Mary Balogh – A fuga (Clube dos Sobreviventes 03)
A Fuga (Clube dos Sobreviventes 3)
Mary Balog
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Sinopse Depois de sobreviver às guerras napoleônicas, Sir Benedict Harper está lutando para seguir em frente, seu corpo e seu espírito necessitado de um toque de cura. Nunca Ben poderia imaginar que a esperança chegaria na forma de uma bela mulher que viveu a sua própria cota de sofrimento. Após a morte lenta de seu marido, Samantha McKay está à mercê de seus opressores sogros até que traça uma fuga para Wales, para reivindicar uma casa que herdara. Sendo um cavalheiro, Ben insiste em acompanha-la na viagem fatídica. Ben quer Samantha tanto quanto ela o quer, mas ele é cauteloso. O que pode uma alma ferida oferecer a qualquer mulher? Samantha está pronta para ir onde o destino a levar, deixar para trás a sociedade educada, e até mesmo o decoro, em seu desejo por este belo e honrado soldado. Mas ela ousaria oferecer seu coração ferido, bem como o seu corpo? As respostas a ambas as perguntas podem ser encontradas em um lugar improvável: nos braços um do outro.
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Capítulo 1 Era quase meia-noite, mas ninguém fazia qualquer movimento para retirar-se para cama. — Você vai achar tudo muito tranquilo por aqui depois que partirmos, George — Ralph Stockwood, conde de Berwick, comentou. — Vai ficar silencioso, com certeza. — O Duque de Stanbrook olhou em volta do círculo de seis pessoas que se reuniam na sala de estar em Penderris Hall, sua casa de campo na Cornualha, e seus olhos se detiveram com carinho em cada um deles, por sua vez, antes de passar ao próximo. — Sim, e tranquilo também, Ralph. Mas eu vou sentir uma falta terrível de vocês. — Você estará co-contando suas bênçãos, George, — disse Flavian Arnott, Visconde Ponsonby, — assim que perceber que não terá que ouvir Vince raspar em seu v-violino por mais um ano inteiro. — Ou os gatos uivando em êxtase junto com a música que ele cria — Vincent Hunt, visconde Darleigh, acrescentou. — Você pode muito bem mencionar isso também, Flave. Não há necessidade de considerar a minha sensibilidade. — Você toca com muito mais competência do que no ano passado, Vincent — Imogen Hayes, Lady Barclay, assegurou. — No próximo ano eu não duvido que você vai ter melhorado ainda mais. Você é uma maravilha e uma inspiração para todos nós. — Posso até dançar uma das suas músicas em um destes dias, desde que não seja muito enérgica, Vince — Sir Benedict
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Harper olhou com tristeza para as duas bengalas apoiadas contra o braço da cadeira. — Por acaso você não abriga a esperança de que todos nós decidamos ficar mais um ano ou dois, em vez de partir amanhã, George? — Hugo Emes, Lorde Trentham, perguntou, parecendo quase melancólico. — Eu nunca soube de três semanas que passassem tão rapidamente. Chegamos aqui, piscamos, e agora já é hora de seguir nossos caminhos separados novamente. — George é demasiado e-educado para dizer um simples não, Hugo — Flavian disse a ele. — Entretanto, a vida nos chama, infelizmente. Eles estavam se sentindo um pouco piegas, todos os sete, os membros do auto-denominado Clube dos Sobreviventes. Em uma época, todos tinham passado vários anos em Penderris, se recuperando de ferimentos sofridos durante as guerras napoleônicas. Embora cada um tivesse que lutar uma batalha solitária para a recuperação, eles também tinham ajudado e apoiado um ao outro e se tornado tão íntimos como quaisquer irmãos — e irmã. Quando tinha chegado a hora deles partirem para criar novas vidas para si ou para recuperar as velhas, tinham ido com uma mistura de ânsia e apreensão. A vida era para ser vivida, todos concordavam, mas o casulo em que haviam sido envovidos por tanto tempo manteve-os a salvo e até mesmo feliz. Eles tinham decidido que voltariam para a Cornualha por algumas semanas a cada ano para manter viva sua amizade, partilhar suas experiências de vida além dos limites familiares de Penderris, e para ajudar com qualquer dificuldade que pudesse surgir para um ou mais deles. Esta tinha sido a terceira reunião deste tipo. Mas agora tudo acabara por mais um ano, ou acabaria no dia seguinte.
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Hugo se levantou e se esticou, expandindo sua cintura já impressionante, não devido à gordura. Ele era o mais alto e o mais amplo deles, o de olhar mais feroz, com seu cabelo curto e uma carranca frequente. — O diabo é que eu não quero acabar com isso — disse ele. — Mas se eu quiser sair cedo amanhã, é melhor ir para a cama. Era o sinal para todos subirem. A maioria tinha longas viagens para fazer e esperavam partir bem cedo. Sir Benedict foi o mais lento para se levantar. Ele teve que colocar as bengalas em suas laterais, deslizar seus braços através das correias que tinha adaptado e transportar-se meticulosamente para cima. Qualquer um dos outros teria ficado feliz em oferecer uma mão amiga, é claro, mas eles sabiam que era melhor não fazê-lo. Eles eram todos intensamente independentes, apesar de suas deficiências diversas. Vincent, por exemplo, iria sair da sala e subir as escadas para o seu próprio quarto sem ajuda, apesar do fato de que era cego. Por outro lado, todos iriam esperar pelo amigo mais lento e combinar os seus passos ao dele enquanto subiam as escadas. — Mu-muito em breve, Ben, — Flavian disse — você vai ser capaz de fazer isso em menos de um minuto. — Melhor do que dois, como era no ano passado — disse Ralph. — Isso realmente foi um pequeno bocejo, Ben. Eles não iriam resistir ao impulso de espetá-lo e provoca-lo, exceto, talvez, Imogen. — Mesmo dois é notável para alguém a quem foi dito que deveria ter as duas pernas amputadas se quisesse salvar sua vida — disse ela.
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— Você está deprimido, Ben. — Hugo parou no meio do caminho para fazer a observação. Benedict lhe lançou um olhar. — Só cansado. É tarde, e estamos no fim da nossa estadia de três semanas. Eu sempre odeio despedidas. — Não, — Imogen disse — é mais do que isso, Ben. Hugo não é o único a ter notado. Nós todos percebemos, mas o assunto nunca surgiu durante as nossas sessões noturnas. Haviam se sentado até mais tarde nas noites das últimas três semanas, como fizeram todos os anos, compartilhando algumas de suas preocupações e inseguranças mais profundas — e triunfos. Eles mantiveram alguns segredos um do outro. Havia sempre algum, é claro. A alma jamais poderia ser desnudada totalmente para uma outra pessoa, não importa o quão próximo fosse o amigo. Ben tinha fechado sua própria alma este ano. Ele estivera deprimido. Ainda estava. Sentia-se contrariado, porém, por não ter escondido melhor seu humor. — Talvez estejamos nos intrometendo onde nenhuma ajuda ou simpatia é procurada — disse o duque. — Estamos, Benedict? Ou devemos nos sentar e discutir isso? — Depois que acabo de fazer o esforço hercúleo para me levantar? E quando todos estão prestes a cair na cama a fim de parecerem frescos e bonitos na parte da manhã? — Ben riu, mas ninguém mais partilhou sua diversão. — Você está deprimido, Bem — disse Vincent. — Mesmo que eu não tenha notado. Os outros todos sentaram-se novamente, e Ben, com um suspiro, retomou seu próprio assento. Ele tinha quase conseguido escapar.
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— Ninguém gosta de ser um chorão", disse-lhes. — Chorões são mortalmente aborrecidos. — Concordo. — George sorriu. — Mas você nunca foi um chorão, Benedict. Nenhum de nós é. O resto de nós não colocaria assim. Admitir problemas, pedir ajuda ou mesmo apenas um ouvido amigo, não é choramingar. É meramente aproveitar as simpatias coletivas de pessoas que sabem quase exatamente o que você está passando. Suas pernas estão doendo, não estão? — Eu nunca me ressenti de um pouco de dor — disse Ben, sem negar. — Pelo menos ela me lembra que ainda tenho minhas pernas. — Mas...? George não tinha lutado nas guerras, embora tivesse sido um oficial militar. Seu único filho tinha lutado, porém, e tinha morrido em Portugal. Sua esposa, a mãe do menino, talvez tomada pela dor, atirou-se para a morte dos penhascos à beira da propriedade não muito tempo depois. Quando abriu sua casa para seis deles, bem como para outros, George estava tão ferido como qualquer um deles. Provavelmente ainda estava. — Eu vou andar. Eu já ando, de alguma forma. E eu vou dançar um dia. — Ben sorriu com tristeza. Sempre tinha afirmado isso e os outros, muitas vezes, brincaram com ele. Ninguém brincou agora. — Mas? — Hugo falou neste momento. — Mas nunca será como antes — disse Ben. — Suponho que eu saiba disso há um longo tempo. Eu seria um tolo se não
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soubesse. Mas levei seis anos para enfrentar o fato de que nunca vou andar mais que alguns passos sem minhas bengalas — no plural — e que nunca vou deixar de mancar, mesmo com elas. Nunca vou recuperar a minha vida como era. Sempre serei um aleijado. — É uma palavra dura, essa — disse Ralph com uma careta. — E um pouco derrotista? — É a pura verdade — Ben disse com firmeza. — É hora de aceitar a realidade. O duque apoiou os cotovelos nos braços da cadeira e juntou os dedos. — E aceitar a realidade envolve desistir e chamar-se de aleijado? — Disse. — Você nunca teria se levantado de sua cama, Benedict, se tivesse feito isso desde o início. Na verdade, você teria concordado em permitir que os cirurgiões do exército o livrasse de suas pernas completamente. — Admitir a verdade não significa desistir — Ben disse a ele. — Significa avaliar a realidade e ajustar sua vida em conformidade. Eu era um oficial militar de carreira e nunca previ qualquer outra vida para mim. Eu não queria qualquer outra vida. Eu ia acabar sendo um general. Eu vivi e trabalhei para o dia em que eu poderia ter essa vida antiga de volta. Não vai acontecer, no entanto. Nunca. É hora de admitir francamente e tratar disso. — Você não pode ser feliz com uma vida fora do exército? — Perguntou Imogen. — Oh, eu posso — Ben assegurou. — Claro que posso. E vou. Só que passei seis anos negando a realidade e, como resultado, à esta altura ainda não tenho idéia do que o futuro reserva para mim. Ou o que eu quero do futuro. Eu perdi esses anos ansiando por um passado muito distante e que nunca
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vai voltar. Entende? Estou me lamentando, e vocês todos poderiam estar dormindo pacificamente em suas camas agora. — P-prefiro estar aqui — disse Flavian. — Se um de nós vai embora daqui infeliz porque n-não pôde confiar no resto de nós, então nós po-podemos muito bem parar de vir. George vive na parte mais distante da Cornualha, além de tudo. Quem gostaria de v-vir apenas para apreciar a paisagem? — Ele está certo, Ben. — Vincent sorriu. — Eu não viria pela paisagem. — Você não está indo para casa quando partir daqui, Ben, — disse George. Era uma afirmação, não uma pergunta. — Beatrice, minha irmã, necessita de companhia — Ben explicou com um encolher de ombros. — Ela teve um resfriado persistente durante o inverno e só agora, com a primavera, está começando a se restabelecer. Ela não se sente bem para se mudar para Londres quando Gramley partir, depois da Páscoa, para a abertura da sessão parlamentar. E seus filhos vão voltar para a escola. — A Condessa de Gramley tem a sorte de ter um irmão tão agradável — disse o duque. — Particularmente, sempre fomos amigos próximos — Ben disse a ele. Mas ele não tinha respondido à pergunta implícita de George. E uma vez que a resposta era uma grande parte da depressão que seus amigos tinham notado, ele se sentiu obrigado a dar-lhe. Flavian estava certo. Se eles não pudessem partilhar tudo um com o outro aqui, suas amizades e essas reuniões perderiam sentido. — Sempre que eu vou para casa, em Kenelston, — disse ele — Calvin não está disposto a me deixar fazer nada. Ele não quer
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que eu ponha o pé no escritório, fale com o meu agente imobiliário ou visite qualquer uma das minhas fazendas. Ele insiste em fazer sozinho tudo o que precisa ser feito. Seu jeito é sempre risonho e amável. É como se ele acreditasse que meu cérebro foi danificado como minhas pernas. E Julia, minha cunhada, exagera sobre mim, até mesmo ao ponto de limpar o caminho sempre que eu saio do meu próprio quarto. Permitem às crianças brincar fora da casa, vejam, e quando o fazem, espalham objetos por onde passam. Ela serve minhas refeições nos meus aposentos privados para que eu não tenha que me mover até a sala de jantar. Ela — ambos para ser justo, de fato, me sufocam com sua bondade até eu partir de novo. — Ah — disse George. — Agora vamos chegar ao cerne da questão. — Eles realmente temem por mim — disse Ben. — Ficam bastante ansiosos a cada momento quanto estou lá. — Eu ouso dizer que o seu irmão mais novo e sua esposa se acostumaram a pensar em sua casa como se fosse deles durante os anos em que você esteve aqui como um paciente e depois como um convalescente — disse George. — Mas você partiu daqui há três anos, Benedict. Por que, naquele momento, ele não tinha tomado posse de sua própria casa e, de alguma forma, forçado seu irmão a fazer outras provisões para sua própria família? Essa era a pergunta implícita. O problema era que Ben não tinha uma resposta, que não fosse a procrastinação. Ou pura covardia. Ou — algo assim. Ele suspirou. — As famílias são complexas. — Elas são — Vincent concordou com fervor. — Eu sinto por você, Ben.
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— Meu irmão mais velho e Calvin sempre foram muito próximos — explicou Ben. — Era quase como se eu, o do meio, não existisse. Não que houvesse qualquer hostilidade, só ... indiferença. Eu era seu irmão e eles o meu, só isso.Wallace sempre foi apenas interessado em um futuro na política e no governo. Ele viveu em Londres, tanto antes como depois da morte de nosso pai. Quando assumiu o baronato, deixou muito claro que não estava, de modo algum, interessado em viver em Kenelston ou administrar a propriedade. Desde que Calvin estava interessado em ambos, e uma vez que ele também se casou cedo e começou uma família, os dois chegaram a um acordo que trouxe satisfação mútua.Calvin iria viver na casa e administrar os bens inerentes ao título, e Wallace iria pagar as contas e receber os lucros, mas não teria que se preocupar com a execução de nada. Calvin não esperava — aliás, nenhum de nós — que uma carroça carregada caisse sobre Wallace perto de Covent Garden e o matasse sem rodeios. Foi muito bizarro. Isso aconteceu pouco antes de eu ser ferido. Não era esperado que sobrevivesse. Mesmo depois de eu ser trazido de volta para a Inglaterra e, em seguida, para cá, não era esperado que eu vivesse. Você não esperava isso, George, não é? — Pelo contrário — disse o duque. — Olhei em seus olhos no dia em que o trouxeram para cá, Benedict, e soube que você era teimoso demais para morrer. Eu quase me arrependi. Eu nunca vi ninguém sofrer mais dor do que você. Seu irmão mais novo assumiu, então, que o título, a fortuna e Kenelston logo seriam inteiramente dele? — Deve ter sido um duro golpe para ele — disse Ben com um sorriso triste — quando eu sobrevivi. Eu tenho certeza de que ele nunca me perdoou, o que o faz parecer mal-intencionado, o que realmente ele não é. Quando estou longe de casa, ele pode continuar como tem feito desde que o nosso pai morreu. Quando eu estou lá, ele, sem dúvida, se sente ameaçado e com
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razão. Tudo é meu por direito, depois de tudo. E se Kenelston não for a minha casa, onde será? Essa era a pergunta que o havia assolado por três anos. — Minha casa está cheia de parentes do sexo feminino que me amam a um ponto perturbador — disse Vincent. — Elas respirariam por mim se pudessem. Elas fazem de tudo — ou assim parece. E depois — ouvi alguns rumores — vão estar me forçando a potenciais noivas, porque um homem cego precisa de uma esposa para segurar sua mão através de todos os anos sombrios pelos quais passará. Minha situação é um pouco diferente da sua, Ben, mas há semelhanças. Um dia desses eu vou ter que colocar meu pé no chão e me tornar mestre da minha própria casa. Mas como fazê-lo é o problema. Como você fala firmemente com as pessoas que você ama? Ben suspirou e depois riu. — Você está exatamente certo, Vince — disse ele. — Talvez você e eu sejamos apenas um par de fracotes indecisos. Mas Calvin tem uma esposa e quatro filhos para prover, enquanto eu não tenho ninguém além de mim. E ele é meu irmão. Eu me importo com ele, mesmo que nunca tenhamos sido próximos. Foi um completo acidente ele ter sido o terceiro filho e eu o segundo. — Você se sente c-culpado por ter herdado o baronato, Ben? — Perguntou Flavian. — Veja bem, eu nunca esperei isso — explicou Ben. — Não havia ninguém mais saudável ou cheio de vida do que Wallace. Além disso, eu nunca quis ser nada, só um oficial militar. Eu certamente nunca esperei que Kenelston fosse minha. Mas é, e eu às vezes acho que se eu pudesse simplesmente ir lá e mergulhar na gestão da propriedade, talvez eu finalmente me sentisse ajustado e continuasse a viver feliz para sempre.
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— Mas a sua casa está ocupada por outras pessoas — disse Hugo. — Eu gostaria de ir lá para você, se você quisesse, Ben, e colocá-los todos para fora. Eu faço uma carranca, olho duro, e eles correm para fora sem nenhum grito de protesto. Mas esse não é o ponto, não é? Ben se juntou ao riso geral. — A vida era simples no exército — disse ele. — A força bruta resolvia todos os problemas. — Até que Hugo p-perdeu sua cabeça, — disse Flavian — Vince perdeu a visão e cada o-osso de suas pernas foi esmagado, Ben, para não mencionar a maioria dos ossos no resto do seu corpo também. E Ralph teve todos os seus amigos varridos do mmapa e sua linda aparência arruinada quando alguém cortou seu rosto; e Imogen foi forçada a tomar uma d-decisão que não se deve nunca ter que tomar e viver com a sua escolha para ssempre depois; e George perdeu tudo que era valioso pra ele, mesmo sem sair de Penderris. E metade das palavras q-que eu quero falar ficam presas no caminho da minha boca, como se algo no meu cérebro precisasse de uma p-pincelada de óleo. — Certo — disse Ben. — A guerra não é a resposta. A vida só parecia mais simples naqueles dias. Mas eu estou privando todos de seu descanso. Vocês vão me desejar o inferno. Sinto muito, eu não queria desabafar sobre todos esses problemas insignificantes. — Você fez isso porque nós o convidamos a fazer, Benedict, — Imogen lembrou a ele — e porque este é precisamente o motivo pelo qual nos reunimos aqui todos os anos. Infelizmente, não temos sido capazes de oferecer-lhe todas as soluções, não é? Exceto pela oferta de Hugo para remover o seu irmão e sua família de sua casa pela força — que felizmente não foi uma sugestão séria.
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— Porém, isso não importa, Imogen, não é? — Disse Ralph. — Ninguém pode resolver qualquer problema de outra pessoa. Mas sempre ajuda apenas desafogar-se a ouvintes que ouvem verdadeiramente e sabem que as respostas simplistas são inúteis. — Você está deprimido, então, Benedict — disse o duque. — Em parte por causa de ter aceitado o caráter permanente das limitações de seu próprio corpo, mas ainda não sabe onde essa aceitação irá levá-lo, e em parte porque ainda não aceitou que você não é mais o irmão do meio dos três, mas o mais velho dos dois, com algumas decisões a tomar, o que você nunca esperou. Não tenho medo que você perca a esperança. Isso não está na sua natureza. Acredito que os meus ouvidos ainda estão vibrando pelas palavras de maldição que costumava berrar quando a dor ameaçava superar a sua resistência nos primeiros dias. Você poderia ter alcançado a paz da morte então, se você só tivesse tido o bom senso de se desesperar. Você tem apenas que se reerguer, então. Talvez, você estivesse repousando sobre um patamar por muito tempo. Ir em frente pode ser uma coisa assustadora. Mas também pode ser um desafio excitante. — Você ensaiou esse discurso o d-dia todo, George? — Perguntou Flavian. — Eu sinto que devemos ficar de pé e aplaudir. — Foi muito espontâneo, lhes garanto — disse o duque. — Mas estou bastante satisfeito com ele. Eu não tinha percebido que eu era tão sábio. Ou tão eloquente. Deve ser hora de dormir. — Ele riu com o resto deles. Ben posicionou suas bengalas e encarou o lento processo de ficar de pé novamente, enquanto todos os outros já estavam. Nada tinha mudado na última hora, ele pensou conforme percorria lentamente o caminho no andar superior até seu
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quarto, Flavian ao seu lado, os outros um pouco à frente deles. Nada tinha sido resolvido. Mas, de alguma forma ele se sentiu mais alegre — ou talvez apenas mais esperançoso. Agora que ele tinha dito em voz alta — que suas deficiências eram permanentes e ele deveria construir uma vida totalmente nova para si mesmo, se sentia mais capaz de fazer algo, de criar um futuro novo e significativo, mesmo que ainda não tivesse ideia de como seria. Mas, pelo menos no futuro imediato, cuidaria de não envolver uma dessas visitas cada vez mais difíceis e deprimentes à sua própria casa. Iria começar a visitar County Durham, no norte da Inglaterra amanhã e ficaria por um tempo com sua irmã. Estava ansioso por isso. Beatrice, cinco anos mais velha, sempre tinha sido sua irmã favorita. Enquanto estivesse lá com ela, pensaria seriamente sobre o que faria com o resto de sua vida. Faria alguns planos, tomaria algumas decisões. Algo definitivo, interessante e desafiador. Algo para tirá-lo da depressão que pairava sobre ele como uma nuvem cinza por muito tempo. Não ficaria mais à deriva. Havia realmente algo muito emocionante sobre o pensamento de que o resto de sua vida era seu para ser tomado.
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Capítulo 2 Samantha McKay estava inquieta. Ela estava na janela da sala de estar em Bramble Hall, sua casa em County Durham, e tamborilava os dedos no peitoril da janela. Sua cunhada estava deitada no sofá em seu quarto no andar de cima, incapacitada mais uma vez por uma forte dor de cabeça. Matilda nunca teve dores de cabeça comuns. Elas sempre foram fortes dores de cabeça ou enxaquecas, às vezes ambas. Elas tinham estado sentadas aqui juntas, completamente sociáveis apenas meia hora atrás, Samantha com seu bordado, Matilda reparando a renda de uma toalha de mesa. Samantha havia comentado sobre o belo dia que estava fazendo, mesmo que o sol não estivesse realmente brilhando. Ela sugeriu casualmente que talvez devessem sair para uma caminhada. Ela quase se acovardou e deixou por isso mesmo, mas seguiu pressionando. Talvez, ela sugerisse que, devessem sair para além dos limites do parque hoje. Embora os jardins que cercavam a casa fossem sempre referidos como parque, tal palavra glamourizada o que na verdade era apenas um grande jardim. Era perfeitamente adequado para um passeio calmo entre os canteiros de flores ou para sentar-se em um dia quente, mas não era amplo o suficiente para um exercício de verdade. E um verdadeiro exercício físico era o que Samantha tinha começado a desejar mais do que qualquer outra coisa que pudesse pensar. Se não saísse para além da casa e do jardim em breve para caminhar, uma caminhada de verdade, ela... Oh, iria gritar ou atirar-se ao chão e bater os pés até fazer uma grande birra. Bem, iria sentir vontade de fazer todas essas coisas mesmo que, supôs, não fosse realmente fazer alguma coisa mais extravagante do que suspirar, ansiar e conspirar. Entretanto, estava quase desesperada.
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Matilda, previsivelmente, a olhava com reprovação, para não mencionar chocada e triste. Não — ou conforme explicou — que ela não sentisse necessidade de uma boa caminhada. Uma verdadeira dama deveria, no entanto, aprender a dominar seus desejos básicos quando estava em luto profundo. Uma verdadeira dama deveria manter-se decentemente confinada em sua casa e tomar ar na privacidade do seu próprio parque, protegida por trás de suas paredes dos olhos críticos dos curiosos. Certamente não era conveniente para uma senhora de luto que fosse vista se divertindo. Ou que fosse vista de qualquer forma, a não ser por seus parentes próximos e servos dentro de sua própria casa e por seus vizinhos na igreja. O Capitão Matthew McKay, irmão de Matilda e marido de Samantha por sete anos, tinha morrido quatro meses antes e Matilda usou esse discurso. Ele morreu depois de sofrer por cinco anos dos ferimentos que sofrera como oficial durante as Guerras Peninsulares. Ele precisava de cuidados constantes durante esses anos, ou melhor, ele havia exigido cuidados constantes, e o papel de enfermeira havia caído quase exclusivamente sobre Samantha já que ele não admitiria mais ninguém para cuidá-lo, exceto seu valete e o médico. Ela mal tinha sabido o que era dormir por uma noite inteira ou ter mais de uma hora aqui e ali fora do quarto do doente durante o dia. Quase nunca tinha tido a oportunidade de ir além dos muros do jardim. Até mesmo um passeio no jardim tinha sido um deleite raro. Matilda chegara a Bramble Hall para os meses finais de vida de seu irmão, depois de Samantha ter escrito a seu sogro, o Conde de Heathmoor, na Abadia de Leyland em Kent, para informa-lo de que o médico acreditava que o fim estava perto. Mas o peso dos cuidados sobre os ombros de Samantha não tinha sido atenuado, em parte porque a essa altura Matthew realmente precisava dela, e em parte porque ele não podia
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suportar a visão de Matilda e o disse muito claramente quando ela apareceu em seu quarto, para se retirar e manter-se fora de sua vista. Samantha tinha estado muito perto do ponto de colapso no momento em que Matthew morreu. Estava esgotada, entorpecida e desanimada. Sua vida, de repente, parecia vazia e incolor. Ela não tinha vontade de fazer qualquer coisa, até mesmo se levantar de manhã ou vestir-se ou escovar o cabelo. Mesmo comer. Não era de admirar que ela tivesse permitido que Matilda tomasse conta de tudo, embora tivesse escrito a seu sogro uma hora após a morte de seu filho. Matilda tinha insistido em que a morte do segundo filho do conde de Heathmoor fosse lamentada de acordo com as regras estritas de decoro, embora ela não precisasse insistir — Samantha não tinha se oposto. Ainda não tinha ocorrido a ela que as regras das quais Matilda falava eram excessivas, bem como opressivas. Ela se permitiu ser engalanada, da cabeça aos pés, no que certamente deveria ser o vestuário de luto mais pesado e mais sombrio já usado. Ainda não tinha insistido em comprar novas roupas. Se permitiu ser enclausurada dentro de sua casa, as cortinas sempre meio fechadas através das janelas por respeito aos mortos. Tinha permitido que Matilda desencorajasse todos os que fizeram visitas de cortesia de vir de novo, e recusasse todos os convites ernviados a elas, mesmo para o mais sóbrio e respeitável encontro social. Samantha não tinha sentido falta de misturar-se com a sociedade na forma de seus vizinhos pela razão óbvia de que ela nunca havia se misturado com eles. Ela nem sequer os conhecia além de um aceno na igreja nas manhãs de domingo. Ela estava em Bramble Hall há cinco anos, e quase todos os momentos desses anos tinham sido dedicados ao atendimento de Matthew.
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Durante quatro meses, agora ela não se importava com qualquer coisa além da dormência de sua própria letargia abrangente e exaustão. Se verdade fosse dita, ela tinha ficado bem contente de que Matilda estivesse lá para tomar conta de tudo o que precisava ser feito, mesmo que ela nunca tivesse gostado de sua cunhada mais do que seu marido. Mas dormência e exaustão poderiam durar apenas um tempo. Depois de quatro meses, a vida devia reafirmar-se. Ela estava inquieta. Estava pronta para sair de sua letargia. Precisava sair de dentro de casa, sair do parque. Precisava andar.Precisava respirar ar puro. Olhou para fora, os dedos tamborilando, e então olhou para seu luto e fez uma careta.Sentiu a escuridão de cada ponto inadequado como um peso físico. Tentara argumentar com Matilda anteriormente.Certamente, ela havia dito, seria inofensivo sair para um passeio ao longo de caminhos do campo, que raramente eram percorridos.E mesmo que elas encontrassem alguém, certamente essa pessoa não pensaria o pior delas por passear tranquilamente na zona rural perto de sua própria casa. Certamente, quem quer que fosse, não sairia correndo para espalhar a todo o bairro que a viúva e sua cunhada estavam fazendo travessuras, comportando-se com chocante leviandade e desrespeito para com os mortos. Ela realmente esperava o esboço de um sorriso de Matilda pelo exagero? Matilda sorrira alguma vez? O que ela fez foi olhar friamente de volta para o sorriso de sua cunhada, deixar de lado, deliberadamente, sua tarefa de remendar inacabada, e anunciar que estava com uma forte dor de cabeça, pela qual esperava que Samantha estivesse satisfeita. Ela havia se retirado para seu quarto para se deitar por uma ou duas horas.
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Samantha estava feliz por Matilda nunca ter se casado. Algum pobre homem tinha sido salvo de uma vida de miséria abjeta. Ela nem sequer se sentiu culpada pelo pensamento pouco caridoso. Ao olhar para baixo encontrara a expressão ansiosa, esperançosa de um grande cão marrom desgrenhado, de raça indeterminada, um vira-lata que tinha aparecido literalmente à sua porta há dois anos, parecendo um esqueleto desengonçado, e passara a residir lá depois que ela o alimentara por pura piedade e, em seguida, tentara espantá-lo. Ele tinha se recusado a ser enxotado e, de alguma forma, por meios muito além de sua compreensão ou de seu controle, ele tinha se estabelecido dentro da casa e seus pelos cresceram mais volumosos, mais grossos e indisciplinados, mas nunca elegante, brilhante ou gracioso como qualquer cão que se preze deveria parecer. Ele estava sentado aos pés de Samantha agora, sua cauda batendo no chão, a língua de fora, os olhos implorando para agradar, por fazer alguma coisa com ele. Às vezes, ela sentia que ele era o único ponto brilhante em seu mundo. — Você viria caminhar comigo se eu te pedisse, não viria, Tramp? — Perguntou a ele. — Respeitavelmente? Tramp ficou de pé na sua maneira desajeitada de costume, latiu agudamente acreditando que ainda era um filhote de cachorro, ofegando ruidosamente como se tivesse acabado de correr uma milha em alta velocidade, e continuou a olhar com expectativa para cima. — Como é que a sua resposta pode ser qualquer coisa que não seja sim? — Ela riu dele e acariciou sua cabeça. Mas ele não se contentava com um carinho suave. Ele girou a cabeça para que pudesse primeiro babar sobre a sua mão e, em
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seguida, expor sua garganta para uma boa coçada. — E por que não? Por que não, Tramp? Ficou claro que Tramp não poderia pensar em nenhuma razão para que eles se privassem só porque Lady Matilda McKay teve uma dor de cabeça forte, bem como noções estranhas sobre o ar, exercício e etiqueta de luto correta. Ele arrastou-se até a porta e olhou para a maçaneta. Era impróprio para uma senhora andar sozinha além dos limites do seu próprio parque, mesmo quando não estava de luto. Ou assim Samantha tinha sido ensinada durante o ano que passara em Leyland Abbey enquanto Matthew estava na Península com seu regimento. Era uma das muitas regras tristes de ser uma lady, as quais seu sogro tinha se incumbido de ensinar à esposa de seu filho, que havia se casado contra a sua vontade. Bem, ela não tinha escolha senão ir sozinha. Matilda estava deitada em seu sofá no andar de cima e não a teria acompanhado de qualquer maneira; foi a própria ideia da caminhada que a colocou de cama. Se Samantha colocasse um dedo do pé além do limite do parque e Matilda e o conde de Heathmoor descobrissem... Bem, mesmo se ela cavasse um buraco até a China e desaparecesse, não poderia escapar à sua ira. E o conde saberia, se Matilda o fizesse. Havia muitas milhas entre County Durham, no norte da Inglaterra e Kent, no sul, mas essas milhas eram percorridas algumas vezes por semanas, por mensageiros portadores de cartas de Matilda ao conde e cartas do conde para Bramble Hall. Por que ela tinha permitido que isso acontecesse? Samantha perguntou a si mesma. Estava começando a se sentir como uma prisioneira em sua própria casa, sob a tutela de uma espiã sem humor. Matthew não teria tolerado. Ele exercera uma espécie de tirania própria sobre ela, mas não a de seu pai. Ele odiava seu pai.
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— Bem, — ela disse — mesmo que eu fosse tola o bastante para usar a palavra proibida na sua audição, Tramp, seria nada menos que crueldade desapontá-lo. E seria o máximo de crueldade me decepcionar. Sua cauda acenou, e ele olhou da maçaneta da porta para ela e vice-versa. Dez minutos depois eles estavam caminhando ao longo do caminho no lado oeste da casa em direção ao portão do jardim, o qual passarava para a estrada e prados. Pelo menos, Samantha caminhou de forma bastante feminina, mas não arrependida, enquanto Tramp vinha ao seu lado e, ocasionalmente, saía correndo em busca de qualquer esquilo ou pequeno roedor suficiente desatento para levantar sua cabeça. Embora talvez não fosse a falta de cautela, mas apenas desprezo por parte deles, por Tramp nunca chegar perto de prender sua presa à terra. Ah, se sentia tão bem por respirar ar fresco, por fim, pensou Samantha, mesmo que fosse filtrado pelo pesado véu escuro que pendia da aba do seu chapéu preto. E era glorioso ver nada além de espaço aberto, pela primeira vez na estrada, e depois na grama com margaridas e botões de ouro se espalhando em um prado para o qual eles se voltaram. Era o paraíso permitir que seu passo se alongasse e saber que, pelo menos por um tempo, o horizonte era a única fronteira que a limitava. Não havia ninguém para testemunhar indiscrição, ninguém a ofegar de horror ao vê-la.
sua
grande
Ela parava de vez em quando e colhia botões de ouro, enquanto Tramp brincava sobre ela. E, em seguida, com seu pequeno ramalhete completo, andava a passos largos, novamente, uma densa sebe um lado, todas as belezas frescas da natureza espalhadas do outro, o céu que se estendia com sua alta camada de nuvens através da qual ela podia ver o brilhante disco distorcido do sol. Havia uma brisa viva, um pouco fria que
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vibrava o véu sobre seu rosto, mas ela não se sentia desconfortável pelo frio.Com efeito, ela o apreciava. Sentia-se mais feliz do que tinha se sentido por meses, talvez até por anos. Oh, definitivamente há anos. Ela não ia se sentir culpada por tomar esta hora para si mesma. Ninguém poderia dizer que ela não tinha dado a seu marido toda a atenção possível enquanto viveu. E ninguém poderia dizer que ela não tinha lamentado corretamente desde a sua morte. Também ninguém poderia dizer que ela tinha ficado feliz com sua morte. Ela não ficou, nunca quis vê-lo morto, mesmo naqueles momentos em que se perguntava se ela ainda tinha quaisquer reservas de energia e paciência com as quais suportar sua impertinência sem fim. Ela havia ficado verdadeiramente entristecida pela morte do homem com quem havia se casado apenas sete anos antes, com tantas esperanças de um “felizes para sempre”. Não, ela não ia se sentir culpada. Ela precisava disso, esse prazer, essa paz, essa restauração tranquila de seus espíritos. Foi precisamente quando ela estava tendo esses pensamentos tranquilos que sua paz foi quebrada de forma súbita e alarmante. Tramp tinha acabado de voltar com a vara que ela tinha jogado para ele, e ela estava inclinando-se para recuperá-la com uma mão enquanto segurava o buquê na outra, quando pareceu que um raio desabou sobre eles do céu, não os acertando por pouco. Samantha gritou de terror, enquanto o cão entrou em um frenesi de latidos histéricos e saltou sem rumo em todas as direções, assustando e desequilibrando Samantha. Seus botões de ouro sairam voando em uma saraivada de amarelo, e ela caiu com um baque doloroso sobre sua parte inferior.
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Ela ficou boquiaberta com a dor misturada ao terror, e descobriu que o raio era, de fato, um grande cavalo negro, que tinha acabado de saltar por cima da sebe muito perto de onde ela estava. Poderia ter mantido o curso, uma vez que parecia ter pousado em segurança suficiente, mas o latido e os saltos de Tramp e talvez seu próprio grito, tinha lhe transtornado. Ele relinchou e empinou, seus olhos rolando descontroladamente com medo, enquanto o cavaleiro em sua parte traseira lutava em sua sela e tomava o controle com considerável habilidade e todo um arsenal de palavrões. — Você está fora de si? Você está completamente louco? — Coloque aquele maldito animal sob controle, mulher, droga. Samantha gritou-lhe as perguntas retóricas e o homem gritou seu comando imperioso simultaneamente. Tramp estava de pé firme, latindo ferozmente, alternadamente com um arreganhar dos dentes e rosnando de uma forma assustadora. O cavalo ainda estava empinando nervoso, embora já não acuasse.
Mulher? Maldito animal? Droga? E por que o homem não saltava da sela para ajudá-la a levantar-se e assegurar-se de que não tinha causado a ela qualquer lesão fatal, como qualquer verdadeiro cavalheiro? — Tramp — disse ela com firmeza, embora certamente não em obediência ao comando do cavaleiro. — Isso é o bastante!
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Um coelho escolheu aquele momento para aparecer no horizonte, orelhas apontadas para os céus, e Tramp saiu correndo em busca de alegria, ainda latindo e convencido de que poderia ganhar a corrida. — Você poderia ter me matado com sua proeza irresponsável — Samantha gritou acima do barulho. — Você está completamente louco? O cavalheiro no dorso do cavalo olhou friamente para ela. — Se você é incapaz de controlar essa desculpa patética de cão, — disse ele — realmente não deve levá-lo para onde ele possa perturbar cavalos e rebanho, pondo em perigo a vida humana. — Rebanho? — Ela olhou diretamente para a esquerda e para a direita para indicar que não havia sequer uma vaca ou touro em vista. — Colocar em perigo a vida humana? A sua própria, eu suponho que você quer dizer, uma vez que a minha claramente não significa nada para você. Permita-me fazer uma pergunta. Foi você, senhor, ou foi Tramp que escolheu com despreocupação imprudente saltar uma sebe sem primeiro verificar que era seguro fazê-lo? E foi ele ou você aquele que, em seguida, lançou a culpa sobre a pessoa inocente que quase foi morta? E sobre um cão que brincava feliz até que levou um susto de morte? Ela se levantou sem tirar os olhos dele — e sem estremecer sobre o que sentia com o cóccix machucado. Talvez fosse uma boa coisa ele não ter desmontado para ajudá-la, ela pensou conforme a ira tomava o lugar do terror. Ela poderia esbofeteá-lo, o que certamente deveria ser contra as regras do decoro para uma lady, para não mencionar uma viúva de luto profundo. Suas narinas se alargavam enquanto ele a ouvia, e seus lábios se comprimiram numa linha fina quando ele a olhou como se ela fosse um verme desagradável que poderia ter sido melhor se seu cavalo tivesse pisado.
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— Eu acredito — disse ele com uma formalidade rígida — que você não sofreu qualquer grande mal, senhora? Eu acredito que não, porém, desde que você está perfeitamente capaz de se expressar. Ela estreitou os olhos e jogou sobre ele seu olhar mais frio e altivo, embora estivesse ciente de que a espessura do véu provavelmente prejudicava seu pleno efeito. Tramp veio correndo de volta sem o coelho. Ele tinha parado de latir. Ela descansou a mão em sua cabeça quando ele se sentou ofegante ao seu lado, olhando para o cavalo e o cavaleiro ansiosamente, como se eles pudessem ser novos amigos. Samantha e o cavaleiro consideraram um ao outro por alguns momentos de silêncio, no entanto eriçados com hostilidade mútua. Então ele abruptamente tocou seu chicote para a aba do chapéu alto, virou seu cavalo e afastou-se a meio galope, sem outra palavra, deixando-a como vencedor da batalha. Bem.
Bem! Seu peito ainda arfou efeito. E maldito animal. E droga.
com
ira. Mulher, com
Ele era um desconhecido — pelo menos considerou que era já que ela certamente nunca tinha posto os olhos em cima dele antes. Um desconhecido completamente desagradável. Ela esperava fervorosamente que ele continuasse galopando até que estivesse longe, muito longe e nunca mais voltasse. Ele não era um cavalheiro, apesar de sua aparência, o que sugeria o contrário. Ele tinha feito algo imperdoavelmente imprudente, com resultados que poderiam ter sido fatais se ela estivesse parada uns dois metros mais a leste. No entanto, ela e Tramp eram os culpados. E, embora ele tivesse perguntado,
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ou melhor, acreditado, que ela não sofrera nenhum dano, ele não desceu da sela para conferir mais de perto. E então ele teve o descaramento de assumir que ela deveria estar ilesa, já que ela ainda podia falar. Como se ela fosse uma espécie de megera. Era realmente uma pena que beleza, elegância e uma aparência geral de virilidade masculina fossem desperdiçados em um tipo desagradável, frio, arrogante, um patife de homem. Ele era bonito, ela admitiu quando pensava sobre ele, mesmo que seu rosto fosse um pouco magro e demasiado angular para uma verdadeira beleza. E ele era bastante jovem. Ela achou que ele não estivesse muito acima dos trinta, se não fosse mais velho. Ele tinha um vocabulário impressionante, quase nenhum dos quais ela teria entendido se não tivesse passado um ano com o regimento de Matthew antes de serem enviados para a Península. E ele o tinha usado diante de uma lady, sem pedir desculpas, como os oficiais do regimento sempre tinham feito muito efusivamente quando percebiam que haviam amaldiçoado dentro de meia milha das orelhas de uma lady. Ela sinceramente esperava que nunca o encontrasse novamente. Poderia ser tentada a dar-lhe toda a extensão de sua língua se acontecesse. — Bem, desculpa patética de cão, — disse ela, olhando para Tramp — nossa única incursão na paz e liberdade do ar livre quase acabou em desastre. Eis aqui o meu ramalhete espalhado aos quatro ventos. Meu sogro iria me repreender por uma quinzena se ouvisse sobre esta aventura, especialmente se soubesse que eu repreendi um cavalheiro em vez de baixar a cabeça humildemente e permitir-lhe me criticar. Eu lhe peço, não diga uma palavra sobre isso para Matilda.
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Ela teria uma enxaqueca e uma forte dor de cabeça combinadas — depois de me repreender, é claro, e escreveria uma longa carta para casa. Você não acha que eles podem ter razão, não é, Tramp? Que eu não seja uma lady, quero dizer? Acho que minhas origens estão contra mim, como o conde de Heathmoor teve o prazer de informar-me com uma regularidade entediante, várias vezes, mas realmente ...Mulher e droga. E você um maldito animal. Fui seriamente provocada. Nós fomos. Tramp, aparentemente mais tolerantes do que ela, acertou o passo ao lado dela e absteve-se de dar uma opinião.
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Capítulo 3 Culpa e vergonha rapidamente jogaram água fria sobre as brasas da fúria de Ben. A verdade humilhante, admitiu, foi que tinha se assustado até a morte quando pulou aquela condenada sebe. Ele tinha voltado a cavalgar há algum tempo, tendo descoberto que podia montar e desmontar com o auxílio de uma sela especial. Tinha aprendido a cavalgar com alguma habilidade e confiança a despeito do fato de não ter muita força em suas coxas como costumava ter. Mas hoje fora a primeira vez, desde seus dias de cavalaria, que tinha desafiado a si mesmo a saltar uma cerca ou sebe. Talvez tivesse sido a reação àquela admissão que fez aos “Sobreviventes” em Penderris que o levara a tomar sua recuperação até onde poderia ir. Talvez tivesse necessitado se forçar àquela conquista apenas para provar a si mesmo que não tinha simplesmente desistido. As sebes eram altas o suficiente para ser um desafio, mas não altas o suficiente para tentar pular uma delas de maneira imprudente. E então ele escolheu aquela sebe em particular, ajustou seu cavalo diretamente para ela, e se elevou sobre ela pelo menos com um pé de sobra. A corrida de triunfo eufórico que havia acompanhado o salto tinha rapidamente se convertido em puro terror, no entanto, e sua mente tinha sido catapultada de volta para o mais infernal dos momentos negros no tumulto da batalha, quando ele tinha sido baleado, seu cavalo tinha sido baleado debaixo dele ao mesmo tempo, e tinha caído em cima dele antes que ele pudesse livrar o pé do estribo e, então, outro cavalo e cavaleiro tinham desabado em cima de ambos.
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Ele pensou que tudo isso estava acontecendo novamente. Houve a sensação de queda, de perder o controle, de encarar a morte nos olhos. Instinto puro o manteve na sela e fez com que mantivesse seu cavalo sob controle, e ele rapidamente percebeu que a fonte de toda a catástrofe era um maldito cão de caça louco que ainda estava pulando e latindo ferozmente, muito depois de todos os perigos terem acabado. E havia uma mulher, uma velha feia, vestida da cabeça aos pés de um preto hediondo, sentada na grama abaixo da sebe, cercada por flores silvestres e não fazendo nada para controlar a besta. Se ele estivesse livre para parar e considerar, é claro, teria percebido uma série de outras coisas, como fazia agora, enquanto cavalgava para longe da cena de sua culpa. Ela não estaria sentada no chão colhendo flores apenas por puro prazer. Fazia um dia frio, tempestuoso. Ela deveria, então, ter caído ou sido derrubada. Seu cão não teria se comportado como se comportou se ele não tivesse vindo voando sobre a sebe sem qualquer aviso. E ele poderia facilmente ter matado a mulher se tivesse saltado a sebe um pouco mais para a direita. A culpa sobre o desastre tinha sido, na verdade, inteiramente sua. Como ela não tinha tido vergonha de apontar. Alguma coisa a mais se tornou clara para ele. Ela não era uma mulher velha. Ela era, de fato, uma jovem mulher, embora ele não tivesse sido capaz de ver seu rosto através do hediondo véu de funeral que o cobria. E ela era uma dama. Sua voz e seu comportamento tinham evidenciado isso. Não que sua culpa fosse diminuída, se ela fosse uma anciã. Ou uma mendiga. Ou ambos. Havia gritado com ela e não podia ter certeza de que não usara uma linguagem inadequada ao fazêlo. Certamente tinha usado quando lutava pelo controle da sua montaria. Ele não tinha ido em seu socorro. Não que pudesse ter feito isso literalmente, é claro, mas ele poderia ter mostrado
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muito mais preocupação, talvez até mesmo explicado por que não poderia descer de seu cavalo. Resumindo, ele se comportou pessimamente. De fato, quase abominavelmente. Ele rapidamente considerou voltar e suplicar seu perdão, mas duvidava que ela ficasse encantada de vê—lo novamente. Além disso, ainda estava se sentindo muito irritado para fazer um pedido de desculpas sincero. Pediu a Deus para nunca ver a mulher novamente. Embora supusesse que fosse provável que ela morasse na vizinhança, pois estava a pé com seu cão-escolta. E ela estava em profundo luto por alguém. Bom Deus, ele tinha ficado aterrorizado. Como ela tinha se sentido quando cavalo e cavaleiro apareceram sobre a sebe muito perto de onde ela estava? E ainda a tinha censurado por caminhar e exercitar seu cachorro em uma campina pública. Depois de cavalgar para os estábulos em Robland Park ele desmontou, ainda se sentia consideravelmente cansado. Ele caminhou devagar para casa. — Ah, você está de volta em segurança, não é? — Disse Beatrice, olhando por cima de seu trabalho enquanto ele se sentava em uma cadeira na sala de estar. — Me preocupa você insistir em cavalgar sozinho, Ben, em vez de levar um cavalariço com você como qualquer homem sensato faria em suas circunstâncias. Oh, eu sei, eu sei. Não precisa falar, eu posso ver suas sobrancelhas se juntando em sinal de irritação. Estou agindo como uma galinha mãe. Mas como Hector já foi para Londres e os meninos voltaram para a escola, não tenho ninguém para arreliar a não ser você. Não posso cavalgar com você porque estou sob ordens médicas para mimar a mim mesma após aquele resfriado. Você teve uma cavalgada agradável?
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— Muito — ele disse. Ela descansou seu trabalho no colo. — O que o irritou, então? Isto é, além de meu exagero. — Nada. Ela levantou as sobrancelhas e reiniciou seu trabalho. — A bandeja de chá estará aqui em um momento — ela falou. — Eu diria que você está um pouco gelado. — Não está um dia frio. Ela riu sem olhar para cima. — Se você está determinado a ser desagradável, eu farei de meus nós meus companheiros. Ele a olhou por um momento. Ela usava uma touca rendada em seus cabelos loiros. Isso o ofendia de alguma maneira, embora fosse uma confecção bonita. Ela tinha apenas trinta e quatro anos, pelo amor de Deus, cinco anos mais velha que ele. Ela se comportava como uma matrona, o que era exatamente o que ela era, supôs. Foram mais de seis anos desde que ele tinha sido ferido e, às vezes, parecia que o tempo parara desde então. Mas não tinha. Tudo e todos tinham seguido em frente. E era isso, é claro, parte de seu problema recentemente reconhecido: para ele tinha. A bandeja de chá foi trazida e Beatrice pôs de lado seu trabalho para servir o chá para ambos e levar a xícara para ele, junto com um prato de bolos. — Obrigado — ele disse. — Devo estar cheirando a cavalo. — Não é um cheiro desagradável — ela disse a ele sem negar. — Devo voltar a cavalgar em breve. O médico será
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chamado aqui amanhã, pela última vez, eu espero. Eu me sinto perfeitamente renovada de saúde. Relaxe aí por um tempo antes de trocar suas roupas. — Tem uma viúva morando por aqui? — Ele perguntou a ela abruptamente. — Uma dama? Ainda em luto profundo? — A Senhora McKay, você quer dizer? — Ela levou a xícara aos lábios. — A viúva do Capitão McKay? Ele era o segundo filho do Conde de Heathmoor e morreu a três ou quatro meses atrás. Ela mora em Bramble Hall, no outro lado da aldeia. — Ela tem um cachorro grande, indisciplinado? — Perguntou Ben. — Um grande cachorro amigável — disse ela. — Eu não o achei indisciplinado quando visitei a Sra. McKay depois do funeral, embora ele insistisse de uma maneira sem modos a ser acariciado. Ele colocou a cabeça no meu colo e olhou para mim com olhos comoventes. Eu suponho que ele deva ter sido treinado para não fazer tais coisas, mas cães sempre sabem quem gosta deles. — Ela estava com ele em um prado não muito longe daqui — ele disse. — Eu quase os atropelei quando pulei sobre uma sebe. — Oh, Deus misericordioso — disse ela. — Alguém se machucou? Mas você pulou uma sebe, Ben? Onde estão meus sais? Ah, me lembrei, eu não tenho nenhum, nenhum tipo de sais, embora você pudesse mudar isso. — Porque diabos ela estava fora sem companhia? — Ele perguntou. Ela estalou a língua. — Ben, querido, sua língua! Estou surpresa de saber que ela estava lá. Eu nunca a vi fora de sua própria casa, exceto na igreja aos domingos. O Capitão McKay foi
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gravemente ferido na Península e nunca recuperou a saúde o suficiente para sair de sua cama. A Sra. McKay cuidou dele praticamente sozinha e com grande devoção, pelo que eu pude perceber. — Bem, hoje ela estava fora e sozinha — disse ele. — Pelo menos, presumo que era a senhora que você mencionou. — Estou surpresa — disse ela novamente. — Sua cunhada está com ela há algum tempo. Tenho muito pouca familiaridade com ela, e parece injusto julgar uma quase estranha, mas acho que ela é tanto uma defensora do decoro levado ao extremo como o conde, seu pai, o é. Ele não é a minha pessoa favorita, ou de qualquer outra pessoa que eu conheça. Se tivesse vivido um par de séculos atrás, ele teria juntado forças com Oliver Cromwell e com esses puritanos horríveis e minado todo o humor e prazer da vida de todo mundo. Estou surpresa que Lady Matilda não insistiu que a Sra. McKay permanecesse em casa atrás de portas e cortinas fechadas. — Você parece indignada — disse ele. — Bem. — Ela largou a xícara e o pires. — Quando se organiza um jantar tranquilo com seus sóbrios vizinhos, incluindo o vigário e sua esposa, com a intenção de estender a mão de simpatia e amizade para duas senhoras que recentemente perderam um marido e irmão, e se é reprovada e tem a sensação de que sua própria existência é frívola e contaminante, então, certamente pode se ser desculpada por ficar ligeiramente perturbada quando se lembra disso. Ele sorriu ironicamente para ela até que ela atraiu sua atenção e riu. — A resposta para o meu convite foi escrita por Lady Matilda McKay — disse ela. — Eu gosto de acreditar que a Sra.
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McKay teria declinado de uma forma mais graciosa, se fosse ela a recusar. O sorriso desapareceu do rosto de Ben. — Devo-lhe um pedido de desculpas. — Deve? — Ela perguntou. — Você não se desculpou quando isso aconteceu? Ela não estava machucada, eu espero. — Eu não acredito que estivesse — disse ele, embora lembrasse que ela estava sentada no chão quando tomou conhecimento dela pela primeira vez. — Mas eu irrompi por cima dela, Bea, e a culpei pela quase catástrofe — e seu cão, que é uma besta feia, se alguma vez eu vi uma. Devo-lhe um pedido de desculpas. — Talvez a vejamos na igreja no domingo — ela disse. — Eu não iria cavalgando até as portas de Bramble Hall, se eu fosse você. Por um lado, você não foi apresentado e isso seria muito inadequado. Por outro lado, acredito que sua cunhada teria uma apoplexia se descobrisse um cavalheiro à porta. Ou isso, ou ela iria atacá-lo com uma sombrinha ou uma agulha de tricô. Ele poderia simplesmente esquecer todo o episódio, Ben supôs alguns minutos mais tarde enquanto percorria lentamente seu caminho para cima para mudar sua roupa de cavalgada. Mas ele odiava lembrar que tinha se comportado de forma inapropriada para um cavalheiro, e aquilo era um pouco de eufemismo. Ele definitivamente devia-lhe um pedido de desculpas. Samantha e Matilda foram à igreja, como de costume, no domingo seguinte. Poderia ter divertido Samantha que o culto de domingo havia se tornado o grande passeio e evento social de sua semana, se isso não tivesse sido também tão patético. Tinha sido isso durante os últimos cinco anos, apesar de que tinha apenas
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dezenove anos quando veio pela primeira vez viver em Bramble Hall. E a situação não estava prestes a mudar, apesar do fato de que ela já não tinha Matthew em casa para cuidar. Ela se sentou ao lado de Matilda em seu banco usual na frente da igreja, seu livro de orações em seu colo, e não virou a cabeça nem para a esquerda nem para a direita, embora desejasse muito ver quais vizinhos também estavam presentes. Ela teria gostado de acenar alegremente para eles como sempre fez no passado. Mas Matilda sentou-se rigidamente, e, tolamente talvez, Samantha sentiu-se obrigada a combinar com sua devoção, se isso era o que era. Então, foi somente após o serviço, quando tinha levantado para passar pelo corredor e ir para o cabriolé, com os rostos devidamente escondidos atrás de seus véus, que viu aquele homem novamente. Estava como tinha estado pensando nele, com indignação crescente, por dois dias.
Aquele homem. Ele estava sentado no banco do outro lado do corredor em uma fileira atrás delas. Deveria ter sido capaz de vê-la durante todo o serviço. Ainda estava sentado, não se levantando tão logo seus olhos pousaram descuidadamente nele, como qualquer cavalheiro adequado teria feito, especialmente um que a tivesse tratado tão mal. E não era que ele não a tivesse notado. Seus olhos estavam diretamente em cima dela. Como ele se atrevia? Ele não estava usando seu chapéu dentro da igreja. Seu rosto era fino e angular, como ela tinha notado no seu primeiro encontro. Tinha um nariz reto cinzelado e bochechas ligeiramente cavadas, um queixo firme e olhos azuis duros debaixo do cabelo
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castanho. Deveria ter sido extremamente bonito em sua juventude. Todavia, ele não era um jovem agora. Era difícil adivinhar sua idade, mas seu rosto mostrava evidências de ter enfrentado uma vida muito difícil, talvez de sofrimento. Ainda era bonito, no entanto, ela admitiu a contragosto, talvez mais ainda por não ser jovem. Teria sido mais satisfatório se ele fosse feio. Todos os vilões deveriam ser. Ela devia ter desviado o olhar com deliberado desdém e continuado pelo corredor, mas hesitou por um longo momento, e a senhora ao lado dele, que estava em pé, falou com ela. Era Lady Gramley. Com certeza, este era o seu banco habitual. — Sra. MaKay, — ela disse gentilmente — como vai você? — Eu estou bem, obrigada, senhora — Samantha replicou. Ela podia sentir a mão firme de Matilda nas suas costas. Deus do céu, isso era impróprio para uma viúva? Trocar gentilezas com sua vizinha na igreja? — Talvez você me permita o prazer de apresentar meu irmão, Sir Benedict Harper — disse Lady Gramley. — Sra. McKay, Ben. E Lady Matilda McKay. E finalmente ele considerou ficar de pé, embora, mesmo agora, não tivesse pressa. Ele olhou para um lado, longe de Samantha e Matilda, e pegou duas bengalas, que dispôs em ambos os lados dele. Não eram bengalas comuns. Elas eram maiores e tinham peças de mão parcialmente para baixo, com fivelas de couro através das quais ele deslizava suas mãos. Elas circundaram seus braços enquanto ele agarrava as peças e se colocava em pé. Ele tinha caído de seu cavalo desde a última vez que ela o vira? Samantha se perguntou esperançosa e maldosamente. Mas
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não. Aquelas bengalas eram especialmente feitas. Ela nunca tinhavisto nada igual antes. Mesmo quando ele estava ligeiramente curvado sobre elas, ela podia ver que ele era alto e magro. Não, não magro. Delgado. Havia uma diferença. E seu casaco e calças da moda bem-ajustados, sobre a qual ele usava botas Hessian altamente polidas, enfatizavam seu físico agradavelmente proporcionado. Ele era um homem atraente, ela admitiu sem se sentir de alguma forma atraída. Sentia-se irritada com ele como tinha estado há dois dias. Mais do que isso, talvez, porque agora ela podia ver que ele tinha tido uma desculpa para não saltar do cavalo e se apressar galantemente para resgatá-la naquele dia, e ela não queria que ele tivesse qualquer desculpa. — Sir. — Ela inclinou a cabeça com uma altivez tão gelada quanto conseguiu. Estava consciente de Matilda fazendo uma ligeira reverência e murmurando seu nome. — Senhora — ele disse, inclinando sua cabeça. — Lady Matilda.
Benedict. Era um nome muito agradável para ele. Soou como uma bênção, a bênção. Ela se perguntou se havia alguma palavra profana na existência que ele não tivesse usado no prado. Ela duvidava. — Meu irmão teve suficiente amabilidade de me oferecer a sua companhia em Roland Park por algumas semanas antes de eu me juntar a meu marido em Londres para a segunda metade da temporada — Lady Gramley explicou. — Talvez possamos nos encontrar uma tarde, Sra. McKay? Eu não falei com você desde logo após o enterro de seu marido, e eu não gostaria que sentisse que seus vizinhos a estão negligenciando em sua dor.
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Samantha se sentiu desconfortável, não mais que três semanas atrás o Conde e a Condessa de Gramlet convidaram ela e Matilda para jantar e Matilda a convenceu de que seria impróprio aceitar, que Lady Gramley não devia nem ter sugerido tal coisa. Samantha tinha ficado surpresa, mas ainda estava sob o domínio da letargia e tinha permitido que sua cunhada enviasse uma recusa, educadamente formulada, ela esperava. Mesmo assim, pensou que Lady Gramley não tivesse se ofendido. — Isso seria maravilhoso — disse ela, embora pudesse desejar que o irmão da senhora não estivesse incluído. Mas talvez ela pudesse sufoca-lo com cortesia se ele estivesse e mostrar a ele o que eram as verdadeiras boas maneiras. Seria uma vingança apropriada. Porém, era mais provável que ele desse uma desculpa para não estar. — Vamos esperar ansiosas por isso, não vamos Matilda? — Ainda estamos em luto profundo, minha senhora — Matilda lembrou a Lady Gramley, como se suas roupas negras pesadas não fossem uma indicação suficiente. — No entanto, não pode haver nenhuma objeção em receber uma visita ocasional à tarde de um vizinho gentil. Oh, céus. Não era de admirar que Matthew tivesse sido a ovelha negra de sua família e detestasse todos eles, incluindo sua irmã. Matilda estava chamando uma condessa de vizinha gentil como se estivesse conferindo um grande favor a ela. Sir Benedict Harper não tinha tirado seus olhos do rosto de Samantha. Ela se perguntou o quanto ele poderia ver disso. E se perguntou se ele se sentia embaraçado de vê-la novamente. Ele se lembrou de tê-la chamado de mulher? Ela lembrou e se irritou com a lembrança. Samantha inclinou sua cabeça novamente e se moveu. O encontro inteiro não demorou mais que um minuto, mas isso a
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deixou com os ânimos irritados. Ele acompanharia Lady Gramley quando ela as visitasse? Ele se atreveria? Ela inclinou sua cabeça educadamente para alguns outros membros da congregação e ofereceu sua mão ao vigário e um comentário de seu sermão. Matilda elogiou-o mais demoradamente com uma dura condescendência. E então elas estavam no cabriolé, em seu caminho para casa. — Lady Gramley parece ser muito gentil — observou Matilda. — Eu sempre os achei gentis e corteses, — disse Samantha — embora não tenha me relacionado com ela ao longo dos anos. Ou com qualquer um dos meus outros vizinhos, aliás. Matthew precisou de quase todo o meu tempo e atenção. — Sir Benedict Harper é aleijado — disse Matilda. — Mas não acamado — Ele poderia até cavalgar, Samantha pensou. — Talvez ele não acompanhe sua irmã se ela nos visitar. — Seria diplomático ele não ir, — Matilda concordou — já que ele é um estranho para nós. É uma lástima que não pudéssemos evitar a apresentação. Por uma vez Samantha estava de acordo com sua cunhada. Isso não acontecia frequentemente. Matilda era tão diferente de seu irmão como era possível ser. Uma solteirona auto-declarada com a idade de trinta e dois anos, que tinha há muito tempo professado a sua intenção de dedicar-se à sua mãe em seus anos de declínio; ela parecia não ter qualquer suavidade ou feminilidade. Seu pai estava ao lado apenas de Deus em sua estima. Matthew era três anos mais velho, bonito, arrojado, charmoso e irresistivelmente lindo em sua farda escarlate. Samantha o tinha encontrado em uma assembleia quando seu regimento estava acampado a apenas três
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milhas de sua casa. Ela tinha dezessete anos de idade, jovem, ingênua e impressionável. Ela tinha se atirado de cabeça no amor com o tenente McKay, assim como ele depois, como qualquer outra garota por milhas ao redor. Teria sido estranho, talvez, se ela não tivesse. Quando ele se casou com ela, ela tinha pensado que era a garota mais feliz, mais afortunada do mundo, uma impressão que tinha permanecido com ela por quatro meses, até que ela descobriu que ele era superficial e vaidoso, e infiel. Sim, ele tinha sido muito diferente de sua irmã. Dos dois, ela preferia Matthew qualquer dia do ano. Não que ela tivesse tido qualquer chance no assunto. O pensamento trouxe uma facada de dor. Os ferimentos graves que ele sofreu na batalha tinham destruído Matthew em mais de uma maneira. Ele tinha sido um paciente difícil, embora ela tivesse sempre tentado fazer concessões por sua dor, suas deficiências e a condição de deterioração de seus pulmões. Ele tinha sido exigente e egoísta. Ela própria tinha se dedicado aos seus cuidados sem reclamar, embora tivesse deixado de amá-lo antes que ele fosse embora para a Península. Sua morte lhe causou um verdadeiro pesar. Tinha sido difícil observar a destruição de um homem que tinha sido bonito, viril e vaidoso, e vê-lo morrer com 25 anos. Pobre Matthew. Matilda estendeu a mão e acariciou a dela. — Compreendo sua tristeza, Samantha — disse ela. — Vou falar com o Papai quando eu escrever para ele amanhã. Samantha alcançou o rosto por sob seu véu e limpou uma lágrima com a mão com luva negra.
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Ela se sentiu culpada. Houve um alĂvio misturado com a tristeza que sentia por Matthew ter morrido. Ela nĂŁo mais podia negar esse fato. Ela estava finalmente livre, ou estaria quando este pesado ritual de luto terminasse. Era mal pensar dessa forma?
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Capítulo 4 — Eu me pergunto, — disse Ben — se a Sra. McKay contou para sua cunhada o que aconteceu algumas tardes atrás. — Eu realmente não conheço a senhora, — replicou Beatrice — mas devo confessar que ela parece ser um pouco agressiva. Eles estavam viajando em direção a Bramble Hall em uma carruagem aberta, com a bênção do médico de Beatrice, que finalmente havia pronunciado sua saúde totalmente restaurada. Era um dia ensolarado e muito quente para a primavera. Dois dias haviam se passado desde seu encontro com as senhoras McKay na igreja. — Não me comportei como deveria quando encontrei a Sra. McKay pela primeira vez — disse Ben. — Eu realmente preciso fazer reparações, Bea. No entanto, se eu deixar escapar um pedido de desculpas durante o chá, posso constrangê-la na frente de sua cunhada. Não posso deixar de concordar com você a respeito da senhora, embora não tenhamos falado com as duas por não mais que um minuto no domingo, e foi impossível ao menos ver seus rostos. Você já viu véus faciais tão pretos e pesados como os delas? Pergunto-me se podem ver atrvés deles. Meio que se espera que trombem com as paredes. — Talvez sua dor seja grande — disse ela. — Disseram que o pobre Capitão McKay era extremamente bonito e arrojado. A guerra é uma coisa cruel, Ben, não que eu precise te dizer isso. Teria sido mais gentil, talvez, se ele tivesse morrido imediatamente. Mais gentil para ele, para sua esposa, para sua irmã. Que diabo, ele não iria escapar dessas guerras? Ben pensou irritado. Que destino execrável foi esse que o fez saltar aquela
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sebe em particular, naquele momento em particular, naquele dia em particular quando ele não tinha saltado a cavalo em mais de seis anos? E o que levou a Sra. McKay a andar por lá quando, aparentemente, ela mal tinha posto os pés fora de sua própria casa desde que se mudara para lá com o marido inválido cinco ou seis anos atrás? Destino? Ele duvidava muito disso. E se fosse, então o destino era uma coisa terrivelmente estranha. Esta visita que estava prestes a pagar era a última coisa no mundo que desejava estar fazendo. Não gostava de ser apanhado em uma conduta deselegante, e ninguém gostaria de ter que pedir perdão à parte ofendida, especialmente quando ela era tão fria e altiva como a viúva do Capitão McKay parecia ser. — Se eu vislumbrar uma oportunidade, — Beatrice prometeu quando a carruagem se deteve em frente às portas da frente de Bramble Hall — afastarei Lady Matilda, pelo menos fora do alcance de audição, Ben, de modo que você possa se desculpar com a Sra. McKay. Houve uma resposta imediata ao batido da aldrava contra a porta sob a forma de um latido profundo, excitado do interior. O cão indisciplinado, sem dúvida. Bramble Hall era uma casa de pedra sólida, um solar mais que uma mansão, mas de proporções agradáveis e situada nos jardins que estavam bem cuidados, mesmo não sendo extensos. O interior também era bonito, Ben logo descobriu, embora o salão fosse feito de painéis em madeira escura; a sala de estar para a qual eles foram levados era um pouco mais leve, uma vez que as cortinas de veludo vinho escuro estavam mais da metade abertas sobre as janelas. O mobiliário era velho, pesado e predominantemente marrom escuro. Pinturas de paisagens escuras estavam penduradas nas paredes Pinturas de paisagem em tons escuros estavam penduradas nas paredes forradas.
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As senhoras se levantaram quando o mordomo anunciou seus visitantes. Ambas, é claro, usavam vestidos pretos que as cobriam do pescoço aos pulsos e aos tornozelos. Lady Matilda também estava usando um gorro preto rendado sobre seu cabelo loiro, amarrado em um laço preto sob o queixo. Ben perguntou impiedosamente porque ela não tinha tingido o cabelo de preto. A cabeça da Sra. McKay estava descoberta. Seu cabelo muito escuro, brilhante fora penteado como uma coroa apertada de tranças sobre o alto da cabeça, o resto penteado liso, sem nenhuma sugestão de uma onda ou cacho para suavizar a severidade. Seus olhos eram muito escuros também e grandes, e longos cílios, seu nariz reto, sua boca generosa com lábios cheios, sua pele suavemente escura. Ela, quase indubitavelmente, tinha algum sangue estrangeiro em suas veias, embora ele não pudesse definir a sua origem. Espanha? Itália? Grécia? Seu vestido era de um tecido pesado, bastante rígido e mal ajustado, era inadequado. No entanto, não poderia esconder o fato, como a capa tinha feito nas duas ocasiões anteriores nas quais ele a tinha visto, que ela era uma figura generosamente curvilínea e voluptuosa. Ela tinha altura para isso. Ele esperava que ela fosse feia. Tinha parecido feia através do véu. Ela era, ao contrário, totalmente e impressionantemente belíssima. E mais jovem do que tinha estimado. Sua impressão das duas senhoras foi reunida em um momento. Felizmente, ele foi impedido de olhar para elas demoradamente, pelo o cão infernal que parecia tão feio agora como tinha parecido no prado há poucos dias. Ele estava saltando ao redor deles em um tipo de orgia de indisciplinas que alguém poderia esperar de um filhote não treinado, mas não de um cão
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adulto que vivia dentro de casa. Ele parecia indeciso de ficar em êxtase porque eles tinham vindo para uma visita ou ofendido porque eles ousaram ultrapassar seu domínio. No entanto, parecia completamente disposto a dar—lhes o benefício da dúvida, se eles mostrassem a menor tendência de brincar com ele. Beatrice riu e acariciou sua cabeça. — Que recepção adorável — disse ela. — Quieto, cão — comandou Lady Matilda — sem efeito. — Samantha, ele deve ser retirado. — Sente-se, Tramp, — disse a Sra. McKay — ou você será banido para as trevas exteriores. O cachorro não se sentou, mas parou de saltar para olhar para sua dona, ofegante, língua para fora, e então ele amontoou e foi para baixo do feixe de luz do dia que se irradiava através da abertura estreita nas cortinas, as orelhas empinadas para que não perdesse ninguém oferecendo mais entretenimento. Cão infeliz. Sem ele, Ben poderia muito bem ter esquecido aquela sebe e cavalgado de volta para Robland, sem nem mesmo perceber que tinha assustado uma senhora como o diabo e por pouco não a matado. Nem sequer teria conhecimento de que um pedido de desculpas devia ser feito. E teria olhado para aquelas duas mulheres envoltas em negro na igreja com absolutamente nenhum desejo de conhecê-las. — Lady Gramley — disse a Sra. McKay, dando um passo à frente para oferecer a mão a sua convidada — eu imploro seu perdão pelas más maneiras de Tramp. É muita gentileza sua nos visitar. Lembro-me que não estava muito bem na última vez que veio. Eu fiquei agradecida por ter vindo, de qualquer modo. Espero que tenha recuperado sua saúde. Temos nos sentido
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muito aborrecidas com apenas a companhia uma da outra, não temos, Matilda? Ela se virou para Ben depois de Bea assegurar ter se recuperado completamente de seu persistente resfriado. A expressão da Sra. McKay mudou imperceptivelmente de calorosas boas-vindas para uma graciosa frieza enquanto apertava sua mão também. — Sir Benedict, — disse ela — foi bom você ter acompanhado sua irmã. Sente-se. Ela olhou para sua bengala e não tentou dirigi-lo para uma cadeira, ele ficou aliviado ao descobrir. Algumas pessoas faziam isso. Uma conversa educada se seguiu antes que uma bandeja de chá fosse trazida. A Sra. McKay serviu, e sua cunhada levou o chá e um prato de biscoitos doces para os seus convidados. O cão veio e fungou primeiro em Beatrice e depois em Ben. Ele parecia preferir o último, apesar de Bea ter afagado sua cabeça novamente e Ben decididamente não o fez. Ele se sentou aos pés de Ben e apoiou o queixo em uma de suas botas. O animal deve ser tão estúpido quanto uma tábua. Bea não tinha dito que ele sabia quem gostava dele? — Samantha, — Lady Matilda disse — chame um servo para tirar o cachorro. Ele realmente não deve ter permissão para vaguear à vontade, especialmente quando você está entretendo visitantes. Você conhece meus pensamentos sobre o assunto. Ele devia ser o cão mais feio do mundo, e Ben certamente não tinha tomado amavelmente a decisão de favorecê-lo com a sua companhia. No entanto, quando se tratava da escolha entre uma mulher agressiva — sim, tinha decidido que Bea tinha acertado bastante a descrição correta de Lady Matilda McKay —
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por um lado e um cão com salivação excessiva, indisciplinado, sem discernimento desengonçado no outro, a decisão não era mesmo difícil. — Se o cão — Tramp, não é? — não está aborrecendo a Sra. McKay — disse ele — ele certamente não está me aborrecendo, Lady Matilda. Peço-lhe que permita que ele fique onde está. A Sra. McKay lhe lançou um olhar que desafiava a interpretação. Suspeita? Ressentimento? Reprovação? Certamente não era gratidão. Quinn, o valete de Ben, provavelmente passaria a noite polindo a baba do cachorro de sua bota e não ficaria feliz com isso. — Ele apareceu na minha porta há dois anos, — a Sra. McKay explicou — um vagabundo decrépito determinado a não ir embora mesmo depois que eu o havia alimentado. Meu marido disse, com razão, suponho, que ele não iria embora porque eu o havia alimentado. Mas como eu poderia não ter feito isso? Suas pernas longas eram como gravetos dobrados, suas costelas estavam muito visíveis, o pelo embaçado e em tufos, e ele tinha um tal olhar de saudade e esperança que.... Bem, eu teria de ser feita de pedra para mandá-lo embora. Ele viveu na sosleira da porta por um tempo. Como ele saiu de lá, veio para dentro da casa e tornou-se o mestre de tudo que ele examinou, eu não sei, mas ele fez. — Ele não teria feito isso se eu estivesse vivendo aqui com você naquele tempo, Samantha, — disse Lady Matilda — como, se eu, não sofresse palpitações com cada palavra que chegava a respeito das condições de Matthew. Mesmo agora, peço-lhe para enviá-lo para os estábulos e fazê-lo ficar lá. Animais não pertencem a uma casa decente, como eu tenho certeza que concorda, Lady Gramley.
