Centro de Estudos do Humanismo Crítico Portugal & América Latina
Grupo de Debates NOÉTICA
IBIUNA no rio da terra negra a certeza do verde futuro
da palestra “no rio da terra negra a certeza do verde futuro” Ibiuna, 1993
JOÃO BARCELLOS
Índice Ibiuna no rio da terra negra a certeza do verde futuro Marco-Zero de Ibiuna / Nª Sª das Dores c/ análise historiográfica Ser e Estar Ibiunense Formação Geossocial Tábua Cronológica Ibiuna / dados gerais Brasão e Bandeira Hino de Ibiuna Bibliografia & Outras Fontes
Obs. em 2014: 1- Revisão Ortográfica e Estatística. 2- Fotografias e desenhos do Autor e de sítios na Web para livre cópia e divulgação.
IBIUNA no rio da terra negra a certeza do verde futuro
Tudo começa com a atividade agropecuária e piscatória de colonos avançados no complexo do Piabiyu adentrando o sertão dos guaranis, a oeste e sudeste do planalto de Piratininga. Alguns fogos originam ranchos e fazendas e, estas, em muitos casos e a partir das capelinhas e casas rurais erguidas pelos fazendeiros, passam a ser o núcleo da vila que, quase sempre adota o nome da santa ou do santo, e em outros casos continua o nome da fazenda... é o caso da Fazenda Velha do Una que origina a Villa do Una.
Por outro lado, a força da raiz nativa faz-se valer culturalmente até nos mais radicais colonos portugueses que se deixam encantar pela sonoridade quase ecológica da língua guarani. O povo guarani fala de ybi una, q.s. água de terra preta, para dizer do rio maior que banha a região, por isso, a primeira grande fazenda é batizada de uma, assim como piratininga e koty, votorantim e barueri, etc., não receberam nomes de religiosos, apesar das capelinhas em sua honra.
Ao longo da odisseia colonizadora, exploradores de todo o tipo, mascates e tropeiros, transformam o piabiyu e a serrania que cerca a bacia do Una numa peregrinação de encantos e desencantos, mas são mais as pessoas que ficam do que aquelas que seguem outros rumos.
Marco-Zero de Ibiuna
Nª Sª das Dores Ibiuna surge, como a maioria das vilas luso-católicas no Brasil-colônia, tendo marcozero numa capela de sítio, de fazenda – e, esta, origina a Igreja Matriz de Nossa Senhora das Dores.
Parte 1 Também dita Nossa Senhora da Piedade, Nossa Senhora da Soledade, Nossa Senhora das Angústias, Nossa Senhora das Lágrimas, Nossa Senhora das Sete Dores, Nossa Senhora do Calvário, Nossa Senhora do Monte Calvário ou, ainda, Nossa Senhora do Pranto, e invocada em latim como Beata Maria Virgo Perdolens, ou Mater Dolorosa, Nossa Senhora das Dores é particularmente cultuada em Portugal e pelos portugueses que demandam o Brasil ao longo de cinco séculos. O culto à Mater Dolorosa inicia-se em 1221, no Mosteiro de Schönau, na Germânia. Em 1239, a sua veneração no dia 15 de Setembro tem início em Florença, na Itália, pela Ordem dos Servos de Maria (Ordem Servita). Deve o seu nome às Sete Dores da
Virgem Maria: a profecia de Simeão sobre Jesus (Lucas, 2, 34-35); a fuga da Sagrada Família para o Egito (Mateus, 2, 13-21); o desaparecimento do Menino Jesus durante três dias (Lucas, 2, 41-51); o encontro de Maria e Jesus a caminho do Calvário (Lucas, 23, 27-31); Maria observando o sofrimento e morte de Jesus na Cruz - Stabat Mater (João, 19, 25-27); Maria recebe o corpo do filho tirado da Cruz (Mateus, 27, 5561); Maria observa o corpo do filho a ser depositado no Santo Sepulcro (Lucas, 23, 5556).
Parte 2 O poder colonial assenta religiosamente... Nada que seja pensado e feito pelos colonos portugueses deixa de passar pelo crivo teológico e, neste caso, também político, dos padres da Cristandade. É o espírito medieval do toque de cerco, tomada e saque, sob a égide cavaleirosa. Não é a bandeira de Portugal que sinaliza o território e os povos domados, mas a ´fábrica´ de um altar que passa a ser o marco-zero da ação levada a cabo. Então, cada aldeia tomada aos povos nativos é transformada em aldeia cristã, que pode manter o nome original, mas em vez do pajé e do cacique ordenam religiosa e politicamente o capelão e o colono. Eis que a arquitetura colonial portuguesa é a eleição permanente do espírito cristão em cada fogo, cada povoado, o que materializa na urbanidade a imagética assente na ruralidade: o casario circunda (ou ladeia) a capela-altar. Também, e porque poder não é retórica, mas mando palpável, o colono abastado pode ´fabricar´ em casa capela ou altar próprio. A casa grande não é senzala: naquela vive e manda o colono, nesta vive o escravo. No caso Ibiuna, percebe-se desde logo que um sítio é construído em área de latifúndio sesmeiro e, nele, lá está a capela a sinalizar o mando político e religioso. O que não é diferente da fazenda que em São Roque vira vila, ou da Villa de Nª Sª do Monte Serrat instalada no Cerro Ybiraçoiaba e que nele desaparece tão logo escasseia a mineração de ferro e sua fundição.
Ora, o caso Ibiuna segue o exemplo de São Roque, e não só pela proximidade social e política, também porque alguns dos abastados que se instalam na bacia do Una são oriundos das regiões sanroquense e sorocabana. Pode se dizer, e sublinho..., que a identidade republicana deixada pelo governador Francisco de Souza [Sécs 16 e 17], e depois pelo governador Luís Antônio de Sousa Botelho e Mourão [o Morgado de
Mateus, Séc. 18], sobrepõe-se aos interesses reinóis para cultuar, na e através da mesma capela-altar, a tradição da solidariedade municipalista.
