los
ANGELES m o n o g r a f i a para disciplina de teoria e história da arquitetura e u r b a n i s m o c o n t e m p o r â n e o s
Universidade de São Paulo Instituto de Arquitetura e Urbanismo São Carlos- 2013 adilson santos|ana tereza costa|mariane scarpellini|mirela petrarolha|nicole oliveira|simón e vidal
Índice I-
Cidades Globais Norte-americanas 1970-2000 breve contextualizção socio-cultural
-Cidades Norte-Americanas -Los Angeles : aspectos territorias e populacionais
5 7 11
II - Aspectos Urbanos e Crescimento de Los Angeles
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freeways, urban sprawl e industrialização -Introdução -A Los Angeles pós-moderna -Desenvolvimento urbano, urbanização e industrialização -De Chicago a Los Angeles: modelo de urbanização
17 18 19 21
III- Arquitetura, Consumo e Poder:
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aspectos da produção arquitetônia , cultuta de massa e mecanismos organizacionais -A sétima arte e o imagético na arquitetura de LA -A Transmissão do Poder -Ensino da Arquitetura em LA
29 34 37
IV -Junta comunitária
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-Da família à cidade -Juntas Comunitárias e Novos Paradigmas socio-ambientais -Imigrantes -Os guetos, as gangues e a “limpeza social” -Cultura de defesas armadas e de fronteiras em prol de um conceito de vida de luxúria.
43 47 57 58 62
V - Conclusão VI- Bibliografia
73 74
aspectos sociais, culturais e novos paradigmas socioambientais em la
Los Angeles
I- CIDADES GLOBAIS NORTEAMERICANAS 1970-2000 BREVE CONTEXTUALIZAÇÃO SOCIO-CULTURAL
Cidades Norte-Americanas
Os anos seguintes ao final da II Guerra Mundial foram anos de extensas mudanças na economia mundial, mudanças essas figuradas principalmente pelas ações dos Estados Unidos no que ficou conhecido como Welfar State, marcado pelo keynesianismo que se configurou como medida política para reorganizar a economia que se encontrava abalada com o final da guerra. O Keynesianismo, no entanto, se mostrou uma medida pouco rentável por garantir uma manutenção dos benefícios sociais através do Estado. As medidas keynesianistas logo se encontraram substituídas pelo neoliberalismo, personificadas na imagem de Margareth Tatcher, o qual propunha um Estado que busca equilíbrio dos investimentos econômicos das empresas privadas em detrimento dos serviços de caráter social. É a fase onde as privatizações dos bens do Estado passam a vigorar no cenário econômico mundial. É nesse contexto socioeconômico que está presente a reflexão sobre o modelo de crescimento das cidades norte-americanas, em especial, a cidade de Los Angeles, que para MONGIN (2009) é chamado de “losangelização”. ARANTES (2002) em seu texto “A cidade do pensamento único” vai comentar sobre como a presença do capital privado e desse novo modo de pensar a cidade, alheio ao que Le Corbusier pensava sobre uma cidade adensada e do modelo de cidade máquina, vai compor a nova forma de construção das cidades americanas:
“Qualquer
que
seja,
no
entanto,
o
esquema
explicativo
do
lon-
go descenso da economia mundial, o fato é que, com o fim da Era do Crescimento, o planejamento urbano, destinado por definição a discipliná-lo, simplesmente perdeu seu caráter de evidência e cifra da racionalidade moderna, tornando-se o alvo predileto da ofensiva liberal-conservadora, politicamente vitoriosa a partir de 1979/80.” (ARANTES, O. 2002, p.21 )
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Com a imigração e a migração de uma parcela da população do campo para as cidades, as décadas de 1960-70 passaram a simbolizar uma nova era para as grandes cidades. As metrópoles americanas apresentam então um boom populacional jamais visto outrora. A cidade de Los Angeles então vai ser uma das metrópoles americanas que apresentará esse crescimento desmedido figurado principalmente pela extensão territorial urbana que vai se basear em um modelo não centralizado, a moldes de uma cidade que se amplia apoiando-se no sistema rodoviário de vias expressas (as freeways). É com base nesse modelo que Los Angeles vai crescer: distritos de periferia, os subúrbios, que se conectam se e somente se houver o veículo automotivo para ajudar no deslocamento. A esse tipo de dispersão espacial, MONGIN vai denominar “economia de arquipélago”. Para ele: “A dispersão geográfica das atividades econômicas exigem que se reconstituam ‘centralidades’, a saber, cidades globais ‘concentrando funções de comando’. Mas essa extensão geográfica passa pela emergência de uma economia de arquipélago cujas características são dispersas (...). Essa economia é igualmente líquida no sentido em que é fluida, móvel, sujeita às correntes e às mudanças climáticas, mas também capaz de adaptações rápidas, como o curso de um rio ou uma corrente. A capacidade de cidade global de Nova York em encontrar respostas (deslocamento das sedes das multinacionais para outros bairros...) ao atentado do 11 de Setembro é testemunha disso” (MONGIN, O. p. 187, 2009)
É esse padrão de dispersão territorial que vai dominar os Estados Unidos a partir da segunda metade do século XX com padrão estritamente residencial e, a partir dos anos de 1970, com um padrão econômico dominante, já que os centros das cidades deixam de concentrar as indústrias e a economia e os empregos extravasam para os subúrbios. Nas palavras de Mongin “a sociedade americana se reinventou como suburbana”. Para o autor:
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“Os baldios industriais que se vêem em cidades como Chicago, Detroit, Toledo, Indianápolis e Los Angeles testemunham isso. Foi o momento da reestruturação da economia industrial, a partir dos anos 1970, que as empresas escolheram deixar a cidade e se instalar nos locais que, mais adaptados às exigências atuais, se localizavam na proximidade do ambiente atual (argumento central para os americanos), dos lugares de moradia dos trabalhadores graduados que se beneficiavam da rede viária e rodoviária para seus deslocamentos.” (MOGIN, Olivier, 2009, p. 199)
É em função dessa migração das indústrias para os subúrbios que se dará o reconhecido crescimento de Los Angeles. Da década de 1940 a 1990 a cidade vai ter seu crescimento triplicado, aproximando-se a 9 milhões de habitantes, representando, sozinha, um aumento de população maior que a população corrente dos 39 estados americanos. O crescimento, apoiado nas freeways resulta no denominado “urban sprawl”, sendo que isso significa uma ampliação do tecido metropolitano, extendendo-se indefinidamente pela franja oeste do estado da Califórnia. Esse esparçamento, no entanto, como sublinhou Boone (1998) em seu artigo para a revista Cities: “Along with the sprawl has come socioeconomic spatial differentiation, another infamous characteristic of Los Angeles (Modarres, 1994; Allen and Turner, 1997; Soja and Scott, 1996). Los Angeles County is divided into 88 municipalities, and each jealously guards its autonomy. Though individual municipalities contain a cross-section of people, many distinguish themselves by catering to people of a certain class, ethnicity or income. In this regard Los Angeles is not wholly unusual. Typically, industrial cities of the late nineteenth century had greater degrees of socioeconomic segregation than earlier commercial cities. Partly it had to do with the greater disparity of incomes made possible under industrial economies, but also to new transportation technologies that permitted greater mobility. Street-
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cars and automobiles provided first the well-to-do and then the middle class with a wider range of residential location choices (Ward, 1971; Warner, 1978; Jackson, 1985). In the early nineteenth century, when walking was the primary means of moving around the city, wealthy and poor lived closer to one another. Social barriers, however, maintained a pattern of ‘micro-segregation,’ spatial separation on a small scale, such as a block, or even part of a block (Lewis, 1976). In the industrial city of the late nineteenth century, wealthy and poor tended to live further from one another, creating a pattern of macro-segregation (Ford, 1996, 556; Radford, 1979, 345). Los Angeles County is a classic example of a macro-segregated urban region.” (BOONE, Christopher G, Cities, Vol 15, nº 3, p. 155-163, 1998)
Essa micro-segregação da qual cita Boone vai compor a nova urbanidade dos subúrbios norte-americanos. Enquanto existem os grandes “centros” econômicos, onde se localizam empresas, bancos, agências de serviços especializados, shoppings e centros de compra, lazer entre outras atividades, há os subúrbios periféricos, nos quais vivem populações de baixa renda e trabalhadores das indústrias. Com a distância acentuada entre ambos, e tendo em vista que o deslocamento baseia-se pura e simplesmente na dependência do automóvel, aqueles que possuem poucos recursos não podem aceder aos serviços dessas “centralidades periféricas”. O cenário relatado por Mogin, portanto, possibilita en xergar uma polaridade bem clara entre tipos de ocupação de baixa densidade próximos à áreas de serviços e negócios e “guetos e zonas onde é impossível residir sem se deslocar”. Muitas vezes ressaltado neste trabalho, a dependência pelo automóvel vai caracterizar a peculiaridade da cidade de Los Angeles. De acordo com Micheal Dear (2005) são comprados 2000 automóveis por dia no estado da Califórnia, mais especificamente na cidade de Los Angeles. Esse vai se tornar um problema (juntamente com a poluição industrial) para a cidade que na década de 1970 vai se destacar entre a mais poluída do mundo, algo que vai ser apresentado neste trabalho.
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Los Angeles : aspectos territorias e populacionais
“A Galáxia Urbana dominada por Los Angeles é a metrópole que mais rapidamente cresceu no mundo industrial.” A galáxia urbana de LA cobre uma área de 10 mil Km², sua população na década de 90 era de 15 milhões de pessoas e previase um crescimento de 7 a 8 milhões. A metrópole abrange seis condados e um canto da Baja Califórnia se agrupando em torno de dois super-núcleos Los Angeles e San Diego-Tijuana e de uma dúzia de centros metropolitanos principais em expansão. As terras possíveis de serem ocupadas desapareceram nas planícies costeiras e nas bacias interioranas e como a crescente inflação do valor da terra, em ritmo acelerado, o acesso a novas residências durante a expansão da cidade ficou restrita a menos de 15% da população. Assim o deserto tornou-se o foco da expansão para as pessoas de mais baixa renda. O Vale do Antílope quase dobrou de população nas décadas de 80 e 90 e se esperava mais de 250 mil habitantes até 2010. O modelo de urbanização encontrado aqui são os incorporadores limpando, nivelando e pavimentando o terreno, puxando alguns canos do rio artificial local, construindo um alto muro de segurança e acomodando a moradia produto. Eles vêem o deserto como apenas mais uma abstração de sujeira e cifrões. Essa lógica de subdivisões em lugares esterilizados totalmente desprovidos de natureza e de história, cuja diretriz visa somente o consumo familiar privado é responsável por criar um não lugar. Assim os incorporadores não estão apenas reempacotando o mito da boa vida no subúrbio para as novas gerações como também estão fomentando um novo e crescente medo da cidade. A polarização social aumentou quase tão rapidamente quanto a população. Uma pesquisa de tendências da renda familiar de Los Angeles nos anos 80 sugere que as rendas altas de cinqüenta mil dólares ou mais quase triplicaram, as Los Angeles
baixas de até quinze mil dólares cresceram um terço e a camada média desmoronou pela metade. Essa acumulação de capital cria as grandes disparidades sociais responsáveis pelos precipícios entre os guetos e os subúrbios elitizados e murados. Os piores temores da geração de 80 sobre as conseqüências do excessivo desenvolvimento orientado para o mercado que estava acontecendo se concretizaram. Muitas décadas de pouco investimento na construção de casas e na infra-estrutura urbana com grotescos subsídios aos especuladores, um zoneamento permissivo para o desenvolvimento comercial, ausência de um planejamento regional efetivo e impostos territoriais ridiculamente baixos para os ricos, asseguraram a erosão da qualidade de vida de todos os níveis sociais. Esse cenário apocalíptico delineado por Mike Davis responde a sua famosa teoria de que “O melhor lugar para examinar a Los Angeles do próximo milênio é em meio às ruínas de seu futuro alternativo”. Escavar as futuras ruínas da cidade de LA é ler seu desenvolvimento baseado no que ela foi, é e será. Para tanto depois de uma longa análise das relações entre sociedade e cidade por meio de seus conflitos através da óptica de um não estrangeiro o autor busca supor um futuro não fictício para a cidade da ficção.