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— Vai pensar que sou inteiramente fraca, ouso dizer, senhora — a Sra. McKay disse enquanto a empregada removia a bandeja de chá. Mas veja, eu o amo. Como alguém pode amar um sujeito insolente e feio como você Tramp, eu não sei, mas eu amo. Ela pretendeu olhar para o cão, Ben notou, sem também olhar para ele. Cada palavra dela foi direcionada para Bea, como se ele não existisse. Ela estava obviamente muito contrariada com ele. — Animais de estimação tornam-se uma parte da família como as outras pessoas — Beatrice concordou. — Enquanto nossa spaniel ainda estava viva, um de meus filhos me acusou uma vez de amá-la mais do que a ele ou seu irmão. E minha resposta foi que, algumas vezes, ela era mais fácil de amar. Eu estava sufocando o meu filho com abraços enquanto dizia isso, apresso-me a acrescentar. Ben mal tinha falado uma palavra. A este ritmo, ia estar se sentindo pior quando saísse do que quando chegara. Porque, se não pedisse desculpas agora, nunca o faria, e se sentiria para sempre em falta — como estava, por tudo. A Sra. McKay podia ser uma beleza considerável, mas realmente não poderia gostar dela, talvez porque ela tivesse erguido um espelho no qual ele tinha visto o lado mais feio de si mesmo. Ele chamou a atenção de Beatrice e ergueu as sobrancelhas. Boas maneiras provavelmente ditavam que eles partiriam muito em breve. — Lady Matilda, — disse ela — eu temo que tenha comido muitos desses excelentes biscoitos e gostaria de me exercitar antes da viagem de volta para Robland Park. Estaria disposta a dar uma volta comigo no terraço?
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Lady Matilda parecia tudo, exceto disposta. No entanto, ela era uma lady e suas boas maneiras prevaleceram. — Vou buscar o meu gorro e o casaco — ela disse e saiu da sala. Beatrice afastou-se depois dela, tendo perguntado à Sra. McKay, apologeticamente e retoricamente, se ela se importava. Pareceu que aquela lady se importava, porém respondeu o contrário, educadamente. Ela olhou para as mãos cruzadas no colo quando ela e Ben ficaram sozinhos, e fez-se silêncio, exceto pelo suspiro de satisfação do cão, que parecia interessado no passeio no terraço, mas havia decidido contra, tornando-se parte do ambiente, talvez porque sua preferência fosse excluir Lady Matilda. Claramente a Sra. McKay não tinha interesse em quebrar o silêncio. Ben limpou a garganta. — Sra. McKay, — ele disse — acredito que lhe devo desculpas. — Sim. — Ela levantou seus olhos e olhou tão diretamente para os dele que ele sentiu sua cabeça se mover para trás uma polegada ou mais, mesmo ela estando a alguma distância dele. — Você acredita corretamente, senhor. Bem. Ele tinha esperado que ela sorrisse afetadamente e assegurasse que ele não tinha feito nada para ofendê-la? — O que aconteceu no outro dia foi inteiramente minha culpa — disse ele. — Eu não devia ter saltado aquela sebe sem saber o que estava do outro lado. E quando eu saltei e quase a matei, certamente não deveria ter me imposto rapidamente para jogar a culpa em cima da senhora como eu fiz. — Estamos em perfeito acordo sobre isso — assegurou ela, o queixo erguido, os olhos firmes, sua maneira toda desdenhosa.
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Ela continuou. — Acho que seria um pouco absurdo, se todos os cavaleiros se sentissem obrigados a desmontar e verificar através de uma sebe antes de pular, apenas para se certificar de que algum pedestre perdido não estava passeando do outro lado. Ele poderia, talvez, gritar algo como “tal yho!” conforme chegasse, mas isso pode parecer um tanto peculiar. O que aconteceu foi um acidente. Ninguém deve ser culpado por aquilo, pelo menos. A equidade de sua resposta somente lançou-o mais abjetamente no erro. — Mas alguém foi certamente culpado pelo que se seguiu — disse ele. — Eu, na verdade. Minha reação imediata de jogar toda a culpa em cima da senhora e seu cão, quando eram claramente inocentes de qualquer delito, foi injusta e imperdoável. Eu espero que você me perdoe, no entanto, senhora, quando lhe asseguro que estou profundamente envergonhado de mim mesmo. E peço perdão para o linguajar terrível que tenho certeza de ter dito aos seus ouvidos, embora eu garanta que nenhum foi dirigido à sua pessoa. Ela ainda estava olhando resolutamente para ele, e ele se deu conta de que aqueles olhos escuros dela eram uma arma muito letal. Ele teve que resistir ao impulso de mover a cabeça para trás outra polegada e abaixar seus próprios olhos. — Exceto por uma maldição, — disse ela — que foi adicionada depois de você ter chamado alguém de mulher. Desde que eu era a única fêmea presente, fui levada a entender que estava destina a mim. Ele fez uma careta. Que diabo, ele não se lembrava disso. — O que me causou mais indignação, no entanto, — acrescentou — foi o fato do senhor não descer de seu cavalo quando viu que eu tinha sido derrubada, embora a pancada tenha sido dada por meu próprio cão histérico e não por seu
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cavalo. Infelizmente, fui forçada a abandonar grande parte da minha ira quando eu o vi no domingo e entendi por que não tinha desmontado. — Eu deveria ter explicado no momento — disse ele. — Deveria ter mostrado muito mais preocupação com o susto que você tinha levado e com os danos que eu poderia ter-lhe feito. Eu deveria — ele suspirou com frustração e passou os dedos pelo cabelo. — Bem, para encurtar isso, me comportei atrozmente de todas as maneiras imagináveis. Eu entendo que esteja ofendida, eu mesmo tive o desplante de me apresentar aqui. E vou, na verdade, afastar-me, sem mais delongas. Ele alcançou suas bengalas. — Eu passei um ano com meu marido nas proximidades de seu regimento — ela falou para ele. — Eu escutei uma coisa ou duas que senhoras supostamente não deviam escutar. Oficiais tem vozes que devem ser ouvidas em um campo de batalha. Infelizmente, elas também são ouvidas quando eles não estão no campo de batalha. Eu não sou uma garota inexperiente, Sir Benedict, e devo admitir, com alguma relutância, que admiro sua coragem de vir aqui para falar comigo cara a cara. Eu não esperava isso. Eu assumo. Não havia nenhuma necessidade imperiosa de Lady Gramley passear no terraço com a pobre Matilda. Eu acredito que ela comeu somente um biscoito. — Eu estava com medo — disse ele — que se emitisse meu pedido de desculpas na frente da sua cunhada, poderia agravar minha ofensa, informando-a de algo que ela não sabia. — Meu Deus, você está absolutamente certo — disse ela. — Matilda teria uma apoplexia se descobrisse que eu estive fora dos limites do parque sem acompanhante, ou mesmo com um. — Você me perdoará? — Ele perguntou a ela.
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— Eu jurei que nunca perdoaria. — Seus olhos moveram-se para suas bengalas. — É difícil para você cavalgar? — Sim — disse ele. — Mas esse fato torna a atração de fazêlo irresistível. Aquela sebe foi o primeiro obstáculo que eu saltei desde... bem, desde a minha grande queda mais de seis anos atrás. Eu estava inclinado a pensar depois, à luz do que aconteceu e do que quase aconteceu, que também seria a última. Mas decidi que não será. A próxima vez devo escolher um obstáculo maior, mas vou ter a certeza de abordá-lo com um “tal yho!” em meus lábios. — Então não nasceu assim? — Ela perguntou a ele. — Houve um acidente? — Isso foi chamado de guerra — ele falou para ela. Seus olhos voltaram-se para os dele, e ela franziu a testa por um momento. — Bem, pelo menos, — ela disse — suas lesões, embora graves, ficaram confinadas às suas pernas. Ao contrário das de meu marido. Ele franziu os lábios, mas não respondeu. O cão, de repente, arrastou-se pesadamente cruzando a distância até sua dona, colocou o queixo em seu colo, e olhou para ela. Ela acariciou sua cabeça e, em seguida, passou a mão sobre ele, enquanto ele fechou os olhos em êxtase. — Foi insensibilidade minha, eu suponho — ela disse, soando um pouco irritada. — Suas lesões foram confinadas às suas pernas? Uma bala abaixo do ombro, não muito longe do coração. Uma clavícula quebrada. Várias costelas quebradas ou rachadas. Um braço quebrado. Cortes e contusões em muitos lugares para
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nomear. Não houve lesões significativas na cabeça, o único milagre associado a esse incidente em particular. — Não. Ela olhou para ele como se estivesse esperando que ele enumerasse todos os seus sofrimentos. — Aqueles de nós que foram feridos nas guerras não estão em concorrência uns com os outros para descobrir quem mais sofreu — ele falou para ela. — E há muitas maneiras de sofrer. Eu tenho um amigo que liderou seus homens em uma série de batalhas desesperadas e emergiu a cada vez sem um arranhão. Ele liderou com sucesso um Forlorn Hope1 na Espanha e sobreviveu incólume, embora a maioria de seus homens foram mortos. Ele foi elogiado por generais e recebeu um título do Príncipe de Gales. — Então ele enlouqueceu e foi trazido de volta para a Inglaterra em uma camisa de força. Ele levou vários anos para se recuperar, até o ponto onde poderia retomar algo semelhante a uma vida normal. Eu tenho outro amigo que ficou cego e surdo em sua primeira batalha com a idade de dezessete anos. Ele estava delirante quando foi trazido de volta para casa. Sua audição voltou depois de um tempo, mas sua visão não voltou e nunca voltará. Levou certo número de anos para se colocar de volta completo para que ele pudesse viver sua vida em vez de simplesmente suportar o que resta dele até a morte o levar. Nunca é fácil, senhora, decidir quais as feridas são mais graves do que outras. Ela tinha baixado o olhar de novo, enquanto ele falava. Ela puxou as orelhas do cão e, em seguida, apoiou a testa brevemente contra o topo da cabeça dele. Mas ficou abruptamente de pé 1
Forlorn Hope é um grupo de soldados ou outros combatentes escolhidos para assumir o papel principal em uma operação militar, como um assalto a uma posição defendida, onde o risco de baixas é alto.
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quando Ben acabou de falar, virando-se para dar alguns passos para mais perto da janela. — Eu estou tão cansada — ela disse com uma voz que vibrava com alguma emoção forte. Ela parou abruptamente e começou novamente. — Estou mortalmente cansada da guerra, de feridas, sofrimento e morte. Eu quero viver. Eu quero... dançar. — Ela inclinou a cabeça para trás. Ele suspeitava que seus olhos estavam bem fechados. Então ela riu suavemente. — Eu quero dançar. Apenas quatro meses após a morte do meu marido. Eu poderia ser mais frívola? Menos sensível? Mais perdida em relação à conduta decente? Ele olhou para ela com alguma surpresa. — Alguém a acusou dessas coisas? — Ele perguntou a ela. Ela levantou sua cabeça e virou-se para olhar para ele por cima do ombro. — Será que nem todos? — Ela perguntou de volta. — Não é casado, Sir. Benedict? — Não. — Se o senhor tivesse sido e tivesse morrido, — ela disse — teria ficado chocado se sua viúva tivesse desejado dançar três meses depois? — Suponho — disse ele, levantando um dedo para esfregar ao longo do lado de seu nariz — que não teria importado muito para mim, minha senhora, que ela o fizesse. Ou em tudo mais, na verdade. Ela sorriu para ele inesperadamente e, de repente, foi transformada em uma mulher de beleza vívida. E ela deve ser, ele pensou, ainda mais jovem do que havia imaginado quando entrara na sala mais cedo — e décadas mais jovem do que ele tinha pensado quando eles se encontraram pela primeira vez.
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— Mas, mesmo antes da minha morte, — acrescentou — eu teria gostado de saber que ela iria viver novamente depois que eu tivesse ido embora, sorrir e rir de novo, dançar novamente se ela assim o desejasse. Suponho que, sendo humano, eu teria gostado de pensar que ela iria chorar por um tempo também, mas não indefinidamente. Mas ela não poderia ter lembrado de mim com carinho enquanto sorria, ria e dançava? — Você voltará novamente? abruptamente a ele. — Com sua irmã?
—
Ela
perguntou
— Certamente a senhora ficará feliz em me ver pelas costas — disse ele. Por sua parte, ele mal podia esperar para fazer a sua escapada. — Ninguém vem — ela disse. — Ninguém está autorizado a vir. Estamos em luto profundo. Seu sorriso vívido estava longe. Ele se perguntou se tinha imaginado isso. — Talvez — sugeriu ele espontaneamente — gostaria de visitar minha irmã em Roland Park? Seria um passeio para a senhora e perfeitamente respeitável. Ou o luto profundo não permite isso? — Não permite — ela disse. — Mas talvez eu vá de qualquer maneira. Ocorreu-lhe, de repente, que nos últimos minutos ela estava de pé, enquanto ele estava sentado e ele tinha ficado muito mais tempo que a etiqueta permitia. — Beatrice ficará feliz em ouvir isso — disse ele, estendendo a mão para as suas bengalas e deslizando seus braços através das correias. — Suas próprias atividades foram reduzidas pelo resfriado persistente que ela contraiu antes do Natal. Agradeço-lhe pelo chá e por me ouvir.
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Ele não poderia agradecer pelo seu perdão. Ela não o tinha dado. Ele ergueu-se, consciente de seu olhar firme. Desejou que não vacilasse ao sair da sala, em sua maneira desajeitada, enquanto ela observava. — Nós temos algo em comum, sabe? — Disse a ela, parando abruptamente antes de chegar à porta. — Eu também quero dançar. Às vezes é o que quero fazer mais do que qualquer outra coisa na vida. Ela o acompanhou em silêncio até a porta da frente e à carruagem à espera. Beatrice já estava de pé ao lado dele com Lady Matilda. Todos eles se despediram, e a carruagem logo partiu em seu caminho até a entrada. — Bem, — disse Beatrice em uma expiração audível — essa foi uma tarde sombria, se alguma vez eu passei por uma. Eu não sei se essa mulher já riu, bem, estou confiante de que ela não riu. O que eu pergunto é se ela já sorriu. Eu duvido seriamente. Ela falou de seu pai com a mais profunda reverência. Tenho pena da pobre Sra. McKay. — Ela perguntou se nós viríamos novamente — ele disse a ela. — Sugeri que ela a visitasse em Robland em vez disso. Parece, porém, que nem receber visitantes, nem retribuir visitas, são coisas apropriadas para senhoras em luto. A minha educação social foi incompleta, Bea? Parece uma noção peculiar para mim. Mas ela disse que ela pode vir de qualquer maneira. Espero que não me negue ser tão livre como seu hóspede. — Ela poderá vir? — Ela perguntou a ele. — Mas acha que ela virá? Ben deu de ombros como resposta. Mas lembrou a inesperada paixão com que ela lhe tinha dito que queria viver.
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Aquele passeio infame no prado provavelmente tinha sido sua maneira de se ver livre, pelo menos por um tempo curto. E ele tinha arruinado isso para ela. — Você se desculpou? — Beatrice perguntou a ele. — Me desculpei. — Ele não acrescentou que o perdão não tinha sido explicitamente concedido. — Então o dever está feito por agora — disse ela. — É um grande alívio, devo dizer. E talvez elas não venham. — Ela quer dançar — disse Ben. — O quê? — Ela virou a cabeça para franzir a testa para ele. — Na assembleia na próxima semana, você quer dizer? — Não. Ela quer dançar, Bea. Eu também quero. Eu quero dançar. Ela inclinou a cabeça ligeiramente para um lado. — Nós certamente iremos à assembleia se você quiser, — disse ela — embora eu duvido de que você seja capaz de dançar ao menos a mais simples das músicas, Ben. Você faz muito bem andando com suas bengalas. Estou orgulhosa de você além do que posso dizer. Mas dançar? Eu acho que é mais fácil tirar isso de sua mente, meu caro, e se concentrar no que você pode fazer. Ah. A mente literal de Bea! Ele não tentou explicar.
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Capítulo 5 Samantha mal pôs os pés sobre o degrau da porta o resto da semana. Choveu quase sem cessar, embora isso não fosse estritamente correto. Ela quase poderia ter desfrutado de uma autêntica chuva. Mas não passara de garoa e neblina, um pesado céu cinzento e temperaturas frias. Tempo de sopa de ervilha, ela conseguia se lembrar de sua mãe chamando-lhe isso, o tipo de clima que se infiltrava sob portas e em torno de armações mesmo quando estavam firmemente fechadas e fazia com que se sentisse úmida, fria e miserável, apesar de um fogo crepitante na lareira e um xale de lã atirado sobre um dos ombros. Nem sequer fora à igreja no domingo, uma omissão rara. Matilda tinha um resfriado bem como uma de suas dores de cabeça e aceitara ser enviada de volta para a cama com um tijolo quente para seus pés. Samantha poderia ter ido à igreja sozinha, como fizera por cinco anos, mas Matilda ficou agitada quando ela sugeriu, e ficara realmente muito contente de aproveitar-se da desculpa para não sair. Ela não vira ninguém além de Matilda e os criados desde terça-feira. A visita de Lady Gramley e Sir Benedict Harper parecia ter sido há semanas atrás, em vez de há meros dias. Mas quando ela abordou a idéia de irem até Robland Park um dia na próxima semana para devolver a visita, Matilda tinha parecido agastada, como Samantha esperava que fizesse. Era uma cortesia devolver uma visita ocasional a um vizinho de luto, ela tinha explicado, mas ninguém poderia esperar uma visita de retorno. Na verdade, a maioria das pessoas de qualquer gentileza seria surpreendida e até mesmo chocada se isso acontecesse. Samantha simplesmente não acreditava nela. Não mais. E mesmo se Matilda estivesse certa sobre as expectativas sociais, como ela poderia submeter-se a permanecer no interior da casa às escuras por mais oito meses, apenas com a incursão ocasional
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ao jardim para o ar fresco e uma ida semanal à igreja? Ficaria louca com o tédio. Ela iria pagar essa visita de retorno, decidiu entre as viagens, subindo e descendo escadas, enquanto atendia a inválida, um papel longamente familiar que não fazia nada para erguer seu espírito, embora tivesse sempre o cuidado de estar alegre quando estava no quarto de sua cunhada, providenciandolhe conforto, virando e afofando seus travesseiros, alisando as cobertas, chegando o copo de água mais perto de sua mão, colocando um pano frio em sua testa febril ou fechando a abertura quase invisível entre as cortinas que deixava entrar um jorro de luz prejudicial. Iria para Robland Parque, mesmo que isso significasse ir sozinha. Na verdade, preferia muito mais ir sem Matilda. Deus do céu, ela se permitiu tornar-se uma virtual prisioneira em sua própria casa desde a morte de Matthew. E tinha, de alguma forma, renunciado ao seu papel como dona da casa. Ela gostava de Lady Gramley, era refinada e elegante com as maneiras fáceis de uma verdadeira lady. Sempre tinha sido gentil, embora, mesmo após cinco anos vivendo ali, Samantha mal a conhecia ou a qualquer um de seus outros vizinhos. Ela esperava que fosse possível fazer uma espécie de amizade com Lady Gramley no futuro, mesmo pensando que deveria haver um intervalo de dez anos em suas idades. Sir Benedict Harper era uma questão diferente. Ela sentira uma considerável antipatia por ele antes de sua visita, e foi só com a maior relutância que admitiu para si mesma que tinha sido bonito da parte dele visitá-la e manobrar as coisas de tal forma que o seu pedido de desculpas foi feito apenas para ela. Ele tinha sido sensível o suficiente para perceber que era totalmente possível que Matilda não soubesse nada de sua aventura naquele dia. E seu pedido de desculpas tinha sido irrepreensível, pois tinha tomado toda a culpa sobre si mesmo. Teria sido feio da
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parte dela, por outro lado, ignorar as palavras de perdão que ele dissera. Mas era difícil perdoar alguém que tinha arruinado a única hora de verdadeira liberdade que ela tinha desfrutado em pelo menos seis anos. E agora se sentia como a culpada. Perversamente, ela se ressentia dele por isso. Mas ele era meramente um visitante em Robland Park. Talvez partisse em breve e ela nunca precisaria vê-lo novamente. Talvez ele estivesse montando novamente quando ela visitasse Lady Gramley. Lembrou com algum embaraço sua explosão apaixonada na conversa com Sir Benedict. O que a possuíra? Ela tinha dito a ele que queria viver. Ela até lhe dissera que queria dançar. Mas sabia o que a tinha levado a falar assim. Ele era mais de metade aleijado. Tinha sofrido outros ferimentos, tudo cortesia das últimas guerras. Se tinha de encontrar um estranho, mesmo sob as circunstâncias em que eles haviam se encontrado, tinha que ser mais um soldado ferido? Ela certamente poderia gritar! Mas ele queria dançar também. Desejava que ele não tivesse dito isso. As palavras a tinham enervado, pois tinham manifestado um sonho tão impossível que ela tinha vontade de chorar. O último homem na terra pelo qual queria derramar lágrimas era Sir Benedict Harper. Mas ele queria dançar. Matilda desceu para se sentar na sala de estar no início da tarde do dia seguinte, embora ainda fizesse um miserável frio. Ela sentou-se perto do fogo, um xale atirado sobre os ombros, segurava um lenço em uma das mãos, nunca muito longe de seu nariz avermelhado.
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Samantha mencionou casualmente que desde que a chuva tinha parado finalmente, talvez ela quisesse pegar o cabriolé e retornar a visita de Lady Gramley. — Seu senso de deve estar equivocado — disse Matilda. — Mas você não vai, é claro, especialmente porque eu sou incapaz de acompanhá-la. Matthew iria proibi-lo se ele pudesse, que Deus tenha sua alma. Muito possivelmente ele não o teria feito. Ele tinha feito grandes exigências sobre o seu tempo e presença enquanto estava doente, era verdade, mas odiava as atitudes severas e puritanas de sua família. Foi uma medida de seu aborrecimento com ela, depois de ter lançado a confusão sobre a infidelidade dele, que o havia levado a decidir contra levá-la para a Península com ele ou permitir-lhe ir para casa para o seu próprio pai, mas, em vez disso, a tinha enviado para viver em Leyland Abbey por esse ano. Foi, sem dúvida, o pior castigo que ele poderia imaginar. Tinha sido francamente mau. — Haverá uma assembleia na aldeia dentro de alguns dias — disse Samantha. — Ir lá seria escandaloso, Matilda. Eu não tenho, no entanto, a menor intenção de ir. Pagar uma visita de cortesia a um vizinho que fez uma aqui na semana passada, por outro lado, deve ser bastante irrepreensível. E, quanto a ir no cabriolé sozinha, eu fiz isso todos os domingos enquanto Matthew estava vivo, isto é, até que você chegou, um pouco antes de sua morte, e ele nunca manifestou qualquer objeção. — Então, deveria ter feito — Matilda disse bruscamente antes de fazer uma pausa para assoar o nariz. — Meu pai não teria permitido isso. — O conde de Heathmoor não era meu marido, — Samantha respondeu — ou o meu próprio pai. Oh, Matilda, não vamos brigar. Quão tedioso é este tema! Eu preciso de ar e de uma mudança de cenário. E eu realmente deveria mostrar
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cortesia para com Lady Gramley, que veio aqui duas vezes desde o funeral de Matthew, apesar do fato de não estar nada bem pela primeira vez. Eu irei. Ouso dizer que não vou demorar. A sineta está ao seu alcance. Se você precisar de alguma coisa, Rose ou um dos outros criados a atenderá. Sua cunhada ficou de lábios apertados em uma expressão teimosa quando Samantha ficou de pé. Sem dúvida, ela iria informar seu pai sobre isso em sua próxima carta para casa. Bem, que assim fosse. As regras por ele impostas sobre sua família, mesmo a esta distância, eram góticas, para dizer o mínimo. Samantha não iria aceitar sem questionar. Ela poderia mostrar respeito pela memória de seu marido sem encarcerar-se em sua própria casa e ser servilmente obediente a uma família cujos padrões de decoro iam muito além do que a sociedade exigia. Estes pensamentos levaram apenas um momento fugaz de inquietação. Bramble Hall, que Matthew estivera convencido que fora feito para ele enquanto vivia, ainda pertencia ao conde. Mas tinha sido legada a Matthew, exceto que agora Matthew estava morto. Seria, porém, a sua casa para a vida, ele tinha assegurado isso a Samantha pouco antes de seu falecimento. Seu pai tinha que cuidar dela uma vez que ela não tinha fortuna própria, nem parentes que ficassem contentes por cuidar dela, e ele nunca se esquivou de suas responsabilidades. Se adequava ao seu propósito de perfeição mantê-la longe, aqui no norte da Inglaterra, em uma casa onde ele nunca tinha vivido. A última coisa que ele queria era a ter vivendo como pensionista em Leyland como um espinho constante no seu lado. Seu futuro estava bastante seguro. Sir Benedict Harper estava dobrando a esquina da casa em Robland Park quando Samantha parou o cabriolé em frente às portas da frente. Ele parecia esplendidamente viril a cavalo, ela não podia deixar de notar, a sua deficiência não era de todo
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aparente. Ela poderia ter desejado, no entanto, ter vindo mais cedo ou que ele tivesse estendido o seu passeio por mais tempo. Ele freou seu cavalo ao lado dela e tirou o chapéu. — Boa tarde, Sra. McKay — disse ele. — Está tirando o máximo partido desta pausa bem-vinda no clima também, não é? Também Beatrice, eu receio. Ela está fora em uma ronda de visitas aos doentes com a esposa do vigário. — Oh. — Que infelicidade, e que anticlímax após toda a confusão que havia precedido sua vinda aqui. — Bem, não importa. Pelo menos fiz um passeio. Não teria nenhum pretexto para isso se soubesse que Lady Gramley não estava em casa. — Não há nenhuma necessidade de ir embora — ele disse a ela. — Se me der alguns minutos para levar meu cavalo para o estábulo, eu vou acompanhá-la. Um cavalariço já está vindo cuidar de seu cabriolé. Pode entrar. Não, peço perdão. Isso não seria certo, seria? Ele olhou em volta. Samantha deveria anunciar a sua intenção de partir imediatamente. Matilda ficaria horrorizada se ela ficasse e, desta vez, sua cunhada podia ser justificada. Além disso, ela não tinha nenhum desejo de outra conversa a sós com o cavalheiro. Por outro lado, ela queria desesperadamente prolongar o seu passeio, pelo menos por um pouco. — Por que não caminha entre as flores? — Ele sugeriu. — Há até mesmo um banco mais à frente. Ele colocou o chapéu de volta, tocou com o chicote na borda, e afastou-se antes que ela pudesse responder-lhe. Ela hesitou por um momento antes de descer do cabriolé, deixando-o sob os cuidados do cavalariço.
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Matilda diria que aquilo a serviu direito, chegando para visitar Lady Gramley e a encontrar fora de casa. Matilda certamente acreditaria que ela deveria se afastar, sem mais delongas, agora que ficara sabendo. Oh, coisas de Matilda McKay e seu pai, o conde de Heathmoor, também. Samantha estava mortalmente farta de medir cada movimento dela com o que eles pensavam. Poderia perfeitamente entender por que Matthew tinha saído de casa, logo que teve idade suficiente e nunca tinha voltado a viver lá. Mesmo quando tinha voltado para casa vindo da Península, terrivelmente ferido e esperando morrer a qualquer momento, ele pediu para ficar em outro lugar que não Leyland. Seu pai tinha os enviado ali, a uma de suas propriedades menores, a mais remota a partir de Kent. Sir Benedict Harper parecia no seu melhor a cavalo. Parecia o seu pior quando a pé, ela pensou quando ele veio dos estábulos poucos minutos depois para se juntar a ela. Andava com a ajuda de suas bengalas, embora não as usasse como muletas. Ele realmente estava andando, devagar e cuidadosamente, e parecia um pouco deselegante quando o fazia. Seria muito mais fácil, com certeza, e mais gracioso usar muletas, exceto pela necessidade de uma perna sã para usar muletas, ou não? Ela não podia deixar de sentir uma admiração relutante por um homem que claramente não deveria caminhar, mas que o fazia. Matthew nunca tinha feito qualquer esforço para superar alguma de suas deficiências ou até mesmo para controlar o seu mau humor. Talvez este homem realmente fosse dançar. Ela foi ao seu encontro. — Venha sentar-se no jardim — disse ele.
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— Oh, olhe — disse ela, inclinando a cabeça para trás. — O sol saiu. Seria uma grande pena perder todo o seu brilho por estar enfiada dentro de casa. Talvez eu seja afortunada, depois de tudo, por Lady Gramley não estar em casa. Tem havido tão pouco sol recentemente. E ela o teria perdido mesmo se não tivesse sido assim. Ela poderia perfeitamente entender como um prisioneiro devia se sentir, encarcerado em um calabouço ano após ano. Impulsivamente, jogou o pesado véu para trás sobre a aba do seu chapéu e foi recompensada com a luz solar brilhante e quente, ar delicioso. — Lady Matilda não quis acompanhá-la? — Perguntou. — Ela está com uma constipação terrível — disse ela. — Espero não ter trazido a infecção até aqui comigo. Estava encolhida ao lado da lareira na sala de estar quando saí. Embora ela não viesse de qualquer maneira. Considera essas visitas sociais impróprias enquanto estamos em luto profundo. Tinham chegado ao jardim de flores e logo estavam sentados lado a lado no banco de ferro forjado que tinha visto anteriormente. Ele apoiou os bastões ao lado dele. — Seu marido era um oficial — disse ele. — Ele morreu de ferimentos sofridos nas guerras, não foi? — A maioria deles sarou, — ela disse a ele — embora alguns tenham deixado cicatrizes. Ele ficava em um quarto escuro por causa delas e não queria ver ninguém, exceto seu criado e eu. Sempre foi orgulhoso de sua boa aparência. Sua pior lesão, porém, foi uma bala alojada em algum lugar dentro de seu peito, perto do coração. Não podia ser removida sem matá-lo. Isso afetou seus pulmões, bem como o seu coração e tornou progressivamente mais difícil para ele respirar. Nunca houve qualquer esperança de fazer uma recuperação completa.
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— Sinto muito — disse ele. — A senhora teve um tempo difícil. — Essas palavras para o melhor ou para o pior não são uma adição idílica para o serviço de casamento — disse ela. — Alguns de nós somos chamados a viver de acordo com o que prometemos. Sim, eu tive um tempo difícil. Assim como milhares de outras mulheres, esposas, mães e irmãs. E para os seus homens, a vida também não tem sido nada fácil. Alguns deles morrem, como Matthew. Alguns vivem com deficiências permanentes e dor. O senhor deve ter tido um tempo difícil também. — Apesar de apenas as minhas pernas terem sido afetadas? Ela virou a cabeça bruscamente em sua direção. Foi indelicado da parte dele lembrá-la de sua tola suposição. — Essa foi uma visão restrita de minha parte — disse ela. — Você admitiu que havia mais do que isso. Muito mais? Ele sorriu para ela, e pôde ver que deveria ter sido muito bonito. Ainda era, mas havia preocupações marcadas em seu rosto agora, onde uma vez devia ter havido puro charme juvenil. Como acontecera com Matthew, embora supusesse que Sir Benedict nunca tivesse sido tão incrivelmente bonito como seu marido. — Os anos da minha convalescença foram os piores da minha vida — disse ele — e também, estranhamente, os melhores. A vida tem o hábito de ser assim, dar e tirar, em igual medida, um equilíbrio de opostos. Beatrice me queria aqui para me cuidar até ficar bem, mas ela tinha as crianças no momento, teria sido injusto a sobrecarregar com o peso da minha ferida em cima dela. Tive a sorte de ser levado ao conhecimento do Duque de Stanbrook. Ele me acolheu, e a uma série de outros oficiais feridos, em sua própria casa, Penderris Hall na Cornualha, contratou os melhores médicos e enfermeiros, e manteve alguns
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de nós lá por mais de três anos, enquanto nos curávamos e recuperávamos. Há um grupo de nós, sete ao todo, que ainda se encontra ali por algumas semanas a cada ano. Esses cinco homens, incluindo o duque, e uma mulher são meus amigos mais próximos no mundo. Eles são minha família escolhida. Nós nos chamamos Clube dos Sobreviventes. — São dois dos seus membros, por acaso, o herói de Forlorn Hope que foi trazido para casa em uma camisa de força e um jovem cego? — Perguntou ela. — Hugo, Lorde Trentham, e Vincent, Visconde Darleigh, sim — disse ele. — E um dos membros do seu clube é uma mulher? — Imogen, Lady Barclay — disse ele. — Ela estava na Península com o marido, que era um oficial de reconhecimento. Um espião, em outras palavras. Ele foi capturado enquanto não estava de uniforme, e foi torturado, em parte na presença dela. Em seguida, ele morreu. — Pobre senhora — disse ela. — Sim. — Eu imagino — ela disse — se há alguém de nossa geração ou das gerações diretamente acima e abaixo da nossa própria, cuja vida não foi afetada pelas guerras. Você acha que há? — Somos todos sempre afetadados pelos principais acontecimentos da história — disse ele. — É inevitável. Quem foi que disse… — Ele parou e franziu a testa em pensamento. — Foi John Donne em um dos seus ensaios. Nenhum homem é uma ilha inteiramente isolada. Era isso. Há sempre algum poeta ou filósofo que consegue capturar em palavras breves e vivas as maiores verdades da existência do ser humano, não há?
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— É um filósofo, Sir Benedict? — Perguntou ela. — Não. — Ele riu. — Mas temo estar sendo aborrecido. A senhora me disse na semana passada que está cansada da doença, do sofrimento e da morte, ou algo nesse sentido. Disse que queria viver, especificamente para dançar. Faz um longo tempo desde que dançou? Conte-me da última vez, ou a última vez que foi memorável. Onde estava? Quando? O que dançou? E com quem? — Por bondade. — Ela encontrou-se rindo para ele. — Será que posso lembrar tanto para trás? Oh, deixe-me ver. Quando foi isso? Houve alguns bailes regimentais antes de o regimento ser enviado para a Península. Eu particularmente não os apreciava. Foi durante esses bailes que vira Matthew dançando com outras mulheres, tanto casadas como solteiras. Não apenas dançando, embora cada oficial dançasse com outras senhoras além de suas esposas, é claro. Era o que se esperava em qualquer baile. Matthew flertava abertamente e todas aquelas esposas e outras mulheres correspondiam, ficavam lisonjeadas e flertavam de volta. Ela odiara aqueles bailes e ter que sorrir, dançar e fingir não ter encontrando nada de mau gosto no comportamento do marido. Odiava a aparência do tipo de simpatia nos olhos de alguns dos outros oficiais com quem dançara. — A última dança memorável foi em uma assembléia, quando eu ainda morava em casa — disse ela. — Vários dos oficiais alojados nas proximidades estavam lá enviando vibrações de excitação pelos corações de cada menina. Como os outros homens devem ter odiado olhar os oficiais de escarlate. Eu não tinha pensado nisso antes. O Tenente Matthew McKay, com quem eu já travara conhecimento, escolheu-me para duas danças. Uma delas foi Roger de Coverley. Lembro-me da alegria dele a dançar. Veja, eu estava muito apaixonada. E ele me perguntou, naquela mesma noite, se eu me casaria com ele, embora tivesse
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que falar com meu Papa antes de poder fazer uma oferta oficial, é claro. Ele estava sorrindo para ela, ela viu quando virou a cabeça em direção a ele. Oh, Deus, quando tinha sido a última vez que se permitira recordar de memórias felizes? — Quando foi a última vez que o senhor dançou? — Perguntou a ele. — Suponho que estava em um daqueles bailes regimentais que você não gostava — disse ele. — Na verdade, eu sei que foi. Dancei a valsa com a sobrinha do meu coronel. Eu a estava dançando pela primeira e única vez. A valsa era muito nova, então. Não há dança mais bonita do mundo para um romance puro. — Houve um romance entre o senhor e sobrinha do coronel? — Perguntou ela. — Oh, sim. — Ele sorriu suavemente. Ele não estava olhando para ela, mas estava olhando ao longo dos canteiros de flores, e ela sabia que também estava perdido em memórias felizes neste momento. — Eu a tinha conhecido há um mês e acreditava que ela era a outra metade de minha alma. — O que aconteceu? — A guerra aconteceu. — Ele riu suavemente. — Não podemos ficar longe dela, podemos? Fale-me sobre sua casa e sua família. — Meu pai era um cavalheiro que vivia contente no campo, com seus livros — ela disse. — Ele era um viúvo com um filho quando conheceu minha mãe durante uma rara visita a Londres. Era vinte anos mais jovem do que ele, mas se casaram e me tiveram. Minha mãe morreu quando eu tinha doze anos, meu pai quando eu tinha dezoito.
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— Depois que se casou? — Perguntou. — Sim. Ele morrera após uma curta doença durante o ano em que ela estava vivendo em Leyland Abbey. O irmão dela, John, não tinha escrito para lhe dizer sobre a doença até que Papa morrera, e mesmo assim ele tinha atrasado um dia ou dois até que não houve possibilidade de ela chegar a tempo para o funeral. Ela queria ir de qualquer maneira. A casa foi vendida e todo o seu conteúdo eliminado. Não tinha havido nada de grande valor lá, mas havia vários itens que ela teria gostado de guardar como lembrança, algumas coisas de sua mãe, em particular, que não teriam sido de nenhum interesse para John. Mas ele disse em sua carta que não havia necessidade de ela ir, e o conde de Heathmoor, o sogro, que, claro, tinha lido sua carta antes de lhe dar, havia concordado. Até onde lhe dizia respeito, quanto menos contato a mulher de seu filho tinha com seu humilde, mesmo sombrio, passado, melhor para toda a família McKay. — E o seu irmão? — Perguntou Sir Benedict. — John? — Disse ela. — Ele é meu meio-irmão, dezoito anos mais velho do que eu. Ele tinha saído de casa antes de eu nascer. É um clérigo e vive a umas vinte milhas de onde nosso pai viveu. Tem uma esposa e família. Eu não os vejo. John tinha se ressentido do novo casamento do pai. Ele tinha odiado ambas, Samantha e sua mãe, embora nunca tivesse dito isso, é claro. Era um homem do clero, afinal de contas, e clérigos não admitem sentir ódio. — É a sua vez — disse ela. — Me fale sobre sua família. — Havia quatro de nós, crianças — ele disse a ela. — Beatrice é a mais velha. Wallace, que herdou o baronato depois da morte de nosso pai, era um membro do Parlamento destinado
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para brilhar. Ele já estava fazendo uma escalada rápida na carreira política, quando foi morto por um carrinho de vegetais que capotou nas ruas de Londres. Eu herdei dele, mas apenas alguns escassos dias depois que soube disso, fui ferido na Península. Calvin, meu irmão mais novo, tinha estado na posse de Kenelston Hall, a sede da família, por um par de anos. Ele era o intendente designado por Wallace. Permaneceu lá com sua esposa e filhos e continuou nesse papel após o duplo desastre. Esperava-se que eu não sobreviesse a minhas lesões por muito tempo, você vê. Não era esperado até mesmo que sobrevivesse à viagem de volta para a Inglaterra. — Ele esperava herdar, então — disse ela. — Ainda está vivendo em sua casa? — Sim. — Houve uma ligeira hesitação antes que ele continuasse. — Ele é um excelente administrador. Ela virou a cabeça para olhar para o seu perfil. — E você passa a maior parte de seu tempo lá também, — ela perguntou — agora que se recuperou? — Não. Ele não deu mais detalhes. Não precisava. Obviamente, seu irmão tinha usurpado a sua casa e suas propriedades e tinha tornado difícil para Sir Benedict derrubá-lo, fazendo um excelente trabalho ao dirigir a propriedade. Pelo menos, foi o que ela supôs que deveria ter acontecido. — O senhor acha — ela perguntou depois de um breve silêncio — que não há ninguém nesta terra para quem a vida é fácil? Ele virou o rosto para ela e olhou-a com curiosidade. — Tentamos assumir que vida deve ser muito mais fácil para os outros do que alguma vez é para nós mesmos — disse ele. — Eu
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suspeito que raramente é. Ouso dizer que a vida não é para ser fácil. — Muito indelicado da parte de quem inventou a vida. Eles trocaram sorrisos, e ela percebeu que estava gostando desta visita, ligeiramente imprópria, mais do que poderia ter esperado. Ele era realmente um companheiro agradável. — A vida tem sido difícil para a senhora por um longo tempo — disse ele. — Vai ficar melhor, eu diria, uma vez que a dor da morte de seu marido tenha diminuído. O que pretende fazer quando o seu período de luto acabar? — Vou fazer um esforço para conhecer melhor os meus vizinhos — disse ela. — Vou tentar fazer verdadeiros amigos entre eles e encontrar maneiras úteis para gastar meu tempo. Parecia suficientemente aborrecido. Na realidade, seria infinitamente mais agradável do que qualquer coisa que já tinha tido na sua vida adulta, se ignorasse a euforia tonta dos primeiros meses de seu casamento. — Lady Matilda ficará com a senhora? — Perguntou. — Deus me livre! — Exclamou, antes que pudesse se conter. Ela colocou as pontas dos dedos de uma mão sobre sua boca e olhou com tristeza para ele. — Não, eu acredito que ela vai se sentir obrigada a voltar para casa para cuidar de sua mãe. A Condessa de Heathmoor sofre com palpitações e nervos. Nós temos uma frágil aliança, receio, Matilda e eu, e torna-se mais desconfortável a cada dia, agora que a dormência do início do meu luto se esgotou. Matilda é muito correta em tudo o que ela diz e faz e eu sou, às vezes, um desafio para ela. — E ela para a senhora? — Ele estava sorrindo novamente. — Não vai com ela para casa o seu sogro, então?
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— Oh, não — disse ela. — Eu vivi lá por um ano depois de o regimento de Matthew ter sido enviado para a Península. — Ela apenas se conteve de dizer mais. Ele ergueu as sobrancelhas. — Eu não gostaria de voltar — disse ela. — E não tenho nenhuma dúvida de que meu sogro compartilha meus sentimentos. — Eu não conheço o conde de Heathmoor — disse Sir Benedict. Não era surpreendente. Quando ele foi para Londres, aquele covil de toda a iniquidade, o conde dividia seu tempo entre a Câmara dos Lordes e seus clubes. Ele raramente participara de qualquer um dos entretenimentos da temporada, e as mulheres de sua família não eram autorizadas a participar. Assim que a sessão da Primavera terminou, retirou-se para Leyland e lá permaneceu até o dever o chamar de volta novamente. Ele frequentava a Igreja da Inglaterra, mas nunca se poderia imaginar isso a partir de suas atitudes e comportamentos. Era puritano por excelência. Qualquer coisa que cheirasse a prazer, por sua própria natureza, deveria ser pecado. Qualquer coisa que fosse contra os seus princípios e regras rígidas deveria ser do diabo, e qualquer um que o desobedecesse era o próprio demônio. Ele governava sua família com mão de ferro, embora, para ser justo, a violência física raramente era necessária. — Eu não acredito conhecimento — disse ela.
que
fosse
desfrutar
com
tal
— Pode contar com minha a discrição, não contarei a ninguém o que acabou de me dizer, senhora — disse ele, seus olhos brilhando com diversão. Mas continuou a olhar para ela, e o sorriso desapareceu de todo, menos dos olhos. — Quando passei esses anos em Penderris Hall com meus colegas sobreviventes, eu
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tinha seis confidentes. Eles entenderam os meus pensamentos e sentimentos, porque estavam experimentando similares. Eles sabiam quando aconselhar, quando rir de mim, quando persuadir, quando apenas ouvir. Eles sabiam quando se aproximar e quando manter distância. Acredito que foi só depois que saí de lá que compreendi plenamente quão abençoada tinha sido e ainda sou. Posso dizer qualquer coisa no mundo para aqueles amigos, e eles podem dizer qualquer coisa no mundo para mim, sem temer a censura e com a certeza de saber que o que é dito permanecerá confidencial. Todos nós precisamos de pessoas com quem podemos falar livremente. Eu tenho a minha irmã também. Temos sido sempre próximos, mesmo sendo ela cinco anos mais velha. Quanto mais velhos ficamos, no entanto, essa diferença parece menor. Estava lhe dizendo que ele conhecia e compreendia todas as coisas que ela não tinha colocado em palavras? Que compreendia sua solidão e sensação de isolamento? Ela própria apenas os entendia parcialmente. Sempre fora solitária e sempre o negou, mesmo para si própria. Admiti-lo seria permitir à autopiedade um ponto de apoio em sua consciência. E havia algo quase vergonhoso sobre a solidão, como se a pessoa devesse ser amada tanto como mal-amada. — Eu o invejo — disse ela. — Deve ser maravilhoso ter amigos íntimos. Muito tarde ela percebeu o que havia admitido. Porque, certamente, Matthew deveria ter sido um amigo assim. — Receio — disse ela — já ter cometido essa terrível gafe social, de ultrapassar minhas boas-vindas. Devemos estar aqui sentados há cerca de uma hora. Matilda já terá tido uns quarenta ataques. Talvez quarenta e quatro se ela descobriu que Lady Gramley não estava aqui.
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Ela ficou de pé e esperou que ele se levantasse também. — A senhora monta? — Ele perguntou quando começaram a lenta caminhada até o terraço. — Eu aprendi quando era menina, — ela disse a ele — apesar de não ter a oportunidade de montar muitas vezes. Meu pai possuía apenas a velha e amada égua que puxava nosso cabriolé em uma velocidade mais ou menos equivalente a um passeio a pé. Matthew insistiu que eu montasse mais frequentemente depois que nos casamos, e eu me tornei bastante experiente na sela, embora não fosse algo encorajado quando estava em Leyland. Não monto desde que vim para Bramble Hall. — Há vários cavalos nos estábulos aqui — disse ele. — Bea estava comentando ontem que eles não são exercidos tão frequentemente como deveriam ser. Ela esteve indisposta durante grande parte do inverno e só agora foi liberada para a atividade regular. Viria montar comigo um dia? Talvez depois de amanhã? — Oh — disse ela. — Eu… — Ela estava prestes a recusar, por todas as razões habituais e óbvias. Mas lembrou-se do arrepio e alegria daqueles raros passeios em sua infância, e a maravilha e alegria de montar o que ela tinha chamado um cavalo de verdade depois de seu casamento. Ela foi esmagada pela tentação. O que Matil… Não! Ela não se importava com o que Matilda diria. — Vou pedir a Bea que venha conosco, é claro — acrescentou. — Eu gostaria.
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Eles falaram simultaneamente. — Vou escolher um cavalo para a senhora, então — ele disse — e um cavalariço a levará para Bramble Hall quando chegarmos. — Obrigada. — Ela virou a cabeça para olhar para o rosto de perfil. Poderia dizer, a partir da expressão de sua boca, que a caminhada não era fácil para ele. Era muito provavelmente demasiado dolorosa, mas ele movia-se de forma constante, embora em um ritmo lento, e não expressou nenhuma queixa. Ela se perguntou que outros ferimentos teria sofrido. Estava tão feliz por ter feito esta visita, pensou alguns minutos depois quando foi embora no cabriolé, um cavalariço o trouxera até o terraço para ela. Estava também feliz por Lady Gramley não estar, pois era improvável que se tivessem sentado no jardim no brilho da luz do sol, sentindo o calor em seus rostos e corpos. E ficou feliz por ter tido a coragem de concordar em montar com Sir Benedict e Lady Gramley. Ela se sentiu realmente o espírito restaurado. Talvez fosse ganhando vida novamente. Mas o que Matilda iria dizer?
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Capítulo 6 — É muito fascinante observar de que forma tão diferente, diversas pessoas são afetadas por suas enfermidades — disse Beatrice durante um chá da tarde. — Algumas pessoas são uma inspiração. Elas permanecem sorridentes e alegres, enquanto sofrem as aflições mais terríveis. Outros nos fazem sentir como se estivéssemos sendo sugados para um buraco negro com eles, coitados. — Você parece exausta — disse Ben. — Mas feliz por estar de volta à minha paróquia e comunidade retomando as minhas funções — assegurou ela. — Como desfrutou de seu passeio? — Muito bem, na verdade, — disse ele — pelos cinco minutos que durou. Eu estava andando quando vi um cabriolé chegando ao longo da estrada na direção da casa. Parecia-me que o ocupante solitário estava vestido de preto. Então virei e voltei. — A Senhora McKay? — Disse ela. — Sem Lady Matilda? — A senhora tem um resfriado. — E, assim, a Sra. McKay pôde escapar sozinha. — Ela sorriu para ele. — Você não esqueceu toda a conduta para a entreter aqui sozinha, espero, Ben? — Sentamos lá fora no jardim por toda uma hora — disse a ela. Foi um pouco surpreendente, na verdade, que ele tivesse sequer se desviado de seu passeio, uma vez que poderia facilmente ter escapado sem ela o ver. E ele certamente poderia tê-la impedido de ficar. Não tinha sido sugestão dela. Mas fora
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ele que tinha sugerido que fosse a Robland. Ele sentiu pena dela, enfiada na mansão sombria com aquela mulher agressiva. — Pobre senhora — disse Beatrice. — Eu não acho que sua cunhada seja boa companhia, mesmo quando está de boa saúde. A Sra. McKay deve ser muito solitária. Gostaria de ter estado aqui. — Se alguma vez o tema surgir, Bea, disse ele, — você recentemente vive reclamando que os cavalos nos estábulos estão necessitando de mais exercício do que estão recebendo. — Oh? — Ela disse com alguma surpresa. — Estou então a difamar meus cavalariços? Estou agradecida a você por me lembrar, Benedict, pois não tenho lembrança de dizer tal coisa. E por que o tópico pudera surgir? — Eu disse isso à Sra. McKay antes de ela sair daqui — explicou. — Oh? — Sua xícara pausou entre o pires e os lábios. — Pedi-lhe para montar comigo à tarde, depois de amanhã, disse ele — mas suspeito que não há nenhuma montaria adequada nos estábulos em Bramble Hall. — Eu não tenho dúvida de que você está certo. — Ela colocou a xícara no pires e os pôs de lado. — E ela concordou? — Sim. Ela apoiou os cotovelos nos braços da cadeira e olhou—o com uma ligeira careta. — Eu duvido que sua cunhada vá permitir isso — disse ela. — Isto é, se ela tem poder sobre a Sra. McKay. Mas é sábio, de qualquer maneira, Ben? Não posso ver nenhuma razão para que uma viúva recentemente enlutada não
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deva tomar ar, a cavalo, se ela assim o desejar, mas na companhia solitária de um único cavalheiro? — Eu disse que iria convencê-la a se juntar a nós — disse ele. — Você virá, Bea? Você está se sentindo bem para isso? — Certamente vou estar, — disse ela — se a alternativa é você montar sozinho com uma senhora, Ben. Não seria de todo adequado, mesmo se ela não estivesse de luto. — Ela é solitária, como você observou — disse ele — e inquieta. Embora por que tomara para si tentar aliviar a inquietação, ele não sabia. — Não é surpreendente — disse ela. — Ela esteve praticamente encarcerada em Bramble Hall desde que chegou. Acho que foi um trabalho de amor, pobre senhora, cuidando do Capitão McKay e, claramente, ele estava desesperadamente doente, mas sempre pensei que era egoísta da parte dele não insistir que ela saísse de vez em quando, mesmo que fosse só para tomar chá com um vizinho. Ela nunca o fez. É perfeitamente compreensível que, por agora, com a primeira onda de sua dor passada, ela sinta desejo de agitar suas asas. — Sim. Ela fixou-o com um olhar direto. — Você não está fazendo um flerte da Sra McKay, por acaso, não é, Ben? — Perguntou a ele. — Não concebeu um sentimento por ela? Venho esperando há algum tempo que você recuperasse o seu interesse nas mulheres e no namoro. Tem sido um eremita por muito tempo. Eu tenho esperança de que irá se casar antes chegar aos trinta, se bem que tenha apenas alguns meses para me fazer feliz a esse respeito. Mas não estou certa de que uma viúva recente seja uma escolha sábia, especialmente tendo em conta a identidade de seu sogro.
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Claro, ela é surpreendentemente encantadora. Deve ter sangue estrangeiro para explicar sua coloração escura. Isso não agradará ao conde de Heathmoor, eu diria. — Beatrice, — Ben disse em certa exasperação — eu estive com a Sra. McKay quatro vezes, incluindo o nosso encontro desastroso no prado e nossa breve reunião na igreja. Iremos fazer um passeio juntos depois de amanhã em sua companhia. Eu não acredito que vamos ter os proclamas publicados nesta semana ou até mesmo na próxima. Ela riu. — Ela é muito bonita. Embora a roupa preta que usa seja inadequada, para dizer o mínimo. — Concordo. — Se vocês se sentaram no jardim, — disse ela — suponho que ela manteve aquele véu horroroso sobre o rosto. — Ela empurrou—o para trás sobre a aba do seu chapéu, na verdade. Ela olhou-o em silêncio por alguns segundos a mais e depois deu de ombros. — Eu sei — disse ela. — Você não precisa dizer isso em voz alta. Não tem mais nove anos de idade, nem mesmo dezenove. É perfeitamente capaz de viver a sua própria vida, e até mesmo se não for, você não iria me agradecer por tentar vivêla por você. Muito bem, eu não vou. Mas o que vai fazer com sua vida, Ben? Você apareceu à... à deriva, sem rumo nos anos seguintes após ter deixado a Cornualha. Jurei a mim mesmoaque não iria dizer nada, mas aqui estou dizendo isso e irritando você. Ele estava irritado com a pergunta, já que ainda não sabia a resposta. E odiava isso em si mesmo. Sempre costumava pensar em si como um homem firme, decidido. Havia planejado sua vida quando tinha quinze anos, e não se tinha desviado do plano até que uma bala e outras catástrofes variadas o tinham deixado
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literalmente quase morto, há seis anos. Agora, sentia como se tivesse estado à deriva sem uma bússola sobre um oceano que se estendia vasto e vazio em todas as direções. Ele tinha vindo aqui com a firme intenção de fazer planos e depois colocá-los em prática. Ainda estava determinado a fazê-lo, amanhã. Fora só recentemente que tinha feito a descoberta de que o amanhã, na verdade, nunca chega? Mas Beatrice era alguém que sempre o tinha realmente amado. Sua preocupação era real. Ela tinha o direito de perguntar e o direito de receber uma resposta. — Durante o primeiro ano, mais ou menos, — disse ele — todo o meu foco estava em sobreviver. Em seguida, ele estava sobre a monumental tarefa de levantar-me da cama e, de alguma forma, mover-me. E, finalmente, até muito recentemente, tem sido andar novamente e receber minha vida de volta como era antes, para que possa continuar a viver feliz para sempre de acordo com o plano original. Eu devo ser muito teimoso ou muito estúpido, ou ambos. Apenas recentemente enfrentei a verdade: que nem o meu corpo nem a minha vida voltarão a ser como eram antes. Eu era um homem de ação, um soldado, um oficial. Agora não sou nenhuma dessas coisas. O problema, porém, é que não sei o que sou, ou o que serei. Ou o que vou fazer. Estou em um lugar um pouco sombrio, Bea, embora nem saiba onde é. — Ele sorriu. — Você vai voltar para Kenelston depois de sair daqui? — Perguntou a ele. — Vai fazer um esforço para se estabelecer lá, finalmente? — Pensei que poderia viajar primeiro — disse ele, atirando para o ar uma das idéias que tinha meio considerado. — Eu fiz um pouco disso nos últimos anos. Passei um tempo em Bath, em Tunbridge Wells, em Harrogate e em outros lugares. Pensei que
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poderia conhecer um pouco da Escócia, Lake District, o País de Gales. Até pensei que poderia tentar escrever um livro de viagem. Há abundância deles para os caminhantes. Tanto quanto eu sei, não há nenhum para as pessoas que não podem andar ou que não podem andar com facilidade, ou longe. No entanto, deve haver um certo número de pessoas que viajariam, se pudessem fazê-lo sem ter que estar em uma forma robusta e saudável. — Você já escreveu alguma vez? — Perguntou ela, as sobrancelhas subindo. — Não — ele admitiu. — Mas eu preciso fazer alguma coisa. Não me sinto confortável em admitir que sou alguém sem rumo vivendo em lugar nenhum. Devo e vou encontrar um novo desafio, e meus olhos, meu cérebro e minhas mãos funcionam bem o suficiente, mesmo que minhas pernas não. Posso descobrir um talento escondido como um autor. Posso encontrar-me viajando por todo o mundo e escrevendo dezenas de livros para os meus leitores. Não consegue ver o meu nome em letras grandes a ouro em uma capa de couro? Ela balançou a cabeça, embora respondesse a seu sorriso com uma breve gargalhada. — Seu desafio poderia ser dirigir Kenelston por si mesmo — disse ela — e torná-la sua casa. Ela é sua, afinal. Mas você não tem coração para suplantar Calvin, não é? Eu poderia simplesmente sacudir o garoto por seu egoísmo. Embora ele não seja mais um garoto, é claro. Deveria ter feito outros arranjos para a sua família assim que o pobre Wallace foi morto e tudo passou para você. Não é como se o Papai o houvesse deixado sem fundos. Mas ele se manteve muito calmo e continuou como se Wallace ainda estivesse vivo. E, claro, sua longa indisposição tornou mais fácil para ele se enraizar. Mas Kenelston não é dele, e ele não tem nada com a plena direção da mesma para permitir que essas crianças rebeldes se lancem dentro dela, como se não houvesse tal coisa como uma ala das
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crianças, e nenhuma coisa como disciplina. Deixe—me ter uma palavra com ele. A ideia de ter de recorrer à ajuda de sua irmã para travar suas batalhas por ele era terrível. — Obrigado, Bea, — ele disse — mas isso se adapta a meu propósito de viajar por um tempo até que possa ver o meu caminho para a frente, para um futuro mais estável. E uma vez que Kenelston vai precisar de um administrador enquanto eu estiver fora, Calvin, Júlia e as crianças podem muito bem ficar onde estão. Ele é muito bom administrador, você sabe. E ama o trabalho. Ela estalou a língua e serviu-se de outra xícara de chá. Olhou para ele, segurando o bule no alto, mas ele balançou a cabeça. Na verdade, pensou, talvez estivesse usando Calvin como uma desculpa. Talvez lhe fosse conveniente, assim como era para o seu irmão mais novo, deixar as coisas como estavam. Ele não estava perfeitamente convencido de que a vida sedentária de um cavalheiro do campo seria do seu gosto. Era um pensamento bastante surpreendente. Ele não o tinha admitido para si mesmo antes. — Comece as suas viagens por Londres quando for lá para me juntar a Hector — sugeriu. — Venha comigo. Talvez encontre uma bela jovem que não ficou viúva há alguns meses e que não tem um dragão cuspidor de fogo como sogro. Ele riu. — Obrigado pela oferta, por ambas as ofertas. Mas Londres é o último lugar onde quero ir. E se eu quiser uma mulher bonita, ou qualquer mulher, vou encontrar uma para mim. Não sei, no entanto, como acontecerá.
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Mas, surpreendentemente, ele esperava com interesse o passeio a cavalo com a Sra. McKay daí a dois dias, mesmo Beatrice estando com eles. Talvez fosse porque uma viúva ainda em luto profundo parecia uma companheira suficientemente segura. Sua vida tinha sido quase inteiramente sem mulheres por mais de seis anos. Além de sua irmã e sua cunhada, e sua companheira sobrevivente Imogen, ele praticamente não tinha tido relações com qualquer mulher em todo esse tempo. Tinha estado celibatário por mais de seis anos. Teria parecido incrível em um estágio de sua vida. Ele tinha se imaginado apaixonado meia dúzia de vezes antes de ter a certeza disso com a sobrinha do coronel. E tinha desfrutado de uma vida sexual vigorosa com mulheres de outro tipo. Não mais, porém. Mas ele sentia falta da companhia de mulheres. Era algo que gostaria de ter novamente, desde que nunca houvesse qualquer questão de namoro. Não poderia haver essa questão com a Sra. McKay. Ela ainda tinha oito meses, ou assim, de luto para passar, antes que pudesse considerar se casar novamente. E ela não iria considerá-lo de qualquer maneira, mesmo se estivesse livre. Tinha acabado de enterrar um marido que tinha ficado incapacitado pela guerra. Certamente não estaria tentada a tomar outro. Era uma companheira segura, então. E ele pensou com interesse em vê-la montar, se, isto é, não acontecesse nada para impedir o passeio. Mau tempo, por exemplo. Ou a intervenção de sua cunhada. — Quando escrevi ao Pai hoje, — Matilda disse — omiti qualquer menção à sua visita a Robland Parque ontem, Samantha. Pensei sobre isso na noite passada e fui forçado à conclusão de que não era uma violação totalmente imperdoável de etiqueta você retribuir uma visita que tinha sido feita a você
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na semana passada por uma condessa, embora eu gostasse que tivesse esperado até poder acompanhá-la. Samantha manteve a cabeça baixa enquanto trabalhava uma nova flor no desenho do pano que estava bordando. — Ouso dizer que Lady Gramley ficou satisfeita em vê-la — acrescentou Matilda. — Espero que tenha enviado o meu amor para sua mãe — disse Samantha no mesmo momento. — Eu o fiz, — Matilda disse a ela — já que você me pediu para o fazer quando veio ao meu quarto depois do almoço para perguntar pela minha saúde. Eu não mencionei sua visita, Samantha, porque o Pai pode ver a questão de maneira diferente da minha visão mais liberal, e eu não gostaria de a fazer o objeto do seu desagrado. Samantha teceu o fio de seda invisível através de seu trabalho, na parte de trás do pano, antes de cortá-lo e mudar para um tom diferente. Ela fervia com a condescendência das palavras de Matilda. Devia manter a calma até que o assunto fosse trocado. Mas por que deveria? De qualquer forma, Matilda ia ter de saber seus planos. — Lady Gramley não estava em casa — disse ela. — Sir Benedict estava voltando de um passeio e foi o suficiente gentil para me fazer companhia no jardim por um tempo, para eu não ter que dirigir de volta para casa imediatamente. — É de se esperar que ninguém tenha visto você lá, Samantha — disse Matilda. — Talvez agora entenda a loucura de agir impulsivamente e contrária ao conselho da irmã de seu marido.
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— Tivemos uma conversa muito agradável — Samantha disse a ela. — Vou cavalgar com ele amanhã. Ele vai enviar um cavalo dos estábulos de Robland para mim. Um impulso de malícia a levou a omitir que Lady Gramley estaria passeando com eles. Ela olhou para cima quando não houve resposta imediata às suas palavras. Sua cunhada estava olhando para ela com o nariz vermelho, rosto pálido e olhos frios. — Devo, muito inflexivelmente, aconselhá-la contra tal coisa, Samantha — disse ela. — Na verdade, eu me ocuparei de falar ainda mais fortemente em nome de Matthew e do Pai. Eu a proíbo de fazer isso. — Matthew gostava que eu montasse — disse Samantha, abaixando a cabeça para seu trabalho novamente. — Se ele pudesse falar agora, ouso dizer que iria me dizer para ir, uma vez que já não tivesse necessidade de mim na enfermaria. Preciso de ar e exercício. Desesperadamente. — Então eu vou andar com você no jardim — disse Matilda. — Não, você não vai — Samantha disse a ela. — Você tem um resfriado muito forte. Precisa ficar perto do fogo e fora de correntes de ar. E eu preciso de exercício mais vigoroso do que um passeio em uma área confinada. A caminhada não é suficiente. Quero montar. E isso é o que vou fazer amanhã. Oh, querida, eu disse a palavra proibida? Tramp, que tinha estado deitado no eixo da luz solar que irradiava através da janela, parecendo para todo o mundo como se estivesse em coma, ficou de pé e agora estava diante da cadeira de Samantha, fazendo sons de capricho patéticos e olhando fixamente e esperançosamente para ela. — Eu usei a palavra caminhar, não foi? Sua cauda abanando. Sim, de fato, ela tinha usado.
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— Oh, muito bem. — Samantha se levantou. — Vamos para o jardim encontrar um pedaço de pau para você perseguir. Embora isso não seja um jogo de todo justo, você sabe, por que nunca joga a vara para eu perseguir. — Samantha — Matilda disse bruscamente antes de sua cunhada poder escapar do quarto para buscar seu chapéu e casaco. — Devo categoricamente a proibir de ir montar amanhã. Pode dizer, se quiser, que eu não tenho poder para comandar você, mas na verdade o faço. Estou como representante do Pai aqui. Samantha parou e virou-se para encará-la. — Eu digo que você não tem o direito de me dar ordens, Matilda. Seria insuportável se fosse tentar. Suas queixas e conselhos que eu tenho que ouvir também. Você tem todo o direito de expressá-las. Não tem o direito de me dizer o que devo fazer, ou, mais importante, o que não devo fazer. Nem o conde de Heathmoor. Ele não é meu pai. Embora ele possuísse a casa em que ela morava. Ela ficou fora no jardim por mais de uma hora, para grande deleite de Tramp. Estava se sentindo muito perto do fim de sua corda. Os últimos cinco anos foram difíceis, mas, apesar de Matthew ter sido um paciente exigente, muitas vezes lamurioso, ela havia feito provisões para sua dor e desconforto. Além disso, ele era seu marido. Não tinha sido feliz durante esses anos, mas tinha estado muito ocupada e, geralmente, exausta demais para sentir uma grande infelicidade. Os quatro meses de luto tinham sido difíceis também, de uma maneira diferente. Eles poderiam ter sido menos difíceis se ela tivesse sido capaz de responder à muito comovente manifestação de simpatia e boa vontade dos vizinhos com quem não tivera chance de se familiarizar antes da morte de Matthew.
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Poderia ter feito alguns amigos, ou pelo menos alguns conhecidos amigáveis, durante esses meses. Não tinha sido autorizada a aceitar as propostas de seus vizinhos, no entanto, e mansamente cedera às direções de Matilda sobre o que era correto. Não poderia fazê-lo por mais tempo. Estava começando a se sentir muito rebelde.
Devo categoricamente a proibir de ir montar amanhã... eu estou como representante do Pai aqui. Oh, era intolerável. Finalmente, mesmo Tramp estava cansado de jogar. Ele veio e deitou a seus pés quando ela jogou a vara mais uma vez, e depois descansou o queixo em suas patas. — Ingrato! — Disse ela. — Você poderia pelo menos ter ido buscar mais uma vez antes de tornar seus desejos conhecidos. Era uma vara perfeitamente decente. Agora vou ter que procurar outra na próxima vez que você insistir sobre este jogo. Ele deu um suspiro de tédio impenitente. — É melhor voltar para dentro, então — disse ela. — Tenho estado evitando o inevitável. Por que tive que casar-me em uma família tão horrível, Tramp? Não, não responda. Eu sei porquê. Foi devido à combinação fatal de oficiais de escarlate e um rosto bonito. Ele era muito bonito, você sabe, e muito arrojado. Você não estava familiarizado com ele naqueles dias. E não era culpa dele que sua família fosse tão horrível. Ela pensou em evitar a sala de estar quando voltaram para dentro levando suas coisas até o quarto dela, onde iria encontrar algo para mantê-la ocupada. Mas não podia evitar Matilda para sempre, e ela não ia começar a se esconder dentro de sua própria casa. Ela deixou suas coisas no corredor e abriu a porta da sala de estar, de alguma forma preparada para fazer as pazes.
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O quarto estava vazio. Ela deu um suspiro de alívio e atravessou a sala para puxar a corda do sino. — Pode trazer uma bandeja de chá, por favor, Rose? — Ela disse, quando uma empregada respondeu à sua chamada. — Você sabe se Lady Matilda estava se sentindo mal de novo? Será que ela voltou a subir para o seu quarto? Rosa corou e parecia desconfortável. — Eu acho que ela está lá em cima, minha senhora, — disse ela — mas não para descansar. Ela enviou Randall até o porão para ir buscar seu baú e sua grande valise, e enviou sua empregada para embalá-los. Samantha olhou para ela. — Certo. Obrigada, Rose — disse ela. — Não se preocupe com a bandeja por um tempo. Chamarei por isso mais tarde. A empregada correu da sala. Tudo era agitação e atividade no quarto de Matilda. Seu baú, duas valises, e três caixas de chapéu estavam abertos no chão, e parecia que cada peça de roupa que ela possuía estava empilhada, quer em sua cama ou em cadeiras, exceto a cadeira em que Matilda se sentava, com as costas eretas, os lábios definindo uma linha fina e reta. — O que é isso, Matilda? — Perguntou Samantha. Era uma pergunta um pouco tola, é claro. Era perfeitamente óbvio o que isso era. — Eu vou partir para Leyland amanhã de manhã — disse Matilda sem olhar para ela. — Vou levar a carruagem de viagem e alguns funcionários.
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Samantha andou mais para dentro do quarto. — Sinto muito que tenha chegado a isto — disse ela. — Tem certeza de que está bem o suficiente para viajar? — Eu não vou ficar aqui — disse Matilda. — Sei o que é devido à minha família e à memória de meu irmão, Samantha, e eu não vou certamente querer permanecer com alguém que não o faz. — E isso é tudo porque eu optei por devolver as visitas de meus vizinhos? — Samantha perguntou a ela. — Eu não chamaria montar sozinha com um cavalheiro que está hospedado com um de seus vizinhos uma visita, Samantha — disse Matilda. — Mesmo se você não estivesse de luto profundo, eu chamaria isso de vulgar e escandaloso. — Vulgar e escandaloso. — Samantha suspirou. — Será que eu deixei de mencionar que Lady Gramley vai montar conosco? — Esse fato não faz diferença — disse Matilda. — Espero que sua consciência a persuada a permanecer em casa amanhã, Samantha. Mas tanto se o fizer como se não o fizer, a intenção estava lá e a determinação para persistir, mesmo depois de eu ter falado com você completamente e severamente em nome do meu pai. Não permanecerei após tal insulto, um insulto não para mim, entenda, mas ao conde de Heathmoor, o pai de seu marido. — Muito bem — disse Samantha. — Vejo que não há nada mais que eu possa dizer. Vou tomar as providências para a carruagem, o cocheiro e alguns outros criados para estarem prontos na parte da manhã. — Isso já está feito — disse Matilda. — Eu peço para você não se esforçar em meu nome. E a coisa foi, Samantha pensou um pouco mais tarde, quando ela estava de volta à sala de estar, rondando como se não
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houvesse nenhuma cadeira confortável na qual se sentar, a coisa sobre a qual foi deixada com sentimento de culpa, como se ela realmente tivesse se comportado muito escandalosamente, o suficiente para ser evitada por todas as pessoas decentes. Vulgar e escandalosa, Deus do céu! Oh, ela estava muito irritada novamente. Muito furiosa, na verdade. Tinha vontade de lançar todos os enfeites feios de cima da lareira na lareira e quebrá-los em um milhão de pedaços. Mas duvidava que iria se sentir melhor depois. Certamente, oh, com certeza, de outras viúvas recémenlutadas não era esperado que ficassem em uma casa escurecida por um ano inteiro, desencorajando os visitantes e nunca retornando as visitas que recebiam. Certamente não se afastavam de todo o exercício e atividade social, mesmo que evitassem entretenimentos mais frívolos, como assembleias e piqueniques. Certamente a maneira como ela estava vivendo aqui com Matilda não era normal. Talvez ela estivesse errada. Talvez sua inquietação denotasse uma desobediência e uma falta de respeito pelo homem que tinha sido seu marido por sete anos e para a sua família de luto. Eles estavam de luto? Isto é, sob os sinais exteriores de luto. Nenhum deles tinha ido a Bramble Hall sequer uma vez durante os cinco anos em que Matthew tinha estado ali, exceto, no final, Matilda. Nenhum deles tinha vindo para o funeral. Era um longo caminho, é claro, a partir de Kent para County Durham e teria causado um atraso desconfortável no processo. No entanto, ela tinha enviado pessoalmente uma carta para o conde e condessa
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por mensageiro especial, e eles poderiam ter respondido de volta para ela, com a mesma rapidez, para atrasar o serviço. Eles não tinham feito isso. Matthew tinha sido a ovelha negra. Oh, não, ela decidiu, puxando firmemente no sino, ela não ia se sentir culpada novamente. E não iria tentar persuadir Matilda para mudar sua mente. Boa viagem para ela. Também não iria enviar palavra a Robland Parque para cancelar o passeio de amanhã. Ela não ia se sentir culpada. Mas é claro que o fez. — Traga a bandeja de chá, por favor, Rose — ela disse quando a empregada respondeu ao seu chamado. Ela não estava com fome, no entanto. Ou sede.