[Pintura celebrando o muncipalismo paulista em Ibiuna, registrada por João Barcellos num restaurante loca, em 2014.]
Parte 3 Entre o sítio rural e a arquitetura que o colono português opta por riscar e erguer no Brasil está um sentimento que dói e ao mesmo tempo alegra: a saudade. Tanto a capela quanto o casario sugerem, desde logo, as pequenas aldeias portuguesas, e a casa-grande espelha o solar da fidalguia do mando reinol. E da mesma maneira que aprendeu com os árabes o toque cavaleiroso de cerco, doma e saque, o português insinua-se no Novo Mundo com essa mesma bandeira – é o bandeirante por excelência, porque toma as decisões no campo da sobrevivência. Mais: da mesma maneira que cresceu sob a égide do império romano, o português faz sentir a sua personalidade social, religiosa, cultural e econômica em todas as ações de assentamento. A colônia antes de tudo um reflexo do império... Ora, isto tem tudo a ver com história da colonização da bacia do Una, porque cada sítio é erguido com a certeza de se levantar outro Portugal e ´matar´ um pouco daquela saudade. A pessoa portuguesa que demanda outra vida nas bandas da bacia do Una é aquela pessoa que se diz Portugal, então, toda a sua ação política, religiosa e arquitetônica avança na linha de ser Portugal em qualquer latitude e longitude, vertendo sangue e suor e mais lágrimas, além de refazer o perfil português nas entranhas da mulher nativa e dar origem ao mameluco – a nova raça, o outro Portugal que, aos poucos, liberta-se e se diz Brasil com fala portuguesa... Olhar para Ibiuna é recontar Portugal ao jeito da pessoa que refaz a vida além-mar. Não perceber nesta história o fado luso da entrega ao encanto do Mundo Novo é não entender a própria história. Por isso, é fácil perceber a importância de italianos e japoneses na continuação desta história. E a mensagem de Nª Sª das Dores não deixa dúvidas: sofremos para viver e sobrevivemos pela fé de nos sabermos humanidade solidária. Eis a Ibiuna gerada para ser berço humano sob a verde paisagem.
Ser e Estar Ibiunense Formação Geossocial
Desde os tempos em que Vaz-Guassu percorre o sertão carijó, ou guarani, conforme a escrita dos jesuítas, e demarca territórios onde logo surgem novas vilas, existe uma definição ideológica: se a koty é casa [e encontro] de gentes guaranis, então, na ocupação militar e religiosa, a vila da fazenda é a casa portuguesa alémmar. Algumas pessoas, entre elas especialistas de universidades creem, ainda..., que antes de os portugueses ousarem adentrar os sertões acima da Serra do Mar já esse universo de complexos florestais e serranias, cursos d´agua entre mar de morros, servia de rota de fuga para os povos nativos. Ora, não existe rota de fuga quando os povos vivem um cotidiano de pesca e de caça, isolados uns dos outros por distâncias continentais: o que existe, no caso dos sertões a oeste e sudeste de Piratininga é uma rede de ligações que tem tronco no Piabiyu. E é neste e por este caminho feito a pé que os portugueses avançam nos primeiros contatos ibero-guaranis e, então, estabelecem uma primeira linha de economia liberal [leia-se escambo] após o cunhadismo do qual resulta o mameluco. É verdade: as filhas dos caciques e pajés, guarani e tupis, têm um papel preponderante no assentamento e no conhecimento dos portugueses. Os marujos teriam ficado à deriva na praia, caranguejando, se Cosme Fernandes – o Bacharel de Cananeia não tivesse [e na mesma época, antes de 1500, João Ramalho na Piratininga] iniciado a comunidade mameluca, ou luso-americana. Na ascensão social e econômica e militar dos dois forma-se essa primeira linha de economia liberal no Porto das Naus, em Gohayó, e na Piratininga de serr´acima, e, logo, em tal lastro é que chegam, primeiro Brás Cubas, e depois Afonso Sardinha [o Velho]; estes dois últimos saem do litoral, 50 anos depois do Bacharel de Cananeia, e buscam ouro e prata no Pico do Jaraguá e na Serra da Cahatyba, esta, na Bacia do Una com ligação a Ybiraçoiaba e Ybituruna. É a penetração da mineração e agropecuária no sertão guarani em pleno Séc. 16 que faz os portugueses percorreram e conhecerem a Bacia do Una e os povos que aqui têm vida naturalíssima.
Serra da Cahatyba, ou Cativa, nos velhos mapas desenhados a partir das informações jesuíticas em Paris.
