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Copyright@2017 Henrique Rojas Todos os direitos reservados. ISBN: 978-85-68125-12-0 Editor: Neto Bach Editoração: Alternativa Books Capa: Marcos Albuquerque Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) Bibliotecária Juliana Farias Motta CRB7- 5880
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R741v Rojas, Henrique A vida é uma grande boca / Henrique Rojas - São Paulo : Alternativa Books, 2017.
80 p.; 11x 18cm.
ISBN: 978-85-68125-12-0
1. Crônicas brasileiras.I. Título.
CDD B869.8
_______________________________________________________ Índice para catálogo sistemático: 1. Crônicas brasileiras Impresso no Brasil em março de 2017
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Rua Francisco Escobar, 116, Imirim CEP: 02541-010 – São Paulo – SP. (11) 2236-2420 / 99590-7330 editorial@alternativabooks.com.br www.alternativabooks.com.br
Agradecimentos
Um livro deste nada mais é que um compilado da vida. São experiências, pessoas, músicas, outros livros e todos os tipos de momentos divididos em meio a parágrafos, acentos e linhas tortuosas. Agradeço, portanto, a todos aqueles que de alguma forma estão aqui. O que, em outras palavras, significa minha família de sangue (Seu Rui, Dona Eliana, Gui, Bi e a nossa amada Lulu), minha família de amigos (felizmente grande demais para ser descrita aqui) e o entusiasmo de uma das pessoas mais incríveis do planeta (Giu). Vocês são eu. Eu sou vocês. E basta.
Prefácio
Conheci o Henrique quando dava aulas de Redação Publicitária para a turma dele no curso de Publicidade e Propaganda na Faculdade Cásper Líbero. Confesso que dar aulas de uma disciplina como essa é sempre um desafio. É, ou pelo menos era, mais comum os alunos buscarem áreas como arte, planejamento, mídia... E quando vi os primeiros textos do Rojas, fiquei impressionada e percebi um talento para as letras ali. Adoro o fato de ter acertado! Não por vaidade, mas porque, do contrário, seria realmente um talento desperdiçado. Ao ler este livro, tive a certeza de que minha percepção do talento e da facilidade dele para lidar com as palavras estava correta. A cada crônica, a cada linha de cada crônica, ri muito, me identifiquei com várias situações, me coloquei no lugar dele em muitos momentos e, o mais enrique-
cedor, conheci um pouco mais do Rojas (e confesso que adoro o fato de a gente fazer parte da torcida do mesmo time... “Avanti, Palestra!”). Vejo aqui a influência do escritor preferido dele, o Luis Fernando Verissimo – que também é um dos meus preferidos –, não como uma cópia, mas como inspiração. Sacadas que o genial Verissimo teria. A soma desse pensamento ágil com seu estilo próprio de escrever faz deste livro leitura para aqueles momentos em que tudo o que a gente quer é um livro gostoso de ler, que nos faça pensar e nos deixe feliz. Estas palavras são sim de alguém que está amando ver que a vida traz bons frutos. E a você, Rojas, agradeço por me permitir fazer parte desta história... Adorei poder falar para o mundo de você! Débora Tamayose
Sumário
A VIDA É UMA GRANDE BOCA............................... 11 AUTOMEMÓRIA............................................................ 13 TALK (TO ME) SHOW................................................... 15 PANO PRA MANGA...................................................... 17 CHEIRINHO DE CASA LIMPA................................... 19 OS ANTI-HERÓIS........................................................... 21 A MELHOR COPA É A QUE VOCÊ NUNCA VIU.....23 O FIGURINISTA DO JORNAL..................................... 25 PRECISAMOS FALAR.................................................... 28 O MELHOR TIPO DE GENTE...................................... 30 CATOTA MÁGICA......................................................... 33 DETECTOR DE CULPA................................................. 35 DESCULPA AÍ.................................................................. 37 AMOR À PRIMEIRA VISTA......................................... 40 A BRIGADA..................................................................... 42 QUANDO ACONTECE.................................................. 44
MUSEU.............................................................................. 46 MAL DITO HAIKAI....................................................... 48 OS CASAIS DE VELHINHOS....................................... 50 CRUSH ETERNO............................................................. 53 E SE.................................................................................... 55 TUDO-AO-MESMO-TEMPO-AGORA...................... 57 BILHETE PREMIADO.................................................... 59 ESPECIALIDADE DA CASA......................................... 61 SABONETE LÍQUIDO................................................... 64 PRAZO.............................................................................. 66 SEGUNDA-FEIRA DE CINZAS.................................... 68 O RIO DE JANEIRO........................................................ 70 NÃO PENSAR É UMA DÁDIVA.................................. 72 A REDENÇÃO DOS MEDÍOCRES.............................. 75 VIRAMOS AMIGOS?...................................................... 77 SOBRE O AUTOR............................................................ 80
A VIDA É UMA GRANDE BOCA Acabei de passar 30 dias sem um dente. Falando assim parece horrível, eu sei. Mas, na real, foi bem sossegado. É um dos últimos dentes, aqueles do fundo, quase imperceptíveis a olho nu ou a sorriso semiaberto. Fosse um pivô ou canino, confesso que seria difícil; mas com esse foi totalmente tranquilo – nem sofri. O que me fez pensar que a vida é uma grande boca e as pessoas que conhecemos (e cativamos) são os dentes. Não passam de 32, tem os mais importantes e aqueles que mal vemos. Cada qual tem uma função, e enquanto alguns são arrancados de nós, outros, mesmo quando os machucamos, podem ser consertados. Os de leite são aqueles que conhecemos ainda cedo, no colégio: parecem vitais, mas fatalmente ficarão pelo caminho, a vida é uma grande boca
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dando lugar aos que serão definitivos. Tem os que amarelam, os que mancham, os que doem, os que precisam de mais ou menos escovação. Tem até aqueles que somem, mas, mesmo sem a gente substituir, mantêm seu espaço ocupado pelos que estavam ao lado. Só que o mais importante é que, para sorrir, a gente precisa de todos eles. Afinal de contas, uma vida banguela é uma vida sem graça ;)
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AUTOMEMÓRIA Eu tinha 12 anos quando assisti Homens de Preto no cinema. E se teve uma cena que me deixou marcado foi aquela em que eles usam um pequeno aparelho para apagar a memória das pessoas que viram os aliens, fazendo-os esquecer do ocorrido. Óbvio que essa maquininha não existia e – até onde eu sei – ainda não existe. Mas, depois de uns dez anos, acabei aprendendo que esse poder existe: é a “automemória”. As principais diferenças entre esta e a do filme é que: (1) somos nós mesmos quem nos aplicamos e (2) ela funciona na mente e no coração. É só parar e pensar nos relacionamentos que você teve na vida. Garanto que, em 90% das vezes, você só vai lembrar de coisas boas. Pode ser que você tenha sofrido, pode ser que coisas estranhas tenham acontecido, mas, passado o tempo, nós normalmente ficamos somente com o que foi bom. a vida é uma grande boca
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Esquecemos as discussões, relevamos as caras feias, secamos as lágrimas e romantizamos tanto os romances que passaram, que até acabamos esquecendo que eles passaram. Uma espécie de sabotagem em nós mesmos, operada no peito e na cabeça, de onde tirei o nome desse superpoder. Convenhamos que isso não é assim tão incrível. Mas, vá lá: melhor isso do que acordar com os Agentes K e J no seu quarto, de óculos escuros e terno com ombreiras, pedindo para você olhar para um aparelho e relevar aquela mensagem suspeita no celular.
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