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Nยบ 769 - Janeiro 2015 - Ano LXV
UM
■ PuN10 C o RRÊA DE Ouv E1 RA
JA EIRO de 2015
Nº 769
A solução para extinguir incêndios é não combatê-los?
e
orre o mundo em nossos dias uma teoria extravagante: toda ideologia, quando contrariada frontalmente, com isto mesmo se desenvolve. Assim, quando queremos combater uma ideia, devemos antes de tudo não a atacar de frente. A contradição age sobre as ideias como o vento sobre a brasa. Não é com vento, mas com cinza, que as brasas se apagam. Não se extinguem os grandes erros atacando-os, mas deixando-os cair no esquecimento. Em abono desta tese, invoca-se um exemplo: o que conseguiram contra a Igreja nascente as primeiras perseguições? Excitaram apenas as convicções dos fiéis . *
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Não se pode negar que, em algumas circunstâncias muito especiais, o esquecimento é o melhor modo de combater certas doutrinas . Nem por isto se há de adotar, como regra comum de prudência, o princípio de que o melhor meio de extinguir incêndios consiste em os deixar lavrar à vontade, fazendo completa abstração de les.
A esta reflexão, outra se acrescenta. Os autor~s de maior peso da Igreja costumam afirmar que as perseguições constituíram uma provação terrível que, humanamente falando, teria dado cabo do cato licismo. Se este não soçobrou, seu triunfo não se deve a razões humanas, mas a motivos sobrenaturais. Visto assim o problema, segue-se que, humanamente falando, a tática dos Neros e dos Calígu las não foi má: foi excelente, e tão excelente que só por milagre não atingiu seu fim . E é lógico. Porque, do contrário, se a Igreja é uma árvore que só cresce e frondeia a golpes de machado, os grandes benfeitores do catolicismo seriam os Neros, os Calígulas, os Stalins ou os Hitlers. Ninguém levaria a insânia a ponto de subscrever esta tese. • (" Legionário", Nº 745, 17 de novembro de 1946, 7 Dias em Revista)
Coliseu de Roma, onde inúmeros cristãos foram martirizados na época pagã
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CARTA 00 DIRETOR
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EP1sórnos H1sTúmcos A Batalha de Lepanto
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CAPA
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VmAs 1n: SANTOS
43 Pcm 44
Quem ainda é católico na Igreja Católica? Alirmações polêmicas de um Cardeal Conservadorismo emergente
Retrospectiva de 2014 São João Basco
QUE NossA SENIIOl~A C110RA
SANTOS E FES'l'i\S oo M1-::s
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CoNTRA-REvor,uc10NAR1A
52 Ai\mrnN·1·,~s, CosTUMES, C1vn,1ZAçõ1,:s Capela de Nossa Senhora das Graças, Rue du Bac, Paris
Nossa Capa: Fotomontagem do ateliê artístico de Catolicismo
JANEIRO 2015
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A Batalha de Lepanto
Diretor: Paulo Corrêa de Brito Filho Jornalista Responsável: Nelson Ramos Barretto Registrado na DRT/DF sob o nº 3116 Administração: Rua Visconde de Taunay, 363 Bom Retiro CEP 01132-000 São Paulo · SP Serviço de Atendimento ao Assinante: Fone/fax (0xx11) 3333-6716 Correspondência : Caixa Postal 1422 CEP 01031-970 São Paulo· SP Impressão: Prol Editora Gráfica Ltda. E-mail: catolicismo@terra.com.br Home Page: www.catolicismo.com.br ISSN 0102-8502 Preços da assinatura anual para o mês de Janeiro de 2015: Comum: Cooperador: Benfeitor: Grande Benfeitor: Exemplar avulso:
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CATOLICISMO Publicação mensal da Editora PADRE BELCHIOR DE PONTES LTDA.
Caro leitor, As matérias de capa de nossas edições de janeiro de 201 3 e 201 4 reportavam-se às cenas bíblicas da construção da Torre de Babel e da "confusão das línguas", para simboli zar os acontec imentos principais desses dois anos respectivamente. Na sequência hi stórica, a matéri a de capa deste mês, referente ao ano findo, evoca o fato bíblico subsequente, ou seja, a "di spersão dos povos". Com efeito, ao se analisar cuidadosamente, numa visão mais profunda e arquitetônica, os últimos 365 dias, tem-se a impressão de que o mundo percorre uma senda de di spersão, frac ionamento e desagregação. No plano espiritual, o principal evento que surge nesse processo de desagregação é a Assembleia Geral Extraordinária do Sínodo, realizada em outubro, na Cidade Eterna. O relatório res umitivo das posições dos Bispos presentes sobre a comunhão aos di vorciados "recasados" e o "casamento" homossexual determinou acalorados debates e opiniões conflitantes. Ainda a respeito do clima de confusão reinante no plano espiritual, merece ser mencionada a rea lização, de 27 a 29 de outubro, em Roma, do "Encontro Mundial de Mov imentos Populares", patroc inado pelo Vaticano. Mais de uma centena de representantes de organi zações revo lucionárias de 80 países participaram do evento. Na ocasião, o marxista João Pedro Stédile, líder do MST, di scursou agradecendo ao Papa Francisco por ter apresentado "um documento irrepreensível, mais à esquerda do que muitos de nós ". No plano temporal, de tal maneira o processo de confusão se acentuou, que especiali stas qualifi cados chegaram a cogitar numa Ili Guerra Mundial, devido à tensão no mundo, especialmente entre a Ucrânia e potências ocidentai s, de um lado, e a Rúss ia, de outro. O aparecimento e avanço do "Estado Islâmico" ou "Califado", promovendo perseguição brutal e sangrenta contra os cri stãos, representou no quadro geral uma rea lidade sinistra e diabólica. No Ocidente, o pres idente Obama, considerado um " messias" em sua primeira campanha eleitoral, caminha para um fim melancólico de seu segundo mandato, com índice de aprovação popular constrangedor. E ainda tendo que governar com minori a nas duas Casas do Congresso. No fi nal do ano, numa tentativa de recuperação de prestígio, lançou ele um bombástico reatamento de relações com o combalido regime comuni sta cubano, próprio a agradar as esquerdas do mundo inteiro. As consequências desse ato, que contou com o apoio do Papa Francisco, deverão desdobrar-se no ano que ora se inicia. Na América Latina, o "bolivariani smo" está conduzindo a Venezuela a uma situação desesperadora e continua sua ação ruinosa em outros países do Continente. No Brasil, verifica-se uma acentuada polarização política, podendo o êx ito obtido pela presidente Dilma Rousseff nas últimas eleições ser considerado, sob certo a pecto, uma "vitória de Pirro". Em face desse quadro sombrio, mas no qual surgem veios insuspeitados de resistência ao processo revolucionário e emergem luzes que parecem sinalizar um começo de intervenção divina, roguemos à Mãe de Deus e nossa que apresse seu triunfo, profetizado no ano de 1917 em Fátima: "Por fim, meu Imaculado Coração triunfará ". · Desejo aos diletos leitores uma séria e frutuosa leitura de temas de tanta relevância e um Ano Novo repleto de bênçãos e graças.
E m Jesus e Mari a,
9:~
DI RETOR
catolicismo@terra.com.br
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PAULO H ENRIQ UE AMÉRICO DE A RAÚJO
Ü Papa São Pio V aglutina as forças católicas e convoca uma nova Cruzada para a maior batalha naval da História
Procissão em Veneza, em comemorac;ão da criac;ão da Santa liga formada por Espanha, Veneza e os Estados Pontifícios
o ano de 1566 subia ao trono pontifício o Cardeal Antonio Ghi slieri . O novo Papa, de fa míli a nobre, entrara ainda jovem na Ordem domini cana, onde aprendeu a prática da virtude e da austeridade que deveri a tran smitir no govern o da Igreja. Ele assumia aos 62 anos o nome que passari a a ser conhec ido como um dos maiores Papas de todos os tempos: São Pi o V. Era terrível a situação da Sa nta Igreja e da Cristandade que ele deveri a enfrentar. A .Revolução Protestante grassava na Europa, levando povos inteiros a abraçar a heresia de Lutero. As conturbações produzidas pe las guerras civi s eram constantes. Internamente, a Igreja gemi a ·sob a ação do neopaga ni smo renascenti sta, que exercia seus efe itos malévolos sobre boa parte do clero. O mau exemplo daqueles que deveri am ser "o sal da terra e a luz do mundo" fo mentava a apostasia de incontáve is católicos em direção ao protestanti smo. E havi a mais. Com um ímpeto j amais visto, os turcos, seguid ores de Maomé, avançavam por mar e terra sobre da Europa cri stã, destruindo, matando e saqueando. E tudo isso diante da indife rença e mes mo a traição de muitos príncipes cató li cos.
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São l'io V - grande comandante das l'ol'ças católicas Mas o revide de Deus j á estava pronto para entrar em cena. São Pi o V ass umiu com galhardia o supremo comando da Igreja e, à maneira de um bom general, trouxe a vitória da Cruz sobre todos seus inimi gos. Ele aux ili ou os cató li cos perseg uidos pelos príncipes alemães protestantes. Incenti vou a Liga Cató li ca contra os huguenotes na França. Apoiou a Espanha contra as revo ltas protestantes nos Países Baixos. Excomungou a herética rainha Elizabete 1 da Inglaterra. Inte rnamente na Igreja, combateu com vi gor o relaxamento mora l do clero e incrementou a observância da di sciplin a ec les iásti ca do Concílio de Trento. Seu pró prio exempl o pessoal fo i poderoso antídoto co ntra os escândalos de certos clérigos. Mas o foco deste artigo é a enérgica atitude de São Pi o V diante do peri go muçulmano. Desde o tempo das Cruzadas, os Romanos Pontífices recorri am à legítima fo rça das armas quando os outros meios havi am se mostrado inefi cazes. A legitimidade da guerra, em certas circun stâncias, é ponto pac ífi co na doutrin a cató li ca. Em face do inimi go muçulm ano não havi a poss ibilidade de di álogo, diplomac ia, nem concessões. A única so lução possível mostrou ser a força. E esse foi o recurso utilizado por São Pio V, com a autoridade confe ri da aos Papas pe lo própri o Nosso Senhor Jesus Cri sto. O oponente que o santo Pontífi ce tinha diante de si era terríve l: a fro ta turca, equi-
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pada com centenas de .pavios de guerra e milhares de guerreiros bem treinados, uma força inconteste nas águas do Mediterrâneo. Para enfrentá-los, só uma força à altura. Todavia, isoladamente nenhuma nação católica possuía tal poder. Era preciso estabelecer um acordo entre príncipes cristãos. Surgia na mente do Papa a ideia da Santa Liga. As negociações entre Espanha, Veneza e outras cidades italianas se iniciaram, tendo como árbitro o Romano Pontífice. Muitos interesses estavam em jogo, o que retardava a concórdia, fazendo sofrer imensamente o Papa.
D. João d'Áustria -
def ensor nesta.Jornada. Ele te dará uma vitória gloriosa sobre o ímpio inimigo, e por tua mão será abatido seu orgulho. Amém! ". Por sugestão do Papa, D. João d ' Áustria tomou providências para garantir o sucesso da guerra, atraindo as graças de Deus, o Senhor dos Exércitos. Todos os combatentes, marinheiros, soldados e nobres, jejuaram durante três dias, além de se confessarem e receberem a Sagrada Comunhão. Mulheres foram proibidas a bordo dos navios para evitar qualquer desregramento. A blasfêmia passou a ser punida com pena de morte. D. João d'Áustria
guel'l'eiro enviado pela Providência
"1'oma, ditoso prÍllcipe, a insígnia do verdadeil'o Deus lmmanado "
cipe, a insígnia do verdadeiro Deus humanado. O sinal vivo da santa Fé, da qual tu és
1-CATOLICISMO
a maior batalha naval da História
Em l 5 de setembro, a ~squadra soltava as velas. O espetáculo da partida é digno de reverência. Centenas de naus se perfilavam com suas bandeiras multicolores. Na ponta do cais, o Núncio papal, vestido com seus melhores paramentos, abençoava, uma a uma, as embarcações à medida que iam passando. Os tripulantes ajoelhavam-se piedosamente no convés das naus, fazendo o sinal da cruz. O povo, em meio a ovações e aplausos, acompanhava tudo enlevado, seguindo os gestos dos guerreiros. A insigne esquadra desses verdadeiros cruzados era composta de 208 galés e mitra centena de pequenos barcos de transporte e apoio. Mais de 80 mil soldados, nobres e plebeus, era o total dos homens a bordo. As notícias diziam que a frota turca se encontrava na região da Grécia. D. João d' Áustria decidiu ignorar os conselhos de alguns comandantes de tomar uma posição apenas defensiva. Ele optou por seguir a diretriz dada pelo Santo Padre: perseguir os turcos, atacá-los e aniquilá-los. Já no litoral grego, os católicos ficaram horrorizados ao verem a destruição promovida pelos infiéis. Cidades destroçadas e incontáveis corpos de mártires espalhados pela região. O horror produzido nos cruzados se transformava em indignação e maior vontade de acabar de vez com tal insolência dos muçulmanos. Em 6 de outubro de 1571 , a esquadra se aproximou da embocadura do estreito de Lepanto. O inimigo não estava distante. Era uma questão de horas até que ele aparecesse. A noite transcorreu tranquila, o mar calmo e o céu límpido ornado com luz do luar. No raiar da manhã daquele memorável dia 7 de outubro, a esquadra turca surgiu no horizonte, ainda muito afastada para qualquer embate. Saindo do golfo, com vento favorável vindo do leste, enfunavam-se as velas de mais de 280 galés de combate, levando 100 mil turcos! Os chefes cristãos vieram conferenciar com D . João d ' Áustria em sua nau capitânia, La Real. "Não é prudente dar batalha a um inimigo numericamente superior ", disseram eles ao generalíssimo. Mas o jovem príncipe retrucou com firmeza: "Não é hora de conversa,; mas de lutar". Todos sentiram tal confiança estampada em seu rosto e em suas palavras, que não hesitaram mais. D . João d ' Áustria concluiu: "Aqui
Em 1570, os turcos atacaram Chipre. A partir de então, o Pontífice não descansou até resolver todos os meandros diplomáticos para concluir o pacto das forças católicas. Os Estados Pontificios se somariam a essas forças com seus próprios navios e soldados. O comando geral da Santa Liga foi dado a D. João d ' Áustria, filho do Imperador alemão Carlos V e meio-irmão de Felipe II, rei da Espanha. A escolha era ideal. O ' jovem príncipe, de apenas 24 anos, fogoso e ávido de combates pela boa causa, deveria catalisar todos os esforços para o objetivo central : a destruição da armada turca. A respeito desse eleito comandante da esquadra católica, São Pio V citou a Escritura: "Houve um homem enviado por Deus, cujo nome era João " (Jo l ,6). Assim, o Papa dava sua chancela de que a escolha de D. João d' Áustria vinha do Céu. Durante os vaivéns diplomáticos, Chipre sofria com a invasão turca. Nicósia, importante cidade de Chipre, caiu depois de 48 dias de cerco. Famagusta, capital da ilha , resistiu durante meses, mas afinal , vendo que não havia possibilidade de vitória, e diante das notícias do atraso na formação da Santa Liga, o prefeito, Antonio Bragadino, combinou a rendição da praça com os turcos. Estes concordaram em deixar os cristãos partirem em liberdade. Mas, diante das portas abertas da cidade, os muçulmanos traíram a palavra dada, atacaram e prenderam Bragadino. Este foi esfolado vivo, enquanto toda a população era assassinada, inclusive mulheres e crianças. As atrocidades cometidas contra os católicos foram horrívei s e indescritívei s.
As tratativas para a Santa Liga foram concluídas em 7 março de l 57 l, festa de São Domingos. O Papa, exultante de alegria, entregou o empreendimento nas mãos de Nossa Senhora - as mesmas mãos que séculos atrás haviam dado o Rosário ao santo fundador da Ordem dos Pregadores. O Santo Padre delegou o comando da pequena, mas prestigiosa frota dos Estados Pontificios, composta de 12 naus de guerra, ao nobre Marco Antonio Collona. O príncipe ajoelhou-se para receber pessoalmente das mãos de São Pio V o estandarte da Liga, no qual estavam estampadas as imagens de Jesus Crucificado, São Pedro, o brasão do Papa e a inscrição "ln hoc signo vinces" ("Com este sinal vencerás") - lema visto acima de uma Cruz luminosa , no céu, pelo Imperador Constantino, no ano 312, e que o levou à vitória na famosa batalha de Ponte Mílvia, contra o usurpador Maxêncio. O ponto de encontro de toda frota era a cidade de Messina, na Sicília. Primeiro, chegaram os venezianos com suas 66 naus, comandados pelo veterano Sebastião Veniero, que mantinha o fulgor de soldado, mesmo aos 70 anos. Logo depois, vieram as 60 naus espanholas comandadas por Andrea Doria, experiente navegador do Mediterrâneo. A cidade de Messina fervia de entusiasmo pela vinda desses novos cruzados. Mas a verdadeira comemoração se deu quando D . João d ' Áustria aportou com seus 45 navios. Ele parecia uma figura angélica: vestido com sua armadura brilhante, cabelos loiros, de porte aristocrático, alto e esguio. O príncipe havia recebido do delegado pontificio, o Cardeal Granvela, o estandarte da Liga. O prelado lhe dissera: "Toma, ditoso prín-
Lepanto -
O Papa São Pio V
venceremos ou morreremos ". No início da tarde, um vento favorável soprou do oeste, lançando os cristãos em direção do inimigo. Era como se Deus estivesse "ansioso" para vê-los em ação. À distância, os turcos dispararam um canhão em sinal de ameaça. De sua nau capitânia - onde tremulava uma bandeira com a imagem de Nossa Senhora de Guada lupe, vinda das possessões espanholas na América - D . João d' Áustria aceitou o desafio e ordenou um disparo de revide que afundou um dos barcos turcos. O cenário estava montado para a maior batalha naval da História. É o que veremos no próx imo artigo. • E-mai l para o autor: cato licismo@terra.com.br
O Doge Sebastião Venlero Fontes bibliográficas:
1. WEISS, Juan Bautista. Historia Universal. Barce lona: Tipografia La Educación , 1929, vol. IX, pp. 535 a 540. 2. Walsh, William Thomas. Felipe li, 7" edição, Madri , Espasa-Calpe, 1976, pp. 565 a 579. 3. Lataste, J. (1911). Pope St. Pius V. ln The Catholic Encyclopedia. New York: Robert Appleton Company. http://www.newadvent.org/calhen/ l 2 l 30a.htm
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Natal na "cidadezinha"
Natais de outrora 121 Lembrei-me muito dos nata is de minha infância (cfr. matéria No meu tempo de menino, de Plinio Corrêa de Oliveira), numa famíli a que gua rdou até há mais ou menos duas décadas os bons costumes recomendados pa ra o período natalino. Infelizmente hoje não se guardam ma is tais costumes, que foram abafados pelos " novos" costu mes .. . "Novos"? Estes são mai s ve lhos do que tudo, poi s remontam ao velho paganismo! Lembro-me, por exe mplo, daquilo que o Dr. Plinio fal a das crianças que se confessavam na época do Natal e saíam dos confession ários transmitindo uma enorme a legria. E assim iam para a " Missa do Galo" e na igreja as luzes eram símbolos dessas alegrias das almas purifi cadas. Era m as luzes de Cri sto . Eram as a legrias da virtude. Eram os " pe rfumes" do Nata l que entravam pe las res idênci as . Hoj e esse as pecto so bre natural do Natal sente-se diminuir a cada ano, as bê nçãos de Natal também. Mas não podemos de ixar isso continuar assim. Precisamos pedir para o mundo de hoje a intercessão de Deus e da Imaculada Conceição, para nos ajudarem a reagir e atrair essas bênçãos para a Terra. Daí a missão da revi sta Caiolicismo: reag ir, reagir, reag ir! Termino desej ando para toda a equipe desta brilhante revista um Bom Ano Novo com ainda mais boas reações contra o pagani smo mode rno! (B.N.N. -
1- CATOLICISM O
RJ)
121 Foi realmente um "presente de Natal" a narração feita pelo Prof. Plinio Corrêa de Oliveira sobre o Natal na época em que era menino. Mamãe falava daquela época com muita saudade. Ela lembrava muito da cidadezinha de São Paulo nas primeiras décadas do século XX ; das graças do Menino Jesus e da Mãe Imaculada que todos recebiam; lembrava até da casa de presentes "Fuchs" (nos guardados de minha mãe tinha inclusive um folheto dessa loj a). Do "Mappin Stores" até eu me lembro . Ali , na loja em frente ao Teatro Municipal, fui algumas vezes com ela e minha tia comprar presentes de Natal. Era um tempo muito feliz que todos sentiam vivamente, nas casas, nas ruas, sobretudo nas igrejas com o Menino Jesu s nos recebendo com os braços abertos. Um tempo muito diferente desses em que até "meninas e bonecas falam palavrões" ... (refiro-me ao arti go da página 5 desta revista). (Z.S.A.P. -
SP)
virou sinônimo de comércio frenético, sem a presença de Anjos anunciando o nascimento do Salvador, mas com a presença do gorducho "papai noel" anunciando propagandas comerciais ... Fico com pena das crianças, levadas pelos pais para visitar esse gorducho vermelho e não para admirar o Divino Menino Jesus. PB)
(A.N.R.V. -
Sínodo dos Bispos em Roma 121 Graças a Deus vocês estão percebendo que alguma coisa errada está acontecendo no Vaticano ( cfr. artigo Um Sínodo "extraordinário " sob todos os pontos de vista, de José Antonio Ureta). O cisma que se orquestrou neste primeiro encontro do Sínodo dos Bispos em Roma, já pressupondo o que será o próximo em 2015 a respeito de "Família e pessoa Humana", assusta e muito. A Igreja de Cristo é a Igreja CatólicaApostólicaRomana, que é seu corpo Místico, e nenhum homem tem o direito, seja ele quem for, de alterar a doutrina existente. (A.e.e. -
SP)
Saudades do Natal
C011llito com a Tradição
121 Compreendi melhor a alma angelicalm ente inocente do Prof. Plinio, lendo o texto da conferência, feita uma década antes de seu falecimento, contando como eram os Natais nos tempos de sua infância. Como bem disse o Prof. Thomas Moinar: "O Prof Plinio conservou na maturidade o maravilhamento do espírito infantil". Lendo a confe rência, lastimei muito não ter conh ecido aqueles tempos, mas não perdi a esperança de ainda em minha vida presenciar a restauração dos Natais como anti gamente, com maravilhosas árvores de Natal e belos presépios , mas, sobretudo, a restauração daqueles ambi entes banhados pelas luzes, músicas e bens espirituais descritos pelo g ra nde confere ncista. Comparando aqueles tempos com os nossos (nada edificantes), aumentou minha esperança pe lo retorno das graças que envolviam o mundo para ce lebrar o nascimento do Deus Me nin o. C ertamente essa ce lebração ca usava uma felicidade interior que não tem preço. Natal hoje
121 Vejo neste "Sínodo da Família" realizado no Vaticano um claro ataque ao ensino milenar da Igreja. Acho que os católicos não podem ficar abobados sem reação diante do que se quer impor goela abaixo. Nem é preciso ter curso de teologia para perceber o conflito entre o ensinamento desse Sínodo com a verdade sempre ensinada pela Igreja Católica, por exemplo em matéria sexual, quanto à indissolubilidade do matrimônio, a praga do divórcio, etc. Foi uma intercessão de Deus não permitir que houvesse no Sínodo unanimidade entre os participantes, e alguns cardeais se levantaram para condenar o ensinamento moderno sobre essas questões e sobre o sacramento da Eucaristia. São Pio X! Rogai por nós! (T.R.R. -
MG)
Perplexidade 121 O que é que está acontecendo com o Papa Francisco no comando da Igrej a? Pirou de vez? Ele está jogando a rede e trazendo de tudo, cocoroca, bagre, panga, siri e acha que todos são bons
para alimentar o corpo. Com atos como esse do encontro no Vaticano com movimentos revolucionários, como o MST etc., está dando um tiro no próprio pé, com o arpão. (F.J.G. -
PE)
"Show-missa" 121 Quero dizer que observo muito como se celebram as Santas Missas hoje em dia e fico pasma de ver que elas não são mais verdadeiras. O sacerdote faz uma cerimônia em que mistura tudo, política, esportes, o tempo, a economia etc. É tudo, menos celebração centrada na adoração a Jesus e sua presença no altar. Fico muito triste de ver que o sacerdote não consome o Sangue de Cristo após a Sagrada Comunhão, mas as mulheres " ministras" (sou contra a presença delas no altar) vão atrás do altar com os cálices e não sei o que acontece enquanto o sacerdote fica no altar esperando, e nem se dá o trabalho de guardar as âmbulas com as Hóstias consagradas. Já saí de celebrações por não serem verdadeiras. Fico muito triste pela situação atual de minha Religião católica. Penso que os Bispos devem tomar mais cuidado para que não se perca a verdadeira Fé. Padres estrelas que usam a Fé para vender discos e livros, não se preocupam com a presença abandonada por eles, de Jesus na Eucari stia. Nunca vejo um sacerdote junto ao sacrário em oração, em igreja alguma que frequento. (L.M. -
RJ)
30 de novembro os sinos tocaram por 16 segundos além do permitido por lei ... A paróquia recebeu uma multa dé R$ 36.540!!! Tudo isso gerou uma grande revolta dos paroquianos contra o PT. Eles estão percebendo a evidência: uma clara perseguição religiosa de um partido marxista. Hoje permitem-se os mais ensurdecedores ruídos, como músicas horríveis tocadas a altas horas pelas ruas, mas a voz do sino que suavemente nos faz lembrar do Céu e dos anjos não pode. O que desejam é abolir essa tradição de mais de oito décadas! (A.A.M. -
SP)
Tm·bulências na Igreja 121 A contínua, coerente e luminosa Doutrina Social da Igreja - expressa em numerosos documentos pontificios - é o farol apto a orientar os católicos nas turbulências contemporâneas (cfr. artigo Encontro Mundial de Movimentos Populares no Vaticano, de Nelson Ramos Barretto). A desconcertante participação do Papa Francisco neste evento destoa completamente da linha de ensinamento da Igreja. Esperemos que não seja uma
hermenêutica de ruptura (Bento XVI) com a doutrina social católica, mas uma hermenêutica de continuidade. (M.P.F.A. -
GO)
Aleijadinlw BI Envio-lhes um trechinho do discurso do Deputado Lael Varella (DEMMG) a respeito da matéria da revista Catolicismo sobre o Bicentenário de Aleijadinho: "Sr. Presidente, a Câmara dos Deputados se associa às comovidas homenagens que estão sendo prestadas a Aleijadinho neste seu bicentenário, porquanto o mais importante mestre do barroco brasileiro soube como ninguém adaptar tão adequadamente a arte barroca ao ambiente brasileiro do século XVJJI. Falecido em 18 de novembro de 1814, A leijadinho desenvolveu a genialidade de transformar pedras em sonhos. A ele, a nossa homenagem ao maior expoente da arte barroca brasileira. Peço a transcrição do excelente artigo da Revista Catolicismo, Nº 767 (Novembro/2014) a propósito do bicentenário de nosso artista maior". (B.M.-DF)
FRASES SELECIONADAS "Pensar é mais interessante do que saber, mas menos interessante do que olJia.r e contempfa.r" ..(JoviC1111,111, WoLfgC1111,g vo111, c;oetvie)
Cristianofobia BI Gostei muito da matéria sobre a voz dos sinos ( cfr. artigo O concerto dos campanários, de Gabriel J. Wilson) e acho que foi uma graça para mim ter feito sua leitura apenas três dias antes de ler um a notíci a horrível sobre a proibição dos toques dos sinos na igreja São João Maria Vianney (Vila Romana, zon a oeste de São Paulo). A citada notíci a foi publicada no "O Estado de S. Paulo" do dia 10 de dezembro e trata do rompimento de uma tradição de 8 1 anos da paróquia. Isto porque a prefeitura de São Paulo (PT) proibiu o badalar dos sinos antes das missas, pois, segundo os fiscais da prefeitura, no dia
"A sociedaáe sem cultura. é uma sociedaáe sem forma
- uma multidão ou uma coleção cfe indivíduos ajuntaáos pefas necessidades do nwmento" (Cviristo-pvier DC1wso111,)
rrHá pessoas que áestjam saber só por saber, e isso é curiosicíadei outras, para afc.a.nçarem fama, e isso é vaiáaáe.j outras, para enriquecerem com a sua ciência, e isso é um negócio torpei outras, para serem ec!ificruías, e isso é prudencia.j outras, para ec!ifica.rem os outros, e isso é ca.riáru:fe" (SC1111,to Agosh111,vio)
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Pergunta -Leio sempre a coleção O santo do dia e o livro Cada dia tem seu santo e tenho visto várias Santas que se casaram e, de comum acordo com seus maridos, praticaram o voto de castidade e jamais tiveram relações conjugais. Entretanto, aprendi que o Sacramento do Matrimônio, para ser configurado como tal, é necessário que haja a consumação do ato, pois ambos tornar-se-ão uma só carne: se isto não ocorrer, fica descaracterizado o Sacramento do Matrimônio. Poderia, por favor, esclarecer-me tais dúvidas?
Resposta - Junto com esta pergunta, o consulente fazia outra, que respondemos na matéria desta coluna do mês de dezembro último, deixando a segunda, reproduzida acima, para este mês. O missivista diz ter aprendido que, para o Sacramento do Matrimônio ser configurado como tal, era necessário que nele tivesse havido a consumação do ato próprio à geração da prole. Vejamos o ensinamento de Santo Tomás a respeito.
No Paraíso terrestrn 1,omre verdadefro matl'imônio Como se sabe, Santo Tomás morreu sem completar a Suma Teológica. Porém, já antes de escrevê-la, tratara do tema do matrimônio em vários outros escritos, em especial ao comentar o livro das Sentenças de Pedro Lombardo. Esse comentário foi depois aproveitado pelos compiladores do Suplemento da Suma Teológica. Assim, no artigo 4 da questão 42 do Suplemento da Suma Teológica, há um texto específico sobre a questão apresentada pelo missivista, precisamente intitulado Se a conjunção carnal pertence à integrida,Je tio matrimônio. Santo Tomás apresenta quatro a rgumentos a favor da resposta afirmativa, que em seguida ele irá rebater. Dentre os quatro, destacaremos dois, mais ligados à argumentação do mi ssivista: "1. Na própria instituição do matrimónio foi dito: 'Serão dois numa só carne' (Gen. 2, 24). Mas isto não é possível sem a conjunção carnal. Logo esta pertence à integridade do matrimónio". "3. Ademais, este sacramento se ordena à conservação da espécie. Ora, a conservação da ·espécie não é possível sem a conjunção carnal. Logo, esta pertence à integridade do sacramento ". Em seguida, Santo Tomás apresenta dois argumentos em sentido contrário: " l . No Paraíso houve matrimônio (Gen. 2,22). Ora, ali não houve conjunçiio carnal (Gen. 4,1). Logo, a conjunção carnal não pertence à integridade do matrimónio". "2. Ademais, pelo seu próprio nome, um sacramento
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implica a santificação. Porém, o matrimônio é mais santo sem a conjunção carnal, como diz o texto do Mestre das sentenças (d. 26, c. 6). Logo, a conjunção carnal não pertence à necessidade do sacramento ". A demonstração dessa tese é feita em seguida, no Suplemento da Suma, em termos muito sintéticos. Como Santo Tomás retoma e desenvolve mais amplamente o seu pensamento no artigo 2 da questão 29 da Parte III da Suma Teológica, é mais interessante passarmos diretamente a este texto.
Há verdadeiro matrimônio quando ele alcança a sua perfeição O referido artigo é intitulado: Se entre Maria e José houve verdadeiro matrimônio ( Utrum inter Mariam et Joseph fuerit verum matrimonium). Convém dividir a resposta de Santo Tomás em várias partes, explicando-as passo a passo, de forma a tomá-la compreensível - assim o esperamos - pelo leitor não especializado de nossa revista. Escreve, pois, Santo Tomás: "Diz-se que um matrimónio ou casamento é verdadeiro quando alcança a sua perfeição. Porém, a perfeição de algo é dupla: a primeira perfeição e a segunda perfeição. A primeira perfeição de algo consiste na sua forma, da qual resulta a sua espécie. A segunda perfeição de algo consiste na sua operação, pela qual de algum modo alcança o seu fim . Ora, a forma do matrimônio consiste numa certa e indivisível conjunção das almas, pela qual um cônjuge é obrigado a guardar fidelidade íntegra ao outro. E o fim do matrimônio é a geração e educação da prole; e a este duplo fim se chega, ao primeiro, p elo concúbito conjugal; ao segundo, p elas outras ações do varão e da mulher, p elas quais mutuamente se ajudam para a educação da prole". Vamos tentar compreender este primeiro parágrafo. A palavra perfeição cm latim - perfectio - tem dois graus: num primeiro grau, é o completo acabamento de algo; e o segundo corresponde ao sentido que damos à palavra perfeição em português, ou seja, a realização perfeita do melhor, do ideal. Santo Tomás toma a palavra no seu primeiro sentido latino - de completo acabamento de algo - no qual distingue um acabamento correspondente à forma do matrimônio (que é a união e fidelidade mútua dos cônjuges) e outro acabamento correspondente ao seu fim (que é a geração e educação da prole). Queira o leitor reler o texto acima de Santo Tomás à luz desta explicação.
Houve verdadeiro matrimônio e11trn Maria e José quanto a sua forma O próprio Santo Tomás ajuda o leitor na compreensão do seu texto, explicando-o como segue: "Assim, pois, deve-se dizer, quanto à primeira perfeição,
que houve matrimônio absolutamente verdadeiro entre a Virgem Mãe de Deus e José. Pois ambos consentiram na convivência conjugal, não porém, expressamente, na cópula carnal, com a condição de que tal aprouvesse a Deus. Por isso, o Anjo chama a Maria esposa de José, dizendo a este: 'Não temas receber a Maria, tua esposa' (Mt 1,20). O que Santo Agostinho explica, dizendo: 'Chama-lhe esposa pela fé primeira dos desposórios, a qual nem conhecera nem haveria de conhecer pelo concúbito' (in De nuptiis et concupisc., lib.J, cap. XI)".
O matrimônio entrn Maria e José foi perfeito quanto à educação da prole Santo Tomás continua: "Quanto, porém, à segunda perfeição, que é pelo ato do matrimónio, se este se refere ao concúbito pelo qual se gera a prole, não houve o matrimônio consumado. De onde Santo Ambrósio dizer: 'Não te perturbe o fato de a Escritura chamar Maria de cônjuge, pois a celebração das núpcias não implica a perda da virgindade, e sim a atestação da união conjugal'. - Contudo, o matrimônio em questão teve também a segunda perfeição, quanto à educação da prole. De onde Santo Agostinho dizer: 'Todos os bens das núpcias se completaram nos pais de Cristo: a prole, afé e o sacramento. A prole a entendemos como sendo o Senhor Jesus; afé, pela inexistência de adultério; o sacramento, pela inexistência do divórcio. Só não houve o concúbito nupcial ' (in De nuptiis et concupisc., lib.J, cap. XI, XII)".
libro 11, cap. I): 'Não se deve crer que o Evangelista tenha pensado em negar o casamento de José com Maria' (quando chama José de esposo de Maria), 'porque ela teria dado à luz Cristo sendo virgem, e não do concúbito entre ambos. Com este exemplo, pois, se faz saber claramente aos fieis casados que, mesmo guanlada a continência por comum consentimento, potlem ser chamados e permanecer cônjuges, sem a união dos corpos "'. Portanto, o caso das Santas que, de comum acordo com seus maridos, fi zeram voto de conservar a castidade perfeita dentro do matrimônio, é plenamente justificada pela doutrina de Santo Tomás. Aí segue, poi s, escrita há cerca de 750 anos por Santo Tomás de Aquino, a resposta pedida pelo consulente. Ou, se preferir, elaborada por Santo Agostinho há cerca de 1500 anos e explicada por Santo Tomás. Com isto, a presente resposta vai ass inada pelos dois maiores Doutores da Igrej a! • E-mail para o autor: catoiicismo@terra com
O voto de castidade não rompe o vínculo conjugal Do que foi exposto decorre a tese sustentada por Santo Tomás, que ele enuncia após apresentar os argumentos contrários a ela. E como, neste caso concreto, Santo Tomás tem em vista especialmente a terceira objeção, é preciso ver primeiro em que esta última consiste: [Terceira objeção] "O Evangelho diz (Mt 1, 19): 'José, seu esposo, como era justo e não queria conduzi-la a sua casa' - isto é, a fim de com ela coabitar habitualmente - 'quis abandoná-la ocultamente '- is to é, adiar o tempo das núpcias, segundo interpreta Remígio (Homilia IV). Logo, parece que, antes de celebradas as núpcias, ainda não havia verdadeiro matrimónio; sobretudo porque, depois de contraído o matrimónio, a ninguém é licito abandonar a sua esposa ". A isto, Santo Tomás opõe sua tese, a qual começa sempre, ao longo de toda a Suma Teológica, com as palavras latinas sed contra: "Porém, em sentido contrário, está o que diz Santo Agostinho (De consensu Evangelistarum,
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China: exp·órtadora crescente de instrumentos de tortura
Argentina: anti-abortistas frustram evento da 11cultura da morte"
C hina comunista fabr ica e exporta cada vez mais equi pamentos de tortura, incluindo material concebido para a repressão de populares e a violação de direitos humanos. Muitas de suas empresas fabricantes de instrumentos de terror e de dor pertencem ao Estado e seus produtos são exportados sem control"e. Alguns desses equipamentos podem vir a ter uso legal. Porém, outros se destinam intrinsecamente a requintes de sadismo. Vários desses cruéis inventos sequer são conhecidos no exterior. Reg imes cripto-comunistas, islâmicos e despóticos constituem o criminoso mercado ávido deles. •
governo argentino promoveu na cidade de Salta o "29º Encontro Nacional de Mulheres". Eventos como esse reúnem anualmente centenas de militantes feministas, abortistas, LGBT, e até da prostituição, e costumam concluir com uma passeata visando profanar a catedral local. Mas desta vez as militantes da "cu ltu ra da morte" encontraram a cidade repleta de cartazes em defesa da vida , espalhados por grupos católicos. Muitas senhoras católicas jovens se inscreveram no evento das feministas e votaram propostas pela vida, que obtiveram a vitória. Elas comemoraram esse êxito abrindo uma faixa na qual estava escrito: "Enchemos o encontro delas!". Também promoveram um grande abaixo-assinado via Internet, que forçou o governo loca l a desviar a passeata. Impediu-se, assim, a profanação da catedral, onde se venera a imagem Jesus do Milagre e a Virgem do Milagre. •
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A Rádio Liberty, que denunciava o comunismo, recobrou o seu prestígio nstalada hoje em Praga, a rádio Free Europe (ou Liberty), que há 25 anos denuncia a fa lácia da "morte do comu nismo", está mais prestigiada do que nunca, pois o perigo voltou . Companheiros de viagem da falida URSS, na mídia, nos púlpitos e nos governos enganaram o Ocidente, criando o mito de que o comunismo havia morrido. A Free Europe, porém, continuou a denunciar a manobra. Seus repórteres foram "agredidos, assediados e sequestrados " nas áreas da ex-URSS. O primeiro-ministro ucraniano, Arseni Jatseniouk, a propósito comentou: "Impérios desabaram, muros caíram, ditadores desapareceram, mas a rádio Liberty existe e continuará a existir". Como teria sido glorioso se associações católicas, eclesiásticas ou civis, e hierarcas, tivessem feito , nesses últimos 25 anos, apostolado anticomunista semelhante em nome da fé de Nosso Senhor Jesus Cristo! Infelizmente o progressismo católico impossibilitou esse glorioso aposto lado . •
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RADIO FREE EUROPE!
Islâmicos ameaçam, invadir Roma e escravizar católicos
A revista "Dabiq", do Estado Islâmico, publicou na capa a montagem rl.fotográfica de uma bandeira negra maometana ondeando sobre o obelisco da Praça de São Pedro. Nas páginas interiores, os seguidores de Alá justificam o rapto, a compra e a venda em mercados de cristãs como escravas sexuais, bem como formas de estupro e exploração do sexo. O sheik Abu Muhammad escreve: "Nós vos prometemos (oh, cruzados) que esta será a vossa última campanha. Conquistaremos a vossa Roma, romperemos as vossas cruzes e faremos escravas vossas mulheres. Se não conseguirmos desta vez, então, nossos filhos e netos o farão, e venderão vossos filhos como escravos no mercado dos escravos. " Em face de tal declaração, como explicar que vozes ec lesiásticas do Ocidente critiquem o uso lícito de armas para conter a sanha anticatólica e facinorosa desses islamitas? •
Conselho de Ética alemão: incesto é direito humano fundamental! Conse lho de Ética da Alemanha emitiu parecer segundo o qual o incesto; ilegal na A lemanha, deve ser considerado "direito .fúndamental de parentes à autodeterminação sexual ". E prosseguiu o parecer: "O Direito Penal não é o meio apropriado para preservar um tabu social". E mais ad iante acrescenta: "O direito .fimdamental de parentes próximos à autodeterminação sexual deve ser considerado como de maior peso do que a abstrata ideia de proteção da familia ". Até há pouco tempo, seria impensável que o "Conse lho de Ética" de um país ocidental não considerasse o incesto um ato sumamente antinatural! É a decadência moral em que nos encontramos. •
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Catedráticos: o 11ateísmo científico" não tem base na ciência inte e seis professores catedráticos de diversas áreas da ciência, que lecionam ou trabalham em 14 universidades espanholas, rebateram em uma obra a suposta incompatibilidade entre a Religião e a Ciência. Segundo eles, "temos podido comprovar em diversos campos que o aumento da compreensão da estrutura do mundo, e não seu desconhecimento, fornece fundamento a linhas de pensamento que fazem uma ponte que vai da ciência até a teologia". E prosseguem: "Pode-se afirmar que o cenário positivista que proclama a morte da religião como fruto da ciência não se cumpriu, e nem tem aparências de vir a se cumprir ". Segundo os catedráticos, a resposta à falácia positivista é a segu inte: "É errado supor que os pontos de partida do p ensamento religioso radicam no desconhecimento da ciência ". •
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Encontrada uma das mais antigas imagens de Cristo em Majestade m Cástulo (Espanha), uma equipe de arqueólogos recuperou uma das mais antigas imagens representando o Divino Redentor. Trata-se de uma patena do século IV, de delicado vidro verde, com 22 cm de diâmetro por 4 cm de profundidade. Nela, Cristo em Majestade segura uma grande cruz em uma mão, e as Escrituras abertas na outra. A patena é do tempo em que os cristãos saíram das catacumbas e Nosso Senhor aparece vencedo r, triunfante. É emocionante constatar a fé daqueles sofridos católicos, que consagravam o melhor de suas posses para honrar dignamente a Eucaristia. Quanta diferença em relação ao desrespeito de cató li cos atuais no tocante a práticas eucarísticas!
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Jornalista da BBC abandona carreira para se tornar freim de clausura jornalista política da BBC na Irlanda do Norte, Martina Purdy (foto), deixou sua carreira de 25 anos para ingressar numa Ordem religiosa contemplativa. Martina escolheu "uma vida completamente diferente " no convento das Irmãs Adoradoras, de Belfast. Sua decisão desconcertou o establishment político-midiático do país. Martina ficou ,--- ~~· ~~--..,. "verdadeiramente sobrecarregada" de mensagens de apoio e esclareceu que seus pensamentos estão todos postos na vida religiosa. Exemplos como o de Martina Purdy não são raros na História da Igreja . Casos como o dela, causados pelas frustrações da vida moderna, explicam-se pela ação da graça divina, favorecedora da disciplina e práticas tradicionais, que voltam a se tornar frequentes em nossos dias, em certas Ordens religiosas .
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Palavras oportunas e esclarecedoras de Dom Athanasius Schneider sobre o Sínodo dos Bispos em Roma, em outubro último
Catolicismo publicou em sua edição de outubro uma substanciosa entrevista de Dom Athanasius Schneider, Bispo Auxiliar da Arquidiocese de Santa Maria, em Astana, capital do Cazaquistão . Ela versou sobre o desrespeito com que se recebe o Santíssimo Sacramento em nossa época neopagã, bem como sobre os desvios doutrinários do atual progressismo católico. Devido à candência da temática suscitada pelo Sínodo pre- &. liminar de Bispos realizado em ~ Roma no mês de outubro p.p., j nossa revista julgou oportuno j reproduzir outra incisiva entrevista, obtida pela Srta. lzabella Parowicz, que o ilustre Prelado concedeu à revista "Polonia Christiana" de Cracóvia. A entrevista é de molde a esclarecer os nossos leitores em meio à confusão de idéias originada por essa reunião episcopal e à perplexidade que ela causou no espírito de inúmeros católicos. Para estes, nenhuma instituição humana, nem mesmo o Papa ou um Concílio Ecumênico , possui autoridade e competência para invalidar as claras palavras do próprio Jesus Cristo: "O
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que Deus uniu, o homem não separe" (Me 10,9). No entanto, na Refatio da
Dom Atl,anasius Sclmeider: "Não se tem registro de um texto [relatório intermediário} tão heterodoxo publicado efetivamente como documento de uma reunião oflcial de bispos católicos"
mencionada reunião preliminar dos Bispos, tais palavras e a verdade revelada foram rejeitadas ao ser admitida a possibilidade de "divorciados recasados" receberem a Sagrada Eucaristia. Dom Schneider apela para o exemplo histórico ocorrido no século IV em face da expansão avassaladora das heresias arianas e semi-ariana, quando os poucos destemidos membros da Igreja docente que defenderam a ortodoxia - como Santo Atanásio, Santo Hilário de Poitiers e Eusébio de Vercelli foram vigorosamente apoiados pela Igreja discente, isto é, por simples católicos que se conservaram naquela época imunes à heresia e fiéis à ortodoxia católica. Dom Schneider conclama os católicos leigos atuais, a exemplo dos fiéis do século IV, à prática da "fé católica pura e integral", pois ela vencerá o mundo (cf. João, 16, 33).
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om Athanasius Schneider nasceu no Quirguistão (Ásia Central). É membro da Ordem religiosa dos Cônegos Regulares da Santa Cruz, na qual professou em 1982. Foi ordenado sacerdote a 25 de março de 1990. Após permanecer vários anos em Lisboa, exerceu sua atividade pastoral em algumas paróquias do Brasil, tendo sido também diretor espiritual da comunidade de sua Ordem em nosso País. Posteriormente doutorou-se em teologia na área dos estudos patrísticos no Augustinianum de Roma. Foi eleito conselheiro geral da Ordem da Santa Cruz, cargo que ocupou aproximadamente por dez anos. Exerceu ainda o cargo de diretor espiritual o e de estudos do seminário do Cazaquistão 1 ( o primeiro seminário católico daquele j país), de pároco em vários locais da mesma nação, de chanceler da diocese e de diretor de uma revista católica mensal. Recebeu a "Esse documento permanecerá, sagração episcopal em 2 de junho de 2006, tanto para as sendo nomeado bispo auxiliar da diocese de gerações futuras Karaganda, tendo sido transferido em 2011 quanto para os para auxiliar da capital, Astana. Ademais, historiadores, tem atuado como conferencista e pregador como uma nódoa com a qual a lwnde retiros em vários países. ra da Sé ApostóliReproduzimos a seguir sua entrevista ca foi manchada" concedida à revista "Polonia Christiana", a qual nos forneceu amavelmente seu texto em inglês. A tradução portuguesa foi realizada por nosso colaborador Hélio Dias Viana, tendo sido revista e aprovada por Dom Athanasius Schneider.
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Catolicismo -Qual é a opinião de Vossa Excelência sobre o Sínodo? Qual é a mensagem dele para as famílias?
Dom Sclmeitler - Durante o Sínodo houve momentos de manipulação óbvia por parte de alguns clérigos que detinham posiçõeschave na sua estrutura editorial e de governo. O relatório intermediário (Refatio post disceptationem) foi um texto claramente pré-fabricado, sem nenhuma referência real às verdadeiras declarações dos padres sinodais. Nos tópicos sobre a homossexualidade, a sexualidade e os "divorciados recasados"
com sua admissão aos sacramentos, o texto representa uma ideologia neopagã radical. Não se tem registro em toda a História da Igreja de um texto tão heterodoxo publicado efetivamente como documento de uma reunião oficial de bi spos católicos sob a presidência de um Papa, apesar de o texto revestir-se de caráter preliminar. Graças a Deus e às orações dos fiéis de todo o mundo, um considerável número de Padres Sinodais rejeitou resolutamente tal agenda, que nos três tópicos acima mencionados reflete a principal corrente de moralidade corrompida e pagã do nosso tempo, a qual se funda na ideologia do gênero e está sendo imposta globalmente através de pressão política e da quase todo-poderosa mídia oficial. Embora apenas preliminar, esse documento sinodal é uma verdadeira vergonha e indica até que ponto o espírito anticristão do mundo já penetrou em níveis importantes da vida da Igreja. Esse documento permanecerá, tanto para as gerações futuras quanto para os historiadores, como uma nódoa com a qual a honra da Sé Apostólica foi manchada. Felizmente, a mensagem dos Padres Sinodais é um documento verdadeiramente católico, que descreve a verdade divina sobre a família sem silenciar as raízes mais profundas dos problemas, ou seja, o pecado. Ela dá muita coragem e consolação às famíli as católicas.
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Eis algumas citaçõ,~~:. "Pensemos no sofrim ento que pode,..aparecer em um filho portador de deficiência, em uma doença grave, na degeneração neurológica da velhice, na morte de uma p essoa querida. É admirável a fidelidade generosa de muitas familias que vivem essas provações com coragem,f é e amor, considerandoas não como alguma coisa que é arrancada ou infligida, mas como alguma coisa que é doada a eles e que eles doam, vendo Cristo sofredor naquelas carnes doentes . ... o amor conjugal único e indissolúvel persiste, apesar das tantas dificuldades do limite humano; é um dos milagres mais belos, embora seja também o mais comum. Esse amor se difimde por meio dafecundidade e do 'gera tivismo', que não é somente procriação, mas também dom da vida divina no Batismo, educação e catequese dos filhos . ... Em vocês se confirma a presença da família de Jesus, Maria e José na sua modesta casa. " Catolicismo - Esses grupos de pessoas que estavam esperando uma mudança no ensino da Igreja com relação às questões morais (por exemplo, permitindo que divorciados e pessoas recasadas recebam a Sagrada Comunhão ou a concessão de qualquer forma de aprovação às uniões homossexuais) provavelmente ficaram decepcionados com o conteúdo da Refatio [Relatório] final. Não existe, no entanto, o perigo de que o questionamento e a discussão de questões fundamentais no ensinamento da Igreja possam abrir as portas a graves abusos e a tentativas similares de revisão desse ensinamento no futuro?
Dom Schnei<ler - De fato, um mandamento divino - em nosso caso, o sexto mandamento - , a indissolubilidade absoluta do casamento sacramental, uma regra divinamente confirmada como o é a inadmi ssibilidade de se aceder à Sagrada Comunhão em estado de pecado grave, como ensina São Paulo
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Moisés com os Dez Mandamentos gravura de Gustavo Doré, séc. XIX.
"Ne11lmma i11stituição Jwma11a, nem mesmo o Papa ou um Co11cílio Ecumêl1ico, tem autol'Ídade e competêl1cia parn i11validar um dos Dez Ma11dame11tos divi110s "
em sua admoestação inspirada pelo Espírito Santo (1 Coríntios 11, 27-30) não se podem submeter à votação; como nós também, por exemplo, não podemos colocar em votação a Divindade de Cristo. Uma pessoa que ainda conserve o vínculo matrimonial sacramental indissolúvel e que, apesar disso, vive em convivência marital estável com outra pessoa, por Lei divina não pode ser admitida à Sagrada Comunhão. Seria uma negação pública e prática - embora não teórica - por parte da Igreja da indissolubilidade do matrimônio cristão, e ao mesmo tempo a revogação do sexto mandamento da Lei Deus: "Não adulterarás". Nenhuma instituição humana, nem mesmo o Papa ou um Concílio Ecumênico, tem autoridade e competência para invalidar, ainda que de modo mínimo e indireto, um dos Dez Mandamentos divinos ou as palavras divinas de Cristo: "O que Deus uniu, o homem não separe " (Me. 10, 9). Não obstante, foi posta à votação do Sínodo a questão da admissibilidade à Sagrada Comunhão dos chamados "divorciados recasados" apesar de tal verdade lúcida, ensinada constante e invariavelmente através dos tempos - porque imutável pelo Magistério da Igreja até os nossos dias, como por exemplo na Familiaris consortio de São João Paulo II, no Catecismo da Igreja Católica e pelo Papa Bento XVI. Este fato é grave em si e representa uma arrogância clerical em relação -à verdade divina da Palavra de Deus. A tentativa de colocar em votação a verdade e a palavra divinas é indigna daqueles que, como representantes do Magistério, devem transmitir zelosamente as regras contidas no depósito divino (cf. Mat. 24, 45). Ao admitir os "divorciados recasados" à Sagrada Comunhão, aqueles bispos estabelecem uma tradição nova e pessoal, transgredindo assim o mandamento de Deus, como os fariseus e os escribas repreendidos por Cristo (cf. Mat. 15, 3). Urna circunstâ ncia agravante é o fato de tais bispos tentarem
legitimar sua infidelidade à Palavra de Cristo com argumentos tais corno "necessidade pastoral", "misericórdia ", "abertura ao Espirita Santo ". Pior ainda, eles não têm sequer medo nem escrúpulos de perverter de forma gnóstica o significado real dessas palavras, rotulando ao mesmo tempo de rígidos, escrupulosos ou tradicionalistas aqueles que se opõem a eles e que defendem o mandamento divino imutável e a verdadeira tradição católica. Durante a grande crise ariana do século IV, os defensores da Divindade do Filho de Deus também foram tachados de "intransigentes" e " tradicionalistas". Santo Atanásio foi até excomungado pelo Papa Libério, que se justificou com o argumento de que aquele santo não estava em comunhão com os bispos orientais, que na verdade eram em sua maioria hereges ou semi-hereges. São Basílio Magno, diante daquela situação, afirmou o seguinte: "Apenas um p ecado é hoje severamente punido: a observância atenta das tradições de nossos Pais. Por essa razão, os bons são expulsos e exilados ao deserto " (Ep. 243). Na verdade, os bispos que apoiam a Sagrada Comunhão para "divorciados recasados" são os novos fariseus e escribas, porque negligenciam o mandamento de Deus, contribuindo para o fato de que do corpo e do coração dos "divorciados recasados" continuem a "proceder adultérios" (Mat. 15 , 19), porque desejam uma solução exteriormente " limpa", e que pareça "limpa" também aos olhos daqueles quem detêm o poder (a mídia social , a opinião pública). No entanto, quando eles aparecerem um dia no tribunal de Cristo, ouvirão certamente para sua consternação estas palavras: "Por que recitas os meus mandamentos, e tens na boca as palavras da minha aliança? Tu que aborreces meus ensinamentos e rejeitas minhas palavras ... e com adúlteros te associas ? (SI 50 (49): 16-18). A Relatia final do Sínodo contém o parágrafo sobre a questão da Sagrada Comunhão para os "divorciados recasados" . Embora não tenha alca nçado os necessários dois terços dos votos, permanece no entanto o
"Os bispos que apoiam a Sagrnda Comu11JIão parn 'divorciados recasados' são os novos fariseus e escribas, porque 11egligenciam o 11w11damento de Deus"
fato preocupante e surpreendente de que a maioria absoluta dos bispos presentes votaram a favor da Comunhão para os "divorciados recasados", refletindo ao mesmo tempo a verdadeira qualidade espiritual do episcopado católico em nossos dias. Além do mais, é triste que este parágrafo, que não obteve a necessária aprovação da maioria qualificada, permaneça contudo no texto final da Refatio e seja enviado a todas as dioceses para uma discussão mais aprofundada . O que certamente não fará senão aumentar a confusão doutrinária entre os sacerdotes e os fiéis , deixando no ar a ideia de que os divinos mandamentos de Cristo, e as Suas divinas palavras, bem como aquelas do Apóstolo Paulo, ficam colocadas à disposição de um órgão humano deliberativo. Um cardeal que apoiou aberta e rijamente a questão da Comunhão para os "divorciados recasados" , e que fez até mesmo declarações vergonhosas sobre "casais" homossexuais na Relatia preliminar, estava insatisfeito com a Re fatio final, e declarou despudoradamente: "O copo está pela metade", dizendo - ainda que não ao pé da letra - que se deveria trabalhar para que no próximo ano no Sínodo o copo esteja cheio. Devemos firmemente acreditar que Deus estragará os planos da mentira, da infidelidade, da traição. Cristo detém infalivelmente o leme do barco de Sua Igreja em meio a urna tão grande tempestade . Nós acreditamos e confiamos no supremo soberano da Igreja, em Nosso Senhor Jesus Cristo, que é a Verdade. Catolicismo - Vivemos hoje um auge de agressão contra a família, agressão esta acompanhada por uma tremenda , confusão na área da ciência sobre a identidade humana. Infelizmente, há alguns membros da Hierarquia da Igreja que ao discutirem essas questões, expressam opiniões que contradizem os ensinamentos de Nosso Senhor. Como devemos conversar com as pessoas que se tornam vítimas desta confusão, a fim de fortalecê-las em sua fé e ajudá-las a se salvar?
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Dom Schneider - N.~ste momento extraordinariamente difícil, Cristo está purificando a nossa fé católica para que por meio desta provação a Igreja brilhe mais e seja realmente sal e luz para o insípido mundo neopagão, graças à fidelidade e à fé pura e simples, em primeiro lugar dos fiéis , dos pequeninos na Igreja, da "Ecclesia docta" (a Igreja dos aprendizes), que em nossos dias reforçará a "docens Ecclesia" (a Igreja docente, ou seja, o Magistério), de forma semelhante à grande crise de fé do século IV, como o Beato John Henry Newman relatou: "Este é um fato muito marcante: mas há nele urna moral. Talvez tenha sido permitido, a fim de imprimir na Igreja daquele tempo, combalida pelo seu estado de perseguição, a grande lição evangélica segundo a qual os que constituem a sua verdadeira força não são os sábios nem os poderosos, mas os obscuros, os incultos e os fracos. Foi sobretudo por meio dos fiéis que o paganismo foi derrubado; como foi através do povo fiel sob a liderança de Atanásio e dos bispos egípcios, e em alguns lugares apoiados por seus bispos ou sacerdotes, que se resistiu à pior das heresias e que ela foi expulsa do território sagrado .... Naquele tempo de imensa confusão, o dogma divino da divindade de Nosso Senhor foi proclamado, aplicado, mantido e (humanamente falando) preservado, muito mais pela 'Ecclesia docta' do que pela ' Ecclesia docens'; o corpo do Episcopado foi infiel a sua missão, enquanto o corpo do laicato foi fiel ao seu batismo; às vezes o Papa, em outros momentos uma Sé patriarcal, metropolitana ou outra grande Sé, e outras vezes os Concílios gerais, disseram o que eles não deveriam ter dito, ou disseram o que obscureceu e comprometeu a verdade revelada; enquanto, por outro lado, havia o povo cristão, que sob a Providência foi o apoio eclesial de Atanásio, Hilário, Eusébio de Vercelli, e de outros grandes confessores solitários que teriam falhado sem eles" (Ariam· of the Fourth Century, pp., 446-466). Devemos encorajar os católicos simples a serem fiéis ao Catecismo que aprenderam, a serem fiéis às palavras claras de Cristo no Evangelho, a serem fiéis à fé que seus pais e
CATOLICISMO
"Devemos mostra,· a beleza inerente a uma vida de castidade, a beleza inerente ao matri111ônio cristão e à fa111ília, o grande valo,· da Cruz em nossas vidas"
antepassados lhes legaram. Devemos organizar círculos de estudos e conferências a respeito do ensino perene da Igreja sobre a questão do casamento e da castidade, convidando especialmente os jovens e os casais. Devemos mostrar a beleza inerente a urna vida de castidade, a beleza inerente ao matrimônio cristão e à família, o grande valor da Cruz e do sacrifício em nossas vidas. Devemos apresentar cada vez mais os exemplos dos santos e das pessoas exemplares que demonstraram que, apesar de terem sofrido as mesmas tentações da carne, a mesma hostilidade e o desprezo do mundo pagão, no entanto, com a graça de Cristo, levaram uma vida feliz na castidade, no matrimônio cristão e na família. A fé, a fé católica e apostólica, pura e integral, vencerá o mundo (cf. 1 João 5, 4). Devemos encontrar e promover grupos de jovens de coração puro, grupos de famílias, grupos de cônjuges católicos comprometidos com a fidelidade aos seus votos de casamento. Devemos organizar grupos que auxiliem as famílias moral e materialmente desfeitas, bem como as mães solteiras; grupos e pessoas que ajudem com a oração e o conselho casais separados; grupos e pessoas que ajudem caridosamente pessoas "divorciadas recasadas" a começarem um processo de uma conversão séria, isto é, a reconhecer com humildade sua situação pecaminosa e abandonar, com a graça de Deus, os pecados que violam o mandamento de Deus e a santidade do sacramento do matrimônio. Devemos criar grupos que ajudem caridosamente pessoas com tendências homossexuais a entrarem no caminho da conversão cristã, no caminho fe liz e belo de uma vida casta e oferecer-lhes, eventualmente, numa maneira discreta, a cura psicológica. Devemos mostrar e pregar aos nossos contemporâneos do mundo neopagão a Boa Nova libertadora do ensinamento de Cristo: que o mandamento de Deus, e até mesmo o sexto mandamento, é sábio, é belo: "A lei do Senhor é p erfeita, reconforta a alma; a ordem do Senhor é segura, instrui o simples. Os preceitos do Senhor são retos, deleitam o coração; o mandamento do Senhor é luminoso, esclarece os olhos. " (SI 19 (18), 8-9).
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Catolicismo - Durante o Sínodo, o Arcebispo Gadecki, de Poznarí, e alguns outros ilustres prelados expressaram publicamente seu desacordo pelo fato de os resultados das discussões terem se afastado do ensinamento perene da Igreja. Em meio a essa confusão, existe a esperança de um despertar de membros do clero e daqueles fiéis que até agora desconheciam o fato de que no próprio seio da Igreja há pessoas que minam o ensinamento de Nosso Senhor?
Dom Schneüler -Foi sem dúvida uma honra para o catolicismo polonês que o Presidente do Episcopado católico, Sua Excelência o Arcebispo Gadecki , tenha defendido de forma tão clara e corajosa a verdade de Cristo sobre o casamento e a sexualidade humana, revelando-se um verdadeiro filho espiritual de São João Paulo II. Por sua vez, o Cardeal George Pell caracterizou muito acertadamente a agenda sexual liberal e o suposto apoio misericordioso e pastoral da Sagrada Comunhão a "divorciados recasados", dizendo que constituem ape nas o topo do iceberg e uma espécie de cavalo de Tróia na Igreja. Que no próprio seio da Igreja haja pessoas que minam o ensinamento de Nosso Senhor tornou-se um fato óbvio e aberto aos olhos de todo o mundo, graças à internet e ao trabalho de alguns jornalistas católicos que não foram indiferentes ao que estava acontecendo com a fé católica, considerada por eles como o tesouro de Cristo. Tive o prazer de observar que alguns jornalistas católicos e interblogueiros se comportaram como bons soldados de Cristo, ao chamarem a atenção para essa agenda clerical que visava minar o ensinamento perene de Nosso Senhor. Os cardeais, os bispos, os sacerdotes, as famílias católicas, a juventude católica devem a dizer a si mesmos: Eu me recuso a ser conforme ao espírito neopagão deste mundo, mesmo quando esse
Mons. Stanislaw Gadecki, arcebispo de Poznari
"Os cardeais, os bispos, os sacerdotes, as fa111ílias católicas, a juvelltude católica deve111 a dizer a si mesmos: Eu me recuso a ser co11forme ao espÍl'ito neopagão"
espírito se espalha através de outros bispos e cardeais; não aceitarei seu uso falacioso e perverso da sagrada misericórdia divina e do "novo Pentecostes"; recuso-me a jogar grãos de incenso diante da estátua do ídolo da ideologia do gênero, diante do ídolo do segundo casamento dos divorciados, do concubinato, e ai nda que meu bispo o fizesse , eu não o farei ; com a graça de Deus, prefiro sofrer antes que trair toda a verdade de Cristo sobre a sexualidade humana e o casamento. As testemunhas convencerão o mundo e não os professores, disse o Papa Pau lo VI na "Evangeli i nuntiandi ". A Igreja e o mundo necessi tarn com urgência de testemunhas intrépidas e cândidas de toda a verdade dos mandamentos e da vontade de Deus, de toda a verdade das palavras de Cristo sobre o casamento. Os modernos fariseus e escribas clericais, que revestidos dos trajes episcopais e cardinalícios jogam grãos de incenso aos ídolos neopagãos da ideologia do gênero e do concubinato, não convencerão ninguém a acreditar seriamente em Cristo e a estar pronto para oferecer a vida por Ele. Com efeito, "veritas Domini manet in aeternum " (S I 116,2): a verdade do Senhor permanece para sempre); "Cristo é o mesmo ontem, hoje e sempre" (Heb. 13 , 8), e "a verdade vos libertará" (João 8, 32). Esta última frase foi uma das frases bíblicas favoritas de São João Pau lo II, o Papa da família. Podemos acrescentar: A verdade divina reve lada e imutavelmente transmitida sobre a sexualidade humana e o casamento trará a verdade ira liberdade para as almas dentro e fora da Igreja. E m meio à crise da Igreja do seu tempo e do mau exemplo moral e doutrinário de alguns bispos, Santo Agostinho confortou os simples fiéis com estas palavras: "Sejamos nós bispos o que f ormos, vós estais seguros que tendes a Deus por Pai e a Igrej a por mãe" (Contra litteram Petiliani III, 9, 1O). •
JAN EIRO 20 15
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MEMÓRIA Atualidade de memorável artigo escrito há quatro décadas Exatamente há 40 anos, Plínio Corrêa de Oliveira redigiu o artigo abaixo , publicado na "Folha de S. Paulo" de 5-1-75. Mas, lendo-o hoje, afigura-se de suma atualidade face aos acontecimentos que vêm ocorrendo na Igreja, no Brasil e no mundo. Razão pela qual julgamos oportuno reproduzi-lo na presente edição. A Direção de Catolicismo
Quem ainda é católico na Igreja Católica? "Folha de S. Paulo", 5 de janeiro de 1975 ■ PUN IO C ORRÊA DE ÜUVE IRA
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m uma sala junto à igreja da Piedade, em Salvador, religiosos capuchinhos per-
mitiram que se instalasse uma boutique, na qual se vendem objetos unissex, entre os quais biquínis. Como bem se pode imaginar, a iniciativa causou escândalo a muitos frequentadores do templo. Frei Benjamim Capelli explicou que o aluguel da loja garantirá maior disponibilidade de renda para as obras assistenciais da paróquia. Sentindo talvez a inconsistência da alegação - pois a imoralidade do meio não se justifica pela liceidade do fim - Frei Bruno Rossi aduziu outro argumento: "Só lamento - disse ele - que alguns dos nossos irmãos, certamente firm es e radicados na f é, se escandalizem com tanta facilidade e alimentem preconceitos tão pueris. É interessante e sintomático que frades tradicionalmente austeros como os capuchinhos não tenham percebido a inconveniência do negócio. Será que não chegou a hora de derrubar.falsos preconceitos ?" Esses dados são extraídos de uma notícia do "Jornal do Brasil", de 5 de dezembro passado. Ou seja, de exatamente há um mês. *
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Que eu saiba, a informação não teve desmentido. Sentir-me-ei muito alegre se alguém me escrever que o fato noticiado é inverídico. Comprometo-me desde já a inteirar do desmentido os leitores. Duvido, porém, de que ele venha. E assim vou adiantando meu comentário. Quando, há alguns meses atrás, publiquei uma notícia de um convento de religiosas da Espanha que fabricava biquínis, causei entre os leitores explicável sensação. E, se bem que
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CATO LICI SMO
ninguém ousasse desmentir tão insólita notícia, não faltou quem a julgasse duvidosa ; tanto escândalo não podia acontecer. Agora caso análogo esto ura em Salvador. Pois não há tanta diferença entre fabricar biquínis e vendê-los. Contudo, nem do caso espanhol, nem do baiano, a imensa maioria das pessoas tira as conclusões devidas. Uma destas, entretanto, salta aos olhos. Se desde sua fundação até nossos dias, a Igreja considerou com horror o nudismo - do qual o biquíni é uma das manifestações mais agressivas - e se, em nossos dias, entidades eclesiásticas fabr icam e vendem biquínis, de duas uma: 1. ou a Moral católica mudou tota lmente, e então a Igreja não é infalível nem divina; 2. ou essas entidades eclesiásticas - ao afirmarem, implícita mas ostensivamente, a legitimidade do biquíni - adu lteram o ensino da Igreja, e por si mesmas se excluem desta. Ora, como a primeirà hipótese é de todo em todo inaceitável, a segunda se impõe. *
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Não tenhamos medo de ver a verdade de frente . Este tema - do nudismo - levanta uma pergunta que vai muito além do caso dos dois conventos "biquinistas" . É absolutamente impossível que o uso do biquíni e de outras formas de rombuda agressão sexual se tenha generalizado tanto, sem que haja muitos diretores esp irituais que concedam absolvição a pessoas que, por seu modo de trajar, não poderiam recebê-la. A eles, também a pergunta deve ser fe ita. - Se acreditam que a Moral da Igreja mudou, como ai nda se dizem católicos? E se permitem às suas penitentes que usem biquíni , com que direito se inculcam como padres católicos? *
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Obviamente, a pergunta vai ainda mais longe. Das pessoas de sexo feminino que participam da agressão sexual, inúmeras aprenderam, no Catecismo, que a Moral católica não muda. - Se elas acham que mudou, como podem adm itir a infalibilidade e a divindade da Igreja? - E se acham que não mudou , como querem ser tomadas como católicas? *
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Mas - dirá alguém - usar biquíni é pecado contra o 6° ou o 9º Mandamento, conforme o caso. Contudo, uma pessoa não peca contra a Fé por vio lar um desses Mandamentos. Logo, minha argumentação é sem base. Evidentemente, não digo que quem fabrica ou vende biquínis, ou os usa, peca contra a Fé. Mas quem afirma, implícita ou explicitamente, que a Moral da Igreja mudou, este sim, peca contra a Fé.
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E daí uma pergunta que, também a propósito da co nduta face ao comunismo e de diversos outros assuntos, pode ser feita: quem ainda é católico apostólico romano dentro desse imenso magma de 600 milhões de pessoas - cardeais, bispos, sacerdotes, religiosos e leigos habitualmente tidos como membros da única e imperecível Igreja de Deus? •
JANEIRO 2015
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DeGlárações surpreendentes de um cardeal Ili GREGÓRIO V1VANCO LOPES
m novembro último comemorou-se o 25º aniversário da queda do "Muro de Berlim". Este acontecimento simbolizou o fim da União Soviética, o regime comunista que se apoderou da Rússia em 1917 e escravizou posteriormente, durante décadas a fio, grande pai1e da Europa. Ademais do caráter essencialmente antinatural e opressor desse regime, o número de mortos pelo comunismo ultrapassou a cifra de 100 milhões, como demonstrou o Livro Negro do Comunismo, editado por professores e pesquisadores europeus em J997. Na legião de perseguidos e mortos figura um incontável número de cristãos. O Muro dividia a Berlim em duas partes, como ocomunismo dividia a Europa em dois blocos. O aniversário da queda do Muro, a Cortina de Ferro, foi comemorado com júbilo em todo o Ocidente, com a adesão de católicos no mundo inteiro.
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Adesão de todos os católicos? Não. Pelo menos houve um que não comemorou. Foi o Cardeal Kurt Koch, presidente do Pontifício Conselho para a Promoção da Unidade dos Cristãos, do Vaticano. Em declarações que seriam impensáveis em épocas anteriores ao misterioso processo de autodemolição que, segundo Paulo VI, atingiu a Igreja, o prelado da Cúria vaticana não ficou contente com a queda do "Muro da Vergonha". O escândalo causado por essas declarações foi tal, que a manchete "Fim do comunismo não foi totalmente bom para o cristianismo, diz Vaticano", pôde ser lida na imprensa do mundo todo. Entre nós, ela foi destaque, por exemplo, na Agência Reuters-Brasil e nos portais da UOL-Notícias e do Gl-Globo, todos de 17 de novembro de 2014. É bom recordar aqui a verdadeira posição de um católico face ao comunismo. Os pronunciamentos papais a esse respeito são numerosos. Citamos apenas o de Pio XI, na Encíclica Divini Redemptoris, que por sua vez cita o bem-aventurado Pio IX:
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CATOLICISMO
"Pelo que diz respeito aos erros dos comunistas, já em 1846, o Nosso Predecessor de feliz memória, Pio IX os condenou solenemente, e confirmou depois essa condenação no Sílaba. São estas as palavras que emprega na Encíclica Qui pluribus: 'Para aqui (tende) essa doutrina nefanda do chamado comunismo, sumamente contrária ao próprio direito natural, a qual, uma vez admitida, levaria à subversão radical dos direitos, das coisas, das propriedades de todos e da própria sociedade humana '" (cfr. site do Vaticano). E por que não foi totalmente bom ter caído o muro? "Porque trouxe de volta as tensões entre Roma e a Rússia ", disse o Cardeal Koch, segundo as citadas notícias, não desmentidas. Ele falou à rádio Vaticana, uma semana depois do aniversário de 25 anos da queda do "Muro de Berlim". Ficamos então sabendo que no tempo do comunismo perseguidor dos católicos, não havia tensões entre a Rússia e Roma; e que essas tensões só reapareceram depois da queda do Muro! É terrível a revelação. Quanta razão tinha Plínio Corrêa de Oliveira ao lançar, 40 anos atrás, o manifesto de "Resistência" à Ostpolitik do Vaticano, o qual pode ser lido no site www.pliniocorreadeoliveira.info. Prossegue a notícia: "O cardeal Kurt Koch, principal autoridade da Igreja Católica Apostólica Romana para as relações entre Igrejas, disse que o ressurgimento das Igrejas Católicas do Oriente na Ucrânia e na Romênia, após décadas de repressão, criaram tensões maiores com a Igreja Ortodoxa Russa ". É espantoso! O ressurgimento da Igreja Católica, antes perseguida e opressa pelo comunismo, não foi um bem, mas um mal, pois trouxe tensões no relacionamento do Cardeal Koch com a igreja cismática da Rússia. Para ele, teria sido melhor então que os católicos continuassem a ser perseguidos, quiçá mortos, para que o ecumenismo prosperasse sem tensões? Afinal, que tipo ecumenismo é esse que se desenvolve distendido só quando os católicos são oprimidos!? E prossegue: "As mudanças em 1989 não foram vantajosas para as relações ecumênicas", disse Koch. "As igrejas Católicas do Oriente proibidas por Stalin ressurgiram, especialmente na Ucrânia e na Romênia, e dos ortodoxos veio a antiga acusação sobre Uniate e proselitismo. "
O "proselitismo" a que se refere o Cardeal, é o direito e dever inalienável de todo católico de pregar o Evangelho junto às populações. Deveriam os católicos renunciar ao mandado expresso de Nosso Senhor "Ide por todo o mundo e pregai o Evangelho a toda criatura " (Me 16, 15)? Teriam feito mal os Apóstolos que pregaram o Evangelho a todas as gentes? Ou talvez Jesus Cristo tenha errado em ordenar essa pregação! Não disse Nosso Senhor a Pedro, a Mateus, a Filipe, ao moço rico, e ainda a outros: "Segue-me"! E a igreja cismática, não prega ela sua doutrina? O que diz de tudo isso o Cardeal Koch? Quanto ao termo "unia te", o próprio despacho da Reuters explica que "se refere às igrejas do Oriente com
liturgias ortodoxas que reconhecem o papa como líder espiritual". Mais uma vez, a pergunta: é um mal reconhecer o Papa como chefe da Igreja? Não foi uma razão de júbilo ver que tantas ovelhas até então perseguidas e opressas retornavam livremente à prática da verdadeira religião sob o mesmo Pastor? O Cardeal Koch dá razão aos cismáticos por perseguirem os católicos unidos ao Papa? Por fim, a mesma notícia acrescenta: "O papa Francisco se reunirá com o patriarca ecumênico Bartolomeu, em Istambul".
Como conclusão, é oportuno citar o Manifesto da Resistência, acima lembrado, no ponto em que se refere a uma viagem realizada à Rússia comunista, em 1971 , pe lo Cardeal Willebrands, antecessor do Cardeal Koch e então Presidente do Secretariado para a União dos Cristãos. A viagem tinha por fim assistir à posse do bispo Pimen no Patriarcado "ortodoxo" de Moscou. Na ocasião, explica o Manifesto, Pimen "afirmou a
nulidade do ato pelo qual, em 1595, os ucranianos reverteram do cisma para a Igreja Católica. Isto importava em proclamar que os ucranianos não devem estar sob a jurisdição do Papa, mas dele Pimen e de seus congêneres. "Em lugar de tomar atitude diante dessa clamorosa agressão aos direitos da Igreja Católica, e da consciência dos católicos ucranianos, o Cardeal Willebrands e a delegação que o acompanhava se mantiveram mudos. Quem cala, consente, ensina o direito romano. Distensão ... "Como é natural, essa capitulação traumatizou projimdamente aqueles dentre os católicos, que acompanham com seguida atenção a política da Santa Sé. Outra/oi ainda maior entre os milhões de católicos ucranianos esparsos pelo Canadá, pelos Estados Unidos e outros países". • E-ma il para o autor: catolic ismo@terra.co m.br
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DISCERNINDO
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~"''Onda conservadora" atrai as mulheres !I
Cio
ALENCASTRO
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medida que o caos no mundo contemporâneo vai se aprofundando - e talvez por causa desse mesmo caos - assistimos em sentido contrário a uma "onda conservadora" no Brasil e no mundo. Ninguém com um mínimo de razoabi lidade o contesta, seja de direita, de centro ou de esquerda. O fato está aí, e tudo indica que veio para ficar. Chegam-nos agora notícias de que uma tendência nesse sentido vai se afirmando entre as mulheres. É o que veremos na parte final deste artigo. Mas antes, convém ter presente que essa "onda conservadora" corresponde, em ponderável medida, a uma reafirmação do bom senso, profundamente ferido pelo caos e pelas chamadas "conquistas" da modernidade.
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Sintomas da "011Cla conservadora"
O ideal da dona-de-casa Falemos um pouco agora do surpreendente movimento de mulheres que, após serem bem sucedidas numa profissão, resolvem abandoná-la para se tornarem donas-de-casa, desagradando assim profundamente as chamadas feministas, pelo fato de representantes do sexo feminino escaparem à sua ditadura. Não ignoramos, é claro, que possa haver mulheres que se dediquem por razões legítimas a urna profissão. Não estamos aqui analisando casos individuais. Nosso enfoque é a nova tendência que vai se afirmando entre as mulheres, e que tem relação com a presente "onda conservadora". Dessa realidade nos dá elementos para análise a reportagem assinada pelo jornalista Gui lherme Sillva na Gazeta de Vitória (ES), em 9 de novembro último. Dela extraímos os dados abaixo, sem fazer comentários.
peregrinação através de salões aborrecidos e tenebrosos. - Em matéria de filosofia de vida, não está colando essa pregação descabelada e absurda de uma igualdade buscada a todo preço, antinatw-al, que a pretexto de combater desigualdades injustas, o que seria louvável, leva de ro ldão, sob o rolo compressor da mídia e de certos políticos, as desigualdades legítimas e proporcionadas, necessárias para o reto e ordenado convívio humano. - Em matéria de religião, os desmandos da esquerda católica e do progressis.mo em geral vão produzindo reações em série a favor da tradição. Em alguns casos, infelizmente, afastando dos sacramentos e da prática religiosa os que não se conformam com a presente autodemolição da Igreja, que abre portas e janelas para que no Templo de Deus entre a fumaça de Satanás, constatada por Paulo VI. Muitos se perguntam se o mundo virou um manicômio, o que os leva a reagir ou pelo menos a retrair-se. É a onda conservadora que se afirma. Não falta quem veja nessa tendência uma ação da graça, obtida de Deus a rogos da Santíssima Virgem, com vistas a uma futura regeneração da civilização.
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Vejamos, a título de exemplo, alguns setores nos quais ela se verifica: - No campo político-soci al, uma rejeição às diversas formas de socialismo, seja o do PT, no Brasil, seja o do PS, na França, e de outros ~fW DÇ t .n ............ : .~ 11~1- hat Ft::Ud ~OW 1:d, ·N1 , !rf• ,!i,.. ,. ainda. E nos Estados Unidos, onde não se pode l'r!nce, Ei:?.tic_~hll.°.so~ii~~-°-f P~-~:.. (i. eathroom,You Could Llve ln ... Bace & the llayor·s Baee • falar propriamente em partidos socialistas, no entanto é o partido mais à direita que vem se ' afirmando na preferência popular. - Em matéria de artes, chama a atenção a falta de público para a dita "arte moderna", como a apresentada na Bienal de São Paulo. Capa da r evista New York, a femiEsta já apela para representações tendentes ao nista Kelly M akino satanismo, a fim de tentar atrair pelo bombásjulgava estressante e Infeliz a vida em tico, pela irreverência e pelo sacrilégio, aqueque ela e o ma rido les que não consegue atrair pela arte. Pobres deviam trabalhar e cuidar dos filhos: crianças de colégio, que constituem o público "As mulheres são habitual dessas expos ições, são obrigadas criadas desde o primeiro momenpor diretores de muitos estabelecimentos ~ to para educar os de ensino a se submeterem a essa inglória filhos com êxito".
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CATOLICISMO
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"Elas são estudadas e foram criadas para serem bemsucedidas em suas profissões. Ocuparam cargos renomados nas empresas e mostraram que são competentes. Mas perceberam que a verdadeira felicidade estava em cuidar da casa e dos filhos . "A engenheira Paola Cristina Cola, de 40 anos, foi educada para ser uma típica mulher do século XXI. Estudou inglês, cursou engenharia, casou e fez mestrado. Como profissional , construiu uma carreira sólida, chegando ao cargo de gerente sênior de uma empresa de satélites com sede no Rio de Janeiro. Há nove anos, no entanto, parou tudo para ser... dona-de-casa. Descobriu que sua felicidade estava em cuidar dos filhos. "Paola faz parte de urna corrente de rriulheres estudadas que foram criadas para serem bem-sucedidas em suas profissões. Ocuparam cargos renomados em empresas e provaram que são competentes. Mas abriram mão da carreira de sucesso para cuidar da casa e dos filhos. 'Ouvi de tudo ' diz ela. Desde 'Você não vai se adaptar' ao 'Louca, estudou tanto e agora vai emburrecer '. "Paola não está só. Mais da metade das brasileiras (55%) que têm filhos e trabalham fora gostariam de largar o emprego e passar todo o tempo com as crianças, segundo a pesquisa Mães Contemporâneas/2013, do lbope. "Para Angelita Scardua, psicóloga especializada em
felicidade e desenvolvimento adulto, existe, sim, em algumas camadas da sociedade, um movimento de mulheres que decidiram retomar uma vida doméstica. 'Quando as feministas queimaram sutiãs, em nome da libertação, era outro cenário. [... ] O preço a se pagar é caro'. "'Algumas se perguntaram se realmente vale a pena abrir mão de presenciar o crescimento do filho em nome da competição no mundo exterior. E algumas, principalmente najàixa dos 35 e 40 anos, perceberam que não vale. Com isso, surge o movimento das mulheres que preferem.fazer atividades em casa', explica Angelita. "Foi o que aconteceu com a nutricionista Luan Silva Teixeira Carvalho de Fonseca, 35 anos. Depois de dez anos de carreira, a coordenadora de Nutrição de um grande hospital , e chefe de 50 funcionários, deixou o emprego para cuidar do filho. Algumas pessoas também foram contra a decisão de Luan, inclusive gente da famíl ia. "Para a psicóloga e escritora Cecília Russo Troiano, autora do livro Vida de equilibrista - Dores e delicias da mãe que trabalha (Cultri x), 'as demandas do lado do trabalho estão comprometendo aquilo que elas consideram razoável, sr:;ja pelo número alto de horas, muitas viagens ou pressão [. ..] e voltam para casa com a certeza de que a compatibilidade carreira(familia não é possível', ressalta".
1'estemu11/10 de uma jo1·nalista h1dia11a A jornalista indiana Diksha Madhok escreveu para o site norte-americano Quartz Daily Brief- uma agência global de notícias de negócios - um desafiador artigo intitulado "A palavra feminista já está em declínio" (16-11-14). Ela relata que numa pesquisa a respeito de palavras que deveriam ser banidas para sempre do vocabulário inglês, a revista "Time" incluiu, entre 15 outras, a palavra "feminista", deixando aos leitores a escolha de qual delas deveria ser condenada. Devido às pressões recebidas, "Time" foi obrigada a pedir desculpas pela inclusão. Dikshaconclui : "Parece que, na verdade, apalavra feminista está em risco de extinção. Pesquisa em inglês, no Google, mostra que, a partir de 1996, as buscas das palavras .'feminis ta ' e .feminismo' estão em continuo declinio". Ficam aqui esses dados para a reflexão do leitor. • E-mail para o autor: catolicis111o@terra.co111 .br
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CAPA
2014: Na orla da III Guerra Mundial? E m 2012 a situação do mundo evo'cou a construção da Torre de Babel; em 2013 a "confusão das línguas" grassou entre os seus construtores; o ano de 2014 conclui com um processo que pressagia a "dispersão". - O que nos aguarda em 2015? n Lu1s DuFAUR
2013 cedeu lugar a 2014 sob o signo da conciliação do mundo com o novo pontificado do Papa Francisco. Ovacionavam-no órgãos da mídia laicista e promotores da Revolução Sexual. A revista americana "Time" elegeu-o Personalidade do Ano de 2013 (OESP, 12-1213).[*] O mesmo fizeram 11 jornais latino-americanos, porque esse Papa "é um de nós ", segundo explicou a jornalista Elisabetta Piqué, muito próxima do Pontífice (OG, 22.12.13). Apesar do favorecimento midiático, a Santa Sé teve de arcar com R$ 11,7 milhões para pagar as dívidas deixadas pela Jornada Mundial da Juventude no Rio. Os fiéis não se impressionaram com a propaganda, não concedendo auxílio financeiro proporcionado às despesas, obrigando a arquidiocese carioca a vender imóveis para cobrir seus gastos (OESP, 4-1-14) . "Nova pastoral" divide o Sínodo
O discurso do cardeal alemão Walter Kasper, favorável à distribuição "pastoral" da comunhão aos casados que vivem em concubinato, marcou o Consistório realizado em fevereiro . O cardeal Kasper atuou ao longo
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CATOLICISMO
do ano como porta-voz do Sumo Pontífice, a ponto de o vaticanista Sandro Magister fa lar de um "sim in pectore de Francisco" aos divorciados recasados. As polêmicas
geradas pelas suas afirmações tendenciosas e ambíguas, levaram os cardeais Müller, Burke, Brandmüller, Caffarra e De Paolis a escrever uma refutação , contida no livro
Permanecer na verdade de Cristo. Considerado oposto "às aberturas do Papa " (CdS, 17-9-14), o livro foi apoiado também pelos cardeais Scola e Pell. Recebida nos ambientes progressistas como um Concílio Vaticano III, iniciou-se em 5 de outubro a Assembleia Geral Extraordinária do Sínodo . Para a revista parisiense "La Vie" (7-10-14), o Papa Francisco "quebrou de modo claro " a prevalência da ortodoxia e da disciplina hierárquica, e expôs as ideias teológicas e pastorais que estão na base do Vaticano II, mas que tinham definhado em décadas mais recentes. E m 13 de outubro, a Re fatio post disceptationem relatório resumitivo das posições sobre a comunhão a divorciados "recasados" e ao "casamento" homossexual expressas no Sínodo - gerou intenso debate. O pecado contra a natureza deixava de ser visto como "bradando ao Céu e clamando a Deus por vingança " e os homossexuais eram considerados como eventuais portadores de "dons e qualidades a oferecer ". "Segundo a Relatio, casamentos só no civil ou mesmo uniões estáveis não fo rmais devem ser valorizados p ela Igreja por possuírem ao menos alguns 'elementos' da santidade que o catolicismo atribui ao matrimônio " (FSP, 14-10-14). "Assim que o [cardeal] Péter Erdo terminou de ler o texto[.. .} e as câmaras do sistema televisivo vaticano foram desligadas, o clima superaqueceu na aula " (NBQ, 15-10-14). Dom Stanislaw Gadecki, presidente do Episcopado po lonês, afirmou que "no texto se veem até traços da ideolog ia antimatrimonial[.. .} a doutrina exposta omitiu inteiramente o tema do pecado. Como se tivesse ganho a visão mundana " (VI, 14-10-14). O cardeal Bu rke, ainda chefe da Signatura Apostó lica, tribunal supremo da Igreja, qualificou-o de "desastre total". "Abolidas as noções de bem e de mal; suprimida a lei natural; [.. .]. Com a Relação apresentada p elo cardeal Erdo, a re volução sexual irrompe oficialmente na Igreja, com consequências devastadoras nas almas e na sociedade", resumiu o historiador Roberto de Mattei (IF, 15-10-14). O re latório não obteve a maioria necessária de dois terços. E, apesar de ter sido reformado, não excluiu os parágrafos polêmicos. Estes ficaram no texto que baseará os debates nas dioceses com vistas ao Sínodo Ordinário de 2015 sobre o mesmo tema. As mitigações incluídas na Re fatio final não foram suficientes para evitar que o cardeal Burke a qualificasse de "confusa" . Segundo ele, "o Sínodo foi visto [pelos fiéis] como indo em sentido contrário ao ensinamento e à prática constante da Igreja ". Esta ruptura a limentou o temor de um cisma, que já
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estava na boca de m~1itos, pois o novo rumo "pastoral" colide com verdades reveladas (Aleteia, 7-11-14). Poucos dias após o Sínodo, e como já havia sido anunciado, o cardeal Burke foi exonerado de seu cargo. Para o historiador de Mattei, "trata-se evidentemente de um castigo público", devido à sua defesa da família no Sínodo. Por sua vez, o cardeal Francis George, arcebispo emérito de Chicago, narrou ao jornal The New York Times a perplexidade dos fiéis ao verem o Papa Francisco dizer uma coisa e fazer outra. O purpurado apontou que um pontificado com tantas expectativas não correspondidas pode degenerar numa imensa decepção. Ém sua reunião anual, o Episcopado italiano não elegeu Dom Bruno Forte - redator dos contestados relatórios si nodais - para ocupar a vice-presidência do órgão, contrariando assim o desejo expresso do Papa Francisco, que o havia sugerido para o cargo (LS, 11-11-14). Teologia ela Libertação e rnvolução ,mmdial
Após o Papa Bergoglio receber o marxista João Pedro Stédile, líder do MST, em dezembro de 2013, "o padre p eruano Gustavo Gutiérrez Merino, fundador
da Teologia da Libertação, foi recebido como herói no Vaticano" em fevereiro de 2014 (Exame, 25-2-14). Na ocasião, ele lançou um dos livros de que foi coautor com o cardeal Gerhard Mi.iller, prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé. Em agosto, o Papa Francisco revogou a suspensão a divinis do "teólogo da libertação" marxista Miguel D'Escoto, que continua sendo membro do governo sandinista da Nicarágua, razão pela qual fora condenado. O sacerdote retribuiu o gesto dizendo que "é por meio de Fidel Castro que o Espírito Santo nos transmite a mensagem de Jesus [a respeito] da necessidade de lutar para estabelecer firme e irreversivelmente o reino de Deus nesta terra, que é a sua alternativa ao império" (terra. com. br, 6-8-14). Note-se que "império", na linguagem das esquerdas, são os Estados Unidos. D 'Escoto disse ainda que a "mensagem de Jesus " é "a luta pela igualdade, pela solidariedade e p ela paz. Em uma Igreja imperial, antes de tudo o cristão tem que ser anti-imperialista e anticapitalista " (A CI, 4-8-14). Nos dias 27 a 29 de outubro, o Vaticano patrocinou o "Encontro Mundial de Movimentos Populares", com a participação de mais de uma centena de representantes
de organizações revolucionárias de 80 países. Fazendo uso da palavra, o líder do MST, João Pedro Stédile, afirmou: "Nós, marxistas, lutamos junto com o papa para parar o diabo. O capitalfinan ceiro, os bancos, as grandes multinacionais. Os 'inimigos do povo ' são esses. Como diria o papa, esse é o diabo ". E prosseguiu: "O papa deu uma grande contribuição, com um documento irrepreensível, mais à esquerda do que muitos de nós ", acrescentou, referindo-se ao discurso do Pontífice para os revolucionários ali reunidos (ihu.unisinos.br, 4-1114). O Pontífice exortou os participantes do Encontro à luta. E, entre muitas censuras à economia ocidental , baseada na propriedade privada e na livre iniciativa, disse: "É estranho, mas se ja/o disso para alguns sign{fica que o Papa é comunista " (vatican. va, 28-10-14). Em 17 de dezembro, Barack Obama e Raúl Castro anunciaram simultaneamente o reatamento das relações diplomáticas (fotos acima), o levantamento das sanções econômicas e o fim do bloqueio militar americano a Cuba. Os chefes dessas nações agradeceram o papel de Papa Francisco e da política vaticana para a obtenção desse acordo qu e beneficia o regime castrista. Uuâ11ia: f'er vor católico e violência russa
Na passagem de 2013 para 2014, vivia-se na Praça Maidan, da capital ucraniana, um clima nobremente condize nte com o passado glorioso dos mártires cris-
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CATOLICISMO
tãos e oposto ao da conciliação da Igreja com os seus inimigos. Sob um frio de muitos graus negativos, bispos e sacerdotes dos ritos unidos a Roma, greco-católico e latino, sustentavam espiritualmente a resistência dos ucranianos. Estes não queriam o retorno de um comunismo metamorfoseado na fachada mas igual na essência; daquele comunismo que tentou liquidar na Ucrânia a Igreja Católica e exterminou pela fome milhões de camponeses pobres. Em barracas transformadas em capelas e sob a égide de uma imagem de Nossa Senhora de Fátima, esses sacerdotes católicos rezavam a Missa, batizavam, confessavam·, não raras vezes sob as balas e os ataques da polícia do regime pró-Rússia ("La Croix", 17-1-14). No final de fevereiro, o centro de Kiev assemelhavase mais a um campo de batalha, com franco-atiradores a serviço do regime pró-russo, assassinando dezenas de manifestantes entrincheirados que pediam a queda do presidente Viktor Yanukovich, longa manus do Kremlin. No palanque dos resistentes à " nova URSS" havia imagens de Jesus Cristo, da Virgem Maria e de santos (OESP, 20-2-14). Incapaz de dobrar o patriotismo ucraniano pelo sangue e pela violência, Yanukovich fugiu em um helicóptero fornecido pela Rússia. Enquanto isso, na alegria geral, derrubavam-se em cidades ucranianas as estátuas de Lenine, o sedicioso fundador da URSS. Um governo pró-ocidental assumiu provisoriamente o poder até as
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eleições gerais que c0nsagraram o atual presidente Petro Porochenko e um novo Parlamento, o qual se aproximou dos países livres do Ocidente. Em represália, o chefe do Kremlin, Putin, ordenou a invasão da Crimeia, península da Ucrânia, primeiro com soldados sem identificação e depois com tropas de choque pesadamente armadas. Sob a mira de fuzis, um "plebiscito" aprovou a anexação da Crimeia pela Rússia. Mas os números da consulta foram truncados, segundo fonte oficial russa, e os países e organismos internacionais sérios não lhes reconheceram a validade. Apenas um grupo de "companheiros de viagem" ocidentais convalidou a farsa. O mundo então se viu subitamente à beira da III Guerra Mundial, segundo analistas qualificados. Agitadores russos, milícias internacionais e separatistas locais fartamente armados proclamaram a secessão das regiões ucranianas de Donetsk e Lugansk, na fronteira com a Rússia. Esses agitadores dominaram prefeituras, delegacias e prédios do governo em outras cidades do leste ucraniano, mas Kiev dominou a maioria das sublevações, salvo nas regiões mencionadas, onde grassa uma guerra separatista que já ceifou milhares de vidas e ameaça envolver países vizinhos. Como na Criméia, os sacerdotes católicos foram perseguidos, presos, torturados e enviados ao exílio, as religiosas fugiram e os templos foram transformados em quarteis. Em agosto, quando era iminente o fim da secessão, o governo russo enviou à Ucrânia um comboio pseudo-humanitário de caminhões militares pintados de branco, mas quase vazios. Além da propaganda, o comboio teria servido para levar apetrechos aos separatistas, saquear fábricas estratégicas e recolher centenas de corpos de soldados russos mortos na Ucrânia, cuja perda o Kremlin não queria reconhecer. O "comboio humanitário" precedeu uma invasão militar que forçou o retrocesso do exército ucraniano. Apesar de o número de mortos superar 4.000 pessoas, incluindo unidades russas inteiras, Moscou classificava de fantasiosas as denúncias de sua participação militar. Quando os prisioneiros russos foram apresentados à imprensa, Moscou justificou-se despudoradamente, declarando que eles haviam se extraviado junto à fro11teira. Um cessar-fogo foi obtido em 5 de setembro e devia estabelecer uma "área de exclusão" de armas pesadas, mas ele foi vago e pouco respeitado. Durante esse armistício relativo, o número dos mortos em combate ascendeu a mil, a Rússia introduziu grandes contingentes de milicianos ilegais, blindados, armamentos pesados e milhares de soldados. E multiplicou as ameaças prome-
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CATOLIC I SMO
tendo usar armas nucleares contra países ex-membros da URSS, que hoje participam da OTAN e da UE. Em novembro era evidente que o frágil cessar-fogo servira apenas para preparar uma guerra que, segundo a OTAN, poderia ser "total". Unidades daAliançaAtlântica foram transferidas para a Lituânia e a Polônia, países mais visados na fronteira com a Rússia. Em 21 de setembro, dezenas de mi lhares de moscovitas descontentes com a guerra realizaram uma grande passeata, bradando "Putin, chega de mentiras! " e "Não à guerra na Ucrânia " (AFP, 21 -9-14). Em meados de dezembro, o desabamento do rublo e da cotação · do petróleo, somados à carestia dos alimentos, coloca em xeque a estabilidade econômica e social da Rússia. Os separatistas ucranianos, temendo o fim de seu financiamento por Putin, chegaram a acenar com um acordo em que renunciariam à independência em troca de vantagens locais. Ameaça de uma Ili Guerra Mtmdial
Em 17 de julho, o voo comercial MH 17 da Malaysia Airlines, com 298 pessoas a bordo, foi derrubado por
Milícias pro-russas abatem um avião militar ucraniano
um míssil disparado por baterias pró-russas. O crime foi agravado pela sabotagem em relação às equipes internacionais que procuravam encontrar os restos mortais das vítimas, entre as quais muitas crianças. Os atropelos dos russos tornaram-se então evidentes. (LM, 22-7-14) e suas declarações foram qualificadas de "teia de mentiras" (TE, 26-7-14). Mas essas evidências não os deteram, antes reforçaram a propaganda pró-Rússia empreendida por "companheiros de viagem" no Ocidente. Sob roupagem religiosa "ecumênica", o Patriarcado cismático de Moscou tentou obter do Vaticano e do Ocidente a submissão dos greco-católicos da Ucrânia e sua 'reinserção' na cisma de Moscou. Despropositadas exigências nesse sentido foram expressas pelo metropolita russo Hilarion, representante do Patriarcado de Moscou, durante o Sínodo dos Bispos em Roma, ao qual foi convidado pelo Papa Francisco para tratar de outros assuntos. As advertências feitas pela OTAN à Rússia por causa da invasão da Ucrânia não impressionaram o Kremlin. As potências ocidentais aplicaram então sanções econômicas limitadas, mas suficientes para abalar a combalida
economia russa. Como revide intimidatório, Moscou ordenou o teste de um novo míssil nuclear intercontinental portador de bombas atômicas cem vezes mais potentes que a de Hiroshima. Em novembro, a OTAN já havia registrado mais de 400 violações do espaço aéreo europeu por bombardeiros russos. No fim do ano, enquanto a Rússia anunciava voos de patrulhamento até o Golfo do México e o Caribe, um misterioso submarino russo emergia em águas territoriais suecas. E uma frota de guerra ia até a Austrália com o pretexto de acompanhar o líder supremo russo em sua viagem para reunião do G-20. Depois ela seguiu para as Filipinas. No G-20, líderes ocidentais, como os primeiros-ministros da Austrália, do Japão e do Canadá, bem como a chanceler da Alemanha, cobraram de Putin a retirada de suas mãos da Ucrânia. Magoado, ele abandonou o encontro antes de seu término. A Nova Guerra Fria estava instalada, dando forma a uma fase da incipiente III Guerra Mundial. Em 9 de novembro, o Mundo Livre comemorou a queda do Muro de Berlim e relembrou as incontáveis vidas ceifadas pela ditadura soviética além da Cortina de Ferro. No mesmo dia, Putin presidia uma agressiva parada militar na Praça Vermelha de Moscou, evocando a partida do exército soviético para a II Guerra Mundial, conflito que teve como desfecho a entrega de metade da Europa à URSS em Yalta e a ereção em Berlim do sinistro Muro da Vergonha. Tropas com uniformes de época encenaram o assalto ao edificio do Parlamento de Berlim em chamas, no ano de 1944. A mensagem foi clara: o governo russo está disposto a uma análoga ofensiva. Na Ucrânia, o presidente Petro Porochenko apelava para o Ocidente diante da perspectiva de uma iminente confrontação total com a Rússia enquanto negociava um novo cessar-fogo . Sinistra il'rupção do Estado Islâmico
A partir dos últimos anos, insistentes denúncias davam conta de que na Síria o extremismo islâmico financiado pelo Ocidente praticava sádicos morticínios de cristãos e destruía igrejas e santuários milenares. Em abril, as fotos de sete cristãos crucificados tiveram farta divulgação na Internet (FSP, 3-5-14). Uma série de crimes hediondos, filmados ou fotografados com sádico realismo, inundou as redes de comunicação: os mais estritos observantes do Corão ufanaram-se pela degola de mulheres e crianças, bem como de agentes
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Extremistas islâmicos preparam-se para assassinar prisioneiros do exército sírio
humanitários e jornalistas ocidentais. Também chacinaram muçulmanos que consideravam insuficientemente observantes. O Patriarca católico caldeu, Dom Louis Rafael Sako, denunciou : "Cerca de 100 mil cristãos, horrorizados e em pânico,.fugiram de suas aldeias e casas apenas com a roupa que tinham vestida. É um êxodo, uma verdadeira Via Sacra, cristãos, incluindo doentes, idosos, crianças e grávidas, estão caminhando a p é, no calor ardente do verão iraquiano, para se refugiarem nas cidades curdas. Estão enfrentando uma catástrofe humanitária e o risco de um verdadeiro genocídio" (ACJ , 8-8-14). A diplomacia vaticana lamentou e pediu esforços concretos ao Ocidente. Mas quando os EUA passaram a efetivar tais esforços, bombardeando os bárbaros islamitas, foram advertidos pelo Papa Francisco com as seguintes palavras: "É licito interromper uma agressão, mas não bombardear ". (Ansa, 18-8-14). Na Nigéria, os adeptos do Corão assassinaram milhares de católicos e sequestraram meninas cristãs em grupos para vendê-las como escravas em mercados. Bom número delas conseguiu fugir e denunciou as sevícias que padeceram. Só na diocese de Maiduguri , os isl âmi-
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CATOLICISMO
cos mataram 2.500 católicos e forçaram a migração de 100.000, dentre os quais 26 dos 46 sacerdotes diocesanos, 200 catequistas e mais de 20 religiosas. As moças sequestradas foram mais de 200, cinco conventos foram abandonados, mais de 50 paróquias foram destruídas e 40 delas ocupadas pelos fundamentalistas do Boko Haram (AF, 20-11 - J 4). Em todo o país, cerca de 11.000 católicos já foram martirizados e 1,5 milhão exilados. EUA: fim inglório de um "messias"
E m Washington, o presidente Barack Obama encerrou um ano desastroso de governo e inaugurou outro pior. Saudado pela mídia na prime ira eleição como um "messias", bateu recordes de impopularidade em 2014, sobretudo devido ao seu programa de saúde, o Obamacare, que atingiu 62% de rejeição (FSP, 26-12-13). Em novembro, por ocasião das eleições para renovação de parte do Senado e da Câmara de Deputados, Obama foi "submerso pela onda republicana " conservadora, que o condenou a "uma longa agonia política". Ele perdeu o Senado e ficou ainda mais minoritário na Câmara . Sobre esse resultado, um jornal francês escreveu qu e "a imprensa .foi unânime em qualificar como
um ref erendo sobre a obra de Obama, equivalente a uma severa bofetada" (LF, 5-11-14). Foi a pior derrota sofrida pelo Partido Democrata em quase um século. Os dados econômicos positivos não influenciaram os e leitores cada vez mais perturbados pelo avanço do Estado Islâmico e as contínuas ameaças da Rússia. Sem apoio legislativo, Obama decidiu governar por decreto, como é costume dos ditadores, tendo decretado uma anistia para os imigrantes ilegais, medida que havia influenciado muito na rejeição popular a seu governo. A oposição começou a invocar um impeachment do presidente. Na política exterior, Obama voltou atrás em promessas-chaves de sua plataforma. A retirada militar do Oriente Médio deixou o campo livre para uma das mais horripilantes ofensivas do fanatismo islâmico. O ISJS (Estado Islâmico, ou Califado), preencheu o vazio deixado pela retirada americana e entregou-se a hediondos crimes coletivos. Os terroristas islâmicos chegaram até a anunciar a invasão da Europa e da América. A revista do Califado difundiu na Internet uma fotomontagem mostrando sua bandeira no alto do obelisco da Praça de São Pedro e jurando conquistar Roma e escravizar as mulheres cristãs (Dabik, nº 4; IF, 14-10-14). Europa: l10mens-cl1aves se eclipsam
França-Outro "messias" da esquerda também foi submergido por uma onda de desprestigio. O presidente socialista francês François Hol lande bateu recordes de impopularidade por enfrentar a opinião pública. Cerca de 150 mil milionários franceses mudaram seu domicílio fiscal para o exterior e a juventude mais preparada procurou outros horizontes. Após as sucessivas degringoladas das esquerdas nas eleições, o primeiro-ministTo Manuel Valls advertiu o Conselho Nacional do Partido Socialista: "A esquerda pode desaparecer. Sim, a esquerda pode morrer". Acrescentou que ela não tem alternativa em face do avanço das direitas (JD, 14-6-14). Pouco depois, o presidente Hollande aplicou tímido retrocesso em impostos, controles e despesas públicas, gerando consternação entre os socialistas mais radicais. Espanha - A insistente campanha contra a instituição monárquica cu lminou com a abdicação em junho do rei Juan Carlos I e a ascensão de seu filho Felipe VI. Embora criticado pelas famílias nobres por desvios na :fidelidade à sua missão, o rei garantiu uma certa estabilidade política espanhola nas últimas décadas. Felipe VI tentou transmitir uma imagem de democratismo, para conten tar os críticos, que propugnavam um a República
como na época anterior à Guerra Civil Espanhola ( 19361939). Mas até o final do ano ele ainda não havia dado provas convincentes de poder garantir o equilíbrio que se propôs alcançar na Espanha. O movimento republicano comemorou a abdicação corno uma vitória, e o separatismo catalão, após idas e vindas judiciais, realizou em 9 de novembro um plebiscito simbólico, o qual resultou muito perigoso para a unidade do país. Por sua vez, o primeiro-ministro Mariano Rajoy, do Partido Popular, de centro-direita, desrespeitou sua promessa eleitoral de eliminar a lei do aborto, perdendo com isso o apoio de grandes setores que nele votaram para defender a vida (EP, 23-9-14). Em pouco tempo seu partido competia em perda de prestígio com o partido socialista (PSOE). O espcctl'o "bolivariano"
Venezuela -
O país naufragou numa situação de anarquia mesclada com totalitarismo. As companhias
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aéreas internacion.~i ,suspenderam voos por falta de pagamentos do governo; os "conselhos populares" - espécie de sovietes bolivarianos, semelhantes aos que Dilma tentou impor no Brasil - escravizaram as entranhas da sociedade. Nas ruas, manifestantes oposicionistas foram impiedosamente mortos. Dissidentes políticos, deputados e prefeitos oposicionistas foram presos, grande número deles com pretextos duvidosos e insinceros. A mesma sorte atingiu alguns generais, classificados como "golpistas". Faltou papel para imprimir os jornais, a maioria dos quais havia perdido sua autonomia no final do ano. Os proprietários de casas e apartamentos foram obrigados, em certas circunstâncias, a vendê-los aos inquilinos. A violência das gangues criminosas tomou conta dos logradouros públicos. Alimentos básicos como leite, arroz, açúcar, etc. desapareceram dos supermercados. As imensas filas lembravam a época soviética, e a desordem se instalou nas lojas. A desorganização foi pretexto para um racionamento mais radical e mais computadorizado do que o cubano. Segundo o Instituto Nacional de Estatísticas, em 2013 caíram na pobreza 1,8 milhão de venezuelanos, isto é 6% da população. O sistema de saúde público ou privado entrou em colapso: desapareceram insumos médicos indispensáveis, inclusive para as urgências . Em novembro, a maior refinaria parou, enquanto a Venezuela importava petróleo e cortava os subsídios de seus apaniguados "bolivarianos", com exceção de Cuba. A circulação dos cidadãos nas fronteiras foi restringida. Um "remédio ~ficaz" encontrado pelos seguidores de Chávez, o falecido ditador, consistiu numa blasfema paródia do Padre-Nosso, elaborada pelo partido chavista: "Chávez nosso que estás no céu " (OESP, 3-9-14). Argentina - Enquanto os cidadãos argentinos, amedrontados, guardavam centenas de bilhões de dólares, o governo bolivariano-peronista de Cristina Kirchner multiplicava os impostos e as normas confiscatórias, além de reprimir o comércio externo. Até transformar, com a cooperação de Brasília, o Mercosul em um tratado desrespeitado. Os índices de decadência e as desordens da economia foram se assemelhando aos da Venezuela. Em meio a escândalos administrativos, a presidente foi internada diversas vezes devido a crises de saúde nunca explicadas e, ante os resultados negativos do último pleito, abandonou a corrida pela reeleição.
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foi pretexto para novas e grandes concessões à guerrilha narco-marxista no malfadado "processo de paz". Chile -A presidente Michelle Bachelet assumiu o governo em março, mas sem a maioria necessária para implementar o plano "bolivariano" que havia anunciado, o qual começava pela reforma constitucional. Tentou acelerar a revolução sexual mas teve apoios insuficien-
Isso não impediu Vladimir Putin de declará-la a melhor aliada da Rússia na América Latina e assinar com ela dezenas de acordos. Por sua vez, a China iniciou na Patagônia a construção de uma base espacial, a qual , segundo o exército argentino, inclui usos militares. A construção foi suspensa no fim do ano, por inúmeras irregularidades. Entrementes, o governo argentino perdeu em condições desmoralizadoras um processo de ressarcimento de credores internacionais. Alguns sinais de destravamento do engodo aconteceram após os fundos de investimento credores irem atrás de fortunas pessoais aplicadas pelos Kirchner e seus aliados no exterior. Em dezembro, o vice-presidente Amado Boudou foi indiciado pela Justiça - fato único na história argentina - pela sua participação nos esquemas de corrupção do governo Kirchner. Colômbia - O presidente Juan Manuel Santos se reelegeu por estreita margem, num ambiente de repúdio geral às negociações de paz que ele conduz com as FARC em Havana. A grande polarização e a rejeição de mais de 70% dos colombianos às concessões feitas às FARC forçaram-no a tentar se reaproximar de Álvaro Uribe, político que encarna a oposição à guerrilha marxi sta (FSP, 16-5-14). Em novembro, o sequestro e libertação de um general de exército pelos guerrilheiros
O aparelhamento do Estado, políticas anti"discriminatórias", o estímulo a "movimentos sociais" desrespeitadores da propriedade privada e do Direito, as tentativas de controlar a imprensa, a desastrosa intervenção estatal na economia, as relações internacionais submissas a interesses da esquerda mundial, o crescimento vertiginoso de escândalos de corrupção, etc. constituíram descaminhos em face dos quais o Brasil não se sentiu interpretado. O Brasil votou compelido pela obrigatoriedade do voto e tolerando o "mal menor", pois queria afastar o PT do poder. Entretanto, o resultado final representou um engodo. A presidente Dilma Rousseff (foto à esq.) renovou o mandato sem apoio no País real e recorrendo a artificios de marketing eleitoral, ademais de cumplicidades político-eclesiásticas. Bancadas oposicionistas como as do agronegócio, dos pró-vida, dos evangélicos e dos defensores de um sadio armamento lideraram um movimento conservador no Legislativo. A "rebelião da base aliada" aconteceu antes mesmo da instalação do novo Congresso, considerado mais conservador. O decreto presidencial nº 8.243, visando, em última análise, à sovietização do Brasil, foi rejeitado pela Câmara dos Deputados. Para o ministro Gilberto de Carvalho, essa rejeição constituiu uma "vitória da vontade conservadora " (FSP, 30-l 0-14). No final do ano, várias manifestações de rua propuseram o impeachment da presidente Dilma (FSP, 9-11-14) e os jornais publicaram longas matérias sobre escândalos na Petrobrás, mais um episódio da gigantesca corrupção partidária esquerdista que degrada o Brasil. "Missa negra" em Harvard: marco histól'ico
tes, e no final do ano se perguntava se ela não seria a continuadora da atuação nacional e internacional de Cristina Kirchner. Brasil polarizado
O Brasil conheceu a maior polarização sóciotemperamental e ideológica das últimas décadas. Esse fenômeno se acentuou por ocasião das eleições nacionais de outubro. O fatídico acidente aéreo do candidato Eduardo Campos (PSB) beneficiou emocionalmente a sua colega de chapa Marina Silva, ex-ministra petista, que cresceu fugazmente nas pesquisas. Mas logo se verificou que seu programa apenas radicalizava propostas do próprio PT, e sua popularidade despencou.
O culto a Satanás saiu à luz do dia em 2014, reclamando reconhecimento em nome dos "direitos humanos" e da "liberdade de expressão". Seu marco histórico foi a tentativa de realizar uma "missa negra" na Universidade de Harvard (EUA) em 2 de maio. A reação dos estudantes, campanhas pela Internet e orações solenes com grande participação de fiéis forçaram o cancelamento da profanação (CNS, 8-5-14). Porém, o movimento de oficialização do culto satânico não arredou pé. Desvendando uma realidade desconhecida do grande público, o porta-voz do grupo Templo Satânico explicou que as restrições ao aborto violam as crenças religiosas satânicas e que o "casamento" homossexual é um "sacramento" da religião diabólica. Adam Cassandra, da Human Life lnternational, disse que não é
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em seu partido reformar a lei de "casamento" homossexual, foi sufocado pelas vaias. Os presentes exigiram aos brados a abrogação pura e simples de tal lei. Nas eleições municipais de março, o Front National (FN) progrediu bastante. E em 25 de maio, num escrutínio para o Parlamento Europeu, o mesmo FN foi o partido mais votado na França (LF, 25-5-14). A vitória da "extrema direita" foi inconteste em toda a Europa. Na Grã-Bretanha, o partido UKIP, contrário à União Europeia, obteve o primeiro lugar com 29% dos votos. Na Dinamarca e nos Países Baixos, na Polônia e na Áustria, a ascensão marcante dos anti-europeus, anti-imigração, anti-Islã, anti-União Europeia abalou o establishment político-midiático (OESP, 25-5-14). O vaticanista Jean-Paul Guénois constatou que os bispos franceses, após terem perdido no passado sua influência sobre o operariado - que propende agora para o Front National - perde hoje a juventude, a qual se afasta de sua orientação esquerdizante e se engaja em prol da família, mediante atitudes de "direita" e até de "extrema direita", congregando-se em torno de movimentos como a Manif pour tous (FM, 18-4-14). Segundo o sociólogo socialista francês Gael Brustier, está em curso um "Maio de 68 conservador", o qual torna obsoleto o discurso das esquerdas. Brustier definiu o fenômeno como um "conservadorismo renovado", engajado "num verdadeiro combate cultural", que não responde a nenhum esquema sócio-político-religioso pré-existente, que contesta as tendências igualitárias e sensuais que predominaram no último meio século à sombra do Concílio Vaticano II e da revolução anárquica de Maio de 68 na Sorbonne (LC, 6-11-14). Suíça - Um referendo popular aprovou Limitar a imigração, inclusive de europeus, e obrigou o governo a renegociar os acordos com a UE sobre a livre circulação de pessoas. A preocupação é causada pelo aumento da criminalidade e com os problemas econômicos ligados à presença de estrangeiros, que perfazem quase um quarto da população (FSP, 10-2-14). "A Suíça mete medo na Europa", comentou o jornalista Gilles Lapouge, pois a votação su íça prenunciou decisões similares no continente contra a ideia de uma república universal e contra a imigração, sobretudo a muçulmana. A Suíça pragmática e pacífica privilegiou as ideias, a identidade nacional e a moral social (OESP, 12-2-14). Na mesma ocasião, o povo suíço recusou o financiamento do aborto
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de agora que os militantes da cultura da morte invocam Satã nas polêmicas públicas (LSN, 10-6-14). Em 2 J de setembro ocorreu no Civic Center Music Hall, em Oklahoma City (EUA), a primeira "missa negra" oficial em local público (foto acima). O "sacerdote" satanista possuía uma hóstia consagrada para ser profanada, mas a Justiça obrigou-o a restituí-la. Porém, ela pode ter sido substituída por outra, devido às facilidades proporcionadas para isso pela prática da comunhão na mão. Ainda em Oklahoma City, os satanistas querem erigir diante do Legislativo estadual , em oposição ao monumento aos Dez Mandamentos ali existente, outro monumento no qual o rei dos infernos é adorado por duas crianças. Para um sacerdote exorcista americano, que preferiu guardar o anonimato: estamos diante "do inicio de uma estratégia dos satanistas. [. ..] Legalizando e endossando coisas como o aborto, a eutanásia e o 'casamento' homossexual, estanws liberando o poder do diabo na nossa sociedade. O pagamento, ao pé da letra, será o inferno para muitos " (Aleteia, 6-8-14 ). Mais de 200.000 norte-americanos participaram de um abaixo-assinado, efetuaram chamadas telefônicas ou enviaram e-mails em que pediam o cancelamento desse ato sacrílego. Quatro bispos, dezenas de padres e religiosas, bem como mais de 3.000 fiéis realizaram ora-
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ções públicas de reparação naquela cidade. Apenas 40 pessoas assistiram à "missa" Luciferina. (AC!, 22-9-14) Assim, 2014 entrou para a História como o ano em que o culto de Satanás passou a ser praticado na legalidade. "Maio de 68 conservador"?
Em 2014, enquanto a ofensiva progressista avançava e dividia a Igreja Católica, a estratégia militar russa empurrava o mundo para a orla da III Guerra Mundial. Porém, definiu-se também uma tendência visceralmente oposta, com anelos de hierarquia, ordem, família tradicional e honestidade. Exemplo típico disso tomou corpo na França, onde se tornou comum assistir cenas em que o presidente Hollande e seus ministros são vituperados por pequenas, médias e imensas manifestações contra a Revolução sexual e o sectarismo ideológico socialista. Em janeiro, mais de 40.000 franceses compareceram a uma manifestação contra o aborto em Paris (Terra, 19-1-14). Em outubro, mais de meio milhão protestou na capital francesa e em Bordeaux contra a atuação imoral do governo, o "aluguel de ventres", a inseminação artificial em "casais" de Lésbicas, a "ideologia de gênero", o ensino socialista sobre a família nas escolas, e o "casamento" homossexual (EP, 5-10-14). Quando o ex-presidente Nicolas Sarkozy propôs
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NHS
vo
pelo sistema público de saúde, atendendo ao convite de movimentos pela vida (SC, i8-2-14). Escócia - Em 18 de outubro, através de plebiscito, a Escócia decidiu continuar unida à Grã-Bretanha (foto acima). Na Catalunha, em Flandres, na Córsega, na região norte da Itália, e até no leste da Ucrânia e no Texas, por exemplo, imaginava-se que prevaleceria o voto separatista, o qual daria ensejo a dilacerações análogas nesses lugares. A mídia escocesa e os púlpitos · das igrejas pregaram uma secessão que abalaria um dos países mais conservadores da Europa e o maior aliado dos EUA, colocando a nova Escócia de joelhos diante da União Europeia. Contudo, apesar de historicamente ter enfrentado os ingleses, o povo escocês optou pelo bom senso e manteve a união (FSP, 19-9-4). A rainha Elizabeth II, que em qualquer hipótese teria continuado rainha da Escócia, manifestou satisfação quando foi informada sobre o resultado do plebiscito pelo primeiroministro David Cameron. A influente nobreza escocesa, embora tenha dado outrora sua vida nos campos de
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batalha pela indeper.i.dência da Escócia, comemorou o resultado, pois, do contrário, ter-se-ia instalado ali um governo antinobiliárquico e partidário de uma reforma agrária socialista e confiscatória. Surtos análogos de ressurreição católica ocorreram ao longo do ano em países e contextos diferentes. Na imensa rede social chinesa Weibo, semelhante ao Twitter, Jesus passou a ser mais procurado do que o onipotente secretário-geral do Partido Comunista, Xi Jinping; a palavra Bíblia rendia em abril mais de 17 milhões de respostas, enquanto o Livro Vermelho de Mao Tsé-tung, fundador do comunismo chinês, não alcançava 60 mil. Se o termo "congregação cristã" rendia 41,8 milhões de endereços, a sigla "PC" só obtinha 5,3 milhões (OESP, 11-4-14). A perspectiva da estatística futura é de que por volta de 2030 o mais numeroso bloco de cristãos do mundo seja o chinês. Amedrontada, a ditadura comunista ordenou uma "limpeza" visual de igrejas e de cruzes, desencadeando para isso violenta campanha de demolições que vem sendo respondida a altura pelos fiéis, colocando assim à prova as forças policiais e militares. 2015: -
O que virá?
No início de 2014, uma difusa sensação geral sugeria que, em decorrência da linha pastoral do novo pontificado, a oposição estabelecida por Jesus Cristo entre o mundo e a Igreja - "se fôsseis do mundo, o mundo vos amaria como sendo seus. Como, porém, não sois do mundo, por isso o mundo vos odeia " (João, 15-19) - havia sido reduzida à insignificância. E, de fato, constatou-se no final do ano que essa nova pastoral tinha aberto no sacrossanto corpo da Igreja uma das mais generalizadas contradições de que a História tem memória. Enquanto isso, no plano temporal, "messias" que a mídia apresentava como portadores de soluções e compromissos que trariam a paz ao mundo, chegavam em dezembro a um considerável desprestígio, porquanto avolumavam-se especialmente as discórdias políticas, econômicas, sociais, culturais. Ao longo do percurso de 2014, as expectativas otimistas se inverteram. Em nenhum lugar do horizonte religioso, político, econômico ou social aparecem sinais de uma distensão para 2015. · Notas: * Por limitações de espaço, certos nomes da mídia seguem aqui , em ordem alfabética, com as correspondentes abreviações utilizadas: AF: Agenzia Fides AP: Associated Press
CATOLICISMO
CdS: Corriere dei/a Sera CNS: CNSNews CR: Corrispondenza Romana DM: The Daily Mail EP: EI País FM: Figaro Magazine FSP: Folha de S. Paulo
No plano astronômico, eles não são mais tranquilizadores. Em setembro, uma bola de fogo mais brilhante do que a lua cheia sulcou o céu da Espanha. Isso aconteceu no mesmo dia em que um asteroide roçou a Terra sem causar-lhe dano. Logo depois um meteorito inusual caiu perto do aeroporto internacional da capital da Nicarágua, causando um abalo sísmico (LM, 8-9-14). Em 14 de novembro, perto de Ekaterinburg, na Rússia, onde, em 1918, os comunistas assassinaram o Czar e sua família, uma misteriosa luz transformou a noite em dia durante 11 segundos, sem que ninguém conseguisse descobrir a causa (DM, 18-11-14). Haverá em tudo isso um aviso do Céu? Há um Céu com "C" maiúsculo perto do qual o portentoso Sol é menos do que um grão de poeira; um Céu onde paira o Rex regum et Dominus dominantium - o Rei dos reis e Senhor dos senhores - , o Rei da História, Deus Nosso Senhor Jesus Cristo. Só Ele sabe o que acontecerá em 2015. Sabe-o também Nossa Senhora, Mãe de Deus e nossa. Por isso, este será o ano daqueles que costumam navegar nas ondas tumultuosas das agitações religiosas e temporais, portanto na Igreja Católica, no mundo e no Brasil, com o olhar posto em Maria Santíssima, a Mãe do Bom Conselho e Rainha do Bom Sucesso. A Igreja e o que resta da Cristandade poderão passar por provações e derrotas muito grandes. Isso poderá acontecer também em nossa vida individual. Mas, como proclama o antigo hino das Congregações Marianas, "De mil soldados não teme a espada, quem pugna à sombra da Imaculada ". Como sempre enfatizou Plínio Corrêa de Oliveira, sobretudo nos meses anteriores a seu falecimento, além de rezar, cumpre "confiar e confiar, lutar e lutar, que Nossa Senhora dará a seus.filhos a vitória no momento oportuno ". E ainda: "Confiem sempre, rezem sempre a Nossa Senhora. Ela acabará dando um j eito e dará a vitória aos que são d 'Ela. Portanto, firm eza, firm eza, firm eza, confiança em Nossa Senhora. Confiança na que é, segundo diz tão belamente a oração Salve Regina, 'vida, doçura e esperança nossa'. Ela nos dará vida, Ela nos dará a doçura de seu amor e a doçura da esperança inspirada n 'Ela. E no fim haverá um momento em que diremos: Vencemos! ". • E-mail para o autor: catoli cisrno@terra .com.br
IF: li Foglio JD: Le Journal du Dimanche LC: La Croix LF: Le Figaro LM:LeMonde LN : La Nación, de Buenos A ires LS : La Stampa, de Turim
LSN : LifeSiteNews NBQ: La Nuova Bussola Quotidiana OESP: O Estado de S. Paulo OG: O Globo SC: Settimo Cielo TE: The Economist VI : Vatican lnsider
JANEIRO 2015
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Não há meio, como dissemos, de focalizar em um só artigo a vida de Dom Bosco . Tendo Catolicismo se ocupado do tema em janeiro de 2003, limitamo-nos a ressaltar aqui apenas alguns aspectos da influência materna na sua formação moral e religiosa, ajudando-o na prática da virh1de e a alcançar a santidade.
não só de seus alunos, mas de todo o povo, dos grandes e dos pequenos. Pois Nosso Senhor lhe deu "a irradiação da santidade e, com esta, a úifluência, mediante uma simpatia única e rara. Em seus últimos anos, sobretudo, ao vê-lo as p essoas se sentiam atraídas; e os simples exclamavam: 'Ele se pa-
"Mama Margal'ita" - i11lluência de uma santa mãe
São João Bosco N o dia 31 de janeiro comemoramos a festa de Dom Bosco, o apóstolo da juventude. Consideraremos neste artigo apenas um aspecto de sua vida tão rica e empolgante: a influência nela exercida por sua extremosa mãe. li
PUNIO MARIA SOLIMEO
, difícil abordar a vida de São João Bosco em espaço tão exíguo. Tanto mais quanto se trata de um dos santos com bibliografia das mais abundantes. Além das Memórias do Oratório e de outros escritos seus, existem 19 volumes da coleção Memórias Biográficas, organizada por seu secretário e biógrafo, Pe. João Batista Lemoyne. Este historiador da Ordem Salesiana
E
CATOLICISMO
teve à sua disposição farto material. Ao entrar para o Oratório, além dos escritos do santo, ele "viu que vários dos mais inteligentes.filhos de D. Basco recolhiam cuidadosamente quanto de notável observavam no amado Pai, e anotavam taquigraficamente seus discursos, conferências e o que mais os impressionava nas palavras que caiam de seus lábios, mesmo nas conversações familiares ".1 Como secretário do santo, o Pe. Lemoyne pôde também consultá-lo a respeito de todo o material utilizado na referida obra.
São João Bosco nasceu num lar profundamente católico. Seu pai, Francisco, era um camponês justo e temente a Deus, de fé profunda e caridade exímia. Na doença fulminante que lhe ceifou a vida aos 34 anos de idade, ele se preparou cristãmente para a morte, recomendando à sua esposa e aos filhos que tivessem confiança na Providência divina, pois Ela não lhes faltaria. Em seu testamento, apesar dos poucos bens que deixava, estipu lou que fossem rezadas 40 Missas pelo eterno descanso de sua alma. Coube à viúva, Mamãe Margarida, então com 29 anos, a responsabilidade de cuidar da famí lia de cinco membros: da sogra, também Margarida; de Antonio, com nove anos, filho do primeiro casamento de Francisco; e dos dois filhos , José, com quatro anos, e João, com apenas dois anos de idade. A influência da mãe sobre o caçula foi decisiva para a sua formação moral e rei igiosa. "Parece que a paciência e a doce firm eza de Mamãe Margarida infiuenciaram São João Basco, e que toda uma parte da amenidade deste, de seus métodos afáveis, deve ser atribuída aos modos de sua mãe, à sua maneira de ordenar e prescrever, sem gritos nem tumulto[. ..} Margarida terá sido uma dessas grandes educadoras natas que impõem sua vontade à maneira de doce implacabilidade" .2 Com o tempo , a amenidade e a doçura legadas pela mãe ao filho fizeram dele um santo queridíssimo,
rece com Nosso Senhor! '; e os mais teólogos: 'Quão bom deve ser Nosso Senhor, se D. Basco é tão bom!'. As crianças corriam para ele como que atraídas por um imã. E as multidões se aglomeravam à sua passagem para olhá-lo e pedir-lhe uma palavra, um sorriso ou [.. .] um milagre: o tawnaturgo do século XIX". 3 Especial devoção à Santíssima Vil'gem Grande devoto de São João Bosco, o eminente líder católico Plínio Corrêa de Oliveira comentou que a bondade e a doçura de sua mãe, Lucília, haviamno ajudado possantemente a compreender e a ter uma filial devoção a Nossa Senhora. Foi o que se dera com Dom Bosco, segundo seus biógrafos:
"João Basco é umfanático da Virgem. Mamãe Margarida lhe revelou, pelo seu exemplo, a bondade, a ternura, a solicitude de Mamãe Maria. As duas mães se confúndem em seu coração. Dom Basco será um dos g randes campeões de Maria, seu edificadm; seu encarregado de negócios". 4 Quando faleceu seu pai , em 1817, uma carestia sem precedentes abatera-se sobre a Itália, levando a miséria por toda parte. Milhares de famílias abandonavam os campos, indo procurar alimento nas cidades. Dom Bosco di z em suas memórias "Encontravam-se pessoas mortas nos campos com a boca cheia de erva, com a qual tinham tentado aquietar sua fom e raivosa". 5 Durante essa carestia, Mamãe Margarida teve que se desdobrar para prover a família com alimentos. Agradecido, o filho narra: "Pode-se imaginar o quanto so.fi·eria e se cansaria minha mãe durante ano tão calamitoso. Mas uma grande economia e o cuidado nas coisas mais miúdas, unidos a um trabalho esgotante, junto com a ajuda verdadeiramente providencial, contribuíram para nos salvar naquela crise de alimentos ". 6 Alguém propôs um novo casamento àquela viúva jovem e enérgica. E la respondeu: "Deus me deu um marido e mo tomou; deixou-me três filhos ao morre,~e eu seria uma mãe cruel se os abandonasse no momento em que mais necessitam de mim" .7 São João Bosco diz de sua mão que "seu maior cuidado foi o de instruir seus .filhos na religião, ensiná-los a obedece,; e mantê-los ocupados em trabalhos compatíveis com a sua idade ". Desde muito pequeno, ela reunia o caçula com os outros dois irmãos, "Punha-me de j oelhos com eles, de manhã e à noite, e todos juntos rezávamos as orações e a terceira parte do Rosário ". Quando ele aprendeu a ler, "e/afazia-me rezm; ler um bom livro, e me dava aqueles conselhos que uma
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mãe engenhosa sqb dar oportuna7 mente a seus filhos '. 8
"Mama Margarita" - catequista extremosa Como era costume na época, aos sete anos de idade São João Bosco fez a sua primeira confissão. "Lembro-me que ela me preparou para a minha primeira confissão: acompanhou-me à igreja, confessou-se antes de mim, recomendou-me ao con.fessm; e depois me ajudou a dar as graças. Continuou me ajudando até julgar-me capaz de o fazer dignamente por mim mesmo ". 9 Quando completou 11 . anos, deveria preparar-se para a Primeira Comunhão. Mas havia um problema: "Ademais da distância da igreja, não conhecia o pároco, e devia limitar-me exclusivamente à instrução religiosa de minha boa mãe. E como ela não desejava deixar-me crescer mais sem praticar este grande ato de nossa religião, acertou ela mesma as coisas para preparar-me como melhor pôde e soube". 10 No dia da Primeira Comunhão, ela disse ao filho: "Meu querido filho! Este é um dia muito grande para ti. Estou persuadida de que Deus tomou verdadeira posse de teu coração. Promete-lhe que fàrás quanto possas para conservar-te bom até o fim de tua vida. Doravante, comunga com frequência, mas guarda-te bem de cometer sacrilégios. Diz tudo na confissão. Sê sempre obediente, vai de bom grado ao catecismo e aos sermões; mas, por amor de Deus.foge como da peste daqueles que têm más conversas". 11 São João Bosco afirma que "minha mãe me queria muito, e eu tinha nela uma confiança tão ilimitada, que não me teria atrevido a mover um pé sem seu consentimento. Ela sabia tudo, observava tudo, e medeixavafazer". 12
"Pmpaga sem111·e a devoção a Maria" Ao entrar no seminário maior, São João Bosco deixou os trajes seculares e vestiu a batina. Mamãe Margarida lhe disse então: "Tu vestiste o hábito
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CATOLICISMO
sacerdotal; experimento todo o consolo que uma mãe pode ter pela fortuna de seu filho. Mas lembra-te de que não é o hábito o que honra teu estado, mas a prática da virtude. Se chegares a duvidar de tua vocação, por amor de Deus, não desonres este hábito. Tira-o em seguida. Prefiro ter um pobre camponês a um filho sacerdote descuidado de seus deveres. Quando vieste ao mundo, eu te consagrei à Santíssima Virgem; quando começaste os estudos, eu te recomendei a devoção a esta nossa Mãe; agora te recomendo ser todo dela; ama os companheiros devotos de Maria; e se chegares a ser sacerdote, recomenda e propaga sempre a devoção a Maria". 13 Nos primórdios do Oratório, Dom Bosco viu-se apurado com tantas solicitações no cuidado de seus birichinni.14 Ele necessitava de alguém que o secundasse, que pudesse compartilhar sua obra com ele de modo mais íntimo e decidido. Pensou então em sua mãe, que vivia aprazivelmente com seu filho José e os netos. Ele pediu a ela esse sacrificio. E Margarida aceitou. "E, embora chorando, recolheu seu anel nupcial, seu traje de noiva, suas poucas joias, seu pobre enxoval; e, a pé, com a cesta no braço, acompanhou o filho de Becchi até Turim. Era o dia 3 de novembro de 1846. A obra de Dom Basco começava a ser umafamilia". 15
"Mamãe Margarida foi uma verdadeira mãe para nossos meninos. Assegurou para sempre ao Oratório e à nossa obra em geral o espirita de familia. Foi ela, sem pretender, a inventora das 'Boas Noites '". 16 Conta Dom Bosco que, logo depois de sua mãe morrer, ela começou a lhe aparecer com frequência. Uma das vezes, quando se mostrou toda resplandecente de glória, o filho pediu a ela que lhe 9esse ao menos uma pálida ideia da felicidade de que gozava no Céu. "Ela sorriu. E se tornou toda resplandecente, cheia de majestade, coberta com um manto preciosíssimo. Detrás dela havia um imponente coro de bem-aventurados. Ela pôs-se a cantar, e com ela, o coro. Era seu canto um cântico de amor a Deus de indizível harmonia e doçura; e ia direto ao coração; o invadia, transformava-o sem violentá-lo . Era a harmonia de mil e mil vozes e de todos os tons, com a variedade de tonalidades, de modulações e vibrações, às vezes fortes, às vezes imperceptíveis, combinados com tal arte, que é impossível explicá-lo. Terminado o canto, voltou-se para mim dizendo-me: 'Espero-te ali. D evemos estar sempre juntos'. E desapareceu" 11 • •
"1'enho a consciência tranquila, cumpri meu dever"
1. Cardeal Pedro Maffi, citado pelo Pe. Rodolfo Fierro, S.0.8., Biografia y Escritos de San Juan Basco, Biblioteca de Autores Cristianos, Madri, 1968, Introdução Geral, p. 5. 2. La Varende, Don Basco, Le Livre de Poche Chrétien, Artherne Fayard, Paris, pp. 15 e 2 1. 3. Pe. Rodolfo Fierro, op. cit. p. 8. 4. La Varende, op. cit. pp. 15 e 21 . 5. São João Bosco, Memórias do Oratório, BAC, 74. 6. Id. ib. p. 75. 7. I.d.ib. 8.. Id.ib. pp. 75 e 82. 9. Id.ib. 10. ld ., p. 8 1. 11 . Id. p. 82. 12. Id. p. 81. 13. Id. P. 115. 14. Plural de birichinno (garoto). 15. Rodolfo Fierro, op.cit., pp. 19-20. 16. ld. ib. , p. 226. 17. ld. p. 228.
Na noite de 24 para 25 de novembro de 1856, falecia Mamãe Margarida. Vendo aproximar-se a morte, ela disse ao filho : "'Deus sabe quanto te amei no decurso de minha vida. Tenho a consciência tranquila; cumpri meu dever em tudo o quanto pude. Talvez pareça que usei de demasiado rigor alguma vez, mas não é assim. Era a voz do dever que mo impunha. Diga aos nossos filhinhos que trabalhei por eles e que lhes tenho maternal carinho. Encomendo-te também que roguem por mim e quefaçam ao menos uma vez a santa comunhão por minha alma'.
E-mail para o autor: cato licis111o@tcrra.co111.br Notas:
Como se lança no mercado uma campanha pelo nudismo
A
campanha a favor do nudismo vai se acenhiando no País, especialmente através da imprensa escrita e televisiva. Noticiou-se primeiramente que algumas mulheres foram vistas andando sem roupa em Porto Alegre. Depois foi a vez de um homem em São Paulo, em plena Avenida Paulista. Esse "espetáculo" foi transmitido inclusive pela televisão, além de fartamente noticiado pelos jornais. Em uma rua de Goiânia, uma mulher foi também flagrada sem roupa, na chuva, com o filho. Apresentaram-se casos análogos em Arapiraca (AL), São Caetano do Sul (SP), Apucarana (PR), Novo Hamburgo (RS), Santa Bárbara d'Oeste (SP), e ainda outros. Anunciou -se uma peça de teatro na qual a pri ncipal atriz se apresenta nua durante todo o tempo. A imprensa noticia ainda que dormir despido faz bem à saúde ... Alguns meios de comunicação já falam em "febre de andar nu "
e outros em que "está virando
moda " ... É impossível não ver nesses fatos uma campanha orquestrada em favor do nudismo. Cada notícia que é publicada sobre algum desses fatos relaciona-o imediatamente com outros semelhantes, criando a impressão de um movimento incontenível. A ação policial, quando ocorre, aparece tímida e desorientada. Estamos evidentemente diante de um lançamento do nudismo, para ver se pega. *
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Mas não entenderá bem o que ocorre quem não tiver presente que o nudismo é o termo final de um processo que vem de longe. Ele começou a se fazer sentir quando as primeiras mulheres começaram a encurtar as saias e os primeiros homens a abandonar os paletós. E passou por várias etapas, até chegar nas praias ao seminudismo, que deu um salto de início com o uso do maiô, deste para o b iquíni, depois ao topless;
e para os homens, a sunga. Em seguida vieram as praias nudistas. Enquanto isso, nas cidades, das saias curtas para as mulheres passou-se para as m1111ssa1as e, mais recentemente , para as microssaias e os shorts; e as bermudas para os homens, usadas muitas vezes sem camisa. Esse processo, que agora quer chegar ao seu fim com o nudismo completo, tem todas as características de ser induzido, ao menos para quem raciocine um pouco sobre ele. Que pessoas sem religião se rejubilem com isso, não se justifica, mas pode-se compreender. Porém, como é possível que isso ocorra no Brasil, país tradicionalmente católico? E em outros países igualmente de formação católica? *
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Diante dessa situação moralmente calamitosa, é possível Nossa Senhora não chorar? Pois disse Ela à bem-avenh1rada Jacinta, vidente de Fátima: " Virão
umas modas que ofenderão muito Nosso Senhor, as p essoas não devem andar com a moda". •
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7 São Canulo Lavard , márlir + Dinamarca, 11 31. F ilho do
1 Sanla Maria, Mãe de Deus (antigamente, ce lebração da Circuncisão)
2 São Macário de Alexa ndria , /\naco rela + Egito, 394. Jovem ainda, fugiu para o deserto, onde passou mais de 60 anos em jejuns, penitências, orações e luta contra o demônio. Primeira Sexta-feira do mês.
3 Sanlíssimo Nome de Jesus Primeiro Sábado do mês.
4 Sanlü Odi lon, J\bade + Cluny, França, 1048. Um dos
rei da Dinamarca, c hamado por seus compatriotas de lavard (ou o Senhor), favoreceu a atividade missionária de São Vicelino. Foi duque da Jutlândia e recebeu do Imperador do Sacro Império Romano Alemão o título de rei. Provocou com isso a ira do soberano da Dinamarca e foi assassinado pelos seus primos.
I!:PWJ\NIJ\ 00 SENI IOR, OU S/\ TOS Rl•:IS (No calendário tradi cional)
+ Piacenza , 420. Amigo de
Santos Gumercindo e Servicleo, Márlit'es
Santo Ambrósio, participou de vários conc ílios. Foi enviado pelo Papa São Dâmaso ao Oriente, por ocas ião dos distúrbios provocados pelos arianos em Antioquia.
+ Córdoba, 852. Origi nário
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São Sabas, Bispo e Confessor + Bulgária, 1237. Filho de Estê-
São Canuto Rei, Confessor
BATISMO DE NOSSO SENI IOR Jl,,SUS CRJSTO
10 São Gu ilherme de Bourges, Bispo e Confessor
+ 1209 . Grande amante da
para o deserto perto de Belém, a fim de viver em recolhimento, sua fama de santidade atraiu-lhe inúmeros discípulos. Construiu três hospitais. Com São Sabas, lutou valorosamente contra a heresia monofisista, sendo por isso desterrado pelo Imperador bizantino.
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refutar as heresias valeu-lhe o cognome de o Apologeta.
Santo Apolinário, Bispo
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Boêmia, foi para os EUA como missionário dos imigrantes de língua alemã. Nomeado pelo Bem-aventurado Pio IX bispo de Fi ladélfia, promoveu a educação cató li ca das crianças, fundou uma congregação religiosa feminina com essa finalidade e levou outras da Europa para os EUA.
São Sabino Bispo, Confessor
+ Frígia, 179. Sua fama em
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so lidão, entrou na Ordem de Cister, de onde foi retirado pela obediênc ia para ocupar a Sé arquiepiscopal de Bourges, no centro da França.
+ Filadélfia, 1860. Natural da
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de Toledo, Gumercindo foi designado para uma paróquia perto de Córdoba. Abderramám 11, que dominava a c id ade , promulgara uma lei pela qual qualquer muçulmano podia matar um cristão que atacasse Maomé Uá naquele tempo!). Tendo Gumercindo ido àquela cidade acompanhado do monge Servideo, muçulmanos os denunciara m como cristãos e os decapitaram por ódio à fé.
grandes abades de Cluny, cujo papel foi primordial na Idade Média. A ele se deve a introdução da festa de Finados, bem como, para controlar o espírito extremamente belicoso de seu tempo, a Trégua de Deus, que proibia atos de hostilidade ou pilhagem da quarta-feira à tarde à segunda-feira de manhã .
São Joi:io Neumann , Confessor
pecadores, à instrução infantil, bem como ao "uidado dos doentes, anciãos e pobres.
11 São Teoclósio o Cenobita , Confessor + Palestina, 529. Retirando-se
12 Santo Antônio Maria Pucci, Confessor
+ Viareggio, Itália, 1892. Da Congregação dos Servos de Maria, santificou-se como pároco de um porto de pesca e de veraneio. Dedicou-se de corpo e alma à conversão dos infiéis e
vão I, fundador da dinastia e do Estado independente da Sérvia, retirou-se aos 17 anos para um mosteiro do Monte Athos. Seu pai o segui u, depois de abd icar ao trono. Juntos fundaram um mosteiro para os sérvios.
15 São Paulo l~remita, Con fessor + Egito, 342. O primeiro e mais famoso dos eremitas , ficou órfão aos 14 anos. Sei s anos depois, durante a perseguição do Imperador roma no pagão Décio, fu giu para uma gruta no deserto . Milagrosamente, um corvo lhe levava um pão a cada dia.
16 São Bernardo e companheirns, Méfrlires + Marrocos, 1302. Enviados por São Francisco de Assis para converter os mouros expu lsos de Sevil ha , São Be rnardo e quatro outros religiosos franci scanos se dirigiram ao Marrocos como cape lães de mercenários cristãos do exército marroquino . Como pregavam ao povo e recusavam-se a cessar suas prédica s, o sultão decepoulhes a cabeça com sua própria cimitarra.
São Leobarelo Recluso, Confessor + França, 593. Depois de consagrar-se ao estudo, passou seus bens ao irmão e foi viver na contemp lação perto de Tours, sob a direção de São Gregório, bispo dessa cidade.
+ Dinamarca, 1086. Filho ilegítimo do rei dinamarquês Sweyn, sobrinho de seu homônimo que conquistou a Inglaterra, Canuto subiu ao trono após a morte de seu irmão. Vítima de uma rebelião, ele fugiu para a ilha de Funem , onde se preparou para a morte. Foi assassinado pelos rebeldes enquanto orava ao pé do altar.
20 São Sebaslião, Mártir + Roma, 288. Centurião da guarda pretoriana do Imperador romano pagão Diocleciano, sustentava com zelo apostólico os confessores da fé e os mártires. Denunciado , foi trespassado com flechas; curado mil agrosamente, açoitaram-no até a morte. Tornou-se um dos santos mais populares em toda a Igreja.
21 Beato João Balista Turpin de Cc)l'micr e co mpanheiros, Mártires
+ França, 1794. Pároco de Lavai, encorajou com sua constância e valor outros 13 sacerdotes a não prestarem o cismático j uramento constitucional imposto pela Revolução Francesa, incitandoos à paciência e à perseverança. Intimados novamente a prestar o juramento, todos se recusaram ,
sendo condenados à guilhotina pelo tribunal revolucionário.
22 São Vicente Pallotti, Confessor + Roma, 1850 . Doutor em Teo logia, famoso confessor e exorcista, seu programa consistiu em levar os cató li cos a participar intensamente do trabalho apostólico. Para isso fundou a Sociedade do Apostolado Católico.
23 Santa Emerenciana, Virgem e Márlir
+ Roma, 304. De acordo com o Martirológio Romano, Emerenciana era irmã de leite de Santa Inês. Após o martírio desta, foi rezar junto à sua tumba. Ainda catecúmena, recebeu o batismo de sangue ao ser lapidada ali mesmo pelos pagãos.
24 São h·ancisco ele Sa les, Bispo, Confessor e Doutor ela lgr·eja + Annecy, 1622. Bispo de Genebra, animado por um profundo amor de Deus e das almas, dotado de bondade e de suavidade excepcionais no trato, de sólida cu ltura e ortodox ia, fundador e diretor de incontáveis almas que guiou com passo firme no caminho da perfeição.
25 Conversão ele São Paulo Apóstolo Após cair do cavalo e con verter-se, o perseguidor dos cristãos tornou-se Apósto lo . Instruído por Nosso Sen hor Jesus Cristo, foi um dos mais ardorosos proclamadores do cristianismo.
26 Santa Paula, Viúva + Palestina, 404. Matrona romana da mais alta aristocracia, sua virtude enchia Roma de edificação. Com o fa lecimento de seu esposo, foi convencida por Santa Marcela, também viúva, a entregar-se totalmente a Deus sob a direção de São Jerônimo.
27 São Vitaliano, Papa e Confessor
+ Roma, 672. Sucessor de Eugênio I no sólio pontificio, enviou à Inglaterra São Teodoro de Tarso para a Sé de Cantuária, e Santo Adriano como abade de Santo Agostinho.
28 Santo Tomás ele Aquino, Confessor e Doutor da Igreja
+ Fossa Nuova, 1274. O maior teólogo da Igreja foi confiado aos cinco anos de idade aos monges beneditinos de Monte Cassino. Ingressou depois na Ordem Dominicana, da qual se tornou, junto com o fundador São Domingos, a maior glória. Por sua pureza de vida e elevação de doutrina, que transcende a pura inteligência humana, foi com razão cognominado Doutor Angélico.
29 São Sulpício Severo, Bispo e Confessor
+ França, 591. São Gregório de Tours refere-se a ele com muito respeito, elogiando suas virtudes. Foi nomeado para a Sé de Bourges em lugar de candidatos simoníacos.
Intenções para a Santa Missa em janeiro Será ce lebrada pelo Revmo. Padre David Francisquini, nas seguintes intenções: • Pela união e santificação de todas as famílias cató li cas em torno da Sagrada Família. Suplicando à Santa Mãe de Deus (festividade comemorada no dia l º), pelos méritos da Epifania do Senhor (dia 6), copiosas graças para todos os leitores. Que eles sejam providencialmente amparados, de modo a estarem aptos para enfrentar com energia e coragem as dificuldades que possam advir ao longo de 2015, em particular as provenientes de perseguições religiosas e aos bons costumes, fomentadas por governos socia listas.
30 Santa Batilde, Viúva + França, 680. Inglesa de nascimento, foi conduzida à França, onde sua virtude e sua prudência encantaram Clóvis II, que adesposou. Mãe de três reis - Clotário III, Chi lderico li e Thierry JII - , tomou-se regente após a morte do esposo, governando o reino com rara habilidade.
31 São João Bosco, Confessor + Turim, 1888. Exerceu enorme influência no campo religioso e social, tendo fundado a Sociedade Salesiana e o Instituto das Filhas de Maria Auxiliadora. "O êxito dessa obra só pode explicar-se pela vida sobrenatural e santidade de seu fundador" , afirmou São Pio X. (Vide p. 40).
Intenções para a Santa Missa em fevereiro • Em memória das aparições de Nossa Senhora de Lourdes (l 858). Rogando a Ela sua maternal proteção para todos os membros da grande família de almas de Catolicismo, preservando-os do pecado e de qualquer tipo de imora lidade. Com menção específica às crian ças e aos ado lescentes de nossas família s, que se encontram ma is vu lneráveis à corrupção moral reinante nos ambientes modernos.
JANEI
Fracasso da 31 ª Bienal e vitória de defensores da honra da Igreja Católica D iante do acinte a Deus representado pela 31 ª Bienal de Artes de São Paulo, um Prelado e leigos católicos fizeram sua parte para reparar a honra ultrajada de Nosso Senhor Jesus Cristo, conquistando significativas vitórias
li DANIEL
F.
s. MARTINS
ncerrou-se no dia 7 de dezembro último a malfadada 31° Bienal de Artes, que bem poderia chamar-se Babel de Artes. Conforme tivemos ocasião de demonstrar na edição de novembro, tratou-se de uma verdadeira babel de ódio a Deus, com a propagação aberta do aborto, da blasfêmia e do sacrilégio contra Nosso Senhor Jesus Cristo e Nossa Senhora.
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Mobilização de defenso1·es da Jg1•eja
Leigos católicos organizaram intensa campanha, tanto para reparar a honra de Nosso Senhor, quanto para frear, na medida do possível, o transviado objetivo visado por esse malfadado evento. Destacou-se nessa atuação o Instituto Plinio Corrêa de Oliveira, que desde a inauguração da 31 ª Bienal lançou pela internet um sistema de protestos, alertando para o seu caráter irracional e blasfemo. O público pôde assim se dirigir aos diretores de escolas de São Paulo, pedindo-lhes que não enviassem seus alunos à Bienal. Foram remetidas por este sistema 51.557 mensagens. O mesmo Instituto promoveu o envio de uma súplica ao Cardeal de São Paulo, D. Odilo Pedro Scherer, bem
como ao clero paulistano, pedindo que as autoridades eclesiásticas se empenhassem em "impedir que esses sacrilégios continuem a ser cometidos em sua jurisdição". 1 A participação do público também foi intensa: 31.396 mensagens. Além disso, a Ação Jovem do Instituto Plinio Corrêa de Oliveira percorreu a capital paulista, distribuindo um manifesto explicativo dos horrores da Bienal e convidando o público a protestar contra a mostra. A campanha alcançou ampla repercussão na cidade. Os jovens voluntários encontraram amplo apoio da população, que embora soubesse da existência da Bienal, não tinha conhecimento das blasfêmias ali apresentadas. Diversos alunos de colégios externavam para os voluntários do Instituto sua indignação com o que tinham visto, sobretudo na exposição "Errar de Deus", franqueada a todas as idades. A campanha repercutiu também na grande imprensa. A "Folha de S. Paulo" (facsímile ao lado) apresentou em 24-9-14 matéria de página inteira sobre o tema na capa do suplemento "Folha Ilustrada". Êxito expressivo: proibição para 111eno1·es de 18
A exposição "Espaço para Abortar" era uma das mais escandalosas, tanto por sua extensão quanto por sua localização, logo na entrada do pavilhão da Bienal. Mulheres eram convidadas a entrar em pequenas cabines denominadas "úteros", para ouvir gravações a respeito de experiências relacionadas com o aborto e em defesa da legalização dessa abominável prática. Como as visitas às exposições eram feitas especialmente por alunos de escolas públicas e particulares, grande parte dos que entravam nos "úteros" era constituída por moças, às vezes bem jovens. Devido aos protestos enunciados acima, a Comissão de Educação da Prefeitura de São Paulo viu-se na obrigação de visitar a exposição "Espaços para Abortar" e proibi-la para menores de 18 anos.
A importância dessa vitória foi confessada a contraBienal a Deus, exibido em tantas e tantas de suas obras, gosto por um comunicado do estranho Coletivo Mujeres os católicos esperavam ansiosos um pronunciamento de Creando, responsável pela mencionada exposição. Eis seus Pastores, recomendando-lhes um boicote geral à o texto: mesma. Infelizmente, esse pronunciamento não veio. "Por pressões e razões que desconhecemos de onde Contudo, uma voz episcopal se fez ouvir em defesa vieram, há alguns dias uma Comissão de Avaliação tem da honra da Igreja. Ela veio da cidade de Frederico exigido colocar na frente da obra um pedestal que indiWestphalen, no Rio Grande do Sul, pela boca de seu ca que se trata de uma obra para maiores de 18 anos. zeloso bispo diocesano, Dom Antônio Rossi Keller, que Esta censura está disfarçada de um suposto argumento emitiu um forte comunicado intitulado "O buraco sem p edagógico que não existe, pois fim da Bienal de São Paulo, ou a isso se trata de uma obra que decadência da Arte ... " t foi criada iustamente pensando Nele o prelado afirma: "A num público massivo infantil e pseudo-arte apresentada nesta --.~ ~ ' iuvenil que visita a Bienal. Isso versão da mostra deste ano nada é um ato de censura, que impede mais é do que um puro e simples :~t!,~f.a:,!!:1~foº que durante as visitas as escolas incitamento à legaliz ação do utilizem a obra. " 2 •111crUep1'1iiiJ,. aborto, tudo isto misturado com o 1Hcn1ldoA1lod,BP Essa vitória da campanha revilipêndio do sentimento religioso, presenta um sinal de que pressões especialmente no que se refere à legítimas, feitas por amor a Deus fé católica [ ..] o que na verdade e com sabedoria, alcançam grande se quer é destruir e ridicularizar efeito! valores e princípios religiosos. " IPl/1\0l 'tf'll,!!1 ,,
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Desinteresse do público
Continuar a luta
Importa notar que, apesar dos recursos faraônicos e das verbas nababescas injetadas pelos patrocinadores da Bienal (inclusive a Petrobrás!),3 o nível de interesse do público não contentou os artistas: "Para o diretor da Coleção Patrícia Phelps de Cisneros, Gabriel Pérez-Barreiro, a precariedade da mediação com o público nesta Bienal foi 'uma irresponsabilidade'".4 Eis mais algumas apreciações dos artistas que participaram da mostra: - "Acho que poderíamos ter trazido a experiência visual de "!ma maneira melhor "; - "Não que as obras sejam feias, mas pobres"; - "Será que a história da arte não vale mais para nada?". Para um dos eventos de "arte" moderna mais propagandeados no mundo, não podia haver balanço mais desastroso.
Rezamos no Glória ao Padre: "assim como era no princípio, agora e sempre... " Portanto, católicos que somos, devemos desejar que a glória de Deus se manifeste não só em um futuro mais ou menos remoto, mas nos aconte-
O silêncio das autoridades eclesiásticas
Profundamente lamentável foi o silêncio enigmático das autoridades eclesiásticas. Diante do acinte direto da
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cimentos de hoje, de agora. Por esta razão, parabenizamos a todos os que participaram desta valorosa iniciativa em defesa da honra de Nosso Senhor e da Santíssima Virgem, tanto pelos atos de reparação, quanto pelas campanhas e protestos. Aplica-se a essa gesta o dito de Santa Joana d' Are: "Os homens combatem, Deus lhes dá a vitória!" • E-mail para o autor: cato!ícismo@tcrra.com.br
Notas:
1. Trecho do manifesto do Instituto Plinio Corrêa de Oliveira sobre a 31 ª Bienal. Cfr. Catolicismo, Novembro/20 14. 2. Cfr. http://www.mujerescreando.org/pag/activiades/2014/ 1409-bienalSaoPaulo/prensa-l 41023-obeijo.html 3. Veja a lista de patrocinadores em http://ipco.org.br/ipco/noticias/abortoblasfemia-e-sacrilegio-na-31 a-bienal-de-artes-de-sao-paulo 4. "O Estado de S. Paulo", 30-11 -14.
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CATOLICISMO JANEIRO 2015
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Um prêmio que enfureceu certa mídia
Franl<furt
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66ª Feira Internacional do Livro
11 V ALDI S G RINSTEINS A TOBIAS G ROSSBÔ LTING
elo vigésimo segundo ano consecutivo, a Associação Alemã por uma Civilização Cristã (DVCK) esteve presente na Feira Internacional do Livro de Franlfurt, realizada entre 8 e 12 de outubro de 2014, a 66ª edição desse célebre evento. Dentre as inúmeras obras expostas e apresentadas a um público muito interessado pela literatura católica, destacou-se o lançamento de mais um livro de autoria de Mathias von Gersdorff, diretor da DVCK. A obra Matrimônio e família no alvo dos ataques da Revolução expõe de modo muito convincente quais são as ameaças a que está sujeita a instituição da família, célula-mater da sociedade civil. Forças radicais revolucionárias vêm tentando impor à opinião pública suas falsas doutrinas e procuram implementá-las por meio de vias legais. O que está provocando o surgimento de reações do público, que se recusa a participar da marcha rumo à destruição de instituições de ordem natural e dos valores cristãos na sociedade. Tais reações se manifestam em protestos de rua, que têm conseguido bloquear leis e programas contrários à família. A "pressão da rua", iniciada por uma força "neoconservadora" está colhendo seus primeiros frutos. A obra de Mathias von Gersdorff contém uma coletânea de artigos de renomados escritores conservadores do passado e do presente, que analisam tanto esse processo de agressão aos valores cristãos da sociedade, quanto à reação que ele felizmente tem encontrado. Entre os autores estão Plinio Corrêa de Oliveira, Murillo Maranhão Galliez, Christa Meves e Felícitas Küble. Os dois primeiros são bem conhecidos dos leitores de Catolicismo desde a sua fundação. Christa Meves é renomada psicóloga e socióloga, especialmente voltada aos problemas da juventude. Küble é conhecida publicista e jornalista católica alemã. •
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8.-12. Ol<tober 2014
FRANl<FURTER BUCHMESSE Ehrengast Finnland
m prêmio levantou imenso furor na mídia do norte da Europa, empenhada em fazer crer ao mundo qu e os países da regi ão são todos maciçamente favoráveis à revolução sexual que ela promove. Assim, caiu como um raio sobre a mídia da região a notícia de que, na Estônia, a Associação de Defesa da Familia e da Tradição (SAPTK) recebeu o prêmio anual da Fundação Aadu Luukas, o mai s prestigioso e mais bem remunerado do país. Totalmente privado e sem qualquer interferência do Estado ou de autoridades públicas, esse prêmio foi criado em 2007 pe lo Sr. Aadu Luukas, um rico empresário falecido em 2006. Ele quis com isso agraciar aquelas associações qu e mais contribuíssem para o desenvolvimento da sociedade estoniana. Foi em reconhecimento à SAPTK pela sua dedicação e seu senso de missão demonstrados em defesa da famí-
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lia tradicional, e em oposição à nova lei autorizando o casamento entre pessoas do mesmo sexo, que a diretoria da Fundação Aadu Lukas decidiu outorgar-lhe o referido prêmio, que equivale ao valor de 32.000 euros. Essa escolha foi mantida pela Fundação apesar da tempestade desencadeada pela mídia regional, na qual os promotores da destruição da família tradicional chegaram ao ridículo de dizer que premiar a SAPTK seria o mesmo que premiar Hitler por uma campanha vitoriosa. Para decepção dos meios de comunicação esquerdistas, e a fim de mostrar o quanto eles estão separados da realidade, numerosas pessoas entrevistadas acharam que a concessão desse prêmio à SAPTK era um ato de justiça. O prestigioso Palácio de Kadriorg, em Tallinn, capital da Estônia, foi o local da cerimônia de entrega do prêmio, realizada no dia 3 de dezembro. Os Srs. Varro Vooglaid (embaixo à dir.) e Markus Jarvi, representantes da SAPTK, receberam o valor correspondente das mãos do filho do fundador, Sr. Indrek Lukas. • E-ma il para o autor: ca to lic ismo@terra .com.br
E-mail para o autor: cato lici smo@terra.com.br
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CATOLICISMO
JANEIRO 2015
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Celebrações natalinas da TFP americana n FRANCISCO JOSÉ SAIDL
or ocasião dessa festa magna da Cristandade, que é o Natal ,_ª. TFP americana promoveu dois eventos espec1a1s. No dia 13 de dezembro, na sede da Academia São Luís de Montfort, realizou-se uma jornada da qual participaram dezenas de fami li ares dos alunos, amigos e vizin hos daquela unidade escolar. O programa constou da abertura do presépio e da apresentação de músicas natalinas tradicionais, com vozes e instrumentos, além da ence nação de uma peça teatra l, cujo texto e execução esteve a cargo dos alunos dessa Academia. A peça teatral São Francisco e o Sultão trazia à memória o conhecidofioretto do encontro do Poverello di Assisi com o sultão Ayuid al-Ma li k al-Kami l. Movido por ardente zelo apostó li co São Francisco partira para o Oriente, e certo dia, aproveitando-se de uma breve trégua, fez-se conduzir na condição de "arauto do grande rei" à presença do sultão. Impressionado com a altaneria, a fé e a santidade de Francisco, o soberano muçulmano começou a vaci lar em seu fanatismo pagão e a abrir sua alma para a Religi ão do único Deus verdadeiro . Ofereceu ricos presentes ao frade fundador dos franciscanos, os quais foram recusados por este. Posteriormente, estando o sultão moribundo, pediu o batismo para morrer como cristão e garantir sua eterna salvação. A peça teatral termina com estas palavras do narrador: "Assim foi como São Francisco converteu o Sultão. O santo não foi martirizado, mas conquistou outro obj etivo grandioso. Após esses episódios, os franciscanos obtiveram a custódia dos lugares santos. Estafai uma verdadeira demonstração do amor de São Francisco por Nosso Senhor Jesus Cristo. Ele partiu decidido a dar sua vida p elo Redentor, que veio a este mundo num estábulo para resgatar a humanidade. Alegremo-nos
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CATOLIC I SMO
neste Natal, pois o Menino Jesus veio para nos libertar das algemas do pecado ". Um evento análogo realizou-se no dia seguinte na sede principal da TFP americana, em Spring Grove, tendo sido então repetidas a peça teatral e a visita de um personagem representando São Nicolau. Cidra de maçã de fabricação caseira, artesanato em pão de mel e outras guloseimas próprias das festas natalícias, contribuíram para reviver o autêntico ambiente natalino, cada vez mais corrompido pelo espírito revo lucionário. • E-mail para o autor: cato licismo@terra.com.br
JAN EIRO 2015
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Lugar sagrado das aparições de Nossa Senhora das Graças ■ Pu N10 CoRRÊA DE OuvE1RA
a Rue du Bac, em Paris, é onde se encontra a capela em que Nossa Senhora apareceu a Santa Catarina Labouré (1806-187 6) e lhe fez várias revelações no ano de 1830.* Para falar com Santa Catarina, a Virgem Santíssima sentou-se numa modesta cadeira, que se conserva na capela. Neste mesmo lugar sagrado, estão sepultadas Santa Luísa de Marillac (1591 -1660), fundadora das Irmãs da Caridade, e Santa Catarina Labouré, cujos corpos permanecem milagrosamente incorruptos até hoje. Essas religiosas usam uma espécie de chapéu muito bonito, e mesmo muito poético, inspirado em toucados de camponesas da Bretanha.
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ta Catarina Lab
Lembro-me bem que na primeira vez em que estive na capela, na década de 1950, logo percebi a cadeira e ajoelhei-me junto ao braço esquerdo dela, rezei e a osculei. Anos mais tarde, estando na Ew-opa, voltei com alguns amigos para rezar na cape la. Pedimos autorização para oscular a cadeira a uma pessoa responsável pela segurança. Ela, entretanto, negou brutalmente a autorização. Lembrei-me então de um salmo
de David que diz do loridamenle: "Tornei-me um estranho para os meus irmãos, e um desconhecido para os filhos de minha mãe " (S 1 68,9). •
* Entre as referidas revelações, a mais importante foi a da Medalha Milagrosa, no dia 27 de novembro de 1830. A respeito, vide edição de novembro/2008 de Catolicismo.
Excertos de conferência proferida pelo Prof. Plínio Corrêa de Oliveira em 13 de janeiro de 1989. Sem revisão do autor.
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Silêncio sobre os milagres operados em Lourdes o dia 11 de fevereiro celebra-se a aparição de Nossa Senhora em Lourdes [1858]. Sobre ela já temos feito vários comentários. Mas há um ponto a respeito do qual toda insistência é pouca. Nossa Senhora indicou a Santa Bernadette Soubirous um lugar no chão e ordenou a ela que o escavasse, pois encontraria uma fonte de cujas águas resultariam muitos milagres. Esse fato foi visto por um grande número de pessoas que assistiam à aparição em torno da gruta de Lourdes. Santa Bernadette obedeceu e surgiu uma minazinha de água, que se transformou na famosa fonte de Lourdes, na qual as pessoas se têm banhado e alcançado milagres. Esses milagres são verificados por uma junta médica. Qualquer um dos médicos tem o direto de examinar os doentes antes de entrarem na piscina de Lourdes. São exigidas radiografias, exames médicos etc., que atestam que o doente sofre dessa ou daqu ela doença. Comprovada a natureza da enfermidade, o doente entra na piscina. E com certa frequência, ai imediatamente curado, o que constitui um indiscutível milagre tratando-se de doenças incuráveis. Entretanto, notem a maldade do mundo contemporâneo: esses milagres se realizaram em quantidad , mas quase não se fala disso. Maldade enorme por parte dos que não creem, apesar desses milagres. Maldade muito grande também por parte dos que creem, mas não fazem propaganda desses milagres, até o abafam. Nossa Senhora faz maravilhas contínua e os homens não sabem agradecer. É uma das razões por onde se considera que os castigos anunciados em Fátima [1917] são de todo em todo explicáveis. É o desfecho natural da História contemporânea. É a ingratidão obstinada em relação aos milagres operados em Lourdes. •
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FEVEl~Ell<O de 2015
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Lula apoia líderes do MTST
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O fenômeno "morador de rua "
Terrorismo islâmico ataca
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Recrudescimento da ameaça islâmica
Desânimo na esquerda católica
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Iniciativa privada reativa o Nordeste
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Reforma Agrária fracassa, agronegócio triunta
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Nossa Capa: A Sagra~ão de Carlos Magno pelo Papa Leão Ili, em 25 de dezembro do ano 800. Friedrich Kaulbach (1822-1903). Aix-la-Chapelle, Alemanha.
Excertos da conferência proferida pelo Prof. Plínio Corrêa de Oliveira em 11 de fevere iro de 1970. Sem rev isão do autor.
-CATOLICISMO
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FEVEREIRO 201 5 -
O morador de rua, símbolo e meta do século XXI
Caro leitor
Diretor: Paulo Corrêa de Brito Filho Jornalista Responsável : Nelson Ramos Barretto Registrado na DRT/DF sob o nº 3116 Adm inistração: Rua Visconde de Taunay, 363 Bom Retiro CEP 01132-000 São Paulo - SP Serviço de Atendimento ao Assinante : Fone/fax (0xx11) 3333-6716 Correspondência : Caixa Postal 1422 CEP 01031-970 São Paulo - SP Impressão : Prol Ed itora Gráfica Lida. E-mail : catol lcismo@terra .com .br Home Page: www.catolicismo.com.br ISSN 0102-8502 Preços da assinatura anual para o mês de Fevereiro de 201 5: Com um : Cooperador: Benfeitor: Grande Benfeitor: Exemplar avulso :
R$ 160,00 R$ 238,00 R$ 41 0,00 R$ 672,00 R$ 15,00
CATOLICISMO Publicação mensal da Editora PADRE BELCHIOR DE PONTES LTDA.
Carlos Magno, extraordinário personagem que marcou inde leve lmente a História, faleceu há 1200 anos. Em comemoração dessa data, a matéri a de capa da presente edição salienta o grandioso papel desempenhado por ele na restauração do Império Romano do Ocidente - o Império Carolíngio - a partir do Natal do ano 800. Em substancioso artigo, nosso colaborador Renato Murta de Vasconcelos ressalta a maravilhosa ação da Providência Divina suscitando a gigantesca figura do grande Carlos, que representou vigoroso suporte temporal para a Igreja Católica numa época em que os costumes bárbaros dos povos recém-convertidos ao cristianismo ainda eram manifestos. Carlos Magno foi um chefe militar e grande administrador, oriundo do mundo bárbaro - da tribo dos francos , transformados mediante sincera e profunda conversão ao cristianismo. Como estadista, seu ideal consistiu em fortalecer a ordem temporal com os princípios cristãos. Ele desejou acima de tudo realizar o ideal do príncipe cristão delineado por Santo Agostinho na magistral obra A Cidade de Deus. Seus princípios e sua ação, sob o bafejo da Igreja, viriam influenciar a fundo a posterior formação do feudalismo, que atingiria seu apogeu séculos mais tarde na época medieval. Não obstante a constituição do império formado por ele ter sido fortemente sacudida pelas subsequentes invasões, principalmente de vikings, muçulmanos e húngaros, as quais assolaram o território do Império Carolíngio. Entre os muitos benefícios que a obra de Carlos Magno legou à civilização ocidental, merece destaque seu empenho em difundir a cultura, denominada pelos historiadores como Renascença carolíngia. Ela não só salvou da destruição obras literárias e artísticas da Antiguidade, como as enriqueceu com o inestimável contributo do cristianismo. A Renascença carolíngia foi um movimento cultural inteiramente influenciado pelo cristianismo. É lamentável que mais tarde, durante os séculos XIV, XV e XVI, outro movimento cultural denominado Renascimento não tenha se desenvolvido na mesma trilha. Seus corifeus rejeitaram o influxo cristão para se escravizarem a um arqueologismo absurdo: a volta à cultura greco-romana pagã ... Com o desaparecimento do Império Carolíngio após o século IX, a Providência Divina, que a tudo rege com sabedoria, transformou esse desastre numa estrutura político social nova, o feudalismo , que se expandiu durante a Idade Média, atingindo seu apogeu nos séculos XII e XIII. Que as considerações desse artigo contribuam para a sadia formação cultural e histórica de nossos prezados leitores, Em Jesus e Maria,
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ntigame_nte, falar em morador_ d~ _rua e1:a ~alar numa situação de extrema m1sena, propna a suscitar compaixão. De uns tempos para cá, porém, o conceito mudou . Morar na rua tornou-se não uma necessidade, mas uma opção. Uma opção que tem seus problemas, é verdade, mas também suas vantagens para os que a escolhem: refeições grátis oferecidas por ONGs e igrejas; privi légios concedidos pelo Poder Público, pois não pagam impostos nem arcam com os inconvenientes da manutenção de uma casa; inviolabilidade de sua situação garantida por lei; não se dedicam a nenhum trabalho fixo (exceção feita, talvez, dos que puxam carrocinhas com material reciclável). Não ignoramos, é claro, que continuam existindo os que são atirados a essa triste situação por necessidades prementes e involuntárias. Merecem eles toda a nossa comiseração e o nosso auxílio para que possam sair dela. Mas é preciso reconhecer que estes vão se tomando minoria dentre os moradores de rua. Vários fatores morais contam-se entre as causas dessa " moderna" opção. Entre eles o vício avassalador do uso de drogas, que não se quer deixar por nenhum preço; a embriaguez inveterada, que leva a se ficar abraçado à garrafa como parte integrante do próprio ser; o hábito de pequenos (ou grandes) furtos; a preguiça persistente, pela qual o indivíduo (de ambos os sexos) prefere ficar estendido nas calçadas a fazer qualquer esforço de maior monta; e assim outros. Espalhados por toda parte, ao menos nas grandes cidades, "habitam" entretanto certos pontos de preferência a outros. É o caso, por exemplo, do centro velho de São Paulo, onde é deprimente a paisagem humana que ali se escancara. Corpos estendidos nas ruas, nas praças, dormindo com ou sem coberturas improvisadas, em meio à imundície mais repugnante, à rudeza mais soez, ao esquecimento mais brutal de que possuem uma alma humana que os coloca, ou deveria colocá-los, em situação superior à dos animais.
Até na Avenida Paulista, cartão postal da cidade, já há um morador de rua estabelecido e que não quer ser incomodado (cfr. "O Estado de S. Paulo", 3-12-14). Por essa mesma avenida transito habitualmente, e posso constatar a existência de indivíduos que, se não são diretamente moradores de rua, poder-se-ia talvez qualificá-los de quase tais. Homens e mulheres aparentando ser hippies, afincadamente dedicados, ao que parece, a economizar a água do banho, com roupas esmulambadas, sentados no chão, eles com a barba desgrenhada como os cabelos delas, tendo diante de si um pano estendido, pouco limpo, sobre o qual esparramam colares estranhos, amuletos e bugigangas várias, à espera de que algum passante pare e compre algo. E são numerosos, especialmente na região próxima à rua A ugusta, sendo que alguns deles, sem cerimônia, estendem-se na calçada e dormem a sono solto, sem cuidar de que alguém possa furtar alguma de suas quinquilharias, muito pouco atraentes, as quais e les próprios parecem não ter muito interesse em vender.
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Esse fenômeno dos moradores de rua - ou quase - , por mais que seja aviltante, note o leitor, não é isolado. Ele é o rés do chão, a parte talvez mais aparentemente repulsiva de uma decadência geral do padrão humano no mundo de hoje. Se permanecer como morador de rua pode chegar a ser, para uma camada da população, uma opção, é porque existe uma outra camada, um pouco superior, que não se propõe a morar nas ruas, mas vive no desleixo de si mesma, nas maneiras cada vez mais vulgares, no vestirse do modo mais relaxado e tendente ao nudismo, com um vocabulário cada vez mais grosseiro, na imoralidade mais abjeta, e nada disso por pobreza. E assim sucessivamente, subindo de camada em camada, até as mais altas, poderíamos constatar um rebaixamento geral do padrão civilizatório e cultural. Com as devidas e honrosas exceções, é claro. Vejam-se, por exemplo, as fotos e gravuras do século XIX ou anteriores, ou mesmo as do início do século
FEVERE IRO 201 5 -
,:XX; a comparação com os modelos humanos atuai se torna gritante. O bonito agora é, por exemplo, assistir a uma aula na rua, como a proporcionada por Guilherme Boulos, guindado pela imprensa a coordenador nacional do Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto. Em 11 de dezembro último ele "lecionou" na praça Roo eve lt, centro de São Paulo, propugnando a palavra de ordem do momento: o "direito à cidade" contra "o dis urso hipócrita" do direito de propriedade ... Essa "aula pública", à qual compareceram estudante · de arquitetura, grupos de sem-teto, artista etc., G i organizada pelo "Coletivo Arrua" (o nome diz tudo), que também convida para festas na rua (cfr. "Portal Ponte", mantido por conhecidos jornalistas, 11-12-14). O título da reportagem é sintomático da mistura (feita no andar de baixo) que se tem em vista : Líder dos sem-teto r ún ricos e pobres em 'aula pública ' no centro de P.
covardemente diante d le a pretexto de diálogo? nde os grandes ap t I s c mo Santo Inácio de Loyola, os grande te logos 0111 , ant TomásdeAquino?Em lugar deles um ireni m mal ·ã vai dissolvendo num magma nauseabundo todas as d ulrin as, todas as convicções, e mesmo todas as re li giõe,. Outro dia , um amig me di z ia que se sentiu co nstrangido a sair de uma igr ja ond ri ra rezar, devido ao ambiente de promiscuidade religi sa mora l que lá encontrou. Preferiu ir reza r na rua! Tudo decaiu, tudo baixou de nível. O ímã.da condi ção hum ana não atrai mais para o alto, para o sublime, para Deus; ele puxa para baixo, para a degradação, para a suj e ira e o desleixo, dos quais o morador de rua é símbolo e meta. Diz um ditado popular que o demônio nunca dá o que promete. E le prometeu aos homens que, se abandonassem
1 a civilização cristã e aderissem à liberdade total e sem freios, a um igualitarismo absoluto e sem hierarquia, a um laicismo sem Deus nem rei igião, teriam então o progresso humano e a perfeita fraternidade. O que vemos? Um progresso científico real , mas que o homem não sabe mais utilizar para evitar a degradação. Uma fraternidade que não mais se realiza na pujança das individualidades ricas e complementares, mas na ausência de personalidades autênticas, afundadas cada vez mais no pântano de urna espécie de não-ser coletivo.
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Dissertando sobre o futuro da Revolução anticristã que vem carcomendo o Ocidente desde os séculos XIV e XV, Plínio Corrêa de Oliveira previa, em 1976, .. que esse processo "tem de passar pela extinção dos ~ .~ .5
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Essa sihiação tão anormal faz pensar. O que levo u a esse deslizamento do padrão humano? Procurar uma resposta para tal indagação interessa a mim, intere sa ao leitor e interessa a todos, pois, como di zia o filósofo romano Terêncio(+ 159 a.C.), "eu sou hom "m, nada
do que é humano me é estranho". Como foi possível que nossa civilização, qu e jacta de tão adiantada, tendo alcançado um teor de avanço científico tão protuberante, venha a produ z ir como um de seus frutos característicos esse rebaixamento generalizado da condição humana? E isso ao contrário de outras épocas, cuja índole foi de procurar e levar a humanidade, quer do ponto de vista esp iritua l, quer moral ou material. Apenas para exemplificar, falemos do campo da cultura. Tenha-se em mente a chamada arte moderna com seus rabiscos incompreensíveis; as atuais grafitage ns que poluem os muros e paredes de nossas cidades; a "música" constituída de berros e gritos d nom in ada rap; as danças das discotecas: um pula-pula in ano e pornográfico. No campo da política, onde estão os Churchills, os De Gaulles, os Adenauers? Onde as visões e os planos de grandes estadistas? Política virou quase sinônimo de [ corrupção , de mediocridade, de possibilidade de ga lgar ~ o cargos e posições. j·;; Na religião, dói-nos dizê-lo, onde estão os Mindszentys, o capazes de enfrentar de peito aberto , por a1nor de j Deus, os carrascos comunistas, em lugar de se dobrar j
CATOLICISMO
Lula com o boné do Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto (MTST)
velhos padrões de reflexão, volição e sensibilidade individuais, gradualmente substituídos por modos de pensamento, deliberação e sensibilidade cada vez mais coletivos. É, portanto, neste campo que principalmente a transformação se deve dar". Nesta perspectiva, prosseguia ele, "até que ponto é dado ao católico divisar as fulgurações enganosas, o cântico a um tempo sinistro e atraente, emoliente e delirante, ateu efetichisticamente crédulo com que, do .fúndo dos abismos ein que eternamente jaz, o príncipe das trevas atrai os homens que negaram Jesus Cristo e sua Igreja?". Por fim, uma observação prudencial se impõe. E é também no mesmo mestre da Contra-Revolução que a encontramos e a fazemos nossa: "Bem sabemos quanto
são passíveis de objeções, em muitos de seus aspectos, os quadros panorâmicos, por sua natureza vastos e sumários como este. Necessariamente abreviado pelas delimitações de espaço, este quadro oferece seu despretensioso contributo para as elucubrações dos espíritos dotados daquela ousada e peculiar .finura de observação e de análise que, em todas as épocas, proporciona a alguns homens prever o dia de amanhã" ( cfr. Revolução e Contra-Revolução, Parte III). • E-mail para o autor: calolicismo@terra.com.br
FEVEREIRO 2015 -
estão governadas pelos "cruzados", a começar pe la Europa, como vinga nça pela realização das cruzadas. Não começaria pelo dom ínio da Ucrânia? Quanto à Espanha, eles nem dizem que será uma conqui sta, po is, em seu entender, a Espanha já lhes pertenceu. Perderam-na, e agora vão reconquistá-la, transformando as igrejas católicas em mesquitas. Só mesmo com o esp ír ito indomável dos cruzados pa ra deter a expansão dos seguidores do Alcorão. Quanto a nós, na América, é necessário esse mesmo espírito de cruzada para frear o "bolivarianismo", que está dominando diversas nações de nos o conti nente. (G.B. -
201 4: dias de confusão [8J Que diferença há entre dar comu-
nhão para recasados (portanto pessoas adúlteras) e dar a comunhão para pecadores públicos? Na minha opinião, nenhuma, pois equivaleria a dizer que adultério não é mais pecado. Isto é inaceitável, assim como é inaceitável a questão da admi ssão de homossexuais nas comunidades católicas. São situações escandalosas que ninguém pode admitir, mu ito menos as altas autoridades da Igreja. Nenhum homem pode dizer que não é condenável o que Deus condenou. Vamos trabalhar junto aos bi spos e padres (e, na medida das possibilidades, com autoridades mais altas também) para eles não permitirem que o escândalo tenha cidadania dentro da Igreja. O "Encontro Mund ial de Mov imentos Populares" realizado em Roma causou perplexidade entre cató1icos. Exemplo disso fo i a declaração de Stédile no Vaticano: o di scurso do Papa "foi mais à esq uerda do que muitos de nós". Que Deus tenha misericórdia de seus fil hos nestes dias de confusão. (M.A.D.C. -
SP)
Espírito de cruzada [8J Essa história de um "Cali fa do"
regido pela lei de A lá é na minha visão o início de uma III Guerra Mundial em gestação. Os seguidores de Alá, fanatizados como estão, não vão abandonar a ambição de dominar as nações árabes; depois vão querer expandir seu domínio sobre as nações que, segundo eles, hoje
CATO LI C ISMO
RS)
Crise 1w Igreja [8J Sobre a entrevista do bispo Dom
Athanas iu s chn eider, concedid a a Catolicismo, que goste i mui to, e sobre algun s tóp icos da retrospectiva do ano passado, observo que não consigo ver o Papa Francisco como defensor da Famíl ia, como o foram os outros Papas . N esses últimos meses, o que tem ocorrido no Vatica no me preocupa mui to, e como católi co que sou, fi co sem entender declarações divulgadas por a lto pre lados. Eles não podem alterar a doutrina sempre ensinada e tradicional na Jgreja. Tudo isso colabora para aumentar ainda mais a confusão entre os católi cos. Term ino faze ndo a pergun ta do artigo (da página 20) do Prof. Pl inio Corrêa de Oliveira: "Quem ainda é católico na Igreja Cató lica?". (F.J .H. -
MG)
P011to de vista católico [8J Nesses tempos de tanta confusão,
para mim foi uma alegria ler a revista deste mê LJanei ro]. Nada melhor do que uma visão católi ca dos acontecimento de 20 J4. E ta v isão, certa mente, rec nforta os corações ele todo o católicos que, co mo eu, ficam perd idos neste emaranhado de acontec imentos noticiados pela mídia, mas sem uma análise coerente. O artigo de Plinio Corrêa de Oliveira desvendou o que se esconde na confusão, inclusive dentro da Igreja Católica, com a esquerda progressista pregando até marxismo. Fico alegre
quando leio algo que indi ca ru mo na vida cheia de encruzilhadas perigosas para os cató licos, que sempre esperam a boa orientação, isenta dos relativismos da tal esquerda católica. Pelo jeito, ela orienta- e mai pela "Teologia da Libertação" do que pelo Evangelho. Mas precisamo confiar em Nossa Senhora das Graças, como sugere a excelente retrospectiva resenhada por Luis Dufaur, "De mil soldados não teme a espada, quem pugna à sombra da ]maculada". (K.T.R. -
RJ)
A Palm1rn do Sacerdote [8J Fico impressionado com a leitura das respostas de Mons. José Luiz Villac, e noto em cada linha delas o quanto há de pensamento e estudo profun do. Somente com uma dedi cação tota l à lgreja poder-se-ia adquirir esse conhecimento da doutrina teológica e da Bíblia. Sempre as repostas me esc larecem muita co isa, apesar de não ter sido eu que fo rmulei as perguntas . Problemas que algumas vezes tenho perguntado a conhecidos de minha comunidade cató li ca, e que ficam sem respostas claras, são respondidos nesta seção da revista. Imagino que muitas dific uldades de outros leitores são esclarecidas também. Concretamente, a resposta da revi sta Catolicismo de janeiro, baseada em Santo To más de Aquin o, sob re particularidades da vida matrimonial, me aj udou muito numa di ficuldade que tinha, sem conseguir resolver por mui to tempo, mesmo tendo lido outros autores sobre o assunto. Agradeço ao ilustre Monsenhor e rezo para que Deus continue iluminando-o nas respostas.
(O.W.-PR)
EUA-Cuba. A quem apr oveita ? [8J As dec larações simultâneas do Presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, e de Raul Castro sobre a intenção de reatar relações diplomáticas entre os dois países e suavizar o embargo econômico da ilha-prisão, deixa entrever a urgente necessidade dos "governantes" de C uba de se apoiarem em alguma nação poderosa, para salvar mais uma vez a arrui nada economia cubana. Esta nunca produziu bons res ultados eco-
nômicos desde a tomada do poder por parte dos guerrilh eiros comandados por Fidel Castro. Chama-nos muito a atenção a inexplicável intervenção do Papa Francisco, que, por meio da diplomacia vaticana, prestou seus serviços para conseguir o acordo. Parece que, ao se consumar essa aproximação, será a implantação do modelo chinês, tão em voga nestes momentos hi stóricos: ou seja, como mencionou Raul Castro, o governo cubano não vai ceder em seus princípios. Então se entende por que a ilha-prisão concederá urgente abett ura aos empresários norte-americanos: a mão de obra será cios Escravos cubanos e os beneficios serão monopolizados pelo regime ditatorial. (M.N.Z. -
Cruzada Pedido de Santa Catarina de Siena (134 7-1380) ao Papa Gregório XI "Santíssimo Padre, não encontrareis meio melhor que a cruzada para estabelecer a paz entre os cristãos. Esses homens de armas, que entretêm a guerra entre os fiéis , irão de bom grado lutar a serviço de Deus. Poucos, com efeito, são tão maus que não consintam, de boa mente, em prestar a Deus um serviço que, ao mesmo tempo, lhes é agradável e lhes permite resgatar seus pecados. Extinto o foco das discórdias, não haverá mais incêndio. É assim, Santíssimo Padre, que obtereis muitos proveitos: ... a paz da Cristandade, a penitência dos soldados e a salvação de muitos sarracenos" (in Beato Raimundo de Cápua OP, Legenda, 2ª parte, cap. X).
Equador)
lncrepação de São Pio X [8J Sobre o título VERDADES ESQUECIDAS, a respeito do Papa São X repree ndendo jorn ais que "of erecem incenso aos ídolos do momento" (Catolicismo, dezembro/2014), digo que, MUITO AO CON TRÁRIO , a imprensa atual, além de nada informar, ao inverso, obj etiva ideologizar e tratar o povo como animais que devem ser domesticados; com raras exceções, seus articulistas são mercenários que servem aos patrões como arautos de falsidades sob aparências de bem. Também, praticamente, se alugaram pró- ideologias marx istas bem remuneradas para disseminarem o erro - como na prostituição se aluga o corpo - e na contrapartida, atacar como possa a Igreja Católi ca, levantando con tra Ela toda sorte de ca lúni as e fa lsas atr ibuições, como into lerante e discrim inadora de minori as. Ass im , jornais em geral, salvas raras exceções, da mídia profana, são confiáveis, mesmo alguns que se dizem católicos atendem a ideologias, como as da Editora Paulus, com seus livros, fo lhetos domi nicais, O DOMINGO, como em certas preces comunitárias, contendo sociali smo, fra ternalismo e outros similares. Mesmo as redes de TV atuais, não passariam de canais de esgoto a céu aberto, como a boemi a em seu lar. (R.C. -
FRASES SELECIONADAS "A polidez é o ritual da sociedaáe, assim como a oração o é iía Igreja:''
,
(Mcicü:iw..e cte s tcieL)
"A corte é como um edifício cfe mánnore, quero dizer que efu é composta cfe homens muito duros, mas muito poliáos" (R.ClúV\,e)
A pontualicfaáe é a polidez dos reis"
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(LlÚS XVIII)
A polidez nada custa e tudo compra:''
11
(MoV\,tcigu)
RJ)
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É LUIZ YILLAC
pítulo 12, que contêm os ponto sobre os quais o mi ss ivista Pergunta -Gostaria que o Senhor me explicasse o capítulo 12 do livro do Apocalipse, porque este trecho das Sagradas Escrituras sempre me deixa confuso. Alguns exegetas o interpretam como sendo Maria, Mãe de Cristo, e outros o definem como sendo o povo de Deus. Ademais, dá a entender que existem dois sentidos para a mulher ali descrita (versículo 1, em comparação com os demais). Antecipo agradecimentos!
Resposta - O le ito r se mani fes ta surpreso com os di versos sentidos do trecho do A pocalipse por e le menc io nado, mas a riqueza da Sagrada Escritura é essa mesma: por vezes, múltipl as interpretações que não se contradi zem, ma , pe lo contrári o, se somam! E, adema is, o Espíri to Santo se va le dessa riqueza de entidos para fa lar no interio r das almas e movê-las no ca minho da fé e do amor de Deus, segundo a via peculi ar de cada um . É claro que nem sempre os exegetas se põem de ac rdo com a interpretação a ser dada a certas passagens bíbli cas, e a Sa nta lgreja de ixa a questão em aberto, desde que isso não implique em algum erro de do utrina. O que va le para a Sagrada Escri tura em gera l, va le es pecia lmente para o A poca lipse, pois é sabidamente um li vro sobre o qual, no seu significado ma is profu ndo, os exegetas ainda hoje se debruçam em busca de uma interpretação qu e alcance uma aceitação maj oritária. Ass im, pa ra ori enta r o mi ss ivista em sua le itura, vamos segui r os comentários do vo lume VH da Bíblia Comentada publi cada pe la Bibli oteca de A uto res C ri stia no s (BA C, Madrid , 1965), que conté m as chamadas Ep ísto las Cató li cas (as de Santiago, São Pedro, São João e São Judas) e mai s o li vro do Apoca lipse. O autor dos comentários desse vo lume é o Pe. João Salguero O .P., professor de Sagrada Escritu ra na U ni versidade Pontificia de Sa nto Tomás de Roma.
Umf! das ceJ1as mais gr al1diosas do Apocalipse O Pe. Sa lguero inicia seus comentários com uma ob ervação que mostra toda a im portânc ia do trec ho em questão: " O capitulo 12 abre a última secção do Livro à maneira de um g randioso prefá cio. N ele, São Joãó nos mostrará que é o ódio de Satanás a causa principal das perseguições que o Império ·Romano havia desencadeado contra a Igreja e seus fieis. Tocamos aqui o ponto culminante do Apocalipse, p ois o capítulo 12 é central neste li vro sagrado. Contém uma das cenas mais g ran<liosas do Ap ocalipse, e prepara com algumas pinceladas as.figuras principais que desempenharão pap el de p rimeira ordem na última secção do L ivro" (op. cit. , p. 425). Comecemos por ver os primeiros seis versícu los do Ca-
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CATO LI CIS MO
pede esclarec imentos: 111 D epois apareceu no céu um grande sinal: Uma Mulher vestida de sol, e a lua debaix o de ·eus pés, uma coroa de doze estrelas sobre a sua cabeça; 121 e, estando gr ívida, clamava como parturiente sofrendo as dores do parto. [3] E foi visto outro sinal no céu: era um grande dragão vermelho, que tinha sete cabeças e dez chifres, e nas suas cabeças sete diademas~· (41 e com sua cauda arrasta a terça parte das estrelas do céu, p recip itando- 1s na terra; e o dragão se pôs ostensivamente diante da mulher que estava para dar à luz, a fim de devorar o seu.filho logo que ela o tivesse dado à luz. [S) E [a Mulher] deu à luz um.filho varão, que havia de reger todas as gentes com vara de f erro; e o seufiJho foi arrebatado para Deus e para o seu trono, [6) e a Mulherfugiu para o deserto, onde havia um retiro que Deus lhe tinha preparado, para ai a sustentarem durante mil e duzentos e sessenta dias . Comenta o Pe. Sa lguero: " O resplendor da Mulher; vestida de sol, p õe em relevo a sua grandeza e glória extraordinárias. Este simbolismo era conhecido dos judeus, os quais se servem da imagem da luz para exprimir a glória de D eus, e até empr gam por vezes ornamentos estelares para a representação ,1orificada de grandes p ersonagens ou de sublimes realidades. / ... / As doze estrelas designam muito provavelmente as doze tribos de Israel. N isto concordam hoje em dia quase todos os autores. Mas também p oderiam designar os dozes apó tolos" (o p. c it. , p. 426). O leito r vê como aparecem aqui opi niões d istintas a res pe ito da inte rpretação de determinado simbo li smo. Prossegue nosso comentari sta: "Não obstante a glória celeste que circunda esta Mulher extraordinária, São João nó-la apresenta clamando como parturiente, e sofrendo com as dores do parto. Estes detalhes dados pelo autor sagrado são de capital importância para individualizar a misteriosa Mulhe1'. [ .. .} A resposta mais s imples seria afirmar que essa Mulher é Maria, a Mãe de Jesus, j á que no v. 5 se diz com bastante clareza que deu à luz o Messias. Mas há várias razões que parecem opor-se poderosamente a esta solução. Em primeiro lugar se diz que a Mulher sofria com as dores do parto. Ora, a tradição en ina unanimemente que a Santíssima Virgem deu à luz Jesus de uma maneira virg inal e sem do1'. [ .. .} Estas razões tão e videntes obrigaram os intérpretes, há muito tempo, a procurar outra solução. Uns veem na Mu lher o símbolo de Israel; para outros seria afigura da Igreja. E não falta m os que veem simbolizada nela, de alguma maneira, a Santíssima Virgem " (op. c it. , pp. 426-427). O le ito r vê como vão s urgindo ass im as di versas in te rpretações, que afi nal não se exc lue m. É o que, a seguir, pondera o Pe. Salguero. E le observa que, como a Mulher fu g iu para o deserto, onde fo i alimentada por Deus, assim ta mbém o povo de ls rael fug iu para o deserto onde fo i alimentado pelo maná que caía do Céu. E concl ui : "Deste
paralelo evidente parece seguir-se que a Mulher do Apocalipse rep resenta o povo de Deus person[ficado. Mas, que povo é este? É por acaso o Israel da Antiga A fiança, ou antes o novo Israel, isto é, a igreja de Cristo? Cremos que a mulher do nosso texto simboliza em primeiro lugar o Israel do Antigo Testamento, do qual nasceu Jesus Cristo segundo a carne. E em segundo lugar representa o novo Israel, ou seja, a Igreja, que será o alvo de todos os ataques do Dragão " (op. cit. , p. 427).
A compaixão de Maria Sa11tíssima "Tudo isto e muito mais sabia São João - conclu i o Pe. Sa lguero . Por isso, é muito possível que o vidente de Patmos [São João] aluda de algum modo, nesta visão do Ap. I 2, à Santíssima Virgem Maria. Ele, que conhecia Maria, a Mãe de Jesus; que a havia recebido como sua Mãe no Calvário, que havia cumprido com Ela os deveres de um bom filho, não podia senão pensar nela quando nos fa la do nascimento do Messias. A liturgia da Ig reja também entende esta visão como sendo da Virgem Maria. A esta aplicaçcio não se opõe o fato de que em nosso texto se fa le das dores do parto da Mulhe,;já que isto se poderia entender da compaix ão tle M aria. Nestes últimos tempos se tem escrito muito sobre o sentido mariano desta visão do Apocalipse. Os def ensores do sentido mariológ ico veem na descendência da Mu lher do v. I 7 significada a maternidade espiritual de Maria, que também gera os que creem em J esus" (op. cit. , pp. 429-430). O versícul o l 7, re fe ri do neste trecho, di z preci sa mente: "E o dragão irou-se contra a Mulher; e f oifazer guerra aos outros seus .filho s que g uardam os mandamentos de Deus, e aceitam o testemunho de Jesus ". Este versícul o se refere, portanto, a todos os d isc ípul os de
C ri sto - fi lhos de Maria - que fora m objeto da ira do dragão ao longo dos sécul os passados, no presente sécul o, e o serão nos séc ul os fut uros, até o fim do mundo. Fo i por e les qu e a Mulher do Apoca li pse sofreu as dores do parto: que marav ilha, que grandeza, que responsabilidade !
M archa de rnquinte em rnquinte Q ue responsabilidade ! Com e fe ito, as investidas do dragão, de sécul o em sécul o, não se limi ta m a repeti r a fo rça e a ma lícia das in vestidas anteriores. PIinio Corrêa de O li ve ira mostrou, em sua obra mestra Re volução e Contra- Re vo lução , qu e os assa ltos desencadeados pe lo demônio contra a c ivilização cri stã vão se retroa lime ntand o pe lo im pulso das pa ixões desordenadas, num crescendo aná logo ao que prod uz a ace leração na le i da grav idade (op. cit. , Parte 1, Cap. Vl, nº 3). Mas essa marc ha do mal de requin te em req uinte susc ita, da parte de Deus, um requin te de graças com que ele corro bora os bons. Por isso, São L uís Maria Grignion de Montfort, nu ma célebre visão profética, anunciou que a etapa revolucionária q ue estamos v ive ndo postul a um requin te de graças que desfec hará no Reino de Mari a (cfr. Tratado da Verdadeira Devoção, nº 2 17). Essa a fe ição que o capítul o 12 do A poca lipse tomará nos nossos d ias, co nfir mada por Maria Sa ntíssima em Fátima, cerca de cem anos atrás: "Por fim " - isto é, depo is de grandes ate ntados contra a lg reja e a civili zação cri stã e perseguições aos bons cató licos
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"o meu Imaculado Coração triunfará!" • E-mail para o autor: catolicismo@terra.com.br
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A REALIDADE CONCISAMENTE
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Militantes anarquistas e LGBT atacam católicos na Itália
entenas de católicos que se manifestava m em si lêncio em prol da fa mília foram agredidos verbal e fis icamente por militantes da agenda LGBT e agitadores anarquistas em Bolonha, Turim, Gênova, Aosta e Rovereto. Estas cidades ita li anas fig uraram entre as 100, nas quais cató licos se manifestavam, segundo o método dos "Sentinelas de pé", popularizado na França na onda das "Mani f pour tous" contra o "casamento" homossexual e a agenda sociali sta pró-LGBT. Em Rovereto, militantes LGBT e anarqu istas os atacaram a socos e pontapés, ferindo o Pe. Matteo Graziola. Toni Brandi , um dos organizadores do movimento, afirmou que. os LGBT estão cada vez mais agressivos: "Eles nos ameaçam, nos atacam, nós não reagimos, a polícia nada.faz durante os ataques. Mas imagine se um de nós fizer algum mal a uma lésbica, ele seria imediatamente preso". Brandi comento u ainda: "Esses grupos são ricos, têm as costas bem quentes, sólidos suportes no governo, na União Europeia e no Conselho da Europa". Porém, os " Sentinelas" não arrefecem. As provocações reforçam neles a certeza de que estão defendendo direitos realmente importantes . •
Astúcia de ex-coronel da KGB e ingenuidade (?) de um prelado " p aris vale uma árvore de Natal". Ass im como o rei Henrique IV, tentando justifica r sua controverti da conversão ao cato li cismo, afirmou que "Paris valia uma Missa", o chefe do Kremlin e ex-agente da KGB poderia parafraseá- lo, dizendo: "Paris va le uma árvore de Nata l". Com efeito, em sua sutil ofensiva visando angari ar novos "compa nh e iros de viagem" para restaurar o poder da antiga URSS, Putin ofereceu ao arcebispado de Paris no último Natal o grande pi nheiro que cos tumeiramente se co loca di ante da Catedral de Notre-Dame. O arcebispado procurava doadores, mas apesar de não faltarem ofertas, preferiu o "presente" das mãos do embaixador russo em Paris. Os j orn ais pari sienses anunciaram a surpreendente escolha num momento em que as tensões entre a OTAN e Moscou envolvem o governo socialista da França. U ma placa propagandística pró-Rúss ia fo i colocada ao pé do pinheiro e, na inauguração, a embaixada russa convocou os jornali stas acred itados na capital fra ncesa a fi m de garantir o "golpe midiático" do chefe de governo moscov ita. •
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CATOLI C ISMO
Reforma Agrária degradou 40% das terras chinesas pós décadas de Reforma Agrária, mais de 40% das terras aráveis chinesas estão degradadas. Nas refi nadas cerâmicas e pintu ras antigas se pode admi rar a vida agríco la chinesa de sécul os passados: farta e poética, um povo trabalhador, bem alimentado, rico, contente e contemplativo. Que feitiço arraso u essa situação? A terra negra e fértil da prov íncia de Heilongj iang diminuiu em extensão e as terras do sul estão acidificadas, diz o Ministério daAgricul tura. A China deve alimentar 1,4 bilhão de habitantes. E possui para isso uma superficie de propo rção continental, irrigada por alguns dos maiores rios do mundo, com imensa variedade de cl imas. E, no entanto, para sobrev iver ela importa mac içamente alimentos e matérias-primas. E is aí mais um "mil agre" da Refo rma Agrá ri a soc ialista ... •
A
Sofrimento de mulheres sequestradas em nome do Alcorão ma centena de moças nigeri anas sequestradas fug iu dos fa náticosjihadistas e descreveram os tormentos de que fora m obj eto. Aplicando o Alcorão, os islamitas as submeteram a trabalhos degradantes, estup ros, torturas, abuso psico lógico e " matrimôni o fo rçado", além de obrigá-las a se " converterem" pela força ao Is lã. Os sequestradores do grupo Boko Haram usaram as adolescentes como " bucha de canhão". Uma jovem recebeu ordem de dego lar um prisioneiro . "Eu não pude fazê-lo. Então a mulher do chef e do acampamento pegou a.faca e o matou ", acrescento u. Outra fo i sendo enforcada com uma corda até se "converter" ao Islã. Uma moça de 15 anos alegou ser jovem demais para casar, e um dos comandantes lhe respondeu que sua fil ha de cinco anos fora desposada no ano anterior. Elas sofreram porq ue eram cristãs. Ta is abom inações, infe lizmente, não despertaram no Oc idente a rejeição vigorosa e proporcionada que seria j usto esperar de cató licos, espec ialmente de autoridades eclesiásticas. •
U
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Muro invisível 11 protege a Terra contra radiação letal
escoberta surpreendente e não explicada até agora, fe ita por duas sondas da NASA que detectaram um campo de fo rça invisível e impenetráve l, a cerca de 11 mil km da superfície da Terra, que a protege de doses letais de radi ação so lar. Caso essas rad iações atingissem regularmente a superficie da Terra, inviab ili zari am a vida, a lém de "fritar" os c ircuitos eletrôni cos. A descoberta confirma mais uma vez a ordem profunda ex istente na natureza. E põe também e m ev idê ncia os sapienciais mecanismos que reconstituem essa ordem quando perturbada por fato res adversos. A mão de Deus nos protege ainda qu a ndo nós , pobres hum anos , ma l temos ideia de quanto ela está agindo! •
D
700 médicos cubanos fugiram da Venezuela em 2013 ditadura, a crise econômica e a insegurança na Venezuela fo ra m determinantes para que méd icos cubanos abandonasse m seu trabalho (escravo) e fug issem para os EUA. As fugas duplicaram no último ano, ati ngindo o número de 700. Segundo Solidariedade Sem Fronteiras (SSF), de Miami , do total de cinco mil pessoas aco lhi das por ela, 2.637 são médi cos que fug iram do estado de escrav idão cubana. Fa lando em nome da SSF, Jú lio César A lfonso disse que e m nenhum lugar a situação é tão ruim como na Venezuela: "Nos últimos anos, quase 70 deles morreram na Venezuela. E a deserção vem crescendo também em países como Bolívia, Nicarágua e alguns da Áji-ica ". F icamos aguardando melhores info rmações sobre o Brasil... •
A
Vertiginosa melhoria econômica dos 11 extremamente pobres11 m re latório do Banco Mundi al informa que a população da Terra em estado de pobreza extrema caiu mais da metade nos últi mos 30 anos. A percentagem mun dial dessa fa ixa era de 34,6% em 1990, tendo ca ído para 14,5% em 20 11 . Esquerdistas costumam espa lhar o mantra de que a ma ior parte da humanidade geme sob o j ugo de um "liberalismo selvagem " que "joga os povos na.fome, destrói o planeta e aumenta as desigualdades". Mas fo i precisamente sob esse regime econômico que se verifico u a maior redução da pobreza na H istóri a da hu man idade, comento u iro ni ca mente o jornal ita li ano " II Fogli o", di rigido por Giuli ano Ferrara, um ex-comuni sta "agred ido pela realidade" . Demagogos leigos ou ec les iásticos, não raramente ocupando altos cargos em instit11 ições tanto temporais quanto ecles iais, atri buem fa lsamente à prop riedade privada e à li vre iniciativa, fu ndamentos do regime cap italista, as piores ca lam idades que afli gem a humanidade. •
U
Crimes do islamismo , ante o relativismo ocidental " º Estado Islâmico continuará se estendendo por todos os cantos da Terra ", garante o último número da
revista "Dabiq", dos fiéis seguidores do Alcorão. "A bandeira do califado ondeará sobre Jerusalém e Roma, erradicando as sociedades ímpias que não fazem da religião do Alcorão o centro de sua vida ",
acrescenta . Com crimes cruéis e generalizados - execuções coletivas sumárias, decapitações, crucifixões e mutilações contra populações indefesas , os islamitas demostraram o que entendem por esse palavreado. Porém , alguns teólogos e eclesiásticos, interpretando benignamente o Alcorão , pregam um diálogo com o Islã. Abrem , assim , as portas do Ocidente , dizendo que o deus (Alá) - em nome do qual esses crimes são praticados - é o mesmo Deus dos cristãos, Nosso Senhor Jesus Cristo, o Redentor da humanidade que morreu na Cruz para nos remir, fundar a Igreja e inspirar a civil ização cristã.
Número de cristãos na China supera o dos filiados ao PC governo comun ista da Ch ina , numa fúria mais recente contra os cristãos, ve m de rrubando igrejas, prendendo bispos e líderes "clandestinos" católicos. A causa mais dinâ mica dessa explosão de ódio é o rá pido crescimento dos cristãos. Hoje eles seriam por volta de 100 milhões . Só os católicos perfazem cerca de 12 milhões. Os 86,7 milhões de adeptos da "fé" socialista, inscritos no Partido Comunista, já são menos numerosos do que os seguidores de Cristo. Os ditadores marxistas desejam que o povo só acredite no "deus-Partido" e em suas "encarnações": líderes ideológicos e corruptos. São Francisco Xavier, no século XVI , morreu olhando para a China, sem poder chegar ao seu território. Mas Deus escre ve certo por linhas tortas: certamente o sacrifício desse s a nto e extrao rdinário missionário jesuíta pod e estar sendo premiado em nosso século, em circunstâncias que ele, em vida , não pod e ria imag inar.
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FEV EREIRO 2015 . . . .
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1NTERNACIONAL
A' extrema gravidade do perigo islâmico E nquanto o Ocidente, indolente frente ao perigo, abre as portas para o mundo maometano, o terrorismo ataca-o e planeja dominá-lo, ao mesmo tempo em que os cristãos são massacrados no Oriente 1 PAULO ROBERTO CAMPOS
mundo inteiro encontra-se chocado com o atentado praticado pelo terrorismo islâmico em Paris no dia 7 de janeiro último , quando dois muçulmanos fortemente armados executaram 12 pessoas, a maioria delas colaboradores do semanário satírico francês "Charlie Hebdo" - um pasquim ateu, que calunia inclusive Igreja Católica, muitas vezes lançando contra ela as mais chulas e obsce-
O
CATOLICISMO
nas blasfêmias. Por isso mesmo, ao contrário do que incontáveis pessoas bradaram, cada católico poderia dize r: "Je ne suis pas Charlie ". Esse atentado foi considerado o mais grave ocorrido nos últimos 50 anos na França. Ao se retirarem , os terroristas abateram covardemente um policial à queima-roupa - sem saberem, aliás, qu e o mesmo era de origem muçulman a ... - , e ainda gritaram: "A llahu Akbar!" (Alá é Grande!). Nesse mesmo dia, ainda na capi-
tal francesa, outro terrorista islâmico assassinou uma policial e feriu outro militar. Esse mesmo homem invadiu no dia seguinte um supermercado judeu e matou quatro pessoas. Mas acabou sendo morto pela polícia, sorte reservada também aos dois terroristas precedentes.
Portas abertas para terrol'istas maometanos É compreensível que esses crimes brutais choquem a opinião pública mundial - sobretudo a francesa e a do mundo ocidental ex-cristão. O que não se compreende é a longa atonia dessas opiniões públicas diante da grave ameaça islâmica. Atentados do gênero eram previsíveis, uma vez que muitas nações oc identais, em particular as europeias, escancaram indiscriminadamente suas portas à imigração, facilitando assim a entrada de fanáticos seguidores de Maomé. Nos tempos atuais, chegam-nos todos os dias ao conhecimento notícias de cristãos que são perseguidos cruelmente, martirizados e degolados no mundo maometano; que têm suas · filhas estupradas, vendidas co mo escravas sexuais, e suas moradias destruídas. Chegam-nos também
com frequência notícias dramáticas de imagens sacrossantas profanadas, bíblias queimadas e igrejas católicas incendiadas por bárbaros islamitas radicais. Em certos países muçulmanos que seguem a Sharia (lei islâmica) não é permitido sequer ostentar qualquer símbolo católico, como, por exemplo, uma correntinha com a cruz ao pescoço, a medalha de Nossa Senhora ou de algum santo. E nquanto muçulmanos agem 13" 6'33.77"N, l 3"52'3 1.98"E assim em seus países em relação aos cristãos, por que nos países ocidentais se permite que eles possam usar e abusar de todos os direitos e desfrutar de toda liberdade, inclusive a de construir mesquitas ou "centros cultmais", que frequentemente são lugares para formação de terroristas? Sim, porque neles se ensina o Alcorão, o qual pre- Js ga o ódio implacável ao cristianis1110. 6 ~ Se não há reciprocidade da parte ~' deles, por que então lhes abrir de par (Q)o em par as pottas? Será que não se per- if 13" 6'33.77"N, 13"52'3-1.98"E cebe a gravidade do perigo islâmico? Não se avalia o quanto tal abertura, em nome do relativismo e de um órgão oficioso da arquidiocese de São ecumenismo irenista, representa de Paulo. Seu título: "Maomé renasce". terrível ameaça? Este artigo já estava concluído Alerta ignorado e recnulesciquando tomamos conhecimento de mento do perigo islâmico um massacre bem maior do que Plínio Corrêa de Oliveira previu o perpetrado em Paris no dia 7 de com muita antecedência a ameaça janeiro. Na mesma semana, os termaometana, tendo feito diversas adverroristas do grupo islâmico BokoHatências nesse sentido. Como seria diferam assassinaram aproximadamente rente a situação atual se·as autoridades duas mil pessoas em Baga, cidade civis e religiosas da época em que elas estratégica situada ao nordeste da foram publicadas tivessem levado em Nigéria (África), a maioria delas consideração os aleitas desse eminente crianças, mulheres e idosos que líder católico brasile iro! Entretanto, não conseguiram fugir. Conforme tragicamente, tais autoridades preferiinformou à BBC o chefe do governo ram ignorá-las ... local, Musa Alhaji Bukar Kukawa, A título de exemplo, transcreveparte da cidade foi incendiada nesse mos (quadro à página 25) alguns ataque, obrigando milhares de pestrechos de um desses alertas, publisoas a se evadirem, tendo muitas cado em 15 de junho de 194 7 nas delas se afogado ao tentarem cruzar páginas do semanário "Legionário", o lago Chade. 1
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Imagens de satélite revelam a dimensão dos ataques em Baga, Nigéria. A cidade antes (imagem superior, no dia 2 de janeiro); e depois da invasão (imagem inferior, no dia 7 de janeiro) dos jihadistas do grupo islâmico Boko Haram.
Cl'istãos martirizados
no mundo muçulmano Relata o jornal português "Observador" ( edição on-line de 10-1-15):
"Desde o fim do ano, mais de 1Omil pessoas abandonaram a região com medo da chegada dos terroristas". "A carn(flcina humana levada a cabo pelos.fundamentalistas do Boko Haram em Baga é enorme", declarou à AFP Muhammad Abba Gava, porta-voz dos combatentes civis que tentam frear o avanço dos terroristas do Boko Haram (nome que, na língua local , significa "educação não islâmica é pecado"). Eles tentam
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implantar a qualquer cu:,to um Califado na região, nos mesmos moldes dos jihadistas do Estado Islâmico que guerrilham no Iraque e na Síria. Neste sentido, a agência vaticana FIDES alertou: "A crise no nordeste da Nigéria está se estendendo cada vez mais aos países vizinhos, com ameaças, como as de um vídeo atribuído ao líder do Boko Haram, Aboubakar Shekau, contra o Presidente dos Camarões, Paul Biya ". No vídeo ele ameaçou "aumentar a violência nos Camarões se o país não abolir a Constituição e adotar a lei do Islã" (cfr. ACI, 10-1-15). Segundo nota distribuída pela "Agência Ecclesia" (12-1-15), "cerca de mil igrejas cristãs na Nigéria foram destruídas nos últimos quatro anos". De acordo com o Pe. Obasogie, "só entre os meses de agosto e outubro de 2014,foram saqueadas e incendiadas naquele território pelo menos 185 igrejas ". O mesmo sacerdote avalia que "190 mil pessoas tiveram que fugir de suas casas para escaparem à morte e muitas outras já perderam a vida".
Em entrevista concedida em 12 de janeiro último ao programa Newsday da BBC, o arcebispo da cidade de Jos, Dom lgnatius Kaigama, deplorou que o massacre em Baga "é uma tragédia monumental. Deixou todos na Nigéria muito tristes. Mas parece que estamos desamparados". Sua lamentação referia-se à falta de apoio internacional para conter essas atrocidades. Prolongada indolê11eia do mundo ocidental ex-cristão
Logo após os atentados islâmicos em Paris, realizaram-se grandes manifestações em toda a França, e também em outros países. No entanto, para citar apenas o recente massacre em Baga, cabe perguntar: onde ocorreram manifestações públicas de protesto contra a carnificina cometida pelo terror islâmico nessa cidade nigeriana? Em que lugar do mundo algum órgão da mídia com suas vistosas manchetes denunciou o espantoso homicídio coletivo? E quais autoridades mundiais lamentaram esse crime brutal?
Após o ataque de Boko Haram contra a populac;ão de Baga, o clima é de desamparo e devastac;ão
Em 17 de dezembro passado (dia do aniversário do Papa Francisco), centenas de dançarinos de tango bailaram nas proximidades da Basílica de São Pedro. A esse respeito, o historiador italiano Roberto de Mattei escreveu em artigo para o diário milanês "II Foglio", em 3-1-15: "Provavelmente os historiadores de amanhã se lembrarão que em 2014, na Praça de São Pedro, dançava-se tango enquanto os cristãos eram massacrados no Oriente e a Igreja estava à beira de um cisma. Essa atmosfera de leveza e de inconsciência não é nova na História. Em Cartago, recorda Salviano de Marselha, dançava-se e banqueteava-se na véspera da invasão dos Vândalos. E em São Petersburgo - de acordo com o testemunho do jornalista americano John Reed - , enquanto os bolcheviques se apoderavam do poder, os teatros e restaurantes continuavam lotados. O Senhor, como diz a Escritura, cega aqueles que Ele quer perder (Jo 2, 27-41) ". • E- ma il para o autor: catoli c ismo@ terra .com.br
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Maomé renasce n
PuN10 C oRRÊA DE OuvE1RA
"Legionário", 15-6-1947
"Quando estudamos a triste história da queda do Império Romano do Ocidente, custa-nos compreender a curteza de vistas, a displicência e a tranquilidade dos romanos diante do perigo que se avolumava [.. .]. Desta ilusão, vivemos ainda hoje. E, como os romanos, não percebemos que fenômenos novos e extremamente graves se passam nas terras do Corão. Falar na possibilidade da ressurreição do mundo maometano pareceria algo de tão irrealizável e anacrônico quanto o retorno aos trajes, aos métodos de guerra e ao mapa político da Idade Média[ ... ]. Todas estas nações [maometanas] - estas potências, podemos dizer - se sentem orgulhosas de seu passado, de suas tradições, de sua cultura, e desejam conservá-las com afinco. Ao mesmo tempo, mostram-se ufanas de suas riquezas nanuais, de suas possibilidades políticas e militares e do progresso financeiro que estão alcançando. .
Dia a dia elas se enriquecem [... ]. Nas suas arcas, o ouro [adquirido pelo alto valor do petróleo] se vai acumulando. Ouro significa possibilidade de comprar armamentos. E armamentos significam prestígio mundial [... ]. Tudo isto transformou o mundo islâmico, e determinou em todos os povos maometanos, da Índia ao Marrocos, um estremecimento [... ]. O nervo vital do islamismo revive em todos estes povos, fazendo renascer neles o gosto pela vitória. A Liga Árabe, uma confederação vastíssima de povos muçulmanos, une todo o mundo maometano. É, às avessas, o que foi na Idade Média a Cristandade. A Liga Árabe age como um vasto bloco, perante as nações não árabes, e fomenta por todo o norte da África a insurreição [...]. Será preciso ter muito talento, muita perspicácia, informações excepcionalmente boas, para perceber o que significa este perigo?" f,f, /'
Em Londres, manlfestac;ão de muc;ulmanos na ~ov WI LL qual propugnam, entre outros absurdos, o que · consta em seus cartazes: "Massacre aqueles que insultam o Islã" ("Massacre those who insult ~ lslam"); "Degole aqueles que insultam o Islã" ("Behead those who lnsult lslam"); "Aniquile lN TH aqueles que insultam o Islã" ("Annlhilate those Jf\ who insult lslam").
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Seminário de católicos progressistas manifesta desalento n RAFAEL N oGuE1RA
ealizou-se nos dias lO e 11 de dezembro último, no Hotel Nacional em Brasília, um seminário promovido principalmente pela CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil), intitulado "Questão Agrária e Desigualdades". Foram dois dias de palestras e "debates", denominados "painéis". O público, constituído por cerca de 80 pessoas entre 30 e 50 anos, era preponderantemente formado por integrantes de movimentos de esquerda : MST, CPT, CUT, Via Campesina etc. Participaram também do evento alguns estudantes universitários, bem como funcionários públicos do JNCRA e de ministérios. Entre os participantes, uns eram de viés claramente esquerdista, enquanto outros, mais idosos, podiam ser qualificados como de tendência comunista clássica, ultrapassada. O seminário refletiu os sintomas que se podem notar na opinião pública em âmbito universal: de um lado, a atual onda conservadora no País e no mundo; e, de outro, a dificuldade encontrada pelos movimentos esquerdistas para implantar a Reforma Agrária e as reformas de base em geral. Um aspecto importante, e bastante frisado no seminário, foi o reconhecimento do papel exercido pelos prelados católicos como grandes impulsionadores da luta de classes no Brasil. A nota geral do evento foi de que a esquerda está perdendo terreno , não está conseguindo implantar a Reforma Agrária, sendo- lhe necessário reacender o entusiasmo revolucionário. Todos os esquerdistas presentes manifestaram grande esperança na atuação do Papa Francisco.
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Seguem os aspectos essenciais do primeiro painel , o mais importante do simpósio. Os demais painéis repetiram, em essência, as doutrinas e as propostas de caráter prático enunciadas no primeiro.
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está sendo conduzida é imoral e uma das principais causas da violência contra camponeses, índios, quilombolas, ribeirinhos etc. Ele c itou o Papa Francisco "em defesa dos pobres", estabelecendo uma ligação com a defesa da natureza. Na década de 1980, a CNBB deu a público um documento favoráve l à Reforma Agrária, intitulado "Igreja e Problema da Terra" (]PT), após o qual não se verificaram grandes progressos nesse sentido. 1 Prosseguindo, D. Werlang disse que em maio de 2014 a CNBB deu um passo importantíssimo, publicando o documento " A Igreja e a questão agrária brasileira no início do Sécu lo XXI". Mas ele não o tem como idea l, pois acha muito difícil a CNBB aprovar um documento dessa natureza, devido a discordâncias internas. Entretanto, foi o que conseguiu aprovar, sendo satisfatório em linhas gerais. O prelado aproveitou para e logiar o recente encontro do Papa Francisco com os "movi mentos sociais", realizado em Roma em outubro passado, que teri a sido "algo profético". C itou também o fato de a CNBB ter lançado recentemente, pela primeira vez, um documento sobre a questão quilombola. Visão de um agitador social marxista
Palal'l·as de um prelaclo progrnssista
Inicialmente fa lou , representando a CNBB, D . Guilherme Werlang (foto acima), bispo de lpameri (GO) . Ele discursou de forma tranquila, utilizando jargões esquerdistas batidos e muitas vezes desconexos. Censurou o fato de a Reforma Agrária ter estado fora dos debates durante a última campanha eleitoral. A luta pela Reforma Agrária no Brasi l, segundo ele, iniciou-se com o descobrimento do País pelos portug ueses ... Para D. Werlang, seria preciso então mudar "radicalmente o atual modelo" de Reforma Agrária. Depois de lamentar o fracasso dessa luta até agora, afirmou que, para nossos dias, não basta uma Reforma Agrária cheia de remendos. É preciso impor uma que seja popular e radical. Na visão de D. Guilherme, a questão agrária como
O segundo orador foi João Pedro Stéd ile, líder do MST. Sua oratória foi a que mais revelou candência revolucionário-comunista. Ele começou em tom tran quilo, mas foi depois se tornando virul ento, causando vibração no pequeno audi tório. De início, lamentou o ambiente " burguês" do local da reunião, o Hotel Nacional. Teria preferido que o seminário se realizasse na sede da CNBB , ou num local "mais do povo". Seu discurso, de teor comunista, propugnou a luta de classes, vituperando o capita li smo e o "império", e lamentando que os coniunistas de hoje não são mais como os de tempos passados. Enquanto classe, Stédile lamentou que os movimentos esquerdistas não conseguem mais atuar na sociedade. A última greve geral ocorreu em 1988. Segundo e le, a Reforma Agrária c lássica é inviável em nossos dias. Atualmente, é necessário unir forças para impor um a Reforma Ag rária " radical e popular". E não ficar só no campo, mas partir para a cidade, com as reformas urbana e industrial ; não se restringir aos camponeses, mas estender a atuação junto aos índios, quilombolas, pescadores etc. Afirmou que hoje o "capital" domina tudo : escolas,
mídia, judiciário. E, manifestando irritação, observou que agora até o PT é pelo agronegócio : o "capital compra até comun ista". Insistiu em que a Reforma Agrária c láss ica está inviabilizada e que "só com os camponeses e la não vai". É preciso uma Reforma Agrária "popu lar, sem a burguesia", englobando também a questão ecológica. Para Stédile, há diversas contradições no atual modelo do agronegóc io: a ausência da preocupação ecológica, por exemp lo. E, conforme "o ve lho Marx nos ensina", sentenciou que as contradições vão gerar a próxima ruína do agronegócio. U ma frase revela bem o seu desânimo: "Nosso time
está fi'aco ". Ele se referiu à Igreja (à sua a la progressista natura lmente, que distorce a sua doutrina tradicional em benefício do socialismo e do comunismo), falando que e la desempenha papel primordial na luta de c lasses, devendo para isso orientar e expor a doutrina, cabendo aos leigos co locá-la em prática. Stédile disse ainda que a Igreja hoje tem-se recuperado , co locando-se na vanguarda da luta de c lasses no Brasil, sobretudo com o último documento da CNBB, de maio de 2014 (o mesmo citado por D. Werlang). "Le iam este documento para irem para o Céu!" - exortou em tom de gracejo. Por fim , manifestou-se contentíssimo com o Papa Bergoglio: "O Papa Francisco é um homem revolu-
cionário, corajoso, tem dignidade e está do lado dos pobres. Ele acabou com essa história de beijar a mão e coisas do gênero ". Lamúl'ias de
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político, católico 111·ogrnssista
Por último fa lou Gi lberto Carva lho, ainda como ministro e, portanto, representante do governo federal. Com tom tranquilo de voz, no estilo característico dos políticos profissionais, e le tentou explicar a dificuldade da presidente Dilma em avançar rumo à esquerda, devido a contínuas pressões da d ireita e de setores conservadores. Constatou que a bancada ruralista está crescendo cada vez mais. Em sua apreciação, o modelo do governo brasileiro é no fundo o da e lite, a cultu ra estabe lecida é a da e lite. Por tudo isso, é muito difícil fazer valer as políticas que favoreçam o povo. Carva lh o observou que houve uma grande reação quando a presidente Oi lma tentou aprovar a lei dos Conselhos Populares. E, entretanto, ele considera aquele projeto muito aquém do que a esq uerda queria. Bem enfronhado nos meios eclesiásticos, o ministro
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tentou demonstrar qu .. o Papa Francisco seria "uma primavera nova", sem proporções com o passado. Mas reconheceu que, infelizmente, as dioceses e paróquias ainda não o estão entendendo. Portanto, avaliava que ainda iria demorar um pouco para se obter o desejado. Lembrou que houve no passado outra "primavera": a da CPT, das CEBs etc. Os movimentos de base foram "fecundados" pela Hierarquia eclesiástica. Então, o Vaticano "nos enquadrou e depois nos sufocou". Mas atualmente o Papa Francisco está voltando atrás. Defendeu a reforma do Estado e observou que o governo Dilma só não a realizou devido à pressão da direita. Insistiu na necessidade de união, como também de pressão sobre o governo. "Não se pode deixar só os conservadores avançarem ", enfatizou. Carvalho explicou que outrora era uma vergonha ser de direita. Hoje, entretanto, a coisa se inverteu e ficou honroso ser conservador, ser de direita: é "moderno" e "chique". Disse que é preciso colocar de lado as diferenças internas e mobilizar os movimentos sociais. Para ele, a Igreja, as comunidades etc. desempenham papel de grande importância nesse processo.
e constrangedora para os defensores do progressismo católico: "Se você vai num seminário ou convento conservador, está cheio de vocações. 70 a 80% das vocações provêm do conservadorismo". Segundo o bispo, é necessário trabalhar na formação dos seminaristas, dos bispos, das comunidades etc. Só agora, após 15 anos de bispado, de atividade episcopal, diz Dom Guilherme, é que ele começou a ter esperança com o Papa Francisco. "Essa não é a primeira crise da igreja. Ela já passou por piores", acrescentou. Um idoso barbudo e com chapeuzinho preto, membro do PC do B, tomou a palavra: "O anticomunismo é uma doença letal". E mais adiante: "Hoje há mani-
que o Papa Francisco é "uma nova esperança, e um profeta". E frisou: "A igreja é inspiração para todos".
Agitação social: ponto comum em meio a vivas oposições internas Os outros painéis não tiveram tanta expressão quanto o primeiro. E les continham, como dissemos, as mesmas notas principais acima referidas. Merece menção o dito de um sacerdote participante: "O Papa Francisco está puxando sozinho uma carroça empacada". Percebia-se entre os participantes uma divisão generalizada. Uns reclamavam que a CPT ou movimento
Patenteiam-se 110 debate atuais agruras da esquerda Após essas três exposições houve um espaço para debates. Muitos participantes se levantaram para se queixar contra o governo do PT. Grande número dos presentes reclamou por não se falar mais da Reforma Agrária. Significativa intervenção foi a de uma jovem de aproximadamente 25 anos. Ela afirmou que teve de se afastar de sua paróquia por causa da faculdade. Nesse período, ela se aproximou mais dos quilombolas e das "massas" etc. Mas quando voltou para a paróquia, percebeu ter havido um recuo conservador: "Na minha paróquia, as mulheres para fazerem as leituras, precisam estar de saia e véu!", lamentou. E indagou então o que fazer para que as diretrizes do Papa Francisco cheguem às paróquias ... Em resposta, D. Guilherme reconheceu que realmente a situação está muito difícil. Afirmou pertencer à geração do Concílio Vaticano II e das CEBs, mas que hoje os padres são mais conservadores. Na diocese dele há dois padres que insistem em usar clergyman! Ele teve de proibir os seminaristas de usá-lo, mas declarou que não podia fazer o mesmo com os eclesiásticos mais graduados. Proferiu em seguida uma frase muito significativa
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festações anticomunistas brutais. Na rua, muitos dizem fora comunista'. Como contra-atacar?", perguntou. Um "companheiro" da EMBRAPA levantou-se e procurou ressaltar a necessidade de união entre os conceitos de Reforma Agrária e Reforma Urbana. Stédile, à guisa de resposta, defendeu uma formação comunista para a juventude, a realização de seminários marxistas, o fechamento de ruas, greves, marchas etc. E concluiu com a frase: "Bem-vindos à luta de classes!", sendo ovacionado pela audiência. O ministro Gilberto Carvalho reafirmou a ideia de
O ministro Gilberto Carvalho, falando ao microfone. À esquerda, sentado, com a mão no rosto, Pedro Stédile líder do MST.
tal não fora convidado para compor a mesa. Outros elogiavam a função social da propriedade, enquanto alguns mais radicais diziam ser necessário eliminar a função social da propriedade e invadir tudo. Todos concordavam num ponto: é necessário promover a agitação social.
Balanço dos dois dias de seminál'Ío Ao final, um observador pouco atento pode ficar com
impressões contraditórias, sem conseguir formar um quadro coerente dos dois dias de seminário. Entretanto, uma análise cuidadosa revela certas linhas mestras, que põem em ordem essas impressões e conduzem a conclusões criteriosas. A primeira linha, que perpassa todo o seminário, é o radicalismo esquerdista, em alguns casos chegando até a enunciados explicitamente marxistas, muito semelhante ao observado no último Encontro das CEBs realizado no Ceará, em janeiro de 2014. 2 A segunda linha, muitíssimo mais presente neste seminário do que naquele Encontro das CEBs, refere-se a uma frustração generalizada nos participantes, pelo fato de que esse radicalismo não vem encontrando eco na população brasileira, sobretudo nas classes mais populares. Daí a procura de bodes expiatórios para justificar a rejeição das teses esquerdistas pelo povo em geral. Os culpados seriam o capitalismo, o "império", o fato de que os comunistas de hoje não são como os de ontem, urna onda conservadora que invade tudo etc. De onde também um apelo, um tanto forçado, ao brio dos participantes, para que não esmoreçam, para que vão às ruas fazer manifestações, pressionar etc. A terceira linha foi o reconhecimento praticamente unânime de que o pouco conseguido nestes últimos tempos se deveu à ação de eclesiásticos, que empenharam a fundo o prestígio da Igreja no processo de esquerdização do País, sobretudo forçando a aplicação das chamadas reformas de base, com destaque para a reforma agrária. Por fim, a quarta e última linha é a que se refere ao futuro. O que esperam os participantes para o futuro? Curiosamente, eles parecem esperar pouco ou quase nada da atuação dos movimentos de esquerda. Sua confiança, reiteradamente, foi colocada no pontificado do Papa Francisco. E les esperam que, sob a ação desse pontificado, a esquerda possa retomar ânimo, retomar fô lego e, sempre sob o impulso de eclesiásticos, conseguir impor suas metas ao Brasil. Uma coisa é certa: não são seminários como esse que vão reativar o ânimo arrefecido das esquerdas ou conseguir dobrar as sadias resistências do povo brasileiro, especialmente dos católicos. • E-ma il para o autor: cato lic ismo@terra.com.br 1. É opo1tuno lembrar que na ocasião o mencionado documento foi caba lmente refutado pelo Prof. Plinio Corrêa de Oli ve ira em sua renomada obra Sou Católico. Posso ser contra a Reforma Agrária?. Livro escrito em colaboração com o econom ista Carlos Patrício dei Campo, São Pau lo, Editora Vera Cruz - Fevereiro/! 98 1, amplamente divulgado em todo o País. 2. Cfr. Um f estival de marxismo, o Congresso das CEBs, in Catolicismo, nº 760, abril/20 14.
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Homehagem ao agricultor e aos que lutaram pela sua vitória A Refor~a Agrária no Brasil, apesar do rotundo e comprovado fracasso, LenLa voltar à tona no novo mandato pelista. Comprovado também está que é o desenvolvimento rural que ve1n salvando a .economia nacional e pagando as dívidas, além de produzir comida barata para os brasileiros
e não fossem a ousadia e a firmeza de Plínio Corrêa de Oliveira em enfrentar a onda agro-reformista a partir dos anos 1960, não haveria o que comemorar neste início de 2015. Estaríamos como a infeliz Cuba , com a pior safra e a maior escassez de alimentos dos últimos 100 anos. Mas o contraste entre o Brasil e Cuba não é capaz de sensibilizar a sectária intelligentsia agroreformista nacional. Apesar de ter perdido o já minguado apoio na opinião pública, a Reforma Agrária continua como meta irredutível nas cúpulas do governo do PT, da mídia e do clero esquerdista . Hoje podemos homenagear o nosso produtor rural como herói pela produção de 80% de todo o suco de laranja do mundo ; de 40% de todo o café ; de 40% do açúcar exportado no âmbito mundial; de aproximados 500 mil barris de etanol por dia; e ainda porque tornou o Brasil o criador do maior rebanho bovino do mundo; o maior exportador de soja; o maior exportador de carn e bovina e de frangos ; e o segundo maior exportador de grãos também em nível planetário . Junto com os produtores rurais e seus defensores naturais , Catolicismo deseja destacar o importante papel exercido pelos
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o,: b'liscu: "Se a ciêl1cia e a tec,wlogia r epresent;aram o motol' do <lesenvolvimento rural, seus protagonistas /'oram os agropecuaristas. Graças a Deus, eles surgiram "
pesquisadores . Para isso, publicamos a entrevista realizada pelo nosso colaborador Nelson Ramos Barretto com o renomado cientista Dr. Eliseu Roberto de Andrade Alves . Natural de São João dei Rey (MG), ele se formou em agronomia pela Universidade de Viçosa em 1954, e é doutor em economia rural pela Universidade de Purdue , Indiana , USA. O Dr. Eliseu trabalhou 17 anos como extensionista da ACAR (hoje EMATER - Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural) . Em 1971-72, participou da fundação da EMBRAPA (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária), da qual foi diretor de 1973 a 1979, e presidente de 1979 a 1985. De 1985 a 1990 foi presidente da CODEVASF (Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba ). Hoje é ainda pesquisador da EMBRAPA, na área de pobreza, ciência e tecnologia .
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Catolicismo - A que devemos o crescimento contínuo da agropecuária no Brasil nestas últimas décadas? Dr. Eliseu - Entre muitas causas, a tec no logia fo i a pri nc ipa l. Ela se torn o u o motor do c resc ime nto de nossa agro pec uá ri a. As in sti tu ições de ciê ncia
e tecno logia, corn o é o caso da Ernbrapa, das Uni ve rs idades, dos institutos estadu a is de pesqui sa rep rese ntara m pape l substancia l nesse crescimento; e de po is das le is de pate ntes, a inic ia ti va pa rtic ul a r també m passo u a desempe nha r pa pe l defi nitivo. Se a c iência e a tecno log ia representara m o moto r do dese nv olvime nto rural , os se us protago nistas fora m os agro pecuaristas. Sem produto res rurai s competentes nada di sto te ri a ocorrid o. Graças a De us, e les surg ira m do s ul , de São Paul o, de todas as pa rtes do Brasil , e resolvera m impulsio na r nossa agri c ultu ra. O utro po nto é a atuação do govern o desde 1973 ao c ri a r a po lítica agríco la que favo rece u muito o nosso dese nv o lvime nto ru ra l. Po rta nto, um tripé: ciê nci a e tec no logia, empreend edo res e gove rno. Esta soma constituiu o segredo desse desenvo lvi me nto que ve m sa lva ndo a nossa eco nomi a.
Catolicismo - O senhor acaba de publicar um estudo sobre a região do MATOPIBA. Poderia explicar para os leitores de Catolicismo o que significa esta nova sigla e que área ela abrange em nosso mapa? Dr. Eliseu - Abran ge o Ma-ranhão, To-ca ntins, Pi-a uí e Ba-hi a, e nvo lve nd o 333 muni cí pi os qu e compõem a região do Ma-to-pi-ba . Abra nge um a parte do semi úrido mas, sobretudo, é constituíd a de cerrados. Meu estudo fo i realizado em parceri a com os competentes co legas da Embrapa - Eva risto Ed uard o de Miranda e Gera ldo de Souza. Catolicismo - Este levantamento abarca que período de tempo? Dr. Eliseu -Os dados sob minha respo nsa bilidade são do censo de 2006. O inte ressa nte é que eu não estud e i a pe nas o Matopiba, mas o Bras il todo, inc luindo o semiá rido, e agora esto u estud a nd o o Ri o Gra nde do Sul , compara nd o com o utras regiões. F izemos um retrato do Bras il e e le se repete de certo modo no Matopiba, res ultado de nosso desenvo lvimento tecno lóg ico. A tecno logia não é priv il égio de todo o mun do . No Bras il, 27 mil estabe lecimentos (censo de 2006) q ue utili zara m boa tec no logia produ zira m 5 1% de toda a re nd a bruta, isto é, de tudo aquil o que fo i produ zido no meio ru ra l. E os de ma is - qu atro milhões e qu a trocentos mil sem tec no log ia produ ziram a pe nas 49% da re nda. A di fe re nça não poderi a ser ma is grita nte. Catolicismo - Isso depende ou não do tamanho do estabelecimento? Dr. E/is eu - 1ndepe nd e do ta ma nh o. A tecno logia não di scrimin a o ta ma nh o do esta be lec ime nto,
MaToPiBa AREA
414381Km2
cmoelcommodlles
333 municípios compõem a região do Ma-to-pi-ba
"27 mil estabelecimentos que utilizaram boa tecnologia JJl'Ocluziram 51% ele toda a r enda bruta, isto é, de tudo aquilo que /'oi produzido no meio ,·w·al"
po is ele não ex pli ca a mode rni zação da agri c ultu ra brasile ira. O qu e a ex pli ca é a tecno logia. Seu lado infe liz fo i te r de ixado a gra nde ma iori a dos estabe lec ime ntos à ma rge m do dese nvo lvime nto. Mas isso te m co nserto com boas po líticas públicas. Se ho uver em pe nh o de nossos governantes poderemos re para r isto.
Catolicismo - Quando o senhor fala de políticas públicas, de decisão governamental, significa apenas investimentos? Dr. Eli.\'eu - In vestime nto e m ca pac itação dos agric ul tores, e, so bretudo, solução do qu e eu chamo das impe rfe ições do me rcado . Essas im pe rfe ições faze m com qu e os pequ e nos produto res ve nda m a sua produção po r um preço ba ixo e compre m ins um os po r preço alto. Essas impe rfe ições estão no me rcad o da água pa ra irrigação, da e le tri cidade, da te rra, do c rédi to, etc. Catolicismo - Volto ao Matopiba .. . Dr. Eliseu - ... ia vo ltar agora à questão do Matopi ba. O qu ad ro que enuncie i da situação nac io na l se repete na região do Matopiba do mes mo jeito. E com um a agrava nte, pois os se us esta be lec ime ntos de ma is de 100 hectares se ac ha m numa situação muito pio r que os menores, com produ tividade ba ixíss ima. Faz-se necessári o que as po líticas públicas se vo ltem pa ra esses estabe lec imentos maio res. Catolicismo - De onde saíram estes ruralistas empreendedores? Dr. E /iseu -Aagricul tura bras ileira fo i sempre feita com gente de fora. Todo cerrado brasileiro fo i trabalhado nesta fase atual da agri cultu ra por mi gra ntes de São Pa ulo, j aponeses e do sul do país. N o Mato
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Grosso foi a mesma coisa. Se ;andarmos pelas áreas novas, teremos dificuldade em achar nativos. Fui administrador da CODEVASF. Lá se passa a mesma coisa, grande parte do pessoal bem sucedido nos projetos de irrigação não é constituída pela população nativa. Os nativos não gostam de correr risco, o que leva a vender suas terras para pessoas de fora.
trabalham com irrigação na região semiárida estão muito bem de vida, estão ricos, conseguem tirar 300 mil reais por hectare/ano. Eles estão às margens do São Francisco, no Ceará, no Rio Grande do No11e ... Há muita irrigação nesses locais, pois o nordeste não está dormindo não. As partes onde não chove, aí sim , o problema ex iste. Por outro lado, há mais ou menos 100 mil hectares de terras com grande parte das obras básicas de irrigação prontas, fa ltando apenas os produtores que queiram trabalhar. O significado do aproveitamento destes 100 mil hectares é que ele empregaria toda a mão de obra ativa do no meio rural nordestino.
Catolicismo - Hoje se fala em levar esta experiência para a África. Isso é viável? Dr. Eliseu - Quanto a isso, temos de ter cuidado, pois o nosso cerrado não era povoado, e o que foi fe ito no cerrado não prejudicou ninguém. Mas na África isso não ocorre porque grande parte da população vive nas savanas. Lá é complicado por se tratar de regiões densamente povoadas, ao contrário do Brasil.
Catolicismo - E quanto à salinização da terra , isso chega a representar questão grave? Dr. Eliseu - Se a água for sa lina, sim, mas temos muita água boa como do Rio São Franc isco. Mas a solução está na boa drenagem. Ao evaporar a água, o sal aflora e produz a sa lini zação que, por sua vez, não chega a ser prob lema grave, pois é fác il resolvê-lo através de drenagem, cujo domínio já é conhecido pelos produtores.
Catolicismo - Pelo que entendi, o cerrado antes da tecnologia não produzia nada e era despovoado? Dr. Eliseu - Não produzia nada. Um boi para cada 7 ou 8 hectares de terra . Nas beiradas das pastagens havia um pouco de arroz, de feijão e de milho, mas uma produção desprezível em relação à vastidão da área que, afina l, representa 25% do território brasileiro. Catolicismo - O senhor considera que a produção brasileira ainda tem muito espaço para crescer? Dr. Eliseu - Tem área, espaço e sem necessidade de desmatar, e com agricultura competente, hein ! Mas há um problema social a resolver, os milhões de agricu ltores do Matopiba e do Brasi l todo que ficaram por fora da modernização. Temos, portanto, dois pontos a focalizar. Continuar com o desenvolvimento no ritmo atual, já que o Bras il depende muito de sua agricultura e olhar com muito carinho o pessoal que ficou à margem. Se os 27 mil estabelecimentos já mencionados produziram em 2006 51 % da renda bruta no meio rural, se fossem o dobro, 54 mil , teriam determinado 100% da produção. E onde ficariam os outros 4 milhões e 400 mi l? Caso não haja uma política pública adequada, vamos terminar com o meio rural brasi leiro completamente despovoado. Catolicismo - O clima no semiárido não constitui um problema complicado? Ou já possuímos tecnologia suficiente para contorná-lo? Dr. Eliseu - Devo lhe dizer que os produtores que
CATOLICISMO
"Os pl'odutores que trnbalham com irrigação na região semiárida estão muito bem de vida, estão ricos, conseguem tirar 300 mil reais por hectare/ano"
Catolicismo - E o seu trabalho no Rio Grande do Sul? Existe muita diferença entre as regiões nesse particular? Dr. Eliseu - O que afirme i até agora é que as imperfeições de mercado vêm impedindo pequenos produtores de adotar a tecno logia. Se isto for verdade, uma das maneiras de examinar o assunto é estudar os lugares onde grande parte dessas imperfeições de mercado já foi sanada, onde os produtores devem estar bem, etc., esta é a razão pela qual resolvi estudar o Rio Grande do Sul. O estudo ainda está em curso, mas pretende mostrar a situação favoráve l dos gaúchos se comparada à dos ruralistas do sem iárido e do Matopiba. Mesmo assim, aqueles que têm irrigação no semiárido se encontram numa situação tão boa ou ainda melhor que os do Sul. Como já salientei, uma das imperfeições se acha na irrigação, e parte muito pequena dos ruralistas dispõe deste recurso. Catolicismo - Isto se dá em razão da falta de investimento? Dr. Eliseu - Parte por fa lta de capital daque les que pretendem empreender e parte por fa lta de obras básicas que o governo precisa fazer. O Rio São Franc isco, que eu conheço melhor, é um rio profundo e difícil de ser trabalhado para fins de irrigação, daí a necessidade de o governo ter de ajudar com obras básicas.
Grande parte destes países não produz em razão de guerras. O Brasil, graças a Deus, tem a fe licidade de não conhecer guerras, cisões internas e a Igreja tem um papel importante nisso.
Catolicismo - Estamos atravessando um período de seca terrível e pelo visto ainda promete continuar... Dr. Eliseu - Você e seus leitores devem conhecer a Bíblia. - Como é que começou a história de José do Egito? A seca está no mundo desde quando passamos a ter noção de sua história. A irrigação é que poderá aj udar na luta contra a seca, pois dela podemos produzir riqueza. Petrol ina e Juazeiro hoje exportam quase 400 milhões de dólares de frutas e hortaliças in natura. Foi a seca que criou condições para esta produção . Com irrigação, podemos calibrar a produção para épocas de entressafra na Europa, nos EUA e na Ásia. Este é o bom uso que podemos fa zer da seca. Em vez de produzir miséria como vem produzindo passará a produzir riqueza ... Considerando o panorama mundial, nossa agricu ltu ra está muito próxima à americana, a que mais produz. E em al gumas coisas já somos melhores que eles. Catolicismo - Mas estávamos falando sobre o proveito que podemos tirar da seca ... Dr. Eliseu - Qual foi o país no mundo que transformo u a seca em riqueza? - lsrael. O clima mais frio de lá apresenta vantagens e desvantagens, mas aqui no Brasil já resolvemos o problema do clima. A evaporação no semiárido nos faz gastar um pouquinho mais de água. Não importa a qualidade da terra, pois o homem pode mudá-la. O que importa é aquilo que o homem não pode mudar, a começar por ele mesmo. Por exemplo, em Israe l, país do qual estamos tratando aqui, não se conseguiu mudar a cabeça dos judeus nem dos pa lestinos em relação aos seus constantes desentendimentos. Eles mudaram o solo, transformaram um deserto em riqueza, mas os seus desencontros permanecem. Catolicismo - Como era a situação agrícola do Brasil antes deste desenvolvimento? Dr. Eliseu - Nos fins dos anos 60 e no começo de 70 nós éramos grandes importadores de alimentos. Recebíamos até doações de alimentos dos EUA, que de si era uma boa coisa, mas ruim por outro lado, pois desestimulava a nossa produção. De lá para cá o Brasi l se transformou num grande exportador de alimento e hoje estamos no ro l dos países que doam alimentos para aque les que ainda não são capazes de produzir tanto quanto consomem.