A importância das ramificações piabyuanas é tal que os padres jesuítas registram as informações e fazem-nas chegar à Corte portuguesa. Mas, enquanto isso, as gentes de Brás Cubas encontram ouro e prata no Jaraguá e ouro na Cahatyba; e logo, depois de abrir o primeiro comércio no Ybitatá, o Afonso Sardinha toma o portinho fluvial de Carapocuyba e cerca os aguerridos nativos do Jaraguá fazendo-lhes guerra com o título de Capitam de Gentes da Villa: no final do Séc. 16 está aberto em definitivo o caminho para os sertões. Lá longe, nos confins do Rio Una e da Serra da Cahatyba vivem povos de maioria guarani, do tronco linguístico m´byã, mas também tribos tupis, que denominam outros povos vizinhos de goyazes. Já percebem que não estão sós, que os brancos do mar avançam pela trilha sagrada que leva à terra do sem mal, o piabiyu, e, como as tribos do litoral, têm que se adaptar à novidade, ou guerrear: nem sempre a conversa entre os nativos e os forasteiros resulta em parcerias ou cunhadismo, obviamente com ganho para os forasteiros, melhor equipados, e que, assim mesmo, introduzem os nativos da era da pedra lascada na era do metal. Se os jesuítas fracassam no sertão com a primeira aldeia, denominada por Manoel da Nóbrega como Maniçoba, o mesmo quer um ponto estratégico para seguir a evangelização para o sul, então, manda erguer a Casa e Colégio no planalto de Piratininga, onde chegam noviços da SJ como Anchieta para darem início aos trabalhos. Assim nasce a Sam Paolo dos Campi de Piratinin... Bem antes das incursões de Cubas e de Sardinha, a villa jesuítica é na verdade um casebre isolado no planalto, só lá por 1585 se fala de “casa bem acomodada com um corredor e oito cubículos ao lado da igreja”. E tão precária é a situação social e financeira que em 1592 a Câmara Municipal paga o porteiro com palha. Isto mesmo: palha. O mais puro escambo. A troca é a moeda, porque escasseia o dinheiro: os rendeiros de carne verde nem sempre podem recusar a troca por produtos como cera, algodão, marmelada, madeira, escravos [o escravo nativo é vendido como peça, e logo acontece o mesmo com o escravo africano], etc., porque das bordas do Jaraguá
sai pouco ouro. Os trigais avançam nas margens do Jeribatyba e do Anhamby, mas também cevada e muito vinhedo. As dificuldades são vencidas quando Afonso Sardinha [o Velho], vereador, minerador, comerciante, banqueiro e fazendeiro, faz do Piabiyu um corredor de informações e de trocas comerciais entre Sam Paolo dos Campi de Piratinin, Asunción e Buenos Ayres... A abertura da mina de ferro de Ybiraçoiaba e fundição é outro empreendimento que logo leva mais gente para as bandas da Bacia do Una. E por que isto acontece? Porque a floresta de entorno no Cerro Ybiraçoiaba não suporta o corte de madeira para os fornos da fundição, ou seja, as regiões florestais mais próximas [Cahatyba e Una] passam a fornecer matériaprima e alimentos. As ações rurais nos fogos e ranchos assentados na Bacia do Una chamam a atenção de rurais abastados, principalmente de Sant´Anna de Paranaíba, uma vila que quase substituiu a Sam Paolo em importância socioeconômica... Eis uma região para investir cabedais com a certeza de lucros em médio prazo. Com as ações de mineração da Família Sardinha [o Velho e o Moço] no Cerro Ybiraçoiaba, no Ybituruna e no Jaraguá, o ´velho´ Sardinha obriga-se a buscar mão de obra escrava em N´Gola e adquire um navio para linha Santos-N´Gola comandado por um sobrinho: é o primeiro navio negreiro em ação para os empreendimentos de mineração e lavoura dos luso-paulistas e paulistas. Quando cessam as atividades de mineração de ferro no Ybiraçoiaba, muitos negros, já com família constituída no Brasil-colônia, são vendidos, e alguns ganham até alforria, dispersam-se pelo oeste e o sudeste da Capitania de S. Vicente. Os ranchos da Bacia do Una passam também a ter mão de obra de escravos africanos, quadro socioeconômico do qual resulta a miscigenação que dá origem a uma parcela mulata da população local. Já no Séc. 17, o complexo hidro-serrano do Una ganha mais evidência, pois, migrações de investimento cercam a região de entre Sant´Anna de Parnaíba e Sorocaba provocando o assentamento de novas fazendas, ora com Vaz-Guassu ora com [o padre, banqueiro e ruralista] Guilherme Pompeu de Almeida, filho do capitão e ruralista do mesmo nome. Percebe-se que no caso de Pompeu de Almeida existe a continuidade dos esforços do ´velho´ Sardinha a partir da fazenda e mina de Yibituruna. Adentrando o Séc. 18, o ganho socioeconômico para Vila do Una é grande e surge a primeira grande fazenda na distribuição sesmeira ao capitão Manoel de Oliveira Carvalho, e que, no Séc. 19, vira de Fazenda Velha do Una a Vila de Una. Neste quadro histórico forma-se o perfil das gentes de Ibiuna, e entende-se aqui o reflexo luso-americano-afro dos diversos cruzamentos socioculturais e místicos que gerou aquele outro Portugal além-mar e, nele, o Brasil-nação. Nesta essência geossocial foi-se a colônia monárquica e sobreveio o municipalismo republicano a dar abrigo a outros povos [italianos, japoneses, árabes, gregos, espanhóis, ingleses, alemães, etc.], o que molda, no Séc. 20, um ser-estar ibiunense tão diverso quanto é o Brasil na sua epopeia nacionalista. Agora, ser-estar ibiunense é sentir a terra negra que o Una beija e nela vivenciar a vida na sua plenitude socioecológica e histórica preservando-a com amor e dedicação municipalista.
