Ficção em polpa carnuda – vol. 2; Eliéser Baco

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Ficção em polpa carnuda

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Eliéser Baco

Ficção em polpa carnuda Volume 2

Alternativa Books São Paulo 2016


Copyright©2016 Eliéser Baco Todos os direitos reservados.

ISBN: 978-85-68125-02-1 (coleção completa) ISBN: 978-85-68125-07-6 (volume 2) Editor: Neto Bach Foto de capa: EM Comunicação Modelo: Aline Fernanda Projeto e Preparação: EM Comunicação Revisão: Alternativa Books Editoração eletrônica: Alternativa Books

alternativa books Rua Francisco Escobar, 116 – Imirim 02541-010 – São Paulo/SP Telefones: (11) 2236-2420 / 99590-7330 e-mail: editorial@alternativabooks.com.br


Dedicatória

Aos tropeços em nome da escrita. Aos machucados no olho esquerdo, ou bem próximo dele, por querer enxergar mais que egoísmo e consumo em superficialidade. Ao feijão congelado da estima. À panela de pressão das relações humanas, iniciadas na face do vento literário e ou musical, no teste dos gostos detalhados, tão felinamente arranhados pela febre de viver. Dedico aos loucos, aos enfermos, aos inclinados no parapeito da própria escolha. Às cinco vidas em uma: a social, a individual, a familiar, a profissional, a amorosa. O resto é cálice de inferno, é labirinto de vida, vinho de criaturas, sexo humanoide, fragmento robótico rarefeito. O resto é costurar a própria cura no enlace da mão próxima, no abraço seguinte recebido sem esperar, repentino, repleto de positividade. Agradeço por existir, leitor. Dedico esta obra a você.



Gar, o humanoide


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010 – A polícia alegou que os dois são meliantes sem estrutura psicológica para garantir certeza sobre tais afirmações tendenciosas, fantasiosas e sensuais. Que as mentiras foram descobertas, tão desconexas que eram. Muito barulho por tudo. A imprensa sorri por audiência e outros por ilusão. Nin quer espancar um repórter para saber mais. Paradeiros e pistas sobre a mulher, nas palavras do mendigo, “Extraordinária”. Nin: As mãos dela fazem massagens dignas das japonesas. Suas mordidas nas peras, durante o expediente, é um descaminho para a concentração. A forma como os óculos se ajustam na face combina. Ela geme baixinho e um tom blue. Depois pendurou o repórter, mãos amarradas no alto e ficou torturando-o sem deixar marcas. Cada chute nas bolas do agora, infértil homem, era um tiro de meta, uma lata ilusória na rua da imaginação, a cabeça do sórdido corrupto pego no flagra da vida em felação. Mijou-se. Defecou-se. Chorou e gritou abafado, o rico. Não sabia de nada? Nadinha. Eu já tinha noção disso. Mas deixei as horas correrem para vislumbrar em câmera lenta, sensores potencializados, cada gesto e segundo dos ataques da parceira mais maluca e envolvente que já tive. O chefe não nos deixou ir a Belo Horizonte. De lá a humanoide Andressa caçará pistas, seguirá as vias. Daqui tudo será possível nos meus testes sexuais com Nin, ávida por treinamento com outros corpos e situações. A tara dela seria uma programação, um vírus, uma amálgama desses dois no resultado de seus conhecimentos adquiridos? Seria a desforra da Eva dependurada no calabouço da difamação católica? Não sei. Divirto-me com isso, divirto-me. Os pés dela sabem acariciar meu corpo, sentinela do sexo 8


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contemporâneo. Ela pediu algo sombrio para fazermos atrás. Será que digo? 011 – Muito quente em São Paulo. Rios, poluídos. Pessoas se refugiam em clubes e shoppings. Eu e Nin estamos sem roupa, limpando o corpo um do outro. Ela capturou um homem que viu a sequestradora levar o mendigo. Ele está encapuzado no sótão, feito de masmorra. Estamos na casa alugada para ela. Robenstein é bom poeta e ótimo chefe. Nunca entenderei os poetas. Prefiro-o como chefe. Moro no mesmo bairro de Nin. Estratégia. Estamos ouvindo Arctic Monkeys enquanto conversamos sobre próximos procedimentos legais e ilegais do trabalho. Ela dá muita risada lendo o conteúdo que crio para nosso trabalho rotineiro e falso. Leu também o horóscopo semanal. — Alguém acredita mesmo nisso? — ela pergunta, checando o abdômen cheio de chips, protegidos pelas curvas femininas. As peças têm nomes específicos, não convém detalhar. Não é uma tentativa de deixar de decifrar dados e petrificar essas páginas escritas. Detalhar? Para que criem grupos de discussão a respeito do discurso, nome e mistérios do primeiro humanoide escancarando ao mundo sua existência? Nin e suas partes japonesas, argentinas, marroquinas e canadenses? Eu, minha fusão de coisas, que me tornam esse fato mecânico-humano-industrial, com volúpia adolescente e criatividade de velhaco bom das ideias. Um pouco da boa e pura sacanagem. Minha espada nas mãos de Nin. Sua técnica de masturbação chamada de “acender graveto”, com as duas mãos esfregando de cima abaixo. Acende fácil. Ela quer ser mestra nisso. Garante que um dia fará competição a respeito desses temas que a infectei tão bem. Quer me ver com outras. Pergunta se quero avaliá-la e vê-la com o capturado. — No 9


