus. A sim , é muito louvável, oportuno e nece sário fazermos freqü entemente atos de esperança. Para isso podemos usar a fó rmula consagrada que se ensina nos cursos Índio xavante, convertido à fé ele Catec ismo: católica, reza fervorosamente "Eu espero, meu Deus, diante do Cruzeiro com firme confiança, quepelos merecimentos de meu Sepela Revelação, que está connhor Jesus Cristo me dareis tida nas Sagradas Escrituras a salvação eterna e as graou vai sendo transmitida de ças necessárias para conseboca a ouvido, ao longo das gui- la, porque Vós, suma - gerações, pela Tradição ela mente bom e poderoso, o haLgrcja; 2°) pelo livro da natuveis prometido a quem obserreza, como lembra o consuvar fielmente os vossos man- le nte, citando a Epístola aos damentos, como eu proponho romanos, de São Paulo. fa zer com vosso auxílio". ·, pa ssados do is mil Deus é Misericórdi a, qu r a nos, o esforço missionário a nossa sa lvação não nos da Igreja não alcançou todos nega os meios de ai ançó-la, os povos, e há ainda os que mas é preciso nos sl'orçarnão e beneficiaram co m as mos por p rsevera r nn r , na lu zes e as graças da Revelaesperança na ·ariclade, porção, deve m eles g ui a r-se

simpl es me nte pelo livro da natureza. Es te é sufic ie nte me nte claro, para que os pagãos dele deduzam o poder eterno e a divind ade do Criador. Pelo que, não o faze ndo, tomamse "inescusáveis ", como di z São Paulo (Rom . 1, L9-20). O fa to, portanto, é que, mes mo podendo c hegar ao conhecimento de Deus através da "grandeza e.formosura das criaturas" (Sap. 3, 5), muitos pagãos o rejeitam, fazendo-se merecedores da forte increpação de São Paulo: "Porque, tendo conhecido a Deus [pelas suas obras], não O glorificaram como Deus, nem lhe deram graças, mas desvaneceram-se nos seus pensamentos, e obscureceuse o seu coração insensato; porque, dizendo -se sábios, tornaram-se estultos" (Rom. 1, 21-23). D esve lado o fundo do probl ema, fica fácil responder à pergunta. Isto é, a Misericórdia de Deus não conde nará o índi o pagão qu e, tendo mantido a inocência de sua a lm a, so ube chega r, a partir das criatu ras vi síveis, ao conhecimento dos atribu tos invi síveis de De us, louva nd o- O e re nd e nd o-Lhe graças por isso. Os outros, porém, os que escolhe m uma vida depravada em lugar de louvar o Criador, Deus os abandona aos própri os desva ri os nes te mundo, e à condenação eterna no outro, como recorda o Apóstolo, no fim deste mesmo trecho: "Pelo que Deus os abandonou aos desej os do seu coração, à imundície; de modo que desonraram os seus co,p os em si mesmos, eles, que trocaram a verdade de Deus pela mentira, e que adoraram e serviram a criatura de preferência ao

Criador, que é bendito por lodos os séculos. Amém" (Rom. L, 24-25). Pergunta

Pode um rico passar pelo buraco da agulha e ir para o Céu? Como o Sr. explica a frase da Btblia: "É mais fácil um camelo passar pelo buraco da agulha que um rico entrar no Reino dos Céus? " Resposta O trecho a que o consulente se refere é um comentá.rio fe ito por Jesus, após a recusa do moço ri co em seguir o convite eva ngé lico: "Se queres ser perfeito, vai, vende o que tens e segue-me" (Mt 19, 21). No sso Sen hor comentou: "Em verdade vos digo que um rico difi cilmente entrará no Reino dos Céus. Digo-vos mais: é mais fácil passar um camelo pelo.fundo de uma agulha do que entrar um rico no Reino dos Céus" (Mt 19, 23-24). O Pe. Matos Soares, autor de uma conhecida tradução da Bíblia para o português, comenta que esse "é um modo proverbial de dizer, que os hebreus empregavam para

significar uma coisa naturalmente impossível". E esclarece que o "dijicilm.ente" do versículo anterior refere-se, não a que as riquezas sejam um mal e m si, mas ao fato de que ''.fazem correr aos que as possuem o perigo de prender demasiadcunenle a elas o seu coração". D. Duaite Leopoldo e Silva, que foi Arcebispo de São Paulo, e m sua conceituada Concordância dos Santos Evangelhos, diz que "havia em Jerusalém uma porta, tão estreita e tão bai.xa, que os camelos não podiam passar por ela, sem que lhes fosse retirada toda a carga e, ainda assim, lhes era preciso abai.xarse e passar quase de rastos. Por isso cham.avam-na Porta da agulha, e daí vem. o provérbio de que se serve Jesus". Outro s exegetas tê m dado explicações difere ntes. Mas a co nc lu são de tod os (desde que não sejam parti dários da Teologia da Libertação) é a mes ma de D. Duarte : "Assim. o rico, para entrar no Céu, deve despojarse das a.feições desregradas, e depois humilhar-se, como cristão que é. Este é o milagre que Deus tantas vezes tem operado, sempre que dá a um rico o espírito de pobreza e desapego".

A frase conclusiva do comentário se li ga ao trecho final deste passo do Evangelho, no qu al se lê que os discípu los estavam admirados, pe rg untando- se : " Qu em, pois, pode salvar-se? Então Jesus, olhando para eles, disse: Para os homens isto é impossível, porém não para Deus, porque a Deus todas as coisas são possíveis" (Me 10, 26-27). É certo pois que os ricos que empreguem bem suas ri quezas, conformando-se aos Mandamentos e à vontade de Deus, podem perfeitamente salvar-se. É o caso de lembrar que Nosso Senhor freqüentava a casa de Lázai·o, que era rico, e o considerava como amigo. E uma das fi guras exponenciais e m santidade do Antigo Testamento, o Patri arca Abraão, era não só rico mas riquíssimo. Ta l é poré m o apego dos home ns aos bens desta terra - não só dos ricos, mas muitas vezes dos que pouco possuem - que desapegarmonos de les é um ve rdadeiro prodíg io da graça, que só ♦ Deus pode operar. Os ricos que pautam suas vidas pelos Mandamentos de Deus, como o riquíssimo Patriarca Abraão (gravura abaixo), salvam suas almas


Ante osoçobro do "l'Unità", o sa/Va-vídascapitalista

O

conhecido jorn al comunista "L ' Unità", f undado por um dos teóri cos marxist as e líder polít ico italiano dos mais conhecidos - Antonio Gramsci (foto abaixo ) - , acaba de fechar as portas.

Vacina cubana: blefe comprovado

E

studo do conceitu ado entro de Vigilância Epidcmi oló i a (CV E), de São Paul o, rcv lou dados estatísticos assustadore. , acumul ados durante os últimos anos. Segundo el es, f-i ca pa tente a inefi các ia da vacin a cubana contra a meningite B em menin os menores de quatro anos - os mais v uln erávei s à terrível doença .

"O Brasiljá gastou 300 milhões de dólares com esta vacina cubana que não apresentou res ullados" , l amentou o Dr. fsaías Raw, diretor do Instituto Butantã, especial izaclo em biotecn o I og i a. O C Y E apresentou fa tos e estatísticas que falam por si, e qu e co ntribu em par a desm itifi car outro cios alegados êxi tos da medi c in a cubana - autênti co blefe-, tão propagandeados pelo regi me comuni sta e por seus admi radores no mundo inteiro. N ão façam os part e d os in oce ntes útei s qu e ac redi ta m nessa pro p aganda. ♦

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Até o início da década de 90, "L'Unità " figurou entre os qu atro di ário s de m aior circula çã o na penín sul a itálica. Nos di as 25 de abril e 1 ° de maio chegava a alcançar a tiragem de 2 milh ões de exe mpl ares. A venda do quotidiano era realizada voluntari amente por estudant es e operári os, sem nada receberem do Pa rtido. Em seus últ imos dias, a cri se era evidente : a edição diári a foi reduzida para escassos 55 mil exempl ares. Os próprios comunist as perd eram o ânimo e o interesse em lê-lo e divulgá-lo. O mais espantoso, porém , é que, diante desse soçobro, o maior jornal do país, o conservador "Corriere della Sera", de Milão , cedeu um espaço diário ao "L'Unità" , até que este volte a circular! É a imprensa capitalista dando guarida às idéias comunistas. Eis aí um exemplo característico do espírito capitulac ionist a e comunisti zante de certo t ipo de empresários capitalistas. Apesar dos malefícios notórios ocasionados pelo comunismo, pode-se aplica r a cert as person !idades do macrocapita li smo publicitário o dito de Talleyrand "N d aprenderam , nada esqueceram". ♦

Satanismo e delinqüência: sinistros frutos do rock

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m 6 de junho passad o, na c idade de C hi avenn a, I tália, três m oças de 16 e 17 anos assass inara m brutal m ente, com 19 punh al ad as, M ad re M ari a L aura, re li g iosa que se ded icava a c uidar d e j o v ens probl em áticos. O fato ca usou espa nto e perp lex idacle, sobretud o pel a ausê nc ia de m oti vos para a práti ca desse assass in ato, bem com o considerando-se a j o vem idad e elas dei i nqüentes. U m d ad o c ham o u es pec ial m ente a atenção : no di ári o d as m oças fora m encontrad os sím bo l os satâni cos e imagens ci o ca nto r el e rock M ar i lyn M anso n. Ta mbém d o i s rapazes qu e assass in aram um co lega de esco la em Co lumbin e (EUA ), in spi raram -se e m M arilyn M anso n. O ho mi c ídi o fo i pl anej ado e o rgani zado no contex to ele um c li ma c ul tural q ue aponta a I g rej a ató li ca co m o a p io r am eaça ao r in o de Satanás. E m entrev i sta co nced id a à R ádi o V ati cana, Cari o C limati , es pec i al i sta itali ano ele mú sica e autor de li v ros sobre a re lação entre satani sm o e rock, ex pli co u que a m e nsage m negativa proposta em um di sco ele rock e os probl em as humanos po dem p rodu z ir efe itos devast ad o res na m n te cios j o v e ns qu e es tão em c ri se, o u q ue são psi cologica m en t fráge is. "Ademais - precisa I i mati - , a tra-

vés da s imp les audição de um d is ·o, q 11alqu srjovem de 15 ou 17 c111 os pode entrar em contato co111 o 111 undo do esote rism o . /\s µravado ras d e d iscos des cobriram que o d iabo pode ser 1111·1bom negócio e seguem lan ('C111do no mercado ce rto tipo de produtos, sem preocupa r-se com as conseqüências". ♦

Música colonial e oBrasil autêntico

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a últim a quinzena cio mês ele julho, reali zou-se nas cidades mineiras de Juiz de Fora, Ouro Preto (foto abaixo) e T iradentes mais um cios famosos e concorridos eventos musica is, o Feslival Internacional de Música Colonial Brasileira e Música Antiga. Tal evento promoveu a vind a de orquestras e conjuntos ele vári as cid ades bras ileiras e ele convi dados intern acio nais, provenientes da Suíça, França e N oruega. E mbora a f-in ali dade ci o festival sej a reunir espec iali stas na matéri a, isto é, professores ele música, ele não dei xa de atrair a atenção cio público leigo, que costum a lotar igrej as e teatros, palcos dessas belas apresentações musicais.

"É impressionante com,o a cada edição aumenta o público não especializado", diz o vi ce-pres idente do Centro Cultural Pró-música, Júli o César de Souza Santos, que promove o evento. O País só tem a ganhar com iniciativas fe lizes desse gênero, pois elas dil atam nossos hori zontes culturais, preservam a autêntica tradição nac ional e estimul am o surgimento de novos talentos mu sicais, revelando ao mun do a verd adeira e profund a face do Brasil, oposta à distorcida imagem ♦ cri ada pelo carn aval, pelo rock etc.

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Navio da morttJ: requinte do antinatural

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omo se já não bastasse o tristemente famoso Doutor morte americano, Jack Kervokian, na longínqua Austrália surgiu outro Dr. Morte - Dr. Nitschke. Entretanto, esse último é mais criativo no seu sinistro ofício de driblar as leis anti-eutanásia, para que seus pacientes possam morrer em paz. Inventou ele a "máquina da morte"para o suicídio assistido, a qual é ligada a um computador portátil, que pode ser operado pelo paciente, registrando na tela sua decisão de morrer . E,

em seguida, o próprio doente terminal aplica uma injeção letal que acarretará o fim de sua vida. Além disso, para escapar das leis australianas, o Dr. Nitschke está criando um hospital flutuante em águas internacionais a fim de assim levar adiante sua macabra idéi a. O dito navio da eutanásia mais propriamente, navio da morte - teria a bordo uma clínica para oferecer tratamentos paliativos, como assistên cia médica para a eutanásia voluntária. ♦

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BREVES RELIGIOSAS Denunciada perseguição religiosa nas Ilhas Molucas O Cardeal Bernard Law, de Boston, enviou carta ao embaixador da Indonésia nos Estados Unidos , manifestando profunda preocupação pelo "assassinato organizado a sangue frio " de católicos nas Ilhas Molucas, efetuado por extremistas muçulmanos . E solicitou ao Governo indonésio medidas urgentes para debelar o que qualificou como "violência vergonhosa". Nossos irmãos na fé estão sendo martirizados . _J

Última exposição do Santo Sudário neste século Entre 12 de agosto e 26 de outubro do corrente ano será exposta para a veneração dos fiéis na Catedral de Turim (Itália) o Santo Sudário - mortalha que envolveu o Corpo de Nosso Senhor Jesus Cristo após sua descida da Cruz. É a última exposição da relíquia a ser realizada neste século, e que contará com uma cópia do Sagrado Lençol em alto relevo, tendo em vista os fiéis que são cegos. _J

Na Índia, assassinado mais um sacerdote Grupos de hindus, que odeiam a Religião católica, assassinaram em julho passado o Padre Remiz Karketta, de 46 anos, quando este percorria durante a noite a estrada que liga as cidades de Bundu e Ranchi. Tendo caído vítima de um disparo, seus perseguidores atropelaram -no em seguida com um automóvel, para simular um simples acidente de trânsito, informou a edição italiana de "L'.Osservatore Romano". _J

CATO LICISMO

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INTERNACIONAL A doença ela AIDS surgiu há duas décadas a partir ele um vírus transmitido através de relações homossex uais. E enquanto tal espalhou-se inicialmente e ntre os praticantes desse vício. Depois atingiu também parceiros heterossexuais ou ad ultos por transfusão ele sangue contaminado. Finalmente afetou crianças, nascidas de mães portadoras do vírus . Ora, a relação íntima entre pessoas do mesmo sexo é qualificada pela moral católica como particularmente grave, por ser antin atural. E portanto gravemente ofensiva a Deus, o Criador da ordem natu ral e sobrenatural. Para punir esse pecado Deus não hesitou em fulminar duas cidades: Socloma e Gomorra (2 Ped. 2, 6).

AIDS: flagelo de Deus?

A pandemia da AIDS não encontra mais barreiras no continente africano. Milhares de pessoas contaminam-se diariamente. Mais de 10% da população dos países da região subsaariana já sofrem da assim chamada doença magra RENATO

ma, foto de mãe carregando fi ho, portador do vírus da AIDS , nas cercanias da cidade de M wanza, ao noroeste da Tanzânia (África). Quem vê fotos como essa, compreende o clima reinante no Congresso Internacional de AIDS , realizado de 9 a 15 de julho último em Durban, África do Sul. O evento reuniu cerca de 1l mil cientistas, médicos e especiali stas de todos os continentes. Preocupados com o avassalador crescimento da terrível epidemia e m todo o mundo e, em particular, no continente africano, debateram a n · ss idade de se e ncontrar uma vacina ·ontra a doe nça, única sol ução - do ponto d ' vi sla médico - para um prohl ·11111 prali ·a menle insolúvel: a extinÇl o d11 ·pid ·mia da AIDS , que vai se expundindo ·0111 rupidcz ass mbrosa. 12

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Dados assustadores Os dados são simplesmente aterradores. Segundo o relatório anual da ONU, divulgado no início de julho, são portadores do vírus da AIDS 34.300.000 ad ultos de 15 a 49 anos e L.300.000 crianças até 15 anos. Desse total , vivem na África subsaariana 24.500.000; 5.600.000 no sul e sudeste da Ásia; 1.300.000 na América Latina; 900.000 na América do Norte; 530.000 no leste da Ásia e Pacífico; 520.000 na Eu ropa Ocidental; 420.000 na E uropa do Leste e Ásia Central ; 360.000 no Caribe; 220.000 no norte da África e Oriente Médio; e l 5.000 na Austrália e Nova Zelândia. Desde o in ício da epidemia, em 1981, morreram J 8.800.000 pessoas, das quais 3.800.000 eram crianças. Ou seja, praticamente o dobro de vítimas causadas pela

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Primeira G uerra Mundial. Quando as pessoas atualme nte infeccionadas morrerem, a AIDS já terá matado mais gente do que as duas Guerras Mundiais. De tudo se falou em Durban. Por exemplo, na abertura do Congresso, o pres ide nte ela África do Sul , Mbeki, uti li zando um palavreado tipicamente marxista, chegou a responsabili zar os "países ricos" pela expansão da AIDS nos

"países pobres" ...

Afronta à ordem sobrenatural e natural Entretanto, ninguém mencionou o aspecto moral que se encontra na origem do problema. A questão vem sendo cons iderada apenas como de ordem humanitária. É uma catástrofe imensa, um novo holocausto, a pedir a intervenção do mundo inteiro. E fotos como a ela mãe de Mwanza só tendem a favorecer esse enfoq ue unilatera l da questão. Unilateral sim, porque tende m a criar um clima de com i eração, ali á. justa, para com os aidéticos, ma. qu não apontam para a verdadeira 1"1iz da ca lamidade, a qual tev seu ponlo d partida numa grave desordem mora 1.

Nessa perspectiva, é inevitável perguntar se a AIDS não está sendo um tremendo castigo, um novo flagelo de Deus para a humanidade, na última quadra cio séc ul o XX e no limiar cio terceiro mil ê ni o. A pandemia da AIDS vai tomando tais proporções na região subsaariana do contine nte africano que não se pode deixar de pensar na frase que se e ncontra na segu nda parte do segredo de Fátima:

"Se os homens não se converterem e fizerem penitência ", virão sobre o mundo castigos de ta l ordem que "várias nações desaparecerão".

estão morrendo anua lme nte 250.000 pessoas. A continuar nesse ritmo, dent.ro ele cinco anos este número será ele 500.000 e 20% da população estará infecc ionada; • A média da expectativa de vida baixou em cerca de 20 anos; em Moçambique e la é agora de apenas 38 anos; • Os governos da região não dispõem de recursos financeiros para c ustear reméd ios; não há hospitais nem leitos suficientes para aco modar os doentes; • A região subsaariana conta hoje com 10.000.000 de cri anças órfãs. Em l Oanos esse número ter-se-á triplicado; • Hordas de cri anças órfãs, sem pare ntes que as acolham e sem teto, estão invad indo as ruas. Para sobreviverem caem fac ilmente no roubo, na prostituição, no tráfico de drogas, ou se e ngajam em gangs que se tornam para e las um ersatz da famil ia; • Tais cria nças - e mesmo as que não caírem no crime - não terão meios de receber ed ucação re ligiosa e fo rmação profissional. Resultado: fa ltará em futuro próximo toda uma geração de profissionais. A desestruturação social e o colapso da economia serão uma conseqüência inevitável; • Finalmente, como fator de aceleração do desastre econômico, a fuga de cap itais estrangeiros. Não é mais interessante investir na região. A espiral para baixo torna-se praticamente irreversível.

A persistirem as condições ac im a, é de se temer que vários países da África subsaaria na venham a desaparecer dentro de um a ou duas décadas. Tanto é que já se ave nta nos Estados Unidos a necessidade urgente de um novo Plano AIDS-Marshall para a África. Temese que a catástrofe, caso não seja barrada Logo, ating irá em breve os demais países do Ocidente. Contudo, se houver um Novo plano Marshall, além de aj uda financeira para a profilaxia da AIDS vai ele certamente impul sionar a maciça distribui ção de preservativos o que co lide com a moral católica - e incrementar a ed ucação sex ual nas escolas, como tentativa de cortar passo à expansão da epidemia. A única so lução verdadeira para o problema é a observância fiel do sexto e do nono mandamentos da Lei de Deus

("Não pecarás contra a castidade" e "Não desejarás a mulher do próximo"). Esta é a única barreira séri a que pode; de fato, imped ir o avanço da AIDS. Enquanto e la não for aplicada, continuarão os jornais a publicar cada vez mais fotos como a daquela infe liz mãe carregando nos braços seu filho moribundo por causa da AIDS . ♦

Sem a prática da virtude da castidade - único remédio eficaz contra a AIDS - , em poucos anos poderemos assistir à extinção de nações africanas

Um dos castigos fo i a Segunda Guerra Mundial, que deixou a Eu ropa em escombros, Hirohisma e Nagasaki em ci nzas e mais de 40 milhões de mortos, entre os quais alguns milhares ele brasileiros. O possível desaparecimento de várias naçõe africanas da região subsaa.riana não se inserirá talvez na seqüência dos castigos prenunciados em Fátima? Seja como for, a hipótese de tal desaparecimento fo i levantada por um cienti sta no congresso internacional de Durban.

Desaparecimento de nações: espectro próximo da realidade De fato, os dados di poníve is obre a expansão ela AIDS na África parecem dar-lhe razão, pois: • Mais de 10% da população encontra-se infecc ionada; • Na África do Sul , por exemplo,

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.Família ........................................ ... ... inaugurar os enlaces de ensaio, contraídos já com a intenção de se romperem à primeira dificuldade .....

A mera possibilidade de separar gera o divórcio

As principais vítimas - li Após sacrificar os filhos em nome de uma utópica liberdade, são os próprios cônjuges os próximos a serem sacrificados pelo divórcio

D

ª. ndo seqüência ao tema tratado no último SOS-Família (os filhos como sendo as principais vítimas da lei do divórcio), transcrevemos aqui alguns trechos do livro do Padre Leonel Franca S.J. 1, que evidenciam o quanto essa iníqua lei prejudica os próprios cônjuges.

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"O primeiro fator da felicidade conju )ai um a boa escolha recíproca d s qu aspiram a percorrer juntos o can inho ela vida. E uma esco14

CATOLICISMO

"O homem sem critério se casa com a mulher de quem gosta. O homem criterioso gosta da mulher com quem casa. " (Adágio popu lar)

lha acertada é naturalmente o frulo da reflexão, do exame, da maturidade ponderada, inimiga de leviandades e precipitações. A lei da família , que desenvolve no ânimo do jovem estas qualidades precio as, tem todas as probabilidades de lhe assegurar uma eleição feliz.

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"Que faz o divórcio? Tirando à união conjugal o seu caráter definitivo, abandona a mocidade a todas as urpre a de sua irreflexão. A certa mãe, que lhe desacon elhava um casam nto imprudente, respondia a fillr~ : 'Que mal, mamãe! Se não me der ·om o meu marido, mandá-lo-ei às favas '. 2 Na sua espontaneidade de menina do povo, esta noiva moderna dá-nos a expressão psicológica da mentalidade criada pela legislação di vorcista. É a tendência a multiplicar os casamentos precipitados e a

"Com mais este círculo vicioso de uma lei que multiplica os casamentos inconsiderados, e de casamentos levianamente contraídos que apelam para a própria dissolução, damos realmente um passo adiante para preservar a grande instituição da família? "Prossigamos. Artífice de desventura é o divórcio, não só antes, mas principalmente depois de iniciada a convivência dos casados. A dois podem reduzir-se os inimigos capitais da felicidade conjugal: um interno, a desinteligência dos esposos; outro, externo, as tentações de infidelidade ao amor jurado. A união moral desfaz-se por uma aversão interior ou por uma atração de fora. "Bem depressa passam os idílios dos primeiros tempos. No fim de alguns meses, o marido vê que a mulher não é um anjo caído do céu; a esposa já não admira sem restrições o companheiro ele sua vida. Os casados são humanos: têm imperfeições. O convívio de cada dia, com as suas consolações, traz também as suas divergências, os seus atritos, as suas contrariedades. A felicidade cio lar não se conservará senão a preço ele sacrifícios e esforços de adaptação mútua dos temperamentos. Importa limar as arestas vivas, arredondar as angulosidades. Sem este trabalho ele aperfeiçoamento moral não há vida em comum.

A impossibilidade de separar gera a união "A indissolubilidade atua com toda a eficácia de uma idéia-força salvadora. Também aqui vale o ele Goethe: O que vacila em cambiantes aparências, consolida-o com pensamentos duradouros 3 .

"Unidos para sempre, os cônjuges se esforçarão por tomar a própria convivência reciprocamente mais amena. Perdoam-se generosamente, ele parte a parte, as faltas inevitáveis; corrigem-se pouco a pouco os defeitos que desagradam. As duas existências se vão encaixando urna na outra à medida que sobem na vida. O amor conjugal, que as ofensivas das paixões pareciam, por um instante, ameaçar, consolida-se na vitória elas dificuldades, purifica-se na chama do sacrifício e ela dedicação. Nesta atmosfera sadia ele moralidade, crescem os filhos, temperando as suas almas na virtude, com o exemplo de um lar em que o egoísmo não prevaleceu. Inquestionavelmente, a inclissolubil idade é moralizadora e defensora ela família. "E o divórcio? Agente ele desordem . Às primeiras dificuldades domésticas, suscita, num horizonte talvez longínquo, a esperança de uma 'libertação'. A idéia, a princípio vaga, com o tempo vai tomando corpo e diminuindo as energias de resistência da vontade. Todo o esforço vital já não se concentra em atenuar os desentendimentos, mas em agravá-los com a comparação de outra felicidade 'entre-sonhada' . .... "Quando os homens vêem em cada mulher uma esposa possível, e as mulheres em cada homem um marido provável, exaltam-se os impulsos da sensualidade, diminui a reserva defensiva do pudor, entrega- e a estabilidade das famílias ao capricho elas paixões. Esta mentalidade criada e difundida naturalmente pelo divórcio é a ruína inevitável ela segurança e tranqüilidade da família. .. .. ·

A indissolubilidade é a vitória do dever; o divórcio, a capitulação "Em síntese, para todas as dificuldades conjugais, internas e externas, materiais e psíquicas, o di-

vórcio sugere a solução menos digna, menos nobre, menos humana. É o aliado natural de todas as paixões, o inimigo instintivo de todo o sacrifício, o conselheiro de todas as fraquezas e de todas as capitulações vergonhosas. A indissolubilidade trabalha num sentido ascensional, prega a vitória dos obstáculos pela virtude, educa as almas para a luta, desenvolve o domínio de si mesmo, a abnegação a serviço da consciência, exalta todos os valores espirituais ..... "Por isto, o divórcio entra na legislação e nos costumes de um povo como produto de uma moralidade decadente, e, uma vez introduzido, converte-se logo em fator ativo de mais profunda decomposição social. Não é este o caminho que leva a felicidade ao seio das famílias. As desventuras conjugais nascem de paixões mal dominadas, e o divórcio não é escola de disciplina moral".

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Concluímos que os divorcistas, ao protestarem contra o matrimônio corno sendo jugo intolerável e soturna prisão, e indicarem urna ilusória libertação, estimulam as pequenas divergências domésticas, mutilam as famílias, deixando os cônjuges na vergonha, encarcerados de seus instintos animais e os filhos sem a garantia ele um futuro seguro, do afeto e da proteção dos pais. Enquanto que a simples idéia da indissolubilidade é uma garantia para estabilidade do lar, para a honra dos esposos e a segurança da prole. ♦

Notas: 1. Padre Leonel Franca S. J ., O Divórcio ( 18931948), Rio de Jan eiro, Empres a Editora A.B.C . Llda, 1936, pp. 46 a 53 . 2. Referido pelo Conde d ' Haussonvi lle. Cfr. Le Recuei/ d es Menwire.1· de / 'A cadém.ie eles sciences morale.1· e1 poli1iques, na sessão de 16de julhode 1910. 3. Goethe , Fausl , Prolog in Himmel.

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PERSEGUIÇÃO RELIGIOSA segui ção re li g iosa. N a C hina, B ispos e Padres são e ncarcerados por sua fidelidade à Igreja Católi ca. Na África, assassin am-se barbaramente missionários e catecúmenos. Na Índia, fiéis de a mbos os sexos e ele todas as idades são impiedosamente massacrados. Nos países a inda esmagados sob o jugo comuni sta, missionários têm que e nfre nta r probl emas de toda ordem, que vão desde os obstácul os para impressão ed istribuição de li vros reli g iosos até a construção de igrejas. Um pequeno apa nh ado noticioso é s ufic ie nte para a cons tatação desta realid ade, ao mesmo tempo trágica e g lori osa.

China comunista

Frankfurt - Na aurora do terce iro milên io, morre um número oito vezes mai o r de cristãos do que nos sécu los das grandes perseguições. Os novos Neros chegam no meio da noite. Estão armados de paus e flechas. Acordam o sacerdote que dorme após um dia ele labores. Golpeiam-no crue lmente. A vítima tenta fug ir. Em vão. As flechas ele seus carrascos - uma dúzia de fanáticos hindus - o a lcançam , atravessam seu corpo, prostrando-o por terra. Aru l Doss, um padre de 35 anos, acaba de mo rrer. Não se trata do martírio ele um sacerdote, ocorrido q ui çá durante o grande surto missionário do século passado. Não. O fato deu-se no d ia 29 de sele mbro de J999 em Jam uban i, uma aid ia ao no rte ela Índia.

Os dois fronts da perseguição religiosa Nos pri111 ·iros séc ul os da e ra cristã , o d ·s.ibro ·har do ri sl ia ni mo trou 16

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1 1C I

MO

xe consigo pe rseg u1 çoes implacáve is promov ida s pe lo s C és are s pa g ão s. Dessas pe rseg uições tornou -se símbolo indel é ve l o Co li se u, o belo e , para a época, imenso a nfi teatro romano , onde milhares e milhares de cristãos entregaram sua vicia pela Fé. Os sécul os passaram. A Igreja expandiu-se pelo mundo inteiro . Hoj e, o número de católi cos ul trapassa a um bilhão, cerca de 20% da população mundial. Porém , as perseguições não cessaram . Existe hoje em dia um Coli seu que abarca o mundo inteiro. E le vaise tornando cada vez mais implacável, · cruel e sanguinário. A persegu ição religiosa hodierna dáse em doisfronts: o primeiro, quase imperceptível , o da perseguição ideológica e moral, estende-se praticamente por todo o Ocidente. O segundo, o da perseguição declarada e de cunho sangrento, dá-se presentemente e m países dominados pelos fanatismos com unista, maometano o u pagão. Há algo de diabólico ni so tudo.

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A perseguição violenta No .frmit da perseguição violenta e declarada constata-se, nesta aurora do terceiro milênio, que o número de católi cos que morrem pela Fé supera o dos cristãos sacrifi cados à san ha pagã nos primeiros séc ul os do Cristiani smo. Seg undo a rev ista alemã "PUR", mo rreram somente no a no passado 164.000 cristãos em todo o munclo Comparando percentualmente esta c ifra com a dos seis milhões de mártires que, seguindo as pegadas de Santo Estêvão, morreram ao lo ngo dos três primeiros sécul os do Cristia nismo, c hega-se a um núm ero o ito vezes maior. O que ali ás comprova a afirmação do Prof. P línio Corrêa ele O live ira, segundo a qual o século XX não termina ri a sem q ue ocorresse uma das maiores perseg ui ções re li g iosas de toda a Hi , tó ri a· da Ig rej a. De falo , não há prati ca me nte ne nhum onli nc nl c o nde, no momento, não st ja have ndo, ele modo velado o u cl ·!arado, esta o u aq uela forma de per-

A Igreja subterrânea, fiel a Roma, j á oferece uma lo nga hi stóri a de perseg ui ção. Nos últimos meses, a polícia aprisionou deze nas ele sacerdotes ela Ig rej a subte rrânea - co n s id erada "clandestina" pelos com unistas. Pelo me nos seis Bispos "desapareceram" , alguns por mais de três anos, todos por se recusarem a ace itar a Igreja "oficial" da Associação Patriótica. E m Zhejiang, fo i conde nado e m março, pelo tribunal ele Wenzhou, a se is anos de prisão, o padre Jiang S uni an, por have r impresso e distribuído bíblias e mate ri a l religioso. Desde sete mb ro do ano passado, o governo de Wenzhou vem obrigando os cató li cos clandestinos a e ntrare m para a Associação Patriótica

Católica, controlada pelo Partido Comunista. Q uem se opõe, é submetido a toda espécie ele violência. A polícia já destruiu desde fevere iro passado sete igrejas e prendeu vários sacerdotes e fiéis. O B ispo da reg ião, Mons. James Lin X ili , de 8J a nos, foi preso numerosas vezes e s ubmetido a programas de reeducação para obrigá- lo a se in screver na

Associação Patriótica 2• A Cardinal Kung Foundation denun ciou, em fe vereiro último, que o governo c hinês prendeu o Arcebispo de Fuyhou, D. John Yang S hudao, fiel ao Papa. D. S hudao, de 80 a nos, dos quais passou 30 nos cárceres comuni stas, foi preso à me ia- noite por cerca de 150 policiais . O Presidente da Cardinal Kung Foundation declarou que "contra-

riamente às qfirmações do regime comunista chinês, de que existe liberdade religiosa no país, há atualmente pelo menos oito Bispos e de zenas de padres e leigos nos cárceres. Ademais, diversos Bispos e padres católicos encontram-se sob o regime de prisão domici lia,: Como não temos suficientes i11formações, o número de presos deve ser muito maior" 3 • Na diocese de Fujian, foram destruídas no ano passado 13

s ionara m a registrar a Igreja subterrânea de Mindong. O Bispo voltou, mas encontra-se "sob controle". Em Bebei, fo i preso em fins de novemb ro o Bispo Han Di ngx ia ng, de 63 anos, quando pregava um retiro. Desde e ntão, seu paradeiro é desconhecido. D. Dingx ia ng, preso anteriormente diversas vezes, já passou ao todo 20 anos na cade ia. Os padres G uo Zibao, Wang Z he nghe e X ie Guo lin foram e ncarcerados ta mbém em 1999. Ademais, estão desaparecidos três Bispos da reg ião: D. S u Zhimin , de Baodi ng, seu Bispoa uxili ar; D. An Shuxin e D. Jia Z hi g uo, ele Z he ngcli ng.

Nigéria Apesa r dos protestos e né rg icos dos cató li cos, o governo is la mita do Estado de Kad un a ve m tentando impor a lei corân ica (sharia). Este fato tem provocado constantes ataq ues de muç ul manos contra os cató li cos. Recentemente , ho uv e choq ues sa ng re ntos, quando um grupo de muç ulm a nos tentou impedi r manifestação de milha res de cristãos contra a impos ição da sharia e m Kad un a.

ig rej as . Em o utub ro , o Bispo de Mindong, X ie Shig ua ng, de 85 anos, foi

"chamado para uma conversa" co m representa ntes do govern o que o pres-

1

Acima: Distribuição da Sagrada Eucaristia a fiéis da Igreja Subterrânea, na China

À esquerda: Sr. Thomas McKenna, Vice-Presidente da TFP norteamericana, reza junto ao esquife do Cardeal lnatius Kung, que resistiu heroicamente ao governo comunista chinês, falecido no dia 12 de maio último em Stanford (E.U.A.) .

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Em Díli, capital do Timor Leste, velha católica, vítima da perseguição muçulmana, enxuga lágrimas enquanto segura um crucifixo

dres e re li giosos estrangeiros e mantém um controle e trito sobre a educação ele seminari stas. Contra tal controle protestou o Cardeal Kazimierz Swiatek: "O que nós

da "re-conversão" ao hinduísmo cios cató li cos indianos 6 .

temos aqui é uma espécie de Chernobyl espiritual. Permanecem.os na trilha de 60 anos de destruição espiritual. É uma ve,dadeira catástrofe para o povo, que vive num vás cuo espiritual " .

Sri Lanka No início de junho, foi assass inado C.Y. Guneratne, Ministro de Desenvol-

vimento Indu stri al e católico proeminente no país. Mons. Nicholas Marcus Fernando, Arcebispo ele Colombo, comentou: "Sinto um grande desconcerto e profunda tristeza. O ministro Gu-

Sudão O Bispo exilado de El Obeid, D. Macram Gassis, denunciou , em março, durante uma visita aos Estados Unidos, que está em cu rso em seu país um verdadeiro genocídio dos católicos, planejado pelo regime islamita de Kartum. Já em julho de 1998, haviam sido aprisionados dois sacerdotes e 25 leigos, acusados de ter participado de um atentado em Kartum . Cinco dos prisioneiros morreram no cárcere, em virtude de torturas. O último ataq ue desferido contra os cató li cos fo i o bombardeio ele uma esco la em Kauda, durante o qual morreram 2 1 crianças e ·eus professores. Asim se expre. sou a respeito, em mensagem dirigida a seus diocesanos, D. Gassis: "O Front Islâmico Nacional está levando a cabo um genocídio dos cristãos .... com o obj etivo de estabelecer um Estado muçulmano radical. ... . Não posso lhes restituir seus 21 filhos, mortos em Kauda pelo regime. Hoj e há muitas Raquéis em Kauda que choram a perda de seus.filhos" 4 •

Congo No dia 7 de junho passado, tropas ruandesas e ugandesas bombardearam a catedra l católi ca de Kisangani. "Destruir a Igreja Católica e suas obras sociais a serviço da população é o único objeti vo comum dos ruandeses e ugandeses que ocupam o Leste do Congo",

d nuncia o 18

oi gio de Consultores da

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Diocese de Bukavu, em mensagem publicada pela Agência Fides. O Núncio Apostólico, Mons. Francisco Lozano, declarou, em entrev ista, que a destruição da catedral, os ataques a membros da Hierarquia, a sacerdotes e seminaristas não passam de "uma explosão de loucura injustificada". E recordou que alguns Prelados foram obrigados a abandonar suas dioceses: D. Emanuel Kataliko, Arcebispo de Bukavu, e D. Gapangwa Nteziryayo, Bispo ele Uvira, refugiado em Roma. No mês ele maio passado, foi a altaclo o Sem in ário Maior ele Murhesa e assa. sinado o seminarista Claude Gustave Amzati 5 .

Índia No dia 8 de junho, foram incendiadas no decurso ele poucas horas, quatro igrejas no sul do país: uma em Goa, duas em Andra Pradesch e outra em Karnataka. No dia anterior, havia sido assass inado um sacerdote no norte do país. Shantaram Naik, dep utado cio Partido cio Congresso em Goa, teme _que os ate ntados sejam " uma cm.tecipação do que nos espera em Goa", o antigo enclave português, onde vive o maior contingente de cató licos da Índia. Naik considera que os ataques são de responsabilidade cio Vish.wa Hindu Parischad (VHP), o Conselho Mundi al dos Hindus. O VHP,juntamente com outros grupos de fa náticos hindus, vem promovendo em toda a Índia uma ca mpanha contra os mi ss ionári os e a favor

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O sangue dos mártires: semente de novos cristãos

neratne era um católico fervoroso, que representou sempre as autoridades em suas relações com a Igreja. Nas eleições de 1999, ele empenhou-se em mudar a data da votação que coincidia com a Quinta-Feira Santa" 1 .

Esses são apenas alguns exemplos ela ond a ele perseguição violenta mov ida contra católi cos em alguns quadrantes ela terra. Onda que faz lembrar a famosa apóstrofe de Tertuli ano - o cé lebre polemista cristão do sécul o li - ao exprobrar o Procurador Romano: "Plures efficinuu; quotiens

Indonésia

rn.etimur a vobis: semen est sanguis Christian.o rum". (Torn amo-nos nume-

No dia I º ele janeiro, fa náticos muçulmanos atacaram e espancaram até a morte o seminarista Josef Jami, ele 29 anos, da Sociedade do Verbo Divino, em Ende. Ainda em janeiro, 600 católicos ela ilha ele Lombok foram obrigados a fu gir por ca usa da onda ele violência ele ·encacleacla por muçulmanos radicais e que custou a vida de cinco pessoas. A viol ência explod iu ao fim de uma mani festação islâm ica. No mês de maio passado, perderam a vida 78 pessoas e centenas ficaram feridas, em virtude de um ataq ue de muçulmanos a duas vilas cri stãs, nas ilhas Molucas.

Bielorússia A vida dos dois mjJhões de católicos da Bielorússia (ou Rússia Branca) é difícil, apesar do estabelecimento de relações dipl omáticas com a Santa Sé em 1992. Mais ele 90% das igrejas católicas foram destruídas ao longo ela ditadura comunista. Em Minsk, cap ital do país, é impossível conseguir licença para construir igrejas. Rcccnt mente, foi negada autori zação aos capuchinhos para ed ificar uma i r ja. s sa lesianos celebram mi ssas num hangar empre tado por uma f'ábri ·a. /\ ·atcdral foi transformada num club · d ' tiro ao alvo. Por outro Jado, o 1 0v ' mo tem limitado a entrada de pa-

Tal ac usação encontrou eco num artigo cio corres pondente Rea li Juni or, estampado no "Estado de São Paulo", de 14-6-2000. O di ári o paulista publicou parte ela resposta clara e firme da entidade, sob a epígrafe "A TFP contesta", e na qual se diz: "A TFP

rosos todas as vezes que somos ceifados por vós: é semente o sangue cios 9 cri stãos !) . Deveras, a perseguição violenta choca e provoca justa indignação. Há, porém, uma forma mais sutil de perseguição, a respeito ela qual cumpre estar alerta.

A perseguição suave, moral, mas implacável No mundo oc idental, vai a marcha 10 da Revo lu ção gnóstica e igualitári a cri ando um clim a irrespiráve l para os católi cos que timbram em ser fiéis à moral ensinada por Nosso Senhor Jesus Cri sto. Contra estes vai-se con titu indo uma onda de perseguição que pode ass umir proporções apocalípticas. E surge no hori zonte uma nova forma de martírio. Martírio não mais de sangue - ao menos por enquanto -- mas de alma. Em todos os lugares e em todos momentos, contra jovens e adultos, a perseguição suave, mas implacável, abate-se inexoráve l sobre todo aquele que ouse procl amar-se um católico semjaça, que não pactua com os erros e pecados hod iernos. Quanto mai di fíci I for a resistência a essa forma de per egu ição sobre a qual pouco ou nada se fala , tanto mai s glori oso será resistir-lhe com redobrada força de alma.

O Bispo católico D. Macram Max Gasis visi-

ta diocesanos residentes nos Montes Nuba, em sua diocese de E/ Obeid, no Sudão. Os católicos sudaneses estão sendo cruelmente perseguidos pelo Governo muçulmano radical de Kartum

Ilustra isso de modo cloq í.i cnte a perseguição inexorável que o governo ele maiori a soc ialista ela França move contra a TFP daquele país. Inconforme com a imoralidade sem freios propagada por certos programas ele telev isão, a TFP francesa vem , desde há mai s de uma década, alertando a população católica contra os aspectos deletérios de tais programas. Isso suscitou a ira ele parlamentares, que desde então não poupam esforços para desacreditar a TFP francesa junto ao público cató li co, ao mesmo tempo que se entrega m a toda espéc ie ele "tratativas" para tentar fec har "legalmente" a entidade. Parte integrante ela manobra de descrédito consiste, por exemplo, em acusar a TFP ele ser uma seita. As populações cristãs do sul do Sudão, víti-

' .francesa rejeita o qualificativo de seita que lhe atribui de maneira discriminatória e ilegal o governo socialista. Cada um dos membros da TFP professa publicamente sua pertencença à San.ta Igreja Católica, Apostólica e Ro1nan.a. A evolução da legislação .fi·ancesa que venha a adotar uma atitude discrim.inatória e antidemocrática em relação a uma associação de leigos católicos como a TFP é de natureza a preocupar todos aqueles que têm por princípio sagrado a liberdade de expressão e o respeito às diversas correntes de opinião presentes num. país."

O quotidi ano omitiu , porém, a última frase ela mi ss iva, indispensável para a perfeita intelecção da frase anterior: "Estou persuadido de que a defesa desse princípio é um. ponto de honra para o seu jornal e que o seu senso de justiça quanto à imparcialidade j ornalística o levarão a publicar integralmente uma tradução desta carta".

* * * Perseguidos, os católi cos crescem. A tremenda perseguição religiosa que se promove no mundo inteiro, seja ela de índole moral ou violenta, constitui desde já um prenúncio ela aurora do Reino de Maria, anunciado por Nossa Senhora em Fátima. ♦

mas dos ataques das tropas governamentais

e de bombardeios, privadas de suas igrejas, reúnem-se ao ar livre para rezar

Notas: 1. "Pur - Magazin t"lir Politik und Religion", Nº. 5, maio 2000. 2. Agência Zeni r, Roma, 17-5-00. 3. Idem, ibidem, 17-5-00. 4. Idem, ibidem, fev. 2000. 5. Idem, ibidem, 12-6-00; 16-6-00. 6. Idem , ibidem , 9-6-00. 7. Idem, ibidem, 16-6-00. 8. Idem, ibidem , fev. 2000. 9. "Apologeticum" , 50, 14. JO. Sobre a Revo lução gnóstica e igualitária, sua gênese e suas carac terística s, ver Plínio Corrêa de Oli ve ira , Revolução e Contra-Revolução, Artpress, São Pau lo, 1998.

CA TO LI

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CAPA Fax do C.,el. Erasmo Dias f2l Magnífico sob todos os aspectos o "Império de Satanás" em o Catolicismo do corrente mês. Deveria ser leitura obri gatória de nossos fil ósofos marxistas defe nsores dos "direitos humanos" da "cidadania inf ernal"! Particularmente os atuais detentores do Poder, "valorizando o marginal " e "ma rginalizando o policial e o cidadão" é uma dessas manifes tações da cidadani a infe rnal concedida aos marginais no Império de Satanás. (E.D. -

SP)

consultório médico e pedi levála para casa, a fim de anali sá- la melhor. Admirei a revi sta, a sua apresentação e os ass untos nela tratados e reso lvi então tornar-me ass in ante desde a edi ção de nº 558, corres ponde nte ao mês de maio de 2000 (o mês de Mari a) . Parabéns pela magnífica reportagem "Santidade - a verdadeira glória de Jacinta e Francisco". É um info rmativo ímpar que deve ser lido por todos os fi éis ao catolicismo. (V.M.C.B. -

RJ)

Assuntos atuais e polêmicos

Corrupção jamais vista

R A revi sta Catolicismo apresenta material gráfi co de excelente qual idade. Os escritos nela contidos são desassombrados, própri os para os momentos atuais que passa a nossa Pátria com comunistas no Poder. Além deles, em grande número, estamos contemplando uma corrupção jamais assistida em países civilizados. (E.C.S. -

RS)

Motivo de meditação

M Receb i a rev ista Catolicismo cio mês ele maio e não sei como expressar meu contentamento, vou lendo e, às vezes, chorando, porque as pessoas não melhoram para imitar a Jesus, uma vez que fo mos fe itos à sua imagem e semelhança. Co mo fo i maravilhoso ler a hi stória cio profeta Isaías; gostari a que publicassem a respeito dos outros profetas ... Todos artigos da revi sta são lindos e gostaria de falar ele cada um deles, m·as todos servem para minha meditação. (A.M.G.R. -

MG)

Num consultório médico... [2J Conhec i a revi sta Catolicismo através de um exempl ar num

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Setembro de "2000

M Escrevo para contar o quanto adoro a revista Catolicismo. Admi ro muito a criatividade dos escritores, pois a cada edição a revista se torna mais interessante. Sou devota de Nossa Senhora de Fátima, gosto de todas as reportagens sobre a vida e a hi stóri a ele todos os santos. A fé que tenho em Nossa Senhora tem me ajudado muito em minha vida. F ico alegre toda vez que vejo a rev ista, pois vocês têm a capacidade ele tratar assuntos atuais e po lêmi co . em e quecer a fé em De us. Mui to o bri gada por esta oportunidade de ex pressar a mi nh a gratidão e a minha admi ração por esta rev ista, principa lme nte pelas palavras do Sacerdote. (A. P. G. -

SC)

"Educativa, inspirada e abençoada por Deus" [2J Já faz quase três anos qu e assino a revi sta. É ótima e de grande utilidade para todos, pois é educativa, inspi rada e abençoada por Deus. Caro co lega Dr. Paul o, a rev ista está excele nte, tratando de acontecimentos passados e atuais de nossa Santa Igreja Cató li ca, Apostóli ca, Roma na, de nosso Brasil e de acontec imentos inter-

nacionais. Isto é que interessa se quisermos fi car em dia com o que se passa de realmente importante no mundo e visto no pri sma da be ne mé rita e grandi osa revi sta Catolicismo. (L.V.G. -

Terceira parte do Segredo de Fátima: visão profética, angustiante de início, que termina numa imagem de esperança

BA)

Subsídios para catequistas

Na edição anterior, Catolicismo noticiou a divulgação da terceira parte do Segredo de Fátima e forneceu aos leitores o texto completo das três partes do referido Segredo. Em cumprimento da promessa de um comentário sobre a parte ora divulgada, publicamos aqui substanciosa apreciação redigida pelo fatimólogo Antonio Augusto Borelli Machado, autor do bestseller As aparições e a mensagem de Fátima conforme os manuscritos da Irmã Lúcia, publicado em 18 línguas e perfazendo o impressionante total de 3, 7 milhões de exemplares.

f2l É co m grande aleg ri a e sati sfação que escrevo para di zerlhes co mo esta revi sta é importante para mim , pois Catolicismo te m me ajudado muito. E u so u catequi sta e coorde nadora de grupo de fa míli a e nesta revi sta e ncontro mui tos subsídi os para a refl exão. É tão marav ilhosa quanto ri ca e m suas reportagens prec iosas . Eu me sinto muito fe li z quando recebo a revi sta e procuro rele r as pág inas para aprofund ar mais no conhecime nto ele seus conteúdos. Quero parabenizar o Dr. Paulo por tão importante ini ciativa que tanto bem nos faz e que Deus o abençoe sempre. (M.F.W.V. -

PR)

"Um Homem, uma Obra, Uma Gesta" [>,<] A indi cação do livro com as atividades da TFP para mim é prec iosa. Acompa nho este benemérito mov ime nto desde o iníc io desta década, na é poca da li bertação da L ituâ ni a, co m a ati vid ade qu e os da TFP fizera m para livrar aq uele país dos ru ssos. M as não conheço o passado do mov imento fund ado já e m 1960, segundo informação que colhi no arti go da revi sta Catolicismo que acabe i de ler. Espero pode r receber, logo mais, um exempl ar do li vro "Um Homem, uma Obra, um a Gesta" para conhecer mais porme nores do movimento T FP.

(G.R.R. -

CE)

ANTON IO AUGU STO BORELLI M ACI !ADO

E

ntre os gra ndes acontecimentos já ocorridos ou por ocorrer neste ano de 2000, ocupará certa me nte um lugar ímpar a revelação da terce ira parte do Segredo de Fátima fe ita pela Santa Sé, co m grande aparato publicitário, no últim o di a 26 de junho, na Sala Stampa do Vaticano. A sessão, presidid a pe lo próprio Cardeal Joseph Ratzinger, Prefe ito da Co ngregação pa ra a D o utrin a da Fé, aco mpanhado de ..,.,,._,;-..,,_ ,;,..;;;-_: M ons. Tarcisio Berto·-:::=1. ;_:f. ,'f;;;:",u,_ ne, Arce bispo-eméri.,,::;_-=.,_&J.~ to de Yercelli e Secre..... ,,,!J_,,..,._,..• ,__

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Na confe rê ncia de imprensa da Sala Stampa, o Cardeal Ratzinger fo i enfáti co ao afi rmar que de forma alguma a Santa Sé pretendi a impor essa interpretação, pelo que se deduz estar fac ultado aos estudi osos tentar aprofundá- la ou mesmo oferecer novas perspectivas de interpretação. Com quanta prudência e modéstia devem fazê- lo, é supé rfluo encarecer. ~-.,lhJ/...1-•--r-11-J.-A.:" _ , .. fl-,..r ....-,:J.,4,/) .... _,

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cismo (de mai o de J 953 e fevereiro de l958, respectivame nte) e que também transcrevemos aqui (ver pp. 22-23 e 2627), constituem autênticas glosas do terceiro Segredo, feitas com mais de quatro décadas de antecedência! Para maior facilidade de compreensão, in terca lamos subtítul os no texto da terceira parte do Segredo, que extraímos do referido documento apresentado pela Sagrada Congregação da Doutrina da Fé. Os núm eros co locados depois de cada subdivisão re metem para os Nossos comentários logo abaixo.

U-9...,L.._ ,.......,l,(.!..... ......."-tári o da mesma Con..4 .• 1. : . - -... - ,,., •. J ... ".J,.. .A,. •• .iJ....~ ~~~-......, . .,..,._........ 11.-,,-.,.m ~ ••--,i1,,,.,..,,,,_NJ,._A_ gregação, foi retrans,,1--•-.. t:;r..:~:..✓-7-,~ ..... ~1-1,._,.,1,,_ ,,,,__.,J., miti da ao vi vo pela * * * rede de TV estatal itaFac símile do manuscrito que contém a terceira parte do segredo Ji ana e outras emi ssoTerceira parte do segredo: ras de TV de todo o mundo. De nossa parte, é o que despretensiosamente procuraremos encetar em seO documento divulgado pela Santa Sé Visão profética de um castigo guida, aduzindo conceitos da espirituase intitula A mensagem de Fátima e reúiminente, de uma catástrofe li dade montfo rtiana (d~ São Luís Maria ne diversas peças da maior importância, imensa e do grande retorno Grignion de Montfo rt), tão afin s com a entre as quais um Comentário teológico, das almas a Deus feito e assinado pelo Cardeal Ratzinger, Mensagem de Fátima, bem co mo enri "J.M.l quecimentos desses conceitos produziconte ndo uma explanação sintética sobre A terceira parte do segredo revelado do pelo eminente pensador e homem o "lugar teológico" da revelação públi13 de Julho de 19 17 na Cova da Iria a de ação católico, Prof. Plínio Corrêa de ca e das revelações pri vadas na Igreja, Fátima. seguido de "uma tentativa de interpretaOliveira, fa lecido em 1995. Excertos de Escrevo em acto de obediência a Vós ção do 'segredo ' de Fátima". dois arti gos seus pu blicados em Catoli,A;,,,'H ...

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GAT OL IC ISMO

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tas da Madre Cunha Mattos, que f ora superiora da Irmã Lúcia em Tuy e que recebera as confidências mais íntimas da Vidente, Nossa Senhora apareceu à religiosa no dia 2 de janeiro de 1944 e disse-lhe para escrever a terceira parte do Segredo. Essa aparição deu-se porque a Vidente não sabia o que fa zer, dado que o Bispo de Leiria lhe ordenara que o escrevesse e o Arcebispo de Valladolid, que

tomava conta da diocese de Tuy, lhe dizia que não" (op. cit., Edições Loyola, São Paulo, 1984, pp. XXV-:XXV[).

parte do 'seg redo' consiste num.a visão profética, comparável às da história sagrada ", afirma Mons. Bertone no re-

2. "A Irmã Lúcia concorda com a interpretação segundo a qual a terceira

latóri o que fez do colóqui o com a vi dente em 27 de abri l de 2000. A vi são se divide em três cenas esquemati camente di stintas, mas que se articulam de modo muito coerente e profund o. Na primeira cena, como observa o Cardea l Ratzinger e m seu Comentá-

sentar remédio que corte o passo a este processo mórbido de envergadura universal. O elemento essencial das mensagens de Nossa Senhora e do Anjo de Portugal em Fátima, no ano de 191 7, consiste exatamente em abrir os olhos dos homens para a gravidad e dessa situação, em lhes ensinar sua explic ação à luz dos planos da Providência Divina, e em indicar os meios necessários para evitar a catástrofe . É a própria História de nossa época e, mais do que isto , o seu futuro, que nos é ensinado pela M ãe de Deus . O Império Romano do Ocidente se encerrou com um cataclismo iluminado e analisado pelo gênio de um grande Doutor, que foi Santo Agostinho.

O ocaso da Idade Média foi previsto por um grande profeta, São Vicente Ferrer . A Revolução Francesa, que marca o fim dos Tempos Modernos, foi prevista por outro grande profeta, e ao mesmo tempo grande Doutor, São Luís Maria Grignion de Montfort. Os Tempos Contemporâneos , que parecem na iminência de se encerrar com nova crise, têm um privilégio maior. Veio Nossa Senhora falar aos homens. Santo Agostinho não pôde senão ex plicar para a posteridade as causas da tragédia que presenciava. São Vic ente Ferrer e São Luís Grignion de Montfort procuraram em vão desviar a torm enta: os homens não os quiseram ouvir. Nossa Senhora a um tempo explica os mot ivos da crise, e indica o

O estado de afastamento da humanidade em relação a Deus é merecedor de um castigo supremo

rio teológico, "o anj o com a espada de f ogo à esquerda da Mãe de Deus lembra imagens análogas do Apocalipse: ele representa a ameaça do juízo que pende sobre o mundo ". O Anjo - narraa l rrnãLúcia-com o c intilar ele sua espada "despedia chamas que, parecia, iam incendiar o mundo". É óbvio que o Anj o não iria executar essa ação por decisão própria, mas

Acima: o Prelado com a religiosa em Tuy (Espanha) . À esquerda, o Bispo de Leiria tendo à sua frente o envelope que continha o texto da Mensagem. D. José Alves Correia da Silva, Bispo de Leiria, ordenou à Irm ã Lúcia escrever a mensagem de Nossa Senhora.

Deus meu, que mo mandais por meio ele sua Ex .eia Rev.ma o Senhor B ispo de Le iri a e da Vossa e minha Sa ntíssima Mãe ( 1).

Primeira cena: A ameaça de castigo que pende sobre o mundo Depois elas duas partes que j á ex pu s, vimos ao lado esquerdo ele Nossa Senhora um pouco mais alto um Anj o com um a espada ele fôgo em a mão esquerda; ao centil ar, desped ia c ha mas que parec ia iam encendiar o mundo; mas apagavam-se com o contaclo do brilho que da mão dire ita ex pe li a Nossa Senhora ao seu encontro: O Anj o apo ntando co m a mão dire ita para a terra, co m voz fo rte di sse: Penitênc ia, Penitência, Peni tência ! (2 ).

Segunda cena: Uma pavorosa catástrofe que deixa o mundo meio em ruínas e produz vítimas em todas as categorias sociais, inclusive e maximamente o Santo Padre, o Papa E vimos n' uma lu z e me nsa qu e é Deus: "algo seme lhante a como e vêem a pessoas n' um espelho qu and o lhe passam por diante" um Bispo vestido ele Branco "Livemos o pressentime nto ele que era o Santo Padre". Vari os outros Bisp s, acerdotes, religiosos e re ligiosas subir uma escabrosa montanha, no c imo da q ua l e tava uma gra nde Cru z de tro ncos toscos como se fôra ele so22

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breiro com a casca; o Sa nto Padre, antes de chegar aí, atravessou uma grande c idade me ia em ruínas, e meio trémul o com andar vacilante, acabrunhado de dôr e pe na, ia orando pelas a lmas cios cadáveres que e ncontrava pelo caminho; chegado ao c imo cio monte, prostrado de juelhos aos pés da grande Cru z foi mor. to por um grupo de soldados que lhe dispararam va ri os tiros e setas , e assim mes mo fo ram morrendo uns trás outros os Bispos Sacerdotes, religiosos e religiosas e vari as pessoas secul ares, cavalheiros e senho ras ele vari as cl asses e pos ições (3 ).

Terceira cena: O Grande Retorno da humanidade a Deus Sob os dois braços da Cruz estavam dois Anj os cada um com um regador de cri stal em a mão, n'êles recolhiam o sangue dos Marti res e com ê le regavam as almas que se aproximavam ele Deus (4 ). Tuy-3- 1-1944"

Comentários Nossa Senhora aparece à Irmã Lúcia no dia 2 de janeiro de 1944 1. A Irmã Lúc ia escreve por or lem do B ispo de Leiria, D. José Alves orreia da Sil va, e ela própria Mã le Deus. Em seu livro Novos documentos de Fátima, o Pe. Antóni o Maria MarLins .J . tra nscreve um documento do acervo do Cônego Sebasti ão Martins dos Reis, no qual se lê: "Segundo declarações escri-

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sociedade humana apresentava na primeira parte deste século, isto é, até 1914, aspecto brilhante . O progresso era indiscutível em todos os terrenos . A vida econômica tinha alcançado uma prosperidade sem precedentes. A vida social era fácil e atraente. A humanidade parecia cami nhar para a era de ouro . Alguns sintomas graves, entretanto, destoavam das cores risonhas deste quadro. Havia misérias materiais e morais. Mas poucos eram os que mediam em toda a sua ext ensão a importância destes fa tos. A grande maioria esperava que a ci ência e o progresso resolves sem todos os problemas . A Primeira Guerra Mundial veio opor um desmentido terrível a estas perspectivas. Em todos os sentidos, as dificuldades se agravaram incessantemente até que, em 1939, sobreveio a Segunda Guerra Mundial. E assim chegamos à condição presente, em que se pode dizer que não há sobre a Terra uma só nação que não esteja a braços, em quase todos os campos, com cris es gravíssimas. Em out ras palavras, se analisamos a vid a interna de cada nação, notamos nela um estado de agitaçã o, de desordem, de desbragament o de apetites e ambições, de subversão de valores, que se já não é a anarquia franca, em todo caso caminha para lá. Nenhum estadista de nossos dias soube ainda apre-

]

Santo Agostinho (esq.), São Vicente Ferrer e São Luís Maria Grignion de Montfort, três grandes santos que previram o ocaso de suas respectivas épocas

seu remédio, profetizando a catástrofe caso os homens não A ouçam. De todo ponto de vista, pela natureza do conteúdo como pela dignidade de quem as fez, as revelações de Fátima sobrepujam, pois, tudo quanto a Providência tem dito aos homens na iminência das grandes borrascas da História. Os diversos pontos das revelações relativos a este tema constituem propriamente o elemento essencial das mensag ens. O mais, por importante que seja, constitui mero complemento. Catolicism o, nº 29. maio 19 53 !extratos)

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havia recebido ordens de De~s para isso. De onde se deduz facilmente que o mundo está numa situação espiritual e moral tal que mereceria ser castigado por Deus por essa forma. E, ao que parece, tratarse-ia de uma destruição total. Assim o interpreta o Cardeal Ratzinger: "A possibilidade que este [o mundo] acabe reduzido a cinzas num mar de chamas, hoje já não aparece de forma alguma como pura fantasia: o próprio homem preparou, com suas invenções, a espada de fogo". O primeiro ponto a reter, portanto, é que a humanidade está de tal maneira afastada de Deus e de sua Igreja - o que se manifesta claramente por uma recusa teórica e/ou prática de sua Dou-

Entretanto, Nossa Senhora intervém, e obtém de Deus que o Anjo não leve a ação ao seu termo normal, que seria a destruição do mundo. As chamas lançadas pelo Anjo em direção à Terra "apagavam-se com o contacto do brilho que da mão direita expedia Nossa Senhora ao seu encontro" - descreve a Irmã Lúcia. O que significa que Nossa Senhora tem desígnios de misericórdia em relação ao mundo, e quer dar a este uma oportunidade de salvação. Mas para isto é preciso que a humanidade reconheça o seu pecado e faça penitência. Por isso, no quadro final dessa cena, "o Anjo, apontando com a mão direita para a terra, com voz forte disse: Penitência. Penitência. Penitência!". O fato de o Anjo clamar "com voz forte" e repetir o brado de "Penitência" por três vezes indica que não se trata de uma penitência feita com superficialidade de espírito, mas de uma penitência séria, que implique numa conversão profunda. O que, mais uma vez, denota a gravidade do estado de afastamento de Deus em que a humanidade se encontra. A primeira cena é, pois, de uma coerência perfeita.

Uma cena que não seria exagerado qualificar de "apocalíptica" 3. O mundo aparece agora semidestruído ("uma grande cidade meio em

O século XX, conturbado por espantosa degradação moral, por guerras e perseguições à Igreja, não atendeu a advertência maternal de Nossa Senhora

trina e de sua Moral - que isto implica num ato de rebelião contra Deus, merecedor de um castigo supremo. É fundamental frisar tal conclusão, pois muitos católicos de hoje, inclusive de grande projeção, pensam, falam e se comportam como se a situação atual do mundo não fosse essa.

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ruínas ") . É forçoso concluir que a intervenção de Nossa Senhora impediu uma destruição total, porém não uma destruição parcial. Os homens obviamente não fizeram a penitência necessária: o castigo desencadeou-se. Personagem central dessa cena é o Santo Padre que, com "vários outros

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Bispos, Sacerdotes. religiosos e religiosas", vai subindo "uma escabrosa [pedregosa, íngreme] montanha, no cimo da qual estava uma grande Cruz de troncos toscos". Porém, antes de aí chegar, o Papa atravessa "uma grande cidade meio em ruínas, e meio trêmulo, com andar vacilante. acabrunhado de dor e pena. ia orando pelas almas dos cadáveres que encontrava pelo caminho". O Cardeal Ratzinger comenta: "O Papa parece caminhar à.frente dos outros. tremendo e sofrendo por todos os horrores que o circundam. E não são apenas as casas da cidade que jazem meio em ruínas; o seu caminho é ladeado pelos cadáveres dos mortos". A cena é, pois, de uma catástrofe espantosa. Não seria exagerado qualificá-la de apocalíptica, como apocalíptico é o Anjo que a desencadeou (ressalvado sempre que não se trata do fim do mundo, como prudentemente advertiu o Cardeal Ratzinger em seu Comentário teológico). O que terá ocorrido? Segundo a interpretação do Purpurado, "nesta imagem, pode-se ver representada a história de um século inteiro. Tal como os lugares da terra aparecem sinteticamente representados nas duas imagens da montanha e da cidade e estão orientados para a cruz, assim também os tempos são apresentados de forma contraída: na visão, podemos reconhecer o século vinte como século dos mártires, como século dos sofrimentos e perseguições à Igreja, como o século das guerras mundiais e de muitas guerras locais". Em outras palavras, aquilo que a visão apresenta como uma cena única, é, na realidade, uma superposição de cenas análogas de perseguições à Igreja e destruições (guerras) que se escalonam ao longo do século, e que, infelizmente, estão longe de haver termjnado. Basta ter em mente as perseguições a católicos que ocorrem nos próprios dias de hoje, em diversas partes do mundo, e os numerosos conflitos ainda existentes entre povos e nações. Essa mesma superpo içã de cenas, o Cardeal Ratzinger distin uc na árdua subida da montanha, onde "podemos sem dúvida ver figurac/0.1· conjuntamente diversos Papas, ·omeçando de Pio X

Cartazes de propaganda nazista (acima) e comunista (abaixo) . Enquanto movimento socialista embora de caráter nacional, o nazismo adotou erros da Rússia soviética

até ao Papa atual. que partilharam os sofrimentos deste século e se esforça ram por avança,; no rneio deles. pelo caminho que leva à cruz. Na visão. também o Papa é morto na estrada dos mártires ". E acrescenta: "Não era razoável que o Santo Padre. quando, depois do atentado de J3 de maio de 1981, mandou trazer o texto ela terceira parte do 'segredo', tivesse lá identificado o seu próprio destino ?" Se bem que tal correlação do terceiro Segredo com o atentado a João Paulo II não tenha alcançado unanimidade nos meios católicos, ela não pode deixar de ser mencionada re peitosamente aqui. Alguns, sem excluir essa hipótese - de que o atentado esteja no contexto das perseguições à Igreja simbol izadas pela visão - preferem ver na imagem do "Bispo vestido de branco" mai s um símbolo dos diversos Papas, do que de uma pessoa em particular, como declarou, por exemplo, o Bispo de Leiria-Fátima, D. Serafim de Sousa Ferreira e Silva (cfr. "Corriere della Sera", 27-6-00). O que, aliás, é opinião compartilhada pelo próprio Cardeal Ratzinger, no trecho citado imediatamente acima. De qualquer mod , a longa série de martírios descrito no terceiro Segredo - que alcança também "pessoas seculares, cavalheiros e senhoras de várias classes e posições" - pro segue em nossos dias, e não e pode excluir que o ód io dos inimigos da Fé chegue a perpetrar novos atentados de igual ou ainda maior magnitude. Quais são os agentes humano. desses atentados e destruições, representados na visão pelo "grupo de soldados " que "dispararam vários tiros e setas" contra o Santo Padre e os que o seguem, matando-os uns após outros? Segundo indicação da Irmã Lúcia em carta dirigida a João Paulo II em 12 de maio de 1982, a terceira parte do Segredo deve ser interpretada à lu z da segunda parte, e mais especificamente das

culo XX. E o faz com fundamento, poi s quer o sociali smo, quer o nazismo são velada ou claramente caudatários dos erros do com unismo, ainda quando se apresentem como opostos a ele. E, ali ás, se projetam, mais ou menos metamorfoseados, século XXI adentro. Assim, é todo o mundo secularizado e amoral de nossos dias - basta pensar no aborto, no amor livre, na uni ão civ il entre homossexuais , que se pretende legalizar por toda parte, nas investidas contra o direito de propriedade, no igualitarismo mai s radical que recusa até as desi gualdades sociais justas, proporcionadas e harmônicas - é todo esse mundo que está de pé, em revolta contra Deus e a Santa Igreja. Cabe, por fim , perguntar qual é o fruto desses holocaustos passados, presentes e futuros. A terceira cena ela visão nô-lo indica.

•~ visão da terceira parte do 'segredo', tão angustiante ao início, termina numa imagem de esperança" 4. A profecia de Fátima só pode ter um ponto final quando a huma.llA 3.llPABCTBYET XXV fOJ.tOB~HHA nidade prevaricadora se reaproximar 'IEHHHCHO-CTAllHHCHoro HOMCOMORA! de Deus. Mas para que essa volta se torne possível, é indi spensável que seja regada por graças especia líssimas, simbolizadas pelo sangue dos Mártires palavras : "Se atenderem a meus pedidos, a Rússia se converterá e terão paz; que os Anjos derramam sobre as almas se não, espalhará seus erros pelo mun- que estavam longe de Deus (se se "aprodo, promovendo guerras e perseguições ximavam" é porque estavam longe) e para Ele retornam . à Igreja; os bons serão martirizados, o Assim parafraseia o Cardeal RatzinSanto Padre terá muito que sofrer, váger a descrição da Irmã Lúcia: "Anjos rias nações serão aniquiladas". E ela recolhem, sob os braços da cruz, o sanmesma comenta: " Porque não temos atendido a este apelo da Mensagem, gue dos mártires e com ele regam as almas que se aproximam de Deus. O scmverificamos que ela se tem cumprido, a Rússia foi invadindo o mundo com gue de Cristo e o sangue dos mártires seus erros. E se não vemos ainda, como são vistos aqui juntos: o sangue dos f alo consumado, o.final desta profecia, mártires escorre dos braços da cruz. O vemos que para aí caminhamos a pas- seu martírio realiza-se solidariamente sos largos ". com a paixão de Cristo, ident!ficandoAo referir-se pela primeira vez ao se com ela. Eles completam em favor do corpo de Cristo o que ainda falta aos texto do terceiro Segredo, no dia 13 de maio de 2000, o Cardeal Sodano geneseus sofrimentos (cf Col 1, 24) . .... O ra liza o agente humano dessas perseguisangue dos mártires é semente de cristãos, disse Tertuliano . ... . Deste modo, a ções para todos o sistemas ateus do sé-

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visão da terceira parte do 'segredo ', tão angustiante ao início, termina numa imagem de esperança : nenhum soji·imento é vão, e precisamente uma Igreja sof redora, uma Igrej a dos mártires to rna-se sinal indicador para o hom.em. na sua busca de Deus. .... Do sofrimento das testemunhas deriva uma força de purificação e renovamento, porque é a atualização do próprio sofi'im ento de Cristo e transmite ao tempo presente a sua eficácia salvijica ". A terra purificada e renovada pelo sangue de M ártires autênticos corresponde à noção de Reino de Maria, do qual fal ou São Luís M ari a Grigni on de M ontfort em seu célebre Tratado da verdadeira devoção à San tíss ima Virgem:

todo único que tem como centro a glóri a de D eus, a exa ltação da Santa M adre [grej a e o bem das almas neste e no outro mundo, como resul tado de uma intercessão poderos íss im a do Co raçã o Imaculado de M ari a junto ao Coração de seu Divino Filho, Jesus.

A crise da

fé - crise da Igreja

Para o pleno esc larecimento da matéri a, re ta tratar do deli cado problema da crise dafé - crise da Igrej a, para o qual apontava a última frase da segunda parte do Segredo, "Em. Portugal se con-

servará sempre o Dogma da Fé".

"Tempo f eliz em que Maria será estabelecida Senhora e Soberana nos corações, para submetê-los plenamente ao império de seu grande e único Jesus .... Ut adveniat regnum tuum, adveniat regnum Mariae" (nº 217). N oção essa que se compagina admiravelmente com as também célebres pal avras que estão no f echo da segunda parte do Segredo de Fátim a: " Por f im, o meu Imaculado

Co ração triunfará". Ou e. se triunfo se dá sobretudo nos coraçõe. do homens - como ressa lta São L uís le M ontforl - ou todo o enredo ela terceira parte cio e redo fi ca completamente cl stitu ícl o de sentido. Pois ó com o retorn o e tável la humanidade a D eus - algo que se poderi a chamar de um Grande Retorno (G ranel Retour em francês, noção que tira sua inspiração de um movimento espiritual na F ran ça que tinha como meta promover o Granel Retour elas almas a Jesus por M ari a) - só com isso será possível que o mundo alcance efetivamente "algum tempo de paz ", confo rme N ossa Senhora prometeu (cfr. texto do segundo Segredo).

Esta frase se encerrava, no manuscrito da Irmã Lúcia (M emóri as IV, p. 340), com um etc . ... A o escrever esta IV M emóri a, a Irmã Lúcia dec lara explicitam ente que "excetuando a parte do

segredo que por agora não me é permitido revelcu; direi tudo, ad vertidamente não deixarei nada" (p. 3 16). Chegavase assim facilmente à conclusão de que a

. terceira parte do Segredo se inseri a precisamente aqui. Feita por fim essa revelação, no dia 26 de junho de 2000, entende-se que é prec iso cancelar esse etc. ... , substituindo-o por um ponto final. A frase em questão eleve, pois, ser considerada, sal vo ulteri ores esc lareci mentos, como conclu siva da segund a parte do Segredo, e não como a frase inici al da terce ira parte, conforme se A ssim, as três partes do Segredo hoj e chegou a pensar. D ecl arou-o expressa·onhec id as podem ser v istas como um

"Haec est dies quamfecit Dominus: exsultemus et laetemur in ea. - Castigans castigavit me Dominus et morti non tradidil me". "Este é o dia que f ez o Senhor: exultemos e rejubilemo-nos nesse dia. - Castigando, castigou-me o Senhor, porém não me entregou à morte " ( almo 11 7, 24, 18).

CAT O L ICISMO

.

Se tembro de 2000

(con//nun

presente artigo, escrito a propósito do centenário das aparições de Nossa Senhora em Lourdes, foi publicado em Catolicismo (n º 86, fevereiro de 1958). Nele, o insigne pensador e líder católico brasileiro de projeção mundial, Plinio Corrêa de Oliveira, analisa a missão de Maria Santíssima na restauração da civJ/ização cristã e na derrota da Revolução (entendida tal palavra como a define o mesmo preclaro autor em sua obra-prima Revolução e Contra-Revolução, isto é, como o processo multissecular de afastamento do mundo ocidental dos princípios cristãos). Seus comentários sobre o estado de mal-estar em que, devido ao pecado, se encontra a humanidade, e os profundos anseios que esta tem por algo de diferente, relacionam -se intimamente com a terceira parte do Segredo de Fátima, publicada quatro décadas depois. Após se referir à proclamação dos dogmas da Imaculada Conceição e da infalibilidade papal, e às medidas de São Pio X sobre a comunhão freqüente, escreve o Prof. Plinio Corrêa de Oliveira:

O inimigo mais forte

do que nunca Mas, poder-se-ia perguntar, o que resultou daí, para a luta da Igreja com seus adversários externos? Não se diria que o inimigo está mais forte do que nunca, e que nos aproximamos daquela era , sonhada pelos iluministas há tantos séculos, de naturalismo científico cru e integral, dominado pela técnica materialist a; da república universal f erozmente igualitária, de inspiração mais ou menos filantrópi ca e hu manitári a, de cujo ambiente sejam varridos todos os

resquícios de uma religi ão sobrenatural? Não está aí o comunismo, não está aí o perigoso deslizar da própria sociedade ocidental, pretensamente anticomunista, mas que no fundo também caminha para a realização deste "ideal'?

O mundo inteiro geme

nas trevas e na dor Sim. E a proximidade deste perigo é até maior do que geralmente se pensa . Mas ninguém atenta para um fato de importância primordial. É que enquanto o mundo vai sendo modelado para a reali zação deste sinistro desígnio, um profundo , um imenso , um indescritível mal-estar se vai apoderando dele. É um mal-esta r muitas vezes inconsciente, que se apresenta vago e indefinido até mesmo qu ando é consciente, mas que ninguém ousaria contestar . Dir-se-ia que a human idade inteira sofre violência , que está sendo post a em um a fôrma que não convém à sua natureza, e que todas as suas fibras sadias se contorcem e resistem . Há um anseio imenso por outra coisa, que ainda não se sabe qual é . Mas, enfim, fato talvez novo desde que começou, no século XV, o dec línio da civilização cristã, o mundo inteiro geme nas trevas e na dor, precisamente como o filh o pródigo quando chegou ao último da vergonha e da miséri a, longe do lar paterno. No próprio moment o em que a iniqüidade parece triunfar, há algo de frustrado em sua aparente vit óri a. A experiência nos mostra que é de descontentamentos assim que nascem as grandes surpresas da História . À medida que a contorção se acentuar, acentuar-se-á o mal-estar. Quem poderá dizer que magníficos sobressaltos daí podem provir? No extremo do pecado e da dor, está muitas vezes, para o pecador, a hora da misericórdia divina ... Ora, este sadio e promissor mal-estar é, a meu ver, um fruto da ressurrei ção da fibra católica com os grandes acontecimentos que acima enumerei ,

ressurreição esta que repercutiu f avoravelmente sobre o que havia de restos de vida e de sanidade em todas as áreas de cultura do mundo.

A grande conversão Foi por certo um grande momento, na vida do filho pródigo, aquele em que seu espírito embotado pelo vício adquiriu nova lucidez, e sua vontade novo vi gor, na meditação da situação miserável em que caíra, e da torpeza de todos os erros que o haviam conduzido para fora da casa paterna . Tocado pela graça, encontrou-se, com mais clareza do que nunca, diante da grande alternativa . Ou arrepender-se e voltar, ou perseverar no erro e aceitar até o mais trágico fina l as suas conseqüências . Tudo quanto uma educação reta nele implantara de bom , como que renascia maravilhosamente nesse instante providencial. Enquanto, de outro lado, a t irania dos maus hábitos nele se afirmava quiçá mais terrível do que nunca. Deu-se o embate interno. Ele escolheu o bem. E o resto da história, pelo Evangelho o conhecemos. Não nos estaremos aproximando desse momento?

O ensinamento de lourdes O futuro, só Deus o conhece . A nós, homens, é lícito entretanto conjeturá-lo segundo as regras da verossimilhança. Estamos vivendo uma terrível hora de castigos . Mas esta hora também pode ser uma admirável hora de misericórdia . A condição para isto é que olhemos para Maria, a Estrela do Mar, que nos guia em meio às tempestades. Durante cem anos, movida de com paixã o para com a humanidade pecadora, Nossa Senhora tem. alcançado para nós os mais estupendos milagres. Esta piedade se terá extinguido? Têm fim as misericórdias de uma Mãe, e da melhor das mães? Qu em ousaria afirmá-lo? Se alguém duvidasse, Lourdes lhe serviria de admirável lição de confiança. Nossa Senhora há de nos socorrer.

lourdes e Fátima Há de nos socorrer. Expressão em parte verdadeira, e em parte falsa . Pois na realidade Ela já começou a nos socorrer. A definição dos dogmas da Imaculada Conceição e da infalibilidade papal , a renovação da piedade eucarística, têm seu prosseguimento nos fastos mariais dos pontificados subseqüentes a São Pio X. Nossa Senhora apareceu em Fátima sob Bento XV. Precisamente no dia em que Pio XII era sagrado Bispo, 13 de maio de 1917, deu-se a primeira aparição . Sob Pio XI , a mensagem de Fátima se foi espraiando suave e seguramente por toda a terra. Nessa mesma ocasião, o 75° aniversário das aparições de Lourdes foi festejado pelo Sumo Pontífice com invulgar júbilo, tendo ele delegado o então Cardeal Pacelli para o representar nas festividades. O pontificado de Pio XII se imortalizou pela definição do dogma da Assunção e pela Coroação de Nossa Senhora como Rainha do Mundo. Nesse pontificado, o Emmo. Cardeal Masella (foto), tão caro aos brasileiros, coroou em nome do Papa Pio XII a Imagem da Santíssima Virgem em Fátima. São outras tantas luzes que, da gruta de Massabielle à Cova da Iria, constituem um fio brilhante .

O Reinado do Imaculado Coração de Maria E este artigo se detém em Fátima. Nossa Senhora delineou perfeitamente, em suas aparições, a alternativa. Ou nos convertemos, ou um tremendo castigo virá . Mas, no fim , o Reinado do Imaculado Coração se estabelecerá no mundo. Em outros termos, de qualquer maneira, com mais ou com menos sofrimentos para os homens, o Coração de Maria triunfará . O que quer dizer, afinal, que de acordo com a Mensagem de Fátima, os dias do domínio da impiedade estão contados. Catolicism o, nº 86, feve reiro 1958 (extratos)

na p. 28) ~

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FÁTIMA mente o Arcebispo Mons. Tarci sio Bertone, Secretário da Congregação para a Doutrina da Fé, na apresentação do documento na Sala Stampa do Vaticano, na data acima referida. O que essa frase tem de interessante é que, colocada desse modo no final do segundo Segredo, ela parece fi car solta no ar, o que levava os leitores à idéia ele que o terceiro Segredo seria uma ex pl anação dela. Como o terceiro Segredo ora revelado constitui algo ele natureza bem distinta - uma visão e não um texto discursivo - impõe-se reler o segund o Segredo tomando-a como sentença final. Ora, desta frase concluíram os fati mólogos, de uma maneira praticamente unânime, ser ela indicativa de uma grande cri se da fé que afetari a o mundo inteiro, tornando-se digno de nota o fato de que numa nação - Portugal - o Dogma da Fé sempre se conservaria (o que, aliás, não exclui que, nessa mes ma nação, recebesse duros go lpes). Uma crise da fé ele tais proporções desemboca naturalmente numa cri se ela Lgreja, e está na rai z mesma dessa cri se.

A infiltração esquerdista em meios católicos O fato de a terceira parte do Segredo, ora reve lada, não conter ta l ex planação, em nada afeta o aceno desta, que, adema is, basta ter olhos para ver e ouvidos para ouvir. Livros volumosos já se têm escrito sobre o assunto. Para os efeitos deste comentário é sufi ciente lembrar os cé lebres pronunciame ntos de Paul o VI sobre o processo de autodemolição instalado na Igreja durante a cri se pós-conciliar (A locução de 7 de dezembro de 1968 aos alunos do Seminári o Lornbardo) e a terrível sensação do Pontífice de que, após o Co ncílio, "por algwnafissura tenha penetrado a fu.rnaça de Satanás no ternplo de Deus" (a locução de 29 de junho de 1972, na comemoração da Festa cios Apóstolos ão Pedro e São Paulo). Também João Pau lo IJ se referiu diversas vezes a essa -risc, e num documento so lene clenun-

ciou os graves erros doutrinári os e práticos no campo moral que entraram a circul ar na Igreja, "no âmbito das discussqes teológicas pós-conciliares" (Encíclica Veritatis splendor, ele 6 de agosto de 1993, nº 29). Que ligação fazer entre essa cri se e o que vem dito no corpo da segunda parte do Segredo? Um dos aspectos mai s espantosos ela cri se da Igreja é justamente o da in filtração esq uerdi sta em meios católi cos. Esse aspecto já era tão alarmante e m 1968, que nesse ano 1.600.368 brasileiro s, 266.5 12 a rge ntino s, 121.2 10 chil enos e 37. 111 uru guaios subscreveram urna mensagem a S.S. o Papa Paulo VI pedindo urgentes med idas para conter tal infiltração (os memoráveis abaixo-ass in ados foram promovidos pelas Sociedades de Defesa da Tradi ção, Famíli a e Propri edade dos res pectivos países). Seria, ali ás, muito limitativo restringir os erros do marxi smo aos aspectos econômi cos, sociais ou políticos. O seu igualitari smo radi cal é de natureza metafísica e afeta todas as suas concepções antropológica , morais e, paradoxalmente, teológicas (apesar do seu fund amental ateísmo). Por isso, em 1984, a Congregação para a Doutrina da Fé se viu na contingênc ia ele denunciar, cm documento ele larga repercussão, a infiltração ele erros rnarx istas até em certas correntes da Teo log ia ela Libertação.