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Imagem 1 (referência: Overdrive)
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Imagem 2 (referência: http://www.dot.ca.gov/hq/paffairs/images/110tway.jpg)
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II-ASPECTOS URBANOS E DE CRESCIMENTO DE LOS ANGELES FREEWAYS, URBAN SPRAWL E INDUSTRIALIZAÇÃO
Introdução
A cidade de Los Angeles resulta importante para a arquitetura porque, em 20 séculos, tem sido testemunha de uma constante expansão populacional e provavelmente se converterá na nação metropolitana maior da área. A escala, sua importância política e econômica são razões suficientes para justificar sua relevância no país já que, por exemplo, em termos de população a cidade é a segunda mais povoada dos Estados Unidos, o produto bruto por pessoa a coloca em 4º lugar do mundo. Também a região é conhecida por seus padrões de consumo, mais de 2000 automóveis são vendidos diariamente. LA não é igual a outras cidades. Todas têm uma marca arquitetônica que as caracteriza:, Nova Iorque e seus arranha céus, Roma e suas igrejas, etc. Los Angeles não, apenas a iconografia do mau gosto. Os observadores do meio de comunicação veem a Los Angeles como se mostra os filmes, similar a uma imagem de labirinto, uma cidade de mentira e decepção. Para as pessoas que viveram alguma vez em Los Angeles, os filmes e séries de televisão que mostram a cidade, muitas vezes são ficções incomodamente próximas da realidade. Por exemplo, a qualidade do ar, a pesar das melhoras, segue sendo a pior do país. A expansão física da zona urbanizada tem gerado outras crises agudas afetando ao meio ambiente, em especial os relacionados com o serviço urbano, abastecimento de água, eliminação de resíduos tóxicos e águas residuais. Estes problemas junto às características naturais perigosas de LA (terremotos, inundações, deslizamentos, incêndios) estão demonstrando cada vez mais que é impraticável que o sul da Califórnia continue atuando como um imã para o desenvolvimento sendo o cuidado com a natureza deixado em segundo plano. Imagens de pessimismo são, todavia, um contraste com a presença de uma indústria dedicada à fantasia, ao glamour e riqueza, conhecida universalmente como “a indústria”. O cinema e a televisão mantém um fluxo constante de extravagantes versões de representação da cidade. Na história de Los Angeles, os terremoLos Angeles
tos não perturbam o ritual de pedir exatamente o tipo correto de café, quer dizer, as condições ambientais da cidade não são de importância para os habitantes da cidade. As localizações intencionais e a presença de uma das mais extensas redes de transporte público do país fazem que a descentralização seja possível e até necessária para a vida diária. Angelinos diariamente reinventam sua cidade, portanto não é necessário ir ao centro para desfrutar de eventos de entretenimento, culturais da cidade pós-moderna. Há grandes distritos de teatros no centro Pasadena, Hollywood, Long Beach e Orange County. Florece arte em Santa Mônica, ao longo de Wilshire Boulevard, e em cima de uma montanha em BretWood, de fato o centro de LA não é o centro para a maioria da população da região, muitos angelinos nunca estiveram ali.
A Los Angeles pós-moderna
A crescente permanência do local na cidade pós-moderna tem sido facilitada pela aparição de um capitalismo global. A aparição do pós-fordismo deu lugar a um fluxo acelerado de capital global. Estas tendências conectaram o local com o mundial, o que passe no centro de LA amanhã, pode ser consequência das flutuações de ontem no mercado de trabalho no oeste da Ásia. Em casa, as consequências tem sido uma rápida desindustrialização no cinturão de neve e reindustrialização no cinturão solar. Los Angeles, de uma forma tipicamente pós-moderna, está experimentando ambas simultaneamente. Dentro de seus limites, a cidade conta com vestígios de uma importante indústria de fabricação de automóveis, assim com torres de alta tensão. LA é “a cidade da informação”, mas que, ao mesmo tempo a proliferação do salário mínimo, permitiu o aumento de empregos da indústria de serviços a tempo parcial e do setor informal massivo. Em termos sociais a metrópole pos-moderna é cada vez mais minoritária e polarizada ao longo de questões de classe, salário, raciais e étnicas. As cidades desfavorecidas são majoritariamente de negros. São famílias cada vez mais
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perturbadas pelas exigências de um lugar de trabalho desorganizado e flexível (a pressão exercida pelos pais para trabalhar ou a necessidade das famílias que se amontoam para aceder a uma moradia). Estas tendências se agravaram pelo particularismo, assim como os efeitos de uma privatização iniciada por Reagan e que não mostra sinais de diminuição. Em casa, a retórica de menos governo se refletiu na aversão do governo para fazer frente aos problemas sociais, econômicos e políticos, assim como o aumento do “federalismo fiscal” (as transferências fiscais para as cidades da Califórnia na década de 1990 se haviam reduzido em dois terços, de seus níveis de 1980), problemas na reprodução social, a comunidade e o interesse público consequentemente passaram para segundo plano. Em efeito, os governos e a população se colocaram de acordo com a diminuição da mancomunação. De todas as formas, a economia política urbana de LA, não é muito diferente de muitas outras cidades da América do Norte ou Europa, exceto por sua escala e diversidade que ousa certas tendências, em geral, positivas.
Desenvolvimento urbano, urbanização e industrialização
Reyner Banhan em 1973 endureceu o mapa de Los Angeles e sua paisagem, tanto que, até o dia de hoje segue sendo poderoso e reconhecível. Ele identificou 4 áreas ou ecologias: Surfobia (cidades costeiras), Foothills (os privilegiados), The plains of ID (as intermináveis planícies centrais) e Autopia (autopistas). “SURFOBIA: as praias são o que devem invejar outras metrópoles. LA é a maior cidade localizada na costa no mundo inteiro. THE FOOTHILLS (colinas): O lugar em que o econômico e o topográfico coincidem completamente (residências de pessoas com maior poder aquisitivo). Aonde estreitos caminhos conduzem a luxuosas residências em terrenos inclinação acentuada e exLos Angeles
tremamente privadas. THE PLAINS OF ID: planície sem fim, quadriculada e com ruas infinitas, salpicada por casas agrupadas em bairros atravessados por infinitas autopistas, que destruíram o espírito de comunidade que em algum momento pôde existir. AUTOPIA: Para Banhan o sistema de autopistas é em sua totalidade um lugar compreensível, configurador da cidade, um completo estilo de vida.” Já Douglas Suisman diz que não são as autopistas, são os bulevares que determinam a estrutura física da cidade. Um bulevar é a superfície da rua que:
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Faz conexão arterial com a escala metropolitana. Da uma estrutura para o destino cívico e comercial. Atua como filtro contiguo dos bairros existentes.
Suisman argumenta que eles fazem mais do que estabelecer um padrão organizacional, eles constituem “a irredutível armadura dos espaços públicos da cidade” e são carregados de significância social e política, algo que não pode ser ignorado. Para Ed Soja, Los Angeles é uma metrópole descentralizada, poderosa pela insistente fragmentação do pós-fordismo cada vez mais flexível, desorganizando o regime de acumulação capitalista. Acompanhando esta mudança, encontramos uma consciência pós-moderna, uma reconfiguração cultural e ideológica que altera quando experimentamos fazer sociedade. Esta mantém os centros bloqueados, como ponto de vigilância para que o Estado exerça seu controle social. Além do centro se estende uma mescla de pedaços de cidadelas intercaladas por bulevares. A consciência urbana é uma estrutura complexa, enormemente fragmentada.
Estes três esquemas outorgam diferenças entre as paisagens de LA. BanLos Angeles
ham considera a cidade global como um dorso e reconhece três componentes básicos (Surfubia, Plain e Foothills), como as artérias que as conectam (freeways). Suisman muda nossa visão das artérias para as veias da vida diária (os bulevares). Soja considera o corpo, articulando os veículos entre economia, política e cultura pósmoderna, para exemplificar a fragmentação e a diferenciação social em Los Angeles.
De Chicago a Los Angeles: modelo de urbanização
Se bem a distância entre as duas cidades é grande, a distância intelectual entre ambas pode ser insuperável. Como passaremos de uma visão da evolução urbana que dominou o discurso durante a maior parte do século XX (baseado no exemplo de Chicago), a uma nova visão baseada na hipérbole florida do sul da Califórnia? Como saberemos se uma mudança tal, se for possível, é realmente desejável? As teorias gerais da estrutura urbana são um bem escasso. Um dos modelos mais populares da estrutura urbana se associa a um grupo de sociólogos que surgiram em Chicago nos anos de 1920 e 1930. Segundo Morris Janowitz, a “escola de Chicago”, foi motivada a considerar a cidade como “um objeto de análise sociológica individual”, digna de uma distinta atenção científica: “A cidade não é um artefato ou uma disposição residual, pelo contrário, a cidade encarna a verdadeira natureza humana. É uma expressão de uma humanidade em geral e especificamente das relações sociais geradas pela territorialidade”. O mais duradouro dos modelos da escola de Chicago foi a teoria dos anéis concêntricos, com base em suposições que incluem uma superfície de terreno uniforme. Burgess concluiu que a cidade tende a formar uma serie de zonas concêntricas. As prinLos Angeles
cipais metáforas ecológicas invocadas para dizer esta dinâmica eram a invasão, a secessão e a segregação, pela qual as populações filtram gradualmente até o exterior do centro. O modelo se baseia na persistência de altos níveis de imigração da cidade. Outros urbanistas destacaram a tendência de que as cidades crescem em forma de estrela, em lugar da forma concêntrica, ao longo das estradas que surgem de um mesmo centro. Esta observação deu lugar a uma teoria de setor (sector theory) da estrutura urbana, e a ideia avançou até finais de 1930 por Homer Hoyt, quem observou que uma vez que se apresentaram variações nos usos próximos ao centro da cidade, estes tendem a persistir já que a cidade se expande. Setores distintos assim surgem da CDB, frequentemente organizados nas principais autopistas. A complexidade do urbanismo no mundo real se tomou mais na teoria dos múltiplos núcleos de CD Harris e E. Ullman. Propõe-se que as cidades têm uma estrutura celular em que desenvolve usos da terra em torno de vários núcleos de crescimento dentro da metrópole. Harris e Ullman também permitem que a estrutura urbana no mundo real esteja determinada por forças sociais e econômicas mais amplas, a influência da história e as influências internacionais. Mas qualquer que sejam as razões exatas de sua origem, uma vez que os núcleos se estabeleceram, as forças de crescimento gerais reforçam seus padrões preexistentes. Grande parte da agenda de investigação urbana do século XX se baseou nos preceitos de zona concêntrica, setor e teorias de múltiplos núcleos da estrutura urbana. Suas influências se podem ver diretamente na estrutura intra-urbana, os estudos da economias urbanas e os desenhos de cidades ideais e bairros. A popularidade específica e persistente do modelo de anéis concêntricos de Chicago é mais difícil de explicar, no entanto, dada a proliferação de provas em apoio de teorias alternativas, as razões mais prováveis para a sua resistência estão provavelmente relacionadas com sua simplicidade sedutora e o enorme volume de publicações produzidas pelos seguidores da escola de Chicago.