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graveto? Quero sim. — É o primeiro humanoide tarado que conheço, Gar. Vou ordenhar o capturado, já volto. Fico a terminar a limpeza. 012 – Não é fácil ser humanoide digitador de textos do Sr. Robenstein e, ainda, criador de conteúdo para despistar sobre minha verdadeira missão (estar apto para acatar ordens da empresa que me comprou de quem me criou). Ufa, explicações para rodar os temas e clarear a trajetória. A riqueza do silêncio dos últimos dias. O chefe achou que estou passando dos limites com Nin. Ela foi em missão para Belo Horizonte (BH). Estou com o capturado em minha casa. O chefe cancelou minha autorização para invadir casas. ‘Nadica’ disso por um mês. O sistema operacional reconhece a senha dele. Assim me reprogramará automaticamente logo que virar meia-noite. Quando ouvi ele cochichar isso ao telefone, saí e instalei câmeras nos cômodos dos invadidos, em aposentos etc, para eu ter possível diversão noturna quando o tédio aparecer com seu charuto em névoa destes tempos, sem água. Hoje é dia de debate dos presidenciáveis. Quando o povo tacará fogo em Brasília? Nunca, eu sei. As arenas têm tudo o que eles precisam e querem. E ainda ganham os bolsas papepé para votarem nos governistas, dizem por aí. Sei lá... O capturado está vendado agora. Explicarei dele, agora, como o vendado, ok? Ele fica em silêncio e não incomoda. Parece um cachorrinho dócil. Puxo papo pra saber se ele tá bem. Sabe muito, o vendado, que o negócio comigo é mais embaixo. Quer agradar. Faço perguntas durante a madrugada. Para não deixá-lo dormir demais. Ele é testemunha, oras, dos fetiches da doida varrida, que 10


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ele também nomeia como “Extraordinária”. Tô até curioso. Mas não está muito fácil domar e pegar essa besta-sereia ninfomaníaca. Ele a viu de longe atacando o mendigo. Sedução e um golpe certeiro para apagar o sujeito. 013 – Então, experimentações?! Com mendigos!? Sem levar nenhum órgão para ser vendido? Sem fazer testes em laboratórios debaixo da terra? Seduzir, raptar e usar sexualmente? Algo invade a região das perguntas ‘chipnianas’: estaria sendo obrigada por algum lunático bizarro? Alguma seita em nome de alguma magia sensorial espermatozóidica? A cura através do coito interrompido?! Mas, não foi interrompido, Gar! Dúvidas no patamar cobalto. Busquei algumas informações com humanoides de outras cidades. O rastro dela existe, notícias fantasiosas em jornal de terceira categoria. Nada concreto no cimento da vida. Percebo um chiado na ligação. Triangulação de terceiro? Do próprio humanoide? Captando minha voz, pigarro, certezas e asperezas. Desligo no mesmo instante. Tento contato com Nin. Tento com Robenstein. Saio para ruas e avenidas desta cidade incrível que é São Paulo. Desço na estação Trianon-Masp, linha verde. Cubro olhos para não perceberem movimentos descoordenados. Acontece com a reprogramação, sempre. Desço a rua mais deserta para ir ao prédio de Robenstein. Tenho dois conhecidos em São Paulo: Sofia e Richard. Envio mensagem: “Se eu sumir, contatem Escudeiro. Enviando e-mail”. Todo cuidado é pouco quando se tem informações demais guardadas. Reprogramo algumas coisas sigilosas. Não sei se você que lê tem esse conhecimento a nosso respeito, nós, humanoides... Mas, existem 11