Cena da campanha nacional promovida pela TFP brasileira contra a infiltraç,10 esquerdista em meios católicos, na c,1pital paulista, em 1968

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Ora, o comuni smo é exatamente o flagelo com que Deus qui s punir o mundo de seus crimes. Nossa Senhora di z, na segunda parte do Segredo, que " a Rússia espalhará os seus erros pelo mundo ". Quando vemos que esses erros atingiram a nau sacrossanta da Igreja Católi ca, torna-se clara a corre lação entre o núcleo do segundo Segredo e sua frase final , referente à conservação da fé em Portuga l, que desvenda aos nossos olhos a cri se na Igreja. Assim , é lícito pensar que, se Nossa Senhora não julgou necessário explanar detalhadamente essa crise, entretanto Ela nos deixou, em sua maternal bondade, uma simples frase a partir da qual não só os teó logos experientes, corno até os simples fi éi instruídos podem deduzir a ex istência de uma crise dafé - crise da Igreja e abrir o olhos para ela. Desse modo, urna frase aparentemente suspensa no ar - "Em Portugal se conservará ... " - é rica de sentido e conteúdo, e nos alerta para urna pungente realidade que, sem essa frase, muitos talvez não soubessem avaliar em toda a sua exten são e tran scendência. * * Em vi sta do ex posto, concl ui -se que as revelações de Nossa Senhora em Fáti rna, longe de ter perdido atualidade, constituem um a luz importantíss ima e até vital para orientar os fi éis na imensa cri se contemporânea. ♦ *

mensagem de Fátima é coisa do passado, ou concerne ao nosso futuro? O que v em nos dizer a terceira parte da mensagem, rec entem ente rev elada? Os "erros da Rússia ", ou sej a, o comunismo, deixaram de ser um a am eaça após a queda da URSS? Dos erro s que em 1 91 7 eram propugnados apenas pelo co munismo, hoje a maior parte deles é adotada pelo conjunto dos princ ipais partidos políticos do mundo inteiro. A mensagem da Virgem de Fátima é a c hav e para entender o século XX, nossos dias e os dias que estão chegando.

A

*

*

Alguém cético ou pouco informado poderi a perguntar: - Qual é o interes. e ela mensagem ele Fátima, para a humanidade contemporânea? Sobretudo hoj , apó a revelação ela terceira parte do segredo, leria ainda atualidade essa mensagem e o que ela pode nos dizer? Na realidade, a mensagem de Nos-

sa Sen hora transmitida em Fátima é a chave para entender não só o sécul o XX, mas também os dias que estamos vivendo e aqueles que estão por vir.

A humanidade pecadora não se emendou A Mãe de Deus fa lou a três pastori nhos - Lúcia, Jac inta e Francisco (estes doi s últimos beatificados a 13 ele maio ele 2000) - e, através deles, ao mundo inteiro. Ela os encarregou essencialmente ele comunicar à humanidade sua profund a afli ção diante da impi edade e ela corrupção cios homens. Caso estes não se emendassem, acrescentou a Sa ntíss ima Virgem, sobreviria um casti go terrí veJ. O sécul o XX chegado a seu fim , é forçoso reco nhecer que a humanidade pecadora não e emendou . Ao contrario , está mergulhada num a tre menda cri se ele múltiplos aspectos: moral, farni li ar, social, reli giosa ... Para o mundo sa ir da cri se, Nossa Senhora apresentou muito claramente urn a alternativa: a conversão ou o castigo.

O inferno é o castigo supremo apontado por Nossa Senhora para os pecadores que não se arrependem Primeiramente, na aparição de 13 ele julho de 191 7, Ela falou cio casti go na outra vida, casti go ete rn o, supremo, definitivo: a co ndenação ao infe rno cios pecadores que morrem sem se arrepender. A Mãe de Deus não hes itou em mostrar o inferno aos três videntes, que tinham então dez, nove e sete anos ... Este aspecto da mensage m ele Fátima constitui o "primeiro segredo" ou, mais exatamente, a primeira parte de uma só e mesma mensagem. A segunda parte - ou "segundo segredo " - concerne à humanidade ainda nesta vicia, colocando-a di ante ele uma gra nde alternativa: se os homens "não deixassem de of ender a Deus ", Este "vai punir o mundo de seus crimes, por meio da guerra, da fom e e de perseguições à Igreja e ao Santo Padre". A guerra é portanto apresentada como um castigo por ca usa cios peca-

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dos dos ho me ns. A menos q ue se convertam. E Nossa Senhora acrescenta:

• no mundo a "Deus quer estabelecer devoção ao meu Imaculado Coração". M aria Santíssima co ntudo vai ser ainda mais precisa quanto ao castigo que an unc ia. Com efeito, a Rú ss ia é apontada como o instrume nto dessas g uerras: [A Rússia] "espalhará seus erros

pelo m.undo, propagando guerras e perseguições contra a Igreja" .

Os "erros da Rússia": extirpar das almas toda forma de religião transcendente e implantar uma verdadeira anti-religião Se os malefícios do com uni smo são os e rros que a Rús ia espa lha pelo mun do, como e nte nder es a profec ia após o desmoronamento da URSS? O programa dos bolcheviques em 19 l 7 colocava em prática doutrinas ig ua litárias nascidas e desenvolvidas na Europa ocidenta l, particularmente na Fra nça. Tais doutrinas s urgiram por ocas ião da "conspiração dos iguais ", no a uge da Revolução Francesa. Elas vie ram a const ituir um s istema acabado com o "Manifesto" com uni sta de 1848, e insp iraram a "Comuna de Paris " de 187 1, com seu sini stro cortejo de sacerdotes martirizados, igrejas profa nadas, palácios queimados , crimes e blasfêmias perpetrados e m no me da utopia ig ua litári a. Em 13cle julhode l9 J7 - diacla so le ne advertênc ia de Nossa Senhora a respeito dos "erros da Rússia" - os próprios bolcheviques, em sua maioria, não acreditavam ser possível que essa do utrina pudesse as umir imediatamente a direção da Rússia. Lênin acabava de vo ltar ao país graças a pod erosos apoios ocide nta is e o c hefe do governo provisório, o Príncipe Lvov, tra nqüili zava a popul ação afirmando que o antigo [mpério dos czares iria fundir-se numa "democracia universal".

de assalto o poder e erig iram a impiedade e o crime brutal em s istema de governo. [mediatamente, o partido bolchevique começou a e. palhar "seus erros" pelo mundo inte iro, confirmando ass im as palavras da Virgem Santíssima. Até e ntão, nunca se tinha visto um governo estáve l propor um tal conjun to de aberrações : a in stauração do igualitari smo mais co mpleto e a s upressão da propriedade privada, o divórcio e o amo r livre, o aborto e a contracepção, os " direitos" dos homossexua is, a "li bertação" da mulh e r, a e utan ásia, a omnipresença cio Estado ou totalitarismo, a hiperp lanificação tecnocrática da vida. Tudo isso tendo por o bjetivo final extirpar das alm as toda forma de re li g ião tran scendente e impl a ntar uma verdadeira anti-rei ig ião : a do materia1i mo e do re lativ ismo .. .

A Rússia foi um gigantesco aerossol, hoje aparentemente vazio, mas que contaminou o mundo Durante quase um séc ul o, a Rússia propagou pelo mundo, qual g igantesco vaporizador, os erros por e la adotados, até à última partícula. Hoje pode parecer que o aerosso l está vazio, mas o mundo está contam inado ... Cu mpriu-se portanto a profecia de Nossa Senhora: Abaixo: foto dos três videntes, logo após a visão cio inferno. À direita: O inferno - Iluminura das Tres riches heures du Duc de Berry, séc. XV, Museu Condé, Chantilly (França)

A realização da profecia de Nossa Senhora Entretanto, contra toda veross imi lhança, a 7 de novembro alg umas centena de mjlitantes comuni stas, reforçados por desertores e aventureiros, tomaram

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a ma ior parte dos erros que e m 19 l 7 eram propugnados apenas pelos comuni stas, hoje é adotada pelo conjunto dos principais partidos políticos do mundo inteiro. Nas instâncias inte rnac io nais, esses e rros são até considerados como norma a seguir. São os "erros da Rússia" que se espalharam pelo mundo inteiro. E até mesmo - oh dor! - atingiram profundamente importantes setores da Igreja Católica* . O que recorda as célebres palavras de Paulo VI sobre

o "processo de autodemolição ", e a "fumaça de Satanás no Templo de Deus".

Hoje os "erros da Rússia" atingiram o núcleo da vida social e religiosa do Ocidente Como não ver que esse conju nto de erros chamado com unismo, longe de ter de aparecido, e mbe beu profu nd amente o Ocidente, sem que seja preciso mais , para tanto, recorrer aos blindados sov iéticos? Com a mais avançada fo rm a de revo lução - po r vezes cha mada de contra-cu ltura o u re vo lu ção c ultural - e le destrói s istemat icamente a trad ição cristã, base de nossa civ ili zação; dirige uma g uerra aberta contra a moral , arruin a ndo até os fun-

damentos da família; por fim , promove o igualitarismo desenfreado que procura s uprimir até o princíp io da propriedade privada - princípio no e ntanto tão essencial, garanti a da in stituição da família, parte integrante da doutrina pontifícia e protegido por dois Mandame ntos da Lei de Deu s. Em res umo, hoje o mundo está ainda mai s aL lado no pecado do que na época da aparições de 1917 e os "erros da Rússia " atingiram o núcleo da vida socia l e religiosa do Ocidente. O apelo de Nossa Sen hora à penitência não teve a aco lhi da que merecia e o castigo pelos crimes da humanidade abateu-se sobre e la num c rescendo espantoso. A segunda g ue rra mundial e os crimes do nazismo , os mais de 100 milhões de mortos de que são responsáveis os regimes comunistas e seus ali ados, as g uerras incessa ntes e as pe rseguições religi osas que redobra m, são exemp los g ri tantes . O que se pode então conc luir?

Nesse auge de mal em que o mundo está mergulhado, é revelado o "terceiro segredo" É justam nte nesta s ituação - dramática por tantos lados - que a terceira parte da mensagem de Fát ima, o u "terceiro segreda ", foi revelada pe la Santa Sé, em 26 ele junho de 2000. - A terceira parte é a visão de um anj o brandindo uma espada de fogo que a meaça a terra e g ri la com voz fo rte: Penitência, penitência, penitência! Depois, o Papa, Bi spos , sacerdotes, reli g iosas, homens e mulhe res de todas as cond ições sobem, e m meio a uma c idade em ruínas, uma colina onde e en contra uma grande cru z e lá são ma rti rizados. O sangue dos mártires é recolhido por anjos que com ele irri gam as alm a que se aproximam de Deus.

Da esquerda para a direita: Marx e Engels, teóricos do comunismo; Lenin, que implantou o comunismo na Rússia. Os "erros da Rússia" apontados por Nossa Senhora em 1917, atingiram o núcleo da vida social e religiosa do Ocidente.

única ve rdadeira c ivili zação,já são persegu idos o u o serão e m breve: - Pe rseguido e punido pela lei o médico católico que se recusar a praticar um aborto; perseguido e punido pela lei o católico que afirmar, como ensina o catecismo, que a prática ela homossexualidade é um pecado contra a natureza; perseguido e punido pela lei o professor ou o diretor de escola católica que se negue a ensinar a li bertinagem sex ual no seu estabelecimento; perseguidos os sacerdotes que se recusem a violar o segredo de confissão; persegu idos os católicos que, isolados ou reunidos em associações, queiram fazer ouv ir sua voz na soc iedade como eco cio Magistério ela Jg reja ... sem fa lar dos numerosos países em que, hoje, é derramado abundantemente o sangue dos cri stãos pelo martírio. É, pois, necessário ver as coisas de frente. Conforme advertia o Prof. Plinio Corrêa de O li veira, gra nde apóstolo de átima, "há uma trama colossal para

Castigo, perseguições, martírio e volta das almas a Deus

derrubar nosfiéis a convicção de que o mundo moderno é ,nau, de que vai receber o castigo de Deus, de que a Mensagern ·e cumprirá em razão do pecado. Tudo isto não se crerá mais. No momento em que não crerem e em que o demônio der gargalhadas, dizendo: 'Desta vez

Assim, não só o funestos "erros da Rússia" e palharam-se pelo Ocidente e

nós logra mos Aque la e m cima, cujo nome não ousamos pronunciar', Ela.fará

o mundo inteiro, destruindo s istemati camente a Civilização ri stã, mas as perseguições , sa ngrenta ou não, se multiplicam ; aq ueles que manifestam e professam s ua adesão aos princípios imo rtais da Moral cristã, fundamento da

conhecer que jamais deixou de pisar a cabeça da Serpeme" (Palestra e m auditório da TFP - 20/1/ 1990). Para ev ita r, na medida do possível, as conseqüências terríve is do desencadeame nto fina l dos casti gos a nunciados

por Nossa Senhora e apressar a a uro ra bendita do triun fo do Coração [m ac ulado de Maria - que E la prometeu devemos recorre r aos meios indi cados : uma devoção mais fervo rosa para com a Mãe ele Deus, a oração e muito partic ul armente a recitação do Rosário, a penitência, a prática cios Mandamentos da Lei de Deus. Somente assim resolver-se-á a terrível c ri se mundial. Somente ass im esta rão re unidas as condi ções para uma paz verdade ira e duradoura: a paz de C ri sto no Re ino de C ri sto, e mais particularmente a paz de Maria no Rei♦ no ele Maria.

*

Duran te o Concílio Vati ca no li , 2 13 Padres Co nciliares firmaram uma petição pedi ndo que o Concíli o elaborasse uma const itui ção doutrinária e pastora l sobre os erros "da seila co1111111ista, socialista ou marxista ", considerando que a condenação do com uni smo era um assun to "da mais alta importância para

o bem da Igreja e a salvação das almas " . Após ter lembrado a terrí vel condição dos fi éis que vivem deba ixo do jugo comu ni sta e o perigo próximo para um grande número de outros de cair debaixo dele, os 2 13 Padres conc iliares alertavam a respei to da infiltração das idéias comunistas nos meios cató l icos: "1111merosos católicos co11.l'idera111 com

simpatia o co11uulis1110 " e mais ainda "nwnerosos fiéis têm 1.1111 cerro se11rime1110 de c11lpa por não professar ainda abertamente o comu11i.1·1110 011 o socialismo". Em conseqüência, eles pediam que um documento exp usesse com grande clareza a doutrina soc ial católica e condenasse os erros do marxis mo, do co muni smo e do soc iali smo sob os aspectos íilosó licos, sociológ icos e econômicos; e que fosse denunciada a mentalidade e os erros que prepa ram o espírito dos ca tólicos para a acei tação do soc ial ismo e do co muni smo. (0 tex to integ ral desta peti ção foi publi ca do por Cato licismo, ed ição de j aneiro de 1964).

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Santos ·\e festas de §i] i 1 WlffimiO 1 São Gil, Abade e Confessor. +Séc.VIU. Qri ginário ela Grécia, estabeleceu-se no su l ela França onde fundou uma comunidade de monges. Seu cul to era muito popular durante a Idade Média. Primeira Sexta-Feira do Mês

2 Santos Justo, de Lião, e Viator, Eremitas. + Séc. lY. Justo, amigo ele Santo Ambrós io e Bispo ele Lião, na França, desgostoso por seus fiéis terem linchado um louco assassino que se pusera sob sua proteção, retirou-se com um discípulo, Viator, para o Egito, onde levaram a vida penitente cios padres cio deserto até a morte. Primeiro Sábado cio Mês

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Retornando a Viterbo, fundou um convento, que foi fechado devido à inveja ele outras monjas. Faleceu aos J7 anos, já aclamada por todos como santa.

5 São Lourenço Justiniano, Bispo e Confessor. + Veneza, 1455. Patriarca ele Veneza e modelo ele Bispo, é considerado o inspirador da reforma eclesiástica levada a efeito um século mais tarde pelo Concíl io ele Trento.

6 Santo Eleutério, Abade e Confessor. + Roma, 585. Abade cio mosteiro ele São Marcos, em Espoleta, era de uma inocência e simplicidade notáveis .

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São Gregório Magno, Papa, Confessor e Doutor da Igreja.

São Clodoaldo ou Cloud, Presbítero, Confessor.

+ Roma, 604. De famíli a senatorial romana, muito jovem fo i prefeito ela cidade. Herdeiro ele enorme fo rtuna, fundou seis mosteiros, tornando-se monge beneditino num deles. Delegado Apostólico em Constantinopla e depois Papa, exerceu o governo da Igreja com firmeza e energia, destacando-se em sua vasta obra, a organização do culto e cio canto sagrado. Daí a cle nom in ação de "gregori ano" para o canto.

+ Saint Cloud (França), 560. Neto ele Clóvis, tendo seus tios assassinado seus dois irmãos para apode rar-se ele seus Estados, Clocloalclo ren unciou ao mundo, fa- · zenclo-se eremita. O lugar onde construiu uma igreja e fixou seu recolhimento, próx imo a Paris, até hoje guarda seu nome.

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Celebra-se essa festa para se honrar o Nascimento da Mãe ele Deus e nossa.

Santa Rosa de Viterbo, Virgem. + Vil ' rbo, 1252. A vida desta Sant11 r alrn cntc um prodígio. TerTirn l'rnn ·iscana e pregadora popul ur flOS oito anos, foi desterrada p11rn Soriun o p •l o Imperado r 1-'r •d,•r i ·o 11 , inirni AOda Santa Sé.

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8 NATIVIDADE DE NOSSA SENHORA.

9 São Pedro Claver, Confessor. + Cartage na (Colômbi a), 1654. Apóstolo dos Negros, nasceu na

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São Mateus

São Vicente de Paulo

São Nicolau de Tolentino

São Cipriano

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São João Crisóstomo, Bispo, Confessor e Doutor da Igreja.

dois filhos, assados dentro de enorme estátua ele metal aq uecida.

25

São Roberto Belarmino, Bispo, Confessor e Doutor da Igreja.

+ Armênia, 407. Um dos quatro gra ndes Doutores da Igreja Oriental, foi Bispo ele Constantinopla, onde se notabilizou por rara eloqüência. Daí seu nome Crisóstomo (Boca ele Ouro). Perseguido e desterrado pela Imperat ri z Eudóx ia, adepta da heresia ariana, morreu a cami nho do exílio. São Pio X declarou-o Patrono dos oradores cristãos.

+ Roma, 1621. Jesuíta, autor das ad mirávei. Conlrovérsias , obra em que refuta os sofismas protestantes. Foi Arcebispo de Cápua, Cardeal, consultor das principais Congregações Romanas e conselheiro de vários Papas.

França. Fundador dos Lazaristas e elas Irmãs de Caridade. Praticamente não houve atividade rel igiosa ou ele caridade a que não estivesse ligado. Os religiosos e re1igiosas das Congregações que limdara foram peças fund amentais para fazer o protestantismo retroceder e perder fo rça naquele país.

São Gregório Magno

São Januário

Espan ha e partiu para a então Nova Granada, onde por mais ele 40 anos exerceu apostolado entre os negros. Morreu vítima ele moléstia contraída ao atender empestados.

10 São Nicolau de Tolentino, Confessor. + Itália, 1305. Da ordem cios Eremitas ele Santo Agostinho, sua vida fo i semeada de aparições celestes e perseguições do demônio. Apóstolo na pregação e no confessionário, já lhe eram atribuídos milagres em vida.

11 Santos Proto e Jacinto, Mártires. + 257 . Estes do is irmãos, escravos, converteram a menina Eugênia, fi lha de seus donos, que, co rno eles, sofreria também o martírio.

12 SANTÍSSIMO NOME DE MARIA. Essa festa fo i instituída pelo Papa Inocêncio XI para celebrar a libertação ele Viena - que estava siti ada pelos turcos - por João Sob iesk i, Rei da Po lônia, em 1683. Este, na manhã do dia ela batalha, co locou-se, bem como todo seu exército, sob a proteção de Maria Santíssima. E assistiu à Santa Mi ssa, durante a qual permaneceu rezando com os braços em forma ele cru z. Ao sair da igreja, Sobieski ordenou o ataque. Os turcos fugiram cheios ele terror e abandonaram tudo, até o gra nde estandarte de Maomé que o vitorioso rei católico enviou ao Soberano Pontífice, como homenagem a Maria.

14 EXALTAÇÃO DA SANTA CRUZ DE NOSSO SENHOR JESUS CRISTO. Essa festa comemora a recuperação triun fa l ela verdadeira Cruz elas mãos dos persas, em 630, pelo Imperador Heráclio, que a carregou de Tiberíacles até o Calvário, entregando-a ao Patriarca ele Jerusalém.

15 NOSSA SENHORA DAS DORES. Festa instituída por Pio VII em 18 14, em substituição a duas outrns muito antigas, para rememorar as dores ela Co-Redentora cio gênero humano.

16 Santos Cornélio, Papa, e Cipriano, Bispo, Mártires. + 252 e + 258. Esses dois mártires aparecem juntos no Cânon ela Missa. São Cornélia governou a Igreja de 25 1 a 253, sen lo desterrado pelo Imperador Ga lo. ão rpnano, Bispo de artago, por sua virtude e .-ólida doutrina, exerceu extraordinária influGncia no norte ela África, ond · l'oi martirizado.

18 São José de Cupertino, Confessor. + Itália, 1663. Esse filho espiritual de São Francisco compen. ava abundantemente com inocência e simplicidade o que lhe fa ltava de dons natu ra is. Pouco dotado ele talento, entrava em êxtase com freqüência, tal era seu acendrado amor a Deus.

19 São Januário, Bispo, e seus Companheiros, Mártires. + Benevento, 305. Na persegui ção mov id a pelo Imperador Diocleciano, Januário fo i lançado às feras com vários diocesanos. Como elas os poupasse m, deceparam-lhes as cabeças. As relíquias de São Januário foram levadas a Nápoles no século IV. Desde então, anualmente, dá-se o mil ag re da liquefação ele seu sangue no dia de sua festa.

20 Santo Eustáquio e Companheiros, Mártires. + Roma, 120. Eustáquio fo i um dos maiores generais do exército imperial e notável por , ua caridade, apesar ele pagão. Numa caçada, o cervo que perseguia voltouse para ele com uma cru z entre os chifres. Eustáquio converteu-se e sofreu o martírio com a esposa e

21 São Mateus, Apóstolo e Evangelista. + Antioquia, séc. I. Deixou sua mesa de aITecaclaclor ele impostos em Cafarnaum, quando Nosso Senhor, fixando-o, disse-lhe simplesmente: "Segue-me". Foi o primeiro que, por inspiração divina, escreveu o Evangelho. Segundo a Tradição, foi martiri zado em Antioquia ou na Etiópia, onde teria instituído um convento de virgens.

22 São Maurício e Companheiros, Mártires. + 286. Era comandante ela famosa legião 1ebana, que guardava as fronteiras meridionais da Tebaida, no Egi to. Na perseguição ele Diocleciano, foi martiri zado com todos seus soldados, durante uma campanha militar, por não quererem sacrificar aos ídolos.

São Firmino, Bispo e Mártir. + Amiens, séc. II. Originário da Península Ibérica, de nobre família, foi sagrado Bispo aos 24 anos para converter os pagãos na anti ga Gália. O governado r pagão mandou prendê-lo e assassiná-lo discretamente no cárcere, para ev itar revolta popular em seu favor.

26 Santos Cosme e Damião, Mártires. Séc. III. Irmãos gêmeos de origem árabe, méd icos, segundo a tradição operavam curas milagrosas. Não querendo sacrificar aos ídolos, foram martirizados na perseguição de Diocleciano.

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28 São Venceslau, Mártir. + Boêmia, 929. Duque da Boêmia, praticou as mais heróicas virtudes. Foi assassinado enquanto rezava na igreja, pelo próprio irmão, pagão, que ambicionava o trono.

29 São Miguel, São Gabriel e São Rafael, Arcanjos. (Antigamente: Dedicação de São Miguel)

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São Vicente de Paulo, Confessor. + Paris, 1660. Cognominado o

São Jerônimo, Confessor e Doutor da Igreja.

grande Santo do grande século na

(vide seção Vidas de Santos, p. 38)

23 São Lino, Papa e Mártir. Séc. l. Primeiro sucessor de São Pedro, governou a Igreja por 11 anos, sendo então decapitado.

Setembro 2000

24 São Vicente Maria Strambi, Bispo e Confessor. + Roma 1824. Passionista, grande pregador popular e depois Bispo, recusou-se a fazer o juramento de fidelidade a Napoleão, que usurpara os Estados Pontifícios, sendo exilado por sete anos. Leão XII aceitou depois sua renúncia ao episcopado, tomando-o como seu diretor espiritual e conselheiro. stando o Pontífice em perigo ele morte, ão Vicente ofereceu sua vicia pela cio Papa, sendo atendido.

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ENTREVISTA Catolicismo - O Sr. mencionou esse ex-co- •

Na Polônia atual: trágica herança do comunismo O Prof Leonardo Przybysz, responsável pelo Bureau das TFPs na Polônia, revela situação pouco conhecida no ex-satélite do antigo império soviético: predomínio da Nomenclatura e estabelecimento de um regime comunista metamorfoseado

M

fluência do Pontífice polonês nesse processo. Pode-se di zer que a redemocrati zação na Polôni a começou de fato com a queda do Mu ro de B erlim [l 989- I 9901 , embora antes di sso j á houvesse certa abertura política, dev id a principalmente à pressão do sindica to Solidariedade , que se tornou assim mundi almente conhec ido. Foi por influência dele que outros mov imentos na Europa do L este ousaram aos poucos manifestar seu descontentamento com o regime co-

uito se escreveu sobre o fim dos regim e s comunistas na Rússia e em países da Europa Oriental. Porém, quase não se tem realçado as marcas deixadas naquele Bloco d e nações pelo comunismo, que, por tantos anos, as oprimiu. Para preencher em alguma medida tal lacuna, Catolicismo apresenta, nesta edição, elucidativa entrevista com o Prof. Leonardo Przybysz, brasi- ~ leiro de origem polonesa que vive há vários anos na pátria de seus antepassados, onde é responsável pelo Bureau das TFPs, em Cracóvia. Nesta cidade, o Prof . L. Przybysz - que acompanha com atenção a política polonesa - prontificou- se a responder às perguntas de nosso enviado especial, Sr . Plinio Maria Solimeo, sobre a situação pós-comunista existente naquele país . O entrevistado recebeu nosso cola borador no próprio Bureau das TFPs, um agradável imóvel localizado na bela e tra dicional cidade de Cracóvia, a primeira em importância da Polônia, depois da capital.

Catolicismo - O Sr. poderia dizer-nos al~o a

muni sta. Co m relação a So lida ri edad e, também muito se tem fa lado. Pareceme no entanto necessári o ressaltar um aspecto que quase não vi referido na impren a mundial. É que, apesar ele haver gente bem intenci onada em suas bases, esse movimento infeli zmente estava infiltrado por elemen-

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• • • ••

respeito do processo de liberalização política da Polônia, focalizando especialmente • aqueles aspectos menos divulgados pela mí- • • dia?

Prof. L. Przybysz - Ao falar sobre os as pectos • •squ ' ·idos pela mídia, não tratarei aqui , por ser

b ' 1n ·onh 'Cido, do papel de João Paulo 11 no pro- : · ·sso d · li b ·ralização política ela Polônia. Uma • v ' 1/, qu ', mu ito cx plicavelmente, os meios de co- : o so ·ia l d ' dicaram largo espaço à in- • muni

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AT

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Sete mbro de 2000

tos c m idéias sociali stas. Al guns ele seus líderes afirmavam querer um re: gime soc ialista à maneira da Suécia. O próprio • Walesa afirmou certa vez que não era contra o

Prof. L. Przybysz: "Walesa não esteve à altura do cargo. Foi mesmo uma nulidade como presidente, razão pela qual perdeu a segunda eleição, vencida por Aleksander Kwasniewski, um ex-comunista"

: soc iali smo.

munista .. . Como foi sua eleição? Prof. L. Przybysz - A leksander Kwasniew ski , atu almente no poder, ganhou a eleição pres idencial não por confessar-se um comuni sta arrepenelido, o que nunca fez. Seu princ ipal trun fo fo i a aparência pessoal - é j ovem e considerad o bonito pelas mulheres - , juntamente com as promessas de proporcionar casa para os que precisam; pro messa, é claro, que não cumpriu, nem tinh a como fazê-lo. Prevaleceu, em suma, em sua eleição, o temperamento público [propensões] , e não a opini ão publica ípensa mento]. Ou sej a, não houve debate ideo lógico. E, pelo mesmo moti vo, tem ele gra ndes possibilidades ele reeleição ...

• •

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siclente em substitui ção a Jaru zelsk i, desta vez em eleições livres, para o período de 1990 a 1995. Um francês o definiu como um mi sto de tribun o, orador e sa ltimbanco. A nosso ver, prevaleceu nele o saltimbanco, pois, para ser tribun o e orador, o ex-operári o eletricista prec isari a ele, pelo menos, aprender a fal ar com correção gramati cal. Em que pese sua popularidade, clev iclo à sua atu ação à frente ele Solida riedade nos anos de opos ição ao reg ime, Walesa não esteve à altura do cargo. Foi mesmo uma nuli cla cl como presiciente, razão pela qual percl u a se uncla eleição, vencida por Al eksa ncler K wa sniewski, um excomuni sta.

outra cidadania. Ex iste ainda o problema da documentação: depoi s ele tantos anos, quem vai conseguir provar cabalmente que é propri etári o? Para complicar aind a mais o caso , un s tantos bens confi scados fo ram vendidos para empresas estran geiras que estão investindo na Polôni a. Porém, os membros da Nomenclatura (co mo se costuma chamar os burocratas, membros do Partido Comuni sta) embolsaram o dinheiro e fim!

• Catolicismo - Situação realmente complexa .. . • Prof. L. Przybysz - E tem mais. Esses ex-proprietári os não têm ex periência e muitas vezes nem espírito de ini ciativa.

Catolicismo - É grande o número de Catolicismo - E os partidos de centro ou de

propriedades rurais recuperadas? Prof. L. Przybysz - Se há proprietári os que recuperaram suas terras medi ante processo, seri a difícil di zer em que número e em que medida. Simplesmente não há dados ofi ciais.

direita?

Prof. L. Przybysz -

Como em quase todo o mundo, também na Polônia os políticos ele esquerd a sã 111 geral mais sagazes, ou mai s velhacos, que os cio centro ... Al ém disso, estão mais bem es trutu rados e possuem mais experiência política, pois, afin al de contas, es tão no poder há mais de 50 ano . .

Catolicismo - Não houve restituição geral de : propriedades confiscadas durante o regime : comunista?

Prof. L. Przybysz - Não houve uma devolução •

geral cios bens confi scados, porque simplesmente •• não fo i aprovada nenhuma lei nesse sentido. E isso • se deve, em grande parte, à polflica do lápis gros- :

so, ele M azowi ecki. A lguns poucos os recupera- •

ram porqu e moveram processos e a Justi ça lhes •• deu ganho ele causa. Por exemplo, a devolução ele •

três hotéis aqui do centro de racóv ia: Holel Po- : lônia, H otel Europeu e Hotel Poll era, hoj e restau- • raclos, limpos e funcionando razoavelmente. :

Catolicismo - Por que alguns recuperam os • bens recorrendo à Justiça e outros não? • Prof. L. Przybysz - Seri a longo expli car aq ui • por que uns conseguem na Justi ça a recup ração de seus bens e outros não. I sso se eleve a causas diversas e muito complexas . Uma delas é o custo cios processos, mui to di spendi osos, sendo poucos os que di spõem de recursos para movê- los. N a verdade, para a devolução dos referidos bens, o país se encontra di ante ele uma situação arqui complicada - situ ação que os comuni stas cri aram , é verdade, mas que erve ele argumento para não se tocar a coisa para a fr nte. Em primeiro lugar, muitos dos propri etári os j á morreram e o processo se complica com os herdeiros. Depois, há o problema dos que emigraram e adquiriram

• Catolicismo - E o Judiciário, como tem

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• : Catolicismo - E Walesa? • Prof. L. Przybysz - Lech Walesa fo i eleito pre-

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atuado?

• Prof. L. Przybysz - Esse é outro f ator que im-

"Não houve uma devolução geral dos bens confiscados, porque simplesmente não foi aprovada nenhuma lei nesse sentido. Alguns poucos os recuperaram, porque moveram processos."

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pede a normali zação da situação. Seri a ingênuo pensar que o Judiciári o está di spos to a rever, na esfera jurídi ca, tod as as monstruosidades cometid as pelo comunismo. N ão houve nenhuma mudança no pessoal do Judiciári o; ninguém foi demitido por ser membro do PC, por ter abusado do poder etc. Ninguém fo i processado. Os juízes são os mesmos, os promotores, os mesmos. AIgun s processos em curso - por exemplo, contra o General Jaruzelski e um ou outro ex-mini stro comuni sta - são apenas pró-form a; vão-se arrastando indefinid amente à espera, ao que parece, de que eles morram , à es pera ele que o tempo vá apagando elas memóri as o desej o de um acerto ele contas com essa gente.

• : Catolicis11zo - Poderia contar-nos alguns ca• sos de injustiças do regime comunista nessa : matéria? • Prof. L. Przybysz - Sim. Conversei com algu•• mas pessoas conhecidas sobre o que se passou • dura nte o regime comunista. • Co1neço co111 o caso do Prof. W., de uma fa mília não apenas ri ca, mas muito ri ca, com di • versas propriedades ru rais, de quem ro ubaram todas as terras. A casa famili ar - um pal acete • fo i reformada e transform ada em escola de agri• cultura. A s terras confi scadas fi caram abandona: das, o n1ato invadiu o jardim, tudo virou ruína. • E le me mostro u f otos da propri edade antes e de-

CATO LICISMO

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VIDAS DE SANTOS pois do comu ni smo. É de cho,rar 1 Mais recentemente, alguém construiu nesse terreno, nas proximidades do antigo edifício, uma grande casa, onde se instalou comodamente. Como tirar agora essa pessoa, caso a propriedade seja devolvida ao Prof. W.? O Dr. S.R., advogado, possuía um grande apartamento num belo e hi stórico edifício situado na praça central de Cracóvia, em frente à Mariacka (Igreja de Maria). Fo i dele expu lso sem maiores expli cações, e ainda devia dar-se por contente por ter sido destinado a morar num pequeno apartamento na cidade operária, a 10 km do centro da cidade, onde está até hoje. Foi nesse peql1eno apartamento, de apenas 50m2, que ele criou os cinco filhos. "Por que não tenta recuperar hoje o apartamento roubado ?" - pergunteilhe. " É tal a complicação que é melhor desistir".

• • • • • • •• • •• • : •

: • : • : • • ••

__,........_.

• : • • : "Só uma nova e : • especial pregação • : dos princípios da : • doutrina social • : d , : católica po era, • • : aos poucoS, come- : • çar a desenovelar •

: era tão mal visto no Ocidente...

Prof. L. Przybysz - É verdade que o regime comunista na Polônia era mais brando cio que o existente em outros países cio bloco soviético. Mas isso era intencional ela parte de Moscou , pois eles queriam dar a entender ao mundo capitalista que o comuni smo não é tão mau assim: "Vejam a Polônia, todo mundo pode ir à igreja, os camponeses não foram expropriados de suas terras" etc. Lembro-me que nas décadas de 1970-1980, brasileiros que viajavam para a Polônia, sobretudo religiosos, voltavam contando maravilhas da situação polonesa, sobretudo quanto à liberdade . · ... re 11g1osa

esse tremendo

:

Catolicismo - Quais as perspectivas para o •

Agora está em questão o •

eAToLIeISMO

da negação da Lei : de Deus e da Lei •

natural, o que • : certamente custa• rá pelo menos uma • geração" • • • • • •

futuro?

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Padre da Igreja Latina, autor da Vulgata, tradução oficial em língua latina da Sagrada Escritura

final da experiência comunista?

Catolicismo - Por isso o regime polonês não • aranzel decorrente •

Prof. L. Przybysz -

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fortaleza da Cristandade em face da heresia

Catolicismo - Qual seria, então, o balanço

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Prof. L. Przybysz - Quanto aos grandes proprietários, foram desapropriados, como no caso do Prof. W., ao qual me referi. Suas terras foram transformadas nos chamados PGR, que eram, no fundo, fazendas coletivas. É claro, fa liram todas. Hoje estão sendo divididas em pequenas porções e vendidas por preço barato a quem o desejar. Quanto aos pequenos proprietários, isto é, os minifúndios, ninguém fo i expropri ado·, constituíam eles 85% dos proprietários de terras. Por isso, a situação da Polônia era menos miserável do que a cios outros países clo bloco sov iético.

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Catolicismo - E a Agrária, como foi feita?

in gresso da Polônia na União Européia. Mas esse processo não é fác il. Devido ao apego dos pequenos agricultores à sua terra e às suas tradições, o ingresso da Polônia na União Européia desperta neles toda sorte de desconfianças, de má vontade quanto a qualquer modificação no sistema de explorar a terra. E esse é talvez o maior problema que a UE está encontrando na Polônia. Hoje, cerca de 28 % dos poloneses ainda trabalha1n no ca1npo; a UE quer que esse número seja reduzido para 5%, se não me engano. A so lução, então, consiste em empurrar o pessoal para as cidades.

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: •

Prof. L. Przybysz - O saldo, por tudo quanto vimos, é tremendamente negativo! E o pior não é o dano material, a miséria em que ficou o país, mas o causado nas mentalidades. Em muitos casos , as mentalidades ficaram imbuídas de conceitos igua litários que lhes foram impin gidos pelo comuni smo durante quase meio século. Pois, se até em vários países do Ocidente, que não passaram pelo rolo compressor do com uni smo, há tanta gente que é contra a propriedade e vota nos soc iali stas, o que dizer da opinião pública dos países assim chamados ex- comunistas? A deterioração produzida é enorme! Em um livro que acaba de ser lançado - cujo título, traduzido para o português, seria Transformação e póscomunismo - Jan Kofman e Wojci 7ch Roszkowski comentam que o esquec imento ela época comunista é um cios maiores processos patológicos da democracia polonesa. Os autores inclicam a presença, na mentalidade socia l, ele uma herança ela época comunista, caracterizaela como igua litar ismo, espera da aj ud a do Esta c1 o, f a I ta de respeito · pe 1a propne · c1 acI e pn·

talmente ao partido no poder e, no gera l, assim ficaram. Só uma nova e especial pregação dos princípios da doutrina social católica poderá, aos poucos, começar a desenovelar esse tremendo aranzel decorrente da negação da Lei de Deus e da Lei Natural, o que certamente custará pelo menos uma geração. Mas isso supõe uma colaboração entre a autoridade eclesiástica e a civi l, sem o que nada se fará. Seria isso viável em nossos dias? Não parece! ♦

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uma era muito conturbada para a Igreja como foi o final do sécu lo IV e a primeira metade do sécu lo V - surgiram simu ltaneamente na Cristandade grandes luzeiros de santidade e ciência, tanto no Oriente quanto no Ocidente : Santo Hilário, Bispo de Poiti ers, Santo Ambrósio, de Milão, e a "Águia de Hipona", o grande Santo Agostinho. Com São Jerônimo cuja festa comemoramos no dia 30 - formam eles oi Iust:re grupo dos chamados quatro Padres da Igreja latina daquela época. A vida de São Jerônimo é tão extraordinária, que se torna impossível resumi-la em poucas páginas. Dele diz o em inente jesuíta, Pe. Pedro de Ribadaneira, discípulo e biógrafo de Santo Inácio de Loyola: " Foi nobre, rico, de grande engenho, eloqüentíssimo; sapientíssimo nas línguas e ciências humanas e divinas; na vida, espelho de penitência e santidade; luz da Igreja e singular intérprete da divina Escritura, martelo dos hereges, amparo dos católicos, mestre de todos os estados e condições de vida e luzeiro do mundo" 1• Nos confins ela Dalmácia e Panônia (na atual Hungria), nasceu Jerônimo, de pais cristãos, nobres e opulentos. Dotado de precoces aptidões para o estudo, o pai

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: vada, má vontade em assumir responsabi lid a• eles, confusão de co nceitos etc. Segundo eles, : os antigos membros cio PC pertenciam men• : • : • : • : • : •

enviou-o, quando adolescente, para Roma, então a capital do mundo civi li zado. Na Cidade Eterna, Jerônimo dedicou-se ao estudo da gramática, da retórica e da filosofia. Tal era seu amor pelos escritores clássicos, que formou para si rica biblioteca, copiando à mão os livros que não podia obter. • Com dor, reconheceria depois, que em sua inexperiência tornou-se vítima do ambiente mundano da grande e decadente metrópole, extrav iando-se do bom caminho. Porém, ao mesmo tempo declara que seu passatempo aos domingos consistia em visitar as catacumbas e as relíquias dos mártires, além de ser catecúmeno, pois, na época, a pessoa recebia o santo batismo já quase adu lta.

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Tentações diabólicas e consolações celestes Depoi s de bati zado, Jerônimo, juntamente com Bonoso, seu irmão de le ite, empreendeu uma vi age m de estudos às Gálias. Em Treveris, onde havia uma das academi as mai s doutas do Oc idente, decidiu entregar-se inte irame nte ao serviço de Deus. Conti nuou entretanto sua viagem de estudos pela Grécia e cidades do Ori ente Médio, detendo-se numa região desértica perto de Antioquia, onde viveu algun s anos na solidão. Aproveitou então para aprender o hebreu com um judeu converso, a fim de poder estudar as Sagradas Escrituras em seu original. Afirma ele em uma de suas cartas: "As fadigas que isto me causou e os esforços que me custaram, só Deus sabe. Quantas vezes desanim.ei e quantas voltei atrás e tornei a começar pelo desejo de saber; sei-o eu que passei por isso, e sabem-no tarnbém os que viviam na minha companhia. Agora dou graças ao Senhor, pois que colho os saborosos.frutos das , raízes amargas dos estudos" 2• De us permitiu que o demônio o assaltasse constantemente com tentações da carne; e, para combatêlas, Jerônimo dilacerava seu corpo e entregava-se a jejuns que duravam às vezes se manas inte iras. Mas, em me io às tentações, tinha també m conso lações inefáveis: "Mas disto é o Senhor testemunha: depois de chorar muito e contemplar o céu, sucedia-me, por vezes, ser introduzido dentro dos corv.1· dos anjos. Louco de alegria, cantava então: 'Ó so ledade, so ledadc embelezada pelas fl ores de Cri sto ! Ó so ledade que mai s fam iliarmente gozas de Deus"' 3.

Juízo de Deus antecipado e amor às Escrituras Quatro anos depois partiu para Jerusalém, a fim de venerar os lugares santifi cados pela presença do Salvador e aperfe içoar-se na língua hebraica. São Dâmaso, Papa, consultava-o consta ntemente a respeito de passagens difícei s dos Livros Sagrados. Mas não se pense que para o santo exegeta era um gáudi o essa le itura. Porque, acostumado à eloq üência e e legâ nc ia de estilo dos clássicos latinos e gregos, sentia muita aridez na leitura da Bíblia, cuj o texto julgava simples demai s e desprovido de ornato. Fo i preci so que o próprio Deus o castigasse por isso, como ele próprio narra em carta à sua di scípula Santa E ustóq ui a: devido às suas austeridades, chegara então a tão extrema fraq ueza, que seus di sípu l s julgaram que a qualquer momento fosse exalar o último suspiro. Foi e ntão arrebatado em espírito e vius' di ante do Juízo de Deus. Cristo Jes us, que o presidia,

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CATOLICISMO

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perguntou-lhe sobre sua condição e fé. "Sou cristão", respondeu Jerônimo. "Mentes, respondeu-lhe o Jui z, pois não és cristão, mas ciceroniano" . E mandou açoitar violentamente o ré u, que só podia implorar perdão. Final mente, alguns que estavam ass istindo ao juízo juntaram suas vozes à do in fe li z pedindo c lemência para e le, poi s era ainda jovem, e corri gir-se- ia do erro. Jerônimo jurou eme ndar-se, e com isso foi deixado livre, voltando do arrebatame nto muito compung ido. Durante muito tempo trouxe em seu dorso os sina is dos aço ites. "Desde aquela hora eu me entreguei com tanta diligência e atenção a ler as coisas divinas, como jamais havia tido nas hurnanas", concl ui o Santo4 •

Clemente VIII afirmou que São Jerônimo foi assistido pelo Espírito Santo na ingente tarefa de tradução dos livros Sagrados

Luz da Igreja Na idade de 30 anos, recebeu em Antioquia a ordenação sacerdotal , sob a cond ição de não ficar suj eito a nenh uma diocese e continuar monge como antes. Dirigiu-se depoi s a Constantinopla para ver e ouv ir São Gregório Nanzianzeno, conhecido, por sua erudição, como o Teólogo. Lá permaneceu três anos, travando amizade também com os grandes luminares da lgreja no Oriente, São Basílio e seu irmão São Gregório de Ni ssa. As heresias pulul avam , principalmente no Oriente, e tal era a confusão que o Imperador Teodósio e o Papa São Dâ maso reso lveram convocar um sínodo em Roma. São Jerô nimo fo i convidado a dele participar, e escolhi do para desempe nhar a fun ção de secretário, no lugar de Santo Ambrós io, que adoecera . Terminado o sínodo, São Dâmaso conservo u Jerônimo como seu secretário, dando-lhe ordem de rever o texto latino da Sagrada Escritu ra, comparando-o com o ori gina l hebreu. Esta tarefa viria a dar na tradução conhecida como Vulgata (do latim "vulgare", que signifi ca uso comum) . Foi encarregado também pel o I ontífice "de responder a todas as questões que se ref erissem à

religião, de esclarecer as dificuldades das Igrejas particulares [dioceses], das assembléias sinodais, de prescrever àqueles que voltavam das heresias o que eles deveriam crer ou não, e de estabelecer, para isso, reg ras e f órmulas " 5 • Na tradução que São Jerô nimo empreendeu da Bíblia, afirma C le mente Ylll que ele fo i ass isti do e in spirado pelo Espírito Santo. Tal tradução substi tuiu todas as outras que hav ia até então, tornando-se a tradução oficial da Jgreja. Enq uanto vive u São Dâmaso, Jerôn imo perm aneceu e m Rom a. "Todos acorriam a ele, e cada qual procurava ganhar-lhe a vontade: uns louvavam sua santidade, outros a doutrina, outros sua doçura e trato suave e benigno, e fina lmente todos tinham postos os olhos nele corno ern um. espelho de toda virtude, de penitência, e oráculo de sabedoria " 6 . Um grupo de matronas e virgens romanas da mai s alta aristocracia I ôs-se sob sua direção espiritual, entre elas Santa Paula e suas filhas Paulina, Estóquia, Blesillae Rufina; Santa Marcela, Albina, Asela, Leta e outras. Para elas fundou um convento em Roma. Converteu e atraiu também alguns varões, para os quai s fundou um mosteiro. Nessa época combateu vári os hereges, como He lvídio e Jov ini ano.

Na terra onde nasceu o Salvador Em 384 fa leceu São Dâmaso, e os inimi gos de São Jerônimo inic iaram urna campa nha de difamação que fez co m que o santo de ixasse definitivam ente Roma e voltasse para a Terra Santa, estabe lece ndo-se e m Belém. Seg uiram-no Santa Paula e sua filha Eudóx ia. Com o ri co patrimôni o de que di spunham , fundaram , sob a direção do Santo, um mosteiro masculino e um fem ini no, este diri gido por Santa Paula. Os 34 'tnos em que São Jerônimo viveu em Belém, pa sou-os escrevendo obras notáveis, combatendo os hereges, e dirigindo, por correspondência, inúmeras almas . Por um mal-entendido, houve um prin cípi o de pol êmica entre os dois grandes Doutores da Jgreja, Santo Agostinho São Je rônim o. Mas, estabelecidas as coisas e m seu lu gar, uma ami zade cheia de respeito os uniu . São J rô nim o dizia que Santo Agostinho era "seu.filho ern idade, , seu pai ern dignidade" , urna vez que era Bi spo. Por seu lado, o Bispo de Hipo na esc reveu-lhe: "Li dois escritos vossos que me caíram nas müos, e acheios tão ricos e plenos qu , não quereria, para aproveitar em meus estudos, senão poder eslar sempre a vosso lado" 7 •

Baluarte da Cristandade perseguida Entretanto, os bárbaros começara m suas grandes invasões. Em 395, os ferozes hunos, vindo pela Armêni a,

espalharam o terror no Oriente, chegando até o Egito. Em 41 O, Alarico, re i dos godos, destruiu várias cidades da Gréc ia e pilhou Roma. Muitas fam íli as fugiram para a Terra Santa e fora m socorridas por Jerônimo e Paula. "Belém., escreve o prim eiro, vê todos os dias mendigar em suas portas os mais ilustres personagens de Roma. Hélas! Não podemos socorrer a todos; damo-lhes, pelos menos, nossas lágrimas, choramos juntos" 8 • Todos se espantam pelo fato de São Jerôn imo, tão enfermo que tinha que ditar suas obras, pudesse produzir tanto em tão pouco tempo. Em três dias, traduziu ele os livros de Salomão, e num só verteu para o latim o livro de Tobias que estava em caldaico. E m 15 dias ditou os comentários sobre São Mateus. Ao mes mo tempo escrev ia apologias do Cristian ismo contra os erros dos hereges do tempo, e refutação meticulosa de suas doutrinas. "Que doutor da Igreja há que trate as coisas sagradas com Ião grande majestade, as chãs com /anta erudição, as ásperas com tanta eloqüência, as obscuras com. tanta luz, que assim se sirva de todas as ciências, divinas e humanas, para explicar e pôr aos nossos olhos os mistérios de nossa santíssima religião?" 9 , pergunta um autor. O empenho insuperáve l de São Jerônimo na tradução das Escrituras fo i por e le mesmo ass im descrito: "Curnpro o meu dever, obedecendo aos preceitos de Cristo que diz: 'Exa minai as Escrituras e procurai e enco ntrare is' para que não tenhais de ouvir o que .foi dito aos judeus : 'Estais enganados, porque não con heceis as Escrituras nem o poder de Deus'. Se, de fato, com.o diz o Apóstolo Paulo, Cristo é o poder de Deus e a sabedoria de Deus, aquele que não conhece as Escrituras não conhece o poder de Deus nem a sua sabedoria. Ignorar as Escrituras é ignorar Cristo" IO_ São Jerônimo fa leceu no dia 30 do mês de sete mbro do ano 420, muito avançado em id ade e virtude . No mesmo dia, aparecia a Santo Agostinho e desvendavalhe o estado das alm as bem-ave nturadas no Céu. ♦

Notas: 1. Dr. Eduardo María Yi larrasa , La Leyenda de Oro , L. Gon zá lez y Co mpaíi ía, Ba rce lo na, 1897, to mo Ili , p. 640. 2. Pe. José Le ite, Sa111os de Cada Dia, Ed it o rial Aposto lado da Oração, Braga , 1987 , vo l. Ili , p. 104 . 3. ld ., p. 105. 4. Pe. R ibadaneira, in La Leyenda de Oro, op. c it. , p. 644. 5, Les Petil s Bol la nd istes, Vies des Sa ir/Is, d 'ap res le Pe re Giry, par Mg r. Paul Guérin , Blo ud e t Barra i, Libraires- Édite urs, Paris, 1882 , to mo X I, p. 565. 6. Pe. R ibada ne ira , op. c it. p. 645. 7. Ed e lvives, E/ Sa n/o de Cada Día, Editorial Luí s Vi ves, S.A., Saragoça, 1955, to mo V, p. 307. 8. Les Pe tits Boi landistes, op. c it. p. 575. 9. Pe. Ribadane ira, o p. c it. p. 644. 10. Pe. José Le ite , op. c it. . p. 106.

ffi C AT O L I

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ISMO

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Continua intensa a divulgação da u~ !ID Li® ~@ ~ ~ ~ , .'.;LI LI

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A Campanha Vinde Nossa Senhora de Fátima, não

tardeis! prossegue difundindo largamente a medalha exorcistica de São Bento, visando sua distribuição para 2 milhões de famílias

N

umerosos aderentes nos escrevem narrando as graças que obtiveram, após receber a medalha exorcística de São Bento. E nos enviam agradecimentos por essa nova ini c iativa da Campanha. A expansão da referida medalha preci sa do apoio de todos os participantes para conseguir chegar às mais remotas regiões do Brasil. Infelizmente, a ação do demônio no Brasil é cada vez maior. Isso se deve ao

crescente abandono da verdadeira Religião e também ao relaxamento moral e à corrupção dos costumes. A difusão da medalha é promovida num momento deci sivo, pois é indispensável contribuir para livrar o País da terríve l influênci a diabólica que assola as famílias, as instituições políticas e sociai s e principalmente os meios de com unicação. Em meio a essa perigosa guerra invisível, o espírito maligno fa rá tudo

Simpósio para Universitários para que nossa campanha não obtenha os recursos necessários para levar adi ante a difusão da exorcística medalh a, be m como ela Men sagem de Fátima, espec ialmente através das em issoras de rádio. Sua colaboração é muito importante para ajudar a difusão dessa medalha em âmbito nacional, iniciativa que visa opor grande obstáculo à influência diabólica ♦ em nosso País.

Programa Radiofônico A Voz de Fátima Difusão da Mensagem de Fátima torna-se indispensável para promover a reforma dos costumes e livrar o Brasil das desgraças que o assolam

O

Programa de Rádio A Voz de Fátima adquire proporções

cada vez mais relevantes no panorama nacional , como importante fator visando livrar nosso Paí das desgraças que o castigam. O apelo à oração, à penitência e à mudança de costumes, lançado por Nossa Senhora em Fátima aos três

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CATO L ICIS MO

· pa. torinhos, é a chave para a solução dos probl mas cio Brasil ele hoje. Atcnclcn clo a tal apelo, star m s atraindo graças para nossa Pátria, cm face cios terríveis castigos previ stos cm Fátima, bem como protegendo-a contra a crescente ação do maligno. Isso explica a excelente repercussão alcançada pelo programa de rádio A Voz

Setembro de 2000

de Fátima junto aos ouvintes e às numerosas emi ·soras que já o transmi tiram em todas as regiões cio País. Ademais, a cli fu são ela Mensagem de Fátima é também poderoso recurso para livrar as almas cio Inferno. Torne-se Benfeitor do programa de rádio A Voz de Fátima e receba regularmente, entre outros benefícios, um CD gravado com nosso programa mais recente. Para maiores informações, ligue para o nosso Plantão de Atendimento ♦ pelo tel: (0xxll) 3955-0660

prove itand o as fé rias de julho,universitários provenientes ele São Pau lo (capita l), Rio de Janeiro, Brasília, Be lo Horizonte, C uriti ba, São José cios Campos (SP) e Campos (RJ) reuniram-se na sede ela TFP, locali zada na Serra do Japy (Jundiaí-SP), com a fi natidade de aprofundar o conhec imento da doutrina contra-revolucionária, exposta fundamentalmente no livro Revolução e Contra-Revolução, do Prof. Plínio Corrêa de Oliveira. Durante os dias 22 e 23 daque le mês os jovens acompanharam com gra nde interesse as conferência e círcul os de estudos. Todo os participantes cio simpósio compenetraram-se da responsabi licl ade ele exercer uma ação em suas respectivas faculdades, contrária à revo lução nas idéias e nos costumes ora em ~urso. À esqu erd a, três flagra ntes durante os dias de estudo.

TFP na 41 ª Expo-Agro

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a foto o stand da TFP, montado na 4 1' Exposição Agropecuária e Industrial do Norte Fluminen se e 25" Exposição Agropecuária do Estado-RJ. Dentre as obras da TFP ali expostas, chamaram especialmente a atenção do público os diversos livros do Prof. Plínio Corrêa de Oliveira a respeito da Reforma Agrária, nos quais o autor denuncia o caráter socialista e confiscatório da mesma.

A Frente Universitária Lepanto,

que co laborou com esse evento, mantém um concorrido site na Internet. Aos interessados, o endereço é: w w w .lepanto.org.br

CATO LICISMO

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Força jovem • a serviço do Brasil

Cursos de Verão • na TFP americana

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TFP norte-americana rea lizou em sua Sede Spring Crave, na Pennsylvania , dois "Summer Programs" (Cursos de Ve rão). O primeiro de JS a 25 de junho e o seg undo de 6 a 16 de julho p.p .. O s jove ns participantes eram prove ni entes dos estados de Califórnia, Kansas, Michi gan, Illinois, Ohio, Pennsylvania, M aryl and , Virgínia, Connecticut e Nova York. Basicamente esses cursos consi tem em palest:ras e audiovisuais destinados à formação da juve ntude, tão vu lnerada hoje em dia por fatores de desagregação mora l, como a pornografia te lev isiva e as drogas. Também constam do programa , adios cntret nimentos, co mo, por exemplo, jogos med ieva is, 1 asse ios e excursões a lugares hi s tó ri cos. Por sua origina lida 1 , os jogos medievais atraíram muitíssimo não ap nas os jovens estudantes, mas também o pais qu foram ass istir à competição de seus filhos . Uma pub licação local estampou no domingo, 30 de julho, nota sobre esses urs s: " Fica-

mos admirados com a energia.força, disciplina e competição exibidas durante o ·urso . .... A escolha dos pais na educação de seus jill,os foi feita com sabedoria". As fotos à direita e abaixo são fla g rantes do segundo Summer Program, realizado de 6 a 16 de julho último. ♦

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Fotos: Diogo Wakl



Homenagem no 5° aniversårio do seu falecimento


Nos últimos itens da Parte li de Revolução e Contra-Revolução, o Autor demonstra que a autêntica e eficiente luta contra-revolucionária é

· A realidade concisamente

desenvolvida somente por católicos.

9. Ação Católica e Contra-Revolução Se empregarm os a palavra Ação Cató li ca no sentido legítimo que lhe deu Pio X JI, isto é, conj unto de associações que, sob a direção da Hi erarqui a, co laboram co m o apos to lado desta, a Co ntra- Revo lu ção em seus aspectos reli gioios e mora is é, a nosso ver, pa rte importantíss ima do progra ma de uma A ção Ca tólica sad iamente modern a. A ação contra-revolucionária pode ser fe ita, naturalmente, por um a só pessoa, ou pela conjugação, a títul o pri vado, de vári as. E, com a dev i.da aprovação ec les iásti ca, pode até cul minar na fo rm ação de uma assoc iação religiosa especialmente destinada à luta contra a Revo lução. É óbv io que a ação contra-revolucionári a no terreno estri ta mente partidári o ou econômico não faz parte dos fin s da Ação Católica.

1O dadeiro da pal av ra, eles não são contra-revolucionári os. M as pod '-se e até se deve aprov ' ilar a sua ·oop ' ração, com o cuidado qu ', s' •undo as diretrizes da Igrej a, tal ·oo p 'J"U Ç, o 'x igc. Particularmcnl ' d ·v ·m s •r tomados ' 111 linha de cont a p ·los ·at ,li ·os os p •ri gos incr nl 'S ~s asso ·iaço ·s int •r ·onfcss ionais, s • ' undo s,1hia 11K·n1 • ud v ·r Liu ão Pio X (foto ,1 hui xo): ''( '11111 <'./i'i lo, se111 fa l111· de 0111 ms p1111111s, .w7o i11 C0/1/(',\'/(IV(' llll (' I/((' Ml"( l\l ('.I' ().\' / lffi M{J,\'

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q11e, por <'<111.1·0 de o,1·sociuço,•s desto <',\'· pécie, os 1w ,1·,1·0 ,1· e.1põe111011 c11111 t·erl<'· za pode111 ex/JOI ; q11er o i11tew idade de sua f é, q11er a j11s/a obediência às leis e preceitos da Igreja Católica " *.

O melhor apostolado dito " ele conqui sta" deve ter por objeto esses não cató licos ele tendências contra-revolucionári as.

*

Encíc lica Singulari Quadam, de 24-9 1912, Bonne Presse, Paris, vol. VII, p. 275.

Conctulda acima a Parte li de Revolução e Contra-Revolução, oferecemos a nossos loitoros a Integ ra da Parte Ili dessa magna obra do repercussão mundial, a partir da p. 12 da presente edição. Em tal parte, o Prof. Plín io Corrêa de Oliveira denuncia a IV Revolução nascente (tribalista-anárq uica) e prevê uma V Revolução (sobret udo satanista).

Na China comunista, católicos resistem à chamada Igreja Patriótica O encanto da Orvieto medieval

Capa

12 Plínio

Corrêa de Oliveira desmascara a Revolução tribalista, anárquica e satânica

Nossa capa: No primeiro plano, Plínio Corrêa de Oliveira. Fotocomposição do ateliê artístico de Catolicismo

Vidas de Santos

33 Santo

Alexandre Sauli, esteio da Contra -Reforma e Apóstolo da Córsega

Dr. Plínio V. Xavier da Silveira, Coordenador da Campanha S.O.S. Fazendeiro, historia o combate da TFP contra a Reforma Agrária

Revolução e Contra-Revolução

Santos e Festas do Mês

Entrevista

2

36

38 Quatro

A autêntica ação contra -revolucionária

Carta do Diretor

4

décadas de uma Cruzada anti -agro-reformista

Internacional

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Leitura Espiritual

5

Rosário: meio eficaz para obter a contrição dos pecados

Tragédia do Kursk: incompetência soviética comprovada

Atualidade

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O Bem -aventurado Papa Pio IX

10. A Contra-Revolução e os não católicos

A palavra do sacerdote

TFPs em ação

A Contra- Revolução pode aceitar a cooperação de não católi cos? Podemos fa lar de conlra- rcvo lucionári os protestantes, muçulmanos ele.? A resposta precisa ser muito mati zada. Fora da fgrej a não ex iste autêntica ContraRevolução. M as podemos ad mitir que determ inados protestantes ou muçul manos, por exemplo, se achem no estado de alma de quem começa a perceber toda a malícia da Revolução e·a tomar posição contra ela. De pessoas ass im é de esperar-se que venham a opor à Revolução barreiras por vezes muito importantes: se corresponderem à graça, poderão torn ar-se ca tóli cos excelentes e, portanto, contra-revolucion{u-i os efi cientes. E nquanto não o forem, em todo caso obstam em alguma medida à Revo lução e podem até fazê- la recuar. No sentido pleno e ver-

6

43 Caravana

Mudaram as normas da Igreja quanto aos trajes? O que vem a ser a atual crise na Igreja?

da TFP divulga Catolicismo em MG e ES

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Ambientes, Costumes, Civilizações

Destaque

44 Precioso

Escrevem os leitores

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Bispo colombi a no verbera a gu e rrilha

mosaico da arte bizantina representa São João Crisóstomo

Queda do Muro de Berlim em 1989: importante lance para a metamorfose do comunismo e o avanço da IV Revolução

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Com a palavra ... o Diretor •

,

A vos, pobres pecadores

Amigo le itor, Neste mês de outubro, no dia 3, comemora-se o 5° an iversário do fa lecimento do Prof. Plinio Corrêa de Oliveira, fund ador da TFP e grande inspirador e incentivador da revi sta

Catolicismo. Não é tarefa fácil encontrar pal av ras adequadas para hoinenageá- lo, expri mir-lhe nossa imensa gratidão e descrever sua personalidade marcante. Nossa singela home nagem a e: e grande pen sador e líder católico, consiste em publicar na íntegra a última parte de sua obra-mestra, Revolução e Contra-Revolução . Ao longo dos últimos anos, temos e.tampado mensalmente capítu los dessa obra providencial. E, como presente aos nossos le itore , Catolicismo publica hoje a terceira parte da mesma, na versão atualizada pe lo Autor e m 1992. Chamamos a ate nção para o fato de que o Dr. Plínio escreveu Revolução e ContraRevolução no ano de l959. Suas previsões - que poder.iam parecer ousadas na ocasião confirmaram-se uma a uma, e largamente, pelo desenrolar dos acontecimentos . E para o le itor atual, a obra é um faro l ou uma bússola que aj uda a encontrar o fio condutor dos fatos contemporâneos e a compreender em profundidade a História. O Autor prevê o adve nto da quarta revolução, ora em curso, e acena para a quinta, visando a destruição dos últimos vestígios da Civilização Cristã. Mesmo a derrade ira obra de Plinio Corrêa de Oliveira - Nobreza e Elites Tradicionais Análogas - con tituiu um compl emento indi spensável de Revolução e Contra-Revolução . E le e mpreendeu o bom cornbate até seu último alento !

*

*

Homem de saúde rob usta, voz potente, eloq üência ar reba tad o r a e p op ul ar, grande fec und idade de imagens própri as a enca nta r a alm a do povo - e co m isso comuni ca ndo a suficiente in stru ção pa ra se reconhecer o erro e fu gir de le - , São Lui z M ari a Gri gnio n de Mo ntfo rt (1673- 17"16), fa moso m issionár io, acom pa nh ado de alguns sace rdo tes e discípulos, pregou na França, primeiro na D iocese de Po itiers, depo is na de N antes. Po r suas

itura SJ}.iritual

ad miráve is ob ras sobre Nossa Senho ra, é co nscl erado um Douto r marial. Das coisas mais difíce is de se conseguir ele um p cador é o reconhecimento humilde e sereno de seus pecados e co nfessá- los com ve rdadeiro arrependimento. Para leva r os fiéis a esse arrependimento, ele se ded icou a compor câ nticos que entoava depois ele seus sermões, os quais faz ia as mul tidões acompa nhar. Os ca mponeses ficava m ad mirados e mov idos pe la graça divin a. De todas as pa rtes acudi am pessoas atraídas por devoção e até por curi osidade. Desses sermões, fo i extraído o texto que segue:

São Luiz Grignion oferece a Nossa Senhora uma de suas obras

*

Ainda faze ndo parte dessa homenagem ao fundador el a TFP, oferecemos aos amigos leitores importante entrev ista do Dr. Plinio Vidigal Xavier da S ilve ira, diretor ela Soc iedade Brasile ira de Defesa da Tradição Família e Propriedade - TFP. Dr. Plinio Xavier, como é conhec ido dentro da entidade, foi o braço direito do Autor de Revolução e Contra-Revolução em sua luta contra a Reforma Agrária soci alista e confiscatória, ao longo de mais de 40 anos. Ning uém melhor cio que ele para discorrer com profundidade a respeito de uma batalha ideológica que já faz parte das páginas da Históri a cio Brasil. Desejo a todos uma boa leitura, ao mesmo tempo que rogo a intercessão do Prof. Plinio Corrêa de Oliveira para que Catolicismo seja sempre um eco fidelíssimo ela Santa Igreja, co mo ele próprio desejou que suas obras o fosse m. Cordia lmente,

9~7 Paulo Corrêa de Brito Filho DIR ETOR

' · -vós, po bres pecad o res e L.J pecadoras, um pecado r maior tod av ia vos oferece esta rosa e ncarnada co m o sa ng ue ele Jes us Cristo, para faze r-vos fl orescer e pa ra sa lvar-vos. Os ím pios e os pecado res im pe ni te n tes c lamam tod os os d ias: coroemo-nos de rosas (Sap. 2,8). Coroemo- nos ele rosas, ca ntemos também nós : co roe mo -nos co m as rosas d o santo Rosá ri o. A h! qu ão di fere ntes são s uas rosas d as nossas! São as rosas de les seus prazeres ca rn a is, s uas va ng lórias e s uas riqu ezas perecedo iras, q ue rapidamente mu rc harão e perecerão; mas as nossas ( nossos Padre- nossos e Ave- mar ias bem rezados ju nto à nossa obras ele pen itênc ia) não mu rc harão nem passarão j a ma is e seu resp lendor brilhará ele ago ra a 100 mil anos como presen temente: as p retensas rosas de les não têm senão a a parê nc ia de tais;

ci o pa raíso, rec ita ndo di a ri ame nte o Rosá ri o. Se so is fié is e m rezá- lo devo ta me nte até a mo rte, apesar ela e no rmid ade ele vossos pecados, c rede- me:

Pe rcip ieti s corona m imma rcescibilem (] Pen: 5,4); rece-

na rea li dade, não são o utra co isa senão esp inhos po ntiag udos dura nte a vicia, pe los remo rsos de co nsc iê nc ia, q ue os mo rti fica rão na ho ra ela mo rte com o arrepe nd im e nto e os que ima rão durante toda a"eterni clacle, pe la ra iva e desespero . Se nossas rosas têm esp inhos, são esp inh os de Jesus Cristo, que E le converte em rosas. Se ferem nossos esp inhos, é só po r a lgu m tempo; não fe re m se não pa ra curar-nos cio pecado e sa lvar- nos. Coroemo-nos, à po rfia, dessas rosas

be re is u ma coroa el e g ló ri a im a rcesc íve l. A ind a qu a nd o vos ac ha rdes na be ira do abi smo o u tive rdes j á um pé no in fe rn o; a ind a qu e ho u vésse is ve ndid o vossa a lma cio di a bo; a inda qu a ndo fosse is um he rege e nd urec ido e obst in ad o co mo u m de mô ni o, ta rde o u cedo co nve rte r-vos-e i e sa lva r-vos-ei, co nta nto qu e (repito-o, e nota i as pa lav ras e os termos ele me u co nse lho) reze is d evota me nte tod os os d ias o sa nto Rosá ri o até a mo rte, pa ra con hecer a verdade e o b te r a co ntri ção e o perdão de vossos pecad os" (São L ui z Ma ri a G ri g no n d e Mo ntfo rt , Ob ras co mpl e tas, BAC, Mad ri , 1954, pp. 309-3 1O). ♦

C ATO LIC ISMO

Outubro de 2000

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Palavra

sJCerdote Antigamente as pessoas, quando iam à Igreja, se vestiam com roupas decentes, muitas vezes pobremente vestidas, mas de forma a agradar a Deus. Hoje tudo mudou. A gente vê de tudo nas igrejas: minissaia, short, camiseta, miniblusa, roupas transparentes etc. Inclusive pessoas vestidas com essas roupas indo comungar. Houv e alguma norma da Igreja permitindo essa mudança? Como explicar essa alteração dos costumes?

co m túnicas ele peles (G n 3, 2 1). E também nos Mandamentos da Lei ele Deus (o 6°, "não pecar contra a castidade", e o 9º, "não desejar a mulher cio próx imo"). E ainda às normas co ncretas introdu zid as pela Igreja, consignadas em todos os Tratados de Teologia Moral que, ao abordar a virtude ela Castidade e o 6º Mandame nto, determin am em qu e mecl ida certas partes cio corpo elevem ser ve ladas pelo traje e não ex postas em razão cio estímul o que exercem sobre a sensual idade. Mas o problema hoje deve ser visto dentro de um panorama mais vasto: não são apenas os indivíduos isolados quedesrespeitam as normas da Igreja, mas é toda uma sociedade que perdeu a noção cio sacra! (sagrado) e está imersa numa atmosfe ra de secularisrno, ela qual Deus está parcial ou totalmente ausente ou, mais precisamente, da qual foi expul so!

Resposta O autor da perg un ta faz bem em colocar a questão no campo da alteração do costumes, porque o aspecto da imora lidade dos trajes é de si tão evidente que dispensari a qualqu er co mentár io. Em todo caso, como hoje até os pontos mais óbv ios deixaram de sê-lo, convém dizer aqui uma palavra de esclarecimento sobre o assun to. Quando vamos a uma igreja, e portanto vamos nos apresentar de modo muito espec ial di ante ele Deus, para prestarLhe nossas homenagens (nosso culto), ou para pedir-Lh e graças, é claro que não podemos esta r vestid os de modo oposto aos princípios ele moraliclacle por Ele estabelecidos já no Paraíso Terrestre, quando velou a nudez de nossos prim eiros pais, ves tindo-os 6

eATOLIe ISMO

Outubro de 21Joo

Exp liqu e mos cíp ios cio Eva ngemelhor o enti do cle lho pode faze r recuar os limites el a secula ris1110. Esta cidade terrena e di palavra deri va obviamente de sécu lata r as fronte iras el a cidade ce leste. lo, e é tomada aqui Ou seja, faze r co m no sentido ele o prequ e, na práti ca ele sente séc ulo (o Cônego mundo atual), por J OSÉ LUI Z VI LLAC todos os dias dos povos co mo oposição ao século fit turo, que é a vida eterna no cio indivíduos - os princípiéu. É contra os princípios, as os católi co sejam mais amanorm as e os costumes deste dos e segui dos. "Tempo houve em que a século que São Paulo nos adverti a ao di zer: "Não vos con- .filosofia do Evangelho goverfo rmeis a este século" (Rom nava os Estados", observou o Papa Leão Xlll na encíc lica 12, 2). Isto é, não modeleis lmmortale Dei, referindo-se à vossa vida, vosso modo de proceder, ele vestir etc., segundo Idade Média. A Igreja gozava os princípios deste século (des- então ele enorme prestígio, e suas normas vali am para toda te mundo), que são opostos aos princípios ele Deus. É a con- a sociedade. De lá para cá, intra pos ição que, com outras pafe li zmente, os princípi os cio Eva nge lh o fo ram pe rdend o lavras, Santo Agostinho estafo rça na soc iedade, esta fo i se belece entre cidade terrena e secularizando, a Igreja fo i sencidade celeste. Isto se mpre fo i ass im , e do paul atinamente marginali assim será até o fim cio mun - zada e com ela a mora l. E chedo. Mas a ex pansão dos prin- gamos aos dias ele hoje, em que os princípios cio Evangelho só são seguidos, na teoria e/ou na prática, por um nú mero ínfimo ele pessoas. Mesmo entre aquelas que freqüenta m as igrejas .. . À pergunta, pois, se "houve alguma norma da Igreja permitin do essa mudan ça" eleve-se res ponder que, independente ele algum Bispo ou sacerdote que abriu as portas ela sua igreja para gente vestida como o consulente descreve, o que houve fo i uma invasão tempestuosa dos ventos lo secularismo dentro do r cint o das igrejas ! Sem. pedir licença, com a licença ou contro o licença dos res ponsáv · is por nossas igrejas! A eiclad ' terrena - secularizada dil atou suas fronteiras invadiu até os limi tes da c idad ' celeste. A imora lidad ' ·11trou galopante. D' modo que, para consertar tal situ açfto, não bastará revigor:1r as normas sabiamente

emitid as pe las auto ri da des ec les iásti cas ele outrora. É preciso ba nir, teóri ca e prati camente, os princípi os e as normas de conduta impostas pelo secularismo. O que equivale a di zer que é prec iso impregnar nova mente toda a sociedade com os princípios do Evangelho e reco locar Jesus Cristo e sua lgreja no centro ele todas as coisas. O que não se conseguirá sem um árduo co mbate dos que permanecerem fi éis aos ensinamentos el a Santa Igreja. Mas sobretudo não se conseguirá sem uma intervenção especial da Prov idência nos acontec imentos humanos, chamando os homens à razão - eventualmente com o desencadeamento ele castigos obre a humani dade prevaricadora - e abrindo os seus corações à ação ela graça di vina, por meio ele uma atuação potentíss ima ele Nossa Senhora, Med ianeira ele todas as graças. Sobre como isso possa ocorrer, a Mensagem ele Fátima traz esclarecimentos mui to confortadores.

Pergunta

O Sr. poderia explicar o que vem a ser a atual crise na Igreja? A Igreja já não passou por situações semelhantes em outras ocasiões, por exemplo quando houve o Cisma do Oriente? Com o Renascimento etc. Resposta Às vezes por ingenuidade ou por otimi smo somos levados a imaginar a Santa Igreja ele modo diferente ele como seu Funclaclor, Nosso Senhor Jesus Cristo, A institui u. Ele A estabeleceu como torre inamovível sobre a rocha ele Ped ro, mas sujeita a toda espécie ele ventos e tempestades.

Posta a questão nestes termos, a descrição ai nda está incompleta, pois a metáfora cios ventos e tempestades faz pensar em agentes ex ternos que investem sobre a igreja, produzindo estragos em suas muralhas exteri ores, mas sem conseguir movê- la ele seus fundamentos. Isto é verclacle, mas é ve rd ade também que Jes us Cristo permitiu , por desígnios insondáveis, que dentro ela torre os ve ntos provocasse m igualmente devastações ... Pass and o elas metáfora s aos fatos, basta pensar, logo na Igreja primitiva, na corrente cios judaizantes, que pretendia impor a todos os pagãos convertidos os usos eco tumes ela an tiga lei mosaica. A fri cção se manifes tou em lances árduos, como fo i a resistência de São Paulo contra São Pedro, quando es te últim o, press ionado pelos judaizantes, teve a clebilidacle de contempori zar com as práticas judaicas, contrari amente ao que fora resolvido no Concíli o ele Jeru sa lém. O problema, portanto, elas cri ses internas na Igreja é ele todos os tempos, e afeta até personaliclacles elas mais eminentes, produzinclo às vezes entrechoques inclusive entre santos, como no caso ele São Pedro e São Paulo, que acaba ele ser citado. Nada disto nos eleve escandali zar, mas para tal é preciso termos a seriedade ele espírito de considerar que vivemos num vale ele lágrimas, num campo ele provas, onde toda espécie de obstáculos inesperados se erguem à nossa frente, ex igindo que os enfrentemos para clemonstrnr nossa fi delidade a Jesus Cri. to à ua lgreja. Toda a 1:-Ii ·tória ela Igreja está cheia eles es lances e a sua narração enche volumes e volumes. Passando por cima elas cri ses mencionadas pelo consu lente - o Cisma cio Orien-

te, o Renascimento - , abordemos diretamente a atual cri se ela Igreja, objeto primeiro ela pergunta em foco . Como fo i explicado na resposta à pergunta anterior, a atual cri se ela Igreja está diretamente relacionada com o processo de secularização que, a partir ela decadência ela Idade Médi a, afeta toda a sociedade ocidental, minando os fund amentos ela civili zação cri stã e margin ali za nd o a fgrej a ci o centro cios acontec imentos humanos. Ela que é a Mestra ela humaniclacle, ·e em certo sentido também sua Mãe, pois é através cl Ela - e só clEla que Nosso Senhor Jesus Cri sto estabelece Seu Reino na Terra. " Reino ele Verei aele e ele Vici a, reino ele santidade e ele graça, reino ele justi ça, ele amor e ele paz" (Preffoo ela Mi ssa ele Cri sto Rei). Face a esse processo ele secul arização, duas espécies ele mentaliclacle se confrontam internamente na lgreja: a primeira é a cios qu e querem faze r uma composição com o mundo, e preconi zam que a Igreja eleve se confo rmar com a realidade ele uma soc iedade plurcdista, aceitando ele conviver lado a lado, sem privilég ios espec iai s, com outras institui ções reli giosas ou laicas ele quaisquer concepções doutri nári as . Nesta corrente, não poucos vão além, e chegam até a propugnar que a Igreja abandone suas concepções, que eles consideram "ultrapassadas", e adote sem rodeios as posições dominantes no mundo seculari zado, como o divórcio, o uso cie anticoncepcionais, as ex periências com embriões humanos, o aborto, a eutanás ia, a prática do homossexuali smo etc. Tratar-se- ia portanto de uma capitul ação incondicional ela Igreja diante cios erros cio mundo moderno.

É bem ele ver que a outra fa míli a ele almas preconiza o oposto, isto é, uma resistência ela Igreja a esses erros, e uma ficlelidade à outrance aos pri ncípios recebidos ele seu Divino Fundador. O entrechoque entre as duas famílias ele almas é pois total, inevitável, inconcili ável. Pela raclicaliclacle das posições assumidas, pela amplidão cios campos que abarca, pelas conseqüências pro fund as elas teses pro pugnadas - que não fi zemos senão descrever sim-

São Paulo - Mosaico da Basílica de São Paulo fora dos Muros (Roma) . O Apóstolo dos Gentios já advertia os cristãos de sua época: "Não vos conformeis a este século" (Rom. 12,2) . Isto significa: não modeleis vossa vida, segundo os princípios deste mundo.

plificadamente - não é exagerado afirmar que a atual cri se na Igreja é a mais grave, dentre as tão graves, que Ela sofreu ao longo ele sua hi stóri a bimilenar. Mas sobre a Igreja paira a promessa ele Seu Divino Fundador: "As portas do h1ferno não prevalecerão contra ela" (Mt 16, 18). ♦

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DESTAQUE Registramos pertinente observação ...

!81 Esta revi sta é excelente, maravilhosa, compl eta. Tenho apenas uma observação a fazer: notei que no nº referente a junho não veio a excelente seção, que poderi a ser até ampl iada, "A palavra do sacerdote", onde podemos aprender muito e esc larecer dúvidas. Que Deus e Nossa Senhora abençoem a todos!. (C.A.D.M. -

SC)

Esclarecedora entrevista do exorcista Padre Amorth

!81 Desde o ano ele 1972 recebo esta rev ista cató lica que muito tem me ajudado a compreender a situação caótica do mundo atual e tomar uma posição verdadeiramente católi ca tradi ciona l. Do exempl ar cio mês de Agosto li e r li a entrevi sta de Catolicismo co m o padre exo rc ista. Muito esc larec dora esta entrev ista sobr assunto de tant a imp rtânc ia, po is a mani !'estação diabóli ca no mundo atu al é p·Hente! .... Tudo que recebo ela TFP pelo correio ou pes oa lmente em mi nh a casa co nsidero bem vindo. Que Nossa Senho ra ele Fát im a abençoe o Sr. e todos ela TFP nesta luta benemérita contra a Revolução, que tanto mal está faze ndo à Civili zação Cri stã. (F.T.L. -

CE)

Terceiro Segredo de Fátima ~ Recebi a revista Catolicismo ele agosto, que veio com a matéria sobre a 3' parte do Segredo ele Fátima, me tocou bastante. Creio que seja preocupante, apesar ele não compreender exatamente a men agem .... Gostaria realmente ele ouvir as conclusões ele vocês. Gostaria ele entender, compreender ele fato o que ela quer dizer realmente. Achei interessante aquela ma-

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téria que fala sobre exorci mos. Acredito e é bom que todos rec nheçam, porque o demônio está presente em todas as partes para nos fazer tomar atitudes que nós mes mos não desejamos. (B.S.C.C. -

ES)

Nota da Redação: Esta carta refere-se à ed ição de agosto. Esperamos que a edi ção ele setembro ele Catolicismo, contendo as matérias cio fatimólogb Antonio Augusto Borel Ii Machado e a ele Benoí't Bemelmans, concernentes ao Tercei ro Segredo ele Fátima, tenham auxili ado o mi ssivi sta a compreender essa importante temática.

Obra de Deus

!81 Gostaria de parabeni zar a todos por esta enca ntadora campanha, sou uma pessoa muito fe li z por parti cipar desta marav ilhosa obra ele Deus. Adoro a rev ista Catolicismo , a qu al já onh ·ia. Fiz assinatura uma certa ve,. ' receb i p r I an . osto ele todos os artigos, principalmente sobre a vicia dos Sa ntos. Este artigo ele agosto está sensacional, principalmente a "Palav ra do Sacerdote" e a entrev ista com o Pe. Gabriele Amorth. Conti nuem ass im e que Deus bondoso ilumine a todos vocês. (M.L.S.F. -

SP)

Irritante Reforma Agrária Quero agradecer e parabenizar ao Sr. por essa luz que chega em nossos lares todos os meses que é Catolicismo. Posso afirmar que é uma lu z, porque é através del a que somos informados cio que está acontecendo e o que está por acontecer. É o terceiro ano que eu recebo Catolicismo e nela só encontramos o positivo em todos os artigos. Esta última revi sta ultrapasso u tod as, fiquei enca ntada com a reportagem sobre o xor

cismo e a Reforma Agrária. Desde que era criança, qu ando já se fa lava de Reforma Agrária - hoje eu estou com 68 anos - continua o mes mo, apenas irritando cada vez mais a população brasileira. Enqu anto não se voltarem para D us nada vai resolver. (M.V.O.C. -

SC)

Modelo falido

!81 Gostei de todos os números ele Catolicismo e espero ansiosamente pelo próximo. Especialmente gostei da matéri a que fa la da Re forma Agrária no Brasil, modelo absurdamente cop iado cio reg ime comunista, que, cio ponto de vista fin anceiro, já está fa lido, mas que ainda continua espalhando seus erros pelo Brasil afora. (J.R.E.V. -

MG)

"Obra-prima de esclarecimento e elucidação"

M A rev ista Catolicismo recebida (a no L, Nº 595 , ele julho ele 2000) está ótima, conteúdo espiritual riquíss imo e aí destacamos, entre outros, os artigos: ''Tradição, Família Propriedade - Quarenta anos ele Cruzada", texto do Sr. Abel ele Oliveira Ca mpos; "Fátima2000", texto de Atilio Faoro e Carlos E. Schaffer; "Globalização e Situação Financeira Mundial", entrevista com o Dr. Carlos Dei Campo; "Yade Retro Satana!, texto ele Edson Neves; "Vicia cios Santos", texto de Plínio M. Solimeo; e o todo ela rev ista, excelente! ... ilustrativa! ... ela capa à contra-capa ... Acompanho com muito interesse "Revolução e Contra-Revolução", obra prima de esc larec im nto e elu cidação, do sa ud oso e culto PensadorCatóli eo brasil eiro, Prof. Dr. Plínio orrGa d ' )li vcira, mostrando-nos ' d ·monstrando-nos as falá ias dos 1 ·nm:idas Socia lismos d · Esq lll' rd11 l' dl' Direita ... (A.J.F.P. -

SP)

Dissolução do Estado colombiano: 1 'Até quando, Senhor?'' Co lômbi a corre o ri sco ele desaparecer corno nação livre e soberana. Isso se deve sobretudo à ousadia cios movimentos guerrilheiros - cada vez mais organizados, determinados, perversos - e, também, à política entregui sta cio Governo. ' Quando o Presidente Pastrana assumiu o poder há dois anos, alguns esperavam que ele liquidaria a guerrilha, corno Fujimori no Peru. Pura ilusão. Com suas negociações entregui stas, ele está fazendo concessões absurdas aos fora-da-lei. Chegou a ceder urna área de 42 mil quilômetros quadrados à principal facção guerrilheira, FARC. A uma facção menor qui s entregar uma área ele 4 mil qui lômetros quadrados, o que daria ensejo à formação de dois como que Estados independentes, dentro cio próprio Estado co lombi ano. Só não concretizou essa segunda entrega, até agora, devido à fo rte reação ela população a mai s essa atitude capitulacioni sta. Evidentemente, tai s concessões nunca apazi guam os in sac iáveis terroristas, que continuam seqüestrando e massacrando a população civil do interi or.