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Capítulo 7 — Vai chover — Beatrice fez a observação durante o café da manhã na manhã seguinte. Olhando brevemente a carta que estava lendo. Ben olhou para a janela e concordou que a chuva era uma possibilidade. Estavam tendo uma primavera bastante miserável até o momento, pelo menos nesta parte do país. Parecia que não poderiam cavalgar com a Senhora McKay afinal de contas. Talvez tenha sido melhor assim. Ele não duvidava de que a cunhada dela desaprovaria, uma vez que não achava que até mesmo uma visita sossegada a um vizinho fosse conveniente. Embora ele achasse que era chegada a hora da senhora McKay mostrar falta de respeito às pesadas restrições que estavam sendo impostas a ela. Talvez não chovesse. — Como os meninos podem gastar uma grande quantidade de dinheiro quando estão supostamente na escola tornando-se os estudiosos do futuro? — Perguntou Beatrice, olhando por trás da carta. — E por que solicitam fundos extra às mães em vez dos pais, quem, por sua vez, pediria contas do que já foi gasto? — Precisamente por essa razão — disse ele. — Ouso dizer que o preço dos doces aumentou desde que eu estive na escola. — Humm — disse ela. — Mas ter que arrancar dentes podres é tão doloroso. Começou a chover no final da manhã, uma leve garoa no começo, que podia ou não se transformar em algo mais sério. Até o momento em que acabou de almoçar, no entanto, Ben foi forçado a admitir que a chuva tinha tomado a primeira opção. Estaria muito molhado para cavalgar.
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Ele ficou desapontado. Subiu as escadas para fazer seus exercícios diários. Não iria negligenciar isso, apesar de ter aceitado a realidade de que nunca recuperaria mais do que o uso mínimo de suas pernas. Contudo, não correria o risco de perder o pouco que tinha conseguido. Pelo menos conseguia andar sobre suas próprias pernas. Além disso, havia outras partes do corpo que precisavam ser mantidas em boas condições de funcionamento. A atividade vigorosa não o livrava da inquietação. Estava em um período de crise de sua vida, percebeu. Encontrou a irmã na escrivaninha na sala de estar, escrevendo para os dois filhos e ao marido. — Eu me sinto mal por não mandar uma desculpa a Bramble Hall — ele disse a ela. — Mas a senhora McKay dificilmente espera por nós com este tempo — disse ela sem olhar para cima. — Não — ele concordou. — Mas pensei em ir lá de qualquer maneira e pedir desculpas em pessoa. Gostaria de vir comigo? Ela esfregou a pena da caneta sobre o queixo e olhou para a janela. — Você deve saber como me deixa tentada, Ben — disse ela. —Escrever cartas nunca foi uma das minhas atividades favoritas. Ouso dizer que isso prova que não sou uma lady adequada. Devo terminar estas agora que as comecei, caso contrário, irei adiá-las indefinidamente. Você não precisa de minha companhia, não é? As senhoras McKay estarão acompanhadas uma da outra. — Você faz soar como se eu fosse um grande lobo mau — disse ele.
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— Ouso dizer que você parece dessa maneira para, pelo menos, uma das senhoras — disse ela. — Oh, querido, eu não costumo dar a estranhos tal desgosto. Transmita meus respeitos a elas, por favor, Ben. — Farei isso. — Ele se inclinou sobre ela para beijá-la na bochecha. —Dê o meu amor a meus sobrinhos e diga-lhes para não causar mais estragos do que eu no meu tempo. Ela bufou de maneira deselegante. — Vou dizer a eles para serem bons — ela disse — segundo o tio Benedict. E econômicos. Ele riu e fez o lento caminho para fora da sala.
Samantha passou metade da noite acordada. Levantou-se cedo, a fim de tomar café com Matilda e tentar mandá-la seguir seu caminho com um pouco de civilidade. Mas a cunhada não desceu para comer, nem pediu que uma bandeja fosse enviada ao quarto dela. E, quando desceu, estava vestida para viagem e o transporte a esperava do lado de fora das portas da frente, já carregado com sua bagagem. — Vai chover — disse Samantha. — Queria que você pudesse reconsiderar, Matilda, e adiar sua partida, pelo menos por alguns dias. Matilda estava pálida e indisposta. — Eu não ficaria aqui mais uma hora, mesmo que estivesse ameaçando nevar — disse ela, alisando as luvas de couro já lisas nas costas das mãos. — Papai ficará descontente com você, Samantha, e mamãe ficará desapontada. Mas nenhum deles ficará surpreendido, lamento dizer. Papai alertou Matthew como
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seria se ele insistisse em descer tão baixo ao se casar com uma cigana. Felizmente, talvez, ela se dirigiu em direção as portas e desceu antes que Samantha pudesse enquadrar uma resposta. Um criado a ajudou a entrar na carruagem. Ela não olhou para trás ou virou a cabeça uma vez que se sentou. Foi uma sorte, porque Samantha tinha perdido a paciência, ou a teria perdido se tivesse sido deixada com alguma audiência. Mas ela ficou na porta e viu o carro partir em sua longa jornada, tremendo positivamente com a fúria reprimida. — Tenho um quarto de sangue cigano — murmurou para o ar vazio. — Melhor do que cem por cento McKay. Seu avô, um galês sobre quem ela não sabia nada exceto a sua nacionalidade, havia casado com uma cigana, que deu à luz à mãe de Samantha, antes de regressar ao seu próprio povo, para nunca mais ser ouvida de novo. E esse pequeno incidente triste e obscuro da história teve seu efeito sobre a neta dessa união malfadada. Então, teve o fato de que a filha, mãe de Samantha, ter fugido com a idade de dezessete anos do País de Gales e acabado em Londres, onde ganhava a vida como atriz quando o pai de Samantha a descobriu e se casou com ela. — Sou um quarto cigana e um quarto galesa e metade da obscura nobreza Inglesa. Sou a semente de uma atriz galesa, que, como todos os membros da sua profissão e nacionalidade, está apenas a um curto degrau acima na escada da maldade do próprio diabo. Mais ou menos como o padrasto uma vez a descrevera. Nuvens pesadas apareceram. Seria um milagre se não chovesse ao meio-dia. Ironia das ironias, ela provavelmente não iria cavalgar nesta tarde, afinal de contas. Era um pensamento terrivelmente deprimente que ela pudesse, afinal, ser obrigada a passar o resto do dia respeitavelmente sozinha e dentro de casa.
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Mas a primeira coisa que fez quando voltou para dentro foi caminhar para a sala de estar e puxar as cortinas pesadas para o lado tanto quanto possível. Iria trocá-las. Escolheria algo mais leve tanto em textura e cor. Olhou ao redor da sala com o cenho franzido. Tudo precisava ser modificado. Em cinco anos, ela realmente não havia notado como aquela casa era sombria. Matilda estava neste mesmo instante levando histórias de sua maldade para Leyland. Maldade! Por cinco anos, ela dedicou cada momento de seus dias aos cuidados do filho do Conde de Heathmoor. Ela tinha sofrido cinco anos de noites perturbadas sem reclamar. Deu cada partícula de sua energia e paciência. No momento em que Matthew morreu, parecia que não havia restado nada de si mesma. O que, supôs, era a causa pela qual se sentia tão vazia. E, no entanto, aos olhos do conde e da sua preciosa filha, ela era má e de nenhuma importância por causa de seu nascimento — e porque depois de quatro meses de luto real, ela estava pronta para ir até os vizinhos buscando conforto, amizade e participar de algum exercício tranquilo ao ar livre. Ela estava brava. Estava tão furiosa, na verdade, que olhou para aqueles enfeites horríveis sobre o mantel e certamente os teria atirado longe se isso fizesse com que se sentisse um pouco melhor. Eles não valiam sua ira — os McKays, quer dizer. Mas não importa o quão firmemente dissesse a si mesma, sentia-se ferida de qualquer maneira. Graças a Deus por ela estar tão longe deles e eles estarem felizes em ter certeza de saber como ela era. E, claro, choveu.
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No início, apenas pingos leves, deixando a esperança cruel de que não iria dar em nada, mas iria parar antes da tarde. Mas choveu mais fortemente e mostrou todos os sinais de que continuaria por todo o dia. Matilda diria que era um castigo justo. Depois de brincar com a comida no almoço, Samantha voltou para a sala de estar e tentou bordar. Mas quando a linha embolou e seus dedos puxaram o nó sem sua paciência habitual e ficou mais emaranhado, a tal ponto dela ser forçada a cortar o fio e desfazer o trabalho que já tinha feito, ela pôs o tecido de lado. Tentou ler, mas percebeu, depois que havia movido os olhos com determinação ao longo de duas páginas inteiras, que não conseguia se lembrar de uma única palavra. Ela ainda tolerou um pouco de choro enquanto Tramp colocava o queixo em seu colo e olhava tristemente para ela. Mas quem disse que um bom choro fazia com que se sentisse melhor, obviamente nunca tinha tentado isso por si mesmo. Ela terminou com o nariz entupido, olhos inchados, um lenço encharcado, e uma miséria mais desgraçada do que nunca. Autopiedade era uma aflição terrível, ela pensou, irritada com ela mesma enquanto beijava o topo da cabeça do cão. Ela não iria suportar isso nem mais um pouco. Enxugou os olhos, assoou o nariz alto, e olhou para o bordado antes de pegá-lo e enfrentá-lo mais uma vez com firmeza de propósito. Quinze minutos depois, seus pensamentos foram interrompidos pelo som da batida na porta da frente. Ela ficou surpresa, a agulha suspensa acima do tecido. Matilda? Não, claro que não. Lady Gramley e Sir Benedict Harper? Dificilmente. Eles não iriam cavalgar com este tempo, e não era necessário que eles viessem se desculpar.
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Samantha não poderia ter deixado de notar que estava chovendo. O vigário? Ele não tinha voltado desde que Matilda o manteve uma tarde nos degraus até que o vento cortante o persuadisse a partir. — Sir Benedict Harper, senhora — o mordomo anunciou assim que ela abriu a porta. Ele soou um pouco duvidoso, mas o cavalheiro veio antes que ela pudesse decidir se era apropriado admiti-lo ou não, ou — mais ao ponto — se ela se importava se era ou não. — Sir Benedict — disse ela, deixando de lado seu trabalho e levantando-se. — Você certamente não veio cavalgando? Ela estava pateticamente feliz em vê-lo. — Eu vim de carruagem — disse ele, reconhecendo o abano da cauda de Tramp com um olhar de repreensão. — Boa tarde, Senhora McKay. Sua cunhada ainda está indisposta? Sinto muito. Eu não teria... — Ela se foi — disse ela. — Partiu esta manhã. Ela não ficaria aqui por mais tempo para ser contaminada por minha maldade. Oh, caramba, ela não devia ter formulado a frase dessa maneira. Deveria ter inventado uma doença na família que tivesse feito Matilda partir. Não teria sido difícil. A condessa estava sempre doente. Embora fosse tarde demais agora. Ele ficou parado, olhando para ela enquanto o mordomo fechava a porta atrás de si. Ele olhou para a janela, ela notou. Estava totalmente visível pela primeira vez em meses. — Partiu? — Disse. — Para não voltar, você quer dizer? Isso não tem nada a ver com o fato de que iria cavalgar comigo, não é? Saiba que Beatrice estava de acordo em ir conosco.
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Era tarde demais para a evasão. — Nada menos do que o isolamento completo por trás do véu negro do nosso luto pelos próximos oito meses teria sido adequado ao senso de decoro de Matilda, Sir Benedict — ela disse a ele. — Não tenho certeza por qual livro de regra ela e meu sogro vivem, mas nunca ouvi falar de qualquer outra pessoa vivendo por ele, o que, por misericórdia, estou realmente grata. O conde de Heathmoor é uma lei por si mesmo e sempre foi. Talvez o livro seja de autoria dele. Na verdade, acredito que deva ser. Sua voz soava frágil, ela percebeu, à beira da histeria. Ela estava apavorada de que ele fosse embora de novo, o que, é claro, seria a melhor coisa que ele poderia fazer pelos dois. Ele não gostaria de ter que ouvi-la colocar para fora todos os seus problemas de autopiedade. E ela precisava de tempo para se recompor antes de conversar com alguém. — Vim para explicar por que não podia sair para cavalgar — disse ele — embora ouso dizer que a razão é evidente. Vim para ver se Lady Matilda havia se recuperado do resfriado e oferecer desejo de melhoras por parte da minha irmã por sua saúde. Vou me despedir, senhora, já que a senhora não tem nenhum acompanhante e não podemos nos retirar para o jardim como fizemos em Robland um par de dias atrás. Seria a coisa certa a fazer, é claro. Mas ela não podia suportar ficar sozinha novamente. Ainda não. Que tolice ter permitido que alguém como Matilda a tivesse desconcertado tanto. — Por favor, fique — disse ela. — Sente-se. Estou farta do decoro e ainda mais farta da minha própria companhia. E por que eu não deveria entreter um convidado que teve a amabilidade de me visitar apesar da chuva?
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— Talvez — sugeriu ele — porque esse convidado é um cavalheiro solteiro e você é uma dama solteira sem uma acompanhante. Ela suspirou. Ele parecia desconfortável ali de pé apoiado na bengala. Ele devia estar desesperado para partir. Mas solidão e desânimo a tornaram egoísta, para não mencionar indiscreta. — O senhor veio, então, só para me informar que está chovendo e inquirir sobre a saúde de Matilda? — Perguntou ela. Ele hesitou. E então a pegou completamente de surpresa. — Esqueça a saúde de Lady Matilda — ele disse. — E a sua casa tem janelas. Elas nem sequer estão quase completamente cobertas por cortinas hoje. Vim para vê-la. E se ela tinha pensado que ele parecia desconfortável alguns momentos atrás, não era nada como o que sentia agora. O próprio ar na sala parecia como se carregado com algo perigoso. Mas — esqueça a saúde de Lady Matilda. Ela não podia deixar de sorrir. — Oh, sente-se — disse ela. — Por que o senhor deve partir apenas porque Matilda não está aqui? Ele fez seu lento caminhar até a cadeira que ela tinha indicado e sentou-se. Ela voltou a sentar e eles olharam um para o outro. O que agora? Pelo menos no jardim de Lady Gramley, anteontem, havia flores para olhar, além do céu e da casa. E havia sons, mesmo que ela não tivesse conhecimento deles na hora, pássaros, insetos, vento, os cavalariços nos estábulos. Ali até mesmo Tramp ficou em silêncio. Ele havia deitado diante de Sir Benedict, o queixo na ponta da bota do homem.
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— A senhora o amou? — Ele perguntou abruptamente. Ela levantou as sobrancelhas. Estava esperando que ele falasse sobre o tempo? Ele estava falando sobre Matthew? Era uma pergunta terrivelmente impertinente. Exigia uma censura afiada. — Eu estava completamente apaixonada quando me casei com ele — disse ela. — Não se pode esperar que tal euforia dure para sempre, é claro. Não há realmente nenhuma coisa como felizes para sempre, Sir Benedict. — Há quanto tempo vocês estavam casados antes dele ser ferido? — Perguntou. — Dois anos — ela disse. — Passei o primeiro ano com ele e o segundo, depois que o regimento foi enviado para a Península, em Leyland Abbey, com meus sogros. — E você se desapaixonou por causa dos ferimentos? — Não. — Ela olhou pensativa para ele por alguns momentos. Ela devia repeli-lo, dizendo a ele como impertinente e intrusiva a pergunta era. — Não demorou muito tempo depois do meu casamento para descobrir o que deveria ter percebido antes. Ele não podia viver sem a admiração dos homens e a adulação das mulheres. Ele era bonito, arrojado e encantador. Todo mundo o adorava. Mas ele... Ah, ela realmente não deveria estar falando assim sobre o próprio marido. — Mas ele não adorava ninguém exceto a si mesmo? — Ele sugeriu. Como ele poderia ter imaginado isso? Mas ele estava exatamente correto. Matthew via todos além de si mesmo como nada mais do que uma atenciosa, admirada audiência. Ela
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duvidava que houvesse qualquer um na vida dele que ele realmente conhecesse ou quisesse conhecer, ela própria incluída. Mesmo durante os últimos cinco anos ele a tinha visto como ele queria vê-la, uma obediente e atenciosa esposa, criada para o conforto dele. Ele nunca a conhecera. Nem sequer metade. — Os ferimentos não o modificaram? — Ele perguntou. — Oh, sim, o modificaram. Ou talvez eles modificaram apenas as circunstâncias de sua vida, em vez de seu caráter essencial. — Ela voltou o olhar sobre o fogo. — Seu nariz tinha sido cortado por um sabre e quebrado. Seu rosto não estava muito desfigurado depois de ter se curado, mas ele se recusou a ser visto por alguém, exceto o criado e eu. Não havia um espelho no quarto. Ele foi esmagado por aquilo que pensou em como a perda de sua boa aparência, como se fosse a própria identidade. Se sua saúde tivesse sido boa para além da relativamente menor deformação, talvez ele tivesse recuperado um pouco da antiga confiança e arrogância. Mas sua saúde não era boa. — Beatrice me disse que a senhora era dedicada a ele — disse ele. — Como eu poderia não ser? — Ela olhou para ele. — Ele era meu marido, e eu me preocupava com ele. Eu não deveria ter dito nada negativo sobre ele. Ele não está aqui para me contradizer ou para retaliar com uma listagem de todos os meus defeitos. — Às vezes, como eu lhe disse alguns dias atrás, — disse ele — é preciso falar com o coração para pessoas que entendem e possam ser invocadas para manter a confiança. — E eu posso confiar no senhor? — Ela perguntou. — Mesmo que o senhor seja pouco mais do que um estranho para mim?
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— A senhora pode contar com a minha discrição. Ela acreditou nele. Ela lembrou do que ele tinha dito sobre seus amigos em Penderris Hall. — Ele não merecia um final tão duro e prolongado da vida — disse ela. — Eu nunca desejei isso para ele. — E a senhora não merece ser levada a se sentir culpada porque ainda está viva — disse ele. — Eu lhe contei sobre Hugo, Lorde Trentham, que ficou com a mente perdida depois de liderar com sucesso a Forlorn Hope, na Espanha. Seu principal tormento, que o atormentou por anos depois e ainda o atormenta, até certo ponto, era que ele sobreviveu intacto, enquanto todos os seus homens morreram ou foram terrivelmente feridos. No entanto, ele liderou o ataque de frente com coragem extraordinária. Deve perdoar a si mesma por estar viva, Senhora McKay, e por querer continuar a viver. — E por querer dançar? — Ela meio que sorriu para ele. — E mesmo por querer cavalgar. — Chega de mim e de minhas misérias insignificantes — disse ela com um leve aceno de cabeça. — E sobre o senhor? Por que exatamente está hospedado em um canto tão remoto da Inglaterra com a sua irmã? Isto parece muito distante do tipo de vida de um cavalheiro da sua idade. — Da minha idade? — Ele ergueu as sobrancelhas. — Seu rosto demonstra que conhece o sofrimento — disse ela, sentindo o calor de um rubor nas faces. — Poderia ter qualquer idade entre vinte e cinco e trinta e cinco. Ou mesmo... — Tenho vinte e nove — disse ele. — Beatrice precisava de mais algumas semanas em casa para se recuperar da indisposição que teve no inverno, mas era necessário que
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Gramley fosse a Londres para tomar seu assento na Câmara dos Lordes. Os meninos estão ausentes, na escola. Eu não tinha nada melhor para fazer com o meu tempo, então vim para lhe fazer companhia. — Lady Gramley tem sorte de ter um irmão tão atento — disse ela. — Não é tão afortunada com seu irmão? — Perguntou. — Seu meio-irmão? — John é um clérigo e cuida de uma paróquia movimentada, de uma esposa e três filhos — ela disse a ele. — E ele se opôs que nosso pai se casasse com a minha mãe. — Por quê? — Perguntou. — Só porque ela não era a mãe dele? — Pelo menos em parte, por essa razão, tenho certeza — disse ela. — A mãe dele foi muito respeitada e amada por todos os vizinhos. Ele estava olhando atentamente para ela. — E sua mãe não foi? Ela deveria apenas dizer sim ou não e deixar por isso mesmo. — Minha mãe era atriz quando meu pai a conheceu em Londres — disse ela. — Ela também era filha de um galês e uma cigana. Não era uma combinação projetada para enaltecê-la diante o enteado. Ou para o mais gentil dos vizinhos do meu pai, especialmente quando ela era muito mais jovem que ele e tão bonita e vibrante. — Ah — disse ele e a olhou em silêncio por alguns instantes, enquanto ela esperava que ele continuasse. Este era o
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momento, talvez, quando ele recuperaria suas maneiras e daria um apressado adeus, ou tão apressado quanto fosse capaz, sem tornar seu desgosto óbvio demais. — Isso explicaria a sua coloração vívida. Eu queria saber de onde vinha seu sangue estrangeiro. Vem de sua avó cigana. — Não é o sangue realmente estranho? — Disse ela. — Houve ciganos na Grã-Bretanha por gerações. Mas não houve muito casamentos mistos e eles mantiveram sua aparência distinta. Ele a olhou em silêncio novamente, mas houve um ligeiro sorriso no rosto. Ela não conseguia decifrar o significado. — Ela ainda está viva? — Perguntou. — Sua avó, quero dizer? Ou seu avô? — Minha avó o deixou para retornar ao próprio povo quando minha mãe era uma criança — ela disse. — Eu não sei nada do meu avô, exceto sua nacionalidade. Minha mãe deixou Gales com a idade de dezessete anos e nunca mais voltou. Ela quase nunca falava sobre seu passado. Talvez o tivesse feito se tivesse vivido mais tempo. O silêncio se estendeu entre eles novamente. — Talvez — ela disse — o senhor sinta a necessidade de ir agora, Sir Benedict? — Porque estou comprometendo sua virtude? — Perguntou. — Ou porque você é metade cigana e pode comprometer a minha? — Um quarto — ela disse, irritada. — Eu sou um quarto cigana. — Ah, bem, estou tranquilo, então — ele disse. — Metade poderia ter sido difícil de ignorar.
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Ela olhou fixamente para ele. Seu rosto estava sóbrio, mas havia riso em seus olhos. — Isso a perseguiu durante sua vida? — Perguntou. — O fato de você ter sangue cigano, não foi? E é impossível para você esconder. Pode ser apenas um quarto da sua herança, mas é responsável por quase toda a sua aparência. Ela ergueu o queixo e não disse nada. — Toda a sua muito bela aparência — acrescentou. — Sinto muito. Estou envergonhando você por uma questão sobre a qual você parece sensível. Sim, senhora McKay, eu sinto a necessidade de me despedir. Mas por causa do decoro. Do seu decoro. Ela estava se sentindo desconfortável com ele e irritada por ele, de alguma forma, a ter persuadido a revelar tais aspectos particulares de sua vida. Como ele fizera isso? Era por que ela não estava acostumada a ter relações sociais com alguém? Mas ela ainda não estava pronta para ficar sozinha. — Por que queria me ver? — Ela perguntou. — Foi o que admitiu há alguns minutos atrás, que veio me ver. — Eu não esperava encontrá-la sozinha aqui — ele protestou. — Mas você encontrou. E ficou. — Eu encontrei — ele concordou. Ergueu a mão para esfregar o dedo ao longo do nariz. — Eu certamente não queria vê-la na semana passada. Eu a tinha ofendido terrivelmente e odiava ter que vir pedir desculpas. Também não queria vê-la há dois dias, mas desde que fui eu quem sugeriu que você visitasse Beatrice, isso significaria se esgueirar no meu cavalo e você não encontraria ninguém em casa depois de tudo.
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— Me viu chegando, então? — Perguntou. — Estava retornando de seu passeio? — Eu estava apenas ajustando, na verdade — disse ele. — E, sim, eu a vi. E apreciei nossa conversa no jardim. Acho que era fome de companhia feminina, inteiramente por minha própria culpa, e a senhora parecia uma companheira segura. — Segura? — A senhora é uma viúva e parcialmente de luto. — Ele fez uma careta. — Peço desculpas. Estou fazendo uma bagunça. Não estou interessado em qualquer flerte. Não estou em busca de uma esposa. Eu... — E, se estivesse, — disse ela — estaria procurando no lugar errado. Não estou no mercado em busca de um marido. — Não — disse ele. — Claro que não. Eu gostei da sua companhia há alguns dias atrás, senhora McKay. Não ocorre muitas vezes de poder relaxar com um membro do sexo oposto que não é parente. — E assim estou segura, porque fiquei recentemente viúva — disse ela. — Mas como seria se eu não estivesse de luto? Ele olhou para ela por alguns momentos. — Então não pareceria segura, absolutamente — disse ele. — Por que não? — Eu ficaria tentado a... procurar sua simpatia — disse ele. — Meus afetos, você quer dizer? — Afeto nem sempre é necessário. Ela acomodou-se de volta contra as almofadas atrás dela.
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— Quer dizer que ficaria tentado a me seduzir? — Absolutamente não. — Ele franziu a testa. — Sedução é unilateral. Sugere um certo grau de coerção ou, pelo menos, de engano. Samantha poderia realmente sentir o coração batendo no peito. Ela podia ouvi-lo pulsando em seus ouvidos. — Sir Benedict, — ela disse — como é que a nossa conversa tomou esse rumo? Ele sorriu para ela, de repente, e houve uma vibração estranha no seu abdômen, para um sorriso considerado charmoso. Era quase infantil, exceto que de infantil não tinha realmente nada. Oh, isso não era absolutamente seguro! Como ele se atrevia? Ela realmente não deveria tê-lo deixado ficar. — Acredito que deve ter muito a ver com a ausência de Lady Matilda — disse ele. — Duvido que teríamos falado mais do que sobre o tempo e o estado saúde um do outro se ela estivesse aqui. — Não, realmente — ela concordou com fervor. — Mas nós não precisamos nos preocupar, de qualquer maneira, precisamos? Eu sou viúva e por isso sou uma companhia segura. — Quantos anos a senhora tem? — Ele perguntou. — Que pergunta mais grosseira — disse ela. — Uma mulher nunca diz, senhor. Mais nova que o senhor, entretanto. Acredito que a minha primeira impressão sobre o senhor era justa, afinal. Toda essa linguagem e mau humor! O senhor não é um cavalheiro.
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Mas ela estragou o efeito das palavras, rindo. Ele sorriu de volta para ela. — Vou pedir uma bandeja de chá — disse ela, levantando— se. — Gostaria de alguma outra coisa que não seja chá? — Xerez, se houver. Ela puxou a corda do sino. Tramp levantou o queixo por um momento, sentiu que ela se levantou e não ofereceu qualquer deleite para si mesmo, e deitou novamente sobre bota direita de Sir Benedict. Cão tolo. Será que não percebia que o homem não gostava dele? Ela deu a ordem para Rose, mas não sentou-se imediatamente novamente. Sentia-se desconfortável e foi até a janela, onde ficou olhando para fora. A chuva não aliviava. Ele teria tentado conseguir a simpatia dela se ela não fosse uma viúva, ele admitiu abertamente. Ela deveria ter cruzado a distância entre eles e aí então lhe dado um tapa no rosto. Ou deveria ter exigido que ele se fosse. Mas foi, de longe, a melhor coisa que alguém tinha dito a ela por um longo, longo tempo. Oh, caramba, ela temia se agarrar à memória de suas palavras insolentes pelos dias que viriam. Que patética que ela era!
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Capítulo 8 Ben tomou conhecimento, quase tão logo entrou na sala, de que a senhora McKay estivera chorando. Não havia nenhum vestígio de lágrimas, era verdade, mas uma leve vermelhidão e o inchaço nos olhos a traiu. Tinha a intenção de distraí-la com a conversa e acabara chegando muito perto de flertar com ela. O que não tinha sido sua intenção, quando decidira ir até lá. Bem, é claro que não. Ele esperava uma visita muito aborrecida, muito formal, com duas senhoras, não uma. Ele realmente deveria ter ido embora imediatamente depois de saber que ela estava desacompanhada. Mas ela estava chorando. E ficou evidente que não queria ficar sozinha. Assim, ele ficou, muito imprudentemente. O que sentiu ao ficar sozinho com ela ali foi muito diferente da forma como se sentiu ao ficar sozinho com ela dois dias atrás no jardim de Bea. Que diabo. Ele não quis uma mulher durante seis anos, não as mulheres em geral, e não qualquer mulher em especial. Ele sequer ficava um pouco constrangido sobre isso. Teria seus ferimentos incluído a morte de seus apetites sexuais? Mas ele ficou apenas um pouco desconfortável desde que soube que nunca poderia oferecer-se em casamento a qualquer mulher, não desta forma danificada, de qualquer maneira, e nunca ficaria totalmente curado. Ele realmente não podia suportar a ideia de oferecer-se fora do casamento também, uma vez que nenhuma quantidade de dinheiro seria capaz de compensar a repulsa física que qualquer mulher certamente sentiria se fosse forçada a ter intimidade com ele.
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Ele a observou em silêncio enquanto ela estava na janela. O cabelo muito escuro, quase preto estava preso com um nó simples junto ao pescoço. Alguns cachos estavam soltos nas laterais. Eles estavam frisados e pendurados ao longo dos ombros. O rosto dela era lindo de qualquer maneira. Não precisava de adorno. O hediondo vestido preto de crepe não conseguia esconder as curvas exuberantes de sua figura ou a perfeição elegante de sua postura. Ela tinha sangue cigano, e era sensível sobre isso. Ela meio que esperou que ele fosse embora assim que descobriu. Ela era, pensou ele, uma mulher precisando desesperadamente de um amigo. E a amizade era algo que ele estava muito feliz em oferecer, por um curto tempo, pelo menos, até que ele fosse embora. A criada voltou com uma bandeja e a colocou sobre uma mesa antes de se retirar. A senhora McKay virou a cabeça ao reconhecer a sua chegada, embora não se moveu imediatamente para se afastar da janela. — Está um mundo sombrio lá fora — disse ela. — Faz com que fiquemos gratos, depois de tudo, por estar dentro de casa com um fogo queimando na lareira. — Não está sombrio. — Ele colocou a bengala perto dele e ergueu-se, enquanto ela observava. O cão levantou e olhou para ele, a cauda balançando com expectativa. Ben atravessou a sala até ficar ao lado da senhora McKay. — Acima das nuvens, sabe, não há nada mais que o céu azul e sol. — Um leve consolo, na verdade, — disse ela, virando o rosto para a janela e admirando — quando se é impossível chegar até lá para ver. — Um balão de ar quente? — Sugeriu.
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— Ugh! — Ela estremeceu. — Haveria chuva no caminho até as nuvens, e então a névoa e umidade das próprias nuvens. — E a glória do sol, quando rompêssemos pelo outro lado — disse ele. — Rompermos? Iríamos juntos, então? — Oh, acho que sim — disse ele. — Eu fui um oficial militar, é claro, mas não acho que poderia dizer Eu te disse alto o suficiente para que você pudesse me ouvir daqui de baixo. — Estaria terrivelmente frio apesar do sol — disse ela. — Nunca reparou na neve sobre o cume das montanhas quando está quente na planície? — Está determinada a ser pessimista — ele disse a ela. — Levaríamos roupas de pele conosco e nos aconchegaríamos dentro delas. — Juntos? Ela virou a cabeça novamente. O rosto estava muito perto do dele. — Uma das melhores fontes de calor — explicou ele — é o calor do corpo. Ouso dizer que estaria muito frio, de fato, lá em cima. — Mas nós estaríamos aquecidos e confortáveis juntos dentro das roupas de peles. — Sim. Desfrutaríamos duplamente do nosso calor corporal. Ele quase podia sentir a respiração dela em seu rosto. E o calor do corpo. E aqui estava ele flertando novamente, mas muito mais descaradamente desta vez. Embora não tivesse essa
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intenção. Ele tinha a intenção de animá-la, para conseguir um sorriso ou um riso dela. — Onde iríamos? Perguntou ela. — Longe, muito longe.— Seus olhos mergulharam nos lábios dela quando ela os umedeceu com a língua. — Ah. — A voz dela era um sussurro ofegante. — O melhor lugar para ir. — Sim. — Juntos. — Sim. Os olhos dela percorriam o rosto dele. Eles eram grandes, escuros, com longos cílios e insondáveis. — Faz mais de seis anos desde que fui beijada corretamente — disse ela. — Corretamente. — Ele engoliu em seco. — E comigo também, pelo mesmo período. Talvez tenhamos beijado pela última vez no mesmo dia, na mesma hora, mais de seis anos atrás, mas estávamos beijando outras pessoas, e não um ao outro. — A sobrinha de seu coronel? — Seu marido? Ambos sorriram. — É muito tempo — disse ela. — Sim. — Talvez — ela disse — devêssemos fazer algo sobre isso.
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Ele tentou pensar em todas as razões pelas quais não deveriam, ou, pelo menos, todas as razões pelas quais ele não deveria. — Sinto muito. — As bochechas ficaram coradas e ela virou a cabeça bruscamente para olhar pela janela novamente. Ele inclinou a cabeça ligeiramente para um lado e a beijou. E uma coisa ficou imediatamente certa. Seu apetite sexual não morrera ou, até mesmo, sofrera danos. Ela tinha lábios suaves, quentes e úmidos. Ela os separou ligeiramente, tremendo. Virou-se totalmente em direção a ele, e descansou as mãos em seus ombros. Ele abriu a boca feminina com a dele e deslizou a língua dentro. Ela a chupou e a apertou contra o céu da boca com a própria língua. Ele sentiu um prazer tão requintado que quase se esqueceu das malditas bengalas. E, em seguida, o rosto dela estava a alguns centímetros de distância e as mãos estavam em ambos os lados de seu rosto, os dedos empurrando em seu cabelo. Os olhos estavam luminosos e firmes nos dele, os lábios carnudos e rosados, ainda úmidos, ainda convidativos. — Sinto muito — disse ele. — Eu sou deficiente. Não posso abraçá-la. —Talvez seja uma coisa boa neste preciso momento. — Ela sorriu de repente e pareceu jovem e muito bonita. — Ou talvez seja apenas porque ambos estamos famintos e qualquer beijo nos satisfaria. — Um pensamento debilitante. Ela baixou as mãos para os lados, ainda sorrindo. Mas a realidade se introduziu.
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— Eu realmente não deveria ter ficado quando descobri que Lady Matilda fora embora — disse ele. — A senhora ficará horrorizada quando reviver esta tarde depois de eu ter saído. — Presume saber meus pensamentos, não é mesmo? — Ela perguntou. — Meus pensamentos futuros? Este foi um dia horrível antes de o senhor chegar, Sir Benedict. Não lamento nem um pouco que Matilda tenha partido, mas ressinto-me do fato de que ela me fez sentir errada de alguma forma. E então choveu e eu sabia que não poderia cavalgar. E a chuva ficou rigorosa e me senti inquieta, solitária e totalmente com autopiedade. Pessoas sentindo-se assim não são uma companhia agradável, mesmo para si mesmas. E então, quando eu estava me sentindo mais para baixo, você chegou. E, de algum modo, me persuadiu a falar como se fosse um confidente. E então flertou comigo. Por alguns instantes, me carregou com o senhor para a luz do sol acima das nuvens em balão de ar, enrolado em peles quentes e com destino a um lugar muito, muito distante. E depois me beijou. Não estou mais me sentindo desanimada. Não faz ideia do que vou sentir depois que for embora. Mas eu lhe asseguro que não será horror. Bom Deus! Ele pensou que ela poderia, mais tarde, achar que iludiu a si mesma. Ele se sentiu claramente desconfortável por si mesmo. Esta não era a maneira de um cavalheiro se comportar. — Seu xerez não estará frio, — ela disse, passando por ele — mas meu chá certamente estará. Devo colocar alguns biscoitos para o senhor? — Apenas um — disse ele enquanto a seguia mais lentamente através da sala. — Obrigado. Ela foi buscar o biscoito e o xerez enquanto o cão se colocou aos seus pés novamente.
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— Quantos anos tinha quando se casou? — Perguntou. Ela sorriu para ele quando se sentou e pegou sua xícara e pires. — O senhor é bom em aritmética, não é, Sir Benedict? Deixe-me salvá-lo do incômodo de fazer cálculos mentais. Eu tinha dezessete anos. Matthew e eu estávamos juntos há um ano antes do regimento dele ser enviado para a Península. Passei o ano seguinte em Leyland Abbey. Depois que Matthew foi trazido para casa, nós viemos para cá, onde ele viveu por cinco anos antes de sua passagem um pouco mais de quatro meses atrás. Isso me dá vinte e quatro anos. — Percebeu meu ardil, não é? — Ele riu. — Então ficou sem ser beijada e celibatária desde a idade de dezoito anos. — Eu posso fazer contas também — ela disse enquanto o rubor se aprofundou em suas bochechas. — Ficou sem ser beijado e celibatário desde a idade de vinte e três. Ele tomou um gole de xerez. — Esta não é uma conversa muito adequada para uma respeitável sala de estar, não é? — Este local nunca foi chamado de sala de estar — ela disse. — Mas tem toda a razão. Matilda teria uma apoplexia se pudesse nos ouvir. E também Lady Gramley, suspeito. — Senhor, sim. — Ele colocou o prato sobre a mesa ao lado dele, o biscoito intocado. Colocou o copo de xerez ao lado, tendo dado apenas dois goles, e ficou de pé novamente. — Acredito que deixei o bom senso, para não mencionar as minhas maneiras, lá fora na chuva quando pisei no salão de Bramble há um tempo atrás, senhora McKay. Estar aqui sozinho com a senhora é impróprio e certamente vai dar o que falar, até mesmo um escândalo se alguém vier a saber. Isso não pode acontecer
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novamente. Eu não a tornarei o alvo de fofoca desagradável entre seus vizinhos. Houve uma pontada dela. Desprezo? Tristeza?
de
algo
no
sorriso
— Está perfeitamente certo — disse ela. — Mas não vou me arrepender desta tarde por isso, e espero que o senhor também não. O senhor elevou meu espírito quando eu estava terrivelmente deprimida, e me fez me sentir como uma mulher, pela primeira vez em anos. Vou lembrar nossa conversa e nosso beijo, por mais breve e relativamente inocente que tenha sido. E irei revivê-lo com muito mais frequência do que deveria, tenho certeza. Mas o senhor está certo, no entanto. Não deve ser repetido. Dará meus cumprimentos a sua irmã? — Darei — prometeu ele, enquanto ela puxava a corda do sino e, em seguida, dizia a empregada para que a carruagem de Sir Benedict Harper fosse trazida até a porta. — Sinto muito sobre o passeio. Talvez possamos tentar novamente em um dia melhor. Com Beatrice, é claro. Ele estendeu a mão para ela e ela aceitou. — Vá visitar Bea sempre que se sentir solitária — disse ele. — Ela ficará encantada. Poderia, talvez, acompanhá-la de vez em quando, quando ela visita os doentes. Ninguém pode argumentar que isso não seja uma atividade irrepreensível para uma viúva de luto. — Obrigada — disse ela. — O senhor é amável. — E ainda havia algo na voz dela agora, que ele não conseguia interpretar. Se virou e fez o caminho até a porta. Ele se sentiu desajeitado, mesmo grotesco, sabendo que os olhos dela estavam sobre ele.
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Ele se sentou no carro alguns minutos depois e levantou a mão para ela que estava parada na porta aberta da casa, o cão ao seu lado, abanando o rabo. Tanto para oferecer-lhe a sua amizade por um tempo. Ele tinha arruinado essa possibilidade por ser um maldito egoísta, flertando com ela e até mesmo beijando-a. Continuar a visitá-la sozinho estava fora de questão, agora que ele sabia que ela estaria sozinha. Era uma pena. Ela precisava de companhia. Assim como ele. Mas um homem solteiro e uma mulher solteira não podiam ser companheiros sem cortejar o escândalo. E com razão, era o que parecia. Talvez ele pudesse encontrar seus outros companheiros, aqueles que não eram nem solteiros, nem femininos.
Dois dias depois, Lady Gramley fez uma visita à Samantha à tarde, levando com ela a senhora Andrews, a esposa do vigário, e a alegre conversa e sugestões práticas de como a senhora McKay poderia envolver-se na vida da aldeia sem que, de modo algum, comprometesse seu status como uma viúva recentemente enlutada. Antes de partirem, o nome de Samantha havia sido acrescentado à lista de visitas oficiais aos doentes, e ela se tornou um membro de duas comissões, uma para organizar o bazar de verão da igreja, e uma para decorar o altar. Ela tinha sido instada a fazer visitas sociais a Robland Park e ao presbitério, sempre que desejasse, e foi assegurada de que em breve seria convidada a outros lugares também. — Falei com o meu marido sobre a sua situação, senhora McKay, — a senhora Andrews disse a ela — e ele me garantiu que nem a igreja, nem a sociedade, jamais desaprovaria uma viúva envolvendo-se em boas obras e a troca tranquila de convivência com seus pares, mesmo durante os primeiros meses
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de luto. E você pode acreditar em mim quando digo que o vigário é um defensor do comportamento correto. Samantha suspeitava de que Sir Benedict Harper estivesse por trás dessa visita, e ela era grata. Ficar ocupada, de uma forma que era útil para os outros, certamente aliviaria a sua inquietação e a ajudaria a cumprir o seu desejo de viver de novo, não apenas de existir dia a dia. E, talvez, fazer novos amigos ali, não seria tão difícil depois de tudo. Mas Sir Benedict não apareceu novamente. Também não aparecia em Robland Park quando Samantha ia lá para o chá, talvez porque ela aceitara o convite e ele sabia sobre isso com antecedência. Quando o viu na igreja, ele inclinou a cabeça educadamente, mas nenhum deles falou, nem ele olhou totalmente para ela. Ela reviveu a conversa e o beijo — especialmente o beijo — pelo resto do dia depois que ele a deixou. Ficou acordada metade da noite sonhando com isso, irônico. E ficou olhando pela janela durante toda a amanhã seguinte e no jardim durante a tarde, quando a chuva finalmente parou tempo suficiente para levar Tramp para fazer algum exercício. Mas muito antes de perceber que ele não viria novamente, ela havia sucumbido à culpa. O encorajara a ficar quando ele teria partido depois de descobrir que Matilda não estava mais com ela. O havia encorajado a flertar com ela, embora não tenha sido deliberado. E o convidara, muito explicitamente, a beijá-la. Ela se comportara muito mal. Não era de admirar que ele não quisesse vê-la novamente. E ela certamente não gostaria de vê-lo novamente se não estivesse tão solitária e tão inquieta. Seria melhor se nunca mais o visse, decidiu. E então se informou que logo ele teria de fato ido. Lady Gramley estava
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planejando partir em breve para se juntar ao marido em Londres. E o irmão, ela relatou a um grupo de senhoras no vicariato uma tarde, duas semanas depois da visita dele ao salão de Bramble naquela tarde chuvosa, ia fazer algumas viagens pelas Ilhas Britânicas, começando pela Escócia. Samantha disse a si mesma, com firmeza, que a notícia não a deprimira nem um pouco. Não significava nada para ela. Ela deixara as memórias daquela tarde firmemente para trás. Logo ele teria ido, e podia dedicar-se à sua nova vida aqui em Bramble Hall sem a distração de esperar vê-lo onde quer que fosse. Tinha a intenção de se manter ativa e ocupada enquanto vivesse o restante de seu ano de luto. Talvez ela até fosse feliz.
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Capítulo 9 Um pouco mais de uma semana depois, o veículo que havia transportado Matilda para Leyland Abbey voltou para Bramble Hall, conduzido por um cocheiro diferente, acompanhado por diferentes batedores. Samantha reconheceu o cocheiro de cinco anos atrás, mas os outros homens eram estranhos para ela. Eram todos homens grandes, corpulentos, como servos contratados para proteger os viajantes. Todos também pareciam particularmente de temperamento grosseiro. Era isso o que trabalhar para o conde de Heathmoor fazia com as pessoas, pensou Samantha. Um deles entregou-lhe uma carta que trazia o selo do conde. Ela a pegou e imediatamente sentiu-se fria. Não queria mais relações com a família de Matthew, e essa dificilmente seria uma missiva amigável. E por que outros criados retornaram no lugar daqueles que tinham ido com Matilda? Ela levou a carta para a sala e fechou a porta. Enxotou Tramp para fora de sua cadeira favorita, a qual ele foi estritamente proibido de usar, exatamente como havia sido estritamente proibido de entrar na casa e sentou-se no lugar dele. Ela não queria quebrar o selo da carta. Estava se sentindo razoavelmente feliz nesta tarde. Tinha conhecidos amigáveis. Tinha lugares para ir, coisas para fazer enquanto mantinha, todo o tempo, a respeitabilidade e sua obrigação de estar de luto para o que restava do ano. Não queria mergulhar de volta na tristeza e culpa. Por um momento, considerou jogar a nota no fogo e esquecê-la. Matthew teria feito exatamente isso. Mas o problema era que ela não iria esquecê-la. Seria melhor lê-la agora e, em seguida, de alguma forma colocá-la para fora de sua mente. Ela quebrou o selo com uma terrível sensação de mau agouro.
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Leu a carta sem parar e, em seguida, inclinou a cabeça sobre o colo e fechou os olhos bem forte. Depois de alguns momentos, podia ouvir Tramp ofegante nas proximidades e poderia sentir seu hálito menos que doce. Um nariz frio, molhado empurrou-lhe a mão e choramingou. Ela colocou a mão em sua cabeça. — Tramp — disse ela. Ele lambeu seu rosto e choramingou novamente, em óbvio sofrimento. — Oh, Tramp. Desespero atordoado com a imprevisibilidade de tudo a engolfou. O conde de Heathmoor estava insatisfeito com os acontecimentos escandalosos da nora como relatados a ele por Lady Matilida. Isso era dificilmente uma surpresa. Nem a eloquência prolixa com que a castigou. Foi o castigo que a fez se sentir como se tivesse levado um soco forte no estômago, embora ele não o chamasse de punição. Se a nora não sabia como se comportar sem a mão firme de um homem, e claramente ela não sabia, então ele deveria insistir na sua remoção para Leyland Abbey sem demora. Lá, ele iria impor a disciplina necessária para deter o comportamento rebelde que certamente traria censura e até mesmo a ruína sobre o bom nome da família, se permitisse que continuasse. Se não houvesse mais do que isso, Samantha poderia muito bem ter queimado a carta depois de tudo e lidar com sua ira fervilhante o melhor que fosse capaz. Mas havia mais. E claro — oh, tola, insensata, tola por ter invocado as expectativas de Matthew — Bramble Hall não era dela. Nunca fora de Matthew, e se tivesse sido da vontade dele, o legado não significaria nada, uma vez que ele morrera antes do pai.
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A casa pertencia, com todos os seus móveis e todos os servos, ao conde de Heathmoor, e agora, o segundo filho estando morto e a viúva do filho não sendo confiável para permanecer e defender o seu bom nome, ele estava enviando o terceiro filho para viver ali. Rudolph e a esposa, Patience, chegariam para fixar residência dentro de uma quinzena. A casa deveria estar pronta para eles durante as semanas de intervenção. O cocheiro principal do conde e o cavalariço chefe, com outros criados de confiança, receberam instruções para transportar Samantha para Leyland com apenas um dia de descanso entre a chegada deles a Bramble Hall e a partida. Ela deveria ficar pronta para acompanhá-los. Ele os fazia parecer carcereiros. Pareciam carcereiros. — Tramp, — ela disse — por que não vi que isso aconteceria? Sou uma completa idiota? Nunca imaginei. Pensei que ele ficaria feliz em me deixar aqui, fora da vista e fora da mente. Por alguns instantes ela se sentou com os olhos cerrados, enquanto ele se lamentava e lambia o rosto dela novamente. Em seguida, ela levantou a cabeça e olhou em seus olhos tristes há apenas alguns centímetros do dela. — Prefiro me matar a viver em Leyland Abbey de novo — ela disse a ele. Era apenas um exagero. Ficou abruptamente de pé e caminhou pela sala, ainda segurava a carta em uma das mãos. O que ela iria fazer? Seria engolida inteira se fosse para Leyland. Nunca seria livre. Mas qual era a alternativa? Nunca teve que considerar nenhuma. Matthew tinha assegurado que ela teria uma casa para o resto da vida, e ela tinha acreditado nele. Oh, ela deveria saber...
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Ela parou de andar depois de um tempo e agarrou o parapeito da janela com a mão livre para se impedir de cair. Inalou e depois descobriu que era impossível expirar até que a respiração estremeceu fora dela de forma lenta, surtos espasmódicos, e então a ela pareceu ter esquecido de como respirar novamente. Sua visão ficou escurecida nas bordas. E então o ar chiou novamente. Ela se obrigou a acordar. Agora, neste minuto. Isso tinha que ser um pesadelo. Mas é claro que não era. Ela tinha que sair da casa, por isso alguma força certamente sugara a maior parte do ar. O teto estava pressionando para baixo sobre o topo de sua cabeça. E a casa não era mais dela, de qualquer maneira. Rudolph e Patience estariam ali, dentro de duas semanas. Ela virou-se e correu escada acima em busca do chapéu, casaco e sapatos, Tramp latindo junto a seus calcanhares. O jardim não tinha ar suficiente. Ela caminhou ao longo do caminho ao lado sem hesitar, para além do portão, ao longo da estrada para além até que viu um veículo balançando sob uma grande carga de feno vindo em sua direção. Ela se desviou em direção ao campo e, em seguida, sobre o prado, no qual ela conhecera Sir Benedict Harper há um longo tempo atrás. Robland Parque ainda estava a uma longa distância, mas ela sabia de repente que era o seu destino, que tinha sido, desde o início. Ninguém podia ajudá-la, mas ela precisava da companhia de um amigo, e Lady Gramley era a coisa mais próxima a um amigo que teve por muitos anos. Caminhou para a frente, Tramp pulando em seus calcanhares e, ocasionalmente, correndo em perseguição a alguma criatura selvagem mais rápida do que ele e, portanto, não de todo tímida sobre mostrar a cabeça. Ele nunca aprendia a lição, pobre, tolo cão.
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O que seria dele? Certamente não seria autorizado a acompanhá-la a Leyland Abbey. Oh, ela morreria se ficasse longe dele. Certamente que sim. Samantha não era a única pessoa na vizinhança a ter recebido uma carta de alguma importância naquela manhã. Ben e Beatrice também haviam recebido uma. As cartas estavam ao lado de seus pratos enquanto tomavam o café da manhã. A carta de Beatrice era da irmã de seu marido, quinze anos mais jovem que ele. Caroline, Lady Vere, estava na expectativa iminente do nascimento de seu primeiro filho e estava impaciente esperando a chegada da sogra para ajudá-la com o calvário do confinamento. Mas a senhora recentemente ficara de cama com algum distúrbio não identificado dos nervos, e Caroline pediu a Beatrice, em linhas estreitamente cruzadas e com o que parecia quase histeria, que por favor ficasse no lugar da sogra, uma vez que Vere quase tinha um ataque cada vez alguém abordava o evento com ele e não havia mais ninguém a quem ela pudesse recorrer, exceto a antiga babá, que sempre a repreendia e cujas mãos tremiam com algum tipo de paralisia. — Eu tinha a esperança de passar pelo menos uma ou duas semanas em casa antes de ir para Londres — disse Beatrice a Ben com um suspiro depois de compartilhar com ele o conteúdo da carta. — Agora parece que devo partir para Berkshire, sem mais delongas, hoje, se possível. Eu poderia estar lá depois de amanhã, se não houver atrasos inesperados. Não deixaria a pobre Caroline passar pelo terror de estar sozinha, exceto pela desculpa dela de um marido histérico e uma enfermeira que sempre a aterrorizou. Os homens são sempre inúteis, em tais circunstâncias, você sabe, especialmente o próprio pai expectante, que sempre entretém a ilusão de que ele é o grande sofredor no cerne da crise. — Então você deve ir — Ben disse, rindo.
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— Mas e você? — Ela perguntou com uma careta. — Não posso esperar que se vá de Robland no momento, quando eu especificamente o convidei para vir me fazer companhia. Você é bem-vindo para ficar sozinho, é claro, mas parece muita falta de hospitalidade da minha parte abandoná-lo. — Eu não usarei isso contra você — ele assegurou-lhe — uma vez que a necessidade de companhia de Lady Vere parece ser maior que a minha. Ficarei perfeitamente confortável aqui comigo mesmo, Bea. E ouso dizer que ficarei entediado de mim mesmo e partirei dentro de uma semana, no máximo. — Para Kenelston? — Perguntou ela, esperançosa. — Ainda não para Kenelston — disse ele. — Provavelmente à Escócia. Nunca estive lá, você sabe. Tem fama de ser muito cênica e bonita, como são a Irlanda, o País de Gales e numerosas partes da Inglaterra. Talvez, eventualmente, quando o meu público adorador implorar por mais livros, vou até mesmo me aventurar no exterior. — E nunca se assentar, imagino — disse ela, ainda franzindo a testa. — Será que não ocorreu a você, Benedict, que essa é toda a causa de sua inquietação? — Não me estabelecer? É uma conclusão um tanto óbvia, eu acho — admitiu. — Se eu estivesse resolvido, não estaria inquieto. Se estou inquieto, não posso me assentar. — Eu deveria saber mais por agora, — disse ela, levantando-se depois de colocar o guardanapo sobre o prato — do que tentar discutir os seus assuntos pessoais com você. — Ai de mim — ele disse — Eu não tenho assuntos a discutir.
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— Ah, esses duplos sentidos — disse ela. — Quem inventou o idioma inglês, eu me pergunto? Ele não fez um trabalho estelar, quem quer que tenha sido. — Talvez, — disse ele — ele fosse ela. Ela deu uma gargalhada. — Partindo do pressuposto de que as mulheres são, por natureza, confusas? Não posso discutir. Vou ficar ocupada se quiser partir o mais próximo do meio-dia possível. A maior parte das minhas coisas podem ser enviadas diretamente para Londres em algumas semanas, é claro. Ben releu a própria carta depois que ela deixou a sala de jantar. Era da parte de Hugo Emes, Lorde Trentham, um de seus companheiros sobreviventes. Hugo ia se casar, com Lady Muir. Ben ficara realmente satisfeito com a notícia. Ele se perguntava se Hugo iria atrás dela quando todos eles deixaram Penderris. Ela havia torcido o tornozelo na praia quando todos estavam na Cornualha, e Hugo a tinha encontrado e levado—a até a casa como o gigante musculoso que era, carrancudo todo o caminho, Ben não tinha dúvida. Ele tinha caído de amores por ela, como ela por ele, se Ben fosse algum juiz da sensibilidade feminina. Mas Hugo sentiu-se restringido pelo fato de que, embora com título e imensamente rico, ele fosse um homem de origem na classe média, enquanto ela era a irmã do conde de Kilbourne e viúva de um visconde. E então ele a deixou ir sem luta, o idiota, quando o irmão dela foi buscá-la alguns dias depois. Obviamente, porém, ele tinha ido atrás dela. Eles iriam se casar em St. George, Hanover Square, em Londres. A carta era um convite para o casamento, apesar de Hugo não ter grandes expectativas de Ben aparecer por lá.
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Eu não tinha o endereço de Lady Gramley, ele escreveu, e nem de qualquer outra pessoa. Escrevi para Kenelston por isso, mas no momento em que a resposta de seu irmão me alcançou, demasiado tempo havia passado e parece impossível que você possa estar aqui, mesmo que você se sinta inclinado a cruzar toda a metade do país apenas para minhas núpcias. Imogen vem da Cornualha, e Flavian, Ralph, e George já estão aqui. Não ouvi nada do Vincent ainda. Ben sentiu vontade de estar lá também, mesmo que fosse Londres. Parecia que seria o único dos Sobreviventes que não iria ao casamento de Hugo. E ele seria o primeiro deles a casar. Também seria o único? Todos eles gostavam de pensar que estavam curados e prontos para enfrentar o mundo novamente, mas na verdade eles estavam muito profundamente danificados. Não que a auto-piedade fosse o pecado habitual deles. Todos tinham lutado muito contra essa característica particular. O casamento seria em uma semana. Ele poderia chegar lá a tempo se partisse sem demora. A atração de ver todos novamente quando se separaram há não muito tempo, não esperando estar juntos novamente até o próximo ano, foi quase esmagadora. E eles estariam se reunindo para um evento feliz. Realmente feliz. Ben gostara de Lady Muir realmente, e parecia-lhe que ela e Hugo eram perfeitos um para o outro, apesar das óbvias diferenças de status social e temperamento. Por um momento ele sentiu uma onda de inveja. Não era ciúme. Ele não desejava Lady Muir para si. Era apenas inveja que duas pessoas dignas tivessem encontrado um ao outro e se conectado com o coração de cada um, para, sem dúvida, um encontro de amor. E assim eles iriam se casar e estabelecer uma vida de paixão compartilhada.
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Talvez ele fosse, Ben decidiu. Não hoje, porém. Haveria muito caos se ele e Beatrice se preparassem para uma partida apressada. Ele ainda podia chegar a tempo se partisse amanhã de manhã, embora isso significaria viajar em etapas mais longas do que achava confortável. Ele não precisaria ficar na cidade por muito tempo, apenas o tempo suficiente para o casamento e uma visita agradável aos amigos. Ele ainda podia ir para a Escócia depois de deixar Londres, fazendo o seu lento, sinuoso caminho de volta ao norte, anotando suas impressões enquanto viajava. Seria absurdo imaginar que ele poderia escrever? Provavelmente fosse, mas poderia pelo menos tentar. Tinha que fazer algo. Beatrice partiu justo antes da uma hora. Ben acenou quando ela tomou o caminho e sorriu com a visão da carruagem viajando empilhada com bagagem enquanto mais a seguia em um meio de transporte menor. E a maior parte dos pertences dela iriam para Londres? Ele voltou para dentro e subiu para o quarto contiguo ao dele onde fez seus exercícios diários. Tinha tomado a decisão definitiva no momento em que terminou, que iria para Londres, que iria surpreender Hugo, comparecendo no último minuto para fazer o número completo, assumindo, que Vincent estava indo. Em parte, ele sabia, foi a procrastinação que o guiou. Embora a ideia de um tour pela Escócia o excitara em abstrato, a perspectiva de realmente viajar sozinho, sem destino em mente, era menos atraente. Talvez Ralph ou Flavian pudessem ser convencidos a se juntar a ele. Ou mesmo Vince. Poderia ser interessante adicionar as observações de um viajante cego em seu livro. Ele estava saindo do quarto depois de se lavar e mudar as roupas suadas do exercício quando ouviu o som de vozes na sala do andar de baixo. O mordomo de Beatrice estava informando a alguém que sua senhoria não estava em casa.
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— Oh — disse a outra pessoa. E, depois de uma pausa: Quando você a espera de volta? Era uma voz de mulher. A senhora McKay. Ben se preparou para voltar para o quarto, onde seu criado estava começando a fazer as malas. Ele tinha feito um trabalho bem sucedido nas últimas semanas para evitá-la, e evitar causar alguma fofoca na vizinhança, por que isso era teria ocorrido se ele tivesse continuado a visitá-la. — Ela foi embora, madame, — o mordomo explicou — e não vai voltar até o verão. — Oh. — De alguma forma, havia um mundo de apatia na única sílaba. Ben hesitou, a mão na maçaneta da porta. — Devo ver se Sir Benedict está em casa, madame? — Perguntou o mordomo. Ben franziu a testa e balançou a cabeça. — Oh — ela disse. — Eu não sei. Não, talvez eu devesse... Isto não tinha sido concebido como uma visita social. Algo na voz dela disse isso a Ben. Havia sofrimento sob o tom. — Quem é, Rogers? — Ele falou alto o suficiente para ser ouvido no térreo, e fez o caminho para o topo da escada para que pudesse ver por si mesmo. — É a senhora McKay, senhor — o mordomo disse. — Veio visitar Lady Gramley. O cão estava com ela. Ele latiu uma vez e abanou o rabo para ele. Por que o cão infeliz gostava dele, não tinha
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ideia. Talvez porque ele nunca tinha o chutado no queixo quando essa parte de sua anatomia tinha descansado na bota dele? Ela olhou para ele. O véu escuro tinha sido jogado para trás sobre a aba do chapéu para revelar um rosto muito pálido, mesmo tendo em conta o fato de que o preto tende a apagar a cor da pele. — Sinto muito — disse ela. — Eu não sabia que sua irmã tinha ido embora. E-eu não vou incomodá-lo. Sinto muito. Vamos, Tramp. — Veio andando? — Perguntou Ben. — Sim — disse ela. — Nós saímos para um passeio e decidi, por um capricho, vir fazer uma visita. — Nós certamente não iremos mandá-la embora sem um refresco — Ben disse, começando a lenta descida da escada. — Vamos Rogers? Leve a senhora McKay ao pequeno salão, por favor, e leve uma bandeja de chá. E um pouco de conhaque. — Eu... — Ela não terminou o que tinha começado a dizer. — Obrigada. Eu só vou beber uma xícara de chá e tomar meu caminho. Lamento por estar sendo um incômodo. Ela estava mais perto da lareira apagada, tirando o chapéu, quando Ben entrou na sala. Seu cão caminhou lentamente para cumprimentá-lo, a cauda abanando e meneando a extremidade traseira. Ben olhou para ele com desagrado e o coçou sob o queixo. — Eu sinto muito... — ela começou. — Sim — ele disse, fechando a porta atrás dele. — Já deixou isso perfeitamente claro, senhora McKay. O que aconteceu?
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Sentia-se ressentido. Se ela tivesse deixado isso até amanhã, ele teria ido embora e não saberia nada sobre isso. Ela teria sido obrigada a lidar sozinha com o que estava a incomodando. — Nada aconteceu. — Ela sorriu, uma expressão pálida, que não atingiu a parte superior dos lábios. — Eu não sabia que Lady Gramley partiria para Londres tão cedo. — Ela está a caminho de Berkshire, — ele disse a ela — onde a irmã de Gramley está esperando para dar à luz a qualquer momento. Era para a sogra ficar com ela, mas ela foi detida por uma doença. Beatrice partiu pouco depois do meio dia, poucas horas após receber a carta da cunhada. Estou certo de que ela está sentada na carruagem, neste momento, pensando em todas as pessoas a quem ela deveria ter enviado notas de explicação. Qual é o problema? Algo estava claro. Ela estava fazendo um esforço para parecer composta, mas parecia como se pudesse quebrar a qualquer momento. E ela ainda estava de pé. — Nada. A porta foi aberta atrás Ben, e um lacaio entrou com uma grande bandeja. Ben se inclinou sobre ela e verteu um pouco de conhaque em um copo. Ele o levou pela sala até ela, apoiando—se com apenas uma das bengalas. — Beba isso — disse ele. — O que é isso? — Brandy — disse ele. — Sente-se e beba. Ouso dizer que a sua caminhada a refrescou. — Eu não percebi — ela disse enquanto meio que desabou sobre um sofá.
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— Beba-o. Ela pegou o copo, bebeu o conhaque, e fez uma careta. — Engula tudo de uma vez — ele disse a ela. Ela fez isso, tossiu e cuspiu. — Oh, isso é repugnante. — Preste atenção aos efeitos posteriores, porém — ele disse a ela. Ela fechou os olhos por alguns instantes. Suas bochechas ganharam um pouco de cor. — Ele está me expulsando de Bramble Hall, — ela disse — e enviando seu filho para viver lá. Ela não tinha deixado seu significado totalmente claro, mas não demorou muito esforço para decifrá-lo, de qualquer maneira. Ele pegou o copo vazio de sua mão e retornou para a bandeja. Ele encheu uma xícara de chá e levou-a para ela.
Ele, presumivelmente, era o conde de Heathmoor.
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Capítulo 10 Samantha pegou a xícara e o pires das mãos dele lutando para manter as mãos estáveis. Tramp estava sentado ao seu lado, em posição de sentido, as orelhas em pé, com os olhos atentos a ela. Ele sabia que havia algo errado, coitadinho. — Obrigada — disse ela. Ficou terrivelmente chateada por Lady Gramley ter ido embora. Embora houvesse outras mulheres da vizinhança a quem supôs pudesse ir por ajuda, não sentia ninguém além de Lady Gramley como uma amiga. Às vezes, conhecidos amigáveis simplesmente não eram suficientes. Apesar de não saber se Lady Gramley poderia ajudá—la. — Heathmoor está expulsando-a, sem tomar qualquer provisão com relação a você? — Perguntou Sir Benedict Harper, sentando-se em frente a ela. — Ele está literalmente a despejando? — Não. Ele tem um grande senso de dever familiar para fazer isso — disse ela. — Estou indo para Leyland Abbey, em Kent. Ele enviou o próprio cocheiro e batedores de volta com o veículo que Matilda levou, e eles têm ordens para me acompanhar. Irei depois de amanhã. Eu não sei se as instruções dele são para me coagir, caso eu não vá voluntariamente ou se tentar atrasar, mas não ficaria surpresa se eles o fizessem. Meu sogro deixou muito claro na carta que enviou que ele me vê como uma vergonha para a família e que eu devia ir para um lugar onde ele possa manter um olhar rigoroso sobre mim e corrigir a minha desobediência. — E isso é porque a senhora devolveu a visita de Bea em uma tarde e concordou em sair com ela e comigo alguns dias mais
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tarde? — Ele estava franzindo a testa para ela como se não acreditasse em seus ouvidos. — Não são coisas insignificantes para Matilda — disse a ele. — Não são coisas insignificantes para o pai de Matilda. Deus sabe o que pode surgir se eu ficar por meus próprios recursos aqui. Posso até colocar na cabeça visitar os doentes ou arranjar flores no altar na igreja. Ela tomou um gole de chá e descobriu agradavelmente que era ao mesmo tempo forte e doce. — Talvez — disse ele — não seja bem o que pensa. Talvez o aborrecimento do seu sogro com sua rebeldia seja uma preocupação genuína de que você esteja solitária aqui sem a companhia da filha dele. Talvez ele pense que será mais feliz rodeada pela família do seu falecido marido. Ela tomou outro gole de chá. — Acho que não — disse ela. — Mas lamento ter me tornado um incômodo. Vim aqui, suponho, para desabafar com Lady Gramley, embora com que propósito não sei. Eu só não sabia mais o que fazer. Eu não sei mais o que fazer. — Não acha que possa encontrar algum tipo de contentamento em Leyland? — Ele perguntou a ela. — Mesmo que apenas temporariamente, até que seu ano de luto termine? — O senhor poderia encontrar algum tipo de contentamento em uma prisão, Sir Benedict? — Ela perguntou em troca. — Onde até mesmo sorrisos são interpretados como pecado, e o riso nunca é ouvido? — E está fora de questão seu meio-irmão? — Sim — disse ela.
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John talvez não lhe recusasse literalmente o acesso à casa paroquial se ela aparecesse em sua porta, mas ele certamente deixaria claro que ela era indesejada, que não poderia ficar lá para além de algumas noites no máximo. — Perdoe minha impertinência, — disse Sir Benedict — mas você não tem uma independência? Não pode estabelecer-se por conta própria em algum lugar? Ela olhou fixamente para ele. O pai lhe deixara um pequeno legado, do qual Matthew se apropriara. Ele a havia deixado com uma renda pequena, o suficiente para suas necessidades pessoais, desde que nunca fosse extravagante. Mas o suficiente para que se estabelecesse por conta própria? Ela não sabia e nunca se perguntara. Confiara na suposição de Mateus de que o pai ficaria feliz em deixá-la em Bramble Hall. Oh, como fora tola. Tão tola! Ela deveria ter feito planos. Mas quais planos? — Eu não poderia ficar em qualquer lugar perto daqui — ela disse — onde, pelo menos, tenho alguns conhecidos amigáveis e algum sentido de pertencimento. Rudolph e Patience estarão em Bramble Hall dentro de uma quinzena. Eles tornariam minha vida muito difícil se eu continuasse aqui, desafiando a vontade expressa do meu sogro. E eu não poderia voltar para a aldeia onde cresci. Tinha alguns amigos lá, mas no geral não fui bem aceita porque a minha mãe não foi. Qualquer outro lugar, bem, eu não sei qual lugar seria. Ela engoliu em seco, sem jeito. De repente estava muito assustada. O mundo parecia um lugar vasto e hostil. O que ela iria fazer? — Começar uma nova vida nunca é fácil — disse ele — especialmente quando não existe uma base óbvia de operações. A senhora tem o resto de hoje e amanhã, então, pense em uma alternativa para Leyland Abbey.
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— Eu não posso ir para aquele lugar. — Ela largou a xícara e pires e segurou um braço do sofá. — Eu não irei. Apesar de não ter uma escolha, estou certa sobre os criados que o conde enviou. Todos são homens grandes, com olhar severo. No entanto, tenho que sair de Bramble Hall. Eu esperava que fosse a minha casa para o resto da minha vida. É o que meu marido esperava. Ela inclinou a cabeça para a frente em uma tentativa de se agarrar à consciência. Tramp choramingou. Ela se tornaria uma sem-teto. E sem amigos. — Devo contar minhas bênçãos — disse ela, passando a mão sobre a cabeça do cão, como se para tranquilizar-se, confortando-o. — Não estou sem dinheiro, afinal de contas. Há milhares e milhares de pessoas que neste momento estão ambos, desabrigados e desamparados. Oh, a aflição deles. Como continuam, Sir Benedict? Não devo me desesperar. Seria imoral. Não estou desamparada. Deve haver algum lugar que eu possa viver, uma pequena casa de campo que eu possa pagar. Ela franziu a testa em pensamento por um momento, mas ficou distraída quando percebeu que ele tinha se levantado e ido sentar-se ao lado dela, depois apoiando as bengalas contra o outro lado do sofá. Ele tomou sua mão direita entre as dele, enquanto Tramp se estendia aos seus pés. As mãos dele estavam abençoadamente quentes. — Eu sei como é sentir-se sem-teto, mesmo que não saiba realmente como é ser sem-teto — disse ele. — É um sentimento miseravelmente triste e solitário. Mas, como a senhora diz, não está desamparada. Ela virou a cabeça e olhou para os traços finamente esculpidos e as maçãs do rosto, estranhamente atraentes, não uma face muito bonita, embora os olhos fossem muito azuis. Ele a tinha beijado há quase um mês e, em seguida, saído de sua vida, embora ela estava convencida de que havia enviado a irmã para
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fazer amizade com ela e envolvê-la nas atividades da vizinhança e da igreja. — Tem outros parentes além do seu meio-irmão? — Ele perguntou. — Há alguns tias, tios e primos — disse ela. — Ninguém a quem eu seja próxima. Todos eles compartilharam da indignação do meu meio-irmão por meu pai se casar com uma atriz de origem duvidosa que tinha metade da idade dele. — E não há mais ninguém? Havia a ilusão do conforto nas mãos dele. — Havia amigos, outras esposas, durante o primeiro ano do meu casamento — disse ela. — Mas eu não fiquei com eles tempo suficiente para estabelecer quaisquer amizades duradouras antes do regimento ir para a Península e fui enviada para Leyland em vez de ir com eles. Não, não há ninguém. Como abjeto isso soava. Depois de vinte e quatro anos de vida, ela não tinha ninguém a quem pudesse pedir ajuda. Ele levantou a mão, e ela sentiu o calor de seus lábios e sua respiração nas costas da mão por alguns momentos. — Mas tomei o suficiente do seu tempo, Sir Benedict — disse ela. — Deve estar querendo me ver em Hades, apesar de ter sido muito gentil. Esta não é sua preocupação, e quanto mais eu falo, mais patético soa. Ela falou rapidamente, e tentou ao mesmo tempo reaver sua mão. Ele apertou os braços sobre ela, no entanto. — Eu acho — disse ele — que é melhor se casar comigo, senhora McKay.