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chips ultracapacitados escondidos em lugares remotos de nossa existência. Tiro fotos com minhas lentes oculares a cada cinco segundos. Uma cena chama atenção na caminhada. Um homem aparentando mais de 40 anos. Barba pintada, carregando um outro, bêbado. Gritou Lince e pareceu chorar. Cada loucura nessas existências... Vejo uma moça e fico preocupado com o envelope que ela carrega nas mãos. Olha fixamente para mim. Está escrito: “Vinho da Vida, E alguns cálices.” Parece uma conjectura diferente essa. Sigo em frente. 014 - Tanto se passou desde meu último texto. Nin ainda não voltou. Aliás, se voltou, nunca soube. Foram meses fora de minha consciência robótica. Era véspera das eleições. Agora é véspera de impedimento da presidente. O Brasil está pior do que depois das eleições. A testemunha que estava trancafiada no meu apartamento, escapou. Não sei o que aconteceu. Quando acordei estava na Praia do Pinho, em Santa Catarina, era madrugada. Completamente nu. Como fui parar lá só meu sequestrador ou sequestradora sabe. Eu fiquei muito tempo sumido. Quem descobriu o que sou? Quantas pessoas sabem? E se chegaram nessa situação, chegaram em Nin também, quem sabe em Robenstein, o bom caduco que é meu chefe. Cheguei à cidade de Balneário Camburiú e procurei roupas em varais. Saí de lá vestindo saia, uma camiseta do Ramones e um par de tênis tamanho 43. Eu calço 44! Um louco ensandecido pelas ruas manhosas da cidade. É dia 18 de abril de 2016. Perdi eleições, Copa dos Campeões, Campeonato Italiano de Vôlei Feminino. Possivelmente, quando Robenstein me repro12


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gramou, algo aconteceu. Preciso voltar para São Paulo. Se eu usar qualquer tecnologia, posso ser rastreado. Que coisa. Em plena era tecnológica. Em plena Sociedade do Espetáculo, eu, aqui, voltando a pé para não ser pego. Olhando aos lados para ver se encontro bicicleta que eu possa levar sem ser inspecionado. Alguém descobriu quem sou. Mais de um ano e agora isso! Talvez eu devesse me entregar ao mar catarinense e ser descoberto daqui tempos por sonda petrolífera, por robôs submarinos. E pensar que posso estar sendo filmado neste exato momento, fotografado, por quem me fez sumir por mais de um ano e agora reaparecer. Acordar para esta realidade estranha. Onde estarão? 015 – O redemoinho que lateja em minha consciência de humanoide, agora, é não saber nada do que ocorreu. Consegui saber do tempo que estive fora do ar através de um jornal, quando saía da Praia do Pinho. Botecos e seus jornais esquecidos. Eu e minha trajetória retirada de mim. E Nin? E Robenstein? Teria alguma relação com as pessoas que encontrei no caminho? O sequestrado deixou se sequestrar para saber quem eu era? São tantas perguntas sem tantas respostas. O mais precário é saber que minha tecnologia não é exatamente a mais avançada entre os humanoides e, que, por isso mesmo, posso ter sido alvo de minhas limitações. Somos todos limitados. Humanos ou humanoides, temos falhas. Muito se vê da perfeição buscada por um lado e por outro. Eu deveria ter sido mais cauteloso com Robenstein. Talvez até mesmo Nin tenha sido pega antes de mim e tenha, infelizmente, dito algo a meu respeito para salvar o chefe. Ou mesmo ela mesma seja do lado contrário 13


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ao meu. Não sou mocinho e não sou vilão. Fui programado para fazer certas funções e as executo muito bem. Talvez, bem, infelizmente, talvez até mesmo Robenstein tenha sido obrigado a me entregar, visto que meu comportamento é insano perto dos demais. Peguei uma máscara de pirata em uma loja de artigos de festa. Consegui puxar 5 reais de um bolso. Entrei na lan house, não consegui acessar meu perfil no Facebook. Robestein escreveu por último lá no dia 13 de março desse ano. Sobre um texto de Eliéser Baco. Talvez seja uma mensagem cifrada pra mim. Eliéser é um dos colaboradores de Robenstein. Amigos? Não sei até onde. O texto se chama O cão de pelo duro. Preciso ler. 016 – Eliéser Baco terminou o blog dele em 19 de abril de 2016. O texto que precisei ler é curto. Cita Cat Power: The Greatest. Texto cifrado. Fragmentado. “Queria poder traçar o mapa de alguns pensamentos que tive a respeito de alguns mistérios.” Talvez essa frase diga sobre humanoides como eu. Eliéser Baco sabia de mim? De Nin? Ou é só mais texto besta com frases intercaladas? “Estive a ler alguns trechos do futuro. E foi uma canção bela que ouvi enquanto lia”. O futuro são os humanoides. Mas já estamos entre os humanos. Talvez seja sobre isso. Ele quer contar ao mundo? Ou está estupefato e besta, como deve ser mesmo, com o descobrimento? Fui programado para escrever 285 caracteres por vez. Por isso algumas frases precisam se desconectar e depois lá na frente serem retomadas. Preciso chegar a São Paulo e encontrar esse tal Eliéser Baco. Esse texto é de 13 de março de 2016. Um mês depois encerrou o blog. Foi obrigado a encerrar? Ele tem perfil no Facebook. E es14