Los Angeles
Durante a década de 1980, um grupo de acadêmicos vagamente associados, profissionais e ativistas com sede no sul da California, se deu conta de que o que estava sucedendo na região de Los Angeles era de alguma maneira um sintoma de uma transformação sócio-geográfia mais ampla que tem lugar dentro dos Estados Unidos em seu conjunto. Uma das primeiras manifestações da emergente “Escola de Los Angeles” foi a aparição em 1986 de um número especial da revista Sociedade e espaço, que se dedicou por completo à compreensão de Los Angeles. Em seus comentários introdutórios a essa questão, Allen Scott e Ed Soja referem a Los Angeles como a “capital do século XX”, invocando deliberadamente a referência de Walter Benjamin a Paris como capital do século XIX. Os contornos crescentes de uma LA autoconsciente deu forma a uma serie de reuniões e publicações que se produziram durante a década de 1980. Uma reunião crucial, no Lago Arrowhead, na qual assistiram Dana Cuff, Mike Davis, Allen Scott, Ed Soja, Michael Storper e Jannifer Wolch, ale de alguns outros. Ainda assim, em 1990, em sua crítica penetrante do Souther California urbanism, Mike Davis foi capaz de fazer referência específica à crescente presistência da escola. Lodo, em 1993, Marco Cenzatti publicou um pequeno folheto que foi, o primeiro a examinar de forma explícita o enfoque e o potencial de uma escola em Los Angeles. Em resposta a Davis, afirmou que os profissionais da Escola combinam preceitos da Escola de Chicago e Frankfurt (que dizer um lugar de atenção, além de um projeto comum): Assim, Los Angeles vem a cena não somente como modelo ou paradigma acabado da nova dinâmica, sinão como um laboratório que é em si um componente integral de uma produção de novas formas de análises do urbano. Assim com a Escola de Chicago surgiu em um momento em que a cidade estava chegando a um novo protagonismo nacional, Los Angeles agora está fazendo sua impressão na mente dos urbanistas do mundo todo. E, como Escola de Chicago, suas pesquisas teóricas se centram não somente em uma cidade específica, senão também em questões mais gerais relativas ao processo urbano. Cenzatti identifica um tema comum a todos os seguidores da Escola de Los Angeles, que é um enfoque na reestruturação, que inclui a desindustrialização e a reindustrialização, o nascimento da economia da Los Angeles
informação, o declive dos estados-nação, o surgimento de novos nacionalismos, e o auge da Bacia do Pacífico. Estas lógicas que proliferam muitas vezes envolvem múltiplos marcos teóricos que se sobrepõem e convivem em suas explicações da nascente ordem global ou local. Esta heterodoxia é coerente com o projeto da pós-modernidade, e não é coincidência que Los Angeles chegou a ser considerada como a metrópole pós-moderna prototípica. Los Angeles, sem dúvida, é um lugar especial. Mas os seguidores da Escola de Los Angeles não discutem se a cidade é única, nem necessariamente um pressagio do futuro, a pesar de que ambos os pontos de vista são, em algum nível uma verdade demonstrável. As peculiares condições que levaram agora a aparição de uma escola de Los Angeles pode ser uma coincidência: (a) que uma especialmente poderosa intersecção de projetos de investigação empírica e teórica se reuniu neste lugar e tempo, (b) que estas tendências ocorreram na que foi historicamente a segunda cidade mais estudada nos Estados Unidos, e, portanto, são acompanhadas por explosões de energia e emoção, (c) que estes projetos trouxeram a atenção de um conjunto de estudiosos cada vez mais conscientes de si mesmos e profissionais, e (d) que o mundo se enfrenta à perspectiva de um século de Pacífico, no qual o sul da Califórnia, provavelmente se converta em uma cidade global. A validade e o potencial da Escola de Los Angeles se derivam principalmente da intersecção destes acontecimentos, e a promessa que estas constituem para uma re-criação da teoria urbana.
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III- Arquitetura,Consumo e Poder ASPECTOS TURA DE
DA PRODUÇÃO ARQUITETÔNICA , CULMASSA E MECANISMOS ORGANIZACIONAIS
A sétima arte e o imagético na arquitetura de LA
Morrow Mayo, citado por Mike Davis em a Cidade de Quartzo afirma que Los Angeles não é uma mera cidade, pois para ele desde 1888 ela se tornou uma mercadoria, anunciada e vendida para o povo americano e para o mundo capitalista como qualquer outro bem de consumo. Partindo disto afirma que a Intelectualidade desta cidade não deixa de ser uma mercadoria como ela própria, pois analisando a história da cultura de Los Angeles não se pode deixar de perceber que esta não produziu uma intelectualidade nativa, assim como São Francisco, por exemplo, e sim teve quase toda sua classe intelectual importada de outras regiões ou países. Para os pertencentes a esta classe privilegiada se mudar para LA era romper a ligação com a realidade nacional, perder sua base histórica vivencial e seu distanciamento crítico em prol de uma fraude vazia e mercadológica, no entanto essa percepção foi adquirida com o tempo. Inicialmente Los Angeles se comportava como o paraíso, para o mundo seu significado histórico era sua singularidade. Segundo Mike Davis ela surgiu para desempenhar o duplo papel de utopia e de distopia para o capitalismo avançado. E assim ela acabou se tornando um destino essencial para todo intelectual que quisesse dar uma olhada e obviamente emitir uma opinião sobre tal cidade impar em todo mundo. No fim do século XIX foi criada a imagem da Califórnia Meridional como terra prometida e ao fazê-lo escreveram o roteiro para as especulações imobiliárias do século XX da qual trataremos com mais propriedade mais adiante. Segundo a Cidade de Quartzo o eixo fundamental do conflito cultural em Los Angeles sempre esteve em torno do “mito da cidade” nos âmbitos de sua construção e interpretação, o que compreende a paisagem real como um meio para a especulação e dominação. Comparada a outras grandes cidades, Los Angeles foi projetada e ou planejada de forma muito fragmenta, sem uma unidade claramente visível, no entanto por sua grande relevância e por sua imagem criada ela sempre foi imensamente visualizada pelo globo. Um método para melhor avaliar a intelectualidade da cidade é dividi-la em três grandes correntes para facilitar a formação de uma panorama geral. As maiores intervenções coLos Angeles
letivizadas de intelectuais na formação cultural de Los Angeles foram: os Incrementadores, os Noirs, e os Mercenários, mas também podemos citar os Exilados como mais uma intervenção que é relevante só que não atingiu as mesmas proporções das demais. A primeira leva de intelectuais foram os Incrementadores. Eles foram os primeiros a construir a imagem da Califórnia Meridional que dominou a imaginação popular na virada do século XIX para o XX. Tal imagem era uma mistura de mito da missão com obsessão pelo clima, conservadorismo político e racismo velado e esteve a serviço da oligarquia em seus objetivos financeiros. Esse primeiro momento começou a se enfraquecer depois da primeira guerra mundial e por todas as suas conseqüências chegaria ao fim rapidamente abrindo espaço para uma próxima geração. Nos anos seguintes os novos grupos tinham como intuito desmascarar a farsa do mito da missões e uma das contribuições para tanto foi a nova ênfase dada a centralidade da violência de classe na construção e consolidação da cidade. Essa foi a primeira denúncia a falsa urbanidade de Los Angeles e a um romantismo paisagístico que daria a luz a um forte e durador estereótipo. Neste momento também houve uma engenhosa desconstrução do mito por meio da recuperação das raízes da Califórnia meridional e da transmissão da história dos genocídios e da resistência dos nativos durante os anos de 1850 e 1860. Os Noirs foram grupos que surgiram no começo dos anos trinta quando o empobrecimento e a radicalização das classes médias atingiram LA mais fortemente do quem em qualquer outra parte dos Estados Unidos das Américas. Tais classes médias estavam desorganizadas em razão da depressão na Califórnia Meridional assim tornaram-se as protagonistas originais do Noir. Nos anos 40 surge o film noir, uma permutação dos temas dos romances de Los Angeles dos anos 30 na qual observamos as fenomenologias da moral das classes médias depravadas e arruinadas além das insinuações de crise dos escritores semiploretarizados que formaram a natureza parasitária da Califórnia Meridional, que acaba por ficar em evidencia em Los Angeles.
Los Angeles
A experiência do film noir serviu como modelo para o novo direcionamento para a literatura dos anos 40. No entanto, o evento mais interessante da cena literária de Los Angeles nos anos neta década foi provavelmente o breve despertar de um noir negro, Los Angeles era particularmente cruel para os escritores negros, e não só para estes porque também houve a emergência de um noir anticomunista durante o período da guerra da Coréia. Enquanto a inquisição de Hollywood dava fim à carreira de grandes escritores, diretores e produtores do film noir autêntico um sub produto razoável de histórias noir de detetives continuam sendo produzidos durante a década de 50. O reflorescimento do noir ocorreu nos anos 60 e 70 à medida que uma nova geração de autores, diretores e produtores emigrados revitalizaram o gênero. Finalmente sessenta anos depois dos primeiro contos o noir de Los Angeles se transformou em paródia. Tratando agora com mais especificidade dos Exilados, Los Angeles se tornou o endereço de alguns dos mais celebrados intelectuais da Europa Central de modo que a cidade por toda sua luxuria e encantamento era vivida como uma antítese cultural das capitais européias que estavam na memória nostálgica destes imigrantes. Eles descreviam a indústria cultural de Los Angeles não somente como economia política, mas como uma espacialidade que viciou as clássicas propostas do urbanismo europeu. Em Hollywood a América anseia ser outra coisa do que a América, esta é uma noção de imitação da urbanidade que faz com que Los Angeles queira ser uma Paris, mas carece da pátina da idade. Para a maioria dos Exilados a falta de vida da cidade possuía proporções insuportáveis quando saiam do palco parisiense do Bulevar de Hollywood, de modo que era necessário sair da cidade, pois não achavam graça nas ruas e calcadas vazias de Los Angeles. Se os Exilados surgiram em nesta cidade como tragédias os turistas de hoje são trazidos estritamente como farsa, o que antes era angustia se tornou piada. No começo dos anos 60 o visual Los Angeles poderia ser uma possível estratégia crítica-artística que interpretasse a cidade partindo de uma nova sensibilidade inLos Angeles
dividual. No entanto, este entrou progressivamente em colapso, se tornando uma mera auto-afirmação superficial de uma Califórnia idealizada como o paraíso na terra. Neste contesto os Mercenários vêm como a terceira leva de intelectuais, tanto grandes incorporadores quanto magnatas do petróleo e mandachuvas agiram por traz como uma força motriz em coalizões publico privadas formadas para construir uma mega indústria cultural onde Los Angeles emerge como uma cidade mundial. Eles patrocinavam tanto o mercado das artes quanto o mundo arquitetônico influenciando e de certa forma determinando o fluxo e o destino do dinheiro público que era aplicado em todas as artes, tornando-se assim integralmente envolvidos na organização de uma indústria da cultural. Como afirma Mike Davis em Cidade de Quartzo “... a ‘cultura’ tornou-se um importante componente para o processo de desenvolvimento e ocupação da terra, assim como um momento crucial na competição entre diferentes elites e centros regionais. Em outras palavras, interesses materiais a moda antiga levaram mega incorporadores a apoiar a revalorização cultural geral de Los Angeles e, mais especificamente, a endossar a concentração de ativos culturais em nódulos de desenvolvimento máximo”. Desde a segunda metade dos anos 40 o investimento cultural público teve uma grande variação na guerra de posições, quando foi formada a empresa de planejamento para a grande Los Angeles (GLAPI) que tinha o intuito de articular uma estratégia de centralização das regiões que passavam pelo rápido processo de suburbanização. Nos guetos a depressão cultural andou lado a lado com o boom da arte pública e da monumentalidade cultural. Tal boom deve ser visto como uma polarização social ampla que revitalizou o centro e o enriqueceu a custa do enfraquecimento das vastas áreas do gueto. Como no começo do século 20 há um esforço multilateral pra dar forma a emergente ideologia que tem como pretensão a formação de uma Los Angeles pós-moderna enfatizando o glamour das elites e dando apoio a reivindicação da liderança cultural da cidade. Pode-se observar vestígios desse pensamento em uma vertente das artes de Los Angeles dos anos 90 que teve grande repercussão, a arquitetura pop desconstruída de Frank
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Gehry. Sendo este o primeiro a projetar um estilo autóctone importante desde o bangalô. Logo em seguida aos Jogos Olímpico de Los Angeles a comissão foi capaz de mobilizar uma grande atenção da parte dividida da elite de Los Angeles de forma incomum, o que resultou em um relatório intitulado LA2000 A City For The Future datado de 1988 e que se transformou em um manifesto de um novo regionalismo. A verdade central do relatório é uma ênfase sobre a administração do crescimento da cidade que deveria ser implementado através de órgãos governamentais no âmbito local, sendo apoiados pelos planos de desenvolvimento ambiental do Estado. A economia da Califórnia Meridional é apresentada em tal relatório como uma caixa preta de crescimento infinito, não há nenhum tipo de consideração sobre possíveis contradições no seio deste modo eterno. Durante os anos 80 surgiu a “Escola de Los Angeles” que nada mais era de que uma corrente emergente de pesquisadores neo-marxistas que compartilhavam o interesse pelas contraditórias ramificações da reestruturação urbana e possível emergência de um novo regime. Esta vai contra a dialética da desindustrialização e re-industrialização além da expulsão do trabalho para as periferias e da internacionalização do capital, da habitação e da falta de habitação, das conseqüências ambientais e do desenvolvimento não controlado do apresentado discurso de crescimento. Assim os Intelectuais de Los Angeles evoluíram e moldaram o pensamento e a forma da mega cidade capitalista que pode ser analisada hoje. Movimentos mais contemporâneos continuam surgindo crescendo e perdendo força, mas aqui o essencial e ater onde a historiografia claramente estudou o que inscreve os movimentos Intelectuais até o fim do século 20.