Tábua Cronológica Séculos 16 e 17 A região do ybi una é percorrida por todo o tipo de aventureiros e entre eles colonos e bandidos, aristocratas e religiosos, raramente se sabendo quem é quem em tal universo de interesses que privilegiam a demanda da riqueza. Povos de usos e costumes guarani e tupi, mais aqueles do que estes, vivem na região em pequenas aldeias que se desarmam e voltam a armar como pouso temporário, porque os nativos sobrevivem de caça e pesca na imensidão do complexo de serrania e lagos e fios d´água que viram cachoeiras e riachos. Um desses fios d´água, dizem os nativos, é ybi una, o rio de terra preta. Assim escutam os europeus e assim eles assimilam a língua guarani [na ramificação m´byã] da qual aprendem estar no piabiyu, q.s. caminho feito a pé, e também, que o piabiyu conduz à terra sem mal... Algo que os europeus já conhecem desde os tempos do Bacharel de Cananeia na aldeia Gohayó. No contato com os povos das aldeias de ybi una conhecem os portugueses os usos domésticos da sobrevivência nos sertões: a adaptação não é lenta, urge sobreviver. Em pouco tempo, ora isolados ou em arranjos com filhas de caciques e pajés, ora escravizando, os portugueses constituem sítios rurais e sinalizam vias de acesso no entorno do piabiyu que conduzem a sítios com possibilidade de mineração [ouro e prata, ferro e pedras preciosas]. 1557 O padre jesuíta Anchieta declara em carta ao rei português que existem minas de ferro no sertão da Capitania de S. Vicente pelos relatos que recebe dos povos locais. 1561 [Cahatyba] A representar Brás Cubas, o perito em montanística Luiz Martins, faz ´entrada´ de 300 léguas pelo sertam carijó, i.e., pelo Piabiyu guarani, e retorna à Villa de Santos onde, na Câmara local, a 25 de Janeiro de 1562, apresenta “ouro que pesava três quartos de dobra e seis grãos”, garimpado na Cahatyba na banda das sorocas. Sobre o ouro: “[...] mas, há na serra de Byraçoiaba 25 léguas daqui para o sertão em terra mais larga e abastada, e perto dali com três léguas está a Cahatyba donde se tirou o primeiro ouro [...]”, sabe-se, por carta da vereança paulistana à capitania, de 13 de Janeiro de 1606 [in Anais do Museu Histórico Nacional, 1941]. A Serra da Cahatyba é a Serra de São Francisco no complexo hidro-serrano que liga à bacia do Una. 1589 – Família Sardinha [o Velho e o Moço] assenta arraial de mineração e dá início, também, ao primeiro arraial em pleno Morro Berasucaba/Hibiracoiaba. E
ele mesmo, o Velho, compra negros-ferreiros diretamente em Angola pela experiência que têm no ofício. [Do arquivo da Vereança paulistana, p.36v no ano 1600, sabemos que “pelos annos de 1597” veio Affonso Sardinha a estabelecer engenho de ferro em Hibiracoiaba, ou Byraçoiava. Entretanto, o conhecimento da região e do material é conhecido desde os tempos de Brás Cubas, pelo que se depreende que cerca de 1589, quando o ´velho´ Sardinha investe cabedais na prospecção de minerais ao longo do ´sertam dos carijó´, ele tenha arrematado em leilão da Capitania vicentina a autorização para mais tarde minerar no local por conta própria. Não por acaso, Pedro Taques, na ´Nobiliarquia das Principais Famílias da Capitania de São Vicente´, e embora trocando o filho pelo pai, refere-se ao ´achado´ das minas “pelos annos de 1589”]. As andanças do ´velho´ Sardinha pelo Piabiyu levam dezenas de aventureiros a penetrarem nas regiões oeste e sudeste além de Piratininga e é neste período que a bacia do Una mais recebe europeus. O movimento de colonos e garimpeiros adensa os fogos, transforma-os em fazendas e, logo, escravizados ou mortos, os povos nativos desaparecem. Também, é das primeiras levas de negros de N´gola [Angola] comprados pelo ´velho´ Sardinha que chegam à bacia do Una os primeiros escravos africanos que trabalharem nas lavoura. 1680 – O frei Pedro de Souza, também pesquisador e especialista em montanística, ergue capela em honra de Nª Sª do Popolo no topo de boturanti, q.s. cascata [de espuma] branca, depois de ter encontrado algum ouro. Espalha-se pela bacia do Una a notícia de “ouro quanto baste” e a febre enlouquece quem vive da agricultura a duras penas: o veio do frei não é uma mina para tanta gente, o que arrasa uns e faz outros honrarem o trabalho na terra. A cada ano que passa a vocação rural da bacia do Una é festejada pelas gentes que nela buscam viver a vida com trabalho enquanto constituem a família do Mundo Novo.
Século 18 A existência de fogos isolados, mais a redução de aldeias nativas a ranchos de maior envergadura agropecuária, faz a bacia do Una um manancial de alimentos. Daqui saem mantimentos [hortifrutigranjeiros] e matérias-primas [algodão, carvão, madeira, areia e argila, etc.] para Cotia, Sorocaba, São Roque, etc., e a região tornase polo agrícola pela excelência da sua produção em cultivo de mato adentro e serr´acima. 1711 Com uma sesmaria de uma légua em quadra [3000 braças de testada e 3000 de fundo, o que corresponde 4.356 hectares, ou 43.560 m2], o capitão Manoel de Oliveira Carvalho traça e estabelece fazenda na bacia do Una. Os ranchos começam a dar lugar a uma produção agrícola de grande investimento em área do tipo latifúndio no entorno do Sítio do Paiol, a denominação da fazenda do capitão. Assim como em todo o Séc. 17, a sesmaria é a figura fundiária que liga política e administrativamente os colonos ilustres ao espírito reinol português: o sesmeiro tem que lavrar a terra, esteja ou não presente. Deixar a terra à mercê do mato ou da ocupação nativa é perder o benefício dado pela Coroa. A irrigada serrania do Una é
uma das regiões privilegiadas pela natureza, então, pançudos latifundiários das áreas de São Roque e de Barueri, assim como de Cotia e Sorocaba, percebem que a região, já um eixo de produção agrícola, pode ser uma espécie de mina de ouro verde. O primeiro a perceber a situação é Manoel de Oliveira Carvalho e, da sua visão alargada para o futuro que acontece hoje, surge a primeira grande fazenda na bacia do Uno. 1713 É concedida a Manoel de Oliveira Carvalho a patente de Capitão da Ordenança da Freguesia de Cotia, pela morte do capitão Ignácio Soares. 1750 Oriundo de Sorocaba, Helvidio Rosa instala-se com a família na região compreendida pelos bairros Piratuba, Ressaca e Cocaes. Aqui nasce a Fazenda dos Rosas. Esta fazenda vem a ser adquirida pelos irmãos Benedito e João Cafezal Domingues, que dão continuidade ao trabalho rural.