Catolicismo - O senhor é agropecuarista? Dr. Eliseu - Tenho duas fazendas em Cristalina, hoje em mãos de meu neto, uma com soja e a outra com leite. Nessa região, que inclui Unaí e Paracatu, há cerca de 50 mil de hectares de terras irrigadas. No governo Sarney fizemos um projeto para termos 1 milhão de hectares irrigados no Brasil. Tivemos de pegar os agric ultores a laço para que eles se decidissem pela irrigação. Hoje, acabou este problema, e em Crista lina já não existe mais uma gota d'água que pudesse ser utilizada para irrigação que esteja sobrando. Já possuímos por volta de 6 milhões de hectares de terras irrigadas no País, e ainda pode aumentar muito.
"Considernndo o panorama mundial, nossa agricultura está muito p1•6xima à americana, a que mais produz. E em algumas coisas já somos melhores que eles"
Catolicismo - O senhor gostaria de fazer alguma observação especial para os leitores de Catolicismo? Dr. Eliseu - Sei bem que os seus leitores são católicos. Eu sou religioso desde a infiincia e uma das coisas que me moveram na vida foi o sentimento religioso, pois me deu a noção de responsabilidade em relação à minha famí lia e a todos os homens, os meus próximos. É claro que tenho minhas imperfeições, mas tenho procurado agir nesta direção a fim de cumpri r aqui lo que Jesus Cristo nos ordenou. Temos de pensar, querer e agir de acordo com a vontade de Deus. Não podemos passar a vida dormindo porque deveremos prestar contas de nosso tempo. Temos de lutar cada qual no front para o qual fo i chamado. Alguns emfronts mais hostis, outros mais tranquilos, no qual me julgo encontrar, mas não sem lutas e muitas dores de cabeça ... Catolicismo - Pode-se aquilatar o quanto os pobres ganharam aqui no Brasil com a queda dos preços dos alimentos? Dr. Eliseu -Até alguns anos atrás, eles gastavam mais da metade do seu orçamento com a compra de com ida. Portanto, produzimos comida barata para os brasileiros e para o mundo, pois somos grandes exportadores de alimentos. Produzindo o excedente exportável, estamos salvando a economia brasileira e pagando grande parte das dívidas, além de ajudar o Brasil a conquistar posição de respeito perante o mundo. E até certo ponto ajudamos nossa população a sentir orgulho de ser brasi leira . •
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CAPA
[ar{os Magvo e-- o idea{ de-- Cristavdade-'~ Carlos 8 chama com razão de \, a 5no: 1nt' ece t ste nome enquanto general e conqu stador, ordenador e legislador do im :-.nso reino, enquanto inspfractor da \ ida intelectual no Ocidente ~ua vida é uma luta contínua contra a bn1tallclade e a barbárie''
■ RENATO MURTA DE VASCONCELOS
o dia 28 de janeiro de 2014 completaram-se 1.200 anos da mot1e de Carlos Magno. Em diversas cidades pertencentes outrora ao seu império, como Aquisgrão (Aachen em alemão; Aix-la-Chapelle em francês), Zurique, Frankfurtam-Main, houve exposições sobre ele, visitadas por imenso público. Ainda nestes dias está se realizando uma em Darmstadt, devendo durar até o final do corrente mês de fevereiro. A importância dada ao jubileu carolíngio é mais do que explicável: poucas personalidades na história da Cristandade tiveram uma influência tão duradoura, irradiaram um prestígio tão grande e deixaram uma recordação tão arrebatadora quanto este monarca franco, elevado pelo Papa São Leão III na noite de Natal do ano de 800 à dign idade de Imperador Romano do Ocidente.
Os i cleais de Cal'los Magno
"Com ajuda de Deus, nossa missão é externamente defender a Santa Igreja de Cristo pelas armas e por todas as partes das incursões dos pagãos e das devastações dos infiéis, e internamente, fortalecê-la pelo reconhecimento da verdadeira Fé. A vossa missão, Santo Padre, consiste, à maneira de Moisés, em erguer os braços em oração a Deus, e destarte ajudar nossos exércitos, de modo que por vossa intercessão e sob a guia e proteção de Deus, o povo cristão alcance sempre a vitória sobre os inimigos de seu santo nome e que o nome de Jesus Cristo seja glorfficado no mundo inteiro. " Nessas palavras de Carlos Magno, dirigidas em carta a São Leão III, estão expressos seus ideais e boa parte da dupla obra que empreendeu: de um lado, defender a Igreja de seus inimigos externos; de outro, fortalecer a Fé. Para cumprir a primeira parte desse programa, dedicou ele os 42 anos de seu reinado, tanto combatendo no Leste o pagan ismo de saxões e ávaros, quanto refreando no Oeste o avanço muçu lmano. É essa sua face heroica e guerre ira que inspirará nos séculos futLu·os as canções de gesta, como a famosa Chanson de Roland. Na segunda parte, que poderia ser qualificada de positiva, revela-se seu gênio de estadista e de incansável administrador e restaurador, empenhado na tríp lice reforma religiosa, mora l e cu ltural de seus súditos, visando à formação de uma civilização cristã segundo a concepção de Santo Agostinho em uma de suas obras mais famosas, a De civitate Dei. 1 Eginhardo, formado na corte carolíngia e autor da Vita Caroli Magni, única biografia escrita por quem conheceu a fundo e na intimidade o [mperador, conta que este fazia ler com frequência trechos dessa obra do grande Padre da [greja durante suas refeições, realizadas geralmente na companhia de seus familiares mais próximos. A Cidade de Deus - uma reflexão teológico-histórica sobre o mundo pagão em ruínas após a tomada de Roma por Alarico em 41 Oe as vicissitudes do cristianismo nascente - delineia os contornos de uma sociedade perfeita que só pode surgir no seio do cristianismo. Conhecedor profundo dessa inspirada obra, Carlos Magno não desejou senão realizar o ideal do príncipe cristão tal como Santo Agostinho o imaginava - que emprega todo o seu poder "ad Dei cultum maxime dilatandum".
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As origens
"Nemo summum fit repente" (nada de importante ocorre de repente), diz o adágio latino, que bem pode ser aplicado ao smgimento de grandes personalidades. Estas são como picos do H imalaia, tendo em sua base e a seu lado outros tantos cimos fa bulosos. Assim também com Carlos Magno e sua famí lia. A família de Carlos era desde os fins do século VI rica e influente, fornecendo sucessivos Prefeitos do Paço aos reis da dinastia merov íngia - uma espécie de ministros plen ipotenciários, enquanto o monarca ocupava uma fu nção meramente protoco lar.
o martelo vencedor dos muçulmanos na batalha de Poitiers, em outubro de 732; uma vitória que, pondo fre io ao avanço muçulmano na Europa Ocidental, representou um contributo importante para a obra de seu neto, Carlos
O biógrefo
de-- [arfos Magno
em alemão Einhard - (770-840), o biógrafo de Carlos Magno, nasceu na região do vale do rio Meno. Pertencia a uma família da aristocracia franca e recebeu sua primeira formação no convento fundado por São Bonifácio em Fulda. Por seus dotes intelectuais foi Santo Al'noll'o, tatar avô de Cal'los Magno enviado em 792 à corte, a fim de terminar seus estudos Dentre os Prefeitos do Paço sobressai a grande figura na Escola do Palácio e integrar o grupo de jovens que de Santo Arno lfo, que exerceu este alto cargo no reinado seria a futura elite do reino de Carlos. Teve por mestre de Teudeberto II (595-612), distinguindo-se por seus Alcu íno, o maior sábio da época . De baixa estatura, dotes de comandante militar e de administrador civil. apa ixonado pela literatura greco-latina, mas também pela Justo, digno e equitativo, aliava aos gostos de um nobre matemática e arquitetura, Eginhardo ganhou a confiança as qualidades de um homem de Estado. Preceptor do de seu soberano, que o enviou futuro rei Dagoberto, fez deste ~----:-----~--~---:-7 a Roma em 806 para receber a um rei j usto, " te bon Roi Daaprovação do Papa São Leão 111 da "Y,tta & Gcíla... gobert", como evoca ainda hoje "divisio regnorum" - documento uma graciosa canção infantil que regulamentava a suces são IMPERATORIS INVICTISSI M1,_, . francesa. Per E G I N H Á 1l. Tu M ejlll_ ~ecret,mum dt_J ~rpta no Império. Sinal da estima geral cum brwi narratio11e de origme (Í ftd1b11r p/oCasado, asp irava entretanto de que de sfrutava, foi ele que, - ''"" Fr••"'-"' &,. a uma vida de reco lhimento e Nl {À.ROL! ET LUDOV!CI no ano de 813, pediu a Carlos A NNAL!BUS PIPI b a0110741. usq; 1d91.pcrqucndam oração; de Anseg isel, seu filho ' Rcgum ~r:n~~~::1'J ncdiélin:.: Rcligionj s collcé\is. . Magno em nome dos Grande s , primogênito, descende Carlos que associasse seu filho Luís (o Magno em li nha direta. Depois Piedoso ) ao poder. Em 829 ele de 12 anos servindo na Corte, se retira da corte e se estabelece Arnolfo fo i nomeado - para sua em Mühlheim , propriedade que grande consternação - para a lhe concedeu o Imperador, denoSé episcopal de Metz, cujo bispo minada mais tarde Seligenstadt. acabara de morrer. Embora leigo, Lá ele começa a redigir, segundo não teve como recusar. Ordenado o modelo de Suetônio na Vida e sagrado Bispo de Metz, goverdos doze Césares, a Vita Caro/is nou a diocese durante ma is de Magni (capa da obra, à esq.), na uma década, retirando-se afinal qual se encontra o testemu nho para levar a vida de recolhimento vivo de tudo quanto e le viu e a que sempre aspirou. Faleceu no admirou em Carlos. Uma preciosa biodia 18 de julho de 64 1; seus restos mortais repousam grafia - mesmo porque única - para um conhecimento na catedral de Metz. autêntico do Imperador. No fim da vida , Eginhardo levou Eginhardo -
KAROL·I"MAGN~-
Cal'IOS Mal'tel
L
Na linhagem direta de SantoArnolfo figmam Santo
Hugo, arcebisp:~e Rouen~ seu irmã:_Carlos Marte!,
a vida de um monge. Em Steinbach , na proximidade de Miche lstadt, pode-se visitar a ba sílica que ele construiu . Um be lo testemunho da a rquitetura carolíngia.
Magno, rumo à formação de uma Europa cristã na alta Idade Média. 2 Carlos Marte] teve três filhos: Carlomano, Pepino e Grifo , este último oriundo de seu segundo casamento. N o ano de 73 7, quando seu pri mogên ito tinha cerca de 20 anos, toma uma decisão que teria no futuro um resu ltado importante: deixa vacante o trono dos francos quando da morte do rei Teodorico JY. Após a morte de Carlos Marte!, no outono de 741, Carlomano e Pepino tomam o poder como Prefeitos do Paço e alijam dele seu irmão mais novo, mandando-o para um mosteiro. Carlomano fica com a A ustrásia, a A lamânia e a Turíngia, enquanto Pepino passa a governar a Neustrásia, a Borgonha e a Provença. Em 743 ambos os irmãos resolvem instalar novamente um rei da dinastia merovíngia, Childerico III, que lhes legitimasse o governo. Nos anos seguintes empreendem campan has mi litares na Aquitân ia,
Alamânia e Baviera, conso li dando sua posição nas partes extremas do rei no. Ao mesmo tempo desejam reformar lamentáveis re laxamentos ex istentes no povo e no clero. Ass im, em 743 Carlomano convoca, com a participação de São Bonifácio , o Concilio Germânico, ocasião em que este santo, escreve ndo ao Papa, traça um quadro dramático da situação moral da época: "No momento as sedes das cidades episcopais encontram-se em grande parte entregues a leigos gananciosos e intrusos, a clérigos que se estadeiam na luxúria e se dedicam a ganhar dinheiro para o gozo mundano ". E mais ad iante fala dos padres "que têm quatro, cinco ou mais concubinas na cama, mas que não se coram nem se p ejam de ler o Evangelho ". Pepino, por sua vez, convoca um sínodo de bispos na velha cidade real de Soissons, com a recomendação aos sacerdotes de seu reino de não hospedarem mulheres em suas casas, com exceção de suas mães, irmãs e sobrinhas. Pepino, o Br mre, m i cios Fr ancos
No ano de 747, depois de se is anos de governo conj unto, Carlornano surpreende os francos com uma notícia sensacional: reso lvera deixar o cargo de Prefeito do Paço para se retirar a um convento, o de Montecassino, na Jtália. Não se sabe ao certo se essa foi uma decisão forçada por seu irmão Pepino ou se resu ltou de a um mov imento da graça divina. Fato é que Pepino tornou-se o único Prefeito do Paço no reino dos francos sob Childerico Ill. Ao contrário de Carlomano, que tinha filhos, o casamento de Pepino com a rica condessa Bertrada ainda não frutificara. Depois de muitas orações, no dia 2 de abril de 748 Bertrada dá à luz a um meni no, batizando-o com o nome de Carlos. Estava garantida a sucessão. Três anos mais tarde, Pep ino toma urna atitude mais ousada. Em novembro de 751 , com o apoio do Papa São Zacarias 3, reúne os grandes do Reino em Soissons, onde se faz ac lamar Rex Francorum separadamente pelos nobres e pelo povo. Em seguida, no ponto
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alto de uma cerimônia religiosa, ungem-no os bispos com os santos óleos. Quanto a Childerico, o último rei da dinastia de Clóvis, é enviado com o cabelo cortado curto - sinal da perda de sua dignidade real, segundo os costumes merovíngios - juntamente com seu filho Teodorico, para o mosteiro de Prüm. Neste mesmo ano de 751, Aistolfo, rei dos lombardos, conquista Ravena, a antiga capital do Império Romano, das mãos dos bizantinos, e no ano seguinte passa a acossar o Papa - então Estêvão II - e a exigir dele o reconhecimento de sua soberania sobre os territórios conquistados. Abandonado pelo Imperador Romano de Constantinopla, Estevão II solicita ajuda contra os lombardos a Pepino, com quem se encontra na cidade de Ponthion, no reino Franco. Em consequência das conversações, entre os dois surge uma aliança transalpina que marcará o horizonte político de toda a Idade Média. No dia 28 de julho do mesmo ano, na Basílica de Saint-Denis, o Papa unge de novo Pepino, juntamente com seus filhos Carlos (747-814) e Carlomano (751-771). Estabelecido o acordo com o Papa Estêvã.o II, Pepino rompe a aliança com os lombardos e se dirige
CATOLICISMO
militarmente contra eles. Cercado em sua capital Pavia, Aistolfo mostra-se inicialmente conciliatório, mas tão logo Pepino se retira, ataca novamente o Papa em Roma. O rei dos Francos retorna em 756, derrota os lombardos e obriga Aistolfo a reconhecer o domínio franco , bem como a ceder ao Papa o Exarcado de Ravena, composto p~las cidades de lstria, Veneza, Ferrara, Ravena, Pentápolis e Perugia. Essa famosa "doação de Pepino", confirmada e aumentada por seu filho Carlos Magno em 774, constituiu os Estados Pontificios ou Patrimônio de São Pedro. Pepino, o Breve, empreendeu ainda guerras bemsucedidas contra os saxões e os sarracenos, arrebatando a estes a cidade de Narbonne e expulsando-os para além dos Pirineus. Em 757, o duque Tassilo II da Baviera prestou-lhe juramento de vassalagem. Nos anos seguintes Pepino vai se dedicar à conquista da Aquitânia, o que terá grande importância na futura formação da França. Carlos e Carlomano
Antes de sua motie no ano de 768, Pepino dividiu o reino entre seus filhos Carlos e Carlomano. Seus restos
mortais foram sepultados na Catedral de Saint-Denis, nos arredores de Paris. Em agosto de 1793, no auge das insânias da Revolução Francesa, um bando de sans-culottes profanou seu túmulo e jogou seus restos mortais numa vala comum. Ao primogênito Carlos, já experiente nos assuntos do governo apesar de ter apenas 20 anos, coube reinar na Tw-íngia, na Frísia, na Gasconha, na Nêustria e nas regiões francas entre os rios Loire e Schelde. Carlomano tinha apenas 17 anos quando começou a governar a parte central do reino: a Provença, o Languedoc, o maciço central, a Alsácia, a Alamânia e a região ao sul de Paris. Quanto à parte norte da Austrásia, bem como à região dos rios Maas, Mosela e Reno, berço dos carolíngios, e a Aquitânia, foram elas divididas entre os dois irmãos. As capitais de ambos os territórios eram Noyon e Soissons, distantes uma da outra cerca de 30 km, onde os dois irmãos se fizeram aclamar em 9 de outubro de 768. Carlomano reinava sobre um bloco mais compacto; por sua vez, as regiões que estavam sob o governo de Carlos eram mais ricas. Embora Eginhardo assevere que as relações entre os dois irmãos tenham sido inicialmente harmônicas, é inegável que elas se esfriaram pouco depois, quando o duque Hunald se sublevou na Aquitânia, ao saber da morte de Pepino, o Breve. Carlos solicitou o apoio do irmão para dominar a sublevação e encontrou uma firme recusa de Carlomano em lhe apoiar a expedição militar, aliás vitoriosa. Tal recusa enfureceu Carlos, pois a seus olhos mais se parecia a uma fuga diante do adversário. Era previ sível um entrechoque entre os irmãos, com graves consequências para o reino franco. Esse perigo se afastou com a morte inesperada de Carlomano, após curto período de doença, no dia 4 de dezembro de 771. Com ela se esfumaçou o pesadelo de urna guerra fratricida.
Carlos Mag110 e a união do Reino Franco
Carlos não perdeu tempo e as duas partes do reino foram reunidas, sem que houvesse oposição dos súditos de Carlomano. Sua viúva, Gerberga, retornou com seu filho à Itália e se refugiou na corte de seu pai, o rei normando Desidério. "Deus - alegra-se um monge -
elevou Carlos como rei de todo o reino sem que foss e derramada sequer uma gota de sangue ". É o fim de longo processo de revigoramento e florescimento de um novo reino, que abarcou várias gerações de homens ínclitos, a começar por Santo Arnolfo. É também o início de uma grande saga, a de Carlos Magno: no fim de seu reinado, ele tornar-se-á o soberano de um imenso território de mais de um milhão de quilômetros quadrados, compotiando as atuais França, Alemanha, Bélgica, Holanda, Suíça, parte da Itália e da Áustria. Surgia uma formidável nação, conduzida por um homem grande em todos os sentidos. Assinatura e coroa de Carlos Magno
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A per sonalida<le <le Cll_rJos
não nos forneça qualquer indício a respeito do nascimento de Carlos, quando afirma que os fatos relativos à sua infância eram por demais conhecidos para que fosse necessário mencioná-los. Talvez Eginhardo tenha omi ti"Carlos era robusto e.forte, de alta estatura, a qual do propositadamente os fatos entretanto não passava da ocorridos entre 748 e 754, e justa medida. É geralmente Carlos sempre teve preocupaCjão pela que passadas três gerações, conhecido que ele tinha sete Ass im o descreve Eginhardo, no início da biografia do Imperador:
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p és de altura.4 Sua cabeça era redonda, seus olhos muito grandes e vivazes, o nariz um tanto longo. Tinha belos cabelos grisalhos e uma.fisionomia se_rena e alegre. A aparência era sempre imponente e digna, pouco importava se ele estava sentado ou de pé. O p escoço era de.fato um tanto grosso e curto e o abdômen sobressaia um pouco, porém esses def eitos não chamavam a atenção por causa da bela proporção de seus membros. O passo era decidido, toda a postura de seu corpo, varonil, sua voz era clara, embora não fos se tão forte quanto seria de esperar dada a sua altura. A sua saúde sempre foi excelente, apenas nos últimos quatro anos de sua vida sofreu ataques de f ebre e no final coxeava de um dos , pes ... "5
boa formaCjão das crlanCjas. Na llustraCjão ele visita uma escola.
Não há documentos que atestem com certeza o lugar de nasci m ento d e Carl os Magno. Talvez tenha sido em D üren, a meio caminho entre Colônia e A ix- la-Chapelle, onde Pepino presi diu em 748 uma sessão j udicial; tal vez tenha sido nas proximidades de Paris, como supõem al guns historiadores. É uma pena que Eginhardo, cuja flita Caroli Magni lança luz sobre todos os aspectos da personalidade do Imperador - enquanto militar, governante, diplomata, reformador da cultura, pai de família, homem de Fé -
CATOLIC I SM O
"não eram agradáveis de serem mencionados na Corte". Carlos começou a exercer um papel na Corte desde pequeno ao lado de seu pai e de sua mãe, segundo narram as
Annales regni Francorum e o Liber Pontificales. Com seis anos de idade, em 754, foi ao encontro do Papa Estêvão II e o conduziu até seu pai . No ano seguinte, " puer septennis", partic ipou do tras lado das re líqu ias de São Germano para a igr ej a de SaintGermain-des-Prés em Paris. Em 759 assi stiu à tomada de Narbonne, cidade que havi a estado durante l ongo tempo em mãos muçulmanas. A ssim, desde cedo, Carlos foi se preparando para o exercíc io do poder supremo. D uas qualidades lhe foram de grande val ia: sabia como ninguém impor a su a vontade (não arbitrári a!) e ti nha o discernimen to de congregar em · torno de si homens de valor em todos os campos: m inistros de Deus de comprovada piedade e ortodoxia, sábi os dos mais eminentes e eruditos da ép oca, admi nistradores, chefes militares e juízes. O dir eito e a j ustiça lhe eram sagrados. No campo desempenh avam o pape l de j uízes os simp les condes (Grafen); na Corte, os condes do paço (Pfalzgrafen). Contudo, muitas vezes Carlos intervinha pessoalmente. Conta Eginhardo: "Quando um conde do paço lhe in-
CrôvictL Carofíngia_, 687 - Os carolíngios obtêm o cargo hereditário de Prefeitos do Paço, o que lhes confere grande influência na corte merovíngia.
714 - Carlos Martel torna-se Prefeito do Paço. Nasce seu filho , Pepino , o Breve . 732 - Batalha de Poitiers contra os sarracenos. Carlos Martel defende vitoriosamente o Reino dos Francos e a Europa do avanço maometano.
737 - Carlos Martel passa a governar sem levar em consideração o rei merovíngio. 747/48 - Nascimento de Carlos Magno. 747 - Pepino, o Breve, une o Reino Franco. 751 - O rei Childerico Ili é definitivamente deposto e Pepino, o Breve , torna-se o primeiro rei carolíngio .
765 - Aix-la-Chapelle mencionada pela primeira vez como paço real. 768 - Falece Pepino, o Breve. Antes de sua morte, divide o reino franco entre Carlos e Carlomano. 771 -
Carlos Magno torna-se rei único, após a morte de seu irmão Carlomano.
772 -
Tentativa de Carlos de submeter os saxões de Widukind .
774 -
Carlos é coroado Rei da Itália.
777 - Primeira Dieta do Reino em Paderborn. 778 -
Campanha da Espanha contra os mouros - Nascimento de Lu ís, o Piedoso .
785 - Widukind submete-se e é batizado em Attigny. 787 - Segundo Concílio de Niceia . Autorizado novamente o culto das imagens. 788 - Deposição do Duque Tassilo 111 , da Baviera , enviado com sua famíl ia para um mosteiro. O Ducado da Baviera é integrado ao Reino dos Francos. 792 -
Descoberta conspiração contra Carlos Magno articulada por seu filho Pepino, o Corcunda, que é enviado a um mosteiro.
794 - Sínodo em Frankfurt-am-Main que decide sobre o culto das imagens. 795 -
Eleição do Papa São Leão Ili.
800 -
Desenvolvimento das letras minúsculas carolíngias
800 -
No dia 25 de dezembro o Papa São Leão Ili coroa Carlos Magno como Imperador.
801 -
Carlos Magno recebe um elefante do califa Harum-al-Raschid .
802 -
Unificação da jurisprudência e da liturgia .
804 -
Término da construção da Capela do Paço Real em Aa chen (Aix-la-Chapelle)
810 -
Introdução da moeda imperial. O centavo de prata carolí ngio torna-se meio de pagamento em toda a Europa .
813 - Carlos Magno coroa seu fi lho Luís, o Piedoso, como Imperador. 814- 28 de janeiro: morte de Carlos Magno
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fo rmava de uma disputajudicial que exigia sua decisão, ,, ele mandava entrar imediatamente as partes contraentes, ouvia a explanação do caso e dava sua sentença, exatamente como se estivesse sentado na cátedra do j uiz". "Imedi atamente" - isso podia dar-se até mesmo no meio da noite. Um juiz precisa ser bom orador. Como juiz supremo, Carlos tinha o dom da palavra, embora sua voz fosse fraca e não proporcional ao seu corpo. Essa particularidade, indicada por Eginhardo, deixa ver como o biógrafo de Carlos era um observador perspicaz. Segundo ele, Carlos dos olhos grandes e vivos, "exercitava-se continuamente na equitação e na caça, como era o costume de seu povo; pois não se encontrará facilmente sobre a terra povo que nessa arte se possa medir com os Francos". Carlos nunca quis di stanciar-se do povo, trajando roupas caras e extravagantes. Por isso ele se vestia "segundo os moldes dos francos". As camisas eram de linho e também as ro upas in teriores, sobre as quais trazia um gibão; quand o faz ia fr io, protegia os ombros e o peito "com um casaco fe ito de pele de foca ou de zibelina ". À mesa era comedido, embora tivesse grande apetite. Quatro pratos eram sufic ientes, ''.fora o assado que os caçadores lhe traziam num espeto e que lhe era muito mais preferível a qualquer outra iguaria". Bebia pouco à mesa. Abominava "em extremo" pessoas bêbadas, e j amais qui s ver alguém de sua família em estado de embriaguez. Um traço admi ráve l de seu caráter, levando em conta que a bebedeira era mais regra do que exceção nas ceias oficiais da época. Carl os apreciava a vida de fa mília e foi um bo m pai. Todos os seus fi lhos tivera m sólida educação, independente de seu sexo, nas ciências, ''pelas quais ele próprio se interessava", na literatura, na astronomia. Não conseguia estar longe dos fil hos e dos netos. Conta Eginhardo: "Quando estava em casa, ele jamais comia sem a p resença deles". Nenhu ma de suas fil has, que eram mu ito belas, qui s ele da r em casamento, porq ue não conseguia presc indi r de sua presença. As guel'ms saxÔJ1icas Carlos fo i antes de tudo um grande guerreiro. A esse respeito escreve o historiador alemão Johann Baptist We iss: "A Carlos se chama com razão de Magno: merece este nome enquanto general e conquis tad01~ ordenador e legislador do imenso reino, enquanto inspirador da vida intelectual no Ocidente. Sua vida é uma luta continua
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CATOLIC I SM O
Ofomento da_, cuftura,
Nascido por volta de 730, formara-se na escola diocesana de York, da qual se tornou um dos mestres. Uma de suas obras mais notáveis foi a correção da Vulgata de São Jerônimo, adotada pelo Concilio de Trento. Seu papel enquanto conselheiro pode ser bem notado no texto emblemático da renascença carolíngia, a Capitular intitulada ''Admonitio generalis", de 789, onde se encontra o famoso artigo ordenando o estabelecimento de escolas em todas as dioceses e em todos os mosteiros para formar jovens com vocação clerical , que fossem suficientemente instruídos para bem rezar, ensinar e dirigir o povo cristão rumo à salvação. Nessa linha se insere o empenho de Carlos na correção dos livros litúrgicos e na uniformização da liturgia. No incremento da cultura , o Imperador incentivou a cópia e difusão das principais obras da Antiguidade . Batalhões de copistas trabalhavam sem cessar em sua corte . Não se deve esquecer que uma folha dupla de pergaminho exigia a pele de uma ovelha. As cópias produzidas nos ateliês de copistas impulsionados por Carlos representaram um investimento de capita l imenso, pois custaram rebanhos de milhares de ovelhas. Uma inovação de grande importância nas cópias de obras clássicas foi a introdução das letras minúsculas, que facilitaram enormemente a leitura , bem como a invenção do sinal de interrogação.
A reforma edesiástica e administração do Imyério Numa época em que se verificava um tremendo relaxamento da disciplina eclesiástica e se multiplicavam os escândalos ocasionados por padres e monges , Carlos Magno deitou especial atenção na reforma dos costumes, porque concebia como parte essencial de seu múnus real a salvação eterna de seus súditos. Considerada a imensidão de seu Reino, árdua era a tarefa de bem administrá-lo. Era preciso transmitir ordens, verificar o seu cumprimento, retificar o que não estivesse correto, receber informações, mandar instruções, controlar o exercício da justiça e tomar um sem-número de outras providencias. Para tal , Carlos instituiu os famosos "missi dominici", que eram constituídos por dois enviados, um clérigo e um leigo, a todas as partes do Império em que era necessário estabelecer um controle, tomar medidas , desenvolver um plano, em suma verificar se as decisões reais , codifi cadas nas famosas Capitulares, estavam sendo bem aplicadas . Essa instituição dos "missi dominici" - de tendência nitidamente centralista , cumpre reconhecê-lo - demonstra o desejo de Carlos de, controlando o poder de seus condes, assegurar a unidade e a justiça na administração do Estado, numa época atribulada por restos de barbárie e de tendência para o caos .
a revascevfa caro{ívgia_, As guerras não impediram Carlos de fomentar a reforma moral no Reino , tanto no âmbito temporal quanto eclesiástico , de impulsionar a cultura e as artes, bem como de estabelecer na estrutura de governo um eficiente sistema de administração e controle. Para levar a cabo as reformas que desejava implantar, cercou-se em Aix-la-Chapelle (Aachen) - onde praticamente estabeleceu sua capital, vivendo alí a maior parte dos últimos 20 anos de sua vida - dos mais eminentes sábios da época , provenientes de toda a Europa , tais como Alcuíno (inglês), Paulo Diácono (lombarda) e São Rabano Mauro, nascido em Mainz e futuro abade de Fulda, cognominado posteriormente de "Praeceptor Germaniae". Alcuíno, que Carlos conheceu em Parma , foi talvez um dos mais importantes "scholars" da corte carolíngia .
Aspecto de Aachen. No centro, a catedral de Aix-la-Chapelle, onde repousam as reliquias de Carlos Magno
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Car(os Magno e a fegenda
contra a brutalidade e a barbárie, contra inimigos do Norte e do Sul, que ameaçam a nova cultura, a nova Religião, a nova cosmovisão da raça germânica. O número de suas campanhas militares ascende a 53, isto é, 18 contra os saxões, uma contra os aquitanos, cinco contra os lombardos, sete contra os muçulmanos na Espanha, uma contra os turíngios, quatro contra os ávaros, duas contra os bretões, uma contra os bávaros, quatro contra os eslavos do norte do Elba, cinco contra os sarracenos na Itália, três contra os dinamarqueses e duas contra os gregos. A prudência e a valentia de Carlos são únicas, assim como a rapidez com que fulmina seus inimigos, bem como sua sorte, que deixa entrever nele um predileto da Providência, um poderoso do Senhor". 6 As guerras contra os saxões foram as que por sua longa duração - 33 anos! - mais puseram à prova a paciência e a perseverança de Carlos. Os saxões eram pagãos entregues a fazer devastações e pilhagens no reino franco. Tremendos guerreiros, eles viviam em regime de castas, jamais foram vencidos definitivamente pelos grandes generais romanos como Júlio César, Drusus ou Tibério. D errotados, concluíam pactos de paz, sempre prontos a rompê-los na primeira oportunidade. Já no ano seguinte à unificação do Reino, na primavera de 772, Carlos reuniu seu exército em Worms, atravessou o Reno e atacou os saxões em Eresburg, citadela e santuário da Westfália, onde se encontrava
o famoso ídolo Irminsul. Uma luta encarniçada se travou, os francos levaram a melhor, destruíram o templo, queimaram o bosque sagrado e derrubaram o ídolo. Os westfálios se submeteram, aceitaram sacerdotes para serem evangelizados e entregaram 12 reféns. Grande passo rumo à integração dos saxões ao império franco representou a conversão de Widukind, um dos mais notáveis chefes sax ões, ocorrida em 785. D e Widukind descende Santa Matilde, mãe do Imperador Oto I , o Grande.
Apoio ao Papa contra os lombardos Da Westfália Carlos correu em socorro do Papa Adriano I , atacado pelos lombardos. Desidério, rei lombarda, desejava que o Papa ungisse como reis seus netos, os dois filhos de Carlomano, que haviam se refugiado com sua mãe Gerberga em sua.corte. Pretendia assim vingar-se de Carlos Magno pelo repúdio de sua filha, instigando com essa unção uma revolta no Reino Franco. Adriano I se recusou a ungir os netos de Desidério que, em represália, atacou diversas cidades dos E stados Pontificios e jurou dirigir-se com todo o seu exército contra Roma. O Papa não cedeu e mandou murar algumas portas da Cidade Eterna. Em seu socorro acorreu Carlos. Em setembro de 773 reuniu ele um exército em Genebra, atravessou os Alpes e estabeleceu o cerco de Pavia, capital dos lombardos. O sítio, do qual saiu vi-
Iluminura representando a morte de Roland e a dor de Carlos Magno pelo acontecido
"A legenda - como a que se evola da Chanson de Roland - se justifica pelo fato de Carlos dar postos elevados a homens capazes de serem grandes chefes e de inspirar em seus subordinados aquele devotamento e aquele zelo de que as legendas nos trazem o testemunho transfigurado, mas autêntico. É a influência moral de Carlos que as inculcou profundamente na imaginação da posteridade. Ele e seus súditos fiéis tornaram-se os paradigmas de certas qualidades morais: a personalidade, a lealdade, a coragem , o heroísmo . Carlos não vivia numa atmosfera rotineira , em torno dele tudo era juventude, espírito de proeza , entusiasmo e ditos alegres . Era um animador; aproximar-se dele era chegar junto a um foco ardente. Carlos colocou em circulação mais ideias do que imaginamos. Ele não deu à Europa apenas um ideal cavalheiresco . Antes dele , o "métier du roí" não implicava necessariamente a prática de um ideal elevado, uma entrega profunda à justiça e à religião, e um zelo ilimitado pela instrução do povo. Essa é a obra de Carlos. Foi ele quem traçou o modelo do monarca ideal que deveria guiar o julgamento da humanidade por mais de mil anos. Quando dizemos que um rei não foi um bom monarca é porque ele não correspondeu ao modelo de Carlos, pois o modelo do monarca foi criado por um rei e não por nós mesmos . Por que pedimos a um rei certas qualidades que não exigimos de um diretor de banco ou de um mero prefeito? É porque Carlos nos deu um modelo. Numerosos vassalos morreram antes de Roland , mas foi Carlos quem lhe exaltou o gesto, fazendo deste um feito maravilhoso. Numerosos reis cumpriram o seu dever antes de Carlos, mas foi Carlos quem revestiu esse dever de um esplendor épico . Há mais. Ele nos fez aceitar suas concepções, ele nos fez pensar o que ele mesmo pensava e nos fez acreditar em seus ideais. Os ateus e republicanos de hoje julgam os bispos e os reis não segundo os próprios critérios, mas segundo os de Carlos". (G .-P. Baker, Charlemagne - Créateur d'Empire , Payot, Paris, 1936, PP. 111 -112).
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CATOLICISMO
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3l gravtÍeza epiritua( Ôe-, Car(os Magvo
Carlos Magno ofereceu a Nossa Senhora a Capela Real de Aix-la-Chapelle. Acima, o escrínlo que representa o fato, e que contém preciosas relíquias.
Na página da esq., o trono do Imperador Carlos na catedral de Aix-la-Chapelle
CATOLICISMO
O historiador alemão Johann Baptist Weiss apresenta magistralmente, em sua conceituada História Universal, alguns dos mais belos traços da personalidade de Carlos Magno. Segue resumo de seu texto: Carlos Magno tinha formosos cabelos brancos, e o rosto amigável, amistoso e alegre. Quer estivesse sentado ou de pé, sua fisionomia oferecia uma aparência em extremo digna e imponente. Seu passo era firme, suas atitudes varonis, a sua voz clara. Nessa figura heroica se derramava um espírito alegre. O monge de Saint Gallen (Notker) conta que quem tivesse chegado triste junto a Carlos Magno, apenas pelo efeito de sua presença e de algumas palavras, separava-se dele alegre. A louçania e o brilho de sua índole davam força a todos que entravam em contato com ele. A majestade não consistia nele em soberba rigidez, nem em sombria reserva , mas na serena grandeza de sua personalidade que superava tudo e, não obstante, carecia de pretensões e repousava sobre si mesma. A terrível impressão que produzia como guerreiro frente a seu exército, nos corações de seus inimigos, nô-la descreve (Notker) o monge de Saint Gallen: então, se viu o férreo Carlos Magno, que tinha a cabeça coberta por um elmo de ferro , os braços revestidos de braçadeiras de ferro ; o férreo peito e os largos ombros protegidos por um arnês de ferro , na mão esquerda levava a férrea lança e, na direita , sua espada de aço, sempre vitoriosa; as pernas cobertas por escamas de ferro e o escudo não era senão ferro. Então, ressoou um grito de dor de todos os habitantes de Pavia: "Oh, o ferro, oh, o ferro! " Este homem de ferro tinha um coração profundamente sensível. Carlos chorava como um menino a morte de um amigo. O vencedor de cem batalhas cuidava fraternalmente dos pobres. O homem sob cujos passos de gigante tremia a Europa e por cujos grandes planos foram subjugados um milhão de homens, era o mais terno pai de família, que em sua casa nunca podia comer sem a companhia de seus filhos. O primeiro Imperador dos povos germânicos foi um homem de pensamento e de ação, um sábio e um herói, prudente e ousado, o terror de seus inimigos e o pai bondoso dos pobres, um grande estadista e um coração nobre, mas sobretudo um piedoso cristão. Sua grandeza advém do fato de haver compreendido a importância da Igreja. A religião deu o mais nobre impulso ao seu espírito, forte e fecundo . Deu consagração ao seu poder, e tomou sob seu amparo os povos que sua espada havia submetido. Quando Carlos Magno saiu do círculo de seus bispos e heróis guerreiros, entrando na tranquila morada da morte, sua imagem sobreviveu no coração dos povos. Porque seu corpo descansava na catedral de Aix-la-Chapelle, aí se coroavam os Imperadores; porque havia portado a coroa , cingido a espada, usado manto, luvas e sandálias, essas passaram a ser as relíquias do Império. Quando o Ocidente se pôs em movimento para libertar o Santo Sepulcro, todos creram que Carlos Magno havia ido a Jerusalém por ser o modelo da Cavalaria. E assim ele sobreviveu aos séculos, pois o tempo e a morte perderam seu poder ante sua grandeza espiritual. (Johann Baptist Weiss, We/tgeschichte, Verlagsbuchhandlung Styria, 1901, vol. IV, pp . 119-121).
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tori oso, durou até meados de 774. Gerberga foi enviada para um convento. E seus dois filhos para um mosteiro. E nquanto durou o cerco de Pavia, Carlos dirigiu-se a Roma, tendo lá chegado no Sábado Santo, 2 de abril de 774, sendo recebido com grandes manifestações de júbilo e honrarias. Os romanos vieram ao seu encontro com ramos de oliveira, e os estudantes o aclamaram: "Salve o Rei dos Francos, o def ensor da Igreja "! Carlos dirigiu-se a pé até a Basílica de São Pedro, onde o Papa o esperava nos degraus do pórtico. No dia 6 de abril , Adriano I recordou a doação de Pepino. Carlos não apenas a confirmou, mas ainda acrescentou aos territórios doados por seu pai a Córsega, o Exarcado de Ravena, as províncias de Veneza e Ístria, bem como os ducados de Benevento e Spoleto . Ficou estabelecido que Carlos assumiria a proteção dessas províncias e exerceria, sob o título de "Patrício Romano", a jurisdição suprema em Roma, no Ducado e no Exarcado. De Roma, Carlos retornou ao cérco de Pavia. Os lombardos não tiveram mais condição de resistir; seus chefes abriram as portas para o exército de Carlos e lhe entregaram Desidério, o qual foi enviado - segundo os costumes da época - a passar o resto de sua vida num mosteiro. Com a submissão dos lombardos, aos quais Carlos deixara intactos seus direitos, dá-se apenas uma
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CATOLICISMO
mudança dinástica. Carlos assume o título de "Rei dos Lombardos" . Enquanto os francos lutavam na Lombardia, os saxões insurgiram-se e devastaram a Frísia e o Hessen. Com a velocidade de uma águia, Carlos retorna e em 775 atravessa o Reno em Colônia, submete novamente os saxões da Ostfál ia e da Westfália. Entrementes, explodiu uma conspiração para repor Desidério no trono da Lombardia, com apoio de altos nobres lombardos e da corte de Bizâncio, invejosa com os sucessos dos francos. O plano fracassou graças à vigilância do Papa Adriano I e à rapidez da reação de Carlos. lmperndol' do Sacro Império
De 775 a 800 transcorreu um quarto de século. Durante esse período, praticamente não houve ano em que Carlos Magno não empreendesse uma campanha militar, seja nas marcas (territórios de divisa) espanholas, no sul da Gália ou em outras fronteiras do reino franco . Relatá-las, ou mesmo referi-las, extravasa os limites deste artigo. Embora já em 799 as marcas espanholas estivessem asseguradas e, no Mediterrâneo, as Ilhas Baleares, Córsega e Sardenha fossem protegidas por tropas carolíngias contra os ataques mouriscos, os
saxões continuavam em ebulição. No início de 800, Carlos encontrava-se em campanha, esperando ajuda de seu filho Luís, o Piedoso, para lhes infligir uma derrota definitiva, quando recebeu notícias de Roma. O Papa Leão III, que em 795 sucedera a Adriano I, tinha sido gravemente agredido em Roma durante uma procissão no dia 25 de abril de 799, escapando por pouco de ser assassinado. Preso por sediciosos, o Pontífice conseguiu escapar e procurou socorro junto a Carlos, com quem se encontrou em Paderborn, em agosto do mesmo ano. Leão III permaneceu até o início do outono na corte de Carlos, retornando a Roma com um grande séquito de bispos e soldados. Dominada a sedição na Cidade Eterna, os chefes do atentado foram presos e condenados à morte. A execução da pena foi adiada até a chegada do rei dos Francos. Carlos chegou em fins de dezembro do ano seguinte. No dia 1º de dezembro de 800 julgou na Basílica de São Pedro os culpados do atentado contra o Papa, cuja condenação à morte foi confirmada. Leão III, de própria iniciativa, prestou um juramento de que eram falsas as acusações de que era objeto e pediu que lhes fosse comutada a pena de morte em exílio. No dia 25 de dezembro, na Basílica de São Pedro, estando Carlos rezando junto ao altar após a Missa solene, Leão III lhe coloca sobre a cabeça a coroa imperial, sob a aclamação dos romanos presentes: " Vida e vitória a Carlos, piedosíssimo Augusto, grande e pacífico monarca coroado por Deus! ". 7 Eginhardo assevera que Carlos não desejava essa honra e que teria deixado de ir à Basílica de São Pedro, caso soubesse o que iria acontecer. J. B. Weiss, contudo, é da opinião de que a manifestação de desagrado do Imperador foi mais bem um ato político, uma vez que a dignidade imperial desagradava a muitos de seus súditos, receosos de mais guerras e eventuais problemas diplomáticos com a Corte de Constantinopla. Seja como for, o gesto de São Leão III coroando Carlos Magno Imperador na noite de Natal de 800, instaurando assim um império de 1000 anos - o Sacro Império só foi abolido por Napoleão Bonaparte em 1804 - teve uma importância incomensurável para a Cristandade. O peso, a influência, o prestígio do ImpéRellcário que contém um fragmento de um osso do braço de Carlos Mogno
rio deslocavam-se do Oriente, de Constantinopla, para o Ocidente. É a Cristandade ocidental que vai empreender a epopeia da cristianização dos povos bárbaros, das cruzadas contra os infiéis, do descobrimento do Novo Mundo, das missões na África e na Ásia - tudo isso a partir do impulso que a restauração do Império Romano proporcionará à civilização cristã ocidental.
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Carlos Magno faleceu no dia 28 de janeiro de 814, tendo recebido o Viático no dia anterior. Ele foi o homem certo no lugar certo, no momento propício. E houve um Papa, São Leão III, que profeticamente soube discernir as vias da Providência. • E-mail para o autor: catolicismo@terra.com.br
Notas: 1. " A gloriosíssima Cidade de Deus, seja aqui nesta Terra na sucessão dos tempos, onde 'vivendo da Fé' ela peregrina entre os ímpios, seja na estabilidade da eterna mo rada que presentemente espera com paciência 'até que a justiça se transforme em julga mento' e que obterá um dia o esplendor de uma vitória suprema por uma paz perfeita, defendê-la contra os que preferem seus deuses Àquele que a cri ou, eis o objetivo da obra que começo e com a qual cumpro a promessa que te fiz, meu caro discípulo Marce lino. Tarefa imensa e árdua, mas Deus é nossa ajuda". (De Civilale Dei contra paganos, Liber 1). 2. N este sentido escrevia em 1788 o hi storiador britânico
Edward Gibbon que, sem o Martelo Franco, muito provavelmente os sarracenos teriam chegado "às fronteiras da Polônia e às terras altas da Escócia; a frota árabe teria subido sem lutas o Tâmisa e em Oxford se ensinaria a interpretação do Corão". Jacob Burckhardt, historiador alemão, referia-se em 1880 a Carlos Martel como "o grande fundador de uma Crislandade ociden!al que impediu que a bandeira do profeta (Maomé) balançasse durante séculos nas torres da França". (Cfr. 1-ielene Zuber,Razzia in Ga!lien, Spiegel l
Geschichte 6, 201 2). 3. Pepino, exercendo seu cargo de Prefeito do Paço, a lmejava o título de Re i. O poder de.falo estava desde há mais de um século nas mãos dos Prefeitos caro língios do Pa lácio. A legitimação para a tomada do título de Rei fo i dada a Pepino pe lo Papa Zacarias, a quem Pepino envio u seus mais importantes conselhe iros, F ulrado de Saint Denis, e o bispo Burkhard , de Wiirzburg, com a perg unta se era bom que entre os fran cos houvesse reis "que não linham poder enquanto reis". A resposta do Papa fo i: "É melhor designar como Rei aquele que tem o poder". São Zacarias fo i o último Pap a de origem grega. Al ém de dar grande apoio ao aposto lado de São Bonifác io - o Apostolus germanorum - , estabeleceu e forta leceu as re lações da dinastia caro líng ia com o Papado. 4. De fato, quando o caixão de Carlos Magno fo i aberto em meados do século XIX, pôde-se constatar que e le media 1,92 - exatamente os sete pés indicados por Eginhardo. O que fazia de le um homem gigantesco para os padrões da época. 5. Einhard, Leben Karls des Grossen, Reklam, Frankfurt am Main 6. J. B. We iss, Weltgeschichte, k. K. Universitiits- Buchdrukkerei und Verlags-Buchhandlung Styria, 1901 , vol. IV, p. 82 7. C fr. J. B. Weiss, op. cit, p. 98
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luz uma menina que seria grande aos o lhos de Deus. Como o pai de Bríg ida era pagão, de u à filh a o no me da deusa pagã do fogo , uma das mais poderosas do seu c ulto. A lg un s d os bi óg rafos d a santa afi rmam que, tanto e la quanto a mãe, fo ram convertidas po r São Patríci o. Quando Brígida entrou na ado lescênc ia, como era muito fo rmosa, o pai trouxe-a para casa, a fim de casá-l a com um dos mui tos pretendentes. A filh a, no entanto, queria con sagrar-se in te iramente a De us. Segundo seus bi ógrafos, dando-se e la conta de que era s ua be leza que atraía os pretendentes, pediu a Deus que a tornasse fe ia, de modo a afastá- los. Um a súbi ta mo léstia na face provocou-lh e então a cegue ira de um o lh o, de ixa ndo-a tão di sforme que ninguém ma is qui s saber de la. O pa i consentiu então que ela entrasse num convento.
dou o moste iro duplo de C ill Dhara, atual Kildare, com freiras e monges, v ivendo em prédios separados, sob a direção de São Conl eth . Junto ao mosteiro ergueu-se aos poucos um a vil a, que veio a ser a sede metro po litana da província.
até en tão visto era comparável ao 'L ivro de Kildare ', cada página do qual era belamente ornada com iluminuras; ele conclui sua nota muito laudatória dizendo que o trabalho de encadernação e a harmonia das cores deixavam a impressão de que 'todo esse trabalho era não de habilidade humana, mas angélica"'. Acrescenta ··que o livro ia sendo fei to noite após noite, enquanto Santa Brígida reza va, e 'um anj o fo rnecia os modelos para o monge-artesc7o "'. 3
Funda o primeiro mosteiro na IJ'landa
Santa Brígida P actrocira da Irlanda, taumaturga, [undou vários mosteiros e foi favorecida com o dom dos milagres.
L. PUNI O MARIA SOLIMEO
mbora Santa Bríg ida tenha vivido no sécul o V, ex istem sobre e la várias bi ografias. A mais anti ga é a que Sa nto Ul ta n, bi spo-abade de Ardbraccan, escreveu para seu di scípul o São Broga n C loen de Rostruirc, falecido no ano de 650. 1 São Donato, que viveu no sécul o IX na Irlanda, refere-se também a outra biografi a escrita por Santo Aileran (séc. VII). Temos assim a vida de Santa Bríg ida escri ta por outros santos. Como são imperscrutáveis os des ígni os de De us ! Sa nta B ríg id a, qu e se
E A cruz de Santa Brígida
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CAT OLICISMO
tornaria padroeira da Jri anda, ta umaturga, abadessa de milhares de religiosas e modelo de santidade, nasceu na escravidão e fora do sagrado vínculo matrimonial!
Filha de pai pagão, tornou-se religiosa A fut1.1 ra santa nasce u pe lo ano 45 1 na c id ade de Gaug hart, co nd ad o de Louth , que corresponde hoj e à Irl anda. Seu pa i, grande senhor, comprara uma escrava de muito boa a parê nc ia, da qua l se enamorou, cometendo com e la adultéri o. Sua esposa conseguiu que e le a afastasse, apesar de a lguns servos de Deus predizerem que a escrava daria à
N aqu e le te mpo não havia a inda mos te iros na Irl a nda, e as v irge ns consagradas viv iam em suas pró prias casas. Brígida recebeu o vé u das mãos de São M acca ille, e fez sua profissão re lig iosa com Sã.o Me l, de Ardag h, que lhe confe riu poderes de abadessa para reunir virgens sob sua direção, como no continente. Foi quando, de acordo co m o Martiro lógio R omano e seus primeiros biógrafos, B ríg ida, tocando o a ltar, que era de made ira seca, este fl oresceu. Ac rescentam a lguns que lhe vo ltaram então a vi sta e a formosura da face. Po i , segundo eles, N osso Senhor nã.o pod ia deixar de dar um ta l presente à s ua e le ita no d ia de suas núpcias. Brígida retirou-se então com outras sete virgens para uma região isolada, onde eri g iu um convento sob um grande ca rva lho . To rnou-se logo mu.ito conhec ida e famo a pe lo bom senso e, sobretudo, pe la sa ntidade. Já a co ns id e ra vam santa em vida. Po r vo lta do ano 470, Brígida fun-
leth . Entre outros traba lhos artísti cos lá executados, estavam aque les fe itos em meta l, sobretudo as iluminuras que tornara m o mosteiro fa moso, pois os livros eram tod os escritos à mão, não ex istindo a inda imprensa: Consta que uma das obras-primas desse moste iro-esco la fo i um maravilhoso li vro dos Evange lhos, ri came nte ilu strado co m iluminu ras, o que causou a admi ração geral não só dos conte mporâneos, mas dos séculos seguintes, até a pseudo-reforma protestante, quando desapareceu. Segundo o escritor, hi storiador e ec les iástico do sécul o XII , G ira lclu s Cambrensis, "nada do que ele linha
Milagres opemdos com o Sinal da Cruz O mosteiro tornou-se co m o tempo um dos ma is presti g iosos da Iri anda e fa moso em toda a E uropa cristã. Por indicação de Brígida, São Conleth fo i e le ito para a Sé episcopa l ele Kildare.
Supeôora de toe/os os mosteiros da Irlanda Segun do se us b iógrafos , Sa nta Bríg ida esco lheu São Conl eth "para
governar o convento de Kildare j unto com ela" [. ..} "Desse modo, por séculos, Kildare foi regido por uma dupla linha de abades-bispos e abadessas. A Abadessa de Kildare era considerada Superiora Geral de todos os conventos da i rlanda ". 2 N o moste iro masc ulin o de Kildare Santa B ríg ida fund ou uma esco la ele arte, pres idid a també m por São Con-
Muitos mil ag res são atribuídos à padroe ira ela Irlanda . Seus seguidores afirmam que e la os faz ia uti li za ndo o Sinal da C ru z: expulsava os de môni os, restituía a vi são aos cegos e curava os leprosos . N esse sentido, narra m as crônicas que dois leprosos se diri g ira m a e la certo di a para pedir a cura . A santa fez o Sinal da C ruz num a vas ilha com água, recomendando aos leprosos que um lavasse o rosto do outro com aquela água. O primeiro que fo i lavado fico u tão contente com a cura, e com ta nto medo de pegar nova mente a lepra, que não quis tocar no segundo para lavá- lo, como lhe tinha sido recomendado pela Santa. N o mesmo instante as úl ceras vo ltara m, enquanto o outro era curado pe la in tercessão de Brígida.
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Santa Brígid a é chamada pelos irlandeses a "Rainha do Sul", ou "Mari a de Gael", nome cujo signifi cado desconhecemos.7 Al gumas vezes ela é também chamada de "Santa Brígida da Escócia", como o fez, no séc ulo XVI, Pedro de Ribadeneira, di scípulo de Santo Inác io de Loyo la. Isso se explica, segundo os "Pequenos Bolandi stas", pelo fa to de qu e os Escotos, qu e deram nome à parte setentri onal da Grã-Bretanha, habitavam no sécul o V a região que veio a ser a Irlanda, que era chamada indife rentemente de Escóc ia ou Hibérni a. 8 • Milagre duplo, prodígio /'eito e <les/'eito
Outro caso que marav ilhou os contemporâneos fo i o dupl o mil agre que ela operou em favo r de uma virgem consagrada que era cega. A pedido desta, a sa nta fez o Sin al da Cruz sobre seus olhos, e a virgem começou a enxe rga r. Mas depois, iluminada interi ormente, considerou que tudo o que via neste mundo era perecedouro e caduco; ademais, que muita co isa poderia ser empecilho para o progresso de sua alma. Pediu então a Brígida que lhe resti tuísse a cegueira. O que a santa fez do mesmo modo como lhe tinha restituído a vi sta. 4 Morte e glol'ilicação da pa<froeil'a ela lrla11da
Segundo a opini ão mais prováve l, Sa nta Brígida fa lece u no di a lº. de feve reiro de 523 em seu mosteiro de Kildare, e fo i enterrada na igreja de sua abadia. Consta que, para honrar sua memóri a, as reli giosas do moste iro in stituí ra m um fogo sagrado perpétuo, que passou a ser chamado de "Fogo de Santa Brígida".5 Seus restos mortais fo ram depois tra nsportados para Downpatri ck, a fi m de se juntarem aos dos outros dois padroeiros da tri anda, São Patrício e São Co lumba. Entretanto, segundo Mons. Paul Guérin, eles fora m depois tra nsferi dos para a ca tedral de sa mesma cidade. Aconteceu então que,
CATOLICISMO
depois da apostasia da Inglaterra, por ordem de Henrique VIU, a igreja que conservava os restos mortais da santa fo i destruída, e suas cinzas lançadas ao vento. Da profanação salvou-se entretanto o crânio de Brígida, que se encontrava em Neustadt, na Áustria. Conservado na capela do palácio imperial austríaco até 1587, Rodolfo ll presenteou-o ao embaixador da Espanha, João de Borgia. Este o doou à igreja de São João Bati sta, dos jesuítas, em Lisboa, onde é atualmente venerado. 6 A devoção a Santa Brígida é muito grande em seu país de origem, tendo-se espalhado por outras nações da Europa e do mundo com a imigração irlandesa. Sua fes ta se comemora no dia 1º de fe vereiro. Catedral de Santa Brígida em Kildare
E-ma il para o autor: catolicis111o@terra.com.br
Notas: 1. C fr. W.H. Gra tta n-F lood, T he Ca th o lic Encyclopedi a, CD Roon editi on, Saint Ultan
o/Ardbraccan. 2. W.H . Gratta n-F lood, St. Brigid o/ l reland, T he Catho li c Encycloped ia, CD Roo ed iti on. 3. ld., lb. 4. C fr. Pedro de Ribadeneira, Santa Brígida de Escócia, in Fios Sa nctorum, apud Dr. Eduardo Maria Vil arrasa, La Leyenda de Oro, L. Go nzá lez y Compaíl ia - Edi tores, Barcelona, 1896, 1º. Tomo, p. 350. 5. Cfr. M gr. Pa ul G ué rin , Sainle Brig ille, surno mmée La thau maturge, Les Pe tits Bo ll and istes, Vi es eles Sa ints, 'B lo ud ET Barrai, Libra ires-Édi teurs, Pa ris, 1882, tomo 2., p. 186. 6. ld ., lb. p. 186. 7. Cfr. W.1-1. Grattan-F lood, St. Brigid o/ !reland, op. ci t. 8. M gr. Paul G uérin, op. cit. p. 185, nota 1.
Logo e claramente
O
direito de propriedade indi vidual é um direito fundamental da pessoa humana e um dos sustentáculos da vida em sociedade. Os regimes comuni stas que o negaram, acabaram por implantar um a situação de escravização dos cidadãos, além de imposs ibilitar qualquer desenvolvimento cultu ra l ou moral da nação, inclusive atingindo profundamente a instituição da fa mília. Quis Deus Nosso Senhor amparar esse direito e m do is Mand ame ntos de sua Le i: "Não roubarás" e "Não cobiçarás as coisas alheias". Pode have r abusos do direito de ~ pro priedade? Claro, como de todos os ] ~ direitos. Por exe mplo, alguém pode w --...-...... abusar da próp ria v ida ou da vida de outros, mas nem por isso deixa de ha- direitos .fúndamenta is, ao interesse ver um direito à vida. Ao Estado cabe, público e ao desenvolvimento integral, integrado e sustentável do Brasil, o mediante leis sábias, co ibir os abusos, nosso bem maior" (cfr. site do Mini smas tomando o cuidado de não golpear tério do Desenvo lvimento Agrário). o direito em si mesmo. De q ue "adequação " se trata? Como fazê-l a? O tema é sério demais * * * para ser lançado ass im à mane ira de uma bravata. Di ante dessas verdades, resumi "O direito de propriedade não pode da me nte ex pos tas, fic a-se pas mo e ser, em nosso tempo, um direito inconco ntrafeito ao toma r conh ecimento trastável, inquestionável, que prevalece das declarações do ministro do Desensobre todos os demais direitos". vo lvimento Agrári o, Patru s A nani as O que significa ''não ser inquestio(foto), por ocasião de sua posse em 6 nável"? Ficamos sem saber. De outro de janeiro último. lado, o que quer di zer que "em nosso " O ministro d iz que pretende tempo" o direito de propri edade não promover um 'amplo debate' no país sobr 'o conceito de propriedade', que pode preva lecer sobre os demais di ele conside'ra 'selvagem, retrógrado e reitos? Em nenhum tempo houve urna p ré- apita/is ta' no Brasil [ ... ] O MST prevalência abso luta. Cada direito tem na sociedade seu papel e deve conjugarmanl m bom relacionamento com Patru, Ananias" ("Folha de S. Paulo", se harm oni ca mente com os dema is dire itos. E m caso de haver co nflitos, co lun a ele Môn ica Bérgamo, 6-1 - 15). para isso estão os Tribu na is. Nu ma linguagem que ga nharia em "Sabemos que é um tema que ser clara, mas que insinua o pior, Anaainda desperta polêmica · e encontra nias afirma que "trata-se de adequar resistências. Por isso sua tradução na o dir ?i/o de propriedade aos outros
realidade brasileira e na solução dos conflitos [ ..} passa, sobretudo, pela sociedade, pelos meios de comunicação, pelas organizações sociais". A propriedade é aqui apresentada não co mo um dire ito natural , mas como um terna polêmi co que prec isa ele "tradução para a realidade brasileira"! E ntão tudo o que sobre a propri edade ensinaram os juri sconsultos da Antiguidade e da fd ade Moderna, tudo quanto se encontra no Magistério da Igrej a, tudo quanto as legislações cios povos di spuseram, tudo isso, para o Sr. Ananias, se reduz a urna situação cambiante em busca de uma "tradução" para cada realidade! Segundo ele, "não basta continuar derrubando as cercas do latifúndio". Se não basta essa derrubada, quer dizer que ela é um ingredi ente legítimo, embora não suficiente, das medidas que se devem tornar. Ora, todo mundo sabe que a derrubada das cercas pelo MST, Vi a Campes ina e congêneres, é ação contrári a à lei, em geral levada a cabo com grande vi olência, por vezes contra pessoas, matando animai s, destruindo plantações etc. In s iste ele na Refo rm a Ag rári a, sem se referir ao fracasso dos assentamentos, tra nsformados em verdadeiras "favelas rura is". Pelo contrári o, di z que "na perspectiva do projeto nacional brasileiro, um tema da maior relevância é a aplicação efetiva do principio dafimção social da propriedade". O qu e signi fica essa "aplicação efetiva"? Será algo à maneira da coletivização dos bens, como nos países comuni stas? Se não é isso, o que significam essas genera li zações? Se é isso, por que não o diz logo e claramente? P or isso tud o , N ossa Se nh ora chora. • FEVEREIRO 2015
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da prudência, levavam Santo Heriberto, bispo de Co lôn ia, a consultá- la em todas as suas dificuldades.
6 São Guarino, Bispo e Confessor + Bolonha, 11 59. Cônego agos-
Santo Henrique Morse, Mártir + Ing laterra, 15 35. Estudante em Londres, fugiu para a França para tornar-se católico, ordenando-se sacerdote em Roma. De volta a seu país como missionário, foi preso com o Pe. João Robinson, que o recebeu como jesuíta, fazendo ele seu noviciado durante os três anos de cativeiro. Exi lado, retornou à fnglaterra, e sob um pseudônimo obteve muitas conversões. Preso e ex il ado mais uma vez, ainda retornou à sua pátria, sendo preso,julgado e esquartejado por ódio à fe.
2 APRESENTAÇÃO DO MENINO JESUS NO TEMPLO E PURIFICAÇÃO DE NOSSA SENHORA (Nossa Senhora das Candeias ou Cande lária)
tiniano da Santa Cruz renomado por sua santidade, fugiu pela janela do convento quando quiseram fazê- lo bispo de Mortária. Após passar 40 anos no convento desta cidade em edificante observânc ia rei igiosa, o Papa obrigou-o a aceitar o arcebispado de Palestrina, com o chapéu cardinalício. Primeira Sexta-feira do mês.
7 São Lucas, o Jovem ou o Taumaturgo, Confessor + Gréc ia, 946. Só aos 18 anos a mãe lhe permitiu ir viver como eremita num monte perto de Corinto. Começou então a atrair multidões. Os inúmeros milagres que operava tornaram-no conhecido como o Taumaturgo . Primeiro Sábado do mês.
8 São João da Mata
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São Nicéforo, Mártir
São Brás, Bispo e Mártir
+ Antioquia, 260. Leigo, teve
4 Santo André Corsini , Bispo e Confessor + Fiéso le, 1373. Convertido pelas lágrimas da mãe (como Santo Agostinho), tornou -se grande pregador carme li ta, depois bispo de Fiéso le. Sua caridade para com os pobres, sobretudo os envergonhados, foi extrema.
5 Santa Águeda , Virgem e Mártir Santa Adelaide de Bellich, Virgem + Alemanha, 1015. Fundou egovernou os mosteiros de Bellich e de Santa Maria, em Colônia. Suas virtudes, em particular a
uma desavença com um sacerdote de nome Sabrício, cujo perdão procurou várias vezes inutilmente obter, pois este sempre o recusou, até mesmo na hora do martírio. Tal atitude fez com que Sabrício fraquejasse nesse momento supremo, e logo apostatasse, apesar das admoestações de N icéforo, que então se declarou cristão e morreu em seu lugar.
pudesse ressaltar sua beleza. Foi decapitada em ód io à fé sob o imperador Diocleciano.
Reformados, cujos confrades relaxados o perseguiram, chegando a agredi-lo fisicamente.
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NOSSA SENHORA OE LOUROES (1858) São Gregório II, Papa e Confessor
São Cláudio la Colombiere + Paray-le-Monial, 1682. Con-
+ Roma, 731. Acompanhou o Papa Constantino Ia Constantinopla para combater o Concílio de Trullo, que declarara a independência do Patriarca de Constantinop la em relação ao Papa. Sucedendo a Constantino [ no sólio pontificio, combateu heresias, reformou costumes, convocou concíli os e mandou reconstruir grande parte das muralhas de Roma.
12 São Bento de Aniane Abade, Confessor + Alemanha, 82 l. Abandonou a corte de Carlos Magno para se tornar monge beneditino. O imperador Luís, o Piedoso, filho de Carlos Magno, construiu para ele um mosteiro em Corne limun ster, a fim de o conservar junto a si, confiando!he a inspeção de todos os mosteiros do império. A este santo deve-se principalmente a redação dos cânones para a reforma dos monges no Concílio de Aix-la-Chapelle, em 817. É conhecido como o restaurador do monaquismo no Ocidente e como um segundo Bento.
13 Santa Catarina de Ricci, Virgem + Itália, 1590. Esta extraordinária santa entrou aos 12 anos no convento das dominicanas em Prato, aos 13 foi nomeada mestra de noviças, depois superiora, e aos 30 priora vitalícia.
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Santa Escolástica, Virgem Santa Sotera , Virgem e Mártir + Roma, 304. Parente de Santo
São João Batista da Conceição, Confessor
Ambrósio, Bispo de Milão e Doutor da [greja, Sotera fizera ainda jovem voto de virgindade. Para melhor preservá-la, recusou qualquer adorno que
+ Córdoba, 1613. Ingressando na Ordem dos Trinitários, constatou com tristeza que suas regras primitivas estavam em decadência. Por isso fundou em Valdepeíias, com aprovação de Roma, uma casa de Descalços
fessor e diretor esp iritua l de Santa Margarida Maria Alacoque, fo i o apóstolo do Sagrado Coração de Jesus.
16 Santo Onésimo Bispo, Mártir + Roma, séc. I. Escravo de Filemão, depois de roubar se u amo fugiu para Roma, onde encontrou São Pau lo na prisão. Após convertê- lo, o Apóstolo mandou-o de vo lta a Fi lemão, pedindo a este que não o recebesse como escravo, mas como irmão (cfr. Co l. 4, 7-9). Segu nd o São Jerônimo, Onés im o tornou-se presador do Evangelho e bispo de Efeso, sendo lapidado em Roma.
17 Sete Santos Fundadores dos Servitas, confessores + Florença, séc. XJil. Este s comerciantes florentinos tudo deixaram para seguir a Cristo, fundando para isso a Ordem dos Servos de Maria. Foram tão unidos em vida, que são comemorados juntos depois da morte.
18 QUARTA-FEIRA DE CINZAS São imão, Bispo e Mártir
mosteiro de Liébana, e seu amigo o sacerdote Etério, depois bispo de Osma, sa íram a campo para refutar o prelado através da palavra e de escritos.
mestre, sendo depois torturados e decapitados por ódio à fé sob o procurador romano So lon.
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São Cesário Nazianzeno, Confessor
Santo Euquério , Bispo e Confessor
+ Constantinopla, 369. l.rmão
+ Orleans, 743. Logo após ser nomeado bispo de Orleans , condenou abertamente Carlos Marte! por seu costume de apoderar-se dos bens da Igreja para suas guerras. Foi por isso exi lado, primeiro para Colônia, depois para Liege, e finalmente para o mosteiro de Saint-Trond, onde terminou santamente seus dias.
21 São Pedro Damião, Bispo e Doutor da Igreja + Ravena, 1072. Entrou na O rd em dos Cama ldul enses. Nomeado cardeal-b ispo de Óstia a contragosto e sob pena de excom unhão, deixou mais de l 58 cartas , 60 opúsculos , várias vidas de santos e adm iráveis sermões. Sofria muito de insônia e de terríveis dores de cabeça, sendo por isso invocado contra esses males.
22 Cátedra de São Pedro Festejar a cadeira de São Pedro significa venerar na pessoa dele os desígnios providenciais de Deus, que o escolheu para chefe dos Apóstolos e primeiro pastor de sua Igreja.
+ Jerusa lém, 107. Filho de Maria leofa · e primo de Nosso Senhor, sucedeu a Santiago Menor na é de Jerusa lém. Avisado sobrennluralmente da destruição da cidade, saiu com os cristãos para Pela, às ma rgens do Jordão. Voltou depois, para estabelecerse na s ruínas da cidade santa de lruída. foi ma rtirizado sob o imperador Trajano.
"vivia na solidão, santificando seu trabalho manual com orações e p enitências, até ser preso e decapitado por causa de sua f é" (do Martiro lógio Romano).
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Sfi o Beato de Liébana, Confessor
São Montano e Companheiros, Mártires
+ Es pa nh a, 79 8. Quando o bispo de ·1o ledo começou a pregar uh ·1tame nte a heresia nestoriona, o monge Beato, do
+ Carta g o, 259. Estes sete
23 São Sereno, o Jardineiro, Mártir + Alemanha , 307. Jardineiro
discípulo s de Sã.o C ipri ano, quase todos sacerdotes, foram aprisionados um ano após seu
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do grande São Gregóri o Nazianzeno, tornou-se médico da corte imperial de Juliano, o Apóstata, que tentou pervertêlo. Por isso renunciou à sua função e afastou-se da corte, para a qual fo i reconduzido pelo novo imperador.
26 São Vítor de Areis, Confessor + França, 6 JO. Dedicou-se ao ministério sacerdota l por algum tempo , mas logo se retirou para um lugar ermo a fim de se entregar à contemp lação, ao jejum e à penitência. Sua fama de milagres atraiu- lhe visitantes ilustres, entre os quais o re i.
27 São Leandro, Bispo e Confessor
Intenções para a Santa Missa em fevereiro Será ce lebrado pe lo Revmo . Podre David Francisquini, no s seguintes intenções: • Em memória dos aparições de Nosso Senhora de Lourd es (l 858). Rog a ndo o suo materna l proteção paro t odos os m embros do gran de famí li a de a lmas de Catolicismo, preservando-os do pecado e de qua lquer tip o de imoro lidade. Com menção es p ec ífi co às crian ças e aos ado lescentes de nossos fomílio s, que se encontrem ma is vu lneráveis à co rrupção mora l reina nte nos ambientes modernos.
+ Sevi lha, 596. lrmão de Santo .Isidoro, "en carregado da .formação do rei dos visigodos arianos, trouxe de volta toda a Igreja da Espanha para a verdade e unidade católicas" (do Martirológio Romano).
28 Santo Osvaldo, Bispo + Worcester (fnglaterra), 992. Monge beneditino, fo i indicado para a diocese de Worcester pelo Rei Edgar por recomendação de São Dustan. Auxil iou a este último, juntamente com Santo Ethelwold, a reavivar a Religião católica na Inglaterra, encorajando a vida monástica e escolar. Fundou o mosteiro de Westburyon-Trym e a Abadia de Ramsey, em Huntingdonshire. Nomeado também bispo de York, ocupou simu ltaneamente as duas dioceses, a pedido de seus diocesanos. Nota: Os santos aos quais já fi zemos referência em calendários anteriores têm aqui apenas seus nomes enunciados, sem nota biográfica.
Intenções para a Santa Missa em março • Especia lm en te pelos famí li as que mois sofrem em razão da s perseguições re lig iosos, como aque las perpetradas em d iversos países pe lo terrorismo islâm ico. Rogando o N osso Se nhor Jesus Cristo pe lo intercessão de Suo Mãe San tíss imo e pe los méritos do Encarnação do Verbo (festividad e do dia 25 de morço) - que ampare os m embros dessas famí li as perse guidas, a fim de que resistam firmemente e se ofervorem ainda mais no amor de Deus .
FEVERE I
;, Catolicismo pede a adesão de seus prezados leito,. res, amigos e simpatizantes à "Filial Súplica"-um
abaixo-assinado internacional ao Papa Francisco promovido por um grupo 1e líderes católicos e associações contrárias ao aborto com o apoio do Instituto Plinio Corrêa de Oliveira.
Abaixo-assinado
Filial Súplica a Sua Santidade o Papa Francisco sobre o Futuro da Família , .. INSTITUTO PUN JO C ORRÊA DE ÜUVEIRA
o dia 6 de janeiro, data em que os três Reis Magos se ajoelharam diante do Divino Infante, o Instituto Plínio Corrêa de Oliveira anunciou aos seus diletos leitores mais uma campanha em defesa da Família. Trata-se de um abaixo-assinado ao Papa Francisco [quadro ao lado], tendo em vista o próximo Sínodo sobre a Família, em outubro de 2015. Nele se pede ao Pontífice uma palavra esclarecedora para superar a crescente confusão entre os fiéis , causada pelas informações veiculadas por ocasião do último Sínodo, sobre a
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"possibilidade de que se tenha aberto no seio da Igreja uma brecha que p ermite a aceitação do adultério mediante a admissão à Eucaristia de casais divorciados recasados civilmente - , e até mesmo uma virtual aceitação das próprias uniões homossexuais, práticas essas condenadas categoricamente como contrárias à Lei divina e natural", conforme relata o texto da missiva transcrita na página seguinte. Esta campanha se dá no momento em que, especial-
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CATOLICISMO
mente nos EUA e na Europa, iniciativas progressistas se fazem sentir para influenciar os Padres sinodais a tomarem medidas liberalizantes, que significariam a destruição da doutrina moral revelada da Igreja Católica. Quem está promovendo o abaixo-assinado? A iniciativa é de um grupo de líderes católicos e associações pró-vida espalhados pelo mundo, a cujos esforços se une o Instituto Plinio Corrêa de Oliveira. Como participar? l) Faça o download e imprima o arquivo em PDF acessando o site www.ipco.org.br; 2) Assine, peça a seus familiares e amigos que façam o mesmo; e 3) Envie por correio as assinaturas para o endereço que consta no documento. Sua assinatura será preciosa, pois o lobby anticristão já está trabalhando para fazer arrastar o próximo Sínodo pelos ventos malsãos de estilos de vida hedonistas, que não só não resolvem o problema moral do mundo moderno, como o agrava de forma acentuada. Que a Sagrada Família ajude a todos nós nesta iniciativa em prol dos ensinamentos imutáveis de Nosso Senhor Jesus Cristo. •
Beatíssimo Padre, Tendo em vista o Sínodo sobre a Família de outubro de 2015, dirigimo-nos filialmente a Vossa Santidade, para Lhe manifestar as nossas apreensões e esperanças sobre o fuh1ro da família. Nossas apreensões se devem ao fato de virmos assistindo há décadas a uma revolução sexual promovida por uma aliança de poderosas organizações, forças políticas e meios de comunicação, a qual atenta passo a passo contra a própria existência da família como célula básica da sociedade. Desde a chamada Revolução de 68, sofremos uma imposição gradual e sistemática de cosh1mes morais contrários à Lei natural e divina, tão implacável que torna hoje possível , por exemplo, ensinar em muitos lugares a aberrante " teoria do gênero" a partir da mais tenra infância. Em face dessa obscura orquestração ideológica, o ensinamento católico sobre o Sexto Mandamento da Lei de Deus é como uma tocha acesa que atrai inúmeras pessoas - opressas pela publicidade hedonista - para o modelo de família casto e fecundo pregado pelo Evangelho e conforme à ordem nahiraJ. Santidade, na sequência das informações veiculadas por ocasião do último Sínodo, constatamos com dor que para milhões de fiéis a luz dessa tocha pareceu vacilar sob os ventos malsãos de estilos de vida propagados por lobbies anticristãos. Com efeito, observamos uma desorientação generalizada, causada pela possibilidade de que se tenha aberto no seio da Igreja uma brecha que permite a aceitação do adultério - mediante a admissão à Eucaristia de casais divorciados recasados civilmente - , e até mesmo uma virtual aceitação das próprias uniões homossexuais, práticas essas condenadas categoricamente como contrárias à Lei divina e natural. Dessa desorientação brota paradoxalmente a nossa esperança. Sim, porque nesta situação uma palavra esclarecedora de Vossa Santidade será a única via capaz de superar a crescente confusão entre os fiéis. Ela impediria a relativização do próprio ensinamento de Jesus Cristo, e dissiparia as trevas que se projetam sobre o fuh1ro dos nossos filhos , caso essa tocha deixe de lhes iluminar o caminho. Esta palavra, Santo Padre, nós Vo-l a imploramos com o coração devotado por tudo o que sois e representais, certos de que ela não poderá jamais dissociar a prática pastoral do ensino legado por Jesus Cristo e por seus vigários, o que só aumentaria a confusão. Jesus nos ensinou com toda clareza, com efeito, a coerência que deve existir entre a verdade e a vida ( cfr. Jo 14, 6-7), assim como nos advertiu de que o único modo de não sucumbir é colocar em prática a sua doutrina (cfr. Mt 7, 24-27) . Ao mesmo tempo em que pedimos a Sua bênção apostólica, asseguramos-Lhe as nossas orações à Sagrada Família - Jesus, Maria e José - , para que ela iluinine Vossa Santidade nesta circunstância tão transcendental.
Filial Súplica a Sua Santidade o Papa Francisco Sobre o futuro da família Beatíssimo Pad re, Tendo em vista o Sfnodo sob re a Famllia de outu bro de 2015, dirigimo-nos fi lialmente a Vossa Santidade, para Lhe manifestar as nossas apree nsões e espe ranças sobre o futuro
da familia .
Nossas apreensões se devem ao fato de virmos assistindo há décadas a uma revolução sexual promovida por uma aliança de poderosas organizações, forças pollticas e meios de comunicaçao, a qual atenta passo a passo contra a própria existência da familia como célu la básica da sociedade. Desde a chamada Revolução de 68, sofremos uma imposição gradual e sistemática de costumes morais contrários á lei natural e divina, tão implacável que torna hoje passivei, por exemplo, ensinar em muitos lugares a aberrante nteoria do gênero", a partir da mais tenra infância . Em face dessa obscura orquestração ideolôg1ca, o ensinamento católico sobre o Sexto Mandamen to da Lei de Deus é como uma tocha acesa que atra i inúmeras pessoas apressas pela publicidade hedonista - para o modelo de famllia casto e fec undo pregado pe lo Evangelho e conforme à ordem natural. Santidade, na sequência das informações veiculadas por ocasiao do último SI nodo, constatamos com dor que para milhões de fiéis a luz dessa tocha parece u vacilar sob os ve ntos malsaos de estilos de vida propagados por lobb1es anticristaos. Com efeito, observamos uma desorientação generalizada, causada pela possibilidade de qu e se tenha aberto no seio da Igreja uma brecha que permite a aceitação do adultério - mediante a admissão à Eucaristia de casais divorciados recasados civilmente - , e até mes mo uma virtual aceitação das próprias uniões homossexuais, práticas essas conde nadas categoricamente como contrárias à lei divi na e natural. Dessa desorientação brota paradoxalme nte a nossa espera nça. Sim, porque nesta situação uma pa lavra esclarecedora Vossa será a única via capaz de superar a crescente con fu são entre os fiéis. Ela impediria a relativização do próprio ensinamento de Jesus Cristo, e dissiparia as trevas que se projetam sobre o futuro dos nossos filhos, caso essa tocha deixe de lhes Iluminar o ca minho. Esta palavra, Santo Padre, nós Vo ~la imploramos com o coração devotado por tudo o que sois e rep resentais, certos de que ela não poderá jamais dissociar a prática pastora l do ensino legado por Jesus Cristo e po r seus vigários , o que só aumentaria a confusao. Jesus nos ensi nou com toda clareza, com efeito, a coerê ncia que deve existir en tre a ve rdade e a vida (cfr. Jo 14, 6-7), assim como nos advertiu de que o único modo de não sucumbir é colocar em prática a sua doutrina (cfr. Mt 7, 24-27). Ao mesmo tempo em que pedimos a Sua bênçao apostólica, asseg uramos-Lhe as nossas orações à Sagrada Famllia - Jesus, Maria e José -, para que ela ilumine Vossa Santidade nesta circunstância tão transce ndental.
Nome Com pleto
Cidade
P a is
As s ina tura
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~s fotos destas páginas registram a atuação dos 1o~en~ caravanistas do Instituto Plinio Corrêa de ~~•ve,ra_ em _Brasília, no início da referida campantra~ ::!~:::r: ~-P· E!es contin~a_m per~orrendo oud f espe1t~, na prox1ma edição pretenemos o erecer novas informações e imagens. CATO LI CI SMO
MARAVILHAS DA C RISTANDADE Estilo gótico, cruzados e estadistas -santos ■ PuN10 CoRRÊA DE OuvEIRA
e
orno Deus é grande e que coisas magníficas haveria no mundo se todos os povos tivessem correspondido à vocação providencial que receberam! . Eu penso muitas vezes nisso, quando contemplo monumentos de estilo gótico. Os gregos pensaram que construindo suas obras de arte atingiram o auge da beleza. Eles alcançaram um píncaro. Mas que píncarozinho se comparado ao estilo gótico da Idade Média ... E ao esplendor dos vitrais, das catedrais, dos órgãos, do incenso, da liturgia católica, das pompas temporai s nas grandes solenidades da Igreja Católica, nas grandes ocasiões da vida da Cristandade! Se compararmos aqueles heroizinhos pagãos descritos por Homero com os magníficos heróis cristãos, como por exemplo Godofredo de Bouillon, o arquétipo do cruzado que conquistou Jerusalém durante a primeira Cruzada, ou Balduíno IV, o Leproso, soberano do Reino Latino de Jerusalém ... Houve povos na História que corresponderam à graça divina, nos quais a distribuição da Sagrada Eucaristia foi generalizada e frutuosa. · Nesses povos da Cristandade, especialmente na época medieval, surgiram maravilhas artísticas e culturais, como o estilo gótico; e na esfera humana, guerreirós extraordinários como aqueles que já mencionei, e estadistas santos como São Luís IX, rei da França. • Excertos de conferência proferida pelo Prof. Plínio Corrêa de Oliveira em 4 de agosto de 1979. Sem revisão do autor.
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ffll PuN10 CORRÊA
---~-Li MAR 1
DE ÜLIYEIRA
\tl ;\l~(;o de 2015
Anunciação e Encarnação do Verbo "O Anjo do Senhor anunciou a Maria"
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o dia 25 de março a Igreja celebra este fato incomparável: a Anunciação! Fra Angélico pintou um quadro da Anunciação: a Virgem Maria encontrase numa casinha pequena, modesta, limp íssima e em inteira ordem, num claustro composto de umas arcadazinhas. Ela está sentada com um livrinho de meditação no colo. Uma atmosfera de paz impregna todo o ambiente, quando o arcanjo São Gabriel aparece e se ajoelha diante d' Ela. E Maria aparece um pouco inclinada ouvindo o anjo falar. É o fato extraordinário que se deu ;,: naquela ocasião. Ela não pensava na >< possibilidade de um anjo visitá-La, nem -~ na mensagem que ele vinha trazendo . Há milênios a humanidade esperava Aquele que deveria vir ao mundo - aquela criatura perfeita que seria o centro de todas as coisas. Em virtude do pecado original, os homens estavam imersos num caos. Na que jamais ninguém teve e pensava a pior das formas da desordem encontrarespeito do Messias. vam-se os povos pagãos e também o Assim meditando, Ela foi levada pelo povo eleito. O povo judaico, que tinha desejo de que nascesse o Messias e pedia sido escolhido para a promessa, estava por essa vinda. Ela foi compondo a figura na maior decadência e no maior afasdo Messias, com base nas Escrituras e tamento de Deus. Na Terra nada mais e111 conjecturas, até imaginar como Ele se salvava. seria. Sua sabedoria, virtude e a111or de Entretanto, uma Virgem concebida Deus aux iliaram-na nessa composição. sem pecado original - nascida de Santa Na paz da sua meditação, quando Ana e de São Joaquim, e que depois Ela acabava de pôr o último traço na se casaria virginalmente com São José imaginação de co1110 Nosso Senhor Je- 111editava. E la percebia que a única sus Cristo seria, uma iluminação dentro solução para a salvação dos homens do jardim! Aparece o anjo e lhe di z: era a vinda do Messias a fim de redimir "Ave Maria, cheia d, , graça, o s ,nhor o gênero humano. Ela meditava , lia a é convosco, h ndita sois Vós ntre as Bíblia co111 u111a inteligência 111aior do mulheres."
Nº 771
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Excmnos
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CAR'I'/\ DO DIRETOR
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PoR ()UI•:
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VARmnAn..:s Seres humanos "c11ipados"
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SENHOIM C110R/\
Em atenção ao Ministério Público
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PAL/\VIM DO SACERDOTE
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França, país decisivo para o liitllro do mundo
18 D,scERNrNoo República castro-cubana da Venezuela
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20 SOS F AMh,1A Prole numerosa: bênção para a família 26 CAPA O Santo Sacrifício, a Eucaristia e o Sacerdócio 36 VioAs Ela se perturbou , pois não sabia qual era a finalidade dessa saudação. O anjo, então, explicou-Lhe que Ela seria Mãe do Fi lho de Deus e que o Verbo de Deus, o Messias, nasceria d'Ela. Pode-se imaginar a surpresa, poi s Ela se julgava indigna de ser a escrava da Mãe do Messias e pedia a graça de poder conhecer a Mãe do Messias e de servi-la. Era o que aspirava . Entretanto, mesmo considerando esse favor arrojado, o anjo anuncia que Ela própria seria a Mãe do Messias! •
01~ SANTOS
Santa Matilde
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ENTREVISTA
Solução para o conflito indígena
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SANTOS E l"EsTAS oo
Mf~s
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Nossa Capa: Excertos da conferência proferida pelo Prof. Plínio o rrêa de O li ve ira em 24 de março de 1984. Sem revi são do autor.
O Papa São Gregório Magno (540-604) cele bra a Santa Missa
Santa Matilde
CATOLICISMO MARÇO2015 -
Uma religiosa Caro leitor,
Diretor: Paulo Corrêa de Brito Filho Jornalista Responsável: Nelson Ramos Barretto Registrado na DRT/DF sob o nº 3116 Administração: Rua Visconde de Taunay, 363 Bom Retiro CEP 01132-000 São Paulo - SP Serviço de Atendimento ao Assinante: Fone/fax (Oxx11) 3333-6716 Correspondência: Caixa Postal 1422 CEP 01031-970 São Paulo - SP Impressão: Prol Editora Gráfica Ltda. E-mail: catolicismo@terra.com .br Home Page: www.catolicismo.com.br ISSN 0102-8502 Preços da assinatura anual para o mês de Março de 2015: Comum: Cooperador: Benfeitor: Grande Benfeitor: Exemplar avulso:
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CATOLICISMO Publicação mensal da Editora PADRE BELCHIOR DE PONTES LTDA.
De acordo com a nossa tradição; previamente à Semana Santa que n st an transcorrerá no início de abril - Catolicismo apresenta na matéria de capa cons idcraç us sobr · a Paixão e Morte de Nosso Senhor Jesus Cristo. Desta feita, oferece uma meditação proposta por Plinio Corrêa de Oliveira durante uma conferência pronunciada em 1971, a qual julgamos de grande proveito para nossos leitores. Seus comentários concentram-se especialmente sobre aspectos da Quinta-Feira Santa. Nosso Senhor, movido por um amor sem limites para com os homens - apesar de todas as rejeições que sofreu, de todas as friezas externadas a seu respeito, bem como da pouca compreensão manifestada pelos Apóstolos - , desejou permanecer com eles, após sua Crucifixão e Ascensão ao Céu. Como? Através da instituição do Sacramento da Eucaristia. Só mesmo Deus poderia excogitar um meio de renovar - de modo incruento mas não menos verdadeiro - o Sacrificio do Calvário, a fim de servir de alimento espiritual aos homens, auxiliando-os durante suas provações neste vale de lágrimas. · Na Quinta-Feira Santa o Redentor celebrou a primeira Missa - o Sacrificio em que o próprio Deus humanado Se oferece como vítima ao Padre Eterno para redimir o gênero humano - , e na mesma ocasião instituiu o Sacerdócio, ao conferir aos Apóstolos o poder de consagrar, isto é, de transubstanciar o pão em seu Corpo Sagrado e o vinho em seu preciosíssimo Sangue. O Prof. Plinio ressalta que aquele foi um dia tanto de júbilo quanto de tristeza. De alegria, por ter sido quando foram instituídas a Missa, a Eucaristia e o Sacerdócio. Mas também de tristeza, devido à tibieza dos Apóstolos, manifestada logo após a Santa Ceia, por ocasião da agonia de Jesus no Horto das Oliveiras e, posteriormente, nos episódios da
Sagrada Paixão. Tristeza pungente também por causa da nefanda traição de Judas Iscariotes, que vendeu o adorável Redentor por trinta moedas. Nosso Senhor, no entanto, tinha a intenção de tornar os Apóstolos colunas de sua Igreja e de seu Reino sobre a Terra. Para isso Ele os cumulou de graças, e estas não se perderam. Pois, após a sua defecção, os Apóstolos acabaram por corresponder a esses dons, e o plano do Salvador terminou por se realizar. Para essa conversão foi decisiva a oração da Santíssima Virgem, a Mãe de Misericórdia, que amparou a Igreja Católica em seu nascedouro . Ela continua a sustentar os fiéis com suas preces, a nos proteger, como o fez com os Apóstolos, na qualidade de Onipotência Suplicante! A Semana Santa é, pois, uma ocasião muito propícia para pedirmos instantemente a Nossa Senhora que, assim como suas preces obtiveram o perdão para os Apóstolos tíbios e pecadores, seus rogos alcancem para nós uma assinalada devoção eucarística nesta época neopagã em que vivemos. Que nossas comunhões sejam cada vez mais ardorosas e tenham também o dom de desagravar Nosso Senhor sacramentado, tantas vezes recebido indignamente, e até mesmo objeto de sacrilégios, rejeição e ódio crescente. . Desejando que a próxima Semana Santa seja para nossos leitores ocasião de afervoramento espiritual e de incremento na devoção à Sagrada Eucaristia e a Nossa Senhora, envio a todos os meus votos de uma Santa e Feliz Páscoa.
Em Jesus e Maria,
~~7 DIRETOR
nos fala através dos séculos
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Justiça é uma das virtudes mais que destrói toda virtude e leva Nossa Senhora a chorar. esquecidas no mundo atual. Que Deus é misericordioso, todos Essas reflexões nos vieram à mente lendo a autobiografia de Catalina de concordam avidamente, mesmo porque Jesus Herrera ( 1717-1795), freira da ortêm razões pessoais para necessitar de dem dominicana, do convento de Santa misericórdia. Entretanto, Deus é tamCatarina de Quito (Equador), em probém justo e pune aqueles que abusam cesso de beatificação (cfr. Autobiogrqfia de sua misericórdia, e isso não se quer reconhecer. Dois fatores se acumpliciam conConvento de Santa tra a aceitação da justiça divina: no Catarina de Quito campo temporal a presente doutrina dos direitos humanos, e no campo espiritual uma ideia sentimental de misericórdia. Pela presente noção de direitos humanos, fartamente propagandeada, é preciso defender os direitos dos bandidos, dos adúlteros, dos terroristas, dos blasfemadores, dos invasores da propriedade alheia e de outras categorias que tais, deixando para segundo plano a punição de seus crimes. Por detrás dessa mental idade está a afirmação, clara ou insinuada, de que não há pessoas más, apenas indivíduos ou coletividades equivocados, arrastados por circunstâncias invencíveis, e outras mesmices do gênero. Não cabe tratálos com justiça. No campo espiritual é a mesma de la Venerable Madre Sor Catalina de Jesús Herrera, Edit. Santo Domingo, ideia com outro invólucro. O pecador Quito - Ecuador, 1954). é sempre um coitado que precisa ser compreendido, nunca uma pessoa que Catalina foi agraciada com favores celestes insignes, teve visões e reveofendeu a Deus e violou seus Mandalações, dons proféticos, chegava a comentos. Todos são bons. Pode haver extravios, escorregões, coisas da vida, nhecer o interior das almas das pessoas nunca maldade. Conclusões que levam com quem mantinha contato. Famosa por suas grandes virtudes, foi também a uma religiosidade baseada apenas nos sentimentos, e não na fé e na ramuito perseguida pelo demônio, mas sempre amparada por Nossa Senhora e zão. Como se houvesse oposição entre N osso Senhor. misericórdia e justiça! A misericórdia sem justiça é sentimentalismo barato Ce rta feita em que passava pela
provação de sentir-se desamparada por Deus, alguns demônios se apresentaram diante dela como vítimas, também eles injustamente abandonados por Deus. Procuraram tentá-la pela via do sentimen talismo. Relata Catalina: "Logo aparecia o demônio com outras tentações: 'Olha-me, (dizia ele, muito dolorido) , como Deus foi
terrível conosco, pois sem nos dar tempo, nos lançou no Inferno. A mim (disse-me um outro) sem culpa me precipitou com os demais culpados'. "Queriam com isso que eu ficasse com pena deles e julgasse mal a Misericórdia de Deus e a sua Justiça. Então eu dizia: 'Senha,; eu te con-
f esso comojusto e misericordioso, e venero teus altos e secretos juízos m (p. 118). Catalina se acusa de ter passado por um período de tibieza, quando ainda bem jovem, antes de entrar no convento. Nessa ocasião, após ter sido advertida por Jesus uma primeira vez, Ele lhe aparece novamente: "Ó Senhor, apareceste à minha alma como na primeira vez, mas não tão manso como naquela ocasião. Com o braço ao lado do coração me chamavas, e na mão direita tinhas uma espada de Justiça. Seu rosto mostrava ao mesmo tempo Justiça e Misericórdia. E assim me falaste : 'Alma
ing rata, se te negas ao apelo deste braço de misericórdia, queres que com este outro de minha justiça te lance nos abismos do inferno? Se assim perseveras, tem por certa tua condenação àqueles calabouços '. "E logo me fez ver com os olhos da alma um caos profundo de confusão, onde habitan; as almas que perdem a Deus" (p. 32). •
cato li cismo@terra.com.br
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· ' Chips, ciborgues e a Besta do Apocalipse D GREGÓRIO V IVANCO LOPES
ejam só o que inventaram na Suécia. O Epicenter Stockholm ( uma espécie de incubadora tecnológica que promove e dá assistência a inovações digitais de empresas) resolveu inovar no controle de seus funcionários e de outras pessoas que frequentam habitualmente suas dependênci as. Para nelas entrar, não mais usarão um crachá, mas um chip a ser colocado embaixo da pele. E já são 400 pessoas nessas condições. Com o chip implantado no dedo, os funcionários podem abrir portas, habilitar impressoras e até trocar contatos entre si. O chip substitui senhas e cartões magnéticos (cfr. "Yahoo Notícias", Pedro Burgos, 9-2-1 5). Assim também, as pessoas podem ser controladas como se fossem objetos di gitais. É ass ustador. A prática se tornou com um em academ ias e e colas de Estocolmo. Existem até espécie de "festas" onde diver as pessoas faze m seus implantes, dis e Hannes Sjõb lad, fundador da BioNyfiken, uma "associação de biohacker" (isso já existe) da Suécia.
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Fala-se também em chips que contêm todo o hi stóri co do indivíduo. Assim, por exemplo, quando um doente chegas e à seção de emergência de um hospital , o médico poderia escanear sua mão chipada e conhecer todo o seu hi stórico. Evidentemente seria o fim da privacidade, pois hackers poderiam "entrar" nos chips, saber tudo o que eles contêm e agir em consequência. A reportagem de Yahoo pergunta se esse não seria o primeiro passo para futuros ciborgues (de cyber + orgs), ou seja, organismos cibernéticos dotados de partes de organismos naturais e partes cibernéticas, meio homem, meio máquina. O que pensar de tudo isso? É o velho problema de uma ciência conduzida sem Deus, e até contra Deus. E la perde o rumo de sua fin alidade que é ajudar os homens e passa a gerar monstros que se voltam contra o próprio ser humano. Evidentemente, não estamos querendo dizer que os tais chips de Estocolmo já estão nesse estágio. Práticos, fáceis de implantar, podem atrair os ingênuos que acham que a coisa para por aí. Mas há processos que, como um tsunami, uma vez desencadeados ninguém mais segura, até chegarem a seu fim. E o fim, no caso, parece ser a robotização dos seres humanos, totalmente controlados por uma central que emite suas ordens através de ondas eletromagnéticas digitais. Será que isso é muito diferente do que diz o livro do Apocalipse ( 13, 16-17) sobre o poder da Besta que "conseguiu que todos, p equenos e grandes, ricos e pobres, livres e escravos, tivessem um sinal na mão direita e na testa, e que ninguém pudesse comprar ou vender, se não fosse marcado com o nome da Besta, ou o número do seu nome"? • E-mai l para o autor: catolicismo@terra.com.br
Tais implantes ainda são optativos, e inclusi ve são pagos pelas pessoas que resolvem fazê-los. Eles custam o equivalente a 300 dólares e parecem doer apenas "como uma vacina" na aplicação. Depois o corpo assimila, ficando um pequeno calombo visível. Os chips têm uma vida útil de pelo menos ] O anos, mas podem ser atuali zados antes disso. Se a pessoa desistir, pode mandar extrair. Já há vídeos na Internet de propaganda desses chips e inclusive quem proponha o seu uso em crianças e doentes mentais, por exemplo, para se saber onde estão.
Em atenção ao Ministério Público A revista Catolicismo, na edição de fevereiro de 2012, publicou o artigo "Propagar o homossexualismo é disseminar AIDS". Tendo em vista essa publicação, o Ministério Público do Rio Grande do Norte, em atuação na Comarca de Natal, abriu o inquérito IC - Inquérito Civil n. 06.2014.00004864-9 e, depois de nos ouvir, enviounos uma recomendação de retratação, sob ameaça de ajuizar ação civil pública contra a editora da revista. O respeitável órgão ministerial reclama que a revista transcreveu o texto abaixo, publicado pela "Agência Estado" em 29-11-2011, substituindo porreticências o trecho que está em negrito e entre colchetes:
"Risco de um jovem homossexual brasileiro estar infectado p elo vírus HIV é I 3 vezes maior do que o restante da população da faixa etária, divulgou o Ministério da Saúde. Em 201 Oforam corifirmadas 514 infecções entre homossexuais de 15 a 24 anos, equivalente a 26,9% dos casos nessa fàixa etária. Entre jovens heterossexuais, [a tendência é inversa: em 2000, eles respondiam por 29,8% dos casos confirmados da doença enquanto} em 201 Orepresentam 21, 5% ". Vê-se que o trecho omitido assinala que nos 1O anos anteriores a infecção entre jovens heterossexuais diminuiu, enquanto entre jovens homossexuais aumentou. O artigo deveria ter citado a referência que a "Agência Estado" fez ao que o Ministério Público constatou:
"Os índices levaram a pasta a constatar que o risco de um jovem gay brasileiro ter o HIV é 13 vezes maior que o restante da população da faixa etária. A o lado de meninas de 13 a 19 anos e travestis, essa população é a que desperta maior preocupação ".
Interpretando equivocadamente· essa afirmação do Ministério da Saúde o artigo disse:
"Se o risco é 13 vezes maior para os homossexuais, isso significa que, para cada 100 heterossexuais infectados existem 1.300 homossexuais infectados". Obviamente, essa nossa conclusão se referia apenas aos homossexuais e heterossexuais da mencionada faixa etária. Mas reconhecemos que ela foi inadvertidamente além dos dados publicados pela "Agência Estado" e dela cabe a presente retratação. Teria sido correta se fosse igual o número de homossexuais e de heterossexuais dessa faixa etária. Mas a retratação não elide a afirmação do Ministério da Saúde que, segundo a "Agência Estado", diz que
"o risco de um jovem gay brasileiro ter o HIV é 13 vezes maior que o restante da população da faixa etária". Para que nossos leitores se esclareçam bem a respeito, sugerimos que procurem a página do site da "Agência Estado", de 29 de novembro de 2011 , com o título "Em 1O anos, número de jovens gays do sexo masculino com aids cresce 60%", que transcreve informação constante no "Boletim Epidemiológico do Ministério da Saúde". Pode ser encontrada na Internet em: http://www.estadao.com.br/noticias/geral,em10-anos-numero-de-jovens-gays-do-sexo-masculinocom-aids-cresce-60-imp-,804242 A revista Catolicismo jamais teve a intenção de ofender os homossexuais ou quem quer que seja através do texto objeto desta retratação. Afirmamos que não se pode inferir, do artigo publicado, que todo homossexual seja portador de HIV ou propagador dessa enfermidade contagiosa. Reiteramos, ao final, que, conforme a doutrina católica, a maneira mais eficaz de prevenir doenças sexualmente transmissíveis é a prática da castidade e da fidelidade conjugal.
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ainda não deu o devido valor ao papel de Carlos Magno e a E uropa de hoje custa a dar o verdadeiro valor e merecido reconhecimento a este soberano medieval. Se Luís XlV é o "Rei do Sol" para a França, Carlos Magno é o "Rei Sol" para toda a Europa. (U.N.J. -
PE)
Perigo islâmico
Sabedoria de Carlos Mag110 Gostei muito do excelente artigo sobre Carlos Mag no escrito por Renato Murta de Vasconcelos. E le me proporcionou um a profund a mento na hi stória deste gra nde imperador, que é muito mal compreendido por moderninhos historiadores que vivem de negrindo a Idade M édia , se m ao menos abrirem alguns livros séri os de sérios hi storiadores . O modo ele agir de Ca rlos Magno foi ímpar e de muita sabedoria para solidificar a soc iedade da época; ainda impregnada de restos dos costumes bárbaros, além da ex istênc ia de estados fragmentados po r disputas intestinas. E le soube como nin guém unir os povos daquela época, favorecendo imensamente o grande esforço da igreja católica para civilizar as nações da alta Idade M édia. (E.I.E. -
SC)
São Carlos Mag110? Tanto bem fez o Imperador Carlos Mag no pela Europa e pela [greja que deveria ser canonizado. Esta revista não poderia propor uma ação para. se obter isso no Vaticano? (A.G. -MG)
"J111pera<lor Sol" 181 Foi Car los Magno o principal sobera no que soube com grande estilo introduzir a cultura civilizada e a vicia intel ectual a um mundo que ainda lutava para sair da barbárie. A História
-CATOLICISMO
18) Jesus avisou para a vinda deste Maomé. O primeiro Anticristo, que espalhou que ele era o último profeta e que Cristo era o penúltimo. Só o demônio poderia espalhar tamanha confusão e tão grande mentira. E por isso que quando os islâmicos dizem que o Deus deles é o nosso também, eu advirto: NÃO! Não é! Mas os que estão no caminho da perdição não incomodam o demônio, por isso ele deixa-os, logo pode encontrar-se muito boa gente entre eles. Conheci o caso ele uma jovem que estava a ter a filha . Estavam em perigo ela e a criança. A rapariga era muçulmana e a minha filha pediu-me para eu rezar pela rapariga. Pedi a Nossa Senhora e a bebê nasceu bem. Pelo tempo que a minha filha me di sse que a bebê nasceu, foi exactamente quando eu estava a rezar o terço por e la. Isto foi dito a rapariga que me ficou muito agradecida. Eu perguntei à minha filha se a islâmica acreditava em Nossa Senhora e ela disse que agora acreditava. Perguntei-lhe então se ela queria tornar-se cristã católica, mas a resposta foi que não poderia porque se o fizesse seria morta. E nem todos têm a coragem de morrer, principalmente se não tiverem ainda a força do Espírito Santo e uma bebê para criar. Também me pediu uma vez um nigeriano , islâmico, para lhe escolher um nome porque se ia tornar cristão, mas depois que se tornasse seria morto pela família. Esco lhi-lhe o nome ele Paulo. Tive também o caso de um egípcio, também islâmico, que queria saber mais acerca de Nossa Senhora ele Fátima porque Ela apareceu no Egipto. Depois disso nunca mais soube dele. O nosso ocidente está cheio ele islâmicos, isso é muito perigoso porque nós, os ocidentais, podemos começar a ter muito medo deles. Mesmo os agora pacíficos se tornarão nossos
inimigo . Jsso é tudo muito complicado, até porque os russos aproveitarão a confu ão islâmica para irem planeando o que querem . Ma não são só os russos. Ou seja, islâmico ou não, o que não falta no mundo de hoje é escravatura e massacres no ori enle. raçamos poi s, por isso, no meu entender, confi rmc N ssa Senhora pediu em Fá lima: penitên ia e oração. Muita oração pelas alma cio Purgatório, pe la paz cio mundo, pela conversão dos pecadores, pela conversão da Rúss ia e pe los nossos países, Brasil, Portugal e todos. Amém! (A.M.J. -
Portugal)
e intencional de confundir o próprio rebanho. Definitivamente, ele não se posicionará de forma clara no Sínodo sobre a família em outubro de 2015; gerando mais confusão entre todos os católicos. Nesse momento, somente as correntes mais revolucionárias aplaudem e apoiam as iniciativas e as declarações do Papa atual. Para os conservadores e tradicionalistas resta apenas o enfrentamento, a denúncia, a luta contra aquele(s) que insiste(rn) a todo custo destruir a obra de Nosso Senhor Jesus Cristo na Terra. (A.M.F.N. -
RJ)
1'e1Torismo islâmico
Obsel'vações perti11e11tes
181 Estes assassinos transvestidos como "participantes de uma guerra santa" levam como fim a dominação total do mundo . Realmente terroristas elevem ser reprimidos em toda a face da Terra para o bem da humanidade. Precisamos desconfiar daqueles que apoiam esses bandos, o que é válido igualmente para os governantes de alguns países da América Latina que são coniventes (de maneira solapada e sutil) com as ações terroristas que os facínoras assassinos cometem. Eles têm que ser combatidos de mane ira direta e também de maneira silenciosa para desarticular todas suas agendas futuras , porém esse combate direto e enérgico não deve demorar, para o bem do mundo todo.
18) A TV vem veiculando desenhos animados agressivos há muito tempo! Os personagens muitas vezes têm feições monstruosas e vestimentas imodestas. Nos filmes "para crianças", o papel da menina é sempre equiparado ao do menino, e por vezes lhe é superior: o menino geralmente é tolo, incapaz e chorão, enquanto as meninas estão no comando, são mais espertas, destemidas e até mais fortes. Em filmes de ação para adultos, as mulheres já lutam de igual para igual com os homens. Na cabeça dos pequenos estão inoculando a "nova verdade" de que a mulher não só é igual ao homem, como lhe é superior em tudo. Tornemos cuidado para não alimentarmos essa ideologia em nossos lares inadvertidamente. A Tradição Católica não é apenas a liturgia, não está restrita aos bancos de missa, mas é um estilo de vida também: vivermos no mundo como se não fôssemos do mundo! Pois, não adianta recebermos a boa doutrina na Missa, ou em palestras e conferências, ou nos livros, e levar uma vida liberal fora desse âmbito, como fazem os modernistas, por exemplo, que batem palmas na missa protestantizada do Concílio Vaticano II e depois vão às baladas, aos bares, a eventos imodestos e imorais, mantendo amizades com não católicos. A questão da escola dos filhos é problemática, pois nem todos podem ensiná-los em casa, cada um por suas próprias razões. Mas se é inevitável que o filho vá à escola, devemos manter esse convívio forçado no mínimo
(G.F.B. -
RS)
E11si11ame11to pe1'e11e Assinei [a "F ilial Súplica ao Papa F rancisco"] e vou pedir para conhecidos assinarem também e manda rei a folha quando e la estiver preenchida. É um prazer colaborar para se impedir que se mude uma vírgula sequer no que sempre foi ensinado sobre a família, sociedade sagrada como Cristo Jesus nos comunicou. (M.C. -SP)
Crise da l'amília Desorientação concernente à família é cau sada pelo próprio Pontífice de ele a sua e leição. Depositar filial e úni ca esperança no Papa Francisco é no mínim não entender sua posição clara
indispensável e devemos ensinar os nossos filhos a não alimentar amizades inconvenientes, pois as virtudes são mais fáceis perdê-las do que ganhá-las com essas companhias. (G.D.A. -
RJ)
Felicidade do pobre? 18) Com que finalidade o Vaticano patrocinou este "Encontro mundial dos movimentos populares"? Ouvir suas queixas? Suas reivindicações? Suas propostas? Com exceção da primeira pergunta, todas as demais respostas já são conhecidas e se resumem numa só frase: "Fazer a desgraça do rico, usando como desculpa, a felicidade do pobre". Em meio a tantos obstáculos para empresas e indivíduos crescerem, como pode o PIB do País sofrer algum aumento em meio a tantas forças de atrito?
(A.L.C. -
ES)
'i1h, que saudades... " 18) Gostei muito da matéria (cfr. artigo, "A favela sob nova ótica", de Cid Alencastro) , principalmente o final , onde se levanta o problema da falta de missionários católicos para levar aos irmãos das favelas o pão da Palavra e do
Corpo de Cristo. Quando criança, dos 3 aos 12 anos, morei em um dos morros aqui de Santos. O morro não era o que se chama hoje de "favela". Éramos apenas pessoas simples, pobres sim, mas cheios de dignidade. O diferencial é que, naquele tempo tínhamos, graças a Deus, padres que nos forneciam o alimento espiritual. Todo domingo vestíamos as nossas roupflS " de ir à Missa" e participávamos, não só da Missa, mas da Catequese, das Novenas, da Congregação Mariana, das Filhas de Maria, do Apostolado da Oração, das Procissões (ah, que saudades das procissões ... ), de tudo enfim que fazia a vida da paróquia. Naquele tempo não tinha "bolsa isto, bolsa aquilo", nem tinha a famigerada "teologia da libertação". E é por fa lta dessas duas, com certeza, que nenhum de nós continua no morro, embora sintamos muitas saudades de lá. Todos os meus amigos de infância foram bem sucedidos na vida, não no sentido de enriquecimento, mas no sentido de conseguir, com Deus e o próprio esforço (estudo e trabalho), um lugar ao sol do tamanho exato das necessidades de cada um. (M.O.F. -
SP)
FRASES SELECIONADAS "Não te admires, ó cristão, se Jesus Cristo te conceáe uma parte dos seus sofrimentos para te conceáer a 9Cória, e se te faz sentir os ferimentos dos espinhos que Lfte. atravessam a fronte. Ser tratado como Jesus Cristo é ser maltratrufo? t des9raça ser iJUluietado, quando o repouso é uma infeliciáruíe?" (lsos.s.uet)
"0 Rei do céu é um Senhor muito diferente do demônio: este impõe car9as pesadas aos om6ros cfe seus escravosj Jesus, ao contrário, toma so6re Si todo o peso cfe seu princ.ipcufu, pois abraça a cruz na. qual quer morrer para adquirir o domínio dos nossos corações" (COYV\,füo CI
. .,.
Uí-pLcle)
MARÇ02015-
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Monsenhor JOSÉ LUIZ YILIAC
Pergunta - Uma prima vai se casar com um homem divorciado (que já se casou na Igreja). Fui convidada para o casamento, no entanto disse que não iria, o que causou desconforto na· família. Exemplos como esse vivo constantemente, com amigos recasados, etc., que sempre colocam à prova meus valores cristãos (inegociáveis!). Qual a melhor ou a verdadeira postura do católico frente a essas ameaças que, no mundo atual, são mais constantes'? Fui incorreta ao ser firme e negar o adultério e não compactuar com esse pecado'? Ou deveria ter ido ao "casamento" para tentar a conversão deles, sendo a mais próxima'?
Resposta - Di ante das circ unstânc ias que a consul ente nos descreve, como cató lica fi el aos ensinamentos de Nosso Senhor Jesus C ri sto e da Santa lgreja, sua postura não podia ser outra. Com efeito, ainda que convidada, a mi ssivi sta não podia comparecer a um casa mento em que um dos contraentes j á havi a se casado na l grej a. O di vórc io que ele obteve na esfera c ivil não dissolve o vín cul o conju gal estabelec ido perante Deus. E le, po rtanto, perm anece casado, e a nova uni ão que tenta contra ir constitui uma situação de adultério que abrange ambos os conviventes. Ass im, ainda que a recusa da consul ente em comparecer ao evento tenha criado - como cri ou - uma s ituação de desconfo rto na fa míli a, essa atitude era a úni ca condi zente com sua condi ção de cató li ca. O contrári o, como ela observa muito bem, seri a compactuar com o pecado de adultério. Também é lúcida e opo rtuna sua observação de que o mundo moderno vai cada vez mais co locando os fi éis católi cos em situações que entravam o convívi o fa miliar, uma vez que isso suporá não vi sitar o novo lar que ass im se cri e, bem como não partic ipar de eventos de fa mília que venha a pro mover, como fes tas de aniversário e comemorações seme lhantes. É todo o re lac ionamento fa miliar que fi ca rá ass im conturbado. N o fi nal da consulta, a mi ss ivista pede orientação sobre como proceder para tentar a conversão do novo "casal". A situação é delicada e complexa, e vai depender muito da reação que a prima manifes tar di ante de sua ati tude. Peça a N ossa Senhora do Bom Conselho que a ajude a encontra r pa lavras adequadas para, de um lado, deixar clara sua reprovação ao "casamento" realizado nas condições descritas, e, de o utro, faze r-lhes ver, no momento oportuno, o mau caminho adotado por ambos, o qua l não conduz ao Céu, mui to ao contrári o .. .
Questão de suma atualidade Talvez sem dar-se conta, a consulente levantou um probl ema da ma ior atualidade, na soc iedade como um todo e em espec ial na Igrej a. Sobre esse tema, até j á se realizou um
CATOLICISMO
Sínodo extraordinári o em Roma, em outubro passado, e está convocado outro, ordin ári o, pa ra outubro próx imo. O Papa F ranci sco quer que os bi spos convocados para esse S ínodo indiquem as so luções para reso lver o eas dos di vorciad recasados e casa is irregul ares em gera l. A co nsulta da missivi sta nos dá oportunidade de opinar sobre o a sunto, ta nto mais quanto o Papa Francisco fez preceder o Sínodo de outubro de 2014 de um questionário para que os fi é is de todo o orbe expu sessem seu pensamento a respe ito desses temas, e nova mente agora, antes do próx imo Sínodo, quer saber o que e les opinam sobre o documento em que estão condensadas as opini ões - favoráve is e contrári as - emitidas pe los bi spos no Sínodo anterior. Ass im , pedimos vêni a para ponderar com a máx ima reverênc ia que, em toda a abordagem da questão, não chegou a nosso conhecimento que al guém levantasse uma questão óbvia: - É compreensíve l qu e se que ira resolver os casos existentes . Os fié is cató li cos veem com benevo lência - não isenta de preocupação - que se busque uma so lução que respe ite o princ ípio da indi ssolubilidade do matrimônio rato e consumado, de acordo com os princí pios do Evange lho e as normas do Direito canônico. lnclusive j á tivemos opottunidade de tecer considerações a respe ito nesta secção ( cfr. Catolicismo, nº 768, dezembro de 20 14). Mas a questão óbvia que não parece estar sendo co locada no dev ido rea lce é a seguin te: se os casos de di vorciados recasados j á são hoj e tão numerosos e di sseminados pelo mundo, o que é preciso fazer para que, em vez de se multiplicarem, seu número reflua, e por fim seja reduzido a um percentual insignificante'? Ora, está à vista de todos que a soc iedade moderna va i se movendo para 11ma posição cada vez ma is distanc iada dos princ ípi os cri stãos. Assim, é sensato prever que o número de casos análogos apenas aumente à medida que a soc iedade se deteriora. N essas condi ções, a so lução doutrinari amente ortodoxa e canoni camente legal a que eventualmente se chegue no próximo Sínodo reso lverá alguns casos, porém não impedirá que novos surjam. Tampouco evitará que seu número aumente exponenc ia lmente, à medida que a soc iedade se descri stianiza ...
Um mumlo constl'uído sem Deus e contra Deus N o li vro Revolução e Contra-Revolução, o Prof. Plíni o Corrêa de O li ve ira descreve com grande objeti vidade e acerto o processo revo lucionári o pelo qual se passo u da civili zação cri stã medieval - re lig iosa e sacra! - para a soc iedade moderna - natu rali sta e ate ia. As di versas etapas dessa sini stra ca minhada - a Renascença e a Pseudo-Reforma protestante, a Revo lução Francesa e o Comuni smo - são por ele descritas de forma sintética e profu nda, j á mui tas vezes aprese ntadas aos leitores ele Catolicismo. Apenas para situar o le itor na amp la probl emáti ca, trans-
crevemos o qu e o ilu stre autor destaca logo no começo de sua obra (Parte [, cap. 2, 3), citando um trecho de Pio XI[: "A este processo bem se podem apli car as pa lav ras ele Pio Xll a respeito de um subtil e misterioso ' inimigo' da fgrej a:
«Ele se encontra em todo lugar e no meio de todos: sabe ser violento e astuto. Nestes últimos séculos tentou realizar a desagregação intelectual, moral, social, da unidade no organismo misterioso de Cristo. Ele quis a natureza sem a graça, a razão sem a.fé; a liberdade sem a autoridade; às vezes a autoridade sem a liberdade. É um 'inimigo' que se tornou cada vez mais concreto, com uma ausência de escrúpulos que ainda surpreende: Cris to sim, a Igreja não! Depois: Deus sim, Cristo não! Finalmente o grito ímpio: Deus está morto; e, até, Deus jamais existiu. E eis, agora, a ten tativa de edificar a estrutura do mundo sobre bases que não hesitamos em indicar como principais responsáveis pela ameaça que pesa sobre a humanidade: uma economia sem Deus, um Direito sem Deus, uma política sem Deus» (Alo-
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cução à União dos Homens da A . C. Itali ana, de 12 de outubro de 1952)". Se isto era assim em abril de 1959, quando Plínio Corrêa de Oli ve ira publicou a primeira ed ição de sua obra, esse quadro só se confirm ou e agravo u com os aco ntecim entos que que ensombreceram a segunda metade do século o auto r ana lisou em edições posteri ores, em 1976 e 1992, respecti va mente.
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A Mensagem <le Fátima conlil'ma esse juízo sobre o mundo moderno Alg um le itor propenso a ver só o lado róseo das co isas pensa rá que tal juízo sobre o mundo de hoj e é fruto de uma menta lidade pessimi sta. A isto basta redarg üir com a claríssima Mensagem que N ossa Senhora transmiti u ao mundo em Fátima, cerca de J00 anos atrás, precisamente de ma io a outubro de 19 17. Nela, a divina Mensageira do Padre Eterno oferecia ao mundo moderno duas saídas:
a) ou renegava seu ateísmo e se voltava para Deus por uma séria e sincera penitência; b) ou seria destruído por um enorme Castigo. Numa hipótese como no utra, um fato se cumprirá: o mundo moderno, enquanto ta l, com seu laicismo e ate ísmo, de ixará de existir! Perm itimo-nos oferecer estas considerações aos que fo rem convocados para assessorar o Papa Franc isco no Sínodo de outubro: a questão que devem reso lver tem como fund o de qu a dro um pa no ram a muito grave j á descortinado pe lo Papa Pio xn em meados do século passado - e mesmo antes, por vários de seus antecessores.
* * * Por certo, a simpática mi ssivista não imaginava que sua consul ta desfecharia num cenário aparentemente tão longe de suas cogitações. N a realidade, ela certamente vi slumbrou que a lgo de muito sério estava envolvido na sua pergunta, tanto ass im que percebeu como a simples questão de um matrimônio ilíc ito a obrigava, para mante r-se fie l a "va lores cristãos inegociáveis", a enfre nta r uma cruc iante questão fa miliar. E e la, coraj osamente, manifesto u-se di sposta a fazê- lo. Que o [mac ul ado Coração de Maria, que prometeu amparar a todos os que se di spusessem a segui r as suas indicações, a ajude a vencer, com tacto e coragem, todas as dificuldades que surgirem. • E-mail para o autor: catolicismo@terra.com.br
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A REALIDADE CONCISA.MENTE
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Universitários chineses adeptos de São Tomás de Aquino ao Tsé-Tung tentou erradicar a religião extinguindo as desigualdades sociais e matando cerca de 100 de milhões de opositores. Porém, os universitários chineses se interessam hoje mais pelo cristianismo do que pelo criminoso mao ísmo. Muitos de les procuram conhecer o pensamento de Santo Tomás de Aquino, que julgam não só fascinante, mas de uma re levânc ia imperecível. O Centro de tudo Tomás, da U niversidade de Wuhan, concluiu a trad ução da Suma Teológica e agora patrocina a tradução do tratado De Ente et Essentia, ambos do Doutor Angéli co. Esse traba lho está sendo complementado por est11dos nas universidades de Pequim, Tsinghua, Fudan, Xanga i, Shandong e Hong Kong. •
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Lituânia torna-se independente do gás russo L ituânia inauguro u seu terminal de Gás N atu ral L iquefe ito (LN G) no porto de Kla ipeda. O cargueiro Arctic Aurora desembarcou 155.000 metros cúbicos desse gás, fo rnecido comercialmente pela empresa norueguesa Statoil. O início do tra nsporte regular de gás marca uma nova era para a L ituâni a, to rnando-a independente das chantagens da Rúss ia. A pres idente do pa ís, Dai ia Grybauska ité, declarou que se for necessá rio, o termin al de Kl aipeda cobrirá 90% das necess idades de gás da L ituânia, Estônia e Letôni a, que até o presente dependi am 100% do gás russo. E m Moscou, os estrategistas russos, que sonham com a restauração da antiga Uni ão Sov iética, fica ram muito contrariados com essa independênc ia lituana. •
Austríacos rejeitam centro árabe "inter-religioso"
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Na Venezuela, a grande fome bolivariana do século XXI
O Exploração de crianças recrutadas à força pelas FARC S" Div isão do Exérc ito colombi ano capturou vídeos gravados pelas FARC, só agora dados a públi co. Neles se podem ver crianças recebendo treinamento de guerrilha. Segundo programa da Organi zação Internacional para as Migrações (OIM), 13% dos 24.303 integrantes dos gru pos armados das FARC e de bandos de narcotraficantes são menores de idade. U ma moça que conseguiu abandonar as FARC contou que fo i incorporada quando tinha apenas 12 anos e não ousou desertar porque era ameaçada de fuz ilamento . E la fugiu em 20 14, com 27 anos de idade, após ver sua prima executada porque pensava escapar. E las eram estupradas e obrigadas a abortar. Quem res isti a era fu zilacta. •
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O trem russo do Apocalipse entrará em serviço em 2018 m trem russo, outrora interditado pelo Tratado de Desarmamento nuc lear americano-soviético, c irc ulará em 201 8 camufl ado em comboio para passageiros ou carga. Ele transporta rá mísse is atômicos inte rcontinenta is que poderão ser disparados a qua lquer momento. Esse engenho de destruição em massa é mui to mais barato do que submarinos ou bombardeiros equi valentes. Estão progra mados cinco trens, levando se is mísse is RS-24 com quatro cabeças nucleares cada, num total de 24 ogivas . Cada um a delas pode atingir uma grande cidade em qu alquer ponto do planeta. Esse trein patente ia a vontade russa de re instalar o "equilíbrio do terror" contra o Oc idente. •
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CAT OLICISMO
Arábia Saudita , guardiã das cidades "sagradas" do Islã, fin~mcia um centro "inter-religioso" em Viena , uma das capitais históricas da Cristandade. Porém, muitos austríacos consideram contraditório o fato de o regime de Riad manter um "Centro de diálogo" em Viena, enquanto oprime os cristãos e os ativistas da liberdade em seu território. Para surpresa geral, o cardeal-arcebispo de Viena , Christoph Schõnborn, defendeu esse centro de intolerância e anticristianismo . Oposta foi a reação do primeiro-ministro Werner Faymann, para quem o centro "não cumpre as tarefas e atividades para as quais teria sido fundado ". Por sua vez, o ministro de Relações Exteriores, Sebastian Kurz, criticou na Assembleia Geral da ONU o referido centro , visto pelos seus críticos como promotor de um diálogo "amortecedor" até o dia em que o furor dos fanáticos se abata sobre os ingênuos enganados .. .
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s venezue lanos só p~dem co,mprar produ tos bás icos nos mercados estata is em fun çao do numero do RG. Nas segundas-fe iras, só compradores cuj o RG termina em zero e um . A polícia pro ibiu as fi las noturnas, pois havia mani festações de descontentame ntos e bri gas. Di spos iti vos de segurança armados em to rno dos supermercados e das loj as impedem que se fotografe m as fil as, as prate leiras vazias, as pessoas brigando, amontoa ndo-se o u correndo em função dos boatos. A agricultura só atende 40% das necess idades do pa ís. A Sorveteri a Coromoto, que o utro ra entro u no Livro dos Recordes por oferecer centenas de sabo res peculi ares, fec hou por falta de le ite. O McDonald 's deixo u de vender batatas fr itas porque não há mais batatas no mercado. Enquanto isso - parece ironi a mas não é o presidente Madu ro ass inou contrato com o emi r'do Qatar (fot~ acima) para lhe vender a lim entos ! O socia li smo do século XX I está cumprindo o que pro meteu: a mi séri a cubana j á pode se r degustada na esquina ou di ante da ge lade ira vazia. •
lgreia Católica continua perseguida na Bielorrússia comunista
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a B ie lorrúss ia, a Igreja Católica sofreu 70 anos de perseguição. Os sacerdotes eram deportados para os ca mpos de concentração o u martirizados. As igrej as fo ram tra nsformadas em c inemas armazéns, locais esportivos ou ofic inas. Ainda hoj e o pa ís geme sob uma ditadu ra comunista, que mantém todos na mi séri a e estimula o consumo de ag uardente a um preço muito acess ível. Os bi elorrussos traba lham sobretudo em assenta mentos da reforma ag rária, desconhecendo praticamente tudo que aco ntece no mundo. Dos quase 9,5 1~1ilhões de habitantes, um pouco ma is de l ,5 milh ões são cató li cos. E a ma ior proporção na Europa Ori enta l. Atua lmente as igrej as são mantidas pe los le igos. 70% dos casa mentos ter minam em di vórc io multipli cando-se as segundas e terceiras " uni ões", o "amor livre" e~ desespero fi na l. A B ie lorrússia ex ibe um dos ma iores índices de aborto no mundo, co mparáve l apenas aos da Rússia de Putin . •
Europa: centenas de igrejas cedidas para usos 1nofanos m meio à onda progressista, centenas de igrejas católicas na Europa estão à venda ou já foram transformadas em lojas ou bares. A igreja católica de São José, em Arnhem (Holanda), é ponto de encontro de skaters, quando outrora acolhia milhares de fiéis. O bispo de Besançon (França) nem esperou vender sua catedral para nela organizar uma exibição equestre. Moradias, lojas de roupas , supermercados, floriculturas, escolas circenses e até um bar estilo Frankenstein em Edimburgo (Escócia) são alguns exemplos da degradação a que foram reduzidos esses templos outrora sagrados. Cerca de 20 igrejas fecham anualmente na Inglaterra, enquanto na Alemanha 515 tiveram análogo destino na última década. Os líderes católicos holandeses julgam que dois terços de suas 1.600 igrejas serão desativadas na próxima década.
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França, palco crucial no confronto com o Islã A comunidade islâmica instalada no âmago do País é a grande preocupação dos franceses. Uma parte deles veem no 1s1ã o principa1 inimigo, outra se ilude com um tipo de islamismo moderado. Tal problema se acrescenta ao conflito pré-existente entre os princípios da Revolução Francesa e a França católica, aureolada de glórias do passado e com a promessa de um futuro grandioso. n G ABRIEL J.
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ropósito do a~~ue terr~rista p~rpe_trado con~ra m tabloide satmco no dia 7 de Janeiro em Pans, colunista Ross Douthat, da revista dominical do "The New York Times", publicou três dias depois um interessante artigo intitulado France, the Crucible ofEurope, o qual foi traduzido pelo jornal "Estado de S. Paulo" ( 13-1-15) como França, síntese da Europa. Tal tradução a meu ver distorce um pouco o sentido, pois "crucible" em inglês não é propriamente síntese, mas ponto crucial. Ou seja, o lugar estratégico onde se decide o futuro. Logo no início, Douthat salienta uma realidade: a vítima desse ataque é uma França que se preocupa há décadas, e mesmo séculos, com o seu próprio declínio. "Mas, apesar desses temores, a França não é um pais irrelevante ou sem forças. Pelo contrário, ela está se tornando cada vez mais importante e mais crucial para o futuro da Europa e do Ocidente. Não! A era do Rei Sol não retornará. Mas política, cultural e mesmo intelectualmente, os eventos na França nos próximos 50 anos poderão ser mais importantes do que antes das duas guerras mundiais ".
CATOLICISMO
AtualmeJJl;e o maiol' inimigo da Fmnça encontra-se em seu interior
Hoje, entretanto, o principal inimigo da França não é um rival europeu como a Inglaterra ou a Alemanha; nem os Estados Unidos, que invadiram o Ocidente com a sua cultura hollywoodiana. Seu maior inimigo é o Islã, que logrou in troduzir-se por toda parte no próprio território francês, que abriga a maior população muçulmana entre todos os países europeus.
A França abriga a maior população muçulmana da Europa. Depois dos trágicos ataques terroristas no início do ano, a inquietação domina o sentimento da Nação.
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"Partes dessa população estão mais assimiladas do que em qualquer outra parte da Europa", acrescenta o jornalista. Porém, " J 6% dos cidadãosfranceses apoiam o Estado Islâmico, segundo uma pesquisa realizada no ano passado". Essa porcentagem é assustadora e explica por que a resposta ao islamismo está dividida: "Os muçulmanos são vistos de modo mais favorável na França do que em qualquer outra região da Europa ocidental", afirma Douthat. Realmente, os muçulmanos foram aquinhoados com dádivas generosas por parte dos partidos franceses, de esquerda como de direita. O governo Mitterrand (socialista) deu-lhes de presente um luxuoso e caríssimo instituto do Mundo Árabe, na parte central de Paris. Por toda a França ergueram-se nos últimos anos mesquitas e institutos muçulmanos com o apoio financeiro do Estado francês. A equivocada apreciação de um islamismo "moderado"
Por outro lado, décadas de pregação do ecumenismo por parte da Hierarquia católica tiveram como resultado uma espécie de desarme dos fiéis diante dos partidários
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da djihad, a guerra "santa'? do Islã. O principal argumento desses ecumênicos é que nem todos os muçulmanos são radicais e por isso os católicos deveriam ser compreensivos para com os " moderados". A matança de monges de Tibhirine, na "moderada" Argélia, em 1996, mostra como essa visão distorcida da realidade pode esconder um incentivo ao velho inimigo dos cristãos, que odeia particularmente os franceses enquanto descendentes dos cruzados. Na realidade, nem o Corão nem a História demonstram ser confiável a moderação que os partidários do ecumenismo lhes atribuem. De qualquer forma, tem razão o jornalista do "The New York Times" ao pôr no centro da questão a dúvida sobre a capacidade dos Estados europeus de integrar os imigrantes muçulmanos, bem como sobre o que poderá acontecer se isso não for possível. Desse ponto de vista, é de se temer um futuro bastante preocupante para a Europa, pois a aceitação de uma integração dos muçulmanos pode ir de par com uma apostasia geral dos europeus. Socialismo francês, <lcmogral'ia e suicídio 11acio11al
É preciso, por outro lado, não confundir a origem étnica com a religião. Muitos descendentes de árabes e sírio-libaneses que vivem no Ocidente provêm de imigrações católicas e são recebidos com todo carinho e caridade cristã. Os brasileiros compreenderão perfeitamente do que falo. A colônia sírio-libanesa de São Paulo é das mais ricas e tradicionais da capital paulista. O mesmo se observa na França e em outros países da Europa, mas não são esses imigrantes que estão em questão na presente análise. Não se deve confundir religião com racismo. Para ser bem claro, a preocupação é com islamitas que se instalam na Europa através de redes islâmicas cujo objetivo é doutrinar e arrastar para o fanatismo a maioria dos muçulmanos, sobretudo os jovens. Em sua análise, Ross Douthat ressalta a liderança demográfica da França, especialmente diante da Alemanha, que envelhece. É preciso não exagerar esse aspecto, mas sem dúvida de uns anos a esta parte as gerações mais novas de católicos assumiram com mais responsabilidade a importância da família. E hoje veem-se muito mais crianças nas ruas do que em décadas passadas do século XX. Por outro lado, a influência dos católicos fiéis à liturgia tradicional cresceu e impôs-se num panorama antes dominado pelos "progressistas", cujas fileiras vão se esvaziando ... porque seu "apostolado" ecumênico foi negativo!
CATOLICISMO
Os muçulmanos, como se sabe, admitem a poligamia. Muitos deles vivem na França com várias mulheres. E a elas o Estado francês concede pensão, permitindo que o muçulmano polígamo viva sem trabalhar, à custa das pensões que suas mulheres recebem! Por isso os postos de seguridade social e de assistência médica estatais estão frequentemente lotados de mulheres muçulmanas, que fazem questão de usar os seus véus característicos. Pela mesma razão, em geral os muçulmano têm muitos filhos , por conta da seguridade social francesa. Talvez isso tenha seu peso no fato de a França liderar o número de nascimentos entre os países mais importantes da Europa, com uma taxa demográfica de 2, 1 a 2,2 nascimentos por mulher. Na realidade, esta é a taxa mínima para garantir o crescimento, também mínimo, de um país. Mas muitas nações católicas europeias, como Portugal e Polônia, não vão além de 1,2 ou 1,3 nascimentos por mulher... É doloroso! E também leva a perguntar o que fizeram os bispos e sacerdotes de tais países para evitar esses verdadeiros suicídios nacionais.
Curiosamente, a laicidade imposta aos franceses pelos socialistas e outros paitidos políticos tem favorecido a expansão do islamismo, em prejuízo da população católica. Por outro lado, a crise progressista na Igreja agrava essa situação contra a qual milhares de católicos vêm se levantando nos últimos anos, para desagrado de muitos bispos que pregam um ecumenismo às cegas com os muçulmanos. A França <la revolução <lc 1789 cm choque com a França católica
Na interessante análise de Ross Douthat figuram vários outros pontos que mereceriam ser comentados. Mas isso tornaria demasiado longo este artigo. Limito-me, pois, ao papel de liderança da nação primogênita da Igreja. Infelizmente ela muitas vezes foi infiel. Basta lembrar que a França atual é filha da Revolução de 1789. Mas nela também existem filões que vêm de Clóvis, de São Luís, dos católicos ultramontanos do século XIX.
"Se existe alguma coisa que poderá sacudir o Ocidente do seu atual torpor de final de um ciclo histórico, algum novo conflito ou síntese ideológicos, isso deverá ocorrer primeiramente no lugar onde tantas revoluções nasceram", afirma o colunista americano. E continua: "A França sempre foi o pais dos extremos - absolutista e republicana, católica e anticlerical, comunista e fascista. Agora, mais uma vez, é o lugar onde.forças robustas estão colidindo e onde as incert_ezas culturais, sobre o Islã, o secularismo, o nacionalismo, a Europa, e a própria modernidade - sugerindo que novas/orças em breve surgirão". Em outros termos, a França é um país providencial. E isto pode criar surpresas nos planos daqueles que se fundam em meros raciocínios humanos. Douthat conclui: "O declínio é real, mas o Jitturo não está escrito. Se a Europa ainda se tornar palco de tran~formações históricas, para o bem ou para o mal, isso ocorrerá em primeiro lugar na bela França". Auguremos que tal se dê para o bem, sob os auspícios daquela que é a verdadeira Rainha da França: a Santíssima Virgem Maria, que em tantas aparições (Lourdes, Rue du Bac, La Salette, Pellevoisin e outras) tentou sempre guiar essa nação nas vias da civilização cristã. É preciso ressaltar que, apesar de seus crimes, a França conserva aspectos e veios de fidelidade dificeis de encontrar em outro país. Daí a sua beleza, fruto da Cristandade. Sirvo-me das palavras inspiradas de São Pio X na alocução consistorial Vi ringrazio, de 29-11-191 l , para concluir: "Dia virá - e esperamos que não esteja longe - em que a França, como Saulo no caminho de Damasco, será envolvida por uma luz celeste e ouvirá urna voz a clamar: Minha.filha, por que me persegues? E à sua resposta: - Quem és, Senhor? A voz replicará: - Eu sou Jesus, a quem tu persegues. É duro para ti recalcitrar contra o aguilhão, porque em tua obstinação tu te arruinas a ti próprio. E ela, trêmula e admirada, dirá: . que eu fiaça.?" - Sen h.or, que quereis Que a Santíssima Virgem reconduza assim a França, Filha primogênita da Igreja, às vias da conversão e da fidelidade total, nesta época de tanta apostasia. • E-mail para o autor: catolicismo@terra.com .br
MARÇO2015 -
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DISCERNINDO
Casamento sectário CID
ALENCASTRO
uando o falecido Iíder venezuelano Hugo Chá vez buscou uma integração com o governo de Cuba, a ponto de dizer que as duas nações formavam uma só, o objetivo parecia claro. Cada uma delas entraria com o que possuía de próprio: a Venezuela com o dinheiro e Cuba com a ideologia comunista. Haveria vantagem para ambos os lados. Para Cuba, arrasada moral e materialmente por mais de 50 anos de opressão comunista, o dinheiro era extremamente bem-vindo para manter o regime. Quanto à Venezuela, Chávez tinha necessidade de rechear com a doutrina comunista a empada vazia do bolivarianismo. Acontece que nesse casamento de conveniência, uma das partes falhou redondamente. Chávez morreu, o dinheiro acabou, e os irmãos Castro viram-se obrigados a procurar outras fontes de financiamento para manter o comunismo na ilha. Parecem ter encontrado agora uma arca promissora de dólares junto ao presidente Obama, dos Estados Unidos, sob as bênçãos do Papa Francisco. Maduro, por seu lado, busca na China uma sustentação para a sua utopia. Não obstante isso, o casamento Venezuela-Cuba não se desfez, e o laço ideológico o mantém indissoluvelmente unido, pelo menos por enquanto. O que é fácil compreender, pois o comunismo, antes e acima de ser um regime político, é uma seita filosófica, com sua doutrina e seus dogmas, que visa apoderar-se dos povos e das nações, reduzindo-os a um igualitarismo escravocrata, antinatural e malsão. É um casamento sectário. Alguns dados recentes nos falam da perseverança dessa união, para infelicidade dos povos de Cuba e da Venezuela. O general da reserva Antonio Rivero, ex-aliado de Hugo Chávez, que deixou as Forças Armadas venezuelanas denunciando a sua cubanização e vive agora refugiado em Nova York, informou que 20% dos 100 mil cubanos que se encontram atualmente na Venezuela foram treinados para a guerra. Estão ali para velar pelos interesses de Havana no caso de setores das Forças Armadas venezuelanas tentarem pôr fim ao regime de N icolás Maduro (cfr. "El Nuevo Herald", Miami, 30-1-15).
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CATOLICISMO
Sob os lineamentos de 15 diferentes acordos de cooperação militar, Chávez outorgou a Cuba acesso e esquemas de controle sobre setores chaves da Força Armada venezuelana, incluindo a área de comunicações e vários sistemas de armas, explicou Rivero. Em caso de uma tentativa para derrubar o regime de Maduro, o general disse que a maior resistência proviria dos combatentes cubanos que se encontram no país, bem como dos cerca de três mil jovens revolucionários treinados em Cuba e que hoje em dia fazem parte da denominada Frente Francisco de Miranda. O plano bolivariano para tomar as Américas (ao menos a do Sul) está bastante avariado, mas a seita comunista não desistiu dele. Ademais das situações trágicas da Venezuela e de Cuba, há as tentativas crescentes
Ç\ segu\mas nsi sera: ~epúb\ica
rocubanc
do bolivarianismo para se firmar na Argentina, onde a presidente Cristina Kirchner vem abrindo de par em par as portas para a entrada da China. Os chineses estão também de olho em outros países latino-americanos, de modo especial no Brasil, é claro. Aqui poderão ter o apoio da CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil), cuja atuação indica sua tendência em apoiar as reformas socialistas no País. O principal obstáculo até agora encontrado para a realização desse plano tem sido a falta de apoio, e em muitos casos a oposição declarada, da opinião latinoamericana às diversas investidas, claras ou veladas, da seita comunista no Continente. O embate continua. O importante é não esmorecer na luta contra essas tentativas malsãs, com os olhos postos na proteção de Nossa Senhora Aparecida. • E-mail para o autor: cato licismo@terra.com.br
de v~nezuela
MARÇO 2015 - -
Família numerosa, uma bênção de Deus A s famílias abençoadas por uma prole numerosa robustecem os laços matrimonias e cada filho é uma alegria a mais para os pais, irmãos e parentes, sobretudo um sorriso e um presente de Deus para a família
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CATOLICISMO
MARÇO2015
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., 'Excertos da Alocução do Papa Pio XII aos dirigentes e membros da Federação Nacional (italiana) das Associações de Famílias Numerosas
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Com o tema da fam ília na ordem inestimáveis dons de Deus que ntre as visitas mais do dia, sobretudo tendo em vista a são os filhos , e no número que agradáveis ao Nosso Assembleia Geral Extraordinária do Lhe apraz. [...] coração, destacamos Sínodo dos Bispos no mês de ouSempre e em toda parte, o a vos&a, caros filhos e filhas, ditubro em Roma , pareceu-nos oporbom-senso popular viu nas famírigentes e representantes das Aslias numerosas o sinal, a prova e tuno apresentar aos nossos leitores sociações de Famílias Numerosas a fonte da saúde fisica, enquanto de Roma e da Itália. Conheceis, os textos abaixo, que reafirmam a a História não se engana quando com efeito, a viva solicitude que doutrina tradicional da Igreja sobre aponta o desvio das leis do casadedicamos à família. [... ] a instituição familia r e ressaltam a mento e da procriação como uma Entretanto não representais bênção que acompanha as famílias primeira causa da decadência apenas a família , mas sois e numerosas. dos povos. [ ... ] representais as famílias numeNos lares em que sempre rosas , isto é, as que são mais A Direção de Catolicismo há um berço de onde se ouvem abençoadas por Deus, queridas __. vagidos, as virtudes florescem e estimadas pela Igreja como espontaneamente, enquanto o os tesouros mais preciosos. [ ... ] vício se afasta como que expulso pela infância, que aí se Com efeito, quando são encontradas com frequência, renova qual brisa fresca e vivificante da primavera. [... ] as famílias numerosas atestam a saúde fisica e moral do Somente a luz divina e eterna do Cristianismo ilumipovo cristão, a fé viva em Deus e a confiança em sua na e vivifica a família de tal modo que, seja no início, Providência, a santidade fecunda e feliz do casamento seja no desenvolvimento, a família numerosa é tida quacatólico.[ ...] se sempre como sinônimo de família cristã. O respeito Entre as aberrações mais prejudiciais da moderna às leis divinas lhe deu a exuberância da vida; a fé em sociedade pagã, deve-se destacar a opinião de alguns Deus concede aos pais a força necessária para enfrentar que ousam definir a fecundidade dos casamentos como os sacrifícios e as renúncias exigidas pela educação dos uma 'doença social ', que os países por ela atingidos filhos ; o espírito cristão do amor vela sobre a ordem e deveriam esforçar-se para banir de todos os modos. Daí a tranqui lidade, ao mesmo tempo em que prodigaliza, a propaganda daquilo que se designa como 'controle co mo que as extraindo da natureza, as íntimas alegrias racional dos nascimentos', sustentado por pessoas e fa miliares, comum aos pais, aos filhos , aos irmãos. entidades às vezes ilustres por outros títulos, mas infeExteriormente também uma família numerosa bem lizmente condenáveis por este. [... ] ordenada é qual um santuário visível: o sacramento do Da parte católica, é preciso insistir para se propagar Batismo não é para ela um acontecimento excepcional, a convicção, fundamentada na verdade, de que a saúde mas renova muitas vezes a alegria e a graça do Senhor. fisica e moral da família e da sociedade não se resguarda A inda não se encerraram as fe stivas peregrinações às senão na obediência generosa às leis da natureza, isto fontes batismais e já começam, resplandecentes de igual é, do Criador, e antes de mais nada no respeito sagrado candura, as das crismas e prime iras comunhões. Mal o e interior nutrido por elas. [.. .] caçulinha tirou sua pequena veste branca, conservada Ora, o valor do testemunho dos pais de famílias nucomo a mais cara lembrança de sua vida, e eis que já merosas não consiste apenas em rejeitar sem meios-teraparece o primeiro véu nu pcial, que reúne aos pés do mos e com a força dos fatos qualquer compromisso altar pais, filhos e novo pais. Como primaveras renovaintencional entre a lei de Deus e o egoísmo do homem, das, suceder-se-ão outro casamentos, outros batizados, mas na prontidão em aceitar com alegria e gratidão os
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outras primeiras comunhões, perpetuando por assim dizer, no lar, as visitas de Deus e de sua graça. [ ...] Quanto a vós, pais e filhos de famílias numerosas, continuai a dar com firmeza serena o vosso testemunho de confiança na Providência divina, certos de que ela não deixará de recompensá-los pela prova de sua assistência cotidiana e, se for necessário, por intervenções extraordinárias de que muitos dentre vós tendes a fe liz experiência. [ ...] As famílias numerosas são os mais belos ramalhetes do jardim da Igreja; nelas, como em terreno propício, floresce a alegria e amadurece a santidade. Qualquer núcleo familiar, mesmo o mais restrito é, nas intenções de Deus, um oásis de serenidade espiritual. [... ] A serenidade de espírito dos pais cercados por uma vigorosa florescência de vidas jovens. A alegria, fruto da bênção superabundante de Deus, se manifesta de mil modos, com constância estável e segura. Sobre a fronte desses pais e mães, mesmo quando carregada de cuidados, não há traço dessa sombra interior reveladora de inquietações de consciência ou do temor de uma irreparável volta à solidão. Sua juventude parece nunca ter fim enquanto dura no lar o perfume dos berços, enquanto nas paredes da casa ressoam as vozes argentinas dos filhos e dos netos. As fadigas multip licadas, os sacrificios redobrados e as renúncias às distrações dispendiosas são largamente recompensadas, mesmo aqui na Terra, pelo mundo inesgotável de afetos e de doces esperanças que lhes invadem o coração, sem todavia oprimi-lo ou cansá-lo. E as esperanças se transformam em breve em realidade, quando a filha mais velha já começa a ajudar a mãe a cu idar do mais novo; quando o filho mais velho vo lta para casa radiante, pela primeira vez, com seu primeiro salário. Esse dia entre todos será abençoado de modo especial pelos pais, que veem para sempre afastado o espectro de uma ve lhice miserável, e sentem a segurança da recompensa de seus sacrifícios. Os filhos numerosos, por sua vez, ignoram a solidão e o mal-estar de serem obrigados a viver no meio de adultos. É verdade que essa companhia numerosa pode às vezes transformar-se numa vivacidade fastidiosa e suas desavenças, em tempestades passageiras; mas quando estas são superficiais e de curta duração, concorrem eficazmente para a formação do caráter. Os filhos das famílias numerosas se educam por assim dizer por si mesmos na vigilância e na responsabilidade de seus atos, no respeito e no auxílio mútuo, na largueza do espírito e na generosidade. A família é para eles um pequeno mundo de experiências antes de enfrentarem o mundo exterior, mais árduo e mais constrangedor.
Todos esses bens e todos esses valores ganham em consistência, intensidade e fecundidade quando a família numerosa coloca, como seu fundamento e regra, o espírito sobrenatural do Evangelho, que tudo eleva acima do humano e tudo perpetua. Nesses casos, aos dons comuns de providência, de paz, de alegria, Deus acrescenta muitas vezes, como a experiência o demonstra, os chamados de predi leção, isto é, as vocações ao sacerdócio, à perfeição re ligiosa e à própria santidade. Mais de uma vez, e não sem razão, salientou-se a prerrogativa das famílias numerosas como viveiros de santos. Citam-se, entre outras, a de São Luís, rei da França, composta de dez filhos; a de Santa Catarina de Siena, de vinte e cinco; a de São Roberto Bellarmino, de doze; a de São Pio X, de dez. [... ] Invocando a proteção divina para as vossas famílias e para as de toda a Itália e colocando-as ainda uma vez sob a égide celestial da Sagrada Família de Jesus, Maria e José, de todo o coração Nós vos concedemos a Nossa paternal Bênção Apostólica". (Documentos Pontifícios, Alocução de Pio XII de 20 de j ane iro de 1958, Editora Vozes Ltda., Petrópo li s, RJ , pp. 13 a 22).
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No indivíduo e na família, residem os fatores essenciais ... do bem comum dos grupos intermediários, da região e do Estado. A família fecunda constitui um pequeno mundo. Excertos da obra Nobr~za e elites tradicionais análogas nas alocuções de Pio XII ao Patriciado e à Nobreza romana (1993), de autoria do insigne pensador e líder católico Plínio Corrêa de Oliveira.
Também nestas últimas se estabelece não raras vezes uma tensão pais-filhos, em resultado da qual um dos dois lados tende a vencer o outro e a tiranizá-lo. Os pais por exemplo podem abusar da autoridade, subtraindo-se ao convívio do lar para utilizar todo o tempo disponível nas distrações da vida mundana, deixando os filhos relegados aos cuidados mercenários de baby-sitters ou dispersos no caos de tantos internatos turbulentos e vazios de legítima sensibilidade afetiva. E podem tiranizá-los também - é impossível não mencionar - por meio das diversas formas de violência familiar, tão cruéis e tão frequentes na nossa sociedade descristianizada. Na medida em que a família é mais numerosa, vai-se tornando mais dificil o estabelecimento de qualquer dessas tiranias domésticas. Os filhos
percebem melhor quanto pesam aos pais, tendem a ser-lhes por isso gratos, e a ajudá-los com reverência - quando chegado o momento - na condução dos assuntos familiares. Por sua vez, o número considerável de filhos dá ao ambiente doméstico uma animação, uma jovialidade efervescente, uma originalidade incessantemente criativa no tocante aos modos de ser, de agir, de sentir e de analisar a realidade quotidiana de dentro e de fora de casa, que tornam o convívio familiar uma escola de sabedoria e de experiência, toda feita da tradição comunicada solicitamente pelos pais, e da prudente e gradual renovação acrescentada respeitosa e cautamente a esta tradição pelos filhos. A família constitui-se assim num pequeno mundo, ao mesmo tempo aberto e fechado à influência do mundo externo. A coesão desse pequeno mundo resulta de todos os fatores acima mencionados, e esteia-se principalmente na formação religiosa e moral dada pelos pais em consonância com o pároco, como também na convergência harmônica das várias hereditariedades físicas e morais que, através dos pais, tenham concorrido para modelar as personalidades dos filhos.
Famílias, pequenos mundos que convivem entre si de modo análogo às nações e aos estados
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experiência demonstra que habitualmente a vitalidade e a unidade de uma família estão em relação natural com a sua fecundidade. Quando a prole é numerosa, ela vê o pai e a mãe como dirigentes de uma coletividade humana ponderável pelo número dos que a compõem como - normalmente pelos apreciáveis valores religiosos, morais, culturais e materiais inerentes à célula familiar. O que nimba de prestígio a autoridade paterna e materna. E, sendo os pais de algum modo um bem comum de todos os filhos, é normal que nenhum destes pretenda absorver todas as atenções e todo o afeto dos pais, instrumentalizando-os para o seu mero bem individual. O ciúme entre irmãos encontra terreno pouco propício nas famílias numerosas. O que, pelo contrário, facilmente pode surgir nas famílias com poucos filhos. CATOLICISMO
Esse pequeno mundo diferencia-se de outros pequenos mundos congêneres, isto é, das outras famílias, por notas características que lembram em modelo pequeno as diferenciações entre as regiões de um mesmo país, ou os diversos países de uma mesma área de civilização. A família assim constituída tem habitualmente como que um temperamento comum, apetências, tendências e aversões comuns, modos comuns de conviver, de repousar, de trabalhar, de resolver problemas, de enfrentar adversidades e de tirar proveito de circunstâncias favoráveis. Em todos estes campos, as famílias numerosas possuem máximas de pensamento e de procedimento corroboradas pelo exemplo do que fizeram os seus antepassados, não raras vezes mitificados pelas saudades e pelo recuo do tempo". • * Plínio Corrêa de Oliveira, obra supra citada, Ed itora Civi li zação, 1993, Porto, pp. 108-109.
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ara se meditar durante a Semana Santa - que transcorrerá nos primeiros dias do próximo mês - , Catolicismo oferece a seus leitores algumas considerações tecidas pelo Prof. Plínio Corrêa de Oliveira no ano de 1971, por ocasião de uma conferência para sócios e cooperadores da TFP a respeito dessa transcendente celebração litúrgica. Como é do conhecimento de muitos, o Prof. Plinio foi o principal çolaborador desta revista desde a sua fundação, em 1951. O insigne líder católico expõe especialmente sobre os pungentes fatos ocorridos durante a Paixão de Nosso Senhor Jesus Cristo na Quinta e na Sexta-feira Santa. Na Quinta-Feira, durante a Santa Ceia, Nosso Senhor instituiu a Sagrada Eucaristia e o Sacerdócio. Foi o modo divinamente ideado por Ele para perpetuar sua presença entre os homens. Na Sexta-Feira Santa, o Divino Redentor sofreu no Horto das Oliveiras, em particular pela indiferença dos Apóstolos. E, no alto do Calvário, teve presente tudo o que se passaria com a humanidade até o fim dos tempos. Foi nessa ocasião que Ele nos concedeu misericordiosamente por mãe sua própria Mãe, para nos amparar nas dificuldades desta vida. Esses são apenas alguns dos temas abordados pelo Prof. Plínio nessa memorável conferência, cujo texto segue, sem sua revisão. De nossa parte, apenas o transpusemos para a linguagem escrita e inserimos alguns subtítulos. A Direção de Catolicismo
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fl RENO\lflQIO DO §flNTO §flCRIFÍCIO , DO CflL\lflRIO PUNIO (ORRÊA DE ÜUVEIRA Conferência em 8-4-1971
ensando na instituição da Sagrada Eucaristia na Santa Ceia, ocorreume a seguinte consideração. Se uma pessoa assistisse à Crucifixão de Nosso Senhor Jesus Cristo e visse tudo o que se passou, se ela tivesse fé e soubesse que depois haveria a Ressurreição e a Ascensão ao Céu, poderia se perguntar: após a Ascensão, nunca mais Nosso Senhor retomaria ao convívio entre os homens? Até o fim do mundo Ele estaria ausente da Terra? Isso seria arquitetônico? É razoável essa ausência, uma vez que Ele fez pela humanidade tudo quanto realizou? E a resposta que me ocorreu foi a seguinte: uma vez que Nosso Senhor imolou a sua vida daquele modo terrível; uma vez que Ele resgatou o gênero humano; uma vez que, pela Redenção, condescendeu em contrair com os homens que Ele salvou uma relação tão especial; uma vez que estabeleceu a Igreja como a cabeça do Corpo Místico, Ele estará • continuamente presente na Terra até o fim do mundo. De maneira que Ele \.~-.:::::.l. passou a ser a alma de nossa própria alma, o princípio motor de toda a nossa vida, no que ela tem de mais nobre e elevado, que é a vida sobre, natural, a vida espiritual. Sendo assim, então nós deveríamos aceitar como verdadeiro que Ele subisse aos Céus, mas que a presença real d'Ele na Terra seria sentida. À questão de que, de um lado tanta união, mas de outro tão completa, prolongada e irremediável separação, pode-se responder que tudo clamava, tudo bradava, tudo suplicava para que Nosso Senhor Jesus Cristo não se separasse dos homens. E uma pessoa com senso arquitetônico deveria entrever que Nosso Senhor criaria um meio de estar sempre presente na Terra, sempre presente junto a cada um dos homens por Ele remidos. De modo tal que houvesse a Ascensão, mas que Ele, ao mesmo tempo, estivesse sempre no Céu no trono de glória que Lhe é devido, acompanhasse passo a passo a via dolorosa de
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Senhor Jesus Cristo esteve ou estará presente naquelas pessoas. Talvez nesta semana, amanhã, ou hoje ainda, Ele estará presente neste ou naquele fiel. Assim sendo, poderíamos pensar: ali está uma pessoa na qual Nosso Senhor esteve ou estará presente. Ela vai ser transformada, embora por minutos, num sacrário vivo. Podemos medir bem a obra de misericórdia prodigiosa que foi concebida por Nosso Senhor com a instituição da Sagrada Eucaristia? Tanto quanto a presença d'Ele tem um valor infinito, tanto assim também tem valor infinito o fato de Ele estar presente de modo real sob as sagradas espécies por toda a Terra e em todos os homens que queiram condescender de O receber. Convém imaginarmos as horas - muitas vezes prolongadas - em que Ele passa abandonado nos sactários das igrejas, adorado apenas pelos anjos, pelos santos do Céu e por sua Mãe Santíssima. Os homens ausentes e distantes. Ele isolado no sacrário à espera de uma pessoa que tenha o desejo e O receber. De tal maneira o Infinito se sujeita ao que é finito! Aquele que é a própria pureza e a própria perfeição, sujeita-se às boas disposições daqueles que O querem receber. E o que é pior: sujeita-se por vezes às más disposições dos homens.
Só mesmo um Deus poderia realizar o sacramento da Eucaristia cada homem aqui na Terra. Assim sendo, Ele estaria entre nós durante todas as dores da vida e até o momento extremo em que o homem dissesse por sua vez: "Consummatum est ".
Sagrnda Eucarística - convívio verdadeirnmente sublime Como é que essa maravilha - a divina e permanente presença de Nosso Senhor Jesus Cristo - se faria? Não se poderia adivinhá-la. Mas os homens deveriam ficar sumamente esperançosos de que uma maravilha assim se realizasse. De tal maneira está nas mais altas conveniências da qualidade redentora de Nosso Salvador fazer por nós essa maravilha, que se deveria esperar por ela. E creio que, se eu assistisse à Crucifixão e tivesse conhecimento da Ascensão ao Céu, ainda que não soubesse da existência da Eucaristia, começaria a procurar Jesus Cristo pela Terra, porque não conseguiria me convencer de que Ele tivesse deixado de conviver entre os homens. Esse convívio verdadeiramente maravilhoso se realiza exatamente por meio da Eucaristia. Em todos os lugares da Terra, e em todos os momentos, Ele está presente. Está presente tanto nas catedrais opulentas como nas igrejinhas pobres. Quantas vezes, viajando por alguma estrada, encontramos umas capelinhas miseráveis, minúsculas, que dariam para acolher apenas uns vinte ou trinta camponeses habitando dispersos ao longo de enormes descampados. Passa-se por elas e fica-se comovido pensando: Nosso Senhor Jesus Cristo esteve, está ou estará realmente presente em Corpo, Sangue e Alma naquela capelinha. Presente com toda a g lória do Tabor, com .toda a sublimidade do Gólgota, presente com todo o esplendor da divindade nessa minúscula capela. De tal maneira Ele multiplicou pela Terra sua presença adorável.
Nosso Se11J10r sujeita-se às nossas boas ou más disposições Um exemplo. Quando olhamos para as pessoas que encontramos numa igrej a, podemos imaginar: este comunga, aquele comunga, aquele outro também comunga, digna ou indignamente. Nosso
CATOLICISMO
Por pouco que se façam essas considerações, nossas almas não podem deixar de transbordar de reconhecimento, de enlevo, de gratidão por aquilo que Nosso Senhor operou na Santa Ceia. Só uma inteligência divina poderia excogitar a Sagrada Eucaristia e criar esse meio para estar presente em toda a parte e em todos os homens que O queiram receber na comunhão. Só mesmo um Deus poderia realizar isto. Na Quinta-Feira Santa em que se instituiu esse milagre - a instituição do Sacramento eucarístico - por mais que essas verdades sejam conhecidas, é imperioso e obrigatório que detenhamos sobre elas nossa atenção. E que nós, por intermédio de Maria Santíssima, demos graças enormes a Deus pela instituição da Sagrada Eucaristia. Só por intercessão de Nossa Senhora, como intermediária dessas graças? - Se é verdade que todo dom vindo do Céu para os homens é um dom que foi suplicado por E la, é verdade que a Santa Mãe de Deus pediu a instituição da Sagrada Eucaristia a seu Filho. E, pelos rogos d'Ela, Nosso Senhor instituiu o sacramento eucarístico. Portanto, é verdade que devemos agradecer a Sagrada Eucaristia também a Nossa Senhora. Agradecer a Ele que condescendeu em instituir a Eucaristia e a Ela que, movida pela graça, rogou a Deus esse favor transcendentalíssimo e o obteve para nós. É este pensamento que não pode deixar de estar presente nos nossos espíritos.
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Qui~ta-Feira Santa -
a Missa, a Eucaristia e o sacerdócio
Há teólogos que afirmam que o Sacrificio da Missa tem um valor de tal maneira inapreciável e infinito, que se em um determinado dia o Santo Sacrificio da Missa deixasse de ser celebrado na Terra, a justiça de Deus se desfecharia sobre o mundo. Uma pintura muito bonita representa a última Missa celebrada na Terra. Em meio do caos, um sacerdote reza a Missa. Neste momento, todos os anjos estão prontos para executar a vingança de Deus no fim do mundo. Todos estáticos, à espera de que a última Missa fosse celebrada. Tal é a reverência do próprio Deus para com o sacrificio no qual Ele mesmo é oferecido em holocausto, que nem a necessidade de castigar o mundo O faria precipitar a sua vingança antes de concluída aquela Missa. Devemos considerar ainda que a Quinta-Feira Santa foi o dia da instituição do sacerdócio. O poder de consagrar foi conferido aos Apóstolos nessa ocasião. Três maravilhas, portanto, conexas entre si, às quais se deve acrescentar a cerimônia do "Lava-pés". No mesmo dia em que Nosso Senhor, por assim dizer, encerra essa série de maravilhas. Quinta-Feira Santa -
A ,·enovação do sacrifício da cruz: a Santa Missa
Há um segundo pensamento, que também devemos ter presente. Ele está relacionado com a Santa Missa. A Eucaristia é, por assim dizer, um corolário da Missa. Bem sabemos que a transubstanciação se opera no próprio ato em que Nosso Senhor Jesus Cristo renova a sua Paixão. É a essência da Missa, que é a renovação incruenta da Paixão de Nosso Senhor. É o ato pelo qual o pão e o vinho se transformam em Corpo e Sangue de Jesus Cristo por meio das palavras sacramentais pronunciadas pelo sacerdote. Este ato, que é o oferecimento e a imolação, é também o ato determinante da presença real, que depois se conserva nas sagradas espécies. Devemos pensar no valor infinito da renovação do sacrifício da cruz que se passa na Missa. O sacrificio da cruz tem de si um valor infinito. E cada vez que ele é oferecido por Nosso Senhor Jesus Cristo ao Padre Eterno, novamente se repete o sacrificio da cruz. Uma pessoa que olhasse depois do "consummatum est " no alto do Calvário - após as santas mulheres e alguns discípulos receberem o divino orpo a fim de prepararem seu sepultamento e veria a Cruz isolada sobre o alto do Gólgota. presenciarem Nossa Senhora chorando sobre Ele Quando todos abandonaram o local, se apenas um homem ali ficasse solitário, com o espírito cheio de fé , compreenderia que aquela Cruz era o símbolo de um ato que haveria de se repetir e que, pela mesma lógica, convinha enormemente que se multiplicasse. Ato que, de fato , se multiplicou de um modo prodigioso por toda a Terra, o qual se repetiria até o fim do mundo.
dia de jtíbilo e de tristeza
Entretanto, a Quinta-Feira Santa, o dia da Eucaristia, que deveria ser um dia de alegria, o dia da primeira Missa, é um dia de júbilo conjugado com tristeza. Tristeza por causa da Paixão de Nosso Senhor Jesus Cristo que se aproxima, tristeza devido ao ódio satânico e bestial que fervia em torno do próprio salão no Cenáculo, onde Ele estava consumando a sua Obra. Tristeza por causa da tibieza e fraqueza dos Apóstolos, sendo eles, entretanto, os primeiros e os mais imediatos beneficiários de todas essas maravilhas mencionadas. Tristeza por causa do filho da perdição, Judas Iscariotes, que estava sentado entre os Apóstolos e que ia executar o crime nefando - o pior crime de toda História, que foi o de vender por trinta dinheiros o Homem-Deus . Nosso Senhor Jesus Cristo, com a pré-ciência de todas as coisas que iriam acontecer, contudo, não trepidou em acumular tantas maravilhas sobre as pessoas desses pobres miseráveis, que, dentre em pouco, iriam fazer tudo quanto fizeram: dormiram e fugiram; e do traidor, infa me por excelência, que consu mou a traição. Pedir a Nossa Senhora que nos trate como trntou os Apóstolos
Com essas reflexões, consideramos o que foi a vocação dos Apóstolos e o que representou a misericórdia da parte de Deus, que nada consegue abalar ou demover. Ele tinha o intuito de fazer daqueles Apóstolos os pilares de seu Reino. Ele tinha o desejo de construir o seu Reino sobre a Terra. De fato, Ele cumulou de dons esses Apóstolos. Eles
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foram infiéis, mas esses dons não se perderam. Eles acabaram sendo fiéis e as intenções e o plano do Redentor acabaram se realizando. Assim, formamos uma ideia do que pode ser a misericórdia para aqueles a quem Nossa Senhora concedeu uma grande vocação. E dispomos de um argumento para nos estimular em meio a nossas incontáveis fraquezas. Também sobre seus filhos Maria Santíssima tem acumulado, mantidas as proporções, verdadeiras maravilhas. Quantas razões para batermos no peito! Quantas razões para considerarmos, entre outras coisas, as nossas confissões apressadas, as nossas comunhões mecânicas, sem uma verdadeira piedade! Quantas razões para pensar em mil outras ocasiões! Entretanto, Nossa Senhora continua a nos proteger, a nos ajudar, a nos conceder graças de toda ordem. Podemos esperar que Ela tenha a intenção misericordiosa de nos conservar para todo o sempre, para a criação de seu Reino sobre a Terra - o Reino de Maria como anunciado em Fátima e previsto por São Luis Grignion de Montfort - , apesar de todas as insuficiências, carências e infidelidades de seus filhos. Com isso, devemos nos inclinar aos pés da Santíssima Virgem e pedir que nos trate como Ela o fez com os Apóstolos e que nos obtenha análoga misericórdia para nós por parte de Seu Divino Filho. Que Ela - fechando os olhos às nossas fraquezas e misérias passadas e presentes, e até mesmo àquelas que de futuro possamos cometer queira não romper conosco esse pacto de misericórdia que desejou entabular. Que consinta em manter esse pacto e fazer chegar logo o dia mil vezes feliz em que Ela nos confirme na fidelidade, para que possamos afinal ser para Ela razão de uma alegria estável, permanente, durável, sólida e séria por nossa grande fidelidade. Esta é a graça que na Quinta-Feira Santa especialmente devemos suplicar. A tibieza dos Apóstolos no llo1'to das Oliveirns
Com essas considerações constatamos a maravilha do amor de Deus, mas também o horror da tibieza humana. Nosso Senhor, à medida que falava, ia se tornando mais bondoso, mais afetuoso ainda, como que derramando sua alma sobre os Apóstolos. E de tal maneira se ia revelanOração no Horto - Giovanni de Paolo séc. XIV. do, que se tornou aos olhos de todos como uma figura Pinacoteca Vaticana. toda luminosa, uma figura quase etérea. Dando assim a entender, ou a ver, a sua própria divindade. 0111 indiferença! Aquilo que maravilhou todos os Como é que os Apóstolos ouviam isso? séculos, para eles era nada. Estavam pensando, por exemplo, na popularidade deles na cidade, no triunfo da procíssão da entrada no Domingo ele Ramos que havia fracassado , e que não tinha atribuído a eles a importância terrena que desejavam . Portanto, atitude oposta às maravilhas que Nosso Senhor produzia em favor deles. Como as analogias se repetem! Como muitas vezes se multiplicam as manifestações da bondade de Nosso Divino Redentor! Ele se torna cada vez mais diáfano e transparente para seus filhos. Mas, ao mesmo tempo, as pessoas pensam cm coi sas terrenas. Pensam no papel humano que
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desempenham suas miseráveis pessoinhas. E a partir do momento em que as almas adotam essa linha de pensamento, não há maravilhas que as comovam, não há milagres, não há manifestações da misericórdia de Deus que as sensibilizem, porque elas estão endurecidas. Endurecidas por quê? - Elas amam outra coisa. Que outra coisa elas amam? - Amam a si próprias, para representar um grande papel diante dos outros. É o orgulho, fonte da tibieza! Um dos atos mais augustos e belos da história do Novo Testamento: Nosso Senhor vai tentando comover aquelas almas, falando-lhes cada vez com mais afeto. E na Santa Ceia é recebido por eles com a indiferença de que darão provas horas depois no Horto das Oliveiras. O Divino Salvador padecendo no Horto, enquanto os Apóstolos nem se lembram mais de todos os dons que lhes foram confiados. Eles dormiram! Queriam descansar! Não podiam vigiar urna hora junto ao Redentor, que, entretanto, pouco tempo antes lhes revelara a maravilha da Sagrada Eucaristia. Até que ponto pode chegar a tibieza! A indiferença desdenhosa para com os dons de Deus, a tremenda dureza da alma, a preocupação exclusivamente consigo mesmo! Fazei· tudo parn a maior glória de Deus
Em consideração a essa série de ações maravilhosas que Nosso Senhor praticou na Quinta-Feira Santa, pode-se medir melhor com quanta veneração, com quanto respeito devemos nos aproximar do Santíssimo Sacramento. Neste dia há Missa. Nela vai ser distribuída a Sagrada Comunhão em todas as igrejas católicas. Antes da hora da comunhão, procuremos reler o Evangelho na parte em que descreve a Santa Ceia. Procuremos pedir a Nossa Senhora que faça reacender em nossas almas todas as graças não recebidas nas comunhões anteriormente feitas sem o devido preparo. Roguemos à Santa Mãe de Deus o seguinte: que Ela obtenha que a comunhão no dia da Quinta-Feira Santa alcance todas as graças da melhor comunhão de nossa vida. Sejamos ambiciosos e peçamos a Nossa Senhora que essa com unhão seja a melhor comunhão feita em nossa existência. Que, em memória desses fatos admirávei s, em memória da morte augustíssi ma de Seu Divino Filho, nossa comunhão seja a mais recolhida, ' 1 mais plena de veneração e ternura de toda a nossa vida. Melhor graça não se pode pedir. A prova de que essa graça teria sido alcançada seria notar que depois tenhamos saído mais generosos, pen sando menos em nós mesmos, menos nos pequenos interesses, nas vaidades, nos amores próprios. Mus desejando que o centro de tudo seja Nosso Senhor e sua Santíssima Mãe, seja a Santa Igreja atólica, instituída por Ele. Preocupando-se apenas com a maior glória de Deus, segundo o lema de Santo Inácio de Loyola: "Para a maior glória de Deus" - Ad majorem Dei gloriam.
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Sexta-Feira Santa -
em toda a Cristandade, imenso recolhimento
Segundo tradições antigas que caracterizavam a Sexta-Feira Santa - eu ainda alcancei esse tempo - , a atmosfera era de um dia tão sagrado, de tal recolhimento, que se proibia nas ruas qualquer ruído. As locomotivas, o grande meio de transporte daquele tempo, emitiam os sinais sonoros apenas por instantes, em ocasiões estritamente indispensáveis para se evitar algum acidente. Os automóveis só buzinavam na medida indispensável. As pessoas andavam nas ruas vestidas de preto, falando em voz baixa, evitando manifestações de alegria. Se, por exemplo, dois conhecidos, ou duas famílias amigas, se encontrassem, evitavam estar sorrindo muito, evitavam certas manifestações ruidosas. Dentro das próprias casas, as crianças não podiam rir, não podiam usar brinquedos que fizessem barulho. As pessoas passavam o dia inteiro mais ou menos em silêncio, apenas conversando sobre alguma coisa que não fosse muito profana. Assim se lembrava da morte de Jesus Cristo, que, de algum modo, se repetia na Sexta-Feira Santa. Essa noção impregnava todo o ambiente. Em toda a Cristandade reinava um imenso recolhimento, um imenso retiro. Mais ou menos às duas horas e meia da tarde, as famílias começavam a se dirigir para as igrejas, e as lotavam, para passarem a hora que Nosso Senhor Jesus Cristo expirou, dentro da igreja, junto a uma representação do sepulcro. Um padre fazia um sermão sobre a Agonia do Divino Salvador. Longos sennões de circunstância, em que se comentavam as sete palavras d'Ele no alto da Cruz. E quando o pregador dizia afinal que o Redentor tinha expirado, ele e todo o povo se ajoelhavam, tocavam-se as matracas. Os sinos não se tocavam. Os altares permaneciam sem ornamentos, sem flores. A Terra inteira estava desolada pela lembrança da Paixão e Morte de Nosso Senhor Jesus Cristo. Era uma lembrança que se justificava inteiramente. Mas de fato não havia apenas uma recordação da Paixão de Jesus Cristo. Para cada festa litúrgica há uma graça especial que a Igreja concede. Todas as graças especialíssimas da morte infinitamente preciosa d'Ele se expandiam pela Igreja, com uma generosidade particular, para despertar nos fiéis as disposições de alma que eles deveriam manifestar se estivessem no Calvário, no momento em que Nosso Senhor expirou. , O desejo era que todos revivessem a cena do Calvário. E tivessem a propósito da Paixão exatamente as disposições de alma que deveriam exprimir se lá estivessem. A ideia era a de associar, por essa forma, a Cristandade em todos os séculos, ao sofrimento de Nosso Senhor. Nosso Divino Salvador do alto da Cruz via tudo quanto se passava. Mas não só o que ocorria ali no Calvário, e que Ele sabia por um conhecimento humano, mas também por ciência revelada e divina. Ele via tudo o que ocorreria ao longo dos séculos. Por exemplo, Ele observava não apenas todos os crimes, os sacrilégios contra a Eucaristia que seriam cometidos, mas tam bém todas as práticas de adoração que seriam realizadas, todo o amor que Lhe seria dedicado, em razão do ato que Ele naquele momento estava consumando. Ele contemplava, em todos os séculos, todos os povos da Terra que O adorariam. •
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Entregou-se então inteiramente aos exercícios de piedade que São Paulo recomenda a uma verdadeira v iúva. "Ela era muito sóbria em suas
refe ições, pacifica e tranquila na conversação, pronta somente a fazer o bem a todo mundo, e a cumprir tudo o que era de seu dever; não empreendia nada senão depois de procurar conselho e ter consultado a Deus na oração". 2
Ainda pequena, foi entregue para ser educada por uma das avós, qu e tinha o mes mo nome e que depois de enviuvar-se entrara para o mosteiro de E rfurt, do qua l se tornara abadessa. Destinada ao trono ducal , Matilde casou-se em 909 com Henrique, o Passarinheiro, filho do Duque da Saxônia. O casal teve cinco filhos: Oton J, que foi [mperador da Alemanha; Henrique, duque da Baviera; Bruno, o Grande, arcebispo de Colônia e duque
no reino, e procuravam fazer outras novas que favorecessem seus súditos. E m 912, sendo Henrique, o Passarinheiro, o mais velho dos filhos vivos, sucedeu ao pai Oton I como Duque da Saxônia, com o nome de Henrique l; e, em 918, a Conrado I como rei da Alemanha. A lguns hagiógrafos dão a Conrado o título de Imperador; portanto, Henrique também o seria. Por isso atribuem a Santa Matilde, sua esposa, o título de Imperatriz. Entretanto, isso
Santa Matilde tinha preferência pelo segundo filho , Henrique, que apesar de não ser o primogênito, ela queria que sucedesse ao pai no trono. Alegava que Oton, o mais velho, havia nascido antes de o marido ser rei. E que, portanto, Henrique, tendo nascido filho de rei , deveria ser o escolhido. Como o monarca era eleito, ela convenceu alguns nobres a votarem em Henrique. Apesar disso, o eleito foi Oton. Ela então obteve deste o Ducado da Baviera para Henrique. Santa Matilde era conhecida principalmente pelas suas muitas esmolas para os necessitados , conventos e igrejas. Ora, Oton e Henrique - este
da o ·ena, também santo; Gerberga,
historicamente não é correto,
se mostrando assim ingrato para com
que desposou o duque Giselberto da Lorena e, morto este, Luís lV, da França; e Hedwig, que se casou com Hugo, o Grande, conde de Paris, e foi mãe de Hugo Capeto, re i francês fundador da dinastia dos Ca petos. Os biógrafos de Santa Matilde ressaltam a harm onia perfeita e a identidad e de eog itações existentes entre ela e seu e p so: "Os dois foram
Como rainha, Santa Matilde fezse a mãe de todos, especia lmente dos pobres e desfavorecidos. Jnteressava-se muito pelos prisioneiros, e àqueles que o eram por dívidas, pagava seus débitos, obtendo assim sua liberdade . Todos os pobres, peregrinos e necessitados de toda ordem encontravam nela sua protetora. A rainha santa exercia com mais largueza sua caridade aos sábados, por ser o dia dedicado à Mãe de Deus.
sua mãe - consideravam exorbitante a sua prodigalidade, alegando que ela estava empobrecendo a coroa. Para satisfazê- los, a santa renunciou em favor deles a todas suas propriedades, mesmo as que herdara do marido, e retirou-se para uma casa campestre em Engern.
Henrique pede a jovem Matilde em casamento
Santa Matilde, Viúva R ainha, mãe de imperador, de reis e de santo, ilustrou o trono com suas singulares virtudes
mi PUNIO M ARIA SOLIMEO
. N Santa Matilde e seu esposo, o Imperador Henrique
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osso Divino Redentor afirmo u que é muito difícil um rico entrar no reino dos Céus (Mt 19, 23). Mas não disse que é impossível. A dificuldade está em que, na prosperidade e na abundância, encontra- e mais dificuldade para desprender-se da coi as da Terra a fim de pensar nas do éu. Entretanto, um rico pode e deve ·anti fi car-se, utilizando adequadamente os ben que a Prov idência põe em suas mã . Nas vidas dos santo en ontramos muitos exemplos disso. Com e le ito, entre
os santos canonizados figuram imperadores, reis, prínc ipes e muitos leigos de projeção, que utilizaram suas riquezas para cumprir os preceitos evangélicos. Um exemplo é Santa Matilde, rainha da Alemanha, notável por seu amor a Deus, que a levava a amar também os pobres e os necessitados. Sua festa se comemora no dia 14.
Educação esmerada e matrimônio modelar Santa Mati Ide nasceu em Engern, na Westphalia, por volta do ano 895. Era filha do conde Dietrich, da Saxônia, e da condessa Reinhilde, da Dinamarca.
afortunados e m receram os louvores dos povos. Em ambos reinava o mesmo amor a Cristo, 11ma mesma união para o bem, uma vontade igual para a virtude, a mesma ·ompaixão para com os súditos, e o m 'Smo af eto entranhável para com 0.1· desgraçados". 1
Ambo se ded icava m a toda sorte de obra de 111 isericórd ia, à construção de hosp it~ti s • mosteiros, e à propagação do Evange lho pelos reino vizinhos aind u pagãos. Zelavam para que as leis nnt igas que ju lgavam boas fossem obs ·rvadas no ducado e depoi
Viúva segundo São Paulo e desapego de uma santa Após frutuoso reinado de mais de
17 anos, Henrique I faleceu no ano de 936. No leito de morte, di ante de toda a corte reunida, o piedoso monarca fez o e logio da rainha, como testemunha que fora de sua eminente virtude. Santa Matilde mandou celebrar inúmeras missas pela a lma de seu defunto esposo, não só por ocasião de s ua mo1te, mas enquanto viveu.
Ingratidão, castigo de Deus e repamção Eclodiram então distúrbios e calamidades no reino. E não só o povinho miúdo, mas também a nobreza, começou a clamar que os mesmos se deviam à injustiça feita à rainha. E aconteceu um fato bem característico da Idade Média: "Com efeito, os males aumen-
taram a um tal ponto, que os grandes e os ministros de Estado foram força dos a solicitar à rainha Edite, esposa de Oton, que pedisse o retorno da rainha-mãe [.. .} Esse príncipe abriu os olhos, reconheceu suas faltas e,
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Oton pede perdão a sua mãe Santa Matilde depois da ingratidão cometida contra ela
imediatam ente, nomeou senhores da mais alta estirpe para irem apresentar a essa ilustre princesa a dor na qual ele estava mergulhado por causa da conduta que havia tido a seu respeito, e o des~jo ardente que tinha de revê-la na corte".3 Houve a partir de e ntão a mais perfeita harmoni a entre a mãe santa e os dois filhos ingratos. O bom povinh o de Deus come nto u depois que a e le ição de Oto n co mo Imperado r deveu-se em g ra nde parte a essa justiça rendida à sua mãe. Pois "o Império te ve em seu ber-
ço o hálito santo desta mulherforte. Mali/deformou o coração de Oton, o homem da Providência, e pôs nele as sementes def é, de.fortaleza, de piedade e de amor à igreja de Cristo. [.. .] Oton foi digno filho de tal mãe. Fez justiça aos seus vassalos, venceu seus inimigos, amparou a Igreja, protegeu os sábios, e sujeitou novos povos à civilização do Evangelho. 4 "Gmndc p1·uclência w,icla à Jwmilcladc" Com seu fi lho Oton, Santa Matilde fundou um mosteiro que se tornou cé lebre, no qual três mil monges cantavam ininte rrupta mente os lo uvores divinos. Fu ndo u também um mosteiro femi nino de cônegas nobres e m Q uedlimburg, co m o objetivo de que estas oferecessem dia e noite suas preces e pe nitênc ias a Deus para agradecer _a s bênçãos que Ele derramava sobre o [mpério, e atra ir novas bênçãos sobre a famí li a rea l. Muitos tempo depois, no sécul o XV I, sua abadessa tinha precedência sobre as princesas do Império. Mas .. . tristeza deste Yale ele Lágrimas: em 1539 esse mosteiro, que ta nto brilho
CATO LI CISMO
tivera na "doce primaverada fé", aderiu à pseudo-reforma de Lutero sob a influência da condessa Ana de Stolberg. 5 Diz ele Santa Matilde um hi storiador alemão quase seu contemporâneo:
''De tal sorte sua grande prudência unia a humildade ao decoro régio, que quem mais a admirava humilde, devota e recolhida - sempre em oração, assistida por pobres, peregrinos e enfermos - , mais a venerava como grande princesa, rainha excelsa e imperatriz soberana" ( Witc hindo , História saxónica, livro Ul).6 Mol'tc da "mais virtuosa pl'inccsa ele seu século" Sentindo que seus dias c hegavam ao fim , a ra inh a- mãe pediu li cença ao filho Imperador para retirar-se a Nordhausen , o predileto cios mosteiros que hav ia fundado, a fim ele preparar-se para o encontro com Deus. Vivendo santame nte e c umprindo de modo ex ímio todas as normas ela casa, precisou no e ntanto de ixar seu retiro para a tende r a probl e mas urge ntes no moste iro cios Sa ntos Gervás io e Dionísio, em Qued limburg, o nde sua neta era abadessa . Esta ndo lá, contrai u um a feb re le nta e incô moda, que se agravava grad ua lm ente e que a ato rm e ntou durante vár ios meses , ameaça nd o sua vida. Matilde pediu então os últimos Sacramentos . Estes lhe foram ministrados po r seu neto G uilherme, que era arcebis po de Mainz. Contam seus primeiros biógrafos que e la qui s e ntão dar-lhe um testemunho de seu agradec imento e estima pelo grande ravo r que lh e tinha fe ito . Poré m , co mo não tinha mais nada para da r, uma vez que já havia se clcsp j acl o ele tudo, pediu então que de cm a e le
Empreendedorismo e propriedade: solução para o desenvolvimento indígena
os panos mortuários que lhe estavam destinados, dizendo que o neto prec isaria dos mesmos a ntes dela. E , com efeito, saindo do mosteiro, o arcebispo sentiu-se mal , fa lecendo no caminho de sua di ocese. Santa Matilde fa leceu no di a 14 de março do a no ele 968 , sobre uma mortalha posta na terra. De tal manei ra fora unida ao seu ma rido, falecido 32 anos antes, que quis ser e nterrada ao lado de le. Pela sua fama de santidade, começou a ser venerada logo de po is da mo rte.
E nquanto boa parte dos indígenas deseja traba1har e progredir, outra parte é manipulada, sobretudo pela FUNAL órgão governamental cuja atuação se tem caracterizado pelo incentivo à Juta de classes, jogando comunidades indígenas contra produtores rurais. - A quem aproveita esse conflito?
"Foi assim que terminou sua vida aquela que era a mãe dos pobres, a protetora dos povos, a advogada dos prisioneiros e dos cativos, a alegria do império, a .fundadora de tantas igrejas, hospitais e mosteiros, em uma palavra, a mais completa, a mais cristã e a mais virtuosa princesa de seu século".7 A vicia de Sa nta M atilde fo i escrita a lg uns anos depois de sua morte, por o rde m do Imperador Santo Henrique, seu neto .8 • E-mail para o autor: catolícísmo@terra.com.br
Notas: 1. Fr. Justo Pérez de Urbe!, O.S.B., Santa Matilde, Aiio Cri stiano, Ed íciones Fax, Madri, 1945, tomo 1, p. 502. 2. Mgr Paul G uérin , Sainte Mathilde. lmpé1·atrice, in Vies des Sain ts, Bloud et Barra i, Libraires-Éditeurs, Par is, 1882, tomo 111 , p. 4 17. 3 . ld. lb. p. 4 18. 4. Fr. Justo Pérez de Urbe!, O.S.B. , op. cit. p. 503. 5. C fr. Mgr Paul Guérin, op. cit. , p. 42 1, nota 1. 6. Pe. Pedro de Ribadeneira, Santa Ma tildis ó Matilde, Emperatriz, Reina e Matrona, Fios Sanctorum, apud . Dr. Ed uardo Maria Vilarrasa, La Leyenda de Oro, L. González y om pai'\ ia - Editores, Barce lona, 1896, p. 594. 7. Pau l Guérin , op. c it. p. 42 1. 8. Outras obras consu ltadas: Michael T. Ott, St. Matilda, The Cath olic Encycloped ia, C D Rom edition. Pe. José Lei te, Santa Matilde, San tos de Cada Dia , Editori a l A.O ., Braga, 1993 , tomo 1. Ede lvives , San ta Ma tilde, Emperatriz de Alemania, in EI San to de Cada Dia, Ed itorial Lu is Vives, S.A., Saragoça, 1947, tomo li.
o contrário da política de integração social dos silvícolas, promovida pelo Marechal Rondon, a Fundação Nacional do Índio (FUNAI) vem promovendo um verdadeiro terrorismo psicológico de incentivo à invasão de propriedades particulares para integrá-las às terras indígenas com vistas à demarcação, ao mesmo tempo que as mantêm no isolamento e na segregação à semelhança de um zoológico, seus pobres habitantes. Para falar sobre esse tema, ninguém melhor do que alguém oriundo do próprio meio indígena. Por isso o nosso entrevistado é o índio wapishana Ubiratan de Souza Maia. Advogado, 34 anos, nascido em Roraima, é casado com uma lnd la cai nga ngue de Santa Cal rln a, on de reside na cidade de Chapecó trabalha como defensor da causa indígena. 1 concedeu esta entrevista por telefone o nosso colaborador Nelson Ramos Barretto , d Brasília. O Dr. Ublratan defende o empreendedorismo e conomia das aldeias com base no trabalho I t mático e no regime de propriedade priv da e livre iniciativa.
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/J,: Ubfral m1 <le Souza Maia
No dia 15 de março de 20 14 reali zou-se em Chapecó uma audiência públi ca sobre a questão indígena reg iona l. Enquanto os agri cu ltores re ivindicava m sua permanência nas terras das quais são donos e apoiava m a PEC 2 15, a lgu ns índi os afirmava m que as demarcações da FUNA I não era m suficientes para resolver seus prob lemas. A PEC 2 15 tramita há 14 anos na Câmara Federal e está sob a avali ação de uma Com issão Espec ia l. Ela mud a a leg is lação e atribui ex c lusivamente ao Co ngresso Nac ional a competência para aprovação e ratificação da demarcação das terras indí ge nas que, seg undo a at ua l Constitu ição Federa l, é prerrogativa do Ministério da Justiça .(*) Finalmente houve convergência de inte resses, po is o discurso das auto ridades e dos representantes do envo lv idos nos conflitos de demarcações de terras nas questões mais transcendentes foi o mesmo. O u seja, a necessidade de se e ncontra r uma so lução defini tiva para os indígenas brasileiros, sobretudo na questão referente aos seus direitos e aos direitos dos agropecuaristas não índios . Antes de disc uti r a Proposta de Emenda à Co nstituição (PEC) 2 15/2000, o jui z federa l Dr. Narci so Lea nd ro
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' pontos da ConsXav ier Baez esclareceu ;~lguns titui ção Federal vigente, a razão da ocorrência de tantos confli tos, bem como apontou várias pro postas de solução. Para ele, a Consti tuição de 1988 não prevê que sej am realizados estudos antro po lóg icos para a comprovação das terras a serem demarcadas, "ela determina apenas que os locais ocupados por índios em 5 de outubro de 1988 sejam demarcadas". Contudo, a lguns índios passaram a reivi ndi car te rras que eram ocupadas por e les antes dessa data e de o nde fora m retirados pela força da le i, como é o caso de Sede Trentin , explicou o juiz. Para o magistrado, os índios que ocupavam terras antes de 1988 poderiam ser reassentados em áreas próx imas. Defende ainda que os índios totalmente integrados, capazes de exercer di re itos e deveres c ivis e penais, tenham di reito à propriedade, em vez de ocuparem terras demarcadas que se to rnam ipso.facto propri edade da U ni ão. O magistrado defende u também o pagamento de inde ni zações aos agricul tores retirados de suas terras no caso de serem desaprop riados. *
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Co mo representa nte do cac iqu e da Terra In dígena Chapecó, o Dr. U biratan de Souza Maia pediu consenso para se chegar a um lugar seguro e com condições de reso lver a questão indígena no Brasil. Fo i enfático ao pedi r que fosse estabeleci do o marco tempora l do di a 5 de outubro de 1988 para a demarcação de terras indígenas, ao mesmo tempo em que fa lo u de seu Proj eto de desenvo lvimento da a lde ia loca l através do sistema de parceria, e explorar assi m os recursos da terra indígena de Chapecó como atividade econômica. O res ultado das ide ias surgidas e di scutidas durante aud iênc ia - úni ca a se rea li zar no estado de Santa Catarina - fo i objeto de um relatóri o enviado ao Congresso Nacional para sua apreciação. "Apresentamos o que estamos .fazendo nesse sentido e ouvimos as opiniões para levar ao Congresso Nacional, que deverá avaliar este nosso relatório", expli ca o deputado fede ral, Valdir Co latto.
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Catolicismo - Percebemos hoje que a política da FUNAI é contrária ao desenvolvimento econômico e social dos índios. Na audiência pública promovida pela Câmara dos Depu-
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tados em Chapecó, o senhor defendeu um projeto de desenvolvimento econômico e social dos índios com a garantia do direito de propriedade. O senhor pode explicar para os nossos leitores qual é a sua proposta e o que vem sendo aplicado em sua região?
"De modo geral, os índios aspiram ao pl'ogrnsso. Mas, sem dúvida, muitos constituem massa de manobra da FUNAJ para evitai' qualquer fonna de diálogo "
Dr. Ubiratan - Nossa proposta consiste em apli car simplesmente o que aponta a legislação brasileira. A Consti tui ção federal trata em se us artigos ini ciais da maneira como o Brasil deve atuar para debelar a pobreza regio nal e nacio nal. Versa sobre a questão da livre ini c iativa, um dos pil ares do regime de mocrático. Da mesma fo rma, enfre nta a questão do desenvo lvim ento dos povos indígenas, na legislação pró pri a do Estatuto do Índio, ta mbém na Convenção 169 da OlT (Organização Internacional do Traba lho). Dentro deste contexto, nós compreendemos o desenvo lvimento das comunidades indígenas a fi m de ev ita r confli tos como esses que atualmente vêm ocorrendo. Acontece qu e, na prática, a FUN A I ve m atuando fora desse contexto que eu acabo de expor. Por quê? - Na verdade, a FUNAJ visa fazer justamente o contrário, o u sej a, fo mentar confli tos no campo para cri ar d ivi sões entre pessoas. U ma coisa é ser índio, outra é ser prod utor ru ra l. O u se defende o índio no senti do ma is radical ou não se defende. No prime iro caso se tra i o lado dos produtores rura is e no o utro se tra i a causa dos índios. Ou seja, a FUNAJ é a prime ira a fo menta r esse antago ni smo para que não haj a interlocução entre índi os e produ to res ru rais. Catolicismo - Pela nossa experiência, muitos índios querem trabalhar, ganhar seu dinheiro e aspiram integrar-se na sociedade. Mas há uma minoria - pelo visto arregimentada, embora não saibamos quem a sustenta - que chega a Brasília e promove desordens, invade o Congresso ... Dr. Ubiratan - De modo gera l, os ín d ios as pi ram ao progresso . O que aco ntece aqui na região de Chapecó, onde eu vivo e tra balho, boa parte dos índios desej a o dese nvolvimento, traba lha na produção de grãos. Por outro lado, ex istem mui tos que são articul ados e pagos - pelo que ouço d izer - muitas vezes incentivados pe la própri a FUNAI, cuj a fu nção é pressionar o Cong resso Naciona l para que nã.o avance uma agenda mais pos iti va, enfim para que se mantenha o confli to entre índi os e não-índi os. Sem dú vida, mui tos constituem massa de mano bra da FUNA [ para evitar qualquer fo rma de di álogo.
Catolicismo - Alguns nem parecem índios , mas não-índios fantasiados de índios.
ma is é do que a sistemati zação daquil o que o próprio Supre mo Tribunal Federa l esquematizou. No julgamento do processo da Reserva Indígena Raposa/Serra do Sol, o M ini stro Ca rl os Ayres Bri to co locou em se u voto, como re lator, a pá de ca l na questão indígena. O u seja, nos processos demarcatóri os deve-se levar em conta a data de 5 de outubro de 1988. E ntão a PEC 2 15 nada mais é do que um instrum ento para s istematizar aq uilo q ue o próprio STF j á decidiu .
Dr. Vbiratan - Isso é uma coisa curiosa. Parece que a lguns rea lmente andam fantas iados, ma se e les querem passar por este ridíc ul o, é pro bl ema de les. Cabe sa li entar que esta arti cul ação vi a à desestabilização no ca mpo. Cri ando esses antagonismos, a FUNAl pro move lu ta de e las es de um j eito o u doutro, isto é, faz co m que índ ios e produtores, o u que índ ios e po líti cos Iigados ao agro negóc io pos am estar sempre em lados antagônicos. Q ua ndo houve a in sta lação da Com issão Especia l para debater a PEC 2 15, fo ram abertas oportuni dades para os índios se ma ni festarem, mas os prime ir s que rec usaram a poss ibil idade de entendimento fora m esses índios utili zados como ma sa ele manobra. Foi-lhes dada a casião e a chance el e apresentar suas propo ta , mas infe li zmcntu, cm razão de suas práticas xiitas, se negaram a conversar. Catolicismo - O sen hor é favorável ao que está na lei, ou seja, do marco temporal de 1988 para tanca r estas demarcações indígenas?
Dr. Uhimtt111 - A questão do marco tempora l é nece s{1riu, porque o certo é que a PE 2 15 nada
"Cabe salientar que esta articulação visa clesestabilizal' o camp o. Criam/o esses antagonism os, a FUNAJ promove l uta de cl asses ele mn jei to ou doutr o"
Catolicismo - Mas parte do Ministério Público não aceita isso.
Dr. ll.Jbiraum -
Com efe ito, o Mi nistério P úbli co não vem ace itando. Algumas a las do MPF atuam de fo rma muito radi cal. E las se di zem defensoras da Consti tui ção, a liás, pape l deles, mas o M PF poderia reava li ar um tanto a sua pos ição. Afi na l, a questão se co mpõe de mui tos fato res e o MPF prec isa ponderar bem as razões para que todos possa m ser conte mplados e não apenas um dos lados. Catolicismo - Vem ocorrendo entre os caingangues que vivem no Rio Grande do Sul muitos conflitos, fomentados justamente por quem deseja a guerra, o conflito. O senhor acha possível conseguir apoio de outros po-
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vos indígenas para a aprovação da PEC 215? Dr. Ubiratan - Ey acredito que existe a possib ilidade de fazermos um grande debate sobre o tema. Quanto ao apoio dos povos indígenas, basta procurarmos os índios que já se encontram integrados socialmente e com bons índices de produção. Os índios Pareeis, no Mato Grosso, plantam cerca de 12 a 15 mil hectares de soja. Aqui na nossa região, os índios, em parceria com outros produtores, plantam três mil hectares. O utra iniciativa interessante dos índios daqui é que eles estão se dedicando à produção de gado leiteiro. E les fundaram uma cooperativa e pretendem se lançar no mercado com um leite com selo ind ígena. Se outros índios vão apoiar a PEC 215 , é dificil de ava liar, mas se tomarmos exemp los pontuais , na medida em que aconteçam em alguns povos no Brasi l, ali há todo um contexto já inserido na PEC 215, que os índios possam fazer contratos com a iniciativa privada e com a inici ativa estatal. Então, na minha ava li ação, o caminho do desenvolvimento econôm ico e social das alde ias indígenas será o instrumento que poderá pôr fim aos conflitos no campo quando o assunto for a demarcação de terras indígenas. Catolicismo - Logo no início da nossa conversa o senhor se referiu à Convenção 169 da OIT. Que ponto dessa convenção daria fundamento para esse tipo de empreendedorismo indígena? Dr. Ubiratan - O artigo 7° da Convenção 169 da Organização Internacional do Traba lho trata da questão dos índi os e das perspectivas que eles podem ter como comun idade e como povo indígena . A li está o que realmente os povos indígenas precisam. É questão de priorizar. Muitas vezes eu vejo as pessoas , equivocadamente, co locarem a Convenção 169 como se fosse um monstro. Se isso ocorre, é porque não fazem uma leitura sistemática da Convenção. Mas, se o fizerem , irão perceber que o contexto dá muita margem para os índios a lcançarem e a lmejarem o seu cresc im ento econômico, que e les tanto necessitam . Catolicismo - Um esclarecimento sobre o direito de propriedade. Neste projeto haverá propriedade particular? Ou a exploração será coletiva ou cada qual terá o seu lote? Como será sistematizado isso?
Dr. Ubiratan - O sistema será cada indígena possuir o seu próprio sítio e dentro deste sítio
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ele irá produzir num sistema de parceria com um agricu ltor de fora. Uma vez feita a parceria, nela é possível desenvolvimento e renda. Catolicismo - Além da propriedade, o indígena terá a sua conta bancária, terá o seu desenvolvimento particular? D,: Ubiratan - Dentro desse desenvolvimento particular, mesmo em se tratando de terra da União, é possível ter alguns e lementos de propriedade privada que são comuns aos índios. Algumas interpretações estão equ ivocadas, dizendo que estamos à margem da lei, que é ilegal e que os índios não podem fazer nada. Não, os índios podem fazer junto com os agricu ltores parceiros. Eles estão inseridos e podem utilizar a terra dessa forma. Nisso se fundamenta a questão do desenvo lvimento econômico no caso dessa a ldeia.
"Produção coletiva mmca deu certo em lugm· algum do mundo. Esse é o fracasso do comunismo. Como r epartir com todos igualmellte o fruto do seu trabalho?"
Catolicismo - Para uma criação de gado, cada indígena terá as suas reses, ou haverá uma exploração coletiva e depois se divide o lucro? Dr. Ubiratan -Assim não, pois então seria um sistema comunista centralizado. Trata-se de uma terra de 16 mil hectares para cerca de seis mil índios. Um produzirá leite de fo rma individual, mas há outros que não têm vocação alg uma para produção de leite. Seria muito injusto impor ao que produz o pagamento da conta daquele que nada produz. Há índios que não estão voltados para a produção, mas preferem o artesanato. Precisamos dar oportu nidade e criar condições para que ele faça um bom artesanato, para poder vender e gerar a sua própria renda. O que existirá em nosso projeto serão e lementos de caráter mais individualizado, mais de propriedade no sentido da legislação civi l privada. O que não é nenhum pecado. Creio ser plenamente possível e assim alcançarmos o desenvolvimento dessas a ldeias em um regime de inteira liberdade. Catolicismo - Tanto mais que é na liberdade individual que está a origem e o desenvolvimento da propriedade. Dr. Ubiratan - Exatamente. Haverá liberdade de esco lha para cada indígena. Se alguém quiser produzir grãos, e le irá trabalhar naquilo que ele gosta e tem vocação. Se alguém preferir se dedicar ao artesanato, ele será livre para fazêlo. Mas esta história equivocada de produção e div isão coletiva nunca de u certo em lugar algum do mundo. Esse é o fracasso do comunismo. Como repartir com todos igua lmente o fruto do
seu trabalho, do seu suor, se m levar em conta que os outros nada fizeram? Fazer com uni smo dentro de uma comunidade indígena também não vai dar certo, vai gerar confl itos. Catolicismo - Já presenciei isso nos assentamentos de Reforma Agrária onde o INCRA aplicou o coletivismo. Ainda que a divisão fosse feita por grupos, por exemplo, de dez assentados, no momento de plantar, apenas três ou quatro com pareciam. Os demais se desculpavam por doença, cansaço, ressaca , viagem. Mas na hora da divisão, todos queriam o seu dizimo ... Dr. Ubimt1111 - Isso não pode dar certo nunca! Em nosso ca so, leremos alguns e lemento da propriedad pri vada como, a liás, já existem nos Estado Unidos e no Canadá. Isso acabará dando
melhore rcsulludos do que se fosse tudo um co letivismo tipo ·hinês. Aliás, até a China, que mantém o comunismo I olílico na economia, vem restaurando o dir ·ito da propriedade e livre mercado. Catolicismo - A se u ver, será possível com a legisla ç o atual do Brasil levar a cabo esse projeto, ou pr cisaria de legislação especial?
"Em nosso caso, teremos algm1s eleme11tos ,la p1·op1·iedacle p1'ivacla. Isso acabará dando melhores resultaclos do que se fosse um coletivismo tipo chinês "
D,: Ubirata11 - Eu acred ito que precisaríamos mudar algo na Constituição. Por exemplo: 1) No caso da necessidade de desapropriar terras, que o Estado pague o valor real da terra, pois não vai deixar o pobre do agricultor desapropriado com uma mão na frente e outra atrás ao pagar ape nas pelas benfeitorias, corno atua lmente reza a Constitui ção. É preciso pagar o valor real de mercado. 2) Quanto ao desenvolvimento das ald eias. Até quando vamos ficar nessa situação em que os índios não podem fazer contratos? No texto da PEC 215 isso está previsto. A Consti tuição não contempla esse direito indígena e, portanto, precisaria ser modificada. • Fon te:
(*)http ://redeco 111 se.co m. br/porta 1/noti c ias/gera 1/De mar-
cacao _de_ terras_ ind ige na s_e_ tema_ ue _aud iene ia_pub lica_ em_ chapeco_ 12086 Nota :
Depo is desta entrev ista, foi pub li cada a notícia de que o Ministério Públ ico Federal em Santa Cata rina (MPF/SC) iniciou um a ação contra a associação indígena sustentada pelo en trev istado, alegando il ega lidade no arrendamento de terras. Ao ser indagado sobre a questão o Dr. Ubiratan di sse não haver ilega lidade alguma e que o Brasil passa por uma situação difícil e desan imadora. Mas que ele confia em Deus e pede todos os dias à Virgem Maria que se co loque à frente de seu caminho.
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desterro, tendo sucedido a este no Papado.
5 SanLo Ad 1·iano, MárUr + Palestina, 308. Sabendo que
SanLo Albino, Bispo e Confesso!'
+ Angers (França) , 550. De nobre estirpe, foi eleito bispo de Angers já sexagenário; combateu vigorosamente, sob risco de vida, o imoral costume de senhores semibárbaros se casarem incestuosamente com irmãs ou filhas. Convocou o Concílio de Orleans, que estabeleceu penas severas contra esse abuso. Muitos milagres lhe são atribuídos.
2 Sa nLa Inês ela Boêmia, Viúva
+ 1282. Filha de reis, casada aos 13 anos com o príncipe da Silésia, ingressou no mosteiro cisterciense para terminar sua formação. Fa lecendo seu marido, resolveu entregar-se toda a Deus , fundando um asi lo destinado aos pobres e, para cuidar deles, um sodalíc io - a Ordem dos Crucíferos ou da Stel/a Rubra. Fundou também o Mosteiro das Irmãs Pobres, ou Damianitas, no qual professou e governou por 47 anos.
os cristãos eram perseguidos em Cesaréia, para lá se dirigiu a fim de prestar-lhes auxí lio. Preso, foi açoitado e depois lançado aos leões, que correram para ele submissos. Teve então a cabeça decepada.
(i São Conon, Márlit' + Galiléia, 25 1. "Jardin eiro cristão, tendo confessado ser discípulo de Jesus crucificado, foi condenado a correr na ji-ente de um carro lendo seus pés atravessados por cravos ". Primeira Sexta-feira do mês
7 Sanw l!:sLerwin Abade, Conressol'
+ Inglaterra, 686. Deixou a corte de Nortúmbria pelo claustro de Wearmouth, sob a direção de São Bento Biscop, seu parente. Como abade, fo i modelo de piedade, prudência e amor à penitência. Primeiro Sábado do mês
8 São Jofio de Deus, Confesso!'
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3
São Gl'egório de issa, Bispo e Confessor
SanLOs Mal'ino e AsLério. Má1tircs + Palestina , 262. "Marino ia ser promovido a centurião , quando foi denunciado como cristão por um rival. Obrigado a escolher, pref eriu a palma do martír:io às honras militares. O senador romano Astério, que havia assistido ao seu suplicio, foi condenado à morte por haver-lhe recolhido o corpo " (do Martirológio Romano).
+ 400 . Fo rma com seu irrnão São Basíli o e seu amigo São Gregório Nazianzeno a tríade dos Luminares da Capadócia, carac te ri za dos desta forma:
"Basílio, o braço que atua; Nazianzeno, a boca que fala; Nissa, a cabeça que p ensa ". Seus escritos figuram entre os que mais co ntribuíram para extirpar o arianismo nas regiões cató li cas onde vigoravam os rito ori enta is.
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10
São Lúcio I Papa. Má1·Ur
São Muclhio ele Je1·usalém, Bi spo r Confessor + 335 . oi um dos signatários
+ Roma , 25 4. Fo i um dos ilu stres presbíteros de Roma que seguiram São Cornélio ao
do Concí lio de Nicéia contra
os arianos. Venerado pelo Imperador Constantino e por sua mãe Santa Helena, com e la descobriu vários instrumentos da Paixão de Nosso Senhor, inclusive a verdadeira Cruz.
16
21
27
SanLa Eusébia ele l lamagc, Vi1 •gern
MárU t·es ele /\ lexa ncl ria
SanLO Habib, Mártir
+ 339. Esses cristãos, que co-
+ Edessa (Iraque), 322. Diáco-
memoravam com Santo Atanásio a Sexta-Feira Santa na Sé de Alexandria, foram massacrados pelos arianos e pagãos.
no, exercia a pregação no campo, sendo por isso perseguido. Escondeu-se e posteriormente apresentou-se ao prefeito da cidade, que o mandou queimar vivo. Antes de morrer, foi beijar sua mãe, que assistia ao suplício.
+ França, 680 . Aos oito anos foi
+ Alexandria , 638. Nascido
viver com a avó, viúva, Santa Gertrudes de Hamage, e ntão abadessa de Hamage . Após a morte desta, foi eleita em se u lu gar, apesar de ter somente 12 anos.
em Damasco, viveu 20 anos como eremita, para depois "ser
17
11 São Sofl'ônio, Bispo
colocado à frente da igreja de Jerusalém , que viu ser destruída pelos sarracenos " (do Martirológio Romano).
12 SanLO Inocêncio 1, Papa e Confessor + 417. "Estendeu a solicitude da Igreja Romana ao Oriente, def endendo São João Crisóstomo quando de sua expulsão da Sé de Constantinopla; na África, apoiou San/o Agostinho contra a heresia donatista. Na Itália, teve que enfrentar a invasão dos visigodos" chefiados por Alarico ( do Martirológio Romano).
13 Sa nLos Rod1·igo e Salomão, MárUrcs
+ Córdoba, 857. Rodrigo, muçulm ano convertido ao catolicismo, era sacerdote. Apaziguando uma disputa doméstica, seu irmão islamita denunciou-o ao ca lifa . Na prisão encontrou Salomão, outro cristão preso por motivo análogo . Ambos foram decapitados por se recusarem a apostatar.
14 SanLa Mallide
São José ele /\rirnaLéia, Confessor + Séc. l. "Homem bom e justo", esteve presente na Crucifixão, tendo conseguido licença para sepu ltar Nosso Senhor. Segundo a Tradição, juntou-se depois aos discípulos de Jesus e foi apóstolo fervoroso.
18 Sa nLO Alexandre de Jcl'usa lém, Bispo e MárUr + Cesaréia, 250. Discípulo de Sã.o C leme nte de Alexandria, foi eleito bispo na Capadócia. Dirigindo-se em peregrinação a Jerusalém , escolheram-no para bispo dessa cidade . Narra Euséb io que, "coroado de ca-
belos brancos, deu testemunho da sua.fé nos pre/órios e morreu coberto de grilhões numa prisão de Cesaréia ".
19 São José, esposo ela Sa nLíssima Virgem, PaLl'ono da Igreja Unive,·sa l e (la Boa Mo1t e Para se le r ideia da grandeza de São Jo , cons idere-se apenas que fo i di gno esposo da Rainha dos é us e pai adotivo de Jesus.
15
+ Viena , 1820. Aprendiz de padeiro, trocava o forno pelos li vros, formando-se na Univers idade de Viena. Fez-se redentorista em Roma, onde foi ordenado .
São Zaca rias, Papa e Confessor
+ 752. Grego de origem , "por sua forte personalidade, soube impor-se junto a vários soberanos lombardos, fran cos e bizantinos. Em Roma, restaurou diversas igrejas e f ez grande número de.fundações em.favor dos pobres e peregrinos " (do Martirológio Romano).
23 São José Ori ol, Confessor
+ Barcelona, 1702. De origem humilde, conseguiu ordenar-se e doutorar-se em Teologia com o auxílio de alguns sacerdotes. Grande pregador, tinha o dom da profecia e era muito procurado para a direção das almas, em virtude de suas luzes sobrenaturais.
da Borgonha, após divorciar-se e mandar executar seu médico, ficou cheio de remorsos e abandonou as pompas do mundo. Empregou então sua fortuna na construção de igrejas e mosteiros e na distribuição de esmolas, vivendo na mais rigorosa penitência.
29 DOMINGO DE RAMOS
30 São João Clímaco, Abacle e Confessor
+ Palestina, 649. Após bri-
Anunciação cio Anjo e l~nca l'llação do Verbo
31
+ lnglaterra, 524. Não havendo ainda conventos na lnglaterra, essa princesa atravessou o cana l da Mancha, tornando-se re ligiosa na França. Voltou então à sua pátria, onde organi zou a vida monástica em Barking.
Sflo Wulfl'élllO. Bispo (\ ( :011f'('8SO I'
26
para a Sé de S ·ns enquanto seu titular, anlo /\matus, estava ainda vivo . Mus res igno u o cargo paru ir •vun ge liza r os frísios , cmp •nhnnd o-se em que estes cess11ssl'l11 de praticar sacrifícios hum11nos.
São GonLran Rei, Confessor + Châlons (França), 592. Rei
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Sama l lildelila, Vil'gem
'O + França, 70.. Foi nomeado
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lhantes estudos, retirou-se ao deserto do Monte Sinai, onde inici almente viveu iso lado . Correndo a fama de sua santidade e saber, muitas pessoas passaram a procurá-lo em busca de conselho. Tornou-se o mais popular escritor ascético de seu tempo, devido à sua Escada do Paraíso , verdadeira súmu la de espiritua lidade monástica, que lhe valeu também o cognome de Clímaco, do grego clymax, que significa escada.
24
Acontecime nto transcendental da Históri a: o Verbo de Deus se encarnou no seio puríssimo de Maria .
(Vide p. 36)
São ClemcnLe Maria I Jolbaucr, Con fcsso1·
22
Sfio 'l\iocl orn e Co,n panlleit•os, Mô1ti res + Líbia, séc. 1V. Esses 43 cristãos vind s d Oriente sofreram o martiri , provavelmente sob o impc rad r rom ano pagão Dioclecian o.
São Daniel, Mártir + Veneza , 1411. A lemão de origem, estabeleceu-se como comerciante em Veneza. Bem sucedido, doava seu lucro aos camaldulenses, em cujo convento morava como hóspede leigo. Foi assassinado por lad rões que assaltaram o mosteiro. Nota: Os santos aos quais já fi zemos referência em ca lendários anteriores têm aqui apenas seus nomes enunciados, sem n_ota biográfi ca .
Intenções para a Santa Missa em março Seró ce lebrada pe lo Revmo . Padre David Francisquini, nas segu intes intenções: • Especialmente pelas famí lias que mais sofrem em razão das persegui ções religiosas, como aq uelas perpetradas em diversos países pelo terrorismo islâmico. Rogando a Nosso Senhor Jesus Cristo - pela intercessão de Sua Mãe Santíssima e pelos méritos da Encarnação do Verbo (festividade do dia 25 de março) - que ampare os membros dessas famí lias persegu idas, a fim de que resistam firmemente e se afervorem a inda mais no amor de Deus .
Intenções para a Santa Missa em abril • Pelos méritos infinitos da Paixão e Morte de Nosso Sen hor Jesus Cristo, pedindo pelo forta lec im ento da institu ição familiar. Para que os pais não esmoreçam no empenho de sempre ed ucar a prole conforme os va lores morais, e que, com todo desvelo, protejam seus fi lhos contra os fa tores de desagregação, como aqueles que visam mudar o conceito de famí li a como estabelecido por Deus .
Representa ntes de associações anti-aborto da Itália, França, Holanda e Brasil também tiveram destacada participação na marcha realizada em Washington. Na ocasião, foram coletadas mais de 30 mil assinaturas para uma súplica a ser encaminhado ao Papa Francisco, pedindo sua especial atenção para a defesa da família em face de nocivas propostas apresentadas no último Sínodo, as quais ameaçam ser retomadas em outubro de 2015. No dia seguinte à marcha, membros de algumas delegações que ainda se encontravam em Washington reuniram-se na sede do Escritório de Representação da TFP americana em Me Lean, Virginia. Nessa oportunidade, o Sr. Jobn Horvat, autor do livro Return to Order - mais de 30 mil exemplares escoados em um ano - pronunciou uma conferência so bre o tema
"Abrace a Cruz - Seja um autêntico lider pró-vida", na qual mostrou como o amor à Cruz ele nosso Divino Salvador contraria diametralmente a mentalidade hedonista de nossos dias. Porquanto, este é o verdadeiro caminho a trilhar. • E-ma il para o a utor: catolic isrno@terra.com .br
TFP americana na marcha de meio milhão contra o aborto '
FRANCISCO JOSÉ SAIDL
or ocasião do 42º aniversário da deci são Roe x Wade, que lega li zou o crime do aborto nos Estados Unidos, a Sociedade Americana de Defesa da Tradição Familia e Propriedade, como vem fazendo desde aquele fatídico ano de 1973 , marcou sua presença na capital americana por ocasião da marcha anual contra o aborto, realizada se mpre no dia 22 de janeiro. Calcula-se que o número de nascituros abortados desde então ultrapassa a casa dos 61 milhões, número equivalente à população de 23 Estados americanos. Entretanto, o movimento anti-abortista vem conquistando terreno, especialmente entre os jovens : candidatos pela vida têm vencido eleições, clínicas de aborto vêm sendo fechadas e realizam-se diversas marchas em nível regional. Na marcha de 2015 viam-se por toda parte cartazes portados sobretudo por jovens, no quais se lia: "Geração Pro-life". Além da já conhec ida marcha em
P
Washin gon, DC, manifestações análogas ocorreram em Jefferson City, Missouri e Baton Rouge, na Louisiana. O governador deste Estado do extremo sul compareceu ao evento e dirigiu eloquentes palavras de encorajamento aos três mil manifestantes. N a capita l do País, voluntários da TFP americana, portando nove grandes estandartes vermelhos com o leão dourado e com suas capas de idêntica cor sobre os ombros, tiveram notável participação. A banda de música, con tituícla por membros da entidade, como também por alunos da Academia São Luís de Mon(fort, comunicou brilho ao evento com marchas patrióticas e religiosas. Uma imagem peregrina de Nossa Senhora de Fátima foi conduzida por membros da TFP. Sua presença recordava a todos que a prática do aborto deve ser inserida no elenco dos males morais previstos pela Santíssima Virgem há quase cem anos, quando disse em Fátima: "A Rússia espalhará seus erros p elo mundo". E a Rússia foi a primeira nação a aprovar esta ignominiosa lei .
Sa~~
~ ~ petition to Pope Francis
•
~
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O soberano deposto de Ruanda, Rei Kigeli V, presente à reunião em Washington, solidarizou-se com o abaixo-assinado ao Papa Francisco.
MARÇO2015
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caravana de jovens recolhe assinaturas em defesa da família n EDsoN C ARLOS DE OuvE1RA
N
o mês de jane.iro p.p., uma caravana da Ação Jovem do Instituto Plinio Corrêa de Oliveira percorreu cidades de três estados brasileiros, promovendo uma petição em defesa da família intitulada Filial Súplica, dirigida ao Papa Francisco com vistas ao próximo Sínodo a ser realizado em outubro em Roma. Nela se pede ao Pontífice uma palavra capaz de dissipar a confusão que grassa entre os fiéi , causada por notícias veiculadas a propósito do último Sínodo, segundo as quais a Igreja poderia adotar medidas liberalizantes, contrárias a Lei divina, como a comunhão a ser dada para recasados apenas no civil etc. Conforme já informamos aos nossos leitores na edição anterior, desde o di a 6 de janeiro o site do Instituto Plinio Corrêa de Oliveira vem cooperando com diversas associações pró-família do Brasil e de outros países para a coleta de assinaturas online em prol dessa petição. Uma vez concluída, a Filial Súplica será entregue ao Papa Francisco. Concomitantemente com a campanha virtual, 38 jovens voluntários do Instituto recolheram, em apenas 16 dias, mais de 20.000 assinaturas nas ruas de 21 cidades de três estados (Goiás, Bahia e Minas Gerais), tendo sido muito bem recebidos e ajudados por transeuntes que incentivavam outros a participarem da iniciativa. Recomendamos aos leitores de Catolicismo acessar o website do Instituto Plinio Corrêa de Oliveira, participar da campanha e assistir aos vídeos das caravanas que apresentam depoimentos de pessoas, as qu ais assinaram e apoiaram a iniciativa: www. ipco.org.br. • E-mail para o autor: ca tolicismo@tcrra.com.br
CATOLICISMO
Lançada na Alemanha nova biografia de Plinio Corrêa de Oliveira □ RENATO MURTA DE V ASCONCELOS
caba de ser publicada na Alemanha, pela Patrimonium-Verlag, a prime ira biografi a de Plini o Corrêa de O li veira em língua alemã. O auto r, Mathias von Gersdorff, publicista de renome em seu país, traça de modo conc iso os obstáculos, as lutas, os contrago lpes, as perseguições e os sofrimentos nas principais fases da vida daquele a quem muitos escri to res, no Brasil e no Exteri or, vêm denominando de o Cruzado do século XX. Intitul ado Begeg nung mil Plinio
A
orrêa de Oliveira - Katholischer Streiter in stürmischer Zeit (Encontro com Plinio Corrêa de Oli ve ira - Pa ladino católico em tempos de praceia) e contando com um prefácio de Roberto de Mattei, professor na Uni versidade Europeia de Roma, o li vro visa ser uma intTOdução da fig ura de Plíni o Corrêa
de Oli veira, apresentando aos leitores do mundo germânico as linhas mestras de seu pensamento e o escopo de sua obra. O autor, que conheceu pessoa lmente o biografado e com quem teve inúmeras e longas conversas, delineia um quadro sucinto e claro da situação religiosa, soc ial e po lítica do Bras il na primeira metade do século XX, fac ilitando assim ao leitor a compreensão do ambi ente e do meio em que nasceu e se formou o grande " paladino católico". Mathias vo n Gersdorff pinta com rápidas pince ladas o Brasil da República Velha ( 1889 a 1930), um país cató lico com uma política ateia, cuj a alta sociedade, túmida de pensamento positivista, ainda conservava o tônus aristocrático do período monárquico. Afamíli ade P línio Corrêa de O li veira, o papel de Da. L ucília, sua mãe, na formação de sua mentalidade cató lica e contra-revolucionária; os primeiros embates de Plíni o no Colégio São L uiz, seus estudos na Faculdade de Dire ito do Largo do São Francisco e a fu ndação da Ação U ni versitária Católica; sua entrada para o mov imento das Congregações Marianas, a Liga Eleitoral Cató lica e sua eleição para a Assembleia Nacional Constituin te de 1934; sua atuação à frente do jornal "O Legionário"; as perseguições depois da publ icação da obra Em def esa da Ação Católica; a fu ndação do mensário Catolicismo e posteriormente da TFP em 1960; e seu papel na luta contra
o comuni smo no Bras il nas décadas subsequentes, são outros ta ntos tópicos expostos na biografia. E la aborda também o pensamento de Plínio Corrêa de Oliveira ao apresentar as ide ias- mestras do ensaio Revolução e Contra-Revolução, do liv ro R~forma Agrária: Questão de Consciência, de A liberdade da Igreja no Estado Com unista e de seu último li vro Nobreza e elites tradicionais análogas nas alocuções de Pio XII. Por fim , a bi ografia apresenta o Prof. Plíni o como fi delíssimo filho da Santa lgreja, a quem devotou toda a sua vida como escravo de amor da Santíss ima Virgem, di sposto a enfre nta r todos os sofri mentos que E la lhe pedi sse em pro l da Causa Católi ca. E não fora m poucos. Tanto de alma quanto de corpo. O texto da bi ografia é, adema is, de fác il e atraente leitura, porque Mathias von Gersdorff soube pen11eá-lo de observações ti radas de seus contatos pessoa is com o bi ografado. O autor conheceu Plíni o Corrêa de O liveira em junho de 1990, no auge da campanha da TFP de apo io à declaração de independência da Lituâni a. N os anos subsequentes manteve vári os enco ntros com o Fundador da TFP brasil eira, a quem ajudou na co leta de documentação para um eventual apêndi ce à edi ção alemã de
No breza e elites tradicionais análogas nas alocuções de Pio XII. Plíni o Corrêa de O li veira já é conhec ido pelo público cató lico conservador da A lemanha, onde fora m editadas as obras
Revolução e Contra-Revolução e Nobreza e elites tradicionais análogas. De sua Via Sacra, publi cada ori ginalmente em Catolicismo, fora m d ifu ndidos pe la DVCK e.V. ma is de 100.000 exemplares. Contudo, fa ltava uma exposição mais acurada de sua vida, pensamento e obra. Essa lac una é preenchida agora por Math ias von Gersdorff em seu li vro Encontro com Plínio Corrêa de Oliveira. Prova do interesse suscitado pe la biografia são as di versas ca rtas de personalidades eclesiásticas de relevo diri gidas ao Autor (vide quadro ao lado). Encontro com Plínio Corrêa de Oliveira é um livro que certa mente interessará ta mbém aos leitores brasileiros; não de ixa de ser atrae nte considerar essa personalidade ímpar que fo i o Prof. Plin io, ana li sada a partir da ótica germânica. Esperemos que logo possa vir a lume um a edição em língua portuguesa. •
Alguns prelados que já comentaram a nova biografia de Plinio Corrêa de Oliveira Cardeal Walter Brandmüller
"Alegrei-me muito por várias razões com a sua biografia "Encontro com Plinio Corrêa de Oliveira" . De um lado, ela ilumina uma realidade da Igreja universal infe lizmente ainda bastante desconhecida ou apresentada unilateralmente: Catolicismo do Brasil, portanto da "Terra do Futuro", descrita por Stefan Zweig. Seu livro traz à memória os conflitos que a Igreja Católica teve que enfrentar no Brasil e na América do Sul no século XX. Plinio Corrêa de Oliveira esteve no centro do acirrado embate da Igreja com o comunismo, que foi durante décadas a grande ameaça para a Fé católica na América do Sul. De outro lado, seu livro toma também acessível ao leitor o espírito com que Corrêa de Oliveira se lançou à luta: Fiel ao Magistério católico e sempre confiante na Providência Divina e na contínua proteção da Virgem Maria."
O
Dom Wolfgang Haas, Arcebispo de Vaduz (Lichtenstein)
"Já muitos escritos de e sobre Plinio Corrêa de Oliveira me têm fortemente impressionado e edificado. Não foi diferente o que se passou comigo quando li esta nova biografia, a primeira em língua alemã, que lhe é dedicada. Agradecimento e reconhecimento devem ser dados ao Autor por suas profundas explanações. Em virtude dessa biografia pode-se apreender muito bem em que contexto cultural e político Plinio Corrêa de Oliveira se engajou incansavelmente pela Igreja Católica e como surgiu sua obra de apostolado. As adversidades e os ataques que ele teve de vencer são impressionantes. Porém, mais impressionante ainda é para mim a confiança na Providência Divina e na ajuda perpétua da Virgem Maria com que ele per verou em sua meta: ser fiel à Fé católica e não fraquejar apesar de todos os obstáculos. orno bem diz o subtítulo do livro, foi Plinio Corrêa de Oliveira verdadeiramente um paladino cató lico em tempos procelosos. E eu acrescento: ele foi também um exemplo e um model~ para ~ató licos de hoj e, para que nós, em face das tempestades que ameaçam a nau da IgreJa, nã atamos numa indiferença apática, mas avancemos com coragem sob a bandeira da Santís ima Virgem, conscientes de que, por fim, o seu Imaculado Coração triunfará." Dom Athanasiu s Schneider, Bispo-auxiliar de Astana (Cazaquistão)
" A logrei-me sobremaneira com a nova biografia em alemão de Plinio Corrêa de Olivcir~. Ela resume de modo sucinto a vida do escritor e homem de ação bras ileiro, sem deixar de abordar as etapas essenciais de sua vida e suas obras mais importante . Naturalmente me agrad ou de modo especial que o Autor tenha sublinhado o engajamento de Plinio Corrêa de Oliveira em prol dos católicos de além Cortina de F l'l'O. Numa época em que não poucos no Ocidente se conformaram com o fato de qu e uma importante parte da humanidade tenha sido obrigada a viver sob , o jugo comu nista, Corrêa de Oliveira lutou incansavelmente contra esta 'vergonha do sécul o XX', como a denominou o Cardeal Joseph Ratzinger. A vida de Plinio Corrê,ª de ?live ira mostra que a Providência Divina jamais abandona a sua Igreja, suscitando lambem leigos que sabem interpretar os 'sinais dos tempos' e agir em consequência."
E-ma il para o autor: catolicismo@terra .com.br
MARÇO 2015 CATOLI C I SM O
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■ PLINIO CORRÊA DE ÜLIVEIRA
ma flor magnífica nascida de uma árvore feia: o ipê. É o que se pode pensar de esplendoroso. Eu não sei, caso houvesse ipê na Palestina, se Nosso Senhor não teria utilizado como argumento a flor do ipê, em vez de ter falado do lírio do campo, de tal maneira ela é de um amarelo-dourado éclatant. Se eu soubesse que as espécies dos ipês desapareceriam e que os últimos ipês seriam os que florescem no cemitério da Consolação [na cidade de São Paulo], cu iria ao cemitério só para ver florescer o último ipê. E de ejaria poder dizer que assisti à morte do último ipê. Por quê? - Porque é uma espécie extraordinariamente apta a refletir algo da glória de Deus que desaparece. Assim, eu desejaria e_star presente nessa hora histórica e tremenda em que Deus retira da ordem do universo um dos raios de sua glória. Esta eria uma hora eminentemente religiosa, à qual o individuo religioso deveria dar um grande valor. E cu, no dia em que tivesse assistido à morte do último ipê, mandaria celebrar uma missa. Não por causa do ipê em si , mas em relação ao desígnio de Deus extinguindo no universo criado essa beleza, esse r •ll cxo de sua glória.
Nada do que existe me é alheio e, p rtanto, di1111I • dos grandes êxitos ou das grande c nvul s~ ·s da I ll tória, nossa alma deve ter uma parli ·ipaç1o i11I ·11, 11 , sob o risco de ela tornar-se uma alma m •dlm·1\ 1 , Estou exemplificando com o ip , nrm; d q111111I , outras coisas poderíamos falar! • ' li vi ssr 11111111111 de ipê caída de uma árvore e, tocada por ulll 11d11 ri com o risco de se poluir e estragar, 'li p ·p 111 1 l' 1 flor e a colocaria num vasinho de um orntó, 111 1•11111 a imagem de Nossa Senhora. crin paro oh 11•n •1 a Ela, mas não só por Ela ; seria para r ·rnlh •1 l' 11 gota da glória de Deus, a fim de que a llor do rp 11 11 desaparecesse inutilmente e, a sim , d ·ss 111101111 11 volta rumo ao seu Criador, deitando suus 11lti1111 ln lezas aos pés da Mãe do Criador. ssa é llllHI po 11; 11 altamente religiosa. É um modo religioso d· viw, . Certa vez, vi uma fotografia lindíssima, i11tl'i1 , mente do meu gosto, de um magnifico ipê dourado Em minha ótica, será o símbolo do Brasil no R ·i110 de Maria - conforme este foi anunciado em Fá li 11111, Porque é uma árvore simplesmente esplendorosa, que representa bem qual será o futuro deste País 11 serviço de Nossa Senhora. •
Excertos de conferência proferida pelo Prof. Plínio Corrêa de Oliveira em 12 de julho de 1977. Sem revisão do autor.
UMÁRI
■ PUNI O C QRRÊA DE 0 1IVEIRA
. e
Quem ganhará: a direita? o centro? a esquerda?
atolicismo reproduziu há algum tempo o extraordinário artigo de Plínio Corrêa de Oliveira intitulado "Cuidado com os pacatos", sobre a situação nacional. Como os monumentais protestos ocorridos em todo o Brasil no dia de 15 de março último revelam o acerto do impressionante prognóstico nele contido, julgamos oportuno apresentar abaixo a parte relativa a essa previsão. O artigo foi publicado originalmente na "Folha de S. Paulo" em 14-12-1982.
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"Se a esquerda for açodada na efetivação das reivindicações 'populares' e niveladoras com que subiu ao poder; se se mostrar abespinhada e ácida ao receber as críticas da oposição; se for persecutória através do mesquinho casuísmo legislativo, da picuinha administrativa ou da devastação policialesca dos adversários, o Brasil sentir-se-á frustrado na sua apetência de um regime bon enjànt, de uma vida distendida e despreocupada. Num primeiro momento, distanciar-se-á então da esquerda. Depoi ficará res entido. E, por fim , furioso . A e querda lerá perdido a partida da popularidade. E m outros termos, se o esquerdistas, ora tão influentes no Estado (Poderes 1, 2 e 3), na Publicidade (Poder 4) e na estrutura da Jgreja (Poder 5), não compreenderem a presente av ide de distensão do povo brasileiro, deixarão de atrair e afundarão no isolamento. Falarão para multidões silenciosas no começo, e pouco depois agastadas. A História dá inúmeros exemplos de
CATOLICISMO
regimes que não se mantiveram porque nã so uberam entender coisas destas. O Brasi Ide hoje quer absolutamente pacatez. Se a esquerda vitoriosa não souber oferecê-la, evanescer-se-á. Se o centro e a direita não souberem conduzir sua luta num clima de pacatez, terá chegado a vez deles de se evanescerem. Bem concebo que algum leitor exasperado me pergunte: Mas, afinal, quem ganha com essa pacatez? - Até aqui não tratei disto. Mostrei que perderá quem não a souber ter. Quem ganhará: a direita? o centro? a esquerda? - Quem conhecer as verdadeiras fibras da alma brasileira e souber entrar em diálogo pacato com essas fibras. Seja Governo, eja oposi ção, pouco importa. A influên ia será d ' quem saiba fazer isto. Insisto. Se o Governo, r1 Puhli ·id11d · e a estrutura eclesiásti ·a mo soul ·r ·m
manter-se no clima de pacatez e passarem para a violência física, legal ou publicitária contra a oposição, os pacatos lhes dirão: mas, afinal, qual é a inceridade, qual a dignidade de você , que quando eram oposicionistas reclam ava m para si liberdade e respeito, e a •orn que são governo usam da perse 1 uiç1 o • da difamação para quem 6 hoj · 01 osiç, o? E se os pacatos notar 111 11 ·1·iin nia nos de centro e d · dir itn, lir Ih 1, 1 o: está bem provado q11 t lrnpo, wl rnnviver com vo • s, porqu -, 11 111 Vl\11 ·idos, sabem s ·r d · 11111 trnt o dist 11 Nivo , E ·uidndo ·0 111 os pu ·u tos qu • 1 indi •nflm, s nhor ·s da esquerdu , do 1·111l ro · dtt dir •itn . /1. horu não 6 parn rn 11 111 11·11 s , 11111 s purn us di scussões arejad11. , pn li d11 s , ló •i ·as • inteli gentes. s p:i ·1 110 lllh:rn111 tud o, exceto que se Ih s p 1111 1111· o paca tez. Poi então facilm •111 • 11 111 l' lll
r rozes ... " .
ABRIL de 2015
2
EXCEHTOS
4
CARTA Do
5
P ÁGJNA
9
Po1? Qtm
1o
Nº 772
D11mToH
MAmANA
NossA
Nossa Senhora ela Esperança
S1~N1totM C110RA
Co1mESPONDÊNCIA
12 A
PALAVIM DO SACEIWOTE
14 A
Rl•:Al,fl)ADE CONCISAMENTE
t6
lN'l'ERNA<:IONAr,
t8
D..:sTA()tm A conversão do bom ladrão
22
INFORMATIVO RuRAr,
Movimento esquerdista infiltrado na igreja
24 D1scEHN1Nno BrasH, Cuba e Coreia do Norte
Protestos: revelação do Brasil genuíno
26
CAPA
36
VmAs DE SANTOS
39
VARIEDADES
40 EP1sórnos
São Conrado de Parzham
H1sTómcos
A Batalha de Lepanto (II)
44
SANTOS r,: {?r,;s'l'AS oo
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AÇÃO CONTHA-REVOJ,UCIONÁHIA
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AMBIENTES, COSTUMES, C1vn,1ZAÇÕES
Duque de Guise: grande personagem histórico
Nossa Capa: Panorâmica da manifestação na Av. Paulista e foto de voluntários da Ação Jovem do Instituto Plinio Corrêa de Oliveira durante o evento. fotos : Robson Fernandjes / Fotos Públicas e Diogo Waki / Cato licismo
ABRIL2015 -
Nossa Senhora da Esperança
Caro leitor, A matéria de capa desta edição não poderia deixar de omc ntar um acontecimento que marcou profundamente a hi stó ri a rec ntc do Brasi1.
U m vínculo histórico com o Brasil e garantia divina de seu futuro glorioso
Com efeito, o di a 15 de março de 20 15 pass u a cr uma data cm que o País manifestou a sua verdadeira e profunda fisionomia, através dos g igan tescos protestos então reali zados. Neles se revelaram qualidades apreciáveis do povo brasileiro - calma, serenidade, cordialidade, espírito impregnado de religiosidade católica - , que constituem componentes de um Brasil autêntico e profundo. Tais qualidades foram fortalecidas por uma reati vidade benfazeja e indignada contra fatores de desordem e desagregação. Diretor: Paulo Corrêa de Brito Filho Jornalista Responsável: Nelson Ramos Barretto Registrado na DRT/DF sob o nº 3116 Administração : Rua Visconde de Taunay, 363 Bom Retiro CEP 01132-000 São Paulo· SP Serviço de Atendimento ao Assinante: Fone/fax (Oxx11) 3333-6716 Correspondência: Caixa Postal 1422 CEP 01031-970 São Paulo· SP Impressão: Prol Editora Gráfica Ltda. E-mail: catolicismo@terra.com.br Home Page: www.catolicismo.com.br ISSN 0102-8502
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Já e m 1982, em penetrante artigo para a "Folha de S. Paulo", Plinio Corrêa de Oliveira adverti a para o surgimento de reações assim no Brasil: "Se a esquerda for açodada na efetivação das reivindicações 'populares ' e niveladoras com que subiu ao poder; se se mostrar abespinhada e ácida ao receber as críticas da oposição; se for persecutória através do mesquinho casuísmo legislativo, da picuinha administrativa ou da devastação p olicialesca dos adversários, o Brasil sentir-se-á frustrado na sua apetência de um regime bon enfant, de uma vida distendida e despreocupada. Num primeiro momento, distanciar-se-á então da esquerda. Depois ficará ressentido. E, por fim, furioso. A esquerda terá perdido a partida da popularidade". Voluntários da Ação Jovem do Instituto Plinio Corrêa de Oliveira estiveram presentes às grandiosas manifestações realizadas em São Pau lo e na Capital Federal, onde puderam atestar o acerto e a veracidade dessas palavras. Nossos leitores o poderão comprovar lendo o artigo escrito por um desses jovens à p. 35 desta edição. Em São Paulo, segundo cálculo da Polícia Militar, a monumental concentração reuniu 1 milhão e 200 mil mani festantes. O total dos presentes às manifestações, realizadas em mais de 200 cidades em 23 unidades da Federação, atingiu, de acordo com notícias da imprensa, entre 2 e 5 milhões. A m agnitude do acontecimento faz dele a maior manifestação da história do País . Associamo-nos ao ardente desejo enunciado no fim do artigo de capa. "' esperamos que o 15 de março tenha sido não apenas um decisivo marco da reafi rm ação da identidade nacional, simbolizada no Cruzeiro do Sul que se ergue cm nosso firmamento, mas sobretudo signifique um acréscimo da proteção de Nossa cnhora Aparecida, Rainha e Padroeira do Brasil. Em Jesus e Mari a,
CATOLICISMO
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Publicação mensal da Editora PADRE BELCHIOR DE PONTES LTDA.
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DIRETOR
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rei Dom Manuel providenciou a celebração solene da Santa Missa no Mosteiro dos Jerônimos (Lisboa), pelo Bispo de Ceuta, Dom Diogo de Ortiz, após a qual fez benzer uma bandeira com as armas do Reino, que entregou nas mãos do cavaleiro da Ordem de Cristo, Pedro Álvares Cabral , comandante da expedição com destino às Índias, para que o acompanhasse. Havia muita gente assistindo à Missa e participando do grande cerimonial. Terminado o ato litúrgico, formou-se um majestoso e longo cortejo, irradiando esplêndido colorido de trajes e de bandeiras dispostos em ordem hierárquica, o qual se dirigiu ao embarcadouro, muito próximo do mosteiro, para a partida da expedição. Grande alegria dominava o ambiente, porque estava prestes a iniciar-se mais um "cristã.o atrevimento" para a glória de Deus e do Reino de Portugal. Quando o pomposo séquito chegou ao cais junto à nau capitânia, Cabral osculou reverentemente a mão de seu senhor El-Rei e despediu-se dos demais membros da corte, parentes e amigos. Subiu no tombadilho da principal caravela de uma notável esquadra de 13 navios, com um contingente total de 1500 homens. Imediatamente o nobre cavaleiro
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de 33 anos se dirigiu à imagem de Nossa Senhora da Esperança que pouco antes lhe entregara El-Rei que a fez padroeira da expedição e da qual era muito devoto - , para que lhe osculasse os pés e implorasse proteção e êxito na viagem. Era o dia 9 de março de 1500. Com lentidão majestosa a imponente esquadra se distancia pela foz do rio Tejo, enfuna as velas com as cruzes da Ordem de Cristo e toma o seu rumo em alto mar. 1
Imagem na Primefra Missa celebrada 110 Brasil
Pululam em nossos dias pesquisadores e historiadores realmente capazes e com reconhecidos dotes científicos, os quais, contudo, nem
sempre consideram relevantes aspectos de ordem espiritual da História, corno se tais fatos carecessem de realidade. Porém, para nós, católicos, que consideramos a História sob o prisma mais elevado da fé , tais aspectos constituem pelo contrário o creme da realidade. Os Descobrimentos foram fruto de uma graça especialíssima concedida pela Providência - neste caso a Portugal - sobretudo para expandir a fé . Há abundância de fontes mencionando o culto a Nossa Senhora da Esperança, intensificado na época dos Descobrimentos. Na cidade natal de Pedro Álvares Cabral, Belmonte, encontra-se a imagem de Nossa Senhora da Esperança. A mesma
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imagem que, no dia 22 de Abril de 1500, estava no altar 'àà celebração da Primeira Missa nesta Terra de Santa Cru z.
Promessa à 1'erra ele Vera Cruz Esq uerdi stas de várias gamas procuram atribuir um sentido primordialmente material aos Descobrimentos . A avidez de riquezas, sobretudo do ouro, era o que moveria os nav ega ntes a enfrentar risco s imensos. Portanto uma cobiça , talvez exacerbada, seria o sentido mais profündo das navegações. Com certeza, no caso dos que não têm fé, tudo se explica pelo interesse material. Não conhecem eles o verdadeiro paraíso que a fé católica comunica à alma de quem a tem. Já os fatos acima descritos desmentem em gra nde parte esse enfoque materialista. Deixemos , porém, falar uma testem unha qualificada da época, Pero Vaz de Caminha, escrivão da armada, sobre a impregnação do esp írito católico que animava os descobridores, em sua carta a E I-Rei: "Neste mesmo dia, a horas de véspera, houvemos vista de terra! A saber, primeiramente de um grande monte, muito alto e redondo; e de outras serras mais baixas ao sul dele; e de terra chã, com grandes arvoredos ; ao qual monte alto o capitão pôs o nome de O Monte Pascoal e à terra A Terra de Vera Cruz! [ .. .] "Ao domingo de Pascoela pela manhã, determinou o Capitão ir ouvir missa e sermão naquele ilhéu. E mandou a todos os capitães que se arranjassem nos batéis e foss em com ele. [.. .]. [ .. .] "Ao sairmos do batel, diss e o Capitão que seria bom irmos em direitura à cruz que estava encostada a uma árvore, ju,nto ao rio, a fim de ser colocada amanhã, sexta-feira, e que nos puséssemos todos de joelhos e a beijássemos para eles
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[indígenas] verem o acatamento que lhe tínhamos. E assimfizemos. E a esses dez ou doze que lá estavam, acenaram-lhes que fizessem o mesmo; e logo.foram todos beijá-la. [ .. .] "E hoje que é sexta-feira, primeiro dia de maio, pela manhã, saímos em terra com nossa bandeira; e fomos desembarcar acima do rio, contra o sul onde nos pareceu que seria melhor arvorar a cruz, para melhor ser vista. E ali marcou o Capitão o sítio onde haviam defazer a cova para afincar. E enquanto a iam abrindo, ele com todos nós outros fomos pela cruz, rio abaixo onde ela estava. E com os religiosos e sacerdotes que cantavam, à/rente, fomos trazendo-a dali, a modo de procissão. Eram já ai quantidade deles [os indígenas], uns setenta ou oitenta; e quando nos assim viram chegar, alguns se foram meter debaixo dela, qjudar-nos. Passamos o rio, ao longo da praia; e fomos colocá-la onde havia de fica,~ que será obra de dois tiros de besta do rio. Andando-se ali nisto, viriam bem cento cinqüenta, ou mais. Plantada a cruz, com as armas e a divisa de Vossa A lteza, que primeiro lhe haviam pregado, armaram altar ao p é dela. A li diss e missa o padre frei Henrique, a qual foi cantada e oficiada por esses já ditos. Ali estiveram conosco, a ela, perto de cinqüenta ou sessenta deles, assentados todos de joelho assim como nós. E quando se veio ao Evangelho, que nos erguemos todos em pé, com as mãos levantadas, eles se levantaram conosco, e alçaram as mãos, estando assim até se chegar ao .fim; e então tornaram-se a assenta,~como nós. E quando levantaram a D eus, que nos pusemos de joelhos, eles se puseram assim como nós estávamos, com as mãos levantadas, e em tal maneira sossegados que certifico a Vossa A lteza que nos.fez muita devoção.
"Estiveram assim conosco até acabada a comunhão; e depois da comunhão, comungaram esses religiosos e sacerdotes; e o Capitão com alguns de nó · outros. E alguns deles [indígena ], por o Sol ser grande, levantaram-se enquanto estávamos comungando, e outros esti veram e ficaram. Um d ele·, hom m de cinquen ta ou cinquenta e cinco anos, se conservou ali com aqueles que ficaram. Esse, enquanto assim estávamos, juntava aqueles que ali tinham ficado, e ainda chamava outros. E andando assim entre eles, falando-lhes, acenou com o dedo para o altar, e depois mostrou com o dedo para o céu, como se lhes dissesse alguma coisa de bem; e nós assim o tomamos! "Acabada a missa, tirou o padre a vestimenta de cima, e .fi cou na alva; e assim se subiu,junto ao altar; em uma cadeira; e ali nos pr gou o Evangelho e dos Apóstolos cujo é o dia, tratando no fim da pregação desse vosso prosseguimento tão santo e virtuoso, que nos ·au ·ou mais devoção. Es ·es que stiv ram sempre à pregação estavam a · im como nós olhando para ele. E aqu /e que digo, chamava alguns, que vi s m ali. Alguns vinham e outros iam-s e acabada a pregação, trazia Ni olau Coelho muitas cruzes de estanho com crucifixos, que lh e fi ·aram ainda da outra vinda. E houv ram por bem que lançassem a ·ada 11111 sua ao pescoço. Por essa ca11sa se assentou o padre frei f-fenriqu , ao pé da cruz; e ali lançava a sua a todos - um a um - ao pescoço, ai ,d 1 em um fio, fazendo-lha prim ' Í/'O he(jar e levantar as mãos. Vinh 1111 1 isso muitos; e lançavam-n ,s todas, que seriam obra de quan nta 0 11 C'i11q11enta. E isto acabado - erajá he111 11ma vi '1110s hora depois do meio di I às naus a come,~ ond • o ( 'a1>ifão trouxe consigo aquele mes1110 que 7 ,'
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fez aos outros aquele gesto para o altar e para o céu, (e um seu irmão com ele). A aquelefez muita honra e deu-lhe uma camisa mourisca; e ao outro uma camisa destoutras.[.. .] [. . .] O melhor fruto que dela [a terra] se pode tirar parece-me que será salvar esta gente. E esta deve ser a principal semente que Vossa Alteza em ela deve lançar. E que não houvesse mais do que ter Vossa Alteza aqui esta pousada para essa navegação de Calicute bastava. Quanto mais, disposição para se nela cumprir e fazer o que Vossa Alteza tanto deseja, a sabe,; acres/''/ " . centamento da nossa.1e. (Tópicos da carta de Pero Vaz de Caminha (grafia atualizada)
http ://www. mc.unicamp.HYPERL1NK "http: //www.mc.unicamp. br/1-"bHYPERUNK " http: //www. mc.unicamp.br/1-"r/l- olimpiada/ documentos/documento/3)
A esperança ela salvação cio Brasil A partir desse início magnífico, o Brasil se tornou com o passar do tempo o maior País católico do mundo, tendo nossos descobridores realizado o que Nosso Senhor recomendou: "ide e pregai o Evangelho a todos os povos. Quem crer e for batizado será salvo. Quem não crer será condenado" (Mac. 16, l6). Para nossa imensa tristeza, pratica-se hoje exatamente o contrário,
pois os índios estão sendo levados por uma neomissiologia progressista a perder a fé católica e a voltar ao paganismo (cfr. Plinio Co rrêa de Oliveira, Tribalismo indígena, ideal comuna-missionário para o Brasil do séc. XX[, 1977, São Paulo, Artpress). Mas não é só isso . O Brasil, cuja população era constituída outrora por 97% de católicos, hoje conserva apenas 57% ( "População católica no Brasil cai de 64% para 57% ", conforme noticia do "Datafo lha Gl" de 21-7-13). E, ainda assim, de católicos dos quais apenas uma pequena minoria conhece e ama a verdadeira doutrina da Igreja. O País at1rnlmente está assediado por numerosos inimigos de suas
A Imagem imagem de Nossa Senhora da Esperança do navegador foi colocada em uma capela construída especialmente por Cabral para abrigá-la. Até o século XVIU a capela, deixada sob a guarda dos frades franciscanos, seria mantida por descendentes do descobridor oficial do Brasil. Atualmente, a imagem se encontra no altar de São Tiago, na vila de Belmonte, em Portugal (foto). Foi trazida novamente ao nosso País dmante o Congresso Eucarístico Internacional do Rio de Janeiro, em 1955. A imagem clássica portuguesa da Senhora da Esperança foi esculpida em pedra, pesa 90 quilos e representa a Virgem Maria de pé com o menino Jesus sentado em seu braço esquerdo, segurando com a mão direita o pezinho dele. O Divino Infante aponta com a mãozinha direita para uma pomba (símbolo do Espírito Santo), que repousa sobre o braço direito de sua Mãe. Nos tempos modernos a devoção a Nossa Senhora da Esperança foi revivida após a aparição da Virgem Maria em Pontmain (França), nos dias terríveis da invasão prussiana ( 1870-187 l ), quando o inverno, a fome e a guerra se uniram para castigar o povo francês. Foram inúmeras as graças alcançadas no lugar da aparição e pouco depois se ergueu ali uma bela basílica, que foi entregue aos cuidados dos padres Oblatas de Maria Imaculada."