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A Transmissão do Poder
Quem controla Los Angeles? Segundo Otis Chandler citado por Mike Davis não existe estrutura de poder em LA, somente pessoas que pensam que são o poder. Continuando neste raciocínio sempre houve uma cultura de elite muito mais poderosa em LA do que em Nova York, Chicago, Filadélfia e São Francisco. Acompanhando a divisão baseada no esboço de uma narrativa sobre a geração desta elite de poder enquadrada numa periodização tripartite o autor analisa o fluxo do poder pela geografia e grupos étnicos de Los Angeles. Primeiro La deixou de ser um povoado mexicano insignificante de menos de três mil pessoas para uma metrópole de mais de três milhões até o fim do século 19. Seqüencialmente, ao final da Segunda da Guerra Mundial, LA estava cada vez mais polarizada e se tornou impossível falar de uma única estrutura hegemônica de poder, até os anos 80 ela permaneceu uma “cidade de duas cabeças”. Em terceiro lugar, depois disso a crescente escassez de terra interagiu com a chegada dos investimentos dos asiáticos e assim iniciou uma recomposição das elites tradicionais. A questão de quem controlará LA neste novo momento acabou se tornando algo surpreendentemente aberto. No início da história do poder em Los Angeles é encontrada a destruição da economia baseada na agropecuária da Califórnia meridional e o contraste com a riqueza sempre crescente de São Francisco que se evidenciou. Foi esta cidade de São Francisco, lendária e florescente, que depois do fim da Guerra Civil invadiu Los Angeles e reformulou sua economia. Em 1871 os grandes beneficiados com a venda dos ranchos dos antigos fazendeiros da região fundaram o Banco dos Fazendeiros e Comerciantes, o qual por 30 anos foi centro financeiro da cidade. Tal melhoramento econômico foi fundamental depois do desmoronamento da economia dos ranchos, pois a cidade foi salva por seu comercio principalmente pelo realizado com os acampamentos de garimpeiros. Em 1880 os Expansionistas deram início a grande estrada de ferro de Los Angeles que a principio foi uma real decepção, porque exigia muitos tributos e transportava pouco o que não supria as demandas e não gerava o lucro esperado. No entanto, a locomoti-
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va a vapor acabou auxiliando no breve boom econômico que ocorreu de 1886 a 1889. Já em 1920 LA era em muitos aspectos uma ditadura governada pelo jornal Times e pela Associação de Industriais e Comerciantes que o departamento de polícia ajudava a manter com a prisão de rebeldes e radicais. Nesta época Los Angeles era cidade americana em que havia a maior variedade de grupos raciais contrastantes, o que criou uma separação muito pronunciada entre as pessoas na qual uma das primeiras vítimas desta demografia do poder foram as posições que os judeus alcançaram em LA. Este momento entrou em crise como e como o capitalismo tem seus ciclos, algo se mostrou o ignitor de uma crise. Este fator foi o enclave da economia manufatureira que provou ser o grande problema que destruiria esta atual organização de poder. Os fluxos de capital inter-regional que haviam sido a fonte de prosperidade da região de LA estavam agora institucionalizados nas verbas da defesa nacional que deslocavam milhares de recursos fiscais do resto do país para irrigar as indústrias armamentícias na área de Los Angeles. Os processos de conversão da terra já elevados a uma economia de escala pelos incorporadores e coligações estavam depois da guerra transformando-se numa verdadeira indústria de produção em massa. Essa nova estrutura de acumulação transformou as condições de acumulação do poder da elite e conseqüentemente desenhou uma nova elite. Em 1960 a cidade tinha mais de uma estrutura de poder o que fazia ela se tornar como uma fera de duas cabeças. Los Angeles se encontrava dividida quanto a orientação e lealdade, pois cada vez mais a reincorporarão do centro e a expansão do Westside surgiram como um jogo em que a derrota de um significaria a vitória do outro com a possibilidade de que a liderança fosse conquistada a força pelos novos grupos de Westside. O que acabou resultando daí foi uma nova estruturação do poder em LA que por fim moldou uma nova e ampla acomodação das elites na cidade. Mas mesmo que o velho grupo do centro tenha sido expulso e deixado a ver navios o Times permaneceu como a instituição tradicional que tem se adaptado a nova disseminação Los Angeles
de poder sem também uma ligação fundamental com o passado. Ainda assim o jornal perdeu muitas batalhas cruciais no intuito de dar forma ao mercado de notícias regionais da supercidade de LA. O dilema do Times em outras palavras é quase que precisamente o problema da hegemonia da classe dominante numa cidade pós moderna de subúrbios separatistas e bairros em franco crescimento pois o jornal representa as elites as quais está diretamente associado. Outro ponto de influência na população é a indústria cinematográfica que cresceu incomensuravelmente durante as ultimas gerações na política local e nacional. O Partido Democrata Nacional foi levado a confiar imensamente na combinação de finanças e fantasia da Hollywood liberal. Uma importante sucessão de gerações acontece em Hollywood fazendo eco na recomposição mais ampla as elites da cidade. Existe uma constelação de poder entre o velho e o novo que gravitam em torno da predominância histórica dos judeus e democratas e Hollywood. A aquisição da maquina de sonhos que Hollywood representa poderia ter sido a culminação adequada para a submissão dos EUA ao capitalismo japonês na época de Reagan e Bush. Ninguém pode prever as implicações da apropriação estrangeira sobre os fundos políticos dos estúdios ou sobre o papel central da indústria do entretenimento nas questões nacionais, mas o processo é inevitável. Hollywood assim se tornou uma colônia da economia mundial. O sucesso de LA como pólo de tecnologia, mídia e atividade imobiliária sufoca suas classes dominantes tradicionais diminuindo a autonomia e influência destas. Elas estão entregando o poder, o que é diferente de perderem dinheiro, a despeito da hipérbole oficial na qual LA2000 pode ser considerada “a cidade do século XXI” a em grande parte um entreposto de mega bancos e monopólio de tecnologia cujas sedes estão em outros lugares o que a coloca estrategicamente nos novos circuitos de monopólio da terra e finanças globais.
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Ensino da Arquitetura em LA
É incontestável a importância de Los Angeles no que compete à historiografia da arquitetura no século passado. A cidade na qual se instalaram obras como as de Richard Neutra e Frank Lloyd Wright na ápoca áurea do modernismo, acolheu também as ideias contestatórias da estética pós-moderna. Em 1964 foi intalado na mesma cidade a UCLA (University of California- Los Angeles) com o curso de Arquitetura e Planejamento Urbano, a instalação de um curso de arquitetura em uma cidade como Los Angeles nesse período vinha como uma forma de questionar a maneira pela qual estava se produzindo essa cidade, favorecendo um espaço para a crítica e, principalmente, espaço para contestar os padrões de cresciento desmesurado através da suburbanização e crescentes problemas com a qualidade do ar. É nessa mudança radical da paisagem de uma cidade que explodiu demograficamente nos então últimos anos (já possuía mais de 1,5 milhão de habitantes da década de 1960) que foi formulado o programa do curso que abrangeriam questões de planejamento urbano: “O currículo da UCLA foi desenvolvido para preparar os estudantes “para executar serviços profissionais de design urbano”, uma disciplina que se destina a ponte estava “intimamente ligado o número de disciplinas inter-relacionadas”. Sociologia, economia, ciência política, Engenharia, Direito, e os negócios foram todos incluídos no curriculum no fim de permitir a “interação dinâmica de [suas] abordagens contrastantes” para o estudo do ambiente urbano.”
Há, neste período, uma aproximação forte entre os trabalhos desenvolvidos nesta Universidade e as questões conceituais do grupo Archigram, que com suas estruturas high-tech influenciavam não somente os trabalhos produzidos na UCLA, mas também os realizados nas outras universidades como a USC, a Cal Poly Pomona e SCI-Arc, deixando uma impressão indelével na arquitetura da cidade. Com mais tradição, a USC (University of Southern California) representa a importância de Los Angeles no circuito arquitetônico desde o início do século XX. De grande Los Angeles
influência Beaux-Arts, formou grande parte dos arquitetos modernos que futuramente construirão novas escolas de arquitetura (como a UCLA e a SCI-Arc) com propostas coerentes ao período pós-guerra e à contestação ao movimento moderno. Por mais que se produziram movimentos de contestação à forma com que se produzia arquitetura àqueles anos, movimentos com Case Study House não puderam conter a onda produzida pelo mercado. A concepção de cidade, como já analisado anteriormente, em Los Angeles se apresenta um tanto quanto complexa. O sem número de distritos independentes e sua conformação espacial e a segregação territorial favorcem situações diversas, principalmente as ligadas ao consumo. Assim como em Las Vegas, as luzes neon vão qualificar a arquitetura da cidade, principalmente como um atrativo a mais ao consumo. Quanto a arquitetura empregada nos edifícios, há a confluência de estilos arquitetô nicos, desde o bangalow tradicional até obras high-tech. Como afirma Reyner Banhan em seu vídeo intitulado “Reyner Banhan loves Los Angeles”, há a curiosa analise sobre a profusão de estilos que se mesclam ser ter relação nenhuma com seu caráter histórico, apenas como o produto de um sonho, sonho esse que é incitado pelos filmes (aquie a importância de LA na indústria cinematográfia) e no imagético. O sonho Hollywoodiano, a cultura de massa, os filmes B, as mansões dos artistas, tudo produzirá uma arquitetura contemporânea em Los Angeles não centrada na construção de monumentos públicos mas sim em prédios comerciais cujo uso publico favorece o consumo e o “encontro”.