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Brado de alerta isolado É contra essa brutal opressão que se elevou a voz de Dom Isaías Duarte Canci no, Arcebispo de Cali (uma das zonas mai s vi sadas pela guerrilha e pelo narcotráfico), em artigo publicado em "EI País", daquela cidade. Falando cio massacre ocorrido no povoado ele Arboleda, onde os guerrilheiros chegaram a decapitar algumas vítim as e jogar futebol com suas cabeças, pergun ta ele: "A té quando, em nossa pátria, lere-

anais cumpram, em nome da humanidade, o dever de condená-los por esses crim es e pecados de lesa-humanidade" . Pede para que eles "ente11.da111 que não estão fa zendo 1111,a guerra justa, mas repetindo a barbárie das épocas mais neg ras da história humana ". Supli ca a Deus que "toda a sociedade civil encontre os caminhos para exigir efi cazmente dos violentos que a.1·.1·assinam a Colômbia, o respeito à vida e à liberdade das pessoas ", e "que o Governo colo111bia110 faça c11111prir a Constituição e a Lei, e encontre caminhos de paz na justiça socia l e concórdia entre todos os colombianos". E concluiu o Arcebispo ele Ca li: "Queira Deus que a própria sociedade civil ultrajada e humilhada possa sentar-se um dia às mesas de negociação para defender seus direitos e exigir aos violentos o que o Estado colombiano não foi capaz de exigir".

Por incrí vel que pareça, verifi cou-se um in exp licável sil êncio ela mídi a em relação a esse brado ele alerta. In feli zmente, não só ela mídia, mas também da Conferência Epi scopal Co lombi ana e de seus órgãos pastorais. É o caso ele nos assoc iarmos ao brado lançado pelo Prelado e clamarmos: "Até ♦

quando, Senhor?!" A política de paz do Presidente Pastranha (à esquerda) até agora obteve como único resultado o crescimento da audácia das várias facções guerrilheiras. Abaixo, o movimento guerrilheiro Exército de Libertação Nacional (ELN) vigia um grupo de civis seqüestrados.

mos que agüentar grupos de vândalos que, porque levam três ou quatro lei ras em bracelete, pensam que lhes está permitido semear pânico e terror por nossa geog rafia, agindo corno hordas de sanguinários .fi·atricidas, come/em/o seqüestros, crimes, genocídios e ataques à populações e a policiais indefesos ínum crime] de lesa-humanidade ?" Tais grupos, acrescentou o Prelado, "burlam-se dos processos de paz e carecem das vir!udes que distin guem o ser hum.ano, convertendo-se nos mais miseráveis dos homens". Dom Cancino põe-se em oração diante de Deu s, "pedindo-Lhe perdão por esses criminosos, mas suplicandoLhe também que um dia os tribun ais de justiça internaci-

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Alição da Orvieto medieval para as megalópoles modernas

O belo palácio medieval dá o tom na aprazível Orvieto

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Bispos da igreja oauiótica repudiados por católicos chineses

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s verdadeiros católicos ch ineses, fiéi s à Santa Sé, estão in conformados com as atitudes cio Bispo patriótico ele Pequim , Monsenhor Miguel Fu Tieshan , como a ordenação em agosto ele quatro sacerdotes. Quando Mons. Fu entrou em cortejo com os quatro candidatos ao acerdócio, boa parte dos fi éis abandonou a igreja. Segu ndo a agênc ia "Fides" , "sa-

cerdotes e fiéis da Igreja at6/ica de Pequirn estão demonstrando cada vez mais claramente o seu mal-estar ante o bispo patriótico monsenhor Miguel Fu, que segundo eles, se encontra em. uma posição muito pouco clara de comunhão corn a Santa Sé." Em mensagem a João Paulo li , por ocasião da Jornada Mundi al da Juventude, um grupo de jovens católicos chineses denuncia também a constru ção, por parte do Governo com uni sta chinês e da chamada Associação Patriótica, de uma Igreja Nacional separada de Rom a. Tai s jovens afirmam que não aceitam outra I greja senão a Santa l gr ja Católica Apostólica Rom ana! Peçamos a São Francisco Xavier que aumente cada vez mai s a f é e a combatividade desses heróicos irmãos na Fé. ♦

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s habitantes elas grandes cidades vivem de modo fren ético e agita lo, com a agencia lotada ele compromissos, além ela concorrência de outros que lhes querem arrebatar um naco cio mercado. N ão sobra tempo nem mesmo para as mai. elementares necessi lactes cio ser humano, como a de se alimentar... Em contraposição, os moradores ela simpáti ca cicla le ele O rvieto, na Jtália, com edi fí ios e catedra l que datam ela fcl acle M édia, vivem ele modo diferente: procuram preservar velhos hábitos e resi stir à pressa e aos costumes padronizados ela vicia modern a. O s velhos reúnem-se todas as manhãs para conversa r na praça central , as cri anças brinca m num ca nto da rua e as mulheres sae m juntas para passear, empurrand o carrinhos co m bebês. Seus habitantes possuem todos os aparelhos endeusado pela tecnologia moderna elul ares, televi são e co mputa !ores - , mas pre-

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ito (ass in alados na li sta abai xo com *) entre os dez países com o maior índi ce ele sui cíd io pertencem ao ant igo bloco com unista . (Número ele suicídi os em cada grupo ele J00.000 habitantes)

,

ferem fi ca r na ru a conversando com os amigos. Hoje em dia, o grande problema das grandes cidades modern as é a segurança : assass inatos, seqüestros , suicídi os, roubos em grande esca la .. . Já na pacata Orvieto, a polícia não se lembra de ter investi gado um assassinato e de duas em duas semanas é reg istrado algum furto. Turi stas acostumados comf'astfoods das grandes cidades, prec isam se adaptar ao ritmo de Orvieto . Nos restaurantes, cada refe ição conta com entra la, prato principal, sobreme.-a , v inho e caf é. Ri cardo G rinbaum , em arti go

oocaso da infância e da inocência

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Recorde macabro atrás da ex-Cortina de Ferro

m seu livro O Desaparecimen to da Infância, o sociólogo norte -americano Neil Postman aponta-nos uma cruel reali dade de nossa civilização neopagã: a infância, como fase natural da vida humana , está desaparece ndo. Já não vemos as crianças brincar de roda ou jogar bolinha s de gude. A s inocentes brincadeiras das crianças vão se nd o substituídas por ce nas de meninas de 4 ou 5 anos dançando com gingados eróticos, ou por jogos vio lentos entre os meninos. Várias causas têm sido levantadas para explicar o preocupante desaparecimento da natural fron teira entre a infância e a idade

.J'~

publ icaclo na "Fo lh a de S. Paulo de 13 ele agosto ú Iti mo, conversou com habitantes ele Orvieto. E relata o seguinte: " Aqui tudo é fe ito na regi ão. No sa cozinha e nossos vinhos são fa mo os em todos os lugares. Por que vamos querer o M cDonalcl 's" ?,

pergunta Chiaroti Luciano, sentado em .fi-ente à sua loj a de vinhos, enquanto espera 1.on .fi·eguês. Assim , Orvi eto, res istindo em boa medida às mudanças de um pretenso progresso e preservando seus cos tum es, indi ca-nos uma soc iedade mai s orgânica e sa udáve l para se viver. ♦

adulta . Entretanto, a mais nociva delas tem sido a televisão, que despeja dentro dos lares os piores quadros de viol ência e degradação, nos mais variados horários. Hoje, por ação da TV, qualquer criança sabe mais sobre sexo, violência e aberrações do que um ad ulto de um passado não tão remoto. Tudo isso acarreta nas pobres crianças distorções afetivas , psíquicas e emocionais, fruto dessa perversa iniciação precoce. Até agora não se efetuou uma ação enérgica e decidida de nossas autoridades para combater tais desmandos. Tudo se reduz a tímidas promes♦ sas.. .

• 1 - Lituânia *2 - Estônia *3 • Rússia *4 - Letônia

*5 - Hungria 6 - Sri Lanka *7 • Casaquistão * 8 - Bielo Rússia •g - Eslovenia 10 - Finlândia Brasil

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33 31

29 28

26 24 3

Tai s países foram diri gidos por governos oficialmente ateus, onde a Fé e a Reli gião eram perseguidas, sendo tolhida s as liberd ades mais elementares. Conseqüênci a trágica até nossos dias: grande in sati sfação e elevado índice ele suicíd ios. ♦

Videogames geram violência

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m I.·ecente estudo sobre videoga mes, o Prof. John Colwell, da Middlesex University (In glaterra), concluiu que a agress ivi dade em adol escentes está li gada a essas máquinas, que gradualmente vão substituindo a am izade. E le chegou a essa conc lusão após estudar o comportamento ele 204 alunos, com idades entre 12 e 14 anos, ele uma escola em Londres. Quanto mais tempo os joven s passavam joga ndo vicleogames, mai s sua agress ividade aumentava. El es gritavam, empurravam-se e batiam em seus companheiros. Naqueles que jogavam ocasiQnalmente, o efeito era pouco perceptível. A l ém el e tornar em- se mai s violento s, tai s jovens vão perdendo a noção de um convívio social equilibrado e respei toso, e pior ainda, cio va lor ela própri a vida humana! ♦

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BREVES RELIGIOSAS

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100 mil fiéis na procissão de Santo Estêvão As relíquias de Santo Estêvão, Patrono da Hungria, conduzidas por jovens diáconos, foram acompanhadas por 100 mil pessoas. A procissão, em homenagem ao grande santo, saiu da Catedral em direção à Praça do Parlamento, em Budapeste, no dia 20 de agosto p.p. A última procissão em homenagem ao santo Rei húngaro fora dirigida pelo heróico Cardeal Mindszenty, em 1947. Segundo a Agência Zenit, desde então as autoridades comunistas haviam proibido tal manifestação religiosa. Clonagem de embriões humanos condenada por João Paulo li Diante de um auditório formado por 2 mil pessoas, entre cientistas e pesquisadores, João Paulo li considerou como "moralmente inaceitável" qualquer forma de clonagem de embriões humanos ou comercialização de órgãos para transplante, em pronunciamento de 29 de agosto último, no Vaticano. _i

Episcopado chileno protesta contra projeto de divórcio Em comunicado de imprensa, o Episcopado do Chile manifestou sua inconformidade em relação a qualquer lei que atente contra a indissolubi lidade do vínculo matrimonial. Essa manifestação teve em vista a comunicação do Governo socialista, em 18 de agosto último, de propor um projeto de lei destinado a introduzir o divórcio na legislatura do país, informa a Agência Zenit. _i

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Para melhor compreensão da Parte Ili de Revolução e Contra-Revolução: Síntese das Partes I e li

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Uma Revolução autogestionária e tribalista? Entenda o atual panorama mundial e a profunda crise que atinge todos os aspectos de nossa existência

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evolução e Contra-Revolução:

Autor em 1976) de Revol11ção e Con tra- Revolução, segundo o mes mo sistema , ou sej a, um trec ho a cada mês . Pareceu-nos entreta nto que nossos leitores lucrariam mai s tendo a oportunidad e ele ler a Parte llJ em seu conjunto, incluída a atua li zação feita pelo Autor em 1992. Isto porque os acontecimentos nela anali sados estão interli gados ele maneira a formar um só todo coerente. O frac ionamento em ca pítulos mensais poderi a criar para o leitor alguma clifi culclacle em ass imil ar a visão panorâmi ca ela expl anação feita pelo mestre ela Co ntra-Revolução.

* A propós ito de Revolução e ConlraRevolução , em seu texto orig inal com*

posto das duas partes que hoje termin amos de reproduzir, o ex-Núnc io Apostó li co no Peru , Mons. Romolo Carboni, Leve as eloqüentes palavras que seguem:

"Dislinto professor: "A leitura de seu livro R evolução e Contra- Revolução causou-rn.e magnífica impressão, tanto pela justeza e acerto com que analisa o processo da !?evolu ção e desenvo lve as verdadeiras origens da quebra dos valores morais que desorientam as consciências no presen te, como pelo vigor com que assinala a lálica e os métodos de luta para superá- la .... "Estou seguro de que seu douto livro prestou um singular serviço à causa ca tólica e contribuirá para concentrar as forças do bem na rápida solução do grande problema contemporâneo .... ".

livro de cabeceira de todos os sócios, cooperadores, corres pondentes e esclarecedores da TFP, dissemi nados pelos cinco continentes. Livro que, 3 de outubro de 1995 como um farol, vem orientando a vasta Ademais, cumprindo-se neste mês de família de almas de Catolicismo, nos atri outubro, no di a 3, c inco anos cio fa lec ibulados e caóticos dias em que vivemos. mento ele Plínio Corrêa ele O I iveira, qui Uma obra que, também, desde seu lançamento, norteia os arti gos cios redatores semos externar à sua memória o preito e colaboradores ele nossa revi sta. ele nossa imorredoura gratid ão publicando a referida Parte III. Em 1959, Catolicismo , em seu centés imo número, teve a ho nra ele ser a primeira publi cação a esta mpar na íntegra essa Como se originou a Parte Ili obra-prima ele Plínio Corrêa de e ele Oliveira; e a partir ele 1995 veio transcrevendo, por capím 1976, foi so li c itado ao Prof. Plinio Corrêa de Oliveira a redação de um prefácio para a tulo s, essa mesma m atéri a 3" ed iç ão italiana dessa sua obra. Ele julgou, (composta origina lmente ele porém, mais oportuno, apresentar ao público Lima duas partes), nas segundas caanálise da evolução do processo revolucionário napas ele nossas ed ições. Prec iqueles quase vinte anos decorridos desde a primeira sa mente na edi ção cio presenedição. E acrescentou então uma terceira parle ao te mês termina essa transcriseu livro . Em 1992, após a queda do Muro de Berção, com a reprodução ci o úl lim, o Autor atualizou essa Parte Ili com algLms cotimo trecho da Parte Jl. mentários à margem, os quais publicamos com apresentação gráfica diferente, estampados com fundo Assim sendo, em princíde retícula. pio, ini c iaríamos na próx ima

Revolução

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edição a Parte ITI (escrita pelo

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Contra-Revolução?

Ra zão de so bra tev e M o ns. Carboni ao esc rever essas palavras, pois, no decurso ele sua lo nga vida, Plínio Corrêa de Oliveira votou entranhada dileção à Sa nta Igreja atól ica, co nsig nada até c m seu testamento cerrado, datado de I O de janeiro ele 1978, do qual transcrevemos abaixo um trecho:

"Declaro que vivi e espero morrer na Santa Fé Cat6Lica Apostólica e Romana, à qual adiro com todas as veras de minha alma. Não encontro palavras suficien-

tes para agradecer a Nossa Senhora o favor de haver vivido des<le os meus primeiros dias, e de morrer, como espero, na Santa Igreja, à qual votei, voto e espero votar até o último alento, absolutamente todo meu amor. De tal sorte que todas as pessoas, instituições e doutrinas que amei durante minha vida, e atualmente amo, só as amei ou amo porque eram ou são segundo a Santa Igreja, e na medida em que eram ou são segundo a Santa Igreja. lgualmente,jamais combati instituições, pessoas ou doutrinas senão porque e na medida em que eram opostas à Santa Igreja Católica."

Denúncia do processo destruidor da Civilização Católica Na Parte UI de Revolução e ContraRevolução, redigida em 1976, o Autor discerne a nova etapa cio processo revolucionário que se sucede às anteriores, discorre sobre ela e a denuncia. Trata-se ela IV Revolução - um desdobramento em termos modificados das três Revolu ções estudada nas duas primeiras partes. Em 1992, tend o os fatos evidenciado o acerto das teses ele Plini o Corrêa de Oliveira enunc iadas nessa terceira parte, amigos pe tiram - lhe para atua li zar e comentar o que escrevera em 1976, na ed ição espec ial de ago to daq uele ano, quando Catolicismo ating iu eu nº 500. O que ele f ez, desmascarando então a metamorfose do com uni smo, apontando o avanço da IV Revolu ção (sobretudo tribal e anárqui ca) e prognostican do o surg imento de uma V Revolução (sobretudo satâ ni ca).

esumidamente poderíamos dizer que nas duas partes originais desse providencial livro, Plínio Corrêa de Oliveira elucida brilhantemente os principais acontecimentos dos últimos cinco séculos e faz a crítica das três Revoluções - Revolução Protestante (1 517), Revolu ção Francesa (1789) e Revolução Comunista ( 1917). Ele aponta a sinistra origem da crise do mundo ocidental e os meios necessários para resolvê -la. No prime iro capítulo, o Autor explica a crise do homem contemporâneo: "As muitas crises que abalam o mundo hodierno - do Estado, da fam,'lia, da economia, da cultura, etc. não constituem senão múltiplos aspectos de uma só crise funda mental, que tem como campo de ação o próprio homem. Em outros termos, essas crises têm sua raiz nos problemas de alma mais profundos, de onde se estendem para todos os aspectos da personalidade do homem contemporâneo e todas as suas atividades" 1 • As vár ias revo lu ções só são compre ensíveis como partes de um imenso todo: a Revolução. Esta teve por germe o desregramento das paixões, sendo duas as que mais a servem: o orgulho e a sensualidade. O orgulho que leva ao ódio a toda superioridade e a qualquer desigualdade. A sensua lidade que tende a derrubar todas as barreiras morais. Revolução: é a denominação dada pelo Autor ao multissecular processo que vem destruindo a Cristandade, desde o declínio da Idade Média - época em que o ideal catól ico de

Quanto Plínio Corrêa ele Oliveira escreveu em 1992 vai aqu i publicado com fundo ele retícula. Para melhor intel ecção dessa nova fase da Revolução, ex-

sociedade mais se aproximou de sua reali zação. "No século XIV começa a observar-se, na Europa cristã, uma transformação de mentalidade que ao longo do século XV cresce cada vez mais em nitidez. O apetite dos prazeres terrenos se vai transformando em ânsia. As diversões se vão tornando mais fre qüentes e mais suntuosas. Os homens se preocupam sempre mais com elas. Nos trajes, nas maneiras, na linguagem, na literatura e na arte o anelo crescente por uma vida cheia de deleites da fantasia e dos sentidos vai produzindo progressivas manifesta ções de sensualidade e moleza. Há um paulatino deperecimento da seriedade e da austeridade dos antigos tempos. Tudo tende ao risonho, ao gracioso, ao festivo. Os corações se desprendem gradualmente do amor ao sacrifício, da verdadeira devoção à Cruz, e das aspirações de santidade e vida eterna 2 •

Contra-Revolução: a reação organizada que se opõe à Revolução e visa restaurar a Cristandade. "Se a Revolução é a desordem, a Contra-Revolução é a restauração da ordem. E por ordem entendemos a paz de Cristo no reino de Cristo. Ou seja, a civilização cristã, austera e hierárquica, fundamentalmente sacra/, antiigualitária e antiliberal" 3 •

Notas: 1. Plínio Corrêa de Oliveira, Revolução e Co11rra -Revo/11ção, S. Paulo, 4' ed ição em português, 1998, Parte 1, Cap. VI , 5-D, p. 5 1. 2. Op. cit., Parte 1, Ca p. Ili , 5-A, p. 26. 3. Op. cit. , Parte li , Cap. li , 1, p. 93.

pli citada na Parte Tll , sugerimos ao leitor que primeiramente leia o quadro acima, que contém um a síntese das duas Partes escritas em 1959.

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Plínio Cotrêa de Oliveira

PARTE Ili

Revolução e Contra-Revolução VINTE ANOS DEPOIS Capítulo I A Revolução, um processo em transformação contínua A qui termin ava, em ua. anteri ores edições, o ensa io Revolução e ContraRevolução; seguiam-se apenas as rápida pal avras de pi edade e entu si a mo que constituíam a " Conclu são". Tran scorrido tão largo tempo de 1959 para cá - repleto de acontec imentos-, caberi a perguntar se, sobre as matéri as de que o ensaio trata, haveri a al go mai s a dizer hoje. A resposta não poderi a deixar de ser afirmativa. É o que se apresenta em seguida ao leitor.

1. "Revolução e Contra-

Revolução" e TFPs: vinte anos de ação e de luta ... "Vinle anos depois": o lÍlulo cio romance ele Al exandre Duma - tfío apreciado pelos adolescentes do Brasil a1é o momento, j á di stante, em que pro fundas tra nsform ações psicológ icas deslruíra m o gosto por esse gênero literári o - uma associação de imagens o tra z a nosso espíri to qu ando co meça mos a escrever esl a notas. 14

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Voltamo-nos, há pouco, ao ano de 1959. Estamos termin ando o ano de 1976. Já não e tá l onge, pois, o fim da segunda década em que este livro circul a. - Vinte anos ... N este período, as edi ções deste ensa io se têm multipli cado'. Revolução e onlra-Revolução: não ti vemo o intuito de fazer dele um mero es tudo. Escrevemo- lo também com a intenção de que fosse um livro de cabeceira para cerca de uma centena de j ovens brasileiros que nos pediram que lhes ori entássemos e coord enássemos os esforços com vistas aos problemas e aos deveres com que então se defrontavam. Esse pugilo inicial - semente ela futura TFP se estendeu em seguida pelo território brasil eiro, ele dimensões continentais. Circunstâncias propícias favoreceram , pari passu, a formação e o desenvolvimento de entidades co- irmãs e autônomas por toda a A mérica cio Sul. O mesmo fo i acontecendo, depois, nos Estados Unidos, Canadá , Espanh a e França. Afinid ades de pensamento e relações cordi ais promi ssoras vêm começando a li gar, mais recentemente, essa ex tensa família de entidades, a personalidades e assoc iações de outros paí ·es da Euro pa. O Bureau Tradilion, Falllille, Propriélé, fund ado em Pari s no ano

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de 1973, e vem dedicando a fo mentar quanto poss ível os contatos e aprox imações daí decorrentes. Estes vinte anos fora m, pois, de expan ão. De expansão, sim , mas também le inlensa luta contra-revolucionári a. Os re ultados por essa fo rma alcançados vêm sendo consideráveis. N ão é este o momento de os enumerar todos2. Cingimo-nos a di zer que, em cada um dos países onde ex iste uma TFP ou organi zação afi m, vem e. ta combatendo . em tréguas a Revolução, ou sej a, mais espec ialmente no campo reli gioso, o chamado esquerdi smo católi co; e no temporal, o comunismo. In cluímos como genu íno combate ao comuni smo a luta contra tod as as moclaliclacles de sociali smo, pois estas são apenas etapas preparatóri as ou form as larvadas daquele. Tal combate tem-se desenvolvido sempre segundo os princípi os, as metas e as norm as da Parte 11 des te esludo' . Os frutos assi m obtidos bem demonstra m o acerto do que, sobre os temas indissociáveis da Revolução e da Contra- Revolução, está dito na presente obra.

2. Em um mundo que se vem transformando contínua e acelerada-

mente, permanece atual, nos presentes dias, "Revolução e ContraRevolução"? A resJ>osta é af"trmativa

novos hori zontes que a Históri a vem abrindo. Tal não caberi a neste simples aditamento. Pensa mos, contudo, que uma resenha do que fez a Revolução nes tes vinte anos, uma 111ise au poinl do panorama mundial lransformado por ela pode ser úti I para que o leitor re lacione fácil e comodamente o conteúdo cio li vro com a realidade presente. É o que passaremos a fazer.

vi amente, de 1917 para cá, a 111 Revolução continuou sua caminhada. Encontrase ela , no momento, em um verdadeiro apogeu.

A o mesmo tempo que se multipli cava m nos cinco conlinentes as edições e os frutos ele Revolução e Conlra-Revolução\ o mm1do - impelido pelo processo revolucionári o que há quatro séculos o vem suj eitando - passou por tão rá pidas e profund as evolução e Contra-Revolução teve, em tran sformações que, ao lançar forma de livro, quatro edições em português, esta nova edição, cabe perguntrês em francês, dez em castelhano, quatro em tar, conforme j á consignamos, italiano, três em inglês, uma em alemão, uma em rumeno e uma em polonês. Essas edições, somase em fu nção delas deveri a ser das a algumas revistas que publicaram o texto na retifi cado ou acrescentado algo íntegra, perfaz um total de 150 mil exemplares . em relação ao que fo i por nós escrito em 1959. Revolução e Contra-Revolução se si tu a ora no cam po teórico, ora em um campo teórico-prático mui to próximo da Apogeu e crise da pura teori a. Ass im , não é de surp reender se, a nosso ju ízo, nenhum fa to soIII Revolução breveio de mo lde a alterar o que no e. tud o se contém . 1. Apogeu da III Revolução

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Capítulo II

Por certo, mu itos métodos e estil os de ação u ados pela TFP brasileira, entidade em vi as ele se const ituir em 1959 - como por suas co- irm ãs - fora m substi tuídos, ou adaptacl s a circunstâncias novas. E outros foram inovados. Mas eles se situam , todos, nu m campo inferi or, executivo e práti co. Deles não l ra la, portan to, Revol11çüo e Contra-Revolução. De onde não haver moclif-icações a in troduzir na obra. Sem embargo ele tudo isto, muito haveri a a acrescentar se qui séssemos relacionar Revoluçâo e Conlm -Revolução com os

Como vimos\ três grandes revoluções constituíram as etapas capitais do processo de demolição gradu al ela Igrej a e da civilização cri stã: no séc ulo X VI , o Humani smo, a Renascença e. o protestantismo (/ Revoluçcio); no século X VIII , a Revolução Francesa (// Revolução); e na segun da década clesle século, o Comuni smo (111

Revolução). Essas três revo luções só são compreensíveis como partes ele um imenso todo, i. to é, a Revo lução.

Comentário acrescentado pelo Autor em 1992, à margem do texto de 1976:

Crise na Ili Revolução, fruto inevitável das utopias marxistas Na mais ampla das escalas, isto é, na escala internacional, esse apogeu era not ório. Di-lo o te xto um pouco mais adiante. Com o re cuo do tempo, o quadro geral desse apog eu pode ser pintado com traços ainda mais vastos, quer pel a extensão e pela população das nações efetiva e plenamente sujeitas a regimes comunistas, quer pelas impressionantes dimensões da máquina vermelha de propaganda internacional e pela importância dos partidos comunistas dos países ocidentais, quer, por fim, pela penetração das tendências comunistas nos diversos domíni os da cultura desses países . Tudo isso, acrescido pelo pânico mundia l gerado pela ameaça atômica que a ag ressividade sovi éti ca, se rv ida por um poder nuclear incontest ável , fa zia pairar sobre todos os continentes. Tão múlt iplos fatores davam origem a uma políti ca de moleza e

Sendo a Revo lução um processo, ob-

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de capitulação quase universais em relação a Moscou . As Ostpolitiks alemã e vaticana, o vento mundial de um pacifismo incondicionalmente desarmamentista, o pu lul ar de slogans e de fórmu las políticas que preparavam tantas burguesias ainda não comunistas a aceitar o comunismo como fato a ser consumado em um futuro não distante: todos nós vivemos sob a compressão psicológica desse otimismo de esquerd a, que era enigmático como uma esfinge para os centristas indolentes, e ameaçador como um Leviatã para quem, como as TFPs e os seguidores de Revolução e Contra-Revolução em tan tos países, discernia bem o "apocalipse" a que tudo isso ia condu zindo. Quão poucos eram, então, os que percebiam estar esse Leviatã carregando em si uma crise increscendo que ele não conseguia resolver, porque era o fruto inevitável das utopias marxistas! A crise veio crescendo e parece ter desintegrado o Leviatã. Mas, como adiante se verá , essa desintegração difundiu por sua vez, por todo o un iverso, um clima de crise ainda ma is letal. Continuação do texto de 19 76:

Considerados os territóri os e as populac.;m·s sujeitos a regimes comuni stas, cli spm· 11 Ili lfr1 111/11çüo ele um impéri o mund ia l Sl' 1t1 prL'L' ·dentes na Hi tóri a. Este i 111 pL 11io L' l ator rnntínuo de insegurança e

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ele desuni ão enlre as mai ores nações nãocomuni stas . D e outro lado, estão nas mãos dos líderes da 111 Revoluçüo os cordéis que movimentam, em todo o mundo não-comuni sta, os partidos declaradamente comuni sta s e a imensa rede de criptocomu ni stas, para -comuni stas, inocentes-úteis, infiltrados não só nos partidos não declaradamente comunista s - sociali stas e outros - como ainda nas igrejasº, nas organi zações profi ss ionai s e culturai s, nos bancos, na imprensa, na televi são, no rádio, no cinema, etc. E, como se Ludo isto não ba tas e, a Ili Revoluçüo maneja com Lerrível efi cácia a. táti cas de conqui sLa psicológ ica ele que adi ante fa laremos. Por meio ele tas, o comuni smo vem conseguindo reduzir a um torpor displicente e abobado imensas parcelas não-comunistas da opini ão pública ocidental. Tai s táti cas permitem à Ili Revolu.çüo esperar, neste terreno, sucessos ainda mais marcantes, e desconcertantes para os observadores que an ali sam os fatos ele fora dela. A inércia, quando não a ostensiva e substanciosa colaboração de tantos governos " democráti cos" e sorrateiras forças econômicas particul ares do Ocidente, com o comun ismo ass im poderoso, compõe um terríve l quadro de conjunto diante cio qual vive o mundo de hoj e. N es tas condições, se o curso do pro-

cesso revolucionário continuar como até aqui, é humanamente inevitável que o triunfo geral da III Revolução acabe se impondo ao mundo inteiro. - Dentro de quanto tempo? Muitos se assustarão caso, a títul o de mera hipótese, sugiramos mais vinte anos. Parecer-lhes-á surpreen-

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clenlemente exíguo o prazo. Na realidade, quem poderá garantir que esse desenlace não sobrevenha dentro de dez ou cinco anos, ou antes ainda? A proximidade, a eventual iminência desta grande hecatombe é sem dúvida uma elas notas que, comparados os horizontes ele 1959 com os de 1976, indi cam maior tran sformação na conjuntura mundial.

vinte anos . - Tais circun stâncias forçarão o comuni smo a optar, daqui por diante, pela aventura?

A. Na rota do apogeu, a Ili Revolução evitou com cuidado as aventuras totais e inúteis

No ocaso do ano de 1989, aos supremos dirigentes do comunismo internacional, pareceu afinal chegado o momento de lançar uma imensa cartada política, a maior da história do comunismo. Esta con sistiria em derrubar a cortina de ferro e o Muro de Berlim, o que, produzindo seus efe itos de forma simultânea à execução dos programas "liberalizantes" da glasnost (1985) e da perestroika (1986), precipitaria o aparente desmantelamento da Ili Revolução no mundo soviético.

Se bem que esteja nas mãos dos mentore da li/ Revolu.çüo lançar-se, de um momento para oulro, numa aventura para a conqui sta completa cio mundo por uma séri e de guerras, ele cartadas políticas, de cri ses econômicas e ele revoluções sangrentas, é bem ele ver que tal aventura apresenta con sideráveis riscos. Os mentores da Ili Revolu.çüo só aceitarão de os correr caso isto lhes pareça indispensável. Com efeito, se o emprego contínuo dos métodos clássicos levou o comuni smo ao atual fastígio de poder sem expor o processo revolucionário senão a ri scos cuidadosamente circunscritos e ca lculados, é ex pi icá vel que os gui as da Revolu ção mundi al esperem alcançar a cabal dominação do mundo sem sujeitar sua obra ao risco ele catástrofes irremediáveis, ineren te a toda grande aventura.

B. Aventura, nas próximas etapas da Ili Revolução? Ora, o sucesso dos costumeiros métodos ela Ili Revolução está comprometido pelo surgimento ele circunstâncias psicológicas des favoráveis, a quais se acentuaram fortemente ao longo dos últimos

Comentário acrescentado em 1992:

"Perestroika" e "glasnost": desmantelamento da Ili Revolução, ou metamorfose do comunismo?

Por sua vez, ta l desmantelamento atrairia para seu supremo promotor e executor, Mikhail Gorbachev, a simpati a enfática e a confiança sem reservas das potências econômicas esta ta is e de muitos dos poderes econômicos privados do Primeiro Mundo. A partir disto, o Kremlin poderia esperar um fluxo assombroso de recursos financeiros a favor de suas vazias arcas. Essas esperanças foram muito amplamente con firmadas pelos fatos, proporcionando a Gorbachev e à sua equipe

a possibilid ade de continuar flutu ando, com o timão na mão, sobre o mar de miséria, de indo lência e de inação, em face do qual a infeliz população russa, sujeita até há pouco ao capitalismo de Estado integral, vai se havendo, até o momento, com uma passividade desconcertante. Passividade esta propícia à generalização do marasmo, do caos, e quiçá à formação de uma crise conflitual interna suscetível , por sua vez, de degenerar em uma guerra civil. .. ou mundial' . Foi neste quadro que irromperam os sensacionais e brumosos acontecimentos de agosto de 1991, protagonizados por Gorbachev, Yeltsin e outros co-autores dessa jogada, que abriram caminho à transformação da URSS numa frouxa confederação de Estados e depois ao seu desmantelamento. Fala-se da eventual queda do regime de Fidel Castro em Cuba e da possível invasão da Europa Ocidental por hordas de famintos vindos do Leste e do Magreb. As diversas tentativas de incursão de desvalidos albaneses na Itália teri am sid o como qu e um primeiro ensaio desta nova "invasão de bárbaros" na Europa . Não falta quem, na Península Ibéri ca como em outros países da Europa, veja estas hipóteses em um comum panorama com a ação de prese nça de multidões de maom et ano s, despreocupadamente

CATO LI

admitidos em anos anteriores em vários pontos desse continente , e com os projetos de construção de uma ponte sobre o Estre ito de Gibraltar, ligando o Norte da África ao território espanhol , o que favoreceria por sua vez mais outras invasões mu çulmanas na Europa. Curiosa semelhança de efeitos da derrubada da cortina de ferro e da construção dessa tal ponte: ambas abririam o continente europeu para invasões análogas às que Carlos Magno repeliu vitoriosamente, isto é, as de hordas bárbaras ou semibárbaras vindas do Leste e hordas maometanas provenientes de regiões ao Sul do continente europeu. Dir-se-ia quase que o quadro pré-medieval se recompõe. Mas algo falta : é o ardor de fé primaveril nas popu lações católicas chamadas a fazer frente simultaneamente a estes dois impactos. Mas, sobretudo, fa lta alguém: onde encontrar hoje em dia um homem com o estofo de Carlos Magno? Se imaginarmos o desenvolvimento das hipóteses acima enunciadas, cujo principal cenário seria o Ocidente, sem dúvida nos assombrarão a magnitude e a dramaticidade das conseqüências que as mesmas trariam consigo.

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Entret anto, est a vi são de conjunto nem de longe abarca a totalidade dos efeitos que voze s autori zad as, procedentes de círculos intelectuais sensivelmente opostos entre si e de imparciais órgãos de comunicação , nos anunciam nestes dias. Por exemplo, a crescente oposição entre países consumidores e países pobres . Ou , em outros termos, entre nações ri cas industrializadas e outras que são meras produtoras de mat érias-primas . Nasceria daí um entrechoqu e de proporções mundiais entre ideologias diversas, agrupadas , de um lado em torno do enriquec imento indefinido , e de outro do subconsumo miserabilist a. À vi sta desse eventual entrechoque, é impossível não re cordar a luta de classes preconi zada por Marx . E daí surge naturalmente uma pergunta: será essa luta uma projeçã o , em termos mundi ais , de um embate análogo ao que Marx conceb eu sobretudo como um f enômeno sócio-econômico dentro das nações, conflito est e no qual particip aria ca da uma destas com característi cas próprias? Nessa hipótese, a luta ent re o Primeiro Mundo e o Terceiro passará a servir de camuflag em mediant e a qual o marxismo , envergonhado de seu catastrófico fraca sso sócio-econômico e metamorfoseado , trataria de obter, com re-

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CATOLICISMO

novadas possibilidades de êxito, a vitória final ? V it óri a essa que, até o momento , esca pou das m ãos de Gorbachev, o qual, embora certamente não seja o doutor , é pelo menos um a mescla de bardo e de prestidig itador da perestroika... Da p erestroika, sim, da qual não é possível duvidar que seja um requinte do comuni smo, poi s o confessa seu próprio autor no ensaio propagandísti co "Perestro1ka - Novas idéias para o meu país e o mundo" (Ed . Best Se ller, São Paulo, 1987, p. 35. ): "A finalidade desta reforma é garantir .... a

transição de um sistema de direção excessivamen te centralizado e dependente de ordens superiores para um sistema democrático baseado na combinação de centralismo democrático e autogestão ". Auto gestão esta que, de mais a mais, era "o objeti vo supremo do Estado soviético ", segundo estabelecia a pró pria Const ituiçã o da ex-URSS em seu Preâmbulo .

Continuação do toxto d

7976:

.2. Obstaculos inesp( al os para a aplicação dos métodos clássicos da III Revolução A. Declínio do poder pers uasivo Examinemos antes le tudo essas circunstâncias. A primeira delas é o declfnio do

poda persuasório do proselitis1110 co1111111ista.

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Tem po houve em que a doutri nação ex plícita e categóri ca fo i, para o comuni smo intern acional, o principal meio ele recru tamento ele adeptos. Em largos setores ela opin ião pública e em quase todo o Ocidente, por motivos que seri a longo enumerar, as condi ções se torn aram hoj e, em muito ponderável medida, in fensas a tal doutrin ação. D ecresceu v isivelmente o poder pers uasivo ela dialéti ca e ela propaganda comunista doutrin ári a integral e ostensiva. A ssim se explica que, em nossos dias. a propaganda comuni sta procure cada vez mais fazer-se el e modo camuflado, suave e lento. Tal camuflagem se faz ora di fu ndindo os princípios marxistas, esparsos e velados, na literatura socialista, ora ins inuando na própria cultura que chamaríamos "centrista" princípi os que, à maneira ele ger mens, se mu lti pl icam levando os centri stas à inadverti da e gradual aceitação ele toda a doutrin a comuni sta.

B. Declínio do poder de liderança revolucionária À diminui ção cio poder persuasivo direto cio credo vermelho 'Obre a multidões, que o r'curso a esses meios oblíquos, len-

tos e trabalh osos denota, junta-se um corr ·lalO t!eclf11io 110 poder de liderança re1•0/r1cio11âria do com11nis1110 . Exam inemos como se manifestam ess 'S fenômenos corre latos e quais os fru los deles.

a. Ódio, luta de classes, Revolução Essencialmente, o movimento comuni sta é e se considera uma revolução nascida cio ódio ele classes. A violência é o método mais coerente com ela. É o méto-

do direto e fulminante, cio qu al os mentores do comuni smo esperavam , com o mínimo ele ri scos de fracasso, o 1míx imo ele resultados , no mínimo de tempo. O pressupos to deste método é a capacidade ele liderança dos vários PCs, pela qual lhes era dado cri ar clescontentamenlos, tran sform ar estes descontentamentos em ódios, articul ar estes ód ios numa imensa conjuração, e levar ass im a cabo, com a força "atômica" do ímpeto desses ód ios, a demo li ção da ordem atu al e a impl antação do comuni smo.

b. Declínio da liderança do ódio, e do uso da violência Ora, também es ta Iiderança do ódio vai esca pando das mãos dos comuni stas. Não nos alongamos aqui na ex plicai,:ão das complexas causas do fato. L imi tamo-nos a notar que, no tran scurso destes v inte anos, a violência fo i dando aos comuni stas vantagens cada vez menores. Para prová- lo, basta lembrar o mal ogro invari ável das guerrilha s e do terrori smo disseminado. por Cuba em toda a Améri ca L atin a. É bem verdade que, na Á fri ca, a vi olência vem arrastando quase todo o conti nente em direção ao comunismo. M as esse fato muito pouc diz a respeito elas tendênc ias da opinião públi ca no resto do mundo. Pois o primiti vism ela ma ior parte das popul ações aborígines daq uele contin ente as coloca em condições peculi ares e inconfundíveis. E a violência ali não tem obtido adeptos por moti vações pri ncipalmente ideológicas, mas também por re sentimentos antico loniali stas, cios quais a propaganda comuni sta soube valer-se com sua costumeira astúcia.

c. Fruto e prova desse declínio: a m Revolução se metamorfoseia em revolução risonha

gens para a Ili Revolução. M as estas são lentas. gradu ais, e subordin adas, em sua frutili cação, a mil fa tores vari áveis.

A prova mais cl ara de que a Ili Revolução vem perdendo nos últimos vinte ou

No auge de seu poder, a Ili Revolução deixou de ameaçar e agredir, e passou a sorrir e pedir. Ela deixou de avançar em cadência militar e usando botas de cossaco, para progredir lentamente, com passo di sc reto. Ela abandonou o caminho reto - sempre o mais curto - e escolheu um

trinta anos sua capac idade de cri ar e lidera r o ód io revo lucionári o é a metamorfose que ela se impôs. Quando cio degelo pós-stali ani ano com o Ocidente, a Ili Revolução afi velou uma sorridente máscara, de polêmi ca se torn ou di aloga nte, simul ou es tar mudando ele mentalidade e de atitude, e se abriu para toda espécie de colaborações co m os adversári os que ·antes tentava es magar pela v iolência. Na esfera intern acional, a Revolução passou assim , sucess ivamente, da guerra fri a para a coex istência pacífi ca, depois para a " queda das barreiras ideo lógicas", e por fim para a fran ca co laboração com as potências capitalistas, rotul ada, no linguaj ar publi citári o, ele Ostpolilik ou ele

détente. Na esfera interna dos vári os países do Ocidente, a "politique de la main tendue", que fora, na era de Stalin, um mero artifício para embair pequenas minori as católicas esquerdi stas, transformou-se numa verdadeira détente entre comunistas e pró-capitalistas, meio ideal usado pelos vermelhos para entabular relações cordiais e aprox imações dolosas com todos os seus adversários, quer pertençam estes à esfera espiritual, quer à temporal. Veio daí uma série de táti cas " amistosas", como a dos companheiros de viagem, a cio eurocomunismo legali sta, afável e prevenido em relação a M oscou, a do compromisso histórico, etc. 0 1110 j á dissemos, todos estes es tratagemas apresentam, hoj e em di a, vanta-

ziguezague no decurso cio qual não faltam incertezas. - Que imensa tran sformação em vinte anos 1

C. Objeção: os sucessos comunistas na Itália e na França M as -

dirá alguém -

os sucessos

alcançados pelo comuni smo por meio da aludida tática, quer na Itália, quer na França, não permitem afirm ar que o mes mo estej a em retrocesso no mundo livre. Ou que, pelo menos, seu progresso seja mai s lento ci o que o ci o carran cudo comunismo elas eras de L enine e ele Stalin. An tes ele tud o, a tal objeção eleve-se responder que as recentes eleições gera is na Suécia, Alemanha Ocidental e Finlândia, bem como as eleições regionais e a atual instabilidade cio gabinete trabalhi sta na Inglaterra, falam bem ela inapetência das grandes massas em relação aos " paraísos" socialistas, à violência comunista, etc.' H á ex press ivos sinto mas ele que o exe mpl o desses países j á começou a repercuti r naquel as du as grandes nações ca tó li cas e latinas ela E uropa Ocidenta l, prejudi ca ndo ass im os progressos comuni stas. M as, a nosso ver, é preciso sobretu do pôr em dúvid a a autenti c id ade co-

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muni sta elas crescentes votações obtidas pelo PC italiano ou pelo PS francês (e falamos cio PS, j,1 que o PC francês se acha estagnado). Quer um quer outro partido (PSF e PCI) está longe ele se ter benefi ciado apenas cio voto ele seu própri o eleitorado. Apoios católicos certamente consideráveis - e cuja amplitude rea l só a Hi stória revelará um dia em toda a extensão - têm . criado, em torno cio PC itali ano, ilusões, fraquezas, atonias e cumplicidades inteiramente excepcionai s. A projeção eleitoral dessas circunstâncias espantosas e artificiais exp lica, em larga medida, o crescimento cio número ele votantes pró-PC, muitos cios quais não são ele nenhum modo eleitores comuni stas. E cumpre não esquecer, na mesma ordem ele fatos, a influência na votação, direta ou indireta, ele certos Cresos, cuja atitude francamente colaboracioni sta em relação ao comuni smo dá ocasião a manobras eleitora is elas quais a Ili Revolução tira óbvio proveito. Análogas observações podem ser fe itas em relação ao PS francês.

3. O ódio e a violência, metamorfoseados, geram a guerra psicológica revolucionária total Para melhor apreendermos o alcance dessas imensas transformações ocorridas no quadro ela /// Revolução nos últimos vinte anos, será necessário anali sarmos em seu conjunto a grande esperança atual cio comuni smo, que é a guerra revolucionária psicológica. Embora nasc ido necessari amente cio ódio, e voltado por sua própri a lóg ica interna para o uso ela violência exercida por 20

CATO LIC IS MO

meio ele guerras, revoluções e atentados, o comuni smo internacional se viu compelido por grandes modificações em profundidade ela opinião pública, a di ssimular seu rancor, bem como a fin gir ter desistido elas guerras e elas revoluções. Já o dissemos. Ora, se tais desistências fosse m sinceras, ele tal maneira ele se desmentiria a si próprio, que se autoclemoliria. Longe di sto, usa ele o sorri so tão-somente como arma ele agressão e ele guerra, e não extingue a violência, mas a transfere do campo de operação cio físico e palpável , para o elas atu ações psicológicas impalpáveis. Seu objeti vo: alcançar, no interior das almas, por etapas e invisivelmente, a vitória que certas circunstâncias lh e estava m impedindo co nqui star de modo drástico e visível , segundo os métodos clássicos. Bem entendido, não se trata aqui ele efetuar, no campo cio espírito, al gumas operações esparsas e esporádicas. Tratase, pelo contrário, de uma verdadeira guerra de conquista - psicológica, sim, mas tota l - visando o homem todo, e todos os homens em todos os paí es.

xistas em geral passaram a reconhecer a necessidade de uma forma de revolução prévia às transformações políticas e sócio-econômicas, que operasse na vida cotidiana, nos costumes, nas mentalidades, nos modos de ser, de sentir e de viver . É a chamada "revolução cultural". Consideram eles que esta revolução, preponderantemente psicológica e tendencial, é uma etapa indispensável para se chegar à mudança de mentalidade que tornaria possível a implantação da utopia igualitária, pois , sem tal preparação , a transformação revolucionári a e as conseqüentes "mudanças de estrutura" tornar-se-iam efêmeras. O referido conceito de "revolu çã o cu ltural" abarca, com im press ionante analogia, o mesmo campo já des ignado por Revolução e Contra-Revolução, em 1959, como próprio da Revolução nas tendências (Cfr . Parte 1, Cap. 5.).

Continuação do texto de 1976: Comentário acrescentado em 1992 :

Guerra psicológica revolucionária: "Revolução Cultural" e Revolução nas tendências Como uma modalidade de guerra psicológica revolucionária, a partir da rebelião estudantil da Sorbonne, em maio de 1968, numerosos autores socialistas e mar-

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In sistimos neste conceito de guerra revolucionária psico lóg ica tota l. Com efei to, a guerra psicológica visa a psique toda cio homem, isto é, "trabalha-o" nas vári a potências de sua alma, e em todas as fibras ele sua mentalidade. Ela visa todos os homens, isto é, tanto partidários ou simpatizantes ela /// Revolução, quanto neutros ou até adversários. Ela lança mão ele todos os meios, a cada passo é- lhe necessário dispor de um

fator específico para levar insensivelmente cada grupo social e até cada homem a se aproximar do comunismo, por pouco que seja. E isto em qualquer terreno: nas convicções religiosas, políticas, sociai s e econômicas, nas impostações culturais, nas preferências artísticas, nos modos de ser e de ag ir em família, na profissão, na soc iedade. A. As duas grandes meta da guerra psicológica revolucionária Dadas as atuais cliticu lclacles do recrutamento ideo lóg ico ela /// Revolução, o mai s útil de suas atividades se exerce, não sobre os amigos e si mpatizantes, mas sobre os neutros e os adversários: a) iludir e adormecer paulatinamente os neutros; b) dividir a cada passo, desa rticul ar, iso lar, aterrorizar, difamar, persegu ir e bloquear os adversários; - essas são, a nosso ver, as duas grandes metas da guerra psicológica revoluci onária. Desta maneira, a Ili Revoluçcio tornase capaz ele vencer, porém mai s pelo aniquilamento cio adversá rio do que pela multiplicação cios amigos. Obviamente, para conduzir esta guerra, mobiliza o comuni smo todos os meios ele ação com que conta, nos países oc identais, graças ao apogeu em que nestes se acha a ofensiva da li/ Revoluçcio. B. A guerra psicológica revolucionária total, uma resultante do apogeu da Ili Revolução e dos embaraços por que esta passa

A guerra psico lóg ica revolucionária total é, portanto, uma resu ltante da composição cios dois fatores contraditórios que já mencionamos: o auge de influência cio comunismo sobre quase todos os pontoschaves da grande máquina que é a soc iedade ocidental, e ele outro lado o declínio ela capacidade ele persuasão e ele I iclerança de le sobre as camadas profundas da opinião púb lica do Oc idente.

4. A ofensiva psicológica da III Revolução, na Igreja Não seria possível descrever esta guerra psicológica sem tratar acuraclamente cio se u desenrolar naquilo qu e é a própria alma cio Ocidente, ou seja, o cristianismo, e mais prec isamente a Religião Catól ica, que é o cristiani smo em sua plenitude abso luta e em sua autenticidade única. A. O Concílio Vaticano li Dentro da perspectiva ele /?evoluçcio e Contra-Revoluçcio, o êx ito dos êx itos alcançado pelo comun ismo pós-staliniano sorriden te foi o silêncio enigmático, desconcertante, espanto o e apocalipticamente trágico do Concílio Vaticano li a respeito cio comuni smo. Este Concíli o se quis pastoral e não dogmático. Alcance dogmático ele realmente não o teve. Além disto, sua omissão sobre o com uni smo pode fazê-lo passar para a História como o Concíli o apastoral. Explicamos o sentido especial em que tomamos esta afirmação. Figure-se o leitor um imenso rebanho enl anguescenclo em campos pobres e áridos, atacado ele todas as partes por enxames de abelhas, vespas, aves ele rapina.

Os pastores se põem a regar a pradaria e a afastar os enxames. - Esta atividade pode ser qual ificada ele pastoral? Em tese, por certo. Porém, na hipótese ele que, ao mesmo tempo, o rebanho estivesse send o atacado por matilhas ele lobos vorazes, muitos deles com peles ele ovelha, e os pastores se om itissem completamente de desmascarar ou de afugentar os lobos, enquanto lutavam contra insetos e aves, sua obra poderia ser considerada pastoral, ou seja, própria de bons e fiéis pastores? Em outros termos, atuaram como verdadeiros Pastores aqueles que, no Concí1io Vaticano II, qui seram espantar os adversários minores, e impuseram livre curso - pelo silêncio - a favo r cio adversário maior? Com táticas aggiornate - elas quais, aliás, o mínimo que se pode di zer é que são contestáve is no plano teórico e se vêm mostrando ruinosas na prática - o Concílio Vaticano Htentou afugentar, digamos, abelhas, vespas e aves de rapina. Seu silênc io sobre o comunismo deixou aos lobos toda a liberdade. A obra desse Concíli o não pode estar inscrita, enquanto efetivamente pastoral, nem na História, nem no Livro da Vicia. É penoso dizê-lo. Mas a ev idência cios fatos aponta, neste sentido, o Concílio \títticano li como uma elas maiores calamidades, se não a 111aior, ela História ela lgreja 9 • A partir dele penetrou na Igreja, em proporções impensáveis, a ''.fimwça de Satanás", que se vai dilatando dia a dia mais, com a terrível força ele expansão cios gases. Para escândalo ele incontáveis almas , o Corpo Místico ele Cristo entrou no sini stro processo da como que autoclcmolição.

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demolição" em altíss imo pronunciamenComentário acrescentado em 1992 :

Surpreendentes calamidades na fase pós-conciliar da Igreja Sobre as calamidades na fase pós-conciliar da Igreja, é de fundamental importância o depoimento hi stórico de Paulo VI na Alo cução "Resistite fortes in fide ", de 29 de junho de 1972, que citamos aqui na vers ão da Poliglotta Vatica na: "Referindo -se à situação da Igreja de hoje, o Santo Padre afirma ter a sensação de que «por alguma fissura tenha entrado a fumaça de Satanás no templo de Deus» . Há - transcreve a Poliglotta - a dúvida, a incerteza, o complexo dos problemas, a inquietação, a insatisfação, o confronto. Não se confia mais na Igreja; confia-se no primeiro profeta profano [estranho à Igreja) que nos venha falar, por meio de algum jornal ou movimento social, a fim de correr atrás dele e perguntar-lhe se tem a fórmula da verdadeira vida. E não nos damos conta de j á a possuirmos e sermos mestres dela. Entrou a dúvida em nossas consciências, e entrou por janelas que deviam estar abertas à luz. . ... "Também na Igreja reina este estado de incerteza. Acreditava-se que, depois do Concílio, viria um dia ensolarado para a História da Igreja. Veio, pelo contrário, um dia

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C AT OL ICIS MO

cheio de nuvens, de tempestade, de escuridão, de indagação, de incerteza. Pregamos o ecumenismo, e nos afastamos sempre mais uns dos outros. Procuramos cavar abismos em vez de soterrá-los. "Como aconteceu isto? O Papa confia aos presentes um pensamento seu: o de que tenha havido a intervenção de um poder adverso. Seu nome é diabo, este misterioso ser a que também alude São Pedro em sua Epístola"(cfr. lnsegnamenti diPao/o VI, Tipografia Poliglotta Vaticana, vol. X, pp. 707-709) . Alguns anos antes, o mes mo Pontífi ce , na Alocu ção aos alunos do Seminário Lombarda , no dia 7 de deze mbro de 1968, havia afirmado que "a Igreja atravessa hoje um momento de inquietação . Alguns praticam a autocrítica, dir-se-ia até a autodemolição. É como uma perturbação interior, aguda e complexa, que ninguém teria esperado depois do Concílio. Pensava-se num florescimento, numa expansão serena dos conceitos amadurecidos na grande assembléia conciliar. Há ainda este aspecto n a Igreja, o do florescimento. Mas, posto que «bonum ex integra causa, ma/um ex quocumque defectu», fixa -se a atenção mais especialmente sobre o aspecto doloroso. A Igreja é go lp eada t ambém pelos que dE!a fazem parte" (cfr. lnsegnam enti di Pao-

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lo VI, Tipografi a Poligl otta Vaticana, vol. VI , p. 1188) . Su a Santidade Jo ão Paulo li traçou também um panorama sombrio da situação da Igreja : "É necessário admitir realisticamente e com profunda e sentida sensibilidade que os cristãos hoje, em grande parte, sentem-se perdidos, confusos, perplexos e até desiludidos: foram divulgadas prodigamente idéias contrastantes com a Verdade revelada e desde sempre ensinada; foram difundidas verdadeiras e próprias heresias, no campo dogmático e moral, criando dúvidas, confusões e rebeliões; alterou-se até a Liturgia; imersos no «relativismo» intelectual e moral e por conseguinte no permissivismo, os cristãos são tentados pelo ateísmo, pelo agnosticismo, pelo tluminismo vagamente moralista, por um cristianismo sociológico, sem dogmas definidos e sem moral objetiva " (Alocução de 6/2/81 aos Religiosos e Sacerdotes participantes do I Congresso Nacional Ita liano sobre o tema "Missões ao Povo para os Anos 80", in "L 'Osservatore Romano", 7 /2/8 1). Em sentido semelh ante pronunciou-se posteriormente o Emmo. Cardeal Joseph Ratzinger, Prefeito da Sagrada Congregação para a Doutrina da Fé: "Os resultados que se seguiram ao Concílio parecem cruelmente opostos às expectativas de todos, a começar do

papa João XXII/ e depois de Paulo VI. .. .. Os Papas e os Padres conciliares esperavam uma nova unidade católica e, pelo contrário, se caminhou para uma dissensão que - para usar as palavras de Paulo VI - pareceu passar da autocrítica à autodemolição. Esperava-se um novo entusiasmo e, em lugar dele, acabou-se com demasiada freqüência no tédio e no desânimo. Esperava-se um salto para a frente e, em vez disso, encontramo-nos ante um processo de decadência progressiva .. .. ". E conclu i: "Afirma-se com letras claras que uma real reforma da Igreja pressupõe um inequívoco abandono das vias erradas que levaram a conseqüências indiscutivelmente negati vas" (cfr . Vittorio Messori, A co/oquio con il cardinale Ratzinger, Rapporto sulfa fede, Ed izion i Paoline, Milano, 1985, pp. 27-28).

Continuação do texto de 19 76:

1

A História narra os inúmeros dramas que a lgreja vem sofrendo nos vinte séculos ele sua ex istência. Oposições que germin aram fora dela, e ele fora mesmo tentaram destruí-la. Tumores formados dentro de la, por ela cortados, e que j á então ele fo ra para dentro tentaram destruí-la com ferocidade. - Quando, porém, viu a História, antes ele nossos dias, uma tentativa ele demoli ção ela [greja, já n'ão mai s feita por um adversário, mas qualificada ele "auto-

to ele repercussão mundial ?'º Daí resultou para a ]greja e para o que ai nda resta de civili zação cri stã, uma imensa derrocada. A Ostpolitik vaticana, por exempl o, e a infiltração gigantesca cio comunismo nos meios católi cos, são efeitos ele todas estas ca lamidades. E constituem outros tantos êx itos ela ofensiva psico lógica da Ili Revoluçâo contra a Igreja.

Comentário acrescentado em 1992:

A Ostpolitik vaticana: efeitos também surpreendentes Hoje em dia, lendo estas linhas sobre a Ostpolitik, alguém poderia perguntar, ante a enorme transformação que houve na Rússia, se esta não res ulta de uma jogada "gen ial" da Hierarquia eclesiástica. O Vaticano , baseado em informações do melhor quilate, teria previsto que o comunismo, corroído por crises internas, começaria por sua vez a autodemolir-se. E, para estimular o quartel-general mundial do ateísmo materialista a praticar essa autodemo lição, a Igreja Católica, situada no outro extremo do panorama ideológico, teria simulado sua própria autodemol ição . Com isto teria atenuado muito sensivelmente a persegu ição que então sofria da parte do comun ismo: entre moribundos certas conivências seriam concebíveis . A f lexibilização da Igreja teria, pois, criado

condições para a flexibili zação do mundo comunista. Caberia responder que, se a Sagrada Hierarquia t inh a noção de que o com unismo estava em condições tais de ind igência e de ruína que seria obrigado a se autodemolir, ela deveria denunciar essa sit uação e convocar todos os povos do Ocidente a preparar as vias do que seri a o saneamento da Rússia e do mundo, quando o comunismo ca ísse efetivamente, e não deveria calar sobre o fato, deixando que o fenômeno se produz isse à margem da influência católica e da cooperação generosa e solícita dos governos ocidenta is. Pois só fazendo tal denúncia seria possível evitar que o desmoronamento soviético chegasse à situação na qual se encontra hoje, isto é, um beco sem saída, onde tudo é misé ria e imbroglio. De qualquer forma, é fa lso que a autodemo lição da Igreja tenha apressado a autodemolição do co mun ismo, a menos que se suponha a existência de um tratado oculto entre ambos nesse sentido uma espéc ie de pacto suicida - , tratado esse, para dizer pouco, carente de legitim idade e utilidade para o mundo católico. Isto para não mencionar tudo quanto essa mera hipótese contém de ofensivo aos Papas em cujos pontificados esta dupla eutanásia se teria verificado.

CATO LICISMO

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Continuação do texto de 1976:

No seu tota l, esses abaixo-assinados alcançaram durante o período ele 58 dias, B. A Igreja, moderno centro de no Bras il , Argentin a, Ch il e e Uru gua i, embate entre a Revolução 2.060.368 assinaturas. Foi, até aqu i, ao que e a Contra-Revolução nos conste, o único abaixo-assinado ele Em 1959, quando escrevemos Revomassa que - sobre qualquer tema - telução e Contra-Revolução, a Igreja era tida nha eng lobado filhos ele quatro nações ela co rno a gra nde força espiritual contra a América cio Sul. E em cada um cios países expansão mundial ela seita com uni sta. Em nos quais ele se rea lizou, fo i - também 1976, incontáveis ecles iásticos, inclusive . ao que nos conste - o maior abaixo-assiBispos, figuram como cúrnpl ices por om isnado ela respectiva hi stóri a". A resposta são, co laboradores e até propulsores ela Ili ele Pau lo VI não foi apenas o silêncio e a Revolução. O progressismo, instalado por inação. Fo i também - quanto nos dói quase toda parte, vai convertendo em ledizê- lo - um conjunto ele atos cujo efeinha fac ilmente incendiável pelo comunisto perdura até hoje, os quais dotam ele presmo a floresta outrora verdejante ela Igreja tíg io e ele faci lidade ele ação a muitos proCatólica. pulsores cio esquerdi smo católico. Em uma palavra, o alcance desta transDiante desta maré montante da infilfo rmação é tal que não hesitamos em afirtração comunista na Santa Igreja, as TFPs mar que o centro, o ponto mais sensível e e entidades afins não desanimaram. E, em mais verdadeiramente decisivo ela luta 1974, cada urna delas publicou uma declaração" na qual exprimi am a sua·inconentre a Revolução e a Contra-Revo lução, se deslocou ela sociedade tempora l para a formidacle com a Ostpolitik vaticana e seu espiritual, e passou a ser a Santa Igreja, propósito de "resistir-lhe em face"'". Uma na qual, ele um lado, progressistas, criptofrase ela declaração, relativa a Pau lo VI, comuni stas e pró-comunistas, e ele outro expri me o espírito do documento: "E de lado, antiprogressistas e anti comunistas se joelhos, fitando com veneração a .figura confrontam' '. de S.S. o Papa Paulo Vi, nós lhe manifestamos toda a nossa fidelidade. Neste ato C. Reações baseadas em "Revofilial, dizemos ao Pastor elos Pastores: lução e Contra-Revolução" Nossa alma é Vossa, nossa vida é Vossa. À vista ele tantas transformações, a Mandai-nos o que quiserdes. Só nc7o maneficácia ele Revolução e Conlra-Revolu- deis que cruzemos os braços diante do ção ficou anulada? - Pelo contrário. lobo vermelho que investe. A isto nossa consciência se opõe". Em 1968, as TFPs até então ex istentes na América cio Sul, inspiradas na Parte TT Não satisfe itas com esses lances, as deste ensaio - "A Contra-Revolução" TFPs e entidades afins promoveram nos orga ni zaram um conjunto ele abaixo-assirespectivos países, no decurso deste ano, nados a Paulo VI , pedindo providências nove ed ições do best-sel/er da TFP and icontra a inliltração esquerdista no Clero e na, A Igreja do Silêncio no Chile - A TFP proclama a verdade inleira'5• no laicato ca1ôlico da América cio Su l. 24

CATO L I C I S M O

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Em quase todos esses países, a respectiva ed ição fo i precedida de um prólogo descrevendo múltiplos e impressionantes fatos locais consoantes com o que ocorrera no Chile. A acolhida desse grande esforço publicitári o pode-se di zer vitoriosa: ao todo foram impressos 56 mil exempl ares, só na América do Sul , onde, nos países mais populosos, a edição ele um li vro dessa natureza, quando boa, costuma consistir em cinco mil exem plares. Na Espanha, foi efetuado um impressionante abaixo-assinado de mais de mil sacerdotes seculares e regul ares ele todas as regiões cio país manifestando à Sociedade Cu ltural Covadonga seu decid ido apoio ao corajoso prólogo da ed ição espanhola.

D. Utilidade da atuação das TFPs e entidades afins, inspirada em "Revolução e Contra-Revolução" Que utilidade prática tem tido, neste campo específi co da batalha, a atividade contra-revolucionária das TFPs, inspirada em Revoluçc7o e Contra-Revoluçc7o? Den unciando à op ini ão católica o peri go ela infiltração comu nista, elas lhe têm aberto os olhos para as urdiduras dos Pastores infiéis. O resultado é que estes vão levando cada vez menos ovelhas nos caminhos da perdição em que se embrenharam . É o que uma observação dos fatos, ainda que sumária, permite constatar. Não é isto, só por si, uma vitória. Mas é uma preciosa e indi spensável cond ição para ela. As TFPs dão graças a Nossa Senhora por estarem prestando, desta maneira, clenlro do espírito e dos métodos ela segunda parte ele Revolução e Contra-Re-

volução, o seu contributo para a grande luta em que também outras fo rças sad ias - uma ou outra ele grande envergadura e capaciclacle de ação - se encontra m empenhadas.

5. Balanço de vinte anos de III Revolução, segundo os critérios de "Revolução e Contra-Revolução" Fica assim delineada a situação da Ili Revolução e ela Contra-Revolução, como elas se apresentam pouco antes do vigésimo aniversário da publicação do liv ro. De um lado, o apogeu ela Ili Revolução torna mais difíc il cio que nunca um êx ito ela Contra-Revolução a breve prazo. De outro lado, a mesma alergia antisoc ialista, que co nstitui presente mente grave óbi ce para a vitóri a cio comuni smo, cri a a médio prazo, para a Contra- Revolução, condições acentuadamente propícias. Cabe aos vários grupos contra-revolucionários esparsos pelo mundo a nobre responsab ilidade hi stórica ele as aproveitar. As TFPs têm procurado reali zar sua parte cio esforço com um, clifunclinclo-se ao longo destes quase vinte anos pela América, com uma novel TFP na França, suscitando uma dinâmica organi zação afim na Pe nín su la Ibéri ca e projeta ndo se u nome e seus contatos em outros países cio Velho Mundo, com vi vos anseio, ele colaboração voltados para todos os grupos contra- revolucionári os que nele pelejam. Vinte anos depois cio lançamento de Revolução e Contra- Revolução, as TFPs e entidades afin s se acham ombro a ombro com as organi zações ele primeira fil a, na lu ta contra-revolucionári a.

Capítulo III A IV Revolução que nasce O panorama que assim se apresenta não seria completo se negligenciássemos uma transformação interna na Ili Revolução. É a IV Revoluçc7o que dela va i nascendo. Nascendo, sim, à maneira ele req uinte matri cida. Quando a 1/ Revolução nasceu, requintou'6, venceu e golpeou de morte a primeira. O mesmo ocorreu quando, por processo análogo, a Ili Revolução brotou ela segunda. Tudo indica ter chegado agora para a Ili Revolução o momento, ao mesmo tempo pinacul ar e fata l, em que ela gera a IV Revolução, e por esta se expõe a ser morta. - No entrec hoq ue entre a Ili Revolução e a Contra-Revolução, haverá tempo para que o processo gerador ela /V Revolução se desenvolva por in teiro? Esta úl tim a ab ri rá efet iva mente um a etapa nova na hi stória ela Revolução? Ou será sim plesmente um fenômeno abortivo, que va i surgindo e desaparecerá sem influência ca pital, no entrechoqu e entre a Ili Revolução e a Contra-Revolução? O maior ou menor espaço a ser reservado para a IV Revolução nascente, nestas notas tão apressadas e sumári as, estari a na dependência ela resposta a es·sa pergun ta. Resposta essa, ali ,ís, que, de modo cabal, só o futuro poderá dar. Ao que é incerto, não convém tratar como se tivesse uma importância certa. Consagremos aqui , pois, um espaço mui to limi tado ao que parece ser a IV Revolução.

1. A IV Revolução prevista pelos autores da III Revolução Corno é bem sabido, nem Marx, nem a generalidade ele seus mais notórios sequazes, tanto "ortodoxos", como "heterodoxos", viram na ditad ura cio proletari ado a etapa terminal do processo revolucionári o. Esta não é, segundo eles, senão o aspecto mais quintessenciaclo e dinâmico da Revolução uni versal. E, na mitologia evolucionista inerente ao pensamento de Marx e de seus seguidores, ass im como a evo lução se desenvolverá ao infi nito no suceder cios séculos, ass im também a Revo lução não terá termo. Da I Revolução já nasceram duas outras. A terceira, por sua vez, gerará mais uma. E daí por diante ... É imposs ível prever, dentro ela perspecti va marxista, como seri a uma Revolução nº XX ou nº L. Não é imposs íve l, entretanto, prever como será a IV Revolução. Essa previsão, os próprios marx istas já a fizera m. Ela deverá ser a derrocada ela ditadu ra cio proletariado em conseqüência de urna nova cri se, por fo rça ela qual o Estado hipertrofi ado será vítima de sua própri a hipertrofia. E desaparecerá, dando origem a um estado ele coisas cientificista e cooperati vista, no qual - di zem os comuni stas - o homem terá alcançado um grau ele liberdade, de igualdade e de fraternidade até aqui insuspeitável.

2. IV Revolução e tribalismo: uma eventualidade - Como? - É impossível não perguntar se a sociedade tribal sonhada pelas atuais correntes estruturali stas dá uma res-

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pos ta a esta indagação. O estruturali smo vê na vida tribal uma síntese ilusória entre o auge da liberd ade indi vidu al e do coletivi smo consentido, na qual es te últi mo acaba por devorar a liberdade. Segundo tal coleti vismo, os vári os "eus" ou as

Da razão, sim , outrora hipertrofiada pelo li vre exame, pelo cartesiani smo, etc., di vin izada pela Revolução Frances a, utili zada até o mai s exacerbado abu so em toda escol a de pensamento comuni sta, e agora, por fim , atro fi ada e feita escrava a

pessoas individuais, com sua inteligência, sua vontade e sua sensibilidade, e conse-

serv iço do totemi smo tran spsicológico e parapsicológico ...

qüentemente seus modos de ser, característi cos e conflitantes, se fundem e se dissolvem na personalidade coletiva da tribo

A. IV Revolução e preternatural

geradora ele um pensar, de um querer, de um estil o de ser densa mente comuns. Bem entendido, o caminho rumo a este

Escritura 1 • Nesta perspec tiva estruturalista, em que a magia é apresentada como fo rma ele conhecimento, até que ponto é

estado de coisas tri bal tem de passar pela ex tinção dos velhos padrões de refl exão, volição e sensibilidade indi viduais, gradualmente substituídos por modos ele pensamento, dei ibcração e sensibi Iidade cada vez mais coletivos. É, portanto, neste campo que prin-

dado ao católico divi sar as ful gurações engano. as, o cânti co a um tempo sini stro e atrae nte, emol iente e delirante, ateu e fetichisti camente crédulo com que, do fun do cios abi smos em que etern amente j az, o príncipe das trevas atrai os homens que

cipalmente a transformação se deve dar. - De que forma ? - Nas tribos, a co-

negaram Jesus Cri sto e sua Igreja? É uma pergunta sobre a qual podem e devem di scutir os teólogos. Digo os teó-

esão entre os membros é assegurada sobretudo por um comum pensar e sentir, do qual decorrem hábitos comuns e um comum querer. Nelas, a razão indi vidual f-i ca circunscrita a quase nada, isto é, aos primeiros e mais elementares mov imentos que se u es tad o atrofiado lh e conse nte. "Pensamento selvagem " ", pensa mento que não pensa e se volta apenas para o concreto. Tal é o preço da fu são co letivi sta tri ba l. Ao paj é incumbe manter, num plano mís ti co, es ta vida psíqui ca co letiva, por meio de cultos totêmicos carregados de " mensagens" confusas, mas " ri cas" dos fogos fátuos ou até mes mo das ful gurações prov nicntes dos mi steri osos mundos ela transpsico logia ou da parapsicologia. É pela aqui sição dessas " ri quezas" que o homem compensaria a atrof-ia da razão.

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C A TO LI C I S M O

"Ornne.1· dii gentiurn dcernonia", di z a 8

logos verdadeiros, ou seja, os poucos que ainda crêem na exi stênci a do demônio e do infern o. Especialmente os poucos, dentre esses poucos, que têm a coragem ele enfrentar os escárni os e as perseguições publi citári as, e ele falar.

B. Estruturalismo - Tendências pré-tribais Sej a como fo r, na medida em que se vej a no movimento estruturali sta uma fi gura - mais exata ou menos, mas em todo caso precursora - ela /V Revolução, determin ados fenômenos afin s com ele, que se generali zaram nos últimos dez ou vinte anos devem ser vi stos, por sua vez, como preparatóri os e propul sores do própri o ímpeto estrutural ista.

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A ssim, a derrocada das tradi ções indumentári as do Ocidente, corroídas cad a vez mais pelo nudi smo, tende obvi amente para o aparec imento ou consolidação de hábitos nos quais se tolerará, quando muito, a cintura de penas ele ave de certas tribos, altern ada, onde o fri o o ex ija, com coberturas mais ou menos à maneira das usadas pelos lapões. O desaparec imento rápido das f ónnulas ele cortes ia só pode ter como ponto fi nal a simplic idade absoluta (para empregar só esse qualificativo) do trato tribal. A crescente oj eri za a tudo quanto é racioc inado, estruturado e metodi zado só pode conduzir, em seus últimos parox ismos, à perpétu a e fa ntasiosa vagabundagem ela vida das se lvas, alternada, também ela, com o desempenho in stintivo e quase mecâ nico ele al gumas atividades absolutamente indi spensáveis à vici a. A aversão ao esforço intelectual , notadam ente à abstração, à teori zação, ao pensamento doutrinári o, só pode induzir, em última análise, a uma hipertrofi a dos sentidos e da imaginação, a essa "civilização da imagem" para a qual Paulo VI julgou dever advertir a humanidade'''. São sintomáticos também os idílicos elogios, sempre mai s freqüentes, a um tipo ele " revolução cultural" geradora de uma futura sociedade pós-industri al, ainda incompletamente esboçada, e ela qual o comuni smo chinês seri a - conforme por vezes é apresentado -

um primeiro espécimen.

C. Despretensioso contributo Bem sabemos quanto são pass íveis de objeções, em muitos de seus a pectos, os quadros pan orâmi cos, por sua natureza vastos e sumári os como este.

N ecessari amente abreviado pelas delimitações de espaço do presente capítulo, este quadro oferece seu despretensioso contributo para as elucubrações ci os espíritos dotados daquela ousada e peculiar finura de ob ervação e de análi se que, em todas as época , pro porciona a algun s homens prever o di a ele amanhã.

D. A oposição dos banais Os outros farão, a esse propósito, o que em todas as épocas fi zeram os espíritos banai s e sem ousadi a. Sorrirão e tacharão ele imposs íveis tais tran sformações, porque são de molde a alterar seus hábitos mentais. Porque elas aberram do bom senso, e aos homens banais o bom senso parece a única via norm al cio acontecer hi stóri co. Sorrirão incrédul os e otimi stas ante essas perspec tivas, como L eão X sorriu a propós ito da trivial " querela de frades", que foi só o qu e co nseguiu di scernir na / Revolução nascente. Ou como o fe neloniano Luís X VI sorriu ante as primeiras efervescências da // Revolução, as quais se lhe apre ·entavam em esplêndidos salões palac iano , embaladas por vezes ao som argênteo cio cravo. Ou então luzindo di scretamente nos ambientes e nas cenas bucó li cas à maneira ci o "Hameau" ele sua esposa . Como sorri em, ainda hoj e, otimi stas, céti cos, ante os manej os cio ri sonho comuni smo pós-staliniano, ou as convul -

mais à incúri a e colaboração destes ri sonhos e otimi stas pro fetas ci o "bom senso", cio que a toda a sanha das hostes e cios serviços ele propaganda revolucionári os.

ti ca, como Nosso Senhor Jesus Cri sto a instituiu e vinte séculos de vida religiosa a modelaram magnifi camente, num tecido cartilaginoso, mole e amorfo, de dioceses e paróquias sem circunscri ções territori ais

Com entário acresce nt ad o em 1992:

definid as, de grupos reli giosos em que a firme autori dade canônica vai sendo substituída gradualmente pelo ascendente dos " profetas" mais ou menos pentecostali stas, congêneres, eles mesmos, dos pajés cio estruturalo-tribali smo, com cujas figuras aca-

A oposição dos "profetas do bom senso" Profetas estes de um estranho gênero, pois suas profecias con sistem em afirmar invariav elmente que " nada acontecerá". Essas várias forma s de otimismo acabarão por contrastar de t al maneira com os fatos que se seguiram às anteriores edições de Revolução e Contra-Revolução que, para sobreviver, os espíritos adeptos delas refugiar-se-ão na esperança falaz e meramente hipotétic a de que os últimos acontecimentos no Leste europeu det erminarão o desaparecimento definitivo do comunismo, e portanto do processo revolucionário do qual este era, até há pouco , a ponta de lan ça . Sobre tais esperanças, ver os incisos acrescentados nesta edição ao capítulo li desta Ili Parte.

Con t,iwação do texto de 1976:

sões que prenun ci am a /V Revolução, muitos representantes altos, e até cios mais altos, da Igreja e ela sociedade temporal

E. Tribalismo eclesiástico

no Ocidente. Se algum di a a Ili ou a /V Revolução tomarem conta da vida temporal da humanidade, acolitadas na es fera es piritual pelo progressismo ecumênico, devê- lo-ão

tendido, também a ela a /V Revolução quer reduzir ao tribali smo. E o modo ele o fazer j á se pode bem notar nas correntes de teó1 gos e canonistas que vi sam tran sformar a nobre e óssea ri gidez da estrutu ra eclesiás-

- Pentecostalismo Falemos ela esfera espiritual. Bem en-

barão por se confundir. Como também com a tribo-célula cstruturali sta se confundirá, necessari amente, a paróqui a ou a diocese progress ista-pentecostal ista. Com entário ac res centad o em 1992:

"Desmonarquização" das autoridades eclesiásticas Ne sta perspectiva, que tem algo de histórico e de conjectura!, certas modificações de si alheias a esse processo poderiam ser vist as como passos de transição entre o status quo pré-conciliar e o extremo oposto aqui indicado . Por exemplo , a tend ência ao colegia do como modo de ser obrigatório de to do poder dentro da Igreja e como expressão de certa "desmonarquização" da autoridade eclesiástica, a qual ipso facto ficaria , em cada grau, muito mais condi cionada do que antes ao escalão imediat amente inferior. Tudo isto , levado às suas extrem as conseqüências, poderia t ender à instauração estável e universal, dentro da Igreja, do sufrágio

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3. Dever dos contrarevolucionários ante a IV Revolução nascente

no plano tendenc ial , de todos os recursos legítimos e cabíveis para co mbater essa mesma Revolução nas te ndências. Cabe- lhe ta mbé m observa r, anali sar e prever os novos passos do processo, para ir opondo, tão cedo quanto poss íve l, todos os obstáculos contra a suprema fo rma de Revo lução tendencial, como de guerra psicológ ica revoluc ionári a, que é a /V Revolução nascente. Se a /V Revolução tiver te mpo para se desenvo lver antes que a /// Revoluçãu tente sua grande aventura, talvez a luta contra ela ex ij a a e laboração de um novo capítul o de Revolução e ContraRevolução. E ta lvez esse capítul o ocupe por si só um vo lume igua l ao aqui consagrado às três revo luçõe anteri ores. Com efe ito , é própri o aos proce sos de decadênc ia complica r tudo, qua e ao infinito. E por isso cada etapa da Revolução é ma is compli cada que a anterior, obriga ndo a Contra- Revo lução a esforços parale lamente mais porme nori zados e complexos.

Q uando incontáveis fatos se apresenta m suscetíve is de serem alinh ados de mane ira a sugerir hipóteses como a do nasc imento da /V Revolução, o que resta ao contra-revo lucionári o faze r? Na perspectiva de Revolução e ConLra- Revolução, toca-lhe, antes de tudo, acentuar a preponderante impo rtâ nc ia que no processo gerador desta IV Revo!11ção , e no mundo de la nasc ido, cabe à 20 Revo lução nas tendê ncias • E prepara rs pa ra lutar, não só no intuito de alertar os homens contra esta preponderânc ia das I ndê nc ias - fun da me nta lmente subversiva ela boa ordem humana - que a.-sim se va i incrementando, como a usar,

Nessas perspectivas sobre a Revo lu ção e a Contra-Revo lução, e obre o fu turo do trabalho que cumpre levar a cabo em fun ção de uma e de outra, e ncerram os a presentes considerações. Incertos , co mo todo o mund , sobre o di a de amanhã, ergue mo. c m ati tude de prece os no sos o lho at trono xcelso de Mari a, Rainha do Uni verso. E ao mesmo tempo no sobem aos lábio , adaptadas a Ela, as pa lav ras do Sa lmi sta diri gidas ao Senhor: "Ad te leva vi oculos meos, qui habitas in caelis. Ecce sicut uculi servorum

popular, que em outros tempos foi por Ela adotado às ve zes para preencher certos cargos hierárqui cos; e, num último lance, poderia chegar, no quadro sonhado pelos tribalistas , a uma indefensável dependência de toda a Hierarquia em relação ao laicato, suposto porta-voz necessário da vontade de Deus. "Da vontade de Deus", sim, que esse mesmo laicato tribalista co nh eceria através das revelações "místicas" de algum bru xo, guru pentecostalista ou feiti ceiro; de modo que, obedecendo ao laicato, a Hierarquia supostamente cumpri ri a sua missão de obedecer à vontade do próprio Deus. Cont,iwação do texto de 79 7 6:

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in manibus dominorum suonun, sicut oculi ancillae in manibus dominae suae; ita oculi nostri ad Dominam. Matrern 21 nostra,n donec núsereatur nostri " • S im , vo ltamos nossos o lhos para a Senho ra de Fátima, pedindo-Lhe quanto antes a contri ção que nos obtenha os grandes perdões, a fo rça para travarmos os grandes combates, e a abnegação para sermos desprendidos nas grandes vitóri as que trarão consigo a impl antação do Re ino d Ela. Vitóri as estas que desejamos de todo coração, a inda que, para chegar até e las, a Igreja e o gênero humano tenham de passa r pe los casti gos apoca lípticos - mas quão justiceiros, regeneradores e mi sericordi osos - por Ela prev istos em 19 17 na Cova da Iri a.

Conclusão Interro mpe mos a parte fin a l de Revolução e Contra -Revolu ção, edi ção bras ile ira de 1959, para atu alizar, nas pág inas que precedem, o tex to ori g inal. Isto fe ito, perguntamo- nos se a peque na Conc lusão do texto ori g ina l de 1959 e das edições posterio res a inda me rece ser mantida , ou se compo rta, pe lo menos, a lguma mod ificação. Re lemo-Ia co m cuidado. E chegamos à persuasão de que não há motivo para não mantê-la, bem co mo não há razão para a lterá- la no que quer que sej a. Di zemos, hoje, como dissemos então : Na realidade, por tudo qu anto aqui se d isse, para uma menta lidade posta na lógica dos princípios contra- revo luc ionári os, o quadro de nossos di as é muito claro. Estamos nos lances supremos de uma luta, que chamaríamos de morte se

um dos contendores não fosse imorta l, entre a [greja e a Revolução. F ilhos da Ig rej a, lutadores nas lides da Co ntraRevo lução, natural é que, ao cabo deste trabalho, o co nsagremos filialm ente a Nossa Senhora. A primeira, a grande , a eterna revoluc ionári a, in spiradora e fautora suprema desta Revolução, como das que a precederam e lhe sucederem, é a Serpente, cuj a cabeça fo i es magada pe la Virgem Imac ulada. M ari a é, po is, a Padroeira de qu antos luta m contra a Revo lução. A medi ação uni versa l e onipotente da Mãe de Deus é a maior razão de espera nça dos contra-revo luc io nári os . E e m Fátima E la j á lhes deu a certeza da vitó ri a, qu a nd o anunciou q ue , a ind a mesmo depo is de um eve ntual surto do comuni smo no mundo inte iro, " por fim seu Imac ul ado Coração triunfa rá" . Aceite a Virgem, po is, esta homenagem fili a l, tributo de amor e ex pressão de confi ança abso luta e m seu triunfo. N ão querería mos dar por encerrado o presente arti go, sem um preito de fili al devotame nto e obed iência irrestrita ao "doce Cri sto na terra", coluna e fund amento infalível da Verdade, Sua Santi dade o Papa João X XHI. " Ubi Ecclesia ibi Christus, ubi Pe-

trus ibi Ecclesia ". É pois para o Santo Padre que se volta todo o nosso amor, todo o nosso entusias mo, toda a nossa dedicação. É com estes sentime ntos, que animam todas as páginas de "Catolicismo" desde sua fundação, que nos abalançamos também a publicar este tra balho. Sobre cada uma das teses que o constituem, não temos em nosso coração a me nor dúvida. Suj eita mo-las todas, porém, irrestritamente ao juízo do Vi gá ri o de Jesus C ri sto, di spostos a renunc iar de pronto a qualquer de las, desde que se di stancie, ainda que de leve, do ensin ame nto da Santa Igrej a, nossa Mãe, Arca da Salvação e Porta do Céu.