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Ela empurrou a mão livre, em seguida, e ficou de pé. — Oh, não — ela gritou em grande consternação. — Não, não, não. Oh, que bondade a sua. E que terrivelmente embaraçoso. Eu não estava de forma alguma sugerindo tal coisa, sabe? — Ela colocou as palmas das mãos contra as bochechas. Como suspeitava, estava quente com a vergonha. — Estou perfeitamente ciente disso — disse ele. — Mas o casamento comigo iria resolver o seu problema, sabe? E talvez resolvesse o meu também. — O senhor tem um problema? — Ela franziu o cenho para ele. — A incapacidade de livrar minha casa do meu irmão mais novo e sua família, que a usurparam — disse ele, mostrando um sorriso ligeiramente torto — e uma impossibilidade de viver lá com eles. A inquietação e uma depressão de espírito na constatação de que eu nunca mais serei o homem de ação que costumava ser. Uma incapacidade de forjar uma nova vida significativa para mim e estabelecê-la. Beatrice diz que tudo é explicado pelo fato de eu não ter nenhuma mulher na minha vida. — Mas não pode resolver um problema, não para nenhum de nós — disse ela — através da criação de um novo. — Casarmos criaria um problema? — ele perguntou. — Claro que sim. — Ela esticou os dedos e, em seguida, os fechou ao lado do corpo. Eles estavam formigando. — Seria muito impróprio que eu me casasse apenas cinco meses depois da morte de meu marido. Além disso, eu não desejo me casar novamente. Ainda não, pelo menos. Os grilhões do meu primeiro casamento foram firmemente fortes e eu quero ser livre. E se, e quando casar, quero que seja com um homem que... que não
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tenha qualquer ligação com a guerra. Perdoe-me, mas estou cansada de guerras e o que isso fez para tantas pessoas. E quanto ao senhor, foi nada mais do que pura galhardia que colocou a ideia de casar comigo em sua cabeça. Por sua própria admissão, ainda não está pronto para estabelecer sua própria vida, Sir Benedict, muito menos assumir o encargo de outra pessoa. Você não está pronto para os laços do casamento. Não comigo, com certeza, quando sou tão inquieta e carente, como o senhor. Nós iríamos arrastar um ao outro para um poço de depressão sem fim se nos casássemos. — Será que iríamos? — Ele ainda estava mostrando aquele sorriso torto. — A acho muito atraente, a senhora sabe. E para que não pense que seja um forte motivo para o casamento, gostaria de acrescentar que é a primeira mulher por quem me senti atraído em seis anos. — Eu o acho... muito atraente também — ela admitiu. Meu Deus, como ela poderia negar isso? Houve aquele beijo, não? — Mas a atração não é tudo, ou mesmo muito. Eu estava atraída por Matthew... Oh, Sir Benedict, se só estamos atraídos um pelo outro, então devemos ir para a cama e ter prazer um com o outro. Nós não devemos casar por isso. O sorriso dele havia desaparecido e seu rosto ficou corado. Oh, tinha realmente acabado de dizer o que ela sabia que tinha dito? — Um caso? — Disse. — Isso não resolveria seu problema, senhora. A não ser, isto é, que esteja sugerindo que eu a estabeleça em algum lugar como minha amante. Ela duvidou que já tivesse se sentido mais mortificada na vida. Olhou para ele e... riu. E ele olhou para ela e riu também. — Com transporte próprio e quatro cavalos brancos para puxá-la? — Perguntou ela. — E diamantes tão grandes como ovos
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de aves para meus ouvidos e peito, e uma cama envolta em cetim escarlate com cortinas de veludo escarlate nas janelas? Com tais incentivos você pode ser capaz de me convencer. — Eu acredito — disse ele — que poderia achar os quatro cavalos brancos um pouco vulgar. Incrivelmente, os dois riram novamente com diversão genuína. E então, o pensamento que surgira um par de minutos atrás, voltou a sua mente.
...Alguma casinha de campo que possa pagar. Ela se virou bruscamente para a lareira e colocou as mãos em cima da cornija, olhando para as brasas apagadas sem nada ver. — Só um momento — disse ela, levantando uma mão. Havia o pequeno chalé. Possivelmente. Sua mãe tinha crescido com a tia paterna no sudoeste do País de Gales antes de fugir com a idade de dezessete anos para se tornar uma atriz em Londres. Pouco tempo antes de morrer, quando Samantha tinha doze anos, a notícia da morte da tia chegou até ela, e com isso a notícia de que lhe foi deixado o chalé da tia na costa. Esse chalé passou a Samantha com a morte de sua mãe. Ela ainda não se dera conta disso até que, após a morte do pai, John enviou uma carta do advogado que cuidava da casa, no País de Gales. O senhor Rhys escreveu para informá-la que as pessoas que tinham alugado a casa para um número de anos haviam ido embora e que ele iria cuidar da manutenção, usando o dinheiro do aluguel acumulado, até receber instruções para alugá-la novamente ou vendê-la. John tomara a responsabilidade para si, ele tinha informado a ela, de responder com as instruções que o advogado procedesse como ele bem entendesse.
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Matthew havia sido trazido de volta da Península então, e eles tinham se mudado para Bramble Hall. Ele estava muito doente, e ela estava desabituada a cuidar dele. Ela pôs a carta de lado, assim como qualquer aborrecimento que pudesse ter sentido com John por interferir em seu negócio. Não pareciam negócios importantes, de qualquer maneira. Certamente ela nunca tinha escrito ao senhor Rhys, como poderia e provavelmente deveria ter feito. Sua mãe, quando soube do legado, descreveu a casa, com desprezo aberto, como um amontoado, um casebre que era melhor deixar para desfazer-se em pó. Isso tinha sido há muito tempo, talvez quatorze anos, e a mãe foi lembrada disso anos antes. A casa poderia muito bem ter-se deteriorado a nada por esta altura, especialmente sem inquilinos para cuidar dela adequadamente. Além disso, a casa poderia muito bem ser na outra extremidade do mundo, por todo o bem que lhe faria. País de Gales! E oeste do País de Gales, além disso. Não era nem perto da fronteira com a Inglaterra. Samantha nunca estivera lá. Não conhecia ninguém lá. Até onde ela sabia, não havia ninguém conhecido. Ninguém ligado a ela, de qualquer maneira. Mas era uma casa. Talvez, se ainda existisse. Existiu, de alguma forma, há cinco anos ou mais atrás, embora, caso contrário, o advogado não teria escrito que iria vendê—la ou alugá—la novamente se quisesse. Ela estava desesperadamente precisando de uma casa, e ela já possuía uma. Se ainda estivesse de pé. E se fosse habitável. E, de repente, o quão distante era se tornou sua principal atração. Era longe de Leyland Abbey. Sir Benedict Harper ainda estava sentado no sofá quando ela virou-se para olhar para ele. Ele estava olhando calmamente para ela. Gracioso Deus, ele tinha acabado de se oferecer para casar com ela. Muito nobre como era, e diferente do que ela tinha pensado a primeira vez que o encontrou.
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— Eu sei para onde vou — ela disse a ele. — Pelo menos por agora. Talvez para sempre.
Para sempre? O estômago dela embrulhou. Ele ergueu as sobrancelhas. — Eu tenho uma casa — ela disse a ele. — Minha tia-avó deixou para minha mãe, que cresceu lá com ela. Acredito que era um edifício muito antigo, degradado, mesmo assim. E provavelmente está muito pior agora, mas eu não ouvi falar de sua queda ou de ter sido demolida. É minha agora, e é para onde irei. Mesmo uma ruína decadente seria preferível a Leyland. — É no País de Gales? — ele perguntou. — Na costa sudoeste, sim. — E pretende ir lá sozinha? — Ele franziu a testa. — Precisa pensar com cuidado no assunto, senhora McKay. É um longo caminho a percorrer, através do interior selvagem, solitário e possivelmente perigoso. E quem sabe o que vai encontrar no final de tudo isso? Talvez a casa realmente seja inabitável. — Então vou encontrar uma que não seja — disse ela — e alugá-la. Pelo menos vou estar em uma parte do mundo onde metade da minha herança reside. E ninguém vai me encontrar lá. Ninguém vai me incomodar. Eu serei capaz de viver novamente. — E dançar? — Mas ele ainda estava franzindo a testa. — Na praia, se houver, como acredito que haja — disse ela. — Na borda do mundo, com todo o poder selvagem do oceano olhando. — E pretende viajar para lá sozinha e viver lá sozinha. — Ele ficou lentamente em pé, enquanto Tramp sentou-se e
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assistiu, sempre esperançoso. — Seria pura tolice. A ideia pode parecer atraente para a senhora e eu posso entender o porquê. Posso até aplaudir sua coragem. Mas considere a realidade de deixar Bramble Hall para trás e viajar sozinha e desacompanhada para um lugar desconhecido e tão distante. Ela considerou por alguns instantes. E estava com medo, mas destemida. A alternativa era muito pior. — Então deve vir comigo — disse ela. Nada poderia ter sido mais eficaz em roubar o ar de Ben se alguém tivesse plantado um punho em seu estômago.
Então deve vir comigo. Eles ficaram olhando um para o outro, um metro afastados. Cor inundou as bochechas dela enquanto ele temia que devia ter sido drenada das dele. — Impossível acompanhante?
—
disse
ele. —
Quem
seria
sua
— O senhor. — Mas não sou nem seu pai, nem seu irmão, nem seu marido, nem seu noivo. Nem mulher. — E daí? — Ela levantou as sobrancelhas. — Sua reputação ficaria em frangalhos — ele disse a ela. Seus lábios se curvaram em um meio sorriso. — E daí? Oh, meu Deus. Ele apontou o problema de um ângulo diferente.
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— Estou longe de ser o homem ideal para defendê-la se houver perigo. — Ele olhou para as bengalas deliberadamente. — Exceto, é claro, se formos atacados por um bandoleiro bastante cortês para chegar perto o suficiente para ser derrotado. — Levaremos uma pistola carregada — ela disse, ainda com aquele meio sorriso que pairava sobre os lábios e a cor em suas bochechas — e pode matá-lo à distância, enquanto estiver sentado. — Entre os olhos, eu suponho. — Onde mais? Pareceu-lhe que ela estava realmente se divertindo, que a súbita percepção de que havia uma solução para o dilema à sua espera, na forma de uma casa que tinha sido dilapidada mesmo durante a infância de sua mãe, a deixou tonta de alívio. — Senhora McKay, — ele disse — reconsidere. — Por quê? — Ela perguntou a ele. — Eu passei sete anos de nada, mas fazendo o que é correto, Sir Benedict. E para quê? Me casei na expectativa de uma vida inteira de “felizes para sempre” depois e permaneci decentemente casada depois da decepção e desgosto que se seguiu rapidamente sobre os calcanhares do meu casamento. Passei um ano em Leyland Abbey tentando o meu melhor para ser o tipo de senhora respeitável que meu sogro insistiu para que eu fosse, mesmo quando ele desgostava e me desprezava. Passei cinco longos anos, fatigados aqui, cuidando de um exigente e rabugento inválido porque ele era meu marido e eu tinha prometido, no dia do meu casamento, amar e obedecer na doença e na saúde. Tenho observado todos os requisitos do meu período de luto, mas ainda não satisfez minha cunhada ou o conde de Heathmoor. Estou enfrentando a perspectiva de mais anos em Leyland, enquanto o que resta da minha juventude se encolhe na meia-idade e, em
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seguida, velhice e morte. Onde me levou estar sempre considerando? Talvez seja hora de fazer algo sem considerar e impulsivo. Talvez seja hora de tomar minha vida em minhas próprias mãos e vivê-la. Seus olhos brilharam, e havia paixão em cada linha de seu corpo. Quem era ele para dizer que ela estava errada? E talvez ela não estivesse. — Tenho um dia para tomar a decisão que vai afetar todo o resto da minha vida, o que quer que a decisão seja — ela disse a ele. — Eu tenho um dia para fazer a minha fuga ou me curvar, ao que parece, ao meu inevitável destino. Eu não sei onde a fuga vai me levar. Por outro lado, sei onde curvar à minha vontade me levará. Eu seria uma tola de não ter uma chance em fuga. Talvez fosse para ser assim, Sir Benedict. Por que mais teria sido deixado o chalé para mim? Pareceu tão inútil desde que eu soube que era meu, que eu quase nunca sequer lhe dei um pensamento. No entanto, agora, é de importância crucial para o meu futuro. Acredita que, às vezes, a vida aponta um caminho para seguirmos mesmo, que não nos force a tomar esse caminho particular? Eu estou indo para onde a vida me aponta. Peço perdão por tentar envolvê-lo. Claro que não vai querer me acompanhar. Por que deveria? O senhor não me deve nada. Tem sido mais do que gentil ao me ouvir, e essa bondade levou a minha maneira de pensar à uma solução para mim. Estou indo. Oh, senhor. Ela parecia algum tipo de anjo vingador magnífico. Ela não poderia dar passos largos na direção do País de Gales por conta própria. Por que diabos ele não tinha voltado para o quarto no momento em que ouviu a voz dela? Ela teria lembrado da casa de campo sem a ajuda dele, uma vez que ela tivesse se acalmado. Como ela chegaria lá não seria assunto dele. Não era assunto dele agora.
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Talvez fosse para ser assim, Sir Benedict. Acredita que, às vezes, a vida aponta um caminho para nós seguirmos... Senhor, Senhor, Senhor. Por que ele não partiu para Londres para o casamento de Hugo, ao mesmo tempo que Beatrice partiu para Berkshire? — Mesmo se eu fosse acompanhá-la em sua jornada — disse ele — o que você faria no final da mesma, sem quaisquer criados, exceto, presumivelmente, uma criada e sem amigos ou uma acompanhante? E se a casa precisar de uma grande quantidade de trabalho antes que seja habitável, assumindo que seja habitável, afinal? Ela iria encontrar outro lugar para alugar, em uma parte do país onde metade de sua herança estava. Ela já havia dito isso. — Suponho — disse ela — que lá existam servos para serem contratados. E posso fazer amigos. Não tenho medo de ficar sozinha. Tenho estado essencialmente sozinha há sete anos e sobrevivi. Está pensando em me acompanhar, então? Suas pernas estavam doendo de ficar tanto tempo na mesma posição. — Como posso permitir que vá sozinha? — Ele perguntou a ela. Ela ergueu as sobrancelhas. — O senhor não tem poder para me permitir fazer qualquer coisa, Sir Benedict — disse ela. — Ou para me impedir de fazer qualquer coisa. O senhor não é meu marido. — Graças a Deus — disse ele desagradavelmente. Ela ergueu o queixo, mas se abrandou e o baixou novamente.
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— Como sou injusta — disse ela. — Irrompi sobre você sem ser convidada e me aliviei de todos os meus problemas, mas agora estou ofendendo a sua preocupação com minha segurança. É uma gentileza da sua parte estar preocupado. Mas não é problema seu, sabe? Não sou seu problema. É melhor que eu retorne para casa. Obrigada por me receber. Eu sei que não queria fazê-lo. Tem me evitado, e eu não o culpo. — Para o seu próprio bem — ele disse a ela, exasperado. — Quanto tempo levaria antes que toda a vizinhança ficasse fofocando que nos tornamos amigos, senhora McKay, se tivéssemos visitando um ao outro sem qualquer tipo de damas de companhia? — Não muito tempo — disse ela. — Eu disse que não o culpo. E reconheço que foi o senhor quem deu a Lady Gramley a ideia de levar a esposa do vigário à minha casa para que eu pudesse me envolver nas atividades paroquiais e comunitárias. Lhe sou grata por isso. Ele não estava realmente escutando. Ele estava pensando em viajar durante todo o dia com ela por uma semana ou mais nos confins estreitos de uma carruagem. De tomar todas as refeições com ela. Deles ficando cada noite no mesmo hotel. E ele sentiu um ressentimento pouco razoável, pois ela não havia pedido isso a ele depois da primeira sugestão impulsiva de que ele deveria ir com ela. Bom Senhor, a reputação dela ficaria em pedaços, e isso era provavelmente uma subestimação grosseira. — Me força a me comportar de maneira errada, senhora McKay — disse ele. — Estou recebendo-a na casa da minha irmã, mas receio que terei que me sentar enquanto você fica de pé. — Eu deveria ter notado o seu desconforto — ela disse, sentando-se no sofá, enquanto ele voltava para a cadeira. — Sinto
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muito. Eu lhe causei nada além de desconforto desde o momento da minha chegada. Vou embora, e deve esquecer que estive aqui. Está indo para a Escócia, não é? Ouvi dizer que é lindo lá. Ela ficou abruptamente de pé de novo, e seu cão tomou a posição ao lado dela, a cauda acenando esperançosamente. Ben olhou para ela, irritado. — Eu acredito — ele disse — que devo ter sido um amigo íntimo do falecido Capitão Matthew McKay. Creio que devo terlhe prometido, quando ele estava no leito de morte, que eu iria acompanhar sua viúva ao País de Gales, onde ele desejou que ela passasse a residir na casa que herdou antes do casamento. Acredito que preciso usar minhas credenciais completas de novo e ser conhecido como Major Sir Benedict Harper. Ela olhou para ele, seus olhos insondáveis. — Nós podemos apenas nos sair com isso, — disse ele — sem destruir completamente sua reputação. — O senhor irá? — Ela quase sussurrou as palavras. — É melhor levar o meu veículo — disse ele. — Mas temos de decidir como devemos levá-la para longe de Bramble Hall amanhã, sem causar um grande barulho e incômodo entre os criados, especialmente aqueles estranhos corpulentos. O cão deixou-se cair sobre as quatro patas e começou a lamber as patas. A senhora McKay cruzou as mãos com tanta força na cintura que Ben poderia ver o branco dos dedos. Mas então seus olhos brilharam e até cintilaram. — Com grande discrição — disse ela.
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Capítulo 11 A criada de longa data de Samantha tinha deixado seu serviço após a morte de Matthew, quando se casara com seu valete. Sua substituta foi a jovem filha do cozinheiro, uma menina alegre, que era muito querida por todos os outros criados. Samantha gostava dela também, mas não se atrevia a confiar nela ou sugerir levar a menina com ela quando deixasse Bramble Hall. Todos na casa saberiam sobre isso em poucos minutos. Ninguém podia impedi-la de sair, é claro, Samantha disse a si mesma. Ela não era uma prisioneira em sua própria casa. Os servos de Leyland não poderiam literalmente forçá-la a entrar na carruagem e conduzi-la por todo o caminho até Kent contra a sua vontade. Mas, tanto quanto tentou falar com o seu senso comum racional, não estava convencida de que eles não iriam fazer isso. Todos os outros criados na propriedade eram tecnicamente do conde também. Ele pagava seus salários. Seria melhor, ela decidiu, se ninguém soubesse que ela estava saindo ou onde ela estava indo ou com quem, especialmente com quem. Não havia nenhum ponto em cortejar um escândalo desnecessário. A história de Sir Benedict, de ter sido um grande amigo de Matthew, não funcionaria aqui. Ela teve que esperar até sua empregada deixar seu quarto para dormir para que, em seguida, pudesse começar a embalar sua bagagem. A cabeça da tola menina tinha sido transformada pela chegada de tantos servos masculinos de Leyland, e ela sentiu-se impelida a discutir longamente os méritos relativos de cada um com a Sra McKay e oferecer sua própria opinião sobre o que era o mais bonito, qual tinha o físico mais viril e o que lhe
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tinha feito o elogio mais ultrajante, ainda que ele não fosse muito melhor, tanto na aparência como no físico. Samantha pensava que a menina nunca iria sair. Era quase meia-noite quando ela começou a preparar uma grande valise e uma menor. Mas não houve nenhum grande problema com a arrumação. Era incrível o quanto ela estava preparada para deixar para trás, sem qualquer escrúpulo de arrependimento. Deixaria todas as suas roupas de luto, exceto a que ela usaria na primeira etapa da viagem. Tinha sido uma esposa obediente para Matthew enquanto ele vivia. Ela o tinha lamentado por cinco meses. Não tinha nada com o qual censurar a si mesma. Tinha sido arranjado que Sir Benedict Harper iria enviar seu criado com um cabriolé às cinco horas da manhã. Seu homem deixaria o cabriolé fora do portão lateral, entraria na casa pela porta lateral, que Samantha iria desbloquear antes que ele chegasse, e carregaria suas malas. Ela iria acompanhá-lo de volta para Robland Park, onde Sir Benedict e sua carruagem de viagem estaria esperando. O esquema parecia muito clandestino um para ter sucesso, especialmente quando havia um cão de grande porte, às vezes incontrolável, para ser contrabandeado para fora junto com ela e seus pertences, pois é claro que Tramp não poderia ser deixado à mercê de Rudolph e Patience. Além disso, Samantha nunca o deixaria para trás como não o faria com seu próprio filho, se acaso ela tivesse tido um. Tramp era família. O esquema sucedeu sem contratempos, no entanto. Aos dez minutos depois das cinco, Samantha esperou um momento para que um Tramp ansiosamente ofegante terminasse o seu negócio ao lado da pista, antes de enxotá-lo para dentro do cabriolé com sua bagagem e, em seguida, sentou-se ao lado do homem grande,
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silencioso, que tinha falado apenas para apresentar-se como Quinn, valet de Sir Benedict. Às cinco e quarenta e cinco ela estava sendo entregue a uma carruagem de viagem opulenta no pátio do estábulo em Robland. A casa ainda estava na escuridão. Tramp entrou logo atrás dela e se estabeleceu no assento oposto. Ele ocupou todo o espaço como se fosse seu por direito. O Sr. Quinn e o cocheiro carregaram suas malas e outras bagagens quase em silêncio. Não havia cavalariços à vista. Depois de alguns minutos, a portinhola se abriu novamente para revelar Sir Benedict. Ele olhou para dentro. — Não trouxe sua criada? — Perguntou. — Não estou certa de que ela teria vindo — ela disse a ele. — Tenho certeza de que teria dito a todos os outros criados, mesmo que tivesse jurado segredo. — Isso é um inconveniente — disse ele, mas depois de outro momento de pé, subiu para dentro lentamente, mas com habilidade praticada, e tomou o assento ao lado dela. O interior, de repente, parecia ter apenas metade de seu tamanho anterior. Isto era incoveniente, de fato.Talvez, depois de tudo, ela deveria ter fugido sozinha e viajado a cavalo ou mesmo em uma carruagem do correio. — Bom dia para você, senhor — ela disse rapidamente. — Bom dia, Sra McKay — disse ele. — Presumo que Quinn não teve que lutar contra todos aqueles servos corpulentos, a fim de trazê-la para longe, em segurança, de Bramble Hall? Há um par de criados despertados aqui, mas nenhum deles têm manifestado qualquer consternação particular sobre a descoberta de que eu quero partir em minhas viagens tão cedo e sem esperar o café da manhã.
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Não acredito que qualquer um deles a tenha visto. Vamos quebrar o jejum quando paramos para a primeira troca de cavalos. Isso lhe convém? Sim, bom dia para você também, cão miserável. Você não precisa esvaziar o enchimento de minhas almofadas com o rabo batendo. Você é perfeitamente visível. E noto que você reservou um banco completo para seu uso pessoal. E se sua dona tivesse realmente trazido sua criada, ela teria que sentar-se na boléia com meu valete e o cocheiro. Ele soava deliberadamente, artificialmente alegre, assim como ela quando lhe desejou um bom dia. Ele parecera como um amigo de confiança ontem. Esta manhã parecia um estranho, o que na verdade ele era. A febre de excitação em que ela havia concebido toda esta grande aventura ontem havia se convertido em uma forte ansiedade na noite passada. Ela tinha sido incapaz de dormir, exceto em trechos intermitentes acompanhados de sonhos bizarros. Esta manhã, ela tinha sido consumida pelo terror, como se fosse realmente uma condenada fazendo uma ousada fuga sob os narizes de uma dúzia de carcereiros ferozes. E agora, sentada dentro do carro com apenas um único cavalheiro como companhia, estava se sentindo com a língua presa e insegura. Meu Deus, eles estariam sozinhos, juntos, por quantos dias demorasse para chegar à costa sudoeste do País de Gales e sua casa de campo. E o mesmo número de noites. E ele tinha esperado que sua criada estivesse com ela para dar algum tipo de respeitabilidade. Seu criado estava com ele, é claro. Ela sentiu-se fisicamente doente novamente. Não estou com fome, Sir Benedict — assegurou ela, as mãos cruzadas no colo, as costas retas não tocando muito das almofadas atrás dela. Como se uma postura e um comportamento estritamente delicados pudessem milagrosamente fazer toda a situação ser adequada.
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O cocheiro subiu os degraus e fechou a porta com um clique decisivo, subiu para a boléia enquanto o Sr. Quinn montava do outro lado, e dentro de instantes a carruagem deu uma guinada e colocou-se em movimento. Foi um dos únicos momentos a causar pânico na vida de Samantha. Ela teve que morder o lábio inferior a fim de se impedir de gritar para o cocheiro parar. Sir Benedict tinha virado a cabeça e a estava olhando fixamente. Ela nunca tinha particularmente notado, até agora, como muito assentos de carruagens eram estreitos. Seus ombros estavam quase se tocando. Seus rostos estavam muito perto para o seu conforto. E o mundo tinha se iluminado desde que ela saíra de Bramble Hall. Não havia escuridão na qual a esconder. — A senhora está tendo dúvidas? — Perguntou. — Não é tarde demais para voltar, sabe? Ouso dizer que poderíamos levála de volta à Bramble Hall sem que os servos suspeitassem que você não teria feito nada mais surpreendente do que sair cedo para caminhar com o seu cão. Deseja voltar? A sugestão trouxe seus sentidos de volta. — Absolutamente não — assegurou ela. — Eu não voltaria por nenhuma razão. Estou indo para o único lugar em que eu posso ir para ser livre. Estou indo viver, não apenas existir para agradar meu sogro. Se o senhor mudou de idéia sobre me acompanhar, é claro... — Não mudei. — Eu me sinto culpada — ela disse a ele. — O senhor estava indo para a Escócia. — Eu estava indo viajar — disse ele. — E é isso que estou fazendo. Eu não podia e não iria permitir-lhe viajar por todo o caminho ao País de Gales sozinha.
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— Está fazendo isso de novo — disse ela. — Me permitindo, não me permitindo. Estou muito feliz por não estarmos casados. Suspeito que o senhor seria um tirano. — Espero saber como proteger minha esposa, minha senhora, — disse ele rigidamente — mesmo que fosse, às vezes, de si mesma. E a senhora não poderia estar mais contente com o nosso estado civil ou a falta dele do que eu. Ela apertou os lábios. — Se vamos brigar por todo o caminho ao País de Gales, — acrescentou — deverá ser uma viagem interessante. Especialmente porque nós ainda não percorremos mais do que um ou dois quilômetros a partir Robland. — Talvez, — disse ela — se não conversarmos, não brigaremos. E virou a cabeça e metade de seu corpo também e, por isso, ficou olhando para a paisagem que passava. Por seu silêncio, ela supôs que ele estava fazendo o mesmo através da janela do seu lado. Talvez tivesse se passado meia hora, no entanto parecia mais uma hora. Ou três. Tornou-se mais e mais difícil manter sua postura, evitar o queixo de cair, manter os olhos abertos. Ela invejava Tramp, esparramado, dormindo e até mesmo roncando em seu assento. E, em seguida, em um momento em que perdeu a concentração, ela bocejou enormemente, de forma audível e sentiu-se instantaneamente envergonhada. — Eu acho — disse ele — que a senhora não conseguiu um pouco de sono na noite passada.
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— Talvez um cochilo — disse ela. — Talvez dois. Eu tinha um grande negócio em minha mente, Sir Benedict. Não é todos os dias que se parte em uma grande aventura de mudança de vida. Não se você é uma mulher, de qualquer maneira. — E nem todo homem vai fugindo a cada dia com a viúva de outra pessoa — disse ele secamente — sem ao menos uma palavra à sua família e amigos. Por que não tira o chapéu e encosta a sua cabeça para trás contra as almofadas? E as costas também. Quando entrei na carruagem, a senhora parecia tão afetada e engomada que pensei, por um momento, que tinha enviado sua cunhada em seu lugar. Os cavalos ainda estão frescos e nos levarão a uma longa distância antes que se torne necessário que eles sejam trocados. Seu cão não perdeu qualquer momento em recuperar o atraso em seu sono de beleza. — É só não proferir qualquer palavra que comece com W, — disse ela — especialmente com as letras ALK2 anexadas. Logo descobrirá o quão profundamente adormecido ele fica. Ela seguiu o seu conselho, parecia não ter escolha no assunto já que foi ficando cada vez mais difícil manter-se acordada. Soltou o laço de fita debaixo do queixo e tirou o chapéu para segurá-lo no colo. Inclinou-se para trás com um suspiro interior de alívio. Iria fechar os olhos por alguns minutos. Ficou mais consciente dele quando fez isso. Podia sentir o calor do corpo dele de um lado, embora eles não estivessem se tocando. Podia sentir o cheiro de algo distintamente masculino — couro, sabão de barbear, o que fosse. Era difícil distinguir cheiros individuais, mas todos eles somavam algo bastante atraente e absolutamente proibido. Ele a tinha beijado uma vez.
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Referência a WALK: caminhar, passear (NT)
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Houve até um jogo de língua que tinha sido muito agradável. Minimizando um pouco, embora, de fato, muito agradável. Perguntou-se se ele se lembrava. Tinha sido quase um mês atrás. Ela duvidava que ele tivesse esquecido, embora, pois ele desejava tanto quanto ela, sem beijos ou qualquer outra coisa. E ela não deveria estar pensando nessas agora. Especialmente sobre qualquer outra coisa.
coisas
Refugiou-se em outras divagações mentais. Talvez ela deveria ter deixado para trás uma espécie de nota para o sogro, em vez de desaparecer como uma criança travessa que deveria ser perseguida. Será que ela seria seguida? Mas ninguém saberia onde ela estava indo ou como estava viajando. Talvez deveria ter escrito para John, só para dizer-lhe que estava bastante segura e iria escrever mais longamente mais tarde. Embora por que faria isso, não sabia. John nunca escrevera para ela. Ele provavelmente não se importaria se ela fosse viver no Pólo Norte. Talvez ela deveria ter deixado um bilhete para Mrs. Andrews para explicar por que ela teve que se retirar tão cedo de suas comissões, e que seria incapaz de fazer mais visitas aos doentes. Possivelmente … Ela perdeu a batalha para o sono nesse ponto. Seus pensamentos flutuaram para longe e sua cabeça, gradualmente, deslizou para o lado até descansar contra um ombro quente, sólido. Estava vagamente consciente do que era, mesmo de quem era. Estava ciente de que não estava certo manter a cabeça lá, mas estava com muito sono para agir racionalmente. Era um ombro firme, porém confortável. Ela enterrou a cabeça um pouco mais para trás, para encostá-la de forma mais segura entre o ombro e a almofada, e deslizou o resto do caminho para o sono. Ben sentou-se muito quieto e se perguntou se eles iriam ter sucesso no transcorrer de todo o caminho à sua nova casa, sem se tornar amantes. Ele se perguntava a mesma coisa desde ontem à tarde.
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Ele se perguntara ontem à noite, ao tentar dormir.
... Se só estamos atraídos um pelo outro, então devemos ir para a cama e ter prazer um com o outro. Ela tinha realmente dito aquelas palavras. Depois que ele tinha feito a estúpida oferta do casamento e antes que ela tivesse se lembrado que possuía uma casa de campo — como se podia esquecer que era proprietária de uma casa? Ele não queria que se tornassem amantes. Bem, ele queria. Claro que queria. Se pudesse tirar todas as suas roupas neste momento e mergulhar em um lago gelado, não se surpreenderia se a água se transformasse em vapor. Meu Deus, já fazia mais de seis anos, e ela era bela, voluptuosa e tentadoramente disponível. Mas ele não queria que fossem amantes. Por um lado, a acompanhava, a fim de protegê-la de danos, não para corrompêla. Por outro lado, ele tinha um pouco de medo de ser amante de alguém. Não queria que qualquer mulher o visse como ele era, que testemunhasse as dificuldades que ele teria, sem dúvida, embora no último mês, uma vez que aquele beijo tinha aberto as comportas e restaurado sua sexualidade, ele se perguntava se seria possível permanecer celibatário para o resto de sua vida. Mas não queria que ela o visse. Ela era fisicamente perfeita, enquanto ele... Bem, enquanto ele não era. E ainda tinha uma outra coisa: ela era uma viúva recente e não seria certo começar um caso com ela tão cedo. Mas aqui estava ela, quente e descontraída com o sono, a cabeça enterrada entre o ombro e o assento do banco, um de seus braços através do seu, a mão sem luva descansando em sua coxa, os dedos abertos. Seu dedo mindinho estava um fio de cabelo longe de sua virilha. Realmente se sentia como se alguém tivesse bombeado ar dos trópicos para a carruagem. E era tudo inconsciente da parte dela.
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Tentou pensar em outras coisas e se lembrou, de repente, que estava planejando partir para Londres esta manhã. Não estaria no casamento de Hugo, afinal. Não tinha sequer respondido ao convite. Sentiu uma onda de arrependimento, uma quase solidão, imaginando seus seis amigos reunidos em Londres para as festividades. Eles iriam sentir falta dele, mas pensariam que ele ainda estava no norte da Inglaterra com Beatrice. A Sra. McKay cheirava algo doce e indescritível. Gardênia? Na verdade, ele não era um especialista em perfumes femininos, mas este deveria ter sido projetado especificamente para provocar os sentidos de celibatários. Ele olhou para baixo, passando pela mão bem torneada. Suas pernas, envoltas em calças e botas Hessian, pareciam quase normais. Mas quando eles parassem para uma mudança de cavalos, como deveriam fazer em breve, seria evidente que elas não eram normais em tudo. Ele iria descer para o calçamento do pátio da estalagem, demorando muito mais do que qualquer homem normal faria, e então se voltaria para ajudar a Sra McKay a descer, com toda a forte dor e galhardia quando, se deixada a si mesma, ela poderia descer sem a sua ajuda e já estar sentada na sala de café. Ele não iria nem mesmo ser capaz de oferecer o braço para levá-la para a pousada. Precisaria deles por suas bengalas e pernas retorcidas. Ela, sem dúvida, reduziria seu ritmo, a fim de torná-lo menos consciente de sua lentidão. Quem acompanhava a quem nesta viagem? Era a realidade, porém, e nunca seria diferente. Havia prometido a si mesmo aceitar isso, não havia? Então, ele estava meio aleijado. Suas pernas estavam apenas melhores do que inúteis. Suas pernas não eram ele, no entanto. Sua vida não perdera o valor só porque ele não podia se mover como costumava se
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mover, e como quase todos os outros homens na terra o faziam. Quanto tempo levaria até que ele aceitasse isso plenamente? Ele olhou para o outro banco, onde o cão feio estava deitado em sono deselegante. Ela amava o cão, não obstante sua feiúra e deselegância. Ele riu baixinho para si mesmo. Como o diabo teve que se meter nesse rolo? Ele se perguntou o que seus companheiros sobreviventes diriam quando ele contasse esta aventura, ou desventura para eles na próxima primavera. Eles não iriam parar de provocá-lo por uma década. Viajar era uma das atividades mais difíceis para Ben, um fato que ressaltava a ironia do que ele tinha decidido fazer com sua vida até que algo mais significativo fosse sugerido. Só que ele conhecia seu corpo bem o suficiente para entender o quanto poderia exigir dele. Normalmente, ele viajaria em etapas curtas, levando o dobro do tempo normal para chegar onde estava indo. E se ele estivesse viajando apenas por prazer, como ele logo estaria fazendo, ele pararia por dias para descansar. Isto era diferente, no entanto. Embora não esperasse qualquer perseguição, ainda sentia ser prudente colocar tanta distância quanto pudessem entre eles e Bramble Hall no primeiro dia ou dois. Nunca se sabia quando poderiam encontrar alguém que reconhecesse a Sra McKay. Além disso, seria muito vantajoso que esta jornada acabasse o mais rápido possível. Ele não era feito de pedra, depois de tudo.
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Até o final do primeiro dia, ainda não sabia muito bem como sentar-se ou como manter um sorriso ou, pelo menos, um olhar de interesse em seu rosto enquanto eles conversavam. E não sabia como ia descer da carruagem, ao final. Ele fez isso, no entanto, e ainda conseguiu ficar na recepção da pousada que o cocheiro tinha escolhido, distante o suficiente, para pagar por dois quartos de dormir, um para si mesmo, Major Sir Benedict Harper, e um para a senhora McKay, a recente viúva de seu amigo militar. Ele também reservara acomodações para os dois servos, bem como o canil para o cão. Supôs que a explicação não seria necessária, uma vez que não podia importar para o proprietário a relação existente entre duas pessoas que ficavam em sua pousada. Ben escoltou uma Samantha sob um véu negro para o seu quarto, fez arranjos para se juntar a ela mais tarde na sala de jantar privada que tinha reservado, e caiu sobre a cama em seu próprio quarto antes de jogar um braço sobre os olhos. Tinha uma longa experiência em suportar a dor. Raramente tomava qualquer medicamento para aliviá-la, e raramente permitia que ela o atrassse ou o confinasse à cama. Era um fato de sua vida e sempre seria. Tudo o que podia fazer para controlála era evitar certos tipos de atividades — como longos dias sentado em uma carruagem — que a intensificavam. Quinn chegou em cinco minutos e, silenciosamente, tirou as botas e começou a trabalhar massageando os músculos rígidos e apertando os nós até que ele pudesse relaxar mais. — Será que ela sabe sobre isso? — Perguntou. — Bom Deus, não — disse Ben. — Por que deveria? Tinham falado com determinação durante grande parte do dia. E, na verdade, não tinha sido muito difícil depois de um tempo. Ele tinha notado isso nela antes. Ela era fácil para
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conversar. Sempre respondia às suas perguntas e, em seguida, ela própria perguntava, em troca. Não monopolizava a conversa nem esperava que ele determinasse toda a conversa. Eles trocaram lembranças da infância. Lembrou-se a dançar com os pés descalços na grama com sua mãe, e respingos de água ao nadar em um riacho com algumas outras crianças da aldeia. Lembrou-se de nadar no lago em Kenelston, subir em árvores com dois meninos do Gamekeeper e se engajar em lutas de espadas com eles, usando as armas de brinquedo de madeira que seu pai tinha esculpido para todos eles, Ben incluído. Eles tinham ainda permanecido em silêncio sociável por algum tempo, observando a paisagem passar em seus respectivos lados do carro, sozinhos com seus próprios pensamentos. — Pode sugerir abrandar a viagem — disse Quinn. — Qualquer um pensaria, a partir de sua velocidade, que ela é uma herdeira solteira, menor de idade, e o senhor um joão-ninguém sequestrando-a para Gretna Green. — E ficaria confuso por a estar levando na direção completamente errada? — Vai ficar aleijado antes de entrar na floresta logo além — Quinn disse, sacudindo a cabeça em uma direção que, Ben supôs, era para indicar a costa sudoeste do País de Gales. — Acho que não — disse Ben. — Dê-me meia hora, Quinn, e depois volte para ajudar a me vestir para o jantar. Seu valete grunhiu e se retirou. Ele tinha sido um cavalariço dos estábulos do Duque de Stanbrook em Penderris quando Ben o viu pela primeira vez. Naqueles primeiros dias, de todos os que se consumiam de agonia, só esse cavalariço fora capaz de movê-lo e transportá-lo para os banhos, mudanças necessárias e tratamentos, sem que ele desmaiasse de dor. Sua
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Graça tinha fingido resmungar quando Ben se apropriou do cavalariço para ser seu enfermeiro e, em seguida, seu valete. Uma hora mais tarde Ben desceu para a sala de jantar privada, sentindo-se consideravelmente restaurado. Seu primeiro pensamento depois de abrir a porta era que ele deveria ter entrado na sala errada. Ela estava em pé ao lado da mesa, que tinha sido colocada para sua refeição, e usava um vestido de noite de cintura alta, manga curta, de musselina azul pálido. Seu cabelo quase negro fora preso sobre a cabeça em um nó intrinsecamente ligado. Ele olhou para ela, paralisado e horrorizado. — Que diabos? — Ele disse, dando um passo descuidadamente apressado para a frente e fechando a porta firmemente atrás dele. Ela levantou as sobrancelhas. — Eu deixei todos os meus vestidos negros em Bramble Hall, exceto o que usava hoje — disse ela. — Não vou usá-los novamente. Eles foram encomendados a partir de Leyland e enviados para Bramble Hall sem qualquer consulta a mim ou qualquer opinião de uma modista adequada. São feios, impessoais e mal ajustados, e em nada refletem a genuína tristeza que eu senti com a morte prematura de meu marido. São meros enfeites de ostentação de pesar, destinados a impressionar o mundo. Não vou fazer um show sem sentido por mais tempo. Essa parte da minha vida acabou, e a próxima parte da minha vida começou. Ele deu um passo mais perto. — Esqueceu — disse ele — que estamos viajando como um major e a recente viúva de seu amigo militar? Quem te viu vestida desse jeito? — Desse jeito? Ela perguntou. — O senhor faz soar como se eu estivesse vestida como uma prostituta.
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— Como uma jovem lady — disse ele entre dentes — viajando com um senhor que não é seu marido. Quem te viu? Suas bochechas ficaram vermelhas. — O proprietário me mostrou onde ficava a sala de jantar — disse ela. — Havia algumas outras pessoas. Eu não prestei muita atenção. — Pode ter certeza de que o proprietário tomou conhecimento — disse ele. — Bom Deus, e a senhora não tem sequer uma acompanhante. — Se quiser ir embora, Sir Benedict... — ela começou. — Pare de falar bobagem — ele virou-se para ela. — A partir de agora, a partir de amanhã, vamos ter que ser marido e mulher. Essa é a única solução. — Isso é ridículo — disse ela. — Será Lady Harper a partir de amanhã — ele disse a ela. — Oh, não se preocupe com sua virtude. Tomaremos quartos separados nas pousadas onde ficarmos. Meus ferimentos me inquietam e, assim, torna-se imperativo que eu durma sozinho. Não que precisemos nos explicar. — Eu acho, Sir Benedict — ela disse — que o senhor está sendo um pouco limitado. Bem como tirano. — O que eu estou — disse a ela — é preocupado com sua reputação, minha senhora. E isso vai terá que ser Benedict e Samantha amanhã. Nós seremos marido e mulher. — Acho — ela disse — que você seria mais feliz se eu estivesse envolta em preto para o resto da minha vida.
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— Pode usar escarlate todos os dias até que você esteja com oitenta anos — disse ele — depois de ter sido entregue com segurança em sua casa de campo e eu ter seguido meu caminho. — Entregue — disse ela. — Como um pacote indesejado. A porta se abriu atrás dele, e entrou uma serva carregando uma grande bandeja com a refeição da noite. — Venha e sente-se — disse a Sra McKay para Ben. — Está com dor. Bem, foi o resultado de ser surpreendido por sua aparência. Ele ainda estava com dor, porém muito menor do que tinha estado há uma hora. Mudou-se para a mesa sem comentários. — Estava com dor a maior parte da tarde, não foi? — Disse ela depois de terem tomado os seus lugares e a menina se retirado. — Eu não disse nada, então. Parecia uma intromissão impertinente sobre a sua privacidade. Mas talvez eu deveria ter dito. Está sempre com dor? — Eu não faço nenhuma queixa, senhora — disse ele. — Não deve se preocupar. Ela estalou a língua. — Matthew sempre reclamou — ela disse — e eu, às vezes, gostaria de ter exercido um pouco mais de controle. O senhor nunca vai reclamar, eu suspeito, e eu, provavelmente, vou achar sua fortaleza heróica muito irritante. Ele riu apesar de si mesmo. — Viajar por horas em uma carruagem não é a experiência mais confortável, mesmo para os mais ágeis — disse ela. — Acho que é a pior coisa do mundo para o senhor.
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— Provavelmente não a pior — disse ele. — O senhor me faz sentir egoísta e insensível — disse a ele. — Primeiro minha aparência e agora isso. Nós não viajaremos por tanto tempo amanhã ou qualquer outro dia depois disso. Se tomarmos duas semanas, mesmo três, para concluir esta jornada, então que assim seja. Nós não temos nenhuma pressa particular, temos?
Ela poderia não ter. — Eu não quero que se preocupe por mim — disse ele. — Eu me acostumei à minha condição. Ninguém mais precisa ser sobrecarregado com ela. Ela tinha tomado seu prato e foi servindo sua comida para ele como se realmente fosse sua esposa e eles estivessem sentados comodamente em sua própria mesa de jantar. — Vamos viajar de uma forma mais descontraída, a partir de amanhã — disse a ele. — Talvez estejamos em nossa lua de mel. Acha que estamos? Seu súbito sorriso parecia travesso. Ele poderia ter desejado, porém, que ela tivesse encontrado algum outro assunto para brincar. Sua lua de mel, de fato! Droga de maldição. — Disse mais cedo hoje, Sra McKay — ele disse — que estava grata por eu não ser seu marido. Eu respondi na mesma moeda. Reafirmo o sentimento agora. Tenho a sensação de que seria um diabo difícil de lidar. — Um diabo difícil de lidar. — Ela largou a faca e o garfo, colocou um cotovelo na mesa, e descansou o queixo no punho. — De verdade, Sir Benedict? Como?
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A voz dela baixou para um sussurro rouco, mas seus lábios estavam curvados para cima nos cantos, e seus olhos estavam dançando com malícia. — Coma seu jantar — ele disse a ela. Ele estava se sentindo superaquecido novamente e não havia sequer fogo na lareira.
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Capítulo 12 Depois do primeiro dia, seguiram viajem como marido e mulher. Era melhor assim, Samantha decidiu, para que ela pudesse usar suas próprias roupas de novo e esquecesse a opressão de seus medonhos vestidos negros. Ela não tinha nada de particularmente novo e nada muito na moda, mas eram roupas que ela mesma tinha escolhido e, em alguns casos, roupas que ela mesma tinha feito, e eles lhe convinham bem o suficiente. Usá-las novamente a fez se sentir mais jovem e mais esperançosa. Fizeram-na sentir ela mesma novamente. Ela o chamou de Ben. Ela havia comentado — após uma de suas breves discussões — que Benedict soava como uma espécie de monge ou santo e que ninguém nunca tinha sido mais inadequadamente chamado. Surpreendentemente, ele concordou com ela e confidenciou que tinha estado sempre desconfortável com seu nome e preferido de longe a forma abreviada. Ela lhe disse que se ele alguma vez a chamasse de Sam ela teria um acesso de raiva. Ele tinha imediatamente a chamado de Sammy e erguido as sobrancelhas para ela. Ela mostrara a língua desviara os olhos em retaliação. Era realmente bom agir infantilmente. Ambos acabaram rindo. Depois de quatro dias de viagem, atravessaram o rio Wye em Wales. A terra de seus antepassados maternos. Ela nunca tinha esperado que a metade de sua herança significasse algo para ela e foi surpreendida com a onda de emoção que sentiu ao saber que estava aqui, finalmente. Ela não sabia nada sobre os parentes da mãe, com exceção de sua tia-avó falecida, que tinha sido a senhorita Dilys Bevan, pronunciado Dil-iss, de acordo com a sua mãe. Ela sempre tinha assumido que não havia outros parentes vivos.
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Mas talvez houvesse. Será que ela queria que houvesse? Mas ela sabia que a resposta era não quase antes de sua mente fizesse a pergunta. Porque, se alguém ainda estivesse vivo, então tinham negligenciado sua mãe e, portanto a ela. E isso seria pior do que se eles não existissem. Mas, de repente, ir à sua casa de campo para viver assumiu um novo significado. Talvez estivesse esperando mais do que apenas um casebre, um prédio em ruínas. Talvez houvesse toda uma história. Uma caixa inteira de Pandora, que ela não queria abrir. Ela deveria esperar que nem sequer existisse. Estava se sentindo um pouco piegas no dia em que passou Tintern Abbey. Eles pararam para ver a ruína, ambos tendo lido e admirado o longo poema de William Wordsworth sobre ela. O edifício e seus arredores profundamente rurais intocados, eram tão bonitos e românticos como foram retratados nesse poema. Colinas arborizadas surgiam em ambos os lados do vale em que fluía o rio Wye, a abadia em sua margem ocidental. Seus dias haviam se estabelecido em uma certa rotina. Samantha levantava-se cedo todas as manhãs para levar Tramp para uma caminhada antes do café, e, em seguida, eles viajavam até que os cavalos estivessem cansados e devessem ser trocados ou, pelo menos, descansados. Eles passavam o que restava das tardes passeando nas imediações da pousada onde tinham parado ou encontrando algum marco local de interesse para explorar. Depois encontravam um lugar confortável para tomar o seu chá. Em seguida, Ben escrevia meticulosamente em seu diário, tendo obtido caneta e tinta, enquanto Samantha levava Tramp para outra caminhada. Em seguida, eles relaxavam em seus quartos separados até que era hora de se encontrar novamente para a refeição da noite. Eles se recolhiam cedo se preparando para os esforços do dia seguinte.
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Neste dia particular, eles retomaram a viagem depois de visitar Tintern, a fim de obter quartos em uma pousada sobre o vale que tinha sido recomendado a eles na noite anterior. Quando chegaram lá, no entanto, houve a descoberta perturbadora que havia apenas um quarto ainda disponível. Era uma câmara grande e confortável, o proprietário garantiu-lhes quando viu a hesitação de Ben, e havia uma bela vista para o vale e através dele a partir de sua janela da sacada. — Nós vamos seguir viagem — disse Ben. — Minha deficiência torna difícil para minha esposa dividir um quarto comigo além de qualquer conforto. Mas a pousada mais próxima, o proprietário informou-os, estava em Chepstow, uma desconfortável longa distância à frente quando eles já tinham viajado mais tempo do que o normal hoje. A viagem fora dura com Ben, Samantha sabia. Embora ele nunca se queixasse, ela tinha aprendido a ler o rosto e as tensões do seu corpo, mesmo o seu sorriso. O que na terra o havia possuído para acreditar que ele poderia passar a vida viajando e escrevendo livros sobre suas viagens? Mas era inteiramente culpa dela que ele estivesse fazendo muito esforço ao viajar nestes dias. — Viemos longe o suficiente — disse ela. — Temos de tomar o quarto, Ben. Será apenas por uma noite. — Não vai se arrepender, senhor — o senhorio assegurou. — Nós temos o melhor cozinheiro entre Chepstow e Ross. Pode perguntar a qualquer um. Ben parecia que estava prestes a discutir. Ele também estava parecendo um pouco pálido e abatido. Eles passaram mais tempo do que deveriam, talvez, andando sobre as ruínas. — Muito bem — disse ele. — Nós vamos ficar aqui.
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O quarto era bonito e limpo, e havia, de fato, uma esplêndida vista da janela, mas não era particularmente espaçoso. Não havia poltrona ou um sofá aconchegante, como Samantha esperava que houvesse. Ela teria ficado feliz em dormir em qualquer um deles. A grande cama alta dominava o ambiente e ocupava a maior parte do espaço. Mas, bons céus, era apenas por uma noite, ela pensou enquanto estavam perto da porta, ambos parecendo muito constrangidos. Ela falou rapidamente. — Suponho que se eu deitar muito perto da borda deste lado e você muito perto da outra borda, haverá espaço suficiente entre nós para acomodar um elefante. — Se você rolar no meio da noite, — disse ele — é melhor ter certeza de rolar da maneira certa. — E qual maneira seria essa? Ela virou-se para sorrir para ele assim como ele virou a cabeça para sorrir para ela. E, de repente, era como se suas palavras fossem escritas em fogo no ar entre eles. — Eu imagino — disse ele, recuperando-se — que elefantes coloquem objeções em serem acordados no meio da noite. — Sim. — Ela foi até a janela, de longe a melhor característica do quarto. — Você prefere que sigamos a Chepstow, afinal? — Perguntou. — Nós ainda poderíamos. — Não, nós não poderíamos — disse ela. — Você está à beira do colapso. Foi muito sobrecarregado por um dia. Vou voltar para baixo e certificar-me de que Tramp está devidamente acomodado. Enviarei o Sr. Quinn até você. Ele não discutiu.
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Ela passou uma hora com o cão, em primeiro lugar sentado em um pouco de palha limpa ao seu lado, com os joelhos quase até o queixo, os braços envoltos sobre eles, e depois caminhando com ele para que ele pudesse cuidar dos negócios antes de se decidir pela noite. Eles tinham conseguido se relacionar bastante bem juntos ao longo da viagem, ela e Sir Benedict — Ben. Eles poderiam falar, rir e ficar em silêncio juntos. Eles podiam aproveitar e fazer um pouco de turismo juntos, apesar da desvantagem de ele não ser capaz de andar rápido ou longe. Mas ele era um homem, e ela não seria humana, supôs, se esse fato não a estivesse afetando, especialmente porque eles tinham, uma vez, compartilhado um beijo e subido juntos, na imaginação, além das nuvens em um balão de ar quente, envoltos em peles contra o frio da alta atmosfera. Às vezes era difícil ignorar sua masculinidade quando compartilhavam os limites estreitos de um interior de carruagem durante o dia. Como seria dividir a cama a noite toda? Quando ela voltou para o quarto, fazendo uma grande quantidade de barulho desnecessário no patamar fora da porta e, em seguida, tomando seu tempo para girar a maçaneta, Ben estava vestido para o jantar e sentava no lado da cama, lendo.Ele colocou o livro de lado e ficou de pé. Fez isso com mais facilidade do que o habitual, ela notou, talvez porque a cama fosse alta. — Vou deixá-la usar o quarto — disse ele — e a esperarei no térreo, na sala de jantar. — Muito bem. Ele estava vestido de forma elegante para o jantar, em preto e branco. Ela desejou que não parecesse tão atraente.
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Ela vestiu um vestido de seda verde e colocou no pescoço as pérolas que seu pai lhe dera como presente de casamento. O único salão de jantar privado na pousada já tinha sido reservado no momento em que chegaram. Havia apenas algumas outras pessoas na sala de jantar principal, no entanto, e nenhuma delas estava perto o suficiente para deixar conversa inconveniente. A comida era excelente. Pelo menos, Samantha pensou que provavelmente era. Ela não prestou muita atenção, para dizer a verdade. Estava muito ocupada mantendo a conversa. Isso a deixava com vontade de morrer, e eles não conseguiam encontrar um tema que requeresse mais que uma pergunta de um deles e uma resposta monossilábica do outro. Oh, que diferença ter que dividir um quarto de dormir fazia. Eles não tinham tido esse problema em qualquer noite anterior. Não a este grau, de qualquer maneira. — Se houvesse apenas um salão de jantar privativo disponível — disse ele, eventualmente — poderia haver uma cadeira em que eu poderia passar a noite. — Se você fosse fazer isso, — disse ela — poderíamos muito bem ter continuado no nosso caminho para Chepstow. Eu teria dormido na cadeira. — Bobagem — disse ele. — Eu nunca teria permitido isso. — Talvez — ela disse — eu não tivesse permitido que você me dissesse o que eu podia ou não podia fazer. — Voltamos a brigar? — Perguntou. — Mas, na verdade, Samantha, nenhum cavalheiro permitiria que uma senhora dormisse em uma cadeira em uma sala de jantar privada, enquanto ele se dava ao luxo de uma cama em um quarto com uma vista.
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— Ah, — disse ela — a vista. Eu tinha esquecido isso. Sem dúvida, então, nesta ocasião eu teria permitido que você fizesse do seu jeito. Um ponto acadêmico, no entanto. Não temos uma sala de jantar privada e por isso nenhum de nós é capaz de fazer o nobre gesto de passar a noite em uma cadeira lá. — Nós dois, na verdade, — disse ele — desfrutaremos a vista. Ela sorriu e ele riu, e Samantha olhou para ele, fixamente por um momento. Ela gostava muito de seu pai, mas ela não conseguia se lembrar de brincar com ele, ou falar bobagem com ele, ou brigar com ele. E embora certamente deva ter rido com Matthew durante o seu namoro e nos primeiros meses de seu casamento, não conseguia se lembrar de alguma vez ser deliberadamente boba com ele, puramente para seu prazer mútuo. Ocorreu-lhe que gostava de Ben Harper, mesmo que ele a fizesse se ouriçar de indignação em ocasiões, e esquentar-se de desejo em outros momentos. Ocorreu-lhe que iria sentir falta dele quando ele se fosse. — Ele tinha uma amante — ela disse abruptamente, e então olhou para ele com alguma surpresa. O que na terra a tinha levado a dizer isso? Ela largou a faca e garfo, apoiou os antebraços sobre a mesa e se inclinou em direção a ele. — Eles já tinham um filho quando ele me conheceu e se casou comigo. Outro foi concebido durante os primeiros meses de nosso casamento. Eu contei isso para dizer que ele não se importava muito comigo e que eu não era muito boa na cama de casal. Ela olhou para ele, chocada. E ela olhou ao redor furtivamente para se certificar de que eles não estavam sendo ouvidos por quaisquer outros clientes.
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Ele olhou de sua faca para o garfo e atrás novamente, antes de baixá-los sobre seu prato e imitar sua postura. Seus rostos não estavam muito distantes um do outro. — Eu acho — disse ele — que você gastou mais de seis anos imaginando que é sexualmente inadequada. Ela meio que esperava ver chamas queimando suas bochechas. — Não — disse ela. — Por que eu deveria permitir que o meu espírito fosse esmagado por alguém que eu não respeitava? Perdi o respeito por meu marido quatro meses após nosso casamento. Essa é uma terrível admissão para fazer, não é, a um quase estranho? — Eu sou um quase estranho — disse ele. — E estou prestes a me tornar menos que um. Estamos para passar a noite oscilando nas bordas opostas da mesma cama, não estamos? — Alguma vez você já teve uma amante? — Perguntou a ele. — Por muito tempo? — Disse. — Não. E nunca qualquer criança. E mesmo que eu tivesse uma amante, eu a deixaria antes de casar com alguém. E ninguém iria substituí-la. Nunca. — A sobrinha do coronel era muito bonita? — Perguntou ela. Ele considerou. — Ela era bonita. Era pequena e delicada, toda sorrisos, covinhas, cachos e cachos loiros, e grandes olhos azuis. — Tal mulher certamente não estaria disposta a seguir o tambor com você.
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— Mas ela já estava fazendo isso com seu tio — ele disse a ela. — Ela parecia uma boneca de porcelana. Na realidade, ela era tão resistente como pregos. — Lamentou sua perda? — Eu não posso dizer que dedicou mais do que um pensamento passageiro por pelo menos dois anos — disse ele. Então eu fiquei muito agradecido por não termos nos casado. — Eu ouso dizer que ela engordou — disse ela. — Pequenas loiras bonitas costumam fazer isso. Seus olhos riram dela, e ele estendeu a mão sobre a mesa e tomou uma de suas mãos entre as suas. — Eu acredito, Sammy, — disse ele — que você está com ciúmes. — Ciumenta? — Ela tentou retirar a mão, mas ele apertou seu abraço nela. — É perfeitamente ridículo. E como você ousa me chamar por esse nome quando especificamente pedi que não o fizesse? — Eu acho que você me quer — disse ele. — Absurdo. Os olhos dele estavam rindo, mas o estômago dela estava apertado em nós. Não era verdade. Oh, é claro que era verdade. Ele não acreditava no que estava dizendo, no entanto. Ele estava apenas brincando com ela. Ele estava deliberadamente tentando contrariá-la e foi bem sucedido. — Eu acredito — disse ele — que você quer provar que é boa na cama depois de tudo.
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— Oh! — Ela ficou deselegantemente boquiaberta e puxou a mão de entre as dele quando se levantou abruptamente. — Como você ousa. Oh, Ben, como você se atreve? De alguma forma, ela se lembrou de manter a voz baixa. — Você pode ter perdido o respeito por seu falecido marido — ele disse — e você pode ter se recusado a permitir que sua infidelidade quebrasse o seu espírito, mas ele a machucou mais do que você imagina, Samantha. Ele era um tolo. E um dia você terá a prova de como é desejável. Mas não esta noite. Você está bastante segura comigo, eu prometo, apesar da situação em que nos encontramos. Eu não vou tirar vantagem de você. Ela estava quase decepcionada. — Vá em frente até o nosso quarto agora — disse ele — já que parece ter acabado de comer. Vou ficar aqui por um tempo. Ela passou sem uma palavra de protesto, embora pudesse ser dito que ele tinha emitido um comando.
Ele era um tolo. Você terá a prova de como é desejável. Eu acredito que você quer provar que você é boa na cama, depois de tudo. Eu acho que você me quer. E eles iriam passar a noite juntos. Ele deveria ter escrito não só para Hugo, Ben pensou enquanto bebia seu porto, mas também devia ter escrito para Calvin em Kenelston. E, provavelmente, a Beatrice. Sem dúvida, ela logo saberia que Samantha tinha desaparecido de Bramble Hall e que ele havia deixado Robland muito cedo no mesmo
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dia. Ele se perguntou se ela iria fazer a conexão. Mas, se o fizesse, ele não acreditava que ela iria compartilhar suas suspeitas com alguém. Será que qualquer outra pessoa faria a conexão? Ele duvidava, já que tinha tomado cuidado para não ser visto com Samantha. Ninguém saberia que ele tinha sido mais do que um conhecido que se encontrara com ela, e sabia-se que ele estava prestes a deixar Robland de qualquer maneira. Ele ainda poderia escrever as cartas, é claro. Poderia pedir papel, caneta e tinta e escrevê-las agora, antes que subisse as escadas. Mas ele estava relutante em fazê-lo. Havia algo bastante sedutor sobre a idéia de simplesmente desaparecer sem deixar vestígios durante um tempo. Ele poderia ir para onde quisesse e fazer o que quisesse sem ter de prestar contas a ninguém. Esse sempre foi o caso, é claro, mas... Bem, ele queria ser completamente livre para permitir que esta aventura se desenvolvesse. Não queria os amigos e parentes murmurando ao fundo com um ou outro incentivo ou desaprovação. Samantha ainda estava acordada quando ele voltou para o quarto, embora tivesse permanecido na sala de jantar por tempo suficiente para dar-lhe a oportunidade de estar sob as cobertas e, pelo menos, fingindo estar dormindo, se ela assim quisesse. Ele tinha esperança que ela fosse tomar essa opção. Ela estava sentada na cama de camisola, suas pernas dobradas para um lado, apenas seus pés descalços visíveis sob a bainha, seus braços levantados para remover os grampos de seu cabelo. Não era uma pose deliberadamente sedutora. No entanto, fez algo desconfortável com sua respiração. — Achei que você estaria dormindo — ele disse a ela. — Ou fingindo dormir, eu suponho, — ela disse — enrolada como uma bola, respirando profundamente e uniformemente, de
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modo que você pudesse passar por mim, deitar-se do outro lado e fazer o mesmo? Ele fechou e trancou a porta. — Eu considerei isso, — ela confessou — mas você saberia que eu não estava realmente dormindo, e então eu saberia que você não estava e que teria ficado acordado toda a noite, cada um de nós na esperança de que estivéssemos fazendo um melhor trabalho de fingir que o outro. Ele riu. — Deixe-me ajudá-la a fazer isso — disse ele, aproximandose e apoiando as bengalas contra o pé da cama antes de se sentar ao lado dela. — Eu poderia dizer que você está fazendo um ninho de pássaro com seu cabelo, mas acredito que seria um insulto para a ave em questão. — Bem, — ela disse, abaixando os braços — você me deixa nervosa, Ben, e eu não consigo, por minha vida, me separar dos últimos grampos. Eu acredito que eles estão perdidos para sempre. Ele encontrou, os removeu e seu cabelo caiu sobre os ombros e as costas, pesado, um brilhante cabelo cigano, quase preto. — Eu pretendia — ela disse — tê-lo cuidadosamente trançado antes que viesse para cima. Você não poderia ter ficado no bar da pousada para beber um conhaque, ou porto, ou seja o que for que você bebe depois do jantar? — Porto — disse ele. — Escova? — Ele estendeu a mão, e ela tirou uma escova do pequeno baú ao lado da cama e entregou a ele. Ele fez um movimento giratório com um dedo. — Vire-se. O cabelo dela chegava até a cintura e quase tocava a cama atrás dela. Cheirava levemente a gardênia. Sua camisola era de
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algodão branco e a cobria decentemente como seus vestidos o faziam durante o dia. Exceto que era uma camisola e ela, obviamente, não vestia nada abaixo dela — ou qualquer outra coisa, imaginava. E seus pés estavam descalços. E ela estava sentada em uma cama. Ele passou a escova no cabelo. Deslizou-a para baixo, das raízes até as pontas. — Duzentas passadas — disse ela. Ele sentiu um aperto imediato em sua virilha. Duzentas? — Todas as noites — acrescentou. — Você conta? — Sim. Foi a maneira que minha mãe me ensinou os números. Ela era completamente inconsciente do duplo significado de suas palavras. Ele contou em silêncio. — Eu tinha dezoito anos — disse ela quando ele estava em trinta e nove escovadas. — Apenas. Tinha acabado de ter meu aniversário. Tinha me casado há pouco menos de quatro meses. Ele não a interromperia. Se ela precisava contar a história que tinha começado no andar de baixo, então iria ouvir. Ele tinha toda a noite, depois de tudo, e sabia, por suas experiências em Penderris, que era importante que as pessoas permitissem às outas contar suas histórias. Quarenta e cinco. Quarenta e seis.
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— Eu estava tão profundamente apaixonada, — ela disse — que não achava que o mundo era grande o suficiente para conter tudo. A juventude é uma época perigosa da vida. Sim, poderia ser. Cinquenta e um. Cinquenta e dois. Cinquenta e três. — Pensei que seu amor por mim fosse intenso — disse ela. — Eu pensei que nós estávamos vivendo o felizes para sempre. Quão tolo os jovens pode ser. Devo contar-lhe porque ele se casou comigo? — Se você quiser. — Cinquenta e nove. Sessenta. — Ele sempre tinha sido o rebelde da família — disse ela. — Odiava todos eles, especialmente seu pai. Mas seu pai nunca podia deixá-lo sozinho. Era para ele se casar com alguém adequado, adequado nos olhos do conde, isto é. Ele até nomeou algumas candidatas possíveis. Matthew era onze anos mais velho do que eu, você sabe. Ele me conheceu em uma assembleia, achou-me muito bonita e ardente e, oh, como ele estava certo sobre o último! Eu estava pateticamente apaixonada.Eu usava o meu coração não apenas na minha luva, mas no meu nariz, minha testa, minhas bochechas e meu peito e... Bem. Basta dizer que eu não fazia segredo da minha adoração. Era patética. — Você era muito jovem — disse ele. Bom Deus, ela tinha apenas vinte e quatro agora. — Você estava sendo cortejada por um militar bonito. — Onde eu estava? — Perguntou ela. Ele não sabia onde ele estava. Ele havia perdido a conta. Sessenta e nove? Setenta? — Ele imaginava-se apaixonado por mim, é claro, ou ouso dizer que ele não teria feito o que fez. Mas também lhe ocorreu que seria uma piada esplêndida sobre seu pai se ele se casasse comigo. Eu era a filha de um cavalheiro de nenhuma
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distinção particular. Isso teria sido ruim o suficiente aos olhos de seu pai. Ele sabia também, porém, que eu era filha de uma atriz e neta de alguns galeses desconhecidos e uma cigana. E então ele se casou comigo. Ele manteve um silêncio digno sobre essa parte de sua motivação até que eu descobri a existência de sua amante, e então ele me falou sobre isso, por despeito suponho, embora risse quando contou e me convidasse para compartilhar a piada com ele. Foi engraçado, porque conseguiu tudo o que esperava. O conde de Heathmoor ficou irado. Quando me recusei a permitir que Matthew me tocasse depois que fiz minha descoberta e, em seguida, ele se recusou a me levar para a Península com seu regimento e me enviou a Leyland Abbey, ao invés disso, novamente por despeito, o que me fez sentir que eu era mais baixa na escala de importância do que o servo mais humilde. Mas porque eu era uma nora na casa, eu devia ser submetida a um regime rigoroso de reeducação. Eu não tinha mais que dezenove anos quando fui para lá. Ele abaixou a escova para a cama. — Eu não estou pedindo sua piedade — disse ela. — Deus me livre. Minha vida é como é. Há vidas piores. Nunca passei fome ou fiquei literalmente sem-teto. Ninguém jamais usou violência física em mim pior do que tapas ocasionais ao longo dos dedos ou palmadas no traseiro quando eu era uma criança. E agora me é oferecido o dom da liberdade, um casebre e uma pequena renda com que me divertir. Você entende o quanto é uma coisa maravilhosa para uma mulher, Ben? Eu posso ser uma nova pessoa. Ela se virou para ele na cama e colocou seus pés para a direita, fora da vista. — Então por que o olhar triste? — Perguntou. — Eu pareço triste?
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— Suponho — disse ele — que é porque você foi forçada a trazer uma pessoa idosa com você. Ela fez uma careta. — Por que isso? É como um incômodo. — Mas como você poderia sentir alegria — ele perguntou a ela — se você não tivesse também conhecido a melancolia e o sofrimento? — Existe a alegria para sempre? — Seus olhos escuros procuraram seu rosto, como se a resposta estivesse escrita ali. Ele abriu a boca para lhe assegurar que, evidentemente, havia. Mas existia? Quando ele a tinha sentido? Quando chegara a Penderris Hall, há alguns meses, para a sua estadia anual lá com seus amigos? Isso tinha sido um momento feliz, mas e se tivesse sido alegria? Ele desejava que não tivesse usado a palavra com ela. Era uma palavra perturbadora. E esse era o seu problema? Que onde quer que fosse, ele teria que levá-lo com ele? Foi em negação desse fato de que ele tinha decidido viajar? A eterna busca para escapar de si mesmo, a partir do corpo que arrastava, grotesco e deselegante, e que o impedia de viver a vida que queria viver? — Nós temos que acreditar que há alegria — disse ele. — Enquanto isso, temos que acreditar que nossas vidas valem a pena. Ela levantou uma mão e pousou-a contra sua bochecha, seus dedos empurrando em seu cabelo. A mão dela era suave e fresca. — É ingrato de mim — ela disse — ter ganhado a liberdade e uma nova vida e ainda me sentir um pouco deprimida. Você vai encontrar um sentido para a sua vida.
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— Eu vou ser um escritor de viagens mundialmente famoso. — Ele sorriu. — Você vai encontrar o que está procurando, Ben — disse ela. — Você é um homem bom. — E o bom e gentil são recompensados com realização e felicidade? Ele ficou surpreso ao ver lágrimas iluminarem os olhos dela, embora elas não escorressem por suas bochechas. — Eles deveriam ser — disse ela. — A vida deveria funcionar dessa maneira, embora saibamos que nem sempre acontece. Ele soltou a escova, pegou-a pela cintura, puxou-a contra ele, e beijou-a. Ela colocou os braços sobre ele e beijou-o de volta. Seus lábios se agarraram. A respiração se misturava. Ela estava quente, macia, perfumada, muito feminina. Ele estava consciente, mesmo com os olhos fechados, de sua camisola e pés descalços, de seu cabelo solto pelas costas, da cama abaixo deles. Houve um aumento de calor, um aperto na virilha novamente. Ela deslizou seus pés para fora de sua camisola e ele, de alguma forma, colocou as pernas em cima da cama, e suas mãos estavam em seus seios, pesados e firmes sob o algodão de sua camisola, e as mãos dela estavam sob o casaco, dentro de seu colete, quentes contra a parte de trás de sua camisa. Ela tinha deitado sobre a cama, e ele a seguiu, com a mão debaixo da bainha de sua camisola, deslisando em seu caminho até o calor da parte interna de sua coxa. Sua língua simulava em sua boca o que ele gostaria de fazer com seu corpo. Seu peso estava pressionado contra os seios dela.
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Ele tinha feito uma promessa no andar térreo apenas uma ou duas horas atrás.
Mas não esta noite. Você está bastante segura comigo, eu prometo, apesar da situação em que nos encontramos. Eu não vou me aproveitar de você. Ele tentou ignorar a voz em sua cabeça — sua própria voz. Não conseguiu, no entanto. Ele levantou a cabeça e olhou-a nos olhos cheios de paixão. — Nós não podemos fazer isso — disse ele. Ela não disse nada. — Nós lamentaremos — disse a ela. — Teria sido provocado inteiramente por este quarto. Vamos nos arrepender. Idiota, pensou ele. Tolo. — Será que vamos? — Ela suspirou, mas ele podia ver que estava voltando para seus sentidos. — Você sabe que sim. — Ele sentou-se, abaixando a barra da sua camisola enquanto fazia isso, e levantou-se sem usar suas muletas. Colchões altos eram sempre uma bênção para ele. — E, no entanto, — ela disse — é bastante aceitável para uma viúva ter um caso, desde que ela seja discreta sobre isso. Eu aprendi isso quando eu estava com o regimento de Matthew. Eu acho que seria um grande uso da liberdade — ter um caso. — Comigo? — Ele não se voltou para olhá-la. — Com um homem que quisesse estar comigo tanto quanto eu quisesse estar com ele — disse ela. — Talvez com você, Ben. Um dia desses. Mas não esta noite. Você está certo sobre isso. Parece um pouco sórdido.
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Ele tomou algumas respirações lentas. — Agora, — ele disse — se você fosse para debaixo das cobertas e fingisse cair em um sono imediato para poupar minha modéstia, eu me livraria de algumas das minhas roupas e subiria do outro lado. E amanhã, e a cada outra noite de nossa jornada, vamos continuar o nosso caminho, mesmo que a distância seja de cem milhas, até encontrar uma pousada que possa nos acomodar adequadamente e separadamente. Ela desceu da cama, subiu debaixo das cobertas tão na borda para o lado dela que era um milagre que ela não caísse, puxou as cobertas sobre a cabeça, e roncou suavemente. Ele sorriu e fez o seu caminho de volta para o outro lado. — O único problema é — disse ela quando ele estava saindo do seu colete — que quando um dia desses chegar, você vai estar muito longe da minha vida. — Silêncio — disse ele, e ela começou a roncar novamente. Ele apagou a vela e subiu na cama, tão na borda do seu lado como era possível. Ele seria a piada do clube dos oficiais, pensou, se um dia fosse imprudente o suficiente para contar sobre os feitos desta noite — ou da ausência desses feitos. Não que ele alguma vez voltaria a estar em qualquer clube de oficiais. Ele olhou para o contorno pálido da janela da sacada.