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(bttp://www.prestservi.corn.br/diaconoalfredo/ti tulos_maria/e/esperanca.h tm)
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raízes católicas, à espreita do hallali, isto é, daquele momento fatídico em que a caça está prestes a ser abatida. Prova dessa afirmação são as comemorações cada vez mais pálidas e sem conteúdo da data do Descobrimento do Brasil. Não será pelo acima exposto que os problemas brasileiros de todo gênero se multiplicam a cada dia? E a sensação que nos domina não é a de estarmos imergindo cada vez mais num imenso buraco negro cujo fundo não vemos e não ousamos imaginar? Mas nós, católicos, habituados às mais dificeis vicissitudes, jamais admitiremos, com a ajuda de Nossa Senhora, a hipótese de entregar nos-
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sa Pátria a fatores de desagregação como a heterodoxia, o comunismo ou o ateísmo. Nesse sentido, é oportuno relembrar as palavras pronunciadas por Plinio Corrêa de Oliveira no encerramento do Congresso Eucarístico Nacional (em São Pau lo, no ano de 1942): "Contra os inimigos da Pátria que estremecemos, e de Cristo que adoramos, os católicos brasileiros saberão mostrar sempre uma invencível resistência. Loucos e temerários! Mais fácil vos seria arrancar de nosso céu o Cruzeiro do Sul, do que arrancar a soberania e a Fé a um povo fiel a Cristo. " Neste mês em que celebramos
mais um aniversário do Descobrimento do Brasil, lembremo-nos da imagem de Nossa Senhora da Esperança que nos trouxe a fé católica. E voltando-nos súplices para Ela, peçamos-lhe que livre nossa Pátria da espantosa tempestade que lhe está subtraindo o precio o dom da fé e a faça retomar o caminho tão bem iniciado em 1500. É um desafio para os brasi leiros que professam a única fé verdadeira. Com a alma vincada por uma esperança inabalável , devem eles encetar agora a travessia dessa imensa crise religiosa, cultural e material, convictos de que caminham para a vitória! • E-ma il para o autor: catolic ismo@terra.com.br
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fiéis sempre invocavam o nome de Maria com a esperança de que Ela os ajudasse a resolver seus problemas pessoais. Assim este tít11lo não é novo, pois a Mãe de Deus na liturgia romana tem sido denominada "esperança dos desesperados". O mais antigo santuário de Nossa Senhora da Esperança de que se tem notícia é o da cidade de Mezieres, na França, construído no ano de 930; depois dele, vários outros foram erigidos. Em Portugal , este cu lto desenvolveu-se muito na época das grandes descobertas marítimas, figurando dentre os seus devotos o comandante Pedro Álvares Cabral, que possuía uma bela imagem da padroeira em sua residência, levando-a consigo em sua viagem às Índias. A imagem foi trazida ao País e foi exibida nas duas missas do descobrimento, celebradas pelo frei Henrique de Coimbra. Em documentos preservados, Cabral reve lou o desejo de manter um círio (vela) para iluminar sempre a imagem de Nossa Senhora da Esperança, de sua propriedade, carregada na viagem por ele capitaneada e que zarpou do Tejo aos 9 de março de 1500, regressando aos 23 de junho de 1501 . Comprova-se, portanto, que o Brasi I foi descoberto sob o olhar terno e protetor da Mãe da Esperança. Réplica da imagem da Nossa Senhora da EsP,erança que veio na caravela Anunciação, de Pedro Alvares Cabral, quando o Brasil foi descoberto. Esta réplica é venerada na igreja de Nossa Senhora da Esperança, no Jardim Novo Mundo, na capital paulista.
Terror, omissão, autodemolição. O que é pior? ranscrevemos abaixo parte de uma reportagem veiculada pela "Folha de S. Paulo" (9-2-2015), de autoria de seus enviados especiais ao Iraque, Patrícia Campos e Fabio Braga. No final, fazemos algumas perguntas ao leitor. Vamos ao texto. * * *
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"Sanaa se preparava para almoçar com a família quando eles chegaram em pi capes brancas Toyota e Kia. Armados com metralhadoras, os milicianos do Estado Islâmico gritavam : 'Vocês são infiéis, vocês são infiéis! '. "Separaram mu lheres e crianças para um lado, homens para o outro. "Foi a última vez que Sanaa viu seu pai e seu irmão de 15 anos. Sanaa, 21 , e suas irmãs Hanaa, 25, e Hadyia, 18, foram levadas do vilarejo iraquiano de Kocho para Mossul , sob controle do EI [Estado Islâmico]. Lá, ficaram presas em uma casa com mais de cem mulheres. "De vez em quando, os mi licianos levavam uma das mulheres para uma sala e a estupravam. 'Diziam que tínhamos de nos converter ', conta Sanaa, os olhos baixos. "Enquanto milhões se horrorizam com cenas do piloto jordaniano queimado vivo e dos jornalistas decapitados pelo EI, mais de 2.000 mulheres iraquianas continuam vivendo um pesadelo bem longe das câmeras. "Elas são mantidas como escravas sexuais, 'esposas ' ou servas de integrantes do EI na região de Mossu l, no Iraque, e em Raqqa, na Síria, as 'capitais ' da facção terrorista. [... ] " A Folha fa lou com algumas das 279 mulheres que escaparam e vivem em campos de refugiados em Khanke e Sharia, no norte do Iraque. '" Era como se fosse um mercado, eles vinham e escolhiam as mulheres que queriam comprar ', diz Sanaa. "As mais jovens e bonitas eram dadas de 'presente ' para milicianos estrangeiros. As restantes eram ' usadas' pelos locais. "Sanaa foi vendida com suas irmãs e levada para Raqqa. Lá, era frequentemente estuprada por estrangeiros. [.. .] '" Deveríamos lembrar que escravi zar as famílias dos infiéis e tomar suas mu lheres como concubinas está firmemente estabelecido na Sharia [lei islâmica]' , diz o texto [de um comunicado do EI]. [... ]
Jovens sequestradas por Boko Haram, na Nigéria
"'Nós nunca mais vamos volta r para casa, mesmo que derrotem o EI. Não podemos mais confiar nos nossos vizinhos árabes que os apoiaram ', diz Sanaa. ' Estamos sozinhas no mundo ' , diz, ao lado da irmã Hanaa. Sua irmã Hadyia continua escrava do EL Os pai s e o irmão estão desaparecidos."
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Também " O Estado de S. Paulo" (26-2-2015) publi ca entrevista com uma jovem que con seguiu fugir do Boko Haram - grupo islamita radica l que assola a Nigéria. Ela estava entre as estudantes do colégio de Chibok, na Nigéria , que foram sequestradas. Todas estavam no alojamento quando ouviram tiros, motos chegando e viram que os professores tinham fugido . Os radicais islâmicos incendiaram a escola. A jovem entrevistada conseguiu fugir, pul ando do caminhão que as levava e embrenhando-se numa floresta. Algumas perguntas ao leitor l - Ante tais descrições verdadeiramente aterradoras, o que é pior: a ação criminosa desses islâmicos, ou a omissão cúmplice dos governos ocidentais? Estes têm à sua disposição força e recursos mais do que suficientes para fazer cessar essas abominações . Por que não o fazem? 2 - Outrora os Papas convocavam cruzadas para fazer cessar as perseguições infames que se faziam contra católicos e outros. Por que há hoje um silêncio tão pesado da [greja a esse respeito? Seria isso possível sem a existênc ia de um processo de autodemolição,já anunciado por Paulo VJ em 1968? 3 - Nossa Senhora chora pelos fatos ocorridos nesses países. Não chorará Ela ainda mais pela omissão do Ocidente e pela autodemolição em curso na Igreja? • ABR IL 2 0 1 5 -
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Parn a com1ersão do m1111<lo
"fl011rn e eJll'Í(Jllece a do11tl'i11a " 121 Ca ríss imos da revista Catolicismo. Vejo nesta publicação um for mid ável exército que tem como armas as palavras para defender o Evange lh o de Nosso Jesus Cristo, esq uec ido e menos prezado e m nossa soc iedade materialista, quando não ateia. A cada número da revista esta co nv icção vai se so lidificando cada vez mais em mim , mas, neste número sobre a Semana Santa, com a conferê nc ia do Prof. Plinio Co rrêa ele Oliveira, tal convi cção se transformou num "Everest". Comoventes foram as palavras do ilu stre professor sob re a Paixão de Nosso Divino Sa lvador. Tocou-me particularmente s uas considerações sobre a institui ção da Euca ri stia e da necessidade da presença rea l de Jesus Cristo na Terra após sua Ascensão aos Cé us. O pensamento dele é o mais genuíno e adm irável da esp iritualidade verdadeiramente católica que honra e enriquece a doutrina da Santa lgreja. A respe ito cop iei várias trechos e repassei por ema il, por exe mpl o este: "E creio que, se eu assistisse à Crucifixão e
tivesse conhecim ento da Ascensão ao Céu, ainda que não soubesse da existência da Eucaristia, eu começaria a procurar a Jesus Cristo pela Terra, porque não consegui,ria me convencer de que Ele tivesse deixado de conviver entre os homens. " (T.M.A. -
CATOLIC I SMO
MG)
A matéria principa l da rev ista sobre a Paixão de Jesus Cristo constitui uma meditação ímpar para esta Quaresma. Sugiro que os fié is a distribuam nas portas das igrej as. Ser ia uma maravilhosa ação para desagravá-Lo dos pecados daq ue les e daquelas que neste período quaresmal vivem como em qualquer outro dia do ano, sem se incomodarem com tudo que E le fez por nós durante sua Paixão e que continua como que derramando Seu sangue por todos nós, inc lu sive po r aq ue les que são de uma indi fere nça tão grosse ira pelo divino sangue derramado. Encontramo-nos num "sono esp iritua l" mais profundo do que aq ue le dos Apó to lo no Horto das O live iras. Desculpe-me pelo desabafo, mas é o que estou vendo em torno de mim , in clus ive dentro das igrejas. Q ue Jesus tenha mi sericórdia de todos nós enviando-n os um a gra nde graça para nos "acordar" deste "so no espi ri tua l" e, desse modo, co nve rta todo o mundo. (A.J.J. -
SP)
Cal'deal RaymoJJ(/ Blll'ke Como os senhores publicaram [ed ição de março/20 l 5] a lg um as cartas de prelados louva ndo a biografia de Plinio Corrêa de Oliveira escrita por Mathias von Gersdorff, talvez queiram publicar também uma carta que chegou posteriormente. Segue então a mi ssiva do Ca rdea l Raymoncl Leo Burke, Patrono da Sobera na Orde m Mil itar de Malta , dirigida ao autor da biografia Encontro com Plinio Corrêa
de Oliveira - Paladino católico em tempos de praceia. Caro Mathias, Meus cordia is agradec imentos por sua amabilíss ima carta de 13 de janeiro passado, que o senhor deixou na minha residência por ocas ião de sua visita a Roma. Ob ri gado por incluir junto à carta o presente da biografia de Plínio Corrêa de O li ve ira, Begegnung mil
Plinio Correa de Oliveira - Katholischer Streiter in stürmischer Zeit, que acaba de ser publicada. Dou-lhe minhas congratul ações cordi a is pela
publicação da bi ografia do grande leigo católi co brasileiro, o qual, como o senhor corretamente observa, é sob tantos aspectos um mode lo para nós nestes tempos difíceis na vicia da Igreja! F ico muito agradec id o por um exe mplar deste li vro. Agradeço-lhe espec ia lm ente por s uas orações por mim. Por favor, continu e ass im , porque tenho muita necessidade delas . Invocando a bênção de Deus para o senh or e todo o · se u labore s, e co nfi ando sua s in tenções à intercessão de No sa Senhora ele A ltõtting, de São Mi g uel Arcanjo, de São José e dos Sa ntos Pedro e Pau lo, permaneço devotadamente seu no Sagrado Coração de Jesus e no Im acu lado Coração de Maria, [assinatura]. (D.K. - Alemanha)
Clareza _ Apesar de longa a matéri a sobre fa míli as num erosas, eu a li de ponta a ponta! Comece i a ler, mas pensando ape nas numa le itura rápida sa lta nd o a lguns trechos , mas me prendi no texto. Que c la reza ele pe nsamento tinha o Papa Pio Xll para se expressar tão bem! Como difere dos textos que temos visto atua lmente. Que co nfu são , por exe mp lo nessa batatada sobre as famí li as que gera m com o coe lhos. Um abs urdo ! Até co mente i com minha cunhada que os textos de Pio XII eram cató li cos, e os atuais são caóticos! Infelizmente tenho que di zer isso, mas como cató lica sou obrigada a dizer, na espera nça de que e mude o sistema atua l no Vaticano de fo la- ral a de improviso, o u não de im pr vi so, mas com alguma in tenção não boa que não consigo perceber qual. (J .R.e. - PA)
/Jê11ção para as /'amflla.-. Deus criou a fomí li a, qu · '· o berço da cristandade. A vida cri Hlt i11i ·i11 com as orações qu e apre ndemos 1un11do crianças e no se io ela famf li u. (; •spcc ia lme nte abençoada toda u li11n fli a numerosa e ficamos fe li z ·s q1 11111do vemos essas verda d e iras ru Ili f I ius. Nossa a legri a é a inda maior q111111do
as encontramos reunidas. Abençoa Senhor as nossas famílias. (N.S. -SE)
Gravidade do perigo islâmico O tema do texto de Gabrie l J. Wilson, "França, palco crucial no confronto com o [slã.", pede desenvolvimentos, pois de a lta importânc ia, não apenas para a França, mas para nós também, uma vez que a invasão do Jslã é geral. Na minha opini ão não ex iste is lâmi cos moderados, pois estes fecham os olhos ou mesmo apoiam os islâmicos terroristas. Temos que encarar o probl ema imedi ata mente, a ntes que seja tarde demais ... Aproveito a ocas ião para agradecer- lh es pelas exp lanações do Dr. Plinio Corrêa de Oliveira na revista de março, aprove itei de modo espec ia l o tema da Sema na Santa, das flores do lpê, da fa míli a e da anunc iação de Maria. (H .U.O. - BA)
Condenação do "liberalismo católico" "O que aflige vosso país e o impede de merecer as bênçãos de Deus é a confusão de princípios. Direi palavras, não me calarei: O que temo para vós não são esses miseráveis da Comuna, verdadeiros demônios escapados do inferno; é o liberalismo católico, este sistema fatal que sonha sempre em estabelecer acordo entre duas coisas irreconciliáveis: a Igreja e a Revolução". (Pa lavra s do be m-a venturado Pi o JX , diri g idas a um grupo de peregrinos franceses, em l 871 , por ocasião dos sangrentos atentados comunistas de Pari s).
Maomé e contradições 121 A respeito do Islam ismo que está amedro ntando o mundo, quem j á leu a Bíblia sabe que o Anjo de Luz que apareceu a Maomé no ano ele 6 1O para recitar o Alcorão, não fo i o Anj o Gabriel como e les dizem. Simpl esmente porque os Anjos não mentem jamais e não contradizem um a mensagem Divina já revelada à humanidade . O Anjo Gabriel Bíblico di z a Daniel, Zacari as e Maria Santíss ima que Jesus é Deus. Como pode depois Maomé desmentir dizendo que Jesus era some nte um profeta? Lembremos do Apóstolo João na primeira Epístola : "Todo espí rito que confessa que Jesus Cristo ve io em ca rne é de Deus, e todo espírito que divide Jesus não é de Deus, mas este é o Anticristo do qual vós tendes o uvido que vem , e ele agora está já no mundo ." A casa da Mãe de Deus, que estava em Nazaré, precisou ser tra nsladada pelos Anjos de Deus até Loreto (ltá li a), para fugir da destruição destes seguidores de A lá. Será que é preciso dizer mais a lg uma co isa? Abraços a todos da ed ição da revista, ela está ótim a ! (A.e.e. -
FRASES SELECIONADAS ((Uma sociedade áe carneiros acaba por .9erar um .9ovenw áe Co6os" (vLctov H 1,<.go)
((A punição
que os 6ons sofrem,
quanáo se recusam a tomar parte no .9ovenw, é viver so6 o .9ovenw dos maus" (PLcittío)
(( Orçamento público é uma conta que o .9ovenw faz para sa6er onde vai aplicar o cfinfieiro que já gastou'' (B.cirtío ole ltcivciré)
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O mundo contemporélineo não encontraró a paz: e nem a felicidade enquanto não retornar à verdadeira ordem, cujo alicerce é "a rocha inabalóvel e lmutóvel da lei moral, manifestada na ordem do universo pelo próprio Criador e por Ele esculpida no coraCjão do homem com caracteres indeléveis" (Pio XII, Mensagem de Natal de 1941 ).
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Pergunta - Monsenhor: Analisando-se a atual conjuntura mundial, de todas as sábias e proféticas palavras contidas nas Sagradas Escrituras, a única que realmente não se pode considerar realizada é a ''paz na terra aos homens de boa vontade". Todas as demais encontram assento em nossa realidade: "Eu não vim trazer a paz, mas a espada", ''porei irmãos contra irmãos", "estreito é o caminho da salvação", etc. Como, pois, não incidir em presunção ao se avocar a condição de "homem de boa vontade" e, portanto, merecedor de ''paz na terra''? Essa "paz" tem um preço? Qual seria a natureza dessa "paz"? Fique consignado que também faz parte do meu conhecimento, o dito: "si vis pacem, para bel/um" [se queres a paz, prepara-te para a guerra]. É esta, então, a única verdade?
Resposta - O missivista tem toda razão em levantar essa questão. Os meios de comunicação nos trazem cada dia seu angustiante lote de notícias deprimentes: guerras, atentados, distúrbios, criminalidade e morticínios. E, no nível familiar e individual , o que prevalece são desavenças e rupturas, levando a depressões e outros distúrbios da saúde. Um mundo em caos e à beira de um colapso, onde prevalece a "lei da selva". De onde a popularidade de filmes que, sob diversas formas , anunciam o fim do mundo ou, pelo menos, o fim do mundo atual. Diante desse quadro apocalíptico, há o perigo da presunção, assinalado pelo missivista, mas também o perigo oposto, do desespero: imaginar que o mal é irreversível ou, então, que Deus deu definitivamente as costas ao mundo.
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A primeira e a segunda rebelião contra Deus
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Surge, então, a pergunta: Esse caos é remediável? Qual o preço a pagar para obter a paz? Na realidade, uma vez que Deus cria com sabedoria, a criação possui ordem : "Dispusestes tudo com medida, número e peso " (Sab 11 , 20). O que introduziu a desordem nesse maravilhoso concerto foi o pecado. Primeiro houve a rebelião de Lúcifer e seus sequazes, que quiseram "ser como deuses". Houve então "uma batalha no Céu" e a ordem foi restabelecida pela enérgica reação de São Miguel e de suas legiões ao brado de "Quem é como Deus ? " (Ap 12,7-8). O drama voltou a repetir-se na Terra. Deus criou os homens no Paraíso para que eles tivessem felicidade nesta vida e, sem passar pela morte, irem diretamente para o Céu. Além de imperar sobre a natureza e os animais, Adão e Eva gozavam de dons preternaturais (isto é, dons acima da natureza humana). Pelo dom da impassibilidade, nenhuma perturbação
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espiritual ou fisica podia lhes alterar a felicidade natural. Pelo dom da integridade, seu apetite sensitivo não tinha nenhum movimento desordenado e regulava-se pela razão . Eles e seus descendentes viveriam em perfeita harmonia com Deus e com a natureza e numa paz perfeita consigo mesmo e com os seus semelhantes. Porém, como toda criatura racional, era preciso que fossem submetidos a uma prova. E uma vez mais, foi o pecado que veio desmanchar o plano divino. Nossos primeiros Pais deixaram-se enganar pela Serpente, que lhes prometeu que "seriam como deuses" se comessem do fruto proibido. As consequências do pecado foram imediatas: perderam a graça divina e os dons preternaturais, começando a sentir na própria carne a rebelião das paixões. Além do mais, foram expulsos do Paraíso e colocados neste "vale de lágrimas", no meio de uma natureza hostil, sujeitos a doenças e à morte: "Por um homem entrou o pecado no mundo, e pelo pecado a morte " (Rom. 5,12).
A verdadeira paz e a espada para mantê-la A partir do pecado original, uma invasão de pecados inundou o mundo e teve seu primeiro episódio no fratricídio de Caim por inveja de Abel. Seguiu-se a desditosa existência terrena, cheia de desavenças e conflitos, da qual se lamenta o profeta Jeremias: "Esperávamos a paz, e tudo é infortúnio; o tempo da cura, e apresenta-se a angústia" (Jer. 14, 19). O homem não foi, porém, abandonado por Deus. VoltandoSe para a Serpente, disse Deus: "Porei inimizades entre ti e a Mulher, entre tua descendência e a dela. E Ela esmagar-te-á a cabeça", primeiro anúncio misterioso do Messias que iria nascer das entranhas puríssimas de Maria. E, efetivamente, "quando chegou a plenitude dos tempos, Deus enviou o seu Filho, nascido de uma mulher" (Gal 4, 4), o "Príncipe da Paz" (Is 9, 6), para reconciliar a humanidade com Deus e os homens entre si. Foi essa a Boa Nova que os anjos anunciaram aos pastores na gruta de Belém : "Glória a Deus nas alturas e paz na Terra aos homens de boa vontade" (Lc 2, 14). Não a paz como o mundo a entende e a dá: "D ixo-vos a paz, dou-vos a minha paz. Não vo-la dou como o mundo a dá" (Jo 14, 27), disse Jesus aos Apóstolos. "É El , e, 11ossa paz", conclui São Paulo, pois reconciliando judeus e gentios com Deus e entre si, Nosso Senhor quis fazer em , i mesmo "uma única humanidade nova pelo restabelecimento da paz ' 1
(Ef2, 4-5). Os frutos do Sacrificio da Cruz permitiram ao homem remido alcançar novamente o Céu, mas não lhe restit uí ram os dons preternaturais de que gozava no Paraíso. A Redenção evidentemente não suprimiu a lib rdade humana, pelo que os homens puderam escolher ent r • umar a Deus ou continuar a rebelar-se contra Ele pelo pc ·udo . A
paz de Cristo, portanto, não elimina a luta interior: "Tomai, portanto, a armadura de D eus", adverte o Apóstolo, "para que possais resistir nos dias maus e manter-vos inabaláveis no cumprimento do vosso de ver. Ficai alerta, à cintura cingidos com a verdade, o corpo vestido com a couraça da justiça, e os pés calçados de prontidão para anunciar o Evangelho da paz " (Ef6, 15). De outra parte, esse Evangelho da verdadeira paz é rejeitado por muitos. O que obriga os seguidores de Nosso Senhor a lutar para se preservarem das insídias dos maus. A sua Igreja é militante. A paz de Cristo não é feita de relativismos em relação à verdade, nem de compromissos com o mal: "Não julgueis que vim trazer a paz à Terra. Vim trazer não a paz, mas a espada. Eu vim trazer a divisão entre o filho e o pai, entre afilha e a mãe, entre a nora e a sogra, e os inimigos do homem serão as p essoas de sua própria casa " (Mt 10, 34-36).
''A. justiça pl'oduzirá a paz" De fato, como ensina Santo Tomás de Aquino, a verdadeira paz não é apenas a concórdia - o acordo de vontades entre várias pessoas - , mas ela pressupõe que os desejos e desígnios discordantes do homem sejam unificados em seu coração, sob a égide de um amor mais poderoso que os absorva, que é a caridade: "Amarás o Senhm; teu Deus, com todo o coração {. ..} [e] o teu próximo como a ti mesmo" (Mt 22,37). Por isso, como diz Santo Agostinho, a paz interior é "a tranquilidade da ordem" e a paz exterior, "a união dos corações na ordem " (De civitate Dei, c. XIII, 19). Porém , se a paz é o fruto próprio da caridade, ela pode ser indiretamente fruto da justiça, na medida em que esta última afasta de nós as causas de desunião. De onde o conhecido refrão bíblico opus juslitiae pax: "Ajustiça produzirá a paz e o direito assegurará a tranquilidade" (Is 32, 17). É desse amor à justiça - que supõe o respeito dos direitos de cada um - que nasce o direito à legítima defesa individual ou coletiva, em vista do restabelecimento da ordem violada. De maneira que a força material do agressor seja derrotada pela força moral do direito. O que inclui até o direito de um conjunto de povos defender outros de uma agressão, como seria, por exemplo, uma cruzada internacional contra o Estado Islâmico para proteger a soberania do Iraque e os direitos dos seus habitantes, notadamente dos cristãos. O Papa Pio XII exprimiu essa verdade na Mensagem de Natal de 1948: "O preceito da paz é de direito divino. O seu .fim é a proteção dos bens da humanidade, enquanto bens do Criador. Ora, entre esses bens alg uns são de tanta importância para a convivência humana, que a sua def esa contra a agressão injusta é sem dúvida plenamente legítima. {. . .} A segurança de que tal dever não deixará de ser cumprido, servirá para desencorajar o agressor e até para e vitar a guerra, ou ao menos, na pior das hipóteses, para abre viar os
sojhmentos. Fica assim melhorado o axioma: 'si vis pacem, para bel/um ', como também a fórmula 'paz a todo custo '". O pranteado Papa Pacelli denuncia, de um lado, o falso irenismo (do grego eirene, paz) dos que propiciam quaisquer capitulações diante dos agressores desde que garantam uma paz precária e ilusória, e, de outro lado, a belicosidade enfermiça dos povos que se creem continuamente ameaçados e que julgam que "a melhor defesa é o ataque", como parece ser hoje o caso da Rússia de Putin. Se o mundo contemporâneo dá o espetáculo deprimente descrito pelo missivista, é porque se afastou de Deus e de sua Lei, rejeitou a Igreja Católica como Mãe e Mestra, e renunciou aos beneficios da Cristandade. Ele não encontrará a paz e nem a felicidade enquanto não retornar à verdadeira ordem, cujo alicerce é "a rocha inabalável e imutável da lei moral, manif estada na ordem do universo p elo próprio Criador e por Ele esculpida no coração do homem com caracteres indeléveis " (Pio XII, Mensagem de Natal de 1941). • E-mail para o autor: catolicismo@terra.com.br
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A REALIDADE CONCISAMENTE
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j eito de ficar com os.frades. Ele disse que era duro demais e que queria voltar para a prisão pública. Então nós o p egamos e ele agora está atrás das grades pagando o resto da p ena ". D e fato, só com as fo rças natu rais o homem não aguenta levar seriamente a vida de frade. É a graça d iv ina que faz com que os relig iosos e re lig iosas possam carregar, e até com alegria espiritual, uma vida d e recolhimento, penitência e renúncia materi al, como o fez por exemplo o santo Padre Pio de Pietrelcina, ele próprio um capuchinho . •
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Peregrinações a Compostela atingem recordes históricos ma grande romaria da época medieva l fl oresce no século XXl: a peregrinação a pé até o túmulo do Apóstolo Santiago, em Composte la (Espa nha). E m 2014, o Caminho de Santiago fo i percorrido por 237 .8 l O romeiros, um recorde dos te mpos mode rnos. O s romeiros recebem urna credencia l da O fi cina do Peregrino, a qual dá direito a aloj amento ao longo do Caminho, privilégios e m Compostela e, devidamente carim bado, o comprova nte do fe ito. E m 2014 fo ram registrados romeiros de Timor, Qatar, Tadjiquistão, Micronésia, Aruba, Belize, Na uru, Papua-Nova G uiné, Uzbequi stão, Azerbaijão, M ongólia, [lhas Maurício, Z imbábue, Suazilândia, Tuva lu, Q uênia, G ui ana, Comores, A ntilhas Ho landesas, Myanmar, além de muitos outros países ocide nta is. Foram 165 naciona lidades, 30 a menos do tota l dos países existentes. Q ua ndo o mundo parece desabar, as almas se vo ltam pa ra os locais sagrados do cato licismo . Estes fora m impregnados da luz e do imponderável sobrenatura l da Idade M édi a. •
" número 2" da segurança chav ista, Leamsy Salaza r, que fu g iu para os EUA, de nunc iou que H ugo C hávez mo rreu de fa to no di a 30 de dezemb ro de 201 2, e não em 5 de março de 201 3, como anunc iou o regime . Era genera lizada a s uspeita de que o chefe bo liva ri a no j á estava morto na ocas ião e m que M aduro a nunc iava have r despac hado com e le du rante várias horas ... As fracassadas te ntativas de em ba lsamar o corpo de C hávez e as c irc unstâncias estranhas de seu ve lório e ente rro acentuaram a inda ma is a desconfia nça da existência de um arcabouço de mentiras. A ná logos estratage mas p ropaga nd ísti cos e nvo lve m hoj e o estado de saúde (termina l?) de F ide l Castro. •
Florestas tropicais: crescimento mais rápido com aumento de C02 s florestas tropica is crescem mais rapida mente quando a pr? porção de C0 2 na atmosfera aumenta, defende estudo patrocmado pela NASA . As fl orestas tropicais úmidas, como a amazô ni ca, a bsorvem o excesso dos gases estufa numa proporção maior do que a imaginada, co m benéfico efeito de equilíbri o . Porém, a proporção da abso rção va ri a segun do a idade das árvores - as mais ve lhas, que predo minam nas fl orestas j á fo rmadas, não prec isa m de muito ma is C 0 2 para se desenvo lverem, enquan to as ma is novas absorvem muito C 0 2, po is necess itam dele para crescer. A mora l da hi stóri a é que re novar a vegetação não é um ma l, mas um be m. O C02 equivale a um fe rtiliza nte, mas é re pudiado pe la se ita ambi enta li sta, que desej a tornar estére is as ini ciati vas da c ivilização. •
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Novo combustível promete render mais do que os iá conhecidos
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ma nova fo nte de e ne rgia fo i identificada nos le itos oceâni cos, faze ndo com que vári os países se dis po nham a gera r a tecno logia que a torne rentáve l. Trata-se dos hid ra tos de meta no (gás metano, o gás de cozinha) congelado, c uj as rese rvas s upe ram as do petró leo, do gás natural e do carvão somados. O Servi ço de Geo log ia dos EUA (USGS) calc ul a que as j azidas desse combu stíve l são até 100 vezes ma iores do que todas as reservas de gás de x isto, sendo que s ua intensidade energética é 164 vezes supe ri or. Ele poderia começa r a ser comercia lizado nas décadas de 2020 ou 2030. A nova e imensa fo nte de e ne rgia "exorc iza" os pavo res espa lhados pe lo catastrofis mo " verde", de uma c ivili zação planetá ri a que morre por esgotamento de fo ntes energéti cas. •
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"perigoso" e "preocupante". Assim qualificam os católicos chineses as artimanhas de Pequim relativas ao corpo de Dom Cosme Shi Enxiang, bispo de 93 anos perseguido pelo regime comunista na província de Yixian e considerado morto no dia 30 de janeiro de 2015. A polícia o prendeu numa Sexta-feira Santa . Em 30 de janeiro último, um empregado público revelou que o prelado estava morto. A notícia percorreu toda a China e os católicos referem-se a ele como "mártir" e "santo". O prelado passou a metade de sua vida em prisões e campos de concentração comunistas , devido à sua fidelidade à Igreja Católica. A perspectiva da realização de um multitudinário enterro apavorou o regime . A entrega do corpo ou de suas cinzas significaria o reconhecimento de que o regime chinês sequestrou e eliminou o heroico prelado, após assegurar durante anos que nada sabia sobre ele. No Vaticano , os responsáveis pela política de aproximação com os regimes comunistas igualmente nada sabem a respeito do paradeiro do prelado resistente .
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criminoso David Cata lano, conde nado pela Justiça ita liana, recebeu uma pena alternati va no convento capuchinho de Sa nta Maria deg li Ange li, na Sicí lia. Porém, ele fug iu duas vezes, ped indo pa ra vo ltar ao cárcere comum . U m po li cial ex plicou: "Cata/ano chegou.fora de si e disse que não havia
Bispo resistente morto em prisão da China comunista
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Morte de Hugo Chávez: ocultada durante dois meses
Criminoso prefere prisão à dura vida de capuchinho
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Venez;uela: da m1seria ao expurgo anticapitalista nqua nto no Bras il batem-se em caçarol as e panelas para pro testar contra os des mandos do go ve rno, na Venezue la se perg unta se a inda haverá esses utensíli os nas lojas e comida de ntro de les. A ofensiva bo livariana vi sa as e mpresas pri vadas e cri a sovi etes "para ganhar a batalha econômica p elo pov.o " . O pres idente M adu ro mand o u prender os diretores dos s upe rme rcados Dia a D ia e da rede Farmatodo. O indi c iame nto fo i fe ito com base em slogans lenini stas : os empresári os "consp iravam contra o p ovo " e "criavam filas como tática guerrilheira ". A população está saturada de v io lênc ia, inflação e a usênc ia de produtos bás icos . O detergente substitui o shampoo p ara o cabe lo. N o exterio r, estudantes ve nezuelanos que fora m obter o títul o de M aster e m gra ndes instituições, dorme m atualmente em estações de metrô ou até se prostituem, sem abrigo, moradi a o u alime ntação, po is o governo lhes cortou as remessas de dinheiro . O te rror expõe a verdadeira face do "sociali smo do século XXI", que se ex ibe sem máscara ante suas vítimas. •
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Hamas e a impossibilidade de se praticar o ecumenismo movimento terrorista fundamentalista Hamas treina mais de 17.000 jovens e adultos entre 15 e 21 anos em uma dúzia de campos na Faixa de Gaza. O treinamento é militar, com armas e explosivos, e a ideologia é baseada no palavreado do Alcorão. Porém , o furor e a belicosidade contra os "inimigos sionistas" evoca mais a pregação de Lenine do que a de Maomé. A milícia exacerba nos jovens o ódio contra Israel , e na exaltação, esse ódio facilmente se volta contra o cristianismo , o Ocidente e os "cruzados" . Isso sucede a ponto de os terroristas acabarem se olvidando de Israel! O diálogo ecumênico ou a oração em comum com o Hamas torna-se inexplicável, uma vez que seus dirigentes alimentam tal ódio de caráter racial e religioso indiscriminado .
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INTERNACIONAL
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Câtólicos de esquerda articulam pressão sobre o próximo Sínodo da Família n M ATHIAS VO N GERSDO RFF
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m dos aspectos mais im. portantes e delicados no pontificado do Papa Francisco é a Pastoral do Matrimônio e da Família. Para analisar e debater as exigências de nosso tempo, convocou ele a Assembleia Extraordinária do Sínodo sobre a Família realizada em outubro de 2014, a qual deveria preparar o Sínodo dos Bispos sobre a Família marcado para out11bro de 2015. Esses dois Sínodos estão sendo utilizados pelos católicos de esquerda como uma ocasião muito propícia para fazer propaganda de sua "visão" revolucionária da Igreja e de seu Magistério. A ponta de lança do catolicismo reformista de esquerda é o movimento internacional, presente hoje em mais de 20 países nos cinco continentes, que se autodenomina Nós somos Igreja. Iniciado na Áustria em 1995 por ocasião de um referendo no laicato católico, proposto por Thomas Plankensteiner, Martha Heizer e Bernadette Wagnleithner a favor de uma agenda de reformas na Igreja, e constituído em Roma no ano seguinte como movimento internacional, este vem desde então propugnando uma Igreja igualitária e favorecendo uma concepção liberal da moral católica: destruição da diferença entre clérigos e leigos, abolição do
CATOLICISMO
celibato, aceitação de relações sexuais extraconjugais, novo casamento após o divórcio, compreensão em relação ao aborto, etc. Movimento "Nós somos lgrnja": muito "atualizados" ideologicamente ...
Dessa forma o movimento Nós somos Igreja propaga dentro da Igreja Católica todas as posições defendidas no campo temporal por diversas organizações e ativistas da revolução sexual, segundo o espírito do movimento de Maio de 1968 da Sorbonne. Por causa das discussões provocadas pelas declarações do Cardeal Kasper sobre uma possível reavaliação da situação dos católicos divorciados e recasados, vieram à tona os temas definidos por Nós somos Igre-
ja. Durante muito tempo, quase não se ouvia falar deste assim-chamado "movimento de base" . D e certo modo, o Cardeal Kasper tirou-o do esquecimento em que jazia. Apesar de sua inatividade , o citado mov imento não permaneceu estagnado ideologicamente no tempo. No documento de trabalh o "Textos e subsídios para o Sinodo das Famílias 2014-2015 " e le incorpora inteiramente os últimos "avanços" da revolução sexual dos últimos anos . lll11ltrar todos os campos: objetivo cios progressistas
Assim, Nós somos Igreja hoje é a favor de uma avaliação positi va da homossexualidade e das par crias homossexuais, postula uma avali ação positiva do "amplo e p , ·tro de
l relacionamentos sexuais de diferentes intensidades e formas de expressão", exige a aceitação dos meios artificiais de contracepção etc. Essas exigências, que constam de um documento intitulado "Sexualidade como força dispensadora de vida", revela com amplidão o pensamento de seus autores. O conceito de família defendido por eles mal se diferencia do pensamento dos ideólogos da "doutrina de gênero": "Podem-se encontrar cristãs e cristãos honestamente engajados em questões de família e parceria em diferentes formas de vida e de família: matrimônios bem constituídos com ou sem filhos, casamentos e parcerias fracassados, segundos casamentos bem sucedidos, mães e pais solteiros,familias não estruturadas, parcerias homossexuais com ou sem filhos, solteiros vivendo em redes semelhantes a famílias ... " Nós somos Igreja porém não se limita apenas a fazer exigências e redigir documentos de trabalho; ele deseja atuar·em todos os campos, a fim de instituir uma Igreja revolucionária. Uma lista com quase 20 "Possibilidades de Ação Local" explica a seus seguidores como tornar conhecidas as ideias do movimento. Um "calendário do Sínodo" esclarece as etapas mais importantes até a realização do Sínodo de outubro deste ano, bem como coordena as atividades em todo o território nacional (daAlemanha), visando obter o maior êxito possível. Pastores que não afugentam o lobo
Em resumo, Nós somos Igreja organizou uma verdadeira campanha para introduzir a revolução sexual na Igreja através do Sínodo das Famílias de 2015. Naturalmente esse movimento
não está agindo sozinho na Alemanha. Uma série de teólogos subvencionados realiza um trabalho intelectual prévio para anular a moral católica a respeito do sexo e do matrimônio. Eles publicam seus trabalhos em editoras renomadas como a Herder ou aPatmos. Em seus escritos são reproduzidas praticamente todas as teses da revolução sexual, inclusive os novos desenvolvimentos a respeito da "teoria de gênero". A única tarefa que os ativistas de Nós somos Igreja têm que realizar é ler estes livros, a fim de coletarem número suficiente de argumentos a serem utilizados na sua campanha de propaganda. Em suma, existe na Alemanha uma montagem muito bem preparada para levar a cabo a destruição de doutrinas fundamentais do Magistério eclesiástico. É quase supérfluo dizer que poucos são os membros do Episcopado alemão que refutam as absurdas exigências de Nós somos Igreja. Muitos prelados apoiam até a implementação das ideias do Cardeal Kasper a respeito da pastoral familiar. Neste contexto é irrelevante o fato de que tais ideias tenham sido refutadas muitas vezes, entre outros, pelo Cardeal Ratzinger, então Prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé. De qualquer modo, os progressistas querem adaptar a Igreja ao espírito do mundo neopagão. Naturalmente esta situação não é nova. O que constitui novidade é a determinação com que se quer descartar a autêntica moral sexual e matrimonial católica. Católicos poloneses, croatas e africanos na Alemanha: valioso apoio
É em grande medida aos fiéis católicos provenientes da Croácia, da Polônia e da África que se deve agradecer o fato de a Igreja Católi-
ca na Alemanha não se ter enveredado numa via própria. Sem esses católicos a vigência da fé não mais existiria em muitos lugares, sobretudo nas grandes cidades. Eles se tornam cada vez mais ativos e atualmente se engajam nos assuntos internos da Igreja. O catolicismo reinante na Alemanha, constituído por conselhos de católicos leigos reformistas que ocupam cargos decisivos, vai aos poucos encontrando resistência. A esperança para a Igreja Católica na Alemanha provém de fiéis oriundos de países e regiões nas quais a fé ainda não se extinguiu tanto quanto entre os alemães, como os da Polônia, Croácia, Ásia e África. Dessas nações, bem como de católicos dos Estados Unidos, surgiu a maior resistência durante o Sínodo dos Bispos de 2014 contra a desmontagem da moral sexual e matrimonial. E o vigor da tendência progressista origina-se de uma parte do episcopado alemão, que se alinhou às teses do Cardeal Kasper. Nota-se também esperança nos próprios católicos alemães. Eles permitiram durante muito tempo que a mentalidade liberal de esquerda se difundisse na Igreja Católica do país. Contudo, católicos antiliberais estão se organizando e se tornando cada vez mais ativos. O Coração de Maria tl'iu11J'ará
O desfecho deste confronto é ainda incerto. Entretanto, uma coisa é certa: a Igreja Católica na Alemanha deverá enfrentar tempos turbulentos. Mas Nossa Senhora prometeu em Fátima: "Por fim, o meu Imaculado Coração triunfará". Ó Maria, concebida sem pecado, rogai por nós que recorremos a Vós! • E-mail para o autor: catolicismo@terra.com.br
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DESTAQUE
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São Dimas Modelo de amor à Justiça e à Misericórdia
de Gestas - nome do mau ladrão, segundo a tradição - , e a atitude dos Doutores da Lei, fariseus etc., expo ndo-se a maiores tormentos. Nada o deteve. Cornél io a Lápide, o grande exegeta do século XVII, comenta: "Apren-
"Da cáteclra ele sua cruz, proclamou Cristo"
a ADALBERTO FERREIRA DA CuNHA
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rês condenados! No centro, o Inocente por excelência. Nascido inocente, passou a vida fazendo o bem. Por isto, O crucificaram. À esquerda, um criminoso. Vivera como celerado. Condenado, não se arrependera da vida criminosa. Impen itente, padecia o seu suplício. Pior. Atacava insolentemente o Justo por excelência. À direita, outro malfeitor. Vivera também como celerado. Condenado, expiava seus crimes. Penitente, do alto de sua cruz, esquecido dos próprios sofrimentos, tomou a defesa do Inocente. Essas são também as atitudes dos descendentes de Adão e Eva neste vale de lágrimas. O pecado fora de Adão. O novo Adão expiava por todos . Maria, a nova Eva, estava junto à Cruz. Inocente desd e a concepção, no nascimento e durante toda sua vida, interced ia a li por todos. São Lucas descreve a cena. Fala o impen itente: "Se tu és o Cristo, salva-te a ti mesmo e a nós. Mas o outro, respondendo, repreendeu-o: 'Ainda assim tu não temes a Deus, estando no mesmo suplício: e nós, na verdade por nossa culpa, porque recebemos o que merecem nossas obras; mas este, não fez mal algum ". E dizia a Jesus: 'Senhor, lembrai-vos de mim quando estiveres em teu reino '. E Jesus lhe
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CATOLICISMO
si o ataque celestial de Nosso Senho1: Mas o ladrão, na cruz, onde Cristo padecia a i'?/àmante morte atroz como criminoso, converteu-se para Ele por atos heroicos de fé, amor e devoção etc. " (Comentários ao Evangelho de São Lucas, ver. 42 § 2). 1
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disse: 'Em verdade te digo, que hoje mesmo estarás comigo no paraíso"'. (Lc, 23, 39-43 ; destaques nossos) A maravilllosa conversão cio bom Jaclrão
São Dimas emerge assim na História. Dele nada se sabe ao certo. Piedosas revelações apontam um encontro seu com a Sagrada Família
em fuga para o Egito. Também há referências de que sua conversão se dera quando a sombra da Cruz de Nosso Senhor se projetou sobre ele. Ou ainda, que Nossa Senhora estando entre seu divino Filho e São Dimas, intercedera por ele. Esquecido dos seus sofrimen tos, advogou a in ocência de No so Senhor. Reprovou a atitude blasfema
damos com esta força, eficácia e rapidez da graça de Cristo, pela qual, a partir da própria cruz, Ele fez um homem santo, santíssimo. Foi maravilhosa a conversão de Santa Maria Madalena; maravilhosa a de São Paulo. Mas muito mais maravilhosa.foi a do ladrão. Porque Santa Maria ouviu os ensinamentos e presenciou os milagres de Cristo. E São Paulo sentiu em
Vários santos e Padres da Igreja, citados por Cornélio a Lapide, descrevem o ato heroico de São Dimas: "São Cirilo repete com São Leão: 'Que virtude o iluminou, oh ladrão ? Quem lhe ensinou a amar o castigo quando estavas cravado na cruz? Ó luz imorredoura, que brilha nas trevas' ". (id. ib. § 4) "O abade Arnaldo afirma que o ladrão.foi levado aos Céus e possui um trono acima de todos os anjos, querubins e serafins, acima até do destinado a Lúcifer. "Stephen Binettus, em seu livro sobre o Bom Ladrão, o proclama como 'o Arcanjo do Paraíso, o primogênito de Cristo cruc[fi.cado, o mártir, apóstolo e pregador diante do mundo todo, o qual, da cátedra de sua cruz, proclamou Cristo diante de todo o mundo '. 'Paulo ', diz ele, 'pregou como um querubim, o ladrão do amor, como serafi.m '" (id. ib. § 8). Prossegue Cornélio a Lapide, citando Santo Atanásio: "Ó excelência que és! Foste crucificado como ladrão, mas terminaste como um evangelista". São João Crisóstomo qualifica-o de "um profeta que ensina e proclama a grandeza de Cristo ". E também como "advogado de Cristo, porqu f o defendeu face aos judeus como um advogado" (id. ib. § 12). "Proclama São Dreux, ermitão: 'Foste Pedro na cruz; e Pedro na casa de Caifás foi ladrão ', porque negou a Cristo, a quem confessou
o ladrão na cruz diante do povo" (id. ib. § 13). O criminoso arrnpenclido conquista o Paraíso
Coloquemo-nos na ótica dos dois ladrões. Condenados, crucificados, ass im como Jesus, aguardavam a morte. Porém, "até o fim, Jesus p ermanece como aquele sinal de contradição, anunciado pro/eticamente por Simeão. Os dois malfeitores crucificados, um à sua direita e o outro à sua esquerda, lembram todos os que devem tomar partido por ou contra Jesus durante sua vida, uns escarnecendo-O e rejeitando-O, outros implorando com/é na salvação que ninguém, exceto Ele, pode lhes proporcionar: Os dois malfeitores prenunciam assim os que no.futuro terão os olhos postos no crucifixo: também eles deverão escolher, entre as orações e os insultos, sobretudo quando estiverem crucificados como Jesus, no cadinho do sofdmento e submetidos à lei da morte". 2 Um quis buscar alívio no ataque ao Justo e ser simpático aos seus al gozes. E m seu desespero, procurava uma saída para seus males, como quem dissesse: "Médico, cura-te a ti mesmo e a nós" (S. Lucas, 4, 23). Ou seja, o mau ladrão di z ia: Usa apenas a misericórdia. Desçe da cruz e nos salva, ó Cristo. Livra-nos da cruz e restaura-nos a vida e a liberdade. Em outras palavras - e sarcasticamente - , agimos mal e não nos arrependemos . Queremos tua misericórdia para continuarmos a praticar o mal! O outro louvava a Deus na sua Justiça. E desinteressadamente O defendeu. Depois, proferiu uma súplica de penitente: "Senhor, lembra-te de mim quando estiveres em teu reino" (S. Lucas, c. 23, v. 42). Equivale a di zer: Médico, tende misericórdia deste pecador. Curai minhas chagas.
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Salvai-me. Não nesta vida, mas no vosso Reino. Esta súplica recebeu da parte de Nosso Senhor a maior promessa, a promessa única de estar com Ele ainda naquele dia no Paraíso. Há uma comparação a esse propósito que convém destacar: de um lado, Adão, pelo pecado, foi expulso do Paraíso (terrestre); de outro lado, o criminoso arrependido alcança o Paraíso Celeste. !
Ideal cristão é vilipendiado, calu[!iado, traído
Os santos são modelos para nós. As circunstâncias variam, mas o exemplo deles ilumina os caminhos dos viandantes nesta Terra. Assistimos hoje ao espetáculo de desatinos e crimes, só comparáveis às piores crises que culminaram com o desaparecimento das grandes civili zações daAntiguidade. O processo revolucionário, como o descreveu Plinio Corrêa de Oliveira, atinge seu apogeu. Restam apenas escombros do que foi outrora a civilização cristã. O ideal cristão, consubstanciado na Santa Igreja Católica, Apostólica e Romana, é hoje vilipendiado, caluniado, traído como jamais o fora ao longo de sua história bimilenar. Esse ideal cristão, pode-se dizer, encontra-se consubstanciado na Cruz, no alto do Gólgota da História. Pouco resta de sua antiga glória, abandonado e traído até por muitos de seus filhos. O mundo moderno não aceita dogmas. Não reconhece a Lei divina e a Lei natural. Se quisermos ser bem vistos, é imprescindível nos adaptarmos aos novos tempos. Usos, costumes, ainda que contrários aos Dez Mandamentos, devem ser adotados. Ora, em ambientes ditos pro- º ] gressistas, apresenta-se um perfil ~ aggiornato do cristão, agradável ao i homem moderno. Nada de cruz, de ~
sacrifício, de mortificação. O foco seria a ressurreição, a alegria e, sobretudo, nada de mortificação, de renúncia aos prazeres ilícitos e ao mundo neopagão que nos cerca. Por essa ótica, se quisermos conquistar o mundo, devemos nos assemelhar a ele. "Aceitar" os anseios de "liberdade", aplaudir os " diferentes": estampar no rosto um sorriso otimista e despreocupado em face dos maiores desatinos morais que atingem o homem antes mesmo de seu nascimento, bem como de sua vida e de sua morte, ou seja, na sua totalidade; uma atitude pela qual não se pode contrariar em nada a modernidade. Em suma, abandonar
a oposição ao mundo e tornar-se um com ele ... Seria "descer" da cruz e com isso tentar eliminar seus próprios males ... Há, porém, uma dificuldade: não se desce da cruz! Condenados que somos depois do pecado original , ou padecemos, unindo nossos sofrimentos aos do Redentor, suplicando sua misericórdia, como fez São Dimas, ou, se morrermos como o mau ladrão, não escaparemos da situação de réprobos. O desejo de fazer
o bem e odiar o mal Uma dificuldade se apresenta: onde encontrar bons exemplos e
orientação genuinamente católica para nós? Nesse mar de confusão do mundo moderno, surge uma luz: a orientação dada por Nosso Senhor a Santa Brígida, que rezava por um pecador arrependido: "Diga-lhe que basta seu desejo. Pois, do que se beneficiou o ladrão na cruz senão de sua boa vontade? Ou o que abriu o Céu para ele foi somente o dese}o de fazer o bem e odiar o mal? [Destaque nosso] . O que leva ao inferno não são apenas uma má inclinação e uma concupiscência desordenada? " 3 Plinio Corrêa de Oliveira teceu a seguinte consideração a propósito do amor que devemos devotar à cruz: "É só pela compreensão do papel da dor e do mistério da Cruz que a humanidade pode salvar-se da crise tremenda em que está afundando, e das penas eternas que aguardam os que até o último momento permanecerem f echados ao vosso convite para trilhar convosco a via dolorosa. "Maria Santíssima, Mãe das Dores, por vossas preces obtende que Deus multiplique sobre a Terra as almas que amam a Cruz. É a graça de valor incalculável que Vos pedimos, no crepúsculo desta nossa pobre e estropiada civilização." (Preces Pro Opportunitate Dicendae. Foundation for a Christian Civilization, 1996, p. 375). • E-mail para o autor: cato licismo@terra.com.br
Notas: 1. The Great B iblical Commentary of Cornelius À Lapide St. Luke Ver. 39 a 45 http://www.catho licapologetics. info/scripture/ newtestament/ Lapide. htm http ://www.catholicapologetics.info/scripture/ newtestament/23241uke.htm 2. 1/ Vangelo secando Luca, analisi retori ca, Roland Meynet, SJ, Edi zioni Dehoniane, Roma, 1994, p. 663. 3. Reve lações de Santa Brígida, cap. 115, tomo 6° (Op. c it. , Comentários ao v. 42, último §
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Vandalismo revolucionário contra o progresso Ta nto por sua capacidade de inovação quanto por sua produti vidade, o agronegócio brasil eiro tornou-se referênc ia mundi a l. N o ra mo da ce lul ose , nossas fl orestas de euca lipto e de pi nus co nseguem produ zir mais matéri a- prima por hectare do que espéc ies semelhantes em países desenvo lvidos como o Ca nadá e a F inl ândi a. Essa preemi nência só se tornou possíve l graças ao in vestime nto e empenho de pesqui sado res em desenvo lver espécies mais produ tivas e res istentes às pragas - exceto à pi or de las, chamada M ST. Seu líder, João Pedro Stédil e, vo ltou de um Congresso de Movim entos Populares no Vati ca no ameaçando incendi ar o B ras il a partir da Venezue la chavi sta, onde di scursou no di a 5 de março, por ocas ião do segundo aniversá ri o da morte de H ugo C hávez. N esse mesmo di a os produ to res de a lim ento eram novamente agredidos pe los semeadores do caos e da revolução socia l, que arrasaram suas espécies mais produti vas, proj etadas para aumentar a produção em até 20%. E nca puzadas e armadas com mac hados, facões e pedaços de pau, mais de mil mulh eres li gadas ao M ST invadi ram uma faze nda da empresa de pesqui sas Fu turaGene em ltapetininga (S P), destruindo estufas com milhares de mudas de nova vari edade de euca lipto, em desenvolvim ento desde 2006 . Posteri o rmente elas divulgaram um vídeo na i nternet mostra ndo o momento da in vasão e destrui ção.
Não é a primeira vez O caso le mbra out ro se me lh a nte , oco rrido em 2006 , quando uma faze nda da Aracru z, no Ri o Gra nde do Sul, fo i in vadida por integrantes da Vi a Ca mpesina. A FuturaGene pertence à Suza no P ape l e Ce lulose, companhi a brasile ira que emprega 7000 pessoas e que no ano passado fa turou 4,2 bilhões de reais em vendas para o mercado externo, além de in vestir 1,8 bilh ão de rea is em pesqui sas e ex pansão dos negócios. Para os vâ nda los do exército do Stédil e, nada d isso importa. (Cfr. "Vej a", 8-3 -1 5). O riundas de vá ri as c idades de São Paul o e M inas Gera is, as vâ nda las chegaram à multinac ional em 15 ô nibus. A ação, segundo o mov imento, fo i parte da Jornada Nac iona l de L utas da M ulheres no Ca mpo. A pesqui sa destruída faz ia parte ele um proj eto p ioneiro no mundo para me lhoramento genético do euca lipto. Avari edade H42 I pesquisada deveri a produ z ir 20% a mais que outras espéc ies conh ec idas. A va ri edade seri a votada no início de março, na reuni ão da Comi ssão Técnica N ac ional de B iossegurança (CNTB io), em Bras íli a (DF). Mas a votação fo i cancelada após out(o grupo - ta mbém ligado ao M ST - faze r um protesto no Mini stério da C iênc ia, Tecno log ia e Inovação. A reuni ão fo i remarcada para abril.
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á rea de planti o c resce u 1,6% e a produção de g rãos deverá atin g ir 201 ,3 milh ões de to nel adas, 4 ,4% s uperio r à da última safra. N em as graves restri ções climáticas parecem ameaçar as culturas de verão, embo ra tenha havido queda da produtividade, em espec ial no Sudeste e no Centro-Oeste, segundo a Conab. E m resumo, é improvável que a oferta de grãos sej a insati sfató ria neste se mestre. E, se tudo correr como se espera, eventuais impactos infl ac ionári os ela agricul tura serão pequenos . A área plantada de grãos é estimada pela Conab em 57,39 milhões de hectares, superando em 0,6% - ou 359,9 mil hectares - a da safra 2013/2014. A estimativa anterior era de expansão de 1,27% da área. Mas deverão continu ar cres-
Religião ecológica e fraude climática
O gerente executivo da faze nda, Eduardo José de M ello, lamento u a destrui ção dos estudos de modificação genética. " O pessoal aqui se emocionou muito, algumas pessoas
chegaram até a chorar em função de poderem observar a destruição de um trabalho de anos. O p roduto é seguro para a sociedade e o meio ambiente. " Impunidade P ara o te ne nte-co ron e l da P o lí c ia Militar de lta pet inin ga , M ar ce lo A lves M a rqu es , as ma ni festa ntes d o MST a pro ve itara m uma fa lh a de segurança na empresa.
"Quando elas entraram havia poucos fun cionários e elas tomaram de sw1Jresa a vigilância da empresa. Ninguém saiu fe rido", conta . A Po lícia C ivil irá instaurar inquérito para investigar quem são os responsáve is pela invasão. Vão responder por ameaça, danos ao patrimônio particular e crime ambiental. (Cfr. http:// g l .g lobo.com/sao-paulo/itapetininga-regiao/noticia/20 l 5/03/ mst-di vulga-v ideo-de-invasao-e-destruicao-em-empresa-veja. html).
Campo reage à estagnaç ão econômica N ão só os agric ultores aumentara m a área pl antada em re lação à safra anterio r, como a safra de grãos 201 4/20 15 , estimada em 200,08 milhões de toneladas, deverá ser 3,4% ma ior qu e a de 201 3/2014. É o que mostra o 5° levantamento da Companhi a N ac iona l de Abastec imento (Conab), confirmando que o setor agríco la é pouco afetado pela estagnação que atinge pesadamente a indú tri a e que j á chega ao varej o, como ev idenc iara m as últimas pe quisas . Outro estudo , a prim e ira esti ma tiva para a safra de 201 5 do lBGE, mos tra núm eros a inda ma is pos iti vos: a
O indiano Rajendra Pachauri , presidente do IPCC desde 2002, chegou a declarar em 2009: "O estilo de vida
ocidental é insustentável. Eu não entendo por que não pode haver um medidor em cada quarto de hotel para registrar quanto você consome com o ar condicionado ou aquecimento e depois você pagai'. Com mudanças deste tipo, poder-se-ia obter que o pessoal comece a medir seus atos consumistas. " Para este defensor do miserabilismo, "o uso de carros deve ser reprimido. Acho que podemos manipular os preços para regular o uso de veículos particulares. Os restaurantes oferecerem água gelada aos clientes é um esbanjamento enorme. Acho que{. ..} os adultosforam corrompidos por causa dos caminhos que percorremos há anos" "The Observer", 29-11 -09. Eis que agora esse ícone dos ecologistas é obrigado a abandonar a presidência do lPCC em um momento crítico das negociações de um acordo sobre emissões de CO2. E le chegou a ganhar, em nome do TPCC, o Prêmio Nobel da Paz de 2007. Apesar de negar, Raj enclra foi acusado de assédio sexual por uma funcionária de seu escritório ele 29 anos. A polícia de Nova Délhi iniciou uma investigação formal contrn o cientista de 74 anos. Como indícios, existem e-mails, SMS e mensagens de WhatsApp endereçados à suposta vítima. Parece que ele não pode deixar a Índia, pois, em carta ao Secretário da ONU, insinua limitação em suas viagens, apesar de não se referir aos tribunai s de seu país. E renova a sua profissão de fé: "Para mim, a pro-
cendo as áreas destinadas à soj a (+4 ,4%), ao so rgo (+2,7%) e à mamona (+35,7%). A soja continua liderando a produção, que deverá ating ir 94,58 milhões ele tone ladas, 9,8% ma is do que na safra anteri or, com aumento ela produtividade el e 5,2%. Também a produção de arroz deverá crescer (+0,2%), mas estão previ stas quedas nas produções de a lgodão e de milho, a lém do fe ij ão. Com a desva lori zação do· real, os produ to res do agronegóc io estão ma is otimi stas. A lém de asseg urar a adequada oferta doméstica de a lim entos a preços estáve is, a agri cultura fo rta lece as ex portações e a balança co merc ia l. Só as vendas extern as do complexo soj a, por exemplo, ating ira m US$ 3 1,3 bilhões entre feve reiro de 2014 e j a ne iro de 201 5. (C fr. "O Estado de S. Paul o", edi to ri al, 17-2- 15).
O caso de Rajendra abre outra crise no mundo científico. Tsma il E I Gizou l assumiu interinamente seu lugar no JPCC. Esta entidade liderou as pesquisas nos últimos anos, tentando mostrar que a ação humana é responsável pelo aquecimento do Planeta. Tese contestada por renomados c ientistas. Bob Ward , diretor do In stituto d e Pesquisas Grantham, da London School of Economics, esboça uma defesa prévia: "céticos das mudanças climáticas [ou realistas] vão tentar usar o fato [a acusação a Pachauri] como uma oportunidade para atacar a ava-
liação do IPCC sobre as consequências das mudanças climática · ". E termina reafirmando o " dogma" ambientalista:
"Essas conclusões [acusadas ele fraudulentas] do JPCC continuam a ser verdade, com ou sem Pachauri. "(Cfr. "Agência Estado", 25-2-15). Rajendra Pachauri, arauto e profeta do ambientalismo neocomunista, foi por vários anos presidente do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas - IPCC. Acusado de assédio sexual, deixa o cargo.
teção do planeta Terra, a sobrevivência de todas as espécies e o caráter durável dos ecossistemas são mais que uma missão", afirmou. "Essa é minha religião". C uriosa afirmação de que o ecol ogismo é um fenômeno fundamentalmente religioso, embora se apresente com capa c ientífica.
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DISCERNINDO
Laços que unem Cuba e Coreia do Norte rn Cio ALENCASTRO
uando o governo brasileiro resolveu importar médicos cubanos, muita gente ficou a em pé. Sobretudo quando se tornou patente que mais de 80% do salário devido a esses médicos eram embolsados pelo governo cubano, deixando apenas uma magra parcela para os profissionais. Em português claro, o governo brasileiro transferia assim dinheiro para manter no poder o regime comunista dos irmãos Castro, que há décadas oprime a população da infeliz ilha. Justamente o governo brasileiro, que procura combater afanosamente o que qualifica de "trabalho escravo"! A realidade cubana revela a esh·atégia dos regimes socialistas em geral: impõem o capitalismo de Estado, com as inevitáveis consequências de opressão e miséria, e para sobreviver recorrem aos "donativos" de governos colaboracionistas. Mas o meu tema hoje não é Cuba, mas a Coreia do Norte. Em termos de socialismo, esse país do Extremo Oriente conseguiu um "avanço" bem mais pronunciado do que a ilha caribenha. Reportagem do "New York Times" reproduzida pela "Folha de S. Paulo" (28-2-2015:,) informa que para obter divisas, o ditador Kim Jong-um está "vendendo " trabalhadores para outros países (qualquer
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semelhança com Cuba é mera coincidência!). "Dezenas de milhares de nortecoreanos labutam durante longas jornadas, com pouca ou nenhuma remuneração, em.fabricas da China e em áreas de extração de madeira da Rússia, ou então cavando túneis militares em Myanma,~ construindo monumentos para ditadores africanos, suando em canteiros de obras do Oriente Médio ou a bordo de barcos pesqueiros na costa de Fiji, segundo ex-trabalhadores e pesquisadores de direitos humanos ". O programa de enviar h·abalhadores ao exterior e confiscar a maior parte dos seus salários vem sendo ampliado. Centros de pesquisas estimam que entre 60 e 65 mil norte-coreanos estavam trabalhando em mais de 40
O ditador da Coreia do Norte, Kim Jong-um (no centro), explora seu povo alugando mão d e obra para outros países, entre eles a Rússia e o Kuait.
países, fornecendo US$ 150 milhões a US$_230 milhões por ano ao regime comunista. "A Coreia do Norte está explorando os trabalhadores para engordar os cofres de Kim Jong-um ", disse Ahn Myeong-chul, da ONG sul-coreana de direitos humanos NK Watch. Ele descreve essa situação como "escravidão patrocinada pelo Estado". Um h·abalhador disse à NK Watch que recebeu apenas US$ 160 nos três anos que passou como lenhador na Sibéria, na década de 1990, trabalhando sob temperaturas próximas de 0ºC em jornadas de até 21 horas por dia. Ele era informado de que o restante do seu salário estava sendo enviado a parentes na Coreia. Mas as famílias recebiam apenas cupons para usar em lojas estatais, onde muitas vezes não havia nada para comprar O carpinteiro Rim Il recebeu em 1996 uma oferta de emprego no Kuait, e não perdeu a oportunidade. O salário prometido era de US$ 120
por mês, uma quantia inimaginável para grande parte dos trabalhadores em seu faminto país. O ônibus que o transportava com cerca de 20 outros recém-chegados estacionou em um acampamento isolado .Pºr cercas de arame farpado, no meio do deserto. Lá, 1.800 trabalhadores enviados pela Coreia do Norte para receber salários em divisas estrangeiras, das quais o regime necessita desesperadamente, viviam sob o olhar vigilante de supervisores do governo norte-coreano, segundo Rim. Eles trabalhavam das 7 às 19 horas, frequentemente estendendo a jornada até a meia-noite, sete dias por semana, fazendo tarefas braçais em canteiros de obras. "Só tínhamos folgas em duas tardes de sexta-feira por mês, mas precisávamos passar esse tempo estudando livros ou assistindo vídeos sobre a grandeza do líder de nosso país", disse Rim, agora na Coreia do Sul. "Nunca recebemos nossos salários e, quando perguntávamos a respeito disso aos nossos superiores, eles diziam que deveríamos pensar nas pessoas que passam fome em nosso país e agradecer ao líder por nos dar a oportunidade de comer três refeições por dia". Voltando ao caso de Cuba, Raul Castro parece ter conseguido agora um grande doador: o presidente Obama. • E-mail para o autor: catoljcjsmo@terracom.br
Já faz algum tempo que os ditadores cubanos Raúl Castro (à esquerda) e seu irmão Fidel "exportam" médicos para o Brasil. E ficou patente que mais de 80% do salário devido a esses profissionais são embolsados pelo governo cubano. Uma vergonhosa prática de trabalho escravo em pleno século XXI!
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sta manifestação está muito esquisita: as pessoas esbarram na gente e pedem desculpa! " Assim resumiu um dos manifestantes o clima de cordialidade reinante na Av. Paulista, em São Paulo, onde mais de um milhão de brasileiros, de todas as classes sociais e de todas as idades, protestaram contra a situação do País. Nenhum incidente grave foi reportado. A própria Polícia Militar, habituada a enfrentar provocações em protestos anteriores, foi recebida com aplausos. Os manifestantes, até mesmo crianças, pediam para tirar fotos ao lado do Batalhão de Choque. O mesmo se repetiu pelo Brasil afora.
Descontentamento crescente Era algo novo, surpreendente, mas não propriamente inesperado. O descontentamento com os rumos do País estava muito vivo nas ruas e era percebido na Internet e em conversas entre amigos ou mesmo entre desconhecidos. A enorme quantidade de medidas pretensamente "populares", adotadas ou ampliadas pelo Governo em apoio aos chamados "movimentos sociais", de fato impopulares, gerou numerosos desagrados, primeiramente em setores específicos da opinião pública brasileira. Não demorou a que esses desagrados se transformassem em uma desconfiança e esta, por sua vez, em um grande descontentamento generalizado. Consideradas em si mesmas, cada uma dessas iniciativas governamentais não teria capacidade para gerar a reação vista no último dia 15 de março. Entretanto, o conjunto delas forma a imagem de um Brasil diverso - até mesmo antagônico - ao sentir do brasileiro comum. Descontentamento análogo ao que Plínio Corrêa de Oliveira já denunciara como reinante atrás da Cortina de Ferro, mediante documento previdente, publicado em fevereiro de 1990, antes do desabamento final do império soviético ,g em 1991. 1 ~ A oficialização paulatina da prática de aborto ] nos Hospitais Públicos; as leis que procuram regu- ~ lar a vida familiar a ponto de impedir até mesmo palmadas corretivas nos filhos; a imposição da chamada "ideologia do gênero" nos colégios, censurando livros didáticos que não se alinhem aos novos "valores"; a tentativa reiterada de cri- ., minalizar quem não aceita o homossexualismo, ~ . acusando-o de "homofobia"; o desejo de controlar ~
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os meios de comuniGj:IÇão; a cumplicidade para com invasões de terras e prédios; o desrespeito ao Direito de Propriedade através da Reforma Agrária, Quilombolas e Reservas Indígenas; a conceituação subjetiva de "trabalho escravo" com a consequente expropriação de terras; a perseguição à iniciativa privada com leis e impostos cada vez mais escorchantes e burocráticos; a implantação de uma política racial "afirmativa" que cria uma verdadeira luta de raças em território nacional; a estranha amizade ·com regimes ditatoriais como Cuba, Venezuela e Irã; a proposta de banir símbolos religiosos das Repartições Públicas ... etc. Soma-se a isso a percepção de que o governo atual é responsável não apenas pelos maiores escândalos de corrupção do País, mas também por ter "aparelhado" a máquina do Estado em beneficio de um partido político. O descrédito das instituições republicanas chegou a um auge jamais visto. O divórcio e11t1·e a Nação e o Estaclo
Há certos fenômenos de opinião pública que se assemelham ao estouro de uma garrafa de champanhe. A aparência de tranquilidade da garrafa em repouso esconde a pressão nela contida. N o momento da abertura, aquela pressão é liberada. Assim também ocorre entre os homens . Quando o primeiro di z o que todos pensa m em silêncio, a opinião contida, a exempl o da pressão dentro do champanhe, cede lugar a uma explosão de consonâncias. No último dia 15 de março, o Brasil ass istiu a uma dessas grandes consonâncias entre pessoas das mais variadas origens e condições. Não era o Brasil retratado pela grande mídia ou pelos sociólogos e analistas políticos de índole mais ou menos esquerdista, mas um Brasil profundo, verdadeiro, ordeiro e pacato, faze ndo ouvir sua voz em um mesmo tom e ao mesmo tempo . Já em 1982 Plinio Co rrêa de Oliveira escrev ia para a "Folha de . Paulo" o artigo Cuidado com os pacatos . Diz ia e le: "Se a esquerdafor açodada na ef~ ivação das reivindicações 'populares' e niveladoras [.. .]; se se mostrar abespinhada e ácida ao receber as críticas da oposição; sefor persecutória [.. .], o Brasil se sentirá frustrado na sua apetência de um regime 'bon enfant' de uma vida ,Listentlida e despreocupa,la. Num primeiro momento, distanciar-se-á então da esquertla. Depois ficará ressentido. E, por .fim,jitrioso. A esquerda terá perdido a partida da popularidade. " 2 Pouco depoi s, em 1987, ao analisar o
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projeto da nova Constit\.lição do Brasil, o mesmo autor adver. j,,,' \ . tia para a ruptura que estava se produzmdo entre a Nação e o Estado. Para ele, se os políticos continuassem a desrespeitar esse sentimento majoritariamente conservador do brasileiro, "o divórcio entre o Pais legal e o Pais real será inevitável. Criar-se-á então uma daquelas situações históricas dramáticas, nas quais a massa da Nação sai de dentro do Estado, e o Estado vive (se é que para ele isto é viver) vazio de conteúdo autenticamente nacional". 3 Duas manifestações, duas mentalidades
"Que diferença de público entre a sextajeira e o domingo. São dois países diferentes. O primeiro era triste, raivoso, invejoso, igualitário ... No domingo, um Brasil cheio de luz, alegre, leve, calmo, sereno, ordeiro, pacifico, disciplinado, mas.firme, reativo, indignado contra a corrupção e contra o PT São dois mundos,filhos de duas mentalidades diversas". · Com estas palavras, uma pessoa resumiu na Internet as diferen·ças entre a manifestação dos chamados " movimentos sociais", realizada dois dias antes, em J3 de março, e o evento de domingo. No .d.ia 15 , o ambiente era sereno, tranquilo, alegre. O Brasil autêntico emergiu com as características que lhe são peculiares: delicadeza de trato, calma, serenidade, reje ição à desordem . Havia grande número de famílias que compareceram: adultos, cri anças e idosos. A grande maioria portando símbolos nacionais . Saclio patl'iotismo e manifestações cio espíl'ito católico do brasileiro Sadio patriotismo foi uma das notas predominantes, tendo as camisas verdes e amarelas sido usadas em abundância. Bandeiras do Brasil tremulava m em todos os cantos e faixas repetiam a frase: "Nossa ban leira jamais será vermelha", em alusão às bandeira vermelhas dos partidos socialistas, in cluindo a utili zadas pelo MST dois dias antes. Além do Hino Nacional, um dos trechos do Hino da Independência era muito repetido pelos participantes: "Ou ficar a Pátria livre ou morrer pelo Brasil". • O mesmo entusiasmo se verificou nas estações de metrô de São Paulo, que ficaram praticamente intransitáve is. Era tal o fluxo de pessoas que duas das e tações, próximas ao local de encontro dos manifestantes, precisaram ser interditadas. A Polícia Militar calculou que quatro mil pessoas chegavam, a cada dois minutos, nessas estações.
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mas também diversas ruas adjacentes. Segundo pessoas que lá estiveram, algumas 'éla's ·quais experientes em calcular o tamanho de uma multidão,jamais ocorreu manifestação como essa em nossa história recente. Estimativas iniciais avaliam o número de participantes entre dois e cinco milhões, em mais de 200 cidades pelo Brasil e, ao menos, em 23 das 27 unidades federativas. Isso significa não apenas que essa manifestação foi a maior numericamente, mas tall,_lbém a maior em termo de extensão do território nacional.
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Ação Jovem do Instituto Plinio Corrêa de Oliveira Todavia, mais do que o número dos participantes ou a extensão abrangida, impressionava o público, a sua qualidade. Não era o Brasil da baderna, mas era o Brasil das pessoas de bem. Os membros da Ação Jovem do Instituto Plínio Corrêa de Oliveira também estiveram presentes e foram entrevistados por vários jornais, entre eles "EI País" de Madri, "The New York Times" e "O Estado de S. Paulo". Muitas pessoas já conheciam o Instituto pelas suas campanhas recentes e vários outras se recordavam que Plinio Corrêa de Oliveira foi o fundador da TFP, entidade mundialmente célebre por sua luta anticomunista (vide p. ao lado).
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Ação Jovem do Instituto Plinio Corrêa de Oliveira nas manifestações do dia 15 de março
Será ate11dlda a voz do Brasll autêntico? Em Brasília, a concentração começou com o Pai-Nosso, entoado a partir de um dos carros de som. Em outras cidades, imagens de Nossa Senhora Aparecida eram portadas por alguns dos manifestantes. A religiosidade do brasileiro estava presente. A imagem de um Brasil profundo, fiel a si mesmo e ardoroso defensor de suas gloriosas tradições cristãs - arraigadas desde a primeira Missa após o Descobrimento - , de seus símbolos e de suas cores, emerge nessas manifestações. Um País onde a tônica não é a inveja ou o ódio de classes, mas a benevol ência cristã, a serenidade, a um só tempo cordial e firme . Que esse dia 15 de março não seja apenas a data de um grande evento, mas sim o dia no qual a identidade de nosso País, de mentalidade marcadamente católici. faça resplandecer ainda mais intensamente o Cruzeiro do Sul, bem como a proteção da Virgem Maria, a Senhora Aparecida, Rainha e Padroeira do Brasil. •
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1. Catolicismo, nº 4 71, março de 1990. 2. "Folha de S. Paulo", 14- 12-1982. 3. Plinio Corrêa de Oliveira, Projeto de Constituição Angustia o País. Editora Vera Cruz Ltda. S. Pau lo, 1987, p. 201.
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CATOLICISMO
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s voluntários da Ação Jovem do Instituto Plinio Corrêa de Oliveira estiveram presentes nas manifestações do dia 15 de março em São Paulo e em Brasília, nas quais recolheram assinaturas em defesa da família para uma Filial Súplica que será entregue ao Papa Francisco por ocasião do Sínodo que se realizará na Cidade Eterna em outubro próximo. Os jovens do Instituto não passaram despercebidos, quer na Avenida Paulista - que recebeu mais de Lmilhão de manifestantes - quer em Brasília, onde o número de pessoas que compareceram a9 evento superou de longe os 45 mil apontados pela mídia. Com gaita de foles e estandarte dourado, os jovens do Instituto Plinio Corrêa de Oliveira foram muito bem recebidos pelo público presente. Várias pessoas afirmaram que já conheciam suas atividades através do site; outras dirigiam palavras de apoio ou assinavam a petição, da qual já tinham ouvido falar, incentivando seus amigos a fazerem o mesmo . Foi expressivo o número de entrevistas concedidas por um representante do Instituto a blogueiros independentes e jornalistas da grande imprensa. As manifestações de 15 de março foram as maiores da nossa história e o Instituto Plinio Corrêa de Oliveira teve a satisfação de nelas estar presente nesse momento tão importante para o Brasil. Que a Santa Mãe de Deus proteja e abençoe nossa Pátria, Terra de Santa Cruz. • E-mail para o autor: catolicismo@terra.com.br
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São Conrado de Parzham H umilde irmão leigo capuchinho, santificou-se pela prática da mais extrema caridade e espírito de oração ■
o vale de Rottal, na pequena cidade de Parzharn (então no reino da Baviera - Alemanha), vivia no início do século XIX um piedoso agricultor, Bartolomeu Birndorfer - "Bart", corno era conhecido. Era dono de urna boa propriedade rural, com gado e terrenos férteis, gozando de relativa prosperidade. Entretanto, "duros tempos chegaram quando uma devastadora e incontrolável revolução dos franco-maçons varreu a região. O governo tomou os mosteiros
N Relíquias de
São Conrado
CATOLICISMO
PuNto MARIA SouMEO
e confiscou seus bens. O denominado 'Iluminismo Livre-Pensador ' espalhou dúvidas contra a Fé, zombou da piedade e, em muitasfàmílias, afrouxou os laços da boa moral e das santas virtudes. As guerras do tirano Napoleão devastavam a Europa; em 1809, o vale do Rottal também foi atingido. Chuvas torrenciais em 1816 e 1817 provocaram a fome. Somente em 1818 houve uma mudança para melhor - um ano de real fartura " . Nesse triste quadro, corno agia a família Birndorfer? "Todas as vezes que uma carroça de grãos chegava ao estábulo, o fazendeiro se ajoelhava com sua mulher e filhos , e com lágrimas de
alegria rezava três Padre-Nossos, agradecendo a Deus por seus dons ". 1 Vítima de tantas catástrofes, Bartolomeu viu seus bens diminuírem. Mas conservou o principal , a fé , ficando com o suficiente para urna vida modesta e sem grandes preocupações. Umadasalegriasqueesseanode 1818 lhe concedeu foi o nascimento, no dia 22 de dezembro, de seu nono filho , o qual recebeu no batismo o nome de João Evangelista, conhecido mundialmente mais tarde como São Conrado de Parzham. O exemplo dos pais - que rezavam diariamente em família o Rosário e o Angelus, além de observarem religiosamente todos os preceitos da Jgreja - tiveram muita influência no pequeno Hansel (diminutivo de João, em alemão), que começou a dar sinais precoces de santidade. Apesar de morar muito longe da igreja paroquial, o menino não deixava de frequentá-la, independente das condições do tempo, seguindo o exemplo dos pais. Hansel tinha especial devoção à Santíssima Virgem , sinal dos predestinados, e desde cedo começou a rezar o Rosário em sua honra, convidando seus companheiros de fol g uedo a acompanhá-lo nessa santa devoção.
Os planos da Divina Providência pam l/a11sel Aos seis anos, na localidade de Weng, a meia hora de caminhada da fa zenda, Hansel começou a aprender as primeiras letras. Muito consciencioso, empenhou-se ba stante nos estudos. Aprendeu a ler e a escrever, aritmética, História Sagrada e o "Canísio" - como era então conhecido o pequeno cateci smo no qual São Pedro Canísio condensa ra as verdades da Fé para as crianças, a fi m de imunizá-la contra o contágio protestante. Mas não foi suficiente, poi s quando solicitou sua admissão no co légio beneditino
de Deggendorf, foi rejeitado por não possuir todos os estudos necessários. Jsso não o desalentou, como confessou depois a um colega de infüncia: "Pode estar seguro de que o bom D eus não me abandonou. Ele tinha outro plano reservado para mim". 2 Adolescente , Hansel passou a ajudar o pai nos trabalhos do campo. Entretanto, como desde cedo se ma-
nifes tara nele o desejo de solidão, de estar a sós com Deus, refugiava-se nas horas vagas no estábulo da fazenda ou em outros lugares desertos; e durante o trabalho cantava hinos religiosos. Sua pureza era angélica , tendo São Luís Gonzaga por modelo. Os empregados da fazenda comentavam entre s i: "Se ele não se tornar um santo, ninguém o será ". Uma contemporânea co mentava : "O jo vem Birndo1fer não está talhado para ser fazendeiro. Ele e ·tá feito para orações, p enitências, e obras de caridade". 3 Han se l perdeu sua mãe quando
tinha 14 anos. E continuou ajudando o pai até o falecimento deste. Tinha então 31 anos e quis ser religioso. Seu confessor o aconselhou a entrar no convento dos capuchinhos.
"Ele se tt;,1·11ou um capucl1i11ho de todo corpo e alma" Hansel entrou corno postulante no convento capuchinho de Santa Ana, em Altõtting. Os frades eram os responsáveis pelo santuário nacional de Nossa Senhora do mesmo nome (foto), um dos lugares de peregrinação mais frequentados da Alemanha - mais de cem mil peregrinos por ano. Foi-lhe assinalado inicialmente o oficio de ajudante da portaria, e depois o de porteiro, cru·go que ele exerceu até sua morte. Recebeu o nome de Conrado em honra de São Conrado de Piacenza, erern ita franciscano do século XIV. O Irmão Conrado ficou logo conhecido por sua extrema bondade, amor aos pobres, consciência no trabalho e espírito de recolhimento. Após dois anos corno postulante, ele foi enviado para o mosteiro capuchinho em Laufen, onde ficava o Noviciado dos irmãos leigos da Ordem. Ele dizia a seus co-irmãos de hábito: "Um capuchinho está f eliz somente quando vive de acordo com aregra ". "É necessário ser um bom capuchinho, e nada mais ". Um de seus companheiros atesta que, já no noviciado, "ele se tornou um capuchinho de todo corpo e alma ". 4 Isso à custa de muita oração e muito esforço. "Rezai muito por mim, para que eu passe com sucesso este ano de provação; que eu possa não somente usar o hábito, mas antes obter o espírito de um verdadeiro Irmão capuchinho " escreveu ele à família .5 Urna das maiores provações do Irmão Conrado no noviciado foram as reiteradas reprimendas que lhe fazia o superior, a fim de pôr à prova sua
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, humildade. Dizia-lhe que estava ali para sofre~} ~ que a comida que recebia era por pura caridade. Conrado enfrentou essa situação com coragem e espírito sobrenatural, mas não sem trabalho, como se pode ver nas 11 resoluçõc::s que ele tomou no noviciado , das quais citamos algumas: "Resolvo, em primeiro luga ,~ permanecer continuam ente na presença de Deus, e perguntar-me frequentemente se deveria fazer isto ou aquilo como se Deus e meu Anjo da Guarda estivessem presentes, ou se meu confessor ou superior estivessem me olhando. "Resolvo observar conscienciosamente o silêncio. Falar brevemente, e evitar as muitas ocasiões de queda para melhor poder conversar com Deus". Uma dessas ocasiões sucedia quando do atendimento às inúmeras peregrinas que acorriam por qualquer motivo ao convento: "Resolvo evitar, tanto quanto possível, conversar com o sexo oposto, a menos que a obediência me imponha essa necessidade. Nesse caso, serei muito reservado, e manterei a custódia dos olhos". Como o Irmão Conrado visava a santidade, eis esta outra resolução: "Resolvo forçar-me a prestar muita atenção nas menores coisas e, tanto quanto possível, evitar qualquer impe,:feição. Resolvo observar a santa regra .fielmente, e não desviar-me dela nem um fio de cabelo, suceda o que suceder". Para isso ele tinha um modelo celeste: "Resolvo cultivar uma profunda devoção à Santíssima Virgem, e esforçar-me por imitar suas virtudes ". 6 Essas resoluções são muito importantes para quem tem o encargo de cuidar de uma portaria tão movimentada. Sobre seu papel como porteiro, comentou o Papa Pio XI e 1930, quando o beatificou : "Em tudo isso ele man{/estou extraordinária diligência e prudência, sabedoria, atenção
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e tato. Basta ver como é importante a função que um porteiro exerce nos grandes palácios e hotéis. O porteiro é tudo, sabe tudo. Todo mundo se volta a ele com segurança, mesmo à noite, para ter uma resposta satisfatória às suas perguntas ". 7
"Parece que as portas <lo inferno foram abertas" Após sua profissão religiosa, o Irmão Conrado foi mandado de volta ao convento de Altõtting, a fim de retomar seu cargo de porteiro. Não era por estar recluso em um convento, e além do mais cuidando de sua portaria, que ignorasse o que se passava no mundo. Em suas cartas à família, ele falava "dos perigosos e maus tempos " nos quais viviam. Era um tempo em que os movimentos ateus e socialistas tomavam força, e começava a revolução industrial. Por isso dizia a seus parentes: "Vivemos numa época em que toda alma devota deve estremecer. Parece que as potestades do inferno foram abertas, tentando arnânar tudo o que é bom e religioso ". 8 O que diria ele de nossa época de ateização da sociedade, e sobretudo da crise que abala a Santa Igreja? Na portaria, num desvão debaixo da escada, havia uma frincha na parede através da qual ele podia adorar o Santíssimo Sacramento do Altar na capela dos frades. Nos momentos livres, procurava esse refúgio. Passava também muitas noites em oração, tanto no oratório dos frades quanto
no santuário. O que fazia correr voz de que ele nunca descansava, estando sempre em contínua oração. São Conrado possuía os dons de fazer milagres e de ler as consciências, bem como o carisma da profecia. Faleceu no dia21 de abril de 1894, após viver4 l anos no convento, sempre na portaria. Foi beatificado por Pio XI em 1930 e canonizado pelo mesmo Papa quatro anos mais tarde, apenas quarenta anos depois de sua rnorte.9 Referindo-se à sua morte, disse Pio XII: "Tomai agora vosso descanso, incansável herói da caridade, da fortaleza e dafé! É verdade que nunca atravessastes os Alpes nem cruzastes o oceano. Melhor, vós fostes, por mais de quarenta anos, um contínuo vigia, pela obediência. Entretanto, pela obediência, elevastes o mais baixo dos oficias para servir como um cavaleiro de Cristo e, por causa disso, ele se tornou semelhante à mais nobre das empresas ". 10 • E-mail para o autor: cato licismo@lerra .com.br
Notas: 1. Salve Maria Regina lnfonnation, SI.Conrad o.fParzhan, biografia baseada no origina l em alemão do Reitor GeorgAlbrechtskirchinger, disponível em http://www.salvema riaregina. in fo/M arlyrologies/Konrad. htm 1. 2. Capuchin s Franciscans, St. Conrad of Parzhan, disponível em www.capuchin s.org/ stconrad.htlm, texto "excerpted and adapled .from lhe account by F1: Coslanzo Cargnoni, O.FMCap. , in Th e Capuchin Way: Lives o.f Capuchins, v. /, pi. 2, Norlh American Capuchin Conference, 1996, pp. 180-206". 3. ld.ib. 4. ld.ib. 5. Salve Maria Regina. 6. ld.ib. , Salve Maria Regina, op.cit. 7. Capuchins Franciscans, op. cit.; Salve Maria Regina, op. c it. 8. Capuchin s Fransicans, op. C it. 9. Outras obras consultadas: Butler's lives of Sainls, St. Conrad of Parzhan, P.J.Kenedy & Sons, New York, 1956, vol. li , pp.143-144; Catholic On Line, disponível em St.%20Conrad%20of%20Parzham%20-%20Sa ints%20 &%20Angels%20-%20Catholic%20Online. htm; American Catholic org .. htm. 1O. Salve Maria Regina, op. Cit.
VARIEDADES
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Notícias breves para meditar •
GREGÓRIO VIVANCO LOPES
ntre as dificuldades que costumam apresentar-se para quem escreve uma coluna na imprensa, duas são recorrentes: a falta de assunto e o excesso de ternas a tratar. De momento, estou no segundo caso. Estava difícil escolher. Resolvi então tratar de três ternas. E o único jeito foi comprimi-los dentro de um espaço limitado. Seguem abaixo.
E
Blasfemar dá prejuízo - A propaganda artística no Brasil em 2014 deu muito destaque à reapresentação da peça blasfema "Jesus Cristo Super Star", produção da Time For Fun (T4F). O Instituto Plinio Corrêa de Oliveira salientou-se nos protestos contra essa paródia. Agora nos chega a seguinte notícia, publicada pelo site InfoMoney (Informação que vale dinheiro), em 3-3-2015: "A Time For Fun (Show3) apresentou seu resultado de 2014, reportando um aumento de 1.046% em seu prejuízo líquido, que saltou de R$ 3, 7 milhões no quarto trimestre de 2013 paraR$ 42,4 milhões no.fim do ano passado. Isso fez com que no acumulado anual, o resultado negativo da companhia passasse de R$ 14, 7 milhões em 201 3 para R$ 70,3 milhões no ano passado, uma piora de 378%. No release de resultado divulgado pela empresa, ela afirma que em 2014 foram vendidos menos ingressos, não só pela menor quantidade de espetáculos, mas também por uma baixa taxa de ocupação das atrações apresentadas". Atitude valorosa de um Cardeal - O cardeal africano Robert Sarah, Prefeito da Congregação para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos, disse que a tentativa de separar a doutrina católica da "prática pastoral" é urna forma de "heresia" (LifeSiteNews, 23-2-15). "A ideia, que consistiria em colocar o Magistério em uma bela caixa para separá-lo da prática pastoral - a qual poderia evoluir de acordo com as circunstâncias, os modismos e as paixões - , é uma.forma de heresia, uma patologia esquizofrênica perigosa. A Igreja Africana vai se oporfortemente a qualquer rebelião contra o ensinamento de Jesus e do Magistério ", afirmou. O purpurado se referiu também ao "neocolonialismo ideológico na África, exercido pelo decadente Ocidente" com estas palavras: "Eu quero condenarfortemente o desejo de impor falsos valores usando argumentos políticos e.financeiros. Essas políticas são tanto mais hedionda quanto a maioria da , população africana é indefesa, graças aos ideólogos ocidentais fanáticos" . O cardeal Sarah fazia ass im clara alusão ao aborto, ao adultério legalizado, à eutanásia, ao divórcio etc., que a ONU, a União Europeia e o governo Obama querem impor às nações africanas . Suas declarações constam de um livro com entrevistas, publicado recentemente em francês pela Fayard, intitulado Dieu ou rien (Deus ou nada)
"Vai alta a lua na mansão da morte" - escreveu o poeta português Soares de Passos ( 1826-1860). Com menos estro poético, mas com inteira realidade, poderíamos escrever: "Vai alta a lua na autodemolição da Igreja". Cansados de ver as portas dos meios eclesiásticos se abrirem para hereges, cismáticos e outros que tais, presenciamos agora uma espécie de entronização do paganismo em cerimônias da Igreja. Após a sagração do novo bispo deArica (Chile), "Bispos e o próprio Núncio do Vaticano no Chile fazem consagração a 'deuses estranhos'. Parte da cerimônia de sagração do Bispo Moises Atisha como o novo bispo, no Chile,foi dedicada a divindades pagãs [foto acima]: Pachama (Terra), Tata Inti (Sol), Malkus (Montanhas)", informa o site Rainha Maria (1 °-3-2015). "Um grande grupo de bispos chilenos esteve presente na cerimônia de 17 de janeiro de 2015. Em um tapete-altar no chão foram colocadas as oferendas, como folhas de coca, sementes e líquidos, todos oferecidos às divindades pagãs. Os Bispos e o Núncio do Chile inclinaram-se para o 'altar ' para coletar algumas/olhas de coca [que} foram oferecidos às divindades". • E-mai l para o autor: catolici smo@terra.com.br
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EPISÓDIOS HISTÓRICOS
Vi'tória da Cristandade em Lepanto N o artigo de janeiro passado, vimos as circunstâncias que levaram duas grandes frotas a se encontrarem para o decisivo combate na maior batalha naval da História. O Papa São Pio V havia concorrido sobremaneira na formação da Santa Liga entre Espanha, Veneza, Gênova e os Estados Pontifícios, com a missão de opor-se à ameaça maometana. n
PAULO
HENR1ouE AMÉR1co oE ARAúJo
streito de Lepanto, na entrada do Golfo de Patras, Grécia. A esquadra da Santa Liga Católica, composta por mais de 200 navios de guerra e 90 mil soldados comandados por Dom João d' Áustria,já avistava ao longe a poderosa frota turca com seus quase 300 barcos e 120 mil guerreiros. Era o memorável 7 de outubro de 1571 . A batalha já era iminente, não havia mais volta atrás. O generalíssimo D. João d' Áustria decidira, apesar da desvantagem numérica, enfrentar os muçulmanos turcos. Andrea Dória, comandante de boa parte das embarcações católicas, propôs uma ideia crucial para o embate que estava para começar: "Retiremos os esporões das pontas das galés. Assim poderemos mirar os canhões num ângulo mais baixo em direção aos turcos". Proposta aceita prontamente por D. João. Dória percebeu que, com tantos navios batalhando tão perto uns dos outros, os esporões - grandes peças de metal utilizadas em manobras longas para furar, à força de remos , as laterais dos barcos inimigos - seriam de pouca utilidade naquela situação. Livrar-se deles daria maior liberdade de ação aos canhões. As bandeiras multicolores davam os sinais para todos os navios se posicionarem. Estendendo-se ao sul, em direção ao alto mar, Andrea Dóri a chefiava a ala direita católica, com 54 navios. Ao norte, alongando-se em direção à costa grega, o veneziano Barbarigo dirigia a ala esquerda com 53 barcos. Ao centro, D. João d' Áustria, com a nau capitânia, a Real e 64 embarcações. Atrás, com as forças de reserva, D. Álvaro Bazan.
E D. João d'Áustria pede a bênc;ão aos cardeais que acompanharam a partida dos navios da Santa Liga
CATOLICISMO
Sultana e mais 87 galés, avançava ao centro. O comandante turco estava resolvido a atacar ao mesmo tempo os flancos e o centro das linhas católicas. Pouco antes da batalha, D. João d' Áustria, vestindo uma armadura dourada, subiu num barco ligeiro e com um Crucifixo na mão conclamou os homens de cada navio dizendo: "Eia, soldados valorosos, chegou a hora que desejastes; aquilo que me tocava, cumpri; humilhai a soberba do inimigo, alcançai glória em tão religiosa peleja, vivendo ou morrendo sereis vencedores, pois ireis para o Céu". A linha por onde se estendiam as centenas de barcos cobria quilômetros do mar. Enquanto a frota turca se aproximava com o vento favorável e as embarcações católicas se moviam à força de remos, os soldados cristãos, ajoelhados, rezavam e recebiam a bênção dos frades que ali estavam. À frente da frota da Santa Liga, um grupo de grandes navios preparava uma surpresa ingrata aos turcos: eram as galeaças de Francisco Duodo. Este nobre navegador e engenheiro veneziano havia projetado um novo tipo de galé. Ela possuía canhões em todos os lados do navio, diferentemente das galés convencionais que tinham canhões apenas na proa e na popa. Essas poderosas máquinas de guerra estavam agora na vanguarda da Liga. Apenas seis delas reunidas somavam 264 canhões.
Alinlwmento para o co11fro11to 1,aval
Enfrentamento elltre a Cruz e o Crescente
O comandante turco, Ali Pachá, tendo superioridade numérica, planejou envolver e liquidar a frota católica. Ao norte, formando a ala direita turca, Siroco comandava 54 navios. Ao sul, Uluch Ali procurava estender ao máximo seus 61 navios . O próprio Ali Pachá, com a
Entretanto, o vento providencialmente mudou, favorecendo a esquadra católica. As galeaças de Duodo abriram fogo e penetraram em todas as alas das linhas turcas, causando grandes danos, mas não detiveram o avanço inimigo. Ao norte, Barbarigo tentou evitar ser flanqu eado por Siroco, mas como não conhecia as águas ra a do litoral, logo os turcos e aproveitaram da brecha e envolveram os
Batalha de Lepanto
Francisco Duodo
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preciso de um arcabuzeiro espanhol. Em meio à confusão, seu corpo foi arrastado até D. João d' Áustria. Um espanhol levantou a cabeça do general turco na ponta de uma lança e um forte brado de vitória repercutiu nas fileiras católicas. Os turcos entraram em pânico e começaram a bater em retirada, usando o que restara de sua esquadra. Muitos deles ainda foram capturados ou mortos. Um estandarte com o Divino Crucificado foi hasteado no mastro da Sultana. Uluch Ali ainda conseguiu fugir com algumas embarcações.
navios cristãos, que f9ram sendo aniquilados. O próprio Barbarigo foi ferido e teve ''r , que ceder o comando a outro. Ao sul, Doria projetou ao máximo sua linha de defesa, para não ser envolvido pelas galés de Uluch Ali. Contudo, a manobra fez surgir uma perigosa falha entre o centro e a direita da esquadra católica. Alguns suspeitaram de uma traição! Mas, ao contrário, o valente chefe espanhol batia-se contra os turcos de todas as formas. Em dez dos navios espanhóis, todos os homens foram mortos em apenas uma hora de combate. A ala direita católica ruía! No centro da batalha, a nau-capitânia de D. João, a Real, que levava o estandarte de Nossa Senhora de Guadalupe, foi facilmente identificada por Ali Pachá. Os canhões de ambos os lados trovejavam, num barulho ensurdecedor. Logo as naus dos dois comandantes estavam frente a frente. Os barcos de Colona, comandante das forças dos Estados Pontificios e do velho Veniero, também se juntaram à nau-capitânia, formando uma plataforma de combate coin dezenas de metros. Foi neste momento que o conselho de Doria se fez valer. Com os canhões apontando mais para baixo, os católicos causaram grande destruição nas embarcações e tropas turcas. Mas, por causa do contingente maior, os infiéis pressionavam violentamente os católicos de todos os lados. Iniciam-se as abordagens. Tiros de arcabuz, lutas de espadas e lanças, gritos de dor e brados de guerra se misturavam ao choque das explosões e do fogo. i
Vitória contl'a a ameaça maometana A vitória da Santa Liga foi grandiosa: 130 embarcações turcas foram presas, outras 90 afundadas e 25 mil muçulmanos pereceram. Os cristãos perderam 15 ga lés e 8 mil homens . Na mesma hora do desfecho da batalha, em Roma, o Papa São Pio V tratava de assuntos internos do Vaticano. Ele voltou-se para uma janela e teve uma visão surpreendente: "Não é hora de
negócios, mas sim de rezar e agradecer a Deus. Nossa esquadra acaba de obter uma grande vitória ", disse ao secretário. As notícias oficiais só
Conh·o11to decisivo - Ali Pachá é abaticlo Por duas vezes, os turcos penetraram na Real de D. João d'Áustria até o mastro principal. Sangrentas lutas corpo a corpo tiveram lugar ali . E por duas vezes os valorosos soldados espanhóis rechaçaram as ondas de guerreiros turcos. O comandante católico levou um tiro no pé. Veniero, com seus 70 anos, combatia de espada na mão. · As primeiras forças de auxílio de Álvaro Bazan foram ao ocorro da ala norte, salvando a situação. Bazan também percebeu o vão entre o centro e a ala de Doria, e enviou para lá mais algumas reservas para controlar a situação que já se tornava desesperadora. As horas passavam durante o violento confronto. O tórrido sol da tarde fazia refletir sua luz nas águas do mar, agora tingidas de vermelho. As últimas naus de reserva foram enviadas ao centro, onde a batalha fervia. As seis grandes galeaças de Duodo já haviam afundado, incendiado ou botado a pique incontáveis navios turcos. Mas no centro, a luta era dramática para os católicos. As tropas de reserva chegaram apenas para salvar o generalíssimo ferido e já encurralado em sua própria nau. D. João decretou que todos os prisioneiros por crimes pequenos que remavam nas galés receberiam a liberdade se combatessem valorosamente. Os duzentos novos soldados de auxílio enviados por Bazan começavam agora a empurrar os turcos de volta para a Sultana. A luta neste poflto foi terrível. Os valentes espanhóis invadiram por três vezes o navio de Ali Pachá e por três vezes foram expulsos. Os conveses das duas naus-capitânias estavam cobertos de cadáveres. Sentia-se uma inexplicável hesitação nas hostes turcas. Então, Ali Pachá, quando repelia o último ataque católico, foi atingido pelo tiro
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Representação dos últimos entrechoques da batalha de Lepanto. Na parte de cima, à direita, observa- se D. João d'Áustria
chegaram duas semanas mais tarde .. . O Santo Padre foi em procissão até São Pedro cantando o Te Deum. Depois ordenou a comemoração da vitória, designando o dia 7 de outubro em honra de Nossa Senhora do Rosá rio. Mais tarde mandou acre centar aos títulos da Santíssima Virgem na Ladainha Lauretana a invocação Auxílio dos Cristãos. Foi a Mãe de Deus quem vencera em Lepanto, pois, co nform e narrativas feitas pelos próprios muçulmanos, Ela apareceu durante a batalha, aterrorizando os combatentes seguidores de Maomé. A espetacular vitória da Santa Liga foi um golpe cio qual o império turco-islâmico jamais se recuperaria. Alguns hi toriadores afirmam, porém , que Lepanto não teve gra nde efeito, pois enquanto a Santa Li ga se desfazia, em menos de um ano a frota turca estava recomposta com mai s de 200 nav ios. Contudo, tal afirmação é facilmente desmentida pelos fatos. E m 1572, no litoral da África, com apenas 22 galés, D. João d ' Áustria enfrentou Ulich Ali, o mesmo que havia fugido em Lepanto e que comandava agora 250 embarcações. Os turcos não tiveram coragem de sair de seu refúgio para enfrentar o jovem príncipe. As tempestades acabaram por separar as duas frotas sem combate . No mar, a força moral cios turcos contra a Cri standade ficou arrasada para sempre. Ainda demoraria um pouco para que o mesmo acontecesse em terra. Mas isso fica para próximos arti gos. •
O Papa São Pio V tem uma visão que lhe anuncia o triunfo católico na batalha de lepanto - Lazzaro Baldi 1673. Colégio Ghislieri de Pavio (Itália).
E-ma il para o autor: catolicismo@ terra .com.br
Referências: 1. W EI S, Juan Baptista. His tória Un iversal. Barccl na : Tipog rafia La Ed ucación, 1929, vo l. IX , pp. 535 a 540. 2. Wal sh, Willi am Th omas. Fe lipe li , 7" edi ção, Maclri , Espasa-Ca lpe, 1976, pp . 564 a 579.
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com a Igreja após ter aderido ao cisma de Henrique VIII, ordenou-se em Roma no Colégio dos lngleses. Voltou como jesuíta a seu país, onde socorreu os católicos perseguidos e foi então martirizado.
tos foi decapitado, e assim mereceu ser batizado em seu próprio sangue" ( do Martirológio).
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+ [rlanda, 639. Monge, foi orde-
Santo Hermenegildo, Mártir
nado em Roma por São Gregório Magno. De volta à Irlanda , apoiou a liturgia romana e sua data para a fixação da Páscoa. Consagrado bispo e legado papal para a Irlanda, consolidou essas reformas.
São Macário, o Milagroso, Abade
São Dionísio, Bispo + Corinto, 180. "Devido à ciên-
+ Ásia Menor, 830. Abade de Pelecete, nas proximidades de Constantinopla, tornou-se famoso pelos milagres que operava. Foi exilado duas vezes pelos imperadores bizantinos contrários ao culto das imagens, falecendo na segunda vez, devido aos sofrimentos que Lhe foram infligidos.
cia e à graça de que foi dotado, [. ..} ilustrou o povo não somente da sua cidade e província, mas [. ..} também bispos" (Do Martirológio).
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Santa Valdetmcles, Viúva + Bélgica, 688. "Mãe de família
Santa Lydwina de Schiedam, Vit'gem
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cristã, depois de ter criado seus quatro filhos, todos honrados como santos, abraçou uma vida de oração e solidão. Juntando-se a ela outras mulheres, originou-se então o mosteiro em torno do qual formou-se acidade de Mons" (do Martirológio).
+ Holanda, 1433. Como vítima expiatória, foi atingida durante mais de 20 anos por quase todas as moléstias imagináveis, em meio a extrema miséria. Tinha constantes visões de Nosso Senhor, do Paraíso, do Purgatório e do Inferno.
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Santo Ezequiel, Profeta
Santas Balissa e Anastácia , Mártires + Roma, 66. Ilustres matronas
Instituição da Eucaristia e do Sacerdócio.
3 SEXTA-FEIRA SANTA Paixão e Morte de Nosso Senhor Jesus Cristo. Jejum e abstinência. Primeira sexta-feira do mês
4 SÁBADO SANTO Jesus Cristo no sepulcro e a soledade de N ossa Senhora. Primeiro sábado do mês
5 PÁSCOA DA RESSURREIÇÃO "Cristo ressuscitou; ressuscitou verdadeiramente, Alleluia!"
6 São Mar'celino de Cartago, Mártir + África, 413 . Representante do Imperador romano Honório na África, para fazer cessar a agitação produzida pelos hereges donatistas. Estes mandaram J Ssassiná-lo, Ules propôs o Santo o retorno à verdadeira fé.
7 Santo Henrique Walpolc, Mártir + Inglaterra, 1595. Reconciliado
São Laseriano, Bispo e Confessor
13 + Sevilha, 586. Filho do rei Leovigildo da Espanha visigótica e ariano, foi convertido à ortodoxia por sua esposa Indegunda. Deserdado pelo pai por não querer abjurar a fé católica, foi decapitado. Três anos após seu maitírio, toda a nação visigótica retornou à fé católica.
QUIN'fA~FEIRA SANTA
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19 Santa Ema, Viúva + Alemanha, 1045. Filha do rei
+ Palestina, séc. VI a.C. "Levado cativo para a Babilônia alguns anos antes da queda de Jerusalém, aí exerceu a maior parte de seu ministério projetico. Como sacerdote, mostrou grande zelo pelo Templo e pela Lei. Como Profeta, centrou sua pregação na renovação interior do coração" (do Martirológio).
11 Santo Estanislau de Cracóvia + Cracóvia, 1097. Grande defensor da moral católica e da santidade do matrimônio, foi assassinado pelo rei Boleslau II, por tê-lo increpado pela vida desregrada que levava.
12 Domingo da Divina Misericórclia São Vítor de Braga, Mártir + 306. "Ainda catecúmeno, recusou-se a adorar os ídolos e confessou Cristo Jesus, Filho do Deus Vivo. Após muitos tormen-
romanas discípulas de São Pedro e São Paulo, sofreram cruel martírio por terem recolllido as relíquias do Príncipe dos Apóstolos para dar-lhes sepultura.
16 São Benedito José Labre, Confessor + Roma, 1783 . Mendigo voluntário, peregrinava entre os mais célebres santuários da Europa, sofrendo humilhações e maus tratos. Ao falecer em Roma, as crianças espontaneamente saíram gritando pelas ruas: "Faleceu o santo".
17 Santos Elias e Isidoro, Mártires
dos saxões vencido por Carlos Magno após 32 campanhas e que se converteu. A santa casou-se com o Conde de Ludgero. Enviuvando ainda moça, dedicou-se à educação do filho único e de obras de misericórdia, falecendo num mosteiro por ela fundado em Bremen.
20 São Teótimo, Bispo e Confessor + Ásia Menor, séc. V "Nascido pagão, tornou-se esp ecialmente célebre por seus conhecimentos de fiJosoji.a grega, dando realce a esta ciência por uma rigorosa prática do cristianismo. Mais tarde tornou-se bispo de ÍI ia " (do Martirológio).
21 Santo Anselmo de Cantuária, Bispo, Confessor e Doutor da Igreja + Inglaterra, 1109. Italiano de origem, arcebispo de Cantuária, fo i perseguido e desterrado pelo monarca por defender os direitos da Igreja. Foi o verdadeiro criador da escolástica, orientando definitivamente os estudos filosóficos.
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+ Córdoba, 856. O primeiro
São l ,cônidas, Már'Lir
sacerdote, e o segundo monge, 'foram condenados à morte ao confessarem sua fé cristã diante do Islamismo" (do Martirológio).
+ Alexandria , 204. Re tórico, filósofo e pro lcs or de renome em Alexandria, pai do cé lebre Orígenes. Est' tinha 17 anos quando Lcônid as foi preso.
Incentivou-o então a enfrentar o martírio. Uma rica cristã socorreu depois a viúva e os sete filhos do mártir, cujos bens haviam sido confiscados.
27 São Teodoro, Confessor + Egito, 368. "Discípulo de São Pacômio, 'cheio da graça de Cristo e ardente pela ação do Espírito Santo, mostrava-se hábil em reconciliar os irmãos divididos'. Também/oi chamado· a acompanhar seu sucessor, São florsiésio, em seu governo e em sua catequese " (do Martirológio).
23 São Jorge, Mártir São Geraldo de Toul, Bispo e Confessor + França, 994. Cônego da catedral de Colônia, foi nomeado bispo de Toul, diocese que governou durante 3 1anos. Notável pregador, transformou sua Sé episcopal num centro de saber, trazendo monges da Irlanda e da Grécia. Fundou mosteiros, edificou igrejas e um hospital.
28 São Luís Maria Grignion de Montfort, Confessor São Pedro Maria Chanel, Mártir
+ Oceania, 1841. Sacerdote
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da Sociedade de Maria, o Pe. Chanel foi enviado como primeiro missionário à ilha Futuna, na Ocean ia. Inicialmente bem recebido pelo chefe dos indígenas, percebeu depois que os conselheiros deste lhe tinham antipatia. Mataram-no a pauladas enquanto rezava.
São Gregório de Elvira, Bispo e Confessor + Espanha, séc. IV. Famoso pelo zelo apostólico, ciência eminente, santidade e inflexibilidade de princípios, nunca quis pactuar com os hereges arianos. Desvendava seus artific ios, desarmando suas invectivas, não recuando nem mesmo diante das ameaças do rei , que era ariano.
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Será ce lebrada pelo Revmo. Padre David Francisquini, nas seguintes intenções : • Pelos méritos infinitos da Paixão e Morte de Nosso Sen hor Jesus Cristo, ped in do pe lo fo rtal ecimento da institui ção familiar. Para que os pa is não esmoreçam no empenho de sempre ed ucar a prole de acord o com os va lo res morais, e de protegêla com todo desvelo co ntra os fatores de desagregação, como aq ueles que visam mudar o conceito de família tal como este foi estabe lecido po r Deus.
Santa Catarina de Siena, Virgem São Wilf'rido o Jovem, Bispo e Confessor
25 São Marcos Evangelista, Bispo e Mártir Santo Hermínio Abade, Confessor
+ Inglaterra , 744. Um dos cinco prelados de exímia santidade, a respeito dos quais São Beda di z terem sido educados na Abadia de Whithy. O santo colocou-se a serviço de São João de Beverly, sucedendo-lhe na Sé de York. Grande pregador, pai dos pobres, res ig nou à sua diocese a fim de preparar-se para a morte na Abadia de Ripo.
+ Bélgica, séc. YLll. "Sua sabedoria maravilhou Santo Ursmério, que induziu seus monges a escolhê-lo como seu sucessor à frente do Mosteiro de Lobbes, destinado a tornar-se um dos centros intelectuais mais intensos da Bélgica" (do Mai·tirológio).
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Santos Mariano e Tiago, Mártires
Nossa Senhora do Bom Conselho de Gena:.-:zano
+ Numídia (África), 259. "A vida da graça era tão intensa nestas testemunhas de Deus, que fizeram vários outros mártires p elo exemplo de sua j e " (do Martirológio).
Quadro trasladado miraculosamente por anjos, no séc. XV, da Albânia invad ida pelos muçulmanos para cidade de Genazzano, nas proximidades de Roma. Essa pintura tornou-se famosa pelos milagres alcançados diante dela.
Intenções para a San ta Missa em abril
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Nota: Os santos aos quai s já fi ze mos referência em ca lendá rios anteriores têm aqui apenas seus nomes enun ciados, sem nota biográfica.
Intenções para a Santa Missa em maio • Diante do descontentamento genera lizado que se alastra de norte a su l do Brasil contra a corrupção e a tentativa de impl antar no País um reg ime socia li sta, ped iremos a Nossa Senhora - neste mês em que ce lebramos o 98° aniversário de sua prim eira apari ção em Fátima - que ampare o povo brasi leiro em seus sofrim entos e em sua luta, a fim de que não esmoreça na reação ao que Ela denominou em Fátima como sendo os erros que a Rússia espa lharia pelo mundo.
A
XI Simpósio da Associação dos Fundadores n FÁB10
C ARooso
mundo moderno encontra-se numa encruzilhada perplexitante e perigosa. Se de um lado os avanços da tecnologia são espantosos, de outro os valores morais e religiosos vão se deteriorando numa marcha assustadora, deixando receosas e perplexas as pessoas de bem. Sentimento que é compartilhado mesmo por aqueles que vivem de maneira superficial. Que futuro nos aguarda? A família enquanto instituição natural e cristã vai sendo inexoravelmente erodida, e hoje não só agentes do Estado, mas até altas personalidades eclesiásticas fazem parte do rol dos que trabalham para a sua ruína . A honestidade, a civilidade, a caridade cristã, o senso do que é certo e do que é errado, tudo isto está num estágio de letargia, quase moribundo. Ameaças terríveis pairam sobre o Ocidente, como é o caso do Islamismo na sua face mais radical e violenta. Ele vai avançando não só em países do Oriente, onde historicamente já dominava, mas também no Ocidente e, de modo particular, na Europa, que deliberada e culposamente o favoreceu nas últimas décadas em seus territórios tradicionalmente cristãos. • Foi nesse contexto que se realizou nos dias 15, 16 e 17 de fevereiro último em São Bernardo do Campo (SP) o XI Simpósio da Associação dos Fundadores. Provenientes de vários estados e cidades do Brasil,Amigos e Colaboradores
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CATOLICISMO
da Associação dos Fundadores participaram com muito interesse dessa atividade anual da entidade. As palestras trataram dos temas candentes acima citados, enfatizando sobretudo a importância da confiança na Providência Divina que um verdadeiro católico deve ter. Focalizouse também a forte reação conservadora que se observa na opinião pública, de modo especial na juventude. Fato infelizmente pouco salientado pela grande imprensa, mas que apresenta um panorama mais esperançoso sobre a ação da graça divina nas almas.
As palavras de encerramento - "Instaurar todas as coisas em Cristo, por Maria" - fo ram proferidas pelo Príncipe Dom Be1trand de Orleans e Bragança. Com uma argumentação lógica, fiel aos ensinamentos tradicionais de Nosso Senhor Jesus Cristo e a esperança da vitória, ele coroou os demai s temas tratados du ran te o simpósio como meta de uma ação autenticamente católica e contra-revolucionária. O orador ressaltou que essa foi a meta do pontificado do glorioso São Pio X no início do s~~u_lo pas~ado, e também o ideal pelo qual lutou Plínio Corrêa de Oliveira. E que ainda combatem com mentona dedicação as associações por ele inspiradas e mesmo criadas posteriormente no mundo inteiro. O simpósio foi pres idido por uma imagem de Nossa Senhora de Fátima e a assistência religiosa esteve a cargo do Revmo. P~. ~avid Fr~ncisq uini , que atendeu com muita solicitude todos que O procuraram. Ao final do S11npos10, o deseJo com um era de voltar no próximo ano com bons e duradouros frutos de apostolado. • E-ma il para o autor: cato li cismo@terra.corn .br
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Cruzada de fé e heroísmo l'I NELSO N RAMOS BARRETO
romovido pelo instituto Plínio Corrêa de Oliveira com o apoio da Associação Cristo Rei e outras entidades, realizou-se na cidade de São Paulo durante o último carnaval o XV Simpósio de Estudos e Ação Contra-revolucionária. O evento contou com a participação de 90 jovens dos estados do Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, São Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro, Distrito Federal, Amazonas, Pará, além de representantes da Argentina e do Peru. Inspirados na doutrina tradicional da Igreja e no livro Revolução e Contra-Revolução, de Plinio Corrêa de Oliveira, os dias de estudo foram abertos com uma palestra do Dr. Adolpho Lindenberg, presidente do Instituto, seguida de uma exposição de slides organizada por Luis Guillermo Arroyav~ intitulada "O maravilhoso da Cristandade ". No domingo, a primeira conferência foi pronunciada por Luis Dufaur, que fez uma retrospectiva do ano de 2014 intitulada Uma conflagração mundial? O autor
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CATOLICISMO
destas linhas falou sobre o tema "Os Movimentos Sociais em Roma e Brasília". Coube em seguida a José Carlos Sepúlveda da Fonseca dissertar sobre o tema "Do Modernismo até a Teologia do Povo". Na parte da tarde, o Revmo. Pe. Sávio Fernandes discorreu sobre "A vida de piedade e a devoção a Nossa Senhora". Em seguida prestou assistência espiritual a quem lhe pedisse, terminando com a imposição do Escapulário de Nossa Senhora do Carmo a diversos participantes. No dia seguinte, coube ao Dr. Caio Xavier da Silveira falar sobre o "Avanço conservador na juventude.face à crise da Revolução nas tendências ", com exemplos atuais da Europa. Completou a manhã Alejandro Ezcurra, que dissertou sobre "A "equação sublime ": o segredo e a eficácia da ação contra-revolucionária ". As duas palestras da tarde, "A Cruzada do século XXI", do Príncipe Dom Bertrand de Orleans e Bragança, e "Plinio Corrêa de Oliveira: um exemplo de Fé e heroísmo ", do Dr. Adolpho Lindenberg, tiveram excelente aceitação por parte dos jovens. A boa atmosfera do ambiente foi marcada pela presença de cópia da imagem peregrina de Nossa Senhora
de Fátima e de uma estátua do cavaleiro do Credo. O convívio era elevado, ameno, com a alegria daqueles que se consagram à Santíssima Virgem. Um representante do Rio Grànde do Sul comentou que não podia imaginar que existisse algo assim, e se perguntava se era sonho ou realidade. Na terça-feira os participantes se deslocaram até São Bernardo do Campo, onde assistiram à conferência de encerramento do Simpósio da Associação dos Fundadores. Ela esteve a cargo do Príncipe Dom Bertrand de Orleans e Bragança, que sob o título "lnstaurare omnia in Christo, per Mariam" discorreu sobre os fundamentos da Civilização Cristã e o que é necessário para restaurá-la. Na parte da tarde o Dr. Nelson Fragelli desenvolveu o tema "As três devoções.fundamentais do católico militante - Sagrada Eucaristia, devoção à Santíssima Virgem e amor ao Papado". Seguiuse uma sessão intitulada "Apresentação de ações contra-revolucionárias", com exemplos de Santa Catarina, Paraná e orrientes (Argentina). Após interessante re latos da eficácia do ativismo contra-revolucionário, o Príncipe Dom Bertrand procedeu ao encerramento com a entrega das lembranças: linda imagem de Nossa Senhora de Paris e um devocionário de preces cotidianas. Os jovens partiram para as suas respectivas cidades com o firme propósito de não apenas defender, mas procurar restaurar e divulgar o que ainda resta de civilização cristã em nossos dias. Na bagagem levaram material para a obtenção de novos assinantes da revista Catolicismo e listas do abaixo assinado da Filial Súplica ao Papa em defesa da Família. • E-mail para o autor: cato licismo{t1l,tcrra.co111 .br
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Uma inesquecível semana de estudos, orações e lazer □ ALLYSSON
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V ASCONCELOS
o recesso do último carnaval, entre os dias 13 e 17 de fevereiro de 2015,juntamente com a Frente Universitária e Estudantil Lepanto e a Ação Jovem pela Terra de Santa Cruz, o Instituto Plinio Corrêa de Oliveira promoveu mais um evento de formação da juventude. Enquanto infelizmente muitos se afundam no lodaçal das "diversões" do carnaval, tantas vezes encharcadas de imoralidade, drogas, ou, no mínimo, um ócio vazio ... 73 jovens de vários estados do Brasil se dedicaram a uma programação combinando oração, reuniões, estudos e lazer! Logo pela manhã, após o despertar e as orações matinais, os jovens rezavam o Terço em conjunto. Era uma piedade varonil e ufana, própria daqueles que fazem parte da Igreja Militante. De fato, é um evento de católicos aguerridos. Caracterizase por variadas atividades, como '~ogos medievais", esgrima, arco e flecha, "caça ao tesouro" e muitas outras. Quem é jovem tem muita energia para gastar e a programação dá muita oportunidade para isso! Mas, calma lá! Mais importante do que as atividades fisicas é o preparo intelectual. As conferências neste ano versaram sobre a crise do mundo atual: o avanço do islamismo, o progressismo que tenta falsear os princípios imutáveis da doutrina católica, como a virtude da pureza e a necessidade da devoção a Nossa Senhora. Além da análise da época atual, foi apresentada uma visão histórica de importantes acontecimentos do passado. Tudo sob o prisma da doutrina católica, constituindo uma verdadeira lição para os dias de hoje, preparando-nos assim para enfrentar as vicissitudes que venham a ocorrer. Presente e passado foram estudados visando o futuro. O lema do evento sintetiza essa ideia: "O avanço da Revolução anticristã e a Reconquista Católica". Ao final de cada reunião havia tempo para perguntas e respostas, com a vantagem adicional de avaliar o grau de atenção e assimilação do tema apresentado. Durante todas as refeições, o mais interessante foram as conversas e a leitura de dive1~as notícias da atualidade, alertando os jovens para a necessidade de uma sadia reação :~ em relação aos erros de nossa época. ~ O acampamento contou com a assistência de u1n sacerdote, ~ ~ que atendeu os jovens mediante o sacramento da Penitência ~ para os que quisessem se confessar. ~
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CATOLICISMO
Um solene jantar medieval à luz de velas marcou o final das programações. Houve entrega de lembranças e a já tradicional queima de fogos de artificio. Os participantes comentavam com alegria os beneficios que o acampamento lhes havia proporcionado, bem como o salutar convív io que desfrutaram . Todos retornaram a seus lares muito animados, e com a vontade revigorada de se manterem fiéis a Nossa Senhora e à doutrina católica, nos dias tão conturbados em que vivemos, sobretudo para a juventude. Se você é jovem e deseja participar de um acampamento que se realize em sua região, entre em contato conosco para agendar sua inclusão na próxima programação. Nosso e-m ail para esse efeito: eventos@lepanto.com.br • E-ma il para o autor: cato licismo@terra .com.br
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Chamado "le balafré", sua trágica morte acentuou-lhe a grandeza ■ PuN10 CoRRÊA DE OuvE1RA
quadro representa Henrique I, 3° Duque de Guise, Príncipe de Lorena, França (1550-1588). Nota-se que é um homem espadaúdo, desembaraçado e muito seguro de si. Alto, atraente, interessante, uma espécie de figura de fábula ou de romance. Seu nariz é o próprio símbolo da esperteza - comprido e que se estende um pouco além da própria base. Desse nariz parte um bigode, cortado de forma esquisita. Mas era a moda do tempo. Um pedacinho de barba pende dos lábios, estilo que se costumava chamar de "pera". Em seu rosto, uma ferida causada por um cutelo. Por isso, era chamado "le balafré" - devido à cicatriz na face. O traje do Duque é característico da época e se prestava muito bem para esconder uma couraça debaixo. Ele se opunha ao rei Henrique Ili da França. Numa manhã, recebeu o recado de que o monarca desejava falar com ele. Disseram-lhe: " Vá com uma guarda, porque ninguém sabe o que o soberano poderá.fazer. Ele poderá
atentar contra a sua vida ". O Duque de Guise deu esta resposta: "Ele não ousará ". Sozinho ele se dirigiu ao palácio. O rei o mandou entrar. Quando entrou, fecharam-se as portas por detrás, isolaram-no e mataram-no. Chamaram o monarca para ver o cadáver estendido sobre o tapete. O rei olhou atentamente e proferiu a famosa frase, que tem dois sentidos: "Como ele é grande! Maior ainda morto do que vivo! " O que tanto poderia referir-se à grande estatura do Duque (como era alto, deitado no chão se tinha mais noção da sua estatura), como com outro sentido: como era grande quanto à personalidade e aos feitos; agora que morreu, avalia-se melhor a sua grandeza. •
Excertos de conferência proferida pelo Prof. Plínio Corrêa de Oliveira em 13 de janeiro de 1989. Sem revisão do autor.
Segunda monumental manifestação consolida a expressão do Brasil real
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UMARI
■ PUNIO C ORRÊA DE ÜLIVEIRA
A certeza do castigo anunciado por Nossa Senhora de Fátima
Ardeshir Zahédi, o Irã e os Xás
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Excmnos
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CARTA Do DnmToR
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D1sc1m.N1Nno
6 lgo que a História registra, que a Teologia da História indica como certa, é que as grandes catástrofes dos povos são castigos. Isto é um princípio certo da Teologia da H istória. Quando um povo sofre uma grande catástrofe, isto é um castigo. Não vale para os homens, para os indivíduos particularmente, mas va le para as nações, para os grupos sociais etc. Ora, a História nos indica que as grandes catástrofes levam muito tempo suspensas sobre os castigados. Essa é a regra geral das grandes catástrofes. Desde o Dilúvio - passando pela queda de Jerusalém, do Império do Ocidente, do Império do Oriente, pelo Protestantismo, pela Revolução Francesa, pela Revolução Comunista russa etc. - são sempre tempestades que ficam longamente suspensas sobre um povo sem que se entenda por que não arrebentam, mas depois acabam arrebentando. Mais ainda. Em geral, quanto maior é o tempo desse suspense, tanto mais terrível é o castigo. De maneira que, desta demora não se deduz que ele não virá, mas o contrário, que ele virá terrível. Isto é a regra geral da História. Simples, fáci l de entender. Eu confesso o seguinte: tenho certeza de que o castigo anunciado em 1917 por Nossa Senhora em Fátima virá. Mas esta certeza é mais por causa da Teologia da História e das leis gerais da História do que pela própria Mensage m de Fátima. Embora eu dê toda a minha adesão a essa Mensagem, a minha certeza do que realmente Nossa Senhora revelou aos três pastorinhos é uma certeza menor - uma vez que as certezas comportam graus - do que essa que decorre das leis da Teologia da História. •
A
Vitimas do terror.ismo islâmico e do aborto
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Soerguimento nacional do "berço esplêndido "
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CAPA
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Doum1NA CATúucA
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SANTOS ,,: f?i,:sTAs DO M1~:s
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AÇÃO CONTRA-RE\101,UCION/\IUA
Sínodo ela Famíüa e crise na Igreja
Brasil real volta à rua
Persistência no diálogo suicida com as FARC
Da história do Irã, uma lição para o BrasH 12 de abl'il: nova emersão do Pais profündo
TL: uma revolução convulsiona a Igreja e o mundo Santa Maria Mazzarello Oproblema do mal
52 A1vmmNTi-:s, CosTUm:s, C1v11.1Mçfms Alma brasileira simbolizada no luar do Pais
Excertos da conferênc ia proferida pelo Prof. Plínio Corrêa de Olive ira em 3 de abril de 1970. Sem rev isão do autor.
CATOLICISMO
MAIO2015 -
Diretor: Paulo Corrêa de Brito Filho Jornalista Responsável: Nelson Ramos Barretto Registrado na ORT/OF sob o nº 3116 Administração: Rua Visconde de Taunay, 363 Bom Retiro CEP 01132-000 São Paulo - SP Serviço de Atendimento
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Caro le itor, O artigo de capa da presente ed içã.o apresenta uma oportun a e bem fu ndamentada crítica de um ve lho fa ntasma q ue até algum tempo atrás j ul ga r-se- ia sepul tado: a "Teolog ia da L ibertação". Mas fantasmas são fa ntasmas, e e le reapa rece u. E, co mo ob erva o auto r da co laboração, Julio Loredo - que acaba de lança r na [tá li a o li vro Teologia da libertação. Um salva-vidas de chumbo para os pobres - , a "Teo logia da Libertação" reapareceu estadeando-se em manchetes de j orna is, e até mesmo nas pág inas do "Osscrvato re Romano", órgão ofic ioso da Santa Sé. O auto r recorda que seu prime iro estudo sobre o terna, em fi ns da década de 80, fo i rev isto integra lmente pe lo Prof. P línio Corrêa de O li ve ira em 199 1. C ircunstâ nc ia várias imped ira m e ntão a sua pu bli cação. Ago ra, com o reaparec imento do fa ntasma , o trabalho fo i atua li zado, adaptado ao ambiente e uropeu e publi cado. Em se u artigo nesta edi ção, Juli o Loredo apresenta de modo bem c ircun sta nc iado a doutrina e o desenvo lvimento hi stórico da "Teo logia da L ibertação", res a lta nd o as críticas de que e la fo i obj eto na Instrução Libertatis nuntius, de 1984, ass in ad o pe lo cardea l Joseph Ratz inger, então P refeito da Congregação para a D outrin a d11 h\ posteri ormente Papa Bento XVI. N esse documento, referindo-se ao comunismo como "vergonha do no so t •111po", o cardeal R atz inger apresenta uma crítica da "Teo log ia da L ibertação" e d ·11u1 H·i11 o emprego que e la faz da aná li se marxista e a confusão que estabe lece cntr ' r ·d l' ll \'l o espi ritua l e " libertação" tempora l, a qua l se identifica c laramente com o ·01111111 i 1110 Na ocasião, Plinio Corrêa de O livei ra observou que o documento ntlo ·rn ·11 l1'l•l11 11 10 sufic iente para frea r a avalanche revo luc ionári a. Eis suas pa lavras: "Julgo q 111• 11111 ,1 ,\'ri
mangueira não apaga um incêndio. Mas isto não impede de a saudar ·0 1110 11111 h ,•111 /leio. Tanto mais quanto não tenho prova de que ficaremos só nessa ma11g 11C'll't1 N,lo foi inesperada a instrução do cardeal Ratzinger? Um passo inesperado ll(]o , ·0 11 1•1r/,1 a esperar outros na mesma linha, também mais ou menos inesperados ?". E Lo redo agora lamenta: "Infelizmente, esses passos nunca vieram ''... N ão somente não v ieram como a situação se agravou, dev ido à rcss u11'l Í\' )o do fa ntasma e seu rev igoramento em ambientes ec les iásticos. Nesse senti do, o c1 11 d, d 1
Correspondência: Ca ixa Postal 1422 CEP 01031-970 São Paulo - SP Impressão: Prol Editora Gráfica Ltda. E-mail: catolicismo@terra .com .br Home Page: www.catolicismo.com.br ISSN 0102-8502 Preços da assinatura anual para o mês de Maio de 2015: Comum : Cooperador: Benfeitor: Grande Benfeitor: Exemplar avulso :
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CATOLICISMO Publicação mensal da Editora PADRE BELCHIOR DE PONTES LTDA.
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Juan L uí s C ip ri ani , Arcebi spo de Lima, manifesto u suas restrições a pos i~·( v ,, 11 mi das pe lo cardea l Gerhard Müll er, P refe ito da Congregação para a Dout ri 1111 d11 h , que lanço u recentemente - em co laboração com o Pe. G ustavo G utiérrcz, Hlll' l' I d nll' perua no " pai" da "Teologia da L ibertação" - a obra Da parte dos pobres. '/ i-, 1/0 ,1 1,1
da libertação, teologia da Igreja. Em face da grave situação em se encontra a Sa nta Igreja, é dever d' todo 111 1• , cató li cos mili tantes, rezar e lutar ardentemente, ped indo a N osso Senh or .1 •s 11 ( '111,111 que A pro teja e A conduza o quanto antes ao triunfo . E m Jesus e M ari a ,
Paulo Corrêa de Bri to Filho
Estado islâmico e aborto, o que é pior? rn Cio A LENCASTRO m undo te m ass istido, espa ntado e horro ri zado, aos vídeos e fo tos de islamitas do Estado Islâmico dego lando pessoas, ou então que imando-as v ivas dentro de ga iolas, expondo-as como bichos, t11do praticado de modo irrac iona l e sem motivo nem julgamento. É um ta l horror, que só não se transfo rma em indignação e não ca minha para a rea li zação de uma nova C ruzada santa porque o mundo ocidenta l está imo bili zado pe lo gás parali sante de ce rto ecumeni s mo e po r uma noção falseada do que seja a paz e o di álogo. Entretanto, é prec iso pergun tar: o aborto provocado não é ainda pi or do qu e esses crimes atrozes? A mãe que mata consc ientemente o próprio filho inocente e indefeso, fruto de suas entranhas e depende nte de sua proteção, não dá provas de um a ta l insensibilidade humana e moral que a to rn a seme lhante ou talvez pi or do que um terrorista? Este, por mais criminoso que seja, não mata os seus filhos. Experiências c ientíficas mostram que o feto sofre enormemente ao ser extirpado. Para amortecer as consciências das
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Vítima da crueldade do chamado "estado islâmico"
mães que ass im agem, as aborti stas de profissão vão in ventando desc ulpas id eo lógicas esfarrapadas, co mo um dire ito da mulher ao pró pri o corpo, a conveni ênc ia de ev itar que a criança nasça com defeitos, e argumentos nazieugeni stas de todo tipo. No se ntido d e pul ve ri za r esses mi tos malsãos, prestou um grande serviço a professo ra de H istória Contemporânea da Universidade de Roma la Sapienza, Lucetta Scaraffia, em arti go reproduzido pelo jorna l "O Estado de S. Paul o" (7-3-15), sob o título "Utopia equi vocada". O leitor poderá conferir aqui alguns trechos signifi cativos do mesmo.
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"A poss ibilidade de abortar assinala - na opini ão de muitos - uma meta indi scutíve l no processo de libertação da mulher, a ponto de se entender o abo rto co mo um ' dire ito da mulher ' que deve ser defendido a todo custo. É terrí ve l pensar que a liberdade das mulheres deva ser medida em re lação à morte de outro ser humano, o qual, além de tudo, é o mais fraco dos seres, um filh o que depende da mãe para vir ao mundo. "Para se igualar aos homens, e las não precisa m se libertar da materni dade. Esse erro nasce de um conceito equi vocado de emanc ipação, da idé ia de que, para se igualarem aos homens, as mulheres devam t9rnar-se como eles, o u seja , li bertar-se da maternid ade, aliv iar-se de um ônus que é também um mi stério marav ilhoso, graças ao qua l elas se tornam criadoras de uma maneira ini gua láve l, que as faz protagoni stas de uma re lação extremamente intensa
e especial com o utros se res humanos, únicas, dife rentes. " Hoje, depo is de mui tas intervenções, médicos e psicólogos sa bem que são extremamente freqüentes as depressões pós-aborto, cuj a manifestação pode ocorrer anos depo is do ep isódi o médico, aparentemente esquecido. "São reco nh ec im e ntos d ra máticos, que se contrapõem à lev iandade ideo lógica com que a intervenção é co nsiderada e defendida nas batalhas pró-aborto, enganando mais uma vez as mulheres, induz indo-as a um confo rmi smo 'politi camente correto' que prejudica somente elas . "A lega li zação do aborto introduz em nossas democrac ias uma fo rte contradição; de fato , ela impli ca ex istirem seres indignos de nascer, que não são iguais aos outros."
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Não é fora de pro pós ito lembra r o exemplo da médi ca italiana G ianna Beretta Mo lla ( 1922- 1962), que prefer iu sacrificar sua vida para que sua filh a pudesse nascer. Fo i canoni zada em 1994. • E-mail para o autor: ca toli cismo@tcrra.com.br
DI RETOR
catolicismo@terra.com.br
M AI 0 2 0 1 5 -
Na trilha do Brasil autêntico
País de paz e de ordem Bonita matéria Brasil autêntico e cristão apresentou sua verdadeira face. Essa é a ALMA do BRASIL!! Um BRASIL de paz e de ordem que demonstrou que os querem arregimentar o País em direção aos eflúvios comunistas e à conversão da cidadania brasileira à submissão, não têm vez aqui!! Parabéns ao Brasil, à Nação, ao País e aos cidadãos de BEM que o amam e defendem. Viva a PATRIA BRASJLEIRA!! (G.F.B. - RJ)
Momento histórico Sem dúvida, a presença dos rapazes do Instituto Plinio Corrêa de Oliveira coloca a manifestação do dia 15 de março em uma clave mais alta. Nossa Senhora Aparecida os ajude muito, e também ao Brasil, que passa por um momento histórico de encruzilhada sem precedentes, porque a polarização é extrema, e também porque não há mais tempo para manobras dilatórias. O tempo acabou . (A.T.M. - SP)
Sopro vital <le ideologia [8::1 Os jovens do Instituto Plínio Corrêa de Oliveira trouxeram um sopro
vital de ideologia àquela manifestação. E la era conduzida, sobretudo por um justo sentimento de indignação. Esse se ntimento clamava " basta!!" aos desmandos do socialismo petista. Mas sentimentos apenas não bastam .
-CATOLICISMO
(N.F. -
MT)
Houve um Manifesto em 15 de Março de 20 J5 em prol do povo brasileiro em geral e principalmente de certa forma moderado para mostrar aos que estão sendo questionados (governo corrupto, desrespe itoso com as Leis, a Constituição e as Famílias). O País está procurando, através dessas Manifestações, voltar a trilhar o Caminho AZUL, VERDE, AMARELO E BRANCO das cores da Bandeira do Brasil com ORDEM E PROGRESSO, sem desrespeitar quem quer que seja. Vamos continuar as Manifestações em busca de retornarmos à Democracia de 31 de Março de J 964 a 15 de Março de 1985. Não deixemos que outro Sistema seja implantado no nosso Querido Brasil, mesmo depois dos reveses de 2014. (J.G.F.I. -
MG)
Protestos pelo Brasil A solidariedade, a fraternidade e a vontade de mudar um sistema corrupto deve estar dentro dos corações dos brasileiros que são pessoas pacíficas, ordeiras quanto a re ivindicações justas. Temos que voltar a orar pelo País, tanto pelas autoridades constituídas, conforme nos ensina I Timóteo 2 (1-4), para que observem que a sociedade não mais aceita pessoas comprometidas com o maligno, quanto para a classe social de todas as camadas existentes em nosso Brasil. Temos que colocar em pratos limpos tudo o que foi denunciado, culpar os que não adotam a retidão; votar em políticos comprometidos com a ética e a moral e de ixarmos de votar em pessoas que cultivam todos os tipos de marxismo. Porque o Brasil não comporta esse sistema opressor. Joelhos no chão e oração para mudar o nosso Brasil, onde como cidadãos devemos exigir do nosso Congresso e da Câmara as reivindicações exigidas no Protesto pelo Brasil e consolidar a família atual, não adotando mentiras como as apresentadas pel a Presidente e seus comparsas. É o que penso. Assinemos todo e qualquer manifesto para que o nosso Brasil respeite a família constituída por pais (homem e
mulher), porque a ideologia de gênero é uma farsa. (E.L.Y. -
SC)
Coragem e lucidez Minhas calorosas felicitações ao
Instituto Plinio Corrêa de Oliveira pela divulgação da primorosa e realista cobertura das manifestações de 15 de Março . Com reportagens como esta o nosso Catolicismo vai se realçando no cenário nacional como quem tem a coragem e a lucidez para ser o sensor seguro e o porta-voz do sentimento profundo dos brasileiros devotados à Fé e ao patriotismo. Com isto vai abrindo espaços para a boa causa e servindo de órgão aglutinador dos que não têm voz nem vez na mídia nacional amestrada e a serviço das causas revolucionárias e anticristãs que lutam desesperadamente para extinguir o que resta de legítimo e ordenado no território nacional. (M.R.R.F. -
dele falando com muito acerto sobre o futuro do Brasil e do mundo, mas é inacreditável este que trata sobre o real conhecimento das "fibras da alma brasileira", que o saudoso professor conhecia primorosamente. Os pacatos brasileiros estão despertando, e ficando indignados! Não aceitam mais seguir os rumos esquerdistas que querem nos impingir. A esquerda realmente perdeu a popularidade, perdeu as ruas! (J.A.A. -
PE)
Conversão do bom ladrão [8::1 Agradeço aos amigos o envio deste documento [São Dimas - Modelo de amor à justiça e à Misericórdia]. Sou um homem velho, sempre fui católico e estudei em um colégio dos irmãos maristas, antes da infi !tração "progressista". Mas, até hoje, não havia atentado para a importância do bom exemplo de São Dimas. Muito obrigado pela lição!
MG)
(M.H. -
RJ)
à altura de tamanha monstruosidade. Onde encontrar novos cruzados para defender a Cristandade naquelas nações? Onde encontrar um chefe de Estado para sustentar financeiramente uma grande reação? Onde está o Papa para levantar uma reação à altura? Enquanto os cristãos são massacrados, ele fica gastando seu latim falando com os pobres. Muito bom , mas o momento exige outra postura muito mais importante e apropriada para um Papa. Até parece que tais notícias de horrores praticados pelos islamitas não chegam ao Vaticano. Onde estão os bispos e sacerdotes? Estão por aí, com raras exceções, gastando o latim fazendo agitação social, quando não estendendo a mão aos inimigos da Igreja, que ficam mais fortes, para mais fortemente perseguir os cristãos. Sem meios, sem saúde e ... sem idade ... , fico desolado, pois não posso fazer nada, a não ser alertar no que posso e rezar a Deus, pedindo que Ele próprio intervenha, uma vez que não temos homens da estatura dos cruzados. Um alento para mim , foi a leitura de uma 0
Grall(/e Acontecimento
lnliltração na Igreja
I Nunca votei em PT ! Eis agora então, razões a chancelar assim meu proceder. Vê-lo rejeitado por enorme multidão; que às ruas saiu descontente a valer.
II Quinze de março pode assim bem registrar, não um fato, mas um Grande Acontecimento. Nos anais da História ele então ficará , como símbolo, pois, de Descontentamento.
III Resta agora saber: a esquerda que fará ante este ressurgir do Autêntico Brasil? Ordeiro e Cortês, mas muito varonil? IV Fiquemos vigilantes e vamos aguardar, Cale-se tudo que a lguma mídia canta, Valores sim, mais altos então já se levantam . (J.G.S. -
CE)
"Fibrns da alma brnsilell'a " Impressionante prog nó ti ·o do Prof. Plínio em seu artigo '11id(l( /o com os pacatos. Já li diversos ·s ·ril os
[8::1 Com relação à matéria na edição de abril Católicos de esquerda articulam
reação à altura da hora, levantada pelo Papa São Pio V, como narra a revista nas páginas 40 a 43 com a histórica vitória da Cristandade contra os islã em Lepanto. (T.S.A. -
RS)
Cruzada [8::1 A glória das Cruzadas: impediram que os muçulmanos dominassem a Europa. Os cruzados católicos deram seu sangue para que a Civilização fosse católica e não islâmica. E conseguiram! Mas o problema que se coloca hoje é: quem se alistará em novas cruzadas para impedir o avanço muçulmano no mundo de hoje? Onde a dedicação e a coragem dos cruzados medievais? Mesmos com as armas modernas, duvido que se faça mais do que os cruzados armados de espadas. Os cavaleiros medievais lutaram por Deus e Ele lhes alcançou a vitória. Os homens deste século dançam o tango na praça de São Pedro enquanto os cristãos estão sendo massacrados no Oriente! Que Deus nos salve! Chegou a nossa vez de lutar!
(J.M.L.D. -
PB)
pressão sobre o próximo Sínodo da Família, é com grande tristeza que vemos esta propagação ideológica entre os seduzidos pelas trevas, estes revolucionários modernistas representados pelo movimento "Nós somos Igreja". Católicos tentando seduzir outros Católicos à desobediência às leis de Deus é assustador. O reino que nós Católicos buscamos é o espiritual e eterno junto com Deus, e nunca os interesses deste mundo. Sejamos sinceros e obedientes para com nosso Pai , mantendo-nos no caminho da verdade e da vida, desejando sempre ser filhos da luz. Abraços a todos da Revista Catolicismo . (A.e.e. - SP)
Falta rnação como em Lepanto
1:81 Todos os dias tomamos conhecimento de notícias tenebrosas de perseguições e até de morticínios contra os cristãos em nações islâmicas; por exemplo, essas cometidas pelos infernais jihadistas do Boko Haram (inclusive com rapto de moças cristãs para seus haréns) e não vejo reação
FRASES SELECIONADAS "Se estabelecemos a só[iáa devoção à Santíssima Virgem, é somente para mais peifeitamente estabelecer a de Jesus Cristo, apenas para áar um meio fád[ e seguro de encontrar Jesus Cristo" (Sêío LuLs MC!l'LC! c:irLgl/\,Lol/\, ele Mol/\,tfort)
"A Santíssima Virgem demonstrou-me que nunca deixou de proteger-me. Assim, quando me vem uma incerteza., um aperto, imeáiatamente recorro a Efu, que sempre cuiáa áos meus interesses como a mais terna áas Mães" (SCIV\,tCI TeresLV\,VlCI)
"Deus se compraz tanto em Nossa Senhora, que um peáiáo feito por meio d'Efu é sempre atendido; ainda. que não conte senão com o apoio d'Efu'' (PLLV\,Lo Cordci ele oLLvúrci)
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.. ---------------------------------------Monsenhor JOSÉ LU IZ YILLAC
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Pergunta - Estimado Mons. Villac: Peço a Vossa Reverendíssima que esclareça o seguinte: Alma e Espírito são expressões sinônimas'? Em algumas publicações lê-se espírito e alma, dando a entender que seriam duas coisas distintas. Procurei na Bíblia e achei as duas expressões em inúmeros textos, dando-me a impressão que seriam, de fato, sinônimos, mas, em dúvida, resolvi recorrer às suas luzes. Enfim, qual é o entendimento correto, à luz da ortodoxia católica?
Resposta - Muito oportuna a pergunta do mi ss ivi sta . Co m efe ito, as bancas de jorna is e as páginas da Internet regurgitam de publicações de ba ixo quilate, ilustradas com fotografias de espaços sidera is fascinantes ou amedrontadores, editadas por movimentos esotéricos ou da onda N ew Age, convidando ao crescimento espiritual com base na ideia de que o homem seria composto de co17;0, alma e espírito ( ou corpo, mente e espírito). Para movimentos como os rosacruzes , a teosofia , a antroposofia, certas lojas maçônicas espirituali tas ou os seguidores da cabala 111 ística judaica, "o homem é um espírito que habita num corpo e possui uma alma " . Essa suposta dicotomia entre alma e espírito faria parte do legado grego (psyché=alma ; pnewna=espírito) e da tradição bíblica (n ephesh=alma; ruah=espírito ).
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El'l'OS gnósticos nos p1'i111óJ'dios cio Cristiai1is1110
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Retomando os erros das religiões orientais e dos gnósticos dos primórdios do Cristianismo, tais correntes afirmam que o espírito seria a faísca divina, imortal e eterna que carregamos no ma is profundo do nosso ser. Segundo elas, Deus poderia ser comparado a um imenso dínamo que, ao girar vertiginosamente, tivesse desprendido trilhões de átomos, cada um dos quais equivaleria ao espírito de um homem , faísca divina aprisionada num corpo . A alma seria assim uma interface, um intermediário entre a parte animal e espiritual do homem, a qual se desenvolveri a paulatinamente e formaria a personalidade de cada indivíduo. E nquanto o corpo nos colocaria em contato com o mundo por meio dos cinco sentidos, a alma seria o suporte dos nossos sentimentos subjetivos e de nossa consciência; e o espírito seria a parte mais interior do nosso ser, ligada misteriosamente àquele imenso dínamo divino. A partir dessa tricotomia de base - corpo, alma, espírito - cada corrente esotérica fa z depois uma série de distinções fanta siosas e emprega um vocabulário sofisticado, baseado frequentemente em termos hinduístas ou budi stas . O crescim ento espiritual do hom em consi stiria em percorrer, através de um processo de iniciação pela mão de
-CATOLICISMO
Contrariamente ao que afirmam as correntes esotéricas acima mencionadas (e ao que insinuam as ambiguidades teilhardianas), cada homem não é uma centelha divina aprisionada num corpo, mas um ser verdadeiramente individual, composto de corpo e alma, esta última criada diretamente por Deus. De fato , a Igreja defendeu em diversos concílios, e contra várias heresias, o caráter criado da alma humana, assim como sua imortalidade e sua natureza espiritual.
um guru e seguindo diversas técnicas de meditação, um caminho de transformação interio r, até libertar-se das baixezas do corpo e "despertar" para a realidade divina imanente no homem, incorporando-se plenamente nela. A corrente "New Age" e a visão holística da ,·calicl,ulc Essas temáticas, que no passado eram reservadas a um pequeno número de iniciados qu e e reuni am em antros noturnos, saíram à luz do dia e popul ari zaram -se, no Ocidente, no :fim do século passado pe la difusã.o da corrente N e w Age. As correntes dessa Nova Era enfatizaram , com efeito, que tudo quanto existe está conectado intrinsecamente como parte de um único todo e que por isso é preci so adotar uma atitude holística (do grego halos, tudo, totalidade) diante da real idade e, em particular, do homem , sublinhando que o corpo, a mente e o espírito estão intimamente conexos, porque inseridos numa única realidade universal. Dessa visão holística nasceram muitas das mais populares terapias alternativas hoje oferecidas ao público , as quais criticam a medicina ocide ntal por tentar simplesmente curar doenças físicas , descuidando as sim a dimensão mental e espiritual do homem . Tais terapias permitiriam aos pacientes integrar-se com as forças do universo e aceder às partes de si mesmos que e les alienaram ou suprimiram, habilitando-os a alcançar experiências místicas e atingir estados alterados de consci ência, ele sabor xamânico, que desenvolveriam todo o seu potencial humano. Uma diversidade ele métodos é empregada no âmbito do movin;1ento de saúde holística para alcançar essa quimérica transformação interior: yoga , reiki, acupuntura, massagens, música e, muito predominantemente, o uso de cristais .
A doutl'ina católica autê11tica
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Infiltração desses erms nos meios católicos Com o enfraquecimento da fé e o olvido dos princípios elementares da filosofia que caracterizam o mundo contemporâneo, não é de estranhar que tais correntes esotéricas tenham penetrado largamente na sociedade em geral e até nos mais variados meios católicos. Pelo que não é raro encontrar, nas nossas ig rej as, publi cidade de retiros e cursos de formação ou de desenvolvim ento pessoal que utili zam essas práticas de meditação, justifi cando-as nas elucubra < ·s do j esuíta Teilhard de Chardin , segundo o qual "não .1·011H 1,1· seres humanos vivendo uma exp eriência espiritual, .1·011111s seres espirituais vivendo uma experiêncic1 humana " .. .
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é um corpo humano e vivo. No homem, o espirita e a matéria não são duas naturezas unidas, mas a sua união forma uma única natureza. "366. A Igreja ensina que cada alma espiritual é criada por D eus de modo imediato (PioXJL Humani generis ; Paulo VI, Sollemnis Professio fidei , 8) e não produzida p elos pais; e que é imortal (V Con cílio de Latrão, Bulia Apostolici regiminis, DS 1440), isto é, não morre quando, na morte, se separa do corpo; e que se unirá de no vo ao co,po na ressurreição final. "367. Encontra-se às vezes uma distinção entre alma e espirita. São Paulo, por exemplo, ora para que 'todo o nosso ser, o espírito, a alma e o corpo ', s"ja g uardado sem mancha até à vinda do Senhor (1 Ts 5, 23). A Ig reja ensina que esta distinção não introduz uma dualidade na alma (IV Concílio de Constantinopla, canon lJ : DS 65 7) , 'Espírito ' significa que o homem é ordenado, desde a sua criação, para o seu fim sobrenatural (/ Concílio do Vaticano, Dei Filius, c. 2: DS 3005; Gauclium et spes, 22) , e que a alma é capaz de ser gratuitamente sobreele vada até à comunhão com Deus (Pio XII, Humani generis, DS 3891) . " Com efeito, ninguém espere encontrar nas Sagradas Escrituras uma doutrina metafisica sobre a unicidade da alma. A psicologia bíblica é complexa, porque ela é antes de tudo prática e pastoral e, portanto, ilustrada por imagens, e só depois religiosa. Isso explica que os textos sagrados refiram-se indistintamente ao ruah e ao nephesh, expressões etimologicamente muito próximas, significando sopro, respiração, a primeira exprimindo mais a ideia do espírito de vida que vivifica tudo que está na natureza e a segunda, que serve por vezes de pronome reflexivo, designando de preferênci a a personalidade individual. Em outros termos, no linguajar bíblico, espírito e alma querem exprimir a mesma realidade: o princípio espiritual do homem. Já em São Paulo (na Epístola aos Tessalonicenses, por exemplo), o espírito refere-se ao princípio superior e sobrenatural inserido pelo Batismo na alma , ou seja, a graça santificante, as virtudes teologais e os dons infusos.
No que toca à pergunta específica de nosso missivista, o IV Concílio de Constantinopla (869-870) condenou explicitamente o erro atribuído a Fócio, falso patriarca de Constantinopla responsável pelo cisma do Oriente, segundo o qúal o homem possuiria duas almas, uma carnal e outra espiritual, correspondente ao espírito eterno. Diz o referido Concílio: "O A ntigo e o Novo Testamento ensinam que o homem tem uma só alma racional e intelectual; e nisto estão de acordo todos os Santos Padres, arautos de D eus; e todos os doutores da igreja sustentam a mesma doutrina. Mas certa gente, inventando falsidades, chegaram a tal grau de impiedade, que qfirmam afàitamente que há duas almas.fundamentando sua heresia en; raciocínios baseados numa sabedoria que se tornou loucura " (cfr. Denzinger-Schõnmetzer, 657). O Catecismo da Igr"ja Católica fornece um resumo sintético da antropologia cató lica, e das relações entre alma e corpo, assim como a resposta à pergunta sobre a razão do emprego indistinto, pelas Sagradas Escrituras, dos termos alma e espírito para designar uma mesma realidade, ou seja, o princípio vital do homem: "362. A p essoa humana, criada à imagem de Deus, é um ser ao mesmo tempo corporal e espiritual. A narrativa bíblica exprime esta realidade numa linguagem simbólica, quando afirma que 'Deus formou o homem com o pó da terra, insiiflou-lhe p elas * * * narinas um sopro de vida, e o homem tornou-se num ser vivo' (Gn 2, 7). O Espero que as considerações acima possam ter esclarecihomem, no seu ser total,foi, portanto, do o caro missivista e demais leitqres de Catolicismo . Uma querido p or D eus. lição prática a tirar é que, no imenso caos intelectual e moral " 363. Muitas vezes, a palavra do mundo moderno, é preciso ser extremamente vigilante. E alma desig na, nas Sagradas Escrituras, a vida humana (Mt diante da menor expressão suspeita que levante alguma dúvida 16, 25-26; Jo 15. 13), ou a p essoa humana no seu todo (A ct 2, à fé, consulte-se imediatamente o que ensina o Magis• quanto 41). Mas designa também o que há de mais íntimo no homem da Igreja Católica, único capaz de transmitir tério tradicional (Mt 26, 38; Jo 12, 27) e de maior valor na sua p essoa (Mt 1 O, fielmente as palavras de vida eterna de Nosso Senhor Jesus 28; 2 Mac 6, 30), aquilo que particularmente faz dele imagem Cristo. Assim nos ajude a Santíssima Virgem Maria, Sede da de Deus: 'alma 'significa o princípio espiritual no homem. [ ..} Sabedoria. • "365. A unidade da alma e do corpo é tão profanda que se de ve considerar a alma como a forma ' do corpo (ConcíE-mail para o autor: catolicismo@terra.com.br lio de Viena, Const. Fidei catholicae, DS 902); quer dizer, é g raças à alma espiritual que o corpo, constituído de matéria,
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A REALIDADE CONCISAMENTE
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Por obra de Deus, a Amazônia depende do Saara
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Mídia oficial russa predispõe país para holocausto nuclear
eg undo a NASA, a poe ira do Saara, tra z ida pe los ventos ao longo de ma is de 2.800 quil ômetros sobre o Atl ânti co e que ca i anua lmente na Amazôni a, pesa 27 ,7 milh ões de tone ladas o u a ca rga correspondente a 104.908 ca minhões . Ela inc lui 22.000 tone ladas de fosfa to, nutri ente do qu al a flo resta amazôni ca prec isa para fl orescer, mas que escasse ia em se u so lo devido às c hu vas e enchentes . A mesma quantidade perdida é reposta pe los ve ntos do Saara . Sem o fosfa to saa ri ano a fl oresta amazôni ca não ex istiri a. Há fe nômenos naturai s que postulam a obra de um C ri ador de sabedori a e poder infini tos. É abs urdo di zer que fe nôme nos como este constituem obra do acaso o u um a necess idade vita l, como a lude o evo luc ioni smo. •
mídi a russa prepara os espíritos para que um a catástrofe nuclear sej a ace ita co m patri oti s mo místico. "Por que vocês todos temem tanto a guerra atômica?" - interrogou a emi ssora pró-K remlin Covorit Mos/eva. E m março de 20 14, Dimitr iy K ise lev, empresá rio da mídia ofic ia l, a lardeou que a R úss ia poderia redu z ir os EUA a "cinzas radioativas ". Em fe vere iro, na TV ofic ial Rossiya 1, Dimitriy exalto u a doutrina ofic ial sobre o uso de bombas nuc lea res. E m j ane iro, na NTV, o comenta ri sta pró-Putin Sergey M arkov afirm ou que o Oc idente prepara a "eliminação do povo russo " e que isso justifi ca ri a o uso preventi vo de bombas atô mi cas. Na Rúss ia o ataque preventivo nuc lear não é mais impensável. •
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cardea l Joseph Zen Zekiun (foto) "pôs os pingos nos is" a respe ito de conversas entre a dipl omac ia vatica na e a ditadw·a de Pequim conduz idas pelo Secretári o de Estado da Santa Sé, M ons. Pietro Parol in . "Em Pequim não há vontade
de diálogo. Será que vamos sacrificar a nomeação e a sagração de bispos em aras de um diálogo fajuto ? " - perg untou o purpu rado. E le recomenda "bater forte com o punho na mesa, reforçar a Igreja Católica e o nosso clero na China, porque quando os nossos estão unido·, os júncionários do regime têm medo. Aqueles que em Roma bramem por conseguir acordos a qualquer preço, caminham para uma rendição incondicional, como quer Pequim". •
CATOLICISMO
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ma pesquis~ conduzida pd a neuroc ienti sta cognitiva Kar_in James, da Un1vers1clade de Indi ana, E UA, reve lou qu e o uso 111tens 1vo de tec lados e telas sensíveis ao toque em luga r de escrever à mão, prejudica a formação elas crianças. Os c ienti stas usa ram exames ele ressonância mag nética antes e depo is dos testes. As cri anças que escreveram à mão mostrara m padrões cerebrai s parec idos com os de pessoas al fa betizadas. Porém, este não fo i o caso das cri anças que usaram o tec lado. Escreve ndo à mão, as crianças desenvolvem habilidades motoras ma is sofisti cadas, qu e be nefic ia m o dese nvo lvim e nto cogniti vo, expli cou a Dra. Karin. Segundo ela, é ingênuo e antic ientífi co que "em partes do mundo haja pressa em introduzir computadores nas escolas ". A pesqui sa s ugere que os e letrôni cos não substituem a cali grafi a manua l. •
e Abuso de eletrônicos pode leva r à perda da audição
Pequim exige 11rendição incondicional" da Santa Sé
Escrever à mão estimula o cérebro das crianças
ruído está por toda pa rte, mas nada é tão prejudicial para a audição co mo usar fo nes de ouvido duranlc várias horas por di a, di z um estudo da O rga ni zação Mund ia l da Sa úde (O MS). Seg undo o traba lh o, 50% das pe oa entre 12 e 35 anos (cerca de 1, 1 bilhão) estã.o exposta a ní ve is de ruído prejudic ia is, gerados por di pos itivo c lclrônicos como reproduto res de MP3 e smartphones . Elas poderiam sofrer perda de audi ção por expo ição conlinu ada. Q uando os sons são demas iados fortes ou a expo ição é regul ar e pro lo ngada, as cé lul as senso ri a is e outra estruturas podem ser danifi cadas permanenteme nte, advertiu a O MS. •
Recomeçam as Cruzadas? Os primeiros cruzados se alistam
ri stãos do Ocidente vêm se ali stando nas i11ilíc ias cri stãs que combatem co ntra o Estado Islâmi co no lraque e na Síria . Brett, po r exemplo, de 28 anos, leva sempre a B íblia, um a image m de Nossa Senhora e o Terço. Para e le, que combate por amor à Igrej a e à C ri standade, há uma guerra bíbli ca entre o Bem e o Ma l. O utro é Tim , que de ixou s ua empresa na G rã-Bretanha para ir combater ao lado dos cri stãos. O mes mo fez Scott, que fico u ind ignado com os massacres do Ca li fado. Brett explicou: "Todos nós algum dia morreremos", mas
"um de meus versiculos.fávorilos da Bíblia diz: 'Conserva afeaté a morte, e eu te darei a coroa da vida eterna ' ". A pesqui sadora My ri am Benraad acha que o combate entre " muj ahidins" e " cru zados" pode inaugurar g randes guerras de relig ião . Segundo ela, os as pirantes à nova cru zada se orgulham de lutar contra um Estado Is lâmi co que se ergue como um mal abso lu to . O mal absoluto não ex iste, mas o Bem absoluto, sim , ex iste . É D eus, Nosso Senhor e Divino Redento r, por qu em os cru zados deram suas vidas . •
Todos os dados virtuais do planeta podem desaparecer
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in t C. erf, vice-presidente do Google, disse que o imenso acúmul o de mate ria l dig ita li zado em blogs, tweets, fo tos e vídeos, docume ntos ofic iais e privados da Justiça, el e contabilidades, bibli otecas e e-mails pode se perder para sempre . "Nós estamos sendo muito
displicentes jogando todos os nossos dados naquilo que poderá ser um imenso 'buraco negro ' da informação, sem perceber b que estamos fazendo", a le rto u. As c ivili zações anti gas e medieva is não ti veram esse problema po rqu e registrava m os dados em tabul etas de arg ila, papiros, pergaminhos o u pedra. Se isso ocorrer, o co nto de Júli o Verne do "Mestre Zacarias, o reloj oeiro que perdeu sua alma" e que desapareceu de ixa ndo seus cli entes co m artefatos sem nenhuma serventi a, torn ar-se- ia sini stra profec ia. •
Bilionário atribuiu seu sucesso a Na. Sra. de Lourdes aleceu Michele Ferrero (foto), o homem mais rico da Itália, que atribuía a vertiginosa ascensão de sua holding a Nossa Senhora de Lourdes. Filho de chocolateiros da cidade de Alba, ele perpetuou a tradição familiar com trabalho e inteligência, mas pondo suas esperanças em Nossa Senhora. Em cada uma de suas 20 fábricas existentes no mundo, ele entronizou uma imagem de Nossa Senhora de Lourdes. A marca Rocher é uma alusão à pedra da Gruta de Massabielle, onde Nossa Senhora apareceu a Santa Bernadette. Ferrero organizava todos os anos uma romaria de seus empregados a Lourdes, presidindo ele próprio a procissão das velas. '~s estratégias do grupo se debatiam entre terços e orações", garante Giuseppe Rossetto, prefeito da cidade de Alba. "O sucesso da Ferrero é mérito da Virgem de Lourdes. Sem ela, nós pouco podemos", defendia o multibilionário.
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461 sacerdotes pedem clareza e firmeza ao Sínodo 461 sacerdotes da Inglaterra e de Gales assinaram uma carta aberta , publicada no jornal "Catholic Herald", solicitando ao Sínodo sobre a Família de 2015 uma "clara e firme proclamação" da doutrina e da pastoral milenar da Igreja . Eles sublinham "a importância de manter a disciplina tradicional da Igreja sobre a recepção dos sacramentos, e queremos que a doutrina e a pastoral permaneçam em harmonia firme e indissociável. [. .. ] Urgimos todos aqueles que participarão do Sínodo em outubro de 2015 a fazerem uma proclamação clara e firme do ensinamento moral imutável da Igreja, de maneira que a confusão seja posta de lado e a Fé seja confirmada".
MAlO2015
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O deê8dente exército de Lula r::J H ÉLI O DIAS VIANA
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u.la foi sempre e sobretudo um. fenômeno midiático. Basta os holofotes se desviarem dele por um instante, para que retome a sua real dimensão. Além dos holofotes, parece que há outro fator. Para tentar fixar definitivamente sobre si o brilho efêmero dessa luz que inebria os tolos, Lula julgou necessário viajar por lugares obscuros da África, em busca de alguém para lhe "fechar o corpo". No entanto, nem os holofotes, nem o feitiço, nem os marqueteiros ou institutos de pesquisa conseguiram lhe proporcionar uma popularidade real , indispensável para quem se supunha destinado a ser o Lênin brasileiro. Para os fabricadores de popularidade, a de Lula estaria retratada
CATOLICISMO
no filme Lula, filho do Brasil. Se ele fosse verdadeiramente popular, as salas de cinema teriam ficado repletas, além de enormes filas do lado de fora. No entanto, apesar da propaganda que o cercou, e do generoso patrocínio oficial, o filme foi um colossal fracasso de bilheteria: poucos foram assisti-lo. Se me detive em Lula, é porque sua trajetória se confunde com a do PT. Assim como ele conseguiu resumir em si quase todos os aspectos negativos do brasileiro, o mesmo fez o seu partido. Procurando inspiração em regimes e programas contrários à nossa índole e às nossas tradições, Lula e o PT tentaram conduzir o País para
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rumos que ele não deseja. Corno resultado merecido, ambos são agora maciçamente rejeitados pela opinião pública nacional. Essa rejeição não precisa dos holofotes da propaganda oficial para ser evidenciada, pois vem se patenteando através das multidões pacíficas nas ruas, como as que foram vistas nos dias 15 de março e 12 de abril por todo o Brasil. Por outro lado, se houvesse um apoio real do povo brasileiro ao governo petista, não seriam tão esquálidas e agressivas as manifestações daqueles que o apoiam. Basta comparar a multidão impressionante que encheu a Avenida Paulista em protesto contra o atual governo, com os 260 adeptos comandados por ordem do PT no dia 7 de abril. Lula havia ameaçado os brasileiros com o "exército de Stédile". Terá sido dizimado esse "exército", restando só essas minguadas centenas de soldados?
· Os líderes do PT se equivocaram ao achar que o "deitado eternamente em berço esplêndido", do nosso Hino Nacional, aplicava-se também à atitude dos brasileiros diante dos constantes desmandos do seu partido. As recentes manifestações demonstraram que se o gigante geográfico permanece deitado, seus filhos entretanto "não fogem à luta", e por isso estão nas ruas para defendê-lo. • E- mai l para o autor : cato licismo@terra .com .br
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VARIEDADES
Em face do próximo Sínodo o matrimônio na catequese e na pastoral. Este fato se inscreve dentro da crise do pós-concílio". "Durante essa crise, que persiste até hoje, floresceram e se desenvolveram dentro da Igreja muitos erros, heresias e abusos, que afetaram todos os aspectos da vida cristã (doutrina, moral, culto etc.)." "Certamente os erros mais ruidosos são aqueles referentes a questões de moral sexual ou matrimonial (aceitação da anticoncepção, o aborto, a homossexualidade ativa, o novo 'casamento' dos divorciados etc.), mas na realidade eles derivam de erros doutrinários mais básicos e mais graves." "A ideologia de 'gênero', vinculada ao feminismo radical e a uma espécie de neomarxismo, transfere a dialética da luta de classes para dentro da família." Com referência ao matrimônio e à família "conviria que o próximo Sínodo os apresente de modo mais abrangente (incluindo entre outras coisas uma rejeição explicita dos pecados contra a castidade) e que aprofunde a reflexão sobre como promover mais e melhor a castidade dos fiéis cristãos em todas as etapas de sua vida,
• GREGÓRIO VIVANCO LOPES
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endo em vista a convocação feita pelo Papa Francisco de um Sínodo sobre a família, para outubro próximo, a Santa Sé elaborou um questionário-sondagem, intitulado Lineamenta, para conhecer a opini~o dos fiéis a respeito de problemas referentes ao tema e o enviou aos Bispos do mundo todo para que colhessem sugestões. Uma reunião sinodal prévia já foi realizada no Vaticano em 1914, provocando as maiores controvérsias entre aqueles Bispos que desejavam manter a doutrina da Igreja, tal qual ela foi ensinada por Nosso Senhor Jesus Cristo, e os que, pelo contrário, em nome de uma pastoral "atualizada", desejavam facilitar a comunhão para casais vivendo em adultério e tinham opinião favorável ao acolhimento dos que se entregam a práticas homossexuais. O Centro Cultural Católico Fe y Razón, associação privada de fiéis com sede em Montevideo (Uruguai), elaborou uma resposta às questões levantadas pela Santa Sé, e a publicou em sua revista online Fe y Razón. 1 Dessa resposta, extraímos alguns pontos que nos pareceram especialmente cogentes para ajudar o leitor a dar-se conta dos graves problemas que se levantam em face do próximo Sínodo. Seguem eles.
e portanto também a virgindade das pessoas solteiras." "Conferências Episcopais inteiras, Cardeais, Bispos e Sacerdotes saem publicamente a contestar partes :fimdamentais da doutrina católica, sem que se saiba de nenhuma consequência em nível disciplinar ou canônico."
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"A mudança fundamental que se faz necessária hoje na Igreja Católica nesta matéria [família] é um ajuste total da prática à doutrina. Ora, só pode haver esse ajuste se os fiéis católicos conhecerem a doutrina católica e nela crerem. Mas, como a conhecerão e crerão, se ela é tão pouco ensinada, ao menos em alguns de seus aspectos fundamentais? Nisto os pastores têm uma grande responsabilidade". É preciso "denunciar o pecado com uma linguagem clara e com um forte apelo à conversão". "A principal causa da crise da família cristã é a crise da fé". Há uma "frequente infidelidade à doutrina católica sobre
Em face dessa situação de grave confusão, o Instituto Plinio Corrêa de Oliveira, juntamente com diversas outras associações de diferentes partes do mundo está colhendo assinaturas para uma filial súplica ao Papa Francisco, no sentido de que, no próximo Sínodo, ele intervenha com clareza em defesa da doutrina católica em matéria de família. 2 •
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E-mai l para o autor: catolic ismo@terra .com.br
1. h ttp :/ / www . rev i sta feyrazon .co m / i n dc x. php?option=com_content&view=arliclc&id 46 5 :respuestas-a-las-preguntas-de-los- lin ·11111 11tai&catid= 147:numero- l 07 &ltemid= 1 2. http://www.filialsuplica.org
Resgate dos corpos dos militares mortos pelas FARC e cerimônia em Bogotá antes do sepultamento
As negociações fala ciosas com as FARC n
F1uPE D1As V 1E1RA
nquanto o mundo oficial celebra o acordo de Obama com Raul Castro, através do qual os EUA fornecem um balão de oxigênio ao regime comunista para que este possa sobreviver e fortalecer-se, os sanguinários líderes das FARC (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia), reunidos em local privilegiado daquela ilha de miséria e opressão, continuam a mandar seus sequazes assassinarem os colombianos. Desta feita foram "apenas" 11 militares, surpreendidos covardemente numa emboscada no Cauca (sudoeste do país) na noite de 14 para 15 de abril. Esse crime, que deveria ser objeto dos maiores protestos das autoridades civis, militares e religiosas do mundo civilizado, bem como das organizações dos direitos humanos, mostra mais uma vez quão falaciosas são as atuais negociações do governo
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colombiano com a narcoguerrilha marxista em Havana. Desgastados no seu longo intento de assenhorear-se do país através das armas, seus atuais líderes esperam o momento de o fazer guindados pelos atuais governantes a posições-chave do cenário nacional. Assim, à mesa das negociações que se realizam em Cuba com o apoio do episcopado colombiano e de inúmeros governos, encontram-se, de um lado incansáveis partidários da política de concessões e do diálogo, que acreditam na boa-vontade e na sinceridade de mentirosos celerados, e acham que cantando "preparem uma mesa para mim bem na face do inimigo " e sorrindo-lhes os conquistam. E, do outro lado, esses adversários sanguinários, soezes e totalmente determinados, que não hesitarão um só instante em recorrer a não importa que método for, com tal de alcançarem seus objetivos. Não passa de medida político-militar sem maior alcance a ordem do
presidente Juan Manuel Santos de voltar a bombardear objetivos das FARC. Ela parte de alguém de espírito desarmado, que adotou o lema "a paz a qualquer preço" diante um inimigo irredutível. O que é preciso bombardear antes de tudo são as conversações suicidas de Havana e a mentalidade entreguista do governo que as preside. Mas o presidente colombiano parece não disposto a tal, pois já anunciou que elas continuarão. Numa atmosfera de falsa normalidade, com mais de 12 mil militares de todas as patentes presos nos cárceres colam.bianos enquanto líderes narcoguerrilheiros negociam com o governo e impõem condições, ou os colombianos abandonam o seu letargo e voltam a se manifestar maciçamente nas ruas exigindo uma total mudança de rumo, ou correm o sério risco de verem seu país ser entregue a inimigos inveterados , inescrupulosos e brutais. • E-mail para o autor: cato lic ismo@terra co m br
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A "parábola" do Partido Tudeh, mais atual do que nunca U ma atuação pró-comunista do PT iraniano - partido inspirado pela URSS - e a reação conservadora no Irã, servem ao Brasil como "parábola". Foram também as manifestações de rua que obrigaram as esquerdas a recuarem no Irã.
s leitores de Catolicismo vão conhecer um personagem emblemático . Ajudante-de-campo do último Xá da Pérsia (atual Irã), ex-embaixador em Londres e Washington, ministro das Relações Exteriores por cinco anos , e novamente embaixador em Washington até a revolução islâmica , Sua Exa. Ardeshir Zahédi nos faz reviver o universo colorido dos Xás. A ele a nossa gratidão pela cortês recepção e fidalga hospitalidade que proporcionou ao colaborador de Catolicismo, o Sr. Jean Goyard , em sua Villa às margens do Lago Léman , na Suíça. Compreende-se que assim tenha sido, pois , como di z o ditado francês , "bom sangue não mente". Pelo lado da mãe , Ardeshir Zahédi está ligado aos reis Qajar, que precederam a dinastia Pahlavi no Trono do Pavão. Seu avô materno foi presidente do Majlis (Câmara dos Deputados do Irã sob os Xás) por cinco legislaturas e um dos pais fundadores da Constituição de 1906, que preservou o Irã do caos em várias ocasiões. E seu pai, o general Zahédi , relaciona-se com a dinastia Safavid , que reinou dois séculos no Irã a partir de 1501 . O avô paterno de nosso anfitri ão era um dos principais proprietários de terras na província de Hamadan, onde coman da va centenas de homens armados. Pelos padrões
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CATOLICISMO
AnlcshÍI' Zahé<li:
''A vida do Xá Reza era auster a . Que se saiba, 11ão participa va de a ve11tul'as l'emi11i11as 011 de bebedeiras. Emborn sobel'ano, sempre levou vicia de soldado "
ocidentais, era um senhor feud al em um país cuja estrutura sempre se baseou na família, nas tribos e nos costumes. Morreu liderando sua cavalaria em uma operação de manutenção da paz. Embora jovem, o futuro Gal. Zahédi tomou seu lugar. Ferido no rosto por hordas de saqueadores, foi salvo por missionários de passagem , que lhe fizeram a delicada extração de uma bala no pulmão. Perdeu sete costelas de uma só vez, ma s pouco depois integrou-se numa unidade militar confiada a russos brancos, fugidos do regime soviético. Nosso entrevistado é filh o desse herói . Nesta entrevi sta vamos conhecer o Xá Reza (1878-1944) e seu filho Mo hammad Reza Pahl avi (19 19- 1980) - último Xá do Irã - bem como seus dois assessores da família Zahédi : o general e o embaixador. O general Fazlollah Za hédi (1893-1964) serviu como militar ao primeiro Xá e apoiou o trono do segundo Xá, de início como oficial general , depois como senador e ministro do Interior, e fin almente como primeiro-ministro. O embaixador Ardeshir Zahédi (nascido em 1928), fez brilha nte carreira diplomáti ca e chefiou o Ministério das Relações Exteriores do Irã por cinco anos. Num mundo refratário ao sacrifício, eis um paradigmático exemplo de fidelid ade de uma família a uma dina tia. Catolicismo agradece a S. Exa . o Emb i-
Fotos de Reza Khan. À esq. enquanto general; no centro com seus filhos, e à direita no dia da coroação como Xá.
xador Ardeshir Zahédi pela afabilidade com que recebeu o nosso colaborador, e registra com tristeza os infortúnios que atingiram o Irã • desde a revolução islâmica. Mas também com uma nota de esperança, rezando para que a Divina Providência recoloque o país de Ciro, o Grande (rei da Pérsia entre 559 e 530 a.C.) no caminho de sua grandeza , para que esta possa de futuro ser ainda mais bela do que a da Antiguidade.
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Catolicismo - Em que condições a dinastia Qajar deu lugar aos Pahlavi?
Anleshir Zahédi - A Divisão Cossaca, supervisionada por ofi ciais da velha Rússia, é o melhor, mais disciplinado e bem organi zado corpo do Exército, mantendo as suas tradições. Nele, um militar - Reza K han - de fam ília honrada mas pobre e sem relac ionamentos, impôs a sua autoridade. Alto, orgulhoso e bri guento, ele nã.o suportava estar sob o comando de estrange iros ou ver desrespe itada a autoridade do Estado. O país se encontrava à deriva. Teerã viu seu povo assolado pela fo me e pela doença, enqu anto as facções se dil aceravam. No in teri or, as tribos se rebelavam. A Grã-B reta nh a e a Rú ss ia cob içavam o maná petro lífe ro do ]rã. Em 1907, aproveitandose da situação, elas chegaram a faze r um acordo para ocupar militarmente o país, deixando ao governo somente uma zona-tampão. Após a queda
"O Xá en viou o Gal. Zahédi ao norte do território parn a valiar a capacidade ele delesa do país em caso de ataque repentino da União Soviética "
do reg ime czari sta, a Grã-B retanha co ntinuava a ser a potência dominante. E m 19 19, o governo irani ano do momento ass inava com ela - em troco de ajuda fin ance ira, infe lizmente! - um tratado de semi-protetorado que irritou a opinião pública. Em seguida, os britânicos fo mentaram um go lpe de estado com um aventureiro, que era bom jornali sta mas mau políti co. Prec isa ndo de uma fo rça armada, ele se apoiou no general Reza Khan, que fin giu aderir à sua manobra. O j orn a li sta esco lhid o pe los britâ ni cos tornou-se p rimeiro-ministro. Reza KJ1an, graças à sua D ivisão Cossaca, decidiu tomar o contro le da situação. Com uma autoridade que não admite contestação, ele impõe sem av iso prév io a lei marcial e o toque de reco lher. O [rã ass iste à ascensão do homem fo rte que muitos esperavam. E le se torna genera líss imo, em segui da mini stro da Guerra, e o primeiro-ministro escolhido pelos britânicos acabou sendo desti tuído. Estamos em 192 l. O genera l pacifi ca aos poucos o país, enquanto cresce a sua popul aridade. Sua intervenção pôs fi m à ingerência britâni ca nos ass untos internos do Irã, algo que Londres va i fazê-lo paga r caro 20 anos depois. Enquanto isso, ele conqui stou a confi ança do país e a Câmara de Representantes lh e concede o títul o de Comandante Supremo das Fo rças Armadas, reservado até então somente ao Xá. Ante novas rebeliões de algumas regiões, ele as
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e justo, não era abso lutamente ressentido, logo se esqu ecend o dos pro bl e mas após o fa ltoso reconhecer a sua c ulpa. Ass im , e le aconse lhava o Xá para que exercesse o perdão, a lgo qu e Sua Maj estade fez mui tas vezes, mas nem sempre, o que muito o irritava. À medida qu e meu pa i se afas tava dos aco ntec imentos, aumentava a sua influênc ia na carre ira militar, o mesmo ocorrendo quando entro u na po lítica.
enfre nta pessoa lm ente, as?is tido pe lo genera l Zahédi , e derrota as fo rças hosti s. F ina lmente, por decisão quase un ânim e a Câmara dos D ep utados depõe a dinasti a Qajar, que govern ava o Irã desde 1796. O general Reza Khan então é e levado ao trono. A Assembl e ia Constituinte lhe concede a Coroa imperi al. Se rá no rm a lm e nte cham ado de X á Reza . Se u filh o, Mohammad Reza Pahlavi, que lhe s ucederá em 194 1, é proc lamado po uco depo is herde iro do trono. A vida pessoal do Xá Reza era austera. Que se saiba, não participava de aventuras fe mininas o u de bebede iras. E mbora soberano, se mpre levo u v id a de so ldado, vestindo-se modesta mente e punindo excessos. Seu país, seu tra ba lho e sua fa míli a eram suas úni cas ocupaçõe . Catolicismo - Como se distinguiu o general Zahédi no serviço do general Reza Khan , o fundador da dinastia Pahlavi que se tornou o Xá Reza? Ardes/rir Za/rédi - Co mpanheiro de armas aprec iado pelo genera l Reza Khan na Div isão Cossaca, e le recebe mi ssões difice is. Em 19 18, após ser nomeado por bravura genera l aos 25 anos, liderou as primeiras operações da linha de fre nte contra as revoltas no K huzestão (fomentadas pe lo Império britâni co), no Azerba ij ão, em parte do C urdi stão, e na pro vínc ia de G il an (po r insti gação dos comunistas, que j á reivindi cava m o estatu to de " repú bli ca sov iética"!). Ofic ia l de confia nça do novo Xá , o genera l Za hédi fo i sucessiva mente governador do Khu zestão, governador-geral do G uil an e assessor militar do Xá. Este o envi a espec ia lmente ao norte do territóri o para ava li ar a capac idade de ·defesa do pa ís em caso de ataque repentino da União Soviéti ca, v io lando a neutra lidade do Irã. Persona lid ade fo rte, fl e umático, calm o e pouco loquaz, me u pai era no enta nto conhec ido por sua fra nqueza, o que até lhe granjeo u um período de atri to com o Xá. E ra fa moso por sua coragem, às vezes até a temeridade, mas o Xá admi rava também a sua moderação. Firme
CATOLICISMO
O general Fazlollah Zahédi, pai do entrevistado
"Co11lleciclo por sua imlep e11dê11cia e espfrito a11tibritâ 11ico, meu p ai foi imecliatamente designado ministro do l111;eri01: Ele apoiou M ossaclegh com alguma r esel' l'a ".
Catolicismo - Que papel o general Zahédi desempenhou no reinado do último Xá? Ardeshir Zahédi - E m 1946, qu ando a agitação se espa lh ou nas tribos do sul do Irã, relac ionadas com os britâni cos, ele, à frente do Exérc ito e muni do de pl enos poderes, reso lveu a qu estão. M as reto rn ou indi g nado com as in tri gas britâ ni cas, que cons iderava uma punha lada pelas costas. Após te r chefi ado a P o líc ia Nac iona l, meu pa i interrompeu sua ca rre ira militar co mo general. Como senador, será chamado po r vá ri os governos para ser 111 in istro do Interi o r. Naque la ocas ião, os ing leses se rec usaram a d ivid ir por ig ual os lucros cio petró leo com o Irã, de fundamenta l necess idade para o P a í . • ntrementes um ri co a ri stocrata e grande o rado r chamado Mossadegh hav ia ocupado importa nte luga r na cena po líti ca, tornando-se, graças ao prole tos populares, o sím bo lo da res istênc ia aos britânicos. Fo i e le quem lanço u o sloga n da " na ionali zação" da Anglo-l ranian OiL Company. Em 195 l , após o Parl ame nto ter votado o proj eto, o Xá lhe co nfio u o governo. Conhec ido por sua independênc ia e csp[rito anti- britâni co, meu pa i fo i imedi ata mente d •s ignado mini stro do Jnteri or. E le apo iou Mossudcgh com a lguma rese rva, sendo favo ráve l à nu ·ionali zação do petró leo ira ni ano. Co mo Mossadegh de mo nstrava · r 'S ·ente tolerânc ia em re lação ao Partido Tudch, ha f' :ia do por Moscou, me u pai separo u-se de i ·. Por outro lado , toda a o pos ição fo i bruta lm · 111 • omordaçada: g raças a um a lei marc ia l, 75 políti cos fora m encarcerados , c ifra que che •o u II mai s
Coroação do Xá, junto a sua esposa Farah e seu filho mais velho, o príncipe Reza Pahlavi
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de 400 no final de seu governo, em agosto de J 953. Eu mesmo fui preso e submetido a torturas na prisão. Logo após, entrei na clandestinidade, e meu pai também . O Xá, com apenas 32 anos, com medo de Mossadegh , afastou-se ela política. Com um discurso no Senado, meu pai "cruzou o Rubicão" e se tornou o líder indiscutível da oposição. Mossadegh dissolveu então o Senado e mandou prender meu pai por conspirar contra o governo. Liberado sob pressão cio Xá e ela Câmara, com a dissolução desta ele entra na clandestinidade. Escondidos, mantemos contato próximo com o Xá, que decidiu, nos termos da Constituição, demitir Mossadegh e nomear meu pai em seu lugar. Isto desencadeia os chamados cinco dias do mês de agosto de 1953, que darão um novo rumo ao Irã. Mossadegh rejeitou o decreto que o destituiu , e o casal imperial voou para Bagdá e ele lá para Roma. E nquanto isso a cabeça de meu pai fo i posta a prêmio. E le nos encarrega primeiramente de informar os setores mais importantes do país sobre o curso dos acontec imentos. O que estava em jogo era a publicação do decreto nomeando-o prime iro-ministro, que na manhã do terce iro dia eu leve i para ser fotografado e duplicado. À J O horas nós dividimos os cinco di tritos ele Teerã, e à noite distribuímos o documento em caixas ele correio, jornais, embaixadas e escritórios do
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"Foi a rua que derrubou Mossadegh, o que a esquenla telltou escollder para llão perdera face: era-llle lllellOS deSOJJrOSO atl'ibufr a que<la a um golpe"
governo, incluindo os ministérios. Três jornalistas concordaram em vir até as montanhas ao norte de Teerã para me entrevistar. Na manhã seguinte, publicaram o decreto imperia l e um pequeno texto de autoria ele meu pai ape lando para que as instituições e o povo se juntassem a ele. O poder estabelecido já não podia mais negar a realidade. No quarto dia, a situação entra em ebu lição. No quinto dia de manhã, meu pai descobriu então que muitos iranianos estão chocados com os excessos e com medo do caos. E le decide que chegou a hora de pôr cobro à maré da desordem. C hamamos todo mundo que pudemos, estudantes e amigos . Meu pai também mantém relações com os mais eminentes dignitários da hierarquia religiosa, preocupados ele que a política de Mossadegh pudesse reconduzir os comunistas ao poder. Eles apelaram aos chefes do "bazar" para que se juntassem à nós e à população, para que engrossasse as fileiras dos manifestantes. Meu pai saiu em campo aberto e seus simpatizantes ac lamaram o Xá. Manifestações de rua contra Mossadegh ocorreram em várias partes da capital, sem reações dos que os que o apoiavam. Mossadegh transformou sua residência em bunker. A multidão se concentrou contra ele, e seus guardas atiraram contra o povo, provocando 400 vítimas, entre mortos e feridos. Quando o chefe do Estado Maior fi nalmente lhe pediu para cessar a res istência, Mossadegh assinou a rendi ção. Após breve discurso no rádi o como "primeiro-min istro legal cio Irã", meu pai dirigiu-se ao Ministério cio Interior e telegrafou ao Xá, convidando-o a vo ltar ao país e a libertar os presos políticos. Três dias depoi ·, o Xá fo i calorosamente recebido pela população. Ele promoveu meu pai a general de exército e lhe concedeu a mai alta condecoração do país - a Grêí- ruz da Ordem do Taj - , pedindo-lhe que form asse imediatamente um governo. Meu pai correu todos os r iscos e coordenou continuamente o movimento. Além dis o, du rante os cinco dias dos acontecimentos ele a •osto ele 1953, ninguém se atreveu a defender Mossadegh. Esta foi a prova ele que a ilegaliclacle, na qual seu governo havia afundado por exce os pra ticado pelo Partido Tucleh, tirara a maioria il ·n ·iosa ele sua passividade. Fo i a rua que derrubou Mossadegh. E foi i so que a esquerda em lodo o mundo tentou esconder para não perder a fa • ·: (.)ra- lhe
O general Zahédi (dir.) com o Xá
Lorde Andrew Buxton Cavendish e sua esposa
Catolicismo - O senhor exerceu um papel de liderança na vida política e diplomática de seu país durante um quarto de século. Poderia contar-nos recordações de seus encontros?
menos desonroso atribui r a queda a um golpe de Estado provocado pelos norte-americanos. Descobrimos mais tarde que o Partido Tudeh possuía uma vasta rede no Exército (600 oficiais), bem como esconderijos de armas e gráficas clandestinas. Preparado para dar um go lpe de Estado, o partido fo i pego de surpresa. Se ele tivesse conseguido seu objetivo, teria afastado Mossadegh , logo em seguida, exatamente como os comun istas agiram em relação ao presidente checo Ed uard Benes em 1948. Catolicismo - Quais eram as convicções políticas de seu pai?
Ardes/rir Zahédi - Meu pai era acima de tudo um militar patriota e um político íntegro totalmente dedicado ao Xá. Embora fosse um político astuto, era franco e dizia o que julgava ser o seu dever, sem apego às suas funções. Mais do que tudo, queria a independência cio Irã em relação ás potências estrange iras e opunha-se abso lutamente à in te rferência externa , relacionada de modo gera l com a cob iça do petróleo. Não admira que tivesse aversão à Rússia comunista, vi z inho sempre ameaçador. E le considerava que o governo devia proteger o soberano. Em suma, defendia uma política, e se a mesma se deparasse com um insucesso importante, deixava a cena. Mas a sua co ncepção mais profunda dizia respeito à natureza do governo. Q uando eu o consu ltei certa vez sobre um caso de interesse geral para o Irã, ele disse: "Sempre achei que o rei deve reinar e não governar; é ao governo que compete conduzir o · assuntos executivos do país e responsabilizar-se p elos mesmos. Agora que me aposentei de minhas responsabilidades, continuo a achar a mesma coisa. Isto vem do meu amor por Sua Mcyestade, porque eu o amo do mesmo modo que te amo, e desejo o melhor para ele. "
"MiJ1ha segunda missão ele embaixador em Wasl1iJ1gto11 terminou em 1979, quamlo a Revolução Islâmica pôs Jim a uma mollarquia que durara três mil aiws"
Ardeshir Zahétli - Minha primeira mi ssão de embaixador do Xá em Washington durou dois anos. Deixei-a para mudar-me para Londres em meados de 1962. Voltei a Teerã por cinco anos como Ministro das Relações Exteriores. Minha segunda missão de emba ixador em Washington começou em 1972 e terminou em 1979, quando a Revolução Islâmica pôs fim a uma monarquia que durara três mil anos. O terceiro vo lume das minhas Memórias(*) começará com o fim da minha embaixada em Londres. Conservo desta uma memória muito viva. A famí li a Cavendish é um exemp lo típico da aristocracia do Reino Unido, comunidade que muitas vezes denominamos establishment, mas que prefiro chamar de base estável da sociedade. Os membros da família Cavend ish semp re tiveram em mãos as principais alavancas do poder. O lorde Andrew Buxton Cavendish, décimo primeiro duque de Devonshire, ocupou vários cargos importantes no Ministério das Relações Exteriores. Foi por dois anos Ministro dos Assuntos da Commonwealth . Gostava de citar uma reflexão notável sobre a capac idade de resistênc ia da estrutura social de seu país: "O que tem mantido a coesão da Grei-Bretanha durante as crises é o sistema de senhores e servos". Isto pode explicar muitas coisas, de uma forma ou de outra, na Grã-Bretanha e em outros lugares ... • (*) Mémoires d 'A rdeshir Zahédi, "Témoi gnage sur l'lran d'hier", Ed. Godefroy de Bouillon, Paris, T. 1, 2009.
(**) A tradução desta entrevi sta foi feita por José Aloísio Schelini.
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DESTAQUE
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a
EDsoN C ARLOS DE OuvE1 RA
o dia 12 de abril, menos de um mês depois das multitudinárias manifestações de 15 de março deste ano, ruas e praças de mais de 200 cidades brasileiras encheram-se novamente para demonstrar sua insatisfação contra o governo do PT. Tais manifestações trazem uma novidade para a qual deveriam estar atentos aqueles que manipulam as rédeas oficiais no Brasil: não
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se trata de um magote de agitadores, nem de pessoas filiadas a partidos da oposição. Tampouco são grupos isolados, representando uma ou outra tendência ideológica. São famílias que normalmente não saem às ruas para protestar, e que agora tomam a iniciativa de fazê-lo. São em sua maioria brasileiros pacatos, avessos à vida política oficial, que se manifestam, não de maneira ácida e antipática, mas de forma ordeira e pacífica, porém firmemente. Desc011tentamento, desconfla11ça, descrédito
É um descontentamento profundo que vem aos poucos à tona, explicitando-se gradualmente. Erraria quem afirmasse que o desagrado é apenas com a corrupção, a inflação, ou a rece$São econômica. Protesta-se contra um conjunto de fatos: um Estado que procura imiscuir-se em quase tudo, inclusive na relação entre pais e filhos; um governo que despreza a vida humana inocente e abre as portas para o aborto ; um partido que privilegia as uniões homossexuais e persegue quem, ainda que pacificamente, se opõe à agenda homossexual; uma ideologia que pretende colocar empregados contra patrões, pobres contra ricos , "nós contra eles", ferindo a bonomia tão característica de nosso povo. Esse desagrado, eu o constatei ao vivo na manifestação da Avenida Paulista, coincidindo com o relato de amigos que estiveram presentes em outras cidades. Além dos cartazes costumeiros de "impeachrnent já" CATOLICISMO
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lutam continuamente em defesa da civilização cristã no Brasil.
O Brasil sereno e prol'umlo se soerguerá
tiras do governo e da mídia, com a carga abusiva de impostos, com a fiscalização onipresente nos moldes venezuelanos, com a degra dação do ensino e a desmorali zação do ambiente público . e "fora Dilma", outros estampavam o Cristo Redentor e a imagem de Nossa Senhora Aparecida, rogando à Santíssima Virgem que livrasse o Brasil do comunismo. Muitas pessoas pediam "meu País de volta". Às vésperas das manifestações de 12 de abril, a presidente Dilma decidiu passar a coordenação política de seu governo ao vice-presidente Michel Temer, esperando com isso amainar as reações. O público que foi às ruas, entretanto, tomou com desconfiança o que chamava de "manobra que não nos engana". Apesar de certa displicência que havia diante dos carros de som, um discurso foi muito bem recebido: "Se p ercebermos que é uma mera manobra, o PMDB ponha as barbas CATOLICISMO
de molho, pois os brasileiros não cairão nessa cilada ". Nota-se também outra desconfiança bastante presente, em relação à CNBB . Muitos católicos mostravam sua perplexidade diante do fato de a Conferência Episcopal brasi leira estar "do lado do PT", corno me disse uma moça, que acrescentou : "É bom ver aqui as fotos da Virgem Padroeira, mostrando que somos católicos, apesar de um bispo que conheço estar apoiando o governo". Outro jovem comentou: "A CNBB está omissa em relação aos problemas do Brasil ". De modo geral , havia um verdadeiro descrédito em relação às instituições oficiais, uma espécie de cansaço generalizado com as men-
Uma esperança clil'usa
Entretanto, ver tanta gente que sentia do mesmo modo os problemas do Brasil, gerava um ambiente ameno e um desejo ainda não bem definido, mas que vai muito além do pedido de impeachment. Parec ia ser uma esperança de que o Brasi I ainda deve cumprir um grande papel diante de si mesmo e das outras nações, contra aqueles políticos e rei igiosos que querem impedir isso de todos os modos, e encaminhar o Pai para o bolivarianismo sinistro e brutal, corrupto e mentiroso, s ci alista e policialesco. Comunicado opol't1mo
O Instituto Plínio Corr oa de Oliveira foi representado em diversas
cidades por jovens voluntários que distribuíram aos manifestantes o comunicado: Um Brasil autêntico e cristão apresenta sua verdadeira face. Dizia o parágrafo final: "Sob a proteção de Nossa Senhora Aparecida, Rainha e Padroeira do Brasil, o Instituto Plinio Corrêa de Oliveira esp era que essas man[festações não sejam apenas um grande evento, mas sim, a reafirmação de nossa identidade, de nossa índole marcadamente católica, que resplandece intensamente sob o Cruzeiro do Sul ". A atuação dos jovens voluntários do Instituto foi muito bem acolhida pelos manifestantes, muitos dos quais os parabenizaram pelas diversas atividades desenvolvidas ultimamente. Alguns se aproximavam para dizer que sempre viam esses jovens presentes nas horas mais importantes para o País, e agradeciam a atuação . Pudemos encontrar também representantes de outros movimentos beneméritos que
esta é a dignidade daqueles que têm a mansidão cristã. "Nosso Pais é um Pais cordato, um Pais que ama a mansidão, um Pais cuja história tem.fugido às lutas. Mas se algum dia alguém de nós se aproximar e disser: 'És ainda o Brasil cristão? Não aceitas a pressão que se quer fazer contra ti?' Eu tenho a certeza que essa nação responderá com uma força que ainda ninguém lhe conhece, mas que está nascendo nas tormentas do momento atual, responderá: 'Ego sum '. E os povos todos da Terra [ouvirão] e todos os agitadores serão obrigados a se prostrar. E os agitadores cairão por terra
Cabe aqui uma importante reminiscência. Em conferência pública proferida em 12 de setembro de 1968, o Prof. Plínio Corrêa de Oliveira analisou diversas tentativas dos comunistas para introduzir a agitação e a subversão na Igreja e no Brasil. Tentativas estas muito semelhantes, aliás, às dos chamados "movimentos sociais" de hoje, apoiados pelo governo e até mesmo por prelados católicos. Com admirável espírito de previsão, as afirma- porque conhecerão isso que existe ções do ilustre líder católico ressoam entre outras coisas de autenticamenagora com um timbre profético: te novo no Brasil novo: é a decisão "A isso eu tenho, como brasileiro de progredir fiel a si mesmo e fiel à e não apenas como presidente da tradição cristã; .fiel à família, .fiel à TFP,' uma resposta a dar; e a res- propriedade, e ,le lutar, com uma posta é esta: há no Evangelho uma força que impressionará o mundo, promessa de bem-aventurança que contra quem quer que imagine que diz o seguinte: sua mansidão é moleza e que contra "Bem-aventurados os mansos, ele pressões possam trazer resultaporque possuirão a terra; bem-aven- do." (destaques nossos). turados aqueles que não amam a rixa nem a briga; bem-aventurados Não afirmamos aqui que esse aqueles que não amam a violência, Brasil cordato e profundo saiu porque deles será a Terra. D eles todo ele às ruas nos d ias 15 de será a Terra porque eles atrairão a março e 12 de abril últimos . Nem si o amor dos homens que realmente julgamos que é apenas através de amam o bem; deles será a Terra marchas e protestos que ele se faz porque saberão opor-se, com uma ouvir, ou que o fará de uma só vez. força invencível, àqueles que os Cremos, pela experiência de anos queiram jugular por uma violênde contato direto com a população cia- ilegítima. Oh! A força cristã em todas as regiões do Brasi 1, que do verdadeiro católico que tem a o público que se manifestou nestes mansidão de Nosso Senhor Jesus últimos doi s meses é apenas uma Cristo, o Cordeiro de Deus, ou do amostra , a ponta de um iceberg. verdadeiro católico, que tem a/orça Quando se mostrará a parte mais indomável de No_sso Senhor Jesus profunda do iceberg? Como agirá? Cristo, o Leão de Judá! No momento Não sabemos. De qualquer maneira, em que Nosso Senhor Jesus Cristo senhores do Brasil oficial, abri os foi preso, alguém Lhe perguntou: 'És olhos porque o Brasil autêntico está tu Jesus de Nazaré?' E Ele respon- acordando! • deu: 'Ego sum '. E todos, tomados de E-ma il para o autor: cato li cismo@terra.com .br terror, caíram com a fa ce na terra! Esta é a majestade, esta é a força, MAIO2015
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CAPA □
Juuo LoRrno
Correspondente em Roma
' 'N
o es que crea en las brujas, pero de haberlas las hay " ... (Não é que eu creia em bruxas, mas caso existam, as há). Este velho ditado espanhol veio-me várias vezes à mente lendo os jornais dos últimos meses. Minha surpresa foi-se tingindo de incredulidade ao ver que um velho fantasma saía das brumas de um passado que eu supunha enterrado para sempre, mostrando-se nas principais manchetes e insinuando-se até nas austeras páginas do "Osservatore Romano", órgão oficioso da Santa Sé. Refiro-me à Teologia da Libertação (TL). Recentemente, o sacerdote peruano Gustavo Gutiérrez Merino, o chamado "pai" da TL, realizou uma série de conferências na Itália. Com ele estava o cardeal Gerhard Ludwig Müller, Prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé e discípulo de Gutiérrez. Apresentavam,.o livro Da parte dos pobres. Teologia da libertação, teologia da Igreja, que entre outras coisas justifica o uso da análise marxista e defende o socialismo. Escrito por ambos, a quatro mãos, nele o cardeal Müller afirma: "O movimento teológico na América Latina conhecido como Teologia da Libertação teve uma repercussão mundial. Na minha opinião, deve ser incluído entre as correntes mais importantes da teologia católica do século XX". 1 Na verdade, já se falava da TL em Roma com um tom positivo pelo menos desde janeiro de 2011, quando o bispo brasileiro João Braz de Aviz, hoje cardeal, fora nomeado Prefeito da Congregação para os Institutos de Vida Consagrada. Sua Eminência é de fato um fervoroso adepto desta teologia. 2 No momento em que ass im se começa a proclamar o fim das hostilidades do Vaticano contra a Teologia da Libertação, e em que tanto se fa la de pobres e de pobreza em meio à terrível crise econômica global, não falta quem, até em ambientes da Cúria Romana, queira ressuscitar a TL, apresentando-a como uma resposta cristã a supostas situações de pobreza e opressão na · América Latina e em outros lugares.
braço militante, as chamadas Comunidades Ec lesiais de Base (CEBs), Catolicismo já tem publicado muitos artigos e estudos. Eram anos de grande fermentação revolucionária na América Latina, dos quais muitos leitores ainda se lembrarão. Usando Cuba como trampolim, o comunismo internacional tentava abocanhar o continente. Ele queria aliciar sobretudo as massas de fiéis católicos, que compõem a imensa maioria das nossas populações. Infelizmente, a hidra vermelha encontrou muitas portas abertas no campo católico. A principal delas foi sem dúvida o movimento da TL, que logo se converteu em seu principal "companheiro de viagem". De fato, a TL se apresentava não propriamente como uma escola de teologia - quer di zer, de estudo sobre Deus - , mas como um engajamento político. O Pe. Gustavo Gutiérrez definia a TL como "engajamento no movimento político revolucionário ". 3 Um movimento de claro conteúdo comunista. "O que propomos é marxismo, materialismo histórico, na teologia", proclamava Leonardo Boff. 4 O comunismo, por sua vez, reconhecia a enorme utilidade desta ajuda. "A Teologia da libertação é mais importante do que o marxismo para a revolução na América Latina", declaro u Fidel Castro. 5 Vladimir Pacika, um analista soviético da Academia de Ciências
O "compa11heil'o de 1riagem" perfeito Nascida nos anos 1960, a TL alcançou seu apogeu nos anos 1970-1980. Sobre ela, bem como sobre o seu
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Chegando aos nossos dias, vemos o movimento da TL apoiar os vários governos socialistas do continente, a começar pelo falido regime bolivariano da Venezuela. Um dos principais assessores do governo chavista foi o teólogo jesuíta Jesús Gazo. Em mais de uma ocasião, o próprio Hugo Chávez declarou que se inspirava na Teologia da Libertação. 13 Se tempo houvesse, poder-se-ia fazer a volta completa pela América Latina contando histórias seme-
da URSS, é igualmente claro: "A teologia da libertação procura uma sincera aproximação com o marxismo. Nós a consideramos uma aliada. Assumindo o marx ismo como método de análise, a Teologia da libertação estimula o seu estudo e contribui com a sua dffusão no meio da p opulação". 6 As CE Bs também eram bem vistas pelo tiranos de Moscou. Escreve Valentina Andronova, da Academia de Ciências da URSS: "Nas zonas já liberadas p ela guerrilha, onde f oi implantado o regime socialista, as comunidades cristãs de base fun cionam como uma nova Igreja, totalmente solidária com a luta armada e com o socialismo". 7 Impossível narrar em poucas páginas a saga da TL na América Latina. Basta dizer que ela se engajou em quase todas as revoluções socialistas e comunistas no continente, às vezes até como seu elemento mais dinâmico. No meu país natal, o Peru , o movimento da TL apoiou a ditadura militar de esquerda do general Juan Velasco Alvarado, que reduziu minha pátria a uma pobreza extrema, da qual só recentemente vem se recuperando. No Chile, a TL foi talvez o maior esteio do governo marxista de Salvador Allende, chegando mes1J10 a defender a subversão armada.8 Foi no Chile desses anos que nasceu o movimento dos "Cristãos pelo Socialismo" . No Uruguai, o movimento da TL apoiou constantemente a esquerda, e até mesmo a guerrilha dos Tupamaros, frustrando qualquer reação em sentido contrári o.9 Na Colômbia, é conhecido o apoio da TL e das CEBs à guerrilha do ELN (Ejército de Liberación Nacional). 10
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Talvez o caso mais clamoroso tenha sido o da Nicarágua, onde as Comunidades Eclesiais de Base se juntaram à Frente Sandinista de Liberación Nacional, participando de sua luta armada até conseguir impor, em 1979, uma ditadura comunista. Vencedores na Nicarágua, os sandinistas viajaram ao Brasil , a fim de ensinar aos militantes das CEBs como fazer uma revolução. O encontro se realizou no teatro da Pontificia Universidade Católica de São Paulo, sob o patrocínio do cardeal D. Paulo Evaristo Arns. Foi nesse encontro que Dom Pedro Casaldáliga, bispo de São Félix do Araguaia, recebeu e vestiu um uniforme de guerrilheiro sandinista. "Eu vou procurar agradecer isto com osfeitos e, se preciso, com o sangue! Eu me sinto, vestido de guerrilheiro, como me poderia sentir paramentado de padre. É a mesma celebração ", declarou. 11 E, para falar do Brasil, corno não apontar a íntima relação entre a TL e o PT? Basta lembrar a mensagem enviada pelo então presidente Lula ao 1 JO Encontro Intereclesial das CEBs, em 2005: "É um momento revigorante, de reencontro com tantos companheiros e companheiras de caminhada. Vocês sabem do carinho que tenho p elas CEBs, do reconhecimento do papel que as Comunidades de Base desempenharam na re istência à ditadura militar, na forma ção dos Movim entos Populares, no apoio ao Movimento Sindical e na formação dos partidos de esquerda, em particular o PT [. ..] Deus abençoe a vossa luta!". 12
nesta nos meios católicos. 14 A resposta foi uma feroz perseguição lançada pela ditadura militar, que nos forçou a tomar o caminho do exílio. O mais velho do grupo tinha apenas 21 anos ... Sempre atento aos perigos da irrfi !tração progressista nos meios católicos, nos anos seguintes o Prof. Plínio Corrêa de Oliveira conduziu a campanha de maior envergadura já feita contra a TL. Do seu livro-bomba A igreja ante a escalada da ameaça comunista - Apelo aos Bispos Silenciosos (1976) até sua grande denúncia da ação subversiva das lhantes. Em síntese, onde a TL encontrou um processo Comunidades Eclesiais de Base, feita em colaboração revolucionário, engajou-se a fundo nele, às vezes até com os irmãos Gustavo e Luis Solimeo, na obra AS CEBs como uma das principais forças motrizes. Uma força ... Das quais muito se jàla e pouco se conhece - A TFP estrategicamente muito importante, pelo fato de aliciar as descreve como são (1982), a campanha doutrinária para a causa revolucionári a setores da população que de conduzida pelo líder católico brasileiro conseguiu deoutro modo teriam sido refratários à pregação marxista. sarticular o movimento da TL em importantes países da América Latina, vacinando milhões de católicos contra A 1'L sol'rc uma oposição vigorosa as suas toxinas e provocando a reação dos setores sãos. A primeira reação contra a TL partiu da associação · Em 1984, com a Instrução Liberta tis nuntius, assiTradición y Acción por un Perú Mayor, co-irmã das nada pelo então cardeal Joseph Ratzinger, Prefeito da TFPs e da qual qu em escreve é sócio fundador. Sob a Congregação para a Doutrina da Fé, o Vaticano teve que inspiração do Prof. Plínio Corrêa de Oliveira, fizemos intervir, condenando alguns aspectos da TL. Referindoem 1973 uma campanha memorável, denunci ando o se ao comunismo como "vergonha do nosso tempo", o caráter marxista desta teologia, bem como sua ação fufuturo Papa Bento XVI criticava a TL, sobretudo pelo
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uso da análise marxista\ e pela confusão que fazia entre redenção espirih1al 'e " libertação" temporal, identificada, é claro, com o comunismo. Contudo, algumas lacunas no documento deixaram a porta meio aberta aos teólogos da libertação. Plinio Corrêa de Oliveira saudou com alegria a intervenção do Vaticano, assinalando, porém, que não bastava para frear a avalanche revolucionária: "Julgo que uma só
mangueira não apaga um incêndio. Mas isto não impede de a saudar como um beneficio. Tanto mais quanto não tenho prova de que ficaremos só nessa mangueira. Não.foi inesp erada a instrução do cardeal Ratzinger? Um passo inesperado não convida a esperar outros na mesma linha, também mais ou menos inesperados ? ". 15 Infelizmente, esses passos nunca vieram . Apesar disso, a Instrução do Vaticano tem sido desde então um empecilho para os partidários da TL. Em 1989 caiu o comunismo soviético. Cuba começou
a cambalear. Após três décadas de socialismo, a própria América Latina começou a tomar outros rumos. Isso deixou o movimento da TL órfão do ideal que lhe tinha servido até então de força inspiradora. "A tremenda
queda do bloco soviético, que arrastou na sua ruína também a ideologia marxista,foi um golpe mortal para os teólogos da libertação - escreve o teólogo italiano Battista Mondin. Finalmente tiveram que p erceber que a base metodológica e filosófica da teologia deles era insustentável". 16 E nquanto alguns dos corifeus da TL, como Gustavo Gutiérrez e Clodovis Boff, faziam mea culpa parciais, outros abraçavam as correntes revolucionárias mais aggiornate como o ecologismo. É o caso, por exemplo, de Leonardo Boff. Ao pujante dinamismo dos anos 19701980 seguiu-se um longo período de torpor, causado até pela idade sempre mais avançada dos teólogos da libertação. Do inverno a uma 11ova primavera?
A crise econômica global, no entanto, parece ter mudado .as regras do jogo. Superficialmente interpretada como o fracasso do sistema de livre mercado, a crise reavivou correntes socialistas já fossilizadas. A esquerda voltou a governar alguns importantes países latino-americanos. E, das brumas do passado, ressuscitou o fantasma da TL. Em poucos meses, essa corrente revolucionária saltou da noite dos tempos para as páginas do "Osservatore Romano", insinuando-se até mesmo na Cúria Romana. Não se trata evidentemente da vell1a TL marxista e guerrilheira, amiga da violência e dos ditadores barbudos. Desta feita, a TL se apresenta metamorfoseada como amiga dos pobres. Ela afirma que, purificada de alguns aspectos do marxismo, poderia fornecer respostas adequadas às atuais situações de dificuldade. Também desej a inspirar uma nova consciência social, após anos de "capitalismo desenfreado" que embora tenha aumentado a riqueza de algumas classes sociais, criou também extensos bolsões de pobreza que não devem ser esquecidos.
"A Teologia da Libertação está exp erim entando uma nova primavera", proclama Leonardo Boff. 17
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Contribuiu sem dúvida para essa primavera a nomeação pelo Papa Bento XVI, em julho de 2012, do cardeal Gerhard Müller como Prefeito da Congregação para a DoutTina da Fé. Como dissemos, Mons. Müller é amigo pessoal do Padre Gutiérrez, com o qual tem compartido "experiências pastorais" no Peru, inspiradas na TL. Recentemente, por ocasião do lançamento em Roma do livro mencionado no início deste artigo, o jornal oficioso da Santa Sé, Osservatore Romano, dedicou duas páginas inteiras à TL, com tons muito positivos. 18 A palavra de ordem é "sdoganamento ", que literalmente significa "retirar da alfândega", ou seja, reconhecer oficialmente, dar carteirinha de cidadania. Comenta o vaticanistaAndrea Tornielli: "A Teologia da libertação é [agora] solenemente reconhecida p ela
Igreja. Entre o Vaticano e Teologia da libertação se estabelece a paz. Após as condenações dos anos 1980, a TL obtém plena cidadania na Igreja. Um reconhecimento .fi'uto do novo clima trazido p ela eleição do primeiro papa latino-americano e pela retomada do processo de beatificação de Dom Oscar Romero ". 19 Por sua vez, o afamado vaticanista Sandro Magister escreve: "Paz entre Müller e Gutiérrez. O juizo positivo
de Müller sobre a Teologia da libertação, vista através da lente de Gutiérrez, já se lê nas primeiras linhas do livro ". 20 No mesmo sentido, a revista romana L 'Espresso comenta :
"Condenada por Ratz inge,~ a Teolog ia da Libertação é agora reabilitada por um Papa que vem de longe ". 2 1
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O "/'ator Francisco"
Quer-se dar a impressão de que a condenação de 1984 - que havia sido pessoalmente sancionada pelo Papa João Paulo II - está superada. Muitos apontam para o "fator Francisco" para explicar essa mudança. Ouçamos João Pedro Stédile, líder do Movimento dos Sem-Terra. Falando em Roma durante uma conferência organizada pelo Pontifício Conselho para as Ciências, o agitador marxista declarou: "O.fato de termos p ela primeira vez
um Papa latino-americano é uma vitóriapara os pobres do nosso continente. Estamos, por.fim, saindo de dois pontificados conservadores e retrógrados, os de João Paulo 11 e Bento J....'J/1. O Papa Francisco tem rompido com a tradição européia, e cada dia dá sinais de querer mudar as relações entre a Igreja e a sociedade".22 Muito comentada, por exemplo, foi a audiência privada concedida pelo Papa Francisco ao Cardeal Müller, acompanhado do Pe. Gustavo ,G utiérrez. Seguiu-se a concelebração da Santa Missa. "A Missa da libertação ", escrevia o principal jornal italiano Corriere delta Sera, que observava: "Um livro e uma entrevista marcam
uma mudança ". 23 Poucas semanas depoi s, o Pontífice recebeu outro teólogo da libertação, o Pe. Arturo Paoli. E também neste caso o gesto foi interpretado corno um sinal de aproximação com a TL. O teólogo ultra-progressista Vito Mancuso comentou: "Soube que o Papa Francisco
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recebeu ontem Arturo Paoli, pai espiritual da Teologia da libertação. A reanião durou cerca de 40 minutos, na maior cordialidade. Acho que está nascendo um Magistério da libertação. Adiante, Francisco!". 24 Mais recentemente, causou estupor o "Encontro Mundial dos Movimentos Populares", realizado no Vaticano em outubro de 2014. Patrocinado pelo Pontificio Conselho Justiça e 'Paz, o congresso reuniu líderes de movimentos esquerdistas latino-americanos, entre eles João Pedro Stédile que foi, aliás, um dos principais organizadores. Muitos comentaristas interpretaram o evento como um aval eclesiástico à esquerda populista e à Teologia da Libertação. Comentando o discurso do Papa durante o Encontro, Stédile declarou: "O Papa tem dado uma grande contribuição, com um documento irrepreensível, mais à esquerda do que muitos , de nós. Nós, marxistas, lutamos junto ao Papa para derrotar o diabo [do capitalismo] ".25
Novos ventos
Farejando os novos ventos, após anos de adormecimento, mais de 700 teólogos e ativistas da libertação se reuniram em São Leopoldo (RS) em 2012, no "Congresso Continental de Teologia". Realizado na UNISINOS, universidade dos jesuítas gaúchos, o congresso foi apresentado como "um novo começo" para a TL. 26 As próprias CEBs parecem estar passando por uma nova primavera. Em janeiro 2014, elas realizaram em Juazeiro do Norte (CE) o 13º Encontro Intereclesial das Comunidades Eclesiais de Base. O Papa Francisco enviou uma mensagem de apoio, sendo a primeira vez em que isso acontece. "Com o Papa Francisco, o clima volta a ser propicio para as CEBs ", escreveu Alver Metalli no conhecido blog Vatican lnside1ê 27 Até mesmo na Europa a TL parece querer acordar. Com efeito, com mais de mil participantes, realizou-se em Madrid em setembro 2013 o 33° Congresso daAsociación de Teólogos Juan XXII], ponta de lança da TL no Velho Continente. O tema: "A Teologia da libertação
CATOLICISMO
hoje". No início do encontro foi lida uma mensagem de Dom Pedro Casaldáliga: "Quem tem medo da Teolog ia da libertação ? Com a chegada de Francisco, o tema se torna novamente atual ". 28 O "sdoganamento " (reconhecimento oficial) da TL parece ter chegado ao auge com a apresentação em Roma do livro Pobre para os pobres, do Cardeal Gerhard Müller. Ele foi publicado pela Libreria Editrice Vaticana e prefaciado pelo Papa Francisco. "Definitiva e solenemente reconhecida a Teologia da libertação ", escrevia o conhecido vaticanista Giuseppe Rusconi. E citava o padre Federico Lombardi, porta-voz do Vaticano: "A teologia da libertação, finalm ente, entrou na vida oficial da igreja ". 29 Durante a conferência, que contou com a presença dos cardeais Rodríguez Maradiaga e Müller, o Pe. Gustavo Gutiérrez recebeu uma calorosa salva de palmas, como sinal de sua consagração definitiva no coração da Igreja.
das autoridades eclesiásticas, o panorama apresenta-se, pelo contrário, muito confuso. É impossível discernir uma linha pastoral clara, que possa orientar a conduta dos fiéis a respeito da Teologia da Libertação. Os pronunciamentos eclesiásticos deixam uma sensação de total confusão. Enquanto algumas declarações parecem ainda manter as condenações do Papa João Paulo II, outras - até das mais altas instâncias - parecem afirmar o contrário, a ponto de quererem reconhecer oficialmente a TL, incluídos os seus aspectos marxistas. Entre as declarações dos Senhores Cardeais, e até mesmo as do Papa Francisco, nem sempre existe perfeita harmonia. O jornalista Antonio Socci comenta com razão que as autoridades eclesiásticas "parecem dar uma no cravo ,,ad.ura " .30 e O u t.ra na 1I'e11 Um exemplo típico é o uso da análise marxista pela TL. Enquanto o então Prefeito da Congregação para a
Doutrina da Fé, Cardeal Joseph Ratzinger, o condenou em termos inequívocos, afirmando ser impossível usar a análise marxista sem ipsofacto assumir a ideologia,3' o ah1al Prefeito, Cardeal Gerhard Müller, o elogia dizendo : "Não existe uma teoria alternativa que possa explicar melhor os.fenômenos e fatos relacionados com a exploração, a pobreza e a opressão :'.32 Para aqueles que têm estudado, e até vivido em na própria carne, o fenômeno da TL, a sua ressurreição levanta muitas preocupações, e até mesmo apreensões. As preocupações giram em torno de dois eixos: • Alguns acham que o problema da TL é o uso da análise marxista. Removido o marxismo, eis que, em vez de uma TL errada, teríamos uma TL aceitável. Nada de mais simplista! De fato, como demonstro em meu
Pcrplcxida<lcs e aprcc11sõcs
Preocupado com essas e outras notícias na mesma linha, pensei que , tendo estudado por muitos anos a Teologia da Libertação, ta lvez pudesse dar um contributo ao atual debate. Corno o terna não é muito conhecido na E uropa, parece ter chegado o momento de preencher esse vaz io, especialmente em vista dos novos hori zontes que a eleição do Papa Bergoglio parece ter aberto. Decidi tirar então da gaveta, onde jazia há mais de 20 anos, um estudo que eu havia preparado sobre a TL, originalmente destinado a ser publicado nos Estados Unidos. Escrito em fins dos anos 1980, o trabalho foi revisto integralmente pelo Prof. Plínio Corrêa de Oliveira em 1991. Circunstâncias várias tinham impedido sua publicação naquela época. Devidamente atualizado e adaptado ao contexto europeu, o livro acaba de ser publicado na Itália pela prestigiosa editora Cantagalli : Teologia da libertação. Um salva- vidas de chumbo para os pobres. Numa época histó rica em que os fiéis necessitam mais do que nunca de uma palavra esclarecedora da paite
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livro, o uso tia- análise marxista é quase um "pecadinho" em comparação com desvios teológicos e filosóficos muito mais graves. Além do mais, já a partir dos anos 1980, os próprios teólogos da libertação estavam expurgando o marxismo e substih1indo-o por doutrinas mais adequadas ao novo período revolucionário: ecologismo, feminismo , homossexualismo, indigenismo, teoria do gênero, etc. De tudo isto trato no livro. ■ Ouve-se fa lar que, no contexto da grave crise econômica que estamos atravessando, uma TL renovada seria capaz de inspirar uma nova consciência social que coloque os pobres no centro das atenções. Tal consciência seria legítima, até desejável. O problema é saber se a TL é capaz de ajudar os pobres. Uma análise cuidadosa mostra, em concreto, que a TL não ama tanto os pobres quanto a própria pobreza, persistindo em propor sistemas socio-econômicos que se têm mostrado uma fa lência total , com gravíssimo prejuízo para as classes populares. Precisamente aquelas que a TL di z querer ajudar. Com ironia, o teólogo j esuíta Horacio Bojorge define a TL "um salva-vidas de chumbo " para os pobres.33
Tinha razão o célebre jornalista italiano Indro Montanel li quando di zia: "A esquerda ama tanto os pobres, que toda vez que chega ao governo aumenta o número deles ". Neste sentido, concordamos com as palavras de Bento XVI numa entrevista recente: "Precisamente por amor aos pobres é que temos de nos opor à .Teologia da libertação ".34 Às preocupações se somam as apreensões pelas consequências devastadoras que um eventual reconhecimento oficial da TL poderia ter sobre a sihiação da América Latina e, por extensão, de todo o mundo. Consequências muitas vezes resultado mais da manipulação propagandística do que da realidade. Uma manipulação com a qual não podemos, porém, não contar. Como a TL sempre se posicionou na extrema-esquerda, qualquer aprovação eclesiástica dada a ela correria sério risco de ser interpretada como um aval à referida esquerda. É este o significado autêntico que se quer dar? Não poucos bispos, e até cardeais, latino-americanos estão cada vez mais apreensivos. A começar pelo cardeal Juan Luís Cipriani, Arcebi spo de Lima, Peru, que
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prefere atribuir à "ingenuidade" as recentes posições eclesiásticas. Após o lançamento em Roma do livro do Pe. Gustavo Gutiérrez e do Cardeal Müller, vendo que a imprensa peruana o interpretou como um aval às políticas da esquerda socialista, o cardeal Cipriani disse: "[Mons. Müller] conhece muito teologia. É um estudioso que vem do mundo universitário. Ninguém duvida de suas capacidades intelectuais. Mas ele deve abandonar essa ingenuidade e ser mais prudente. Digolhe com toda a humildade". 35 A " ingenuidade" pode levar, por exemplo, a ignorar a existência de uma poderosa máquina de propaganda, que foge ao controle da Igreja e que certamente vai manipular o reconhecimento oficial da TL no intuito de favorecer a extrema- esquerda. Exemplo típico disso foi a recente participação de João Pedro Stédile, líder do MST e marxista declarado, no "Encontro Mundial dos Movimentos Populares" realizado no Vaticano. Fato que a máquina de propaganda não deixou de interpretar como sendo um aval ao setor mais radical da esquerda brasileira.36 É esta a impressão que se quer dar? • E-mail para o autor: catolicismo@terra .co m.br
Tinha razão o célebre lornallsta Italiano lndro Montanelll quando dizia: ''A esquerda ama tanto os pobres, que toda vez que chega ao governo aumenta o número deles".
Notas:
1. G ustavo GUTI ÉR REZ e Gerhard Ludwig MÜLL ER, Dai/a parte dei poveri. Teologia dei/a lib erazione, teologia dei/a Chiesa, Edi zioni Messaggero- EMI, Padova 201 3, p. 19. 2. Al essandro SPECIAL E, João Braz de Aviz, il teologo dei/a liberazione che riceve la berre/ta rossa, in " Vati can ln sider-La Stampa", 6 de janeiro de 2014. 3. G ustavo GUTL ÉRR EZ, Praxis de libertação e f é cristã, Apêndi ce a lei. , Teologia da libertação, Editora Vozes, Petrópoli s 1975, p. 268. 4. Leonardo BOF F, Marx ismo na Teolog ia, in "Jorn al do Brasil", 6 de abril de 198 0. 5. Cit. em Leo nardo BO FF, A originalidade da Teologia da libertação em Gusta vo Gutiérrez, in "Revi sta Ec les iásti ca Brasil eira", vo l. 48, fa se. 19 1, setembro de 1988, p. 550. 6. V.M. PA CIKA, Dialética do desenvolvimento socia l e da luta ideológica. A Teologia da libertaçcio na sua versão radical latino-americana, em Bonpoc b1 ljnrn ococjJJm (Pro bl emas de Filoso fi a), Mosco u 1985, nº 1, pp. 92- 100. 7. Yalentina ANDRON OVA, Las Comunidades cristianas de base: nueva .forma de p rotesta social para los crey entes , em " Am éri ca Latin a", Mosco u, abril de 1985 . 8. CO MI SIÓN DE ESTUD IOS DE LA SOC IEDAD C HIL EN A DE DEFENS A DE LA TR ADI C IÓN FAMILI A Y PROPI EDAD, La !glesiadel silencio en Chile. La TFP proclama la verdad entera, TF P, Santi ago, 1976. 9. CO MI SÓN DE ESTU DI OS DE LA SOCIEDAD URUGU AYA DE DEFENS A DE LA TRADI CIÓN, FAMILIA Y PROPI EDAD, lzquierdismo en la lg lesia, "compaFlero de ruia" dei comunismo en la larga aventura de losji·acasos y de las meta,no,j'osis, TFP, Montev ideo, 1976. lO. Marta I-IARNECKER, Colombia ELN: Unidad que multiplica, Rebelión, La Habana, 1988, pp. 7-8.
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11. Cit. em Plinio CO R RÊA DE OLIVEIRA , em ''Noitesandinista ", incitamento à guerrilha dirigido por sandinistas "cristãos" à e~·querda católica no Brasil e na América espanhola, in Catolicismo, julh o-agosto de 1980. 12. Carta do Presidente Lula aos participantes do // 0 Encontro /ntereclesial das CEBs, in " ADI TAL", 2 1 de julho de 2005. 13. Juan José TAMAYO, Hugo Chávez y la Teologia de la liberación, in "Co noc imientos.com.ve". 14. Teologia de la liberación, iº marx ismo para cristianos?, in "Tradici ón y Acc ión", setembro de 1973. 15. Plini o CO RRÊA DE OLIV EIRA , A mang ueira, o desejo e o de ver, in " Fo lha de S. Paulo", 1Ode dezembro de 1984. 16. Batti sta MON DIN, Storia dei/a Teologia, Edi zio ni Studi o Domeni cano, Bologna 1997, vol. 4, p. 745. 17. CiL in Pi erlui gi MELE, La teologia dei/a liberazione sta vivendo una nuova primavera, grazie anche a Papa Francesco. Laforza storica dei poveri. lntervisla a Leonardo Bo_O; in "Newsit 24", 20 de setembro ele 201 3. 18. Gustavo GU TI ÉRR EZ, / pre(eriti di Dia; Gerhard Ludwi g MÜLLE R, Fare la verità e 110 11 solo diria; Ugo SARTORI O, Una Chiesa che ha bisogno di 11111i, in "Osservatore Roman o", 4 de setembro de 201 3, pp. 4-5. Estas observações a respeito elas opini ões políticas do Prefeito da Congregação pela Doutrina da Fé devem ser mati zadas pelas co raj osas pos ições que ele tem tomado ultimamente em matéri a mora l, em vi sta do próx imo Sínodo dos Bispos sobre a famíli a. 19. Andrea TORN IELLI , La Chiesa sdogana la teologia dei/a liberazione, in " Vati ca n ln sider-La Stampa", 4 de setembro de 20 13. 20. Sandro MA GIST ER, Pace .falla Ira Miiller e Gutiérrez. Ma Bergoglio non s i sta, in " L' Espresso onlin e", 5 de setembro de 201 3. 2 1. Wl odek GO LDKO RN , Ho ispirato Bergoglio, in " L' Espresso", 27 de março de 201 4, p. 88. 22 . Agenzia EFE, 6 de fevereiro de 201 4. 23. G ian Gu ido V ECC H1, La messa dei/a liberazione. li Pont(!fice concelebra con il teologo degli ultimi, in "Corriere deila Sera", 22 de setembro 201 3. Perguntado se essa audi ência equi va li a a um ava l à Teo logia da Libertação, o Papa respondeu: "Isso é o que o Müller diz, é o que ele pensa " ( andro MA GIST ER, D11e battute dei papa contra Miiller e Bertone, in " L'Espresso online", 17 de setembro de 201 3). 24. "La Stampa", 19 de janeiro de 201 4. 25. " 11 Fatio Quotidian o", 3 de novembro de 20 14. 26. AAVV, Teo/og ía de la liberación en perspectiva, Am erindi a- Dobl e Cli c Editora s, Montev ideo 201 2, 2 volum es. 27. AI ver METALLI , Vuelven las comunidades eclesialesde base, in " Vati can ln sid er-La Stampa", 30 de dezembro de 201 3. 28. Juan BEDOYA, Mil teólogos piden ai Papa que rehabilite a los castigados por Ralzinger, in "El País", Madrid, 8 de setembro de 201 3. 29. " Rossoporpora", Blog de Giuseppe RUSCON I, in "Corriere dei Ticino", 26 de fe vereiro de 2014. 30. Antoni o SOCC I, Francesco chiama Benedetto accanto a sé. Le tempeste si avv icinano, in " Li bero", 6 de março de 201 4. 3 1. SAC RA CONG REG AZ IONE PER LA DOTTRI NA DELLA FEDE, lstruzione su a/c11ni aspelli de/la Teologia dei/a liberazione, 6 de agosto de 1984, VII 6. 32. Gerh ard Ludwig M ÜL LER, // dibattito sulfa Teolog ia dei/a liberazione, in Gustavo GUTI ÉRREZ e Gerh ard Lud\v ig M Ü LL ER, Dai/a parte dei poveri. Teologia dei/a liberazione, teolog ia dei/a Chiesa, pp. 102-103. 33. Horac io BOJORGE, E/ pensamiento de Juan Luis Segundo en su contexto. Reexamen, i11forme crítico, e valuación, Centro Cultural Católi co "Fe y Razó n", Montev ideo 2011 , p. 9. • 34. BENEDETTO X VI , li ricordo dei Ponte.fice Emerilo, in Accanlo a Giovanni Paolo li. Gli amici & i co/!aboratori raccontano, Wl odzimi erz REDZ IOC I-1, Ares, Roma, 201 4, p. 18. 35 . Andrea TORN IEL LI , Teolog ia dei/a liberazione, Cip riani contra Miiller: Sia piü prudente, in " Vatican lnsider- La Stampa", 17 de outubro de 201 3. 36. Veja-se Bertra nd DE ORLEANS E BRAG ANÇA , Re verente e Filia/e Messaggio a S. S. Papa Francesco, 8 de fevereiro de 2014.
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Pe. Domingos Pestarino. As associadas dedicavam-se às obras de caridade e ao cuidado das crianças. O grupo era fo rmado por 15 moças, mas não possuía um regulamento escrito. As j ovens se reu ni am na casa de uma delas, para faze r leitura espiri tual e traça r planos de ação. Mas ainda não pensavam em formar um instituto reli gioso. Por essa época ( l 854) em Turim , Dom Bosco fu ndava com alg un s padres a Sociedade de São Francisco de Sales, co nhec id a co mo Sa les ianos, para cuidar dos j o vens. Fo i essa assoc iação que deu início depo is ao Instituto de Maria Auxiliadora, como vere mos.
Numa epi<lemia de tito, co11traiu a doença
Santa Maria Mazzarello, Virgem S uscitada pela Providência Divina para secundar São João Bosco no trabalho com a juventude, fundou o ramo feminino dos Salesianos ■ PLINIO MARIA SOLIMEO
Mornese, cidade natal da Santa
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CATOLICISMO
a ri a D o min gas Mazza re ll o nasceu em Mornese (no1:te da Itáli a), no di a 9 de ma io de 1837, primeira dos dez filhos de José e Mari a Madalena Mazzare llo. Como primogênita, ela começou desde muito cedo a aj udar a mãe no cuidado dos irmãos menores e dos afazeres domésticos. O que se revelou prov idencia l, pois mais tarde cuidari a de uma grande família religiosa. Main, como era carinhosamente conhecida em casa, sobressaía-se nas aulas de catec ismo e fez sua Prime ira Comunhão
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em 1850. Adolescente, começou a aj udar o pai no traba lho dos vinhedos. Com tantos cuidados sobre os ombros desde a infâ nc ia, M aria não teve te mpo de ir à esco la. Entretanto, tinha fo rte caráter e es pírito de I id era nça. D ura nte toda a vida fez um contínuo esfo rço para adapta r- se aos o utros e adquirir a suav idade de trato que depo is a caracterizou como superi ora.
Maria Mazzarell o tinh a 23 anos qua ndo uma ep idem ia de tifo se abateu sobre Mornese. A numerosa fa mília de um dos ti os fo i uma das prime iras a contra ir a doença. Mesmo sabendo que se exporia ta mbém a contraí-l a, Maria fo i c uidar dela. Uma semana depo is os
tios sararam, mas ela estava com tifo. E fico u tão doente que chegou a receber os últimos Sacramentos. Depois lentamente fo i se recuperando, mas já não era mais fis icamente a mesma: emagrecera e se enfraquecera ta nto, que não mais podi a trabalh ar no campo. D ura nte a conva lescença, teve uma visão: viu surgir no campo um grande ed ific io, e muitas menina brincando e rindo em seu pátio. Ouviu então uma voz: "Eu as confio a ti". Maria fico u perpl exa, sem saber bem o que isso sign ificava. Ma is ou menos ao mesmo te mpo, Dom Bosco também teve um a visão de mui tas meninas abandonadas num pátio. U ma voz também lhe diz ia: "Es-
sas são minhas.filhas; ·uide delas ". 1
Humilde início de uma grande obl'a
Apostolado por melo de escola de costura e 0l'fanato
Ma ri a Mazzare llo ingresso u aos 15 anos na Associação das Filhas de Maria Imaculada, fund ada pe lo vigári o local,
E nquanto isso, Mari a decid iu , junto com sua am iga Petronil a Mazzarello (não eram pa rentes), aprender corte e
costura para ensinar às j ovens de sua cidade. O Pe. Pestarino hav ia conseguido para elas uma casa o nde pod iam viver em comunidade, como ensa io para a vida reli giosa. Foi a í que as duas jovens montaram uma sala de costu ra e co meçaram a ensinar o ofic io. As a lunas acorreram. Outras assoc iadas também viera m auxiliar. Certo dia um senhor, cuj a esposa fa lecera recentemente, pediu às j ovens
para coz inh ar e aq uecer a casa no rigoroso inverno europeu. Entretanto, a nimadas por Mari a Mazzare llo, que se tornou a alma de todo esse apostolado, as Filhas de Maria Imaculada conservavam a alegria e a paz interior, e sobretudo o espíri to sobrenatural.
Os rumos da Providência na obra de apostolado
Enq uanto isso, em T urim , Dom Bosco procurava um me io de fundar uma o bra também para as meninas. Po is, a lém da visão qu e teve nesse sentido, numa visita ao Bem-aventu' rado P io IX, o Soberano Pontífice o inc umbiu também di sso. Dom Bosco aguardava uma oportunidade para essa nova obra. Foi então que o Pe. Pestarino, que estava entrando para os sales ianos em Tu rim , comentou com D o m Bosco o be m que a Associação de Maria i maculada faz ia com as j ovens e m Mornese. O santo interessou-se muito, e em 1867 fo i para lá com sua banda de meninos, com o pretexto de angari ar fundos para seu Oratório. I mpress io nado co m o qu e v iu , Do m Bosco teve uma reunião co m as moças da Assoc iação, na qual lhes propôs fo rmar um ra mo fe minino dos Sales ianos, que fa ria para as j ovens q ue cuidassem de suas duas filh as, o que os sacerdotes faz ia m para os porque estava desempregado. Pouco j ovens. A resposta fo i entusiástica. O dep ois apa recera m outras órfãs. Ao Papa P io IX aprovo u o proj eto, e as mesmo tempo, aos do mingos, as Filhas de Maria i maculada começara m quin ze j ove ns, li deradas po r Maria Mazzarello, fizera m então, no dia 3 1 ta mbém a reunir as men inas da c idade de julho de 1872, sua profi ssão relipara entretê-las com j ogos e cânticos, g iosa nas mãos do Bispo de Acqui, proporcionando-lhes assi m uma distrade Dom Bosco e do Padre Pesta rino. ção in ocente. Desse modo, o apostoSurg iu ass im o instituto das Filhas lado com as meninas de Mornese fo i de Maria Auxiliadora. Dom B osco progredindo, faze ndo essas Filhas de pediu a Mari a Mazzare llo que fosse Maria i maculada com as meninas da a superi ora, até que se fizesse uma cidade, sem o saberem, um po uco o e leição entre as novas re li giosas, e que Do m Bosco faz ia com os meninos assim se fez. em Turim . Do m Bosco determinou que lhes Tudo isso não ocorreu sem rriuitas fosse destinado o colégio que a popudific uld ades. Po is era prec iso vestir lação de Mornese estava construindo e a lim e nta r o número c resce nte de p ara se r um novo o rató ri o. M aria internas, bem como manter a esco la. Mazzare ll o vi u realizar-se ass im o Foi prec iso recorrer às esmo las, prosonho que ti vera. curar na fl oresta a le nha necessária
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E,Ypansão da obra, rncém-fundad<J Aos po ucos novas postul antes v ieram engrossa r as file iras d a co ng rega ção . Ass im , do is anos depois, um grupo de Filhas de Maria Auxiliadora fu ndo u um a casa da congregação em São M artinho. A ped ido de Dom Bosco, alg umas das irmãs fo ram em 1877 como vo luntári as para as missões na América Latina. "Como ramo f eminino da.familia religiosa Salesiano, as Filhas de Maria Auxiliadora [. ..} trouxeram para seu ministério o gênio feminino particular que casa tão bem a educa,; ensinm; e encorajar as.Jovens no caminho da salvação e do crescimento pessoal ". 2 Eleita Madre Gera l do novo lnsti tuto, M adre M azza re ll o se nt iu a importânc ia do estudo para que e la e o utras irm ãs na mes ma s itu ação pude sem educa r as a lunas. Po is, a seu exemp lo, vári as das irmãs eram ai nda ana lfabe tas. Dec idiu então que as ma is aptas não só aprendessem a ler e escrever, mas fizessem cursos para poderem lecionar em suas escolas. Ela se interessava pelo progresso esp iritua l e inte lectua l de cada uma. N os sete anos q ue perma neceu como Superi ora Gera l, até sua morte, M adre Mazzarell o tinha muito presente que fo ra uma camponesa analfabeta, e por isso esmerava-se em tratar as o utras irm ãs com a ma is profund a hu mi ldade, compreensão e amor materno. E todas a viam como tendo um coração de mãe e a lma de anj o, o que as conqu istava. As fu ndações fora m surgindo não só na Itália, mas também no além- mar. Q uando as irmãs sales ianas tiveram q ue ir para m issões na Améri ca do Sul , ela as acompanhou até o porto de Gênova, onde tomou depo is um nav io para visitar as irmãs da F rança. Mas a li chegando sentiu-se mal, pe rcebe ndo qu e seu s di as estavam contados. Dec idiu então volta r para a Itália, a fi m de morrer entre suas irmãs.
CATOLI C ISMO
Foi beatificada em 1938 por Pio XI e canonizada em 24 de junho de 195 1 pelo papa Pio XII. Seu corpo in co rrup to é ve ne rad o na Bas íli ca de N ossa Senho ra Auxílio dos Cri stãos, em Turim. E m 1936, o Papa P io XI, ao proc la mar a na tureza heroi ca das v irtudes de Madre M azzare l lo, ass im se exprimiu : "Eis
A viagem de vo lta fo i do lorosa e em etapas, devido ao seu precário estado de saúde. No cam inh o e nco ntro u-se pe la última vez com Dom Bosco, a quem pergun tou se iria morrer. À resposta afirmativa limi to u-se a sorri r, entregando-se nas mãos de Deus.
Últimas e inspiradas rncomemlações E m abril de 188 1 Madre Mazzarell o estava de vo lta a M ornese. E m meados de maio, começou a senti r os sina is da morte. Disse então às suas re ligiosas: "Eu
temo que surgirão rivalidades entre vós depois de minha morte, e inveja de uma j ovem irmã que possa ser colocada como Superiora. Lembrai-vos de que Nossa Senhora é a Superiora desta Congregação. Obedecei sempre a que receber a tarefa de dirigú: E, em segundo fuga,; aj udai-vos sempre umas às outras, deixai que vossa direção esp iritual esteja nas mãos daquela designada para isso". E, às que entra riam na v ida religiosa, e la a lertou: "As Irmãs não devem
deixar o mundo e depois edificar um outro mundo próprio na Congregação!" Maria Domingas Mazzarello entregou sua bela alma a Deus no d ia 14 de ma io de 188 1, aos 44 anos de idade.
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aqui uma mulher de simplicidade, extrema simplicidade - uma simplicidade tão pura quanto a dos elementos mais simples, tão simples e sem tacha quanto o ouro puro! " E ac resce nto u : "A marca caracterís tica de Maria Mazzarello é sua humildade, uma profunda consciência e contínua lembrança de um modesto nascimento, um despretensioso modo de vida e de trabalho. Ela era apenas uma camponesa, cos tureira de alde ia, do tada da mais elementar educação, à qual jàltavam todos os refinamentos geralmente associados ao termo. Havia nela apenas aquela simplicidade que Deus tinha predisposto em alma tão eleita ". 3 Ao fa lecer, Santa Maria Domingos M azza rello de ixo u o legado de uma co ng regação co m 25 0 re li g iosas e ma is de 30 casas na Itá lia, na F rança e na Améri ca. Hoj e elas são mais de 15.000 em todos os continentes . Sua fes ti v idade é ce lebrada no di a 13 de ma io. • E-ma il para o autor: cato lic ismo@tcrra.com.br
Notas: 1. Cfr. Ma,y Mazzarello, Sa les ian Sisters ofSt. John Bosco, disponí ve l e m http://sa lesiansisters. wordpress.com/ ma ry-mazzare l lo; The Life S!01y o/ St. Ma,y Mazzarello (Mother Mazzarello), Sa les ian Famil y ofDon Bosco, disponível em http://www.donboscowest.org/ sa ints/marymazzarel lo. 2. Sa les ian Sister ofS t. John Bosco, op.cit. 3. Sa lesian Fam ily ofDon Bosco, op.cit. Outras obras consu ltadas : Santa Maria Mazzarello, Institu to Mad re Mazza re ll o, disponíve l em hltp :/ WWW. mazza re l lo .com. br/ h is tori a/ madre-mazzarello/; St. Maria Mazzarello, Salesian Sister, South Pacific Region, dispon íve l em http ://www.sa lesiansisters.org.au/node/6. Pe. José Leite, Santos de Cada Dia, Editoria l A.O., Braga, 1987, p. 5 1.
Fátima: dois novos livros sobre a maior manifestação sobrenatural dos últimos 100 anos
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Mais de um leitor julgará exagerado o título acima. Mas basta considerar que em Fátima, Portugal, se realizou um dos prodígios atmosféricos mais espetaculares e mais bem comprovados depois da vinda de Jesus Cristo à Terra. Com efeito, ao transmitir a três humildes pastorinhos - Lúcia, Francisco e Jacinta - uma mensagem de caráter apocalíptico para a humanidade, a Virgem Maria quis chancelar essa terrível advertência com um prodígio que deixou atetrndas as cerca de 50 mil pessoas presentes no local das aparições, no dia 13 de outubro de 19 J7. O livro de John Haffert sobre o "milagre do Sol" descreve o fenômeno em todos os pormenores e transmite o depoimento maravilhado de dezenas de testemunhas oculares.
Muitos leitores considerarão talvez mais convincente da veracidade dessas aparições o milagre espiritual que transformou urna menina de sete anos - Jacinta - numa santa de altar. A seriedade com que ela tomou a advertência da Mãe de Deus se reflete na sua fisionomia reproduzida na capa do livro Jacinta de Fátima, de Beno'it Bemelmans. Sua profunda compenetração contrasta com a superficialidade da maior parte das crianças e jovens de nossos dias - e de grande número de adultos! Seu rosto impressionante constitui, por si só, uma das provas mais palpáveis da gravidade da mensagem que Nossa Senhora transmitiu aos homens em 1917. Comprove por si mesmo a objetividade destes comentários adquirindo e difundindo ambos os livros.