Posfácio de 1992 Com as palavras anteri ores concluí as vári as edições de Revolução e Contra- Revolução publi cadas desde 1976. Ao le r essas pa lavras, qu e m te m e m mãos a presente edição, aparecida em 1992, se perguntará necessari amente em que pé se encontra hoje o processo revo lu cionário. Vive ainda a /// Revolução? Ou a queda do império sov iético permi te afirmar que a /V Revolução já está e m vias de irro mper no mais profund o da rea lidade política do Leste euro pe u, ou mesmo que já venceu?

É necessá ri o di sting uir. Nos prese ntes di as, as correntes que propugnam a impl antação da /V Revolução se estenderam - em fo rmas embora diversas ao mundo inte iro, e manifestam, mais ou menos por todas as partes, uma sensíve l tendência a avo lumar-se. Nesse sentido, a /V Revolução va i num crescendo promi ssor para os que a desej am, e ameaçado r para os que se batem contra e la. Mas haveri a evidente exagero em di zer que a ordem de coisas atua lmente ex istente na ex-URSS já é tota lmente mode lada segundo a /V Revolução e que ali nada ma is resta da /li Revolução. A IV Revolução, se bem que inclua também o aspecto políti co, é uma Revolução que a si mesma se qualifica de "cultural", ou seja, que abarca grosso ,nodo todos os aspectos do exi stir humano. Assim , os entrechoques políticos que venham a surgir entre as nações que compunham a URSS pode rão condic ionar fo rtemente a /V Revolução , mas é difíc il que os mesmos se imponham de modo dominante aos aconteci mentos, isto é, a todo o conjunto de atos humanos que a "revolução cultu ral" comporta. M as, e a opini ão públi ca dos países que até onte m era m soviéti cos (e que em

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bom número ainda são governados por antigos comuni stas)? Não tem ela algo a dizer sobre isto, já que representou, segundo Revolução e Co111ra-Revolução, um papel tão grande nas Revolu ções anteri ores? A resposta a essa pergunta se dá por meio de outras: Há verdadeiramente opinião pública naqueles países? Pode ela ser engajada num processo revolucionário sistemático? Em caso negativo, qual é o plano dos mais altos dirigentes nacionais e internacionais do comunismo acerca do rumo que se deve dar a e sa opinião? É difícil responder a todas essas perguntas, dado que neste momento a opini ão públi ca daquilo que fo i o mundo sov iético se apresenta ev identemente átona, amorfa, imob ili zada ob o peso de 70 anos de ditadura total, na qual cada indivíduo temi a, em muitos ambientes, enunciar sua opini ão reli giosa ou política a seu parente mai s próximo ou a seu mais íntimo am igo, porque um a provável delação - velada ou ostens iva, verídica ou caluniosa - poderia lançá- lo em trabalhos forçados sem fim, nas geladas estepes da Sibéri a. Entretanto, em qu alquer caso, é necessário responder a essas perguntas antes de elaborar prognósticos sobre o curso dos acontec imentos no que fo i o mundo sov iético. So ma-se a isso que os meios internacionais de comunicação continuam a rcf rir-se, como já di sse, à eventu al mi gração d hordas fa mintas, semi civili :r.adas (o que eqüival e a dizer semibárbaras) aos hem abastec idos países europeus, qu ' vivem no reg ime co nsumi sta ocidental. Pobr' , ' Ili ', eh 'ia de fo me e vaz ia 30

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de idéias, que então entraria em choque com o mundo livre, sem compreendê-lo - mundo e. te que, em certos aspecto , poderia ser qualifi cado de super-c ivilizado e, em outros, de gangrenado ! O que re ultaria desse entrechoque, quer na Europa invadida, quer, por reflexo, no antigo mundo sovi éti co? Uma Revolução autogestionári a, cooperativista, estruturalo-tribalista 22 , ou, diretamente, um mundo de anarqui a total, de caos e de horror, que não vacilaríamos em qualificar de V Revolução? No momento em que esta edição vem a lume é manifestamente prematuro resp nder a tais perguntas. Mas o futuro se nos depara tão carregado d imprevistos que amanhã talvez já eja demas iadamente tarde para fazê- lo. Pois, qual seria a utilidade dos livros, dos pensadores, do que, enfim , reste de civilização, em um mundo tribal no qual estivessem desatados todos os furacões das paixões humanas desordenadas e todos os delírios dos "misticismos" estruturalo-tri bali stas? Trágica situação essa, na qual ninguém seri a alguma coisa, sob o império do Nada ... *

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Gorbachev continua em Moscou. E lá permanecerá, pelo menos enquanto não se ·decida a aceitar os convites altamente promocionais que se açodaram a lhe fazer, pouco depois de sua queda, o. reitores das prestigiosas Universidades de Harvard, Stanford e Boston2' . lsto, se ele não preferir aceitar a hospedagem régia que lhe ofereceu Juan Carlos [, Rei da Espanha, no célebre Pa lácio de Lanzarote, nas Ilhas 2 Canárias \ ou a cátedra a que fora convidado pelo famoso College de France25 •

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Ante tai s alternativas, o ex- líder comuni sta, derrotado no Oriente, parece só ter o embaraço de esco lha entre os convites mais li onjeiros no Ocidente. Até o momento, ele apenas se decidiu por escrever uma séri e de artigos para uma cadeia de vários jornai s do mundo capi tali sta, mundo este em cujas altas esferas continua a encontrar um apoio tão fervoroso quanto inex pli cável. E a fazer uma viagem aos Estados Unidos, cercado de grande aparato publi citário, a fim de conseguir fundos para a ch amada Fundação Gorbachev. Assim, enquanto Gorbacbev está na penumbra em sua própri a pátria - e, mes mo no Ocidente, vem tendo seu papel seriamente questionado-, magnatas do Ocidente se empenham de diversos modos em manter as luzes de uma lisonjeira publicidade assestadas sobre o homem da perestroika, o qual, entretanto, durante toda a sua carreira políti ca insisti u em dizer que essa reforma por ele proposta não é o oposto do comu26 ni smo, mas um requinte deste • Quanto à frouxa federação sovi éti ca que agoni zava quando Gorbac hev foi prec ipitado do Poder, acabou por se transformar em uma quase imagin ári a "Comunidade de Estados Independentes", entre cuj os componentes se vêm acendendo sérias fri cções, as quai s causa m preocupação a homens públicos e a anali stas políti cos. Ta nto mai s quanto vári as dessas repúbli cas ou republiquetas possuem armamentos atômi cos que podem disparar, um as contra as outras (ou contra os adversários do Islã, cuja influência no mundo ex-sov iéti co cresce dia a dia), com vivas apreensões para

os que se preocupam com o equilíbrio planetári o. Os efeitos dessas eventuais agressões atômicas podem ser múltiplos. Entre eles, principalmente, o êxodo de populações contidas outrnra pelo que foi a cortina de fe rro, e que, premid as pelos rigores de um inverno habitualmente inclemente e pelos ri scos de catástrofes imensas, podem sentir redobrados impulsos para "pedir" a hospitalidade da Europa Ocidental. E não só dela, mas também de nações do continente americano ... Em abono dessas perspectivas, no Brasil, o sr. Leonel Brizola, govern ador do Estado do Rio de Janeiro, com aplauso do Mini stro da Agri cultura do Brasil , propôs atrair lav radores do Leste europeu, dentro dos programas ofi ciais de Reforma Agrária2' . Em seguida, o Presidente da Argentina, Carlos Menem, em contatos com a Com unidade Econômica Européia, manifesto u-se di sposto a que seu país aco lha muitos milhares desses irnigrantes 2N. , pouco depois, a titular da Chancelaria colombiana, sra. Nohemí Sanín , di sse que o governo de seu país estuda a admissão de técnicos provenientes do Leste 29 • Até este extremos podem chegares vagalhões elas invasões. E o comuni smo? O que é f ito dele? A forte impressão de que ele morrera apoderou-se da maior parte da 01ini ão pública do Ocidente, deslumbra la ante a perspecti va de uma paz universa l de duração indeterminada. Ou quiçá de um a duração perene, com o conseqüente desaparecimento do terrível fantasma da hecatombe nuclear mundi al. Esta "lua de mel" do Ocidente co m seu suposto para íso de desanuvi amento

e de paz, vem reful gind o gradualmente menos. Co m efe ito, refe rimo-nos po uco atrás às agressões de toda ordem que relampagueiam nos territórios da fin ada URSS. Cabe- nos, pois, perguntar se o comuni smo morreu. De início, as vozes que punham em dúvida a autenticidade da morte do co muni smo foram raras, isoladas e escassas em fundamentação. Aos poucos, de cá e de lá, sombras foram aparece ndo no horizonte. Em nações da Europa Central e dos Bálcãs, como do próprio território da ex-URSS, foi - e notando que os novos detentores do Poder eram fi guras de destaque do própri o Partido Com uni sta local. Exceto na Alemanha Oriental , a caminhada para a privatização na maiori a das vezes se vem fazendo muito mais na aparência do que na realidade, isto é, a passos de cágado, lentos e sem rumo inteiramente defi nido. Ou seja, pode-se dizer que nesses países o comuni smo morreu? Ou que ele entrou simples mente num compli cado processo de metamorfose? Dúvidas a este respeito se vêm avolumando, enquanto os últimos ecos da alegri a uni versal pela suposta queda do comuni smo se vêm apagando di sc retamente. Quanto aos partidos co muni stas das naçõe do Ocidente, -murcharam de modo óbvio, ao estampido das pri meiras derrocadas na URSS . Mas já hoje vários deles começam a se reorga ni za r c m rótul os novos. Esta mudança de rótul é uma ressurreição? Uma metamorfos ? Inclino- me de preferência por esta última hipótese. Certezas, só o fu tu ro a. po lerá dar.

Esta atualização do quadro geral em função do qu al o mundo vai tomando pos ição, parece u-me indi spe nsáve l como tentativa de pôr um pouco de clareza e de ordem num hori zonte em cujos quadrantes o que cresce principalmente é o caos. Qual é o rumo espontâneo do caos se não um a indec ifráve l acentuação de si própri o? *

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Em meio a esse cao , só algo não variará. É, em meu coração e em meus lábios, como no de todos os que vêem e pensam comi go, a oração transcrita ao fin al da Parte III: "Ad te leva vi oculos meos, qui habitas in coe/is. Ecce sicu/ oculi servorum in man.ibus dominorum suorurn, siCLII oculi ancillae in. manibus dominae suae; ila oculi nostri ad Dominam Matrem n.oslram don.ec misereatu r nos tri ". É a afi rmação da invariável con-

fi ança da alma cató li ca, genuflexa, mas firm e, em meio à convul são geral. Firme co m toda a firm eza dos que, em meio da borrasca, e co m uma força de alma maior do que esta, continuarem a afirmar do mai s fundo do coração: "Credo in Unam, Sa11c1a111, Catho/icam e/ Apostolicam Ecclesiam ", ou seja,

Cre io na Igreja Cató li ca, Apostólica, Roman a, contra a qual , segundo a promessa fe ita a Pedro, as portas do inferno não preval ecerão. ♦ A publicação pela Artpress Indústri a Gráfica e Editora Ltd a., São Paul o, da 4 " ed ição em port ugu ês de Re volução e Contra-Revolução, em 1998, na qual fi gura esta Ili Parte, fo i autoriza da por Dr . Luiz Naza reno de Assumpção Filho e por Dr . Edua rd o de Barros Brotero, proprietá rios dos direitos au torais do Prof. Plíni o Corrêa de Oli ve ira. Autoriza ção análoga fo i co nced ida para a atual impressão .

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VIDAS DE SANTOS Notas 1. NOTA DA REDAÇÃO: Revoluçcio e Co111ra-Revoluçcio teve 27 edições, em oito línguas e em 14 países, num total el e mai s de 150 mil exemplares. 2. NOTA DA REDAÇÃ O: Ver o li vro Um ho-

1nem, uma obra, uma gesra - /-lome11age1n das TFPs a Plínio Corrêa de Oli veira, Edições Brasil de Amanh ã, São Paulo, 1989, que inclui ampl os dados hi stóri cos acerca da TFP brasileira, das TFPs de outras nações, bem como dos Bureaux-TFP, ex isten tes em 22 países, nos cinco continentes. 3. NOTA DA REDA ÇÃ O: A respe ito do combate às formas de soc iali smo mai s recentemente· difundidas, merece especial destaqu e a M ensagem do Prof. Plí ni o Corrêa de Oli ve ira, O socialismo au rogesrionário

- e111. visra do com.1.1.msmo: barreira 01.1cabeça-de-pollle ?, ampli ssimamente di vul -

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gada em 1982 (pub l icada em 50 grandes j orn ais e revi sta s cio Ocidente, co m um total de mais de 33 milh ões de exempl ares). NOTA DA REDAÇÃO: Revoluçcio e Co111ra-Revoluçcio teve também ex press iva difu são na Austrá lia, na África cio Su l, na s Filipinas e na Nova Ze lândia. fr. lmrocluçãoe Parte I - Cap.111 , 5,A-D. Falamos na infiltração cio co muni smo na s várias igrejas. É indi spensável registrar que tal infiltração constitui um peri go supremo para o mund o, es pec ifi ca mente enquanto levada a cabo na Santa Igreja Católica, Apostólica, Romana. Pois esta não é apenas uma espécie no gênero "igrejas". É a única l greja viva e verdadeira do Deus vivo e verdadeiro, a única Esposa místi ca ele Nosso Sen hor Jesus Cri sto, a qual não es tá para as outras igrejas como um bri lhante maior e mai s rútilo em relação a bri lh antes menores e meno s rútil os. M as como o ún ico brilhante verdade iro em relação a "congêneres" fe itos de vidro .. NOTA DA REDAÇÃO: Sob o título Comu-

11is1110 e a11rico1m111is1110 11a orla da úlri111a década deste milênio, foi lançada, a partir de fevereiro de 1990, firme interpelação do Autor aos líderes comuni stas ru ssos e ocidentai s, a prop ós ito da pe res rro ika . Publicada em 2 1 jornais ele oito países, alca nçou grande repercussão, especialmente na Itália (Cfr. Catolicismo ele março/90). 8. Essa tão vasta saturação anti -soc iali sta na Europa Ocidental, se bem que seja fundamentalmente um revi goramento do centro e não da direita, tem um alca nce indi sc utíve l na luta entre a Revolução e a ContraRev lução. Pois na medida em que o sociali smo euro peu sinta que vai perdendo as suas bases, seus chefes terão de ostentar di stan ·iamento e até desconfiança em reluçi o ao co muni smo. Por sua vez, as corr ·nt 'S · ·nt ristus, para não se confundirem, 1 ·runt ' os seus próp ri os eleitorados, com os so ·iuli sta s, t ·1Hl que manifestar uma

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posição anticomunista ainda mai s acentuada que a destes últimos. E as alas direitas dos partidos centri sta s terão ele se declarar até militantemente anti -soc iali stas. Em outros termos, passar-se-á co m as correntes esquerdi stas e centri stas favon1ve is à co laboração com o co muni smo o mesmo que ocorre com um trem quando a locomotiva é freada de modo brusco. O vagão imediatamente seguinte a esta recebe o choq ue e é proj etado em direção oposta ao rumo que vin ha seguindo. E, por sua vez, esse prim eiro vagão comunica o choque, com análogo efeito, ao segundo vagão. E ass im por diante até o fim cio co mboio. - A presente acentuação ela alergia anti-socia li sta será apenas a prim eira manifestação ele um fenômeno pro fundo, chamado a depauperar cluravelmente o processo revolucionári o? Ou será um simpl es espasmo ambíguo e pa ssageiro cio bom senso, dentro cio caos contemporâneo? - É o que os fatos até aqui ocorridos não nos permitem ainda di zer. 9. C fr. Sem,c7o ele Paulo VI , el e 29/6/1972. 10. C fr. Alocuçc7o de Pau lo VI ao Semi nári o Lombardo, em 7/1 2/1968. 11. Desde os anos 30, co m o grupo que mai s tarde fundou a TFP brasileira, empregamos o melhor de nosso tempo e ele nossas poss ibilidades ele ação e ele luta, nas batalhas precursoras cio grande prélio interior ela Igreja. O primeiro lance de envergadura nessa luta foi a publicação ci o li vro Efl'I Defesa da Açcio Carólica (Editora Ave Maria, São Paulo, 1943), que denunciava o ressurgimento cios erros moderni stas incubados na Ação Católica cio Brasil. abe mencionar também nosso posteri or estudo A Igreja anre a

escalada da ameaça com1.1ni.1·1a - Apelo aos Bispos silenciosos (Editora Vera Cruz, São Pau lo, 1976, pp. 37 a 53). Hoj e, deco rrid os mai s el e quarenta anos, a luta está no seu clímax , e deixa prever desdobram entos ele amplitude e intensidade difíce is de med ir. Nesta luta sentimos co m alegri a a presença, nos quadros ela T FP e entidades afins, ele tantos novos irmãos el e ideal , em mais de vinte países, nos cinco continentes. Também no ca mpo de batalha é legítimo que os soldados cio bem se di ga m un s aos o utros: "Quam

bonwn er quamjucundum. habirare ji-atres in unum." - Quão bom e quão suave é viverem os irmãos em união (S I. 132, 1). 12. NOTA DA REDAÇÃO: Posteri orm ente, em 1990, as TFPs então ex istentes, reunidas, levaram a cabo o maior abaixo-ass inado da Hi stó ri a, pel a libertação el a Litu âni a, então sob jugo sov iét ico, obtendo a impress ion ante cifra de 5.2 12.580 assinaturas . 13. NOTA DA REDAÇÃO : Sob o título A po-

lírica de disrenscio do Vaticano co11·1os go-

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vem.os com.u11.isras - Para a TFP: 0111itirse? ou resisrir?, essa declaração - verdadeiro manifesto - foi publicada a partir ele abri I de 1974, sucess ivamente em 57 jornais ele 1 1 países. 14. Ga l. 2, 1 1. 15. Esta obra, monumental por sua documentação, por sua argumentação e pelas teses que defende, teve uma precursora, e verdadeiramente épica, antes ainda da instalação cio comuni smo no Chile. Trata -se cio livro de Fábio Vidi ga l Xav ier da Sil veira, Frei, o Kere11sky chileno, que denunciou a co laboração decisiva ci o Partido D emoc rata Cr istão do país andino, e cio fa lecido líder peclec ista Eduardo Frei, então Presidente ela República, na preparação ela vitóri a marx ista. O livro teve 17 edições, tran spondo a casa dos ce m mil exemplares, nos seguintes países: Brasil , Argentina, Equador, Colômbia, Venezuela e Itália. 16. C fr. Parte 1 - Cap. Vl, 3. 17. C fr. C l aude L évy-S trau ss, La pen.,·ée sa1.1vage, Plon , Pari s, 1969.

luminar da Igreja, modelo de Pastor No século XVI surgiram grandes santos, como Santo Alexandre Sauli, Superior Geral dos Barnabitas, Bispo de Aléria, na Córsega, e de Pavia, na Itália, que levaram avante a Contra-Reforma. Eles não só combateram os erros de Lutero e seus sequazes, mas empreenderam uma autêntica reforma na vida da Igreja.

18. " Todos os deuses dos pagcios .,·cio demô nios" - SI. 95, 5. 19. "Nó.v sabemos bem que o homem. rn.oderno, sa11.1rado de discursos, se den1011.vrra fl'luilas vezes cansado de ouvir e, pior ainda, como que i11w11izado conrra a palavra. Co11hece111os também as opiniões de numerosos psicólogos e sociólogos, que afirma111 rer o ho111e111 moderno ultrapassado já a civilizaçcio da palavra, que se rom ou prarica 111e111e in efi caz e imíril; e eswr a vive,; hoje e111 dia, na civilizaçcio da i111a ge111 " (cfr. Exortação apos tóli ca Eva11geli i N1.1111iandi , 8/ 12/1975, Do c um ento s

PLINIO MARIA S OLI MEO

exandre nasceu em 1530, e m Mil ão, oriundo de 11na das mai s ilustres famí li as genovesas que enriqueceram a Igreja com Cardeais e Bi spos notáve is por seus talentos e piedade. O brasão de sua famíli a ex isLi a alé há pouco em fachadas de hospitas e igrejas que a e la deviam sua ex istência. Para c ultiva r ua inteligênc ia e piedade precoces, seus pa is dera m- Ih hábeis preceptores e depois o enviaram a Pavia, para os esLucl os humanísticos (línguas e outros). Volta ndo a Mil ão aos 17 anos, Alexandre fo i nomeado pajem cio Imperador Carlos V, o que lhe abria as portas ele um futuro brilha nle na orle Jmperi al. Mas as cogitações de Alexa ndre eram outras, e pediu para ser adm itido na Congr gação dos Barnab itas, fundada pouco antes na ig rej a ele São Barnabé, em Mi lão. Ora, um jove m nobre, pajem cio Imperador, brilhante nos esluclos, tinha que comprova r sua vocação religiosa antes de ser aceito. E a prova que deram fo i muito dura para o descendente ele ilu stre famíli a: na fesla ele Pentecos tes ele 155 1, quando a cidade estava c heia de gente, deveria e le, com as ricas vestes ele paj em imperi al, per-

Po ntifíc ios, nº 188, Vozes, Petrópoli s, 1984, 6" ed., p. 30). 20. C fr. Parte 1 - Cap. V, 1 a 3. 21. " L evanto meu s olhos para ti , que habitas nos céus. Assim co mo os olhos ci os servos estão fi xos nas mãos dos seus senhores e os olhos da escrava nas mãos de sua senhora, assim nossos olhos estão fixos na Senhora, M ãe nossa, até que Ela tenha mi seri có rdi a ele nós" - Cfr. Ps. 122, 1-2 . 22. Cfr. Comentári o de 1992 à Parte Ili , Capílll l o li , so b o títu l o: Peres rro ika e glas11os1: desmw ,relwn enro da Ili Revolu -

çcio, 01.1 111eramo1fose do conuini.rnw ? 23. 24. 25. 26.

C fr. " Folha ele S. Paulo", 21/12/9 1. C fr. " O Estad o ele S. Paulo", 11/1 /92. C fr. " L e Fi garo", Pari s, 12/3/92. C fr. Comentário de 1992 à Parte 111 , Capítu I o li , so b o título : Pe res rroika e

gla.rn osr: des11w11telamenro da Ili Revol1.1 çc7o, 011 111erw1101fose do co11wni.1·1110 7 27. C fr. " Jornal da Tarde", 27/1 2/9 1. 28. C fr. "A mbito Financiero" , Buenos A ires, 19/2/92. 29. C fr. "EI Ti empo", Bogotá, 22/2/92 .

corre r suas principai s ruas com uma enorme cruz às costas. A isso prestou-se Alexandre. C hegando à famosa Piazza dei Mercanti, vizinha à catedral ele Milão, hav ia um palco improvisado no qual um grupo de comediantes aprese ntava uma peça teatral. O j ovem A lexandre inte rro mpeu a representação e fez sair do palco os atores. Pronunciou, e ntão, comovente sermão sobre o serviço que o homem eleve prestar a Deus. Aceito então pe los Barnabitas, foi envi ado para terminar seus estudos em seu colég io e m Pavia.

~rdoroso apóstolo no púlpito e no confessionário Apenas ordenado, e ntregou-se à pregação e ao ministério ela confissão, co m um dom especia l para tocar as a lm as e converter os pecadores. Seus talentos levaram seus s uperi ores a nomeá- lo, apesar ele muito jovem, professor ele Filosofia e ele Teo-

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À semelhança de São Carlos Borromeo, em Milão (foto à direita), Santo Alexandre, sendo Bispo na Córsega, promulgou os decretos do Concílio de Trento (abaixo) .

rar-se para receber mais condignamente os Sacramentos. E nsinava seu clero, pregava o catecismo ao povo, vi sitava os doentes, pacificava os ód ios e as lutas entre as fam ílias, tão com uns naquela ilha. Começou a vi sitar cid ades e vilarejos, loca lizados mesmo nos lu gares mai s inacessíveis, pregando a palavra divina. E o fazia com tanta unção e eloqüência, que as populações vinham cair a seus pés, áv idas de maior aprofu ndamento na Religião. O ze loso Pastor e seus aux ili ares entrega ram -se ao labo r com grande empen ho. Em pouco tempo, os três missionários que o Santo trouxera co nsigo morreram ele fadi ga. Santo Al exandre continuou sozinho as pregações, acrescentando a elas es molas, j ejun s e ri gorosa abstinência para obter maior fruto.

Tendo que se mudar conti nuamente por causa cios ataques ci os corsários, A lexandre Sauli acabou por fixar-se no centro da ilha, em Cervione, para onde transportou também seu seminári o e construiu sua catedral. A esta dotou de um capítu lo de cônegos. N essa época ocorreu um estrondoso milagre operado pelo Santo. Vinte ga leras

como os sacerd otes deviam portar-se e como dirigir as almas a eles co nfi adas. Compôs também os En.treteni1nentos, obra na qual ex plicava a doutrina ela lgreja para uso cio cl ero, com tanta clareza e ortodox ia, que São Francisco ele Sales di zi a que, com essa obra, Sa nto Alexandre esgotava a matéri a tratada. Grande controvers ista, Alexandre Saul i converteu um di sc ípulo de Ca lvino que fora ele Genebra à Córsega ten tar infectar a ilha com os erros ele sua se ita. Por amor à Cáted ra de Pedro e à Sé Apostóli ca, ele tempos em tempos Santo Al exandre dirigia-se a Roma, onde freqi.ientem ente era convid ado a pregar. O Papa Gregório XIII ficava encantado com suas pal avras, e São Fe lipe ele Neri venerava-o por causa de seus talentos e pi edade. Num sermão, em Roma, converteu à verdadei ra Fé quatro judeus cios mais radicai s. Pregou também co m grande fruto em Gênova e Milão, onde foram dados vários testemunhos de sua santidade. Gênova e Tortone quiseram -no como Pastor, mas Gregóri o xrv nomeou-o Bispo de Pavia, em 159 1. Ti nha ele ap li cado mai s de vinte anos de energia, ze lo e saúde entre os corsos. Em sua nova diocese, o Apóstolo ela Córsega empreendeu logo no início a vi sita pastoral com o mes mo zelo e abnegação que empregara em sua primeira dioce-

de piratas aproximaram-se da Córsega a fim de pilhá-la.

se, voltando a Pavia para as festas solenes.

Sua oração obtém o afogamento dos corsários. Vigoroso polemista: conversão de hereges e judeus

logia na Universidade de Pavia. Fundou aí, antec ipando-se aos tempos, uma A cademia congregando os uni versitários católi cos . M es mo com os encargos cio magi tério, A lexandre continuou seu apostolado no púlpito e no co nfess ionári o. O jovem professor adquiriu tanta fama por seu dom ele condu zir almas, que várias comunidades ele reli giosos pu seram -se sob sua direção. São Carl os Borromeu conv idou-o a pregar em Mi lão e o esco lheu para confessor e conselheiro. Uma luz tão brilh ante não podi a dei xar ele atrair a atenção daqueles que lhe eram mai s próximos. Por isso, fo i ele eleito Superior Geral ele sua congregação antes ele compl etar 33 anos de idade. Como Superior, A lexandre Sau li "não só vigiou para

manter intacta a observância da regra, mas tinha um cuidado todo especial naforrnação dos j ovens recrutas para quefoss em dign.amente f ormados na doutrina e na santidade do ministério ao qualforam chamados" 1

Sua capacidade como administrador e co mo diretor ele almas deu novo brilho à sua jovem congregação e o torn ou ai nda mai s conhecido no mundo católico. O que levou o Papa São Pio V, tendo em conta seu ze lo mi ssionári o e espírito apostólico, a escolhê- lo para B ispo ela quase ex tinta diocese ele A leri a, na ilha de Córsega.

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De Superior Geral a Bispo da Córsega Essa ilha fora evan geli zada no tempo de São Gregóri o M ag no, mas hav ia mais de 70 anos que estava sem Bispo, e reduzida ao estado mais depl orável. Seu parco clero era ignorante - não conhec ia bem nem sequer o rito da Mi ssa - e sem ze lo. Seus habitantes - que viviam di spersos nas florestas e montanhas - quase se lvagens, não sabiam nem mesmo os primeiros rudi mentos de Reli gião. Hav ia poucas povoações e quase nenhuma igreja. O novo Prelado partiu para sua diocese levando três membros escolhidos de sua congregação como auxiliares e entregou-se ao labor apostólico. Era prec iso fundar igrejas, reedificar as que estavam em ruín as, restabelecer ele modo decente o culto divino. De sua catedral, em Al eri a, só restavam escombros. Sem igreja e mesmo sem casa, Santo A lexandre fixou-se primeiro em Corte. L á convocou um Sínodo nos moldes dos que São Carlos Borromeu realizava em Mil ão, para fazer um balanço da situação da ilha, corrigir os abusos mai s salientes e elaborar um pl ano ele ação a seguir. No dito Sínodo, promulgou os decretos do Concílio de Trento, e fundou , segundo suas diretri zes, um seminário para a formação cio clero. Estabeleceu também escolas para a instrução elas crianças, a fim ele que estas pudessem aprender o ca tecismo e prepa-

O povo fo i tomado ele pânico e muitos fu giram para o centro ela ilha. Ped iram ao B ispo que também fugisse, fornecendo-lhe um cavalo. Mas ele respondeu que deviam antes ter confiança em Deus. Retirouse então para uma capela onde se pôs 111 oração. Depoi s saiu e diri giu-se com os fi éis para a praia, e rezou. Nesse instante levantou-se uma tormenta que levou todos os agressores ao fundo cio mar. Para uso el e se u c lero, Santo Al exan Ire co mpôs as Advertências, ond e mostrava

Cartuxa de Pavi.l. Santo Alexandre foi Bispo dessa cidade, situada perto de Milão, durante os dois últimos anos de sua vida. Canonizado por São Pio X, seu corpo é venerado na catedral de Pavia.

Estand o em Calozzo, no co ndado de A sti , o santo Prelado foi atacado pela doença que o levaria à morte, a 1 1 ele outubro ele 1592. Como muitos milagres foram obtidos por sua intercessão, Bento XIV beatificou-o em 1741. Foi o grande São Pio X quem o canoni zou em 1904. Seu corpo é venerado na catedra l ele Pavia 2 . ♦

Notas: 1. Ce ies ti no Testo re, Enciclopedia Ca110/ica, C ittà de i Vati ca no, Casa Editri ce G. C. Sa nso ni , Firenze, vo l. 1, p. 809, verbete Alessa11dro Sa uli. 2. Outras o bras co nsu Iradas: Les Petits Bo ll and istes, Vies eles Sa i,11s , d ' apres le Pe re G iry, Bloud el Barrai , Librairi es-Éd iteurs, Pari s, 1882, torno IV, pp. 640 e ss. Pe. José Le ite, S.I , Santos de Ca da Dia , 3". ed ição co rri g id a e aume ntada , Editori a l Aposto lado da Oração , Braga, 1987 , vo l. Ili , pp. 160 e ss.

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Santos ·, e festas de (QY([Jfl(J~ -J~(Q) 1 Santa Teresinha do Menin? Jesus, Virgem. + Lisieux (França), 1897 . A gran-

de Santa de nossos tempos entrou no Carmelo aos 15 anos, levando uma vida de imolação e sacrifícios em favor das missões e de toda a igreja. Tinha desejo de ser cruzada para lu tar pela Igreja. Sua doutrina espiritual da "pequena via" abriu as portas da perfeição para inúmeras almas. Anteriormente, sua festa era comemorada no dia 3 de outubro.

maiores glórias da Santa Mad re Igreja em todos os tempos.

5 São Plácido e Companheiros, Mártires. + Sicília, 54 1. Foram trucidados pelos sarracenos na Sicíli a. Os beneditinos honram também neste dia outro Plácido, educado por São Bento desde os sete anos, e que atingiu grande santidade.

6 São Bruno Abade, Confessor. + Calábri a, 11O1. Ori ginári o de

2 SANTOS ANJOS DA GUARDA. Tal fes ta, ori ginada na Espanha, difundiu-se para todo o mundo e tem por objeto agradecer a esses nossos ce lestes benfeitores sua gui a e proteção.

Colônia, fund ou, num lugar deserto na França, a Ordem dos Cartuxos. Chamado pelo Papa Urbano li para seu conse lheiro, obteve no fim da vida licença para retirar-se para a Calábria, onde morreu na segunda Cartu xa que fundara. Primeira Sexta-Feira do Mês

7 3 São Francisco de Borja, Confessor. + Roma, 1572. Vice-Rei da Cata-

lunha e Duque de Gandi a, renunciou ao mundo ao ver em decomposição o cadáver da outrora belíssima rainha Jsabel de Espa nha. Enviu va ndo aos 40 anos, ingressou na Companhia de Jesus, da qual foi Superior Gera l.

NOSSA SENHORA DO ROSÁRIO. Festa instituída por São Pio V em ação de graças pela vitória obtida em Lepanto contra os maometanos em 157 1, atribuída à recitação do Rosário. Durante a batalha Nossa Senhora apareceu pondo em fuga os infiéis. Primeiro Sábado do Mês

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Santa Pelágia, Virgem e Mártir.

São Francisco de Assis, Confessor.

+ Palestina, séc. IV. São João Cri-

+ Ass is (Itália), 1226. O Poverello de Assis amo u tão apa ixo nadamente o Salvado r que recebeu seus estigmas e até uma semelhança J'fsica com Ele. Foi, com São Dom ingos, uma das co lunas da Igreja cm seu temi o, renovando os costumes tlc sua época com heróicos exempl os. É um a das

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sóstomo, no século IV, num célebre serm ão, narra como esta jovem de quin ze anos preferiu morrer a ser desonrada por um magistrado romano.

9 São João Leonardi, Confessor. + Roma, 1609. Fundou a Congre-

gação dos Cléri gos Regulares da

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Santo Antonio Maria Claret

Santa Teresinha do Menino Jesus

São Bruno

Santa Teresa d'Ávila

Mãe de Deus, dedicada às obras educacionais, para ajudar a deter a ameaça protestante. Morreu vítima da peste, assistindo os enfe rmos da mesma.

15 Santa Teresa d'Ávila, Virgem, Reformadora.

Congregação dos Pass ioni sta s, cuj os reiigiosos faze m vo to de pregar por toda parte os mistérios da Paixão.

grado sobre os muçulmanos, no ano de 1456.

10 São Daniel e Companheiros, Mártires. + Marrocos, 1227 . Estes sete discípulos de São Francisco de Assis dirigiram-se a Ceuta, norte da África, para dar assistência aos comerciantes cristãos e trabalhar na conve rsão dos mouros. Acu sa do s de " bl as fê mia" co ntra Maomé, escolheram o martírio à apostas ia.

11 Santo Alexandre Sauli, Bispo e Confessor. (Vide seção Vidas de Santos p. 33)

12 NOSSA SENHORA DA CONCEIÇÃO APARECIDA, PADROEIRA DO BRASIL.

13 Santo Eduardo Ili Rei, Confessor. + .1066. Sucessor no trono da In-

glaterra do Rei e mártir do mesmo nome. Protetor dos órfãos e indi gentes, nunca negou um pedido feito em nome de São João Evangeli sta. Com a es posa fez voto de perpétua castidade.

14 São Calixto 1, Papa e Mártir. + Roma, 222. Governou a Igreja

no tempo do antipapa Hipólito, de quem sofreu perseguições e calúnias. Morreu vítima de um levante popular contra os cri stãos, tendo sido lançado num poço.

+ Alba (Espanha), 1582. Alma ardente e enérgica, empreendeu a reforma do Carmelo, vence ndo m1merosos obstácul os. "Sofrer ou 1norrer" fo i o desejo que viu plenamente satisfeito nos muitos trabalhos e doenças que suportou. Fo i auxili ada por São João da Cruz, es pecialmente na reform a do ramo masculino da Ordem.

16 Santa Margarida Maria Alacoque, Virgem. + Paray-le-Monial (França), 1690. Religiosa visitandina, entregou-se desde cedo à contemplação da Paixão do Redentor, recebendo de Nosso Senhor Jesus Cristo a mensagem sobre a devoção ao seu Sagrado Coração e a incumbência de difundi-la pelo mundo inteiro, inclusive a Comunhão reparadora das primeiras sextas-feiras de cada mês.

17 Santo Inácio de Antioquia, Bispo e Mártir. + Séc. II. Discípulo dos Apóstolos e sucessor de São Pedro na Sé de Antioquia. Com São Policarpo, fo i o mais ilustre dos Padres Apostólicos . Condu zido a Roma, foi devorado pelas feras no Coliseu.

18 São Lucas, Evangelista. Séc. I. Médico de Antioquia convertido por São Paulo, acompanhou-o em várias viagens. Autor do IU Evangelho e dos Atos dos Apóstolos. Atribu i-se a ele uma pintura de Nossa Senhora.

19 São Paulo da Cruz, Confessor. + Roma, 1775. Ardoroso devoto

da Pai xão do Sa lvador, fundou a

20 São Pedro de Alcântara, Confessor. + Arenas (Espanha), 1562 . PADROEIRO PRTN CJPAL DO BRASJL, fo i adm irável por suas mortifi cações e penitê nc ia s. Reform ador cios Franciscanos da Espa nha, auxiliou e incenti vo u Sa nta Tere sa na refo rm a do Carmelo mediante conselhos.

21 São Gaspar de Búfalo, Confessor. + Itália, 1836. Jesuíta. Por se ter

recusado a prestar juramento de fidelidade a Napoleão Bonaparte, que hav ia usurpado o trono ela França, passou cinco anos no cárcere. Foi depois encarregado por Pio VTl de pregar missões no centro da Itáli a, tendo fundado o Instituto dos Padres do Preciosíssimo Sangue, com grande fruto.

22 Santas Nunilona e Alódia, Mártires. + Huesca (Espanha), 85 1. Fi lhas de pai muçulmano e mãe cristã, foram ed ucadas por esta na verdadeira Religião. Ao morrer o pai , ainda ado lescentes, passaram à custódia do tio, fe rrenho islam ita, tendo suportado o martírio com forta leza cristã.

23 São João de Capistrano, Confessor. + Hungria, 1456. Este fra nciscano

italiano fo i o grande prcgad r da cru zada contra o [slã, que culmi nou com a gloriosa vitória de Bel-

24 Santo Antonio Maria Claret, Bispo e Confessor. + Fontfroide (Fra nça), 1870. Pregador popular, fundou a Congregação Miss iomíria dos Fi lhos do Coração Imaculado de Maria. Foi Arcebi spo de Santiago de Cuba, confessor e conselheiro da ra inha Isabel H, da Espanha.

25 Santos Crisanto e Daria, Mártires. + Roma, 237. Esposos, vieram do Oriente para Roma, onde se empenhara m na conversão dos pagãos. Por sentença de Numerian o, fo ram levados a um arena! da Via Salária e aii, com pedras e terra, sepultados vivos.

São Francisco de Borja

Santo Afonso Rodriguez

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decidir o dia da celebração da Páscoa. Operou vários milagres em vida, mas afastou-se de sua diocese quando ac usado de ato infame. Tendo Deus provado de maneira espetacular sua inocência, voltou à Cidade Santa que governou até a avançada idade de 11 6 anos.

Santos Judas Tadeu e Simão, Apóstolos. + Séc. T. São Judas Tadeu era irmão de São Tiago Menor, filhos de Cleófas e Maria , primos de Nosso Senhor. Pregou o Evangelho na Judéia, Samaria, Síria e Mesopotâmi a. Escreveu uma epístola exortando os fi éis a perseverarem na fé, atacando vigorosamente os soberbos, os lu xuriosos e os falsos doutores . São Simão, cognominado de Cananeu, ou Zelador, era originário da Galiléia. Supõe-se que tenha pregado na Mauritân ia e outras regiões da África, dirigindose depoi s ao Oriente. Na Pérsia encontrou-se com São Judas Tadeu, sendo ambos martiri zados naquele país.

29 + Jerusalém, 212. Quase octogenário, fo i eleito Bispo de Jerusalé m. Pres idiu , co m Teófilo de Cesaréia, um Concílio reunido para

rei local, alca nçou importantes cargos no reino. Desejoso de ganhar o país para Cristo, fo i ter com Santo Ata nás io, em Alexandri a, pedindo-lhe mi ssionários pa ra a Abissínia. Nomeado Bispo, foi sagrado por aquel e intrépido defensor da Fé e voltou ao seu país, ded icando toda sua vida ao trabalho de evangelização do mesmo.

+ Linz (Á ustria), 994. Beneditino, Bispo de Regensburg, na Baviera, transformou sua diocese por seu zelo, talento e santidade de vida. Foi mestre e diretor espiritual do futuro Imperador Santo Henrique Ll.

-9-IHOutubro

27 + Abi ssínia, séc. TV. Educado pelo

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São Narciso, Bispo e Confessor.

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São Frumêncio, Bispo e Confessor.

+ Palma de Maiorca (Espanha), 16 17. Tendo perdido a mulher, dois filhos e a estabilidade econômica aos 36 anos, bendi sse a mão de Deus que o fer ia e entrou para a Companhia de Jesus como irmão leigo, tendo trabalhado como porteiro durante 46 anos.

São Wolfgang, Bispo e Confessor.

Santo Evaristo, Papa e Mártir. + Séc. 11 . Qu in to sucessor de São Pedro na Sé Apostólica, di vidiu Roma em sete Diaconias e legislou sobre o matrimônio cri stão. Foi martirizado sob Trajano.

30 Santo Afonso Rodriguez, Confessor.

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ENTREVISTA movida pelo Prof. Plínio Corrêa de • Oliveira contra a Reforma Agrária? •

40 anOs do brado inicial de uma vitoriosa Cruzada brasileira

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or ocasião do 40° aniversá rio do lançamento do bestse/ler Reforma Agrária, Ouestão de Consciência - conhecido na linguagem interna da TFP como RA -OC .,_ , a reportagem de Catolicismo entrevista hoje o Dr. Plínio Vidigal Xavier da Silveira . Ele é testemunha - e dos mais valorosos participantes, desde os primórdios - da Cru zada anti-agro-reformista efetuada no País, cujo êxito é hoje reconhecido por seus próprios adversários. Tal Cruzada foi idealizada e empreendida pelo Prof . Pli nio Corrêa de Oliveira, funda dor da TFP, insigne pensador e líder católico, a partir do início da década de 60, como aspecto fundamental de sua luta contra o socialo-comunismo que batia às portas. Essa memorável batalha

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conhecido do grande público, mas que, na rea lidade, antecedeu de quase LO anos o lançamento de Ref orma Agrária

Questão de Consciência. No início da década de 50, D. Helder Câm ara, então Bi spo- Auxili ar do Rio de Janeiro, enviou um a circul ar rese rvada a tod os os membros do Epi scopado nac ional, propond o minuta de Ca rta Pas toral coleti va pl eitea ndo a Reform a A grári a para o B ra si 1. A tese essenci al da futura pastoral seria a seguinte: Os homens não se podem considerar propri etário s das co isas. Somente D eus é o proprietári o el a terr a, de so rte qu e o hom em, mero admini strador, deve admi ni strá- la em favor ela col etividade. Era prec iso, portanto, fazer

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ideológica, pacífica e legal - , prosseguiu invicta após o faleci mento de seu ilustre propulsiona dor, ocorrido em outubro de 1995, continuando estritamente na mesma senda traçada por ele a seus discípulos. Dentre estes, o Dr. Pli nio Vidigal Xavier da Silveira é dos que mais intimamente colaborou na luta anti-agro -reformista com o ínclito defensor da Civilização Cristã, Prof . Plínio Corrêa de Oliveira. Fiel a seu mestre e mediante v ários tipos de atuação em prol do direito de propriedade , o Dr. Plinio X avi er da Silveira vem lançando efi caz m ente, à testa da Cam p anh a SOS Fazendeiro, um vigoraso brado de alerta aos proprietários e t raba lh ad ores rurais con tra as inv est idas q ue a Reforma Agrária so c iali sta e co nfiscatória

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: desencadeia há quatro décadas em • nosso campo . • Assim sendo , ninguém melhor : do que ele poderá revelar a nossos leitores a gênese dessa ver• dadeira epopéia que, no decurso • de uma pugna já legendária, im-

Dr. Plinio Vidigal Xavier da Silveira

• pede a comunisti zaç ão do ager : brasileiro, cuja importância na estrutura sócio-econômica da Nação , • continua obstruindo as tentativas • de marxistização do Brasil. • • * * * : Catolicismo - Dr. Plinio, passados 40 • anos da publicação de RA-QC, o Sr. : é hoje uma das testemunhas privile• giadas que participaram desse lan•,. ce tão marcante não só para a histó• ria daTFP, mas também do Brasil. O • Sr. poderia discorrer um pouco so•• bre a epopéia que então se iniciou? • Quiçá contar o que se passou nos : bastidores dessa grande luta, algo • que seja inédito para nós. • Dr. Plinio Xavier da Silveira - Ta l• vez sej a esta uma boa ocasião para men• cionar num órgão de imprensa, pela pri• meira vez, um epi sódi o até agora des-

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uma reforma agrári a em que cada terra fosse trabalhada pelas própri as mãos el e se u propri etári o. Nin guém poderi a poss uir um a ex tensão el e terra maior do que a

• que ele pessoalmente pudesse cuid ar. O Prof. Plínio Corrêa el e Oliveira su• geriu ao então Bi spo de Ca mpos (RJ ) : D . Antoni o de Castro M ayer, que es• crevesse a todos os membros cio Epi s: copado, alertand o-os para o ca ráter • socialista da mencionad a minuta. E : D . Gerald o de Proença Si gaud, S. V.D. , • Bi spo de Jacarez inho (PR), apresentar : ao E pi scopad o cio Paraná um trabalh o • sobre a lei agrári a, qu e foi aprovada. À • vista de elevado número de Bi spos que • apoiaram esse, fi co u criad a uma situ a• ção em qu e o proj eto da Pastoral Col e•• tiva não se efetivou. Esse foi o primei• ro lance, travado nos bas tid ores, de • um a batalh a de mais de 40 anos, que o • Prof. PI i n io empreendeu para sa lvar a : es trutura ag rári a do P a ís. • • Catolicismo - RA-QC então, na rea• lidade, não foi o marco inicial da luta

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Dr. Plinio Xavier da Silveira - /?A- • • QC, pelo que acabo de narrar, foi na re- • aliclacle apenas o marco inicial público : ele um longo, ininterrupto e ac irrado • co mbate, hoj e em grand e parte vitori o- : so, contra a soc iali zação da proprieda• de privada ru ra l no B ras il.

Dr. Plínio Xavier da SilveiCatolicismo - O Sr. poderia dar mais : .-a - N ão posso deixar ele relembrar aqui , e com quantas • saudades, de uma inesquecíD. Helder Câmara, então vel manh ã de setembro ele Secretário-Geral da : J 959, quando, reunidos co m CNBB, deu amplo apoio • o Prof. Plíni o Corrêa ele Oli na TV ao projeto de Revisão Agrária Parecia • veira no Palace Hotel ele Pouma condenação indireta • ços ele Ca ldas, este nos aleràs teses do livro RA-QC (esquerda) e de seus : tava para a preocupante siautores, entre eles Plinio • tuação em que se enco ntraCorrêa de Oliveira (acima) . : va o País. Ele desce u para o café-da- • • manhã tra zendo uma pequena notícia, rurais. Adotando tal posição, obviamente publicada num dos di ários pauli stanos, fari am eles o j ogo cio comuni smo. que anunciava estar em estudos, na SeD esde que tal escrúpulo de cons• cretari a de Agri cultura ele São Paul o, um ciência se alas trasse por todo o País, • grande pl ano ele Revi são A grári a a ser nada mais haveri a a fazer em defesa ela proposto em breve à aprec iação ela A s- • ordem. Pelo contrári o, evitando-se a sembl éia Legislativa pauli sta. Foi o siconso lidação desse clima moral, todas • na/ do ataque ! Treze meses depois, saía as es peran ças de vitóri a continuavam a lume a prim eira edição de RA-QC. A abertas para os defensores da ordem. • batalha começara oficialmente. N essa emergênci a críti ca, o Prof. Plíni o Corrêa de Oliveira concebeu a : Catolicismo - O povo brasileiro via idéia ele que só um a obra de envergaclu• com clareza esse panorama como o ra, abordando a um tempo os as pectos : Sr. o descreveu há pouco? doutrin ári os e téc ni cos ci o probl ema • Dr. Plínio Xavier da Silveira - N ão. ag rário, poderi a elucidar os meios ca• tólicos e os ambientes rurai s, cortando • M as isso não era o pior. Essa nova manobra da esquerda católica, através ele sua assim o passo à ag itação esquerdi sta que : velada mas intensa doutr inação marxista, cresc ia ameaçadora mente. • começou a introdu zir na cabeça ele inconPor essa razão, fo i dado ao livro o : táveis brasileiros um problema perturbasugestivo títul o de Ref orma Agrária dor: segundo o ensino cio Clero ele esquerQuestão de Consciência . Opor-se à ela, a propriedade deixaria de ser um legí- • Reform a A grári a em terras parti culares timo direito, para se transformar em pri - • leg itimamente adquiridas era não ape•• nas um direito, mas um dever de todo vi légio injusto e gerador ele miséri a. Essa dúvida crucial , que sob a batu- • ca tóli co, poi s que "terra confiscada " é ta de D. Helcler e seus auxili ares foi-se : igual a "terra roubada ". O católico não tran sformando aos pOlJCOS num escrúpode, em sã co nsc iência, ace itar ou • pulo de consciência, começou a abalar •• co mprar qualquer bem roubado por ser o ân imo de luta dos proprietári os ame- • isto co ntrári o ao sétimo e déc imo M an• açaclos, sendo de molde também a trans- • clamentos da lei ele Deus. • form ar a mentali dade do operari ado ru- • A ss im , em J O el e N ovembro el e : ra l e urbano cm campo fértil para a sub- : l 960, Refo rma Ag rária, Questão de • versão e a revo lta. Consciência ini ciou o sulco glorioso da Catolicismo - Mas como foi que tudo : Ceder para não perder tornou-se en- : TFP na Hi stória do B rasil. A partir de começou? • tão o lema ele vári os desses proprietári os • então a TFP, com seu hoj e j á legendári o

detalhes? Situar esse lance no contexto político-religioso de então? D,~ Plinio Xavier da Silveira - Pois não. Começava a se alastrar pelo País forte agitação agrária, então predominante nas cidacles, depois levada ao campo. Tmprensa, rádio e TV ocupavam-se intensam ente cio problema. Era assunto corrente nas tribunas, nos meios políticos, nas universiclacles ... e também nas sacri stias ! Dificilmente quem não viveu naquela época form ará um a idéia prec isa ela agitação agro-reformi sta promovida especialmente pela esquerda católica. Era preciso algo ele novo - pensavam a esquerd as - que abri sse cami nho para a in stalação ele um regime comuni sta: esse algo foi a ag itação instalaela nos meios católicos, habilmente ca lculacla para dar a impressão ele que a Igreja, como um todo, resvalava para a esquerela, levando portanto consigo, quase unanimemenlc, a população católica. Essa atu ação sobre a opini ão públi ca - que continu a a se dese nrolar de vári os modos até nossos dias - tinha então co mo fi gura pione ira D. Helder Câmara, apoiado pela Ação Cató li ca, por líderes cio Parti lo De mocrata Cri stão e por certos contingent s da intelligentsia católica. N esse dramático contexto histórico o Prof. Plíni o Corrêa de Oliveira, juntamente com o Bi spo de Campos (RJ ), D. Antoni o de Castro M ayer, o Bispo ele Jacarezinho (PR), D. Geraldo de Proença igaud, S. Y.D., e o economi sta Lui z M ndonça ele Freitas publicaram RA-QC que foi uma corajosa declaração de guerra cont:ra o Golfas vermelho que, mais uma vez, e ele m do mais astuto que anteri ormente, procurava escrav izar nosso País.

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INTERNACIONAL estandarte, suas campanhas o,e rua e suas caravanas, fo i-se tornando o ma rco da posição cató li ca conservadora.

balões ele ensa io no nosso próprio : Nacional etc ., a e ntidade co nseguiu , ao País". • longo destes 40 a nos, imped ir para o

Catolicismo - Qual foi a repercussão : imediata ao livro?

Indubitavelmente, tal pronunciamento quis ser um esforço para fo rtalecer, mediante aparatoso apoio ec lesiástico, a Revisão Agrária, e a inda uma conde nação indireta - mas quão transparente de um livro, cujos autores eram dois Bispose dois le igos cató licos. E mbora fosse este um aco ntec ime nto sem precedentes no Brasil, nem de lo nge causou sobre o público a impressão esperada pelos seus promotores. Pelo contrário, tal pronunciamento foi muito ma l recebido pela opi ni ão púb lica em geral, e Ref'orma Agrária - Questão ele Consciência pôde prosseguir incólume a sua j á e ntão luminosa carre ira. O sucesso do livro se manifesta na publicação sucess iva de quatro ed ições, totali zando 30 mil exemplares, tiragem inéd ita na época para uma obra do gênero.

• Dr. Plinio Xavier da Silveira - Eu con- : to aqui apenas duas repercussões ma is sig- • nificativas. Mas estas ocorreram imed ia- : tamente após o lançamento de RA-QC. • Tão logo foi la nçada a obra, come- : çaram a manifestar-se de modo elog ioso ao livro vozes das mais a utorizadas: : homens públicos, agric ulto res, empre- • sári os, professores, juristas, jornalistas, : senado res, deputados, prefeitos e verea- • dores, bem como ó rgãos de c lasse es- : palhados por todo o País. Nos meios parlamentares, RA-QC • provocou grandes controvérsias. Seis • dias após o aparec ime nto do livro, os : quatro autores foram convidados a se • pronunciar sobre a matéria, em reunião : da Comi ssão de Econo mi a da Assem- • Catolicismo - Mas como pode a simbléia Legislativa de São Paulo. : pies publicação de um livro ter tido Ora, justamente naque le momento • uma repercussão tão grande? tramitava naque la Casa o tal projeto de : Dr. Plinio Xavier da Silveira - Não foi lei, apresentado como "passo pioneiro " • apenas uma "simples publicação ele um de um a reforma ag rá ri a "moderada", : livro ". Foi uma campan ha que, sábia e chamado Rev isão Agrária, o qual, • por que não dizê-lo - profet icamente ap laud ido pelas esquerdas, c hamava vi- • condu z ida pelo Prof. Plinio Corrêa de vamente a atenção do País inteiro. ERA- • O liveira, quebrou para sempre o mito da QC desenvolvia, em a lg umas de suas • força da esquerda católica no Bras il. RA partes, uma vigorosa arg umentação con- • QC, sendo recebido entusiasticamente por tra tal projeto. largos setores da opini ão pública brasilei A sessão realizou-se no salão do piera, tornou-se rapidamente um best-seller nário da Assembléia Leg islativa paulise situou-se no centro de uma imensa pota. Terminadas as expos ições fe itas pelêm ica nac iona l. Assim , começou a se los autores do liv ro, teve luga r an imado fo rmar na opini ão pública a polarização debate. ideológica e o clima psico lógico que, diNão havia transcorrido um mês des- • ante do perigo comuni sta cri ado na era de o lança mento de RA-QC, quando leGou lart, desfechariam na reação que deu vanto u-se contra o livro a primeira rea- • orige m à Revolução de 1964. ção episcopa l. Certo dia, diante das câmaras de te- : Catolicismo - Como continuou a luta lev isão, os paulistas puderam ouvir dos • contra a Reforma Agrária depois da lá bios do então Sec retár io-Gera l da • · Revolução de 64? CNBB, D. Helder Câmara, e de outros • Dr. Plinio Xavier da Silveira - A seis Prelados, abe rto e a mpl o apoio ao : Reforma Agrária recebeu com RA -QC projeto de Revisão Agrária. • um go lpe mortal. De lá para cá, a TFP Após uma condenação branca das : nunca mai s desat ivo u s uas baterias leses le RA -QC, dirig indo-se aos proanti-agro-reform istas. Muito pe lo conpri léfrios um dos Pre lados ameaço u: : trário, através de campan has públicas, "Ou se 1e111 o bom senso ele aceitar o • palestras, a rti gos, man ifestos, debates, projelo de Revisc7o Agrária ... ou virá a : inúmeros li vros e estudos, caravanas revoluçc7o agrária, para a qual já há • e m todo o País, atuação no Co ng resso

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Brasil uma ma io r desgraça agro- reformi sta. Nem por isso a rredaram pé os utópicos comunistas. A todo mo mento, e sob fo rmas diversas ao lo ngo desses anos todos, D. Hei der e seus he rde iros ideológicos pregaram o assalto à propriedade privada rural e urbana. Mas e ncontraram se mpre diante de s i o paredão inexpug náve l da TFP que lhes barro u o passo - sempre de for ma dou trinária, orde ira e pacífica - a cada nova tentativa de aba lar o princípio da propriedade privada no Brasil. A Reforma Agrária, não obtendo mai s o apo io da op ini ão pública, nem consegu indo tornar-se efetiva por meios lega is, recorre u à il egalid ade e à violência, impo ndo-se po r meio de invasões de terras e constituindo uma verdadeira g uerrilha rural comuno-sandini sta, conhec ida sob o nome de MST. M as, mesmo esta estratégia mostra hoj e seu fracasso. Ass im o atesta, por exemplo, o insuspeito deputado ag ro- reform ista Franc isco Graziano, ex-pres ide nte do LN CRA, ex-secretá ri o da Agricultura de São Paulo, professor e doutor em econom ia agríco la, e m sua e ntrev ista ao "Estado de S. Paulo", de 22 de maio último: " ... .por mais que se esforce, o go-

• • verno não vai conseguir fa zer a refor-

• ma agrária.fitncionar: a reforma agrá: ria acabou". • O Bras il faz "a pior reforma agrá: ria elo mundo". • "É preciso repensar o atual mocle: lo, que está deixando o Movimento dos • Sem-Terra ( MST) cada vez mais rico e : os pequenos ag ricultores cada vez mais • pobres. Os es!ucliosos e os setores mais : sérios da esquerda sabem disso." • " .... esta reforma ag rária não tem : maisfuturo." •

Passados 40 a nos desse lance g lo ri o-

: so, voltamo-nos para Nossa Senhora Apa rec ida, que nos in sp irou , protegeu ,

: deu forças, e, sobretudo, nos manteve • • • : •

perseverantes ao lo ngo de tantas vicissitudes, e dizemos: "Minha Mãe, nós

Vos agradecemos; valeu a pena! O Brasil, graças a Vós, não caiu nas garras do comunisrno!" ♦

rsk· 1

ponta do ~iceberg nticlear'' explosivo da Rússia EosoN N EVES

França pe la edito ra Robert Laffont, descreve as histórias mais inimagináve is do enorme ri sco que corre mos, devido à irres ponsabilidade dos comuni stas e das catástrofes nucleares ocultadas por mai s de trinta anos!

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"1 o m a dec laração de que os 118

tripul a ntes do s ubm a rino estavam ofic ia lme nte mortos, começou-se a levantar a ponta do vé u que cobriu durante décadas a me ntirosa e sombria hi stóri a da vida milita r sov iética.

-1 Kursk

"A Rússia foi, é e será uma potência", a la rdeava, contudo, com a rroganle c ini smo, o Presidente do país, Vl adimir Pulin, ex-agente da KGB (políc ia políti ca da ex- URSS) e sucessor do inveterado apreciador de vodka, Bori s Yeltsin. D uran te anos os rus os s ubm ete ra m-se aos blefes e a tos de des poti s mo de líde res deste naipe. Agora, po r m, a sucessão de evasivas e menliras sobre o ac ide nte e suas cau as prováveis, as falsas esperanças despe rtadas po r eles e a irresponsabilidade do co mando naval, denunciadas sem rode ios nos ed itoria is do "Izvesti a" e cio " Pravda", levaram os russos finalmenl à conv icção de que "a elite sovié1ica não mudou ". O "M oscou Times" co mparou a Rússia a "um urso fam.i nto com

dentes atômicos cariados e com o ressentimento xen1fobo acrescido pelo orgulho nacional humilhado". O li vro A dramática história dos submarinos nucleares soviéticos, escrito po r lrês ex-comanda ntes de submarin os publicado e m l 994 na

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E m 1957, um reservató rio radioativo ex plodiu perto de Sverdlovsk, contamin ando 450 mil pessoas devido à ação de 138 milhões de curies (unidade de radiação), quase o triplo dos 50 milhões registrados na explosão da usina atô mica de C hernobi l! A me nc io nada obra ad verte que há pelo me nos 20 C he rnob is em potenc ia l, ig ua is à que ex plodiu , e cujas cond ições de man utenção são cada vez ma is precár ias. M a is de 500 ofic iais e marinhei ros m orreram nos últimos 40 anos, devido a acidentes rad ioativos. A história do Submarino K- L9 é especialmente impressio nante: ele foi tão mal construído, que vazava radiação e causava tantos problemas a ponto de ser apelidado na frota soviética ele Hiroshima. Mesmo assim, a 4 de julho de 196] , o comandante e o imediato, que conheciam os defeitos, continuaram a participar das manobras no Atlântico norte. Houve pane num dos reatores. Dos marujos que entraram no submarino para fazer reparos improvisados, sete morreram e 37 fotam hospitalizado com graves sintomas de radiação. O remédio de bordo para combater a radiação atômica era álcool 90 graus! O Hiroshima incendiou-se em setembro de 1972, morrendo 28 tripulante no acidente.

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O livro detalha a inda lugares onde submarinos russos afundaram e a presenta um quadro a pocalíptico da Ilh a de No vioa Zemla (Nova Te rra), onde está locali zado o maio r cemitério nllclear do mundo: dezenas de subm arinos conte ndo ainda combustíve l atômi co, milh a res de contêiners com m ateri a l radioativo e nco ntram- se aba ndonados na il ha conde nada. Compreende-se, portanto, a fúr ia com q ue a Sra. Nadejda Ty lik, mãe de um dos marinheiros do Kursk, gritou para o mini stro russo Ilya Kle banov: "Eles estão no .fitndo dom.cu; em

uma lata de conservas .. . Tire seus distin.ti vos" ! ♦

Acima, à esquerda: aspecto do cemitério nuclear soviético. Abaixo: a torre de comando do Kursk, quando ele ainda navegava na superfície do mar...

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ATUALIDADE

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Biografia do Bem-Aventurado Pio IX lançada em Roma Da esquerda para a direita: Prof. Roberto de Mattei, Mons. Brunero Gherardini, Marquês Luigi Cada Nunziante (Presidente da Associação Famiglia Domani) e o Príncipe Sforza Ruspoli.

D

e autoria do Prof. Roberto de Matteil, uma excelente biografia do recém-beatificado Papa Pio IX - cujo pontificado marcou profundamente a História da Igreja - foi apresentada na Cidade Eterna, às vésperas da cerimônia de beatificação, no dia 3 de setembro último. A abalizada bi ografia nasceu "de um duplo dever: de conhecünento e de Justiça", afirm a o Prof. Roberto de Mattei em entrevi sta ao quotidiano "Avvenire" de 13 de agosto p.p. "Pio IX - continua o autor - é um Papa pouco conhecido e incompreendido, algumas vezes mesmo caluniado, também por católicos. Igualmente isto se deve a uma historiogra-

.fia católica que assumiu em grande parte os esquemas interpretativos dos grandes opositores da causa católica e da própria Igreja". Intitul ada "Pio IX" , a biografia de 253 páginas c ita seis vezes o fund ador da TFP bras il e ira, Prof. Plíni o Corrêa de Oliveira, grande admirador de Pio IX . E se Pontífice teve a coragem de enfrentar e denunc iar categoricamente os principais adver ári o da Igrej a e m seu séc ul o, sobretudo os racionali stas e libera is. Estes, infiltrados nos ambie ntes cató li cos , comba-

Bem-aventurado PIO IX (179 2 - 18 79 )

iovanni Mari a Masta i Ferretti era o nome de bati smo do Santo Padre Pio IX. Quando Bi po de Ímola (Itá lia), foi e le ito sucessor do Papa Gregório XVI pelo Concl ave de J 846. O Pontificado de Pi o IX foi o mais lo ngo da História da Igrej a depoi s de São Pedro : de 1846 a 1878, portanto, 32 anos. Recente me nte foi aberta a urna que continha o corpo do novo bem-aventurado, tendo sido ele encontrado incorrupto e em perfeito estado de conservação,

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ti am a C idadela Santa dentrn de seus próprios muros2 . Causava também imensa adrniração a Plínio Corrêa de Oliveira o gesto de audácia de Pio IX ao desafiar o espfrito do século e proclamar dois grandes logmas, iniciativa que, naquela época, parecia uma temeridade: o da Imaculada Conceição e o da Infalibilidade Papal. (Ver quadro abaixo). ♦

Notas: 1. O Pro f. Roberto de M attei é titul ar da cátedra de l·lislória Co111e111porâ11ea el a Uni versidade ele Cass ino, Presidente do Centro Cultu ral Lepa1110 e diri ge a A gência ele notícias Corrisponden"a Romana. Entre outros li vros, é autor da bi ografi a, j á bem conhec ida no Brasil , Plínio Con "êa de Oliveira - O Cruzado do Século XX. 2. C ír. Plíni o Corrêa ele Oli veira, Revoluçüo e Co111ra-Revo/11 çüo, A rtpress, S. Paul o, 4". edição em português, 1998, Parte 1, Cap. V I, 5- D, p. 5 1.

apesar de decorridos 122 anos de seu falecimento no Vaticano, em 7 de fevereiro de J878 (cfr. "L'Osservatore Romano", 9-4-2000). É o Papa da proclamação de dois grandes Dogma da Santa Igreja: a Imaculada Conceição de Nossa Senhora , em 8 de dezembro de 1854, pela Bul a lnejf abilis Deus; e a Infalibilidade Pontifícia , proclamada no decurso do Concílio Vaticano I, em 18 de julho de 1870. É também muito conhecido pe la promulgação da Carta Encíc lica Quanta Cura, da qual fazem parte os Syllabus, em 8 de dezembro de 1864, que constituiu uma fulmin ante condenação dos principais erros daquela época, de modo particular do liberalismo, que e ntão imperava.

Caravana da TFP: simpática acolhida em MG e ES

A

foLos aba ixo apresentam fl agra ntes da Carava na consti uída por IOjove ns cooperadores da Sede de Brasíli a, que ercorreu 23 cidades de Min as Gera is e Espíri to Sa nto. No perc urso, foi rea li zada larga d ivul gação de Catolicismo. o nfo rmc opini ão gera l dos carava ni stas, a reação mais comun entre aque les que adquiri am nossa revi sta era de alegri a, ao Lomar co nhecimento de uma publi cação q ue foca li za os ma is d iversos ass untos da atua li dade, desde Re li gião até po líti ca, estri tame nte sob o pri sma da do utrin a tradi cio nal da Santa Igrej a. ♦

Cidades percorridas Minas Gerais: Belo Horizonte Congonhas do Campo Feli xlândia Lagoa Dourada Ouro Preto Mari ana Pará de Minas Pi ta ngui

Igreja de N ossa Senhora do Ó, Sabará (MG)

Sabará Santa Luzia Caeté São João dei Rey São José dei Rey Sete Lagoas Três Marias ltabirito João Pinheiro

Mart inho Campos Pompeu

Espírito San t o : Vila Velha Vitóri a ltab ita Venda Nova

Na Argentina, grande interesse pela Mensagem de Fátima

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Asociación Civil Fátima, La Gran Esperctn za, e m co laboração co m a TFP brasil eira, promove u sobre a Mensagem de Fátima concorrida co nfe rênc ia no audi tó ri o da Asociación So corros Mutuas de las Fuerz.as Ar111adas e m Buenos Aires, a 29 de ju nho último. O orado r, S r. Emete ri o Fe rré s Arrospide, fund ador da TFP uruguaia, aprese ntou abundante doc ume ntação, te nd o a expos ição despe rtado gra nde interesse. O co nfere nc ista, ao fin a l, respo ndeu nume rosas perguntas fo rmuladas pe los assistentes , desej osos de aprofund ar o te ma de espec ial impo rtância e atualid ade . Na foto 1, a mesa que pres idiu a confe rênc ia, ela esquerda para a direita: o orador, o Dr. Carlos Benitez Meabe, Presidente da ACFGE e o Ten. Cel. Coni Molina. Na fo to 2, o público que lotou o belo salão, onde teve lugar o evento, que a lcançou signifi cati va repercussão na capital argentina. ♦

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Fisionomia hierática, impassível e sagrada Plinio Corrêa de Oliveira

gravura à esquerd a, é um famoso mosa ico, "=~;ui;....: c m est ilo bi zant in o, rep resentando São João C ri sóstomo , na capela pa latin a no Palác io dos No rm andos, em Pal ermo (Itá li a). Esse é um dos maiores pregadores sacros do Oriente, mas da época em que a l greja oriental era toda católi ca, antes do c isma de 1054, mediante o qual se constituiu a chamada igr ·ja ortodoxa, na r alidad ', a igr :ia ,re ·o-cismáti ca. El e I ronunc iava serm ões tão esplêndidos, com tanta eloqüência que o denominara m Crisóstomo - isto é, Boca de ouro. O modo el e rep resenta r um Sa nto no Oriente era profundamente diferente el as apresentações ci os sa nt os feitas pelos arti stas ci o Ocidente. No Oc idente tinh a-se o mais possível a preocupação. ele expor a fi sionom ia cio Santo como ele fo i. U ma preocupação artística que precedeu a ex istência el a fotografi a. Nas pinturas ocidentais hav ia esse anseio ela fotografia, ele captar a real iclacle e apresentá- la tal qual é. Essa tendência está presente, mas apenas de algum modo, nas escolas artísti cas cio Oriente, onde a principal preocupação consiste em ex ibir a fi sionomi a e as atitudes cio co rp o ci o ho mem sa nto

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num:1 posição hieráti ca, impassivei e sagrada, ele quem O está mais vo ltad o para as coisas cio Céu cio que para as ·

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da Terra. N uma imob ilid ade que j á participa ela eternidade. Ta l

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atitud e está bem presente no soberbo mosaico aqui reprodu zido. Sem dúvida algum a, a noção ele santidade se dcpr end das r '· presentações artísti cas d ssa esco la bizantina de um modo possa nte. E a Santa 11 reja atólica, A postóli ca e Romana vê com bons olhos os doi s ·stilos, conser vando como obras de arte prec iosas e obras d ' pi claclc insignes as ma nilcstaçõ ·s ele arte ori ental que se CJl COnlrarn em seus templos do Ocidente. lnfelizmente a igrej a greco-c ismiíti ca, depois ele sua apostasia e s ·u afasta mento da Ig rej a ató li ·a, apossou-se elas obras que se en ontravam nas igrej as cio Ori ente. Excertos da conferência proferida pelo Prof. Plínio Corrêa de Ollv Ira, para sócios e cooperador d TFP, em 17 de janeiro de 1986. S m revisão do autor.

Nota: São João ri sós101110, lli spo, C'1111 l1•~~111 e Doutor da Igreja.+ Arm 11i11, 111 1111111 tl1• 407. Um dos qu atro gru 111ks l )111111111•~ 1111 Igreja Ori ent al, fo i ll is p11 d1• ( 't111\lll111I nopla. Perseguido e 1kst1•11 11tl11 IH' III 111 1 peru tri z 12ud 6x i11 q111• 1·111 p1111id111l11 d11 heres ia ari11 1111 • 1111111 1·11 11 1111111111!11 d11 ex íli o. S: o Pio d1•1·l111111 1 11 1111111 1111 1tl11 orador ·s ·:11 1k'os ,



Damos início, na presente edição, a esta nova seção

Excertos. Através dela ofereceremos aos leitores trechos selecionados do fecundo acervo intelectual de Pli nio Corrêa de Oliveira - uma rica, cintilante e maravilhosa seara por ele cultivada ao longo de oito décadas. São con selhos e lembranças do insigne inspirador de Catolicismo, bem como prognósticos, denúncias, explicitações, comentários e análises que ele nos comunicou, muitas vezes a respeito de temas que a imprensa quotidiana encobriu, mas que o leitor tem o direito de saber.

A palavra do sacerdote

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Como ficarão os corpos após a ressurreição? - É pecado tatuar o corpo?

A realidade concisa,nente

1O-

A estratégia de Pio IX Prof. Plí n io com entou , em d iversas ocas iões , a d ifíc il sit uação p o r q u e passo u a Sant a Ig reja no sécu lo XIX

º

- " Os in imigos da Ig r ej a se compr aziam em ve r nE!a um imenso edifício que se esboroava 111 . Isto devido à infil tração de princíp ios errôneos, como o li- . bera/ismo e o racionalismo, em suas próprias fileiras. O imortal Papa Pio IX, recentem ente bec1ti ficado, primeiro foi tolerant com tais erros. M as vendo qu os r evolucion ários triunfavam, "/\ 11 isl >ria do po 11 t i ri ·ado do "chegou à convieção d que, s , rand ' 1 io IX 111 ·r ' · ·ria s ·r 'S I ud ada não é com vinagre que s atraa l"un lo I los ca tóli cos. Ela ont rn em abelhas, não é com açúcar que se domam leões 2 . E enernsin amentos, para nossa época, mu i11

g icame nte enfrento u e desbara tou, então, os ad v ersá ri os da Igrej a . Essa estrat égia de Pi o IX é descrita po r Plíni o Corrêa de Oli v eira, em arti go p ubli cado em " O Legionário " de 18- 12- 3 8:

to mai oportunos e mais profund os cio que gera lmente se pensa. Em nosso último artigo, procuramos mostrar o êx ito ela energia apostó li ca cio grande Pontífice. Quer pela defin ição cio dogma ela ] maculada Co nce ição, fe ita por meio ela bula "lnnefabilis ", em 1854, quer pela convocação cio Concíl io do Vatica no r e a definição cio dogma ela l nfa li b i l i cl acl e Pa1 ai 111

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1869, o grande Papa enfrentou aguerrida e reso lutamente o naturali smo e o racionali smo cio sécul o. A despeito ela op ini ão em co ntrário, ele leigos eminentes e até Prelados, Pio IX jul gou que a época era ainda menos propícia cio que outra qualqu er para uma atitud d in pass ibi li lad ' sorri dente, cuj o c r i10 n ' · ·ss(t ri o s ·ria o encorajam · nlo tios 11 1aus 'o ·nti biamento dos bons. 'orn isto, Pio IX, ca lcando uos p s qua lqu ·r ful so s ·ntim ntali smo, ·nfr ·nlou d ' ·i lidun1 · nt a impi ·dutl '. Suu ·n ·r dn ·ombati va venceu. 1 ' I ois dn d ·linic.,·, o ti o do 1 111a ela lnfalibi lidad ' Pontirf •i;i p ·lo oncíl io cio Yn l i ·ano 1, a onda dora ·ionalismo na1ura l ista tem clccrcsc icl o in cessa ntemente, e, se b 111 que la aind a conserve formas disfarçadas, dignas ela maior cautela dos católicos, é certo que ela perdeu aquela agressividade trucu lenta e blasfema, com que se pavoneava nas altas rodas li terári as, po l íticas e sociais ela Europa cio século X IX. Erraria quem pensasse que, agindo assi m, Pi o IX empregou uma estratég ia de cunho exc lusivamente pessoal. O que o rand Pon1 ífi ·e f z não foi s ·m o 11 :1pl i ·11·: o, no s ' li si ·ido, dos 1n1di ·ion:1is pro · ·ssos d · :qmslo ludo du S11 11t 11 l1' 1"l',i11 , /\ l'N tl'llt l· ,ju d · Pi o 1 !"oi II d1• lrn los os Po11t1li 'l'S qu ' Sl' vi ,·1 1111 •111 s i111 11 ·11 0 11111ilopa, sua, e q11 • v "lll'\' 111111 11, }'rlllldes <.:rises que 11s. 1·di11r11111 11S1111111 •r ·ja 11C) passado."

Queda do governo comunista iugoslavo Dinamarqueses dizem não ao Euro Canonizada ex-escrava sudanesa

Nossa capa:

Capa

Fotos de Diogo Waki. Fotocomposição do ateliê artístico de Catolicismo a respeito da mais recente campanha pública da TFP, no largo de São Bento, na capital paulista

12 Alerta

Excertos

2

4 Meio século da proclamação do Dogma da Assunção

da TFP : público advertido quanto ao futuro do País

Ecos de Fátinia

37 Terceiro

Segredo de Fátima: importantes pronunciamentos

Internacional

20 Cardeal

eslovaco deplora efeitos da política de d istensão com os comunistas

Destaque

41

Leitura Espiritual

22 Vida

Perplexidade de católicos chineses em face da política que favorece o Governo comunista

de perfeição

Atualidade

Força da Tradição

7

23 Um

Revogada discriminacão da União Européia contra a Áustria

Columbano , grande incentivador da vida monástica na Idade Média

18 Campanha

Página Mariana

5

34 São

Ca,npanha

Pio IX: firmeza diante do mal , e não concessões

Carta do Diretor

Vidas de Santos

da TFP no limiar do terceiro milênio

Entrevista

42 Biógrafo

de Pio IX anal isa aspectos da vida do novo Bem- aventurado

legendário palácio austríaco sobre rodas

Grandes Personagens

TFPs e,n ação

27 Patriarca

44 -

José do Egito, prefigura de Nosso Senhor Jesus Cristo

Milagrosa Imagem de Nossa Senhora em vis ita à TFP Campanha da TFP contra o desarmamento - Catolicismo na Int ernet

Escreve,n os leitores

31 Santos e Festas do Mês

32

Anibientes, Costunies, Civilizações

48 Dois

gêneros do espírito militar no Brasil

Histórias da vida de Jos{f - Pierpont Morgan library, New York

Nolns: 1, " () l 1• 111111111 0", n" 327, 18- 12-38 , " () l 1•ph1111\rio'", nº 323, 20- 11 -38

CATOLI

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ISMO

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Com a palavra ... o Diretor

PÁGINA MARIANA

Amigo leitor, Catolicismo oferece com exclusividade a seus leitores, na presente edição, o substancioso Documento-denúncia da TFP referente às per pectivas d Brasil no alvorecer do 3º Milênio. Uma entidade com o passado e a história da TFP não podi a deixar ele se pronunciar sobre a atual situação do Brasil, e mostrar, de forma objetiva e clara, as perspectivas sombrias que se nos apresentam para o terceiro milênio, caso não haja uma reação à altura, ele brasileiros de elite. O público - que sempre acompanhou e apoiou a TFP cm s us mais ele 40 anos de atuação-, perplexo diante do atual quadro nacional, tinha o direiLo de ·sp ·rar mais uma vez a palavra orientadora da associação fundada pelo Prof. Plínio orr a d· livcira. O Documento-denúncia da TFP alerta, aponta ca minh s xpli u e m a atual situação poderá ser revertida pelas elites, formadas por todos aqucl ·s qu • deseja m reagir contra a decadência religiosa e moral em que nos encontram s. estímulo para que cada brasileiro se A TFP almeja que esse documento sirva d impuls compenetre do papel que lhe incumb nu I r sente quadra, como único meio de reconduzir o Brasil às vias da civilização cristã. Os leitores de Cathlicismo - p r fazerem parte de um grupo privilegiado que observa a realidade brasileira à luz ela doutrina cal lica - constituem a seu modo uma elite moral que pode e deve agir, e obter assim para nosso País as bênçãos de Deus e de Nossa Senhora Aparecida.

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Catolicismo traz ainda agradáveis surpresas. A partir desta edição contará com mais quatro páginas, uma vez que o informativo Ecos de Fátima passará a fazer parte integrante da revista. O leitor terá assim em mãos duas excelentes leituras de uma única vez! Tomamos essa deliberação tendo em vista a enorme afinidade de pensamento existente entre os leitores de Catolicismo e os membros da Aliança de Fátima, que apóiam a Campanha

Vinde Nossa Senhora de Fátima, não tardeis! A seção Ecos de Fátima, além de conter atraente noticiário a respeito das diversas atividades da Campanha, apresenta colunas como Por que Nossa Senhora chora ?, com a interpretação dos fatos da atualidade à luz da Mensagem de Nossa Senhora de Fátima. E publica ainda as cartas dos aderentes da Campanha, que encerram, com freqüência, depoimentos referentes às graças alcançadas. Ademais, desde a presente edição as ilustraçõe de no sa revi sta serão a quatro cores. Desejo a todos uma agradável leitura. Cordialmente,

~~7 DIRETOR

P.S. Há outra novidade nesta edição: a seção Excertos, na segunda capa, que de algum modo continua a publicação que fazíamos de Revolução e Contra-Revolução , uma vez que, no último mês, foi reproduzido o derradeiro capítulo dessa obra magna do Prof. Plínio Corrêa de Oliveira. A nova seção exibirá trechos selecionados do imponente acervo intelectual desse insigne pensador e líder católico.

O Dogma da Assunção de Nossa Senhora Neste mês celebramos o 50" aniversário da definição do Dogma da Assunção de Nossa Senhora. Hoje há católicos que perderam a noção do que seja um dogma e das razões pelas quais a Igreja o define. Ocasião oportuna, pois, para recordar essa temática e alegrarmo-nos com a gloriosa Assunção da Virgem-Mãe ao Céu V ALDI S

M

uitos de nossos contempoâneos , devido à influência o liberalismo, talvez preferi ssem deixar cair no esquecimento o grande acontecimento, ocorrido no di a l O de novembro de ] 950, quando o Papa Pio XII definiu, por meio da Constitui ção dogmática Muni:f1centissimus Deus, a gloriosa Assunção de Nossa Senhora ao Céu. A doutrin a ca tó li ca ensina que, após a morte, nossa alma se apresenta ante o Juízo de Deus, enquanto nosso corpo perm a nece nes ta Terra aguard ando are surre ição fi nal, quando voltará a se juntar à nossa alm a para ser feliz no céu u infeli z no inferno, por tod a a eternidade . Tal é a lei para o comum dos homen s. Mas Nossa Senhora recebeu de Deus uma séri e de privil égios e graças que a fi zeram imensa mente ele-

vada acima de qualquer um de nós. Ela foi concebida sem pecado original, foi Virgem sempre, mesmo se ndo mãe, e gerou o corpo de Nosso Senhor Jesus Cri sto, unido hipostaticamente à Segunda Pessoa da Santíssima Trindade, portanto é Mãe de Deus . É compreensível , pois, que Deus tenha querido estabelecer mais uma gloriosa exceção para sua Santíssima Mãe: em vez de seu corpo fic ar num sepulcro, subiu ele aos Céus para receber desde logo o prêmio eterno e ser coroada Rainha do Céu e da Terra. Qualquer filho, se pudesse, faria algo muito especial por sua mãe. E como não iria fazê- lo o melhor dos filh os que houve e haverá neste mundo, o próprio Jesus Cristo? Ass im, em virtude de mais um a predil eção de Deus por Aquela que é a obra-prima da Criação, Nossa SeC ATO LI

GRINSTEINS

nhora já se encontra no Céu com sua alma e seu corpo imaculados.

No fundo da recusa, um problema filosófico Mas por que se nota a recusa de anticatólicos e até a incompreensão de alguns católicos, diante de uma verdade tão bela? O problema resume-se no seguinte: há verdades que devemos crer mesmo que estejam acima de nossa inteligência e não as entendamos. A razão humana não abarca todo o conhecimento. Como Deus é infinitamente superior a nós, certas manifestações dEle excedem nossa capacidade de compreensão. "A palavra de Deus, revelada e comunicada aos Na foto acima: Pio XII proclama o Dogma da Assunção, no trono pontifício, capela-mor da Basílica de São Pedro (Roma)

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ATUALIDADE hom.ens, fica em pe ,feita equação com o pensamento divino ou com a verdade; e como .o pensamento de Deus é infinito assim como a sua natureza, a sua palavra nos comunicará verdades que ultrapassam e sempre ultrapassarão o círculo .finito e limitado da nossa inteligência" E sas manifestações da superioridade divina podem ser inacessíveis à razão ou não. Caso o sejam, são denominadas mistérios. O mistério não é contrário à razão humana, mas está acima dela. Muitas verdades, contudo, podem ser conhecidas por meio da razão. Seja num caso ou noutro, a Igreja Cató lica ensina essa verdades reveladas por Deus. E em alguns casos o faz so lene me nte po r me io de um " Dogma". Dogma um a palavra de o ri ge m gre a qu significa dec isão, decreto. O ca. Lcc is mo ca Ló li o e nsin anos que Lodo dogma é um a "verdade revelada por Deus e proposla pela Igreja à nos2 sa crença" . E aq ui chegamos ao cerne cio problema: a Igreja mandanos crer nos dogmas - verdades que podemos não compreender dev ido a alguma limitação nossa. Para um homem orgulhoso, que rejeita a fé - como o são milhões hoje em dia - , que jul ga entender tudo, quando não entende, despreza a afirmação dogmática como não sendo verdadeira. 1

Fundamentos do Dogma da Assunção "Sendo o dogma, antes de tudo, wna verdade revelada por Deus, trata-se de saber onde se acha exarada a revelação divina. A fonl e da revelação é dupla : a) a Escrilura Sagra3 da [a Bíblia]; b) a Tradição" . Este é um artigo de Fé, definid o pelos Concílios de Trento e cio Vaticano I. E. clarecemos que constituem a Tradição "as verdades ensinadas por Jesus Cristo e pelos Apóstolos e lra.nsmilidas, de século a século, por 6

CAT OLICISMO

oulro caminho que não seja a Escri4 tura. Sagrada " • No caso concreto da Assunção, a doutrina sobre ela está implícita na Sagrada Escritura e é muito abundante na Tradição da Igreja, especialmente desde o século IV. Numerosos escritos atesta m essa tradição desde o início da Igreja. Vários santos a is-

go ac ima referido, começou-se a traLar largamente o tema. "A Assunção de Maria foi sempre e11si11ada em Iodas as escolas de teologia., e ncio há voz discordante entre os dou/ores ", observa o Pe. Júlio Mari a5. Haven lo uma tal concordância entre Lodos os t ólogos a respeito da matéria , eo mpr en 1 -s que 2.505 Bisp s t nharn soli citado ao Papa Pi o X 11 que I clara. e Lal vcrdad ' 01110 D gma.