Ele nunca mais estaria em qualquer clube de oficiais. O exército não aceitava aleijados.
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Capítulo 13 As primeiras impressões de Samantha, quando acordou, foram de calor e conforto. Ela tinha certamente gozado de sua melhor noite de sono em um longo tempo. E então, enquanto ia despertando, outras impressões se intrometeram. Seu nariz estava praticamente pressionado contra o peito nu, que se levantava e caía, em um ritmo constante da respiração de seu dono. O calor do corpo a envolveu e a fez desejar mover todo o seu corpo mais perto apesar de já se encontrar assustadoramente perto. Um de seus braços estava sobre ela debaixo das cobertas. Tanta coisa para uma noite sem dormir, cada um deles virtuosamente pendia de suas respectivas bordas da cama. Samantha nunca tinha dormido com um homem. Dormir, era isso, em oposição a ter relações conjugais com alguém. Por quase quatro meses após seu casamento, Matthew tinha ido a sua cama quase todas as noites, mas ele sempre tinha retornado à sua própria depois. De alguma forma, isto parecia quase tão íntimo como essas breves sessões tinham sido, talvez porque tivesse sido há tanto tempo que ela tinha esquecido o que era a verdadeira intimidade. Eles tinham chegado perto de fazer amor a noite passada, até que a consciência o ferira. Ela não tinha certeza se estava feliz ou com pena. Ele estava dormindo. Ela podia senti-lo na profundidade de sua respiração e o relaxamento quente do seu corpo. Estava tentada a voltar a dormir. Mas o bom senso prevaleceu. O que realmente precisava fazer era retirar-se da cama, ou pelo menos desta parte específica da mesma, antes dele também acordar. Ele poderia acreditar que ela tinha feito isso deliberadamente.
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Considerou sua estratégia. Seu braço estava pesado em torno dela. Uma de suas pernas estava presa sob uma das dele. Uma de suas mãos estava espalmada sobre seu peito. A outra estava descansando ao lado da sua cintura, só agora ela percebeu isso. Era plena luz do dia. Só Deus sabia que horas eram. Poderia ser o amanhecer ou poderia ser o meio-dia. Realmente dormira profundamente. Se contorceu para libertar sua perna. Levantou a mão de sua cintura e tirou o nariz de seu peito e, em seguida, a outra mão. Recuou debaixo do braço. Fez tudo isso em não mais de cinco ou dez minutos. Ele respirou fundo, exalou audivelmente, e calou-se. Ela afastou-se um pouco mais. Se ela se virasse agora, poderia balançar as pernas sobre a borda da cama, sentar-se e depois levantar-se e ficar segura, mesmo se ele então acordasse e a visse em sua camisola amarrotada, os cabelos soltos e emaranhados sobre a cabeça e ombros e ao longo de suas costas. Ele não saberia... — Acho — ele disse assim que ela se sentou, com uma voz de perfeitamente normal — que você não conseguiu pregar o olho a noite toda. — Eu dormi um pouco — ela admitiu em um tom para coincidir com o dele. Não virou a cabeça para olhar para ele. — Deixei-lhe espaço suficiente? — Perguntou. — Não lhe toquei inadvertidamente? — Oh, não — disse ela. — Havia muito espaço. — Samantha McKay, — ele disse, — você certamente vai queimar no inferno pela eternidade. Está mentindo entre dentes. Ela soltou um grito enfurecido e levantou a cabeça para encará-lo. Agarrou seu travesseiro e atirou nele.
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— Você, senhor —, disse ela, — não é cavalheiro. Pode pelo menos fingir acreditar que mantivemos as nossas próprias bordas da cama. Ele apertou o travesseiro contra o peito. — Eu acordei em algum momento no meio da noite — disse ele — ao descobrir que eu tinha rolado para o centro da cama e que você tinha feito o mesmo. Para ser justo, não acredito que qualquer um de nós fosse o agressor. Você resmungou alguma bobagem e me agarrou quando eu teria batido uma retirada estratégica de volta para o meu limite, e, sendo o cavalheiro que sou, ao contrário de sua acusação injusta, fiquei onde estava e permiti-lhe se enterrar contra mim. Ela gritou novamente e agarrou seu travesseiro para poder arremessá-lo em sua cabeça mais uma vez. — E você — ela disse, — vai fritar. Eu não fiz isso. E se tivesse sido o cavalheiro que professa ser, você teria se movido, não apenas para a borda da cama, mas logo depois para o chão com seu travesseiro. — Você estava meio deitada sobre ele — disse ele. — E sendo um cavalheiro... — Ele completou a frase com um sorriso. Ela olhou para ele. Ele estava se divertindo, pensou, e assim, estranhamente, ela estava também. O que parecia terrivelmente estranho e constrangedor, apenas um minuto ou mais atrás, se transformou em... divertido. Mas oh, céus, ele parecia desgrenhado e quase infantil. E atraente. Seria realmente maravilhoso fazer amor com ele. — O quê? — Disse ele. — Você não tem resposta? — Você poderia ter tomado o meu travesseiro, então — disse ela. — Mas você estava meio sobre ele também.
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— Coitado — disse ela, apertando os olhos. — E assim ficou condenado a passar o resto da noite no meio da cama, com apenas metade de um travesseiro para o seu conforto. — Eu não estou reclamando — disse a ela. Entrelaçou as mãos atrás da cabeça e olhou complacente. — Travesseiros não são a única fonte de conforto. — Hmm. — Ela se levantou. — Vire as costas e puxe os lençóis sobre sua cabeça. Vou me vestir. Não creio que alguém tenha alimentado e dado água a Tramp esta manhã ou o tenha deixado solto no quintal do estábulo. Ele fez como lhe foi dito com grande ostentação, e Samantha se vestiu rapidamente, um sorriso no rosto, e passou a escova no cabelo antes de o torcer e atar em seu pescoço. — Vou vê-lo no café da manhã em meia hora ou algo assim — ela disse quando saiu do quarto. Ele roncava suavemente sob as cobertas, como ela fizera na noite passada. Ela estava rindo quando fechou a porta. Como sua vida mudou no espaço de uma semana. Ela quase não se reconheceu apesar do que tinha sido dito na noite passada sobre ter que tomar-se com ela onde quer que fosse. Não conseguia se lembrar de uma época em que havia simplesmente gostado da companhia de outra pessoa, quando rira e brincara com essa pessoa e falado bobagem. E atirado travesseiros. E compartilhado uma cama. Sentiu um desejo que enfraqueceu seus joelhos. Ia sentir terrivelmente a falta dele quando chegassem em sua casa de campo e ele retomasse suas viagens. Mas iria pensar nisso quando chegasse o momento. Tramp a saudou como se tivesse estado encerrado sozinho por pelo menos uma semana em sua tenda perfeitamente confortável.
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Eles falaram sobre o clima e a paisagem. Falaram sobre livros, ela tinha lido muitos durante os cinco anos de doença do marido, e ele tinha lido um número razoável durante os anos de sua convalescença e desde então. Falaram mais sobre as suas famílias e as casas onde haviam crescido, sobre seus anos de crescimento, os amigos que tinham tido, os jogos que jogaram, os sonhos que tinham sonhado. Falaram sobre música, embora não declarando qualquer proficiência em um instrumento musical. Cuidadosamente evitaram qualquer situação ou tema que pudesse inflamar a atração que, sem dúvida, sentiam um pelo outro. Às vezes falaram bobagens e riram como crianças tolas. Era ridiculamente bom. Às vezes, brigavam, embora mesmo aqueles geralmente terminassem em um disparate e risos.
surtos
Conversaram com companheiros de viagem em pousadas onde permaneceram e em lugares de interesse que visitaram. Ben começou a pensar que talvez gostasse de viajar, apesar de tudo. Ele tinha certeza de que teria permanecido em West Wales se estivesse sozinho. Estava fascinado pelas novas indústrias que estavam brotando, as minas carvão e as preocupações de envio associados às metalúrgicas. Teria gostado de fazer alguns desvios, em Rhondda e Swansea Vales, por exemplo, para ver as indústrias funcionando. Talvez fosse voltar um dia e adicionar capítulos a seu livro, que não estava interessado exclusivamente com a beleza pictórica. Mas ainda não. Depois que tinha visto Samantha resolvera que iria querer colocar a maior distância possível entre ele e ela. — Eu estive pensando —, disse ele na manhã em que deixaram Swansea para trás e seguiram para West Wales — que depois de você fixar residência em sua casa de campo, vou tomar
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o caminho até a costa oeste de Gales, em vez de retornar pelo caminho que temos feito. Vou ver Aberystwyth, Harlech, Monte Snowdon e, em seguida, viajarei ao longo da costa norte. Seus olhos escuros, esses adoráveis e expressivos olhos, que pareciam ter ficado mais vivos desde que deixaram County Durham, olhavam firmemente para trás em seu próprio país. Ela estava usando um primaveril verde pálido naquele dia e parecia jovem, saudável e bonita. E desejável, embora ele tentasse ignorar esse pensamento. Estava muito feliz por não terem se tornado amantes naquela noite. Ia ser suficientemente solitário, sair por sua conta, sem a complicação adicional de ter cedido a um caso com ela. Ou será que ele não se arrependeria de não ter alcançado o prazer, quando certamente tinha sido oferecido? — Certamente haverá algum cenário bonito nessa rota —, disse ela, meio desviando o rosto para olhar para fora da janela. — Já houve, não? Sendo à vista do mar a maior parte do tempo me fere aqui. — Ela bateu a extremidade de um punho enrolado contra seu estômago. — Ou talvez seja o próprio País de Gales que está me afetando. — Ela realmente se sentia como em um país diferente, mesmo que a maioria das pessoas falasse inglês. — Mas, oh, o sotaque, Ben. É como a música. — Penderris está perto do mar — disse ele. — Eu disse-lhe isso? É no topo de uma falésia alta na Cornualha. — Com areias amarelas, como existem em todos os lugares aqui? — Perguntou ela. — Sim. Muita areia abaixo dos penhascos. Eu só posso olhar ao longo da praia quando estou lá. Mas é uma bela vista. — Você não nada então?
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— O fiz há muito tempo — ele disse a ela. — Como um peixe. Ou uma enguia. Especialmente em águas proibidas. O lado mais profundo do lago em Kenelston sempre foi infinitamente mais convidativo do que o lado do rio, onde a água não era mais profunda do que a cintura alta, mesmo para um menino. Como poderia fingir ser um peixe que se preze lá? Mas estou divagando. Ela virou o rosto para ele, enquanto o cão fungou em seu sono no assento da frente e mudou o queixo para uma posição mais confortável. Ele viu no rosto dela uma consciência do fato de que sua jornada juntos estava chegando ao fim. — Quando chegarmos em Tenby, — ele disse — tem que haver algumas mudanças. O Sr. Rhys, o advogado que estava cuidando de sua casa de campo, tinha seu escritório lá. Como ela não tinha a chave da casa ou nem mesmo sabia exatamente onde ficava, teriam que encontrá-la. E então tudo mudaria. Ou poderia viver na casa ou não poderia. Deveriam descobrir a resposta a essa pergunta em primeiro lugar e proceder a partir daí. Mas não havia nenhum ponto em se perguntar qual seria o próximo passo se descobrissem que ele não poderia. Ela levantou as sobrancelhas. — Você soa como um oficial prestes a emitir ordens aos seus homens. Quais são elas, senhor? — Quando chegamos lá, — ele disse — você vai ter que voltar a ser uma viúva Sra. McKay, e eu vou ter que ser o Major Sir Benedict Harper, amigo do falecido Capitão Matthew McKay, escoltando-a como resultado dessa promessa que eu lhe fiz no leito de morte. Mas deve ter uma criada, você sabe, para adicionar alguma aparência de decoro tendo viajado tão longe juntos.
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Suas sobrancelhas permaneceram elevadas enquanto franzia a testa em pensamento. — Ela acompanhou-a até Tenby, — disse ele — mas se recusou a dar um passo mais longe da Inglaterra ou mesmo ficar lá. Você teria sido forçada a enviá-la de volta para a Inglaterra no mesmo dia em que invocou o seu advogado. Vai precisar de uma substituta imediata, é claro, mesmo antes de se mudar para sua casa de campo. E vai precisar de um ou dois outros criados, ouso dizer, uma governanta, uma cozinheira, ou talvez alguém que possa servir em ambas as capacidades, especialmente se a casa for pequena. Talvez um trabalhador braçal. Uma dama companhia. — Você não precisa se preocupar com esses detalhes, Major Harper — disse ela, de costas para a janela agora, olhando fixamente para ele. — Vou gerir. E ouso dizer que o Sr. Rhys estará dispostos a aconselhar-me. Ele sorriu desculpando-se. — Eu vou me preocupar. — Por quê? — Perguntou. — Porque sou uma mulher? — Porque tudo aqui será novo e estranho para você — disse ele. — Porque estará sozinha. — E porque sou uma mulher. Ele não a contradisse. Mas não foi apenas isso. Era algo que ele fazia, organizar as pessoas e eventos, gerenciá-los. Ou melhor, era algo que ele tinha feito quando era um oficial. Era algo que ele gostava, algo que perdeu, mas que podia, é claro, ter tomado, sobre o funcionamento de sua própria propriedade há três anos ou em qualquer altura desde então. — Isto parece como um adeus — ela disse suavemente. — Acredito que você vai ser feliz nesta parte do mundo — disse ele. — Você já parece ter um certo sentimento de pertença.
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— Tenho. — No entanto, parecia haver uma tristeza em seus olhos.
Parece como um adeus. Sim, ela iria se estabelecer aqui, desde que o chalé fosse habitável. Ela certamente teria alguns vizinhos e gostaria de fazer amigos, e depois de um tempo decente iria encontrar um digno galês, se casar e ter filhos. Ela seria feliz. E estaria livre para sempre da influência perniciosa de Heathmoor e o resto dos parentes. E ele nunca saberia de nada. Isso não importava, entretanto. Ele logo iria esquecê-la, enquanto ela se esqueceria dele. Apenas parecia, naquele momento, que ele nunca poderia.
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Capítulo 14 Eles chegaram a Tenby no início de uma tarde em um dia fresco e tempestuoso, com nuvens brancas deslizando através de um céu azul. Era uma bela cidade montanhosa, construída sobre altas falésias, com vista para o mar a partir de uma série de ruas dianteiras. Alugaram quartos em um hotel no topo da cidade e começaram a descer para as instalações de Rhys e Llywellyn, seu cocheiro tinha investigado sobre a direção, enquanto eles estavam assegurando os seus quartos. Mr. Llywellyn não estava, foram informados, mas o Sr. Rhys teria o prazer de vê-los se aguardassem alguns minutos até que ele estivesse livre. Samantha sentiu algum medo, como se tivesse acabado de entrar no gabinete de um dentista. Muito, talvez todo o resto de sua vida, dependia do que aconteceria no próximo tempo. Se a casa não fosse viável, então ela não sabia o que faria. Se fosse, então Ben iria partir muito em breve. Tentou não pensar nisso, claro que se fosse capaz de pensar em outra coisa. Ela iria sentir falta dele. Bem, é claro que sentiria. Mas essa percepção simples não explicava o poço profundo de vazio que sentiu que estaria esperando por ela quando visse sua carruagem partir sem ela, para sempre. Duvidava que iria vê-lo novamente. Era um pensamento sombrio para adicionar à monotonia do fato de que estava usando o negro novamente, depois de jurar que nunca mais o faria. Não estava usando o véu sobre o rosto, no entanto. Mr. Rhys, um homem baixo, de cabelos brancos, bem vestido, que parecia como se certamente deveria ter se aposentaram há anos, saiu de sua sala não mais que três minutos
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depois de se sentarem, com o rosto envolto em sorrisos. Ele estendeu a mão direita para Samantha. — Senhora. McKay? —, Disse. — Bem, esta é uma surpresa bem-vinda. E o Major Sir Benedict Harper? Como está, senhor? Ele apertou a mão de ambos vivamente e conduziu-os a seu escritório depois de instruir seu funcionário para trazer um bule de chá. Dirigiu-os para duas cadeiras e tomou o seu lugar atrás de uma grande mesa em uma cadeira um pouco maior do que a deles, Samantha notou com algum divertimento. — Não posso dizer que se parece com a senhorita Bevan, sua tia-avó, Sra McKay — ele disse a Samantha. — Acredito que, no entanto, tem um pouco do olhar de Miss Gwynneth Bevan, sua sobrinha, sua mãe. Ela era apenas uma menina quando a vi pela última vez, mas prometia ser uma grande beleza. Estou muito contente por vir em pessoa. O chalé de Miss Bevan, agora seu, é claro, tem estado desocupada há uns anos, e eu estive pensando ultimamente se teria novas instruções para mim. Faz um ano desde a última vez soube do Reverendo Saul, seu irmão, que escreveu, como de costume, em seu nome. Eu teria escrito novamente em breve, mas assim é muito melhor. Samantha fez uma careta. John tinha realizado negócios com o Sr. Rhys em seu nome? Ele certamente não lhe tinha enviado qualquer carta, apenas aquela não muito depois da morte de seu pai. Teria tomado seu silêncio, nessa ocasião, como permissão para executar seus assuntos por ela? — O chalé está habitável, Mr. Rhys? — Ela se sentiu como se tivesse estado prendendo a respiração desde que ela chegara ali. — Pode haver um pouco de pó — disse ele. — Tenho mandado limpar apenas uma vez por mês. Mandei trabalhadores há poucos meses atrás, para lidar com alguma umidade na
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despensa, mas não foi nada sério. O jardim não é tão bonito como Miss Bevan sempre manteve. As flores têm sido negligenciadas, mas tenho a certeza que a grama é cortada algumas vezes por ano. A senhora pode encontrar os móveis um pouco antiquados, mas são sólidos o suficiente, da melhor qualidade e têm estado protegidos. O interior provavelmente precisa de uma camada de tinta, e as esteiras podem estar um pouco surradas. Mas eu diria que poderia obter um preço decente por ele se quiser vendê-lo. — Oh, mas eu gostaria de viver lá — ela disse a ele. Ele sorriu e esfregou as mãos. — Estou muito contente em ouvir isso — disse ele. — Casas foram feitas para ser vividas, eu sempre digo, de preferência por seus proprietários de longa data. Há ainda algum do dinheiro do aluguel deixado na conta aqui. Tomei a partir dele apenas o que tem sido necessário para manter a casa. E o resto do dinheiro está intacto. — O resto do dinheiro? interrogativamente para ele.
—
Samantha
olhou
— A Senhorita Bevan não estava na posse de uma grande fortuna, — Mr. Rhys explicou em seu lindo sotaque galês. — Mas ela foi deixando uma soma de lado quando o velho Sr. Bevan, seu pai, faleceu. Ela não gastava muito, viveu frugalmente toda a sua vida e sempre disse que estava contente assim. A Sra. Saul, sua mãe, não retirou nenhum desse dinheiro. Tem estado em uma conta aqui há muitos anos, reunindo uma quantia interessante. Não apenas havia dinheiro, bem como uma casa habitável? Por que ela não sabia nada sobre isso? Quem tinha conhecimento? Papai? John? Ela não perguntou quanto dinheiro havia. Nem pediu quaisquer detalhes sobre o chalé. Ela suponha que nenhum deles seria de tamanho significativo. Mas se sentiu uma tola por não
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saber e se perguntou se a culpa era sua. Nunca tinha perguntado, mas sua mãe tinha falado tão depreciativamente sobre a propriedade que fez parecer que não valia nada. Samantha estava satisfeita, porém, por saber que havia um pouco de dinheiro, bem como a casa. Não tinha sido deixada sem um tostão quando Matthew morreu, mas apenas o necessário para uma situação confortável. As poucas libras a mais seriam muito bemvindas, especialmente se a casa precisava de novos tapetes e uma nova camada de tinta. Ela trocou um olhar com Ben, e ele sorriu. Mas tudo isso significava, é claro, que ele não teria mais razão para ficar com ela. Fato pelo que ele estaria certamente muito grato. Ela não era realmente da sua responsabilidade, depois de tudo. A casa ficava apenas a alguns quilómetros ao longo da costa, explicou o Sr. Rhys depois que o funcionário trouxera o chá e um prato de biscoitos doces. Era perto da vila de Fisherman’s Bridge embora separada por dunas de areia, que escondiam a casa de campo. A praia em frente tinha sido sempre considerada parte da propriedade e nunca fora usado por qualquer pessoa, exceto os habitantes da casa de campo. Ele não aconselharia à Sra. McKay a ir para lá naquele dia ou mesmo no dia seguinte. Gostaria de ter a casa limpa para a sua primeira visita e a relva cortada, algum carvão e alimentos para as necessidades básicas. Ben contou-lhe a história mítica de seu amigo, o falecido Capitão McKay, e da criada de Samantha, deixada na diligência com destino a Inglaterra naquela manhã. — Uma pena isso — disse o Sr. Rhys. — E o senhor vai ficar em Tenby pelo próximo par de noites, não vai? No hotel? Isso coloca a Sra. McKay em uma posição um pouco desconfortável, não é mesmo, mesmo ela o tendo como companhia e proteção, Major. A senhora precisa de sua criada, bem como um cavalheiro para manter as aparências. Deixe-me ver o que posso fazer sobre encontrar uma nova criada. Não deve ser muito difícil, mesmo
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num prazo tão curto. As oportunidades para boas posições não surgem todos os dias por aqui, especialmente para as meninas. — Obrigado, Sr. Rhys — disse Ben. — Isso deixa minha mente tranquila. Fiquei profundamente preocupado, como o senhor pode imaginar, quando aquela criada miserável insistiu que não suportaria por mais um dia se mover para longe da Inglaterra, em vez de em direção a ela. Era um mentiroso convincente, pensou Samantha. E o que ele queria dizer com isso de deixa minha mente tranquila? — Gales é muitas vezes visto como um posto avançado selvagem e pagão — disse Rhys com um de seus largos sorrisos. — E, às vezes, nós galeses nos esforçamos para mantê-lo dessa forma. Embora a sudoeste aqui seja muitas vezes referida como pequena Inglaterra. Não vão encontrar muitas pessoas por aqui que falam e entendem nada, apenas galês. — Mas é encantador, a linguagem musical, — Samantha protestou — e eu pretendo aprender. — Esplêndido. — Mr. Rhys sorriu para cada um deles, por sua vez e esfregou as mãos novamente. Eles se despediram logo que terminaram de beber o chá. — É habitável, Ben — disse Samantha enquanto estavam sendo conduzidos lentamente até uma colina íngreme no caminho de volta ao seu hotel. — Sinto-me bastante tonta com a notícia. Embora espere que seja muito pequeno. Pergunto-me a que equivale uma boa soma. Você acha que sou muito rica? — Provavelmente não — disse ele. — Mas talvez seja o suficiente para comprar o carvão necessário para os invernos. Supostamente serão mais suaves do que em outras partes do país, mas se a minha experiência na Cornualha serve para
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julgar, eles podem ser poderosos, úmidos e tristes. E ventosos. Esteve ventando muito aqui hoje. — Suponho que seja a penalidade por viver perto do mar — disse ela. — Oh, Ben, Mr. Rhys é tão... respeitável, não é? — É claro — disse ele. — O que você esperava? Um pagão selvagem? Ele é tão antigo quanto as montanhas. — Ele conheceu minha tia-avó — disse ela. — Você não sabe nada sobre ela, apenas o seu nome? — Perguntou. — Está curiosa sobre ela, Samantha? E sobre o resto de sua herança? — Minha mãe quase nunca falava sobre sua vida aqui —, ela disse a ele. — Acho que ela estava infeliz. Ou talvez apenas inquieta. Ela fugiu para Londres quando tinha dezessete anos e nunca mais voltou. Talvez pretendesse dizer-me mais quando eu fosse mais velha, mas morreu de repente quando eu tinha apenas doze anos. Ela não tinha respondido sua pergunta sobre se estava curiosa ou não. Tinha um pouco de medo de estar curiosa, na verdade. Estava com medo do que poderia descobrir. A mãe dela tinha sido abandonada por seus pais, avós de Samantha. Isso pelo menos ela sabia. Duvidava que quisesse saber os detalhes. Sua tia-avó tinha possuído sua própria casa de campo, apesar de tudo. Isso significava algo, pelo menos. Ela obviamente não tinha ficado sem um tostão. Nem seu pai, o bisavô de Samantha, se ele tinha deixado uma boa soma, o que quer que seja. Mas de onde tinha vindo seu dinheiro antes da compra de uma casa de campo? Aparentemente nunca fora casada. Tinha dinheiro suficiente para viver bem, sem a soma que seu pai deixou. Tinha podido deixar a maioria ou a totalidade dele à sua sobrinha, a mãe de Samantha, além da casa de campo.
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Samantha sempre tinha pensado em seus parentes galeses como empobrecidos. No entanto, se pensasse um pouco, teria que perceber que sua tia-avó não poderia ter vivido sem dinheiro e que o dinheiro deveria ter vindo de algum lugar. — Oh —, disse ela com um suspiro, — talvez esteja apenas um pouco curiosa, apesar de tudo. Mas eles tinham chegado ao exterior de seu hotel. — Vamos descansar para o que resta do dia de hoje e explorar amanhã? — Ben sugeriu. — Ou será que você… Ela o interrompeu. — Você está indo para ir para o seu quarto para se deitar por um tempo — disse a ele. — Eu sempre posso dizer quando você está com dor. Sorri muito. — Vou ter que desaprovar ferozmente — disse ele, adequando a ação às palavras, — a fim de convencê-la de que eu sou forte e caloroso. Ele não discutiu, no entanto, sobre se retirar para o seu quarto. O dia depois de amanhã, Samantha pensou enquanto fechava a porta do seu próprio quarto, ela ia se mudar para sua própria casa. Sua nova vida começaria para valer. E Bem iria começar sua viagem até a costa oeste de Gales e o resto de sua vida. Oh, céus, como poderia o espírito de alguém estar tão feliz e tão deprimido, tudo ao mesmo tempo? Era melhor tirar essas coisas de sua mente passeando com Tramp. Duas horas mais tarde, quando Samantha estava de volta em seu quarto e sentada perto da janela, alternadamente
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olhando para o mar e tentando ler, houve uma batida na porta. Abriu-a, sorrindo em antecipação de ver Ben do outro lado. Mas era uma menina de olhos azuis e cabelos escuros finos que estava lá. Ela tinha sido enviada pelo secretário do Sr. Rhys, explicou, para ser criada da Sra. McKay, olhar por sua roupa, buscar-lhe água para o banho, pentear o cabelo dela e tudo o que lhe pedisse, se agradasse à Sra. McKay, mas ela era uma boa menina e o próprio Sr. Rhys poderia testemunhar esse fato, já que a irmã de sua mãe tinha trabalhado para o primo de sua esposa há cinco anos e nunca houvera qualquer problema, e se a Sra. McKay quisesse lhe dar uma chance, por favor, nunca se arrependeria, pois ela faria qualquer coisa para agradar a Sra. McKay e, além disso, o atendente tinha-lhe dito que deveria ficar para a noite, mesmo se não para sempre como a menina inglesa boba que tinha sido empregada da Sra. McKay e tinha ido embora na diligência aquela manhã e a abandonara porque não gostava de Gales, embora o que havia de errado com Gales, não sabia, pois era certamente uma centena de vezes melhor do que a Inglaterra, onde mal havia uma montanha ou montes para tornar a terra interessante e as pessoas não podiam cantar para salvar suas vidas, mas de qualquer maneira, não seria respeitável para a Sra. McKay estar sozinha em um hotel sem uma criada, embora o amigo de seu marido morto, que era ao mesmo tempo um Major e um Sir, estivesse ali para protegê-la, embora em outro quarto é claro, e... e que a Sra. McKay a considerasse para o trabalho, por favor? Samantha não tinha certeza se a menina tinha parado alguma vez para respirar. Seus olhos estavam arregalados com impaciência misturada com ansiedade. — Você tem vantagem sobre mim — disse ela. — Você sabe meu nome.
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— Oh — disse a menina. — Gladys, Sra. McKay. Gladys Jones. — E quantos anos tem, Gladys? — Perguntou Samantha. — Tenho quatorze anos, Sra. McKay — disse a menina. — Sou a mais velha de nós. Há sete mais novos que eu e nenhum de nós trabalhando ainda. Eu ficaria muito grata se me levasse para que eu possa dar algum dinheiro para papá para ajudá-lo a alimentar todos nós. Sou uma boa trabalhadora. A minha mãe diz que sim, e ela diz que vai sentir minha falta quando eu for, em serviço, mas Ceris vai fazer tudo quase tão bem em meu lugar. Ela é uma boa menina e acaba de completar treze anos, é quase tão alta quanto eu. Mas talvez a senhora não precise de mim para viver consigo ainda, e eu poderia ir e voltar muito fácil, porque vivo em Fisherman Bridge, a não mais do que uma pequena caminhada a partir da casa vazia onde está indo morar. Mam está esperando outro de nós em poucas semanas, e eu preferiria estar lá com ela para as noites, de qualquer forma, até que o novo bebê esteja no berço. Depois disso estaria mais do que feliz de ir viver consigo. Embora eu possa ir imediatamente se a senhora preferir e só ter o meu meio-dia para visitar Mam e ajudar Ceris tanto quanto eu puder. Samantha se afastou para deixar a menina entrar no quarto. — Eu vou ficar feliz por dar-lhe uma tentativa, Gladys, — ela disse — desde que queira me dar uma chance. E eu acredito que vai ser capaz de fazer bem os seus serviços durante a noite, pelo menos por um tempo. Ela pensou na criada que tinha tido em Bramble Hall e como a menina tinha muitas vezes a mantido acordada até tarde com sua tagarelice. Gladys poderia muito bem mantê-la até pela noite toda se ela vivesse ali.
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— Oh, obrigada, Sra. McKay, — a menina disse, e imediatamente começou a atacar a bagagem de Samantha, e começou a desembalar mesmo tendo de empacotar tudo novamente na manhã depois de amanhã. Foi entregue ao hotel na manhã seguinte a notícia de que uma Sra. Price, viúva do ferreiro em Fisherman Bridge, tinha ido até a casa de campo para supervisionar os produtos de limpeza que haviam sido enviados, abrir as janelas para arejar o local, e remover as coberturas do mobiliário, fazer algumas compras e acender todas as grelhas após as janelas estarem fechadas novamente, para que tudo estivesse agradável, acolhedor e confortável para a Sra. McKay, quando chegasse no dia seguinte. A Sra. Price tinha manifestado a vontade de ser entrevistada para uma posição permanente se a Sra. McKay assim o desejasse. Ela era uma excelente cozinheira e tinham ocupado cargos anteriores como cozinheira e empregada doméstica. Tinha as referências para o provar. E a próxima fase de sua vida estava prestes a começar, Samantha pensou quando passou a tarde com Ben e Tramp, sentada e fazendo caminhadas curtas ao longo do topo das falésias acima da varredura de Tenby Bay. Uma fase que não incluía Ben. — Ben — disse ela subitamente depois de se terem sentado em silêncio admirando a vista por um tempo — você vai ficar por alguns dias? Depois de amanhã, quero dizer? Ele olhou para o mar, seus olhos se estreitaram contra o brilho da luz brilhando na sua superfície. — Oh, que egoísta da minha parte — disse ela. — Por favor, ignore a pergunta. Você deve estar muito ansioso para retomar seu caminho.
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— Se existir uma pousada em Fisherman Bridge, — ele disse — ficarei por alguns dias. Até ficar convencido de que está devidamente instalada. — Estou forçando isso em cima de você? — Perguntou a ele. — Não sou sua responsabilidade. Quando ele virou a cabeça para olhar para ela, estava franzindo a testa ligeiramente. — Ah, mas você é — disse ele. — Eu prometi ao meu amigo, seu marido, no leito de morte, que a iria acompanhar até aqui e vê-la instalada com segurança. Lembra? Eu sempre mantenho minhas promessas. E então, quando ela sentiu que certamente se dissolveria em lágrimas, ele sorriu para ela. Aquele sorriso a assombraria depois que ele tivesse partido. E sempre, de alguma forma, teria o poder de deixar-lhe os joelhos fracos. — Vou levar Tramp para um passeio rápido — disse ela, ficando rapidamente em pé. Os penhascos ficavam menores à medida que viajavam para o oeste ao longo da costa, na manhã seguinte, embora se levantassem acima do mar novamente à uma distância não muito longe. Haviam sido informados de que a vila de Fisherman Bridge e, portanto, a casa de campo, ficavam do lado onde os penhascos eram mais baixos. Samantha esperava totalmente que o chalé não fosse mais do que o casebre que sua mãe lhe tinha chamado. Mas ela não ficaria desapontada, disse a si mesma. Pelo menos era habitável.
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Seria por um tempo, mesmo se não para sempre. E esta era uma bela parte do mundo, de modo que certamente não se arrependeria de se mudar para cá. E então, de repente, assim quando estavam se aproximando de uma linha de dunas de areia, parcialmente coberto com grama, lá estava ela. Ou o que deveria ser ela, uma vez que não havia outra habitação à vista e a vila deveria ser além das dunas. Só que não era uma casa de campo. Ou não o que pensava como sendo uma casa de campo, de qualquer maneira. — Oh, meu Deus — disse ela. Ben se inclinou para o lado, o ombro pressionado contra o dela, para que pudesse vê-lo com ela para fora da janela do seu lado do carro. Era uma casa resistente, quadrada, de pedra cinzenta com um telhado de ardósia cinza. Parecia que deveria ter pelo menos quatro aposentos no andar de cima e outros tantos quartos no andar de baixo. Havia uma varanda na parte da frente e uma clarabóia no telhado acima dela. Um jardim formal a rodeava, delimitado por uma cerca de madeira caiada. Havia um celeiro considerável em um canto. O que obviamente tinham sido canteiros de flores em um momento estavam nus para além de algumas ervas daninhas, mas a grama havia sido cortada recentemente. Sua imensidão verde era salpicada por margaridas ou de botões de ouro. — Isso é um chalé? — Bem, — Ben disse — não é uma mansão, mas também não é o abrigo de um eremita, não é? — É uma casa — disse ela. — Como a minha mãe pode tê-la chamado um casebre? Você acha que existe algum erro?
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— Não — disse ele. — A carruagem está virando para ela. Sua nova criada diria algo se este fosse o lugar errado, apesar de eu perceber que a visão de Quinn a deixou em silêncio quando se encontrou com ele no estábulo esta manhã e eu não ouvi a sua voz desde a boleia, não é? — Minha tia-avó não poderia realmente ser pobre — disse ela. — Sempre achei que ela era. Uma grande mulher em um vestido marrom escuro com um volumoso avental branco e touca a condizer, aparecera nos degraus da varanda, um sorriso de boas-vindas em seu rosto. Mrs. Price, Samantha assumiu. Ela mergulhou em uma mesura quando o cocheiro baixou os degraus e ajudou Samantha a descer no portão do jardim. O Sr. Quinn o abriu. Gladys foi descendo da boleia sem ajuda. — Bem-vinda, Sra. McKay — disse a Sra. Price. — Tudo está pronto para a senhora, mesmo com tão pouco aviso prévio. Mantive todos trabalhando ontem até que tudo brilhou e não havia uma partícula de poeira ou sujeira permanecendo. E vim esta manhã para fazer alguns bolos, para que tivesse algo de bom para comer, bem como ter o cheiro de cozinha na casa. Não há nada tão aconchegante como o cheiro, não é? E é você, Gladys Jones? Sua mam disse que tinha saído para ver se você podia ser criada da Sra. McKay. Entre, senhora. O cavalheiro está machucado, o que tem ele? O interior viveu até a parte externa, Samantha descobriu isso durante a meia hora seguinte. Havia quatro cômodos quadrados consideráveis no térreo, um salão, uma sala de jantar, uma cozinha e uma biblioteca. Havia quatro grandes quartos de dormir no andar de cima e um pequeno no cimo da escada, e lá estava o quarto do sótão com a sua mansarda no telhado. Um
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corredor dividia a casa no andar de baixo e continha a escada, que corria em linha reta até o patamar acima. Ao arquiteto, quem quer que ele tivesse sido, faltava imaginação, talvez, mas Samantha amou as dimensões dos quartos. Os móveis, embora velhos e pesados, predominantemente de cor escura, assim como Mr. Rhys havia descrito, pareciam confortáveis. Na véspera, sem dúvida, haveria um cheiro de idade e até mesmo ranço ali, mas as janelas abertas, as chaminés e os bolos haviam cuidado disso. Finalmente, a Sra. Price se apressou para a cozinha para ir buscar alguns dos seus bolos acabados de assar e um bule de chá. Gladys estava batendo no quarto de dormir principal acima da sala, onde Samantha se sentou com Ben. — Eu não consigo acreditar —, disse ela, abrindo suas mãos sobre o couro velho e macio dos braços da cadeira. — Que a casa realmente existe? — Disse ele. — Ou que é habitável? Ou que é realmente muito grande? Ou que realmente pertence a você? Ou que está aqui finalmente? Ou que tem uma praia só para si e uma vista das suas janelas da frente para seduzi-la por uma vida? Ou que sua vida mudou tão drasticamente em tão pouco tempo? — Oh, pare —, disse ela, rindo. Descansou a cabeça contra o encosto da cadeira e fechou os olhos por alguns instantes. — Todas essas coisas. Oh, Ben, é como se eu tivesse sido arrancada de minha vida e depositada aqui no céu. Realmente parece o céu. — Eu ouso dizer —, disse ele, — que o conde de Heathmoor lhe fez um favor quando tomou Bramble Hall de você e a mandou para Leyland Abbey. Você podia nunca ter dado a esta casa um pensamento sério se não estivesse desesperada para escapar, ou, se você tivesse, talvez nunca teria pensado em vir aqui.
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— Este era o destino, então? — Ela abriu os olhos para olhar para ele. — Algo que era para ser? Mas a Sra. Price veio movimentada de volta para a sala, carregando uma bandeja grande, antes que ele pudesse responder a ela. — Eu não sabia se gostava mais de bolo de groselha ou bolo de sementes ou bara brith, Sra. McKay— ela disse. — Então eu fiz todos os três e pode escolher. Eu ouso dizer que o Major gosta de todos os três. Os homens costumam gostar. Estou certa de que devem estar prontos para uma boa xícara de chá. Não preferem café, eu espero? Desagradável coisa amarga, se me perguntarem. Nunca o tenho em minha própria casa. Meu homem não gostava muito e nem meu filho. Mas eu posso obter algum para trazer amanhã, se gostar dele. Se quiser que eu volte, isto é. Não me importaria de vir todos os dias para fazer o seu café da manhã e ficar até ter cozinhado sua refeição da noite, embora preferisse não viver aqui. Meu filho morreria de fome, pois ainda não encontrou uma esposa para ele, e eu nunca consigo dormir bem em qualquer outra cama, apenas na minha própria. — Vamos dar à sua sugestão uma chance? — Disse Samantha. — Estou feliz por beber chá Bara... brith, foi o que disse? — Esse pão cheio de frutas escuras —, disse a Sra. Price, indicando as fatias no prato de bolo que ela tinha trazido, antes de derramar a cada um deles uma xícara de chá. — Não há bolo que se compare com ele pela riqueza de sabor. O cão está roendo um osso da sopa e bebendo a sua água na cozinha. Eu gosto de um cão na casa, e um gato também, embora nunca tenha visto um cão como este. — E nunca verá novamente, fervorosamente —, disse Ben.
Sra.
Price,
espero
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A Sra. Price riu. — Posso servir mais alguma coisa antes de voltar para a cozinha? — Ela perguntou. — Sempre viveu aqui, não é, Sra. Price? — Perguntou Samantha. — A vila não é muito distante? — Apenas depois essas dunas de areia —, disse a Sra. Price, apontando para oeste. — E por trás daqui está a terra do Sr. Bevan e a casa grande, que não pode ver daqui.
A terra do Sr. Bevan. A casa grande. — Ele é seu avô, acho, Sra. McKay, não é? — Disse a Sra. Price. — Eu não tinha certeza de quem vinha para aqui, embora me fosse dito que era o proprietário. Mas a senhora parece como sendo sua neta. Ele se casou com uma senhora cigana, sabe? Mas é claro que sabe. A senhora tem também o aspecto de uma, embora lhe fique bem, devo dizer. Vou voltar para a cozinha. Tenho uma sopa cozinhando e um pouco de pão crescendo. — Existe uma pousada na vila, Sra. Price? — Ben perguntou quando ela se virou para sair. — Oh, sim, na verdade, senhor — ela disse a ele. — É um lugar agradável e arrumado também. Nada extravagante, mas serve um bom jantar, sim, e está sempre limpa. Os estábulos também. Meu irmão é o dono. — Obrigado — disse Ben. — Eu provavelmente devo ficar lá por algumas noites, até ter certeza de que a Sra. McKay está devidamente instalada aqui. Prometi a seu falecido marido, meu amigo, isso você sabe. Samantha deu uma mordida do brith bara quando ficou sozinha com Ben. Era realmente delicioso, mas ela não tinha muito apetite. Colocou o prato de lado e olhou para ele. Ele estava olhando firmemente para ela.
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— Ele tem terras — ela disse — e uma casa grande. Ele ainda está vivo. — Sim. — No entanto, ele enviou a minha mãe aqui para viver com sua irmã — disse ela. — A deixou ir para Londres com a idade de dezessete anos e não foi atrás dela. Não foi para o seu casamento ou para o meu batismo ou para seu funeral. Não poderia ter sido pobreza a causar qualquer uma dessas coisas, poderia? — Imaginar que ele era pobre a consolou ao longo dos anos? — Perguntou. — Eu não precisava de conforto — ela disse a ele. — Não pensava nele ou me perguntava sobre ele. Mas ela sabia, quando olhou para ele e como ele ficou olhando silenciosamente para trás, que o deveria ter feito, mesmo se não tivesse sido consciente. E sabia que a convicção de que seu avô tinha sido pobre era a única coisa que tinha atenuado a dor de ser cortada da família de sua mãe, ao mesmo tempo que ela estava sendo evitada por seu pai. — Eu acho — ela disse — que era por ser a filha da cigana que o abandonou. Minha mãe, quero dizer. E porque eu era sua filha. Se ele soube de mim, alguma vez. — Você vai se arrepender de ter vindo? — Perguntou Ben. Ela olhou além dele até a janela que dava para o sul. Através dela podia ver a terra além da cerca do jardim mergulhando longe para o oeste e, em seguida, subir novamente sobre as dunas. Através do declive podia ver o mar e uma faixa de areia dourada, apenas a um tiro de pedra da sua própria casa. A casa em si era quente e acolhedora. Um relógio sobre a lareira assinalava de forma constante. Seria embalada quando se sentasse aqui sozinha. Se ela se sentasse perto da janela aberta,
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seria capaz de sentir o cheiro do sal do mar. Seria capaz de ouvilo também. E era tudo dela. Era o seu patrimônio. — Não. — Ela abriu a boca para dizer mais e fechou-a novamente. — Mas…? — Tenho um pouco de medo, talvez — ela admitiu. — Medo da caixa de Pandora. Ele levantou-se devagar, abandonando uma de suas bengalas, e estendeu a mão livre. Ela colocou a sua própria nele, e ele a levou para a janela. — Olhe para o mar, Samantha —, disse ele. — Eu aprendi o truque quando estava em Penderris. Estava lá antes de sermos pensados. Vai estar lá muito tempo depois de sermos esquecidos, fluindo e refluindo de acordo com a lei das marés. — Nossos pequenos assuntos são insignificantes? — Longe disso — disse ele. — A dor não é insignificante. Nem o é o espanto ou o medo. Ou condições como a pobreza ou a falta de casa. Mas em alguma parte, em algum lugar, há paz. Nem sequer é muito longe. É em algum lugar profundo dentro de nós, na verdade, sempre presente, aguardando que olhemos para dentro, para encontrá-lo. Ela virou a cabeça para olhar para o seu perfil magro. — Foi como você aprendeu a dominar a sua dor — disse ela com uma intuição repentina.
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— Foi, finalmente, a única maneira de fazê-lo — admitiu. — Mas eu às vezes me esqueço. Todos nós o fazemos. É da natureza humana tentar gerir toda a nossa vida por nós mesmos, sem desenhar por cima... Mas lamento. Eu não tinha a intenção de ser tão obscuro. Basta não ter medo. Tudo o que você descobrir aqui, o conhecimento não pode trazer-lhe qualquer dano real, mesmo se parecer doloroso, quer você conheça essas coisas ou não. E talvez o conhecimento vá lhe trazer alguma compreensão e até mesmo, talvez, um pouco de paz. Ele continuou a olhar para fora através da janela, e ela continuou a olhar para ele. Sua dor, ela pensou, estava a braças de profundidade. Ele tinha aprendido a dominá-la. Mas ainda estava à deriva na vida. Ao contrário dela, ele não tinha encontrado a sua casa. Mas, também ao contrário dela, ele tinha aprendido a não temer. — Você quer ficar por um tempo? — Perguntou a ele. Oh, ela esperava não estar sendo egoísta. Mas apenas por alguns dias... — Eu vou ficar — disse ele, baixando os olhos para ela. — Por um tempo.
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Capítulo 15 A vila de Fisherman Bridge consistia em apenas uma rua que nem valia mencionar. Seguia pelo litoral por, talvez, um quilômetro e meio. Não havia altas falésias ali, apenas uma parede do mar com areia dourada que se estendia além, até a beira da água. A pousada ficava a meio caminho ao longo da rua à beira mar, os estábulos ao lado, em vez de na parte de trás, onde atrapalhariam a vista da sala de jantar e das janelas da taverna. Havia um quarto disponível e o proprietário ficou muito contente de alugá-lo ao Major Sir Benedict Harper. Ficou rapidamente claro para Ben que o homem sabia exatamente quem ele era. As notícias viajavam rápido em lugares pequenos. Ele sabia também que Ben tinha vindo com a senhora McKay, que estava residindo na antiga casa de campo da Senhorita Bevan, além das dunas. Ele perguntou se era verdade que ela era neta do Sr. Bevan, e Ben confirmou que sim. Não havia nenhum ponto em negar tal fato. Não era segredo, afinal. Mas quem diabo era Bevan? Parecia que era algum tipo de proprietário de terras. O quarto era confortável e proporcionava uma vista da praia e do mar. O jantar, preparado pela esposa do proprietário, era saboroso e abundante, como a senhora Price havia previsto. Ele era o único ocupante da sala de jantar, mas se os sons de vozes barulhentas e risadas eram algum indicio, a taberna ao lado estava lotada. O proprietário devia estar servindo lá. Foi a esposa dele quem trouxe a comida de Ben e não demorou a falar. — É agradável saber que há alguém na casa de campo da senhorita Bevan de novo — disse ela. — Eu odiava vê-la vazia sendo um lugar tão bonito.
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Ben não conseguia resistir a fazer algumas sondagens. — O sr. Bevan vive perto daqui, não é mesmo, senhora Davies? — Logo acima na casa grande, sim — ela disse, acenando com a mão em direção ao interior. — Se for ao longo da rua em direção à ponte, será capaz de vê-la acima, na colina no meio das árvores. Uma bela localização, isso sim. O pai, antes dele, escolheu o local perfeito para a casa quando decidiu construir. — Não havia nenhuma casa sobre a terra antes disso, então? — Perguntou Ben. — Apenas uma casa de fazenda — disse ela. — Mas não era grande ou imponente o suficiente para o Sr. Bevan. Bem, é lógico, não é? Ele tinha aquela fortuna que fez com as minas de carvão, mas foi aqui que ele escolheu para viver e estabelecer—se como um cavalheiro. Ele queria uma casa grande e que linda casa ele construiu. Nossa Marged trabalha como camareira e recebe um salário decente. — Esta carne assada está tão macia que praticamente é possível cortar com um garfo — comentou Ben. — E as batatas assadas estão crocantes por fora e macias por dentro, exatamente como gosto. — Gosto de ver um homem se curvar a uma refeição saudável — disse ela, claramente satisfeita. — O atual Sr. Bevan ainda tem as minas, não é? — Perguntou Ben. — Essas e as fundições até o vale de Swansea — ela disse a ele. — É onde o nosso filho mais velho trabalha. Ele ganha um bom dinheiro. Um número de rapazes daqui trabalha lá e nas minas também. Ele é um bom empregador, o Sr. Bevan. Bom para os seus trabalhadores. Mas ele está com idade avançada e
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não tem filhos para continuar após ele, é uma pena. A senhora Bevan, a segunda, quero dizer, nunca foi abençoada com filhos antes de morrer, pobre senhora. Ben estava se sentindo culpado. Nada disso era assunto dele, exceto que ele provavelmente estaria tendo exatamente a mesma conversa, mesmo se ele fosse um estranho ali. Teria feito perguntas e descoberto informações de interesse para o seu livro. Na verdade, ele provavelmente teria se aprofundando. Ele se perguntou o que Samantha faria com esses fatos quando ela tomasse conhecimento deles. O que ela lhe disse mais cedo?
Estou com um pouco de medo, talvez. Medo da caixa de Pandora. Algumas caixas! — Talvez ele tenha algum conforto com a neta — acrescentou a senhora Davies. — Uma viúva, não é mesmo, senhor? — O marido dela era meu amigo — explicou Ben. — Eu prometi a ele, antes dele morrer, que eu iria vê-la em segurança instalada aqui. Alguém chamou da cozinha e a senhora Davies correu com um pedido de desculpas por deixá-lo. Iria Bevan ficar satisfeito de encontrar a neta vivendo à porta dele? E ele já sabia que ela estava ali? Uma coisa era certa, porém, Ben pensou enquanto limpava o prato. Ele permaneceria ali até que algumas de suas perguntas fossem respondidas. Samantha ainda poderia precisar dele. Isso parecia um enorme alívio, essa concepção.
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Ben ia em um cavalo dos estábulos da estalagem em direção à cabana na manhã seguinte, Quinn atrás dele, a fim de ajudá-lo a desmontar e, em seguida, montar novamente para o passeio de volta. O sol estava brilhando além do mar no momento em que montou sobre as dunas, e não havia calor no ar. As janelas no andar de cima da casa estavam abertas e as cortinas estavam balançando na brisa. A porta da frente estava aberta também e Samantha, sim, era ela, estava inclinada sobre um dos canteiros vazios sob a janela da sala, puxando as ervas daninhas. Ela estava usando luvas, um avental e um velho chapéu de palha de abas largas que não tinha visto antes. Ela tinha deixado os cabelos negros soltos novamente. O vestido era de musselina na cor limão pálido e parecia que, provavelmente, tinha visto dias melhores. Ben deixou o cavalo descansar a fim de desfrutar de um longo olhar nela. Ela parecia relaxada e saudável, como se sempre tivesse pertencido àquele lugar. A compreensão lhe causou uma pontada de alguma coisa. Exclusão? Solidão? Por ela provavelmente pertencer àquele lugar por muito tempo depois que ele tivesse ido. Algo a alertou, mesmo que os cascos do cavalo não fizessem nenhum grande barulho na areia. Ela se levantou e se pôs a caminho, uma pequena espátula na mão. Ela sorriu. O cão, que estava estendido ao sol ao pé dos degraus da varanda, estava de pé também, abanando o rabo e latindo. — Eu sempre me imaginei como um jardineiro — ela disse enquanto Ben rodeava até cerca do jardim. — Eu costumava me aventurar quando criança, mas nunca tive a chance em Bramble Hall, Matthew sempre precisava de mim na enfermaria. Agora
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tenho uma oportunidade. O senhor Rhys disse que minha tia-avó manteve um bonito jardim de flores aqui, não disse? Bem, irei restaurá-lo, mesmo que tenha que começar com alguma destruição. Odeio matar as ervas daninhas. São plantas, depois de tudo. São seres vivos. E quem decide o que são flores e quais são as ervas daninhas, de qualquer maneira? Amo margaridas, botões de ouro e dentes de leão, mas todo mundo os arranca de seus gramados como se carregassem a peste. — Talvez porque irão destruir os gramados se os deixar crescer e se espalhar sem controle — disse ele. — Você dormiu bem? Ela ficou na casa sozinha, uma vez que nem a criada, nem a senhora Price viviam ali, pelo menos por um tempo. Ele se perguntou se esse fato a incomodou. Se preocupara com ela um pouco durante a noite. — Dormi com a janela aberta — ela disse. — Eu podia ouvir o mar e sentir o cheiro, mas apenas por um curto espaço de tempo, devo admitir. Caí em um sono profundo e não acordei até que pude sentir o cheiro de bacon cozinhando. A senhora Price ficou com pena de mim e veio cedo. E a pousada, é um lugar decente? — Muito confortável — disse ele. — Você tem um celeiro na parte de trás grande o suficiente para colocar os cavalos enquanto eu estiver aqui. Voltarei para lá agora com Quinn, se me permite, e em seguida, virei visitá-la. O avental, as luvas e espátula haviam desaparecido quando ele voltou do celeiro, mas ela ainda estava do lado de fora e ainda usava o chapéu de abas largas, que certamente era tão antigo quanto as montanhas e a fazia parecer absurdamente bonita. O cão estava ao lado dela, abanando o rabo na clara expectativa de ser entretido. Ele realmente imaginava que o mundo girava em torno de seu grande e desajeitado ego.
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— Você nunca poderia andar na praia de Penderris Hall, lembro-me de você dizer, — ela disse — porque ficava no sopé de um penhasco alto. Havia um caminho para baixo? — Havia alguns caminhos íngremes — disse ele. — Os outros iam para baixo o tempo todo, até mesmo Vincent, apesar de sua cegueira. — Não há nada para impedi-lo de caminhar na praia aqui — disse ela. — Não é muito longe e a inclinação não é íngreme. A areia parece plana e lisa. Devemos ir? — Agora? Era a natureza humana, ele tinha percebido há muito tempo, sempre a querer a única coisa que não se pode ter, mesmo se tivesse sido dotado de uma superabundância de outras bênçãos. Ele sempre desejou ser capaz de ir a praia em Penderris. Hugo certa vez se ofereceu para levá-lo, mas ele declinou tão firmemente que a oferta nunca mais foi feita. Não que Hugo não pudesse fazer isso. Ele era tão forte como qualquer touro. Mas Ben teria sido humilhado. Ele consolou a si mesmo com o pensamento de que não havia nada lá, exceto areia para entrar em seu cabelo e boca. — Eu estava esperando que você chegasse mais cedo — disse ela, acompanhado os passos dele, com as mãos cruzadas nas costas, enquanto Tramp ia galopando à frente deles. — Estou ansiosa para ir lá, mas queria você comigo na primeira vez. Eu quero ser capaz de me lembrar disso. Isso? O fato de que ele tinha ido com ela a primeira vez? — Eu tenho uma confissão a fazer — disse ela. — Nunca, nunca estive em uma praia. Isso não é estranho, quando minha mãe cresceu aqui?
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Ele virou a cabeça para olhar para ela. Os esforços no jardim e a brisa do mar deixaram uma cor saudável nas bochechas. Os olhos estavam brilhantes. — Posso sugerir — disse ele — que você tire os sapatos e as meias antes de ir até a areia? Caso contrário, seus sapatos ficarão cheios de areia antes de andar qualquer distância, e você vai passar o resto do dia sacudindo a areia de tudo, além de bolhas. Ela riu. — E você também? — Eu estou usando botas — disse ele. Além disso, ele não estava disposto a expor qualquer parte de suas pernas na presença dela. — Soa como uma sugestão muito imprópria, sir — ela disse, — mas muito sensata, no entanto. Ela olhou em volta e escolheu uma rocha de topo achatado na parte inferior da encosta onde sentar-se. Tirou os sapatos e as meias, enquanto ele observava. Demasiado tarde, ocorreu-lhe que teria sido muito mais cavalheiresco virar as costas. Ela tinha pernas esbeltas, tornozelos elegantes, estreitos e bonitos pés, que ele tinha visto antes, na pousada em Wye Vale. Ela enrolou as meias ordenadamente e as colocou dentro do sapato, e, em seguida, levantou-se e colocou os sapatos sobre a rocha. — Oh, — ela disse, contorcendo os dedos dos pés na mistura de grama e areia sobre a qual eles estavam — que sensação fascinante. Mas parece pecado ficar descalça ao ar livre. Eles caminharam por uma praia larga e plana. A areia se estendia para a direita e para a esquerda até que encontrava afloramentos de rocha que fechavam a área em uma praia privada. Rochas altas por trás em ambos os lados da abertura para fornecer mais privacidade. A maré estava baixa, embora a
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rebentação ao longo da beira d’água indicava que estava subindo. A brisa era mais fresca ali, embora, ao mesmo tempo, o sol estivesse mais quente. Gaivotas gritavam acima. As bengalas de Ben afundavam na areia, mas ele, de alguma forma, achou mais fácil andar ali do que no solo duro. Samantha correu um pouco à sua frente e depois parou e voltou, com os braços esticados para os lados. — Liberdade! — Ela gritou, assim como uma criança exuberante. — Oh, diga-me que isso não é uma ilusão, Ben. O cão pulava sobre ela, latindo. — Isto é liberdade — Ben disse obedientemente, sorrindo para ela, e ela inclinou a cabeça para trás para olhar o céu e girou em três círculos completos enquanto ele ria. O vestido levantava dos lados, e o chapéu caiu pelo rosto dela. Era esta a austera senhora, vestida de preto que ele vira pela primeira vez em County Durham? — Há tal momentos, não há? — Disse ela. — Oh, eu tinha esquecido. E foi assim por muito tempo. Mas há momentos de pura felicidade, e este é um deles. Estou tão feliz por ter esperado por você para vir, porque esses momentos precisam ser compartilhados. Diga-me que você sente isso também, a liberdade, a felicidade. — Ela parou de girar para dirigir um olhar a ele, e ele leu a súbita incerteza lá. Mas ele sentia também. Como se, por este momento, o mundo tivesse parado e eles se afastado e nada jamais importaria novamente exceto aquela parada no tempo. — Estou feliz que você tenha esperado por mim — disse ele. Seus braços caíram para os lados e ela olhou para ele, com o rosto em chamas.
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— Que caminho devemos tomar? — Ele perguntou. — Leste? Oeste? Sul? — Oh. — Ela considerou cada direção. — Sul. À beira d’água. Você ficará confortável em andar tão longe? O cão já tinha ido nessa direção. — Estou em uma praia, finalmente — disse ele. — Deixeme, pelo menos, molhar a ponta de uma bengala na água. A maré estava mais longe do que parecia. Mas andando na areia, realmente foi relativamente fácil, e ele iria ignorar qualquer desconforto, de qualquer maneira, pelo prazer de fazer o que estava fazendo. Isto era o sustento para o futuro. Era a sua primeira caminhada em uma praia. Era a sua primeira vez em anos. E eles estavam fazendo isso juntos. O cão estava correndo ao longo da borda d’água, levantando jatos de água. — Atrevo-me? — Disse Samantha. Não era realmente uma pergunta. — Suponho que a água esteja terrivelmente fria. Ela estava recolhendo os lados do vestido, enquanto falava, e entrou na água rasa, que mal molhava a areia e, em seguida, sobre a ondulação mais próxima da maré, até que afundou o tornozelo. — Oh, está fria — disse ela em um suspiro interior profundo. — E meus pés estão afundando na areia.Oh, isso é adorável, Ben. — Ela levantou a cabeça para olhar para ele, os olhos brilhando. — Venha também. Ele realmente não deveria. Se seus pés estavam afundando na areia, o que ocorreria com as bengalas? E as botas ficariam
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brancas com a salmoura depois de terem secado, e Quinn iria lhe dar um olhar de reprovação e de longo sofrimento. E se ele perdesse o equilíbrio e caísse? Como o diabo que iria levantar—se novamente? Ela havia parado de se mover. — Só fica frio por alguns momentos — disse ela. — Provavelmente não irá sentir frio por conta de suas botas. — Isso era tudo que eu precisava ouvir — disse ele e entrou na água enquanto ela guinchava com risos. Ele podia sentir o frio mesmo através das botas e meias. E as bengalas estavam realmente afundando de forma alarmante na areia molhada. Mas, embora ele tivesse apenas a alguns centímetros da terra seca, ele sentiu como se ele tivesse entrado em um elemento diferente. O sol batia quente em cima deles. O mar brilhava sobre eles. Ele sentiu um desejo súbito de que George, Hugo ou de que um dos outros pudessem vê-lo agora. Ele riu. Ela se aproximou dele, recolhendo as saias para um lado enquanto se aproximava, e tomou uma das bengalas na mão que segurava o tecido e se aproximou mais ainda. — Ponha seu braço sobre meus ombros — ela disse. — Meu peso seria demais para você — ele protestou. — Faça, de qualquer maneira — disse ela. — Prometo não desabar. Sentia-se constrangido, até um pouco humilhado, mas não teve coragem de arrebatar de volta a bengala e talvez ofendê-la, ou ficar fora de equilíbrio. Tornou-se uma prática quase nunca se apoiar em ninguém. Colocou um braço sobre os ombros magros, e
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ela se encaixou contra seu lado e colocou o braço livre sobre sua cintura. Oh senhor. — Nós não somos um aleijado e uma pobre sofredora enfermeira, — disse ela, rindo para ele, seu rosto corado, olhos brilhantes, assustadoramente perto — mas um homem e uma mulher que encontraram uma desculpa perfeitamente razoável para estar perto um do outro. Ele pensou que provavelmente estivesse corando também. — Será que precisamos de uma desculpa? — Parece que sim — disse ela, começando a caminhar ao longo da borda d’água com ele. — Temos sido muito cuidadosos para deixar um pedaço decente de ar entre nós desde aquela noite em que nós dividimos um quarto. Você está se apoiando, Ben, mas você certamente não é frágil, não é? Muito pelo contrário, na verdade. Ele não ia responder com qualquer descrição do corpo dela. — Estou muito inclinando sobre você? — Perguntou. Ele estava tentando colocar a maior parte do peso na bengala, mas isso o fazia afundar. Ele podia sentir as curvas generosas do corpo dela ao seu lado. Um firme, pesado seio estava pressionado contra seu casaco. Ela era alta, embora não tão alta quanto ele. Ele estava ciente do perfume fraco de gardênia sobre a salinidade do ar marinho. O corpo dela estava quente através da barreira frágil do vestido e espartilho. E ainda tinha corpo dele, realmente. Mais ardente do que quente.
por
Deus. Quente,
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— Você está evitando a questão — disse ela. — Qual é? — O fato de que precisamos de uma desculpa para nos tocarmos — disse ela. — Eu prometi — ele lembrou a ela — que estaria a salvo de mim. — Às vezes — disse ela, virando a cabeça para olhar o mar — a segurança parece ser uma coisa maçante, sem graça. E, por Deus, ela estava certa sobre isso. — Depois de ter partido, — ela perguntou-lhe — vai se arrepender de ter sido o perfeito cavalheiro o tempo todo que estivemos juntos? Bem, quase todo o tempo. — Como eu poderia me arrepender de me comportar como um cavalheiro? — Ele perguntou. — Isso é o que eu sou. Será que ela se arrependeria? Eles haviam parado de andar. Ele estava se sentindo perturbado, até um pouco irritado. Ser um cavalheiro era importante para ele. E, no entanto... Ele teria que soltá-la, colocar alguma distância entre eles, mas ela ainda segurava a bengala. — É que a liberdade é um dom precioso — disse ela. — Deve-se ser capaz de usá-la para fazer o que mais se quer fazer, desde que não prejudique ninguém mais no processo. Porém, nós quase nunca somos autorizados a agir livremente, somos? Há sempre alguém ou alguma regra ou convenção que diz: não, não é permitido. E, assim, seguimos a linha do decoro, negamos a liberdade que nos foi oferecida e perdemos a nossa chance de um pouco de felicidade.
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O que ela estava sugerindo, pensou, era que eles se tornassem amantes antes que ele partisse. E tudo fazia perfeito sentido quando eles estavam ali na praia juntos daquele jeito. Por que não deveriam fazer algo... espontâneo? Algo que ambos queriam fazer. Só que este não era o mundo, esta praia. E eles não podiam viver ali para sempre. Ele iria se arrepender. Ele seria certamente um amante inadequado e iria decepcionar tanto a ela quanto a si mesmo. Iria arrepender-se ao acordar o diabo adormecido de sua sexualidade, exceto que já tinha despertado, não tinha? Ele iria lamentar o fim do caso. Iria se arrepender de ter que deixá-la, pois ele não podia ficar e ela não o queria. E ela iria se arrepender se eles tivessem um caso, mesmo que ela não ficasse decepcionada com seu desempenho. Por que ninguém nunca tinha sido uma constante em sua vida. Mesmo sua mãe morrera jovem. Ela precisava mais do que um amante temporário. Haveria dor. Havia sempre dor. Ela estava olhando em seus olhos, e ele era o único agora olhando para o mar. — Você está cansado de toda a caminhada — disse ela. — Estive de olho naquela grande rocha desde que começamos a andar ao longo da beira d’água. Vamos nos sentar sobre ela por um tempo. Ele não discutiu. Ele realmente tinha necessidade de tirar o peso de suas pernas. A borda inferior da rocha que ela tinha indicado era plana o suficiente para se sentar, e era ampla apenas o suficiente e da altura certa para os dois. O cão correu
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para perseguir algumas gaivotas que haviam desembarcado na beira d’água, mais longe, ao longo da areia. — Eu estraguei a sua primeira visita a praia? — Ele perguntou a ela. — Por estar cansado e precisar se sentar? — Disse ela. — Não, claro que não. Ele tomou-lhe a mão e entrelaçou os dedos, provavelmente muito imprudentemente. Ela abaixou a cabeça para descansar em seu ombro. A borda suave do chapéu dobrou facilmente para acomodá-la. — É lindo aqui — disse ela. — Eu sempre vou lembrar de hoje. Oh, mas olhe, suas pobres botas estão cobertas de areia. — É mais pobre Quinn que pobres botas — disse ele. — Vou nadar aqui — disse ela depois de ficarem sentados em silêncio por um tempo. — Não agora, mas em breve. Entrarei na água e irei nadar. Faça comigo, Ben. Você pode nadar. Você me disse. — Foi quando eu era um menino e tinha duas pernas em pleno funcionamento — disse ele. — Eu suponho que você não tenha esquecido de como fazer. — Ela virou a cabeça para que pudesse olhar para ele. — Você anda mesmo que, ouso dizer, todo médico que você já consultou tenha dito que você nunca o faria. — Eu não sou exatamente proficiente nisso — ele protestou. — Você anda — disse ela, levantando a cabeça e olhando ferozmente para ele. — A natação seria mais fácil, não seria? Você não teria que colocar peso sobre as pernas.
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— Eu provavelmente iria afundar como uma pedra e nunca ouviria novamente. Ele sorriu para ela. Mas ela poderia estar certa? E se tentasse nadar e não conseguisse e, em seguida, fosse incapaz de sentir os pés sob ele de novo? Mas e se ele tivesse ouvido a todos os ses com que sua mente lhe havia bombardeado quando tinha tentado andar? Ele ainda estaria deitado em uma cama ou confinado a uma cadeira. Ele podia não estar andando muito bem, mas estava andando. Ele estava ali, não estava, sentado em uma pedra no meio de uma praia, a uma distância razoável da casa de campo? — Covarde — disse ela. Ele a beijou. O gosto dela era quente e salgado, e ele estendeu a língua em sua boca para provar mais dela. Ele a puxou mais para perto em seus braços, e ela enroscou os braços no pescoço dele. Ambos estavam sem fôlego quando ele puxou a cabeça para trás. — Quando? — Ele perguntou. — Amanhã — disse ela. — À tarde. Eles mantiveram os olhos um no outro. — Vou pedir à senhora Price que cozinhe jantar para dois antes de sair — disse ela. — Devemos ficar famintos após nadar. Famintos. Eles estariam sozinhos em casa.
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Ela não afastou o olhar do dele, nem ele do dela. — Ouso dizer que irei comer cada bocado diante de mim, então — disse ele. — Se você não tiver se afogado. — Ela sorriu ofuscante. Ele não tinha dito a ela o que descobrira sobre o avô, lembrou-se de repente. Ninguém mais disse a ela? Mas ele duvidava. Certamente ela teria falado com ele se tivesse descoberto algo. Mas agora não era o momento certo. Eles iriam nadar juntos amanhã. E em seguida, jantar a sós na casa de campo. Ambas as criadas teriam voltado para casa para a noite, Eu
prometi que estaria a salvo de mim. Às vezes, a segurança parece uma coisa maçante, sem graça.
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Capítulo 16 Depois de almoçarem juntos na casa de campo, eles montaram para a aldeia, Samantha sobre o cavalo que o Sr. Quinn tinha montado antes. Ele tinha encontrado uma velha sela para mulheres no celeiro durante a manhã e tinha trabalhado nela por um par de horas, verificando sua segurança, fazendo alguns reparos, limpeza e polimento, até que ela parecia bastante respeitável. Ele iria caminhar de volta para a pousada, assegurou-se Samantha. Não era longe. E assim, finalmente, eles montaram juntos, ela e Ben. Matilda teria quarenta ataques de nervos, especialmente se ela pudesse ver Samantha em seu traje de montaria azul, muito. Mas Matilda já parecia ser alguém de outra vida. — Será realmente um passeio muito curto — Ben disse a ela, com uma nota de desculpas em sua voz. — Não é nenhuma grande distância para a aldeia. Apenas muito longe para ele andar. Ela entendeu. Ela andava um pouco atrás dele, observando-o. Ele sempre parecia muito viril e em casa na sela. Ela quase tinha se jogado para ele esta manhã, lembrou-se. O que será que a havia possuído? Mas a tinha atingido a sensação de que ela iria se arrepender se ele fosse embora e eles tivessem compartilhado não mais do que saudades e alguns beijos. Seria errado, com certeza, se eles desfrutassem de um breve caso? Ambos eram adultos solteiros. Eles gostavam um do outro. Eles foram atraídos um para o outro. Era cedo demais para ela pensar em se casar de novo, se ela o fizesse. Ele tinha dito que nunca iria se casar, e certamente não iria fazê-lo antes de encontrar o que estava procurando na vida e se assentasse, se ele encontrasse.
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Então, onde estava o problema? Será que eles nadariam amanhã? Ou iria chover, como acontecera naquele dia infame em que tinham planejado cavalgar juntos? Ele seria capaz de nadar? E o que aconteceria depois, quando estivessem sozinhos, juntos, em sua casa de campo? Ela não tinha muito tempo para tais pensamentos. A Fisherman’s Bridge estava realmente apenas além das dunas de areia. Ela estava impaciente para vê-la e um pouco ansiosa também. Esta aldeia e estes aldeões se tornariam uma parte de sua vida, talvez para sempre. Ela precisaria encontrar aceitação aqui, amigos, conhecidos e coisas para fazer. Por um momento ela se perguntou se alguém sabia sobre ela, mas é claro que todo mundo sabia. A Sra. Price vivia na ferraria, e Gladys também vivia aqui. Ambas eram faladeiras e sociáveis. E Ben estava hospedado na pousada. — Eu me pergunto o que as pessoas aqui fazem para viver — ela disse quando olhava em volta com interesse. — Alguns trabalham aqui na aldeia — disse ele. — Há pescadores, como seria de esperar a partir do nome do vilarejo. Falei brevemente no café da manhã com um oleiro, que vende seus produtos para os visitantes de verão, tanto aqui como em Tenby. Eu acredito que a maioria das pessoas, porém, são empregados em Cartref de uma forma ou de outra. — Car—? — Car, como em carruagem — disse ele, — e trev como no nome Trevor. A ênfase está na primeira sílaba. O r em ambas as sílabas é ligeiramente enrolado. Foi a primeira palavra de Galês que eu aprendi, e uma vez que, provavelmente, será também a
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última, estou determinado a pronunciá—la corretamente. Isso significa casa. — Você me deu toda essa explicação e aprendeu uma nova palavra estrangeira, — ela disse, rindo — só para me informar que a maioria das pessoas trabalhar em casa? — Não — disse ele. — Cartref é o nome de uma casa particular. Vamos andar juntos até o final da rua. A estrada atravessa a ponte ali, o que dá o nome à aldeia. Embora como alguém pode pescar na ponte quando o rio que flui sob ela fica tão perto do mar, eu não sei. — Talvez ninguém o faça — disse ela. — Talvez seja assim chamado porque fica em frente ao local onde todos os barcos de pesca são amarrados. Eles passaram por algumas pessoas na rua, e Samantha inclinou a cabeça para eles e sorriu. Imaginou que sua visita aqui seria o assunto de várias conversas para o resto do dia. Ela se perguntou qual seria a natureza dessas conversas. Será que seria lembrado que sua tia-avó tinha criado uma menina meio cigana e que essa menina tinha sido sua mãe? Mas é claro que seria. A Sra. Price sabia disso. Será que essas pessoas se ressentiam do fato de que ela tinha herdado a casa e tinha vinvo viver aqui? Ou ela estava sendo sensível? Ela iria descobrir em breve, supôs. Era uma ponte pitoresca, corcunda e construída de pedra cinzenta. Um rio raso borbulhava abaixo dela em seu caminho para o mar. Ela olhou em frente, para os pequenos barcos boiando na água e pensou que era uma das mais belas paisagens que tinha visto. Será que ela teria a chance de passear em um desses barcos?