1760 Uma capela, um marco-zero. Nª Sª das Dores
O herdeiro do capitão é Manoel de Oliveira Costa, que dá continuidade à fazenda e nela manda ´fabricar´ Capela em Honra de Nossa Senhora das Dores. A fazenda é a única na sua territorialidade latifundiária. Os tempos são outros no setecentos colonial: existe já um movimento mental a ´puxar´ a colônia para uma reforma sociopolítica a identificá-la com o querer republicano e o fim da escravatura. Muitos pançudos reinóis percebem, também, que o melhor é reorganizar as suas vidas deixando um legado rural-urbano, mas sem nunca esquecer o marco-zero focado na capela que sinaliza a evangelização cristã no Mundo Novo. A grande fazenda que organizou a vida agropecuária na bacia do Una sedia agora uma vila: uma porção de casinhas em torno da capela de Nossa Senhora das Dores do Una.
Século 19 da fazenda à freguesia que vira vila O progresso campesino e operário gera no Una uma leva de gentes curiosas e vindas das regiões próximas. O mundo regional quer ver como é a vida em torno da capela. O fluxo de gentes é tal que a região começa ser conhecida como cidade do presépio.
E é este núcleo pré-urbano que o capitão Salvador Leonardo Rolim de Oliveira, abastado sorocabano, adquire, ou seja, pela escritura, a Fazenda Velha de Una. Logos, os seus irmãos João e Bernardo compram terras na mesma região.
1811 [29.8.1811] A fazenda e a capela têm novo dono: Matheus de Abreu Pereira. E ele mesmo consegue que, no âmbito da administração sanroquense o povoado seja elevado à categoria de Freguesia de Nossa Senhora das Dores do Una. 1846 [10.2.1846] Transfere a região do Uma, da competência administrativa de São Roque para a de Sorocaba, como Distrito. 1850
[03.5.1850] Distrito do Una retorna para a administração de São Roque.
1857
[24.3.1857] O distrito é desmembrado de São Roque e passa a Vila do Una.
Enquanto isso, o trabalho gera desenvolvimento. O português Antônio Vieira Branco, capitão e veterinário, adquire terras e recebe outras [doação imperial e não sesmaria], nas quais monta, com mão d´escravos, fazenda com serraria e beneficiamento d´algodão. A unidade é tida pelo imperador como “fazenda modelo”. Nesta época, o bairro do Curral recebe dezenas de peões e gado. O tropeiro Jesuino José Soares de Arruda é filho de uma velha família do Una: Francisco Antônio dos Santos e Brandina Soares, casal proprietário de um armarinho no bairro. O filho não esquece as origens: é tropeiro de grande sucesso mercantil e, em 1857, é fundador da povoação de São Carlos. Pelas atividades de Jesuino, o bairro do Curral transforma-se em ponto de encontro social, político e mercantil. Aos poucos, sem perder o perfil rural, Ibiuna conquista espaço na urbanidade eleita pelos novos tempos em São Paulo e no Brasil.
Gente Portuguesa, Italiana... Ignácio Soares, Felipe Santiago, Fortunato de Góes Pinto, Francisco Duarte, Pedro Machado, Manoel de Oliveira Carvalho, Francisco António dos Santos, Helvidio Rosa, Salvador Leonardo Rolim de Oliveira, António Vieira Branco, João Cafezal Domingues, Benedito Domingues, Manoel Homem de Góes, António Coelho Ramalho, João Pereira, e etc., são portugueses que apostam no desenvolvimento da belíssima região do Una, entre os Sécs 16 e 19. 1890 / 91 Fanti, Melanias, Nani, Bello, Pécci, Bastos, Bini, Coscarelli, Sandroni, Andreolii, Marcondes, Dal Fabro, Romano, Falei, Ferracini, Giancolli, Folena, Calvo, Casaburi, Cavalieri, Latarullo, Parente, Marcicano, Duganieri, Albertim, Rabelo, etc., são famílias italianas que assentam esperanças de vida nova na Vila de Una.
Para estes povos, as principais atividades são, primeiro, a agropecuária, depois, a extração da madeira, o carvão vegetal além do beneficiamento do pó de serra. Com os povos nativos aprendem a extrair o palmito, o mel de abelhas, tratam de fumo, milho e feijão. Obviamente, o investimento maior está na agropecuária para a produção de leite e derivados, carne, banha, ovos. Os portugueses são fundadores de Una, enquanto sítio que vira vila e município, e nela permanecem.
... & Gente Japonesa. Sim. No âmbito da sua formação, a Cooperativa Agrícola Cotia [CAC] expande-se pelo complexo viário nativo que foi o Piabiyu e agrega famílias rurais com pequenos ranchos, tanto famílias brasileiras quanto japonesas, e principalmente estas, ainda em integração sociocultural na sociedade brasileira.
Da bifurcação Ribeirão da Vargem Grande [Cotia e São Roque passando pelo Ribeirão, adentrando a serra sanroquense ou a bacia do Una] ao sudeste e oeste, a estratégia da CAC é captar associados com produção hortifrutigranjeira de alta qualidade, e Ibiuna é polo de produção há séculos – uma tradição que as famílias japoneses ajudam a impulsionar ainda mais com novos métodos, enquanto a cooperativa faz chegar a produção ao Brasil e ao mundo.
Século 20 1911 Vila do Una. 1944 [30.11.1944] A municipalidade de Una passa a ser denominada Ibiuna. As pessoas nascidas em Ibiuna são agora ibiunenses. É grande a atividade rural em Ibiuna e muitos dos instrumentos são mecanizados vindos na “faixa de rodagem” do ciclo automobilístico, como o trator.