Em nossos dias ... silêncio

Assunção da Virgem - Fr.incisco de Zurbarán (séc XVII), Coleçiío particular, Nova York Em virtude de mais uma predileção de Deus por Aquela que é a obra-prima da Criação, Nossa Senhora já se encontra no Céu com sua alma e seu corpo imaculados

tiram à morte de Maria Santíssima, além cio. Apósto los presentes. Dada a triste situação ela humanid ade durante o pagani smo, a Igreja teve de esperar seu triunfo para revelar as verdades sobre Nossa Senh ora. Caso co ntrári o, corria-se o risco ele os pagãos a venerarem como deusa. Qu ando adveio o triunfo ela Igreja, hou ve uma verdadeira floração de sa ntos que então puderam fa lar sobre Ela - entre eles Santo Efrém, o síri o, e São Gregóri o de Tours - e apa receram numerosas liturgias para honrá-La. Isto fa la por si. A devoção à Assun ção ele Nossa Senhora ex istia já nas catacumbas, e desde que não mai s houve o peri -

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Em nossos dias, nota-se um certo silêncio sobre esse e outros dogmas. Esta é uma razão a mais para celebrarmos o privilégio conced ido a Nossa Mãe celestial mediante a sua Assunção. E lembrarmos que este constituiu D·emenda derrota cio demôni o. "Como a gloriosa ressurreição de Cristo foi parte essencial e signo final desta vitória [contra o inimigo infernal], assim 1ambém para Maria a comum lula deveria concluir com a glorificação de seu corpo virginal", omenta o conhecido ma.riólogo Ala true/. Nossa Senhora humilhou o demôni o por meio de sua vida santa, sua Imaculada Conceição, sua virgindade, sua humildade. A decomposição cio corpo no Lúmulo é um castigo fruto cio pecado original, o qual jamais tisnou a alma santíssima de Nossa Senhora. Por isso ce lebramos hoje, co m júbilo, meio sécul o da procl amação desse dogma. Como seus filhos , é para nós sumamente grato comemorar mai s um a vitória dEla, eterna, ru♦ tilante, fec unda. Notas: l. Mons. Caul y, h1s1n1ção religioso,

' l\)1110

IV, p. 19. 2. Mons. Boul cngcr, Do111ri11a Cll lllli1 ·r1 , l id , do B rasil , São Paul o, 1% . , p . l,J. 3. Idem, p. 25.

4. Idem, p. 29. 5. Pc. Júli o M11ri11 , S.l>.N , 1\ A/1,/'1, •1 ll1 •11di 10 , lld i 101'11 O I 11111,/111 , ' ' ,•cl 1<;i10, M11nh1111li11111 , 11),1 11, p 11,1 6. Ort•111 11i11 /\ l11 , 11111 •y, / 111111,/,, r/, /11 l't1:~1·111 .\'111111,1.1/11111 , 11111 , r-. t11!11iil , 111/,I p l<JI.

Fracassa bJoqueio contra a Austria EDSON N EVES

O

recente bloqueio promovido pela União Européia conb·a a Áustri a teria sido fruto de uma imaturidade política ou de um a incompetência prev ista? Há 25 anos o Prof. Plinio Corrêa de Oliveira comentava, em artigo publicado na "Folha de S. Paulo" (10-1 J-J974), que vários órgãos ela imprensa. mundi al haviam afi rm ado que, com a morte de De Gaulle ( l970), encerrava-se a era dos demiurgos. Churchill e Adenauer tinham falecido hav ia pouco mais ele sete anos. Observava então o Prof. Plinio Corrêa de Oliveira: "Daqui por diante, num mundo cada vez mais socializa.do, os grandes homens de outrora seriam. substituídos pelas grandes equipes ou grandes organizações". É anti.natm·al, mas não há dúvida de que essa previsão está dentro da lógica do socialismo, segundo o qual as pessoas devem ser absorvidas pelos grupos, e estes pelas grandes multidões despersonalizadas, a.norgânicas e anônimas, valor máximo cio mundo futLu-o. A União E uropéia. (UE), tal como está sendo concebida e elaborada, é sem dúvida alguma um passo importa nte rumo a essa República Universal iguali tária, tão almejada pelos soc iali sta e com uni stas ele toda espécie.

a interferência de uma com issão ele três "sábios" ela UE ( o ex-Pres idente da Fi nlândia, Ahti saa.ri , o ex-Mini stro cio Exterior ela Espanha, Oreja, e o espec ialista. em Direito Internacional, Frowe in) para verificar o respeito aos direitos humanos no país e a estrutura do Partido da Liberdade. • 8/9: Os sábi os entrega m à presidência da UE (exercida pelo Pres idente francês Jacques Chirac) um relatório que recomenda a suspensão elas sa nções. • 12/9: As sanções são suspen sas.

Por que a UE teve de ceder Como vemos, os aco ntec im entos acima descritos constituem atuações da cúpul a política, e não ela base popular européia; a impopularidade da UE fi cou patente. A presidência ela UE cedeu porque: 1°. Razões internas da Áustria: Segundo "The Econom ist" ( 16/9/00), o Partido da Liberdade explora em suas campa nhas idea is xenófobos , mas seus

mini stros seguem os compromissos contrariando esses mes mos ideais. Os direitos humanos são respeitados norma lmente. E, por fim , a Áustri a ameaça reali zar um referencio popul ar para ver se permanecerá ou não na UE. Ora, comentamos nós, no caso ele um plebi scito é muito prováve l que os austríacos qui sessem ver-se li vres el as rédeas da UE. 2°. Razões externas à Áustria: a) Outros pequenos países da UE temiam que se lhes aplicassem os mes mos castigos infligidos à Áustria. A Dinamarca, por exemplo, rea li zaria no dia 28 ele setembro um refe rencio para sa ber se adotaria ou não o EURO (ele fato, não adotou); b) A Áustri a, com seu poder de veto, atravancari a todas as dec isões futuras ela UE; c) A poss ível subida na [tá.li a de um governo de direita, composto pela Aliança Nacional e di ss identes fasc istas. A Itáli a seri a um país grande demais para ser vetado, como o fo i a Áustria; d) Por fim , o relatóri o cios três sábi os afirma que a situação cios direitos hu manos na Áustria não era infe rior a nenhum outro país ela UE. O que diriam Churchill , Aclenauer e De Gaull e desses desmandos praticados por seus atuai s colegas europeus, Jacq ues Chirac e Schrõder, ex poentes da UE? ♦

A UE teve de reabsorver as sanções que emitira Cronolog icamente, as decisões assumidas pela Uni ão Européia em relação à Áustria assim se processaram: • 4/2/2000: A UE impõe sanções à Áustria, devido à formação cio novo governo au tríaco, que inclui o Partido da Liberdade (cio líder político Jorg Haicler), tido como de extrema-direita. • 5/5: O governo ela Áu stria apresenta à UE um plano ele ação para abo li ção da sanções. O plano inclui medidas contra o racismo e a xenofobia. • 4/7 : O govern o da Áustria aceita

O Chanceler Wolfgang Schüssel durante a entrevista coletiva que concedeu depois da suspensão das sanções que a União Européia tinha imposto contra o seu país

CATO LI

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A

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Palavra do d Saceri ote Pergunta

Após a ressurreição dos mortos, os corpos glorificados conservarão os vestígios ou marcas de acidentes violentos que a pessoa teve em vida? Por exemplo, se a pessoa teve um ferimento grave no rosto, a cicatriz permanecerá após a ressurreição? Quando Nosso Senhor Ressuscitatlo apareceu aos Apóstolos, Ele mostrou a São Tomé as marcas da Paixão. Resposta As características do corpo ressuscitado não podem guardar nenhuma marca das mazelas que as doenças e os acidentes desta vida nele deixaram . Porque toda imperfeição ou sofrimento são incompatíveis com a felicidade plena de que o homem ressuscitado gozará no Céu. Mas lá, não seremos homens sem história! A vida no Céu é a coroação da vida de combates e de fidelidade que levamos nesta Terra - e também da misericórdia de Deus que nos perdoou quedas lamentáveis que tive mos e das quais nos arrepe_ndemos. Assim como não há dois homen s iguais e duas vidas iguais, o prêmio que Deu s dará a cada homem será não só na proporção de sua fidelidade às graças recebidas e da misericórdia divina, como terá uma marca pessoal que

e

e ATo LIe ISMO

caracterizará, de modo inconfundível , a singularidade única de sua vida. Ass im , um São Luís de Gonzaga, cuja vida se caracterizou por uma castidade levada às culminâncias do inverossímil, é reconhecido no Céu por essa sua virtude singularíssima. Algo no seu esplendor e no perfume que se exala de sua pessoa indica aos outros bem-aventurado que aquele é São Luís de Gonzaga, o excelso modelo da virtude angélica. Quando Nos so Senhor Ress usc itado apresentou-se aos Apóstolos portando as marcas gloriosas da Paixão, suas cicatrizes eram luminosas e denotavam que ali estava o Redentor do mundo! Na.ela havia nelas que constituísse um defeito do corpo, mas eram um sinal da Glória inexcedível que caracterizará por toda a eternidade o Filho de Deus feito hom e m para salvar os homens! Muito mais modestame nte - porém com quanta glória! - um cru zado que corajosa e abnegadamente se ali stou na memorável epopéia para retornar o Santo Sepulcro caído nas mãos dos infiéis, poderá exibir no Céu a chaga gloriosa ela lancetada que lhe ti.rou a vida. Quantos outros guerreiros, que derramaram seu sangue em defesa da Igreja e da Cristandade, não merecerão que suas chagas sejam reconhecidas no Céu por um brilho todo especial? Isto em nada lhes diminuirá a perfeita integri dade e felicidade cio corpo. Ao lado desses exemplos supremos, como não pensar que sacrifícios ainda mai s modestos, mas nem por isso destituídos ele mérito e de glória - de uma mãe, por exemplo, que se atira num inNovembro de' 2000

cênclio para sa lvar e mais ainda dea vicia ele um filho pois do surgimen- resplandeça no to cio comunismo, Céu com as cicacuja noção radical trizes luminosas de igualdade imde seu ato heróipregnou de tal co? Isso não será modo as correntes um e le me nto de políticas, eco nôCônego feiúra, mas ele gló- JOSÉ LUIZ VILLAC micas e sociai do ria, como belas e mundo ele nossos gloriosas eram as chagas de dias, afirmar que no Céu a feC ri sto Ressuscitado. licidade não é igual para toÉ assim que a história sindos arrepia muita gente: "Engular de cada homem e de catão, no Céu, uns serão mais da mulher projetam-se até o felizes do que outros? " - Sim, preci sa mente Céu. E é por isso também que isso ! A felicidade no Céu será a vicia nesta Terra é tão séria ... proporcional aos méritos ele Pergunta cada um, como acaba ele ser dito. Por que, tanto no PaiAcontece que cada um será plenamente feliz na meN osso quanto no Credo, aparecem "céu" (no singudida de sua capacidade de ser lar) e "céus" (no plural)? feliz, o que depende da sua correspondênc ia e fidelidade Resposta às graça que ao lon go da vicia recebeu de Deus. Se uma Não há contradição entre pessoa dilatou a sua alma por um ma i ge ne roso amor a as duas expressões, uma no Deus, receberá um dom maisingular, outra no plural : "céu" e "céus". Nosso S nhor or de amor de Deus e de glódisse que " na Casa de meu ri a e erá mais feliz cio que Pai há muitas moradas" : "in o utra que ab riu menos se u domo Patris mei mansiones coração a Deus. Se uma foi multae sunt" (Jo J4, 2). Asmai s devota de Nossa Senhosim, quando dizemos "céu" ra do que outra, é normal que esteja mais próxima da Virno singular, nos referimos à Casa do Pai no se u todo ; gem Santíssima. quando dizemos "céus" no Mas não é só isso: a graplural, queremos indicar as tuidade do amor ele Deus é tal diversas mansões que há na que a uns Deus amo u mai s do que a outros, e dilatou ocoCasa do Pai celeste. Por que existem essas diração deles de modo a receversas mansões ou moradas? ber um maior grau de amor e - Porque, embora a felicibem-aventurança. dade no Céu seja plena e perAssim , o prêmio final de feita para todo , não é igual felicidade no Céu será uma para todos, mas proporcional resultante ela gratuidade da escolha divina e da corr saos méritos ele cada um. Como vivemos bombarpondência de cada alma . Um poderá ter ido chamado para deado pela idéia da igualdaocupar um lu ,ar rnui s alto, de, que triunfou no mundo a mas por t r ·01-r •spondido partir da Revolução Francemenos, ri ·ur6 num 11 vd mais sa ele 1789 - cujo lema era precisamente Liberdade, baixo, · vi · ·-v ·1·s11. A esses igualdade e Fraternidade cliv rsos nív ·is • 111odos ele

felicidade correspondem as diversas mansões ("céus") na Casa cio Pai celeste. Adernais, é preciso considerar que no Céu não há pecados nem defeitos, portanto não há inveja. Cada um alegrar-se-á com a glória de seu irmão, de seu superior. E essa

outros, exatamente por estar acima ele todos como Rainha do Céu. Mais uma vez cabe ocomentário: como é séria e bela a vicia nesta Terra! Não fomos postos aqui para brincar. .. mas para tornarmo-nos santos . "Sede perfeitos como

Nosso Senhor Jesus Cristo liberta as almas dos justos que estavam no limbo, levando-as ao Céu - Fra Angélico (séc XV), Museu de São Marcos, Florença (Itália)

alegria trar-lhe-á um acréscimo acidental de felicidade. Ou seja, a glória de cada um reverterá em felicidade para todos os demais, e quanto mais ele for elevado em glória, mais felicidade ele ocasionará para os outros, que têm men os. Temos disso um pálido exemplo nesta Terra, com os pais que se alegram que o filho progrida e se eleve mais do que eles. Dentre as meras criaturas, Nossa Senhora é a que produz mais felicidade nos

vosso Pai celestia l é per.feito "(MtrS, 48). 1

Pergunta 3

Pergunto se, à luz do Evangelho, é pecado mortal fazer tatuagens no corpo. Tenho vontade de fazer um monograma com a inicial de meu nome na minha perna, mas o medo ronda minha cabeça, pois me dizem que eu iria para o inferno caso marcasse meu corpo.

são os que entram por ela "

Resposta Um sacerdote não poderia senão desaconselhar vivamente que o consulente leve avante esse desejo. Mas os direitos da verdade não pod íll levar um sacerdote a afirmar pura e simplesmente que uma tatuagem como a descrita constitua de si um pecado mortal (suposto que ela possa ser feita com os cuidados médicos que evitem uma dor desproporcionada e mais ainda uma infecção). E ainda que fosse pecado mortal, daí não se seguiria que a pessoa não pudesse se arrepender, confessar o seu pecado e assim salvarse cio Inferno. As pessoas que afirmaram para o consulente tratar-se de pecado mortal tiveram o bom desejo de impedir uma pe ssoa amiga de cometer um ato contra a virtude ela sabedoria, mas carregaram um pouco nas tintas. Mas nem por isso deixam ele ter algum tanto de razão. Pois um pecado contra a virtude da sabedoria, mesmo venial , pode er o elo inicial de outros pecados contra a mesma virtude ou outras, que cheguem em passo acelerado até o pecado mortal. E nesse caminho, todo cuidado é pouco. Nosso Senhor no Evangelho já advertia: "Entrai pela porta es-

treita, porque larga é a porta e espaçoso o caminho que conduz à perdição, e muitos C ATO LI

eISMO

(Mt 7,13). A pe rgunta dá ocasião para focalizar um aspecto cios pecados freqüentes no mundo revolucioná.rio de nossos dias, que não se costumaressaltar: são os pecados contra

a virtude da sabedoria. Tudo que o homem faz deve ser governado pela razão. O consulente deve pois perguntar-se se seu desejo de desenhar o monograma com a inicial ele seu nome como tatuagem está de acordo com a virtude da sabedoria, ou não. É muito ele recear gue quem teve esse desejo tenha sido levado a ele porque "ficaria bem" nos ambientes que freqüenta. Pois evidentemente quem faz uma tatuagem no próprio corpo é para que outros a vejam. Ora , gue sentido tem marcar a própria perna com a inicial ele seu nome? Finalidade prática, não parece haver nenhuma, pois a pessoa que pensa fazer isso certamente não está imaginando que pode sofrer um desastre de avião e que a tatuagem serviria para que lhe reconhecessem o corpo ... Pensamento tão tétrico não lhe terá passado pela cabeça. Teria talvez uma finalidade estética? Assim o pensam os indígenas que, quando ainda afastados da sa bedoria da Igreja, têm o costume de praticar tatuagens. E aqui fica mais evidente a falta de sabedoria em que implica essa prática, tanto mais quando adotada por uma pessoa civilizada! Marca verdadeiramente indelével, que nem o tempo nem a Eternidade apagarão, é a do "Caráter" impresso na alma pelos sacramentos do Batismo, da Confirmação ou da Ordem. ♦ Novembro de 2000

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Na Argentina, a maior mesquita da América Latina...!

Cardeal denuncia perigo muçulmano Carcleal-Arceb isbo ele Bolonha, Giacom Biffi , so li citou ao atual Governo italiano clrá ·ticas medidas pa ra recu sar vistos ele entrada no país a s imigrantes muçulmanos. F i ap laudido por 300 s~\~ cerclotes cató licos d sua cidade e ela região ela Emília Romagna. Ev identemente, sua aliludc roi imed ia.tamente crili ·ada I or algun italianos de e qucrd a ou 111 nos cla.rividentes. O Purpurado ju slificou sua judiciosa proI osla xp licanclo que, para o b 111 da ltál ia e com vistas a poupar so l'rim ' nlos futuros , é preciso privil ' •iar afluxo ele católicos (e ni.í) d' outras religiões) e que os criI ri os para ad mitir imigrantes não sejam ser apenas econômicos. A Itáli a não é um território desabitado, sem história e sem tradições. E os muçulmanos são incompatíveis com pessoas e fi éis de outras religiões. "Admiro-me - observa o Prelado - de não terem vocês parado

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Criminalidade: para onde vai oEstado brasileiro?

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m São Pau lo, as pri sões estão sob controle de cinco máfias que, por meio de regulamentos cruéis e da cumplicidade de carcereiros corruptos, des morali zam a polícia com fugas e motins. No dia 18 de setembro último, em menos de nove horas, 206 presos perigosos foram resgatados m três delegacia protegidas apenas por doi s investigadores cada um a. Quando autoridades r v lam-s impotentes para assegurar ,, ord m pública - elemenlo ss ' 11 ·ial do bem comum - o pr j 10 d ' lei de desarmamento proI osI0 f) ' I ovemo Federal ali ura-s I arli ularamente absurdo. 1 ois ção calamit sa desarmar o ho m nquanto os bandi los , com armas cada vez 111·,i s pol ' nl ·s ... e contrabandeadas, l'i ·aré ) ·om o campo livre à sua fr ·111 ·I ♦

para pensar e refletir sobre os riscos que a Europa corre, de ver transformadas suas sextas-feiras emferiados; de aceitar e oficializar a prática da poligamia; de discriminar a mulher; de reconhecer como legítimo o integ rismo dos muçulmanos, para os quais a política e a religião

Canonizada ex-escrava africana

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om a canonização, no dia 1' de outubro último, de Santa Bakhita , o mundo todo , e em especial a raça negra, passa a contar com mais uma intercessora no Céu. Nascida no Sudão em 1869, ainda menina - contava apenas 7 anos - Bakhita foi raptada e escravizada por traficantes muçulmanos e, nos mercados de escravos de EI Obeid e Kartoum, comprada e revendida cinco vezes . Em 1 882, quando tinha 14 anos, a pequenina escrava sudanesa foi comprada pelo cônsul italiano Calisto Legnani, que a levou para a Itália. Batizou-se em 1890, re cebendo o nome Giuseppina Bakhita. Adquiriu o costume de ir rezar junto à pia batismal, que osculava dizendo: "Aqui me tornei filha de Deus ". Três anos após seu batismo, entrou para a Congregação das Religiosas Canossianas, onde levou vida conventual na cidade de

Schio, perto de Veneza, gozando, desde cedo , de fama de santidade. Quando faleceu , em 8 de fevereiro de 194 7, uma fila ininterrupta de pessoas passou durante três dias diante de seu esquife para venerar e despedir-se de Bakhita - a Mãe Moreninha, como era carinhosamente conhe cida. Catolicismo publicou biografia de Bakhita (agora canonizada) na edição de junho de 1990. ♦

Dinamarca diz "não" ao Euro

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om a qu 'da do antigo Presid · nt • iu goslavo Slobocl an M i los ·vi c, cm setembro último, o '011selho dos Negócios Gerais da U11i<10 f11ropéia decidiu, em L uxcmbur •o, suspender as sanções econômi cas 'comerciais impostas à Iugos láv ia. mes mo fizera m os Eslacl os U ni dos. Uma espécie de Plano Ma rshall para a reconstrução cio país está previ sto pelas autoridades européias. O novo Pres idente, Voji lav Koslunica, deverá contar com um a ajuda in icial ele 1,7 bilhão de dó lares para reparar os

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oi in augurada no dia 25 de setembro último em Buenos Ai res, pelo presidente Fernando de La Rúa e pelo príncipe-herdeiro da Arábia Saudita, Abdullah ibn Abdul , a maior mesquita da Améri ca Latin a. O templo, de 33.400m 2 ele área construída, loca li za-se no elegante bairro de Pal ermo, diante cio hipódromo municipal , e custou cerca de 25 milhões de dól ares, bancados pela Arábia Saudita. O terreno foi doado pelo então Presidente Carlos M enem, ex- muçulmano, que se converteu ao cato1ici smo para se eleger Chefe de Estado, e que buscava, na época, aproximar- se de países islâmicos mediante a doação ela área. Para se avali ar o absurdo dessa , ituação - de expansão do I slã e regre são do Ocidente cristão poder-se-ia indaga r: que Estado muçulmano faria análoga doação, como a efetuada na Argentina, para que se construísse em seu territóri o a maior catedral católica? E is aí um triste sinal dos tempos em que vivemos: da parte dos islamitas, radicalidade em defesa de falsos princípios reli giosos; da parte de católicos, moleza e capitulação. ♦

danos materi ais sofridos pela Iugosláv ia, não só durante a guerra cio K osovo, mas também nos longos anos ele regime comuni sta. Resta saber se o novo govern o tentará seri amente eliminar o social ismo cio país, ou, co mo sucedeu em outras nações ex-comuni stas da Europa do Leste e na própri a Rú ssi a, se co nservará um regime comunista metamorfoseado e ♦ tendente ao caos. O novo presidente iugoslavo Vojis/av Kostunica. Conseguirá ele descomunistizar a Iugoslá via?

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o referendo rea li za do dia 28 de setembro último, os dinamarqueses rejeitara m a adoção do euro, moeda que vigora em 11 países da Uni ão Européia (UE). "Nenhum político con seguiu esclarecer que sonho de longo prazo eles têm sobre o papel da Dinamarca na UE", criticou a professora Margit Michelsen. O euro já perdeu um terço de seu valor desde que foi implantado. A ra zão que mais pesou no resu ltado do ref erendo foi o medo dos dinamarqueses de o país perOito anos após terem dito NÃO ao Tratado de Maastricht, os dinamarqueses, no referendo, reprovaram o Euro

der a soberania: "Não engolimos uma Europa dirigida pela França e Alemanha ". Pesou o receio de que a Dinamarca poderia sofrer sanções da UE , como re ce ntemente aconteceu com a Áustria. Pode-se esperar que o bom se nso dos dinamarqueses, rejei tando o euro e o artificialismo da União Européia, contagie euro♦ peus de outros países.

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BREVES RELIGIOSAS

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Saindo da Catedral de Belém (PA) , no dia 8 de outubro último, às 7 horas da manhã, a multidão de peregrinos que acompanhou a Imagem de Nossa Senhora de Nazaré só chegou às 15:30 hs na praça do Santuário da Virgem . Ali , ela foi exposta à veneração do público , numa extraordinária manifestação de fé . Incontáveis fiéis pagavam promessas feitas a Nossa Senhora, levando cruzes ou caminhando de joelhos, durante o longo cortejo de oito horas e meia .

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Procissão do Círio de Nazaré: 1 milhão e 700 mil fiéis

Arcebispo de Miami denuncia relativismo religioso

D. John C. Favalora, Arcebispo de Miami (EUA) , escrevendo para "La Voz Católica" em setembro último, fez grave advertência aos católicos sobre a perda do sentido do pecado em nossos dias. ''.A sociedade secularizada nos diz 'eu estou bem, tu estás bem ', o bem e o mal são coisas relativas, a moralidade é decidida por sondagens de opinião pública . As pessoas chegam a crer que se todo mundo está fazendo algo, então isso é aceitável". É salutar constatar essa advertência contra o relativi smo religioso, tão difundido em nossos dias, mesmo em ambientes católicos.

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CAPA

·Ante o caos crescente, apelo da TFP às elites nacionais

Para onde vai o Brasil do Tercei o Milênio? Catolicismo apresenta a seguir a seus leitores o texto integral do mais recente manifesto da TFP, lançado mediante campanha pública na capital paulista, em 3 de outubro último. O documento lança um brado de alerta às elites brasileiras. Após fazer uma análise objetiva e penetrante da grave situação em que se encontra o País, apela para as forças vivas da Nação, no sentido de que se organizem e atuem, reagindo contra o crescente caos.

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Bras il de hoje pa re e um ba rco

à d ri va , à spcra lc tra nsfo r-

mar-se nu m im nso K11 rsk entalado no fundo do ma r, à maneira do submarin o russo. Para o n le ire mos? Sere mos um país cri tão, líder latino-ameri can , próspero, continuador de nosso passado aute nticamente bras ile iro? Ou nos tra nsformaremos num país sociali sta, fave lizado, refém da violênc ia, irreconhecível a seus própri os o lhos? A desestabili zação da soc iedade está em curso e a paz social va i fi cando para trás como uma sombra fu g id ia do pas- . sado. E nquanto isso, uma o nda de caos avança, ameaçando tudo submergir. São elementos desse caos, entre outros: a) a imoralidade galopante, sej a no âm bi to particul ar co mo na esfera pública; b) o ava nço da criminalidade, tanto a de age ntes isolados quanto a do crime organi zado; e) as audaciosas invasões de terras e de ed ifícios urbanos; d) a ex ploração, m favo r da luta de c lasses, de 12

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Plínio Corrêa de Oliveira

minorias raciais digna e respeitáveis. E tudo isso se proce sa é o pior! - num c lima de o mi ssão de certas elites e até de Autoridades. Ante esse panorama, a Sociedatle /Jrasileira de Defesa da 1htdição, Família e Propriedade - TFP, no 5° ani versá ri o do fa lecimento d seu insigne e saudo o Fun dado r, o Prof. Plinio Corrêa de Oliveira,julga alta me nte oportuno dirig ir-se às elites nacio nais, para conclamálas a res istir ao caos que ameaça envo lver toda a Nação. Ass im pro ce d e nd o, a T FP procura seguir o exempl o daquele que a diri giu com sabedoria desde sua fund ação e que, e m horaschave nas quais se decidia o futu ro do País, sempre encontrou a palavra certa a di zer, de modo a orientá-lo nas sendas de seu g lo rioso passado cri stão. E para tal pede que a Providênc ia a ilumine - como a todos os concidadãos - no passo a ser dado. Todo brasile iro di sposto n s levantar ne ta hora c m pro l da ordem e da moralidad inl ' •ru pol ·n ·ialmente a e lite de o mh.il ·nl 's 1\ qual o Brasil de amanh ã s · r(i 11 ll u1rn·111 v d ·v ·dor. Eles se n ·011t ru 111 di ss ·111i 1i:ul os 'm todas as l'ai x11s ·111 1i11~ . l ' l ll 1od11s as c lasses so-

Sócios e cooperadores da TFP diante da igreja do Pátio do Colégio, em São Paulo, por ocasião do lançamento da campanha de difusão do presente manifesto, a 3 de outubro último

c iai s, e m todas as profissões; ma s é prec iso que, de ntro da lei de Deus e a dos ho mens, se ergam e lutem. O pa no ra ma no qual devem agir e lu tar é descrito por observadores in suspe itos e autorizados dos ma is di ve rsos qu a drantes da soc iedade brasileira. E esquemati ca me nte ass im se apre e nta:

Imoralidade galopante A im oralidade nos agride ele modo espantoso a partir dos vídeos das televi sões, das págin as de jo rna is e revistas, dos sites da [n te rn et, dos o utdoors, da cenas de ru a, penetra ndo mes mo nas igrej as e nos lares. E o seu refl exo na vici a soc ial se mede pe la desagregação das fa míli as, pe la promisc uidade e ntre os sexos, pelo

aume nto da gravidez precoce, do nú mero de abortos, do co nsumo de drogas, da di sem inação da Aids, de incontáveis vidas prematurame nte destruídas. É toda a soc iedade que desse modo definh a.

A criminalidade que se expande Nas cidades, é o furto, o ro ubo, o tráfi co de drogas, são os seqüestros, os assassinatos . "Em 20 anos, o número de homicídios no País aumentou 273%, sete vezes mais do que o percentual de crescimento da população brasileira .... Nesse período, 515.986 pessoas f oram assassinadas" ("O Estado ele S. Paulo", 18-6-00). De fa to, o B rasil parece ter-se tra nsform ad o numa " te rra sem lei" ("Jornal do Brasil ", 18-6-00). Paira ademais, sobre a pessoa honesta, a ameaça de um desarmamento compulsório. Até agora, nos lugares em que este fo i efetivado, a criminalidade cresceu. Preocupa também o projeto ele Código Pe nal , envi ado pelo Governo ao Co ngresso, o qual ate nua sensivelmente as penas dos crimi n-osos. A sensação da impunidade do crime - no campo e na c idade - e a perspecti va angusti ante de ve r-se, ou a um cios seus, vitimado, a qu alquer hora cio di a ou da noite, por um ato ele vi o lência estúpida e sem sentido, persegue nossos patrício nas ruas e nas praças, no lazer e na esco la, no traba lho ou no lar.

Invasões no campo e na cidade No campo, são as invasões audac iosas do MST e congêneres, a tripudi ar sobre dire itos certos e incontestáveis. Como se estivesse m pratica ndo a mais normal el as ações, seus diri gentes dedi cam-se, sem serem importunados, a fo rmar novos líderes revoluc ionári os, organi zando-os em estruturas de tipo co muni sta: "Escola do MST quer fo rmar líde res corno Guevara e Lama rca" - di z um título do "Jornal da Tarde" (3 1-7-00). "Eles (o MST) criaram estruturas de base mais organizadas e eficientes que os soviets da época da Revolução Russa" (Teodomiro Braga, in "JB", 14-8-00). A onda ele ag itação - impune atinge também, e cada dia mais, as c idades: " Por ter conseguido resultados mais palpáveis nas cidades .. .. os dirigentes do MST desistem de agir no campo e passam à etapa urbana. Verificaram que os benej[cios políticos nas cidades excedem os do campo", afirm a o "JB " em editori al (17-7-00). O jurista Celso Bastos é categórico ao comentar as inva ões de préd ios públicos fe itas pelo MST: "Essas pessoas .... têm de ser presas. O MST tem posições pré- revolucionárias e suas ações não estão sendo repelidas com a f orça necessária. Eles têm direito de se manifesta r; não de praticar crimes" ("Vej a", lü-5-00). Tal situ ação, que leva a equiparar o

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MST e congêneres a movimentos terrori stas, não escapa ao conhec imento do Governo: "Na avaliação de Gregori e do General Cardoso, o MST está utilizando os mesmos métodos dos terroristas durante o regime militar" ("Folha de S. Paulo", 27-7-00). Mas não basta constatar o óbvio ... Que providências estão sendo tomadas? Que se saiba, nada de séri o e eficaz. Com isso, formam-se no Brasil verdadeiros enclaves de impunidade, nos quai s a ação previdente ou repressora do Poder Público quase não se faz sentir.

terra, é "tomar o poder e promover uma revolução socialista" ("JB", 12-8-00). No mes mo se ntid o, José Rainha anunciou: "O dia em que o MST tiver a capacidade de usar todos os pobres do Brasil, nós fa zemos não apenas a reforma agrária, mas a reforma socialista e tomamos o poder" ("FSP", 27-7-00).

Brasília, 21de setembro p.p. - O Ministro do Desenvolvimento Agrário, Raul Jungmann, recebe o Secretário-geral da CNBB, D. Raimundo Damasceno.

Bandidos e invasores, cúmplices na imposição do socialismo Que a invasões no campo e na cidade fazem parte de um mes mo plano, j á é notório. Poré m, agora, o líder do MST, José Rainha, proclama també m a reversibilidade e ntre invaso res e bandidos presos nas cad eias: "Esse país só vai ser sério quando os portões das cadeias forem abertos. Temos que tirar quem está lá dentro e colocar lá esses vendilhões da pátria" ("JB", 277-00). O fato não é novo. Já na Revolução Francesa ele 1789, os grupos revo luc ionári os que percorri am as ru as de Pa ri s ex ig indo a igualdade soc ial e fes teja ndo o sangue que escorri a das lâminas da guilhotina , era m compostos de bandidos e megeras, muitas vezes evadidos das prisões. Que pl ano há por trás dessas colaborações espúrias? Vi sa-se demolir não ape nas o cap ita li smo, mas també m o regime político vigente e a própria orde m lega l. No 4° Congresso nacional do MST, realizado recentemente, o líder . Ja ime Amorim expôs sem dissimulação os objetivos do movimento: "Queremos tomar o poder. O poder fa z parte da luta de todos . .... Mas não esse poder que está aí. O poder para nós é o povo comandando, não é apenas disputar as eleições. Queremos o poder porque deve pertencer ao povo que constrói a riqueza neste país". O objetivo do MST, seunclo e le, muito mais do que lutar pela 14

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e lançadas como aríetes contra o ed ifício soc ia l. Por exemplo, o índio mac uxi Eucl ides Pereira, diretor ela Coordenação das Organi zações Indígenas da Amazô ni a Brasile ira (COIAB), queixa-se amargamente da atuação do Conselho Indi geni sta Missionário (CIMI), o qual, segundo e le, quer "que os índios se organizem de forma comunitária .... de acordo com. sua visão ideológica que fica entre o socialismo e o cristianismo primitivo". Muitos índios, explica Eucl ides, não querem "passar a vida inteira usando tanga e cocai; para corresponder à visão exótica que os outros têm. de nós" ("OESP", 6-8-00). Por seu lado, João Batista dos Santos Fi lh o, re presenta nte ela As. ociação de Negros Católi cos Santo le.'bão, ass im e exprime: "Sou n ?g ro bem retinto .... e essa novidade de agora ficar atiçando briga le preto contra branco é ·oisa de gente da esquerda, que quer arranjar um pretexto para ag itar o Brasil" ("Jornal de Juncliaí", São Pau lo, 23-5-00).

Por detrás da agitação, a mão que impulsiona

Brasília, 26 de setembro p.p. - Na sede da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, representantes do Governo e líderes do Movimento dos Sem-Terra (MST) se reúnem.

Por isso a rev ista " Veja" comenta que o MST "não quer mais terra. O movimento quer toda a terra, quer tomar o poder no país por meio da revolução e, f eito isso, implantar por aqui um socialismo tardio, onze anos depois da queda do Muro de Berlim " ("Veja", 10-5-00).

Exploração de minorias Minorias rac iais ou outras, a tantos títulos respeitáve is e dig nas de proteção, são por vezes in strumenta li zadas

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Que m está por trás ele tudo isso? Quem financia ~oda essa orque~tração de ditos "sem-terra", iise m-te to", " marg in a li zados", "excluídos", " indigeni stas" etc.? Órgãos ligados à CNBB (CPT, CJMI etc.), e ele modo geral a "esquerda católica", desempenham papel preponderante na formação e propulsão cios vários movimentos que buscam desestabilizar a sociedade atual. Por exemplo, "as pastorais chamadas 'progressistas', como a PJR (Pastoral da .Juventude Rural) e a CPT (Comissão Pastoral da Terra) formam hoje aproximadamente 90% das lideranças dos m.ovimentos so ·iais brasileiros do campo. O próprio M T nasceu dentro da CPT. 'Todos nós, da comdenação, temos uma história de 111ilitâ11.cia na Igreja ', afirma ilberto Portes, do MST" ("Correio Bra,.ili ' ns ,", 7-8-00). Tornou -s' ·lum qu' lodo esse esforço caoti z.ant c l'a,r, pari ' de urna rnobi li zaçflo inl ·rnu ·io1111I : "Os 111111ultos recen-

tes de índios, sem-terra e caminhoneiros foram fomentados por ONGs internacionais, respaldadas por inocentes úteis da esque,da radical, baderneiros profissionais e até uma ala progressiva [sic) da Igreja" (Genilson Gon zaga, jornali sta, in "O G lobo", 3-6-00). "Em toda a Europa, religiosos, consunúdores e, mesmo sem saber, todos aqueles que pagam. impostos estão ajudando a bancar os sern-terra brasileiros . .... Mais de dez ONGs européias fi nanciam o MST" ("FSP", 4-6-00).

ce toldar-se e a contradição insta la-se e ufórica nas le is, nos costumes e nas me ntes: • Ap resenta-se o latifúndio como inimi go terríve l, enquanto se concede a uns poucos indígenas enormes extensões de terras, inco mparavelmente mais do que poderiam aproveitar; • Não há dinhe iro para educação, saúde e obras socia is necessárias, mas cana li zam-se bilhões de reais para uma Reforma Agrária fracassada e ruinosa, ela qual os grandes benefici ários são os

O Estado brasileiro,

çoar o primeiro casal humano: "Crescei e multiplicai-vos, e enchei a terra, e sujeitai-a, e dominai sobre os peixes do mar e sobre as aves do céu, e sobre todos os animais que se movem sobre a terra " (Gen. 1,26). • Hierarcas altamente qualificados da Santa Igreja, de cuja missão faz patte tuteJ~-o direito natural, voltam-se contra esse mesmo diJeito, por exemplo ao incentivai·em a luta contra a propriedade privada ou contra as desigualdades sociais justas, proporcionada e harmônicas.

Elites: é hora de sair da inércia para uma ação destemida!

ao omitir-se ante o caos, alimenta-o Ora, o Estado brasil e iro, ao omitir-se di ante cio caos que ameaça nos submergir, alimenta-o ainda mais. De acordo com o ana li sta econô mico Rolf Kuntz, "o Estado brasileiro está batendo recordes ~ de incomp etência, e com resulta-~ dos cada vez mais graves . .. .. Não~' - - - - - - - - -= há como entender a expansão da criminalidade sem. uma referência ao desmonte do setor público, à perda de capacidade de formular e de executar políticas. Não basta equilibrar as.finanças do Estado, embora seja essa uma providência indispensável. É preciso, mais que isso, pensar na rege- ffl neraçc7o do pode r púb lico" 8 ("OESP", 16-8-00). § Para um vespertino paulistano: -~ "Mais uma vez, é preciso reconhe- u. cerque o principal culpado não é o MST. A receptividade do público à campanha promovida pela TFP foi marcante. Alguns É o governo, que há muito vem tratanmotoristas responderam imediatamente as do as invasões com uma complacência questões formuladas no boletim da campanha que só fa z estimular esse e outros atos de violência que se tornaram um.a triste líderes de movimentos anti -soc ia is e rotina no campo. O que se poderia es- subversivos, como o MST; percu; se as invasões são premiadas com • Para proteger criminosos, insiste-se a multiplicação dos assentamentos e a a toda hora nos "direitos humanos", mas generosa concessão de créditos subsi- estes com freqüência são esquecidos quandiados, que faltam para os pequenos do a vítimas são pessoas ele bem; agricultores respeiladores da lei?" • Fala-se em amor à natureza e, no ("Jornal ela Tarde", 27-7-00). enta nto, com pretextos eco lógicos, disse mina-se um furibu nd o ódio contra Instala-se a contradição tudo que repre ente a superioridade cio e a luz da razão bruxuleia homem sobre os anima is, as plantas e Na perturbação e m que vive o B raos minerais, subvertendo-se desse modo sil ele hoje, a própria luz da razão parea orde m estabe lec ida por Deus, ao aben0

Elites religiosas, culturais, políticas, sociais, econômicas, militares, profi ssionais, que sempre trabalharam para a grandeza da Nação e o bem-estar moral e material do nosso povo, encontramse presentemente perplexas, acabrunhad as e in e rtes diante d o rumo que os fatos vão tomando. E não levam em conta que, como no passado, também agora tudo depe nde de tere m e las luc idez para avaliar a presente situação, vontade firme e inquebrantável de reagir contra tantos fatores adversos e, enfim, a di sposição de se organizar e atuar ele modo legal e pacífico. Fará parte dessa e lite ele combatentes - por mais humilde que seja sua cond ição - todo aq uele que, inconfor mado com os rumos atuai s da Nação, não se reco lha exclu sivamente a seus afazeres pessoais, mas se interesse ativame nte pelo bem do Brasil. Para o preside nte do Tribunal de Ju stiça de São Paulo, dese mbargador Márc io Bo nilha, "é hora da reação das forças democráticas do País" contra "a luta da guerrilha iniciada há algum tempo sob apatia ofi cial" ("OESP", 16-8 -00). Só com uma ação inteligente e coordenada potlerão as elites brasileiras evitar para o País e para si próprias o afundar na voragem da criminalidade, do caos e da quebra de todos os padrões espirituais e materiais modelados por

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À esquerda, capa do último livro do Prof. Plinio Corrêa de Oliveira, no qual é explanado o papel decisivo que as elites devem desempenhar na sociedade

que funde o seu prestígio no mérito de cada geração sucessiva - não é pois, para Pio XII, um ele mento heterogêneo e contraditório num a democracia verdadeiramente cristã, mas um precioso e lemento de la. Vemos, a sim , até que ponto a democracia autenti camente cristã difere da de mocracia igualitária, ap regoada pe la Revolução, na qual a de truição de todas as e lite .... é tid a co mo condi ção es cncia l ele autenti cidade democrática" (Nob reza e elites tradicionais análogas nas alocuções de Pio XII ao Patriciado e à Nobreza romana; Editora C ivilização, Porto, 1993; pp. 72 a 85).

Onde estão as elites brasileiras? O que fazem?

nossos antepassados sob o benéfico influxo da civilização cristã.

Mas onde estão tais elites, chamadas a serem guias e exemplo de nossa Presença atuante das sociedade? O que faze m? Com o que se elites numa democracia preocupam ? Seria um erro crasso pensar que nas 1. Elites que contribuem para o democracias cessa o papel das elites. caos: Algumas, infelizmente, colaboram com a demolição das in stituições, leva nOutra é a doutrina católica a respe ito do tema. Sobre esse papel fundamental, disdo le nha para a fog ue ira que ameaça corre brilhantemente, com base no encon umir o Brasil tradi c ional num casinamento de Pio XII, o Prof. Plínio Cortastrófico incêndio: é o caso , por exemrêa de Oliveira, no último livro que puplo , ele e rtas cú pulas ru ra is que apóiam blicou: aberta me nte uma leg islação agro-reformi sta socia li sta e confiscató ria ; "Ensina- nos P io XII que I ro r ss 2. Elites omissas e inertes: Muitas autêntico só o há na linha ela trad ição, só permanecem indole ntes, te merosas de é real se ele constitui., não nece ariamenque a casa lhes caia sobre a cabeça, prete uma volta ao pa. sado, mas um harmônico desenvolvimento deste ..... Rompem fe rindo deixar-se tragar pela voragem a com e ta mi ssão, não só as e lites que se ter que lutar, sem coragem sequer ele olhar a realidade de frente; ausentam da vida concreta, mas outras 3. Elites silenciosas, mas preocupaque pecam pelo excesso oposto. Ignorando a sua missão, deixam-se absorver pelo das: Há porém elites autênticas, que depresente, renegando todo o passado ..... sejariam reagir, mas encontram-se atordoadas pela zoeira do caos e não sabem Isto confere .... às elites tradicionais uma o que faze r nem como fazer. A estas esmissão moral toda paiticular, pois são elas . que assegura m ao progresso a continuipecialmente se diri ge nosso Apelo. dade com o passado .... "O sopro demagógico de igualitaris- Achatamento social para favorecer a utopia igualitária mo que perpassa todo o mundo contemPrimeiramente, para que as elites porâneo cria uma atmosfera de antipapossam atuar de modo efi caz, é prec iso tia contra as elites tradicio na is ... .. "Uma ... . e lite tradicional - cujo que conheçam bem o que está se pasambie nte seja caldo de cultura para a sando. Comecemos por ver. Como um prédio de muitos andares, formação de altas qualidades da intelique a mão de um gigante monstruoso e gênc ia, da vontade e da sensibilidade, e 16

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perverso achatasse de cima para baixo, reduzindo tudo a esco mbros no andar térreo, assim o edifício social brasileiro vai sendo ac hatado, com enorme prejuízo não só para as elites co mo també m para as cl asses inferi ores. A propriedade é arrancada de seus legítimos possui dores sob forma de invasões, impostos escorchantes e leis soc iali tas; a fa mília é dissolvida na enxurrada da imoralidade reinante; segurança não ex iste mai s. O Brasil ele outrora - católico, pacífico, ordenado, acolhedor, cheio de bondade - parece reduzido a uma saudade. Isolados no me io ela multidão, permanecem os indivíduos como um balão perdido no espaço, sem rumo e sem perspectiva ele aterrissagem, ao sabor dos ventos adversos. Perseguidos e espoliados sob o pretexto ele que é preciso acabar com as "desigualdades sociais", defender os "direitos humanos" e ampli ar o chamado "exercício da cidadania", ou outros slogans do gênero, são eles, por fim, abando nados à própria sorte.

A TFP alerta: a hora é de organizar-se e agir! A TFP vê es:a ituação com profunda apreensão, porém não com desânimo, pois sabe que incontáveis brasileiro desejam pai·a o País coisa be m diversa. E la tem atuado com afin co, se mpre dentro ela le i, mas incansave lmente, co ntra esses fato res ele desagregação. Outros também têm agido. Mas é prec iso que muitos outros ainda se juntem a essa ação. Se as elites brasileiras não se moverem, não se organi zarem, não atuarem, nada poderá impedir que o Brasil role prec ipício abaixo. São conhecidas ele todos os brasileiros as denúncias feitas pe la TFP sobre a ação nefasta da "esquerda católica", que perturba as consciências com uma "rele itura" marxi sta dos textos bíblicos e busca desviai· pai·a o caminho ela revolta e cio caos milhões ele católicos brasileiros que têm direito a que se lhes ensine a doutrina católica verclaclcira e tradicional. A TFP vem atuando tam bé m con tra a imoraliclaclc e a vio l ' n ia criminosa, difundidas a ·o nl a- •otas ou a largos j atos pelos 111 ·ios d ' ·omuni cação, espeialm •11 1 • n TV. S · 111 mora l cris tã não há ord · 111 , 11.10 h(i ·idada ni a autêntica,

não há qualidade de vicia, não há paz resultado ele um a e le ição é uma utopia soc ial que se sustente. pernic iosa. É especialme nte conhecida a atuaSe as elites verdadeiramente se moção constante da TFP em defesa da paz verem - em todas as classes soc iai s soc ial no campo, contra a Reforma Agrápoderá constituir-se um autêntico clainor ri a soc ia lista e confiscatória, que favonac iona l contra o caos, pois tal reação rece a lu ta ele classes e a violência e, no sad ia elas elites é de molde a estimul ar a final elas contas, não resolve o problema mobilização ele toda a opi ni ão públi ca. do traba lhado r rural, antes o empobrece Assim, será o Brasil como um todo que e fave li za. Essa afirmação da TFP vem se levantará, nos limites das leis divinas obtendo uma com provação total no que e humanas, e m prol ela restauração da se refere aos fatos. Aincla 'recentemente, ordem e ela mora l. o econo mi sta e deputado Francisco GraEntão a própria força cio Estado fiziano, ex-pres idente do Incra, mostrou cará em condi ções mais favoráveis para que "o governo FHC j á distribuiu 12 Sócios e cooperadores da milhões de hectares e gastou mais de R$ entidade abordam 12 bilhões" para "fazera maior e a pior motoristas no cruzamento de vias públicas reforma agrária do planeta" ("OESP", 22-5-00). "Os núm.eros que refletem os resultados da Reforma Agrária são trágicos. Estatísticas do governo mostram que 25% dos assentados abandonam seu lote no prirneiro ano e 35% caem fora no segundo", afirm a Graziano ("PSP", 25-6-00). Igualmente a TFP tem denunciado a impunidade e m todos os níve is instituc io nais e co mbatido o desarmamento dos homens honestos. No ca mpo re li gioso, a Campanh a " Vinde Nossa Senhora de Fátima, não tardeis!" , ela TFP, promove - e m co laboração com entidades irmãs de outros a: países - uma larga difusão da Mensa- fl &. gem de Fátima, fo rmando e m seu conjunto o maior mov ime nto fatimista do c umprir seu importante dever de guarmundo. Mensagem esta eminentemente di ã da ordem. Pois se é verdade -como ordenadora da sociedade temporal , por dizia Ca mões - que "urnfi·aco rei fa z pregar a observânci a dos Mandamentos fraca aforte gente", também é certo que, da Lei ele Deus, a conversão cio coração se "a forte gente" for verdadeiramente e o retorno às vias da c ivili zação cristã. fo rte, e la acabará por fo rtal ecer o 'ji·aco rei", isto é, as forças ela ordem comElites: em suas mãos está balidas por um a in sidi osa campa nh a levantar um clamor nacional! public itária, mais cio que por eventuais Se a TFP tem lutado muito, ele modo desacertos seus. Será ass im retificado o efi caz e até o limi te de suas poss ibilidaatua l ambiente cultural e psicológico que des, o dever de consciência de seus comfavorece a imoralidade, o banditi smo, as ponentes fica a salvo. Outros também invasões e os demais in gredi e ntes cio tê m lutado meritoriamente. Mas o Bracaos social que conduzem à colombiasil merece mais, necessita de muito ni zação cio Brasil. mais, precisa da atuação animosa e Se a "esquerda católica" organiza e articulada de todos os que notam a graimpulsiona os invasores de terras e de vidade da crise. imóveis urbanos a que aproveitem todas As fo rças vivas ela Nação devem venas ocas iões para a sua ação cle letéri a, por cer a inibição, mover-se, unir esforços. que não poderão as elites sãs articular Esperar tudo de ações cio Estado ou do vi go rosa me nte a população ho nes ta,

movendo-a a manifestai·-se e a agir contra o caos, no campo e na cidade? Os próprios elementos cio Clero que não colaboram pos itivam e nte com o caos, mas permanecem in ativos diante dele, são muitas vezes silenciados por fatores diversos. É hora de que se libertem de suas inibições e procl ame m a do utrina católica verdadeira e tradiciona l. Caos é confusão. E a "confitsão que inibe e desanima constitui uma algema ... . O bem da Igreja e do Brasil impõem., portanto, que se de4áça publicam.ente a obra destruidora da co11fúsão .. .. A esses membros do Clero dirigimos um respeitoso apelo para que rompam esse silêncio, que se viram talvez .forçados a guarda,; e pronunciem-se sobre afundo do grave drama moral que padecem os católicos" (apud Plínio Corrêa ele Oliveira, A Igreja ante a escalada da ameaça comunista, Editora Vera Cruz, São Paulo, 1976, pp. 109-l lü). Quando o sol se levanta, a fa una noturna volta imediatamente a seus antros, não por causa de uma violência ou ameaça, mas por império da própria natureza. O mes mo se dá quando, numa nação, as elites autênticas se levantam e reagem corajosamente contra os fatores de caos e desagregação. Os agentes noturnos da cri se e da descristianização apressam-se em abandonar o âmbito público, iluminado pe lo sol da reação sadia. O Brasil tem uma vocação providencial , nasce u sob o sig no da Cruz, teve seu bati smo numa Missa e seus rumos indicados pe lo Be m-ave nturado Anchieta, por Nóbrega e tantos outros. Voltemos pois às vias que nunca deveriam ter sido abandonadas e que, só elas, podem fazer a grandeza da Nação. Seja como for, uma coisa é certa. Conforme prometido em Fátima pela Virgem Santíssima, o Imaculado Coração d Ela triunfai·á. E juntamente triunfarão aq ueles - ainda que pouco numerosos - que tiverem lutado contra os presentes fatores de desagregação e de caos. A TFP volta seu olhar a Nossa Senhora Aparecida, pecbndo-Lhe que proteja o Brasil e o conduza à restauração plena ela moral católica e ela civilização cristã. São Pau lo, 3 de outubro de 2000

o CONSELHO NACIONAL DA TFP

CATO L IC ISMO

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CAMPANHA

~ no caos deste limiar de milênio

que e belo crer n~ re~tauração da Ordem O Brasil do século XXI _Negras e espessas nuvens erguem-se no h_onzonle neste limiar de miU!nio. Otirn isras uns, perplexos ou tros, angustiados talvez aind.a outros, os bras ileiros se perguntam: O Brns,I, o que será do Brasi l? F~nd_ada cm 1960 pelo Prof. Plinio Coma de Ol1vc1ra, batalhado intensamente duraru~ quatro décadas cm prol de soluções sensalas - de acordo com a ordem natural - pura ~~ problemns_que afligem o Pais, cabe agora à

rncio a esse caos, nos.sas vistas se voltam ara os sagn_idos torrcões da San1a Igreja. Mas t~m~m ah, envolta pe la cacofonia do mundo rnodemo,t\ quase não se ouve mais 8 voz sagra~a do sin.o da Tradição. Por que nllo dobrnm !erá por que também sua voz ' o· ~3o haverá remédio para essa situaç3o? O 1v1110 Mestre nos ensinou: no momento cm que o ~lho pródigo chegou às bolotas dos por~os, fo i ai.que ele se deu conta do precipfcio de ecadl!nc111 a que chegara sentiu saudades da ~:~~rntcma; empreendeu enUro o cam inho de

lendo

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:~:~~isc~•:,~:,?

Soclt!dntle Brasileira de Defesa da

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1raúJç4o, Familia e Propriedade - dize palnvm de ~rienlaçllo ao público que a~~:~~ ~:~~•;,~i:~~:.pelns vastidões do nosso lcrritó. 1. A P.ropricdndc privada e n livre lniclstt_1vn - O1re11os r111turais e sagrados nunca es t1~enun Ili? ameaçados de ex1inç1to' corno no; d.ias d~ hoJe pc~n cri~inalidade e pela violêncm, aliadas a l~•s soc ialistas e impostos escorChlllltcs. Nas cidades, os roubos, assa ltos e seqUestros;. no c~rn po, as invasões acobertadas po_r uma •mpun1dade~uecausaestupor. A propriedade privada e a hvre iniciativa definham 2. A F~~flia :-- O que res1a da fa mma? So/np~do, vl11pcndmda e reduzida a fran ga lhos ela lenna cm sobreviver. Agredida continua: m~nte p~r fatores diversos de desagregação a nnorn hdade, n violência as drogas l pnss? por dias múito pcrpl;xitantes: co,; brcviverá? . .3: A Tradição - O abandono das vias da c1v1hznç1to crist:I nos levou ao caos atual E

:o~

SocJEDADE BRAsJt.EIRA DE Oe;es: RlNI Dr Martinlco -

ível

A TFP alerta a Nação, A TFP conclama as Elites

Chegou a hora de sair da inércia ... Para uma ação legal, organizada e destemida! A TFP alerta a Nação,

Se entrarmos no Terceiro Milênio, Em meio ao Caos e à Desordem ... Que futuro? Que futuro ... poderemos esperar para nossa Pátria?

CATO LICISMO

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DA TRADIÇÃO, FAMILIA E PROPRIEDADE

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Prado248 - CEP01224,010 , sao Pnulc).SP Tet 221 ·8755-E,maJl: ftP@tfpn,n.bf

~bro e cole esta Qba para fechar este envelope .

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- - - - Destaque e envie osle pedido o quanro antes

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Quero conhecer o apelo da TF p nesta virada de milênio!

a seus pr

vossas mãos .. s a em vossas mãos.. Leia o Alerta da TFP

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Nllo cstara:o postas para o Brasil (e para o mund~) as condições propicias para um socrgu m.1ento moral , para retomar a carninhad~ a partir dos principias de outrora tllo esque c1dos e abandon ados? ' • . Não será esta a hora histórica em que o Bras1I espera das forças vivas e sadias ainda existentes - de lodos e de cada um - que cumpram o seu dever sagrado? ~ nesle momento que a TFP fazouv1ras ua voz., a TFP foz ouvir o seu Apelo. Nele voei! verá q~e o Bnml ainda 1cm uma salda Ta lvez não a uruca, mas CUJO mCrito é levantar os tinimos abatidos. E é nessa busca incessante cortlJOsa e pertinaz de uma so lução nas v1.:S dn Tradiçtlo., que os brns1 lc1ros poder!lo dizer vivemos dias .amargos, é verdade, mas lutamos dentro da lc, de Deus e a dos homens, e estivemos A altura do nosso dever.

O Sim Quero receber gr<ltis, por correio ou . exemplar do manifesto ..Para d . por e-mad, um on eva, o Brasil do Terceiro Milênio?" .

Sua opinião é muito importante para nós

1. As invasões de fazendas e prédios

lo M . . portnnlo, devem ser punidas. pc Sr const11ucm violações ao direito de propriedade e rd0 ( ) conco () não concordo . • 2. A f~mflia é a célula nrnter da sociedade Po () r~ao sei cst1mulnda. Sua decomposição atinge t~ rlnnto, el11 p~ec1sa ser amparada, defcndidB e () concordo o o corpo socia l. J, Pam . () n!lo concordo () nbo se i preservar a famflm é preciso combater a imornlidn ( ) concordo () n!lo concordo de, o us~ de drogas e a criminalidade. 4. O afastamento dos homens cm rei () não se, da crise brasileira. ação a Deus e â rcligia:o ea principal e a mais profunda causa ( ) concordo

()

E não concordo ( ) não se . . numere (de I a 6), em ordem crescente de importancia os . •. . , .pnnc1pms elementos do caos atua l: ( ) avanço da criminalidade ( ) mv~s!o de prédios urbanos ( ) imoralidade e viol~ncia na TV ( ) o~ 1sst10 das autoridades ( ) invasão de propriedades rurais e urbanas 6. Por.pior que seja a situaç3o brasileira ela tem s . ( ) crise moral e religiosa pos1çft'o firme e decidida das elites de cada sega Ida. Es~a, por.sua vez., dependerá da tomada de () concordo () ã mento a sociedade brnsileira. n o concordo () nffo se i 5

Nome: Endereço:

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Estado: _ Fax: _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ __/

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INTERNACIONAL

Reveladora entrevista com o Cardeal eslovaco , JAN KOREC Heróico Prelado narra como os eslovacos resistiram destemidamente à longa tirania comunista conservando íntegra sua fé WILSON GABRIEL DA SILVA

Paris -

Recentemente veio a lume em Roma um livro de memóri as que reúne as reflexões do Cardeal Agostinho Casaroli , antigo Secretário de Estado do Vaticano, propulsor da conhec id a Ostpolitik (a política de aproximação com os países com uni stas), conduzida durante o longo período de sua gestão. Esse livro intitula-se O martírio da paciência, e parece destinado a transmitir a impressão de que a menc ionada política teria contribu ído possante rnente para o desmoronamento do império sov iético. Tal impressão corresponde à realidade? Em busca de resposta a essa questão, o periód ico italiano "li Giornale" publicou , e m l 8 de julho último, interessante entrevista com o Cardea l es lovaco Ján Chryzostom Korec, S.J., um dos heróis da Igreja do Silêncio, que sofreu na pele com seu povo a perseguição comunista de além-Cortina de Ferro .

Ocultamente ordenado sacerdote e consagrado Bispo Esse Prelado jesuíta conta como foi ordenado. Em 1948, o regime comunista de Praga havia fechado todos os seminários, editoras, confrarias e associações católicas juvenis do país. Corno se sabe, a Boêmia, a Morávia e a Eslováqui a formavam na ocasião um só Estado: a Tchecoslováqui a. O ód io marx ista chegou ao auge na noite de 13 para J4 de abril de 20

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1950, com a supressão de todos os conventos de clausura e institutos religiosos masculinos. Na ocasião, o jovem Ján Korec era seminarista na Companhia de Jesus. Sua ordenação, em outubro de 1950, deu-se c landestinamente num hospital , com a colaboração dos médicos, que, sob pretexto de um exame clíni co, trouxeram o Bispo de Roznava, D. Roberto Pobozny. Este dispôs-se a ordenar o jovem Korec, apesar dos ri scos que corria. E m jane iro de 195 1 a situação agravo u-se. D. Pobozny sagrou então Bispo um sacerdote jesuíta, Pavol Hnilica. Alguns meses mais tarde, a polícia e mi tia um mandado de pri são contra D. Hnili ca. O jovem Prelado conseguiu fug ir para Brno, na Moráv ia. De lá fo i para Bratislava, capita l da Es lováqui a. Visando dar continuidade ao apostolado, a única solução era que e le por sua vez sagrasse um novo Bispo e fugisse para o Exterior. O superior dos jesuítas pediu ao Pe. Korec que aceitasse ser sagrado Bispo e substituir D. Hnilica. A sagração de u-se na clandestinidade, em 24 de agosto de 1951, quando o Pe. Korec tinha apenas 27 anos de idade e dez meses de sacerdócio - tornou-se então o mais jovem Bispo do mundo.

Ostpolitik: duro golpe nos católicos resistentes Em 1963 tinha início a Oslpolitik do

Vati cano, com as prime iras mi ssões di plo máticas junto aos países do Leste. Que frutos prod uziu essa política? É a pergunta do entrevistador de "II Giorna le" ao Cardeal Korec. Ele responde: "É difícil di zer. Podgorny e Adjubei , genro de Kruchev, fora m receb idos em audiência no Vaticano. Mas após a revelação dos crimes de Stalin, as igrejas continu aram a ser demolidas sob Kruc hev na Rú ss ia ... Viu-se que tudo era urna fa rsa, que continua ainda em certas partes do mundo: penso na Chin a, na Coré ia do Norte, em Cuba, no Vietnã. Co rno é di fíc il mudar qualque r co isa nesses países! O comunismo foi e continua sendo um sistema de vida terrível." O Prelado es lovaco deixa escapar então esta queixa: "Em nosso país foi muito perigoso o fato de pôr em questão aq uilo que tínhamos de ma is prec ioso, o u sej a, a Igreja clandestina. Eu mesmo recebi ordem expressa de cessar de ordenar secretamente os padres. Para nós fo i realme nte uma catástrofe, quase como se nos tivessem abandonado, mandado e mbora." - "O que o Sr. fez então?" - pergunta o repórter. - "Obedec i. Aquele fo i o ma io r sofrim e nto de minh a vida. Ass im , os co muni stas puderam ter e m suas mãos a pastoral pública da [g rej a ..... A Igrej a estava condenada a se fec har nos ed ifíc ios de c ulto, e e m seguida a desaparecer."

A Ostpolitik prejudicou os católicos no Leste O j ornalista volta a pergu ntar sobre os efeitos da Ostpolitik nas ativ idades da Igreja. O Cardeal expli ca: " Nossa esperança era a Igreja clandestina que, e m silêncio, co laborava com os padres nas paróq ui as e fo rmava jovens prontos para o sacrifício: professores, engenheiros, méd icos dispostos a se tornar padres. Eu orde ne i cerca de l 20. Essas pessoas trabalhavam em si lêncio entre os j ovens e as fa míli as, publicavam clandestinamente rev istas e livros. Na reali dade, a Ostpolitik liquidou nossa atividade e m troca das promessas vagas e incertas dos comuni stas." - "Em seu livro póstumo, Casaroli disse que naque la época se acred itava

Capa da obra Acordo com o regime comunista: para a Igreja, esperança ou autodemolição? na qual o Prof. Plinio Corrêa de Oliveira provou a impossibilidade da coexistên cia pacífica entre a Igreja e o comunismo, o que foi confirmado décadas depois pelo Cardeal eslovaco

que o comuni smo era invencível, e por isso e le tinha necess idade de negociar para garantir pelo menos a sobrev ivênc ia da Igreja. O que o Sr. ac ha di sso?" - "Com esse método tão inadequado, se o co muni smo durasse mais cem anos a Ig reja desapareceri a e m nosso país, como aconteceu no Norte da África. Nossa esperança era a Jgreja clandestina. E, em troca de compensações, cortaram-lhe as veias, contrariando milhares de j ovens, de pais e mães, de numerosos sacerdotes c landestin os que estava m prontos a se sacrificar. Felizmente, dois anos mai s tarde recebi de Roma urna contra-o rde m: todas as proibições estavam anul adas e tudo voltava ao estado anteri or. Mas muitas coisas j á tinh am sido destruídas."

Durante a ditadura comunista, fidelidade her{,ica Em outra ocas ião, quando veio com a lgun s milhares de fié is em peregrin ação a Roma para o Jubil eu do ano 2000, o Cardea l Korec destacou o devotamento dos cató licos es lovacos submetidos às perseg ui ções do reg im e co muni sta: "Eles fora m postos de lado, encarcerados, até mortos. Mas ninguém conseguiu

abater a fidelidade dos católicos es lovacos a Pedro, a pil astra, como o chamam." O próprio D. Korec, como vimos , sofreu processos de fanca.ria e a dureza da prisão. No entanto,jamais perdeu a fé e a esperança. Sorridente, e le conta alguns epi sódios característicos: " Lernbrome quando os comunistas estragaram o freio de meu carro . Eles queriam me matar num acidente de carro provocado. Não sei como consegui escapar. Estamos todos nas mãos de Deus. Quantas vezes estive a ponto de ser morto, mas sempre acontecia qualquer coisa imprevista e eu sa ía co m vida. Estamos nas mãos de Deus. É a Ele que devemos tudo, e por isso devemos nos esforçar por fazer sua vontade, na certeza de que Ele não nos abandonará nun ca, nun ca!" (cfr. "L'Osservatore Romano", 16-2-2000). "Nós vivemos o Jubileu dez anos após a queda do comunismo, que nos impôs quarenta anos de perseguições e de propaganda atéia. Mas durante todo esse tempo nosso povo permaneceu fiel à Igreja, a preço de enormes sacrifícios, vencendo inquietudes e perigos. lsso demonstra que a Jgreja é verdadeiramente una, santa, católica, apostólica. E é também urna comunhão viva, sempre em comunhão com Cri sto. Foi uma surpresa, antes de tudo para nós, Bispos, notar que no recenseamento de l 990, três milhões e meio dentre os cinco milhões de eslovacos se declararam católicos! Eles acabam de sair de urna ditadura comuni sta que havia progra mado o ateísmo para todos, desde os asilos até as universidades; que perseguira os padres e os leigos comprometidos com a Igreja; que confiscara os bens eclesiásticos e havia praticamente abolido as Ordens e congregações religiosas, masculinas e fe mininas". Dos lábi os desse Prelado resistente es lovaco constatamos uma impressionante confirmação do que denunci ara o Prof. Plini o Corrêa de Oliveira em seu livro Acordo com o regime comunista: para a Igreja, esperança ou autodemolição ?, publicado em 1963, no qual o Autor provo u a imposs ibilidade da coexistência pacífica entre a lgrej a e os comunistas, e que cab ia aos católicos recusar - a inda que fosse m cruelmente perseguidos - a política de aproxima♦ ' ção com os regimes comuni stas.

e AT O LIe IS MO

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. ·N o que consiste a perfeição cristã 7 O combate espiritual, do tea tin o Dom Lo renzo Scupo.....,~~t;=;;_,,~ ,c____,: ,: .:. . :=li , esc ri to no fim do sécul o XVI, é um dos ma is fa mosos tratados da vid a esp iritua l. São Francisco de Sa les, també m mestre nessa

\.U1•t--~s_p_intual

matéri a e Doutor da Igreja, leva va-o em seu bo lso durante 18 anos, li a-o di ari amente e o recome ndava às pessoas qu e d iri gia. Embora esc ri to há mais de 450 anos, e le tem um a atualid ade im press ionante . Para proveito de nossos le ito res, tra nsc reve mos aq ui a lgun s trec hos do se u prirn iro capítul o* .

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i?a espiritual consiste em conhecer a infinita grandeza e bond ade de Deus, junto a um grande senso de nosa própri a fraqueza e tendê nc ia para o mal ; e m amar a Deu e no detestarmo a nós mesmos; em no humilh armos não ome nte d ia nte cl E le, ma , po r S ua ca usa, ta mbé m diante cio· homens; em renun c ia r inte ira me nte à no a própria vontade para faze r a Sua. Consiste, fin alme nte, em fazer tudo some nte pe la glória ele seu santo Nome, com um úni co propós ito - agradar-Lhe - , por um só motivo: que Ele eja amacio e servido por todas as suas criaturas ..... Por isso, é necessári o lutar constantemente contra si mes mo e empregar toda fo rça para arrancar cada inclinação viciosa, mesmo as t:riv iais . on eq üente me nte, para s pr parar ao combate a p ssoa dev reunir toda sua reso lu ção coragem. Ni ngué m s rá pr miado com a co22

CATO LICI

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As letras gregas alfa e ômega ostentadas pelo Padre Eterno, na iluminura abaixo, significam que Deus é o princípio e fim de tudo.

rasgasse suas carnes com as mais agudas disciplinas, jejuas e co m maior austeridade que os Padres do deserto, ou co nvertesse multidões de pecado res ..... O que Deus espera ele nós, sobretudo, é uma séri a aplicação e m conqui star nossas pa ixões; e isso é ma is propri amente o c umprimento de nosso dever cio que se, com in co ntrolad o a pe tite, nós Lhe fizésse mos um grand e servi ço ... .. Para se obter isso, devese estar resolvid o a urn a Iluminura medieval - Museu Opera Duomo - Florença (Itália) pe rpé tu a g ue rra contra si mes mo, co meça ndo por arm ar-se roa se não tiver combaelas quatro armas sem as qu ais é imtido corajosam ente . .... Aqu ele que tive r a possíve l obter a vitória nesse comcoragem de conquistar bate espiritual. Essas quatro armas suas paixões, control ar são : desco nfiança de si mes mo, co nseus apetites e reje itar fiança em Deus, apropriado uso das até as mínimas moções fac uldades do corpo e da alma, e o ♦ de sua vontade, pratica dever ela oração." urna ação mais meritória aos olhos de Deus cio qu e se, se m isso,

* The Spiri /110/ 0 111 h111 Anel a 7i·eatise 011. Peace r!f"So11/, T/\N Books anel Pub lishers, lnc .• Ro ·klord , lll i11nis,

S/\, 1990, pp. 4 e ss.

CUJ01m Desde o início da década de 90, o Majestic Imperator evoca, percorrendo trilhos europeus, o charme da Áustria imperial Viena - Há anos residente em Viena, passa m-me já despercebidos certos aspectos do encanto quotid iano desta antiga metrópole imperia l. Mas eles impressio na m os vi itantes , sob retudo meus ami gos bras ile iros. "Que calrna! " - me dizem estes, com freqü ência, ao percorrere m a cidade; "que amabilidade! " - repetem, ao fa larem com os vienenses. Há poucos dias , tendo a lgun s deles parado o carro em pleno sinal verde, tentando ler a placa de uma rua, reta rdaram evidentemente o tráfego. Do peq ueno ngarrafamento ass im produzido, só um motorista buzi nava. Este fin a lme nte manobro u de modo a co locar-se junto ao carro de meus a mi gos e perguntou, em fra ncês: "Que rua estão procurando ?" Pela placa fra ncesa, notara q ue não era m austríacos e desejava ajudá- los.

Nem aposento real, nem sala de palácio, nem ha/1 de mansão. Mas ...

Carlos Eduardo Schaffer

No final do século XX, autenticidade de séculos passados Jovens vestidos à moda do século XV III encontram-se por todo o centro da cidade: peruca à Luiz XV, sobrecasaca, ca lças afiveladas abaixo dos joelhos, meias três quartos, reverênc ias, gestos de corte. Vendem entradas para concertos de Mozart. E com sucesso. Não há quem não deseje ver de perto como se vestiam Mozart e Schubert. Não há quem não pare, pasmado, ao ouvir, e m mei o a esta tranqüi lidade, o

Correspondente

Austria

trotar de cava los, vindos não se sabe bem de onde. Passa uma carru agem, passam duas, às vezes até seis. Puxadas sempre por do is cavalos. E que cava los ! Esta é a terra dos lipizzaners, raça espec ialmente e legante, cava los de corte. Também as carruagens lembram em tudo o século XVrn. Lá vão e las, impecavelmente esmaltadas, frisos dourados, brasão gravado nas portinholas, alguns coche iros ainda de carto la, despertando no espíri to mil recordações de o utros tempos. Os brasi le iros se nte m-se em casa, sobretudo nos cafés. Espaçosos, be m decorados, e les conservaram receitas de tortas famosas, de cafés requi ntados, e particul armente a amenidad e da Belle Époque . E como se come barato em Viena! Com que fac ili dade se obtém explicação para tudo o que

CATO LIC ISMO

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cansam e e mbru tece m os passage iros. E le desejava devolve r aos viaj a ntes a lgo do antigo espl end or. Ass im, com sua esposa, pusera m-se a redecorar um velho vagão. Jun taram à beleza da decoração o senso histórico ela grand eza a ustríaca. To mara m co mo modelo o vagão im perial, no qual freqü en teme nte v iaj ava m o fmp erad or Franci ··co José e s ua esposa, a Im peratri z E li sabeth, carinhosame nte c ha mada ele S iss i pe los a ustríacos. O prime iro vagão restaurado fico u pro nto e m 199 1.

Apetrechos do buf{et

Recanto do cocktail

se come, po is os ve lhos garçons tê m prazer e m reve lar a o rigem de suas espec ialidades ! De seu sorri so largo e do azul de seu olhar parecem e manar para o resto da cidade a calma e a a mabilidade que nos e ncanta m.

ga nclo seu uniforme com e mble ma da águia imperi a l e o que pe de maquini sta. Gottfri ed sempre fo i um apaixonado po r locomotivas a vapo r. Deixo u os bancos do ginás io - "para tristeza de minha famíl ia", diz ele - e to rno u-se

Beleza de outrora no ambiente ferroviário Embora me rg ulhados nesses ares ele o utrora, e be m di stanciados da moderna fe bric itação, me u ami gos ficaram de que ixo caído qua ndo o leve i à estação ferrovi ária. Ali viram , pronto para partir, o Maj estic lmperator, o tre m de sonho dos austríacos . A locomoti va a vapo r fo i, ev identeme nte, o po nto imedi ato de sua atração. Corre ra m até e la, qu ase e nte rnecidos. Tinha m ar de que m revi a uma estimada avó . F umegante e lustrosa, e m me io a · vé us de vapor que rodo pi ava m e m to rno de la, a li na plataforma, dava a impressão de uma apari ção ele outros te mpos. Se e m vez da loco motiva lá estivesse um mago cio Orie nte convida ndo a e mbarcar e m seu ta pete voador, a surpresa não seri a maior. Possante, estufa da, exalando o odo r carac te rístico cio vapor, ela era coma ndada po r Gottfried Rieck, e nve r-

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ATO L I C I S M O

quini stas de e ntão era coma nda r uma nova locomotiva e letrificada. Gottfriecl não pe nsava ass im . Para surpresa ele seus e h f'e s eles rv iço, dispensava sempre as pro moções. Recorreu a ami gos influe ntes ela Direção pa ra obter que ficasse o nde estava. Até qua ndo fo i possível, pe rma neceu junto a suas idosas e simpáticas rnariasfurnaça. E ass im fo i até a aposentadoria.

Bom gosto custa menos que a feiúra e monotonia hodiernas Gottfried Rieck concede entrevista ao autor deste artigo

maquini sta e m 1973. Ele representava a quinta geração ele sua fa mília a trabalhar para a Compa nhi a ele Estradas de Ferro A ustríacas (ÔB B). E ra e ntão o te mpo das últimas locomoti vas a vapor. Se u gosto pe la profi ssão fez dele o melhor maquinista da Áustri a. Co m a entrada e m serviço das novas máquinas e létricas, fo i dos prime iros a que m a admini stração da Estrada de Ferro ofereceu a promoção. O o rgulho dos ma-

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Ele não lamentava ape nas o desenxa bido das novas máq uinas elétricas. Não se conformava ta mpo uco co m a fe iúra cios modernos vagões. Onde fo ra parar o bo m gosto de o utrora? E le conhec ia pe rfe ita me nte q ue não se tratava ele uma q uestão de c ustos. Gottfriecl sabia q ue os belos vagões, ainda e m circ ulação até alguns a nos antes, não c usta m caro. Pelo contrári , o bom gosto c usta bem me nos do que as modernas instalações. A mono1onia das formas geo métri as , a d coração sem gosto e os materiais ord in 'irios cios novos vagões

Desde sua primeira vi age m, o sucesso fo i e no rme. Q ue m não deseja ri a ir a Veneza, Munique ou Buda peste no vagão

imperial? Depo is de ter comprado vagões fo ra de uso, sua re mode lação fi cou a cargo ele a nti gos a rtesãos a posentados, que se animara m com a possibilidade de retomare m seus ofícios. E e ntregaram-se ao trabalho apaixo nada mente, contentes de executar um servi ço ele alta qu alidade, e m bu sca de excelê ncia. Os mode los o ri g in ais tinh am sido destruídos du ra nte as duas g uerras mundi ais. Ape nas um dos vagões do Im perado r se conservava no Museu de Praga. Feli zme nte as pl a ntas foram todas e ncontradas nos arquivo da Companhi a, tais como os e ngenheiros ele Sua M aj_estade as tinham concebid o.

Ecos do passado, Banda recepciona os passageiros na plataforma de certas estações Vagão para congressos: início, Viena; término, Veneza ou Praga

a melhor publicidade Sem reco rre r à publi cidade profiss io na l, o aflu xo de c li e ntes para viaj ar no Majestic lmperator determin o u um

rápido aume nto do número de vi agens. Hoje os vagões são seis. Todos ele extre mo bo m gosto . E m 1998, j á fa moso o trem imperi al, o sexto vagão fo i ba tizado pela Arquiduquesa M a ri a C hri stina de H absburgo-Lo re na, a mais jo ve m descende nte de Francisco José e de Si ssi. No me de ba ti smo: Maj estic fmp erato,: A tradição é a melho r agê nc ia publi c itári a. Gottfri ecl permitiu que percorrêssemos seu tre m antes da partida. Já ao passar pe lo tapete vermelho que, na pl atafo rma da estação, condu z até a e ntrada do primeiro vagão, o natu ral cerimo ni oso cios bras ile iros fez-se notar. M esmo po rque não esta va m vestidos para a ocasião. Mas a bono mi a austríaca tudo to ma pe lo bo m lado. Ao pe ne trare m no pri me iro vagão, fi zeram silê ncio. Olhavam muito. Andava m le ntame nte . Exc la mava m bai xinho. Tão co mpostos, e u não os vira ne m nas ig rejas. Cada vagão evoca um as pecto da corte imperi al. Ta lvez o mais aprec iado é o Excelsio,; que presta ho me nagem ao gosto da Imperatri z S issi. E le te m como to m do minante o azul vio leta. Os da mascos que recobre m as paredes fo ram especialme nte fa bricados pa ra esse tre m, pe la mesma tecelage m forn ecedora da a nti ga Corte, e reprodu zem exatamente os mode los o ri gina is, usados no serviço fe rrovi ário imperi al. Numa das extre mi dades, um magnífi co espe lho - o mesmo q ue se e ncontrava no vagão da Imperatri z. Foi arre matado num le il ão. No Ambassador, o brasão impe ri al recobre

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GRANDES PERSONAGENS

Patriarca_, José--, governador do 'Eqito, exemy(o Ôe-,yen1ão Prefigura de Nosso Senhor Jesus Cristo, esse admirável personagem do Antigo Testamento foi, como o Divino Redentor, traído, vilipendiado e vendido, tendo retribuído a seus perseguidores o bem pelo mal que estes lhe infligiram JOSÉ MARIA DOS SANTOS

uma das paredes. A peça é ori gina l e pertencia ao camarote do Imperador, na Ópera de Vie na. As pedras da coroa bordada e m veludo - são verdadeiras e as pérolas ão de extre ma raridade, ten do sido pescadas no Danúbio. Cada vagão parece um a caixa de música, onde o bom go to e o ado rnos se con enlram num espaço limitado.

Um palácio de sonho sobre rodas Os viajantes aflu em de todo o mun do, dizia Gottfried enquanlo percorríamos seu trem. O Majestic cri ou legenda. Há muita gente desejosa de percorrer a Europa num palácio sobre rodas. Quando os hóspedes desejam, o Majeslic pode esperá- los na estação do aero-

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CATOLI

eISMO

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O charme imperial alegra as fisionomias ... ainda que por uma viagem

porto e levá- los diretamente para Salzburg ou Veneza. Se ao me mbros da exc ursão agrada e ncontra r na platafo rma d chegada um conj unto mu s ica l r iona l, há ban las para e sa.- o as iões. A eq uip do Lrem imperi a l mantém contato com castelos-hospedagem. E les podem receber excursões de pessoas desej osas de se hospedar como nos tempos de outrora . Os franceses são dos mais assíduos. Eles desenvolveram em seu país os trens mais rápidos do mundo. E certamente dos mais enfadonhos. A velocidade, de tão rápida, nada deixa na memória. As viagen feitas nos ultra-velozes trens franceses não entusias mam. Assim, o france es vêm reencontrar na Áustria, no Majestic lmperator, o bom gosto e o requinte que eles mesmos criaram no passado, e que muilo prematuramente julgaram exlinlo. Um prim o de Gollfrie I run do u o Clube Majestic. Seus membros, através de módica men aiidade, obLêm reduções vantajosas no preço da viagens. Assim , quem pos ui bolsa menos pri vi legiada pode passar dias de sonhos sobre os trilhos enca ntados.

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Chegada a hora da partida, descemos. O apito da loco motiva ecoou. Os passageiros, com fisionomia de sonho, não sabem se olham para os vagões ou para os que ficam. O Majestic desliza rumo ao bosque de Viena, SaJzburg ou a Veneza dos canais, numa viagem de ♦ encanto ... até para os que ficam.

osé, que, sendo hebreu, fo i Governador do Egito, possuía as virtudes que tornam o homem espec ialmenagradável às pessoas de coração reto: era bom, casto, humilde e generoso. Por amor de Deus, esquec ia as ofensas e mesmo as injustiças cometidas contra si, sempre di sposto a fazer o bem. Nem por isso deixou de ser odiado e maltratado por seus próprios irmãos, num claro ensinamento de que, nesta Terra, o bem é freqüentemente perseguido. Naq ue le te mpo em que a poli gamia ainda era tolerada no Antigo Testamento, o Patriarca Jacó tinha tido vári os filhos com suas mulheres, mas nenhum com a preferida, Raquel, que era estéril. Ambos rezaram muito ao Senhor pedin do que e la gerasse um filho. Isto sucede u quando Jacó (ou Israel, no me que recebeu depois que, por desígnio de Deus, lutou contra um Anjo) j á ating ira os 90 anos. Por ser o filh o de sua velhi ce e da esposa mais querida, Jacó amava José ma is do que qualquer outro de seus filhos, inc luindo o caçul a, Benjamim , também filho de Raquel, a qual morrera ao nasc imento deste último. Jacó j á estava idoso e não di ss imulava essa predileção, que vinha Lambém do fato de José ser o mais virluoso e o ma is amável dos membros de sua prole. Essa notóri a preferência do pai provocou a inveja dos outros filh os, sobretudo quand o ele ma ndou confeccionar para José uma túnica de várias cores, o

que fez extravasar o ód io dos irm ãos contra o preferido. Passaram a maltratá-lo e a injuri á- lo com palavras fo rtes. Mas José po uca importância dava a isso. Pelo contrário,

sem querer, aume ntava a indisposição dos irm ãos contando-lhes sonhos nada lisonjeiros para eles. José fora favorec ido por Deus, desde muito cedo, com sonhos proféticos.