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— Ah — disse Ben. — Me disseram que eu seria capaz de vê-la a partir daqui. — Ver o que? Ele não estava olhando para os barcos. Seu cavalo estava virado para o outro lado, e seu olhar estava fixo sobre algo no interior. Ela se virou para olhar também. Não havia necessidade de ele responder à sua pergunta. Havia montes baixos a uma milha de distância do mar. No meio do caminho um deles, situado dentro de uma ferradura de árvores, era uma grande mansão, que brilhava branca na luz do sol. Mesmo de tão longe ela podia ver que tinha grandes janelas em todos os três andares, diminuindo de tamanho a partir do piso térreo até o topo. Deveria haver magníficas vistas de cada uma dessas janelas. Um gramado verde brilhante, que era obviamente bem conservado, descia a encosta para a planície. O resto do jardim ou parque estava escondido da vista. — Isso é Cartref? — Perguntou ela. — Parece muito grande, na verdade, não é? Eu não esperava encontrar grandes propriedades fora da Inglaterra. Me pergunto, a quem pertence. Você sabe? Ele não respondeu. Seu cavalo havia se tornado subitamente inquieto, e ele estava concentrando-se para retomar o controle. Então a verdade a golpeou, um pouco como um punho a colidir com seu estômago. — Oh, não — disse ela. Ele olhou desculpando-se para ela, como se a resposta à sua pergunta fosse culpa dele.
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— É do meu avô? — Ele é tão rico como um nababo, Samantha — ele disse a ela. — Ele é dono de minas — no plural, se eu entendi — nos vales de mineração de carvão na parte leste do país. Ele as herdou do pai dele. Também é dono de siderúrgicas nos vales perto de Swansea, onde a indústria vem surgindo e prosperando. Se ela não estivesse montada, poderia muito bem ter desmaiado. Havia gaivotas chorando acima deles, soando quase humano. — E eu sempre imaginei, — disse ela — que ele era um trabalhador ou um andarilho, um fracassado que se casou com uma nômade profissional e, em seguida, quando ela o abandonou, impingiu sua filha sobre uma irmã que, de alguma forma, ganhara a posse de um casebre decrépito. Por que minha mãe nunca me contou? — Acho que ela teria contado — disse ele — se ela tivesse vivido até que fosse mais velha. — Eu nunca teria vindo se soubesse — disse ela. — Por que não? Ela virou seu cavalo para ele. — Ele não tinha nenhuma razão legítima para abandonar a minha mãe. Ele tinha casa e os meios com os quais se manter. Ele tinha os meios com os quais ir atrás dela quando ela foi para Londres, e para assistir ao seu casamento, e para visitá-la depois de seu casamento. Ele tinha os meios para vir me ver. E de quanto você acha que é a soma que foi deixada por minha tia-avó e depois passou para a minha mãe e, por isso, para mim — com que interesse foi juntada? Ben, quão rico eu sou? Eu não quero ser rica. Não deste modo. Eu não quero nada disso.
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— Pense um minuto. — Ele estava irritantemente calmo. — Esse dinheiro, por muito que seja ou não, foi deixado à sua tiaavó pelo seu bisavô. Nada disso veio de seu avô. Ela franziu o cenho para ele por alguns momentos. Ele estava certo, é claro. Mas, mesmo assim... Oh, todo o brilho e alegria da tarde acabara. — Eu desejava nunca ter sabido — disse ela. — Eu quase desejava não ter vindo. — Onde mais você teria ido? — Perguntou a ela. — Eu poderia ter casado com você — disse ela — e vivido livre e despreocupada para o resto da minha vida. — Mas o olhar em seu rosto restaurou um pouco de seu humor e ela sorriu. — Eu tive uma premonição de que eu abriria a caixa de Pandora ao vir aqui. Uma vez que a caixa foi aberta, no mito, não conseguiram colocar todos os problemas de volta para dentro dela, não foi? Eu não posso agora partir daqui e esquecer o que eu soube. Estou fazendo sentido? Seu avô não quisera a mãe ou ela. John não as quisera também. Tudo o que ela já tinha tido eram sua mãe e seu pai, e ambos tinham ido embora. Sentia-se inundada com um terrível sentimento de solidão. No entanto, nada havia mudado. Como Ben tinha dito, tudo estava como tinha estado há dez minutos, e na semana passada. Oh, mas tudo tinha mudado. — Estranhamente, sim — disse ele. — Vamos para a pousada pedir um chá. Mas, quando viraram seus cavalos de volta para a vila, foram saudados por um homem de cabelos grisalhos de aparência gentil e uma senhora gorducha sorridente.
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— Sra. McKay? — O cavalheiro perguntou, tirando o chapéu alto. Samantha inclinou a cabeça. — Perdoe-me por interrompê-la está fora desfrutando de seu passeio, — disse ele — mas pensei que deveria ser a senhora e o cavalheiro que está hospedado na pousada — Major Harper, eu creio? Sou Ivor Jenkins, o vigário daqui, e esta é a minha boa esposa. Estamos dando um passeio ao longo da orla para olhar os barcos, sendo um dia tão bonito e meu sermão para o domingo já está todo escrito. É o meu prazer de recebê-la em nossa comunidade, Sra. McKay, e podemos esperar vê-la na igreja no domingo? A Sra. Jenkins não disse nada, mas sorriu para Samantha e acenou com a cabeça. — Eu certamente estarei lá — Samantha assegurou-lhes. — Obrigada, Sr. Jenkins. Espero ansiosamente. — Maravilhoso — disse ele. — Espero que goste do meu sermão, que acho particularmente inteligente. Eu sempre acho, embora meus paroquianos muitas vezes não concordem. Sei que vai desfrutar da música. Foi dito que, quando toda a congregação canta, o telhado levanta uma ou duas polegadas acima de suas amarras. Suponho que não é verdade, não é, ou ele seria arrastado por um vento forte, mas é verdade que, se quer ouvir cantar como foi concebido para ser ouvido, deve vir ao País de Gales. Juntou-se ao riso de Samantha e Ben. — Ivor. — Sua esposa colocou uma mão em seu braço. — Não vou detê-los por mais tempo — disse o vigário. — Eu tenho uma tendência a fazer isso quando a minha boa esposa não está presente para me lembrar que as pessoas têm outras coisas
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para fazer do que ficar falando comigo. Estou ansioso para servila na minha qualidade de vigário, Sra. McKay. E eu espero que desfrute do resto de sua estadia aqui, Major. Não temos muito a oferecer aqui, exceto paisagens e vistas, mas são sem comparação, eu sempre penso. Ele recolocou o chapéu em sua cabeça, e ele e sua esposa prosseguiram seu caminho através da ponte para olhar os barcos. — Há umas boas-vindas aqui para você — Ben disse suavemente. — Você pode ter um lar aqui. — Posso? — Ela olhou para ele com olhos perturbados por um momento e depois sorriu. — O reverendo Jenkins parece gentil e sua esposa parece doce, embora pareça que ela sabe como mantê-lo na linha. Sim, vamos ao chá, Ben. O céu estava cinza chumbo, Samantha podia ver quando acordou na manhã seguinte. E quando se sentou na cama, pôde ver que a água do mar era uma sombra mais profunda da mesma cor. Havia pingos de chuva na janela. Eles não atrapalhavam a visão, e ela não conseguia ouvir mais nada de pingos contra as vidraças. Mas não foi um começo promissor para o dia. Ela ficou extremamente decepcionada. Se eles não fossem nadar hoje, Ben talvez deixasse o lugar. Não havia realmente muitos motivos para ficar mais tempo na pousada da aldeia, havia? Ela tinha uma casa decente para viver, tinha servos, tinha sua própria renda e até mais em um banco em Tenby. Algumas pessoas tinham conversado com ela na aldeia ontem, e o vigário e sua esposa tinham parado para se apresentar e recebê-la. Tanto o proprietário da pousada como sua esposa tinham conversado amigavelmente com eles durante o chá. Não, não havia nenhuma razão para ele ficar por mais tempo.
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Estava tentada a se enterrar debaixo das cobertas novamente e voltar a dormir. Mas sabia que seria impossível. Além disso, Tramp estaria pronto para uma caminhada. E ela podia ouvir Gladys em seu camarim e a Sra. Price abaixo, na cozinha. Podia sentir o cheiro da cozinha. Que preguiçosa ela devia parecer para elas. Ambas tinham vindo desde a aldeia esta manhã. Ben planejara para passar a manhã na pousada, trabalhando em todas as notas que tinha feito em seu diário para ver se poderia organizá-los em alguma forma de capítulos para o livro que esperava escrever. Ele viria à casa durante a tarde. Foi com alguma surpresa, então, que Samantha ouviu cascos dos cavalos no meio da manhã. Ela deixou a arrumação dos livros na biblioteca e foi até a janela. Era o Sr. Rhys. Ele tinha vindo, explicou, para se certificar de que a Sra. McKay tinha encontrado tudo em ordem e aprovara os servos que seu assistente tinha escolhido em seu nome. Ele estava ao seu serviço, ele disse a ela, se houvesse algo mais que ele pudesse fazer por ela. Ela realmente não queria perguntar. Na verdade, a própria ideia de fazer isso a fazia se sentir quase fisicamente doente. Mas, enquanto poderia ter permanecido alegremente ignorante da resposta para o resto de sua vida se tivesse ficado na Inglaterra, não havia como evitar isso indefinidamente agora que estava aqui. — Sr. Rhys, — ela disse — o senhor mencionou o dinheiro que minha tia-avó deixou para minha mãe e que a minha mãe, por sua vez me deixou. Eu não sabia disso até dois dias atrás. É uma grande soma? — Eu tenho uma declaração do banco aqui comigo — ele disse a ela, mexendo na pasta de couro que ele tinha deixado ao
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lado de sua cadeira. — Achei que gostaria de saber. Eu sabia sobre o principal, mas não a quantidade exata de interesse que tem acumulado. Pode ver por si mesmo, senhora. Ficará satisfeita, eu acho. Ele entregou-lhe um maço de papéis. Ela baixou os olhos para o topo da página. Por favor, Deus, deixe-o ser um montante pequeno, uma adição agradável a meus próprios recursos modestos, mas nada demais — seus olhos focados em cima do total, e, em seguida, ela fechou os olhos e lambeu os lábios subitamente ressecados. — É uma boa soma considerável, não é? — Disse. — Sim — disse ela. — Considerável, Sr. Rhys. — Espero que não esteja decepcionada — disse ele. — O Sr. Bevan deixou a maior parte de seus bens e fortuna a seu filho, o que era natural, suponho, quando seria ele que continuaria com os negócios. — Eu esperava apenas a casa — ela disse a ele. — Eu me pergunto por que minha mãe nunca usou uma parte do dinheiro. — E por que ela nunca mencionara isso? Tinha Papa conhecimento disto? Mas ele deve ter sabido depois da sua morte, se não antes. Por que ele nunca disse nada? Porque sua filha tinha se tornado mais rica do que o seu filho? Porque ele respeitou o desejo de sua mãe de não ter nada a ver com o seu passado? Teria sido isso, ela decidiu. Ele teria respeitado a rejeição de sua mãe de seu passado, mesmo depois de sua morte, mesmo à custa de sua filha. O Sr. Rhys a estava olhando, desconfortável. — Eu sei que a senhorita Bevan gostava muito de sua sobrinha — disse ele. — Ela a trouxe e a alimentou, vestiu e educou. Mas ela estava
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sempre com medo — ela confiou a mim em algumas ocasiões, uma vez que éramos amigos. Ela estava sempre com medo de que a menina se tornasse selvagem e fosse correndo atrás do povo de sua mãe. Ela gostava de sair da casa descalça, correr na praia e nadar no mar. Era o que todas as crianças faziam, eu tentei dizer a senhorita Bevan. As minhas próprias não eram muito diferentes. Mas ela estava com medo. E o medo a fez rigorosa. E talvez um pouco severa também. Não tenho a certeza se foi isso que levou sua mãe a ir embora. Eu acho que pode ter havido algum tipo de disputa entre o sua tia-avó e seu avô, embora fossem quase nunca se falassem no melhor dos tempos. E eu não estou mesmo certo sobre a briga. No entanto, sua mãe se foi. Ela era muito jovem. Talvez ela não soubesse que brigas são os melhores feitos logo que os ânimos esfriam, especialmente com membros da família. Sua mãe havia se sentido rejeitado, então, Samantha pensou, por sua própria mãe, que tinha voltado para o seu povo, deixando sua filha para trás; por seu pai, que a tinha deixado aos cuidados de sua irmã; e por sua tia, que era rígida e severa porque ela era meia cigana. Ela tinha fugido com dezessete anos e tinha encontrado Papa, que a amara em silêncio, delicadamente e firmemente para o resto de sua vida. Talvez tenha sido significativo que ela houvesse se casado com um homem mais velho, um pai substituto, talvez. Por que ela tinha, sem dúvida, amado Papa, não tinha sido, Samantha pensou agora, um relacionamento apaixonado. — Eu odeio falar mal dos mortos — disse Rhys — e de uma cliente e amiga além disso, mas a Srta. Bevan poderia ser tão teimosa como uma mula também. Quando sua sobrinha fugiu, ela não foi atrás dela ou nem mesmo escreveu para pedir-lhe para voltar para casa ou perguntar se ela precisava de alguma coisa. E ela não fora conhecer seu pai quando soube sobre o casamento ou para conhecê-la quando soube de seu
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nascimento. Sua mãe escrevera em ambas as ocasiões, então talvez ela tentara se aproximar. A Srta. Bevan não iria perdoá-la, porém, por fugir e se tornar uma atriz depois de tudo que ela tinha feito para fazer da menina uma senhora respeitável. — E, no entanto, — Samantha disse — ela deixou tudo para a minha mãe. — E agora é seu — disse Rhys. — Estou feliz por ter vindo. — Obrigada — disse Samantha. — Eu não tinha ideia, o senhor sabe. — Eu espero — disse ele — que não esteja lamentando ter vindo. Ela olhou para ele por alguns instantes antes de responder. Ela tinha vindo aqui para escapar. Se esconder. Para se libertar da opressão de uma respeitabilidade demasiada, estritamente aplicada. Para pôr de lado as pesadas pompas de seu luto em favor das memórias mais suaves do homem que tinha sido seu marido por sete anos. Para encontrar alguma paz. Para encontrar alguma liberdade. Para fazer um novo começo. Ela não esperava isso. — Eu não lamento — disse ela. — Esplêndido — disse Rhys, esfregando as mãos, embora não fosse claro se o seu entusiasmo era pela declaração dela ou pela bandeja de chá e bolos galeses que a Sra. Price estava levando para a sala. Talvez fosse para ambos. Ele permaneceu por uma hora. Samantha o acompanhou até o portão do jardim quando ele estava saindo, uma vez que a chuva tinha parado. Olhando para cima, quando sua carruagem se afastou, ela podia ver que as nuvens estavam mais altas e
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mais brancas e que havia algumas rupturas neles, através das quais ela podia vislumbrar o céu azul. Talvez, depois de tudo, a tarde seria brilhante e quente. Tramp estava de pé ao seu lado, respirando pesadamente. — Oh, muito bem — disse ela. — Mas você tem que me dar um momento para buscar o meu gorro e calçar meias e botas. O chão está molhado. Ela era rica, ela pensou quando entrou, e seu estômago deu uma guinada. Mas rica não era uma palavra forte o suficiente. Ela era absurdamente rica. Com a propriedade e o dinheiro que sua mãe não quisera. Uma coisa que ele não era, Ben decidiu enquanto dirigia um cabriolé alugado até a casa de campo na parte da tarde, era um escritor. Ele podia ver paisagens e pontos de interesse especial em sua cabeça. Ele poderia descrever pessoas a cada cena com personagens interessantes e suas histórias. Ele poderia formular suas reações a tudo. Ele poderia até mesmo colocar tudo no papel, sem muita dificuldade. O problema, porém, era que havia uma enorme diferença entre o que ele via, ouvia em sua cabeça e sentia em seu coração, por um lado e, por outro, o que foi escrito sobre as três páginas espaçadas com as quais ele acabara. Em algum lugar entre os dois, toda a vida, cor e emoção tinham sido drenadas para deixar a fria e dura verdade, sem inspiração. A única coisa que qualquer leitor poderia ser inspirado a fazer se lesse tudo isso, era ficar em casa e esquecer qualquer intenção de viajar que pudesse ter sentido. Não, ele não era um escritor. Foi talvez um pouco derrotista, desistir depois de sua primeira tentativa. Mas o ponto era que todo o processo o tinha aborrecido terrivelmente — dos rabiscos em seu diário para a organização de
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ideias em algum tipo de esquema na tentativa de escrever um capítulo de abertura. Ele se sentiu como se estivesse na escola, compelido a escrever ensaios sobre assuntos que eram tão secos como poeira. Isso não era decididamente o que ele queria fazer para o resto de sua vida. O que deixou um inquietante vazio, de novo. Quinn estava ao lado dele no cabriolé, embora Ben tivesse protestado que ele não precisa vir. Seu criado estava indo para desengatar o cavalo e acomodálo no celeiro, e então caminharia de volta para a aldeia. Ele queria levar o cabriolé com ele e voltar mais tarde para levar Ben volta para a pousada, mas Ben não concordara. Ele não sabia que horas retornaria. Poderia ser às sete ou oito horas, ou poderia ser meia-noite. Ele não queria ter Quinn chegando ao portão do jardim com o cabriolé em algum momento inconveniente. Ele tentou não pensar sobre sua possível saída à meianoite. E ele tentou não pensar sobre nadar e de fazer um ridículo de si mesmo, ou afogar-se. As nuvens tinham sumido e o sol estava brilhando. Estava morno. Não havia desculpa para não nadar, a menos que ele se oferecesse para guardar a toalha e as roupas enquanto ela nadava sozinha.
Covarde, ela o chamara ontem, pouco antes de ele a beijar. Bem, não podia permitir que essa acusação se tornasse realidade, poderia? — Ele pensou quando saiu do celeiro para a casa. Um covarde era algo que ele nunca tinha sido, exceto recentemente. — Ben. Ela estava no jardim de novo com o cão. Estava usando um chapéu de abas flexíveis e um vestido de cintura alta, de manga curta de musselina branca, todo bordado com botões de rosa
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pêssego. Tinha um grande babado na bainha. E era muito óbvio para ele que ela não estava usando nada abaixo dele. Estava correndo em direção a ele, ambas as mãos estendidas. Mas ela olhou para suas bengalas quando chegou perto e juntou as mãos sob o queixo em seu lugar. Ela estava parecendo agitada. — Ben, estou terrivelmente rica. — Terrivelmente? — Ele ficou tentado a sorrir, mas algo em sua expressão o deteve. — O Sr. Rhys esteve aqui esta manhã — disse ela. — Ele trouxe uma declaração do banco. Eu poderia comprar a metade da Inglaterra. — Mas você iria querer? — Perguntou a ela. — Eu não tinha ideia — disse ela. — Minha mãe não me disse. Nem meu pai, depois que ela morreu ou mais tarde, quando me casei. Ele deveria ter me contado. John não me contou. — O que você vai fazer? — Perguntou a ela. — Sobre seu avô, quero dizer. Ouvi dizer que ele está longe de casa no momento. Embora ele seja esperado em casa em breve. — Espero que ele nunca mais volte — disse ela com veemência. — Espero que ele mantenha distância de mim para sempre. Minha tia-avó eu posso perdoar. Ela era rigorosa com a minha mãe, mas eu ouso dizer que ela não queria ser cruel. Eu nunca poderei perdoá-lo. — Talvez, — disse ele — as pessoas precisem ter permissão para contar suas histórias.
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— Quando ele já tentou contar a sua para mim? — Ela olhou tempestuosa. — Confiar em você para ouvir o homem. — É melhor irmos nadar — disse ele. Ela olhou teimosa por alguns momentos e, em seguida, visivelmente relaxada. — Sim — disse ela. — Vamos, ou vou discutir com você quando não foi você quem me ofendeu. Vamos esquecer tudo, exceto da areia, da água, da liberdade e da felicidade de uma tarde ensolarada. E o fato de que estamos juntos. Às vezes era bom apenas esquecer tudo o que talvez se deve lembrar e simplesmente viver o momento. Às vezes, o momento era tudo o que realmente importava.
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Capítulo 17 Samantha deixou os sapatos e as meias sobre a rocha onde tinha deixado no dia anterior. Seu vestido, touca, e roupa íntima eram as únicas peças de vestuário que restavam. Ela se sentiu muito ousada e realmente muito imoral. Mas não havia nenhum ponto em andar na praia vestida com toda a elegância habitual de uma senhora. Isso teria que ser tirado antes que ela pudesse nadar. A praia, ela decidira na véspera em sua primeira visita, ia ser o seu lugar de liberdade, o lugar onde nada importava, mas o momento em que viveria a beleza pela qual estava cercada. Assim que pisou ali naquele dia, deixou para trás o pesado fardo de sua riqueza; os vislumbres perturbadores que tivera em seu passado familiar; o conhecimento de que seu avô, que tinha abandonado sua mãe, era tão rico como um nababo, para usar as palavras de Ben, e vivia naquela mansão brilhante na colina e ironicamente chamada de casa. Deixou para trás a melancolia de um luto recente, a desaprovação severa de seus sogros, o fato de que não poderia pedir por simpatia ou ajuda ou afeto para qualquer membro da família do seu pai. Ignorou o fato de que, em breve, provavelmente muito em breve, Ben partiria para continuar sua jornada e ela nunca mais o veria. Ele estava com ela agora, e era realmente tudo o que importava. Estavam na praia, onde nada mais importava, apenas a liberdade de desfrutar do momento. Todos deveriam ter um tal retiro, pensou. Como ela tinha sorte. — Nunca tinha nadado no mar — disse ela, combinando seu ritmo com o dele, embora tivesse gostado de caminhar ao longo e até mesmo correr, assistindo a um Tramp sempre esperançoso de
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ir a galope atrás das gaivotas. — Acho que é muito diferente de nadar em um lago. — De várias maneiras — disse ele. — A água é mais flutuante porque é salgada. Mas isso faz com que seja pior de engolir e mais difícil para os olhos. Você tem que estar atenta às ondas que quebram sobre sua cabeça. Pode entrar na água até que esteja pela cintura e depois nadar na mesma área por cinco minutos apenas para descobrir, quando colocar os pés para baixo, que esta está pelo queixo ou joelhos, ou que não dá pé. — E se eu não conseguir nadar? — Perguntou. Ele parou para olhar para ela. — Lembro-me — disse ele — de quem me garantiu ontem de que nunca esquecemos. — Ela riu para ele. Todos os traços do tempo cinzento da manhã tinham sido afastados, para deixar o céu azul e cheio de sol e um mar que brilhava sob ele. A maré estava mais acima na praia do que tinha estado na manhã anterior, de fato quase completamente. A rocha onde eles se sentaram não estava longe de sua borda, embora a areia seca sobre ela sugerisse que estava acima da marca normal de maré alta. — Nós podemos deixar as nossas toalhas lá —, sugeriu ela, apontando para a rocha. Ele tinha uma bolsa pendurada no ombro e tinha mais nela do que apenas uma toalha, ela suspeitava. Ela não tinha trazido nenhuma roupa, apenas as que usava. Largou a toalha e tirou o chapéu. Fez com que seu cabelo ficasse em um apertado nó em seu pescoço e que todas as forquilhas fossem empurradas com firmeza. Mas Gladys tinha feito seu trabalho. Ela também tinha rido maliciosa quando soube que Samantha não ia vestir seu espartilho.
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— Você está indo só para nadar na água, Sra. McKay? — Ela perguntou. — Estou invejosa, estou. Ficou um dia bonito, não é? E que bom que ele vai nadar também, não é? Ele é sempre tão lindo, não é, mesmo que esteja um pouco aleijado. Não me importaria de vê-lo despojado para um mergulho, eu posso lhe dizer. — Gladys! — Oh, desculpe, Sra. McKay — ela disse, corando. Samantha sorriu agora na memória. E puxou o vestido com determinação sobre sua cabeça, mesmo pensando que ficaria muito exposta na altura do joelho. Dificilmente se poderia nadar totalmente vestida, poderia? Ele tinha tirado o chapéu e seu casaco, o colete e gravata, ela viu quando se virou. Ele tinha acabado de se sentar na rocha para tirar suas botas e meias. Não foi fácil para ele fazer isso, ela pôde notar. — Você gostaria que o ajudasse? — Perguntou ela. Ele olhou para cima e protegeu os olhos com uma mão e não disse nada enquanto seus olhos a percorriam da cabeça aos pés. — Desculpe — ele murmurou depois de alguns longos momentos e baixou a mão. — Não, obrigado. Eu posso controlar. Ela sentiu-se chamuscada pelo seu olhar. Levou um tempo. Ele era tão diferente de Matthew, pensou ela, enquanto observava. Era teimosamente independente. Havia uma cicatriz com mau aspeto através da parte superior de um de seus pés, viu quando ele tinha tirou as meias, feita ali por um estribo, talvez? Teve sorte por seu pé não ter sido
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completamente cortado. Ele não ia, ela percebeu, remover as calças. Mas soltou a camisa delas, cruzou os braços e arrastou-a sobre a cabeça. Ela ficou olhando para ele quando ele ergueu os olhos para ela. Tinha ficado perto de seu peito nu naquela noite na pousada, mas não tinha visto, e não o tinha explorado com as mãos. Havia uma cicatriz enrugada feia entre o seu coração e o ombro. — Uma bala? — Perguntou ela. — Fui mais feliz do que o Capitão McKay — disse ele. — O cirurgião foi capaz de tirá-la. Ela fez uma careta. Seu peito tinha outras cicatrizes, algumas piores do que outras, assim como os dois braços. Qualquer uma dessas feridas certamente poderia tê-lo matado. Ela levantou os olhos para ele e lambeu os lábios. — Você esteve em mais de uma batalha? — Oito — disse ele — e mais algumas pequenas escaramuças. A cavalaria está sempre sendo envolvida em escaramuças. Ao invés de estragar sua aparência, as cicatrizes, de alguma forma, acentuavam a sua masculinidade. E ficou muito claro que ele trabalhava seu físico. Seus músculos eram firmes e bem definidos. Parecia, de repente, um duro soldado, mesmo brutal. Brutal na batalha, como foi. Mas magnífico como um amante?
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Ela deu um passo para trás e virou-se para olhar para a água. Houve um latejante desconforto em seu ventre, e o sol ficou mais quente do que há alguns minutos. — A água está próxima — disse ela. — Você pode caminhar até lá sem suas bengalas ou com um braço sobre meus ombros? — Você não é minha criada — disse ele. — É tal humilhação — ela perguntou-lhe — colocar o seu braço sobre mim e se apoiar por uma distância curta? Será que vai diminuir a sua masculinidade? Sua mandíbula estava dura quando ela se virou para ele. Mas ele assentiu com a cabeça e sorriu. — Acredito que vai desafiar minha masculinidade — disse ele. — Notei, você vê, que está com pouca roupa. Então essa é a razão pela qual ele estava relutante em tocála? — Você é um hipócrita, Major Harper? — Perguntou. — Apenas um homem normal de sangue quente, senhora — , disse ele bruscamente, levantando-se com a ajuda de suas bengalas e, em seguida, colocando-as contra a rocha dando dois passos sem elas antes de chegar até ela. — Leve-me à água fria, por favor. E quanto mais rápido melhor. Era incrível a diferença que algumas camadas de roupa podiam fazer ou a falta dessas camadas. Na véspera ela tinha tido notado seu físico magro e forte, quando caminharam na água e isso a atraíra. Hoje, podia sentir o poder de seu braço nu sobre os ombros e estava ciente dos músculos ondulando em seu peito, pressionado ao lado dela. Estava ciente de seu quadril masculino, o calor de sua pele. Estava consciente de sua altura alguns
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centímetros acima dela. E ela estava consciente de sua própria nudez ao lado dele. Sentiu como se algo da sua juventude meio murcha estivesse reunindo-se em um broto, ficando pronta para estourar em flor novamente. Ela virou o rosto para o seu quando chegaram à entrada da água e riu. — Está f-f-fria — disse ela, deliberadamente gaguejando quando entraram. Ela bateu com os pés e enviou gotas frias que espirraram em cima deles. — Estamos ficando c-c-congelados. Tramp estava correndo ao longo da margem por trás deles, latindo de emoção e os molhando. — É tarde demais para mudar de idéia agora — ele disse, sorrindo para ela. — Estou entrando, e deve fazê-lo também, porque eu preciso de você para ir daqui até lá. Uma onda quebrou sobre os seus joelhos, e Samantha engasgou. — De quem foi a idéia tola — perguntou. — Não vou arriscar uma resposta para isso — disse ele. — Sou sempre cavalheiro. No momento em que a água atingiu a cintura dela e, em seguida, a parte superior, Samantha pensava que a ideia fora pior do que apenas uma bobagem. Seu braço ficou um pouco menos pesado sobre os ombros, ela notou. E depois desapareceu por completo e ele se escondeu debaixo da superfície da água. Ele voltou, balançando a cabeça de forma que ela foi salpicada com gotas, abrindo os braços ao longo da água. Ele estava por conta própria, ela percebeu. Seu cabelo escuro estava colado à cabeça. Gotas de água estavam em seu rosto e cílios. Era bonito, de uma
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masculinidade viril, e estava de pé, sem a ajuda de qualquer bengala ou ombros. Oh, como deveria ter sido absolutamente lindo. Ele sorriu para ela, e ela agarrou seu nariz entre o polegar e o indicador e mergulhou. Voltou ofegante e cuspindo. — Oh, — ela disse — eu vejo o que você quer dizer com flutuabilidade e gosto. Aí vem uma onda. Mas eles tinham ido longe demais para que quebrasse sobre eles em espuma. Samantha levantou os pés e boiou sobre ela, ao mesmo tempo que Ben se deitou na água e flutuou. Então, ele não iria afundar como uma pedra e se afogar. Ela viu quando ele virou de frente e começou a nadar em um ritmo lento, seus poderosos braços fazendo a maioria do trabalho, embora suas pernas estivessem se movendo muito, impelindo-o junto. Ela nadou para o apanhar e percebeu que ela estava certa. Não tinha esquecido como se nadava. Nem ele. Teria gritado com prazer se tivesse fôlego. Ela o igualou, e nadaram lado a lado, braçada a braçada. Parecia à Samantha que nunca tinha sido mais feliz em sua vida. Se apenas pudessem nadar para sempre e nunca ter que voltar para a costa. Ben poderia ter chorado. Não só se lembrava como nadar, mas também que podia nadar. Podia mover as pernas sem dor. Podia se mover. Sem dor. Ele estava livre. Não sabia o quão longe havia nadado antes de se tornar ciente de Samantha ao lado dele. E isso era estranho, já que tinha tido conhecimento dela com cada fibra do seu ser, desde que pôs os olhos em cima dela de regresso à casa de campo. E quando ela se despiu... Bem, foi difícil encontrar palavras. E então
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quando tinha estado ao lado dela para colocar o braço sobre os seus ombros... Seu cabelo muito escuro estava colado à cabeça e seguro em seu nó apertado em seu pescoço. Dois braços nus bem torneados saíram da água, um após o outro em um ritmo constante, gracioso, deslizando para trás sob a superfície. Ele podia ver o contorno de seu corpo através da água, a sua anágua como uma segunda pele. As pernas dela, empurrando—a, eram longas, resistentes, bem torneadas e principalmente nuas. Ela não era magra, mas era perfeitamente proporcionada. Era o sonho de feminilidade de todo homem. Ela chamou sua atenção e sorriu. Ele sorriu de volta. Ela rolou de costas e flutuou, com os braços para os lados. Ele flutuava ao lado dela. Não havia uma nuvem no céu. Este, ele pensou, era um desses raros momentos perfeitos. Queria capturá-lo, mantê-lo e valorizá-lo para que o pudesse recordar de vez em quando e sentir novamente o que sentia agora. Mas, claro, ele poderia fazer apenas isso. Era chamado de memória. — Você estava nadando — disse ela. — E você também. — Você estava nadando, Ben. Ele virou a cabeça para olhar para ela. — Estava certa. Eu posso nadar. Se ele tivesse sido capaz de descer para a praia em Penderris, talvez tivesse descoberto isso há muito tempo. Se tivesse sido capaz de passar mais tempo em Kenelston depois de
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deixar Penderris, talvez tivesse ido para o lago e descoberto lá. Mas nunca lhe ocorrera que havia um ambiente em que ele não seria prejudicado, ou não completamente, de qualquer maneira. Até agora ele tinha tentado apenas um crawl muito agradável. Mas talvez pudesse ganhar força na água se desafiando a tentar golpes mais vigorosos. Talvez não tivesse, afinal, atingido o limite de suas capacidades físicas. Ela virou a cabeça para olhar para ele. — Estou certa de vez em quando, você sabe. Seus dedos se tocaram inadvertidamente quando boiavam na água, e, em seguida, se tocaram deliberadamente. Ele colocou a mão em cima da dela, e ela virou-a de modo a ficarem palma com palma. — Estou contente por este dia — disse ela. — Eu também. — Você vai lembrar disso quando viajar para muito longe e reunir material suficiente para dez livros? — Perguntou a ele. — E ser imensamente famoso? — Eu me lembrarei — assegurou ele. — E você vai se lembrar quando tiver um exército de amigos e admiradores aqui e estiver ativamente envolvida na vida do vilarejo e da comunidade? E quando aprender galês e estiver cantando para ajudar a levantar o telhado da igreja? Ela sorriu. — Eu vou lembrar. Eles flutuaram por mais algum tempo. O cão, ele pôde ver quando olhou, estava estendido na rocha e as toalhas e as roupas descartadas. O sol estava quente.
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Não havia nada para ela na Inglaterra. Não havia nada para ele aqui. Não havia nada lá para ele, quer a menos que se fixasse em Kenelston ou então estabelecer casa em Londres ou em Bath ou em outro lugar onde pudesse constituir algum tipo de rotina e algum tipo de vida social. Ele não ia ser um viajante. Não podia suportar a idéia de fazê-lo sozinho. E nunca mais queria ver uma revista ou uma folha de papel em branco novamente. Talvez devesse tentar algum tipo de carreira. Nos negócios ou comércio, talvez, ou a lei? Ou no serviço diplomático? Nunca tinha pensado seriamente em trabalhar, exceto como um fazendeiro em sua própria terra. Não precisava trabalhar, afinal de contas, uma vez que estava na posse de uma fortuna considerável. Mas agora não era o momento de considerar o seu futuro. Agora era a hora para o agora. Agora era um daqueles momentos raros e preciosos com o qual se era dotado de vez em quando. Isso era tudo o que era. Um momento. Mas era um para ser desfrutado ao máximo enquanto durasse e estimado por toda a vida depois que acabasse. — E não terminou ainda — ela disse, repetindo seu pensamento. — Não. Havia ainda o jantar para ser apreciado na casa de campo. E depois … Ele não tinha certeza de que seria sábio. Poderia, se quisesse, enumerar em sua mente todas as muitas razões, e eram muitas para os dois, por que não seria. Mas ele não ia pensar. Iria segurar o momento. O resto do dia iria cuidar de si próprio. Ela havia se virado de frente e começara a nadar lentamente de volta em direção à praia. Ele a seguiu.
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— Fique aqui — disse ela, quando foi capaz de se levantar na água. — Vou buscar suas bengalas. A maré tinha descido um pouco, ele podia ver. Ficou mais longe a pé até a rocha agora do que tinha sido quando eles entraram. Ele pisou a água e observou o seu retorno através da areia, suas bengalas em uma de suas mãos. Suas anáguas agarravam-se a seu corpo, não deixando praticamente nada para a imaginação. No entanto, ela parecia inconsciente disso. Era linda além da crença. E desejável além das palavras. — A vida não é realmente justa — ela gritou, se jogando de volta na água. — Estava muito frio quando entramos, e agora está congelando ao sair. — Ela segurou as bengalas no alto enquanto nadou em direção a ele. — Quem lhe disse — perguntou a ela — que a vida era justa? Ele tirou as bengalas dela. Era hora de voltar a estar ligado à terra. O cão ficou em pé na borda da água, latindo para eles, impaciente para que emergissem. Ben inclinou um ombro contra a rocha, quando chegou a ela e esfregou a toalha sobre a parte superior do corpo e em seu cabelo. Ele iria mudar para as calças secas que trouxera se ela virasse de costas. — Eu não trouxe uma muda seca —, ela disse, e sua mão parou com a toalha para um dos lados da cabeça. — Eu pensei que iria deixá-la secar aqui no sol.
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Mas ela não quis dizer o que ele pensava que ela queria dizer, ele percebeu quando a viu espalhar a sua toalha na areia. Ela não estava prestes a tirá-la. — Vamos deitar e apanhar algum sol antes de voltar para a casa? — Sugeriu. — Você já ouviu falar de uma baleia encalhada? — Perguntou a ela. Ela olhou para ele, presa. — Você não seria capaz de se levantar de novo, não é? — Ela disse, e então riu. — Sinto muitíssimo. Não pensei nisso. Quão tolo de mim. — Deite-se — disse ele. — Eu vou sentar aqui. Ela considerou a borda de pedra em que tinha se sentado ontem. — Você pode esticar-se ao longo dela — ela disse — e relaxar melhor. Poderia se levantar daí, não poderia? E assim se colocaram lado a lado em suas toalhas, embora ela um metro abaixo dele na praia. Ele protegeu os olhos com um antebraço. — Não são as senhoras que devem proteger sua tez da mera sugestão da luz solar? — Perguntou. — Eu tenho a pele de uma cigana — disse ela. — Mesmo não me expondo ao sol as pessoas me desaprovam porque meu rosto não é toda porcelana, pêssego e rosa. Então por quê me incomodar privando-me de sentir o calor e a luz do sol no meu rosto? Não pode saber como foi irritante ter que usar um véu negro quase quatro meses a cada vez que punha os pés fora de porta, quando saía, quero dizer. Oh, Ben, não havia mesmo
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qualquer luz do dia na casa. Matilda insistiu que as cortinas estivessem quase fechadas sobre cada janela. Às vezes, quando ela não estava no quarto comigo, eu costumava ficar na banda da luz do dia e respirar goles, como se tivesse estado sufocando. — Esses dias acabaram — disse ele. — Sim — ela concordou. — Graças a Deus. E eu não estou blasfemando. Eles iriam, provavelmente, acabar queimaduras solares. Ele não se importou.
com
algumas
— Sou terrivelmente atrevida…? — Não — disse ele, sem lhe dar tempo para terminar. — Pouco mais de cinco meses atrás, — ela disse — Matthew estava vivo. — E pouco mais de cinco meses atrás, — disse ele — você estava gastando cada momento do seu tempo com ele, cuidando dele e confortando-o, como foi capaz. — É difícil manter o mundo à distância, não é? — Disse ela. — Jurei que eu não pensaria em nada enquanto estivéssemos aqui, exceto no puro prazer de estar aqui. Sem pensar, estendeu a mão para ela, e ela a segurou. — Você pode vir aqui quando quiser para o resto de sua vida — lembrou ele. — Mas não com você. Ele não podia pensar em nenhuma resposta para isso, e ela não pareceu querer entrar em detalhes. Deitaram-se por um tempo, de mãos dadas. Então ela se levantou e ficou olhando para
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ele. A frente de sua anágua tinha secado. Não se pegava de forma tão provocativa. — Eu vou querer saber sobre você para o resto da minha vida — disse ela. — Vou querer saber o que aconteceu com você. Vou querer saber se encontrou o que estava procurando. Acho que nunca vou saber. — Talvez — disse ele — você escreva a minha irmã em algum momento no futuro, quando se sentir mais segura aqui. — Ah, sim, claro — disse ela. — Ela vai me dizer sobre você. E então, talvez, você vá saber alguma coisa de mim também. Se desejar fazê-lo, isto é. Ele tomou uma de suas mãos na dele de novo e levou-a aos lábios. — Não iria funcionar para nós, Samantha — disse ele. — Não — ela concordou. — A atração mútua não é o suficiente, não é? Ele beijou seus dedos. — Mas talvez, — disse ela, com os olhos em suas mãos — apenas por um dia, ou dois ou três. Talvez por uma semana. Você suportaria ficar uma semana? Ele inalou lentamente. — Seu avô é esperado em casa nos próximos dias — disse ele. — Suponho que ele vai descobrir que você está vivendo aqui. Talvez opte por ignorá-la. Ou talvez não. Talvez você escolha ignorá-lo. No entanto é assim, não posso partir até... bem, até que as coisas estejam mais estáveis para você. Sei que não gosta que utilize meus músculos masculinos em seu nome. Sei que você pode gerenciar sozinha. Mas… — Mas você vai ficar assim mesmo?
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— Sim — disse ele. — Por mais alguns dias. Uma semana. — Oh, Tramp. — Ela olhou para o cão, que estava fazendo barulhos de latidos altos. — A minha perna está salgada e deve ser lambida para limpar? Você é um cão absurdo. — Ele é um cão para ser invejado — Ben disse, e ela olhou para trás, assustada, e riu. Ele balançou as pernas cuidadosamente ao longo da borda da rocha e se sentou. Puxou a camisa sobre sua cabeça. Olhou para ela e maravilhou-se com a percepção de que ela era a mesma mulher com a figura mórbida vestida de preto, que ele tinha quase atropelado com seu cavalo não há tanto tempo assim. Ela estava parecendo envergonhada e ligeiramente despenteada agora, mesmo a maioria de seu cabelo ainda estando confinado no nó em seu pescoço. Ela estava parecendo bastante escandalosa bronzeada do sol e de olhos brilhantes e felizes. Seu nariz estava brilhando. Ele colocou as mãos em cada lado de sua cintura, puxou-a contra ele entre suas pernas, e a beijou. Ela tinha gosto de sal, verão e sol. — Você tem um gosto salgado — ela disse a ele. — Agora eu sei por que Tramp está desfrutando, lambendo minha perna. Eles sorriram um para o outro e se beijaram de olhos abertos. — Há uma frase em latim — disse ela. — Algo sobre carpas, embora não realmente isso. — Carpe diem? — Isso mesmo — disse ela. — O dia voa, ou o dia é passageiro. Ou aproveitar ao máximo o que você tem agora nesse momento, porque em breve terá ido. — Ela descansou a testa
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contra dele. — Estou com medo de machucar você, Samantha — disse ele com um suspiro. — Ou talvez a mim mesmo. — Fisicamente? — Disse ela. — Não, você não quer dizer isso, não é? Eu acho que ficaria mais magoada se você simplesmente... patisse. É isso que você quer fazer? Ele fechou os olhos e respirou. — Não. — Volte para casa — disse ela. — Você pode mudar suas roupas lá e se lavar com água quente. Vou dar uma corrida com Tramp. E ela puxou o vestido e o chapéu e saiu correndo ao longo da praia com o cão em sua perseguição. Onde estavam as meias de seda e chinelos, as luvas e guarda-sol, e tudo o necessário a uma senhora respeitável do sociedade? Ele sorriu para ela, admirando os seus tornozelos nus cheios de areia e sua exuberância. Ela o queria. Ele se perguntou se iria decepcioná-la, ou pior. Mas chega disso. Não ia se oferecer para toda a vida, afinal, não é? Iria dar o máximo de si mesmo, o que pudesse, para o prazer de ambos, e orar a Deus para não haver demasiada dor do outro lado do prazer. Porque temia que estivessem brincando com fogo.
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Capítulo 18 A senhora Price preparou uma torta de frango e legumes, que conforme explicou, era o prato favorito do filho como também tinha sido do falecido marido. Era para ser precedida de sopa de alho poró e seguido por geleias e creme de ovos. Ela colocou xícaras e pires com açúcar e leite e um prato de bolo coberto com um pano em uma bandeja na cozinha. A chaleira ficou zumbindo na extensão do fogão com o bule aquecendo ao lado dela. Gladys apertou Samantha no espartilho e ajudou-a com o vestido de noite de seda cor-de-rosa, que ela tinha passado a ferro com cuidado para que até mesmo os dois babados na bainha e os das mangas ficassem livres de rugas. Penteou o cabelo ainda ligeiramente úmido de Samantha em um penteado elegante e ondulado. Fechou o colar de pérolas sobre seu pescoço e os brincos de pérola nas orelhas, antes de dar alguns passos para trás para admirar seu trabalho. — Oh, está linda, Sra. McKay — disse ela. — Aposto que iria chamar a atenção até mesmo em um daqueles grandes bailes na cidade de Londres. — E tudo graças a você, Gladys — Samantha disse com um sorriso. — Mas só tenho que comparecer ao jantar no andar de baixo. — Contudo, é com o major — disse a empregada com um suspiro. Claramente ela estava encantada com Ben. — Aposto que vai chamar a atenção dele. — Se eu o fizer, — disse Samantha, levantando-se do banco na frente da penteadeira — com certeza direi que é tudo graças a você. — Oh, vamos lá — disse Gladys, corando. — Ele só tem que dar uma olhada em você para saber que tolo é isso. A senhora
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poderia estar vestida com um saco e ofuscar qualquer outra senhora ao redor. Samantha se sentiu bem, até mesmo exuberante. Ela costumava se sentir assim quando se vestia para os encontros e bailes durante sua juventude e os primeiros meses de casamento. Mas, isso a golpeou de repente, talvez fosse injusto vestir-se com um cuidado especial para a noite, quando Ben estaria usando as roupas com as quais ele tinha vindo da aldeia, esta tarde, ou melhor, as secas que ele vestiu após nadar. Ela não se arrependeu, porém, quando viu a admiração nos olhos dele ao se juntar a ele na sala. E ele parecia realmente muito bom para seus olhos também. Ele deve ter encontrado uma escova com a qual livrar o casaco e as botas de todos os vestígios de areia. E polir também, as botas brilhavam. O colete estava perfeitamente abotoado sob o casaco, e ele tinha amarrado a gravata em um estilo mais adequado para noite. O cabelo estava penteado no estilo Brutus, o que lhe convinha. Ele levantou-se, mesmo ela fazendo sinal com a mão para ele ficar onde estava, e fez uma reverência cortês. — Você está linda — disse ele. — Apesar de queimada de sol? O rosto dele estava corado, mas atraente. Ele parecia saudável e viril. — O sol bronzeia seu tom de pele, em vez de deixá-la vermelha — disse ele. — Sim, linda, apesar de queimado de sol. A Sra. Price apareceu na porta naquele momento para informar que tinha posto os pratos quentes sobre a mesa e eles deveriam ir agora, se não quisessem comida fria e estragada. E, pendurando o avental disse que iria embora caminhando para casa com Gladys, se a Sra. McKay não precisasse de mais nada.
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E assim eles jantaram juntos, sozinhos, Samantha e Ben, embora Tramp viesse cheio da cozinha, fazendo ruídos, deitasse na frente da lareira mantendo um olho nos pedaços de alimentos que pudessem cair. Nenhum caiu, mas Ben lhe dava alguns pedaços, de qualquer maneira, para diversão de Samantha. Ele fingia não gostar do cão, mas ela nunca acreditou nele, por Tramp gostar dele, e os cães não gostam de pessoas que não gostam deles. A comida era simples, mas saudável e deliciosa. Ele contou algumas histórias da época que era militar, nada sobre luta e violência, mas anedotas divertidas. Ela contou—lhe histórias sobre seu ano com o regimento de Matthew, pequenos incidentes principalmente engraçados, envolvendo as outras esposas nas quais ela não tinha pensado em anos. Ele contou histórias de seus anos em Penderris, novamente coisas leves, incidentes divertidos que envolviam os amigos dele. Ela disse a ele sobre os gatinhos em Leyland Abbey. Um cavalariço descobriu uma ninhada no sótão do celeiro e os manteve em segredo para que não fossem afogados, até que Samantha descobriu. Mas ela não o delatou. Em vez disso, o ajudou e estimulou e amou aqueles gatinhos até que cresceram e desertaram, a fim de ganhar a vida e seu pão diário como caçadores. — Miseráveis ingratos — disse ela, rindo baixinho. Ela havia esquecido até agora que não houve nada de bom sobre esse ano, em Kent. — Mas você não gostaria de tê-los para o resto de suas vidas, não é? — Ele perguntou. — Oh, céus, não — disse ela. — Havia oito deles. — O cão ficaria severamente abalado — disse ele.
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— Sim — ela concordou. — Pobre Tramp. Ele estaria grosseiramente em menor número e sem dúvida teria se esgueirado, em vez de afirmar seu tamanho superior. Ele não sabe que é grande, veja você. Ele acredita que é um filhotinho. Os dois riram, e Tramp bateu o rabo no chão, onde estava sentado. Samantha limpou a mesa e levou os pratos para a cozinha, onde os empilhou sobre o balcão. Ela fez o chá, levou a bandeja para a sala de estar e acendeu as lamparinas. E eles se sentaram e conversaram mais, principalmente sobre livros, enquanto bebiam o chá e o céu além da janela virou um azul mais profundo. E então índigo. Em seguida, ficou escuro. Ela levantou-se para fechar as cortinas. E, de repente, não havia maneira de reviver a conversa. O próprio fato dela ter se movido os fez reconhecer que a noite tinha caído e eles estavam juntos em sua casa de campo, sem uma acompanhante. Ela ficou de frente para a janela por alguns instantes, embora já tivesse puxado as cortinas. — Devo partir? — ele perguntou. — Você deseja que eu vá? Talvez ela devesse simplesmente dizer sim. Nada tinha acontecido entre eles até agora, apesar de uma viagem bastante longa que os tinha aproximado. Em poucos dias, ele teria ido. E tinha que ser assim. Não poderia haver futuro juntos, por varias razões. Talvez fosse melhor não dar esse passo extra para o desconhecido, o imprevisível. Talvez fosse decepcionante se eles prosseguissem. Não, não foi isso que a fez hesitar. Talvez fosse doloroso. Não o ato em si, mas suas consequências. Por ele ter de partir. Haveria um
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adeus. O que seria mais doloroso? Não ter dormido com ele e sempre se arrepender? Ou ter dormido com ele e para sempre... se arrepender? Ele lhe fez uma pergunta. Duas, na verdade. Ela balançou a cabeça enquanto virava. — Não, não vá. E assim ela se comprometeu. Ela viu enquanto ele se colocava de pé, usando as bengalas, e ela aproximou-se dele até que ficou em pé na frente dele. — Não vá — disse ela novamente, e levantou as mãos para abarcar o rosto dele. Ele tinha até mesmo se barbeado, ela percebeu. Ele deveria ter trazido a navalha com ele. Ele devia ter esperado ficar. — Tem certeza que você não vai se arrepender? — ele perguntou a ela. — Não posso levá-la comigo, Samantha. Eu sou, pelo menos para o presente, um nômade. E não posso ficar. Não há nada para mim aqui. Além disso, é muito cedo para você se casar novamente. E eu não posso... me casar nunca. Eu não estou inteiro para oferecer algo. Porque ele estava meio aleijado? Estranhamente, ela teria concordado com ele apenas algumas semanas atrás. Ela não queria mais nada a ver com feridas e desfiguração. Mas, lento como ele era em seus movimentos, era difícil pensar nele como incapaz. Só que ele não podia segurá-la naquele momento, porque precisava das duas mãos para segurar as bengalas. — Uma vez me foi prometida uma vida — disse ela — e foram me dados quatro meses. Nem mesmo isso, na verdade, foi tudo ilusão desde o início. Foi tudo uma mentira. Esta tarde, você
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me prometeu uma semana. Vamos torná-la uma semana para se lembrar. — Um caso para se lembrar? — Ele disse. — Com muito prazer e carinho — disse ela. — E sem arrependimentos. Você vai se arrepender? Prefere voltar para a estalagem? Por alguns momentos, ela pensou que ele ia dizer sim. Então ele baixou a cabeça para mais perto dela, fechou os olhos, e encostou a testa na dela. — Estou com medo — disse ele — de ser incapaz. Ele quis dizer impotente? Ele temia isso? — Eu tenho medo de decepcioná-la — disse ele. Ela afastou-se dele e sorriu enquanto apagava uma lamparina. — Vamos subir — disse ela. — Mesmo que você não faça nada mais que me abraçar, não irei me decepcionar. Uma das minhas mais belas lembranças recentes é de acordar naquela pousada onde fomos forçados a dividir um quarto para encontrálo abraçando-me contra você, com um braço sobre mim. Passou muito tempo desde que alguém me tocou, exceto você, quando me beijou em Bramble Hall. Tramp se aconchegou na cama que a Sra. Price havia feito em um canto da cozinha, ao lado do fogão e sua bacia da água, e Samantha seguiu na frente para o andar de cima, segurando a lâmpada no alto para que ele pudesse ver o seu caminho. Ela fechou as cortinas do quarto e o ajudou a tirar o casaco, colete e gravata. Ela o observou retirar a camisa para revelar o musculoso, bronzeado peito, cheio de cicatrizes. Só então ela se moveu em direção a penteadeira.
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— Permita-me — disse ele, e atravessou o quarto, apoiou as bengalas ao lado da penteadeira, sentou-se no banco, abriu as pernas, e puxou-a para sentar-se entre elas, com as costas contra seu peito. Os dedos dele trabalhavam em seu cabelo, e ela inclinou a cabeça para baixo, observando a mão quando ele inclinou para a frente para tirar os grampos até que seu cabelo caiu sobre os ombros. Ele pegou a escova e começou a passá-la pelos cachos que Gladys tinha tão cuidadosamente criado. — Duzentas escovadas? — ele perguntou, a voz baixa contra sua orelha. Ela estremeceu ligeiramente. — Cem vai servir. — Com pressa, não é? — ele perguntou. — Não. — Ela suspirou e fechou os olhos. — O tempo não existe. Eu não quero que ele exista. — Então não existe — ele disse e passou a escova no cabelo até que ela podia sentir que não estava mais embaraçado e que não havia mais cachos também. Ela não contou, mas depois de um tempo ele jogou a escova de volta para a penteadeira e abriu o fecho de suas pérolas. Ele retirou os brincos. E cuidou dos fechos na parte de trás do vestido até que ele chegou ao fim e colocou os lábios contra as omoplatas, uma de cada vez. Ela estava segurando o vestido contra o peito, mas ele chegou ao redor, retirou suas mãos e puxou o vestido para baixo sobre seus braços, e para baixo sobre os seios até que ela ficou nua, usando somente o espartilho e a regata. Ele abarcou seus seios, empurrando para cima do espartilho. Os dedos estavam quentes quando tocaram levemente
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sobre sua carne até que ela podia sentir um esfaqueamento abaixo, através do ventre e ao longo das coxas. Ele pegou os mamilos entre o indicador e o polegar de cada mão e apertou de leve antes de esfregar os polegares sobre as pontas. Ela pressionou a cabeça contra o ombro dele, abriu os olhos e encontrou seu olhar no espelho à luz bruxuleante da lâmpada. Ela poderia, percebeu, ver o que ele fazia, enquanto ele estava fazendo. Oh, meu Deus. Estendeu as mãos sobre as coxas em cada lado do seu corpo, mas levemente para não machucá-lo. E ele desamarrou o espartilho e a levantou na frente dele e a despojou das roupas até que ficaram amontoadas a seus pés. Em seguida, ele a puxou para sentar-se na frente dele novamente. Ela ainda estava vestindo as meias de seda e as ligas cor de rosa, pensou, enquanto o observava mover as mãos sobre ela e senti-las também. Seus braços e ombros e um meio círculo profundo acima dos seios estavam bronzeados da exposição desta tarde ao sol. O resto dela estava pálido em comparação. Suas mãos também estavam bronzeadas. Ele esteve celibatário, tanto quanto ela. Mas ele obviamente sabia muito mais do que ela. E, como com a natação, parecia que isso não era algo que ele tinha esquecido. Ele sabia exatamente onde tocá-la, e como, com as palmas das mãos, as pontas dos dedos, com as unhas. E, finalmente, os dedos de uma mão deslizaram de leve pelo triângulo de pelos no ápice de suas coxas, e empurraram para baixo e para dentro, abarcando seu calor, pressionando em seu lugar mais privado, levemente sondando e acariciando. O polegar circulou levemente um pouco mais acima até que ela sentiu uma dor tão crua de desejo que gritou e estremeceu contra ele e teria dobrado sobre si, se o braço livre dele não a tivesse abraçado firmemente de volta contra o peito.
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— Oh. — Ela estava ofegante. Sentia-se quente e úmida e, de repente drenada de energia de uma forma completamente agradável. — Eu sinto muitíssimo. A risada dele e a voz baixa contra sua orelha. — Sente muito? Eu certamente espero que não. E ela sabia que era uma mera novata, que ele fez amor com ela com a mão e lhe deu aquele prazer requintado deliberadamente com a habilidade de seus dedos. — Mas eu não sou capaz de lhe dar nenhum prazer — ela protestou. — Tem certeza? — Ele riu contra seu ouvido novamente, e ela olhou para ele no espelho e viu seus olhos, pesados com... o quê? Desejo? Paixão? Pura apreciação? Ele era, pensou ela, incrivelmente bonito. — Você está quase completamente vestido — ela reclamou. — Isso pode ser remediado. — Ele levantou-a novamente e alcançou as bengalas. — Deite-se na cama. Ela puxou os cobertores, sentou-se na beira do colchão e tirou as meias, enquanto ele observava. Ela nunca esteve nua com um homem antes. No entanto, nunca se sentiu tão autoconsciente. Talvez fosse porque a luz da lamparina fosse suave e lisonjeira. Ou talvez fosse por causa do olhar nos olhos dele. Ou porque ele tinha feito amor com ela com a mão e ela ainda estava quente com o prazer. Deitou-se e observou-o sentar-se na parte inferior da cama e puxar as botas e meias. Pobre homem, foi a segunda vez em um dia em que teve que fazer isso sem a ajuda do criado e, evidentemente, não foi fácil.
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E então ele se levantou e apagou a lamparina, que estava sobre a mesa ao lado da cama. Podia ouvi-lo remover as roupas intimas. Foi decepcionante. Ela queria assistir. E queria que fossem capazes de ver um ao outro enquanto se amassem. Mas mesmo através das roupas era evidente que as pernas dele estavam um pouco deformadas, e que os músculos não eram tão desenvolvidos como aqueles na parte superior do corpo. Era compreensível que, ao contrário dela, ele se importava de ser visto nu. — Eu só espero... — ele começou enquanto deitava ao lado dela. Mas de alguma forma na escuridão, ela encontrou sua boca com a mão e cobriu-a. — Ben, — ela disse, virando para o lado dela — eu não conhecia você antes de ficar ferido. O homem que foi então não existe para mim. Só o homem que você é agora. E este é o homem que eu escolhi para ter um caso. Não importa se você não tem grande destreza. Eu não tenho qualquer experiência também. Eu só conheci um outro homem, e apenas por um breve período de tempo, há quase sete anos atrás, quando eu tinha dezessete anos. — Não posso me mover com agilidade, — disse ele — mesmo quando estou deitado. Apenas na água, parece. Talvez devêssemos estar fazendo isto lá. Ela levantou-se em um cotovelo e empurrou o ombro dele até que ele ficou deitado de costas. — Ah, — disse ela, abaixando a boca para a dele — mas eu posso me mover com agilidade. — Deus me ajude. — Ela o ouviu rir baixinho quando ele estendeu a mão para segurá-la pelos quadris.
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Ela se moveu sobre ele até que ficou em cima dele, com as pernas de ambos os lados dele para não lhe causar dor. E ela respirou o calor e o cheiro ligeiramente almiscarado dele misturado com o cheiro salgado do mar, apesar de ter se lavado depois de voltar da praia. Seus seios pressionavam contra os quentes músculos, duros do peito masculino. Ela colocou a boca na dele e a abriu pressionando com a língua. Ela o montou nos quadris, elevando-se sobre os joelhos para que pudesse mover as mãos sobre ele e sentir toda a magnificência de seu físico. E assim ela sentiu as mãos dele sobre ela, em seus seios, sobre seus ombros, pelas costas, sobre seus quadris e ao longo de suas coxas até os joelhos, até chegar ao traseiro. Ela abaixou a cabeça para beijá-lo no peito, para lamber os mamilos e os beliscar entre os dentes, e com as mãos ela sentiu a estreiteza da cintura e quadris, o calor entre as coxas, a espessura dura da excitação. Ela a pegou em suas mãos e ambos sentiram e se ouviram inspirar lentamente. Acariciou-o com as palmas das mãos e, com a ponta dos dedos enquanto ele crescia e ficava mais duro. Ela levantou-se mais sobre seus joelhos, abrindo mais amplamente, segurou-o contra a parte mais macia de si mesma, e abaixou-se em direção a ele enquanto as mãos dele iam até seus quadris novamente e os apertavam com firmeza. Por um momento, quando foi profundamente penetrada, apertou os músculos internos e manteve assim, com a cabeça inclinada para a frente, com os olhos bem fechados. Certamente não havia nenhuma percepção mais fascinante no mundo. Ah, não poderia haver. E era com Ben. Ele era seu amante. Foi uma palavra dita de forma consciente em sua mente, saboreando-a. Ele era seu amante. Melhor do que marido. Ah, muito melhor. Havia liberdade em ser um amante. Prazer dado livremente e livremente recebido.
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Ele a levantou um pouco pelos quadris, e de repente estava no comando, movendo-se dentro dela, retirando e empurrando com firmeza, golpes profundos fazendo-a alcançar o peito dele com a ponta dos dedos para firmar-se e inclinando a cabeça para trás para que pudesse sentir. Ele estava se movendo rápido e com força, mas com um ritmo constante que convidou uma ligeira viragem de seus quadris para circundar seus impulsos e uma contração e relaxamento de músculos internos para juntá-los mais profundamente e soltá-los. E ela preparou os joelhos e o montou enquanto seus quadris flexionavam e relaxavam contra as coxas e a respiração ficou difícil e seus seios e mãos sobre ele ficaram quentes e escorregadias com o suor, e sempre, inexoravelmente, ele exigia entrar... onde? Onde mais haveria para ir? Ele já estava mais que profundo. Mas então algo abriu caminho de qualquer maneira, algo profundo, algo suave, perto do doloroso, além das palavras para descrever, e ele veio em força e profundamente e a atravessou, ela se fechou em torno dele e derramou toda a maravilha interior daquele lugar desconhecido e sussurrou o nome dele. Ele entrou duas, três, quatro vezes naquele suave, belo lugar, empurrando sua demanda e, em seguida, encontrou o próprio lugar. Ela sentiu o calor, o ouviu suspirar, sentiu-o relaxar gradualmente, e ficou nos braços dele esperando até que deitou ao longo do corpo dele novamente, as pernas esticadas ao lado das dele. Eles ainda estavam unidos. Era impotência que ele temia? Talvez ela também temesse isso, por culpa dele. Ela quase riu com prazer. Alguns instantes depois, ela sentiu as cobertas sobre as costas e ombros. Os braços dele mantiveram-na no lugar, e eles ficaram ali relaxados um nos braços do outro por vários minutos.
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— Esquecemos uma coisa — ele disse finalmente, a voz suave contra seu ouvido. — Humm? — Ela estava mais do que meio adormecida. — Eu derramei minha semente em você — disse ele. — Humm. — Ela estava acordada agora. Os dedos de uma das mãos dele estavam brincando por seu cabelo. — Nós vamos ter que fazer... arranjos antes de eu ir embora — disse ele. Ela abriu os olhos para encarar a janela. — Tenho que ver um lugar para onde você possa escrever — disse ele — caso seja necessário eu voltar. Ela havia pensado nisso, mas tinha deliberadamente ignorado o pensamento, o que foi extremamente tolo e irresponsável da parte dela. — Não concebi durante meu casamento — disse ela. — O que não significa que você seja estéril — ele disse a ela. Será que isso significava que o caso deles tinha acabado? Quase antes de ter começado? Será que eles não arriscariam de novo? — Eu não iria prendê-lo em um casamento — ela disse a ele. — Eu não duvido disso — disse ele. — Apesar de que preso não seria uma palavra agradável de usar, se houvesse realmente uma criança, não é?
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Ela não respondeu. Mas se moveu para deitar ao lado dele. Ele pegou sua mão e enlaçou seus dedos nos dela. — Devemos parar, então? — ela perguntou a ele. Ele não respondeu imediatamente. — Seria um terrível desastre para você — ele perguntou a ela — ficar grávida? Ter que casar comigo? — Não seria um desastre — disse ela. Por um longo tempo, enquanto vivia em Leyland Abbey, ela pensou que sua vida poderia ser suportável se tivesse um bebê, embora depois que Matthew foi ferido e voltou para casa, ela ficou profundamente grata por não ter nenhum. — Seria um desastre para você? — Se houver uma criança — disse ele — não quero ter que me lembrar para o resto da minha vida que alguma vez chamei a possibilidade de sua concepção de desastre. Nenhum de nós quer o casamento, e as circunstâncias tornariam difícil para nós nos casarmos, mesmo se quiséssemos. No entanto, as necessidades de qualquer filho meu sempre viriam em primeiro lugar na minha vida, e uma criança precisa de pai e mãe, se for humanamente possível, casados e amando um ao outro. Ele falou com uma voz suave, obviamente, escolhendo as palavras com cuidado. Samantha sentiu um profundo sentimento de... pesar? Não, não era pesar. Mas foi algo que doeu com um desejo sem nome e trouxe lágrimas aos seus olhos e a dor de lágrimas não derramadas em sua garganta.
...Casados e amando um ao outro. Como seria maravilhoso ser amada por Benedict Harper e partilhar um filho com ele. Se apenas as circunstâncias fossem diferentes...
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Ela descansou a testa contra o ombro dele. Não era para ser assim. Eles deveriam estar tendo um caso breve, inteiramente para o prazer. — O que vamos fazer? — Ela perguntou a ele. — Nós prometemos um ao outro uma semana de amor — disse ele — antes de seguirmos nossas próprias vidas separadas. Vamos manter essa promessa e lidar com quaisquer consequências que possam surgir, se e quando surgirem? Ela soube de uma coisa, então, com uma clareza terrível. Soube que não era feita para casos casuais. Ela pensou que após o primeiro torpor da perda após a morte de Matthew passasse, que tudo o que queria era ser livre, viver. Mas tudo o que realmente queria fazer, tudo o que sempre quis fazer, era amar. E, se possível, ser amada. Em vez disso, havia começado um caso, algo que, pela própria natureza, era temporário. Algo que era puramente carnal. Algo que iria deixá-la mais despojada do que nunca sentira antes. A menos que houvesse uma criança. No entanto, ela deveria esperar que não houvesse, por que ela não gostaria de prendê-lo a ela dessa forma. Ele apertou a mão dela. — Não duvido — disse ele — de que haverá pessoas tomando nota do minuto e hora exata em que voltarei para a pousada. Não está tão tarde para ser óbvio que fiz mais aqui do que jantar com você e depois tomar chá e conversar. Ele inclinou-se e beijou-a nos lábios, e então ela passou as pernas para o lado oposto da cama, ficou de pé, e encontrou a camisola e o roupão. — Vejo você lá embaixo — ela disse, deixando-o se vestir.
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Ela foi até o celeiro com ele por quinze minutos ou mais, usando os chinelos e o roupão, enquanto Tramp galopou pelo jardim, o prazer de um passeio que ele não esperava. Ela esperou enquanto Ben atrelava o cavalo ao cabriolé. Ele estendeu um braço para ela antes de subir, e ela deu um passo para perto dele e o abraçou. Ele a beijou e sorriu ao luar. — Obrigado — disse ele. — Por? — Por me fazer sentir como um homem novo — disse ele. — Você sempre parece um homem novo para mim — disse ela, e viu o brilho do sorriso dele na escuridão. — Obrigado — disse ele de novo e, subindo lentamente no cabriolé, pegou as bengalas, juntou as rédeas nas mãos, olhou para ela mais uma vez, e deu ao cavalo o sinal para partir. — Boa noite, Samantha — disse ele. — Boa noite, Ben. Ela derramou lágrimas depois que ele se foi e depois que não podia ver nem ouvir o cabriolé por mais tempo. Ela não podia deixar de pensar no fato de que no prazo de uma semana seria um adeus, não apenas boa noite. O que ela fizera?
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Capítulo 19 O tempo conspirou a favor deles. O sol brilhou em um céu sem nuvens pelos próximos quatro dias, e o ar estava excepcionalmente quente. Samantha caminhou até a aldeia uma manhã, e então pegaram emprestado o cabriolé da pousada e atravessaram a ponte ao longo da pista estreita acima da praia, parando várias vezes para olhar os barcos e respirar o ar do mar. Ben conversou com um pequeno grupo de pescadores, enquanto Samantha levava o cão para uma caminhada curta. Almoçaram juntos na estalagem, a Sra. Price foi avisada de que a patroa não voltaria para o almoço. Na manhã seguinte, uma velha amiga da senhorita Bevan foi à casa de campo com a filha para conhecer Samantha. Ben ouviu tudo sobre a visita, quando passou de cabriolé por lá mais tarde. — Elas querem que eu vá para o chá uma tarde dessas — ela disse a ele. — E você também Ben, se ainda estiver aqui. Elas foram muito gentis. A senhora Tudor me contou tantas histórias sobre minha tia-avó que eu sinto como se quase a conhecesse. — Você vai? — Ele perguntou. — É claro — disse ela. — Eu irei tão logo que, bem, assim que tiver uma tarde livre. Assim que ele se fosse, ela estava prestes a dizer. Mas ele estava satisfeito por ela. Algumas pessoas na aldeia acenaram amigavelmente para ela e, obviamente, sabiam quem ela era. O vigário e a esposa haviam se apresentado. Agora uma velha amiga de sua tia-avó e a filha da mulher tinham ido visitá-la e a convidado a devolver a visita. No entanto, ela estava na aldeia há
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apenas alguns dias. Logo ela pertenceria aquele lugar e, ele concluiu, como ela nunca teve a oportunidade de pertencer quando vivia em Bramble Hall. Ela certamente seria feliz ali, embora ainda não tivesse conhecido o avô, é claro. Eles nadavam todas as tardes. Era quase como uma droga para Ben. Ele teria de passar o resto do verão, depois que fosse embora dali, perto do mar, talvez em Brighton, embora a estância estivesse um pouco na moda para o seu gosto. Quando estava nadando, quase podia esquecer que suas pernas estavam meio aleijadas. Na água, podia até mesmo brincar de certa forma. Às vezes, eles corriam, e quando ele ganhava, o que não era toda hora, ele esperava por ela e, em seguida, a tomava em seus braços e girava com ela, exigindo beijos como prêmio. Às vezes ele a perseguia, mergulhava, chegava debaixo dela e a derrubava na água, até que ambos ficassem ofegantes, rindo e tendo de tirar água dos olhos. Ele sentiu como se anos tivessem saído de cima dele para serem levados pela maré. Sentia-se quase como um homem normal. Sentia-se exuberante e cheio de energia. Sentia-se vivo. E ele vivia para o momento. Não havia nenhum ponto em antecipar a partida no final da semana. Ele iria lidar com isso quando chegasse a hora. E não havia necessidade de se preocupar em deixá-la grávida cada vez que faziam amor. Ou eles teriam um caso ou não, e desde que tinham um, então eles poderiam muito bem simplesmente se divertir. Se ele a deixasse com uma criança, ela iria escrever e dizer, assim como ela havia prometido que faria, e ele iria retornar e se casar com ela. Não era o que qualquer um deles queria. Pelo menos... não, não era o que qualquer um deles queria, mas de alguma forma eles iriam dar um jeito para o bem da criança.
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Era talvez uma atitude negligente, irresponsável de se tomar, mas Ben não se importava. Às vezes era preciso simplesmente se render a felicidade. A vida não oferecia felicidade suficiente. Ele estava feliz. Ficava na casa de campo a cada dia para jantar, que era sempre seguido do chá e uma conversa agradável na sala. De alguma forma, aumentava o prazer do ato de amor, o fato de que eles não caíssem na cama, na primeira oportunidade, mas primeiro passavam um tempo aproveitando a companhia um do outro. Faziam amor na escuridão. Ele sabia que a desapontava quando apagava a lâmpada, mas ele realmente não podia suportar que ela o visse como ele era. Ela ficou em cima dele novamente na segunda noite. Mas depois de terem dormido um pouco, ele virou-se e deitou-se sobre ela enquanto a tomava novamente. Foi um pouco desconfortável no início, e ele não sabia se seria possível continuar sem mudar de posição, mas a paixão superou a dor, e ele estendeu os braços acima da cabeça, os dedos de ambos firmemente entrelaçados, e a amou com rigor lento até que ambos estremeceram com a liberação. E sua perna, dolorida e contraída como ficou depois, sobreviveu à provação. Ela era bonita e voluptuosa, de pele lisa, cabelos sedosos e perfumados com aquele cheiro fraco de gardênia sempre entranhado nela. Ela era quente, apaixonada e desinibida em seu prazer. E ele admirou-se com o fato de que ele pudesse fazer amor, e que ele pudesse dar prazer, bem como recebê-lo. Ele teve desnecessariamente medo de que pudesse causar nada além de repulsa em qualquer mulher com quem tentasse ter intimidades. Isso tinha sido tolice da parte dele. Só que ela não o tinha visto.
