EU SÓ QUERO MAIS UMA HISTÓRIA DE
AMOR
NETO BACH
EU SÓ QUERO MAIS UMA HISTÓRIA DE
AMOR
do elevador ao fim do mundo
alternativa books
Copyright ©2016 Neto Bach. Todos os direitos reservados. Editoração: Alternativa Books Revisão de texto: Karen Abuin Capa: Neto Bach Imagem de capa: Pixabay Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) Bibliotecária Juliana Farias Motta CRB7/5880 B118s Bach, Neto. Eu só quero mais uma história de amor: do elevador ao fim do mundo / Neto Bach. -- São Paulo : Alternativa Books, 2016. 144 p. : 14x21 cm ISBN: 978-85-68125-01-4
1. Contos – Literatura brasileira. 2. Ficção brasileira. I. Título. II. Título : do elevador ao fim do mundo CDD B869.3 Índice para catálogo sistemático: 1.Contos – Literatura brasileira 2.Ficção brasileira Impresso no Brasil em março de 2016
alternativa books Rua Francisco Escobar, 116, Imirim Cep: 02541-010 – São Paulo – SP. Telefones: (11) 2236-2420 / 99590-7330 editorial@alternativabooks.com.br
Dedico esta obra Ă minha esposa, Daniele, e aos meus pais, Lourdes e Francisco. Sem eles, minha vida nĂŁo faria sentido.
SUMÁRIO
Aconteceu no elevador.................................9 Paixão de ocasião..................................... 20 Hotel Lincoln........................................... 24 O Outro................................................. 29 Apanhei da minha mulher............................. 33 Pequenas mentiras, grandes amores................. 35 O dia em que virei mulher............................. 42 Quer casar comigo?................................... 46 Os abraços da prima.................................. 52 Ninguém é de ninguém: eu, meu amigo e nossa namorada................... 62 Lembrança amar…ela................................ 71 Tudo o que elas gostam de escutar.................. 95 Papo de marido e mulher............................102 A melhor mulher do mundo: tudo o que ela faz é gostoso.........................104 Na próxima sexta-feira...............................108 O maior pecado do mundo..........................116 A cor da morte........................................129 O ano do fim do mundo..............................137
ACONTECEU NO ELEVADOR Parte I
T
rês andares, os segundos são eternos. Aperto o botão, e quando a porta do elevador está se fechando… o beijo. Ah… aquele beijo… Queria que nunca tivesse acontecido. Estava sentado em frente ao computador, minha mesa era uma bagunça. O trabalho era uma droga e eu já estava prestes a enlouquecer. Até que uma coisa aconteceu. Ela aconteceu. Lembro de ver o tempo parar. As pessoas estavam imóveis. Toda a agência de publicidade parou enquanto ela caminhava em câmera lenta. Demorei quase um minuto para voltar a respirar. Como o universo sempre conspira para ferrar sua vida, ela ficou com a mesa ao lado da minha. Um corredor de 1,80m de largura era o que a distanciava de mim. Se eu virasse um pouco o pescoço, era possível ver seus longos cabelos negros, que de tempos em tempos eram suavemente acariciados por sua mão esquerda e estrategicamente colocados por detrás da 9
neto bach
orelha, fazendo com que sua bochecha rosada ficasse à mostra, ao mesmo tempo em que uma pequena mecha cobria parte de seu seio. Seu cheiro era maravilhoso. Ela estava tão próxima que eu nem precisei respirar fundo para sentir o aroma cítrico de seu perfume. Sem falar no brilho que usava para destacar ainda mais seus lábios carnudos. Eu jurava que o brilho tinha gosto de morango. Sem me dar conta, já estava a encarando há alguns minutos. Ela percebeu e também me olhou com seus olhos castanhos. Fiquei com vergonha e desviei o olhar. Ela não. Olhei de relance e vi que ela ainda me olhava. Não pode ser… Ela levantou e caminhou em direção ao bebedouro. Que bunda… Os dias foram passando e meus projetos iam se empilhando na mesa. Não fazia mais nada, além de admirá-la. A rotina era: eu a olhava, ela me encarava, eu desviava o olhar. Depois eu olhava de relance, ela continuava me encarando e eu novamente disfarçava. É, era difícil mudar a estratégia. Como eu era um ‘laranja’, ela tomou a iniciativa. Gelei quando ela parou em frente à minha mesa. – Posso te fazer uma pergunta? – Outra? – Engraçadinho! Por que você não para de me olhar? – Eu? Não sei (droga, ela deve pensar que eu sou um tarado). Mas você também me olha. 10