A par desta envergadura, que já aponta para a agricultura industrial, Ibiuna começa a receber investimentos de famílias que aqui constroem chácaras de repouso e, paralelamente, surgem as pousadas. É início de uma estância turística que o é precariamente, pois, não tem definição administrativa. 1959 [18.2.1959] É criado o Distrito de Paruru ficando Ibiuna com dois distritos: a sede e Paruru.
Século 21
Ibiuna / Estância Turística
Lei nº 10.537, de 13 de abril de 2000 GOVERNO DO ESTADO DE SÃO PAULO
Projeto de lei nº 845, de 1995, do Deputado Milton Monti - PMDB Transforma em Estância Turística o Município de Ibiúna. O PRESIDENTE DA ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA: Faço saber que a Assembléia Legislativa decreta e eu promulgo, nos termos do artigo 28, § 8º, da Constituição do Estado, a seguinte lei: Artigo 1º - Fica transformado em Estância Turística o Município de Ibiúna. Artigo 2º - Esta lei entra em vigor na data de sua publicação. Assembléia Legislativa do Estado de São Paulo, aos 13 de abril de 2000. SIDNEY BERALDO, 1º Vice-Presidente no exercício da Presidência. Auro Augusto Caliman, Secretário Geral Parlamentar Publicada na Secretaria da Assembléia Legislativa do Estado de São Paulo, aos 13 de abril de 2000.
IBIUNA Dados Gerais
Região Administrativa - Sorocaba - Sede da IV região administrativa do Estado. População 71.228 habitantes População zona urbana 24.950 habitantes População zona rural 46.278 habitantes Eleitores 49.195 Qualificação Estância Turística [ano 2000], Município Agrícola Coordenadas Geográficas Latitude S.23’ 39’ 20’ / Longitude W.Gr. 47’ 13’ 31’ e distante em linha reta da capital [Cidade e Estado de São Paulo] em 63 km. Rumo em relação da capital do Estado: O S O. Logo, a localização geográfica do município de Ibiúna é na região sudeste do Estado de São Paulo, nas encostas da Serra do Paranapiacaba. Fundação
24 de Março de 1857
Limites do Município ao Norte - limita-se com São Roque, Mairinque e Alumínio; ao Sul - limita-se com Juquitiba, Miracatu e Tapiraí; a leste - limita-se com Cotia e São Lourenço da Serra; e a oeste - limita-se com Piedade e Votorantim Área 1.058 km2 Altitude 996 m acima do nível do mar Pontos mais altos Morro da Praça da Figueira [1000 m] e Pico da Serra do Verava [1200 m] Temperatura Variações: Máximas 27°C e mínimas 0,6°C, Compensada 19°C.
Clima Tipo montanha, temperado com inverno úmido. A precipitação média anual gira em torno de 1400 mm. Geadas ocorrem durante o outono e o inverno, quando existem influências das massas de ar polares que afetam a região. Umidade relativa do ar Entre 60% e 90%, sendo que a área serrana é mais úmida, podendo chegar aos 120%. As mínimas costumam ocorrer no outono e início do inverno. Tipos de solo Parte da região agrícola é coberta com latossol vermelho amarelo orto e podozolizado com cascalho. [Latossol vermelho amarelo - orto / LV: solos argilosos profundos, de coloração alaranjada, desenvolvidos a partir de granito e gnaisses, geralmente ácidos e naturalmente ricos em matéria orgânica. Ocupam a meia encosta de serras e patamares de morros. // Podozolizado com cascalho / PC: solos argilosos, pouco profundos observando-se em todo o perfil de distribuição de cascalhos de 3 a 5mm de diâmetro, superior a 20%. Separação de horizontes bem destacadas, saturação de base alta ou baixa, originário de granito. Geralmente ácido rico em matéria orgânica, quando desbravado. Existe a região do caulim nos bairros Murundu e Vargeado, uma grande concentração deste mineral com a presença de bauxita.]
Topografia Variável, uma vez que esta se localiza nas encostas da serra do Paranapiacaba, normalmente ondulada, acidentada e montanhosa. A maioria das terras possui declividade superior a 12%, podendo atingir 100% nas regiões mais altas. Por esta razão a maior parte da agricultura local é desenvolvida nas terras de encostas e meia encosta. Relevo Ibiúna é parte da bacia fisiográfica do Paranapiacaba, por isso, tem uma topografia muito irregular, apresentando várias serras, montanhas e encostas. Entre as serras, destacam-se: São Sebastião, Queimada, Focinho, Abreu e Caucaia do Alto. Na parte que serve de limite com Votorantim está a serra de São Francisco, rumo a Piedade e há um contraforte denominado Serra de Pirapora que se desdobra em várias montanhas, que no rumo do velho bairro das Furnas, junta-se à Serra Grande de Una. Entre o município de Ibiúna e Cotia está a Serra do Verava, o ponto mais alto com 1200 m. O segundo ponto mais alto é o da Praça da Figueira no cume da serra ou montanha do bairro do Campo Verde e Cachoeira. E ainda: as serras do Coiote e do Salto, em cujas bordas no bairro do Cupim nasce o Rio de Unaio. Meio Ambiente Região serrana, Ibiuna constitui-se de grandes áreas verdes, principalmente na Serra de Paranapiacaba e desmembramentos como a Serra da Queimada e Serra de São Sebastião, entre outras. É de 45% do total do município a área ocupada com florestas nativas, capoeiras, capoeirinhas, cerrados, reflorestamentos (eucaliptus, pinus eiliotti e kiri). Existe um grande manancial composto de rios, ribeirões, açudes, represas e quedas d’água, destacando-se a Represa de Itupararanga que serve de divisa entre os municípios de São Roque, Mairinque, Piedade e Votorantim. Na parte sudeste limitando-se com os municípios de Piedade, Tapiraí, Miracatu e Juquitiba e localizada nas encostas da serra de Paranapiacaba está o Parque Estadual de Jurupará, reserva florestal com 26.000 hectares. Hidrografia Rio de Una nasce nas bordas do salto, no bairro do Cupim, passa pela sede municipal vai desaguar no rio Sorocabuçu nas proximidades da represa Itupararanga. Para sua formação recebe as águas do córrego do Cupim, ribeirão do