Petr s Editora Ltda. Rua Visconde de Taunay, 363 - Bairro Bom Retiro CEP O1132-000 - São Paulo-SP Fone/Fax (11) 3333-6716 E-ma i 1: petrus@ livrariapetrus.com .br Visite nosso site na internet: www.livrariapetrus.com.br
Natureza e origem do mal 11 GusTAvo ANTÔNIO SouMEO E Luiz SÉRGIO SouMEO
m dos problemas que mais angustiaram a humanidade em todos os tempos, e que só encontra uma solução satisfatória com o Cristianismo, é o da existência do mal. De onde procede o mal? Como podem a bondade e a onipotência de Deus se conciliar com a existência do mal? Se Deus podia impedir o mal e não o quis impedir, onde está a sua bondade? E se Deus queria impedir o mal e não pôde, onde está a sua onipotência? Em ambos os casos, onde está a sua Providência? Os povos pagãos antigos, premidos por duas realidades aparentemente inconciliáveis - de um lado, a bondade e a onipotência de Deus, e.do outro, a existência do mal - , procurando evitar o absurdo de atribuir ao ser bom por excelência (Deus) a origem do mal, caíram
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De onde procede essa possibilidade de a criatura sofrer a privação de um bem que é próprio à sua natureza? Em outros termos, qual é a raiz primeira, a origem, aquilo que torna possível o mal? Deus fez boas todas as criaturas, p9rém não poderia tê-las dotado de uma perfeição infinita, absoluta, pois a perfeição absoluta só é possível no Ser infinito, ou seja, no próprio Deus. Para fazer criaturas dotadas de uma perfeição absoluta, Deus teria que criar outros deuses, o que é absurdo; logo, só podia criar seres finitos , limitados; portanto, imperfeitos, sujeitos a privações. É nessa limitação inerente à condição de criatura que os filósofos, seguindo Santo Agostinho, veem a raiz primeira do mal. Daí decorre que a única maneira de evitar o mal seria Deus não ter feito a Criação, pois toda criatura é necessariamente limitada. O mal pode ser considerado sob diversos aspectos, de acordo com a privação a que se refere. Se ocorre privação de um bem físico ou da natureza inanimada, temos o mal fisico ou natural; se a privação se refere a um bem moral ou a uma perfeição espiritual, estamos diante do mal moral. O mal fisico compreende todas as desordens da natureza inanimada: terremotos, inundações, incêndios; e em particular, as desordens das criaturas sensíveis: o sofrimento, as doenças e a morte. O mal moral compreende as desordens da vida moral: o pecado, o vício, a injustiça, a violação das leis estabelecidas por Deus.
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em outro absurdo, que é o de supor a existência de dois deuses: um deus bom, criador do bem, ao lado de um deus mau, que seria o criador do mal. Essa concepção - conhecida em filosofia como dualismo - é tão absurda como se, para explicar a noite e o frio, se admitisse a existência de um sol negro e gélido, distinto do sol radioso e quente, fonte do dia e do calor. Como é evidente, é o mesmo e único sol que dá origem ao dia quando nasce e provoca a noite quando se esconde; que aquece quando está próximo da Terra e faz com que surja o frio quando dela se afasta. Assim também, não é necessário imaginar dois princípios antagônicos - ou seja, dois deuses - para explicar a origem do mal. O que é preciso, antes de tudo, é determinar a natureza do mal, para depois indagar qual a sua origem. O dualismo erra não somente ao conceber duas causas primeiras, contrnditórias entre si, para o Universo - uma
Pol' que Deus pel'mite o mal?
originando o bem e outra o mal - , mas também ao tomar o mal como se fosse um ser, uma coisa que existe por si mesma. Ora, ensinou Santo Agostinho: "O mal não tem uma natureza: aquilo que é chamado mal é mera falta de bem ".2 Ou, no dizer de Santo Tomás de Aquino: "Nisto consiste a essência do mal: a privação do bem ". 3 O mal não é, portanto, uma coisa, e sim a falta de alguma coisa. Por isso, o mal não existe por si mesmo, mas apenas como deficiência, como privação de algo. Logo, não foi criado por ninguém. Não é, porém, qualquer privação que dá origem ao mal, mas somente a privação de algo que é próprio, necessário por natmeza à integridade de um determinado ser. Por exemplo, a privação da capacidade de voar não constitui um mal para o homem, uma vez que voar não é próprio à sua natureza; já a privação da vista é um mal para ele, pois enxergar é próprio à natureza hwnana.
CATOLICISMO
Por que Deus permite as catástrofes mais ou menos frequentes, as doenças, a morte, enfim? Como pode um pai deixar sofrer assim os seus filhos? Não tem Ele poder para impedir o mal? E se não Lhe falta poder, onde está a sua bondade, se não o impede? Santo Tomás ensina que Deus não permite o mal físico senão de um modo inteiramente acidental, como ocasião para os justos exercerem a virtude da constância, praticarem a caridade para com os menos favorecidos ou doentes, etc. Por outro lado, Ele deseja alguns males fisicos como pena devida ao pecado, como forma de restabelecer a justiça ultrajada pelas faltas voluntárias. • Com relação à morte, longe de ser o termo da vida, ela é a passagem para uma nova vida, onde a felicidade é completa, sem mescla de sofrimento e onde se atinge o Sumo Bem, que é o próprio Deus. Quanto ao mal moral ou pecado, Deus não pode querêlo nem mesmo indiretamente; mas Ele pode tirar, como do mal fisico, algum bem. Por exemplo, do pecado do
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perseguidor a manifestação da constância dos má1tires. A possibilidade do mal moral - ensinam os filósofos - é ao mesmo tempo a consequência de um grande bem, a liberdade; e a condição de um bem ainda maior, o mérito. As criaturas racionais (os anjos e os homens), por serem dotadas de inteligência, possuem o livre arbítrio, a liberdade de escolher entre bens possíveis. A capacidade de livre escolha decorre da natureza inteligente desses seres, do conhecimento que eles têm de suas próprias ações, de seus fins últimos e dos meios para chegar a eles. A liberdade, mesmo imperfeita, é a mais bela prerrogativa do ser racional; é pois digno da bondade divina tê-la concedido. Deus não podia suprimir no anjo e no homem a possibilidade de fazerem o mal, a não ser recusando-lhes a liberdade ou dando-lhes uma liberdade incapaz de falhar. Na primeira hipótese, eles ficariam rebaixados ao nível dos irracionais, o que seria indigno de criaturas espirituais; na segunda, eles se tornariam iguais a Deus, o que é um absurdo. Deus quer que a criatura racional observe as suas leis, não como o animal desprovido de razão, que age seguindo os meros instintos, mas moralmente e meritoriamente; ora, sem a possibilidade do mal moral, não haveria mérito na prática do bem, pois não há mérito senão quando se faz o bem podendo não fazê-lo. Deus quis que os anjos e os homens fossem os agentes de sua própria felicidade ou se tornassem responsáveis pela própria desgraça, escolhendo por si mesmos se colaboravam ou não com a graça divina. Quando os anjos pecaram e quando os homens pecam, a causa está no uso desviado da própria liberdade. Deus, porém, não tolhe a liberdade de suas criaturas racionais em razão do seu uso desviado, porque é próprio a E le criar e não destruir; seria contrariar-se a Si mesmo fazer criaturas livres e depois tolher-Lhes a liberdade quando a usam mal. Por ouh·o lado, a existência de seres racionais não-livres é absurda. O mal, consequência do pecado
A estas considerações de ordem filosófica, o Cristianismo acrescenta os dados revelados por Deus. Estes não somente confirmam as descobertas da razão, conferindo-lhes uma certeza absoluta, mas, indo além, nos dão os meios de saber ao certo aquilo que de outro modo não
CATOLICISMO
coisas para que subsistissem e não havia nelas nenhum veneno mortífero, nem o domínio da morte existia sobre a Terra " (Sab. 1, 13-14). Diz ainda a Escritura que '.'fài na soberba que teve inicio toda a perdição" (Tob. 4, 14). Uma parte dos anjos se revoltou contra Deus e foi expulsa do Céu, transformando-se em demônios; do mesmo modo, nossos primeiros pais desobedeceram ao Criador com o pecado original e perderam o estado de inocência e de integridade, sendo expulsos do Paraíso Terrestre. Como decorrência do pecado original, houve uma debilitação da natureza humana, tornando-se o homem mais vulnerável às paixões e seduções do demônio, e mais inclinado ao pecado; em castigo desse mesmo pecado, Deus permitiu que o sofrimento se abatesse sobre o homem e a Terra se lhe tornasse ingrata. No Gênesis, depois da narração da primeira desobediência, vêm as
passaria de mera suposição: como o mal se manifestou concretamente entre os anjos e os homens. O Cristianismo rejeita toda e qualqu er forma de dualismo: tudo quanto existe provém de um só e único princípio, puro e bom . Sendo Deus substancialmente bom e santo , tudo quanto provém d'Ele tem que ser, necessariamente, bom em si mesmo. Por isso, todas as criaturas, em si me mas, são boas e aptas para os propósitos do Criador. Assim, lemos no primeiro livro da Bíblia: "E Deus viu todas as coisas que tinha f eito, e eram muito boas" (Gen. J, 31 ). O livro do Eclesiástico completa: "Todas as obras do Senhor são boas e cada uma delas, chegada a sua hora,fará seu serviço " (Ecli. 39, 39). E o livro da Sabedoria explicita: "Deus nãojez a morte, nem se alegra com a p erdição dos vivos. Porquanto Ele criou todas as
palavras do Criador ao primeiro homem : "Porque deste ouvidos à voz de tua mulher e comeste da árvore de que eu te tinha ordenado que não comesses, a terra será maldita por tua causa; tirarás dela o sustento com trabalhos penosos todos os dias da tua vida. Ela te produzirá espinhos e abrolhos "(Gen. 3, 17-18). E o inspirado autor do Eclesiástico escreve, numa alusão ao pecado original: "Da mulher nasceu o principio do p ecado e por causa dela é que todos morremos " (Ecli. 25, 33). O Apóstolo São Paulo resume magnificamente essa doutrina sobre o pecado original, nos seguintes termos: "Assim como por um só homem o pecado entrou no mundo e, pelo p ecado, a morte, assim também a morte ating iu todos os homens, porque todos p ecaram. [. ..] Pois o salário do pecado é a morte" (Rom. 5, 12, 23). Em virtude da Redenção operada por Jesus Cristo, entretanto, o sofrimento e a morte podem ser aproveitados pelo homem como um meio de aperfeiçoamento moral, de santificação. É assim que o mesmo São Paulo exclama: "A morte f ài tragada na vitória (de Cristo). Morte, onde está a tua vitória? Morte, onde está teu aguilhão? " E prossegue: "Sejam dadas g raças a Deus, que nos dá a vitória por nosso Senhor Jesus Cristo. Por isso, meus irmãos amados, sede.firmes, constantes, progredi sempre na obra do Senhor, sabendo que o vosso esforço não é inútil no Senhor "(l Cor. 15, 54-58). É esta esperança que nos dá força para lutar contra a ação do mal em nós mesmos e no mundo. E é a doutrina a respeito do pecado original que nos esclarece quanto à origem histórica do mal e ao verdadeiro sentido de sua prese nça no mundo. Do contrário, o "mistério da iniquidade " (cf. 2 Tes. 2, 7) ficaria insolúvel e nos atiraria no desespero da incompreensão e da revolta. • E-mail para o autor:
catolicísmo@terra com br
Notas: 1. ln Anjos e Demônios - A /1.1/a conlra o poder das rrevas, Artprcss, São Paulo, 1996, 11 , cap. 1. 2. De Cili Dei., 11 , 9. 3. Suma Teológ ica, 1, q. 14, a. 10.
Anunciação (detalhe) - Fra Angélico, Museu EI Prado, Madri, Espanha. Adão e Eva expulsos do Paraíso pela desobediência à proibição de Deus.
MAIO2015
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São José Operár·io, Esposo da Santíssima Virgem São José era da estirpe rea l de David Primeira Sexta-feira do mês
2 Santo Atanásio, Bispo, Confessor e Doutor da Igreja + A lexa ndri a (Eg ito) , 373. Gra nde defensor da fé contra os arianos, ex ilado cinco vezes por imperadores favoráveis aos heresiarcas, suportou toda sorte de ca lúni as de seus inimigos. Primeiro Sábado do mês
3 Santos li'elipe e Tiago Menor, Apóstolos + Sécul o l. São F ilipe deixou casa, mulher e filhos em Betsa ida para seguir Nosso Senhor, sendo martirizado em Hierápo1is, na F rí g ia (Ásia Menor). São Tiago Menor, primo de Nosso Senhor, fo i o primeiro Bispo de Jerusa lém, onde sofreu o martírio. É auto r de uma ad miráve l epísto la.
4 Santos João Houghton e Companheiros, Mártires + Londres, 1535. João, Roberto Lawrence e Agosti nh o Webster, cartuxos, e Ricardo Reynold foram arrastados pelas ruas com a maior selvage ri a, enforcados e esquartejados por se recusarem, em virtud e de sua fidelidade à fgrej a Cató lica, a aceitar o Ato de Supremacia ( imposta pelo lúbri co re i Henrique VIJI que us urpou o cargo de chefe da Igrej a na Ing laterra).
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Santa Jutta von Sangerhausen, Viúva
Santos Abades de Cluny, Confessores
+ Turíngia, Alemanha , 1260.
+ Sécu los X a Xll. Santos
Envi uvando muito cedo, mudou-se para a Prússia , feudo dos Cava leiros Teutônicos , dos quais seu irmão era grão-mestre. Doou toda a sua fo rtuna aos pobres e dedicou-se ao servi ço deles.
Odon, Majolo, Od ilon, Hugo e Pedro, o Venerável. ''A elevada autoridade moral de Cluny, que esses abades colocaram a serviço da Igreja e da paz civil do século X ao XII, explica-se pela irradiação de suas personalidades, pela estabilidade de seus mandatos, isenta de toda ingerência secula,; e por sua .fidelidade a nada preferir à Obra de Deus" (do M artirol ógio Romano-Monástico).
6 São Mariano e Companheit'OS, Mártires + Numídia (hoje Argélia), séc. fll. Leitor na comunidade de C ircé , prenderam-no juntamente com muitos outros cristãos durante a perseguição de Valeriano . Foram a linhados na vertente de um a co lin a e decapitados.
7 Beata Gisela, Viúva + Alemanha, 1060. "irmã de Santo Henrique, Imperador da Alemanha, e esposa de Santo Estê vão, rei da Hungria. Viúva, entrou para o mosteiro de Niederburg, do qual tornou-se Abadessa " (do Martirológio).
8 Nossa Senhora do Sagrado Coração
+ Chipre, 403. Judeu convertido da Palestina, viveu em sua vila natal como monge durante 30 anos, quando fo i nomeado bispo de Chipre . Gra nde polemista, "sua erudição e amor p ela ortodoxia levaram-no a denunciar várias doutrinas maculadas pela heresia" (do Martirológio).
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Santa Rita de Cássia, Viúva
São Justo de Urgel, Bispo e Confessor
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+ Espan ha, séc. VI. É um dos
São Bruno de Würz burg, Bispo e Confe sor
Santa Joana Antida Thourét, Virgem.
+ Áustria, l 045. F ilho do Duque da Caríntia e da Condessa Matilde, tornou-se bispo de Würzburg. Constru iu várias igrejas e a catedra l. Erudito escritor, fo i promovido à Sé de Mil ão por indicação do imperador onrado 11. Fa leceu na Au tria .
+ N ápo les 1826. Esta deste-
quatro irm ãos cons id erados por Santo Is idoro de Sevi lha como varões ilustres entre os que floresceram na Espanha visigótica. Esc reveu diversas obras e portou-se como pastor v ig ilante e caritat ivo na Sé de Urge!, à qual fora e levado .
18 Santo Érico Rei, Mártir + Suéc ia , 11 50. Promove u a eva nge lização dos finland eses, ainda pagãos. Sua "Leis de Érico" muito favoreceram a Igreja e as mulheres, tratadas até então como escravas. Foi martirizado pelo pretendente dinamarquês ao trono da Suécia, qu ando acabava de ass istir à Mi sa.
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Aniversário da Primeira Aparição de Nossa Senhora em Fátima
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+ Bolonha, 1443. "Cartux o,
Santo AQuiles, Bispo e Confessor
pelo diminutivo por ca usa de sua estatura, tornou-se célebre por sua doutrina e suas obras. Defendeu o Papado no Concílio de Basiléia, e a sã doutrina católica no de Florença, contra os autores do cisma grego.
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São Ivo, Conf 880r
São Nicolau Alberati, Confessor
Santo Antonino de Florença, Bispo e Confessor + 1459 . Antônio , co nh ec ido
zar a Inglaterra, é considerado o apóstolo daquela nação.
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invasores à f é e aos costumes cristãos " ( do Martirológio).
12 Santo Epifânio, Bispo e Confessor
ASCENSÃO DE NOSSO SENHOR JESUS CRISTO
ordenado bispo de Bolonha, f oi nomeado Nún cio Apostá/ico pelo Papa Martinho V Trabalhou com sucesso para restabelecer a paz entre a França e a i ng laterra" (do Martirológio).
tedral. Tentado em vão (p elo rei Wenceslau) a trair o s igilo confessional.foi lançado ao Rio Moldávia, merecendo assim a palma do martírio (do Martiro lógio Romano).
+ Grécia, 330. Bispo de Lari sa, na Grécia, ficou cé lebre pelo dom dos milagres. Fa leceu em sua cidade episcopal ao vo ltar do Concíl io de Nicéia. Os búlgaros obtiveram suas relíquias, transportando-as para a c idade de Presbo, qu e tomou então o nome de Aquili.
16 São João epomuceno, Mártir + Praga , 1393 . Consagrado a Deus pelos pai s desde o nascimento , tornou -se confessor da rainha e "cô nego da ca-
+ Fránça,
1303. Sacerdote, padroeiro dos advogados, csludo u Direito e Teologia cm Pari s e O rl eans. Transform LI o so la r herdado dos pais cm hos pital, as il o para velhos c ri a nças aba nd onadas. Lá estabe leceu também se u escritóri o para atender consu ltas dos pobres e dos desamparados, nã ha vendo advogado de maior renome nem pessoa mais estima la do qu e e le em toda a Bretanha , da qual se to rn ou um dos ant os mais populares.
20 São Bernardino de Shma. Confessor
21 Santo Hospício, Co111'cssor + França, séc . VI. ''lla vi(I predito uma próx ima inv(l.\'l7o dos lombardos, caso a ílio lalual Fra nça] não fize ·se p ,,,,if<?n ·ia. Quando ef etivament , os tombardos chegaram, dedico11-se a converter grand 111í111ero de
mida santa passou por grandes perigos e provações ensinando catecismo, cuidando de doentes e dando esconderij o a sacerdotes em pleno Terror da Revolução Francesa. Fundou em Besançon um ramo das Irmãs de Caridade. Morreu no convento de N ápoles devido a perseguições de se u bispo e de suas próprias irmãs de hábito.
24 DOM INGO DE PENTECOSTES Nm;sa Senhora Auxiliadora
25 São Gregório VII , Papa e Confessor Santa Maria Madalena de Pazzi, Virgem + F lorença , 1607. Ca rm e lita aos 16 anos, "ofereceu sua vida p ela renovação espiritual da Igreja. Abençoada com graças místicas, deu o melh or de si mesma na fidelidade quotidiana aos três votos de sua profissão relig iosa " (do Martirológio).
26 São Felipe Néri, Confessor São Quadrato, Confessor + Atenas, séc. n. "Discípulo dos Apóstolos que, na p erseguição de Adriano, por sua .fe e atividade reuniu sua igreja ating idapelo terror e disp erscio, e apresentou ao imperador uma útil apologia da relig ião cristã, digna da doutrina que ele havia recebido dos Apóstolos" (do Ma1tirológio).
27 Santo Agostinho ele Cantuária , Bispo e Con fessor + 605. Enviado pelo Pa pa São Gregó rio Magno para evangeli-
29 São Máximo de Tréveris, Bispo e Confessor + França, 349. Sucedeu a Santo Agrício como bispo dessa então c idade imperial, distinguindo-se por seu zelo e sua fo rtaleza . Acolheu Santo Atanásio, ex il ado por sua ortodoxia, e participou do Concí li o de Milão, no qual os arianos foram condenados. Morreu na França, para onde fora devido à perseguição desses mesmos aria nos.
30 Santa Joana d'Arc, Virgem + Rouen (Fra nça) 143 1. Suscitada por Deus para livrar a França do jugo inglês, esta virgem guerreira foi depois traída e queimada como feiticeira. Reabilitada por Ca lixto III em 1456 , teve a heroicidade de suas virtudes reconhecida em 13 de dezembro de 1908, sendo beatificada por São Pio X em 1909 e canoni zada por Bento XV em 1920.
31 DOMI GODA SANTÍSSIMA TRJNDADE VISITAÇÃO DE NOSSA SENHORA A SANTA ISABEL (Comemorava-se antigamente Nossa Senhora Ra inha)
Nota: Os santos aos quais já fi zemos referência em ca lendári os anteriores têm aqui apenas seus nomes enunciados, sem nota bi ográfica.
Intenções para a Santa Missa em maio Será ce lebrada pelo Revmo. Padre David Francisquini, nas segu intes intenções : • Diante do desco ntentamento generali zado que se a lastra de norte a sul do Brasil co ntra a corrupção e a tentativa de implantar no País um regime socia li sta, pediremos a Nossa Sen hora neste mês em que celebramos o 98° aniversário de sua primeira aparição em Fátima - q ue ampare o povo brasileiro em seus sofri mentos e em sua luta, a fim de que não esmoreça na rea ção ao que Ela apontou em Fátima como se nd o os erros que a Rússia espal haria pelo mundo.
Intenções para a Santa Missa em junho • Pedindo o afervo'ram ento das famílias ca tó li cas na devoção ao Sagrado Coração de Jesus (festividade ce lebrada no dia l 2 de junho), para que Ele proteja especia lmente o Brasil neste período de profunda crise que atravessamos e o leve ao cumprimento de sua grandiosa missão no concerto das nações.
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For'ça dotada de potência a serviço da civilização cristã e do Brasil D ANIEL
F. S.
M ARTIN S
m março últi.m.o, o /n~tituto Plinio _Corrêa ~e Oliveira comemorou c in co anos de in te nsa ati vidade pública em defesa da c ivili zação cri stã e de nossa Pátri a. A entidade, que leva nome do insigne líder e pensador cató li co Plíni o Corrêa de O li ve ira ( 1908- 1995) - também inspi rador e princ ipal colaborador de Catolicismo - , tem como pres idente desde o _iníc io o D r. Adolpho L indenberg, primo de Dr. Plínio, arquiteto católico mui to conhecido nos meios inte lectuais e empresari a is, cuj o nome está assoc iado à re in trod ução do estilo co loni al na construção civil. É natural qu e na co memoração desse ani versá ri o nossa rev ista apresente a seus le ito res uma síntese das beneméritas ativ idades do Instituto. É o qu e fa remos a seguir.
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Dr. Adolpho Llndenberg, presidente do Instituto Pllnlo Corrêa de Oliveira
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des de destaque, o Instituto Plinio Corrêa de Oliveira promoveu no Hotel Go ld en Tulip o conco rrido Fórum "As ameaças do PNDI--f-3 continuam", inic iando-se a partir daí um a série de confe rênc ias o rga ni zadas em São Paul o. No mês de o utubro, o Instituto denun ciou em seu site: "Quatro organismos ligados à CNBB estão de mãos dadas com l 25 organizações do movimento homossexual, com conhecidas organizações pró-aborto e com o MST para exig ir a 'integralidade e implementação do PNDH-3 '". Vári os blogs e sites cató li cos repercuti ra m a campa nha. A CNBB viu-se obrigada a reti rar o nome de três de seus ó rgãos da lista subversiva. E m janeiro de 2011 , a Caravana Terra de Santa Cruz percorre u sete dos nove estados do No rdeste, co ntinuando a di fusão dos "Cartões Amare los". N o ce ntro de Sa lvador, enfre nto u a anim osidade do GGB (Grupo Ho mossex ua l da Bahi a), cuj a ma iori a entretanto fu g iu do enfrenta mento pacífico co m os caravani stas, qu e respo ndiam co m sloga ns, perm anece ndo no loca l apenas um dos líderes e algun s po ucos seguidores. Ainda no mês de j ane iro, Paul o Vanucchi , ministro dos Dire itos H umanos desde 2005 e principal promotor do PNDH-3, fo i substituído no cargo. Certo te mpo depo is, pouco ou nada ma is se fa lo u do PNDH-3, tend o sid o tentadas novas medidas legislativas no mes mo sentido com o utros no mes. Posteriormente , o PNDH-3 fo i arquivado. Campanha dos "Cartões Amarelos aos Deputados e Senadores"
Conl'cr ê11Cias públicas pr omo 11i<las sobre temas <le atua/icla<le
N o decorrer destes c in cos anos, o Instituto Plin io Corrêa de Oli veira pro moveu grande número de co nfe rênc ias so bre diversos te mas, se mpre relac ionados co m os in teresses da civili zação cri stã e a defesa dos princíp ios da doutr in a cató li ca, ap li cados ao âmbi to nac iona l e internac ional. Os di ve rsos co nfere nc istas abo rdara m de modo co mpetente ass un tos de sua especia li dade ou de se u gênero de atuação, o ra na esfera religiosa, ora na jurídica ou militar. Tais eventos foram reali zados em di ve rsos auditóri os da capital pauli sta, como o do Moste iro de São Bento, do Hote l Go lden Tu li p e do C lube Ho ms. O com parec imento médi o foi de aprox imadamente 300 pessoas, que sempre mani festa va m gra nde interesse pe los temas expostos, e hab itualmente aderi am aos mesmos . Os oradores respondi am às di versas perguntas, elu cidando dúvidas e aprofu ndando o tema desenvo lvido. E m seguida eram sorteados livros e oferecido um
uma insidiosa, embora ve lada, persegui ção re li giosa, sob pretexto de direitos humanos. No dia 25 de março de 201 O iniciou-se a ca mpanha dos "Cartões Amare los aos Deputados e Senado res", pedindo o arquivamento do PNDH-3. Consistia no envio maciço de e-ma ils aos parla mentares. Após 15 horas de campanha, o site do Instituto Plinio Corrêa de Oliveira fo i ti rado do ar. Instâncias fe itas jun to à empresa que hospedava o site obtiveram da mesma a seguinte resposta: "Recebemos um comunicado oficial, sig iloso, de Brasília, mandando tirar o site do ar. " Ta l medida feri a cláusulas do co ntrato, que obrigavam a empresa a notificar sobre qu alq uer ocorrência antes do bloqueio · do site. Este hav ia sid o bloqueado à 1:00 h da manh ã e a notifi cação só chego u quatro horas depois. O site fo i então hospedado no ex teri or, e a campanha prosseguiu . Cada parlamentar recebeu dezenas de milh ares de e- mails de protesto . E m julho de 201 Osaía às ruas a Caravana Terra de Santa Cruz, com 36 jovens caravani stas di fu ndindo o mencio nado "Cartão A marelo" no interi or de São Paulo. O mov imento pró-homossex uali smo tentou atrapalhar a campanha em R ibeirão Preto. O ti ro saiu pe la cul atra: a campanha repercutiu em jornais regionais e até em órgão da imprensa alemã . Em agosto , juntamente com outras entida-
coq uetel, ocas ião propíc ia para a nimadas co nve rsas so bre as confe rências. Campa nha contra o PNDH-3
N o di a 2 1 de deze mbro de 2009 ve io a lume o ma lfadado Programa Nacional de Direitos Humanos (PNDH-3), o decreto pres idenc ia l so rrate iramente emanado às vésperas do Natal, no último período do segundo mandato do pres idente Lul a. D ia nte da catadup a de horro res contidos nesse decreto, o Insti tuto decidiu lançar uma campanh a em ní ve l nac ional, denu nc iando a meta do PNDH-3 : asovietização do Brasil , j untamente com a implantação de M A IO2 01 5
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Campanl1a contra á~''lei da homofobia "
Penal, mas após diversas idas e vindas, caiu no vazio. Preferiu-se o silêncio a provocarem-se novas reações da população. Foi fin almente arquivado no término de 2014.
Nos primeiros ~ eses de 2011, a senadora Marta Suplicy tentou fazer aprovar o PLC 122/2006, a chamada "lei da homofobia". Tratava-se na realidade de oficializar Campanha contra antepl'ojeto ele Código Pei1al a perseguição religiosa contra todos os que, ainda que Uma comissão indicada pelo Senado elaborou um anpacificamente, se manifestassem contrários à prática teprojeto de novo Código Penal eivado de reivindicações homossexual, fossem eles pais de família, sacerdotes ou contidas do PNDH-3, tais como a penalização proposta simples leigos. pela " le i da homofobi a", a O núcleo de colaboradores atenuação dos crimes de terÀ esquerda, do Instituto Plínio Corrêa de rorismo (desde que praticados Dr. Gilberto Call Oliveira em Brasília esteve por "movimentos sociais"), a de Oliveira presente praticamente a todas sobrevalori zação dos animais as sessões de votação e aue plantas, abertura quase onídiências públicas no Senado. moda ao aborto etc. E ntre adiamentos e pedidos Em maio de 2013 sai a de vistas, o projeto foi sendo lume, lançado pelo Instituto modificado , tendo até o seu Plinio Corrêa de Oliveira, o nome fantasia mudado para livro Código Penal: Código de "Lei Alexandre Ivo", numa morte prestes a desabar sobre tentativa, talvez, de encobrir a cabeça dos brasileiros, de seu caráter persecutório. autoria do Dr. Gilberto CallaO Instituto montou um sisdo de Oliveira, procurador de tema rápido e fácil de envio de Justiça, professor e escritor. e-mails aos Senadores, e logo Sua difusão contTibuiu para a o público apoiou a iniciativa, radical modificação do projeto chegando a expedir mais de pelo Congresso Nacional, na três milhões de e-mails. Isto figura de um substitutivo que significa que cada Senador a inda tramita naqu ela Casa recebeu por volta de 45 mil Legislativa. e-mails ... Houve uma presença consA tal respeito, ass im se tante dos membros do Instituto nas várias sessões no pronunciou o Senador Magno Malta no plenário do SeCongresso Nacional que debateram o mencionado pronado: "Quero agradecer as lideranças deste Pais, que jeto, bem como em audiências públicas nas principais se mobilizaram anteontem e ontem e vieram para cá, capitais do País. Essa presença foi registrada por órgãos chegaram aqui na madrugada, e eu jàço registro, com de imprensa como a Agência G l , o diário "O Globo", do muita alegria, da comissão católica, que está neste deRio de Janeiro e outros. bate juntamente conosco, e que para o debate trouxe, na O Instituto também promoveu uma campanha de comanhã de hoje, o Instituto Plinio Corrêa de Oliveira que leta de assinaturas e uma intensa campanha via Internet. protocolou na presidência da Casa 3.449.376 e-mails, As assinaturas foram encadernadas e protocoladas na prenas últimas horas, contra o PLC 122." 1 sidência do Senado, tendo sua entrega sido registrada do Em junho de 2011, o Instituto organizou nos principais seguinte modo pelo Deputado Lael Varella, em discurso logradouros da Capital Federal, un1a semana intensiva de no Plenário da Câmara: campanhas de divulgação do manifesto " J Orazões para "Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, quero regisse rejeitar a 'lei da homofobia'". Logo em seguida, com trar a entrega, no dia 17 do corrente,2 pelos membros um gigantesco cartaz e vários estandartes, participou da do Instituto Plinio Corrêa de Oliveira à Presidência multitudinária manifestação (cerca de 70 mil pessoas) do Senado Federal de dois abaixo-assinados da maior realizada na Esplanada dos Ministérios. Vários dos preimportância para os destinos de nossa nação e da civilisentes foram cumprimentar os membros da entidade, pois zação cristã. O primeiro deles com mais de 40 mil assijá conheciam e louvavam a sua atuação. naturas solicitando para que o Senado rejeite no todo Tentaram até incluir o PLC 122 no projeto de Código CATOLICISMO
ou em parte o Pro]eto de Código Penal - PLS 236/20 12, e o outro documento pede rejeição do PLC J22/2006. " Em dezembro de 20 13, um substitutivo ao projeto de Código Penal é aprovado em co mi ssão do Senado, tendo sido reti rada toda a parte referente ao aborto. Posteriormente, as menções à homofobia, bem como outras que eram ob_jeto dos protestos do Instituto Plinio Corrêa de Oliv•ira e de diversas entidades pró-vida e família, foram ta mbém eliminados. Apesar des a vitória, o Instituto mantém o espírito de alerta em rclaçt o ao Código, pois o projeto continua em tramitação. Cara11a11a Cruzu<h1 pela Família
Juntament 0111 os tentames legislativos, os defensores da agenda homc sscxual envidam esforços para mudar a mentalidade elas pessoas e influenciar até as cri anças, desde os banco cs 'o lares, para que ace item como normal a prática do homoss 'xualismo. Diante di ss , o l11stituto Plinio Corrêa de Oliveira iniciou uma ca mpan hu para prover o público com material de fáci l leitura, b ' Ili documentado e denso, que aj udasse a defender os 111 ·ios ramiliares, sociais e profissionais, da intensa propaga nd a da agenda homossexual. Lançou ent· o ' m 2012 uma campanha de difusão de dois opúscul o ·: l ! 0 11 w111 e Mulher Deus os Criou - As relações homo.\',\' '\//ois à luz da doutrina católica, da
Lei natural e da ciência médica, e Catecismo contra o Aborto - Por que devo def ender a vida humana inocente, ambos de autoria do conceituado sacerdote católico Pe. David Fra ncisquini, com a colaboração de especialistas nas matérias expostas. Em janeiro daquele ano, uma carava na percorreu o Distrito Federal e os estados de Goiás, Minas Gerais e Ri o de Janeiro, difundindo os referidos opúsculos e os correlatos fo lhetos de propaganda. Apenas nesse período fora m vendidos 5 mil exempl ares diretamente em ruas e praças das citadas unid ades da Federação. Muitos pedidos foram feitos através dos fo lhetos. A edição de 10 mil exemplares da obra sobre o homossex uali smo esgotou-se em menos de dois meses. Foi lançada outra edi ção, difundida du rante todo o ano. Em janeiro de 20 13, a mesma campanha Cruzada pela Familia percorreu o estado do Paraná, com numerosas repercussões na pequena e grande mídia. Houve múltiplas reações pró e contra a campanha, tendo o movimento • em favo r das práticas homossexuais promovido diversas arruaças, a mais fa mosa das quais foi uma agressão em Curi tiba. Nessa ocasião, participantes do citado mov imento cercara m os caravanistas, que tiveram um de seus jovens atingido na cabeça por uma pedra lançada pelas costas por um dos atacantes.3 Pouco depois, ante a repercussão negativa que alcançara junto ao público, um site do referido mov imento MAIO2015
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apresentar uma justificação e reclamar contra os protestos. Aborto, Blasfêmia e Sacrilégio O empreendimento teatral foi na 31ª Bienal de Artes de São Paulo , de tal maneira deficitário, que a br.'1!11'K)'ISl\clq1R•st·11filh11, companhia desistiu de colocar em \ 1cLIJo 11cla c<;,:oh,, se J~ nJo o foi, a \l511flr:, Oicnal de Am, de S!lo cartaz uma segu nda peça já progral':mlo, ,: Mas U111 COl1J UIIIO csc:ul<b!1>10 de bl:amada. E mais: a tournée da Jesus !Cmms e acn lég1os oontrn No so Senhor· Jesus fn~lo e ,1 S:m11~1m.1 \11 rChrist Superstar, age nd ada para gcm, indtJlllt'lllO 101:il lr.'ynhz.a~:lo do nbonr> C 11111:1 llf'Ot1101;:lo lllK·nn doliomosscxua l1 \ mo' 50 cidades dos Estados Unidos, Rc11rcscn1;1111cs do l11m tu10 Plin io on ê,, dcOl1\c1ra c-~111 cmm na lhc,ul também foi cancelada. Sobre isso se p,,r.1dabo1,11· u1 11 Jocumcm.h10.c fko• c1uc pronunciou uma jornalista da "Folha 1 - A c1pos1çl.,, '"Cmir de Deus·• C.'l(J)ÕC fluun, ~gr;1da de k">uS C,i,hl 1 r:1 1x:1si:O,J.)('ctrndC'u ..ahol1çio 101!1l(IO c1uc1flcmto '>C11do dc,or:1dn 1)0( con 111f,.:mo·• ,\ mmt•na ,10 .. \l~ llant c~ nem de S. Paulo", em 27-6-14: 2 · Na S<'(Jufocm, um:1 1111111,,çm de :ilê,cossm:iscm 1x:rccbcrquconb:11• No\:i:1 'ic11h01~• com o t-.knmo k~u~ 1m-:m111ado 111l muJ\ ido pelo C ll\1\ "Poucos meses depois de estreacobc:11,111t.11· IIA l'A I (C,,luhc tk•\ l111111ns, ll c1q1c,, 3 · Ad1an1c.um:1scrp,·111ccnrosc11- 1\1ió>L1tas, Ul:1sfrmo1, Ateu$. PJoJos. rem, saíram de cartaz dois musicais da ,L1 \'1ri:;cm Ai;nósllco~ e lnfié1 ~) · u filho ou 1>-1• de rcnlc"l."J;icon,1,Jntloun,\ni;uc~ 11e• tuhco 1b Vn11c n1 c~m.1g:1ndo ,1 cabq .1 u111ndo-sc ,1 t, tl dubc! originalmente da Broadway, 'Jesus d;1 ~ •pente (Gcn \ 1~) 6 Um11 c.,1»siç,\o ch:1m:1da "Es• 4 dcnttockuma f1i - p,1~0 1rnn, i\UO,c,11" 1nclu1 drios "111,.. Christ Superstar' e 'Nas Alturas'. t1dc u-J, 11.11 ,1M:rfnwda, cu1m 11u,1ucm ro~" Vitória contrn a blasfêmia o de Nm.., Scnho1l a ~cr 1tihnl- ll1C1c., c1111cm ndb iv;11~m "tc~tcrrm1:1l.1dm de nho-." d.: ··c.'fll<T!fncms", :icl,og.1111k1 n O primeiro, que nunca esteve entre \o ,k...,-.;i De março a abril de 20 14, com kt;a111aç~ do :ihottu l.!r:is111 (Cf1 @uns da 01cn..1l 01ir111am os ,is11:1n- CI 1':ils. 14 e f.lc.-booJ...con1,mncu• as maiores bilheterias por lá,.ficaria a uma ao l':111.1 a mplo a poio do Ministério da mesmo pouco tempo, nas previsões C ultura, a empresa Ticket for Fun da produção. Mas foi uma aposta la nço u um a atua li zação da peça ousada da Time.for Fun. blasfema Jesus Cristo Superstar, apresentada em presti"Sempre controverso pela trama religiosa, tendo não gioso teatro no bairro de Pinheiros, em São Paulo. A peça mas Judas e Maria Madalena como protagonissó Cristo, ofendia gravemente a honra de Nosso Senhor Jesus Cri stas,foi uma tentativa de problematizar um pouco o teatro to, apre entado como amante de Santa Maria Madalena. que é oferecido ao público dos musicais. Dia após dia, O instituto Plínio Corrêa de Oliveira promoveu vários nas primeiras semanas, integrantes se manifestaram na atos de repúdio à peça blasfema em frente ao teatro , cu lfrente da nova sala da T4F, em Pinheiros. minando num grande ato de reparação reali zado na Sexta"Não à toa, também foi cancelada semanas atrás Feira Santa (foto acima). Além di sso, durante alguns uma nova produção americana de 'S uperstar '[. ..j. meses, organ izou campanhas de rua na capita l paulista, "Sejam quais forem as razões - e seria possível com a di stribuição de um manifesto e o convite - sempre arriscar outras - o certo é que um grande espetáculo muito bem recebido - para " buzinaços" contra a peça. [. ..] saiu de cartaz. " Os princ ipais atores da representação teatral viram-se A campanha repercutiu em todo o Brasil. Corresponobrigados a ir à tel ev isão e aos jornais, na tentativa de
confessava: "A estratégia de confi'ontos irados com os conservadores é tiro no pé ". 4 Com efeito, o vídeo da agressão repercutiu em grande número de sites e blogs do Brasil , e até alguns do exterior. O importante diário americano "The Washington Times" e o maior site pró-vida do mundo, LifeSiteNe ws, noti c iaram a agressão. A Cruzada p ela Familia continua, e os que desejarem adquirir as obras mencionadas podem fazê- lo através do site livrariapetrus.com.br.
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dentes e amigos do Instituto Plinio Corrêa de Oliveira reproduziram o ato de reparação em fre nte ao Ministério da Saúde, em Brasília, no centro do Rio de Janeiro, bem como em Curitiba, Manaus, Guaru lhos (SP), Campos (RJ), Montes Claros (MG), ltu (SP), Cardoso Moreira (RJ), entre outras. A Câmara de Vereadores de B lumenau (SC) aprovou uma moção oficial de repúdio à peça. Cabe ainda menc ionar a campanha - igua lmente com grande repercussão na imprensa - contra as blasfêmias e os sacrilégios presentes na 3 1" Bienal de Artes de São Paulo. Nesse sentido, por meio de uma grande atuação via Internet, o Instituto denunciou a expos ição aos diretores de colégios, cujos alunos normalm e nte são co nduzidos à Bienal e co nstitu em numericamente seu principal público. Foram enviadas 51 .557 mensagens. Foram também dirigido e- mails ao Cardeal Arcebispo e ao Clero de São Paulo, pedindo-lhes que denunciassem as inomináv e is blasfêmias da exposição. Totalizaram 31 .396 mensagens. A obra "Espaço para Abortar", uma das seções da expos ição blasfema, foi proibida para menores de 18 anos, com grand e protesto das artistas . "Exposição fra cativa ", foi a qualificação atribuída à 3 lª Bienal pelo jornal "O Estado de S. Paulo". 5
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Humilhado pelo fracasso de seu proselitismo junto às populações, o c munismo tenta apresentar em todo o mundo fórmul a cores velhas e novas. No Brasil, ele se tem "e verd ado" em vários momentos, aduzindo pseudo-argument ambientalistas que justifiquem o congelamento da pr dução e o cerceamento do direito de propriedade. /\1 m disso, aproveita-se das teses ecologistas radicai para implantar uma verdadeira religião ecológica, igualitári a e anticristã. Diante dis o, !11sliluto Plinio Corrêa de Oliveira • Lançou o livro Psi os , Ambientalista - Os bastidores do ecoterrorismo p 11 ·0 i1nplantar uma "Relig ião " Ecológica, igualitária anlicrislã, de autoria do Príncipe Dom Bertrand de Orl !-111 8 Bragança. A caravana Terra de Santa Cruz continuou seu percurso por todo o território nacional, levando 'l difusão desse livro-denúncia até o
Acre, considerado como centro da militância ambientalista por ser a terra de Marina Silva e Chico Mendes. Após percorrerem as principais cidades desse estado, os caravanistas se dirigiram à "meca" internacional do ambientalismo, Xapuri (AC), terra natal de Chico Mendes. A população os recebeu calorosamente, o Instituto provou como a propaganda ambientalista não passa de um blujf o público não a acompanha. Até o então presidente da Fundação Chico Mendes comprou a obra, e disse aos jovens caravanistas: "Que interessante esse livro! Traz ideias que nem todo mundo fala. Vou escrever vários artigos sobre ele no nosso jornalzinho ". Já vieram a lume quatro edições do livro. A campanha continua, com profundas repercussões na opinião pública e nos meios de comunicação, que começam a utilizar aqui, lá e aco lá, expressões e argumentos nele contidos.
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Filial Súplica ao Papa Francisco
O Instituto Plinio Corrêa de Oliveira está atualmente colaborando vigorosamente com a campanha internacional Filial Súplica ao Papa Francisco, pedindo-Lhe que o ensinamento de Nosso Senhor e da Santa Igreja sobre a família seja preservado no próximo Sínodo dos Bispos, a realizar-se no mês de outubro em Roma. Tendo iniciado o abaixo -assinado no ce ntro de Brasília, a caravana percorreu durante 23 dias do mês de janeiro os estados de Goiás, Bahia e Minas Gerais, coletando 20.240 assinaturas fisicas. As campanhas de rua contin uam periodicamente,junto com a propaganda pela Internet. No momento em que escrevemos, a Filial Súplica já atingiu mais de 172 mil assinaturas. Convidamos nossos leitores a se inscreverem no site www.ipco.org.br e acompanharem os próximos passos desta nobre e tão necessária luta. • E-mail para o autor: ca toli c ismo@tcrra .com.br Notas: 1. Os e-ma il s c itados no di scurso do Senador Magno Malta (PR/ES), em 2 1 de maio de 20 13, fo ram co letados ao longo de vários dias. 2. 17 de maio de 20 13. 3. Assista ao vídeo, procurando no YouTube: " Mov imento homossex ual agrid e fis icamente os jovens cató licos" . 4. C fr. http://www.umoutroolhar.com.br/, 28 de j aneiro de 20 13 . 5. Mais deta lhes em Catolicismo, novembro/20 14.
MAlO2015 CATOLIC I SMO
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ão devemos pensar que vendo a lua em um bairro de Sã.o Paulo, conhecemos o luar brasileiro. Seria o mesmo que comparar a tangerina comum com uma fruta do Paraíso Terrestre. O verdadeiro luar brasileiro aparece no Nordeste. Luar é aquele! Às vezes pode-se notá-lo em São Paulo, Minas, Rio de Janeiro e outros lugares ... É um luar bonito. Acima daqueles golfos, daquelas baías do Rio aparecem luares dourados , em que a lua é dourada como uma libra esterlina fosforescente. Lembro-me de uma longa estadia em que estive hospedado no Hotel Glória, em frente da praia do Flamengo, contemplando um luar dourado e uma palmeira muito alta, entroncada, nobre; e sobre o mar, aquele miroitement da lua. Era uma coisa rnaravi lhosa! Esse luar é acompanhado de urna espécie de tristeza saborosa, mediante a qual o indivíduo sente a tranquilidade e a distância em relação às coisas. Não é a pura tristeza sentimental tipo Chopin; é uma tristeza indefinível , propriamente a nostalgia do Céu . E esta nostalgia, a meu ver, é mais bela do que o dia, porque no Brasil o sol é fotográfico e
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apresenta as coisas com muita clareza, enquanto a lua é muito mais do que fotográfica, ela é uma pintora impressionista. As coisas ficam maravilhosas quando iluminadas pelo luar. Gostaria de estar com meus amigos apreciando um luar do Ceará, com o mar verde daquele estado, e comentar ali a atmosfera criada pelo luar. Então poder-se-ia compreender aquilo que procuro dizer. Mistério tem alguma relação com isso. Há um recanto da alma brasileira que não gosta de ver claramente e de modo muito positivo certas realidades. Mas gosta de discernir atrás delas a existência de um certo mistério. Mistério doce feito de definições não muito delimitadas, não muito quadradas, digamos, de arranjos meio indefinidos. Mas, no fundo, subtis e bem travados. E isto a alm a brasileira aprecia muito. Nisso, entretanto, misturaram-se defeitos. Muitas vezes entra o sentimentalismo, e co m ele a sensualidade, como também sonhos de olhos abertos e preguiça de trabalhar. Uma moleza horrível, em relação à qual é preciso tornar cuidado. A lua é traiçoeira. Mas Nossa Senhora é comparada à lua. D'Ela diz a Sagrada Escritura: "Pulchra ut luna, electa ut sol". Bela como a lua, brilhante como o sol. •
Excertos de conferência proferida pelo Prof. Plínio Corrêa de Oliveira em 20 de junho de 1980. Sem revisão do autor.
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Remédio para a dureza moral contemporânea
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ães em cujas entranhas decresce de intensidade o amor pelos filhos; maridos que atiram à desgraça um lar inteiro, com o único ato de satisfazer seus próprios instintos e paixões; filhos que, indiferentes à miséria ou ao abandono moral em que deixam seus pais, vo ltam todas as suas vistas para a fruição dos prazeres desta vida; profissionais que enriquecem às custas do próximo, mostram muitas vezes uma crueldade fria e calculada, que causa muito mais horror do que os extremos de furor a que a guen-a pode arrastar os combatentes. Realmente, se bem que na guerra os atos de crueldade se possam mais facilmente aquilatar, os que os praticam têm, se não adescu lpa, ao menos a atenuante de que são impelidos pela vio lência do combate. Mas aqui lo que se trama e se realiza na tranqu ilidade da vida quotidiana não pode muitas vezes beneficiar-se de igual atenuante. E isto sobretudo quando não se trata de ações isoladas, mas de hábitos inveterados, que multiplicam indefinidamente as más ações. A guerra, tal qual ela é hoje feita, é um índice de crueldade, mas está
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CATOL I C ISMO
longe de ser a única manifestação da dureza moral contemporânea.
Ora, a Teologia nos ensina que o homem só pode ser capaz de verdadeira e completa abnegação de si mesmo, quando seu amor ao próximo é baseado no amor de Deus. Fora de Deus, não há para os afetos humanos estabilidade nem ' :\) ~.).,. plenitude. Ou o homem ama a -<:\ Deus a ponto de se esq uecer ·..., de si mesmo - e neste caso ele s~b~rá realmente amar ~ o prox1mo - , ou se ama \ a ponto de se esquecer 11 de Deus, e, neste caso, o egoísmo tende a dominálo completamente.
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"Ad Jesum per Mariam ", Por Maria é que se vai a Jesus. Escrevendo na festa do Sagrado Coração de Jesus, como não dizer uma palavra de comoção filial ante esse Coração Jmaculado [ de ~ Maria] que , m Ih r d que qualquer ulro, c mpr cncleu / e amou iv in Redentor? f JII"/'.,,. u N ·a enhora nos obte.,,,,,-,;,,:/ "'~ nha algumas faíscas da imensa devo~ ção que tinha ao Sagrado Coração de _,..,___,. ....... ~ Jes us. Que Ela consiga atear em nós um pouco daquele incêndio de am r Quem diz crueldade di z eg ísm O homem só prejudica seu próx imo com que Ela ardeu tão intensament , por egoísmo, por desejar benefi ciar- são nossos votos dentro desta ituvu se de vantagens a qu e nã.o tem suave e confortadora. • direito. Ass im , pois, o último meio Excertos de arti go do Prof. Plini o ( ' 11 1, 11 de de extirpar a crue ldade con iste em Oli veira , publicado no " Lcg ionMlo", 111 1 ,1,, junho de 1941. extirpar o egoísmo.
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Vitória conservadora na h1glaterra
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VA1mmADES
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Santa Teresa deÁvHa (1515-2015) O dever da gratidão e o costume ela jngraticlão Reação a jmposjções imorajs da ONU
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CoNTRA-R1,:vowc10NAR1A Um cerco que marcou a História
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AMUIENTl•'.S, Cos'l'Ui\lES, CIVIUZAÇÕES
Gtúlherme II reverencia a elevada nobreza da Imperat1'iz Sissi
Nossa Capa: Quadro representando a visão que Santa Teresa teve do Espírito Santo. Autor anônimo, séc. XVII. A ONU promove revolu~ão moral
JUN HO2015 -
Impressionantíssima revelação
Caro leitor,
Diretor: Paulo Corrêa de Brito Filho Jornalista Responsável : Nelson Ramos Barretto Registrado na DRT/DF sob o nº 3116 Administração: Rua Visconde de Taunay, 363 Bom Retiro CEP 01132-000 São Paulo - SP Serviço de Atend imento ao Assinante: Fone/fax (0xx11) 3333-6716 Correspondência: Caixa Postal 1422 CEP 01031-970 São Paulo - SP Impressão : Prol Editora Gráfica Ltda . E-mail : catolicismo@terra.com .br Home Page : www.catolicismo.com .br ISSN 0102-8502 Preços da assinatura anual para o mês de Junho de 2015: Comum : Cooperador: Benfeitor: Grande Benfeitor: Exemplar avulso :
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CATOLICISMO Publicação mensal da Editora PADRE BELCHIOR DE PONTES LTDA.
Comemora-se neste ano o quinto centenário do nascimento de Teresa Sánchez de Cepeda Dá vila y Abumada (1515-15 82), beatifi cada em 16 14 e canoni zada em 1622. É natural que Catolicismo ce lebre um evento dessa magnitude e lhe dedique sua matéria de capa, embora reco nheça a dificuldade de ressaltar num só arti go a extraordinári a estatura de Santa Teresa e apresentar-lhe uma condi gna homenage m. Com efe ito, como fazê-l o adequadamente e m relação à personalidade ímpar e à gesta daque la que foi uma das co lunas da Contra-Reform a e a gra nde reform adora do Carmelo, uma das maiores místicas da H istóri a da Jgrej a e fi g ura de destaque inclusive na literatura espanhola? N ão é fác il selec ionar os ma is extraordinários fatos na rica biografia de Santa Teresa. Dentre e les, porém, dois merecem particul ar menção: sua condução ao lugar que lhe estava reserv ado no inferno caso não corres pondesse à graça, vi sã.o que determinou seu voto de sempre ag ir do modo mais perfe ito; e sua resolução de empreender a reforma da Ordem Carme litana, res taurando a regra anterior à mi tigação concedida pe lo Papa Eugê ni o IV em 1432. A partir de então teve início a epopeia da reform a carmelitana, apoiada por São Ped ro de A lcântara e São Franci sco de B01j a, e coadjuvada por São João da C ruz no tocante à reforma dos mosteiros masculinos. No período de quatro anos, foram estabe lecidos nove moste iros reformados, sete femininos e doi s masculinos. Santa Teresa partiu do moste iro de Á vil a com c inco ou sei s reli giosas, e no " canne lo ambulante" em que se transform ou a carroça recoberta de lona e puxada por mul as na qua l viaj ava m, fo i multiplicando os moste iros reformados através da Espanha. As obras de Deus costumam realizar-se em me io a inauditas dific uldades materi ais e es pirituais. N o di a 15 de outubro de 1582, pouco antes de expi rar, Santa Teresa exc lamou: "Enfim, Senhor, sou.filha da Igreja ". E ac rescentou que, pelo Sa ng ue de Jesus C ri sto, have ri a de ser salva. Q ue esta prec iosíss ima pérola da hag iog rafi a possa ser de real prove ito para a vida espiritua l de nossos le itores, Em Jesus e M ari a ,
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cato licismo@terra.com br
a edi ção de março, referimo-n os à re li g iosa da O rdem domini cana do co nvento de Sa nta Cata rina de Q ui to, Cata lin a de Jesús Herrera (1717- 1795), em processo de beatificação, conhec ida por suas revelações sobrenatura is e v ida de santidade. Reproduz imos aba ixo uma dessas reve lações, que dá bem a nota pe la qua l N ossa Senh ora chora. Esc larecemos qu e, tratando-se de reve lação parti cul ar, e la não obri ga à fé de nin guém, podend o, portanto, se r ana li sada li vremente à luz da do utrina da Igreja e dos fa tos contemporâ neos, e aceita ou não como autênti ca, desde que ta l aná lise seja fe ita de modo criterioso e com bom senso. Estabe lec id a essa ressalva , nós a publi ca mos aqui , pe lo seu ca ráter ve rdade iramente impress ionante em face daqui lo que vemos e o uvim os por toda parte. 1
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"Outro p ecado há, minha fi lha, nos conventos de Religiosos e Religiosas, que me deixa muito irritado e vai provocando minha Justiça, para que Eu não venha a deixar pedra sobre p edra nos conventos. " l gnorava eu que pecado fosse esse. E contando isto ao meu confessor, pergunte i-lhe do que se tratava. E ele, dando um suspi ro, di sse: "A i filha! Para que o queres saber?
Apenas pede a Deus que destrua esse pecado. " O utras vezes o Se nh or me da va a ente nder: "Este pecado é causa de que pereçam as Ordens Religiosas. E nas Ordens .femininas causa-me asco ouvi-las dizeremse minhas esposas. isto faz com que Eu não habite nos conventos. Só a força de minha palavra me faz habitar sacramentado, sofrendo tanto desacato naquelas que se chamam minhas Casas. Eu as deixarei sem a Casa que assim ultraj am. " [...] Uma no ite Te pedi a, Senhor, que destruí sses aqu ele pecado que me d iz ias que hav ia nas O rdens Re li g iosas e que eu não conhec ia [... ] q uando percebi q ue um ca rro estava junto à porta do Oratóri o. E u Te di sse: "Senha,~ detém esse
Ó meu Jesus, me di z ias: "Os Sacerdotes, Religiosos e Religiosas são a causa monstro do lado de.fora, pois não tenho ânimo para vê-lo." de toda a perdição do mundo. Deteve-se o carro à porta e não entro u. Entend i q ue vinha triunfa nte no ca rro aq ue le horrend o pecado em fo r"Os eclesiásticos são a causa da perdição das pessoas seculares. ma de um gra nde monstro que não tinh a pés nem cabeça, "Na Lei da Graça eu os coloquei como exemplo, para tão horrendo e negro, cobe rto po r uma fu maça espessa. E ao redo r do ca rro servi am a este mo nstro mui tos menin os que contivessem os deslizes do século. "E como por seus maus costumes deixaram que se re li g iosos (religiositos nú1os) . lhes perdesse totalmente o resp eito, o mundo já não faz Conh ec i qu e o monstro abri gava dentro de si mui tos Reli g iosos de maio r idade e Sacerdotes e ta mbém mui tas nenhum caso deles, razão pela qual o que pregam não é de nenhum proveito. Re li g iosas, de O rde ns de ambos os sexos. "Se eles vivessem como devem, meu Espírito in.fúndiria Conhecendo aqui aqu ele pecado, que era tão horroroso, por seus lábios fervor nas pessoas do mundo. E daí se fe io, suj o e desordenado, fo i tanto o meu pavor que eu in te ira tremi a de ho rror. seguiria a moderação nos costumes. "Mas como as pessoas do mundo veem que eles.fazem * * as mesmas coisas que os outros, foi-s e introduzindo o * hábito de desprezá-los, e a sua Doutrina fica sem efeito. "Se algum servo meu vem dizer a verdade, o mundo Vem a propós ito a afirm ação de Plini o Corrêa de O li o ouve com admiração. Mas as pessoas muito pouco ou • ve ira: "A santidade da igreja não consiste, e não poderia nada aproveitam, porque já estão arraigados os maus cosconsisti!'; na santidade do clero, mas sim na santidade da tumes, causados pelos demais Religiosos e Eclesiásticos, dou trina. "2 • envelhecidos nos vícios, e que desde muito antes deram No las: os maus exemplos. 1. Autobiografia de la Venerable Madre Sor Ca1a/i11a deJeslÍs l·lerrera, Ed il. "Eles constituem o principal moti vo pelo qual meu Sa nto Do mingo, Quito, 1954, pp. 27 1/2. Braço quer descarregar sua Justiça. 2. Revista "A Ordem", Rio de Jane iro, nº 8, agoslo/ 193 0. JUN H0201 5 -
Como se tal contradi ção fosse poss íve l. Mas os " teó logos da libertação" faze m um ema ranh ado " fil osófi co" para confundir a verdade ira doutrina ca tó li ca e ... na co nfu sã o " pescam " os incautos, que são lançados num a luta de c lasses para afundar o Pa ís no s is te m a bo liva ri a no-co muni s ta . Se recuarmos um po uquinho em nossa hi stóri a po líti ca, veremos o PT nasce r da própri a " Teo log ia da Libertação" em São Bernardo do Campo . C uri oso: em no me da Igrej a, persegue-se a Igrej a ... Em nome dos pobres, afund a o Pa ís na pobreza ... (A.G.J. -
SP)
Opção IJl'Clel'CllCÍal pela J)Obl'Cza
"Fa11tasmas da 1'L"
Esses pse ud os -p e nsa d o res da "Teo logia da Libertação" em vez de escrever so bre a g ra víss im a " pobreza moral " com a fin a lidade de ex tirpá- la, e, ass im , extirpar o pecado, e salva r a soc iedade, fi ca m taga re lando sobre a " pobreza materi a l" , probl ema mais co nce rn e nte a eco no mi s tas do qu e a " teó logos" . Para qu e a Hi era rqui a cató li ca abandone esse di scurso equi vocado, se puderem, mandem o livro do Juli o Loredo para os bi spos que a inda se e nco ntram na parte me nos equivoca da da hi e ra rqui a, a fim de a brir-lhes os o lhos para o ve rdadeiro pro bl ema que co rrompe mora lm ente a soc iedade. O envi o desse li vro para o Vatica no ac ho que é perda de tempo, po is e les lá, co m raríss imas exceções, j á fi zeram a opção pe la pobreza e não pe los pobres. Estes são usados para, no fund o, dar contin uidade à revo lução da " Teo log ia da Libertação".
Acho que os "fa ntas mas" da "Teologia da Libertação" estão tirando prove ito do pontifi cado do Papa Bergoglio para reaparecerem no cenário da lgrej a e do mundo para " descato li c izá- lo" . Aque les ve lhos mentores de tal marxista " teologia" estão neste pontificado tend o um a so brevid a . E les estava m fa da dos ao ost rac is mo , mas es tão ago ra a rregaça ndo as ma ngas pa ra vo ltar à ação ma lfazej a e demo lidora da doutrina tradi c iona l da Igreja. Os pobres são me ros in strumentos para se justifi car ta I de mo!ição, esses pobres co itados são j oga dos num a lu ta de c lasses que nem Marx e seus seguido res co nseg ui ra m . Ma rx J A MAI S so nhari a que um ade pto da doutrina ma rx ista fosse um di a bea tifi ca do . Certamente perceberam que refi ro- me ao " Arcebi spo verme lho". Sem dúvida um homem que co laboro u para que a ótim a máx im a do lndro M ontane lli tornasse rea lidade: ''A esquerda ama tanto os pobres, que toda vez que chega ao governo aumenta o número deles ".
(P.G.C.F. -
RS)
P1' Cl'ia da 1'L - A " Teo log ia da Libertação". (até então foss ili zada) proc ura bag un çar inte iramente a doutrin a socia l da Igrej a, pa ra e m no me da própri a lg reja enganar as pessoas, sobretudo fa lando em nome de "auxí li o aos pobres", para justifi ca r a pos ição de sacerdotes de esquerd a (demagogos) em defe nde r um tipo de "ca to li c is mo ma rx is ta".
- C A T O L I C I SMO
(A.C.B. -
PE)
"'/'eologia da escrn vi<lão " Que a " Teo log ia da Libertação" é um a doutrina " perfe ita" para um a revolu ção comunista, não resta dú vida; o que é árduo ac reditar é que essa " teo log ia" te nh a tido ec les iás ti cos co mo fund ado res , po is tud o na T L
(" teologia de comunistização") ag ride o ensinamento de Jesus C risto. Ele veio a mundo para sa lvar a humanidade e não para e cra vizá- la. E l11do na TL leva à escra vi zação do homem a princ ípios materi a li stas que, se apli cados em sua radica lidade, convulsionariam o plano de De us para a C ri ação e in verteriam a ordem natu ra l da co isas. Mai árduo a inda é fi car sabendo - como fiqu ei sa bend o po r me io da publi cação na revi sta deste mês (maio] - que se tenta a " ressurreição" desta nefasta " teologia" que e u achava j á morta e enterrada. E dava graças a Deus por isso, porque ela ca usa ra enormes estragos em muitos povos; no Brasil , por exemplo, com o MST articulado por padres esquerdi stas, que faze m prose liti smo para engrossar o "exérc ito do Lul a e do Stédil e". (N.A.B.-AM)
Sínodo da Família "E m face do próx im o S ín odo" [títul o do artigo de Gregório Vivanco Lopes] o Papa F ranc isco deveri a ser e né rg ico na defesa da fa míli a e ci o matrim ôni o ve rd ade iro e mostrar o asco que se deve ter ao casa mento entre pessoas do mesmo sexo, como se deve ter asco a tudo qu e é antinatura l. Já que aquil o que Jes us ensino u não pode ser mudad o em nada, porqu e pro move r di scussões no " próx im o S ínodo" ? Mexe r nesse ensinamento do Evange lho se ri a um a revolta contra Jes us. N ão sabe o Papa que não é a Igrej a que deve ada pta r-se ao mundo, mas é o mundo qu e deve adaptar-se à Igrej a? (P.P.C .F. -
SC)
à rea li zação de sua hi s tóri ca e providenc ia l mi ssão . Viv a N ossa Senhora da Co nce ição A parec id a, Ra inh a e Padroeira do Bras il! (M.R.R.F. -
MG)
Questão imlíge11a Fe lic ito o Dr. Ubiratan de Souza Ma ia pe la e ntrevi s ta publi cad a na revi sta Catolicismo. Muito boa mesmo ! E le não só criti ca o indi geni smo mal concebido no Bras il , mas sugere planos que poderão de fa to apaziguar os confli tos em te rras que o utrora pertenceram aos índios. Já aprove itei as resposta do Dr. Ubiratan em reuni ões e vári os se interessaram em estudar o ass un to. (L.A.A.-BA)
CasUgos de Fátima Eu também tenho certeza do casti go prometido por Maria em Fátim a, mas não por uma razão tão a lta como a ex posta pelo Dr. Plínio Corrêa de Oli veira: "Esta certeza é mais por causa da Teologia da História e das leis gerais da História ". Penso que va leri a a pena vocês aproveitarem o próx imo centenário das pro messas de N ossa Senhora em Fátima para desenvo lver a menc ionada razão para os casti gos tão merec idos que cairão sobre a humanidade pecadora para, assim , purifi ca r a Terra ele tanta imundice que vemos em todos os cantos, em lodos os j orna is em todas as televisões. Não podemos fi car de braços cru zados nestes dias que parecem muito próx imos dos castigos de Fátima. (C.K.P. -
SC)
Ma11if'estações anU-/>1'
O ipê e a mamo1wi1·a
Ca uso u- me im e nsa a leg r ia ve r estampada [na edi ção d ma io/201 s·1 a re portage m do S r. d o n arl os de O li ve ira sobre as mani fc laçccs ·ontra o PT, lav rada co m a pcrspi ·í1·iu e o método de ver e ana li sa r s 'gun do a me lhor aná li se da opini ão I úbli co da "esco la plini ana" . o m la l lu ·id ·z, esto u certo que aque les qu ' so 11I l' l'l'l11 empa lm ar esta sabedo ri a li1rilo pmlc da lid erança que co ndu z ir{1 o ll rnsil
G rande Plínio Corrêa de O li ve ira ! Preservem o lpê! O Brasil é um país belíss imo e a bençoado por Deus, ta nto qu e os descobrido res ac haram ser o para íso perdido . Que Deus abençoe o nosso Bras il e o liberte das fo rças da Nova Ord e m Mundi a l, enge ndrad as pe lo própri o satã. Assim como Jonas se entristeceu por uma mamoneira que secou (Jonas 4, 6-11) - e como bras ileiros, e amantes do Senhor, nos preo-
cupamos que essa árvore sem igual que é o Ipê, " uma gota da G lóri a ele Deus", venha a ser extinta - , assim também o Senhor, C riador do Céu e da Terra, de todas as coisas vi síve is e invisíveis, se compadece de nós pecadores. Que Deus te nha compaixão de nós pecadores e do Brasil. Deus sej a louvado ! (A.P. -
RJ)
"GoU11/Ja da glória <le Deus" Onte m , vi um a me nininha de un s três aninhas, que apanhava uma fl orz inha caída na ca lçada e a levava co m extremos de cuidados, enqu anto se diri g ia para a esco la acompanhada pe la mãe. A impressão que tive é que para aque la cri ança, só aquela gatinha da g lória de Deus importava naque le momento. Fo i do que me lembrei ao ler a exce lente análi se sobre a flor cio ipê. (E.L.S.-MG)
Perli11êl1eia dos assu11tos Ao cumprimentá-l os pe la maravi lha que é vossa revi sta, tanto em termos de conte úd o co mo pe la qua lidade e pertinênc ia dos ass untos ali ex pl orados, com a legri a quero co muni ca r minha assinatura . Q ue Deus vos ilumine e guarde, hoj e e sempre. (C.R. -
Rm1erter o processo Infeli zmente con statamos que esse processo de destrui ção ela famíli a e cios va lo res mo rai s que bali za m as soc iedades ocid enta is j á está bas tante ava nçado, graças à fa lta de mobilização da ma ioria da população, que está à mercê dos pode res in stituíd os, os qu a is, infe li zmente, não representam a vo ntade da maiori a. O prime iro passo fo ram as ca rtilhas p ara crianças, ago ra a te levi são naturali za a age nda " lgbt" atra vés el e nove las e pro g ram as; o próx imo passo j á está a ca minh o: a in stituci onali zação . E o pi or de tudo é que essas emi ssoras de T V são mantidas com dinheiro públi co, através de pro paga nda de órgão públicos dos três po deres. É tri ste constatar qu e hoj e somos vítimas das própri as instil11i ções a quem ca beri a defender a soci edade. Está quebrado o tal "contra to soc ia l" de que tanto fa lam os "c ientistas socia is". É um beco sem sa ída. N a minha opini ão estas institui ções perderam o se ntido de ser. Somos pri sioneiros dos meca ni smo que fo ram criados para nos defend er. Cre io que so mente uma ca lam idade muito grande poderá reverte r o processo em marcha.
RS)
(M.F. -
MS)
FRASES SELECIONADAS ''Um po(ítico pensa na pró;rima eCeição. Um estadista, na próx:ima geração". ÜClV\,\,es. FveeV\,\,ClV\, C-Lciv~e)
"Quando a mora[ individua[ está. em cCec.cuíêru:ia, a moraC po[ítica desce na mesma proporção". (A. FC!LOV\,)
"Há cfua.s espécies de po(íticos: os que usam a [íngua para cfissimuíar seus pensamentos e os que a usam para cfissimuíar sua ausêru:ia de pensamento". üciV\, c;ves.vioff)
JUNH02015-
Pergunta - Prezado Monsenhor: No último número da revista, o Sr. escreveu que a yog a e o reiki são exercícios próprios de correntes panteístas. Minha filha vai regularmente à Missa aos domin gos, mas ela pratica yoga uma vez por semana, para se valer das propriedades tranquilizadoras dos exercícios, segundo me explicou. É possível a um católico praticar yoga sem contaminar-se com a doutrin a religiosa subjacente?
Resposta - O materi a li smo trepidante da vida moderna leva, de fa to, mui tas pessoas a proc urar um meio fác il de descarregar o stress ac umul ado na correria diária. N ão po ucos cató li cos são ass im atraídos por cursos e sessões de y oga, im agi nando tratar-se de exercícios re li giosamente neutros. Poder-se- ia pensar superfic ia lmente que a l.grej a não pode condenar exercícios fís icos e respiratóri os, cuj a fi na li dade dec larada é aj udar a re laxar-se, ou mesmo produz ir um estado de "s il ênc io interi or" que favorecer ia o encontro com o d ivino. Mas as co isas são ma is compl exas, com o bem intuiu a nossa mi ss iv ista.
Yoga, exercício l'ísico ou prática r eligiosa ? Porq ue a y oga não se redu z a uma série de exercíc ios físi cos de relaxa mento, nem é apenas uma di sciplina espiritua l, mas uma mi stura das duas co isas. Alg umas pessoas fica m só no aspecto fís ico e menta l (que poderia ser chamaday oga com "y" minúscul o), enquanto outras avança m ma is adi ante pela v ia esp iri tua l e aderem à Yoga com ma iúscu la. Enquanto di scip lina fis ica, as di versas esco las de yoga sugerem dezenas de exercícios corporais, sendo a postura do lotus e as pos ições invertidas ( em que a cabeça fica abaixo do coração) as mais pop ulares . Ta is posturas são s upostamente conceb idas para alinhar e fo rtalecer o corpo, faze ndo o sa ngue flui r para todos os órgãos, g lândulas e tec idos. N o p lano menta l, as técn icas de resp iração (inalando e exa lando profundame nte, em mo mentos predefi nidos do exerc ício), assim como as técni cas de meditação ( concentrando o espírito numa só ideia e/ou re petindo um mantra), pretendem levar a pessoa a um estado de quietude interior e de tota l esvaziamento da mente . Trata-se, em suma, de exerc íc ios p sicossomáticos que podem conduzir a estados alterados de consc iência, numa espéc ie de auto-hipnose. E nquanto via espiri tual, como se depreende da pa lavra Yoga - que em sân scrito, língua presente na Índi a, significa " uni ão" - o obj etivo procu rado é uni r o eu indivi dua l (jiva) , supostamente transitó ri o e temporal, com o eu eterno e infi nito (Brahman), mera energ ia impessoa l e subjacente ao cosmos, q ue é a noção errada que o hinduísmo tem de Deus. Dos o ito degraus que levam da ignorânc ia à " iluminação"
- C ATO LICI SMO
o prati cante do Hatha Yoga, que é a escola mais difu ndida no Oc idente, as postu ras (asana) e os exercíc ios de respi ração (p ranayama) consti tuem o 3° e 4° passo rumo ao samadhi, que é o a lto da escada, ou sej a, a união com Brahman. É o que expli ca Brad Scott, conhecido d ivul gador dessa escola espiri tua l nos Estados Unidos: "A Yoga não é apenas um sistema sofisticado de posturas e exercíciosfisicos, é uma disciplina espiritual que pretende levar a alma ao samadhi, à união total com o ser divino. O samadhi é o estado em que o natural e o divino se.fúndem, o homem e Deus chegam a ser um só, sem nenhuma diferença" (Exercício ou prática religiosa? füga: O que o professor nunca lhe ensinou numa classe de H.atha Yoga, in Watchman Expositor, vol. I 8, nº 2, 2001 ). Como é óbv io, essa imersão tota l na d ivindade é uma quimera radi calm ente contrária ao cristi ani smo, o qual professa a d istinção abso lu ta entre Cri ador e criatura, entre Deus e o homem, até mesmo no Céu, onde O veremos "face a face", sem perder em nada a nossa identidade. E, sobretudo, sem que Deus perca a d 'E le!
Exe1·cícios de yoga são separáveis de sua lilosolla rc)igiosa ? Há, porém, gente que ac ha que os exercícios de relaxamento são bons em si, o u pe lo menos neutros, e podem ser praticados por um católico, bas tando que e le não acredite nem siga a fil osofia que está por trás. É isso rea lmente possíve l? A fi losofia re li g iosa da Yoga e os exercícios fís ico-mentais em que e la se exprime são separáveis? E m teoria, sim . M as até isso é re lativo, porque a lgumas posturas são expressões simbó li cas do própri o hinduí smo. N a p rática, mui to dific ilmente, e os pr imeiros a dizê-lo são os p róprios mestres da Yoga. George Feuerstein, um de seus principa is pro motores nos Estados U nidos, dec laro u que "a Yoga não é uma mera prática, mas o que eu chamo uma sequência contínua de teoria e prática. As escrituras [védicasJforn ecem o contexto para a prática ao Yoga" (cfr. Entrevista com Richard Miller, in www. bodhitree.com). lsso porque "o controle da energia vital (prana) através da respiração, como também a postura (asana), não são simples exercícios .físicos, mas são acompanhados de um f enômeno psico-mental" (George Feuerstein, Jea nine M ill er, Yoga and Beyond: Essays in Jndian Philosophy , N cw York: Se Schocken 1. 972). Esse efe ito psico-menta l fo i sintetizado pe lo "Jorna l da Yoga": "A prática dayoga 11nij;C11 o corpo, a resp iração e o espírito, os centros de energia b1f'erior
e superior e, p or fim, a identidade com Deus (011 e11llt/(l(/( Superior) "("Yoga Journal", edi to ri a l de ma io(junho l <>H4).
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Autoridades ecl esiásticas alel'tam Essa inseparabilidade prática levou a lgumas auto rid nd t·s ec les iásticas a alertarem os fié is sobre o a ltí ss imo ri s ·o q 11 •
eles correm praticand o yoga. E m artigo para o j orna l cató li co "The Recorei", Dom Juli an Porteous, na época bi spo a ux iliar de Sydney e hoj e arcebispo de Hobart, escreve u o seguin te a respeito dos exerc íc ios de yoga: "Para as p essoas comuns, que querem um conjunto simp les de exercícios que as ajudem a relaxar-se, 'tudo isso [a mística hinduísta] pode parecer muito alheio ao que elas têm experimentado, e podem inclusive não ter nenhuma intenção de ir até lá. O único que desejam é tirar os beneficias da prática das posturas. Isso parece razoável. Porém, quem
usa yog a será exposto ao mundo espiritual s u~jacente. Há uma tentação de ,ulotar a 'espiritualüi<ule' que está por trás ,la yoga, ainda que in{l{/vertülamente. As p essoas podem descobrir-se empregando a terminologia hinduísta. Podem ,Lar-se conta <le estar p ensam/o mais a resp eito de sua identificação com o universo e menos a resp eito ,te .rna relação p essoal com Deus em Cristo. De fa to, para o católico, a vida sacramental pode chegar a parecer banal em comparação com a satisfação proporcionada pela y oga. O que pode conduzir a uma subtil mudança de perspectivas: dafé católica,.fúndada na relação com Cristo, passar para uma visão 'iluminada ' e cósm ica da realidade, segundo os cânones da Yoga. A partir de certo momento, afé cris tã dissolve-se e é substituída por uma nova atitude esp iritual " (Reilâ, Yoga Goodfor the Sou!?, 2 1 de abri I de 20 1O). Dom Juli an Porteous adverte: "Os promotores dessas p ráticas [yoga, tai chi e rei/ci} declaram que elas não são relig iosas . E les querem claramente tranquilizar as pessoas que temem ser aliciadas para outra religião. Porém, essas práticas têm todas umaforte base 'teológica '".
Seria possível "cristianizar" a yoga? Uma últim a d úv id a poder ia assa ltar o le itor: "Não ser ia poss íve l 'preencher' os exerc íc ios d a yoga , não co m o vác uo mental, mas com um forte conte údo explic ita mente cató lico?" A resposta negativa fo i d ada pe lo A rce bi s po da C idad e do Méx ico, hoje Ca rd ea l N o rb e rto R i ver a Carrera, numa Instrução Pastora l sobre o New Age, de 7 de j aneiro de 1996. A respeito das técni cas de meditação não-cristãs (como o zen, o tai chi e a y oga), e le escreveu o seguin te:
"Por vezesfazem-se tentativas de 'cristianizar ' asformas [. .. } mas o resultado é sempre uma forma híbrida que apresenta pouco.fitndamento evangélico. Por mais que se insista no seu caráter ,te simples métodos, sem conteúdos contrários ao cristianismo, as técnicas em si mesmas não deixam <le representar sérios inconvenientes para o cristão: "a) em seu contex to próprio, as posturas e os exercícios vêm ,leterminados pelo seu.fim religioso específico: eles são, de si, passos que orientam o praticante rumo a um absoluto impessoal. Ainda que se realizem em ambiente crist<io, o sentido intrínseco dos gestos permanece intacto. "b) asformas não-cristãs de meditação são, na realidade, práticas <le concentração profimda e não de oração. A través dos exercícios de relaxamento e a repetição de um mantra (palavra sagrada), trata-se de mergulhar na profundidade do próprio eu na busca do absoluto anônimo. A me<litação cristã é essencialmente diferente enquanto abertura e iden#ficação com o Outrem /Deus/ que nos interpela num tliâlogo p essoal e amoroso. "c) Essas técnicas normalmente requerem que o praticante apague seu mundo sentimental, imaginativo e racional para p en/er-se no silêncio do mula. Às vezes, procura-se um estado alterado de consciência que priva temporariamente o sujeito do uso p leno de sua liberdade. A oração cris tã, p elo contrário, exige o engajamento de toda a pessoa, <ie 1110</o ativo, consciente e voluntário. A oração de Jesus Cristo no Getsemani (Lc. 22, 39-44) é um exemplo do papel .fi111damental que as emoções e a problemática existencial individual têm na oração. A meditação cristã, longe de ser uma _foga da realidade, nos ensina a encon trar seu pleno sentido ". Em resumo, para libertar-se da ag itação mate ri a li sta e do stress do mun do mode rn o, a verdade ira so lução não está em seguir práticas a lta mente perigosas para a fé, mas em retorn ar às devoções tradicionais, que a lém de nos e leva r verdadeiramente a Deus, são um refrigério para a alma: o terço em famíli a, a adoração eucarística, a medi tação, as le itu ras espiritua is. Praticando-as , estaremos ademais ate ndendo a um dos pedidos fe itos por Nossa Senhora em Fáti ma para obter a conversão deste mundo que se afas tou de Deus e da úni ca lgreja ve rdadeira . • E-mail para o autor: cato licismo@terra.com.br
JUN H0201 5 -
A REALIDADE CONCISAMENTE
i~ Jihad x Cruzadas: quem agrediu primeiro e muito mais?
Muçulmanos massacram cristãos antes de. pisarem em solo europeu um barco inflável que soçobrava no Mediterrâneo com 105 imigrantes, o choro e a súplica de um jovem cristão a Jesus encolerizou os muçulmanos. Estes executaram então aqu il o que pareciam determinados a fazer após pisarem em terra: atacaram não só o jovem , mas todos os cristãos presentes na embarcação, ac usando-os de invocar um Deus que não o do Corão. Doze cristãos foram jogados ao mar e morreram afogados, enquanto três outros fa leceram sob os go lpes dos seq uazes de Maomé. Para a polícia italiana, a ca usa "foi a pr~fissão de.fé cristã das vitimas". O movimento migratório muçulmano para a Europa está se tornando um meio dissimul ado de in vasão para a vitória do Isl ã sobre a Igreja Cató lica e os restos da Cristandade a inda ex istentes. •
Base estratégica da OTAN no Ártico cai em mãos russas
"o
comunismo morreu!" - comemoraram muitos ingên uos a partir de 199 1. O Ocidente se desarmou e
desmoralizou suas Forças Armadas. A Noruega, possuidora de uma base secreta de submarinos situada em Olavsvern, no Áitico, que custou cerca de 500 milhões de euros, leiloou-a por menos de 40 milhões! E agora "descobriu" que a base hav ia sido alugada à própria Rúss ia! "É pura loucura", esbravejou o vice-almirante E inar Skorgen, ex-coma ndante da Marinha norueguesa. A decisão de fechar a base fo i de Jens Stoltenberg, atual secretário-gera l da OTAN. O caso de Olavsvern passará para a Históri a como um sucesso da "guerra psicológica" de conq ui sta comun ista. Q uantas outras entregas - das quais a agress ividade ostensiva da Rússia não hesitará em tira r proveito - terão acontecido no mesmo período? •
Ucrânia adota leis para 11 dessovietizar" o país decisão hi stórica que enco lerizou o Krem lin , a Ucrâni a rompeu oficia lmente com o seu passado soviético, adota ndo le is para " dessovieti zar" o país. As novas le is proíbem qualquer "negação pública" do "caráter criminoso " do regime sov iético, bem como a "produção " e "utilização pública" de seus símbo los, como o hino, as bandeiras e os escudos da URSS e da anti ga República Soc ia li sta Sov iética da Ucrânia. Está evidentemente incluído nesse rol o execrável símbolo da foice e martelo. Loca lidades, ruas ou empresas com nomes com uni stas serão "rebatizadas". O Estado "realizará investigações e publicará informações sobre os delitos cometidos ". O país lembra com horror o genocíd io sta lini sta que matou ele fome vários milhões de ucranianos, conhec ido como "holodomor". •
E
China: o tenebroso lago tóxico de Baotu 111 Baotu, C hina, a ltas chaminés tocam num céu de chumbo e não são refl etidas pelo lago artifi c ia l fe ito de uma lama negra tóx ica. O che iro de enxofre evoca o inferno. É a sede do Baogang Steel and Rare Earth, um mastodôntico comp lexo industrial fora de uso, cuj a se lva de tubulações impede saber onde começa a fábrica e onde termina a cidade. A fábr ica não está funcionaµdo porque Pequim tenta criar uma escassez artificia l dos produtos para infl acionar os preços mundiais. O investigador Liam Young detectou a lta rad ioativ idade em amostras do lago. No problem . O clamor verde e midiático só va i contra as usinas oc identais que não poluem , pouco se importando com os mais de J 00 milhõe de chineses sacrificados pela revolução maoísta geradora de monstros como o de Baotu e niveladora dos homens em nome de uma metafisica igua li tária. •
E
-
CATOLICISMO
ili Warner, diretor do Centro para o Estudo do Islã Político, criou um mapa d inâmico de 548 batalhas históricas provocadas pelo Islã contra a c ivili zação cristã. A exibição mostra o Islã irrompendo desde a Península Arábica e atacando Oriente Médio, o Mediterrâneo e o sul da Europa. Seus navios assaltavam cidades costeiras para matar, roubar, estuprar e fazer escravos. Mais de um milhão de pessoas foram escrav izadas na área europeia e levadas para o mundo islâmico. Só na Espanha, o Islã provocou mais de 200 batalhas. Maomé foi implacáve l pregando sua) ihad ("guerra santa"), e esses invasores são bons a lunos do Islã, diz Warner. As batalhas decorrentes das Cruzadas foram em número muito mais reduzido e acabaram séculos atrás, enq uanto a jihad está aí, agredindo há 1.400 anos. E não há comparação moral possível entre ajihad e as Cruzadas. •
B
N
111
Videogames iniciam na 11 arte do morticínio"
O
uatro letras de sangue pingam do monitor e dizem "morte" em francês, no novo videojogo Bloodborn (nascido para o sangue). Os personagens virtuais têm forma de espectros e seu ambiente próprio são os cem itérios. Consagra ndo videogames voltados para a morte, o Bloodborn está embebido de fantasias macabras ou satanistas que inci tam o jogador a morrer centenas de vezes . A morte é apresentada como uma diversão, na qual o jogador perde o medo de cometer os piores crimes. A li ção é clara: assassinar sad icamente é um jogo e o homicídio nada tem de mau. Quem poderá en tão se espa ntar com os assassi natos reais espec ialmente hed iondos, praticados por jovens que perderam o horror ao crime de Ca im? •
Saudades do passado católico no enterro de Ricardo Ili á 530 anos morri a em combate Ricardo flI da Ing laterra (1452J 485), o último rei medieva l inglês , da dinastia Plantageneta, derrotado por Henrique VII Tudor - primeiro rei da dinastia que prec ipitou o país no protestantismo. Seu jazigo, no entanto, estava desaparecido. Até que, em setembro de 2012, durante escavações no subsolo de um estacionamento, sua ossada foi encontrada, cawsando grande emoção em todo o país. Objeto de um tributo da rainha E li zabeth 1( e da homenagem de mais de 35 mil pessoas que acompanharam em Leicester o cortejo fúnebre com seus restos mortais, Ricardo 111 foi enterrado so lenemente na catedral dessa cidade. O passado med ieval católico desperta saudades até no III milênio e num país esmagadoramente protestante. •
H
Nepal: católicos salvos do terremoto por estarem na igreia emplos, pagodes e mosteiros onde se cultuavam deuses demoníacos desabaram durante o recente terremoto do Nepal, país com 30 milhões de habitantes e apenas oito mil católicos. Contudo, todos os católicos da região de Okhaldhunga foram salvos por estarem assistindo a uma cerimônia na igreja, segundo declarou o professor Santosh Kumar Magar, de 29 anos: "Os católicos se salvaram porque todos desta região estavam reunidos numa cerimônia de ordenação sacerdotal". Santosh voltou à capital , Katmandu e viu "todos os habitantes no meio da estrada, gritando por socorro". É sobretudo em horas assim que se vê quem é realmente verdadeiro e eficaz: o paganismo ou o falso ecumenismo não socorreram os seus, enquanto a proteção materna de Nossa Senhora e da Santa Igreja não permitiu que nenhum católico ali presente perecesse.
T
Estônia: cismáticos retornam à Fé católica eguidores da igreja greco-cismática, chefiada pelo Patriarca de Moscou na Estônia, estão se convertendo para o rito greco-católico ucraniano. A líder da associação Congresso Ucraniano da Estônia, Vira Konyk, informou que "muitos jovens que obviamente não pertenciam à comunidade católica estiveram presentes nas celebrações da Páscoa. A maioria deles provinha da igreja ortodoxa estoniana, dependente do Patriarcado de Moscou. Pelo fato desse Patriarcado apoiar a agressão russa contra a Ucrânia, o pessoal deixou de ir às suas igrejas e iniciou um percurso rumo ao rito greco-católico". As provocações da Rússia de Putin fazem lembrar o tiro que sa i pela culatra .
S
JUNH O2015
-
.'
INTERNACIONAL
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Triunfo conservador, bolas de cristal e a princesinha ~
Lu1s DuFAUR m rumorosa vitóri a, na Grã-B reta nh a o Partid o Co nse rva d or obteve a maiori a, conqui stando 33 1 das 65 0 cadeiras do Parl amento e ree legendo ass im o prim eiro- mini stro Dav id Ca meron. A vitóri a fo i quali ficada de "nocaute triplo" por um diári o pauli sta, 1 pois os líderes dos partidos relevantes - Traba lhi sta (esquerd a) , Lib eral Democ rata (ce ntro) e UKIP (extrema-direita) - renunciaram à chefia dos mesmos co mo ún ica sa ída após a humilhante derrota. A exceção fo i o Partido Nac ional da Escóc ia (SNP), de tend ência esquerdista e separati sta, que levou 56 das 59 cade iras reservadas à Escóc ia, em detrimento do Partido Traba lhi sta, também de esquerda. Tido co mo força em ascensão, o Part ido Traba lhi sta fi cou entreta nto co m 99 cadeiras a menos que seu ri va l co nse rvador. O Pa rtido Liberal Democrata, da coa li zão do governo, fico u com apenas oito assentos, após perder 49. O Partido pela Indepe ndênc ia ci o Rei no Uni do (UK IP), q ue em 20 14 hav ia levado o ma ior núm ero de dep utados ao Parl amento Eu ropeu, só elegeu um . O vitori oso prime iro-m ini stro Came ron sofr ia o desgaste de fim de mandato e faz ia propostas tidas como anti páticas: austeridade fisca l, equ ilí bri o das contas públi cas, e a promessa esta sim , pop ul ar, mas abomin ada p_e lo establishment polí tico e midi áti co - de um pleb iscito que pode tirar o pa ís da Uni ão Europe ia. Triunfo u graças a um "le vante dos conservadores", co mo esc reveu o utro diár io pa uli sta. 2 Ta l leva nte fo i um reflexo no Re ino Unido de um a tendência impera nte hoje em mui tos países. Ass im , o res ultado foi extraord inári o para os co nservado res,
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CATO LI C I SM O
ca lamitoso para os traba lhi stas, fun esto para os libera is-de mocratas, destruti vo para o UKIP, e apenas o prev isto para os nac ionali stas escoceses. Contudo, a derrota mais cruel coube à totalidade dos insti tutos de pesqui sa, qu e predi sse ra m e m uní sso no um a di sputa ac irrada e um futuro in certo para um país di vidido após um governo conservador antipati zado. O eleitorado des mentiu essas projeções envi esadas . De há mui to que as " bolas de cri stal" cios contos ele fa das fora m substituíd as por co mpli ca dos a lga ri s mos processa dos po r co mpu tado res de ignotos progra madores. Mas esses sofisticados engenhos estão se embaçando um pouco por toda parte. E os ingleses não gostam nada de números fajutos, ass im como não aprec iam trens e relóg ios atrasados. O fi asco está gera ndo uma autoc ríti ca que, oxa lá, afaste novas di storções cios processos eleitorais - ali ás, como têm ocorri do no Brasil... Seja como for, todos errara m: institutos in ternac ionais ou nac ionais reputados ficara m além da margem de erro .3 O orác ul o fa lh ou. E os espec ia li stas em modelos matemáticos apli cados às
ciências políti cas não sa bem ex pli car o fracasso. Alega-se que mudanças de opi ni ão de úl tim a hora, não captadas pe la· pesqui sas, teriam burl ado o vaticín io. Mas nin guém reve la como fo i provocada e sa mutação surpreendente.
Do ponto de vista cul tural , hi stórico, tendencial e religioso, a uni ão britâni ca está dividida nos reinos que a compõem, em dois bl ocos radi calmente divergentes, que co nvivem pac ifi cam ente no dia-a-di a. De um lado, encontra-se o bl oco dos herdeiros da revolução protestante, sensua l e iguali tá ri a, divididos entre uma maioria de angli canos moderados e uma minoria ele presbiteri anos fa náticos. Eles prepara ra m a revolu ção indu strial e a transform ação cio ca mpes inato em operariado massificado, concentrado nas cidades industri ais de fumacentas chaminés, nas qu ais Marx sonhou recrutar os so ldados ela luta de classe comuni sta. Mais tarde, expl odiu a revolução cultura l anárqui ca, simboli zada pela mú sica cios Beatles e dos Rol/ing Stones, que eclodiu como bolha nauseabunda nesse ambi ente de pântano em decompos ição. É claro que essa metade psico-cultural do Reino Unido na hora ele votar esco lhe a esquerda. Do outro lado, há um vasto bl oco, que se reconhece na veneração ela coroa britâni ca, de suas ce rim ôni as e de se u es pl endor hi erárqui co e patern al. Recentemente esse bl oco vibrou com a desco berta e pos teri o r enterro dos restos morta is do rei cató lico Ricardo
Sua Alteza Real a Princesa Charlotte de Cambridge
III, úl tim o mon arca medieva l e derradeiro membro da dinastia Pl antageneta, substi tuíd a pe la din as ti a Tud or qu e precipitari a o reino no protestanti smo. É c laro qu e esse fil ão psico lóg ico e moral propende para as institui çõe e as propostas con servadoras . Evidentemente essa divi são é simplifi cada para efe itos de ex pos ição, pois é claro que, mesmo entre os esquerdi stas, encontra-se um núm ero não desprezível de adeptos da Coroa . Na véspera elas eleições, a fa mília rea l alegrou in tensa mente esse bl oco conservador com o nascimento de Charlotte Eli zabeth Diana, filh a de William, duque de Cambridge, e de sua esposa Kate, portanto bi sneta da ra inha Eli zabeth li. Enquanto o coro da Real Artilh aria ca nta va fsn 't she lovely?, no Hyde Park e na To rre el e Londres , 124 tiros de ca nh ão comemoraram o fe li z evento: a coroa mais presti giosa da Terra tinha mais um continuador de se u passado multi ssec ul ar! A prin ces inha nasce u co m atraso, mas co m sa úd e perfe ita. Não ho uve as pecto da maternidade que não fosse presti giado, pela condi ção rea l dos pais, nem obj eto de entern ec ida e demorada consid eração. Nos nav ios da frota de Sua Majestade, marinheiros fo rmara m sobre a coberta a palavra SIST ER. Arecém-nasc ida fo i apresen tada ao mundo 1Ohoras depois de vir ao mundo e agora é Sua Alteza Rea l a Prin cesa C harlotte de Cambridge. Para homenagea r a bi s-
neta, a ra inha Eliza beth li co mpareceu a uma cerimôni a vestida ele rosa. A popul aridade da fa mília rea l britâni ca se mantém nas pesqui sas ac ima de 70%, amparada principalmente pela benqu erença desse fil ão conse rvador. Próx imo da clíni ca, Margaret Tyler, uma mulher cio povo levou uma ga rrafa de champanhe para os rea is progenitores e declarou à imprensa: "Estou aqui porque a rainha está no Palácio de Buckingham por nós". Esse fil ão se sentiu reconfo rtado pela vinda ao mundo da enternecedo ra prin ces inh a. Es píritos sagazes não deixam de pesar esses movimentos co letivos de alma na hora de anali sa r as grandes mudanças ela 1-1 istóri a. - Terá isso pesado na vi tória surpreendente do conservadorismo político inglês? • E-mai l para o autor: cato licismo@terra.com.br Notas:
1. "Fo lh a de S. Pa ul o", 9-5- 15. 2. "O Estado de S. Pa ul o", 9-5- 15. 3. Cfr. "O Estado de S. Paul o", 9-5- 15.
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Naturalmente a fotografia é de um morto, de um cadáver. E de um cadáver que passou por tomentos inenarráve is antes de morrer, estando, portanto, desfigurado. Não devemos imaginar que em vida E le tenha sido exatamente assim; fo i muito parec ido, mas não com as deformações da morte e, sobretudo, de um longo tormento. Comentando o Santo Sudári o, Plínio Corrêa de O liveira afirmou, em uma conferência em I O de março de 1973 , que aquele sagrado tec ido é um reflexo da alma de Nosso Senhor Jesus Cristo. Eis um trecho:
Expàsição do Santo Sudário N ovas provas confirmam a autenticidade do Santo Sudário - o sagràdo lençol, venerado em Turim, envolveu verdadeiramente o corpo de Nosso Senhor Jesus Cristo.
osso entrevistado, o jornalista Nelson Ramos Barretto, esteve em Turim como enviado especial de Catolicismo à nova Exposição do Santo Sudário, ocasião rara e de muitas graças para o mundo atual, especialmente para aqueles que têm a felicidade de visitálo . Exposta à visitação pública apenas dez vezes nos últimos quatro séculos , a relíquia mais preciosa da Cristandade está sendo contemplada e venerada no Duomo de Turim , Itália , de 19 de abri l a 24 de junho de 2015. Símbolo extraordinário da fé, o sagrado lençol de linho mede 4 ,5 metros de altura por 1,5 metro de largura, e recolhe, de maneira miraculosa e inexplicável para a ciê ncia , as marcas do corpo de Jesus Cristo depois da crucifixão. Jornalista, escritor e conferencista , Nelson Ramos Barretto é autor do best-seller "Reforma Agrária - o mito e a realidade" e de mais cinco livros. Formado pela Universidade de Brasília , é colaborador e jornalista responsável de Catolicismo .
a T urim nos causou urna grand e emoção. A atmosfera de um lindo di a da primavera parec ia cercada pelo sobrenatural. Como preparação, passamos antes na Basílica de Nossa Senhora Auxiliadora e nos aposentos de São João Bosco, cuj o bicentenário de nasc imento está sendo comemorado neste ano.
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Catolicismo - Quando o senhor esteve em Turim para a visitação do Santo Sudário? Nelson Barretto - Estive logo no início da Expos ição, no dia 24 de abril , com o meu ami go Roberto Bertogna, da associação italiana Luci sull'Est, com hora marcada para as 13: 15. Embora já con hecêssemos a preciosa relíquia, a chegada
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CATOLICISMO
Nelson Ban·cuo:
"O negativo ela imagem <lo Sll(láJ'io <lá uma perJ'cita l'otogra11a ele Nosso Se11l101: Po<lcmos vê-Lo mais ou me110s como se víssemos uma l'otogra/1a co11temp01·ânea"
M esmo com hora marcada, o peregrino passa por muitas filas e co rredores . Uma camin hada que só aumenta o desejo de contemplar e venerar a relíquia mais preciosa da Cri standade. No último salão é projetado um film e com os ricos deta lhes do Sa nto Sudário, a Sagrada Face, as marcas da Coroa de esp inhos, dos cravos das mãos e dos pés, os vários fl age los, as mechas de barba arrancadas, a abertura do Aanco pela lança, a imagem em negativo fotográfico e, por fim, a im agem tr idimens ional com Nosso Senhor ressuscitando e transpondo os limites do pano. Ao entrarmos na nave central da ca tedra l, o ambi ente guardava a penumbra, iluminado somente no alto; e aberto dentro de um imenso quadro de v idro, o tecido claro e fi no, quase transparente, do Santo Sudári o. Colocamo-nos em oração, e recitamos, pela intercessão da Virgem Dolorosa, esta oração:
"Humildemente prostrado diante de vossa sob erana g randeza, ó meu Redentor .Jes11s Cristo, suplico-Vos a graça de que 111edi/r11 l(lo e venerando deforma correta os mislério.1·de vo.1-sa Paixão, Morte e Ressurreição, tão bem l •111hm dos nesta Sagrada Síndone, na qual o vosso C'O! po Santíssimo f oi envolvido, possa obterpelo.1· 111,:,,;.
tos infinitos de vossa bondade, a graça de vossa excelsa misericórdia. "Adoro -Vos, ó imagem augusta de Jesus, estampada com tanto amor e grandeza neste linho precioso. Volvei, ó meu bom Jesus, vossos piedosos oihos para mim! Sf!ja vossa nobrefi-onle sempre serena para mim! Vossos lábios misericordiosos estejam sempre abertos para mim! Levantai sempre vossas benfazejas e poderosas mãos para abençoar-me! Vosso corpo Santíssimo, impregnado de Sangue precioso, seja para mim força, amm; consolo e alegria, e que o Fogo Ceies/e, emanado do vosso Coração, ú?f!ame o meu coração para Vos amar com Iodas as potências de minha alma! "Ó Síndone Sagrada, manancial de perenes graças, concedei-me que, trilhando neste mundo a senda dos Mandamentos Divinos, possa merecer a suprema ventura de contemplar-Vos, ó du lcíssimo Jesus, na g loriosa mansão dos bem-aventurados! Assim seja! " Seguido de um Padre-Nosso, uma Ave-Maria e um Glóri a ao Pai.
Catolicismo - Qual a impressão que causa o Santo Sudário? Nel~on Barretto - Ele é particularmente emoc ionante, porq ue nos apresenta por ass im di zer uma fotografia de Nosso Senhor Jesus Cristo. Não se sabe como, mas a exa lação do Precioso Sangue, combinada com sais e outros aromas com que Ele fo i sep ultado, junto com uma forte radiação de Sua Ressurreição, produziram mil agrosamente uma imagem no Sudário. E o negativo desta imagem do Sudári o dá uma perfeita fotografi a de Nosso Senhor Jesus Cri sto. De maneira que podemos vê-Lo mais ou menos como se vís emos uma fotografi a contemporânea.
"Duomo di Torino", local da exposição do Santo Sudário
"Apesar de morto, nota-se entretanto n 'Ele uma coisa curiosa: Ele só tinha 33 anos quando morreu, mas para a nossa ótica de homens de hoj e, parece mui/o mais maduro. Eu daria a Ele fa cilmente 45 anos. Nosso Senhor Jesus Cristo quando morreu tinha 33 anos, a idade pe,f eita do homem. Ele viveu até a plena maturidade do homem. E aí se lêrn a noção de uma maturidade absoluta. "Os senhores notam uma decisão enorme e uma maturidade absoluta. Uma pessoa que está inteiramente consciente de ludo quanto p ensa, que /em um juízo sumamente maduro, de um lado, e de ou I ro lado uma vontade absolutamentef orte e determinada. Ele sabe tudo quanto quer; Ele quer tudo quanto Lhe convém querer: Uma ideia de uma ordem absoluta, de uma varonilidade, de um domínio absoluto de Si." Dr. Plínio prossegue, comentando outra impressão que o Sudário causa: a recusa e o horror ao pecado cometido:
'í1 constatação cielltítica é coel'ente com a descrição eva11gélica ela Paixão ele Jesus Cl'Ísto. 1'rata-se r ealmente <lo Sudário que emro/11eJ'a o corpo <lo Recle11tor"
" Vendo o San/o Sudário de Turim, impressiona-me a recusa e a repulsa que nele há em relação ao que está próximo. Nosso Senhor contempla a Si próprio, olha o Padre Eterno, e sabe que a seus pés encontra-se Maria San tíssima - cor unum et anima una [coração e alma unidos a E le]. "Não Vf!ÍO naquelas pálpebras cerradas o menor sinal de compaixão. Tenho a impressão de que elas se cerraram em recusa e em horror ao p ecado que os homens cometeram. Na Sagrada Face notam-se as marcas dos golpes que recebeu, seus cabelos estão rarefeitos e desordenados. Ele foi maltratado de todos os modos. Percebe-se Seu protesto diante de tudo isso, mas também Sua dig nidade. " O eminente pensador católi co fa la também da extraordin ária sacralidade do Santo Sudário:
"Os senhores não terão dificuldade em p erceber a suma responsabilidade desta.figura, e a segurança de Si. Olhando para a Sagrada Face, tem-se a impressão de lembrar aquele ep isódio do Evangelho quando os algozes que O iam prender
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cientificas da autenticidade do Santo Sudário?
[perguntaram] se Ele era Jesus Nazareno. E Ele respondeu: 'Sou Eu!', e todos aqueles-que O iam prender caíram com a.face no chão. Tal era a Sua majestade, a Sua segurança. "Esta resposta 'Sou Eu!' lembra a definição que Deus deu de Si mesmo a Moisés, quando Ele apareceu numa sarça ardente. Moisés perguntou quem Ele era. Ele disse: 'Eu sou Aquele que é! '. Se disséssemos que esta figura [do Santo Sudário] se de.fine assim: 'Eu sou Aquele que é! ', estaria absolutamente definida, porque é uma comunicação com o todo absoluto, uma posse do todo absoluto, uma segurança de Si por onde se vê que Ele é o padrão e a medida de todas as coisas, e quejulga, como Rei e como Deus, todas as coisas em função de Si mesmo, o que é uma verdadeira maravilha. "Ao mesmo tempo nós entrevemos o que poderia ter de divinam ente suave e afável no Seu olhar O que poderia haver de supremamente afável na linguagem e no timbre de Sua voz. É a coexistência de todas as virtudes, de todas as pe,feições, em todos os graus que possam caber na natureza, como reflexo da natureza divina ligada a Ele pela união hipostática. "De outro lado, é interessante os senhores notarem a severidade da expressão. Nosso Senhor morreu vitima de um crime atroz. Do pior de todos os crimes, o crime do deicidio produzido e operado pelo maior tormento de que há noticia na História. "Os senhores olham para esta .fisionomia,
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Público venera o Santo Sudário, em Turim
"Os resulta<los <los exames Ja/Jorntoriais <lemonstraram que o <lesenho que aparecia 110 pano não po<leria absollltamente ter si<lo feito por mãos lllllllaJWS"
os senhores veem que Ele está como um Juiz diante de seus algozes. E que há uma rejeição, uma censura, um desacordo, e uma condenação àqueles que O mataram, expressa ai, que é uma coisa verdadeiramente divina. Como quem diz: 'Eu sou a Lei, Eu sou o Juiz, e Eu sou a Vitima! E julgo a esses três títulos o crime que contra Mim foi praticado'. Quer dize,~ é verdadeiramente majestoso e assombroso. " Catolicismo - Mesmo provada a autenticidade do tecido que envolveu Jesus Cristo, alguns cientistas teimam em desmenti-la. O resultado do teste do carbono 14 esta comprovadamente errado?
Nelson Barretto - Há uma incessante ca mpanha para nega r a autenticidade do tecido como tendo origem no tempo de Nosso Sen hor; tais opositores dizem tratar-se de uma fa lsifi cação produzida na Idade Média. Os testes rea li zados em 1988 com carbono 14 são atua lmente contestados pela com unidade científi ca internac iona l. Ca be realçar que o Santo Sudário esca pou diversas vezes da destruição, correndo o ri sco de desaparecer. Segu ndo Vittori o Messori, o incêndio ocorrido em 1998 pode fazer parte de "um complô internacional" visa ndo destruir o sagrado tecido (v ide Catolicismo, nº 570, junho de 1998). Catolicismo - O senhor poderia apontar pa ra nossos leitores algumas das descobertas
Nelson Barretto - A primeira análise médicocientífica sobre o Sudário, tornada pública foi fe ita pelo Dr. Pierre Barbet em 1932. Suas conclusões, descritas no livro A paixão de Cristo segundo o cirurgião (Ed. Loyola, São Paulo, 1976), são impressionantes: - na face havia sinais de contusões, o nariz estava fraturado na cartilagem descolado do osso; - no corpo foram contados 120 sinais de golpes de açoite, produzidos por dois flageladores , um de cada lado da vítima; - o flagelo utilizado fo i o que se usava no Impéri o Romano, composto de duas ou três correias de couro, terminando em pequenos ossos de pontas agudas, ou em pequenas travas de chumbo com duas bolas nas extrem idades; - duas chagas marcavam o ombro direito e o omop lata esquerdo; - o peito, muito sa li ente, denotava a terrível asfixia suportada durante a agonia; - os pulsos apareciam perfurados, tendo o prego perfurante sec ionado em parte o nervo media no, fazendo contrair o polegar para dentro da palma da mão; - pela curvatura das pernas e as perfurações nos pés, te m-se a nítida impressão de que o esquerdo fo i sobreposto ao direito e presos ao madeiro por um úni co prego; - os do is joelhos estavam chagados; - hav ia um sinal de sangra mento, produzido por uma gra nde ferida, no lado direito do tórax ; - por fim , hav ia 50 perfurações na fronte, cabeça e nuca, compatíveis com uma coroação de espi nhos .. . Não hav ia mais dúvidas! Era uma constatação científica, totalmente coerente com a descrição evangé li ca da Paixão de Nosso Senhor Jesus Cristo. Tratava-se rea lmente do Santo Sudário que envolvera o corpo do Redentor, quando Ele fo i descido da cruz para ser sepultado.
"Max Frei, i<le11Wico11 110 t;eci<lo céllllas <le pólen <le 49 plantas <lif'ernntes. Elas são origimíl'ias exatamente <las r egiões percorri<las pelo Sll<lál'io"
O flagelo utilizado foi o que se usava no Império Romano, composto de duas ou três correias de couro, terminando em pequenos ossos de pontas agudas, ou em pequenas travas de chumbo com duas bolas nas extremidades
e microscopia eletrôn ica, ra io-X, espectroscop ia, fluorescência ul travio leta, termografi a e aná li ses químicas. Os resultados dos exames laboratori ais demonstraram que o desenho que aparec ia no pano não poderi a absolutamente ter sido fe ito por mãos humanas . Até agora não foi expli cada a formação da imagem no Sudári o. Não se trata de pintura nem da compressão do tecido sobre o corpo de um cadáver. A hipótese mais provável, levantada por alguns cienti stas, sugere que ela fo i produzida numa fração de segundos semelhante ao clarão de uma exp losão nucl ear como a ocorrida com o clarão da bomba de 1-firoshima que imprimiu a imagem de uma válvula na parede de um tanque de gás. As manchas de sangue que marcam o tec ido estão gravadas em positivo, ao contrário do restante da imagem, que está em negativo. Trata-se realmente de sangue humano, de tipo sanguíneo AB - exatamente o mesmo encontrado no famoso milagre de Lanc iano, na Itáli a. O criminologista e botânico suíço, Max Frei, identificou no tec ido cé lul as de pól en de 49 plantas diferentes. Elas são originári as da Pal estina, da Turqui a e da Europa, exatamente as regiões percorridas pelo Santo Sudário. Foram verifi cados doi s objetos ci rcu lares colocados sobre os olhos. Trata-se de duas moedas: a primeira, o dilepto lituus, produzido na Palestina no governo de Pôncio Pil atos entre os anos 29 e 32 d.C. A segunda moeda foi cu nhada em 29 d.C. por Pilatos em homenagem a Júli a, mãe do
Catolicismo - Um cético ou um ateu poderiam perguntar: Aqueles sinais sobre o pano não teriam sido pintados por algum hábil falsificador para que os homens acreditassem tratar-se de Jesus Cristo?
Nelson Barretto - Como São Tomé, a ciência "tocou a mão na chaga" para crer. Nos Estados Un idos formou-se um grupo de investigação científica, que em l 978 foi até Turim com 40 toneladas de apare lhagem . Os cientistas rea liza ram uma série de exaustivos e prolongados exames. Dentre os vários testes ap licados, cumpre destacar fotos
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imperador romano Tibt;\ io. Fazia parte dos ritos funerários judaicos na época de Jesus co locar moedas sobre os olhos do morto, para manter as pálpebras fec hadas. Elas també111 confir111am as datas dos Evangelhos: "Era o ano décimo quinto do reinado do Imperador Tibério Césc11; Pôncio Pilatos era governador da Judéia " (Lc. 3, 1). E descobrira111 també111 a 111ilagrosa impressão tridimensional do tecido. Dois oficiais da Força Aérea norte-a mericana, John Jackson e Eri c Ju111per, analisando o Sudário, percebera111 que a figura fo i i111pressa de maneira tridimensional, de tal forma que é possível conhecer a di stância entre o tecido e as diversas partes do corpo. Para a reconstituição da tridi111ensionalidade, utiliza-se um aparelho cha111ado VP-8. Jackson e Jumper to111aram u111a simples fotografia do Sudário e a introduzira111 no aparelho. Qual não foi o espanto deles ao constatar que se constituiu uma i111agem tridi111ensional e que esta parecia emergir gradativamente do pano co1110 na ressurreição. Eles exclamara111: Cristo ressuscitou! Catolicismo carbono 14?
E o controvertido teste do
Nelson Barretto - E111 outubro de J988, e111 conferência no British Museum, u111a equipe de Oxford, com a estranha aq uiescência do então arceb ispo de Turi 111, Cardea l Balestrero, dec larou que a análise do carbono 14 indicava que o tecido era de origem medieva l, tendo sido produzido entre os anos 1260 e 1390. Uma fa lsificação? O espanto foi gera l, pois a ciência parecia entrar e111 contrad ição co111 tudo o que ficara demonstrado anteri or111ente. O Sudário já havia passado por 111ilhares de testes. De todos os experimentos, so111ente o do carbono 14 contestou a autenticidade da peça. Todav ia, a ideia de fa lsifi cação está agora tota lmente descartada. O cientista russo DimitTi Kouznetsov provou que os dados do carbono 14 estavam errados, em conseq uência do incêndi o a que o Santo Sudário esteve exposto em 1532. Na 111es111a linha, o principal responsável pela datação do Sudário co1110 tecido 111edieva l, Harry Gove, admitiu que a contaminação que o pano sofreu ao longo dos séculos podia ter fa lseado os resultados. Dr. Leôncio Ga rça-Valdez, professor de microb iologia da Univers idade do Texas, de111onstrou que ex iste111 determinados tipos de bactéri as que produzem um revestimento bioplástico sobre artefatos antigos que di storce o processo de datação pelo carbono (Garça-Va ldez, Leôncio, O DNA de Deus? Ed. Mandarim, São Paulo, 2000). O próprio coordenador-dos testes científicos
CATOLICISMO
e diretor do Museu Britânico, Michae l Tite, em carta dirigida ao professor Lugi Gonella, consultor técnico do Arcebispado de Turim, reconheceu que o carbono 14 não oferece prova alguma a favo r de sua tese e confessa que "houve intenção deliberada de enganar o público". Catolicismo continuam?
O Prof. Michael Tite, em carta dirigida ao professor Lugi Gonella, consultor técnico do Arcebispado de Turim, reconheceu que o carbono 14 não oferece prova alguma a favor de sua tese e confessa que "houve intenção
deliberada de enganar o público"
':-1 i<leia <le lalsil'icação está agora totalmente descal'tada. O cie11tista l'llSSo Dimitl'i Kouz11etsov provou que os dados do carbono 14 estavam errados "
E os estudos e pesquisas
Nelson Barretto - No dia 2 de maio, fo i publicado em Turi111 um artigo de Andrea Tornielli no Vatican Insider, mostrando que as manchas de sangue do Sudário de Oviedo coincide111 com as do Sudário de Turim. Uma prova a mais! Veja: - "'Do pon to de vista da antropo log ia .forense e da medicina legal, toda a ú?fàrmação trazida à luz pela investigação cientifica ' sobre a Síndone de Turim e o Sudário de Oviedo, 'é compatível com a hipótese de que a Síndone e o Sudário cobriram o cadáver da mesma pessoa ', com todos os traumatismos e as lesões que Jesus de Nazaré so.freu, segundo a narrativa dos Evangelhos. Afirmou-o hoje o legisla espanhol Aifànso Sánchez Hermosilla, no Congresso anual do Centro Internacional de Sindonologia, realizado na cidade de Turim, dedicado à atualização sobre os 'grandes pmblemas 'relacionados com o Sudário. "O Sudário de Oviedo é uma relíquia conservada na Catedral de EI Salvador dessa cidade espanhola; encontra-se na Câmara Santa, utilizada como capela do palácio durante o reinado de Alfonso 11, 'o Casto ', um ediflcio anexo ao palácio e que foi construído com a intenção de abrigar o Sudário e outras refiquias pelo mesmo rei. 'Esta tela se encontra nesta região do norte da Espanha desde os anos 812 ou 842, de acordo com historiadores ', e a relíquia 'está con.feccionada em linho e tem um tamanho aproximado de 84x54 centímetros '. A estrutura têxtil da Síndone e do Sudário 'tem a mesma composição, concretamentelino, idêntica espessura de fibras, está costurada a mão e torcida em 'Z', embora tenham sido tecidos de.forma d[lerente: sarja em espinha para a Síndone e trama ortogonal (tafetá) para o Sudário. " Por exe111plo, as mancha de sangue humano são do mesmo grupo AB na Síndone de Ov iedo e no Santo Sudário de Turim, como pôde constatar o estudo de Pi erluigi Baima Bollone, proícssor de Medicina Legal na Universidade de Turi m. Além do mais, as manchas de sangue estão distribuídas de modo matematica mente igual nas duas relíqui as, o que só pode ser explicado pelo fato de os dois lenços terem coberto o mesmo rosto nu111 mesmo momento .
O helicrysum é uti li zado como cosmético no Oriente Médio há milhares de anos. No primeiro sécul o da era cristã os judeus o usavam nos unguentos para envolver os cadáveres, não espantando, pois, sua presença na mortalha do cadáver do Homem do Sudário. O Dr. Alfonso Sánchez 1--lermosillo expli cou que "este tipo de pólen tinha um preço mais alto do que o ouro e demonstra que o cadáver recebeu o trato conferido a uma p essoa muito influente e p oderosa. Segundo os Evangelhos, utilizou-se uma quantidade importante e custosa de mirra e de óleos para envolver o corpo de Jesus Cristo ". Catolicismo -
Santo Sudário de Oviedo
E os cientistas incrédulos?
Nelson Barretto - Barrie Schwortz, cientista incrédu lo e espec iali sta em fotografia , estudou o Santo Sudário durante 37 anos e hoje te m certeza: é autênti co ! Hebreu não praticante, ele aceitou com relutância participar do Shroud o.f Turin Research Project - STR UP (Projeto de Pesquisa sobre o Sudário de Turim). Estava plena111ente convencido de que o Santo Sudário era alguma fraude montada na Idade Média. Mas, após muitos anos de pesqui sa e reflexão, passou a acreditar em sua autenticidade. Sc hw ortz concede u um a entrev ista com valiosas informações ao Catholic World Report (CWR): "Há 37 anos, quando.fui à Itália com a equipe do STR UP, eu achava que era algo j álso, algum tipo de pintura medieval. Mas após apenas JO minutos de análise, percebi que não era uma pintura. "Enquanto j àtógrajà projissional,fui procurar as pinceladas. Mas não havia tinta nem pinceladas! Durante mais de 17 anos eu me recusei
"Publicado em 'l'm·im artigo <le 1'orniel/i mostran<lo que as ma11cl1as de sangue do Su<lário de 011ie<lo coinci<lem com as do Su<lário de Turim. Uma pl'011a a mais! "
a aceitar que o San to Sudário foss e autêntico. O arg umento que me f ez mudar de ideia está relacionado com o sangue. O sangue no Sudário é avermelhado. Porém, o sangue num pano de roupa, em poucas horasjica marrom ou preto. "Eu conversei pelo telefone com Alan Adler; um químico especialista em sangue, e man[festeilhe minhas reservas. Ele.ficou chocado e p erguntou: 'Mas você não leu o meu estudo ?' "Ele havia detectado uma alta proporção de bilirrubina no Sudário, fato que explica por que o sangue.ficou vermelho. Se um homem é.ferido e não bebe água, seujigado começa a produzir bilirrubina. Isso.faz com que o sangue.fique vermelho para sempre. "Para mimjài como achar a última peça do quebra-cabeça. Eu não tinha mais argumentos contra. Essa fo i a evidência .fina l que me convenceu. Não é que uma só evidência prova a autenticidade do Sudário. Mas todo o conjunto das evidências sim, prova isso. "Um dos meus testemunhosfávoritos emjávor da autenticidade do Sudário é de minha mãe, que é judia. Ela veio da Polônia e só estudou na escola. Ela assistiu a uma de minhas palestras. Depois, voltando de carro para casa, após.ficar em silêncio um longo tempo, eu lhe perguntei: 'Mãe, no que está pensando ?' "Ela respondeu: - 'Barrie, é evidente que é autêntico. Eles não o teriam conservado durante 2.000 anos se não foss e. Pela lei j udaica, um sudário manchado de sangue devia ser mantido no túmulo. Tirando-o dali, você dejáto assumiria o risco de violar a lei. ' "Para mim, a explicação mais plausível sobre o Sudário, do ponto de vista da ciência e de meus júndamentos pessoaisjudeus, é de que o pano.foi usado para envolver o corpo de Jesus. " Catolicismo -Alguma consideração final?
Nelson Barretto - Termino lembrando o apelo de Nosso Senhor Jesus Cristo para a nossa conversão. Na Sua infinita bondade e miseri córdia, Ele guardou essa relíquia para que quase 2000 anos depois Sua dolorosa Paixão fosse revelada aos homens através da ciência. O Sa nto Sudári o é um apelo a este mundo decadente, que só busca os prazeres da vida e esquece o Amor Misericordioso man ifestado por Nosso Senhor na Sua Paixão e Morte na cruz. Do alto desta, do divino Semblante do Sudário, Ele repete para todos nós as lamentações do profeta Jeremias: "Ó vós todos que passais pelo caminho, olhai e vede se há dor semelhante à minha dor!" (Jer, 1 Lam., 12). •
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EPISÓDIOS HISTÓRICOS
O Cerco de Czestochowa l IVAN RAFAEL DE O LIVEIRA
s monges segui am lentamente pelas muralhas da fortaleza em procissão co m o Santíssimo Sacramento. Enquanto entoava m cânticos de pi edosa confiança na proteção da Santíssima Virgem, benziam um por um os canhões, os proj éte is de chumbo, os de fe rro e os barris de pó lvora. Doze canhões tinham chegado havia pouco, para aj udar na proteção do santuári o. Além dos 70 monges, apenas uns poucos nobres e 160 infa ntes se dispunham para a luta que em breve se travari a a fim de impedi r que o santuário de Czestochowa ca ísse nas mãos dos protestantes.
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O "Dilúvio " O "D ilú vio" fo i a melh or expressão encontrada pelos po loneses para des ignar a in vasão dos protestantes suecos em 1655. Aproveitando-se do enfraqu ec im ento da Polônia por recentes guerras, Carl os G ustavo, re i da Suéc ia, dominou com um pequeno contin gente quase todo o país, quase sem res istência. Aba lada pe las heres ias, grande parte da nobreza polonesa ade riu ao invaso r sueco, aba ndo nando o seu leg ítimo re i, João Cas imiro. Após a conqui sta de Cracóv ia, Ca rl os G ustavo envi ou um exérc ito de três a quatro mil homens para conqui star o sa ntuário de Jasna Gora (Monte C laro), loca li zado na cidade de Czestochowa. Defesa de Jasna Góra, em 1655. Quadro pintado por January Suchodolski.
Napequena colina de Jasna Gora, cm Czestoctlowa (Polônia), venera-se un1 belo quadro de Nossa Senhora que, segundo a tradição, foi pintado por São I jucas. A coroação dessa irnagc,n corno rainha e padroeira da Polônia OCOl'l'CU após vilÓl'ia n1iraculosa, que salvou o puís.
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CATOLIC I SM O
J-/el'oica resistência <lc Jasna Gom Os monges paulinos incumbiam-se da guarda da preciosa image m de Nossa Senhora e de seu moste iro, cuj o santuário tomara anos antes o as pecto de um a forta leza: fortes muralhas, bastiões, fosso, e até mesmo uma guarnição. Ta l segurança era necessária, po is o ód io dos pro testa ntes já hav ia ca usado grandes danos ao Sa ntuário e à própri a imagem da Santíss ima Virgem, que ap resenta c icatrizes até hoje visíve is em sua sagrada face. Algun s nobres po loneses buscaram refúg io em Jas na Gora, dispo tos a morrer em defesa da honra desse sa nto luga r. O re i João Cas imi ro refugiara-se na cidade de Opo le, na S il és ia, e nenhum aux ílio pod ia prestar ao moste iro. A um traidor que aco nse lhara a rendição, os monges, tendo à frente o seu prior, Fre i Agostinho Ko rdecki, redarguiram: "Antes morrer dignamente do que viver na impiedade". Fre i Kordecki anim ava todos a depos ita rem uma confia nça inaba lável na Virgem Santíss ima, d izendo que "em tc"'ío extrema necessidade, Ela nc"'ío lhes fa ltaria com seu auxílio".
Mosteil'O rnspondeu pela boca <los canhões Comandado pelo genera l Miller, um exérc ito protestante de quatro mil ho mens' 19 canhões de grosso ca libre chegou aos pés de Jasna Gora no dia 18 de novembro de 1655. Seu chefe começou envia ndo aos monges uma proposta de cap itulação " pacífi a". Mas estes sab iam qu e não se podia depos ita r qua lquer confi ança em inimi gos tão arrai gados na heres ia. "Nc"'ío nos pareceu conveniente responder por escrito a essa carta. .lá
nc"'ío era hora de escreve,~ mas de agir pelas armas. Nós lhes respondemos pela boca dos canhões" - registrou Fre i Kordecki. A resposta fo i tão convincente que, ao ano itecer, Miller fo i obri gado a ped ir uma trégua. Q uan do o genera l remeteu nova proposta de rendição, Fre i Kordecki res po ndeu, aponta ndo- lhe uma co ntradi ção: "Se o rei dos suecos prometia liberdade relig iosa aos poloneses, como ele [Miller] desejava ocupar militarmente Jasna Gora?". E nfurecidos, os protestantes concentram contínu o ataq ue de três dias contra Jasna Gora, lançando granadas e projéte is incendi ári os, numa te ntativa de reduzir a c inzas as instalações do mosteiro e do santuário. Ao ca ir da noite, ocupavam-se em abrir trincheiras em direção aos muros. 1'áUcas de guerra 11sicológica
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século XVfl
Certo di a, em me io ao frago r do bombardeio, um piedoso hi.no sacro procedente do a lto da torre do sa ntuário comunicou novo âni mo aos seus heroicos defensores . Desde então, torno u-se costume ouvir hinos em meio à luta. Isso enfurec ia a inda ma is os protestantes. Sempre qu e hav ia um pretex to, os monges procuravam rea li zar conversações e armistícios com os uecos, es perando ass im ganhar tempo e atrasa r o assa lto inimi go. Os hereges procu ravam de todas as manei ras quebrar o ân imo dos res istentes. Certa vez, pa ra extirpar dos sitiados qualquer espera nça de aux íli o externo, difundiram a no-
Após a Santa Missa, o Santíssimo foi conduzido em procissão ao longo das muralhas, com balas passando rente à cabeça dos defensores
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tíc ia da queda dos últinw$ bolsões de resistência no país. Mas, no dia 8 de dezembro, 1 um a ldeão conseguiu chegar até os muros do san tuá ri o e comunicar aos monges que ~ . . numerosas tropas tartaras aco rn am para se u111r ao rei João Cas imiro.
Clara intervenção da Pro11idência Divina Alguns dias de po is, o bombardeio contra o mosteiro ga nho u tal fúria, parecendo que "o próprio inf erno vomitava contra o sagrado ícone ". Os monges, entretanto, como de costume , rea lizavam nessa manhã uma cerimônia em honra do Santíssimo Sacra me nto. Após a Santa Missa, o Santíss imo fo i conduz ido e m procissão ao lo ngo das muralhas, com balas passando rente à cabeça dos defensores. Somente após o término das cerim ônias os res istentes respo ndera m ao fogo inimi go . O inve rn o tornava-se cada vez ma is inte nso , favorece ndo os defensores. Assim, quando os suecos efetuara m seu primeiro assa lto, fora m repelidos com fac ilidade, pois a neve denunciava seus mov imentos, tornando-os a lvo fác il. Deslocando então o assa lto para o utro lado, os he reges tentaram dem o!ir os muros por me io de inte nso bombardeio. E m 20 de dezemb ro, um nobre polon ês deixou a forta leza a cava lo, aco mpa nhado por a lg un s so ldados . Deslocando-se pelo fosso e depois pelas trincheiras do inimigo, atingiu de surpresa alg un s de seus destacamentos ava nçados, matando vários so ldados e destruindo dois canhões . O fogo procedente das mu ra lhas cobriu-lh e a retirada. Nessa incursão, o nobre perde u apenas um ho me m. Os suecos, po rém, suspenderam seus ataq ues por dois dias, pa ra cuidar dos mortos e fer idos.
Alinal, cJ,ega rnlorço para os sitia11tes No dia 23 os defensores de Jas na Gora divisaram no ho ri zonte, procedentes de Cracóv ia, carroças inimigas ca rregadas de pólvora e grandes ca nhões. Com a nova artilharia pesada e os carros de assa lto, o genera l Miller preparou-se para um segundo assa lto. Como de costume, envi o u uma me nsagem aos mo nges, propondo- lhes a re ndi ção e ameaçando descarregar todo o seu ódi o se sua proposta fosse recusada. Respondendo a mave lm e nte, Fre i Kordecki pediu certo tempo para pe nsar, e ta mbé m uma trégua para o dia seguin te, pois seria o dia de Sa nto Natal. Miller treplicou imed iatame nte que concederi a a trég ua somente se recebesse, naque la mesma noite, uma resposta concordando com·a re ndi ção . Desta vez, o Prior decidiu não responder. E os re lig iosos passaram em claro a no ite da véspera do Natal. E nquanto esses fatos se passavam, produzia-se na Polônia gra nde mudança. O povo estava amargurado pelas co ntínuas v io lências de que era objeto. Os s uecos hav iam promovido saq ues, assass in ado sacerdotes, profa nado te mp los , violado mulheres e cometido muitos outros c rimes; mas, sobretudo, era m vistos como he reges.
CATOLICISMO
RepresentaCjáO do cerco de Czestochowa
Os protestantes atacam 110 próprio dia de Natal Ao me io-di a do di a 25 começo u o ataque maciço. Os canhões troava m e suas balas c hocavam-se com tanta força nas paredes do claustro, que em muitos lu gares as traspassava m. R ebatendo aqui e aco lá, os impactos lançava m pó e destroços nos corredores e nas escadari as, ca usa ndo tanto pavor entre os resistentes, que nin g ué m tinha coragem de o lh ar pe la j a nela . E m seguida, o inimi go laçava tochas que espa lhava m um fogo pavoroso. Causava m espec ial terror aq ue las que conti nha m ca nos de fe rro, as quais ao ex pl od ire m despejavam fogo e chumbo por todos os lados. Assim passara m os s itiados aquele dia de Natal!
M ilagmsa apa1'ição mal'iana coroa 11itól'ia final Ao a no itecer, gra nde medo apode ro u-se do aca mpame nto sueco. Um proj étil , atirado por um dos ca nhões pesados que mais dano causava às muralhas, ricocheteo u nos muros e reto rn o u com a mesma força contra o própri o can hão, destruindo-o e matando seu artilhe iro, fato co nfirmado poi' muitas testemunhas. A partir desse momento, cessou o troar dos ca nhões. O co ma ndan te Miller também relatou te r ficado pe rt urbado pe la apa rição de no bre mulh er co m face ameaçadora, que lhe dirigiu palavras terríveis. Um poder miraculoso punha fim ao cerco, embora os suecos dispusesse m de munição à vontade. No di a seguinte, os defensores prosseguiram com as fest ividades do N ata l. As tropas suecas julgara m tratar-se da comemoração de a lg uma vitória. Desanimados, os oficia is conc luí ra m que os siti ados deviam estar mui to bem providos para se permitirem ta is festas . Na realidade, transcorridos 38 dias de s íti o, os mantime ntos e as muni ções estavam no fim. Durante a mad ru gada, os comandantes do ex ército sueco efetuaram a retirada . O exempl o de Czestochowa despertara reações por todo o país, e a subl evação dos po lacos contra os s uecos j á se tornara genera li zada. A nobreza pol o nesa fo rm o u então um a confederação e m favo r do rei e da verdadeira re li g ião, e nqua nto os tártaros reforçavam a reação.
Glorificação ele Nossa Senhora em Czestochowa No di a 1° de a briu de 1656, a lg un s meses a ntes ela vitória fi na l contra os suecos, o rei João Cas imiro, reconh ecendo o a mparo ela Sa ntíss ima Virgem , diri g iu-se, em companhi a da no breza e de povo, à catedral ele Lv iv, o nde proclamou sole nemente Nossa.Senhora de Czestochowa "Rainha e Mãe da Polônia". •
Monumento a Frei Agostinho Kordecki ao lado do santuário de Nossa Senhora de Czestochowa
E- mail para o autor: catolicis111o@terra .com.br Fontes de referência:
- Uma epopeia católica: O cerco do santuário de Czestocho ,va, Gustavo Antônio So limeo, Catolicismo, agosto/ 1972, pp. 4 e 5. - Historia Universal, Juan Baptiste Wciss, Editora, Tipogra fia La Ed ucac ión, Ba rcelona, 1933, Vol. X, p. 925 .
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Retomando a velha estrada do fracasso Em vez de rem11 ciar, ou pelo menos conter-se, por conta dos escândalos e dos fracassos , o governo Dilma Rousseff está em vias de conduzir o País a outro desastre: pretende lançar até o fim do ano um novo plano nacional de Reforma Agrária, segundo in formaram no dia L5 de abri l o ministro Patrus Ananias (Dese nvolvimento Agrário) e a presidente do IN CRA, Maria Lúcia Falcon . De acordo com Ananias, o plano terá como meta princ ipa l o assenta mento das milhares de fam íli as acampadas que esperam por um pedaço de terra do governo. Segundo a Contag, esse número chega a 120 mil. O plano também envo lve o cadastra mento dessas famí li as e o estabe lec imento de mecanismos para tornar os assentamentos mais produtivos. O programa será negociado em proximidade com os mov imentos soc iais agrários - leia-se MST e congêneres - e será resultado e uma série de conferências estaduais, disse Falcon.
Exército suspeito do MST Lula convocou o "exército do MST". João Pedro Stédi le, general-mor dos sem-terra, bateu conti nência: "Vamos e,?fi·entar a burguesia ". Na semana seguinte, começou a estrepo lia. Bloquearam rodov ias, ocuparam fazendas, invadiram prédios públicos e agê nc ias bancárias. G uerra declarada. A pergunta é: quem paga a conta dessas devastações do MST? Vamos comparar. Em São Paulo, naq ue les mesmos dias, a Centra l Única dos Trabalhadores (CUT) organizou, na Avenida Paulista, um ato para defender o governo Dilma. Juntaram perto de 20 mil pessoas. Muitos dos participantes afirmaram ter recebido um a espéc ie de "k it protesto", com petrechos, incluindo o transporte gratuito e um "va le" entre 35 e 50 rea is. Multiplicado pelo total , a ação da CUT custou, no mínimo, R$ 2 milhões. Onerou o imposto sind ica l. Nós, provavelmente, é que estamos pagando a conta das manifestações dos sem terra. O dinheiro dos ônibus,
das camisetas, dos lanc hes, das fa ixas parece estar sa indo dos convên ios entre o governo e certas entidades ligadas ao MST. Via esses acordos, irri ga-se o movimento com recursos do orçamento da União. Vem de longe tal co njectura. Em dezembro de 2003, uma Comissão Parlamentar de Inquérito mista, de Senadores e Deputados, formou-se para anali sar a questão. A CPM I da Terra ouviu 125 pessoas de todos os lados . Co lheu vários depoimentos em segredo de Justiça. Acionou o Tribunal de Contas da Un ião (TCU). Resultado: descobriu-se gra nde suj e ira debaixo do tapete do MST. Duas organizações, na verdade, apareciam como operadoras, ou contro ladoras, dos principais convênios daquela época: a Associação Nacional de Cooperação Agrícola (ANCA) e a Confederação das Cooperativas de Reforma Agrária do Brasil (CONCRAB). O MST, sabe-se, não quer ter personalidade jurídica para não responder ante os Tribunais, nem apresenta balanço contáb il . Passaram-se os anos. Nenhuma providência concreta fo i tomada. Hoje a situ ação permanece ma is nebu losa a inda. Levantamento executado a partir do Portal da Transparência mostra que o Ministério do Desenvolvimento Agrário (MOA) repassou, entre 2003 a 20 L4, a enorm idade de 2,75 bilhões de reais - sim, bilhões - para 1.424 entidades c ivi s. Muito dinheiro. (Cfr. X ico Graziano - "O Estado de S. Paulo", 13-4-15).
Medalha a Stédile causa justa indignação aos mineiros O governador petista de Minas Gerais concedeu ao líder do MST, João Pedro Stéd il e, a Medalha da Inconfidência, principal honraria do estado. A insatisfação com a homenagem do governo mineiro ao líder marxista do MST, rea li zada em Ouro Preto, extrapo lou os protestos ocorridos durante a cerimônia de entrega da Medalha. Um dia depois, 22 de abri l, houve bate-boca em sessão plenária da Assemb le ia Leg is lativa de Minas Gera is, a opos ição repudiou a iniciativa e ap resentou requerimento para retira r a honrari a de Stéd il e. E nqu anto isso, indi g nados co m o oferec imento da comenda, agraciados de o utras ed içõe reso lveram devolver a condecoração. O juiz Mozart Hamilton Bu eno, por exemp lo, um dos que hav iam recebido a honrari a em 1982, agora devo lveu a medalha e o diploma em protesto. E le en viou por sedex um pacote com medalha, passadeira e dipl oma receb idos em l 982 das mãos do então governador Franccl ino Pere ira. Na época, e le era diretor do Colégio Tiradentes da Políc ia Militar, em Barbacena, na reg ião centra l de Min as . Revo ltado com o fato de Stéd il e ter sido condecorado, o con sultor em com uni cação Nestor Sa nt' Anna, que já foi s -
cretário do Conse lho da M eda lh a da Inconfidênc ia, também di sse que devolverá a homenagem. "Fiquei indignado com
a condecoração. Stédile demonstra rebeldia, uma pessoa que prega invasões e destruição de laboratórios e campos de pesquisa não é um benfeitor ", diz. Sant' Anna foi chefe
do cerimoni a l do governo entre 197 l e J 976, período em que recebeu a honraria. Como ex-secretário do conse lh o, acrescenta que a homenagem deve ser dada a pessoas com
"comprovada atuação para engrandecer o estado e a nação". (Fonte: "Estado de Minas").
Propaganda enganosa, enquanto os agricultores são abandonados ARROZ DO MST: Dilma promove a Agricultura da Miséria (Façam as Contas) ... (por Eduardo Lima Porto, do blog custodoagro) No evento promovido pelas entidades li gadas ao MST (mov im ento sem personalidade jurídica) em E ldorado do Sul/RS ontem , que reuniu mais de 6.000 militantes e seguidores, mostrou o quanto Dilma e a esq uerda em geral são mentirosos. Disse ela: "Nós estamos vendo aq ui hoje que é possível desenvolver uma agricu ltura familiar de alta qualidade nos asse ntame ntos. Estou fa lando para todo o Bras il ouvir. Essa é uma experiênc ia que deu certo e que mostra que os assentamentos de Reforma Agrária representa m um a lto negóc io para os assentados e para o País". Segundo informações colhidas na imprensa , o trabalho da Cootap (Cooperativa que congrega 15 asse ntamentos no RS) , reúne 522 fa míli as em 12 municípios. Os resultados festejados pela Presidente fora m, em res um o, os seguintes: - Produção Total: 463.467 sacas de Arroz ( 1 saca = 50kg); - Área C ultivada: 4.648 hectares - Produtividade: 99,7 1 sacas/hectare Sob re os dados ac im a, cabe uma rápida ava li ação econôm ica: - Preço do Arroz - 20/03/20 15 : R$ 35,00/saca (méd ia do RS) - Receita Potencial: R$ 16.22 1.345,00 Admitindo, ape nas por amor ao debate, que a atividade agríco la tenha gerado uma margem de 25%, teremos então um lucro bruto de R$ 4.055.336,25. Se efetivame nte for verdade que 522 famí li as estiveram envo lvi das no processo de produção, significa di zer que cada famí li a assentada teve em média um Rendimento Bruto Anual de R$ 7.768,84. Ass umindo que as informações divulgadas sejam verdadeiras, chega-se a uma Renda Mensal Média de R$ 647,40 por famí li a assentada. Considera ndo que o conceito de atual de famí li a envolve pelo menos um casal, o empreendim ento agríco la modelo gerou no máximo R$ 323,70/mês por pessoa. E nquanto isso, o Piso Nacional do Salário Mínimo é de • R$ 788,00/mês e no Rio Grande do Su l os traba lh adores da Agricultura não podem ganha r menos de R$ 1.006,88 mensais. Parece-me que traba lhar por valores menores do que o Salário Mínimo é inaceitável. Alguns poderão até afirma r que se trataria de "Trabalho Escravo" . E nquanto isso, a "Classe Média" e o "Agronegóc io" que sustentam esse País continuam sendo DEMONIZA DOS, em discursos, eventos e propagandas rea lizadas com o dinhe iro público.
roto: A ndré Tambu cc i / Fotos Públicas
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CAPA
A extraordinária Reformadora do Carmelo, que cm meio a uma luta sem quartel e sofrimentos indizíveis praticou sublimes atos de heroísmo católico, é especialmente celebrada neste ano, de modo particular na Espanha
lj'il PLINIO MARIA SO LIMEO :)
uando se trata de uma das maiores figuras da Contra-Reforma católica, que marcou com sua ação todo o Século de Ouro da Espanha e a própria Cristandade, todos os adjetivos são insuficientes. Santa Teresa de Jesus de Ávila praticamente dispensa apresentação. Sua vida foi cantada em prosa e verso, sua fama universal extravasou o âmbito da Igreja Católica, e seu gênio é admirado ou odiado nos campos mais alheios à religião. Na presente matéria procuraremos ressaltar, baseados sobretudo em seus escritos, alguns aspectos salientes de sua existência.
1515-2015 . . to centenar10 cimento de /
Família profündame11te católica
Santa Teresa nasceu em Ávila de los Cabal/eras y de los Santos, Espanha, no dia 28 de março de 1515. Seus pais foram D . Alonso Sánchez de Cepeda e Da. Beatriz deAhumada. Vários autores afirmam que sua família era de judeus conversos. Outros dizem que se tratava de uma das "antigas .familias castelhanas nas quais a pureza da relig ião e dos costumes se transmitia com o sangue ".2 Segundo esta última fonte , havia entre os seus ancestrais um rei de Leão. D. Alonso e Da. Beatriz - genitores verdadeiramente católicos, como era comum na Espanha da época - tiveram oito filhos: seis homens e duas mulheres. Teresa, a terceira, afirma que os irmãos imitaram os pais na vir1
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tude, pela educação profundamente religiosa deles recebida. Da. Beatriz "tinha cuidado em.fazer-nos rezar e sermos devotos de Nossa Senhora e de alguns Santos ". Isso ':fez-me despertar [para a devoção] - segundo me parece - na idade de seis ou sete anos''.3 Teresa teria por volta dos sete anos quando ocorreu o conhecido episódio de sua fuga com um irmão menor "para a terra dos mouros, esmolando por amor de Deus, para que lá nos decapitassem". Um tio
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reconduziu os fl.1gitivos à casa paterna, frustrando o êxito da aventura (gravura acima). Quando morreu sua mãe, Teresa, então com 12 ou 13 anos, relata: "Fui-me, aflita, a uma imagem de Nossa Senhora e supliquei-Lhe, com muitas lágrimas, que fosse minha Mãe. Embora o fizesse com simplicidade, parece-me que me tem valido; porque conhecidamente tenho encontrado a esta Virgem soberana, sempre que me tenho encomendado a Ela, e, enfim, tornou-me a Si " (Vida I, 7).
Um apego desordenado aos livros de cavalaria, segundo ela, fez com que esfriasse seu primitivo fervor, tornando-a um tanto mundana: "Comecei a trazer galas e a desejar agradar parecendo bem, a ter cuidado com as mãos e o cabelo, perfiunes e todas as vaidades que nisto podia ter ". Entretanto, salienta que "não tinha má intenção, pois não quisera que alguém ofendesse a Deus por minha causa " (Vida II, 2). Suas amizades eram com primos-irmãos. Teresa conta que, na adolescência, começou a ter muito trato com uma parente leviana e mundana. Para cortar o mal pela raiz, D. Alonso, quando sua filha mais velha se casou, internou Teresa no convento de Nossa Senhora da Ajuda, de freiras agostinianas. Teresa recebeu então a boa influência de uma virtuosa monja: "Minha alma começou a acostumar-se de novo ao bem da minha primeira infância, e vi a grande mercê que Deus .fàz àqueles a quem põe em companhia dos bons " (Vida II, 9). Ela se familiarizou aí com a ideia de ser freira, mas queria sê-lo no convento das carmelitas, onde tinha uma amiga.
Os "graves" pecados
de 1'eresa na juventude Sobre os "graves" pecados de que Santa Teresa tanto se acusa em sua autobiografia, principalmente os da juventude, diz um teólogo: "Segundo a estimação dos biógrafos de Santa Teresa, essas faltas , das quais ela se acusa tão severamente, não constituíam pecados mortais. Quando ela compôs o livro de sua Vida, em 1652, tinha chegado aos estados místicos [mais elevados]. Tinha luzes muito vivas sobre a malícia do p ecado. Era então levada a exagerar a culpabilidade das.faltas cometidas trinta anos antes ". 4 O mais ,importante é que a Igreja pronunciou-se sobre isso na bula de canonização da Santa, afirmando que "Teresa, deixando a Terra aos 67 anos, levou para o Céu uma pureza angélica de corpo e de coração, conservada intacta da infância à morte ". 5 No convento ela Encarnação
Aos 20 anos de idade, para entrar no convento da Encarnação, das freiras da Ordem do Carmo que seguiam a Regra mitigada, Teresa teve que fugir de casa, devido à desaprovação do pai. Tomou o hábito em novembro de 1536 e professou no ano seguinte.
Ela afirma então que, no convento, "Deus mudou a aridez da minha alma numa grandíssima ternura. [. ..] É verdade que andar algumas vezes varrendo nas horas em que eu costumava cuidar de meus regalos e e11fe ites e, lembrando-me de que estava livre daquilo, tinha um novo gozo que me espantava, e não podia entender de onde vinha. Quando me lembro disto, não há coisa que se ponha diante de mim, por dificil que seja, que eu duvide de eJ?fi'entar ", diz a destemida santa. (Vida , IV, 2)
Ol'igem dos sotl'imentos lisicos de 1'e,·esa - Um pediclo heroico
Ocorreu então um fato que expi icará depoi s a vida de terríveis sofrimentos da santa. Teresa diz que no conve nto havia urna freira tão enferma com úlceras no ventre, que expelia tudo o que ingeria. "Eu via todas temerem aquele mal; a mim .fàzia-me grande inveja a sua paciência. Pedia a Deus que, dandome assim a mim [aquela paciência], me desse as eJ?fermidades que fosse
delícias do paraíso, mas sondado, com o olha,~ os abismos do inferno, e o Senha,~antes de afazer retornar à vida, parecia ter-lhe revelado em parte os grandes destinos que lhe tinha reservado, e que O obrigavam a reenviá-la à Terra". 6 Apesar de paralítica, a santa quis que a levassem de volta ao convento. Três anos mais tarde, começou a readquirir os movimentos, o que ela atribui à intercessão de São José [vide Box à p. 31]. Nosso Senhol' a l'epreende f)elo trato com certa 11essoa
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servido. Ao que parece, a nenhuma temia ". (Vida, V, 2) Parece ser o que Nosso Sen hor esperava de la: "Começaram-me a aumentar os desmaios, e deu-me um tal mal do coração, tão imensamente grande, que causava espanto a quem o via, e outros muitos males.Juntos, e assim passei o primeiro ano com muita má saúde". (Vida , TV, 4)
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elevados da reli gião. "Ela deixou escapar outras p alavras que revelavam alguns dos mistérios realizados em seu coração durante esse longo sono. Tinha não somente gozado das
No convento da Encarnação , devido a um certo relaxamento, não havia clausura. Por isso o afluxo de visitantes era contínuo. Santa Teresa era muito requisitada, dissipando-se um tanto com isso. Foi preciso que Nosso Senhor a repreendesse, sobretudo com relação a uma pessoa, aparecendo-lhe "com muito rigor[. ..] Fiquei muito espantada e p erturbada,
e não queria voltar a ver mais a pessoa com quem estava ". ( Vida, Vll, 6) Como Nosso Se11/10r tratava suas infidelidades
Teresa fala então de um período em que passou um tanto dissipada, decaída no fervor. Nesse período alternava grandes virtudes com estados de modorra espiritual. Dmante essas crises, Nosso Senhor a castigava à sua maneira "com soberanas delícias". Exclama ela: "Oh! Senhor de minha alma! Como poderei encarecer as mercês que nestes anos me .fizestes ? E como, no tempo em que eu mais Vos ofendia, em breve me dispún.heis, com grandíssimo arrep endimento, para que degustasse vossos regalos e mercês ! Na verdade, escolhíeis, Rei meu, o mais delicado e penoso castigo que para mim podia haver, como quem bem sabia o que me havia de ser mais p enoso: com grandes regalos castigáveis meus delitos ". ( Vida , VII, 18)
O poder de São José Santa Teresa afirma: "Tomei por advogado e senhor o glorioso São José e encomendei-me muito a ele.[ ... ] Não me recordo até agora de lhe ter suplicado algo que tenha deixado de fazer. É coisa de espanta r as grandes mercês que Deus me tem feito por meio deste bem-aventurado santo, e dos perigos de que me tem livrado, tanto no corpo quanto na a lma. A outros santos o Senhor parece ter dado a graça de socorrerem em uma necessidade; deste glorioso santo tenho a experiência de que socorre em todas. "O Senhor nos quer dar a entender que, assim como lhe foi sujeito na Terra[ ... ] assim no Céu faz quanto Lhe pede. Isto têm visto, por experiência, algumas outras pessoas a quem eu dizia para se encomendarem a ele. E assim há muitas que lhe são devotas, experimentando de novo esta verdade. "Quisera eu persuadir a todos a serem devotos deste glorioso santo, pela grande experiência que tenho dos bens que ele alcança de Deus. Não tenho conhecido pessoa que deveras lhe seja devota e lhe preste particulares obséquios, que a não veja mais aproveitada na virtude; porque ajuda de grande modo as almas que a ele se encomendam. "Parece-me que há alguns anos que, cada ano, no seu dia, lhe peço uma coisa e sempre a vejo realizada; se a petição vai algo torcida, ele a endireita para o meu maior bem. "Ê que não sei como se pode pensar na Rainha dos Anjos - que passou tanto tempo com o Menino ~sus - sem que se deem graças a São José pelo muito que en Os ajudou. · ~--·~-+--ar mestre ue Ih
Praticamente mo,•t;a 11or quat;l'o dias
Fracassadas várias tentativas de cura, a santa piorou tanto que, no dia LS de agosto, pediu para se confessar. Ela se encontrava na casa do pai , o qual, para não assustá-la com o pensamento da morte, não quis atendê-la. Teresa caiu então num coma tão profundo, que durou quase quatro dias. Todos tinham-na por morta, exceto D. Alonso, que insistia em que "esta filha não é para enterrar ". Finalmente voltou a si , mas inteiramente paralítica. Supõem muitos que, durante esses quatro dias, Teresa teve revelações de mistérios
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Ela excetua os membros da recém-fundada Companhia de Jesus, então no auge do fervor, que tiveram papel muito importante em sua vida. O principal deles foi São Francisc.o de Bo1ja, então Comissário dos jesuítas na Espanha e depois seu terceiro Superior Geral. Em 1557 ele atendeu Teresa em confissão, ficando encantado com sua virtude. "Depois de me ter ouvido, disse-me que [o que acontecia com ela] era espirita de Deus, e lhe parecia [que] já não era bem
A "conversão"
Quando Teresa estava a ss im lutando entre "os ruins costumes " e o fervor, "entrando eu um dia no
oratório, vi uma imagem [. . .] de Cristo muito chagado e tão devota que, ao pôr nela os olhos, eu me perturbei toda por O ver assim, porque representava bem o que sofreu por nós. [. ..] arrojei-me junto d 'Ele com grandíssimo derramamento de lágrimas, suplicando-Lhe me fortalecesse de uma vezpara sempre para não O ofender. [. ..] disse-lhe então que não me levantaria dali até que .fizesse o que Lhe suplicava ". (Vida , IX, ] -3) E foi ouvida, dando-se assim a sua " conversão". Teresa tinha então 39 anos. Alta oração e contemplação
Depois de tratar em vários capítulos de sua Vida dos graus de oração, Santa Teresa relata como o Senhor começou a fazer-lhe mercês muito grandes: "Em começando a.fugir das
ocasiões e a dar-me mais à oração, começou o Senhor a fazer-me as mercês como quem desejava que eu
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as quisesse receber. Começou Sua Majestade a dar-me muito de ordinário a oração de quietude e muitas vezes a de união que durava muito tempo ". (Vida , XXJJI, 2) Sobre as visões e altos fenômenos místicos, tão correntes na vida de Santa Teresa, citamos aqui as judiciosas observações de D. FlavienAbel-Antoine Hugonin , bispo de Bayeux [+ 1898]: "Há, nessa vida, uma parte só possível de abordar com um sentimento de respeitoso terror: é a sua vida interior; são as maravilhosas e sublimes operações da graça nessa alma privilegiada; são esses degraus da perfeição que ela percorre como levada pelas asas do amor; são esses estados sucessivos que ela atravessa, esse mundo sobrenatural acessível somente a um número bem p equeno de almas ". 7 Ilusões do demônio!?
Santa Teresa sofreu muito na mão de confessores pouco instruídos na mística, que julgavam ser obra do demônio suas sempre crescentes aparições.
resistir-Lhe mais. [. ..] que começasse sempre a oração por um passo da Paixão e, se depois o Senhor me levasse o espírito, Lhe não resistisse, mas o deixasse levar a Sua Majestade, não o procurando eu. Como quem ia bem adiante, deu o remédio e o conselho, pois fazia nisto muita experiência". (Vida , XXIV, 3) Presença se11sfre/ ele Cristo a seu lado
Santa Teresa narra uma altíssima graça mística que recebeu nessa época: "Parecia-me andar sempre
fe, coisa mais verdadeira não podia haver, nem que tanto pudesse crel':" ( Vida XXX, 4) A 1;rans11e1·beração
Um outro fenômeno místico ocorrido com Santa Teresa foi o da transverberação de seu coração: " Via
um anjo ao pé de mim, [. ..}formoso em extremo, o rosto tão incendiado que parecia dos anjos mais sublimes que parecem todos se abrasam. Devem ser os que chamam Querubins [. ..} Via-lhe nas mãos um dardo de ouro comprido, e no.fim da ponta de f erro me parecia que tinha um pouco de fogo. Parecia-me meter-me este p elo coração algumas vezes, e que Relicário
me chegava às entranhas. Ao tirá-lo, dir-se-ia que as levava consigo, e me deixa va toda abrasada em grande amor de Deus. [. ..] Nc7o é dor corporal senão espiritual, embora o corpo não deixa de ter a sua parte, e até muita ". (Vida XXIX, 13) Seria por volta do ano de 1562 que isso ocorreu. Aparições cio demônio e visão do inferno
Teresa era também agredida fisicamente pelo demônio. Afirma que os verdadeiros servidores de Deus não devem temer o pai da mentira, encarecendo o valor da água benta e de outros sacramentais contra suas insídias e ciladas. Santa Teresa foi levada em vida ao inferno: "Entendi que o Senhor
queria que visse o lugar que os demónios lá me tinham preparado, e eu merecido por meus pecados. [. ..] Parecia-me a entrada à maneira de um beco muito comprido e estreito, semelhante a um forno muito baix o, escuro e apertado. O chão pareceu-me duma água
com lodo muito sujo e de cheiro pestilencial e cheio de muitos vermes peçonhentos. No fúndo havia uma concavidade aberta na parede a modo dum armário, aonde me vi meter em muita estreiteza. [. ..} Senti um grandefogo na alma que eu não chego a entender como poder dizer de que maneira é. As dores corporais são tão incomportáveis que, apesar de eu as ter passado nesta vida gravíssimas, tudo é nada em comparação do que ali senti. [. ..} E do agonizar da alma: um aperto, uma sufocação, uma qfiição tão sensível e com um tc7o desesperado e aflitivo descontentamento, que eu não sei explicar.[. ..} Aqui é a própria alma que se despedaça. O caso é que eu não sei como encarecer aquele jogo interior e aquela desesperação sobrepostos e tão gravíssimos tormentos e dores. [. ..} Fiquei tão aterrada, e ainda agora o estou ao escrever isto, apesar de haver já quase seis anos que, de temor - parece-me, e assim é - me f à fta o calor natural, aqui onde estou. [. ..} De então para cá tudo me parece facif em campa-
a meu fado Jesus Cristo e, como não era visão imaginária, não via sob que forma , mas sentia muito claramente estar Ele sempre a meu lado direito, e que era testemunha de tudo quanto eufàzia; e de nenhuma vez em que eu [me] recolhesse um pouco, ou não estivesse muito distraída, podia ignorar que estava ao p é de mim ". (Vida XXVII, 2) O enconuo com São Pedro ele Alcântara
No ano de 1560, Da. Guiomar de Ulloa, ilustre dama, amiga de Teresa, promoveu um encontrn da santa com Frei Pedro de Alcântara, cuja fama de santidade corria o mundo. "Disse-me
que não tivesse pena, mas sim louvasse a Deus, e estivesse tão certa de que era espirita Seu que, a não ser a
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ração dum momento, que se haja de sofrer o que eu ali padeci ". (Vida XXXII, 1 a 5). D~ pois desta lúgubre visão, a santa fez o voto de realizar sempre o mais perfeito. A "desventurada seita" protestante
O amor de Santa Teresa à Igreja, em todas as suas manifestações, era como a respiração de sua alma. Por isso, sofria muito com a heresia protestante, que começava na época a dilacerar o Corpo Místico de Cristo:
"Neste tempo vieram-me noticias dos danos e estragos causados em França por estes luteranos, e quanto ia em crescimento esta desventurada seita ". "Causou-me grande pesar e, como se eu pudesse ou foss e alguma coisa, chorava com o Senhor e suplicava-lhe remediasse tanto mal. Parecia-me que mil vidas daria para remédio de uma alma das muitas que ali se perdiam. [. ..] D ir-se-ia que estes traidores O querem agora de novo tornar a pregar na cruz, e que não tivesse onde reclinar a cabeça ". (Caminho da Perfeição, I, 2)
Foram tantos os vaivéns até a inauguração do convento, que passaremos por cima por brevidade. Nossa Se11hora e São José a revestem com um manto
Foi neste tempo, enquanto não se fundava o convento, que lhe foi concedido um outro favor místico assinalado. Teresa teve uma visão na qual via Nossa Senhora e São José vestindo-a com um manto magnífico , e prometendo que ''Eles nos
g uardariam [no novo convento], e já seu Filho nos tinha prometido andar conosco ". Puseram-lhe então ao pescoço "um colar de ouro muito formoso, e preso a ele uma cruz de muito valor " (quadro ao lado). (Vida
XXXIII, 14)
outra grande dama , Da. Luisa de la Cerda, em Toledo, que Teresa escreveu o primeiro relato de sua Vida. Mais tarde o ampliou, acrescentando a fundação do convento de São José. Seu manuscrito acabou passando por muitas mãos, terminando nas da
No ano de 1560, o Pe. Ibáfíez deu ordem a Santa Teresa para que escrevesse a história íntima de sua vida , com todas as graças e favores recebidos de Nosso Senhor. Consta que foi no palácio de
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Nossa Senhora cobre com seu manto também as J'l'eiras de São José
Quando Santa Teresa recebeu permissão para mudar-se para o novo convento de São José, viu
"Nossa Senhora com grandíssima glória, revestida dum manto branco e, debaixo dele, parecia amparar-nos a todas. Entendi quão alto grau de glória daria o Senhor às desta casa" - o que é dizer muito. ( Vida ,
Convento de São José, primeira fundação de Santa Teresa
XXXVI, 24) No convento de São José de Ávila, Madre Teresa escreveu para suas monJas o Caminho da Perfeição e as
Meditações sobre os Cantares, e acabou o Iivro da Vida, com a data de junho de L562. Epopeia das Fundações
Sul'ge a ideia de fazer um convento seguindo a Regra antiga
Um dos frutos da visã.o do inferno foi o desejo de viver em maior solidã.o. Surgiu então, numa conversa entre freiras da Encarnação e visitantes, a ideia de se fazer um convento menor, que seguisse a Regra Carmelitana antes da mitigação que fora concedida pelo Papa Eugênio IV, em fevereiro de 1432. O próprio Nosso Senhor a urgiu a concretizar o projeto. · Naquela época abençoada, Teresa pôde consultar três Santos a respeito: São Pedro de Alcântara, São Francisco de Botja e São Luís Beltrão. As respostas foram unânimes: Deus abençoava o projeto.
br ilhavam na Espanha. O santo ex aminou cuidadosamente o livro, aprovando-o com entusiasmo.
Inquisição, que nada encontrou nele de censurável. A esse propós ito , mais tarde um Inquisidor lb e dirá sobre esse manuscrito: "Louvai a Deus p elas
graças que vos .fez. Eu li por inteiro o livro que a Inquisição vos pegou; outros teólogos o examinaram como eu: não somente não encontramos nada que censurar; mas fiqu ei tão edificado, que vos peço que me considereis vosso servidor e de vossa Reforma ".8 Esse inqu is ido r, querendo dar uma chan ce la ao livro, su geriu à santa que o en viasse a outro santo, o Padre Mestre João de Ávila, apóstolo da Andalu zia, cuja virtude e saber
Santa Teresa, considerando tantas almas que se perdiam por falta de doutrina, sobretudo na América, rogava ao Senhor que lhe desse meio de remediar a isso. Nosso Senhor Lhe disse então: "Espera
um pouco, .filha, e verás grandes coisas". (Funda ções, I, 8) Pouco depois , o Superior Geral da Ordem do Carmo, Frei João Batista Rossi , deu-lhe licença para fundar outros conventos como o de São José na Espanha, inclusive dois de frades reformados, e ela entendeu que essa era a resposta de Nosso Senhor. Santa Teresa começou assim sua epopeia em ago~to de 1567, aos 52 anos de idade. O s limites do artigo não nos permi te m descrever as inúmeras fund ações feitas por Santa Teresa. Li mita mo-nos a descrever apenas al guns fatos nelas ocorridos.
Encontro com São João <la Cmz
Estando no convento que acabara de fundar em Medina dei Campo, Santa Teresa encontrou-se pela primeira vez com São João da Cruz,
"homem celestial e divino, santo, pai de minha alma e um dos que mais proveito lhe fazia o comunicar-lhe, porque lhe havia dado Deus particular graça em tudo o que é espírito e p e1feição ", diz entusiasmada Madre Teresa desse santo que tanto a haveria de ajudar.9 Santa Teresa convenceu-o a fundar o primeiro convento de frades carmelitas seguindo a Regra Primitiva. Não é o caso de nos estendermos aqui sobre São João da Cruz. Cingimo-nos a contar um fato que muito edificará os leitores, mostrando a que grau de santidade chegou o santo. Segundo foi revelado a uma virtuosa freira, "manifestou-lhe o Senhor a
grande santidade do santo padre Frei João; e lhe revelou que, quando [o mesmo] disse a primeira Missa, lhe havia restituído a inocência e posto no estado de um menino de dois anos, sem duplicidade nem malícia, confirmando-o em graça como os Apóstolos para que não p ecasse e jamais O ofendesse gravemente". º 1
O Cal'melo ambulante
No espaço de quatro anos, de 1567 a 1571, a intrépida Madre estabeleceu nove mosteiros, sete femininos e dois conventos masculinos. Como se realizavam essas viagens apostólicas para a fundação de conventos pelos caminhos tão primitivos da época? Saindo em geral de Ávila com cinco ou seis religiosas de São José e ocasionalmente algumas da Encarnação, Madre e filhas iam pela Espanha afora numa carroça recoberta com lona e puxada por mulas.
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m eligiosa que florescerá
nos últimos tempos
Era um verdadeiro Carmelo ambu lante, pois elas faziam todos os exercícios de piedade ordinários, marcados por um pequeno sino. Frequentemente as estradas eram más e perigosas, cobertas de barro ou lama, quando não com neve, obrigando as religiosas a descer da carroça e andar um longo trecho a pé, sob a chuva ou a ardência do sol. Normalmente eram acompanhadas por um sacerdote, o mais das vezes o Pe. Julião de Ávila, capelão de São José. Madre Teresa, como não podia deixar de ser, era a alma do grupo, animando e alegrando a todos em todos os momentos. Diz o Pe. Jerônimo Gracián: "Quando caminhava
em mula, sabia-se tão bem ter-se nela, e ia tão segura, como se.fosse na carroça. Aconteceu uma vez que a mula disparou a corre,~ alvoroçahdo-se; e ela, sem gritar nem fazer extremos de mulher, a freou ". 11 Santa Teresa e o Rei Felipe li
O Pe. Rossi, Geral da Ordem, visitando o Rei antes de regressar à Itália, em 1561, falou- lhe da santa e de suas
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carmelitas em tom tão elogioso, que o monarca escreveu a Teresa pedindo que o recomendasse, e ao reino, às suas orações e às das freiras.
"Nossa Santa leu às suas filhas a carta que ele lhe escreveu nessa ocasião, e desde então 'sua Majestade Felipe II' teve cada dia uma grande parte de seus si!frágios e de suas boas obras ". 12 Mais tarde, a pedido da princesa Joana, irmã. do Rei, Santa Teresa enviou ao monarca alguns avisos sobre como governar. Felipe II se impressionou tanto com eles, que quis conhecer a autora. Mas Teresa já tinha deixado Madri . 13 Em toda a polêmica entre Calçados [não reformados] e Descalços [reforma de Santa Teresa] , o Rei favoreceu sempre a Reforma de Santa Teresa, e foi decisivo para obter de Roma a divisão em duas Províncias eclesiásticas separadas. (Fundações, XXIX, 30) Embora não haja documentos que atestem o encontro de Madre Teresa com Felipe II, é certo que o monarca teve sempre grande admi-
ração pela Santa, e muito a ajudou. Teresa escreveu-lhe várias cartas, a lgumas das quais ainda existem. ítrtase <los <lois rnl'orma<lores
Santa Teresa teve que interromper as fundações por ter sido nomeada priora do convento da Encarnação, então muito decadente. Nessa dificil tarefa encontrou grande resistência das freiras relapsas, mas contou com a ajuda de São João da Cruz, nomeado confessor das freiras. A consolação de Teresa na Encarnação era conversar com o Frei João da Cruz. Ocorria então de às vezes os dois entrarem em êxtase diante de toda a comunidade. Conta-se que um dia Madre Teresa e Frei João conversavam no parlatório, ela ajoelhada de um lado da grade, ele sentado do outro. Falavam sobre o mistério da Santíssima Trindade por ser sua festa . De repente os dois entraram em êxtase, São João agarrado aos braços da poltrona, e Santa Teresa de joelhos, tocando ambos no teto, 14 diante de toda comunidade.
Em um dos capítulos de sua Vida, Santa Teresa diz: "Estando uma vez em oração com muito recolhimento, suavidade e qu ietude, parecia-me estar rodeada de anjos e mu ito perto de Deus. Comecei a suplicar a Sua Majestade pela [greja. Fo i-me dado a entender o grande provei to que, nos últimos tempos, há de fazer uma Ordem, e a forta leza com que seus filhos hão de sustentar a Fé". Em outra ocasião: "Estando uma vez rezando perto do Santíssimo Sacramento, apareceu-me um santo cuja Ordem tem estado um tanto decaída. Tinha nas mãos um gra nde livro, abriu-o e disse-me que lesse urnas letras, q ue eram grandes e muito legíveis, e diziam ass im: 'Nos tempos vi ndouros florescerá esta Ordem; haverá muitos mártires"'. Acrescenta ainda: "Outra vez, estando no coro em Matinas, representaram-se a mi m e puseram diante dos o lhos seis ou sete religiosos que me parece seriam desta mesma Ordem, com espada na mão. Penso que nisto se dá a entender que hão de defender a Fé; J>.9rque, de outra vez, estando em oração, se me arrebatou o espírito e pareceu-me estar num grande campo de batalha, onde muitos combatiam; e estes, os desta Ordem, pelejavam com grande fervor. Tinham os rostos formosos e abrasados, e deitavam muitos por terra, vencidos, e a outros matavam. Parecia-me que esta batalha era contra ~hereges". A santa conclui: "Não declaro as Ordens, para que não se agravem ijutras; se o Senhor for servido que se saiba, Ele o declarará. Mas a Ordem, ou cada membro de per si, havia de procurar que, por meio, fizesse o Senhor tão ditosa a sua Ordem que, em tão grande ecessidade como agora tem a Igreja, a servissem. Ditosas vidas que nisto se acabarem!" (Vida XL, 12 a 15). O Pe. Silvério, tratando desse fato, afirma: "Embora Ri bera ( Vida resa, l. rv, e.V) diga que fala aqui da Companhia [de Jesus], que se re ete à Ordem de São Domingos. O Pe. Graciano, passàj~, diz: 'A de São Domingos"'.* to, na das Obras Completas de Santa Teresa, do o Copt Dó aculado de Maria, do Porto, Frei Efrém da e Deµ, afinna em nota que: "Esta passagem e a µóho. tàa própria santa - referem-se à rma de modo Úlequívoco, como bem o el gioso chamado Frei Ângelo de ....,n1,i~1tt· respondeu com desassombro de entender, senão da nossa e testificam terem-no sabido P.l;'la boca da San~, fi ,: es (Histó,ria. de_ ÇarmeiJ
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Pâsão de São João <la Cruz
Santa Te resa, justificando-se, dizia que era difícil fa lar de re ligião
com Frei João, porque logo o seu interlocutor, ou ambos, entravam em êxtase. Graça do matl'imô11io espil'Ítual
Uma das maiores graças místicas que Santa Teresa recebeu enquanto priora da Enca rnação fo i a do matrimônio esp iritual. No dia 18 de novembro de 1572, como Madre Priora, aproximou-se para comungar. Sabendo que e la gostava de hóst ias grandes, São João da C ru z, para mortificá-la, deu-lhe metade. Teresa ficou muito triste. Então, para conso lá-la, Nosso Senhor lhe apareceu e disse: "Olha este cravo, que é sinal de que serás minha esposa desde hoje. Até agora não o havias merecido. Daqui para a frente olharás minha honra não só como Criadm~ como Rei, e teu Deus, mas como minha verdadeira
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esposa. Minha honra é a tua, e a tua minha ". 15 O Livm <las Fu11dações
Estando no convento de Salamanca em junho de 1573, Teresa aproveitou o tempo livre para escrever o Livro das Fundações, obedecendo a seu confessor, o Pe. Jerônimo Ripa lda, reitor do colégio da Companhia de Jesus naquela cidade. "O L ivro das Fundações, a mais interessante de suas obras sob o ponto de vista histórico, é também um dos mais belos como forma literária. A santa nele se pinta ao natural, com seu caráter amável e alegre. Os traços de espírito abundam sob sua pluma, espontaneamente, sem procura, sem o menor desejo de provocar um sorriso ou um aplauso. [. ..] Seu relato rápido e conciso entrelaça-se com descrições curiosas, delin eadas por alg uns traços da p ena ". 16
Terminado seu triên io na Encarnação, onde fez um grande bem,
U m dos mais cruéis episódios da perseguição levada a cabo pelos frades carme litas calçados aos descalços foi a prisão, durante nove meses, de São João da Cruz numa cela pequena e malsã de um convento mitigado. Privado da Missa, da Comunhão, passando a pão e água e semanalmente :flagelado, tudo isso o sa nto sofreu por não querer abandonar a reforma teresiana. Afinal consegu iu fugir. Nessas cond ições tão adversas e le compôs, entre outros, o mais famoso de seus poemas, o Cântico Espiritual. Depois dessa dolorosa prisão, São João da Cruz costumava dizer: "Não vos espanteis se demonstro tanto amor p elos sofrimentos; Deus me deu uma alta ideia de seu mérito e de seu valor quando estava na prisão em Toledo ". 17
Santa Teresa voltou ao seu prime iro
'í1s Mora<las",
convento reformado, São José, na noite de 6 de outubro de 1574.
ou "O Castelo /J1terior"
E11co11tro com o Padre Gracia110
Nesse novo período, Madre Teresa funda, em menos de um ano (fevereiro de 1575 a janeiro de 1576), três novos mosteiros: Beas, Sevilha e Caravaca, esta última fundação feita pela Madre Ana de Santo A lberto em nome da santa. Foi em Beas que Madre Teresa conheceu o j ovem Frei Jerônimo da Madre de Deus, Graciano, sobre quem ela se estende bastante nas Fundações. (todo o capítulo XXIII) "Eu jamais vi tanta p e,j eição aliada a tanta doçura" disse ela a seu respeito. O Pe. Graciano teria, a partir de então, muita influência sobre a Madre Teresa e os sucessos da sua Reforma.
Proibida pelo Provincial do Carmo de sair para novas fundações, Teresa, durante sua longa estadia em Toledo, recebeu ordem do confessor para escrever sobre as suas experiênc ias místic as e a oração. Daí surg iu ''O Castelo Jnterio1~ a obra-prima da Autora, escrita em 1577, quando tinha 62 anos. [. ..] Obra essencialmente mística. Da profundidade das suas próprias exp eriências, a A utora propõe-se uma interpretação do mistério da vida cristã na sua máxima dimensão. A base assenta-se em três ideias muito simples: um ponto de partida, 'Deus está dentro de nós'; um
Santa Teresa e os 40 Mártires do Brasil Quando deixou o Carmelo de Toledo recém-fundado, estando no de Medina, a santa teve uma visão que enc heu sua alma de consolação e de dor. E la a comunicou ao Pe. Baltazar AJvarez. "Na no ite da festa de Santana, 26 de ju lho de 1570, TeJesa, estando em oração, viu-se transportada sobre o oceano: u rna horrível cena de carnificina se desenvo lve a seus olhos. Quarenta fil hos de Inácio, sacerdotes, esco lásticos, nov iços, são massacrados no navio que os levava para o Brasil. Um de les encoraja seus irmãos ao martírio; sua voz vibra nte domina os gritos de raiva dos assassinos, os gemidos das vítimas: 'Não abdiquemos, exclama ele, os nobres sentimentos dos filhos de Deus'. Teresa reconhece o santo herói: o Pe. Francisco Peres Godoi é seu parente [provavelmente sobrinho à moda da Espanha, quer dizer, primo segundo] , e antigo aluno do Pe. Baltazar. E la o vê entrar no céu com seus companheiros, onde todos juntos recebem suas palmas triunfantes. "No mês seguinte, a nova do martírio dos quarenta jesuítas chega à Espanha. [ ... ] No relato oficial que lhe foi comunicado, o Pe. Baltazar reconheceu a exatidão dos menores detalhes que a santa lhe havia dado no momento do acontecimento".* Esses heróis da fé foram beatificados no dia 11 de maio de 1854 pelo imortal Pontífice Pio IX.
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caminho para alcançá-lo, 'oração e interioridade '; um fim a consegu i1; 'a santidade em união com Ele"'. 18 "Foi o <lemônio quem vos empul'l'Ou" Pelo fim do ano de 1577, Madre Teresa estava no mosteiro de São José de Ávi la quando , subindo urna escada à noite, 'foi acometida subitamente por uma vertigem, derrubada de costas por uma força invisível, e precipitada até em baixo dos degraus. ... 'Minha Mãe, exclamou uma das irmãs, foi o demônio sem dúvida que vos empurrou'. 'Sim, minha .filha, ela respondeu, e teria ido muito mais longe se Deus lhe tivesse p ermitido ' ". Teresa tinha então 64 anos. 19
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Na fundação do convento em Villanueva de la Iara, em 1580, Santa Teresa experimentou mais um passo de sua paixão. Diz sua inseparáve l enfermeira, a Beata Ana de São Bartolomeu: "Um dia, quando a Santa supervisionava o trabalho [de um poço no convento], o operário que lhefalava se esqueceu de amarrar a manivela, ei-la em movimento. Como Deus amava nossa Mãe, quis dar-lhe méritos. A manivela bateu em seu braço enfermo, e o f eriu de novo. Formou-se logo um tal abscesso que, se Deus, por sua graça, não o tivesse posto em ordem, não haveria mais remédio ".20 Fecumla correspo11dê11cia Santa Teresa fez intenso apostola-
do através de seus escritos. Restamnos cerca de 400 caitas suas, dirigidas ao Rei e a importantes membros da Corte, a Prelados, re ligiosos e a simples leigos, nas quais ela mostrase enérgica, mas sempre humilde, amáve l e encantadora, cativando seus leitores e levando-os a amar mais a Deus. Já no fim de sua existência terrena, a Santa Madre teve que sofrer uma profunda amargura, proveniente de uma sobrinha que muito amava, Maria Batista, concernente a uma disputada herança para o convento. A atitude dessa sobrinha querida, que tomou as dores da família em vez do interesse das re ligiosas, feriu no mais profundo a alma de Teresa, e certamente serviu para abreviar seus dias. A caminho de Ávila, Teresa chegou aAlba no dia 20 de setembro com uma hemorragia mortal. No dia 3 de outubro foi-lhe administrado o Viático. A Irmã Maria de São Francisco, freira da Encarnação, que estava junto ao leito da agonizante, descreve seus últimos mo mentos. A Santa disse às irmãs que, chorosas, se reuniam em torno de seu leito: "'Filhas e senhoras minhas, por amor de Deus, p eço-vos que tenhais em grande conta a guarda da Regra e das Constituições que, se forem guardadas com a pontualidade que devem, não será necessário outro milagre para vos canonizar '; [. ..] Depois de ter recebido a Nosso Senhor, Lhe dava muitas graças por tê-la f eito filha da igreja e nela morrer. Muitas vezes rep etia: 'Enfim, Senhor, sou.filha da i greja'. [. ..]Pediu-Lhe com muita devoção p erdão pelos seus p ecados, e dizia que, pelo Sangue de Jesus Cristo, haveria de ser salva. E às religiosas p edia muito que a ajudassem a sair do Purgatório ".2 1
O "Século de Ouro" da Espanha e Santa Teresa
a
São João de Deus
► São João de Ávila
Sto. Inácio de Loyola
A época em que viveu Santa Teresa de Jesus é ímpar na história da Espanha e da própria Cristandade, pois o país vivia seu " Sécu lo de Ouro". Com efeito, a partir da conquista de Granada e da descoberta do Novo Mundo por Colombo, ambas em 1492, iniciou-se para a Espanha um período de grande esplendor, que duraria pelo menos cem anos. Com a reuni ão dos vários cetros da Península, com exceção de Portugal, sob os reis Isabel e Fernando, consolidou-se o país tanto interna quanto externamente, chegando a tornar-se a primeira potência da Europa. Um ar de grandeza e de confiança em si mesmo floresceu em todo o pais, em praticamente todos os campos, desde o da arte e da Iiteratura, até o da filosofia e da teologia. Esse século foi também o do fervor da fé, e apogeu do catolicismo no país: "A elaboração do Estado moderno exigiu dos monarcas [Reis Católicos] prestar atenção em dois fatos importantes, o religioso e o eclesiástico, e interpor duas ações que podem identificar-se com sua política religiosa e eclesiástica. A primeira se dirigiu à consecução de três metas: a unidade religiosa, a reforma da vida cristã e a difusão da fé em territórios novos. [... ] No tocante à unidade religiosa, aceitaram a confessionalidade católica do Estado, proclamando-a de fato e por escrito,[ ... ] para salvar a fé e a própria Igreja".(*) Isso era tanto mais importante quanto, no dia 31 de outubro de 1517, Lutero cravava suas teses contra as indulgências na porta da igreja da Universidade de Wittemberg, começando assim a sua pseudo-reforma. Isso foi agravado pelo fato de que, alguns anos mais tarde, em 1534, Henrique VIU levava a Inglaterra para seu cisma. Como uma erisipela, a heresia protestante ia contaminando os outros países da Europa. A Espanha levantou o brado de alarme, iniciando, na época, uma verdadeira Contra-Reforma Católica. Surgiram então no país os grandes santos, pois Santa Teresa não foi um caso isolado, mas produto da grande religiosidade reinante: São Tomás de Vilanova, arcebispo de Valência (1488-1555); São João de Deus, fundador de uma Ordem para o cuidado dos doentes nos hospitais (1495-1550); São João de Ávila, o Apóstolo da Andaluzia (1500- 1569); São Luís Beltrão, apóstolo na Colômbia (1526-1581); S'ão José de Calazans, fundador ( 1556-1648); Santo Inácio de Loyola, fundador da Companhia de Jesus (1491-1556); seu discípulo São Francisco Xavier,Apóstolo da Índia e do Japão (15061552); São Pedro de Alcântara, reformador de um ramo franciscano (1499-1562); t São Francisco de Borja, terceiro Superior Geral da Companhia de Jesus (1510- 1572). Direta ou indiretamente, Santa Teresa teve relação com todos eles. Numa pesquisa não exaustiva, encontramos mais 13 santos espanhóis que viveram nessa época. Citamos apenas o nosso São José de Anchieta ( 1534-1597), Apóstolo do Brasil, que era espanhol. Além desses santos canonizados pela Igreja, floresçeram na E anhainõmeras outras ~ s quais almas falecidas em odor de santidade, t_a nto de religi: fala Santa Teresa e louvor em seus escritos.
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Ve11i, Spo11sa Cl1risti! Enfim, no dia4 de outubro, relata sua sobrinha Teresita, "às sete horas da manhã, a santa virou-se para o lado esquerdo com um crucifixo na mão, 'como se representa a Madalena agonizante '; absorvida em uma contemplação pro.fimda, ela não falou mais, não olhou nada, não deu nenhum sinal de atenção às coisas exteriores. A agonia começa va, sem gemidos, sem lágrimas, sem dore~, aprazível e radiosa como um êxtase, agonia inr:;fável entre os braços do Senhor, em face do Céu que se abria enfim. Ajoelhadas em torno de sua Mãe, suas filhas contemplavam com uma admiração que lhes estancava as lágrimas. A p obre cela tinha se tornado um Paraíso. Uma claridade sempre crescente cercava a face da Santa, e se refletia sobre a da Irmã Ana; que sustentava sua cabeça ". 22 "Por volta das nove horas da noite, três ligeiros suspiros escaparam de seus lábios, tão leves que apenas se os podia ouvh; tão sua ves que se assemelhavam ao sopro de uma alma bem absorvida na prece, e ela rendeu seu espírito a Deus", declara a Beata Ana de São Bartolomeu. 23 Era o dia 4 de outubro de 1582. Pela correção do calendário, o dia seguinte era l 5 de outubro. O cadáver exalava um perfume tão penetrante, considerado por todos como verdadeiramente milagroso. Santa Teresa faleceu aos 67 anos de idade, seis meses e sete dias.
Si11ais milagrosos 110 mome11to da morte No momento da morte de Teresa, as freiras presentes contemplaram vários sinais celestes. Uma delas viu um longo cortejo de virgens vestidas de branco, que escoltavam a Santa e a levavam para o Paraíso.
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CATOLIC I SMO
As freiras de Alba, temendo que freiras de outros conventos lhes roubassem o precioso corpo, fizeram-no enterrar precipitadamente numa cova muito funda, coberto por espessa camada de cal e pedras. No dia4 de julho de 1583, o corpo foi encontrado íntegro e odoroso,
Glorificação Santa Teresa foi beatificada pelo Papa Paulo V no dia 24 de abril de 1614. Foi um grande acontecimento na Espanha, celebrado com justas literárias por todo o país. Em 1617 as Cortes espanholas de Felipe III a proclamaram padroeira secundária da Espanha, ato ratificado por Roma. Mas foram tantas as reclamações dos devotos de Santiago de Compostela, que queriam essa exclusividade para o santo, que a medida foi depois anulada. Teresa foi canonizada por Gregório XV no dia 22 de março de 1622, juntamente com os Santos Isidro, Inácio de Loyola, Francisco Xavier e Felipe Neri. Em 1922 a Universidade de Salamanca a declarou doutora honaris causa, e no dia 18 de setembro de 1965, Paulo VI a proclamou padroeira dos escritores católicos da E spanha. Por fim , no dia 27 de setembro de 1970, o mesmo Papa a dec larou Doutora da Igreja.
Retrato <la Santa com o sangue fresco e a carne muito branca. Por ordem do Provincial, ele foi então tras ladado sigilosamente para Ávila. Quando o Duque de Alba soube do fato , protestou tão alto e indignado, que o Núncio Speciano ordenou que o precioso corpo fosse devolvido a Alba, o que se deu no dia 18 de agosto de 1586. Em 1592, por iniciativa do Pe. Graciano, então em Roma, iniciaram-se os informes prévios à beatificação. Durante esse tempo o corpo da grande santa conservou-se incorrupto , emanando um suave odor. Depois foi dilacerado, para atender aos pedidos de relíquias oriundos de todo o mundo cristão.
Madre Maria de São José, uma de suas filhas mais queridas, assim a descreve em seu Libra de Recreac iones: "A Santa era de estatura mediana, antes grande que p equena. Teve em sua mocidade fama de muito f ormosa, e até sua última idade mostrava sê-lo. Seu rosto não era nada comum, mas extraordinário, e de modo que não se p ode dizer redondo nem aquilino; [ ..} a fronte ampla e igual, muito formosa; as sobrancelhas de cor alourada escura, com pouca semelhança de negro, amplas e algo arqueadas; os olhos negros, vivos e redondos, não muito grandes, mas bem postos. [ ..} Era mais gorda que magra, e em tudo bem proporcionada; tinha mãos mui lindas. [ ..} Era em tudo p e,jeita ".24
Ao que o Pe. Efrém da Madre de D e us acrescenta: " Era muito aprazível e graciosa em todas suas palavras e ações. Tinha um ar particular e graça no anda,; no fcdar, no olha,; e em qualquer ação ou atitude que tivesse, ou qualquer maneira de semblante que mostrasse. Um traste velho e remendado que vestisse, tudo lhe caia bem ". (Tiempo y Vida de S. Teresa, 1, Madri, 1951 , p . 107). 25 • E-mail para o autor: catoli cismo@terra.com .br Notas: 1. Cfr. Frei El'ren de la Madre de Dios, Santa Teresa ele Jes us, Gra n Enciclopedi a Ri alp, Edicioncs Ri alp, S. A., Madri , 1975, p.308. 2. Bollandisws, apud Ma dre Mari a do Sagrado Co ração, l lisroire de Sainte Thérese, Pa ri s, s/ data, I". vol. p. 2. Citaremos esta últ ima obra com o nome da autora , o núm ero do vo lume em romH110, e a págin a em arábi co. 3. Vida, ca p. 1, 1. Cita mos neste trabalho a Vida
·egundo a obra Santa Teresa de Jesus, Obras Completas pub licada pelo Ca rmelo do Coração Im aculado de Mari a, Porto, 1970. Em alga rismo romano ve m o número do ca pítu lo e, em arúbi co, o cio parágra fo. 4. P. Pourrat , Thérese (Sa inte), Dicti onn aire de Théo logie Ca tholique, Libra irie Letouzey et Ané, Pari s, 1946, tomo 15, co l. 569. 5. Madre Mari a cio Sagrado Coração, 1, p. 2 1. 6. Madre Mari a do Sagrado Coração, 1, 72. 7. Carta de aprovação ao li vro 1-lisroire de Sainte Thérese, da Madre Maria do Sagrado Coração, op. cit.p. v. 8. Boi!. n. 1535 ; Histaire généalogique des Carmes, t. 11 , liv. V, eh. VII , apud Madre Mari a do Sagrado Coração, 11 , p. 284. 9. Frei Cri sogono de Jes us, Vida y Obras de San Juan de la Cruz, Bibli oteca de Autores Cri stia nos, Madri , L978, Introdução, p. xx ix. 1O. Frei Cri sogono de Jesus, op. cit. p. 70, nota 19. 11 . Luís Sa ntullan o, Santa Teresa de Jesus, Obras Co mpletas, Aguilar, S.A., ele Ediciones, Madri , . 195 1, p. 17. 12. Bo ll andistes, n. 400, apucl Madre Mari a cio agrado Coração, 1, pp.359,360. 13. Dec laração de Madre Isabel de Sa nto Agostinh o nas Info rmações para o processo de
beatifi cação de Teresa, Pe. Sil véri o de Sa nta Teresa, O. C.D., Obrns de Santa Teresa de Jesús, Editorial de " El Monte Carm elo", Burgos, 1949, p. 125, nota 1. 14. Edelvives, E! Santa de Cada Dia, Editorial Luís Vi ves, .A., Sa ragoça, 1949, tomo VI , p. 244. 15. Frei Cri sogono, op. cit. p. 109. 16. Madre Maria do Sagra do Coração, 11 , p. 43 . 17. Mgr. Paul Guérin , Les Pctits Boilandi stes, Vies des Sainrs, Bloud et Barrai, Libraires-Éditeurs, Pari s, 1882, tomo XIII , p. 580. 18. Frei Tomás da Cruz, O.C. D., Obras Completas, Porto, Prólogo, pp. xix,xx. 19. Madre Mari a do Sag rado Coração, li, pp. 263,264, 20. Aurobiografia, apud Madre Maria do Sagrado Coração, li , p. 280. 2 1. in Frei Sil vério de Santa Teresa, O.C. D., AI Lector, op.cit., pp. xix,xx. 22. Apucl Madre Maria do Sagrado Coração, ii, 41 5. 23. id.ib., 41 7. 24. in Luís Santullano, Estuclio Preliminar, Rasgos de l a Fundado rn, op.cit. pp. 16 e ss. 25. Apud Frei Efren de la Madre de Di os, op.cit. pp. 308-309.
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Você também é um ingrato? li GREGÓRIO YIVANCO LOPES
linio Corrêa de Oliveira costumava dizer que a gratidão é a mais frágil das virtudes. E quanta razão ele tinha! A trajetória de sua vida, totalmente preenchida pelo amor à Santa Igreja e a luta em defesa d'Ela, levou-o no entanto a colher com abundância os frutos amargos da ingratidão, até nas searas dos que eram os beneficiários naturais de sua atuação. Fiel imitador do Divino Mestre, eis como ele O descreve em sua admirável Via Sacra, carregando a Cruz sob "a man!festação tumul-
P
tuosa do ódio e da ingratidão daqueles a quem Ele tinha amado ... a dois passos, estava um leproso a quem havia curado ... mais longe, um cego a quem tinha restituído a vista ... pouco além, um sofredor a quem linha devolvido a paz. E todos pediam a sua morte, todos O odiavam, todos O injuriavam". Um amigo enviou-me há pouco da Itália uma crônica desenvolvendo esse mesmo tema, publicada no prestigioso jornal "Corriere dela Sera", de Milão (228-11 ). Seu autor é o veterano escritor e sociólogo Francesco Alberoni, que lhe deu o seguinte título: "Se você ajudar alguém, não
espere gratidão morais".
deve fazê-lo somente por razões
Transcrevo-a na íntegra, traduzida.
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"A nós todos já aconteceu de ajudar alguém, um amigo, um conhecido, para que encontre um emprego, para apoiálo num momento de necessidade, dé forma desinteressada, e depois descobrir que a pessoa beneficiada, em vez de ficar agradecida, não só esquece o que você fez por ela, mas se torna distante e se comporta em relação a você com ressentimento. E me vem à memória aquela passagem do Paraíso Perdido de John Milton , na qual Satanás diz que se rebelou contra Deus por causa do peso insuportável da gratidão. Qual é o peso da gratidão? Como pode a gratidão tornar-se insuportável?
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"O caso mais simples é o da inveja. Satanás queria mais, não aceitava sua condição de segundo. Lembro-me que, no início da minha carreira, ajudei um colega meu, psicólogo, que precisava trabalhar, e o fiz meu adjunto. Um dia alguém me disse que ele sempre falava mal de mim, a ponto de sua esposa, num dia em que os pegou urna tempestade, lhe disse: 'Não será também isto culpa de Alberoni '? A explicação era simples. Depois de ter aprendido um pouco o ofício, pensava ser melhor do que eu, e queria tomar o meu lugar. A partir daí eu aprendi que é perigoso estar muito em evidência, porque se provoca a inveja dos colegas. "Mas a falta de gratidão não se deve apenas à inveja. Toda vez que fazemos para um outro algo a ma is do que é necessário, colocamos sempre em movimento mecanismos que podem ser positivos ou negativos. Tornemos o exemplo mais simples: dar um presente. O presente, mesmo se for dado da forma mais desinteressada e generosa, quase sempre ena a necessidade de retribuição. E se eu exagero na generosidade, posso colocar o outro num embaraço, porque ele não sabe como retribuir-me, e então se pergunta o que eu estou querendo dele em troca. "Há porém pessoas que reagem da maneira oposta. Se você lhes dá um presente ou as ajuda, consideram que isso é uma obrigação sua e, se você parar de fazê-lo, o criticam e acusam. "Em todos os casos, o resultado de sua generosidade será sempre uma ausência de gratidão. "Portanto, quando você decidir dar um presente a alguém, ou apoiá-lo quando tem necessidade, ou ajudá-lo para que ele possa reali zar suas potencialidades, lembre-se que você deve fazê-lo somente por razões morais, porque acha justo fazê-lo, sem esperar nada em troca. "Se depois o outro lhe retribuir com lealdade e gratidão, considere este comportamento como sendo apenas o dom de um espírito generoso."
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Sirvam essas considerações para um exame de consciência. • E-mail para o autor: cato li cismo@ terra.com .br
Obrigando a ONU a recuar mCio ALENCASTRo
A
chamada UNFPA (sigla em inglês do Fundo de População das Nações Unidas) estava querendo impor aos países-membros que as crianças e adolescentes tivessem direito a sexo, droga e aborto ... para reduzir a população! Ou seja, aborto disponível de forma gratuita para adolescentes, sem necessidade de consentimento dos pais ou responsáveis; liberdade para uso de drogas e mesmo para a prostituição; e diminuição da participação dos pais na formação sexual de seus filhos. Tudo isso consta do documento "Estado da População Mundial-2014", o qual põe em causa as leis que exigem autorização dos pais para acesso ao aborto, aos anticoncepcionais, ao uso de agulhas para consumir drogas etc. Além de criticar normas conti-árias "às
relações entre pessoas do mesmo sexo, ao consumo de drogas e à venda de sexo ou o trabalho sexual". Em suma, segundo o informe desse Fundo da ONU, a chave para o desenvolvimento está em garantir que a conduta sexual dos adolescentes não seja supervisionada, mas irrestrita e financiada com dinheiro público, e sobretudo não vise à procriação. O que o UNFPA postula é a imposição da anarqu ia sexual entre os jovens, a pretexto de que ela lhes garantirá o bem-estar e ao mundo inteiro. E acusa de intolerantes os Estados que não adotam essas norma .
Reações salutares O reprc ·cntante da ilha Nauru - o menor paí do mu ndo, locali zado na Oceania - recrim inou encolerizado o UNFPA por "acossar" seu governo. "A
ONU pensa que pode fazer isto porque Nauru é o 1r1 ,nor Estado? ". Delegaç cs afr icanas e outras que-
CATOLICISMO
riam omitir ou precisar no documento, termos como "educação se.xual integral" e "saúde sexual e reprodutiva e direitos
reprodutivos" - "expressões que supõem a aceitação da homossexualidade, os direitos sexuais para crianças e o aborto". Após duas semanas de negociações, não se chegou a um acordo sobre a aplicação de tais normas draconianas e imorais. O embaixador Usman Sarki, da Nigéria, representando os africanos, emitiu uma mensage m mordaz. C riticou os governos e ativistas que se utilizam da ONU para promover questões socia is polêmicas. Sarki sustentou que se trata de um projeto "repleto de temas controvertidos" e lamentou as tentativas de manipulação das neg~ciações por parte de burocratas das Nações Unidas. Também deixou c laro que as negociações da ONU deveri am estar "livres de toda infiuência indevida, pressão e coerção". E criticou a pressão exercida sobre os fimcionários na sede dessa organização. Os delegados africanos queixaram-
se ainda da pressão sem precedentes exercida pelo UNFPA nas capitais de suas nações e em Nova York. Tal pressão visa incluir a chamada "educação integral sobre a sexualidade humana", que promove a atividade sexual de crianças de até cinco anos de idade. Os promotores desse informe imoral não esperavam essas reações. Um delegado de El Salvador, que encabeçou as negociações, estava particularmente decepcionado. John Wilmoth, principal demógrafo da ONU, disse ao final da reunião que ficara "estupefato". A presidente, belga, teve de "pôr fim a uma
resolução, em lugar de tentar amoldar as inquietações emfáce do projeto conciliatório que havia elaborado ". Disso tudo resulta uma lição. Quando os que defendem a boa causa não cedem ante as imposições revolucionárias e se negam a qualquer conci Iiação traiçoeira, os revolucionários se veem obrigados a recuar. • E-mail para o autor: calo lic ismo@terra.com.br
* Noticiário baseado nos in fo rmes do Cenlerfor Family and l-luman Rights (C-Fam), de 22- 1120 14 e 4-4-2015.
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São Felipe, Confessor
Santo Inácio, Anacoreta + Espanha, séc. XL "Feito abade de Onha, onde se acabava de adotar a observ â nc ia cluniacense, deu novo impul so ao monaqui smo" (do Martirológio Romano).
2 São Potino. Bispo, e Companheiros, Mártires + Lion , l 77 . "S eu s fo rtes e re pe tid os co mb a tes sob [os imperado res roma nos] Marco Aurélio Antonino e Lúc io Vero, estão descritos numa carta que a Igreja de L ion envi ou às autoridades da Ásia e da Fríg ia" (do Martirol ógio Rom ano).
3 São Carlos de Luanga e 22 Companheiros, Mártires + Uga nda, l 886. Carlos, ofi cia l do rei de Uga nda, convertido com outros fün c ionári os pelos Padres Brancos, fo i com eles queimado vivo.
4 SANTÍSSIMO CORPO E SANGUE DE NOSSO SENHOR JESUS CRISTO São Francisco Caracciolo, Confessor + Ag none (Itália), 1608. De no-
e Primitivo" (do Martirol ógio Romano).
+ Palestina, séc. ll. Um dos sete
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primeiros di áco nos ordenados pe los Apósto los, e le é nomeado logo depois de Santo Estêvão, o protomártir. " Afa mado por seus mil agres e prodígios, conve rteu a Samari a à fé de Cristo, bati zo u o eunuco de Candace, a ra inha da Etiópi a, e fin almente terminou seus dias na Cesa ré ia" (Do Martirológio Rom ano). Primeiro Sábado do mês
São Barnabé, ''Apóstolo"
SAGRADO CORAÇÃO DE JESUS
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7
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São Gregório Barbarigo, Bispo e Confessor
Santo Antônio Gianelli, Bispo e Confessor
Santo Antônio de Lisboa ou Pádua , Confessor. São Peregrino , Bispo e Mártir
+ B obbio (Itá lia), 1846. Empenhou-se no campo das missões e da educação . B ispo de Bobbi o, go vernou com sa bedori a e prud ênc ia sua sé epi scopa l.
8 São Guilherme de York, Bispo e Confessor + Ing laterra, 1154. Sobrinh o do rei Santo Estevão, tornou-se muito cedo tesoureiro da arquidiocese de York e depois seu arcebispo. Caluniado, fo i afastado do cargo, sendo rea bilitado pela Santa Sé após sete anos de humilhações. Muitos mil agres fora m operados em seu túmulo, inclusive três ress urreições.
9 São José de Anchieta, Apóstolo do Brasil São Columba Abade, Confessor + Escóc ia, 59 7 . " N a tureza
nhe iro de São Paulo na evange li zação, es te o c ha ma de Apósto lo, embora não fosse um dos Doze.
+ [tália, séc. VJ. Bispo na região dos Abru zzos, sofreu persegui ções por procl amar a divindade de C ri sto. Fo i afoga do pe los longo bardos no ri o Atemo.
14 São Metódio de Constantinopla , Bispo e Confessor + Constantinopla , 847. Ita liano, "estud o u e m Constantinop la, onde abraçou a vida mo násti ca . Tornou-se abade, e mais tard e Patriarca . Fez triunfa r definitiva mente, com o apoio de Roma, o c ulto d as sa ntas im age ns, instituindo a 'Festa da O rtodox ia' ce le bra da anua lmente desde ~ntão" (do Martiro lóg io Romano - Monástico).
·15 Santa Germana Cousin, Virgem
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São Cyro e Santa Julita, MártiI'eS
São Sancho, Mártir
São Getúlio e Companheiros, Má1tires
+ Síria, séc. ]V. Por não que-
apesar de edu cado na corte rea l, não hesitou em sofrer o martírio pela fé de Cri sto na perseguição dos árabes" (do Martiro lóg io Romano) . Primeira Sexta-Feira do mês
+ Ca lcedôni a, 362. " Emba i-
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+ C hipre, séc. I. F iel compa-
+ Pibrac (F rança), 1601 . Pobre,
+ Espanha, 85 l. " Ado lescente,
Santos Manuel, Sabei e Ismael, Már'Lires xadores do re i da Pérs ia pa ra negoci a r a paz com J uli a no, o Apóstata. O imperador qui s obrigá-los ao culto dos ído los; como recusassem com gra nde constância, mandou passá- los a fio de espada" (do Marti ro lógio Romano).
ari stocrática, brilhante em suas pa la vras, gra ndi oso e m se us conselhos, che io de a mor para com todos, repleto até o fu ndo de seu coração da serenidade e da alegri a do Es pírito Sa nto" (do Ma rti ro lóg io Rom a no M onás tico).
bre fa míli a napo litana, fund ou a Cong regação dos C lé ri gos Reg ulares M e no res . T inh a o dom de profec ia e fo i fa vorecido co111 êxtases.
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+ Séc. Til . " Varão de gra nde no breza e cul tura, pa i de sete bem-aventu rados mártires tidos de sua esposa Sa nta Sinforosa; ta mbé m fo ram má rt ires seus companheiros Cerea l, Amâncio
escrofu losa, negligenciada pelo pa i e ma ltratada pela madrasta, morreu abandonada em seu le ito de palhas no ce leiro patern o aos 22 anos.
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rer renega r a fé , Ju lita estava sofr e ndo o ma rtíri o qu a nd o seu filh o Quirico, ou Cyro, de apenas três anos, que lhe fora arra ncado dos braços, juntou-se a e la para mo rre r, afi rm ando que ta mbém era cri stão.
+ ltália, 1697. De família patríc ia de Veneza, tornou-se bispo de Pádua e cardea l, ded icando o me lhor de suas ati vidades ao seminári o episcopal, transformado por e le num dos me lho res da Itá lia e no qua l se guarda reverentemente o coração do santo.
19 Santos Gervásio e Protásio, Mártires + Mil ão, séc. Ul . O primeiro foi açoitado com pontas de chumbo até a morte; e o segund o, depo i d e fl age lad o , fo i d egol a d o. Sa nto Ambrós io descobriu seus corpos em 386. De Mil ão seu culto ex pandiu-se até as Gá li as, onde vá rias igrejas lhes fo ram dedi cadas.
20 Santo Adalberto de Magdeburgo, Bispo e Confessor + Al emanh a, 98 1. O Impe rado r O tão, o Grande, enviou- o co mo c hefe de um grup o d e mi ss io nári os para eva nge liza r os eslavos. Tendo todos os seus compa nhe iro · sido massacrados, vo ltou à Alema nha, onde fo i des ig nado bi spo da nova sede epi scopal de Magdeburgo, na Saxôni a.
21 São Luís Coniaga, Con fesso1~ Santo fü1sébio, Bispo e Mártir + Síri a , 378. Ex il ad o p ara a Trácia pe lo imperado r ari a no Valêncio, visitava as igrej as não arianas dis f'a rçado de so ldado, para confirmá- las na fé. Vo ltando do ex íl io após a morte do
imperad or, fo i assassinado por uma mulher aria na por causa de sua fé cató li ca.
22 Santo Albano, Mártir + Ingl aterra , 304. D estacado habitante de Verulamium (hoje Sa nto Alba no), esco ndeu em sua casa um sacerdote durante a perseguiçã.o de D iocleciano. Conve rtid o pe lo mini stro de D e us, fi co u tão tocad o pe la doutrina católica que trocou de vestes com e le, sendo preso em seu lugar. Negando-se a oferecer incenso aos ído los, fo i aço itado, cru e lmente to rturado, e fi na lmente teve a cabeça decepada.
23 Santa Agripina, Virgem e Mártir
+ R oma, séc. ILL Tendo fe ito voto de virg inda de, foi apri sionada e martiri zada sob o imperad or Val eri ano. Seu corpo fo i tras ladado para a Sicíli a, onde seu túmul o é afa mado pe los muitos milagres ali operados.
24 Natividade de São ,João Batista Po r te r s ido purifi ca do a inda no ve ntre mate rn o pelas palavras da Santíssima Virge m, é o ún ico santo, além da Mãe de Deus, de quem se comemora o nascimento.
25 São Máximo ele Turim, Bispo e Confessor + Itáli a, séc. V. Mui to célebre pe la do utrina e sa ntidade, seus di scursos reve lam sua ciênc ia e virtude, sendo quase tão importantes qua nto os de Sa nto Agostinho.
26 São Vigílio, Bispo e Mártir • + Tre nto, 40 5. Nasc id o e m Trento, fo i edu cado em Ate nas. E leito bispo de sua cidade natal, " tudo fez para extirpa r os últi mos vestí g ios de ido latri a. Por esse moti vo, homens fe rozes e bárbaros abatera m-no com uma raj ada de pedras" (do Marti rológio Romano).
27 Nossa Senhora do Perpétuo SOCO!'l'O Segundo a tradição, essa pintura fo i levada por um negoc iante de Creta para Roma, permanecendo na igreja de São Mateus até 1812 e seguindo de po is para uma ca pe la dos agos tini a nos. E m 1866 o gera l dos Redentori stas obteve de Pio IX a sua guarda, divul ga nd o-a e ntão po r tod a parte. E la se tornou uma dasestampas de Nossa Senhora mais populares em todo o mundo.
28 São Plutarco e Companheiros, Mártires
+ Eg ito, 2 02. A ss ist indo às aulas do cé lebre Orígenes em Alexa ndria, fora m convertidos po r e le à fé ca tó lica, enfrentando por isso o martíri o nas perseguições de Severo.
29 Comemoração de São Pedro e São Paulo, Apóstolos. Santa Ema, Viúva
Intenções para a Santa Missa em junho Se rá celebrada pelo Revmo. Padre David Fra ncisquini , nas seg uintes intenções: • Pedind o o afervoram ento d as famíl ia s ca tó li cas na devoção ao Sa grad o Co ra ção de Jes us (fest ivid ade ce lebrada no d ia 12), para qu e El e prote ja es pecia lmente o Bras il neste perío do de profun da crise qu e atravessa mos e o leve ao c umprim ento d e sua g rand iosa mi ssão no co ncerto das nações.
+ Alemanha, 1045 . Parente do Imperad or Sa nto He nrique, fo i edu cada na corte pe la imperatri z Santa Cunegundes . Casou-se com Guilherme de Fri esach e tiveram do is filh os, que fo ram assass inados. Transido de do r, Guilherme fo i em peregrinação a Roma, fa lecendo no caminho de vo lta. Sua viúva santificouse , dedi cando-se a D e us e a obras de caridade.
ao Protomártires da Igreja Romana. São Marcial, Bispo e Confessor + Fra nça, séc. m. Um dos prime iros a anunciar a verd ade ira Re li gião nas cercani as de Limoges, F rança, onde é venerado com seus dois sacerdotes Alpinia no e Austricliniano. A vida dos três foi pontilhada de extraordinári os mil agres. Nota: Os santos aos quais já fi ze111os referência em calendári os anteriores tê111 aq ui apenas seus no111es enun ciados, se111 nota biográfica.
Intenções para a Santa Missa em julho • Pelas intenções parti cu la res d os leito res de Catolicismo e para q ue todos eles tenham uma devoção ca da vez ma is intensa a N ossa Se nh o ra d o Ca rm o (co memora da no di a 16 de julh o) e ao sa nto escap ul á ri o. Ta mbém para qu e se us filh os e netos possa m rece ber um a edu cação a utenti ca mente ca tó lica qu e os p ro t e ja co nt ra o ensino im ora l co ntido, por exempl o, em certas carti lhas d ist ribuíd as e m estab elec im entos de ensino.
acontece com aMarchapela Vida , a multidão era constitu ída por famí li as , que se comportaram com respeito e dignidade. Na mesma ocasião, estiveram presentes membros da TFP norte-americana. E les co lheram assinaturas para uma petição mundial em defesa da instituição fam ili ar, que deve ser encaminhada ao Papa Francisco em v ista do próximo Sínodo da fam ília. Tal petição já conta com quase 250.000 assinaturas e continua a crescer em adesões. [vide quadro abaixo] Um banner da campanha América Necessita de Fátima, da TFP americana, exibia os nomes de 12.251 pessoas que manifestaram sua solidariedade ao evento, mas que não puderam e tar presentes. Próximo ao local do evento, um minúsculo contraprotesto de homossex uais e travestis reuniu cerca de 20 pessoas. Um fo lheto de oito páginas foi largamente difundido pelos membros da TFP america na. Em linguagem firme e serena, a entidade expõe as razões em que fundame nta a sua posição. Destacamos algun s tóp icos: "O 'casamento ' entre p essoas do mesmo sexo nunca foi reconhecido por lei. O renomado antropólogo fi"ancês Maurice Godelier (que é defensor do chamado 'casamento' homossexual), professor na Escola para Estudos Avançados de Ciências Sociais de Paris, admite que 'não encontramos na
Defendendo o sacramento do matrimônio com o heroísmo de cruzados P' FRANCISCO JOSÉ SAIDL
"C
asamento homossexual divide a América" - noticia o diário parisiense, "Le Figaro", no dia 27 de abri l último. "A Suprema Corte [dos Estados Unidos] decidirá se o casamento homossexual agora deve prevalecer em todo o país. O suspense é enorme em vista da possível legalização do casamento homossexual em todo os EUA[.. .}. Seus partidários, ativos e organizados, estão convencidos de que o caso está no bolso. Mas outros acreditam que o Tribunal não pode calcar ao pés o direito dos Estados de decidir sobre direito de.família. " Aproximando-se a data em que se decid irá tão relevante tema, assoc iações em defesa da famíl ia reu niram-se na co lina do Cap itó li o, na capita l a mericana, no dia 25 de ab ril. Na ocasião o Arcebispo de Louisville (KY), Pres idente da Conferência Episcopal Americana, declarou à imprensa: "Sempre se entendeu o matrimônio como a união de um
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CATOLICISMO
homem e uma mulher". O prelado advertiu sobre a visão equ ivocada do casamento se este for considerado ape nas como "uma amizade adulta", perdendo-se de vista o "amor sacrificial " e a união instituída pelo próprio Nosso Senhor Jesus Cristo. " Voltemos às nossas raízes, afirmando que na base de uma boa e saudável civilização está a.familia, e na base da.família o amor sacr[fical." Brian Brown , presidente da National Organisation for Marriage (NOM ), abriu a reunião e fo i seguido por vários oradores de diversas organizações nacionais pró-família. Além do Arcebispo de Louisvi ll e, estiveram presentes o Núncio Apostólico para os Estados Unidos, Dom Cari o Maria Yigano, o Arceb ispo da Arquid iocese de Ba ltimore, Dom William E. Lori, que abriu a reunião com uma oração, e o Bispo Auxi li ar de Fi ladélfia , Dom John Joseph Mclntyre. Transpondo grandes distâncias, delegações dos estados de Alabama, Mich igan, Louisiana, Ohio, Tennessee, Kentucky, Connecticut, Nova York, Texas, N ova Jersey e Pensi lvânia partic iparam da reuni ão com energia e entu siasmo. Ta l como
História uniões homossexuais e homoparentais institucionalizadas'. E conclui que isto nunca.foi abordado anteriormente. "A exemplo dos mártires, que preferiram perder suas vidas antes que perder a fé e outras virtudes, nós vigiamos, p ermanecemos na f é e portamo-nos varonilmente, como nos ensina o Apóstolo. "Enfrentando os maometanos na Terra Santa, na Espanha e às portas de Viena, os cruzados salvaram a civilização cristã de perecer sob o jugo do Islã. Em nossos dias este perigo renasce, nossa.fé é atacada, talvez de maneira ainda mais brutal, pela imposição da ditadura homossexual através de legislações e decisões judiciais. E todos os que se recusam a dobrar os joelhos diante deste novo Baal devem esperar a perseguição. "Com a constância dos mártires, a combatividade e a f é varonil dos cruzados, lutamos pacífica e legalmente em defesa da família e dos princípios básicos da lei natural e divina, sem os quais nenhuma moralidade é possível. Que nossa fidelidade possa atrair a bênção divina e mudar o curso dos acontecimentos. "Peçamos o auxílio da Virgem Maria, Mãe de Deus, que é 'terrível como um exército em ordem de batalha', como lemos no Cântico dos Cânticos". • E-mail para o autor: catolicisrno@terra.corn.br
Assine a petição ao Papa Francisco A defesa da sagrada instituição da família - hoje tão ameaçada - e a preocupação com o resultado do Sínodo de outubro próximo em Roma, no qual e la ocupará lugar central, são motivos para que católicos de várias nações assinem uma Filial Súplica ao Papa Francisco. Diz o texto: "Observamos uma desorientação generalizada, causada pela possibilidade de que se tenha aberto no seio da Igreja uma brecha que permite a aceitação do adultério - mediante a admissão à Eucaristia de casais divorciados recasados civilmente - , e até mesmo uma virtual aceitação das próprias uniões homossexuais, práticas essas condenadas categoricamente como contrárias à lei divina e natural. " A Filial Súplica - que já conta com quase 250.000 firmas - pede ao Papa Francisco uma palavra esclarecedora. "Ela impediria a relativização do próprio ensinamento de Jesus Cristo, e dissiparia as trevas que se projetam sobre o.futuro dos nossos filhos. " Prezado leitor, se você ainda não assinou, junte-se aos católicos que já o fizeram. Você também pode participar dessa mobilização mundial do seguinte modo: 1) Faça o download e imprima o arquivo em PDF acessando o site do Instituto Plinio Corrêa de Oliveira: www.ipco.org.br; 2) Assine, peça a seus fami liares e amigos que façam o mesmo; 3) Envie por correio as assinaturas para o endereço que consta no documento ou se preferir acesse e recomende o site: http://fili alsuplica.org/ para assinaturas on- line. 4) No site http: //fili alsup lica.org/ você poderá ver a lista de personalidades mundiais que já assinaram a "Filial Súplica".
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No coração da Cristandade, 40 mil pessoas protestam contra o aborto l'!I Juuo LOREDO
o
rganizado por uma vasta coalizão de associações pró-vida e pró-família sob a coordenação da Voice of the Family de Londres, reali zou-se no dia 9 de maio na Cidade Eterna, o 3rd Rome Family Forum. Mais de 60 líderes, representando ditas associações de 15 países, se reuniram no auditório de São Pio X para discutir o futuro da vida e da família na perspectiva do próximo Sínodo sobre a Família a ser rea lizado em outubro. John Smeaton, diretor da Society for the Protection of the Unborn Children (Sociedade para a Proteção das Crianças Não-Nascidas), de Londres, disse que o documento final do Sínodo preparatório, reali zado no ano passado em Roma, representa uma clara melhoria em relação aos CATOLICISMO
docum entos originais. No entanto, deixa a inda alguma ambiguidade no tocante ao divórcio e aos casais não casados. Os defe nsores da vida - prosseguiu Smeaton - devem manter a firme convicção de que, no tema da moralidade, há certos princípios abso lutamente nã.o-negoc iáve is, por serem parte da reve lação divina de Nosso Senhor Jesus C risto. O divórcio e o adultério, por exe mplo, são dois desses princípios. Participaram do congresso delegados de quase todas as TFPs europeias, bem como da TFP americana. O autor destas linhas interve io na qualidade de presidente da Associação Tradição, Familia e Propriedade, da Itália. No final da manhã, os líderes se reuniram em mesa redonda para discutir estratég ias de defesa da santidade da vida e da instituição familiar em nível mundial. E mergiu cada vez mais forte a convicção de que estamos num
ponto de virada, no qual o lobby LGBT foi solto, numa espécie de assalto final contra os valores morais naturais e cristãos. Diante deste ataque, uma vez que nem todas as autoridades relevantes - religiosas e civis - parecem dispostas a lutar em defesa da vida e da família, cabe a nós prosseguir no combate. Na parte da tarde o congresso foi aberto ao público, que lotou o grande auditório. Estava presente o cardeal norte-ameri cano Raymond Burke, x-prefeit da ignaturaAposl li ca. e nfe rencista principal fi i o cardeal George Pell, Arcebispo de Sydney (Austráli a), e Prefeito da Secretaria da Economia do Vaticano. Em sua douta e documentada palestra, o prelado falou sobre o papel dos pais como principais educadores dos filhos e, portanto, seus principais responsáveis perante Deus. Citando vários estudos científicos, mostrou também como o divórcio e os novos tipos de "família" são profundamente prejudiciais à saúde mental e até fisica dos filhos. Ao encerrar, reiterou a imutabilidade absoluta do Magistério da Igreja em questões morai s: "Estamosjogando não só com Deus, mas também com a natureza". Ele se perguntava, com efeito, por que tantos lobbies se empenham na defesa da natureza, coisa perfeitamente legítima, mas nenhum se dedica a defender a natureza quando se trata do ser humano? Ajornada terminou com uma solene Adoração Eucarística na igreja de San Salvatore in Lauro, no centro histórico de Roma, celebrada pelo Cardeal Burke juntamente com o Mons. Marco Agostini, oficial da Secretaria de Estado de Sua Santidade. A vigília de oração enfatizava um ponto recordado por todos os líderes pró-vida durante o congresso: a centralidade da oração e da vida espiritual na causa pró-vida e pró-família. No coração de nossa luta existe de_ fato a convicção de que é a oração que obtém do Céu as graças necessárias, sem as quais o coração humano não se abre à verdade e à virtude.
Marcha co11tra o aborto e em del'esa da família O Rome Family Forum e a solene Adoração Eucarística realizaram-se em preparação para a 5ª Marcha Interna-
cional p ela Vida, transcorrida no dia seguinte, domingo, 10 de maio. Cerca de 40 mil pessoas marcharam no coração da Cristandade em defesa dos princípios não-negociáveis, proclamando em a lta voz SIM à vida, NÃO ao aborto; SIM à família, NÃO às formas espúrias de união. A manifestação começou na Via dei/a Conciliazione, a 200 metros do Vaticano. Um povo em festa, com centenas de faixas e bandeiras das respectivas associações, tomou as ruas para fazer ouvir a sua voz. Estavam presentes vários sacerdotes e seminaristas, a maioria deles de batina, apesar do calor, como também numerosas religiosas de várias congregações. Da Via dei/a Conciliazione o cortejo percorreu a Via dei Corso até os Fori lmperiali, terminando no Foro Boario, em frente da igreja de San Giorgio in Velabro. A poucos passos dali , em sua linguagem sil enciosa mas penetrante, o Coliseu recordava os inúmeros mártires que preferiram enfrentar as feras do que trair, por mínimo que fosse, a Fé cristã. Ostentando suas características capas vermelhas e os estandartes auri -rubros com o leão rompante, quase 50 sócios e cooperadores de TFPs da Europa e da TFP norte-americana participaram da Marcha. Esta foi animada pela presença de dois jovens das TFPs da Escócia e da Irlanda que, revestidos do tradicional kilt, executavam músicas tradicionais na gaita de fole. Muitos transeuntes se fizeram fotografar ao lado deles. Estiveram ainda presentes à Marcha delegados de várias associações co-irmãs das TFPs, que fazem parte da vasta família espiritual inspirada por Plinio Corrêa de O li veira. Após a Marcha, uma Missa no rito extraordinário da liturgia romana, celebrada por Mons. Marco Agostini na igreja de San Giorgio in Velabro, encerrou uma jornada que ficará gravada para sempre em nossa memória. Saímos com a alma transbordando de entusiasmo e a mente repleta de projetos concretos. O próximo evento será em maio de 2016: a 6" Marcha p ela Vida. • E-m ail para o au to r: calo lic ismo@ terra. com.br
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a Soberano prototípico de sua época rende homenagem às "maneiras cheias de dignidade e ao porte magnífico que caracterizavam a Imperatriz" ■ PuN10 CoRRÊA DE OuvE1RA
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Imperador Guilherme 11,* no episódio que vou comentar, era ainda príncipe herdeiro do [mpério Alemão. A Alemanha na época da Primeira Guerra Mundial em larga medida foi modelada pela atuação do Kaiser - tipo humano perfeito do nobre atualizado de fins do século XIX e das primeiras décadas do século XX. Enquanto que a Imperatriz Sissi,** esposa de Francisco José, soberano do Império Austro-húngaro, representava o passado. Qual o efeito que tal passado produziu sobre o futuro Kaiser, considerado um homem moderno daquele tempo? Como a tradição é vista por um homem mais pobre em tradição diante de uma pessoa mais rica nesse sentido? A questão é muito interessante para se compreender como é exercida a continuidade familiar e também como é a irradiação da nobreza sobre o tipo humano da nobreza. O Kaiser, em seu livro de memórias "Minhas recordações", narra seu encontro com a lmperatriz Sissi: "Uma recordação da Imperatriz permaneceu indelével na minha memória. Um dia, a grande dama veio tomar chá em casa de minha mãe, em Hetzendorf Eu estava ocupado exatamente em escrever meu diário, lamentavelmente perdido havia muito tempo, quando minha mãe me fez chamar no jardim onde ela passeava com a Imperatriz. A imperatriz me cumprimentou com sua apurada amabilidade corrente e minha mãe me ordenou conduzir, durante o passeio, a longa cauda do vestido de Sua Majestade. Aceitei com entusiasmo a execução deste suave serviço de pajem e admirei suas maneiras cheias de dignidade e o porte
magnifico que caracterizavam a Imperatriz. Ela cumpria à risca tudo o que exigia o antigo cerimonial das cortes:
não se sentava, mas se colocava majestosamente; não se le vantava, mas se elevava; não caminhava, mas avançava com dignidade. Este é o melhor modo de qualificar o ritmo precioso que orientava todos os movimentos da soberana. " Notam-se bem os traços do nobre: uma amabilidade apurada. Refinada não apenas em certa ocasião, mas normalmente requintada. Também podese notar a hierarquia. A mãe ordenou "conduzir a longa cauda do vestido de Sua Majestade ". No palácio, aKaiserina deveria ter quantos lacaios quisesse, mas era tal o seu respeito pela Imperatriz visitante, que mandou o príncipe herdeiro carregar a cauda. E ele não se sentiu diminuído no serviço de pajem, mas, pelo contrário, admirou a dignidade e o porte magnífico da Imperatriz. A nobreza deve ser assim . Tudo o que ele admirou era efeito do cerimonial antigo das cortes. A linguagem do Kaiser é muito rica, reflete muito a substância do que estava vendo. Ele indica que todos os movi mentos da Imperatriz eram assim, e não apenas esses de andar e sentar aos quais ele se referiu . A soberana não andava como qualquer pessoa, mas "avançava com dignidade ". Esse episódio revela como a Imperatriz Sissi exercia um efeito enorme sobre a educação inteira de um povo e que para alcançar este alto grau de requinte é necessário que haja uma dinastia para elevar tudo até esse altíssimo nível. • Notas: * Frederico Guilherme Victor Alberto de Hohenzoll ern ( 1859- 1941 ). ** Eli zabeth Amélia Eugênia de Witte lsbach ( 1837- 1898).
Excertos de conferência proferida pelo Prof. Plinio Corrêa de Oliveira em 18 de novembro de 1992. Sem revisão do autor.
Dom Aldo dí Cillo Pagotto, SSS Dom Robert F. Vasa Dom Athanasius Schneider
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FAMILIA or toda a parte em que floresça a família, ficarão impregnados de tradições os costumes públicos e privados, a cul tura e a civilização. Lembrou Pio XU alguns motivos de ordem natural pelos quais a famí li a é uma riquíssima fonte de continuidade entre as gerações, ao longo dos sécu los. O Pontífice tratou dos fatores morais e sobrenaturais da tradição fami li ar. Mas, dirá alguém, essa concepção, que parece supor um longo passado ari stocrático, é imprópria para conti nentes novos como o nosso. Pio Xll parece ter previsto a objeção. Diz ele: "Também nas democracias de recente data [. ..]foi se.formando, pela própria força das coisas, uma Vida em família - Eastman Johnson (1824-1906). Metropolitan Museum of Art, New York. espécie de nova nobreza ou aristocracia. É a comunidade dasfamilias que, por tradição, põe todas as suas cidade, na região e no país inteiro" familia humana; e [. ..]portanto as energias ao serviço do Estado, de seu (Idem, "L'Osservatore Romano" de relações entre classes e categorias desiguais devem permanecer govergoverno, da administração, e sobre 17-1-46) . nadas por uma honesta e igual j usticuja .fidelidade ele pode contar a Mas, poder-se-á ainda objetar, tal qualquer momento" ("L'Osservatore concepção da famí li a conduz a uma ça, e ao mesmo tempo animadas por Romano" de 9-1-4 7). sociedade escalonada em classes respeito e afeição mútua, que ainda A tradição não é, então, o condiversas? Perfeitamente. É ainda Pio sem suprimir a disparidade, lhes trário da verdadeira democracia, XII quem no-lo afirma: "As desi- diminuam as distân ·ias ~ temperem vigente - pelo menos em tese - em gualdades sociais, inclusive as liga- os contrastes" (idem). Assim, a familia gera de per si toda a A mérica? Ouçamos Pio XII: das ao nascimento, são inevitáveis; a tradição e a hierarqu ia social. "Segundo o testemunho da História, a natureza benigna e a bênção de onde reina uma verdadeira demo- · Deus à humanidade, iluminam e pro- Para abolir a tradição e a hierarcracia, a vida do povo está como tegem os berços, beijam-nos, porém quia, é mister depaupernr, estiolar, ~ os nive . I.am " . ("L'O sserva tore reduzir e frangalhar a fam ília. É que impregnada de sãs tradições, nao o que muitos não s;abem ou não que é ilícito abater: Representantes Romano" de 5/6-1- 1942). destas tradições são, antes de tudo, Vimos que para Pio XII a desi- querem ver... • as classes dirigentes, ou seja, os gualdade cristã é fonte de concórdia grupos de homens e de mulheres ou entre as classes. Ouçamo- lo ainda: Excertos cio arti go publi ca do nu " Fnlhu de S. as associações que dão, como se "Para o cristão as desigualdades Pau lo" em 24-4-1969. Leia sua ln to ru m )lttp;L/ costuma dizer, o tom na aldeia e na sociais se fundem em uma grande www gliniocorreacleol' ira.in~ /
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CATOLIC ISMO
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Recrudescimento da perseguição religiosa
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Reação à imposição da Ideologia de Gênero
Incoerências do ambienta/ismo alarmista
FamÍlia: doutrina católica para evitar confusões rn,: SANTOS
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Tigre - símbolo da agilidade com surpresa
Nossa Capa: Ilustração: Julius Schnorr von Carolsfeld (1794- 1872), A fuga para o Egito (detalhe), 1828, Museu Kunstpalast, Düsseldorf (Alemanha)
Foie gras ameaçado de extinção
JULl-!O 2015 -
Monsenhor JOSÉ LUIZ YILLAC
Diretor: Paulo Corrêa de Brito Filho Jornalista Responsável : Nelson Ramos Barretto Registrado na DRT/DF sob o nº 3116 Administração: Rua Visconde de Taunay, 363 Bom Retiro CEP 01132-000 São Paulo - SP Serviço de Atendimento ao Assinante: Fone/fax (0xx11) 3333-6716 Correspondência: Caixa Postal 1422 CEP 01031-970 São Paulo - SP Impressão: Prol Editora Gráfica Ltda. E-mail: catolicismo@terra .com .br Home Page: www.catolicismo.com .br ISSN 0102-8502 Preços da assinatura anual para o mês de Julho de 2015: Comum : Cooperador: Benfeitor: Grande Benfeitor: Exemplar avulso :
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Caro leitor, Rea li zar-se-á no mês de outubro próximo em Roma o Sínodo Ordinário sobre a fa mí1ia, o qual pretende retomar o tema tratado no ano passado pelo Sínodo Extraordin ário. Diversos pontos do re latório ini cial dessa última assembl eia não obtiveram a maioria necessári a de dois terços. Apesar de o mesmo ter sido reformado, os parágrafos p lêmi cos que constavam do documento inici al não fora m eliminados de sua versão fin al. Eles permaneceram no texto e têm servido de base para o debate do tema nas dioce cs, com vistas ao próximo Sí nodo Ordinário. Ta l documento vem provoca ndo uma gra nde confusão nos espíritos, da qual consti tuiu trág ico exemp lo o resultado do referendo de 22 de maio último na Irlanda, quando esse país mac iça mente cató li co permitiu que o pseudo-casamento homossex ual fosse introduzido na sua constitui ção. No arti go de ca pa da presente ed ição, José Antonio Ureta anali sa essa confusã.o e seu refl exo sobre o referendo irl andês, cujo desastroso desfecho só fo i possível porque os bispos loca i não reagiram à atuação de numerosos sacerdotes e freiras que, ecoa ndo o "q uem sou eu para julgar?" e as aspi rações da ala reformista do Sínodo Extraord inári o, se pronunciara m publicamente a favo r ela mal fadada reform a constituciona l. Posteriormente o Vaticano di vulgou um lnstrumentum laboris (Instrumento de Trabalho), para servir de base ao Sínodo de outubro próx imo. 0111 0 esta edição já estava sendo fec hada, nã.o fo i po sível analisá-l o. Mas, a julgar pelo notic iári o de imprensa, o documento sugere ao Sínodo uma abertura pastoral para os casa is que vivem em estado de ad ultéri o ("recasados") e pede uma atenção e pecial no aco mpanhamento das pessoas homossex uais. Em face desse preocupante qu adro e para di ss ipar a confusão, já conta com a adesão ele 300 mil pessoas de todo o mundo o texto ele uma Fi li al Súplica ao Papa Fra ncisco, cuj o lançamento nossa revista noti ciou oportunamente. Outra med ida no mesmo sentido fo i o lançamento de um pequeno opúscul o intitu lado Opção pref erencial peiafamilia - 100 perguntas e 100 respostas em torno do Sínodo , de autori a de Dom A Ido Pagotto (A rceb ispo da Paraíba), Dom Robert F. Vasa (B ispo de Sa nta Rosa, Ca li fó rni a) e Mons. Athanas ius Schneider (B ispo auxili ar de Astana, Cazaq ui stão). A utilidade desse prec ioso opúsculo - que esc larece e torna acess íveis questões essenciais a serem debatidas no próx imo Sínodo, ressaltando pontos ela doutrina que elevem nortear a verdadeira ação pastoral da Igreja no âmbito fa mili ar - é também objeto de análi se no arti go de capa. E para que o leitor possa degustar o método catequético de perguntas e respostas, a co laboração transcreve em quadros específicos, partes relevantes cio próprio texto cio opúscu lo. Em sua parte final , o arti go reprod uz algumas significat ivas cartas de elogio à Opção prc;ferenciaL pela.família remetidas por prelados, e noticia seu lançamento em Roma, no dia 18 de maio último. · Desejo a todos os caros leitores uma profic ua leitu ra dessa importante temática.
Em Jes us e Maria,
9 CATOLICISMO Publicação mensal da Editora PADRE BELCHIOR DE PONTES LTDA.
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o DIR ETOR
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Pergunta - Graça e Paz! Solicito seu esclarecimento sobre uma afirmação que li no livro Os A,~;os, do Pe. Oliveiros de Jesus Reis, em que este afirma: "Deus ,Jestinava pam nós dois paraísos: 11111 celeste e 11111 terrestre. Terminado o p ecado tudo será recomposto como no início e a Terra .ficará para recreio dos eleitos já que, participando de todos os dotes do corpo e ,la alma g loriosos ,te .Jesus, viremos a este mundo com a rapü/ez do pensamento". Esta doutrina é apenas uma opinião teológica, ou faz 1>arte da Doutrina oficial católica? E se faz parte, por que no Catecismo nunca se tocou neste assunto e o povo crê que, depois de o mundo acabar pelo fogo, não ficará nada, só o Céu?
Resposta - Agradou-me a pergunta do ilustre missivista porque, além do interessante ponto específico que levanta, ela aponta para um aspecto muito vasto e consolador de nossa bela Religião cató lica, que se pode resumir nas duas últimas verdades que rec itamos no Símbo lo dos Apóstolos: "Creio na ressurreição da carne e na vida eterna. Amém". Infelizmente, em nosso mundo ate u e materi ali sta, aumenta o número dos que afi rm am que tudo acaba com a morte. E também o daqueles que, mesmo acreditando num além, não creem no Céu, nem na ressurreição. "PastoPal nova " teme talar ele morte, juízo, i11fen10 e pal'aíso
Urna das principai s críticas que se pode faze r à "pas toral nova" - adotada por muitos sacerdotes e catequistas - é de não fa lar do pecado e dos chamados "novíssimos do homem", isto é, seus últimos fi ns (morte, juízo, inferno e para íso), sob pretexto de não atemoriza r os fiéis. O preço a pagar é o de, nos serm ões e nas aulas de religião, não se fa lar, ou fa lar muito pouco, do Céu e de suas alegri as. Se pouco se fa la do Céu em termos atraentes, não é de estranhar que os ouvintes pensem apenas em busca r a fe licidade nesta vida, já que não têm nenhuma noção daquelas coisas que "as olhos não viram, nem os ouvidos ouviram, nem o coração humano imaginou o que Deus tem preparado para aqueles que o amam " ( 1 Cor. 2,9), segundo as palavras de São Paulo a respeito do Céu. Sem dú vida, o bem essenc ial da bem-aventu ra nça é a vi são beatífica. Mas há ta mbém as alegrias ac identa is do Céu: as relações com Nosso Senhor Jes us Cristo,
Nossa Senhora, os anj os e os santos, ass im como a "paz etern a", ou seja, a certeza da posse da fe licidade e da libertação do sofrimento e de toda espéc ie de mal, por todo o sempre. Cumprir-se-á então a promessa que Jesus fez aos Apósto los no seu discurso após a Última Ceia: "Na casa de meu Pai há muitas moradas[ .. .]. Depois que tiver ido e preparado um fuga,~ voltarei e tomar-vos-ei comigo, para que, onde eu estou, também vós estejais" (João l 4, 2-3). Com a ,·essm·,.ei ção, o corpo tam/Jém sePá glol'ilica<lo
EntTetanto, é ta mbém dogma de fé que essa felicidade etern a não será conced ida exclusivamente à alma, mas também ao corpo. Pois todos os mortos ressuscita rão no último dia, sendo que os justos num verd ade iro corpo humano glorifi cado, o qual reencontrará a plenitude de suas fac uldades fís icas. Em toda lógica, a presença do corpo será aco mpanhada da recri ação de um universo físico que lhe sirva de morada . A esse respeito, Sa nto Tomás de Aquin o ensina: "Terminado o juízo.fina l, a natureza humana repousará totalmente no seu.fim. Ora, como todas as cai ·as corpóreas são de certo modo para o homem[ ... ] será também conveniente que todas as criaturas corpóreas mudem de estado, para que _fiqu em de acordo com o estado dos homens de então. E como então os homens serão incorruptíveis, de toda criatura corpórea será tirado o estado de geração e de corrupção. Isso é confirmado pelo Apóstolo quando diz: 'A criatura será libertada da corrupção, conformando-se com a liberdade da glória dos filhos de Deus ' (Rom . 8,2 1) " (Suma Contra os Gentios, L. IV q. 97) No fim (/0 /lllll1dO, todo O univel'so será re110vaclo
Daí resulta que o "fim do mundo" não pode ser entendido como uma aniquil ação, mas como uma renovação do universo. Nosso Senhor anunciou um mundo novo e, por isso, junto com São Pedro, "esperamos novos céus e uma nova terra, nos quais habitará ajustiça " (2 Pedro 3, 13). E é por isso que, como ensina o Catecismo da Igreja Católica, "também o universo visível está destinado a ser transformado, 'a .fim de que o próprio mundo, restaurado no seu estado primitivo, esteja sem mais nenhum obstáculo ao serviço dos justos ' (Santo
cato licismo@terra.com.br
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Fra Angélico imaginou esta cena dos Anjos acompanhando, depois do Juízo Final, os bemaventurados no melo de jardins paradisíacos às portas do Céu
Jrineu de Lião), participando na sua glorificação em Jesus Cristo ressuscitado" (nº 1047). A seguinte descrição do Pe . J. Marc, em sua obra Paraíso Celeste - A felicidade eterna dos bemaventurados, fornece uma pálida ideia do que será esse mundo renovado: o justo glorificado - escreve ele - "con templará em todos os seus detalhes esses inumeráveis mundos que havia conhecido aqui de modo vago e conj etural. Admirará a harmonia de suas leis, a invariável regularidade de seus percursos, a majestade de seus movimentos. Esta Terra, que hoje é maldita, triste e desolada, e que ele tão frequentemente regou com seus suores e lágrimas, retornará à sua primeira juventude e surgirá diante dele sorridente, verde e florida, ornada pelas mãos do próprio Deus com todas as graças da primavera". Talvez por sentir que alguns leitores poderiam ficar surpresos pela evocação de vegetais florido s, o Pe. Marc acrescenta, em nota: "O sentimento mais admitido pelas Sagradas Escrituras e mais aprovado pelos Santos Padres e Doutores - notadamente por Santo Agostinho, São Gregório, São Jerônimo, Santo Anselmo, etc. - é de que, depois do Juízo Final e da conflagração do universo, esta Terra que habitamos será não só renovada e transformada, mas novamente revestida de árvores,
-CATOLICISMO
flores, frutos, fontes e outros ornatos semelhantes. isto para o embelezamento da própria Terra e também do resto do universo". No mumlo renovaclo, haverá plantas e animais? Mas é um ponto discutido pelos teó logos se, no mundo renovado, haverá plantas e animais. anto Tomás e outros grandes autores sustentam que não haverá, por não terem uma alma imortal (ao contrário dos homens), nem qualquer aptidão para a perpetuidade, como seri a o caso dos astros e dos minerais, na concepção rudimentar
que os antigos tinham da física. (Na realidade, cientistas dos pecados que nela foram cometidos: " Virá o dia do hoje admitem que os elementos materiais da Criação, Senhor como ladrão. Naquele dia os céus passarão com incluídos os astros, caminham para um estado de degra- ruido, os elementos abrasados se dissolverão, e será consumida a terra com todas as obras que ela contém" dação, cujo desfecho não sabem qual será). Porém, na própria época medieval, alguns teólogos (2 Pedro 3, 1O). Mas, de outro lado, ela será imediatamente regenerada e submetida a novas leis, para assim da escola franciscana sublinhavam que, mesmo não sendo absolutamente necessária para o homem no Céu servir de templo da imortalidade. Dessa maneira, di z Santo Anselmo: "Esta terra que (porque ele não precisará alimentar-se), a presença de plantas e animais revestidos de incorruptibilidade pelo manteve e nutriu o Corpo santo do Senhor será um poder divino, conviria para a ornamentação do mundo paraíso. Posto quefoi regada pelo sangue dos mártires, novo, pois assim não faltaria um grau intermediário ela será eternamente decorada deflores odoríferas, de violetas e de rosas que não entre os minerais e os homens. murcham ". Sua presença daria também E Guilherme de Paris alegria aos bem-aventurados, abade de lE belholt, na Dique poderiam contemplar sua namarca, séc. XH - , depois beleza e sua ordem. A hannode afirmar que os animais, n ia primitiva que existia no os vegetais e os minera is Paraíso entre Adão e a natureza serão consumidos pelo fogo, inteira seria assim restaurada acrescenta: "Grande número para os justos, num grau ainda de sábios dentre os cristãos superior: "Então o lobo será estimam que a Terra, após a hóspede do cordeiro, a pantera ressurreição, será ornada de se deitará ao pé do cabrito, o novas espécies, sempre vertouro e o leão comerão juntos, dejantes, de flores incorrupe um menino pequeno os contíveis e que ali reinará uma duzirá" (Isaías l J, 6). primavera e uma amenidade A Igreja não se tem pronunperpétuas, como no Paraisa ciado, e provavelmente não se pronunciará a propó si to dessas Santo Anselmo: "Esta terra que manteve e nutriu o ondejaram colocados nossos conjecturas secundárias sobre a Corpo santo do Senhor seró um paraiso. Posto que Pais". transformação final no estado foi regada pelo sangue dos mórtlres, ela seró eternamente decorada de flores odoríferas, de violetas 0 J)CJ1Sé)ll1Cllto <lo Céu físico do mundo, porque ela e de rosas que não murcham" 110s atrai para os bc11s concentra sua atenção naqueles vcrdadeil'os aspectos que revestem uma importância religiosa, e princiDe tudo o que precede, deve-se concluir que, se o palmente na consideração da vitória final de Nosso Senhor Jesus Cristo sobre o mal e a morte, e a plena realização do pensamento da morte, do Juízo Final e do Inferno nos plano divino para a Criação: "E quando tudo lhe estiver enchem de temor de Deus e nos afastam do pecado, a suj eito, então o próprio Filho renderá homenagem Àquele evocação da felicidade eterna da visão beatífica, como que lhe sujeitou todas as coisas, afim de que Deus seja também das delíci as materiais do Céu, deve encher nossas almas do puro amor de Deus e nos atrair para os tudo em todos" (1 Cor. 15, 28). bens verdadeiros e eternos. A 1'el'l'a renovada servirá Neste mundo poluído pelo pecado e por desordens de templo da imol'talidaclc de todo tipo, que estão conduzindo a humanidade ao desespero, recitemos frequentemente, como jaculatória, Para responder à perg unta do caro miss ivista, qual será, então, a sorte deste va le de lágrimas, nossa Terra uma invocação da Ladainha de Todos os Santos: "Para de exílio? - Provavelmente ela terá a mesma sorte que que Vos digneis elevar as nossas almas ao desejo das o resto do Universo material. De um lado, sofrerá a coisas celestes, nós Vos rogamos, ouvi-nos". • destruição anunciada por São Pedro, para ser purificada E-mail para o autor: catolicismo@terra.com.br
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todos os ami gos e gostari a que publi cassem mais sobre isso.
poderão reco loca r o Brasil nos trilhos de uma verdadeira civili zação cri stã!
(J.I.J. - MG)
Pre<lilcção
Fiquei mui to surpresa e co mov ida quando recebi a revista com a capa de Santa Teresa de Áv ila. Tin ha esq uecido que neste ano completaram-se os 500 anos do nasc imento de la, que é a mi nha pred il eta, a grande santa de min ha devoção ma is queri da, e que me levou a ser devota do escapul ári o do Ca rm o. Li num só fô lego o artigo sobre ela e ac hei tudo marav ilh oso. Reze i a Sa nta Teresa para que recompense com mui tos bens a revista. (T. D.C. -
SP)
Peregrinação tcr csiana
Adm iro mu ito as carme li tas que levam a vida re ligiosa confo rme a regra de Sa nta Teresa. Tenho uma am iga que está mui to ansiosa com uma viagem que fará com uma com unidade que va i peregrin ar pe los lugares na Espa nh a ma is ligados à história de Santa Teresa, o convento de la etc. Vo u dar para ela levar na viage m a rev ista Catolicismo deste mês para ir lendo em cada lugar, mas quero ped ir uma out ra revista para mim. (M .A.F. -
RJ)
Oração e contcmvlação
- Gosto mui to do método de oração contemp lativa como ensinou Santa Te resa de Áv il a. Acho que tem um espec ial poder de toca r em De us para atender nosso pedidos. Recomendo a
CATOLICISM O
(A.L.R. -
CE)
Situação caótica
Normal
~ 1-l oje, 2 1 de maio, acabei de receber do correio o meu exemplar da rev ista Catolicismo Nº 77 1, correspondente ao mês de março 20 15. Fui conferi r a data da expedição na AGF Leão XI11 , ele SP: 04.03. 15, exatamente às I0h33' daq uela data. In crí ve l! De morou exata mente 77 (setenta e sete) dias o tempo gasto desde que fo i postado em São Pau lo até chegar às minhas mãos na cidade de Crato (CE), onde res ido. Que país é este? Anos atrás os correios eram modelo ele eficiência. Lembro-me ele que cheguei a receber correspondências ele São Paul o 48 horas após a postagem. 1-loje é a um a lásti ma que todos estamos vendo e sofrendo as consequências de um desmonte de uma empresa estata l que já fo i exemplo de prestadora de serviço. Mas isto é apenas um exemp lo a mais do desca labro admini strativo em que se encontra o nosso querido e sofrido Brasil ! A bem dizer, vivemos um "caos", fruto ele um processo revolucionário que insta urou a decadência em todos os setores ela vida brasi leira . Já não temos ed ucação, sa úde, nem segura nça púb li ca de quali dade. Quando ligamos a te lev isão para ass i ti ra um noticiário, só vemos fatos deprimentes como a vo lta da inflação (a energia elétrica subiu cerca de 50% neste in ício ele ano); denúncias de corrupção nos três Poderes da Repú blica e nas instituições estata is. Pior: a podridão mora l atinge elevadas parcelas da soc iedade civil , com notícias sob re pedofi li a, uni ões de pessoas do mesmo sexo, cri anças expostas à imora li dade em plena luz do dia, aumento no consumo das drogas, pa seatas para li bera r a maconha e o aborto, pa i matando filh o e fi lho mata ndo pai , dentre outras catástrofes sociais... Meu Deus! Como con egui ra m, em tão pouco tempo, tra n formar a Terra de Santa Cruz neste cenári o deso lador que hoje vivenciamos? ó Je us Misericordioso e a Santíssima Virgem
- Neste Bras il , j á tão desfi gurad o por leis anticri stãs, querem ainda nos impor outras leis ainda mais ímpi as. Fico indi gnada ve nd o a desfaçatez com que se defende incoerentemente co isas abo mináve is co m o pretexto de combater o preconceito . Não tendo argumentos, apelam para esses chavões. Mas o pi or é que de ta nto martelarem esses fa lsos "a rgumentos", muitos começa m a achar normal o que antes era tido co mo abomináve l e antin atural. Como? O tempo pode tra nsform ar o antinatura l em natura l? Só mesmo em men te enl ouqu ec id as. Se antes era antinatura l o relacionamento "marital" ele homem com homem, mulher com mulher, por que muitos hoje passa m a achar " normal"?! Chego à conclusão de que o conceito moral não mudou, mas o que mudou fo i a mente ele quem passou a achar "normal" o que antes era ini magináve l. A cul pa por essa incoerência pertence a mui tos na soc ieclacle, TV, pro paga nda, pa is e mães que deixa m de ensinar a verdade a seus filh os. Mas também têm culpa os padres que deixam de prega r co ntra esses erros. E para essa propaganda favo recendo erros abomináve is, não fa ltam verbas volumosas do governo. Ass im, de tanto os pro pagarem, as pessoas são levada a aceitar o inace itáve l, até as depravações mais impensáve i · tempos atrás, até depravações condenadas veementemente por Deus. Ah, quando chegar o momento de Deus punir!
011
a11ti11awral?
(O.R.F. -
AL)
l <lcologia imbecil
_ A decadência da esq uerda é patente em diversos setores ela ocicdade. Enquan to alguns ainda lentam, carcom ido pela ve lhice de uma ideo l gia imbecil, vociferar brados de ca mpc cs, outros mergu lha m nas profimdezas d' uma imora lidade leta l. Na capital mi nei ra, um jorna l ele grande circulação pu blicou
há pouco três consistentes reportagens sobre a podridão reinante na FAFICH (Faculd ade de Fil osofi a e Ciências Humanas) da UFMG. O qu e o aluno encontra nesse pardieiro marxista? Ele encontra ingredientes de uma orgia satânica: uso e tráfi co de drogas, pichações por todos os lados, assédio sexual, festas barulhentas que incomodam a todos, ameaças, constrangimentos, insegurança. Sim! Tudo isso o aluno encontra na mais renomada uni versidade ele Minas Gerai s; mas não encontra o estud o, ou melhor, menos ainda o estudo de acordo co m a Verd ade de Deus. As universidades brasil eiras tornara m-se quartéis-generai s da esquerda, e é até mes mo cinismo ex igir que isso seja di fe rente. É pu ro teatro ridícul o essa suposta atitude de querer corrigir esses vândalos, simples mente porque um professor ou coordenador marxista não vai repreender um moleque que reza na mesma cartilha imbecilizante. Trocando em miúdos: um gambá cheira o outro! Nossa Senhora também chora por isso. (L.F.A.P. A/Cl'ta SObl'C O 1111111(/0
[B:] Não se mexe em time que está ga-
nhando. A Jgreja Católi ca fo i duran te seus 2000 anos de ex istência sempre vitori osa, mesmo quando os chi frudos (do além e da Terra) tentaram contra Ela, porqu e não se mexe u na sua SANTA DOUTRIN A. Por que querem mudar agora a doutrina católi ca sobre fa míli a, casa mento etc.? Ne nhum homem, seja lá quem fo r, pode meter o bedelh o em no sa doutrin a, que é santíss ima!!! (A.e.o. -
BA)
Honra XMS1' [B:] Envio-lhes um soneto que escrev i para homenagea r o Dr. Mozart Hamilton Bueno, magistrado que devo lveu ao governador de Minas Gerais, Fernando Pimentel (PT), a condecoração recebida em 1982, por di scordar que a " Medalha da Inconfidência" ti vesse sido agora confe rida ao Stédile do MST.