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Imagem 5 (referência: Overdrive)
Imagem 6 (referência: Overdrive)
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IV- Juntas Comunitรกrias ASPECTOS SOCIAIS, CULTURAIS PARADIGMAS SOCIO-AMBIENTAS
E
NOVOS EM L.A.
Da família à cidade
Este tópico trata de avaliar as famílias de Los Angeles, para tanto alguns fatos são fundamentais. Primeiramente é bom salientar que os proprietários residenciais amam imensamente o valor de suas propriedades e também que tratar da comunidade de LA significa tratar de um grupo homogêneo de raças, classe e, sobretudo valor imobiliário de suas propriedades. Ademais um fato relevante é que o mais poderoso movimento social da Califórnia Meridional pode ser entendido como a afluência e a organização dos proprietários residenciais. Durante a maior parte do século 20 as associações dos residenciais foram um grande seguimento da classe média, essas associações são uma organização de residências independentes habitadas por famílias individuais agrupadas por interesses comuns que forjam a “comunidade” de Los Angeles. As primeiras associações de LA foram crias das restrições de escritura em um novo tipo de loteamento planejado. Na época da primeira Guerra Mundial as restrições escriturais ou clausulas restritivas eram fiscalizadas pelas associações de moradores do empreendimento, isso ajudou de forma direta a definir o mundo isolado da classe média de LA que iria se formar. Ao mesmo tempo essas restrições, ou melhor, esse meio funcionava como uma legislação discriminatória porque restringia as escrituras a um grupo específico de moradores de forma particular, construindo assim um “muro branco” em torno da comunidade negra. À medida que a conversão industrial consumia centenas de casas de negros no corredor da avenida central a superpopulação tornou-se critica. Qualquer tentativa de compradores negros nas áreas residenciais que as associações geriam era barrada imediatamente pela ira dos proprietários residenciais brancos o que configurou uma situação insuportável que necessitou da intervenção do governo. Los Angeles
A Suprema Corte dos Estados Unidos finalmente se viu obrigada a legislar contra as clausulas restritivas em 1948, no entanto fez com que os grupos de proprietários residenciais brancos fossem amplamente sancionados pela lei. O método restricionista o qual as associações de moradores se valiam para manter sua tão preciosa homogeneidade racial não era só preconceituoso, era também um negócio lucrativo. Foi estimado por Mike Davis em A Cidade de Quartzo que de cada 20 dólares destinados pelos proprietários residências brancos as associações de moradores 17 acabavam por se transformar em lucro nas mãos de organizadores e empresas associadas de seguro de propriedade. A carência habitacional chegou a seu mais alto grau no tempo da guerra, o que ajudou a exacerbar o conflito racial, pois dezenas de milhares de trabalhadores negros imigraram para a Califórnia Meridional com o intuito de trabalhar na indústria da armamentista que foi fundamental para tal guerra. Isso impôs uma sobrecarga à oferta de habitações dos guetos de LA e na medida em que os negros tentavam romper as barreiras brancas para que estes pudessem adquirir moradias no subúrbio havia uma nova onda de hostilidade por parte dos proprietários residenciais que tentavam a todo custo impor restrições à imigração negra. Para compreender o papel dos proprietários residenciais como agentes fundamentais e extremamente poderosos da fragmentação metropolitana é necessário explicar como as regras básicas do separatismo evoluíram. Antes da década de 50 apenas um grupo mínimo se interessavam pela constituição de municípios separados em populações pequenas. Poucos viam esse tipo de investimento como algo lucrativo, podemos até observar outros intuitos nesta mesma estratégia como o dos proprietários industriais influentes que criaram a cidade fantasma de Vernon para explorar o controle do uso da terra e acumular suas lucrativas bases de impostos. No entanto as iniciativas nesse momento foram diminutas porque na maioria dos casos os industriais ou proprietários industriais eram desincentivados pela gigantesca carga de impostos envolvida no estabelecimento de novos serviços municipais.
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Após a Guerra da Coréia a constituição de municípios separados teve um novo impulso porque com novos impostos surgiu a opção de se construir em um nascente município sem o custo tradicional de se criar um governo municipal em separado, e sim simplesmente a partir de uma nova administração única. Vinte seis novas cidades mínimas se formaram no grande condado de Los Angeles entre 1964 e 1960 por conta da busca de vantagens econômicas pessoais que impulsionou tal criação, criar uma nova cidade agora se configurava como um bom negócio. Ao oferecer essa vida de fuga tão atraente aos antigos habitantes da cidade central este método acabou encorajando o êxodo branco massivo de LA enquanto, ao mesmo tempo, reduzia a capacidade da cidade de fazer frente às necessidades de populações crescente de baixa renda. A base de quase todas as criações de municípios residenciais dessa época foi a existência de uma diferença acentuada entre os preços da moradia de comunidade que abrangiam os novos limites da cidade e os da área central que se pretendia excluir. Essa infinidade de criações e coligações gerou o atual mapa da Califórnia Meridional que se assemelha a um gigantesco quebra cabeça sem sentido. Nesse contexto um quadro desfavorável as classe baixas se formou, enquanto bairros negros e latinos estavam perdendo milhares de unidades para a construção de vias expressas por ano estes só puderam adquirir 3,3 por cento da nova oferta de habitação construída no período da década de 50. Em 60 e 70 a propriedade de residências caiu drasticamente mesmo os proprietários residências tendo continuado a ser atraídos para as cidades do subúrbio. O valor das propriedades explodiu, chegou a valores extremamente restritivos, sendo que todo este processo estava diretamente ligado às limitações da expansão habitacional e a densidade residencial consequentes das práticas de zoneamento fiscal.
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A maximização resultante das vantagens que surgiram a partir da criação de municípios e do zoneamento fiscal inevitavelmente produziu divisões raciais e de renda cada vez mais profundas. Essas partilhas sócio-econômicas do território formaram o complexo distrito de LA e suas parcelas de forma que hoje temos uma configuração de certa forma fixa da estrutura das zonas da cidade. Los Angeles se tornou uma selva de concreto com muito trafego, barulho e poluição e nesse contexto dos anos 80 surge um movimento pelo crescimento lento. A agitação por tal crescimento desafiava qualquer perspectiva única ou sinóptica de uma abordagem previsível. Todavia não significava negar a existência de alguns objetivos comuns para com seus antecedentes e sim formar uma novas postura. Sem dúvida a mais original das exigências de forma generalizada pela descentralização das tomadas de decisões relativas ao uso da terra foi ao nível do bairro. A iniciativa pelo crescimento lento de 1986 em LA permaneceu sendo uma linha divisória ideológica entre a base contra o crescimento e os defensores de um crescimento administrado. Na medida em que os investimentos externos estavam se acelerando por conta do boom da construção que ocorreu no fim da década de 60 os subúrbios antigos se viram abarrotados de veículos, presos em meio a um congestionamento descomunal conseqüentes dos excedentes de tráfego no centro e do crescimento comercial da região que também elevou o gabarito da área. Houve o surgimento de uma hipótese de renascimento do centro entre 1975 e 1985, baseada em um crescimento pontual no centro da cidade essa ruidosa expansão foi três vezes maior que nos subúrbios no mesmo período no que se refere a novos arranha-céus. O resultado foi uma total transformação da antiga área ocupada tradicionalmente pela classe média para um novo padrão de urbanização, voltado para o turismo e com lotes muito valorizados.
Percebeu-se com o desenrolar das transmutações urbanas que todas as ideologias, Los Angeles
tanto a do crescimento lento já explicada anteriormente como a do pós-crescimento que é o antípoda da primeira, podem ser percebidas do ponto de vista de quase todas as questões da cidade. No fim das contas o debate entre proprietários residenciais que possuem grande influência e os mega-incorporadores tem ambos os lados lutando para preservar opostos que não o são realmente, como crescimento e a questão da qualidade dos bairros. Na década de oitenta em razão de distribuição do poder a miséria e a destruição das áreas dos guetos acabou se tornando uma não questão, um ponto esquecido pelos detentores de meios para a resolução ou ao menos dissolução de tal problema. As questões abordadas e amplamente discutidas eram referentes ao impacto que o crescimento gerava nos bairros afluentes, simplesmente uma sombra da problemática real. A grande maioria dos proprietários residenciais não era influente e assim se tornaram peões que fortaleciam os grandes detentores de poder nas lutas relacionadas ao crescimento de LA, seus interesses individuais eram suprimidos em favor de seus representantes. O movimento pelo crescimento lento acabou se tornado um protesto contra a urbanização dos subúrbios e em prol de uma cidade mais centralizada o que acaba sendo uma reafirmação do privilégio social. Ironicamente no momento em que as classes médias saxônicas declinaram demograficamente seu poder social se expande ao seu ponto máximo. Assim surge a interpretação de que a política do crescimento é contraria a política de classe e uma luta de classe unilateral une proprietários residenciais e empresários do setor imobiliário de forma irônica para a formação do ambiente construído de Los Angeles. Juntas
Comunitárias
e
Novos
Paradigmas
socio-ambientais
Surgem cada vez mais discussões sobre a importância central da comunidade em uma sociedade atomizada e alienada, composta por inúmeras associações que envolvem o tema da perda e identidade. Neste contexto o termo urbanLos Angeles
ização torna-se quase a definição de uma perturbação aos padrões comuns da vida social. Recentemente, a discussão sobre a perda da comunidade nos Estados Unidos com a redução ou ausência de “capital social” tem se intensificado. Parece que quanto mais fechado e dentro de si cada um é, supostamente o é também mais o social. Semelhante à discussão sobre a natureza urbana, a questão da comunidade é muitas vezes colocada em termos nostálgicos para identificar um sentimento de perda. Segundo Robert Gottlieb grande parte desta perda é vista como uma condição inevitável da idade moderna, onde a metrópole, o mercado e a globalização tornam-se equipamento que transformam o passado, são incorporados no presente, e representam o futuro. Lutar pela a comunidade é visto como algo claramente inútil. Até mesmo o mercado e os fãs da globalização se preocupam com o sentido de comunidade local que vem se perdendo. Especialistas da área de finanças afirmam que para o modelo de cidade capitalista atual funcionar bem, deve-se prestar atenção a desintegração local, mesmo que o foco seja a integração global. As comunidades que tem o desejo de estabelecer um senso de unidade com base em um grupo homogêneo, um bairro ou até mesmo um conjunto de valores, pode assumir um caráter reacionário e até racista ou machista. A busca pela comunidade diante das forças do mercado e das transformações urbanas e industriais levou a algumas tentativas excludentes de comunidades separadas possuidoras de cláusulas restritivas e que se tornaram uma parte importante do mercado de Los Angeles início do século XX no campo da habitação. Durante os anos 1970 e 1980 novos movimentos comunitários surgiram em favor de questões habitacionais e ambientais. Estes formaram novos tipos de instituições como as corporações de desenvolvimento comunitário, por exemplo, e as agendas para a mudança. Para que a ascensão do movimento de justiça ambiental seja significativa, os novos movimentos comunitários, em relação a esta questão, constituíram um trabalho de aproximação com a comunidade que buscava refletir em idéias e ações.