Leopoldo e ribeirão do Salto e pequenos afluentes provenientes de nascentes. O Rio Sorocamirím, nasce no município de Cotia, passa pelo município de Vargem Grande Paulista e terras de São Roque, chegando ao varjão de Ibiúna, despejando suas águas no rio Sorocabuçu a exemplo do rio de Una. Este rio ao longo de seu curso em seu leito recebe as águas do ribeirão dos grilos, ribeirão Sara, ribeirão Votorantim, ribeirão dos Pintos, rio Morro Grande e córrego do Curral. O rio Dois Córregos também se junta ao rio Sorocamirim. O Rio Sorocabuçu, nasce no bairro dos Paulos e inicialmente recebe as águas do ribeirão Rafael Grande. Depois passa a receber as águas do rio Murundu, que nasce no município de Piedade e é reforçado pelo ribeirão dos Alves e ribeirão Paiol Grande. O rio Sorocabuçu que se inicia no bairro dos Paulos corta quase todo o município até desembocar na represa de Itupararanga. O Córrego do Campo Verde, nasce no bairro do mesmo nome e deságua na represa de Ituparanga. O Ribeirão do Colégio, nasce no bairro do Colégio de Pirapora e é reforçado por dois afluentes que nascem no município de Piedade e também desemboca na represa. O Rio São Lourenço nasce no município do mesmo nome, passa pelo município de Juquitiba cujas águas ficam represadas na cachoeira do França já no município de Ibiúna. A Represa de Itupararanga é formada na sua essência pela junção dos rios de Una, Sorocamirim e Sorocabuçu, e mais os rios, ribeirões, córregos e afluentes e que outrora originavam o antigo vale escuro de Una e o salto barulhento como denominavam os povos nativos. O salto barulhento propriamente dito está localizado na divisa de Ibiúna com Votorantim, onde, cerca de 1560, os portugueses buscaram ouro, e onde, em 1913, foi feita a construção da barragem conhecida em Ibiúna como paredão da Light ou Escritório.
Ligações Viárias Rodovia Bunjiro Nakao [SP-250], Rodovia Tancredo Neves (vicinal), Rodovia Julio Dal Fabbro (vicinal) e Rodovia Quintino de Lima.
Brasão e Bandeira Lei Municipal 595, de 21 de março de 2001.
O Brasão de Armas Municipais da Estância Turística de Ibiúna será assim descrito heraldicamente: “Escudo Português clássico redondo, terciado em faixas; tendo a primeira faixa cortada em três campos de blau (azul), contendo no cantão à Dextra do Chefe, o barco de surf e a vara de pesca; em chefe, uma cruz Cristã em marrom, no cantão a sinistra do chefe, uma torre elétrica; na Segunda faixa em blau (azul) e sinople (verde), três garças ao natural em posição diferentes; na terceira faixa em
sinople (verde), uma faixa ondada em prata, representando o Rio de Una, tendo como suportes ornamentais à sinistra, ramos de tubérculos (batatas) em cor natural e a dextra ramos de herbáceo (tomates) floridos e frutos ao natural; acima a tradicional Coroa Mural dos Municípios, com 08 (oito) Torres onde se vê somente 05 (cinco), por força da perspectiva do desenho, em prata e abaixo um listél em blau (azul), com números e letras de prata, 1811 – Ibiúna – 1857”. As cores fundamentais do Brasão de Armas, assim como o azul (blau), que representa as tradições históricas que marca os princípios da nobreza, zelo e lealdade, onde pelo nome de seu fundador “Capitão Salvador Leonardo de Oliveira”, deixou marca pela criação do núcleo que recebeu o nome de Freguesia de Nossa Senhora das Dores de Una, sob a majestosa abertura do formoso céu risonho e límpido, aliado as suas belezas naturais exuberantes, mostrando no cantão a dextra do chefe, o símbolo heráldico da Estância Turística de Ibiúna, descrito por um barco de surf e uma vara de pescar, simbolizando a Estância Turística de Ibiúna no esplendor de seu clima salubérrimo e a simplicidade de seu povo; no segundo campo em chefe de blau (azul), identificado por uma cruz cristã, em que mostra a fé de seu fundador “Capitão Salvador Leonardo Rolim de Oliveira” na elevação da Capela....Lei nº 595/01 – fls.02......de Nossa Senhora Das Dores de Una à condição de Freguesia de povoado, onde se fez o ajuntamento de seus habitantes e no cantão à sinistra do chefe em blau (azul), uma torre elétrica, representando a força de Energia que atravessa o município, vindo a usina de Furnas; na Segunda faixa em blau (azul) e sinople (verde), três aves pernaltas – Garças – em cor natural, com posições diferentes, que são vistas as margens dos rios que travessam o território e represas da municipalidade e em sinople (verde), que é a cor da esperança que alude os verdejantes campos de uma boa colheita aos hortifrutigranjeiros de um solo rico para a lavoura, cortado por uma faixa ondada de prata que simboliza a brancura, humildade, justiça e pureza, identificando o Rio de Una, que nasce na Serra do Salto, atravessando o Município, formando uma junção com os rios Sorocabussu e Sorocamirim, dando origem a Represa de Itupararanga, outrora “Salto Barulhento” , denominado pelos indígenas, com suportes ornamentais externos, tubérculos (batatas) em sua cor natural à sinistra e a dextra, herbáceos de trepadeiras (tomates) floridos e frutados, simbolizando as boas safras de produtos hortifrutigranjeiros; acima a coroa mural, o símbolo das cidades que outrora eram fortificações contra os inimigos e representa o domínio feudal, força e constancia, de prata, com oito torres, onde se vê somente cinco, por força da perspectiva do desenho e, abaixo, um hostil de blau (azul), que se identifica com as datas e o nome da cidade, tendo a dextra 1811, no centro Ibiúna e a sinistra 1857, tudo em letras de prata, o que lembra a data de 29 de agosto de 1811, quando foi fundada a freguesia e criada simultaneamente a Paróquia Nossa Senhora Das Dores de Una e a data de 24 de março de 1857, quando Una foi elevada a categoria de Município, passando a condição de Vila, sendo mais tarde e definitivamente identificada por “IBIÚNA”, por força do Decreto nº 14.334, de maio de 1944, que transformou em IBI-UNA = Terra Preta, a antiga Y – Una = Água Preta, uma corruptela do Tupi Guarani que deu origem ao nome da Estância Turística do Município de Ibiúna. [O Artigo 6º da Lei diz que ficam revogadas as disposições em contrário, inclusive as da Lei nº 165, de 22 de agosto de 1991.]