A Honra
MG)
ci/Jcrnético
181 Envio-lhes meus parabéns pelo artigo sobre "chips" e "c iborgues" que mui to me ass usto u, pelo futu ro para o qual rumamos a toda ve loc idade. Se não fo r reso lvido, esse problema poderá acarretar co nsequ ências inimagináveis nas mentes ele todos. O assunto deixou-me muito preocupado, sobretudo pela vida de nossos filh os e netos, que mais sofrerão as consequências de uma humanidade robotizada pelas novas desco bertas da cibernética. Vou conversar com os meus sobre a questão para alertá- los. Mas eles j á estão de tal modo presos no mundo da internet que não sei se adi antará de algo o meu alerta. Gosta ria de outros artigos sobre isto e respondendo se não há um plano de fo rças secretas para tra nsformar os humanos em robôs-zumbis com vi stas a algum objeti vo e qual seri a esse obj etivo. Tudo isto, para mim pelo menos, é muito obscuro. (L.C . -
Sa11w cloutrina
RJ)
Sim, no di cionári o ela nunca fa ltou, Rara mente, pois dela hoje pouco se diz! À luz do di a, afin al, ei-l a bem que voltou. Firme e relu zente polida de matiz ... 11 E por onde andavas? Afin al aí estás. Hierárqui ca, sublime, a cumprir teu dever. Conosco, fi ca pois, não te afastes jamais. Defende-nos, então do in fa me MST. 111 Brava fo i tua recusa à condecoração, Devo lvendo-a, ca usaste muita admiração. Na 1-1 istória fi cou teu gesto reg istrado.
rv Honraste o Bras il, deste uma li ção, Que haja outras mais, dignas de imitação. Tal qu al esta, deste honroso Magistrado. (J.G.S. -
FRASES SELECIONADAS "Persuadam-se tocfos 6em que1 para a 6oa eáucação cíos meninos1 tem a má;dma importância a eáucação cfoméstica. Se a ju.ventucíe encontra no [ar cfoméstico as re9ras da. vicía virttwsa e urna corno que esco[a prática cías vi.rttufes cristãs1 s~ura está em 9ranáe palie a salvação da. socieáacíe" (Leêío X III )
"É preciso fazer conw a á9u.ia1
que feva seus Jiffwtes muito alto e os exercita a contempCar fi,--camente o sol1 até que os vê suficientemente fortalecicíos para enfrentar todos os ventos1 atravessar tocías as nuvens e superar todas as tempestaáes" (SC!V\, o AV\,tôV\,Lo
MC!rfo Ci~C!V\,elLL)
"Ensina à criança o camin(w que efa eleve s~uirj mesmo quancfo envefhece1j áe(e não se Fuí ele afastar" (ProvévbLos., ::2::2, b )
"Aquefes que fafam contra afamília não sa6em o que fazem, porque não sa6em o que estão áesfazencfo" (C.v1es.tertoV\,)
"A família é o mais aámirável
cfos 9overnos" (LC1coviilC1Lve)
CE)
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A REALIDADE CONCISAMENTE
1 Impor limites no lar evita filhos sociopatas
EUA: sacerdotes pedem fidelidade à doutrina da lgreia
jornalista americana Pamela Druckerman observou que as crian-
S
eguinclo os passos de mais de 500 sacerdotes da Inglaterra e de Gales, 1.1 85 sacerdotes dos EUA ass inaram uma carta ao Sínodo dos Bispos sobre a Família, a rea lizar-se em Roma no mês ele outubro . Eles supli caram aos padres sinodais que confirmem a fé e desfaçam a confusão reinante em virtude do tsunami de erros e escâ ndalos semeados pelos cardeais Walter Kasper e Reinhard Marx, este último pres idente da Conferência Episcopa l Alemã. Cinco bispos americanos se so lidari zara m com a carta. Poucos dias depois, Dom Mark Davis, bispo de Shrewsbury (Inglaterra), também tornou pública sua adesão ao ped ido dos 500 padres ingleses, reconhecendo que "afirmar a verdade de Cristo, sobretudo nos tempos de crise e co11/usão, exige uma coragem sobrenatural" . •
ças francesas, em todos os aspectos da educação, obtêm melhores A resultados que as de outros países porque os pais sabem lhes impor
Agora é a vez de invadir Roma, prega propaganda russa Kremlin promoveu gra ndes atos de exa ltação nac ionali sta por ocas ião do 70º aniversá ri o da vitória sov iética na li Guerra Mundi al, incluindo gra nde parada militar na Praça Vermelha de Moscou no estil o da ex-U RS S. Uma enorme faixa fixada na cid ade de Kaluga pedia: "Crimeia Hoje - Roma Amanhã! " (foto acima). Ela exprimia o anse io de que a anexação de te rritóri os não pare na Crimeia, mas pross iga até ocupar Roma, sede da Igreja Católi ca. Embora pareça impensáve l, essa ideia é excogitada na Rúss ia de Putin . Sin ais como esse revelam que a "nova URSS" não se satisfa rá com a Ucrânia, nem mesmo com toda a Europa Central; ela sonh a conqui sta r a Europa até o Atlântico, e ocupar in clu sive a sede do Papado. •
O
limites desde a infância. O médico brasileiro Cláudio Domênico observou que "essa educação sem limites cria sociopatas e jovens com problemas de relacionamento social". O psiquiatra Fábio Barbirato, chefe do servi ço de Psiquiatria da In fância da Santa Casa cio Rio, demonstrou que dizer "sim" o tempo todo pode transformar uma criança mimada em um adulto eternamente dependente dos pais. A educadora Tani a Zagury, autora de livros sobre o tema, atribui a falta de limites a uma interpretação errada, de 40 anos atrás, quando se julgava que impor regras gerava problemas emocionais. Foi a época cio " proibido proibir" da revo lução da Sorbonne e do " hippie power" da Ca lifórnia, que hoj e demostraram ser frustrnntes e contraproducentes. A educação bem-sucedida pede autoridade e di sc iplina no lar. •
Bébé Day by Day
" 100
mini stro francês do Interior, Bernard Cazeneuve, declarou que 1.683 franceses se engajara m na "guerra sa nta" islâmi ca. Mais de I 00 deles foram mortos, os mais recentes dos quais foram dois ado lescentes que partiram para o Oriente juntamente com a mãe, originári a de Toulou se. A taxa de mortalidade dosjihadistas franceses é alta, talvez pelo fanatismo exib ido. Haveria ainda 450 combatendo e 260 teriam regressado para recrutar novos gue rreiros. O reto rn o dos co mb atentes do Corão é um a elas ma io res fontes de ri sco de atentados, dizem a autoridades. Por sua vez, a polícia britâni ca acred ita que mais de 700 cidadãos cio Reino Unido viajaram para a Síria. Mark Row lcy, prin cipal autoridade no combate a terrorismo cio país, mcn i nou a prisão recorde, neste an , de 338 pessoas relacionadas co m de litos de terrori smo. •
O Havana recebe apoio para aumentar a repressão " p adecemos o enrijecimento da repressão ern Cuba ", afirmou Orlando Gutiérrez Boronat, do D irectorio Democrático Cubano , organi zação de cubanos exi lados que denuncia a multiplicação "dra mática" da repressão comuni sta na ilha. "f-lá uma relação direta entre a politica de normalização das relações do regime castrista com os EUA e o reforço da repressão. Por quê? Porque o regime se sente impune", exp licou Gutiérrez. Em Hava na, o dissidente Eli zardo Sánchez confirmo u a captura de uma centena de simpatiza ntes das Damas de Bianca, grupo for mad o em 2003. por es posas de prisioneiros políticos. E acrescentou que o degelo entre o EUA e Cuba sob a égide do Papa Francisco não ex iste para quem não afi na com o regim e comuni ta. A perseguição an tica tóli ca se nte-se apo iada pela esca lada da "Teolog ia da Libertação" no Vaticano, que estimul a a aprox imação da Sa nta Sé com países comuni stas ou ditaduras soc iali stas. •
CATOLICISMO
Kt"y• to Frcuch J>u ·C' ru l ng:
Pamela Druckerman
Europa, pepineira de soldados da 11guerra santa" islâmica
Jovem síria: heroísmo e mai'tírio dos católicos jovem síria Mireille AI Farah contou em Madri, no / Congresso Internacional sobre Liberdade Religiosa, que em seu país "os cristãos continuam enchendo as igrejas. Meus amigos dizem: 'Prefiro morrer recebendo o Corpo de Cristo do que ficar em casa". A corajosa católica destacou: "Quando abraçamos a nossa fé, recebemo-la por completo, sabendo que isso implica em ser perseguidos, mas aprendemos a lutar. Eu sempre levo a cruz. Celebramos os funerais como se fossem um casamento: ornamos as igrejas com flores brancas [. . .]. Os mártires são como noivos e noivas que se entregam ao Céu para se unirem a Cristo. Tem de vir uma intervenção divina para mudar os corações. Por isso criamos uma corrente de orações para rezar o terço 24 horas. O que vos peço é que não vos oculteis. Na Síria eu nunca me senti sozinha na igreja, mas aqui em Barcelona senti-me sozinha em muitas ocasiões, ainda que no meio de pessoas no mesmo templo. "
A
China comunista declara 11 ciberguerra" para desarticular mentes exército da China declarou "guerra digital " contra '/orças hostis do Ocidente e uma minoria de traidores ideológicos" que não usam a Internet a serviço do Partido Comuni sta. Para a China, a ciberguerra visa controlar as informações no mundo, confundir os não-comuni stas e gara ntir interesses vitais de domínio intelectual partidário, bem como manter o contro le policial mao ísta. O Estado-Partido visa prioritariamente in sta lar "desinform ações úteis" à sua imagem nas universidades, na mídia e nos sites de imagem e de música em âmbito mundi al. O comunismo igualitário chinês considera essa "guerra" decisiva para a conqui sta das mentes; ela não deve ser percebida por suas vítimas, tanto na China quanto no mundo inteiro. •
Itália: muçulmanos insultam procissão de Nossa Senhm·a
O
a pequena cidade italiana de Consel ice , província de Ravenna , a tradicional procissão de Nossa Senhora , composta por crianças que iam fazer a Primeira Comunhão foi interrompida por gritos e provocações provenientes do Centro Cultural Islâmico Attadamun , que acolhe imigrantes . Jovens maometanos ameaçaram as crianças gritando: "Fora daqui. Fora! Fora! Vão embora!" A prefeita de Conselice exigiu explicações do líder do Centro Cultural Islâmico. Um clima de desconfiança se instalou na cidade . A tranquilidade cristã desapareceu. Eis aí um sintoma do ódio islâmico contra a Religião católica.
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DESTAQUE
Católicos, acordem! A perseguição religiosa já constitui a 1naior catástrofe do século XXI
A TILI O FAORO
Paris - O site Aletéia.org pu bli cou no di a 13 de abril de 201 5 um doss iê intitul ado Perseguição contra os cristãos: da França à China, em 67 noticias recentes, mostra ndo a crue l persegui ção de cató licos no mundo inteiro. 1 Consultando-o, encontrnmos uma terrível realidade: a persegui ção re li g iosa j á co ns titui a ma io r catástrofe do sécul o XXI. Este arti go apresenta informações reti radas do mencionado doss iê, as q uais formam um conjunto alarmante. * * * Sobre o ódi o contra os cristãos no Ori ente Médi o, Tom Ho ll and , hi stori ador fa moso e autor de A forja do cristianismo, afirm ou recentemente, e m um a co letiv a de imprensa e m Lo ndres, que "estamos assistindo a
algo que, quanto ao horror, lembra a Guerra dos 30 anos europeia". Já o parlamentar bri tâ ni co Jim Shann o n dec laro u qu e "a noticia mais importante do mundo" é a perseguição co ntra os cri stãos em todo o pl aneta. N enhuma outra reli gião é tão ating ida como a cri stã. De acordo com ele, o número de cri stãos perseguidos por ca usa da fé em 20 13 fo i de 200 milhões. O utros 500 milhões v ive m e m "situação perigosa". É pa rtic ul a rm e nte preoc upa nte a situação na S íri a, onde os cri stãos
CATOLIC ISM O
"estão no meio dofogo cruzado do conflito". Já em 2011 , o patri arca cató li co de Jeru salém, Dom Fouad Twal, que pres ide uma igrej a repleta de mártires, indagou com franqueza, em uma co nferênc ia em Lo ndres: "A lguém
ouve nossos gritos? Quantas atrocidades ainda teremos de suportar até que alguém, em algum .lugar, venha em nosso auxilio?". Dois ti/JOS ele ameaças
f, liberdade r eligiosa Segundo Pedro María R eyes Vizca í no, no mundo co ntempo râneo há do is tipos de ameaças à liberdad e reli g iosa: de um lado, em vári os Estados, sobretudo no O ri ente Médi o e em nações co mo a China e a Coreia do N orte, ex istem graves proibições co ntra os fiéis, com ri sco de prisão, tortura e inclus ive morte. De outro lado, no Ocidente, o la ic ismo radi ca l ameaça a liberdade re li giosa em número cada vez ma ior de países. E ntre os Estados que permitem ataqu es vi o lentos à liberdade religiosa, cabe destaca r o caso da A rábia Saudita, co ns iderada a nação ma is refratária a essa liberdade humana, · onde qua lqu er mani fes tação de fé re li g iosa di ferente da oficial é proibida, in clu s ive em privado ou na intimidade do lar. N os pa íses oc id enta is (E uro pa e Estados U nidos), os ataques à liberdade reli giosa não são violentos, mas suti s. N essas nações estão sen-
do introduz id as diversas formas de laicismo radi cal, segundo as quais a relig ião é assunto privado e não deve haver mani festações públicas. Por isso, os líderes re li giosos que manifes tam sua opinião sobre assuntos de índo le pública são criticados. O la ic is mo radi cal do s p a íses ocidenta is pretende reduzir a liberdade re lig iosa à simples liberdade de culto. A s co nfissões relig iosas seri am livres para ce le brar seus ritos e cultos, be m como para convocar seus fié is, mas não para ter um corpo doutrinal próprio ao qua l seus segui dores pudessem aderir. Esp ec ia lmente preocupa nte é o caso dos Estados U nidos, com o progra ma Obamacare, cuj o objetivo é obter que todos os planos de saúd e, hos pi tais, univers id ades e institui ções - inclus ive re lig iosas - fac ili tem certos tratamentos, incluindo alguns claramente imorais, cond enados por muitas confissões reli g iosas, como o aborto e a anticoncepção. O Obamacare provocou reações de bispos, que denunci aram esse ataque à liberdade re li giosa. Cem mil cristãos morrem anualmente
Cristãos e leões é o t ítulo de um rece nte livro de Fern and o de Raro, dedi cado à persegui ção dos cri stãos no mundo inte iro. A obra ana li sa a situação dos cristãos no Ori ente Médio, na África, na hina, na Índ ia e na Coreia do N orte.
Hillary Clinton declara abertamente guerra à religião "Os códigos culturais profundamente enraizados, as crenças religios as e as fobias estruturais precisam mudar. Os governos devem empregar seus recursos coercitivos para redefinir os dogmas religiosos tradicionais". Esta espa ntosa declaração ditatorial foi fe ita pe la pré-ca ndid ata democrata à presidê ncia dos Estados Unidos, Hilla ry Clinton, du ra nte um a confe rê ncia sobre fe minis mo no Lincoln Centerde Man hatta n, noticia o jorna l es pa nhol "La Gaceta", e m 27 de a bril de 20 15. Hillary, que de fe nde o reconhecime nto do aborto como "um direito da mulher", afirmou .que as objeções de consciência fundamentadas e m cre nças re ligiosas estão po r trás da d iscrimin a ção de mulhe res e de homossexua is e, po rta nto, deve m ser eliminadas. "Os direitos devem existir na prática, não só no papel. As leis devem ser sustentadas com recursos reais". Depois de de fender a "saúde sexual e reprodutiva " (eufe mismo pa ra aborto) e o fin a ncia me nto gove rn amenta l de associ açõe s co mo a Planned Parenthood (a ma io r rede de clínicas a bortistas dos Estados Unidos ), Hill a ry Clinto n criticou aquele s que "se erigem em líderes e preferem deixar a Planned Parenthood sem fun dos". Esta não é a primeira vez qu e a pré-ca ndidata democrata de ixa cl a ra sua gu e rra pa rticul a r contra a re lig ião. Em 2011, durante uma confe rê ncia e m Gê nova, a e ntão secretaria de Estado norte-a me rica na de cla rou que um dos principa is problemas sociais é o a pelo a convicções re ligiosas pa ra "limitar os direitos humanos do coletivo LGB T".
Seg un do o A utor, a Co re ia do N o rte é um d os pa íses e m qu e a pe rseg ui ção é ma is sa ng re nta. Est ima-se qu e há 40 mil cri stãos presos nos kwanlisos , campos de co ncentração nos qua is um de cada qu a tro in te rn os mo rre . Doe nças co mo pneumonia e tubercul ose estão muito propagadas, mas não há tratame nto méd ico para os pri sione iros. Eles são ob ri gados a trabalh ar doentes e, quando não co nseguem, são enviados aos sa natórios pa ra esperar a morte. Também são frequ entes as to rturas, os estupros e as exec uções extraj udic iais. Para pode rem ass ist ir à Mi ssa, os cri stãos se esconde m em " igrej as do mésticas" . A Co re ia do N o rte é uma terra de terror. Dev ido à fo me fo ram detectados mui tos casos de cani ba l ismo, como ocorri a na Uc râni a na época ele Sta lin . O Pew Forum in fo rma qu e entre 2006 e 20 1O os cri stãos fora m d iscr im inados e m 139 países. E, seg undo dados do Center for the Study ofGlobal Christianity (EUA), nas úl timas décadas ce rca de 100 m il c ri stãos foram assass in ados po r ano, na cham ada "s ituação de testemunh o". Isso s ig nifica 11 cri stãos assass inados po r hora, nos sete d ias da se mana e nos 365 d ias do ano, em algum lugar do mu ndo, po r ra zões re lac ionadas co m a sua fé.
'D e fato , o mundo está sendo testemunha do surgimento de uma nova geração de cristãos mártires", afirma John All en .I r., j ornali sta do "Boston G lobe", es pec ia li zado na atuali dade ela Igreja cató li ca e autor de um livro sobre a pe rseg ui ção re li giosa.
"Basta olhar ao nosso redor diz A ll en. Em Bagdá, por exemplo, das 65 igrejas cristãs, 40 já foram atacadas com bombas desde o inicio da invasão de 2003, guiada pelos EUA. Na época da Guerra do
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membros da organização. Os chefes do Estado Islâmi co ameaçaram de morte quem violar a tabe la de preços. Po r exemplo, mulheres cri stãs de 1O a 20 anos podem ser vendidas por 150 mil dinares (127 dólares ou 325 reais, aproximadamente). O doc umento estabelece ainda que o preço para crianças de 1 a 9 anos é de 200 mil dinares (valor equivalente a 169 dólares, cerca de 432 reais). Ninguém está autori zado, decreta por fim o texto, a comprar mais do que três " itens" da lista acima, co m exceção dos turcos, síri os e cidadãos dos países do Golfo Pérsico. Estes estão autorizados a comprar quantidades maiores de "despoj os", isto é, de mulheres.
Golfo, em J 991, o Iraque tinha uma comunidade cristã de pelo menos 1,5 milhão de fiéis. Hoje, estima-se que sejam cerca de 150 mil ". "Por que o mundo se cala ?"
N o Oc idente, há te nd ênc ia de esq uecer qu e o martíri o cri stão não é apenas (nem princ ipa lmente) um fe nô meno do passado . Os cri stãos estão sendo tortu rados e mortos por ca usa da fé agora mesmo, todos os di as. Mui tas ig rej as e luga res de peregrinação com sécul os de hi stóri a fora m destruídos pelo Estado Islâmi co. Há in clusive cri a nças entre os cri stãos martirizados pe los fa náticos desse grupo terrori sta. Os líderes cri stãos do Iraque continu am se pe rguntand o po r qu e o mundo fi nge ignorar a situação das minori as cri stãs do pa ís. Em julho de 20 14, reu nid os em Erbil , cidade próx ima de M ossul , os Bi spos do Iraque lançaram um ape lo às pessoas de todo o mundo para ro mperem o
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sil êncio em torno da limpeza étni ca perpetrada contra os cri stãos e outras mmon as. "Temos que perguntar ao mundo: por que vocês se calam ? Por que vocês não fa lam ? Os direitos humanos existem ou não existem? E se existem, onde é que estão?", qu es ti o no u o bi sp o -a u x ili a r de Bagdá, Do m Shl emon Warduni , em entrev ista à Rádi o Vaticano. "Há muitos, mu itos casos que de vem despertar a consciência de todo o mundo. Onde está a Europa ? Onde está a América?" Por sua vez, o patri arca da Igrej a Católica Calde ia no Iraque, Dom . Lo ui s Raphae l I Sako, escreveu ao secretário geral da ONU, Ban KiM oon, pedindo ma is pressão sobre o governo iraqu ia no e a comun idade internac ional, para que reforcem a ass istência aos cri stãos e às minori as perseguidas pelos militantes islâm icos naque le país. "A nossa comunidade tem suportado uma parcela
desproporcional do sofrimento causado por conflitos sectários, ataques terroristas, migração e, agora, até mesmo limpeza étnica: os militantes querem acabar com a comunidade cristã ", esc reveu. Es pec ula-se qu e ma is de l ,2 milhão de pessoas ti veram que fu gir de suas pró prias casas durante o mês de junho de 2014. Os militantes do Estado Islâmi co que invadiram Mossul impuseram sua in terpretação da lei islâmi ca e retiraram as cruzes de todas as trinta igrej as e mosteiros da c idade. Mulheres e crianças , 1e11didas como mer cadol'ia
Um doc um e nto publi cado e m novembro de 2014 pelo Estado Islâmi co - que controla grande par te do te rritó ri o do Iraque e da Síri a - revela os preços praticados pela organ ização para vender as mulh eres e as cri anças de origem cri stã, ou yazidi, que fora m raptadas p los
Nigéria: bispo pede inter venção internacional
Dom Oliver D ashe Doeme, bispo de M aiduguri , capital do Estado ni geri ano de Borno - loca li zado na região norte do pa ís - , declarou à agênc ia F ides que "o movimento terrorista islâmico Boko Hara m tentou se infiltrar em Ma iduguri em duas ocasiões no mês de janeiro de 2015". D o m Doe me continuou : "Já aconteceram combates extremamente intensos por lá. Estamos passando por uma época muito p recária e diflcil [. ..] Corremos o risco de que o Boko Haram de vaste completamente o nordeste antes do final das eleições [pres idenc ia is, rea li zadas
Real Madrid tira a cruz do escudo: intolerância religiosa no esporte?
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Em dezembro de 2014, Florentino Pérez, presidente do clube de futebol Real Madrid, chegou a um acordo com o Banco Nacional de Abu Dabi para criar cartões bancários com o escudo do clube. A polêmica surgiu quando, na apresentação dos cartões, verificou-se que o escudo do time havia sofrido uma leve modificação : a cruz do topo havia sido eliminada . O caso do Real Madrid não é o primeiro ocorrido devido a pressões religiosas . Na Arábia Saudita e na Argélia , ninguém pode comprar uma camiseta do Barcelona com a cruz de São Jorge. Esta simplesmente desapareceu. A cruz vermelha sobre o fundo branco de São Jorge, que durante mais de um século foi usada por todos os jogadores e torcedores do time , foi suprimida pelos muçulmanos daqueles países. Segundo o jornal "La Vanguardia", de Barcelona, desde 2008 nenhuma loja da cidade de Riad (Arábia Saudita) vende artigos com a cruz. Todas as camisas e adesivos têm uma barra vertical na parte superior esquerda . O clube afirma que não são camisas oficiais , mas apenas falsificações , feitas para evitar o símbolo religioso.
em feve reiro de 20 15), a menos que aconteça uma intervenção de forças estrangeiras ". Em nota, ele também afirmou que há "sabotadores" e colaboradores do Boko Haram dentro do exército nigeriano que preferem o grupo terrori sta por razões políticas. Paquistão: cristão assassinado é jogado diante da casa da mãe
A persegui ção contra os cri stãos é comum e impune no Paqui stão. Z ubair Masih, de 25 anos, era um jovem cri stão paqui stanês. E le fo i torturado e assass in ado pela polícia no di a 7 de março de 2015 . Totalmente in ocente , Z uba ir fo i preso porque era filh o de Ayesha Bibi, empregada domésti ca acusada de furtar j óias e 2.000 rúpi as em dinh eiro da casa do patrão , Abdul Jabba r, um ri co muçulmano. Após a acusação, Jabbar e um grupo de po li ciais invadiram a casa deAyesha, que é viú va, e começa ram a espancá-l a. Depo is, levaram-n a para a casa de se u irmão, A rshad Masih, que vivia com dois fi lhos. Todos fora m levados para a delegacia e bruta lmente espancados. Ayesha teve um braço fratu rado. A famíli a fo i depois liberada, co m exceção do jovem Zubair, mantido preso. No di a seguinte o co rpo do jovem fo i jogado na frente da casa da mãe. O ad voga do Sard a r Mu shtaq G ill , qu e é cri stão e cuida do caso, afi rma res ignado que "não vai haver j ustiça. Este é mais um caso de discriminação óbvia contra as minorias religiosas ". China: continua a viole11ta pressão contra os católicos
E m se te mbro de 201 3, a Comi ssão de Ju stiça e Paz da di ocese de Hong-Kong (C hina) apresentou ao Co nse lh o d e Dire itos H um a nos da ONU um documento de sete páginas sobre a situação da liberdade
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religiosa no país, no qual manifesta a preocupação da Igreja loca l, que sofre políticas "contra os princípios
e práticas da.fé católica ". Entre as situações concretas denunciadas no relatório encontra-se a pretensão oficia l de que a Igreja Católica na Chin a seja "independente" da Santa Sé, o que vio la os princípios de unidade e comu nhão, essenciais à fé cató li ca. Isso afeta diretamente a ordenação de bispos, mas o Estado exp li ca que se trata de um princípio de "autonomia, independência e autogestão da Igreja ", o que foi energica mente rejeitado no relatório. Um e lemento especia lm ente preocupante no relatório é o dedicado aos métodos com os quais o Estado impõe o cumprimento dessas disposições aos membros da Igreja.
"Os católicos são frequentemente vitimas de maus-tratos, sequestros, prisões domiciliares, e alguns padres são obrigados a servir os oficiais . Estes atos violam seriamente a liberdade de religião e de consciência ", afirma o documento.
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Esses abusos se acentuam durante as ordenações ep iscopa is ilícitas - quatro das quais aconteceram entre 20 1O e2012. Vários bispos foram obrigados a ass istir às orde nações ilícitas , enq uanto diversos padres foram seq uestrados e só libertados após as ordenações. Segundo a comissão, desde 2006, pelo menos 20 clérigos foram objeto de ataques fís icos por membros de organismos oficia is, para lh es impor registro e contro le. E m janeiro de 2011 o Pe. Zhang Guangjun foi detido em um hotel , onde foi vítima das autor id ades. "Fo i tratado de
maneira desumana durante a sua detenção: não o deixaram dormir por I Odias e I Onoites, e ele.foi obrigado a permanecer de pé duran te todo esse tempo ". Após ser libertado temporariamente, foi detido novamente e es pa nc ado. Quando recuperou sua liberdade, em abr i I de 2011 , as seque las físicas eram ev identes. Ta mbém no mês de abril de 2011 , o Pe. Joseph C hen Hailong foi submetido à mes ma tortura durante
quatro dias , sendo depois confinado num quarto sem janelas, onde viveu em completo iso lamento e desnutrição durante doi s meses. E le esteve a ponto de perder a razão, tendo-lhe sido negado tratamento médico até o último momento. Só foi libertado em julho de 20 1 l. A comissão ex igiu do governo chinês o fim de todas essas violações aos direitos humanos e o respe ito integral da liberdade religiosa dos cató li cos. E m resposta à perseguição que sofre m do Partido Co muni sta, os cató licos chineses estão se voltando cada vez mai s para os ensinamentos que lhes fora m levados há séculos pelos então valentes sace rdotes jesuítas. Diante da repressão, eles exibem o mesmo grau de fortaleza exposto pelos prime iros sacerdotes, simpl es mente reza ndo o terço em s uas ig reja s locais e aceitando o martírio para preservar a fé. Ímlia: religiosa <le 71 anos, 11íUma de estuJ)l'O coletfro
A agressão contra uma reli giosa de 7 1 anos aconteceu no dia 13 de março de 20 15 no estado de Bengala Ocidental , perto da cidade de Ranaghat, a lgun s dias após a proibição de ex ibi ção no país de um documentário sobre um caso de estupro co letivo que causou a morte de uma estudante em Nova Delhi em 2012. Os agressores invad iram uma esco la anexa ao co nvento e agrediram um guarda , antes de violentar a religiosa. Durante o assa lto, danificaram uma escultura de Cri sto e destruíram vários textos reli g iosos. Um cibório contendo hóstias co nsagradas foi roubado. Levaram também dinheiro . O brutal assalto sucedeu após a comunidade cristã sofrer ataques em várias ig rejas. Pelo menos 23 pessoas em Uttar Prades h se perverteram ao hindu ís-
mo, dois anos depois de terem abraçado o cristianismo. A notícia foi dada pela agência "AsiaNews" em l Ode setembro de 2014. A cerimônia de "reconversão" aconteceu no dia 1Ode setembro, no templo Tri lochan Mahadev, num "programa de retorno à casa" organizado pelas associações radicais hindus Sant Ravidas Dharma Raksha Samiti e Sri Gram Devta Pujan Samiti. O poder judiciário local declarou que não queria ouvir nada sobre o assunto, pois foi uma "questão de fé", destaca "l1Sussidiario.net". Mas o presidente do Global Cou ncil of Jndian Christians denunciou o acontecido, definindo o episódio como contrário à constituição indiana. E m 2012, mais de 300 hindus que se converteram ao cristianismo foram obrigados a voltar ao hinduísmo; isso havia acontecido em 2011 com 350 pessoas de um mesmo vilarejo. Século XXI: J)msseguimento do anterior "século dos mártirns"
Como se vê pelos fatos narrados, assistimos a uma explosão de cruéis perseguições religiosas em esca la mundial. É necessário que a opinião pública, e sobretudo os católicos, sejam bem informados - acordem e façam algo - acerca da dimensão desse horror se m fronteiras que pretende redu z ir a liberdade religiosa nos países ocidentais a uma simples liberdade de culto. A tendência geral é de aumentar a perseguição com profanações e destruição de igrej as, particularmente na China, no Vietnã e nos territórios controlados pelo chamado Estado islâmico. Segundo um relatório da ONG Portes ouvertes relativo às perseguiçõe s religiosas em 20 14, 40 dos 50 países citados são predominantemente muçulmanos. Dos 1O países onde os cristãos são mais perseguidos, oito estão sofrendo uma
Profanação na França: Desta vez, a vítima é o Sagrado Coração de Montmartre A Basílica do Sagrado Coração de Montmartre, em Paris, foi alvo no dia 19 de março de 2014 de uma odiosa profanação . As pichações em preto e vermelho, na frente e no interior da Basílica do Sagrado Coração, foram descobertas na hora da abertura do edifício religioso . 'Nem Deus nem Estado', 'Fogo nas capelas' e 'Abaixo toda autoridade' são as frases pichadas dentro e fora da basílica" . Os autores das pichações quiseram deixar um sinal. E conseguiram. A basílica do Sagrado Coração de Montmartre foi construída em 1873, depois dos violentos acontecimentos perpetrados pela Comuna de Paris, a fim de ser um símbolo do estabelecimento de uma nova ordem moral. As frases deixadas evocam o ódio a Deus e às autoridades que O representam na hierarquia social. Em suma, é o grito de Lúcifer que se renova : "Non serviam!".
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radicalização islâmica: Iraq ue, Sí ri a, República Centro-Africana, Sudão, Paquistão, Eg ito e Quênia. Essas perseguições gera m uma inund ação se m precedentes de refugiados. Por exemplo, 40% da população cristã da Síria deixaram o país. Ou seja, de 1,8 milhões que o país abrigava antes da guerra civil, 700 mil fugiram.
Sejá o século XX foi " um século de mártires", o início do século XXI, sem dúvida, está se aprofundando na mesma trajetória. • E- mail para o autor: ca to lic ismo@terra.com.br
Notas: 1. www.a lctcia.org/pl/relig iao/arti go/perseguicaocon Lra -o s-cr is taos-da - íra nca -a-e h ina-em 67-noti c ias-recentes-5861 8996 148 14208 - Para os interessados em aprol'undar o tema , recom endamos a le itu ra dos 67 arti gos publi cados por A letéia.
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ITALIA Pais e mães indignados contra a imposição da Ideologia de Gênero a seus filhos M onumental 1nanifestação em prol da fan1ília tradicional, belo exemplo para o Brasil de recusa ao ensinamento da ldeologia de Gênero nas escolas
PAULO ROBERTO C AMPOS
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egundo a agência de notícias "France-Presse", na data em que na Itália secomemora o "Dia da Família" (20 de junho), cerca de 500 mil pessoas participaram em Roma de uma gigantesca manifestação contra o "casamento" homossexual e a introdução da absurda Ideologia de Gênero nas escolas - projetos em discussão no Parlamento italiano. Já de acordo com os matutinos "li Giornale" (20-6-15) de Roma e "Le Monde" (21-6-15) de Paris, o total de participantes teria chegado a l milhão. Apesar da chuva, a praça San Giovann i in Laterano, nas proximidades do centro hi stórico de Roma, bem como as ruas adjacentes, ficaram repletas de pais e mães com seus filhos , mas também de jovens e idosos. Defendiam eles os valores da instituição familiar, bradavam e portavam faixas com dizeres "Não à Teoria de Gênero", "Sim à
TUTTI A ROMA PIAZZA SAN G-10\/ANNI
Família tradicional", "A família salvará o mundo", "Vamos defender nossas crianças", "Tirem as mãos de nossos filhos" etc. Os pais italianos estão indignados, pois, contra o desejo deles, em muitas esco las do país o movimento pró-homossexual está infiltrando sua "agenda" para (de) formar as mentes dos pequenos a seu favor. Organizados pela as sociação Def endendo Nossos Filhos, diversos movimentos participaram desse evento CATOLICISMO
20 GiUGNO 20JS o~ JS.. 30 C
COMITATO ~DIFENDIAMO I NOSTRI F\GL\
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pró-família que, apesar de gigantesco, passou praticamente ignorado ela mídia brasileira. lnexplicável! Sem dúvida , essa espetacular manifestação das famílias italianas serve de c laro e potente recado aos bispos que participarão do "Sínodo da Famí li a" em outubro próximo em Roma. Tal recado fo i: Sen hores bispos, não queremos que se a lterem a doutrina e a pastoral tradicionais da Igreja a respeito da instituição familia r, estabelecida por Deus como a união entre um homem e uma mulher num matrimônio monogâmico e indissolúvel ; não se pode lega li zar o "casamento" homossexual; não se pode autorizar a adoção de crianças por parte de duplas homossexuais; não desejamos que se permita a comunhão eucarística a divorciados; não permitiremos que se ensine a nossos filhos a antinatural
ideologia de Gênero! Essa monumental reação é um belo exemplo para o Brasil , pois também em muitas de nossas esco las - de modo sorrateiro, sem aprovação e sequer o conhecimento cios pais - as crianças já estão sendo "doutrin adas"
por tais absurdas teorias, contrárias à Lei natural e à Le i divina e sem qualquer fundamento c ientífico. Pais e mães devem estar a lertas e procurar tomar conhecimento do que os "ideólogos de gênero" andam introduzindo nas esco las de seus filhos. Essa nefasta ideologia ensina, por exemp lo, que é subjetivo e apenas cu ltural o conceito de homem ou mulher, pai e mãe, masculino e feminino , e que cada cri ança deve escolh er o seu próprio "gênero", entre e les os "gêneros" homossexual , bissexual , transexual. .. Ou seja, trata-se de um ens in amento absurdo que, a lém de confundir as mentes dos esco lares, poderá perverter nossas crianças na mais tenra infância. Nesse sentido, é e lucidativo o ed itorial da "Gazeta do Povo" (21 -6- 15), o mais importante jornal do Paraná, que sob o título Educação e teoria de gênero , escreve:
"Observa-se uma tentativa de impor aos estudantes teorias controversas e carentes de .fúndamentação cient[fica ". O mesmo editoria l denuncia : "Em 2014, quando o Congresso Nacional votou o Plano Nacional de Educação, a presença da teoria de gênero .fài re.fittada pelos congressistas, também após intensos debates e pressão popular[. ..}. Mas o que tem havido é uma press,io do Ministério da Educação para que os responsáveis pelos planos estaduais e municipais contemplem o que foi rejeitado no Congresso - isso, sim, constitui um desrespeito ao Legislativo f ederal e uma.fàrma inaceitável de 'virada de mesa "'. Mas , graças a Deus, as sadias reações vêm crescendo cada vez mais de norte a su l do Brasil. Sobretudo por parte de pais e mães que não ace itam a imposição do ensinamento a se us filhos dessas teorias contrárias à natureza hum ana. Até o momento em que encerro este art igo, a Ideologia de Gênero já fo i excluída em o ito estados da Federação. É o que noticia a "Folha ele S. Paulo" (25-6- 15):
"Deputados de ao menos oito Estados retiraram dos Planos Estaduais de Educação referências a identidade de gênero e orientação sexual" . Para a obtenção desses bons resultados, os pais estão pressionando os deputados e os vereadores, pois a inc lusão da Ideologia de Gênero destruiria o modelo tradicional de família (o único de acordo com a ordem natural), em cujo seio as crianças devem receber a devida e prudente orientação sexual e moral. Para os pais, tal orientação cabe a eles e não a estabelecimentos públicos. Numa sa la ele aula a criança seria pressionada a aceita r o absurdo e não teria capacidade crítica para ana li sar o tema. • E- mail para o autor:
catolicismo@terra com br
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O que pensar sobre ecologia e ambientalismo? A balizadas considerações do renomado acadêmico norLeamericano, Dr. Calvin Bcisncr\ fundador e porta-voz nacional da Cornwall Alliancc for lhe Slewardship of Crealion
tema em epígrafe é da maior atualidade e já tem sido abordado pela nossa revista . Nesse sentido, convém ressaltar a substanciosa obra Psicose ambientalista Os bastidores do ecoterrorismo para implantar uma religião ecológica, igualitária e anticristã, autêntico best-seller, de autoria do Príncipe Dom Bertrand de Orleans e Bragança , com a colaboração de pesquisadores da Comissão de Estudos Ambientais do Instituto Plinio Corrêa de Oliveira, entidade que editou o livro em 2012 . A respeito dele, os leitores podem ver a matéria publicada por Catolicismo em novembro de 2012 . A crescente importância desse assunto foi determinante para a direção de nossa revista solicitar a um renomado especialista da temática , de projeção internacional , o Dr. Calvin Beisner, uma entrevista para esclarecer nossos leitores com sólidos argumentos. Como tal entrevista foi obtida alguns dias antes da publicação da Encíclica Laudato Si, no dia 18 último , sobre ambientalismo, posteriormente solicitamos ao Dr. Beisner uma declaração a respeito dessa Encíclica do Papa Francisco (vide p. 25). O Sr. James Bascom, membro da Sacie-
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CATO LI C ISM O
/)1: Cal11i11 IJcisncr: "O temor <le um f)Crigoso 'aq11ecime11to global f)J'Ol'OCa<lo {)CIO homem ' é <letermina<lo IJOI' modelos climáticos que já fracassaram 110 teste-cha ve <la ciência "
dade Americana de Defesa da Tradição, Família e Propriedade, entrevistou o Dr. Beisner a nosso pedido . A eles os nossos agradecimentos. Fundador e porta-voz na, cional da Cornwa/1 Alliance for the Stewardship of Creation (Aliança Cornwall para o Manejo da Criação) [ http://www.cornwallalliance.org ], o Dr. Calvin Beisner foi professor de estudos interdisciplinares no Covenant College de 1992 a 2000 . É autor de quatro obras sobre população, recursos, economia e meio ambiente, além de oito outras obras ; contribuiu para mais de 30 livros e publicou centenas de artigos. Testemunhou como perito em ética e economia da política climática perante comissões do Congresso dos EUA. Bacharelado em Estudos Interdisciplinares pela Universidade do Sul da Califórnia (1978). Mestrado com especialização em Ética Econômica pelo lnternational College (1983). Ph.D. em História da Escócia (História do Pensamento Político) pela Universidade de St. Andrews, na Escócia (200 3).
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Catolicismo - O que levou ao senhor, por ocasião do Se minário "Protege r o Planeta, Tornar Digna a Humanidad e" promovido no Vaticano pela Pontifícia Academia das Ciências, a organizar uma Convenção informal, em Roma, e a enviar uma Carta Aberta ao Papa Franci sco sobre as alterações climáticas? Calvin Reisner -A ntes de ma is nada, quero de ixa r c laro qu e não fui e u qu em o rga ni zou a referida convenção prév ia, se bem que tive o privilég io de tomar parte dela, mas quem rea lm ente a organizo u fo i o Instituto Heartland [http://www.heartland .org). São nossos bons ami gos e tive a sati sfação de ne la poder partic ipar. F ique i surpreso com a ra pidez co m qu e a montara m em apenas c inco o u se is di as. Po r que fo i impo rta nte tra tarmos dessa questão? É c laro qu e o Pa pa Fra ncisco tem um a influ ência mo ra l enorm e no mun do co mo o chefe da Igrej a Cató li ca, co m ce rca de J .2 bilhões de pessoas, qu e o co nsidera m se u princ ipa l mestre de mora l nes ta Terra. S~ja qu al fo r a pos ição qu e em sua Encíc li ca venha a ass umir a propós ito de vá ri as questões, é natu ra l q ue será altamente influ ente. Co mo afirm a mos em nossa Ca rta Aberta, estamos ce rtos de que o temor de um pe ri goso "aqu ec ime nto g loba l provocado pe lo homem" é determinado por mode los c limáticos que j á fracassa ram no teste-chave el a c iênc ia. Catolicismo - A mídi a noticiou amplamente essa Carta Abe rta e a Conferência prévia qu e realizaram em Roma. O senhor acha qu e foram bem sucedidos em influenciar o debate sobre o "aq uecimento global"? Calvin Beisner - Bem, é mui to d ific il avali ar isso em cí rc ul os po lí ticos e soc ia is, particul armente nos ec les iásti cos e teo lóg icos . Eu julgo bastante prováve l que nossa Ca rta A berta tenha exerc ido uma infl uênc ia s ig nificat iva. Poucas semanas depois de a difundirmos, em 28 de ab ril úl timo , noti c io u-se qu e o Vat icano hav ia adi ado a publicação da Encíc li ca, aparentemente po rque não esperava qu e a mesma viesse conta r
co m a aprovação da Sagrada Co ngregação para a Do utrin a da Fé, diri g ida pe lo ca rdea l Gerh ard Müll er. Sei qu e d ive rsas pessoas levara m nossa Carta Aberta diretamente às mã.os do Ca rdeal. Ass im, so u levado a crer qu e e le tenda a coinc idir com tal mensage m. Ass im, penso qu e é mui to prováve l qu e ela teve s ua infl uência, mas humanamente fa land o é mui to difíc il prová- lo.
''A co11clição limclame11tal <IC Sllf)Cração ,ta vohrcza 1,cm si,to a lihcr cléulc econômica, l'CS/JCÍW ao clil'eilo ele l)l'O/Jl'ÍC(lacle, C/IJ/Jl'CCllílCCIOl'iS1110, lil'l'C comél'cio "
Catolicismo - Foi o senhor qu e escreve u a Ca rta Aberta ao Papa Francisco? Calvin Beisner - A primeira redação fo i minh a. Rece bi ta mbém opiniões de um ce rto número de espec iali stas - teó logos, fi lósofos, cientistas - ass im co mo de economi stas. Na rea li dade, fo i produ to de uma equi pe. Catolicismo - O se nhor julga qu e os norte-america nos são ma is propensos que outros povos a uma visão objetiva sobre a qu estão do aqu ecimento global? No Brasil, na C úpula Rio+20, as organizações norte-am erica nas foram con stantemente atacadas porq ue fr ustrava m a mensage m clim ática alarmista e a do controle popu lac ion a l. O senhor diri a qu e e les são rece ptivos à mensagem da Cornwall Alliance e de orga nizações simil ares? Calvin Beisner -Comparadas com sondagens rea li zadas e m vár ias partes cio mun do, constata-se que a popul ação ame ri ca na é ma is cética do qu e a e uro pe ia qu anto ao "perigo do aq uec imento g loba l provocado pe lo homem". Contudo, e u tenh o dúvidas de que te nh amos infor mações de boa qu alidade a esse pro pós ito dos povos ela África, Ás ia e A méri ca La tina. Mas co nstata-se qu e os ame ri ca nos tende m a ser um po uco ma is céticos, e poss ive lmente há um a séri e de razões para isso. Por um lado, hi sto ri ca mente a Euro pa ve m se ndo mui to ma is hab itu ada a um s istema burocrático do que os Estados Uni dos. In fe li zme nte, penso que ta mbém nós esta mos se ndo leva dos po r esse ca minh o j á que, aqui também , a mensagem alarmi sta se rve de escusa à expa nsão de uma bu rocrac ia estatal.
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Mas isso é apenas um aspecto do problema. Os Estados Unidos se mantiveram muito mais ativos na fé cristã ao longo do século passado do que a Europa. O fato de que historicamente nos Estados Unidos dedica-se mais tempo a leitura das Sagradas Escrituras, provavelmente contribuiu a que seu povo seja mais cético sobre um aquecimento global causado pelo homem. Penso que isso se dá porque o alarmismo sobre o aquecimento global carece de evidência científica sólida e empírica. Também, esse alarmismo é inerente e intuitivamente incompatível com aquilo que as Escrituras nos ensinam sobre Deus e a sua Criação, e tudo isso é causa desse ceticismo. A noção de que uma mudança minúscula na composição química da atmosfera - de 28 milésimos de 1% a 56 milésimos de 1% de dióxido de carbono, durante um período de várias centenas de anos - venha a ser a causa de resultados cataclísmicos em termos de aquecimento global (como derretimento as calotas polares, conjugado com um aumento do nível dos mares e um grande incremento das tormentas meteorológicas e coisas do gênero), é muito inconsistente com aquilo que nos ensinam as Sagradas Escrituras. Isto é, que a Terra e todos os seus muito diferentes sistemas geológicos e oceanológicos são o produto de um Planejador infinitamente sábio, de um Criador onipotente e de um Sustentador absolutamente fiel.
CATOLICISMO
"Constata-se que a população americana é mais cética <lo que a europeia quanto ao 'pcl'igo . do aquecimento global provocado pelo homem"'
Lemos no Gênesis ( 1,31): quando Deus criou tudo , Ele considerou o conjunto "muito bom". Se eu fosse um arquiteto e projetasse edifícios nos quais, se alguém se apoiasse em uma de suas paredes, e a estrutura daquele edifício ampliasse a pressão do peso do corpo, levando todo o edifício a desmoronar, alguém me consideraria um brilhante arquiteto? Penso que não. Ora, é injuriar a Deus considerá-Lo tão péssimo arquiteto. O Dr. Roy Spencer, um dos membros mais antigos da Cornwall Alliance, diretor de pesquisa científica no Centro de Ciência do Sistema Terrestre da Universidade do Alabama e líder da equipe do Programa Satélite Aqua de Sensoriamento Remoto da NASA (que é a fonte de dados de todas as horas de cada dia do ano, sobre a temperatura atmosférica global em todas as latitudes, longitudes e elevações, fonte de dados de temperat11ra mais abrangente que existe), pensou: "Bem, os modelos climáticos todos
supõem que as nuvens são afetadas pelo aquecimento de supe,:ficie, de forma a aumentar esse aquecimento. Eu me p ergunto quão verdadeira é essa suposição. " Então ele projetou alguns testes e trabalhos de observação, utilizando a red e dos satélites de que dispunha e descobriu que o oposto é a realidade. Que as nuven s respondem ao aquecimento da superfície, minimizando-o, reduzindo-o. E elas respon-
dem ao esfriamento da superfície, também minimizando-o. Em outras palavras, na realidade as nuvens füncionam como termostato para a Terra. Entretanto, todos os modelos catastrofistas pressupõem que as nuvens representavam uma reação positiva. Seu trabalho de observação indicou que há, pelo contrário, reação negativa. Assim, uma vez mais a fé cristã pode nos abrir olhos para a evidência da observação científica, à qual, de outro modo, poderíamos não prestar atenção.
Catolicismo - Poder-se-ia dizer que foi planejado? Calvin Beisner - Pode-se dizer isso. Obviamente, o projeto da Criação inteligente é odiado pelos cientistas laicistas, mas eu não acho que se possa fugir dele. Se não temos nenhum problema em dizer que o conjunto da Enciclopédia Britânica é o resultado de um projeto inteligente, então eu não sei por que poderíamos ter problema em dizer que os próprios seres humanos - bem como o sistema climático - são o resultado de um projeto inteligente. Uma célula envolve o intercâmbio de uma massa de informações milhões de vezes maior do que a Enciclopédia. Essas informações não surgiram por acaso. Outro exemplo, a ordem interna dos cristais pode se produzir aparentemente por acaso, mas não as informações da estrutura celular.
"Mas os ambientalistas alannistas querem a pobreza, porque é como eles 11ccm os seres lmmanos '11ivcmlo cm harmonia com a natureza"'
Catolicismo - Dizem que o aquecimento global provocado pelo homem prejudica o Brasil, a América Latina e o mundo em desenvolvimento. Calvin Beisner - Nenhuma sociedade jamais se elevou da pobreza sem o acesso a energia abundante, barata e confiável. Se há ainda povos que estão vivendo na pobreza, presos a ela, em boa medida é porque não têm acesso à energia abundante, acessível e confiável, essencial para a sua ascensão e saída dessa pobreza. Há quem diga que a única maneira de reduzir a suposta influencia humana sobre atemperatura media global - pela da emissão de dióxido de carbono - é reduzindo o uso de combustíveis fosseis. Esse é o primeiro modo de como essa visão exerce consequências negativas para os povos da América Latina e de outras partes mais pobres do mundo. É para forçar as pessoas a se afastarem dos combustíveis fosseis rumo ao combustível solar e outros chamados "renováveis" (que são muito mais caros), propõem aumentar o controle do Estado sobre a vida das pessoas. Na realidade a condição fündamental de superação da pobreza tem sido a liberdade econômica. Ou seja, respeito ao direito de propriedade privada ( que é um verdadeiro direito apenas se você controlar a sua propriedade), o empreendedorismo, o livre comércio dentro dos limites da lei moral (livre comér-
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Os ambientalistas querem a pobreza, porque
é como eles veem os seres humanos vivendo
Declaração do entrevistado a respeito da encíclica Laudato Si do Papa Francisco
em harmonia com a natureza.
Logo após a publicação da recente encíclica do Papa Francisco, o Dr. Calvin Beisner, a pedido da direção da revista Catolicismo por meio do Sr. James Bascom, fez a declaração que segue. *
c io não s ignifi ca que você pode estabelecer uma Companhia de Assas inatos·, ou assoc iação de prosti tui ção, ou coisas ass im ... ), um governo dentro de legítimos limi tes e a vi gê nc ia da lei, e não um g iganti smo governamental e o domínio dos buroc ra tas.
Catolicismo - É in teressan te o senhor dizer isso, porque no Brasil es pecificamen te, os ambientalistas apresentam a vida dos índios como sendo o id eal a ser imitado pelo homem ocidenta l. Calvin Beisner- Se você gosta da ideia de que 50% de suas cri anças morrerão antes dos cin co anos e de que sua perspec ti va de vida se rá de cerca de 27-28 anos, então você nasce u há de três séc ul os. Porque há três séc ul os atrás era ass im o co mum da vida, o u a mo rte, em toda a raça humana. Fo i apenas nos úl tim os três séc ul os que parte da hum anid ade ve m de ixa nd o isso para trás. A pobreza traz sofrim ento. A pobreza traz a mo rte. Se você qui ser redu z ir o sofr im ento humano, se desej ar redu zir a mo rte e pro longa r a v ida , se você acredita
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CATO LI C ISM O
"Certos amhicntalislas não comprccmlcm a CXCC/JCÍOnalida(IC humana. Desejam cslcmlcr os (lil'eiws humanos aos animais, às plantas e aos ecossislenws"
qu e os se res huma nos são algo qu e deve ser exa ltado co mo nos ensin a o Salmo 8; que so mos cri ados à im agem de Deus, qu e so mos "coroados de g lóri a e honra", então você não desej ará tal pobreza. Mas os ambi enta li stas a larmistas querem a pobreza, po rqu e é co mo e les vee m os seres hum anos " vivendo em harm oni a co m a natureza". N a raiz di sso es tá a fal sa ide ia de que os se res humanos não são di fe rentes dos anim ais irrac ionais . Eles não compreendem em abso lu to a excepciona lidade human a. E por isso, eles desej am es tender os dire itos hum anos aos anima is, às pl antas e aos ecoss istemas in te iros .
Catolicismo - Por quê? Calvin Beisner - Um a ética humana para anim ais irrac ionais tran sform a-se muito fac ilmente em éti ca besti a l para seres hum anos. Se não houver uma di ferença mora l entre um ser humano e uma cobaia, então você começará a tratar os se res humanos como trata às coba ias , e não co meçará a tratar as cobaias como trata aos seres humanos. •
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Devo dizer que a versão oficial da EncícJica saiu apenas há algumas horas e que não tive ainda oportunidade de lê-la inteira. Mas, antes de tudo, meu pensamento é de que a própria mudança climática, embora tratada de modo muito proeminente pela maioria dos meios de comunicação que se ocuparam da Encíclica, na verdade, aproveita apenas um ou dois por cento do texto, as seções 23 a 26, que especificamente tratam do clima. É interessante notar que, a cada secção numerada, encontramos uma média de 1,4 notas, mas não traz nenhuma nota nas secções que versam sobre o clima. E nem apresenta as fontes para as afirmações, alertando sobre um aquecimento causado por emissões humanas de C02. Julgo quase inevitável a Encíclica fornecer combustível para o movimento alarmista quanto ao aquecimento global, apesar de não haver sustentação em dados empíricos. Portanto, creio que esse movimento faria um uso "criativo" da Encíclica. Grande parte do movimento ambientalista é fortemente esquerdista em suas perspectivas políticas e econômicas e há muitos resquícios da velha "teologia da libertação" na Encíclica. Minha objeção fundamental a todas as recomendações para se tentar reduzir o chamado aquecimento global pela redução do uso de combustíveis fósseis (e, portanto, das emissões de C02), é de que isso prejudicará os pobres em todo o mundo muito mais do que qualquer mudança climática. Do ponto de vista econômico, aumentará o preço da energia, o que fará subir o preço de tudo, prejudicando especialmente os pobres e retardando o seu desenvolvimento econômico. Muitas pessoas serão lançadas fora do mercado do trabalho, os salários dos que trabalham diminuirão e os preços dos bens que eles precisam comprar irão aumentar. Isso significa que você estará empurrando para baixo da linha de pobreza muitos dos que estão um pouco acima dela, e lançando as que estão bem acima para baixo, em direção a ela. Não existe virtude moral nisso. As alegações de que o perigoso aquecimento global seja provocado pelo homem são falsas. A evidência empírica mostra que os modelos [nos quais tal asserção se baseia] estão errados. As recomendações da Encíclica poderão ter um efeito precisamente oposto para os quais o Pontífice indica.
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CAPA
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Pequeno "catecismo" para dissipar uma imensa confusão
se porta com a desenvoltura de quem fo sse dono da casal" (Catolicismo, nº 208-209, abril-ma io de 1968).
Dom AJdo di Clllo P~gotlO/ SSS Dom Robtort F. Vasa Dom Atha naslus Schl"tfld•r
Rece11te 111·ova <la co11füsão e11tre os católicos: o r el'e1·e11do 11a ll'lamla Se a lguém ousasse negar ta l co nfusão nos me ios cató li cos, bastari a apontar para a sua mais recente mani festação e as terríveis consequênc ias que e la aca rreta para a sociedade. Referimo-nos ao recente referencio na República da Irl anda, que o Secretário de Estado do Vati cano, Cardeal P ietro Parol in, qu alifico u de "derrota
E m oportuna iniciativa com vistas ao Sínodo de outubro de 20·15 sobre a instiLuição rami-
para a humanidade ". Com efeito, em 22 de ma io passado, os eleitores irl andeses fora m convocados a decidir se deveri a ser in co rporado à Co nstitui ção daque le país que "o ca-
liar, manual apresenLa sinLeticmnente a doutrina da Igreja sobre o matrimônio e a família
JOSÉ ANTO NIO U RETA Correspondente em Paris
ratica mente a úni ca co isa em torno da qu al há co nsenso é de qu e vi vemos no me io de uma imensa co nfusão . E isso tanto no mundo ex terno quanto no própr io interior das pessoas. Basta abrir o jorn al e ler os títul os das matéri as para perceber co mo essa confusão é ge nerali zada, percorre todos os continentes e abarca todas as áreas da atividade humana. E la va i desde os inextri cáve is co nfl itos no Oriente Médi o - onde os cristãos são ví timas de um confro nto entre du as correntes do Is lã, so mado àq uele de todos os muçulmanos co ntra Israe l e agravado pelo das potênc ias desej osas de manter sua influênc ia na região - até a guerra ass imétrica co ntra a Uc râni a, impul sionada por uma R úss ia nostálgica da U ni ão Soviética. Sim, a Rúss ia diri gida pe lo ex-agente da KGB V lad imi r P utin, que contradi to ri amente se aprese nta como paladino das ra ízes cri stãs e por isso conta co m a benevo lênc ia das dire itas populi stas europe ias e de mui tos católi cos tradi c ionali stas ! Caso se analise o mundo das fi nanças e da econom ia, também nesse terreno rei na a confusão, pois parece haver uma queda de braço entre os fa tores de estabili zação e desestabili zação, de m odo que ninguém sabe se estamos fi nalmente saindo da cri se do subprime ou entrando em nova depressão ai nda pio r, que acabará derrubando o vuln eráve l castelo de ca rtas ela globalização. Isso para não considerar o caos social, com a cri se el a
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CATO LI C I SM O
famíli a, a acentuada qu eda demográfica, o aumento das mi grações, os confli tos entre imi gra ntes e popul ações nativas, o cresc imento da criminalidade, a di sseminação do uso das drogas e todas as demais maze las que ocupam luga r constante nas co nversações. Mas tal confusão externa não seri a tão grave se não fosse aco mpanhada de imensa confu são interna dos nossos con temporâneos. E la resulta em grand e pa rte cio entrechoq ue ele ve lhos princípios e háb itos mentais com novas ideias tota lmente opostas, gera lmente amalucadas, mas favo rec idas por fo rte ca rga emociona l e pela pressão ela propaga nda, como es tamos vendo no Brasil co m a tenta ti va ele se impor a absurda "teori a ele gênero".
Nossa é/JOCa assiste f:I maiol' confüsão da História da l gl'eja E o que d izer ela co nfusão re inante no campo religioso, decorrente ci o p rocesso ele " autodemo li ção" da [greja? Já nos idos de 1968, logo após o Concíli o Vati ca no fJ, em edi ção espec ial desta revi sta, consagrada a N ossa Senh ora cio Bom Conselho ele Ge nazzano, o gra nde pe nsador cató li co P lí nio Corrêa de O li ve ira co mentava o segu inte :
"Com efeito, seria diflcil contestar que em algum tempo a conjúsão tenha sido maior nos meios católicos, do que no nosso. "Por certo, houve épocas em que a Igreja pareceu afetada por uma confusão mais grave. Assim, as crises ao longo das quais os antipapas dilaceravam o Corpo Místico de Cristo, ou a luta das i nvestiduras que cindiu duran te muito tempo o Ocidente cristão, lançando o
samento pode ser contratado de acordo com a lei por duas pessoas sem distinção de sexo ". A pro posta era
Sacro i mpério contra o Papado. Mas essas crises, ou eram mais de rivalidades pessoais que de principias, ou punham em jogo apenas alguns princípios, se bem que básicos, da doutrina católica. "Presentemente, p elo contrário, não há erro, por mais crasso e rotundo, que não procure revestir-se ,te wna roupagem mais ou menos nova para obter livre trânsito nos ambientes católicos . Pode-se dizer que assistimos em nosso próprio meio ao desfile de todos os erros, faceiramente di~fàrçados com pele de ovelha, a solicitar a adesão de católicos incautos, super_ficiais, ou pouco amorosos de nossa Fé. "E, ante essas manobras quantas concessões, quanta falsa prudência, quanto criminoso namoriscar com a heterodoxia! Nesta atmosfera, que j á sugeriu a Paulo VI algumas graves advertências, a conjitsão é tão grande, que em não poucos círculos os católicos zelosos da ortodoxia são mal vistos e susp eitos, enquanto a turbamulta das vitimas dos erros embuçados
apo iada pelo governo, por todos os principais partidos po lí ticos, pelos sindi catos e pe las principais empresas multin ac iona is que operam no pa ís, e principa lmente po r toda a impre nsa escrita, rádi o e te levi são. Mais de 60% dos eleitores compareceram às urnas, 62,07% cios qu ais votaram a fa vo r do reconhec imento de um pse ud o-casamento homossexual e os restantes 37,93% se mani fes taram contra a p roposta. Todos os observadores co ncordam que foram sobretudo os jovens que deram esse triunfo mac iço ao "sim" . O resultado produziu um terremoto nos meios católi cos cio mundo inte iro. Co mo explicá-lo num país onde 85% da população é cató li ca e cuj a taxa ele ass istênc ia à missa a ind a é um a das ma is a ltas taxa do mund o oc identa l ( 13% dos cató li cos ass istiam d iari amente à mi ssa em 2006)?
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A pressão da mídia e do establishment político, empresarial e social não é razão proporcionada para explicar que a grande maioria de um povo na aparência tão católico votasse em sentido oposto aos ensinamentos morais da Igreja, que condenam as relações homossexuais como "intrinsecamente desordenadas" e como uma "depravação grave" (Catecismo da Igreja Católica, nº 2357). Tampouco o explica a contento a perda de credibilidade da Igreja após os escândalos de pedofilia em meios eclesiásticos, denunciados por recente relatório oficial, porque na maioria dos casos tratava-se precisamente de abuso homossexual de adolescentes, o que deveria ter provocado uma rejeição ainda maior ao homossexualismo. A explicação está no fator de confusão descrito acima por Plínio Corrêa de Oliveira: por ocasião do referendo, desfilaram todos os erros, faceiramente disfarçados com pele de ovelha. Os fautores de tais erros solicitaram a adesão de católicos incautos, superficiais ou pouco amorosos de nossa Fé, e a obtiveram ... Enigmático silêncio do Papa Francisco, o maior fator de co11/usão
Reconheceu-o indiretamente o próprio Arcebispo de Dublin, capital da República da Irlanda, Dom Diarmuid Martin, ao comentar os resultados numa entrevista ao Vatican Insider: "O referendo foi vencido com o voto dos jovens e 90% desses jovens que votaram 'sim ' à
proposta estudaram em estabelecimentos católicos". De fato, 90% das escolas primárias e em torno de 60% dos colégios secundários da Irlanda são propriedade ou estão sob o patrocínio da Igreja Católica, tornando manifesto o imenso fracasso pastoral do clero irlandês na transmissão de elementos essenciais da fé e da moral. É verdade que as declarações oficiais dos bispos católicos também contribuíram possantemente para esse resultado. O Episcopado, por medo de dar a impressão de que estava interferindo em assuntos políticos, limitou-se a uma defesa do princípio do casamento como a união de um homem e uma mulher, bem como da necessidade de as crianças terem um pai e uma mãe; mas não convocou os católicos a votarem abertamente "não". Ademais, nenhum bispo reagiu ante o fato de que numerosos e conhecidos sacerdotes e freiras se pronunciaram publicamente a favor da aceitação da reforma constitucional. Mas essa atitude incompreensível do Episcopado tampouco explica inteiramente o voto majoritário dos irlandeses. Outro elemento - dolorosíssimo para um fiel
CATOLICISMO
católico - contribuiu possantemente para dinami za r os promotores do "sim" e paralisar os defensores do " não". Esse elemento decisivo foi a malfadada frase do Papa Francisco no avião de retorno do Brasil ( "Quem sou eu para julgar?"), referindo-se aos homossexuais, bem como seu absoluto silêncio nas audiências públicas das quartas-feiras a respeito do referendo irlandês, apesar de tai s audiências versarem sobre a família. Interpretou-se naturalmente isso como uma liberdade de voto, (*) a qual levou sacerdotes favoráveis ao pseudo-casa mento homossexual a evocarem o Sumo Pontífice para justificá-los na intenção de votar pela reforma. Foi o caso do conhecido missionário redentorista Tony Flannery, que escreveu em artigo no "Sunday Independent": "O Papa Francisco nos trouxe de volta
alguns ensinamentos básicos de Jesus. Ele nos diz sem cessar que o amor; a compaixão e a misericórdia são atitudes cristãs fundam entais". Tudo isso somado não podia senão criar uma imensa confusão no espírito dos fiéis. E a quem beneficia a confusão? No caso do referendo irlandês, ela beneficiou claramente as forças do mal, que conduziram esse simpático país - um dos poucos baluartes do catolicismo ainda de pé na E uropa - a uma apostasia virtual da
Fé. E não somente à apostasia, ma s até a um "desa.fio a Deus ", como declarou o Ca rdea l Raymond Burke, qu e ressaltou o fato hi stórico de que "os pagãos toleravam
e que, portanto, "chegou o momento de a Hierarquia
o comportamento homossexual, mas jamais ousaram dizer que isso .fosse um casamento ".
como para muitos prelados de orientação progressista, o exercício de revisão consiste em adaptar os ensinamentos da Igreja a essa nova realidade e reconhecer seus aspectos supostamente positivos, inclusive nas uniões homossexuais. Depois do referendo irlandês, a corrente progressista comporta-se de fato como se fosse a "dona da casa". Ela tenta apresentar os prelados ou simples católicos ze losos da ortodoxia como suspeitos de re belião contra o Papa, o qual desejaria uma evolução da disciplina da Igreja não somente na questão do reconhecimento das uniões de pessoas do mesmo sexo, mas também em relação ao franqueamento da Sagrada Comunhão aos adúlteros, ou seja, aos divorciados recasados. Quanta confusão no tocante à pretensa "acolhida pastoral" dos casais irregulares! Das propostas para se imitar os cismáticos ortodoxos que aceitam um segundo casamento "penitencial", feitas pelo Cardeal Walter Kasper durante o último consistório de cardeais, passando pelo relatório intermediário do último Sínodo, que pleiteava o reconhecimento de "elementos positivos" da coabitação antes do casamento e das uniões puramente civis, até a recente reunião confidencial organizada pela diretoria dos episcopados da Alemanha, França e Suíça em instalações da Gregoriana, a universidade jesuíta de Roma, na qual teólogos de destaque propugnaram abertamente uma "evolução do dogma", os fiéis realmente estão perdendo o Norte e não sabem para onde se dirigirem em busca de uma orientação. Como bem observou o Ca rdeal Raymond Burke em uma de suas intervenções, a maioria dos fiéis sente-se hoje como passageiros de "um barco sem leme" que sofrem de enjoo porque "sentem que o navio está sem
Como consequência dessa redefinição constitucional do matrimônio, abrir-se-á dentro de poucos meses na Irl anda um imenso conflito religioso. Os colégios católicos não mais poderão ensinar a doutrina da Igreja sobre as rel ações homossex ua is, os funcionários civis serão obrigados a reg istrar os "casamentos" entre pessoas do mesmo sexo, os provedores de serv iços serão condenados se discriminarem os casais homossex uais (como aconteceu com o confeiteiro da Irlanda do Norte que se recusou em consciência a prepara r um bolo de casamento contend o um slogan pró-casamento homossex ual). E de quem é a culpa por esse conflito? - Da confusão dos espíritos, que levo u muitos a votarem "sim", por causa das mensagens contraditórias receb idas da Hierarquia cató lica. Pro11ostas cio Carcleal J<asf)cr varn o 111·óximo Sínodo aumentam a conlilsão
O " caso irlandês" serv irá, aliás , para aumentar a confusão no mundo inte iro. Nesse sentido, é oportuno lembrar que Dom Diarmuid Martin dec larou numa entrev ista para a televisão qu e o resultado do referendo revelava que a Irland a vivia uma "revolução social ",
católica iniciar uma profiinda revisão da realidade" e encontrar uma "nova linguagem". Para ele, bem
rumo ". Filial Stí11/Jca ao Papa Francisco para dissipar a confusão
Quem tem a missão e o carisma para dissipar a confl.1são e "confirmar seus irmãos na fé" é o Papa, sucessor de São Pedro, que recebeu de Nosso Senhor o poder das chaves. E m vista disso, cerca de 300 mil católicos já assinaram uma "Filial Súplica ao Papa Francisco sobre o filturo da familia ", na qual declaram ter observado "uma
desorientação generalizada, causada pela possibilidade de que se tenha aberto no seio da Igreja uma brecha que permite a aceitação do adultério[. ..} e até mesmo uma
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virtual aceitação das próprias uniões homossexuais" e Lhe solicitam uma palavra esclarecedora, "única via capaz de superar a crescente co11fusão entre os fiéis ", "certos de que ela não poderájamais dissociar a prática pastoral do ensino legado por Jesus Cristo e por seus vigários, o que só aumentaria a confusão ". A Filial Súplica está em circulação há mais de três meses, reco lhendo a cada dia um maior número de adesões. Contudo, ta l palavra esclarecedora ainda não saiu dos lábios do Sumo Pontífice, e provavelmente não sairá antes do término do Sínodo de outubro próximo, quando ele ouvirá as opiniões dos Padres sinodais participantes da assembleia. Nem a Sagra<la Família é po11pa<la pelos /'a utores <la confüsão!
Ocorre que esse silêncio pesado tem encorajado uma atitude ainda mais agressiva e arrogante da parte dos setores favoráveis à mudança. Por exemplo, o presidente da Conferência Nacional dos Bispos da Alemanha, cardeal Reinhard Marx, chegou a declarar que "o Sínodo não pode prescrever em detalhes o que devemos faz er na Alemanha", posto que "não somos só uma filial de Roma ". Tal agressividade inclui nã.o somente os aspectos pastorais, mas também a dimensão doutrinária das questões em debate. Por exemplo, o arcebispo do Grão Ducado de Luxemburgo, Dom Jean-Claude Hollerick, enviou em nome de seu reba nho um relatório ao Vaticano, no qua l afirma que é preciso respeitar o "principio da realidade " (em lugar de "começarpor normas i11flexíveis
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ou invariáveis") e reconhecer que as pessoas hoje não procuram formar uma família, "mas encontrar a felicidade numa relação de amor ". Assim, "a moral católica poderá ser compreendida como um co,?junto de critérios adaptados às diversas situações humanas ", deixando de ser uma mera "atenção pastoral da família " para se transformar numa verdadeira "pastoral do amor " que acompanha os indivíduos nos seus "projetos de amor", evitando uma "leitura e restritiva das Escrituras " e co locando-se em consonância com o "principio de misericórdia " do Papa Francisco. Nesse mesmo comprimento de onda assustador posicionaram-se os bispos suíços em seu relatório oficial, pois chegaram à ousadia de afirmar que a Sagrada Família não deve servir de mode lo (sic!), em nome do falso princípio de que a Teologia deve partir de baixo e não ser imposta de cima. Até lá chegou a ousadia que produz confusão nos fieis! Luz cm meio .:IS t1·e,1as ela co11ftlsão
Porém, uma luz brilhou para dissipar boa parte de toda essa confusão. Trata-se de um pequeno opúsculo, no estilo dos antigos "catecismos populares", intit1tlado Opção preferencial pela.familia - J00 perguntas e J00 respostas em torno do Sínodo , cujos autores são Dom Aldo Pagotto (Arcebispo da Paraíba), Dom Robert F. Vasa (Bispo de Santa Rosa, Califórnia) e Mons. Athanasius Schneider (Bispo auxiliar de Astana, Cazaquistão) . Nesse pequeno manual de 62 páginas são resumidos, (continua na p. 32)
CATOLICISMO
Dom Aldo Di Cillo Pagotto, SSS (nascido no dia 16 de setembro de 1949 em São Paulo) é o atual arcebispo da Paraíba. É primo do falecido cardeal de São Paulo, Dom Agnelo Rossi. Cursou filosofia e teologia no Seminário Diocesano Nossa Senhora do Rosário de Caratinga (Minas Gerais) e no Seminário São Pio X dos Padres Sacramentinos da mesma cidade. Estudou na Universidade Gregoriana de Roma de 1988 a 1991, bacharelando-se em filosofia e especializando-se em teologia dogmática. Ensinou teologia fundamental no Instituto Teológico Pastoral do Ceará de 1985 a 1988 e de 1991 a 1995. Foi vice-provincial de sua congregação de 1995 a 1997. Em 1997 foi vigário-geral da Arquidiocese de Olinda e Recife. Sagrado bispo em 31 de outubro de 1997, esteve à frente da diocese de Sobral, no interior norte do Ceará, de 18 de março de 1998 a 5 de maio de 2004. Em 2000 foi eleito presidente do Regional NE Ida CNBB. Tornou-se arcebispo da Arquidiocese da Paraíba em 5 de maio de 2004. Dom Robert F. Vasa (nascido em Lincoln, Nebraska, em 7 de maio 1951) é o atual bispo de Santa Rosa, Califórnia. Estudou filosofia e teologia no Seminário da Santíssima Trindade, em Dallas, Texas. Estudou na Universidade Gregoriana de 1979 a 1981, licenciando-se em Direito Canônico. Foi chanceler assistente da diocese de Lincoln e, mais tarde, vigário-geral e moderador da Cúria. Em 19 de novembro de 1999 tornou-se o quinto bispo de Baker, Oregon, sendo sagrado em 26 de janeiro de 2000. Dom Vasa ficou famoso nos Estados Unidos por retirar o título de católico e fechar a capela de um hospital cujas práticas afastavam-se do ensino moral da Igreja. Em 24 de janeiro de 2011 foi nomeado bispo coadjutor de Santa Rosa, assumindo a direção da diocese seis meses mais tarde, após a renúncia de seu predecessor. Dom Athanasius Schneider (nascido em Tokmok, Kirguistão, URSS, em 7 de abril 1961) é bispo-auxiliar de Astana, capital do Cazaquistão. Em 1973, após receber a primeira comunhão das mãos do Bem-aventurado Oleksa Zaryckyj , sacerdote martirizado pelos comunistas, emigrou com a família para a Alemanha. Ingressou na congregação dos Cônegos Regulares da Santa Cruz de Coimbra e estudou filosofia e teologia no Seminário de Anápolis (GO). Ensinou Patrística no Seminário de Karaganda (Cazaquistão) enquanto propulsionava a construção de uma grande basílica em homenagem a Nossa Senhora de Fátima, no mesmo lugar de Karaganda onde durante a ditadura comunista soviética funcionara um campo de concentração no qual pereceram muitos católicos. Em 2 de junho de 2004 foi sagrado bispo no altar da cátedra de São Pedro, no Vaticano, pelo então Secretário de Estado, cardeal Angelo Sodano, e nomeado bispo-auxiliar de Karaganda. Poucos meses antes da consagração da nova catedral de Nossa Senhora de Fátima, cuja construção propulsionara, Dom Athanasius foi transferido para bispo-auxiliar de Astana. É o secretáriogeral da Conferência Nacional dos Bispos de Cazaquistão e autor de dois livros, traduzidos para vários idiomas, em defesa da antiga disciplina de receber a Sagrada Comunhão de joelhos e na língua.
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de forma clara e simples, alguns temas particularmente atuais sobre a doutrina.da Igreja a respeito do casamento e da família, não evitando as questões espinhosas levantadas no Sínodo Extraordinário dos Bispos, realizado no ano passado, nem aquelas que emergiram nos debates em torno ao evento, as quais foram parcialmente distorcidas pela maciça propaganda midiática em favor de um abandono da posição tradicional da Igreja. Para dissipar a confusão artificialmente criada, o texto reitera algumas verdades doutrinárias fundamentais e algumas necessidades pastorais irrenunciáve is sobre o problema da família, a partir de uma descrição da situação real das famílias católicas de hoje, que é bem diversa daquela que os promotores das mudanças querem fazer crer. Nesse sentido, o opúsculo é um verdadeiro manual de orientação, muito fácil de usar por parte de bispos, sacerdotes, religiosos, catequistas e simples leigos desejosos de ver claro em meio da confusão, para poder lutar contra a avassaladora ofensiva antifamiliar desencadeada pelas forças anticristãs fora e dentro da Igreja. Em seu prefácio de encômio da obra, o Cardeal Jorge Medina Estévez, prefeito emérito da Sagrada Congregação para o Culto Divino, destaca o fato de que, para abordar os problemas ah1ais da fa mília, é preciso uma conversão do coração e uma purificação do pensamento, afastando-se de critérios puramente mundanos, conforme advertiu São Paulo: "Não vos conformeis com este mundo, mas reformai-vos pela renovação do vosso espírito, para que saibais aquilatar qual é a vontade de Deus, o que é bom, o que lhe agrada e o que éper:feito" (Rom 12,2). O trabalho é dividido didaticamente em treze capítulos, seguindo o método tomista de "ver, julgar e agir". Aborda no início as questões ligadas à revolução sexual e à crise da família decorrente dela; trata em seguida dos pressupostos do ensino tradicional da Igreja sobre o casamento que devem guiar o julgamento dos fiéis; e finalmente sugere as respostas pastorais apropriadas para as situações irregulares, recusando aquelas mudanças que impo1tariam numa traição aos ensinamentos de Nosso Senhor Jesus Cristo e dos Apóstolos. Dissipa11do confusões a respeito da atual cl'ise <la l'amília
Quanto ao "ver" a realidade da família boj e, o trabalho afirma que nos documentos preparatórios dos Sínodos "muitas realidades e diversos· problemas, mesmo importantes,foram excluídos, e de outros se apresentou
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uma versão parcial ou exagerada " e co menta que, por causa disso, "muitas respostas chegadas ao Sínodo, sobretudo de certos países europeus, deram preeminência às questões marginais sobre as centrais, às emotivas sobre as doutrinárias, às situações patológicas sobre as normais". O resultado é que o di agnóstico é errado, porque "a imagem dafámília saída das respostas parece não ser a real, mas aquela propagada por uma certa cultura secularista através dos meios de comunicação de massa ". Outro aspecto, que revela a unilateralidade do Questionário de consulta envi ado aos episcopados e às comunidades católicas e a parcialidade dos textos produzidos pelo Sínodo extrao rdin ári o de 2014, é o desequilíbrio no emprego das palav ras: "Depois, obviamente, da palavra família, as mais usadas são vida, amor, pastora l, miseri córdia, afetividade, mulh er. A palavra doutrina aparece somente três vezes e em contextos marginais; as palavras moral, virtude, fid elidade e castidade constam apenas uma vez. Palavras importantes para as questões fámiliares, como no ivado, adultério, contracepção, aborto, estão de todo ausentes". Ao contrário do qu e di zem o episco pado suíço e o arcebi spo de Luxemburgo, o opúsculo sublinha que a crise da família "não é consequência de uma inevitável e incontenivel evolução histórica, mas é causada por uma profúnda subversão moral e cultural alimentada pela revolução sexual explodida em maio de 68 sob a bandeira do 'faço o que bem entendo' e do 'proibido proibir ', isto é, de uma liberdade individual sem regras nem limites". Para os três autores, "a revolução sexual Maio de 68
PERGUNTA 26: Qual é o aspecto da revolução sexual que hoje ameaça mais gravemente a família? RESPOSTA: Sem dúvida é a ideologia do gender. Ela teoriza que o homem nasce dominado por um instinto "perverso-polimorfo" anárquico, que pode tender para qualquer objeto erótico e construir para si não importa que identidade ou papel sexual (chamado precisamente gender ou gênero). Portanto, cada qual tem o direito de escolher livremente um gênero entre muitos possíveis, para trocá-lo eventualmente depois por outro, segundo uma nova "orientação sexual". Segundo esta ideologia, a diversidade sexual homem-mulher, e suas derivadas esposo-esposa e pai-mãe, não procedem da natureza, mas são impostas por uma "cultura" arbitrária mediante um sistema discriminatório e repressivo. Esse fenômeno perpetua-se por culpa das instituições (família, escola, Igreja), que condicionam a formação das crianças, impedindo-as de escolher a "orientação sexual" e o "papel reprodutivo" que elas prefeririam. A ideologia de gênero quer libertar as crianças e os adultos desse sistema repressivo, de maneira a criar uma "sociedade sem classes sexuais" mediante a "desconstrução" dos papéis sexuais e reprodutivos e das instituições sociais que os reproduzem, sobretudo as familiares , escolares e religiosas. Portanto, ela pretende que tanto os programas escolares quanto os de "reeducação" familiar e de "renovação" religiosa proíbam o ensino da moral e da fé , substituindo-o pela ideologia do gender (cfr. O. Al zamora Revoredo, Ideologia di genere: pericoli e portata, in Pontificio Consiglio per la Famiglia, Lexicon cit. pp. 545-560). Como se vê, esta revolução - lançada em setembro de 1995 em Pequim, na IV Conferência Mundial sobre a Mulher da ONU - insinuou-se em muitos ambientes católicos, projetando uma perigosa subversão sexual , cultural e social anticristã. Razão pela qual parece despertar mais reações dos pais de família do que dos pastores.
foi e continua sendo um.fenômeno induzido, elaborado e dirigido por grupos ideológicos e lobbies bem organizados e.financiados, que alimentam certas tendências desordenadas do homem moderno para realizar um plano revolucionário concebido em laboratório". Portanto, as mudanças recentes na família "não podem ser simplesmente aceitas como se fossem uma realidade imperativa não susceptivel de avaliação, mas devem ser avaliadas com base em um j uízo moral f eito à luz da Lei divina e da Lei natural". De onde resulta que, se a crise é religiosa e moral, então a pastoral "de ve basear-se em primeiro lugar nas verdades da fé e na prática das virtudes sobrenaturais". A Igreja deve eva11gelizar o mw1do, e não se,· "eva11geliza<la" por ele
A seção de Opção preferencial pela Familia que fornece os critérios para "julgar" a crise da instih1ição familiar, abre-se com uma constatação frontalmente oposta à falácia de construir uma nova "teologia do amor" a partir da própria experiência das pessoas: "Na sua atuação, a Igreja sempre partiu da Verdade da Fé, obtida através da Palavra de Deus e da Tradição, para depois elaborar uma pastoral que a aplicasse à vida
concreta, de modo a iluminar e guiar os homens rumo à salvação eterna ". E lamenta que "a tendência do
Sínodo.foi de proceder de modo inverso, ou seja, partir da situação concreta a.fim de elaborar uma pastoral e uma disciplina acomodadas a ela ". Pelo contrário, "o Salvador deu à Sua Igreja a ordem de evangelizar a humanidade, não de ser 'evangelizada 'por ela; de guiar os homens, não de ser guiada por eles; de santificar a História, não de ser 'santificada 'por ela ". Os ensinamentos morais da Igreja são permanentes e universais, "uma vez que se baseiam em duas realidades imutáveis: a natureza humana criada por Deus e as verdades eternas reveladas por Jesus Cristo ". Se o mundo moderno, movido por erros que resultam de paixões desordenadas, "perdeu o contato" com a Igreja, Ela "não deve se adaptar a esses erros ou às suas consequências, mas identificá-los, denunciá-los e remediá-los. Nisso consiste uma autêntica atualização de sua pastoral". O opúsculo reitera depois o ensinamento bimilenar da Igreja segundo o qual "o casamento não se reduz a um contrato privado entre duas pessoas. Ele é uma instituição.fundada na Lei natural, um ato público verdadeiro e real que dá origem a uma sociedade, a qual
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PERGUNTA 35: Embora não se proponha uma mudança de doutrina, mas apenas uma nova "abordagem pastoral", é possível modificar a pastoral sem alterar implicitamente também a doutrina? RESPOSTA: Assim como o corpo não pode ser separado da alma que o informa, do mesmo modo a prática pastoral não pode ser completamente separada da doutrina moral que a justifica. Portanto, uma mudança da pastoral pode comportar facilmente uma alteração, pelo menos implícita, da doutrina subjacente. De resto, não existem práticas neutras; cada prática pressupõe uma teoria, uma posição filosófica, uma visão peculiar do ser humano, da sociedade e da história. O próprio conceito de prática pressupõe um fim para o qual se tende, ou seja, um ideal a ser realizado. No nosso caso, o conceito de "prática pastoral" só tem valor se pressupuser a verdadeira ideia de Igreja, de humanidade e de família. "A pastoral é uma arte que se baseia na Teologia dogmática, na Moral, na espiritualidade e no Direito, para agir prudentemente em cada caso concreto. Não pode haver uma pastoral que esteja em desarmonia com as verdades ensinadas pela Igreja e com a sua moral, e que esteja em contraste com as suas leis, e que não esteja orientada para alcançar o ideal da vida cristã. Uma pastoral em contraste com a verdade crida e vivida pela Igreja(...) transformar-se-ia.facilmente em arbitrariedade nociva à própria vida cristã " (Card. Velasio De Paolis, discurso cit., p. 26) Por sua vez, o Prefeito da Congregação para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos, cardeal Robert Sarah (foto), declarou recentemente: "A ideia consistente em colocar o Magistério num belo escrinio, separando-o da prática pastoral, a qual poderia evoluir segundo as circunstâncias, as modas e as paixões, é uma.forma de heresia, uma perigosa patologia esquizofrênica" (La Stampa, 24 de fevereiro de 2015).
é, por sua vez, a célula mater da sociedade: a.familia. Se o casamento.for contratado entre.fiéis, torna-se um juramento sagrado regulado pelo direito divino, pois Nosso Senhor o elevou à dignidade de Sacramento. Ele é também símbolo de uma dupla união nupcial: do Criador com a sua criatura e do Redentor com a sua Igreja. " Daí resulta que uma " segunda união" depois de um divórcio é absolutamente inaceitável , pois "o adultério é objetivamente um pecado grave e, como tal, só pode ser p erdoado se o pecador manifestar não somente um arrependimento sincero, mas também o propósito de emendar-se, isto é, de quebrar o comportamento adulterino ". Fil'me "não" à co1m111/1ão para os divorcia<los recasados e as uniões homossexuais
Ao abordar, na parte do "agir", a proposta de abrir aos divorciados recasados a possibilidade de receberm a Sagrada Comunhão, o opúsculo adverte que "quaisquer que s~jam as suas intenções subjetivas, uma p essoa no-
toriamente divorciada e recasada no civil encontra-se o~jetivamente em estado de 'pecado grave manifesto ', não podendo, portanto, receber a Sagrada Eucaristia (Código de Direito Canônico, no 9 J5). Se o .fize,; por ser público o seu p ecado, ela unirá o sacrilégio ao escândalo ". E conclui que "para serem readmitidos à Eucaristia, os divorciados recasados devem também fazer o firm e propósito de não mais peca,; ou seja, de emendar-se. O que comporta sair da situação de escândalo, por exemplo rompendo os liames ilicitos assumidos. Só assim o pecador demonstra que se converteu e des~jafazer penitência ". Respondendo a um bispo que teve a ousadia de sustentar que a [greja poderia benzer as uniões homossexuais, sem contudo equipará-las ao casamento, os autores relembram que "a união homossexual não é uma mera convivência afetiva entre amigos, mas uma convivência erótica entre parceiros, a qual comporta o uso antinatural da sexualidade. Portanto, a união homossexual é gravemente pecaminosa, não podendo ser equiparada
ao casamento nem abençoada p ela Igreja. Assim, devemos nos opor às tentativas recentes de legalizá-la sob qualquer forma ". Dissipando a contusão cl'iada pelo emprego abusivo de "palavrns-talismã"
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Mais para o fim, o luminoso manual dos três prelados trata de um tema de suma importância: o emprego, durante o debate sinodal, de certas palavras-chave por parte dos promotores da reforma. A importância do tema foi recentemente destacada pelo sacerdote espanhol José Maria Iraburu, num artigo de seu blog intitulado "Pensamentos e pensações ". Se os pensamentos são produzidos pela razão iluminada pela fé, diz ele, o neologismo "pensações" refere-se a sensações e sentimentos que orientam as pessoas como se fossem pensamentos, quando na realidade não o são. São meras " vivências" subjetivas que contrariam a realidade e as convicções explícitas das pessoas. É precisamente nesse campo do subconsciente que operam certas "palavras-talismã", descritas magistralmente pelo opúsculo: "'Palavra-talismã ' é um vocábulo de si legitimo, de.forte conteúdo emocional, escolhido sobretudo para ser tão.fiexivel e mutável, de modo a poder assumir vários significados emfanção dos contextos em que é usado. Esta sua elasticidade torna-o passível de um uso propagandistico, submetendo-o a eventuais abusos com fins ideológicos ". Citando a obra Baldeação ideológica inadvertida e diálogo, de autoria de Plinio Corrêa de Oliveira (e publicada originariamente
no nº 178-179, de outubro-novembro de 1965, de Catolicismo), os autores afirmam que " 'palavra-talismã' é f erramenta útil para realizar uma 'baldeação ideológica inadvertida ', ou seja, um processo que muda a mentalidade dos pacientes sem que estes se deem bem conta, passando de uma posição legitima para uma ilegítima. Manipulada p ela propaganda, a 'palavratalismã 'assume s ignificados sempre mais próximos das posições ideológicas para as quais se deseja baldear os 'pacientes ' ". Os três prelados denunciam que "este procedim ento pode ser aplicado fa cilmente, inclusive no âmbito eclesial. Com ~feito, o uso de certas palavras mais do que outras pode empurrar os fiéis a substituir um julgamento moral por um sentimental, ou um julgamento substancial por um form al, chegando a considerar como bom, ou pelo menos tolerável, o que no inicio era considerado ruim ". "Pessoas feridas" , "misericórdia", "acolhimento", "ternura", "aprofundamento", são exemplos de palavras que podem sofrer um uso un ilateral e simplista e, nesse sentido, ter uma espécie de efeito talismânico, diz o opúscu lo. O vel'dadeil'o rnmédio para a crise do casamento e a l'amília
No último capítulo de Opção pref erencial pelafàmília, os autores abordam um aspecto fundamental , praticamente silenciado nos documentos e nas discussões do Sínodo: o papel da graça sobrenatural no compromisso
PERGUNTA 87: E quem seriam as "pessoas feridas"? RESPOSTA: No atual debate, esta fórmula se refere a pessoas que vivem em estado de pecado grave e público: coabitação, divorciados recasados, casais homossexuais, e assim por diante. Chamando-os pelo contrário de "feridos", evita-se formular um julgamento moral, ressaltando apenas um aspecto, verdadeiro mas secundário, de sua situação concreta. Aplica-se-lhes assim um termo concebido para despertar a compaixão: são apenas "pessoas feridas", vítimas talvez inocentes, às quais não se pode imputar uma falta grave. Em face de uma "pessoa ferida", a reação obviamente normal é de ir ao seu encontro para ajudá-la. No nosso caso, para não agravar o sofrimento psicológico da pessoa divorciada recasada, evita-se como impróprio qualquer juízo moral a seu respeito. Pelo contrário, recomenda-se ter para com ela o sentimento de "misericórdia" e de "ternura", que embora necessário é apresentado como o único permitido na avaliação de sua situação e na elaboração de uma pastoral adaptada a ela. No final deste processo, o sentimento de compaixão pode chegar até a justificar sua condição pecaminosa. Portanto, até mesmo a alterar o julgamento doutrinário do Magistério, a fim de não mais fazer a "pessoa ferida" sofrer. 1
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PERGUNTA 90: No debate em torno do Sínodo, a misericórdia leva a considerar as situações irregulares não do ponto de vista do direito e do dever, mas da compreensão e do perdão, uma abordagem "baseada não em julgamentos morais, mas na vulnerabilidade das pessoas" (Wir sind Kirche). Não é esta uma impostação autenticamente cristã da questão? RESPOSTA: A Igreja não pode se comportar como um charlatão que ilude os que sofrem oferecendo-lhes poções que não fazem sentir a dor, mas antes agravam a doença. Com efeito, inspirando-se no verdadeiro "bom samaritano", que é uma figura de Cristo, a Igreja deve agir como um médico sábio que visa curar os doentes e feridos espirituais com os medicamentos mais eficazes, embora dolorosos, para libertá-los do mal e poupá-los das perigosas recaídas. Isso pressupõe que a Igreja não esconda aos doentes a gravidade de sua situação nem diminua a sua responsabilidade, mas sim que abra seus olhos e corações, antes mesmo de fechar-lhes as feridas. Certamente os cuidados devem ser misericordiosos, ou seja, levar em conta a vulnerabilidade das pessoas. Mas essa precaução deve favorecer a cura, e não impedi-la com a ilusão de que os paliativos podem curar um doente grave que recusa o remédio decisivo. Além disso, não se confunda a vulnerabilidade do doente que sofre por causa de uma terapia dolorosa com a suscetibilidade daquele que se recusa a ser curado. "O caminho da Igreja( ..) é sempre o de Jesus, o da misericórdia. Isto não significa subestimar os perigos ou fazer entrar o lobo na grei, mas acolher o filho pródigo arrependido, curar com determinação e coragem asferidas do pecado" (Francisco I, discurso de 15 fevereiro de 2015 ao Consistório dos cardeais).
pela castidade fami liar. A famí lia e o casamento podem estar em crise, mas "Deus não exige do homem alcançar um.fim impraticável, cumprir um compromisso acima de suas forças . Se as forças naturais não são suficientes, a Providência dá então ao homem forças sobrenaturais que o tornem apto a cumprir sua missão ", dizem os três bispos signatários do documento. Eles reconhecem que "sempre foi dificil manter a castidade; e o é mais ainda na sociedade moderna, onde os ambientes, a cultura e os meios de comunicação favorecem a luxúria". Portanto, "hoje mais do que nunca, para manter a castidade os.fiéis devem ir contra a corrente, para o que é esp ecialmente necessária a ajuda da graça divina por meio da oração, da ascese e da p enitência ". E, nos antípodas dos bispos suíços, concluem dizendo que "a Sagrada Família de Nazaré é o modelo por excelência da f amília, porque realiza a comunhão de amor, seu caráter sagrado e inviolável". Olhando para esse divino modelo e tendo devoção ao Sagrado Coração, "Deus socorrerá as familias em dificuldade com sua Graça onipotente, Nossa Senhora as assistirá com sua materna proteção, e a Igreja as ajudará com sua palavra, sua oração, seus sacramentos e sua caridade ativa ". Eis um verdadeiro p lano pastoral para o Sínodo, na fide lidade aos ensi namentos de Nosso Senhor Jesus Cristo!
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Prestigioso Jançame11to cio opúsculo em Roma Na manhã do dia 19 de maio último, fo i lançado em Roma o opúsculo Opção pref erencial p ela família - J00 p erguntas e 100 respostas a respeito do Sínodo. O marco do lançamento foi o prestigioso Hotel Columbus, localizado na Via della Conciliazione, mu ito próximo da Basílica de São Pedro, numa sessão presidida pelo Prof. Tommaso Scandroglio, porta-voz da iniciativa Filia/e Supp/ica, a qual obteve autorização dos três ilustres autores para fazer a divu lgação internacional da obra em oito línguas. Para o Prof. Scandroglio, a publicação tem uma dupla intenção. Por um lado, pedir que haja coerência com os ditames da Igreja católica relativamente ao âmb ito da moral natural e da Fé. E, por outro lado, oferecer a prova de que, em mui tíssimas articulações conceituais que afetam o tema da famí lia, a doutri na já está consolidada desde muito tempo, tendo superado com sucesso algumas objeções de caráter ético e teológico repetidas com frequência pelos meios de comunicação de massa. O desafio é, portanto, em inentemente de caráter pastoral, afirmou ele. Discursou também o Sr. John Smeaton, dirigente prólife inglês e cofundador da coalizão Voice ofthe Family, um dinâm ico think tank em apoio da fam ília natural e tradicional surgido por ocasião do recente Sínodo. "O silêncio do documento final das autoridades do Sínodo de outubro passado foi ensurdecedor ", explicou o Sr.
Smeaton. Um silêncio total "a respeito do aborto, da contracepção (que é a p edra angular da cultura da morte), da eutanásia e do suicídio assistido, a respeito da pornografia e da educação sexual anti-vida, da supressão dos pais como /. rimeiros educadores de seus.filhos e da doutrinação da · crianças na ideologia homossexual ". "Esses
crimes contra a vida e a família não mereceram sequer uma menção nos documentos do Sínodo publicados p elo Vaticano", lamentou. Porém, "nenhuma autoridade no m11ndo, nem sequer o Pap a tem o p oder ou o direito de alterar, 011 de parecer alterar, de qualquer maneira que seja aquilo q11e f oi revelado pelo Deus Todo-poderoso
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Cartas de encômio ao opúsculo ❖ "Creio que este volume, pela clareza da impostação teológica, pela singular clareza e lealdade da leitura da tradição magisterial sobre a família, pode ser um instrumento valiosíssimo para ajudar o povo cristão a viver a prova deste debate interno na Igreja, nem sempre livre e sensato, como uma ocasião de amadurecimento da fé. Com efeito, o amadurecimento da fé é a única razão da prova que Deus permite a todo o povo cristão, começando pelos mais humildes, isto é, os mais santos. Com os augúrios de uma ampla e feliz e difusão".
S. Excia. Dom Luigi Negri, Arcebispo de Ferrara-Comacchio, Abade de Pomposa, Itália ❖ "Opção preferencial pelafamilia - 100 perguntas e 100 respostas a respeito do Sínodo é muito útil, por apresentar de modo doutrinariamente bem acessível as respostas aos problemas urgentes que a família moderna deve enfrentar. O método de 'pergunta-resposta', escolhido pelo Vademecum, permite consultar rapidamente e encontrar respostas às perguntas de interesse, tornando-o muito cômodo de usar".
S. Excia. Dom Tadeusz Kondrusiewicz, Arcebispo de Minsk-Mohilev, Bielorrússia à Igreja ", concluiu o presidente da Society for the Protection of the Unborn Chi/d, de Londres. Após o lançamento o opúsculo fo i enviado a todos os bispos do mundo, bem como a um grande número de sacerdotes e líderes de movimentos pró-família, com calorosa receptividade.
Sob o signo <la conl'llsão, mas sobretudo da esperança! Após evocar essa auspiciosa difusão, não desejamos terminar a recensão deste providencial opúsculo - pequeno pelo tamanho, mas imenso pelo bem que está destinado a fazer, diss ipando as trevas da confusão criada a propósito do Sínodo sobre a Família - sem evocar outro aspecto esperançoso da atual situação. Ele representa o reverso da medalha dessa grande confusão que invadiu a Igreja e o mundo, apoderando-se das mentes.
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Trata-se de uma consideração fe ita pelo Prof. Plinio Corrêa de Oli veira em artigo publicado em Catolicismo (nº 13, janeiro de 1952), sob o título "Sob o signo da confusão e da esperança", no qual o grande pensador católico pergunta: "por que apela o espírito do mal para a confi,são? ". E responde com sua habi tual agudeza de análise: "Porque esparsas por este mundo caótico e decadente, florescendo quiçá em lugares que os observadores superficiais não sabem ver, ainda existem muitas almas que detestam o mal. Pois se o demôn io se oculta para avançar, é porque sabe que muitos ainda lhe barrariam o caminho se agisse descoberto. Nisto está a nota animadora do momento. Houve tempo em que os batalhões da impiedade desfraldaram à luz do sol o lema satânico 'écrazez l 'lnfâme ' [frase atribuída a Voltaire: 'Esmagai o Infame', ou seja Nosso Senhor Jesus Cristo]. Hoje
continuam a caminhar vitoriosamente ... mas de bandeira enrolada! O que significa que há hoje em dia, em número maior, soldados de Deus, dispostos a lutar no momento das supremas provações". Na primeira linha desse crescente exército de novos lutadores encontram-se, sem dúvida, o Arcebispo Dom A ldo di Cillo Pagotto e os Bispos Dom Robert F. Vasa e Dom Athanasius Schneider. Que Deus os abençoe por terem iluminado o mundo co m seu pequeno "catecismo" dissipador da imensa confusão ! • E-mail para o autor: catolicismo@terra com hr Nota:
* A respeito desse perplex itante sil êncio pon tif1c io, escreve o Prof. Roberto de Mattei: "Por que, nos dias prévios ao plebiscito, o Santo Padre não fez uma exortação veemente e f ervorosa aos irlandeses, lembrando-os que i1?fi-ing ir as leis divinas e narurais é um pecado social do qual um dia deverão pres/ar contas a Deus o povo e seus pasrores? Não se faz também ·/Ímpiice des/e escândalo com seu silêncio?" (Irlanda - la responsabilità di 11n 'apostasia, in "Corrisponclenza Romana", 27-5- 15).
❖ "Estou convencido de que faço uma obra de bem, recomendando a leitura do livrinho Opção preferencial pela familia, e queira a Divina Providência favorecer sua vasta difusão. Uma obra sobre este tema era necessária, pois, utilizando argumentos teológicos, morais e prudenciais, este livro será uma luz nos atuais momentos, em que tantos fatores estão ameaçando esta instituição básica da sociedade. Desde já desejo a todos os que o lerem, que Maria do Bom Sucesso lhes conceda suas melhores graças, concedendo-lhes com beneplácito minha Bênção Episcopal".
S. Excia. Dom Patricio Bonilla Bonilla, OFM, Vigário Apostólico de San Cristobal, Galápagos, Eq uador
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irmãos mais velhos, dois dos quais tinham segu ido as bandeiras de Gonzalo Fernández de Córdoba, o Gran Capitán, nas guerras de Nápoles. Um terceiro embarcaria para a América e se tornaria Comendador da Ordem de Calatrava . Outro participaria, como capitão de companhia, da luta contra os mouriscos de Granada, e depois lideraria as tropas bascas contra os franceses, sob as ordens do Duque de Alba. Atendendo ao pedido de seu parente D. Juan Velázquez de Cuéllar, contador-m or do rei Fernando de Aragão, o pai enviara Ífíigo para ser educado com os filhos dele, o que lhe abriu as portas da Corte . Nesta ele recebeu uma educação cortesã esmerada, mas muito fa lha no campo intelectual : praticamente só sabia ler e escrever. Entretanto, todos admirarão no futuro fundador da Companhia de Jesus uma distinção no porte, na conversação, no trato, e até no comer, que revelavam a boa educação nobre que tivera.
Santo Inácio de Loyola F undador da Companhia de 1Jcsus, seus Exercícios Espirituais são o meio "mais sábio e mais universal para dirigir as aln1as no caminho da salvação" (Pio Xl) • PUNIO M ARIA SOUMEO
julho de 2002 apresentamos nesta seção a vida desse grande guerreiro de Deu s e devoto da Santíssima Virgem . Ressaltamos agora alguns aspectos dela, principalmente os Exercícios Espirituais, que levaram tantas almas à vida de perfeição.
E No momento da conversão de Santo Inácio, as paredes do castelo tremeram e ficaram rachada s
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Desejo de ganhar honra na milícia ten·est,·e Inácio de Loyo la, décimo filho de D. Beltrán Yáfíes de Ofíaz y Loyo la e de Dona Maria (ou Marina) Sáenz de Balda, nasceu em 1491 no castelo de
Loyola . Recebeu no batismo o nome de Ífíigo, em língua basca, por devoção da famíli a a Santo Enecon (Innicu s) , abade de Ofía, na região. Mais tarde, já em Pari s, o santo latini za seu nome para Inácio, por devoção a Santo In áci o de Antioqui a, e também "por ser mais universal" e "mais comum nas outras nações". lfíigo perdeu a mãe aos oito anos de idade e o pai aos quatorze. Este, tendo já vários filho s na carreira das armas, prete nde ra encaminhar o caçula para o estado ecles iásti co. Mas o menino sentia-se muito mai s fascinado pe la vida cavalheiresca e aventurosa de seus
Ífíigo "deleitava-se principalmente no exercício de armas, com grande e vão desejo de ganhar honra " - conforme confessará em sua Autobiografia (A ut. l , p. 31). 1 Essa foi provavelmente a época, de que se lamentará mais tarde, como sendo de sua grande dissipação e tibieza. Bem apessoado, falando e dançando bem , destro nas armas e nos jogos, bem -visto por todos, o que mais podia desejar? Embora em sua Autobiografia afirme que foi um grande pecador, confessou ao Padre Câmara que "nunca havia tido consentimento em p ecado mortal" (Aut. 99, pp. l 09- ll O). Ífíigo permaneceu na Corte mesmo depois de terminada sua educação. Porém, com a mo1te de D. Juan Velázquez de Cuéllar em l 517, passou ao serv iço de seu parente Antonio Manrique de Lara, Duque de Nájera e Vice-Rei da Navarra, primeiro como gentil-homem e depois como capitão de companhia. Assim, saía às vezes para alguma in-
cursão militar, mas voltava sempre à Corte, onde estava preso seu coração. Pois, segundo ele próprio afirma, tinha os olhos postos numa dama, "senhora que não era de vulgar nobreza: nem condessa, nem duquesa, mas seu estado era mais alto que qualquer destes" (Aut. 6, p.34).
Pamplona: o ca11/1011aço que mudou a História Em 1521 Ífíigo se destacaria, pelejando ani mosamente na defesa de Pamplona, sitiada pelos franceses. Numa lu ta desigual, os espanhó is foram forçados a retirar-se para a fo rtaleza, e a cidade caiu nas mãos dos inimigos. Ífíigo dissuadiu seus compan heiros de aceitar a trégua oferecida pelo capitão fra ncês, por considerá-la vergonhosa. E prepararam-se todos então para o pior. Como não tinham capelão, ele confessou seus pecados a um companheiro de armas, como era uso desde a Idade Média e o próprio São Tomás de Aquino recomendava 2, pois embora nessas circunstâncias não se receba a abso lvição sacramental , a humildade demonstrada ajuda a contrição de coração e é bem vista por Deus. Foi então que um tiro de bombarda atingi u-o entre as pernas, quebrando a direita e feri ndo a esquerda. Caindo ]fíigo, a forta leza se rendeu . O resto é já bastante con hecido: Ífíigo teve de passar longo período de restabelecimento no castelo do irmão mais velho, submeteu-se a duas penosas ci rurgias para não ficar coxo, e nas longas horas de tédio começou a ler livros religiosos, os únicos que havia no palácio. A graça de Deus fez o resto, e ele, comp letamente convertido, decidiu viver só para Deus.
Exercícios Espirituais - assistência de Deus Em Manresa (Cata lunha, Espanha) para onde se retirara enquanto aguardava os meios de ir a Jerusalém, Ífíigo foi cumulado de graças extraordinárias . Conta ele que, muitas vezes,
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sa para as adições e retoques feitos nas folhas primitivas ". 5 Por isso se pode afirmar que "Os Exercícios são um dos livros mais veneráveis saídos das mãos dos homens, porque, se a Imitação de Cristo enxugou mais lágrimas, os Exercícios produziram mais conversões e santos ". 6 Não cessou de produzir grandes f'rutos
estando em oração, via com os olhos interiores a humanidade de Cristo. Via também Nossa Senhora do mesmo modo. Ele declarou que "estas visões o confirmaram então, e lhe deram sempre tanta con_firmação dafé, que muitas vezes p ensou consigo: 'Se não houvesse Escritura que nos ensinasse estas verdades da.fé, ele se determinaria a morrer por elas só pelo que vira '". (Aut. 29) Foi nesta estadia em Manresa que, sob a inspiração do Espírito Santo e tendo como mestra Nossa Se nhora, Ífiigo escreveu os célebres Exercícios Espirituais, que tanto bem fa riam e fazem à humanidade. Na Autobiografia ele afirma que "os Exercícios, não os havia escrito todos de uma vez, mas que, algumas coisas que ele observava em sua alma e que julgava úteis, parecia-lhe serem também úteis a outros, e assim as punha por escrito" (Aut. 99). Pio Xl diz que os Exercícios Espirituais de Santo inácio são o "mais sábio e universal código espiritual para dirigir as almas no caminho da salvação e da p erfeição, fonte inesgotável de piedade, ao mesmo tempo excelente e muito sólida ". 3 Isso não teria sido assim caso não tivesse havido uma ass istência celeste especial ao seu autor, pois o Pe. Lainez afirma que, na época de sua conversão, Ífiigo era "um homem simples, e só sabia
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ler e escrever em romance" (Aut. 28, nota I O). Com efe ito, o próprio Santo Inácio, embora não se refira diretamente aos Exercícios, declara em sua Autobiografia que, em Manresa, "neste tempo, Deus o tratava da mesma maneira que um mestre de escola trata a um menino, ensinando-o; e, ora isto fosse por sua rudeza e espessura de engenho, ou porque não tinha quem lhe ensinasse, ou pela firme vontade que o próprio Deus lhe havia dado para servi-lo, ele julgava claramente e sempre julgou que Deus o tratava dessa maneira [ensinando-o]; e se duvidasse disso, pensaria ofender à sua Divina Majestade" (Aut. 27, p. 47). Quer dizer, foi com uma ajuda muito especial de Deus que ele escreveu os Exercícios. O próprio Santo, esc revendo a seu confessor em Paris, afirma que os Exercícios são "tudo o que de melhor eu nesta vida pude pensa,; sentir e entendei; assim para o homem poder aproveitar a si mesmo, como para poder.frutifica,; ajudar e aproveitar a muitos outros ". 4 Por isso um dos biógrafos de Santo Inácio afirma: "Sem dúvida, sem particular assistência de Deus, [Santo Inácio] não teria podido escrever este livro. É uma observação da bula de canonização. É também algo evidente. Esta assistência de Deus prolongou-se depois de Manre-
O Pe. Ignac io lparraguirre, S.J., na sua Introdução aos Exercícios (BAC, p. 11 6), comenta: "Se São Francisco de Sales, morto em 1622, dizia que o livro inaciano havia já operado mais con versões que letras têm, o que se deveria dizer no dia de hoje [1952}, depois de quatro séculos nos quais não cessou de produzir 'grandes frutos de santidade?'". Pelo que o papa Leão XIII, referendado e repetido por Pio XI, pôde dizer que "nesta palestra [os Exercícios] haviam adquirido ou ampliado suas virtudes todos os que.floresceram muito em doutrina ascética ou em santidade de vida nos últimos quatro séculos". 7 Co mentando essa eficácia dos Exercícios para se chegar à santidade, si ntetiza o Pe. Casa novas 8: "Não há pe,feição superior à santidade, nem nos homens, nem nos anjos, nem mesmo no próprio Deus. É a coisa de mais valor de quantas existem no mundo, e ainda, em certo sentido, é o fim para o qual encaminha Deus todas as demais coisas". O con hecido historiador alemão Johannes Janssen , diz: "Este pequeno livro, considerado mesmo pelos protestantes como uma obra mestra de psicologia de primeira ordem, tem sido para o povo alemão, para a história de sua fé e de sua civilização, um dos escritos mais importantes dos tempos modernos ". 9 Enfim, o já citado Pe. Iparraguirre comenta ainda sobre os Exercícios: "Á vista dos ex traordinários frutos que operaram os Exercícios, [. ..} chamado 'admirável' pela própria Igreja (Oficio Litúrgico de 31
de julho, lição 4". do r Noturno) [. ..} fizeram com que sempre tenham sido considerados como um dom singularíssimo e inteiramente sobrenatural f eito por Deus a nosso Santo Padre " 1º. O papel proviclencial da Companhia ele Jesus
Cabe-n os apenas di ze r a lg um as palavras sobre a Companhia de Jesus, fundada por Sa nto [nácio. "O papel dos j esuítas na ContraR eforma católica foi essencia l. Na época pareciam perdidas para o protestantismo não só a Alemanha, mas a Escandinávia, e ameaçados os Países Baixos, a Boêmia, Polônia e Áustria, havendo infiltrações da seita nc7o só na França, mas até na própria Itália. "Santo Inácio enviou seus discípulos a essas regiões infectadas, e estes.foram reconduzindo para a igreja ovelhas desgarradas até na própria Alemanha. Aí trabalharam Pedro Fabro, Cláudio l e Jay e Bobadilha. Mas o que seria o
grande apóstolo dos povos germânicos, obtendo inúmeras reconversões.foi Sc7o Pedro Canísio, que com razc7o hoje é considerado o segundo apóstolo da Alemanha, depois de São Bonifácio". 11 Os pr i111 eiros co mp anheiros de Santo Inác io e cofu ndadores da Co111panhia de Jesus presentes na Europa e na Índia fi zera111 verdadeiros prodígios. Franc isco Xavier atraía para a Igreja no Oriente praticamente ta ntas almas quanto as perdidas na Europa co m o protestantismo. Os Padres Sa l111erón e Broet trabalhava111 co111 ta nto êxito na Irlanda, que o Papa deu-lhes o títul o e poderes de Núncios Apostólicos. O Pe. Laines foi requis itado por Veneza. Posteriormente Inác io o env iou, junta111ente com o Pe. Sa l111erón, ao Co ncí li o de Trento, como teó logos do Papa, onde fora111 duas colunas da ortodoxia. Sa nto Inácio determinou a todos esses encarregados de missões elevadas que, antes de faze rem qualqu er coisa, ensi nassem a doutrina cristã pelas ru as,
servi sse111 nos hospitais, e vivessem de esmo las . Enfim , que tivessem cuidado de suas almas, para não vir a perdê-las no tu111ulto das honrarias. A morte ele um grande guel'l'eiro ele Deus
In ác io já havia sido precedido na etern idade por vários de seus pri111eiros discípulos: 1-loces, Cocl ure, Fabro e Franc isco Xav ier. Ele sabia que seria o próximo. E rea lmente, no dia 3 1 de julho de 1556, com 65 anos de idade, 30 dos quais antes de sua conversão, 19 e111 peregrinações e estudos, e 16 depois da fundação da Compan hi a ele Jesus, ele entregou sua al111a ele guerreiro católi co a Deus. In ác io ele Loyola foi beatificado por Pau lo V em 1609 e canonizado por Gregório XV em 12 de março de 1622, junta mente com seu filho espi ritu al, Francisco Xav ier, Apósto lo das Índi as, Sa nto Isidro Lavrador, Sa nta Teresa de Jesus e São Felipe Neri . • E- mail para o autor: catolicismo@terra.com.br Notas:
1. Utili zamos aqui a Autobiografia publicada nas Obras Comple!as de San lgnacio de Loyola , Bibli oteca de Autores Cri stianos, Mad ri , 1952. Esta autob iografia loi relatada ao Pe. Luís Gonça lves da Cfimara pe lo próprio Sa nto. Com um a memóri a prod igiosa, o jesuíta português, im ediatamente depo is de cada conversa, tran sc revia-a para o pape l. Santo Inác io relatou na 3". pessoa, re ferindo-se a si mes mo como "o peregrino". 2. Cfr. Pe. Candido de Da lmases, S.J., Autobiografia, BAC op.c it., p. 3 1, nota 3. 3. Encíc lica lvlens Nostra, de 25 de j ulho de 1922, apud BAC, p. 127. 4. 4. BAC, op.c it., p. 11 7. 5. P. Dudon, S. lgnace, apênd ice 11 , p. 627, apud lparraguin-e, S..I., Introdução aos Exerc ícios, BAC, pp. 128- 129. 6. De Ca uselle, Mélanges oratoires, Paris, 1876, 1, p. 225, in BAC, p. 11 5. 7. BAC, op.cit., p. 117 8. Comentaria y explanación de los é.Jercicios,
vo l. 1, pp. 23, 29, in BAC p. 117. 9. L 'A lemagne e! la reforme, Paris, 1895, l. 4, pp.
402 e 405, apud BAC, 11 8. 1O. Pe. A. Astrain, /-listaria de la Co mpanhia de Jesus en la Asislencia de Espaifo, l. 1, Madri, 1912, 2". ed. p. 160, ap ud lparragu irre, BAC, 128. 11 . Plinio Maria Solimeo, Santo Inácio de Loyola, Paladino da Co111ra-Refor111a, in Catolicismo, ju lho/ 2002.
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A nova onda conservadora suas origens •
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GREGÓRIO VIVANCO LOPES
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m fenômeno alvissareiro vem se verificando ultimamente no Brasil. Não só no Brasil, é claro, mas de modo notável nestas terras que Cabral descobriu e Anchieta evangelizou. Até algum tempo atrás, toda iniciativa político-social-religiosa era propugnada pelas esquerdas. As manifestações de rua, por exemplo, visavam pressionar por metas contrárias à civilização cristã: ataques à família e a favor de todas as formas de aborto e de eutanásia; medidas favoráveis à estatização de mais ou menos tudo; contra os proprietários; contra a classe média e as classes abastadas; contra o capitalismo; difusão de propaganda da agenda homossexual; defesa de direitos humanos entendidos de forma distorcida; campanha contra as chamadas discriminações, sempre vistas unilateralmente; derrame abundante de lágrimas pela situação carcerária dos sentenciados e críticas ácidas à polícia; e assim por diante. No campo religioso, a infiltração de ideias e práticas comuno-socialistas era levada a cabo sem encontrar oposição de vulto: pontificavam os Helderes Câmara, os sacerdotes da linha do Pe. Comblin, e outros do mesmo naipe. Depois do Concílio Vaticano II, os adeptos dessa corrente ruidosa consideraram terem chegado ao estágio da confirmação de suas teses, já libertos, por fim, da doutrina tradicional da Igreja e autorizados, ainda que de modo tácito, a avançar sem rédeas nem obstáculos pelos tortuosos caminhos do modernismo, do progressismo, do socialismo e da imoralidade sem freios. De tempos para cá, porém, ocorreu uma guinada, as coisas mudaram, e não pouco. O terreno conquistado pela corrente esquerdista - de cunho laico e socialista no plano temporal, e progressista no terreno espiritual permanece com ela, continuando a ocupar na sociedade e na Igreja uma extensão formidável; mas essa co rrente perdeu seu dinamismo, tornando-se, ao menos em grande parte, estéril. Progride ainda, mas apenas pela força da inércia, pelo impulso anteriormente adquirido, ou
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então mediante a imposição brutal de autoridades que atropelam a realidade e as situações concretas.
* * * De outro lado, irrompeu como uma flor que desabrocha no meio do pântano, como um orvalho que desce do céu, uma tendência conservadora atuante, combativa, que busca desprender-se da sociedade laica e imoral como a borboleta se desprende da larva imunda e voa para a luz e para os céus com suas belas e coloridas asas. Exemplo disso são as imensas manifestações que tomaram as ruas de cidades brasileiras em março e abril deste ano, já analisadas em Catolicismo. Essa nova tendência tende a se cristalizar, aqui e ai i, num grande número de movimentos e associações, mas não constitui privilégio ou exclusividade de nenhum deles. É algo bem mais amplo. No campo religioso, aparecem jovens sacerdotes ou 1
seminaristas ansiosos por celebrar a Missa tradicional e adotar os abençoados ritos antigos da Igreja, dispostos até a sofrer por isso incompreensões e perseguições. É tão surpreendente esse movimento a favor da tradição, que ele deixou perplexo o Papa Francisco. De fato, o Arcebispo Jan Graubner, de Olomouc (República Checa), relatou o seguinte diálogo que manteve com o Pontífice, quando de sua visita ad limina: "Quando estávamos discutindo sobre aqueles que apreciam a antiga liturgia e desejam retornar para ela, [ .. .], ele [Francisco] se pronunciou de forma muito forte ao dizer que ele compreendia quando a geração mais antiga retornava ao que havia experimentado, mas que não podia compreender a geração mais nova desejando retornar a isto ". 2 Para além do âmbito especificamente eclesiástico, proliferam os movimentos contrários ao aborto e em defesa da vida; em favor da família tradicional e do regime de propriedade privada; inconformes com as liberdades de que gozam os delinquentes; favoráveis à privatização; simpáticos ao papel da mulher no lar; advogando armas de defesa para os cidadãos honestos; e muito mais. Para não alongar essas considerações, cito apenas um depoimento de pessoa totalmente insuspeita, que se declara até simpática ao feminismo. Trata-se da atriz Marieta Severo. Lo nge por algum tempo dos palcos e estúdios, ela retornou há pouco às novelas televisivas e ao cinema, dizendo-se chocada, pois_"temos um conservadorismo no ar". Perguntada pelo repórter se se tratava de um conservadorismo político, de costumes, respondeu: "Acho que mistura tudo, e isso é o pio,: Quando você
tem um Congresso votando uma lei de maioridade penal, é o quê? É um conservadorismo político apoiando um conservadorismo social, de ideias, de princípios, de valores[ ..] Sou contra muita coisa que está em evidência e que, para a minha geração, é chocante. Há um retrocesso que nunca imaginei. Sou da década de 1960, do feminismo, da liberdade sexual, das igualdades todas. Quando você tem essas conquistas, a tendência é achar que elas estão conquistadas dali para a/rente. Quando volta esse moralismo, e esse mundo religioso começa a ditar as regras, é muito assustador [ .. .] Há espaços da mulher que foram conquistados e são sólidos. Mas há outros em que a gente não consegue ir adiante, como o aborto, que é um direito. E por quê? Por causa desse conservadorismo religioso com representação política ". 3
* * * Como explicar essa nova tendência conservadora? É claro que não se pode omitir uma ação da graça divina, obtida do Céu por Nossa Senhora. Mas por que meios a graça agiu? Que condutos ela percorreu? Plínio Corrêa de Oliveira viu e se alegrou com as primeiras manifestações de tal conservadorismo que constatou em seus dias. Não só o constatou, mas ele próprio está na raiz de grande parte dessas manifestações conservadoras que hoje atingem uma intensidade para muitos surpreendente. A luta incessante e acertada desse insigne líder católico contra os males do laicismo e do progressismo vão agora produzindo seus efeitos em larga escala. Corroborando essa afirmação, mais uma vez recorremos a um depoimento de pessoa insuspeita, por suas posições bem diferentes e até contrárias às adotadas por Dr. Plinio. Trata-se do Prof. Luís Felipe Loureiro Foresti, Mestre em História Social pela PUC-SP e Pesquisador do Núcleo de Estudo sobre Trabalho, Ideologia e Poder da PUC-SP (NETIPO). Em palestra feita em 30 de abril último no simpósio sobre o pensamento conservador brasileiro no "Centro de Documentação e Memória" da Universidade de São Paulo (UNESP), em sua sede na Praça da Sé (SP), dissertou ele sobre o papel de Plínio Corrêa de Oliveira enquanto fundamento do conservadorismo existente em nossos dias. Extraímos de um vídeo que nos foi gentilmente cedido, alguns trechos de sua elucidativa palestra. Os destaques são nossos. "Eu vou falar agora do Plinio Corrêa de Oliveira, líder, pensador católico bastante importante no Brasil e não só no Brasil. Ele é um cara que vai ter uma difusão internacional bastante forte, e é o fundador da TFP -
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assustadora desse pensamento dele, inclusive na sua totalidade, em diversos segmentos. Existe um Instituto chamado Instituto Plinio Corrêa de Oliveira, que é liderado pelo Adolpho Lindenberg, que é um primo, empreiteiro, um primo do Plinio Corrêa, que busca hoje a dffúsão desse p ensamento. " Talvez seja hoj e o grupo maior que reivindica diretamente a divulgação do pensamento do Plínio. Agora se você pegar por exemplo, grupos religiosos observadores que fazem muito barulho ... " E aqui o Prof. Loureiro Foresti cita nominalmente diversos personagens atuais, eclesiásticos e leigos, de tendência conservadora, e afirma que eles utili za m "uma argum entação tipicamente pliniana ". Mai s adiante prossegue: " Você tem desde um grupo que reivindica, de alguns grupos que reivindicam textualmente todo o pensamento dele [do Prof. Plínio] , mas o que mais chama a atenção, são essas reivindicações de segmentos específicos do pensamento dele. [... ] "Se eu foss e desdobrar vários outros indicadores plinianos (hoje em dia], a própria interpretação bastante conservadora do cato/ icismo [... ] não há uma reivindicação explicita desses referenciais. Mas ele está completc11nente imbricado. Então é muito assim que eu vejo a permanência, que é mais do que uma permanência. É um elemento constitutivo desse conservadorismo coetâneo ".
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Prof. Pllnlo Corrêa de Oliveira
Sociedade Brasileira de Defesa da Tradição, Familia e Propriedade, mais conhecida como TFP [... ] "Eu defendo que o Plinio tinha úma visão de um mundo, articulada, coerente, defendo porque acho que a realidade me mostra isso. Me permite a.firmar isso. Que.foi capaz e abula é capaz de mobilizar, tanto na sua totalidade a ação de certos grupos sociais, quando vetores desse pensamento estão presentes na ação desses conservadorismos contemporâneos. [... ] "E nos últimos anos a gente tem visto, uma retomada
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Para quem conheceu de perto Plínio Co rrêa de Oliveira, nã.o surpreende que seu pen samento e sua ação tenham se estendido tanto, quer geograficamente falando, quer no tempo, através dos anos e das décadas. É próprio dos grandes homens fazer esco la, e exercer uma influênci a que vai muito além do círculo de seus discípulos mais próx imos. Hoje em di a, essa influência é palpáve l. Como ela se fa rá no fl.1turo? Qual futuro? "Para além da tristeza e das punições supremamente prováveis, para as quais caminhamos, temos diante de nós os clarões sacra is da aurora do Reino de Maria ". 4 Reino de Mari a previsto por São Luís Grignion de Montfort em sua admiráve l obra Tratado da Verdadeira Devoção à Santíssima Virgem. • 1. Ed içflo dcabril de 20 15. 2. Bl og Rora te Caeli (edição em inglês), 14-2-2014. 3. O Globo, 19-5-20 15, destaqu e nosso. 4. Plín io Corrêa de Oli ve ira, "Fátima, 1111111a visão de coni1111to ", in Catolicismo, maio de 1967.
Foie gras
e irracionalidade O
s gregos antigos ficaram conhec idos como os pi oneiros da fil osofia ; os romanos pelo seu corpo de leis; os medieva is pelo seu cri st iani smo autêntico , qu e inspirou a filosofia esco lástica e a arte gótica. Os séculos futuros pod erão class ifi ca r nossa época como a da irracionalidade total. A cada di a se nos impõe uma nova insensatez. Seja nas modas, no pl ano intelectual, nos costumes, nas leis que vão send o aprovadas. Ev idências de furar os olhos e sobre as quais se assentaram durante milênios todas as civili zações, mesmo as mais diferentes e até opostas, são agora alegremente (ou i111 bec iImente) contestadas, apesa r de deco rr rcrn da própria natureza das coisas Não, caro leitor, não vamos fa lar aqui da teoria de gênero. Poderíamos nos refe rir a ela, mas não é o nosso tema de hoje. Vamos tratar de um assunto culin ário, pois até lá chega a irracionalidad e. Trata-se da proibição do.foie gras (fígado gordo), urn a iguaria muito apreciada. O que 6 o .fhie gras? É um patê gorduroso feito com o figado dil atado de patos , ga nsos ou marrecos. Essa dil atação pode se r o rc ·ultado orgâni co de um a ave que se alimentou a se u bel-prazer e engordou muito, como pod e ta111bé111 se r induzid·1, fozcnd o com que as aves sej am submetidas a u111a vida conf1n ada co111 alimentação forçada . Quem não gos ta de uma ca mada de.foie gras no pão, seja no caf6 da manhã ou como antepasto? Seri a um erro achar que é urn a iguaria apenas dos ricos. Quantos ca mponeses por esse mundo afora, e não só na Fra nça, cri adores de aves, se benefic iam de vez cm quando dofoie gras ex traído de um de seus ani mai s mais gordos! Pois b ·m , agora a Câ mara Municipal de São Paul o aprovou um a lei proib indo o consumo de.foiegras ! Ele decorreri a de um u ·ru cidade para com as aves ! Néo vamos nos deter no aspecto lega l, pois u111a lei desse tipo só teri a sentido se promulgada no âmbito federa l. É ridícul o obri gar o pauli stano a des loca r-se até um municípi o vi zinho, ·orno Guarulhos ou São Caetano, por exem plo, para crvir-s • dc fo ie gras. S · •u ndo hi storiadores, os pri111eiros.foie gra.1· datariam de três mil anos antes de Cri sto e teriam ido detectados pelos eglp ·ios cm gansos selvagens, imi grado às margens do ri o Nil o. Os eg ípcios concluíram que algumas espécies de aves
migratóri as poderi am se supera limentar naturalmente, para conseguir sobreviver durante o inverno, ou para enfrentar longos trajetos migratórios. Eles começaram então a desenvolver a prática da engorda dos ga nsos, de maneira a obter o.foie gras. O.foie gras também é citado na época romana. Horácio descreve um magnífico banquete, no qu al o fígado de um ga nso branco engordado com figos estaria no menu . O chefe de cozinh a Gabri el Matteuzzi, fo rmado na Escola Hofmann, em Barcelona, exp li ca qu e a engorda ou confinamento de animais não se apli ca apenas aos patos e ga nsos, mas ta mbém aos bovinos, galinhas e perus, para que deem mais ca rne. " Vamos proibir tudo isso ? Vamos proibir a pesca de arrastüu, parque prejudica nossa.fauna marinha? [.. .] Essa lei abrirá precedente para jitturas leis? Ou simplesmente estamos perdendo nosso poder de livre-arbítrio? " questiona ele. ("Fo lh a de S. Paulo", 23-5- 15) A esta altura, o leitor talvez esteja se perguntando o que tem a ver esse tema com a seção " Por que Nossa Senhora chora". Tem muito a ver, pois a proibi ção do.foie gras é mais um exempl o da influência deletéria exe rcida por certa corrente eco logista radi ca l que nega o prece ito bíblico de que os animais deve m estar submetidos ao homem e servi -lo. Para essa corrente, haveria uma igualdade de direitos entre homens e animais, o que é frontalmente contrári o á ordem da Cri ação e ofende o Criador. Relata a Sagrada Escritura: "Então Deus disse: 'Façamos o homem à nossa imagem e semelhança. Que ele reine sobre os peixes do mw; sobre as aves dos céus, sobre os animais domésticos e sobre toda a terra, e sobre todos os répteis que se arrastem sobre a terra "' (Gen. 1,26). •
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transformando-a num centro desse movimento, que se estendeu por todo o sul da Alemanha. Primeiro Sábado do mês.
5 Sa nLa Gocloleva, Mártir da fidelidade co njuga l
F'esLa do Preciosíssimo Sa ngue (No ca lendário tradicional)
SanLo Aarão, LeviLa + Palestina, 1250 a.e. Irmão de Moisés, foi seu porta-voz junto ao faraó por ocasião das tentativas de libertar o povo hebreu do cativeiro no Egito. Moisés dec larou-o, por ordem de Deus, o primeiro e Supremo Sacerdote da Ordem levítica.
2 (No ca lendário tradicional, VisiLação ele Nossa Senhora) SanLo OLon de Bamberg, Bispo e Confessor
+ Holanda, 1070. Todo o amor e a consideração aparentados pe lo marido antes do casamento pa ssa ra m , por in sti gação da mãe deste, ao ódio e aos maus tratos. Para manter a paz dom éstica e obter a conversão de seus perseguidores, resolveu so fr e r tudo pacientemente, com es pírito sobrenatural. Foi mandada enforcar pelo marido que, para não se comprometer, pretextou uma viagem. Depois, moído de remorsos, confesso u o crime e foi exp iar seu pecado num co nvento.
6 Sa nLa Maria GoreLLi , Virgem e Márt ir.
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+ Alemanha, 1139. "Na época
São Pa nLeno, Confessor·
da querela entre a Igreja e o Império, Oton, por sua correção e lealdade soube servir sem choques a corte imperial e a Sé Apostólica. Pregou o Evangelho aos povos da Pomerânia e da Germânia do Norte" (do Mar-
+ Alexandria, séc. 11. " Varão apostólico, repleto de sabedoria, tão grande era seu zelo e amor pela palavra de Deus que, abrasado de.fe e piedade, saiu a pregar o Evangelho de Cristo aos povos que habitavam os mais remotos confins do Oriente " (do Martirológio Roman o).
tirológio Romano-M onástico).
3 São Tomé, ApósLolo. São Leão li , Papa e Confessor + Roma, 683. E loquente pregador, notáve l por seu amor à música e sua caridade para com os pobres. Confirmou o Ili Concílio de Constantinop la e foi elogiado no Liber Pontifica/is por suas qualidades naturai s e virtudes cristãs. Primeira Sexta-Feira do mês.
4 SanLa Isabel, Rainha de Portugal, Viúva. São Guilherme Abade, Confesso,· + Alemanha, 1091. Introduziu a reforma cluni acense em sua abadia de Hirschau , na Baviera,
sua mãe, Sa nta Felicidade, os sete irmãos - Januário, Felipe, Félix, Silvano, Alexandre, Vital e Marcial - enfrentara m o martírio sob o imperador Antonino.
11 São BenLo Abade, Confessor.
12 SanLos Na rbor e Félix, Má rt ires + Itá lia , séc. IV. Estes doi s so ld ados irm ãos, de origem afr icana, sofreram vários tormentos sob M ax imiano, sendo por fim degolados.
13 São Silas, Con fessor + Macedô ni a, séc. 1. Foi designado pelos Apóstolos para acompanhar São Paulo e São Barnabé em suas pregações aos ge nti os. "Cheio da graça de
Deus, exerceu .fervorosamente o ministério da pregação " ( do Martiro lógio).
'14 São Iléraclas, Bispo e Con fessor
+ Egito, séc. 111. Es tudou na Escola de Alexandria, tornando-se depois bispo dessa cidade. Sua gra nde fama atraía à Sé epi scopal mui tos eruditos, desejosos de conhecê- lo.
15
São Procópio, Má rt ir + Palestina, séc. IV. Prime ira ví-
São BoavenLura. Con fessor e DouLor da Igreja
"era originário de Jerusalém e vivia como asceta. Sua cultura pro.fana era fraca, mas a palavra de Deus era sua força. Foi decapitado após ter confessado valorosamente sua.fé " (do Martirol ógio Romano-M onástico).
9 Sa nLa Pa ulina do Coração J\goni za nLe ele Jesus.
10 SeLe Irmãos MárLir·es + Rom a, séc. li . Exortados por
17 Bea Lo l mício ele Azevedo e 39 Companheiros, Má rt ires cio Brasil. SanLa Marce lina, Virgem + Milão, séc. IV. Irmã de Santo Ambrósio, recebeu o véu das vi rgens das mãos do Papa Libério, na Bas ílica de São Pedro, em 353.
18 SanLa Sinforosa e l'il hos. Má rt ires + Itália, séc. lll. Esposa do mártir São Getúlio, também morreu pela fé cató lica juntamente com seus sete rilh os, rescê nc io , Julião, Nemé s i , Prim iti vo , Justino, Es tácio e •ugê nio.
IH SanLO /\ mlw6sio AuLperL, Conl'cssor +Fra nça,sé. V III. "Oficial da corte d , P pi110, o Breve. Foi preceptor lo .fi1/11ro imperador Carlos Mogno, ntrnndo logo depois pam a abadia de São Vicente, no ducado de Benevento. Autor m11ito apr ,ciado na Idade Média, ,,,·cr ' v ' " vários comentários da Sagrada Escritura e várias ohras litú, g icas e hagiográfirns " (do Martirológio
São João Ll oycl , Mártir
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+ ln g la te rra , 167 9. N atural do País de Ga les, estudou em G uent e Valladolid , o nde fo i ordenado. Voltou a seu p aís para da r ass istênc ia aos ca tó li cos, mas fo i preso e condenado à morte como padre c landestino, juntamente co m São Philip Eva ns. Foram ca noni zados entre os 40 Mártires da Ing laterra e País de Ga les.
23 Santa Brígida, Virgem. São João Cassiano, Confessor
São CelesLino 1, Papa e Confessor + Roma, 432. Romano de nascimento, fo i atra ído a Milão pela sa ntidade de Sa nto Ambrósio. Eleito Papa, combateu as heresias de Nestório e Pelágio, convocando para isso o Concílio de Éfeso, que proclamou a maternidade divina de Nossa Senhora.
28 Sa ntos Ml:Íltires ela Tebaicla + Egito, séc. lll . Mártires que padeceram sob os imperadores Décio e Yaleriano, suportando os ma is div e rso s torme ntos. A um de les, " brandamente
+ França, 432. Provençal, fezse monge em Belém e depois viveu 15 anos co mo eremita no Egito. Ordenado sacerdote, fixo u-se em Marse lha, onde fundou diversos moste iros, nos quais implantou o ascetismo e a espiritualidade dos monges do Egito.
sendo depo is martiri zado (do Martiro lógio Romano).
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2H
São Cllarbel Maklouf, Conressor. São João BosLe, Már'Lir
São Lobo, Bispo e Confessor
ligado a uma a/catijà de.flores, chegou-se uma desavergonhada prostituta para o provocar à luxúria. Ele, porém, cortou com os dentes a própria língua e cuspiu-a no rosto da sedutora ",
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8 tima da perseguição do imperador romano pagão Diocleciano. Segundo o histori ador Eusébio,
do in fe rno e as livra do Purgatório mediante certas condições.
+ Lyo n (Fra nça), 1274. Discípulo de São Francisco de Assis, distinguiu-se po r s ua sabedoria e piedade. Seus escrito , cheios de un ção sobrenatura l, lhe valeram o títul o de Doutor Será.fico. Gera l dos franciscanos e ca rdea l, morreu em Lyon durante um concílio.
J(j Nossa Senhora cio Cmmo Festa prescrita a toda a lgreja por Bento Xll em 1726, para agradecer a Nossa Senhora pelas extraordinárias graças conced idas à Ordem do Carmo e a todos os seus servos que usam o escapulário, o qual preserva as almas
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Romano-Monás ti co).
20 Srni t.o 1,:11:is. Pr•ofeLa .
21 São Lrn11 •p11ço de Brinclisi, Confessor e 1>0111or da Igreja
+ Jng late rra, 1594 . Frequentou a Universidade de Oxford e co nverteu- se ao ca to li c ismo em 1576. P a rtiu depo is para a França , onde fo i ordenado. Designado para as missões ing lesas, atendeu os católi cos do no'rte do país. Descoberto, fo i enforcado e esqu artejado, morrendo assim g lori osamente pe la fé católica.
25 São Tiago Maior, Apóstolo + Séc. I. Irm ão de São João
+ Lisboa , 1619. Re ligioso capuchinho i1 11 liano, pregou durante 20 anos nu Itál ia e na A lemanha, sendo u11 1cios mais temíveis advers{1rios do protestantismo em sua época. lláb il diplomata, fo i encarr · •udo pelo Papa de delicadas 111issões, fa lecendo nesse excr ·k io cm Portuga l. De ixou vária s obras de controvérsia e exc \s ·.
Eva nge lista, foi um dos três Apóstolos presentes na Transfiguração e na Agon ia do Horto. Prego u na Jud é ia , Sa m ar ia e Es pa nh a . Seu sepu lcro e m Composte la fo i um dos ma is fa mosos lugares de peregrinação da Idade Méd ia. Patrono e protetor da Espa nha, é conhecido como Santiago M ata mouros.
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~11111 11 Mur'ia l\ladalena, l'Cllil,('rllC.
São Joaq ui m e Sa nta Ana, pais de Mrn•ia Santíssima.
+ França, 478. Bispo de Troyes, esteve na fnglatem1 com São Germano combatendo o pelagianismo. De volta a seu país, fo i retido como refém por Átila, o bárbaro rei dos hunos, sobre quem exerceu benéfica influência.
Santa JuliLa, MárLir + Ásia Menor, 305. Rica viúva de Cesareia, tendo sido fraudulentamente despojada de toda a sua fo.rtuna por um dos principais da cidade, reso lveu processá-lo. Intimada durante o processo a sacrifi car aos ídolos para obter a restituição de seus bens, preferiu pe rd ê- los , bem co mo a vida tempora l, para ganhar a eterna.
31 Santo Inácio ele Loyola, Confessor. (Vide p. 40)
Nota: Os santos aos quai s já fizemos referência em ca lendários anteriores têm aq ui apenas seus nomes enunciados, se m nota biográfica.
Intenções para a Santa Missa em julho Será celebrada pelo Revmo. Padre David Francisqu ini , nas segu intes intenções: • Pelas intenções particulares dos leitores de Cato licismo, para que todos tenham uma devoção cada vez ma is intensa a Nossa Sen hora do Carmo (co memorada no dia 16 de julh o) e ao santo escapu lá ri o. Também para que seus filhos e netos possam receber uma educação auten ticamente cató lica qu e os proteja do ensin a im ora l cont ida, por exemp lo, em certas cart ilh as distribuídas em estabe lec im en tos de ensino.
Intenções para a Santa Missa em agosto • Pedindo à Santíss ima Virgem q ue uma crescente reação de pa is e mães de famí lia cons iga impedir o ensino da absurda " Ideolog ia de Gênero" nas esco las. Pelos méritos da Assunção de Nossa Senhora aos Céus, re zaremos também pelo forta lecimento da in stituição fam iliar, tão vu lnerad a pe los ataqu es da propaganda imora l.
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Chamado ao Heroísmo! SÉRGIO MIGUE L DE ÜUVEIRA
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endo como tema o Heroísmo cató li co, a Ação Jovem pela Terra de Santa Cruz pro moveu em Brasí lia mais uma j ornada de estudos, orações e sadi o lazer, com a presença de 42 parti cipa ntes. O evento ocorreu por ocasião do fe ri ado de Corpus Christi, entre os dias 3 e 7 de junho. Os j ovens fo ram di stribuídos em três turm as, de aco rdo com a idade: na primeira prepondera ram os fa tos hi stóri cos, como a conqui sta de Ceuta e a vida de Santa Joana d ' Are; a luta contra-revo lucio nári a no Bras il e o perfi l de um cató li co autênti co fo ram algun s dos te mas da tur111a B; por fim , para os integrantes da turma C, as pa lestras fo ram baseadas em ensin amentos do Prof. Plini o Corrêa de O live ira sobre o modo co1110 um verdade iro cató li co pode ass umir, sem arm as, o espírito de ca va lari a para enfrentar vitori osa mente as dific uldades surg idas no 111undo de hoj e, revo luc ionári o e neopagão. Houve também proj eções de audiov isuais (como a atua l situação ucra ni ana), encenações teatrai s e a rea li zação de um torn eio 111edi eva l. C hamou espec ial ate nção dos j ovens o canto do O fic io Parvo de Nossa Senhora e a rec itação so lene do te rço, em cerim ôni a rea li zada à luz de toc ha , em que alg uns participantes portava m uma imagem de Nossa Senhora de Fáti111 a. Como gran finale, teve luga r um " banquete medi eva l" à luz de velas. Todos sa íra m entusiasmados e di spostos à pra ti ca do heroísmo cató lico.
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CATOLI C ISM O
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João Gabriel Borges M., 15 anos Eu tinha uma dúvida sobre a finalidade do movimento fundado por Dr. Plinio. Uma palestra sobre esse tema me satisfez, bem como outra sobre o modo de agir diante da Revolução. Foi muito bom!
E-ma il para o autor: cato li cismo@ terra.co m.br
Hugo Alves, 14 anos A parte que mais apreciei foi o Ofício de Nossa Senhora, realmente muito belo! Também atraiu muito minha atenção o torneio medieval.
Vinícius Durvalino, 19 anos • Foi tudo muito bom, tendo gostado principalmente da reunião sobre os falsos modelos de heroísmo, como o nazifascista e o comunista, em oposição ao verdadeiro heroísmo personificado por Nosso Senhor Jesus Cristo.
Davi Azevedo, 15 anos Gostei muito do documentário sobre a Ucrânia, mostrando a reação das pessoas, quando o presidente anterior tentou entregar o país à Rússia. Os ucranianos lutaram como cruzados!
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Em C uritiba, nos mesmos d ias, rea lizou-se outro aca mpamento, cuj o tema fo i "C hamado à Ca va lari a", no qua l comparecera m 25 j ovens. Hi stórias de mil agres euca rísti cos, prova ndo a Presença Rea l de Nosso Senhor Jes us Cri sto no Sa ntíss imo Sacramento, e o exempl o de heroísmo na v ida de São Luís IX, Rei de Fran ça, fora m a lgun s dos te mas tra tados. Mas a reunião que os j ovens julgara111 rea l111ente marcante .fo i uma ex pos ição so bre o papel do ambi ente na fo rmação da soc iedade, com ex ibi ção de ilustrações a lusivas ao desenvo lvimento de uma cidade, desde Idade Méd ia até nossos di as. Em u111 dos di as, todos tivera 111 a oportunidade de co nfessa r-se e ass istir à Sa nta Mi ssa em ca pela próx ima, segundo o ri to de São João C ri sósto mo, frequentada por descendentes de ucrani anos.
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As pa lestras de encerramento de ambos acampamentos ve rsa ram sobre a importância da devoção a Nossa Se nhora, segundo o Tratado da Verdadeira Devoção a Santíssima Virgem, de auto ri a do gra nde apósto lo mari ano dos sécul os X VII /XVIII , São Luís Mari a G ri gni on de Mo ntfo rt. Apresença dos menores de idade contava co m autorização dos pa is o u responsáve is. •
Depoimentos de alguns dos participantes mais jovens
Jorge Luiz Muraro, 14 anos O banquete medieval foi muito atraente, possibilitando conversas superinteressantes. Foi o que mais chamou minha atenção.
Luan Z. Fernandes, 15 anos Fiquei muito impressionado ao assistir a reunião sobre a decadência da humanidade. Que diferença do mundo de hoje para a Idade Média!
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JU LHO 2015
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■ PUNIO CORRÊA DE OLIVEIRA
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f§e alguém dissesse que o tigre é o rei das selvas, não diria a verdade. Por quê? Porque não é, por sua natureza, um dominador, um animal dotado de instinto para comandar. Ele pode ser admirado, mas por outros atributos. O tigre é um explorador de oportunidades, um aventureiro que sabe aproveitar as ocasiões. É dotado de força e se impõe. Mas sua força é a do músculo. Alguém poderia perguntar: "Mas, o tigre então seria como que um ' proletário' do reino animal?" - O tigre é um grand seigneur que se impõe à admiração, mas não postula a obediência. Ele se impõe pelo medo causado devido a seu modo de ser. Quem o vê passar com aquela cara e seu modo de pisar cauteloso, é inclinado a pensar: ele pode aprontar alguma surpresa! Apesar de ser um animal irracional, o tigre revela um sentimento que parece fixar nossos olhos. O leão não, mas o tigre causa-me a impressão de mirar nossa vista. Se eu começasse a pensar como enfrentar um tigre, desviaria os olhos dele, porque me parece que o animal perceberia as minhas cogitações. Eu sorriria para o tigre? Também não, por medo de lhe apresentar uma fisionomia variegada que o impeliria a me atacar. A primeira medida que eu tomaria diante dele, caso não pudesse fugir, seria externar a maior imobilidade e tranquilidade, qualquer que fosse o risco, até colocar-me jeitosamente numa posição segura. Essa é a agilidade do tigre, que antes de tudo simboliza a agilidade de percepção no espírito humano. Ele parece captar as coisas fugazes , os matizes, os perigos e os movim entos. Diante disso, tem-se a impressão de que o tigre percebe como vai ser atacado. O leão não, nem olha o adversário que está enfre ntando, como é própri o ao rei dos animais. E le ataca e o liquida. O tigre denota a agilidade ali ada à surpresa. Uma das mais elevadas fo rm as de agilidade é saber empregar a surpresa. Quando ele anda devagar na fl oresta, sua aparência é a de que não percebeu a presa e que se afasta dela. Quando a presa imagina que ele está indo embora, o ti gre vira-se e pul a em cima da vítima. E le como que fin ge para poder atacar com segurança. orno muitas co isas na vida, cabe a nós muita vigil ânc ia para di scernir esses dotes instinti vos da fe ra. •
Excertos de conferência proferida pe lo Prof. Plínio Corrêa de Oliveira em 15 de setembro de 1988 . Sem revisão do autor.
, PuN10
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Ecologia e tribalismo: nova face do comunismo
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om a controvertida Encíclica Laudato Si do Papa Francisco ganharam certa notoriedade teses de ecologistas radicais, que se encontravam desprestigiadas e refutadas por abalizados cientistas com sólidos argumentos e experiências. Sobre as metas do movimento ecológico-tribal, transcrevemos a seguir uma análise e previsão feitas por Plínio Corrêa de Oliveira numa palestra (12-7-92) por ocasião da ECO-92- Conferência sobre o Meio Ambiente promovida pela ONU no Rio de Janeiro em meados de 1992.
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"Na EC0-92, cientistas disseram que a Terra estava ameaçada gravemente nas suas condições de atender à sobrevivência dos homens. Isso porque, segundo eles, o modo como os homens têm exercido o domínio sobre a Terra é próprio a depredar o planeta. O que resultaria numa catástrofe, numa espécie de fim de mundo. Afirmaram eles que é prec iso uma mudança radical em nosso estilo de vida e adotar o modo de vida indígena - uma vida tribal , como modelo do comportamento humano perante a Terra - porque estaríamos destruindo o planeta. Entretanto, outras sumidades do mundo científico, que estudaram profundamente os problemas ecológicos, protestaram contra isso e provaram cientificamente que a hipótese catastrofista não era verdadeira. Segundo o Gênesis, o homem é o rei do Universo, criado por Deus para o homem . Os seres de natureza inferior (minerais, vegetais e anima is) foram criados para servir o homem . Mas a Revolução (conforme a concepção definida no livro Re volução
-CATOLICISMO
UMARI
RRÊA oE ouvE1RA
e Contra- Revolução) é contrári a a todas a· supe rioridades , a todas as de ig ua ldades; logo, a todas as autoridades. A Revolução gnóstica e igualitária qui s derrubar a autoridade ecles iástica por meio do protestantismo; a autoridade civil , por meio da Revolução Francesa; e, com o comunismo, destruir as desi gualdades econômicas e sociais. Atualmente pretendem implantar o estágio último dessa Revolução. Assim , nasce uma desconfiança de que a ecologia - como apresentada na EC0-92 - é o comunismo metamorfoseado. Não estará o comunismo passando por uma transformação, que será a última etapa da Revolução? Nessa etapa, a Revolução coloca o homem a serviço de a lgo inferior a ele, contrariando, portanto, a ordem hierárquica estabelecida por Deus na Criação. Àqueles que dizem que o comunismo morreu , a resposta é: 'Aqui está a nova cara do comunismo!"'. •
J\COSTO clc 201 5
Nº 776
Papa Francisco na Bolívia
2
Excmnos
4
CARTA DO Dm1◄:To1~
5
A
8
CommSPONDl~:NCIA
PALAVRA DO SAc1,:1mon,:
1O A 12
REAUDADR CON(:ISAMl◄:N'l'E
DES'l'AQtm
15 Pon
ConsÍderações sobre a vjsita do Papa à Bolívia
()Ui◄: NossA SENIIORA C11m~A
16
EN·m1◄:v1sTA
21
lNl<'<>RMA'l'IVO RUR/\l,
24
VAmi◄:DADJ◄:s
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CAPA
37 IN
Redução da maioiidade penal
Reações conservadoras
Anjos - seguros aÍÍados para nossa salvação
MEMOIU/\M
A voz católica repercute no País
38
VmAs DE SANTOS
48
AçAo CoN·1·1u-Ri,;vou1c10NÁIUA
São FeÍÍpe Neii, VcentenárÍo do nasdmento
52 AMmEN'l'ES, Cosn1i\n:s, C1v11,1Mç<ms PecuHarÍdades admÍráveis da rosa e ela orquídea
Nossa Capa:
A Milícia Celeste - Ridolfo di Arpo Guariento, séc. XIV. Museu Cívico de Pádua, Itália.
AGOSTO 2015 -
Monsenhor JOSÉ LUIZ YILIAC
Caro leitor,
Catolicismo já se ocupou algumas vezes do tema dos Santos Anjos. Entre-
Diretor: Paulo Corrêa de Brito Filho Jornalista Responsável : Nelson Ramos Barretto Registrado na DRT/DF sob o nº 3116 Administração : Rua Visconde de Taunay, 363 Bom Retiro CEP 01132-000 São Paulo - SP Serviço de Atendimento ao Assinante: (11) (11) (11) (11) (11)
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Preços da assinatura anual para o mês de Agosto de 2015: Comum : Cooperador: Benfeitor: Grande Benfeitor: Exemplar avulso:
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CATOLICISMO Publicação mensal da Editora PADRE BELCHIOR DE PONTES LTDA.
tanto, como vários leitores nos têm pedido para voltar a tão interessa nte como fundamental assunto, consagramos a ele a matéri a de capa da presente edição. E compreende-se, pois na civili zação neopagã hodi erna torna-se cada vez ma is notóri a a influênc ia diabólica em todos os planos da vida humana. Na esfera pública, co m a erosão dos Estados, vítimas de proce os de corrupção; no níve l das soc iedades intermedi ári as, compostas por entid ade eco nôm icas, profissionais, educativas, c ulturai s etc., dominam interesses diametralmente contrários à moral e ao bem co mum da sociedad e c ivil ; na instituição familiar, célul a básica do conjunto soc ia l, um tufão desagregador - cuja manifestação mais recente é a tentativa ele implantação da antin atural " Ideo logia de Gênero" - visa destruir completamente o que a inda resta. Diante dessa dramática situação, alguém poderia perguntar: "Será que ao permitir todos esses ma les e não ofe recer uma ajuda vá lida para enfrentá- los, Deus nos aba ndonou?". Ou E le continua nos amparando ele a lguma for ma nessa investida ge nera li zada de demô nios co ntra aque les que desejam permanecer fiéis ao seu Criador? O artigo ele capa desta edição responde a tais perguntas. Deus não reje ito u as cr iaturas humanas, mesmo em meio às catástrofes ele nossos dias. E le sempre continu a nos favo recendo com graças necessárias e proporcionadas aos males cresce ntes que nos envo lvem. E um cios auxílios ma is poderosos para enfrenta r o verdade iro tsunami atua l ele influ xo diabólico co nsiste na atuação protetora dos Anjos, espec ialmente do Anjo da G uarda ele cada um de nós. No entanto, tal ação angé li ca vem sendo sil enciada e esq uec ida, mesmo por católicos. O artigo também comprova a tese de que não fo mos e nun ca seremos abandonados pe la Providência Divina. M as, por outro lado, Deus ex ige de nós a correspo nd ênci a às graças por Ele concedidas para res istirmos aos assa ltos do processo revo luc ionári o avassa lador e di abó li co que asso la a c ivili zação, a cultura e os costu mes modernos. Tenhamos se mpre presente que Deus concedeu a cada um de nós um Anjo ela G uarda para nos defender co ntra as miríades de espíritos mali gnos que andam pelo mundo para perder as almas, visa ndo levá- las para a morada eterna de punição e sofrimento: o inferno. Q ue essa maté ri a - um alerta para todos nós - seja ele rea l proveito para -a vida esp iritua l dos diletos le itores. Em Jesus e Maria,
9:~7 DIR ETOR
catolicismo@terra.com.br
Pergunta - Somos idólatras? Estamos caindo em idolatria? Ou estou equivocada? Sempre vejo em joalherias à venda figuras de pombas e dizem que é o Espírito Santo. Vejo também pessoas que levam no pescoço essas figuras e as adoram com muita reverência. Em uma igreja católica penduraram perto do altar principal a representação de uma enorme pomba voando. Desejaria uma resposta a respeito.
Resposta - A pergunta de nossa mi ss ivista leva nta interessa nte questão sobre o culto de imagens. De início, é preciso estabelecer bem o que entende a Igreja Católica por imagem, para poder compreender a legitimidade de seu culto. O sentido for ma l e primeiro de imagem é o de ser a represe ntação de a lgo que ex iste ou ex istiu. Assim, temos doi s tipos de imagens: de um lado as imagens naturais, qu e têm seme lhança natural com o protótipo que as inspi ram (por exemplo, a image m do rei na pessoa do herde iro do trono , que é homem como seu pai); e, de o utro lado, as imagens artifi ciais ou simbó li cas que não têm a mesma natu reza que o representado (por exemp lo, a efígie do rei nas moedas). As imagens reli giosas sã.o do segundo tipo. Também e las podem se r de dois tipos: um as representam seres dotados de corpo, como as image ns de Nosso Se nhor Jesus Cristo, de N ossa Se nhora e dos santos; e outras representa m seres puramente espiritua is, como os anjos ou o próprio Deus, que não podem se r representados como e les são em si mesmos, mas de uma fo rma pura mente ana lóg ica (po r exempl o, como em certas representações da Sa ntí ssi ma Trindade apa rece Deus Padre na fig ura de um anc ião, para exprimir sua eternidade) ou como e les apareceram para os homens (por exem plo, o Espírito Santo sob fo rm a de pomba, co mo lemb ra a nossa mi ssivi sta, porque foi ass im que apareceu no Batismo de Jes us Cri sto no ri o Jordão). Ext,cnwl' os sc11timc11tos cm atos <lc rcvcl'ê11cia A legitimidade do culto de image ns reli giosas resulta tanto da razão quanto do ensinamento de Deus e da Igreja. O fundamento racional resulta da própria noção de imagem , pois ne la há dois elementos: a matéria de qu e é
fe ita (made ira, ouro, mármore, pintura etc.) e sua forma, ou seja, a representação de uma pessoa ou de uma coisa. Ora, como bem diz São João D amasce no, "nós
veneramos as imagens, não dirigindo nossa veneração à inatéria, mas àqueles que elas representam". Ou seja, nós as honramos enquanto imagem e não enquanto co isa. Enqu anto imagem, elas não têm " personalidade" própria, elas são de a lguma maneira um só com o ori ginal. E é o original contemplado na imagem qu e desperta os sentimentos de amo r, de agradecimento, de veneração por parte do fiel. E como o fiel é um ser humano, composto de alm a e corpo, ao mesmo tempo racional e sensível, e le sente necess id ade ele extern ar os sentime ntos em atos de reve rência, oscul ando-as ou inclinando-se diante de las. Por isso, o Segundo Concíl io de Ni céia (787) ensin a
AGOSTO 2015 -
que "da mesma maneira que é justo que seja castigado quem injuria a imagem do rei, como tendo verdadeiramente injuriado o próprio rei, mesmo que a imagem não seja senão madeira com cores e cera unidas e misturadas", assim também "aquele que venera a imagem, venera nela o rei, porque na imagem estão sua figura e sua aparência".
Veneração não corresponde a um ato de adoração Por que então, principalmente os protestantes, acusam os católicos de idolatria pelo culto que rendemos às imagens? Simplesmente porque eles atribuem arbitrariamente aos nossos atos de culto uma intenção que eles não têm, pressupondo - muitas vezes de má fé - que os fiéis, ao venerar a cruz, ou uma imagem de Nosso Senhor ou de Nossa Senhora, estão fazendo um ato de adoração àquela imagem, como se fosse divina. O que não corresponde em absoluto à realidade. Como disse São João Damasceno, "se pensássemos que aquelas imagens que.fazemos são deuses, e que as adorássemos como deuses, seriamos verdadeiramente ímpios. Mas não é assim que agimos". Ele explica: "Quando se trata de imagens, é preciso procurar a verdadeira intenção daqueles que as fazem. Se a intenção é justa e reta, e se as imagens são feitas para a glória de Deus e de seus santos, pelo desejo da virtude, da fuga dos vícios e da salvação das almas, é preciso recebê-las como imagens [. ..] e venerá-las, beijá-las, saudá-las com os olhos, os lábios, o coração; quer dizer, como representações do Deus encarnado, ou de sua Mãe, ou dos santos, companheiros dos sofrimentos e da glória de Cristo". Em geral, os inimigos do culto às imagens (iconoclastas) alegam que Deus, no Deuteronômio, disse aos judeus: "Não vos deixeis corromper, .fabricando para vós imagem esculpida ". Ocorre que essa proibição deve ser entendida, não de modo absoluto, mas no sentido do contexto dessa passagem bíblica. Essa proibição se referia claramente às imagens de falsos deuses, destinadas a serem adoradas, e que os israelitas tinham visto nas casas e nos templos dos povos pagãos. O motivo da proibição era o perigo em que se encontrava o povo judeu, recentemente saído do Egito, de cair na idolatria, como de fato caiu no início da marcha pelo deserto, fabricando e adorando o bezerro de ouro. A prova de que Deus não proibiu de modo absoluto a confecção de imagens é fornecida pelo Catecismo da Igreja Católica ao dizer que "já no Antigo Testamento
-CATOLICISMO
Deus ordenou ou permitiu a instituição de imagens, que conduziriam simbolicamente à salvação pelo Verbo encarnado: por exemplo, a serpente de bronze, a arca da Aliança e os querubins" (nº 2130). Além do mais, como a lei da graça trazida pela Encarnação e a Redenção de Nosso Senhor Jesus Cristo aboliu as prescrições rituais e puramente legais da Antiga Aliança, caiu essa necessidade que havia, no tempo de Moisés, de restringir a fabricação e o culto de imagens. Por isso, já na Igreja primitiva das catacumbas, as aspirações legítimas da alma humana, enobrecidas na santa liberdade dos filhos de Deus, podiam dar plena vazão ao gosto estético, ao amor à arte, ornando com diversas representações de coisas santas os lugares de culto. A descoberta da Santa Cruz, no século IV, representou mais um convite aos artistas a representá-la e aos fiéis a venerá-la, passando a ser o primeiro objeto do qu~l a História nos conta que recebeu o culto da Igreja. Esse culto estendeu-se depois, com toda naturalidade, às representações de Jesus, de Nossa Senhora, dos anjos e dos santos, porque os cristãos estavam cada vez menos expostos ao risco de um contágio da idolatria.
Imagens piedosas, sim; amuletos preternaturais, não Do acima exposto, decorre o ensinamento tradicional da Igreja Católica, reiterada pelo Catecismo: "O culto cristão das imagens não é contrário ao primeiro man-
damento, que proíbe os ídolos. Com efeito, 'a honra prestada a uma imagem remonta ao modelo original' e 'quem venera uma imagem venera nela a pessoa representada'. A honra prestada às santas imagens é uma 'veneração respeitosa', e não uma adoração, que só a Deus se deve" (nº 2132). Se a Igreja Católica defende com tanto vigor a legitimidade do culto das imagens, é pela utilidade delas para a salvação dos fiéis. A primeira é a instrução : as verdades abstratas que entram pelo ouvido tornam-se mais manifestas e atraentes quando são belamente representadas em imagens. Em segundo lugar, elas ajudam o homem a lembrar-se dos mistérios da Religião e dos beneficios da Redenção. Dessa maneira - e esse é o terceiro motivo - as imagens excitam, alimentam e apoiam a vida cristã e a devoção, pela maneira viva com que nos representam a santidade. O Concílio de Trento assim resumiu tais vantagens do culto às imagens: "Os bispos ensinem, pois, diligentemente, com narrações dos mistérios de nossa redenção, com quadros, pinturas e outras figuras, pois assim se instrui e confirma o povo, ajudando-o a venerar e recordar assiduamente os artigos de je. Então sim, grande fruto se poderá auferir do culto das sagradas Imagens, não só porque por meio delas se manifestam ao povo os beneficias e as mercês que Deus lhes concede, mas também porque se expõem aos olhos dos fiéis os milagres que Deus opera pelos seus Santos, bem como seus salutares exemplos. Rendam, assim, por eles graças a Deus, regulem a sua vida e costumes à imitação deles e se afervorem em adorar e amar a Deus,fomentando a piedade. Se alguém ensinar ou pensar de modo contrário a estes decretos - seja excomungado". Obviamente, ao fomentar o culto das imagens, a Igreja não aprova os abusos que possam infiltrar-se entre os fiéis, sob forma de superstições, por exemplo, pela consideração das imagens piedosas como espécies de amuletos com poderes preternaturais próprios. Ou simplesmente pelas cada vez mais frequentes representações infantilizantes e de mau gosto artístico, como a imensa pomba voadora que nossa missivista deplora ter visto numa igreja. Mas nem mesmo esses abusos deploráveis tornam o reto culto das imagens ilícito ou inconveniente, conforme o velho adágio: abusus non tollit usum (o abuso não tolhe o uso). • E-mail para o autor: catolicismo@terra.com.br
AGOSTO 2015 -
mexer, nem os padres, nem os bi spos, nem o papa. São qu es tões pétreas, porqu e, do co ntrári o, a confu são vai aum enta r assustadora mente. Portanto, na minha opini ão, o Sínodo da Família de outubro em Roma não pode mexer na doutrin a ca tó li ca, so b pena de estar co labora nd o para tornar ainda mais ass ustadora a cri se na fa míli a e a confusão no Bras il e no mundo. Prec isamos elucidar as dú vidas a esse res peito enqu anto temos te mpo até outubro. E as respostas do Mons. Jo é Luiz Vill ac têm sido um exce lente fator de elucidação das dú vidas que surgem nos lares. Muito obri gado!
Co11spiração a11ti-f'a mília
121 Muito preoc upante o que temos assist id o de prog ramas qu e enfraquecem os laços fa miliares, desde as esco las com suas cartilh as imora is para cri anças, passa ndo pelas redes de TV com suas nove las pornográfi cas, até os governos com suas leis que fa vorecem a imorali dade. Tudo conspira contra a fa míli a e as cri anças são as mais prejudicadas em tudo isso. A co nspiração im oral esta generali zada e a fa míli a tradi cional não tem encontrado apoio sequer entre muitos ecles iásticos. Eles não podem contradi zer a pa lav ra de Deus. Será que ainda não se convenceram de que não é a Igreja qu e tem qu e se adapta r ao mundo, mas é o mundo que tem que se adaptar à Igreja instituída por Jesus Cri sto? Qual o obj etivo dessa co nspiração uni ve rsa l co ntra a fa míli a? Perce bo alguma res posta a essa pergunta no que di sse o Prof. Corrêa de Oli veira quando escreveu: "A fa míli a gera de per si a tradi ção e a hi era rqui a soc ial. Para abolir a tradição e a hi erarqui a, é mi ster depaupera r, esti olar, redu zir e franga lh ar a fa míli a. É o qu e muitos não sa bem ou não querem ver. .. " (B.N.N. -
RJ)
Sí11o<lo <la Família Matrimôni o e fa míli a são questões da doutrina cató li ca que não se pode
- C A T O L I C ISMO
(M.M.S.D. -
MG)
E'm delesa <la família
121 Enca minho- lhes trecho do di scurso do depu tado Mi sae l Varell a (DEM/ MG), pronunciado na Câ mara no di a 1O de junho p.p., no qual cita a ação do instituto Plínio Corréa de Oliveira em prol da fa míli a. Aprove ito para at uali za r algum as cifras fo rn ec idas pelo deputado naquela data: a peti ção abaixo mencionada já conta com 370 mil ass in atu ras, entre elas as de 6 Ca rdea is, 20 Arcebispos, 59 Bispos e numerosos sacerdotes. "A redução da maioridade penal, ora em pauta , represe nta apenas o primeiro passo para sa lva rm os toda uma geração da crimin alidade. Com efeito, o Estatuto da Cri ança e do Adolescente acabou por transformar parte signifi ca ti va de nossa ju ventude em bucha de canhão de bandos criminosos. A meu ver, o mais importa nte nessa matéri a são ações preventivas, como o fo rtalec im ento da fa míli a, po is a ed ucação vem do berço. Nesse se ntid o, um a súpli ca de fie is cató li cos do mundo in te iro - materi ali zada num abaixo-ass inado a ser diri gido ao Papa Fra ncisco - vem repercutindo na imprensa nac ional e internac ional. " Rece nte des pac ho da f rance-Press noticia que mais de 225 mil
pessoas, in cluind o 4 ca rd ea is e 22 bispos, já ass inara m essa peti ção em defesa da fa míli a. O abaixo-ass inado, em fo rma ele petição, que vem sendo estimul ado pelo Ca rd ea l ameri ca no Ray moncl Leo Burke, fo i id ea li zado em janeiro de 201 5, tendo em vista o sínodo - re uni ão de bispos - sobre a fa míli a, a e reali za r, no Vaticano, no próx im o mê ele outubro. " Aq ui no Bra il , o Instituto Plín io orréa le Oli veira tem co labora lo para o bom êxito dessa fi li al súpli ca. " Pelo texto do documento, pode-se notar a preoc up ação ma ni fes ta el e seus signatári os: 'Tendo em vis ta o Sínodo sobre a Fam ília de outubro de 2015, dirig im o-nos f ilia/mente a Vossa Santidade, para l he manifestar as nossas apreensões e esperanças sobre o fu turo da família. Nossas apreensões se de vem ao fa to de virmos assistindo há décadas a uma re volução sexual promovida por uma aliança de poderosas otg anizações, forças políticas e meios de comun icação, a qual atenta passo a passo contra a própria existência da.fam ília como célula bás ica da sociedade. Desde a chamada Re vo lução de 68, so.fi-·emos uma imposição gradual e s is temática de cos tu mes mora is contrários à Lei natural e divina, tão implacável que torna hoj e possível, por exemplo, ensinar em muitos lugares a aberrante teoria do género, a partir da mais tenra il?fância '. "Sr. Pres idente, o nosso empenho em aprova rmos a PEC ela redução da maioridade penal visa não apena aredução da crimin ali dade entre nós, mas sobretud o sa lvaguard ar a insti tui ção da fa míli a, fu ndamento da sociedade de hoj e e de amanhã. "So li cito a V.Exa. , Sr. Pres idente, autori ze a di vul gação cio meu pronunciamento no programa A Voz do Brasil e nos meios el e com uni cação desta Casa". (B .M. -DF)
li'11mlame11talismo ecológico Sua Santidade o Papa Francisco, em seu di scurso no dia 9 ele julho passado no liº Encontm dos Movimentos Sociais em Sa nta Cruz ele la Sierra, Bolívia, pronunciou a significa ti va frase "irmã Mãe Terra, como dizia São Francisco ". No fa moso "Câ nti co das Criaturas", co mp os to e m 1225 , parece qu e o Santo louva a Deus não só pela irmã e mãe terra, mas também pelo ar, pelo irm ão fogo e pela irmã água, ou seja, pelos quatro elementos fundamenta is da natureza, confo rme a visão cláss ica que perdu rava na Idade Média. (Cfr. "Os Opúsculos de São Francisco de Assis". Petrópolis, Edi tora Vozes, 1943, pág. 174 a 177). Não me parece, data vêni a máx ima, que o Santo se referisse ao planeta Terra com T maiúscul o, mas à terra enqu anto um cios elementos constitutivos da natureza, entre vários outros. Já o Papa Francisco, ao fa lar em " Mãe Te rra ", me reco rda outro fa moso jesuíta, o Padre Pi erre Teilhard de Charclin, exa ltando "Demeter; Terra Mãe " em seu OFenômeno Humano, 11" Parte, capítulo 3°, pág. 153 , da edição fra ncesa Du Seuil , 1955). De fa to, a ele o papa se refere textualmente quando diz, no nº 83 : "A meta do caminho ·do universo situa-se na plenitude de Deus, que j á.fài alcançada por Cristo ressuscitado,.fúlcro da maturação universal. " E esc larece na nota 53: "Coloca-se, nesta perspectiva, a contribuição do P Teilhard de Chardin ". É, portanto, uma visão dife rente da de São Fra ncisco de Assis, e que alimenta o fundamentali smo ecológico atual. (C.R.D.C. -
SP)
Reação à "Ideologia de Gê11ero" Nossa solidari edade ao povo itali ano. No caso do Brasil - entre outras catástrofes morais contra a fa míli a - a ideo log ia de gênero, sob o argum ento de qu e o sexo ci o indi vídu o "é um ac idente anatômi co", vai de enco ntro à identid ade sex ual masc ulina e
fe minin a; porta nto, nesse se ntido, a ideo log ia de gê nero pode in sta lar a HETE ROFOBIAdeclarada no Brasil e cri ar até situações de ex trema vi olência no caso de quem se reconhece homem ou mulher e não aceita a pecha degradante de "acidente anatômi co" e não qu er ser agredido em sua compl eição sex ual. A so lução pl ausíve l e pacífica é a mobili zação de um a ini ciativa popul ar visa ndo a uma PEC CONTRA A H ETEROFOBIA . Se não, esta remos renegados à vi olência nefasta da negação ela sex ualidade hum ana. Ora, se os homossex uais querem ser respeitados em suas opções e quem contrari a esse di scurso e ofende o homossex ual prati ca HO MOFOBlA, então, qu em contesta a natureza do sexo masc ulino ou fe minino comete H ET EROFO BI A. Solução: PEC CONTRA AH ETERO FOBIA! (J.P.O. -
BA)
Imposição i11aceitável Parabéns para os itali anos (cfr. Itália - Pais e mães indignados contra a imposição da Ideologia de Género a seus filhos). Contra essa impos ição ela chamada Teori a do Gênero é prec iso bater ele frente. Chego u a hora de os pais ele fa mília bras il eiros se pos icionarem a fav or da fa míli a, ela Lei el e Deus que cri ou homem e mulher. (M.C.-MG)
"Socialisnw reCi9ioso e socialisnw cristão são tennos contraditórios; ninguém poáe, ao mesmo tempo, ser 6om católico e vercfrufeiro socialista'' (Pcrpl-1 PLo X I)
"Tirar áos [attjíuu!iários suas fazenáas, áos indu.st1iais suas fábricas, áos 6anqueiros os capitais em cfinlíeiro efetivo; suprimir apropriecfrufe p1ivrufa e entre_gá-Ca ao povo tra6aíhaáor" (LêV\-LV\,)
"Quando a reaCicfrufe entra em conffüo com Marit:, ele áescarta a realicfrufe.11 (SrLc voegeLLV\,)
"No cfeviáo tempo, Lêrtin., Stalin e Mao Tsé-Tung puseram em prática, numa imen.sa escala, a vioCência que Marit: trazia em sm íntinw e que tran.spira em sua 06ra:' 1
(Pl-luLjOV1V\-SOV\-)
1/ogicida<lc pelista Que incoerência do prefe ito ele São Paulo, o Sr. Haclad (do PT, só podi a ser) em proibir o deli cioso .foie gras. Ele, preocupado co m os maus tratos que ca usam sofrim entos aos gansos que Deus criou para alimentar os homens, entretanto esse prefeito nunca demonstrou preoc upação com os maus tratos causados pelos abortistas que matam os bebês ainda na barriga de suas mães. Quanta in coerência, senh or prefe ito ! Seja lógico, por favo r! (N.P.S.F. -
FRASES SELEC IONADAS
"O comunisnw [no períoáo soviético] áestrniu o teciáo social áos países áo Leste. Não ft.cí mais sociecfrufe, não ft.cí mais re_gime político e as populações foram privacfas áe seu passado" (Frl-lV\-~OLS Furet)
SP)
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A REALIDADE CONCISAMENTE
f Documento desvenda infiltração militar chinesa na Patagônia
França: O Partido Socialista morreu 1 afirma analista político
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Ucrânia: Se/fies de soldados comprovam presença militar russa
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e/fies que so ldados russos di fu ndi ra m nas redes soc ia is,
permitiram identifi car o local exato de onde e las fo ram fe itas. O posicionamento GPS embutido nas fo tos levou jo rna li stas a encontra r enormes concentrações de tropas russas em territóri o ucraniano e certifi car a atividade bé lica dessas unidades em território invadido. Logo depo is a polícia russa pôs em circulação um manual de como tirar sei.fies sem incorrer em ri scos que até podem ser mortais ... •
a urent B o uvet, da Fondat ion Jean-Jaures, res umiu a situação do ma ior partido esquerdi sta fra ncês: "O PS está moribundo, o partido de Épinay [loca l onde fo i fundado] está morto". Reformas que levara m à aprovação do "casamento" homossex ual, da educação sex ual esco lar etc., levantara m uma onda opos itora que pode sepul ta r para sempre o Partido Soc ia li sta Francês. Ho llande é o pres idente ma is im popular da V República. O partido está lotado por representantes LG BT ávidos de emprego , mas o povo abandono u-o e inc linou-se para a direita. Há uma di sso lução soc io lóg ica da base do partido. Ele pretendi a atra ir a juventude e propugnar a ig ualdade e a di versidade, mas afu nda em di sputas . Segundo Bouvet, o PS está em estado terminal, e não se vê como se possa reinventá-lo sem um choque. •
ocumento de Pequim sobre o poss íve l uso mili ta r da estação espacia l que a C hina está concluindo na Patagô ni a ca usou temores na Argentina. O documento fa la de uma "linha estratégica de dt;/esa ativa " no exteri or. A emba ixada de Pequim em Buenos Aires não qui s se pro nunc iar. A obra fo i inic iada sem a aprovação do Congresso argentino e a nova estação será dirigida pelo general Zhang Youx ia. Dois deputados estadua is que tentaram visitar a base fora m proibidos de entra r porque não tinham li cença do embaixador da China. N ão há perspecti vas próx imas de um confli to militar na América do Sul com e nvo lv imento chinês, mas a ex istência de ta l base sus pe ita incl ina os espíri tos a temer seri amente esse perigo. •
D
Rússia: Governo de Putin inadimplente na Argentina ladimir Putin qualifica o governo naciona li sta-populista de C ristina Kirchner de me lhor aliado na Améri ca Latina e ass inou com ele dezenas de aco rdos militares e econômi cos. Mas a economi a russa afunda aceleradamente após a in vasão da Ucrâni a, as reta li ações do Oc idente e a baixa do preço do petró leo. O banco russo Vnesheconombank (Banco de Desenvo lvimento e Assuntos Econômi cos Exteriores, equi valente ao BNDES), que dev ia fin anciar a barragem de C hihuido, na Patagô ni a, não depositou os US$ 2,6 bilhões prometidos. O pres idente russo tinha marcado uma confe rência internac iona l para anunc iar o hi stórico empréstimo, mas teve que cance lá-l o. O fi asco fo i coberto co m uma cortin a de fum aça bu rocrática. Só fa lto u o Vnesheconombank mendi gar a ux ílios à Argentina .. . •
V
Tipo de 11 brincadeira" que atrai demônios difíceis de exorcizar... Alunos de Oxford não abandonam uniforme acadêmico
A
do lescentes desma iara m e vo mitaram em c inco escolas de M anaus, sendo socorridas em macas após uma " invocação de espíritos". E las dizem ver demôni os e acham que e les tomaram conta das esco las. O ritual para "conversar" com o espírito "Charli e" é ensinado na internet. Houve casos análogos em outros países com a infe rnal brincadeira "Charlie". O Pe. Stephen M cCarth y escreveu uma carta a be rta aos a lun os d a esco la superior São João Neumann e Santa Maria Goretti de Philadelphi a, E UA, ex pli cand o que . no j ogo se ape la a uma " manifestação demoníaca". "Não existe 'brin-
o
cadeira inocente com demônios'. O problema é que vocês abrem uma janela aos espíritos infernais que depo is não é fácil fechar ", di sse o sacerdote, numa a lusão à possessão di abó li ca. •
CATOLICISMO
a Universidade de Oxford (Inglate rra) nas ocas iões importantes os a lun os usa m o bri gatori amente o academic dress, e no qu otidi ano o su~fusc, semelhante ao fraque. O jornal dos estudantes "T he Oxford Stu dent" entrev istou os alunos sobre a possibilidade de se abo lir esse traj e, vestíg io medi eval, adaptado através dos séculos. Sete de cada dez respo nd eram que não desej ava m renunc iar ao uni fo rme tradicional. Oxford é um laboratório do fu turo, da modernidade e do progresso, mas continua sendo um zeloso cul tor do antigo bom gosto. O diári o milanês " li Corri ere della Será" fez a seguinte constatação rea lista: "Quem disse que as novas g erações são alérgicas à
N 11
Ruído de sabres nucleares" russos denunciado pela OTAN
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secretá ri o para as Relações Exteriores da Ing laterra, Philip Hammond, ave ntou a hipótese de insta lar mísseis nucleares ameri canos em seu territó rio em resposta à movimentação de mísseis atômi cos por parte da Rússia. Putin respondeu que a Rúss ia apontaria suas armas nucleares contra a OTAN. O pres idente O bama, que habi tualmente adota as posições me nos categóricas do momento, ac usou Vladimir Putin de "procurarfc1zer renascer a glória passada da V RSS, arriscando arruinar a economia de seu país ". O líder russo anunc iou que "neste ano serão implantados mais de 40
novos mísseis balísticos intercontinentais, capazes de burlar os sistemas de def esa antiaéreos mais sofisticados ". Para a OTAN , há "ruído de sabres nucleares " na Europa Centra l. •
Coliseu romano restaura elevador que alçava as feras para a arena Coliseu de Roma foi um estádio para apresentação de espetáculos cruéis como o martírio dos cristãos , luta de gladiadores entre si ou contra animais ferozes não raro até à morte. Agora , 1.500 anos após os últimos espetáculos, foi refeito o elevador no qual as feras eram levadas à arena a fim de protagonizarem as perversas cenas para o imperador e 50 mil pessoas assistirem. "Um dos atrativos para tanta gente ir ao Coliseu era a violência incrível que nele se praticava. Como é que uma cultura avançada como a romana se regozijava com esses espetáculos sanguinários?" [contra cristãos], perguntou Gary Glassman, que filmou o documentário do elevador restaurado . Esses mártires estão no Céu . Que juízo eles farão sobre a atual perseguição anticristã que volta a provocar uma imensidade de mártires e vítimas em tantos países?
O
Pret'eito espanhol só fez o juramento na presença do tradicional crucifixo
prefeito recém-eleito da cidade de Brunete, na periferia da capital espanhola, recusou fazer o juramento de posse sem a presença de um crucifixo! Por influência da cristofobia , o crucifixo havia sido removido da mesa do juramento, instalada na Plaza Mayor da cidade . O novo prefeito, Borja Gutiérrez lglesias, enfrentou o anticatolicismo interrompendo o juramento e perguntando _ dj.: , em alta voz "onde está GUTIÉRREZ, "RECLI\ MIIR EL C~UCIFIJO o crucifixo?" Sua atitude FUE UN OESTO DE CORIIZO N" corajosa e coerente em relação à fé católica foi ovacionada pelo povo presente. Uma funcionária municipal trouxe às pressas o crucifixo e, assim, o novo prefeito repetiu o juramento enfrentando a ditadura cristofóbica .
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tradição ? Tradição é tradição e as novas gerações gostam dela ". •
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DESTAQUE
' ALEJANDRO EZCURRA N AóN
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hávez morreu, Fie/e/ está doente. O Francisco tem assumido esse papel de liderança, graças a Deus. Ele tem acertado todas ", vangloriou-se o líd er marxista João Ped ro Stédil e, do Mov im ento dos Sem-Terra (MST) e um dos orga ni zadores do " Encontro Mundial cios Movimentos Populares", rea lizado em Santa Cruz de la Sierra durante a visita papal à Bolívia (foto acima). 1 Por sua vez, o presidente soc iali sta boliviano Evo Mora les di sse na mes ma ocasião que o Papa " Veio para apoiar o processo de libertação" e sua pregação "eu não sei se é comunismo, mas é socialismo ".2 Ca usa rea lmente estupor observa r que, no momento em que as forças revolucionári as demolidoras da famí lia e da propriedade vivem uma duríssima cri e, marcada pela perda de apoio popular e pela fa lta de Iíderes ele estatura, suas esperanças parecem estar nada menos cio que
CATOLICISMO
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no Papa Francisco, sendo que o Papado é a instituição defensora por excelência da harmon ia social que elas desejam destruir. Tais forças co loca m o Papa Fra ncisco como sucessor cios próceres máxi mos cio marx ismo na América Latina. E o Pontífice, por sua vez, apa renta dar largas a essa ex pectativa ao se aprese ntar novamente a um enco ntro cios chamados " Mov im ento s Populares", desta vez em Sa nta Cruz ele la Sierra no dia 9 de julho. Ali ele fez um discurso, no qual não abordo u qualquer tema espec ificamente religioso - como era de se espera r ele um Vigário de Cri sto - conce ntrando-se em fustigar o capitalismo e a propri edade privada: "A casa comum de todos nós está sendo saqueada, devastada, vexada impunemente"; "Está-se a castigar a terra, os povos e as pessoas de.forma quase selvagem·•; "este sistema é insuportável" ; "não basta deixar cair alguma · gotas, quando os pobres agitam este copo que, por si só, nunca derrama " etc. 3 Suas palavras foram ovac ionadas por líderes marxistas e seguidores ela
Teolog ia da libertação , entre os quais, segundo relata o site "Destaq ue Internacional", "o presidente socialista Evo Morales - que se apresentou ao Papa vestindo uma.Jaqueta com um desenho do sang uinário 'Ch e ' Gue vara (foto abaixo) - , o brasileiro João Pedro Stédile, dirigente do Movimento Sem Terra (MST), que promove há várias décadas
a violência re volucionária no campo brasileiro, e o trotskista argentino Juan Grabois, especialista em agitação urbana nas periferias de Buenos Aires", além ele outros ele mento s ele similar orientação. O que chama a atenção no caso é qu e tais elementos figuram entre os ex poentes piores e mais radi cais ele ideo log ias revo lucionári as na América Latina, remanescen tes do comuni smo. Não obstante - prossegue "Destaque Internac ional" - "Francisco os tratou como se foss em os melhores entre os melhores, assegurando que seus aios estariam 'motivados pelo amor.fi··aterno ', que seriam promotores de 'uma mudança positiva ' na sociedade e que estariam realizando um autêntico trabalho de 'poetas sociais '". Por acaso a luta de classes e a violência podem ser consideradas "poesia" soc ial? Ademais, o Papa Francisco deu alento a esses elementos, muitos dos quai s são ateus, ao afirmar "nossa f é é revolucionária", e que "os tive em meu coração". É difícil que a esquerda não apresente essas palavras como um apoio papal à va nguarda ela luta de classes. O que é motivo ele profund a consternação para um fiel católi co que venera o Vigá rio ele Cri sto acima de tudo na Terra. Em seu di scur o, o Papa Francisco ex pôs suas metas: em matéria soc ioeconômica, a "mudança de estruturas", ex pressão que co incide com o desgastado lema ela "esquerda cató lica" nos
últimos 50 anos; e em matéria ambi ental, a convocação para defender a "Mãe Terra ", tarefa considerada por ele como "talvez a mais importante que devemos assumir hoje".4 Mas - observa o artigo - , tal como ocorreu na recente Encíclica Laudato Si, esse último ponto do discurso papal ex ibe uma grave e preocupante insuficiência ele base científica, o que "qfeta, com o devido respeito, uma premissa.fimdamental de ambos os documentos. Trata-se da tese dos ecologistas mais extremados, que Francis co assume por inteiro, de que a grande responsável p elas atuais mudanças climática seria a atividade humana, e não os ciclos da natureza". O mencionado arti go acrescenta que essa postura "não possui unanimidade nos meios científicos mais conceituados efo i impugnada por trabalhos académicos de alto nível ". Na verdade, "não se sabe em que estudos científicos concretos e em que especialistas o Pontífice se baseia, porque a bibliografia de ambos os pronunciamentos papais não cita nenhum documento a esse respeito ". Não pode mos senão lamentar vendo o Roman o Pontífice tomar pos ição em maté ri as exc lu s iv a mente tempo rais - alh eias, portanto, ao se u encargo pastora l específico, ademai s de fo rtemente co ntrovertidas - sem adequada suste ntação e tão facilmente ex plorável pelos inimigos ela Tgreja e ela civili zação cri stã.5 Importa reco rd ar nesse se ntido a
carta que LOO cientistas ambientais de vários países enviaram ao Papa Francisco no di a 27 de abril de 2015, na qual Lhe imp loravam que não se deixasse lev ar pelos argumentos ele ecologistas radicais, cujas análises não foram demonstradas pela ciência ambiental e cujas promessas, com o pretexto ele ajudar os pobres, na realidade, estão contribuindo para aumentar peri gosamente a miséria no mundo.6 O próprio Pontífice reconheceu em seu discurso que a matéria é opinativa: "Nem o Papa nem a Igreja tem o monopólio da interpretação da realidade social ", afirmou. Por isso, segundo o site " Destaqu e Tnternac ional", não se entende como o Pastor supremo da Igreja "se rodeia de dirigentes revolucionários, assume suas ideias e lhes dá um apoio praticamente incondicional ", sem ouvir qualificados especialistas que, em sentido oposto, demonstram com dados concretos que a propri edade privada, a livre inici ativa e a ação subsidiária do Estado foram fonte de progresso soc ial e de diminuição da mi séria no mundo inteiro, apesar de defici ência que devem ser corrigidas. 7 Enquanto "o socialismo, pelo contrário,.foi e continua sendo - como na Cuba comunista e na Venezuela um sistema económico intrinsecamente produtor de miséria, de luta de classes e de enfrenlamento social ".8 O terrível episódio da entrega ao Papa Francisco do crucifixo blasfemo (foto abaixo) com Nosso Senhor Je-
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Mas há nesse quadro um fato positivo, o qual deve ser acompanhado com atenção: um número considerável e crescente de eclesiásticos e de fiéis católicos do mundo inteiro vai se dando conta do extremo perigo que esse rumo de coisas representa para a Igreja. E adota, com o devido respeito, em relação ao mesmo urna atitude de legítima resistência - respeitosa, calada, mas firma e determinada - , colocando assim à estratégia dei ineada pelo Iíder marxista brasileiro, um obstáculo que poderá se tornar insuperável. • E- ma il para o autor: ca to li cismo@tcrra.com. br
Notas: 1. Fab ia n o Maiso nnav e, Na Bolívia. líder
do MST diz que "eles têm Obama e nós temos Francisco", "Fo lh a de S. Paulo", 8-7-15 ; cf. http ://www l.folh a. uo l. co m.br/ mund o/ 2015/07 / 1653509- na-bo livi a- liderdo-mst-diz-que-eles-tem-obama-e-nos-temosfrancisco.shtml 2. "EI Universo" , Guayaquil , 10-7 -15 , http :// www.eluniverso.com/ not icias/20 15/07/ 1O/ no ta/50 114 71 /evo-morales-predica-papafrancisco-esta-cerca-socialismo 3. Discurso do Santo Padre, Santa Crnz de la
Sierra (Bolivia), 9 de julho de 2015,
sus Cristo colocado sobre a foice e o martelo, símbolos do comunismo, e da medalha reproduzindo esse crucifixo - a qual foi colocada por Evo Morales no Pontífice juntamente com a maior condecoração boliviana, a "Ordem do Co ndor" (foto acima) - acrescenta um ingrediente fortemente revelador de como a extrema-esquerda quis aproveitar a visita papal. O próprio Papa Francisco - esquecido talvez de que Evo Morales declarou que a Igreja Católica deveria ser erradicada da Bolívia por ser incompatível com.o país - considerou ambos os obséquios "emblemas do amor perene "; 9 "símbolos do carinho e da proximidade ", do "afeto cordial e generoso" do presidente, sem fazer nenhuma distinção entre o emblema oficial e o revolucionário, dando assim a impressão de que nada teria a objetar ao simbolismo ideológico da foice e do martelo. 10
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Nesse contexto se compreende o que, de outro modo seria incompreensível: que Evo Morales declare que a pregação do Papa Francisco "é socialismo", e que um agitador comunista corno João Pedro Stédile se jacte abertamente de que o Papa Francisco assumiu a liderança do movimento revolucionário na América Latina no lugar de Fidel Castro e de Hugo Chávez, e que "tem acertado todas ". Definem-se assim para a Santa Igreja os contornos de urna situação terrivelmente perturbadora - para dizer o mínimo - , na qual os adversários de ontem, adeptos de urna ideologia considerada "intrinsecamente perversa" pelo Magistério da Igreja, transformam-se nos aliados de hoje, sem que se tenham convertido ou renunciado à sua ideologia. Tudo isso pressagia dias ainda mais conturbados para a Esposa de Cristo e o mundo .
h ttp ://w2 . vatican. va/co ntent/ francesco/es / speeches/20 l 5/july/docu ments/papa-francesco_20 150709_ bolivia-movimenti-popolari. html 4. Idem. 5. A esse propósito, é oportuno c itar a seguinte declaração, referente à Encíc lica lauda/o Si, do Ca rdea l George Pell, Prefeito da Secretaria para a Economía da Santa Sede: "A Igreja
não tem nenhuma competência particular em matéria de ciência[ ..] A Igreja não tem um mandato do Senhor para se pronunciar sobre questões científicas [ .. ) Cremos na autonomia da ciência ". (Andrea Tornielli, Una anotación de Pell sobre la "laudato Si", "Vatican lnsider", 20-7- 15, http://vaticaninsider. lastampa. it/es/vaticano/dettagliospain/artico lo/42448/ 6. Cfr. http :/ /www.co rnw a ll a llian ce. org/20 15/04/27 /a n-open-letter-to-pope- francis-on-climate-change/ 7. Uma excelente análise dessas deficiências e suas vias de solução encontram-se no estudo do diretor da TFP no1ie-americana, John Horvat, Return to Orde,; Ver: http ://www.amazon.com/ Return-Order-Fren zied-C hri stian-Soc ietyWhere-ebook/dp/ B00B5 HED8W 8. Ver o arti go completo do site "Destaque Internacional" em http://www.cubdest.org/ 1506/ c l 507 franciscoboec.htm 9. http://www.espirituyvida.tv/vatican-information-service-11-07-20 l 5-ano-xxv-num- 130 1O. https://www.aciprensa. com/noticias/el-papafra nc isco-deja-en-bolivia-condecoracionesque- le-dio-evo-morales-77266/
"Ideologia de Gênero" e bafo de Satanás
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orno é poss ível que se tenha chegado ao absurdo ululante, ao disparate total, à negação da natureza, afrontando despudoradamente as evidências mais claras e objetivas, como essa perniciosa invencionice chamada "Ideologia de gênero"? Então a criança que nasce com todas as características próprias de um menino, ancoradas na natureza, poderia ser considerada menina? E a menina viria a ser um menino? E haveria ainda diversos outros gêneros! Estupidez ou má fé? Por mais que haja gente asnática e imbecilizada, e a espécie não é tão rara, entretanto não foi dado ao ser humano levar a estupidez tão longe a ponto de achar que a Mariazinha pode ser um menino e que o Chiquinho possa ser menina. A imbecilidade humana não comporta tal extremo. A maldade humana, esta sim, pode chegar a radicalismos insuspeitados, sobretudo quando se deixa inspirar pelo demônio e adere a ele. Ora, ao que a "Ideologia de gênero" conduz, antes de qualquer modificação fisica, é a uma mudança mental nas pessoas. É a alma que deve mudar. Urna mudança tão medular e desmedida que dela resulte uma espécie de infra-homem, do qual a lógica tenha sido totalmente extirpada, os conceitos mais elementares abolidos, e extintas as evidências mais palpáve is. Fabrica-se assim um ser ex-humano que não seja mais capaz de pensar, analisar ou julgar. Robô perfeito para ser conduzido pel a propaganda e por manobras parapsicológicas. Atingido esse patamar infra-humano, espera-se, talvez, nesses mesmos laboratórios psicológicos nos quais a "Jdeologia de gênero" foi urdida, ter desconstruído a própria ideia
de ser humano, e a partir de então criar o " homem novo", já anteriormente esboçado pelas correntes comunistas, nazistas e por certos veios ecologistas. A obra do Deu s criador teria sido vulnerada em seu âmago, nem homem nem mulher, e em seu lugar uma nova "criação", diferente e oposta àquela que nos é revelada no Livro do Gênesis. O demônio odeia a Deus, mas corno é totalmente impotente para O atingir, volta seu ódio contra a natureza humana, feita à imagem e semelhança do Criador, para conspurcá-la e infeccioná-la com sua baba imunda. Como alguém que, odiando muito determinada pessoa, mas não podendo alcançá-la pelo fato de ela residir em outro continente, atira-se contra sua fotografia, cobre-a de imundícies e depois a rasga em pedaços. Essa face religiosa da " [deologia de gênero" é o seu aspecto mais sinistro e profundo, e explica por que seus arautos põem tanto empenho em que as crianças em idade escolar sejam nela doutrinadas, a fim de (de )formar os futuros adultos segundo os novos parâmetros. E explica também por que tantas reações nobres e boas se levantaram indignadas contra esse atentado às mentes in fa ntis, pois muitas pessoas, mesmo quando não chegam a uma explicitação cabal dos males aí contidos, têm a consciência de sua própria natureza conspurcada, sentem no ar o nauseabundo bafo de Satanás e o repelem. É um embate di gno dos Últimos Tempos. Nossa Senhora, de um lado, chora ao presenciar tão grande pecado contra a natureza humana criada por Deus. Mas, de outro lado, E la dá lucidez, força e coragem a seus filh os e seguidores para lutarem sem esmorecer e até o fim. Jpsa conterei. E la esmagará! •
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BASTA DE IMPUNIDADE! A diminuição da idade penal concorrerá para frear o CL'escimento da criminalidade no Brasil? Qual a solução para tão grave problema da delinquência juvenil? Estas e outras questões são respondias nesta entrevista concedida peJo o Cel. Paes de Lira. ci
: ] rava-se no Congresso Nacional a discussão em torno da Proposta de Emenda à Constituição (PEC - 171/93), sobre redução da maioridade penal de 18 para 16 anos. Essa PEC - que conta com o apoio de 87% da população brasileira , conforme pesquisa de opinião divulgada pelo "Instituto DataFolha " no dia 14 de abril último - foi aprovada , em primeira votação na Câmara dos Deputados, em 30-7-15. Para esclarecer nossos leitores a respeito do assunto, entrevistamos o Cel. Jairo Paes de Lira, estudioso da questão e que il acompanha meticulosamente os debates em Brasília sobre esse ~ tema. O brilhante oficial da Policia ~ Militar paulista , ex-Comandante do Policiamento Metropolitano de São Paulo e da Academia de Policia Militar do Barro Branco, foi deputado federal no período de
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do irretorquíve l c lamo r popular, med ido por recorrentes e sé ri as pesquisas de opinião há pelo menos 20 anos.
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março de 2009 a janeiro de 2011 .
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Catolicismo - O senhor é contrário ou a favor da redução da maioridade penal de 18 para 16 anos? Cel. Paes de Lira - Sou favoráve l. Trata-se de uma medida de defesa socia l abso lutamente necessária, irresponsavelmente negada à Nação brasilei ra pelo Poder Legislativo, ape ar
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Cel. l'acs de Lira:
'i'l solução da questão ela maio1'idade /)e11al é política e eleve ser e11J'rc11tada sob parâmetros aelotaclos 11a lei. No caso cio Bmsil, 11a1·âmetl'OS co11stitucio11ais"
Catolicismo - Quais as razões que fundamentam sua posição? Cel. Paes de Lira - Lembro-me muito bem de meu s tempos de ado lescê ncia, na v ida civ il , e algo é nítido em minha mente: os meus am igos da época, e eu mesmo, entendíamos perfeita111ente a diferença entre o certo e o errado, em termos de comporta mento soc ial. Isso nos anos 60 do sécu lo passado, quando não di spúnhamos da infor111ação 111ac iça e in stantânea disponibili zada pe la globa li zação virtual de hoje. Ingresse i na vida militar aos 16 anos de idade, passando, desde 13-02- 1970, a v ive r sob a égide de dois diplomas legais extremamente incisivos : o Cód igo Penal Militar (CPM ) e o Regulamento Di sc iplinar da Polícia Militar do Estado de São Pau lo. Eu e os meus co legas do ve lho Cu rso Preparatório da Academi a do Barro Branco (a lguns até mai s novos de idade) sabíamos, desde o pri111eiro dia na casern a, que éra mos pl enamente responsáve is nessas duas esferas lega is. Poderíamos ser, em caso de má conduta, presos disciplinarmente, demitidos ou ex pulsos. E e111 caso de cometimento de crime 111ili tar, pode rí amos ser mandados para
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o Presídio Militar Romão Gomes, pois o C PM , di ferentemente da lei penal comu111 , estatuía que a idade de imputab ilidade penal dos militares começava aos 14 anos. Conh ecía mos nossas obri gações e nos pautávamos pelo cu111primento do dever, com perfeito entendimento de que a profissão esco lhida ass im o impunha. Os poucos que não qui sera 111 seguir na profissão tomaram ta l decisão não por falta desse entendimento, mas por incompatibilidade. Os m eus 35 anos el e combate ao crim e serv iram-me para confir111ar essa ava li ação. Q uase todos os infratores ado lescentes co m quem tive contato, ao apreendê- los em flagrante pelo cometimento el e deli tos, ou contê- los nas muitas rebeliões que costu mava m deflagrar nos estabe lecimentos destin ados a reeducá- los, eram pessoas peri gosas e irrecuperáve is. E todos tinham algo em comu111: a c lara compreen são de que se ded icavam ao mal , embora qu ase se mpre assoc iada à indiferença por seu modo de vida. Longe da in ocênc ia, era m soc iopatas, capazes de v ilipendi ar e até matar friamente outros se res humanos. A certeza da impunidade fazia-os arroga ntes e zombeteiros; sab iam que, fizessem o que fi zessem , ficariam afastados das ruas por pouco te111po. De todo modo, o conce ito de responsab ili dade crimin al entro nca, em qualquer sistema jurídi co democrático, com o conce ito de discernimento. Ora, di sce rnim ento é um atributo intelectual indi visíve l : o se r humano o tem ,
'1/1 <lissolução da família é o pl'illcipal l'al,01' a l'aciliw,· tel'l'ÍliCI tc116me110 social: o Brasil ameaçado de perdei' os SCIIS jo vens pal'a as hol'das cio Cl'imc"
ou não o tem. Se ri a possível , é claro, discutir dezenas de teses e antíteses a respeito da idade de discernimento, sob parâmetros fi losóficos, psico lóg icos, neurológicos, pedagógico e até mesmo reli giosos. M as a so lução da questão da maiorid ade penal é política e deve se r enfre ntada sob parâmetros adotados na lei . No caso do Brasil , parâmetros constituciona is. Ora, o que está em pauta no Congresso é a redução limitada, para 16 anos. Esse fato mata qualquer argum entação fundada em exacerbação punitiva ou vio lação de princípios ele proteção à adolescência. Acontece que, desde 5- 10- 1988, o Bras i 1, por se us legis ladores constitu cionais, tomou a decisão de estabe lecer aos 16 anos a idade de di scernim ento, ao fixar em tal patamar etário a capacidade dos brasileiros de esco lher os seus govern antes (Constitui ção da República , artigo 14, § 1º, "c"). Portanto, na pior das hipóteses, a Lei M aior (a rtigo 228) tem ele ser modificada para que a idade mínima de impu tabi lidade pena l coinc ida, ao menos, com a idade constituciona l do discernim ento. A par disso, o tratamento dos infratores com menos de 16 anos de idade há de se r agravado, quando o ato infrac iona l cometido for da mesm a natureza jurídi ca de um crim e hed iondo: primeiramente, aume ntando-se o tempo de internação ; depoi s, estabe lecendo-se, como norm a lega l impos itiva, a transferência deles às penitenciárias juveni s, após compl etare m os 16 anos de idade.
Catolicismo - Alguns grupos, como ONGs que lidam com menores, partidos de esquerda, e a própria CNBB, defendem a manutenção da maioridade penal apenas aos 18 anos, pois, segundo eles, sobretudo é necessária a reintegração na sociedade do menor que pratica delitos. Como o senhor analisa essa questão? Ce/. Paes de Lira - O esforço de ressoc ialização, não importa se ad ul to ou não o infrator, deve se r indi ssoc iável da exec ução ela pena, caso contrário, em um estado democrático de Direito, ela ca rece de se nt ido jurídico. O que defendo é a preval ência do esforço preventivo contra a cooptação dos joven s pelos crimi nosos ad ultos, mas, se necessá rio, também a imposição da mão pesada cio castigo, a fim de que o infrator ado lescente compreenda que li berdade impli ca responsabilidade. Prescindir desse princípio mora l é o mesmo que estimul ar
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vo em questão faz parte do texto da emenda constituciona l aprovada na Câmara Federal. Catolicismo - O senhor opina ser o fortalecimento dos laços familiares o meio mais apropriado e urgente para se diminuir a criminalidade praticada por menores?
Cel. Paes de lira -S im , pois a dissolução da família é o principal fator a facilitar um terríve l fenômeno social: o Brasil está ameaçado de perder os seus jovens para as malignas hordas do crime. Enquanto opino nesta entrevista, milhares de jovens, especialmente entre os que vivem na periferia das grandes cidades, estão sendo cooptados pelo crime organizado, .g principalmente pelo tráfico de entorpecentes, que costumo qualificar corno o medonho pai u da maioria dos crimes mais vio lentos que .g ~ sobressa ltam a população. Esse processo gei _,5 ralrnente termina, para tais jovens, na morte 1 precoce e violenta, entre os 16 e os 24 anos de idade, seja em guerras de quadrilhas ou em entreveros armados com a Força Policial. Não se trata de considerá-los inocentes: longe disso. Mas o mecanismo de cooptação é forte e arrasta os mais fracos , os menos dotados "Enquanto opino de atributos de caráter, os que não têm bons nesta entrevista, referenciais fami liares.
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o infrator, pois significa a entronização da impunidade. Por outro lado, a punição privativa de liberdade não prejudica a reinserção social, desde que a administração estatal penitenciária sujeite-se a princípios e regras que a habilitem a atuar nesse sentido. Catolicismo - Há também aqueles que afirmam que o encarceramento do menor não resolve e só agravará o problema da delinquência. Segundo eles, dentro da prisão o menor é aliciado por criminosos adultos e, após sair da cadeia, passará a praticar crimes muito mais graves. O que pensar a respeito?
Cel. Paes de Lira - Se a Nação pretende oferecer ao crim inoso jovem alguma oportunidade de ressocialização, não pode simp lesmente aprovar essa mudança constitucional para, em seguida, atirá- lo em masmorras, misturado à malta de criminosos adu ltos, empedernidos e irrecuperáveis. Mas isso se resolve com a imposição lega l de obrigações ao Poder Executivo, sinteticamente traduzidas na obrigatoriedade de construir e operac ionalizar, adequadamente, unidades prisionais destinadas aos infratores de idade entre os 16 e os l 8 anos. E apenar os governantes, por crime de responsabilidade, caso não cumpram ta l obrigatoriedade. Note-se que o dispositi-
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milhares ele jove11s estão se11do cooptados pelo crime organizado, principalmente pelo tl'ál'ico de entorpecentes"
Catolicismo - Em outros países, como as legislações consideram o crime praticado por adolescentes?
Cel. Paes de Lira - Raros são os países que adotam um referencial crono lógico rígido como o nosso. Em menor núm ero, os tão tolerantes em relação à idade mínima de imputabilidade criminal. Menos ainda, os que inserem essa questão no texto constitucional. Mais comum é a adoção, na lei penal, de critérios mistos, crono lógicos e psicológicos . Por exemp lo: a imputabilidade começa aos "x" anos de idade, mas, em caso de ser o infrator criança ou ado lescente, o Estado deverá provar que ele, ao cometer o crime, tinha capacidade psicológica de entender a natureza ilícita do ato e de pautar sua conduta por tal entendimento, na conformidade de laudo psicológico. Não me foi perguntado, mas rejeito, por leniente, a tese da avaliação psicológica, que põe nas mãos de profissionai s geralmente tendentes à justificação freudian a, graves questões de justiça crimina l.
Catolicismo -Aqueles países que adotam a maioridade penal inferior aos 18 anos têm obtido bons resultados?
Cel. Paes de lira - Há estudos e estatísticas para todos os gostos nessa matéria. Mais ou menos o que acontece no tocante à questão da pena capital. Mas, tudo depende do conceito de bom resultado, em matéria penal. Para mim , a dissuasão do infrator potencial , ou seja, o efeito preventivo da pena, associado à certeza da punição (na verdade, a· parte mais difícil, ao menos em nosso País), são fatores poderosos para aumentar o grau de segurança da sociedade. Portanto,justificam amp lamente a mudança pretendida. O País precisa, urgentemente, abandonar as teses "po liticamente corretas", do tipo "ternos de construir escolas, não prisões", e agir decididamente em favor do presente das vítimas - e do futuro de todos. Sem abandonar os infratores ado lescentes, impondo-lhes apenas punições, mas também sem mimá-los ou justificá-los. Catolicismo - O senhor julga que a recente votação na Câmara Federal da PEC (171/93), que reduz a maioridade penal de 18 para 16 anos, transcorreu dentro das normas daquela casa legislativa?
Cel. Paes de lira - Neste caso, lamento dizê-lo, os que esgrimem em oposição à mi-
Grupo põe cruzes no gramado em frente ao Congresso para se manifestar apoio à PEC de redução da maioridade penal
''A dissuasão do inli'at01; ou seja, o efeito preve11tivo da pena, associado à ce,·teza da pu11ição, são /'atores pam awne11tar o grau de segurança da sociedacle "
nha tese, que, penso, é também a da maioria dos leito res de Catolicismo, têm razão. A proposta, na forma original , aliás acovardada, da Comissão Especial, foi rejeitada logo no primeiro turno de votação, portanto fulminada, na Câmara Federal, em 30-6-2015. Pode, é claro, ser apresentada outra PEC de mesmo objeto. Ocorre que isso exigiria a realização de todo o processo legislativo pertinente, a partir da nomeação de nova Comissão Especial, conforme o mandamento do Regimento Interno da Câmara dos Deputados (RICO). O que se fez, ao revés, fo i apresentar urna suposta nova redação aglutinativa da mesma PEC, corno se ela não houvesse sido extinta. Mas foi extinta, irremediavelmente, pela rejeição, logo em primeiro turno. Ainda que essa manobra fosse regimentalmente idônea, restaria um óbice decisivo, embora temporário, da Lei Maior. Apresentar, em determinada sessão legislativa, a mesma matéria constante de proposta de emenda constitucional rejeitada na mesma sessão legislativa viola frontalmente a regra do artigo 60, § 5° da Constituição da República. Ocorre que a sessão legislativa em questão, a primeira da presente legislatura, na conformidade da conceituação do artigo 2° do Regimento Interno da Câmara dos Deputados, ainda não se encerrou (concedo esta entrevista em 15-7-2015). Por outro lado, nessa última
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1 vertente, bastaria ao Presidente da Câmara, que de fato capitaneia os autores da tal " nova redação ag lutin at iva", ag uard ar até o dia primeiro de agosto do co rrente ano, data em que se inicia uma nova sessão legislativa, a segunda da prese nte leg islatura. No tocante à qu estão de in co nstitucional id ade, já susc itada perante o Supremo Tribunal Federal , minha impressão é que, em relação às questões que envolvem o RI CO, a co rte lava rá as mãos, co mo fez em casos passados. Mas restará outra questão, dessa vez exclusivamente constitucional, caso a Câ mara consiga faze r preva lecer o texto atual. É que o texto, acova rdado, aprovado estabe lece o que costumo chamar de limiar ambíguo de di scernimento. Ex plico: de aco rdo com o texto aprovado, se um ado lescente maior de 16 anos, à traição, matar alguém, respo nd erá co mo se adulto fosse , por crime hed iondo de homi cídio qualifi cado; se, no entanto, espa nca r a vítima com um in strumento pesado, ca usa ndo- lhe lesões co rporai s s uf ic ie ntemente severas para torná-la paraplégica, respo nderá apenas como adol esce nte infrator, por ato infrac ional eq uivalente a lesão corpora l grav íssima. Na primeira hipótese, portanto, será considerado penalmente imputável, se rá processado co m base no Códi go Penal e se rá co ndenado à pena mínim a de 12 anos de rec lusão, a cumprir-se em penitenciária juvenil. Na segunda hipótese, se rá considerado inimputáve l, suj eitar-se-á apenas às disposições do Estatuto da Criança e do Adolesce nte e provave lmente, exceto se reincidente, nem mesmo se rá intern ado. Em
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Deputados manifestam-se a favor da redução da maioridade penal
"O País /Jl'ecisa , w'gc11temc11te, a#Jam/onar as teses '1Joliticame11te COl'l'eUIS ', (/0 tÍ/JO
'Lemos <lc co11su·11h· escolas, 11ão /Jl'isõcs ', e agir
<lecicliclamc11te"
resumo, a imputabilidade penal das pessoas entre J6 e 18 anos de idade não dependerá das condições objetivas do próprio infrator, mas do crime cometido. lsso é um absurdo, sob o ponto de vi sta cognitivo: as pessoas não podem, sa lvo quadros patológicos como o da esqui zofreni a, que implica inimputabilidade absoluta, ser si multaneam ente capazes e incapazes de entender a ilicitude de ce rta conduta. E, por consequência, medi ante ação direta de inconstitucionalidade, a Suprema Corte poderá derrubar a emenda, com fundam ento na abrangência ampliada da garantia individual estatuída no artigo 5°, in ciso XL da Co nstituição da República. Sei que algun s mantêm a posição de que não é viável declarar-se a inconstituciona lidade de um di spositivo da própria Constituição. Mas isso é plenamente poss ível , desde que o di spositivo atacado afronte os direitos e gara nti as individuais. O texto aprovado, fruto de um acordo espúrio e covarde, parece-me insustentáve l. Foi um grave erro. Correto teri a sido simplesmente alterar a idade prev ista no artigo 228 da Constituição para 16 anos, ou então simplesmente revogá-lo, remete ndo a questão à lei penal, como ocorria antes do advento da atual Ca rta Política. Catolicismo - Após a aprovação da mencionada PEC na Câmara Federal, quais as perspectivas de sua tramitação no Congresso?
Ce/. Paes de Lira -Qualquer eme nda constitucional só pode ser posta em vigor se aprovada pelos votos de três quintos dos leg isladores, de ambas as Casas do Congresso Nacional, em dois turnos em cada um a delas (Constituição da República, artigo 60, § 2°). Aprovada na Câ mara dos Deputados, a matéria seguirá ao Senado, instância em que, a meu ver, sofre rá maior res istênci a. Não ficarei surpreso se a Câ mara Alta puser essa P EC no "freezer", ass im co mo não fiquei surpreso ao observar a ace leração da votação de outra iniciativa (PLS nº 333/20 15), de origem no próprio Senado, que se constitui , a meu ver, em manobra de co nse nso para manter o pata mar etá rio atual, ofe rece ndo à sociedade, para tornar "pa latável" a medida, a compensação de aumentar o tempo de internação dita socioeducativa. No caso, por até dez anos, mas aplicáve l apenas em caso de co metimento de atos infracio nai s equivalentes a crimes hedi ondos. •
Safra de grãos bate novo recorde com produção 6% superior
O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (lBGE) e a Companhi a Nac ional de Abastecimento (Conab) rev isaram para cima suas prev isões para a safra de grãos 2014/2015 , prevendo um novo reco rd e de produção, com aumento de pelo menos 6,6% em rel ação ao resultado da safra 2013/2014. De acordo com a Conab, os agricultores brasil eiros vão co lher 206,3 milhões de toneladas de grãos, com ex pansão de 0,8% na área de cultivo das principais lavouras. O IBG E, por sua vez, prevê um a colheita de 205,8 milhões de ton eladas, co m ex pansão de 1,9% na área de cultivo nacional, que ocupa 57,5 milhões de hectares de terra . Os dados mostram qu e a área de grãos a se r colhida deverá se r de 57 ,5 milhões de hectares, cresc imento de 1,9% em comparação com 20 14 (56,4 milhões), O, 1% menor do que o total estimado na última divul gação do [nstituto. A Confederaçã.o da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) considera que os números do IBGE confirmam a lidera nça do setor agropecuário na estabilidade da economi a brasileira, com oferta interna de alimentos a preços acess íveis aos co nsumidores e lidera nça nas vendas externas que garantem equilíbrio na balança comercial do País. Entretanto, a CNA está preocupada com os crescentes custos enfrentados pelo produtor rural. Com o aumento do dólar, fertili za ntes e defe nsores agrícolas e outros insumos importados tiveram maior impacto no custo da produção, além do aumento dos gastos com o óleo diesel. Da mesma forma , a mudança da band eira tarifária, de verde para vermelha, provocou gastos adicionais com energia elétri ca, sobretudo para a agricultura irri gada. A instalação de equipamentos adequados à adoção de irri gação e a utili zação do sistema representaram fo rtes gastos com o reajuste de energia elétri ca. (Fonte: Assessoria de Comuni cação CNA , em publicação de IO- 7-15). José Rainha, ex-líder do MST, é condenado a 31 anos de prisão
A 5ª Vara Federal em Presidente Prudente (SP) condenou o ex- líder do MST, José Rainha Júnior, a 3 1 anos e 5 meses de prisão pelos crimes de ex torsão, form ação de quadrilha e estelionato, além do paga mento de multa. José Rainha foi investi gado em 2011 pela Polícia Federal na Operação Desfalque, que apurou um esquema de extorsão em empresas e desv io de verbas destinadas a assentamentos agrários. De acordo com o Ministéri o Público Federal, Rainha e os outros réus da ação utilizava m traba lhadores ru ra is li gados ao MST como "massa de manobra" para invadir terras e ex igir dos proprietários o pagamento de contribui ções para o mov imento. Poré m, interceptações telefônicas apontara m que o dinheiro era desviado para os integra ntes da quadrilha . Também fo i condenado Claudemir Silva Novais, apontado como um dos principais integra ntes da quadrilh a lid erada por Rainha. Em 20 11 , Rainha teri a recebido R$ 70 mil de duas empresas para não invadir e queimar plantações de ca na em fazendas da reg ião do Pontal do Paranapa nema e Paraguaçu Pauli sta. Também fo i ac usado de ped ir R$ 112 mil a uma co ncessionária de rodovias após ameaça r obstru ir e danifi ca r praças de pedág io da empresa.
José Rainha, ex-líder do MST
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A decisão aponta que a quadrilha também se apropriou de cestas básicas destinadas pelo INCRA a famí lias de assentamentos - cobravam uma taxa dos trabalhadores rurais alegando que se tratava do custo do frete. "A ganância desenfreada se mostra na realização de diversas ameaças ou invasões de terra, sempre com o objetivo de auferir proveito próprio ", afirmou o juiz federal Ricardo Uberto Rodrigues na sentença.
Petrobras admite que etanol reduz importação de gasolina O presidente da Petrobras, A ldem ir Bendine, admi tiu que o etano l é de "extrema importância" para o setor petro lífero, apesar da ideia de rivalidade existente entre os dois segmentos. Durante a abertura da 5ª edição do Ethanol Summit, o executivo disse que a companhi a quer dimi nuir cada vez mais a dependência das importações de gasolina e mira um novo modelo para a política de preços da empresa, consciente da re lação direta entre os valores do combustível fóss il e do proveniente da cana-de-açúcar. (Fonte: DCI, Nayara Figueiredo, em 7-7-1 5).
ltamaraty, de fazenda-modelo a favela rural Uma fazenda-mode lo foi desapropriada e virou uma "fave la rural", mas ainda há negócios ligados à famí li a de Olacyr de Moraes em Mato Grosso, estado em que ele obteve resultados expressivos no agronegócio e é visto como um "visionário". O "rei da soja" morreu aos 84 anos no dia 16-6-15 em São Pau lo. "É uma propriedade de 70 mil hectares, arrendada para o Blairo Maggi [ex-governador e atual senador do PR], com soja e algodão. O agronegócio deve muito ao Olacyr, que acreditou ser possível plantar soja no Cerrado ", disse o presidente do Sindicato Rural de Tangará da Serra, Vanderlei Reck Junior. Mas, se alguns negócios estão de pé, outros já deixaram de pertencer a Moraes, como a fazenda Itamaraty, em Ponta Porã (MS) . Hoje praticamente nada mais lembra que a li , um di a, existiu uma das mais importantes propriedades do agronegócio brasi leiro. Com a derrocada econômica do empresário, a fazenda foi desapropriada pelo INCRA e transformada em assentamento. O local abriga cerca de 3.000 famílias , muitas delas do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra). Antigos armazéns utilizados para guardar grãos apodreceram e a produtividade de outrora não faz mais parte do cotidiano. "Para falar o português claro, a Jtamaraty é uma favela rural.
Não produz o que poderia e só 30% dos assenta,Los sobrevivem ,La atividade", afirmou o presidente do Sindicato Rural de Ponta Porã, Jean Pierre Paes Martins.
Boi internacional Entre 2000 e 20 l4, a receita brasileira com a exportação de carne bovina saltou 727%, saindo de US$ 779 milhões para US$ 6,4 bilhões. Ao todo são 1.51 clientes internacionais, para o produto in natura e 103 para a produção industrializada. O levantamento foi divulgado pela Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasi1(CNA), confirmando que a prote ína está entre os principais prod utos da pauta exportadora do País. O crescimento é sustentado em três fatores-chave no mercado inter-
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nacional : aumento da renda, mudança nos hábitos de consumo e crescimento populacional. Com a abertura de novos mercados como Estados Unidos e Japão, os pecuaristas bras ile iros podem sentir novo aq uecimento na demanda. · A expansão faz do Brasi l o segundo maior fornecedor mundial de carne bovina, com ] 7% de participação nas vendas mundiais. Somente os Estados Unidos têm presença maior, com 19% do volume. Estima-se que a oferta global chegará a 59,7 milhões de tone ladas neste ano. Só no mercado brasileiro a cadeia produtiva da carne movimenta recursos de R$ 167,5 bilhões ao ano, gerando perto de sete milhões de empregos, aponta a CNA. (Fonte: "Gazeta do Povo", Paraná, em 29-6- l 5).
Petista na FAO premia promotor da fome Acreditem, o petista José Graziano, que preside a FAO, Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação, condecorou recentemente Nicolás Maduro ... Sim, o governante que depreda a Venezuel a, por sua luta contra a fome . O mundo fez chacota da condecoração, ainda que outros 17 países tenham merecido também a distinção. A Venezuela passa pela pior crise de abastecimento de sua história. Por razões ideológicas, pode-se condecorar qualquer um, até mesmo oresponsável em provocar desabastecimento e miséria em seu país. O lulo-petismo passou boa parte desses 13 anos de poder tentando, para o Brasi 1, um assento permanente no Conselho de Segurança da ONU. O papelão propiciado por Graziano serve de advertência ao mundo. Eis aí o que pode fazer um petista na FAO: entregar um diploma de grande estad ista a um péssimo governante porque é de esquerda. N a próxima vez, o amigo de Lula poderá conceder um prêmio a Kim Jong-un o ditador comunista que governa a Coreia do Norte . Afina l, por lá, dizem que se come até carne humana, rica em proteínas ...
Medalha de Prata Um queijo de Minas Gerais foi premiado na França, país conhecido mundialmente pelos seus exce lentes queijos. Nosso produto é da Serra da Canastra, onde nasce o legendário Rio São Francisco, e recebeu nada menos que a Medalha de Praia, em concurso com mais de 600 concorrentes naquele país europeu. Segundo matéria recentemente estampada no Blog GPS do Agronegócio, Minas Gerais se consolida cada dia mais no roteiro mundial não apenas do turismo, mas também da gastronomia. A categoria vencida pelo queijo mineiro na Mondial du Fromage de Tours foi a de massa prensada não cozida, ou seja, de leite cru de vaca. O produtor medalhista, Guilherme Ferreira, comemorou a conquista e disse que o prêmio veio em boa hora, pois se trata de um reconhecimento histórico. Ele mesmo não imaginava que o seu produto pudesse chegar a essa consideração na França. E le acredita que tal recompensa incentivará muitos outros produtores, llão apenas da região da Serra da Canastra, mas de toda Minas Gerais , a se esforçarem em aprimorar as respectivas produções, sempre se pautando pelas regras estabelec idas. Só assim eles poderão vender para o Brasil inteiro, e por que não também para o exterior? O produtor atribui o seu sucesso ao resgate que fez do gado Caracu e ao tipo de solo de sua fazenda, rico em minerais e água pura. A competição na qual seu queijo sai u premiado organizou os queijos em pratos, os quais foram identificados apenas por um número, sem informar a origem. Na verdade, o queijo premiado foi levado juntamente com outros sete tipos fabricados no Brasil, escolhidos para a referida competição.
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VARIEDADES
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Novelas, "gênero"
retirada do Pl ano Muni cipal de Educação das ex pressões "gênero", "teori a de gênero" e outras que tais, contaram-me que os representantes pró-família estavam em número bem maior e era m mais atuantes do que aq ueles recrutados pelos movimentos homossex uais e fe mini stas. Os vereadores tiveram o bom senso de retirar as indigitadas expressões (fotos ao lado). Isso não se deu apenas em São Paulo. Pelo Brasi l afo ra, pressões do eleitorado conservado r levaram numerosas Câmaras Muni cipais a rejeitar as ingerências do Ministério da Ed ucação no sentido de obri ga r as escolas a ensinar tais teorias abstrusas. O plano maquiavélico do Ministério consistia em fazer aprovar seu nefando desiderato pelas Câmaras Muni cipais, depo is de ter sido ele derrotado na Câ mara dos Deputados, em Brasí li a.
e uma encíclica ■ GRE GÓRIO VIVAN CO LOPES
m fato sintomático! Novelas te lev isivas vêm impondo ao público brasileiro a aceitação de um nível de mora lidade baixíss imo. As situações mai s degradantes do ponto de vista da moral são apresentadas co m " natural idade", como se fosse m normai s. As novelas se apresenta m, ass im, como o carro-chefe da imoralidade ambiente. Mas quando a dose de veneno é forte demais, e vai além daquilo que o paciente consegue absorver, de duas uma: ou a vítima engole a peçonha e morre, ou a repudia e com isso fica mais arredi a ao veneno, além de pôr a nu a indústria de perversão que o difunde. O segundo caso foi o que se deu com a tentativa de impor ao público brasileiro os horrores moralmente deteriorantes da novela "Babilônia", um ambiente onde o lesbianismo, a transexualidade e os traficantes proliferam. A reação do público foi forte. A audição da novela caiu vertiginosamente. E o diretor-geral da Rede Globo, Carlos Henrique Schroder, perguntado pela jornalista Lígia Mesquita "estão pisando em ovos após 'Babilônia?"', respondeu: "Conversamos muito internamente sobre isso. O
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Pais é mais conservador do que você imagina" ("Folha de S. Paulo", 27-6-15). Essa nota conse rv ado ra, que vem se afirmando ca da vez mai s no panorama ~ nacional (e não só nele!), está provoca ndo i:S o desespero em certas cúpulas da esquerda que imaginava m poder conduzir o País para ~ os sucessivos abismos da corrupção mora l.
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Alguém moralmente corrom pido é uma pessoa entregue, que não tem forças pa ra se opor aos desmandos ideo lóg icos ou políti cos, seja do comuni smo ou do soc iali smo em suas diversas fo rm as e cores, seja ai nda do ecologismo panteísta. O caso da novela "Babilônia" levo u a jornalista Cristina Padig lione a comentar: ''Diante de tendências conservadoras e de uma polarização de comportamentos, ideologias e religiões, é de se perguntar como um canal de TV, que sempre foi bem sucedido em agradar o gosto médio da massa, tem agido na escolha de sua programação" ("O Estado de S. Paul o", 27-6-15). Mas o conservadori smo em ascensão não se limita a desdenhar uma novela fortemente imoral, ele tem mani festações plurifo rmes . Os jovens do instituto Plinio Corrêa de Oli veira que fo ram à Câmara de Vereadores de São Paulo pl eitea r a
Mas o conservad orismo foi ma is fo rte, ao menos em gra nde número de importantes municípios. Não va mos analisar aq ui as man ifestações de conservadorismo no in trincado campo po lí tico, poi s isso nos leva ri a muito longe; e ade mai s, ta is manifestações são de conhecimento geral. O PT que o diga. Lembramos apenas os insucessos de diversos governos que, propelidos por bispos e padres da esquerda católica, tentaram impor ao Brasil uma Reforma Agrári a radi ca l que o levasse rap idamente às portas do comuni smo. Por fim , uma pa lavra sobre as res istênc ias conservadoras ao eco logismo alarmi sta e sem base científica. Muito co ntes tado e à mín gua de provas para sua s afi rmações mirabolantes, ele procura utili za r para seus objetivos a recente e perplexitante encícli ca do Papa Fra ncisco, tendente a um ecologismo radical. Sem muito resultado, di ga-se de passagem. • E-mail para o autor: catoli c ismo@terra .com.br
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CAPA
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nosso escuôo ô nossa fortafeza contrã o ôemônío A revista CaloliCÍsmo já tratou algumas vezes do Lema dos SanLos Anjos (O papel dos Anjos no universo criado, julho de 1999, e O Anjo da Guarda - O amigo certo na hora incerta, setembro de 2008). Entretanto, várjos leitores nos têm pedido para voltarmos ao assunLo, de crescente interesse. Fazemo-lo a seguir, apresentando um rápido apanhado da doutrina sobre os Anjos em geral, acrescida de novos dados, particularmente sobre o Anjo da Guarda, e expondo Lambém exemplos das intervenções celestes.
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ca o Doutor Angélico, Deus criou todas as co isas para tornar mani festa a sua bondade e, de a lgum modo , dela participarem. Ora, essa participação e mani festação não seriam perfe itíss imas senão no caso em que houvesse, além das criatura s meramente materiai s, o utras compostas de matéria e espírito e, por fim , outras puramente espirituais que pudessem assim il ar de mod o mai s pleno as perfeições di vi nas. 2 Estas cri aturas são os Anjos. O universo com porta po is, três espécies de cri aturas: umas so mente espiritua is - os anj os; outras apenas materi a is como os animai s, os vegetais e os minera is; e finalmente os homens, es pirituais e materiais. Tudo ex iste para o bem do universo . Contudo, o objetivo final da criação visível e invisível é Nosso Senhor Jesus C ri sto, co mo di z o Apóstolo: "Porque é n 'Ele que.foram criadas todas
as coisas nos céus e na terra, visíveis e invisíveis: Tronos, Dominações, Prin cipados, Potestades, tudo foi criado por Ele e para Ele "(Co l. 1, 15). Príncipes e gm1en1ado1·es do unilrerso
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or que está muito em voga hoje em dia o tema dos Santos Anjos? Com efeito, "é fácil admitir a meditação sobre a realeza de Maria, mas sobre os Anjos? É isso razoável? é. Por que interrogar-se sobre os espíritos celestes, ~ o uma vez que eles nos ultrapassam a tal ponto que ;:;: não os podemos ver, nem tocar, nem, a rigor, compre- ] ender? Os teólogos respondem que tal reflexão sobre os espíritos angélicos se impõe, pois a Escritura fala deles freq uentemente, como também a tradição eclesial. Os ~ Anjos fazem parte da Revelação bíblica e, ademais, ~ eles próprios constituem uma revelação que nos é feita g_ · c'.:l visando nosso bem natural e sobrenatural, os dois ca- > X -~ minhando juntos na vida cristã". 1 Para nós, que temos a felicidade de sermos cató- õ ~ licos, a crença nos Anjos é decorrência de um dogma o de fé, que aceitamos quando rezamos o Credo. Nele ~ ;j proclamamos que Deus é o Criador do Céu e da Terra, ';' das coisas "visíveis e invisíveis". Quer di zer, também desses espíritos benditos, a nós invisíveis, que são os ~ Anjos. Santo Tomás de Aquino afirma se r "necessário
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admitir a existência de algumas criaturas incorpóreas, porque o requer a perfeição do universo". Pois, expli-
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D eu s criou os Anjos para qu e O co nh ecesse m, amassem e serv issem, proclamando suas g rand ezas, exec utando suas ordens, govern and o este uni verso e cuidando da conservação das espéc ies e dos indivíduos que ele contém. Afirma o Pad re Antoni o Vieira: "Todas as espécies
de criaturas que nascem, ou vivem, ou se movem, ou não se movem na /erra, têm seus anjos particulares, a quem incumbe o cuidado de sua conservação ". 3 É o qu e ex plica Mon s. Jea n-Jo sep h Ga um e, Protonotário Apostólico e Doutor em Teo log ia: ''Como príncipes e governadores da grande Cidade do Bem, a que se ref ere todo o sistema da criação, os anjos presidem, na ordem material, ao movimento dos astros, à conservação dos elementos, e à realização de todos os f enômenos naturais que nos enchem de alegria ou de terror: Entre eles está compartilhada a administração deste vasto império. Uns cuidam dos corpos celestes, outros da terra e seus elementos, outros de suas produções, árvores, plantas, flores efi-utos. A estes, está co11fiado o governo dos ventos e mares, dos rios e fon tes; àqueles, a conservação dos animais. Não há criatura visível, nem grande nem pequena, que não tenha uma potência angélica encarregada de velar por ela ".4 São Paulo di z que todos os esp íritos angé licos são mini stros do Sen hor, env iados para o bem dos que hão de
herdar a sa lvação e a bem-aventurança ete rna (Hb 1, 14), cooperando para todos os nossos bens e aco mpanhando a Igreja Militante na sua jornada terrena . A pmva dos A njos
Os anj os, predestinados por Deus a participar do gozo el a vida divina , co mo também os homens, foram subm etidos a uma prova, sem a qual não have ri a esco lh a livre, verdadeiro amor. Assim, o Criador os convidou a participar, por essa prova, de um destino sob renatural que ul trapassava tudo o que poderi am co nceber, isto é, conte mpl ar a Deus face a face por toda a eternidade. Esse ato de amo r so brenatural era para e les ao mesmo tempo ocasião de mérito, e de li vre coo peração para sua ete rna beatitude.
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Ora, os Anjos conheciam a Deus como sendo o vínculo ao qual eles aspiravam por sua própria natureza. Entretanto, podiam também, no instante da prova, preferir seu próprio esplendor, e recusar a beatitude de Deus. Foi assim que parte dos anjos recusou a Deus, preferindo bastar-se a si mesma. Esses são os anjos maus ou demônios. "Em vez de formarem o cortejo daquela que seria a Rainha dos anjos e dos santos, passaram a armar insídias ao seu calcanhar, isto é, aos filhos e devotos de Maria, conforme assinala São Luís Grignion de Montfort em seu famoso
Tratado da Verdadeira Devoção à Santíssima Virgem". 5
Como se deu essa prova? "Segundo os teólogos e profundos pensadores, eis como se pode esboçar essa lamentável história. Criando e santificando os Anjos, Deus lhes deu uma primeira visão de Si, e um primeiro impulso para amá-Lo. Essa primeira ação de Deus sobre a inteligência dos Anjos para iluminar, por ideias inatas e pelas luzes da fé , não podia levar a erro. Como também não podia resultar em pecado a primeira ação de Deus sobre os Anjos, para neles acender o amor. Houve, pois, em todos os Anjos - mesmo naqueles que logo deveriam se revoltar - uma primeira visão verdadeira, e um primeiro movimento de amor sincero a Deus. Todos eles, no primeiro instante, saudaram com amor seu Criador e seu Santificador" . Entretanto, "para se elevar aos mistérios absolu-
tamente divinos da augusta e santíssima Trindade, da Encarnação, da Graça e da Glória, era necessário aos A11Jos, como a nós, generosidade; enquanto que, para se olhar a si mesmos, não era necessário senão a propensão natural. Não mais que nós, eles viam e podiam ver esses mistérios absolutamente sobrenaturais. Eles deviam, como nós, neles crer humildemente pela.fé. Mas viam-se a si mesmos com suaspe,feições, esplêndidos, magnificas de luz, de beleza, de atividade, de poder. [Os anjos maus] em vez de elevar energicamente sua
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visão para esse mundo divino que a.fé lhes revelava sem lhes mostrar ainda, eles se deixaram abaixar para as riquezas e as glórias estupendas de que se viam dotados e cercados ".6 E aí veio a catástrofe.
morte, ao frio , ao ca lor, à fome , à sede, ao cansaço, à enfermidade, nem às outras misérias a que está exposto o corpo humano. Ademais, eles são dotados em sua ação de uma mobilidade espantosa, como não há símile na Terra, nem mesmo num avião supersônico, poi s eles têm a mobilidade do pensamento. Assim , para eles, basta pensar e desejar para estarem em qualquer parte. Algumas vezes os Anjos, quando são enviados por Deus aos homens para alguma missão, utili zam a forma humana, a fim de se acomodarem à nossa natureza . Entretanto, nesses corpos etéreos e ligeiros com os quais em geral aparecem, não estão como a alma humana está no corpo, dando-lhe vida e tornando-o capaz de operações vegetais e animais. Pe lo contrário, ali estão como um operário está em sua máquina, da qual se serve para executar as obras de sua arte. Fora do horário de trabalho, não tem nenhuma li gação com a máquina.
"Ouvi a voz <le muitos anjos em volta do trono "
Quantos são esses ministros do Senhor, como os denominam as Escrituras? São João, no Apocalipse, diz: "E
ouvi a voz de muitos Anjos em volta do trono[. ..] era o número deles milhares de milhares" (Apoc. 5, 11). O Profeta Daniel, falando também de seu número, diz: "Eram milhares de milhares (os anjos) que O serviam, e mil milhões os que assistiam diante d 'Ele" (Dan. 7, 10). O Apóstolo das Gentes refere-se às "miríades de anjos " (Hb 12, 22). Acrescenta um autor eclesiástico dos primeiros séculos dos cristianismo, conhecido como Pseudo-Dionísio Areopagita, que o número dos Anjos excede o das coisas corporais e materiais. Pois Deus, em sua perfeição e seu poder infinitos, criou seres tanto mais numerosos quanto mais perfeitos eram em si mesmos. As Escrituras nos apresentam os Anjos da Corte Celeste louvando e servindo a Deus junto ao seu trono: "E ouvi a voz de muitos Anjos em volta do trono ... " (Apoc. 5, 11). " Vi o Senhor sentado sobre um alto e elevado trono .. . Os Serafins estavam por cima do trono .. . E clamavam um para o outro e diziam: Santo, Santo, Santo, é o Senhor Deus dos exércitos " (Is 6, 1-3). Os espíritos celestes são assim, antes de tudo , mi nistros da liturgia celeste. Absortos na contemplação do Altíssimo, eles rezam e adoram sem cessar o se u Criador, ao qual elevam um eterno louvor, cuja formulação mais excelsa é o canto do Triságio pelos serafins, como ouviu o profeta Isaías: "Um gritava ao outro e dizia: 'Santo, Santo, Santo é o Senhor Deus dos exércitos! Toda a terra está cheia de sua glória' " (Is 6, 3).
Quat;ro pecados que os Anjos punem seve,·amente
Espfrit;os imortais, sapientíssimos
Por não terem um corpo que os embarace, os Anjos são muito superiores aos homens, possuindo um conhecimento muito mais perfeito. Para eles, ver uma coisa é conhecê-la em sua essência e em todos os seus acidentes. O conhecimento angé lico das leis físicas e químicas ultrapassa assim tudo quanto a ciência pode ter descoberto ou venha a descobrir, e seu poder sobre a matéria é imenso. De tal forma que se pode di zer que não há fenômeno natural que o Anjo não tenha capacidade de produz ir de um modo ou de outro. Sua vontade é tão possante, que quando eles querem uma coisa, querem -na cabalmente e para sempre. ]sso explica por que a esco lha dos Anjos maus ou demônios foi para sempre, e também a eternidade dos casti gos do inferno e do prêmi o do Céu. Entretanto, o Anj os não são eternos, isto é, tiveram um início, pois, como o mundo material, foram criados. Tampouco con stitu em um mundo aparte, mas fa zem parte do único un iverso, no qual as diversas criaturas estão hierarquicamente ordenadas umas às outras. Os espíritos angé li cos são, entretanto, incorruptíveis e imortais, poi s, não te ndo corpo, não estão sujeitos à
Segundo um jesuíta que escreve sob o pseudônimo de A.M.D.G. , entre os pecados que os Anjos punem severamente, há quatro principais. O prime iro é nega r a Providência de Deus ou de murmurar contra e sua conduta . Pois, como di z São Paulo: "É de Vós que vêm
a riqueza e a glória, sois Vós o Senhor de todas as coisas; é em vossa mão que residem a .força e o podet: E é vossa mão que tem o poder de dar a todas as coisas grandeza e solidez" (I Cor. 29, 11-12). Por isso, até há pouco havia o salutar hábito de se di zer, sempre qu e se referisse a urna coisa futura: "Farei tal coisa, se Deus quiser", pois não sabemos quais são os planos de Deus. O segundo pecado que irrita sobremaneira os Anjos, é a profanação dos lugares santos, confiados à sua guarda. São Paulo adverte as mulheres a que tenham a cabeça coberta na igreja, por causa dos A,y·os (1 Cor. 11 , 1O) . Quanto desrespeito existe hoje nos recintos sagrados das igrejas, em que homens e mulheres vão por vezes vestidos à moda de piquenique ou mesmo de praia, para muitas vezes participar de urna liturgia aggiornata, inteiramente dessacrali zada, que mai s parece um show de televisão! Outro pecado que excita a cólera dos Anjo s é o escândalo. Ensinar o mal por meio de exemplos, de discursos , é exercer o papel de Satanás e colocar-se como adversário dos santos Anjos, cujo ofício próprio é levar as almas à virtude. O próprio Nosso Se nhor nos adverte a respeito : " Guardai-vos de menosprezar um
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só destes pequenos, porque eu vos d;go que seus h !ios no Céu contemplam sem cessar a face de meu Pai que está nos céus" (Mt 18, 1O). Finalmente, o último pecado que ofende os Anjos - e que é essencialmente contrário à sua puríssima natureza espiritual - é o vício da impureza. Lembremo-nos do castigo apli cado por eles, por ordem de Deus, a Sodoma e Go morra, antros de perdi ção. 7 Hoje em dia, entretanto, o pecado que levo u à ruína essas duas cidades pecadoras encontra foros ele cidadani a e está sendo promov ido e lega lizado em vá ri os países.
que os protege, os ;ns tru; e os defende, desde o prime;ro instante de seu nascimento até sua morte. Deus pode, sem nenhuma dúvida, nos instruir e nos governar por si próprio. No entanto, Ele quer se servir dos Anjos como de seus ministros para nos fazer conhecer a grandeza de seu império, e sobretudo para unir todos os homens
Os Anjos nas Sagra<las Bscrilm·as
As Sagradas Escrituras fa lam com frequência dos Anjos (mais prec isa mente, eles são citados 136 vezes no Antigo Testamento, e 174 no Novo). De fato, em um e outro Testamentos, o Divino Esp íri to Santo nos declara pela boca cios escritores inspirados, que há Anjos encarregados de executar as ordens de Deus e trabalhar para a salvação cios homens, não somente em gera l, mas em particular. Por isso di z o profeta Davi em um cios Sa lmos: "Bendizei ao Senhor todos os seus Anjos, valentes heróis que cumpris suas ordens, sempre dóceis à sua palavra" (S I 102, 20).