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No final da década de 1980 e início de 1990, uma mudança começou a ocorrer entre os grupos de justiça ambientais locais, em parte devido à preponderância das dinâmicas de raça e classe que eram visíveis em quase todas as batalhas que se explodiram em áreas locais. A Etnia, em particular, passou a ser visto por muitos dos grupos como o fator dominante que influencia a localização das instalações perigosas e usos da terra negativos relacionados com, por exemplo, os resíduos da auto-estrada, seus poluentes e também o dos parques industriais. Essas áreas locais foram sujeitadas a vários riscos ambientais, bem como uma ampla gama de problemas sociais, econômicos e culturais que tão fortemente impactavam a qualidade de vida diária. A importância da justiça como uma metáfora governamental foi fundamental para o movimento, permitindo aos grupos expandir suas agendas para a mudança. A importância da comunidade no curso de tornar este um lugar mais habitável era constantemente reafirmada, o acesso mais equitativo a essas necessidades fundamentais, como moradia, educação, movimentos, saúde, parques e transporte foi um objetivo-chave desse feito. A identidade de lugar como base tornou-se menos a idéia de proteger as comunidades a partir de um determinado risco e mais a idéia de transformá-los e tornar-las lugares mais habitáveis e justos. Los Angeles, caracterizada como um modelo de desenvolvimento metropolitano que assumiu a ausência da comunidade e identidades urbanas cívicas era um conjunto ativo e vibrante dos movimentos sociais. Estes, na década de 30, foram os responsáveis por estabelecer a visão de um lugar que estimulou novos ideais democráticos e propiciou um olhar alternativo da justiça social, um ambiente saudável com comunidades mais habitáveis, ou seja, a luta por uma cidade habitável. O conceito de um bairro deteriorado tornou-se sinônimo a noção de presença de elementos raciais, inclusive, de funcionários com o empréstimo de corporações. Por outro lado, os valores da comunidade e de bairros economicamente estáveis foram associados a áreas Los Angeles
onde a população é homogênea. No entanto, um forte senso de lugar ainda sobreviveu mesmo com mudanças que afetaram a área, como por exemplo, o aumento significativo de restaurantes de fast food, estradas que beiravam o bairro e o declínio de habitação a preços acessíveis. Los Angeles, finalmente estabelecida múltiplas identidades, cada um envolvendo um sentido diferente de comunidade. Por volta de 1920, Los Angeles confrontou a crescente importância do automóvel na transformação do sentido do lugar e as relações dentro e entre os bairros, locais de trabalho e centros comerciais. Em 1929, um estudo argumentou que o automóvel reduziu as distâncias espaciais entre lugares, estabelecendo um amplo Los Angeles, ao invés de uma identidade de comunidade. No início dos anos 40 o automóvel possibilitou um novo abastecimento de água importada e um meio de desenvolvimento que estava transformando os padrões de vida urbana, reinventando o conceito de sistema operacional de expansão e sua relação com o núcleo urbano. Agora a necessidade de revitalizar a área central da cidade que tinha perdido o seu papel de destaque como o coração cultural e econômico era fundamental, mas poderia parecer inviável. O grande crescimento industrial que deu início aos subúrbios tinha contribuído para as mudanças das identidades da região e deu lugar rapidamente aos subúrbios de automóveis e mais a leste as novas cidades. Os críticos dos subúrbios de automóveis têm argumentado que, em vez de criar um renovado senso de comunidade, as novas subdivisões minaram a sociedade civil e suas instituições cívicas através de uma grande dependência a instituições mais impessoais tais como os shoppings-centers e as grandes lojas de departamento. A falta de espaço público e de pedestres em ruas amigáveis além das exigências cotidianas que giram em torno do automóvel, por exemplo, para fazer compras e se locomover entre a comunidade e o trabalho tornam este um sistema rígido e fechado. Este modelo tem duas conseqüências fortes, a ambiental e a social. Eles contribuem para grandes preocupações de poluição do ar e de adicionar deslocamentos aos meios
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culturais e todos os apoios suburbanos. O desenvolvimento suburbano, por sua vez, beneficiou-se significativamente a partir de chave federal, estadual e as políticas regionais de habitação, transporte e outras questões de Infraestrutura, tais como o desenvolvimento da água. Além disso, o crescimento contínuo do subúrbio parece provável que continue assim no século XXI, em parte devido à continuação de muitas dessas mesmas políticas e questões relacionadas de declínio urbano com base na falta de habitação a preços acessíveis e em parte pela perda de uma produção urbana, base do aumento simultâneo de uma economia de serviço de baixo salário, e a continuar o estresse da vida urbana. Um novo urbanismo surgiu do desejo pelas comunidades suburbanas combinado com o maior reconhecimento tido nos últimos anos de algumas vantagens ambientais e sociais de lugares urbanos densos. O novo urbanismo que herdou parte dos defensores da cidade jardim tem procurado desenvolver um conceito de comunidade no novo contexto de cidades mais densas, buscando mais tranqüilidade, desenvolvimento e uma idéia de uso misto. Como planejadores os novos urbanistas defendem um novo tipo de comunidade residencial, já como desenvolvedores eles têm, em vários ambientes altamente visíveis, a capacidade de desenhar uma série de diversidades em cidades planejadas que se tornaram um marco importante desta nova abordagem para a conexão urbana, suburbana e da comunidade. As estratégias utilizadas por estes novos urbanistas incluem propor um centro discernível na cidade, escolas e parques acessíveis a partir de uma caminhada curta saindo do conjunto de residências e casas individuais, varejos e estabelecimentos comerciais, quer no centro ou na periferia da cidade que ofereçam empregos para os residentes e satisfação as suas necessidades, a manutenção dos shoopings, estacionamento relegado para a parte traseira de casas e edifícios, o uso de estratégias para acalmar o tráfego, tais como ruas estreitas para reduzir a velocidade e o papel dos carros além de uma forma de auto-governo para tratar de questões que afetam a manutenção e caráter dos bairros.
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No contexto do pós Katrina, onde existem muitas mudanças demográficas e raciais que prejudicaram severamente as classes de baixa renda as levando a desvantagem dos mais vulneráveis, principalmente os negros, foi implantado ao mesmo tempo em que em outras regiões o novo urbanismo. Essa nova abordagem do urbanismo, sendo um pensamento, logicamente não é monolítica. Alguns de seus defensores e profissionais concentraramse em questões centrais urbanas, bem como as necessidades de equidade e diversidade. Espaços públicos, como parques e mercados de agricultores ajudam a ilustrar o reconhecimento da noção de direito à cidade e as diferenças dentro da conexão mais ampla e mais democrática de lugar para se colocar. Parques urbanos não só fornecem uma maneira diversa e complexa para estabelecer a natureza na cidade, mas também demonstram como o uso do parque pode fornecer conexões variadas a se colocar, principalmente em cidades como Los Angeles que mudando rapidamente bairros e populações. Políticas em torno do desenvolvimento de parques, no entanto, nem sempre reflete a noção de “direito à cidade”. Programas de parques, esportes, especialmente organizados e atividades recreativas relacionadas, foram estabelecidas para conter e, finalmente, eliminar as diferenças entre os grupos. No entanto, os diferentes usos dos espaços públicos persistirão, mesmo que a quantidade de terra pública dedicada aos parques e demais áreas de recreação diminuiu significativamente assim como a capacidade de mantê-los. O ressurgimento dos mercados dos agricultores urbanos na década de 1970 é outro exemplo marcante do desejo de espaços públicos, da comunidade na área ambiental urbana e as potenciais diferenças acomodadas no direito à cidade. Durante os anos 1960 e 1970, o surgimento de novos movimentos sociais associados com questões como a guerra do Vietnã, os direitos civis, o papel das mulheres, e as questões ambientais ajudou a estimular a busca de uma mídia alternativa que desafiava o tipo tradicional de cobertura, ou melhor, a ausência de cobertura. Assim as vozes cívicas, culturais e sociais que haviam sido deixados de fora dos quadros da mí-
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dia dominante criaram uma nova força. Esta imprensa alternativa procurou se posicionar como uma voz da comunidade, em parte, através da definição de perspectivas da comunidade. Desafiando a noção de avaliação objetiva e de como disfarçar o apoio as fontes de poder existentes, a imprensa buscava alternativas para estabelecer um papel de advocacia nas comunidades que estava esperando para representar e capacitar. Nos anos 1980 e 1990 este tipo de voz nos Estados Unidos tornar-se silenciado por sua própria orientação comercial ou desaparece como a imprensa alternativa, que lutou para sobreviver em um ambiente político de mudança mas não teve êxito. No entanto, no novo século, novas estratégias da imprensa alternativa começaram a surgir através do uso da Internet e de uma rede internacional crescente de vozes independentes das novas mídias. Na década de 1950 e 1960, as instituições de ensino superior localizadas em áreas urbanas particularmente aquelas adjacentes aos bairros deprimidos ou vulneráveis foram se tornando cada vez mais preocupados com o ensino superior e com a comunidade. Este foi sublinhado pelo equilíbrio de poder desigual entre uma instituição ricamente dotado que estava buscando esculpir um porto seguro para seus alunos e professores e bairros que foram objeto de manipulações imobiliárias, e outros impactos como tráfego e poluição do ar por causa de a presença e as ações das universidades. Elas tornaram-se senhoras de terras, grandes sucessos imobiliários, cenários de desenvolvimento econômico da comunidade nas áreas imediatamente adjacentes aos seus campi. No processo, as universidades estabeleceram um tipo de agenda urbana, um meio de salvaguardar os seus próprios interesses em face da influencia urbana. Negligenciando ou em alguns casos estendendo a divisão cada vez maior entre bairros ou dentro de bairros, bem como influenciando o crescimento da renda e as divisões étnicas e raciais que caracterizam a região metropolitana.