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paixão crim inosa que c ulmino u com o convi te para o pecado. O casto José recuou ho rrorizado: como poderia trair a confi ança de seu mestre, "cometer esta

maldade, e pecar contra meu Deus?" E fu g iu , passando a ev itá- la. Porém, certo dia e la o agarro u pelo manto, ins istindo no pecado, e e le, para não ceder aos seus pérfidos desejos, fug iu , deixando-lhe o manto. A paixão da adú ltera transformou-se e ntão em ód io. Para vingar-se de José, acusou-o perante o marido de querer violá-la, mostrando-lhe, como prova, o manto. E ntri stecido, Putifar ma ndo u José para a prisão. "O Senhor, porém.foi com

José e, compadecido dele, f ê-lo encontrar graça diante do governador da prisão ... que lhe co11fiou tudo; porque o Senhor era com ele, e fazia prosperar todas as suas obras" (id. ib. 2 l a 23).

Certo dia, por exemplo, contou um deles aos irmãos: "Parecia-me que atá-

vamos no campo os feixes, e que o meu fe ixe corno que se erguia, estava direito, e que os vossos f eixes, estando em. roda, se prostravam diante do meu fe ixe" (Gen. 37, 7). Tendo narrado o utro sonho semelha nte, o pai o re preende u por aq uilo que julgava pretensão. Os irmãos, entretanto, o olhavam de sos laio, premeditando vingança. Ora, um dia em que e les hav ia m condu zido seus rebanhos a Siquém, Jacó envio u José para ter deles notícias. "Eles, porém, tendo-o visto de longe, antes que se aprox imasse, resolveram matá-lo" (id., ib. 18). Rubens, o mai s vel ho, querendo salvá-lo, propôs que, em vez de ma ncharem as mãos com o sang ue do próprio irmão, o lançassem em uma cisterna seca que havi a por ali. Pen ava em resgatá-lo depois e o reapresentar a seu pai. Assim que José se aprox imo u, caíram sobre ele, tiraram- lhe a túnica que tanta inveja lhe tinha causado, e o desceram à c isterna. Depoi do ato c riminoso, enquanto com iam, viram passar uma caravana dirigindo-se ao Egito.Judá, que também queria salvar o irmão, propôs que,

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e m vez de deixar o rapaz na cisterna, o vendessem aos negociantes, para que o levassem ao Egito. "E venderam- no por vinte dinhe iros de prata" ( id . ib., 28) . Mancharam depoi s a túnica de Jo é com o sa ng ue de um cabrito e a ap re entara m ao pai , dizendo que bestas selvagens o tinham devorado. Ao o uvir o fato, Jacó rasgou as vestes, cobriu-se com cilícios e chorou seu filho por muito tempo, não querendo ne nhuma consolação.

Provações e prosperidades de José no Egito E ntretanto, no Egito, José foi vendido a Putifar, genera l dos exércitos do Faraó. "E o Senhor era com ele, e tudo

o que Jazia lhe sucedia prosperamente; e habitava em casa do seu senhor, o qual conhecia muito bem que o Senhor era com ele, e prosperava em suas mãos tudo o que fa zia" (id. , 39 2,3) . Tal foi a confiança que Putifar pôs em José, que e le "não tinha outro cuidado que pôr.se à mesa e comer" (id ., ib. , 6). Acontece que José, além de todas as suas qualidades, "era de rosto formoso e aspecto gentil" (id . ib.), pe lo que a mulher de Putifar concebeu po r ele uma

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Ora, e ncontravam-se detidos na prisão o copeiro-mor e o padeiro do Faraó. Certa noite, cada um teve um en igmático sonho, que os deixou perplexos. "Por que tendes um ar sombrio?", perguntou José quando os viu na manhã segu inte. Explicaram a razão. "Porventura não

pertence a Deus a interpretação dos sonhos?", replicou José. E ao ouv ir a narrativa dos sonhos , os interpretou : ao padeir pred i. se que seria enfo rcado e m três dias, e ao copeiro que seria restituído ao seu a ntigo posto. E isso se deu ao pé da letra.

José, poderoso governador do Egito Algum tempo mais tarde, o Faraó teve também um sonho estranho: viu s urgi rem do Nilo sete vacas gordas, formosas, que pastavam tranqüilamente. De repente saíram do rio sete vacas esq ueléticas que devoraram as vacas gordas. O Fa raó acordo u sob ressa ltado; mas dormindo novamente, teve o utro sonho seme lha nte, desta vez com espigas de milho. Todos os ad ivinhos do reino foram c hamados para tentar interpretar o sonho do Faraó, mas nenhum o conseg uiu . Fo i e ntão que o copeiro-mor, de quem José tinha interpre tado o so nho, lembrou-se do jovem pris ioneiro e o recomendou ao Faraó como capaz de interpr taro e ni g ma.

José foi c hamado : " O sonho do rei reduz-se a um só: Deus mostrou ao Faraó o que está para fa zer", disse. E explicou que as sete vacas gordas e as sete esp igas formosas representavam sete anos de fartura, aos quais seguir-se- ia m sete anos de miséria, simboli zados pelas vacas e esp igas que devoravam as anteriores. Por isso reco mendava ao Faraó que esco lhesse "um homem sábio e ativo" a q uem desse toda a autoridade sobre o país, que recolhe se e estocasse nos anos de fartura o que iri a fa ltar nos de carê nc ia. O Faraó perguntou aos seus mini stros: "Poderemos nós encontrar um ho-

mem como este, que esteja cheio do espí.rito de Deus ?" ( id . 41 , 38). E deu a José tão grande a utoridade para isso, como governador, RUe só estava ac ima dele o próprio Faraó. Nos sete anos de abu ndância, José fez estocar e m ce leiros, em cada cidade do Egito, todo o excedente da produção agríco la. E nesse ínterim casou-se com a filha de um outro Putifar, sacerdote de On, com a qual teve dois filhos, a quem deu os nomes de Manassés e de Efra i,n. C hegaram os anos de miséria. A todos que pediam socorro ao Faraó, dizia ele que se dirigi ssem a José. E este a todos socorria.

Os irmãos comentara m entre si que isso era um justo castigo por terem pecado contra José, sem saber que este, que falara com eles por meio de um intérprete, os e nte ndia em sua língua. Comovid o até as e ntranhas, José retirou-se para que não vissem as lágrim as que lhe corri am pela face. Depois mandou que prendessem Simeão, e que e nchessem as sacas de trigo de cada um dos outros. E ademais, mandou pôr nelas de volta o dinheiro que hav iam pago. Chegando em casa, contaram ao pai o suced ido. Jacó e ntri steceu-se muito, porque dos dois filhos de Raquel - diz ia - José j á não ex i te. E agora não queria ficar sem o outro. Mas Rubens prometeu que o traria de volta. Passado algum tempo, a fome retornou e Jacó mandou aos filhos q ue voltas em ao Egito para comprar manti mentos, concordando desta vez em que levassem Benjamim ao governador: " E

o meu Deus onipotente vo-lo tome propício, e remeta convosco o vosso irmão

que retém preso, e este Benjamim; eu serei corno um homern que .fica privado de filhos" (id ., 43, 14).

José identifica-se e protege sua família Quando José viu que traziam Benjamim, mandou preparar um banquete para seus irmãos. Estes, ao serem chamados à casa do governado r, ficaram amedrontados, julgando que seri am condenados como ladrões pelo dinheiro que lhes tinha sido co locado de volta nas sacas de trigo. E um deles , logo ao e ntrar José, começou a expli car-lhe o ocorrido e sua inocência. José, ao ver Benjam.im, comoveu-se até as lág rimas e teve que retirar-se algum tempo. Voltando, conv ido u todos a cearem, favo recendo a Benjamim, durante o banquete, com os melhores bocados. Depois mando u que lhes enchesse m as sacas, e na do mais novo pusessem, a lém do dinheiro, um a taça de prata.

No reencontro com os irmãos, José não é reconhecido A ca restia ating iu também Ca naã, onde moravam o pai e os irmãos de José, com gra nde rigor. Jacó, ouvindo dizer que no Egito se vend ia o que comer, pediu a seus 10 filhos que lá fossem comprar mantimentos, ficando com e le apenas o caçula, Benjamim. Dirigiram- e os irmãos ao governador do Egito, sem reconhecerem que ele era José. Este tratou-os de início com fingida aspereza, como a espias. Atemorizados, responderam que eram apenas doze filhos do mesmo pai, que o caçu la tin ha ficado com ele e que o outro já não existia. José mandou la nçá-los na prisão por três dias. No quarto dia, chamou-os e lhes disse que, para provar se diziam a ver !ade, reteria um deles como refém , e que os o utros retornassem a Canaã com o trigo comprado e trouxessem o irmão mai s moço. Só assim libertaria o detido.

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fante: "Agora morrerei contente, porque

"Estilo cortês mas firme"

vi a tua f ace, e te deixo depois de nú m " (id . 46, 30) . José apresentou seu pai e irmãos ao Faraó, que, por amor a José, lhes deu para habitar a terra de Gessém. José sustentava sua famíli a dando-lhe tudo o que necess itava.

Últimos dias abençoados de Jacó e José Jacó viveu ainda 17 anos nas terras do Eg ito antes de entregar seu es pírito ao Criador. Quando viu chegada sua últim a hora, adotou, como sendo seus, os filhos de José, Manassés e Efraim, e lhes deu um a bênção es pecial. Co ncedeu depois bênçãos específicas para cada um dos seus doze filh os, dos quais saíram as doze tribos de Lsrael. Conforme seu pedido, foi sepultado em Canaã, no túmulo de seu pai I saac. José, por sua vez, viveu mais de ce m anos e viu os filh os de seus filh os até a terceira geração, antes de entregar sua alma a D eus. M ais tarde, confo rme fora seu desejo, M oisés tran sportou seus restos do Egito durante o êxodo, sendo ele enterrado perto de Siquém. D esse homem mi seri cordi oso, di z o Livro do Ec lesiá tico (49, 16- 18) : "Nin-

guém nasceu na terra ... . corno José, que nasceu para ser o príncipe de seus ir1nãos, o esteio da nação, o guia dos seus irmãos, o firm e arrimo do povo. Seus ossos f oram visitados, e depois da sua morte prof etizaram ". ♦ Encontro de José com sua família - Fundo Landau Fínaly, Biblioteca Nacional, Florença (Itália) "Vou avisar o Faraó, dizendo: Meus irmãos e

a família de meu pai, que estavam em Canaã, vieram para junto de mim" (Gn 46,31)

Quando os irmãos j á se punham a ca minh o, um ofici al veio atrás deles . Tendo encontrado a taça com B enj amim, levou-o preso. E ntretanto Judá, que se tinha responsabili zado pelo menino diante d pa i, intercedeu por ele junto a Jos , propondo fica r como escravo em seu luga r, xplicando a dor que isso cau·ari a a seu pai. Ness' mom nto José não pôde mais conter-se. M andou que saíssem os circun stantes e, só ·0 111 seus irmãos, deu-

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CATOLICISMO

se a conhecer. M ais. Di sse-lhes que não temessem por tê- lo vendido aos egípcios, pois isso fora desígni o ele Deus para que depois pudesse socorrê- los nos tempos de mi séri a. Que voltassem, contassem tudo a seu pai, e o convidassem a vir morar no Eg ito. Pode-se imag inar a alegri a ele Jacó com essas novas ! Propôs-se então a ir para o Eg ito para rever o filho querid o antes de morrer. Partiu assim, levando tudo o que possuía. N o caminho D eus se lhe mani fes tou, reatand o a ali ança com ele. Chega ndo ao Eg ito, Jacó mandou avi sar José para que fosse ao seu enco ntro . Quando o viu, lançou- e- lhe ao pescoço, di zendo como o velho Simeão di ri a séc ulos depois à vi sta do Divino ln -

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Nota: Alé m das Sag radas Esc rituras, fo ram consult adas para este arti go as seg uintes obras: L. C.L. Filli on, La Sa in te Bible, co111111entée d 'ap res la Vulga te, Pa ri s, Le to uzey et Ané, Éd ite urs, 1899,

10 1110

1, pp. 11 8 e ss.

Dom A ug us tin Ca lm e t , Dic ti o11 11 a ire /-li sto riq ue, a rchéo log iq1.1. e, p hil o log iq ue, chronologiq11.e, géographiq11.e et littéral de la Bible, A u x A tc li e rs Ca th o liqu es du Pet it Montrouge, Pari s, 1846, torno ll , pp. 1102 e ss. Les Petits Bo ll a ndi stes, Vies des Sa ints, d'ap res le Pe re G iry, Pari s, Blo ud c t Ba rrai , Libra ires-Éd iteurs, 1882, pp. 184 e ss.

~ Já de há muito tinha a intenção de fe li citar Catolicismo, o Sr. e eus colaboradores. H á estupendas publicações ca tó licas, mas Catolicismo sobress ai em grau eminente, destacando-se a fo rm ação rel ig iosa dos arti cuJi tas, a cul tura ca tó li ca, a vi são católi ca universal, a enorm e vari edade ele temas abord ados sempre a partir da ótica da ortodox ia cató li ca, sua fo rm ação, o estil o cortês mas firme, a alta qual idade gráfi ca, a eru dição e a doutrin a ca tó lica. Eu lamento não ter uma equi pe de pessoas dedi cadas a traduzir os artigos e publi car a revi sta em espanhol. M as tenho tomado a liberdad e de tradu zir algun s arti gos e incluí-los no bol etim " Missa Latin a", citando a fo nte. (F.D. - Argentina)

De um leitor assíduo

uma revi sta; é uma fonte de evangelização e conhecimento ela doutrin a ca tó li ca. Guard o co mi go cada exempl ar com todo carinh o. N ão tenho objeções a apresentar, mas como sugestão, gostari a que a rev ista abordasse também temas de cunho científico como: medicina, astronomia (para evidenciar as obras ele D eus). E também as ciências da [greja como: fil osofi a, teologia e coisas desse gênero. (M.C.M. - RS)

A número 1 ~ Considero Catolicismo a revi sta número 1, entre tantas outras que assino. N ão sendo "expert" no assunto, não arri scari a em criticar ou opinar, mas tenho certeza ele que a direção e a coordenação da revi sta se esforça m para melhorar mês a mês, a apresentação e o conteúdo da mesma. Estou sati sfeito. (T.C.S. - AM)

~ É com grande emoção que escrevo para di zer a sati sfação ele ser um leitor assídu o el a revi sta Cato-

"Sempre a espero com ansiedade"

licismo. É difícil se encontrar hoj e al-

~ Tenho a feli cidade ele ser um dos ass inantes desta excelente revi sta. Tantos anos fazem que ass ino Catolicismo que até j á perdi a conta. Sempre a espero com ansi edade. L eio tudo ci o começo ao fim. Quando se vira a pág ina, temse a impressão que a leitura é ainda melhor que a anteri or. N ão é fácil destaca r um assunto como sendo o melhor - todos são, a meu ver, excelentes . Al ém de tudo ali a gente tem a certeza da verd ade. Que o B om Deus e N ossa Senh ora do R osári o derramem suas bênçãos sobre os que faze m esta excelente revi sta. (E.H.M. - PE)

guma publi cação que aborde um estud o minucioso dos fatos hi stóri cos e reli giosos com tanta profundid ade como a revi sta Catolicismo. E a ua. conclusões são proféticas, como por exemplo o número comentando sobre o livro dos autore. franceses "O L ivro Negro ci o Comuni smo", cuj os fatos o Catolicismo sempre denunciou e nos alertou com décadas de antecedênci a. Parabéns e continuem se mpre. (D.P. - SP)

Fonte de evangelização ~ O senhor é um homem pri vilegiado por dirigir um a rev ista ci o nível de Catolicismo. Es tend a meus cum prim enLos a toda sua equipe. Catolicismo não é apenas

"Para as famílias do Século XXI" ~ Parabéns a toda a equipe de

Catolicismo, que considero ele ex-

trema atu alidade e um órgão ele publicidade dotado de temas esco lhidos para as fa mílias do sécul o XXI, pontifi cando por uma linha de profunda espiritualidade católica, apropriada para a melhor formação cri stã católica . Veio preencher um espaço importante e premia o seus leitores com assuntos realmente necessários para valori zar o sentido de real modernid ade. M ostra relevantes posicionamentos e propicia pontos ele meditação aos que se interessam por notícias de caráter religioso, social e humano responsáveis por uma cultura doutrinári a inserida na vici a de cada di a. Por todos esses aspectos e di mensões prec i sa estar prese nte como elemento formador de mídia e co mo semeadura para o cul tivo da vicia espiritual, tão reclamada por todos que desejam crescer e amadurecer. (H.S.C. - SP)

Nota: O missivista acima envia-nos um impressionante e extenso relato da cura de um câncer, da qual publicamos um resumo, para conhecimento de nossos leitores: Conta ele que em maio de 1998 seu médico lhe informou que estava com um tumor maligno, "Adenocarcinoma de próstata". Fez o devido tratamento, mas contando com a ajuda Divina. "Entreguei-me de todo coração e alma, confiando em Nossa Senhora do Rosário de Fátima e em Santa Rita de Cássia e fiz uma bela confissão", e a novena de Santa Teresinha. Revela que padeceu muito, com dores agudas e dormindo pou co. Mas que em maio daquele ano, esclarece: "Recebi o milagre da cura do câncer e sou eternamente agradecido a Na. Sra . do Rosário de Fátima, a San ta Rita e a Santa Teresinha do Menino Jesus, às quais elevo uma fervorosa ação de gra ças sem me cansar de dar testemunho".

John L. McKcnz ic, S.J., Dicio11ário Bíblico, Pa ulus, São Pa ul o, 1984, pp. 506 e ss.

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Santos·~· e festas

de lNOV ~1o/Jw~ttO 1 TODOS OS SANTOS. Celebrada já no século V como festa ele Todos os Mártires. Posteriormente deu-se a tal festa um caráter mais universal, sendo fi xada neste di a. É a comemoração da Igreja Triunfante, form ada por todos os bem-aventu rados que já gozam da glóri a eterna (este ano, tran.eferida para o Dom.ingo, dia 5).

2 FINADOS. Comemoração da Igreja Padecente, fo rm ada pelas numerosas almas que sofrem no Purgatório. "Aos que visitarem. o cem.itério e rezare1n pelos dejimtos, rnesmo só mentalmente, concede-se uma Indulgência Plenária, só aplicável aos dejitntos; diariam.ente, do dia l° ao dia 8 de novembro, nas condições costwn eiras, isto é: co,ifissão sacramental, co11wnhão eucarística e oração nas intenções do Sumo Po11t(/ice; 110s resta11tes dias do ano, Indulgência Parcial (E11chii: lndulgen1ia1w11., 11.. 13)" (Igreja no Brasil, Direlório Li11.írgico 2000, CNB B).

3 São Martinho de Porres, Confessor.

seu ideal ele episcopado fo i rea lizado plenamente em sua Arquidiocese medi ante as cli retri zes cio Concílio ele Trento. Faleceu aos 46 anos, sendo considerado uma elas fi guras exponenciais ela ContraReform a, que se opunha aos erros protestantes. Primeiro Sábado do mês

5 São Zacarias e Santa Isabel, Pais de São João Batista. + Séc. 1. Sua fé mereceu-lhes, já

na velhice, gerar aquele que prepara ria ós caminhos cio Salvador.

6 São Leonardo de Noblat, Confessor. + França, séc. VI. Atilhaclo ele Cló-

vis, o prim eiro Rei cri stão cios Fran cos, que o queri a afetuosamente. De uma gra nde ca ridade para com os cati vos, procurava s corrê-los cm todas as suas nccessicla les, sobretudo li vrá•los do cati veiro cio pecado.

7 Santo Ernesto, Confessor. + Palestin a, 11 47 . Monge em

Zw iefalten, próx imo ao lago ele Co nstança, na Suíça, sentiu -se movido a partir com a Segunda Cru zada para a Terra Santa.

+ Lima, 1639. Mestiço, descen-

dente ele Cru zados pelo lado paterno, sua mãe era uma escrava li berta. Entrou como "doado" para um cios conventos dominicanos de Lima, onde levou uma vida extraordinári a pela humildade, penitência, cari lacl e cl 111 ele milagres. Primeira Sexta-feira cio mês

4 São Carlos Borromeu, Bispo e Confessor. + Mil ão, 1584.

arclca l aos 2 1 anos, depois Arcebi spo de Milão,

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CAT OLICISMO

8 Os Quatro Santos Coroados, Mártires. + Hungria, 306. Cinco escultores cri stãos ela Panôni a, não querendo fa zer estátu as cios ídolos, fo. ram martiri zados sob Dioc lecia• no, e seus co rpos levados para Roma. Pouco depois enterraram junto a eles quatro irmãos, mártires, e se ergueu uma igreja cleclicacla a esses "qua11v San1os Coroados". Hoje celebramos, sob esse título, esses nove mártires.

Novembro 'd e 2000

São Martinho de Tours

Santo André

Santa Cecília

São Leonardo de Noblat

São Leão I Magno

São Saturnino

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cios mil agres . Por sua cari clacle, obediência e espírito ele oração, era reputado como santo já em vicia.

um hos pital ele leprosos, fal ecen• cio na paciência, pobreza e humi• lhação aos 24 anos ele idade.

receram ao Templo para ser educada entre as virgens, foi recolhi da por São João Damasceno.

..... 27 Santa Catarina Labouré, Virgem.

peste, conteve furi osa insurreição alçando o Cru cifixo.

................·-·······-·· 2 2 ........ _.._............. ..

+ Paris, 1876. Esta filha espiritu-

al ele São Vicente ele Paulo recebeu ele Nossa Senhora a revelação ela Medalha Milagrosa, que tantas graças, conversões e milagres tem obtido em todo o mundo.

Dedicação da Basílica de São João de Latrão, Roma. Catedra l cios Bispos ele Roma, fo i elas primeiras bas ílicas cleclicaclas por Constantino ao cul to cri stão e consagrada por São Sil vestre em 324.

10 São Leão I Magno, Papa e Confessor. + Roma, 46 1. Governando a Igreja por 2 1 anos du rante a invasão dos bárbaros, lutou contra os hereges eutiqui anos e donatistas, deteve o huno Átil a às portas ele Roma, defendeu intrepidamente os direitos ela Sé Apostólica, incrementou e deu novo esplendor às cerimôni as litúrgicas. Por isso tudo recebeu ela posteridade o título ele Mag no.

11 São Martinho de Tours, Bispo e Confessor. + Caneles (França), 397. Ori giná-

ri o ela Hungria, seus pais eram pagãos. Já como soldado im perial, fo i bati zado aos 18 anos e tornou-se di scípulo ele Santo Hilário ele Poitiers. Como Bispo ele Tours, sua ati vidade pastora l foi in fa ti gável e fecunda, sendo considerado um cios apóstolos elas Gálias.

12 São Josafá, Bispo e Mártir. + Vitebsk (Rússia Branca), 1623 .

Nasceu em Woloclymyr, Lituânia (na época, sob domínio polonês), entrando aos 20 anos num mosteiro em Vilnius.

13 São Diego ou Diogo, Confessor. + Alcalá (Espanha), 1463. Irmão

leigo franciscano, recebeu o do m

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......-....···- -·-- ·- 18 ...

São Leopoldo Ili da Áustria, Confessor.

Santo Odon de Cluny, Confessor.

Santa Cecília, Virgem e Mártir.

+ Viena, 1136. De alta nobreza,

+ 942. Numa época e111 que a clis• ciplina cios mosteiros estava tão relaxada, a ponto ele o Papa João XI dizer que "não há um em que a regra seja observada", coube a Cluny a organi zação que lhe permitiu, durante dois séculos, exer• cer profunda e benéfi ca influên· eia na Igreja e na política dos Es· taclos europeus. Santo Oclon fo i o segundo Abade ele Cluny e o es• teio ela reform a.

+ Roma, séc. IH. Uma elas mais

filh o cio Ma rquês ela Áustria, casou-se com a filha cio lmperaclor Henrique V, Inês, ele que111 teve 18 filhos. Recebeu ele seus conterrâneos o título ele Piedoso. É o Patro no ela Áustria.

15 Santo Alberto Magno, Bispo e Doutor da Igreja. + Co lôni a (A le manh a) , 128 0. Pouco dotado para o estudo, mas grande devoto ele Ma ria, d Ela recebeu a ciência que lhe valeu ele seus contemporâneos o título ele Doulor universal. Bispo ele Ratis• bona, pregador ele um a cru zada nos países ele língua alemã, gran• ele teólogo e fil ósofo, mestre ele São Tomás ele Aquino, escreveu muitas obras ele grande valor, pelo que fo i proc lamado Doutor da Igreja por Pio X1.

............._. . .-....... 19 . -........-..,. -.. .-. Santa Matilde de Hackeborn.

+ Helfta (A lemanha), 1303. Tendo entrado para um mosteiro aos cinco anos ele idade, é considerada uma elas maiores místicas ela Idade Média.

17 Santa Isabel da Hungria, Viúva. + Turíngia, 123 1. FiIha cio Re i ela Hungria, casada com o Duque ela Turíngia, enviu vo u aos 20 anos co m três f'ilh os. Aba ndo nada e perseguida pelos parentes cio marido após a morle deste, sem recursos, ofereceu seus serviços a

- -.. . 23 .......

+ 1299. De u111a elas mais nobres

São Clemente 1, Papa e Mártir.

famíli as ele Magcleburg, era irmã mais nova ele Santa Gertrudes (dia 16), a quem seguiu no convento com a idade ele sete anos. Tam• bém teve a ventura ele manter tra• to pessoal com o Sal vador, eles• crito no seu Livro da Graça.

+ Roma, 97. Terceiro sucessor ele São Pedro, destacou-se e111 seu pontificado por um documento ele pri111e ira grandeza, conhec ido como carta aos Coríntios . O seu nome está incluído no Cânon ela Missa.

24 · ··-···-·--..

16 Santa Gertrudes, Virgem.

veneradas mártires ela lgreja primitiva, Cecília tinha fe ito voto ele castidade quando o pai a casou com Valeriano, a quem ela converteu junto com o cunhado Tibúrcio. Os três sofreram o martíri o pela fé, sendo o corpo ela Mártir reencontrado em 822 e transferid o para a igreja ele que é titul ar, no Trastevere, e111 Roma. É honrada como a Padroeira cios mú icos.

São Félix de Valois, Confessor. + Cerfroicl (França), 12 12. Da fa-

míli a rea l fran cesa, di stinguiu-se desde cedo pela imensa caridade para com pobres e ele. va lidos. Fundou, com São João ela Mata, a Ordem ela Santíss ima Trinclaclc, para a libertação cios cati vos entre os mouros, um cios mai grave · problemas ela época.

... 21 · ...........-.. APRESENTAÇÃO DE NOSSA SENHORA. Essa tradição, segundo a qual os pais ela Santíssima Virgem A ofe.

São Columbano, Confessor. (Vicie seção Vidas de Santos p. 34)

..................-.. 25 . . -......-........ São Tomás de Vilanova, Bispo e Confessor. + Valência (Espanha), 1555. Monge agostiniano, combateu energicamente as idéias ele Lutero, seu companheiro ele hábito.

......-............. 28 ······ . -

................... 29 ·· São Saturnino, Mártir. + Roma, séc . lV. Ori ginári o ele Cartago, por ser cri stão foi condenado a trabalhos forçados ape· sar da avançada idade. Como não deixava ele fazer proselitismo, foi decapitado.

São Tiago da Marca, Confessor. + Nápoles, 1476. Franciscano, fo i Inqui sidor Geral. Converteu muitos hereges e os reconciliou com a [greja. Foi grande mi ss ionário popular, obtendo conversões consideradas mil agrosas. Com São João ele Capi strano pregou a Cruzada contra os turcos. Em Buda-

... 30 Santo André, Apóstolo. Séc. 1. frm ão de São Pedro, fo i cios primeiros discípulos ele Jesus. Pregou o Evangelho na Ásia Menor e nos Bálcãs, onde foi crucificado numa cruz em fo rma ele X (Cruz ele Santo André). É o Patrono elas vocações.

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26 NOSSO SENHOR JESUS CRISTO, REI. Festa institu ída em 1925 por Pio XI para proclamar a realeza social ele Nosso Senhor Jes us Cristo.

CATO L IC IS MO

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VIDAS DE SANTOS

São Columbano: monge extraordinário, esteio da Cristandade medieval nascente Tendo fundado muitos mosteiros, nos quais imprimiu seu vigoroso caráter, esse heróico religioso deixou atrás de si um sulco de radicalidade na vida monástica e no combate à heresia ariana. Séculos depois, sua ação contribuiria para o apogeu medieval PLtNIO MARtA

Sou MEO

oucos dados há sobre o nascimento e os primei ros anos desse Sa nto que tanta influência exerceri a na vida monaca l do Ocidente e m seu século e na baixa Idade Média. Sabe-se que nasce u em Lei nster, Irl anda, em 540, mesmo ano e m que o patriarca São Bento fa lecia em Monte Cassi no. O que é ressa ltado na primeira biografia ele Columbano, escrita por um ele seus monges, Jo nas ele Bobbio, é que sua educação e instrução foram es meraclíss ima , te ndo ele muito cedo se ini ciado no estudo elas Sagradas Escrituras. Fala também que era notável por sua beleza mora l e física . Adolescente, sentia em si, como São Paulo, os ag ui lhões ela carne. Para não cair e m sua escrav idão, procurou conselho junto a uma piedosa recl usa que vivia em odor ele santidade nas cerca ni as . Expôs- lhe suas tentações, pedindo que indicasse um remédio seguro para ne las não ca ir. "Inflamado pelo fogo da adolescência - respondeu-lhe ela - tentarás em vão escapar de tua própria.fragilidade enquanto permaneceres em. teu solo natal. Para te salvares, é preciso .fúgir" 1• Co lumbano, sempre determinado a fazer o que via ser seu dever, dec idiu partir em seguida. Sua mãe, para detê- lo, deitou-se na soleira da porta. Salta ndo heroicamente sobre seu corpo, e le fugiu para o fa moso moste iro de Bangor. Com seus três mil monges, este bri lhava iluminado por seu abade São Conga ), discípulo de São Fi niano, reputados ambos pela austeridade e severidade na direção ele seus discípulos.

P

Columbano e seus di scípulos, e m suas peregrinações apostó licas, chegaram à Borgonha, o nde o rei Gontram os recebeu com a legria. Concede u-lhes co mo moradi a o antigo castelo romano de Annegray, que os monges tra nsformara m em mosteiro. Aí levavam uma rude vida de penitência, passando semanas sem outro alimento senão ervas, sendo a lgumas vezes mantidos milagrosa mente pela Providência. Como o heroísmo católico atra i e contagia, a vida desses IlJpnges começou a impress ionar os povos que YÍ Vfé)ffl ~ITI ieqpf 90 rµo ste irn. pffi prevel mpi fOS nobres e ple~ÊH~ pfl-rn !~m::prr~riq!TJ Pf!rfl .jurt<1r-~e aqs monges, pu pelp rne119~ piirq f:!~ les receber uma pênção para si, suas fa míji ~~ e ~ua colhe itas. E n!:retapfp, po1: vezes São Col4mbano sentia necessidade de afastar-se até dp convív io dos seus, para afervorar-se mais. Retirava-se então para um lugar deserto, levando consigo só as Sagradas Escritu ras e vivendo pacificamente no meio das feras. Nos fin s-de-semana participava do Ofício Divino com sua comunidade. A afluênr::i<l SefJlpre crescente ele qp1qjdé)tOS ao n10nacato obrigou Co lumbano a fund ai: f:! pti:qs 111psteirqs, entre e les o de L uxe4i1 ppm anti gp éJi?ªI11Pªfllerito romano abandonado, rodeado ainda de restos de cultos ido látricos. Este tornar-se-ia um qos mais famosos mosteiros das Gáli as .

Severidade monástica: ímã de atração das almas

Determin ado a ser um verdade iro santo, no meio deles o espírito inflamado de Columbano encontrou o alimento que desejava. Mas não por muito tempo. Passados alguns anos, sentiu que outras terras e outros povos o c hamavam, e dec idiu partir para as Gálias. São Conga ), vendo naq uele desejo uma inspiração d ivin a, concedeu-lhe a autori zação para partir com doze ele seus condiscípulos, e m honra dos doze apóstolos.

Gálias: nova messe para seu zelo apostólico As Gá li as, que compreend iam mai s ou menos o território da França de hoje, d ividi am-se em vários reinos, governados por soberanos em sua maioria cristãos, mas ainda semi -bárbaros como o eram também os costumes da época.

São Co lumbano dizia aos seus monges: "Que o monge viva no mosteiro sob a lei de um só e a companhia de muitos, para aprender de uns a humildade e de outros a paciência. Que não faça o que lhe agrade; que coma o que lhe é mandado; que não tenha senão o que lhe dêem e que obedeça a quem o desagrada. Irá ao leito esgotado de cansaço, dormindo já ao dirigir-se a ele, deixando-o sem term.inar o sono. Se so.f,·e alguma injúria, que se cale; tema ao superior como a Deus, e ame-o como a um pai. Não julgue as decisões dos anciãos. Avance sempre, reze sempre, trabalhe sempre, estude sempre" 2 . Para e le o monge tinha que ser um heró i de Jesus C ri sto, combatendo constantemente o de môni o, o mundo e a carne. Quer di zer, tinha que estar e m uma luta constante: "Onde há luta, há valo,; entusiasmo, .fidelidade. Onde não há, resta vergonha e miséria. Sem luta, diz o Apóstolo, não há coroa" 3• U m dos seus biógrafos comenta: Por "mais macerações e j ejuns que fa ça, será de rigor a submissão do j uíza e da vontade à direção do abade. Columbano constituía um exemplo vivo de suas prescrições: era exato

no trabalho e nos variados atos do dia, e tornava-se especialmente meigo e insinuante ao expor seu tema predileto - a Eucaristia, o Pão e Fonte da Vida" 4. A intran sigênc ia e mesmo a severidade de São Colum bano, em vez de afastar os monges atraía mais candidatos, de modo ta l que em pouco tempo o número de monges de Luxeuil ascendeu a 600. O Santo pôde assi m instituir o Laus perennis, isto é, o louvor perene a Deus nosso Criador, por grupos de monges que se revezava m no cânti co do Ofíc io Divino nas 24 horas do di a. Esses ofíc ios às vezes compreendiam todo o saltério e muitas orações pelos pecadores, por toda a Cristandade, pela concórdi a e ntre os re is e inimi gos. No que concerne à di sciplina, o fundad or era inabalável, e os castigos severíssimos. Por exempl o, aqueles que respondessem desrespeitosa me nte ao superior ou aos companheiros recebiam 50 chi cotadas. Hav ia castigos também para o sacerdote que não se banhava (aqueles tempos eram ainda bárbaros) ou não cortava as unhas antes de celeprar mi ssa; como també m para o diácono que exercesse suas fun ções com a barba em desordem. D izia: "É necessário pisotear o prazer .... A morti:ficação é o ponto mais importante da regra monacal .... Despojar-se de toda propriedade é a primeira perfeição do monge" . E com orgulho afirmava a respeito da relig ião de seus mo nges: "Ninguém entre nós foijamais herege, cismático ou judeu" 5 •

Obstinado de início, submisso ao Papa depois Se os Santos pode m ser determinados, São Columbano o era. Um pouco saudoso de seu País, para ele o modelo de vida reli giosa era o da Irlanda. Por isso queria que tudo, nas Gá li as, fosse como lá. Ora, isso algumas vezes parecia vantajoso, e outras não . Um dos bons costumes irlandeses que ele acabou convencendo o episcopado franco a adotar fo i o uso da confi ssão auricular, que não hav ia nas Gá li as. Mas estabeleceu-se toda uma polêmica a respeito do dia para se comemorar a Páscoa, tema controvertido desde a fun dação da Igreja. Num concílio nacional nas Gálias fora estabelecida uma data, segundo ori entação de Ro ma. Na Irl anda ain' da se observava o chamado cânon alexandrino, muito anteri or, que estipul ava outra. São Columbano queri a que o costume irlandês fosse aceito não só na França, mas em toda a Igrej a universa l, tentando, em longa e fogosa carta, convencer disso o Papa São Gregório Magno. O santo irl andês não fi cou satisfeito com a concessão que lhe fo i dada, de continuar a comemoração se-

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S. GREGORIO I

SABINIANO

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gundo seu costume nos mosteiros por ele fundados. Is o susc itou longa e estéril luta. Por fim, São Columbano curvou a cabeça e aceitou a decisão do Papa Sabiniano, sucessor de São Gregório, e seguiu as normas comumente vigentes no resto da Igreja.

Espírito profético Na Austrásia, antiga província da Gália, atua l França, quem verdadeiramente governava era a rainha Bruni Ide, avó do rei Thierry. Temendo que este se casasse com uma princesa que ofuscasse sua autoridade, essa degenerada avó levava o rei a viver co m concubinas. Columbano envidou todos os esforços para que o rei se casasse. Quando este o fez, foi ta l a pressão ela avó, que em menos de um ano e le repudi ava a esposa legítima para voltar às concubinas. Certo dia o monge fo i visitar a corte, e a rainha-avó apresentou- lhe os quatro filhos ilegítimos ele Thierry, di zendo: "São filhos do rei; fortaleça-os com uma bênção". "Não!" - respondeu Columbano. E acrescentou profeticamente: "Eles não reinarão, porque vêm. de um mau lugar". A partir desse mo mento Bruni Ide jurou vinga nça e proibiu os monges de Columbano ele sair do convento. Este fo i procurar Thierry, que o convidou para j antar. Co lumbano não qui s participar de uma mesa com aquele que acabava de desferir um go lpe contra seus monges, mas sem recusar taxativamente. Apenas fez o Sinal da Cruz sobre os alimentos, todas as travessas que os continham se romperam. Thierry ficou muito aba lado pelo mil agre, mas pouco depoi s caía novamente em suas desordens. Acabou cedendo às pressões da avó, expul sa ndo Co lumbano de seus territórios. E m Tours, o mo nge foi recebido pelo Bispo. Referindo-se à sua atitude com Thierry, um nobre perg untou ao sa nto se não era mais apropri ado para atrai r as

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Homenagem ao grande apóstolo de Fátima

Após dirigir uma fogosa carta ao Papa São Gregório I (Magno) (esquerda) propondo mudança do dia para a comemoração da Páscoa, São Columbano aceitou a decisão do sucessor daquele Pontífice, o Papa Sabiniano

No dia 3 de outubro de 1995, após uma longa vida como combatente católico e devoto ardoroso da Santíssima Virgem, falecia em São Paulo o Prof. Plínio Corrêa de Oliveira. Fundador da Campanha "Vinde Nossa Senhora de Fátima, não tardeis!", a ele toda nossa enlevada homenagem e emocionada gratidão. Do Céu, estamos certos, ele nos acompanha e protege.

pessoas dar-lhes le ite e m vez de abs into. " Vejo - respondeu-lhe Co lumbano - que queres gua rdar teu juramento de fidelidade ao rei. Pois vai e dize a ele que daqui a três anos ele será esmagado com seus filhos e toda a sua estirpe. Eu não posso calar o que Deus me manda dizer" 6. Depois de passar pela corte de Clotário II, a quem predisse que reinari a em toda a Gália, São Columbano dirigiu-se para a Itália, o nde o rei dos lo mbardos, embora ariano, doou-lhe uma construção junto a urna igreja em Bobbio. Ele fez da abadia que aí eri giu "a cidadela da ortodoxia contra os arianos e um lar da ciência e do ensino, que foi por muito tempo o fa cho que iluminava a lrália setentrional". Essa esco la e a biblioteca ele Bobbio fo ram das ma is cé lebres da Idade Média. EnlTetanto, segundo a profecia do Santo, Clotário II, a ferro e a sangue, tornou-se o único rei dos francos. Lembrando-se de que Columbano lhe havia predito isso, enviou uma embaixada para rogar- lhe que retornasse a Lu xeuil. Mas o fund ador negou-se, poi s sabia que já estava próx imo o fim de sua peregrinação na Terra, o que ocorreu um ano depois da fundação de Bobbio. Retirando-se a um a caverna que havia transformado em capela dedicada a Nossa Senhora, o gra nde batalhador terminou seus di as em jejum e orações, a 21 de no♦ vembro do ano 6 15 .

conhec imento da Mensagem de Fátima foi para Plinio Corrêa de Oliveira uma luz com a q ual Nos a Senhora qui s confirmar e ampli ar tudo quanto E la lhe havi a inspirado desde tenra infâ ncia. O mal e o pecado, espec ia lm ente como e les se aprese ntara m no século XX, sua organização, suas raízes históricas e re ligiosas - igualitárias e sensua is - , sua meta de domin ar toda a Terra, tudo isso Plínio Corrêa ele O liveira viu e contra isso lutou até seu último suspiro. Também amou ele income nsura ve lmente a Santa Igreja Católica Apostóli ca Ro mana, com a qua l se ide ntificou, de quem fo i filh o humilde e guerre iro incansável. E o desejo de reerguê-la no apogeu do bril ho e do esplendor que lhe são devidos do minou toda sua ex istênc ia de 87 anos. E le queria vê-La influenc iando decisivame nte a sociedade temporal, para form ar uma "civilização cristã austera e hierárquica, f undamental-

º

Notas:

P/inio Corrêa de Oliveira

mente sacral, antiigualitária e anriliberal " (Revolução e Contra-Revolução). Tal anseio proféti co encontrava para e le sua confi rm ação na grande pro messa de Fátima: "Porfirn, meu Imaculado Coração triu11fará! ".

1. Les Petill' Bollandistes, Bloud et Ba rra i Libraires-Éd ite urs, Pa-

ri s, 1882, tomo Xlll, p. 529. 2. Fre i Ju sto Perez de Urbe!, O .S. B., Mio Cristiano, Edi c iones Fax, Madrid, 1945 , tomo IV, 3". edi ção, pp. 422-43 3. 3. Ede lvives, E! Sa nto de cada día, Edi tori al Lui s Vi ves , S.A ., Sa ragoça, 1949, tomo VI , p. 2 13. 4. Fre i Ju sto Pérez de Urbe!, O.S.B., op.c it., J . 423 . 5. fel . ib., pp. 424-425. 6. Les Pe1i1.1· Bollandistes, op. c il. , p. 535.

Especialistas falam sobre o terceiro segredo A terce ira parte do segredo de Fátima, confo rme texto revelado pelo Vatica no, produ ziu da parte de diversos especiali stas no tema pronunc iamentos de prime ira hora, aos quais certa mente seguir-se-ão estudos mais aprofund ados. Apenas

a títu lo noticioso para nossos le itores, seguem abaixo alguns desses pronunc iamentos. A Campanha Vinde Nossa Senhora de Fátima, não tardeis! está di vul gando o li vreto Terceira parte do Segredo de ~

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Fátima, escrito pe lo Dr. Antonio Augusto Bore lli Machado. Uma substanc iosa análi se fe ita por esse especi a li stà no assunto foi publicada em Catolicismo de setembro último. Nela o autor aponta claramente a re lação existente entre a atu al cri se da Igrej a e a Mensagem de Fátima.

1. D. Serafim de Sousa Ferreira, Bispo de Leiria-Fátima

dições postas pela Virgem. Isto é, não ocorreu a completa conversão da Rússia e não se rea lizou o triunfo do Imaculado Coração de Maria. Estes dois acontecimentos prometem um período de paz. Olhando o mundo, notamos um abandono geral da fé e a di sseminação de uma onda de imorali dade espantosa, pelo que, da publicação da mensagem, se espera que encoraje os homens a tomar consciência de suas responsabilidades. Há tanto ateísmo. Só na Itáli a, 12 milhões de pessoas vão a cartomantes e magos. Há um dessoramento da fé. E estamos numa ' noite ética', como o demonstram os abortos, o desfazimento das fa míli as e a ex plosão do homossexualismo. O mundo tem o poder de se autodestruir" ("li Messagero", 27-6-2000).

"O atua l Papa se identifi cou com o personagem da vi são. E isto tem seu valor e fundamento. Mas creio que o bispo vestido de branco representa sobretudo a in stituição, cre io que se trata de um sím bolo, mais do que de uma pessoa em parti c ular" ("Corri e re della Se ra", 27-62000). A j ornali sta Irma Álvarez perguntou Pe. Gabriele Amorth 3. Andrea Tornielli, em seu livro ainda a D. Serafim : "O sr. acredita que Fátima, o segredo revelado com. este acontecimento da publicação do "A não exatíssima correspondência entre o texto difundido seg redo se .fecha, de certo modo, o século XX ?" [pelo Vaticano] e a bala ati rada por Agca poderi a induzir ouResposta: "Eu não diri a que se fec ha algo, mas antes se tros a sustentar que, pelo contrário, o também falido atentado abre, como uma janela de esperança sobre este sécul o, a esda profecia dissesse respeito a outro Papa. Por exemplo, Paulo perança de conversão pessoal de cada um de nós, da humani VI. Sempre de acordo com o livro de Tornielli , se recorda que dade inte ira, a fim de que possa encontrar fin almente a paz. Montini , em novembro de 1970, em Manil a, foi esfaqueado Fátima permanece um pulmão espiritual, um espaço de conversão para todos. Aliás, estes acontec imentos - a beatificano abdome por um desequilibrado vestido de padre ..... "E, ainda, não hão de fa ltar os que relançarão a tese seção de Franc isco e Jacinta e depois a publicação do segredo gundo a qual Albino Luc iani [João Paul o I] teri a sido, na de modo ofi cial - confirmam a veracidade da mensagem de realidade, morto" ("Corriere de lla Sera", 27-6-2000, artigo Fátima" ("Avvenire", 27-6-2000). de Mi chele Brambilla).

2. Pe. Gabriele Amorth, exorcista, estuda há 50 anos o tema Fátima

"O que contesto são as afirm ações do Cardeal Sodano e do Cardeal Ratzinger segundo as quais 'os acontecimentos a que se refere a terceira parte do segredo de Fátima parecem assim pertencer ao passado'. A visão fa la de perigos e do caminho para se salvar deles. O tempo correspondente ao segredo de Fátima não terminou, porque a inda não se realizaram as con-

4. Giancarlo Zizola, especialista italiano em Vaticano "Essa interpretação [de que o "bispo vestido de branco", descrito na mensagem di vulgada, se tratava do Papa] é ma is um mi stério do Vaticano. Trata-se de uma associação estrita e materi alista, que me surpreendeu bastante" ("Folha de S. Paulo", 27-6-2000).

Cabeças humanas servem de bola de fetebol A rcebi spo de Ca li , na Colô mbia, Mo ns. Isaías Duarte Canc ino, publicou artigo no jornal "EI País", daquela cidade, cri ticando energicamente tanto a brutalidade da guerrilha como a excessiva condescendência do governo. O Pre lado referiu-se à des truição da loca lidade de Arboleda pelos gue rri Ihe iros, num ataque que d uro u 18 horas, depois do qual jogaram futebo l com as cabeças dos policiais a sas in ados. Di z D. Canc ino que a g uerrilha tem o despl ante de afirm ar que representa o povo daque le país. "Peçamos ao Senhor para que o gove rno colombiano f aça cumprir a Constituição e a Lei ", di sse o Arcebi spo. E augura que a sociedade civil ex ija dos violentos aquilo que "o Estado colombiano não fo i capaz de exigir". Tal é a guerrilha colo mbiana, ami ga do MST brasil eiro! Dize- me com quem andas e dir-te-ei quem és !

Em me io a tantas loucuras do gênero que vemos diariamente no Brasil, chegaremos também até lá?

º

Minissaia ajuda 1 1 a propagar a AIDS quarta parte dos ad ul tos da África do Sul carrega o vírus da Aids . Assim , o re ino da Suazil ândia, na proc ura desesperada de conter o avanço da epidemi a, está procura ndo atacar as verdadeiras cau as da propagação. Entre as medi das propostas naque le re ino fi gura a proibi ção de mini ssa ias para co leg iais, pois as adolescentes estão sendo acu ·adas le provocar profes-

Perseguição religiosa à vista! e is aprovadas no Estado da Califórnia (EUA) prete nde m obrigar as instituições e orga nismos católicos a oferecer a seus empregados seguros de saúde que cubra m o uso de anticoncepcionais, o que vai diretamente contra os ensinamentos morais da Igrej a. A situ ação é ainda agravada se se considera que foi prati came nte legali zada nos Estados Unidos o uso da pílul a abortiva, cl assificando-a simples me nte como anticoncepcional. Os católicos estão moralmente obri gados a res istir a tais le is iníquas. Se o fi zere m, o que acontecerá? Recomeçarão também na América e na Europa as perseguições relig iosas, como as que presente mente ocorre m no Sudão, na Índia e na Indonés ia?

L

sores com saias curtas. Estudantes com mais ele l O anos de idade serão obri gadas a usar sa ia na a ltura dos j oelhos. Enquanto no Brasil se propaga o uso de preservativos, que além de violarem a moral nada resolvem, na Áfri ca, com mais rea li smo, busca-se co ibir os incitame ntos ao pecado.

Padre na macumba

Menina "casa-se" com cachorro

A

padre Marcos Lázaro participou de

Ouma cerimônia de candombl é: "lim-

ma garota indiana de quatro anos "casou-se" com um cão em uma celebração hindu. A bi zarra cerimôni a fo i in stigada por um astrólogo - ele convenceu o pai da garota de que o "casarnento" passari a ao cachorro os supostos efeitos maléfi cos de Saturno, que a estariam atingindo.

U

par o corpo" de maus-olhados - conhec ido como "banho de pipoca". O ato ocorreu na frente da Igreja de São Lázaro, em Salvador (BA) ("O Estado de S. Paul o", 17-8-00). Quando até sacerdotes se prestam a esses cultos, só fa lta mesmo a intervenção fin a l de Nossa Se nhora de Fátima.

.II I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I "A Voz de Fátima" - Recebi agradecido e entusiasmado o CD do Programa "A Voz de Fátim a" . Mais uma vitória de Nossa Senhora de Fátima nos t empos atuais, apesar dos adversários que tentam nos prejudicar. E Nossa Senhora t riunfa sempre contra tudo e todos os obstáculos. O programa é um maravilhoo meio de ajuda r a chamar a tenç ão da Human idade para a m nsagens de Nossa Senhora. ajudará as pessoas a s af tar m dos maus ca minho quo conduzem à per-

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CATOLICISMO

diçã o. Estou c ad a v ez m ais contente com a revista Catolicismo, que far á c ontente também o saudoso se nhor Pl ín io Corr êa d e Oliv e ir a (F.S.A., SP). Ala "Nossa Senhora de Fátima" - Agradeço a maravilhosa atenção dedicada a mim, que men salment e rece bo as inform aç ões do andamento desta ca mpanha , feita com colaborações dos membros da " Aliança de Fátima" . Espero aind a poder dar uma ajud a maior. Agradeço em especial Novembro de 2000

o boletim "Ecos de Fátim a" e o lindo calend ário anual. M eu pai, com 71 anos, com um problema seríssimo de colun a ia ficar numa cama para sempre . Decidimos pela operação, que era um risco . Tenho um altar no meu quarto e nele a imagem de Fátima que ganhei de vocês. De joelhos pedi sua int ercessão junto a Deus . Foram 7 horas de cirurgia . Quando cheguei ao hospital, qual não foi minha surpresa! A ala em que ele ficou internado era a de "Nossa Senhora de Fátima" . A alta, que era para ser depois

de 5 dias, acabou sendo depoi s de um dia e ele quase andando e sem dor (F.C .G., PR) . iy1edalhas - Peço-lhe, se for possível, mandar dua s m edalh as de São Bento . A m edalha de Nossa Senho ra aqui est á fazendo o m aio r milagre . Quando alguém está doent e , a g ente emp resta para eles e eles ficam quase c horando, querendo ta mbém (D.S.M ., M G). Franc isco e J ac int a M eu f ilho mais v elho estav a

doente·. Os m édi cos descobriram o qu e rea lmente ele ti nha. Ouvi c ois as horrív eis e prognósti cos ruin s. Recorri a Fr a n c is c o e J ac int a f i at e ndid a . N est e ano t ev e outra c ri se respiratória, houv e um erro de enferm agem e o qu adro se agravou . Mai s um a v ez recorri a Franc isco e J ac int a. A o c hegar ao hospi ta l, os m édi c os est avam surpresos. Eles não c ons eguiam entend er com o havi a t ido um a m elh ora tão grande, rápid a demais (A.S .V.N ., SP) .

Recebi a M ãe de meu Senhor - Sint o-me honradíssima pela presença de Na . Sra . de Fát im a em minha casa. Desde que recebi o telefonema, minha alma se encheu de aleg ria. Fu i co nvidando as pe ssoas. Rece bi em minha casa a M ãe de meu Senhor, não se i explicar a emoção, foi demais. Foi uma no ite co m muita chuva, mas nada impediu que as pessoas vi essem . Não esquece rei jama is. Quero agrad ecer a esta campanha pelo bem que me tem fe ito . Qu antas v ezes em momento

de tri st eza eu recorro aos livro s que recebo , às estampas, m ed alh as, c alendário, CDs, a revista Catolicismo. Há 4 anos que sou participante desta campanha e aprendi muito mais a amar, sofrer e perdoar. Estou enviando foto (M .G.R ., PE). Nota da Redação

É grande o número de agradeciment o s que recebemos pela vi sita da im agem de' Fátima . Gostaríamos de pu blicálos todo s, mas o espaço não permite.

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DESTAQUE

Muitos querem a , Medalha de São Bento

A verdadeira sede de medalhas, que pudemos c onstatar em nosso público, mostra que realmente as pessoas sofrem amargamente com a ação diabólica que se manifesta hoje por todas as partes: nas ruas, no ambiente de trabalho , nas escolas, no lazer, por vezes até na família . Se ainda não a recebeu, peça sua Medalha de São Bento.

A

campanha de difusão de 2 milhões de Medalhas de São Bento, com o folheto explicativo, prossegue com grandes bênçãos. Como se sabe, a Igreja sempre a recomendou como exorc ística e protetora contra uma série de males.

•••••••••••••• •• •••••••• Sucesso do programa radiofônico "A Voz de Fátima,,

J

á estamos com o oitavo programa radiofônico "A Voz de Fátima", produzido por nossa Campanha! E isso graças a Nossa Senhora de Fátima e também aos benfeitores do programa, que contribuem com um donativo mensal para a continuidade e expansão desse projeto que difunde a Mensagem da Virgem por todo o Brasil. Atendendo aos pedidos dos ouvintes e das emissoras de rádio, estamos produzindo este programa com uma freqüência semanal . Apóiem-nos para que ele se expanda cada vez mais . Um número importante de emissoras passou o programa diversas vezes, devido aos pedidos por parte dos ouvintes. Se a emissora de sua cidade ainda não passa "A Voz de Fátima", entre em contat o com nosso plantão telefônico e saiba se ela est á recebendo o programa ou não. E aí contamos com seu empurrãozinho para que ela passe a transmitir .

• •• • ••• •

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••••••••••••••••••••• Expansão da Peregrinação permanente no ano 2000

E

stá prevista para o ano 2000 uma grande expansão da Peregrinação Permanente das Imagens de Nossa Senhora de Fátima, visando superar a meta de visitar 30 novas famílias por dia, para chegar no final do ano com cerca de 50 famílias visitadas diariamente . Os interessados em participar ativamente como Peregrino de Fátima devem telefonar ou escrever para a Campanha, manifestando interesse em ser peregrino, e enviar uma foto 3x4, informando seus dados pessoais e telefone, para que a Coordenação da campanha entre em contato, a fim de marc ar uma entrevista. O telefone para maiores escla recimentos : (0xx-11) 3955 -0660.

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À esquerda: visita da imagem de Na. Sra. de Fátima a uma residência em Aracaju (Sergipe). Ao fundo, vê-se o Peregrino de Fátima. No destaque, acima, a imagem acaba de ser coroada pela dona da casa.

Corajosas declarações de sacerdote da Igreja do Silêncio, na China comunista diário católico francês "La Croix" publicou, no dia 8 de março últi mo, importante artigo assinado por um sacerdote católico da chamada igreja clandestina na China, fie l a Roma. O artigo do Pe. Jean merece muito ser analisado*. Explica ele que, na China, a Igreja está div idida: há, de um lado, a verdadeira Igreja Católica, "subterrânea", formada por aqueles que "não querem. fa zer nenhuma concessão no campo da Fé. Por isto aceitam de bom grado as perseguições e as constrições ligadas à obrigação de adotar o caminho da clandestinidade". É considerada ilegal pelo Governo comunista, que a oprime e quer desmantelá- la e suprim i-la. De outro lado existe a Igrej a "oficial", que "decidiu separar-se da Santa Sé" e está submetida ao Governo comunista chinês. "Seus organismos são a Associação Patriótica dos Católicos da China, a Conf erência Episcopal Chinesa e o organismo de decisão suprema, a Assembléia dos Delegados Católicos, eleitos a cada cinco anos". Afüma o corajoso sacerdote: "Apesar das perseguições e opressões, a Igreja clandestina jarnais deixou de formar os membros de seu Clero, de organizar sem trégua o Lrabalho de evangelização. Quando urna igreja é.fechada, o sacerdote celebra a nússa e administra os sacram.entos nas casas dos católicos. Quando um sacerdote é preso, um leigo responsável da comunidade continua a animar os cristãos". Entretanto, pior que a perseguição do Governo comun ista e de todas as suas opressões, é a provação que vem de fora da China: "A Igreja clandestina padece urna prova ainda mais cruel que ... nos transtorna, nos perturba e nos siifoca: /rata-se dos modos de ver e da tendência dentro da própria Igreja, que desprezam a Igreja subterrânea e querem estrangulá-la".

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O regime comunista de Pequim não conseguiu extinguir a fé católica e as práticas religiosas de considerável número de chineses

Explica que, "na esperança de que os membros da Associação Patriótica tornem-se membros da Santa Igreja Católica, quase Lrês quartos dos Bispos da Igreja oficial são atualmente reconhecidos pelo Vaticano" . Esses Bispos reconhecidos pelo Vaticano, entretanto, "continuam membros da Associação Patriótica, assumem a responsabilidade por ela e participam de suas atividades ... não só desprezando a Igreja clandestina, mas apelam para as forças do Governo estenderem seus poderes e reduzirem o espaço vital da Igreja.clandestina". Ta is Bispos "patrióticos", assim reconhec idos pelo Vaticano, "por um lado são .fiéis ao Papa, por outro são .fiéis ao Governo . .. .. Isto satisfaz a ambos os partidos !" Resu ltado: "Isto desorienta os católicos de boa fé e semeia inquielude na consciência dos Bispos" fi éis. O perseguido acerdote lança este ape-

lo: "Gostaria que a San.ta Sé refletisse, antes de aprovar os Bispos chineses". Mas não é só isso que desconcerta os católicos verdadeiros na China. Tendo em vista ajudar a Igreja na China, muitas entidades do Exterior "enviam padres e religiosos para ensinar nos seminários chineses .... mas a maior parte deles vai ensinar nos seminários o.fi.ciais. Raramente dirigem-se aos clandeslinos". E lamenta: "Tem-se a impressão de que, apesar de tudo, as Igrejas locais estrangeiras sustentam a Associação Patriótica, a qual nos despreza...". O Pe. Jean ainda observa que, neste Jubi leu do ano 2000, "o Santo Padre convida os católicos do continente à unidade . .... Nós rezamos com vigor para que essa unidade possa realizar-se o quanto antes . .... Bastaria que um certo número de eclesiásticos responsáveis [pela Igreja "oficial"] fizesse cair esta máscara ... e exprimisse publicam.ente sua .fidelidade à Santa Sé, para que se pudesse concretizar a unidade da Igreja Católica chinesa. Seria preciso que os Bispos reconhecidos por Roma declarassem sua f é publicamente e apresentassem sua demissão da Associação Patriótica". E acrescenta: "Soube que na normalização das relações entre a China e a San.ta Sé foram dados passos adiante . .... Se isto puder trazer uma verdadeira liberdade para a fgreja chinesa ... sonhamos com uma normalização deste tipo. Mas se os direitos da Igreja forem continuamente reduzidos pelo Governo, não aceitamos". E conclu i com esta heróica afirmação: "Para mim seria melhor continuar na prisão e ser perseguido pela minha fé. fsto me propo rcionaria uma alegria ainda ♦ maior!".

*

Tal arti go fo i reprodu zido no boletim da agência ital iana Adista , de 27 de março último. Expomos ac ima a síntese desse tex to.

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ENTREVISTA

Pio IX e seu tempo

escritor Rino Cammi ll eri , o qual afirma que somente quem assistiu aos horrores totalitários do século XX - nazismo e comunismo pode entender perfeitamente tal característica.

: • • ••

Catolicismo - Em geral, a mídia digeriu mal : a recente beatificação de Pio IX. Alguns, por fim resignados ante o fato consumado, fazem uma distinção quanto à figura desse Sumo Pontífice. De um lado, descrevem-no como um político incauto, que promulgou documentos anacrônicos; e, de outro, como um homem de grandes virtudes em sua vida particular. O Sr. está de acordo com tal distinção?

Catolicismo - Que fatos do pontificado do Beato Pio IX o Sr. ressalta de modo especial em sua biografia, recentemente publicada?

Prof . Roberto de Mattei é docen te de História Moderna na Uni versidade de Cassino (Itália), preside o Centro Cultural Lepanto e é autor de numerosas obras traduzidas em diversos idiomas, dentre as quais desta ca-se a biografia O Cruzado do século XX - Plinio Corrêa de Oliveira, editada pela prestigiosa casa Piemme. Ele acaba de lançar, pela mesma editora, uma nova biografia, desta vez do Bem-aventurado Pio IX, elogiada pelo Secretário de Estado da Santa Sé, Cardeal Angelo Sodano e pelo Prefeito da Congregação para os Santos, Mons . E R r o OE fi',\TTEl Saraiva Martins. A primeira edição já está esgotada. A respe ito da obra, Catolicismo_entrevistou o Prof . de Mattei.

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os •

: • • : Prof. de Mattei: • •• "Devemos ressai• tar O aspecto : profético de Pio IX • que, dois anos •• antes da publica: ção do Manifesto • Comunista [de • : Marx] denunciou • na Encíclica Q uan t a cura •• • os ,çunestíssimos • erros do • •• comunismo e do • socialismo" : •

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Prof. Roberto de Mattei - É difícil sintetizar em breves linhas o pontificado mais longo da História - 32 anos! - excetuado o de São Pedro. E que fo i também riquíssimo em acontecimentos hi stóricos, políticos e reli giosos. Entretanto, é necessário assinalar antes de mais nada dois fatos de transcendental importância para a Igreja. No dia 8 de dezembro de 1854, o : Beato Pio IX definiu solenemente a doutrina • segundo a qual Maria Santíssima, "no primei• rv instante de sua concepção, por singular gra-

:

ça e privilégio de Deus onipotente, e em vista • dos méritos de Jesus Cristo, Salvador dos ho•• mens, foi preservada de toda mancha do peca• do original " . Tal definição, a própria Virgem : Santíssima a confirmou quatro anos depois, em • Lourdes, a Santa Bernadette Soubirous. No dia •• 8 de dezembro de 1869, o mesmo Pontífice : abriu sole nemente um novo Concílio Ecumê• nico-Vaticano 1- que, na Constituição Pas• tor Aeternus, definiu a infalibilidade do Papa : em matéria de fé e moral. Com tal ato erigiu • ele um bastião insuperável contra todas as ten•• tat1vas . de d esnaturar a essencia ~ . d a IgreJa . e de • decapitar sua hierarq uia. • Além disso, devemos ressaltar o aspecto • profético de Pio IX que, dois anos antes da •• publicação do Manifesto Comuni sta [de Marx] • e 150 anos antes da publicação do Livro Negro : do Comunismo, denunciou na Encíclica Quanta • cura, de 8-12- 1864, os "júnestíssimos erros do : coniunisrno e do socialis,no " . Tais erros servi• am de fundamento para a posição dos que afir: 1nava n1 que "a sociedade do,néstica te,n razão • de existir somente no direito civil " . E análogo : caráter profético do célebre Syllabus, de auto• ria do novo Bem-aventurado, foi ressaltado pelo

.

Prof. de Mattei - Certamente não. É verdade que João Paulo II observou que, ao se beatificar uma pessoa, não se beatifica cada uma de suas opções históricas. Este é um conceito conhecido. Porém, não quis ele com is o endossara tese de certa mídia anticleri cal, que divide a persona rd 1 ade de p io IX: ele seri a um homem de virtude privada que, paralelamente, teria cometido sistematicamente erros públicos. Separar a dimensão individual da pública é seguir a velha tese renascentista de Maquiavel, das duas morais autônomas e contrapostas, a qual alime ntou o Risorgimento anticlerical no século XIX. Segundo tal tese, a política emancipa- e da moral para transformar-se em mera técnica de poder; a "razão de Estado" tornase o critério supremo dos estadistas. A esta visão Pio IX contrapõe a sua, ou seja, uma concepção na qual po lítica e moral, ordem temporale ordem e pirilual são realidades que, embora distinta , não são separadas. Os gestos políticos e oc iais d Pi o IX emanam de sua vida interior e podem ser ompreendidos apenas à lu z d um a Teologia e de uma AnLr p lo ia cri tãs da História. O conhecido estudioso pre maturamente falecido, arcleal Vincenzo Fagiolo, escreveu no "O servatore Romano" três di·1s cl pois da beatificação daquele Ponlíl'i ce: "Os atos efetuados (no ponli l'i ado do Beato Pio IX) são a ·onlinuação do exercício herói ·o da virtude, da qual surgiu uma fcuna de santidade que foi crescendo cada vez mais no tempo " .

Catolicismo - Outra distinção que é feita freqüentemente é a

: • : •

Prof. de Mattei:

: "Com a Alocução • : Quibus, • quantisque : o Pontífice decidiu • romper os silênci: os e as demoras, • •• dissipou todo

• equívoco e esco: lheu a via da Cruz, • ou seja, da : Contra-Revolução, • na acepção de uma •

•• ••

grande Teologia da História"

• : • : • : • : • : • : • : •

.......,.... __,----

u ,.,...,.....,_..,,

de .um Pio IX reformista no decurso de 1846 a 1848, transformado após em enérgico reacionário, que voltou as costas aos amigos da primeira hora .

• : Prof. de Mattei -

Sobre o fato de Pio IX ter

: ini ciado seu pontificado com relevantes refor• mas políticas, sociais e administrativas, não há

: dúvida. Nenhum desses atos, em si mesmos, • pode ser consideraqo revolucionário, e ele os

: • : • :

• : • : • •

•• : • : • : • : • : • : • : • : •

efetuou com um si ncero desejo de melhorar as condições materiais e morais de seus Estados. Sem embargo, nas intenções do partido da Revolução, que o apoio u neste biênio, as reformas pontifícias eram etapas para alcançar de modo gradual, mas rapidamente, a substituição do Estado da Igreja por uma República Romana, que devia constituir o centro promotorda republicanização e secularização de toda a Península. Pio IX percebeu rapidamente que o partido da Revolução procurava instrumentaJizá-Jo, dando um significado ideológico a tais reformas, que constituíam na mente do Pontífice, sobretud o quanto a medidas concretas, modificações desprovidas de tal significado. Quando foi incentivado a declarar guerra à Áustria, principal nação católica da Europa, Pio IX recusou-se categoricamente, vendo co m inteira clareza que a Revolução se apresentava como uma ideologia oposta à concepção cristã do homem e da sociedade. No dia 29 de abril de 1848, com a Alocução Quibus, quantisque, o Pontífice decidiu romper os silêncios e as demoras, dissipou todo eq uívoco e escolheu a via da Cruz, ou seja, a via da contra-revolução. Não no sentido de uma mera ação contrári a, mas na acepção de uma grande Teologia da História que vê, até o fim do mundo, a luta sem quartel da Igreja contra seus inimigos, capitaneados por Satanás, cuja cabeça a Virgem Imaculada es magará. O Bem-aventurado Pio IX deuse, então, plenamente conta de que os ataq ues ao poder temporal do Papado se encaixavam na perspectiva revolucionária. Donde a defesa constituir-se para ele numa luta contra o processo de secu larização e imanentização da soc iedade. Como escrev i em meu livro, sua visão da Revolução tem muita afinidade com a descrita pelo Prof. Plinio Corrêa de Oliveira em sua obra Revolução e Con.tra♦ Revolução.

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AUGUSTA VISITANTE Imagem Peregrina Internacional de Nossa Senhora de Fátima, que chorou em 1972 nos Estados Unidos, visita mais uma vez a TFP

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s.ta mil agrosa Imagem (foto ao lado) fo i escul p ida sob a orientação direta da Irmã L úc ia, que descreveu ao arti sta exatamente como Nossa Senhora lhe aparecera em 19 l 7, na Cova ela Iri a. É a mesma que, na presença ele numerosas pessoas, milagrosamente verteu lágrimas vári as vezes em New Orleans, nos Estados U nidos, fa to docume ntado pe las câmaras ele fo tógrafos que presenciaram o prodi gioso aco ntecimento. Entre os di as 24 e 30 de setembro último, a TFP bras ile ira fo i honrada com nova vi sita dessa comovente Imagem (fotos l , 2 e 3). P roveniente dos Estados Unidos, primeira mente permaneceu em São Paul o, visitando nessa ocasião vári as sedes da entidade . No di a 29, esteve presente no Oratório Nossa Senhora da Conceição, Vítirna dos Terroristas (foto 4), que dá diretamente para a rua, na sede que a TFP mantém à Rua Martim Francisco, 665, no bairro de Santa Cec íli a, onde fo i ve nerada pelos moradores da região. A Imagem Peregrina percorreu ainda outras cidades, como Sa lvador, (foto 5), Belo Hori zonte, Brasília (foto 6), Ri o ele Jane iro, Campos (foto 7), C uritiba e Porto Alegre, sempre visitando sedes da TFP. Infe li zme nte não fo i possíve l que a peregrinação se estendesse por outras cidades, devido à extensa programação pré-e tabelecida para a Image m, em di versas localidades norte-ameri canas e outras partes do mundo. Em todas as cidades bras il eiras percorridas pela A ugusta Vi sitante notouse um afervoramento da piedade de modo extraordinári o, po is e la atraía intensamente as pessoas. Muitos observaram uma mutação de fi siono mia na Image m, ora parecendo tri ste, ora contentíssima, mas sempre bondosa. Tal a ação ela graça através de uma escultura, que emoc io nava a todos. Mesmo na despedida, reali zada no Aeroporto de G uarulhos (fotos 8 e 9) - portanto, num ambiente moderno e laico, que não lemb ra nem um pouco uma capela .. . - numerosas pessoas, passageiros que embarcavam ou desembarcavam, aproximava m-se devotamente da celestial e be líss ima Imagem, persignavam-se, rezavam um pouquinho. Alguns comentara m que e la parecia vi va, de tal modo sua fi sionomi a estava expressiva e co muni cativa. ♦

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www.catolicismo.com.br

Mensagens enviadas a senadores impedem, mais uma vez, o desarmamento dos homens honestos A Ca mpa nh a Pró Leg ítim a Defesa, da TF P, deu o brado de alerta. Milhares de mensagens, emails, f axes e te lefonemas fo ram enviados ao Senado. Resul tado: o pedido cio senador ~ nuda não fo i

PRO

G ÍTJMA

D E

EFESA

m meados de setembro os senadores tiveram que interromper a campanha pelos seus afilh ados po líticos, nas eleições municipais, para atender, dura nte o período de uma semana, a um e fo rço co ncentrado e votar uma séri e de p rojetos de lei considerados urgentes. Boatos cada vez rnai in i tentes indicavam que o e naclo r Jo é Roberto Arruda (PSDB -DF) iri a tentar aprovar, à sorrelfa, o proj eto de desarmamento, do senador Renan Ca lhe iros, apelando para um a " m a no brinh a" pe rmitid a pelo regul amento interno do Senado. A proveita ndo a ausência do senador Pedro Piva, relator da comissão de Relações Exteriores e Defesa Nac ional, te ntaria e le levar ao pl enári o, sem debate nessa comi ssão, o re lató ri o Renan Calheiros da Comissão de Constituição e Ju sti ça.

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~~r;~1:::0 ~ela mesa Dias antes, ague-

lesenador'.em entrev1sta ao Jorn a l " O Estado de Minas", lançava um desafi o di zendo que até o fim do ano e le conseguirá aprovar o desarmame nto, apesa r ela campanha e m sentido co ntrári o cio "poderoso

tendendo a inúmeros pedidos, mesmo a certas exigências ... , Catolicismo lançou suas páginas na rede mundial de computadores, no dia 3 de outubro último. Alegra-nos a idéia de que, de qualquer parte do mundo, um católico poderá saciar sua fome da boa doutrina, conhecer os mais variados temas - religiosos, históricos , filosóficos, sócio econômicos, cultu rais - , ter a informação sobre os principais acontecimentos da atualidade, tudo visto sob o prisma da mais lídima doutrina da Igreja. Assim , por exemplo, um fiel isolado no Timor Leste, rodeado e perseguido por muçulmanos, tendo acesso à Internet, poderá manter contato com o mundo cató lico. E para tal, basta estabelecer comunicação com nosso endereço eletrônico: www .catolicismo.com.br. ♦

A

lobby das a rmas que agora se aliou a movimentos conservadores como a TFP ". U ma grande vitória da campanha contra o desarmamento dos ho me ns ho nestos fo i a limina r, concedida pelo Supremo Tribunal Federal em 18 de outubro último, suspendendo a M edida Provi sória edi tada pelo Governo, que pro ibia até o dia 31 de dezembro o registro ele armas no País. A decisão fo i to mada por unanimidade pelos 11 Mini tros do STF. O presidente do STF, mini tro Carlos Velloso, argumentou com razão que a MP não surtia efeitos para o controle da criminalidade, pois "bandido não

Aspecto parcial da asslstlncia durante a exposição do orador Pro(. Paulo Corr§a de Brito Filho

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compra arma em. loja". A limin ar ac im a referid a é mais um estímulo para o prosseguimento da Campanha Pró Le-

gítima Def esa .

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A111Hdad1 CandHmlOII

'NaC..,,.c°""'""'· cllMll:"'_tl_. (IIMl'tld•,,,.,. P111ft(Jl,c,

ealizada na Sede da TFP do Rio de Janeiro, no dia 24 de setembro último, a .Jornada de Estudos revelou-se muito proveitosa para jovens universitários cariocas e fluminenses que dela participaram. O tema principal - "A crise do mmulo 11wdemo dentro das perspectivas de Fátima" - foi explanado pelo Prof.

Flagrante do almoço servido aos participantes da Jornada de Estudos

Paulo Corrêa de Brito Filho. Várias conversas animaram os intervalos, demonstrando os participantes ela jornada grande interesse pelos temas das reuniões. A Jornada de Estudos foi encerrada com audição de música barroca brasileira e conversa sobre o histórico de nossa música colonial. ♦

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DOIS memms DE SER DO ESPÍBl~Q MILITAR BRASILEIREl Plinio Corrêa de Oliveira extensões ele terras quase ilimitadas, enormes plantações d mate, criações ele gado e grandes populações habitando suas fazendas. El es eram os senhores nessas terras. A solidariedad · patrões-empregados era total. I sso fazia com que, em cada guerra de fronteira, os faze ndeiros - homens fortes, só lidos e dominadores - e seus peões fossem para a luta como unidades militares. Vivi am à militar - chapelão, botas altas, laço vermelho no pescoço, poncho. E não di spensa ndo o chimarrão, com aquela bombilha d · prata, e empreendendo cé leres cavalgadas pelas vastidõ s dos pampas (fotos à esquerd a).

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ois Estados ele nossa Federação - muilo cli stanLes geografi camente entre si, e cujos habitantes têm temperam entos também bastante diferentes - aprese nta m fo rtes tendências ao militari smo : Rio Grande ci o Sul e Ceará. O primeiro é militar sobretudo porque está situ ado na fronteira. Houve no passado conflitos com nossos vi zinhos, o que expli ca ser - entre os sul-rio-granclenses - o senso ele guerra e ele luta muito mais intenso cio que entre os habitantes ele Estados não fronteiri ços, para os quais a guerra afi gura-se como uma coi sa dista nte. Para os gaúchos , não ! A guerra travou-se no seu própri o Lerri tóri o. D ecorre daí que uma parte considerável cio contingente militar brasileiro foi, até passado recenle, constituído por gaúchos. 1_l á um modo gaúcho ele ser mi litar. O mil ilari smo sul -rio-grandens • l ·m algo cl feuda l. /\ rai z d sse tipo ele militari smo prov m lo v ·lho coronel ismo agrírn ln I rn si l •iro. Fazendeiros com

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Terá a configuração geográfi ca e climáti ca cl Estado do Ceará influenciado o modo ele ser militar cea rense? T: rni s • ·u, populações vivendo em meio àquela natureza árida .. . O espírito combativo não é o do senhor - a · nl uu lum ·11t l' com uma base na terra e mandando em genl 1u · l'a;,, p11rl · dn rai z dele, como os gaúchos - mas é cl cava i •iros · 111 ' Ol'I' ·ri ns e tropeli as por aqueles imensos serlõ s, quas • d ·s rti ·os. U nrn espéc ie de faroeste norte-ameri ano do s ·ul o passado, n111s acl aplado às condições brasil eiras ao 1· 111p ·ra m 111 0 na ·ionnl ( l'olos abai xo) . Homens sem aquel ar stável fi rme ci o gaúcho, qu ' 111 • parece simpático . M as ·orn outro mo lo ele ser, que jul o si111páti co também - o ele homen com o espírito de aventuru, urn a espéc ie de d 'Artagnans ela caa tinga.. . D ando ori gem a li guras humanas legendárias corn o o Padre C ícero, que brasil •i ro nenhum desconhece.

Excertos da conferência proferida pelo Prof. Plínio Corr Cl Oliveira para sócios e cooperadores da TFP, em 14 de março d 1987. Sem revisão do autor.


ATAL


O último Cartão de Natal do milênio ~

A realidade concisa171ente

6

T

odo os anos um a expecta ti va animava num rosas p ssoas que cos tum avam nvia r ca rtões ele Natal ao Dr. Plinio. onsistia ela cm rcceb r, ai ' um 1' mpo lepois, outro ·arl , o 'ITI r spos l ;1, ass in ada por el mas ele ale ria l1in10 qu · No Natal d ·o ·om ' inorou o insi ne lí n sta 1, rra - pois o d' 1( 95 · ·I ·bro u-o 1 • lo a Nosso S ·nho r, à uríss ima e aos

A A,lor.,ç,w

,lo, 11,,1, M,llfl"

/1•11h,111 Lot'/1111•1 (sl•1 XV), C,1l1•tl1,1I tlt• Cu/ 111,1 (AI, 111,111/1,1)

Anjos l' Slll 1l os , dilm1 ·il' 11 t1111 11 11 H1 11 s1 11•l' lll q1 w 11i 11d 1 hoj ', d · ·on idos s ·is 11110s, 1· d1· 11 11111 atualidtidl' 11dlllir(1vl'i . J\ssin1 , 11 :s l1· 1í lli1110 N11(11 l do , 1• culo do mil nio, oi' •1·1•1·1·1110s II nos

s • ·r ·t:'írio

sos I itor s o belo texto dessa mensa 111 na1alina.

/\p s in1rod11 1/,ir o t ·11111 , 1 r. Pl ini o r ·l' ·r ·-s · 1 pro xi111id11d ·do 'l'·r. •iro Mil ni o, ·o rn ·11t11ndo o " dia ,1'0{(' /1 (' (' Ollµ ll ,\'/1) (' li/ (f/1 (' .\'(' (' II C ' /'-

/'(//' o, oo 11111 ,1·1110 te111po, u111 a 110, um

c11/o, 11111 111.ilt 11io ", e acresce nta 'S las sublim s palavras:

., ·

1

" Co mo é natural, neste momento os homens evocarão sumariamente como era o mundo mil anos atrás, compará-lo-ão com o que é hoje, e se perguntarão como ele será amanhã .. . no ano 2100 ... no ano 3000! Impossível será abarcar ordenadamente tantos acontecimentos, tantas ascensões, tantas clecaclências, tantas esperanças e tantas apreensões, que uma tal visão ele conjunto traz à tona. Para o homem ele fé, as linhas mestras ela História são trnçaclas segundo critério claro e luminoso: o que foi feito ela I grej a Católica e ela C ivili zação ri stã no curso deste milênio, d si s ·ulo, d st ano? qu s rá cl • urna · d · outra no porvir? li, 110 pl:1110 IL'lllJ)Ol': il , :lll il or:is Í ll( (' I 1'0/'ll '( \'N N\' 11)1'\'Sl ' lltlllll ('O II Nl ' 1·11t i v:11111·111 1· 110 1·sp I i10 : o q111· lrn kilo do 111111, II, 111·, 11111 •I 1d1• d1· 111 i 1111 iu in 111 1'1 11 1d 11 1wl I r li1·111da 1 11< 11-,, 1l •1111d1, 11111, d11( )rd ·111d · ( '1i, 1!1, 1•11n111 11d ui 1s por P •dro Á lv111 •, <' 1111 11 1' l>o 11osso granel e q1 11•1Ido llrnsi l, •11 vo lto hoj e em ne1111 los I lll ·s ·lu d · caos e ele confus110, dl' pro •r sso e ele carência?

Quer na subli me noit e d N atal, qu ' r na no il da

Século XX

8 Nossa capa:

r. 111 ·as , depositemos to los os nossos anse io s aos pés cio M enino D eus, que sorri misericordioso sob os olhares enlevaclos ele Maria e José. E Lhes supli quemos que os dias vindouros conheçam, pela graça ela D eus, regenerações transfi guradoras e, assim, a moralidade geral, hoje em catastrófica decadência, se reerga ao suave e vitorioso baf ej o ela fé. Que a Santa I greja se desvencilh e por fim ela cri se dramática em que vive nestes dias ele co nfusão e ele angú stia, e que seja reconheci da por todos os povos como a úni ca I greja verdad eira cio único D eus v erclacleiro, como inspiradora e M ãe ele todo bem espiritual e temporal. E que, abrindo cada homem a -E la seus corações , El a ilumine co m e plenclor so lar todos os incli vícl uos , as t'-lmflias, as in stitui ções \ ns I UI ' ( ' S. St o 1•ss1·s os volos qu ' formu lo, 111, li111i 111· dni f • 11no, os quai s torn o rnrdi 11 l111 ·111 ' ·x t ' nsivos a todos os q11 • 111 • s;lo caros e suas respectivas fa míli as. Pela intercessão vitoriosa ele Maria, nossas preces ver-se-ão atendi das" .

Em Berlim , marcas do comunismo Arbitrariedade dos ambienta li stas no Parque do Iguaçu

Análise retrospectiva do século que finda

A feira de Natal na Praça Municipal de Viena

18 Natal

vienense: encanto universal

Excertos

Carta do Diretor

2

23

Um histórico cartão de Natal

A palavra do sacerdote

4

Imagem de Nossa Senhora de Fátima é recebida na cidade de Kelme (Lituânia), com um discurso do deputado Antanas Racas

Capa

Por qu e os católicos guardam o domingo e não o sábado? Normas quanto ao trato com animais

Escrevel71 os leitores

41

História

27

Nacional

Carlos Magno: 1 200 anos de sua coroação como Imperador

Vidas de Santos

42 Eleições

municipais: para avançar, esquerda se camufla

TFPs el71 ação

29 Santo

Elói, um primor da era medieval

44 -

Santos e Festas do 171ês

32 Entrevista

Comemoração do 1 0° aniversário da libertação lituana: presença da TFP Atividades em prol da formação da juventude

34 Os

Al71bientes, Costul71es, Civilizações

Ecos de Fátil71a

48 Esplêndida

sérios problemas do ensino no Brasil de hoje

37

variedade, característica do povo italiano

Imagens Peregrinas de Nossa Senhora de Fátima: profusão de graças pelo Brasil

Busto relicário de ouro do séc. XIII, que contém os restos mortais de Carlos Magno. Tesouro da Catedral de • Aix-la-Chapelle (Alemanha)

CATO LI

e

ISMO

Dezembro de 2000

3


P~lavra

siCerdote

Dl._ __

Pergunta Deus santificou o sábado no Antigo Testamento, mas nós católicos observamos o domingo. O Sr. poderia explicar por que a Igreja fez essa alteração?