O coração do homem:
sec/e do anjo ou do demô11io
O Anjo (/a Gmu·da
A necess idade que temos da proteção cios Anj os deve-se ao fato de estarm os desti nados a ser futuramente seus companheiros no Céu, ocupando ao seu lado um cios tronos deixados vazios pela queda dos anjos rebeldes. Ta l necess idade, ademais, provém sobretudo da própria fraqu eza humana. Como não imag inar o empenho que o demôni o terá, por exemplo, para que um recém-nascido não receba as águas regeneradoras do bati smo? Em sentido contrário, que empenho não terá o Anjo da Guarda dessa criança, que intercessão j unto ao trono de Deus para que ela nasça normalmente, e sobretudo para que seja batizada em tenra idade e tenha propensão para a virtude? Pois, "é o sentimento comum dos santos Padres e dos teólogos, fundado sobre os testemunhos evidente da Escritura, e que é recebido como uma verdade de fé, que todos os homens, sem excetuar os i11fiéis e os hereges, têm um Anjo que os guarda, que os conduz,
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e respeitar nosso próximo que o de considerar que ele tem um Ar,jo que o acompanha, que o ama, que toma a peito seus interesses, e que vinga as injúrias que lhe fiazem .? "8. Com efeito, é doutrina certa que os Anjos da Guarda veem como feitas a si próprios as injúrias feitas a seus protegidos; e assistem com seu crédito junto a Deus os que contribuem para o bem deles. Jesus Cristo di sse a uma vidente : "A união mais intima do homem não é com a criação material, mas com a criação angélica, porque essa união deverá durar para sempre e até na eternidade. A união com a criatura material é de um grau muito inferia,~ porque essa união é transitória e não dura senão no tempo para acabar na entrada da eternidade. Ademais, a união do ar,jo com a alma é a mais .forte, porque ela não é uma união passiva, mas operante e cheia de atividade. Há comunicação entre a alma dos homens e os anjos, e esta comunicação é tal que o homem acaba por assemelharse a ele e toma posição com ele". 9
O Arca njo São Rafael e Tobias - Martín de Vos, séc. XV I. Catedral Metropolitana de México.
pelo vinculo de uma caridade semelhante, guardadas as proporções, à das três Pessoas da Trindade Santa. [ ... ] Ora, que motivo mais possante para nosjàzeramar
"Mas a sede própria do Ar,jo da Guarda está no meio de nosso coração. Nosso Senhor Jesus Cristo e a Santíssima Trindade estão em nosso coração como em seu templo, e é em nosso coração, seguindo o conselho de Santa Teresa, que nos importa representá-los nos d(ferentes mistérios. Em que outro lugar de nosso corpo o Anjo da Guarda estaria mais convenientemente para render, em nosso nome, suas homenagens a Jesus Cristo e à Santíssima Trindade? Em que lugar estaria ele melhor para regrar nossas afeições, inspirar-nos santos pensamentos, combater as sugestões do demônio ? 'Não é sem razão, diz o Pe. Tyrée, que o coração é olhado pelos teólogos como a sede do demônio que possui o homem '. Se o intruso, que não tem fi'equentemente nenhum direito sobre a alma, estabelece sua sede no coração fisico do homem, com muito mais razão esse lugar deve voltar ao hóspede oficial, representante dos direitos do Criador sobre nós " 1º que é nosso Anjo da Guarda. A função principal do Anjo da Guarda é ilu mi nar-n os em relação à verdade, à boa doutrina; mas sua custódia tem também muitos outros efeitos, tais como reprimii· os demônios e impedir que nos sejam causados danos espirituais ou corporais. Ele nos auxilia so bretudo a lutar contra o dem ônios e suas tentações, permitidas
por Deus. Segund o alguns teólogos, o demônio é o responsável por quatro-quintos de nossa malícia. Santo Hil ári o afirma que todos os males de que padecem os ami gos de Deus, não têm outros instigadores senão os demônios. A execução vem dos homens, inspirados por ele. Por isso a Sa nta Igreja, persuadida do poder que Deus deixa ao tentado r para nos prova r, emprega as preces, as bênçãos, os sinais da cruz e os exo rcismos em nosso favor, quando se torna mister. Pois a raiva desses réprobos contra a image m de Deus relu zente nos homens é tal , que eles ataca m mesmo aqueles que não têm nenhuma esperança de vencer, pelo simples desejo de os fati ga r, inqui eta r e perturbar, como di z São João Crisóstomo. Nossa vida é uma luta constante, sem tréguas nem descanso. E como o ferro é provado pelo fogo, ass im também a tentação prova o homem justo. A tentação é, pois, uma esco la na qual aprendemos a conhecer a Nosso Senhor Jes us Cri sto, a nós mesmos e ao nosso próximo. Ela nos humilha, nos preserva de toda vanglória. De modo que Nosso Senhor, no Pai-Nosso, não pede que sejamos livres da tentação, mas que não sucumbamos a ela. E, ao socorro da graça, que Ele não recusa jamais, acrescenta a possante intervenção de nosso Anjo da Guarda. É doutrina acei ta que, quando para nos tentar os demônios chamam à sua ajuda espíritos piores do que eles, nosso Anjo nos obtém reforços e nos asseg ura a vitória. Por nós e conosco, ele ataca o inimi go ele nossas almas, descobre suas artimanhas, desfaz seus projetos, e, se for necessário encadear essa besta prestes a nos devorar, este é o ofício de nosso Anjo, que emprega por nós um ze lo mais infat igável que o da mais terna das mães. Escreve o já citado sacerdote fra ncês, Padre Lavai: "Em cada inteligência que vem au mundo, us espíritos revoltados veem uma conquista a.fàzer: nosso livre arbítrio é solicitado, mil armadilhas lhe são estendidas. Nessa conjuntura, ele não poderia ser abandonado a si mesmo sem dr:f esa. Uma vez que a luta era inevitável, Deus devia à sua justiça, restabelecer a igualdade .fàzendo-nos apoiar pelos A11jos da Guarda. É assim que Ele obtém a harmoniosa unidade de sua obra tãojustamente chamada o Un iverso, reunião de todas as coisas ordenadas a uma só: todas as partes que a compõem concorrem a um mesmo fim , a salvação dos anjos, primeiro, dos homens em seguida. Tudo o que está abaixo de Deus concorre para a salvaçc7o do homem: a terra o alimenta, os anjos maus prova/n sua virtude, os bons o culti vam e protegem. 'Do seio da beatitude ·oberana que eles possuem na cidade santa, a Jerusalém celeSle, de onde somos agora e:âlados,
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confiar na sua proteção? A melhor maneira de provar essa confiança é recorrer a ele pela oração nos momentos difíceis, especialmente nas tentações. c. Amor e reconhecimento por sua proteção: Devemos amá-lo como a um benfeitor, um amigo e um irmão, e ser agradecidos pela sua proteção di ligentíssima. 14
mesmo sendo estes últimos puros espíritos, pois Ela não era somente puríssima em si mesma, mas já transmitia pureza aos outros. Não somente estava isenta do p ecado original e de todo pecado, quer mortal, quer venial, mas também da maldição devida ao p ecado: 'darás à luz com dor[ ... ] e retornarás a pó ' (Gn 3, 16, 19). Ela conceberá o Filho de D eus sem perder a virgindade, Ela O carregará em seu seio num santo recolhimento, dará à luz na alegria, será preservada da corrup ção do s epulcro e associada, pela Assunção, à Ascensão do Salvador". 15 Na Anunciação, o Anjo Gabriel saudou Nossa Senhora cheio de reverência: "Ave, cheia de graça". Nenhuma dignidade, nem mesmo a de um Arcanjo, pode ser comparada com a de Mãe de Deus. Nenhum Anjo, por mais elevada que seja a sua hierarquia, pôde jamais di zer ao Filho de Deus : "Tu és meu .filho". Assim, Ela está acima de todos os anjos. E, sendo Mãe do seu Rei, Ela é Rainha. Enquanto os Anjos se prostram diante do trono de Deus, cheios de temor e de tremor, cobrindo sua face com as asas (Is 6,2), Maria trouxe em seu ventre por nove meses, deu à luz e amamentou o Verbo Encarnado e Ele lhe dá o doce nome de Mãe. 16 O Papa Pio XII proclamou solenemente a dignidade régia de Maria Santíssima em 11 de outubro de 1954, quando, por meio da Encíclica Ad Caeli Reginam , instituiu a festa da Realeza de Maria. Ao lado de argumentos teológicos, o Sumo Pontífice apresenta os testemunhos da liturgia e da arte cri stã a
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Nossa Senhora, Railllla dos AlljOS Santo Tomás de Aquino afirma que Nossa Senhora, apesar de mera criatura humana, é superior aos Anjos por sua plenitude de graça e familiaridade com Deus, mas sobretudo por sua dignidade de Mãe de Deus. Comentando isso, diz o Pe. Garrigou-Lagrange,
os bem-aventurados espíritos velam por nós, têm compaixão de nós, e nos socorrem, a.fim de nos levar para essa pátria comum, onde nos saciaremos com eles um dia, na.fonte divina da vida eterna' " (S. Aug. ln Os. LXJ/). 11 RespeiW pelo Anjo da Guanla
O amor do Anjo da Guarda pela alma a ele confiada é, na palavra do Padre Henri-Marie Boudon ( 1624-1702), apóstolo da devoção aos Anjos no século XVII , comparáve l a todos os amores criados: amor da mais terna mãe, do irmão mais dedicado, do pastor mais vigilante, do médico mais caridoso, do advogado mais devotado ao se u cliente, do melhor dos mestres, do doutor mais comunicativo e, finalmente , do rei mais corajoso. 12 A reverência a seu Anjo da Guarda levava Santo Estanislau Kostka ( 1550-1567), que o via constantemente, a este requinte de delicadeza: quando ambos deviam entrar por uma porta, ele pedia ao Anjo para passar antes. E
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como este, às vezes, se recusasse, insistia com ele até que acabasse por ceder. 13 São Bernardo afirma que Nosso Anjo da Gu arda nos acompanha sempre, ligando-se a nós como um fiel servidor, não cessando de ser solícito à nossa a lma, de a advertir por seus conselhos assíduos, di zendo- lhe sem descanso no fundo do coração: "Deleitai-vos no Senha,~ e Ele atenderá todos os desejos de vosso coração". O mesmo santo resume assim os deveres que temos em relação aos nossos Anjos da Guarda: a. Respeito pela sua presença: evitar tudo o que pode contristar um espírito assim puro e santo, sobretudo o pecado. " Como te atreverias - interpela o Santo Doutor - a fazer na presença dos anjos aqui/o que não farias estando eu diante de ti?" b. Confiança na sua proteção: Sendo tão poderoso e estando continuamente diante de Deus, e ao mesmo tempo conhecendo as nossas necessidades, como não
O.P.: "A gra ça habitual que recebeu a bem-aventurada Virgem Maria no instante mesmo da criação de sua santa alma.foi uma plenitude, na qual já se verificava aquilo que viria dizer o anjo no dia da Anunciação: 'Ave Maria, cheia de graça '. É o que afirma, com a tradição, Pio JX, ao definir o dogma da Imaculada Conceição. Ele diz mesmo que Deus, desde o primeiro instante, 'de pref erência a qualquer outra criatura (prae creaturis universis)' ,fê-la alvo de tanto amor, a ponto de se comprazer nela com singularíssima benevolência. Por isto cumulou-a admiravelmente, mais do que a todos os anjos e a todos os santos, da abundância de todos os dons celestes, tirados do tesouro da sua Divindade". O bem-av enturad o Pontífice afirm a também que Nossa Senhora "ultrapassava os Anjos por sua pureza,
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respeito da Realeza de Nossa Senhora sobre os Anjos e os homens, no Céu e na Terra. "A sagrada liturgia, espelho fiel da doutrina transmitida pelos Santos Padres e da crença do povo cristão, cantou por todo o decurso dos séculos e canta ainda sem cessar, tanto no Oriente quanto no Ocidente, as glórias da celestial Rainha. " Vozes entusiásticas ressoam do Oriente: 'Ó Mãe de Deus, hoje és transfe rida para o céu sobre os carros dos querubins, os sera.fins estão às tuas ordens, e os exércitos da milicia celeste prostram-se diante de ti' (da liturgia dos Armênios: na festa da Assunção, hino matutino)[ ... ]. 'Ó Senhora, nossa língua não te pode louvar dignamente, porque tu, que deste à luz a Cristo nosso Rei, foste exaltada acima dos sera.fins [... ]. Salve, rainha do mundo, salve, ó Maria, senhora de todos nós' (Oficio, hino Akástitos - Rito Bizantino). 'Ó Maria, centro do mundo todo, ... Tu és maior que os querubins de olhar penetrante, e que os serqfins de seis asas [... ]. O Céu e a terra estão cheios da santidade da tua glória' (Missale Aethiopicum, Anáfora Dorninae nostrae Mariae, Matris Deis)". 17 Vamos dar alguns exemplos da proteção do Anjo da Guarda, colhidos a esmo em várias obras. Servem eles de amostra da proteção desse nosso grande protetor e benfeitor.
O Anjo sallfa São Policarpo de um gramle 11erigo
São Policarpo, discípulo de São João Evangelista e bispo de Esmirna, na Ásia Menor em viagem para sua -Sé, teve que pernoitar numa hospe_daria com um companheiro de nome Camério. No meio da noite ele despertou com uma voz, certamente a de seu Anjo da Guarda, que lhe ordenava que fugisse da casa, pois ela ia desmoronar. Policarpo levantou-se imediatamente e acordou seu companheiro. Mas este hesitou um pouco e logo adormeceu outra vez. A mesma voz premente se fez ouv ir insistindo
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que Policarpo saísse o mais depressa possível. O bispo sacudiu energicamente o companheiro, dizendo-lhe: "Vamosjá, que a casa vai ruir". Camério respondeu calmamente: "A casa não cairá enquanto Policarpo estiver aqui dentro!" - "Está bem, disse o Santo. Mas Deus nos quer salvar e por isso mesmo é que mandou o seu anjo nos alertar do perigo em que nos encontramos". No mesmo instante o anjo tornou-se visível e impeliu-os para fora. Mal tinham saído, a casa desabou com grande estrondo. 18
Anlo Protetor de Córdoba. Estátua do Arcanlo São Rafael erigida no séc. XVII sobre a Ponte Romana (séc. 1 a.C.) que cruza o rio Guadalqulvlr. Em Córdoba (Espanha) a forte devoção a São Rafael remonta ao século XIII por ocasião de uma terrível epidemia que se alastrou pela cidade. Quando muitos fiéis rogaram a proteção divina, apareceu o Arcanlo e pouco depois o temível contágio da epidemia cessou completamente.
O Anjo de Santo Amhrósio
São Paulino de Nola (+431) conta que um feiticeiro chamado [nocêncio, tendo empregado todos os malefícios que pôde contra Santo Ambrósio, chegou a obter que alguns demônios fossem matá-lo. Mas eles lhe disseram que não tinham conseguido aproximarse da pessoa do santo, nem sequer da porta de sua casa, porque toda ela estava envolta em um fogo insuperável que os queimava, mesmo de longe. Quando foi preso por outros crimes, Inocêncio confessou que o Anjo que guardava Ambrósio lhe fazia sofrer - a ele, Inocêncio - tormentos ainda maiores, e que o obrigou a confessar isto. 19
São Miguel dá a Comunhão a São Geraldo Magela
São Geraldo Magela nasceu em Muro, perto de Nápoles, em 1726, e faleceu em 1755. Era tão puro e inocente que, quando tinha cinco anos, o Menino Jesus descia dos braços de sua Mãe, na igreja , e ia brincar com ele, dando-lhe um pãozinho branco. Quando Geraldo tinha sete anos, queria ardentemente comungar, mas na época o costume de fazer a Prime ira Comunhão era só aos '12 anos. \Jm dia ele se aproximou da Sagrada Mesa junto com os fiéis que iam comungar, mas o sacerdote, vendo-o tão pequeno, passou adiante. Gera ldo retirou-se a chorar. Mas na noite seguinte , ardendo de desejos de
comungar, São Miguel Arcanjo apareceu-lhe e deu-lhe a Sagrada Comunhão. 2º
absolvido. - Sim, "Deus ordenou a seus anjos em teu favor". 22
Irmã Maria Antonia e o Anjo <la Guarda
Mal <lo coração
Aqui no Brasil, a Irmã Maria Antonia (Cecy Cony), freira gaúcha nascida em Santa Vitória do Palmar em 1900 e falecida em São Leopoldo em 1939, deixou um relato sobre suas relações com o Anjo da Guarda, escrito por ordem de seu diretor espiritual, o Servo de Deus Padre João Batista Réus, sacerdote jesuíta morto em odor de santidade em 1947. Nele podemos ver a proteção contínua que o espírito angélico prestava à sua fiel custodiada. 2 1
Certa mulher, não há muito tempo, procurou um sacerdote e lhe disse: "Padre, não é todos os dias que meu marido entra num botequim; mas quando isso acontece, é só de madrugada que ele volta, e sempre embriagado. Um sacerdote me aconselhou a rezar muito ao Anjo da Guarda dele e também aos Anjos da Guarda dos amigos e colegas que na hora estivessem com ele. De um tempo para cá, meu marido volta cedo, sempre bem disposto, e nunca embriagado. Há dias disse-me ele: 'Preciso consultar um especialista por causa do meu coração. Quando estou com os amigos no bm~ sempre às nove e meia, começo a.ficar inquieto e angustiado; nada me satisfàz, e tenho inexplicável repugnância por qualquer bebida. Sinto-me virtualmente impelido a sair, e só em casa é que outra vez me acalmo. Deve ser o coração [ ... ] '. - Ah! eu conheço o meu marido; ele não sofi·e do coração! Vi:;ja, padre, sempre que ele sai de noite, eu rezo o terço em honra dos anjos de todo aquele pessoal ali no bai: Estou convencida de que a tal inquietude ou angústia vem dos santos anjos [... ] ". 23
Inocência JJl'ovada
Certo negociante fora injustamente acusado de fraude e condenado. Apelou da sentença, mas a confirmação da mesma parecia inevitável. Um dia antes do novo julgamento, mandou rezar uma santa Missa em honra dos Anjos de todos os membros do tribunal , pedindo a vitória da justiça. E o que o próprio advogado de defesa não ousava esperar, aconteceu: tornou- se evidente a inocência do co merciante, que foi unani memente
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Santo Antônio Mal'ia Claret e os Anjos
O intrépido missionário espanhol Santo Antônio Maria Claret (1807-1870) tinha muita devoção aos Anjos (foto ao lado) . Para obter a conversão dos pecadores mais dispostos a se converter, a perseverança dos justos que se encontravam em perigo de cair, e a libertação das almas do Purgatório mais próximas de sair dessa prisão da justiça de Deus, ele dizia que sempre pedia essas tTês graças a Deus Nosso Senhor e à Santíssima Virgem, a todos os santos, e às ai mas piedosas que rezassem por essa intenção. "Nunca me esquecia de invocar (também) ao glorioso São Miguel e aos anjos custódias, singularmente ao de minha guarda, ao do Reino, ao da Província, ao da população na qual pregava, e ao de cada p essoa em particular ". Organizou uma academia de escritores e propagandistas católicos dedicada a São Miguel, e dizia: "Todos os bons sacerdotes e os bons seculares nos devemosjuntar e unir ao exército dos A,?jos, e todos devemos formar um corpo bem compacto com um só coração e uma só alma, sob a proteção e direção de São Miguel, dizendo: Quem como Deus ... ? Assim poderemos estar seguros de reportar com ele a vitória e alcançar também com ele a coroa do triunfo e da vida ".24 •
IN MEMORIAM
E-mail para o autor: catolicismo@terra.com.br
Notas:
1. Fr. Bernard-Mari e, o.f.s., "811//elin de L 'CEuvre des Campagnes" nº 205 - Janv.-Fév.-Mars 2003. Disponível na Internet e111 http://www.spiritualite-chretienn e.co111/an ges/ange-ga rdien/re f-l4.ht1111 . 2. Su111a Teo lógica, la, q. 50, art. 1. 3. Pe. Antoni o Vieira, Sennc7o U com o Sa ntíssimo Sacramento exposto, di sponí ve l na Intern et e111 htpp: //ww w.cce.ufsc.br/i'íupill /literatura/ BT2803060.ht111I. 4. apud Abbé Lava i, in L'Ange Gardien, Juin 1895, pp. 39-40. Disponível na Intern et e111 htpp://www. spiritualite-chreti enn e.co111/a nge-ga rdi en/ hi erl l .ht111llf.chapelet. 5. Plínio Mari a So li111eo, O Anjo da Guarda - O amigo certo na hora incerta, Catolicismo, Sete111bro/ 2008, p. 29. 6. Abbé Th . Lavai, Le Monde lnvisible 011 Trai/é dogmatique e/ ascétique des Anges, chapitre IX : Le ró/e des Anges. Disponíve l na Internet e111 http://www. sp iritualite-ch retienne.co111/an ges/ange-gard ien/ref-02. htm 1. 7. C fr. A.M.D. G., Les Anges de Dieu, Amis eles hommes, ca p. VIII: Des An gcs Ga rdi ens, Disponível na Intern et cm: http://www. spiritualitéchretienne.co m/a nges;ange-gardi en;re l~09. ht111l 8. A.M .D.G., op. cit. 9. ln Lataste, Livre IV, citado pelo Abbé Th. Lavai , Le Mo nde Jn visible 01.1 Trai/é dogmatique et ascétiq ue des Anges de, Bru xe ll es, Librairie Albert Dew it, 1909 in L' An ge Ga rdien online. 1O. Abbé La vai, op. cit., apud L 'Ange Gardien, online editi on. 11 . Abbé Lavai, op. cit.
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12. Apud Abbé Lavai, op. cit. · 13. V. Agustí, Vida de San Es /C/nislao de Kostka, p. 308, apud, Pc. Ramón de Mui'íana , Verdad y Vida, Editori al EI Mcnsajero dei Corazón de .l esús, Bilbao, 1947, p. 23 0. 14. Cfr. Gustavo Antônio Solimeo e Lui z Sérgio Solimeo, Anjos e Demônios: A luta contra o poder das trevas, Artpress, SP, 1996, p. 46. 15. Pi o IX , Bul a lne.ffàbilis Deus . 16. Cfr. Pe. Lawrence G. Lovasik, S.V.D., Queen o.f Angels, Disponível na Intern et em http://www.intenniriA ca.o rg/ Mary/a nge ls.htm. 17. Pio XII , Encíclica Ad Caeli Reg inam, de 11 de outubro de 1954, n. 3,253,33. 18. Frei eve rin o Gi sder, O. F.M., Anjos ... Fantasia 011 Realidade?, Edi ções Louva-a- Deus, Co munidade Emanuel, Ri o de Janeiro, 1992, p. 72-73. 19. A.M.D.G. , op. cit. 20. Pe. José Leite, Santos de Cada Dia, Editorial A.O., Braga, 1987, vol. 111 , p.1 82. 2 1. Vide Plínio Maria Solimco, "Os Santos Anjos, nossos celestes protetores", pp. 56 e ss. 22. Frei Severin o Gisder, O. F. M., op. cit. p. 70. 23 . lei. ib. 24. San Antonio Maria Claret, Escritos autobiográficos y espirituales, Biblioteca de Autores Cri sti anos, Madri , 1969, Autobi ografia, n. 268 e nota 1O1.
Faleceu em Florença, no dia 7 de julho último, o Marquês Luigi Coda Nunziante di San Ferdinando. Nascido em Nápoles em 20 de setembro de 1930, ele foi um exemplar pai de famíli a, esmerado homem de sociedade e católico fervoroso , tendo dedicado o melhor de seu tempo ao apostolado social em favor da Fé e da civilização cristã. Como presidente da associação Famiglia Domani, da Jtália, distinguiu-se particularmente na defesa da vida e da família natural e cristã. Não obstante já estivesse com sua saúde seriamente debilitada, com revigorado ânimo "combateu o bom combate" (2 Tim . 4, 6-8) até o fim de seu percurso terreno. Amigo pessoal do Prof. Plínio Corrêa de Oliveira, o Marquês Coda Nunziante poderá ainda ser lembrado como grande admirador dos ideais que Dr. Plínio consubstanciou na TFP, ao fundá-la em 1960. E m 1993, o ilustre Marquês promoveu o lançamento na Itália do último livro de Plínio Corrêa de Oliveira Nobreza e elites tradicionais análogas nas Alocuções de Pio XII ao Patriciado e à Nobreza romana. A partir do hi stórico lançamento realizado no palácio Pallavicini, em Roma, como também no palácio Serbelloni em Milão, até o lançamento no Hotel Excelsior de Nápoles, o Marquês Coda Nun ziante sempre figurou na vanguarda daquilo que Pl.inio Corrêa de Oliveira qualificou como "um dos supremos esforços empreendidos in signo Crucis, a fim de evitar à civilização ocidental agonizante o soçobro final para o qual esta se vai deixando rolar". (in Catolicismo, nº 376, abril/1982). Tendo em vista esse objetivo, o Marquês Coda Nunziante fundou a associação Noblesse et Tradition , por meio da qual organizou conferências, não só na Ttália, mas também em outros países europeus. l n paradisum deducant te angeli ("Ao paraíso conduzam-te os anjos"), foi se u merecido prêmio, após ter "combatido o bom combate, concluído o cam inho humano, conservado integralmente a Fé", segundo o mencion ado modelo do Apóstolo São Paulo. O Instituto Plinio Corréa de Oliveira mandou celebrar Missa de Reguiem pelo repouso eterno da alm a do Marquês Coda Nunz iante na igreja de São Felipe Neri , na capital paulista.
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. períodos de tristeza ou depressão infelizmente tão frequentes nos dificeis dias em que vivemos. E também nos períodos de aridez espiritual a que estão sujeitos os homens, como uma provação a ser vencida para merecerem a recompensa celeste.
Aventuras dos tempos h1l'antls Felipe aprendeu as primeiras letras com um professor chamado Clemente, que lhe ensinou a ler, escrever e contar. De sua prime ira infância restamnos dois episódios, narrados pelos seus
Prlmeil'os anos de "Plppo Buono"
São Felipe Neri, Fundador do Oratório P ara come·morar o Vcentenário do nascimento de São Felipe Neri, o santo fundador dos padres oratorianos, o hagiógrafo de nossa revista redigiu urna matéria especial e mais extensa do que as habitualmente reproduzidas nesta seção n PUNIO M ARIA SouMEQ s santos são modelos para nós. Pela sua vida eles nos ensinam de modo concreto como servir a Deus e praticar a virtude. - Que li ção especial nos dá São Felipe N eri?
O
Esse jovial santo italiano nos ensina a "servir o Senhor com alegria" (Salmo 99,2). Pelo seu caráter amável, São Felipe foi chamado o "santo da alegria" ou "o j ogral de Deus". Ele é o padroeiro da santa alegria. Assim, ele pode ser nosso poderoso intercessor quando estivermos acabrunhados pelo peso da vida ou nos
Segundo filho de Francisco Neri e Lucrecia da Mosciano, Fi lippo Romolo N eri nasceu na bela cidade de Florença, na Toscana. O casal tivera já uma filha, Catarina, nascida dois anos antes, e teria depois Elizabetta (ou Isabel), três anos mais nova. Outro filho,Antonio, morreria em tenra idade. Felipe foi batizado na igreja de São Pedro Gattolino no dia seguinte ao seu nascimento. Francisco, modesto tabe1ião, era bom católico. Sua famí lia havia sido nobilitada no serviço do Estado, por ter exercido durante gerações funções de relevo na cidade. Felipe contava apenas cinco anos quando perdeu sua mãe, mas encontrou na madrasta, Alexandra de Michele Lensi, uma digna sucessora que o amou como filho . O menino era tão amável , jovial e terno, que logo se tornou conhecido como Pippo Buono, "o bom Felipinho". Sua bondade de coração e sua amabilidade eram contagiantes. Permeadas pela graça divina, elas se tornariam o grande segredo de suas conquistas apostólicas. Sua irmã.Isabel, testemunhando no processo de beatificação do irmão, afirma que e le "jamais causou desgosto a seu pai, nem fez algo pelo qual ele o repreendesse (exceto por uma zanga feita uma vez à sua irmã). [... ] Era pacifico, e jamais se zangou; era alegre ['brincalhão' , dizia ela numa primeira declaração], máx ime com a madrasta, e era manso e paciente ". 1
Assustada, a mula deseq uilibrou-se, rolando com a carga e derrubando o menino . Q uando os pais e vizinhos acorreram, pensando encontrar morto o imprudente cavaleiro, viram-no ileso e sorrindo devido àq ue la aventura. Felipe estudou depois no convento dominicano de São Marcos, na s ua cidade natal. Mais tarde dirá que devia muito do seu progresso in te lectual a dois professores daquela casa reli giosa, Frei Zenób io de Mediei e Frei Servanzio Mini .
Falta <le tiJ10 comercia l, mas senso <lo di1 1i110
primeiros biógrafos . Quando Pippo tinha cerca de oito anos, querendo certa vez silêncio para poder refletir sobre algum assunto que lhe viera à mente, começou a ser perturbado por sua irmã. E les se encontravam no alto de uma escada. O menino não teve dúvidas: deu-lhe um empurrão e e la rolou escada abaixo. O outro fato é apresentado pelos seus biógrafos. Quando Felipe tinha mais ou menos essa mesma idade, foi brincar num terreno perto de sua casa. Vendo ali uma mula carregada de frutas que alguém trouxera para vender, não hesi tou um instante : pulou na garupa da besta para fazê-la cavalgar.
Aos 18 anos Pippo fo i e nviado à casa de se u "t io" (primo-irmão do pai) Barto lomeu Romo lo, na vi la de São Germano , aos pés do Monte Cassi no, para iniciar-se na carreira de comerciante. Ganhou a confiança e a afeição do tio, mas, "apesar de se dedicar com empenho ao negócio, suas cogitações estavam muito acima das mercadorias com que tratava. Logo se viu que ele não tinha tino comercial, mas senso do divino. Apenas terminado o trabalho do dia, Pippo se retirava para uma igreja ou um oratório, abundantes na Itália. Servia-se também do emprego para fazer apostolado, perg untando aos fregueses se sabiam o Pai-Nosso ou se haviam fe ito a Páscoa. O tio comentava: 'Felipe nunca será um bom comerciante. Eu lhe deixaria toda a minha herança, se não fosse essa mania de rezar'. Para Felipe isso não era 'mania', mas necessidade. 'Nada ajuda mais o homem do que a oração', dirá mais tarde". 2 Um dos locais preferidos de Felipe era uma "capela de montanha pertencente aos beneditinos de Monte Cassino, construída sobre a baía de Gaeta, na.fe nda de uma rocha que, segundo a tradição,fendera-se na hora da morte de Nosso Senhor".3
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Pc1·cgl'i11ação à Ci<laclc Btema Em 1534, com 20 anos inco mpl etos , movido por um impulso sobrenatural , Fe lipe partiu para Roma como peregrin o, na mais comp leta pobreza. Nã.o comuni cou sua resolução aos pais nem a qualquer outro parente. Na Cidade Eterna ele procurou Ga leotto Dei Caccia, um ari stocrata seu conterrâ neo e ad uane iro, que pagava as au las mini stradas por Felipe a seus doi s filhos com pousada e uma renda em fa rinha, que Pippo transformava em pão para seu sustento. Seu quarto na casa desse aristocrata - talvez por esco lha do próprio hóspede - era um cubículo, tendo co mo únicos móveis um leito, um a pequena mesa e um a corda presa à parede para pendurar suas roupas. Fe lipe destinava quase todo o seu tempo li vre à oração. Sua vida era tão pura e edifi cante, que logo chamou a atenção, começando sua fama de sa ntidade a espa lh ar-se por Roma, chegando até Florença. Quando fa lara m dele à sua irmã Isabel, esta ponderou: "1 ·so não me surpreende. Desde seus primeiros anos, vendo suas virtudes, eu podia já conjecturw· que ele se tornaria um grande santo". 4
um grande crucifixo, que o comovia até às lágrimas". 5 Outro s afi rm am que, em 15 38 , quando Felipe julgou que tinha aprendido o sufi ciente, vendeu seus livros para socorrer os pobres. Foi assim que ajudou um jovem sacerdote ca labrês e futuro cardeal, Guilherme Sirleto, que estava em clificulclacles. Entretanto, "embora nunca mais tenha estudado com regularidade, sempre que chamado a dar o seu parecet; apesar de sua habitual reticência, [Felipe} surpreendia os mais eruditos pela pro.fúndidade e clareza de seus conhecimentos teológicos ". 6
em que era tutor dos filhos de Cacc ia que ele escreveu a maior parte ele suas poes ias, tanto em latim quanto em ita1iano. 1nfe lizmente, elas não passara m para a posteridade, pois Felipe, antes de morrer, queimou todos os seus escritos, só restando uns poucos sonetos. Isso expli ca também a nossa pobreza ele material ele seu próprio punho, que pudesse nos tnmsmitir mais fielmente o seu pensamento.
Apostola<lo com OS /JOhl'eS C (/0CIJtCS Fe lipe viveu 17 anos como leigo, sem pensar em ordenar-se sacerdote. Tendo conseguido juntar um peq ueno pecúli o
O gramlc milagre <lc Pentecostes
São Felipe promoveu a música e a pintura como um melo de formação de seus lovens
Pmsscguimcnto <le seus csw<los Após dois anos de vida rec lu sa, Co m efe ito, "até seus últimos Fe lipe, movido pelo Espí rito Santo, anos ele discutia as questões mais reso lveu recomeçar seus estudos, curelevadas e mais subtis com a mesma sando filosofia no Estudo Geral dos fa cilidade e erudição daqueles que agostinianos. Al guns de seus mestres consagram sua vida ao estudo. Ele participaram at ivamente no Concí li o não se esqueceu das controvérsias de Trento. Cursou também teologia na mais importantes, e espan tavamUniversidade La Sapienza. Contudo, se ouviL o repetir com exatidão os segu ndo um seu moderno biógrafo, sentimentos dos dou tos sobre essas esse curso fo i de pouca duração, pois, questões, e os raciocínios nos quais como explica seu discípulo cardea l 7 se apoiavam ". César Barônio, "toda a organ ização Despojando-se ele se us livros , acadêmica do tempo, o sistema escoFe lipe conservou apenas dois: a Suma lástico, era-lhe ásp ero: as disciplinas Teológica e a Bíbli a. Ele julgava Sa nfilosóficas eram para ele verdadeiras to Tomás "o teólogo por exce lência", cadeias, das quais logo decidiu livrare semp re, em suas co ntrovérs ias, se. [... ] Dir-se-á, em seguida, que o apo iava-se no Doutor Angélico. fa to de abandonar o estudo se dera Foi provavelmente durante o ano pelo quotidiano encontro na aula, de
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muros, Sa nta Maria Maior e Santa Cruz ele Jerusalém), antiga form a de pi edade popul ar que depois legou ao Oratório. Fe lipe frequentava a igreja ele Santa Maria ela Estrada, cios primeiros jesuítas, onde conheceu Sa nto In ác io de Loyola. Consta que esse santo o teria querido entre os seus, para enviá-lo às Índi as. Mas Felipe não quis entrar na Companhia, aguardando os des ígni os da Providência. Entretanto, como enviava muitos recrutas para a recém-fu ndada Companhi a ele Jesus, Santo Inácio di zia que Felipe era como um sino, que chamava os demais para entrar na igreja, mas ficava sempre de fora ...
para atender às suas parcas necessiclacles, entrego u-se totalmente ao aposto lado com os doentes e os pobres, o que lhe va lerá mais tarde o título ele "Apóstolo de Roma" . Fo i por isso qu e ele passou a frequentar os hospi ta is ela Cid ade Etern a, em particular o Hosp ital de São Tiago cios In curáve is, ond e se insc reve u na confraria de Santa Maria ela Purificação para ass istê ncia dos enfermos. Embora ainda leigo, a par ela ass istência material, ele prodigali zava a todos a es mola da palavra divina. Ao mesmo tempo o santo começou a fazer a Visita das Sete igrejas (São Pedro, São Pa ul o extra- muros, São Sebasti ão, São João ele Latrão, São Lourenço extra-
No ano de 1544, no qual, segundo Felipe, teria início a sua "conversão" entenda-se uma entrega mais decidida ao serviço de Deus - , ele rezava ao Espírito Santo na catacumba de São Sebastião quando se deu o gra nde milagre de Pentecostes, que ele próprio narrou ao cardeal Frederico Borromeu. Isso ocorreu do seguinte modo: um pouco antes da festa de Pentecostes daquele ano, depois de uma aparição de São João Batista, "golpeou-o um ímpeto de ardot; uma irrupção do Espírito Santo, que o.fez cair por terra e marcar seu corpo ". 8 Sobre isso, afirmou se u méd ico, Vittori: "Dizia-me que, aos 30 anos, estava com grande f ervot; e pedia ao Espírito Santo que lhe desse um cúmulo de espírito; e me disse que lhe fora dado tanto, que o lançou por terra. Ao le vantar-se, sentiu ele vado o peito e uma contusão por dentro, a qual durou enquanto viveu ". 9 Seu segund o biógrafo, Pietro Giacomo Bacci , a sim descreve o suced ido: "Quando ele estava com o maior empenho pedindo os dons do Espírito Santo, apare · u-lh? um globo de .fogo que entrou em sua boca e alojou-se em seu peito; m seguida ele ficou tomado com um tal/o o de amor que, incapaz de suportá-lo, atirou-se ao solo e, como alguém tentando refi·escar-se, despiu seu peito para de algum modo moderar a 0
chama que sentia. Quando permaneceu assim por algum tempo e recuperou-se um pouco, levantou-se cheio de inusitada alegria, e imediatamente todo seu corpo começou a tremer violentamente; e, pondo sua mão no p eito, sentiu no lado de seu coração um inchaço grande como o punho de um homem, mas nem então, nem depois isso provocou a mais Leve dor ouferida". 1º
O impacto divino q11ehm11-lhe duas costelas Quando, depoi s de sua morte , os médicos exa minaram se u corpo, viram que o coração estava dila tado - em decorrência de um subi to impulso de amor! - e, a fim de que ele tivesse espaço sufici ente em seu peito para mover-se, hav iam-se quebrado duas costelas, que ficaram com a fo rma de um arco. Um dos médi cos, Andréa Cesa lpino, que fez a autópsia, dec larou : "Percebi que as costelas estavam rompidas naquele ponto, isto é, estavam separadas da cartilagem. Só dessa maneira era possível que o coração tivesse espaço suficiente para Levantar-se e abaixar-se. Cheguei à conclusão de que se tratava de algo sobrenatural, de uma providência de Deus para que o coração, batendo tão fortemente como batia, não se machucasse contra as duras costelas". 11 A partir desse milagre, seu coração palpitava violentamente toda vez que ele fazia qualquer ação espiritual: "Crescia esta palpitação mais, ou menos, estando em oração, e às vezes o fazia tremet; bem como a cadeira ou cama onde se achava, e mesmo o aposento, como se sucedesse algum terremoto. Sentia também naquela parte um calor tão excessivo, que por mais/rio que.fizesse, e sendo já muito velho, era obrigado a desabrigar-se o peito e, às vezes, sendo inverno, abrir as portas e janelas do aposento para temp erar aquele fogo que se espalhava por todo seu corpo ". 12
O hel'Ç0 do Orató1·io em Roma Em 1547 Felipe começou a frequentar a igreja da Arquiconfraria de São Jerônimo da Caridade, onde um grupo de sacerdotes seculares levava uma vida
exempl ar, constituindo uma pequ ena comunidade. Cada um vivia de suas próprias rendas, ao serviço do templo e da confraria, tendo mesa em comum. Não se obri gavam a nenhum voto. Este será o berço do Oratório de São Felipe Neri. Por sua boa fa ma, essa igreja passou a ser o ponto de referência para ec les iásticos que chegavam a Roma, entre os quai s estarão alguns dos filh os mai s queridos do sa nto. Fo i ali que Fe lipe encontrou seu co nfessor, o primeiro de que se tem notíci a, o Pe. Persiano Rosa, a quem se afeiçoou por seu ânimo alegre e espírito se reno. Nesse tempo, Felipe começou sua s conquistas entre se us j ove ns co nterrâneos, aprendi zes e empregados de ban co. O sa nto sen ti a-se atra ído espec ialmente para cuidar da juventude. Para colocar os jovens em guarda contra as sed uções da idade e conservar todo o frescor da virtude, ele lhes di zia para se lembrarem sempre das pal avras do profeta: "Bemaventurado o homem que leva ojugo do Senhor desde a sua adolescência". Ele os exo rtava a um a mudança de vida. Havia em sua voz e em suas maneiras tanto atrativo, que muitos, cedendo à asce nd ênci a qu e Felipe tinha sobre eles, renunciavam às frivolidades do mundo, e se entregavam inteiramente a Deus. Co nta-se que, numa só ocasião, ele converteu com suas palavras trinta jovens dissolutos.
Co111i'al'ia <la Sant;íssima 1'1·i11<lade <los Peregrinos Em 1548, juntamente co m se u confessor, Pe. Persiano Rosa, Fe lipe fundou a Confraria da Santíssima Trindade. Sua finalidade era inteiramente devocional , com preeminência ao culto eucarístico. Seus confrades reuniam-se na igreja de São Salvador in Campo para a Comu nhão e outros exercícios de piedade. Aí o santo introduziu pela primeira vez em Roma a ex posição do Santíssimo Sacramento na devoção elas Quarenta Horas. Durante o ano jubilar ele 1550, o
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Vicariato de Roma confe riu à Confra ri a uma fin alidade nova e estável: a ass istênc ia aos peregrinos e convalescentes que, sa indo do hospi ta l, necessitava m ainda de cuidados. Crescendo a associação, "as obras que os confi·ades exercitavam com os peregrinos e convalescentes causaram tanta ed/ficação em todos, que muitos se moveram a imitá-los, vindo servir os pobres pessoas de grande qualidade e prelados ecles iásticos; até o papa Clemente Vlll vinha lavarlhes os pés, abençoando-lhes muitas vezes a mesa e servindo-os nela ". 13 Não contente com a visita a hospi ta is, São Felipe punha-se também a percorrer ruas e praças, fa lando da maneira mais comovedora e cativante às pessoas sobre a Religião e as coisas de Deus. A um perguntava: "Então, meu irmão, quando é que começaremos a amar a Deus?". A outro: "É hoj e que nos decidimos a comportar-nos bem?" le era, sobretudo, um semeador da sa nta alegri a dos fi lhos de Deus.
pão [declaração de Antonio Gallonio, seu primeiro biógrc,fo]. Sempre amante da pobreza, com esta buscará.formar o espírito de seus.filhos, como uma virtude básica para o homem de Deus ".15 Seus di scípul os o admi rava m profund amente. E testemunharam: "Com todos se .familiarizava: crianças, grandes, medianos , mu lheres, sen hores, cardeais, prelados e outros. Todas as pessoas que iam ter com o Padre, tendo .falado uma vez, regressavam, e não podiam separar-se dele". O Ca rdea l
mente uma di stração, para ser capaz de prestar atenção depois no ri to externo do Santo Sacrifíc io. "Deus o havia gratificado com excepcionais carismas: êxtases, levitações (especialmente durante a celebração da Missa), lúcido discernimento dos espíritos, predições seguras, intuição das profimdidades do coração, intervenções prodigiosas para os enfe rmos ". 17 "Junto com o culto eucarístico, na experiência e na direção filipenses, tem notória relevância a devoção à Virgem,
"Grande bol)(/acle e costumes angélicos" Como um ímã, Fe lipe continuava a atrair pessoas para seu grupo. Ele, que era todo fe rvo r e a legri a, entretinha o crescente núc leo de seus discípulos com fe rvorosos e prolongados sermões. N essa é poca a m a turi da de do santo ating ia seu auge. Um de seus conterrâ neos assim o descreve: "Era de belíssimas .feições [ .. .] e sempre foi tido como de grande bondade e de costumes angélicos. Sua natureza sempre alegre e prazenteira, seu rosto alegre e j ovial, sua hilaridade (um atributo que se nomeia comfrequência) concorrem até agora para explicar o.fascínio que vai exercendo e a sua crescente popularidade ". 14 O santo pouco comi a "pouquíssima carne, verdura, ovos, nada de laticínios, um pouco de vinho temperado com água. Por espírito de pobreza, gostava de viver de esmola e, portanto, mandava trazer do cardeal Cusani e Borromeu algum ovo e um pouco de
CATO LICISM O
Panfili afirm a: "Era c,fável, agradável e carinhoso com todos, de modo que, com grandíssima .fàcilidade e alegria, atraía para o caminho de Deus qualquer pessoa que com ele tratasse, e eram raros os que escapavam de suas mãos ". 16
Amor à Eucal'istia e a Nossa Senhora O utra nota marcante na vida de São Felipe Neri fo i seu amo r pela Eucaristia. Era tão grande o fe rvo r de sua caridade que, em vez de se recolher para ce lebrar a Mi ssa, tinha que procurar deliberada-
que Felipe recomenda como um elemento indispensável no progresso da virtude. Sua experiência a este respeito, de uma devoção mariana terna, c,fetiva, quase infantil, o leva a sugerir aos seus uma singela e compendiada jaculatória, repetida como um rosário: 'Virgem Maria, Mãe de Deus, roga a Jesus por mim "'. 18
Sacerdote para a Etemidade Quando Felipe tinha 36 anos, o Pe. Rosa ordenou-lhe, em nome de Deus, que se tornasse sacerdote. Ass im , depois de ma is a lgun s estud os, fo i-lh e
co nfer ido o sacerdóc io no di a 29 de ma io de 155 1. Como sacerdote, São Felipe dedicou-se especialmente ao confess ionário, o nde passava gra nde parte do dia. Com efe ito, "dedico u-se ao exercício da confissão, no qual consumiu o resto de seus dias ", dirá um de seus discípulos. " O titulo ideal que o qualificará para sempre, será o de confess0t; conselheiro, guia e mestre das almas ". 19 Mui tos de seus peni tentes, levados pelo desej o de reco lh er a do utrina desse pa i es piritua l, passaram a ir v isitá- lo d iari amente. "Pouco a pouco os discípulos se tornaram tão numerosos, que foi preciso ter a reunião numa igreja; e, por fim , a concorrência cresceu tanto, que.foi necessário distribuí-la em grupos, à.fi'·ente dos quais o mestre punha um de seus discípulos mais capazes. Assim nasceu o instituto do Oratório, sem outras regras que os cânones, sem outros votos que os compromissos do batismo e da ordenação, sem outros vínculos que a caridade ". 20 O número de seus seguidores fo i crescendo. Entre eles figura um sapate iro, um miniaturi sta, um notário, e outros q ue e le convertera quando era a inda leigo . As reuni ões com esse gru po ele ito era m in fo rm a is. D iz um de les: ''.No princípio, liam-se páginas edificantes e interessantes, de fá cil compreensão; seguia-se um comentário do Padre[ ... ]. Alguém tornava a palavra, dialogava-se, e con tinuava-se discorrendo duran te longo p eríodo, sem um programa determinado ". 21 Entre eus di scí pul os estavam Fra nc isco Maria Ta rugi, nobre de Monte pulc iano apa rentado com o Papa, que se tornaria arccb i pode Av ignon e cardea l, e César Barôni o, céle bre hi sto ri ado r da Ig reja e dou tor em leis, admi tido ao círcul lc Felipe em 1557, um dos prime ir · a receber o sacerdóc io. Ele sucede u a sa nto na d ireção do Oratório e se to rno u mais tarde ca rdea l. O uvin do conta r as marav ilh as de São F ranc isco Xav ier na Índi a e de ou-
Santos na vida de São Felipe Os santos se atraem . Assim São Felipe manteve relações com todos os santos que viviam então na Cidade Eterna: São Carlos Borromeu, São Camilo de Lellis, Santo Inácio de Loyola, São Félix de Cantalício. São Francisco de Borja, terceiro Geral da Companhia de Jesus, terá grande estima por São Felipe. Outro grande santo jesuíta, São Pedro Canísio, também esteve no Oratório, encontrando-se com Felipe. O Papa São Pio V depositava muita confiança no Pe. Felipe e em seus seguidores, e quis que um deles tomasse parte na delegação chefiada por seu sobrinho, cardeal Bonelli , enviada à Espanha e Portugal , junto com o Geral dos jesuítas, Francisco de Borja, e outros ilustres personagens. Entre outros santos que tiveram pelo menos breve relação com São Felipe Neri estão Santo Alexandre Sauli, bispo de Ateria e Pavia; São João Leonardi, fundador dos Clérigos Regulares da Mãe de Deus; São Francisco Caracciolo, fundador dos Clérigos Menores, e Santa Catarina de Ricci , dominicana de Prato. São Roberto Belarmino terá profundos laços de amizade com o Cardeal Barônio, sucessor de Felipe. "São Carlos Borromeu votava tanta estima e veneração por ele que, todas as vezes que o encontrava, prosternava-se diante dele e lhe suplicava que o deixasse beijar suas mãos. Santo Inácio de Loyola não fazia menos caso de sua santidade, e via-se frequentemente esses dois ilustres fundadores olharem-se sem nada dizer, na admiração mútua que tinham pela virtude que reconheciam um no outro".* * Mons. Paul Guérin , op. cit. p. 2 17.
No quadro estão representados, junto com São Felipe Neri, Santo Inácio de Loyola, São Carlos Borromeu, São Francisco de Sales e Santa Catarina de Ricci
tros mi ss ionários no Novo Mundo, São Fe lipe e seus discí pul os pensaram muito em ir também para o Oriente. Entretanto, querendo conhecer a vo ntade de Deus, Fe lipe dirig iu-se a um santo re li gioso c iste rc iense, ta mbém seu conte rrâneo, Agostinho Ghettini , muito favorec ido por Deus, ped indo-lhe que consultasse o Senhor sobre esse seu projeto . A resposta di vina fo i: "Felipe não deve buscar as Índias, mas Roma, onde o destina Deus, assim como a seus filhos, para salvar almas ". 22 Ma is ta rde o santo dirá a seus di scípu los: "Quem.faz o bem em Roma, o faz a todo o mundo".
A singulal' Congregação cio Oratól'io O Oratóri o surgiu, como vimos, de m a ne ira mui to m o d es ta . S ua de no min ação ve io da extensão da pa lavra - que no princí pio se referia a um pequeno edi fíc io, um sinônimo de confra ria. "Foi desde o princípio uma experiência de agrupação totalmente singu/a,; nem sequer poderia chamar-se de associação porque era de participação livre, sem estatutos nem elenco de inscritos; uma acolhida espontânea, regulamentando-se necessariamente na prática. [... ] A estru-
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lura, agorajá completa do Oratório, bosquejada em suasformas essenciais no desvão [da igreja} de São Jerônimo, está delineada detalhadamente nas antigas memórias, entre as quais está o autorizado breve ensaio de Barônio, De ori gi ne Oratorii".23 "Ao longo de todo o processo de restauração que se construía na Igreja no século XVI [após a devastação do herético Lutero], o aporte de Felipe .foi, sem dúvida, o de modelar e propor - com sua esplêndida vida e através de sua restrita.fàmília presbilerial a singela.figura do sacerdote seculm-; em sua expressão original e genuína ". "K, atamente por suas características singulares, esta familia sacerdotal, é bom destacw; é absolutamente um uni cum na Igreja: não existem instituições, entre as inumeráveis, qfin s a esta. Afirmava-o com autori fade o primeiro sucessor de São Felipe, o padre (depois cardeal) César Barônio, apresentando o texto das Constituições revistas por ele. A igreja, recordava, é a rainha das vestes de jaspe celebrada pelo sa lm o c irc umd ata varietate (SI 44). A Congregação do Oratório se preza por represenlm; em sua humilde particularidade, um dos tantos vestidos reais da santa Igreja de Cristo". 24 "O exercício quotidiano da palavra de Deus 'de modo fá ci!Jamiliw; .fi'utí.fero 'representava a essência particular do Oratório[ ... ]. Neste sistema oratoriano nada há de escolástico, de retórico, de d{ftcil compreensão: .fàlar ao coração era o método: 'exortações e .fervores mais afeti vos que intelectuais ' eram os assim chamados 'arrazoados'. Felipe não quis jamais que o oratório 'entrasse em coisas escolásticas ', para as quais não.fà/tavam escolas ou cátedras em Roma ". 25 Em 1564 Fe li pe também ficou enca rregado da igreja de São João dos Florentinos, para lá mandando algu ns
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de seus discípulos . E, em 15 75 , o Papa Gregório XIII concede ao "querido filho Felipe Neri, sacerdote.florentino e preposto de alguns sacerdotes e clérigos ", a igreja de Santa Maria in Vallicella, dedicada à Natividade de Maria (bula Copi osus in mi se ricordi a). Esta bu fa ''.ficará como o documento solene de funda ção da sociedade oratoriana [... ]. A agrupaçcio designada expressamente com esta locução pela bula de Oratorio nuncupand am, defin e a congregação por antonomás ia: 'Congregação do Oratório ' [... ]. Nas Constituições aprovadas p elo Papa Paulo V em 1612, o Pontífice declara expressamente que
tal convivência presbiterial (mais tarde se agregarão irmãos leigos), 'instituída por divina inspiração pelo santo Padre Felipe ', estava cimentada só pelo vinculo da caridade,.fora de todo vínculo por voto, juramento ou promessa, e assim devesse perseverar na igreja santa 'de vestiduras variadas ' (SI 44) ".26
Histó1·ia da I gr eja como arma apologética Para combater a heres ia prote tante, São Felipe enca rregou seu discípulo Césa r Barônio de escrever um a verdadeira e documentada 1-1 istória da Igreja qu e refutasse as fa lsas versões divulgadas pelos heréticos. O futuro ca rdea l levou 30 anos para prod uzir os seus monumentai s Annales Ecclesiatici - Anais Eclesiásticos, que
se tornaram paradigma de hi stori ografia cató li ca e merecera m ao seu autor o título de Pai da 1-1 istóri a Ec les iástica. A mú sica tinha um papel importante no aposto lado de São Felipe. Ele introduziu, entre os sermões e no fi nal, o câ nti co de motetes latinos e itali anos. E, como muitos com ta lento mu sical acorreram ao Oratório, a música fico u nele in corporada como parte importante de sua espiritualidade. Embora algun s o afirm em, não está documentada a participação no Oratório do maior compos itor de música sacra do séc ul o XVI, Giovanni Pierluigi da Palestrina. São Fe lipe era o "santo da alegria" e nele essa característica se unia a sua dignidade e responsabilidade. Ass im, exigia dos membros e hóspedes do incipiente Oratório uma absoluta obediência, sob pena de expul são. Ao morrer, deixou um documento no qual faz ia um severo juízo sobre vári os membros da Congregação, não os querendo como sucessores no governo. Ele chegou a denunciar como herege ao Sa nto Ofício um dos seus mais antigos discípulos. Este, mantido na prisão por um ano, fo i depois abso lvido. Entretanto Felipe não quis recebê-lo de volta na comunidade, apesar das súplicas de au torizados intercessorcs. 27 Apesar de ardoroso defensor do Papado, houve um momento em que Felipe discordou do Sobera no Pontífice . Fo i quando se tratou de aceita r a conversã.o e, portanto, a conseq uente hab ilitação do herege huguenote, o futuro Henrique IV, para o trono da França. "Clemente VIII mostrou-se indeciso e vacilante. Felipe mostrou-se desde o primeiro momento partidário da reconciliação [... ], e aconselhou o Papa nesse sentido, mas sem obter dele uma decisão eficaz. [... ] Felipe atuou através de Barônio, co,?fessor do Papa. Deu-Lhe instruções no sentido inclusive de lhe negar a absolvição enquanto ele não aceitasse um conselho reconciliatório. Barônio
triunfou nessa empresa tão delicada. A França contará mais adiante com Felipe entre seus santos protetores ''.28
VíUma <lc caltí11ias e incomJJl'CCIISÓCS Como acontece com todos os santos também São Felipe teve que enfrenta;. mui tas ca lúni as. O próprio Card ea lVi gári o de Rom a, levado por ce rto preconceito e pelos rumores de qu e o santo mantinha assembleias peri gosa e semeava novidades entre o povo, ch egou a repreend ê- lo seve rame nte retirando- lhe durante 15 dias a li cenç~ para atender confissões. Mas, tendo o purpurado adoec id o repenti name nte, o Papa Pa ul o IV, chamado a julgar o caso, não só absolveu São Fe lipe como se recomendou às suas orações. São Fe lipe Neri entregou sua alm a a Deus no di a 26 de maio de 1595 , sendo ca noni zado 27 anos depoi s, juntamente com Santo Isidro Lav rador, Santo Inác io de Loyo la, São Fra ncisco Xav ier e Sa nta Teresa d' Áv ila. • E-mail para o autor: catoli cis111o@terra.co111.br Notas :
1. Pc. Ant ônio Cistellin i, C.O., San Felipe Neri, bre ve historia de 1111a gra11 vida, Congregación dei Oratori o de Méx ico, Ciud ad de Méxi co, 1999, p. 19. 2. Plínio Maria Solirnco, Siío Felipe Neri, Catolicismo , rn aio/2009. 3. C. Sebast. ian Ritchic, Philip /?01110/0 Neri, The Ca th olic Encyc lopedi a. CD Roo rn editi on. 4. Mon s. Paul Guérin , Les Petits Bollandi stcs Vie,· eles Saints , Bloud cl Barrai, Librai res-Édii'eur~ Pa ris, 1882, torn o VI, p. 207. ' 5. istellini , op.cit. pp. 27-28. 6. Ritchi e, op.cit. 7. Guérin , p. 2 17. 8. Cistcll ini, pp. 30-3 1. 9. Cislellini , p. 3 1. 1O. Ritchi c, op.cit. 11 . Apud Guilh erme San ches Xim enes, Felipe Neri O .rnrri.,·o de Deus, Editora Quadra nt e, São Paulo, 1998, p. 17 . 12. Pedro Rihudcncira , Vios Sa11ctom111. in D. Edu ard o MHria Vilarrasa. La Le ve11da de Oro L. on;,.{il cz y '0111paii ia, Baice lona , 1896: torn o li , p. :in. 13. Rib11dcrn.: ir11 , p. 333. 14. Cistcll ini , r,p. 36- 7. 15. istc lli ni , p. 75. 16. Cistc ll ini, p. 73. 17. Cistcll ini , p. (16 . 18. istcllin i, pp. 122- 123 . 19. iste ll ini, p. 40. 20. Fr. Justo l'crw . de Urbe!, O.S .B.. Aiio Cristia-
A Congregação do Oratório em nossa Pátria A benemérita presença da Congregação do Oratório no Brasil se compõe de dois períodos. O primeiro se estende de meados do sécu lo XV II até a primeira parte do século XIX, quando foi extinta em 1830 deixando assim de existir no mundo uma Congregação de língua portug~esa . N~s_ses primórdios, os padres oratorianos foram dedicados apóstolos en_, :anos aldeamentos indígenas em Pernambuco e Ceará, chegando a eng,r uma casa em Salvador, nosso primeiro bispado. Todavia, deve-se reconhecer a presença do Oratório de São Felipe Neri em terras de Santa Cruz, sobretudo através da Congregação que se instalou na capital de Pernambuco, cuj o belíssimo templo que até hoje se encontra edificado a ' célebre igreja da Madre de Deus. . ?s primeiros padres oratorianos ''.foram educadores notáveis, tendo m1111strado tanto o ensino secundário quanto o superior e, como promotores da cultura, podiam se gloriar de possuir a melhor biblioteca de Pernambuco colonial ". * Cumpre dizer que os oratórios lusófonos nasceram concomitantemente em Portugal e no Brasil , sendo o Oratório lisboeta e seu fundador, Pe. Bartolomeu de Quental, a obra-prima de todas as Congregações espalhada~ pelo abrangente domínio português. Já aqui no Brasil, coube ao ve_neravel Pe. João Duarte do Sacramento a grande missão de ser O seu primeiro prepósito. O segundo momento da Congregação do Oratório no Brasil é bastante r~cente. Desde a extinção dos padres oratorianos em 1830, até 1957 não tivemos _e~tre nós a presença de um filho de São Felipe Neri . . A D1v111a Providência escolheu então o reverend íss im o Pe. Ald o G1_use!Jpe ~aschi , do Oratório de Verona, para tão alta empresa. Ele foi 0 prnne1ro paroco da Paróquia São Felipe Neri , na capital paulista, criada em 11 de fevereiro de 1958. S_omente após 40 anos da sua presença é que Pe. Aldo conseguiu reunir as ~ondições necessárias para a ereção canônica da Congregação ~o.Oratóno, que se deu aos 25 de março de 1996, quando passou a ser a u111ca casa de língua portuguesa em todo o orbe. Corres~ondendo ao amor de São Felipe Neri pela Santa Igreja e pelo Sa_nto Sacnfícto, os padres oratorianos nunca deixaram de ce lebrar a Santa ~1ssa em sua forma tradicional. Eis por que, no Parque São Lucas, na cidade de São Paulo, a Santa Missa, segundo as orientações prescritas no Motu proprio ''Summorum Pontíficum ", é ce lebrada ininterruptamente desde a sua vigência. ' * Lima, Ebion de. A Congregaçcio do Oratório no Brasil. Rio de Janeiro , 1980, p. 1 .
no, Edi ciones Fa x, Madri, 1945, vol. 11 , p. 457 . 2 1. 'istellini , p. 42. 22. Edelvives, EI Sa1110 de Cada Dia , Editoria l Luis Vives, S. A., Saragoça, 1947, vo l. 111 , p. 266. 23. islcll ini, pp. 49-50. 24. Cistellini, pp. 142- 143.
25. Cistellini , p. 53. 26. Cistcllin i, pp. 84-86-87. 27. Cfr. Cistell in i, p. 124. 28 . J.M. Leonel Zaba la, C ra11 E11cic/op edia Rialp, Ed iciones Rialp, .A., Madri, 1972, p. 843.
CATOLICISMO AGO STO 2015
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5 DEDICAÇÃO DA BASÍLICA Db SANTA MARIA MAIOR Nossa Senhora das Neves
6 Transfiguração de Nosso Senhot' Jesus CrisLO
l Sa nto Afonso Maria de Ligório, Bispo, Confessor e Doutor da Igreja. São Félix ele Gerona, Márlit' + Espanha, séc. IV. "Depois de sofrer vários tormentos, foi açoitado por ordem de Daciano até entregar a Deus sua alma invicta" (do Martirológio Romano). Primeiro Sábado do mês.
2 São Pedro ,Julião Eymard, Confessor
+ França, 1868. Fundador do Instituto do Santíssimo Sacramento para a adoração perpétua, seus últimos anos foram repletos de sofrimentos. Dizia a Nosso Senhor: "Eis-me aqui,
Senhor, no Jardim das Oliveiras; humilhai-me, despojai-me; dai-me a cruz, contanto que me deis também o vosso amor e a vossa graça
3 São Dalmácio, Confessor + Constantinopla, séc. V. "Era monge havia 48 anos, em 431, quando saiu pela primeira vez de sua clausura, acompanhado de sua comunidade, para intervir no Concílio de Éfeso em favor dos bispos fiéis, privados de sua liberdade pelos nestorianos" (do Calendário
7 Santo Alberto ele Trápani, Confessor + Itália, 1307. A eficácia da pregação e o poder dos milagres desse carmelita obtiveram inúmeras conversões, especialmente entre os judeus. Provincial de Messina, ele abasteceu milagrosamente a cidade de alimentos durante o cerco das tropas do Duque da Calábria. Primeira Sexta-feira do mês.
São João Maria Vianney, Cura d'Ar·s, Confessor, Patrono dos párocos
+ Ars, 1859. Sua fama de pregador e confessor atraía gente de todas as partes da França. São Pio X nomeou-o patrono de todos os párocos e pastores de almas.
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+ Ásia Menor, séc. II. Eram
+ ltália, séc. UI. Mestre-escola
irmãos e talhadores de pedra. Quando terminaram de edificar um templo pagão para Próculo e Máximo, foram convertidos juntamente com os dois patrões, que os precederam no martírio.
muito consciencioso no cumprimento do dever, por sua fé em Cristo foi condenado à morte. O juiz deu plena liberdade aos seus alunos pagãos para fazerem com ele o que quisessem, até levá-lo à morte.
14 Sa nto Eusébio, Confessor + Roma, séc. IV. Por sua fi-
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Santo Osvaldo de Nortú mbri a, Con[essor
ASSUNÇÃO DE NOSSA SENHORA
+ lnglaterra, 642. Fugindo para
Festa mariana de muito antiga tradição, a Assunção da Mãe de Deus foi solenemente proclamada como dogma por Pio XII, em 1950.
a Escócia quando seu pai, rei da Nortúmbria, foi derrotado e morto, converteu-se ao cristianismo. Com ajuda celeste, derrotou os reis da Mércia e de Gales, reconquistando o reino da Nortúmbria, do qual se tornou monarca.
16 São Roque + Montpellier, séc. XIV. Per-
10 Santo Hugo de Montagu, Confessor
+ França, 1135. Monge de Cluny, foi eleito Abade de São Germano de Auxerre, e depois bispo dessa cidade. Notável por seu zelo e fé, favoreceu a nascente Ordem de Cister.
11 Sa nta Clara de Assis, Vir•gcm.
12 Santa I lilária e Companl1ei1·as, Márt ires
+ Alemanha (atual), séc. 111. Mãe de Santa Afra, foi apanhada por pagãos depois do
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São Cassiano, Má rt ir•
São Domingos de Gusmão, Confessor.
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Santíssima. Falecendo sua irmã, foi eleita por unanimidade para substituí-la, ocupando o cargo até a sua morte aos 33 anos.
Sa ntos Florêncio e La uro, Má rli res
delidade à ortodoxia católica, foi preso em um quarto de sua própria casa pelo herético imperador Constâncio. Sete meses depois, rendeu seu espírito. Uma igreja que fundara no Esquilínio recebeu seu nome.
Romano-Monástico)
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martírio da filha, quando rezava em sua sepultura. Estes atearam fogo às suas vestes, morrendo ela pela fé de Cristo juntamente com suas criadas Digna, Euprébia e Eunônia.
19 São ,J oão Eudes, Conl'esso1'. Santo Ezequiel MOl'eno Dias, Bispo e Confessor
+ Espanha, 1906. Missionário agostiniano, passou 15 anos evangelizando as Filipinas, depois a Colômbia, onde foi elevado a Vigário Apostólico de Casanare, e depois a Bispo de Pasto.
20 São Bernardo Abade, Doutor da Igreja São Samuel, Pro[eta cio Antigo Testamento Judéia, séc. XI a.e . "Amado por Deus, [. ..} Profeta do Senhor, estabeleceu sua realeza e julgou a assembléia segundo a lei de Deus. Antes do tempo do sono eterno, ninguém se levantou para o acusar" (Do Martirológio Romano - Monástico).
dendo os pais aos 20 anos, partiu em peregrinação a Roma, passando pelos lugares empestados para tratar dos enfermos. Voltando à sua cidade natal, foi tomado como revoltoso e levado à prisão, onde morreu na miséria ao cabo de cinco anos.
Nossa Sc11l 1<>1'n Rainha
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(No calendário tradic ional: Imaculado oração de Maria)
Santa Clara de Montefalco, Virgem
Sa nt,o l lipúlito, Bispo o M6rtir
+ Itália, 1308. Entrou aos sete anos de idade no convento da Santa Cruz, onde sua irmã era superiora, e logo demonstrou tanto fervor quanto as melhores noviças. De elevadíssimo grau de recolhimento, foi agraciada por inúmeras aparições de Nosso Senhor e da Virgem
São Pio X, Papa e Co11l'cssor
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+ Itália, 6c . 111. Célebre por sua erudição , "por causa de sua brilhante onfissão de fé, sob o imp rador Alexandre, foi precipitado de mãos e pés atados, dentro de uma cova profunda cheia de água, onde alcançou a palma do martírio" (do Martirológio Romano).
23 Santa Rosa de Lima, Padroeira ela Amél'ica Latina
+ 1617. Aos cinco anos fez voto de virgindade, vivendo entre extraordinárias penitências e mortificações, perseguições diabólicas e comunicações divinas. Tinha frequentes colóquios com seu anjo da guarda e com a Mãe de Deus, tendo sido a primeira santa elevada à honra dos altares no Novo Continente.
24 São Ba rtolomeu, Apóstolo. Trezentos Má rtires ele Ca rtago + África, séc. IV. Esse conjunto de heróis de Cristo é também conhecido por "Massa Cândida", porque foram precipitados numa fossa cheia de cal, por se recusarem a adorar os ídolos.
25 São Luís IX, Rei de França, Confessor
+ Tunísia, 1270. Foi modelo de estadista e de administrador cristão. Empreendeu duas cruzadas, morrendo na segunda, atacado pela peste. Devotíssimo da sagrada Paixão, fez construir a famosa Sainte Chapelle, em Paris, verdadeiro relicário de pedra e vitrais, para abrigar a coroa de espinhos do Salvador.
26 São Cesáreo de M ies Bispo e Confessor ' + França, 543. "Monge de Lérins, eleito mais tarde bispo de Arles. Fez-se o advogado da população galo-romana junto aos francos, presidiu importantes concílios provinciais e estimulou a instituição monástica, redigindo duas regras nas quais tenta uma síntese das tradições egípcia e agostiniana" (do Martirológio Romano - Monástico).
27 Santa Môn ica, Viúva Nossa Senhora ci os Prazeres Um dos seus santuários mais famosos é o dos Montes Guararapes, em Pernambuco, local
onde se travou a batalha miraculosa e decisiva dos brasileiros contra os hereges calvinistas, na qual estes foram definitivamente derrotados.
28 Santo Agostinho, Bispo, Con[essor e Doutor ela Igreja
+ Hipona, 430. Dele disse Leão XIII: "É um gênio vigoroso que, dominando todas as ciências humanas e divinas, combateu todos os erros de seu tempo". Morreu quando os vândalos punham cerco à sua sede episcopal, a ~idade de Hipona, ao norte da Africa.
29 Degolação de São João Ba tista
+ Palestina, séc. I. Conforme narra o Evangelho, a santa intransigência do Precursor em condenar a vida pecaminosa de Herodes fez com que este o mandasse degolar, cedendo às maquinações vingativas de sua concubina.
Intenções para a Santa Missa em agosto Será celebrada pelo Revmo. Padre David Francisquini, nas segu intes intenções: • Ped indo à Santíssima Virgem que uma crescente reação de pais e mães de famíl ia consiga impedir o ensino da absurda "Ideolog ia de Gênero" nas escolas. Pe los méritos da Assunção de Nossa Senhora aos Céus, rezaremos também pelo fortalecimento da instituição familiar, tão vulnerada pelos ataques da propaganda imoral.
30 Sa nta Marga l'icla Ward, Mártir + Inglaterra, 1588. Da nobreza britânica, foi presa com seu servente irlandês João Roche, por ter ajudado a fuga do Pe. Ricardo Watson. Foi-lhes oferecida a liberdade, se pedissem perdão à ímpia Isabel I e denunciassem o esconderijo do sacerdote. Recusando-se a isso, foram enforcados e esquartejados em Tybum.
31 São Paulino de Tréveris, Bispo e Confessor
+ Tréveris, 358. Defensor da fé no Concílio de Nicéia e grande partidário de Santo Atanásio foi por isso exilado pelo impe~ rad_or ariano Constâncio para a Asia Menor, onde morreu entre não católicos, vítima de sofrimentos e fadigas. Nota: Os santos aos quais já fizemos referência em calendários anteriores têm aqui apenas seus nomes enunciados, sem nota biográfica.
Intenções para a Santa Missa em setembro • Rogando especial proteção de São Miguel Arcan jo - festividade celebrada no dia 29 de setembro - para a Igreja, perseguida e tão ma l defendida em nossos dias. E também pedindo que o Príncipe da Milícia Celeste ampare os fiéis católicos, auxiliando-os a resistir contra todas as infestações diabólicas tão frequentemente causadas pelo poder das trevas.
AGO
Aquecimento global: pseudociência baseada em fraudes Embriltiantc conferência, o Prof. Ricardo l◄'clício
desfaz os mitos divulgados pelo arnhicntalisrno alarmistn Lu1s DuFAUR r. Adolpho Undenberg entrega ao palestrante Prof. Ricardo Felicio o certificado do ciclo promovido pelo
m 25 de junho último o Instituto Plínio Co rrêa Instituto Pllnlo Corrêa de Oliveira de Oli veira promoveu no Club Homs, situado na Avenida Pauli sta da capital bandeirante, uma conferê ncia do Prof. Dr. Ricardo Augusto Felício sobre "Aq uecimento globa l - pseudociência e geopolítica". Graduado em Ciênc ias Atmosféri cas, mestre em Meteorologia pe lo Instituto Nacional de Pesqu isas Espaciais c doutor em Geografia, o Prof. Fe lício é clocentc na Un ivers id ade de São Paulo (USP). Abrind o a sessão, o Dr. Ado lpho Lindenberg, pres idente do Instituto Plínio Co ,.,.êa de Oli veira, destacou J a importância cio tema e narrou interessa ntes episód ios ~ de sua vida empresari al relacionados com o mesmo. Por ~ exempl o, lembro u que duas décadas atrás sua constru. . o. tora edifi cou um hotel em Manaus, mas que a maiori a '" dos operários, constituída por indígenas , mal consegui a trabal har dev ido a problemas de doenças e subnutri ção. O Dr. Adolpho montou então um hosp ital de emergência que tratou dos índi os durante três meses. Certo de que fizera uma obra de beneficência, conto u depois o fato a um líder político ambienta li sta de São Paulo. Es~e ficou furio so : "Não' A ideia não é socorrer os índios ! E aprender com os índios! A pior coisa para o ambienta/ismo é inserir um primiti vo na civilização!" Com base em suas ex peri ências, o Dr. Linclenberg testemunhou que o fundo do ambienta lismo é um embate contra a civi li zação. E acrescentou que o ambienta li smo hoje é um refúgio cios líderes esq uerd istas que não fa lam mais em estatização, mas em ecologia. É uma nova reli gião. O carnava l eco lóg ico de cunh o esq uerdista parte de duas pseudo-ideias proveni ente do mundo científico: 1ª) a temperatura cio mund o está subindo ; 2ª) o aq uec imento globa l é provocado pelo homem.
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Pode pensar, mas isso é apenas uma hipótese !" Para consistirse numa tese é preciso demonstrar a hipótese com evidências cientifi ca mente vá lidas. Caso contrári o, esta não se sustenta. O clim ato logista enfa tizou que o aquec imento globa l é uma hipótese, e não uma tese, uma vez que não se baseia em rea lid ades provadas. Ele destacou que a pseuclociência cio aquec imento globa l tem sido promovida pelo Painel Intergovernamental para a Mudança Climática (IPCC em inglês), organismo político da ONU envolto em sucessivos escândalos e que ex ibe suas fontes científicas em notas de rodapé. O próprio Senado americano, após verificar a ausência de ev idências científicas nas hipóteses espalhadas pelo IPCC, retirou-lhe todo o financiamento. Afirmou ter havido historicamente períodos cíclicos quentes e frios, e que hoje vivemos num período interglacial quente. Mas bem fraquinho, pois houve período em que a temperatura global chegou a 10º ac ima da médi a atual e não representou nenhum problema. No século passado, os anos mais quentes transcorreram nas décadas de 1930 e 1940. No fim do século XX a temperatura ficou aba ixo desses auge ; e atualmente a Terra está esfriando. Apontou também o hábito dos alarmistas verdes de anunciar catástrofes num período ele cem anos ou mai .. . E acrescentou que nessa data tais pessoa
já não esta rão vivas e, portanto, ninguém poderá cobrar-lhes o que di ssera m... Mas o mal decorrente di sso já terá ocorrido. É sempre um novo " monstro" que eles criam e, à medida que nos aprox imamos dele, os incorri gíveis verdes o empurra m mais para frente ... O ex positor projetou recortes de jornai s e revi stas cio século XX, com o papel até amarelado, an unciando catástrofes das mais variadas que nunca se rea li zaram. Ele declarou que todos os cienti stas Lêm conhecimento: quanto mais CO 2 na atmosfera é tanto melhor para o planeta. Experi ências aumentando o CO 2 em estufas e ambi entes abertos apontam para um crescimento diretamente proporcional das pl antas. Porém, a pseuclociência ambientali sta inventou novos terrores: segundo o apelidado f-/imalaiagate, as geleiras cio Himalaia iri am derreter. Tudo não passou ele uma fraude , inclusive econôm ica. As tabelas da temperatura da Terra fora m alteradas no escâ ndalo de Climategate para justifi car teorias apoca lípticas. Os alarm istas fo1jaram " modelos" climáticos que só funcionam no computador e não correspondem à natureza. Isso não é fazer ciência. O Prof. Ricardo projetou documentação do própri o IPCC para demonstrar o "alto índice de picaretagem" cio terrorismo climático anticientífi co. Mas, à íalla de provas científicas, os inescrupulosos "herói do clima " apelam para um princípio jurídico: o da precaução. Eles alegam que, como não há certeza de que o CO 2 produz mudanças, deve-se por precaução impl ementar medidas como se houvesse certeza. Em seguida, o ex pos itor demonstrou com números as absurdas despesas governamen tais para suposta mente se control ar as em issões ele CO2 • *
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No final cio evento, o Príncipe Dom Bertrand de Orleans e Braga nça agradeceu a brilhante confe rência cio professor da USP, baseada na rea lidade obj etiva e óbv ia, da natureza tal qual Deus a criou. No site do Instituto Pliniu Currêa de O/iveira(htlp://ipco. org.br) pode-se ass istir o vídeo com pl eto da confe rência co m todo os dados, números, quadros e ilustrações projetadas pelo Prof. Ricardo Augusto Felício. • E-mail para o autor: cato licismo
te ra.corn.br
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O Prof. Ricardo Felício estabeleceu de início a cláss ica di stinção entre hi pótese e tese. " Alguém pode pensar que uma borboleta batendo suas asas pode mod ificar o clima de Júpiter.. . AGOSTO 2015 CATOLICIS M O
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Famílias repudiam a Ideologia de Gênero D efensores da instituição familiar atuaram vigorosamente contra essa absurda ideologia em Curitiba □ GABRIEL M. ZEYM ER
urante as votações dos Pl anos de Educação em vári os estados a palavra "sorrateiro" fo i pronunciada muitas vezes. Querend o entend er melh or o se u signifi cado, recorri ao dicionári o. Eis os sinônimos que encontrei: ardiloso, manhoso, velhaco, matreiro, dissimulado, encoberto, di~farçado, indivíduo ardiloso, indivíduo ,9"' i: dissimulado . 8 Deputados, vereadores, fa míli as e pessoas do ~ públi co ecoavam repetidamente essa palavra para se .~ referirem ao modo como se desejava faze r passar a Ideologia de Gênero nos Pl anos de Educação em todo ~ o Bras il. ~ Depois da retumbante vitóri a obtida pela instituição ., famili ar na recusa de senadores e deputados federai s de ·~ introduzir essa fa mi gerada ideo log ia no Plano Nacio- ~ nal de Educação, os inimi gos da fa míli a tentam agora implementá- la através de ini ciativa esdrúxula, encaminhandoª para ser votada nos 5.5 70 municípios do Brasil. Contam com verbas espec iais do governo federal somente aqueles municípios que aprovem o Plano de Educação. O prazo para o estudo desse projeto era extremamente curto, devendo ser aprovado até o di a 24 de junho. O que induzia algumas Câ maras Muni cipais, sobrecarregadas de bu rocrac ia e necessitadas de verbas para seus projetos, a aprovarem tal Plano sem a refl exão devida e com diretri zes com validade de 10 anos. Segundo a i deologia de Gênero , o sexo de uma pessoa não é determinado pelo seu componente biológico e genético, mas pelo modo como cada um se considera a si própri o. Assim, não teremos mais meninos ou meninas . E, pelo rigor da lógica, se uma pessoa se considerar cachorro, como é o caso de Gary Matthews*, da Pensilvânia (EUA), também poderá sê-lo. Gary, entusiasta da comida canina, há anos pleiteia o reconhecimento do Estado para o novo nome que ele cri ou para si: Boomer The Dog (Boomer O Cão). A tal ponto chegou a imoralidade e o ódio à cri ação de Deus.
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bem como "cartões vermelhos" para serem ostentados aos defensores da absurda ideo logia. Na Câmara Municipal, perante a Comi ·são de Legislação, um representante do Jnsti tuto fez uso da palav ra e ressaltou que "a criação de um 'homem novo' fo i almejada pelas ideologias marxista e nazista, no século passado. Urna nova tentativa da Revolução Cultural renasce agora sob a nefas ta Ideologia de Gênero, que visa modificar nossa concep ção sobre homem e mulher, não pela violência das armas, mas através de uma guerra cultural, cuj os tanques visam esmagar a instituiçãofamiliar ". Essas considerações constam no documento di stribuído na ocas ião. Na manhã do di a 22 de junho, uma hora antes da votação do Plano Municipal de Educação, centenas de pessoas prófamíl ia e alguns ati vistas homossex uais já estavam presentes na Câ mara dos vereadores aguardando para entrar. Entre os anti fa míli a destacavam-se um pastor angli cano e alguns de seus seguidores. Nessa ocasião, fora m di stribuídos fo lhetos com o documento e mais "cartões vermelhos". Como todos os manifes tantes não cab iam no plenári o da câmara, somente alguns puderam in gressar. Mas tanto os que entraram quanto os que fi caram fo ra, empreendiam com vi gor um a batalha de slogans contra os ativ istas homossexuais que lá compa-
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aquela afirm ação, num momento de raiva ela gri tou: Com lei ou sem lei a Ideologia de Gênero seria ensinada nas escolas! Outro ativista, tomando o microfone, bradou, referindose aos membros do instituto Plínio Corrêa de Oliveira: "Vejam ali aquele estandarte: ele é um resumo de tudo que se passou aqui nesta manhã. Lembra a Idade Média, lembra as Cruzadas". *
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Também na Assembleia Legislati va, centenas de pessoas acompanharam a votação. Como o público não cabi a nas galerias, mani fes tava-se do lado de fora. Ao fin al do di a 22 de junho fo ram aprovados os Planos de Educação, no âmbito estadual e municipal, mas ambos com emendas que reti ravam toda a alusão à i deologia de Gênero. As votações fora m esmagadoras: na Câmara Muni cipal o resultado fo i de 30 a 2 a favor das emendas; e na Assembleia Legislativa foram 43 votos a favor e apenas 3 votos contrári os. Se "sorrateiro" é aquele que faz as co isas às escondidas para enfre ntar uma investida como essa, cumpre fazer com que a luz incida justamente no local em que os adversários querem manter obscuro. Foi o que o instituto Plinio Corrêa de Oliveira (http://ipco.org.br) realizou mediante sua declaração e a distribuição da obra do Pe. David Francisquini , denunciando as palavras ambíguas que vi savam ocultar as verdadeiras intenções dos ativi stas de esquerda. Graças a Nossa Senhora do Roc io, Padroe ira do Paraná, e à atu ação de vári os grupos pró-famíli a, mais essa investida anticatólica fo i barrada. Cumpre vigiar sempre, pois, como di z ditado popul ar "o ladrão sempre volta ao lugar do crime". • E-ma il para o autor: cato lic ismo@terra.com.br
Em todo o Bras il tem se mani festado muita indi gnação a pro pós ito dessa medida, laçada de improvi so. Exemplifi co com o que ocorreu na cidade em que res ido. Em Curitiba, os membros do Instituto Plínio Corrêa de Oliveira acompanharam a tentativa de estabelecer os Planos de Educação, tanto em nível estadual quanto muni cipal. Os voluntári os do Tn stituto visitaram os gabin etes da Assembl eia Leg islati va e da Câmara Muni cipal tendo conversado com deputados e vereadores. Promoveram o envio de mensagens via internet para eles. E fo i-lh es entregue antes das votações o opúscul o Homem e mulhef; Deus os Criou , de autoria do Pe. David Francisquini . Foi anexado a essa publicação um documento que apresenta as razões pelas quais se deveri a rejeitar a Ideologia de Gênero. Os jovens do Instituto Plínio Corrêa de Oliveira estiveram presentes em uma audi ência pública da Assembleia Legislati va, onde era notória a articulação da esquerda para fa vorecer somente um lado do debate. Mas as fa míli as ali presentes não se deixaram embair pelas manobras e defendera m suas ideais com todo afin co. Durante as votações, foram distribuídos ao público presente uma declaração do l n. ·titulo Plinio Corrêa de Oliveira,
* https://gma.yahoo.com/pittsburgh-ma n-thin ks-hes-dog-goes-nameboome r- 14 1227 189- abc-news- hea lth .html
receram. omo hnvi u poucas pessoas do lado dos defensores d11 lr/C'o!ogia de Gênero e se us brados pouco rcp ·r ·ui io111, ·I ·s recorrera m a um trio-elétTico. Entretant o, 11 ·111 os potentes caixas de som fora m capazes d · urr •l' Tl'I' as fam íli as na defesa de seus cri stãos · 110hr ·N itk·u is. Do ali o do Ir io l'lúlrico, uma ativista que se di zia õl pro ",cssorn 1 •11l 11v11 convencer as pessoas de que no ~~ Plano cll' lii/111·11r<111 rll o havia ideologia de Gênero. 1 Como li ,' li11 11 11irr s r •trucuvam bradando ser mentira _:=::=;::;:;;,;;;;;;;;;~~~~Tll!!'!!~ffl"!'!!l!'!!l' !!!ffl!r!l!!l!"!""""'ffl'lffl""""'l!!l!!\!lml!'!l i!!!!!'!!r,rr.!
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AGOSTO 201 5 CATOLICISMO
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dois gêneros e beleza ■ PUNIO CORRÊA DE ÜLIVEIRA
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meu gosto pessoal, a duas flores eu dou a primazia. A primeira evidentemente é a rosa. Uma rosa perfeita e acabada é uma glória, uma beleza, uma maravilha, uma ordenação como não há igual. Depois das rosas - é uma opinião ainda mais pessoal - elejo as orquídeas. É um tipo de flor que viceja maravilhosamente no Brasil, mas, pelo que ouvi dizer, floresce ainda mais belamente na Colômbia. É um gênero de beleza profundamente diferente da rosa. A rosa traz consigo o esplendor da ordem. Suas pétalas postas em ordem obedecem a um raciocínio. Nela não há nada de previsto, não é planificada. Mas dir-seia que um poeta a planificou. Deus Nosso Senhor a planejou, a destinou. Tudo nela é ordenado, estabelecido, arranjado. Ela exala o perfume que é conforme à sua forma de beleza - da ordem prevista, racional e explicita. Ela é uma soberba explicitação do conceito de beleza. Isto não se pode dizer da orquídea. A orquídea é rara e singular. Ela prega surpresas, suas pétalas se movem quase como num balé vegetal. Movem-se em di1'eções inimagináveis, que se compõem em torno da parte central e variam de flor para flor. A parte central da orquídea é sempre de wna beleza magnífica e surpreendente. Por exemplo, brancas na orla e depois de um vermelho e de um roxo aprofundado e que chega até a urna parte misteriosa dentro, onde se tem a impressão
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de que há um vermelhíssimo sublime que não se mostra, por uma espécie de recato. É próprio às coisas verdadeiramente muito superiores a não se exibirem; enquanto as coisas charlatanescas se exibem. Há formas de orquídeas incomparáveis, mas todas com a beleza do fantasioso, do inesperado, de uma alta distinção, que parece dizer a quem as vê: "Confessa que tu não me imaginavas e que eu sou muito superior a tudo quanto tu pensavas". Há um quê de "não me toques" na orquídea, que faz parte de outra família de beleza. Não é a beleza de desordem, mas dessas formas superiores de ordem, que o raciocínio não constrói e que só a fantasia sabe compor. Isto está muito de acordo com o espírito das nações latino-americanas e que eu creio que são, sobretudo, na forma de espírito de duas nações psicologicamente muito parecidas: Brasil e Colômbia. Às vezes, quando eu ouço contar de "colombiadas", eu me lembro de "brasileiradas". O capricho, o inesperado, o entusiasmo; também, às vezes, o ressentimento, a vingança, conforme a ocasião a violência, mas seguida logo depois de uma reconciliação afetuosa. Todo este vai-e-vem temperamental , eu vejo de comum entre o brasileiro e o colombiano. E ai i está a orquídea a marcar dessa maneira as peculiaridades do espírito dos povos que a Providência suscitou. •
Excertos de conferência proferida pelo Prof. Plínio Corrêa de Oliveira em 6 de março de 1971. Sem revisão do autor.
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UMARI
n PuN10 CoRRÊA oE OuvE1RA
"Recasamento" atentado à família legítima )
e
hamamos a atenção dos nossos leitores para o hábito, edificantíssimo, adotado pela Cúria Metropo litana desta Arquidiocese [note-se bem: isso nos idos de 1942), que consiste em denunciar por meio de editais as pessoas que tentam mentir a Deus e aos homens, celebrando novos desponsórios quando ainda ligados pelo víncu lo de um casamento anterior. Assim procedendo, a Cúria Metropolitana demonstra toda a repulsa que à Santa Igreja causam não só tais práticas sacrílegas, quanto todos os atentados à constituição santíssima da família legítima, nascida do sacramento do matrimônio. Há quem supon ha que só com melúrias e sorrisos se cativam as almas, e neste sentido, se dá uma interpretação tão imbecil quão infundada à famosa e verdadeiríssima afirmação de São Francisco de Sales de que numa pequena colherada de mel se apanham mais moscas do que num tonel de vinagre.
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Excmnos
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CARTA DO Dnn:TOR
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NACIONAL
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Comu:SPONDf.:NCIA
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Novas manifestações anti-governo federal
Rr,:AUDADE
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FAMÍLIA
CoNc1sAM1wrn
Planned Parenthood: aborto e tráfico de órgãos
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ENTREv1s·1í\
Ruralistas perseguidos em Roraima
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CP1; ecologia e ma1~Y.ismo
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CAPA
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AÇÃO CON'l'RA-Rl-:VOl,UCIONÁIW\
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AMBIENTES, COSTUMES, CIVll,IZI\Ç(ms
Ideologia de Gênero visa destruir a família
Muito se espantariam as pessoas que assim abusam da autoridade deste santo, se soubessem que ele requisitou a intervenção da força armada de Saboia contra os protestantes, bem crente de que, se com vinagre não se apanham moscas, com mel não se amansam panteras! • São Francisco de Sales
("Legionário", nº 490, 1° de fevereiro de 1942).
Bicentenário de São João Bosco Mf~s Esquerda católica e ecologismo
Nosso Senhor Jesus Cristo diante Cai/as
Nossa Capa:
Matrimônio da Santíssima Virgem com São José - Philippe de Champaigne, séc. XVII. Museu de Belas Artes, Lille (França). Muitos "ideólogos de gênero" propugnam a eliminação do sacramento matrimonial - como estabelecido por Deus entre um homem e uma mulher - como meio para se eliminar a instituição familiar.
CATO LICI SMO
São João Bosco
SETEMBRO 2015 -
Caro leitor, 15 A FA'AfJO
Diretor: Paulo Corrêa de Brito Filho Jornalista Responsável : Nelson Ramos Barretto Registrado na DRT/DF sob o nº 3116 Administração: Rua Visconde de Taunay, 363 Bom Retiro CEP 01132-000 São Paulo - SP Serviço de Atendimento ao Assinante: (11) (11) (11) (11) (11)
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(11) 3331-5631 fax Correspondência: Caixa Postal 707 CEP 01031-970 São Paulo - SP Impressão: Prol Editora Gráfica Lida. E-mail : catolicismo@terra.com.br Home Page: www.catolicismo.com.br ISSN 0102-8502
Preços da assinatura anual para o mês de Setembro de 2015: Comum : Cooperador: Benfeitor: Grande Benfeitor: Exemplar avulso:
R$ R$ R$ R$ R$
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CATOLICISMO Publicação mensal da Editora PADRE BELCHIOR DE PONTES LTDA.
Catolicismo j á tem denunciado o ensinamento da Ideologia de Gênero nas escolas, apontando-a como uma teori a perni ciosa para tentar a niquil ar a célulamater da sociedade - a instituição fa miliar. E ntretanto, nossa revista não havi a ainda apresentado aos seus leito res uma análise mais aprofundada dessa doutrina, que v isa, na práti ca, opor-se radi calmente à Lei divina e à Lei natu ral. Com efeito, ao cri ar o gênero humano, Deus di spôs que houvesse entre o sexo masculino e o feminino uma co mplementarização, tendo como objetivo natural a perpetuação da espécie humana. Para que os leitores possam aquilatar devidamente a impiedade radi cal da Ideologia de Gênero, o artigo de capa expõe detidamente seu sentido de re volução semântica, que viola até o bom uso do vocabulári o. U ma das armas dessa revolução é o que se denominou "desconstrução", uma corrente de pensamento inteiramente relativi sta que qualifica como imposição de um "estereótipo cultural anteri or" tudo quanto é ace ito co mo normal ou verdade iro. A Ideologia de Gênero teve sua or igem no movi mento cha mado Feminismo de Gênero. U tili zando a falsa vi são marxista para defender suas teses absurdas, esse movimento invoca o teórico socialista E nge ls, para quem o prime iro antagoni smo de classe é aquele entre o homem e a mulher, e a primeira opressão de classe co incide com a suposta opressão do sexo feminino pelo sexo masculino. O radicalismo do movimento fe mini sta chega a propor até a eliminação do conceito de natureza humana, medi ante a elim inação do casamento e da fa míli a tradi cional. Em abril de 2014, o Congresso Nacional aprovo u diretri zes para serem observadas pelo ensino público fundamental nos próx imos 10 anos, excluindo qualquer menção à Ideologia de Gênero, que constava do texto ori gina l. Apesar dessa decisão em níve l nacional, os militantes pró-gênero co nsegui ram que o termo fosse novamente inserido nos textos-base enviados para aprox imadamente 6.000 municípios bras ileiros. Até o presente, 90% dos mu nicípios já rej eitaram essa ideologia em seus Planos Muni cipais de Edu cação (PME). Tal recusa se deve à enérgica oposição movida por pais e mães, bem co mo à ação de movimentos e entidades que defendem a institui ção fa mili ar, como o Instituto Plinio Corrêa de Oliveira. A pelamos aos nossos le itores e simpatizantes para que, sob os auspícios da Senhora A parecida, Rainha e Padroe ira do Bras il, cooperem dentro de suas possibilidades com esse meri tóri o esforço em defesa de pr incípios bás icos da doutrina católi ca e da civilização cri stã na Terra de Santa Cruz. Em Jesus e Maria,
9 ~7 D IRETOR
catolicismo@terra.com.br
CEr ovr~()'J'I ·"'' LULA - DIL/.4A
PT
Para não mudar o verde e amarelo pela foice e o martelo Ü O sentido mais profundo das manifestações do dia 16 de agosto p.p. e a atuação do Instituto Plinio Corrêa de Oliveira 111 D ANIEL F.
S. M ARTINS
amíli as, mui tos jovens, ordem, se renidade, co mpe netração, preocupação e esperança. É o que vi na Pauli sta no ú ltimo di a 16 de agosto. Para a multidão que novamente lotou a principal avenida de São Paulo, conhec ida em toda a A mérica Latina, o B rasil não pode fica r do j e ito qu e está, e sobretud o não pode continuar rumand o para a direção que lhe quer impor a esquer-
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da atu almente no poder. A Terra de Santa Cruz tem de prevalecer sobre a so mbra do comunismo, que paira sobre toda a Améri ca do Sul e tenta meter suas garras também em nosso País. Mas, detentores sociali stas de poder político e da esquerda católi ca em geral, atentai para a advertência de Plínio Corrêa de O liveira: Cuidado com os pacatos! Diz um velho p rovérbi o qu e o bras ileiro "dá um boi para não entrar na briga, mas, uma vez nela, dá uma
bo iada para não sair" . Na realidade atual, o Bras il está oferecendo mais do que uma " boiada" - refiro-me às giga ntescas manifestações populares - para que a causa da briga cesse, pois a inconformidade com o atual governo federal foi o moti vo da mobili zação multi tudinári a que lotou praças e ruas de mais de 200 municípi os bras ileiros. Entretanto, muito além do pedido de impeachment, na forma da lei, o público te m um a intuição que se
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explicita mais e mais de que o Brasil é chamado a realizar uma grande missão, a qual vai se afirmando no sentido diametralmente oposto ao socialismo: precisamos de uma situação que favoreça a concórdia, a honradez, a tranquilidade para viver e trabalhar sem ter sempre o guante do Estado e da burocracia atrapalhando. O País almeja a restauração dos princípios básicos da civilização cristã, perseguidos violentamente por medidas como a introdução da Ideologia de Gênero nas escolas, o favorecimento do aborto e do "casamento" homossexual, as invasões de terras, a luta racial velada em terras como reservas indígenas e " quilombolas", entre outras. E is por que as manifestações, que batem vários recordes de autêntica e espontânea participação popular, não necessitaram da intervenção direta da polícia; estavam todos unidos, de forma pacífica e ordeira, em torno de um ideal comum: a retirada de seu organismo de um corpo estranho que impede o Brasil de progredir sadiamente nas sendas da ordem e da verdadeira paz. O ambiente de bonomia encantava até os policiais, que apesar de estarem presentes com todo o aparato de segurança comumente usado em manifestações, a todo o momento eram so licitados a posar em fotos junto aos manifestantes. O teor desta manifestação demonstrou um progresso em relação às duas anteriores (15 de março e 21 de abril p.p.). De fato, o público es tá percebendo com clareza cada vez maior que toda a corrupção e roubalheira, sobretudo os escândalos na Petrobrás - esse "buraco sem fundo", dia a dia notici ado pela imprensa - encobre um problema ainda mai s profundo: é o socialismo de mod elo venezuelano ou cubano que lança mão de todos os meios,
CATOLICISMO
inclusive da corrupção e eventualmente do estelionato eleitoral, para deitar a mão em toda máquina estatal com vistas a dominar o País inte iro. Prova dessa conscientização é a quantidade enorme de cartazes, em todas as principais cidades, com mensagens contra o comunismo, contra o bolivarianismo, contra a substituição "do verde e amarelo pela foice e o martelo". O Instituto Plinio Corrêa de Oliveira solidarizou-se com as manifestações do dia 16 de agosto, fazendo-se presente em várias cidades, sendo seus representantes sempre bem acolhidos pelos circunstantes, que viam na entidade um importante polo de referência em meio à confusão da situação nacional. Em torno dos jovens membros do Instituto, era frequente a formação de pessoas que os fotografavam e os aplaudiam com se us símbolos. Vários órgãos de imprensa registraram a participaçã.o do Instituto: "Veja SP" , "Época", "TV Folha", "Isto É", entre outros. Como demonstra a hi stória recente, foi em boa medida graças à ação de Plinio Corrêa de Oliveira que o Brasil não afundou para um regime de tipo comunista, o que é reconhecido até pelos seus adversários ideológicos. E pela graça de Deus, nosso País resistirá mais uma vez às tentativas de comunistização, se seu povo ordeiro e pacato, fiel a suas tradições cristãs, continuar vigilante e mobilizado, sejam quais forem as circunstâncias do futuro próximo. Para esse fim, o Instituto Plinio Corrêa de Oliveira está pronto para colaborar. • E- mail para o autor: catolicismo@tcrra.com.br
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civilização poderá progredir sem o mau che iro do mundo ig ua litário comuni sta- peli sta. O mesmo podemos apli ca r à fa míli a. No respeito da hi erarqu ia fa miliar, o ambi ente do lar fi ca perfumado e como que ange lizado. Ma se não houver este respe ito, o ambi ente fica insuportave lmente diabó lico. (A.P.0. - MG)
Pl'oteção <liutul'na
"Clamai' pela ação angélica " Nesta cri se que atin g iu o Bras il (graças aos governos " muy ami gos" de Cuba e da Venezue la), surgem no horizonte d uas menta lidades. Uma adepta do re ino da Jerusa lém ce leste, outra adepta do re ino da Babilô nia mundana. Um re ino povoado de anj os, embaixadores de Deus, e o o utro povoado de demôni os, embaixadores de Satanás . U m re ino é o daque les que verdadeiramente amam a D eus, e o outro é o daque les que se de ixa m influenc iar pe los demôni os. Cada um proc ura o que deseja, mas a reco mpensa di vina será bem di versa para uns e para outros. Com a le itura do arti go sobre os anj os, esta convicção firm o u-se em minh a a lma: para nos salvarmos e sa lva rmos nossa Pátria dessa mega crise que nos a rruín a, deve mos c la ma r pe la ação angéli ca e enxotar qualquer influência satâni ca. Devemos nos abrir para as co isas ce lestia is como são os sa ntos anj os, parti cul armente por aque le que Deus nos deu para nossa g uarda e ao anj o da g uarda do B ras i1. (P.E.N . -SC)
Reflexo do mundo angélico A civili zação dos homens pode se espe lhar no mundo angé li co, se desej ar faze r a vontade de D eus. O mundo angé li co é todo hierárqui co e é no culti vo dos va lo res hi erárqu icos q ue nossa
CATOLI C ISMO
Rezo muito pedindo ao meu Anj o da Guarda, ass im co mo ao Anj o da Guarda de meus fa mili ares, sobretudo de meus filh os, a proteção contínua em tudo. Acho que sem essa proteção não teremos fo rças sufic ientes para vencer essa corrupção, sobretudo moral, que nos cerca de todos os lados e no ite e dia. Só um exempl o: a televisão imoral. (V.S. -
SE)
Ciladas do malig110 Goste i mui to do estudo sobre os anj os. Para mim fico u claro que Deus nunca abando na quem deseja se sa lvar. E le está sempre disposto a env iar seus anj os para nos socorrer nas inúmeras difi culdades, particularmente para não ca irmos nas armadilhas que o demôni o arma para nos pegar. Deus ex ige apenas que roguemos auxí lio para não cairmos nas tentações. (S.C.P. -
SP)
EXOl'Cismo Se o pecado que ma is irrita os A nj os é a profa nação, podemos imag inar a fú ri a de les contra o q ue hoj e está aco ntecendo em ta ntas nações. Vemos ig rej as se nd o profanadas , im age ns sendo destruídas, os obj etos sagrados sendo roubados o u qu e im ados, po r exempl o nas regiões in vadidas pelos mu ç ulm a nos do Esta do Is lâ m ico. Precisa mos muito é de exorc istas para expulsar os demôni os e seus fi li ados. (O.E.O. -
GO)
Ação angélica Agradeço a matéri a publi cada em
Catolicismo a respe ito dos Santos Anjos. Não se i quantas pessoas fize ram o pedid o para os senhores tratarem nova mente do ass unto na rev ista, mas lembro-me qu e um a vez e nvie i um e-ma il faze ndo esse ped ido. Fe li cito-os pe la rea lização mui to bem sucedida e agradeço de coração. Q ue o Cri ador dos anj os e dos homens os reco mpense por esse apostolado tão im portante nes es d ias de caos que atinge todos os países. Por isso, ma is que nunca necesita mos da proteção angélica. (E.C .N. -
PE)
"Presente" comunista Fatos semelhantes aos aco ntec idos durante a viagem do Papa Franc isco à Bo lívia, quando recebeu sem rej e ição o " presente" comunista [crucifixo com a fo ice e o martelo] do mandatário Evo Mo ra les, vão provoca r um a di visão ainda maior entre os católicos. Ou seja, estará fazendo o jogo dos Boffs da vida, o j ogo dos " teólogos da libertação", que conturbam a América Latina, que promovem essa revo lução social, jogando uma c lasse contra a outra, bem no estilo apli cado no B ras il pe lo senh or L ui s Inácio da Sil va e o seu PT. Que Deus não permita tal di visão em no so Bras il e entre nossos irmãos latino-americanos, mas, para isso, o Papa não pode continuar acaric iando esses boli varianos. (T.A.D . -RJ)
Pl'oce<ler como o avestruz? Lendo sobre a visita do Papa à América do Sul, fiq uei ass ustado e temeroso com o futuro da íg reja. O que nossos filh os e ncontra rão na Ig rej a qua ndo cresc idos? E agora? É melhor combater os erros dentro da [greja ou ignorá- los? Pensando nisso, gosta ri a de dizer que, desde o Concí lio Vaticano lf, se tem depauperado a força da Igreja, muitos cató li cos procura m isolar o mal, para não contagiar outrns, mas temos vi sto que o mal está fica ndo cada vez ma is fo rte e espalhando a doença. Portanto, há 50 anos, muitos têm procurado isolar
o mal para que o bem possa prosperar. Mas nós cató li cos não temos obtido sucesso. Tal concíli o, que tantos maleficios tro uxe para a Igrej a Católi ca, por exemplo, abolindo as cerimônias tradi c iona is. [ ... ] Por cau sa di sso as nossas igrejas fica ram esvaziadas. Por isso, ac ho que é bom os fie is to marem conhecimento dos absurdos que estão acontecendo, como esses do encontro do Papa com o comuni sta Evo Mora les. Di ante do probl ema, temos que combater o que é veneno (como o veneno das ide ias comuni stas nos ambi entes católi cos) para que os fi éis não fiqu em envenenados. D iante do perigo, há que combater os erros, e não faze r como o avestruz, enfia ndo a cabeça na areia. Para quê? Para não ver o peri go? Não !!! Temos que encarar o perigo, pois, do contrário, o que sobrará da Igreja? Que " igreja" encontra rá nossos filhos? (M.N.-MA)
Blábláblá <lo aquecimento global Esperava rea lmente um pronunc iamento da a ltura do apresentado pe lo D r. Calvin Beos me r ( cfr. entrevi sta publi cada na edi ção de julho/201 5), para diss ipar a bagunça que se fo rmou em minha cabeça com a encíc li ca do Papa Franc isco (La udato Si). De fato, a encíc li ca não cita c ienti stas honestos co m argumentos c ientíficos que poderi am servir de base para aquelas afirmações aluc inantes sobre as mudanças c limáticas e os peri gos para a natureza. Mui to a larmi smo e pouca consistênc ia nas afirmações do Papa, mas o pior é q ue a enc ícl ica agora servirá de apoio para os alarmi stas de esquerda continuarem co m o bl áb lábl á do aquec im ento g loba l, ou seja, para continuarem manipul ando as info rm ações sobre o c lima, tenta ndo convencer o povo que não tem acesso aos dados rea is. Além de a encíc lica fo rnecer munição para a esquerda, e la provoca rá lesões nas ca madas ma is pobres, que, em tese, o Papa diz querer aj udar; po is, com as "soluções" ap resentadas pe los a larm istas climáti-
cos, com aplausos dos seguidores da "Teologia da Libertação", se produz irá no mundo incomparave lmente menos alimento e aumentará o preço da energ ia, que os pobres tanto precisam para levar uma vida melhor. Sem dúvida, se fo rem co locadas em prática as teses da encíc lica, não haverá progresso, a produtividade será menor, os preços subirão e a demanda de emprego cairá. Ou seja, o futuro para os pobres será e les fica rem ainda mais pobres. (C.N.H. -
ES)
1'mdição familiar
IBJ A questão da redução da maioridade pena l é importante como efeito de dissuasão. Mas, na minha opinião, para se reso lver o problema da crimina lidade entre ado lescentes precisamos de
uma restauração da fa mília tradi cional. Opini ão esta que é defendida ta mbém pe lo Ce l. Paes de Li ra na exce lente entrevi sta. Com a fa míli a em ordem, teremos a diminui ção da crimina lidade. Mas, infe lizmente, não vemos nem o Estado, nem a Igrej a empenhados na restauração da fa míli a. Os padres progressistas só se empenha m em defender os marg inais, faze ndo bilu-bilu nos criminosos- mirin s, di zend o q ue e les são excluídos da soc iedade etc., o que só co labora para que os j ovens marg in a is continu em de linquindo e afund ados na droga. Mas esses padres não faze m nada para defe nde r a tradição fa mili a r que fo rmari a os ado lescentes inseridos na mora lidade dos lares e das boas escolas. (P.G.C.F. -
RS)
FRASES SELECIONADAS "A diferença entre o espelho e o político é que enquanto
o espelho rgíete sem faía.r, o político fala. sem rejfetir" (r:>í.to frlÃV1-cês)
''A má política é a arte cfe governar com o máximo cfe promessas e o mínimo cfe realizações" i)úLí.o ote C.IÃV111.pos)
"Política é uma questão muito séria para ser cfetuufu para os políticos" (C.vilÃrLes ote
C 11ÃuLLe)
"Política é a arte do possível'' (lsÍ.SV\11.IÃl'C~)
"O contri6uinte é o único cidadao que tra6afha.
para o governo sem ter que prestar concurso" (RoVI-IÃLot RelÃglÃV\,)
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A REALIDADE CONCISAMENTE 11
Casamento" homossexual na Espanha: infausto aniversário
pós dez anos de sua lega li zação na Espanha, o "casa mento" homo exual se torna cada vez mais raro e pelo menos um de cada cinco termina em divórcio. O Instituto Nacional de Esta líslica ( IN E) afirm a que as dupl as homossex uais e di vorciam muito mais e constituem uma parte mínim a das uni õe reco nhec idas pelo Estado. Di ziase que 250.000 dupl as se "ca ari am" já no primeiro ano ele vi gência ela lei. Entretanto, fora m meno de 4. 000 e hoj e a médi a anu al é de 3.253. Grand e parte desses "casa mentos" fo i reali zada por imi grantes que procurava m res idência lega l, embora se us contraentes tal vez nunca se tenham visto. Na Fra nça, a "Têtu", úni ca revi sta de ori entação homossex ual, teve sua fal ência dec retada pe la Ju sti ça . Ela so brevi via sustentada pelos milh ões de euros cio mili onári o Pi erre Be rgé. Se u redator-chefe, Sylvain Z immermann , lançou um apelo dra mático, mas ninguém se comoveu. O nav io fo i a pique, submergindo profundamente .. . •
A
Rubbl.e
Empobrecimento bastante acentuado na Rússia queda da economi a russa trouxe um aumento dramático de furtos em superm ercados no últim o ano : cerca de dois trilh ões de rubl os (40 bilhões de dólares), sendo que 55% das ocorrências fora m em Moscou. O nível de vida ru sso dec lin a desde a invasão da Ucrâni a e a desvalorização do petróleo. A moeda nac ional perdeu 41 % de se u valor e o PIB contraiu 4,6% no último trimestre. Segundo a mini stra da Saúde, Olga Go lodets, o número de pobres atin giu 22 milhões, ou seja 15% da popul ação. Em Om sk, na Sibéri a, 23 so ldados morreram no desabamento de um velh o quartel destin ado a tropas aerotransportadas. As causas não fo ram esc larec idas e talvez jamais o sejam, para não prejudicar a imagem de Putin . •
A 1
e
hotel de lu xo Emoya Spa and Oopvuur Res/auranl, na Áfri ca cio Sul , propõe o estil o de vicia vereie segundo o qual nin guém consome demais, não aquece o pl aneta e di stribui igualitari amenle as riqu ezas para evitar as ca tástrofes clim áti cas de ori ge m ca pitali sta ... Um a "aco modação úni ca" simul a barracos típicos de "shanty town" - semelh antes a uma fa vela ou assentamentos do MST. Os casebres são fe itos com refu gos el e madeira e melai. Os banheiros estão situados ao ar livre, a iluminação é à base el e vela , anim ais se lvagens circul am entre os barracos, e para obter água quente o hóspede prec isa faze r sua própri a fog ueira em loca l co mum . A utopi a ambi entali sta não vi sa melhora r a vid a, mas degradá- la num ambi ente ele fa vela a ca minh o da taba indíge na. •
Kremlin ameaça declarar ilegal a independência dos países bálticos " nova Rú ss ia" vai revi sa r o reconh ec im ento ela ind ependência da Estônia, Letôni a e Lituâni a, que fi cara m livres da oc upação sovi ética entre 1989 e 1992 . Como Putin quer restaurar as "glóri as" da URSS da época de Lenine e Stalin , ele pensa em anul ar o reconhec imento da independênc ia desses países atra vés de um rec urso aprese ntad o por parl amentares à Procuradori a Geral da Ri'.1 ss ia. O mini stro lituano das Relações Exteri ores, Li nas Linkev icius, di sse que a ini ciativa é " provocação absurda", enqu anto se u co lega estoni ano, Edga rs Rinkevi cs, fa lou de dec isão " in ace itável" . A Procurado ri a Geral russa dec laro u il ega l a transfe rência da soberani a ela Crimeia à Ucrâni a, fe ita em 1954, conferindo ass im um a " lega lidade" es púri a à invasão ela penín sul a condu zida por Putin em 20 14. •
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CATOLICISMO
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Fuga crescente de esportistas cubanos
um recurso eloquente - a fu ga - os atl etas cubanos di sseram não acreditar nas promessas de diálogo dos irmãos Castro com Obama, tendo o aval do Papa Francisco. Nos .Jogos Pan-Ameri ca nos ele Toronto, a metade da equipe masculina ele hóquei sobre grama escapou, e o time fe minino sa iu a ca mpo apenas com nove componentes. Também sumiram qu atro remadores e dois espec iali stas em clavas. Cifras ex tra-ofi ciai s aponta m qu e mais de 20 cubanos fu giram em Toronto, supera ndo o recorde ele Winnipeg em 1999. A seleção cubana de fu tebol que disputou a Copa Ouro, equivalente à Copa Améri ca, perdeu qu atro jogadores-chave antes de C uba perder contra os EUA em Baltim ore. •
Hotel de luxo: favela para ricos ecologicamente corretos
Centros de reeducação para iovens viciados em videoiogos s autoridades comuni stas chinesas estão a larmadas com os danos sofrid os por jovens do país pelo uso intensivo de jogos ele computador. O regime cri ou mais de 400 ce ntros de rea bilitação das vítim as. O docum entári o " Web Junki e" film a casos patéticos el e cleform açã.o moral e psico lóg ica. Porém, esses ce ntro s soc ia li s tas asse me lh a m-se a ca mpos de concentração, onde está ause nte a ca rid ade c ri stã, fa tor chave para um bo m tratam ento e o aband o no ele vícios. Por sua vez, nos países oc id entais, não há dúvida ele que a sa úd e dos jovens fãs dos videojogos está também sendo prejudi cada e se u desenvo lvimento ameaçado . A Academia Americana de Pediatria sustenta qu e as cri anças não elevem ser ex postas a nenhum a mídi a eletrôni ca antes de atingirem dois anos ele idade. •
A Monstrengo arquitetônico de prefeita socia lista prefe ita soc iali sta de Pari s, Anne H iclalgo, está promovendo a construção da Tour Triangle - um monstruoso prédi o de 180 metros de altu ra - na cidade à qual se pode por analogia aplica r as pa lavras cio Profeta Jeremi as sobre Jerusa lém: "Eis a cidade da beleza pei:feila, a alegria do universo" ( Lam. 2, 15). Pari s recebe ass im outro go lpe cultural anti çri stão. Eri gir em nome da modernidade mon strengos arquitetôni cos fo i uma constante cio Ilumini smo e cio soc iali smo. Para a opos icioni sta Nathali e Kosc iu sko-Mori zet, a Tour Triangle é deliberadamente torta. Ela dá a impressão óti ca de que está desa bando, contradi ze ndo a ordem, e o pró pri o senso cio se r. •
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Ditadura chinesa persegue bispo fiel por uso de anel e barrete Bispo de Zhouzi, Dom Wu Qinjing, foi sagrado com a aprova ção da Santa Sé, mas não foi reconhecido pel a Associação Patriótica Chinesa - uma espécie de igreja cismática cri ada pelo governo comuni sta e que recusa a autoridade do Papa . Agora, em ato público na catedral de sua diocese, o bi spo desafiou as autoridades anticri stãs ao usar o barrete e o an el, ao s quais tem direito como sucessor dos Apóstolos . O comunismo percebe o bom efeito que os símbolos episcopais tradicionais produzem nos fieis e os proíbe em lugares públicos. A punição pode levar à prisão legal ou "negra". Dom Wu inaugurou uma nova cruz na catedral de Zhouzhí , outro símbolo que enfurece o regime de Pequim.
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Jovem australiano morto em combate ao EI é sepultado como herói a Austrália , Reece Harding , de 23 anos, foi homenageado em ce rimônias fúnebres como herói após fal ecer na Síria combatendo contra o Estado Islâmico (EI). Su a família ficou muito emocionada com o apoio popular que recebeu e pediu ao governo australiano engajar-se mai s no auxílio aos sírio s cristãos que defendem sua pátria. Reece foi o segundo australiano que morreu lutando contra os fanáti cos maometanos na Síria.
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PLANNED PARENTHOOD macabra indústria que comercializa órgãos de bebês abortados! E ssa organização internacional transformou a prática do aborto em larga escala num lucrativo "negócio". Gravações revelaram um verdadeiro genocídio! 1D PAULO ROBERTO CAMPOS
que muitos já desconfiavam agora ficou comprovado: a Planned Parenthood Federation o.f America trafica órgãos de bebês. Como é público e notório, essa multinacional aborteira, que detém a maior cadeia de clínicas de aborto dos Estados Unidos, é financiada pelo governo americano - do qual recebe 528 milhões de dólares/anuais de impostos dos contribuintes. Também recebe doações de grandes instituições, como a Fundação Ford e a Fundação Bill Gates & Me/inda. Com esses financiamentos - concedidos à sombra do subterfúgio de ajuda para o "planejamento familiar" e a "paternidade responsável" - os agentes da Planned Parenthood, além de praticarem aborto em larga escala nas cidades americanas, promovem essa prática assassina nos cinco continentes. Consta que essa organização internacional é responsável por aproximadamente 300 mil abortos por ano!
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CATOLICISMO
Representantes da empresa de biotecnologia Center for Medical Progress - CMP (Centro para o Progresso Médico), simulando interesse pela compra de órgãos de bebês abortados em clínicas da Planned Parenthood, marcaram entrevistas com dirigentes da multinacional em restaurantes, e com câmaras escondidas, gravaram o negócio macabro. Seis vídeos, divulgados recentemente e que documentam a comercialização de tecidos fetais, causaram horror nos Estados Unidos e em grande número pessoas do mundo inteiro. Verdadeira "fábrica de abortos" para ve11da de órgãos
No primeiro vídeo, divulgado pelo CMP em 14 de julho, a Dra. Deborah Nucatola, diretora de Pesquisa Médica da Planned Parenthood, durante um almoço, enquanto come algo e toma uma taça de vinho, negocia o preço "razoável" para a venda de órgãos de bebês
abortados, e assegura: "Nós somos muito competentes em obter corações, pulmões e.flgados " ... Com aparente naturalidade, ela conta como os médicos, durante o aborto, trabalham para preservar intactos órgãos vitais e membros inteiros dos corpos dos nascituros. Entre outros horrores, essa diretora afirma friamente: "Múita gente quer oflgado. Então, por isso alguns prf!fissionais usam o ultrassom, para se guiarem e saberem exatamente onde estão colocando seus instrumentos cirúrgicos". Em matéria divulgada em 22-7-15, a "ACI/EWTN Noticias" explica que tal prática (denominada partialbirth - "nascimentos parciais") constitui delito federal nos Estados Unidos, com penas que podem chegar a " 1O anos de prisão ou uma multa de até meio milhão de dólares". Mas a Dra. Nucatola disse na gravação que "leis são sujeitas a interpretações" ... Pode-se deduzir das gravações - e o Center for Medical Prog resso afirma - que os nascituros estão perfeitamente formados, portanto em estágios finais da gestação, uma vez que os "abutres" precisam abortar preservando os órgãos intactos. Em outro vídeo, este difundido no dia 21 de julho, a presidente do Conselho de Diretores Médicos da Planned Parenthood, Dra. Mary Gatter, durante outra lucrativa e macabra negociação de pedaços de bebês, tratando dos valores, pergunta inicialmente: "Por que não começam me dizendo quanto estão acostumados a pagar?"... E acrescenta: "Nas negociações, o primeiro a lançar um preço fica em des vantagem ?". Em tom de piada, a Dra. Gatter acrescenta que precisa cobrar, pois "quero comprar um Lamborghini ". E sugerindo o preço de 75 dólares para cada órgão, propõe o valor de 100 dólares "por órgãos que estejam em condições ótimas ".
Ela conclui que "a compra tem que ser su_ficientemente grande para que valha a pena para mim " ... 011tl'as gravações registram tl'ál1co de órgãos de 11ascitu1·os
Em comunicado divulgado em 16 de julho, a mencionada agência de notícias ACI informa que Eric Ferrero, vice-presidente de comunicações da Planned Parenthood, assegurou que essa organização não recebe "beneficio econômico pela doação de tecidos.fetais "'. Entretanto, as entrevistas gravadas não deixam dúvidas de que o tráfico de inocentes seres humanos é habitual nas clínicas de abortamento da Planned Parenthood, inclusive para utilização de fetos em cosméticos! Por isso diversos movimentos anti-aborto dos EUA estão se manifestando, exigindo o cancelamento de todo financiamento para a organização, a abertura de uma investigação criminal e o fechamento de suas clínicas infanticidas [na foto abaixo, uma das manifestações].
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ENTREVISTA Num terceiro vídeo, divulgado em 28-7-15, a gravação corrobora a mesma denúncia de tráfico de órgãos por parte da Planned Parenthood. Nele aparece a chefe de Planejamento Familiar da organização internacional pró-aborto discutindo valores para órgãos de bebês abortados. Há também uma conversa da Ora. Savita Ginde - vice-presidente e diretora médica da Planned Parenthood das Montanhas Rochosas - com um representante do CMP que simula ser comprador de tecidos
para experiências, na qual são ava liados os valores de pedaços de um feto filmados numa bandeja. Além disso, o vídeo contém depoimento de urna exfuncionária da Planned Parenthood, Holly O'Donnell, que confirma o tráfico de órgãos de inocentes abortados e conta que, na primeira vez que ela teve de separar os elementos fetais, chegou a desmaiar. As image ns são, no mínimo, chocantes e indignantes, aparecendo inclusive funcionários com pinças separando partes de um bebê retalhado para venda! Essas gravações de "negócios" macabros, que comprovam as denúncias do CMP, encontram- se disponíveis no seguinte link: http:// blogdafa miIiacatol ica .blogspot.com. br/
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CATO LICISMO
Sangue inocente não pode COJ'l'CJ' cm ,1ão
Apesar de tal escândalo envolvendo a Planned Parenthood, o Partido Democrata, ao qual pertence o presidente Obama, em vez de exigir uma investigação dessa organização, pediu que se investigue o CMP, por fazer gravações clandestinas ... Não sabem os membros desse partido de esquerda que as leis americanas garantem esse tipo de gravação nos trnbalhos de jornalismo investigativo? "'O Congresso [americano] deve - e vai - investigar e colocar um fim nessas práticas bárbaras ', qfirmou o deputado Chris Smith, no que.foi seguido por vários colegas, incluindo o presidente da Casa, John Boehne1ê Os governadores do Texas e da Louisiana anunciaram ações semelhantes", informa matéria publicada na "Gazeta do Povo" (20- 7-15), de Curitiba. Evidentemente, trata-se de um delito perante as leis humanas. E perante as leis divinas? Sem dúvida, essa monstruosidade constitui um pecado que "clama aos Céus e brada a Deus por vingança". Desse "comércio" pode-se concluir que tamanha infâmia é resultado da mentalidade abortista largamente propagada por governos esquerdistas e movimentos feministas que, abusando de eufemismos, defendem o "direito reprodutivo da mulher", ou o "direito da mulher sobre seu corpo" ... Mas, pergunto: é "direito da mulher" executar o próprio filho? E o que pensar de uma "civilização" na qual, enquanto os animais são contemplados com direitos próprios a seres racionais, os bebês podem ser abortados, esquartejados e vendidos em pedaços para experiências laboratoriais ou corno ingredientes para cremes faciais? O que pensar de uma época que se deixa influenciar por certa mídia que procura inocentar o crime do aborto e promover - como o fez recentemente - espalhafatoso estrondo publicitário tendente a provocar uma revolta mundial devido ao abate de um leão no Zimbábue? Resultado dessa ação midiática: num clima de histeria, muitos chegaram a usar luto pela morte do leão africano! Mas certamente não se indignaram contra os açougueiros de bebês. Estamos assistindo, assim, à mais completa inversão de valores. Contudo, para Deus o sangue inocente dessa crianças não pode correr em vão! • E- mail para o autor: catolicismo@terra.com.br
Roraima: . nova persegu1çao a produtores rurais ,...,
A inda não recuperado da imensa tragédia ocorr'ida sete anos atrás, quando da inusiLacla expulsão de mais de 300 famílias de suas terras em aras da criação da reserva indígena Raposa/Serra do Sol, o estado de Roraima assiste a uma nova perseguição contra seus ruralistas pioneir'os ebre de desapropriações de erras pelo governo do PT ão cessa: ele faz aparecer, ora novas tribos indígenas, ora falsos quilombolas, ora assentamentos de Reforma Agrária, ora unidades de conservação ambiental em terras trabalhadas por pioneiros brasileiros há mais de 100 anos. Com o Amapá, Roraima - até então território - tornou-se unidade da federação em 1988. Com área de 224.298,98 km2 , pouco menor que o estado de São Paulo, o novo estado faz parte da Amazônia Legal. Situa-se no extremo g norte do Brasil, com 95% de suas co~ terras acima da linha do equador, ~ limitando com a Venezuela e a Re- ~ pública da Guiana. Aliás, é lá que ~ se encontra o Monte Caburaí, ponto j extremo do Brasil setentrional. Não dizemos mais "do Oiapoque ao Chuí", mas do "Caburaí ao Chuí". A população total de Roraima ainda não atinge 450 mil habitantes. Praticamente 50%. de seus 22.429,898 hectares estão ocupados por reservas indígenas! Um naco de 14,42% está transformado em unidades de conservação do estado e dos municípios, além de mais 7,24% destinados a unidades de conservação federais . Há ainda um pequeno percentual reservado às áreas militares . Do restante, devem ser excluidas as áreas de Rese rva Legal, 35% das áreas de lavrado e
S1: Alceu: "Montéwa em cavalo bravo,
c11fi'e11ta11a boi bnwo, lllllO o que fosse prnciso. Para aclqufrir alguma coisa não /'oi fácil. Suei e sofri muito, e
sofro at;é hoje"
80% das áreas de mata, mais 11 % da área remanescente para preservação permanente. Mais os leitos de seus numerosos rios, igarapés e estradas ... O leitor, por certo, já se deu conta que restou pouco espaço para a agricultura e a pecuária. Ademais, a situação fundiária do , estado está á mercê das políticas federais levadas a cabo pelo INCRA, IBAMA e FUNAI. O tridente do Governo Federal , segundo Paulo César Quartiero, arrozeiro expulso da Raposa/Serra do Sol e hoje vice-governador do estado. De tão engessado, Roraima ficou sem meios para se desenvolver. Exemplo elucidativo disso é a estagnação de sua pecuária. De 1980 para esta parte, seu rebanho bovino se encontra estagnado, com cerca de 400 mil cabeças. Para tornar realidade o Decreto 6. 754, de 2009 - durante o governo Lula da Silva, que transferiu "gratuitamente" as terras da União Federal para o estado de Roraima, estabeleceu-se como condição a criação do Parque Nacional do Lavrado-, o IBAMA vem agindo para expulsar 132 famílias que há mais de cem anos exploram a pecuária na região da Serra da Lua. Embora Roraima tenha 3.900.000 hectares de lavrado, 2.200.000 hectares já foram transformados em áreas protegidas.
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Nossos correspondentes Paulo Henrique Chaves e Nelson Ramos Barretto, que em 2008 já haviam estado na Serra do Sol, acabam de reg ressar de Roraima. Eles estiveram agora na região da Serra da Lua , no município de Bonfim, fronteira com a ex-Guiana inglesa , no extremo norte de nosso país-continente, onde entrevistaram in loco descendentes dos seus desbravadores, hoje ameaçados de expulsão de suas terras para dar lugar a mais um parque ecológico. Catolicismo apresenta em primeira mão o depoimento dramático do Sr. Alceu Thomé . Típico descendente de desbravadores, ele continua aos 79 anos trabalhando na terra . Com a tez queimada pelo sol equatorial, demonstra a sua têmpera de homem corajoso que criou 12 filhos , mas que se comove às lágrimas ao relatar a injustiça que o atual governo socialista está prestes a cometer contra ele e outros produtores rurais . Uma de suas filhas é veterinária, Ora . Cristiane Thomé , e participante ativa da Associação dos Moradores e Produtores Rurais da região da Serra da Lua desde o desencadeamento das tentativas de expulsão. Enquanto os governos militares mantiveram na Amazônia a política de "ocupar para integrar", os posteriores , pautados por uma perversa política ideológica , atuam em direção diametralmente oposta, ou seja, de retirar aqueles que há décadas viviam e ainda vivem lá, bem como os que se integraram à região a partir das décadas de 1970 e 1980, hoje qualificados de "i ntrusos". Para o atual governo, eles devem deixar aquelas vastas regiões de fronteiras vazias, que devem
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CATOLICISMO
Localização da Serra da Lua
"Naquele tempo 11ão existiam essas leis <le tomai' as terras <la gente, /JOI' isso as pessoas trabalhavam alegrns e com gosto. Hoje ninguém tem mais segurança"
ser transformadas em reservas e parques ecológicos - aliás com muito poucos índios assistidos por numerosas ONGs. Tanto isso é verdade que o ex-comandante militar da Amazônia, General Augusto Heleno Ribeiro Pereira, chegou a declarar ser muito difícil entender a razão de existirem pouquíssimas ONGs se dedicando a socorrer a população nordestina, enquanto centenas de outras trabalham junto às populações indígenas. Para aquele graduado militar, muitas delas investem milhões de dólares na região e não se trata de uma questão de governo, mas de uma questão de Estado que afeta a nossa soberania . A esse propósito, não faltou judiciosa advertência. Quando da elaboração da Constituição vigente, em 1987, o Prof. Plinio Corrêa de Oliveira denunciou: "O Projeto de Constituição, ao adotar uma concepção tão hipertrofiada dos direitos dos índios, abre caminho a que se venha a reconhecer aos vários agrupamentos indígenas uma como que soberania diminutae rationis. Uma autodeterminação, segundo a expressão consagrada ". Com efeito, declarações de expressivos líderes mundiais demonstram a cobiça internacional por nossa Amazônia . Se não, vejamos . Afirmações preocupantes aparecem no Relatório da Comissão da Câmara dos Deputados de 2004. Entre outras, citamos: AI Gore, ex-vicepresidente dos Estados Unidos, em 1989: "Ao contrário do que os brasileiros pensam, a Amazônia não é deles, mas de todos nós ". François Mitterrand, ex-presidente da França: "O Brasil precisa aceitar uma soberania relativa sobre a Amazônia". Mikhail Gorbachev, ex-presidente da Rússia, em 1992: "O Brasil deve delegar parte de seus direitos sobre a Amazônia aos organismos internacionais competentes".
* Catolicismo mo?
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*
Catolicismo Thomé?
dividida para os filh os e tocou um pedacinho para mim . Catolicismo - E os senhores tiveram alguma assistência do Estado?
S,: Alceu -Ajuda que a gente teve e tem são essas estradas que vocês passaram ... [Estradas de chão esburacadas e com travess ias em valas e riachos sem pontes]. Nada mais.
O seu avô era o Joaquim
Sr. Alceu - Era o Joaquim Thomé. Fui criado dentro dessa casa com eles. Mas aqui eu percorria a região toda, trabalhava com todos os meus tios; com meu pai, onde fosse preciso, a gente trabalhava , era tudo junto, pois a fa mília era muito unida. Co nheço tudo por aq ui . Depois que me case i, meu pai comprou um terreno e me colocou para trabalhar como vaqueiro dele. Aí eu trabalhei para ir ga nhando alguma coisa. Mais tarde comprei esta área onde eu moro. Catolicismo - E como foi a sua criação aqui nessas terras?
Sr. Alceu - Fui criado como filho de peão e nunca me sente i cm banco de escola, porque naquele tempo não ex istia escola por aq ui. Também não ex istia malandro como ex iste hoj e, o povo trabalhava com vontade de vencer na vida. Aos oito anos eu montava a cava lo, sa indo de manhã e voltando à tarde, à noite ou à hora que fosse preciso. Eu pegava no machado, na enxada, tudo isso eu sei fazer. Montava em cava lo bravo, enfrentava boi bravo, tudo o que fosse preciso aq ui na terra. Para eu adqu irir alguma co isa não foi fác il. Suei muito, sofri muito, e sofro até hoje. Ainda agora, no final da semana passada, eu e um filho saímos a cava lo às IO horas da manhã, aguentamos o sol do meio dia, para rev ista r e olhar o gado. Só regressamos às quatro da tarde. Nessas ocasiões, enfrentamos sol quente, noite, chuva, o que for preciso. Olhem meu rosto, minha pele é queimada pelo sol, e não é de Copacabana não. É o so l dos lavrados de Roraima.
Catolicismo -
Que gado o senhor cria lá?
Sr. Alceu - Eu crio o mestição. Gado de cria, pois no lavrado não temos condições de engorda, é para criar; os bezerros vão crescendo e eu vou vendendo. Catolicismo idade?
"1'mlo o que eu construí vai para as 1wvens. Em vez de ficaJ' para
os meus Jj//Jos, outros é que vão levm: Isso não é justo. Deus sabe que isso não é justo"
O senhor vende com que
Sr. Alceu - Com dois anos aproximadamente, depende da necessidade. Na hora que a necessidade aperta, então tenho que vender na idade que estiver. Eu vou segurando, mas quando a necessidade me obriga, eu vendo. Catolicismo naturais?
As pastagens do lavrado são
Sr. Alceu -Até hoj e é tudo ca mpo natural. Desde o tempo do Cel. Pinto. A gente vinha para a cidade só quando tinha muita necess idade. Mandávamos boi para o Amazonas. O gado ia tocado. Catolicismo -
Quem preparava a comida?
Sr. Alceu - la um peão para isso. Não dava tempo de faze r a paçoca; assava a ca rne na brasa, cortava bem miúdo, punha num saq uinho que a gente ca-
O senhor nasceu aqui mes-
Sr. Alceu - Nasci num lugar vizinho a este. A terra era di vid ida em 12 glebas e essa aqui era uma parte. O lugar onde eu nasc i era outra parte. O total eram 97 mil hecta res com tít1ilo de 1904, do estado do Amazonas. Catolicismo ao lado?
criou lá trabalhando. Aos nove anos perdi a minha mãe. Eu tinha mais três irmãos pequenos. Como já havia aqui uns meninos órfãos de mãe, duas de minhas tias que eram solteiras passaram a cuidar de nós até certa idade.
O senhor foi educado aqui
Sr. Alceu - Quando criança, com os meus pai s, morava com o meu avô que era vaqueiro do Cel. Pinto, propri etário da área. Depois de ele traba lhar muitos anos, adqu iriu alguma co isa, requereu uma terra lá do outro lado do ri o Urubu. Meu pa i me
Catolicismo - O senhor começou com quantos hectares?
Sr. Alceu hecta res.
Eu comprei esse terreno com 3. 102
Catolicismo senhor tem?
Quantos filhos e netos o
Sr. Alceu - Meus filhos , graças a Deus, estão todos vivos e são 12. O que eu tenho para deixar pa ra eles é esta propriedade. Netos são 16 ou 17. Catolicismo quem?
A terra do seu pai ficou para
Sr. Alceu - Nós éra mos oito irmãos e a terra foi
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Catolicismo - Foram feitas benfeitorias aqui ao longo das gerações?
Sr. Alceu - Esco las, posto de saúde, nunca houve por aqui . Tanto que eu fui cri ado desse jeito. Costumo di ze r às pessoas que vão a minha casa que desej ari a recebê-l as co m educação, mas nem educado eu so u! Certa vez fui repreendido por uma senh ora. - Que é isso Al ce u? O senh or tem edu cação para co nversa r co m qu alqu er pessoa ! Res pondi a ela qu e eu não frequentei esco la. Estudo mesmo eu não ti ve . O que eu aprendi foi com as minhas ti as, que nos aco lheram quando eu e meus irm ãos perdemos a mãe. Elas também sa bi am muito pouco, mas o que sa biam, elas me ensinara m. Catolicismo - O senhor nem chegou a fazer o curso primário?
rregava na garupa do caval o, e na hora da fo me ia comendo ca rne com fa rinha e bebendo água.
Sr. Alceu - Só aprendi a ler e esc rever e faze r contas com minh as ti as. Acabou que aqui viro u urna espéc ie de creche, pois além de mim e mais três irm ãos, hav ia mais quatro prim os, ta mbém órfãos de mãe, filh os cio meu tio O lavo. Depois outra ti a aca bou morrendo e deixa ndo mais cinco filh os, que também vieram para cá. Então virou urna crec he. Todos nós ajudáva mos o Pedro Lima, que trabalhava aq ui no campo e no curra l, e ass im a gente ia aprendendo. Quando meu pai ac hou que eu estava madu ro para a vida, ele entregou tudo para eu cuid ar e tomar conta para ele. Fui cri ado naqu ele mov im ento junto com ele, aprendi a faze r tudo aquil o que eles faz iam.
Catolicismo - Conte um pouco como o senhor educou os seus filhos.
Sr. Alceu - Na medi da em que fui tra balhando, comprei uma casa em Boa Vi sta, trouxe a mãe deles para cá , para a fazenda, co m eles, botei-os aqui pra est11dar. Aquil o que eu não ti ve eu dei para os meus filh os, e ass im cri ei e eduquei meus filh os com o que adquiri tra balhando. Catolicismo trabalhando?
Pelo visto o senhor continua
Sr. Alceu - Sim. Com meus 79 anos, eu amanheço e anoiteço aga rrado no que é meu, lutando para conserva r o que eu adquiri na minha vida e que fo i muito so frid o para mim . Fiz e faço o que aprendi com meu pai. Estou passa ndo para os meus fi lhos. Eles, por sua vez, estão passa ndo para os netos. E já te nho bi snetos. Aq uele garotinho ali é bi sneto. E ele já bota se la no cava lo e sa i trotando comi go para ajuntar o gado no so l quente . Catolicismo - Então o senhor toda a vida se dedicou à criação de gado?
Sr. Alceu - Tra balhei a vida toda com cri ação de gado. Conto a hi stóri a que os velhos me contaram . Quem chegou primeiro aqui fo i o Sebasti ão Dini z. Ele requereu essas terras, demarcou e pôs 18 mil cabeças de gado, fez a sede da faze nda, onde ainda hoje mora um primo meu que está com noventa e tantos anos. Fo i e le quem trouxe meu avô, que era português, para cá. Meu avô era quem cuidava de tudo. Quando o meu avô conseguiu alguma co isa, requereu um as te rras e as entregou ao meu pai. Fo i então que eu passe i a trabalh ar com meu pai como vaqueiro, e, mais ta rde, comprei este luga r aq ui .
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CATO LI C I SM O
Catolicismo - O senhor já é da terceira geração, que passou para a quarta , quinta, e agora está surgindo a sexta geração, não é verdade?
"Ninguém daqui sa/Je o que acontecerá 110 dia seguinte. 'l 'cmos ele gastar tempo e dinheiro pa ra tenta,· nos del'c11cle1· em deu·imcnto de nossas at,i 11idacles rotineiras"
Sr. Alceu - Já chega mos à sexta geração co m os meus bi snetos. Catolicismo - Em meio a tanta dificuldade naqueles tempos, não havia algumas festas?
S,: Alceu - Ah 1 De vez em quando a gente se reuni a num a faze nda por aqui. Reuni a o povo daqui , vinha a cava lo, de ca rro de boi, de bi cicleta. Um ia av isa ndo o outro e no di a da fes ta todos se reuni am, assava-se ca rne, faz ia-se o churrasco, muita cachaça e dança de fo rró. Tinha muito sa nfo neiro por aqui , até eu fui sa nfo ne iro. Tinha urn a sa nfo ninha de oito baixos, mas chegue i a toca r numa de 80 baixos. Eu aind a te nho uma lá em casa, está guard adinha. O povo sab ia se divertir. Naqu ele tempo não ex isti am essas leis de tomar as terras da ge nte não, por isso que as pessoas traba lh ava m alegres e com gos to. Hoje ninguém
tem mais gosto de faze r nada, as pessoas não têm mais segura nça e fi cam desa nim adas, desesperadas, nem in vestem mais. Catolicismo - Nessas condições, ou seja, nascido e criado aqui, formando sua família e passando toda a sua vida aqui, como o senhor se sente diante desta ameaça de sua iminente saida? O senhor vai fazer o quê?
S,: Alceu - Claro que eu não fico nem um pouco sati sfe ito. Eu fi co pensa ndo que eu trabalhei a minha vida toda. Eu tenho 12 filho s, estou no fim da minha vida, mas o que eu tenho para deixa r para eles é isso aí. Então o cidadão vem aí, toma tudo, eu vou embora e meus filhos fi cam aí sem nada. Tudo o que eu construí vai tudo para as nuvens. Em vez de fi car para os meus filh os, outros é que vão levar. Isso não é justo. Deus sabe que isso não é justo.
Entrevista com a Dra. Cristiane Horta Thomé, filha do Sr. Alceu, 37 anos, veterinária, no dia 30 de julho de 2015, em Boa Vista (RR) Catolicismo - A Dra. Cristiane poderia nos falar sobre este processo de criação do Parque Nacional do Lavrado na Serra da Lua, justamente nesta região que conta com mais de 150 proprietários dedicando-se à pecuária e em franca atividade?
Dm. Cristiane - Este acontecimento nos pegou de surpresa. Nós sempre vi ve mos aqui , moram os aqui , meu antepassados são todos daqui , eles estão aqui há mais de 100 anos. Na verdade, desde que Rora ima deixou de ser territóri o para se tornar estado em 1988, a questão fundi ária nunca fo i definid a, o que vem motiva ndo mui tos conflitos e mesmo traumas, corno ocorreu há pouco tempo com a expul são não apenas de se is arroze iros, mas de cerca de 400 proprietári os es tabelec idos na Raposa/Serra do So l, para a cri ação de mais um a reserva indígena. Quando acháva mos que as pretensões dos protagoni stas do engessamento de nosso estado haviam cessado, eis que nos deparamos com a nova pretensão do Governo Federa l, através de seus órgãos corno a FUNAI e o IB AMA, de transformar esta reg ião produti va num reserva ecológica, o Parq_ue Nacional do Lavrado. Catolicismo decreto?
dutores da região da Serra da Lua teriam de deixa r suas terras para a cri ação do tal parque. Sequer fo mos avi sados de que as nossas propri edades estavam sendo obj eto de estudos para fin s de desapro pri ação. Com efe ito, recebemos vis itas de pessoas em nossas casas que se diziam interessadas em conh ecer a região, a gente as tratava bem, e quando nos demos conta, eles estava m faze ndo laudos para nos ret irar daqui , laudos estes não condizentes com a rea lidade. Catolicismo - Existe uma cláusula do decreto que trata da obrigatoriedade de se consultar antes o Estado. Na única audiência pública votou-se pela rejeição. E os proprietários não foram consultados?
Dm. Cristiane - Nós, corn o produtores, em momento algum desse levantame nto fo rn os co nsul ta dos . Nem tínhamos ideia sobre a cri ação deste Parque Nacional do Lavrado . E o que mais nos de ixa inconfo rmados é que eles utili zaram a máquina do Governo Federal e da Prefe itu ra de Boa Vi sta. O dec reto indica ser necessá rio consultar o estado e vê-se que este laudo, este estudo não e tá de acordo com o que diz o decreto.
Isso surgiu por meio de um
Dm. Cristia11e - Foi isso. Veio através de um de um decreto que pretende apoiar-se num estudo não condizente com a nossa realidade. Os moradores tomaram conhec imento deste decreto através de jorna is daq ui , que já fora m noticiando que os pro-
Catolicismo da?
Teria sido feito de encomen-
Dm. Cristüme - Creio que sim . E com o apoio de ONGs, com apoios de fun cionári os públicos que mais parecem atender a interesses internac ionais e não aos nossos; nós trabalhamos aqui , pagamos
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imposto para depo is se to rn ar sal ári o desses fimc io ná ri os que vê m aqui ga nha nd o bo ns sa lá ri os, send o aco lhidos e m nossas casas, come ndo e m nossas mesas e co lhend o inform ações nossas a tim de nos prejudi ca r, de nos de ixa r preoc upados. De um te mpo a esta parte, nin g ué m daqui sa be o qu e aco ntecerá no di a seguinte. Te mos de gasta r nosso te mpo e dinh e iro pa ra tenta r nos defend e r e m de trim e nto de nossas a tivid ades rotine iras aqui nas faze nd as.
Catolicismo - Pelo que sabemos, a maior área de lavrado de Roraima não fica exatamente nas reservas indígenas já demarcadas? Dnt. Cristiane - Quand o foi dema rcada a região da Ra posa/Se rra do So l pa ra rese rv a indíge na, um dos pretex tos qu e dera m á é poca fo i o da necessidade de co nserv ação da á rea, j á que o índio co nse rva ri a a na tureza. Co nse rvação ambi e ntal , po is as sa va nas, os lav rad os, como di zemos aqui em Rora ima, propria me nte ditos, fi cam dentro das rese rvas indígenas. Catolicismo - Aqui na região nunca houve floresta amazônica? Dra. Cristüme - N ão . 17% do es tado são consti tuíd os de lavrad o, isto é de savana, um a vegetação ra la qu e se rve de pastage m natural de ntro do bi o ma a mazô nico. N a região do la vrado nunca ho uve matas. Catolicismo - E nesses mais de 100 anos de ocupação, a região vem sendo conservada? Dra. Cristiane - Eu posso gara ntir qu e de ntro da ( Serrada Lua, a pro va co nc reta de qu e nós sabe mos lidar co m a pec uári a e sustentar nossas fa míli as, da r e mpregos, gera r re nd a - a prova co nc reta es tá lá; não há ca pim pl a ntado, po is as pastage n são todas de ca pim natura l de lá; po rta nto, o me io-a mbie nte está to ta lme nte prese rva do. Catolicismo - A produção da área atende que mercado? Apenas o de Roraima? Dra. Cristiane - N osso gad o a bastece ta nto a ca pita l, Boa Vi sta, como ate nde o estado do Am azo nas; so bre tud o Ma na us, qu e j á conta com mai s de do is milhões de habita ntes . Catolicismo - Que atitude vocês têm tomado em relação a este decreto, da época do presidente Lula? Dra. Cristiane - Desde qua ndo a gente soube dessa tra paça co ntra nós, dessa injusti ça, e u cha mo ass im , a ge nte cri o u um a Assoc iação dos produ-
CATOLICISMO
Comandante do Exército alerta sobre a soberania da Amazônia
to res da região. F izemos o leva ntame nto de todas as propri edades ex istentes a li na Se rra da Lua , promove m os re uni ões, j á o uvim os opini ões de vá ri os po líti cos, do Senado r Ro mero Jucá, sempre na es pe ran ça de qu e e les reso lva m este probl e ma c ri ado contra nós e co ntra o es tado de Rora ima. Tudo o qu e a ge nte es pe ra da c lasse políti ca é qu e e la ate nda os habita ntes de Ro raima. Eles são de putados, se nado res, go vern ado res, fom os nós que os colocam os lá, então e les tê m obrigação de defe nde r os inte resses do po vo daqui ; do povo que traba lha, do povo que co nstruiu este estad o, do povo que tem um a hi stó ri a aqui de ntro.
'í1 govema<lol'a vem se 11osicio11a11do para que não se faça o parque em ál'ea Pl'O(llltÍl'a, portanto 11ão COIICOl'da com a nossa saída da l'egião <la Sel'l'a <la Lua "
Catolicismo - Hoje haverá em Brasília uma reunião de governadores com a presidente Dilma. A governadora Suely Campos já tratou ou vai tratar dessa questão de vocês com a presidente? Dnt. Cristiane - A gove rnad o ra ve m se pos ic iona ndo pa ra qu e não se faça o Parqu e da Reserva do Lav rado e m á rea produti va, po rtanto não co ncorda com a nossa sa ída da região da Serra da Lua. Esta mos lá 111 anos, temos toda doc um entação, e tra ba lha ndo. Os se nh ores vi ra m e pudera m co nstata r que esta mos na 6ª ge ra ção da mes ma famíli a, trabalhando no mes mo luga r e seguind o a mes ma tradi ção de nossos antepassados. Esta mos a pique de não ague nta r m a is es te es tado de te nsão, de serm os des pej ados de nossas casas, de nossos la res, de perde rm os todas as raízes que a nossa fa míli a fo i de ita ndo nesta te rra ao lo ngo das décadas e nfrentando muitas ad ve rs idades. N ão faz mui to te mpo, o úni co me io de tra nspo rte qu e hav ia pa ra se ir a Boa Vista era o ca rro de bo i. Gas tava-se de três a qu a tro di as pa ra c hega r lá ... A vida rural no no rte do Bras il é diferente do s ul e do sudes te. Aqui a ún ica fo nte de renda é a qu e prové m da pro priedade rura l. É o nosso s uste nto, po is não ex is te indústri a, não há fá brica. N osso suste nto ve m todo da prop ri edad e rural. A gente precisa dessa te rra, precisa tra ba lha r, precisa paga r os impostos e co labora r co m o governo. Ou o go vern o não qu e r desenvo lvime nto? Estam os aqui pa ra ajudar, mas prec isa mos te r as co ndi ções mínimas para isso. Catolicismo - O que aconteceu no estado depois da demarcação da reserva Raposa/ Serra do Sol, que também expulsou mais de 300 famílias lá radicadas havia décadas? Dnt. Cristhme - Isso fo i ho rrí ve l! Mui tos produtores ru ra is qu e dependi am da sua te rra, do se u a lim ento , fi cara m sem aquil o e ti vera m qu e se reada pta r em o utro loca l. T ive ram de aba nd o nar Continu a na p. 22
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de Re lações Ex teri ores e Defesa N ac ional (C RE) do Senado Federal, a lertou para os ri scos de enfraqu ec imento da soberani a do Bras il sobre a parte nac ional da Amazôni a. Contraditadó pelos senadores 1 e le esclareceu que não se referi a a ameaças à integridade territori a l mas a situações qu e limitam a autoridade do País so bre dec isões estrntégicas para o desenvo lvimento equilibrado da reg ião, buscand o atender aos in te resses do Bras il e, princ ipa lmente, da população dos estados amazôni cos. - Isso se caracteri za muito bem como os ' défic its de soberani a ' qu e nós estamos admi tind o dentro da Amazôni a - conce ituou .
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conge lados para se mpre. Ao co ntrári o di sso 1 ele defe nd eu ao longo da ex pos ição que é poss ível conciliar a preservação e o uso racion al das riquezas na região. - Esse processo [radica li smo pe la preservação] é como co mbater fa ntasmas, qu e a ge nte não sa be de o nde vêm qu em são, o que fazem e q ua is são seus rea is obj etivos - comentou. O general Vill as Bôas fo i co nvidado para audi ênc ia em deco rrênc ia de requerim ento apresentado pe lo senador Aloys io Nunes Ferreira (PS DB-S P), qu e também pres idiu os traba lhos. O objetivo fo i debater as qu estões da Amazôni a, como a situação dQ co ntrq le das fronteiras, ameaças do tráfi co de drogas e armas a lém do níve l de coordenação co m as fo rças militares dos países limí tro fes.
Corredor ecológico
O co mandante c ito u co mo exempl o de ini c iativa capaz de comp ro meter a autoridade do País a recente propos ta do pres ide nte da Co lô mbi a , Ju an Manu e l Sa ntos, ao Congresso de se u pa ís. Segundo e le, Sa ntos sugeriu a cri ação de um co rredor eco lóg ico na Amazôn ia contin enta l, do Andes até o Ocea no Atl ântico compreendend o a A mazôni a bras ile ira. O obj etivo é leva r a ide ia - chamada ' trípli ce way - para análise da próx ima reuni ão da Conferênc ia de Mud anças C limáticas (Co P 2 1) em Pari s. '
O comandante do Exérc ito fez também restTições ao modelo de reservas indígenas, co ncentradas sobretudo na Amazôni a. Jul gou qu esti onáve l a ''coinc idênc ia" do estabelecimento de reservas em áreas com fo rte concentração de riquezas min era is, o que proc urou demonstrar co m a apresentação de mapas das reservas indígenas e de j az idas minera is já identifi cadas. - Não so u contra unidades de co nservação em terras indíge nas. Ao contrário , te mos qu e ter des matamento zero, temos que proteger nossos indígenas, mas temos que compatibili za r esse obj eti vo co m a exploraçao dos recursos natura is - defendeu. Sem prbjetos para que a ex ploração das riqu ezas seja feita de modo equilibrado, sob contro le e fi sca li zação, o ge neral di sse que tudo passa a acontecer c landestin amente. Co mo exempl o, c itou os ve ios de di amantes co rde- rosa nas te rras indígenas Roosevelt, em Rondôni a. Disse que os di amantes có ntinuam sendo ex tra ídos e sa indo ilic ita mente do Bras il. - Isso é um a hemorragia; são riqu zas que o País perde, que saem pelas estrutu ras de contra bando, e o I;>aís não se ben fi cia em nada com isso - criti cou". ( Fonte: " Agênc ia Senado'\ 16- 7-1 5).
De aco rdo co m o general, a intenção é manter toda a exte nsão do corredor intocado, sem ex plo ração de suas riquezas, co mo co ntribui ção para deter as mud anças c limáti cas. Pelo projeto, esse corredo r se ri a implantado em até c in co anos. Antes, reg istrou que a Amazô ni a se estende po r 830 mil quil ômetros quadrados, em área de nove pa íses in clusive o Brasil (co m 62% de todo o terri tóri o). As riqu ezas são es timadas em mais de US$ 230 tr ilhões, com rese rvas de min éri os raros e ri ca bi odiversidade. O co mandante in fo rmou que a pro posta de cri ação do corredo r tem ori gem na Fundação Gaia, orga ni zação não-governamenta l instalada na Colômbiá e vincul ada à entidade Ga ia Internac iona l, a provedora dos recursos para os es tudos. Di sse que a ide ia fund am ental é a de que os recursos naturais da Amazô ni a deve m fi ca r
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: tudo, aq uela trad ição que eles tin ham herdado que era a criação do gado, seu berço agrário. Alguns que saíram de lá se estabeleceram aqui na reg ião da Serra da Lua para dar continuidade às suas atividades primári as . E agora, a Serra da Lua é ameaçada com a criação deste Parque Eco lógico do Lavrado. Suponho que isso não va i parar aqu i na Serra da Lua. Qualquer área de Roraima estará sujeita a desapropri ações desse tipo para mais e mai s reservas. E olhe que Rora ima possui área que corresponde quase à do estado de São Paulo. São 22.429.898 hecta res. Sabe quanto resta de terras aq ui que podem ser ex ploradas para a agri cul tura e pecuária? Não atingem 900.000 hecta res ... Ou seja, o estado está comp letamente engessado, sem nen huma chance de se desenvolver.
A área de Roraima corresponde quase à do estado de São Paulo. São 22.429.898 hectares, dos quais somente 900.000 podem ser explorados para a agricultura e a pecuária.
Mudando segundo o vento C ongresso da CPT adapta-se ao sopro ecológico-socialista
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Catolicismo muito rico?
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Portanto, o seu subsolo é
Dra. Cristiane - Uma coisa que gostaria de deixar claro é que, qua ndo sa iu este decreto para a cri ação do Parque do Lavrado, muitos proprietários daq ui vira m av iões sobrevoa ndo, rea lizando rasa ntes; aq uilo só poderia ser para pesquisas. Apenas nós, moradores aqui , não ficamos sabendo do que se tratava. E quando vamos procurar informações
CATOLICISMO
sobre isso, elas nos são negadas. Para nós é claro que existe muita riqueza aq ui no subso lo, muito minério. Algu ma coi a e tá despertando in teresse por aqui . Não é poss ível os índ ios ficarem com quase todo o estado de Roraima; e o que eles não usarem , se torne ambiental! E eu? Por acaso não sou humana? Não tenho um espaço sob o so l neste mundo? Catolicismo - Costumamos sugerir às pessoas em situação semelhante à de vocês, a reagirem em três frentes : no campo jurídico, no político e na opinião pública.
Dra. Cristiane - Sim. E ex iste outro, que julgo mais importante ainda: é ter fé em Deus e nas orações. Foi Deus quem me fez conhecer o Príncipe Dom Bertrand, a razão de os senhores estarem aq ui .
GREG0R10 V 1vANco Lo PEs
Co mi ssão Pastoral da Terra (CPT), li ga da à CNBB, te m atu ado na prática, juntamente com o MST e outros organi smos de ag itação agrária, para revolucionar o campo e promover a luta de classes. Tudo isso, é claro, sob o pretexto de ajudar o agricu ltor pobre e proporcionarlhe um a terra para plantar. Sua bandeira maior fo i sempre a Reforma Agrária , e ntendid a em se u sentido mais revolucionário e soc iali sta, de promover desapropriações de terras privadas que passam para a férula do Estado, o qual, mantendo-se proprietário das mesmas, as divide em lotes para uso dos assentados. Mas agora que o socia lo-comun ismo, a exemp lo das cobras peçonhentas, está trocando de pele e passando do vermelho para o verde , sem perder
Catolicismo - Qual teria sido a causa da demarcação desse Parque Nacional da Reserva do Lavrado aqui na Serra da Lua?
Dra. Cristiane - Nós já cog itamos muito sob re isto. Por que se pega um estado da Federação e o co mprom ete todo co m área indígena ou área ambi ental? O Estado brasil eironãopodeficarcom 100% de reservas! Sobretudo, no caso da Federação, um Estado como o nosso, com pouco acesso aos centros mais desenvolvidos do Brasi l em razão de nossa posição geográfica. Seus hab itantes vão ser eternamente tutelados pe la União? Co mo já di ~se, aq ui não temos indústri as, o comércio é limi tado, não há senão terras a serem racionalmente culti vadas. O estado de Roraima nunca poderá contar com a força de seus habitantes? Seremos eternamente paras itas vivendo na capita l, do dinheiro dos impostos dos bras ileiros do sul e do sudeste? Roraima possui reservas de ouro, reservas de ni óbio, a Bacia do Tacutu está aqui dentro.
VARIEDADES
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nada de seu veneno, a CPT também se adapta. Duas razões principais aparecem ev identes para essa mudança. A primeira é o fato de que o sistema de invasões e a criação de assentamentos têm malogrado no seu principal objetivo, que é ideo lógico. Não só o público em gera l tem dado sinais evidentes de esta r fa 1to dessas invasões descabidas, como os próprios campônios aliciados para esses atrope los têm-se mostrado arred ios à doutrinação da CPT. Qua ndo aderem ao esq uema de in vasões, na maior parte dos casos é por oportuni smo, pelas benesses que recebe m dos governos petistas e simil ares. Ora, se o siste ma não consegue fab ri car agri cu ltores ideo logicamente revo ltados, a CPT perde seu latim . A segunda razão para a PT adotar o novo rumo é aproveitar o clima criado pelo Papa Fra ncisco, especia lmente co m a Encíclica laudato Si, a qual adota como pressuposto as hipóteses não demonstradas dos eco logistas rad ica is, deduzindo daí posições sociais mui to próximas do comuno-soc iali smo.
* * *
No congresso da CPT reali zado em Porto Velho (RO) entre os dias 12 e l 7 de julho último, uma rotação se esboçou claramente no se ntido de adotar uma ação ecológico-triba li sta, tática hoje em moda nas esq uerda . O gra nde inimigo a ser enfrentado é o cap itali smo. Ass im, a direção da CPT procura acertar o passo com aq ueles que já fi zera m anteriormente essa rotação, como o ex-fre i Boff, fre i Betto e outros do gênero. A atividade revolucionária seria transferida agora para a chamada "territoria lidade", isto é, promover territórios autônomos no Brasil , seja para índi os, seja para quilombolas, seja para camponeses. Enquanto unidade política e socia l, a nação brasil eira ex plodiria. Doi s docum entos emanados da CPT - um na abertura do referid o congresso 1 e outro no fina l do mesmo 2 - exp li cam bem essa troca de pele. Vejamos.
Bispos patrocinam a mtação "Dom Enemésio Lazzaris, presidente da CPT e bispo da diocese de Balsas (MA), deu boas-vindas aos congres-
CONGRES,s;c,~ ----..- -·-· IIACIONAL D O REGIC ~LEG~I A
ESA 'rio
Catolicismo - Então vamos suplicar a Nossa Senhora Aparecida, para que Ela os proteja especialmente e livre o Brasil dessas leis iníquas e do regime comunista . •
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sistas e apresentou Dom Antônio Possamai e Dom Moacyr Grechi, também .fúndadores da CPT, e Dom Benedito Araújo, admin istrador apostólico de Porto Velho (RO) ". O vice-presidente da CPT é o bispo belga Dom André De Wi tte, atua lmente pre lado de Rui Barbosa (BA). "Dom Enemésio disse que iria apenas reproduzir algumas fa las do Papa Fran cisco. 'Neio vou dizer palavras minhas, vou dizer algumas palavras do Papa, no discurso que ele .fez para os movimentos sociais na Bolívia, em Santa Cruz de la Sierra '. E iniciou com a f i-ase 'que o clamor dos excluídos s~ja escutado na América Latina!'. Na sequência, reproduziu a fa la em que Papa Franc isco critica a tirania do capitalismo". Com data de 13 de julho, o esc larece d or documento de abe rt ura do congresso aprese nta uma declaração da pesquisadora Leonildes Mede iros, do Curso de Pós-Graduação em Desenvo lv imen to, Agricultura e Sociedade (C PDA/UFR.RJ ), na qua l ela ressa lta: "Há um des locamento em curso no debate sobre a terra no país. 'Se nos anos 80 e 90 a paula era prioritariamente a desapropriação e assentamento das .famílias acampadas, hoje, o centro da disputa está na conquista dos direitos territoriais, que neio se resolvem com a desapropriaçeio e assentamento das .fàmílias. Neio estamos mais.fàlando de um lugar somente de produçeio. Estamos .fàlando de vida '". De que v ida se trata? Veja mos:
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CATOLICISMO
"Durante o debate,.foram apontadas como as principais ameaças às populações camponesas, os grandes projetos de desenvolvimento em curso no país, a liado ao agronegócio e ao capita l .financeiro especulativo que, através do financiamento dos conglomerados internacionais, ditam a política territorial hrasileira. 'Os povos do campo esteio sendo conduzidos para o cativeiro ', ressaltou Plácido Juniol'; geógrafo e agente da CPT Nordeste 11, ao se r~ferir à postura do Es tado de submisseio a lógica do capital. 'É por isso que tantos co,?flitos ocorrem. Há o projeto de vida se confi-011/ando com o projeto de mor/e'". Já um cac iqu e que atende pelo nome de Baba u, "do povo Tupinambá da Serra do Padeiro/BA , apontou que muitos conflitos ocorrem em.fúnçeio de o Estado brasileiro neio reconhecer as diversas territorialidades existentes no país. 'Somos nós que compreendemos o que é melhor para o nosso povo, cada povo tem uma forma de gesteio de seu território, tem sua.forma de se otganizar coletivamente ' ". "'Hoje temos que e11frenla1: Unir e luta1·· ou morrer ', convocou Maria de Fátima, liderança quilombo /a do Tocan tins " . Sob a inlluê11cia <los orixás, das r ezadeims e das ellcanta<las A "Carta Final" do Congresso, datada de 17 de julho, traz a inda outras " pérolas" . "Nós, 820 camponesas e campone-
ses, indígenas e agentes da CPT, bispos católicos e da Igreja Ortodoxa Grega, pastores e pastoras, rezadores e rezadeiras, vindos de todos os recantos do Brasil, convocados pela memória subversiva do Evangelho e pelo testemunho dos nossos mártires, pela presença dos Orixás, dos Encantados e Encantadas, nos reunimos para o I V Congres ·o da Comisseio Pastoral da Terra, em Porto Velho-RO, de J 2 a 17 dejulho de 2015 " Diz o cac ique Babau: "Hoje, tem-se consciência de que pelo avanço voraz do capitalismo é o destino da própria humanidade e da própria vida que está emjogo." Já Valdete Sique ira dos Santos, do Asse ntame nto Transval , Jequ itinhon ha (MG), desafia: "Continua a convicçeio que nosso projeto de vida vai ser 'na lei ou na marra '". Consta ainda, nessa "Ca rta fi na l", a declaração de "um trabalhador numa das tendas ". O tom da declaração é de um padre prog ressista. Ass im , num a co nvocató ria que ma l disfarça ser in spirada no brado ímpi o de Marx (Pro letários de todo mundo, uni -vos), di z e le: "Convocamos os povos orig inários e o campesina/o em suas mais diversas expressões [ .. .J peões e assalariados, sem-terra, junto com .favelados e sem teto, para .fortalecer estratégias de aliança e de mobilizações unitárias ".
O regime capitalista é legítimo, condenáveis são seus abusos Explanação a respeito do capitalismo feita pelo Prof. Plinio Corrêa de Oliveira em debate com o deputado Paulo de Tarso na TV Tupi, em 24-10-1961
O reg ime cap ita li sta é aque le reg ime em que o capita l concorre com um elemento próprio para a produção, ao lado do traba lho; o regime capita lista é aq ue le em que se atrib ui uma parte do lucro ao capital e se atribui uma parte do lucro ao trabalho. Parece-me abso lutamente evidente que esse regime, desde que atri bua partes proporcionadas de lucros a cada uma das entidades a cada um cios e lementos que concorrem para a produção, é um regime legítimo. E tanto é legítimo que nós temos aqu i esta afirmação ele Pio X I a respeito da legitimidade intrínseca do capita li smo: "Nosso Predecesso1: de.feliz memória, em sua Encíclica se r~feria principalmente àquele sistema em que, ordinariamente, uns contribuem com o capital, e outros com o trabalho, para o comum exercício da economia, como ele próprio definiu nafi-ase lapidar: 'nada vale o capital sem o trabalho nem o trabalho sem o capital '. Foi essa a espécie de economia que Leeio Xll l procurou, com todas as veras, regular segundo as normas da justiça. De onde se segue que, de p er si, neio é condenável. E, realmente, de sua natureza neio é viciosa. Viola-se a rela ordem quando o capital escraviza os operários, a elas.se proletária, para que os negócios e todo o regime econômico estejam nas suas meios e revertam em vantagem própria, sem se importar com a dignidade humana dos operários, com afimçiio social da economia e com a própria justiça social e o bem comum". Aí está feita a distinção entre os inconvenientes e os erros do capita l ismo, ele um lado, a legitimidade do regime, de outro lado. Ora, esta distinção não é uma distinção acadêmica. Ela figura com insistência nos documentos pontifícios. (hllp: //www.p li niocorreadeolivcira.info/ENT%20-%20196 11 024_ TVTup iDcbatcPau lodcTarso.hlm)
E acresce nta: "D escobrimos qu e conquistar terra e território e permanecer neles neio é si!ficiente. O desafio é co ns truir novas pessoas e novas relações interpessoais, .familiares,. de género, ge raçeio, sociais, econômicas, políticas entre espiritualidades e relig iões d!f'erentes e com a própria natureza ". "Reassumirmos um processo urgente de MOBILIZAÇÃO REBJ,,"'LDE E UNITÁRIA pela vida, que inclua a def esa do planeta TERRA, nossa casa comum, suas águas e sua biodiversidade. "Com o Papa Francisco reafirmamos que queremos uma mudança nas nossas vidas, nos nossos bairros, na nossa realidade mais · próxima, uma mudança estrutural que toque também o mundo inteiro". É preciso lu tar por uma nova noção de "r4orma agrária que reconheça os territórios dos povos indígenas e das comunidades tradicionais e uma justa repartiçeio da terra concentrada ".
* * * No total , nota-se no noticiário sobre o congresso uma sensação de impotência da CPT para realizar seus objeti vos. Donde a in sistência em ape lar para a orientação do Papa Franc isco. • E-mail para o autor: ca tolic ismo@terra.com.br Notas: 1. http://www.cptnaciona l. org. br/index . php/acoes/congressos/ iv-congressoda-cpt/2 70 1-partic i pan tes -do-i vco n g resso-da-c pt-d e bate m- sob reos-a tu a is-entraves-e-desa fi os- paraa s-popu lacoes-do-cam po; Ver também: http://www.cptnaciona l.o rg.br/index .php/acocs/congressos/iv-co ngresso-da-c pt/2700ce lebracao-mi stica-abre-progra macao-do-iv-congresso-nac ional-da-cpt 2. http://www.cplnacional.org. br/index. php/publ icacoes-2/destaq ue/2723ca rta-fi nal-tàz-escuro-mas-cu-ca nto
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CAPA
Ideologia de Gênero
perniciosa perseguição religiosa T entativa de extinguir a instituição familiar, célula básica da sociedade, e de negar a própria ordem da criação divina
li
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EDSON C ARLOS DE O LIVE IRA
a noite para o ?ia o Bras il aco r?ou envo lto em uma batalha dita cul tural. Em Junho de 20 15, de modo sorrate iro, o governo federal tento u implantar em todas as escolas públicas de ensino fun damental a mais terrível e sinistra arma para destruir a educação mora l e psico lóg ica das cri anças, e com ela a própria fa mília: a i deologia de Gênero. Como ele havia fracassa do em fazê -la passa r na Câmara dos Deputados, procurou então fo rçar cada município bras ileiro a aprová-la em curto prazo, embu tida nos Planos de Educação para os próx imos IOanos. E o teri a conseguido se não fosse a lu ta árdua e intelige nte de instituições, grupos e pais, que se di rigiram às câmaras munici pais de suas cidades e obti vera m que os vereadores a rejeitasse m. O modo de inserção dessa ideologia contrári a à natureza humana va ri ava de municíp io para município e vinha incubada na aparência de combate a preco nceitos nos ambientes escolares. Os textos legislativos propunham desde medidas disciplinares até banheiros unissex, obrigação de chamar o aluno pelo "nome social", aulas e palestras contra os "estereótipos sexuais" etc. Mas antes de entrar diretamente na explicação dessa malfa dada ideo logia e sua ori gem, convém sublinhar o aspecto subliminar pelo qual ela vem sendo propaga ndeada e co locada em uso no vocabulári o do público.
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Conceito de "pa/mrra-talismã"
Há palavras, termos ou expressões que possuem algo de talismânico.
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CATOLI C I SMO
Ta lismã provém do grego e significa "consagrar". Trata-se de uma superstição - ou mes mo de algo preternatura l - que supõe um objeto com "poder mág ico" consagrado para um determ inado fi m. Por exemplo, uma figa ou urna ferradu ra. Mas há também certas pa lav ras carregadas de uma "força mág ica" e como que ta li smâni cas - expressões que usamos aqui em seu sentido metafóri co - , que visam produzir um efe ito ps icológico na opinião públi ca. A " palav ra-talismã", como o Prof. Plíni o Corrêa de Oli ve ira a descreve em seu importa nte li vro Baldeação Ideológica Inadvertida e Diálogo, 1 "suscita toda uma constelação de.fobias e simpatias". O termo "justiça soc ial", por exemplo, na boca de um esquerd ista, to ma toda uma constelação de sentidos semi-encobertos que vão além de seu significa do ori ginal e podem preparar ou anestes iar os es píritos para a aceitação de injustiças ou de uma legislação de cunho marx ista ou soc iali sta. O uso de ta l recurso numa guerra psicológica tende a produ zir uma baldeação ideológica inadvertida , expressão ta mbém cunhada pe lo Prof. Plí ni o Corrêa de Oli ve ira em sua referi da obra. Ele descreve como, a partir do largo uso mid iático de uma constelação de "pa lavras-ta li smãs" que se apoiam mu tuamente - por exemplo, gênero, homofobia, transfobia, preconceito etc. - é poss íve l induzir aos poucos a modificação da mentalidade de uma pessoa, ou mes mo de uma corrente de opin ião, através da ap licação do binômio medo-simpatia. 2 Exemplo desse binômio seria: a) do ponto de vista do medo, ameaçar com prisão, sob pretexto de preconceito, quem se opusesse à difusão da Ideolog ia de Gênero; b)
do ponto de vista da simpatia, exa lta r como pessoa mo2) Sua grande fo rça reside na emoção que provoderna e atualizada quem propagasse essa ideo logia. As ca m. pessoas ass im tornam-se vítimas de uma transform ação Mante ndo implícito seu significado, a "pa lavraquase imperceptíve l, uma vez qu e, em decorrê ncia, a tali smã" é o "veiculo e esconder(jo do seu crescente sociedade fica cada vez menos tendente ao rac iocínio e conteúdo emocional". 3 mais entregue às pressões da mídia e de certos políticos. Qual é o meio de combater a " palav ra-tali smã"? Publicada há 50 anos, Baldeação i deológica inadverTra ta-se de explicitá-la. A ex plicitação "exorciza" sua tida e Diálogo é uma espéc ie de "obra exorcística" da fo rça mág ica. 4 ação enga nosa e preternatural das " palavras-ta lismãs". "Exorcizemos" aqui , a títul o de exemplo, a "palavraO modo de neutra lizar o êx ito - -- - - - -tali smã" gênero, propugnada pela mais dessa estratégia, segundo o autor, fun esta ideo logia para destruir a insticonsiste em co nhecer alguns astui ção fa miliar, alicerce da sociedade. pectos das " pa lavras-ta li smãs": Gênero: "palal'l'a-talismã" 1) Elas relu ta m em ex plicita r O Professor argentino Jorge Sca la seu sentido mais radi cal; ex pli ca o sentido da palavra gênero: "Não se podefalar em 'gênero masculino ' ou 'gênero f eminino ' no sentido biológico. Nesse ct1so, devemos dizer 'sexo masculino ' ou 'sexo f eminino '. "As palavras têm gênero e não sexo, enquanto os seres vivos têm sexo e não gênero. Atribuir gênero à sexualidade humana é uma manipulação ling uística ".5 Gê nero, portanto, é uma " palavra-talis mã" que ev ita a sua ex plicitação quando manipul ada pelo movi mento LG BT. É largame nte empregada pela gra nde imprensa e causa fo rte impacto emoc ional, espec ialmente qu ando utili zada com uma "conste lação" de outras " palav ras-ta li smãs", tais como "di álogo", " in to lerância", " preco nce ito", "homofobi a" etc. O que é Ideologia de Gênel'O?
Segundo o Prof. Jorge Sca la, "pretende-se sustentar que existe um sexo biológico que nos é dado e, por isso, é definitivo; mas que, ao mesmo tempo, todo ser humano pode 'construir' livremente seu sexo psicológico ou gênero", que seria o "sexo construido socialmente como contraposição ao sexo biológico ". 6 A fe minista ex istenciali sta Simone de Beauvoi r contribuiu para a difusão da ideia-chave da Ideologia de Gênero : não se nasce mulher, mas você se torn a mulher; não se nasce homem, mas torna-se homem.7 Para a Ideologia de Gênero , "o sexo passaria a ser uma questão biológica sem importância; o que
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\ definiria mulheres e homens é a sua psique, que não teria relação alguma com o sexo corporal " .8 "A cultura determinaria quais seriam as características f emininas e masculinas. A diferenciação sexual biológica não é uma realidade, mas uma mera construção cultural". 9 A ideologia de Gênero defende a ideia de que
não ex istem apenas a mulher e o homem, mas também "outros gêneros"; e qu alquer pessoa pode escolher um desses "outros gêneros", ou mes mo, simultaneamente, alguns dentre eles. E poder-se-ia " escolher tanto ser homem ou mulher como escolher o conteúdo daquilo que para cada um possa sig nificar ser homem ou mulher". 1º Cada
um pode escolher o próprio gênero - e até mudar, depois, a sua escolha. 11 Para seus defensores, a Identidade de Gênero refere-se ao sentimento de pertença ao gênero feminino ou masculino, que pode coincidir ou não com o sexo biológico. 12 Um recurso que entrou no uso corrente da internet é a uti Iização da arroba (@), que não é nem letra nem signo lin guí stico . Entreta nto, di sse min ouse o mau costume de utili zá- la como recurso gráfico para integrar, em uma só palavra, as formas masc ulinas e femininas do substantivo. Por exempl o, a exp ressão "caros alunos e alunas " tra nsforma-se em "car@s alun@s ", uma vez que a arroba parece incluir em seus traços as vogais a e o. Tal costume favo rece a confusão ge rada pela Ideolog ia de Gênero , uma vez que não se afirma nada, mas se entende tudo. 13 Revolução semântica Gênero , identidade de Gênero , violência de gênero são termos que ferem o bom uso do voca-
bulário. Mas não é de hoje essa manipulação linguística, que faz parte do processo revolucionário de destruição da ordem natural posta por Deus na criação. Ela tomou fo rça já na década de 1970, após o fracasso comunista de dominar a maioria da opinião pública oc idental. A partir de então, as esperanças dos corifeu s revolucionários se concentra ram mais na Guerra psicológ ica revolucionária, como esclarece o Prof. Plinio Corrêa de Oliveira na terceira parte de seu
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CATO LICISMO
Revolução cultural e igualitarismo comunista PuN1 0 C QRRÊA oi:__QuvEIRA
"Embora nascido necessariamente do ódi o, e vo ltado por sua própri a lógica interna para o uso da violência exercida por meio de guerras, revoluções e atentados, o comunismo in ternac ional se viu compelido por grandes modifi cações em profundidade da opini ão pública, a dissimul ar seu ra ncor, bem como a fi ngir te r des istido das guerras e das revoluções. Já o dissemos. "Ora, se tais des istências fosse m sinceras, de ta l maneira ele se desmentiria a si próprio, que se au to-demoliria. "Lo nge disto, usa ele o sorri so tãoso mente co mo arm a de ag ressão e de guerra, e não extingue a violência, mas a tra nsfere do campo de operação do fí sico e pa lpáve l, para o das atuações psicológicas impalpáve is. Seu obj eti vo: alcançar, no in te ri or das almas, por etapas e invisive lmente, a vitória que certas circunstâncias lhe estavam impedindo de conqui star de modo drástico e
vi ível, segundo os métodos cláss icos. "Trata-se de uma verdadeira guerra de conquista psicológica, sim, mas total - visa ndo o homem todo, e todos os homens em todos os pa íses.[ ... ] "Como uma modalidade ele guerra psicológica revolucionária, a partir da rebe lião estudantil da Sorbonne, em maio de 1968, numerosos autores socialistas e marxistas em gera l passaram a reconhecer a necessidade de uma fo rma de revolução prév ia às tra nsfo rmações políticas e socioeconômicas, que operasse na vida cotidiana, nos costu mes, nas menta lidades, nos modos de ser, de sentir e de viver. É a chamada ' revolução cul tura l'. "Cons idera m eles que esta revo lução, prepo nde rante mente ps ico lógica e tende ncial, é uma etapa indi spensável para se chega r à mudança de mentalidade que torn ari a poss íve l a im plantação da uto pia igualitária.[... ] "Com efeito, a guerra psicológica visa a psique toda do homem, isto é, traba lha-o nas várias potências de sua alma, e cm todas as fibras de sua menta lidade".
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livro Re volução e Contra- Re volução (Vide quadro na página ao lado). A essa alteração nos rumos da Revolução mundi al que se opera no Ocidente desde o ocaso da Idade Médi a o autor qualificou de I V Re volução. É a também chamada Re volução Cultural, que entre se us fins visa à implantação de uma nova moral. Como arma para a aceitação dessa " nova moral", os revolucionários fa zem uso de uma verdadeira revolução semântica, que confunde e embara lha o significado das palavras mais corriqu eiras. A sagrada palavra fa mília, por exemp lo, consta em documentos da ONU , mas não em seu sentido natural , ou seja, de uma instituição constituída por pai, mãe e filhos, mas também qualquer coabitação entre duas pessoas, mesmo sendo ambas do mesmo sexo, com vistas a manter relações sex uais. A manipulação da linguagem é muito importante para essa meta revolucionária. Quem é contra a liberdade ou o direito? Mas estes termos são também utili zados em um contexto - ora claro, ora confuso - para significar que a prática do aborto é livre, ou para defender um confuso e revolucionário "direito sex ual" pelo qual vale tudo. Trata-se, portanto , de um a verdadeira invasão das consc iências para obter a aceitação do aborto, da anti co ncepção, da prática homossexua l e dos assi m chamados "direitos sex uais e reprodutivos", que são atualmente as principais "conqui stas" da " nova moral".
De aco rdo com o esc ritor chil eno Juan Antonio Montes - presidente da Fundação de Estudos Culturais Roma e diretor da Associação Ação Familia, autor do li vro Da Teolog ia da Libertação à teologia eco:feminista - em entrev ista concedida a Catoli cismo, 14 a pseudofilosofia desconstrutivista fo i criada pelo soc iólogo francês Jacqu es Derrida ( 1930-2004), qu e ''.fà1:jou uma
"l)esco11str11ção" e "esternótiJJO cultural"
PNDl-1~8 e Ideologia de Gênero
Uma das armas dessa revolução semântica é o que se denomina "desconstrução ".
No Brasil, o Programa Nacional de Direitos Humanos (PNDH-3), decretado pelo gove rno Lul a às vésperas
corrente de pensamento de fúndo inteiramente relativista baseada na ideia de que não existe nenhuma verdade objetiva e que tudo quanto se aceita como normal ou verdadeiro não é senão a imposição de um estereótipo
cultural anterior ". Para Derrida - exp lica Juan Antonio Montes - , deve-se suspeitar de cada afirmação e se perguntar o que ela representa dos "estereótipos culturais " para expurgálos, ou desconstrui-los. Segundo Derrida , tal desconstrução se ap lica de fo rma mais intensa à sex ualidade. Juan Antonio Montes afirma que "todas essas desconstruções não poderiam terminar sem atingir a própria natureza da pessoa humana e, em consequência, as bases ela soc iedade e do Direito. A doutrina pós-modernista, tanto dos Direitos Humanos quanto da pessoa, considera que a natureza é uma realidade que se constrói a si mesma de acordo com as diversas opções e preferências de cada individuo. Daí procede a denominada ideolog ia de Gênero, isto é, a determinação da pessoa independentemente de seu próprio sexo ". 15
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(Revo/11çào e Co111ra- Revo/11çc7o, Artprcss, 1998, São Pau lo, Parte 111 , Cap . 11 ).
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do Natal de 2009, segue a cartilha da "desconstrução" através da nefasta revolução semântica. A diretriz nº 1O, denominada "Garantia da igualdade na diversidade", tem como objetivo a "afirmação
da diversidade para a construção de uma sociedade igualitária ". E estabelece a obrigação de "realizar campanhas e ações educativas para [a] desconstrução de estereótipos relacionados com diferenças étnicoraciais, etárias, de identidade e orientação sexual[ ... ] ". 16 Do mesmo modo, no "Objetivo estratégico V", que visa a "Garantia do respeito à livre orientação sexual e identidade de gênero", o PNDH-3 estabelece o dever de "reconh ecer e incluir
nos sistemas de informação do servi ço público todas as configurações familiares constituídas por lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais (LGBT), com base na desconstrução da heteronormatividade ". 17 1'erl'Ível experiência da Teoria de Gênero
O diário parisiense "Le Figaro" publicou o fracasso da primeira tentativa de " comprovação científica" da Teoria de Gênero, que culminou com o suicídio do jovem Bruce-Brenda-Davi (seus três nomes, como homem, mulher e homem!). 18 Na década de 1960 , o psicólogo americano John Money definiu o "gênero masculino ou.feminino " como uma conduta sexual que podemos adotar segundo a nossa vontade, a despeito do nosso sexo de nascença. Sua teoria foi testada em um menino chamado Bruce, que, submetido aos oito meses de idade a uma cirurgia de mudança de sexo, passou a ser chamado de Brenda, e usava saias e brincava com bonecas. Mas na adolescência ele passou a ter uma conduta masculina, o que obrigou seus pais a contar-lhe a verdade. O Dr. Money abandonou então o auxílio que prestava à família. Cirurgicamente, Bruce voltou a ser como homem e passou a chamar-se Davi - terceiro nome em sua existência - , casando-se aos 24 anos.
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CATOLICISMO
Entretanto, o trauma das mudanças de sexo provocou um descompasso em sua vida e ele se suicidou. Enquanto isso o Dr. John Money continuava na Universidade John Hopkins, onde era conhecido e propagandeado pelo " sucesso" de sua experiência - a única da Teoria de Gênero utópica e anticristã - , cujo funesto resultado acabamos de expor. Origem da Ideologia de Gênero: Feminismo de Gênero
A Ideologia de Gênero nasceu através do assim chamado Feminismo de Gênero. Ainda na década de 1960, a revolução sexual que secundou o aparecimento no mercado da pílula anticoncepcional , produziu em incontáveis mulheres uma crise de identidade, porquanto tal pílula as tran sformava em objetos sexuais dos homens. E ntretanto, a resposta a essa crise não consistiu na rejeição da pílula e na reafirmação da feminilidade e da maternidade, mas na sua acei tação silenciosa, permitindo que grupos feministas interpretassem a seu modo um novo tipo de luta de classes.
"Reivindicavam a completa igualdade com os homens em matéria sexual ", afirma Jorge Scala. E para essa igualdade, aqueles grupos tiveram que inventar uma pseudo-antropologia, uma vez que tal identidade sexual não existe. Para essa nova visão pseudo-antropológica, as feministas defendem que os homens sempre oprimiram as mulheres e consideram que a diferença biológica natural deve ser negada , que não existe um " homem natural" e uma "mulher natural ". E , uma vez a natureza humana negada, ou melhor, desconstruida, deve-se atribuir um sentido à massa informe que costumamos chamar de humano. Feminismo e ma,'Xismo
Nessa Revolução Cultural, o movimento feminista aparece com toda força publicitária, utiliza os meios
acima descritos e a falseada ótica marxista para analisar a sociedade e defender suas bandeiras mais extremadas. Para o teórico socialista Engels, o ''primeiro antago-
nismo de classe que apareceu na história coincide com o desenvolvimento do antagonismo entre o homem e a mulher na monogamia e a primeira opressão de classe coincide com a opressão do sexo f eminino p elo sexo masculino" .19 Em entrevista concedida à agência Zenit, o Pe. Étienne Roze explica que Karl Marx é o mestre do movimento feminista: " O comunismo, criou um conflito
para suprimir a discriminação entre o proletariado e o capital, mas sabemos como.foi que isso acabou[. ..}. Hoj e, na reinte,pretaçãofeminista do método de Marx, o capital é representado pela heterossexualidade e o proletariado por todos os gêneros fluidos e em contínua mutação. [. ..] São mais de cinquenta [gêneros], além das identidades agrupadas na sigla LGBT De acordo com esp eculações dessas.fe ministas, a história.foi dominada durante séculos p ela opressão da heterossexualidade como condição para a reprodução dos seres humanos, mas .finalmente chegou a hora em que as correntes da escravidão serão quebradas. De que forma ? Com a ectogênese, ou seja, a possibilidade de ter filhos fora de um corpo.feminino. Assim, ser mulher não terá mais nada a ver com o fato real da maternidade, que seria completamente absorvida pela biotecnologia". 2º A feminista canadense Shumalith Fírestone, em seu livro The Dialectics of Sex, publicado em 1970,
defendia em linguagem marxista que ''para organizar
a eliminação das classes sexuais é necessário que a classe oprimida se rebele e assuma o controle da.função reprodutiva". 2 1 Outras feministas, como Betty Friedan, Nancy Chorodow, Christine Riddiough e Alison Jagger, afirmavam "que a raiz da opressão à mulher está em seu papel de
mãe e educadora dos .filho s. Para se libertar dessas tarefas, deve haver total acesso à contracepção e ao aborto e transfe rir a responsabilidade da educação dos filhos para o Estado ".22 Firestone explica que, assim como "o objetivo.final da revolução socialista não era apenas a eliminação do privilégio da classe econômica, mas também da própria d(ferenciação da classe econômica, da mesma forma, é objetivo final da revolução f eminista[.. .] não apenas a eliminação do privilégio masculino, mas também da própria d!ferenciação dos sexos". 23 Há 20 anos, Magdalena Del Amo conclamava ser necessário "eliminar a natureza [o conceito de natureza humana]. E isso se consegue eliminando o casamento e
a.família tradicional. Isso se consegue.fazendo lésbicas, homossexuais é bissexuais desde o berço. O sexo existe unicamente para o prazer. As relações sexuais devem ser polimórficas e livres. O aborto, livre também. Tudo vale neste novo mundo do gênero". 24 Portanto, as .feministas de gênero partem de dois pressupostos errôneos : 1) N ão existe natureza humana; 2) Os aspectos biológicos do sexo não podem condicionar a psicologia do ser humano. Sobre essas duas negações estabelece-se a primeira afjrmação, que será o postulado básico sobre o qual toda a ideologia se apoiará: o gênero seria o sexo socialmente construído. A Ideologia de Gênero tornou-se pública em 1995, durante a Conferência Mundial sobre as Mulh eres, realizada em Pequim. Na ocasião, a feminista Judith Butler idealizou, pela primeira vez num contexto tão importante, um dualismo entre gênero e sexo. E Bella Abzug, em seu discurso no mesmo evento, afirmou que
gênero "se d!ferencia da p alavra sexo para expressar a realidade de que os papéis e a condição do homem e da mulher são estruturados socialmente e estão sujeitos à mudança ". 25 Jorge Scala esclarece que já a partir dos anos 1980
"a aliança entre f eministas de gênero e o lobby homossexuais é cada vez mais profunda ". Um pacto que visa destruir e reconstruir os conceitos de .fàmília e casa-
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menta, procurando definir o 'casamento' homossexual e o concubinato como "novos tipos de.familia ".26 Consequências ela rdeologia de Gênero
Se leva rmos até as suas últimas consequências essa ideologia, chegaríamos às seguintes proposições: Não haveri a mais homem ou mulher, seríamos polimorfos; Todos os modos de relações sex uais, mesmo os mais aberrantes, teriam igual valor; Eliminação do casamento . Se tudo é casamento, nad a é casamento; Eliminação do pátrio-poder; • Co ncessão dos "direitos sex uais e reprodutivos" às crian ças e aos adol escentes; Eliminação da família, porque qua lquer uni ão sex ual ori ginari a uma " novo tipo de família" . Se tudo é fa míli a, nada é fa mília ; Eliminação da sociedade pela des trui ção de sua célula básica, a fa mília. Ideologia de Gênero na eelucação escola/'; l)eelolilia
A propaganda da Ideologia de Gênero utili za os gra nd es meios de co municação (te levisão, rádio, j or nais) e se u principal alvo são as esco las, poi s, como alerta Jorge Sca la, "quanto menor/ar a criança, mais permeável será ". 27 E ass im a esco la será "formadora" e aux iliará a criança na esco lha cio gê nero, restrin gindo o quanto puder o natu ral e irrenunciáve l direito dos pais à ed ucação moral de se us filhos . A ONU , através da Convenção para a Eliminação de todas as Formas de Discriminação contra a Mulher (CEDAW, sigla em inglês), exerce pressão para qu e os países garantam "os direitos dos adolescentes de ambos os sexos à educação sobre saúde sexual e reprodutiva". O documento fa z um a releitura dos "direitos humanos" sob a ótica do gênero. 28 Uma co nseq uência forçosa do ensino e do reconhecimento de tais direitos para as cri anças ou menores de idade consiste em qu e, logica mente, se um men or tem o direito de trocar sua identidade sex ual, também poderá ter direito a relações sex uais pedófi las, sejam elas homossex uais ou não. As portas ficam abertas para todo absurdo e violação da mora l. 0
/Jatalha IIOS 11Jlll1ÍCÍJJÍOS IJl'asileÍl'OS
Em abril de 20 14, o Plano Nac ional de Educação (PNE), que estipula diretri zes para o ensino público fundamental dos próximos IO anos, fo i aprovado em
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CATOLICISMO
votação no Congresso, mas sem menção à abo mináve l Ideologia de Gênero, que constava do texto original. lsso tudo graças à atuação pacífica e ordeira, porém enérgica, de várias associações pró-fa mília, entre as quais figura o Instituto Plinio Corrêa de Oliveira. Apesar da derrota no Congresso Nac ional, os militantes de gênero conseguiram inex pli cavelmente do Ministéri o da Educação a reinse rção do termo Ideologia do Gênero nos " textos bases" que foram enviados aos qu ase 6.000 municípios brasileiros, 90% dos quais já rejeitara m que tal ideologia conste nos seus Planos Municipais de Educação (PM E). Na cidade de São Paulo, onde a questão ainda não foi defi nid a até o momento em que este artigo está sendo escrito, para se ter uma ideia da sa nha dos militantes em faze r passar a menção ao gênero no PM E, é oportuno citar uma afi rmação do vereador Paulo Fiorilo (PT). Anteriormente à votação no pl enário, logo após uma Co mi ssão ter retirado toda a menção ao gênero de se u substit-utivo, declarou e le: "Conseguimos incluir um artigo da lei orgânica na meta I que.fàla em: 'educação igualitária, desenvolver um es pírito crítico em relação a este reótipos sexuais, sociais e raciais das aulas, cursos, livros didáticos, materiais esco lares e literatura '. [Isso] possibilita manter esse debate vivo, e no plenário ".29 Em face dessa situação, os pais devem vigiar asescolas qu e seus filhos frequentam. Poi s ainda qu e cada municípi o do Brasi I rep udi e a Ideolog ia de Gênero , seus defenso res afirmam que irão ensiná- la, mes mo usa nd o outro termo. lnlilll'al'-Se /)a/'a "eleSCOIISll'llÍI'" a eloull'ina da Igreja ...
Em se u livro Chuva para flo rescer, Judith Ress pergun ta à " teóloga" chil ena Doris Mufioz: "Por que permanecemos dentro da Igreja ? " Ao que esta, em sua resposta , deixa clara a estratégia: "Na América Latina não podemos não levar em conta o dado da f é, entre aspas, da religião. Não podemos prescindir de seus símbolos porque é ali onde estão os freios mai s poderosos ou suas resistênci as. Isso é algo que cumpre aprofundar, e se estou dentro é porque penso que posso co laborar com a 'desconstrução' e a construção de outros sim bolos religiosos e imagens ".30 ... ,,isa mio utilizai' a Religião como propaganda da "11011a mol'al"
Em 2004, no enco ntro intern ac ional preparatório
para o Cairo+ 10, orga ni zado pelo Fundo de Populações das Nações Unidas e pelo governo holandês, e intitulado Direitos Sexuais e Reprodutivos, cultura e religião , afi rm ou-se qu e foi "v ital" a intervenção de recursos humanos e fundos para "convencer aos lideres religiosos a democratizar seu dis curso em matéria de direitos sexuais e reprodutivos" .31 Ou seja, co mpram as consciências! Em 19 de junho de 20 15 - em Audiência Pública na Câ mara Muni c ip a l de São Paul o co nvocada pe lo verea dor Toninho Vespoli (PSOL) sobre o tema Por que discutir Gênero nas escolas ? - , Eduardo Brasileiro, em nome do Pe. Paulo Sé rgio Beze rra , pá roco da ig rej a Nossa Se nh o ra do Ca rm o, na diocese de São Mi g ue l Pauli sta, ex plicou o que é e o qu e deseja o grupo "católico" Igreja, Povo de Deus em Movimento. Segundo Eduardo, o objetivo de seu movimento é, "a partir dos 'direitos humanos ', rf:fu ndar os dogmas e as concep ções católicas dentro da sua estrutura de poder". Ele afi rm o u a ind a qu e na zo na leste de São Paul o há 15 paróqui as que "comungam dessa ideia". 32 Para Eduardo, e importante qu e a questão de gênero conste nos Pl anos Municipais de Educação: " Isso vai ensinar para nossas igrf:jas muitas coisas" . E prossegu iu , di zendo que "graças a essa di vindade que nos rege [ .. .] ainda bem que existiu uma transexual mulher na Parada LGBT crucificada para mostrar que a cruz é politica e que a cruz não é o símbolo de um, mas de muitos que durante a História estão crucfficados. Nós temos que usar esses símbolos para dialogar; para superar essas concepções que são dadas para as pessoas, para osjovens e nossas infâncias "(sic!). 33 Jeleologia infiltrada até em grandes meios ele comunicação católicos
A seção alemã do site da Rádi o Vati ca no, cuj o ed itor res ponsável é o padre jesuíta Bernd Hagenkord,
difundiu um arti go do sacerdote se rvita Pe. Martin Lintner intitulado Teólogo moralista: A moral sexual da lgrf:ja está em movimento34• Para ilustrar a matéri a, o referid o site reproduziu urna foto indecorosa de um beijo homossex ual. O Pe. Martin Lintner propugna que a ação sex ual deveria serjul gada não pelo Direito natural , mas por uma visão segundo a qual "'o comportamento sex ual ' deveria ser tido como ' um a comunicação corporal' ".35 [sto no site da Rádi o Vatica no! Depois de numerosos protestos de le itores, o editor lamentou: "Existem algumas pessoas aí fora realmente muito mal posicionadas e que não suportam que muita gente seja d~ferente".36 Comlenação ela
Ideologia ele Gênel'O
Reunid os em Aparecida em 2007, os bi spos da Améri ca Latina declara ram a respeito da Ideologia de Gênero: "Entre os pressupostos que debilitam a vida familiar, encontramos a Ideologia de Gênero [ .. .}. Isto provocou mod{ficações legais que .ferem gravemente a dignidade do matrimônio, o respeito ao direito à vida e a identidade 1· 'l " .37 da.1amua No Brasil , rece nteme nte, por ocas ião da investida da Ideologia de Gênero, alguns bispos alertaram seus fieis co ntra as metas e conseq uênc ias do ensino dessa abo minação nas escolas e conclamaram todos a pressionarem seus vereadores. Em 2 1 de dezembro de 2012, o Papa Bento XVI profer iu um di sc urso à Cú ri a Romana, no qual afi rmou que o uso do termo gênero pressupõe uma "nova.filoso_fia da sexualidade": e que a "pro_fúndafàlsidade desta teoria e a tentativa de uma revolução antropológica que ela contém, são óbvias". 38 "Quando a liberdade para sermos criativos se transforma em uma liberdade para nos criarmos a nós próprios, então é o próprio Criador que é necessariamente negado e, em última análise, o ser humano é despojado da sua dignidade enquanto criatura de Deus que tem a º
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Género
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Sua imagem no âmago do seu ser", afi rmou o Po ntífice naque la ocasião. 39 Facehook: Ideologia de Gênet·o na prática
Exemplo da imposição da Ideologia de Género no cotidiano das pessoas é a opção de esco lha de identidade de género fornecida pela rede social Facebook aos seus usuários. No Brasil são 17 identidades possívei s, em outros pa íses o número chega a 50! A "Folha de São Paulo", por exe mplo, publicou a seguinte notícia: "A partir de hoje, o usuário brasileiro
terá mais opções de identificação de género no Facebook. Para além do feminino' e 'masculino', também será possível identificar-se como 'homem transsexual ', 'travesti', 'mulher (trans) ', 'crossgender ', 'neutro' e 'sem género', em um total de 17 categorias. O usuário que não se identificar com nenhuma das opções sugeridas poderá escrever sua própria identificação em uma caixa de texto ". 40 l<leologia contraria à natureza humana
"É impossivei.fisiologicamente mudar o sexo de uma pessoa, uma vez que o sexo de cada um está cod[ficado em seus genes - XX para a mulhe,~XY para o homem", exp licam os cientistas Ri chard P. Fitzgibbons, M.D., Philip M . Sutton, Ph .D ., e Dale O'Leary em documentado estudo. "A cirurgia pode somente criar uma aparência do outro sexo", pois a identidade sexual "está escrita em
cada célula do corpo e pode ser determinada por meio do teste do DNA, não podendo ser mudada ". 4 1 É bem conhecido o provérbio "Expulsai o natural e ele voltará a galope". Temendo a veracidade desse ditado, a fe mini sta ex istencialista Simone de Beauvoir lamentava com Betty Friedan que "nenhuma mulher de-
CATOLICISMO
,1ror om,oos
veria ser autorizada a.ficar em ca. ·a criando os.filhos ... As mulheres não deveriam ter essa opção exatamente porque, se existe essa opção, muitas mulheres optariam por ela ".42 Portanto, rumo a uma ditadura polic ia lesca do género. Ideologia de Gênero: Revolução satânica
Segundo a socióloga alemã Gabriele Kuby, "a Ideologia de Género é a mais radical rebelião passivei contra Deus: o ser humano não aceita que é criado homem e mulhe,~ e por isso diz : 'Eu decido! Esta é a minha liberdade!' - contra a experiência, contra a Natureza, contra a Razão, contra a ciência! É a perversão fina l do individualismo: rouba ao ser humano o que lhe resta da sua identidade, ou seja, o de ser homem ou mulhet; depois de se ter p erdido a.fé, a.familia e a nação. 43 E ac resce nta: "É uma ideologia diabólica: embora toda a gente tenha uma noção intuitiva de que se trata de uma mentira, a ideologia de Género pode capturar o senso-comum e tornar-se em uma ideologia dominante do nosso tempo ".44 A nova "religião " ateia e a perseguição r eligiosa
Sob pretexto de que vivemos em um Estado laico, a Ideologia de Género pode vir a se tornar o pior instrumento de perseguição religiosa , pois se trata de um a perversão compulsória das mentes, desde a mais tenra in fâ nci a ! E quem se opuser será v ítima da fúri a dessa nova " re li gião", como já oco rre hoj e, por exem pl o, na Alemanha, ond e pa is são presos por impedir seus fi lh os de ass istir a aulas de "edu cação sex ual". Sim , a agenda do movimento LGBT está a serviço - conscie ntemente ou não da parte dos que a defendem - de uma nova " religião" de fa to. Se não, vejamos:
Sua doutrina: a ideologia de Género; Seu culto: a idolatria do igualitarismo mai s radical, completo e antinatural , bem co mo da mais desenfreada 1ibertin agem; Seus sacerdotes: líderes feministas e do movimento LGBT; Seus acólitos: a gra nde mídia em gera l e setores do governo e - dói -nos di zê-lo - ativi sta s infiltrados até na l greja Cató li ca; Sua legislação: as várias le is "anti-ho mofobi a", que ameaça m os mais pacíficos e ordeiros pais de família e re li g iosos; Sua "excomunhão": o epíteto vago e terríve l de " homofóbicos", lan çado contra os que se opõem à Ide-
ologia de Género . A essa " re li gião" falta um "catecismo"; para suprilo, tenta-se impor o ensino da Ideologia de Género nas esco las fundamentais de todo o País. De maneira ordeira e lega l, mas firm e, reJe1temos essa funesta ini c ia tiva da agenda revo luci onária. Poi s a vitória da ideologia de Género significari a o incentivo a toda perversão sexual (incluindo o incesto, a pedofili a), a incriminação de qualquer oposição contra ela, a perda total do controle dos pais sobre a educação dos filh os e a extinção da própria instituição familiar, célula básica da sociedade. Um úni co pecado co ntra a natureza, diz o Ca tecismo tradicional , é um ato qu e " brada aos cé us, e pede a Deus vingança". Que dizer então dessa esco lh a de sexo? Ajuda celeste
Tendo e m me nte qu e a Ideologia de Género é o ponto extremo a ser a lca nçado pela Revolução Cultural co muni sta, para ence rra r, é opo rtun o transcrever abaixo as palavras de Plinio Co rrêa de Oliveira, publicadas na co ntracapa de sua obra Baldeação Ideológica Inadver-
tida e D iálogo: "Neste co11/uso e dram ítico .fim de século, o comunismo internacional ameaça de~ferir contra toda a humanidade o seu assalto supremo. "Expressão máxima do orgulho e da sensualidade do homem, o comunismo é uma verdadeira versão terrena da revolta de Satanás. e de seus anjos. "Com uma habilidade diabólica, procura a propaganda comunista iludir e atrair os ingénuos e os incautos, a.fim de os engajar na imensa revolução vermelha, ciu·o espírito se resume no 'non serviam ' de Lúc!/et: "Mesmo que todos os recursos fa ltem aos que se opõem ao comunismo, a Mãe de Deus não os abando-
nará. E por Ela serão conduzidos à vitória. Pois contra Ela nada consegue o Poder das Trevas". 45 E-mail para o autor: catolicismo@terra.com.br Notas:
1. Co1olici.1·1110, n" 178- 179, outubro-nove mbro de 1965 . O livro roi publicado na íntegra na revi sta e reperc utiu em todo mun do, in clusive em países atrús da então Cortino de Ferro. 2. Plínio Corrêa de Oliveira, Boldeoçc7o Ideológico Inadvertido e Diálogo, 5" edi ção, 1966, Ed it ora Vera Cruz, São Paul o, pp. 56 e 57. 3. Idem, p. 58. 4. Idem, p. 58. 5. Jorge Scala, Ideologia de Cê11ero - o 11eototoliloris1110 e o 111orte dafami/ia, Co-ed ição Katcchesis/Artpress, São Pau lo, 20 11 , p. 44. Os grifos dos doi s parúgrafos da p. 27, como os demai s do arligo, são nossos. 6. Idem. pp. 42 e 43. 7. Idem, p. 20. 8. Idem , p. 52 . 9. Idem, pp. 52 e 53. 10. Idem, p. 55. 11 . Idem, p. 58. 12; Idem, p. 57. 13. Idem, pp. 44 e 45. 14. Catolicismo, maio de 20 13. 15. Idem. 16. Ide m. 17. Idem. 18. Theórie c/11 genre: co111111e111 la premiere expéri111e1ua1io11 a mal 1011rné, "'Le Figaro", Paris, 3 1- 1- 14. 19. Compilaçc7odos escritos de Marx. Engels e Lenin Sobre a Mu lher, Globa l editora , São Pau lo, 1980, pp. 22-23. 20. Agência Zc nit, 11 -6- 15. 2 1. Jorge Sca la, op. cit, p. 2 1. 22 . Ide m, p. 2 1. 23. Id em, p. 59. 24. Idem , p. 59. 25 . Idem, p. 53. 26. Idem, p. 2 1. 27. Idem , p. 37. 28. Observação Gera l 11 º 24, aprovado cm 5 de revcrciro de 1999, & 18, hllp://www.unhchr.ch/tbs/doc. ns r/ 184758d91cd7a2b Ie l 2565a9004dc3 12/77bac3 190a903f8d80256785005599 ff'?OpcnDoc umcnt 29. Matéria publicada no si/e do lnsli/11/0 Plínio Corrêa de Oliveira. cm 20-6- 15. 30. Ca1olici.1·11,o, maio de 20 13. 3 1. Ca10licis1110, julho de 201 2. 32. Tra nscrição do vídeo expos to no site do lns1i11110 Pli11io Corrêa de Oliveira, cm 2-7- 15 http://ipco.org.br/ipco/noti cias/v idco-idco logia-degcncro-cn sinada-para-crianca s-dc-5-a nos 33. Idem. 34. Edição divulgada cm 2-7- 15. 35. Idem . 36. Edição divul gada cm 6-7-15. 37. V onlc rência Ge ral do Episco pado Latinoamcrica no e do Caribc, 30-5-07. 38. Cf"r·.: http://w2. va i ica n.va/co ntcnt/bcncd ict-xvi/pt/spcec hes/20 12/decembcr/documcnts/h r_ben-xv i_spc_20 12 122 1_auguri -c uri a. html 39. Idem. 40. " Fo lh a de S. Paul o", 2-3- 15. 4 1. Tl,e Psvchopalhologv of '·Sex Reassignmenl ., S11rge1y Assessing l1s Medical. P.1yclwlogical, anel Elhical Appropriale11ess, Thc Na ti onal Cath oli c Biocchies en ter, http://ncbccntcr. org/documcnt.doc?id=58 1. 42. Jorge Sca la, op. ci t, p. 56. 43. LircS itc News, 17-6- 14. 44. Idem. 45. Plíni o Corrêa de Oli veira, Baldeaçcio 1deológica lnadverlida e Diálogo, 5" edição, 1966, Ed itora Vera Cruz, São Paulo.
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Ili
PLINI O M ARIA SO LIME O
m números ante ri ores (janeiro de 2003 e de 20 15) Catolicismo já ap resentou a biografia de São João Bosco. Por isso nos deteremos neste arti go apenas em algun s aspectos da vida desse ilustre santo e gra nde taumaturgo, durante a qual já gozava de fama de santidade. A rica personalidade de Dom Bosco encheu praticamente todo o sécul o XIX. Como comenta o Ca rdea l Pedro Maffi , Arcebispo de Pisa, "a vida de
E
Dom Basco é tão densa, tão variada e tem têío múltiplas .facetas que, a quem se acerca para contemplá-la ou estudá-la, sempre lhe ficará na sombra alguma face importante do poliedro ". 1 Mesmo antes de sua canoni zaçã.o, a rev ista "Civ iltà Catto lica", dos Padres Jesuítas, dele dizia em 1930: "Ao es-
Segundo centenário do nascimento de São João Bosco (1815 - 2015) A ssim como na edição anterior publicamos uma hagiografia especial em memória do quinto centenário do nascimento de São Felipe Neri, nesta procedemos do mesmo modo em relação ao bicentenário do grande São João Bosco. Trata-se de realçar e reverenciar um dos maiores santos do século XIX, nascido em 16 de agosto de 1815.
CATOLICISMO
tudar a vida e a obra de Dom Basco, .ficamos tão admirados da grandeza deste gênio, que sua.figura se agiganta à medida que nos acercamos de sua pessoa, ouvimos suas palavras e contemplamos de perto e com nossos próprios olhos suas obras de apostolado em suas características mais vivas e pessoais. "2
Visão dos gra11</es empree11<lime11tos João Bosco "vem ao mundo no preciso momento em que se desagrega a construção politico-social da Revoluçêío Francesa, que transcendeu todo o orbe, e quando, pelas reações naturais a têío enorme cataclismo, flutuam em todos os ambientes, e.fluem em todos os leitos, as correntes muito diversas de doutrinas, opiniões e sistemas que dêío origem a movimentos cientificas, religiosos e sociais de todo gênero e com características inconfimdiveis ". 3 Um médico amigo assim descreveu Dom Bosco no seu apogeu: Não é um
cerebral; é um homem de coração; mas tem a visão dos grandes empreendimentos, e o empreendimento das
grandes visões. Sua única arma é a caridade. A braça muitas co isas, e todas convergem na unidade superior de uma ideia, e vive para sua ideia (ou, melhor dizendo, idea l). Aqui está seu foco, sua síntese, que recolhe os raios de sua atividade prodigiosa. Temperamento enérgico e fogoso, possui uma excepcional sensibilidade para a p ercepção de coisas e fàtos que nos demais produziriam menor comoção; sensibilidade extrema própria dos gênios mais sublimes ".4 Por isso , todo o aposto lad o de Dom Bosco voltou-se ao co mbate dos inúmeros e graves problemas de sua época, dando uma orientação profundamente religiosa aos jovens que seriam o futuro da soc iedade. Para e le, como o afirmou em sua História Eclesiástica e na História da Itália, a lgreja é o centro da História, e o Papa, o centro da Igreja.
"Pa,·ece-se com Nosso Senhor!" Para isso ele co ntou desde o nasc im ento com graças e carismas especia is. A Providência "o havia dotado
prodigiosamente: pobreza e humildade de berço, mas lar cristianíssimo e amante do trabalho; uma mêíe santa; de engenho pronto e vivo, presença agraciada e simpát ica; memória .felicíssima; vontade a toda prova; robustezflsica invejável, fàrça hercúlea, agilidade pasmosa, sensibilidade delicadíssima, acessível a todo o belo e bom; coraçêío 'segundo o coração de Deus ' e, posto que haveria de ser 'pai dos ó,:fêíos ', sente o peso da orfandade paterna quando tem dois anos ".5 Ao que acrescenta o utro a utor:
"largamente pagou-lh e o Senhor! Deu-lhe a irradiaçêío da santidade, e com a irradiaçêío, a i11fluência, mediante uma simpatia mais única que rara. Em seus últimos anos, sobretudo, as pessoas, ao vê-lo, sentiam-se atraídas; e os simples exclamavam: 'Parece-se com Nosso Senhor!'; e os mais teólogos: 'Quêío bom deve ser Nosso '; Senhor se Dom Basco é têío bom! ' As ~ ô crianças corriam para ele, atraídas ~
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como por um imã. E as multidões se aglomeravam para olhá-lo e pedirlhe uma palavra, um sorriso ou [ .. ._J um milagre. Porque Nosso Senhor o f ez um taumaturgo: o taumaturgo do século XIX [ .. .} Deus Nosso Senhor comprouve-se em faz er dele como um resu mo dos carismas que adornaram a vida dos santos nos séculos passados. Porque Dom Bosco curava os enfermos com sua bênção, lia nas consciênc ias e no futuro , multiplicava os pães, as castanhas para seus.filhos, as medalhas e estampas para os devotos [ .. .} Te ve várias vezes o dom da bilocação, ressuscitou três mortos, e os animais obedeciam, submissos a seus mandatos ".6 Esc reve seu di sc ípulo e biógrafo Pe. João Lemoyne: "A vida de Dom Bos co é uma trama de sonhos tão maravilhosos, que nc7o s e co mpreende sem a ass istên cia divina d ireta, sob pena, naturalmente, de que houvesse sido um estulto, um ilusionista, um enganador ou um vaidoso. Os que viveram ao seu lado durante trinta e quarenta anos não viram nunca nele o menor sinal de querer ganhar o apreço dos seus .fazendo-se passar por um privilegiado com dons sobrenaturais. Dom Bosco era humilde, e a humildade aborrece a mentira ".1 Pio XI afirmou: "Em Dom Bosco o sobrenatural havia chegado a ser natural, e o ex traordinário, ordinário, e a legenda áurea dos séculos passados, realidade presente ". ~ Entretanto, esses don s sobrenaturais não vinham sem um pesado ônus. Um dos seus - o Pe. Estevão Trione - manifesto u-lhe certa vez o desejo de poder opera r mil ag res para converter as almas. Dom Bosco lhe respondeu: "Tu não sabes o terrível
CATOLICISMO
que isso é, e as tremendas responsabilidades que acarreta ".9 Mas é prec iso apresentar o outro lado da medalha: como todos os santos, Dom Bosco teve muito que sofrer, quer dos homens, quer dos elementos. Sofria com a pobreza de meios para
homens haveria que tenham odiado e combatido tanto o pecado. Tinha até vertigens só em pensar neles; e muitas vezes ouviram-no exclamar que preferia que se queimasse mil vezes o Oratório - que tantos desvelos lhe linha custado - antes que se cometesse nele um p ecado ". 10
Propósitos na onlenação sace1'dotal
suas obras; sofria com e nfermidades que Deus lhe mandava para purifi cálo, apesar ele sua saúde robusta; sofria sobretudo pe los ataques cio demôn io, que o atormentava de mil mane iras, até go lpeá -l o fisicamente e ra sgar manuscritos que lhe hav iam custado anos de meditação e fadiga. Outra característica ele Dom Bosco era seu ódio ao pecado: "Poucos
Dom Bosco tinha uma visão inteiram ente so brenatural cio sacerdóc io, como o demonstram os propósitos que ele fez na conclusão do retiro espiritual , por ocas ião ele sua ordenação sacerdotal : "O sacerdo te não vai só ao céu, nem só ao inferno. Se agir bem, irá ao céu com as almas que salvar com seu bom exemplo; se agir mal, se der escândalo, irá à perdição com as almas condenadas por seu escândalo. Portanto, emp enhar- me-ei em guardar os seguintes propósitos: 1 ~ Não passear nunca, senão por grave necessidade, [tais como] visitas a enfermos etc. 2°. Ocupar rigorosamente bem o tempo. 3 °. Padece,~ humilhar-m e muito, e sempre quando se tratar de salvar almas. 4 °. A caridade e a doçura de São Francisco de Sales me guiem em tudo. 5º. Sempre estarei contente com a comida que me apresentarem, con tanto que não seja nociva à saúde. 6°. Beberei vinho aguado e só como remédio, quer dizer, só quanto e quando o reclame a saúde. 7º. O trabalho é uma arma poderosa contra os inimigos da alma; por isso não darei ao corpo mais do que cinco horas de sono cada noite. Durante o dia, especialmente depois da comida, não tomarei nenhum descanso. Farei exceçcio em caso de enfermidade. 8 ~ Destinarei cada dia algum tempo
à meditação e à leitura espiritual. Durante o dia.fàrei uma breve visita ou ao menos uma oração ao Santíssimo Sacramento. Terei ao menos um quarto de hora de preparação e outro quarto de hora de ação de graças pela San ta Missa. 9º. Não conversarei com mulheres, exceto no caso de ouvi-las em confissão ou em alguma outra necessidade espiritual ". 11
possessos, assim o líder revo luci onári o comunista Mao Tsé-Tung co locou este s ing ul a ríss imo dito e ntre seus " man-
A pobreza de Dom Rosco
É dific il ter uma ideia da pobreza em que Dom Bosco viveu, principalmente nos seus primeiros anos . Uma ca restia sem precedentes abatera-se sobre a Itá lia no ano de 1817, levando a miséria por toda parte. Milhares de fa mílias abandonaram os campos, indo procurar alimento nas cidades. Do m Bosco di z em suas memórias "Encontravam-se pessoas mortas nos campos, com a boca cheia de erva, com a qual tinham tentado aquietar sua fom e raivosa ". 12 E m artigo anterior já tratamos do papel ele Mamãe Margarida, não só na formação de São João Bosco, mas também na s ua doce influênci a sobre os rapazes do Oratório. , Entreta nto, cabe aqui pelo me nos um a referência a essa mulher excepc ional , que durante a carestia tinha que fazer das tripas coração para provei: a fa mília com alimentos. Agradecido, narra o filho: "Pode-se imaginar o quanto minha mãe sofreria e se cansaria durante ano tão calamitoso. A!Jas uma grande economia e o cuidado nas coisas mais miúdas, unidos a um trabalho esgotante, junto com a ajuda verdadeiramente providencial, contribuíram para solucionar aquela crise de alimentos ". 13 Q ue belo exe mplo para tantas famí li as que se lastim am da pobreza , que não a sabem suportar com espírito sobrenatural! Procurado até mesmo pelos grandes <la 1'e1·1·a
O santo anunciou grandes desgraças ao rei da Itália, Vitor Manuel li, por causa das perseguições que ele promoveu contra a Igreja
A santidade e a ação de Dom Bosco se irradia ra m por todo o mundo. Ass im como o de mônio é obri gado por vezes a dizer verdades pela boca cios
<la mentos" : "Honrarás a João Bosco, que cuidou dos humildes e educou os operários ... ". 14
O humilde sacerdote é procurado pelos depos tos re is el e N ápol es e da Sicília. Vi s itam-no também os pretend entes aos tronos francês e espanhol, r es pec tivam e nte o conde de C ha mborcl e Carlos VII. "Aos primeiros lhes diz que toda resistência será inútil, pois Deus os C!fàstava do trono por sua tibieza em def ender os direitos divinos e a causa das almas. Aos segundos aconselha a não aventurar-se de ligeiro em reivindicações pelas armas, para não se exporem a um derramamento inútil de sangue. E como alegam seus direitos [ .. .} ele responde que tudo está muito bem, mas que poderia não ser essa a vontade de Deus. [ .. .} A uns e a outros recomenda a santificação por sua submissão à vontade divina e o exercício das boas obras ". 15 N o ano de 1867, estando em Roma a rainha Maria Teresa, esposa do deposto re i de Nápo les Ferdinando li , e la aspirava ouvir de Dom Bosco que a esperava um futuro g lorioso e a volta ao trono. Mas ele respondeu-lhe: "Majestade, doe-me dizer-vos, mas não vereis mais Nápoles". E a Francisco ll, filho de Ferdinanclo, di sse a mesma co isa . E como o rei in sisti sse em que desse as razões para isso, o sa nto mostrou-lhe como a Igreja hav ia sido muito perseguida em Nápoles. O re i procurou justificar-se dando as "razões de Estado" qu e o hav iam obri gado a agir ass im . Do m Bosco respo nd e u-lh e: "Sim, é verdade, mas as causas de tantos males relig iosos não podem ser agora removidas". 16 O sa nto anunc io u grandes desg raças ao sobera no ela Itá li a, Vítor Manuel li , ex tens ivas à s ua fa mília e aos seus sucessores, caso e le pers istisse em sua oposição à Igrej a. O que se rea lizou ao pé da letra . Dom Bosco usava a mesma políti ca da verdade co m o mini stro pi emontês, Urbano Rattazzi. Certo dia, aprove itando-se da confi ança que tinha com o santo, e le lhe perguntou se incorrera na censura ec les iástica pelo
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que havi a feito contra a Igreja como ministro. Dom Bosco pediu-lhe três dias para pensar. Depois lh e disse: "Excelência, estudei a questão, e a estudei para poder-lhe dizer que não havíeis incorrido na censura; mas não consegui". Sua honestidade e liberdade agradara m ao ministro, que lhe respondeu: "Estava certo de que Dom Basco não me teria eng anado , por isso quis saber dele. Estou contente pela sua fi-anqueza: recorra sempre a mim, em qualquer necessidade de ajuda para seus meninos ". 17
quiser; mas direta e enérgica, contra a proclamação de ateísmo que de todas as partes se pretende fazer em nome do povo. É ao homem de Deus que são endereçadas iodas essas homenagens; é ao homem de fé e de oração que a multidão quer contempla,'. As maiores
"Parecia deilicado" Em seus últimos anos, no dizer de se us contemporâ.neos, Dom Bosco " parecia deificado". Se u secretá ri o, João Lemoyne, declara que o viu várias ve z es resplandecente e leva ntado do so lo. Ce lebrando a Santa Missa, era com um e le leva nta r-se do so lo com a hóstia nas mãos na hora da e levação , envo lto e m inefáve l luz. Isso exp li ca por que e le era já objeto d e veneraç ã o , visto em vida como um verdadeiro santo e procurado por todo mundo. Um exemp lo disso ocorreu na sua segunda viagem a Paris , em 1883 , que fo i uma apoteose contín ua, como também o fora por todos os luga res por onde passou. Léon Aubineau escreveu no " Univers" de 4 e 5 de ma io desse ano: "Paris está atônita por causa da comoção manifestada em seu seio ern torno do humilde padre turinense, que não tem nada de atraente aos olhos do mundo. [. . .} O aplauso dos parisienses é quas e unânime, e a atração irresistível que agita a multidão tem algo de maravilhoso. Nisto há uma resposta inconsciente, se se
..m
CATO LI C ISM O
igrejas - a Madalena, São Sulpicio, Santa Clotilde - são pequenas demais para conter osfiéis que querem assistir à Missa de Dom Basco. Não p edem outra coisa dele. [. ..} Todos desejam que essa bênção desça sobre sua miséria p essoal, ou sobre sua dor particula1'. O bom padre ouve a todos, interessa-se por todos, invoca sobre todos a proteção de Maria Auxiliadora. Ele não se p ertence mais, mas abandona-se a todos que lhe suplicam". 18
Os "sonhos " de Dom IJosco Sob re os "son hos" de Dom Bosco, qu e a lcançaram profunda repercussão
em todas as suas realizações e apos tolado, e que ai nda impress ionam os fiéis em nossos dias, escreve o Pe. Rodolfo Fierro, salesiano : "Como ao antigo patriarca José, a vários profetas, a São José, o bendito esposo de Maria e a São Pedro, D eus o ilustrava .fi··equentemente por meio de sonhos. Pode-se dizer que todas suas grandes obras e de voções têm origem em um sonho ou em vários. Que alguns são verdadeiramente sobrenaturais, não cabe dúvida, por seu caráter, por seus resultados, e pelas próprias expressões do Santo. [. ..} O que p ensava ele de seus so- . nhos'! No princípio não lhes deu importância, tomando-os por jogos da fantasia, e até chegou a temer que foss em alucinações diabólicas. Mas, vendo que sempre se realizava o sonhado, que [neles} se lhe mandava coisas importantes, que lhe eram dadas missões concretas, consultou seu diretor espiritual, São José Cafasso, e este, examinando tudo, ordenou-lhe que se tranquilizasse e obedecesse. Mas a suprema decisão deu-a Pio IX, mandando-lhe que os escrevesse. [. . .} Mas é um.fato inegável e característico dele que muitos de seus sonhos não são sonhos como tais, mas verdadeiras visões de caráter sobrenatural, e sua variedade recorre às três espécies de visões que descrevem Santo Isidoro de Sevilha, São João da Cruz, e Santa Teresa". 19
que Dom Bosco teve com Pio JX, este intuiu que, para fazer tantas e tão santas obras, ele deveria ser mov ido por um impulso divino. Pediu-lhe então que lhe contasse detalhadamente tudo o que em sua vida tivesse qualquer aparênc ia de sobrenatura l. "Narrei-lhe quanto se havia apresentado à minha fantasia em sonhos extraordinários, que em partejá se haviam verificado, começando p elo primeiro, quando tinha nove anos", diz Dom Bosco. O Papa, que o ouvia atentamente, disse-lhe : "Ouvi, Dom Basco, desejo que escrevais tudo o que me dissestes, e com detalhes. Cons ervai-o como patrimônio para vossa Congregação, como herança para sua edificação e alento, e como norma para vossos filhos ".20 O Pontífice reve lou então sua intenção de nomeá-lo seu camareiro secreto com o título de monsen hor. Dom Bosco respondeu-lhe: "Santidade, que bela figura.faria eu, sendo monsenhm; diante de meus rapazes! Os pobrezinhos não
saberiam reconhecer-me. Nem se atreveriam a acercar-se de mim, e levar-me daqui para lá, como o fazem agora. E logo .. . com este titulo, o mundo me creria rico, e eu mesmo não teria valor para apresentar-m e p edindo esmola para nossas obras. Ó Padre Santo! O melhor é que eu seja sempre o pobre Dom Basco ". Pio ]X não insisti u.21
Catecismo para a Igreja w1iversal Quando foi receb ido em audiência por Pio IX, Dom Bosco fa lo u-lh e da necessidade de introdu z ir na Igreja universal "um catecismo breve que eliminasse a multidão dos que corriam em cada diocese, e que contivesse, de modo simples e claro, os elementos da doutrina cristã que professam todos os católicos. [. ..} A ideia agradou ao Papa, como também a insinuação de que este catecismo universal, único e obrigatório, de veria ser promulgado p ela Santa Sé, tanto mais que [Dom
Basco} assegurou que a maior parte dos Padres do concilio [Vaticano I] dariam seu voto.favorável". 22 Infelizmente, apesar de aprovada por esmagadora maioria dos Bispos na votação preliminar, a ide ia não pôde concretizar-se devido à brusca interrupção do Co ncílio pela ímpi a invasão de Roma pelas tropas de Vítor Ema nue l Il, do Piemonte.
Visão das catástrofes que cairiam so/Jre a Europa No dia 5 de j aneiro de 1870, vigí li a da Ep ifania, estando em Roma para acompan har o Concílio , Dom Bosco teve um sonho ou visão sobre as grandes catástrofes que ameaçavam a Europa. Por isso, na conversa que se seguiu com o Sumo Pontífice, ele se sentiu no dever de consciência de co locá- lo a par da situação catastrófica que se delineava no hori zonte. "Falou-lhe sobre a guerra entre a França e a
O l'apa Pio IX abençoa suas tropas antes da ímpia Invasão de Roma pelas forças de Vltor Emanuel li, do Piemonte
O /Jem-m 1e11turado Pio Lf. onle11a-lhe que escl'eva os sonhos As relações de São João Bosco com o imortal Bem-aventurado Papa Pi o IX fora m as mais ami stosas e mais íntimas que se possa imag inar. O santo Pontífi ce interessava-se pelos eus " biri chinni" (me ninos) , pelas s uas publi cações, e inc lu sive pelos eus son hos. Com efeito, já na segunda audi ência
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Prússia, que já todos criam inevitável, do abandono em que Napoleão IJJ deixaria Roma, da queda do império napoleónico, e dos terríveis açoites que cairiam sobre a França e, em especial sobre Paris". 23 Tudo isso vira nesse sonho. Aproveitando então da grand e bondade com que Pio IX o ouvia, o sa nto narrou-lhe o so nho que tivera, mas só a parte que se referia ao Pontífice: "Agora, a voz do céu se dirige ao Pastor dos pastores. Tu estás na grande conferência com teus assessores; mas o inimigo do bem não se dá um momento de repouso; estuda e põe em prática contra li todas suas artes. Semeará discórdias entre teus assessores; suscitará inimigos entre meus .filhos. As potências do século vomitarão fogo e quereriam que as palavras foss em sufocadas na garganta dos dr4 ensores de minha lei. Isto não será. f<arão o mal, mas a si mesmos. Tu, apressa-te; se as dificuldades não se resolvem, trunca-as. Se te achas em apuros, não te detenhas; continua até que se tenha cortado a cabeça da hidra do erro. Este golpe/ará tremer a terra e o inferno, mas o mundo estará a salvo, e todos os bons se alegrarão. [. ..} Os dias correm velozes; teus anos se acercam do número determinado, mas a grande Rainha será sempre tua ajuda, e nos tempos passados como no porvü; será magnum et singulare in Ecc les ia praes idium ". 24 Ante tão trágico panorama, Pio IX co rtou-lh e comov ido a palavra, dizendo: "Basta, basta; se não esta noite não poderei dormir". Mas no dia seguinte mand ou chamar Dom Bosco para ouvir o resto do son ho. Entretanto, o sa nto já havia tomado o trem para Florença. Mais tarde ele fa rá chegar às mãos do Pontífi ce o relato compl eto do so nho.
O <lcscnl'olar cios aco11tecimc11tos co11/'frma o sonho O desenrolar dos aco ntecimentos confi rmou o sonh o de Dom Bosco. No dia 18de julhodes e ano de 1870,
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CATOLICISMO
maravilhosa corrente de caridade e atrair a si os esp íritos ainda mais rebeldes, à doçura serena dafé ".29 Multidões participaram do cortejo, leva nd o o corpo cio santo à úl ti111a 111orada. Descreve o jornal vaticano: "Naquela multidão silenciosa e pia, viase gente do povo e senhores, peregrinos .fi·anceses, suíços, alemães, camponeses, sacerdotes, nobres toda a escala social - e todos louvavam a obra e a virtude modesta e santa do defunto. Muitos, vindos por curiosidade, permaneciam locados com aquele espetáculo novo e so lene, e diziam também 'que ele era um grande santo'. Mu itos armazéns tinham f echado suas p orias em sinal de luto, do mesmo modo que empresas tinham dado liberdade aos seus operários para que foss em acrescer o signfficado desta solene demonstração. "3º E111 junho de 1907 São Pio X reco nhece u a hero icidade das virtudes de Dom Bosco e o declarou Venerável. Em 2 de junho ele 1929 Pio XI o beatificou. Finalmente, no Domingo de Páscoa, 1° ele abril ele 1934, no encerra mento cio Ano Sa nto extraord inário, o 111esmo pontífice o ca nonizou solenemente. E-mail para o autor: catoli cis111o@terra .co111 .br Notas:
fora finalmente proclamado com grande so lenid ade o dogma da infa libilid ade pon tifícia, contra o desejo dos Bispos liberais. Mas eis o resultado imediato: "A Á uslria aboliu a concordata e rompeu as relações com a San ta Sé. A Baviera sustentava Do/Linger na proclamação do cisma dos 'velhos católicos '. O novo reino da Itália ordenava aos magistrados a vig ilância sobre os bispos e párocos, e o encarceramento dos quepublicaram a constituição dogmática sobre a infalibilidade pontificia. A França retirou sua guarnição de Civitavecchia; a Prússia autorizava Vítor Emanuel a entrar em Roma ".25 À vista de todos esses aconteci mentos, vários membros da Corte Pontifícia aconse lharam o Papa a aba ndonar Roma e buscar refúgio em outra parte. Pio IX vacilava. Eles pressionavam. - ntã.o o Pontífi ce lhes di sse que hav ia 111andado co nsultar Dom Bosco, e es perava a res posta. Esta veio nestas palavras: "O sentinela, o anjo de Israel, permaneça em seu posto, guardando a rocha de Deus e a arca santa ". Pio IX permaneceu e111 Roma .26 Acrescentamo que Pio IX entregou
sua alm a a Deus no di a 8 de feve reiro de 1878, dia e hora previstos por Dom Bosco. Até se us últimos 1110111entos, o Papa lembrava-se do sa nto. O que o assistia111 no últi111 0 transe ouvira111- no balbuciar: "Dom Basco! Dom Basco! É um homem prodig ioso. Eu o estimo e quero muito ".27
/Jllol'lC e glol'ilicação Dez anos depo is, no dia 3 1 de janeiro de 1888, era a vez de Do111 Bosco encerra r sua ca rreira terrena. Cha111ado 111isteriosa111ente, seu discípulo João Cagli ero, então bispo 111iss ionário, veio da Argentina para ass isti-lo. Pouco antes de exp irar, Do111 Bosco exc lamo u ''Jesus! Marial ... Jesus e Maria, eu vos dou o meu coração e a minha alma ... ln manus tuas, Dom ine, commendo spirilum meum ... Ó Mãe! Mãe!... abri-me a poria do paraíso ".28 O "Osservatore Romano" des e dia afir111a: ''A morte de Dom Bosco é um luto para a Igreja e para a Humanidade. No ocaso do século X IX., em meio à · convulsões dos povos e transformações políticas, soube, com o ascendente da palavra e do exemplo, suscitar uma
1. Ca rdea l Pedro Ma!Ti , arcebi spo de Pisa, in Rodolfo Ficrro, S. D.B. , lntroducción General, Biografia y Escritos de San Juan Bosco. Biblioteca de Aulores Cri stianos (BA C), Madri , 1967, p. 3. 2. Ap ud Fierro, op.cit. , p. 44. 3. Fi erro, op.c it. , p. 3. 4. Fierro, op.cil. , p. 1O. 5. Fierro, op.cit., p. 5. 6. Fierro , op.eit., p. 8. 7. Memorias dei Oratorio, in Biografia y Escritm de San Juan Bosco, BA , p. 76, nota 16. 8. Discurso ele 3 de abri l de 1932, in Biografia y Escritos de San Juan Bosco, p. 11. 9. Ficrro, op. cit. , p. 45. 1O. Fierro, op.c it., p. 45. 11 . Memorias dei Orotorio, p. 13 1, nota 65. 12. Memorias dei Orcilorio, p. 74. 13. Memorias dei O,-c,torio, p. 75. 14. Ficrro, op.c it., p. 11. 15. Ficrro , op.cit., p. 9. 16. Pe. G. B. Lemoyne, Vita di San Giovanni Basco, Socict,i Editricc lntcrnazional c, Torin o, 1975, p. 394. 17. Lem oy nc, op. eit ., p. 39 1. 18. Le111oy ne, op. cit.., pp. 5 12-5 13. 19. Ficrro, op.c it., pp. 54-55. 20. Me111orias dei Orc11orio, p. 293. 2 1. Memorias dei Oratorio, p. 293. 22 . Me111orias dei Oratorio, pp. 374-375. 23 . Me111orias dei Oratorio, p. 375. 24. Memorias dei Oratorio, pp. 366-367. 25 . Memorias dei Oratorio, p. 376. 26. Me111orias dei Oratorio, p.378. 27. Me111orias dei Oratorio, p. 400, nota 20. 28. Le111 oync, op.cit. , p. 654. 29. Lc111oyne, op.cit. , p. 660. 30. Lcmoyne, op.cit. , p. 666.
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1 São Lobo, Bispo e Confessor + França, 625 . Monge na fa mosa abadi a de Lé rin s, e le sucedeu a Sa nto Artêmi o na Sé epi scopal de Sens. Devido a más info rm ações recebid as de seu emi ssá ri o e do abade de São Remígio, que desejava fica r com a Sé de Sens, o rei Clotári o ~aniu o sa nto bi spo para uma área ainda pagã. São Lo bo conve rteu à verdadeira fé o governador loca l e muitos pe rso nage ns proe min e ntes, tendo sido depois chamado de vo lta por Clotário, já mais bem informado.
2 São Guilherme, Bispo e Confessor + Dinamarca, 1070. Inglês, capelão do rei Canuto, fez com ele uma viagem à Dinamarca. Impress ionado com o lastimáve l estado de abandono dos pagãos, dec idiu eva nge li zá- los. Eleito bispo de Rosk i Id e, censuro u energicamente o rei Sweyn por ter executado mui tos homens sem ju lga mento. Mais tarde o so berano co nfessou publi camente esse pecado e tornou-se amigo do sa nto .
3 São Gregório Magno, Papa, Confessor e Doutor da Igreja. Santa Basilissa , Virgem e Mártir + Aq uiléia, séc. IV. Co m nove a nos, "p ela gra ça de Deus superou açoites, fo gueiras e animais f erozes", entrega ndo assim sua alma virginal a Deus (Ma rti ro lógio Romano).
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Santa Ros1:11ia, Virgem
Natividade de Nossa Senhora
+ Palerm o, séc. XII. Muito bela, aos 14 anos a Santíss ima Virgem recomend ou-lh e qu e deixasse o mund o, e nviand o dois anj os para guiá- la até uma gru ta. Como os pais a procurassem na região, os anj os aparecera m-lhe de novo e a levaram para o alto do monte Pellegrino, onde vive u na contempl ação e na penitência du ra nte os 16 anos que lhe restara m de vida. A descoberta de suas relíquias em 1624 fo i ocasião de muitos mil agres. Ela é a padroeira de Pa lermo. Primeira Sexta-feira do mês.
Neste mes mo di a: Nossa Senhora da Luz, Nossa Senhora das Vi tórias, Nossa Se nhora de Naza ré e Nossa Senhora de Montserrat.
5 São Vitorino, Bispo e Mártir + ltália, séc. 1L Bispo da cidade de Amiterno, por sua fide lidade a Cri sto fo i pendu rado de cabeça para baixo sobre ág uas mefíticas e sulfu rosas, entrega ndo sua alma a Deus no terceiro di a. Prim eiro Sábado do mês.
6 São Magno,
Con fessor + França, séc. Vlll. Discípul o de São Co lumbano, tinha um dom espec ial para afastar predadores e paras itas do campo co m o se u bas tão . Após sua morte, vá ri os desses bastões continuaram operando os mesmos prodígios.
7 Santa Regina de Alésia, Virgem e Mártir + Fra nça, séc. JI. Filha de um pagão, após o fa lec imento de sua mãe fo i ed ucada por urn a cri stã. Ex pul sa de casa pelo pa i ao saber que Regin a era cri stã, fo i mora r com a mulhe r que a ed ucara, traba lhando co mo pas tora. Co rn o se rec uso u a casar com o prefeito ro mano, fo i presa , to rtura da e decap itada. Desde o séc ul o V ex iste na Bo rgonha uma basí li ca sobre o seu sarcófago, ond e se lê: "Aqui César venceu a Gália; aqui uma virgem venceu César ".
9 São Severiano, Mártir
que. Os turcos fu giram cheios de te rro r e abando naram tudo, in clusiv e o gra nde esta nda rte de Mao mé, qu e o vito ri oso rei cató li co enviou depois ao Sobera no Pontífice como homenagem a Mari a.
1~l São João CrisósLomo, Bispo e Dout.01· da Igreja São Feli pe, Má rtir
+ Armêni a, séc. IV. " Visitava muitas vezes no cárcere os [futu ros] quarenta mártires. Por ordem do pref eito Lísias, foi então erguido ao ar com uma pedra aos pés, moldo de pancadas e lanhado de açoites. Nesses tormentos entregou sua alm a a Deus " (Marti rológio Romano).
+ Eg ito, séc. 11 1. "Pai de Santa Eugénia, virgem. Depois de renunciar à dignidade de pr~feito do Egito, recebeu a graça do batismo. Enquanto fazia oração, f oi degolado por ordem do pr~feito Terêncio, seu sucessor" (Martirológio Ro mano).
10 Santo Alberto, Bispo de Avranches + França, séc. Vlll . São Miguel Arcanj o apareceu-lhe, pedindo que fosse constru ído no Monte Tombe, no li tora l da Normandia, um santuári o a ele dedi cado. Em 866 o santuário to rnou-se a fa mosa abadia beneditina de São Mi guel, cons iderada uma das marav ilhas do Ocidente.
11 São Pal'úncio, Confessor + Eg ito, séc. lY. "Monge, que se tornou bispo da Tebaida e co,?fessou a fé sob o i mperador Maximino. As mutilações das quais.foi vitima deram-lhe g rande pres tíg io ju nto aos Padres do Concilio de Nicéia " ( Martiro lóg io Roma no Monástico).
12 Santíssimo Nome de Maria Esta fes ta fo i instituíd a pe lo Papa Inocêncio XI para celebrar a libertação de Vi ena - sitiada pe los turcos em 1683 - efetuada por João Sobieski, rei da Po lônia. Na manhã da bata lha, o rei polonês se colocou, bem como todo seu exército, sob a proteção de Mari a Santíss ima. Assistiu à Sa nta Mi ssa, durante a qual permaneceu rezando com os braços em cruz. Ao sa ir da igreja, Sob ieski ordenou o ata-
abundantemente em inocência e simp li cidade o que lhe fa ltava de do ns naturais. Pouco dotado de talentos , chamava-se a si própri o Fre i Asno. Mas se u amor a De us era tão intenso, que entrava em êxtase à vista da me nor das mani festações di vinas nas cri atu ras .
19 Nossa Senhora da Sa lete
20 Sa nto André Kim Taegon e Companl1eiros, Mfütires da Coreia
fé . Para gloriosa recordação, teve ali mesmo sua sepultura " (Martirológio Romano).
26 Santos Cipriano e Justina, Mártires + Nico méclia, séc. IV. "Cipriano, que era mago, foi convertido pela graça sobrenatural da virgem Justina, que ele tentara em vão corromper através de seus sortilégios. Os dois sacrificaram a vida por Cristo " (Marti ro lógio Romano Monástico).
São Vicente ele Paulo, Confess01: São Caio, Bispo e Mártir
Exaltação da SanLa Cruz
+ Séc. I. Di sc ípul o de São Ba rnabé Apóstolo, fo i morto dura nte a persegu ição de Nero.
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Nossa Senhora das Dores
São Mateus Evangelista, Apóstolo
Bem-aventmados Mát'til'es do Japão
16 Santa Edite ele Wilton + .Inglaterra, 984. Filha do rei Edgar, da lnglaterra, fo i edu cada na abadi a de Wil ton, onde ma is tarde sua mãe ta mbé m se fez reiigiosa. Professa ndo aos 15 anos, ela recusou a di reção de vári as abadias, como também a dignidade de ra inha quando seu meio- irmão, Santo Edu ard o Mártir, fo i a sass inaclo.
17 São Roberto Belmrnino, Bispo, Confessor Doutor ela Igreja. São Pedro de J\rbués, Mártir + Espa nh a, 1485 . Apontado por Torq uemada para inqui sidor prov incial em Aragão, fo i morto a punhaladas por "cri stãos novos" Uudeus pseud oconve rtidos ao cri stiani smo), quando rezava na catedral de São Sa lvador.
22 SanLa Catarina de Gênova Santo Emerano , Bispo e Mártir + Alemanha, séc. VIL Apóstolo da Bav iera, fo i martirizado pelos pagãos. Sobre o seu túmul o fo i erguiclaaAbad ia benedi tina de Kl ein c helfe nclo rf, qu e se to rnou lugar de peregrinação.
23 Santo Aclanano, Abade e Confessor + Escóc ia, 704. "O maior dos sucessores de São Columbano na direção da Abadia de l ona, na Es cócia, exerceu benéfi ca influência sobre a i greja e a sociedade de seu tempo " (Martiro lógio Romano Monásti co).
24 Nossa Senhora elas Mercês
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São Cleofas, Discípulo de Cristo
São José ele Cupertino, Confessor
+ Pa lestina, séc. l. "Morto pelos judeus na mesma casa onde preparara a ceia para o Senha,; porque havia prof essado sua
+ Itáli a, 1663. Esse filh o ele São Fra nc isco co mp e nsav a
Será ce lebrada pe lo Revmo. Padre David Francisqu ini, nas segu intes intenções:
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+Séc.XIX. Este sacerdote nativo sofreu o martírio, precedendo os mi ss ionári os franceses, entre os quais dois bi spos e muitos leigos convertidos por eles em meados cio sécul o XIX.
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Intenções para a Santa Missa em setembro
+ Séc. XVII. Vários religiosos agostini anos e seus catequi stas fora m marti ri zados durante a persegui ção entre 1617 e 1632.
• Rogando espec ial proteção de São Migue l Arcanjo - festiv idade ce lebrada no dia 29 de setembro - para a Igre ja, perseguida e tão ma l defend ida em nossos dias. E também ped indo que o Príncipe da M il ícia Ce leste ampare os fiéis cató li cos, auxi liando-os a resistir contra todas as infesta ções diabó li cos tão frequentemente causadas pe lo poder das trevas.
29 Gloriosos Arcanjos Miguel, Gabriel e Rafael. São Ciríaco, Eremita + Pa lestina, séc. IV. "Recebeu aos 18 anos o hábito monástico das mãos de Santo Eutimio, e depois se apresentou a São Gerásimo às margens do Jordão. Sempre buscando a solidão, para evitar seus admiradores e os perigos do mundo, fixou-se na !aura (mosteiro) de Suca, onde morreu 40 anos ma is tarde " (Martiro lógio Romano Monástico).
ao São Jerônimo, Doutor da Igreja. São Gregório, o Iluminaclor + Armêni a, 300. Evange li zador e organi zador da Igreja na Armêni a. Nota: Os santos aos quais já fi zemos referência cm ca lendári os anteri ores têm aq ui apenas seus nomes enu nciad os, sem nota biográfi ca.
Jntenções para a Santa M\ssa em outubro • Em louvor a Nossa Senhora Aparec ida, imp lorando sua especia l intercessão para que o Brasi l vença a a larmante crise atua l e corresponda efetivamente a tão elevado privilég io de tê- la como Rainha e Padroe ira: e que os brasi leiros se tornem súd itos inteiramente fieis a uma tão exce lsa Soberana. 11
Palestras sobre ambientalismo e a recente Encíclica do Papa Francisco
Jesus Cristo o dom da infalibilidade, dom cuja extensão, entretanto, foi muito bem expressa em Pastoral coletiva dos bispos da Suíça de JO de agosto de 187 1 nos seguintes termos: "O Papa não é infalível nem como homem, nem como sábio, nem como sacerdote, nem como bispo, nem como príncipe temporal, nem como juiz, nem como legislador. Não é infalível nem impecável na sua vida e procedimento, nas suas vistas políticas, nas suas relações com os príncipes, nem mesmo no governo da Igreja. É única
Da esq. para a direita: Prof. Carlos Molion, Dr. Adolpho Lindenberg e Sr. Luls Dufaur
P úblico profundamente interessado lotou o auditório do Club lloms, em São Paulo, e acompanhou com atenção uma crítica científica da recente EncícHca sobre ecologja e a polêmica que ela suscitou (. Lu1s DuFAUR
sorado na redação da Encíclica. O documento papal também endossa a ideia de um aumento ~ catastrófico do nível dos mares. ~ 0
o dia 16 de julho p.p., por iniciativa do Instituto Plínio Corrêa de Oliveira, palestraram no Club Homs da cap ital paulista o Prof. Luiz Carlos Molion e o autor deste artigo. O Prof. Molion - meteorologista, pesquisador da Universidade Federal de Alagoas (UFAL), PhD em Meteorologia, com pós-doutorado em Hidrologia de Florestas - assestou o foco nos aspectos científicos da Encíc li ca Laudato Si. Ele observou as múltiplas impropriedades, do ponto de vista da ciência, contidas na recente Encíc li ca, pois ela adota hipóteses controvertidas como se fossem resultantes de um consenso entre os especia li stas. Exp li cou que a aná li se dos dados dos últimos 420 mil anos registra sucess ivas eras glaciais com cerca de 100 mil anos de duração cada uma, interrompidas por períodos quentes ou interglaciários de 10 a 12 miJ anos de duração. A última glaciação ocorreu há 130 mil anos. Nesse período, pode-se constatar que o CO 2 nunca causou alteração da temperatura. Pelo contrário, ele acompanhou as mudanças da temperatura com um atraso de 800 a mil anos, ou até 5 mil. De acordo com o Prof. Molion, fica claro que o Papa Francisco foi mal asses-
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CATOLIC ISMO
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Em 2007, o Painel lntergovernam ental para as Mudan ças Climáticas (IPCC) previa um aumento de 59 cm até 2100; em 2013 sua previsão saltou para 98 cm. Segundo o expos itor, em matéria de efeito estufa o documento papal está substancialmente equ ivocado e deve ser completamente repensado em função dos conhec imentos básicos da física. Resumidamente, o Prof. Molion conc luiu : o clima varia devido a ca usas naturais; "eventos extremos" sempre ocorreram; o CO2 não contro la o clima globa l, sendo o gás da vida; sem CO 2 acabariam as plantas, os animais e os homens; sem energia, inclusive a nuclear, os países pobres não sairão da pobreza. Afirmou ainda ser preocupante o Pontífice defender na Encíclica uma governança mundial para se contro lar as emissões de gás. *
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O autor deste artigo iniciou sua palestra lembrando que a Encíclica é um documento de grande autoridade magisteri al dirigido a todo o orbe cató li co. Porém, a Laudato Si não se dirige só aos cató licos, mas, segundo explicou o
Prof. Alberto Gambino, da Univers idade Europeia de Roma, "a todos os que têm
sensibilidade pela [. ..] deterioração do meio ambiente", crentes ou não. Esse caráter plurirreligioso e pluricultural ficou evidente na mesa que apresentou a Encíclica. Ao lado do Cardeal Peter Turkson estavam o metropolita cismático John Zizioulas; o prof. Hans Joachim Schellnhuber, ativista que veicula teses malthusianas das mais rad icais; e a professora chinesa Carolyn Woo, presidente do Catholic Relief Services, agênci a internacional que financia ONGs opostas ao ensinamento católico, promovem o aborto e recrutam ativistas LGBT. A Encíc lica reproduz também "ensinamentos" de fonte não católi ca, corno os do sufi muçulmano Ali AI-Khawwas, apresentado como "mestre espiritual". E, como contab ilizou o Prof. Evaristo Eduardo de Miranda, pesquisador da Embrapa e doutor em Eco log ia, ela emprega 74 vezes a palavra "natureza", 55 vezes "meio ambiente" e uma só vez "Jesus Cristo". Fo i esc larecido para o auditório que o Papa recebeu de Nosso Sen hor
e exclusivamente ir!faiível quando, como Doutor supremo da Igreja, pronuncia em matéria defé ou de costumes uma decisão que deve ser aceita e tida como obrigatória por todos os.fiéis " (Cfr. Mons. Joseph Fessler, l a vraie et la fauss e infaillibilité des papes, Plon, Paris, 1873). O Prof. Denis Lerrer Rosenfie ld , da UFRGS, observou que sob a governança mundi al propiciada pela Laudato Si, "o Brasil deveria abdicar de sua soberania. [. ..} As ONGs ambientalistas e indig nistas são erigidas em novo poder mundial. A decisão última seria transf erida para elas, contando, internamente, com a participação ativa - e decisiva - da CNBB e de seus ó1gãos, como a CPT e o Cimi. Ou seja, um pais como o Brasil p od •ria perder 'religiosamente', 'moralmente', 'ecologicamente' e 'socialmente' a Amazônia " ("O Estado de S. Paulo", 29-6- 15). O filósofo hebreu Guy Sormann conclui u seu artigo intitulado Vade retro perguntando: "O homem tem que se submeter à Natu/-eza ou o inverso ? O homem é um pecador quando não se prosterna diante da deusa Terra? Esta encíclica, pareceme, não é um man(fi sto politico, mas uma bomba teológica " ("ABC de Sevilla", 29-6- 15). Para o Prof. José Manuel Moreira, da Univers idade de Aveiro, a "encíclica pró-verde " apresenta uma "preocupante mistura de slogans da esquerda radical". E o " lnvestors Business Dai ly" conclui que "o Vaticano está in_filtrado por seguidores de um movimento radical verde que é, no seu âmago, contrário ao Cristianismo " ("Sapo.pt", Econômico, 2-7- 15).
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Na Argentina, o Prof. Roberto Cachanosky explicou que "a mensagem de Francisco deixa aberta a p orta para o conflito social. [. .. }mal assessorado, ou talvez p or ter uma ideologia p eronista, Francisco incrementa a pobreza, a indigência e o desemprego. [. ..} Grande f avor f aria se denunciasse com firmeza os go vernos corruptos e autoritários que pululam na América Latina " (URGENTE24, 13-7-1 5). Em minha exposição, acrescente i que obvi amente a Laudato Si também colheu aplausos de outros setores do horizonte mundial , notadamente do macrocapitali smo publicitário, dos ambi entes científicos alarmi stas e das esquerdas em geral. O ex-frade Leonardo Bo:ffelogiou a Encíclica porque "nem a ONU p roduziu um texto desta natureza " e por pregar uma ''ecologia integral[. ..} que supõe uma visão evolucionista do universo" (UNISINOS, 18-6- J 5). Para Frei Betto, "o Papa.fàz eco à produção da Teologia da Libertação sobre a questão ambiental[...}. Ao citar Teilhard de Chardin, censurado pela Igreja enquanto viveu, o Papa [. ..} en.fàtiza que, em d~finitivo, a Igr~ja Católica abraça a teoria evolucionista e a visão holística do Universo " (Aditai, 16-7- 15). É compreensíve l ainda que o líder do MST, João Pedro Stédil e, tenha declarado à "Folha de S. Paul o": "Os trabalhadores têm quem? Chá vez morreu, Fidel está doente. O Francisco tem assumido esse papel de liderança, graças a Deus. Ele tem acertado todas " ("Fo lha de S. Paulo", 9-7-1 5). Em resumo, lembre i que o astuto lobo verm elho comuni sta, que andava sumido, tendo sido considerado morto, na realidade tingiu seus pelos de verde e retornou. Aco lheram-no a "Teo logia da Libertação", importantes órgãos da mídia e muitas ONGs; e que, infe lizmente, nota-se sua infiltração no Vati ca no, onde tenta rea lizar seu tóxi co sonho di sfarçado de ambi ental ismo. Em face dessa probl emática, pareceu-me mais apropri ado e oportuno recordar as palavras dirigidas pelo Prof. Plínio Corrêa de O live ira ao Papa Paul o VI, que fa voreceu no século passado uma políti ca de aprox imação com o comuni smo: "Dej oelhos,fitando com veneração a_figura de S.S. o Papa Paulo Vi , nós lhe man(festamos toda a nossa f idelidade. Neste ato filial, dizemos ao Pastor dos Pastores: Nossa alma é Vossa, nossa vida é Vossa. Mandai-nos o que quiserdes. Só não nos mandeis que cruzemos os braços diante do lobo vermelho que investe. A isto nossa consciência se opõe" ("Fo lha de S. Paul o, 10-4- 1974). Essa é a pos ição mais respeitosa e equilibrada di ante do lo bo verme lho que avança travestido de verde.