As organizações que se formaram durante os anos de 1989 e 1990 buscavam reLos Angeles
vitalizar a tradição da universidade sob a nova bandeira da aprendizagem de serviço. Tal abordagem, embora considerada uma atividade acadêmica marginal por muitos dos professores, tornou-se popular entre os administradores, especialmente nas escolas urbanas, sendo vista como uma forma de demonstrar o compromisso da universidade para melhorar bairros arruinados, inclusive os ao lado do campus. Mas a aproximação entre a universidade e a comunidade ainda precisão ser mais bem exploradas, as oportunidades estão disponíveis para a criação de agendas e para promover as idéias de um lugar mais habitável e sustentável. A natureza e comunidade, em uma cidade que há muito tem sido considerada hostil a ambos, precisam andar juntas e que cada vez mais definir LA como uma cidade global, em exista uma conexão com o senso de lugar. Para se manter viva, uma cidade com o porte de Los Angeles não consegue sobreviver com os mesmos modelos de 50, 60, 70 anos atrás. A cidade precisa ser reinventada, tanto no âmbito urbano, quanto no âmbito social. Em 2005 o projeto Not a Cornfield, idealizado por Lauren Bom, tomou corpo e transformou uma antiga área de sobras do processo de industrialização, previamente chamada de Cornfield, em uma área para que a população pudesse desfrutar. (figura 7 e figura 8) A iniciativa de plantar milho em tal área questiona os paradigmas do que seria a natureza em espaços públicos urbanos. Tenta fazer com que as pessoas vejam o que elas nunca imaginaram que existia. Em 2006 ocorreu uma competição, na qual o primeiro lugar foi detido per um escritório de paisagismo situado em São Francisco, visando a execução de um parque nesta área. Parque que teria o nome de Los Angeles State Historic Park. Em Los Angeles, a relação da cidade com a natureza se dá muito atrelada à relação centro/subúrbio, sendo o centro o local da poluição e da falta de áreas verdes e o subúrbio o ideal de área residencial, com maior oferta de áreas verdes. A imagem mais representativa das áreas verdes dos subúrbios de Los Angeles é a dos gramados particu-
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lares, localizado de fronte as casas. Tal gramado é um forte símbolo que caracteriza as casas de subúrbio não apenas de Los Angeles, mas a grande parte desse tipo de moradia norte-americana. Esses gramados podem ser considerados ecologicamente incorretos, devido ao abuso no uso de pesticidas e o grande consumo de água para sua manutenção, diferentemente dos jardins, onde o real contato entre o homem urbano e a natureza são estabelecidos, seja cultivando árvores ou uma pequena horta em um terreno privado ou usufruindo de jardins comunitários. (figura 10 Fonte: www.http://ronmilam.com) No final dos anos do século XIX e início do século XX, era possível distinguir classes sociais através das espécies vegetais cultivadas nos jardins: enquanto a classe operária cultivava jardins com mais caráter de horta, as classes mais abastadas cultivavam flores e outras espécies exóticas. Apesar de serem bons exemplos de jardins urbanos e pequenos pontos de sociabilidade, os jardins comunitários sofrem com pressões do mercado imobiliário, que pressiona os pequenos espaços nos quais estão inseridos. Recentemente, algumas políticas sociais voltaram-se para a questão de parques dentro da cidade. Agora, diferentemente do que acontecia entre os séculos XIX e XX, o apreço por pequenas e mais constantes áreas verdes no centro da cidade cresceu, tanto pela falta de grandes áreas disponíveis para a construção de parques mais próximas do centro da cidade quanto pela derrocada do pensamento de que as áreas verdes deveriam ser pequenos pedaços do paraíso na terra. Hoje, há apenas a necessidade de áreas verdes de qualidade na cidade. Por se localizar em meio ao deserto, a questão da água sempre foi importante para Los Angeles. A necessidade de trazer água para a cidade sempre foi crescente, acompanhando o próprio processo de crescimento da cidade. O crescimento frenético da cidade de Los Angeles da década de XX se deu pela expansão de empresas petroleiras e de entretenimento, suportadas pela disponibilidade de água e energia barata, tendo como alimento principal da filosofia de expansão o contínuo abastecimento com água proveniente de outros lugares. Los Angeles
O rio de Los Angeles, muito modificado no decorrer dos anos, é hoje alvo de projeto para a sua restauração, voltando a ser um rio de curso livre e recebendo novamente a margem que lhe é cabida. No passado, o rio era visto mais como um entrave para o desenvolvimento da cidade, reduzindo potenciais áreas para crescimento de indústrias e residências, do que uma fonte de abastecimento de água, uma vez que tal necessidade era suprida pela “importação” da água por meio de aquedutos. Muitas são as páginas de internet disponibilizando seus projetos para a renaturalização do Los Angeles River, mas a maioria deles tem algo em comum: retirar a capa de concreto que o cobre e aproximar os moradores ao rio (ver figura 9 e 12). Um momento emblemático em meio as avenidas e ao intenso fluxo de carros de Los Angeles, foi um congestionamento ocorrido em 2004, devido a uma busca policial a ladrões de banco. Com um trecho interrompido (Pasadena Freeway / Arroyo Seco Parkway), a avenida logo se transformou em um grande estacionamento. Fato corriqueiro para muitos dos que vivem em São Paulo, por exemplo. Mas o que transformou tal fenômeno típico de uma cidade desenhada para carros foi uma banda de Mariachis que, presa no engarrafamento como outras milhares de pessoas, resolveu descer de seu carro e oferecer música gratuita para os que estavam lá. Rapidamente, os motoristas e passageiros também desceram de seus carros e começaram a dançar no ritmo da música. Vendo toda essa movimentação, vendedores ambulantes de água, refrigerantes e sorvetes logo viram uma grande oportunidade para seus negócios. Estava formada ali uma grande festa, em um lugar onde muito dificilmente as pessoas poderiam apropriar-se de tal forma. Tal trecho é considerado o mais inseguro e imprevisível da região de Los Angeles. No início da década de 1990, a comunidade começou a reclamar sobre os congestionamentos, altas taxas de acidentes e a falta de qualidade visual em tal trecho. Juntamente com isso,
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se renovava o interesse no desenvolvimento de parques e espaços livres na cidade. Dessa forma, grupos de artistas começaram a propor intervenções para a área do Arroyo Seco. Tais iniciativas foram pouco a pouco sendo respaldadas por novas medidas governamentais orientadas para o meio ambiente. Foram criados novos parques nessa região, tanto como área recreacional como para proteção de enchentes.
Imigrantes
Los Angeles sempre foi uma cidade que recebeu muitos imigrantes e também uma cidade que os hostilizou muito. A migração na cidade, que desde o século XVIII pode ser chamada de contínua, teve forte influência em seu desenvolvimento econômico e também sua mudança. Podemos considerar Los Angeles como uma cidade global: possui aspectos tanto das cidades de “primeiro mundo” quanto das de “terceiro mundo” e uma classe média que se encolhe cada vez mais. Mas, na década de 1990 e alguns anos do século XXI, presenciaram o aumento de novas alianças políticas e movimentos sociais em Los Angeles. Tanto negócios mais tradicionais e elites políticas ficaram menos potentes e mais difusas ao verem vizinhanças serem modificadas, mudanças culturais e demográficas e até mesmo a vida cotidiana na cidade. Os movimentos de trabalhadores de Los Angeles deixaram de tapar os olhos para a tal número classe de trabalhadores imigrantes, agregando uniões de trabalhadores de vários setores para, por exemplo, assegurar direitos de trabalhadores imigrantes ilegais, bem como agilizar os documentos para sua legalização. Mas, formar comunidades em Los Angeles não é tarefa fácil e não depende apenas desse pequeno passo dado pelo movimento dos trabalhadores. Depende da criação de hortas comunitárias, espaços verde de recreação comum, casas pelas quais as pessoas possam pagar, real cumprimento dos direitos humanos e uma série de outras combinações de Los Angeles
fatores e instituições que são extremamente complexas. Como exemplo do fato de que não podemos dizer que a vida para os estrangeiros em Los Angeles é boa, temos a manifestação dos mesmos que ocorreu no dia 25 de março de 2006. E o descontentamento não é um fato exclusivo de Los Angeles, mas sim de toda uma região, contando-se números altíssimos de manifestantes unidos pela causa da melhoria de vida dos imigrantes. (ver figura 11) Além do movimento de pessoas, Los Angeles também é importante pela movimentação de bens: é na cidade que se localiza o quinto maior complexo portuário do mundo, composto pelo Porto de Los Angeles e pelo Porto de Long Beach, e o maior dos Estados Unidos, ficando atrás dos portos de Singapura, Hong Kong, Xangai e Shenzhen. Tal complexo portuário se conecta majoritariamente com a Ásia, tanto recebendo como mandando mercadorias. Instâncias governamentais apontam a magnitude do funcionamento portuário de Los Angeles como um dos pontos da cidade ser denominada global. Assim, procuram sempre investir no constante crescimento deste setor. Mas, mais recentemente, a população tem se voltado contra esse sistema, principalmente por questões sócio-ambientais, como a qualidade do ar na região, o grande afluxo de caminhões, etc. É a busca por ser cada vez mais uma cidade global colocando em jogo a identidade da região.
Os guetos, as gangues e a “limpeza social”
Nos subúrbios de Los Angeles, em meio à marginalização social, somada a precárias condições de vida e elevadas taxas de desemprego, verifica-se a formação de grupos de jovens de práticas violentas; são as gangues. Segundo alguns autores, as gangues seriam os ‘descendentes’ do grupo das panteras negras. A polícia local entra então com massivas ofensivas à ‘violência’ sub-urbana, porém, na realidade só elevaram as taxas de criminalidade.
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Toques de recolher tornaram-se práticas cotidianas realizadas pela polícia nos bairros negros e chicanos (de origem mexicana). Em somatória, estes eventos conferiram um poder quase ilimitado aos integrantes da LAPD para abordar e revistar de forma humilhante os ‘sujeitos indesejados’, recorrentemente jovens negros e imigrantes. Sob direção de Daryl Gates, a polícia de Los Angeles elabora então uma série de operações objetivando dissolver as “gangues” e envolvidos com o tráfico de drogas. Assim, jovens negros e de origem não-saxônica, eram constantemente abordados, sem a obrigatoriedade de suspeita de envolvimento em atividades ilegais. O projeto CRASH (Recursos da Comunidade Contra os Desordeiros da Rua) foi caracterizado como um esforço de ‘limpeza social’ identificando e deportando membros de gangues. No entanto, o critério se resumia a participação nestes grupos, independentemente de envolvimento do sujeito com atividades criminosas ou não. Nas escolas, outra operação policial, foi a “Compra na Escola”, onde agentes da polícia dissimuladamente influenciavam jovens estudantes a vender-lhes pequenas quantias de substâncias ilícitas. Essa atividade teve desprezível eficácia na captura de reais fornecedores adultos. Segundo Mike Davis, esse foi mais um projeto de ‘contagem de corpos’, sendo uma fonte barata de prisões que fazem o chefe parecer heroico na mídia. Embora o terrorismo tenha sempre sido retratado como uma malevolência inarticulada, as autoridades angelenas não mediram esforços para proteger os ‘cidadãos de bem’ (leia-se brancos saxões) de seus delírios, mesmo que isso tenha exigido a censura e restrição do direito de expressão. Dessa forma, o LAPD se opôs veemente às tentativas de assistentes sociais e organizadores comunitários em permitir que os membros das gangues contassem seu ponto de vista. “Uma exceção importante aconteceu em dezembro de 1972, justamente quando
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a Cripmania estava varrendo as escolas do Southside numa epidemia de tiroteios de gangues e lutas de rua. A Conferência das Relações Humanas, contrariando os conselhos da polícia, deu um palanque a sessenta líderes de gangues negros para que apresentassem suas queixas. Para o assombro dos funcionários presentes, eles traçaram um conjunto eloquente e coerente de exigências: empregos, habitação, melhores escolas, áreas de lazer e controle comunitário das instituições locais. Foi uma demonstração brilhante de que a juventude das gangues, por mais que esteja aprisionada na sua própria espiral ilusória de vingança e autodestruição, compreendia claramente que eles eram os filhos de sonhos frustrados e de uma igualdade derrotada. Além disso, como os líderes ‘contumazes’ costumavam falar, empregos decentes são o preço para que se negocie um final humano para o tráfico de drogas e a violência das gangues.” (Cidade de Quartzo, pag.267)
Os guetos negros de Southland, no ano de 1975 passam por um início de polarização social, onde por um lado, parte de seus moradores, com alguma especialização profissional, burocratas e técnicos do setor público conseguem uma melhorias sociais. Porém, por outro lado, a grande parte restante de seus moradores, trabalhadores semi-especializados do setor privado afunda em uma profunda depressão causada pela suburbanização dos empregos e internacionalização da economia. É notável que a participação negra na liderança política do condado de Los Angeles tenha propiciado um avanço econômico significativo, com a incorporação de do público negro em fatias do mercado de trabalho e indústria. É neste contexto de governo de Tom Bradley que se verifica os ‘novos ricos’ da Ladera Heights, Baldwin Hills, Inglewood e Carson. Em contrapartida, o desenvolvimento da comunidade do gueto, CentroSul, foi irrisória, enfrentando um declínio econômico ininterrupto. O início de importações de mercadorias chinesas, aliado à recessão econômica, provocou no espaço de tempo de 1978 a 1982, o despejamento de 75 mil trabalhadores industriais, de forma que o desemprego subiu em quase 50% desde o começo dos anos setenta, enquanto o
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poder aquisitivo da comunidade caiu em um terço, afirma Davis em Cidade de Quartzo. A conjuntura econômica da década de 1980, portanto, estava totalmente desfavorável aos trabalhadores industriais, uma vez que os salários foram reduzidos a quantias exploratórias. Neste cenário, a mulher negra teve seu papel de ascenção na participação da renda familiar, inserindo-se em funções de nível inferior no processamento de informações. Os homens negros, por outro lado, foram “realocados” em áreas muito distantes do centro angeleno, como nos condados de San Bernardino e Riverside. Ainda assim, o percentual de desemprego na faixa jovem e negra alcançou cifras altíssimas como os extremos de 120 trabalhadores empregados num total de 1060, em domicílios em Nickerson Gardens, como revelou uma pesquisa sobre projetos de habitação pública no gueto, desenvolvida em 1985 . “À medida que a influência política dos proprietários residenciais afluentes continua a garantir a segregação residencial e a redistribuição dos recursos fiscais de modo concentrador, a juventude do gueto tem sido a vítima de uma política consciente de desinvestimento social. A descartabilidade tácita da juventude negra e morena na ‘cidade dos anjos’ pode ser medida diretamente pela drenagem constante de recursos – com reclamações mínimas dos representantes eleitos – dos programas que atendem às necessidades mais urgentes.” (Cidade de Quartzo, pag. 270).