11
eu só quero mais uma história de amor
– Lógico! Você não para de me encarar. Você é gay? – O quê? Gay? Não, não. Por que você acha que sou gay? – Sei lá! Você me olha diferente. Não é como outros caras, que só olham minha bunda. Você me olha nos olhos e isso chamou minha atenção. – Sou gay por que não olho para o seu traseiro? (pois já olhei e achei maravilhoso). – Não, não é isso. Só achei seu jeito diferente e fiquei curiosa. Mas deixa pra lá. – Você tem namorado? – perguntei por impulso. Ela respirou fundo, fez um bico, levantou as sobrancelhas, me olhou por alguns segundos e… – Sou noiva. Namoro há seis anos e vou me casar daqui três meses. Pronto! Seríamos amigos, no máximo. Isso se eu não morresse de tédio antes. A semana seguinte serviu para conversarmos e nos conhecermos melhor. Em pouco tempo percebemos que não tínhamos nada em comum, a não ser a grande necessidade de trocar olhares durante todo o dia. Mas isso não era o suficiente. Eu queria mais. Precisava de mais. Só não sabia o que fazer. Ela tinha alguém e ia se casar em poucos meses. Eu não tinha o direito de estragar isto. Pior, não tinha coragem. Mais um dia estava acabando, o que significava que o casamento dela estava cada vez mais perto. As pessoas
neto bach
desligavam seus micros e caminhavam em direção aos elevadores. Fui o penúltimo a sair, ela foi a última. O elevador da esquerda chegou. Apressadas, as pessoas correram. Ameacei correr, mas a vi caminhando em câmera lenta e deixei a porta se fechar. Ela deu um sorriso, enquanto o elevador da direita chegava. Bem, quando você quer muito alguma coisa, o universo conspira para ferrar com sua vida. Pode chamar isso de Destino. A porta do elevador se abriu. Estava vazio. Cavalheiro que sou, dei passagem para que ela entrasse primeiro. Ainda de costas, ela apertou o botão do térreo. Eu entrava no elevador, enquanto ela se virava. A porta se fechava, e eu me enchia de coragem. Ela se virou, me olhou bem nos olhos. Respirei fundo, a puxei pela cintura e a beijei. Sua boca tinha gosto de morango. Após tanto tempo nos olhando, enfim, estávamos com os olhos fechados. O beijo era apaixonado, quente, excitante, molhado, sufocante… Descemos três andares. Os poucos segundos pareciam eternos. Queria que este beijo nunca tivesse acontecido. Parte final Fiquei semanas imaginando como seria tê-la em meus braços, pensando se ela sentia algo por mim, 12
13
eu só quero mais uma história de amor
fantasiando como seria o primeiro beijo, que, enfim, aconteceu no elevador. Foi um beijo fabuloso, que durou poucos segundos, mas foi o suficiente para inundar minha mente de possibilidades, de incertezas, de ansiedade. Poucos segundos que mudariam nossa rotina. Não tenho certeza se a peguei de surpresa. Prefiro pensar que ela já esperava por isso, que ela desejava que acontecesse. Dúvidas a parte, tive a certeza de que, durante três andares, minha paixão foi correspondida. A porta do elevador se abriu, ganhei um sorriso e um aceno com a cabeça para me lembrar que tínhamos que sair. O silêncio que se seguiu indicava que estávamos selando um pacto e que, a partir daquele momento, compartilhávamos um grande segredo. O tchau daquela noite também foi dado com um aceno, seria um pecado estragar aquele momento com palavras. Os dias foram passando, os olhares continuavam, os sorrisinhos foram se intensificando e nossa amizade, agora, era apimentada com idas e vindas no elevador. Sempre o da direita. Era nosso ritual. Por sorte, ou ajuda do destino, ele sempre estava vazio. Também dávamos nossa contribuição, demorando alguns minutos para ir embora. Conhecíamos a rotina dos colegas de trabalho, então era mais fácil dar um perdido.