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Ele era sempre cuidadoso de voltar para a pousada da aldeia bem antes da meia-noite. Supôs que ocorreria alguma conversa e especulação de qualquer maneira. Devia ser do conhecimento comum, afinal, que nenhuma das duas servas vivia ali, que não tinha nenhuma acompanhante feminina, que ficava sozinha desde o início da noite até algum momento antes do café da manhã. Mas ele não queria que a conversa se transformasse em um escândalo aberto. Logo ele teria ido e toda a conversa cessaria. Mas não iria pensar nisso ainda. Ele havia prometido uma semana. Havia prometido a ela e a si mesmo. No quinto dia, o sol ainda brilhava, embora nuvens brancas começassem a pontilhar o azul do céu causando a mancha ocasional de sombra e frescor que as acompanha. Ben foi para a casa de campo com o cabriolé, como de costume depois do almoço, uma toalha e um par de calças secas em seu saco ao lado dele no banco. Quando passou pela casa, no entanto, não havia nenhum sinal de Samantha no jardim, como normalmente ocorria. Até mesmo o cão não estava à vista. Ela ainda não tinha saído, mesmo depois de ele ter desengatado o cavalo e caminhado em direção a casa. Estava na sala de estar, elegantemente vestida em um vestido listrado de musselina azul e creme. Geralmente usava os vestidos mais antigos para nadar. E o cabelo tinha sido dominado em um coque alto com cachos enrolados nas têmporas e ao longo do pescoço. Ela parecia tão pálida como um fantasma, ou tão pálida como alguém com a pele como a dela, que passou grande parte da semana no sol, poderia parecer. Não havia sorriso em seu rosto quando ela o cumprimentou. — Samantha? — Disse ele, movendo-se pela sala e parando para afagar a cabeça do cão que abanava a cauda.
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— Eu fui tola — disse ela. — Eu deveria ter dito não. Eu disse não, mas não com firmeza suficiente. Eu quero ir nadar com você. É um bom dia e nós temos tão pouco tempo. Ele ficou parado no meio da sala, apoiado em suas bengalas. — O que aconteceu? — Ele perguntou. — Estou esperando uma visita — disse ela com algum veneno. — Oh? — Mas ele podia de alguma forma adivinhar. — Ele mandou o secretário — ela disse — descobrir se eu sou quem eu digo ser, suponho, mas ele disse que tinha vindo para ver se eu estaria em casa para uma visita de seu empregador, esta tarde. — Seu avô? — O Sr. Bevan — disse ela. — Será que ele acha que vai me impressionar, enviando o secretário? Ele sentou-se e apoiou as bengalas ao lado da cadeira. — Talvez — disse ele — ele quisesse lhe dar alguma escolha sobre se você quer vê-lo ou não, Samantha. Se ele tivesse chegado esta manhã, em vez do secretário, você não teria nenhuma escolha. Talvez ele não deseje forçar a presença dele a você. — Bem, — ela disse — eu sei que ele não quis fazer isso. Ele nunca quis. — Mas ele está vindo — disse ele. — É o que parece.
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Ela olhou tempestuosamente para ele, mas ele não achava que ela estivesse vendo-o realmente. — Eu informei ao secretário dele — ela disse — que eu não queria falar com ele, conhecê-lo ou até mesmo vê-lo. Ele me disse que se eu pretendesse continuar a viver aqui, era quase inevitável que visse seu empregador ao longo do tempo, a menos que quisesse ser uma eremita. Ele me perguntou se eu pretendo ir à igreja. — Bevan vai? — Ele perguntou. — Sim — disse ela. — E então eu disse que iria recebêlo. Vou lhe dizer o que penso e mandá-lo seguir seu caminho e, em seguida, o assunto estará encerrado. Uma vez que tivermos a oportunidade de olhar um ao outro depois de hoje, vamos ser capazes de acenar com a cabeça educadamente e continuar com nossas próprias vidas, sem sermos incomodados por nossa conexão. Ela não parecia nada convencida. — Devo partir? — Ele perguntou. — Não! — Suas mãos agarraram os braços da cadeira. — Não, por favor. É terrivelmente covarde da minha parte não querer enfrentá-lo sozinha. Talvez eu devesse. E ouso dizer que você está louco para fugir antes que ele apareça. Você está? — Samantha — ele disse — ele não é meu avô. E ouso dizer que ele não é um monstro. Se ele for, serei capaz de posar como seu cavaleiro protetor e combatê-lo com uma das minhas bengalas. De qualquer forma, ficarei feliz por ficar. Tenho curiosidade em vê-lo. E testemunhar o primeiro encontro deles.
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Ela inclinou a cabeça para o lado, de repente, e o cão se levantou e latiu uma vez. Pela janela aberta vinham os sons inconfundíveis de um veículo se aproximando. Ela desejava ter ido para Leyland Abbey. Melhor o diabo que você conhece... mas, não, nada poderia ser pior do que a vida vivida sob o olhar inflexível do Conde de Heathmoor. Além disso, esta era a sua casa de campo. Ela tinha o poder de admitir ou excluir quem quer que desejasse. Ela tinha escolhido permitir que o avô fosse visitá-la, somente nesta ocasião. Logo ele teria ido novamente e ela estaria livre. Mas isso não parecia ajudar muito neste preciso momento. Ela ficou onde estava e Ben ficou onde estava quando a carruagem parou diante do portão do jardim e o som de vozes entrou pela janela. O único que não ficou onde estava foi Tramp. Ele parou à porta da sala de estar, seu nariz quase pressionado contra a borda exterior, ânsia em cada linha do corpo deselegante, a cauda abanando como uma bandeira em uma brisa. Houve uma batida na porta exterior, e foi aberta quase imediatamente pela Sra. Price, que obviamente tinha ouvido a chegada do veículo também. Houve alguns momentos de tensão quase insuportáveis, e então uma batida na porta da sala de estar. A Sra. Price a abriu e Tramp recuou. — O senhor Bevan, senhora — disse a Sra. Price, com os olhos arregalados, embora ela soubesse que ele viria. Ele não era um homem muito alto, mas era de aparência sólida e tinha presença. Portava-se com confiança. Tinha cabelos grisalhos, embora ainda houvesse alguns escuros misturados com a prata. Tinha um rosto agradável, bem-humorado. Deve ter sido um homem considerável em seus anos mais jovens. Na verdade,
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ele ainda tinha uma aparência notável. Estava dispendiosa e elegantemente vestido. Samantha estava de pé sem ter conhecimento de ter se levantado. Ele olhou para ela e depois para Tramp, que estava latindo e pulando e, como sempre, comportando-se de maneira indisciplinada. — Um cavalheiro não se faz deliberadamente visível quando acompanhado — disse Bevan com um belo sotaque galês. — Sente-se. E Tramp, o traidor, sentou-se e olhou para seu novo amigo com os olhos inteligentes, língua de fora e a cauda abanando levemente. — Sra. McKay? — Disse Bevan. — Samantha? Ele fixou os olhos nela e avançou por toda a sala com passos confiantes, a mão direita estendida. Ele era quase da mesma altura dela, ela percebeu. Ela não tinha escolha, longe de ser deliberadamente maleducada, colocou a mão na dele. Ele segurou-a em um aperto quente e buscou sua outra mão para a dele, o tempo todo olhando para o rosto dela. — Você não é muito parecida com sua mãe — disse ele — exceto na coloração. Mas, oh, garota, você se parece com sua avó. Ele levou sua mão aos lábios antes de largá-la. — Sr. Bevan — disse ela. — Posso apresentar o major Ben Harper? Ben também ficou de pé.
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— Sir. — Ele inclinou a cabeça. — Prazer em conhecê-lo. Os olhos do Sr. Bevan o analisaram. — Ferido na guerra Major? — Ele perguntou. — Sim — disse Ben. — É um amigo do falecido Capitão McKay, eu ouvi dizer — disse Bevan. — Não há muitas notícias locais e fofocas que não alcançam meus ouvidos em Cartref, você sabe. Eu poderia amordaçar meus servos, suponho, mas por que eu o faria? Gosto de um pouco de fofoca. Ele estava olhando atentamente para Ben quando disse isso, e Samantha sentiu raiva bem dentro dela. A que fofocas em particular ele estava referindo-se? E o que dizia respeito a ele? — Eu nunca tive o privilégio de conhecer o Capitão McKay — Ben disse, e os olhos de Samantha se voltaram para os dele. — Minha familiaridade com a viúva começou após sua morte. Quando ela decidiu vir para cá, foi incitada pelas circunstâncias que achou intoleráveis e não tinha ninguém para acompanhá-la. Eu ofereci meus serviços. Foi um acordo menos que satisfatório, senhor, mas foi o melhor que poderia ser feito. Ele estava se desculpando com o avô dela? Samantha levantou o queixo e olhou para os dois. — Eu não preciso da proteção de nenhum homem, — ela disse — mas Sir Benedict insistiu. Ambos olharam para ela, Ben um pouco timidamente, o avô com um sorriso que revelou um leque de rugas atraentes nos cantos externos de ambos os olhos. Ele devia sorrir com frequência.
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— Essa é a minha menina — disse ele, inflamando-a ainda mais. — Oh, sentem-se — disse ela sem graciosidade. — Vocês dois. Mas, claro, ambos esperaram ela se sentar primeiro. Eles estavam sendo perfeitos cavalheiros. — Negligenciei você durante os últimos seis ou sete anos, Samantha — disse Bevan. Ele estava com uma mão alisando a cabeça de Tramp, enquanto o cão fechava os olhos em êxtase. — Nos últimos seis ou sete anos? — Ela levantou as sobrancelhas. — Depois que seu pai escreveu para dizer que você casou — disse ele, — eu decidi parar de escrever para você. O capitão McKay era o filho de um conde, não era? Muito classe alta. Eu não queria que você ficasse constrangida por um membro da família que fez fortuna no carvão e no ferro. Eu sabia que o seu marido tinha sido ferido e que você estava vivendo no norte da Inglaterra. Mantive-me informado, veja você, mesmo que apenas de longe. Não ouvi falar da morte dele, no entanto. Desculpe-me sobre isso. E estou profundamente triste por você, menina. Ele tinha decidido parar de escrever? Ele havia se mantido informado? Ele sabia tudo sobre ela? Toda a vida dela? Samantha olhou para as mãos cruzadas no colo. Ela podia ver o branco dos seus dedos. — Obrigada — ela murmurou apenas para dizer algo no silêncio. — Estive em Swansea por uma semana — disse ele. — Quando voltei ontem e ouvi que você estava aqui, pensei que deveria estar aborrecida comigo, uma vez que não me fez saber que estava vindo. Mandei Evans esta manhã para testar as
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águas, por assim dizer, e ele relatou que você está realmente irritada. Às vezes, somos condenados se fizermos e condenado se não o fizermos, se me permite a minha língua, que provavelmente não é a melhor para a nora de um conde. Mas será que você não concorda, Major? Se eu continuasse escrevendo, isso poderia ter sido um problema. Parei e parece que isso foi a coisa errada. Embora você nunca escrevesse de volta, Samantha, exceto as mensagens que às vezes você enviava. Mensagens? Samantha olhou para ele. A suspeita foi começando a se formar em sua mente. Mais do que uma suspeita. Seu pai tinha escrito a ele, pelo menos uma vez. Quanto o pai ocultou dela? — Você abandonou a minha mãe — disse ela — quando ela era pouco mais que uma criança. Você não teve nada a ver com ela enquanto ela viveu aqui com sua irmã. Quando ela fugiu para Londres, não a seguiu. Quando ela se casou e me teve, não apareceu. Quando ela morreu, não apareceu. Nunca houve nada. Não havia nada. Ela queria estar certa. Ela não queria que seu mundo virasse de repente de cabeça para baixo novamente. O rosto dele ficou pálido. A mão imóvel na cabeça de Tramp. — O que eles disseram a você, menina? — Ele perguntou. — O que eles disseram sobre mim? — Nada, — ela disse — a não ser sobre o abandono da minha mãe depois que a mãe dela voltou para o seu povo cigano. Nada mesmo. Você desapareceu da vida dela. — Ah. — A mão dele deslizou para longe da cabeça do Tramp para descansar sobre o braço da cadeira. — Não foi simplesmente por ter vergonha de mim, por minha riqueza da classe média, então?
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— Eu não sabia sobre sua riqueza — gritou ela. — Eu não sabia de nada. Assumi que era um operário ou um andarilho que tinha feito um casamento tolo e ficou com o peso de uma filha, a quem, em seguida, impingiu à sua irmã. Eu não sabia nada sobre ela, exceto que ela tinha possuído esta casa, que minha mãe descreveu como um casebre. Achava que era um casebre. Eu só esperava que fosse de alguma forma habitável enquanto eu fizesse uma nova vida para mim. Nem sabia que você estava vivo. Ben se levantou de novo, cruzou até a cadeira dela, estendeu um grande lenço na mão, e, em seguida, fez o caminho lento até a janela. Samantha o passou pelos olhos. Não tinha percebido que estava chorando. — Ah, minha querida — disse o avô. Mas ele não teve chance de dizer mais nada por um tempo. A porta abriu-se e a Sra. Price entrou com uma bandeja grande, com o rosto envolto em sorrisos. Samantha apressadamente empurrou o lenço para o lado da cadeira. — Ah, Sra. Price — disse Bevan. — Tentando engordar as pessoas como sempre, não é? — Apenas alguns pedaços de bolo para acompanhar seu chá — disse ela, colocando a bandeja sobre a mesa ao lado de Samantha e prosseguindo a servir o chá ela mesma. — O que mais devo fazer com o meu tempo, além de cozinhar? A Sra. McKay é uma senhora muito arrumada e ela tem Gladys Jones para cuidar de suas necessidades pessoais. — E como está seu filho, o ferreiro? — Ele perguntou a ela. — A mão dele ficou curada, não foi? Martelos são sempre melhores utilizados em bigornas do que nas costas dos dedos. Na minha opinião, de qualquer maneira.
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— Eles estavam tão inchados que tinha três vezes o seu tamanho — ela disse a ele — e pretos e doloridos também, embora ele nunca admitiria isso. Ele está melhor agora, porém, Sr. Bevan, e obrigada por perguntar. Vou dizer a ele que perguntou. E obrigada por enviar... — Mas ela se interrompeu com o ligeiro movimento da mão dele. — Bem, foi muito apreciado — disse ela. — Ele não pôde trabalhar muito por uma semana. Ela entregou o chá a todos e saiu da sala. — Fui justamente punido, ao que parece — disse ele com um suspiro. — E a pobre Sra. Price. A última coisa que me apetece fazer é comer um pedaço de seu bolo, delicioso, como estou certo que seja. Suponho que você também esteja sem apetite, Samantha. Talvez seria melhor forçar engolir alguma coisa, de qualquer forma, não acha? Ela ficará magoada se não o fizermos. Major, venha e nos ajude, sim. Ben olhou por cima do ombro e, em seguida, voltou para cadeira. — Vou contar a minha história, Samantha, se você me ouvir — o Sr. Bevan continuou. — Mas não agora, talvez. E eu quero ouvir a sua história. Quero saber por que você viria até aqui, esperando apenas uma choupana, quando, presumivelmente, tem uma família nobre para cuidar de você, assim como a família de seu pai. Mas talvez não agora, para ambas as coisas. Major Harper, quanto tempo faz que você foi ferido? Ele era um homem acostumado a comandar, Samantha percebeu, e costumava fazer isso sem usar uma linguagem bombástica. Ali, estava ele em sua sala de estar, direcionando a conversa, tirando o calor da emoção que esteve presente apenas alguns minutos atrás. E ele estava alimentando Tramp com bolo,
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estava disposto a fazê-lo parecer para a Sra. Price que todos tinham tomado seu chá com apetite saudável. Ben disse a ele onde e quando havia sido ferido e como, embora não entrou em grandes detalhes. Contou sobre os anos de sua cura e convalescença em Penderris Hall, e sobre como deixara o lugar há três anos atrás. — Você nunca será capaz de andar sem as bengalas, então? — Perguntou seu avô. — Não — disse Ben. — E o que você faz para se manter ocupado? Tem uma casa própria? Ben disse a ele sobre Kenelston, e, quando perguntado, sobre seu irmão, esposa e filhos e sobre sua própria relutância em removê-los de sua casa e a carga do irmão devido a administração da propriedade dele. — Você está em uma posição um pouco desconfortável, então — o avô dela disse. — Sim — Ben concordou. — Mas vou trabalhar em algo, senhor. Não fui feito para a ociosidade. — Você foi um oficial militar por opção, então? — Perguntou seu avô. — Não só porque seu pai escolheu essa carreira para você assim que você nasceu? Entendo que muitas famílias nobres fazem isso, um filho para herdar, outro para entrar para igreja, outro para o serviço militar. — Foi minha própria escolha — disse Ben. — Eu nunca quis qualquer outra coisa. — Você gosta de uma vida ativa, então. Gosta de estar no comando de homens. E dos fatos.
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— Eu nunca serei um oficial de novo — Ben disse laconicamente. Olhando para ele, Samantha percebeu totalmente o quanto esse fato o machucava. Talvez até mesmo explicava por que ele não tinha tomado uma posição mais firme com o irmão mais novo sobre a casa. Administrar Kenelston não seria um desafio grande o suficiente para ele. Talvez nada mais fosse. — Não — seu avô concordou. — Posso ver isso, rapaz. Ele falou um pouco sobre as minas de carvão, que possuía duas em Rhondda Valley, e sobre as indústrias siderúrgicas no Vale Swansea, onde passara uma semana. Ben fez uma série de perguntas, que ele respondeu com entusiasmo. E então ele se levantou para se despedir. — Quanto tempo pretende ficar, Major? — Perguntou. Ben olhou para Samantha. — Outros dois ou três dias — disse ele. — Então talvez você possa vir com minha neta para jantar comigo em Cartref amanhã — disse o avô. Ele se virou para olhar para ela, um sorriso em seu rosto, mas alguma incerteza nos olhos. — Você vem, Samantha? Tenho um cozinheiro tão bom quanto a Sra. Price. E eu gostaria de ouvir a sua história e contar-lhe a minha. Depois disso pode viver aqui livre de mim, se você quiser. Embora espero que não escolha isso. Você é tudo o que tenho, menina. Ela olhou para ele com alguma indignação até que se lembrou do que ele tinha dito anteriormente. Ele havia escrito para ela antes de seu casamento e ela tinha enviado mensagens. O que seu pai fez? E depois de seu casamento ele havia parado de escrever por medo de que ela ficasse envergonhada por suas origens humildes e pela forma como a sua
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fortuna fora feita. Ela, pelo menos, lhe devia uma noite para defender o caso dele. Mas ele ainda tinha abandonado a filha recém-nascida. Não poderia haver nenhuma desculpa para isso. — Sim — ela disse. — Eu irei. — E eu ficaria muito satisfeito, senhor — disse Ben. O homem mais velho veio em direção a Samantha, a mão estendida novamente. Mas quando ela colocou a própria mão na nele, ele sorriu para ela, aquele olhar de incerteza ainda em seus olhos. — Permita-me? — Ele disse e se inclinou para beijar sua bochecha. — Ela era muito, muito bonita, você sabe. Eu a tive por quatro anos e a teria amado para sempre. Ela não o seguiu pela sala. Ele estava falando sobre sua avó. No entanto, tinha sido casado com alguém depois dela. Ela e Ben ficaram sentados em silencio até que ouviram o veículo ir embora. Tramp estava na janela, balançando a cauda como se estivesse se despedindo. — Ele sempre a amou — disse ela amargamente. — No entanto, abandonou a única filha que teve com ela. — Ouça a história dele amanhã — disse Ben. — E então julgue, se você quiser. — Oh, Ben — ela disse, virando os olhos para ele, — Eu gostaria de poder usar uma varinha mágica e fazer suas pernas ficarem boas para que você pudesse retomar sua carreira militar e ser feliz e realizado. Ele sorriu.
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— Estamos todos lidando com uma mão de cartas — disse ele. — Algumas são descartadas ao longo do caminho e as novas são apanhadas, às vezes não as que esperávamos. Isso não importa. É como as jogamos que importa. — Mesmo que seja uma mão perdedora? — Ela perguntou a ele. — Talvez isso nunca precise ser — disse ele. — Mas a vida não é realmente um jogo de cartas, não é mesmo?
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Capítulo 20 Eles foram nadar depois de tudo. E jantaram juntos depois que a Sra. Price e a criada de Samantha saíram. Passaram algumas horas na cama antes de Ben voltar para a pousada da aldeia. Fizeram amor duas vezes, lentamente na primeira vez, com paixão feroz na segunda. Mas houve algo um pouco... desesperado sobre os dois encontros, Ben pensou quando estava deitado sozinho na cama da estalagem, mais tarde. Nada tinha sido exatamente o mesmo. A vida real, na forma de Bevan, tinha penetrado. Uma pequena parte de sua história tinha sido contada, e mais seria contada amanhã, Samantha tinha consentido em ouvir. Sua vida, ele suspeitava, ia ser muito diferente de tudo o que tinha sonhado quando as circunstâncias a levaram a se lembrar da pequena casa que tinha herdado no País de Gales. Ela tinha um avô, um homem rico e influente que, aparentemente, se importava com ela. Se ia cuidar dele dependia muito da história que ele iria contar amanhã, mas ela desejava a proximidade de algum laço familiar, quer o realizasse ou não. Ben suspeitava que ela iria cuidar de Bevan. E precisava de tempo e espaço, e respeitabilidade, para fazer isso. E para se recuperar totalmente de um casamento de sete anos. Era hora de partir. Quase. Ele havia prometido mais dois dias depois de hoje. Embora não tivessem falado sobre isso, haviam sido conscientes, aquela noite, do fato de que seu caso, o seu início idílico de verão, estava quase no fim. Ben entrelaçou os dedos atrás da cabeça e olhou para cima, para o teto. Parte dele desejava ir embora, terminar com todo o negócio. Desejava poder simplesmente estalar os dedos e encontrar-se no caminho de volta para a Inglaterra. A maioria das vezes odiava despedidas. Temia esta particularmente.
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O dia seguinte era domingo. O primeiro dia de uma nova semana. Quase o fim de sua semana. Ele não tinha ideia de onde estaria no próximo sábado à noite, exceto que seria em algum lugar distante dali. E não tinha ideia do que faria. Não, isso não era estritamente verdadeiro. Estaria indo para Londres, embora não a fim de participar do turbilhão social da temporada ou para permitir que Beatrice se fizesse de casamenteira para ele. Estava indo para explorar várias maneiras de empregar seu tempo, talvez no mundo dos negócios, talvez na diplomacia, talvez na lei. Iria falar com Hugo, com Gramley, com vários contatos que tinha no Foreign Office. Não importava que não precisasse trabalhar. Queria trabalhar. E iria trabalhar. Seu irmão mais velho tinha feito isso, depois de tudo. Mas um obstáculo estava entre ele e o resto de sua vida. Estava o fim de um caso para ultrapassar e despedidas a serem feitas. Amanhã era domingo. Havia prometido ir à igreja com Samantha. Iriam jantar em Cartref no final do dia. E então, depois de amanhã... Adeus. Certamente, a palavra mais triste, mais dolorosa no idioma Inglês. Talvez tivesse algo a ver com o fato de que Ben andava com lentidão meticulosa e com o auxílio de duas bengalas, mas com coragem e determinação evidente, pensou Samantha. Ou talvez tenha sido sua boa aparência, reforçada agora pelo bronzeado, e o ar indefinível de comando que sempre o acompanhava. Ou talvez fosse porque, simplesmente, todo o mundo amava uma pitada de romance, até mesmo um toque de escândalo. Fosse o que fosse, ambos foram recebidos com sorrisos e acenos amistosos quando apareceram na igreja juntos no domingo de manhã. Samantha tinha estado meio que esperando
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olhares frios ou franzires de testa e costas voltadas, pois, obviamente, tinham sido falados. Seu avô ouvira. E embora Ben parecesse quase austero a maioria do tempo, ele era bem capaz de ter charme. O usou naquela manhã sobre o povo de Fisherman Bridge e seus arredores. E Samantha sorriu também, como não tinha sido autorizada a fazer após a morte de Matthew, e sacudiu as mãos de quem estendeu a sua própria para ela. Tinha certeza de que não iria lembrar os nomes de todos os que se apresentaram e o disse. — Não se preocupe com isso, Sra. McKay — o médico disse a ela. — Temos apenas dois novos nomes para lembrar, o seu e o do major Harper, enquanto você tem algumas dezenas. — Outras pessoas perto sorriram em acordo. Samantha teria sentido seu coração quente quando deixaram a igreja, se seu avô não estivesse lá também. Ele apertou as mãos de Ben calorosamente e beijou-a na face, enquanto metade da vila olhava com interesse, mas não os pressionara com sua companhia. Ele se sentou no banco da frente, que estava cheio, embora não agisse como um grande cavalheiro depois que o serviço estava terminado. Ele apertou as mãos e trocou algumas palavras com todos em seu caminho. Tirou doces dos bolsos para as crianças pequenas e moedas para os mais velhos. Filhos de outras pessoas, Samantha pensou com amargura inesperada. Como teria gostado de ter um avô assim com ela, quando era uma criança e dar-lhe doces e moedas. Como sua mãe certamente teria gostado de ter um papa para fazer essas coisas. Era um dia nublado, mas não frio nem ventoso.
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— Você quer nadar esta tarde? — Ela perguntou a Ben quando estavam caminhando lentamente de volta para a pousada. Estava se sentindo um pouco deprimida. Desejou que o sol estivesse brilhando. — O que é isso? — Perguntou ele, sem responder a sua pergunta. — Seria mais apropriado perguntar o que não é — disse ela com um suspiro e depois riu. — O vigário estava certo sobre o canto, não estava? — Bem, — ele disse — eu fiquei desapontado por não ver o telhado se elevar do edifício. Estava esperando por isso. Ela riu novamente. — Mas, sim — disse ele. — Essa igreja realmente não precisa do coro, não é? Toda a congregação é um coro. — Com harmonia. — Em quatro partes — acrescentou. — Sim, vamos nadar. Haverá tempo. Ela engoliu em seco e ouviu um borbulhar em sua garganta. Haverá tempo. Tempo antes de irem para Cartref para o jantar. Tempo antes da semana de seu caso terminar. Eles foram nadar. Correram, boiaram e falaram, e eles brincaram de jogos bobos, o objeto principal dos quais parecia ser nadar debaixo de água e chegar inesperadamente para submergir o outro. Não era um jogo muito eficaz, uma vez que nunca houve
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qualquer possibilidade real de surpresa, mas manteve-os abandonados com o riso por um tempo. Riso era melhor do que lágrimas. Uma semana parecia um longo tempo quando começaram seu caso. Mas este era o sexto dia. O conhecimento pesou sobre Samantha como se fosse uma coisa física. E ela não podia manter sob controle o pensamento de que estariam indo para Cartref mais tarde. Ela desejou que não tivesse sido fraca o bastante para concordar. E, no entanto... Seu avô tinha escrito, e Papa tinha escrito de volta para ele. Ela deveria ouvir a sua história, Ben tinha dito. Quando saíram da água, foram para a sua rocha de costume, onde foram recebidos por uma cauda sacudindo, o rabo balançante de Tramp, que estivera guardando seus pertences das gaivotas. Mas em vez de espalhar sua toalha na areia como fazia habitualmente, Samantha envolveu-a sobre os ombros. — Eu dei à Sra. Price e Gladys o dia de folga — disse ela. — É domingo. Além disso, estarei fora para o jantar hoje. Ele olhou para ela. Estava encostado na borda para tirar o peso das pernas e esfregando a toalha sobre o peito e ao longo de um braço. Oh, céus, ela ia sentir falta daquilo, os banhos diários, a visão dele, o cheiro dele, o toque dele. Ela ia sentir falta dele. — Voltamos para a casa? — Disse ela. Sempre iam para a casa após o seu mergulho e depois de se deitarem por um tempo no sol. Mas ela sabia, pelo olhar em seus olhos, que ele entendeu o que ela queria dizer. — Sim — disse ele.
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E, surpreendentemente, não param para se vestir, mas voltaram como estavam, a sua toalha sobre os ombros, a dele drapeada sobre o pescoço. Ela insistiu em carregar suas botas. Ela tinha esquecido por que ele precisava partir. Mas é claro que precisava. Não podia ficar ali na casa com ela, mesmo que se casassem. Ele não teria nada a fazer ali. Estaria inquieto e infeliz todo o tempo. E ela não podia ir com ele. Era demasiado cedo para ir ou casar com alguém. E, embora ele não fosse sem-teto, tinha escolhido deixar seu irmão e a família residindo em sua casa, e não estabelecera nenhum outro lar para si mesmo. Era provavelmente o homem mais agitado e inquieto que ela jamais conhecera. Nem sempre fora assim, é claro, mas era agora, e ela se perguntou infeliz se ele nunca iria encontrarse e a seu lugar na vida. Sim, ele devia partir. Às vezes o amor não era suficiente, se havia amor entre eles. Provavelmente não havia. Ela era lamentavelmente ingênua sobre esses assuntos. Talvez isso não fosse amor, mas mera atração física. Isso, sem dúvida, era tudo o que era para ele. Os homens não se apaixonam como as mulheres, não é mesmo? Eles subiram logo que chegaram a casa, enquanto Tramp foi para a cozinha em busca de sua tigela de comida. Samantha abriu o caminho para seu quarto. Fechou as cortinas em toda a janela, embora não fossem pesadas e não bloqueassem muita luz. Tirou sua anágua molhada, secou-se com a toalha, e esfregou o cabelo, mesmo estando ainda em seu nó apertado em seu pescoço. Ben estava sentado com as costas para ela do lado da cama. Ele estava tirando as calças molhadas, embora tivesse lançado a colcha sobre si mesmo para impedir que ela visse. — Não — ela disse, ajoelhando-se na cama e se movendo para ele.
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— Não? — Ele olhou por cima do ombro para ela. — Não se esconda — disse ela. Ele manteve os olhos dela por alguns momentos, os seus próprios subitamente sombrios, e depois empurrou as cobertas para trás, terminando de remover suas roupas e deitou-se na cama, levantando as pernas, uma de cada vez. Ele olhou para ela de novo, os olhos duros agora. Suas pernas estavam mais finas do que deveriam ter sido antes. O que restou estava um pouco torcido, a direita mais visivelmente. Tinham cicatrizado horrivelmente. — Agora me diga — ele disse — que você quer que eu faça amor com você. Sua voz combinava com seus olhos. Ela se moveu um pouco mais perto e colocou a mão em sua coxa direita. Acariciou-a levemente para baixo, sentindo os sulcos profundos de suas velhas feridas e os duros cumes levantados das cicatrizes onde os cirurgiões tentaram corrigi-las. E o homem insensato, bravo, insistiu em caminhar novamente. Ela voltou suas mãos para suas próprias coxas enquanto ela se ajoelhou nua ao lado dele, e levantou os olhos para os dele. — Ben, — ela disse — meu querido, tenho muita pena. Lamento pela dor que sofreu e ainda sofre. Lamento que não possa fazer o que mais quer fazer na vida. Lamento que se sinta diminuído como um homem e inadequado como um amante, que se sinta feio e indesejável. O que aconteceu com você foi feio, mas você não é. Eu acho que é o homem mais resistente e mais corajoso que eu já conheci. Sei que é o mais encantador. Deve
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acreditar em mim. Oh, você deve, Ben. E sim, quero que faça amor comigo. Ele olhou para ela, seu olhar ainda difícil, embora ela tivesse a curiosa sensação de que ele estava lutando contra o brotar de lágrimas nos olhos. — Você não tem repulsa? — Sua voz ainda estava dura demais, embora não houvesse uma sugestão de tremor na mesma. — Idiota — ela disse e sorriu. — Pareço com repulsa? Você é Ben. Meu amante. Por esta semana, de qualquer maneira. E eu tive enorme prazer com você. Me dê mais. Ela estava se lembrando de que o havia chamado meu querido, e não queria que ele acreditasse que tinha caído de amor por ele. E assim falou do prazer que tinha, o que não era mentira. Devia ser o amante mais maravilhoso do mundo. Ele estendeu a mão para ela e ela se mudou para se escarranchar sobre ele. Suas mãos se moveram sobre suas coxas, sobre os quadris, em sua cintura, até seus seios, que ele segurou levemente. — Você é a própria perfeição — disse ele. — Eu não sou magra. — Graças a Deus — disse ele, sem a contradizer. — Será que as mulheres realmente acreditam que os homens as querem parecendo varas? — E eu não sou uma rosa inglesa — disse ela. — Sou absolutamente morena. — Minha cigana Sammy. — Ele sorriu para ela. — Minha perfeita cigana Sammy.
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Ela riu, colocou as mãos em cada lado de sua cabeça, e se inclinou sobre ele para beijá-lo. Suas pernas não eram bastante impotentes, como ela havia descoberto em ocasiões anteriores. Antes que percebesse, estava de costas e ele estava em cima dela, suas pernas entre as dela, e seus lábios nos dela, sua língua profundamente em sua boca, e suas mãos ferozes sobre ela e, em seguida, debaixo de suas nádegas e segurando-a firme, enquanto ele empurrava profundamente dentro dela. Ela levantou as pernas da cama e envolveu-as sobre seus quadris estreitos, e se amaram longa e duramente até estarem ambos ofegantes e escorregadios de suor e quebrarem juntos na glória, caindo para o mundo além. Eles estavam lado a lado depois, saciados e sonolentos, cochilando, suas mãos se tocando. A última noite tinha parecido um pouco como um adeus, ela pensou. A melancolia tinha permanecido com aquela manhã. E agora? Não, não queria pensar. — Eu acredito que você vai ter uma nova vida maravilhosa aqui — disse ele, por fim. — Tem vizinhos que parecem muito dispostos a aceitá-la e recebê-la em seu meio. Vai fazer amigos aqui. E tem família aqui. Você tem um avô que quer ser uma parte de sua vida. Ouça-o esta noite, Samantha, e pense bem antes de rejeitá-lo por todos os aparentes erros do passado. — Eu concordei em ouvir — ela lembrou a ele. — Acho que fez a coisa certa — disse ele — vindo aqui. E acho que vai ser hora de eu partir amanhã, antes da especulação e um pouco de fofoca poder florescer em escândalo como certamente iria se eu ficasse mais tempo. — Atrasei suas viagens por tempo suficiente — disse ela.
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Ele não respondeu, e eles estavam lado a lado, nem sonolentos ou cochilando. Samantha lutou contra as lágrimas. Ela lutou contra o impulso de pedir-lhe para ficar apenas mais um dia ou talvez dois. Mas ele tinha razão. Era hora de partir. Era hora de ir em busca de sua vida e para ela resolver a sua nova vida. Era hora de deixá-lo ir. Depois de um tempo, ele virou-se e sentou-se, movendo as pernas para o lado da cama. — É melhor eu voltar ao hotel — disse ele. — Trago a carruagem mais tarde para levá-lo para Cartref? — Sim — disse ela. — Obrigada. Sentia-se tão sombria quanto era possível se sentir.
O Sr. Bevan tinha as boas maneiras e o trato fácil de um verdadeiro cavalheiro, pensou Ben, mesmo que não o fosse por nascimento. E ele se vestia com elegância, à moda, ainda que sem qualquer ostentação ou grande exibição de riqueza. A riqueza estava claramente lá, no entanto. Ele os levou em uma excursão pela casa. Tudo era do melhor, mas sem a menor sugestão de vulgaridade. A sala em que ficaram mais tempo foi a longa galeria na parte de trás da casa. Estava cheia de pinturas e algumas esculturas de grandes mestres, alguns deles adquiridos por seu pai, disse-lhes, mas a maioria por ele. E sempre comprava o que mais gostava, explicou-lhes, em vez de o que era mais valioso. Embora Ben supusesse que havia uma fortuna só nesse quarto. Havia pinturas em cada um dos outros quartos também,
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alguns deles de mestres consagrados, alguns de artistas desconhecidos que o Sr. Bevan admirava e queria encorajar. E onde quer que ele os levasse, havia vistas das janelas, sobre o campo galês, sobre a praia e o mar. Obsequiou-os com xerez e conversa na sala de estar e, em seguida, com bom vinho, comida e conversa na sala de jantar. Contou-lhes sobre suas viagens e sua leitura. E perguntou-lhes sobre suas próprias vidas com perguntas elaboradas que atraíam mais do que respostas monossilábicas e que, ainda assim, não pareciam intrusivas. Quando Ben lhe perguntou sobre seus negócios, ele respondeu bem, mas sem monopolizar todo o seu tempo e talvez aborrecer Samantha. Parecia totalmente à vontade e em um humor perfeito com seus hóspedes. Samantha, Ben adivinhou, estava incomodada até mesmo quando admirava a casa e comia, bebia e ouvia a conversa de seu avô e de Ben e fez suas próprias contribuições. Ela estava parecendo extremamente bonita em um vestido de cintura alta azul-turquesa que não tinha visto antes. Seu cabelo seria denominado elaborado, considerando o fato de que ela não tinha tido os serviços de sua empregada hoje. Ele brilhava à luz das velas. Enquanto bebiam chá na sala de estar, depois do jantar, o Sr. Bevan contou-lhes sobre o coro masculino composto por oitenta ou mais de seus mineiros. — Não há coro melhor em toda Gales — ele lhes disse — e isso quer dizer algo. Não sou totalmente imparcial, é claro, mas eles ganharam o eisteddfod3 em Newport, tanto no ano passado
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Festival de música e poesia no País de Gales
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como no ano anterior. Sempre digo que a poeira de carvão deve fazer maravilhas para as cordas vocais. — Iced…? — Perguntou Ben — Eie-steth-fod —, disse Bevan, pronunciando a palavra claramente. — Um festival de artes galês. Ele virou os olhos para Samantha, que estava rodando as borras do seu chá na xícara, e observou-a em silêncio por alguns momentos. — Sua avó estava dançando quando a vi pela primeira vez — disse ele. — Os ciganos tinham acampado junto ao mar, como às vezes faziam, e fui dar uma olhada com alguns dos outros rapazes das redondezas. Eu tinha vinte e um anos na época. Seus pés estavam nus, suas saias brilhantes estavam girando sobre seus tornozelos e seu cabelo escuro tombava sobre o rosto e os ombros, e eu não tinha visto nada tão bonito ou tão cheio de vida e de graça em todos os meus dias. Não sabia nada naquele momento sobre não colocar pássaros ou borboletas ou coisas selvagens em gaiolas. A cortejei e me casei com ela, tudo em seis semanas, contra o conselho de todos, sua própria família incluída. Iríamos viver felizes para sempre. Ela tinha dezesseis anos. A xícara de Samantha, entre as suas duas mãos, estava imóvel. Seus olhos tinham-se levantado rapidamente para o avô e depois voltaram para a xícara. — Ficamos felizes por um ano ou mais, — disse Bevan — embora tivéssemos que continuar viajando. Ela não gostava de estar em um lugar por muito tempo. Então sua mãe nasceu e apenas alguns meses depois, meu pai morreu, minha mãe já estava morta. Eu tive que tomar conta do funcionamento das empresas. Estava trabalhando nelas, embora não tanto quanto eu tinha estado antes de conhecer Esme. O bebê precisava de um lar estável. Esme não gostava disso, mas entendeu e tentou
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resolver. Tentou duro. Estivemos assim por alguns anos, mas, em seguida, os ciganos voltaram, o seu próprio grupo. Ela passou algum tempo com eles enquanto estavam aqui, e foi-se despedir na última noite. Nunca voltou para casa. Eu pensei que ela tinha ficado a noite, mas quando a fui procurar na manhã seguinte, tinham ido embora e ela com eles. Não fui atrás deles. Qual seria o ponto? Ela tinha estado definhando aqui, em Cartref. Morreu quatro anos depois disso, mas eu não soube de nada por mais seis. Samantha se inclinou para frente e colocou a xícara cuidadosamente sobre o pires antes de se sentar em sua cadeira. Ben desejou estar sentado ao lado dela. — Comecei a beber — disse Bevan. — Tenho a certeza que a sua mãe tinha uma boa ama e tudo que precisava, e eu tinha um bom gerente que ficaria após a execução das minas, e dediquei minha vida a esquecer e entorpecer a dor no fundo de um copo de bebida. Um ano depois que Esme partiu, eu estava na biblioteca uma noite bebendo e sentindo pena de mim mesmo, como de costume. Só que era pior do que o habitual. Era o aniversário do nosso casamento. Depois de um tempo arremessei meu copo contra a parede ao lado de uma estante, e o vidro quebrou. E alguém começou a chorar. Gwynneth tinha descido sem a ama a ver, e enrolou-se debaixo de uma mesa, logo abaixo de onde o vidro atingiu. Samantha espalhou as duas mãos sobre os joelhos e agarrou o plissado do tecido do vestido entre os dedos. — Na manhã seguinte, — disse Bevan — eu a levei para Dilys na casa de campo, onde agora vive, Samantha. Nós nunca nos tínhamos visto olhos nos olhos. Ela pensava que eu era selvagem e irresponsável como um menino. Pensara que o meu casamento era uma insanidade. Ficou furiosa quando descobriu que nosso pai tinha deixado quase tudo para mim, quando ela era a pessoa com a cabeça para os negócios.
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Mas levei sua mãe para ela e pedi-lhe para educar a criança até eu ficar novamente sóbrio. Ela me disse que eu nunca ficaria, que seria sempre um bêbado inútil. Ela disse que iria tomar conta de Gwynneth, mas apenas na condição de ela ter toda a autoridade, que eu iria desistir dela e nunca mais a veria, exceto por acaso. Samantha estava olhando para ele agora. Ben estava olhando para ela. — Eu bebi por mais seis meses — Bevan disse — e então parei. Não bebo há anos. Agora o faço de vez em quando, mas apenas de uma forma social, nunca mais quando estou sozinho. Apliquei-me ao meu trabalho. Me desafiei por mim mesmo a interessar-me por outros assuntos e não apenas o carvão e as indústrias. Daí as ferragens. E, no entanto, cada centavo do dinheiro que enviei para ajudar a Dilys com a educação de sua mãe e tudo que enviei pelos aniversários ou o Natal foi devolvido. Toda vez que eu vislumbrava Gwynneth, ela era arrastada por minha irmã quando era mais jovem, e por vontade própria quando era mais velha. Eu a queria de volta. Queria torná-la uma governanta adequada. Queria prepará-la para a vida que ela poderia ter vivido como minha filha. Eu queria... Bem, eu queria ser o pai dela, mas tinha perdido minha chance com ela. No entanto, quando ouvi que ela não tinha permissão para ir em piqueniques com os rapazes e moças locais, e não estava autorizada a ir para as assembleias da aldeia, embora ela tivesse dezessete anos e pronta para um pouco de vida própria, eu fui e discuti com Dilys, ambos terminamos gritando como tolos e comportando-nos como dois cães raivosos que lutam sobre o mesmo osso. E Gwynneth estava em casa e ouviu tudo. No dia seguinte, ela se foi. Assim como Esme, tudo de novo. — E, como antes, você não foi atrás dela — disse Samantha. — Eu fui — disse ele. — Ela não queria ter nada a ver comigo. Não me deixou pagar por seus alojamentos. Não me
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deixou dar-lhe algum dinheiro para gastar. Não me deixou ajudála a encontrar um emprego decente. E não voltaria para casa comigo. Ela conseguiu um emprego representando. Eu estava... orgulhoso de seu espírito de independência, ao mesmo tempo que estava apavorado por ela. E então ela conheceu seu pai, que estava perto de mim em idade e era tudo o que eu não era. Acho que talvez ela fosse feliz com ele. Ela era? — Sim — disse ela. — Foi a velha história depois de seu casamento — disse ele. — Ela retornou minhas cartas, meu presente de casamento, meu presente de batismo para você e todos os outros presentes enviados. Embora depois que ela... morreu, as cartas e os presentes que lhe enviei pararam de voltar, e às vezes o seu pai escrevia para me falar de você e para incluir pequenas mensagens de agradecimento suas para os presentes. Muitas vezes pensei em sugerir ir vê-la, mas nunca conseguia encontrar a coragem. Você era a filha de um cavalheiro, e suas cartas foram sempre educadas, mas não exatamente quentes. Pensei que talvez dissessem que não. E, em seguida, toda a esperança se foi. Você se casou com o filho de um conde e pareceu-me a última coisa de que gostaria era uma visita de seu avô materno. Até parei de enviar presentes após o casamento. Samantha estava dobrando seu vestido novamente. — Eu ouso dizer que seu pai sentiu pena de mim — disse Bevan. — Mas acho que ele sentia ainda mais lealdade para com sua esposa, sua mãe, e concordou com ela que era melhor você não me conhecer. Você não leu nenhuma dessas cartas ou viu qualquer um desses presentes, não é? — Não. — Sua voz era um mero sussurro. — Não foi maldade por parte do seu pai ou da sua mãe — disse ele. — Eu não tinha feito nada para ganhar o amor dela, e
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não merecia o seu. Arruinei a minha própria vida e a da sua mãe com a tristeza de não poder ter o que queria. E todo o tempo tive um tesouro em minhas mãos que não reconheci até ser tarde demais. — Você se casou de novo — disse ela. — Um ano depois de sua mãe ir para Londres. — Ele suspirou. — Eu queria um filho. Queria alguém a quem me entregar. Talvez quisesse alguma redenção também. Queria tentar mais uma vez, ver se eu podia fazer melhor do que tinha feito na primeira vez. Isabelle era uma boa mulher. Ela era melhor do que eu merecia, e estávamos contentes juntos, apesar da diferença de idade. Mas nós nunca tivemos filhos. Nos foi negada essa bênção. Ela morreu há dois anos. Samantha não disse nada. Mas virou a cabeça para olhar para Ben, os olhos arregalados e em branco. — Sinto muito — disse Bevan. — As mais inúteis palavras no nosso idioma quando são usadas juntas. Gostaria de poder voltar. O desejei ano após ano, desde a noite em que quebrei o copo sobre a cabeça de sua mãe. Mas isso é algo que não é concedido a qualquer um de nós. Nenhum de nós pode voltar. Apesar de tudo, pensei que, pelo menos, você deveria saber sobre mim. Pensei que sua mãe teria lhe dito. — Não — disse ela. — Mas ela deveria ter feito. Ben me disse ontem que todos nós temos uma história para contar. A minha mãe tinha uma história, mas ela nunca a contou. Talvez pretendesse fazê-lo. Talvez pensasse que eu era muito jovem. Eu tinha apenas doze anos quando ela morreu. Meu pai não a contou também, mas acho que ele sentiu que não era a sua história para contar. Só que eu deveria ter sabido. — Você sabe agora — disse ele, e se levantou para puxar a corda do sino — e não é uma história bonita. Eu não posso pensar
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em nada para acrescentar, que a possa fazer pensar que vale a pena me aceitar como seu avô, Samantha. Desejava poder, mas eu não posso. Obviamente causei danos terríveis a outro ser humano, minha filha, e não tenho nenhuma desculpa para isso. E sem direito a qualquer pretensão de conseguir o carinho de sua filha. — Não tenho ninguém — disse Samantha. — Seu irmão? — Meio-irmão — disse ela. — Não. — Seus tios, tias e primos do lado do seu pai? Seu sogro, sua sogra e sua cunhada? — Não. Ele virou os olhos para Ben e olhou fixamente para ele. — E quando você está partindo, Major Harper? — Perguntou. — Amanhã — disse Ben. Eles se olharam por alguns momentos mais, tendo medido um ao outro, até que um criado respondeu à chamada do sino. — Pode levar a bandeja, — Bevan disse a ele — e traga a carruagem do major Harper até a porta. Ele esperou até que o criado se retirasse e então olhou para a cabeça curvada de Samantha. — Você pode ter-me — ele disse a ela. — Se você me quiser. Ela olhou para ele. — Eu quero viver em paz na minha casa — ela disse a ele. — Eu quero ficar sozinha. Mas talvez um dia
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conte a minha história. Talvez eu lhe diga tudo o que levou à minha vinda para aqui. Mas ainda não. Ele inclinou a cabeça em reconhecimento de suas palavras. — É hora de ir para casa, Samantha — disse ele. — O major a levará de forma segura. — Sim — disse ela. — Obrigada. Foi uma noite agradável. — Foi, de fato. Apertou a mão de Ben, beijou o rosto de Samantha, e estava sorrindo novamente, gentil anfitrião.
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Capítulo 21 Eles viajaram de volta para casa em silêncio. E quando a carruagem parou e o cocheiro abriu a porta e colocou os degraus antes de se retirar, nenhum dos dois falou por um tempo. Ele pegou a mão enluvada na sua. — Samantha, — ele disse finalmente — você gostaria que eu ficasse por mais alguns dias? Até ter tido tempo para digerir o que ouviu e tomar alguma decisão? Ah, ela estava tão tentada a dizer que sim. A se agarrar a ele. A usá-lo como um suporte emocional. E adiar o adeus inevitável apenas um pouco mais. — Não — disse ela. — Preciso ficar sozinha por um tempo. Tudo o que eu sabia sobre a minha vida foi virado de cabeça para baixo. Preciso pensar um pouco. Sozinha. Ela ia ficar sozinha. Sem ele. Para sempre. Ele levantou a mão aos lábios e beijou-lhe os dedos. — Devemos dizer adeus agora? — Perguntou a ela. — Ou virei aqui antes de sair de manhã? Ela quase entrou em pânico então. Quase se atirou contra ele. Quase implorou para ele não ir, para nunca mais ir. E ainda assim ela tinha falado verdade. Precisava ficar sozinha. Seria capaz de lidar melhor com o adeus na parte da manhã? Não, ela decidiu. Esse nunca foi um bom tempo para o adeus. E seria injusto com ele. Ele gostaria de fazer do jeito dele. — Agora — ela disse. Virou-se no assento, pegou as duas mãos dele nas dela e levantou-as para suas bochechas. Fechou os
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olhos e inclinou a cabeça. — Lhe agradeço, Ben, por tudo o que fez por mim. E agradeço-lhe pela semana passada. Tem sido um grande prazer. Não tem? — Ela virou o rosto para o dele e tentou sorrir. — Tem — ele concordou. — Samantha… — Se suas viagens o trouxerem de volta ao País de Gales — ela disse apressadamente, — talvez... Não, isso não seria uma boa ideia, não é? Eu vou lembrar com prazer. Espero que você também. — Eu vou — disse ele, se inclinou para ela e colou os lábios nos dela em um longo e demorando beijo enquanto agarravam a mão um do outro. — Adeus, Samantha —, disse ele. — Vou esperar aqui até que você esteja em segurança dentro de casa com uma lâmpada acesa. — Ele bateu no painel frontal e o cocheiro apareceu na porta para ajudá-la a descer. — Adeus. — Retirou as mãos das dele. — Adeus, Ben. E então ela estava descendo, correndo pelo caminho do jardim, se atrapalhando com a chave na fechadura e quase sendo atropelada por um Tramp exuberante. Ela acendeu uma lâmpada na sala de estar com a mão trêmula e correu para a janela, desesperada por uma última visão dele. Mas a porta da carruagem tinha sido fechada, o cocheiro estava na boleia e o carro se afastava. Ela não podia ver através da escuridão para o interior. — Oh, Tramp. — Ela caiu sobre a cadeira mais próxima, colocou seus braços sobre ele, e chorou contra seu pescoço. Tramp choramingou e tentou lamber seu rosto.
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Ben desceu cedo para o desjejum na manhã seguinte. Tudo estava empacotado e ele estava ansioso para estar no seu caminho o mais rápido possível. Não se importava que direção tomaria, embora tivesse dito ao cocheiro, na noite passada, que voltariam por onde tinham vindo. Tudo o que ele realmente queria era colocar o máximo de distância entre ele e Fisherman Bridge. Desceu cedo, mas alguém o fez mais cedo. O Sr. Bevan se levantou de seu lugar numa mesa à janela quando Ben apareceu, um relógio de bolso aberto na mão. — Este é o momento — ele perguntou — em que os ricos ociosos normalmente quebram o jejum? Era pouco depois das sete horas. — Eu acredito que é mais a hora em que estão indo para a cama — Ben disse, fazendo o seu caminho em direção à mesa e apoiando as bengalas contra uma cadeira antes de apertar a mão do homem. — Não tenho nenhum direito no mundo para pedir isto — disse Bevan, quando ambos estavam sentados — e você tem todo o direito do mundo de recusar uma resposta, mas aqui vai de qualquer maneira. Quais são seus sentimentos para com a minha neta, Major? Ben parou no ato de estender o guardanapo no colo. Aqui estava um homem que não acreditava em perder tempo precioso em conversa de ocasião. — A Sra. McKay — Ben disse, escolhendo as palavras com cuidado — perdeu o marido há menos de seis meses atrás, senhor. Ela precisa de tempo para se recuperar dessa perda. Precisa de tempo para se adaptar à vida em sua nova casa e circunstâncias. Quando lhe disse na noite passada que precisa
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ficar sozinha, não necessariamente sem tudo, mas sem envolvimentos emocionais. Seria presunçoso de minha parte ter sentimentos por ela mais fortes do que respeito. Além disso, no momento não tenho nada de valor para oferecer a ela, exceto um título e a fortuna de um barão. — No momento — disse Bevan. — E no futuro? — Fui ferido há seis anos — Ben disse a ele. — Tenho estado bem o suficiente nos últimos três anos para colocar a minha vida em ordem e definir um novo rumo, uma vez que o antigo já não serve. Mas tenho procrastinado. Até agora. Estou indo para Londres. Vou encontrar algo desafiador para fazer. — Além de festejar a noite toda? — Bevan sorriu. — Esse tipo de vida nunca me atraiu — Ben disse a ele. — Quero fazer alguma coisa útil e significativa. Nenhum deles falou enquanto o proprietário punha os alimentos diante deles e trocou algumas amabilidades sobre o tempo antes de se retirar. Bevan recostou-se na cadeira, ignorando sua comida pelo momento. — Diga-me mais sobre como você costumava ser — disse ele. — Fale-me sobre ser um líder de homens. Isso é o que você fazia, não é? Era um major, o que não é exatamente o mesmo que ser um general, é claro, mas mesmo assim, coloca-o em uma posição de autoridade considerável sobre os homens, as ações e eventos. Conte-me sobre esse homem. Ben pegou a faca e o garfo e pensou por um momento antes de cortar sua comida. Por onde começar? E por que começar? Por que Bevan viera aqui esta manhã?
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— Aquele homem era feliz — disse ele. Não estava acostumado a falar sobre si mesmo. Era algo que nunca tinha estado confortável fazendo. Mesmo em Penderris, tinha falado menos do que qualquer um dos outros, mais pronto para ouvir os problemas dos seus amigos do que divulgar os seus próprios. Ele sempre tinha assumido que não poderiam ser de grande interesse para qualquer outra pessoa, que apenas suportariam o ouvir falar de si mesmo. Mas pelos seguintes quinze ou vinte minutos, ele não fez nada que não fosse isso, guiado pelas perguntas qualificadas, questões persistentes e um olhar de interesse genuíno no rosto do outro homem. Ele falou sobre seus sonhos e ambições, suas experiências de guerra, a sensação que sempre teve de que tinha nascido para fazer exatamente o que estava fazendo. Falou sobre a batalha em que havia sido ferido, sobre sua longa luta pela sobrevivência e sua ainda maior luta para recuperar a integridade física, para poder voltar para a única vida que conhecia ou que sempre quisera para si mesmo. Falou sobre os últimos três anos e suas razões para não ir para casa, sobre sua crescente frustração e inquietação, sobre sua determinação correspondente para superar a letargia e baixeza de espíritos, por encontrar algo para substituir o que havia perdido. — Eu lutei duro o suficiente para viver — disse ele. — Agora tenho que provar a mim mesmo que a luta foi por algum propósito. — Mulheres? — Perguntou Bevan. — Têm havido muitas? — Nenhuma desde que fui ferido — disse Ben. — Até agora? Ben deu-lhe um longo olhar.
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— Você acompanhou a minha neta aqui desde o norte da Inglaterra, — Bevan disse — e tem sido um bom amigo para ela. Agora está prestes a partir, pelas razões que acabou de me dar. Mas não vai fingir para mim que ela não é mais para você do que uma amiga, Harper. Ou, se o fizer, eu não acreditarei em você. — Ele sorriu de uma maneira não-hostil. — Eu não vou fingir, então — Ben disse-lhe secamente. — Sim, tenho sentimentos por ela. Sentimentos inapropriados e inúteis. E vou partir esta manhã porque não há futuro para nós, porque ela precisa ficar sozinha para encontrar a si mesma e seu lugar aqui. Eu acredito que ela vai. E acredito que ela tem uma chance de felicidade. Não teve muito disso em sua vida. E eu me vou porque preciso encontrar-me e a meu lugar de pertencimento. Eu o farei. Você não precisa ter medo de que vá ficar. — E eu não acreditaria em Samantha, — disse Bevan — se ela me dissesse que não é mais do que um amigo para ela. — Perdoe-me, — Ben disse rigidamente — mas não tenho certeza de que tenha o direito de oferecer qualquer parecer sobre esta matéria, senhor. As sobrancelhas do homem mais velho levantaram-se, e ele pegou a faca e o garfo e abordou o seu café da manhã. — Eu gosto de você, Major — disse ele. — É um homem de acordo com o meu coração. E está totalmente correto. Eu não tenho direito algum. Ele fez uma pausa para comer, e Ben fez o mesmo. Iria desculpar-se assim que o prato estivesse vazio e tomaria seu caminho. Não sabia por que Bevan tinha vindo exceto, talvez, para o advertir para sair imediatamente e nunca mais voltar. Não precisava dizer isso. Realmente não tinha o direito, de qualquer maneira. — Eu tenho sessenta e seis anos de idade — disse Bevan, retomando a conversa novamente. — Não sou um homem velho,
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pelo menos, eu não me sinto como um, mas não sou jovem também. Se eu tivesse um filho, iria gradualmente transferindo as minhas responsabilidades para os ombros mais jovens, desde que ele mostrasse o interesse e a aptidão necessários, é claro. Tem sido uma das decepções duradouras da minha vida não ter filhos, mas que não pode ser remediada agora. Tenho homens capazes, responsáveis e confiáveis nas minas e nas ferragens. Tenho tido sorte com meus funcionários. O que eu anseio e procuro ativamente nos últimos quatro ou cinco anos, no entanto, é um supervisor, um super gerente, se você quiser, alguém com o interesse, energia e capacidade de assumir o controle de todas as minhas preocupações industriais. Alguém em quem possa confiar, e alguém que confie em mim. Alguém que seja como um filho para mim, tanto quanto possível. Alguém para me substituir, de fato, depois de me aposentar e até a minha morte, e para ser bem recompensado depois. Ele teria que ser um tipo especial de homem, porque não é suficiente apenas que entenda os fatos ou tenha ideias, ou até mesmo os dois juntos. Não é o suficiente até mesmo ter capacidade de organização, embora seja necessária. Ele teria que ser alguém que pudesse começar o trabalho feito e garantir lucros sem negligenciar a segurança e o bem-estar de todos os trabalhadores sob ele. Teria que inspirar confiança e lealdade e até mesmo gosto e, ao mesmo tempo exigir os melhores esforços de seus trabalhadores. Teria que ter um interesse pessoal naquilo que faz, bem como ser um profissional. Teria que ser alguém um pouco como eu, na verdade. Não é fácil de encontrar, Major. Ou de encontrar de todo, na verdade. Ben tinha parado de comer para olhar fixamente para o outro homem. — Você está me oferecendo um emprego? — Ele perguntou. Bevan largou a faca e o garfo e serviu-os de outra xícara de café antes de responder.
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— Eu me orgulho de ser um bom juiz de caráter — disse ele. — Acho que é uma razão para o meu sucesso. Senti algo sobre você assim que o conheci, mesmo estando predisposto a não gostar de você, depois de ter ouvido algumas das fofocas, que não foram particularmente cruéis, devo acrescentar. Senti algo sobre você, tanto esta noite como depois de ter confirmado essa impressão esta manhã. Você gostava de seus homens, Major? Não era o tipo de funcionário que ordenava a obediência com um chicote? — Eu nunca pedi ou tolerei a prática do exército britânico de chicotear seus soldados — disse Ben. — Sim, eu gostava dos meus homens. Para além de alguns malandros irremediáveis, a maioria dos soldados são o sal da terra e vão dar o seu melhor, até mesmo suas vidas, quando chamados a fazê-lo. Estava-lhe sendo oferecido um emprego. No País de Gales. Supervisionando minas de carvão e siderurgia. Algo poderia ser mais bizarro? — O trabalho para mim sempre foi mais do que apenas fazer dinheiro — disse o homem mais velho. — Eu poderia ter vivido em grande luxo com o que meu pai me deixou. Poderia ter nomeado gestores para as minas e não mais pensar nisso. Na verdade, eu fiz exatamente isso durante os anos em que estive bebendo e sentindo pena de mim mesmo. Felizmente, não estava talhado para a ociosidade, quer do corpo ou da mente, e esse fato foi, talvez, a minha salvação. Acredito que, de muitas maneiras, nós somos semelhantes, Major. — Você está me oferecendo o emprego — disse Ben. — Saber que você não precisa do dinheiro — disse Bevan, erguendo o copo de café aos lábios — e que alguns cavalheiros, talvez a maioria, iria encontrar degradante gerir a indústria. Mas você precisa usar seus dons e suas habilidades, e nunca mais
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vai usá-los no exército. Eu o prefiro a qualquer outra pessoa que conheci. Ben sacudiu a cabeça e riu baixinho. Ele estava realmente tentado? Mais do que tentado? — Tudo o que tenho será de Samantha um dia — disse Bevan. Ben ficou sóbrio instantaneamente. — Você está oferecendo o trabalho na condição de eu me casar com a Sra. McKay? — Ele perguntou. Raiva súbita enrolando como uma bola, apertando seu estômago. — Pelo contrário, Major — disse Bevan. — Eu ofereço o emprego na condição de você sair daqui. Um império não é executado a partir de uma propriedade rural ou até mesmo a partir de uma casa de praia. Eu tenho casas em Swansea e em Merthyr Tydfil. Você viveria no local. E não ofereço emprego permanente. Ainda não. Não sei se você é capaz de fazer o trabalho bem. Não sei o que lhe poderá servir. Ou se irá servirme tê-lo. Nós precisaríamos tempo para descobrir se é um bom ajuste um para o outro. Quanto à minha neta, bem, não vou negar que estive metade da noite pensando em como seria conveniente se você realmente se tornasse meu braço direito, um gerente tão capaz e entusiasta como tenho sido, talvez mesmo com novas ideias para trazer para a tarefa. E, como conveniente seria, em seguida, se você fosse se casar com Samantha. Pois então, finalmente, tudo seria seu, bem como dela. Seria um livro de histórias de término para um homem idoso, que há muito tempo desistiu de toda a esperança de um final feliz. Mas não o pressionarei em nada, Major Harper. Ou a ela. Na verdade, gostaria de insistir em que você saísse daqui imediatamente. — A Sra. McKay pode, no entanto, sentir que a pressão está sendo exercida sobre ela se eu aceitar sua oferta — disse Ben. — Ela poderia muito bem acreditar que você e eu estávamos
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tentando manipular sua vida e interferir com sua recémdescoberta liberdade. Eu já me despedi dela. — Eu não posso falar com ela — disse Bevan. — Ela não me deu o direito e talvez nunca tenha vontade. Você deve fazê-lo, então, se achar que deve. E se aceitar minha oferta, o que acredito que está inclinado a fazer. Mas lembre-se que o emprego não pode nunca ser permanente. Teria que ter um período experimental de vários meses antes de qualquer contrato poder ser elaborado ou concordar com ele. Quando morreu o Capitão McKay? — Em dezembro passado — disse Ben. — Então talvez possamos estar juntos em Cartref em algum momento antes do Natal — Bevan disse, — para discutir nossa futura associação, se quisermos ter uma. Seu significado era inconfundível. O período de luto de Samantha estaria terminado até então. Eles olharam fixamente para o outro lado da mesa. Ben estendeu a mão para as suas abruptamente e levantouse. — Eu preciso pensar um pouco — disse ele. — E, dependendo do resultado disso, eu preciso falar com a Sra. McKay. Esta não seria uma decisão só minha, mesmo não estando vivendo em qualquer lugar perto daqui. Ela pode não querer que eu dirija o negócio que eventualmente será dela, e meu trabalho para você poderia parecer uma traição. Mesmo que ela não deseje ter um relacionamento com você, ela pode não me querer executando os negócios que acabarão por ser dela. Pode parecer uma armadilha para ela. — Compreendo perfeitamente, Major. — Bevan sorriu e serviu-se de outro café. — Você vai escrever para mim se não vier me ver?
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Ben assentiu e fez o seu caminho lento para fora da sala de jantar e até as escadas para o seu quarto. Sentia—se um pouco como se tivesse batido com a cabeça e tivesse seu cérebro embaralhado. Toda a sua bagagem havia sido levada para o transporte, ele podia perceber.
Samantha manteve-se ocupada na primeira parte da manhã arrumando os armários de linho com a Sra. Price, separando o que era bom, o que valia a pena consertar, e o que era só bom o suficiente para ser enviado para o saco de pano. Amanhã elas iriam tratar da louça. A Sra. Price informou que todos os armários estavam cheios até transbordar, mas que algumas das peças eram incompatíveis, ou lascadas, ou não valiam a pena manter. Ela ia passar simplesmente por tudo, decidiu, até a casa estar totalmente livre, até se sentir em casa, como Bramble Hall nunca fora. Não percebera isso até agora. Ia responder ao convite da Sra. Tudor e sua filha, que já a tinham visitado, e iria fazer um esforço para familiarizar-se com mais de seus vizinhos e descobrir maneiras de tornar-se ativa e útil na vida da aldeia. Ela ia perguntar sobre a disponibilidade de um tutor para ensinar-lhe galês. Não que fosse muito falado ali, mas queria ser capaz de falar de qualquer maneira, ou pelo menos compreendê-lo e, talvez, lê-lo. Havia alguns livros em galês na biblioteca, incluindo uma Bíblia galesa. Possivelmente ela até tivesse aulas de música. E talvez… E a cada momento, ela pensava em Ben afastando-se do hotel. Mas que direção ele teria tomado? Ela não tinha perguntado. Esse pensamento trouxe um momento de pânico tolo. Nem sabia para onde ele estava indo. E onde estava ele agora,
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naquele momento? Como ele estava se sentindo? Estava pensando nela? Ou voltara os seus pensamentos para o futuro, ansioso para começar algo novo, aliviado por estar longe dali e longe dela? Ou, como ela, ele estava pensando no futuro e nela, ao mesmo tempo? Será que a dor diminuiria à medida que o tempo passasse? Mas é claro que sim. E por que ela ainda estava sentindo dor? Eles tiveram um breve caso. Tinham concordado, antes de começar, que iria durar apenas uma semana. Ela não queria que ele ficasse. E ele certamente não iria querer isso. Era apenas uma paixão sexual que estava sentindo. Claro que iria embora depois de alguns dias. A meio da manhã, ela não podia ficar na casa de campo. Pôs a touca velha, chamou Tramp, que estava ocupado roendo um velho osso de sopa na cozinha, e saiu. Hesitou apenas um momento no portão do jardim antes de virar na direção da praia. Não havia nenhum ponto em evitá-la, a menos que pretendesse fazê-lo para o resto de sua vida. No entanto, se sentiu dolorosamente triste ao percorrer a distância entre as rochas e na areia depois de retirar os sapatos. Ela encontrou um pedaço de madeira para jogar para Tramp e um passeio ao longo do topo da praia, tentando manter os olhos afastados da rocha que tinha chegado a pensar em como sendo a deles. Estava em seu caminho de volta, não muito longe da abertura, quando Ben passou por ela. Ela parou, perguntando por um momento vertiginoso se o estava imaginando. E então ela foi preenchida com uma irracional onda de esperança. — Eu pensei que você estaria em viajem agora — gritou ela, correndo em direção a ele. — Tomei o café da manhã com seu avô — disse ele. — Ele veio me ver na pousada.
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Ela parou abruptamente, enquanto Tramp veio rasgando sem o seu troncos e ofegante abanou o rabo na frente de Ben. — Por quê? — Ela perguntou. — Ele me ofereceu um emprego — disse ele. — O quê? — Como gerente de todas as suas empresas — disse ele. — Como alguém para supervisioná-las enquanto se retira gradualmente para a aposentadoria. Ela olhou para ele enquanto a raiva enrolava dentro dela. — Você não gosta como soa. — Ele deu um meio sorriso. — É um insulto — disse ela. — Você é um cavalheiro, um barão. Tem propriedades e fortuna. Ele é um mineiro de carvão. — Um proprietário — disse ele. — Há uma diferença. — Ele não pode estar falando sério — disse ela. — Você disse a ele como se sentia insultado? Deu-lhe a descompostura de sua vida? É hora de alguém o fazer. — Eu não me senti insultado. — E por quê? — Ela perguntou. — Será que ele acredita que, oferecendo-lhe o emprego, está me bajulando? Ela olhou. Ele deu um meio sorriso. E um pensamento a atingiu. — Por que não partiu em sua viagem? — Perguntou a ele. — Por que você veio?
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— Para dizer adeus — disse ele. — Me atrasei e, mesmo assim, pensei que mais uma hora não iria fazer grande diferença. Adeus, Samantha. Tente não pensar muito mal dele. Ela observou-o virar, fazer o seu caminho de volta através da abertura e se mover na direção da casa. Tramp começou a ir atrás dele e, em seguida, virou-se para olhar para ela, sua cauda acenando, esperando por ela vir também.
Para dizer adeus. Me atrasei e, mesmo assim, pensei que outra hora não faria grande diferença. Ela foi correndo atrás dele e alcançou-o logo acima da rocha onde deixara seus sapatos. — Você veio me dizer, não foi? — Disse ela. — Você aceitou sua oferta. — Não aceitei — disse ele. — Vou estar partindo como planejado, dentro de uma hora. — Oh, Ben — ela disse, colocando a mão em seu braço. — Vamos para casa nos sentar. A Sra. Price vai nos trazer um pouco de chá. Você veio para me perguntar o que eu achava, então. Não aceitaria sem a minha aprovação. Estou certa? — Não aceitaria sem a sua aprovação — disse ele. — E você não aprova. Isto é o fim da questão. — Não, não é — disse ela com um suspiro quando chegaram ao portão do jardim e o manteve aberto para ele. — Eu senti-me insultada por você. Mas você não se sentiu insultado. Você precisa me dizer por que não. E tem que me dizer por qual motivo, na terra, você iria considerar aceitar o emprego do proprietário de uma mina de carvão.
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— As minas de carvão — disse ele. — E ferrarias. Entraram na casa, e Samantha voltou para a cozinha para conversar com a Sra. Price, enquanto ele seguiu o seu caminho para a sala de estar. Foi somente quando ela se juntou a ele lá que isso a atingiu totalmente, ainda estava aqui. Ela tinha pensado que nunca mais o iria ver, mas aqui estava ele, sentado em sua cadeira do costume, suas bengalas apoiadas ao lado dele. — Seu avô afirma ser um bom juiz de caráter — ele disse a ela. — Ele acredita que tenho as habilidades, experiência e qualidades de caráter que tem estado procurando para um supervisor. Além de todo o conhecimento e experiência que eu teria que adquirir, estando no comando de tudo, teria certas semelhanças a ser um oficial militar. — Tudo o que você sempre quis fazer na vida — ela disse suavemente. — E — disse ele — é algo que eu poderia fazer, apesar da minha deficiência. — Sim — disse ela. — Eu não estaria aqui incomodando-a — disse ele. — Eu teria que viver e trabalhar em Swansea e no Vale do Rhondda. Não precisaria voltar aqui novamente. Se eu aceitar a oferta, vou partir imediatamente, assim como eu planejei, de qualquer maneira. — Então por que — ela perguntou-lhe — você precisa da minha aprovação? — Eu estaria trabalhando para o seu avô, — disse ele — de quem você pode optar por permanecer distante. E... Samantha, você é sua herdeira. Se ele morresse de repente, eu poderia estar trabalhando para você até que um substituto possa ser encontrado.
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Ela recostou-se na cadeira e agarrou os braços. A herdeira de seu avô? Mas ela pensaria nisso mais tarde. — Oh, Ben, — ela disse — isso é algo que você realmente quer fazer, não é? E agora eu posso ver o porquê. Fui cega em não perceber imediatamente. É exatamente o tipo de coisa de que você estava à procura. — Eu não vou fazer isso, — disse ele — se for fazê-la se sentir desconfortável. — Por que ele lhe ofereceria isso? — Ela perguntou, franzindo a testa. — Foi apenas sobre esse instinto, que diz que ele tem, em julgar o caráter? Ou tem algo a ver comigo? Ele olhou fixamente para ela por alguns momentos de silêncio. — Ele quer que eu o faça em uma base experimental por alguns meses — disse ele — para que nós dois possamos decidir se sou o homem certo para o trabalho. Ele quer que eu venha para Cartref perto do Natal para discutir o assunto e elaborar um contrato, se ambos o desejarmos. Ela poderia vê-lo novamente, então? — Antes de definir o mês, — disse ele — ele perguntou quando seu marido tinha morrido no ano passado. Ela pensou por um momento. — Meu ano de luto vai acabar até lá. — Sim. A Sra. Price entrou com a bandeja e Samantha se levantou para cruzar para a janela. — Ele está nos manipulando — ela disse quando a governanta saiu.