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Após os palestrantes responderem a numerosas perguntas, a sessão fo i encerrada pe lo Dr. Adolpho L indenberg, presidente do Instituto Plinio Corrêa de Oliveira. Em seguida, teve lugar animado coquete l, no qual os partic ipantes tiveram ocasião de mani fes tar se u apo io em re lação às matérias expostas. •
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Caravana do Instituto Plínio Corrêa de Oliveira J ovens caravaninstas percorreram 29 cidades da Federação e recolheram milhares de firmas em abaixoassinado de apoio a uma Filial Súplica dirigida ao Papa Francisco [
IVAN RAFAEL DE ÜUVEIRA
''A ssine
aqui uma p etição ao Papa contra o favorecimento do adultério e de propaganda homossexual dentro da igreja!" - ouviam muitos transeuntes apressados que não queriam parar para nada. Ou melhor, para quase nada ... Bastava se darem conta de que era contra a prática homossex ual e sua agenda, a maioria parava, voltava e logo pedia para ass inar. A todos era explicado que se tratava de assinar a "Filial Súplica a Sua Santidade o Papa Francisco sobre o Futuro da Familia", so li citando ao Sumo Pontífice uma palavra esclarecedora que reafirme a moral cató lica, em defesa da famíl ia como Deus a criou. Pois, lamentave lmente, vem sendo propagada em meios cató li cos uma possível abertura da Igreja para a aceitação de uniões homossexuais; e também do adu ltério, através da admissão à Eucaristia de casais divorciados " recasados" civi lmente. Relativiza-se a gravidade desses pecados. Os 40 caravani stas do Instituto Plínio Corrêa de Oliveira puderam comprovar mais uma vez a mentira e a manipulaçã.o empregadas por certa mídia, a qual apresenta um mundo em que mais ninguém aceita e defende a Le i de Deus e a Lei natural em público. A campan ha obteve grande sucesso. Em cada dia obti nham-se milhares de assinaturas. O trabalho era efetuado quase sempre nas ruas comerciais das cidades. Era grande a s impatia do público. Em muitas lojas filiais de grandes redes, funcionários abordados pelos caravanistas, após assinarem, pegavam uma prancheta para apresentar aos demais colegas. Após alguns minutos, voltavam com muitas ass inaturas . Não fa ltaram , obviamente, pessoas revoltadas pe lo sucesso alcançado pela caravana. Em algumas cidades, apareceram magotes de ativistas de partidos de esquerda e da agenda homossexual que tentaram imped ir o público
de assinar. Ma o ''t iro" acabava "saindo pela cu latra": quanto mais e les mani fc ·tavam cu ódio, maior era a simpatia do público. Em A raça tuba ( P), por exemp lo, um desses núcleos, apelando para fórmul as sentimentais, tentava em vão convencer as pessoas a não ass inar. orno resultado, elas ass inavam com mais reso lução. /\ decepção dos adversários foi tal, que acabaram se retirando ca bi baixos. Os caravani stas nunca revidavam às provocações, mas exp licavam ca lma e Ílrmcmcnte sua posição. É muito ilustrativo um vídeo postado no site do instituto Plinio Corrêa de Oli veira, gravado por uma senhora que estava assistindo à co leta de assinaturas em Jundi aí (SP) . Pode-se ver a ag ress ivid ade verbal dos participantes da agenda homossexual contra uma mãe com seu fi lhinho no colo. Depois de perceberem o erro que cometeram ao confessarem que para e les "Deus não existe", recorreram a um subterfúgio: "Mas, por que Deus não me ama?". Ora, por que então se preocuparem em ser amados por um Ser cuja existência eles negavam? Ademais, num cartaz, adversários da campanha afirmavam: "Deus não me julga "; enquanto em outro di ziam que
os caravanistas estavam "bem errados". Impress ionava a flagrante contrad ição, pois não se sentem julgados por Deus e ao mesmo tempo julgam os outros. Nas poucas cid ades em que tais g rupe lh os tentaram atrapalhar a co leta de assinaturas, não faltaram, da parte do público, sadias reações em defesa da caravana. Várias pessoas, vendo os caravanistas hosti li zados, enfren tavam os oposito res e solidarizavam-se diante de les com a campan ha. Fo i também com um durante a caravana a cena de pessoas que, depois de assinarem, fazerem propaganda da campanha junto a o utros passantes que eram abord ados. De 6 a 3 1 de julho, a caravana Cruzada p ela Familia da Ação Jovem do Instituto Plínio Correa de Oliveira percorreu 29 cidades dos estados de São Paulo, Minas Gerais, Go iás, Mato Grosso do Sul e o Distrito Federal. Em apenas 26 dias, foram recolhidas mais de 52 mil assinaturas. Os leitores de Catolicismo podem assistir aos vídeos e inteirar-se de outras matérias sobre a caravana, bem como ass inar a Filial Súplica através do website do instituto Plinio Corrêa de Oliveira: www.ipco.org.br. • E-mail para o autor: catolícismo@terra com.br
E-mail para o autor: cato licismo@terra.com.br
CATOLICISMO
SETEMBRO 2015
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Conferência sobre Ideologia de Gênero Emevento promovido pelo lnslilulo Plínio Corrêa de Oliveira, os participantes clebateram a respeito dos pre-
ceitos antinaturais dessa absurda iclcologia 1, NILO FUJIMOTO
ea lizou-se no dia 6 de agosto no Clube Hom s, na cap ital paulista, a exposição de um tema que tem despertado enorme in teresse: Por que devemos ser contra a Ideologia de Gênero . Expuseram-no com clareza, segurança e vivacidade próprias de especiali stas na matéria, a Ora. Isabe lla Mantovani de Oliveira e a Prof'. Fernanda Takitani , atraindo muito a atenção do público. Os demais componentes da mesa foram S.A. I.R. Dom Bertrand de Orleans de Bragança; Dr. Adolpho Lindenberg, presidente do Instituto Plinio Corrêa de Oliveira; Dr. Caio Vidigal Xav ier da Si lveira, presidente da Federação Pró-Europa Cristiano; e o Dr. Mario Navarro da Costa, diretor do Bureau da TFP norte-a mericana em Washington.
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A sessão fo i aberta pelo Dr. Adolpho Lindenberg, que destacou a atua lidade do tema, tendo em vista particul armente incentivar a reação ao procedimento do Mini stér io de Ed ucação e Cu ltu ra, que tenta impl antar tal id eologia nas esco las de ensino fundamental , através do Plano Nacional de Ed ucação (PN E). *
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A Dra . lsabe ll a Mantovani de Oli ve ira (foto) ressa ltou a armad ilha montada pelos "ideó logos ele gêne ro" para tentar introd uzir essa antinatural teoria em nosso País. O Ministéri o da Ed ucação tem a
atribui ção de fo rmul ar em cada década o Plano Nacional de Educação, "que dá todo o direcionamento da educação das crianças. [.. .} Uma geração está sendo formada , fo1jada dentro de uma ideologia ", exp licou ela. Em seguida, destacou a palestrante a atuação de pessoas que começaram a reagir contra essa imposição, ''para espanto dos ideólogos de gênero ". Ta l ação se levantou "com força, com arg umentos; foi ao Congresso Nacional". E o resultado consistiu em que os ''parlamentares se assustaram de ver como a nossa sociedade estava atenta aos acontecimentos". Então, no Congres-
so Nacional "O PNE foi votado sem a Ideo logia de Gêner ". "Foi a primeira vez na História, em todo mundo, que a Ideo logia ele Gênero foi derrotada ,m um país. [. ..} Mas os ideólogos de gênero têm uma agenda a cumprir ", acentuou a Dra. lsabella. Agiram eles através do onse lho Nacional de Educação, impondo a inclusão do tema no currícu lo e colar dos estados e dos muni cí pi os, ignorando a derrota na votação no Congre o: uma armadi lha para tentar a inocu lação cio veneno pelas capil aridades. Entretanto, a urpres a aum entou quando, em mai ele 90% cios municípios que já votaram o PN ", a inclu são ela Ideologia de Gênero foi rejeitada. Os estados ainda devem votar os respectivos Planos Estaduai ele · clucação. A expos itora também destacou a argum entação irrctorquível que tem sid o apresentada a que se utilizam da fa lsa ju ·tificativa d preconceito para in trod uzir a Jdeolo ia d Gênero , cuj a essência cons iste na de trui ção da fa míli a e da soc iedade. Ob ervou ainda que "as pessoas estão atentas e sensíveis ao bem e à verdade. Embora muitos queiram nos fazer crer que tudo está perdido, não está. " E indicou um programa de ação : "Nosso trabalho agora é formar a opinião pública. Entender e esclarecer as pessoas. Por isso, parabenizo todo o trabalho do ln tituto Plinio Corrêa de Oliveira que batalha incansavelmente para con. ·cientizar a opinião pública ". >I<
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A Prof". Fernanda Takitani (foto), expôs o conteúdo da Ideologia de Gênero, visando esclarecer também quem são e o que desejam os que a propagam. Segundo a definição que consta de documento da Conferê ncia Episcopa l de Portugal, a qual elaborou estudo sobre a matéria, "essa teoria ultrapassa a distinção entre sexo e gênero, forçando a oposição entre natureza e cultura". Ou seja, ninguém nasceria homem ou mulher, send o esta distinção produto da cultura , negando-se assim a biologia e a ordem natural do ser humano. A palestrante demonstrou ainda que a famí li a é o alvo da Ideologia de Gênero, sendo a maternidade o fator intransponíve l de diferenciação entre homem e mulher; por isso, tal ideo logia ataca. Class ifi cou a identidade sexual autodefin ida como revolta contra a realidade, em opos ição ao sexo biológico. Ilustrando sua exposição com slides, a Profa. Fernanda apontou como origem da Ideologia de Gênero o movimento feminista que visa acabar com a família e nega a comp lementaridade entre o homem e a mulher. Revelou que as feministas mais ideo logizadas adotam a doutrina marxista sobre as relações entre os dois sexos, cuja complementarieclade atacam porque, segu ndo elas, de tais rel ações é que se origina a fa mília.
Ela observou que o feminismo foi se basear em Marx, para o qual a famí li a constitu i o grande entrave ao processo revolucionário, princípio olvidado pelo leninismo, mas que fo i retomado pelo fem ini smo na década de 60 . Em determinado mom ento, as fem ini stas se dividiram , surgindo então um novo feminismo, o qual afirma que nem mesmo a distinção de sexos deveria existir, conforme segui nte texto do livro da autora Shu lam ith Firestone : "E como o obje tivo final da revolução socialista não era a eliminação do privilégio da classe econômica, mas a distinção de classe, em si; do mesmo modo o objetivo final da re volução feminista, ao contrário do primeiro movimento f eminista, não é só a remoção do privilégio masculino, mas a própria distinção de sexo. " A expositora expli cou como a partir da apli cação dos princípios marxistas e hegeliano na concepção do fem inismo, ati ngi u-se o ab ismo da ace itação do aborto, da pedofilia e cio incesto. A propaganda de gênero utiliza palavras-talismãs, pregando o direito à autonom ia das crianças (pedofi lia) e a liberação sexual delas. A erotização de tudo resulta na extinção da própria famí li a. A Prof'. Fernanda alerto u aind a para o perigo que representa a presença cada vez maior do Estado na educação, visando igualm ente a destruição da instituição da fam ília. O Príncipe Dom Bertrand de Orleans e Bragança encerrou a sessão, que foi muito apo iada pelo numeroso públi co. Após citar ensinamentos do Prof. Plinio Corrêa de Oliveira, sa li entou motivos de esperança para a obtenção da vitória sobre a Ideolog ia de Gênero , pois Nossa Senhora prometeu o triunfo de seu Coração Imaculado àq ueles que combatem sob sua proteção. • E- mai l para o autor: cata iicis111o@tcrra .co111 .br
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CATOLICISMO
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def;Uf; interrogado por Caifáf; "Em nenhum momento Ele, divinamente, deixa de confessar a Fé" ■ PuN10 C o RRÊA DE OuvE1RA
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esta pintura de Giotto*, Nosso Senhor Jesus Cristo, com as mãos atadas, se destaca no recinto onde Caifás se apresenta como autoridade. O Sumo Sacerdote está sentado à esquerda sobre um estrado de_dois degraus e, em torno dele, .nota-se uma enorme algazarra. Vários personagens falam , mexem-se, e Caifás manifesta-se raivoso e agitado. Vê-se que todos estão desejando encontrar um meio de arrancar do Sumo Sacerdote uma palavra que justifique a condenação de Jesus Cristo. Mas estão tendo dificuldade em conseguir.
Nosso Senhor, pelo contrário, apresenta-se calm , sereno, sem expressar ódio. Mas sem abdicar de ua dignidade divina em nenhum instante; e confessando a Fé corajosamente. Por causa dessa atitude firme - e Ele sabia di so - sucederia que seus tormentos iriam aumentar de modo acentuado até o suplício final no alto do Calvário. Entretanto, em nenhum momento Ele, divinamente, deixa de confessar a Fé. • • Afresco da Ca pela ,degli Scrovegni em Pádua (lláliu). Pintado entre 1304 e 1306 pelo célebre arti sta itali ano da época medi eval Giotto di Bondone ( 1267 - 13 7).
Excertos de conferência proferida pelo Prof. Plínio Corrêa de Oliveira em 30 de novembro de 1988. Sem revisão do autor.
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SUMÁRIO
EXCEllTOS
CONFORME EM TUDO COM A SANTA IGREJA No transcurso do vigésimo ano do falecim ento d Plín io Co rrêa de Oliveira , transcrevemos aba ixo t recho de seu testamento cerrado, assin ado em 10 de jan eiro de 1978.
* * * "'T' 1 odas
as pessoas, instituições e doutrinas que amei durante minha vida, e atualmente amo, , . so as amez ou amo porque eram ou são segundo a Santa Igreja, e na medida em que eram ou são segundo a Santa Igreja".
E
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nome da
antí ss ima e Tndivídua Trindade, Padre, Filho e
Espírito , anto. E da Bem-aventurada Virgem M ari a, min ha
M ãe e cnhora . Eu, Plini o Corrêa de Oliveira. Declaro qu ' vi v i e espero morrer na anta Fé 'ntúli ca A postó li ca e R m·in a, ~) qual ad iro com todas as vera de minh a ul ma. N ão enco ntro palavra s sufl ·icntes para agradecer a N ossa ,' 11horn o ravor de haver v i v ido d ·sd • os meu primeiro di a , e d · rn orr •r, ·0 111 0 es pero, na anta 1)reja, à qu al votei, vbto e e p r vo lur ui ', o (illimo alento, ab olutamentc todo 111 u ·imor. De tal sorte 1u · todm: 11 s p •ssoa , in stitui çõe e doutrinas qu amei durante minha v ida, ' ul11nl111 •11 1 · umo, só as amei ou amo porqu e ·ram ou são segundo a S11 11l n lpr ·.in , e na medida em que eram ou s· o seg undo a Santa Igreja . 1 •u tilrn ·111 ·• j11111a is combati in stitui ç es, p ssoa s ou doutrinas senão porqu · · I1t1 IllLdi dt1 cm que eram opo ta à 'll1ta 1 ,rej a ató li ca.
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EXCERTOS ltircfor:
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CARTA DO DIRETOR
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POR QUE NOSSA SENHORA CHORA?
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CORRESPONDÊNCIA
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A REALIDADE CONCISAMENTE
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ENTREVISTA
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A gradeço ela 111 ·srn a l'o rma a Nossa Senh orêl possível encontrar palc1v r·1s sufi cientes para fa zê- lo
s ·111 q1I • 11 1· seja u
1n
1~·11
d · huvcr
lido e difundido o Tratado da Verdadeira De voção à Sontlss/11111 l'l!;riem, de São Luís M ari a
Recorda ções sobre Plinio Corrêa de Oliveira
20
ri gni on de M ontfo rt, e de me hav •r ·0I1 s 1pr11do II ma
como escravo perpétu o. Nossa
Santa Teresinha do Menino Jesus
enh ora fo i se mpre a Lu;,, d • 111i11 h11 vida,
e de sua clemência espero que eja Ela minha Lu z e 111 ·11
11 , l lio olé o
CAPA Difusão da obra de Plínio Corrêa de Oliveira
enhora -
e qu ão co mo id 11 111 •11IL·
48
VARIEDADES
encontrá- la no
último momento com sua bond ad • in •li'l v
·I.
l 1Hp ·ro
éu, na o rte lu m in osa das almas qu · 11I1111rn I11 11111i s •s-
pecialmente No sa enh ora.
(11) 333l-4522 (ll ) 3361-6977 (U) 3331-4790 (11) 2843-9487 ( ll) 3333-6716 (l l) 333) -5631 fax Caixa Posta l 707 CEP 01031-970 São P a ulo - SP Prol E ditora Gnííico Ltd a . E-mail:
catolJcismo@ terra.co m.br
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SANTOS E FESTAS DO MÊS
Homc Pagc:
www.ca Loli ci.smo.co m.hr
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AMBIENTES, COSTUMES, CIVILIZAÇÕES "Expressão rica e original de
ão Paulo, 10 de j an ·iro d • 1978
Serviço de Atcndimcnlo ao Assinante:
Aumenta a rejeição ao governo federal
limite do que me era poss l vel, e, depo is de sua mort ·, I1t o 111 11 1 l' din · 111 que não a recorda e co m ·aud ad es ind izíveis. Tamb ~111 t) 11 111 111 dl'ln p ·ço que me a ista até
Administração:
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Impressão:
lrn -
ver-me fe ito nascer le I ona Lu i l ia . Eu a venerei · a u111L·i 1•111 lodo o
Jornalista Responsável:
Ne lson Ramos .Barrei.to Registrado ua DRT/DF soh o 11 " 3116
Corrcspo111lê11ci11:
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último momento da ex istência. A gradeço ainda a N ossa
VIDAS DE SANTOS
Pa ulo Co.rrêa de Brito F ilho
uma escol a de produ ção intelectual "
Nossa Capa:
[SSN 0102-8502 Preços da assin alurn ar111 al para o ruês de Out ubro ele 2015: Comum : Coo pcraclor: Benfe itor: Gra nd e Benfe itor: Exempl a r avulso:
R. 160,00 R$ 238,00 R$ 410,00 R$ 672,00 R$ 15,00
PliJúo Corrêa de Oli veirn em] 967, no Pá tio do Colégio, São Paulo, após da Missa pela · vítimas do co munismo.
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CA' l'OLI Cl SM.O / www. catolicisrno.corn .br
catolicismo@terra.com .br / OUT UBRO 201 5
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CARTA DO llUlETOR
~
~--H,
POR QUE
Oferecemos nesta edição aos nossos leitores uma cx ten a matéri a alusiva ao opus magnum do Prof. Plíni o o,ra de li vc ira, inspirador e principal col aborador de Catolicismo ' l'undador da TrP brasileira. Essa grande obra por ele legada à civili zaç' o ' ri stí: n s a salientamos, neste vi gés imo aniver sári o de eu íalcc imento, med iante apresentação das ati v idades de di scípul os cus m vá ri a naçõc , em continuidade à sua obra.
Paulo Corrêa de Brito Filho DIRETOR
sua ca mpanha que co ntri bui u decisivamente para neutrali za r 1nfau to Progm ma Na ·ion ,! de Direitos Humanos (PNDl 1-3 ), e seu co mbate c ntra a desagr gadora Ideologia de Gênero que e tenta aprova r nas âmaras Muni cipais e nas Assembleias ~staduai de nos Pais. Ta mbém é I nga a séri e de in ici ati va co ntra-r ·vo lu ·ionárias empreendidas por T I•Ps de diversos países, cntr • us quuis cabe ressaltar a va lorosa T I•P norte-americana. A náloga ·onstulu~·• o pode-se inferir ela puj ante atuação de di scípulos do insi •n • l ld ·r ' pensador católico bra i lcir n s ci nc co ntinentes e el as r ·sp • ·1i va s •ntidades que eles diri gem . Todo e s cs ~ rç contra-revo lucionári o nul 11li ·a ruzada nos séculos XX e XX I - não te ri a sido po sív •I s •111 o au xílio sobrenah1 ral e as preces que, esta mos certo , o pal rono do !11stit11to Plinio Corrêa de 0 /i v ira di rige a Deus por m ·io d ' Maria , para que E le intervenha no acontecimentos e obtenha o l rii111fo da , anta I grej a e da civ ilização cri stã sobre as fo rça do mui. D esej o a todo uma profícua leitura de sa im po, ln111 • matéria , mencionando também, dentro desse preito de ho111 ·1111 'L'tll a Plínio Corrêa de O li ve ira, a entrevista co ncedida pe lo Dr. /\dolpho Lindenberg, seu primo-irmão, na qual ele relembra ltilos in 1ditos da vida de nosso saudoso homenageado, falec ido hú O 11110s. E m Jesus e M ari a,
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CATO LlClSMO / www.catolicisrn o.corn.br
CIIORJ.l?
RUMO AO ABISMO ... ' E A CONVERSAO
Com efeito, é de justiça este preito de homenagem ao cri ador de urna família de alma que atua tanto no Brasil quanto em vá ri os países dos cinco co ntinentes, através de entidades co irmãs e análogas ao Instituto Plinio orrêa de Oliveira.
É longa a li sta de crv iços prestados à civili zação cri stã por es e Instituto desde a ua fund ação, em dezembro de 2006. Por exemplo,
NOSSA SENHORA
egundo um ditado popular, erra r é humano, perseverar no erro é diabó lico. Aqueles que se equivocaram com o chamado "boli varianismo" do fal ecido presidente Hugo Chávez, crendo que ele visava o bem cio povo, não têm mais pretexto algum para apo iar esse sistema. Presentemente e le escancarou seu verdade iro perfil ele ditadura ideológica fé rrea, que pouco se importa com o povo. É a manifes tação de uma seita comuni sta agarrada ao poder, sem mais di sfarces. Entretanto, vári os governantes de países latino-ameri canos que parti c ipara m dessa empre itada, sej a no Brasi1, na Argentina, na Bo lívia, no Equado r, seja em outras terras, perseveram nessa catastrófi ca e mpre itada. Não vamos tratar aqui de como as co isas degringo laram no B ras il , po is os fatos são de conhec imento gera l. A corrupção a servi ço do sociali smo quase leva o Pa ís completamente a breca. Mas vale a pena di zer uma pa lavra sobre a Venezuela, carro-c hefe cio bo li va ri ani smo. Deixemos de lado a falta ele a limentos bás icos, a perseguição aos opos ito res, as fil as in términas e frequentemente fru stra ntes, a lém de mil o utros sina is de deteri oração que faze m lembra r o apod rec im ento da antiga Uni ão Soviéti ca, e vamos nos co ncentra r apenas num ponto: a sa úde da popul ação. Os dados são do Jnternational Crisis Group ( ICG), um dos centros de estudos mais respe itados do mundo, em relatóri o de 29 de julho último, sobre a situação da Venezue la (cfr. "Fo lha de S. Paul o", 30-7-20 15). Em Ca racas, 60% dos medicamentos estão em fa lta. No interior, 70%. Hemofí licos, pac ientes de câncer e soropos itivos estão em situação de desespero. A dific uldade de importar também afeta o abastecimento em insumos médi cos e peças de reposição para equi pamentos hosp ita lares. Sem condições de tra balho, ao menos IOmil médicos emigraram. Na ma ior maternidade de Caracas, a UT I fico u sem fu nc ionar de 2009a2014, e o setor neonata l ca rece de pelo menos 41 médicos. Este tipo de deficiência está por trás da alta morta lidade materna.
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N um pa ís afetado por dengue, chi kungunya e ma lária, o último bo letim epidemio lógico remonta a novembro de 20 14. O estudo corrobora ava li ação de emba ixadas em Caracas, que te mem que o governo chav ista de Ni colás Maduro, por razões ideo lógicas, j ama is reconheça a necess idade de ajuda externa. O le ito r por acaso terá ouvido di zer que a pres idente Dilrna, ou o pres idente Rafael Correa (Equador) ou o pres idente Evo Mora les (Bo lívia), ou a lgum outro bo livariano te nha fe ito um mea culpa e vo ltado atrás? Ou que des isti ra m de seus propós itos? O u que cessaram de apoiar o pres idente Nico lás Maduro? . É curioso notar que o boli vari ani smo corresponde, nas suas metas, à fase sov iética do comunismo. Não é o comuni smo rec iclado dos "verdes" e da eco logia radical. Ta l ass imetria parece ex pli car-se pelo fato de que os propul sores da revo lução comunista mundia l necessi tam manter vári as frentes para atingir seus desígni os, umas mais atua li zadas, outras mais retrógradas, confo rme os tempos e as situações. Daí se ex pli ca, por exempl o, a existência de um a Core ia do No rte sta lini sta; de uma C uba que finge estar mudando; de uma Venezuela que não se diz ofi cia lmente comuni sta. Ao mesmo tempo, sopra intensamente e m todo o mundo urna propaga nda da ecologia ma is radica l. São di fe rentes estág ios dentro de um mesmo processo ele conqui sta da opini ão públi ca. Di a virá, e esperamos que não esteja di stante, em que as nações latino-a meri canas, aind_a qu e à custa de provações in auditas, retorn arão às vi as benditas cio cri stiani smo e da c ivili zação cri stã, das quais nunca deveri am ter-se afastado. E se abra m assi m, inc lu sive em sua vida socia l e po lí tica, à proteçã.o matern a da Virge m Santíss ima ne las representada por Padroe iras marianas nacionais - , prenhe de bens esp iri tuais e mes mo materia is. Essa mes ma Virgem, que hoj e derra ma lágrimas em algumas apari ções, mas cuj o p ra nto nos convida constantemente à conversão. ❖ catolicismo@terra.com.br / OUT UB BO 2015
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CARTAS DOS LEITORES Destruir a família Com essa ta l de Ideologia de Gênero o governo quer bagunçar as cabecinhas infantis e destruir a família, e mesmo inverter a humanidade. Não pude comparecer, mas acompanhei as votações , torcendo para que essa maluquice não fosse aprovada. Os deputados, para não fazer fe io diante dos eleitores, tiveram que rejeitar a tal ideologia, mas o governo quer porque quer implantar a bagunça de qua lqu er jeito. Rezemos pe la família como Deus a constituiu . Ele criou o hom em e a mu lher e ponto fin al. Só dementes poderiam co locar uma vírgula e não ponto fina l.
N.P.\V. -SP Ideologia anticristã Paraben izo a revista e sua equipe pelo combate à nefasta Ideologia de Gênero. Não poderá haver trégua nesse combate, pois dia e noite os ideólogos comunistas atuam para borrar a obra de Deus na Criação, inventando uma terceira via entre hom ens e mu lh eres e ens inando essas aberrações nas esco las.
U.D. - SC Teorias absurdas O artigo em discussão
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["Ideologia de Gênero perniciosa perseguição religiosa"], muito bem documentado e fundamentado, esclarece a tentativa desesperada das forças revo lucionárias, que através de teorias absurdas e satân icas como a teoria de gênero, alm ejam destruir o que resta da família. Não nos iludamos! Só a verdadeira Doutrina Católica tradiciona l pode orientar as pessoas para não aderirem ao erro.
G.E.-RJ Estado de alerta Deus sej a Louvado! O Instituto Plinio Corrêa de Oliveira deve man-
Lulopetismo Parabéns pela entrevista com o Sr. Alceu Thomé e sua filha. Admiráve is personagens que labutam duramente para manter o que conquistaram e que os comunas querem tomar. Em toda nossa região padres esquerdistas estão infiltrados por obediênc ia à CNBB para subverter a ordem e debilitar o sagrado direito de propried ade. Os ec les iásticos deve riam defender as famíli as e seus direitos adquiridos honradamente e não tomar para distribuir a vagabundos que não querem saber de traba lho, mas só de invadir, tomar e vender
ter sempre alertas os conferencistas salvadores da família. A atuação dos conferenc istas nos ajudarão a conscientizar a juventud e no caminho que devem tomar. Havemos de ter outras vitóri as sobre a Ideologia de Gênero , sempre com a graça de DEUS.
o que foi roubado, para depois repetir o mesmo sistema em outras regiões do Brasil. Vamos difundir esta situ ação vivida pe la famíl ia do Sr. Alceu, perseguida por esse desgoverno lulopetista.
N.S. - SP
Quem está por trás do tráfico de partes de nascituros na Planned Parenthood? Seriam os grandes financistas, donos dos bancos intern ac ionais que elegem e depõem governantes por todo o mundo? Seriam os filh os daqueles outros que, no passado, patroc in aram a revo lução bo lchev ista,
Bandeira comunista: Não! Peça mos a Nossa Senhora Aparec id a a força necessária a fim de lutarmos pe la liberdade em nosso País. Nossa bande ira jamais será vermelha com a fo ice e o martelo.
J.L. - SP
CA'I'OLIClSMO / www.catolicismo.com.br
que massacro u o povo russo? É pr ciso d smascarar os can lhas qu patrocinaram as barbaridades do século XX e continuam a fazê-lo nos dias atuais!
M.H.-RJ Ação diabólica Fiquei horrorizada com essa ruindade diaból ica praticada pelo grupo Planned Parenthood contra bebês. Só mesmo o diabo para sug rir que as pessoas fa ça m isso. A t perd endo soc iedad v I se acostumando com 11orrores como ontec ido entre o rln gos. Precidir cortar o p diab leva não é co i
Deus para o da ação do do, o que e a pram tese s. Aborto mônio! S.Z.-MG
.J.M.A.-AM Barbárie no século XXI
Pobres prejudicados mI r s sobre to Si] de tame nte os 1 , que a Igreja procur, ·11uclar, se rão os m I pr •Judica dos pelo qu fvocos co ntidos no do um nto papa l. A realid cl , a seguinte: o Pap n ·10 deveria divu lgar docum nlos im porta ntes,
sem ouvir as opiniões contrárias às de seus assessores mais próximos. O Dr. Calvin expressa o parecer de importante grupo de cient istas, que já provou serem fa lsas as opiniões dos "ecoxiitas " sobre os motivos do aquecimento globa l.
M.H.-RJ Firmeza anticomunista Os modelos de regimes comunistas, onde existiram , ninguém quer ver nem mais fa lar neles, uma maldição total sob todos os pontos! Os exemplos terríveis da ex-Cortina de Ferro e remanescentes ilustram o que ocorre quando toda uma população é escravizada pelo partido dominante, mandando e desmandando, pois esse regime é fortemente totalitário e opressor, dirigid o por malucos e bitolados. Nesses sistemas, o indivíduo é obrigado a traba lhar em excesso e a produzir, mas é proibido usufruir os frutos e os rendimentos de seu próprio traba lh o por serem destinados aos governantes, tendo até mesmo o seu cons umo e vidas controlados pelos governos, em nada se diferindo de gado estabu lado para produção de leite ou carne! Já os governantes da se ita comunista, como sucede em Cuba, Coreia do Norte etc., vivem apenas na vid a rega lada, altamente burguesa e imperial ista, que tanto fingem combater! Por isso,
temos que nos manter firmes contra a praga PT!
G.M.-RJ
to da ditadura cuba na ? Fico sem entender .. .
M.C.-MG
A Santa Cruz
"Ecologia" marxista
Gostei mu ito da atitud e do prefeito espanho l que exigiu a presença do crucifixo para fazer o juramento, como costume habitual e tradic ional naquela cidade da Espan ha. Esse prefeito é um homem de valor que deu exemp lo para todos os po lít icos e para todos seus eleitores e que será abençoado por Deus pe la atitud e corajosa, testemunhando sua fé cató lica . E por falar em crucifixo, quero man ifestar-lhes que também fique i muito chocada vendo aque la ce na do Papa recebendo o crucifi xo comunista do Evo Morales. Esse plantador de coca teve uma atitude
Fico com pena de quem deixa de frequentar a Igreja cató lica, como soube um dia desses, pe lo fato de padres cató li cos se dedicarem à prega ção de princípios marxistas e não do ens in amento de Jesus Cristo. Fico com pena, mas, de certo
imperdoá vel. Jesus Crucificado foi ofendido com aquele símbo lo com unista e, por isso, deveria ter sid o reje itado.
S.K.G.-PE
modo, compreendo, e a culpa é dos padres que se dizem cató li cos, mas agem contrariamente à Igreja . No caso do Congresso da CPT, como mostra a ed ição da revista de setembro, acho que o Vaticano deveria expu lsar os padres e os bispos que estão alinhados com o MST e fermentando venenosamente os índios em nome da ecologia.
A.C. -DF
F RASES S ELECIONADAS ••• • • • • • • • • •• • •• •• •
''Jesus, tomando a palavra, perguntou-lhe: Que queres que te faça? Rabôni, respondeu-lhe o cego, que eu veja! Jesus disse-lhe: Vai, a tua fé te salvou. No mesmo instante, ele recuperou a vista e foi se-
guindo Jesus pelo caminho" São Mal'co 10, 51-52
"Fé é crer no que não vemos. O prêmio da fé é ver o que cremos" Santo Agostinho
"Paraíso" cubano
''A fé não é a consequência das boas obras,
Qu e Paraíso é esse de onde fogem os atletas? Qu e faz o governo do PT no Brasi l financiando a construção de maior porto em Cuba, repassando mi lhões com o programa "mai s méd icos" ... e quem sabe se tem outras maracuta ias por aí.. . Que faz a organização dos Direitos Humanos ... Afinal. .. e por que o Papa Francisco e o Episcopado Cubano ficam nesse favorecimen-
mas sim a fé deve estar no começo de toda obra verdadeiramente boa" São Jerônimo
"Queremos um Brasil verdadeiramente brasileiro? Façamos dele um Brasil verdadeiramente católico. Queremos matar a própria alma do Brasil? Arranquemos a sua Fé" Plinio Col'l'êa de Oliveira
"Quem vende sua Fé, compra o inferno" Prnvérhio
catolicismo@terra.com.br / OUT UH HO 20 15
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Exército de comentaristas fantasmas russos atuam na Internet Um exército de comentaristas russos usa milhares de pseudônimos na Internet para espa lh ar boatos e torpedear sites opositores de Vladimir Putin. A Internet Research Agency produz diariamente ondas de comentários em sites e blogs, além de artigos e posts obedecendo a ordens ditadas pelo Kremlin. Na gíria da Internet, "troll" é o agente que traba lha para desestabilizar um site, um blog ou um foro. O "troll" - que também significa "lançando a isca aos trouxas" - é especializado em entrar nos sites opositores e baixar o nível, lud ibriar o leitor e migrar o tema, servindo aos interesses do Kremlin com ares de não o estar fazendo .
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Caso do leão revela: 'verdes' não conhecem natureza O estudante zimbabuano Goodwell Nzou recebeu pêsames. Mas foi só ao
verificar o noticiário que ele percebeu que os pêsames eram pela morte de "Ceci l", o leão africano morto por um dentista-caçador norte-americano. Entrevistado pela CNN, Goodwell não conteve a sua alegria com a morte de leão: "Um leão a menos para ameaçar famílias como a minha!". E acrescentou: "Será que todos esses americanos que assinam petições compreendem que os leões matam pessoas? Que toda a conversa sobre Ceei/ foi badalação da mídia? Em minha aldeia no Zimbábue nenhum leão jamais foi amado ou recebeu um apelido afetivo. Essas feras são objeto de terror. Quando eu tinha nove anos, um leão solitário foi morto; ninguém se importou se o seu matador foi algum morador local ou branco, se ele foi caçado lega l ou ilegalmente. Nós dançamos e cantamos pela extinção da fera assustadora que poderia nos causar graves danos ". 111111 11111 11 111 111111111111111111 11 11111,11111 11 11111111111111111111111111 11 11111 11111111111 1111 1111 11, 1111111111111111111111 11111 111 1111111111111 111111 1111 1111111 11 11 111 1111 11 111 1111 1111 1111111111 11 111111111,111111 11 1111 11 111 11 1111 111111 11 1111 111111 11 111 11 ,1 11
Heresiarca Martinho Lutero ganha praça na Roma dos Papas Concedida pela Câmara de vereadores de Roma , Lutero terá "ecumenicamente" uma .praça com seu nome bem próximo do Coliseu. Na placa constará: "Praça Martin Lutero, teólogo alemão". A Aliança Evangélica Italiana comemorou a decisão como um revide "altamente si_ mbólico" do heresiarca germânico, cujo grito de guerra era : "Abaixo Roma". A Santa Sé aprovou a insolente iniciativa: "Foi uma decisão favorá vel para os católicos, porque está na linha da caminhada de diálogo iniciada com o Concílio Ecumênico [Vaticano 11]", explicou o Pe. Ciro Benedettini, da Sala de Imprensa do Vaticano. Diante desse fato, é oportuno lembrar a fra se de Lutero quando ele esteve na Cidade dos Papas "Se o inferno existe, Roma está construída sobre ele".
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CATOLI CI SMO / www.catolicismo.com .br
China "murada" pelo Partido Comunista ... A Grande Mu ralh Digit al criada pe la ditadura comunista da China divide o país em dol , mas te m fissuras. O escritor Mu rong Xuecun conseguiu fur -1 d cobriu outro mundo. 1 mar-se sobre o xt rm ínios pe rpetrados pelo comun l mo, até se r detect do bloquead o p la ut rld des. Por todo o p í h ca rtazes com o lo n: "Por que a China , fort ? ó por ca usa do Partido " (Com uni t a). Co mo "forte" e "muro" são hom nimas, os internautas I m "Por que a China é murada? - S por ca usa do Partido ". Em 18 m , foram presos 12 amigos de Murong, acadê micos, advo dos e jornalistas. Eles se com uni cava m pela ditadu ra do país ou através dela.
Ditadura: antes contra o vulcão, agora contra o aquecimento global No Equador, o vulcão Cotopaxi expeliu co lunas gigantes de gases e poeira, mas habituais. O fato serviu de pretexto ao presidente bolivariano, Rafael Correa, para baixar decretos ditatoriais que censuram a imprensa e "suspendem os direitos constitucionais que garantem a inviolabilidade dos domicílios e as liberdades de circula ção, de reunião e de comunicação ". O decreto permite a expropriação das fa zendas grandes e pequenas, visadas há tempos pelo governo com o pretexto de criar reservatórios de água potável. Correa alega lutar - aliás, inutilmente - contra o vulcão, mas na rea lidade mira a liberdade e as posses dos cidadãos. Agora que o Cotopaxi está apaziguando, o pretexto passa a ser o "aquecimento global".
Invasão da Europa como no fim do Império Romano? A Alemanha espera 800 mil refugiados em 2015. Somente até meados de setembro, 264,5 mil imigrantes cruzaram o Mediterrâneo rumo à Itália e à Grécia, e muitos milhares afogaram-se na viagem. A Grécia recebeu mais refugiados em julho do que em todo ano de 2014. Mas como não tem cond ições para acolh ê-los, eles prosseguem rumo a países mais prósperos. A Macedônia não consegue detê-los. A Hungria enviou 2.000 policiais à fronteira e ergueu uma barreira de arame farpado, que logo foi violada. A Eslováquia só receberá imigrantes cristãos. A Dinamarca impediu a entrada de trens provenientes da Alemanha. Na Fran ça, os imigrantes se congregam em pontos estratégicos, como na entrada do túnel submarino para a Inglaterra. A História se repete. No período medieval, ondas bárbaras invadiram o poderoso Império Romano, desorganizaram suas colossais estruturas, provocando sua ruína .
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O bispo de Wenzhou (China), Mons. Vicente Zhu Weifang, que proxima mente comp letará 90 anos de idade, liderou com seus 26 sacerdotes se is dias de protestos co ntra as demolições de cruzes na sua diocese (foto), perpetradas pelo governo comunista . Seu bispo coadj utor, Mons. Ped ro Shao Zhu min , pub licou uma carta aberta assinada por todos os sacerdotes "clandestinos" - perseguidos por sua fide lidade ao Papa - sob o títu lo: "Brademos! Chega de ficar em silêncio!". A carta aberta conclama "com força todas as paróquias da diocese a se organ izarem em turnos para j ejuar e rezar continuamente, a fim de deter a demo lição das Cruzes ". Mensagens de apoio chegaram de toda a China.
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Cardeal Pell: Igreja e questões científicas Entrevistado pelo jornal econômico britãnico "Financia l Ti mes", o cardea l australiano George Pell , arcebispo de Sydney e "Min istro da Economia" do Vaticano, fa lando sobre a encíclica do Papa Francisco Laudato si esclareceu : "A Igreja não tem competência especial alguma em matéria de ciência. A Igrej a não tem um mandato do Sen hor para se pronunciar sobre questões científicas ". O jornal comentou que o ca rdeal se dist anciou da "revo lucionária encíclica do Papa ".
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catolicismo@terra.com.br / OUT U13 HO 2015
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ENTREVlSTA A
PLINIO CORREA DE OLIVEIRA Em recordações da vida familiar, o Dr. Adolpho Lindenberg descreve a mentalidade, as apetências, a cortesia no trato, a arte da conversa, as polêmicas, o idealismo, e ainda outros aspectos da personalidade inconfundível de seu primo-irmão, o eminente líder católico, pensador, escritor e homem de ação.
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residente do Instituto Plínio Corrêa de Oliveira, Adolpho Lindenberg
é considerado, a justo título, um dos mais renomados arquitetos do Brasil. Nascido em São Pau lo em 1924, ele se licenciou em Engenharia Civil e Arquitetura pela Un iversidad e Mackenzie em 1949. Três anos depois fundou sua própria empresa, a Construtora Adolpho Lindenberg (CAL), que se tornou em pouco tempo uma das mais conceituadas empresas de construção civil do País. A CAL tem seu nome associado à reintrod ução do esti lo colonia l na g_ E arquitetura moderna brasi leira. c'.'l o O estilo de seus edifícios marcou ~ Q. profundamente a cap ital pau lista. 2 o Al ém de engen heiro e empre- LL sário, Adolpho Lindenberg ded ica seus dias ao apostolado católico contrarrevolucion ário iniciado pelo Prof. Pl inio Corrêa de Oliveira, com quem conviveu e do qual guarda imorredouras lembranças, desde a infância na casa da avó comum, Da. Gabriela Ribeiro dos Santos. Depois, na juventude, participou do chamado Grupo do Legionário e do Grupo de Ca tolicismo, ambos form ados e liderados pelo Prof . Plini o, bem como da fund ação e das atividades da Sociedade <J)
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Brasileira de Defesa da Tradição, Família e Propriedade (TFP).
CA'l'O LJC ISMO / www.catolicismo.com.br
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Catolicismo - Enquanto homem público, Plinlo Corrêa de Oliveira é conhecido de nossos leitores. M as gostaríamos de saber como ele era na intimidade da vida familiar.
Dr. Ado lp ho -
/\pc ar de ter convivido co m ele durante toda a minha vida, re io, no entanto, que são as 1cm n nças que guardei dos b ns tcmp s cm que vivemo na asa de nossa avó, Gabri ela Ribeiro dos antos, lá pelos anos O, qua ndo Pl ínio tinha 20 e p u ·os an os e cu seis ou oito, que I odcm fornecer os elemento pan uma boa com-
"Mesmo na vida particular, Plinio sempre se manifestava idealista. Ainda bem jovem , já desponuiva nele o grande polemista que foi '
preensão de quem ele era na intimidade. M esmo na vida parti cu lar, ele sempre se mani fes tava idea lista. Aind a bem j ovem, quando não imaginava as grandes batalhas que teri a de enfrentar, j á despontava o grande polemista que foi .
como que numa festa, com tantos parentes e ami gos enchendo a imensa casa situada na Ru a Barão de L imeira , que, como tantas outras do bairro, possuía traços marcantes da São Paul o de antigamente - patri arca l, interi oran o, mas co m certo ar senhori al.
Catolicismo - Sabemos pouco a respeito de Da. Ga-
Catolicismo - O que o senhor disse é tão interessante
briela Ribeiro dos Santos, avó materna do senhor e de
que desejaríamos conhecer um pouco mais desse am-
Dr. Plínio. Poderia nos dizer algo sobre ela?
biente familiar.
Dr. Adolpho - N ossa avó Gabri ela foi uma senhora que marcou época na sociedade paulista do início do sécul o passado. Muito , cônscia de sua influênci a social e política, ari stocráti ca enquanto ordenati va da cultura, dos costumes e do savoir~faire dos paulistanos. U m quadro dela (dir.), que pertenceu a Plíni o e que fo i pintado por um conhecido retrati sta fra ncês, apresenta vovó co mo tendo sido uma bela senhora, co m um olhar decidido, vivo, in te ligente e maternal. Era monarqui sta e, no meio republi ca no em que vivia, nunca escondeu de ninguém suas relações com a Prin cesa I sabel. Podi a-se mesmo dizer que vovó fo i uma ex pressão do Bras il anti go, tinha hábi tos em que se sentia o Impéri o e o B rasil do interior. Tendo ficado v iúva ainda moça , sempre se preocupou em mante r a fa mília unida, a ponto de fa zer
Dr. Adolpho - Como a famí li a Ribeiro dos Santos sempre se destacou pela sua loquac idade, co m ditos de espírito e gosto pelas discussões, as reuniões naquele ambiente eram animadíss imas e interessa ntes, mas a nota dominante era a obediência à hierarqui a e às boas regra s que devem rege r as co nversas. Desenca ntado co m a fa lta de gra ça e de vitalidade das co nversas dos dias de hoj e, eu me recn111111 ari a se não di ssesse que guardo uma saudade imensa dessas reuniões, a que eu ass istia de· un, canto, silencioso e maravilh ado. Fa lava-se e discutia-se de tudo: monarqui a ve rsus repúbli ca, a péss ima pol íti ca de Getúli o Vargas, di vórcio, fatos do dia-a-dia, par entes etc. Catolicismo - Essas recordações caseiras nos remetem muito aos tranquilos tempos da pequena São Paulo do início do século passado.
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· e, avo · ra b'l n e a era monarquista no meio republicano em que vivia, nunca escondeu de ninguém suas relações com a Princesa Isabel" " 17\"ossa T
questão que seus cinco filh os - Gabri el, L ucíli a (mãe de Plíni o), A ntô nio, l aiá (min ha mãe) e Z il i - fossem, co m seus co nsortes, vi sitá- la quase todos os dias em sua res idência nos Campos Elíseos. O ambiente, a partir das cinco horas da tarde, ia se tra nsformando
Dr. Adolpho - Talley ra nd, apesar de suas faltas, grande dipl omata e ex ími o homem de sociedade, comento u certa vez que de fato não conhecia bem a doçura de v iver quem não ti vesse v iv ido antes de 1789. Penso que quem não conheceu as delícias do bemviver de uma fa mília patri arca l daquele tempo na " São Paulinho", tem dificuldade de compreender como um ambiente familiar pode ser tão benquerente, agradável, harmônico e cheio de vida. Plíni o viveu nesse meio, fez parte dele, analisou-o, explicitou impressões. Foi nesse microcosmo que pôde observar como tendências e menta lidades podem predispor as pessoas a aderir a esta ou àquela ideo logia. E le também guardava recatolicismo@terra.com.br / OUT UBHO 20 15
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"Como a família Ribeiro dos Santos
sempre se destacou pela sua loquacidade, com ditos de espírito, as reuniões naquele ambiente eram animadíssimas"
cordações vivas daquele tempo. Três meses antes de sua morte - talvez já a pressentisse - , doente e enfraquecido, tive a última conversa a sós com ele. No fim do encontro, começou a lembrar aqueles antigos tempos e a discorrer sobre eles, de seu convívio com sua irmã Rosée, com seus primos e amigos, do ambiente tão vivo, por um lado, e tão sério, por outro, que reinava na casa de vovó. Fiquei quieto e não o interrompi. Compreendi como ele, ainda muito mais do que eu, sentia saudades da boa ordem, da seriedade, do bem-estar desse pequeno microcosmo, tão agradavelmente patriarcal aos nossos olhos. No fim da conversa, ele agradeceu minha atenção em ouvi-lo discorrer tão longamente sobre velhas lembranças e se retirou. Três meses depois, há exatos 20 anos, em outubro de 1995, já não estava entre nós. Foi naquele ambiente familiar de nossa avó materna que ele começou a ordenar seu modo de pensar, a formar seu caráter e foi o fator que lhe possibilitou depois dedicar sua vida à Igreja e se tornar o "Cruzado do século XX" - como tão bem o denominou o Prof. Roberto de Mattei ao escrever sua biografia e, antes dele, o Prof. Lizâneas de Souza Lima, na sua Dissertação de Mestrado junto ao Departamento de História da Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas da USP. Foi também naquele ambiente familiar que eu, como criança dos 6 aos 12 anos de idade, comecei a tomar conhecimento, a me aproximar e dedicar-me de corpo e alma àquela figura de um lado tão próxima, mas, de outro lado, tão rica, diferenci ada e superior, que foi meu primo.
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se denominar "modernismo". Vemos, nesta postura, como ela foi a fonte da aversão de Plinio a tudo quanto era "modernizante", sem-cerimônia e igualitário. Quem não conheceu tia Lucilia - ou, pelo menos, não conhece sua vida por meio de narrações daqueles que conviveram com ela - terá mais dificuldade de entender o filho. Foram muito próximos a vida inteira, temperamentos e gostos em perfeita sintonia. Ele fazia de tudo para agradá-la, e ela, por sua vez, tinha a atenção totalmente posta no filho . Lembro-me muito bem de tia Lucilia vindo visitar-me quando eu ficava doente, acometido pelas clássicas doenças de infância. Ela me lia Os três mosqueteiros e tantos outros livros que exaltavam o heroísmo, a fidelidade e a mais absoluta solidariedade entre os amigos. Inútil dizer que a leitura era entremeada de conselhos e advertências sobre os perigos que iria encontrar ao longo de minha vida.
Catolicismo - Qual foi o papel de sua tia, Da. Lucilia Ribeiro dos Santos Corrêa de Oliveira , mãe de Dr. Pli-
Catolicismo -
nio, na formação dos senhores?
consciência que assim agindo estava preparando o sobrinho para se tornar um discípulo de
Dr. Adolpho - Para uma me lhor omp reensão da personalidade de D r. Plinio, nada me lh or do qu e conhecer mai s de perto a figura muil especial, muito próxima a mim, muito querida, qu e foi tia Luc ili a. Se quiséssemos destacar a nota caractcrf ·tica de sua personalidade, eu diria que tia Luc íli a cn ·a rnava o ideal perfeito da mãe católica em toda a xlensão do termo. Não só de mãe, mas também de es posa , íi lha e tia. Sendo ela a ma is velha das irmã , co mo era o costume daque les tempos, cuidou de v vó du ra nt o longo período de sua doença. "Lucilia s , an11/011, se {/à tou de tudo, para cuidar de sua mc7e, lia e noif ,, como se fosse uma e11fermeira " - e se e ra o comentário mais frequ ente fe ito sobre ela pe la p·1rcntcla. Co m o correr do tempo pude constatar qu ão penosa deve ter sido e sa mi ssão, pois vovó foi um a pessoa co m inúmeras qu alidades, mas entre elas, ' rtamcnte, não figurava a pac iênc ia e nem o espírit o de ·acri fíc io. A razão desse "a nul amento" de ti-~ Lu ·ilia, no entanto, conforme pude observar ao lon g ) dos anos, se deve ao fato de e la, sendo católica "à 011/rance", monarquista e tradi cionali sta, não pa tuar de modo alg um com o relaxam ento dos costum 'S, · 0 111 as modas extravagantes, e nem co m a glorifi ·ação não equilibrada do progrcs o, enfim com aqui lo que passou a
Teria ela tido
seu filho?
Dr. Adolpho - Não posso afirmá-lo com certeza, mas, de fato, me preparou. Tia Lucília nunca tingiu e nem cortou curtos os cabelos, não se pintava, usava vestidos discretíssimos ; em outras palavras, tinha-se a impressão de que era uma senhora de uma geração anterior, cerimoniosa, mas acolhedora. Seu maior atributo era o olhar. Tenho certeza que nunca vi - e creio que poucas pessoas viram um olhar tão doce, expressivo, aveludado, acolhedor e profundo. Triste, poder-se-i a di zer? Às vezes sim ; melancólico, não. Seu modo de olhar era um incentivo para se enfrentar as difi culdades com coragem . Para ela, a resignação, a conatura lidade com o sofrimento, a noção de que os valores fundamentais da vida são de ordem moral , faziam parte de seu modo de viver e de ver as coisas. Segundo ela, existe uma oposição radical, infensa a concessões ou a meios termos, entre o bem e o ma l. De us existe, Nosso Senhor fundou a Igreja, que é infalível e deve nos guiar. Suas devoções foram ao Sagrado Coração de Jesus e
a Nossa Senhora. O resto lhe era totalmente secundário e só valia na medida em que fosse virtuoso, belo e consoante com a doutrina católica. O pecado, a feiura, o sujo, a anormalidade, se equivalem e devem ser rejeitados com toda a força da alma. Catolicismo - Isso do ponto de vista religioso. Qual foi a influência de Da. Lucilia na mentalidade dos filhos do ponto de vista temporal?
Dr. Adolpho - Já bem antes da eclosão da Primeira Grande Guerra, a rivalidade entre a França e a Alemanha era forte e crescente. Aqui no Brasil, a opinião pública ficou dividida entre francófilos e germanófilos. Tia Lucilia, que nunca ocultou suas simpatias pelos franceses, assumiu na família, por direito, a liderança daqueles que amavam a França e consideravam-na sua segunda pátria. Papai, que chefiava valentemente a ala germanófila, queixava-se da "falta de objetividade" de sua cunhada ... As discussões na sociedade cresciam a cada dia e o mundo se preparava psicologicamente para a guen:a. Nessa ocasião, tia Luci I ia, dando provas de equilíbrio e isenção de ânimo, resolveu contratar uma governanta para aprimorar a educação dos filhos . A quem ela escolheu? Uma Friiulein alemã, uma bávara autêntica! Confortado pelo reconhecimento de que as governantas alemãs são as melhores do mundo, papai aplaudiu a escolha com entusiasmo.
"O maior atributo de tia Lucília era o olhar. Tenho certeza que nunca
vi um
olhar tão doce, expressivo, aveludado, acolhedor e profundo"
Friiulein Mathilde Heldmann era o nome dessa governanta bávara. Ela exerceu um papel importante na formação da personalidade de Plínio e ele sempre catolicismo@terra.com.br / OUT BRO 201 5
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reconheceu esse fato. Católica, monarquista, culta, europeia a mais não poder, Friiulein Mathilde, além de ensinar o senso da ordem e da disciplina, abriu os olhos de meus primos, Rosée e Plínio, para os esplendores da Europa cristã, levou-os a admirar as grandes figuras do passado, discorreu sobre os fins trágicos da maioria das famílias reinantes na Europa. Essa abertura de horizontes ajudou Plínio discorrer, com frequência e gosto, sobre as qualidades e limitações de cada povo europeu. As comparações que ele fazia sobre as personalidades dos franceses, alemães, ingleses, italianos, espanhóis, russos etc. Tia Lucilia - por meio da Friiulein ensinou-lhes também a distinguir tudo aquilo que é bom, nobre, verdadeiro, com classe, das coisas ordinárias, falsas , pretensiosas e demagógicas. Numa sociedade materialista voltada para o American Way of L[fe, fez com que eles compreendessem o primado da cultura, da finura e do espírito aristocrático. Catolicismo - E que influência Da. Lucilia exerceu sobre seus filhos no tocante à "visão do mundo" que se deve ter?
Nos dias de hoje, a imaginação das crianças é povoada por monstros ou por figuras de reinos imaginários e pagãos. Na imaginação de meus primos Rosée e Plínio, porém, habitavam príncipes,
Dr. Adolpho -
"Na imaginação de meus primos Rosée e Plínio habitavam príncipes, cruzados, grandes santos, reis, rainhas, heróis e personagens do Ancien Régime"
cruzados, grandes santos, reis, rainhas, heróis e personagens de realce do Ancien Régime. Figuras como Carlos Magno, Roland, Santa Joana d'Arc, Felipe II, Luís XIV, personagens das memórias de Saint-Si-
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e tantas outras, ficaram tão próximas de Plínio, a ponto de ele se referir a elas com a mesma naturalidade com que seus primos se referiam aos artistas de cinema ou aos jogadores de futebol. Diga-se de passagem, que esses temas alternavam-se muito harmonicamente com "la Grande Mademoiselle", Maria Antonieta, Chateaubriand etc. Creio que essa Weltanschauung (visão de mundo), da qual participam e na qual interagem santo , Papas, reis, fi guras da sociedade, escritores e pensadores, constitui uma das notas mais características da cultura e da personalidade de Plínio. Digo mesmo que certamente essa visão foi um fator importante que o influenciou na confecção de suas obras, como Revolução e Contra-Revolução, assim como de seu último livro Nobreza e Elites Tradicionais Análogas. 111011
nhecer um pouco a respeito do papel dele na formação do senhor, quando era ainda menino ...
Plínio nasceu em 1908, 16 anos depois nascia eu, em 1924. Procurando reavivar as primeiras impressões que guardo dele, posso dizer que a força de sua presença era tão grande, que o ambiente reinante na casa de vovó antes de sua chegada era um, e depois, tornava-se outro. Naquela residência, para participar das prosas, a presença dele era aguardada por todos com avidez. Digo, sem medo de errar: só conheceu o Plínio, sua vitalidade, seu bom humor e sua irradiação pessoal, quem conviveu com ele nesses primeiros anos da maturidade. Era algo de portentoso! Com a idade, as preocupações, as decepções, as enfermidades e o desastre de automóvel que ele sofreu em 1975 acrescentaram a isso um véu de sofrimento. Mas eu o conheci no auge, com sua figura imponente, suas certezas no que dizia, cerimonioso e afável no trnto. Era um líder em toda a extensão do termo. À medida que fui crescendo, comecei a perceber que seu público não era monoliticarnente ent11siasta
Dr. Adolpho -
Catolicismo - O que o senhor conta é tão interessante, que lhe pedimos continuar a discorrer sobre a formação da personalidade de Dr. Plinlo.
Também tiveram papel importante na formação da personalidade de Plínio os eus mestres escolares, os padres jesuítas do Co légio São Luís. Lembro-me de ele elogiar inúmeras vezes o ri gor da lógica inaciana, a construção perfeita do rac iocíni o, sóbrio, preciso, e quemático, mas podcro o, decisivo em qualquer polêmica. E os elogios nã se circunscreviam apenas à dialética, mas se estendiam à dipl omacia, à discrição e ao empenho com que os filh os de Santo Inácio tratavam de seus interesses. Nos dias de glória da Companhia de Jesus, esse atributos permitiram que ela se transformasse na mais importante e eficiente ordem religiosa no combate às herc ias, principalmente ao protestantismo. A par disso, a a cese e os Exercícios Espirituais de Santo Inácio exerceram grande influência na personalidade e vida e pi ritual de Plínio. Dr. Adolpho -
Catolicismo - O sen hor falou do papel de Da. Lucilia na formação de Dr. Plinio, mas desejamos tam bém co-
de suas ideias, mas, pelo contrário, estava dividido entre os que o apoiavam com entusiasmo, os que o toleravam e, finalmente , os qu e lhe faziam fronda. Nesse microcosmo percebia-se, já de início, aquilo que seria uma constante em sua vida: sua presença, suas ideias, suas certezas, princi palmente, rachavam o público de alto a baixo. Plínio era tão infenso a meios-termos e concessões no terreno da ortodoxia católica, que a muitos
transmitia a impressão de que era um radical intransigente. Essa impressão era reforçada pela vitalidade, pela afirmatividade e pelo desassombro com que ele defendia verdades de há muito esquecidas. Num tempo em que só as senhoras eram católicas e iam à Missa; em que a imensa maioria dos homens de seu meio era constituída de positivistas, maçons e liberais; em que
"Plínio tinha uma capacidade excepcional de conversar. Foi conversando com seus primos, amigos e seguidores, que ele explicitou seu corpo de doutrinas"
só se louvava a paciência, a humildade e a conformidade; ele, com sua voz forte , proclamava alto e bom som que a castidade deveria ser praticada por todos, sejam mulheres ou homens; e que todos se lembrassem de que o inferno está com suas portas abertas, à espera daqueles que cometessem pecado e não se arrependessem. Dizia, igualmente, que os católicos deveriam afirmar com desassombro sua fé , ser combativos e capazes de vencer os inimigos da Santa Madre Igreja. Mais ainda, que deveriam se arregimentar e formar um partido que tivesse condições de dirigir os destinos do Brasil e ·alterar o rumo dos acontecimentos. O fato de Plínio ter sido eleito como o deputado federal mais votado do País (1933) levou meus tios a prognosticar uma carreira brilhante para o sobrinho, já imaginando que chegaria aos mais altos postos do governo. Para eles, uma catarata de invectivas contra "os monstros sagrados" do establishment seria a coisa mais contraindicada no momento. Mas seu desagrado não se circunscreveu apenas à envergadura com que Plínio invectivava o mundo moderno, mas ao fato de eles começarem a perceber, de um modo subconsciente, é verdade, que urna nova força estava despontando no hori zonte. E que essa força se compunha de dezenas de milhares de jovens que, como Congregados Marianos, queriam reformar o status quo vigente, de alto a baixo! E, se providências não fossem tomadas, os próprios tios correriam o risco de se tornarem figuras do passado ... Eles como que diziam: "Como é que Lucilia, tão cordata, foi ter um filho tão afirmativo como esse, é realmente inconcebível..." catolici smo@terra.com.br / OUTUBRO 201 5
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Catolicismo - Mas havia em Dr. Plinio motivos para ser visto, quando jovem, como um radical intransigente e belicoso?
Dr. Adolpho - Estou certo de que essas recordações irão desapontar a não poucos, pois, ao contrário do que se poderia esperar, elas de fato evocam a figura de meu primo como um menino afetivo, de temperamento plácido, contemplativo, infenso a correrias, gritarias, brigas domésticas e não domésticas. Uma
"Q uando d"iscutia. um assunto, ou em conversas, percebia com facilidade as razões últimas pelas quais seu interlocutor defendia este ou aquele ponto de vista"
antiga fotografia, pertencente à família, revela minha prima Rosée, aos sete anos de idade, andando por uma calçada, pequena, viva e atenta, levando pela mão o irmão dois anos mais moço, que, com ar absorto, pensativo e di straído, olhava para algum ponto indefinido do hori zonte. Friiulein Mathilde sempre comentou como os dois irmãos eram diferentes: Rosée, alerta, desconfiada, pronta para defender suas prerrogativas; Plínio, meditativo, cordato, desarmado ante a truculência dos maus colegas de escola, infenso a desordens e discussões, preocupado apenas com as delícias · de um bom lanche preparado por sua queridíssima mãe ... Quem o conheceu no ocaso de sua vida - quando seus sofrimentos e a magnitude de sua obra cresciam no mundo inteiro - talvez tenha dificu Idade em compreender que seu natural era cordato, pacífico, alegre. Quando discutia assuntos, mesmo os que o atingiam de perto, mantinha uma bonomia, um distanciamento psíquico, uma fleuma, que fac ilitava muito sua argumentação, lógica, compassada de fácil compreensão. Ouvia com atenção nossos
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"conformes", nossas justificativas, nos encorajava, dava direito de cidadania aos nossos pontos de vista. Costumava chegar às conclusões dando a impressão de que o sucesso delas era devido tanto a ele quanto a nós. Resultado: eram raríssimas as vezes em que ficávamos ressentidos com as suas admoestações ou com a sensação de não termos sido compreendidos. Catolicismo - Mas como pôde esse menino, de natural tão cordato, tornar-se um polemista e mesmo um guerreiro da boa causa?
Dr. Adolpho -
Ele mesmo me contou quanto lhe custou - chegou até a di zer que era a sua cruz dominar seu gosto pelo bem-estar caseiro, pela boa prosa com os amigos, pelas amenidades que a vida oferece àqueles que não intentam alterar a ordem vigente das coisas, para se lançar nas polêmicas ideológicas, nas campanhas contra os progressistas, na turbulência política. Mas, para a defesa da civilização cristã e da Igreja, e le teve que se tornar um cruzado em ordem de batal ha. Catolicismo - Quais eram as características do trato de Dr. Plinio com seus amigos e com as pessoas em geral?
Dr. Adolpho -
À primeira vista, eu diria, ·eram a afabilidade e uma nota cerimoniosa que ele impri mi a no seu relacionamento com todos, a co meçar por seus pais, irmã e amigos. O conceito moderno de trato cerimonioso supõe di sta nc iamentos e artificiali 1110, mas não era as im que Plín io o entendia. Muito pelo contrário! El e o considerava a ri na pon ta da boa edu aç" o, o instrumento idea l p·ira policiar a vivac idad · da palavra, firmar hi ·rarqu ias, emiquecer as conversas. A cerimônia , di:;,iu, nada mais é do que um a linguagem expressa por símbolos reconhecidos co mo tais pelo corpo so ·inl protocolos, cumprimentos, orrisos, acenos, olh urc ·, expressões faciais, que subli nham, ou contempori zam, o que está sendo dito. Mais ainda, os matizes • os cntretons, tão
necessários para expressa r sentimentos e realidades plenas de nuances - respeito, cortesia, desagrado, apreço, en levo - só são viáveis numa interlocução culta e cerimoniosa. Tanto é assim, que a cerimônia com a qual ele tratava as pessoas, ao invés de criar distâncias, agradava a todos. Catolicismo - Sua prima, Da. Rosée, falava do especial talento de bon causeur de Dr. Plinio para manter uma conversação brilhante. O senhor poderia nos con-
que ficava na Rua Imaculada Conceição, onde as conversas continuavam até meia-noite. Mas, seu encerramento só ocorria após um substancioso lanche na Confeitaria Elite, situada na Rua das Palmeiras. Essas conversas, afirmo com toda a segurança, além de terem sido a maior bênção que Deus me proporcionou, foram as responsáveis pela minha formação como membro do Grupo do Legionário, e depois do Grupo de Catolicismo - nomes dados ao movimento, antes da flmdação da TFP.
tar algo a respeito?
Dr. Adolpho- Rea lmente, Plínio tinha uma capacidade excepcional de conversar, diria que era uma vocação especial dele. Foi conversando com seus primos, ami gos e seguidores, que ele ex plicitou com precisão seu corpo de doutrinas e dele fez grandes sínteses. Fo i nessas longas conversas, também, que ele conseguiu formar, pouco a pouco, um grupo estável de segu idores dispostos a ded icar suas vidas ao aposto lado católico contrarrevolucionário por ele idealizado. Suas conversas, com muitas metáforas, contendo ditos de espírito e análises de pessoas, comparações surpreendentes, Dr. Pllnio, ao centro, sentado, com vários dos jovens que constituiriam a entremeadas de grandes explicitações, Sociedade Brasileira de Defesa da Tradição, Família e Propriedade - TFP mas também, ao mesmo tempo, caseiras e despretensiosas, sempre foram consiCatolicismo - Quais foram as preferências artísticas deradas, até por pessoas hosti s ao seu pensamento, de Dr. Plinio? interessantes, agradáveis, divertidas. Conve rsava com prazer sob re tudo que tivesse Dr. Adolpho - Seu gosto maior foi pela literatura, também pela arquitetura, tanto a externa como a de relação com o mundo cultural ou com questões ideointeriores . Discorrer despreocupadamente sobre os lógicas, mas sempre foi um ótimo ouvinte. Sempre ambientes, apontando o valor simbólico de uma ou dizia: "A gente conversa sobre o que o outro que1: de outra peça, comentando em que medida a decorae não sobre o que a gen te deseja". Atento, paciente ção tendia a conduzir os espíritos a patamares mais e benquerente para com os tímidos, como que merelevados ou a tornar a vida de família mais aprazível, gu lhava no mundo dos pensame ntos daqueles com quem conversava, mostrava-se interessadíssimo naquilo que ouvia. Catolicismo - Por que Dr. Plinio, sendo grande conferencista, preferia, entretanto, a conversa para expor suas ideias e formar seus seguidores?
Dr. Adolpho - Ele como que necessitava estar olhando as pessoas com as quais conversava para poder observar suas reações, direcionar as temáticas, insistir nos argumentos, apelar pa ra mais exemplos ... Recordo-me que, após o jantar na casa de tia Lucília, descíamos a Rua Itacolomi em direção à sede do jornal "Legionário" [do qual Dr. Plinio era o diretor],
"Sempre que apreciava uma obra de arte, um panorama, um palácio, uma sala, começava por detectar o ponto que ele .,, , cIiamava de " ponto monarquico
constituía, além de uma ocasião para divulgação de se us ideais, até uma distração. No que se refere à arquitetura, sua preferência, entusiasmo e enlevo, sempre fo i para pela arte gócatolicismo@terra.com.br / OUTUBRO 2015
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tica - estilo não herd ado de uma civi lização pagã, mas fruto de uma civi li zação verdadeiramente cristã, como foi a Idade Média. No estilo gótico, Plinio apreciava mais do que tudo os vitrais e as rosáceas multico lores das catedrais. Sempre apreciou as pedras translúcidas, como a opa la, a ametista, os dia-
"Vsou to dos os recursos a' sua d"isposiçao . para alertar bispos, padres, membros de associações religiosas e a opinião pública para os perigos do progressismo"
mantes, os cristais, enfim tudo aq uil o que desse a impressão de conter ou brincar com luzes. Mais do que os vitrais, no entanto, ele apreciava a gra ndiosidade, a so lenidade, a sacra lidade expressas tão magnificamente nas pedras das altíss imas torres, nas ogivas, nas agu lhas e na fantas ia dos elementos decorativos das venerandas catedrais europe ias. A Idade Média as construiu , a Renascença as desprezo u. Com razão, ele desprezava a arte moderna, que ed ifi ca barracões e não catedrais... Sempre que ap reciava uma obra de arte, um panorama, um palác io, uma sala, começava por detectar o ponto que ele chamava de "ponto mo11át-qui o" u "unum", para o qua l convergem todos os predicados, e segundo o qual tudo se explica, vivifica, toma sentido.
são so litária pode ser magnífica, mas não era de seu fe itio. Plinio tinha a tendência a exprimir o conceito de forma muito adaptada a quem o ouvia ou li a. E ainda a relacioná-lo com fatos da atualidade ou com alguma realidade humana que o tornaria mais fác il de ser entendido por quem o ouv ia. Graças a seu senso psicológico agudo, percebia as menores va ri ações dos estados de alma de seus interlocutores. Quando discutia um assunto, ou até em conversas corriqueiras, percebia com faci lidade as razões últimas pelas quais seu interlocutor defend ia este ou aquele ponto de vista. Constatou que as razões últimas pelas quais as pessoas aderem a esta ou àq uela ideologia se deve, com frequência, a crenças arbitrári as, ressentimentos, preconceitos ou háb itos mentais adquiridos na sua juventude. Ele sempre teve seu pensamento vo ltado para a ordem temporal cristã. Durante sua juventude, enquanto ainda viv ia em casa de vovó, consegui u, pesaroso, detectar, com sua prodi giosa capacidade de observar, a progressiva influência das novas ideologias nos modos de pensar de seus primos. Em conversas sem fim, procurou alertá- los. Como autêntico cató li-
Catolicismo - E Dr. Plinio enquanto homem de pensamento, quais são as recordações do senhor?
Dr. Ado lpho - Ele possuía um senso lógico e psicológico extraordinário. Seu raciocí nio não era acadêmico. Enquanto a regra gera l do pensamento é o enunciado por princípios de ordem genérica e abstrata, e daí partir para sua ap licação na ordem concreta, o dele habitualmente invertia essa seq uênc ia. Ele se aproveitava, por assim dizer, de certas realidades do dia-a-dia, de fatos corriqueiros, e principalmente de opiniões dadas por seus ouvinte ao longo das conversas, para dissertar sobre seu signifi cado e sua capac idade de evocar princípios de uma ordem superior. Certa vez, ao contemp lar a famo sa estátua do "Pensador", de Rod in, comentou que a introver18
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co contra-revolucionário, leitor assíduo das obras dos gra ndes pen adores trad icionali ·tas do século XlX, como Danoso ortés, De Bona ld e V<.:uillot, desde o início manifc tou uma rejeição ao " mundo moderno" e às novas ideologias. Seus professores do Colégio São Luís e padres que frequ enta vam a casa de
vovó pactuavam pachorrentamente com o status quo vigente e com a decadência progressiva dos costumes. E não poucos deles manifestavam si mpatias pelos regimes fasc istas que, a cada dia, ga nhavam mais adeptos na Europa. Esse desapontamento em relação à conduta de padres conhec idos e am igos seus, precedeu de alguns anos o que se tornou uma característica de sua vida pública: as polêmicas com o clero progressista ao longo de dezenas de anos. Conversas, li vros, artigos, conferências, enfim, usou todos os recursos à sua disposição para alertar bispos, padres, membros de associações religiosas e a op ini ão pública em gera l para os perigos do progressismo - movimento de ideias herdeiro do modernismo, qualificado por São Pio X de a grande heres ia dos tempos modernos . Alertou-os também para a crescente infil tração do pensamento esq uerd ista nos meios cató licos, apontando especialmente a atuação no Brasil das CEBS (Comunidades Ec les iais de Base). Também denunciou a participação de bispos em movimentos a favor das reformas agrárias confiscatórias e de caráter ni tidamente sociali sta. Seu liv ro Reforma Agrária, Questão de Consciência, ( 1960), alcanço u grande repercussão nos meios agrários e pode ser considerado como o principal responsável pela reação dos faze ndeiros aos projetos governamentais agrorreformi stas. Ele fo i autor de diversos livros, mas creio, poderse- ia dizer, que sua obra principal , não publicada, fo i a elaboração de um imenso manifesto que abarca diversos assun tos tratados em numerosas reuniões com discípulos. Sua temática mai s importante constitui digressões sobre uma ordem tempora l cristã futura, que ele designava de Reino de Maria, baseado nos escritos de São Luis Mari a Grignion de Montfort. Nessas reuniões, duas ou três vezes por semana, conversava-se, trocavam-se ideias, redigiam-se ensaios preparatórios. A receptividade dos ouvin tes para essa ou aq uela afirmativa, os li mites de sua compreensão sugeri ndo explicitações mai s detalhadas, a procura pela síntese das opi niõe apresentadas, permiti am
que Plínio fosse delineando, pouco a pouco, a figura idea l de uma sociedade sacra!, orgân ica, hierárquica, católica em toda a extensão do termo. O desagrado visceral de Plinio para com tudo que fosse extravagância ela atualidade revo lucionária, seu enlevo por tudo que lembrasse a Cristandade med ieva l e aspectos louváve is do Ancien Régime, levaram-no a descrever seus propósitos de vida numa das mais belas e sublimes de suas afirmações: ªQuando ainda muito j ovem, considerei enlevado as ruinas da Cristandade; a elas entreguei meu coração; voltei as costas ao meu .fitturo, e fiz daquele passado carregado de bênçãos, o meu porvir ". Catolicismo - Afirmação que revela bem a fidelidade de Dr. Plinio ao ideal ao qual se consagrou. Mas que também revela muito sua personalidade contra-revolucionária, não é?
Dr. Adolpho - Cre io que cada um de seus seguidores o descreveria segundo a percepção de quem ele realrnente fo i: figura máxima da Contra-Revo lução, precursor do Reino de Maria, fundador e alma da TFP, a Sociedade Brasileira de Defesa da Tradição, Familia e Propriedade. Eu diria que ele lutou, ac ima de tudo, pela glóri a e a gra ndeza de Deus. Os homens, as civi li zações, as artes, só cumpririam sua missão na medida em que participassem das hi erarq ui as ordenadas pelo Criador. Os revo lucionários têm corno meta principal a destruição das hierarq uias baseadas em critérios de famí li a, honra e virtude; os contra-revolucionários devem amá-las, preservá-las e as considerarem como escadas para se alçarem a perfeições cada vez mais elevadas. Nossa Sen hora, sacralidade, hierarquia, nobreza, tradição, ortodoxia, imolação, são ideais que permeiam de alto a baixo as conversas que mantive com Plinio. Assim como eles vivificam suas mensagens, polêmicas, seus li vros, manifestos, artigos, enfim todo seu convívio diári o. Em outras palavras, são esses ideais os pil ares do admirável universo pliniano . •• catolicisrno@terra.corn .br / OUT UBHO 20 15
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SANTA TERESINHA DO MENINO JESUS Vítima do amor misericordioso e alma de cruzado, a pioneira da Pequena Via preencheu uma carreira de gigante em poucos anos de vida
• • • • • • PLINIO MARIA SOLIMEO
ara um leitor superficial da História de uma Alma, Santa Teresinha (1873-1897) foi uma santinha que viveu num mar de rosas e só teve a infelicidade de perder a mãe aos quatro anos e de morrer cedo. A iconografia romântica sublinha essa ideia apresentando-a como uma boa freirinha, corada e risonha, segurando um crucifixo e um maço de rosas - uma caricatura edulcorada, que mais favorece uma piedade falsa e sentimental. O que é totalmente diferente das fotos autênticas que dela possuímos . . Ademais, uma observação atenta de sua autobiografia nola mostra, nas várias fases de sua vida, não só com uma maturidade acima da idade, como também denota uma santidade séria e profunda desde a infância. Ela mesma afirma: "Pareceme que, se uma jlorinha pudesse falar, diria simplesmente o que
Quer dizer, reconhece suas belas qualidades, vindas de Deus. Procuraremos apresentar a seguir a lguns aspectos da face menos conhecida de Santa Teresinha, seguindo a História de uma Alma. 1
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"Nascida em terra santa, impregnada de virginal perfume"
Deus fez por ela, sem tentar esconder seus beneficias. Sob o pretexto de uma falsa humildade, não diria que é desgraciosa e sem pe,:fitme, que o sol lhe roubou o encanto, e que a tempestade lhe quebrou a haste, quando reconhece em sijustamente o contrário" (pp. 33-34).
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Santa Teresinha nasceu em Alençon, na França , em 2 de janeiro de 1873. Seus pais, Luís Martin e Zélia Guérin, eram católicos de truz, e deram uma educação esme rada e profundamente rel igiosa às cinco filhas , com as qua is viviam num ambiente de piedade afetuosa e intensa, sem co ncessões, mimos ou l'raqu czas. Falando ele sua fam ília, Teres inha afirma que Deus "a fez nascer numa tel'm santa, toda impregnada de vil'gina/ pe,:fúme. Ele a fez precedei' de cinco Lírios cintilantes de bl'c111rnm "(34]. Isto é,
de suas cinco irmãs que, educadas nesta "terra santa" por pais santos, tornar-se-iam todas religiosas. Verdadeiro caso de precocidade sobrenatural, Teresinha afirma: "O Senhor concedeu-me a graça de abrir, bem cedo, minha inteligência e de gravar-me tão profundamente na memória as recordações de minha infância que me parece passaram-se ontem as coisas que vou contar" [37]. E faz esta afirmação surpreendente: "Desde os três anos, não neguei nada a Deus". 2 Acrescenta que, com todos esses dons, "se tivesse sido educada por Pais sem virtudes [.. .} ter-me-ia tornado má e talvez me perdido " [46]. Como toda descendente de Adão, Teresinha tinha seus pequenos defeitos. E não cala sobre eles. Entretanto, afirma que "Jesus velava pela sua noivinha. Ele queria que tudo revertesse em seu bem, mesmo seus defeitos que, cedo reprimidos, lhe serviriam para adiantar-se na perfeição" [46].
Possuía qualidades muito superiores à sua idade. De maneira que faz esta ousada afirmação, referindo-se à época em que era uma criança de cerca de quatro anos de idade: "A virtude tinha encantos para mim, e parece-me que eu estava nas mesmas disposições em que me acho agora, tendo já um grande império sobre minhas ações" [53]. Ela afirmaria depois: "Os dons que Deus me deu (sem que lhos pedisse) em vez de me prejudicarem e induzirem à vaidade, levam-me para Ele, que VC?jo ser o único imutável, o único que pode satisfazer meus imensos desejos [220]. "Não quero ser santa pela metade"
Com a idade, Teresinha progredia também em virtude e sabedoria, sobretudo por seu espírito meditativo, traço constante de sua santidade. Assim, já um pouco mais crescida, afirma: "Meus pensamentos eram, então, bem profitndos, e sem saber o que era
meditar, minha alma mergulhavase numa real oração" [61]. Outro traço marcante de sua mentalidade pode ser visto neste episódio. Sua irmã Leônia, julgando-se já crescida para brincar com bonecas, tomou as suas com todo o enxovalzinho que tinha para elas, e apresentou-as às duas irmãs mais novas. Celina pegou algumas fitas de que gostara. Teresinha, por sua vez, pegando todo o resto, exclamou: "Eu escolho tudo". Sobre este gesto infantil, ela afirma: "Este traço de minha infância é o resumo de toda minha vida; mais tarde, quando a perfeição me foi desvendada, compreendi que para se tornar uma santa, era preciso sofrer muito, procurar sempre o mais perfeito, e esquecer-se de si mesma. [...} Então, como nos dias de minha irifância, exclamei: 'Meu Deus, escolho tudo'. Não quero ser santa pela metade, não tenho medo de sofrer por vós, a única coisa que temo é guardar minha vontade, tomai-a, pois 'Eu escolho tudo' o que quiserdes!" [pp. 50-51]. "O encantador sorriso da Santíssima Virgem"
Um dos sofrimentos de Teresinha foi uma estranha doença que a acometeu por volta dos nove anos de idade: "Não sei como descrever uma doença tão estranha. Estou persuadida agora, de que era obra do demônio, mas por muito tempo, após minha cura, acreditei ter ficado doente de propósito, e isto foi um verdadeiro martírio para minha alma. " [90]. Pois "não é surpreendente que eu temesse ter-me mostrado doente sem sê-lo de/ato, pois dizia e fazia cousas que eu não pensava; quase sempre parecia estar
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em delírio, dizendo palavras sem "Pensava que eu sentido, e entretanto estou certa de nascera para a glória" não ter sido privada um só instant(;/ Vemos outro traço ainda de do uso da razão. " [91]. sua grandeza de alma no que ela Como resu ltado da doença, "a · conta que lhe sucedeu por volta de 'florzinha' enlanguescia e;parecia 1O anos de idade: "Lendo a narter murchado para sempke .. . .En- ração das ações patrióticas das tretanto, possuía, junto dela, um Sol, este Sol era a Imagem miraculosa da Santíssima Virgem, que .falara duas vezes a Mamãe" [93]. Homem de fé, o Sr. Martin, não encontrando remédio para a doença da fi lha, mandou celebrar uma novena de Missas na igreja de Nossa Senhora das Vitórias, em Paris, pedindo à Santíssima Virgem sua cura. Teresinha comenta: "Era preciso um milagre, e.foi Nossa Senhora das Vitórias que o fez". Esse milagre ocorreu durante o auge de uma crise na qual ela parecia não reconhecer suas irmãs que, junto à sua cama, rezavam fervorosamente a Nossa Senhora pedindo sua cura. "Não achando socorro algum sobre a Terra, a pobre Teresinha voltara-se, também, para sua Mãe do Céu, su- heroínas francesas , em plicando-lhe de todo seu coração, particular da Venerá- ' que tivesse, e11:fim, piedade dela ... vel Joana d'Arc, tinha De repente, a Santíssima Virgem grandes desejos de imitá-las. pareceu-me bela, tão bela como [. .. .} Recebi então uma graça jamais vira algo semelhante; seu que sempre considerei como rosto respirava uma bondade e uma das maiores de minha vida, uma ternura inefável; porém, o pois naquela idade não recebia que me penetrou até o fundo da luzes como agora, em que me sinto alma, foi o 'encantador sorriso da inundada. Pensava que eu nasceSantíssima Virgem'. Então, desva- ra para a glória, e procurando o neceram-se todas as minhas pe- meio de consegui-la, Deus[. ..} feznas, duas grossas lágrimas jorra- me compreender que minha glória ram-me das pálpebras e correram não apareceria aos olhos mortais, silenciosamente pelàs fac~s, eram que consistiria em me tornar uma lágrimas de uma alegria sem tnes- grande Santa!!!". Depois desta cla... Ah! pensei, a Santíssima Vir- ousada afirmação, ela acrescenta: gem sorriu-me, como sou f~liz ''. . "Não pensava, então, que seria [94-95]. Teresinha estava curada. · · · preciso sofrer muito para chegar à
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santidade; Nosso Senhor não tardou em me mostrar isso" [98-99]. Entretanto, segundo sua "Pequena Via", ela amava o sofrimento, pois "o próprio sofrimento tornase a maior das alegrias quando é procurado como o mais precioso tesouro" [276]. Por isso, apesar do sofrimento, ela foi sempre uma santa alegre. O Sr. Luís Martin, pai da santa e a imagem de Nossa Senhora do Sorriso
"Não era mais um olhar, mas uma fusão "
Cuidadosamente preparada por sua irmã Maria, Teresinha fez sua Primeira Comunhão aos 12 anos. Sua união com Deus já era tal, que ela comenta: "Como foi doce o primeiro beUo de Jesus à minha alma! ... Foi um befjo de amor, sentia-me amada e dizia também: 'Eu vos amo, eu me dou a Vós para sempre'. Não houve pedido, lutas, sacriflcios; desde há muito Jesus e a pobre Teresinha se haviam olhado e compreendido ... Naquele dia não era mais um olhar, mas uma fi1são; não éramos mais dois, Teresa desaparecera como a gota de água que se perde no oceano. Ficava só Jesus, Ele era o Mestre, o Rei!" [106]. Pouco depo is Santa Teresinharecebeu o sacramento do Crisma. É notável a seriedade com que, tão nova ainda, ela se preparou para recebê- lo: "Preparei-me com cuidado para receber a visita do Espírito Santo. Não compreendia que não se desse toda atenção à recepção desse Sacramento de Amo,~ [. ..} Como os apóstolos, eu esperava com júbilo a visita do Espírito Santo ... Alegrava-me o pensamento de ser, logo, cristã perfeita, e sobretudo o de ter, eternamente, sobre a .fronte, a cruz misteriosa que o Bispo faz, impondo o sacramento. [. ..} Recebi, neste dia, a força de sofrer, pois logo ia·começar o martírio de minha alma" [ 109-11 O]. A graça do Natal
Teresinha comenta que, desde a morte da mãe, tornara-se extre-
mamente meiga e sensível, chorando por qualquer motivo. No dia de Natal de 1886, ela recebeu a graça de vencer de vez essa susceptibilidade, de maneira que "desde esta noite abençoada, não fui mais
vencida em nenhum combate; ao contrário caminhava de vitória em vitória e comecei, por assim dizer, 'uma carreira de gigante'"! [129]. Como isso fala de sua santidade! Situam-se por essa época as conversas de Santa Teresinha com Cetina, no belvedere dos Buissonnets, a propósito do livro do Pe. Arminjon, Fim do mundo presente e mistérios da vida.futura. Ela conta que as duas tiveram verdadeiros êxtases durante essas conversas: "Não sei se me engano, mas parece-me que a expansão de nossas almas assemelhava-se à de Santa Mônica com seu.filho, quando, no porto de Óstia, perdiam-se
no êxtase à vista das maravilhas do Criador! ... Parece-me que recebíamos graças de uma natureza tão elevada quanto as concedidas aos grandes santos" [137-138]. "Jamais cometestes um só Pecado Mortal"
Finalmente, no dia 9 de abri l de 1888, Santa Teresinha entrou no Carmelo, com apenas 15 anos de idade. Dois meses depois, ela pôde fazer urna confissão geral com o Pe. Pichon, que era também confessor de suas irmãs. A respeito dessa confissão, ela narra: "Ficou surpreso ao ver o que Deus fazia em minha alma; disse-me que, na véspera, considerando-me rezar no coro, cria meu fervor todo infàntil, e meu caminho muito doce". No fim da confissão, "o padre disse-me estas palavras, as mais consoladoras que vieram ressoar ao ouvido de minha alma: 'Em presença de Deus, da Santíssima Virgem, e de todos os Santos, DECLARO QUE JAMAIS COMETESTES UM SÓ PECADO MORTAL'. Depois acrescentou: 'Agradecei a Nosso Senhor o que fez por vós, pois se Ele vos abandonasse, em vez de ser um anjinho, tornar-vos-leis um demoninho "' [ 192-193]. (As maiúsculas são da Santa). O cerne da "pequena via"
Santa Teresinha diz: "Compreendo muito bem que só o amor pode tornar-nos agradáveis a Deus, e este amor é o único bem que ambiciono. Jesus apraz-se em mostrar-me o caminho único que conduz a estafornalha divina. Es-
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te caminho é o abandono da criancinha que adormece, sem temo,~ nos braços de seu Pai". [236]. Nessas palavras se vê o cerne de sua "Pequena Via". Tanto mais que ela acrescenta: "A h! Se todas as almas fracas e imperfeitas sentissem o que sente a mais pequenina de todas, a alma de vossa Teresinha, nenhuma delas desesperaria de chegar ao cume da montanha do amor, já que Jesus não pede grandes ações, mas unicamente o abandono e a gratidão. [. ..} Eis tudo o que Jesus reclama de nós. Ele não tem necessidade de nossas obras, mas somente de nosso amor" [23 7].
tirio [. ..} Para satisfazer-me precisaria de todos" [244-245-246]. "Minha vocação é o AMOR!"
Procurando compreender como se realizariam todas essas "loucuras", Santa Teresinha diz que, lendo as epístolas de São Paulo, encontrou o texto: "Procurai com ardor os DONS MAIS P1'."'RFEJTOS, mas
"Sinto em minha alma a coragem de um Cruza"º···"
Num ousado voo, Santa Teresinha, formula todos os seus desejos a Nosso Senhor: "Ser tua esposa, ó Jesus, ser carmelita, ser, por minha união contigo, a mãe das almas, isto deveria bastarme... Não é assim ... Estes três privilégios, Carmelita, Esposa e Mãe são, sem dúvida, minha vocação. Entretanto, sinto em mim outras vocações. Sinto-me com a vocação de GUERREIRO, de PADRE, de APÓSTOLO, de DOUTOR, de MÁRTIR. Enfim, sinto a necessidade, o desejo de realizar por ti, Jesus, todas as obras mais heroicas .. . Sinto em minha alma a coragem de um Cruzado, de um Zuavo pontiflcio. Quisera morrer sobre um campo de batalha pela defesa da igreja". Ao falar do martírio, sua alma se eleva: "O Martírio, eis o sonho de minha juventude. [. ..} meu sonho é uma loucura, pois não me limito a desejar um gênero de mar-
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Santa Teresinha como Santa Joana d' Are em representação teatral no convento de Lisieux
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vou mostrar-vos, ainda, uma via mais excelente" (I Cor 12, 31). E o apóstolo explica como os dons mais PERFEITOS nada são sem o AMOR ... e que a Caridade é a VIA EXCELENTE que conduz, seguramente, a Deus". Exultante, Santa Teresinha exclama: "Compreendi que, se a Igreja tinha um corpo composto de d/ferentes membros, não lhe faltava o mais necessário, o mais nobre de todos. Compreendi que a Igreja tinha um Coração, e que este Coração era ARDENTE DE AMOR. Compreendi que só o Amor fazia agir os membros da Igreja, e que se o Amor viesse a se extinguir, os Apóstolos não anunciariam mais o Evangelho, os Mártires recusariam derramar seu sangue... Compreendi que o AMOR ENCERRA TODAS AS VOCAÇÕES, QUE O AMOR É TUDO, ABRAÇA TODOS OS TEMPOS E TODOS OS LUGARES. .. NUMA PALAVRA, QUE ELE É ETERNO!". Santa Teresinha afirma então, muito enfática: "No excesso de minha alegria delirante, exclamei então: ó Jesus, meu Amor: .. encontrei, enfim, minha vocação ... MINHA VOCAÇÃO É O AMOR!" E exclama: "No Coração da Igreja, minha Mãe, eu serei o Amor. .. Assim serei tudo ... assim será realizado meu sonho!!!." [246-247]. ❖ Notas: 1. Utilizamos para este artigo a edição dos Manuscritos Autobiográficos do Carmelo do Imaculado Coração de Maria e Santa Teresin ha, Cotia, SP, 1959 .. No fim de cada citação colocamos entre colchetes o número da página em que aparece . 2. Pe. José Leite, S.J., Sa ntos de Cada Dia, Editorial A.O., Braga, 1987, tomo Ili, p.111.
LINIO CORRÊA DE OLIVEIRA não nos deixou uma autobiografia. Entretanto, os traços fundamentais de sua admirável vida e obra podem ser delineados no imenso acervo de documentos que os compiladores destes relatos autobiográficos tiveram à sua disposição.
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Alguns desses documentos revelam aspectos inéditos e às vezes surpreendentes do prélio travado por ele, tanto no âmbito da Igreja quanto da sociedade temporal .
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Este livro nem de longe pretende esgotar os quase noventa anos de vida e setenta anos de militância católica desse grande batalhador.
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Com um senso da realidade que excluía qualquer ilusão, a sua atuação deve ser vista sob dois prismas diferentes. O primeiro, a denúncia profética por ele feita da
imensa conjuração progressista no interior da Igreja, que hoje atinge patamares insuspeitados.
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O segundo, o combate acérrimo e eficaz, sempre nas vias da legalidade, ao processo revolucionário que, dos séculos XIV e XV aos nossos dias, visa à completa laicização e consequente descristianização da sociedade temporal. Sua vida foi inteiramente conforme aos princípios por ele fixados em seu livro Revolução e Contra-Revolução. A luz que emana dessa obra nos ilumina constantemente ao longo desta compilação.
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Petrus Editora Ltda. R ua Visconde de Taunay, 363 - Bairro Bom Retiro CEPO 1132-000 - São Paulo-SP Fone/Fax (1 1) 3333-6716 E-mail: petru s@Iivrariapetrus.com.br Vis ite nosso site na internet: www.livrariapetrus.com.br
CAPA
ATUAÇAO ÉPICA EM PROL DA CIVILIZAÇÃO CRISTÃ NO BRASIL
.,,
A GESTA MEMORAVEL DE A
PLINIO CORREA DE OLIVEIRA Aos 20 anos do falecimento do insigne pensador e líder católico Plinio Corrêa de Oliveira, fundador da Sociedade Brasileira de Defesa da Tradição, Família e Propriedade (TFP), inspirador e alma propulsora de ' Catolicismo, como um preito de homenagem a ele, apresentamos nesta edição dados salientes das atividades exercidas por discípulos seus no Brasil e no mundo, como demonstração da continuidade e expansão de sua obra. A matéria consta inicialmente das três principais frentes de ação do Instituto Plínio Corrêa de Oliveira, cujo campo de atividade é o Brasil. Em seguida, apresenta um elenco muito sintético de atividades realizadas nas últimas duas décadas por entidades coirmãs e análogas, existentes em numerosos países dos cinco continentes.
GUILHERME MARTINS
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o Brasil, continuadores da obra do ilustre homenageado vêm agindo sob o estandarte
do Instituto Plinio Corrêa de Oliveira, associação civil de direito privado, fundada em 2006 sob a presidência de seu primo, Adolpho Lindenberg, figura de realce nos meios intelectuais e empresariais. São diversas as frentes de ação do instituto, seguindo sempre as diretrizes dadas por Dr. Plínio em sua obra-mestra Revolução e
Contra-Revolução .
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Conferências públicas sobre temas da atualidade
"Uma ação contra-revolucionária deve ter em vista, antes de tudo, detectar esses elementos [os
contra-revolucionários isolados no caos contemporâneo ],fàzer com que
se conheçam, com que se apoiem uns aos outros para a pr~fissão pública de suas convicções".2 Utilizando diferentes auditórios da capital paulista, o Instituto Plinio Corrêa de Oliveira promoveu grande número de conferências sobre diversos temas, sempre relacionados com os interesses da civilização cristã e a defesa de princípios da doutrina católica. A média de público foi de 300 pessoas, cuja atenção e participação demonstraram a avidez em conhecer assuntos - tratados com competência pelos diversos expositores - em geral "olvidados" pela grande mídia. O simples coquetel oferecido ao final foi sempre ocasião propícia para
Site www.ipco.org.br
"O verdadeiro contra-revolucionário deve tender à utilização dos melhores meios de comunicação, vencendo o estado de espírito derrotista de alguns de seus companheiros que, de antemão, abandonam a esperança de dispor deles porque os veem sempre na posse dos filhos das trevas". 3 Em plena atividade desde 201 O, o site tem servido de base não só para a divulgação das diversas atividades do Instituto , mas também para atuação direta em várias frentes: abaixo-assinados, contatos com legisladores etc. Usando os modernos meios de comunica-
animadas conversas.
A Direção de Catolicismo
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CATOLIC ISMO / www.catolicismo.com .br
catolicismo@terra.com.br / OUTUBRO 2015
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ção, a Contra-Revolução pode penetrar nas capilaridades da opinião pública, vencendo a barreira de silêncio imposta pela grande mídia, e dar voz ao Brasil profundo. Caravanas
Dr. Plínio sempre orientou a linha de conduta dos então membros da TFP (Tradição, Família e Propriedade) em campanha junto ao grande público com sábios conselhos. Os jovens voluntários do Instituto Plinio Corrêa de Oliveira, seguindo tais conselhos, costumam dedicar os meses de janeiro e julho - e por vezes alguns mais - para visitar diversas regiões de nosso país-continente. Trata-se fundamentalmente de uma ação direta sobre o "homem da rua". Os caravanistas, além de proclamarem slogans e pequenos discursos lógicos e concludentes sobre as campanhas específicas do momento - , apoiam-se também na força dos símbolos, que atraem e conquistam a atenção e a simpatia do público: becas douradas e altaneiros estandartes áureos com o brasão e o nome do Instituto; e também uma banda musical composta pelos próprios voluntários, inclusive com gaitas de fole. A fim de atrair à reflexão doutrinária e cultural o homem pragmático de nosso tempo, o instituto apresenta questões-chave da atualidade e, colocando em destaque seus aspectos ideológicos, convida o "homem da rua" a fixar sua atenção sobre eles, e a compreender até que ponto tais aspectos são fundamentais. Isto representa um estímulo constante à reflexão, constituindo uma obra cultural viva e intensa. As repercussões dessa atuação junto ao público são numerosíssimas, e demonstram à saciedade a eficácia do método. Alguns exemplos: "Estava sem esperança, não
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sabia que isso existia!"; "Que bom que vocês estão de volta! "; "O Brasil está precisando de muitos Plinios ". Causa sempre estranheza a atitude de certa mídia durante as caravanas. Diante de um acontecimento único na cidade - por vezes um simpático lugarejo, pequeno ou médio, do interior - que constitui matéria certamente proveitosa para uma reportagem, uma equipe jornalística passa indiferente, filmando o chão da praça e entrevistando borboletas ... Faz lembrar outro trecho do ensaio Revolução e Contra-Revolução: "[A Revolução}, em via de regra, é petulante, verbosa e a.feita à exibição, quando não tem adversários diante de si, ou os tem fracos. Contudo, se encontra quem a enfi,·ente com ufania e arrojo, ela se cala e organiza a campanha do silêncio". 5
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"A Contra-Revolução não é nem pode ser um movimento que combata.fantasmas. Ela tem de ser a Contra-Revolução do século,feita contra a Revolução como h~je em concreto esta existe e, pois, contra as paixões revolucionárias como hoje crepitam, contra as ideias revolucionárias como hoje se .formulam, os ambientes revolucionários como hoje se apresentam, a arte e a cultura revolucionárias como hoje são, as correntes e os homens que, em qualquer nível, são atualmente os .fautores mais ativos da Revolução. A Contra-Revolução não é, pois, um mero retrospecto dos maleficios da Revolução no passado, mas um esforço para lhe cortar o passo no presente ". 6 As três "armas" - conferências, site e caravanas - são assestadas contra os adversários do momento da civilização católica. A partir do estudo atento das arti -
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manhas da Revolução, o Instituto desenvolve campanhas para denunciar suas manobras e combater seus planos de destruição do que ainda resta de tradições cristãs. Várias foram as suas frentes de atuação em todos esses anos no Brasil. 1) PNDH-3
Para combater o insidioso Programa Nacional de Direitos Humanos-3 , emanado de um decreto presidencial às vésperas do Natal de 2009, o instituto Plinio Corrêa de Oliveira lançou a campanha dos "Cartões Amarelos aos Deputados e Senadores", pedindo o arquivamento do PNDH-3. Ela consistia no envio maciço de e-mails aos parlamentares, denunciando a meta velada de sovieti zação do Brasil , juntamente com a implantação de uma verdadeira perseguição religiosa, sob o pretexto de direitos humanos. Em julho de 2010, saía às ruas a Caravana Terra de Santa Cruz, com 36 jovens caravanistas recolhendo assinaturas nos "Cartões Amarelos" pelo interior do estado de São Paulo. No mês seguinte, foi promovida uma concorrida conferência sob o titulo "As ameaças do PNDJ-1.-3 continuam ". E em outubro, o site do instituto denunciava: "Quatro organismos ligados à CNBB estão de mãos dadas com 125 organizações do movimento homossexual, com conhecidas organizações pró-aborto e com o MST para exigir a 'integralidade e implementação do PNDH-3 '". Vários blogs e sites católicos noticiaram a campanha. A CNBB viu-se obrigada a retirar o nome de tTês de seus órgãos da lista subversiva. Em janeiro de 2011 , nova fase da Caravana percorreu sete dos nove estados do Nordeste brasileiro, continuando adi fu ão dos "Cartões
Amarelos" (foto). Oposições vindas dos movimentos pró-homossexualismo acusaram o golpe, e deram azo a repercussões na mídia internacional. No mesmo mês, o governo destituiu o principal promotor do PNDH-3 , ministro Paulo Vanucchi. O Programa foi caindo no descrédito e acabou sendo arquivado.
2) Campanha contra a "Lei da homofobia"
O PLC 122/2006, chamado de "Lei da Homofobia", foi posto em votação no início de 2011. O objetivo inconfessado era oficializar a perseguição religiosa sobre todos os que se manifestassem, ainda que pacificamente, contra a prática homossexual. Voluntários do Instituto Plínio Corrêa de Oliveira residentes em Brasília seguiram toda a tramitação no Senado Federal. O instituto montou então um sistema rápido e fácil de envio de e-mails aos senadores, e logo o público apoiou a iniciativa, chegando a expedir mais de três milhões de e-mails. Cada senador recebeu por volta de 45 mil e-mails! Um dos senadores fez eco à iniciativa, em discurso no plenário: "Eu faço registro, com muita alegria, da omis-
são católica, que está neste debate juntamente conosco: o Instituto Plinio Corrêa de Oliveira protocolou na presidência da Casa 3.449.376 e-mails, nas últimas horas, contra oPLC 122 ". No mês de junho daquele ano, o Instituto organizou em Brasília uma semana intensiva de campanhas de divulgação do manifesto "10 razões para se rej eitar a 'lei da hom~fobia " '. Em seguida, com um gigantesco cartaz e vários estandartes, paiticipou da grande manifestação (cerca de 70 mil pessoas) realizada na Esplanada dos Ministérios. Depois de várias idas e vindas tentando driblar as reações da população, o projeto foi arquivado em 2014. 3) Campanha contra projeto de Novo Código Penal
Um projeto de Novo Código Penal, elaborado por uma comissão especial constituída pelo Senado, veio à tona carregado com todos os fantasmas do PNDH-3. Em maio de 2013 sai a lume, lançado pelo Instituto, o livro Código Penal: Código de morte prestes a desabar sobre a cabeça dos brasileiros, de autoria do Dr. Gilber-
to Callado de Oliveira, Procurador de Justiça, professor e escritor. Sua difusão contribuiu para a radical modificação do projeto pelo Senado, na figura de um substitutivo que continua em tramitação. Grupos de colaboradores do Instituto acompanharam as várias sessões de debate do projeto, tanto no Congresso Nacional quanto em audiências públicas nas principais capitais do País. Essa presença foi registrada por diversos órgãos de imprensa. Foi também promovida uma intensa campanha, nas ruas e via internet. As assinaturas foram novamente encadernadas e protocoladas na presidência do Senado, e também repercutiram no plenário da Casa. No mês de dezembro do mesmo ano, foi aprovado no Senado o mencionado projeto substitutivo, sendo retiradas as menções à homofobia e à extensão do aborto. O instituto continua em estado de alerta, pois a tramitação ainda não se encerrou . 4) Cruzada pela Família
É evidente em nossos dias a existência de um movimento internacional visando à transformação das mentalidades no que diz respeito à prática do homossexualismo, cuja aceitação vai subvertendo profundamente o verdadeiro conceito de família. Em face disso, o Instituto Plinio Corrêa de Oliveira iniciou uma campanha para prover o público com material de fácil leih1ra, bem documentado e denso, que ajudasse a defender os meios familiares , sociais e profissionais, da intensa propaganda da agenda homossexual. Em janeiro de 2012, a Caravana Cruzada pela Familia percorreu a Região Sudeste, difundindo os opúsculos Homem e Mulher Deus os Criou - As relações ho-
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mossexuais à luz da doutrina católica, da Lei natural e da ciência médica; e o Catecismo contra o Aborto - Por que devo defender a vida humana inocente, ambos de autoria do conceituado sacerdote católico Pe. David Francisquini, com a colaboração de outros especialistas. Mais de dez mil exemplares foram divulgados. No início de 2013, nova atuação da Cruzada p ela Família, desta vez no sul do País. Os defensores da agenda homossexual não conseguiram esconder seu ódio contra aqueles que, pacificamente, desvendavam seus planos, e chegaram mesmo à agressão física, no conhecido episódio em uma praça de Curitiba, cujo relato repercutiu por todo o Brasil e até no exterior. 5) Contra a blasfêmia - Peças teatrais e Bienal
No pnme1ro semestre de 2014, entrou em cartaz num teatro na capital paulista a peça blasfema Jesus Cristo Superstar, favorecida pelo Ministério da Cultura. Nela, era gravemente ultrajada a honra de Nosso Senhor Jesus Cristo, apresentado como amante de Santa Maria Madalena. O Instituto Plinio Corrêa de Oliveira promoveu várias manifestações de repúdio em frente ao teatro, culminando num grande ato de reparação realizado na SextaFeira Santa. Além disso, durante alguns meses, organizou campanhas de rua na capital paulista, com a distribuição de um manifesto; e também um convite aos motoristas - sempre muito bem recebido - para "buzinaços" contra a peça. O empreendimento teatral foi tão deficitário, que a companhia desistiu de colocar em cartaz uma segunda peça, já programada. Enquanto isso, nos Estados Unidos , a tournée de Jesus Christ Su-
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perstar, agendada para 50 cidades, também foi cancelada. No segundo semestre, nova onda de blasfêmias, agora na 31ª Bienal de Artes de São Paulo. Nova atuação do instituto junto ao público nas ruas da cidade e também pela internet. Resultado: "exposição fi-acativa ", foi o qualificativo empregado pelo diário "O Estado de São Paulo".
nhamento dos trâmites legislativos tanto na Assembleia do estado quanto na Câmara de Vereadores. Nesta última, a Ideologia de Gênero sofreu sucessivas derrotas, até ser definitivamente extirpada do plano municipal. Continua, entretanto, a ameaça na área estadual. Os voluntários do instituto permanecem em estado de alerta, comparecendo a todas as sessões públicas, engrossando e animando as fileiras dos defensores da família.
6) Contra a Psicose Ambientalista
8) Manifestações contra a esquerdização do Brasil
No segundo semestTe de 2012, o Instituto lançou o livro Psicose
Ambientalista - Os bastidores do ecoterrorismo para implantar uma "Religião" Ecológica, igualitária e anticristã, de autoria do Príncipe Dom Bertrand de Orléans e Bragança (foto abaixo). Nele, são denunciados o plano revolucionário de comunistização da sociedade através das falácias "verdes" e o esgueirar-se de uma nova "religião" de cunho tribalista. Novas campanhas da Caravana Terra de Santa Cruz percorrem o Brasil , e chegam às fronteiras com o Peru. No estado do Acre, a caravana visitou a cidade de Xapuri, considerada a "capital internacional do ambientalismo". Os
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caravanistas constatam o grande blu.ff propagandístico : a população do próprio centro de irradiação da revolução verde não a acompanha! O livro já está em sua quarta edição, com importantes repercussões na opinião pública e na mídia. 7) Combate à Ideologia de Gênero
vel federa l, manobras legislativas transferiram para as esferas estadual e municipal a implantação da nefasta doutrina. Multiplicou-se então a luta, reali zada nas capilaridades. Pelo Brasil inteiro, levantaram-se vigorosas reações do público (foto embaixo, em Curitiba).
Mais um item da agenda feminista e homossex ual internacional veio a público no Brasil no ano de 2015: a tentativa de implantar, nos planos oficiais de educação, o ensino da famigerada Ideologia de Gênero. Apesar da rejeição em ní-
E m seu site, o instituto Plinio Corrêa de Oliveira foi acompanhando o desenrol ar do combate, al ertando os desavisados e comemorando as vitórias à med ida que ela iam ocorrendo. Dada a infl uência da cid ade de São Paulo sob re o País, tem sido de grande importância o aca mpa-
"A grandeza que a Contra-Revolução des~ja para todos os países só é e só pode ser uma: a grandeza cristã, que implica na preservação dos valores p eculiares a cada um, e no convíviofi-aterno entre todos" .7 A condução do Brasil para um rumo oposto aos princípios cristãos que o fundaram gerou na opinião pública brasileira um descontentamento que foi crescendo com a revelação dos vários desmandos de um governo esquerdista. As manifestações multitudinárias que estouraram por todo o território nac ional mostraram um público reativo, preocupado com a comunistização do País e disposto a opor-lhe a barreira de sua indignação. O Jnstituto Plinio Corrêa de Oliveira, com sua atuação incansável, denunciou sempre os passos desse processo de destruição da civilização cristã em nossa pátria e marcou presença nas manifestações, apoiando seu caráter pacífico e ordeiro, mas enérgico e antissocialista. 9) Filial Súplica
"Se a Revolução é o contrário da lgreja, é impossível odiar a Revolução e combatê-la, sem ipso
fàcto ter por ideal a exaltação da igreja". 8 Tendo o Instituto Plinio Corrêa de Oliveira se associado à campanha internacional Filial Súplica ao Papa Francisco sobre o Futuro da Familia, as duas últimas atuações da Caravana Cruzada pela Familia, do Instituto - janeiro e julho de 2015 - recolheram assinaturas em vários estados brasileiros. Somando-se à ação de seus simpatizantes nas próprias cidades dw-ante os outros meses, um total aproximado de 80 mil firmas foi enviado à coordenação central da Campanha. Esse esforço na coleta de assinaturas para a Filial Súplica reúne uma coalizão de 47 associações, que decidiu lançar o abaixo-assinado pedindo ao Papa que reafirme de modo inequívoco o ensinamento imutável da Igreja sobre o matrimônio e a família. Até o fechamento desta matéria, a petição tinha ultrapassado a cifra de 635 mil assinaturas, provenientes de J 46 países. Co laboradores do instituto Plinio Corrêa de Oliveira e de entidades coirmãs de TFPs de fora do Brasil visitaram vários países com o objetivo de travar contato com prelados a respeito da Filial Súplica e do Sínodo Ordinário da Família: Filipinas, Guatemala, Índia, Camarões, Gabão, Madagascar, Moçambique, República do Congo , República Democrática do Congo (antigo Congo Belga) e Tanzânia. Notas: 1. Plínio Corrêa de Oliveira, Revolução e Contra-Revolução, 4 ª ed. Artpress, São Paulo. 2. Op. cit., p.101. 3. Op. cit., p.107. 4 . Estilo, "Folha de S. Paulo", 24-9-1969. 5. Revolução e Contra-Revolução, p.104. 6. Op. cit., p.91. 7. Op. cit., p.134. 8. Op. cit., p.138.
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TFP NORTE-AMERICANA PERPETUA A OBRA DE PLINIO CORRÊA DE OLIVEIRA BEN BROUSSARD
A
TFP ameri ca na lamenta o fa lec imento do Prof. Plíni o Corrêa de O li veira, ocorrido em 3 de outubro de 1995. No entanto, as palavras e as obras do em inente líder da Contra-Revo lu ção, como ta mbém seu brilhante exemplo de varão ca tó li co e homem de ação, continuam a inspirar o trabalho da organ ização nos Estados Unidos. Nas duas décadas qu e nos separam dessa data, uma nova geração se juntou às nossas fileiras , ansio a de levar adi ante sua luta pela civili zação cristã . A eguir, a lguns exemp los da lista cada vez ma ior de nossas atividades.
co lorida (de 8x l0 cm) da Imagem Peregrina Internacional de Nossa Senhora de Fátima que chorou milagrosamente em Nova Orleans em 1972. Visitas de Fátima às famílias
A partir de 1995, duplas de
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Mãe de Deus e abertura em relação à Mensagem de Fátima. Cada ano, mais de 2.500 lares são visitados, mantendo-se contato com centenas de milhares de pessoas para difundir a devoção à Santíssima Virgem no País. Mais recentemente, a TFP norte-americana está promovendo peregrinações com a imagem de Nossa Senhora de Fátima na vizinha e imensa nação canadense. E os primeiros resultados obtidos são muito promissores para o conhecimento da difusão da Mensagem de Fátima.
Formando novos membros contrarrevolucionários
E m 2003 , a TFP americana fundou o Instituto Sedes Sapientiae, atrai ndo jovens de todas as partes do País à sua sede na Pensilvânia, para participar de um programa de três anos, de nível universitário, estudando História, F il osofia, doutrina social católica, apo logética e princípios contidos no livro Revolução e Contra-Revolução. Toda segunda-fe ira eles têm ocas ião de levar o combate contrarrevo luc ionário às universidades, esclarecendo estudantes sobre questões-chave da atualidade.
Protestando contra blasfêmias para defen-
der a honra de Deus
Conquistando o coração e a alma dos EUA para Maria
A campan ha America Needs Fatima - ANF (A América prec isa de Fátima) continua sendo o maior apostolado da TFP americana. Ini c iada na década de 1980 com o objetivo de conquistar o País para Nossa Senhora através da disseminação da M ensagem de Fátima, desde então foram distri buídos mai s de lO milh ões de fo lhetos inti tu lados "O lhe em Seus o lhos e deixe-A olhar nos seus". A ANF também enviou aos lares católi cos nos EUA dezenas de mi lh ões de kits denom in ados "Mari a em todo lar", contendo uma foto
ricana, este internato para meninos foi fundado em 1995 com o objetivo de transformar rapazes em líderes cató li cos. Recebendo sólida formação acadêm ica focada na cu ltura e civilização católicas, os alunos aprendem a refutar erros modernos de todo tipo. Com a ajuda da Providênc ia Divina, a escola, pequena de início, tem crescido constanteme nte. Com a conclusão de novas salas de aul a em 2012, a Academia São Luís de Montfort pode agora acomodar 40 alunos.
membros da TFP começaram a viajar pe lo País levando uma réplica da imagem Peregrina de Nossa Senhora de Fátima a milhares de fa mílias cató li cas. O programa das Visitas de Fá tima aos Lares, que têm a duração de duas horas, fo i muito bem sucedido em todas as reg iões do País. Pessoas de todas a classes soc ia is, muitas provinda s de diferentes lugares do pl aneta , têm mostrado gra nde devoção à
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E mbora seu primeiro protesto anti-blasfêmia tenha se realizado em 1978, nos últimos 20 anos a TFP americana e sua campanha " A América precisa de Fátima" se transformou na maior rede anti blasfêm ia dos Estados Uni dos. Protestos locali zados contra exposições de "arte", peças de teatro e filmes blasfemos ocorrem regu larmente em tod as as partes da nação. Protestos por e-mail contra promotores de bl asfêmias públicas dão ocasião a milhares de americanos de juntar-se à opos ição. Desde os protestos de 2006 contra o Código Da Vinci em mais de 2000 salas de cinema, aos de setembro de 2014 contra a celebração de uma missa negra satânica em Oklaho-
Ação Estudantil da TFP americana
ma, os norte-americanos têm se manifestado continu amente contra ta is afrontas a Nosso Senhor e à sua Igreja. Rogando a Deus para ter misericórdia dos EUA
Os 2. l 79 rosários públicos celebrados em todo o País no di a 13 de outubro de 2007, 90° ani versário do Mil agre do Sol, em Fátima, marcaram o iníc io dos Rosários em praça púb lica anu ais, gera lmente rea lizados no sábado ma is próximo ao dia 13 de outubro. Na
ocasião, católicos se reúnem para reza r o rosário publicamente e pedir graças para a urge nte conversão dos Estados Un idos. Voluntários passam meses a fio te lefonando e organizando esses eventos nos 50 estados do País. A participação tem cresc ido a cada ano, tendo em 20 14 s ido rea li zados 12.629 rosários em praça pública. A meta para o utub ro de 2015 é de 14.000. Academia São Luís de Montfort
Co m seu corpo docente formado por membros da TFP a me-
Finalmente, o trabalho da Ação Estudantil da TFP destina-se a co ntatar jovens em toda a nação, encorajando-os a defender os va lores morais. Caravanas têm viajado por todos os estados, abordando assuntos candentes. Os jovens voluntários da TFP distribuíram milhares de exemp lares do folheto intitulado 1O razões pelas quais o 'casamento ' homossexual é prejudicial e deve ser combatido. O site tfpstudentaction.org pennite que milhares de americanos de todas as idades protestem contra ataques à morali dade em campi
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universitários. Vídeos postados na
ATIVIDADES DA CONTRA-REVOLUÇÃO NO VELHO CONTINENTE
web têm-se mostrado muito populares e compartilhados por inúmeras pessoas. A ação desses jovens voluntários, imbuídos do espírito cató li co, a exemplo de Dr. Plínio, constitui pod erosa influência para incentivar os bons a contin uarem o combate contra os m ales contemporâneos.
ATÍLIO FAORO E RENATO MURTA DE VASCONCELOS
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m rápidas pinceladas, segue um e lenco de atividades que reve lam a ex pansão dos idea is defe ndidos por Plínio Corrêa de O live ira e m vários países da Europa.
Lutando pelo casamento como Deus o estabeleceu
A partir de 2003 , segu indo-se ao veredicto da Suprema Corte dos Estados Unidos no caso Lawrence x Texas, a TFP americana efetuou vigorosa campanha em todo o País para defender o casamento tal co mo Deus o estabeleceu (foto à dir.). A partir de 2004, publicou o liv ro Defendendo uma Lei Supe-
rior: Por que devemos resistir ao casamento de pessoas do mesmo sexo ao Movimento homossexual, que se tornou a espinha dorsal da campanha. A partir de março de 20 14, a TFP america na deu início aos R osá ri os Públicos de São José, em defesa do casamento tradicional. No dia 13 de junho de 20 15, somente duas semanas antes da catastrófica impos ição pela Suprema Corte dos EUA do "casamento" homossexual ao País, o número desses rosários cresceu para 3.258. Apesar da absurda decisão contrária da Suprema Co rte, e m 26 de junho de 2015, a Guerra Cultural a respeito do casamento continua, e a TFP norte-americana é parte muito importante del a.
Assim, ele estabeleceu em 1986 uma Comissão de Estudos A mericanos, na esperança de que um dia, quando a crise batesse às portas para va ler, a Comissão estivesse habi litada para oferecer sérias análises e so luções baseadas na doutrina cató li ca. Após consideráveis dificuldades, a Divina Providê ncia abençoou esse esforço com frutos abundantes. A 26 de jane iro de 2013 , a TFP americana la nço u o livro Retorno à Ordem: de uma
economia frenética a uma sociedade orgânica cristã - Por onde andamos, como aqui chegamos, e para onde devemos rumar. A inovadora obra de 400 págin as, es-
Para os Estados Unidos voltarem à ordem
O Prof. P líni o Corrêa de O li veira externou sua apreensão co m a eve ntualidade de que os Estados Unidos e os de ma is países do Ocidente viessem a passar por um co lapso econômico e fin ance iro .
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crita pelo vice-presidente da TFP, John Horvat 11 (foto abaixo), está e m consonância com esses estudos. E constitui a espin ha dorsa l de uma nova campa nh a destinada a esclarecer os espíritos, de modo a afasta r os Es tados Unidos da " intemperança frenética" que se e ncontra na raiz dos atua is probl emas econômicos e levar a Nação de volta ao p lano qu e D e us tem para e la. Co loca ndo a ca mpanha nas mãos de Nossa Se nhora , os me mbros da TF P têm traba lhado in cansave lm ente para promover o livro e seus princíp ios. A segunda edição está e m circul ação, e m fo rmato de capa dura e de brochu ra, e também em e-book, alé m de um li vro-áud io. No mome nto em que escreve mos, j á se escoaram mais de 66.000 exemp lares da obra.
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In spirado na grande confiança que o Prof. Plíni o Corrêa de O li veira devotava a N ossa Senh ora de Fátima, a TFP amer icana tem levado a cabo o seu co mbate co m a profunda convicção de que ass im trabalha para apressa r o grand e triunfo do Re in o de Se u Sa pi enc ial e Imacu lado oração.
ALEMANHA
Begegnung mil Plinio Corrêa de Oliveira - Katholischer Streiter in stuermischer Zeit (Encontro com P lí nio Co rrêa de Oliveira - Paladino cató li co e m tempos turbu lentos) é o título de uma nova obra so bre o líde r cató li co bras il eiro, lançada e m Fra nkfurt, no mês de jane iro deste a no. O autor, Mathias von Gersdorff, p res idente da TFP da A lema nh a, tem rece bido muitos louvores de a utoridades ec les iásticas e civ is alemãs e estra nge iras. Uma de las, o Ca rdea l Ray mond Burke, apo nta o Prof. P líni o co mo fi gura exemp lar a ser seguida em me io ao caos contemporâneo.
Revolução e Contra-Revolução, obra-prima de Plínio orrêa de O liveira, alcançou també m uma segunda edi ção na A lemanha. O livro co ntou também com recentes ed ições na Áustria, Hungria, Lituâni a, Estô ni a e Rússia. A edição em russo, está obtendo também óti ma difusão on-line, por meio do site: http://www. pliniocorreadeol iveira. info/ RU RCR/ru 000indicc.htm No mês de março a DV CK
(Deutsche Vereinigung .fi"ir eine Chri ·tliche Kultur e. V.) - cntida-
de co-irmã da TFP a lemã - parti c ipou pela terceira vez consecuti va da Feira [nternaciona l do Livro de Leipz ig. Ao longo de 2015, representantes da TFP e da DYCK estivera m presentes em manifestações de protesto em Stuttgart contra a introdução do e nsino da teoria de gênero nas esco las publicas. E m duas ocas iões, Mathi as von Gersdorff di sc urso u para os milha res de manifestantes reunidos na imensa Schl ossplatz, no centro da c idade. E m fins de agosto e inici o de sete mbro a TFP a le mã organizo u, junta mente com o Instituto pro-
mundo, para difundir o pensamento de P línio Correa de Oliveira e outras obras de conteúdo contra-revo1ucionário.
Civilização Cristã da Lituânia, o
ÁUSTRIA
e nvio de uma delegação inte rnacional de membros da TFP de diversos países para manter contatos com persona lid ades e organizações a nti co muni stas do simpático país bá lti co. E m meados de outubro - como acontece ininterruptamente todos os anos desde 1994 - a TFP, juntamente co m a DVCK, participa da Frankforter Buchmesse, a Feira do Livro de Fra nkfurt, a maior do
A TFP austríaca empreendeu dois grandes lançamentos públicos. O primeiro foi do livro Nobreza e
elites tradicionais análogas nas alocuções d€! Pio XII ao Patriciado e à Nobreza romana, e o segundo de Revolução e Contra-Revolução, ambos de autoria do Prof. Plínio Corrêa de O li veira. E m 20 13 , na cidade de Wiener N e ustadt, um c rucifixo blasfemo fo i exposto numa antiga igre-
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Foi 1mpen oso então abrir um escritório de representação de TFPs do Velho Mundo na capital be lga . O escritó ri o de Bruxelas da Federação Pro Europa Christiana (FPEC), diri gido pelo Duque Paul de Oldenburg, funciona numa casa a 300 metros da Comi ssão E uropeia e a 500 metros do Parlamento E uropeu (foto abaixo). O primeiro objetivo da instalação é ter uma presença visível e ativa no próprio centro onde se organ iza o proj eto anticristão. Neste sentido a FPEC tem feito intervenções, ap resentando projetos a lternativos para deter iniciativas ja transformada em museu. A TFP austríaca promoveu uma campanha de desagravo com grande repercu ssão nac ional, e coletou mais de nove mil protestos online. E m 2014 e 2015, na Áustria, como também na Hungria e Croácia, foram realizados Seminários sobre a obra Revolução e Contra-Revolução com a participação de jovens dos respectivos os países. Cerca de 7.000 exemplares do catecismo Vorrangige Option für die Familie - 100 Fragen und l 00 Antworten im Zusammenhang mit der Synode, sobre a fam ília e o sínodo, foram di stribuídos a todos os bispos da Áustria, bem co rno a grande núme ro de párocos e sacerdotes. A TFP também colheu 620 ass inaturas pela internet e 390 em listas, de adesão à Filial Súplica ao Papa. Cerca de 8.000 pessoas de toda a Áustria se correspondem de forma regular com a TFP austríaca, da qual recebem livros sobre doutrina social e religiosa, devocionários, medalhas, terços e escapulários. Também mantém contatos freq uentes com diversas orga ni zações conservadoras, dentro e fora do país.
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BÉLGICA As forças mundiais empen hadas no que elas próprias chamam " a desconstrução" do modo ocidental de vida, baseado na vigência das suas tradições espirituais e cul turais, são muito poderosas em Bruxelas, onde se situa o cenlro político da atual co nstrução europeia. Este projeto político europeu apa rece hoj e prisioneiro de um conluio anticristão. E, por isso, a imensa maioria das leis anti famí li a que são aprovadas pelos países membros da UE o são para se conformar com as imposições de Bruxelas.
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na Holanda, que já adotou o leão criado pelo Prof. Plínio Corrêa de Oliveira como se u símbolo. E, aos poucos, será o símbolo da futma TFP holandesa.
ESTÔNIA
imorais como, por exemplo, as das manipulações genéticas. Há cerca de h"ês anos a FPEC propôs às autoridades comunitári as a criação de um dia contra a Cristiano.fobia, uma proposta que adquire hoj e urna dramática atualidade. A FPEC oferece as suas insta lações a todos os políticos e movimentos cujas finalidades são compatíveis com as dela e que pretendem influenciar as autoridades comunitárias. Outra das importantes atuações da FPEC foi a organização de reuni ões mensais proferidas por especialistas do mais alto níve l, como o Prof. Roberto de Mattei, o Prof. A lexandre dei Valle, a jornalista Jeanne Smits. A casa recebe entre 80 e 100 ass istentes da alta sociedade belga, do mundo político, acadêm ico e diplomático. As reuni ões se tornaram uma refe rência na vida de Bruxelas: A par destas atividades diretamente li gadas à sua fina lidade de representação política, a FP EC tem estabelecido uma íntima relação com os movimentos de juventude belgas, que são muito ativos e participado de diversas mani festações. Para além desta presença na
Bélgica, a FPEC tem atuado também como um centro de irradiação contra-revolucionári a em todo o Benelux: Ho landa, Bélgica e Luxe mburgo. Assim, e la planificou e realizou urna importante demonstração contra o aborto em L uxemburgo, a qual alcançou imensa repercussão. Nessa mesma condição de foco co ntra-revolucionário no Benelux, a partir de Bruxelas, fo i criada a nascente Civitas Christiana ,
O recém-nascido grupo contra-revolucionário esto niano Associação de Def esa da Família e da Tradição obteve, em breve lapso de tempo, a adesão de 4% da população do país co ntra a lei do chamado "casamento homossexua l". O abaixo-ass inado fo i protocolado junto à presidência da Câmara de Deputados. Devido ao sucesso da ca mpanha, a assoc iação recebeu da Fundação Aadu Luukas seu prêmio anual , o mais prestigioso e bem remun erado do país.
FRANÇA A entidade francesa Droit de Na'itre (D ire ito de Nascer) - polo de referência em toda a E uropa no combate à prática do aborto participou no dia l 7 de outubro de 2009, em Madri, da maio r ma-
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nifestação pública j á realizada na capital espanhola. Os jornais registraram mais de um milhão de meio de participantes, que pediam a revogação da le i, medi ante a qual o ex-governo do socialista José Luis Rodriguez Zapatero legali zou o crime do aborto. Georges Martin, representante de Droit de Naí.tre, discursou diante desse enorme público de católicos conservadores contrários ao aborto, seguido por outro orador, que representava associações pró-vida do Brasil. A imprensa publicou artigos sobre Droit de Naí.tre; e seu pres idente, Modesto Fernández, foi
te aproximadamente duas mil pessoas, durante a Marcha pela Vida de 2012. Juntamente com a Federação Pró-Europa Cristã - representada pelo Duque Paul de Oldenburg, que discursou para um auditório de mais de 800 pessoas - Droit de Naítre, amigos poloneses e italianos pmticiparam do Congresso Mundial das Familias, reunido em Madri de 25 a 27 de maio de 20 12. Em 2012 e 2013, Droit de Naítre participou em Roma da Marcha pela Vida, tendo seu delegado geral, Marc Balestrieri, representado a associação em 20 12,
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Flash Actualltés nº 91
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Pourquoi l'opinion familiale a-t-elle perdu la bataille contre la loi Taubira ?
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l!il~i;INltMtlll'IIII • ln fMllUO soton te 1>1110 de Dteu repow d'11bord
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entrev istado pelo jornal madrilense "EI País". Com três dias de . duração e mais de l .500 partic ipantes, rea lizou-se em Zaragoza (Espanha), algumas semanas depoi s, o IV Congresso Mundial Pró-Vida. Droit de Naí.tre esteve presente, e seu representante teve ocasião de explicar as origens da entidade e quais os métodos por ela empregados para divulgar sua mensagem contra o aborto na França. Em Lisboa, dois membros de Droit de Naítre discursaram peran-
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Fl11sh Acllk111t4's octobfe 201 3 • Slte-s do slgM\en'IGnl IIU MlnlstOl'e dQ l1nt♦1 leur
• Protestei dlroctement 11upi ts
dos chtltnts
• Pour ~ 1>1ahldl • d'Unt p\lbtk:ltG chc:IQUMltO
e o jovem Anthony Burckhardt em 20 13. Ainda em fevereiro de 20 13, Droit de Naí.tre foi convidada a falar num congresso em Palermo, juntamente com um representante da TFP italiana. A imprensa francesa publicou notícias sobre a presença de Droit de Naitre nas march as contra o aborto rea li zadas na Polônia e em Roma. Em 2009, Droit de Na'itre promoveu reuniões para seus aderentes em Paris e organi zou uma viagem a Lourdes, para depositar a Vela pela
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Vida junto à imagem de Nossa Senhora. Em Amsterdã, participou do Congresso Mundial pela Família e de uma Marcha pela Vida. Marcou presença também na famosa March for L!fe em Washington e da Marche pour la Vie de Bruxelas. Na França, a associação Avenir de la Culture parti cipou de manifestações contra o "casamento" homossexual. Na de 2014, seus membros portaram uma faixa com di zeres do Catecismo da Igreja Católi ca sobre o tema. Rea li zam-se periodicamente conferências promovidas por Avenir de la Culture em sua sede em Paris, ass im como no Cháteau Jag lu , próximo de C hartres e na sede Notre Dame de la Clariere, em C reutzwald, na F rança, onde, além das conferências, são promovidos si mpósios para jovens de di versas nações europeias, além de cursos regulares. Em abril de 20 12 fo i dado mai s um grande passo quanto à formação contra-revolucionária de jovens: a fundação, em Creutzwald, a poucos passos da Alemanha, do Jnslitu/o Europeu de Ciências Sociais - lESS, na sigla em francês - , registrndo pelo governo local. Sua inauguração contou com a presença do Cardeal Walter Brandmüller e de di versas personalidades da região.
HOLAN DA
A assoc iação Civitas Christiana vem atuando em defesa das tradições ameaçadas no país, bem como na difu são de devoções católicas. Ela o empreende por meio de cam panha de mala direta, co m muito bons res ul tados.
HUNGRIA
Com imprimatur do Primaz da Hungri a, Cardeal Dom Péter Erdõ,
Arceb ispo de Esztergom-Budapest, em 2003 fo i editado o livro As Aparições e a Men agem de Fátima, do E ng. Antônio Augusto Borelli Machado. Em dezembro de 2012, veio a lume a edi ção hún gara do li vro Revolução e Contra-Revolução, a obra-mestra de Plínio Corrêa de Oliveira. Na festa da Im aculada Conceição de 20 14, seis jovens contra-revo lucionários húngaros se consagrara m a Nossa Senhora, pelo método de S. Luís Grignon de Montfort. Em 20 14 fora m organi zados quatro simpósios em Budapeste, bem como reuniões em cidades como Pécs, Sümeg, Veszprém sobre temas de teor contra-revolucionário. Participaram cerca de 150 jovens, universitários na sua maioria. Atua lmente reunidos m torno da Magyar A lapitvány a Keresztény Civilizációérl (Fundação Húngara por uma C ivilização Cri stã), com sede em Budapeste e muita presen-
ça na Internet, os j ovens organizaram dois rosários públicos: um contra a lega lização do "casamento" homossexual, e outro pelos cristãos perseguidos na Síria . Eles também co letaram numerosas assinaturas para a Filial Súplica ao Papa F rancisco, a qual foi veiculada em seu site em húngaro http://tiszte letteljeskerelem.org
ITÁLIA
A assoc iação Luci sull 'Est promove reuniões regul ares para ami gos e correspondentes em suas sedes de Roma , Milão e Palermo, sobre diversos ternas concernentes à Co ntra-Revo lução na Itália. Luci sull 'Est participou em Moscou de congresso sobre as aparições de Fatima e lançou as seguintes obras em ru sso : Fátima: Mensagem de tragédia ou de esperança ? e, 50 Perguntas e respostas sobre o aborto. O li vro Inocência primeva e a contemplação sacra/ do universo
no pensamento de Plinio Corrêa de Oliveira, foi tema de diversas conferências organizadas pela TFP italiana em várias cidades do país. Foi publicado neste ano o livro Teologia da Libertação: um salva-vidas de chumbo para os pobres, de autoria de Julio Loredo, pres idente da TFP italiana. Foram organizados lançamentos em diversas cidades italianas e a obra vem tendo expressiva reperc ussão . As publicações "Tradi zione Famiglia Proprietà", "SOS Ragazzi", "Spunti" e "Voglio Vivere" são envi adas para todas as regiões da Itália. Os membros dessas entidades sempre participam das "Marchas pela Vida" rea li zadas em Roma e .em Palermo. Luci su/1 'Est promove peregrinações com a imagem de Nos'sa Senhora de Fatima de norte a sul da Itália. Multidões acorrem para venerá-la. As autoridades locais muitas vezes comparecem e diversos jornais noticiam o evento. Em algumas ocasiões, tais peregri -
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POLÔNIA
nações se es tenderam a países do leste europeu, co m caravanas rea1izadas na Romêni a, Es lováqui a, Ucrâni a e L ih1âni a. A TFP ita li ana tem promovido vári as campanhas. Uma das ma is recentes reali zou-se co ntra um ato blasfe mo ( indescritíve l) perpetrado por mulh eres do g rupo "Femen" na Praça de São Pedro.
Nas campa nhas promovid as pe la TF P polonesa, as cifras são impressio nantes. Em 2011 , 120 mil ass inaturas contra a retirada do Cruc ifixo da Asse mbl eia Leg islativa; em 20 13, 120 mil assinahiras contra o projeto de lei de uni ão homossex ual; em 20 14, 16 mil protestos contra o prosseguimento de projetos que fa voreceri am a agenda do mov imento homossexual no pa ís. A TFP po lonesa publica as rev istas bimestra is "A li ança co m M ari a" (270 mil exe mplares), e "Polo ni a C hri sti ana" (24 mil exe mplares). De 2008 a 20 14 a entidade efetuou mais de 5.400.000 envi os, obtendo mais de 1. 100.000 respostas. Em 2008, em Varsóv ia - onde a TF P co nta com uma nova sede
LITUÂNIA
Em outubro de 1989 o frê mito de descontentamento que percorria os pa íses da Cortina de Ferro teve como primeiro efeito a derrubada do Muro de Berlim. Era o início de uma ava lanche inconteníve l que iri a levar de roldão o impéri o soviético. Passo importante, dec isivo mesmo para o desmoronamento do colosso sovi ético, deu o Pa rl amento lituano no di a l l de março de 1990, ao declarar a independência de seu país face aos tiranos de Moscou. Essa declaração de independência da L ituân ia, por fa lta de apoio do Ocidente, corria sério ri sco de tornar-se um ato vão. Neste panora ma sombrio para a L ituânia, por iniciati va do Prof. Plínio Corrêa de Olive ira, a TFP bras ileira saiu às ruas para co letar assinaturas de apoio à sua independência. Logo se lhe juntaram as demais TFPs ex istentes nos cinco continentes. Em pouco mais de três meses, elas co letara m mais de 5.200.000 ass inaturas em 26 países, no maior abaixo-ass inado da H istóri a. Na ocasião, tanto o cardea l Sladkevic ius quanto o pres idente La ndsbergis da L ituânia pedi ram aos membros das TFPs que não se esquecessem de seu país. O ca rdeal chegou mesmo a mani festa r o desejo de que se fund asse uma TFP na Lituânia. Atendendo a ped idos de personalidades li h1anas, as TFPs passa-
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- , a Fundação Pe. Piotr Skarga
ram a envi ar desde 1993 uma delegação que visita todos os anos esse país na última semana de agosto e na prime ira semana de setembro. Em 201 5, a delegação internac ional de TFPs esteve na Lituânia de 26 de agosto a 3 de setembro. O pensamento de Plínio Corrêa de O li ve ira vem se ndo difu ndido nessa nação bálti ca desde 2005 pelo bureau do Krikséionislcosios kultüros institutas (] nsti tuto de Culh1ra Cristã), que publicou no ano passado o li vro Revolução e Contra Revolução, além de outras obras em defesa da fa míli a tradi cional. O fnstitutas edi ta também todos os anos o TFP-Ka lendorius,
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difundido pelos membros de TFPs por ocasião de sua peregrinação a Siluva. Para manter contato com seu crescente círculo de simpatizantes o Jnstitutas mantém há cinco anos o blog "Lituania Chri sti ana", onde são publicadas matérias de interesse para o público lituano, incluindo uma série de links para os sites internet de TFPs e associações afins do mundo inte iro.
o rgani zou protestos junto à emba ixada da Índi a co ntra o massac re de cri stãos e a promoção da agenda homossex ual naq ue le país. Em 20 14, e la pro move u protes tos d iante do Ministéri o da C ul tura e em Varsóv ia contra a peça blasfema "Golgota Pi cni c". Na ocas ião, fo ram co letadas 83. 126 ass inatu ras. Em 2009, ta mbé m na cap ita l po lonesa, a TFP pa rticipou da ma-
ni fes taçã.o co ntra o aborto em frente à embaixada da Espanh a. Os po loneses so lida ri za m-se co m os espanh ó is na luta co ntra o abo rto. Ig ualm ente em 2009, e la o rgani zo u protestos em defesa da manu tenção da cru z nas escolas, em Wroc law, diante da redação do jorna l "Gazeta Wyborcza". A TFP po lonesa tem promovi do, co m sucesso crescente, a Marcha pela vida em Cracóvi a, a lé111 de multipli car ta is marchas po r todo o territóri o po lo nês. A sede soc ial e admini strati va da entidade, próx i111a ao ce ntro de Cracóvia, tornou-se um po lo de atraçã.o de lidera nças conservadoras. E m 201 3 e 2014, se u Centro
de apoio a iniciativas contra o aborto e em defesa da instituição fam iliar orga ni zo u em Varsóv ia do is co ngressos pela fa míli a. A entidade também promove anu almente confe rências para jovens, atra vés da Cruzada da Juventude, e simpós ios para os doado res da Associação pela Cultura Cristã Padre P iotr Skarga. Em 20 14, e la orga ni zou uma carava na contra o pretenso "casa111ento" homossex ua l. Com o "argum ento" próprio de quem não te111 argumentos, defensores desse
"casam ento" tentaram em vã.o prejudi car a ca ravana j ogando ovos. E m 201 3, no castelo Real de Ni epolomi ce, em Cracóvia, a Associação Padre Piotr Skarga promoveu o X Congresso Conservador, com o tema "Os cató licos na virada da H istória". Todos os anos a associação promove a Univers idade de Verão, com a parti c ipação de jovens de di versos países europeus. A última contou com a presença de alemães, ameri ca nos do norte e do sul, austríacos, be lgas fl amengos e valões, espanhóis, estonianos, finlandeses, fra nceses, ho landeses, húngaros, irlandeses, itali anos, lituanos, poloneses e port11gueses.
PORTUGAL
Os idea is defendidos pelo Prof. Plínio Corrêa de Oliveira inspiraram a criação em 2000 da associação Acção Familia, visando a
"defesa da instituição jàmiliar e do matrimônio cristão, bem como dos valores da cultura ocidental ". Em 2014, Acção Familia fo i transformada no Instituto Santo Condes tável, que assumiu a continuidade das campanh as em curso. Acção Familia ficou largamente conhecida pe la ca mpanha de
Krikséionislcosios kultüros institutas vem promovendo simpós ios sobre temas da atualidade para estudantes. O último realizou-se em Vilnius, capi tal do país, no dia 25 de julho passado. catolicismo@terra.com.br / OUTU B HO 2015
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alerta e oração lançada em janeiro de 2007, quando di stribuiu 2,7 milhões de folhetos em Portugal continental, nas ilhas dos Açores e da Madeira, lembrando os fiéis católicos sobre o dever de consciência que lhes cabia de não se abster e de votar NÃO no referendo convocado pelo governo português no di a 11 de fevere iro de 20 l O para despenali zar o aborto. Coincidindo o referendo com o 90º aniversário das aparições de Nossa Senhora em Fátima, a enti-
de autori a do Padre David Fra ncisquini , pároco da Igreja do Imaculado Coração de M ari a, em Cardoso Moreira, no Estado do Rio de Jane iro. Outra iniciativa levada a efe ito com a finalidade de sensibiliza r o público católico contra o crime do aborto, foi a campanha Acenda uma vela pela vida. E la consiste em convidar anualmente, desde 20 li , os simpatizantes de Acção Familia a enviarem para o secretariado da associação peq uenas velas azuis que
out r as
l nf or m açõos
Acção Famílli em ~ , ;, .Campanha CONTRA ,. o Aborto
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VIDA .\ -
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28 do Jnnol ro • Lisboa•
dade convidava os católicos a rezar o Terço para que Nossa Senhora preservasse Portugal daquel a calamidade, meditando o "Rosário pela vida", oferecido pela assoc iação aos interessados. Em setembro de 20 10, o texto da "Petição pela vida e contra o aborto" foi enviada ào prime iro mini stro Pedro Passos Coelho com uma categórica so licitação para revogar a lei do aborto. Para sensibiliza r a população, Acção Familia declarou o ano de 2014 "Ano da Vida" em Portugal! A iniciativa mai s importante fo i o lançamento da versão portuguesa do Catecismo contra o aborto, com a finalidade de com bater o assass inato de inocentes. A obra é
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si mboli zam as crianças abortadas em Portugal. No curso dos útlimos anos, Acção Familia participou ativamente de mani festações contra o aborto em Lisboa, M adri , Cracóv ia e Washington. Por pressão do lobby homosexual e após um atabalhoado processo legis lativo-midiático, uma lei do chamado "casamento" homossexual foi aprovada em 8 de janeiro de 20 10. Para que ela entrasse em vigor, deveria ser sancionada pelo presidente da República. Diante di sso, Acção Familia publicou ca rta aberta ao Pres idente, lembrandolhe o seu dever de vetar a lei. A ed ição portuguesa da rev ista pornográfica "Playboy", que che-
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gou às bancas em 1º de julho de 2010, co ntinha uma brutal blasfêmia. Em seu boletim de agosto de 20 10, Acção Familia publicou categóri co arti go condenando essa blasfêmia "acontecida na terra de Nossa Senhora de Fátima " e lembrando que nesse contexto trágico,
Inglaterra
"os católicos têm o direito e o dever de protestar! " N as seis apa ri ções de Nossa Senhora de Fátima aos pastorinhos, a M ãe de Deus insistiu: "Rezem o Terço todos os dias!". Para difundir esta importante devoção, em julho de 20 11 , Acção Familia pro moveu a di stTibuição de centenas de milhares de um fo lheto intitulado "Descubra o poder do Rosá rio". Acção Família terminou esse ano com a publicação do calendá rio "365 dias sob o olhar da Sa ntíss ima Virgem" . Foram distTibuídos mais de 50.000 ca lendários. Uma das mais recentes campanhas promovidas por Acção Familia foi a co nvocação de uma cruzada para propagar a Mensagem de Fátima com vistas a preparar Portuga l para o centenário das aparições, em 20 17. Tratou-se da divulgação da ed ição portuguesa do livro Fátima, mensagem de tragédia ou de esperança?, de autoria de Antonio Augusto Bore lli Machado. E m setembro de 2015 começo u a ser di stribuíd o em milhares de lares o im presso in titu lado Por
que apareceu tão triste a Virgem em Fátima? Esta cruzada mariana alcançou por certo, grande comprazimento diante de Deus, pelo fato de a descristiani zação da sociedade ava nçar a passos largos através da legalização da prática homossexua l, do aumento assustado r de abortos, da destru ição da família devido ao divórcio e da corrupção da juventude pe la televisão e pornografia .
REINO UNIDO A TFP do Reino Unido partic ipa anu a lm en te da marcha A Cru-
zada Reparadora do Santo Rosário , reali zad a no sábado mai s próximo ao di a 13 de o utubro, em que se co memora a úl tima aparição de N ossa Se nh ora em Fátima. N o campo edito rial , e la lançou as ob ras A Instituição ri ·tã
da Família: uma força dinâmica para regenerar a sociedade; e Igualitarismo: principio metafisico e religião de nossos dias. Também publica três bol etin s, que perfazem 63 7.000 exemp lares anuai s: TFP Viewpoint, (c in co vezes ao ano, 245.000 exe mpl ares); Insight (três vezes ao ano , 147.000 exemplares), e Brilain Needs Fatima Newsletter (c inco vezes ao ano, 245.000 exe mpl ares). Hájá um quarto de sécul o que a TFP do Rei no Unido rea li za anu a lmente dez re uniões de for mação para um grupo se leto de correspo nd entes, a lém de encontros específi co para a formaçã o de senhora ca tólicas.
Anualmente, j ovens part1c1pam de um a carava na difundindo obras qu e tratam de temas contra-reva iucionários . Na lrlanda promovem-se todos os anos a rec itação de Rosá ri o em público, em conjunto com a TFP america na, bem como aca mpamentos para a fo rmação dajuventude. E grande esforço foi rea lizado co ntra a aprovação do "casamento homossex ual" pouco antes do pleb isc ito ocorrido na Irlanda.
AUSTRÁLIA Na Austráli a a TF P do pa ís te m defe ndido os valores da civi-
li zação na imensa nação através de um aposto lado contra-revolucionário nos aspectos reli giosas e culturais. A campanha Austraiia Needs Fatima (A ustráli a Prec isa de Fatima) difunde a Mensagem de Fátima em tod o o país, já tendo di stribuído 2,5 milhões de fo lhetos alusivos ao tema e à devoção mariana. Muitos desses folhetos foram entregues ao público durante ca mpanhas de rua. Dezenas de milhares de livros de Fátima, DYDs, pôsteres, Medalhas Milagrosas e rosários foram também distribuídos a paitir da sede da TFP em Sydney.
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A .CRESCENTE AÇAO CONTRAREVOLUCIONÁRIA NO CONTINENTE LATINO-AMERICANO JOÃO CARLOS LEAL DA COSTA
endo quase imposs ível elencar, no espaço limitado desta edi ção, as atuações de entidades autônomas e co-irrnãs do instituto Plinio Corrêa de Oliveira na América Latina (excetuado o Brasil ), relataremos apenas algumas das iniciativas de tais entidades nessa parte do continente.
S
ARGENTINA
as cópias da publicação distribuída, e pedir uma desculpa categórica por ter ofendido a opinião pública cató lica. Promovida por Fátima la Gran Esperanza e pela Fundación Argentina dei Maíiana, rea li za-se no dia 7 de setembro no espl êndido Palácio Balca rce, de Buenos Aires, uma confe rência sobre a missão das classes dirigentes ante o caos da época atua l. O ensa io Revolução e Con tra-Revolução serviu de base para o confe rencista, Sr. Alejand ro Ezcurra Naón. Ele ressa lta que o mundo vive hoje a confluência de duas eras históricas: a modernidade, em sit1iação de ocaso, e a era de Mari a, em gestação. Ao término da sessão, vári as pessoas adquiri ra m a
CHILE
Em 17 de maio de 2004, com a promulgação da lei do divórcio, o Chi le deixou de fi gurar na honrosa li sta dos poucos países do mundo que ainda respeitam a indisso lubilidade do vínculo conjuga l. Depois de quase dez anos de tramitação no Parlamento, um projeto divorcista é aprovado com a unanimidade dos votos da esquerda e o apoio de não poucos parl amentares de partidos de centro-direita. Acción Familia envia centenas de milhares de mensagens aos eleitores, pedindo que mani fes tem a seus representantes a seguinte contradição: terem sido eleitos como cató licos, e posteri ormente manifes tado seu apoio ao proj eto de lei divorcista. No entan to, cresce a reação da opinião pública em relação aos Por un Chll• autlntko, ctutlano y twrte pprogramas governamentais que Rt.•s pt u.-st n d <'A<'l" ió u Fn milin n C'n1·l n d t• fa vorecem o aborto e a promi sl\lo u sc-Jio1· Coku_H_,... cuidade entre os jovens. ,.t,pQMldo,_..,. Acción Familia ag lutin a as ,...... ... NK_,.,-vt.nl_w,,_...,.,..,pu.l\11"A«'6,,F-"-",....,_._,111 fa míli as que se orga ni zam pa,_.....,_""·"''°"""IM1dtl~.~ ,u-.,.,,......,.,._,.1.1s-,.ac11.1t,...,t,,, c'ra se defender das fo rças que e..,..,.1o,Oh1,o, ,-.,.INMll..,.•~K1:IWH - ..,...,;~ - tn11pOlll,:, desejam desagregá-l as. Juntamente com diversos grupos an.....,.,,....Q ti-abortistas, ela organi za em 27 pw• ,.,oi.., ti
Duzentas e cinquenta pessoas lotaram o Salão Cascada do Hotel de la Canada, de Córdoba, em fin s de 2002, para ass istir à ex pos ição "Motivos de esperança em um mundo que rui, promovida pela Fundación ArA cci6n gentina dei Manana (FA M) . f amilia Fúria anticatólica - Luto, c> u.w. 111D luta e oração, é o títul o de urna matéria publi cada pela FAM no :'=-.... ...v,_ di ário "La Nac ión" de Buenos /6o-•·· =!=&A Aires, conclamando os ca tólicos ...._ .,, ............ -·•·<•-... ,.,,.,..,4,,c,Wk<o . a uma edificante reação. ~L~ Em face de expos ição bl asfe ma promovida pelo governo da 1_, ..,, ....., M..,, ...,""cidade de Buenos Aires, a FAM adverte para o perigo de os católicos acabarem se acostumando, ,_ . ,....,,."...,...,...,..,...... entre envergonhados e inertes, v.-..,.. c......,_1tE~....,..,.,._ .. 20•-~••c......,11e...,., com as injú rias contra a sua Religião. E exorta seus compatri o.... --?••Uttlbl:°'~~ ...,11e.uullcMlll ~o,, ...-,~it0;••~"'""'...... "°' tas a se unirem para reinsta lar a verdadeira paz, isto é, a tranquilidade mencionada obra, como também uma na ordem: a paz de Cri sto no Reino de bi ografia de Plinio Corrêa de Oliveira. Em 29 de junho de 2000, a asCri sto. soc iação Fátima, la Gran EsperanAFAM protestou em "La Nación" contra a publicação de um enorme qua- za, promove uma concorrida conferência sobre a Mensagem de Fátima dro blasfemo da Santíss ima Virgem. O presidente da entidade pede ao jornal no auditório da Asociación Socorros Mu tuas de las Fuerzas Armadas, em para reparar a terrível ofensa cometida contra os católicos argentinos, rescin- Buenos Aires. O públi co lota o sa lão dir imediatamente seu contrato com a e o evento alca nça significa tiva repercussão na capita l argentina. revi sta "Rolling Stone", recolher todas
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de agosto de 2004 um a co ncentração move importantes confe rências em pela vida no centro de Santiago. Nes- Bogotá e Cali alertando sobre a guersa ocas ião, di stribui um comunicado rilha marxista em curso no país. Numa intitlilado: No Chile vai sendo imposta delas, o genera l norte-americano Goruma mentalidade abortista. don Surnner fa la sobre o conflito béliO diário "El Mercurio" de Vaico na parte setentrional do continente paraíso publica declaração de Acción sul-americano e suas implicações com Familia com o título "Posición de os Estados Unidos. católicos". No documento se pede aos Ilustrando os princípi os da guerBispos esclarecer as consciências dos ra anti-subversiva com exemplos de fi eis nas questões relativas à moral que sua própri a vida e da hi stória recente, se debatem nas eleições presidenciais. o genera l lança um apelo às elites mi Cabe aos bispos falar, com a mesma litar e empresari al co lombi anas para clareza que se pede aos candidatos, se é não pouparem esforços na defesa de lícito a um católico votar em candidato que legalizará as uniões La SOcledad Colombiana lnldld6n y Accl&! se dirige ai Pais: homossex uais e o Cedaw, que in,consenso si, pero no con los demoledores de Colombla; paz, si, pero no en perjulclo de la honra nacional; clui entre suas cláusulas o aborto. diálogo si, pero sln renegar de nuestra tradlclón crlstlanal Apesar das fo rtes e indevidas pressões exercidas pela ONU, uma coalizão multipartidária de legisladores chilenos rejeita, por maiori a de votos, a aprovação da prática abo,tiva. Acción Familia por um Chile auténtico, cristiano y faerte promove manifes tações de apoio aos deputados que têm evitado a " matança de inocentes". Em fevereiro de 20 13, Acción Familia impugna a presença de Raul Castro no Chile. Para esse efeito, a entidade dirige urna carta de protesto ao ministro das Relações Exteriores do Chile, Sr. Alfredo Moreno. E faz votos de que Nossa Senhora da Caridade do Cobre, Padroeira da nação cubana, apresse o dia de sua liSoc:Wtd~Trldk:i6nyAcd6n ~: bertação, para que as fa mílias da infe liz ilha possam viver com di gnidade e educar cri stãmente seus filhos. Em agosto de 2015 , Acción F ami- sua pátria. E acentua que seu obj eti vo lia lança um manifesto no diário chié que a opini ão públi ca dos Estados leno "EI Mercúri o", denunciando os Unidos e da América do Sul entenparlamentares católicos favo ráveis ao desse que está em jogo não somente aborto. O documento, que contém a a Co lômbi a, mas o fut uro de todo o assinat11ra de cinco bispos, percorre o continente. país de norte a sul , alcançando enorme Após uma campanha pela inviorepercussão. labilidade da vida, Tradición y Acción publica um apelo à Coite Constit11cional pedindo a rejeição da prática COLÔMBIA do aborto, além de lhe enviar, com o auxílio de simpatizantes, milhares de Em agosto de 2003, a Sociedad cartas. Colombiana Tradición y Acción pro-
.,_, , odolo1-lntllllldol - pu,tdtt1bitdwpo, tl lolosu.j,o,tloct<1tfOIJ',IIIOlflt"• COl'lt ...... tlotclt1tl
........ 1 li MIi- (11,11 IIO ptCOI Ul61ocH, 111'04•, ff ffCICtt~ UN'I IIMe lfl llltlH ~ • .,.11 ~p,i11,c:1 , ,u...,01t11>ploU• O.IIIO<le..,.,l.,,,c..,.._
CHILE - 40 aiios después
NUEVAAMENAZA
SOCIALISTA
EN EL HORIZONTE
Apesa r de a imensa maioria do povo colombi ano ser contrári a ao aborto - segundo o insti tuto de pesquisa Gallup, 76,6% da população rejeita essa práti ca criminosa - a Corte aprova por 5 votos contra 3 a despenalização do aborto em três situações. O incisivo mani fes to de Tradición y Acción fo i publi cado no importante diári o "El Tiernpo", de Bogotá, em lO de maio de 2006, antes da aprovação da lei. No dia 17 de outubro de 2009, um cortejo de jovens pertencentes à assoc iação Colombia necessita de Fátima conduz uma imagem de Nossa Senh ora de Fátima pelas ruas de Bogotá e Medellin. A iniciati va fo i ampl amente apo iada pelo público. Ao cortejo unemse destacados políti cos cató licos e diversas entidades reli giosas e civi s. Num rn ani resto esclarecedor e coraj oso, publicado no di ário "EI Tiempo" de Bogotá, em outubro de 20 12, sobre as chamadas "conversações de paz" (documento ao lado), Tradición y Acción assevera que o pres idente Juan Manuel Santos tenta impor ao povo colombiano uma nação desenhada pelos subversivos. Isto é, a rendição de 44 mi lhões de colombi anos à vontade de um grupo minúsculo de delinquentes. Uma guerrilha derrotada e rechaçada pela imensa maioria da população, que martirizou incontáveis colombi anos, quer ganhar na mesa de negociações em Havana o que nunca obteve com a lu ta armada . Tradición y Acción acrescenta que não pode deixar de alertar o país para que não se proceda com lige ireza e irrefl exão di ante de um assunto de tanta importância. · Nas dua"s principais cidades colombianas, Bogotá e Medellin, são inauguradas novas sedes vi sando a fo rmação da juventude e encontros para simpatizantes. Recentemente, a Caravana Reconquista, fo rmada por jovens de Medellin, rea lizou campanhas públi cas nas cidades de Maniza les, Pe-
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reira, Dosquebradas, Cartago, Buga, Popayán e Pasto. No fi nal, os j ovens participam de um ?impós io. EQUADOR
A partir de 1999, rea lizaram-se no Equador mani fes tações principal mente em fun ção da grande devoção de Plíni o Corrêa de Oliveira a Nossa Senhora do Bonsucesso, bem como ao se u desejo de dar a co nhecer ao Equador e ao mundo as trágicas e extraordinári as revelações sobre nossos di as, feitas pela Santíss ima Virgem a Madre Mariana de Jesus Torres reli giosa do Moste iro das Concepcioni stas da cida.de de Quito, que viveu no sécul o XVI. Esta atuação vi sou também promover a memóri a de Gabri el Garcia Moreno, o pres idente-m ártir, verdadeiramente católico, que ainda hoje di vide a popul ação equatori ana. A pedido de Madre Tnés María dei Sagrari o, atual Superi ora daquele Real Monasterio de la Limpia Concepción de Quito, passou-se a organi za r o "Rosa ri o de la Au rora", que desde os tempos co loni ais percorri a ruas da capital, às 5 horas do di a 2 de feve reiro de cada ano, fes ta de Nossa Senh ora do Bom Sucesso. No início a prese nça era de poucos devotos. Na atualidade chegou-se a mais de 15 mil. E, a exempl o de Quito, em várias outras cidades equatori anas se co memora essa data com análogas procissões. Foram difundidos mais de um milhão de fo lhetos com as profec ias de Madre Mari ana de Jes ús Torres a respeito da atual cri se mora l e reli giosa, bem como dos terríveis castigos com que Deus purifi cará a Terra. Também fora m di fu ndidos mais de 120 mil terços. Atra vés de simpós ios de fo rmação doutrinári a, rea li zados quatro . a cinco vezes por ano, fo i poss ível arti cul ar um grupo de jovens que marca presença espec ialm ente em Quito e em Guayaquil. Al ém di sso, em torno do movimento "Devotos de Nossa Senhora do Bom Sucesso", gravitam numerosos aderentes, fo rmando um conjun to com o qual é possíve l atuar no Equador.
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Por exemplo, fora m co letadas mais de 30 mil ass inaturas para a campanha "Fili al Súpli ca", que serão anexadas às demais do mundo inteiro e envi adas ao Papa Francisco.
sagia e o precedente qu e estabelece. A mencionada sanção consistiu numa coordenada intromi ssão estrange ira nos ass untos internos paraguaios. PERU
PARAGUAI
Invoca ndo o péss im o exempl o da rea li zação da Reform a Agrári a soci ali sta e confi scatóri a no Brasil , a Sociedad Paraguaya de Defensa de la Tradición, Familia y Propiedad (TFP) , lança um apelo aos leg isladores e di rigentes agrári os do país para que evitem "a injustiça, o caos e a miséria no Paraguai ". Apoiados na autoridade intelectual e moral de Plínio Co rrêa de Oliveira, a TF P paraguaia leva nta o probl ema de consc iência criado por uma Reform a Agrári a sociali sta e co nfisca tóri a. O mani fes to, publi cado em pág ina inteira do di ári o " ABC" de Assun ção e divul gado em ca mpanha de rua pelos j ovens cooperadores da TF P paraguaia !foto acimal, anali sa o in fe li z paradoxo de qu e o proj eto em debate - les iv o à propri edade e à li vre ini c iativa - seja de autori a de c lasses empresari ais agrí co las do Paraguai. Uma vez abolida a arbitrári a sa nção imposta ao Paraguai pelos govern os sul-americanos, a TF P do Paraguai alerta em incisivo mani festo publi cado em agosto de 201 2, para o abi smo que esse inusitado fa to pres-
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Em maio el e 1999 é lançada em Lima a Campanha E! Perú necesita de Fátima ("O Peru prec isa ele Fátima") . Seu fi m: tornar a Mensagem ele Nossa Senhora conh ec ida ele todos os peruanos. No dia 13 daqu ele mês, por ocas ião do 82° ani versári o ela Primeira Apari ção ela Santíss im a Virgem em Fátim a, um concorrido ato com a parti cipação de 700 pessoas é rea li zado no auditóri o cio Co légio Champagnat em Lim a. Em junho de 2001 fund a-se na cap ital peruana a entidade Tradición y Acción por um Perú Mayor, para proseguir a luta em defesa ela civili zação cri stã junto à opinião públi ca. Du rante a Ca mpanh a EI Perú necesita de Fátima, no início ele 2002 sa i a lume o prim eiro número ela revi sta mensal Tesouros da Fé, com temas de fo rmação católi ca para toda a fa míli a. Hoje atinge milhares ele fa míli as di sseminadas por todo o país. No dia 13 ele maio de 2002, mais de 900 pessoas lotaram o auditóri o cio Co légio Santo Agostin ho, um cios mais modernos ela ca pi tal peruana, para assistir a imponente homenagem a Nossa Senhora ele Fátima promovida pela
campanha EI Perú necesita de Fátima, pelo 85º aniversário ele suas aparições. A partir el e 2002 o ram o estudantil ele Tradición y Acción reali za seminári os de fo rmação para jovens universitários cio país, ass im como de outras nações sul-a merica nas na hi stóri ca cid ade ele Cuzco, nos Andes peruanos. Dois desses simpós ios fo ram rea lizados no Hote l San Agustín Mo nasterio de la Recoleta, anti go convento franciscano cio sécul o XVII . Paral elamente desde 2004 a entidade promove, entre outras atividades, dezenas ele conferências em diversas uni versid ades peruanas, apresentando um a vi são católi ca so bre temas atuais, em particul ar anali sa ndo a cri se contemporânea em se us múl tipl os aspectos espirituais e temporais. Manifes to ela assoc iação Tradición y Acción por um Perú Mayor ressa lta que um a desestabili zação da insti tui ção ela fa mília é promovida deliberadamente pelas mesmas fo rças revolucionári as, que em vão tentaram impor outrora a utopia marxista no campo soc ioeconômico. A parti r ele 2006 a campanha E! Perú necesita de Fátima participa anualmente ela prestigiosa Feira Internacional do livro, rea li zada em Lima, que atra i centenas ele milhares ele pessoas ele todas as idades, bem como ele outras Fe iras rea lizadas nas principais capitais do interior. Com aprox imadamente 30 títulos publi cados, a campa-
nha preenche um vazio, proporci onando genuína literatu ra católica, da qual a população se mostra cada vez mais ávida. Em 2008 Tradición y Acción inicia se u co ntato co m o públi co atra vés ele sua página web, que rapidamente se converte em um polo de pensa mento cató li co cio país e na Am éri ca espanhola. E no ano seg uinte, sob o títul o Alerta a opinião pública - O Peru na mira da neo-revolução pseudo-indígena, a propós ito ele uma cru enta revo lta indígena ati çada pela "esquerda cató lica", a entidade pu blica em mais ele IOj ornais do Peru um mani fes to no qual ex pli ca que a estratég ia comuni sta ele destruir os Estados nac ionais para estabelecer republiquetas indígenas na Améri ca Latina data de 1928, quando fo i pl anejada em um co ngresso ela Intern acional Co muni sta. Acrescenta que a ideia de expl orar os índios como massa ele manobra, formulad a por Ficlel Castro em 1962, fo i transfo rmada em di retri z polí tica pelo Partido Sociali sta da Espanh a em 198 1; e agora é posta em práti ca pela "Teo logia da Libertação", "irmã gémea " da doutrin a comuni sta. A publicação da biografi a Plinio Con-éa de Oliveira - Cruzado dei sigla XX, obra cio destacado hi stori ador ita li ano Prof. Roberto de Matte i, constitui brilhante acontec imento cultu ra l e soc ial na capital peruana. A apresentação dó li vro rea li zou-se no di a 22 de
julho de 2010 na sede da Associação Santo Tomás de Aquino, que patroc inou o eve nto juntamente co m Tradición y Acción, e teve como con vidado de honra um ilustre brasil eiro, o Príncipe Dom Bertrand de Orl eans e Braga nça (foto à esq. embaixo) . Na Semana Santa de 2015, a campanha EI Perú Necesita de Fátima difundiu entre o públi co católi co 50 mil cópias da "Vi a Sacra" de autori a de Dr. Plínio. E da habi tual homenagem a Nossa Senhora de Fatima, rea li zada no dia 13 de maio último, participaram mais de 1000 pessoas. URUGUAI
Tradición y Acción por un Uru guay auténtico, cristiano y fu erte.
* * * Encerram os esta síntese de atividades com as memoráveis pal avras de Plínio Co rrêa de Oliveira, em arti go para a " Fo lha de S. Paul o" (249-69), definind o o estil o de atuação dos memb ros da T FP- modo de agir, aiias , que se mpre norteou seu próprio estil o du ra nte toda sua vida de luta pela Igreja e pela Civili zação Cri stã: "No idealismo, ardor. No trato, cortesia. Na ação, ,levotamento sem limites. Na presença do <uil>ersário, circum,peção. Na luta, altaneria e coragem. E, pela coragem, vitória". •••
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VARIEDADES
CRESCE EM DOIS ANOS O ,, TEOR IDEOLOGICO DAS ,, MANIFESTAÇOES PUBLICAS Em particular a oposição ao socialismo e ao comunismo, aliada ao desejo de um País e de um mundo mais cristãos.
• • • • • • GREGORIO VIVANCO LOPES
rn agosto de 2013 , uma grande surpresa sobreveio nas manifestações então havidas no Brasil. Iniciadas após um moderado aumento das passagens de ônibus, metrôs e trens suburbanos - apenas R$ 0,20 em São Paulo, abaixo da inflação - , as primeiras foram convocadas para pedir o cancelamento desse aumento. Elas eram lideradas pelo "Movimento Passe Livre" (MPL), uma organização anárquica gerada nas obscuras entranhas do Fón1m Social de Porto Alegre em 2005 e praticamente desconhecida da maioria dos brasileiros, cuj o objetivo era implantar uma sociedade autogestionária e ecológica que fosse além do comunismo. A meta era óbvia: começar com um movimento pela derrogação do aumento das passagens e estender depois as reivindicações para campos sempre mais extensos e mais à esquerda, na tentativa de abalar as estruturas sociais e econômicas do País, ou pelo menos
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lhes dar uma primeira chacoalhada; sempre com vistas a um comunismo anárquico, sua meta final. O método passaria por uma democracia direta, impulsionada por líderes revolucionários, sob o olhar complacente das autoridades. Se as manifestações alcançassem êxito, seria para o PT corno sopa no mel, pois a pretexto de seguir a vontade popular, o governo Dilma Rousseff poderia impor ao Brasi l uma agenda chavista-bolivariana, tão cara a Lula da Si lva, mas que vinha encontrando oposições crescentes na opinião pública nacional.
quanto à pluralidade das reivindicações, muitas delas de caráter antes conservador que "progressista". Foi um susto para as esquerdas. E um susto tão grande, que causou uma vítima fata l: o MPL. Sob o título "Vida Curta", o jornalista Ancelmo Góis informa que "o Movimento Pas-
A grande e grata surpresa
Em 2015 ocorreram três grandes manifestações, respectivamente em março, abril e agosto. O timbre desta vez foi claramente conservador, pondo diretamente em causa o governo socialista do PT. A luta contra a corrupção foi de início seu leitmotiv. Nessas manifestações, porém, um observador atento poderia dis-
A surpresa manifestou-se quando o movimento de protesto tornou características insuspeitadas. Primeiramente, quanto ao número de participantes - acima de toda expectativa - e sua perseverança dias a fio; depois, quanto à sua qualidade, pois provin ham em grande número da classe média; por fim,
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tinguir uma linha ascens ional. Não no que diz respeito ao número de participantes, cuja variação um pouco para mais ou para menos é no total irrelevante, dado que todas elas foram multitudinárias. Também não mudou muito o tipo de público que participou, em geral de classe média ou média baixa. O aspecto marcante fo i, fora de dúvida, o crescimento do teor ideológ ico delas. Na última manifestação, a densidade de anticomunismo e de anti ssociali smo foi de chamar a atenção. Nos cartazes e nos slogans isso se deu certamente, mas a ideologia flore ceu principalmente nas expressões verbais, nas conversas e nos ditos de passagem. Também manifestou-se notória a simpatia do público em relação à presença de um grupo do Instituto
Plinio Corrêa de Oliveira com seus estandartes, suas insígni as, ao som do Hino à Bandeira e de outras marchas adequadas à oca ião.
Os cartazes e brados "Fora Dilma", "Fora Lula", "Abaixo o PT" e outros do gênero, dividiam espaço com outros como "Abaixo o com uni smo", "O Brasil jamais verme lho", "Abaixo o sociali smo", "Bolivarianismo, fora" , "Abaixo o Foro de São Paulo" etc. Esperanças suscitadas
Esse crescimento do fato r ideológico é um bem ou um mal? Para quem esteja preocupado apenas com o seu bem-estar pessoal, com a sua segurança, com o tratamento de sua saúde, com a carreira a ser seguida por seus filhos - todas elas, ali ás, preocupações legítimas, mas limitadas - a maior ideologização terá sido, se não um mal , pelo menos um inconveniente. Pois ao se alargarem muito os horizontes, põem-se em segundo plano os interesses imediatos. Mas para os que transcendem esses objetivos, sem negá-los nem os subestimar, e voltam suas preocupações principalmente para o campo superior das ideias gerais, do futuro do Brasil e da Igreja, do
amor à verdade, ao bem e ao belo, possuem eles uma visão superior da realidade, a qual já toca no sublime, E, portanto, demonstram maior amor a Deus. E se o número desse tipo de pessoas continuar crescendo, especialmente em força de convicção e disposição de luta, surge a esperança de uma renovação da face do Brasil e quiçá do mundo, quando sobre a ação delas pairar uma bênção mais rica e fu lgurante de Nossa Senhora. São aqueles dos quais se espera a firmeza de princípios e o ân imo para enfrentar todas as dificuldades, aguentar todos os sofrimentos, sobrepor-se a todos os obstáculos. Tendo em vista construir uma sociedade e uma civilização cristãs nas quais realmente valha a pena viver. Ainda que para isso tenham que ser lutadores impertérritos em meio a convulsões, como as preditas pela Santíssima Virgem em Fátima.
"Resplandeça a vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras e glorifiqu em a · vosso Pai, que está nos Céus " (Mateus, 5, 16). ❖
se Livre, de SP, que deu início às grandes manifestações de junho de 2013, f echou as portas" ("O Globo", 5-8-15). Acentua-se em 2015 o caráter ideológico
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Santa Teresinha do Menino Jesus, Virgem, Doutora da Igreja. (Vide p. 20)
Santos Anjos da Guarda. São Leodegário, Confessor + França, 680. "Filho de uma
família da aristocracia franca, foi educado na corte de Clotário li. Tornando-se monge e depois bispo de Autun, sofreu inicia lmente o exílio e depois a decapitação, por haver reprovado os grandes deste mundo por seus hábitos dissolutos e suas injustiças" (Mart iro lógio Romano Monástico). Primeira Sexta-Feira do mês.
Santos Veríssimo, M áxima e Júlia, M ártires + Portugal, séc. Il i. Martirizados durante a perseguição de Diocleciano. Nos sécu los X e XI, só entre os rios Mondego e Mi nho, havia pelo menos sete igrejas dedicadas a eles. Primeiro Sábado do mês.
4 São Francisco de Assis, Confessor. Santos Adauto, Mártir, e Calistena, Virgem + Ásia Menor, séc. IV. Adauto era genera l do exército romano. Tendo sua filha Ca listena sido requestada pelo imperador Maxim ino, procurou-lhe um refúgio num lugar remoto da Mesopotâmia . Irritado, o imperador mandou matá-lo. Depois da morte de Maximino, Calistena voltou para Éfeso, onde terminou santamente seus dias.
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CATOLJ CISMO
Santo Apolinário, Bispo e Confessor + França, 520. Filho de Santo Hesíquio, estudou sob a direção de São Mamerto. Foi sagrado bispo de Vallence por seu irmão Sa nto Avito, de Viena de França . Combateu tenazmente os arianos de sua diocese, restabe lecendo nela a Religião católica.
Santa Fé, Virgem e Mártir + França, séc. Ili. Sofreu o martírio em Age n, na França . Seu culto adqu iri u mu ita popu lari dade quando um monge levou suas re líquias para Conques, que ficava no roteiro das peregrinações a Composte la. Por essa razão, seu cu lto difundiu-se pela Penínsu la Ibérica e de lá para as Américas.
Nossa Senhora do Rosário Festa instituída por São Pio V em ação de graças pela vitória em Lepa nto contra os maometanos, em 1571, atribuída à recitação do Rosário.
São Demétrio, Mártir + Ásia Menor, séc. Il i. "Pro-
cônsul romano que, depois de converter muitos à fé de Cristo, foi transpassado de lanças por ordem do imperador Maximiano" (Martirológio Romano).
e ele se tornou o pai de uma multidão de crentes" (Martirológio Romano Monástico).
Santos Mártires Franciscanos de Ceuta + África, séc. XII I. Da niel, Samuel, Ângelo, Leão, Nicolau, Hugolino, sacerdotes; e Dono, irmão leigo. Tendo ido a Ceuta pregar o Evangelho, e tendo refutado os erros de Maomé, foram cobertos de opróbrios, açoites e prisão antes de receberem o martírio pela espada.
Santa Soledade Torres, Virgem + Espan ha, 1887. Filha de pequenos comerciantes, começou a ajudar o sacerdote Miguel Martínez na guarda dos doentes, e com ele fundou as re ligiosas Servas de Maria.
Nossa Senhora da Conceição Aparecida, Rainha e Padroeira do Brasil
poucos meses, e seus corpos foram levados mais tarde de volta para Lião" (Martirológio Romano Monástico).
Santa Teresa de Ávila , Virgem , Reformadora, Doutora da Igreja. São Bruno de Querfut, Bispo e Mártir + Alemanha, 1009. Aparentado com a família imperia l, ingressou num mosteiro em Roma. Depois, em Ravena, colocou-se sob a direção de São Romua ldo. Enviado a Rutênia como bispo e apóstolo, ele e seus 18 companheiros foram presos pelos pagãos, que lhes deceparam as mãos e os pés antes de os degolarem .
São Guilherme de Malavalle, Confessor + Itália, 1157. Natura l da França, converteu-se depois de uma vida dissipada. Entregou-se à existência eremítica na Itália , onde viveu na contemplação e na pen itência.
São Geraldo Abade , Confessor + França, 909. Gera ldo, conde de Auril lac, fundou em seu condado uma abadia, que se tornou célebre e parada obrigatória para os peregrinos a Compostela. Dela fo i abade o grande Santo Odon, que depois se tornou abade de Cluny e escreveu a vida de São Gera ldo.
Santo Inácio de Antioquia + Séc. li. Discípulo dos Apóstolos e sucessor de São Pedro na Sé de Antioquia . Com São Policarpo, fo i o mais ilustre dos Padres Apostólicos. Suas cartas às igrejas da Ásia e de Roma são os documentos mais preciosos da época. Conduzido a Roma, foi devorado pelas feras no Col iseu.
São Justo, Bispo e Confessor + Egito, 382. "Bispo de Lião, que defendeu a fé de Nicéia antes de se retirar para a Tebaida com o leitor de sua igreja, São Viator. Ambos morreram com intervalo de
São Lucas, Evangelist a. São Monon Eremita , Confessor + França , 630. Deixando sua Escócia natal para ir a Roma, encontrou-se na Bélgica com São João, o Cordeiro, bispo de Maast ri cht. Aconse lhado
9 Abraão, Patriarca
+ Palestina, séc. XIX a.e. "Esperando contra toda esperança, obedeceu a Deus, que o mandou deixar seu país e mais tarde sacrificar seu filho Isaac, único herdeiro da posteridade prometida. Teve fé em Deus, que o declarou justo, www.catolicismo.com.br
por este, fixou-se nos bosques de Saint-Hubert, nas Ardenas, onde fo i assassinado por bandidos. É um dos santos mais venerados na região.
19 São Pedro de Alcãntara, Patrono do Brasil + Arenas (Espanha), 1562. Foi adm iráve l por suas mort ificações e penitências. Reformador dos franciscanos da Espan ha, auxi liou e incentivou Santa Teresa na reforma do Carmelo. Quando fa leceu, a Santa teve uma visão dele subindo ao Céu, enquanto dizia: "Bendita penitência, que
me valeu tal recompensa".
20 Santa Maria Bertila Boscardin, Virgem + Itá lia, 1922. De humilde origem, entrou no Instituto de Santa Dorotéia, onde sua rude aparência levou a superiora a colocá-la na cozinha . Tendo que ajudar na enfermaria das crianças durante uma crise de difteria, mostrou-se uma enfermeira capaz, inteligente e paciente. Cu idou depois dos so ldados feridos na Pri meira Guerra Mundial. Sempre hum ilde e solícita, faleceu aos 34 anos.
21 Santo Agatão Anacoreta, Confessor + Ásia Menor, séc. IV. "Celebrado por seu discernimento.
Segundo ele, 'não havia nada mais difícil do que a oração, pois não há esforços· que os demônios não façam para interromper este poderoso meio de os desa rmar"' (Martirológio Romano Monástico).
São Donato, Bispo e Confessor + lt álí , 875. Monge irlandês
aclamado bispo pelo povo da diocese vacante de Fiésole, quando por ali passava em peregrinação a Roma . Durante 48 anos foi pastor dessa região da Toscana, reerguendo-a após a invasão dos normandos.
23 Santos Servando e Germa no, Mártires + Espanha, séc. IV. Convertidos do paganismo, eles se tornaram apóstolos e por isso foram presos e torturados. Libertados, voltaram a pregar com grande êxito, o que determinou serem novamente presos, torturados, e enfim decapitados por sua fé em Cristo.
24 Santo Antônio Maria Claret, Bispo e Confessor.
(No calendário tradicional: solenidade de Cristo Rei) Santo Antônio de Sant'Ana Galvão, Confessor + Brasi l, 1822. Natu ral de Guaratinguetá (SP}, francisca no, foi fundador do Recolhimento Mosteiro da Luz na ca pita l paulista, que dirigiu at é sua morte em odor de sa ntidade.
26 Santos Rogaciano e Felicíssimo, Mártires + África, séc. Il i. "São Cipriano
deu testemunho deles numa carta dirigida aos cristãos perseguidos: 'Sigam em tudo o sacerdote Rogaciano, que para a glória do nosso tempo vos aponta o cam inho pela valentia de sua fé "' (Martiro lógio Romano Monástico).
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+ Portugal, 1422. Agostiniano, notável por sua vida de jejum e penitência, recusou o título de doutor e outras dist inções.
28 Santos Simão e Judas Tadeu, Apóstolos. São Flrmiliano, Bispo e Confessor + Ásia Menor, 268. Ardoroso combatente da heresia dos donatistas. O historiador Eusébio o classifica como uma das figu ras mais notáveis de seu tempo.
29 São Zenóbio, Mártir + Ásia Menor, séc. IV. Méd ico, tornou-se sacerdote. "Na der-
rade ira perseguição, exortava os outros ao martírio. Por isso tornou-se também digno dessa graça " (Martirológio Romano).
30 Santa Dorotéla Schwartz, Viúva + Aleman ha, 1394. Filha de camponeses, ela era casada com um operá rio, com quem teve nove filhos . O mau gênio do marido a fazia sofrer. Após a morte deste, levou vida reclusa, sendo favo recida com êxtases, visões e reve lações.
31 São Quintino, Mártir + França, 287. Fil ho de um senador romano, foi como apóstolo à Gá lia com São Luciano. Martirizado no lugar que tomou seu nome, tornouse célebre na França.
Nota: Sa ntos já apresentados em calendários anteriores são apenas mencionados, sem nota biográfica .
l.11 tc11ções para a San ta M issa em outub ro Será celebrada pelo Revmo. Padre David Francisquini, nas seguintes intenções:
• Em louvor de Nossa Senhora Aparecida, implorando sua especial intercessão para que o Brasil vença a alarmante crise atua l e corresponda efetivamente a tão elevado privilégio de tê-la como Rainha e Padroeira, e os brasileiros se tornem súditos inteiramente fie is a uma tão excelsa Soberana.
1n te 11ções para a San tá M issa em novembro • Missa de Finados (2 de novembro) pelas almas dos nossos parentes falec idos e pelas almas que padecem no Purgatório. • Rogando a Nossa Senhora das Graças (27 de novembro) superabundantes graças para todos os leitores de Catolicismo, especialmente para aqueles que portam a sua Meda lha Milagrosa.
São Gonçalo de Lagos, Confessor
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OUT UBHO 20·15
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AMBIENTES • COSTUMES • CR\'UJZA.COES V
UM PENSADOR DEVE SER TAMBÉM OBSERVADOR DA REALIDADE DE TODOS OS DIAS Para esta edição, especialmente dedicada a homenagear o criador desta seção Ambientes, Costumes, Civilizações - expressão rica e original de uma escola de produção intelectual-, transcrevemos a seguir trecho de seu Auto-retrato filosófico no qual ele explica o fundamento doutrinário de tal seção e o objetivo que tinha em vista na redação das análises e comentários de Ambientes, Costumes, Civilizações.
Ama,enrns. cosrnmes. ciu111zAcDes
PLINIO CORRÊA DE OLIVEIRA (Y) l!)
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mente, as almas são modeladas ~ muito mais pelos princípios vivos que pervadem e embebem ª. os amb ientes, os costumes e as ~ civi lizações, do que pelas teorias por vezes estereotipadas e ~ até mumificadas, produzidas ~
oi em Catolicismo que criei e mantive, durante vários anos, a seção -
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Ambientes, Costumes, Civilizações - , por muitos apontada
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como a expressão rica e original de uma escola de produção intelectual. Essa seção constava da análi se comparativa de aspectos do presente e do passado, tendo por objeto monumentos hi stóricos, fisionomias características, obras de arte ou de artesanato, apresentados ao leitor através de fotos. Tal análise, feita à luz dos princípios que explicitei no livro
Automove1s, estilos de
Revolução e Contra-Revolução, tinha por meta mostrar que a vida de todos os dias, em seus aspectos-ápices ou triviais, é suscetí- ~ vel de ser penetrada pelos mais -~ altos princípios da Fi losofia e da Religião. E não só penetrada, mas ~ também utilizada como meio ade- ~quado para afirmar ou então negar '°~ - de modo implícito, é verdade, i
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mas insinuante e atuante - tais princípios. De tal forma que, frequente-
A verdadeira santidade é força de alma e não moleza sentimental
·ic'.3
mentalidades, vi da
à revelia da realidade, em algum isolado gabinete de trabalho ou postas em letargo em alguma biblioteca empoeirada. De onde a tese de - Ambientes, 'ost11m ' S, Civilizações - con i tir 111 que o verdadeiro pen ador também deve ser normal mente um ob ervador ana lista da realidade concreta e palpável de todos o dia s. Se cató li co, esse pensador tem ademais o dever de procurar modificar essa mesma rea lidade, nos pontos em que ela contradiga a doutrina católica (Catolicismo, nº 550, outubro/l 996).
l--------~~-~-----
t l995-2015
Preito à memória de Plinio Corrêa de Oliveira
SUMÁRIO
EXCERTOS
"ATÉ A CONSUMAÇÃO DOS SÉCULOS, O ~
CASAMENTO CRISTAO SERÁ INDISSOLÚVEL''
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EXCERTOS
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CARTA DO DIRETOR
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DISCERNINDO
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Reação contra o MST
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VARIEDADES Intromissão da ONU em assu ntos nacionais
Plinio Corrêa de Oliveira Em razão do que a mídia vem publicando nos últimos dias sobre o Sínodo da Família (encerrado em 25 de outubro), convém recordar que nenhuma lei humana pode mudar o que Deus estabeleceu para a instituição familiar. É o que bem explica o texto que segue.
• egundo a doutrina católica tradicional , o .casamento e a famí lia se fundam em princípios inerentes à natureza humana. Dado que Deus é o autor do Universo e do homem, tais princípios são a expressão da vontade divina. Por isto mesmo se consubstanciam eles em três Mandamentos da súmula perfeita do Direito natural, que é o Decálogo:
S
IV - Honrar pai e mãe; VI - Não pecar contra a castidade; IX - Não desejar a mulher do próximo. É nestes preceitos, imutáveis como tudo quanto constitui ordenação fundamental da natureza humana, que se baseiam a famí lia, o casamento, a unidade e a indissolubilidade do vínculo conjugal , o pátrio poder. Da lei feita por Deus, só Deus pode dispensar. Nenhuma lei humana - ainda que ela seja eclesiás2
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CORRESPONDÊNCIA
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PALAVRA DO SACERDOTE
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A REALIDADE CONCISAMENTE
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ENTREVISTA
ltiretnr: Paulo Corrêa de Brito F ilh o Jornalista Res11011sávcl:
Ne lson Ramos Barretto Registrado na DRT/DF so b o n" 3116
CPI do CIMI - Missão ou subversão?
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POR QUE NOSSA SENHORA CHORA?
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EPISÓDIOS HISTÓRICOS
Administração:
Hua Visconde de Taunay, 363 Bor,n Retiro CEP 01.132-000 São Paulo - SP Serviço de Atendimento no Assinante:
O cerco de Viena no sécu lo XVII tica - pode mandar validamente o contrário do que Deus preceituou. Nosso Sen hor Jesus Cristo elevou à dignidade de acramento o contrato matrimonial, conferindolhe assim um títu lo de indi ssolubilidade ainda mais ugusto e vigoroso. De onde, até a consumação dos séculos o casamento cristão será indissolúvel. A capacidade procriativa foi dada ao homem para povoar toda a Terra. E la deve se exercer, pois, em cond ições que lhe assegurem a prolificidade e coro lário necessário e capital - proporcionem aos filhos a formação moral e fís ica adeq uadas. Além de sua primordial missão educativa e formativa, a união entre os esposos tem o fim secundário, se bem que importante, de contribuir para a fe licidade de um e do outro, mediante o mútuo apo io moral e mate ri al. ❖ Plínio Corrêa de Oliveira, Projeto de Constituição Angustia o País, publicado como edição extra de Catolicismo (outu-
bro/1987).
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CAPA Tributo a Plinio Corrêa de Oliveira
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VIDAS DE SANTOS
Corrcspondêueiu:
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São Diego de Alca lá
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SANTOS E FESTAS DO MÊS
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AÇÃO CONTRA-REVOLUCIONÁRIA
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AMBIENTES, COSTUMES, CIVILIZAÇÕES
lml'ressiio:
Pro l Editora G,·áfica Ltda. E-mail:
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Natureza dos an imais irracionais e efeitos do pecado original nos homens
ISSN 0102-8502 Preços da assinatura anu al para o mês de Novembro de 2015:
Nossa Capa: Acima: cortejo por ruas ela capital paulista com imagem milagrosa ele Nossa Senhora ele Fátima. AJ,aixo: ao térmi110 elo cortejo, homenagem a Plínio Corrêa ele Oliveu-a no Pátio do Colégio, berço histórico da cidade.
Comum: Cooperador: Benfeitor: Grande Benfeitor: Exempl ar avulso:
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Fotos: Pau lo Campos
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NOVEMBRO 2015
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CARTA DO DIRETOR
DISCERNINDO Caro leitor, Catolicismo dedica a matéria de capa desta edição à homenagens oferecidas, durante os dias 2, 3 e 4 de outubro último, ao inesqu c íve l inspirador e principal colaborador de nossa revista, o Prof. Plínio orrêa de Oliveira, por ocasião do vigésimo ano de seu falecimento. A série de eventos iniciou-se no Jockey C lub de fo Paul , num almoço ao qual estiveram presentes Dom Athanasius Schneider, bispo de ala na ( azaquistão ), os Príncipes Dom Luiz de Orleans e Bragança e Dom Bertrand de ri an s e Bragança, o Duque Paul de Oldenburg e dois de seus filhos , o pres idente, dirct rcs e membros do Instituto Plinio Corrêa de Oliveira e de TFPs e enlidadc aíins disseminadas por dezenas de países dos cinco continentes. Na oca ião, ocorreu o lançamento da obra Minha Vida Pública - Compilação de relatos autobiográfico ·
de Plinio Corrêa de Oliveira.
Paulo Corrêa de Brito Filho DIRETOR
Os presentes foram inicialmente saudados por Dr. Caio Vidigal Xavier da Silveira, que realçou o alto significado das comemorações. Falando em seguida, o Duque Paul de Oldenburg lamentou não ter conhecido o Prof. Plínio e pediu que todos aqueles que estivessem na mesma situação se aproximassem dele. Apresentaram-se 76 jovens, originários de diversos países, aos quais se juntaram em seguida 17 outros, que nasceram após o falecimento do Prof. Plínio em 1995. Concluiu o Duque Paul: "Devemos imitar Dr: Plinio: em seu amor a Nossa Senhora, à Santa Igreja, em seu desejo de esmagar a Revolução e do advento do
Reino de Maria ". * * * O ponto alto das comemorações foi a solene Missa Pontifical celebrada por Dom Athanasius na Basílica do Mosteiro de São Bento na manhã do dia 3 de outubro. A essa admirável solenidade seguiu-se um cortejo, que percorreu o centro da cidade até o Pátio do Colégio e cujo ponto monárquico foi a imagem de Nossa Senhora de Fátima que verteu miraculosamente lágrimas em Nova Orleans (EUA) em 1972. No evocativo local onde nasceu a cidade de São Paulo em 1554, vários oradores ressaltaram virtudes do homenageado. Na tarde do mesmo dia, os participantes dos eventos puderam assistir no Club Homs a um audiovisual sobre atuações realizadas pelas associações daquela família de almas no mundo inte iro. * * * Na manhã de 4 de outubro, os participantes elevaram preces junto ao túmulo do líder e pensador católi co no Cemitério da Consolação. As orações foram conduzidas por Dom A ·hanas ius e acompanhadas pelos circunstantes com muita devoção. À noite, houve a solene sessão de encerramento das homenagens no grande auditório do Club Homs. Fi zeram uso da palavra o presidente do Instituto Plinio Corrêa de Oliveira, Dr. Adolpho Lindenberg, e mais seis oradores. Fecharam-se assim com chave de ouro as comoventes e brilhantes homenagens. * * * Em síntese: os eventos desses LTês dias deram a todos os filhos espirituais do "Cruzado do século XX" um vigoroso alento, e foram ocasião de graças divinas especiais para eles prosseguirem o combate contra-revolucionário nas pegadas do homenageado. Desejo a todos uma boa leitura. Em Jesus e Maria,
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''MST: VAI PRA CUBA COM O PT'' CID ALENCASTRO
prestígio da esquerda junto à opinião pública brasileira vai aos tropeções, caindo cada vez mais. Tomemos o exemplo de João Pedro Stédile, um dos líderes esquerdistas mais bafejados pela publicidade. Recentemente, para escândalo de muitos católicos, ele foi uma das figuras de proa do encontro dos movimentos populares promovido pela Santa Sé no Vaticano. Não obstante esse apoio midiático e o esguicho de água (pouco) benta, em 22 de setembro último, ao chegar a Fortaleza, onde participaria de mais um desses encontros enfadonhos que a esquerda multiplica na tentativa de aquecer a pólvora molhada, Stédile foi solenemente vaiado no aeroporto. Os manifestantes "gritavam 'MST- vai pra Cuba
O
com o PT' e chamaram Stédile de 'terrorista ', 'assassino', 'fascista' e 'comunista'. O episódio durou aproximadamente seis minutos, até o lider entrar em um carro e deixar o aeroporto" ("Folha de S. Paulo", 23-9-15). O MST, que adora ser incensado como "movimento social" e detesta ser tachado de horda de invasores das propriedades alheias, não gostou das vaias ao seu líder. Embora useiro e vezeiro da " arte" de promover arruaças, quebra-quebras e intimidações, o movimento revolucionário classificou o episódio de Fortaleza como "ato agressivo e constrangedor" e ameaçou até com medidas judiciais. Logo o MST, que vive numa espécie de clandestinidade jurídica para não ter que arcar
civil e criminalmente com as consequências de seus atos! O episódio teve inclusive um corolário ridículo. Segundo a jornalista Vera Magalhães, "um grupo
de artistas, intelectuais e dirigentes partidários está organizando um ato de apoio ao lider do MST em São Paulo " (idem, 27-9-15). Tal ato foi realizado? Caso tenha sido, caiu no vazio, não repercutiu. Escolhemos falar do episódio Stédile porque ele é emblemático, mas poderíamos trazer à consideração dos leitores diversos outros fatos que mostram como a esquerda está impopular, exceto, é claro, dentro de certos grupos reduzidos. Mas se a esquerda está tão desprestigiada junto à opinião pública, como explicar que ela continue a avançar numa série de frentes, como Ideologia de Gênero, ecologismo radical, demolição da família, entre outras? Primeiramente convém notar que esse avanço é forçado. Ele não se faz por um desejo da população, mas a contrapelo desta, através de
uma propaganda ininterrupta, somada à pressão de certos políticos egovernantes e à aceitação por uma elite desviada de sua missão. Em segundo lugar - e este fator é mais decisivo - , o esquerdismo se infiltrou profundamente nos meios católicos, onde utiliza púlpitos, cátedras e confessionários para, sob o pretexto de ajuda aos pobres, justiça social e outros slogans bem escolhidos, atiçar os sentimentos de revolta nas almas. Ou, não o conseguindo, pelo menos paralisar as consciências incutindo-lhes o receio de transgredir a religião se não aderirem às posições da esquerda. Esse fator é tão poderoso que, hoje em dia, no Brasil e em _m uitos outros países, o fator determinante da sobrevida e atuação do esquerdismo se origina da atuação de prelados e clérigos de esquerda, seguidos de perto por seus áulicos leigos.
"Como se escureceu o ouro, como se alterou o ouro .fino! Foram dispersadas as pedras sagradas por todos os cantos da rua " (Jeremias, Lamentações, 4,1). ❖
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VARIEDADES ,_
AS INJUNÇOES DA SRA. AYOUBI A ONU promoveu exame das políticas de proteção à criança no Brasil e aproveitou para intrometer-se na administração da Nação e dar ordens peremptórias
• • • • • • GREGORIO VIVANCO LOPES
A
ONU é · sabidamente uma organização inútil; e vai se tornando cada vez mais perniciosa. Sempre a serviço das esquerdas. Há pouco resolveu intrometer-se na vida dos brasileiros e ditar normas como se fosse um templo de semideuses, que tudo sabem e querem ser obedecidos. "Nos preocupamos com o que estamos vendo no Brasil ", declarou Hynd Ayoubi Idrissi, relatora do exame brasileiro e perita do Comitê do Direito da Criança da ONU ("O Estado de S. Paulo", 21-9-15, Jamil Chade correspondente). O que levou essa senhora marroquina a de repente " preocupar-se" com o Brasil? O que entende ela de brasilidade? "Crianças" de 17 anos, 11 meses e 29 dias ...
A preocupação da Sra. Ayoubi é com o projeto de lei que incri mina aqueles menores de 18 anos que matam, roubam, estupram, invadem etc. Quer sa lvá- los a todo 6
H. AYOUBI JDRISSI custo, pois os con idera ainda na fase da infância. ''A de.fi11içcio de infância fala em 18 anos. Mas estamos preocupados com , JJroposta de rever p ,ra hoixo a idoâ , de maioridade p ,n ,! ", diz e la. Contud , 'i inda que 'SS projeto não venha a se r ·1pr vado, a " preocupação" da ra . J\youbi não ce sa. Teme e la que, nesse ca o, eja aumentado o tempo d ' internação dos menores in l'ral ores. E um perí do ma i r d ' int ern ação faria mal à "crian ças"!
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A funcionári a da ONU condena, pois, a hipótese "de deixar a idade em 18 anos, mas prolongar as internações [... ] i sso representa reduzir a proteção aos menores e não dá uma solução à violência. Apenas a repressão não é a resposta, mas sim a prevenção". Ora, não se trata de reduzir a proteção aos menores, isso é um sofis ma. Trata-se, isto sim, de penali zar adequadamente quem comete crimes e é responsáve l pe lo que faz. Tão responsável, que já
aos 16 anos é considerado com suficiente clarividência para poder votar, discernir os rumos mais adequados para a Nação e escolher seus mais altos dirigentes. Os menores precisam ser protegidos, sim, mas não os criminosos. Quanto à afirmação de que tornar punível o menor de 18 anos "não dá uma solução à violência ", é outro sofisma. É claro que não se resolve só com isso o problema da criminalidade. Como também não se soluciona a violência com punir os maiores de 18 anos! lsso significa que ninguém deve ser punido e que todos os bandidos devem ficar soltos? A esse respeito é muita lúcida a observação do Juiz de Direito, Dr. Alexandre Semedo de Oliveira: "O argumento do 'não resolve', pura e simplesmente, não se aplica à discussão. Pois, ao menos até onde eu saiba, ninguém defende a redução da maioridade penal para 'resolver' o problema da delinquência entre nossos j ovens. Ao contrário, d~fende-se tal redução porque punir adolescentes pelos atos bárbaros que cometem é um imperativo da justiça, que teria ainda, como ~feito colateral desejável, uma redução no índice de criminalidade entre os adolescentes." (https://veritasquae. wordpress.com/2015/05/25/a-reducao-da-menoridade-penal-e-o-argumento-do-nao-resolve/) De outro lado, não vemos por qu e escolh er entre prevenção e repressão, como faz a representante da ONU. Uti li zem-se as duas. Aliás, uma prevenção que consistisse em ensinar às crianças e aos adolescentes a moral cató li ca, poderia dar frutos excelentes. Porém, disso não cogita a Sra. Ayoubi. Mas a marroquina parece habituada a mandar. Pois sentencia, em tom imperativo: "Queremos saber o que o Brasil vai fazer em
relação a essa proposta. Sabemos que existem pressões. Mas queremos que a idade de maioridade penal seja mantida em 18 anos". Incomodada com o conservadorismo
Para a Sra. Ayoubi, o que se vê no Brasil nos últimos anos é "o .fortalecimento de tendências muito conservadoras entre as forças politicas. Isso pode ameaçar os avanços realizados na proteção da criança nos últimos anos". Tal apreciação mais parece um bestialógico do que outra coisa. Que há uma tendência conservadora entre os políticos, como decorrência de um considerável aumento do conservadorismo na opini ão pública, é de toda evidência. Mas concluir daí que isso ameaça a proteção da criança, é totalmente disparatado. São as famí li as conservadoras as que mais protegem seus filhos. A menos que essa senhora marroquina ache (estamos em pleno campo do "achismo") que proteger a criança é dar-lhe liberdade para cometer crimes e sugestioná- la a aceitar aberrações como a Ideolog ia de Gênero, a depravação sexual e quejandos. A diminuição do número mastodôntico de ministérios no Brasil - eram nada menos do que 39, cada um com seus departamentos, suas secretarias e seus gastos seria um meio de diminuir as despesas de um Estado que o PT tornou combalido, e de favorecer um necessário ajuste fiscal. Mas a Sra. Ayoub i não quer essa diminuição. E la está "preocupada" com o "setor social": "Temos uma preocupação com o que ocorre dentro do estado brasileiro, no que se refere a propostas de que departamentos e secretarias seriam eliminados [... ] Estamos cada vez mais preocupados com os ajustes no orçamento e
o impacto que ele possa ter no setor social, de saúde e de educação". Por detrás da ONU, o PT?
É tão estapafúrdia essa intromissão da ONU em assuntos brasileiros que causa desconfiança. Tanto mais que as posições da marroquina são consonantes com as do PT. Cabe a hipótese de que teria sido o governo do PT quepediu à ONU tais pronunciamentos, a fim de ver reforçadas suas posi. ções esquerdistas no Brasil. A favor dessa hipótese vemos que a "mão" do PT aparece claramente no assunto. Essas injunções da Sra. Ayoubi foram feitas porque a ONU "iniciou o exame das pofiticas de proteção à criança no País". Ora, "o governo brasileiro, durante o exame, garantiu que vai lutar contra [a redução da maioridade penal] no Congresso. 'O Brasil enfrenta uma grande ameaça e é um risco que está no Congresso Nacional', concordou Rodrigo Torres, diretor do Departamento de Pofiticas Temáticas dos Direitos da Criança. 'O governo entende que a maioridade não pode ser alterada e, por isso, deve ser mantida' ", disse Torres de modo redundante. Adernais, o governo petista esteve fartamente representado durante o tal exame. "A lém de diplomatas, a delegação brasileira contou com representantes de diversos ministérios e até com a participação de Eduardo Suplicy, secretário de Direitos Humanos do Município de São Paulo ". O que faz aí um secretário municipal , derrotado nas últimas e leições? Só parece exp licar-se pelo fato de o Sr. Eduardo Suplicy ser um petista roxo. Seja como for, a equação
"inutilidade da ONU+ esperteza do PT= desastre para o Brasil" parece ser a mais verossímil nisso tudo. ❖
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CARTAS DOS LEITORES ..............................................................
dos grandes desafios que poderão advi r da neces-
da mentalidade e personalidade de Dr. Plínio.
sidade de lidar com o proselitismo religioso, se expondo, tal como uma chaga aberta e desprote-
como os Dom Helder, Casaldáliga e Balduinos da vida, acrescidos dos . vermelhos da "Teologia da Libertação"! Aliás, depois
As ações de acolhimento de imigrantes que cruzam o Mediterrâneo, por parte dos países europeus,
gida diante de males que podem acarretar dilacera ção; pois se apresenta propenso à dissipação de bens inestimáveis. Já que
de ser super-questionado nas ruas, o PSDB resolveu da r uma "mudadinha " - espero que não seja por mero oportunismo -
ressaltam o importante aspecto humanitário, porém nos remete a outro, bastante preocupante, ou
tem negado seu passado, suas raízes, se esvaziando de sua história e abdicando de sua identidade
pois deve ter chegado à conclusão que as RUAS DORAVANTE DITARÃO O TOM e é bom se precaver,
gloriosa, ao ponto de negar em si a presença do Deus verdadeiro, d'Aquele
pois as RUAS não querem
(R.M.S. -
"Paladino da Fé" No vigésimo aniversário do falecimento de Plinio Corrêa de Oliveira, elevamos ao Sagrado Coração de Jesus, pela mediação do Imaculado Coração de Maria, uma ação de graças. Agradecemos à Divina Providência o dom da vida plena de sabedoria, dedicação à Igreja e à Civilização Cristã que teve este admirável Paladino da Fé. "Loin des yeux, pres du coeur" (Longe dos olhos, perto do coração), diz um provérbio francês. Nesse sentido, sua ausência física - longe de esmaecer sua memória, a admiração e afeto a ele dedicados - torna sua presença espiritual muito mais atuante entre nós. Santa Teresinha do Menino Jesus, que em sua vida terrena foi praticamente desconhecida, após sua morte exerceu um apostolado e uma influência nas almas imensa. Os santos, após sua morte, na visão beatífica, face a face com Deus, têm um poder de intercessão muito mais eficaz do que em sua vida neste vale de lágrimas. Assim , Plínio Corrêa de Oliveira, junto a Maria Santíssima que ele tanto amou e serviu, com certeza intercederá pela causa da Civilização Cristã e por seus filhos espirituais. lm-
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SP)
Invasão da Europa
pedido por compromissos anteriormente assumidos
desejo uma vez que ele, conforme o publicado em
que ele fez muitos alertas e denúncias contra o
de comparecer às merecidas homenagens, uno-me
seu testamento, se "haver consagrado a Ela como
progressismo católico, o socialismo, o comunismo.
em espírito e oração a elas. Peçamos que ele ob-
escravo perpétuo. Nossa Senhora foi sempre a Luz de minha vida, e de sua clemência espero que seja Ela minha Luz e meu Auxí-
E também contra as direitas nazistas. Nada menos de um milhar de publicações - em vários países - relatando a persona-
lio até o último momento da existência".
lidade e a luta do Prof. Plínio. A matéria tratada é muito variada e desconhecida em grande parte do comum das pessoas. O entrevistado poderia ir respondendo perguntas
seja, a real possibilidade do risco de islamização do continente europeu, cuja concepção religiosa poderá fluir persuasivamente, de maneira perigosa por todo o Ocidente, gerando,
dos leitores? Ou pelo menos ir desenvolvendo em capítulos o pensamento e a luta do Prof. Plínio?
ainda, formas diferentes e conflitantes no pensar e no agir das pesso-
tenha de Nossa Senhora a pronta realização de suas promessas em Fátima: "Por fim, o meu Imaculado Coração triunfará!"
(M.P.A. -
GO)
(A.L.K. -
Reino de Maria
Confiança
Doutor Plínio foi um homem nascido para dirigir o século XX, mas,
Permita associar-me à Homenagem a Plínio
infelizmente, tal século deu-lhe as costas e, por isso mesmo, foi um período de calamidades, a começar pela implantação de governos comunistas em boa parte do planeta. Que Deus tenha piedade de nossa época e permita a realização do grande sonho de Doutor Plínio: um período em que toda a humanidade em todo seu conjunto seja fiel aos ensinamentos do Evangelho e tenha a Santa Mãe de Deus como Rainha Soberana de todos os povos da Terra. Do Céu, com toda certeza, ele roga a Deus e a Ela para apressarem estes dias de crise, sobretudo moral, nas nações e na Igreja . Creio que mais do que ninguém Doutor Plínio deseja o fim de tal crise universal, e a Providência Divina atenderá seu
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SP)
Corrêa de Oliveira. Havia uma coisa que MUITÍSSIMO me impressionava na pessoa e na alma de Dr. Plínio: a sua completa
(C.M.-SP)
e total CONFIANÇA NA DIVINA PROVIDÊNCIA E
Civilização Católica
EM SUA MÃE SANTÍSSIMA. Seus discípulos, em várias partes do mundo, mantêm vivamente acesa essa
Se há algo presente neste mundo atual que possa ser considerado digno, é a atuação de Plínio
vi rtude. Só posso associarme. Rezo pelos senhores
Corrêa de Oliveira, e o que representa em termos de
e peço as suas orações.
defesa dos princípios da Civi lizaçã o Católica e, mais que tudo, em termos de difundir o amor a Santíssima Mãe de Deus e de nós todos.
(A.T.M. -
SP)
Personalidade combativa Estou lendo a entrevista concedida por Adolpho Lindenberg sobre a atuação do Prof. Plínio Correa de Oliveira. Como eu, acho que muitos brasileiros tiveram ideia muito incompleta do pensamento e da obra do Prof. Plínio. A pesquisa que pude fazer na biblioteca digital indica
(N.A.T.G.P. - PR)
Mentalidade de Dr. Plinio Excelente a entrevista de Dr. Lind enberg sobre seu primo-irmão, o grande escritor que foi Dr. Plínio. Li duas vezes a entrevista, pois a chei muito esclare-
tas dezenas de milhões
cedora e proporcionou-me uma melhor compreensão
que o tornou tudo que ele é hoje. Logo, com base em tais reflexões, caberia indagar se todo o êxodo dos imigrantes que invadem a Europa nos dias de hoje, já não seria para o cumpri-
as. Possibilidade nada remota, já que a História
mento dos desígnios de Deus intervindo na história
revela a importância desse
do grande continente euro-
luminoso continente no desenvolvimento das mais variadas regiões do mundo, em suas culturas, em
peu, agraciado com tantas luzes, mas que agora manifesta sua apostasia?
seus sistemas políticos, econômicos etc., cujas nações ca rregam consigo valores inegociáveis, herdados desse continente outrora cristão, podendo ainda esse continente ser reconhecido como centro histórico e cultural da humanidade. Havendo de se considerar, por fim, suas descobertas científicas, grandes invenções e avanços tecnológicos. Contudo é prudente atentar para a possibilidade de que o velho continente europeu venha a se apresentar de forma vuln erável diante
(J.L.F.G.A. - RJ)
As "ruas" dando o tom É o Brasil que tem obrigação de desempoleirar o PT do poder! Recentemente, o mais antigo ministro da Corte, Celso de Mello, até invocou o jornalista e político Carlos Lacerda, que em 1954 cunhou uma expressão que cairia perfeita na conjuntura atual: "Somos um povo honrado governado por ladrões ". E como se encaixa à quadrilha que se instalou no País, sendo o pior, ajudada por falsos religiosos
brincadeiras e acusaram com toda razão o PSDB de ser um moleirão. Também o povo cansou de ser idiota-útil, e agora quer o afastamento do PT e manterá a constante e ininterrupta pressão. Tudo indica que a peste do diabólico comunismo seja castigo pela adesão de católicos ao modernismo, ao relativismo; creio ser isso a causa de todas as desgraças que assolam o Brasil!
(R.R.-RJ)
F RASES S ELECIONADAS • • • • • • • • • • • • • • • • • • •
"Fazes o impossível para morrer um pouco mais tarde, e nada fazes para não morrer para sempre?" (Santo Agostinho)
"Não há coisa que os homens queiram mais do que a vida e, no entanto, como a desperdiçam!" (Jean M. de la Bruyere)
"Se a morte fosse mesmo o fim de tudo, seria um ótimo negócio para os perversos, pois ao morrerem teriam canceladas todas as maldades, não apenas dos seus c01pos, mas também de suas almas" (Sócrates)
"Eu, para que nasci? Para salvar-me. Que tenho de morrer é infalível. Deixar de ver a Deus e condenar-me, triste coisa será, porém possível. Possível, e vivo rindo, dormindo, e na folga. Possível, e só tenho amor ao visível. O que faço , do que me ocupo, com que me encanto? Louco devo ser se não for santo" (Frei Pe,lro de los Reyes)
que teriam subvertido muicatolicismo@terra.com. br / NOVEMBRO 2015
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PALAVllA DO SACERDOTE
Pergunta - Eu gostaria de saber o que a doutrina católica diz a respeito de se fazer roupas para cachorros. Pode? Ou é uma coisa sem noção? Agradeço desde já. Resposta - A pergunta nos permite abordar um tema de muita atualidade: o trato equilibrado que se deve dar aos animais e, em particular, o modo de tratar os bichos de estimação. A resposta a essas interrogações apresenta duas dimensões, pois implica tanto questões religiosas e morais, quanto problemas culturais e de bom senso. Do ponto de vista religioso, que obviamente é o principal , é preciso já de início insistir na contraposição absoluta entre a doutrina e a moral cristãs e a doutrina e a moral das religiões orientais, a respeito dos animais. Para simplificar, vamos tomar em consideração apenas três das religiões de origem indiana: o hinduísmo, o budismo e o jainismo. Duas crenças básicas dessas religiões determinam sua posição face aos seres vivos. De um lado, a crença na reencarnação, segundo a qual, após a morte, a alma pode encarnar-se novamente sob a forma de um vegetal, um animal ou de outro homem. [sso porque, segundo elas, não há diferença nenhuma entre o princípio de vida (atman) existente no ser humano e o princípio de vida nos outros seres viventes. Como já foi explicado recentemente nesta seção, para as
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Superioridade intrínseca do homem
Monsenhor José Luiz Villac religiões orientais pagãs esse princípio é, na realidade, uma centelha divina. Todo ser vivo seria divino! De outro lado, tais religiões pagãs praticam o ahimsâ, ou seja, o princípio da " não-violência", que as leva a não causar nenhuma for-
ma de dano aos outros seres vivos e ao respeito sagrado à vida sob todas suas formas.
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Uma das consequências práticas dessas duas crenças religiosas é o vegetarianismo absoluto, posto que comer carne implica em matar um animal. Dependendo da religião, comer carne acarreta como punição reencarnar-se nos bichos, de cuja carne a pessoa se alimentou, ou ir parar no Inferno. Já o cristianismo insiste na diferença radical que há entre o homem, criado "à imagem e semelhança de Deus " - e que, para isso, recebe diretamente do Criador, após a concepção, uma alma racional e imortal - e os animais, cujo princípio de vida é puramente sensitivo e incompleto, e por isso mesmo, mortal. Tal concepção resulta da própria Revelação, já nas primeiras páginas do Génesis (representação ao lado) . Com efe ito, durante a Criação do mundo, Deus ordenou às águas produzir os peixes e os pássaros, e à terra formar os bichos terrestres, mas encarregou-Se Ele próprio de criar diretamente o homem ( I, 24; 2, 7). De onde, enquanto os animais se reproduzem por si mesmos, transmitindo eles próprios o princípio de vida que os anima, é Deus que, para cada criança que é concebida, cria Ele mesmo, do nada, sua alma espiritual , que é imaterial e imortal. Por causa dessa superioridade intrínseca dos homens, o Anti go Testamento refere como Deus pôs os animais sob o domínio de Adão, que se apropriou del es co nfer indo-lhes um
nome. Por causa dessa mesma realeza sobre a criaçã.o terrena, quando da queda original, pela qual nossos primeiros pais foram expulsos do Paraíso, não somente os homens, mas também os animais foram condenados ao trabalho e, além disso, os animais, à " lei da selva". Mais ainda, foi depois da expulsão que o homem começou a nutrir-se da carne dos rebanhos (Gen. 9, 3-4), ficando seus destinos mais ligados entre si, a ponto de Deus, por ocasião do Dilúvio, salvar não somente Noé e sua família, mas também todos os animais. Dono dos animais, em particular dos herbívoros domésticos (Gen. l, 26), o homem deve, porém, tratá-los como seus servidores e protegê-los. Por exemplo, ele deve livrá-los de cargas excessivas (Ex . 23, 5), deve alimentá-los dando-lhes uma parte do produto de seu trabalho (Deut. 25, 4), deve deixar o boi e o jumento, seus auxiliares no campo, em repouso no sétimo dia da semana (Ex. 23, 12), até mesmo nos períodos de lavoura e de colheita (Ex. 34, 21 ). Alimentação que Deus concedeu aos seres humanos
Tudo isso mostra que o homem deve cuidar dos animais e não ser cruel com eles. Não porque tenha propriamente um dever para com eles - posto que os animais não têm uma personalidade independente, privados que são de urna alma espiritual e imortal - , mas porque existem para o serviço do homem, que deve usar deles para fins razoáveis, ainda que isso implique, por vezes, fazê-los sofrer. Por exemplo, durante a Antiga Lei , para sacrificá-los a Yahvé conforme as prescrições dadas pelo próprio
Deus a Moisés, ou quando é preciso matá-los para servirem de alimento. Nesse particular, é interessante notar que, no Primeiro Concílio de Braga, no ano 561 , foi condenado o vegetarianismo de índole religiosa praticado por seitas maniqueias. Contrariamente às seitas hinduístas que espiritualizam, e até divinizam os animais, os maniqueus os consideravam seres imundos, criações do "deus do mal", e por isso eram vegetarianos. O interessante do caso é que a Igreja Católica condenou energicamente a tese dos que negam que as carnes animais foram dadas por Deus para o uso dos homens. Assim reza o cânon 14 do referido Concilio: "Se alguém considerar como impuro os alimentos de carnes que Deus concedeu aos homens, e se abstém deles, não por motivo de mort/ficação de seu corpo, mas por considerá-las uma impureza, de modo que não coma nem mesmo verduras cozidas com carnes, conforme a.firmaram Maniqueo e Prisciliano, seja anátema ". Não desviar o afeto devido aos seres humanos
Porém, no exercício de seu domínio sobre os animais, o homem
comete pecado quando os faz sofrer inutilmente. De si, tal pecado é apenas venial, mas ele pode ser agravado quando há o perigo de se adquirir hábitos brutais e, em particular, o de satisfazer instintos sádicos pelo mau trato dos animais. No passado, a estima do cristianismo pelos animais exprimia-se de maneira muito tocante nas regiões rurais, por meio de rituais religiosos, nos quais os animais presentes eram abençoados como "bens da terra" que permitem aos agricultores e criadores exercer um ofício, bem como ao resto da população dispor de alimentos. Por exemplo, durante as cerimônias denominadas Rogações, os sacerdotes percorriam todo o território da paróquia sob sua jurisdição, abençoando os campos recém semeados e as pradarias onde pastavam os rebanhos. O Catecismo da Igreja Católica resume bem essa concepção católica muito equilibrada e que não tem nada em comum com a sacralização de animais praticada pelas religiões pagãs orientais. Ele afinna o seguinte: • "2416. Os animais são criaturas de Deus. Deus envolve-os na sua solicitude providencial. Pelo
catolicismo@terra.com.br / NOVEMl3HO 20·15 li.
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simples fato de existirem, eles O bendizem e Lhe dão glória. Por isso, os homens devem estimá-los. Deve-se lembrar com que delicadeza os santos, como São Francisco de Assis ou São Filipe de Neri, tratavam os animais. • "2417. Deus confiou os animais ao governo daquele que foi criado à Sua imagem. É, portanto, legítimo servimo-nos dos animais para a alimentação e para a confecção do vestuário. Podemos domesticá-los para que sirvam ao homem nos seus trabalhos e lazeres. As ex-
desviar-se para eles o afeto só devido às pessoas."
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Em relação a esse último ponto é que entra a dimensão cultural e de bom senso mencionada no início do artigo. É, de fato, importante observar que, em nossa sociedade hiper-urbanizada, na qual os citadinos quase não têm contato com a natureza e com os animais, muitas pessoas passam a ter uma visão romântica em relação aos bichos. Essa idealização os leva a desenvol-
gos autênticos e leais, quase como "fazendo parte" da família. Em consequência, sua alimentação não mais se restringe às rações para animais, mas existe para eles uma verdadeira gastronomia de luxo, como também salões de beleza, psiquiatras, dentistas, hotéis, casas de diversão e verdadeiros "guarda-roupas" para vesti-los. O que suscita, não raro, sarcasmos por parte dos habitantes do campo, que mantêm habitualmente um relacionamento normal e sadio com os animais e a natureza.
Roberto de Mattei
Plinio Corrêa de Oliveira Profeta do Reino de Maria
Bom senso X propaganda midiática
periências médicas e científicas em animais são práticas moralmente admissíveis desde que não ultrapassem os limites do razoável e contribuam para curar ou poupar vidas humanas. • "2418. É contrário à dignidade humana fazer sofrer inutilmente os animais e dispor indiscriminadamente das suas vidas. É igualmente indigno gastar com eles somas que deveriam, prioritariamente, aliviar a miséria dos homens. Pode-se amar os animais, mas não deveria
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ver um relacionamento desregrado com seus animais de estimação. E isso tanto mais quanto a dureza das relações hmnanas nas grandes urbes, especialmente em nossa sociedade descristianizada, estimula mn teor de relacionamento escasso entre as pessoas, e geralmente muito superficial, produzindo nos habitantes uma sensação de isolamento. De onde a procura de uma compensação no carinho no trato com os anima is de estimação, que passam a ser considerados ami-
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Precisamente quanto à pergunta de nossa leitora, em todas as culturas, nas festas folclóricas ou nas grandes solenidades, os animais eram ajaezados e ornados, havendo por vezes até um concurso para se indicar os mais belos. Porém isso não era realizado para agradar os animais - desprovidos de razão e, portanto, incapazes de apreciar a beleza de seus ornamentos - , mas para ressaltar a solenidade do evento, ou simplesmente prestigiar seus donos. Nisso entrava uma dose de bom senso que começa a faltar a nossos contemporâneos, não poucas vezes influenciados pela propaganda religiosa de religiões pagãs orientais. Elas colocam os animais em pé de igualdade com o homem, procurando atraí-lo a práticas de suas seitas. Apelam para a sensibilidade das pessoas sob o pretexto de combate à crueldade contra os animais. Problema que realmente existe, mas que não parece ter as dimensões apocalípticas trombeteadas por certos meios de propaganda. ❖
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A inabalável confiança que Plinio Corrêa de Oliveira sempre manifestou na realeza social de Maria nasceu, mais do que em considerações teológicas, de uma análise atenta, sob a luz da graça, da sociedade em que vivia. Desde muito jovem, ele teve a certeza de que o mundo moderno caminhava para sua ruína, e que era necessária uma restauração da sociedade cristã sobre seus destroços. A confirmação desse futuro reinado de Maria, que a razão e a fé lhe indicavam, Plínio a encontrou na mensagem de Fátima; mas antes desta, conheceu-a nas extraordinárias previsões de São Luís Maria Grignion de Montfort. Roberto de Mattei
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Petrus Editora Ltda. Rua Visconde de Taunay, 363 - Bairro Bom Retiro CEP 01132-000 - São Paulo-SP Fone/Fax (11) 3333-6716 E-mai I: petrus@ livrariapetrus.com. br Visite nosso site na internet: www.livrariapetrus.com.br
Parlamento britânico repele projeto de eutanásia
Novo Komintern age sob as ordens de Moscou "A Rússia está instalando na Europa uma estrutura ideológica que se assemelha à Internacional Comunista, ou Kom intern, dirigida outrora pela União Soviética ", denunciou um relatório da contra inteligência da República Checa. A renovada estrutura russa tem três objetivos forn ecidos pelos serviços especiais do país a "agentes de influência " que trabalham sem se dizerem instrumentos de Moscou . O primeiro é apoiar a política exterior russa . O segundo é criar a impressão, nos países visados, de que as respectivas populações partilham as posições de Putin. O terceiro é recrutar agentes sem militância pró-russa declarada, que fornecerão informações úteis a Moscou .
Bispo alerta: Venezuela tornouse comunista imitando Cuba Dom Roberto Lückert, Arcebispo de Coro, na Venezu ela, denunciou que a nação transformou-se em "um país comunista " porqu e seus govern antes copiaram o modelo cubano. Nas pegadas dos Castro, o socialismo destruiu a ord em econômica venezuelana. Devido à inflação, a nota de maior valor em circulação - 100 bolívares - equivale a 0,42 reais. Contudo, nem os ladrões querem os bolíva res ... Dom Lückert lembrou que a Venezuela envia a Cuba "150.000 barris de petróleo por dia ", al ém de "muito dinh eiro ". Porém, faltam alimentos, remédios e produtos básicos para a maioria da populaçã o. O regim e de Caracas precede no trágico desastre os governos bolivarianos admiradores do inferno cubano.
Maduro visita Raúl Castro em Cu ba
Fukushima: pânico verde causou mortes, não a radiação atômica O alarmismo por ocasião do acidente na usin a nuclea r de Fukushima (Japão), em 2011, foi responsável pela evacua ção precipitada que provocou 1.600 mortes, revelou relatório da Agência Internacional de En ergia Atômica (AIEA). Segundo a agência, ninguém morreu ou fi cou doente pela radiação, mesmo entre os trabalhadores da usina. O pânico verde originou a transferência de pacientes de unidades de UTI para escolas, provoca ndo as mortes recenseadas. "Foi o medo da radiação que acabou matando as pessoas ", disse o Dr. Mohan Doss, do Fox Chase Can cer Center de Filadélfia. As autoridades sa nitá rias j apon esas diagnosticara m um único caso de cânce r at ribuível à rad iação. A confra ri a am bi enta lista, desejosa de se extingu ir a civilização, está dif undindo pânicos em re lação a perigos in existentes, co mo em Fukushima.
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Reinado recorde de Elizabeth li: grande triunfo da inst ituição famíliar Elizabeth li, Rainha da Inglaterra , atingiu a marca do mais lon go rein ado da era cristã . Fico u para a História a imagem da jovem e delicada rainha descendo sozinha do avião qu e a levou a Londres, 63 anos atrás. Quem diria que aqu ela princes inh a reinaria tanto tempo? Quem teria previsto que ela entraria no Ili mil ênio como chefe de Estado mais am ado à testa de um regime dos mais sólidos do mundo? O Big-Ben de Lon dres soo u na hora exata, uma moeda comemorativa foi lança da, o Parlamento realizou uma sessão especial com muitos aplausos e discursos solenes. Mas a rainha preferiu comemorar o evento com um jantar em famíl ia. O recorde de Eliza beth li constitui um triunfo da continuidade dos valores t radicionais famili ares e cristãos numa época de deca dência mora l em que at é na Igreja Católica prelados tendem a co nsiderar a dignidade do matrimônio e da família à condição condenável de uniões equipará veis a un iões re prováveis.
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O Parlamento britâ nico recusou em última instância a tentativa de lega liza r a eutanási a, ou suicídio assistido. O falsa mente denominado "direito a morrer" foi derrotado por 330 x 118 votos. Do lado de fora do Parlamento de Westminster oco rreram du as manifest ações: uma a favor da morte e outra em defesa da vid a. Essa oposição pôs em relevo a pol ari zação provocada pelo tema na soc iedade britânica. O ex-ministro co nservador Li am Fox advertiu qu e "a aprovação dessa lei abriria uma ca ixa de Pandora que não se sa be onde pode acaba r". Exe mplo de ta l im ora lid ade ocorreu na Bélgica nos mesmos dias. Ali , bastará que alguém se declare em estado de depressão para lh e se r in ocul ado o cocktail da morte, análogo ao aplicado em cond enados à pena capital em certos estados norte-americanos.
Católicos protegem catedral atacada por militantes LGBT Militantes feministas, LGBT e de extrema-esquerda tentaram profanar a catedral de Mar dei Plata, na Argentina , tendo o sacrilégio sido evitado por jovens católicos. A coluna agressora pé:irticipava do XXX Encuentro Nacional de Mujeres , evento financiado pelo governo nacionalista-bolivariano de Cristina Kirchner. Os profanadores - que conseguiram derrubar parte da grade de proteção da catedral - proferiam horríveis blasfêmias e insultavam os católicos que rezavam nos degraus do templo, enquanto algumas militantes feministas se despiam e lhes lançavam pedras, garrafas, rojões e lixo. A polícia registrou que os agitadores também jogaram excrementos humanos contra as forças da ordem. Os católicos não dispõem dos vultosos recursos materiais das esquerdas. Mas contam com algo de muito mais valioso: o apoio do Céu . E com ele e seu sacrifício pessoal, os fieis católicos estão certos da vitória.
1 1 1 Hostilidade contra a cruz helvética da bandeira suíça
Alunos da escola de Emmen, no cantão suíço de Lucerna, pintaram num muro da cidade a bandeira nacional com a conhecida cruz helvética. A iniciativa gerou uma tempestade, pois temendo sensibilizar os imigrantes islâmicos, que odeiam a cruz, a direção da escola mandou apagar a pintura. Com toda razão, alunos, pais de família e professores reagiram energicamente. A medida da direção escolar é análoga a de grupo que exigisse apagar o Cruzeiro do Sul da bandeira brasileira para não ofender o Islã! A propósito, o "Observatório da Cristianofobia " observou que renomadas empresas suíças, como Tissot, Swatch e Victorinox, estão retirando a cruz helvética de seus logos. Segundo tal Observatório, trata-se de uma vitória do marxismo cultural, que predispõe a Suíça a aceitar um movimento religioso-político regime perseguidor e escravizador de cristãos, como é o Islã.
Combate mundial à pobreza supera todas as metas A meta de reduzir pela metade o número dos que vivem na pobreza ext rema na Terra (rend a inferior a cin co reais por dia) não só fo i atingida, mas supera da co m fol ga. Segundo a ONU, os extremamente pobres caíra m de 2,6 bilh ões em 2000 para 836 milhões em 2015. Na China e no sud este da Ásia, a queda foi de 8 4%; na Am éri ca Latin a, de 66%; na Áfri ca, de 28%. Red uziu-se pela meta de a morta lidade infantil na África subsaa ri ana, onde 9 0% das crianças vão hoj e à escola e 80% completam o ciclo educacio nal. A melhora é atribu ída ao siste ma capitalista, sobretu do na Ásia e no Brasil. Em vista disso, não se com preend e os ataques à propriedade privada, à livre ini ciativa e à ca pitalização pessoal por pa rte de fi guras de rea lce da esfera religiosa e política da atualidade. catolicismo@terra.com.br / NOVEMBRO 2015
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ENTREVISTA Catolicismo -A senhora poderia esclarecer aos leitores de Catolicismo o panorama político-institucional
CPI NO MATO GROSSO DO SUL INVESTIGA O CIMI Entrevista da deputada Mara Caseiro esclarece que o CIMI, organismo vinculado à CNBB, açula indígenas a invadir propriedades particulares. É o contrário do que a mídia esquerdista noticia, distorcendo os fatos e apresentando os produtores rurais como vilões.
• • • • • • ossa entrevistada, Mara Caseiro, deputada estadual no Mato Grosso do Sul, preside a CPI sobre o Conselho lndigenista Missionário (CIMI), recentemente instalada na Assembleia Legislativa daquele estado. Casada, mãe de dois filhos, cirurgiã-dentista, ela vem demonstrando muita garra, tanto na esfera municipal quanto agora, no âmbito estadual. Mara narra a sua trajetória: "Sou paranaense de Umuarama, e vim para Eldorado (MS) em 1997, onde montei meu consultório odontológico. Como servidora pública, sempre assumi a defesa de nossa e/asse em todas as ocasiões oportunas, razão pela qual, oito anos mais tarde, me tornei política, exatamente por não concordar com muitas coisas que ocorriam em nossa administração local no município de Eldorado. Fui vereadora por um mandato e depois me elegi prefeita municipal por dois mandatos consecutivos, o que me credenciou, em função do trabalho realizado, a ser indicada para defender a região do Cone Sul do estado na Assembleia Legislativa. Estou cumprindo o meu segundo mandato como deputada estadual". Nosso correspondente, Nelson Ramos Barretto, que viajou para Campo Grande a fim de prestar depoimento à CPI do CIMI, aproveitou a ocasião para colher esta esclarecedora entrevista da deputada Mara Caseiro sobre a ação desse órgão que vem instigando os índios a invadir fazendas e a reivindicar terras legitimamente pertencentes a seus proprietários.
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de sua região, aqui no Mato Grosso do Sul, quanto às invasões de quase uma centena de fazendas por parte de índios? Por que foi aberta esta CPI?
Deputada Mara- Em primeiro lugar, o que nos motivou a entrar com o pedido de CPI para investigar o Conselho lndigenista Missionário no Mato Grosso do Sul foi a quantidade de invasões de propriedades rurais que este órgão está patrocinando. Já são 98 áreas invadidas. As invasões ocorrem como se fosse urna peça bem ensaiada. Elas começaram na região de Dois Irmãos do Buriti, Aquidauana, e agora estão chegando ao Cone Sul do estado, região que eu represento na Assembleia Legislativa. A região se compõe de 13 municípios e conta com uma pecuária pujante, além de grande produção de grãos. Hoje, nela vem se verificando também bom desempenho no cultivo e industrialização da canade-açúcar em várias usinas lá instaladas. Portanto, é nessa bem explorada região, com alto índice de aproveitamento das terras, que vêm ocorrendo essas estranhas invasões, obedecendo a um ritual que não se pode atribuir ao acaso. A forma como se dá a invasão, como os invasores procedem para apresentar a versão deles à mídia, como os fatos são distorcidos, tudo isso se apresenta como uma orquestra muito bem regida. Quando ocorre invasão de uma propriedade pelos índios, nunca a imprensa noticia que uma comunidade indígena invadiu uma fazenda, mas exatamente o contrário: o que sai na imprensa é que os produtores rurais cometeram mais um ataque contra uma comunidade indígena. Este é o panorama sombrio e maldoso, preparado por hábeis cabeças para golpear quem trabalha e produz. Catolicismo - Como era o relacionamento entre proprietários e indígenas antes dessa ação invasora e predadora coordenada pelo CIMI?
"Quando ocorre invasão, . . nunca a imprensa noticia que uma comunidade indígena invadiu, mas o contrário, que os produtores rurais cometeram mais um ataque"
Deputada Mara - Até 20 anos atrás, não tínhamos conhecimento de qualquer animosidade entre produtores rurais e indígenas. Enquanto tivemos a ação evangelizadora dos missionários de verdade, havia união, paz e concórdia entre as comunidades indígenas e os produtores rurais e seus agregados, pois eles pregavam a união e o bom convívio entre as pessoas. Catolicismo - Os missionários ensinavam o Catecismo, batizavam, administravam os sacramentos?
Deputada Mara - Isso. Havia unidade entre proprietários e indígenas, a ponto de muitos proprietá-
rios batizarem os filhos dos indígenas. A partir dessa situação, criava-se um vínculo familiar entre a comunidade indígena e a comunidade rural. Ocorria, infelizmente, já naquele tempo ou mesmo antes, que na medida em que se constituía uma reserva indígena, os índios passavam a viver isolados. Em vez de a FUNAI, do próprio CIMI e do Governo Federal incentivarem a integração dos índios - ou seja, levar para dentro das comunidades indígenas a cidadania de fato , tornando o indígena um verdadeiro cidadão brasileiro que tivesse seus direitos, mas também seus deveres - , eles eram separados da civilização. Se há desejo de fazer com que os brasileiros progridam e tenham condições de se sustentarem, se tivermos em vista as enormes áreas destinadas às reservas indígenas, por que não se faz nelas um loteamento dentro das aldeias? Por que precisamos ter uma área enorme onde vivem pouquíssimos indígenas, e outras pequenas áreas com alta densidade populacional? Não seria igualmente justo para essas comunidades fazer um loteamento nas reservas para integrá-las à população brasileira? Por que, por exemplo, não são demarcados 50 hectares de terra para cada família indígena, concedendo-lhe o título de propriedade, com a obrigação de auto-sustentar-se como qualquer outro brasileiro?
''Enquanto o Evangelho prega a civilização e o amor de Deus, eles [do CIMIJ pregam o contrário. Estão desconstruindo tudo que foi construído pela Igreja"
Por que não lhes prestar um serviço de assistência técnica, ensinando-os a plantar, a colher, propiciando-lhes condições preferenciais de mercado para que se tornem produtores como todos os ruralistas brasileiros? Catolicismo - Sua proposta seria, então, a integração dos índios à sociedade?
Deputada Mara - Exatamente. Ocorre que isso é muito diferente do que vem acontecendo hoje, pois se chega até a proibir que determinados programas auto-sustentáveis, como a plantação de mudas de frutas, sejam implantados nas reservas indígenas. Há um impedimento legal de se fazer um programa desses nas aldeias. Mas por que os costumes dessa pobre gente não podem ser mudados? catolici smo@terra .com.br /
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sa Igreja, na tradi ção dela de leva r o amo r de Deus, o amor de Jes us Cri sto ac ima de qua lq uer co isa. Faz parte do ri tua l das invasões os índi os usarem mulheres e cri anças como escud o, co loca ndo-as à fre nte do grupo que in vade. Graças a Deus, não aconteceram ma is mortes no Brasil e em nosso estado porque nossos produto res ru ra is têm muita serenidade, muita bondade, po is qu ando são invadidos eles sempre procuram em prime iro luga r a Justiça . Mas a situação está chegando a ta l ponto, que o produ tor ru ra l não está aguenta ndo mais, pois a Justiça não está reso lvendo a questão de le no referente a seu direito à propriedade vio lada. Nós temos um marco tempora l ( 1988) no qual as com unidades que habitassem em determinada área teriam as suas áreas demarcadas, mas esse marco não está sendo respeitado. Catolicismo - Os índios aqui são aculturados? Nelson Ramos Barretto durante sua intervenção na CPI
Todos nós temos uma cul tura que ve m de nossos antepassados, italianos, portugueses, espanhó is, árabes, enfim, m as estamos se mpre procura ndo aperfe içoar nossas tradi ções. E ntão, a educação, o progresso e o aperfe içoamento dos índi os nunca se darão? Isso seri a interferir nos seus costumes, na sua cultu ra, e, por causa di sso, eles terão de viver iso lados para todo o sempre, longe de todo progresso? Isso é de bom senso, po is qua lqu er pessoa entende assim as co isas. M as para o CIMI, não ! Curi oso, po is a Ig rej a Cató li ca p rega o Evange lh o que leva o amor de Jesus Cristo aos homens, E le deu a sua v ida por nós, para que am ássemos uns aos outros, para que não desej ássemos ao próxi mo aquil o que não desejamos para nós, e agora vem o CJ Ml prega ndo o ódi o e a guerra entre as pessoas. Isso não tem nada a ver
"F az p arte do ritual das invasões os índios usarem mulheres e crianças como escudo, colocando-as à frente do grupo que invade uma propriedade"
com o Evange lho de Jesu s Cristo. E nqu anto o Evange lho da Igrej a prega a civili zação, a Evange lização e o amor de Deus, e les pregam o co ntrári o. E les pregam o iso lamento, o ódi o, a di sputa, e les estão desconstruindo tudo que um di a fo i construído pela nos-
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Deputada Mara - Co m certeza. Eles não querem viver mais iso lados. O que nós temos percebido é q ue o CIMT vem treinando lidera nças, metendo na cabeça deles este viés de guerra, de não civili zação, de lu ta de c lasses, para que essas li dera nças façam este tra ba lho de convenc imento dentro de suas alde ias, e, ao mes mo tempo, preparem os índi os para o conflito co m os produtores. N a ma iori a das invasões, quando se pergun ta ao proprietári o co mo se deu a in vasão, e le respo nde: "Há poucos dias, esteve aqui um pessoal do CIMJ, de carro, trazendo indígena ". Isso é uma co nsta nte mui to estranha. Inc lusive te mos a lg umas imagens de co nfro ntos durante as in vasões nos quais se enco ntram in tegrantes do CIML e m me io àque la confusão. A Po líc ia Federa l chegou a dec larar, em nota emi tida após um confro nto, qu e hav ia elementos estranhos ta nto do lado dos produtores quanto do lado dos ín dios, e qu e fo i exatamente em razão da presença desses elementos que não se conseguiu fazer um acordo entre os conflitantes. Quem são esses e leme ntos estranhos? Foi por isso que ped imos essa CP [ para investiga r o CIMI. Catolicismo - Como vem sendo a reação da população sul-matogrossense diante dessa situação? Pelo que percebi, o plenário principal da Assembleia estava lotado, e as pessoas demonstrando muita perplexidade.
Deputada Mara - As pessoa e tão de fato preocupadas, sobretudo as que estão vivendo ele perto este confli to e esperam que a verdade venha à tona. A confiança delas é que a CPI possa mostrar que existe um mov i-
mento organi zado promovendo esta guerra no ca mpo, com o fi m espú rio de desestruturar a vida dos prod utores, leva ndo a insegurança j uríd ica ao nosso meio ru ral. Com certeza um mov imento que não quer deixa r que o nosso estado e o nosso País se desenvo lvam. Afi na l, quem irá in vestir num pa ís, numa área de conflito? Co mo o produtor va i pl antar, vai ao banco obter um fi nanc iame nto , se de repente sua propriedade é in vad ida e os invaso res não permitem que e le co lha, além de a inda retere m o maq uinári o e os insumos que são caros? Catolicismo -
ex iste, po is o CTMl está a serviço de um mov imento qu e im agino in ternac iona l, pres tando, na verdade, um desserv iço ao Bras il e ao nosso estado. Se eu estivesse bem in te nc io nada, eu diri a: "Estão aqui as mi-
nhas contas, podem verfficar todas elas; estão aqui todos os programas fe itos, as origens dos recursos, quais.foram as ações realizadas nas aldeias etc. ". O pessoa l do CIMl to mo u, pe lo co ntrário uma atitude esdrú xul a, de qu em realmente está co m medo de ser in vestigado, de q uem rece ia virem à tona coi-
"n-" situaçao . - esta~ chegan do a ta l ponto, que o produtor rural não está aguentando mais, p ois a Justiça não está resolvendo a questão do direito de propriedade"
O que acontece geralmente quando
uma fazenda é invadida?
Deputada Mara - Em alguns casos eles destroem as sedes das faze ndas. Os proprietári os fi cam de mãos atadas, não sabendo o que fazer. Com efe ito, ex iste um mov imento para impedir o desenvolvimento do Pa ís, e eles estão se utili zando das comuni dades ma is vulneráveis, como os indígenas, para atingir este objetivo.
sas mui to encobertas. Infe lizmente, há um mov imento tentando im pedir o :fu nc ionamento da CPI, um Catolicismo - É verdade que o CIMI está tentando mov imento sensaciona li sta, mentiroso, qu e até vem interromper o desenvolvimenenco ntra ndo eco na míConselho lndigenista ~ to desta CPI por vias judidi a e que poderá prejuMissionário 1m1 • OuttnSomoa o.--,-......-.. ..._·-~ciais? O di car mui to a eco no mi a Deputada Mara - Se a lde nosso estado e do #cp'.,' gcnocfdlo 11 guém me d isse r: - Mara, Bras il. FINANCIA O eu vo u in vestiga r a sua vida, N ão consigo entenGENOCÍDIO? eu se re i a pri me ira a fa lar de der tal atitude de um ór~- ■ l!Hll ■ II mi nha vida, po is desejaria gão que se di z braço da que todos co nhecessem me u Igreja Católica. O que o Oecanasc:oen,cnrrasc:o passado e meu presente, CJMJ vem faze ndo hoje Comlssto P1111ail'l80lal' ~ Cm WJb Dá porta nto, não move ri a qual- . em nome da Igreja, poriOdlOMr·" as WHdtKHkms vfbmas malS q uer ação para impedi -la. . tanto, da Igreja a que eu 4i nac111 d1lk Hoon:eber II quo \1910e lsso parece não acontecer pertenço, é totalmente <wols OS 100m do CPI Cim1. llll~L~do MotoGfOS.50doSul Pt11t1Pedro co m o CI ML Jmaginei que dife rente da doutrina real <klc>uiitoo o o C IMl e seus representa n- Botetlm ensinada por ela. É isso ;;c:0nlldefodos rMDlóno 111\DldoCominao, V1$10Qut ~lo tes - hoj e temos a ba ncada que desejamos investigar, o • do • '. do PT que defende o CJM I e deseja mos mui to que a "'1>CW la! ,:"=::::::;:t dwlcta~ Nellorl própria H ierarquia católica - me di ssessem: - Mara, · - • -•··• •••··•·. "·· ...... ,. .__, -• . ·••· ··• -~,':""'--Ideal q ue bem va i fazer esta CP L, colabore e entenda que não Site do CIMI ataca a CPI po is vai dar oportuni dade somos contrários àJgreja. para o CIMI mostrar todas as boas ações fe itas nas Pe lo co ntrári o, so mos a favor dela e de sua verald e ias em favo r dos ín d ios. Pa ra meu espanto , ocordade ira do utrina, de sua autênti ca evange li zação. reu co isa bem d ifere nte, e co meço u a surgir um moQ ueremos tam bém o apo io e providênc ias da H ievimento q uerendo impedi - la. É bom lem brar o ditado rarq ui a de nossa Igrej a para qu e se tomem atitudes segundo o qua l quem não deve, não teme. ca bíve is, po is malfe itores não podem e não devem desmorali zar nossa histó ria, toda ela fe ita com ensiCatolicismo - Existe alguma ação que vise o bem desnamentos evangé li cos qu e não ferem e não levam à sas comunidades por parte do CIMI? guerra, mas que pregam a co ncórd ia entre todos. É o Deputada Mara - Não co nheço e creio qu e não que espera mos desta CPI. ❖ • Cont1to
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POR QUE NOSSA SENHORA CHORA?
CRIANÇAS CIBERNETICAS ~
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odo bebê é um ser racional. Já antes de nascer, ainda no seio de sua mãe, temos ali um ser racional. Só que, como o botão de rosa, sua razão ainda não se abriu, nem a racionalidade está atuante. É apenas aos poucos, com o correr dos anos, que a flor da razão vai se abrindo à procura da luz intelectual, até que a criança possa ter um conhecimento suficientemente claro das coisas e, portanto, tornar-se responsável por seus atos. Em que idade isso se dá? Pode variar de cultura para cultura e até
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de criança para criança. Alguns estabelecem como padrão a idade de sete anos, mas pode haver meninos ou meninas que já bem antes disso são senhores de seus atos; outros um pouco mais tarde. De qualquer modo, é de suma importância que a criança vá recebendo uma educação que a estimule a raciocinar, a analisar as coisas que a cercam, a distinguir o verdadeiro do falso, o bem do mal, o belo do feio. Tal educação não exige grandes esforços dos pais ou mestres, pois a criança já tem em si os pressupostos racionais para entender bem todas as coisas. É mais questão de incentivar, amparar, indicar o caminho e evitar os escolhos, que o resto ela faz.
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É por isso que pode chegar a ser criminosa a atitude do adulto que condena a criança a pennanecer longas horas diante de uma televisão, recebendo imagens atrás de imagens, sem desenvolver nenhum espírito crítico nem de análise. Isso equivale a urna camisa de força para a / mente, pois atrofia sua capacidade intelectual. Sem falar / dos aspectos gravemente 11nora1s. O mesmo se dá quan- 1 do, desde muito cedo, iniciarnos a criança no uso torrencial da cibernética, condicionando então seu
intelecto aos impulsos eletrônicos através de computadores, celulares, smarifànes, tablets e o que mais haja no gênero. Pode-se chegar assim a uma escravização da mente, que só consegue pensar em conexão com a máquina e estabelecendo com ela um relacionamento de reciprocidade altamente danoso. Evidentemente não estamos advogando a abstinência total do uso desses aparelhos. Postas as condições do mundo atual, e enquanto elas durarem, a utilização de tais meios de comunicação e de trabalho pode ser de utilidade. Inclusive pode-se, por meio deles, obter bons frutos , mesmo para causas nobres e elevadas. Mas isso não impede que, usados tais aparelhos com sofreguidão e apego, podem eles viciar o intelecto e a vontade, tanto ou mais que o crack ou a cocaína,
produzindo um efeito devastador sobre a personalidade do viciado. É por isso que se deve ter um cuidado especial ao iniciar as crianças nesses "mistérios", mais problemáticos que os mistérios de Osíris.