neto bach
A vontade que eu tinha de largar o emprego foi substituída por uma vontade louca de crescer dentro da empresa. Entre um olhar e outro, eu desenvolvi campanhas que dariam muito lucro à agência. Nos corredores já corriam os rumores de uma possível promoção. Fiquei empolgadíssimo, mas nada me deixava mais feliz do que estar com ela. Minha inspiração vinha dela. Chegamos a uma fase em que o elevador não era o suficiente. Passamos a nos beijar nos corredores, no refeitório, na sala de arquivos, no banheiro… Enfim, em qualquer lugar que encontrássemos vazio por determinado tempo. É lógico que tínhamos medo de sermos pegos. Mas acho que isso nos deixava ainda mais excitados. Sempre que possível, também nos encontrávamos fora da empresa. Parecíamos namorados. Trocávamos presentes, bilhetes, mensagens de texto, tudo o que um casal apaixonado faz no começo de um relacionamento. Falávamos sobre quase tudo, com exceção de um pequeno detalhe: ela continuava noiva. Eu tinha medo de falar a respeito, não queria pressioná-la e colocar em risco o nosso romance. Eu precisava daquilo, não queria perdê-la, mesmo que isso significasse ser o outro. No fundo, eu tinha esperança que, entre o terceiro andar e o térreo, ela dissesse que me amava e que ficaria apenas comigo. 14
15
eu só quero mais uma história de amor
Faltando um mês para seu casamento, meu sentimento de euforia se transformou em desespero. E tudo piorou quando fomos flagrados por um colega de trabalho. Um cara que trabalhava no administrativo, que fica no 13º andar, e que de vez em quando descia até nosso piso para recolher alguns documentos. Ele era meio esquisito. Estava há anos na agência, mas não conseguia ser promovido. Ele nos viu juntos em uma rua próxima à empresa. Passou por nós, fez cara de surpreso, deu um sorriso sem graça e continuou andando. Ficamos desesperados. Como podíamos ter dado um vacilo tão grande? Quando entramos na empresa achando que seríamos interrogados, nos surpreendemos. Nada estava diferente. Ninguém nos olhou torto, não percebemos nenhuma fofoca que nos incluísse. Bem, nosso colega era um cara que sabia guardar segredo. Na verdade, aquele foi o último dia que o vi. Fiquei sabendo que, sem mais nem menos, ele juntou suas coisas, entrou na sala do chefe e em menos de 10 segundos foi embora sem dar satisfação. Ouvi dizer que ele surtou. Parece que limpou a conta no banco, bateu na mulher e sumiu no mundo. Deve ser fofoca. O que sei é que depois do flagrante que ele nos deu, passamos a ser mais cuidadosos. Três dias depois, uma nova surpresa. Saímos do elevador e seguimos pelo corredor em direção à rua.