Desemprego, más condições na infraestrutura das escolas secundárias dos guetos, juvenilização da pobreza e a falta de apoio municipal em projetos sociais levaram a um crescimento óbvio da marginalização dos jovens, que se renderam ao tráfico de drogas como sua fonte de subsistência. A formação de gangues ganha então maior força e aliados. A gangue dos Crips, através da venda de drogas, descobriu a vocação para o gueto na nova economia de ‘cidade mundo’ de LA; a economia do crack. ComercialiLos Angeles
zando a substância importada altamente lucrativa, para um mercado local e de moradores das demais áreas, inclusive nobres como o Westside, os Crips fortificaram-se como capitalistas lumpens e proletários fora da lei, de acordo com Mike Davis. Isto reforçou sua violência pela competitividade, e conferiu-lhes uma imagem muito simbólica e ostentativa de grandes correntes de ouro nos pescoços, anéis e acessórios bem evidentes. Los Angeles foi descrita pelo Departamento de Justiça como “um oceano de dinheiro manchado pelas drogas”. Em 1989, o mesmo departamento confirmou LA como o principal centro de distribuição para o abastecimento nacional de cocaína.
Cultura de defesas armadas e de fronteiras em prol de um conceito de vida de luxúria.
A obsessão por sistemas de segurança física, e, pelo controle arquitetônico das fronteiras sociais, tornou o zeitgeist da reconstrução urbana, a narrativa mestra do meio construído emergente dos anos noventa. A militarização da vida da cidade se faz tão implacavelmente visível nas ruas. Em cidades como Los Angeles, na orla ruim da pós-modernidade, observa-se uma tendência sem precedentes no sentido do aparato politico num único e abrangente esforço de segurança. Nas ruas de Los Angeles, o espaço público genuinamente democrático está quase extinto; contínuos de shoppings, centros de arte e centros comerciais elitizados são possíveis graças ao exercício de aprisionamento social do proletariado no setor de serviços do terceiro mundo que vive em guetos e bairros cada vez mais repressivos. A política municipal assume a postura de liderança na ofensiva por segurança e a demanda da classe média por isolamento social. O caso dos centros ‘megalomaníacos’ como o Bunker Hill e o corredor Figueroa são defendidos por Davis, em Cidade de Quartzo, como casos de abusos de escala e de composição.
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Isso promove a imediata deterioração da paisagem da rua e confisco de uma grande parte das atividades vitais do centro, as quais ficam aprisionadas dentro de edifícios comerciais privatizados. Sobre a escala do desenho urbano, este está de forma tal a obedecer a uma dinâmica anti-pedestre, que pode ser entendida como mais uma estratégia sócio-espacial deliberada. A gentrificação dos bairros de Los Angeles segue a lógica do “efeito fortaleza”, conformado pela imposição desmedida das novas intervenções urbanas nos bairros. Isso se confirma pelo notável pânico silencioso ao haver a presença de um indivíduo não pertencente ao topo da pirâmide social em tais bairros de luxo. A estratégia é então “eliminar a multidão”. O remodelamento do bairro de Bunker Hill ignora a cidade antiga, e suas conexões para pedestres com o centro antigo de Los Angeles são removidas. Essa estratégia social que visou restringir o acesso ao bairro pela parte de pessoas não anglo-saxônicas oriundas dos bairros imigrantes ao redor se insere num contexto de ‘apartheid’ espacial, onde jovens negros estavam rotulados de perigosos membros de gangues . Outras estratégias são empregadas visando o impedimento da permanência de pessoas ‘indesejadas’ em locais privativos e elitistas. Tanto o design dos banco de ponto de ônibus, em formato mínimo que permite unicamente sentar-se, quanto o uso de sprinklers em parques, e lixeiras de restaurantes trancadas a cadeado, são todas estratégias inseridas no remodelamento urbano da não permanência em espaços públicos. Portanto, para a efetiva gentrificação do bairro, fez-se uma “limpeza” social urbana, removendo-se efetivamente de cena indivíduos que não se enquadram à proposta de bairro elitista, e “alocando-os” em regiões distantes e escondidas. Desta forma, ao concentrar grandes levas de indigentes sem fornecer-lhes condições de moradia adequada, conforma-se um dos bairros mais perigosos do mundo; os guetos.
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Criação de centros comercial em guetos, e para seus moradores. Sua solução engenhosa que ganhou a aclamação nacional da indústria da incorporação comercial, era uma ‘estratégia de design e gerencia orientada para a segurança”abrangente. Seu projeto visivelmente se baseia na obra de Jeremy Benthan, da prisão panóptica.
“Nesse ínterim, a lógica da “haagenização” foi estendida para a habitação assim como para as áreas comerciais do gueto. A contrapartida do shopping-center-como-prisão-panóptica é o projeto-habitacional-como-aldeia-estratégica. O Projeto Habitacional Cortes Imperiais, um pouco abaixo na rua quando se vem do Centro Martin Luther King Jr., foi recentemente fortificado cm cercas, passes de identidade obrigatórios e uma subdelegacia LAPD. Visitantes são parados e revistados, enquanto a polícia rotineiramente da ordens a residentes paraque voltem a suas casas durante a noite. Tal é a perda de liberdade que os inquilinos da habitação pública são obrigados a sofrer como pagamento pela ‘segurança’.” (Cidade de Quartzo, pag. 221)
A sociedade de Las Vegas vive o auge da cultura do confinamento em condomínios residenciais fechados, cercados, monitorados e restritos. É o que Davis denomina de “Corrida armamentista residencial”. Assim também acontece com espaços originalmente públicos como praças e parques que se tornam de acesso restrito a moradores do bairro, de modo a evitar a presença de imigrantes latinos e hispânicos nestas regiões burguesas. São os casos de Hidden Hills, Bradbury, Rancho Mirage e Palos Verdes Estates. “O objeto final, porém discreto, da mania de mansões que está em curso no Westside de Los Angeles – por exemplo, a demolição de mansões de 3 milhões de dólares para a construção de mansões de 30 milhões – é a busca de “segurança absoluta”. Arquitetos residenciais tomam emprestado segredos de projetos de embaixada e postos militares de comando de além-mar. Um dos
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itens mais requisitados é a ‘sala de segurança à prova de terroristas’ oculta na planta da casa e acessível através de painéis corrediços e portas secretas. Merv Griffith e seus companheiros na construção de mansões estão fortificando seus palácios como se fossem silos para mísseis.” (Cidade de Quartzo, pag.223)
Atualmente, todos os bairros residenciais estão sob a vigilância de policiamento privado, sendo recorrentes placas escritas “resposta armada” nos seus jardins. A profissão de guarda é extremamente solicitada; em um dia, pode-se contar mais de 100 vagas para tal nos classificados dos jornais. Isso significa que há uma demanda maior para profissionais de segurança do que profissionais clássicos, como cabelereiro ou barbeiro... As grandes agências de segurança promovem a ideia de venda do ‘conceito’ de segurança, oferecendo pacotes que incluem toda a aparelhagem de alarme, monitoração, guarda de segurança, guarda costas, e é claro, a tradicional placa de “resposta armada” para enfeitar os jardins residenciais. A polícia da cidade de Los Angeles, LAPD (Los Angeles Police Departament) faz uso de técnicas da indústria militar aero-espacial em suas atividades quotidianas. Ás vésperas da realização dos Jogos Olímpicos de 1984 realizados na cidade, ela colocou em linha o ECCCS (Comando de Controle de Emergência de Sistemas de Comunicação), desenvolvido pela NASA para controle de missões. Assim também, a adoção de helicópteros como veículos de controle e monitoramento se concretizou como prática do LAPD, os quais mantém uma média de 19 horas de voo, diariamente, para vigilância aérea de área de ‘alta criminalidade’. taticamente coordenados com carros-patrulha, execedendo até mesmo a vigilância aera do exercito britânico sobre Belfast. “A imagem aqui é, em última análise, mais importante do que a praticabilidade da proposta, pois ela condensa a visão histórica mundial e a aventura quixotesca LAPD do pós-guerra: bons cidadãos, fora das ruas, fechados em suas esferas de consumo de alta segurança; maus cidadãos, nas ruas (e, portanto, metidos em negócios ilegítimos), presos na terrível vigilância de Jeová do programa espacial do LAPD.” (Cidade de Quartzo, pag.227)
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Imagem 7 Projeto Not a Cornfield (referência: http://www.notacornfield.com
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Imagem 8 Vista aérea do Projeto Not a Cornfield (referência: http://www.notacornfield.com
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Imagem 9 Los Angeles River (referência: Fotografia por Stephen Bay, em www.http://bayimages.net)
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Imagem 10 Jardim comunitário (referência: www.http://ronmilam.com
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Imagem 11 Manifestações imigrantes 2006 em Los Angeles (referência: www.http://kids.britannica.com/comptons/art-171204/Thislargely-Hispanic-crowd-in-Los-Angeles-gathered-in-2006
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V- Conclus達o
O trabalho buscou apresentar uma visão sobre a cidade de Los Angeles no seu contexto como metrópole global pós-moderna. Como uma monografia , não há maneira de apontar a certeza dos fatos, que vão além do que uma bibliografia pode levantar. Seria necessário uma análise em campo , vivenciar a cidade para compreender de que maneira sua conformação urbana seria o palco dessas relações tão complexas que foram apresentadas nesse pequeno projeto. O que cabe levar em consideração nesse momento é , entre outros aspectos, como se deu o crescimento dessa cidade e de que forma isso gera uma profusão de relações interpessoais, além da tão citada exclusão social e o direito à cidade (tema de inúmeras discussões atuais, principalmente no que diz respeito às manifestações que nos fizeram perceber em que âmbito devemos pensar o espaço urbano como o espaço de conflitos). A segregação social de Los Angeles se reflete na falta do direito de usar a cidade. Uma cidade recortada por vias expressas, uma cidade que separa os ricos dos pobres, os nativos dos imigrantes, quem possui carro e quem não possui, logo, quem vive e quem não. Não são apenas os imigrantes, pobres e segregados que não tem direito à cidade. São todos aqueles que utilizam o carro para ir ao supermercado a duas quadras de distância. São aqueles que passam as tardes em um shopping center ou presos no trânsito ao invés de estarem em parques na cidade. Ter direito à cidade é dar direito às pessoas a participar e a se engajarem na vida pública e em espaços públicos e privados nas suas formas mais múltiplas. A forma como LA se estabeleceu e se estruturou nos dá mote para inúmeros questionamentos sobre o papel atuante dos arquitetos nas cidades contemporâneas de modo a pensar métodos de recria-las e estabelecer uma maior participação das juntas comunitárias na hora de discuti-las e formular planos, favorecendo assim um processo de criação de cidade mais aberto à participação popular. Los Angeles nos serve como um aviso acerca do crescimento espraiado e da formação de subúrbios, algo de certa forma imitado por nossos condomínios fechados, que em si se comportam como guetos e se excluem da cidade. Questionar o padrão Los Angeles é repensar a forma como produzimos cidade .
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