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creve uma página lá. É a revista digital de Robestein: Observatório Cultural Miradouro. Largada como as páginas deixadas para trás, mencionadas no O cão de pelo duro. É tudo um labirinto essa porra. Essa merda de lan house pede minha retirada. Um doido com vestido e máscara de pirata tendo que mancar até São Paulo. Ou pegar carona em um caminhão nessas estradas roubadas do povo. Estou menos perdido do que antes. Nem poderei apreciar as catarinenses. Elas perceberiam meus olhos tremerem? Minha programação tenta acessar maquinário e não consegue. Sou humanoide só na tarja de fabricação. Inútil como arma cibernética. Ferro, quase velho, no litoral de vento bom. Vejo belo rabo passando. 017 – Tiram sarro de mim enquanto passam com seus possantes. Se eu pudesse faria com que um parafuso apenas desse uma trincada pra ver esses trouxas ribanceira abaixo. Não. Brincadeira. Politicamente incorreto. Preciso mentir e dizer a mim mesmo que, seja qual for o Deus deles: Ele está perto deles agora, convencendo que a hóstia ou seja lá o que comeram no templo, fará deles magicamente alguém melhor. E não é assim. É? Está tocando Tiê no carro que se aproxima de mim. Espero que não pare. Meus ouvidos começam a funcionar melhor. Captando áudio a centenas de metros antes do objeto me alcançar. Espero que quando um tiro for disparado ou um bumerangue vier ao meu encontro, funcione também. Essa música da Tiê é bonitinha até. Será que algum homem choraria de saudade ouvindo “A Noite”? Eu não tenho sensibilidade emotiva. Tenho programação para compreender esses pareceres, nos olhos dos 15


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outros. O carro passou diminuindo a velocidade. Deu seta para estacionar e logo acelerou, quando percebeu que eu sou um pirata de saia, manco e de olhos que parecem tremer. A sina de um humanoide perdido. Estive relembrando meu tempo com Nin. Foi curto. Um tanto machista. Do modo como as pessoas não gostam. Ou que não querem mais gostar. A fabricação de homens e humanoides é parecida. Somos criados formatados. É difícil acessar movimentos que nos desacelerem de antigas programações. Para mim é mais fácil. Meu chefe, Claude, acessava comandos, digitava pareceres, era lida sua digital. Era conferida sua íris. E pronto. Quando eu fosse religado, era novo humanoide. Com homens ainda não é assim. Se conseguirem implantar chips nos cérebros para desenvolvê-los, protegê-los e guardar suas informações, será possível reprogramar algo? Seria interessante. 018 – Fui de carona em um caminhão até Curitiba. Para quem curte dados técnicos: 934 metros de altitude. Fundada em 1693. Cidade Sorriso? ‘Carai’. Habitantes conhecidos pela antipatia. Ufanismo antigo esse apelido. Será visita estratégica. Preciso me limpar. Viajei com porcos. Preferi assim quando percebi o caminhoneiro querendo trocar as marchas no meu corpo. Raio de sol não apareceu. São dois dias entre acordar da minha hibernação, caminhar feito um puto, pegar carona e chegar aqui. Parece que tenho peças enferrujadas. Olho o nome da praça: General Osório. Pelo meu banco de dados, uma homenagem a um herói da Guerra do Paraguai. Curioso isso. Em tempos de todos contra todos, no Brasil. Bem arborizada. É noite. Me jogo den16


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tro do chafariz da praça. Ao menos tirar essas coisas sujas do meu corpo. De roupa mesmo. Me esfrego por debaixo da saia, das outras roupas. O máximo que acontecerá é não conseguir sair. Sentado enquanto peças em curto-circuito. Meu sistema aguenta até 5 minutos. Depois precisarei sair. Levo 3 minutos somente. Ando rápido quando percebo cacetes no ar. Meu sistema de ventilação liga sozinho. Placas, peças, parafusos. O futuro do homem sou eu. Alguma cientista condecorada na primeira província feminista do Brasil desenvolverá motivos e tecnologia para capitalizar homens sem a cultura do machismo, do estupro, da selvageria gratuita contra pessoas fisicamente desprotegidas. E pensar que eu adoro perversões com Nin. Está viva? A diferença possível é que Nin pedia e ou autorizava perversões. E nada mais sucumbe senão pintos murchos, impotentes, retirados na raiz ou castrados quimicamente, no futuro da humanidade. Bem feito! O meu é valvulado e holandês. Soa melhor assim? Opa! Acho que vi um humanoide, dobrar a esquina com a Voluntários da Pátria.

(Continua no Volume 3)

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