neto bach
Tínhamos combinado de comprar um vinho e depois irmos para minha casa. Mas, assim que pisamos na calçada, perdi o chão. Um rapaz moreno a esperava com um buquê de flores. Ela deu um gritinho mascarado de alegria e surpresa, enquanto suas bochechas ficavam vermelhas de vergonha. Um rápido olhar suplicou para que eu sumisse dali. Foi o que fiz, logo após ver o cara tocando os lábios que a pouco pertenciam aos meus lábios. Senti-me um nada. No dia seguinte, as coisas mudaram. Os olhares cessaram, os sorrisos se esconderam, a euforia virou desespero. A ficha caiu. O noivo, que até então era apenas uma figura folclórica (o corno), deu as caras e me mostrou que era real. Acho que a vergonha a fez se afastar de mim. Mas talvez ela apenas tenha percebido que cometeu um grande erro. Como podia trair o noivo às vésperas do casamento? Eu deveria estar cheio de culpa, mas não estava. Eu a queria para mim. Eu queria beijá-la, abraçá-la, dizer que eu era o homem certo para ela. Dizer que eu estava apaixonado e que ela deveria se casar comigo, e não com aquele cara que dá flores de presente. Eu precisava de uma oportunidade para lhe dizer tudo isso, e a oportunidade veio quando a bexiga dela apertou. – Você é louco? Se o chefe ver que você entrou no banheiro feminino você é mandado embora. 16
17
eu só quero mais uma história de amor
– Não faz mal. Eu preciso falar com você. – Então fecha a porta e fala. Seu bobo… – Por que você está diferente comigo? – Não estou. – Está sim. É por causa do seu noivo? Porque eu não ligo. Quero ficar com você. Não importa que você vai se casar. Na verdade, eu quero que você case comigo. – Realmente você está louco. Não posso me casar com você, nós mal nos conhecemos. E tem outra. Eu não posso fazer isto com ele. Estamos juntos há muito tempo. – O tempo não importa. Se você fosse feliz com ele não tinha ficado comigo. – Escuta. Uma coisa não tem nada a ver com a outra. Eu gosto de você, de verdade. Adoro ficar com você. Mas a vida não é tão simples. Ele foi meu primeiro namorado sério. Minha família o adora. Eu não posso sem mais nem menos o largar para ficar com um cara que mal me conhece, que não conhece minhas manias, meus defeitos. – Para mim, você não tem defeitos. – Estou dizendo que você não me conhece… Desculpa magoá-lo, mas eu vou me casar. E não vai ser com você. É melhor você sair, ainda estou apertada. Saí do banheiro arrasado. Jurava que ela sentia algo por mim, mas percebi que fui usado. Eu não passei de uma despedida de solteira. Meu coração ficou
neto bach
despedaçado. Fui para o banheiro masculino, me tranquei e chorei. Quarenta minutos depois, voltei à minha mesa e fingi trabalhar. Os dias foram passando, o casamento dela se aproximando e minha vida perdendo o sentido. Sei que parece um drama pastelão, mas ela realmente mexeu comigo. Eu voltei a considerar a possibilidade de mudar de emprego. Não estava conseguindo conviver com o fato de olhar para o lado e não ter ninguém olhando de volta. Era como se nada tivesse acontecido. Como se ela nunca tivesse vindo à minha mesa sugerindo que eu fosse gay. Faltando três dias para ela se casar, eu já tinha me convencido de que tudo não passara de uma aventura pré-matrimonial. Que assim como ela, eu também encontraria uma pessoa para passar o resto da vida. Então, comecei a orar para que ela fosse feliz, para que não faltasse amor em sua vida. Desejei do fundo do coração que ela amasse e que fosse amada. E quando você deseja muito alguma coisa, o universo conspira para que tudo se realize. Olhei para o lado. Ela não estava mais na mesa. A movimentação do fim de expediente já tinha começado e todos corriam para o elevador. Ameacei correr, mas desisti. Alguns segundos depois o elevador da direita chegou. Estava vazio. Apertei o botão do térreo e quando me virei recebi um beijo. Um beijo com gosto 18
19
eu só quero mais uma história de amor
de morango. Um beijo apaixonado, quente, excitante, molhado, sufocante… Queria que este beijo nunca tivesse acontecido. Durou poucos segundos, mas parecia uma eternidade. Um beijo de despedida. Um beijo que até hoje me faz morrer de saudade.