Resposta Vive mos numa é poca e m que tudo ó se resol ve o u se institui por le i., decre tos, portari a., constitui ções e le. Assim , ai I ode passar pela cab ça I ai ' li m qu , m d ' 1 rmin ado 1110 111e n10, d ' poi s de ·o nstilu ícla a 1 •r ja , i'ío Pedro u a i •um de s ' us sue 'Ssores te nha ba ixado uma norma sub. ti tu indo o sábado pe lo domingo como o dia a ser santific a do pe los cató li cos. E ntretanto, os fatos não se passaram prec isamente assim. Como to da sociedade viva, a Ig reja, condu z ida pe lo Es pírito Santo, fo i procede ndo a essa substituição de mane ira muito natural e o rgâni ca, sens ível às necessidades, aos costumes e aos lu ga res, expandindo- se co mo uma á rvo re deita seus ga lhos e suas folhas, vencendo o u co ntorn a ndo os o bstác ul os que aparec iam. Te ndo Nosso Senhor Jes us C ri sto ress usc itado no prime iro dia da semana (o dia eguinte ao sábado), e apareido nesse mesmo dia à tard e aos d i c ípul os re unidos no ná ul o , e o utra vez oito 4

C /1 T O L I C I S M O

dias depoi s, para confirmar São Tomé na fé, era natural que os primeiros cristãos se re unissem nesse di a da se mana a fim de come morar tão gra nde acontec ime nto. Esse era o di a da Ressurre ição do Senhor, dia portanto do Senho r, e m latim Dies Domini, de o nde se o ri g inou a pa lavra domingo. O preceito di vino do "Sabbat" sucumbira com os ritua is da Lei Mosaica, e a Igreja devia e manc ipar-se da Sinagoga. Esse não foi, e ntretanto, desde logo um procedime nto abso lutame nte geral. Prova-o o fato de os Apóstolos, e e m pa rti c ul ar São Paulo, continua re m a freq üe ntar as sinagogas - o nde os jude us se re uni a m aos sábados - , mas para aí anunc ia re m Jesus ri stó.

É inl rcs.-a nte eclesiásti ca, justanota r como muitas me nte qu a nd o o in s t it ui ções la primitiv o fe r vo r Tg reja nasce ram começava a decapara marcar s ua ir. Por exempl o, no opos ição ao mun Conc ílio de E lvira, do exterior - no cio ano 300, estacaso, ao judaísmo bel cem- e as conCônego hostil - , ou a e r- JOSÉ LUIZ VILLAC seqüê nc ia. pe na is ros que se dissemi para os fi is, d enava m nos seus próprios a mpoi s de três a u ê nc ias à Ig rebi e ntes inte rn os. ja e m dia de domingo. Segui ra m -se o utros decretos d e Ass im , só com o passar do te mpo a celebração do Dia conc ílios partic ulares, e só no do Senhor no primeiro dia da século XX o Código de Disemana, e não ma is no sábareito Canônico de 19 17 comdo, foi-se ge nerali za ndo e arpil o u pela primeira vez essa rai ga ndo na Tg rej a po r todas tradi ção numa le i uni versa l, hoje corpo ri ficada no l º Preas partes . E a santificação desse dia era de tal ma ne ira ce ito da Tgreja: "Ouvir Mi ssentida como uma obri gação sa inte ira nos Domingos e Festas de G uard a". O que se d e consc iê nc ia pe los fi is , que ó do . écul o lV e m li a nap li ca a todos os fi é is, com te a I r ja sentiu n ss i lacle as exceções óbvias por razões d pr s ·r 'V '\-la ·01110 no rma superiores o u de bom senso. Como esta mos lo nge da idé ia - com um e m nossos dias - de que tudo começa com um decreto! ...

Pergunta A respeito do descanso tlominical, como ficam os que trabalham em mutirão, para levantar sua própria casa, sendo geralmente aos domingos? Como ficam os que trabalham em hospitais, transportes públicos e tantos outros serviços?

Resposta A segun da pa rte da perg unta se res ponde mai s simplificada mente que a primeira, poi s, co mo di sse Nosso Senhor no Evangelho, "o sá-

badofoifeito para o homem, e não o hom.em para o sábado" (M e 2,27). U ma vez que O Santo Sacrifício d,1 Mi.\ ·,1 11.. es Tres Richcs Hew••~ du Duc de Be11y (\f•r. V) , Museu Comh, Ch,111/illy (Franç.3 )

Dezembro de 2000

um a cidade não pode fi car se m tran s porte púb li cos, sem hospita is, em polícia , sem ág ua, se m e letricidade e mes mo e m restaura ntes e tantos o utros servi ços, é óbvio que que m ne les traba lha fica automaticamente escusado do prece ito do descanso dominical. Como é be m sab ido, não pensavam assim os fa riseus esses precursores do raciona l is mo m oderno - que interpretando tendenc iosa e ri go ri sticame nte os preceitos da Le i de Mo isés, acabrunh avam o povo com ex igênc ias extravagantes. E chegavam a interpelar o próprio Filho de Deus, que faz ia c uras aos sábados. O fato mais cl amoroso fo i a c ura do cego de nascença (]o 9, 1-4 1). Diante cio milagre assombroso, e les não se maravilharam I E estavam com s uas mentes tão di storc idas, que di sseram: "Este homem,

pode m ser d e rrogadas. Em concreto, o prime iro passo seria recorrer ao Pároco local para obter a di spe nsa do Preceito. Não sendo isto viável, pode-se então, dentro da prudê nc ia, dar-se por escusado. Mas essa de rrogação de le is sacrossa ntas te m seus limites, impostos pe la própria sacra lidade ela le i. É preciso que no caso acima ventilado o serviço não se pro lo ng ue a lé m de um certo prazo razoável, a fim de não se tornar habitua l; que não se estenda a obras supé rfluas ou desnecessárias; que não chegue a ponto de om itir as preces o u atos de c ul to que comodame nte pos sa m ser fe itos, a fim de sa ntificar o do mingo. Enfim, o amor a De us, que leva a ter bom senso, deve prevalecer em tudo e acima de tudo.

que não guarda o sábado, ncio

Co ncordo p erfeitamente que os exageros de luxo no trato de animais são anticristãos; é divina a supremacia do ser humano sobre os animais. Mas fico preocupada com a interpretação que alg umas pessoas possam fazer: há pessoas que "só querem um pé" [uma baseJpara maltratar os animais. Sugiro que se e,tatize que a violência contra animais também desagrada a Deus.

é de Deus" (.lo 9, 16). Por isso, Nosso Se nh o r disse a e les: "Fica pois subsislindo o vosso pecado" (.lo 9, 4 1). Quanto à prime ira parte da pe rg unta, val e o mesmo princípio es tabe lec id o no Eva nge lh o de São Marcos, ac ima c itado: "o sábado foi

f eilo para o homem ". 1nfe lizmente, as condições da vida modern a tornaram-se tão duras, que muitos traba1hado res manu a is não têm condição de contratar um empreite iro que lhes construa a casa de qu e prec isa m pa ra ab ri gar a s i e a sua fam íli a. Eles só contam com o seu próprio trabalho braçal e o de pare ntes e am igos, que se di spõem a ajudá- los na edificação de sua casa. Que o utra solução dar? - Eles se encontra m obv iamente num caso de ex trema necess idade, diante da qual certas le is positivas

Pergunta

Resposta A fo rmul ação da cons ule nte é perfe itame nte correta: a supremacia do ser humano sob re os an im a is d e ve ser ex re ida, como tudo que diz respe ito à atuação do ho mem, de aco rd o com a razão e com a le i de Deus. Assim, maltrata r sem razão o · an imai s, que De us criou para o serviço do ho mem , é um ato de ingrati -

dão para com o próprio Deus. Ademai s é um ato contra a razão, o qu a l degrada o próprio homem. Quando Catolicismo c ritica os exageros de lux o no trato co m a nima is, o faz para prevenir seus le itores contra um e rro grave que vai se in s inua ndo sorrate iram e nte na sociedade: é uma certa co rre nte de eco log istas q ue di vinizam ele ta l man eira os entes in fe ri o res, que acaba m se voltando co ntra o pró prio homem . Este passa a ser o g rande vilão da C ri ação, o in co rri g íve l pre dador, respon sável po r todo "desequi líbri o eco lógico", pe la extinção de espécies an ima is o u vege tai s, pe lo a um e nto d o fu ro na camada d e ozô nio (q ue protege a face da Te rra ontra os raios infrave rmelhos) e o utras tantas ac usações do gê nero. À parte o e no rm e exagero (e e m a lg un s casos até a total falta de fund a mento) dessas ac usações, não é possível de ixa r de fri sar que o a mor desordenado da nat ureza se vo lta

CATO LIC ISMO

ass im e m ódi o contr o ser hum ano, e conseqüentemente contra o Criador, que criou o ho me m à s ua imagem e seme lh ança e o esta be lece u como o re i ela Criação. Estas observações não são fruto da fantasia. N o norte da [tál ia, proje to u-se uma estrada que contornava uma c idade, porque a estrada princ ipal passava pe lo me io de la, provocando muitos atropelamentos de adultos e crianças. Os eco log istas conseguiram sustar po r dois a nos a construção do desvio, pois diziam que e le iria de rrubar uma faixa da mata e pe rturbar o chamado "equilíbrio ecológ ico" da região! Quer di zer, para esses ecolog istas era ma is impo rtante ev ita r o " ma l estar" de a nimai s s ilvestres do que o atrope lame nto de crianças de ntro da c idade! ... Esse é o fund o cio problema contra o qual Catolicismo procura alertar os seus le itores. Isso posto, é claro que o trato para com os anima is não deve ser cruel nem abusivo. ♦ Dezembro de 2000

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Avitória do PT: alegria entre abastados esquerdistas e ... em sacristias

U

Para ambientalistas: intocáveis plantas e animais

U

m atalho de 17 quil ômetros denominado Estrada do Colono, que encurta cerca de 120 quilôm tros a li gação entre as regiões oeste e sudoeste do Paraná, fo i obj to lc arbi trari dad J or pa rte dos ambientalistas, no Parque do Iguaçu. O adv gado Pedro Henrique Xavier afi rma que não fi cou comprovado que o referido atalho cause danos ao meio ambiente, e que.do lado argentino do parque ex iste estrada semelhante há mais de 40 anos. A Estrada do Colono fo i aberta em 1954 para fac ili tar a co loni zação do oeste paranaense por imigrantes gaúchos e catarinenses . É ju sta e louvável ta l iniciativa, uma vez que Deus criou as pl antas e os anim ai s para servirem ao homem (G n 1, 24 a 31); e é de bom . cnso que tais imi grantes tenham encurtado o ca minho entre aq u las regiões, para sua comod iclacl . Ca. o pr va i ça a vo ntade los ambi nta l istas, s homens, tendo que andar 120 qui lômetros a mais, e tarão se submetendo absurdamente à pretensa intocabil idade de seres inferi ores ao gênero humano: ♦ plantas e animais!

m comentai.·ista político dizia que o Partido dos Trabalhadores (PT) fo i a Democrac iaCri stã (DC) que deu certo no Brasil. Foi o chamado catolicismo progressista que contri buiu ativamente para a fundação e consolidação do PT. E as lideranças na estru tura do Partido, denominado dos Trabalhadores, foram endo hab ilmente ocupadas por diri gentes las classes média e alta . Na âmara r d mi, a1cnas 9 r'o ela ban ·ada do PT ·onslilu ícla I or tas. rcs ta nt ela ba ncada , bem como a maiori a do · eleitos pelo PT neste último pleito, estão bem instalados nas classes média e alta. Basta lembrar M arta Supli cy. E uma constatação curiosa: alguns petistas, de seus automóveis de luxo, gri tam insultos de in spi ração comuni sta contra os que defendem em campanha pública os princípios que asseguram ♦ a propriedade deles ...

lura tonte de desgraças

para os alemães...

quotidiano alemão "Bildzeitung", de 2 de setembro último, se pergunta se não há uma maldição sobre o euro, moeda única da União Européia, que será posta cm circulação no dia 2 de janeiro de 2002, e que já fez munerosas vítimas. O referido diário publica as fotos de quatro políticos europeus famosos que contribuíram para a introdução da moeda única, e que terminaram mal:

º

e AT o LIC ISMO

Dezembro de '2000

tro anos de cadeia por corrupção"; • Roland Dumas, que um ano após o Tratado perdeu a pasta do Ministério do Exterior francês, implicado em escândalo por corrupção; • Francisco Ordófíez, Ministro do Exterior espanhol, que em junho de 1992 demitiu-se por razões de saúde e morreu de câncer em agosto do mesmo ano. A lista é longa e inclui também o ex-Ministro do Tesouro italiano,

Guido Carli, morto 14 meses após Maastricht, e os Ministros alemães Hans Diet.rich Genscher, do Exterior, que se demitiu, e o das Finanças, Theo Waigel, vencido nas eleições. Atualmente, além de rendimentos ilusórios, começa-se a crer que o euro traz consigo "vibrações" negativas. Os alemães adiantam a seguinte hipótese: essa moeda traz infelicidade e poderá continuar a provocar dramas e lutos, o que o solidíssimo marco teutônico jamais fez ... É claro que não acreditamos em superstições. Porém, não se pode descartar a hipótese de que um empreendimento nitidamente socialista, como é a introdução dessa moeda única, afaste as bênçãos divinas. ♦

Jornal comunista italiano volta às bancas

Inauguração de mesquita: protestos em Buenos Aires

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A

x-órgão cio Partido Comuni sta Itali ano (P l), e depois do PDS (Partido Democrático da Esq u rel a, at ual nome do PC I), "L'U nità" vol tará às bancas, após p rmanecer por três meses fechado devido à fa lta de assinantes, o que o levou à bancarrota fi nanceira . A gora conseguiu que capitali stas o fi nanciem. Os novos proprietários chamaram Furio Colombo, que fo i um dos grandes j ornali stas do "La Stampa", e depois do "La Repubblica", para ser o novo diretor do "L'Unità".

"O j ornal criado por Antonio Grarnsci " (fun lador do P ] ) em 1924 clcsl i na-se a "uma esquerda 111ois a111pla e plural" , egundo o ed itor /\ 1'ssai1 Iro Da lai. "Será wn jor1101 oo 111es1110 tempo liberal e radi('(I / ", a Tcsccntou o edi tor, ex plicando que o principal obj etivo é "atrair r1 no va classe de intelectuais, bcuiqneims, .financistas e escritores". A hi stóri a de "L'U ni tà" confirma a prática que está se torn ando corrente: cap i ta li stas de esquerd a procura m sal var o comuni mo rej eitado pelas massa . ♦

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• Pierre Beregovoy, ex-Primeiro-ministro francês, que após a assinatura do Tratado de Maastricht em 7-2-92, suicidou-se com um tiro de revólver, em maio de 1993; • Gianni De Michelis, ex-Ministro do Exterior italiano, que apenas dois meses após Maastricht perdeu o cargo e foi condenado "a qua-

in auguração da maior mesquita da Am éri ca Latina num dos mais elegantes bairros de Buenos Aires suscitou fort e reação do Centro Cultural Recon quista. Trata-se de uma entidade de jovens prof ission ais e univ ersi tá ri os, que enviou ao Chefe de Est ado pl atino, Fern án de La Rú a, cart a de protesto, na qual se refere ao ato com o "uma g rave afronta à consciência dos católicos argen tinos". O Cen tro Cult ural Recon quista lembra qu e o Est ado argentino, de acordo com a Constitui ção do país, "m antém o culto católico, ap ostólico, rom ano". As sim , é cont raditório que o Presidente ass ista à inauguração da mesq uita construída pelo Govern o da Ar ábi a Saudita, país ond e é expressam ent e proibida a edificação de t emplos cató li cos. Pior ainda , onde, adem ais, pratica-se ofic ialmente um a cru el e impl acável perseg uição contra os ca t óli cos. A polít ica anticristã empreendida pela Arábia Saudita - ac resce nta a decla ração do Cen tro Cultural Reconquis ta - co rres ponde ainda ao ensin amento mini strado nas escol as "corânicas " anexas às mesqui stas, de qu e é "ímpio" e est á sujeito a "terrível castigo" quem afirme qu e "Deus é o M essias, filho de M aria" (V , 7 2 ). ♦

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BREVES RELIGIOSAS ...J Um milhão de

peregrinos veneram o Santo Sudário Encerrou-se a 22 de outubro último a exposição de;> Santo Sudário, tecido sagras do que envolveu o corpo de Nosso Senhor Jesus Cristo após a Crucifixão . Foi a mais longa exposição pública da História: 72 dias, no decorrer dos quais mais de um milhão de peregrinos veneraram a santa relíquia. ...J Missionária católica

assassinada na África Informa a Agência Zenit que a religiosa italiana Gina Simionato, apelidada Gihiza, de 55 anos, quando se dirigia em 15 de outubro último de Gitega - situada a oeste da capital do Burundi, na África - com três irmãs burundianas para participar da Missa dominical, foi brutalmente assassinada por guerrilheiros. É o quarto assassinato de missionário italiano em 15 dias na África ... Sintoma evidente de que o ódio à verdadeira Religião continua crescente, o que inexplicavelmente é ignorado por católicos progressistas. ...J Descobertos possíveis

indícios do Dilúvio Robert Ballard, explorador marítimo americano - o mesmo que descobriu o Titanic encontrou no Mar Negro, utilizando mini-submarinos e robôs aquáticos, ruínas localizadas a 100 m de profundidade. Elas ficaram preservadas por causa da falta de oxigênio na água. O explorador deparou com sinais de uma antiga linha costeira a 150 m de profundidade. Segundo ele, essas descobertas podem ser a comprovação científica do Dilúvio narrado na Sagrada Escritura.

•7t1-

l

~CAT O LI

eISMO

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SÉCULO XX

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ouco! Derrotista! Pess imista! Temerári o! Seriam estas algum as das qualificações que poderi a receber quem, no início do · cul o XX, ousasse afirmar que a humanidade chegari a ao fim cio milênio num estado caóLico. Entretanto, hoje... quem ousa nega r? No mínimo, seri a um otimi smo vesgo. Aquilo que atualmente é óbv io, há 100 anos era inimagi nável. Este séc ulo iniciou-se jubiloso e suntuoso, o futuro entrevi a-se promi ssor e deslumbra nte. Dentro de al gun s dias esta remos transpondo o umbral do sécul o XX , entrando no terceiro milênio, com os fogos de artifício espocando, o champanhe borbulhando nas taças, os sinos das igrejas repicando em comemoração pela passagem de ano, de século, de milêni o. Sublime e grandioso momento que emociona e convida a lançar um olhar pers-

refutá- los, provando que é bom apenas o que é ordenado, o qu e é desejado por Deus" 2• Bem diversas as du as co ncepções deste mundo: numa a Terra é concebida para ser o "paraíso" materiali sta ; na outra a Terra é u111 lugar de prova , uma passagem para o Céu.

crutanclo o futuro, mas Lamb m um olhar retro peclivo para o I assa lo, recor !anelo os 100 últimos anos que lransco rreram na Hi stóri a. écul o ele grandes acontecimentos ... ele grandes catásLrofes. Século de desco berta s portento as e incrívei s, mas também de apavora nte e incurávei s doenças, no qual muitas enfermidades foram errad icadas, e outras surgiram ... Século de grandes invenções, co mo a navegação aérea e a energia atôm ica, mas ele duas Grandes Guerras mundi ais e inúmeras outras regionais e nacionai s. Armas atômicas ameaçam destruir o que o homem construiu ao longo não só d 100 anos, mas cio mil êni o. Sécul o ele magníficas esperanças, ele tremenda. clesi l usões ... A. espera nças ci o início, que voaram nas míticas asas ele um simb li co Concorde, fi n larão espali fadas ao so lo, co mo recentemente ocorreu co m esse av ião supersônico nos arredores ele Pari s?

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Distinção entre autêntico e fa/so progresso

Plinio Corrêa de Oliveira Como esq uadrinhar esses e tantos outros acontec imentos? Impossível tarefa para os limites destas pág inas. Procuraremos tão-somente anali sar as conseqüências ele alguns importantes temas que marcara m o sécul o XX e influíram · para a formação ela mentalidade cio homem co ntemporâ neo . Procuraremos considerá- los cio ângul o de vi são ele um cios maiores expoentes de nossos tempos - o que é atestado mes mo por adversários-, o homem de fé, pensamento, ação e luta, fund ador ela TFP, inspi rador e principal co laborador ele Catolicismo, o saudoso Prof. Plínio Corrêa ele Oliveira .

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CATO LI

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ISMO

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O otimismo, atrelado nas descobertas da medicina e da tecnologia, levou os homens do século XX a sonhar com um "paralso" nesta Terra. O declinar do ano 2000 carrega consigo as provas da agonia desse sonho: guerras, novas moléstias, doenças incuráveis, ameaças de todo gênero nos cercam constantemente...

Um homem que, desde os pri111órdios cio sécul o, não foi na onda do oti mi s1110 generali zado nem embar ·ou no ·ntu siasmo eufóri c p lo pro •r •sso material, na confiança a •m r ·111<;1 o , s ·iGn ias e às técnicas, qu · •111110 i111pr • >nava111 Lodos os 11111hi ·11IL'S . P ·lo crn1lrári o, desde sw1 fl( loll's · n ·i11\'IL• 11 IL•t1011 seus conlc111poríl1wos eo1111·11 o iluso1io progresso ci-

entífico; negou o que muitíssimos afirmavam encantados: que o avanço tecnológico era o caminho e a so lução para todos os probl emas. Remando contra a maré, ele afirmava que a solução não es- -· tava na técnica, mas sim nAquele que é "via, veritas et vita " (caminho, verdade e vicia, Nosso Senhor Jesus Cri to).

Duas concepções antagônicas do mundo "À medida que se aproxima o fim cio presente milênio, o mundo parece ir submerg indo no caos reinante em todos os campos cio ex isti r humano. É que a humanidade vem se distanciando sem-

pre mais dAquele que é o 'Caminho, a Verdade e a Vida "' 1• Com essas palavras, o Prof. Plinio sinteti za sua apreciação sobre a decadência ele nosso sécul o. Apreci ação oposta ao pensamento materiali sta, por ele concisa mente descrito no que segue: "Os sociali stas afirmam que o critério ele moralidade é o p17ogresso da soci edade, a felicidade neste mundo. Para eles, é bom o que torna o homem feli z nesta vida; é bom o que con tribui para o progresso científico; é bom o que plani fi ca, organi za, simplifica e enriquece a soc iedade civ il. " O es tudo da Lei etern a nos permite

A ss im, ainda que numa determinada época o progresso material atinja seu topo, se os homens não tiverem diante de si o fim para o qu al nasceram, desviar-se-ão irremed iavelmente cio rumo traçado pel a Divina Providência. Claro que não se trata de combater todo e qualquer avanço tecnológico, mas sim de usá- lo retamente, ele modo a que contribua também para o progresso espiritual. Dr. Plínio sempre censurou - baseando-se ali ás na doutrina expl anada pelo Papa Pio X II - a idolatri a do progresso e a exaltação da técnica como se fossem divindades. O que ele deixou muito bem explicitado nos seguintes termos: "A Contra- Revo lução 3 é progress ista ? Sim, se o progresso fo r autêntico. E não, se for a marcha para a reali zação da utopia revolucionária. "Em seu aspecto materi al, consiste o verdadeiro progresso no reto aproveitamento elas forças da natureza, segundo a Lei de Deus e a servi ço cio homem. Por isso, a Contra-Revo lução não pactua com o tecnicismo hipertrofiado de hoj e, com a adoração elas novidades, elas velocidades e el as máq uinas, nem com a deplorável tendência a organi zar ' more mechani co' a sociedade humana. Estes são excessos que Pio XII condenou co m profundidade e prec isão (C fr. Radio-

CAT O LIC IS MO

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mensagem de Natal de 1957 1 Discorsi e Radiomessaggi, vo l. XIX, p. 670). "E nem é o progresso materia l de um povo o e le mento capita l do progresso cri stãme nte e ntendido. Consiste este, sobretudo, no ple no desenvolvimento de todas as suas potências de alm a, e na ascensão dos homens rumo à perfeição moral. Uma concepção contra-revo luci onári a do progresso importa, po is, na prevalênc ia dos aspectos espirituai s deste sobre os as pectos materi ais ..... " Por fim , para demarcar a di fe rença entre os conceitos revo luc ionári o e contra- revo luc ionári o de progresso, importa notar que o último toma em consideração que este mundo será sempre um vale de lágrimas e uma passagem para o Céu, ao passo que para o primeiro o progresso deve fazer ela Terra um paraíso no qua l o ho me m vi va fe li z, sem cogitar da eterni dade" 4 •

mais ela info rmática, quer fazer várias coisas ao mesmo tempo, como o faz um computador e na velocidade deste, contribuindo assim para seu stress, sem fa lar de neuroses. Atualmente não é raro encontrar até crianças estressadas ...

Velocidade e frenesi Plínio Corrêa ele Oliveira, que presenciou as transformações ocorridas eles-

portar para o mundo inteiro, sobretudo através cio cinema. Comentando uma elas conseqüênci as ela veloc idade, e le observa: "A c ivilização moderna bem analisada como ela é hoje, pode ser chamada a civili zação do frenesi. "A veloc idade, de si, é uma coisa boa, e tem algo que liberta o homem da lei da· gravidade, das estag nações. Ma é evi-

trabalhar sem se extenuar; que não conseguem dormir sem calmantes nem se divertir sem excitantes; cuja garga lhada é um ricto frenético e tri ste; qu e não sabem mai s aprec iar as harmo ni as da verdade ira mú sica, mas só cacofoni as do jazz; tudo isto é a excitação na desordem, de uma soci edade que só encontrará a verdade ira paz qu ando tiver reencontrado o verdadeiro De us" 6 •

Velocidade das comunicações e dos transportes Corre de braços dados com o fa lso progresso a mania ele veloc idade, que é o utra característica de nossos frenéticos dias . O século inici ado com a descoberta da radi odifusão por Marconi - em 1901 o invento r tran smite a prim e ira mensagem via te légrafo - encerra-se com a pro liferação dos celul ares digitais e da Internet via saté lite. Na primeira infâ nc ia, nosso século brincava de ve loc idade com os zeppelins (o prime iro vôo de um aeróstato rea li zou-se e m 1900); um ano depo is o no so Sa ntos Dumont pil ota o primeiro balão diri gível, e em 1906 - de ixa ndo os pari sienses extas iados - deco lava o seu 14 Bis; após algumas décadas, avi ões a j ato cru za m os céu. em travess ias transatl ânticas e o sonho ela chegada cio home m à lua se rea li za. Estamos na era espacial, e o sécul o, em seus últimos di as, ass iste à instalação de estações permanentes na órbita terrestre, nas quais homens poderão viver longamente no espaço, enquanto aqui na Terra, nas hodiernas babé is, vivemos no corre-corre trepidante, onde tudo é feito às pressas e numa ve locidade vertiginosamente superior à nossa capacidade de assimilação. O ho mem atual, inebri ado pela velocidade e dependente cada vez 10

CATOL I C I S M O

mens e mulheres, negros, brancos e índios, no ca mpo, na c idade e na pra ia, tudo j á tocando no nudi smo. Nudi smo que hoje j á é ostentado nas TV s, nos outdoors e nas revi stas, e amanhã o será ce rta me nte nas ru as. A de no min ada moda unissex igual a tudo, do corte de cabelo ao modo ele ser própri o a cada sexo, e chega-se ao extre mo ele fa lar com naturalidade ele uma aberração : "casamento" entre pessoas cio mes mo sexo. Mas esta é uma outra hi stória. Voltemos ao te ma, co m um co me ntário ele Plínio Corrêa ele Oliveira sobre uma época em que mini -saias, mini-blu sas etc. aind a não tinh am saído às ru as, num atentado não só ao pudor, mas também ao bo m gosto e ao bo m senso: "Tinha eu cerca de dez anos quando ass isti ao prime iro grande lance ela revo lução inclumentária que agora vai chegando ao seu auge. Por vo lta ele 19 18, como corolári o ela importânc ia decisiva cios EUA na parte fin al ela J Guerra, a influência norte-ameri cana j orro u intensame nte sobre a França, de onde, por sua vez, se refl etiu no Brasil. As senhoras cortavam os cabe los 'à la ga rçonne'; as sa ias, que se usavam pe lo tornozelo, subiram de um salto até os j oelhos; as mangas se enco lheram até os ombros" 7•

Tendências pré-tribais

d os prim iros anos cio éculo, observo u atenta me nte a a lteração elas ve loc icl acl s na 1ra nq üih peque nin a ão Pa ulo de então - clcsclc ·1 substituição cios bo ndes pu xados a cava lo pe los bon I s e létri cos até a chegada ci os pri me ir s a uto mó ve is mode lo T, os ap lid ados "Ford Bigode". E le di zia qu e, co m a mudança elas ve locidades, alteraram-se ta mbé m os refl exos ci o ho me m, se u modo ele pensar e agir, o comporta me nto e a própri a ordem moral. O que se acentuou mui to após a prime ira Gra nde Guerra ( 19 14-19 18), com a enorme influ ência cios Estados Unidos e o novo estilo de vida que eles passaram a ex-

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Velocídade, frenesí, agitação ...

o imposto pago para mudar o estilo de vida pacato do inicio do século pelo estilo o(erecíclo pela modernidade

ciente que e la se tra nsforma facilmente nu m fre nes i. E que o frenesi ela rapidez pe la ra pidez é inebri ar-se no correr" 5 .

Harmonias e cacofonias E m outra ocas ião, o líder e pe nsador cató li co esc reve a este respe ito: "O ruído elas máquinas, o trope l e as vozes cios ho mens que se aí'llla m em pós cio ouro e dos I razcr s; que não sabem ma is andar, mas corr r; q ue não sabem

Mudanças de indumentária e de mentalidade Nos ventos da velocidade ve io a mudança no vestuário, pois era impossíve l correr com trajes suntuosos - a rapi dez é inimiga da pompa, a e legânci a não co mbina com a pressa-e tudo fo i pouco a pouco caindo: o uso da espada, ela benga la, cio chapéu, cio colarinho alto, ela gravata, para os home ns; dos esparti lhos, elas saias longas para senhoras; dos unifo rmes coleg iai s etc. Estamos na era da globalização indume ntária. Hoj e veste m-se ele modo seme lhante oc ide ntai s e ori enta is, ho-

E m 1976, o Autor de Revolução e Contra-Revolução mostrou a vinculação existente entre mudança de indumentári a e mudança nos costumes: "A derrocada das tradições indu~1entári as do Ocidente, corroídas cad~ vez mais pelo nudi smo, tende obvi amente para o aparecimento ou consolidação ele hábitos nos qu ais se to lerará, qu ando muito, a cintura de penas de ave de certas tribos, alternada, o nde o fri o o exij a, co m coberturas mais ou menos à mane ira das usadas pe los lapões. "O desaparecimento rápido das fórmulas de cortesia só pode t1:;_r como ponto fi nal a simplicidade absoluta (para empregar só esse qualificativo) cio trato tribal. "A c rescente oje ri za a tudo quanto é racioc inado, estrutu rado e me todi zado só pode co ndu zir, em se us úl timos pa roxi smo , à perpétua e fa ntas iosa vagabundage m ela vicia elas se lvas, a lternada, també m e la, co m o desempenho

in stintivo e quase mecâni co de a lgum as ativid ades abso luta me nte indi spensáve is à vida" 8 .

Modas ofensivas a Nosso Senhor Não tratare mos aqui ela primordial importância elas aparições ele Nossa Senhora em 19 17, na localidade de Fátim a, nem de sua correlação com os erros espalhados em nosso século pe la revo lução comunista, uma vez que já o fi zemos na edição ele Catolicismo de janeiro deste ano, no artigo Os grandes acontecúnentos do século XX na perspectiva de Fátima. Ass im, relembramos apenas que tal corre lação é um pressuposto indispensáve l para uma análi se séria de nosso século. E transcrevemos a seguir a profética advertênc ia da bem-aventu rada Jacinta a respeito cio ass un to ora em foco: "Hão de vir um as moelas que hão ele ofender muito a Nosso Senhor. As pessoas que serve m a Deus não devem andar com a moda. A Igrej a não tem modas. Nosso Senhor é sempre o mesmo" 9.

Modernidade, orgulho e igualitarismo Al ém do culto às moelas, ao progresso materi al e à ve loc idade, nosso séc ulo e ri g iu altar a uma outra divindade: a modernidade. Os que não a ido latram não tê m o espírito moderno, são conside rad os f ora de moda, rotul ados de anacrônicos, reacionários, rnedievalistas e estére is porque co ntrári os aos tempos at uai s. Dr. Plíni o ass im refuta tal obj eção: "A Re li g ião Cató li ca, segundo esse singul ar princípio, não ex istiria. Pois não se pode negar que o Evangelho era radica lme nte contrário ao me io em que Nosso Senhor Jesus Cri sto e os Apósto los o pregaram .. ... "Aliás, quando se vê que a Revo lução considera algo como coerente com o espírito dos tempos, é preci so circunspecção. Pois não raras vezes se trata ele alguma ve lhari a dos te mpos pagãos, que ela quer restaurar. "O que têm de novo, por exempl o, o divó rcio ou o nudi smo, a tirani a o u a de magogia, tão generali zados no mundo anti go?

CATO LICISMO

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Sinopse do livro

Revolução e Contra-Revolução li nio Corrêa de Oliveira designa como Revolução o movimento que vem destruindo a Cristandade desde o declínio da Idad e Médi a , época esta em que o ideal cató li co de sociedade mais se aproximo u de sua realização . Na Parte I de sua ob ra, discorre sobre as três grandes Revoluções : a Pseudo -Reforma protestante no sécu lo XVI, a Revolução Francesa no séc ulo XVIII e a Revolução Comunista em nosso sécu lo . Na Parte li , e le trata da Contra-Revolução como sendo a reação organizada para se opor à Revolução e restaurar a Cristandade. Na Parte 111, o escritor e pensador catól ico descreve o nasc im ento da IV Revo lu ção Re volução Cultural, que procura impl anta r um a soc iedade tribal e aná rquica - e acena para o su rgimento de uma V Revolu ção, na qual se percebe a entrada do satan ismo . Depo is desmascara a meta morfose comun ista - a partir de Gorbachev e da espetac ul ar queda do Muro de Berlim e m 1989, e da Cortina de Ferro em 1991 - , consistente em most rar uma cara risonha para enganar o Oc idente e disseminar seus erros . Bem como explana a tática dos comun istas c om a política denominada de Perestroika e Glasnost, que fazia c rer que o comun ismo estava morto, para assim matar o anticomunismo. Ain da na Part e 111 , o Autor trata do papel do Conc ílio Vaticano li e da política vaticana conhecid a como Ostpolitik, desastrosa atuação que procurava e stende r a mão ao comunismo.

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C AT O L ICISMO

"Por que será moderno o divorcista, e anacrôn ico o defensor da indisso lu bilidade? " O conceito de 'moderno' para a Revolução se c ifra no seguinte: é tudo quanto dê livre curso ao orgu lho e ao igualitari smo, bem como à sede de prazeres e ao liberalismo" 10 •

Modernismo revolucionário: neotribalismo ou neopaganismo? A fim de não a longar por demais esta análise, eis sumariamente algumas questões, hoje consideradas modernas, mas que de fato não passa m de velharias que nos reportam a práticas de siste mas tribai s, ou aos tempos decadentes da Antigüidade pagã : aborto, divórcio, concubinato, amor livre, drogas, eutanásia. ■ Homossexualismo: nos tempos atuais vai- se rompendo a barreira de horror que existia em relação a essa prática infame, a qual já era aceita nas velhas e decadentes cidades de Sodoma e Gomorra, o que levou a justiça divina irada a destruí-las com fogo descido do céu. ■ Nudismo: em nome de um moderno naturalismo ecológico, ele vai entrando em certos ambi e ntes atuais; entretanto, muito a ntes de Cabral aqui aportar, j á era hábito e ntre os silvícolas, alheios à moral. ■ Piercing: pessoas que, para ficare m atua li zadas com a moda, perfuram partes cio corpo (língua, lábios, nariz, queixo, orelh a) para pendurar alfinetes, brincos, argo las etc. Também era hábito e ntre os si lvícolas e outros povos bárbaros . ■ Tatuagem: era moda de povos primitivos, antigas tribos africanas, bem como dos indígenas. Mai s recentemente surgiram notícias de práticas que vão além de tatuagens: jovens que, para estarem no último grito da moda, marcam o corpo com repugnantes c icatrizes, com queimaduras ou sina is postos a ferro quente, como se faz para marcar o gado . Outros ainda bifurcam a ponta ela lín gua - sim, bifurcam-na, como a ele serpentes! Enfim, são coisas da moda .. . melhor se diri a: rituais satânicos.

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Poderíamos acrescentar outras práticas que viraram moda - na realidade, abomináveis costumes de épocas que se perdem nas noites dos tempos - , mas seria uma horríve l seqüênc ia ele antiquadas e infames extravagâ ncias de neobárbaros do século XX, co m a diferença ele que estes não vive m na· selvas, mas e m moderníssimas mega ló poli s.

O frenesi exige sensações fortes e

mudanças constantes. As drogas, os costumes e as modas atuais tendem a criar um novo tipo humano. O leitor vê alguma semelhança entre esse novo tipo humano e o aborígene de uma tribo da Nova Zelândia (embaixo, à direita)?

fenômeno 'combustão', exercendo-se sobre a unidade viva que é a floresta, e a ci rcunstância ele que a grande força ele expansão elas chamas resulta ele um calor no qual se fundem e se multiplicam as incontáveis chamas elas diversas árvores, tudo, enfim, contribui para que o incêndio da floresta seja um fato único, englobando numa realidade total os mil

Dr. Plínio, ao descrever o entrelaça mento entre essas Revoluções: "A Revolução Francesa foi uma conseqüência do protestanti smo. E por sua vez, produziu o comunismo. Ao igualitarismo e liberali smo re li gioso cio frade apóstata ele Wite mberg [Lutero], sucedeu o igualitarismo e o liberali smo político-social dos sonhadores, dos consp iradores e cios facínoras ele 1789. E a este segue-se o igualitari smo total itário, social e econôm ico, ele Marx. "A revo lução protestante fo i um a forma ancestra l ela Revolução Francesa, como esta o foi cio com uni smo hodierno. E cada uma destas formas ancestrais já tinha e m si todas as toxinas ela que se lhe seguiu. São três molésti as, sucessivamente mais graves, provocadas pe lo mesmo víru s. Ou são três fases sucess ivamente mais graves da mesma moléstia. Ou três etapas de um a onímoda e universal Revolução" 12 .

Uma quarta moléstia provocada pelo mesmo vírus

Processo revolucionário O leitor percebe que tudo isso não são fatos isolados, mas fazem parte de uma cadeia de acontecimentos inseridos num processo revolucionário, numa Revolução Cultural com o objetivo de destruir o que resta de Civilização Cri tã em nosso sécu lo. Não repetiremos aqui o que está brilhantemente exposto na bra I Pl ínio Corrêa ele Oliveira, R volu ·ão e Contra-Revolução (j á d onh' ·imcnto de muitos ele nossos I it or s), na qua l e le mostra o nexo xist ·nt' ' 11trc as gra ndes Revoluçõ s l ' S •11 ·11th1das a partir cio sécul X I V Ili os pr 'S •nt cs dias, visando impl11nt :1r um 'Sl:ido de coisas dia111 ·trtilm ·111 • 01 oslo , ivili zação Cristã.

Apenas, para melhor assimilação cio que vem sendo desenvo lvido, recomendamos a le itura cio qu adro ela págin a anterior. Essas vári as Revoluções, segund o o Prof. Plinio, produziram inúmeras crises que vê m corroendo a C iv ili zação C ri stã ocidenta l. Entretanto tai s crises não se desenvolvem isoladamen te. Elas formam um só todo , com o mesmo fim destrutivo. Com efeito, ele escreve: "Quando ocorre um incêndio numa floresta, não é possível considerar o fenômeno como se fosse mil incêndios autônomos e paralelos, de mil árvores vizinhas umas elas outras. A unidade cio

incêndios parciais, por mais diferente, ali ás, que cada um destes seja em seus acidentes" 11 •

Três moléstias provocadas por um mesmo vírus O que vem liquidando a Cri standade é um imenso e único incêndio que começou a alastrar-se no final da Id ade M éd ia (século XIV) e se prolonga até este fim de milê nio. A propagação desse incêndio iniciou-se com o Renasc ime nto e o Humanismo (movimentos que visaram substituir os valores morais da Religi ão por "valores" cio pagani smo), que prepararam o ca mpo para as Revoluções subseq üentes. Vejamos o que di z

Dentro desse processo revoluc ionário para levar à ruína a Cristandade, em maio de J 968 ec lode a Revolução ela Sorbonne. Foi ela uma Revolução Cultural, marco incontestável nesse conturbado séc ulo, uma quarta etapa no processo cuja meta é forma r uma soc iedade toda concebida ao avesso cio que fora estabe lec ido por D e us para o gênero humano, e impl antar a completa desorde m no mundo. Catolicismo já tem publicado vári as matérias a respe ito . Transcrevemos aqui some nte esta penetrante análi se do Prof. Plínio sobre essa nova etapa ela Revolução: "Como uma modalidade ele guerra psicológica revolucionária, a partir da rebelião estudantil ela Sorbonne em maio de 1968, numerosos autores socia li stas e marxistas em gera l passaram a reconhecer a necessidade de uma forma ele revolução prévia às tran sformações políticas e sócio-econômicas, que operasse na vida cotid iana, nos costumes, nas me ntaliclacles, nos modos de ser, ele sentir e ele viver. É a chamada Revolução Cultural. "Consideram e les que esta revo lução, preponderantemente psicológ ica e tendencial , é uma etapa indi spen sável

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para se c hegar à muda nça de mentalidade que tornaria possível a implantação da utopia igualitári a, pois, sem tal preparação, a tra nsformação revolucionári a e as conseqüentes ' mudanças de estrutu ra' tornar-se-iam efêmeras" 13.

Solução: a Santa Igreja Em meio a essa degringolada, ao caos generali zado e à corrupção dos costumes de nossos tempos, uma pergunta natu ralme nte se impõe: - Há solução para a tremenda c ri se do caotizado mundo moderno? - Sim, a solução é a Santa Ig reja Católica, Apostólica, Romana. Porém , a lg ué m poderia objeta r:

São Pio X (1835-1914) Tal c ri se, bem descrita pelo atual Pontífice, vem de muito longe. Mas para ficarmos dentro dos limites destes 100 anos, menc io nemos São Pio X - o único Papa canoni zado no séc ul o XX. Dura nte seu Pontificado, combateu e nergicamente os gérme ns dos e rros do atual

prugressismu catúlicu. "São Pio X tivera que lutar - comenta o Prof. Plínio numa e ntrev ista

santo Pontífice, com um olhar angelicamente límpido, que o levou a fulmin ar contra a he resia modernista vários doc umentos, dos quais, sem dúvida nen huma, o mais famoso é a e ncícl ica ?ascendi Dominici Gregis" ( 15).

Pio XII (1876-1958) Fulminada a conspiração modernista, e la e ncolhe u-se; e ho uve, durante algum tempo, uma paz interna ao menos

uma re lig iosidade que em última análise é perfeitamente ím pi a. E nos meios católicos? Ao mesmo tempo que fo rmulamos a pergunta, contrai -se de tristeza nosso coração. Ma nda a verdade que se diga que também aí a co nfusão ex iste. "Com vigilância de Pastor, com sabedoria de Mestre, com doçura de Pai, o Santo Padre Pio XIJ vem apo ntando há cerca de dez anos, em reiterados documentos, a ex istência de doutrinas, 'que serpeiam

"Mas a Igreja não padece ta,nhém do mal do século?". Somos obrigado a concordar, lamentave lme nte ! Por quê? Porq ue o mal in filtro u-se dentro da própria l g reja, e ass im como há uma avassa ladora c ri ·e na o rde m temporal, a ordem esp iritu a l també m está atingida. E ntretanto, a Ig reja acabará por derrotar seus adversários, mesmo internos, pois a assiste o poder de Deus. Cabe aqu i recordar as palavras de João Paulo ll: "É necessário admitir realisticamente e com profunda e sentida sensibilidade que os cristãos hoje, e m grande parte, sentem-se perdidos, confusos, perplexos e até desi ludidos: fora m divulgadas prodigamente idé ias contrastantes co m a Verdade revelada e desde sempre e ns inada; foram difundidas ve rdadeiras e próprias heres ias, no campo dog mático e moral, criando dúvidas, confusões e rebeliões ; alterou-se até a Liturgia; ime rsos no ' re lativismo' inte lectual e moral e por conseguinte no permiss ivi smo, os cristãos são tentados pelo ateí mo, pelo ag nostic ismo, pelo ilumini s mo vagamente mora li sta, por um c ri stian ismo soc io lóg ico, sem dogmas definidos e sem moral objetiva" 14. Sobre as palavras ac ima - "alterouse até a Liturgia" - , um único exemplo: a Missa ... como está hoje transformada! Basta ver certas ce lebrações, que mai s se asseme lham a um show mu sica l para atrair multidões que mai s desejam dançar e cantar do que rezar e elevar o coração a Deus. Ou então viraram púlpito para exa ltar os sem-terra e suas invasões da propriedade alheia ! 14

C AT O L ICIS MO

abordado em recente edição de Catolicis1no (no mês de outubro último), vamos apenas, de passagem, relembrar alguns pontos a fim de se fo rmar uma visão de conj unto do sécu lo aqui analisado, de acordo com o pensamento ele Dr. Plínio. "É penoso dizê-lo. Mas a ev idê ncia cios fatos apo nta, neste sentido, o Concílio Vaticano II como um a das maiores calam idades, se não a ma ior, da Históri a da Igreja [Sobre as calam idades da fase pós-Concílio, ver logo aba ixo o clepoi mento de Paulo Vl na Alocução de 29-6-72]. A partir dele penetrou na Igreja, e m proporções impe nsáveis, a 'fumaça de Satanás ', que se vai dilatando dia a dia mais, com a terrível força de expansão dos gases. Para escândalo de incontáveis a lmas, o Co rpo Místico de C ri sto e ntrou no s ini stro processo da como que autodemoli ção".

Surpreendentes calamidades na fase pós-conciliar

conced ida à Rádio Uruguaiana dura nte o seu pontificado contra uma heresia que nascera sob o nome de M oderni smo. Tinha sta como inte nção infi ILrar-se na lg reja, de modo clandestino ; faze r com que seus adeptos ga nhasem po. tos na hi e rarquia da Ig reja e, afina l de contas, mod ificá-La no sentido he rético; não de fora para dentro, como o fez Lutero - este rompeu com a Ig reja e, de fora, atacou-A - , mas dentro dela mesma; ou seja, e m nome da Ig rej a, oc upa nd o postos na s ua direção, transformá-La no sentido hereti zante ..... 'Todos esses males foram vistos pelo

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O "modernismo" condenado energicamente por São Pio X (quadro acima, à esquerda), revivesceu com o chamado progressismo católico. À direita, o Prelado francês Mons. Jacques Gaillot, Bispo titular de Partênia, conhecido por suas posições progressistas, participa de uma manisfestação nas mas de Paris.

apa re nte. Mas não durou muito. Para abrev iar, cite mos, através das palavras de Plínio Corrêa de Oliveira, tão-somente o utro Papa de meados do sécu lo, S.S. Pio XII. Ele igualme nte adve rte a respeito da infiltração de erros no própri os meios católi cos: "Fora das íronteiras la l g reja grassa

entre os fiéis', diz o mais an tigo destes documentos que é a Mystici Co,voris; e que, sob aparências de piedade e ortodoxia, tentam levá- los para erros gravíssimos em matéria de Fé e costumes, e ntre os quais o próprio panteísmo" 16 •

Concílio Vaticano li (1962-1965) Impossível fa lar de sécu lo XX sem mencionar o Concílio Vaticano II, outro indi scutíve l marco de nossos tempos, o qual, na sua abertu ra, afigurou-se a muitos como uma esperança para a Igreja. Tendo sido também esse importante tema

O depoimento hi stórico ele Paulo VI na Alocução 'Resisti te fortes in fide', de 29 de junho de 1972, que cita mos aqu i na versão ela Poliglotta Vaticana, é o segu inte: ' Referindo-se à situação da Jgreja ele hoje, o Santo Padre afir ma ter a sensação de que 'por alg uma fissura tenha e ntrado a fumaça de Satanás no templo ele Deus'. Há - transcreve a Poliglotta - a dúvida, a incerteza, o comp lexo dos problemas, a inquietação, a insatisfação, o confronto ..... '"Também na Igreja reina este estado de incerteza. Acreditava-se que, depois do Concílio, viria um dia e nso larado para a História ela Igreja. Veio, pelo contrári o, um dia c heio de nuvens, de tempestade, de escuridão, de indagação, ele in certeza ... .' "Como aconteceu isto? O Papa confia aos presentes um pensamento seu: o ele que te nha hav ido a intervenção ele um poder adverso . Seu nome é diabo, este mi sterioso ser a que ta111bém alude São P dro em sua Epísto la" (cfr. ln seg namenti d i Paolo V[, Tipografia Poliglotta Vaticana, vo l. X, pp. 707-709) 17 •

Veneração à Igreja em Sua tribulação Neste doloroso calvário da Igreja, elevemos reafirmar nossa certeza em sua

CATO LI

imo rtalidade. Em artigo para a "Folha de S. Paulo", Dr. Plínio, descrevendo o aspecto caóti co do mundo moderno, comenta que o cató lico, à busca de solução, volta-se tilialmente para a lgreja, mas ... a encontra também ime rsa no caos. E nt:retanto, seu amor a E la não deve diminuir, mas crescer ainda mais: "Ass im como um filh o sente redobrar seu amor e sua veneração quando vê sua própria mãe atirada ao infortú ni o e o pressa pela derrota, ass im é com redobrado amo r, com veneração inexprimível que me refiro aq ui à Santa Igreja de Deus, nossa Mãe. Precisamente neste momento histórico e m que a E la caberia refazer, à ete rn a luz do Evangelho, um novo mundo, vejo-A entregue a um doloroso e deprimente processo de 'autodemolição' , e sinto dentro dela a 'fumaça de Satanás', que penetrou por infames fissuras (cfr. Paulo VI, Alocuções de 7-12-68 e 29-6-72) . "Para o nde voltar então as esperanças do leitor? "Para o próprio Deus, que jamai abando nan'Í sua Igreja santa e imortal, e que por meio d Ela fa rá, nos dias longínquos ou próximos, cujo adve nto Sua Mi sericórdi a e S ua Justiça marcaram, mas permanecem misteriosos para nós, o esp lê ndido renascime nto da c ivili zação c ri stã, o Reino de C ri sto pelo Re in o de Mari a" 18 .

Eficácia da atuação das TFPs É no sentido ac im a indicado pelo Prof. Plínio - "o esplêndido renascimento da civilização cristã" - que a TFP tem desenvolvido todas suas ativi dades ao lo ngo de seus 40 anos de ex istência. E isso desde sua primeira grande campanha - no ano de sua fundação , e m 1960, com o best seller Reforma

Agrária -

Questão de Consciência,

contra a agitação agro- reform ista-, até sua campanha mais recente, e m o utubro último, o Alerta da TFP à op inião pública brasileira, divulgado através do folheto: Ante o caos crescente, apelo da

TFP às elites nacionais - Para onde vai o Brasil do Terceiro Milênio? Sem falar da pré-história da TFP, pois alg umas décadas antes de sua fundação Dr. Plinio,juntamente com um g ru po de am igos, não fez outra coisa senão de-

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fe nder as tradições desses 2Q séculos de Civili zação Cristã, cor\ batendo incansave lmente as tentativas revolucionárias que vi savam destruir a tradição, a família e a propriedade, fundamentos da Cri sta ndade. Para citar um único exe mpl o, qualquer hi storiador que, co m imparciali dade e acuidade, escrever a Hi stória ele nosso séc ul o, não deixará ele mencionar o primeiro livro de Plinio Corrêa ele Oliveira, Em Def esa da Ação Católica (publi cado em 1943), como sendo uma eficaz obra, um a verdadeira "bomba", no combate à infiltração no interior da Santa Igreja ele erros moderni stas, como o igualitari smo e o laicismo. Erros que naq uela época co meçavam a fa zer estragos nos movimentos católi cos. Esse Iivro - prefaciado pelo Cardea l D. Bento Aloisi Mase ll a, e ntão Núncio Apostólico no Brasil - , susc itou pol êmicas aca loradas, tendo recebido, e m 1949, um a ca rta ele louvor escrita em nome cio Papa Pio XII pelo · então Substituto ela Secretari a ele Estado ela Santa Sé, Mons. João Batista Montini , mais tarde Paulo VI. Num célebre manifesto publicado na "Folha de S. Paulo" e em vári os outros peri ódi cos nas três Améri cas, ficou sucintamente registrado o papel fund amental dessa ação: "A efi các ia ela luta ideológ ica elas TFPs é reconhec ida por apo log istas e adversários. Mais ele 500 li vros publi cados em todo o mundo - vá ri os deles escritos por scholars de grande prestígio - documentam o papel pioneiro cio Prof. Plinio Corrêa ele Oliveira no elesmascaramento cio progressismo dentro ela Igreja, desde a década ele 30 a nossos di as, bem co rno o pape l decisivo que coube às TFPs para ev itar a queda ele importa ntes nações latino-am ericanas nas garras do comu ni smo" 19 • Esta afirmação foi fe ita e m 1994. Hoje o número de livros atinge a impressionante cifra de 1. 100.

A intervenção divina nos acontecimentos históricos Bem sabemos que uma total resta uração, uma re-cri stiani zação ela ci vili zação ex-cri stã, é, natura lmente fa lando, irnpo. sível, por tratar-se ele tarefa sobre16

CATO LICISMO

humana. Constatamos que a Cri standade chega, neste anoitecer do sécul o XX, numa situação ele infortúnio. Mas temos certeza ela intervenção divina. Certeza ali ás sempre sustentada pelo fundador ela TFP, cuja convicção - confirmada pela Mensagem ele Fátima - era a de que, para essa re-cristianização, Deus submeteria a humanidade a um grande casti go devido a seu afastamento cios divinos preceitos. No sentido da vinda desse justo e ao mes mo tempo mi sericordioso castigo, eis as próprias palavras de Dr. Plinio: "Em outros termos, os erros acumulados pelos sécul os que nos precederam ... . criaram um ambi ente ele universa l corrupção, que culminou nas desordens, nas catástrofes, no desmando, no clesbragamento ela concupi scênc ia a que assiste a humanidade do século XX .... "O quadro contemporâneo não é senão este: ele um lado uma civilização in íqua e pecadora, e de outro lado o Criador, empunhando o azorrague das punições divinas. "Não haverá, então, para a humanidade, outro clesf:echo nos dias ele hoje, senão desaparecer em um dilúvio ele lama e ele fogo? Não se poderá esperar para ela outro futuro neste , écul o, senão um ocaso i nomini oso, em que a impenitência lin al será castigada p los fl agelos supremos, prc nun c i·icl os I e la sc ritura como ind ícios cio lirn cio mundo? "Se Deus deixasse ag ir exc lu sivamente Sua Justi ça, sem dúvida. E nem sabemos se em tal caso o mundo teria chegado até o sécul o XX ele nossa era. Mas co mo Deus não é apenas justo, mas também mi sericordioso, não se fec hou ainda para nós a porta da sa lvação. Uma hum anidade perseverante na sua impiedade tudo tem a esperar cios ri gores ele Deus. Mas Deus, que é infinitamente mi sericordi oso, não quer a morte desta hum anidade pecadora, mas sim 'que ela se converta e viva'. E, por isto, sua graça procura insistentemente todos os homens, para que abandonem seus péss imos caminhos e voltem para o aprisco cio Bom Pastor. "Se não há catástrofes que não deva temer uma humanidade impenitente, não há mi sericórdias que não possa esperar uma humanidade arrependida" 20 .

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O Reinado do Imaculado Coração de Maria Fundamentado nas revelações ele Fátima, Dr. Plinio sempre cultivou em seus discípul os a certeza ele que, após os apocalípticos e purificadores castigos prev istos na Cova da Iria, em 1917, vi ri a a restauração ela Cri standade. Em um de seus inúmeros artigos, referindo-se àq ueles que forem fiéis à Santíss ima Virgem, ele escreve:

entre duas culminânci as: a civilização cio passado, da qual decaímos através ele sucess ivas catástrofes, que começaram com a pseudo-reforma e culminaram com os totalitarismos ela direita e ela esquerda; e a civilização do futuro, para a qual caminhamos através de lutas e de dissabores que enchem , a cada momento, de cruzes o nosso caminho. "Por isso mesmo, porque vivemos nos últimos minutos de um mundo que

Santa Igreja. Nestes 2 mil anos. Ela passando por vales e montes, glórias e infortúnios, chega a nossos dias, cambaleando co mo Nosso Senhor, ao alto do Calvário, devido à sanh a revo lucionári a que tudo faz para "descato licizáLa". Mas também com a promessa de Nossa Senhora de Fátima anunciando seu triunfo sobre o neopagani smo. Para concluir este artigo, escolhemos as lapidares palavras através das quai s o

lhacla, perseguida. Ela pode jazer, derrotada na aparência, sob o peso sepulcral elas mais pesadas provações. Ela tem em si mesma uma força interi or e sobrenatural , que lhe vem de Deus, e que lhe assegura uma vitória tanto mai s esplêndida quanto mais inesperada e completa. "Essa a grande lição do dia de hoje, o grande consolo para os homens retos que amam acima de tudo a Igreja de Deus: "Cri sto morreu e ressuscitou . "A Igreja imortal ressurge ele suas provações, gloriosa como Cristo, na radi osa aurora de sua Ressurreição" 23 • ♦

Notas: 1. Plínio Corrêa de Olive ira, Mensagem de Natal, dezembro de 199 1.

Décadas de luta em defesa da Civilização Cristã marcaram a vida de Plínio Corrêa de Oliveira. Sua maior obra, a fundação da TFP brasileira, inspirou a fundação de coirmãs nos cinco continentes. Sua ação atinge o presente, tendo em vista o futuro profetizado por Nossa Senhora em F.itima

" Nossa Senhora os espera no umbra l do sécul o XXI: , orrid nt , ·1tracntc, convidando-os para R ino 1 •la, segun do sua promessa 111 •ó tim a: ' Por fim , o meu lrn acul ;iclo ornçiio triunfará"' 21• Na m sma · ' ri ·zu , cm outro arti go, Dr. Plini o ·om ·n ta: " Nossa po ·a um vale so mbrio

ex pira, e já vemos os sinais precursores ele um outro mundo que nasce" 22 .

A Santa Igreja ressurge de suas provações Encontramo-nos neste vale, entre duas culminânci as, nos últimos dias do séc ulo do hiper-desenvo lvimenti smo, cio auge da indu striali zação, do formidável progresso que atingim os. Século que, depois ele nos encher de ilusões, tantos desapontamentos nos trouxe, mas pode contudo ajudar-nos a tirar um a grande li ção: a imortalidade da

Mestre ela Contra-Revolução estabelece uma belíssima analogia entre a Paixão ele Cristo e a Paixão da [greja: "A despeito de tantos motivos de tristezas, de motivos que fazem pressagiar, quiçá, para o mundo inteiro, uma catástrofe não distante, continua a esperança cri stã . .... "Quando Nosso Senhor Jesus Cristo morreu, os judeus selaram sua sepultu ra, guarneceram-na com solclaclos, julgaram que estava tudo terminado ..... "Assim também a Igreja imortal pode ser aparentemente abandonada, enxova-

2. Circular aos Propagandistas de Catolicismo , Ano 1- Nº 1. 3. Este termo é aq ui e mpregado no sentido que lhe é atribuído no e nsa io Revolução e Contra -Revolução, de Plín io Corrêa de O live ira. 4. Plínio Corrêa de Olive ira , Revolução e Contra -Revolução, Artpress , São Paulo, 4a. edi ção, 1998, Parte Ili , Cap. Ili , 1 e 3, pp. 97 e 98. 5. Plínio Corrêa de Olive ira, conferê nc ia para sócios da TFP, em 24-2-80. 6. Catolicismo , Nº 1 1O, fevereiro de 1960. 7. "Folha de S. Pau lo", 7-4-74. 8. Plínio Corrêa de Olive ira, Revolução e Contra-Revolução, Artpress, São Pa ul o, 4a. ed ição, 1998, Parte Ili , Ca p. Ili , 2-8, p. 183. 9. Antonio Au gusto Bo re lli Machado, As aparições e a mensagem. de Fátima, conforme os ,nanuscritos da Irmã Lúcia, Artpress, São Paulo, 46' ed., 1997 , p. 66. 10. Plínio Corrêa de O li veira, Revolução e Contra -Revoluçào, Artpress, São Paul o, 4a. edição, 1998, Parte li , Cap. VII , 2, pp. 110, 111. 11. Op. c it., Parte 1, Cap . Ili , 2, p. 23. 12. Catolicismo , Nº 53, maio ele 1955. 13. Plínio Corrêa ele Oliveira, Revolução e Contra -Revoluçào, Artpress, São Paul o, 4ª. edição, 1998, Parte 111 , Ca p. li , B, p. 164. 14. Alocuçào de 6-2-8 1 aos Religiosos e Sacerdotes participantes do I Congresso Na cional It aliano sobre o tema " Mi ssões ao Povo para os Anos 80", in "L'Osservatore Romano", 7-2-8 1. 15. Plín io Corrêa ele O li veira , entrevi sta à Rád io Uru guaiana , 2 1-6-90. 16. Catolicismo , Nº 13, ja neiro ele 1952. 17. Plíni o Corrêa ele O li veira, Revoluçào e Contra-Revoluçào, Artpress, São Pau lo, 4a. edi ção, 1998, Parte Ili , cap. li , pp. 167- 169. 18. "Fo lh a ele S. Paulo", 1-7-92. 19. "Fo lh a ele S. Paul o", 7- 12-94. 20. "O Leg ionário". 2 1-7-40. 21. " Fo lha ele S. Paul o" , 20-9-80. 22. "O Legion ári o", 25- 12-38. 23. "O Legionário", 1-4-45.

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Viena - Há quem goste de medir a estatura de uma época mai s pelos acontecimentos nela havidos, do que pelos homens nela vividos. Tornou-se habitual dizer que estamos numa época de grandes acontecimentos. Freqüentemente porém essa observação pomposa visa mascarar decepções. Considerando com atenção esses grandes acontecirnentos de nosso século, constatamos que muitos deles são tragédi as nunca antes vistas na Hi stória: duas guerras mundiais, a escravização de povos inteiros pelo comuni smo, violê ncia e crimes quotidianos. Ou então são realizações técnicas: desembarque na Lua, comuni cações ultra-rápidas como a Internet, ou remédios que esp icham uma vida infeliz. Essas grandes realizações pas-

.

Reflexões sobre o Modelo perfeito para todos os séculos O Natal vienense nos eleva a pensamentos que vão muito acima dos sucessos meramente técnicos deste nosso século agonizante. Tais sucessos entusiasmaram, excitaram e abalaram os espíritos. Entretanto, em meio à moderna agitação, submissos à futilidade de modelos veiculados pela mídia, inúmeros são os que clamam por padrões estáveis. O Natal em Viena apresenta a ocasião de uma calma reflexão sobre o Modelo peefeito dos séculos: o Menino-Jesus Carlos Eduardo Schaffer Correspondente

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Acima: visão geral da feira de N atal em Viena Acima, à direita: barraca dos deliciosos pães-de-mel, que ocupam um lugar importante no Natal austríaco

mam e em seguida caem no esq uecimento. Por quê? Porque não têm tran scendência espiritual. O s milagres do desenvolvi mento c ientífico surgem com a vibração de nov id ades. Co nqui sta m um sucesso imediato, mas não trazem a tão desejada paz inte rior. E ntu siasmam e confunde m. Santos Dum ont não se suic idou, alegando terem transformado sua invenção e m arm a de

guerra, com poder de extermíni o até então nunca visto?

Questões que a técnica não resolve Todo homem te m indagações que, surg idas das profundezas da alm a, não encontra m na técni ca a resposta desejada. E las entretanto lhe pedem , sem cessar, uma exp li cação: "Quem sou eu ? Por que nasci? O que esperava

da vida, e o que realizei ? Como encarar a morte ? Além desta vida, o que há? Por que existe o Mal - e por que .fere ele o inocente?" De que vale um a época ele grandes acontecimentos vividos na inquietação? Persc rutando o mais fundo ele si mesmo, o homem contemporâneo in-

quieta-se com seu vazio. A ignorânc ia ela verdade a respeito da essência ela rea lid ade fez de nosso sécu lo o grande desesperado da História, consumidor ele drogas, sui c id a, inconfo rmado, in adaptado, a li e nado moral e mental. Não só a vicia, mas o mes mo home m, tornou-se um mistério aos próprios o lhos. Ond e ncontrar o padrão abso luto que indi ca o rumo seguro da vida? Como ordenar uma existência ag itada?

E a Ordem se fez visível... O Natal sempre trouxe, com sua atmosfera de ternura e ele paz, um convi-

te propício a procurar a resposta ao proble ma da vida. A lguém disse que os homens se tornam melhores no Natal. M enos terra-a-terra, me nos egoístas, eles aceitam mai s facilmente o convite à reflexão sobre os mistérios próprios cio Natal: um Deus se faz ho mem; seu nascimento de uma Virgem; três Reis surgidos das are ias infi ndas cio deserto prostram-se diante cio Menino - a misteriosa beleza cio nasc imento divino abre o espírito à consideração do mi stério da própria existência de cada um . Um mi stério atrai outro. Quem avalia uma época pela grandeza verdadeira ele seus acontecimentos sabe que, se grande acontecimento houve na Hi stória, esse fo i a Encarnação do Verbo. Nada se lhe assemelha. Nada marcou a História como o nasci-

menta, na gruta ele Belém, do HomemDeus. Ele não marcou apenas seu século, mas todos os séculos até o fim dos tempos. Em Belém, o Desconhecido é que se dá a conhecer e passa a dirigir desta Terra os acontec imentos.

Natal na capital austríaca A C ivili zação Cristã soube favorecer o as pecto suavemente reflexivo cio Natal. Aproveitando a ocas ião em que os homens se torn am me lhores, evadidos do ego ísmo, e la os reúne em fa míli a, na Mi ssa, em torno da mesa, prepara- lhes iguari as próprias à ocasião, compõe músicas, tece ornamen-

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tos , escreve contos. E la ace , ntu a as boas disposições naturalmente suscitadas pela atmosfera natalina. Notável neste sentido são os festejos em Viena. E les começam cedo. Duram mais de um mês. A partir de meados de novembro, cada novo dia traz a impressão da noite de Natal. Ruas e lojas enfe itadas. Pelo ar passam me lodias do rico repertório de canções nata lin as. Uma série de biscoitos, bolos e tortas volta às vitrines das confeitarias unicamente nessa ocasião. Amigos brasileiros que passaram Abaixo: a feira de Natal é ocasi<'ío para animadas conversas entre familiares e amigos. Abaixo, à direita: desde a infância os austríacos aprendem a preparar um festivo e santo Natal

por Viena no fim do ano passado, e saborearam as especialidades do momento, ao chegar ao Brasil me encomendaram , em pleno mês de julho, os mesmos biscoitos. Não tendo acertado com a receita utilizando ingredientes nacionai s, ev identemente adaptados, preferiram e ncomendá- los. Impossível encontrá- los. Nem sequer li vros com receitas de Natal se vêem nas liv rarias no meio do ano. Eu mesmo havia cometido gafe seme lhante . Aprecio, como incontávei s conterrâneos, os Meninos Cantores de Viena , mundialmente conhecidos. Certa vez, num almoço em casa de 20

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vienenses, perguntaram-me que música gostaria de ouvir durante a refeição. Pedi um CD do fa moso coral. De preferência músicas de Natal, acrescentei. Meu pedido produziu um gelo à mesa. Percebi e fiquei sem entender. Mentalmente refiz a frase de meu pedido - quem sabe se não teria usado uma palavra imprópri a ou descortês, como às vezes ocorre inadvertidamente ao se fa lar uma língua estrangeira. Foi quando polidamente fizeram-me notar que estávamos ainda no mês de abril , e as músicas de Natal são ... para o Natal. O incidente fez-me compreender melhor o significado do Natal para o austríaco: todos os aspecto da vida particularizam-se, tornam-se então solenes, mesmo a simpli cidade do quo-

praças principais das cidades , e em muitas sec undárias também, o u em pátios de castelos, por todo o país. A beleza do loca l é importante . Tudo há de ter pompa e beleza, dignas do Festejado. São os Mercados do Menino Jesus. Viena monta seu principal Mercado na Praça Municipal. O prédio da prefeitura, embora do sécul o passado, é um castelo em esti lo medieval. Parece ca lcu lado para serv ir de presépio. De suas linhas góticas evola-se majestosa despretensão . Iluminado, e le parece de crista l. Em torno, a decoração transformou as árvores em enormes bouquets luminosos, e as barracas da feira e m casinhas do Tirol. Tudo evoca uma a ldeia de sonhos. De tudo se irradia uma relação com a imensi-

tid iano volta-se para a comemoração do nascimento do Menino-Deus. Ela é intensamente vivida, mas é irrepetível fora de hora. A repetição extemporânea desgastaria seu encanto. É em parte por essa razão que o . vienense toma tão a sério o Natal. Comemora-se verdadeiramente o aniversário de Jesus. E an iversário só se faz uma vez ao ano. E sendo ele Deus, merece que todos os aspectos da vida voltem-se à sua homenagem.

dade divina, feita pequenina na manjedoura de Belém. Fe ira ao ar livre, certamente. E ar livre, em novembro-dezembro, ·igni fica temperaturas abaixo de zero. No Brasil , seria um fracasso . Todos ficari am em casa. Freezer não é lu ga r de encontro, diríamos. Ma em Vi na não é assim. De tudo o que se vê na feira, o que mais impress iona são as co nversas. Entre as barraquinhas o terreno fica intran itáv 1, como um salão superlotado. rup s d ami go e famílias int iras ·onv rsam e co mem. Sobr tudojov ·ns. s mais velhos nem s mpr' pod '111 d •ixa r anto da la-

Mercado do Menino Jesus Uma exp ressão encantadora dos festejos são as feiras montadas nas

reira. Mas incontáveis são os avós que cap itane iam netinhos , excitados com tantas guloseimas. Ali se degustam produtos regionais (algumas raras especialidades encontram-se normalmente fora de comércio durante o ano), toda espécie de presuntos e sa lames, pratos típ icos que me seri a difícil descrever, mas que eu voltaria a saborear de bom grado. Bebe-se uma espécie de quentão (m istura aq uec ida de vinho moscate l, especiarias e um pouco de aguarde nte de cereja). Ele encanta pelo sabor, sem dúvida, mas sobretudo pelo odor de cravo e cane la que se sente ao longe. Servido em canecos bem quentes, as mãos conge lad as os apertam de bom grado... Atrás de pães, bolos, biscoitos, mel e geleias, tortas e pão de mel ,

um tanto disfarçadamente fiz fila, pois talvez fosse o único adu lto entre alvoroçadas crianças ... Mas não podia deixar de conhecer esse aspecto de uma infância que não passei entre um povo de hábitos encantadores, fortemente modelados pela tradição cató1ica. Nosso Brasil tem outros encantos e outras tradições.

Parábolas esculpidas As escu lturas feitas por camponeses va lem por uma meditação. Haja dólares para levar tantas lembranças. Estatuetas de presépio e m primeiro lugar, bem como arranjos de flores

secas (os adornos caseiros devem passar, de preferência, de um ano a outro), coroas florais, si nos, bolas co loridas, enfim, o inim agináve l em matéria de enfeites. Em sua simp licidade reflexiva , os camponeses exprime m, através das fisionomias escu lpid as, a sua concepção das vicissitudes bíblicas em tornÕ do nascimento de No so Senhor Jesus Cristo. Aquelas modestas escul turas refletem uma piedade autêntica. Não são feitas para satisfazer um a qualquer tendência artística do momento. Certas compo ições espelham uma superior compreensão da psicologia dos Santos.

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Acima, à esquerda: crianças escolhem enfeites para a árvore de N ata l Acima: letreiro luminoso Mercado vienen se do pequeno Menino Jesus

Transmitem ensi namento e piedade . Uma delas, em madeira, representava a Sagrada Famíl ia procurando hospedagem, ao chegar a Belém, pouco antes do nascimento de Jesus. A cena se passa à noite - e noite fria. São José, fisionomia apreensiva, bate à porta de uma casa. E le era o responsável, e le deveria encontrar um local digno daquele nascimento, cujo tempo chega-

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Com a palavra ... o Diretor ra. Mari a, toda calma e ele,vação, envolta em pesado manto, aguarda à distância, montada num burri co. Ela vê o dono, em pantufas e roupa ele dormir, de lanterna na mão, mal humorado quem ousava bater àquela hora? Entreabre a porta, olha, e faz com a mão o sinal inequívoco da negação. NÃO! Ele não os acolheri a. Não restava ao casal sagrado senão continuar, no fri o da noite, à procura de pousada. Não lhes restou senão uma gruta. Ao ver a cena, as fis ionomi as das pessoas, e mbora alegres, tornavam-se pensativas. Pensavam no dono da casa. Ti-

vo dos so ldados de Herodes. Atravessa uma velha ponte condenada, vigas apoclreciclas, faltando tábuas. Montada num jumento, Nossa Senhora tem nos braços seu Divino Filho. A pé, um pouco atrás, São José tem o olhar extre mamente atemori zado . E le co mo que vê no próx imo passo cio animal a queda no abismo. Até mesmo o jumento tem ex pressão de terror, orelhas levantadas, ventas dil atadas, boca entre-

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Abaixo: senhora explica aos netinhos enlevados o significado do presépio

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nomi a seriamente infantil cio vienense. Mas, num Natal bem compreendido, não retornamos todos, de algum modo, à infância? Assim se exprime o majestoso pinheiro: "Tenho 27 metros de altura e aproximadamente cem anos. Nasci em Rechberg, na Áustria Oriental. Ali, onde ao longo dos anos enfrentei ventos e tempestades, deixo descendentes. Aliás, era já tempo de ceder lugar à minha posteridade. Alegro-me tanto em terminar meus dias entre os vienenses, como árvore de natal, embelezando seus.festejos. Depois das f estas, minha madeira servirá para.fazer bancos de j ardim, para repouso dos que passeiam. Mas não só isso. Dela se f arão também casinhas de inverno, para abrigar os ninhos de pássaros que cantam para nós ". Mensagem encantadora, na

Ich bin eine 27 Meter hohe und ca.100 Fichte aus Rechberg in Oberõsterr Der Standort, an dem ich Jahraus Ja Wetter getr otzt habe, wird bereits vo Kindern bewachsen. Ich m~te dah Nachwuchs Platz machen und freue m den Einwohnern von Wien als Christba~ achtsfest verschõnern darf. achten we e für müde ·uschen und Singvõgel

Amigo leitor, Não é sem emoção que encerramos esta edição de Catolicismo , por ser a últim a cio século XX. E nada melhor, neste momento, do que uma vi são retrospectiva da centúri a que está terminando. Mas um retrospecto traçado sob a ótica de um varão católi co, cuj a presença fo i um dos grandes marcos deste sécul o. Plinio Corrêa de Oliveira - que há 50 anos inspi rou a fund ação de nossa revista - previu e alertou seus contemporâneos para os males dos dias de hoje. Ele sabi a que, apesar dos avanços científicos e tec nológ icos, o destino da humani dade tornar-se- ia cada vez mais comprometido, pelo fato de muitos terem abandonado a verd adeira Reli gião e deixado de atender aos apelos de Nossa Senhora de Fátim a. A influência de importantes acontecimentos deste século, na fo rmação da mentalidade do homem contemporâneo, é aqui considerada de form a penetrante e objetiva, do ponto de vi sta dos princípi os básicos de Revolução e Contra-Revolução, obra- mestra de Plinio Corrêa de Oliveira. * Apesar de que se fala muito da passagem de ano, de sécul o e de milênio, existe algo que nunca muda e que sempre renova nossas esperanças: a Natividade do Nosso Redentor. Catolicismo segue a tradi ção de tratar do tema do Santo Natal em dezembro. Esta comemoração sobrevive aos séculos, por ser a data mais importante da Cri standade. Vale lembrar que anti gamente, nesta ocasião so lene, até as guerras eram interrompidas, tão grande a co nsideração em que era tida esta data, nas nações cristãs em todo o mundo. A co ntempl ação e as bênçãos do Santo Natal constituem verdadeiro lenitivo em nossa vida sofrida de cada di a, tão agredid a pela imoralidade, violência, abandono da Fé e da Reli gião .. . Catolicismo comemora de modo parti cular esta data, oferecendo ao leitor uma lindíss ima matéri a de capa sobre o Natal de Viena, um dos mais belos do mundo. O clima nata lino acrescenta um ar de sacra lidade à já admirável capital da Áustria. Através dessa matéri a, o leitor conhecerá o Mercado vienense do Pequeno Menino Jesus, e por certo emocionar-se-á com eles, bem como com as cenas de artísticas esculturas que orgulham o povo austríaco e deleitam os visitantes. Para o Novo Ano que se inicia, fazemos votos de que todos continuem a apreciar a leitu ra benéfica para a vida espiritual, moral e intelectual proporcionada por Catolicismo . Desejo a todos um Santo e abençoado Natal. *

*

Cordialmente, vesse seu humor permi tido que, naquelas faces sublimes, ele reconhecesse a Santidade, e assim as recebesse, certamente ele teri a seu nome mencionado na Hi stóri a Sagrad a co mo nela fi gura o Cireneu ou a Gruta de Belé m; seri a cantado, até o fim dos tempos, na liturgia do Natal, ta lvez fo sse o patro no ela hos pitalidade. Refl eti am sobre o coração empedernido do clono da casa .. . mas a cena levava também, cada um , a um exame de consc iência. Não posso esquecer-me de outra representação, a fuga para o Egito. A Sagrada Famíli a trilha um ca minho abandonado, onde certamente fi cari a a sa l22

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aberta. Jesus e Mari a permanecem impassíveis. nca ntados de estar juntos, olham-se numa pl acidez infinita, sobranceiros ao peri go. Nesta representação simpl es, quanta lição a ti rar da superi or confi ança que anima, em meio ·ao peri go, os que têm a certeza de uma mi ssão a reali zar!

Pinheiro, sacrifício e alegria Um imenso pinheiro, no centro ela praça, tem ares ele um patri arca em meio à sua descendência. De algum modo ele é o símbolo cio Natal. A seu pé está a mensagem que ele diri ge aos presente · (foto acima, à direita). Nela reluz a bo-

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qu al não está presente a carranca da moderna ecologia. Ami stoso convívio, animações degustativas, ternas canções, bonomi a, lições da Hi stóri a Sagrada - o Natal em Vi ena atra i suave e alegremente o olhar para o que é essencial nesta vida. Aqu ele hom em conte mpo râneo, do qual fal ávamos no in ício, im rso nesta atmosfera, transe nd imp rceptive lm e nte a agitação ·a ti a des tes di a . Ele cnt ncl o s nti clo , uperior cio o frim 111 0 ' das ai rias de sua ex istê n ·ia. U · n ·ontra o único Padrã ·apa:,,, d ' i11 stilar a orei 111 em seu ♦ ·onturbc1do ·sp ri to .

~~7 DI RETOR



HISTÓRIA

Há 1200 anos era coroado o

IMPERADOR CARLOS MAGNO Com sua prodigiosa ação, esse verdadeiro Pai da Europa conseguiu mudar os rumos da História e lançar as bases da Cristandade medieval RENATO VASCONCE LOS

ma, 25 de dezembro do ano 00. A Cidade Eterna, regurgiante de nobres e guerreiros franos, grandes e pequenos, comemora o nascimento do Salvador. Na antiga e venerável Basílica de São Pedro, onde o Papa Leão III vai celebrar a Missa de Natal, reúnem-se altos dignitários eclesiásticos e temporais . Entre estes, acompanhado de seu filho mais velho e de numerosa e imponente comitiva, encontra-se Carlos, Rei dos Francos e dos Lombardos. Antes do início da Missa, Carlos Magno dirige-se à tumba de São Pedro. Quer venerar o Príncipe dos Apóstolos. Ajoelha-se, começa a rezar. Aproximase dele o Supremo Pontífice, trazendo nas mãos um diadema de ouro. E então, para surpresa de muitos, Leão III o coroa Imperador do Sacro Império, investindo-o da suprema autoridade temporal sobre os povos cristãos do Ocidente. Jubilosos, tanto romanos quanto francos aclamam o "Grande Carlos, augusto e sereníssimo, pacífico Imperador dos Romanos, pela misericórdia de Deus Rei dos Francos e dos Lombardos" e lhe auguram "vida~-vitória".

Sustentáculo da Cristandade A elevação de Carlos Magno à dignidade de Imperador do Ocidente deuse num momento crucial para a Cristandade nascente. O Império Romano do Oriente vacilava. Tanto na submissão ao Papado quanto na fidelidade à ortodoxia, os bizantinos eram motivo de preocupação. Já eram notórios os erros que iriam produzir mais tarde a ruptura e a queda de Constantinopla no cisma e na heresia. Nessas cir-

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cunstâncias, o Basileus - Imperador bizantino - não mais representava um apoio firme da Igreja. Ademais, a situação política mostrava-se extremamente conturbada às marge ns do Bósforo. Constantino VI havia chegado à idade de subir ao trono. Porém sua mãe, a regente Irene, inteligente, inescrupulosa e cruel, decidira desfazer-se dele para usurpar o trono. Nada mais simples. Urdiu uma conspiração, mandou prender o filho e vazar-lhe os olhos. Uma mulher ocupando o trono do Basileus: situação inédita em Constantinopla! No Ocidente, o Sucessor de Pedro passava por tribulações. Contrn o Papa Leão m formara-se uma poderosa conjw-ação de eclesiásticos e nobres. Incrivelmente ativos, os conjw-ados espalharam contra o Soberano Pontífice as piores acusações de ordem moral. No dia 25 de abril de 799, quando Leão III se dirigia à igreja de Santo Estêvão, cai-lhe em cima um bando de esbirros, armados de espadas e bastões. Espancam-no brutalmente. Tentam arrancar-lhe a língua e os olhos. Lançamno num cárcere. Entretanto Leão III consegue, com ajuda de alguns amigos e apesar de gravemente ferido, escapar das mãos de seus algozes. Refugia-se inicialmente em Espoleto. Depois, a convite e sob a proteção de Carlos Magno, dirige-se a Paderborn, onde se encontra com o Rei dos Francos e lhe solicita aj uda. Estatueta em bronze representando Carlos Magno. Arte carolíngea do séc. IX - Museu do Louvre, Paris

Em fins de outubro de 799 dá-se o retorno de Leão III a Roma, acompanhado de uma delegação encarregada de o proteger e de investigar o fundamento dos rumores. No dia l° de dezembro, a fim de esclarecer se tais rumores eram ou não fundados, reúne-se uma grande assembléia na Basílica de São Pedro. Os acusadores não conseguem aduzir prova alguma, e saem desmascarados e humilhados. O Papa tinha novamente os pés sobre rocha firme.


VIDAS DE SANTOS língeo, po is a lém de basear-se em princípi os soc iali stas, nem sequer é cri stã.

Lugar especial na História como Imperador Cerlamente não se encontra, na exte nsa galeria de Imperadores e Re is do Oriente e do Ocidente, personage m de tanta impo rtânc ia para sua é poca e te mpos posteri o res qu anto Carl os M ag no . Na Anti güid ade, ne m Sa lomão, o Rei galardoado por Deus com o dom da sabedoria, ne m Al exa ndre, o g rande conqui stador, e menos ainda Júlio Césa r co nseguiram mud ar de modo dec isivo os rumos da humanidade e dar-lhe novo impulso. E a nenhum dos mo narcas medievais, modernos e conte mporâneos, coube reali zar obra seme lhante à carolíng ia. Sombras que possam ter havido em sua extraordinária exi stência, levandose em conta sua ascendência próxima da barbárie, a ignorânc ia relig iosa e os costumes bárbaros então vi gentes, nem de longe empanam a radi osa vi são de conjunto da obra reali zada por esse homem providenc ial. Na obra ímpar de Carlos M ag no pode m-se di stin guir três as pectos de sua persona lidade que se imbri ca m: o guerreiro, o defensor da Igrej a e cio Papado, o fund ador de nações.

Guerreiro indômito Carlos M ag no cómbate u a leste cio Reino cios Francos os povos pagãos dos sa xões e cios avaros . A oeste, levou adi ante a obra de seu avô Carl os M artel, q ue derrotou os mo uros na decisiva batalh a de Po itie rs. :Pelejo u in ca nsave lmente contra os sarracenos, conqui stou Barce lo na e reto mo u boa parte cio norte da Espanha aos mouros, dando assim notáve l impul so à e mpresa da Reconqui sta.

Defensor da Igreja e do Papado Resguardou a Igreja e o Papado contra seus inimi gos internos e externos, impul sionou a reform a do c lero, combate u-lhe o relaxa mento e favoreceu os bons ec lesiásticos, a tal po nto que fo i cognomin ado Bispo dos Bispos. 28

C AT O LI

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Coroação de Carlos Magno em Roma por Leão Ili. Códice do século XIV.