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As advertências médicas a esse respeito têm se multiplicado. Reportagem publicada pelo "New York Times" e reproduzida pela "Folha de S. Paulo" (8-7-15) sob o título "Uso de eletrônicos já afeta saúde e desempenho escolar de crianças", diz: "O uso em excesso de jogos de computador por jovens chineses parece estar causando danos alarmantes nesses adolescentes. Passam horas por dia de olho nas telas eletrônicas. Médicos do país consideram o fenômeno um transtorno clínico e criaram centros de reabilitação onde jovens ficam isolados de todos os tipos de mídia eletrônica. "Nos EUA e em outros países ocidentais, os jovens ficam conectados por mais tempo do que o considerado saudável para o de-
senvolvimento normal. E a relação com a tela começa cedo, quando bebês recebem tablets e celulares para que se entretenham. "A Academia Americana de Pediatria afirma que uma criança de oito a 1O anos de idade passa em média oito horas por dia com diferentes tipos de mídia eletrônica". E recomenda que "antes dos dois anos de idade, as crianças não deveriam ser expostas a nenhuma mídia eletrônica, porque 'o cérebro da criança se desenvolve rapidamente ·nesses primeiros anos, e crianças pequenas aprendem mais interagindo com as pessoas, não com telas'. "O uso pesado de eletrônicos pode ter efeitos negativos no comportamento, na saúde e no desempenho escolar dos pequenos. 'Quanto mais as crianças se comunicam por meios eletrônicos, mais elas se sentem solitárias e deprimidas', diz Kristina E. Hatch, pesquisadora da Universidade de Rhode lsland (EUA). As consequências físicas incluem dores nos dedos, pulso, pescoço e nas costas." Da obtusão cibernética, livrai Senhora as nossas crianças! ❖
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IIISTÓRJCOS
BATALHA DE VIENA O CERCO DA CIDADE IMPERIAL No ano de 1683, a capital austríaca foi cercada por um imenso exército muçulmano vindo de todo o Oriente. De sua defesa dependeu o futuro da Cristandade. O Papa Inocêncio XI convocou uma Santa Liga dos povos cristãos para salvar a Áustria e a Europa cristã.
• • • • • • IVAN RAFAEL DE OLIVEIRA
A
o ver chegarem urna clava e uma bandeira de comando, presentes do imperador turco, o conde húngaro Américo Thõkõly creu realizarem-se seus ambiciosos desejos de senhorio sobre toda a Hungria, quebrando os laços com a Áustria. Educado no ódio contra a Áustria, sobretudo um ódio reli gioso contra a Igreja Católica, o conde Thõkõly pôs-se secretamente ao serviço do império otomano, levando depois a Hungria a se rebelar e tomar parte na luta contra a Áustria. Em anteriores artigos foram relatados fatos históricos sobre as tentativas de expansão muçulmana sobre a Cristandade na Europa. Não é de estranhar que hoje o "Estado fslâmico" tente repetir os "feitos" de seus antepassados. Esta seção não tenciona relatar todas as bata~ lhas e proezas ocorridas em tantos séculos de combates. Mas procura apresentar aos leitores de Catolicismo um apanhado das principais vitórias católicas. E naturalmente não se poderia omitir a Bata lha de Vi ena, cuja narração hoje iniciamos.
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A Áustria ca tólica era então a gra nde muralh a de proteção da Europa co ntra a invasão muçulmana proveniente do império turco. Foi um momento transcendenta l da Hi stória; importante como o ano 732, qu ando os árabes foram barrados diante de Tours, por Carlos Marte! na bata lha de Poitiers. 1 Prelúdio da batalha
Dev ido a vínculos de casamento, e mais especialmente à necess idade de proteção da Hungria contra os muçulmanos, desde 1526, após a Batalha de Mohács, os imperadores austTíacos assumiram o reino húnga ro. Pouco mais de
150 anos depois, sobretudo devido E m 1682, após conseguir o ao alastramento do protestantismo, apoio de Thõkõly e, veladamente, o os próprios húngaros, sob o comanda França, o su ltão Maomé IV decido de Thõkõly, entregaram voluntadiu conquistar Viena, capital do imriamente seu país em troca do esma- pério austríaco. O comando foi engamento da católi ca Áustria. lTegue ao grão-vizir Kara Mustafá, Anteriormente à declaração de que convocou as legiões da Ásia e guerra pelos turcos, o imperador da África. Se ele vencesse a batalha austríaco, Leopoldo l de Habsbur- - o que parecia muito fác il - sego, havia trabalhado pela manutenria um golpe de morte na Cristandação da paz com os otomanos. Conde. Seu maior objetivo na ocasião tudo, quanto mais ele insistia em era a conquista de Viena. propostas de paz, tanto mais os muE m um avanço que lembra çu lmanos viam nesse esforço uma . a expedição do rei persa Xerxes fraqueza do Ocidente, acreditando contra a Grécia na Antiguidade, que o imperador estava indefeso e os combatentes de Kara Mustafá que a vitória do [slã era indudesembarcaram na Europa provebitáve l. nientes de todos os portos, do Danúbio ao Eufrates, do mar Adriático às cataratas do Nilo. Cá lculos menores estimam um exército de 200 mil homens e 300 canhões. Selim r, khan dos tártaros da Crimeia, o príncipe Miguel Apaffy, da Trans ilvânia, George Ducas, da Moldávia e Serban Cantacuzino, príncipe da Yaláquia, engrossaram o exército de . M ustafá, enviando contingentes de suas terras. Thõkõly com seus húngaros, ocultando de início sua aliança com os otomanos, serviram de guias da expedição. O su ltão e seu numeroso exérc ito caminharam com inaudito fa usto de Adrianópoli, na Turquia, até Belgrado, na Sérvia. Lá ele entregou a Kara Mustafá a bandeira verde do Islã. A cada dia de marcha agregavam-se reforços, juntando-se os paxás com suas tropas à expedição. Revestida de muito esplendor - cores bri lhantes, ar· catolicismo@terra.com.br / NOVEMBRO 20 15
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mas refulgentes e músicas militares - a torrente crescia, num clima de alegre festa de conquista. Luís XIV, rei da França, contava seguramente com a queda de Viena. Sua equivocada oposição aos Habsburgo levou-o à danosa opção de apoiar e incentivar a revolta húngara, bem como a invasão otomana. Ele planejava, após a vitória turca, entrar no combate com seus exércitos e tornar-se o salvador da Europa, caso o elegessem imperador. Mas não se atrevia a apoiar publicamente os turcos, por consideração à opinião pública europeia, especialmente à de a seu povo e ao Papa Inocêncio XI.
veria lutar por sua própria salvação diante de Viena. As exortações do Papa em prol da defesa da Cristandade venceram nele as últimas dificuldades e revigoraram seu espírito de cavaleiro cristão. No dia 16 de agosto de 1683, tendo o Papa como protetor e fiador do tratado, pactuou-se uma aliança defensiva e ofensiva: a Santa Liga. Os cardeais Pio e Barberini, representando o imperador austríaco Leopoldo e o rei da Polônia respectivamente, fizeram o juramento sobre os Evangelhos. Em seguida, o Papa Inocêncio XI os abraçou. Naquele mesmo dia o exército turco se punha em movimento.
A Santa Liga
Avanço dos turcos até Viena
O Papa Inocêncio XI, da família lombarda Odescalchi, governou a Igreja de 1676 a 1689. Restabeleceu com grande zelo a disciplina eclesiástica, suprimiu abusos e cuidou dos pobres com magnanimidade. Era reverenciado pelo povo como um santo. Sentindo ele toda a magnitude do perigo turco, fez todo o possível para auxiliar a aflita Áustria. "Conjuro-te pela misericórdia de Deus - escreveu ele a Luís XIV
Tendo a tra ição de Thõkõly sido mantida em segredo, pensava-se em Viena que o vizir avan-
- que acudas em auxílio da oprimida Cristandade, para que não caia no jugo de horrível tirano". Mais eficaz foi a intercessão do Papa junto a João Sobieski, rei da Polônia. Eleito em 1674, após praticar grandes atos de heroísmo na luta contra a invasão turca, também ele mantinha suas rixas com a Áustria. E a tentação de tirar proveito da situação se lhe oferecia espontaneamente, pois Maomé IV preten~ dia conseguir sua amizade e Luís XIV lhe fazia propostas de aliança. Porém, entre todas as incitações e lisonjas, João Sobieski previu que os canhões que destruíssem os muros de Viena chegariam mais tarde a Varsóvia. E, portanto, a Polônia de-
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çaria primeiro contra as fortalezas da Hungria, dando tempo suficiente para os austríacos se armarem e prepararem suas muralhas, que não estavam em bom estado. Sob o comando do duque Carlos V de Lorena e aproximadamente 33 mil homens, o exército austríaco se reuniu numa cidade anterior a Viena, com o intuito de atrasar o avanço turco. O grão-vizir, deixando de lado as fortalezas intermediárias, dirigiu-se diretamente para Viena com todo o seu exército. E apenas quando os turcos se aproximaram do duque Carlos V de Lorena, Thõkõly revelou sua aliança com o sultão.
Como consequência, os húngaros desertaram em massa do exército austríaco. Não podendo sustentar a batalha, Carlos V retirou-se então com sua cavalaria para a capital. Chegando às proximidades de Viena, os muçulmanos devastavam tudo com incêndios, assassinatos e violências. Os austríacos viram suas cidades serem vítimas de todos os horrores de uma batalha com bárbaros. Angustiados, viam subir colunas de fumaça de aldeias e castelos incendiados. Os fugitivos relatavam que milhares eram arrastados à escravidão e outros assassinados sem misericórdia.
Mapa da Batalha de Viena
Na cidade de Petersdorf os cidadãos se refugiaram com suas mulheres, filhos e haveres na igreja e na torre da cidade, e lá se defenderam durante h·ês dias. No quarto dia, os turcos lhes prometeram livre saída, mediante o pagamento de quatro mil ducados. Então, as portas se abriram e uma donzela com uma coroa na cabeça e uma bandeira nas mãos seguiu diante de uma comitiva que levava em três bandejas a sorna combinada. Porém, quando os 3.800 cidadãos já estavam fora das muralhas, foram todos mortos a fio de espada, com menosprezo dos turcos pela palavra empenhada. Em Viena o terror foi indizível e todos que puderam, fugiram. Em dois dias saíram quase 60 mil pessoas. Do campo, ao contrário, muitas pessoas se ref-ugiaram na cidade. Na noite de 7 de julho, depois de excitar os cidadãos a se defenderem valorosamente e prometer que logo que possível forçaria os turcos alevantar o cerco, Carlos V de Lorena, não podendo se expor ao risco de
cair prisioneiro em caso de derrota, retirou-se da cidade com a corte à luz de tochas. Já no dia seguinte, 8 de julho, ele entrou de volta em Viena com 10 mil cavaleiros. Em 14 de julho, a capital estava cercada por todos os lados. Em torno dela se estendia um bosque de 25 mil tendas de campanha em forma de meia lua. Pelo luxo, distinguia-se especialmente a tenda do grão-vizir, com muitas salas e aposentos, verdes por fora e coruscantes de ouro e prata por dentro. Como a sorte da Europa dependia da defesa de Viena, a Cristandade seguia com atenta expectativa esses acontecimentos. Infelizmente a cidade estava mal fortificada para suportar um cerco prolongado e o exército polonês ainda levaria um mês para sair de Cracóvia. O próximo artigo analisará a continuação do cerco e a chegada do exército da
Santa Liga.
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Notas: 1. Batalha de Poitiers: Vide Catolicismo, agosto/ 2011 (* ) Principal fonte consultada: Historia Universal, Juan Baptiste Weiss, Editora Tipografia La Educación, Tradução da 5 º edição alemã, Barcelona, 1930, Vol. XI, p. 869 a 891.
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EVENTOS REALIZADOS NA CAPITAL PAULISTA EM HOMENAGEM A PLINIO CORREA DE OLIVEIRA A
Reportagem sobre as diversas solenidades realizadas a propósito do vigésimo ano do falecimento do fundador da TFP brasileira. Elas foram organizadas pelo Instituto Plinio Corrêa de Oliveira em conjunto com TFPs e associações coirmãs que atuam no exterior.
•••••• FÁBIO ROBERTO DIAS DE VASCONCELOS
os 20 anos do fa lec imento do insigne pensador e líder católi co Pli nio Corrêa de Olive ira, fu ndador da Sociedade Brasileira de Def esa da Tradição, Familia e Propriedade (TF P) e inspi rador de TFPs em todo o orbe, muitos de seus di scípu los dos cinco continentes confluíram à capita l pau lista a fi m de prestar à sua memóri a ato pú blicos de homena-
A
gem e gratidão, além de manifes tarem quanto seu pensa mento, seus métodos e sua obra continuam vi vos, puj antes e em franca expansão. Centenas de membros e simpatizantes de associações de dezenas de países que se inspira m na gesta de Plinio Corrêa de O liveira reuniram-se du rante urna séri e de eventos ocorridos nos d ias 2, 3 e 4 de outubro de 2015 . catolicismo@terra.com.br / NOVEMBRO 20 15
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da por todos aqueles que nasceram após o falecimento de fo: Plínio. Eles, apesar de tudo, já conhecem ou vão conhecer, por exemplo, o D,: Adolpho Lindenberg, os diretore · do Instituto Plínio Corrêa de Oliveira e das TFPs aqui represen-
Nota de grandeza: estandartes, capas e becas
A característica nota de gra ndeza que Plinio Corrêa de Oliveira tanto prezava nas manifestações da Contra-Revolução também esteve presente. Em todos os atos notavam-se com destaque os estandartes e as becas douradas do Instituto Plínio Corrêa de Oliveira, bem como os estandartes e as ca pas rubro-áureas das diversas TFPs e entidades afi ns do exterior. Lançamento do livro Minha Vida Pública
No Jockey Club de São Paulo
Os atos de homenagem iniciaram-se no dia 2 de outubro com um almoço no .lockey Club de São Paulo, com a presença de Dom Athanasius Schneider, bispo auxiliar de Astana (Cazaquistão), dos Príncipes D. Luiz e D. Bertrand de Orleans e Bragança, do Duque Paul de Oldenburg e seus dois filh os, Kiril e Carlos de Oldenburg, além de membros do instituto Plinio Corrêa de Oliveira e de outras entidades coirmãs ex istentes nos cinco continentes. Dr. Ca io Vidiga l Xavier da Silveira, presidente da Fédération Pro Europa Christiana (foto acima), e também presidente da TFP francesa, diri giu a palavra aos convidados, ressa ltando a importância dos eventos que se reali zavam . Ele afi rmou que: " É bem certo que o 3 de outubro foi para nós um momento pungente e trágico entre todos, que desnorteou nossas · almas, e sua ausência .fisica ainda nos aflige profi111damente, de forma tal que, com o passar dos anos, as saudades, em vez de se arref ecerem, aumentam sempre mais. Diante dos novos desa.fios que o avanço da Revolução impõe a todos os 28
católicos, sentimos na carne viva a insiifi.ciência das nossas luzes e de nossas energias. E somos levados a dizer: Ah, se Doutor Plinio estivesse aqui! Ah, se Doutor Plínio estivesse aqui com seus conselhos e com suas luzes previdentes, o embate contra-revolucionário no pós 1995 teria tido outro rumo! Mas, sem que as saudades e a viva sensação de sua ausência flsica diminuam um só grau, nó sentimos, ao mesmo tempo, e de um modo patente, a sua presença espiritual. E é tão forte esta que, mesmo ausente, é a ele que devemos nossa p erseverança na vocação contra-revolucionária ". Entre os presentes hav ia um número express ivo de jovens, vindos de diversas nações, que aderiram à família de almas dos discípulos de Plinio Corrêa de Oliveira após o seu falecimento. Mesmo sem tê- lo conhecido pessoalmente, eles são adeptos fiéis de seus idea is e ensinamentos. Nobre e digno representante desses jovens, o Duque Paul de O1denburg - descendente do Kaiser Guilherme U e da fam ília dos Czares da Rússia, membro da TFP alemã e diretor da Fédération Pro-Eu-
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ropa Christiana - , foi convidado a falar durante o banquete: "Eu me chamo Paulo (foto acima), e não tenho muitos pontos comuns com meu Santo patrono, exceto dois: em determinado momento decisivo de minha vida 'cai do cavalo ', tendo os representantes de Dr. Plínio aberto os olhos de minha alma para a verdadeira Fé Católica e Apostólica. E em segundo fuga,; podemos dizer que assim como São Paulo se converteu apenas depois da morte de Nosso Senha,; minha conversão aconteceu apenas depois da morte de nosso _fimdador: É claro que não existe proporção entre os dois ep isódios, mas gostaria apenas de estabelecer este paralelo. "Da mesma forma, hoj e existem muitos soldados no exército da Virgem que não conheceram a D,: Plínio e entraram depois de seu .falecimento na Contra-Revolução. Eu denominaria esta geração a 'geração São Paulo '. "Essa geração está chamada, como o Santo Patrono, a partir para terras distantes e fazer mais apostolado que todas as gerações de apóstolos precedentes.
"Agora eu desejo chamar todos aqueles que ingressaram em TFPs e movimentos qfins depois da morte de D1: Plínio. " [Leva ntaram-se então 76 jovens, provenientes de vári os países]. E prosseguiu o Duque Paul: "Mas existem outros. Quando São Paulo f ez a sua primeira viagem apostólica, teve de se refugiar no seio de uma fam ilia piedosa para escapar de uma perseguição. Nessa .familia encontrou umjovem tímido, mas que no_fi,turo iria converter-se em seu braço direito, e ao qual dirigiu duas cartas: São Timó!eo. "Na Igreja Primitiva, São Timóteo representa a primeira geração, que ainda não pertencia ao mundo no momento da Redenção; portanto, não conheceu Nosso SenhOI; mas que são testemunhos da vida de Nosso Senhor. É uma geração decisiva, pois é a primeira a transmitir a Boa Nova e a edificar a igreja. "Assim, mutatis mutantis, também podemos dizer que lemos uma 'geração Timóteo', constituí-
todas, como também tantos membros mais antigos de nossa.família de almas. "Agora eu desejo chamar todos aqueles que nasceram depois da morte de D,: Plínio. " [M ais uma vez, para alegria de todos, entre os presentes levantaram-se 17 jovens de várias partes do mundo]. O Duque Paul então concluiu: "Aqui estamos, com todas as nossas faltas, debilidades e def eitos, e às vezes a coragem pode parecer fa ltm: Mas não! Devemos olhar e pedir à Rainha que nos chamou; devemos olhar e imitar Dr: Plínio: em seu amor a Nossa Senhora, em seu amor à Santa igreja, em seu desejo de esmagar a Revolução e da vinda do Reino de Nossa Senhora sobre a Terra. "
Durante esse evento no Jockey Club ocorreu o lançamento de uma importante e oportuna obra. Dr. Plinio não nos deixou uma autobiografia. "Entretanto, os traçosfundamentais de sua admirável vida e obra podem ser delineados no imenso acervo de documentos que temos à disposição. [... ] Alguns destes documentos revelam aspectos inéditos [dessa atuação]. " Foi com o intuito de trazer a lume "aspectos inéditos e às vezes surpreendentes do pré/ia travado por ele, tanto no âmbito da lgr~ja quanto da sociedade temporal", que o Instituto Plinio Corrêa de Oliveira lançou o livro Minha Vida Pública - Compilação de relatos autobiográficos de Plinio Corrêa de O/i veira. 1
Missa Pontifical
O aspecto religioso da homenagem fo i ressaltado na manhã do di a 3 de outubro por uma Missa Pontifica l celebrada por S. Excia. Revma. Dom Athanas ius Schneider na Basilica Abacial de Nossa Senhora da Assunção, o Mosteiro de São Bento na capita l paulista. O solene ato teve seu brilho acrescido pela presença da Sagrada lmagem de Nossa Senh ora de Fátima peregrina internac ional, que milagro-
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sarnente verteu lágrimas em Nova Orleans no ano de 1972. Várias centenas de pessoas lotaram o belíss imo templo do Mosteiro beneditino. Como nos outros eventos, a igreja encontrava-se ornada com os estandartes dourados do Instituto Plinio Corrêa de Oliveira e os esta ndartes auri -rubros das diversas TFPs do ex terior, bem como os demai s símbolos de associações co irmãs de outros países. Tanto esses estandartes qu anto as capas vermelhas eram símbolos de assoc iações existentes fora do Bras il , e não de qualquer entidade de nosso País. Em sua homilia, após lembrar que naquele di a 3 de outubro - segundo o ca lendário da liturgia Romana tradiciona l - celebrava-se a festa de Sa nta Teresinha do Menino Jesus, e qu e era também o dia do nasc imento para a vida etern a do Prof. Plínio Corrêa de Oliveira, Mons. Schneider ace ntuou qu e Santa Teresinha fo i urna gra nde apaixonada da Igreja e alma inteiramente mari ana. Ela escrevera: "No Coração da Igreja Minha Mãe, eu serei o Amo,~ assim serei tudo, assim o meu sonho será realizado. " O pregador ressa ltou que essas palavras de fogo da santa carmelita ressoam corno um eco do seguinte testemunho pessoa l que o Prof. Plíni o proferiu em 1978, no an iversári o de seu batismo: "Esta é a atitude de minha alma em todos os dias, em todos os minutos, em todos os instantes: procurar com os olhos a Igreja Católica e estar imbuído do espirita d'Ela, tê-IA dentro dé minha alma, ter-me inteiro dentro d 'Ela. E se a Jgr1?Ja.for abandonada por todos os homens - na medida em que isto Si?Ja possível, sem que Ela deixasse de existir - , tê-IA inteira dentro de mim. Viver só para Ela, de tal maneira que eu possa 30
dizer; ao morrer: 'Realmente, eu/ui um varão católico e todo apostólico, romano, romano e romano! "' O prelado considerou que a inscri ção na lápide do túmulo de Plínio Corrêa de Oliveira - Vir tatus catholicus et apostolicus plene romanus - atesta de modo sintético toda a vida espiritual e a mi ssã.o que Deus lhe indicara para cumprir. E prosseguiu : "Ser católico, apostólico e romano sign!{ica ser il?ffamado pelo amor à lgr'?Ja, e a Igreja aqui na Terra é Cristo no Seu Corpo Místico, a lgr1?Ja é o Reino de Cristo por meio de Maria: ' regnurn Christi per Ma ri am' , 'adveniat regnum Tuum per Mariam! '. A chegada da mais plena realização do reino de Cristo na Igreja por meio de Maria - este fo i o lema e o cerne da doutrina e do apostolado de São Luis Maria Grignion de Mon!fàrt. "D[fimdir sempre mais nas almas e na sociedade humana o Reino de Cristo por meio de Maria, que se pode dizer também o Reino de Maria, fo i também o cerne e o coração de toda a vida e da obra de Prof Plinio. "Um dos meios espirituais mais l?ficazes para promover o Reino de Cristo por meio de Maria é a consagração total à Maria na semta escravidão. A santa Escravidão tornou-se a via espiritual de muitos santos, que se .fizeram escravos de Maria Santíssima, e na escola de seu imaculado Coração aprenderam a amar a Deus e.fazer sua santa vontade. [ .. .] "O Prof Plinio não somente viveu com.fidelidade esta santa escravidão, mas tornou-se um verdadeiro apóstolo de. ta consagração total a Maria. [. ..] Todas as.fibras da alma de Prqf' Plinio anelavam pela luta em defesa da Igreja e da civilização cristã. Esta luta não excluía a possibilidade da morte. Ele.ficaria.feliz em morrer combatendo, mas a sua
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alma repugnava uma morte que tivesse excluído a luta. [. ..] "A Providência Divina juntou dua · almas, que brotaram do j ardim espiritual do Carmelo, Santa Terezinha e o Prof' Plinio, que na sua juventude .foi membro da Ordem Terceira do Carmo e que em toda a sua vida guardou em sua alma o verdadeiro espírito carmelitano. Estas almas eram tão diferentes pela missão externa que receberam e desempenhavam, mas, ao mesmo tempo, eram tão próximas na vida interim: Uma alma era a pequena .flor primaveril de Lisieux, a padroeira principal das missões, a outra alma era a do Prqf' Plinio Corrêa de Oliveira, um excepcional miles Christi - autêntico cavaleiro de Cristo dos nossos tempos. "Só Deus podia juntar uma pequena .flor primaveril e um destemido cavaleiro. Estas almas unia o ardente amor para com a lgr1?Ja, para com a Santíssima Virgem Maria, que significa, no.fundo, o amor incondicional de holocausto para com Nosso Senhor Jesus Cristo e para que o crescimento, a defesa e a glória do Seu Reino nesta Terra. E Cristo reina por meio de Maria: per Mariam ad Jes um!. "A chave para poder levar tão intensa vida espiritual e um tão heroico zelo pelo reino de Cristo é a mediação de Maria. A ambos, Terezinha e Plinio, Nossa Senhora sorria já na terna idade e os escolheu p ,ra serem instrumentos humildes afim de confundir os potentes deste mundo e o reino do mal ". "Aqueles que são do Senhor, juntem-se a nós"
Ao término da Santa Mi ssa os presentes se dirigira m à frente do Mosteiro, onde membros do Instituto Plinio Corrêa de Oliveira e das várias TFPs e entidades afi ns do exterior se dispuseram em formação
Aspectos da solene Missa Pontifi cal na Basílica do Mostei ro de São Bento
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para iniciar um desnle - nos moldes de tantos outros anteriormente idea lizados e liderados pelo ilustre pensador católico e homem de ação. Presidido pela Imagem Peregrina de Nossa Senhora de Fátima e animado pela fanfa rra da TFP norte-ameri cana - com alguns de seus integrantes trajando os famosos kilts escoceses - , iniciou-se um desfil e de aproximadamente 500 pessoas pelas ruas de São Paulo, contando inclusive com a presença do colunista de Catolicismo, Mons. José Luiz Villac. A maiori a dos participantes era constituída por jovens de 15 a 30 anos, fato que confi rma a admirável previ ão do Prof. Plínio: "Não pretendo ser apenas um def ensor do pas ·ado, mas um colaborador - com outras forças vivas. - para influir no presente e preparar o ji,turo. Estou certo de que os principias a que consagrei minha vida são hoj e mais atuais do que nunca e apontam o caminho que o mundo seguirá nos próximos séculos. Os céticos poderão sorrir: Mas o sorriso dos céticos jamais conseguiu deter a marcha vitoriosa dos que têm Fé." Os idea is aos quais Plínio Corrêa de Oliveira consagrou toda sua vida são hoje mais atuais do que nunca e a presença de tantos jovens que engrossa m dia a dia as filei ras da Contra-Revolução em todo o mundo é disso prova irrefutável. O desfile terminou no Pátio do Colégio, marco do nascimento da cidade de São Paulo. Ademais, local onde atuou, sofreu e rezo u o Apóstolo do Brasil, o Padre José de Anch ieta, já elevado à honra dos altares. Foi também não distante desse local que Plínio Corrêa de Oliveira iniciou sua vida pública, com a cri ação da Ação Universitária Católica (AUC), na Faculdad de Di reito no Largo de São Francisco. 32
O Pátio do Colégio fo i o local escolhido pelos discípulos de Plínio Corrêa de Oli veira para lhe tributar uma parte de suas homenagens. Transcrevemos a seguir trechos dos discursos pronunciados na ocasião: "De fàto, não há quem não sinta que estamos diante de uma encruzilhada, talvez a maior de toda História. " "Com €!feito, o igualitarismo radical, como um vagalhão, vai investindo de maneira inaudita, chegando ao cúmulo de tentar eliminar até as diferenças biológicas entre homem e mulher; propugnando a ma(fadada Ideologia de Gênero." "Junto a isso, prepara-se em todo o Ocidente uma verdadeira perseguição das consciências, contra todos os que não aceitem as 'conquistas' da Revolução Cultural, como o aborto, o pseudo-casamento homossexual, a eutanásia, entre outros. " "O comunismo, envergonhado de seufi-acasso, tenta um golpe desesperado, ora sob a máscara de uma conquista russa, ora sob o véu de uma concessão a Cuba, à Venezuela ou à China. " "Como não pensar no massacre de católicos no Oriente?" "Entretanto, reações começam a despontar no horizonte, reações como há muito não'se via." "Como prova, temos diante de nós este desfile, o desfiJe da Contra-Revolução, pacífico, ordeiro, mas altaneiro, vigoroso, garboso, com delegações representativas de todos os cantos da Terra, delegações da Argentina, Chile, Peru, Colômbia, Estados Unidos, Canadá, Reino Unido; Irlanda, Portugal, Espanha, França, Itália, Áustria, Alemanha, Bélgica, / lo/anda, Polônia, Estônia, lituânia, Hungria, Áfi-ica do Sul, Austrália, Filipinas, e, como não mencionm; o Cazaqui tão,
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tão bem representado na figura ímpar de Dom Athanasius Schneider. " (No quadro à p. 41, lista das representações presentes). "Enfim, caminhamos para a luta, caminhamos para a vitória, nas palavras de Plinio Corrêa de Oliveira, com os olhos postos em Maria, com o passo resoluto e a alma cheia de Fé! " Marcha da Contra-Revolução em sete anos
Na tarde do mesmo di a, no Club 1-loms, loca lizado na Av. Paulista, fo i apresentado um audiovisual sobre a marcha da Contra-Revolução nos últimos sete anos, ato solene que contou com a presença de delegações de vários estados brasileiros e de diversos países que lotaram o auditório nobre do clube. A apresentação constitu iu mais um atestado da ex pansão e atualidade dos ideais que o Prof. Plínio sustentou e impulsionou durante toda a sua vida e que hoje continuam a florescer mediante entidades disseminadas em dezenas de nações. No in terva lo do audi ovisua l foi servido um coquetel, durante o qual os participantes tiveram ocasião de manter animada conversa em um clima de in teira união de ideais. O evento proporcionou aos convidados um melhor conhecimento do estilo de atuação legado por Plínio Corrêa de Oli vei ra: lu ta pacífica c ordeira, porém determinada, aguerrida e entusiástica a serviço da civilização cristã, estilo por ele bem defi nido em sua frase: "No idealismo, ardor; no trato, cortesia; na ação, devotamento sem limites ao ideal; na presença do adversário, circunspecção; na luta, altaneria e coragem. E pela coragem, vitória!" "Profeta do Reino de Maria"
Ainda nessa ocas ião fo i lan-
Aspectos do desfile desde o M osteiro de São Bento até o Pátio do Colégio
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Roberto de Mattei
Phnio Corrêa de O\ive1ra Profeta do Reino de Maria
conferencista, escritor e jornalista, Roberto de Mattei é presidente da Fondazione Lepanto. Entre 20042011 foi vice-presidente do Conselho Nacional de Pesquisa da Itália. Anteriormente ele já havia publicado a primeira biografia de Dr. Plinio, intitulada O Cruzado do Século X:X: É também autor do best-seller
Concílio Vaticano 11, uma história nunca escrita.
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çado o livro Plinio Corréa de Oli-
veira - Profeta do Reino de Maria, de autoria do renomado historiador italiano Roberto de Mattei , presente aos atos. Professor de História Moderna e História do Cristianismo na Universidade Europeia de Roma,
Nessa sua nova obra, difundida no Brasil pela Editora Petrus, o Prof. de Mattei mostra como Plinio Corrêa de Oliveira pode ser considerado um continuador, no século XX, da missão de São Luís Maria Grignion de Montfort. No Cemitério da Consolação
Na manhã do dia 4 de outubro, discípulos e admiradores do Prof. Plinio reuniram-se junto à sua sepultura no Cemitério da Consolação, em São Paulo. No mesmo ja-
zigo encontram-se sepultados seus pais, o advogado João Paulo Corrêa de Oliveira e Lucilia Ribeiro dos Santos Corrêa de Oliveira. Essa homenagem ao fundador da TFP iniciou-se com a recitação de um terço presidido por Mons. Schneider, após o qual foram rezadas outras orações, seguidas de um momento de silêncio para as orações particulares. No final, o prelado concedeu sua bênção episcopal aos presentes (foto abaixo). Notava-se claramente ali o quanto Plinio Corrêa de Oliveira é considerado "pai espiritual" de toda uma família de almas. Grande parte dos presentes ao ato conservavam certamente lembrança destas suas palavras: "Ao morret; se Nossa Se-
nhora tiver pena de mim, vou para o Céu. No Céu eu continuaria patrono da.familia de almas que constitui, num relacionamento que seria a continuação de minha história".
Trata-se de toda uma "família de almas" fiel aos valores básicos da trndição, da família e da propriedade, sem os quais não se constituiria uma civilização verdadeiramente católica. Encerramento no Club Homs
À noite desse mesmo dia 4 de outubro, com o maior auditório do Club Homs completamente lotado, realizou-se o solene encerramento das comemorações. Na impossibilidade de todos os representantes das delegações do Brasil e do exterior fazerem uso da palavra, apenas alguns deles puderam falar. Seguem excertos dos pronunciamentos então feitos. Dr. Adolpho Lindenberg
O presidente do Instituto Plinio Corréa de Oliveira, Dr. Adolpbo Lindenberg - que abrira a sessão dos diversos eventos da homenagem - sa li entou que estávamos privados há 20 anos da companhia
"diária, at nta, cerimoniosa, mas afetuosa, da pessoa do Dr. Plinio. 34
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Anos de perseguições, traições, privações de todo tipo, sofrimentos". Mas, acrescentou: "Continuamos a ver nele Profeta do.futuro Reino de Maria, o.filho devotíssimo de Nossa Senhora, nosso pai espiritual, nosso guia, nosso modelo, nossa certeza de vitória." Após se referir à imensa crise na qual o mundo está imerso, dentro de um plano de destruição dos últimos vestígios de uma Cristandade - "para ci!fa preservação
D1" Plinio lutou com toda sua alma durante toda sua vida" - o Dr. Adolpho passou a ressaltar o crescimento de movimentos contra-revolucionários em todo orbe, como já foi abordado na matéria de capa da edição anterior de Catolicismo. O orador também afirmou que uma das provas do mencionado crescimento "é a realização desta
atual reunião presidida por Mons. Schneider, nosso amigo há tantos anos, símbolo vivo da ortodoxia católica, e o comparecimento de todos os presentes reunidos para homenagear a figura de Dr. Plinio,
relembrá-lo com saudades e reafirmar nosso propósito de continuar .fieis à missão que ele nos legou. Uma reunião que tem de tudo para agradá-lo: presença da Sagrada Imagem de Nossa Senhora de Fátima; grande número de jovens aguerridos; sensação de que .formamos um todo em torno da pessoa dele; e, mais importante do que tudo, uma reunião na qual a nota dominante é a sacra/idade. Não sei se os senhores concordam, mas em todos nossos encontros, ao longo desses três dias, notei um ambiente de espírito.fraterno como nunca vi, realmente me sinto como irmão dos senhores, e mais importante ainda é a sensação de que Nossa Senhora está sorrindo para nós ". Muito
aplaudido,
concluiu:
"Essa imagem miraculosa de Nossa Senhora de Fátima chorou pelos nossos pecados e pela situação do mundo, mas nesse dia Ela estará sorrindo, tenho certeza. Os alemães usam a expressão 'vorwiirts' para designar 'vamos em frente '. Eu vou utilizá-la agora, 'VO-
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RWÁRTS' - vamos à luta! Vamos à vitória!". Dr. Eduardo de Barros Brotero
Em seguida fez uso da palavra o Dr. Eduardo de Barros Brotem, que aos 18 anos de idade conheceu o Prof. Plinio Corrêa de Oliveira e o acompanhou no seu bom combate por quase meio século. Ele contou que tanto no convívio particular quanto em reuniões, Dr. Plínio ressaltava um tema que o atraia especialmente: a questão da honra. E, lembrando uma análise dele sobre a noção que cada um deve ter de sua própria dignidade - o que leva a pessoa a viver sempre na presença de Deus - , esclareceu que, segundo Dr. Plinio, "essa dignida-
de total é um dom apenas do católico apostólico romano verdadeiro ". E, comentou o orador: "conhece-se a catolicidade de alguém pela sua dignidade! Temos aqui a alegria e a honra de vermos um prelado [Moos. Schneider], no qual se reconhece sua catolicidade pela dignidade de seu porte, especialmente na reverência com que celebra a Santa Missa. "Mas isso não vale só para um bispo ou para os nossos queridos Príncipes e Duques, pois, conforme
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a.firmou Dr. Plinio: 'Toda criatura humana, por mais modesta que seja, tem uma dignidade própria, natural e inalienável. E, incomensuravelmente maior é ainda a dignidade do mais apagado dos filhos da Igreja [. ..} como batizado e membro do Corpo Místico de Nosso Senhor Jesus Cristo'. "Ora, esse senso de honra murchou à medida que a Revolução avançava e fez penetrar o desleixo e a vulgaridade até no santuário e - quanto dói dizê-lo! - até no ato mais sagrado que é a Santa Missa. "Em reação à Revolução, esse senso de honra deve permanecer muito vivo em nossas almas. Esse foi um dos principais legados que nos deixou Dr. Plinio. " Após essas reminiscências, o orador leu o seguinte trecho, extraído de uma das palestras de Dr. Plinio:
"A nota distintiva da minha vida espiritual é a honra; é ver Deus, Nossa Senhora e todo o universo, sob o lúmen da honra. "A honra está para a TFP como a pobreza está para os .franciscanos e a obediência para os j esuítas. Nós somos da escola da honra. E, portanto, à luz da honra todas as virtudes para nós têm luz, e sem ela as virtudes para nós não têm luz. [. ..} Por isso, vemos a luta da Contra-Revolução contla a Revolução em termos de luta da honra contra a desonra." Encerrando, o orador incentivou os presentes a seguirem esse exemplo da espiritualidade combativa e cavalheiresca de Plinio Corrêa de Oliveira com o objetivo de "reacender a honra no mundo,
quando infelizmente ela desertou até dos mais altos páramos ". Sr. Hugo Boss
Em nome da assoc iação holandesa Civitas Christianas - que
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adotou como símbolo o leão heráldico concebido por Plínio Corrêa de Oliveira e que atua na Holanda em defesa dos valores tradicionais - , falou seu presidente, Sr. Hugo Boss. Ele comentou que se sentia honrado por estar na cidade do Prof. Plínio, no Brasil, e muito agradecido pelo legado doutrinário que recebeu dele, assim como pelo trabalho do Instituto Plinio Corrêa de Oliveira. Afirmou ainda que, estando na sede na qual trabalhou o fundador da TFP brasileira, assim como visitando sua residência e junto à sua sepultma no cemitério da Consolação, teve uma experiência muita viva sobre o que ele representa para a Holanda. E que agora, 20 anos após o seu falecimento, o Prof. Plinio pode contar com a ação contra-revolucionária de uma TFP holandesa, que inicia seu combate à Revolução e luta pela fundação do reinado do Imaculado Coração de Maria, como foi prenunciado por São Luís Grignion de Montfort. Sr. Mantas Kuncaitis
Recém-formado em direito pela Universidade de Greenwich (Londres), falou Mantas Kuncaitis, de Vilnius (capital da Lituânia), como representante da delegação de
seu país; fez seu discurso em inglês. Eis a tradução de alguns trechos:
"Nunca tive a oportunidade de conhecer pessoalmente o Prof Plinio Corrêa de Oliveira, tendo ouvido, entretanto, de membros das TFPs, relatos a respeito dele. Esses relatos/oram bastante inspiradores e, de outro lado, após ler livros e artigos do Pr~f Plinio posso dizer que defàto tenho a impressão de têlo conhecido. "Em sua vida o Prof Plinio levou a cabo muitas lutas, mas h~je gostaria de dizer algumas palavras a respeito da campanha da TFP que mais me afetou pessoalmente, a campanha p ela qual todos os lituanos são gratos até hoje. "Num momento em que não havia ninguém para nos ajudar ou nos oferecer um apoio valioso em nossa luta p ela independência da dominação da URSS, os membros de Tradição, Família e Propriedade, encabeçados na linha de fi-ente pelo seu Lide,~o Prof Plinio Correa de Oliveira, decidiram nos ajudar e auxiliar nosso pais. "Como os senhores sabem, em um curto espaço de tempo os membros da TFP conseguiram coletar 5,2 milhões de assinaturas no mundo inteiro em apoio a nos-
sa independência. Isso requereu uma dedicação integrai e umaforte determinação. Agora, olhando retrospectivamente, posso dizer que em seguida à declaração de nossa independência, recusada por Moscou, esta campanha foi o impulso mais motivador dado aos lituanos para que eles continuassem a Lutar por sua independência. "A campanha da TFP deu-nos enorme apoio morai e esperança num momento em que outros se calavam ou deixaram de exprimir . qualquer ato de apoio. "Tudo isso aconteceu há 25 anos. Apesar do tempo transcorri"O vtgesuno aniversário da do, posso dizer que a campanha da TFP constitui para mim pessoal- morte de Plinio Corrêa de Oliveimente um destes marcos históricos ra acontece num momento histórique me inspiram a trabalhar e lutar co em que a civilização cristã está sendo submetida a uma agressão por meu país. "A luta levada a cabo pelo sem precedentes na sua história Prof Plinio e pelos membros das bimilena," Esta agressão tem por TFPs não deve ser esquecida! E ja- característica uma impressionante aceleração dos eventos. mats. o sera; ./". "A época de calma aparente, Prof. Roberto de Mattei tanto na Igreja como na sociedade, Por sua vez, o Prof. Roberto de já está atrás de nós. Já entramos no Mattei fez um discurso enaltecendo vórtice; no turbilhão desenfreado o mestre da Contra-Revolução. Se- dos castigos anunciados em Fátiguem trechos de seu brilhante pro- ma.[ ... ] "O processo de dessacralizanunciamento: ção da Igreja conduziu-nos à beira '"Vir totus catholicus et apostolicus, plene romanus '. Esta ins- de um precipício que se está abrincrição, que se pode ler no túmulo do neste preciso momento com o de Plinio Corrêa de Oliveira, no inicio do Sínodo dos bispos dedicaCemitério da Consolação de São do à familia, ou quiçá à destruição Paulo, não é apenas um resumo do dafàmilia e do matrimônio. "Também a ofensiva secularisentido de sua vida; é também um programa de vida para quem pre- zante e laicista, que pretende extirtenda ser discípulo deste grande par as raízes cristãs da Europa vem provocando nos últimos dois anos mestre que hoje honramos. "Roma não é apenas um lugar um processo de vertiginosa autogeográfico, é também um lugar es- dissolução moral, com a imposição piritual: é o lugar do espirita por da teoria do gender nas escolas e excelência, o lugar do espírito de a difusão da homossexualidade em todo o católico autêntico. Roma é o todos os domínios, jurídico, políticentro da Igreja Católica, e é, por- co e midiático. Em dois anos apetanto, o coração pulsante do mun- nas, o processo de homossexualização da sociedade avançou mais rado. [... ] catolicismo@terra.com.br / NOVEMBRO 2015
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pidamente que durante os 20 anos anteriores. "Este processo de homossexualização é acompanhado por outro, a islamização da Europa. Plinio Corrêa de Oliveira havia denunciado este p erigo já nos anos 30 do século passado. Mas foi só nos últimos dois anos que a linha dura da jihad deu um salto de qualidade ao passar da AI-Qaeda à lsis, um Estado islâmico que já se estende desde as p er(ferias de Bagdad até Aleppo. E, mais além, até as costas da Líbia, a somente 400 quilômetros da Itália, com o propósito declarado de reconstruir aquele califado universal que não é apenas o sonho dos fundamentalistas, mas o objetivo de todo o muçulmano verdadeiro. "A linha pseudo-moderada da jihad, a imigração, transformou-se por sua vez em uma invasão maciça da Europa. [. ..] Islamização da Europa, homossexualização da sociedade, dessacralização da Igreja. O que há de comum aqui? Em comum têm um mesmo objetivo, um mesmo alvo, que podemos resumir numa palavra: Roma. [. ..] "O objetivo é, pois, Roma. Por quê? Porque a guerra que está em curso, antes de ser econômica, política, demográfica, é, como sempre, religiosa, e Roma continua sendo o centro do mundo, porque sua/orça reside em Jesus Cristo, que é Aquele que.fundou e continua a conduzir a Sua Igreja. "Roma é a Igreja constantiniana que esmagou o Islã e todas as heresias, e que gravou a lei do Evangelho nas leis, nos costumes é nas instituições dos povos. 'Roma delenda ' ! - Roma deve ser abatida! É este o objetivo comum desse complexo de forças a que chamamos Revolução. "Plinio Corrêa de Oliveira não f ez somente um diagnóstico lúcido e
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p enetrante da Revolução. Foi também o profeta da civilização cristã, aquele que reafirmou a possibilidade e a certeza da restauração da civilização cristã se os homens colaborarem plenamente com a graça celeste. Uma nova civilização cristã, que será o Reino de Maria, época de triunfo para a Santa Igreja romana e de prodigioso desenvolvimento da ação do Espirita Santo na sua vida. " 'Nós somos - afirmava ele numa reunião em J 975 - os representantes de tudo aquilo que a Revolução foi destruindo e que Nossa Senhora quereria que continuasse a viver em nós. Em nós vivem os restos de todas as glórias passadas da Cristandade. Vivem em nós, p ela admiração enlevada, entusiasmada, carinhosa e nostálg ica, o heroísmo dos mártires, a grandeza dos doutores, a força dos confessores, o esplendor de Cluny, a magnificência da Cavalaria, o denodo sacra/ das Cruzadas, aforça da Contra-R~forma, afogo e a argúcia que caracterizaram tantos paladinos da Contra-Revolução no século XIX e em nossas dias, o zelo antimodernista de um São Pio X, a coragem de um Garcia Moreno. Tudo isso os homens rej eitam, até quando colocados nos escalões mais altos e mais esplendorosos da Santa lgr~ja Católica Apostólica 'Romana. 'Historicamente nós somos um resto. [Nossa Senhora] não quis que da Terra desaparecessem esses valores e por isso nos escolheu '. "O amor de Plinio Corrêa de Oliveira p ela lgr~ja e pela civilização cristã resumia-se na expressão 'espirita romano '. Não se tratava de uma atitude passageira, como ele mesmo confidenciava: 'Esta é a atitude de minha alma em todos os dias, em todos os mi nutos, em todos os instantes: procu rar com os olhos a Igreja Católica e estar imbuído
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do espírito d'Ela, tê-La dentro de minha alma, ter-me inteiro dentro d' Ela. E se a Igreja for abandonada por todos os homens, na medida em que isto fosse possível sem que Ela deixasse de existir, tê-La inteira dentro de mim. Viver só para Ela, de tal maneira que eu possa dizer, ao morrer: Realmente, eu fui um varão católico e todo apostólico, romano, romano e romano!' "Esta expressão ' plene romanus' é uma bandeira que todo discípulo de Plinio Corrêa de Oliveira deve erguer por sobre as ruínas daquela que foi a grande civilização cristã ocidental e sobre o horizonte de autodemolição da Igreja. "O espirita romano é o ' sensus ecclesiae': a p ercep ção dos males que agridem a Igreja; a _fidelidade inabalável a tudo o que a cidade de Roma representa; o amor e a veneração de todos os tesouros da f e e da tradição que esta cidade oferece.
"Mas é ainda o ' sensus civitatis ', o sentimento e a consciência de que há uma civilização a def ender, porque, como diz São Pio X, não existe verdadeira civilização no mundo fora da civilização cristã. "Foi a esta civilização que Plinio Corrêa de Oliveira dedicou toda a sua vida, e eu encontro-me hoje aqui, não apenas como seu discípulo, mas também como católico romano, como católico que nasceu e viveu em Roma, e, por isso, duplamente romano; estou aqui para trazer a Plinio Corrêa de Oliveira o reconhecimento desta mesma Cidade; p ara erg uer a Plinio Corrêa de Oliveira não somente a minha homenagem pessoal, mas também aquela da Cidade Eterna, que hoj e parece ter perdido o seu pe,f ume: aquele p e1f ume de Roma de que Louis Veuil/ot escrevia ' dans ce parfum , dans cette parole, dans cette lumiere, j e trouvais ce que je
nesta manhã pude sentir no Cemitério da Consolação, e que sinto agora aqui, neste memorável encontro de almas. " Sr. John Horvat
ne cherchais pas et ne connaissais pas: Dieu, Rome et moi-même ' (neste perfume, nesta palavra, nesta luz, eu encontrava o que não estava procurando e o que não conhecia: Deus, Roma e eu mesmo"). "É este o misterioso pe1fume de Roma, a fragrância que ainda
Representando a TFP norte-americana falou seu vice-presidente, Sr. John Horvat. De início, ele mencionou o desafio e a responsabilidade de levar adiante a obra e a luta empreendida por Dr. Plínio - que continuamente incentivava e orientava as atividades - nesses 20 anos sem a presença :fisica dele entre nós. Deu como exemplo dessa ação, após a sua morte, o lançamento do livro Retorno à Ordem, de autoria do orador. "Este livro é inteiramente fruto do p ensamento de Dr. Plinio. [. ..] Em I 986, ele convidou membros da TFP para formar uma comissão a fim de estudar assuntos norte-americanos. Eu era um membro irregular desta comissão. "Enquanto Dr. Plinio esteve entre nós, sempre havia a esperança de que algum dia algo poderia ser f eito. Mas naquele trágico dia de seufàlecimento (3 de outubro de 1995), uma dificil tar~fà tornou-se como que uma missão impossível. "Por muitos anos, procuramos encontrar um modo de continuar o trabalho da Comissão de Estudos de assuntos americanos. Vagamos por vales e montes tentando encontrar um j eito de completar o trabalho. Apesar de várias tentativas, os obstáculos pareciam intransponíveis. [. ..] "Porém, em determinado momento, em 2006, alguns de nós se reuniram para estudar. Nossa Senhora deu uma enorme graça e começamos a sentir a necessidade de nos lançarmos ao trabalho. Precisávamos descobrir um caminho para chegar do outro lado da montanha. Decidimos que havia chegado o momento de enfrentar as d(ficulra. com.br / NOVEMBRO 20 LS
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::,.
Entidades coirmãs dezenas de países dos cinco continentes presentes à homenagem a Plinio Corrêa de Oliveira
dades próprias de um túnel. Mas, ao longo dessa travessia de 20 anos de ausência .fisica, temos sentido a presença de Nossa Senhora e também a dele entre nós. [.. .] "Não é o caso de entrar em detalhes sobre todo o processo de preparação do livro Retorno à Ordem. Ele serve apenas como um exemplo da necessidade de se manter fiel dentro das dificuldades de um túnel. "A TFP americana inteira fo i envolvida no processo de redação, edição, impressão e promoção do livro, e continua a sê-lo. E os resultados da p romoção da obra têm sido excelentes, superando nossas exp ectativas. Ela ating iu o alvo 29 longos anos após Dr. Plínio ter constituído a Comissão Americana. "Assim, não estamos agora a comemorar 20 anos de glória e deslumbrantes sucessos, mas 20 anos de viagem nas d{flceis horas do túnel. Mas, assim, encurtando nosso caminho até à realização das promessas de Nossa Senhora de Fátima, do triunfo de seu Imaculado Coração. "
1,
EUA
lnstituto Plínio Corrêa de Oliveira
American Society for the Defense of Tradition, Family, and Property - TFP Tradition, Family, Property, Jnc. Tradition, Family, Property - Louisiana, Inc.
ÁFRICA DO SUL Young South Africans for a Christian Civilization - TFP Fami ly Action South Africa
ALEMANHA Deutsche Gesel lschaft zum Schutz von Trad ition, Fami lie und Privateigentum e.V. - TFP Deutsche Yereinigung für eine Christliche Kultur (DVCK) e.V
ARGENTINA Sociedad Civil Fátima la Gran Esperanza
AUSTRÁUA Australian TFP lnc.
ÁUSTRIA Ôsterreichische Gesellschaft zum Schutz von Tradition, Familie und Privateigentum - TFP
BÉLGICA Fédération Pro Europa Christiana
Dom Athanasius Schneider
Encerra ndo a solene sessão daquela noite, tivemos a honra de ouvir o pronunciamento de Mons. Schneider - nome que é referência para aq ueles que defendem a ortodoxia católica. Comento u o prelado que, nesses três úl timos dias em que todos pa rticipara m dos mesmos eventos, ve io-lhe à mente o di to: 'Como é bom estarem os irmãos juntos'. "Eu diria: como é bom estar~ mos os católicos juntos. Foi realmente para mim uma consolação, uma edificação estar com vocês e encontrar almas católicas verdadeiras, e não somente de nome. Católicos de verdade e de tanto países e de todos os continent s. D1·:
BRASIL
CANADÁ
Plinio Corrêa de Oliveira foi um instrumento da Providência Divina para os nossos tempo . A Providência Divina sempre usa, nos tempos de necessidades, o's· instrumentos escolhidos. E eu considero Dr: Plinio um instrumento da Providência Divina nas mãos de Nossa Senhora para o nosso tempo. Percebo isso no movimento que D," Plinio iniciou, e que vocês continuam, convictos e corajosos. Porque nos últimos 5Oanos se tem a impressão de que nos meios eclesiásticos paira como que uma espécie de complexo de inferioridade de ser católico. E p ercebo neste movimento o contrário do complexo de inferioridade. Devemos ter um santo orgulho de
ser católicos. A f e católica é realmente a maior riqueza e a maior f elicidade que p odemos ter aqui na Terra. E devemos viver, conservar e transmitir aos outros essa f é. E constato isso em todos aqui presentes. [... ] Quero concluir com algo que li recentemente, que foram umas últimas palavras de Dr. Plinio - e eu considero isso como um testamento espiritual - , que p ermaneçam.fiéis a Nossa Senhora e o resto Ela vaifàzer ". ❖
Canadian Society for the Defense of Christian Civi Iisation
CHILE Acción Familia por un Chile auténtico, cristiano y fuerte
COLÔMBIA Sociedad CoJombiana Tradición y Acción Centro Cultura l Cruzada
ESPANHA
FILIPINAS Philippine Crusade for the Defense ofChristian Civilization
FRANÇA Société française pour la défense de la Tradition, de la Familie et de la Propriété - TFP Fédération Pro Europa Christiana Avenir de la Culture Droit de Naitre
HOLANDA Stichting Civitas Christiana
HUNGRIA Magyar Alapítvány a Keresztény Civi lizációért
lRLANDA lrish Society for Christian Civi li sation
ITÁLJ A Associazione Tradizione Famiglia Proprietà - TFP Associazione Luci sull 'Est
LITUÂNIA Krikscioniskosios Kultüros Gynimo Asociacija
PERU Tradición y Acción por un Perú Mayor
POLÔNIA Stowarzyszenie Kultury Chrzescijaóskiej im . Ksiçdza Piotra Skargi Fundacja lnstytut im. Piotra Skargi
Tradición y Acción Notas:
ESTÔNIA
1. Pl ínio Corrêa de Oliveira , Minha Vida Pública - Compilação de Relatos Autobiográficos de Plínio Corrêa de Oliveira , 1ª ed . Artp ress, São Pau lo,
2015.
SA Pcrekonna ja Traditsioon i Kaitseks
r. ~ ~
PORTUGAL Instituto Santo Condestável REINO UNIDO Tradition, Family, Property - TFP
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catolicismo@terra.com.br / NOVEMBRO 2015
CATOL ICISMO / www.catolicismo.com .br
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me". E não tocou nela. Um pouco adiante encontrou um mendigo esfarrapado e faminto, que lhe pediu uma esmola. O santo então lhe disse: "Caro amigo, não tenho o que te dar. Mas Deus te protege, pois tu encontrarás a curta distância do caminho uma bolsa bem provida. E se não encontrares seu proprietário, faz bom proveito dela". 4
SÃO DIEGO DE ALCALÁ Com fama de an· 1
· mfü ieüg f ci k e · Rf. fu a [ COI [. [ . OS p
• • • • • •
Franciscano, recebe o dom da ciência infusa
PLINIO MARIA SOLIMEO
m biógrafo de São Diego, o Pe. Ribadeneira, chama a atenção para o fato de que nas Ordens religiosas, "especialmente na do será.fico pai São Francisco, tenha havido tantos relig iosos leigos que floresceram com extremada santidade ". Ele dá uma razão para isso: "Porque, como o estado de irmão leigo é mais apropriado para exercitar-se a humildade, a caridade e a oração, que são as três principais virtudes do religioso e como que uma breve súmula de tudo o que deve fazer para consigo, para com o próximo, e para com Deus, os que sabem aproveitar-se deste estado, com menos trabalho e dificuldade saem eminentes nestas três virtudes ". 1 Outra consideração nessa linha nos é sugerida por outro hagiógrafo, que faz notar que o Papa Sixto V, na bula de canonização de São Diego, se compraz em ressaltar os méritos da pobreza voluntária aos olhos de Deus. Por isso esse autor ressalta que os pais desse santo, "embora pouco.favorecidos p ela fortuna, viviam satisfe itos com sua sorte, ganhando o sustento quotidiano com o trabalho de suas mãos, com f é muito grande e igual confi.ança na amorosa Providência divina ".2 Acrescenta o Pe. Ribadeneira que "muitos homens honrados e de bom nivel, que poderiam luzir e aparecer de modo louvável no estado sacerdotal, escolheram o de [irmãos] leigos, tendo-o por mais quieto e seguro " para se santificarem.3 Um admirável exemplo disso temos em São Francisco de Assis, que nunca quis ser ordenado sacerdote. Isso nos leva a considerar que a pobreza é vis-
U
ta no mundo de hoje como a maior desgraça qu e pode ocorrer a alguém. E que, por isso, deve ser sanada a qualquer preço e por quaisquer meios, inclusive injustos, até com o risco de perder a salvação eterna. Isso porque, pela perda da fortuna , da saúd e, pela impossibi1idade de obter um bom emprego decorrente da fa lta de capacidade para o trabalho, muitos chegam ao estado de necess idade, quando não de verdadeira miséria. A [greja sempre foi , no passado, mestra em remediar situações co mo essas. Vivendo como eremita em sua Juventude
Diego nasceu e m São Nicolau do Porto, pequeno povoado andalu z
da diocese de Sevilha, nos albores do século XV. Desde muito cedo demonstrou amor pela solidão e, já adolescente, sabendo que um virtuoso sacerdote vivia como eremita nas proximidades, uniu-se a ele para melhor servir a Deus. Rezavam e contemplavam juntos, cuidavam de uma pequena horta que lhes fornecia o alimento, e fabricavam utensílios de madeira que vendiam para poder socorrer os pobres. Os biógrafos do santo contam qu e, certo dia, quando Diego foi vender seus produtos no mercado, encontrou no caminho urna bolsa bem nutrida. Tão desapegado estava, que pensou consigo: "Isso é tramoia do demônio para perder-
Por volta do ano de 1409, o Beato Pedro Santoyo, grande promotor do ramo franciscano que seguia a Observância antiga, fundou vários conventos reformados, entre os quais o deArrizafa, peito de Córdoba. Como Diego queria há muito tempo ser franciscano, pediu para ingressar nele como irmão leigo. O fervor com que abraçou a vida conventual foi surpreendente: Dizem seus biógrafos que "ninguém lhe ganhava na prática da pobreza, da caridade, da obediência, da mortificação. Nunca estava ocioso ", 5 pois a preguiça é a mãe de todos os vícios. Diego chegou a tal grau de união com Deus, que o Criador se comprazia em comunicar-lhe muitas luzes a respeito dos principais mistérios da nossa santa fé e das doutrinas da Jgreja. De modo que até mesmo doutores em teologia vinham consultá-lo sobre as mais elevadas questões teológicas. E ele as expunha com tanta claridade e segurança como se as estivesse vendo. A par disso, o irmão Diego continuava humilde e serviçal , amando no próximo a Deus Nosso Senhor. Era tão pacífico e tão unido a Deus, que bastava uma palavra
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sentes mais de três mil e oitocentos franciscanos . Foram muitos os frades atingidos. Por isso eles transformaram o convento de Ara Caeli em hospital, sob os cuidados de Frei Diego. O santo desdobrou-se para atender a todos os empestados e à multidão de pobres que acorria ao convento em busca de alimento. Sua santidade tornou-se então manifesta pela sua constante multiplicação do pão, dos medicamentos e dos víveres. Taumaturgo: o menino salvo do forno
saída de seus lábios para acalmar as di scórdi as, levar ao arrependimento o faltoso, dar confiança ao esmorecido, e a todos, a paciência e a alegria no serviço de Deus.
almas, ele visitava em suas choças os nativos ainda pagãos, pregandolhes a palavra divina. Após esses quatro anos, e le foi chamado de volta à Espanha.
Superior do mosteiro nas Ilhas Canárias
Em Roma, como enfermeiro de seus irmãos
Pouco depois de professar, Frei Diego foi enviado com alguns de seus irmãos de hábito às Ilhas Ca nárias, conquistadas havia pouco por Juan de Bethencourt para a coroa de Castela. Ali, na ilha de Fuerteventura, fundaram então um convento, tendo a Frei Juan Beza como Guardião ou Superior. Com a morte deste, os frades não encontraram outro melhor para lhe suceder que Frei Diego, apesar de ser apenas um simples irmão leigo. O que mostra o grau de estima que eles tinham pelas virtudes e pela ciência infusa desse santo. Durante quatro anos Frei Diego dirig iu com prudência e sabedoria o mosteiro, do qual era a regra viva. Zeloso pela salvação das
No ano de 1450, celebrava-se em Roma o ano jubilar proclamado pelo Papa Nicolau V, durante o qual o bem-aventurado Bernardino de Siena(festa no dia 24 de maio) seria canonizado. São João de Capistrano, provincial dos franciscanos observantes, convocou então todos os frades da Observância que estivessem di sponíveis, para estarem presentes à grande cerimônia. Assim, Frei Diego encontrnu-se em Roma com outro grande santo franciscano, Tiago das Marcas ( 139 1-1476), também ele elevado posteriormente à honra dos altares. Entretanto, irrompeu uma epidemia na gra nde multidão que acorreu à C idade Eterna pa ra o jubileu estava m pree a canonização
Um dos grandes milagres operados por Frei Diego - e que é narrado por quase todos os seus biógrafos - foi o seguinte. Estando ele em Sevilha, sucedeu que um menino de sete anos, que tinha feito alguma estripulia, com medo do castigo, escondeu-se no grande forno da casa e adormeceu. A mãe, que não desconfiava de nada, acendeu então o forno. Mas quando ouviu os gritos do menino, ela desmaiou , enlouquecida de dor. E ntrementes o fogo ardia. Voltando a si, em vez de tentar tirar o filho , ela saiu correndo pela ru a gritando. Frei Diego, que por ali passava, perguntou-lhe qual a causa de seu pranto. E recomendou à infeli z mãe que corresse para a ig rej a, fosse diante do altar da Virgem Maria conhecida como "a Antiga", e se recomendasse a Ela. Enquanto isso, ele se dirigiu à casa da mulher e, chegando diante do forno , disse com voz autoritária ao menino que dele saísse. Apesar de a lenha j á se ter transformado em brasa, o meni no saiu ileso. Ante a aclamação do povo atraído ao local, Frei Diego pego u o menino pela mão e o levo u à igreja, para
que agradecesse à Santíssima Virgem por tê- lo salvado. Isso fez com que se propagasse mais a devoção àquela imagem, já tida antes como milagrosa. São Diego de Alcalá entregou sua santa alma a Deus no dia 12 de novembro de 1463. Milagres depois de seu falecimento
A fam a de santidade de Frei Diego, j á grande durante a vida, cresceu após sua mo1te. Alcançaram muita divulgação, por causa dos personagens envolvidos, doi s milagres ocorridos pelo contato com cu corpo incorrupto. Numa caçada, o rei Henrique IV, de Castela ( 1425- 1474), caiu do cavalo e feriu gravemente o braço, causando im ensa dor que os médicos não conseguiam aliviar. O monarca dirig iu-se então a Alcalá, para pedir sua cura a Frei Diego, cujo corpo incorrupto foi então removido de sua sepultura. Henrique deitou-se então a seu lado e, após os-
Felipe li visita o príncipe don Carlos em ·Alcalá de Henares durante a sua enfermidade, e São Diego de Alcalá intercede no Céu pela sua cura - Miguel Jerônimo de Cieza, séc. XVII. Museu de Belas Artes, Granada (Espanha).
culá-lo, colocou a mão do cadáver sobre seu braço doente. A dor desapareceu instantaneamente, tendo o braço real readquirido sua força primitiva. 6 O outro milagre ocorreu em 1562, quase cem anos depois, com o príncipe D. Carlos, filho do rei Felipe 11 , da Espanha. Devido a uma violenta queda, o príncipe feriu tão gravemente a cabeça, que foi desenganado pelos médicos. Diante desse estado desesperador, o rei Felipe II foi a A lcalá e mandou abrir de São, Diego a Catedral de
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o túmulo no qual estava o corpo incorrupto de Frei Diego. Puseram sobre a face do santo wn lenço de seda, que foi depois colocado sobre a do príncipe. Este adormeceu, e quando acordou, pediu para comer. Em poucos dias estava novamente de pé. À vista do milagre, Felipe II pediu ao Papa Sixto V, também ele franciscano , que apressasse a canonização de Frei Diego, o que o Pontífice fez em 2 de junho de 1588.7 •• Notas: 1. Pe. Pedro de Ribadeneira, Fios Sanctorum, in Dr. Eduardo Maria Vilarrasa, La Leyenda de Oro, L. González y Compafiía - Editores, Barcelona, 1897, tomo 4°., p.296 . 2. Edelvives, E/ Santo de Cada Día, Editorial Luis Vives, S.A., Saragoza, 1949, tomo VI, p. 131. 3. Op. cit. p. 297. 4. ld. ib. p. 132. 5. ld . ib. p. 133. 6. http://en.wikipedia.org/wiki/Didacus_ of_Alcal%C3%A1. 7. Pe. José Leite, S.J., Santos de Cada Dia, Editorial A.O., Braga, 1987, tomo 111, p. 299. Outras obras consultadas: Steven M. Donovan, St. Didacus, in The Catholic Encyc/opedia , CD Rom edition; The Francisca n Book Of Saints, ed. by Marion Habig, ofm ., © 1959 Francisca n Herald Press, disponível em http:// www.francisca n-sfo .org/sts/ S1107dida.htm.
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Todos os Santos. São Benigno, Mártir
+ França, séc. li. Enviado por São Policarpo para evangelizar a Gália, "depois de vários e gravíssimos tormentos, aplicados por ordem do juiz Terêncio sob o imperador Marco Aurélio, moeram-lhe o pescoço com uma barra de ferro e perfuraram-lhe o corpo com uma lança" (MR).
+ Geórgia, 580. Grupo de 13 monges sírios enviados para evangelizar a região do Cáucaso. Lá introduziram a vida monástica, fundando vários mosteiros muito florescentes.
São Martinho de Porres, Confessor. Santos Valentim e HIiário, Mártires
+ Itál ia, séc. Ili. Sacerdote o primeiro, e diácono o segundo, "por causa de sua fé em Cristo foram atirados ao Tibre com uma pedra ao pescoço. Salvos milagrosamente por um anjo, foram então degolados" (MR).
4 São Carlos Borromeu, Bispo e Confessor. São João Zedazneli e Companheiros, Confessores
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Catedral dos bispos de Roma e uma das primeiras basílicas dedicadas por Constantino ao culto cristão, ela foi consagrada por São Silvestre em 324.
Santa Sílvia, Viúva
+ Roma, 594. Da mais alta aristocracia romana, mãe do grande Papa São Gregório Magno, a quem secundava em suas boas obras e necessidades domésticas.
Comemoração dos Fiéis Defuntos
Aos que visitarem o cemitério e rezarem pelos defuntos, concede-se diariamente, do dia 1' ao dia 8, indulgência plenária aplicável só às almas do Purgatório. Para ganhar a indulgência é necessário preencher as condições costumeiras, isto é, ter-se confessado e comungado, e rezar nas intenções do Papa. Com essas mesmas condições pode-se ganhar uma indulgência plenária - também só aplicável às almas do Purgatório - visitando no dia 1' qualquer igreja ou oratório público ou sem ipúblico e rezando o Credo e o Pai-Nosso.
Dedicação da Basílica de São João de Latrão
São Barlaam de Khutyn, Confessor
+ Rússia, 1193. Da nobre família Novgorod, após a morte dos pais deu sua herança aos pobres, tornando-se eremita em Khutyn, às margens do Vol ga. Sua santidade lhe atra iu muitos discípulos. Organizou a vida monástica, trocando o nome de batismo, Alexis, para Barlaam. Seu túmulo tornou-se lugar de peregrinação. Primeira Sexta-Feira do mês
São Florêncio de Estrasburgo, Bispo e Confessor
+ França, 693. Sacerdote irlandês, ele se tornou eremita na Alsácia. Curou a filha cega e muda do rei Dagoberto, que o nomeou bispo de Estrasburgo. Primeiro Sábado do mês
8 São Vilealdo, Bispo e Confessor
+ Alema nha , 789. Inglês de origem, "desenvolveu grande atividade missionária em meio aos frisões e saxões, sobretudo na região entre os rios Wesse r e Elba, onde fora enviado por São Bonifácio " (MRM).
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São Leão Magno, Papa, Confessor e Doutor da Igreja. São Justo de Cantuária, Bispo e Confessor
+ Inglaterra, 627. Um dos monges beneditinos enviados por São Gregório Magno para evangelizar a Inglaterra, São Justo foi o primeiro bispo de Rochester, sucedendo depois a São Lourenço como quarto bispo de Cantuária.
São Martinho de Tours, Bispo e Confessor
+ Candes (França), 397. Originário da Hungria e filho de pais pagãos, ele foi batizado aos 18 anos, quando era soldado imperial. Tornou-se depois discípulo de Santo Hilário de Poitiers. Como bispo de Tours, sua atividade pastoral foi infatigável e fecunda, sendo considerado um dos apóstolos das Gálias.
São Livínio, Bispo e Mártir + Bélgica , séc. VII. Originário
da Inglaterra, recebeu a ordenação sacerdotal de Santo Agostinho de Cantuária e foi enviado como apóstolo à Bélgica. Depois de converter mu itos à fé a Cristo, foi martirizado pelos pagãos.
:J São Nicolau 1, Papa e Confessor
em face aos dois imperadores então no poder: Miguel, no Oriente; e Lotário, no Ocidente" (MRM).
São Serapião, Mártir
+ África, 1240. Religioso da Ordem da Bem-Aventurada Virgem Maria das Mercês, dedicada ao resgate dos cativos, foi o primeiro a derramar o sangue em terras do Islã, pregado numa cruz.
Santo Alberto Magno, Bispo, Confessor e Doutor da Igreja. São Rafael Kalinowskl de São José, Confessor
+ Polônia, 1907. Natural da Lituânia, cursou a Academia de Arquitetura Militar, onde obteve o grau "s umma cum laude " (máximo com louvor), sendo convidado a nela lecionar. Capitaneou um movimento de libertação de seu país da opressão russa. Aprisionado e condenado à morte, teve sua pena comutada por trabalhos forçados durante 10 anos. Findo esse período, foi preceptor do Venerável Augusto Czartoryski em Paris. Finalmente entrou para os carmelitas descalços, morrendo em odor de santidade.
Santo Euquério, Bispo e Confessor
+ França, 449. Casado e pai de dois filhos, que posteriormente se tornaram bispos, ele e sua esposa ingressaram na vida monástica. "Eleito bispo de Lião, serviu a Igreja pela profundidade de sua fé e pela extensão de seus conhecimentos teológicos" (MRM ).
Santo Aniano, Bispo e Confessor
+ França, 453. Bispo de Orleans, ajudou a defender a cidade contra a invasão de Átila, obtendo para isso o auxílio do general romano Aecius, que repeliu o inimigo. Famoso por seus milagres.
DEDICAÇÃO DAS BASÍLICAS DE SÃO PEDRO E SÃO PAULO. São Romão, Mártir + Ásia Menor, 303. "Quando o
prefeito Asclepíades investiu contra a cristandade com a intenção de exterminá-la, ele exortou os demais cristãos a que lhe opusessem resistência. Por isso infligiram-lhe os mais duros tormentos", morrendo estrangulado na prisão (MR).
Santos Roque Gonzalez e Companheiros, M ártires. Santa Ermemburga, Viúva
+ Inglaterra, 700 . "Princesa de Kent, casou-se com o filho do rei da Mércia, com quem teve três filha , todas veneradas como wllns. Ao torna rse vltív , tunclou o mosteiro de Mlr uc, ln l/111net, do qual foi abect .s•, 1" (MRM).
Santo dmundo, M ártir + lngl< t n.i , R70. Su bindo ao trono , ' I ' nnos, governou com oi> clorlc1 e prudência de an I o. l'rotegeu pobres, órfão < vlt1vi1• , sendo um pai para w tHlllos. Foi decapitado po, p lf\, os dina marqueses qu( l11vi1cllrnm o país, por se rec11:.,11 .i i1postatar.
+ Ásia Menor, séc. 1. Discípulos de São Paulo, que dirigiu ao primeiro uma carta louvando "sua caridade e sua fé em relação ao Senhor Jesus e a todos seus fiéis ". Ambos foram aprisionados, açoitados, enterrados numa cova até a cintura e mortos a pedradas, por sua fidelidade a Cristo.
São Clemente 1, Papa e Mártir
Santa Isabel da Hungria, Viúva.
D
APH NO
NTAÇÃO A SEN HORA
do em sua pureza a regra beneditina, dando assim origem à Ordem de São Silvestre.
Nossa Senhora da Medalha Milagrosa. São Tiago, Mártir
+ Pérsia, séc. V. Sendo cristão, renegou a fé para conseguir as boas graças do soberano. Tendo sua esposa e sua mãe cortado relações com ele por causa de sua perfídia, Tiago caiu em si, chorou sua falta e proclamou corajosamente sua fé. Irritado, o rei mandou que lhe cortassem todos os membros antes de o decapitarem.
+ Roma, 97. Terceiro sucessor de São Pedro, escreveu uma carta aos Coríntios, considerada documento fundamenta l na defesa do primado universal do Bispo de Roma.
Ásia Menor, séc. 1. Discípulo de São Paulo, que o menciona em uma de suas epístolas.
Santas Flora e Maria, Virgens e Mártires
São Saturnlno, Bispo e Mártir
+ Espanha, 851. Nascida de pai maometa no e mãe cristã, Flora foi denunciada pelo p·róprio irmão aos mou ros, que dominavam a cidade. Fugindo, ela se encontrou com Maria, outra jovem cristã perseguida . Resolveram então ir diretamente ao governador muçu lmano confessar sua fé. Confortadas por Santo Eulógio, também prisioneiro, receberam o martírio.
São Mercúrio, Mártir
+ Ásia Menor, 250. Diz-se que um anjo lhe emprestou uma espada para levar seu exército à vitória. Denunciado como cristão, foi decapitado.
6 São SIivestre Abade, Confessor
+ Roma, 867. "Dotado de uma personalidade brilhante, ga ra ntiu a liberdade da Igreja
Santa Cecília, Virgem e Mártir. Santos Filemom e Ápia, Mártires
São Sóstenes, Mártir
+ França, séc. Ili. Um dos sete missionários enviados para evangelizar as Gálias, foi bispo de Toulouse, onde exerceu grande apostolado até ser preso pelos pagãos no Capitólio local, do alto do qual o precipitaram ao solo.
3b Santo André, Apóstolo e Mártir
+ Séc. 1. Irmão de São Pedro, ele foi um dos primeiros discípulos de Jesus. Pregou o Evangelho na Ásia Menor e nos Bálcãs, onde foi crucificado. É patrono das vocações.
Notas: • Santos já apresentados em calendários anteriores são apenas mencionados, sem nota biográfica. • MR - Martirológio Romano; MRM - Martirológio RomanoMonástico.
Intenções para a Santa Missa em novembro Será celebrada pelo Revmo. Padre David Franclsqulnl, nas seguintes intenções:
• Missa de Finados (2 de novembro) pelas almas dos nossos parentes falecidos e por todas as almas que padecem no Purgatório. • Rogando a Nossa Senhora das Graças (27 de novembro) superabundantes graças para todos os leitores de Catolicismo especialmente para aqueles que portam a sua Medalha Mi'. lagrosa.
lntenções para a Santa Missa em dezemhl'O • Missa de Nata l, rogando ao Divino Menino Jesus, pela mediação de sua Mãe Sa ntíssima, que conceda muitas e especiais graças às famílias dos assinantes de Catolicismo e a todos aqueles que apoia ram e/ou difundiram a revista ao longo deste ano.
+ lt li,, 1267. Erem ita, fund ou
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OVEM 13 HO 20 15
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ESTANDARTES DA CONTRA-REVOLUÇAO ,, TREMULAMHA UM QUARTO DE SÉCULO NALITUANIA A
FRANCISCO JOSÉ SAIDL
ovens representantes do pensamento cató lico contra-revo lucionário, provenientes de diversas partes do mundo (Brasil , Argentina, Estados , França, Alemanha, Itália e Hungria), reuniram-se na Lituâni a entre os di as 22 de agosto e 2 de setembro de 201 5. Rea lizou-se nesses dias mais uma caravana anual promovida por TFPs europeias e entidades afi ns. O evento, que se repete há quase 25 anos, constitui um estímulo aos que lutam para preservar a identidade cri stã do país, hoje ameaçado po r ta ntos fatores de decadência. Q ual a razão de uma delegação internaciona l de TFPs vi sitar anualmente a Li tuâni a? Com a queda do Muro de Berlim em 1989 e o crescente descontentamento nos pa íses além Cortina de Ferro , o Parlà mento li tuano, sob a direção de Vytautas La ndsbergis, depôs o pres idente do país e assumiu uma atitude de extrema ousadia, proc lamando no di a 11 de março de 1990 a independência da L ituânia em relação ao jugo sov iético. Era uma nação terri tori almente pequena que enfrentava um colosso duas vezes maior que o B rasil : a URSS. Ante as ameaças de Gorbachev, cuja política de abertura - a fa mosa Perestroika era um att ifíci o para driblar a crescente insati sfação interna nos países satélites da União Soviética e amortecer as críticas do mundo livre, a L ituânia procLu·ou apoio no mundo oci-
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CATOLIC.I SMO / www.catolicismo.com.br
denta l. Entretanto, por toda a parte seus enviados fo ram recebidos com frieza e pouco caso. N esse momento cruc ial para o país, uma voz se levantou alta neira a seu favor. Por ini-
c iativa do Prof. Plínio Corrêa de O li veira, a TF P brasileira, logo seguida por TFPs de c inco contin entes, empreendeu um giga ntesco abaixo-ass inado de apo io à independênc ia lituana. Em pouco mais de do is meses foram co letadas mais de 5.200.00 ass inaturas. A ca mpanha das TFPs em pro l da L ituâni a livre galvanizou a o pinião pública oc identa l e constitu iu um alento incomparáve l para os patri otas li tuanos, que se julgava m desemparados de tudo e de todos. A dec laração de independência da Lituâni a fo i, depo is da queda do Muro de Berlim, um tremendo so lava nco que fez desmoronar a estru tura do co losso soviético. Ao fi na l da campanha, em deze mbro de 1990, uma delegação de membros de TFPs de di versos pa íses diri giu-se a M osco u e entregou diretamente no Kremlin uma cóp ia em mi crofilmes do hi stóri co aba ixo-ass inado (foto abaixo). De Moscou, a delegação dirigiu-se a Vilnius, onde fo i receb ida com grandes mani festações de júbilo e gratidão. Outra
cóp ia do abaixo-assinado fo i então entregue ao presidente La nd sbergis no Parl amento lituano. N a mesma ocas ião, o então Ca rdea l-Arcebispo de Kaun as, Dom Vincentas Sladkevi cius, pediu aos membros das TFPs que não se esquecessem da Lituâni a. Mani festou mesmo se u desejo de que uma TF P fosse fundada em se u país. Atendendo ao se u pedido, uma delegação in ternac iona l vo ltou a visitar a Li tuâni a em 1993. E o fez todos os anos, desde então. Ta mbém as datas têm sua razão de ser. N este ano, por so lic itaçã_o do B ispo de Kasiadorys, Dom Jonas l va nauskas, a delegação de TF Ps europeias parti cipou do ence rramento da semana mariana, iniciada na festa da Ass unção. Um significativo número de fié is afluiu ao Sa ntuário de Pirvasun ai, onde se venera a Vi rgem Conso ladora dos Afli tos. N a ocasião, o Bispo de Vilkavi skis, Dom Rimantas N orvil a, ressa ltou durante sua homili a que N ossa Senhora reso lve não apenas os prob lemas materiais, mas sobretudo os espiri tua is. Entretanto , cumpre procurar os meios adequados. Para curar os males do corpo, procuramos medica mentos; para os da alma, os sacramentos da Santa Igreja. Sem os recursos materi ais nosso corpo padece e se m os esp irituais co locamos em ri sco a nossa sa lvação etern a. Na Co lin a dos Insurgentes, a delegação presta consuetudinari amente homenagem aos heró is ca tó licos que enfre ntara m os cossacos russos nos levantamentos de 1832 e 1863. De lá, sempre levando em andor uma imagem de Nossa Senhora de Fátima, os membros de TFPs europeias e entidades afi ns participa m de um a Marcha pela Vida . Encabeçada po r S. Exa. Revma. Dom Eugeni o Bartuli s, o cortejo termina na catedral de S iauliai. Prestigiando aquela so lenidade, compareceu o primeiro líder da Lituâni a li vre, Prof. Vytautas Landsbergis, além de outras autoridades ex press ivas do país e membros da admin istração municipa l de Siauli a i. Os prese ntes acentuara m que a ca mpanha de abaixo-assin ado promovida pelas TFPs chamou a atenção dos grandes pa íses para apo iar a independência . O bi spo, agradecendo pe lo aba ixo-ascatolicismo@terra.com.br / NOV EM B HO 20 15
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No Parlamento lituano
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~ si nado, asseverou que deveriam ser escritos com letras de ouro os nomes daqueles que tudo fizeram para que o país se tornasse livre. O vice-prefeito de Siauli ai chamou a atenção para o fato de que as TFPs demonstraram que a História muitas vezes não é realizada por presidentes ou governos, mas por iniciativas populares. Tais iniciativas são muitas vezes até mais eficientes que os gove rn os. O comendado r da Ordem de São Casimiro, Kazimieras Alminas, ressaltou que a organização não se esqueceu da Lituân ia e que todos os anos seus representantes se fazem presentes. No domingo, dia 30 de agosto, na cerimônia de partida da tradicional procissão a Si luva, o vice-prefeito do município de Kelme saudou os presentes e lembrou que, nos "tempos sombrios", a procissão a Si luva sempre se manteve; e que, mesmo quando as estradas foram bloqueadas, os peregri, nos prosseguiam pelo mato. Esta tradição, apesar dos incertos dias de hoje, continua. Mas que é preciso ser vigilante e defen der a Pátria. O bispo de S iauliai manifestou sua alegria com a presença da delegação de TF Ps europeias, lembrando a campan ha pela Independência do país 25 anos atrás. O prelado também agradeceu pelo quadro de NosCATOLICISMO / www. catolicismo.com.br
sa Senhora de Guadalupe, doado pela TFP americana. E, a propósito, exaltou a importância da defesa dos não nascidos, dos quais a Virgem de Guadalupe é especialmente protetora. O quadro da Virgem de G uadalupe, reprodução fiel do tecido milagroso existente no México, passou a ser venerado na igreja matriz de Ke lrne. Este quadro tem li gação especial com a Lituâni a independente. Ele era objeto de veneração particular de Fred Porfig li o, que o venerava em seu quarto de dormir até o dia de seu trágico falecimento em acidente automobi lístico, por ocasião da campan ha de coleta de ass inaturas pela independência da Lituânia. Ao despedir-se dos caravanistas, o jovem pároco Mindaugas Grigalius, decano de Kelme, agradeceu enfaticamente, mais uma vez, a generosa oferta e mencionou que a Virgem de Guadalupe tem atraído um número crescente de fiéis. Urna capela especial para abrigá-la está sendo planejada. No dia 1º de setembro, teve início o ano letivo, com cerimônias em todas as esco las do país. Neste ano , os mem bros da delegação das TFPs estiveram presentes na escola de Li ol iai, onde dirigiram aos alunos palavras de estímulo para que mantivessem acesa a luz da fé católica, condição indispensável para um futuro cristão de sua pátria.
No dia 2 de setembro, parlamentares receberam em Vilnius a delegação de TFPs europe ias no próprio ed ifício que hav ia sido cercado pelas tropas sov iéticas em 199 l. A passagem da delegação foi ocasião para a difusão do livro Return to Order, de autoria do vice-presidente da TFP norte-americana, Sr. John Horvat, que analisa o impasse em que se e ncontra o mundo atua l, impass esse que muitos r <lu zem de modo simpli ·ta a um a c ri s eco nôm ica. O Sr. Horvat foz um a pr funda aná lise do pape l da int mp ·rança fren ética como fator fundamental d 'S IC co njunto de crises qu e abalam a ·ivi li zac,:ão cristã. Na mesma ocasião, fo i levado uo con hecimento do s presentes o posteriormente enviado abaixo-m;sin ado ao Papa l1rnnc isco por ocasião do Sínodo Ordinúrio sobre a Famí li a - e pedido a eles que o subscrevessem. Um parlamentar man ifestou se u apoio à entidnd · · afirmou que o mundo necess ita de or 1 a11i za~·<es como a TFP para fazer face à cris' ·011t crnporânea de âmbito uni versal. O jovL'lll dep utado Gabrie l is Landsbergis diri pi11 palavras de gratidão ao · visita ntes: " lf</ic ' C'Slamos colhendo os bons .frutos do q11<· semearam", declarou . M •r 'l'C espec ial menção a homenagem prestu l11 11<i fa lec ido Sr. Antana Racas, que perl ' ll l' •11 ao Partido Conservad r União
v,w,~.,.
pela Pátria. Ele foi deputado no Parlamento lituano e um dos signatários da declaração de independência de seu país. Quando a delegação das TFPs entregou no Kremlin as assinaturas do maior abaixo-assinado da História, em apoio à libertação da Lituânia, Rafas fora designado pelo presidente Landsbergis para acompan har a delegação em Vilnius e em Moscou . A partir de então, tornou-se grande adm irador do Prof. Plínio Corrêa de Oliveira e am igo das TFPs. A caravana de TFPs europeias que visita an ua lmente a Lituânia para divulgar a Mensagem de Fátima, contou semp re com o se u valioso apoio. Falecido há um ano e meio, o Sr. Antanas Racas recebeu homenagem em sua sepu ltura na cidade de Kelmê, no dia em que cumpriria 75 anos de idade. Estavam presentes familiares, compan he iros de luta e amigos. Representando a delegação, dirigiu palavras de merecido louvor àquele herói, o Sr. Renato de Vasconce los (foto abaixo). Também estiveram presentes importantes
políticos regionais, bem como o Sr. Karl Rothenberger, primeiro cônsul honorário da Lituânia li vre na Alemanha; o Sr. Jonas Rudelev icius, ex-embaixador li tuano na Suíça, e a Sra. lrma Stankuvienê, líder local do Partido Cristão Democrata. Câ nticos patrióticos e re1igiosos foram entoados na ocasião. A Sra. Jadvyga, viúva do Sr. Racas, agradeceu sensibilizada a homenagem. ❖ catolicismo@terra .com.br / NOVEMBRO 2015
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AMBIENTES • COSTUMES • CIVILIZAÇÕES
Situação da humanidade após o pecado original e a felicidade no Paraíso Celeste PLINIO CORRÊA DE OLIVEIRA
P rovidênc ia Di vina concedeu a cada anima l os me ios de defesa e de ataque próprios. Os bichinhos muito pequ .e nos têm facilidade para fu gir. A despropo rção de fo rças entre o ti gre e o homem é muito menor do qu e entre o home m e a mosca. Mas a mosca facilmente escapa e não se consegue pegá-la. Sua própri a pequenez é a sua defesa. A cobra arrasta-se pe lo chão. Co mo ninguém o lha com atenção onde está pisando, ela te m condi ções de atacar de surpresa. Di ssimulada no me io do mato, e la com mui ta agilidade não erra o bote. Há uma espéc ie de equilíbri o que a Providênc ia estabe leceu entre capac idade de atacar e de se defe nd er que é co lossal. O tigre tem seu modo própri o de proceder; idem o leão, a cobra, o pavão, a arara, a pulga etc. Cada animal, a seu modo, não erra, pois o instinto dele se desenvolve corretamente e de acordo com a lei da natureza.
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Quem erra so mos nós, seres humanos .. . De um general podese dizer: e le adotou uma tática errada. O mesmo se poderi a di zer de um advogado e de outros profi ss ionais. Mas de um leão não se pode afirm ar que adotou táti ca errada, nem de um tigre, nem de um a pul ga etc. Por que razão? Para lembrar aos home ns que fo mos co ncebidos no pecado origina l, mas não os anim ais irrac ionais. Resultado : em nós ex iste o erro, somos quebrados. Uma humil hação para o gê nero humano, o que representa para nós uma gra nde lição. L ição para nos lembra r do pecado ori ginal. Devido ao pecado de nossos prime iros pais, o poder do homem fico u limitado. Ass im, somos convidados a recorrer à Divi na Providênc ia com a esperança de a lcançar o éu. E no Céu nossa situação será inco mensurave lmente me lhor do que a desfrutada po r Adão no Para íso Terrestre. ❖ Excertos da conferência proferida pelo Prof. Plínio Corrêa de Oli veira em 15 de setembro de 1988. Sem revisã o do auto r.
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EXCERTOS
SUMÁRIO
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A TRAGEDIA DE PARIS
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EXCERTOS
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CARTA DO DIRETOR
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A PALAVRA DO SACERDOTE Divórcio, adultério e a doutrina católica
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COMUNICADO Dom Schneider critica o Sínodo
Plinio Corrêa de Oliveira
Embora o título acima nos remeta aos recentes e brutais ataques perpetrados pelo terrorismo islâmico em Paris, ele é de um artigo publicado por Plinio Corrêa de Oliveira em "O Legionário" de 16 de novembro de 1941, para se referir a outra tragédia em solo francês: o domínio nazista durante a Segunda Guerra Mundial. Surgindo hoje um outro perigo de dominação - a ameaça maometana -, pareceunos oportuno transcrever trechos desse artigo.
certo que da França nos tem vindo muitas sementes de corrupção e de impiedade. [ ... ] Mas a França do século XIX, por exemplo, não produziu apenas um monstro como Gambetta, um ímpio como Renan, ou atrizes levianas como as que, nas boites de Montmartre, escandalizavam os viajantes do mundo inteiro. Produziu ela também um Luiz Veuillot, um Ozanam, um Montalembert, um Lacordaire, e uma rosa de pureza e de candura como Santa Teresinha do Menino Jesus. Se a humanidade inteira, em lugar de se abeberar nas fontes de talento e de santidade que nunca se estancaram em terras de França, se ia dessedentar nos antros da corrupção ou nas obras dos apóstatas, de quem a culpa? Só da França?[ ... ] Tudo isto posto, é bem de se ver que Paris cometeu graves pecados e sofre imensos castigos. A capital da França, da Filha Primogênita da Igreja,
CORRESPONDÊNCIA
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A REALIDADE CONCISAMENTE
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INTERNACIONAL
Diretor: Paulo Con·êa de Brito Filho
Terrorismo islâmico em Paris abalou o mundo inteiro
Jornalista Responsável:
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Nelson Ramos Barretto Registrado na DRT/DF sob o 11" 3116
VARIEDADES Doutrinação de nossas crianças e bolivarianismo
A•lministração:
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ENTREVISTA Reino de Maria - Triunfo da Igreja e da Civilização
foi durante muito tempo autora de escândalos sem fim. Ela se circundou de luzes, e foi chamada a Cidade-Luz. Ela se encheu de alegrias profanas, e foi chamada metrópole mundial da alegria. Em seus museus, em seus cenáculos intelectuais, em suas galerias artísticas, ela não cultuou somente a verdade, a beleza, e o bem, mas pôs seu talento ao serviço do erro, do mal e da ignomínia. Por isto mesmo, baixou sobre ela uma catástrofe apocalíptica. Apagaram-se as luzes da Cidade-Luz. Silenciaram os cânticos joviais de seu povo sempre alegre. [ ... ] Tinha Paris uma rnissão histórica na Cristandade. E sua ruína deve por nós ser chorada como os profetas choravam a ruína de Jerusalém, deixando transparecer através do pranto as esperanças e o desejo de uma ressurreição. [... ] Mas se Deus pune assim essa cidade, que punição há, com isto, para toda a Cristandade! A antiga capital dos Reis Cristianíssimos, hoje tomada pelas tropas do neopaganismo! Do alto do Céu, que dirão São Luiz e Santa Joana d'Arc? Nessa hora de desgraça, não amaldiçoemos Paris, não batamo palmas aos que a oprimem, não nos acumpliciemos com os que a desolam . Rezemos por Paris. Se das cinzas dessa terrível penitência renascer um a cidade convertida, que mais podemos desejar para a França, que é e erá empre a Pri mogênita da Igreja?". ❖ Link para a íntegra do artigo: http://www.pliniocorreadeoliveira. info/LEG%20411116_ATRAG%C3%8 01/\ • P/\íllS.ht m
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Natal e senso de equilíbrio na técnica
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Ambiente de graças natalinas de antigamente
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A doração dos Reis Magos - Cai-lo Dolci, séc. XVII. National Gallery, Londres. Título: " Leva, Jerusalem , oculos tuos, et vid e potentiam regis; ecce Salvator venit solvere te a vincu lo" (Brev. Rom., 2" foirn da L" semana do Advento, ant. do Magnif.).
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CARTA DO DIRETOR
PALAVRA DO SACEllDOTE Caro leitor,
Paulo Corrêa de Brito Filho DIRETOR
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Por que Catolicismo publica como matéria de capa da prese nte edição uma mensagem de Natal pronunciada há mais de meio écul o p lo pranteado Papa Pio XII? Não seri a preferíve l abordar um tema nata líci relacionado com questões ca ndentes da atualidade? Não se espante o leitor. Escolhemos esse pronunciamento ponti ficio justamente porque ele nos pareceu de grande atualidade! Sim, porqu anto Pi o XII, j á em meados do século passado, lançou um eloquente brado de alerta contra os graves desvios que a técnica moderna estava provocando na humanidade. E ainda porque sua mensagem estava baseada em sólidos e irrefutáve is argumentos que apontava m os perigos de um progresso técnico intemperante, desvincul ado da verdadeira fé rel igiosa. Abstraindo a ex istênc ia do Cri ador do universo, ta l progresso, caso não fosse devidamente ori entado, levaria o homem a um desequilíbri o, especialmente quanto ao aspecto superi or de seu ser: sua alma imortal, bem co mo sua inteligência, que deve sempre nortear a vontade. Infeli zmente o desvio dessa técnica se ace ntuou de modo impressionante no decorrer do século passado e no presente. Considere o leitor que naq uela época não se havia difu ndido a revolução informática, que hoje causa profund a preocupação em todos os espíritos lúc idos, especialmente pela devastação causada do ponto de vi sta psicológico e moral nos jovens de nossos tempos. Eles constituem as vítimas mais prejudicadas por esse progresso desenfreado que cada vez ma is escraviza nossos contemporâneos, por exemplo por meio do uso (ou abuso) da Intern et. Quem poderia imag inar que, após mais de meio século, cri anças de poucos anos de idade já ficariam v iciadas no uso de aparelhos cibe rnéticos, em vi deogames etc.? Situação que ex igiu a cri ação de clínicas médicas especiali zadas, que se dedicam ao combate a esse vício que afeta mu itas pessoas de modo inclemente! Se os sábios co nselhos de Pio XII tivessem sido aco lhidos em âmbito universal, o progresso técnico teria sido ordenado pela virtude cardeal da tempera nça. E tanto adultos quanto crianças e adolescentes não teriam necess idade de se inter nar para uma "des in tox icação" do vício do espírito, causado pelo fre nético uso de apa relhos cibernéticos. A mensage m de Natal de P io XII é um exe mplo marca nte da linguagem do Vigá rio de Cristo em face de um dos problemas mais angustiantes de nossa época, devido ao afastamento da humani dade d' Aquele Divino Infante qu e ve io para nos salvar. Co m meus votos de um Sa nto e Feli z Natal a todos os nossos leitores, ·desejo- lhes uma profícua leitu ra de tão importante matéria. Em Jesus e Ma ria,
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Pergunta - Concordo plenamente que não possa haver divórcio e que tudo seja feito como na época de Jesus, quando o adultério era punido com a morte. O cônjuge inocente ficava viúvo, podendo se casar novamente. Será que hoje vamos matar o cônjuge adúltero? Ou a parte ofendida terá que carregar esse fardo para sempre?
Resposta - Aos leitores não terá escapado o tom sarcástico e amargo das perguntas do missivista. Mas esta coluna não receia enfrentar até questões aparentemente embaraçosas, com a convicção de que somente Nosso Senhor Jesus Cristo tem "as palavras de vida eterna " (Jo 6, 68), mesmo quando elas parecem duras aos ouvidos de muitos dos nossos contemporâneos. Com efeito, a dissolução dos costumes e a legalização do divórcio e do concubinato - que concede à concubina os mesmos direitos da esposa legítima - diluíram no espírito público a noção da grandeza da :fidelidade matrimonial e de sua necessidade para a união e a estabilidade das famílias e da sociedade. Para isso concorreram também os enredos das telenovelas, que :fizeram cair as últimas barreiras de horror ante a violação da santidade da união conjugal. Pelo relato da Sagrada Escritura, no Livro do Gênesis, sabemos que ao ver Eva pela primeira vez, Adão exclamou: "Eis agora aqui, disse o homem, o osso de meus ossos e a carne de minha carne". Por isso, afirma a Bíblia, "o homem deixa o seu pai e sua mãe para se unir à sua mulher; e já não são mais que uma só carne" (Gn 2, 2124). Deus não podia manifestar de
Monsenhor José Luiz Villac modo mais claro a sua intenção de que a união matrimonial fosse não somente indissolúvel, mas até mais estreita do que aquela que une os pais e os filhos, posto que o marido deve deixar seu pai e sua mãe para unir-se à sua mulher. "Viola o sinal da Aliança , que é o vínculo matrimonial"
O vocábulo adultério provém do latim ad alterum, ou seja, ir "para outro". Em outras palavras, trair a fidelidade jmada no casamento, entregando seu corpo a uma pessoa diferente do próprio cônjuge. Pois, como disse São Paulo: "A mulher não pode dispor de seu corpo: ele pertence ao seu marido. E da mesma fo rma o marido não pode dispor do seu corpo: ele pertence à sua esposa" (I Co 7, 4). Por isso, "quando dois parceiros, dos quais pelo menos um é casado, estabelecem entre si uma relação sexual, mesmo ef êmera, cometem adultério [ ..] Os profetas denunciam-lhe a gravidade. E veem no adultério afigura do p ecado da idolatria. O adultério é uma injustiça. Aquele que o comete, falta aos seus compromissos. Viola o sinal da Aliança, que é o vínculo matrimonial, lesa o direito do outro cônjuge e atenta contra a instituição do matrimônio, violando o
contrato em que assenta. Compromete o bem da geração humana e dos filhos que têm necessidade da união estável dos pais " (Catecismo da Igreja Católica, números 23802381 ). A gravidade do adultério é tal, que Nosso Senhor o condenou até quando cometido por simples desejo: "Ouvistes que foi dito aos antigos: Não cometerás adultério. Eu, porém, vos digo: todo aquele que lançar um olhar de cobiça para uma mulher, já adulterou com ela em seu coração " (Mt 5, 27-28). A Lei no Antigo e Novo Testamento
Pela sua malícia intrínseca e pelos estragos que provoca na família e na sociedade, desde os primórdios da hwnanidade e até há pouco tempo, o adultério era considerado não somente um pecado, mas também um delito, severamente punido pela quase unanimidade das nações civilizadas. Como refere o nosso missivista, também sob a Lei Mosaica, inspirada pelo próprio Deus para domesticar as paixões de um povo ainda grosseiro e brutal, os dois cúmplices do adultério eram punidos com a morte: "Se se encontrar um homem dormindo com uma mulher casada, todos os dois deverão morrer: o homem que dormiu com a mulher, e esta da mesma forma" (Dt 22, 22). O caráter medicinal (para o povo judeu) da severidade da pena fica patente no fim do versículo: "Assim, tirarás o mal do meio de ti " . Com as graças superabundantes aportadas pela Redenção, foi possível passar da lei do temor à lei do amor, pela qual Deus quer ser adorado "em espírito e em verdade " (Jo 4, 23) e servido na liberdade
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e no abandono do coração. Por outro lado, a Antiga Lei, mesmo sendo santa, espiritual e boa, era imperfeita, posto que apontava o que se devia fazer, mas, por si, não dava a graça para ser cumprida; enquanto a Lei evangélica opera pela caridade e, por meio dos sacramentos, dá-nos a graça de cumpri-la na sua plenitude, pela imitação da perfeição do Pai celeste ( Catecismo da Igreja Católica, números 1961-1974). Essa nova pedagogia do Evangelho pode ser vista em muitos episódios da vida de Jesus, mas muito especialmente quando E le defendeu e perdoou a mulher adúltera e quan-
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do conversou com a Samaritana junto ao poço, exortando-as a não mais pecar. Isso não significa que para o adúltero impenitente não haja mais castigo, mas apenas que o castigo é transferido para a eternidade, porque, como ensina São Paulo, "não vos enganeis: nem os impuros, nem os idólatras, nem os adúlteros, nem os ef eminados [. ..] hão de possuir o Reino de Deus" (I Cr 6, 9-10). Os homens não podem separar o que Deus uniu
Na Igreja primitiva, pela convicção de que ela já representava o Reino celeste nesta Terra e para
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dar o espetáculo de uma sociedade santa e imaculada, os que tinham violado a fidelidade conjugal eram expulsos de seu seio mediante uma exclusão perpétua da comunidade eclesial. Mais tarde, pela crescente pureza de costumes dos primeiros cristãos e tendo desaparecido os motivos desse drástico castigo social, a partir do Papa Calixto (217222) consentiu-se em absolver o adultério também no foro externo, sob a condição de que os pecadores se preparassem para a reconciliação através de uma longa penitência pública imposta pelo bispo. Ao mesmo tempo, a Igreja aproveitou sua crescente influência sobre a sociedade para abrandar as legislações civis. Por exemplo, E la obteve do imperador Justiniano que fosse mantido o rigor da lei contrn o homem, mas que fosse poupada a vida da mulher, a qual era enclausurada num mosteiro durante todo o tempo que o marido julgasse necessário para lavar a sua honra e para a esposa se emendar. Aos poucos, a Igreja foi conseguindo que até a pena de mo1ie para o varão fosse suprimida. Se o rigor das penas temporais para os adúlteros foi sendo abrandado pela influência da lei evangélica, esta, porém, restaurou o pleno rigor da indissolubilidade original do matrimônio, que tinha sido parcial e temporariamente derrogada pela Antiga Lei, por causa da dureza de coração do povo eleito. Conforme o relato de São Marcos (10, 2-12), "chegaram os f ariseus e perguntaram-lhe, para o pôr à prova, se era permitido ao homem repudiar sua mulher. E! , r 'Spondeu-lhes: 'Que vos ordenou Moisés? ' Eles responderam: 'Moisés p ermitiu escrever carta de di vórcio
e despedir a mulher. ' Continuou Jesus: 'Foi devido à dureza do vosso coração que ele vos deu essa lei; mas, no principio da criação, Deus os f ez homem e mulher. Por isso, deixará o homem pai e mãe e se unirá à sua mulher e os dois não serão senão uma só carne. Assim, já não são dois, mas uma só carne '. Não separe, pois, o homem o que Deus uniu. Em casa, os discípulos fizeram-lhe perguntas sobre o mesmo assunto. E ele disse-lhes: 'Quem repudia sua mulher e se casa com outra, comete adultério contra a primeira. E se a mulher repudia o marido e se casa com outro, comete adultério." O mesmo ensinamento de que somente a morte pode dissolver o vínculo conjugal é repetido no Evangelho de São Marcos (16, 18) e na 1 Epístola de São Paulo aos Coríntios, bem como naquela aos Romanos. E foi reiterado de modo solene, com o selo da infalibilidade, no Cânon 7 da sessão 24 do Concílio de Trento, que reza: "Se alguém disser que a Igreja erra quando ensinou e ensina que, segundo adoutrina evangélica e apostólica, o vínculo do matrimonio não pode ser dissolvido p elo adultério de um dos cônjuges e que nenhum dos dois, nem mesmo o inocente que não deu motivo ao adultério, pode contrair outro matrimônio em vida do outro cônjuge, e que comete adultério tanto aquele que, repudiada a adúltera, casa com outra, como aquela que, abandonado o marido, casa com outro - seja excomungado. "
por adultério, a parte inocente tem que "carregar esse fardo para sempre", ou seja, continuar a conviver com o cônjuge adúltero que cometeu adultério? Nem um pouco. Porque São Paulo, na sua Primeira Epístola aos Coríntios, deixa claro que há casos em que é lícito o desquite (ou seja, a mera separação de corpos, sem dissolução do vínculo) ao dizer que "aos casados mando (não eu, mas o Senha,) que a mulher não se separe do marido. E, se ela estiver separada, que.fique sem se casar, ou que se reconcilie com seu marido " (10-11). E por isso o Concílio de Trento, no cânon seguinte ao já citado, define solenemente que "se alguém disser que a Igreja erra, quando determina que por muitos motivos se pode fazer [licitamente] a separação dos consortes quanto ao tá/a-
mo e à coabitação, por tempo certo ou incerto - seja excomungado". Esse ensinamento foi reiterado pelo Catecismo da Igreja Católica, no seu parágrafo 2383: "A separação dos esposos, p ermanecendo o vínculo matrimonial, pode ser legítima em certos casos previstos pelo direito canônico ". Porém, convém reiterar mais uma vez que separação não é divórcio e que este último é uma ofensa grave à lei natural e divina e uma injúria contra a Aliança da salvação, da qual o matrimônio sacramental é sinal. "O fato de se contrair nova união - ensina o citado Catecismo - , embora reconhecida pela lei civil, aumenta a gravidade da ruptura: o cônjuge casado outra vez encontra-se numa situação de adultério público e permanente " (nº 2384). De onde resulta ser um sacrilégio dar a Sagrada Comunhão aos assim chamados "casais em segunda união ", ou seja, aos divorciados recasados que vivem maritalmente. ❖
Divórcio: injúria contra a Aliança da salvação
Será então verdade o que diz o missivista no fim de sua carta, ou seja, que não sendo lícito o divórcio catolicismo@terra.com .br / DEZEMBRO 2015
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COMUNICADO ~
ADESAODO INSTITUTO PLINIO CORRÊA DE OLIVEIRA
À SÓLIDA E CORAJOSA DECLARAÇÃO DE DOM ATHANASIUS SCHNEIDER SOBRE O SÍNODO Dom Athanasius Schneider, Bispo auxiliar de Astana (Cazaquistão), emitiu sobre o Relatório final da 14ª Assembleia Geral do Sínodo dos Bispos em Roma, uma oportuna declaração na qual tece, com base em sólidos argumentos, comentários sobre os números 84 a 86 do referido Relatório. Tais considerações, amparadas na p erene doutrina católica, as quais o Instituto Plínio Corrêa de Oliveira assume, lançam um vigoroso alerta contra o conteúdo desse Relatório. A XIV Assembleia Geral do Sí• Tal conteúdo cede à pressão ideonodo dos Bispos realizada de 4 a 25 lógica da cultura dominante que de outubro último, dedicada ao tema visa extinguir a indissolubilidade do "A vocação e a missão da familia, casamento pela difusão da anticulna Igreja e no mundo contemporâtura do divórcio e concubinato; neo" apresentou um Relatório Final • Omite qualquer repreensão aos com algumas propostas pastorais divorciados recasados no civil, que submetidas ao Papa Francisco. vivem more uxorio pelo seu estado O documento é apenas de natude vida gravemente pecaminoso, reza consultiva, não possuindo um e os isenta do pecado de adultério caráter magisterial formal. mediante argumentos que tendem a Dom Athanasius Schneider, diminuir sua responsabilidade subBispo auxiliar de Astana (Cazaquisjetiva; tão), emitiu sobre esse documento uma oportuna declaração para O site ~ • Induz, portanto, pessoas que vi"Rorate Coeli" sob O título "O Re- E h,,..:.:~·- - -' vem em situações irregulares a perlatório Final do Sínodo abre a porta z-~~ ~ I manecer em tais uniões e a profanar dos fundos a uma prática neomosai- ~ ,~ ~,~~A3Y o Sacramento do Matrimônio; o ca "(*), na qual tece, com base em ~ - 1111,,,,;-.Jil • Escandaliza os fiéis e a sociedasólidos argumentos, comentários Dom Athanaslus Schnelder de como um todo pela sugestão de sobre os números 84 a 86 do referido Relatório. admitir pessoas que violam publicamente o exto Mandamento, às funções de leitor na mi sa, Essas considerações, amparadas na perene doutrina católica, as quais o Instituto Plínio Corrêa de catequista, padrinbo ou membro do conselho paOliveira assume, lançam um vigoroso alerta contra o roquial; conteúdo desse Relatório:
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• Pela sua ambiguidade, abre a porta dos fundos para a admissão à Sagrada Comunhão dos divorciados recasados civilmente, o que acarretará a profanação do maior dos sacramentos, a Sagrada Eucaristia; • Inaugura uma cacofonia, uma conf-t1são magisterial e pastoral , em contradição com ensinamentos e práticas perenes e bimilenárias da Igreja Católica.
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Corno acertadamente afirma o zeloso Bispo auxiliar de Astana, os promotores dessas alterações neofariseus - da doutrina sempiterna da Igreja são os adeptos da chamada "agenda Kasper", que como seus precursores do tempo de Jesus Cristo, valem-se de formulações ambíguas para introduzir novas tradições contra os Mandamentos de Deus. O Instituto Plinio Corrêa de Oliveira, embora dirigido e composto por católicos leigos, não costuma tomar posição em questões estritamente teológicas, litúrgicas e canônicas, como a admissão de divorciados recasados à Sagrada Eucaristia. Conh1do, o que está em jogo nesse conflito teológico-canônico é a permanência da Igreja Católica como baluarte do casamento indissolúvel e da família. Caso a Igreja admitisse o divórcio, o que é estritamente impossível pela promessa de seu divino Fundador, disso adviriam as maiores catástrofes para a própria ordem temporal.
Assim sendo, e coerente com os princípios que o tem norteado em defesa da instihiição da família, o Instituto Plinio Corrêa de Oliveira invoca a proteção da Santíssima Virgem, a qual a Sagrada Escritura compara a um exército em ordem batalha - "ut castrorurn Acies Ordinata" - para sustar esta investida contra a instih1ição cujo modelo é a Sagrada Família. E une-se loto carde à categórica afirmação de resistência de Dom Athanasius Schneider àqueles que hoje intentam adulterar o depósito da fé e da moral evangélica: "Non possumus! Não aceitarei um ensinamento ofuscado nem uma abertura habilmente disfàrçada da porta dos fundos para que por ela passe uma profànação dos Sacramentos do Matrimônio e da Eucaristia. Da mesma forma, não aceitarei uma paródia do Sexto Mandamento de Deus. Prefiro ser ridicularizado e perseguido a ter que aceitar textos ambíguos e métodos insinceros. Prefiro a cristalina 'imagem de Cristo, a Verdade, ao invés da imagem da raposa [suplantada no mosaico e] ornamentada com pedras preciosas' (Santo Irineu), porque 'Sei em quem pus minha con_fiança ', 'Seio, Cui credidi!'(2 Tim. 1: 12 )".
Instituto Plínio Corrêa de Oliveira 5 de novembro de 2015 (*) Recomenda-se a leitura da íntegra da declaração de Dom Athanasius Schneider, publicada pelo site "Rorate Coeli", em 3-11-2015. Sua tradução para o português encontra-se disponível no site: .bttu.:.LLl~
CARTAS DOS LEITORES Juntos na luta Parabéns aos seguidores fiéis a Plínio Corrêa de Oliveira. Ótima reportagem à sua memória na passagem desses 20 anos de sua ausência. Li tudo quase que num só folego. Sei que não é mole combater sem o comando do fundador da TFP, sem seu constante apoio animando movimentos no mundo inteiro, mas vamos em frente acompanhando o Instituto Plínio Corrêa de Oliveira. Deus nos dará a vitória. Estamos juntos nesta Luta!
(D.M.N.O. -
ES)
Missão pliniana Fiquei muito contente vendo na revista Catolicismo as homenagens prestadas a Dr. Plínio. Sua missão é tão importante para a Igreja e o Brasil que ele não poderia ficar no esquecimento depois de sua morte. Rezei nesses dias para que possamos ser dignos da missão pliniana em defesa de uma civilização inteiramente católica no mundo inteiro.
(A.N.R.V. -
PB)
Devida avaliação A importância histórica desse acontecimento - as homenagens prestadas de todas as formas a Dr. Plínio - só terá condições de ser fria e exatamente
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avaliada daqui a alguns anos ... É o equivalente a quando a humanidade avalia a obra de uma Santa Teresa de Ávila, ou mesmo de São Luís Grignion de Montfort...
(N.A.T.G.P. -
PR)
Grandes vocações Três grandes vocações se reencontraram no histórico Pátio do Colégio: as vocações de José de Anchieta, a dos Bandeirantes e a de Plínio Corrêa de Oliveira. As três trabalharam intensamente pela grandeza de São Paulo e do Brasil. Foi uma homenagem super-merecida. Dr. Plinio merece ainda mais porque muito da grandeza do Brasil e da Igreja a ele se deve. Ele trabalhou incessantemente pela exa ltação da Santa Igreja Católica, mesmo sendo muitas vezes incompreendido e mesmo perseguido e acusado de intolerante. Um bom sinal. Os santos também foram intolerantes com o mal.
(A.L.M. -
SP)
Profetismo Conheci a obra do Prof. Roberto de Mattei O Cruzado do Século XX. Nela, o autor descreve com fatos e documentos o perfil de cruzado que o Prof. Plínio viveu e adaptou à nova forma de luta contra
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a Revolução do século XX. Realmente ele foi o Cruzado do Século XX. Passando agora ao novo livro de Roberto de Mattei O profeta do Reino de Maria, parece-me correto afirmar que Dr. Plínio é um continuador de São Luís Grignion. Entretanto, o Prof. de Mattei vai mais além: o Prof. Plínio abriu uma via de espiritualidade. O que é essa via? É uma via espiritual/temporal. Convido os amigos a abrirem o livro e o lerem aos poucos.
(C.M.-MG)
que ele faz a nossa Pátria nesta crise sem precedentes que atravessa, devido ao governo praticamente comunista que assumiu o poder. Sabe-se lá como .. . Com certeza, do Céu ele de modo sobrenatural nos acompanha e nos anima na luta contra as ideias comunistas espa lhadas pelo mundo, aliás, como foi previsto por Nossa Senhora em Fátima quando disse "A Rússia espalhará seus erros pelo mundo ".
(A.A.L. -
SP)
Falso evangelho
Infelizmente não tomei
Muito louvável o trabalho para investigar o CIMI numa CPI. Felicito a cora-
con hecim ento da missa solene, celebrada segundo o rito tradicional, em memória do gran de Dr. Plinio Corrêa Oliveira. Certamente teria ido à abadia de São Bento para assisti-la e apertar as mãos dos amigos discípulos dele, se eu tivesse tomado conhecimento com antecedência, porque muito o admiro. Por isso, fiquei muito contente vendo as fotos da abadia lotada de admiradores do ilustre brasileiro, assim como nos demais dias em outros atos de homenagem. Ten ho alguns livros de Dr. Plí nio e artigos marcantes escritos por ele e sinto muito a falta
gem da deputada pelo MS Mara Case iro. Faço votos para que tal investigação não termine em pizza, como muitas CPls rea lizadas em Brasíl ia. O CIMI funciona também como agente para "fabricar" índios em série. São falsos índios pagos para fazer agitações, invadir propriedades particulares. Índio verdadeiro não quer agitação e deseja trabalhar e ser inserido na ci vilização para obter um futuro melhor para seus filhos. Vejo muitos desses falsos índios em minha cidade fa lando ao celular (com iPhones mais caros qu e o meu), tablets e not books da moda, filmadora etc.
Ilustre brasileiro
Instrumentos de falsos índios (às vezes pintados de índios) para promoverem agitações no campo e na cidade. Muitos são correspondentes de jornais de norte a sul do Brasil e também agentes da CNBB. Esta conferência de bispos anda pregando um "evangelho" que não é o Evangelho de Cristo. Posso falar com tranquilidade dessa questão que envolve meu povo, pois bravo sangue indígena corre em minhas veias.
(A.S.P. -
MS)
Invasão islâmica Muito bom o momento para a publicação do artigo sobre a Batalha de Viena. Achei ótimo o artigo publicado nas páginas 22 a 25 da revista de novembro e lucrei bastante com a leitura. Hoje assistimos uma nova tentativa dos muçulmanos de invadir não só Viena, mas a Europa inteira. Hoje Europa, amanhã poderá ser o Brasil, se não aprendermos a li ção.
(S.C.E.N. -
BA)
Inutilidade da ONU O autor [Gregorio Vivanco Lopes] tem absoluta razão quando reconhece em seu artigo [As injunções da Sra. Ayoubi] que a ONU é uma instituição inútil. Além do mais, está dominada pela esquerda, que trabalha contra os interesses democráticos. Quanto a essa mulher marroquina,·certamente não conhece o Brasil.
Deveria dar palpites lá no Oriente Médio, procurando evitar que os muçulmanos se matem uns aos outros e degolem os cristãos.
(M.H.-RJ)
Trato equilibrado Gostei muito da opinião do Monsenhor José Luiz Villac sobre o ensinamento da doutrina católica a respeito do trato aos animais. Acho que vai ajudar muita gente a ter um trato equilibrado e não como esse que está aumentando muito pelas cidades: muitos tratando os animais como se fossem filhos. O próprio animal, o cachorro por exemplo, não gosta desses mimos que recebem de seus donos e donas, como colocar-lhe brincos nas orelhas, joias, roupas, pintar as unhas, sapatinhos, colocar óculos etc., pois essas coisas vão contra a natureza do bicho. Por exemplo: roupa em cachorro! Isso o incomoda muito, mas aguenta, uma vez que seu dono não entende sua "fala" que seria: não me coloque essas roupas, porque sou bicho e já tenho uma pelugem natural que me protege, inclusive do frio. Sem dúvida, essa falta de bom senso no trato com os animais de estimação é resultado da influência da mídia, sobretudo televisiva. Tenho certeza de que não agrada a Deus esse igualitarismo coloca ndo no mesmo nível humanos e bichos.
Óbito canino Muito oportuno o esclarecimento sobre a questão do modo de cuidar de cachorros. Um dia desses li uma notícia que anunciava no jornal a morte de uma cadelinha, que era muito querida pelos filhotes. Dizia que era do-
loroso anunciar que a tal cadela sofreu um enfarte, foi socorrida, mas não resistiu. Então convidava as pessoas para o enterro, que seria em tal data em tal lugar. Ah, me poupe! Acho que isso é uma coisa muito sem propósito.
(L.A.V. -
DF)
F RASES S ELECIONADAS • • • • • • • • • • • • • • • • • • •
"Em todas as épocas a Providência se dignou confiar aos braços valentes da França a defesa da Igreja, e quando a via desincumbir-se fielmente da sua missão, Ela não deixava de recompensá-la com um aumento de glória e de prosperidade. A h! Nós pedimos ao Céu com insistência que a França de hoje possa, por sua Fé religiosa, mostrarse digna da França do passado! Possa ela permanecer fiel às grandes tradições da sua história, e trabalhar assim para a sua verdadeira grandeza." (Papa Leão XIII)
"Não há nada melhor do que o bem que os franceses fazem, e nada pior do que o mal que eles fazem." (Papa Bento XIV)
"O que é a França verdadeira, a da catedral de Notre-Dame? A França é o espírito francês. O espírito francês é uma harmonia entre monumentalidade e doçura; seriedade e charme; força e graça." (Plinio Conêa de Oliveira)
" Todo homem civilizado tem duas pátrias: a sua e a França." (Eça de Queiroz)
''A Revolução Francesa começou com a declaração dos direitos do homem e só terminará com a declaração dos direitos de Deus." (De Bonald)
(G.W. -SP) catolicismo@terra.com.br / DEZEMBRO 2015
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Ninguém deseja o "paraíso verde" de horror e mentira O governo chinês anunciou que criará um "paraíso ecológico " no local das pavorosas explosões ocorridas no porto de Tianjin . O anúncio indignou os chineses: "Isso deveria chamar parque químico. No 'Paraíso ' pululam cenas dantescas . Como vamos viver junto de uma fossa comum?" - perguntou um morador. Por sua vez, o pai de um dos falecidos no desastre reclamou: "Nossos filhos não foram beneficiados por um enterro ". No primeiro semestre de 2015, morreram na China 26 mil operários em acidentes industriais, mais de 140 por dia! Os responsáveis pela incúria que provocou o acidente de Tianjin são ligados ao Partido Comunista. Para os chineses, o anúncio do "parque ecológico" é um insulto e um acobertamento da corrupção socialista.
Guerra pelas fibras ópticas submarinas da Internet Os EUA deixaram claro que a frota russa trabalha para grampear os cabos de fibra óptica submarina que atravessam os oceanos e sustentam a Internet. Um belo dia o mundo poderá amanhecer "sem sistema". Segundo a Marinha americana, o barco espião russo Yantar, que ancorou em Havana, leva dois mini-submarinos que podem atingir os cabos submarinos a quilômetros de profundidade. Na zona por onde navega o barco suspeito há uma enorme concentração desses cabos. Para chantagear o Ocidente, Moscou pode montar um esquema de sabotagem das comunicações globais, ameaçar cortar esses cabos e silenciar o mundo. O Yantar também já pode estar roubando a informação que transita por tais cabos.
Viajando em trem ecologicamente correto e comunista também As primeiras ferrovias da América Latina foram as de Cuba. Hoje elas são as mais lentas. A viagem de Havana a Santiago de Cuba - 765 quilômetros - dura em média 15 horas ... Cabras circulam entre os trilhos, carros caindo aos peda ços fazem filas nos cruzamentos, um tanque russo jaz abandonado num canto. Aqueles mesmos trilhos transportavam toneladas de açúcar da outrora pletórica indústria cubana, hoje reduzida a frangalhos. Para os turistas, há uma linha especial levando a uma enferrujada fábrica de chocolate que deixou de funcionar. A miséria cubana sempre foi falsamente atribuída ao embargo americano. Hoje ela está sendo transformada pela propaganda em realiza ção ecológica: um su cesso de modelo anticapitalista que não aquece o planeta ... E Fidel Castro, o mesmo dos fuzilamentos e do paredão, vai assumindo os ares de patriarca e profeta do futuro mundo verde.
Faxineira vê "obra de arte contemporânea" em museu e "faz limpeza" Uma sensata faxineira do Museu de Arte Contemporânea de Bolzano, na Itália, achou que uma "obra de arte contemporânea" não passava de sujeira abandonada na véspera por festeiros bêbados. E... "caprichou na limpeza ": jogou no lixo toda aquela imundície composta por pontas de cigarro, garrafas vazias e confetes, colocados ali em degradante desordem como '"obra de arte"! Era o único destino digno de mais um produto eloquente da corrupção de 2015. Com um acréscimo especial: mau gosto, corrupção e pecado são realidades deploráveis que sempre existiram , mas que se tornam uma inversão monstruosa quando se tenta justificá-las e proclam á-las co mo "obras de arte " ...
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Ladrão rouba imagem de Cristo e a devolve restaurada
Para matemáticos, luta contra o "aquecimento global" é irracional
A Société de Calcul Mathématique , composta por matemáticos franceses, mostrou em relatório que a luta contra o "aquecimento global" é Uma pintura do Sagrado Coração um "absurdo" : "É preciso retroceder muito na História para encontrar de Jesus foi roubada da loja Angels uma obsessão tão dolorosa".[. .. ] Não há sequer um fato, uma equação & Co., em Connecticut (EUA). A proou observação que leve a concluir que o clima do mundo está sendo prietária invocou Santo Antônio de 'perturbado ' de algum modo. [. .. ] Os seres humanos não podem intervir Pádua, pedindo-lhe que o quadro em nada na atividade solar, no estado dos oceanos, na temperatura do reaparecesse na celebração de magma terrestre ou na composição da atmosfera. Se a França parar toda Todos os Santos. Nessa data, 1° a sua atividade industrial e erradicar toda vida animal, a atmosfera não de novembro, o telefone tocou: era se alteraria de maneira digna de nota. [. .. ] As pessoas que não acreditam alguém avisando que a imagem _ no aquecimento global são constrangidas a calar a boca " - concluíram retornara ao local. Chegando lá, a os matemáticos, acabrunhados pela ostentação ufana da irracionalidade proprietária teve a agradável surcomo suprema forma de liberdade. presa de constatar que a pintura do Divino Redentor, antes esmaecida, havia sido totalmente restaurada! Nada se conseguiu apurar sobre o ladrão. Ao que parece, Santo Antonio de Pádua pode ter atuado, transformando o coração de um ladrão: de "amigo do alheio" o homem tornou-se devoto do Sagrado Coração e restaurador...
Economia russa: espoleta de uma precipitação de efeito mundial? O ministro russo das Finanças, Anton Siluanov, disse no Parlamento que "2016 será o último ano em que teremos reservas ". Putin multipli cou planos sociais, empregos públicos e despesas militares para aquecer a histeria nacionalista que baseia seu governo. Agora, a perspectiva é de não pagamento de ordenados e pensões, sobretudo de médicos e professores. As pequenas e médias empresas rumam para a falência e milhões de empregados irão para a rua. O único setor poupado será o militar e de serviços de repressão. As desordens sociais e o crime podem atingir níveis ainda não vistos no país. O Banco Central russo fechou mais de 60 bancos desde o início de 2015. Mas Putin não deseja uma marcha à ré e planeja manobras insensatas. Nesse caso, é difícil imaginar a paz pl ena .
Eslovenos obtêm referendo para revogar "casamento" homossexual O Tribunal Constitucional da Eslovênia deu ganho de causa aos defensores do matrimônio e dos direitos das crianças. Ao mesmo tempo, aprovou um referendo para revogar a lei que equipara ocasamento natural e religioso à união de casais do mesmo sexo e lhes concede um inexistente "direito" de adotar crianças. O referendo foi solicitado por 48.146 eslovenos, que em apenas quatro dias assinaram a petição proposta pela coalizão cívica Za otroke gre! ("Pelas crianças!"). Para os lobbies LGBT - grupos de pressão apoiados pela míd ia -, trava-se uma "batalha " na Eslovênia, que poderia se tornar a pri meira nação pós-comunista da Europa Central a abandonar a identidade básica da família . Mas sempre que os defensores da família imploram o auxílio divino e aplicam todos os seus esforços em prol dessa causa sagrada, a relação de forças se inverte!
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INTEllNAClO NAL
OS ATENTADOS TERRORISTAS EM PARIS E A EXPANSAO ISLAMICA """'
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Imerso em um pacifismo relativista, o Ocidente assiste a uma nova expansão do Islamismo enquanto se multiplicam os atos de terrorismo
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inheis a escolh.er entre a vergonha e a guerra; escolhestes a vergonha e tereis a guerra". Com essa frase, Churchill advertiu Chamberlain, então Primeiro Ministro da Inglaterra, após este celebrar o "acordo de Munique" e permitir à Alemanha nazista invadir a região dos sudetos, em território tcheco. A Tchecoslováquia era aliada da Inglaterra, mas o comodismo da paz falava mais alto a muitos dos contemporâneos de Churchill, ébrios de não ver o perigo crescente de um Estado totalitário e expansionista. Meses depois, a Alemanha invadia a Polônia. A II Guerra Mundial começava ... Em 1971, comentando a frase de Churchill e o acordo de Munique, afirmou Plínio Corrêa de Oliveira em artigo para a imprensa diária: "Munique não foi apenas um grande episódio da História deste século. É um acontecimento-símbolo na História de todos os tempos. Sempre que haja, em
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FREDERICO R. DE ABRANCHES VIOTTI
qualquer tempo e em qualquer fuga,; um confronto diplomático entre belicistas delirantes e pacifistas delirantes, a vantagem .ficará com os primeiros e a frustração com os segundos. " 1 Os atentados na capital francesa
A França, Filha Primogénita da Igreja, sofreu uma série de atentados empreendidos por terroristas
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islâmicos no dia 13 de novembro último. As vítimas não podiam estar mais despreocupadas e despreparadas. Assistiam a uma partida de futebol , jantavam em um restaurante, participavam de um espetácu lo de rock numa casa de shows ... Tudo indicava mais um dia comum na noite parisiense, mais um dia sem preocupações para os homens de nossa época, tão acostw11ados a
uma paz aparente e tão pouco afeitos ao sacrificio. No começo deste ano, a própria França já havia sofrido outro atentado, contra jornal "Charlie Hebdo". A esses atos do terrorismo islâmico em território francês somamse diversos outros, realizados nas últimas décadas, sendo o mais paradigmático o que ocorreu nos Estados Unidos em 11 de setembro de 2001 , quando terroristas sequestraram aviões e os lançaram contra as torres gêmeas do Wor!d Trade Center e o edificio do Pentágono. O Estado Islâmico ainda assumiu a autoria de outros dois atentados nas duas semanas anteriores ao ataque em Paris, um dos quais consistiu na derrubada de um avião russo no Egito. O pacifismo relativista
Vivemos em um mundo nascido dos escombros das duas grandes guerras. Um mundo desejoso do pacifismo mais do que da verdadeira paz; do irenismo ecumênico, mais do que da verdade. Imerso no relativismo nascente, o homem dessa época buscou criar um pretenso paraíso natural, onde Deus foi eliminado da esfera pública e a re ligião substituída pelo laicismo. 2 Imaginando um mundo sem fronteiras e sem ideais, até mesmo sem re ligião, nas palavras de um conhecido hino pacifista,3 a sociedade ocidental foi se afastando do cristianismo e mergu lhando no relativismo. Para evitar as surpresas inerentes à vida nesta Terra, criaramse seguros e resseguros conb·a todo tipo de imprevisto. Mas o mundo securitário acordou inseguro após mais um encontro entre duas civi lizações tão diversas como diversa é a luz das b·evas, a verdade do erro.
Não que a França - ou qualquer outro país do Ocidente - seja exemplo de civilização cristã, sobre a qual estamos a nos referir, mas sim que os países ocidentais representam o resto dessa civi lização ainda presente em nossos dias, como presente está o perfume em uma flor já quase moita ou nas fo lhas restantes de uma árvore recém-partida. O que é a verdadeira paz
A paz - ensina Santo Agosti nho - é a tranqüilidade da ordem. Em outros termos, é a disposição das coisas segundo sua natureza e finalidade. A paz não é o pacifismo, não é a atitude de indiferença mole e sentimental para com o erro e seus cúmp li ces. Por isso, disse Nosso Senhor: "Eu vos dou a minha paz. Não vo-la dou como o mundo a dá " (Jo 14,27). Só pode existir verdadeira paz, portanto, se existir uma clara noção da natureza e da fina lidade do homem. E isso é impossível sem a verdadeira Religião. O relativismo, nesse sentido, ao invés de criar uma paz verdadeira, desmobilizou o Ocidente e criou as condições psicológicas para a expansão do Islamismo. Diante dessa expansão violenta de um inimigo beligerante, como foi o nazismo e o comuni smo outrora ou como é o Estado Islâmico em nossos dias, não é possível ficar inerte, saudosista de um mundo pacifista irreal. "Amamos a morte mais do que vocês amam a vida"
Em recente entrevista, um militante do Estado Islâmico afirmou, com uma calma "desconcertante " segundo o entrevistador: "Estamos indo atrás de vocês, com ho~ens que amam a morte tanto quanto vocês amam a vida. Vocês nunca estarão seguros enquanto estivermos vivos. "4
De um lado, otimismo e pacifismo. De outro, um "belicismo místico" e fu ndamentalmente antiocidental. Enquanto os que adotam o primeiro preferem recuar e ceder, sorrindo despreocupadamente e se afastando cada dia mais do cristianismo, os que abraçam o segundo ameaçam e intimidam através da propaganda e do terror em nome de sua religião. "É próprio ao belicismo fanático delirar e agredir. É próprio ao pacffismo .fànático fechar os olhos, ceder, recuar. " 5 Tolerância mal compreendida: vulnerabilidade e ditadura
Um dos paradoxos do relati vismo é de se pretender absoluto. Quanto mais relativista é a pessoa, mais ela defende esse relativismo como a verdade, a única verdade. Isso, em grande parte, exp lica a constante acusação de fanatismo - e não rara perseguição - lançada pelos " liberais" conb·a aqueles que se opõem doutrinariamente ao aborto ou à agenda homossexual. Para quem vive no século do relativismo, é preciso ser intolerante para aquele que é coerente na doutrina. Esse relativismo para com a verdade, por outro lado leva os Estados laicos a promover um multiculturalismo mal definido e indiscriminado, tornando-os profundamente vulneráveis em relação ao Islã. Por não possuir uma doutrina objetiva, o relativismo é incapaz de julgar os "diferentes", 6 recebendo-os sem os critérios necessários para proteger sua própria cultura e civilização. Em consequência, a "tolerância" rapidamente se torna intolerante para com todos aqueles que são fumes na doutrina, independentemente de estarem certos ou errados, e se torna muito vulnerável em relação às novidades, para
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com o multiculturalismo, ainda que isso coloque em risco a sua própria identidade.
pério Romano, quando os bárbaros transpuseram as fronteiras de um império já em decadência.
O processo revolucionário e a desestabilização do Ocidente
O maior perigo é a crise interna do Ocidente
Desde que se operou a Redenção do gênero humano e a Cristandade produziu seus frutos, renovando a face da TeJTa, 7 jamais essa monumental obra evangelizadora, mesmo em meio às piores heresias, tornou-se tão vulnerável como nos dias de hoje. Não é a primeira vez que a expansão do Islã ameaça o Ocidente e, provavelmente, não será a última - mas a Igreja Católica sempre enfrentou o perigo externo conservando uma razoável unidade interna. Tal unidade interna, infelizmente, não mais existe nos povos cristãos (ou ex-cristãos). Hoje, não temos um São Pio V ou mesmo um D. João d' Áustria, heróis, a títulos diversos, da gloriosa batalha naval em Lepanto quando o Islã tencionava invadir a Europa (quadro ao lado). Amolecidas pelo Renascimento e divididas pela heresia protestante, as nações do Ocidente se deixaram seduzir pelo mito igualitário da Revolução Francesa e do comunis1no. Durante séculos, a Revolução minou os fundamentos do cristianis1no dentro da própria civilização cristã. 8 Esse processo multissecular gerou um vazio religioso nas socie-
O maior perigo, nesse sentido, não está nos terroristas, boa parte deles vivendo nas montanhas ou em desertos e que utilizam armas, celulares e transportes ocidentais. De si, são eles praticamente incapazes de progredir em sua própria cultura. O perigo consiste, sobretudo, nessa decadência religiosa dos povos do Ocidente. Grande parte dos líderes desse ressmgimento árabe-islâmico, ademais, estudou e viveu no Ocidente. Foi em nossa área de civilização
dades ocidentais, tornando o islamismo ainda mais perigoso. Os recentes acontecimentos terroristas, bem como a atual imigração maciça para o continente europeu de comunidades inteiras praticantes do islamismo,9 contribuem para desestabilizar ainda mais a E uropa, já enfraquecida pela sua própria crise religiosa. Uma situação como essa só encontra precedente na queda do lm-
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que esses militantes receberam a formação revolucionária que depois aplicaram em seus países. 10 Enquanto os "Chamberlains" ditarem os rumos do Ocidente, o terrorismo islâmico continuará crescendo e poderá até mesmo, em futuro não muito distante, vir a ocupar porções do território ocidental. Mas ainda que um novo "Churchill" surgisse e que o Islamismo fosse enfrentado com vigor, mesmo assim seria uma solução temporária e superficial, caso não houvesse uma autêntica conversão interior das pessoas e das nações. Restaurar a civilização, única solução
Sem restaurar a verdadeira ci-
vilização, 11 não há solução viável para o Ocidente laico e relativista, dominado por um pacifismo hedonista, diante de um oponente convicto e fanático, militarmente disposto a enfrentar a civilização. O Papa São Pio X focalizou esse tema com sábias palavras: "A civilização não mais está para ser inventada, nem a cidade nova para ser construída nas nuvens. Ela existiu, ela existe: é a civilização cristã, é a cidade católica. Trata-se apenas de instaurá-la e restaurá-la sem cessar sobre seusfimdamentos naturais e divinos contra os ataques sempre renascentes da utopia ma/sã, da revolta e da impiedade. " 12 Em Paris, no último dia 13 de novembro, a impiedade golpeou o
Ocidente mais uma vez. Contudo, é em momentos como esses que a graça suscita nos homens um desejo de Ordem, 13 condição prévia para a obtenção da verdadeira paz. É com essa confiança na Divina Providência que repetimos as palavras com as quais Plínio Corrêa de Oliveira encerrou seu artigo A Cruzada do Século .XX, publicado no primeiro número de Catolicismo : "Caminhamos para a civilização católica que poderá nascer dos escombros do mundo de hoje, como dos escombros do mundo romano nasceu a civilização medieval. Caminhamos para a conquista deste ideal, com a coragem, a perseverança, a resolução de enj-i-·entar e
vencer todos os obstáculos com que os cruzados marcharam para Jerusalém. Porque, se nossos maiores souberam morrer para reconquistar o Sepulcro de Cristo, como não queremos nós - filhos da igreja como eles - lutar e morrer para restaurar algo que vale infinitamente mais do que o preciosíssimo Sepulcro do Salvador, isto é, seu reinado sobre as almas e as sociedades, que Ele criou e salvou para O amarem eternamente? " 14 ❖ Notas:
1. Churchi/1, o avestruz e a América do Sul, "Folha de S. Paulo ", 31-1-71. 2. O laicismo, embora não se pretenda uma religião, erige-se como tal ao definir as práticas religiosas socialmente aceitas. Não raramente, degenera em perseguição religiosa. 3.A música Imagine de John Lennon se tornou um dos símbolos desse novo mundo e não por acaso foi tocada, no dia seguinte aos atentados, em frente a um dos locais atingidos pelos terroristas. 4. "BBC Brasil", 22-5-2015. 5. Plínio Corrêa de Oliveira, op cit. 6. "Examinai tudo. Retende o bem" (1 Tessal. 5, 21). 7. Vide Leão XIII, Encíclica Tametsi futura prospiscientibus, 1-11-1900. 8. Plínio Corrêa de Oliveira, Revolução e Contra-Revolução. 9. Fala-se em quase um milhão de árabes, apenas neste ano, a imigrar para a Europa. 10. A esse respeito, vide Catolicismo, novembro/2OO1. 11. "Não há verdadeira civilização sem civilização moral, e não há verdadeira civilização moral senão com a Religião verdadeira" (São Pio X, Carta ao Episcopado Francês, de 28-8-1910, sobre " Le Sillon"). 12. Notre Charge Apostolique, 25-81910. 13. "E por ordem entendemos a paz de Cristo no reino de Cristo. Ou seja, a civilização cristã, austera e hierárquica, fundamenta/mente sacra/, anti-igualitária e antilibera l" (Plínio Corrêa de Oliveira, Revolução e Contra-Revolução, Parte li, cap. li , 1). 14. Plínio Corrêa de Oliveira, A Cruzada do Século XX, Catolicismo, nº 1, Janeiro/ 1951.
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VAlUEDADES
FAZENDO GIRAR AS CABEÇAS INFANTIS
senso em geral, venham a dificultar que tal projeto seja imediatamente aplicado. Mas isso não significa que se deva abaixar a guarda, pois os ideólogos do bolivarianisrno, do marxismo, do petismo e outros que tais, aboletados em situações
de mando, não desistem. Querem abso lutamente mudar as mentalidades, especialmente das crianças e ado lescentes, para conformá-las às utopias que tramam em seus antros ideológicos. Na primeira ocasião que julgarem favorável darão o bote. ❖
Nota:
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"História sem tempo", historiadora Elaine Senise Barbosa e sociólogo Demétrio Magnoli. Os mesmos autores retomaram o tema, com alguns acréscimos, em artigo para a "Folha de S. Paulo" (8-11-15) sob o título "Proposta do MEC para ensino de história mata a temporalidade ".
GREGORIO VIVANCO LOPES
ai mar alto a investida para desvirtuar as mentes das crianças e ado lescentes em idade escolar. Não bastasse a execranda Ideologia de Gênero, que busca fazer com que os alunos passem a acreditar que não existe a realidade que lhes entra olhos adentro (a diferença entre os sexos) e que cada um pode compor seu sexo como quiser, surge agora outro despautério desculpem-me a palavra arcaica, mas fa la pelo som. Importante artigo publicado no jornal "O Globo" em 8 de outubro último(*) informa: "A História/oi abolida das escolas. No seu lugar, emerge uma sociologia do multiculturalismo". Sem concordarmos com todas as posições dos autores do artigo, é fora de dúvida que ele traz um contributo importante para o conhecimento do que está sendo tramado nos arraiais do Ministério da Educação (MEC). Não é brincadeira de mau gosto. O MEC lançou urna proposta de "Base Nacional Comum (BNC) ,que equivale a um decreto ideológico de refundação do Brasil". Contém as noções históricas básicas que o MEC quer implantar nas cabeças dos alunos. Nas escolas, não se fa lará mais em Antiguidade, Idade Média, Idade Moderna, Idade Conternporâ-
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nea. "No ensino médio, aquilo que se chamava História Geral surgirá sob a forma fragm entária do estudo dos 'mundos ameríndios, africanos e aji-o-brasileiros' (1 º ano), dos 'mundos americanos ' (2 º ano) e dos 'mundos europeus e asiáticos' (3 º ano)". A BNC inaugura "o ensino de histórias paralelas de povos separados pela muralha da 'cultura ' [. ..} A ordem do dia é esculpir um Brasil descontaminado de heranças europeias ". Segundo essa concepção tresloucada, "o Brasil situa-se na intersecção dos 'mundos ameríndios ' com os 'mundos afro-brasileiros "'. Ou seja, o descobrimento e a posterior evangelização-colonização seriam "exclusivamente, uma irrupção g enocida contra os povos autóctones e os povos africanos deslocados para a América Portuguesa". As aberrações não param por aí: "O conceito de nação deve ser derrubado para ceder espaço a uma história de grupos étnicos e culturais ". Os professores seriam assim convertidos em doutrinadores multiculturais! Dentro dessa ideologia, como não poderia deixar de ser, o ódio à Cristandade medieval, tão presente nas correntes marxistas e quejandas, se faz sentir com força, desta vez por omissão. No BNC
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. "inexistem referências sobre o medie vo das catedrais, das cidades e do comércio ". "A partir de ag ora, em linha com o decreto firmado p elo ministro os professores devem curvarse a autores obscuros, que ganharão selos de autenticidade política emitidos pelo MEC. Não é incomp etência, mas projeto politico ( ..} Doutrinação escolar? A intenção é essa". Talvez as reações a essas monstruosidades, por parte de pai de ram ília, professores e pessoas de bom
Segundo o novo projeto de educação, o descobrimento e a posterior evangelização-colonização seriam "exclusivamente, uma Irrupção genocida contra os povos autóctones e os povos africanos deslocados para a América Portuguesa ".
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ENTREVISTA mitem reconhecer os personagens providenciais nos tempos dramáticos da História que hoje vivemos. A obra O cruzado do século XX- foi de fato uma primeira tentativa de levantar esse véu, situando o ilustre pensador brasileiro em relação ao seu tempo, no qual ele desenvolveu uma contínua e coerente cruzada política e cultural. Mas essa cruzada representa somente um aspecto da sua missão histórica, porque ele foi também o fundador de uma escola espiritual que
''REINO DE MARIA'': O TRIUNFO DA IGREJA E APOGEU DA CIVILIZAÇAO CRISTA
"Dr. Plinio não foi um pensador "Nessa civilização deverá novamente refulgir a inocência que caracterizou a Idade Média, quando esse estado de ânimo impregnava todas as classes sociais".
livresco, que se baseava em outros autores, mas elaborou toda uma visão do universo a partir de suas próprias observações"
• • • • • • continua sua obra no mundo inteiro. O objeto de meu novo livro é descrever as características dessa escola e mostrar em que medida as lições de Plinio Corrêa de Oliveira podem nos ajudar a enfrentar a crise do nosso tempo. Nesse sentido, é um prolongamento lógico do livro anterior.
ascido em 1948, o historiador e jornalista italiano Roberto de Mattei é um dos mais destacados escritores católicos contemporâneos. Formado em Ciências Políticas pela Universidade La Sapienza, foi assistente, na mesma faculdade, do Prof. Augusto Dei Noce e, posteriormente, do historiador Armando Saitta. Por duas déca-
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das foi catedrático de História Moderna na Faculdade de Letras da Universidade de Cassino. Atualm ente é docente da mesma disciplina de História da Igreja e do Cristianismo na Universidade Europeia de Roma. Entre 2004 e 2011 foi vice-presidente do Conselho Nacional de Pesquisa, com delegação para o setor de ciências humanas. Colabora com o Comitê Robeno de Ma11ei Pontifício de Ciências Históricas e recebeu da Santa Sé o título de caPhnio Corrêa de Ohveira valeiro da Ordem de São Gregório Profeta do Reino de Mari;i Magno, por relevantes serviços prestados à Igreja. Roberto de Mattei é também diretor da revista Nova Historica, do mensário Radiei Cristiane e da agência de imprensa Corrispondenza Romana. 1 1 Autor de 17 livros, entre os quais o best-seller O Concílio Vaticano li - Uma história nunca escrita (2010), o qual lhe valeu o prestigioso prêmio Acqui Storia, na seção histórico-cie ntífica, preside a Fundação Lepanto, associação de leigos católicos que
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Catolicismo - Em que fontes o senhor se baseou para
tem como finalidade defender os princípios da civilização cristã. Em entrevista ao nosso colaborador José Antonio Ureta, ele responde questões relat ivas à sua mais recente obra: Plínio Corrêa de Oliveira - Profeta do Reino de Maria , difundida no Brasil pela Petrus Editora. Em certo sentido, essa obra é um prolongamento lógico do anterior livro do mesmo autor, O cruzado do século XX. Segundo nosso entrevistado, "Dr. Plínio estava convicto de que, antes do fim do mundo e do reino do Anticristo, a História conhecerá uma época de renascimento, que ele definia como o Reino de Maria".
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Catolicismo - Por que um novo livro sobre Plinio Corrêa de Oliveira, se o senhor já escreveu, há quase 20
''O livro é principalmente fruto daquelas
anos, a biografia O cruzado do século XX, considerada
conversas nas quais discerni o profundo espírito católico de Dr. P linio e que tentei descrever o mais fi elmente possível"
Prof. de Mattei - Vinte anos depois do falecimento de Plinio Corrêa de Oliveira, um véu de silêncio ainda envolve sua extraordinária figura. Isso resul ta da confusão intelectual e moral dos nossos contemporâneos, que carecem dos critérios de discernimento que per-
uma obra de referência?
escrever essa nova obra?
Prof. de Mattei - Conheci pessoalmente Doutor Plinio e encontrei-me com ele numerosas vezes entre os anos 1976 e 1995. Essas longas conversas tiveram uma influência profunda sobre minha alma, e contribuíram de modo decisivo para formar a minha personalidade intelectual e espiritual. O livro é principalmente fruto daquelas conversas nas quais discerni o profundo espírito católico que o animava e que tentei descrever o mais fielmente possível. Do ponto de vista documental, apoiei-me na releitura de seus livros e artigos e na consulta de milhares de páginas ainda não publicadas, conservadas nos arquivos do Instituto Plinio Corrêa de Oliveira, e que transcrevem fielmente centenas de palestras, reuniões e conversas. No livro, procurei expor esse pensamento de maneira orgânica, selecionando as citações mais expressivas a respeito dos vários temas, e mostrando sua consonância com a tradição católica, para não ficar nenhuma dúvida quanto à sua inteira ortodoxia. Catolicismo - A sua especialização acadêmica é a história das ideias. Como Plinio Corrêa de Oliveira se insere nesse panorama? catolicismo@terra.com.br / DEZEMBRO 2015
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Prof. de Mattei - Plinio Corrêa de Oliveira é um autor muitíssimo original e criativo, porque ele não foi um pensador livresco, que se baseava em outros autores, mas elaborou toda uma visão do universo a partir de suas próprias observações. E fez isso em absoluta continuidade com o ensino da Igreja, pelo que ele é a demonstração viva de como a Tradição não é a mera repetição de fórmul as estereotipadas, mas progresso e desenvolvimento. A parte mais original do pensamento de Dr. Plinio é a sua Teologia da História, a qual tem seus fundamentos filosóficos no tomismo e sua impronta espiritual na meditação das duas bandeiras de Santo Inácio. Mas, assim como Santo Tomás fez uma grande síntese entre Platão e Aristóteles, o Prof. Plinio se apresenta no século XX como um ponto de confluência entre a herança do Doutor Angélico e aquela inexplorada de São Boaventura e dos Vitorinos. Como filósofo e teólogo da História, ele é também herdeiro do pensamento contra-revo lucionário do século XIX, cujas perspectivas ele amplia e desenvolve, especialmente no setor importantíssimo e pouco estudado dos "Ambientes, Costumes, Civili zações", que era aliás o nome de uma coluna que ele inaugurou na revista Catolicismo. Mas cumpre notar que, além de ser um intelectual, Corrêa de Oliveira foi um homemde ação. Os dois aspectos se harmonizam admiravelmente nele, formando a unidade de sua personalidade. A visão pliniana do universo não está separada da História, nem do esforço e da luta levados a cabo pelo homem na História.
"Como .filósofo e teólogo da História, Dr. Plinio é também herdeiro do pensamento contra-revolucionário do século XIX, cujas perspectivas ele amplia e desenvolve"
Catolicismo - E sua impronta espiritual era então essencialmente inaciana?
Prof. de Mattei - Dr. Plinio foi aluno dos jesuítas e fez os Exercícios Espirituais de Santo Inácio. Ele
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admirava muitíssimo a lógica desses Exercícios, bem como a sua visão combativa da vida espiritual. Mas ele foi também profundamente influenciado pelo livro de Dom Chautard A alma de todo apostolado, o qual destaca o papel sobrenatural e preponderante da graça divina não somente para atingir a santidade, mas também para obter qualquer fruto nos empreendimentos apostólicos. Ele teve ainda uma grande devoção por Santa Teresinha, sentindo-se conatural com o desejo ardente que ela possuía, de "fazer tudo" por amor de Deus e da Igreja. O ápice de sua espiritualidade, porém, estava na profunda compreensão e prática da forma de devoção a Nossa Senhora pregada por São Luís Maria Grignion de Montfort - a escravidão de amor. Foi na leitura do Tratado da Verdadeira Devoção à Santíssima Virgem - que conheceu depois de fazer uma novena à santa de Lisieux - que ele encontrou a confirmação de sua convicção de que, para além das desordens do século XX, o mundo caminhava para o Reino de Maria. Catolicismo - Esse é justamente o título que o senhor quis dar ao seu novo livro: Plinio Corrêa de Oliveira - Profeta do Reino de Maria. Alguns - não só nos arraiais da "Teologia da Libertação" -vão tomá-lo como uma provocação ...
Prof. de Mattei - Não se trata de urna provocação, mas da pura realidade. Tudo depende do sentido que se dê ao vocábulo "profeta". Na linguagem comum, ~ quem, por intuição ou por perspicácia, prediz com uma certa exatidão os acontecimentos futuros. Mas a teologia católica atribui a esse termo um outríssimo significado: profeta é aquele que fala ou age por missão divina para guiar o povo eleito de Deus. E o profetismo não se limita ao Antigo Testamento, porque a Igreja, Corpo Místico de Cristo, prolonga a missão profética de seu divino Fundador. O racionalismo contemporâneo caricaturiza o profeta como um personagem visionário e irracional, impulsionado por um espírito excêntrico e fantasioso. Pelo contrário, o verdadeiro profeta é fiel à Igreja e ao seu Magistério, e suas previsões, mesmo quando reveladas por Deus, seguem sempre as leis da lógica. Por exemplo, quando um profeta anunci a um ca ti go, não o faz necessariamente por reve lação divina, mas
porque compreende que determ inados comportamentos humanos conduzem inevitavelmente a um castigo divino. Mas o profeta não é só um anunciador dos acontecimentos; ele também indica ocaminho, e para isso deve tentardescobrir e interpretar os "sinais dos tempos", de que fala o Evangelho. Ele é aque le que sabe interpretar o sentido religioso dos fatos, lendo na trama dos acontecimentos o plano de Deus. Catolicismo - E o senhor acha que isso se observa nos escritos e na obra de Dr. Plinio?
Prof. de Mattei - O profetismo de Plinio Corrêa de Oli veira se mani festou na capacidade de interpretar os acontecimentos do seu tempo à luz dos princípios da Igreja, prevendo muitas vezes seus desenvolvimentos e suas consequências. Catolicismo tem publicado artigos de Juan Gonzalo Larrain Carnpbell mostrando o acerto de numerosas previsões de Dr. Plinio. São de fato inúmeras suas aná lises histórico-políticas confirmadas plenamente pelos acontecimentos, do Pacto Ribentropp-Molotov, que selou a aliança temporária entre os "irmãos inimigos" - nazismo e comunismo - até a ascensão do Islã depois da l I Guerra Mundial ou a atual " invasão" da Europa ocidental por refugiados vindos do Leste e do Sul. Mas sobretudo sua obra-mestra, Revolução e Contra-Revolução, é profética. Pois é a interpretação dos últimos 700 anos da história do Ocidente que com maior acuidade e profundidade explica a crise espiritual do mundo moderno e fornece os verdadeiros remédios para sair dela. Catolicismo - Mas por que motivo ele é, sobretudo, profeta do Reino de Maria?
Prof. de Mattei -Para além de seus escritos, pela sua vida de militante católico, Dr. Plinio procurou orientar e dirigir a ação daqueles que desejavam co mbater em defesa da [greja em uma época de Revol ução. E
- o que é muito importante nos dias atuais em que a tentação é a do desânimo ou até do desespero - ele sempre teve a certeza sobrenatural da vitória final da Contra-Revo lução, por uma intervenção direta de Maria Santíssima, Medianeira de todas as graças. "Reino de Maria" foi e denominação que ele deu, nas pegadas de muitos santos e pensadores, para essa nova época histórica de triunfo da Igreja e de restauração da civi lização cristã. Não hesito em afirmar que o grande quadro teológico e histórico que ele delineou em seus escritos e palestras faz dele o maior expoente da escatologia católica do século XX. Catolicismo - Mas a escatologia é o estudo dos últimos acontecimentos da história do mundo ... Dr. Plinio por acaso achava que os tempos do Anticristo e da segunda vinda de Nosso Senhor estavam próximos?
Prof. de Mattei - Não. Jesus declara que o tempo da Parusia é desconhecido, mas ao mesmo tempo na Escritura são indicados alguns sinais que a precederão, como a pregação e a aceitação do Evangelho no mundo todo, a conversão dos judeus e a grande apostasia. A escatologia católica se pergunta se a Igreja conhecerá uma era de decadência ou de progresso antes da época do Anticristo.
"O profeta não é só um anunciador dos acontecimentos; ele também indica o caminho, e para isso deve tentar descobrir e interpretar os 'sinais dos tempos"'
Comélio a Lápide, que pode ser considerado o mais erudito dos intérpretes das Sagradas Escrituras, e muitos outros autores são da opinião de que o fim dos tempos não chegará antes de o cristianismo terse propagado em todo o mundo, mas também de ter catolicismo@terra.com .br / DEZEMBRO 2015
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sido publicamente organizado de modo a abraçar toda a Terra e realizar a profecia segundo a qual "haverá uma só Igreja e um só pastor". Outro desses autores é, por exemplo, o Pe. Henri Ramiere - um jesuíta que foi o grande propagador da devoção ao Sagrado Coração de Jesus na segunda metade do século XIX - que defendia que antes do segundo retomo real de Cristo, com a Parusia, se
"O profetismo de Dr. Plinio se manifestou na capacidade de interpretar os acontecimentos à luz dos princípios da Igreja, prevendo muitas vezes suas consequências"
realizaria na Terra o Reino social de Jesus Cristo. Ele achava que a difusão da devoção ao Sagrado Coração era o principal instrumento para deter o processo revolucionário e instaurar o Reino de Cristo. Pio XII assumiu essa perspectiva na encíclica Summi Pontificatus, afirmando que "o reconhecimento dos direitos reais de Cristo, a volta de cada um e da sociedade à lei da sua verdade e de seu amor, são o único caminho de salvação". Desde os anos de sua juventude, Plínio abraçou este ideal, mas logo em seguida o incorporou à doutrina da realeza social de Maria, estreitamente ligada à devoção ao seu Coração Imaculado. A confinnação desse futuro Reino de Maria, que a razão e a fé lhe indicavam, ele a encontrou na mensagem de Fátima; mas antes desta, conheceu-a nas extraordi.nárias previsões de São Luís Maria Grignion de Montfort, que no Tratado da Verdadeira Devoção fala de um "feliz tempo em que Maria Santíssima será constituída Senhora e Soberana dos corações " e, através dos corações e das mentes dos homens, reinará na sociedade. Por tudo isso, Dr. Plínio estava convicto de que, antes do fim do mundo e do reino do Anticristo, a História conhecerá uma época de renascimento, que ele definia como o Reino de Maria. Catolicismo - Mas, visto o estado atual do mundo, essa esperança não parece otimista demais?
Prof. de Mattei - Vendo-se os acontecimentos com olhos puramente humanos, dir-se-ia que sim. E muitos católicos fiéis, ao constatarem diariamente a degradação moral do mundo e os estragos que a "fumaça de Satanás" provoca na Igreja, ficam desanimados e julgam que a única saída é o fim dos tempos.
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Mas Plínio tinha uma visão sobrenatural e um imenso desejo de que fosse dada a Deus a glória que Ele merece. Por isso, desejava um triunfo da justiça e da misericórdia não somente no fim do mundo, mas para os nossos dias. Em inteira afinidade com a Mensagem de Fátima, ele achava que se o mundo não se emendasse viria um grande castigo, e para exprimir a imensa convulsão da ordem humana que tal castigo acarretaria, empregava a palavra francesa Bagarre. Mas, dizia, "os grandes castigos trazem as grandes emendas, e as grandes emendas trazem as grandes reconciliações". Ele até estava muito atento para os primeiros sinais dessa mudança radical e afirmava que no apogeu do atual inverno da Revolução há algo que já está começando a germinar e a quebrar essa crosta de gelo, o que indicaria a hora da misericórdia e do perdão estar se aproximando. E que o dia de amanhã está sendo preparado radioso dentro das tristezas do dia de hoje. Mais ainda, Plinio estava convicto de que o Reino de Maria seria precedido por um movimento irresistível da graça, um "Grand Retour" - um grande retorno da humanidade ao espírito católico da Idade Média. E isso porque o triunfo pessoal de Nossa Senhora anunciado em Fátima haveria de ser o mais maravilhoso dos triunfos da História. Catolicismo - Mas, em concreto, qual seria a característica fundamental da civilização nascida desse triunfo de Nossa Senhora?
Prof. de Mattei - No prólogo da edição argentina de Revolução e Contra-Revolução, Dr. Plinio explica que não se deve ver na realeza de Maria associada à de Jesus um título puramente decorativo, mas que a realeza de Nossa Senhora importa em um poder de governo pessoal muito autêntico. Como Ela é submissa em tudo à vontade de Deus, o Reino de Maria não poderá ser senão o triunfo da Igreja, e também, à maneira de consequência, o apogeu da civilização cristã. Deverá, po1tanto, ser uma civilização fundamentalmente teocêntrica, a qual buscará acima de tudo a glória de Deus, procurando em todas as coisas o que é mais alto, mais elevado, mais sublime, e admirando em cada coisa aquilo que é admirável, sem inveja nem espírito igualitário, e, portanto, reconhecendo a superioridade do outro. Nessa civilização deverá novamente refulgir a inocência que caracterizou a Idade Média, quando esse estado de ânimo impregnava todas as classes sociais. Nesse particular, convém lembrar que a esfera religiosa certamente é superior à temporal, mas como nada
pode ser sonegado a Deus e tudo deve ser reconduzido a Ele, também a ordem temporal deve ser objeto de nossa admiração. E para Dr. Plinio, a expressão "contemplação sacra! do universo " tinha esse sentido muito definido de olhar, com admiração religiosa, o mundo temporal. Será, portanto, uma situação de plenitude, de perfeiç,ã o na sociedade temporal. Isto quer dizer plenitude da influência do espírito católico na sociedade temporal: plenitude da cultura, da civilização, da organização do Estado, da família etc. Como a plenitude da sociedade temporal com todos os elementos que a constituem é fruto da graça, cuja abundância depende da devoção e da união com a Medianeira de todas as graças, que é Maria Santíssima, pode-se então dizer, afirmava Plínio, que essa sociedade perfeita será um verdadeiro Reino de Maria. Catolicismo - No Club Homs, por ocasião das homenagens pelo 20º aniversário do falecimento de Plinio Corrêa de Oliveira, o senhor acentuou a "romanidade" dele. Qual a importância desse traço de sua alma?
Prof. de Mattei - De fato, eu comentei a inscrição que figw-a no túmulo de Dr. Plinio no Cem itério da Consolação: Vir tatus catholicus e! apostolicus plene romanus, a qual resume não apenas o sentido de sua vida, mas oferece a chave para se compreender a missão profética que ele transmite à sua escola no século XXI. A tradição cristã conhece uma longa série de fal-
sos profetas, de Montano aos anabatistas, até ceitas seitas carismáticas contemporâneas. Qual é a sua característica? E les não têm regras exteriores, opõem-se à Igreja, às suas leis e às suas tradições, e afirmam que a "inspiração do Esp írito Santo" é a única regra de fé e conduta. Deste modo a Igreja hierárquica é substituída por uma Igreja "profética" e carismática. Pelo contrário, a fidelidade à Igreja Católica Apostólica e Romana, à sua doutrina e às suas leis, é uma clara marca da missão pliniana, que nada acrescenta à Revelação divina, mas quer apenas ser um "eco fidelíssimo do supremo Magistério da Igreja", para empregar o feliz elogio do Cardeal Pizzardo a uma das suas obras. Neste momento crítico em que muitos têm a forte sensação de que "a Igreja parece uma nau sem piloto" (expressão empregada pelo cardeal americano Raymond Burke para referir-se à confusão criada após o Sínodo Extraordinário de 2014), é importante destacar a fidelidade modelar de Plínio Corrêa de Oliveira à Sé de Pedro. Até quando, por gravíssimas razões, ele teve que resistir a algumas de suas decisões erradas, como aconteceu com a política de abertura de Paulo VI em relação aos regimes comunistas. Aliás, esse foi um dos episódios nos quais Dr. Plinio demostrou ter a perspicácia sobrenatural de um profeta. Porque, 15 anos depois de sua respeitosa declaração de resistência, ruiu o colosso de pés de barro com o qual o Vaticano estava negociando, na ilusão de que seu império duraria ainda 200 anos.
"Não hesito em a.firmar que o grande quadro teológico e histórico que Dr. Plinio delineou faz dele o maior expoente da escatologia católica do século XX" Catolicismo - Qual seria a mensagem final de seu novo livro Plinio Corrêa de Oliveira - Profeta do Reino de Maria?
Prof. de Mattei - O ponto culminante da missão de Plínio Corrêa de Oliveira que meu livro quis ressaltar é a confiança sobrenatural que ele inspirou no triunfo de Nossa Senhora sobre a Revolução. E le alimentava a esperança de poder assistir à derrota da Revolução, mas a Providência decidiu de outra maneira, pedindo dele um sacrificio supremo, para que a sua vida e a sua mo1te fossem a semente do Reino de Maria. Cabe aos seus verdadeiros discípulos completar a sua missão. ❖ catolicismo@terra.com.br / DEZEMBRO 2015
CAPA
:oe EM FACE DA EXISTÊNCIA CAÓTICA DO HOMEM MODERNO
A Mensagem de Natal do Santo Padre Pio XII, pronunciada no dia 22 de dezembro de 1957, constitui profunda e sábia meditação sobre as catástrofes do materialismo e do tecnicismo em nossos dias. Considerando a crise espiritual por que passam tantas pessoas a quem se tornou patente a desordem cruel e trágica do mundo hodierno, com repercussões como que cósmicas, o Sumo Pontífice afirma a ordem e a harmonia da criação, a dependência desta ordem natural em relação ao reino de Verdade e Graça instituído por Nosso Senhor Jesus Cristo, e a causa essencialmente religiosa e moral dos males atuais. A tradução integral dessa alocução foi feita com base no texto do "Osservatore Romano", edição em língua francesa, de 27 de dezembro de 1957. Os subtítulos são desta redação. Certos leitores têm estranhado nossas reservas, quando não nossa clara censura, em relação a muitos dos aspectos técnicos da vida moderna. De outro lado, têm notado também com algum desprazer nossa apreensão diante das catástrofes a que esse tecnicismo nos conduz. O Santo Padre Pio XII, reafirmando com toda a clareza que o progresso técnico é um bem, e não um mal, mostra entretanto, com admirável precisão, os verdadeiros desastres que esse
mesmo progresso, in concreto, como historicamente se produziu, acarretou em muitos setores. Estamos certos de que o luminoso ensinamento de Sua Santidade dissipará a tal respeito muitas dúvidas e dificuldades.
INTRODUÇAO 1. O Natal de 1957 e o primeiro Natal
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"Leva, Jerusalem, oculos tuas, et vide potentiam regis; ecce Salvator venit solvere te a vinculo". "Eleva os olhos, Jerusalém, e vê o poder do Rei: eis que o Salvador vem livrar-te de teus grilhões" (Brev. Rom., 2ª feira da lª semana do Advento, ant. do Magnif.). Este convite maternal da Igreja, de elevar os olhos para o Céu a fim de esperar dele o Deus Salvador, e com Ele a supressão das desarmonias que entravam as
almas, Nós desejamos vô-lo repetir, caros filhos e filhas do mundo católico, como saudação paternal nesta festa de Natal que encontra os homens com os olhares levantados para o alto, sem dúvida, mas com o coração gravado pela angústia, em virtude da incerteza que pesa sobre a sorte da família humana e de sua própria morada terrestre. Não foi assim que os pastores de Belém e os Magos do Oriente perscrutaram os céus, quando aos primeiros apareceram os Anjos e aos outros se mostrou a estrela misteriosa, anunciando o nascimento do Filho de Deus sobre a Terra. Um profundo assombro lhes invadiu as almas ante a nova e o espetáculo das catolicismo@terra.com.br / DEZEMBRO 2015
"Magna/ia Dei" (At. 2, 11, I Pedr. 2, 9), das grandes e maravilhosas empresas de Deus que atingiam o ápice e a perfeição de toda a grandeza possível nessa tenra Criança, nascida na cidade de David, envolvida em pobres paninhos e repousando numa humilde manjedoura (cfr. Lc. 2, 12). Seu assombro, entretanto, nada tinha de comum com a estupefação e a depressão que habitualmente provocam as grandezas terríveis, mas mudou-se em doce reconforto, em paz inefável, em tranquilizadora harmonia, tais como só Deus as pode difundir nos espíritos dos homens que O procuram, O acolhem e O adoram. 2. Os que não compreendem o Natal por mesquinhez de espírito
Todavia, diante do evento inaudito da vinda do Verbo Divino ao mundo, diante deste fato que ultrapassa todos os outros na história do gênero humano, e merece portanto a mais alta admiração, nem todos os homens se inclinam para adorar, prisioneiros que são, por assim dizer, de sua própria pequenez, e quase incapazes de imaginar os recursos da grandeza infinita. 3. Os que não compreendem o Natal porque o progresso técnico os deslumbra
Outros, contemplando o vasto desenvolvimento da ciência moderna, que estendeu o conhecimento e
o poder do homem até os espaços siderais, como que fascinados e cegos pelos resultados que obtiveram, não sabem admirar senão as "grandezas do homem", e fecham voluntariamente os olhos às "grandezas de Deus". Ignorando ou esquecendo que Deus está ainda mais alto do que os próprios céus e que seu trono repousa sobre o cume das estrelas (cfr. Job 22, 12), eles não percebem mais a verdade e o sentido do hino cantado pelos Anjos sobre a gruta onde se manifestou a suprema grandeza divina: "Gloria in excelsis Deo "; são pelo contrário tentados a substituí-lo por um "Glória na terra ao homem ", ao homem que inventa e realiza tantas coisas, ao "homo faber" [o homem que confia na sua capacidade de fazer] como o chamam certos filósofos, porque revelou sua grandeza nas obras que aparentam sobrepujar toda medida humana. 4. Chegou o momento de se moderar o entusiasmo pela técnica
É chegado o momento de reconduzir a suas justas proporções a admiração do homem moderno por si mesmo. Temperando com sábia moderação esta espécie de embriaguez que suscitam as conquistas modernas da técnica, os admiradores do "homo faber" deveriam persuadir-se de que, ao se deterem com admiração e em atitude de adoração diante do presépio do Deus Menino, eles não retardariam sua marcha para As palavras do Anjo aos pastores: "Não temais, pois vos dou a nova de uma grande alegria para todo o povo"
o progresso, mas a coroariam com a perfeição do "homo sapiens ". 5. As esperanças do Natal e o pânico da técnica
Este homem, com efeito, ao mesmo tempo "artesão" e "espiritual", reconhece facilmente que tudo o que Deus faz e manifesta no mistério de Natal ultrapassa incomparavelmente toda força, energia e eficácia humanas, da mesma maneira que o infinito ultrapassa o finito. Com uma sensibilidade mais viva e mais completa do que a que leva outros a admirar sem reservas um produto material qualquer, ele experimenta a doçura do êxtase em face do Divino Infante que leva sobre os ombros a soberania (cfr. Is. 9, 6). Vê n'Ele as maravilhas do Deus Eterno que se reveste do tempo, do Deus imenso e onipotente que se restringe aos limites do espaço e da fraqueza, do Deus de majestade feito "a bondade de nosso Salvador" (cfr. Tit. 3, 4), cheio de infinita misericórdia e amor. Por isto, o Anjo que anunc iou aos pastores as maCATOLICISMO / www.catolicismo.com.br
ravilhas do Natal começou por encorajá-los: "Não temais, pois vos dou a nova de uma grande alegria para todo o povo" (Lc. 2, 12). Bem diferentes, ao contrário, os sentimentos que provoca a notícia das novas maravilhas da técnica. Uma vez passado o primeiro movimento de exultação, os homens de hoje, ante o desenvolvimento inesperado de seus conhecimentos e as consequências deles decorrentes, ante esta invasão inaudita no microcosmo e no macrocosmo, atormentados por uma certa ansiedade, se perguntam se conservarão o domínio do mundo ou se cairão vítimas do seu próprio progresso. As mudanças imprevisíveis a que conduzem os novos caminhos abertos pela ciência e técnica modernas são encaradas por alguns como algo de desarmonioso, destinado a lançar a perturbação e a desordem na unidade feita de ordem e harmonia que é o próprio da razão humana; por outros, ao invés, são essas mudanças consideradas como motivos de séria apreensão pela própria sobrevivência de seus autores. O homem começa a temer o mundo que ele crê ter por fim entre as mãos; teme-o mais do que nunca, e principalmente lá onde Deus não vive verdadeiramente nos espíritos e corações, esse mesmo Deus de Quem - em sua integridade e sob todos os aspectos - o mundo é obra, em que Ele imprimiu seu sinal indelével , como Deus onipotente, Espírito absoluto, Ser sapientíssimo e Fonte de toda ordem, harmonia, bondade e beleza. 6. Palavras aos homens que só se admiram a si mesmos
A este gênero humano, composto em grande parte de homens que se admiram unicamente a si mesmos, mas que começam a temer a si próprios e a seu mundo, indicamos uma vez mais as veredas de Belém. Aí encontrarão eles Aquele a Quem buscam, e de Quem diz o Apóstolo: "Tudo/oi criado por Ele e à Sua imagem; e Ele é antes de todas as coisas, e todas as coisas subsistem por Ele" (Col. l, 16-17). Tal a verdade salutar que brilha na humilde gruta e que desejamos ver resplandecer em vossos espíritos. 7. Jesus Cristo e as cacofonias da civilização técnica
Em particular, Cristo recém-nascido Se manifesta e Se oferece ao mundo atual: 1. como reconforto dos que deploram as desarmonias e desesperam da harmonia do mundo; 2. como penhor da harmonia do mundo; 3. como luz e caminho de todo esforço do gênero humano para estabelecer a harmonia no mundo. catolicismo@terra.com.br / DEZEMBRO 2015
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-!JESUS CRISTO, CONSOLADOR EM MEIO ÀS DESARMONIAS DESTE MUNDO 1. Harmonia no universo, desarmonia na vida do homem
Desde seu primeiro contato com o universo, o homem foi arrebatado por sua incomparável beleza e por sua harmonia. O céu resplandecente de luz ou constelado de estrelas, os oceanos de extensões imensas e matizes variegados, os cumes inacessíveis das monta11.has coroadas de neve, as verdes florestas regorgitantes de vida, a sucessão regular das estações, a variedade multiforme dos seres, arrancaram-lhe do peito um grito de admiração! Participante ele próprio dessa beleza, entreviu-a mesmo nos elementos desencadeados, como expressão do poderio do Criador: "Potentior aestibus maris, potens in excelsis est Dominus" (SI 92, 4); "Tonabit Deus in voce sua mirabiliter" (Job. 37, 5). Com razão, um povo antigo de elevada civilização não encontrou palavra mais apta para designar o universo do que "kosmos", isto é, ordem, harmonia, beleza. No entanto, cada vez que o homem se contemplou a si mesmo e comparou as próprias aspirações com suas obras, prorrompeu em gemidos de desalento em virtude das contradições, desarmonias e desordens numerosíssimas que dilaceravam sua vida. 2. A técnica acentuou o contraste
Como seu antepassado, o homem moderno se debate entre a admiração extática do mundo da natureza, explorado até seus recantos mais profundos e longínquos, e a amargura do desalento que lhe proporciona a existência caótica por que ele próprio é responsável. O contraste entre a harmonia da natw-eza e a desarmonia da vida, em lugar de se atenuar com o desenvolvimento da capacidade de conhecer e agir, parece, ao contrário, acompanhá-lo como sombra sinistra. No isolamento de que está envo lvido, o homem moderno não cessa de repetir as lamentações do sofredor de Hus: "Eis que eu brado sob a opressão e nin-
guém me escuta; reclamo ajuda mas não há justiça" (Job 19, 7). Pois bem! Detenhamo-nos para escutar sua
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queixa, para melhor compreender seus sentimentos intimos e mostrar-lhe Aquele que verdadeiramente pode dissipar suas trevas e restituir a harmonia à sua existência contrariada. 3. O pessimismo total e suas causas
Em parte da humanidade atual, a vista das desarmonias do mundo conduz a um julgamento de condenação de toda a criação, como se a desarmonia devesse ser a marca necessária dela, sua inevitável fatalidade, ante a qual não resta ao homem senão cruzar os braços e resignar-se, procurando, quando muito, divertirse com alguns prazeres efêmeros arrebatados à própria desordem reinante. Esse pessimismo total que se apodera com maior frequência das almas abertas ao otimismo mais amplo e mesmo absurdo, provém do fato de se estender a todo o cosmos e a suas leis fundamentais as incoerências inegáveis que o mundo apresenta e cuja responsabilidade faz-se recair sobre o próprio Criador.
a) O mundo moderno, oceano de horrores Assim é que cedem aos assaltos do pessimismo total os que não sabem ver no mundo outra coisa que não seja o oceano de crueldade e dores que dilacera indivíduos e povos, e que acompanha direta ou indiretamente as realizações do progresso exterior. b) A mania das novidades Outros são levados a desesperar das possibilidades de restaurar a harmonia, pela atitude, grave em si, dos homens que se deixam seduzir tão fortemente pela atração das novidades que desprezam os outros valores autênticos, em particular os que sustentam a sociedade humana. c) Barbárie progressiva Muitos outros, enfim, capitulam, por assim dizer, diante do pessimismo total quando observam o fato lamentável de haver homens exteriormente em progresso e que se tornam interiormente não civilizados. d) Devastações espirituais produzidas pela técnica Se a pesquisa é levada até as raízes desses fatos , a esperança se torna ainda mais tênue porque suas causas acusam desarmonias mais profundas e prometem outras de maior gravidade. Como, pois, explicar tanta indife rença pelo direito de outrem à vida, tanto desprezo dos valores humanos, tanto rebaixamento no tom da verdadeira civilização, a não ser pelo fato de que o pro-
gresso material preponderante decompôs o todo harmonioso e feliz do homem, e como que lhe mutilou a sensibilidade a estas ideias e valores, aperfeiçoando-o unicamente numa determinada direção? A um homem nascido e educado num clima de tecnicidade rigorosa faltará necessariamente uma parte, e não a menos importante, de sua totalidade, como se ela se tivesse atrofiado sob a influência de condições hostis a seu desenvolvimento natural. Da mesma maneira que uma planta cultivada em terreno a que se subtraíram substâncias vitais manifesta uma ou outra qualidade, mas não reproduz o tipo inteiro e harmonioso, assim também a civilização "progressista", queremos dizer unicamente materialista, banindo certos valores e elementos necessários à vida das famílias e dos povos, acaba por privar o homem da faculdade autêntica de pensar, de julgar e de agir. Esta, com efeito, para captar o verdadeiro, o justo, o honesto, para ser, numa palavra, "humana", exige a máxima extensão, e isto em todos os sentidos. O progresso técnico, pelo contrário, quando aprisiona o homem em seus elos, separando-o do resto do universo, especialmente do espiritual e da vida interior, conforma-o a suas próprias características, das
quais as mais notáveis são a superficialidade e a instabilidade. O processo desta deformação não parecerá misterioso se se considerar a tendência do homem a aceitar o equívoco e o erro, quando estes lhe prometem uma vida mais fácil. Examinai, por exemplo, a substituição equívoca de valores realizada pelo progresso admirável da velocidade mecânica. Fascinado por ela e transpondo as vantagens da rapidez do movimento a coisas que não esperam sua perfeição como consequência de mudanças rápidas, mas, pelo contrário, adquirem a fecundidade na estabilidade e fidelidade às tradições, o homem "das velocidades doidas" tende a se tornar na vida como que um caniço agitado pelo vento, estéril em obras duradouras e incapaz de se sustentar a si mesmo e aos outros. Equívoco semelhante resulta do desenvolvimento, admirável em si, da eficácia dos sentidos, a que os prodigiosos instrumentos modernos de pesquisa dão o poder de ver, ouvir, medir o que existe, o que se move e se transforma, quase que nos últimos recantos do universo. Orgulhoso de um poder a tal ponto acrescido, e quase inteiramente absorvido pelo exercício dos sentidos, o homem "que tudo vê" é levado, sem se dar conta, a reduzir a aplicação da facul.d ade plenamente espiritual de ler no interior das coisas, isto é, da inteligência, a tomar-se cada vez menos capaz de amadurecer as ideias verdadeiras de que se nutre a vida. Igualmente as aplicações múltiplas da energia material, admiravelmente aumentada, tendem dia a dia mais a encerrar a vida humana num sistema mecânico que faz tudo por si mesmo e a sua própria custa, diminuindo assim os estímulos que antes o constrangiam a desenvolver sua energia pessoal. 4. Só em Jesus Cristo há esperança de salvação
Há pois profundas desarmonias no homem novo criado pelo progresso; mas, muito embora cheias de perigo, não justificam elas o desespero dos pessimistas exagerados, nem a resignação dos inertes. O mundo pode e deve ser reconduzido à harmonia primitiva que foi o tema do Criador nas origens, quando Ele fez sua obra participar de suas perfeições (cfr. Eccli. 16, 25-26). O apoio supremo desta esperança se encontra no mistério do Natal: Jesus Cristo, Homem-Deus, autor de toda harmonia, visita sua obra. Como poderia a criatw-a desesperar do mundo se o próprio Deus não desespera? Se o Verbo Divino, por Quem foram feitas todas as coisas, Se fez carne e habitou entre nós, a fim de que resplandecesse finalmente sua glória de Filho Unigênito do Padre (cfr. Jo 1, 3 e ss.)? E como a glória do Criador e Restaurador de todas as coisas poderia catolicismo@terra.com.br / DEZEM BRO 2015
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resplandecer num mundo que fosse fundado necessariamente sobre as contradições e desarmonias? O pessimismo desses tais e sua resignação inerte não poderão jamais ser aceitos pelo Cristianismo, porque se opõem à ideia cristã do homem. Desde o princípio São Paulo se levantou contra o preconceito dos antigos, segundo o qual a sorte dos homens era dirigida fatalmente pelas forças e movimentos da natureza. Por isto observava e le: não somos submetidos às forças da natureza, mas a Cristo que nos tornou li vres e herdeiros de Deus (cfr. Gal. 4, 3-4). Toda a redenção e toda a liberdade nos vem pois de Cristo, e não da natureza, que sempre - e hoje talvez mais, sob o império da técnica - está pronta para impor seus gri lhões. O homem moderno, de sua parte, está mais exposto a voltar a ser escravo da natureza, porque, em oposição ao homem antigo, que lhe estava submetido por ignorância e fraqueza , ele está sujeito à sua fo1te pressão em virtude do vasto conhecimento que dela tem e da aplicação de suas energias, e portanto prestes a lhe tributar, por assim dizer, um cu lto de adoração e de agradecimento pelas maravilhas que nela descobre e os bene:ficios imediatos que dela retira. Os ape los do Apóstolo no sentido de romper os gri lhões da escravidão imposta pela natureza, através da esco lha de Cristo e da adesão a Ele, são pois mais reais do que nunca. E le, e não outro, é vosso Deus. Autor e Senhor da nahireza, vosso Libertador e Salvador. Por E le sois destinados a "vos tornardes filhos de Deus " (Jo 1, 12), e não escravos dos elementos deste mundo; sois chamados, não a aperfeiçoar parcialmente esta ou aque la facu ldade, mas a restaurar no homem inteiro a imagem perfeita de Deus, harmonia E le próprio, e fonte de toda a ordem no cosmos. 5. Dependência necessária do temporal ao eterno
Porém, estas verdades fulgurantes, capazes de restaurar a dignidade do homem e de reanimar-lhe as esperanças, são repelidas pelos que não chegam a estabelecer uma relação de necessidade entre o eterno e o tempora l, entre o Criador e as criaturas, e pelo contrário apartam Deus do mundo por se tratar de seres muito diferentes e muito distantes um do outro, e portanto sem laços recíprocos. Todavia, a vinda do Fi lho de Deus à Terra demonstra visivelmente as relações íntimas que li gam o contingente ao eterno. O mundo e o homem não teriam nem razão nem possibilidade de subsistir se não participassem do Ser eterno de Deus criador. O mundo criado e finito, navegando necessa-
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riamente no oceano da eternidade divina, segue-lhe, se assim podemos dizer, o curso e as leis. Com razão Santo Agostinho, bem como muitos outros sábios antigos e modernos, afirmam que o mundo, se bem que criado e contingente, é regido por uma lei suprema e eterna de onde ele mesmo tira consistência e dignidade. Com efeito, é esta lei eterna que eleva a criatura, de si finita, à dignidade de reflexo do infinito e do eterno. Ela o faz em virtude da ordem essencial inscrita em todas as coisas, e da coerência e harmonia íntimas de que está cheio o mundo. 6. Sem o reconhecimento desta dependência, toda ordem é impossível
Mas se for rejeitado o conceito mesmo da eternidade de Deus e da sua possibilidade de tornar as criaturns participantes de algo d'Ele próprio, será vão falar de ordem e harmonia do mundo. Com tais negações, contudo, não se extingue no homem a sede de harmonia, ordem e fe licidade. O homem se vê então forçado a elevar à categoria de valor supremo o que resta, isto é, seu ser concreto finito. Colocado fora da ordem exterior do mundo e de toda a harmonia do mundo, deve escolher uma vida que não é senão uma preocupação contínua a respeito de sua existência e como que um caminho rumo à morte, embora ele retire um certo orgulho afetado de sua natureza finita. O homem moderno que não se sente ligado essencialmente ao eterno cai na adoração do finito , em meio ao qual se move e traba lha, inconsciente, se ass im podemos nos exprimir, de si e de todo ser. 7. A ação do homem deve ser conforme à ordem universal
Mas isto é uma representação fa lsa da realidade, que pode causar ilusão, mas não saciar a sede de verdade e as aspirações íntimas. Se os homens querem a satisfação destas, dirijam-se a Belém, onde o Verbo Eterno feito carne habitou entre nós para nos ensinar que toda atividade humana deve tirar da eternidade toda a orientação, toda a sua produtividade e sua segurança. Se a essência mesma do homem é ser imagem de Deus, também sua ação Lhe deve ser conforme, como o ens ina a sabedoria quando afirma que "o agir
segue o ser ". A ação do homem sobre a Terra não está pois condenada à desarmonia, mas, ao contrário, destinada a manifestar a harmonia eterna de Deus. Desse modo o Verbo de Deus Encarnado liberta o homem da escravidão, sa lva-o do estéril fec har-se sobre si mesmo, devolve-lhe a esperança nas vias do progresso.
-11JESUS CRISTO, PENHOR DA HARMONIA NO MUNDO 1. O desígnio harmonioso da criação
De acordo com o conceito cristão de um cosmos modelado pela sabedoria criadora de Deus, e consequentemente unificado, ordenado e harmonioso, se ergue, talvez distanciada de diversos séculos, a previsão de um acontecimento solene, quando "nos céus novos e na nova terra" (cfr. II Pedr. 3, 13), "tabernáculo de
Deus entre os homens para habitar com estes ... Ele enxugará toda lágrima de seus olhos; e não haverá mais morte nem lugar, nem gritos, não haverá mais dor, porque as primeiras coisas são passadas " (Apoc. 21, 1-4); noutros termos, as desarmon ias presentes serão vencidas. Mas isto significa que a realização do desígnio harmonioso da Criação está completamente adiado? Deus, que no próprio ato de o criar, "deu ao
homem o poder sobre todas as coisas que estão na terra" (Ecl. 17, 3 ), teria retirado sua palavra? Não, certamente. Bem ao contrário de tirar do homem o poder de dominar a terra, Deus lho confirmou no dia em que revestiu de carne humana seu Fi lho Unigênito, tendo
"decidido reunir na plenitude dos tempos, em Cristo, todas as coisas, as que estão nos Céus e as que estão sobre a terra" (Ef 1, 1O). De sorte que Jesus Cristo, Verbo Encarnado, Deus-Homem, vindo ao mundo, desde o primeiro instante de sua existência visível, atesta que o domínio do mundo pertence em graus diferentes a Deus e ao homem, e que não poderá em consequência ser obtido a não ser no Espírito de Deus. Em Jesus Cristo, na verdade, habitou o próprio Espírito divino (cfr. Col. 2, 9) que no princípio do tempo disse: "Que a luz seja. E a luz foi " (Gen. 1, 3); o mesmo Espírito divino que, impresso como selo indelével sobre todas as coisas criadas, é para todas, inanimadas e vivas, o elo que estabelece sua unidade, o gérmen da ordem, o acordo fundamental. 2. A espiritualidade da alma e a filosofia na cultura
Mas antes mesmo de conceber uma ide ia explícita da perfeita harmonia de que é fec unda a presença de Cristo no mundo e sua conah1ralidade com o homem, poderia o homem perceber em seu próprio espírito, imagem do Espírito de Deus, o elo que une e solda in-
A unidade, a ordem e a harmonia provêm de Deus, e sem elas as fórmulas matemáticas aplicadas nas ciências não representariam a realidade.
teriormente as coisas umas às outras. Esta feliz síntese foi, com efeito, ati ngida já pelos antigos filósofos de Atenas e Roma, e, com maior clareza, pelas luzes da filosofia cri stã, entre outros por Santo Agostinho e pelo Aqu inate (Santo Tomás). De qualquer modo, a técnica sozinha é insuficiente para reconhecer e desenvolver o gérmen divino de unidade que as coisas ocultam. Há hoje homens de ciência que creem poder fazer abstração, ao menos por método, desta verdade, isto é, fazer como se o espírito não ex istisse, nada tivesse a propor, e interdizer-lhe a entrada nos laboratórios e a presença nas pesquisas. Impregnados de materialismo e sensualismo, esperam a solução das questões, unicamente de seus instrumentos e de seus cálcu los, da observação atenta dos fatos , da verificação e coordenação exterior dos fenômenos . Outros, é verdade, admitem uma certa conexão, mas lógica, como dizem, à maneira de relações matemáticas, imaginando que a ordem do mundo, ainda que subtraída à égide do espírito, pode apesar de h1do ser obra da ordenação física de cada uma das partes, como numa gigantesca máquina de calcular. Se a filosofia não bastasse para demonstrar a inconsistência de tal opinião, a própria ciência lhe daria o desmentido. Se, de fato, se observa como procederam os melhores pesquisadores e como as invenções e descobertas de máxima importância nasceram, deve-se adm itir a presença ativa do espírito; é dele que provém a percepção de um laço interno que une fatos frequentemente heterogêneos, dele a finura penetrante da observação e da aná lise, del e o vigor da síntese que catolicismo@terra.com.br / DEZEM rrno 201 5
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representa ao espírito a realidade verdadeira e leva a formar o julgamento definitivo. Eis pois como a presença do espírito no agir humano é inegável e como não é possível silenciar seu testemunho no mundo, a não ser em virtude de preconceitos e da superstição: é ele testemunha de unidade, ordem, harmonia, que provêm de Deus, e sem as quais mesmo as fórmulas matemáticas aplicadas nas ciências não representariam a realidade. Espírito e harmonia são pois testemunhas recíprocas: tal como a abundância do espírito corresponderá sempre à abundância da harmonia, assim também toda dissonância, onde quer que se verifique, nas ciências, nas artes, na vida, indica algum entrave à plena efusão daquele.
Que seria feito do mundo e do homem, se o gosto e a estima da harmonia se perdessem?
5. O pecado original e seus efeitos na ordem universal
3. O absurdo e o mal na vida cultural
Tal reciprocidade de relações aponta à reprovação os que no domínio literário e artístico propagam o culto da desarmonia, e, como eles mesmos o afirmam, do absurdo. Que seria feito do mundo e do homem, se o gosto e a estima da harmonia se perdessem? É, no entanto, isto que visam os que tentam revestir de beleza e sedução o que é vergonhoso, pecaminoso, mau. E bem mais, para além da estética sua ofensiva fere a própria dignidade do homem, que, imagem do Espírito divino, é essencialmente feito para a harmonia e a ordem. Não se nega todavia que o próprio mal possa ser representado sob a luz da arte verdadeira, desde que, entretanto, sua representação apareça ao espírito e aos sentidos como uma contradição, oposta ao espírito, como o sinal de sua ausência. A dignidade da arte resplandece tanto mais quanto em maior grau reflete ela o espírito do homem, imagem de Deus, e, consequentemente, manifesta mais sua fecundidade criadora, sua plena maturidade, quando desenvolve o terna divino da unidade e da harmonia por suas ações e pelos diferentes aspectos de sua vida. 4. Jesus Cristo no cosmos e na cultura
Contudo, por mais evidente que seja o testemunho do espírito do homem em favor da harmonia do mundo, por mais fecunda que possa ser sua ação no desenvolvimento dos embriões da ordem, a história e a vida demonstram que ele padece de uma insuficiência e de uma fraqueza intrínseca, para cuja cura foi necessário, nos desígnios do amor infinito do Criador para com sua criatura, que o Espírito mesmo de Deus se tornasse visível e se inserisse no tempo. Eis Jesus Cristo, Verbo Divino feito carne que vem ao mundo como à sua morada, à sua propriedade, "in propria venit " (Jo l, 11 ).
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sociedade sem a luz do Espírito divino e sem levar em conta a relação de Jesus Cristo com o mundo? A esta questão responde infeli zmente a amarga realidade dos que, preferindo a obscuridade do mundo, se declaram adoradores das obras exteriores do homem. Sua sociedade não consegue, graças à disciplina de ferro do coletivismo, senão manter a existência anônima de uns ao lado da dos outros. Bem diferente é a vida social fundada sobre o exemplo das relações de Jesus Cristo com o mundo e com o homem: vida de cooperação fraterna e de respeito mútuo do direito de outrem, vida digna do princípio primeiro e do fim último de toda criatura humana.
O título desta propriedade é o título dos títulos: a criação. O mundo reflete pois, em sua extensão e em sua universalidade, "extensive et diffusive ", como diz Santo Tomás (S. Th. 1 p., q. 93, a. 2, ad 3um), a eterna bondade e verdade do Criador; e deste modo a relação de Cristo com o mundo surge penetrada de luz claríssima. Da mesma maneira, o Criador pôs o homem, imagem de seu Espírito, no mundo a fim de que ele fosse seu senhor, pelo conhecimento, vontade, ação, tornando sua, em intensidade e em profundidade, "intensive et collective" (S. Tb., 1. c.), a semelhança que tem com a verdade e a bondade eternas difundidas através do mundo. Aí também, consequentemente, a relação do homem com o mundo goza da clara luz do Espírito eterno comunicada pelo Criador à Criação. A Encarnação conserva assim e aumenta a dignidade do homem e a nobreza do mundo, sobre o fundamento da mesma origem no Espírito Divino, fonte de unidade, ordem e harmonia. Se, ao invés, se retira este fundamento do espírito, e como decorrência a imagem (no homem) e o vestígio (nas criaturas desprovidas de razão) do Ser divino eterno nas coisas criadas, perde-se por isto a harmonia nas relações do homem com o mundo. O homem se reduziria a um simples ponto de localização de uma vitalidade anônima e irracional. Ele não mais estaria no mundo como em sua própria casa. O mundo se tornaria para ele algo de estranho, obscuro, perigoso, sempre exposto a perder o caráter de instrumento e transformar-se em seu inimigo. E quais seriam as relações reguladoras da vida em
Mas a obscura e profunda desarmonia, raiz de todas as outras, que o Verbo Encarnado veio iluminar e recompor, consistia na ruptura produzida pelo pecado original, que arrastou em suas amargas consequências toda a família humana e o mundo, sua morada. O homem decaído, tendo o espírito obscurecido, não vê mais ao seu redor um mundo submisso, dócil instrumento de seu destino, mas como que a conjuração de uma natureza rebelde, executora inconsciente do decreto que deserdava seu primeiro senhor. Todavia, no homem e no mundo nunca se extinguiu a espera de um retorno à condição primeva, à ordem divina; e, segundo a frase do Apóstolo, ela se exprime pelos gemi dos de todas as criaturas (cfr. Rom. 8, 22), pois, mau grado a escravidão do pecado, o homem permanece sempre a imagem do Espírito divino, e o mundo a propriedade do Verbo. Jesus Cristo veio para reanimar aquilo que a queda havia mortificado, sanar o que ela havia ferido, iluminar o que ela obscurecera, tanto no homem quanto no mundo, restituindo ao primeiro seu domínio sobre a natureza, conforme o Espírito de Deus, e subtraindo o outro ao abuso culpável do homem. Todavia, se a ruptura foi curada em sua raiz, certas consequências, dúvidas, dificuldades e dores continuam sendo a herança da natureza humana. Mas até mesmo para estes frutos do pecado Jesus Cristo é penhor de redenção e restauração. 6. Os efeitos da Redenção na ordem universal
A luz sobrenatural que resplandece na noi te de Natal em Belém se projeta como novo arco-íri s de pacificação sobre o porvir inteiro do mundo, "submetido à vaidade, não por sua vontade, mas pela do que o siqeitou na esperança" (ibid. 20). A esperança é ainda Jesus Cristo que, depois de ter libertado o mundo da
escravidão do pecado, libertá-lo-á também da escravidão e da corrupção, restituindo-o à liberdade dos filhos de Deus. A vida do homem e o curso do mundo estão intimamente penetrados desta espera. Se é verdade que até a alvorada do dia eterno os homens não verão a harmonia inteiramente reconstituída, se o suor e as lágrimas devem ainda banhar seu pão, se os gemidos das criaturas devem ainda repercutir sob o sol, sua tristeza não será uma tristeza de morte, mas uma angústia de mãe, segundo a fórmula tão expressiva do Divino Mestre: quando a hora é chegada, ela esquece de boa vontade toda dor porque um homem veio ao mundo ( cfr. Jo 16, 21 ). O nascimento, ainda que doloroso e lento, de uma vida nova, de uma humanidade em constante progresso na ordem e harmonia, é o fim atribuído por Deus à história "post Christum natum ", e todos os filhos de Deus reconduzidos à liberdade deverão para isto contribuir pessoal e ativamente. 7. O imanentismo evolucionista e a concepção católica da História
É portanto vão esperar a perfeição e a ordem do mundo de um certo processo imanente, de que o homem ficaria como espectador estranho, conforme afirmam alguns. Este obscuro imanentismo é a volta à antiga superstição, que deificava a natureza; e não pode basear-se, como se pretende, na história, senão falsificando artificialmente a explicação dos fatos. A história da humanidade no mundo é coisa bem diferente de um processo de forças cegas; é um acontecimento admirável e vital da história mesma do Verbo Divino; teve seu início n 'Ele e se cumprirá por E le no dia da volta universal ao primeiro princípio, quando o Verbo Encarnado oferecerá ao Padre, como testemunho de sua glória, sua propriedade resgatada e iluminada pelo Espírito de Deus. Então, numerosos fatos, especialmente da história, que parecem presentemente desarmonias, se revelarão como elementos de autêntica harmonia: tal, por exemplo, o fato de que sobrevêm sem cessar novas coisas ao passo que as antigas desaparecem. Umas e outras, com efeito, participaram e participam de algum modo da verdade e da bondade divinas, e a natureza passageira de uma coisa ou de um fato não lhes tira, quando eles a têm, a dignidade de exprimir o Espírito divino. O mundo inteiro, de resto, é assim, como observa o Apóstolo: "Afigura deste mundo passa, com efeito" (I Cor. 7, 31 ), mas sua destinação final à glória do Padre e ao triunfo do Verbo que se acha na origem de todo o seu desenvolvimento, confere ao mundo e lhe conserva a dignidade de testemunha e de instrumento da verdade, da bondade e da harmonia eternas. catolicismo@terra.com.br / DEZEMBRO 2015
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JESUS CRISTO, LUZ E VIDA PARA OS HOMENS, A FIM DE ESTABELECER A HARMONIA NO MUNDO 1. A luta entre o bem e o mal
A onipotência d' Aquele que ''.fàz tudo aquilo que quer " (SI 115, 3), assistido por sua sabedoria infinita que "se estende com força de uma extremidade à outra e governa todas as coisas com doçura" (Sab. 8, l ), estabeleceu a grande lei da harmonia, que enche o mundo e lhe explica os acontecimentos. O Espírito de Deus, que nas origens presidiu do alto à criação, como que se difundiu nela; e quando na plenitude dos tempos, por obra do Amor misericordioso, o próprio Verbo eterno, ao encarnar-Se, inseriu-Se nela pessoalmente, tomou posse dela visível e definitivamente. "Jesus Cristo, ontem e hoje; e Ele também eternamente" (Hebr. 13, 8). O universo se apresenta desse modo como uma sinfonia admirável, ditada pelo Espírito de Deus e cujo acorde fundamental brota da fusão das perfeições divinas: a sabedoria, o amor, a onipotência. "Domine, Dominus noster, quam admirabile est nomen tuum in universa terra " (SI 8, 2)! Todavia, para os que, com o Salmista, têm ouvidos para ouvir na alegria a sinfonia divina que ressoa no mundo, e para os cristãos mais que todos os outros, a criação não é somente um fato estético oferecido ao homem para seu prazer, para suscitar unicamente o louvor de seu Autor supremo. Já no princípio, Deus, ao estabelecer o homem numa dignidade superior à de todas as obras de suas mãos, lhe havia submetido todas as coisas, mesmo os céus, a lua e as estrelas, modelados por seus dedos (cfr. SI 8, 4), numa palavra, o mundo, a fim de que nele trabalhasse e conservasse sua harmonia (cfr. Gen. 2, J 5). Mas Jesus Cristo mesmo, que é testemunha e penhor da harmonia do mundo, demonstrou pelo exemplo de sua vida e de sua morte que contribuição ativa , laboriosa, deve o homem trazer à conservação dessa harmonia, a seu desenvolvimento e - quando ela falta - a seu restabelecimento. A obra de restauração realizada por Jesus Cristo foi por Ele próprio definida corno uma luta contra o "príncipe
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deste mundo ", e seu epílogo como uma vitória: "Ego vici mundum" (Jo 12, 31; 16, 33). A sinfonia divina do cosmos, particularmente na Terra e entre os homens, é confiada por seu Autor supremo à própria humanidade, a fim de que esta, como uma imensa orquestra, distribuída no tempo e multiforme em seus meios, mas unida sob a direção de Jesus Cristo, a execute fielmente , interpretando com a maior perfeição possível seu tema único e genial. Deus, com efeito, entregou aos homens seus desígnios, a fim de que os ponham em ato, pessoal e livremente; empenhou a plena responsabilidade moral deles e exigiu, quando necessário, fadigas e sacrificios, a exemplo de Jesus Cristo. Sob este aspecto, o cristão é, em primeiro lugar, um admirador da ordem divina no mundo, aquele que ama Sua presença e tudo faz para vê-la reconhecida e afirmada. Ele será, pois, necessariamente seu defensor ardoroso contra as forças e as tendências que lhe contrariam a realização, quer se escondam nele mesmo - as más inclinações - quer provenham do exterior - Satanás e suas superstições. É assim que São Paulo via o cristão no mundo quando lhe mostrava os adversários de Deus e o exortava a revestir sua armadura a fim de resistir aos embustes do demônio, cingindo os rins com a verdade e revestindo a couraça da justiça (cfr. Ef6, 1 J e 14). A vocação para o Cristianismo não é, pois, um
convite de Deus apenas ao comprazimento estético na contemplação de sua ordem admiráve l, mas o chamado obrigatório a uma ação incessante, austera e diri gida para todos os sentidos e visando todos os aspectos da vida. Sua ação se desenvolve, antes de tudo, na plena observância da le i moral, qualquer que seja o seu objeto, pequeno ou grande, secreto ou público, de abstenção ou de realização positiva. A vida moral não pertence a tal ponto à só esfera interior, que não toque também, por seus efeitos, a harmonia do mundo. Nenhum acontecimento há, mesmo inteiramente particular, em que o homem esteja de tal modo sozinho, de tal modo individual e confinado em si mesmo, que suas determinações e seus atos não tenham repercussões no mundo que o envolve. Executor da sinfonia divina, nenhum homem pode presumir que sua ação é um negócio que lhe diz respeito exclusivamente. A vida moral é sem dúvida, em primeiro lugar, um fato individual e interior, mas não no sentido de um certo "interiorismo" e "historicismo" pelo qual al guns se esforçam em enfraquecer e rejeitar o valor universal das normas morais. 2. A participação do homem nessa luta
A cooperação na ordem do mundo, pedida por Deus ao cristão em geral , deve igualmente evi tar um espiri tualismo que desej aria interdizer-lhe toda intervenção nas coisas exteriores e que, adotado ou trora no
campo católico, ocasionou graves prejuízos à causa de Jesus Cristo e do Divino Criador do universo. Como, pois, seria possível sustentar e desenvolver a ordem do mundo se se deixasse plena liberdade de ação aos que não a reconhecem ou não querem que ela se fortaleça? A intervenção no mundo para sustentar a ordem divina é um direito e um dever que fazem intrinsecamente parte da responsabilidade do cristão e lhe permitem empreender legitimamente toda e qualquer ação, privada, pública ou organizada, capaz de atingir seu fim. Para fugir a esta responsabilidade, não basta alegar pretextos subtis inventados para escusar a inércia de alguns cristãos, ou sugeridos por injustificada inveja dos adversários, em particular se se afirma que a ação do cristão no mundo mascara uma avidez do poder estranha à fé cristã, ao espírito de Jesus Cristo, excita a aversão pela fé cristã naqueles que já estão mal dispostos, provém da desconfiança para com Deus e sua Providência onipotente e reflete a arrogância da criatura. Há mesmo alguns deles que insinuam ser sabedoria cristã o retorno à pretensa modéstia de aspirações das catacumbas. Prudente seria, pelo contrário, voltar à sabedoria inspirada do Apóstolo Paulo, que, escrevendo à comunidade de Corinto com ousadia digna de sua grande alma, mas fundada sobre a plena soberania divina, abria todos os caminhos à ação dos cristãos: "Tudo é vosso[. ..} tanto a vida quanto a mor-
te, tanto as coisas presentes quanto as futuras: pois tudo vos pertence. Vós, porém, sois de Cristo e Cristo é de Deus " (1 Cor. 3, 21 ). Ele deveria até considerar como um opróbrio o fato de se deixar ulh·apassar pelos inimigos de Deus em ardor no trabalho, em espírito de empreendimento e mesmo de sacrificio. Não existem terrenos fechados nem direções interditas à ação do cristão: nenhum domínio da vida, nenhuma instituição, nenhum exercício de poder podem ser proibidos aos cooperadores de Deus para sustentar a ordem divina e a harmonia do mundo. 3. Gueto católico?
Esta intervenção não sugere de modo algum a ideia de uma ação que se mantenha separada e, por assim dizer, cheia de ciúme em relação à contribuição de outrem . Já por diversas vezes temos dito que os católicos podem e devem admitir a colaboração com os outros se a ação destes e o entendimento com eles são capazes de conh·ibuir verdadeiramente para a ordem e a harmonia do mundo. Todavia, é necessário que os católicos se capacitem primeiro daquilo que podem e daquilo que querem; é preciso, portanto, que sejam preparados espiritual e tecnicamente para o que se catolicismo@terra.com.br / DEZhMBRO 201 5
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propõem a si mesmos. Em caso contrário, não trarão nenhuma contribuição positiva e menos ainda o dom precioso da verdade eterna à causa comum, e ocasionarão dano evidente à honra de Jesus Cristo e às suas próprias almas. Isto dito, não é justo atribuir ao espírito de "intolerância" e de segregação, :frequentemente chamado "ghetto", o fato de os católicos se esforçarem por basear a escola, a educação e a formação da juventude sobre um fundamento cristão; de se esforçarem por instituir organizações profissionais católicas, favorecer a influência organizada dos princípios cristãos até mesmo no domínio político e sindical, quando a tradição e as circunstâncias o aconselham. Não foi apenas a "ideia" cristã puramente abstrata que criou no passado a elevada civilização de que justamente se ufanam as nações cristãs, mas também as realizações concretas dessa ideia, isto é, as leis, as ordenações, as instituições fundadas e promovidas por homens que trabalhavam para a Igreja e agiam sob sua direção ou pelo menos sob sua inspiração. A Hierarquia católica não teve exclusivamente o cuidado de que a luz da fé não se extinguisse, mas, por obras concretas de governo, de disposição, de escolha e designação de homens, constituiu este conjunto complexo de organismos vivos que, ao lado de outros que não lhe pertencem, estão na base da sociedade civil.
4. Humanismo pluralista? A ação cristã é tão impossível hoje em dia quanto outrora, renunciar a seu título e caráter unicamente porque alguns veem na sociedade humana atual uma sociedade dita pluralista, dividida pela oposição de mentalidades inabaláveis em suas posições respectivas e incapazes de admitir uma colaboração que não se estabeleça sobre o plano simplesmente "humano". Se este "humano" significa, como parece, agnosticismo para com a Religião e os verdadeiros valores da vida, todo convite à colaboração equivaleria a um pedido de abdicação, em que o cristão não pode consentir. De resto, de onde este "humano" tiraria a força de obrigar, de fundamentar a liberdade de consciência para todos, senão do vigor da ordem e da harmonia divina? Este "humano" acabaria por criar um "ghetto" de novo gênero, mas privado de caráter universal. 5. A ordem e a harmonia no mundo, ponto de apoio de todos os homens retos
A ordem e a harmonia divinas no mundo devem, portanto, ser o principal ponto de apoio da ação, não somente dos cristãos, mas de todos os homens de boa
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vontade, em vista do bem comum; sua conservação e desenvolvimento devem ser a lei suprema que preside aos grandes encontros entre os homens. Se a humanidade de hoje não entrasse em acordo acerca da supremacia desta lei, isto é, do respeito absoluto da ordem e da harmonia universais no mundo, seria dificil prever a sorte que esperaria as nações. A necessidade deste acordo foi sentida praticamente quando, há pouco, certos especialistas das ciências modernas manifestaram dúvidas e inquietações pessoais com relação ao desenvolvimento da energia atômica. Sejam quais forem atualmente suas deduções e resoluções, é certo que as dúvidas destes homens de grande valor se referiam ao problema da existência, aos fundamentos mesmos da ordem e da harmonia no mundo. Ora, quando se discute se convém ou não realizar o que o gênio humano tem a possibilidade de atingir, é necessário convencerse de que toda resolução deve depender da conservação destes bens: a ordem e a harmonia. 6. Progressos técnicos perigosos
Hoje uma sedução quase cega do progresso arrasta as nações a negligenciar perigos evidentes e a não levar em conta perdas não indiferentes. Quem não vê, com efeito, como o desenvolvimento e a aplicação de certas invenções acarretam quase por toda parte prejuízos sem proporção com as vantagens, mesmo de natureza política, que delas derivam, e que se poderiam obter por outros meios com menos gastos e perigo, ou adiar decididamente para tempos melhores? Quem poderia traduzir em cifras o prejuízo econômico do progresso não inspirado pela sabedoria? Tamanha quantidade de materiais, tantos capitais devidos à poupança, frutos de restrições e fadigas, tanto trabalho humano subtraído a necessidades urgentes, consomem-se para preparar armas novas, de modo que mesmo os povos mais ricos devem prever que um dia deplorarão um perigoso enfraquecimento na harmonia da economia nacional; por vezes, até, já o deploram, embora procurem ocultá-lo a si mesmos. 7. A corrida armamentista
Se se reflete bem e se julga de maneira realista, a atual concorrência entre as nações para fazer alarde de seus progressos nos armamentos (ressalvado sempre o direito de defender-se) produz de fato "sinais do céu", porém ainda mais sinais de orgulho, deste orgulho que cava abismos entre os espíritos, alimenta os ódios e prepara lutos. Saibam pois os espectadores da concorrênci a moderna reduzir os fatos a suas justas proporções e, sem recusar tentativas de acordos pacíficos,
sempre desejáveis, não se deixem iludir por recordes frequentemente momentâneos, nem dominar por temores suscitados precisamente para captar a simpatia e o apoio de outrem, pois pertencem a uma geração de homens em que o "homo jàber" prevalece muitas vezes sobre o "homo sapiens ". Predomine então o homem cristão, que usa da liberdade de espírito decorrente de sua visão mais ampla das coisas para reencontrar na consideração objetiva dos acontecimentos o repouso e a firmeza de espírito que têm raízes no Espírito divino, sempre presente e exercendo sua Providência no mundo. 8. O problema da paz
Mas o ponto em que, afinal, os defensores da harmonia divina no mundo são convidados a aplicar o melhor de seus esforços, é o problema da paz. A vós, a todos os que conhecem Nosso pensamento, bastará de momento, e como que para tranquilizar Nosso espírito incansavelmente votado à causa da paz, que relembremos as finalidades imediatas que as nações devem propor-se e realizar. Nós o fazemos com espírito paternal e como que para interpretar os ternos vagidos do Divino Infante de Belém, autor e penhor de toda a paz sobre a terra e nos céus. A lei divina da harmonia no mundo impõe estritamente a todos os governantes dos povos a obrigação de impedir a guerra por meio de instituições internacionais capazes de colocar os armamentos sob uma vigilância eficaz; de desencorajar, pela segurança da solidariedade entre as nações que sinceramente querem a paz, quem desejasse perturbá-la. Estamos seguro de que este elo não deixaria de cerrar-se cada vez mais, ao primeiro sinal de perigo, como claramente o confirmaram certas manifestações ainda recentes; mas trata-se, não tanto de procurar os remédios, quanto de prevenir as perturbações da ordem e de proporcionar um alívio bem merecido ao mundo que já sofreu demais. Nós, que Nos temos aplicado mais de uma vez, em momentos críticos, a consolidar esta solidariedade por meio de advertências e conselhos, e que consideramos como missão divina de Nosso Pontificado unir fraternalmente os povos na paz, renovamos Nossa exortação a que entre os verdadeiros amigos da paz cesse toda rivalidade, seja eliminada toda causa de desconfiança. A paz é um bem tão precioso, tão fecun do, tão desej ável e tão desejado, que todo esforço para defendê-la é bem empregado, mesmo com sacrificio mútuo de aspirações particulares legítimas. Estamos certo de que os povos pensam sem hesitação como Nós e esperam o mesmo sentimento de seus governantes.
Que da manjedoura de Belém o Príncipe da paz suscite, conserve, confirme estas disposições, e que, na solidariedade de todos os homens de boa vontade, Ele Se digne completar aquilo que mais falta para a realização da ordem e da harmonia queridas no mundo por seu Criador. ❖ catolicismo@terra.com.br / DEZEMB no 201 5
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SAO JOAO DA CRUZ • • • • • • PLINIO MARIA SOLIMEO
á apresentamos nesta coluna a vida de São João da Cmz (Catolicismo, dezembro/1999). Agora vamos nos deter um pouco mais em alguns aspectos de sua vida de constante imolação e sofrimento. Com efeito, "se as pessoas de qualidade tomam, com razão, o nome dos domínios e das propriedades que lhes pertencem, não se podia dar a esse excelente religioso da Ordem do Monte Carmelo um nome que lhe fosse mais conveniente que o da Cruz, pois que ele não quis jamais ter, durante sua vida, outra herança que a cruz, os opróbrios e as humilhações de Jesus Cristo. Era na cruz que ele punha todas as suas esperanças; era da cruz que tirava toda a sua glória, era à cruz que ele dava todas as suas afeições, ejamais um voluptuoso teve tanto ardor para as delicias e satisfações do corpo, quanto esse grande servidor de Deus teve para ser desprezado, humilhado e afligido com seu Salvador".
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Confirmado em graça como os Apóstolos
João de Yepes nasceu no dia 24 de junho de 1542 em Fontiveros, Espanha, filho de Gonzalo de Yepes e de Catarina Álvarez. Seu pai era de antiga e nobre linhagem, mas fora deserdado pelos tios quando se casou com uma donzela cuja única fortuna era a piedade. Gonzalo faleceu quando o menino tinha quatro anos de idade, deixando a família (mãe e três filhos) na mais extrema penúria. Catarina era tecelã, mas o que ganhava mal dava para sustentar a família. João, por causa de sua pobreza, foi admitido no Colégio
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dos Meninos da Doutrina, servindo as freiras como coroinha e fazendo pequenos trabalhos. Depois foi admitido como aluno externo no Colégio dos Jesuítas, devendo ao mesmo tempo ajudar no hospital do lugar, atendendo os pobres e pedindo esmolas para a instituição. Aos 21 anos de idade pediu para ser admitido no convento dos carmelitas de Medina dei Campo, onde recebeu o hábito em fevereiro de 1563 com o nome de João de São Matias. No di a de sua primeira Missa ele pediu e recebeu de Deus a graça de conservar até o fim da vida a inocência batismal. Isso foi revelado a uma virtuosa freira que, esperando que Frei Matias terminasse de atender outra pessoa para tratar com ele assuntos de sua alma, recolhendo-se em oração, "manifestoulhe o Senhor a grande santidade do santo padre Frei João; e reveloulhe que, quando [o mesmo] disse a primeira Missa, lhe havia restituído a inocência e posto no estado de um menino de dois anos, sem duplicidade nem malícia, confirmando-o em graça como os Apóstolos para que não pecasse e jamais O ofendesse gravemente". 2 Santa Teresa de Ávila e São João da Cruz
Desejando levar uma vida mai.s recolhida, João de São Matias pensou em fazer-se monge cartuxo. Mas desistiu da ideia quando, encontrando Santa Teresa de Ávila, esta o convenceu a fundar um convento dos Descalços, para seguir a primitiva Ordem Carmelitana. To-
mou então o nome de João da Cruz,
sinais visíveis em seu exterior. Seu profundo sentimento pela religião inspirava-lhe um respeito extremo por tudo quanto pertencesse ao culto divino. Por isso procurava santificar todas suas ações para tocar com mais pureza nas coisas de Deus. Às vezes Frei João e Madre Teresa entravam em êxtase perante toda a comunidade carmelita. Por exemplo, Frei João, '/alando um dia com Santa Teresa do mistério da Santíssima Trindade, ambos foram arroubados em êxtase. O santo quis impedir o arroubamento segurando nos braços da cadeira, mas não pôde resistir ao impulso da graça; e assim, vencendo a.força da alma, (esta) levantou o santo e a cadeira até dar com eles no teto ". 3 Ao mesmo tempo Santa Teresa ele-
com o qual seria elevado à honra
vou-se como estava, de joelhos.
Quadro que representa a verdadeira fisionomia de Sa nta Teresa de Ávila
dos altares. São João da Cruz secundou Santa Teresa na fundação de vários conventos, tanto de frades quanto de monjas, sendo um esteio da reforma que restaurou a regra primitiva da Ordem Carmelitana. Santa Teresa dizia que era difícil falar de religião com Frei João, porque logo seu interlocutor, ou ambos, entravam em êxtase. Bastava-lhe ver um crucifixo que tinl1a um arroubamento. Sua meditação ordinária era sobre a Paixão do Salvador, que ele muito recomenda em seus escritos. Diz que a confiança amorosa em Deus é o patrimônio dos pobres, e sobretudo dos religiosos. Seu coração era como uma imensa fornalha de amor que ele não podia conter, e que brilhava por
Consolações entre sofrimentos atrozes
Quando os frades carmelitas "calçados" - que não aderiram à reforma de Santa Teresa - começaram a contenda contra os "descalços", ou reformados, São João da Cruz foi um dos persegu idos. Os primeiros combateram por todos os meios ao que chamavam de novidade, de aventura prejudicial à Ordem. Eles conseguiram prender São João duas vezes, como um dos pivôs da reforma. Na primeira vez tiveram que soltá-lo por ordem do Núncio Apostólico. Na segunda, levaram-no para o principal convento dos calçados, em Toledo, onde ele deveria se apresentar diante dos frades para retratar-se, por ter começa-
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do a reforma. Diante de sua negativa, foi sujeito durante nove meses a um regime brutal, que incluía uma :flagelação por semana diante da comunidade. Numa minúscula cela sem luz, ele jejuou a pão e água, recebendo às vezes um pedaço de peixe salgado como esmola. Em meio aos sofrimentos, ele teve, entretanto, muitas consolações e visitas celestes. Nessas condições tão adversas, São João da Cruz escreveu o mais famoso de seus poemas, o Cântico Espiritual, além de outros menores. Por fim, conseguiu escapar milagrosamente. "Padecer e ser desprezado por Vós"
Depois da longa prisão, tão cheia de sofrimentos, ele costumava dizer: "Não vos espanteis se demonstro tanto amor p elos sofrimen-
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CATOLJC fSMO
tos; Deus me deu uma alta ideia do mérito e do valor deles quando eu estava na prisão em Toledo ".4 Por isso, não espanta que, quando Cristo Padecente perguntou-lhe numa aparição o que ele desejava em paga de seu amor puro e exclusivo a Deus, o santo muito espanholamente respondeu: - "Padecer, Senhor, e ser desprezado por Vós". Em sua boca, esse dito não era figura de retórica, mas exprimia o élan generoso de sua alma de fogo . São João da Cruz exerceu diversos cargos na Reforma Teresiana, até ser relegado, depois da morte da santa, a simples frade de um convento secundário da Ordem. Tentam excluí-lo da Ordem Carmelitana
Corno estava muito doente, o provincial deu-lhe liberdade para escolher um convento onde pudes-
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se se restabelecer. O santo escolheu o de Ubeda, cujo prior era o seu inimigo mais acerbo. Este religioso sem entranhas tratou-o então com a mais extrema severidade, proibiu os religiosos de o visitarem e deu-lhe apenas o estritamente necessário para não morrer. Chegou a privá-lo até mesmo dos medicamentos indispensáveis e trabalhou afincadamente para excluí-lo da Ordem reformada que ele próprio fundara. A par desses sofrimentos morais, em sua perna surgiram tumores que foram extirpados a sangue frio. Como a Divina Providência considerasse que o cálice de seus sofrimentos ainda não estava cheio, enviou-lhe ao mesmo tempo uma aridez espiritual completa somada a tentações do demônio. Enfim, quando o Provincial fez uma visita a Ubeda, indignou-se com o tratamento dado a Frei João da Cruz, dizendo que seu modelo de virtudes deveria ser êonhecido não somente pelos frades, mas por todo o mundo. O prior reconheceu então seus erros e mudou de conduta. Mas o mal estava feito : o santo · veio a falecer no dia 14 de dezembro de 1591 , com apenas 49 anos de idade, 28 dos quais passados na vida religiosa. Depois de sua morte, seu corpo exalava um agradável perfume que atraía a todos. Para contentar a multidão, que já havia levado a maior parte das vestes do santo como relíquia, os frades foram obrigados a distribuir todos os tecidos que tinham sido usados por ele. São João da Cruz foi beatificado por Clemente X em 1675 e canonizado por Bento XIII em 1726. Pio XI declarou-o Doutor da Igreja ein 1926.
Verdugo para consigo mesmo, mãe para com os demais
Segundo seus contemporâneos, São João da Cruz tinha um coração de verdugo para consigo mesmo, um coração de mãe para com os demais, e um coração de filho para com Deus. "A máxima fundam ental de perfeição, da qual ele fazia a regra de sua conduta e que estabeleceu depois em seus escritos, era de que aquele que deseja ser perfeito deve começar por fazer todas as suas ações em união com as de Jesus Cristo, desejando imitá-Lo e revestir-se de Seu espírito; e deve, em segundo lugar, mortificar seus sentidos em todas as coisas, e
recusar-lhes tudo que não possa ref erir-se à glória de Deus ".5 "João da Cruz é o doutor místico da Igreja por antonomásia, o representante principal da sua mística no mundo, afigura mais egrégia da cultura espanhola e uma das principais da cultura universal". 6 "João da Cruz se nos apresenta como a imagem viva do Verbo de Deus, p enetrando melhor que uma espada de dois gumes até a divisão da alma e do espírito; esquadrinhando, como indagador inexorável, as intenções e os p ensamentos dos corações ".7 Analisando as obras do santo para a sua canonização, os cardeais Torres e Deti afirmam: "Escreveu livros de teologia mística cheios de celestial sabedoria, que Convento dos Padres Carmelitas em Segóvia, construído por São João da Cruz e onde repousa o corpo do Santo (foto à esq.)
estão sendo divulgados em diferentes reinos com tão sublime e admirável estilo, que julgam todos não ser ciência adquirida com engenho humano, mas revelada e infundida do Céu". 8 ..; Notas: 1. Mgr. Paul Guérin, Les Petits Bollandistes, Vies des Saints, Bloud et Barrai, Libraires-Éditeurs, Paris, 1882, tomo XIII,
p. 577. 2. Frei Crisógono de Jesús, Vida de San Juan de la Cruz, B.A.C., Madri, 1982, 11' edição, p. 71, nota 19. 3. Edelvives, E/ Santo de Cada Dia, Editorial Luis Vives, S.A., Saragoça, 1949, tomo VI, p. 244. 4. Mgr. Paul Guérin, op.cit. p. 580. 5. ld.ib., p. 578. 6. Pe. José Leite, S.J., Santos de Cada Dia, Editorial A.O., Braga, 1987, tomo Ili, p. 444. 7. Dom Prospero Guéranger, E/ Afio Liturgico, Editorial Aldecoa, Burgos, 1956, tomo V, p. 907. 8. ln Dr. Eduardo Maria Vilarrasa, La Leyenda de Oro, L. González y Compa fiia - Editores, Barcelona, 1897, tomo IV, p. 405.
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Ele explica como tomou a deci-
POR QUE
NOSSA SENHORA
CHORA?
''DEUS OS ENTREGOU AOS DESEJOS DOS SEUS CORAÇOES'' ,_
são: "Um dia, eu estava indo atrás do cão do meu sobrinho e ele estava correndo e latindo com grande prazer. Então pensei que seria ótimo ter uma temporada abandonando o meu lado humano". Thomas consultou então um xamã, que lhe indicou que ele deveria ser um bode! Ele conta que passou por urna estimulação magnética transcraniana, procedimento em que um potente eletroímã é posto perto da cabeça, com a finalidade de cortar a atividade perto do cérebro. "Foi capaz de
parar a minha capacidade de fala,; temporariamente!".
E
stasafirmaçõesdoApóstolo das Gentes são de ~olde a causar grande impacto:
"Conhecendo a Deus, não o glorificaram como Deus, nem lhe deram graças. Pelo contrário, extraviaram-se em seus vãos pensamentos, e se lhes obscureceu o coração insensato. Pretendendo-se sábios, tornaram-se estultos. [...] "Por isso, Deus os entregou aos desejos dos seus corações, à imundície, de modo que desonra-
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.
ram entre si os próprios corpos. Trocaram a verdade de Deus pela mentira, e adoraram e serviram à criatura em vez do Criador, que é bendito pelos séculos. [... ] "Como não se preocupassem em adquirir o conhecimento de Deus, Deus entregou-os aos sentimentos depravados, e daí o seu procedimento indigno" (Rom. I, 21-28). Tais afirmações de São Paulo se referem aos pagãos, que não conheceram Jesus Cristo. O que di-
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ria Ele dos neopagãos, que conheceram e recusaram Nosso Senhor? Enfim, o comentário está feito. Vamos aos fatos. Noticia o "Globo Rural" (288-15): "Homem vive três dias como um bode. O inglês Thomas Thwai-
tes, 34 anos, decidiu encarar a experiência de viver como animal". Para isso, "encomendou membros protéticos e passou até por um procedimento neurológico para encarar o desafio".
Thomas dormiu, conviveu e tomou água com os bodes nos A lpes. A "experiência" não é simplesmente a de um louco, mas parece fazer parte de um plano para degradar o gênero humano. É pelo menos o que se deduz do fato de que
"a transformação de Thomas foi.financiada pela We llcome Trust, instituição independente, criada em 1936, que visa a melhora na qualidade da saúde de homens e animais"!!!
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O site de notícias R7 informa que um artista performático aush·ali ano, Stelios Arcadiou (Sterlarc), 69 anos, fez um implante de orelha no próprio braço. A orelha extra que Sterlarc implantou no braço foi cultivada através de cultura celular, para mais tar-
de ser colocada no seu novo lugar através de cirurgia.
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Pode Nossa Senhora não chorar diante de tais monstri:ficações voluntárias da natureza humana? Os antigos pagãos foram varridos da face da Terra. O que sucederá aos novos? ❖
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Santa Natália, Viúva + Ásia Menor, séc. Ili. "Mulher do Bem-aventurado Adriano, por muito tempo assistiu uns Santos Mártires encarcerados em Nicomédia sob o imperador Diocleciano. Depois que se consumaram todos os martírios, mudou-se para Constantinopla, onde descansou em Deus " (MR).
São Nuno, Bispo e Confessor
+ Síria, séc. Ili. Famoso pregador, converteu a pecadora Pelágia, que fora por curiosidade ouvir um de seus sermões. Ela lhe deu sua fortuna, que ele distribuiu aos pobres. Encaminhou a penitente para uma gruta perto de Jerusalém, a fim de que fizesse penitência pelos seus pecados.
3 São Francisco Xavier, Confessor
São Melécio, Bispo e Confessor
+ Ásia Menor, séc. IV. "Homem de grande experiência e vasta cultura, foi cognominado por seus companheiros de mocidade 'o mel da Ática', sendo considerado por Santo Atanásio e São Basílio como grande defensor da divindade do Verbo em face do arianismo" (MRM). Primeira Sexta-Feira do mês
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bispo dessa cidade, presidiu seus dois primeiros concílios. Primeiro Sábado do mês
6 Santa Asela, Virgem
+ Roma , séc. IV. Discípula de São Jerônimo, que dela escreveu: "Era abençoada desde o seio de sua mãe", vivia de jejum, orações e visitas aos túmulos dos santos mártires.
7 Santo Ambrósio, Bispo, Confessor e Doutor da Igreja
+ Milão, 397. Governador de Milão e depois bispo, conselheiro de imperadores e do Papa, desempenhou papel decisivo na conversão de Santo Agostinho.
8 Imaculada Conceição da Bem-aventurada
Virgem Maria Festa instituída por Pio IX em seguida à promulgação desse dogma, que coroava tradições muito antigas a respeito da concepção imaculada (isenta do pecado original) de Nossa Senhora.
9 Santa Gorgônla, Viúva
+ Ásia Menor, 372. Irmã de São Cesário e do grande São Gregório Nazianzeno, Doutor da Igreja. Seu pai, também santo, tinha o mesmo nome do irmão, e sua mãe foi Santa Nona. Casou-se, sendo exemplar. mãe de família. São Gregório fez o seu panegírico no funeral.
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São Martinho, Bispo e Confessor
São João Roberto, Mártir
+ Portugal, 579. Originário da Hungria, foi em peregrinação ao túmulo de seu homônimo, em Tours, fixando-se depois como missionário num mosteiro perto de Braga. Como
+ Inglaterra, 1610. Natural do País de Gales, converteuse ao catolicismo na França e ordenou-se sacerdote na Espa nha , onde entrou para os beneditinos. Depois foi
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sustentar os católicos clandestinos na Inglaterra. Reconhecido como padre católico, não quis prestar o juramento reconhecendo a supremacia do rei sobre a Igreja, sendo por isso martirizado.
11 São Trasão, Mártir + Roma, séc. Ili. "De sua fazenda [de seus bens], sustentava os cristãos que trabalhavam nas termas, os que se extenuavam em outras obras públicas e os que gemiam em calabouços. Preso por ordem de Diocleciano, recebeu a coroa do martírio junto com outros dois, que se chamavam Ponciano e Pretextato" (MR).
Santa Olímpia, Viúva
+ Turquia, 408. Casada aos 18 anos com o prefeito da capital do império, enviuvou menos de dois anos depois. Com sua grande fortuna fundou um hospital e um orfanato. Quando São João Crisóstomo, seu diretor espiritual, caiu em desgraça diante da imperatriz, Olímpia seguiu sua sorte, sendo perseguida de todos os modos e falecendo no exílio ainda jovem, pouco depois de São João Crisóstomo.
São Flávio, Confessor
Santa Luzia, Virgem e Mártir
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São João da Cruz, Confessor e Doutor da Igreja
+ Ubeda, 1591. Co-reformador com Santa Teresa do Carmelo masculino. Poucos penetraram mais a fundo nos arcanos da vida interior.
15 São Mesmin, Confessor
+ França, séc. VI. Construiu perto de Orleans, num terreno que lhe dera o rei Clóvis, uma abadia que se tornou famosa.
16 Santas Virgens, Mártires
+ África, 480. Quando da invasão do norte da África pelos vândalos arianos de Hunerico, estas muitas virgens consagradas a Deus "defenderam a honra da Igreja de Cristo em meio a atrozes torturas " (MRM).
21 São Pedro Canísio, Confessor e Doutor da Igreja
22 São Flaviano, Mártir
+ Roma, séc. IV. Ant igo Prefeito de Roma, esposo de Santa Dafrosa e pai das Sa ntas Bibiana e Dem tria, todas elas mártires, também mereceu dar sua vid a pela fé de Jesus Cristo.
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+ França, séc. VI. Italiano, vendido como escravo, seu dono casou-o com uma escrava e o fez administrador de seus bens, dando-lhe depois a liberdade juntamente com sua esposa. De comum acordo, ela foi viver num convento e ele se tornou sacerdote.
Nossa Senhora de Guadalupe, Padroeira da América Latina
os cristãos contra os ataques do demônio '" (MRM).
Santo Anastácio 1, Papa
+ Roma , 404. "Varão de riquíssima pobreza e de solicitude toda apostólica. Roma, como disse São Jerônimo, não merecia tê-lo por muito tempo, para que a cabeça do mundo não fosse decepada em vida de tal Bispo. Com efeito, pouco depois de sua morte Roma foi tomada e saqueada pelos Godos " (MR).
20 São Fllogônio, Bispo e Confessor + Ásia Menor, 324. "Bispo de Antioquia, de quem São João Crisóstomo fez o seguinte elogio: 'Foi ele retirado do tribunal para ser colocado na sé episcopal. Enquanto fora advogado, defendia os oprimidos contra os opressores; tornando-se bispo, protegeu
Santa Maria Margarida Dufrost de Lajemmerais, Viúva
+ Canadá, 1771. Seu pai era um nobre francês, chefe das tropas da colônia, falecido quando ela tin ha sete anos. Foi mãe de s is filhos. Tendo o esposo dl sipado toda a fortuna familiar, deixou-a na miséria ao morrer. Com ajuda alheia, pôd monta r um pequeno armaz m, conseguindo pagar a dívidas, educar os filhos, ainda dedicar-se à caridad , no que foi ajudada por outr viuvas, da ndo início à Congr gação das Irmãs da Carldad ou "Irmãs Cinzas", p la cor do hábito.
Vigília do Natal de Nosso Senhor Jesus Cristo_ Santa Tarslla, Virgem
+ Roma, e. VI. Tia de São Gregório Mogno, vivia com grande u ·t ridade e espírito de oração om sua irmã Emiliana na n a de seu irmão, tio paterno do Pontífice. São Gregório afirma que Tarsila viu Nos o nhor ao morrer.
Natal d Nosso Senhor J us Cristo
26 Santo Estêvão, Protomártir. Santa Eugênia, Virgem e Mártir + Roma, séc. Ili. "Filha do Bem-aventurado mártir Felipe, depois de dar muitas provas de virtude e de levar para Cristo inúmeros grupos de santas virgens, teve porfiada luta sob o guan te de Nicécio, prefeito da cidade, e foi finalmente degolada à espada no tempo do imperador Galieno " (MR).
levado a Roma e mergulhado num tacho de azeite fervente, de onde saiu rejuvenescido. Deportaram-no então para a ilha de Patmos, onde escreveu o Apocalipse. Com a morte de seu perseguidor, voltou a Éfeso, onde residia, tendo escrito então, a pedido dos fiéis, seu Evangelho e três epístolas, para refutar as heresias que negavam a divindade de Nosso Senhor e pregar o amor entre os cristãos.
28 27 São João, Apóstolo e Evangelista + Éfeso, séc. 1. Discípulo Amado pela sua virgindade, ele re-
presentou a humanidade ao receber Nossa Senhora com o Mãe junto à Cruz. Foi o Eva ngelista por excelência da divind ade de Cristo. Perseguido pelo imperador Domiciano, foi
Santos Inocentes, Mártires. Santo Antônio, Confessor + França, 520. "Originário da Panônia, levou no início vida eremítica nos Alpes. Depois, fugindo dos admiradores que vieram reunir-se à sua volta, retirou-se para o Mosteiro de Lérins " (MRM).
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Ili ten~:õcs para a
Santa Missa em dezembro
Será celebrada pelo Revmo. Padre David Francisquini, nas seguintes Intenções:
• Missa de Natal, rogando ao Divino Men ino Jesus, pela mediação de sua Mãe Santíssima, que conceda muitas e especiais gra ças às famílias dos assinantes de Catolicismo e a todos aqueles que apoiaram e/ou difundiram a revista ao longo deste ano. Inte nções para a Sant a Missa em janeiro • Pelos leitores e benfeitores de Catolicismo, a fim de que, neste novo ano que se inicia, sejam especialmente protegidos da crise atual que atingiu o País, gerando dificuldades financeiras, desemprego e aumento da violência. Mas também para que eles e seus filhos sejam objeto de uma particular proteção espiritual, que lhes conceda forças para resisti r às tentações pecaminosas. • Na Missa constará menção especial a favor das famílias atingidas na região de Mariana (MG) pelo rompimento das barragens. Igua lmente, pelas famílias que perderam seus entes queridos nos brutais atentados perpetrados pelo terrorismo islâm ico em Paris no dia 13 de novembro último.
29 São Tomás Becket, Mártir. São Geraldo de Saint-Wandrille, Mártir
+ França, 1029. Abade de Saint-Wandrille, governou esse mosteiro durante 23 anos, dando os maiores exemplos de todas as virtudes monásticas. Foi assassinado durante o sono por um monge revoltado com sua reforma, partidário do tirânico duque Roberto 1.
30 São Rogério de Barletta, Bispo e Confessor
+ França, séc. XII. Bispo de Cannes, após a morte seu corpo foi subtraído piedosamente pelos habitantes de Barletta, na Itália, de onde sua devoção se espraiou para outros lugares.
3 São Silvestre 1, Papa. Santa Columba de Sens, Virgem
+ França, séc. Ili. Espanhola de origem , ainda pequena radicou-se na França com um grupo de espanhóis. Quase todos pereceram durante a persegu1çao de Aureliano. Diz-se que, quando ela foi entregue a um grupo de libertinos, um urso saiu da floresta e sentou-se a seus pés. O carrasco só pôde consumar seu martírio quando ela deu ordem ao urso para retirar-se.
Notas: • Santos já apresentados em calendários anteriores são apenas mencionados, sem nota biográfica. • MR - Martirológio Romano; MRM - Martirológio RomanoMonástico.
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A MARCHA ,, IRREVERSIVEL DA CONTRA-REVOLUÇAO NOS ESTADOS UNIDOS FRANCISCO JOSÉ SAIDL
Revolução é irreversível. Consequentemente, a Contra-Revolução também o é. Este foi o tema desenvolvido pel o Prof. Plinio Corrêa de Oliveira por ocas,ao de uma semana de estudos de fo rmação anticomunista para j ovens da Tradição Família e Propriedade, reunidos em São Paulo nos anos 60. Efetivamente, transcorri do meio século, os fatos têm confirmado esta tese. A hidra revolucionária vai lançando se us tentác ulos por toda parte e levando a cabo sua sin istra trajetória. A Contra-Revo lução lhe desfere go lpes, de modo especial em um país onde
A
tal ação parecia nunca poder vi ngar: os Estados Un idos. As atividades da TFP norte-americana nestes últimos meses foram tais, que cada uma delas poderia preencher várias páginas. Optamos por elencar sumariamente algumas mais recentes. Col eta de assinaturas na campanha Filial Súplica
Quase 500 anos depois, o brado Los von Rom! (Longe de Roma!), do heresiarca Lutero, parece ecoar na Cidade Eterna através de prelados como os cardeais Walter Kasper e Reinhard Marx, que defendem a descen-
tralização da Sé Apostólica e, na prática, a mudança de princípios inegociáveis da Moral católica. Entretanto, em sentido oposto, uma plêiade de fiéis católicos de 170 países uniu-se como uma só voz para suplicar ao Papa Francisco qu e esclarecesse o clima de confusão reinante entre os católicos tendo em vista o Sínodo dos Bispos realizado em outubro último. Por ocasião da visita do Santo Padre aos Estados Unidos, para um Encontro Internacional da Família, a TFP americana coletou assinaturas para o apelo denominado Filial Súplica. Somente nesse país foram colhidas 200 mil adesões, que contribuíram para totalizar 800 mi l em todo o orbe católico. Recitação do Rosário em 14 mil localidades do país
Desde 2007 a campanha América Necessita <le Fátima vem promovendo a recitação do Santo Rosário em logradouros públicos. A data marcada é sempre o sábado mais próximo de 13 de outubro, quando se comemora a última aparição da Virgem Santíssima aos pastorzinhos em Fáti ma. A cada ano o número crescente de locais surpreende até os organizadores. Graças à incansável ação de voluntários, que entraram em contato com organ izadores do evento denominado apitães, foi possível promover ta l concentração em 14 mil localidades da nação americana, no mesmo dia e hora prev iamente marcados. Associações coiranadá e na África do Sul também iaram a esse ato de piedade. , tacamos apenas o local mais significativ , por ser considerado o coração da cidade de Nova York (foto acima). Voltados para a atedral de São Patrício e dando as costas para o Rockfeller Center, 100 cooperadore · supporters da TFP americana, portando os respectivos símbolos, recitaram os três mist rios do Rosário, para sw·presa de inúmeros turistas de todo o mundo que por ali cir L1l avam.
tes do Rosary Rafly postaram-se em fre nte à sede da organização Plannned Parenthood (foto abaixo), a fim de protestar contra a prática do aborto, especialmente contra a venda de órgãos de inocentes nascituros abortados. A recitação do rosário era entremeada por cânticos religiosos e pelo brado "Reparação, reparação! ".
Duas caravanas: uma para o sul e outra para o norte
Duas caravanas paitem simultaneamente em direções opostas: uma para o Texas e outra para Wisconsin. O objetivo era difundir o
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Protesto contra a execução de abortos pela Planned Parenthood
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-- ~-. folheto Dez razões para defender o casamento tradicional. Em vias públicas, os jovens se dirigiam ao público com cartazes dizendo: Buzine em favor do casamento tradicional. Casamento = Um homem e uma mulher:
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Protesto no Texas contra igreja satânica
Quando veio a público a notícia da abertura de " urna grande igreja de Lúcifer" no dia 30 de outubro, véspera da Festa de Todos os Santos, na cidade de Old Town Spring (Texas), ocorreu urna grande indignação da população. Assim que tornaram conhecimento do fato, católicos locais solicitaram a assistência da TFP americana e da carnpanJia da rede antiblasfémia da America Needs Fatima. Respondendo a seu pedido de aj uda, voluntários da Sociedade Americana de Def esa da Tradição, Familia e Propriedade (TFP) de várias partes do país, com terço em mãos, banners e cartazes, se dirigiram ao local para promover um ato público de protesto e reparação (foto acima). Urna vez ali , sob a proteção de Nossa Senhora de Fátima, representada por uma de suas imagens peregrinas, eles rec itaram o terço e proclamaram slogans em direção à referida "igreja" satânica. Indignados, dois satanistas caminharam em torno dos voluntários da TFP proferindo palavras de baixo calão e blasfêmias. Católicos de vários movimentos uniram-se ao protesto, portando cartazes com os dizeres: "Deus Sim - Satanás não"; "Quem como Deus? "; "Somos uma nação submissa a Deus"; e "Satanismo não é um valor americano ". Liderada por um diretor da TFP americana, a multidão rec itou o Santo Rosário. 73 mil exemplares do livro Retorno à Ordem
A obra Retorno à Ordem - De uma Economia frenética à Sociedade Orgânica Cristã, de autoria de John Horvat, vice-presidente da TFP americana, já alcançou 73.000 exemplares, recebeu dezenas de recomendações e nove prêmios. Baseada em 20 anos de pesquisas, suas teses já foram transm itiCATOLICISMO / www.catojicismo.com.br
das a mais de um milhão de ouvintes e telespectadores de rádios e televisões, além das mais de 200 apresentações feitas pelo autor em auditórios na América e na E uropa. John Horvat também escreveu centenas de artigos, que têm sido publicados pelos maiores websites conservadores, tais como "The Blaze", "American Thinker", "Crisis", "Spero News", "CNS News", "Christian Post" etc. No último dia 7 de novembro, na igreja da Assunção de Nossa Senhora, em Hockessirn (Delaware), ele desenvo lveu o terna: indo ao âmago do problema - o que está errado na América. "As teses de Retorno á Ordem são hoje mais atuais do que nunca. Todos sentem que algo está errado na economia e necessitamos das soluções oferecidas pela Santa igreja Católica" - declarou o autor a Catolicismo.
trada da Missa. Trata-se do cântico denominado Veni Mater Gratiae. É uma sequência composta em 1415 especialmente para o Concílio de Constança, que pôs fim ao Grande Cisma do Ocidente. Essa melodia inglesa foi completada posteriormente por uma súplica à Santíssima Virgem para que E la defendesse os fiéis do erro, da heresia e do cisma. Portanto, muito adequada para nossos dias. No cortejo final, foi entoado o Hino Pontificio ao som de órgão, trompetes e tímpano. Após a Santa Missa houve a consagração solene ao Sagrado Coração de Jesus. Conferencistas abalizados dissertaram sobre os seguintes temas: • Prossegue a batalha em defesa do matrimônio • O Retorno à Ordem e uma falsa opção • Visão geral das recentes atividades da TFP
em defesa da Santa Igreja e da civilização cristã, encerrou seu discurso com as seguintes palavras: "Espero que um dos frutos deste Encontro seja a convicção de jàzer ainda mais, para serdes ainda mais .fiéis neste mundo if!fiel. Ao invés de desanimarmos, a dificuldade desta luta deve nos encher de gratidão e entusiasmo. [... ] Dr. Plinio Corrêa de Oliveira, certa vez, usou esta metáfora : ele dizia que a Santa Igreja é como um grande sino que proclama Nosso Senhor Jesus Cristo. Uma vez que a Revolução tem procurado fazer cessar o som desse sino, a Contra- Revolução deve continuar a reproduzir o seu eco por toda parte através dos séculos, neste mundo caótico. Não queremos ser sinos, mas apenas o eco.fidelíssimo contra a Re volução que deseja distorcer esse som. [... ] O tema deste Encontro foi 'Do lado correto da História'. Espero que saiais daqui convencidos de que estamos deste lado correto da História, ou seja, do lado de Nossa Senhora. É o único lado, é o lado vitorioso. " ❖
• O Sínodo dos Bispos e a crise na Igreja • Meios para vencer as tormentas futuras • A tentação libertária • A ofensiva ambientalista • Segredos da Graça, obstáculos à Revolução • Transexualismo e outros desvios
Encontro nacional de Correspondentes e Simpatizantes
Entre os dias 23 e 25 de outubro de 2015, duas centenas de co rresponde ntes e simpatizantes da TFP americana reuniramse na sede central da entidade em Spring Grove (Pensilvânia), a fim de ouvir palestras e debater temas de palpitante atualidade. Do intenso programa constou também urna procissão com a imagem peregrina de Nossa Senhora da Esperança Macarena, cópia da que se venera na cidade espanhola de Sevilha, bem como urna Missa solene no rito tridentino, celebrada na Basílica Nacional do Sagrado Coração de Jesus da vizinha cidade de Connewago. Merece destaque o hino entoado na en-
Dois documentos importantes fora m distribuídos aos participantes: A liberdade da f greja no estado comunista - a Igreja, o d cá logo e o direito de propriedade, obra de gra nde atua lidade redigida por Plini o Corrêa de Oliveira cm 1963, bem co mo o importa nte mani fc t do me m autor, publicado em 1974 sob o títul o A politica de distensão do Vaticano com os governos comunistas. Para a TFP: Omitir-se ou resistir? No d mingo à noite, em ambiente decorado com motivos medievais, foi servido um banquete. Sua Alteza Imperial e Real o Príncipe Dom Bertrand de Orleans e Bragança (foto ao lado), presente ao evento, após diri gi r aos prese ntes e loquente encorajamento para a luta contra-revolucionária catolicismo@terra.com.br /
DEZEMBBO 201 5
AMBIENTES • COSTUMES • CIVILIZAÇÕES
Z\tmosfero
do Natal de outrora PLINIO CORRÊA DE OLIVEIRA
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Natal de outrora tinha uma sacralidade que as novas gerações não fazem ideia. No meu tempo, já nos dias que precediam o Natal , notava-se certo aroma e certa atmosfera natalina que começava a envolver a cidade. Na rua, homens - aqueles que se tinham na conta de importantes faziam uma fisionomia de quem não percebia tal atmosfera, mas tomavam o cuidado de não contundir o clima característico dessa época. No centro velho da cidade de São Paulo, algumas casas que vendiam brinquedos expunham na vitrine um presépio e um gramofone que tocava músicas natalinas. Quando chegava a noite de Natal, as famí lias começavam a se dirigir em grupos para a igreja. Elas caminhavam devagar e em paz, na noite com as ruas vazias. No interior da igreja, uma luz forte iluminava a rua cada vez que se abria a porta. Ouviam-se alguns cânticos de Natal, tocava-se o sino e iniciava a Missa. Tinha-se a sensação de· uma graça que vinha do alto. Era uma graça tal, que enchia a pessoa de duas disposições de espírito, que parecem incompatíveis, mas que convivem maravilhosamente: a noção recolhida, humilde e en levada do sublime, e a doçura de quem recebe uma misericórdia sem limites. Talvez de nada da minha infância eu tenha tantas saudadesquanto desse aroma e graça de Natal. ❖
Excertos da conferência proferida pelo Prof. Plinio Corrêa de Oliveira em 5 de janeiro de 1989. Sem revisão do autor.