PAIXÃO DE OCASIÃO
B
eto é um estudante de teatro apaixonado por Shakespeare. Não sai de casa sem levar consigo um livro do famoso dramaturgo inglês. Esta semana carrega um exemplar de “Sonhos de uma noite de verão”, mas, ao contrário da trama, que tem como cenário uma floresta habitada por seres encantados, o jovem viverá sua fantasia na linha azul do metrô de São Paulo, também frequentada por seres, digamos, “diferentes”. Diariamente, Beto embarca na estação Tucuruvi, a primeira da linha azul, e segue até a estação Paraíso, onde se localiza o sebo em que trabalha meio período, o que garante verba suficiente para bancar seu curso. Sistemático, entra sempre no primeiro vagão e, sempre que possível, senta-se no mesmo lugar, o assento próximo à porta. Distraído, concentra-se em seu livro e não repara nas pessoas à sua volta. Só sai do transe quando o alto-falante anuncia seu destino 20
1
Oberon é o rei das fadas no livro Sonhos de uma noite de verão de William Shakespeare.
21
eu só quero mais uma história de amor
final. Porém, hoje sua rotina foi abalada por velhos conhecidos: Romeo e Julieta. Um exemplar da obra mais famosa de William Shakespeare é segurado delicadamente por uma garota sentada do outro lado do vagão. Mãos pequenas, unhas pintadas de rosa, cabelos louros amarrados como um rabo de cavalo e uma franja que toca a armação transparente de seus óculos retangulares. Usa jeans e uma camiseta branca, suas pernas cruzadas revelam um All Star preto surrado, mas muito estiloso. Uma nerd linda que gosta de Shakespeare. Paixão à primeira vista. Beto ficou encantado, era como se tivesse tomado a poção mágica de Oberon.1 Não conseguia tirar os olhos da garota. Sem perceber, fechou o livro sem marcar a página que estava lendo. Não piscava, não respirava, não fechava a boca. Só esboçou reação quando a garota o olhou. Tentou disfarçar. Olhou para os lados, coçou a cabeça, respirou fundo, mordeu o lábio inferior e quando voltou a olhar a garota, ela ainda o observava por cima dos óculos. “Ela me quer”, ele pensou. Estação Santana, o metrô ficou um pouco mais cheio, um idoso ficou parado ao lado de Beto, que rapidamente cedeu seu lugar, o que fez com que a
neto bach
garota lhe desse um sorriso de aprovação. Ele retribuiu o sorriso e deu dois passos em sua direção. Ficou parado na frente dela e deu uma olhadinha na parte do livro que ela estava lendo. Julieta já estava adormecida, aguardando que Romeo a encontrasse. Já a garota, concentrada no livro, parecia ter perdido o interesse. Muitas pessoas se agitaram no metrô, a estação Sé estava chegando. Um senhor sentado ao lado da garota se levantou, o que para Beto era a oportunidade de ficar mais próximo dela. Seu coração disparou. Ele a olhou, ela levantou a cabeça, as portas se abriram, empurra-empurra, ele hesitou, perdeu o lugar. Suspiro. Ela levanta a sobrancelha como quem diz “vacilou”. Ele dá um sorriso sem graça e disfarça o olhar. “Preciso falar com ela” – ele pensa. – “Não posso perder esta oportunidade. Posso não vê-la novamente”. As estações estão passando. As páginas do livro também. Ele respira mais rápido. Busca coragem. Range os dentes. Ela dá uma olhada rápida para ele e depois volta à leitura. As páginas passam. As estações passam. Romeo chora a morte de sua amada e decide se matar. Beto suspira, busca coragem para falar. Romeo toma o veneno. A garota fecha o livro. Tudo bem! Todos conhecem o fim. É agora. Coragem. Beto abre a boca e… PRÓXIMA ESTAÇÃO: VERGUEIRO. 22
23
eu só quero mais uma história de amor
A garota se levanta. Beto se cala. As portas se abrem. Ela se vai. “Adeus meu, amor.” Uma lágrima escorre e Beto lamenta sua covardia. O metrô segue viagem com destino ao Paraíso. Enquanto isso, a garota sobe as escadas rolantes sorrindo. Pela primeira vez em um mês seu amor notou sua existência. “Grande ideia trazer o Shakespeare comigo”, ela pensou.