Fundador de nações A Europa atual eleve-lhe a sua constituição. O ideal de C arlos M agno era tornar realidade viva a c ivili zação cri stã, essa fa mília de Estados cri stãos reunidos e m torno de um monarca cri stão e vive ndo da se iva ci o e ns in a me nto de Nosso Se nhor Jesus C ri sto. Queri a ver aplicado e m toda a sua exte nsão o que Santo Agostinho ensina em sua célebre obra De Civitate Dei: a c ivili zação perfe ita só pode desabrochar quando houver obedi ênc ia geral à Le i de Deus, concórdi a e ntre os povos cri stãos, a heres ia estiver extirpada e houver conversão dos infié is e pagãos. E ntão re inará a tranqüilidade da ordem, ou sej a, a verdadeira paz. A paz de C ri sto no Re ino de Cri sto. Esse era o ideal de Cri standade que Carlos M ag no acalentava e m seu coração. Para a sua realização, não poupou esforços durante os 46 anos de seu re inado. Sua obra frutifi cou numa E uropa . que nascera pouco antes dos escombros cio Impéri o Romano do Oc idente e das trevas cio paga ni s mo. A c ivili zação cri stã co ncreti zou-se e reful g iu na Id ade Média. Por isso Carlos Mag no é cognomin ado Pai da Europa . Fo i e le que m colocou os fundam entos da E uropa cri stã e indicou-lhe os rumos a seguir. A atu al Comunidade Européia, que se procura in staurar, é ape nas um a caricatura de mau gosto cio Império caro-

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O retrato de uma personalidade pujante

Santo Elói de Chatelac

Vi sto de perto, como era Carl os M ag no? Einhard, seu amigo e biógrafo , ass im nô- lo descreve:

Ourives e Bispo - exímio na virtude Santo Elói é desses santos que, assemelhando-se mais a Anjos do que a simples mortais, pela inocência e singular caridade, teve uma vida digna de figurar na Legenda Áurea. Apreciador da riqueza e da beleza no culto divino e na sociedade temporal, perseguiu os simoníacos, confundiu os hereges e castigou os maus padres

"Carlos era robusto e f orte, de estatura elevada, porém nüo demasiadamente alto. É geralmente reconhecido que ele media 7 pés (1 ,92 m). Sua cabeça era redonda, seus olhos grandes e vivazes, o nariz um tanto comprido. Tinha belos cabelos grisalhos e uma jisionomia alegre e prazenteira. Seu porte era sempre imponente e digno, estivesse ele sentado ou de pé. Seu andar era decidido, seus gestos varonis e sua voz clara, embora nüo f osse tüo f orte quanto era de esperar por sua estatura. Sua saúde f oi sempre excelente; apenas nos últimos quatro anos de 5vida sofria . freqüentes ataques de f ebre" .

Pu N10 M ARrA

i a ou roma na,

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Sou MEO

na cidade de C hatelac, perto ele Limoges, e ntão G á li a, hoj e F rança, que nasce u E ló i Elíg io, de pais no bres e piedosos de origem no ano de 5 88 . "Formado desde cedo em

todos os exercícios de piedade, seus pais lhe imprimiram tal desprezo pelo mundo, que ele não parecia ter nascido senüo para empurrá-lo com os pés" 1• Ado lescente, o bservando o pa i sua sing ul ar aptidão para tra ba lhos ma nua is, colocou-o como apre ndi z ele um o urives ela cidade, e nvia ndo-o de po is a Limoges, para a fábri ca ele moedas perte ncente ao fi sco e dirigida pelo mestre Abó n, então a mai o r autoridade nesse ofíc io. E m pou co te mpo E ló i fe z ta ntos progressos, que seu mestre o e nvi o u a Pari s com uma carta ele recome nd ação pa ra o tesoure iro cio rei C lo tári o II, a fim ele ape rfe içoar-se. Co ntava e ntão vinte a nos, e ra alto e be m pro po rc io nado de corpo, co m o pul e nta cabeleira lo ira qu e e moldu ra va se u rosto co m varonil be leza. Era séri o, ele o lh a r límpido, no qu al transpa recia precoce prudê nci a. "Sua conve rsaçüo era

Carl os M ag no torn o u-se Re i cios Fra ncos aos 26 anos de idade. Faleceu com 72 anos, no di a 28 ele janeiro de 814 . U ma pl eurite ag uda levo u-o à morte . P res entindo s ua derrade ira hora, comun gou e rece be u a extre ma- unção. De itou-se, fez um grande sinal ela cru z e, de o lhos fec hados, cantou em voz baixa o "Senha,; em. vossas müos entrego o

meu espírito". Se us restos mortais repousam e m Aac hen, na igreja de Santa Maria, que ele construíra em honra ela Mãe de Deus. Num escrínio todo de ouro e de pedras prec iosas repousa o Imperador da barba f lorida, o G ra nde Carlos. ♦

tão honesta e agradá vel a todos, que em pouco tempo g ranjeou na co rte m uito boas amizades. Entre o utras, gan hou a simpatia do tesoureiro do rei, Bobón" 2 •

O prêmio da honestidade Obras Consultadas: 1. Ernst W. Wi es, Karl der Grofi e - Ka iser und Heiliger, Hey ne Verl ag, München, 1986. 2. Rudolph Wahl , Karl der Grofie, Bruckma nn , München, 1978. 3. Jacques de Bayac, Karl der Grofi e: l e/Je11. und Zeit , Paul Neff Verlag, Wi en, 1976. 4. Josef Fleckenstein, Ka rl der GrojJe, M1.1 stersch111idt, Yerl ag, Berlin , 1962. 5. Einhard, Vil a Karoli Mag,1.i, Reclam, Stuttgart, 198 1.

E ntre as "boas amizades " g ranj ead as na corte, fi g urava m as ele Santo Aclueno (Ouen) e ele São Desidério . Um fato fê-lo conqui star definitivam ente a simpati a cio re i C lotá ri o e transformo u seu futuro . Desej ava o mo narca faze r um tro no que fosse um refl exo

ele sua magnificência real e uma verdade ira obra ele arte . Procurava para isso o a rti sta capaz de executar seu pl a no. Bo bó n recome ndou-lhe seu j o ve m prote~ g ido, e na ltecendo as qu a lidades ele E ló i.

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O rei aceitou a indicação e mandou entregar a Elói grande quantidade de ouro e pedrarias, com o desenho do trono. Passado algum tempo, o ourives apresentou a obra acabada ao soberano. Este ficou entusiasmado e mandou dobrar a importância que havia prometido pelo trabalho. Quando o rei ia sair, Elói puxou uma cortina que ocultava outro trono, em tudo igual ao primeiro. Com o material que lhe fora dado, havia feito dois tronos, e não um. Clotário ficou atônito com o que via. O ourives podia muito bem ter apresentado um só trono e se apoderado do que sobrara de ouro e pedraria. "Eis aqui uma grande exatidão, di sse-lhe o rei, e tu mostras com isso que se pode fiar em ti para coisas muito mais consideráveis". E passou a encomendar-lhe negócios de muito maior monta, e a tê-lo no número de seus conselheiros e embaixadores. A crescente popularidade, que lhe granjeavam suas excelentes qualidades naturai s e morai s e o favor real, não diminuiu a piedade e as devoções do jovem artista. Pelo contrário, ele se preparou para essa nova etapa de sua vida fazendo um retiro e confissão geral, começando a mortificar sua carne com jejuns e penitências extraordinárias, pedindo a Deus que lhe perdoasse suas infidelidades passadas (os santos sempre vêem com clareza a maldade do pecado). Uma noite apareceu-lhe em sonhos um anjo sob a forma human a, di zendo-lhe: "Elói, tua prece foi por fim ouvida e irás ter uma garantia do que dese jas". Ele acordou e percebeu que um líquido de mui to agradável odor corria das relíquias que conservava à parede, na cabeceira de sua cama, e caía sobre sua cabeça como que ungindo-o. Isso foi o fundamento da eminente perfeição que ele atingiu depois, e a graça foi tanto mais abundante quanto sua humildade era profunda. Muito jubiloso por tão grande graça, Elói dela fez confidência a seu amigo Ouen, jovem senhor da corte. Este ficou tão tocado com o fato, que, a exemplo de Elói, começou "a desprezar as delícias e vaidades do mundo e a consagrar-se de todo coração ao serviço de Deus". Em breve a reputação do Santo "tornou-se tão grande e tão universal, que os embaixadores estrangeiros que vinham à corte, mal tinham tido audiência com o rei, iam visitá-lo, quer para obter seu fa vor junto ao soberano, quer para gozar o prazer de seu convívio". "Ninguém era mais humilde e mais modesto que

ele, e entretanto percebia-se em sua face uma santa alegria, que encantava a todos que tinham a felicidade de falar com ele. Jamais foi visto encolerizado nem impaciente, nem ousado em suas palavras, nem intemperante em suas refeições, nem apaixonado pela glória" 3 •

Amparo dos pobres e escravos, zeloso pela ortodoxia Santo Elói tornou-se o amparo dos pobres, aos quais dava tudo o que recebia, às vezes as próprias vestimentas. O rei muitas vezes lhas cedia de seu guarda-roupa, sabendo que finalidade teriam. Outros protegidos desse santo ministro foram os escravos. Ele empregava grandes somas para resgatá-los. Depois, se eram estrangeiros, dava-lhes o necessário para voltarem à sua pátria; se não, procurava uma colocação para eles. Mas a todos procurava antes ganhar para a religião e para a virtude. Conservou assim alguns consigo, e com eles vivia como religioso em sua casa. Santo Elói fundou vários mosteiros, um dos quais em Limoges, destinado a monges dedicados à arte da ourivesaria, para que com seu trabalho, feito em espírito de oração, dessem maior decoro à Casa de Deus. Fundou também dois mosteiros para monjas, confiando a direção de um a Santa Áurea, e a de outro a Santa Godoberta. Edifico u ainda várias igrejas e mosteiro .. "Embora seja um simples leigo, trabalha com ardor pela pureza da Igreja, persegue os simoníacos, confunde os hereges, reúne assembléias de Bispos, constrói igrejas, funda e organiza mosteiros, detém a propaganda monotelista dos emissários bizantinos" 4 • Mesmo estando ainda na vida secular, "recebeu eminentemente o dom dos milagres. Curou um homem paralítico de seus membros, dois mancos e um pobre cuja mão tinha-se tornado seca; f ez voltar à vida um morto, e deu a vista a um cego; multiplicou tão prodigiosamente algumas gotas de vinho que tinham restado numa garrafa, que teve o suficiente para uma tropa de mendigos que lhe pediam esmolas. Encontrou milagrosamente dinheiro em sua bolsa, depois que sua caridade a tinha esvaziado inteiramente; forçou, por uma f ervorosa prece a Deus, ladrões a devolverem na noite seguinte os mais ricos ornamentos da igreja de Santa Colomba, da qual haviam roubado " 5 .

Pastor de almas o que rea lmente aconteceu. E o Bispo mandou conFalecendo Santo Acário, Bispo de Noyon (Franfecc ionar um brinquedo ele grande arte para seu afi ça), o Clero e os fi éis daq uela diocese - como era lhado. costume da época - escolhera m para suceder-lhe A ele escrevi a: "Teme sempre a Deus, dulcíssimo Santo E lói, mesmo tratando-se de um leigo. Este re.filho, aina-0; não esqueças que Ele está sempre a lutou em aceitar tamanha res ponsab ilidade. Mas teve teu lado. Conserva a castidade de um só leito; ama que ceder. Preparou-se durante um ano para receber ao que te diz a verdade, honra os sacerdotes, e lemo sacerdócio, com São Cesári o de Arles, sendo por bra-te do passado; pensa no futuro, e tem cuidado e le sagrado Bi spo e m maio de para não pisar os ovos da áspi641 , juntamente com seu amigo de corn os pés descalços" 6 • Santo Ouen. Enfim , tendo atingido os 70 O Bi spo titul ar ele Noyon era anos el e idade cheio de boas ao mesmo tempo administrador obras, Santo Elói chegou ao terde outras dioceses como Tournai, mo ele sua carreira terrena. Chonos Países Baixos, o que reprerado por tod os, especialme nte se ntava um e norme campo de pelos pobres, entregou sua alma aposto lado. a Deus no primeiro dia de deSanto Eló i visitou toda sua zembro cio ano 659 de nossa era. extensa diocese, indo pregar mes"Avisada Batilde da imensa mo nos Países Baixos, na Dinaperda que acabavam de te r o marca e na Suécia. Sua pregação reino e a igreja de Noyon, foi era constante, e sua palavra tinha com seus três .filhos e outros uma força e uma energia maramuitos príncipes ver e venerar vilhosas; mas era se u exempl o o corpo de Santo Elói. Quis leváque mais atraía os corações. Não lo consigo para o Mosteiro de deixava, porém, ele ser e nérgico Chelles, mas outros desejavam quando a ocasião o ex igia. Uma que fosse enterrado em Paris. O A bela e multissecular catedral de vez ele interditou uma igreja cuj o Senhor interveio milagrosamenNoyon (edificada após a morte de Santo Elói), cuja Sé episcopal vigário era vicioso e dava muito te em jàvor da vontade do Sanfoi ocupada pelo santo, no século VI escândalo. Esse sacerdote, não se to, que queria .ficar em meio a importando com o interdito, quis continuar a celeseus amados diocesanos" 7 • Quando tentavam remobrar. Quando qui s faze r soar o sino para convocar os vê- lo, tornava-se tão pesado que ningué m consegui a fiéis, este perm aneceu mudo. E assim fico u durante retirá- lo cio lugar. M as deixou-se levar para a igreja três dias , só voltando a soar quando o B ispo, cedenabac ial de São Lupo, em sua cidade episcopa l. do aos paroquianos que afi rmaram que o padre se A memóri a deste Santo perm anece até hoje viva emendara e estava disposto a fazer penitê ncia, levanna França, após quase um milênio e meio de seu fatou o in terd ito. U m outro sacerdote, qu e ele hav ia lecime nto, e é recordada através ele singela cantiga exco mungado por seus crimes públi cos e infa mes, in fa ntil. ♦ quis ass im mes mo ce lebrar sacrilega me nte. Mas apenas chegou ao altar, cai u fulminado. Notas: 1. Les Petits Boll ancl istes, Vies des Sai11ts, cl ' apres le Pere G iry, Bluucl Milagre depois da morte Tendo fa lec ido o gra nde am igo cio Bispo, o Rei Dagoberto, fi lh o de lotário U, subiu ao trono Clóvis II. Este desposara um a antiga escrava que hav ia libertado, por causa de , ua ex trema be leza e grande virtude. Essa escrava, torn ada rainha, foi também uma sa nta: Santa Bati Ide. Santo Elói lhe pred is se que ela daria à lu z um filho, cio qual ele seria o padrinho. Fo i

et Barrai - L ibra ires Écl iteurs, Pari s, 1882, tomo Xlll , p. 4. 2. C rr. Pe. Pedro ele Ribaclaneira, in La Leyenda de Oro, L. Gonzá lez • y Co mpaíiia - Ed i tores, Barce lona, 1892, tomo IV, p. 44 1. 3. Les Petits Bo l lancl istes, op. cit., pp. 5 e 6. 4. Frei Justo Perez ele Urbe!, O.S.B., Afio Cristiano , Ecl iciones FAX, Madrid, 1945, tomo JV, p. 449. 5. Les Petits Bo l lancl istes, op. cit. , p. 1O. 6. Frei Ju sto Perez ele Urbe!, O.S.B., op. c it. , pp.45 1, 452. 7. Ecl el vi ves, E/ San to de Cada Dia, Edi tori al Lui s Vives, S.A., Sa ragoça, 1949 , tomo VI, p. 320.

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Santos ., e festas

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São N icolau

....... 1 Santo Elói, Bispo e Confessor. (Vide seção Vidas de Santos p. 29)

Primeira sexta-feira do mês

................ 2 Santa Bibiana, Virgem e Mártir. + Roma, 363. Do Patriciado romano, é fil ha dos mártires Flaviano e Dafrosa, e uma das santas mais populares de Roma. Sob Juliano, o Apóstata, como nada a fazia renegar a fé, foi açoitada até morrer.

Primeiro sábado do mês

................................ 3 .................... São Francisco Xavier, Confessor. + Ilha Sancião, 1552. Discípulo de Santo Inácio de Loyola, é o apóstolo da Índia e do Japão, tendo seu zelo alcançado Má laca e as Molucas. Faleceu às costas da China, que pretendia evangelizar, aos 46 anos de idade. São Pio X declarou .. o patrono especial da obra da Propagação da Fé e das Missões católicas.

São João Damasceno, Confessor e Doutor da Igreja. + Síria, 749. Natural de Damas-

co, distinguiu-se pela defesa do culto às sagradas imagens contra os iconoclastas. É o último dos Doutores da Igreja do Oriente e grande mariólogo.

........... 5 São Geraldo, Bispo e Confessor. + Braga, 1108. De alta estirpe, monie le

luny, eleito Arcebis-

CAT O L IC IS MO

po de Braga, trabalhou com dedicação e zelo proporcional à sua imensa Arquidiocese, na formação do clero e instrução religiosa do povo.

. . . . . 6 ··-São Nicolau, Bispo e Confessor. + Mira, 324. Bispo de Mira, na

Ásia Menor, de eminente caridade, foi desterrado pelo Imperador Licínio . Derrotado este por Constantino, voltou à sua Diocese, onde operou estupendos milagres.

............. 7 ...................... Santo Ambrósio, Bispo, Confessor e Doutor da Igreja. + Mi lão, 397. Governador e depois Bispo ele Milão, conselheiro ele Imperadores e do Papa, teve papel decisivo na conversão de Santo Agostinho.

................................ 8 ....................... IMACULADA CONCEIÇÃO DA SANTÍSSIMA VIRGEM. Festa instituída pelo bem-aventurado Pio IX em seguida à promulgação desse dogma, que coroava tradições muito antigas a res peito.

........... 9 ......... Santa Leocádia, Virgem e Mártir. + Toledo, 304. Durante as perse-

guições de Diocleciano, fo i presa: "lntenvgada, confessou; atormentaram-na, e Deus concedeu lhe a Coroa", conforme registro

da antiga liturgia espanhola.

10 Trasladação da Santa Casa de Loreto. O.zembro de 2000

........ 11 São Dâmaso 1, Papa e Confessor. + Roma, 384. Espanhol de origem, encarregou São Jerônimo da tradução para o latim da Sagrada Escritura, ocupou-se de anotar a história dos mártires e das catacumbas de Roma e deu novo esplendor ao culto divino.

......................... 12 ............ Nossa Senhora de Guadalupe, Padroeira Principal da América Latina. Em 1521, poucos anos depo is da conquista do México, Nossa Senhora apareceu ao índio Juan Diego, deixando como penhor sua imagem impressa no poncho (espécie de avental) do vidente. Após essa aparição, houve conversão em massa de indígenas à Santa Religião Católica.

13 Santa Luzia, Virgem e Mártir. + Siracusa, séc. IV. Consagrando a Cristo sua virgindade e renunciando em favor dos pobres seu rico patrimônio, foi degolada à espada. É invocada nas doenças dos olhos.

············ 14 ······ São João da Cruz, Confessor e Doutor da Igreja. + Ubecla, 159 l. Co-reformador do Carmelo mascu lino com Santa Teresa. Foi perseguido e preso por seus confrades. Poucos penetraram mais a fundo nos arcanos da vida interior.

15 Santa Maria Crucificada Oi Rosa, Virgem. + Bréscia, 1855. De nobre famí-

lia, sua vida decorre num período crítico para a Igreja e para a Eu-

Santo Estêvão

Santa Adelaide

São Sabino

São Francisco Xavier

Santa Luzia

ropa. Durante uma epidemia, entrega-se ao serviço dos empestados, fundando para isso as Servas da Caridade.

se o dia bendito em que daria à luz o Menino Deus.

vam a pátri a para se fix arem em outros países. Cruzou o oceano 30 vezes, morrendo nos Estados Un idos, onde hav ia recebido ciclaclania americana.

tou a humaniclacle ao receber, junto à Cruz, Nossa Senhora como Mãe. Foi o Evangelista por excelênci a ela cl ivinclacl e ele Cri sto. Perseguido pelo Imperador Domi ciano, foi levado a Rom a e mergulhado num tacho ele azeite fervente, ele onde saiu rejuvenescido. Foi então deportado para a ilha ele Patmos, onde escreveu o Apoca lipse. Tendo morrido seu perseguidor, voltou a Éfeso, onde res idia, tendo escrito então, a pecliclo cios fi éis, seu Evangelho e três epísto las, para refutar as heresias que negavam a clivinclacle de Nosso Senhor e pregar o amor entre os cristãos.

morto a machaclaclas, em sua própria catedral, durante um ofício.

Santa Adelaide Imperatriz, Viúva. + Sehl, 999. "Maravilha de graça dela disse Santo Odilon. Enviuvando aos 19 anos, casou-se em segundas núpcias com Otto 1. Este recebeu do Papa a coroa de Carlos Magno, pelo fato de expulsar os invasores dos Estados Pontifícios, tornando-se Imperador do Sacro Império RomanoGermânico. Com a morte do marido, Adelaide governou o Império até a maioridade de seu filho. Revoltando-se este contra Adelaide, foi ela para a Borgonha, onde ajudou Santo Odilon a fundar conventos dependentes ele Cluny. e de beleza" -

······ 17 São Lázaro. + Marselha, séc. l. "Aquele que amais está doente" - mandaram

dizer Marta e Maria ao Salvador. E realmente Jesus amava Lázaro de tal modo, que o resgatou do mundo dos mo1tos com um estupendo milagre. Segundo a Tradição, ele foi colocado com as irmãs num barco sem leme e sem velas, que apo1tou em Marselha, onde teriam fundado uma comunidade cri stã, da qual foi o primeiro Bispo.

.......... 18 Nossa Senhora da Espera,nça ou Nossa Senhora do O. Celebrava -se nes'se dia a Expectação de Nossa Senhora. Por coincidir, na liturgia, as primeiras Vés peras da f'esta com as Antífonas "ó", daí a invocação ele Nossa enhora "cio Ó". Relembra as alegrias ela Virgem ao aproximar-

19 Santo Urbano V, Papa e Confessor. + Avignon, 1370. Papa cio ex ílio

ele Avi gnon, ao subir ao trono pontifício propôs-se atingir três metas : fa ze r voltar a Sede do Papado a Roma , reformar os costumes e propagar a fé. As duas últimas, rea lizou com êx ito. A primeira, embora tenha vo ltado a Roma, lá não permaneceu por julga r que não tinha a mesma liberdade.

20 · São Domingos de Silos, Confessor. + (Espanha), 1073. Guarclaclor ele ovelhas na in fâ ncia, foi chamado pela Providência a restaurar a Abadia ele Silos, arruinada es piritual e materi almente pelas guerras árabes. Empenhou-se também na libertação cios cri stãos cativos entre os mouros.

21 São Pedro Canísio, Confessor e Doutor da Igreja. + Friburgo, 1597. Di sc'ípulo ele

Santo Inácio, notabilizou-se pela efi cácia com que combateu a heres ia protestante, pela palav ra e escritos, especialmente entre os povos ele língua alemã. Graças a ele, a Renânia e a Áustria permaneceram católicas.

22 Santa Francisca Xavier Cabrini, Virgem. + Ill inois, 19 17. De ori gem ita lia-

na, fund adora elas Irmãs Mi ssionárias cio Sagrado oração ele Jesus. Foi ao encalço cios milhões ele imi grantes italianos que deixa-

23 São João Câncio, Confessor. + Cracóv ia, 1473. Cônego e professor ele Teologia em Cracóvia, depois pároco ele llkus, confirmava sua pregação com o exemplo ela vida, tendo praticado em grau heróico a cariclacle em favor cios necessitados.

. 24 ......... São Charbel Makhlouf, Confessor. + Líbano, 1898. Segundo Pio XII , e se mo nge lib anês cio Rito Maron ita, modelo ele contemplação e recolhimento, ''.já goza va em

vida, sem o querei; da honra de o chamarem. santo, pois a sua exi.1·· tência era verdadeiram.ente san· tificada por sacrifícios, j ejuns e abstinências" .

25 NATAL DE NOSSO SENHOR JESUS CRISTO

suportar, membros ela sinagoga alegaram que ele blasfemava, e o apedrejaram até morrer.

27 São João, Apóstolo e Evangelista.

no, Sabino foi preso com seus diáconos Exuperâncio e Marcelo. Os diáconos, animados pelo Bispo, morreram heroicamente com as costas retalhadas por unhas ele ferro. Tendo convertido várias pessoas na prisão, o santo Prelado foi enfim morto com açoites .

....... 31 · FESTA DA SAGRADA FAMÍLIA

28

t

São Silvestre 1, Papa e Confessor.

29 São Thomas Becket, Bispo e Mártir.

+ Roma, 335. Foi cios primeiros santos não mártires que recebeu culto púb lico. Sob seu pontificado, a Igreja começou a sair elas catacumbas e a construir basílicas magníficas.

+ Canterbury, 1170. Arcebi spo ele Canterbury e Primaz ela Inglaterra, por clefencler os direitos ela Igreja contra o absoluti smo real foi

26

zia prod{gios e grandes sinais entre o povo" . Não poclenclo isso

+ Séc. IV. Bispo ele Espoleto (Itália). Na perseguição ele Dioclecia-

FESTA DOS SANTOS INOCENTES

9 -9

-

Santo Estêvão, Protomártir. Jerusalém, séc. 1. Um cios sete primeiros Diáconos nomeados e orclenaclos pelos Apóstol os . Segundo os Atos cios Apóstolos, ''./'a-

30 São Sabino e Companheiros, Mártires.

Dezembro 2000 DOM

SEG

TER

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SAs

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 17 18 19 13 14 15 16 20 21 22 24 25 26 23 27 28 29 30 31

+ Éfeso, séc. J. O Discípulo Amado por sua virginclacle represen-

eATOLIeISMO

Dezemb r o de 2000

33


ENTREVISTA

Pfof. Nelson Gomes, da Unb, aponta graves deficiências no sistema educacional brasileiro • Catolicismo - Quais as tendências mais im-

baixo nível do ensino n ac ional e su a atual d eteriora ç ão são temas fr eqü e nte m ente t rat ados p e la mídi a do País . E as conseqü ên c ias d esse ca nd ente probl em a acabam afetando a vida d a m aiori a d e nossa p o pul ação. Atento às questõ es importantes da atu alid ad e , Catolicismo julgou oportuno abordar tal probl ema, e para isso entre vistou o Prof. Dr. Nelson Gonçalves Gom es, docente (especialmente de Lógica) na Universidade de Brasília desde 1976. O entrevist ado indica, com propriedad e , sérios defeitos na educ açã o n ac ional da atualidade. Entretanto, nossa revista n ão perfilha inteiramente algumas das posições assumidas pelo Prof . Nelson Go mes na presente entrevista, como , por exemplo, sua avaliação da importância de Marx e do marx is mo na História da Filosofia . o curriculum vitae desse m estre é e xtenso , m as sobretudo resp eitável por seu alto valor ci entífico. D esta c amos apenas que o Prof. Nelson Gomes f ez curso de gradua ç ão de Filosofi a na Pontifícia Universidade de São Pàulo e de m estrado em Filosofia (especialização em Lógica) na Universidade de São Paulo. Foi docente de História d a Filosofia no Departamento de Psicologia da Universidade de São Paulo , campus de Ribeirão Preto (S P) , t e ndo feito pó s-doutorado em Filosofi a na Univ ersidade de M u niqu e (Alemanha) e no London School of Ec onomics (D epartame nt o d e Filosofia) (Inglaterra); e pós-doutorado na Universidade d e Oxford (Inglaterra). É também membro do Comit A ssessor d e Filosofi a do Conselho Nacional de Desenvol vi r nt Científico e T ec nol ó gico (CNpq).

O

3 4

C li

OLICISMO

Dezembro d o 2000

• portantes no desenvolvimento do ensino su• perior brasileiro, nos últimos anos? : Prof. Nelson Gomes - Durante os anos 60, em • todo o mundo, houve uma tendência à expansão : do ensino superi or. Novas universidades fora m • fun dadas, mui tos docentes foram contra tados, : inúmeras va gas fora m cri adas. N aq uela época, • hav ia otimismo econômico e uma ex pectativa de : aumento popul acional que acabou por não se • cumprir. N o Bras il , a tendência fo i a mesma. : Entre nós, porém, a expansão do ensino superi or • aconteceu sobretudo em virtude do crescimento : cio ensino parti cul ar. Desde a década ele 60, o • número ele escolas superi ores privadas vem cres: cendo fortemente, em todo o territóri o nacional. • Paral elamente a isso, ao longo ele toda a década : ele 90, o Estado vem investindo cada vez menos • em educação superi or. : • Cato licismo - Tal desenvolvimento, em suas : línhas mestras , parece-lhe bom? Ou seria • passível de censuras? : Prof. Nelson Gomes - Esse desenvo lvimento • envolve problemas, porquanto o setor privado não : ten1 o mesn10 co1n pron1isso corn a pesqui sa e con1 • a fo rm ação de docentes-doutores que tem o se• tor públi co. Apesar ele todos os pesares, as uni • versidades públi cas ainda faze m algo pela fo r• mação ele pessoal e apresentam alguma pesqui sa. N as escolas superi ores parti cul ares, exceto em : algun s casos, isso não ocorre em dimensões sig• nifi cativas. O en sino superior público é caro e, : de fa to, abri ga pri vil égios inaceitáveis. Hoj e, fi • lhos de fa míli as ri cas, que podem pagar por bons : cursinhos, têm acesso à universidade públ ica, • enquanto que os pobres estudam à noite, em fa: culclacles particu lares. Não obstante, esses problemas elevem ser sanados , através de uma polí: tica uni versitária adequada. Não é retirando-se • ela área e abandonando-a aos particul ares que o : Estado brasil eiro irá re oi ver a di storções ora • apontadas . O Estado di spõe-se a fin anciar a com: pra de eq uipamentos para as uni versidades, mas • permi te que os sa lári os lo entes se deteriorem

de fo rma drástica. Ora, não adianta adquirir um novo acelerador ele partículas se quem o usa vai empregá-lo mal, por estar profi ss ionalmente elesmotivado. O resultado dessa situação é uma de-

generação de todo o sistema.

: • : •

:

• Catolicismo - Devido à extensa penetração : do chamado "progressismo católico" em ambientes católicos atuais, é necessário preliminarmente distinguir o pensamento católico tradicional e autêntico, das posições "progressistas". Feita essa distinção, cabe a pergunta: o pensamento católico tradicional e autêntico exerce algum papel importante na vida acadêmica brasileira de hoje? Prof. Nelson Gomes - Obvi amente, a preocupação social é legítima, em qualquer caso. A questão é que ela por vezes ganha fo rm as que geram novos problemas, sem resol ver os anti gos. N as décadas recentes, a fgrej a Católi ca no Brasil assumiu uma linha ele ativismo social. N a forma-

• : • : • : • : • : • : • :

ção seminarísti ca, o latim e muito dos estudos cl ássicos foram aband onados, em favo r de um pastora li smo freqüentemente politi zado. Com isso, o j ovem clero não mais tem acesso à milenar cultu ra eclesiástica, o que o leva a perd er suas raízes . Surgiu a teologia da libertação, com um apelo libertári o ele cunho pretensamente bíbli co e profético. Entretanto, não há diálogo rac ional com esse profeti smo, que se tran sform a numa espécie de ideo logia, a ser ace ita ou recusada, sem argumentos. A ass im-chamada .filosofia da libertação va i pelo mesmo caminho, embora empregue outros métodos. Em alguns ambientes acadêmicos, há in teresse por essas manifestações, mas não há verd adeiro debate de idéias em torn o delas, até 111es n10 porqu e não se pode di scutir corn pretensos pro fetas. Os li beracioni stas denunciam tudo e todos, em tom apocalíptico, mas não cultivam a sobriedade argumentativa que a vida acadêmica ex ige. Eu diri a que o pensamento cri stão está fracamente presente nas un iversidades bras il eiras atuais. Lamento esse desenvolvimento! As uni versidades nasceram no s io da Igrej a, ao longo da Ba ixa Idade M édi a. Dura nte séculos, a contribuição el a l grej a à vici a a acl êmica fo i notável. É pena que, no Brasi l, a vida intelectual do clero estej a reduzida a proporçõ s tã modestas. M as, a bem da verd ade, um ponto deve ser afirmado e enfati zado: há exceções ao que estou di ze ndo. Exceções, porém, confirm am a regra, ao invés ele eliminá-l a.

• • •• : • : • : • :

Prof. Nelson Gomes: "Nas décadas recentes, a Igreja

: dessa influência nas gerações mais jovens • de professores universitários brasileiros? : Prof. Nelson Gomes - A queda do Muro de • Berlim e ela Cortin a de Ferro ( 1989191) acarre: tou um decréscimo de interesse pelo marxi smo, • em todo o mundo. N o Brasil , como em muitos : outros lugares, predominou um marxismo aca• dêmico pouco elaborado, mesmo porque não se : entende M arx sem estudar o ideali smo alemão, • vale di zer, K ant, Fichte e H egel. M arx fo i um : fil ósofo compl exo, cujo estudo séri o demanda • muito esforço. Presentemente, porém, está acon: tecendo uma retomada de estud os sobre Marx em • algun s círcul os fil oso fi ca mente importantes. : Marx pertence à Hi stória da Filosofi a. Como tal, • ele é parte de um vasto fluxo de idéias que chega : até nós, vindo do século XfX. Como acadêmico, • eu elevo estar preparado para anali sar seriamente : o marxismo e com ele debater, à base de bons • argumentos. Esse tipo de discussão é um progres: so, relativamente ao marxi smo pobre e dogmáti-

Católica no Brasil assumiu uma linha • •

de ativismo social. •• • Na formação •

• • • o latim e muitos • • estudos clássicos : foram abandona- •• • • dos, em favor de • : • • um pastora/ismo • : freqüentemente •• • • : politizado" • • • • : • • • • : • • • • : • • : • : • : • :

• •

Catolicismo - O que o Sr. diz sobre o marxis- • mo no ensino universitário nacional? Pode- : se admitir um recuo - real ou aparente - •

seminarística,

• : • : • : • : •

co, tão encontradiço nas universidades brasileiras até algun s anos atrás . Os fil ósofos sofi sticados que se dedicam a M arx não aprovam essa instrumentali zação ideológica do seu autor. lndependentemente ele tudo isso porém, nos di as de hoj e, o estudante bras ileiro está preocupado com o seu futu ro emprego. O interesse pela política diminuiu acentuadamente. De novo, essa tenciência é mundial.

• Catolicismo - Que juízo crítico seria cabível : fazer, sobre as linhas mestras da atual Lei de • Diretrizes e Bases da Educação? e

ATO LICISMO

Dezembro de 2000

35


duvidosa qualidade, em detrimento da educação, que deve envolver a formação integral da personalidade humana. As esco las se barbarizaram, num longo processo de degeneração física e pedagógica. A omissão e o desinteresse dos governos e a degradação das condições salari ais dos professores contribuíram deci sivamente para tudo isso. A cu lpa maior é do Poder Público.

• • • : • • •

Peregrinação Permanente ganha grande impulso

• Catolicismo - Parece-lhe aconselhável subs• tituir o sistema seriado pelo sistema de ciclos no 1º e 2º graus, como está ocorrendo

Há muitas opi ni ões sobre isso, nas universidades. Limito a minha manifestação a doi s pontos. O primeiro é o fim dos currículos mínimos centralmente estabelecidos, substituídos que foram por diretri zes curricul ares . O segundo é o fo rte aumento da carga de disciplinas pedagógicas, para alunos que se dedicarão ao magistério. As diretri zes curri cul ares ainda não foram bem entendidas por quem quer que seja, o que leva as pessoas a hes itar, quando se trata de modificações nos antigos currículos mínimos. O aumento da carga de di sc iplinas pedagógicas, por outro lado, é desnecessari amente grande e inju stifi cado. Ele prejudica os cursos de licenciatura, ao invés de aj udá- los.

Prof. Nelson Gomes -

• : • : • : "Poucos são os • : estudantes brasi• : leiros que deixam • a escola falando : • uma língua : estrangeira. •

: • • • • • ••

• :

Catolicismo - Como o Sr. vê a atual tendência •

pedagógica no País, de reduzir o quanto pos- • sível as matérias de formação mais geral do :

Mal formados, sem reflexão,

uma lamentável tendência mundial. As pessoas querem aprender logo aquilo que vão aplicar profiss ionalmente, para competir e ganhar dinheiro. O resultado é a barbari zação do ensino e a vul gari zação de rapazes e moças que passa m pelas escolas sem aprender a refletir sobre a vida que vão ter ele enfrentar e sem desenvolver repertórios comportamentais adeq uados, em termos de valores humanos. A maioria das pessoas sa i da escola sen1 nunca ter lido un1 livro e ta1nbé1n sen1 o hábito de ler jornais. Poucos são os estudantes brasileiros que deixam a escola falando uma língua estrangeira. Mal formados, sem reflexão, sem valores, sem cultura, os egressos da escola vão integrar-se na massa amorfa daqueles que têm no futebol o seu grande interesse e principal assunto ele conversa. De alguém ass im não se pode esperar consc iênci a ele cidadani a. Não obsta nte, a culpa não é das pessoas que passam pelas es·olas, mas sim das esco las mesmas. Elas transformaram -se cm meros centros de in strução de

.• massa amorfa • : daqueles que têm • • no futebol O seu •• grande interesse e • : prin ciPal assunto • de conversa"

CATOLICISMO

: • :

: •

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: :

sem valoreS, sem : cultura, os egres- •

homem enquanto homem, como por exemplo a Filosofia e a História, e de priorizar disciplinas de caráter técnico-profissionalizante? Prof. Nelson Gomes - Mai s uma vez, essa é

• sos da escola vão

••

integrar-se na

• ••

• ••

• • :

:

• : • : • : • : •

••

Dezembro de 2000

em vários estados da Federação e em instituições municipais de ensino? Prof. Nelson Gomes - Confesso que não co-

nheço o probl ema em pormenor, de modo que prefiro fazer apenas algun s comentários gera is. Na Inglaterra, numa classe, há se mpre alunos de um a mes ma id ade: classe dos alunos com doze anos, com treze etc . No Brasi1, a tradi ção é de cursos seri ados. É verdade qu e a repetêneia ass umiu proporções calam itosas, mas cabe a pergunta de se a progressão automática não será uma solução meramente admi ni strativa . A verdade, porém, é que o Brasil está cuidando muito mal do ensino, em todos os níveis. Os ingleses di zem que a educação ele um homem começa cem anos antes cio seu nascimento. Isso ajuda a entender o nosso problema. Em meados cio século XVJJI , com a expul são dos jesuítas, fo i desarti culado um signifi cativo sistema educac ional pac ientemente construído ao longo de du zentos anos , deixando índios e caboc los na ignorância. Esse terrível dano que o Marquês de Pombal nos causou faz-se sentir até hoje. Tanto em Portu gal quanto no Brasil o ensin o , ul o para ·1111c1ar · · necessitou de mais de um sec sua recuperação. Esse tempo perdido, infeli zmente, é irreversível. No caso das universidaeles a hi stória não fo i melhor. A primeira uni versidacle neste conti nente foi fundada em São Domingos, em 1532. Em 1540 havia universiclade no Méx ico, em 1555 no Peru, em 1613 na Argentina, em 1636 nos atuais EE.UU. , em 1648 na Bolívi a. Graças ao anti go monopólio de Coimbra, o Brasil conheceu tão-somente algumas poucas faculdades isoladas, ao longo cio sécu lo XlX , sendo que nossa primeira universidade (a atual UFRJ) é de 1920. A USP é de 1934. Essas diferenças são terríveis e mostram séculos ele ensin o irremediavelmente perdidos. Temos de faze r hoje o que já deveria ter sido fe ito há muito tempo. Os frutos, porém, só serão colhidos no futuro . Se nos dedi carmos mai s e melhor à educação, nos dias ele hoje, talvez o Bras il seja um país mai s tolerável, dentro de cem anos. ♦

F

o i muito abençoado o simpósio de Peregrinos de Fátima realizado em outubro último. Na foto, o co njunto de peregrinos posa junto à Imagem de Nossa Senhora de Fátima. À frente, à direita da Imagem, o Dr. Caio V. Xavier da Silveira, que transmitiu aos peregrinos a o rientação da Campanha. Ver página 38.

Pedidos de orações dos participantes são levados a Fátima

O

Padre Davi Francisquini e o Sr. Hélio Brambilla, representantes ela Campanha Vinde Nossa Senhora de Fátima, não tardeis!, estiveram em Fátima, Portugal, para levar os pedidos de orações dos participantes da Campanha. Foram depositadas aos pés da Imagem de Nossa Senhora de Fátima seis caixas, pesando 108 quilos, conte ndo l lü.000 fo lhas com pedidos a Nossa Senhora de Fátima.

A verdadeira liberdade consiste em livrar-se dos defeitos ecente beatificação de Franc isco e Jacin ta levanta uma pergunta: como con eguiram eles, tão jovens, aJcançar alto grau de santidade? A resposta a es a legítima indagação, a encontramos em magistral conferência do Prof. PlinioCorrêa de Oliveira, em 13- 101971. Di z o fundador da Campanha Vinde Nossa Senhora de Fátima, não tardeis!: As aparições de Nossa Senhora na Cova ela Iria produziram "uma dessas

ações profundas da graça na alma, ações que se desenvolvem sem que a pessoa se dê conta. A pessoa vai se sentindo cada vez mais li vre, cada vez rn.ais desembaraçada .para praticar o bem., e os defeitos que a tolhem e que a prendern no mal vão se dissolvendo. E a pessoa cresce em amor de Deus, cresce em vontade de se dedicar, cresce em oposição ao pecado, rn.as tudo isso se dá rn.aravilhosam.ente dentro da alma "

Plínio Corrêa de Oliveira

CATO LIC ISMO

Dezembro de 2000

37


Difusão da Mensagem de Fátima impulsionada pela Peregrinação Permanente Peregrinação Permanente das Imagens de Nossa Senhora de Fátima pelo Brasil é uma fonte contínua de bênçãos e graças para as famílias participantes da Campanha de norte a sul do Brasil fusão da Mensagem de Fátima ga-

ção sobre a impottância da recitação do Ro-

ha novo impulso com a Peregri-

sário para atender aos apelos de Nossa Se-

nação Permanente, que tem atra-

nhora. Depois dessa visita da Imagem Pe-

ído graças incontáveis para as famílias par-

regrina, as famílias passam a rezar o terço

ticipantes da Campanha Vinde Nossa Senhora de Fátima, não tardeis! Iniciou-se tal peregrinação em 1999, com o objetivo

São numerosas as graças que se têm alcançado depois do contato de novas famíli-

cursos necessários para expandir cada dia

samos nos proteger dessas influências maléficas.

mais a difusão da Mensagem de Fátima.

As visitas das Imagens de Fátima são

Você também pode se tornar um Peregrino de Fátima

o importante objetivo de difusão da Men-

mentos difíceis em sua vida, sem traba-

sagem de Fátima. Elas acontecem dentro das residências particulares dos anfitriões,

lho, sem esperanças, sem perspectivas de

sempre em um clima de oração e de muita

Talvez você esteja atravessando mo-

mudanças .. . É precisamente em horas

unção, promovendo o fortalecimento da

amargas como essas que você mais preci-

fé e mesmo a conversão das pessoas que

sa conservar sua Fé em dias melhores.

participam da recitação do terço.

muito, podemos dizer como no Evange-

res brasileiros. Os Peregrinos são autênticos

ta escrever para a Campanha, informando

mensageiros de Nossa Senhora que, além das

seus dados pessoais (nome, endereço, telefone) e enviar uma foto 3x4. O interes-

começou a admitir pessoas que, embora sendo simpatizantes da campanha, podem realizar de forma remunerada tal trabalho, de modo a obter o seu sustento e o de sua família.

Você já pensou em ser um Peregrino de Fátima?

Imagens, levam também esperança em um futuro melhor para muitas pessoas que esta-

sado será chamado para uma entrevista,

vam se afastando da verdadeira Religião.

em que serão abordados os objetivos da campanha. É necessário ter carteira de

Tornando-se Peregrino, você estará colaborando para o Brasil ser mais católico e mais mariano Nos dias de hoje, em que a violência, as drogas, a imoralidade e as dificulda-

Peregrinação Permanente "São tantas as graças que numa página do Ecos de Fátima é impossível relatar". Entrevista com o Peregrino de Fátima José Aparecido Barbosa

ocasiões muito propícias para alcançarmos

blime missão de levar as Imagens de Nossa Senhora de Fátima para visitar inúmeros la-

Esta é a razão pela qual a Campanha

deira Religião, e que tenham a opo1tunidade de rezar o terço e de ouvir a explica-

nanciar esse trabalho, fornecendo os re-

em seus lares, com mais fé e devoção. Como essa peregrinação se ampliou

são poucos os Peregrinos.

famílias retomem o contato com a verda-

tante e crescente, a difusão da Mensagem de Fátima é indispensável para que pos-

mam nossos Peregrinos. Para ser um Peregrino de Fátima, bas-

são as que mais beneficiam as famílias que recebem em seus lares a Imagem Peregrina. Essa peregrinação permite que muitas

um grupo de doadores que se propôs fi-

Os Peregrinos de Fátima possuem a su-

nossa Campanha. A obra é grande, mas

as com a Campanha. As graças espirituais

des têm-se manifestado de modo cons-

"As pessoas que recebem a visita das Imagens de Nossa Senhora de Fátima em seus lares são muito hospitaleiras" , afir-

lho: "Senhor, enviai operários para vossa obra. A obra é grande, mas são poucos os operários." Isso aconteceu também com

de expandir a difusão da Mensagem em nosso País.

A Peregrinação Permanente nasceu de

motorista, para dirigir automóvel durante as visitas da Imagem Peregrina.

Para maiores esclarecimentos, ligue para o telefone: ( 11 ) 3955-0660

- Como o Sr. começou a participar da Peregrinação Permanente? Resp.: Conheço a TFP desde 1977, para a qual já prestei serviço no passado e também para a campanha Vinde Nossa Senhora de Fátima, não tardeis! Fui indicado pelo Sr. Gilson Santos, de Curitiba - PR, muito meu am igo, e porque os ideais da TFP e da Campanha sempre foram os meus ideais.

2 - Mas se o Sr. é casado, como faz para sustentar a família? Resp.: O que eu recebo da Campanha é o suficiente para manter minha família com dignidade. A Providência Divina tudo provê, não sobra nem falta nada . Quem trabalha para Nossa Senhora não precisa se preocupar com o dinheiro, e se realizam as palavras do Evangelho: "Buscai primeiro o Reino dos Céus e a sua justiça, que o resto ser-vos-á dado de acréscimo".

3- Como o Sr. vê esta nova missão como Peregrino de Fátima? Resp.: É a realização da primeira parte do Pai Nosso neste mundo, é a instauração do Reino de Maria nesta Terra, que é o Reinado de Nosso Senhor Jesus Cristo nos corações. Fazer a Peregrinação é uma dádiva de Deus. E, com as pedras que levamos na Terra, construiremos nosso castelo no Céu.

4 - São muitas as graças alcançadas nessas Peregrinações? Resp.: São tantas as graças que numa página do Ecos de Fátima é impossível relatar. Cada dia eu encontro uma nova graça, só mesmo em um livro para conseguir registrar estes fatos. Quem sabe um dia ainda possamos escrevê-lo?

5 - Como é a vida de Peregrino? Resp.: A vida de um peregrino é doação. É doar-se a Nossa Senhora para dirigir nossas vidas e caminhar para Deus . O Peregrino se santifica visita após visita, dia após dia. Eu agradeço a Nossa Senhora todos os dias esta graça que Ela me concedeu. 6 - O que é necessário para se tornar um Peregrino de Fátima? Resp.: Em primeiro lugar, a pessoa deve compreender bem a importância dessa missão, ter uma vida compatível com o que difundimos, que é a Mensagem de Fátima, ser inteiramente católico. É necessário também muita oração, pensamento e seriedade para ser o guardião da Mensagem de Nossa Senhora de Fátima pelo Brasil. Pois a fé sem obras é morta (Epístola de São Tiago 11- 14 a 16).

I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I Após a saída da imagem! - A imagem de Nossa Senhora de Fátima permaneceu em nosso lar até por volta das 22 horas . Quando, no dia seguinte, eu estava arrumando a casa, organizando tudo em seus devidos lugares, toca a campainha . Era uma carta de admissão de nosso Prefeito para que eu atuasse como psicóloga em um dos postos de saúde de nossa cidade. Não acreditei no que estava acontecendo comigo . Senti que este milagre foi devido à visita de Nossa Senhora de Fátima (S .A.R .A . - MG). Outras religiões mentem - Agr adeço imensamente pela campanha feita contra o filme Dogma, agradeço a iniciativa da TFP, pois a mesma

38

eATO LIe ISMO

ajudou muitos católicos. Querem culpar a Igreja de tudo o que acontece de errado neste milênio. E, enquanto isso, as outras religiões se aproveitam da situação, mentindo sobre as Verd ades da Igreja Católica . A mídia, a TV vão enganando as pessoas (A.C.S.M. - AM) . Nossa Senhora conduziu - Sou devota fervorosa de Nossa Senhora de Fátima assim como da Medalha Milagrosa, que não deixo de usar diariamente, e sempre que possível presenteio alguns amigos com medalhas ou estampas que recebo da Cam panha que os Srs. organizam. No retorno de Recife, com turbulências no avião, nada me desanimou, pois em todos os

.

Dezembro de 2000

momentos rezei para que Nossa Senhora protegesse a mim, assim como a todos que estavam no vôo. No final, uma passageira olhou para mim e disse: "Tinhas razão, tua Nossa Senhora nos conduziu" (N.P.M. - RS) . Feliz o que se converter a tempo - O mal da humanidade, toda esta violência que vivemos é obra do Maligno . Ele quer que nós ofendamos mais e mais a Deus e ao Sacratíssimo Coração de Jesus que já está ofendido por demais. O castigo virá sobre a Humanidade. Feliz aquele que estiver em estado de graça, com o coração voltado para Deus, feliz aquele que se converter a tempo. Depois será tarde, o tempo corre tão de-

Aspectos da visita da Imagem Peregrina de Nossa Senhora de Fátima a uma residência em Goiana (PE).

i, pressa, não há um minuto a perder (M.R.P. - PR). A Imagem cresceu Numa estrada sem ilumina ção, cheia de curvas perigo sas, o irmão do Sr. JMM teve uma espécie de vertigem e capotou o carro quatro vezes. M as graças a Deus e à fé que o Sr. JMM tinha em Nossa Senhora, os dois ficaram sãos

e salvos no carro que se acabou. Os vidros todos quebrados, a latari a acabada, caídos num barranco, o carro de ca beça para baixo , a gasolina pingando em cima de les . Quando o Sr. JMM abriu os olh os e olhou o pára-brisa , onde havia um adesivo da imagem de Nossa Senhora de Fátima que ele ganhou da cam panha "Vinde Nossa Senhora de Fátima, não tardeis !" , a Imagem cresceu no pára-brisa como se o estivesse protegendo dos vidros quebrados . Ele contou-nos esse fato com muita em oção (P.S.M. - SP). Livreto de Fátima - O livreto que recebemos é grandioso e divino . A TFP é um presente que nos veio do Coração de Deus, através das

mãos benditas do Dr. Plinio (M.A.V.M. - MG). Fiquei animada - O dia em que eu recebi o pôster de Nossa Senhora, eu estava trabalhando e chegava em casa cansada e um tanto desanimada. Minha filha de oito anos correu ao portão e disse: Mãe, olha o que lhe mandaram. Fiquei surpresa e muito feliz, até me an imou, foi um grande presente. Pensei comigo, como é bom ser lembrada, como Deus é bom. Hoje consegui colocar o quadro na parede da sala. Olhando o quadro na parede, os senhores vão sempre ser lembrados por mim. Muito obrigada (M.M.B. - SP). O momento mais feliz - Recebi em minha casa a Imagem C ATO LIC ISMO

da Virgem Peregrina. Eu ainda não tinha passado por um momento tão feliz como esse. Nunca poderia imaginar que fosse tão linda (A.P.B. - SE). Membro da Aliança de Fátima - Como membro da "Aliança de Fátima" e tendo vivido, com minha família e amigos, a forte e inesquecível emoção de receber em nosso lar a visita da Imagem Peregrin a, apresso-me a agradecer o grande privilégio, a desmedida honra (G.M.V. - ES). Fiquei muito feliz - Recebi as Medalhas de São Bento e o livro de Santo Expedito. Fiquei muito feliz. Recebi o CD com a "Voz de Fátima", é muito importante e lindo (M .D.C. - PI) . Dezembro de 2000

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Crítica

Atentado aos mortos

O comunismo espalhou a imoralidade pelo mundo

o Cemitério do Caju, é comum a vi olação ele sepultu ras, mal f echadas pelos coveiros, logo depois ci o enterro, para roubar roupas, sapatos, o que houver, ci os defuntos. É o horror: no Rio cios nossos dias, não só viver está difícil. Às vezes, é difícil também ' morrer em paz ("Jornal cio Brasil ", 19-10-00).

N

Violação de túmulos vão se dando um pouco por toda parte. Sintoma evidente de um mundo que abandonou os costumes cristãos. Até no paganismo antigo havia respeito pelos mortos. O neopaganismo moderno é pior.

Prosseguem as perseguições ão cessa a vi olência contra os cri stãos nas ilhas M olucas (Indonésia). M ais três cri stãos foram assass inados e outros sete feridos, em setembro, por mi 1itantes mu çulm anos qu e abordaram com lanchas a motor a embarcação em que se encontravam . N o dia 26 desse mesmo mês, mais 32 cri stãos foram mortos pelos muçulmanos numa aldeia próxim a à capi ta l, Arnbon. Em Kêni a, na África, o Padre John K aiser, mi ss ionári o, fo i assass in ado com um tiro, em 24 ele agosto. Em Burundi, o mi ss ionári o leigo Antoni o B argiggia, le 43 anos, fo i assass inado na loca liclacle ele Kibimba, a 70 km ela capital. O automóvel em que ele viaj ava teve ele parar ante uma barreira imprev ista, atrás ela qu al surgiram quatro homens, algün s com unifo rm e militar. Um deles colocou o ca no ci o fu zil no ros to cio religioso e di sparou . Também vai mar alto a perseguição religiosa na China comuni sta.

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Querem, evidentemente, acabar com a Igreja Católica. Não o conseguirão. Nosso Senhor prometeu que o Inferno não prevaleceria contra Ela. Entretanto, muitos sofrimentos e até mesmo o martírio podem aguardar os católicos. É importante estar disposto a lutar e sofrer. O Céu será a inefável recompensa dos mártires.

Menino divorcia-se dos pais m B erlim, na Al emanha, o menino Otto, ele 13 anos, separou -se ele seus pai s. Ajud ado por urna advogada paga pelo Estado, a Ora . Gertj e Dorin g, ele abriu um processo alega ndo que seus pais bri gavam muito, e estava fa rto ele ouvir gritos . Ganhou.

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Como isso é diferente da família católica unida, em que seus membros se amam e se apóiam mutuamente! Mais um sintoma aberrante da crise familiar trazida pelo divórcio, pelo uso ele anticoncepcionais, pelo aborto e outras práticas anticristãs que o mundo moderno aceitou. A pretexto de conseguir felicidade, levou-se o inferno para dentro de casa.

" A Verdade Nua" é um j orn al ela TV ru ssa que traz 13 minutos de notícias, apresentadas por mulheres nuas ou em processo de desnudar-se. A âncora cio program a é urna atri z ucrani ana ele 26 anos, Svetl ana Pecotska. Ela começa o j ornal vestida cios pés à cabeça, lendo um resumo elas notícias. M as, quando o j orn al chega ao fim , Pecotska normalmente j á está ele topless, ou quase; quando não é ela que e. tá sem roupa, é a apresentadora ci o tempo. Quando a bem-a venturada Jac inta di sse que viri am moelas mui to imorai s, quem poderi a imaginar que se chegaria até o nudi smo compl eto? Entretanto, o nudi smo é urna elas manifestações ci os princípios comunistas que deixaram fun das mar cas na Rú ss ia, e que ademais se espalharam pelo mundo inteiro, conforme previ sto por Nossa Senhora em Fátima. O Ocidente encontra-se todo ele contaminado pela imoralid ade nas vestes, nos hábitos, em tudo o mais. A inda na últim a eleição muni cipal, o anti go Partid o Comuni sta Brasil eiro (hoj e PPS) lançou em Blurncnau (SC) a ca ndidatu ra ele uma modelo ele 23 anos, cuj a propaga nda eleitora l consistia em fazer-se fotogra far nu a em revi sta pornográfi ca.

"Quero voto da molecada que compra a revista ", di sse ela.

Um porco na primeira classe

Aberração oficializada ospital Universitári o cio Fundão, no Rio ele Janeiro, rea li zou uma cirurgia ele mudança ele sexo patrocinada pelo SU S. O homem operado é ele uma cicla. ele ela região serran a fluminense, e passou a ser mulher.

m porco pesando cerca ele 150 qui los vi aj ou na primeira cl asse em um vôo ele seis horas ela US AirWays, ele Filadélfi a a Seattl e, em 17 ele outubro, jun to com 200 passageiros . O s donos cio porco convenceram a empresa ele que o animal era uma "companhi a terapêutica", como um cão-gui a para cegos.

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Foi-se o tempo em que essas aberrações se escondiam para poder existir. Agora é o Sistema de Saúde que se presta oficialmente a esse papel! Como não ver que o mundo merece de sobra o castigo predito em Fátima!

Os pecados do mundo atual vão embotando até a razão humana, de modo que os maiores absurdos se produzem sem reação.

l2l Esta revi sta está agraci ando muito, não só a mim, mas a outros em casa e um vi zinho muito chegado, mas eu tenho urna crítica para fazer. Na página 19 a fo lha com o título: Apelo el a TFP, está com letrinha que na minha idade fi ca di fícil ler e preencher. Eu não desanimei ele fazero preenchimento cios pontos, porque queri a dar a minha opini ão, mas ela próx ima vez não economi ze no tamanho ela letra. N o mai s não tenho cio que reclamar, tive o prazer ele ler quase tudo, só fa ltam as pág in as ci o Patri arca José. O artigo " Um trem ele sonhos", ela Á ustri a, ad mi ramos muito e depois tudo sendo co lori do agracia mais ainda. Minha opini ãoé cleacorclo com o texto " Para onde vai o B ras il cio Terceiro Milênio". Parabéns, e não podemos cru zar os braços. Se a gente cochilar, o outro lado acaba com o que sobra ele nosso país. (A.D.S. F. - RJ) Nota da redação: Agradecemos a observação acima e pedimos aos leitores que não hesitem em enviar-nos outras críticas sempre que surjam dúvidas ou sugestões para aperfeiçoamento da revista. Elas nos ajudam a melhorar tudo o que estiver ao nosso alcance. Ao preparar a diag ramação da referida p. 19 (da edição de novembro pp.), nossa intenção foi apenas a de ilustrá-la com o fac-símile ali estampado, a fim de o leitor formar uma idéia do folheto que a TFP distribuiu em campanha pública. Mas, de fato, o missivista tem razão, pois, se o folheto fosse publicado no tamanho normal, também os leitores de Catolícismo teriam podido preencher os dados, opinando sobre as questões ali enumeradas.

"Reflexo de seu fun dador" l2l Acompanho Catolicismo já há

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alguns anos e posso afirm ar, com certeza, que esta revi sta é atualmente a principal e melhor nos meios cató li cos. E m poucas palav ras, afirm o que " nossa revi sta" tran sform ouse muito, princi palmente na sua apresentação gráfi ca. Diga-se ele passage m , fi co u exce lente, se compararm os co m edi ções ele uns 10 anos atrás. Penso que estamos no ca minho certo, pois se m sair ela tradi cional doutrina cató lica, Catolicismo soube se moderni zar, cri ando novos temas, pondo em voga sempre assuntos el a atu al idade, ori entando f-iclecl ignamente sobre pontos ela doutrina ca tóli ca, além ele todo um dinami smo que lh e é pec uli ar e qu e deix a tran sparecer em suas pág inas tão bem escritas e apresentadas . E não poderi a ser di fe rente, pois Catolicismo não é senão o refl exo ele seu fund ador, o nosso tão querid o e amacio Prof. Plini o Corrêa ele O liveira. Rogo a M ari a Santíssima, pela intercessão daq uele que fo i o in spirador ele tão in signe obra, abundantes graças para esta equipe que trabalha co m afin co e ded icação, e que rea liza através deste mensári o el e cultura ca tó li ca, gran de apostolado. (J.C.C.R. - DF)

Atualidade l2l Sobre esta questão elas roupas na Igrej a, o povo não está gostando Io mi ssiv ista refere-se ao fa to ele não haver proibição, em sua cidade, de se entrar indecorosa mente traj ado em Igrejas1, muitos conhec idos são favoráveis a colocar uma tabul eta na grade, proibindo às pessoas entrarem vestidas ele qualquer j eito. Gostari a ainda ele dizer que fi quei arrepi ado lendo o estudo chamado a 4" Revolução. Quero agradecer porqu e fiqu ei impress ionado como tudo aquil o escrito há

anos atrás se parece com os dias ele hoj e. (S.A.N. - BA)

"Quando as autoridades abrirem os olhos ... " l2l D esde quando conhec i a Revista Catolicismo, tive todo interesse em fazer uma assinatura. E la é bastante apreciada por todos leitores porque reg istra comentári os ele fa tos passados e presentes. Eu sou Católico, Apostóli co e Romano, procuro sempre ter fé, porque o ho mem se m f é é um homem se m alm a. Prec i sa mos ele mais luta para combater a violência que vem se registrand o por todos recantos ele nosso País, e sem nenhuma providência por parte das autoridades. Quando as autoridades abrirem os olhos, só encontrarão bandidos em nosso País, e os homens ele bem desaparecidos pelas arm as ci os bandidos. (A.M.S. - CE)

Que assim continue l2l Catolicismo el ucicla ele forma muito séri a questões que no quotidiano aparecem, mas são menosprezadas. Temas ela famíli a, ela fé, Hi stóri a e até po líti ca são um lu xo. Dá gosto de ler. Que ass im conti nue. (H.A. - RS)

Educativa e cultural l2l Eu sou ass inante desta marav ilhosa rev ista, estou encantada com a mes ma, indi co para outros ami gos e pessoas conhec idas para lerem Catolicismo . É a primeira vez que faço uma assinatura ele revista religiosa e os parabeni zo pela excelente revi sta. E la é educativa e cultural , faze ndo record ar ou aprender algum as coisas ela vicia esp iritual e materi al. (J.M.S.F. - AM)

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NACIONAL

ESquerda refratária ao debate Reflexões úteis para se entender o resultado das recentes eleições municipais PuN 10 Vm1 GAL XAVIER DA SILVEIRA

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leitor poderá estranh ar as palavras que fi guram no quadro ao lado, de autoria de conhec ido jornalista da "Folha de S. Paulo", matutino de posição ideológica defi nida.

"Assustada, uma parte dos eleitores mudou de intenção de voto. Migrou dos candidatos de esquerda para os da direita . Aconteceu pelo menos em São Paulo, Recife e Curitiba, para falar dos grandes centros . .. .. O principal recurso utilizado pela direita para atingir esse objetivo foi lembrar à parcela conservadora do eleitorado - que não é nada pequena - aquilo que todo mundo sabe, mas pode ter esquecido por um momento: que a esquerda é de esquerda .... Como existe, sabidamente, uma associação entre baixa escolaridade e posições mais conservadoras, é compreensível que a virada para a direita se dê sobretudo entre os setores com menos educação formal" (André Singer, in "Folha de S. Paulo", 20- 10-00).

Na rea lidade, até agora, era apresentado co mo fato inco nteste que a maioria menos in struída da população é revoltada e inco nforme com a exis- . tência de classes dirigentes. De repente, lê-se exatamente o contrário: que existe, sabidamente, um a "associação entre baixa escolaridade e posições mais conservadoras" . Ou seja, é sabido que os e le itores de baixa escolaridade mantêm posições mais conservadoras. A que atribuir essa surpreende nte afirmação? são "PT cor de rosa" chegou a ser Tem-se a impressão de que se está usada pela " VEJA" 1 1/10/00, como fa lando de outro país, mas é do Brasil indício de que o PT já não é mais o mesmo que se trata. A pretensa revo lpartido que assusta os e leitores. ta do "povo dominado " transformouNo Brasil, o esquerdismo se em "posições mais conservadoras" é fenômeno de sacristia ... dessa mesma população.

e do café society

O PT esconde sua

A essa surpreendente revelação se segue outra: "o presidente da CNBB, D. Um fato r que precisa ser levado em Jayme Chemello, condenou ontem a exconsideração po r quem quiser anali - ploração de ternas católicos nas camsar o resultado das e le ições munici- . panhas, como ocorre em Fortaleza e em pais é a mudança do visual do PT. Em São Paulo ... ". Por sua vez, Mons. Arpasseatas e com íc ios, em várias cap inaldo Beltrami, Vigário-Episcopal e porta-voz da Arquidiocese de São Pautais, e le adotou o boné amare lo em lu gar do vermelho característico, e lo, "explicou que a posição da Igreja usou até bandeiras brancas com a esem relação às eleições continua sendo trela vermelha, numa manobra clara de neutralidade, como sempre.foi" ("O para enevoar ante o eleitorado a posiEstado de S. Paulo" 27-10-00). ção co muni sta, o u quase tanto , de Parecia estabe lec id a a norma de muitos de seus candidatos. A expres- que o c lero não deveria pronunciar-

fisionomia esquerdista

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se sobre s ua preferência e le itoral. Mas tal norma não fo i segu ida quando se queria beneficiar candidatos de esq uerda ... E m Belo Horizonte, fo i publicado no "Estado de Minas" de 22- 10-00 um aba ixo-ass inado intitul ado "Reli g iosos católicos apóiam Célio de Castro": "Conscientes de que o Reino de Deus se constrói na luta pela vida, na realidade concreta do dia-a-dia e assunúndo nossa responsabilidade política com.o lideranças religiosas, DECLA RAMOS que, na atual conjuntura do País e de Belo Horizonte, a ,nelhor opção para as classes populares é a candidatura do Doutor Célia de Castro". Note-se que este era o candidato do PSB e do PT à prefeitura de Belo Horizonte. Seguem-se as assi naturas de 37 padres e frades, bem como de algumas dezenas de freiras , líde-

Fide/ Castro (foto abaixo) julgou melhor ignorar a transformação do PT: de vermelho para cor-de-rosa ...

res e membros de associações re li giosas e CEBs. Em São Paulo, "padres ligados à chamada ala progressista da Igreja Católica estão defendendo o voto na candidata do PT à prefeitura paulistctn.a, Marta Suplicy, e condenando seu adversário, Paulo Mah!f; durante Missas, o que contraria determinação da arquidiocese de São Paulo . .... Nenhum dos padres vê problema em. apoiar Marta, mesmo com suas posições polêmicas sobre aborto e homossexualismo . .... Não vou pegar bandeira e fa zer propaganda por esses temas. Mas não são de âmbito municipal" - diz o Padre Matheus Vroemen ("Folha de S. Paulo", 23-10-00).

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Fidel Castro comemora Desse quadro aparente mente tão confuso, a respeito do qual F idel Castro teceu o comentário abaixo, o que co nc luir? "O mundo começou a mudar, os povos do Terceiro Mundo começam a recobrar a consciência do que está

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E m Fortaleza, o prefeito ele ito, .luraci Magalhães, passou a atacar se u adversár io Inácio Arruela, do PC do B, apelando para motivos re lig iosos, inclusive a "transcrição da célebre oração em que Nossa Senhora condena o comunismo . .... As iniciativas de .luraci provocaram forte reação inclusive da Igreja Católica. D. Aloisio Lorscheidet; ex-secretárioGeral da CNBB, e o Bispo Ale/o Pagoto, de Sobral, gravaram depoimentos para o programa de Inácio, atestando que ele não é o diabo que .luraci vem pintando" ("Jorna l do Brasi l", 23-10-00). Por outro lado, líderes exp ressivos do empresari ado, como o atual Presidente da FIESP, Horácio Lafer Piva, e o ex-Pres idente Mário Amato, concederam publi camente seu apo io a Marta Suplicy. E "usineiros de São Paulo .fizeram campanha e deram dinheiro para eleger candidatos a prefeito do PT" ("Fo lha de S. Paulo 22- 10-00).

acontecendo", di sse. "A legro-me muito que a esquerda avance e desejo que, quando essa esquerda vença em. todas as prefeituras e em todos os lugares, se mantenha no poder com os mesmos princípios que agradaram tanto aos eleitores" ("Jorna l do Brasil", 31- 10-00). O que esperar do Brasil?

É ev ide nte que a esquerda cresceu, embora não tanto quanto se quis fazer crer. Pouco se falou, por exem plo, das derrotas e le itorais do PT em lugares onde o MST atua intensamente. Em Presidente Prudente, principal cidade cio Ponta l do Paranapanema, perdeu o

candid ato do PT, Evera ldo Melazzo, que apó ia o M ST. Ganhou Agripino Lima (PTB), conhec ido por ser contrário às invasões . Na mesma região, em Pres ide nte Bernardes, onde se locali zam em maio r quantidade as tais terras devolutas que o governador Covas quer mudar em assentamentos, gan hou o Pe. Humberto (PTB), com apo io dos faze nde iros locais, prometendo lutar co ntra as invasões. No Rio Grande do Sul, o PT fo i derrotado onde o MST mais atua: Hulha Negra, Boa Vista cio Incra e Ronda Alta. Neste último município, considerado o berço do MST, o Pe. Arnildo Fritzen (PT) perde u a e le ição para prefeito exatamente por ser coordenador loca l do MST ("Zero Hora", 15-10-00 e "O Globo", 25- 10-00). Mas é pate nte também que, para esse relativo crescimento da esq uerda, fo i preciso diluir, durante a campanha, suas posições em matérias morais sobre o aborto e o homossexua li smo, bem como disfarçar seu caráter esquerdista radical, trocando o vermelho pelo cor-de-rosa ou amarelo. Se ela não contasse, de outro lado, com o apoio de alguns clérigos e representantes da burguesia, e a omissão daqueles que, sendo contrários à esquerda, deveria m ter tomado posições enérg icas e definidas , outro teria sido ev identemente o resultado. Os debates ideológicos voltaram e a posição co nservadora das classes menos favorec idas apareceu com aspectos de uma reação que se diria inesperada. Se os partidos de centro se co mpenetrarem e souberem tirar proveito d isso, o futuro poderá indicar melhoras. Se esse mesmo centro continuar a acred itar que a esquerda tem a fo rça que determinada mídia lhe atribui , será inevitável a contínua deterioração política do País. ♦

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À direita; os partícipantes da Jomada

Governo Federal: na prática, controle ou incentivo da licenciosidade?

de Esludosjunto à imagem de Nossa Senhora ex]steote no pátio da Sede da 7'FPem B:rasi/ia. Abaixo: em lanche servido durante

a Jornada de Estudos, os .u oiversitáríos mantiveram animadas conversas sobre temas abordados nas exposições.

Minis(ro da Justiça assina Portaria ineficaz, que apenas piorou o índice de imoralidade na TV brasileira

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esde 11 de setembro está em vigor a Portari a 796, que regulamenta o horári o e as cinco fa ixas etári as "recornendadas" para a ex ibi ção dos programas na TV brasileira. N a verdade, a única alteração que ela introduziu na Portaria em vigor desde 1990 fo i a inclu são de mais urna faixa . de horário destinada a j ovens de 16 anos. N ada menos de I O anos ( 1990 a 2000)! Quererá porventura a inc lu são de mais urna faixa etária significar a cessação da imora lidade que invade as nossas residências? A partir da ass inatura da Portaria 796, programas de TV não recomendados para menores de 12 anos somente serão exibi dos após as 20 horas. M enores de 14 anos somente poderão assistir programas até as 2 1 horas ... Quando o progra ma fo r classificado para maiores de 18 anos, deverá ser ex ibido após as 23 horas.

Baixo nível liberado Filmes pornográficos, comerciais de indução ao sexo, como por exemplo "telesexo", estão agora protegidos pela Portari a 796 e podem ser ex ibidos livremente entre mei a noite e cinco horas da manhã. Segundo a filosofia do Sr. Mini stro da Ju stiça e do Governo Federa l, a moral e os bons costumes agora têm horári o pré-estabelecido, ou sej a, das 5 às 23 h59 rn ... Entre meia noite e ci nco horas está Lu lo liberado. Tudo é permitido. Não podemos aceitar que uma simples class ifi cação do programa - e a

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inform ação, no início de sua exibição, sobre a que idade é dirigido - irá reso lver os probl emas suscitados pela ex posição de cenas prejudiciai s à fo rm ação de nossos joven s. Aliás, toca ao ridícul o imag inar que um adolescente de J4 a 16 anos irá desli gar o aparelho de te levisão, ou irá dormir, pelo fato de ser informado de que o programa a seguir não é recomendado para a sua idade !

Pesquisa Nacional A Coorde nação da Ca mpanh a O

Amanhã de Nossos Filhos , inconfo rm ada com essa med ida inócua e até mesmo " ingên ua" do Sr. José G regori, Mini stro da Justiça, está rea li zando a Pesqui sa N ac ional "O que as famílias bra-

sileiras pensam da Portaria 796". A in tenção da pesquisa é proporcionar a todos os pais um meio efetivo para demonstrar o seu descontentamento e indi gnação ante essa medida cosmética. Posteriormente, um a delegação da Campan ha de OANF levará diretamente ao Sr. Gregori a op ini ão de todas as pessoas que tiverem votado diretamente. Será este um meio para ele compreender que o povo brasileiro j á não agüenta mais tanta pornografia que a TV imora l in siste em produ zir e despejar em nossos lares. N ão perca um só minuto para participar dessa Pesq ui sa N ac ional. Li gue ou escreva para a Campanha e so licite a sua. Você também poderá votar através da Internet no endereço:

www.oanfilhos.org.br

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Jornada de Estudos na Cap'i tal Federal

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o último dia 21 de outubro rea li zou-se mais uma Jornada de Estudos para U niversitári os de Brasíli a. N os moldes da ocorrida recentemente no Ri o de Janeiro, essa nova j ornada também versou sobre a cri se do mundo moderno.

Nossa única esperança A campan ha pela criação da Delegacia do Telespectador - DELETEL continua a todo vapor. Nenhum dia se passa sem que os aderentes ou am igos de uma ca usa tão necessári a nos enviem assinada a M oção de Apoio ao Projeto do Deputado Severino Cava lcanti . Muito em breve retorn aremos neste espaço, para compartilhar com os leitores de Catolicismo as notíci as mai s recentes sobre o andamento desse importante proj eto. Somente quando tal D elegacia estiver em func ionamento é que será possível aos pai s fazer a sua reclamação. Eis aí a única forma efeti va e coerente para darmos um basta na T V imoral. IMPORTANTE: A Pesqu isa Nacional sobre a Portari a 796 não ex tingue a atuação que vi sa obter grande número de Moções de Apoi o ass inadas . Por isso, solicite a sua céd ul a de Moção de Apoio e ajude- nos a fazer urna grande pressão sobre os burocratas de Brasília para que seja aprovada - em caráter de urgência - a cri ação da DELETEL.

Para entrar em contato com a Campanha O Amanhã de Nossos Filhos, acesse o endereço na Internet:

www.oanfilhos.crg.br ·

..Ir, ou ligue para (11) 3955-1140, ou envie uma carta para/ Rua Martim Francisco, 555 __,:··cep 01226-001 - São Paulo - SP.

"Não podemos fi car inertes diante da situação, em. que apenas esquerdistas agem no arnbiente universitário ", foi o comentári o de um dos jovens participantes das palestras proferid as pelo Prof. Paul o Corrêa de Brito Filho. ♦

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proveitando as comemorações de Todos os Santos e Finados, bem como o ext enso feriado nos primeiros dias de novembro últim o, realizou-se na sede da TFP em Jundiaí um Encontro de jov ens que desejam conhecer melhor a entidade e compartilhar seus ideais . Foram quatro dias consecutivos nos quais 25 jov ens em torno de 16 anos, provenientes de diversa s cida des paulistas, aproveitaram a ocasião para m ed ita r os Novíssimos do hom em (M orte, Juízo, Inferno e Paraíso). E também considerar o valor da oração, as grandezas da Civilização Cristã m ed ieval, o caos moderno, os desvios a que está sujeita a juventude contemporânea, e ainda outros temas religio sos e históricos, bem como os ideai s apregoados pelo Prof. Plín io Co rrêa de Oliveira . Tudo entremeado por horas de recreação alegre e sadia, como representações teatra is e jogos. Foram realmente quatro dias abençoados por Nossa Senhora, que deixaram nos jovens profunda impressão e grande desejo de voltar. ♦

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Atividades apostólicas no Leste Europeu o déc imo an iversá ri o da decla1·ação de indepe ndê nc ia da Lituâni a, vis ito u o país uma carava na de IO membros de TFPs e e nti dades afi ns, com representa ntes do Brasil , C hile, Estados U nidos, Itá lia, Portuga l e África do Sul. A caravana partiu de Frankfurt no dia 25 de agosto e d irigiu -se a Kie l, o nde embarcou rumo a Klaipeda, a te rceira c idade da L ituâ ni a e porto ma is impo rta nte do país . De lá d irig iu-se a Ke lme, o nde fo i receb ida pe lo Deputado Anta nas Racas, velho am igo das TFPs. Os membros da delegação intern ac io nal das TFPs perma necera m na Terra de Maria até o d ia 7 de setembro . Estiveram na cap ita l Vilnius e percorreram ma is de 20 loca lidades do interior do país. Distri buíram, nos d iversos lugares por o nde passara m: vinte m i1 exemplares de um cale ndá rio preparado pela TFP fra ncesa para comemorar os IO anos de independênc ia da Lituânia; m ilha res de exemp lares, em líng ua li tuana, do besl seller Fátima: Mensagem de tragédia ou de esperança? de Antonio A. Borelli Machado; ci nco mil Meda lhas M ilagrosas; a lé m de m il ha res de fotos da Imagem peregrina internac io nal de Nossa Senhora de Fátima, que ve rte u lág rim as mil agrosa me nte cm · Nova O rlea ns, no a no de 1972.

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Peregrinação de oito quilômetros: de Tytuvenai a Si/uva No dom ingo, dia 3 de setembro, a caravana das TFPs partic ipou da peregri nação ao Santuári o de Si lu va, q ue conto u com a presença mais de 10 mil pere-

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g rinos, a lé m do Arcebispo de Ka un as, M o ns. Tamkevicius, de seu B ispo-A uxili ar, do Bispo de S iauliai, Mons . E ugênio Bartuli s, do Bispo-A uxili ar de Vi lnius, de nu merosos sacerdotes, do Primeiro- Ministro, de diversos Deputados. Nessa oportunidade, o d irigente da de legação proferiu um d iscurso, no q ua l se referiu à campa nh a da TFP bras ile ira e e ntidades afi ns, promov ida em ma is de 26 países, de co leta de ass inatu ras em

panha q ue as TFPs rea li zaram e m pro l de seu país e fez q uestão de tirar uma foto com os memb ros da delegação porta ndo o dip lo ma do Guinness Book of Recoreis, atesta ndo o caráter úni co da proeza efetuada por essas e ntidades. A de legação inte r-TFPs teve ainda oportu nidade de ass istir no Pa rl a me nto a uma sessão do Tribu na l Internac io nal de Vilni us, uma espécie de Tribuna l de Nuremberg q ue está julgando os c ri mes cometidos pe lo comuni smo. Exata me nte o que o Prof. Plíni o Corrêa de O li veira ple iteara para todos os países ex-com uni stas, em seu ma nifesto Comun isrno-Anli-

comunismo, na orla do terceiro milênio, d ifundido nos maio res

apo io à indepe ndênc ia li tua na. Ta l ini ciativa do Prof. Plín io Corrêa de O li veira, o saudoso fundador da TFP bras ileira, res ul tou no maior aba ixo-ass inado da H istóri a, com mais de 5 m ilhões de ass inaturas reco lhi das. Após a cerimô ni a, a caravana da TFP d irig iu-se à capita l do país, o nde fo i acolhida como hóspede o fi c ia l do Gove rno. No dia seguin te, o Pres idente do Parlamento e do Partido Conservador União pela Pátria, ex-Presidente da Repúbli ca Prof. Landsberg is, recebe u a delegação das TFPs. C ulto e amável, rememorou e le os episódios dramáticos de 13 de ja neiro de 199 1, quando o Parlame nto li tua no, cercado de barricadas, estava a po nto de ser atacado pelos ta nques soviéticos. Ele agradeceu a cam-

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di á rios do Ocidente. A Lituânia enfrenta hoje sérios prob lemas econôm icos, mas sob retudo morais. A passagem da carava na das TFPs e e ntidades a fi ns de ixou um rasto de luz e de es pera nça. Os cató licos li tuanos viram que não estão sós; q ue há no Oc idente quem lhes ad mi ra a perseverança na Fé Cató lica. ♦ N as fotos ao lado: cenas da atuação da cara vana das TFPs em diversas localidades da Lituânia

Neste mesmo período e com idêntico fim apostólico, mais duas caravanas percorreram outros países ex-comunjstas do Leste E uropeu. Uma percorreu a Polônia e a Ucrânia, e a outra a C roácia, a Bósnia e a Romênia. Por falta de espaço, essa atuaçã o será noticiada em ulterior edição.

Encontro Regional em Belo Horizonte tem grande fruto om a presença de expressivo e atento público, realizou -se no dia 21 de outubro últi mo, na sede da TFP da capital mineira, um Encontro Regional dos Participantes da Campanha Vinde Nossa Senhora de Fátima, não tardeis! O evento contou com a presença do Diretor da TFP, Dr. Plínio Vidigal Xavier da Silveira, que saudou os presentes . As palestras proferidas pelo Dr. Gregório Vi vanco Lopes, redator de Catolicismo, e o Sr. Marcos Luiz Garcia, Coordenad o r-ge r a l da Campanha Vinde Nossa Senhora de Fátima, não tardeis!, enfocaram ambas o papel absolutamente central de Fátima nos acontecimentos hodiernos. No dia seguinte, no mesmo local, correspon dentes e esclarecedores da TFP mineira participaram de importante reunião, em que se trataram temas doutrinários , de planejamento e ação. ♦

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Na foto 1 à direita: visão parcial do público durante exposição no Encontro de Correspondentes e Esclarecedores da TFP. Na f oto 2: visão parcial da assistência durante conferência no Encontro dos Participantes da Campanha de Fátima. N a foto 3: animada conversa no intervalo durante o Encontro supra citado.

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Itália de hoje e de onten\

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~S' Plinio Corrêa de Oliveira

izern que o italiano representa muito, que é bastante teatral. E que ele exclama e pensa de modo exuberante, bem como fala com muita extroversão. E, em vista disso, ele se torna sobremaneira interessante e luzidio. A meu ver, isso é um tanto exagerado, porque o italiano do Norte é muito menos extrovertido e mais cauto do que o italiano do Centro e do Sul. * * * Analisando figuras de Doges venezianos, nota-se que foram homens inteligentíssimos. Eu não ousaria dizer que foram boníssimos. Mas eram personalidades com uma capacidade de portar em si o mistério, que faz o encanto de Veneza. Se Veneza não fosse tão misteriosa, ela perderia uma parte do seu encanto. Em contraste com aquela espécie de laguna - um braço de mar, em que a água nos dias . normais é cor de água-marinha, uma verdadeira beleza - tem-se a impressão de que, por detrás das janelas ogivais, com cortinas faustosas, há um olho que analisa, que conclui, que toma notas, que coch icha e que conspira ...

* * * Se a política de grande estilo - ta lvez o maior vôo que a politicagem tenha dado na História do mundo - seja própria aos venez ianos, a mentalidade bancária é própria dos pi emonteses. Não tem conversa, não tem poesia: pão-pão, queijo-queijo. São. muito secos, muito observadores, analisando as coisas com objetividade.

Não se pode dizer o mesmo do napolitano e do calabrês. É o Vesúvio, a pizza etc. Neles, a imaginação é verdadeiramente a dona! Assim, tantos são os gêneros de italianos, que se poderia compará-los, tomados em seu conjunto, a um precioso mosaico. * * * Quanto ao passado, cabe dizer uma palavra sobre a Itália. Se analisarmos a Roma Sparita - isto é, a Roma desaparecida, anterior à unificação italiana do século XIX-, vivia ela sobre as ruínas da Roma antiga, cantando essas ruínas. Mas com a noção de que, apresentando tais escombros encaixados em coisas novas, fazia uma obra que, genere suo [no seu gênero], era tão grande quanto a dos antigos romanos. Não era um império, mas uma equipe intelectual que deu origem à difusão do espírito italiano no mundo. Teve maior importância que a expansão do Império Romano a propagação decorrente do Renascimento e do Humanismo. Nesse sentido, a Itália está para o Renascimento e o Humanismo como a França para a Revolução Francesa, como a Alemanha para as correntes lilosóficas dos séculos XIX e XX; e como Espanha e Portugal estão para a Contra-Reforma.

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Excertos da conferência ~roferida pelo Prof. Plinlo Corrêa de Oliveira para sócios e cooperadores da TFP, em 6 de maio de 1990. Sem revisão do autor. N. B. - No texto ao lado, o Autor refere-se à expansão do Renascimento e do Humanismo, da Revolução Francesa e das escolas filosóficas alemãs sem entrar no mérito desses movimentos, que ele critica fortemente em várias de suas obras. Por outro lado, ele sempre mostrou-se entusiasta da Contra-Reforma. Aqui, porém, todos esses movimentos são vistos indistintamente sob o ângulo da expansão universal que tiveram e não de seu conteúdo.


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