Hino de Ibiuna Música: Pe. Antônio Stafuza Letra: José Marchi
Noiva Azul sombra e sol cordilheiras Onde os píncaros beijam o céu Onde vales, florestas inteiras São jardins orientais são teus véus. Do teu chão milagroso as comportas, Jorram forças, minérios, carvão. Teus vinhais mil intérminas hortas São teu sangue, teu corpo e brasão. Perfil de Suíça e Guanabara, Tens sombra e sol, recôncavo sem par, Pêgos sem fim de águas tão claras Que o céu azul nelas vem se contemplar. Teu chão teu clima é uma fortuna, Visto de norte, centro e sul E a fé católica Ibiúna Teu padrão, bem Brasil "Noiva Azul
Bibliografia & Outras Fontes AB´SÁBER, Aziz Nacib – Geomorfologia do Sítio Urbano de São Paulo. São Paulo/Br., 1956. AFONSO E TAUNAY – Ensaios Paulistanos. “O Epos Bandeirante e São Paulo Vila e Cidade”. SP-1958. BARCELLOS, João – no rio da terra negra a certeza do verde futuro. Palestra em Ibiuna, Encontro de Jornalismo Cultural, 1993. CHARLES RALPH BOXER – A Idade de Ouro no Brasil. Companhia Editora Nacional, 1963. CASSIANO RICARDO – Marcha Para Oeste. Editora-Livraria José Olympio e USP, 2 Vols, 4ª Ediç, RJ1970. PEDRO CALMON – História do Brasil. Ed José Olympio, RJ-1957. PEDRO TAQUES DE ALMEIDA LEME – Nobiliarquia paulistana histórica e genealógica. Belo Horizonte:Itatiaia/ São Paulo: Edusps, 1990. – Notícias das Minas de São Paulo e dos Sertões da mesma Capitania, 1772. SERAFIM LEITE – Monumenta Brasiliae; vol. III, p. 16. “P. Manuel da Nóbrega, carta a d. João III, outubro de 1553”. SÉRGIO BUARQUE DE HOLANDA – Expansão paulista em fins do século XVI e princípio do século XVII. IX Reunião. Instituto de Administração. Faculdade de Ciências Econômicas e Administrativas/ USP, São Paulo (29): 3-23, jun. 1948. THEODORO SAMPAIO – O tupi na Geografia Nacional. – São Paulo de Piratininga no fim do Século XVI. – Arquivo Histórico e Geográfico da Bahia, Arq., manuscritos. ULRICK SCHMIDEL – Viagem Ao Rio Da Prata, 1567. [O retorno por terra do aventureiro marca, e registra, a primeira expedição pelo Piabiyu, desde Buenos Ayres e Asunción até São Paulo e São Vicente.] WASHINGTON LUIZ – Na Capitania de São Vicente. Livraria Martins Fontes, SP-1956.
Outras Fontes ARQUIVO DO ESTADO DE SÃO PAULO – in Morgado de Mateus e Real Fábrica de Ferro. ATAS DA CÂMARA MUNICIPAL DE SÃO PAULO. Sécs. XVI e XVII. CARTAS JESUÍTICAS [1549-1560] – Itatiaia Ed, 1988. CÓDICE “PAPEIS DO BRASIL”. Biblioteca Nacional de Lisboa / Torre do Tombo. COLEÇÃO MORGADO DE MATEUS – Biblioteca Nacional / Brasil. CORTESÃO, Jaime – 1) “O carácter lusitano do descobrimento do Brasil”, Lisboa/Portugal, 1941. 2) “Teoria Geral dos Descobrimentos Portugueses – A Geografia e a Economia da Restauração”, Lisboa/Portugal, 1940. CURSO DE TUPI ANTIGO: BARBOSA, A. Lemos [Pe], Livraria São José, 1956. D´ANVILLE, Jean Baptiste Bourguignon – Mapas de 1748, confeccionados sob a indicação dos padres jesuítas a partir o Séc. 17. Rumsey Collection. Washington – DC, USA. DICIONÁRIO DE TOPÔNIMOS BRASILEIROS DE ORIGEM TUPI: TIBIRIÇÁ, Luis Caldas, Ed Traço, 1985. LUZ SORIANO – “Historia da Guerra Civil e do Estabelecimento do Governo Parlamentar em Portugal, Comprehedendo a Historia Diplomatica, Militar e Politica d'Este Reino desde 1777 até 1834”, Imprensa Nacional, Vol 4, 1870, Lisboa/Portugal. PROJETO COMPARTILHAR [com.br] – Testamemntos e Inventários. REGISTRO GERAL DA CÂMARA DE SÃO PAULO. Câmara Municipal de São Paulo [Biblioteca] VOCABULÁRIO GUARANI-PORTUGUES – SAMPAIO, Mário Arnaud [Org]. L&PM Ed, SP-1986.