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— Sim — disse ele. — Acredito que esteja, embora seja um tipo benevolente de manipulação. Ele quer que eu parta sem demora. Ouso dizer que ele está com medo do que a fofoca pode fazer para você. Ao mesmo tempo, acredita que nós temos sentimentos um pelo outro, nós dois. Ela virou a cabeça para olhar para ele. — E ele realmente acredita que eu sou o homem certo para o trabalho — disse ele. — Não temos sentimentos um pelo outro? — Perguntou ela. — Eu não posso responder por você — disse ele. — Mas sim, eu tenho sentimentos. Ela esperou, mas ele não disse o que esses sentimentos eram. — No Natal — disse ela — tudo terá mudado para você e para mim. — Sim — ele concordou. — Mas nada iria funcionar agora, não é? Natal era uma eternidade no futuro. Mas não tão longo como ele indo embora completamente e nunca mais voltar. — Você deve aceitar o emprego, Ben — disse ela. — Com a minha aprovação e bênção. Eu acredito que vai funcionar maravilhosamente para você, embora sua família vá pensa que tomou a licença de seus sentidos quando souberem. Vá e seja feliz. E vamos deixar o Natal chegar e cuidar de si mesmo, não é? — Sim. Sem compromissos. Não há obrigações. Ele levantou-se, e ela percebeu que nem sequer servira o chá.
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— Ben. — Ela correu em direção a ele, e ele deixou de lado suas bengalas, a fim de envolver seus braços sobre ela. — Oh, Ben. Seja feliz. — E você — disse ele, sua respiração quente contra seu ouvido, seus braços como bandas de ferro em torno dela. Eles não se beijaram. E então ele pegou suas bengalas novamente e fez o seu caminho até a porta. — Quer que eu vá para o celeiro para vê-lo em seu caminho? — Perguntou ela. — Não. — Ele não se virou para olhar para ela, mas passou a mão sobre a cabeça de Tramp. — Cuide dela, seu grande canalha de um cão. Tramp ficou com o nariz contra a porta após Ben a fechar do outro lado, a sua cauda abanando. Samantha espalhou as duas mãos sobre o rosto e respirou fundo.
Eu tenho sentimentos. Ela nem lhe tinha dito o mesmo em resposta.
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Capítulo 22 Talvez a coisa mais surpreendente e significativa sobre os próximos meses, Ben pensou mais tarde, quando olhou para trás, era que ele encomendara uma cadeira de rodas para para si mesmo, uma daquelas em que ele poderia impulsionar-se sozinho. Usou-a muito e se perguntou por que não tinha feito isso anos atrás. Ele tinha sido muito teimoso, é claro, por insistir em seu sonho de andar sem ajuda novamente. E não podia culpar a si mesmo por esse sonho. Sem ele, provavelmente não teria caminhado novamente. Mas ele era muito mais móvel em sua cadeira. Na verdade, ela o libertava. Não pensava em si mesmo como aleijado. Podia andar, podia mover-se livremente com a cadeira, podia e fazia caminhadas, e sabia nadar. Tentou fazê-lo todos os dias, quando havia o mar ou um lago por perto. Ele aproveitou esses meses imensamente, apesar de todo o trabalho duro em que estava envolvido — ou talvez por causa dele. Começou a partir de uma posição de total ignorância e acabou sabendo tanto sobre o funcionamento das minas e siderurgia como qualquer um, seu empregador incluído. E seu trabalho era, de fato, a coisa mais próxima de estar de volta ao seu regimento. Ele sempre gostou de pessoas. E sempre tivera o dom de levá-las a gostar dele, mesmo aqueles que eram subordinados a ele e sujeitos a seu comando. Poderia muito bem ter sido malvisto em seu novo papel. Ele era inglês, era das classes privilegiadas, estava meio aleijado, era lamentavelmente ignorante e inexperiente. E talvez fora malvisto no início. Sabiamente, não se preocupou se era popular ou não. Não se fixou em que gostassem dele. E talvez esse tenha sido o segredo do seu sucesso. O respeito, apreço e lealdade vieram gradualmente, à medida que os ganhava.
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O Sr. Bevan passou um bom tempo com ele. Ben gostou dele e aprendeu com ele. Ben tinha idéias próprias também, principalmente, sobre os transportes e embarques, para os quais Bevan contratara empresas externas com grandes despesas. Mas manteve essas idéias para si mesmo nesta fase inicial de sua carreira. Este era o tempo de ouvir e aprender. Não escreveu a qualquer um de sua família ou amigos durante vários meses. Não queria ouvir ou ser influenciado por suas opiniões sobre o que ele estava fazendo. Eles seriam obrigados a ser negativos. E ele não queria confiar em ninguém até que estivesse mais certo sobre o seu futuro a longo prazo. Havia toda a questão de Samantha também. Não queria contar a ninguém sobre ela até que houvesse alguma coisa para dizer — se alguma vez houvesse algo. Ele tinha dito a ela que tinha sentimentos por ela. Ela não tinha dito que ela retribuía esses sentimentos. E ele não tinha sido específico sobre os seus próprios. Ouvira muito pouco sobre ela durante esses meses. Fez questão de nunca perguntar a Bevan sobre ela e, às vezes, ele pensava que o homem deliberadamente se abstinha de mencionar algo sobre ela. Havia apenas alguns trechos soltos de informação, tentadores em sua própria brevidade. Ela tinha recebido um pianoforte na casa de campo, Bevan mencionara em uma ocasião. Como ele sabia? Ele tinha visto o instrumento? Ou tinha alguém lhe contado sobre isso? Ela tinha assistido a uma montagem na pousada da vila na celebração da colheita, mas usara lavanda para indicar luto e se recusara a dançar. Mas Bevan a tinha visto lá? Ou teria sido dito? Ben nem sabia se ela tinha um relacionamento com seu avô. Ele não sabia se o tempo o havia apagado de sua mente, ou se ela estava feliz por ele ter ido embora. Quanto a ele, tinha caído no amor durante essas breves semanas que passara com
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ela, e permanecera no amor, como nunca tivera com qualquer mulher antes. Finalmente, no início de novembro, Ben escreveu três cartas — para Calvin, a Beatriz, e a George em Penderris Hall. Calvin escreveu de volta imediatamente e com uma afetuosidade que Ben encontrou surpreendente e bastante comovente. Ele e Julia tinham estado frenéticos de preocupação, Calvin tinha escrito. Beatrice tinha informado de que ele viajara para a Escócia, mas como o tempo passara e ninguém ouvira falar dele, tinha estado doente com apreensão, pois não saberia por onde começar a procurar por ele se nunca mais voltasse, e a Escócia era um grande país. No entanto, o tempo todo ele tinha estado no País de Gales. Ele não deu nenhuma opinião sobre o que Ben estava fazendo com o seu tempo. Sua carta foi completada com evidente alívio sobre a segurança de seu irmão e uma breve informação sobre a colheita em Kenelston e outros assuntos imobiliários. Parecia afinal, pensou Ben, que seu irmão o amava. A carta de Beatrice estava cheia de espanto e broncas bemhumoradas por seu longo silêncio. Gramley, ela relatou, tinha dado como sua opinião de que o seu cunhado tinha tomado a licença de seus sentidos, se era verdade que estava trabalhando em uma mina de carvão. Bea pensou que era tudo muito divertido e gostaria de saber quando e se o irmão dela iria se recuperar da novidade de realmente trabalhar para viver. Ela passou a reclamar do Sr. e Sra Rudolph McKay, cuja presença em Bramble Hall era uma provação severa a toda a gente na vila — e perguntar a Ben se ele tinha ouvido
falar da fuga da Sra. Samantha McKay no início do verão, para nunca mais se ouvir falar dela. Eu espero que ela esteja aproveitando a vida escrevera. Aparentemente,
em algum lugar esperava-se que ela
exótico, ela fosse para
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Leyland Abbey sob guarda pesada, para viver à mercê afetuosa do Conde de Heathmoor e alegrar a vida de uma cunhada a qual você conheceu quando esteve aqui. George estava muito satisfeito ao ouvir sobre a nova vida que Ben estava construindo para si mesmo e acreditava que seria adequada para seu amigo, mesmo que ele juntasse poeira de carvão debaixo de suas unhas. Ele tinha algumas notícias surpreendentes também. Hugo e Lady Muir tinham de fato se casado em Londres, na St. George em Hanover Square, como planejado. Todos os sobreviventes estavam presentes, exceto Ben e Vincent, que não pôde ser encontrado. No entanto, ele tinha chegado à porta de Hugo, dois dias após o casamento, trazendo com ele a senhorita Sophia Fry, uma jovem senhora com a qual pretendia se casar sem demora. E foi o que fez, com uma licença especial, dois dias depois, também em St. George, com todos os seus amigos ao seu redor, exceto Ben. A nova Lady Darleigh estava na expectativa de seu primeiro parto pouco antes de março, quando o Clube dos Sobreviventes, normalmente se reunia por algumas semanas em Penderris Hall, e sugerira que eles se encontrassem em Middlebury Park, em Gloucestershire, casa de Vincent, em vez disso, uma vez que Vincent tinha declarado que não deixaria sua esposa e filho logo após o nascimento. Agora Ben seria capaz de dar a sua opinião sobre o assunto. Todo mundo estava de acordo, o duque relatara. A vida tinha seguido sem ele, Ben percebeu. E Vincent, o mais jovem deles, o cego, estava casado também. Parecia que devia haver uma história por trás de tais núpcias precipitadas. Ben iria ouvi-la com o tempo, supôs. Mas esperava que fosse um casamento feliz. Esses amigos dele eram como irmãos — e uma irmã. Ele escreveu novamente para George, bem como a Hugo para explicar por que não tinha respondido ao seu convite de casamento. E escreveu para Vincent, sabendo que alguém —
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talvez sua esposa — iria ler a carta para ele. Como era estranho pensar em Vince com uma mulher! O Sr. Bevan finalmente definiu uma data para a reunião agendada em Cartref para discutir o futuro de Ben como seu supervisor. Era para ser uma semana antes do Natal, e para coincidir com um baile que ele tinha planejado para seus amigos e vizinhos. Eles iriam passar alguns dias juntos, ele disse, relaxando e falando sobre as coisas. Haveria alguns outros hóspedes também para tornar as coisas mais sociáveis. Ele não disse se Samantha estaria no baile. Samantha foi quase inteiramente feliz durante esses meses. Às vezes ela se sentia culpada por isso, por o pobre Matthew estar morto e, talvez, ela devesse estar muito mais triste do que estava. Mas embora ela pensasse nele com frequência e lamentasse o fato de que sua vida tinha sido cortada tão cedo e tão tristemente, ela não pensava sobre o que ela não poderia mudar, de qualquer modo. Ela e a Sra. Price, e até mesmo Gladys, trabalharam duro para transformar sua casa em um lar. Mudou cortinas e tapetes e substituiu alguns vasos e ornamentos com aqueles que gostava mais. Comprou algumas peças do ceramista da aldeia. A única peça realmente nova de mobiliário que acrescentou foi um pianoforte, que comprou quando soube que havia um professor de música da aldeia que tinha tempo para assumir outro aluno. Houvera um cravo em sua casa quando era uma menina e, enquanto sua mãe vivia, ela tinha tomado lições. Mas ela nunca tinha gostado dele e o abandonara depois da morte de sua mãe. Agora ela se arrependia de ter feito isso e estava determinada a aprender a tocar de novo, pelo menos o suficiente para se divertir. Mais importante, talvez, o mesmo professor
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deu—lhe aulas de voz e lhe ensinou como usar sua voz mezzo— soprano para melhor proveito. Ela recebeu aulas de Galês da Sra. Jenkins, a esposa do vigário, e se perguntou se realmente era a língua mais difícil do mundo para aprender ou se só parecia dessa forma porque ela nunca tinha tentado aprender alguma coisa, além do francês. Ela fez inúmeros conhecidos amigáveis entre seus vizinhos e uma amizade definitiva com Mari Pritchard, a esposa do professor. Ela poderia ter atraído o interesse romântico de um número de homens, mas passou a usar cinza e lavanda em ocasiões públicas, de modo que fosse conhecido que ela ainda estava de luto. Seu avô não chegou perto dela uma semana depois que ela e Ben tinham jantado com ele em Cartref. Finalmente, Samantha foi vê-lo e teve a sorte de encontrá-lo em casa. No dia seguinte, ele disse a ela, que estaria partindo e ficaria fora por um par de semanas ou mais. Ela se perguntou se ele estaria indo ver Ben, mas ele não disse e ela não perguntou. Ela sentou-se com ele na principal sala de estar, a partir da janela da qual havia uma magnífica vista para baixo, da frente do parque e da aldeia até o mar. E ela contou-lhe sua história, terminando com a sua decisão de vir para a casa de campo, o que esperara ser um mero casebre em ruínas, e da decisão de Ben em acompanhá-la até ali. Ele acenou com a cabeça lentamente. — E você não sabia nada de mim, — disse ele — e nada de sua herança aqui. — Nada. — Ela balançou a cabeça. — Bebida é uma coisa terrível — disse ele. — Ou melhor, bebida nas mãos de um homem fraco e tolo é uma coisa terrível.
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— Você venceu. — Para mim, sim — disse ele. — Mas isso não era consolo para sua mãe, não é? Estou feliz que ela encontrou um bom homem. E que ela tenha tinha uma filha. — Eu gostaria — disse ela depois de um breve silêncio — de chamá-lo de avô. Ela observou lágrimas iluminarem os olhos, mas ele não as derramou, e depois de um momento ou dois, ele ficou de pé junto à janela, de costas para ela. — Eu a amava com uma paixão que tudo consome — disse ele, depois de um tempo. — Sua avó, quero dizer. Infelizmente eu era jovem, e não tinha a sabedoria para equilibrar a paixão. Quando ela se foi, levou tudo o que eu era com ela e deixou para trás uma casca vazia de dor crua. O amor não deveria ser assim, Samantha. Deve-se amar a partir de uma posição de integridade. Deve-se ter um auto-senso firme e rico, não importando a situação. Sempre há dor, não pode ser evitada nesta vida, é uma pena. Mas a dor não deve destruir a pessoa que o sente. Eu não deveria ter me destruído. Tinha minha vida e minha saúde, esta casa, meu trabalho, amigos. Acima de tudo, eu tinha Gwynneth. Eu a amava muito, mais do que a vida, eu acreditava antes de sua mãe me deixar. Mas acabou que eu amei a minha auto-piedade mais, e a bebida me ajudou a chafurdar nela até que eu tinha perdido minha filha, assim como minha esposa. Ele afastou-se da janela para olhar para Samantha. — Você amou seu marido com paixão — ele disse — e sobreviveu à sua perda precoce, colocando dever diante de auto-piedade quando ele precisava de você. Você é mais forte do que eu, e eu estou orgulhoso de chamá-la neta. Você vai encontrá-la novamente, paixão, isto é, e amor. Talvez você já tenha encontrado. Mas sinta-a e a ofereça a partir de uma posição de força,
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Samantha. Use estes meses para... — Ele parou e sorriu de repente, com uma expressão de grande afeto. — Me ouvir dar conselhos sobre amar sabiamente e bem. — Você é meu avô — disse ela — e alguém que teve experiência de vida e do inferno. Ele apontou para Tramp, que estava deitado a seus pés. — E qual é a história de seu cão? — Perguntou. — Ele não se parece com o tipo que seria de bom grado escolher, a menos que ele fosse um pequeno filhote de cachorro na época e não soubesse sua filiação plena. — Oh, pobre Tramp. — Ela riu e contou a sua história, ou a parte dela que ela conhecia. Seu avô partiu no dia seguinte e ficou afastado por duas semanas. Ele foi vê-la frequentemente depois disso. Mas sempre que ele estava em casa, ia à casa de campo ou ela ia a Cartref. Começaram, gradualmente, a conhecer e gostar um do outro, até que ela percebeu que ele tinha se tornado bastante central na vida dela. Ele era da família, algo que ela desejava desde o casamento e a morte de seu pai, não muito tempo depois. Eles sentaram-se juntos na igreja aos domingos. Ele acompanhou-a a um concerto no hall da escola quando um coro visitante estava se apresentando lá com alguns solistas, e na festa da colheita na pousada, que ela fora, muito embora não dançasse. Ele a convidou para jantar sempre que tinha convidados, o que acontecia com muita frequência, quando ele estava em casa. Era um homem sociável. Ele nunca mencionou Ben diretamente a ela. Ela não teria sequer como saber com certeza que Ben ainda estava trabalhando para ele se ele não houvesse respondido uma pergunta de um de seus convidados em um jantar, em uma noite de outubro, com a
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informação de que, sim, o homem em questão era de fato um baronete — Major Sir Benedict Harper. Foi Ben que absteve Samantha de ser perfeitamente feliz durante esses meses. Ela não tinha nadado desde que a deixara. Ela ainda não tinha andado muito na praia, e quando fora, geralmente por insistência de Tramp, tinha encontrado deserto em vez de mágica. Ora, ela não tinha certeza de que ele voltaria. Ela, mais ou menos, o obrigara a acompanhá-la em sua viagem até ali, depois de tudo. Havia forçado-o a ficar quando chegara ou ele teria retomado suas próprias viagens. Talvez ela meio que tivesse o obrigado a entrar em seu caso. Talvez, uma vez que ele a tinha deixado, ele tivesse descoberto que estava feliz por estar livre dela. E o que aconteceria com ela? Por um longo tempo ela ansiava por ser livre. Agora ela estava livre. Seria sensato desistir da liberdade tão logo após tê-la conseguido? Isto é, se ela fosse convidada a desistir. Era só à noite que todas as dúvidas sumiam e ela sabia que o amava muito diferente da forma como tinha amado Matthew. Ela gostava de sua aparência, sim, e seu charme. Mas, enquanto na idade de dezessete anos, ela não tinha olhado para além da aparência exterior, para saber se Matthew tinha o caráter para combinar sua aparência, com a idade de vinte e quatro ela tinha olhado. E seu amor era para o próprio Ben. Sua aparência não era importante. Seu estado aleijado não importava nada para ela. Ela o amava. E certamente ele a amava. Ele não teria tomado o trabalho com seu avô, ela acreditava, se não a amasse. Ou, se tivesse, ele não teria vindo a consultá-la primeiro. Ele não teria falado em voltar. Ele não teria dito a ela que seu avô tinha dito sobre eles
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terem sentimentos um pelo outro. Ele até admitiu que tinha sentimentos, porém, como um típico homem, ele não tinha elaborado. E então, em dezembro, seu avô a visitou na casa de campo em uma manhã, enquanto ela praticava no piano, para lhe dizer que ofereceria um baile em Cartref, uma semana antes do Natal, para todos no vilarejo e alguns amigos que viriam de lugares mais distantes e que ficariam com ele por alguns dias. Ele queria que ela viesse ficar Cartref e também fosse sua anfitriã no baile. — Pode fazer tudo com a consciência limpa, minha querida — disse ele. — Seu ano de luto está no fim, não é? — É — disse ela. — Vou ficar feliz em ir, avô. Seria Ben um desses amigos mais distantes? — O Major Harper será um dos meus convidados — disse ele, como se ela tivesse perguntado em voz alta. — Ah — disse ela. — Vai ser bom vê-lo novamente. Seus olhos brilharam para ela. — Vamos para a sala de estar — disse ela, levantando-se do banco para liderar o caminho. A Sra. Proce assou um bolo e estará ansiosa para que você possa prová-lo. — Eu podia sentir o cheiro todo o caminho desde Cartref — disse ele. — Por que mais você acha que eu vim até aqui? Ben estava vindo, ela pensou, uma onda de emoção misturada e ansiedade em seu estômago. Tinha sido um tempo tão longo. Parecia uma eternidade. Às vezes, ela se esforçava para lembrar como ele parecia. Ele estava vindo, é claro, para discutir negócios com o avô.
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E talvez ‌ Bem. Talvez.
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Capítulo 23 Tudo tinha sido arranjado para que Ben chegasse a Cartref um dia antes do baile. Sua partida de Swansea foi adiada, no entanto, por uma pequena crise nas ferragens. Como resultado, ele não chegou até o final da tarde no dia do baile. Não importava muito, ele supôs, embora suas pernas estivessem rígidas e doloridas. Não era de se pensar que ele dançaria, apesar de tudo. A viagem havia sido longa através do campo nu e ventoso, não muito longe de um mar cinza chumbo, salpicado de espuma, sob pesadas nuvens. Os tijolos quentes em seus pés não permaneceram quentes durante muito tempo, e seu sobretudo não afastou tanto o frio como deveria. Algumas vezes houve rajadas de farrapos finos de neve, embora, felizmente, eles não se desenvolvessem em nevascas suficientemente fortes para acumular na estrada e tornar a viagem perigosa. Havia postagens em intervalos tediosamente próximos para tornar a viagem mais lenta, porém, e os detentores do pedágio muito cansados ou com muito frio para se apressarem. Quando chegou mais perto da casa branca na colina acima de Fisherman Bridge, Ben podia apenas pensar no fato de que estava apenas a um par de quilômetros ou mais de Samantha, que iria vê-la novamente em breve. Talvez na noite do baile, se ela não estivesse afastada de seu avô? Talvez no dia seguinte em sua casa de campo se ela estivesse, e se estavivesse disposta a recebê-lo. Mas não havia nenhuma razão, com certeza, para não estar disposta, nem mesmo se não quisesse continuar seu relacionamento. E se ela o tivesse esquecido? Essa era uma ideia ridícula, claro. Certamente não iria acontecer. Mas... teria ela continuado com sua vida a um ponto em que ele já não tinha qualquer lugar
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nela? Seu ano oficial de luto estava no fim. Ela estava ali há vários meses. Havia outra pessoa agora? Alguém que não a lembrasse, de qualquer forma, das guerras passadas? E teria algum tipo de relação com seu avô? Bevan não tinha falado nisso, e Ben, é claro, não tinha perguntado. Ele tirou as bengalas da mão de Quinn quando desceu do carro, fez o seu caminho lento até os degraus e entrou na casa. Foi imediatamente saudado pelas boas-vindas e o calor desprendido por lareiras de cada lado do salão em mármore, que estava decorado com festões de hera e brilhantes azevinhso para as festas. Seu anfitrião estava esperando por ele e se aproximou para cumprimentá-lo, a mão direita estendida, um amplo sorriso no rosto. — Major — disse ele, sempre chamava Ben assim, apesar de a classificação realmente não fazer mais parte de seu nome. — Você deve estar congelado e cansado. E é o último dos meus convidados a chegar. Já está bastante escuro lá fora, não é, mesmo que ainda seja apenas no final da tarde. Deixe para lá. Hoje é o dia mais escuro do ano. As coisas só podem melhorar a partir de agora. O quê? Nada de cadeira de rodas hoje? — Bevan. Bom te ver. — Ben apertou sua mão. — Infelizmente, ninguém ainda inventou uma cadeira que suba ou desça degraus. Além disso, eu não sou um aleijado e sinto um desejo ocasional de provar isso. — Acho que ninguém em seu juízo perfeito pensaria em lhe chamar de qualquer coisa semelhante — Bevan disse. — Vamos subir para a sala de estar. Não importa a sua aparência. A bandeja de chá ainda está lá e mais água quente será trazida. Tratarei que algum brandy seja adicionado ao seu copo, puramente para fins medicinais, é claro. Venha conhecer meus outros convidados.
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Demorou um pouco, como de costume, para subir as escadas, mas Quinn estava esperando no topo com sua cadeira, na qual Ben afundou com gratidão. Mais facilmente seria capaz de cumprimentar os outros hóspedes e lhes apertar as mãos, se não tivesse que se agarrar às suas bengalas enquanto tentava ignorar o desconforto. Havia uma dúzia de pessoas ou mais na sala. Alguns dos homens, Ben tinha visto antes, uma vez que eram colegas de trabalho de Bevan. Outros eram estranhos, como eram todas as mulheres. Ah. Exceto uma. Ele respirou fundo e segurou a respiração. Ela estava vindo em direção a eles do outro lado da sala, um sorriso no rosto, as mãos estendidas. Estava usando um vestido de dia de lã verde floresta profundo, para coincidir com a vegetação com a qual a sala de estar também estava decorada. Era obviamente um vestido novo, muito mais elegante e na moda do que qualquer coisa que ele lhe tinha visto no início do verão. Seu cabelo escuro, quase preto, estava penteado para trás em um coque elegante. Ela estava sorrindo calorosamente. Ele exalou lentamente. Ela era parte da vida de seu avô, então. — Ben. — Ela colocou as mãos na sua, e seus dedos se fecharam com força sobre eles. Estavam quentes enquanto os seus ainda estavam frios do exterior. — Samantha.
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Por um momento, olharam profundamente nos olhos um do outro. Mas então ela deu um passo atrás, embora suas mãos permanecessem na sua. — Mas o que é isso? — Ela estava olhando para sua cadeira. — Oh, não responda. É óbvio o que é. Você não tem ficado mais fraco? — Mais forte — disse ele. — Não tenho mais vergonha de admitir que minhas pernas não funcionam como as das outras pessoas. Sou como sou. Eu ainda ando, mas posso dar a volta muito mais rápido e de forma mais eficiente com a minha cadeira. Seu sorriso se aprofundou e ela apertou as mãos antes de liberá-las olhando para Bevan. — Vô, eu devo apresentar Ben para todos os outros, ou o senhor o faz? Ela tinha um pequeno traço de sotaque galês em sua voz, Ben notou. Era muito atraente. Na verdade, ele causou um leve arrepio pela espinha acima. — Eu vou, minha querida — o avô disse com firmeza. — Cuide das necessidades do major. Peça mais água quente, se quiser, e sirva-lhe um pouco de chá. E adicione um toque de conhaque. Ele parece congelado. — Sim — ela concordou antes de se virar. — A ponta do nariz está vermelha. — A mão de Ben subiu para cobri-lo como se fosse capaz de sentir a sua vermelhidão. Ele logo foi envolvido em uma rodada de apresentações para aqueles que não conhecia, uma troca de cumprimentos com aqueles que conhecia. Todo mundo estava com um humor
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sociável, festivo. A conversa era fluente e saudável, e Ben se prontificou a divertir-se, apesar de sua fadiga inegável. E apesar do fato de que sua cabeça estava girando por ver Samantha novamente. Tinha esquecido que era tão vibrante sua beleza. Sua saudação tinha sido algo mais do que sociável? Ele tinha pensado assim, mas notava agora que ela falava calorosamente e com um sorriso tão brilhante a todos os outros durante os minutos antes de trazer o chá. Ela estava feliz em vêlo? Mais do que feliz? De uma coisa ele tinha certeza. Os meses que passara longe não tinham diminuído seus sentimentos por ela. Muito pelo contrário. Ao vê-la de novo agora, sabia que estava mais do que apenas apaixonado por ela. Sabia que ela era essencial para a sua felicidade. E então ela veio com o chá e um pedaço de bolo de frutas em uma bandeja. Mas não lhe entregou ou os colocou ao lado dele. Em vez disso, ela se curvou para falar tranquilamente com ele. — Eu vou pedir a um criado que carregue a bandeja e lhe mostre o caminho para o seu quarto — ela disse. — Você está com dor, Ben. E não pode negar. Reconheço os sinais. — Eu acho — ele disse — que estou sorrindo muito. — Não muito, — disse ela — mas como um lobo, de certa forma, com os dentes cerrados. Bastante assustador, na verdade. Ele riu enquanto ela se endireitou e abriu o caminho para a porta. Ele apresentou suas desculpas ao grupo em torno dele e seguiu-a. Ela não tinha esquecido, então, que as viagens não iam muito bem com ele. Tinha notado que ele estava com dor, embora tivesse feito um esforço para disfarçar o fato. Ah, Samantha.
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Devia parecer um sinal de derrota estar se impulsionando em uma cadeira de rodas em vez de andar com suas bengalas, Samantha pensou enquanto se vestia mais tarde para o jantar e o grande baile. No entanto não era. De alguma forma, era completamente o oposto.
Não tenho mais vergonha de admitir que minhas pernas não funcionam como a de outras pessoas. Eu sou como sou. Apesar do fato de que ele estava com dor, é óbvio, óbvio para ela pelo menos, fora capaz de ver uma nova confiança nele. Parecia um homem bem sucedido, que tinha encontrado o seu lugar no mundo e estava em paz com ele. E ainda assim estava trabalhando por um salário para um homem que não era um cavalheiro por nascimento, enquanto ele era um cavalheiro titulado, com bens e uma fortuna própria. Sir Benedict Harper era uma mistura fascinante de contradições, com as quais parecia bem feliz. Ela tinha vindo para Cartref na véspera, trazendo uma Gladys encantada, bem como Tramp, é claro, que tinha a sua residência feliz na cozinha, onde havia se tornado um favorito durante os últimos meses. Ben era esperado na véspera, mas não tinha chegado, ainda que ela e seu avô tivessem esperado até tarde por ele. E hoje fora o último dos convidados a chegar. Cada vez que alguém chegava, ela havia escondido sua decepção e crescente sentimento de tristeza por trás dos sorrisos de boasvindas. Ele simplesmente não ia vir, ela tinha concluído por fim. Algo tinha mudado sua ideia. Talvez fosse a perspectiva de vê-la novamente. Talvez simplesmente não conseguisse enfrentar dizer-lhe que tinha mudado desde o início do verão, que não tinha vontade de renovar ou promover o seu relacionamento. E então, quando a escuridão da noite adiantada já estava se acomodando, ele viera.
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Ela própria tinha-se forçado a permanecer na sala de estar com todos os outros, enquanto seu avô descia sozinho para cumprimentá-lo. Tinha sido um choque vê-lo entrar para a sala em uma cadeira rodas. Ela tinha sentido algo diferente sobre ele ao mesmo tempo que parecia tão dolorosamente familiar, que a espantava não ter sido sempre capaz de trazer seu rosto claro em sua memória. Sua saudação foi quente, apesar das mãos frias. Certamente ele a tinha visto com olhos firmes quando ela se aproximou do outro lado da sala. Mas ele estava com dor, e sua jornada de County Durham ocorreu de volta para sua memória. Claro que ele estava com dor e escondia o fato por trás de sorrisos e calorosos apertos de mão, homem insensato, e assim não houvera chance para mais conversa com ele. Ah, mas se ela já tinha duvidado nos últimos meses, ela já não duvidava agora. Amava-o completamente, totalmente, apesar da dor e das pernas coxas. Ela o amava. Mas talvez ele tivesse vindo apenas para discutir negócios com o avô. — Pronto, Sra. McKay — disse Gladys. — Eu gosto do seu cabelo com algumas ondas e cachos. E a senhora fica extremamente bem de azul royal. A cor iria engolir a maioria das mulheres, eu incluída, mas a senhora pode levá-lo com a sua coloração bronzeada. Gostaria de ser morena como a senhora. Aposto que todos os homens solteiros vão ter um olho para a senhora hoje à noite e alguns dos casados também, não duvido, embora não devesse dizer isso em voz alta, pois não? A minha mãe diz que é natural para os homens olhar para as mulheres, não importa se são casados ou não. O importante está aqui, não é? Pensei sempre que ele era tão lindo no verão. Fiquei desapontada quando foi embora e nada aconteceu. Desapontada pelaa senhora, quero dizer, não por mim. Isso seria estúpido. Mas ele voltou mesmo estando atrasado e quase perdendo o baile.
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Aposto que vai ter um olho para a senhora. Ele o fez naquela época, mas eu suponho que ele sabia que estava em luto pelo Sr. McKay e não seria certo pressionar suas atenções na senhora, não foi? Agora já não está. Está contente de vê-lo? Eu aposto que sim. — É muito agradável vê-lo novamente — disse Samantha. — Oh, eu aposto que é mais do que agradável — disse Gladys. — Ainda mais do que muito agradável. Pronto. Seu colar está pronto. Sempre tenho problemas com este fecho. Está pronta para ir. Oh, parece um deleite. — Obrigada — disse Samantha, rindo, e se perguntando, por um momento, o que Matilda pensaria de uma criada como Gladys. Mas Matilda era alguém de seu passado distante, mesmo considerando que passara menos de um ano desde que tinham vivido juntas em Bramble Hall. Ela desceu cedo, a fim de entrar no salão para ver se estava tudo pronto para mais tarde. Não que fosse sua responsabilidade. Seu avô tinha feito todos os arranjos. O salão de baile era grande, de dois andares. Espelhos a todo o comprimento do andar em ambas as longas paredes faziam o salão parecer ainda maior e multiplicava o efeito de todas os enfeites de Natal com o qual fora decorado. O piso de madeira brilhava. Havia instrumentos musicais, os membros da orquestra estariam lá em baixo tendo o seu jantar. Três grandes lustres estavam no chão. Todas as velas seriam acesas pouco antes do baile, e eles seriam levantados para pender no teto. Parecia uma extravagância para ter tal sala nas profundezas do país, mas seu avô lhe dissera que tinha sido quase sempre utilizada, várias vezes por ano, para os bailes, festas e grandes banquetes.
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Ela não se demorou. Era hora de jantar. Samantha estava sentada à cabeceira da mesa como anfitriã de seu avô. Ele tinha arranjado os assentos, embora ela se tivesse oferecido para fazer isso por ele. Ela tinha o Sr. Morris, seu advogado de cabelos brancos, à sua esquerda, Ben à sua direita. Ela se surpreendeu com a última colocação. Teria esperado que ele se sentasse no topo da mesa. Mas quando olhou ao longo do seu comprimento, os olhos de seu avô brilharam para ela. Ele havia sido um casamenteiro desde o início, é claro. Interferindo, ela tinha pensado naquela época. Mas, depois de Ben partir, ele mal o tinha mencionado, e ela concluiu que se deveria ter enganado. Agora sabia que não. O astuto velho avô percebera que eles deveriam se separar de modo que seus novos vizinhos não ficassem escandalizados, que ela não tivesse dado tempo para viver o ano de luto. E agora, assim como ele tinha planejado desde o início, os juntara novamente, no dia da sua grande festa. Preparara o palco e esperava que eles desempenhassem os seus papéis. O desempenhariam? Ela não tinha visto Ben nos últimos meses, e sabia que algo fundamental nele havia mudado. Teria algum lugar em sua nova vida? Samantha voltou sua atenção para o Sr. Morris, enquanto Ben conversava com a Sra. Davies, esposa de um dos amigos de Swansea do avô, do outro lado dele. Mas antes de o primeiro curso terminar, a Sra. Fisher, esposa do médico do avô de Tenby, ocupou o Sr. Morris, e Samantha olhou para Ben. Ele estava olhando firmemente para trás.
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— Você está parecendo bem, Samantha — disse ele. — Melhor do que bem, na verdade, embora pareça um pouco menos bronzeada pelo sol do que quando a vi pela última vez. Ele estava muito bem também, em seu traje preto de noite, colete bordado a ouro no encaixe, e brilhante linho branco. Seus colarinhos da camisa engomada eram altos, mas não de forma absurda. Sua gravata estava amarrada em um estilo intrincado que antes tinha atraído olhares de inveja de dois dos convidados do sexo masculino mais jovens na sala de entretenimento. Um único diamante piscava de suas dobras. — Você mudou. — Ela se inclinou um pouco para ele. — Encontrou o que estava procurando, não foi? Sob uma mina de carvão. Ele sorriu para isso. — Há lugares piores, — disse ele — embora não possa, pela minha vida, pensar em nenhum. Ela sempre amou seu sorriso. Era a expressão de que se lembrava melhor através dos últimos meses, percebeu. Ele tinha dentes muito brancose seus olhos estreitavam-se ligeiramente enrugados em linhas de riso nos cantos exteriores. — Você está feliz? — Perguntou a ele. — Eu gostei da experiência — ele disse a ela. — Eu aprendi muito com ela, tanto sobre o trabalho como sobre mim mesmo. — O quê sobre você? — Principalmente, — disse ele — que eu posso trabalhar com minha deficiência ao invés de deixá-la trabalhar contra mim. Na verdade, eu nem sequer penso mais nisso como uma desvantagem. Ela sorriu para ele e inclinou-se ligeiramente para um lado, enquanto um criado tirou o prato.
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— Mas você pretende continuar a trabalhar para o vovô? — Perguntou ela. Ele parecia considerar sua resposta, enquanto o seu próprio prato estava sendo removido. — Isso depende — disse ele. — De quê? — Oh, não. — Ele riu suavemente. — Este não é o momento nem o lugar. O Sr. Morris tocou em seu braço naquele momento e ela virou-se para ouvir o que ele tinha a dizer.
Dela? Era isso o que ele quis dizer? E este não era o tempo nem o lugar para o quê? Às vezes a vida parecia uma grande provocação. O que dependia era se ela o teria ou não. Ben sabia desde o início, mas tinha confirmado a sua decisão desde que chegara nessa tarde. Soubera assim que pôs os olhos em cima dela mais uma vez, que não seria capaz de suportar qualquer associação com ela, ou mesmo com seu avô, se ela não se casasse com ele. Preferia ir embora de volta para a Inglaterra, e começar novamente. Embora não estivesse de volta exatamente onde tinha estado por três anos depois de deixar Penderris. Sabia agora onde seus interesses estavam e que tipo de vida lhe convinha melhor. Seria uma vida triste, pelo menos por um tempo, se não houvesse Samantha e nenhuma esperança de a ter, mas iria sobreviver. Convidados de fora começaram a chegar logo após o jantar, e Ben se mudou para o salão de baile. O tinha visto antes,
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quando Bevan deu a ele e Samantha uma excursão pela casa. Parecia uma sala grande, mesmo assim. Agora parecia bastante magnífica, o suficiente para pertencer uma mansão de Londres. Os lustres foram preenchidos com velas, todas acesas, esplêndida extravagância. Azevinho, hera e ramos de pinheiro estavam por toda parte, dando o efeito de um jardim de Natal coberto. Os cheiros das plantas, de cidra e vinho quente se difundiam para a atmosfera festiva. Ben se sentou, estava usando suas bengalas aquela noite, e olhou para tudo. O olhar parou em alguns ramos de suspensos de visco em alguns dos recessos da janela, e sorriu. Samantha ficou dentro da porta com seu avô, recebendo os convidados. Ben reconheceu alguns deles. Ela parecia nada menos que impressionante aquela noite em seu vestido azul royal, seu cabelo empilhado em cachos elaborados. Seus olhos se moveram para a sua figura bem torneada. Ele havia esperado por sua carta por um mês ou dois depois de sair dali, mas nunca tinha chegado. Ficara contente com isso, embora parte dele tivesse ficado desapontada também. Ela parecia conhecer todos. Estava corada e rindo, e ocasionalmente virava-se para dizer algo para Bevan. Ben estava feliz por ela não ter ficado distante dele por algum senso de lealdade para com sua mãe. Ela precisava dele. A família de seu marido não lhe oferecera nenhum amor. Nem o seu meio-irmão ou qualquer um dos seus parentes do lado de seu pai. Ela parecia feliz. O pensamento deu-lhe um pouco de dor. Alguém estava sorrindo para ele, a mão estendida. — Major Harper — disse o reverendo Jenkins. — É um prazer.
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Sua mulher, usando uma hedionda cabeça cheia de plumas, sorria e acenava com a cabeça ao seu lado. Nenhuma anfitriã em Londres estaria inteiramente satisfeita, Ben pensou quando todo mundo tinha chegado e os membros da orquestra foram sintonizar seus instrumentos. O encontro dificilmente poderia ser chamado de um grande aperto. No entanto, o salão de baile estava agradavelmente lotado e todos teriam espaço para dançar, enquanto aqueles que se sentavam ou ficavam de lado teriam uma visão clara da dança. E o primeiro set estava se formando. Bevan levou a Sra. Morris, enquanto um jovem que Ben não conhecia levou Samantha. Ela estava na linha de senhoras, sorrindo ao seu parceiro. Ela satisfaria seu desejo, finalmente, em seguida, Ben pensou um pouco melancólico.
Eu quero dançar, uma vez ela lhe tinha dito, um mundo de desejo em sua voz. Estava vestida em suas pesadas e mal ajustadas roupas negras no momento e sentada na sombria sala de Bramble. Há muito tempo atrás, uma vida. Ben observou-a realizar uma série de danças campestres durante a hora seguinte. Enquanto isso, ele não se escondeu no seu canto. Levantou-se algumas vezes e se moveu, trocou saudações com pessoas que conheceu em Fisherman Bridge no início do verão e conversou com seus colegas convidados. Ele iria esperar até amanhã, decidiu. Ou no dia seguinte. Ela retornaria para sua casa de campo? Talvez fosse visitá-la lá. Aquela noite, embora maravilhosamente festiva, mesmo romântica, era bastante inadequada para isso. Ele lutou contra um retorno da velha frustração por sua condição.
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Estava rindo sobre uma história que o proprietário da pousada acabara de lhe contar quando alguém tocou sua manga. Ele se virou, e lá estava ela. — Ben — disse ela. — Está se divertindo? — Ele sorriu e tentou parecer como se ele sim. Bem, não foi difícil, foi? Em um certo nível, ele estava se divertindo. Encontrou aquele lugar e aquelas pessoas. — Venha sentar-te comigo — disse ela. — A próxima dança é uma valsa. — Você não quer dançar? — Ele perguntou a ela. Ela balançou a cabeça levemente e virou-se para liderar o caminho para um nicho profundo em uma extremidade do salão. Era a imagem do espelho da alcova da orquestra na outra extremidade, embora sem o estrado. Cortinas de veludo pesado tinham sido puxadas através dele, se tivessem sido enroladas de volta naquela noite para que qualquer pessoa se sentasse aí dentro, havia um sofá de veludo longo ali, e poderia assistir a dança. Mas ninguém estava lá. Ela se sentou no sofá, e ele sentou-se ao lado dela e apoiou as bengalas contra o braço. — Esta foi a primeira vez que você dançou? — Perguntou. — Sim — disse ela. — Você se lembra o que me disse uma vez sobre a dança? — Perguntou a ela. Ela assentiu com a cabeça. — E eu me lembro o que você disse para mim. Ah. Ele tinha dito a ela que ele queria dançar também.
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— Eu quis dizer — disse ele — que eu queria correr livre. Agora eu monto livre na minha cadeira. Ela sorriu para ele. — Mas você estava falando sobre a dança — disse ela. A orquestra atingiu um acorde de abertura, e a música cadenciada da valsa enchia o salão. Logo casais foram girando e passando a alcova. — Eu sempre pensei — ela disse a ele — que a valsa era a mais romântica das danças. — Mas você não quer dançar esta noite? — Oh, eu quero — disse ela. — Eu quero dançar com você. Ele riu suavemente. — Talvez, — disse ele — se nós fecharmos os olhos e imaginarmos. Como subir acima das nuvens de chuva em nosso balão de ar quente. Ela queria dançar valsa com ele, pensou. — Levante-se, Ben. — Ela se levantou. Ele reuniu suas bengalas e se levantou. Será que ela imaginava que ele pudesse dançar? Ela tomou a bengala dele, tal como tinha feito com uma delas quando entrou no mar com ela, ele se lembrava, e colocou-as de lado. — Coloque o seu braço direito sobre mim — disse ela. Colocou-a pela cintura e tomou-lhe a mão. Ela não colocou sua outra mão em seu ombro, mas sobre a sua própria cintura para apoiá-lo, e olhou-o nos olhos, o riso e talvez ansiedade nos seus. Meu Deus, ela estava falando sério.
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E eles valsaram. Eles dançaram um turno inteiro sobre a alcova, enquanto parecia que a música se tornara parte deles e seus olhos se perderam tanto de riso como de ansiedade e eles simplesmente olharam um para o outro. A realidade continuava a ser realidade, é claro. Eles não, como eles poderiam ter feito em um conto de fadas, de repente, valsaram para fora da alcova para rodar sobre todo o salão de baile, enquanto todo mundo assistia com admiração. Mas... eles tinham dançado. Eles tinham valsado. Juntos. Algo atraiu o olhar de Ben para cima. Um raminho de visco pendurado no teto, no centro da alcova. — Ah — ele murmurou para ela, enquanto ainda podia suportar. — E por isso eu não tenho sequer de pedir permissão. O Natal me entregou a sua própria licença especial. Beijou-a, envolvendo ambos os braços sobre a cintura, enquanto ela enroscou os seus próprios sobre o seu pescoço. E então eles sorriram um para o outro e, no momento, ele se sentiu invencível. Mas só por um momento. — Se eu não me sentar imediatamente, vou cair — ele disse a ela — e alguém vai ter que pegar-me do chão e me levantar ignominiosamente daí. E então eles estavam sentados lado a lado, mais uma vez, os ombros se tocando, lado a lado, seus dedos entrelaçados. E ambos estavam rindo quando ela inclinou a cabeça para os lados para encostar sua bochecha contra seu ombro. — Essa foi, provavelmente, a mais curta valsa, e a mais desajeitada que já dançou — disse ele.
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— E esse foi, talvez, o mais curto beijo, e mais glorioso já apreciado sob o visco — disse ela. Ele descansou sua bochecha brevemente contra seus cachos escuros. — Eu te amei antes de sair daqui no verão, Samantha — disse ele. — Não queria me apaixonar por você. Não parecia muito justo quando vim com você para protegê-la. Mas aconteceu de qualquer maneira. E os meus sentimentos não mudaram. — Oh, você, homem provocador — disse ela depois de vários momentos de silêncio entre eles, enquanto a valsa começou no salão de baile para além do seu pequeno paraíso. — Como ousa parar por aí. Você não pode parar por aí, Ben. Ele virou a cabeça e sorriu para ela. — Eu estava dando-lhe a chance de me parar se não quiser que eu me envergonhe ainda mais — disse ele. — Oh, não — disse ela. — Eu quero que você se envergonhe. — Miserável — disse ele. — Você quer se casar comigo? Ele ouviu seu trago. — Hmm — ela disse, sua voz um pouco mais aguda do que o habitual. — Deixe-me ver. Vou ter que pensar sobre isso. — Certo — ele disse. — Ficarei longe por mais seis meses, enquanto você o faz. Ela riu suavemente e levantou a cabeça para que pudesse virar o rosto para ele. Seus olhos estavam brilhando, ele podia ver à luz dos candelabros além da alcova. Brilhando com lágrimas não derramadas. — Sim — disse ela. — Sim?
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— Sim. Eles olharam um para o outro por alguns momentos, e então eles estavam nos braços um do outro novamente e rindo, oh, sim, e derramando mais do que uma lágrima cada um também. — Eu te amo — disse ela, sua respiração quente contra seu ouvido. — Oh, Ben, eu senti sua falta. Tenho tantas saudades de você. Ele recuou a cabeça e sorriu para ela. Samantha. Seu amor. Ah, a maravilha disso. — Eu estou perdoado? — Perguntou a ela. Ela levantou as sobrancelhas. — Por pular sobre você no dia em que nos conhecemos — disse ele — e praguejar abominavelmente. Você nunca disse que eu estava. — Eu vou pensar sobre isso — disse a ele, e riu.
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Capítulo 24 Eles consideraram esperar por um tempo mais ameno do ano, mas também não queriam adiar seu casamento até junho ou julho, ou até maio. Consideraram Kenelston como um local, mas não tinha sido realmente a casa de Ben desde a infância, apesar do fato de que ele era o dono, e nunca moraria lá agora. Eles se decidiram pelo País de Gales, no final de janeiro, especificamente na igreja de Fisherman Bridge, com o oficiante reverendo Jenkins. Samantha, depois de insistir que queria sair para seu casamento de sua casa de campo, percebeu que tinha ferido seu avô embora este não o dissesse, e mudou de ideia. Ela iria se casar a partir da casa grande, com seu avô para acompanhá-la e a entregar. Ben iria passar para a estalagem da aldeia na véspera do casamento. Um grande café da manhã de casamento seria realizado no salão de baile de Cartref. Foi o pior momento do ano para esperar que os convidados viajassem a partir de qualquer distância, mas foram enviados convites de qualquer maneira. Beatrice e Gramley foram os primeiros a responder. Eles viriam, embora Beatrice relatasse que seu marido tinha agora bastante certeza de que seu cunhado tinha perdido seu bom senso. Uma carta chegou de Calvin no dia seguinte. Ele e Julia também iriam. Depois disso, enquanto os proclamas já estavam sendo lidos na igreja da vila, um fluxo constante de respostas foram entregues, todos, exceto uma delas, aceitações. Surpreendentemente, todos os sobreviventes estavam indo para se aventurar nas entranhas mais escuras de Gales, descrição de Flavian, para participar das núpcias de Ben. A exceção foi, claro, Vincent, cuja esposa estava perto de seu tempo de confinamento.
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Não quero deixar Sophie, tinha escrito, embora ela tenha me pedido para não perder o seu casamento, Ben. Era óbvio que sua esposa tinha escrito a carta para ele, pois seguia uma breve mensagem entre parênteses: (Vincent está
mais nervoso do que eu sobre o evento que se aproxima, Sir Benedict. Seria cruel para mim tentar insistindo que ele vá ao País de Gales quando está tão ansioso por minha causa. Você deverá vir aqui em março, porém, para o encontro anual do Clube dos Sobreviventes, não é, mesmo estando tão recentemente casado? E irá trazer Lady Harper com você? Por favor? Quero muito conhecer todos os amigos de Vincent.) Em uma folha de papel separada, fechada com a carta, estava um desenho a carvão, uma muito boa caricatura de fato, de um homem que tinha uma notável semelhança com Vince, andando com a cabeça baixa e as mãos atrás das costas, as gotas de suor caindo da testa, e parecendo realmente muito preocupado, e um pequeno rato em um canto olhava gentilmente para ele. — Eu sinto muito — Ben disse, tomando a mão de Samantha na sua quando se sentaram juntos no sofá em sua sala de estar na casa de campo, uma tarde na semana antes do casamento. — Todos os convidados de fora serão meus. — Ah, — ela disse — mas todos os convidados do interior serão meus, você vê. Todos os meus amigos e vizinhos estarão comigo no que eu espero seja o dia mais feliz da minha vida. E o avô vai estar lá para me entregar para você. Ele apertou a mão dela. — Além disso, — disse ela, virando a cabeça para que ele pudesse ver que seus olhos estavam brilhando — Recebi uma carta muito civilizada de Matilda hoje.
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— Você recebeu? — Ele levantou as sobrancelhas com alguma surpresa. — De verdade — disse ela. — Ela me parabenizou por ter enlaçado um marido muito elegível pela segunda vez, apesar de minhas origens. — Seu passado cigano? — Isso — ela disse — e o fato de que meu avô está no negócio do carvão. Soa muito escuro e poeirento, não é? Ela espera, não, ela fervorosamente espera e reza, para que eu tenha aprendido minha lição e não o vá levar em uma dança alegre como eu fiz com seu pobre querido Matthew. — Não! — Tudo muito civilizado — disse ela. — Embora ela se afundou um pouco no final, Ben. Ela pediu licença para dar sua opinião de que seria não menos do que você merece se eu o levar em uma dança, uma vez que parece ser o tipo de homem que se acredita bastante irrepreensível para sair com uma viúva quando ela está em profundo luto. — Nos merecemos um ao outro, então? — Perguntou a ela. — Tudo indica que sim — disse ela com um suspiro. — Oh, ela não está, aliás, vindo a nosso casamento. Nem o conde e a condessa de Heathmoor. Fiquei bastante surpresa com esse anúncio, desde que a minha carta para eles era apenas para explicar que eu vou me casar novamente e não, de modo algum, um convite. No dia seguinte, Samantha foi surpreendida por outra carta. O reverendo John Saul, seu meio-irmão, ficou satisfeito ao ouvir que ela tinha resolvido ficar no País de Gales e estava feliz lá com o povo de sua mãe. Ele sentiu a incumbência de honrar seu falecido pai por ir ao casamento da filha de quem seu pai
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tinha, tão obviamente, gostado muito. Sua querida esposa não iria acompanhá-lo. Samantha, sozinha em sua biblioteca quando ela leu a carta, chorou descaradamente sobre aquilo, sua dura soberba, não obstante. — Irei ter um convidado de fora meu — disse ela, empurrando a carta à mão de Ben quando ele veio de Cartref com seu avô durante a tarde. E virou-se e chorou mais uma vez nos braços de seu avô enquanto ele lhe acariciava as costas e lia a carta sobre o ombro de Ben. Os preparativos para o casamento foram todos feitos. Tudo o que restava era esperar a chegada daqueles que estariam viajando da Inglaterra, durante um dos potencialmente meses mais inclementes do ano. Todos eles iriam adquirir dor nos pescoços, Ben comentou sobre uma ocasião, se eles olhassem para o céu muito mais do que eles fizeram. Foi um mês frio e de vento, que soprava quase constantemente, era o que a Sra. Price chamava um vento preguiçoso. — Ele não pode ser incomodado para desviar em torno de você — ela explicou. — Ele só sopra direto. Mas o céu permaneceu azul a maioria do tempo, e quando havia nuvens, eram altas e não ameaçadoras. Não houve neve. Raramente havia nesta parte do País de Gales, mas a palavrachave era raramente. Todos iriam relaxar um pouco mais, talvez, se tivesse sido nunca. Neve não era a única ameaça, é claro. Chuva podia ser tão ruim ou pior. Não demorava muito para transformar as estradas em lama e, por vezes, em atoleiros. E chuva era comum nesta parte do mundo, especialmente nesta época do ano.
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Mas o tempo manteve-se firme. E os convidados começaram a chegar. Todos os hóspedes da Inglaterra ficaram em Cartref por insistência do Sr. Bevan, embora Ben tivesse se mudado para a pousada um pouco mais cedo do que o planejado para dar espaço para todos eles. Calvin, que era para ser seu padrinho, chegou ali na noite antes do casamento para ficar com ele. Todos os Sobreviventes vieram com ele apenas para a noite, para o grande prazer do proprietário e igual consternação de sua esposa, que tinha descoberto não só que a senhora e todos os senhores eram titulados, o que era ruim o suficiente, mas que um deles era realmente um duque. — E não é só isso, — ela sussurrou para o marido, embora eles estivessem na cozinha e houvessem duas portas fechadas entre eles e o grupo reunido — entre um duque e um rei. — Ela segurou o dedo indicador de um quarto de um centímetro de seu polegar. George Crabbe, Duque de Stanbrook, enquanto isso, perguntava a Ben sobre sua cadeira de rodas. — Parece uma noção sensata, — ele disse — mas você sempre foi muito enfático contra o uso de uma. — Não tenho mais nada a provar — Ben disse a ele. — Posso andar. Eu dancei. Agora posso ser sensato e mover-me tão rápido quanto qualquer outro homem. — É t-tentador o desafiar para uma corrida ao longo da rua da aldeia, Ben — Flavian, Visconde Ponsonby, disse. — Mas não gostaria de fazer um e-espetáculo de mim mesmo. — Ou perder vergonhosamente para um homem em uma cadeira de rodas, Flave — Ralph, conde de Berwick, acrescentou.
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— Você vai ser capaz de correr contra Vince em março, Ben — Hugo, Lorde Trentham, disse. — Ele está construindo uma pista de corrida construída no limite exterior de seu parque. Você ouviu? Isso vai ser um espetáculo para ser visto. — Um homem cego e uma a-aleijado — disse Flavian. — O céu nos defenda. — Chame-me isso de novo, Flave, — Ben disse alegremente — e você pode encontrar-se levando na cabeça com uma bengala. — Pode curar sua gagueira — disse George. — Ben. — Imogen, Lady Barclay, estava olhando fixamente para ele. — Você dançou? — Valsei, na verdade. — Ele sorriu para ela. — Há um nicho em uma das extremidades do salão de baile em Cartref. Valsei lá com Samantha durante um baile, pouco antes do Natal. — Isso foi sábio, Ben? — Calvin perguntou a ele. — Eu sempre pensei que você poderia fazer mais mal do que bem para as pernas insistindo em andar sobre elas. Mas dançar? Eu me preocupo com você, você sabe. O tempo todo. Mas os Sobreviventes estavam todos sorrindo para ele. — Bravo — o duque disse calmamente. — Eu s-suponho, — Flavian disse — que esse recanto é do tamanho de uma casca de ovo, Ben? — Provavelmente um dedal, Flave — disse Ralph, sorrindo e piscando para Ben. — Não importa se é do tamanho de um alfinete, suas cabeças ocas — disse Hugo, estendendo uma mão enorme e dando uma sacudida saudável em Ben. — Bom para você, rapaz. Minha
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Gwendoline dança também, e todos vimos como ela manca quando anda. Imogen inclinou-se para beijar o rosto de Ben. — Era o seu sonho dançar um dia — disse ela. — Todo mundo deveria ver um sonho mais querido se tornar realidade. Ben pegou a mão dela. — E qual é o seu, Imogen? — Perguntou a ela. Ele imediatamente se arrependeu da pergunta, pois todos se calaram para ouvir a resposta dela, e ela olhou para ele, seus olhos grandes e luminosos. Algo brilhou neles e, em seguida, morreu. — Oh, — ela disse em sua voz suave, fresca — conhecer alguém alto, moreno e bonito e ser tirada do chão, é claro. Apertou-lhe a mão e levou-a aos lábios por um momento. Ele queria se desculpar, mas isso seria admitir que sabia que ela não tinha respondido sua pergunta. — Sinto muito, Imogen, — Hugo disse — mas eu já estou tomado. — Ela disse bonito, Hugo — disse Ralph. Todos riram e o momento passou. — Deve ter havido algo no ar da Cornualha na primavera passada — disse George quando o estalajadeiro entrou na sala com uma bandeja carregada. — Três dos nossos casados em um ano. E meu sobrinho também. — O herdeiro? — Perguntou Ben. — Julian, sim —, disse George. — E todos casos de amor, parece-me. Basta olhar para você e a Sra. McKay, Ben, para
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cheirar as flores de maio. Você fez bem. Terá uma esposa por quem obviamente se importa profundamente e de um modo de vida que parece ter sido feito sob medida para você, tudo em um pacote. — E tudo nas entranhas m-mais sombrias de um país selvagem — disse Flavian. — Eu esperava selvagens s-saltando sobre mim por trás de todos os r-rochedos quando viajei para aqui, Ben, decididos a cortar minha garganta. — É mais provável, — Ben disse — que eles gostassem de o sequestrar, para poderem cantar para você, Flave. Você deve ouvir o coro dos mineiros onde eu trabalho. Seria suficiente para o fazer chorar lágrimas sentimentais. — Me p-poupe — Flavian disse fracamente. Hugo pegou uma jarra de cerveja na mão. — Nós não devemos privar Ben de seu sono de beleza esta noite, a mais importante de todas as noites, — disse ele — e não vamos tentar fazê-lo se aborrecer. Mas vamos lhe fazer um brinde, Benedict. Que por toda a sua vida o seu coração dance como sua pessoa fez naquele recanto antes do Natal. — Oh, o diabo! — Disse Flavian, levantando-se e erguendo seu copo de vinho do porto. — O casamento d-deixou Hugo embaraçosamente poético. Mas ele tem os d-direitos dele, Benedict, meu rapaz. S-seja feliz. É tudo que q-queríamos um para o outro. — Para você, Benedict —, disse Imogen, levantando a taça de vinho. — E para Samantha. — Para sua felicidade, Ben — Ralph disse — e da Sra. McKay.
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— Para você, irmão — disse Calvin. — Que eu o sempre admirei muito. Você sabia o que queria e foi atrás e o fez soberbamente bem. Quase me matou quando foi tão gravemente ferido logo após Wallace ser morto. Mas, então, eu aprendi a admirá-lo mais do que já fazia. E continuo a fazê-lo, mesmo quando me preocupa ao não voltar para casa e me deixar cuidar de você, e quando insiste em caminhar e até mesmo dançar, pelo amor de Deus. Para você, irmão, toda a felicidade do mundo e para Samantha também. Ben, sorrindo para ele, sentiu um pouco como se estivesse vendo seu irmão pela primeira vez. — E que você sempre monte suas rodas tão rápido quanto podemos correr, Benedict — disse o duque. Todos eles beberam, e Ben riu. — Se vocês não quiserem me ver transformado em um regador, — disse ele — e se não quiserem encontrar as portas de Cartref bloqueadas para vocês, é melhor sairem. Vou ver todos vocês de manhã. — Uma palavra de aconselhamento, Ben — Hugo disse enquanto eles estavam saindo. — Faça seu valete amarrar seu lenço de pescoço mais solto do que o habitual amanhã. Há algo sobre estar na frente da igreja quando você é um noivo à espera de sua noiva chegar que faz o pescoço expandir. — E ele não está mentindo, Ben — Calvin disse a ele. O meio-irmão de Samantha chegou na véspera de seu casamento. Ela já havia se mudado para a casa grande e cumprimentou-o lá em sua chegada. Eles apertaram as mãos e conversaram educadamente. Ela perguntou sobre sua cunhada e sobrinhos. Ele perguntou a ela sobre sua casa e suas conexões na aldeia. Apertou a mão de Ben e conversou educadamente com ele.
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Mas tudo foi feito em companhia de outros. Samantha ficou tocada por ele ter ido no pior momento do ano por causa dela. Mas ele parecia mais um estranho que ela conhecera um dia, do que alguém que estava perto dela. Esperava que ele não se arrependesse de ter vindo. Mas supôs que ele não iria. Tinha ido por um sentido de dever para com seu pai, e não por qualquer carinho por ela. Ah, a vida era difícil às vezes. Apenas na manhã seguinte ela finalmente o viu sozinho. Estava vestida para seu casamento. Tinha escolhido um vestido de estilo simples de veludo branco quente com uma corrente de ouro e medalhão no pescoço e brincos de ouro. Um pequeno gorro cor de ouro abraçava a cabeça. Seu pesado manto, que estava arremessado sobre as costas de uma cadeira em seu quarto de vestir, também era de veludo branco com prendedores de ouro colocados no forro da frente e de peles. Ela tinha considerado várias cores brilhantes, mas tinham sido todas rejeitadas em favor de branco. Queria simplicidade. Queria apenas a si mesma em exposição para seu noivo, não o brilho de suas roupas. — Ooh, — Gladys disse quando montou a touca cuidadosamente sobre os cachos de Samantha e amarrou as fitas em um laço para um lado do queixo —, a senhora estava certa e eu errada, Sra. McKay. Branco é a sua cor. Cada cor é a sua cor. Mas está perfeita hoje. O Major vai comê-la, ele vai, quando a vir. Não que fosse melhor ele fazê-lo, entende, não quando…— — Mas seu monólogo foi interrompido por uma batida na porta do quarto e ela foi ver quem estava lá. — Obrigado, Gladys — disse Samantha. — Isso é tudo.
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Ela sorriu para John. Pensava que todos já tinham partido para a igreja. — Você parece muito bem — ele disse, seus olhos movendose sobre ela. Ele estava franzindo a testa. — Sempre pensei em você, sabe, como a filha de sua mãe. Nunca pensei em você como sendo também de meu pai. Mas você era, você é. Se parece com sua mãe, é claro, bem, um pouco com ela, de qualquer maneira. Sempre fui grato por isso, por eu ser como meu pai. Posso ver isso quando olho em um espelho. Mas você também. Não de maneira óbvia. Só às vezes, em uma volta da cabeça ou uma expressão fugaz, não algo em que eu possa apontar exatamente. Mas você é sua filha. Não que eu alguma vez duvidasse disso. Só ignorei. — John. — Ela se aproximou e estendeu a mão direita. — Você veio de tão longe e estou tocada. Eu sei que foi duro para você quando o nosso pai se casou com minha mãe. — Você é minha irmã — disse ele. — Eu tinha que vir e dizer-lhe isso, Samantha. Não que você não saiba disso, mas... Bem, todo mundo precisa de família, e eu sei que sempre lhe foi negada metade da sua e não sabia sobre a outra metade até recentemente. Estou feliz por ter descoberto essa metade. Bevan parece uma pessoa decente, bem como tão rico como Creso. — John —, ela disse, hesitante, esperando que não estivesse prestes a apresentar uma nota discordante em sua reunião, — por que você escondeu todas suas cartas de mim e todas as do Sr. Rhys, exceto a que você enviou logo após a morte do Papa? Por que eu não soube sobre o dinheiro que minha tia me deixou ou todos os presentes que meu avô mandou? Ele franziu a testa. — Eu não sabia nada sobre qualquer presente ou dinheiro — ele disse a ela. — Sei que quando nosso pai estava morrendo, me fez encontrar dois pacotes de cartas e queimá-los enquanto ele assistia. Ele me disse que sua mãe não queria que você tivesse nada a ver com seus parentes galeses,
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que a tinham tratado mal e não deveriam ser autorizados a incomodá-la. Ele queria honrar seus desejos, especialmente porque você tinha feito um casamento tão vantajoso. Tudo o que eu tinha eram cartas pedindo o que queria fazer sobre a casa de campo. O pai tinha dito que era apenas um edifício degradado, não valia nada. Enviei a carta para você depois de responder por mim mesmo, pensei que talvez você deveria vê-la de modo a poder enviar uma resposta sua, se você quisesse. Você não escreveu de volta e seu marido estava mal, e eu não queria incomodá-la com as outras cartas que vieram. Mas elas não mencionaram nenhum dinheiro, Samantha somente a casa de campo. Eu não tinha ideia que era a casa que é. — Nem eu — disse ela, sorrindo para ele. — Como já acabou, John, foi uma boa coisa que eu não soubesse de nada, mas descobrir a verdade somente quando isso significasse mais para mim. — Você está se casando com um homem bom, — disse ele — mesmo que ele esteja meio aleijado. — Não há ninguém menos aleijado do que Ben — disse ela. — Mas obrigada, John. Chorei, você sabe, quando soube que você estava vindo. — Você fez? — Eu fiz. — Ela sorriu e olhou para além do ombro. Seu avô tinha vindo buscá-la. Ele estava sorrindo para ela e, em seguida, sorrindo cordialmente para John. — O noivo vai ter palpitações no coração, se nos atrasamos — disse ele. — Noivos sempre o fazem. É uma coisa perigosa de ser.
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— Eu sei. — John sorriu para ele e parecia tanto com seu pai que o coração de Samantha virou. — Eu vejo um número suficiente deles. E já fui um eu mesmo, uma vez. Voltou-se e deu um passo mais perto para que pudesse beijar o rosto de Samantha. — Seja feliz —, disse ele. — Nosso pai a amava muito carinhosamente, você sabe. — Eu sei — ela disse suavemente. — Assim como ele te amava. Ele saiu correndo e Samantha olhou para o avô. — Oh, meu Deus, menina —, disse ele, — mas você parece minha Esme. Só que eu nunca a vi em branco. Era uma cor que ela nunca usava. Você é linda. O que é uma palavra inadequada. Venha, deixe-me ajudá-la com o seu manto, e vamos resgatar o Major da morte por insuficiência cardíaca, não é? — Oh, por todos os meios, avô — disse ela. — Mas não devo esquecer o meu regalo. Era o dia de seu casamento, ela pensou, e sentiu uma vibração de excitação quase insuportável em seu estômago. Foi decidido, na época do Natal, que Ben levaria três meses durante os quais se casaria e desfrutaria de uma viagem de casamento e uma estadia com seus colegas do Clube dos Sobreviventes. Depois disso, como neto do Sr. Bevan, em vez de ficar simplesmente como seu empregado, ele iria gradualmente assumir o controle das minas e ferragens, enquanto Bevan relaxaria em uma semi-aposentadoria. O casal recém-casado viveria na casa de campo, embora o convite para assumir a sua residência em Cartref estivesse em aberto. Haveria casas em Swansea e no Vale do Rhondda também.
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Tudo isso satisfazia, e era mesmo emocionante para considerar, Ben pensou quando se sentou ao lado de seu irmão na frente da igreja em Fisherman Bridge, enquanto sua família e amigos e assim como de Samantha murmuravam na conversa macia atrás dele. Mas nesse meio tempo havia hoje. Seu dia de casamento. Ele realmente não tinha esperado estar nervoso. Como alguém podia sentir qualquer ansiedade quando estava tão completamente feliz? Mas ele sabia o que Hugo queria dizer com sua gravata. E ele não podia deixar de temer deixar cair o anel de casamento apenas quando estivesse prestes a inseri-lo no dedo de Samantha. Na verdade, ele tinha acordado mais de uma vez durante a noite com esse medo. Ele teria que deixar alguém rastejar nas mãos e joelhos para recuperá-lo, e então teria que passar pela provação mais uma vez. — Você está com dor, Ben? — Calvin perguntou, sua voz cheia de preocupação. — Não — Ben olhou para ele com alguma surpresa, mas percebeu que tinha estado esfregando as mãos sobre suas coxas. — Certifique-se de que eu tenho uma boa aderência sobre o anel, Cal, antes de passá-lo para mim. Seu irmão sorriu para ele. — Ninguém nunca o soltou — disse ele. Agora ele estava nisso, com certeza. E, em seguida, o reverendo Jenkins, maravilhosamente vestido com as vestes clericais, estava dizendo à congregação para se levantar e o órgão de tubos marcou um acorde. Pareceu levar a Ben uma eternidade para se levantar com suas bengalas, mas quando o fez, ela estava apenas chegando à
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vista no final da nave, no braço de um Bevan orgulhosamente radiante. Oh, Senhor Deus, Ben pensou com reverência ao invés de blasfêmia, tinha alguma vez havido tanta beleza? Ela poderia ser sua? Sua noiva? E então ela olhou ao longo da nave, e seus olhos pousaram sobre ele, e ela sorriu. Ele era completamente inconsciente do ligeiro suspiro que percorreu a congregação quando ele sorriu de volta. E então ela estava ao lado dele, e ambos se viraram para o Sr. Jenkins. — Amados — disse ele em seu adorável sotaque galês. E assim, tudo dentro de alguns minutos, o mundo mudou. Eles estavam casados. E não só ele não deixara cair o anel, mas nem sequer pensara na possibilidade quando tomou sua mão e o deslizou sobre seu dedo, enquanto falava as palavras recitadas antes pelo clérigo. Ele nem sequer pensou em como administrar sem as bengalas por alguns minutos. Eles estavam casados. E então assinaram o registo e estava tudo feito e pronto. Eles eram marido e mulher. Fizeram o seu caminho lento de volta até a nave. Ben o fez com uma bengala. A mão de Samantha através de seu outro braço, segurando-o com firmeza, sem parecer fazê-lo. Na outra mão ela segurava seu regalo branco. Ele não sentiu dor no pé quando olhou para a esquerda e para a direita, reconhecendo os
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seus hóspedes com acenos e sorrisos, enquanto Samantha fazia o mesmo. E então eles estavam fora, e um vento frio cortante sobre eles e viraram os rostos um para o outro e riam. — Lady Harper — disse ele. — Absolutamente — disse ela. — Seus amigos não estão segurando o que eu acho que eles estão segurando, estão? Havia um número de moradores na rua além da igreja, vindo para ver o show e animar a noiva e o noivo. Mas no meio deles, com certeza, estavam Flavian e Ralph, que, obviamente, saíram da igreja primeiro. Onde tinham encontrado flores em janeiro, só sabia o Senhor. Devia haver uma estufa em algum lugar. Mas aquelas eram pétalas de flores inequivocamente apertadas em suas mãos e, em seguida, chovendo sobre a noiva e o noivo enquanto faziam o seu caminho lento para a carruagem que estava esperando para levá-los de volta para Cartref. — Eu acho que a resposta é sim — Ben disse rindo enquanto subiu atrás Samantha. — E acho que o que está arrastando atrás do carro é o que eu acho que é. Os sinos da igreja estavam tocando. A multidão estava aplaudindo. A congregação estava começando a sair da igreja. — Aqui — Hugo disse. — Eu vou fechar a porta da carruagem para você. O que ele fez, depois de jogar outro grande punhado de pétalas dentro. Ben sentou-se no assento e riu. E pegou a mão de Samantha na sua quando se virou para dela. — Feliz? — Perguntou.
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Ela assentiu com a cabeça. — As palavras são ridículas por vezes, não são? — Disse. Ela assentiu com a cabeça novamente. Ele baixou a cabeça e beijou-a enquanto a multidão além da carruagem aplaudia mais alto e havia alguns assobios. O carro deu uma guinada em movimento. Um movimento ruidoso quando arrastou inúmeras peças de metal por trás dele. — Ben, — disse Samantha, olhando em seus olhos — eu te perdoo. — Por? — Por me chamar mulher — disse ela — e por proferir todo um arsenal de palavrões em meus ouvidos e de Tramp. Ele sorriu lentamente para ela. — Eu acho — ele disse — que também casei com aquele canalha de um cão, não é? — Para o melhor ou pior — ela o assegurou. — Cão maldito — disse ele e beijou sua esposa um pouco mais impiedosamente do que tinha feito um minuto antes.