Quem Descobriu Quem Do Curragh de Brendan ao Navio do Capitão Sanches com Escala em Duarte Pacheco Pereira
J. C. Macedo, Johanne Liffey, Rosemary O´Connor, Mariana d´Almeida y Piñon, João Barcellos & duas pitadas de Aziz Ab´Sáber. Redação final: Prof. Carlos Firmino
1 “Eu ainda não sei quem é o Brandão, se o capitão luso, se o santo irlandês, mas sei que ambos velejaram e deles já se sabia de uma terra do pau-brasil, ou seja, bem antes de Cabral”. Esta questão foi para a mesa numa breve conversa acerca das “comunicações, que são navegações”, na opinião do geógrafo e professor Aziz Ab´Sáber que, logo desatou aquele “Eu ainda não sei quem é o Brandão...”. Estávamos numa sala da Câmara Municipal de Cotia, uma cidade da grande São Paulo, no Brasil, numa tarde ensolarada em que se celebrava o Dia do Rádio Amador. A convite do jornalista Waldemar Paioli, lá estava Ab´Sáber. Foi quando o conheci e era 1991. Já no final da
celebração e antes do professor pegar o seu ´fuscão´ [“eu passo na avenida e vejo os outros passarem, e às vezes penso que sou um sertanista em cima de mula”, brincava], quis eu saber acerca do “tal Brandão”. Obviamente, ele sabia de “dois Brandão: um, o capitão luso Sancho Brandão, e outro, o religioso irlandês Brendan”. Pois, pois, pensei, e disse: “Um, o capitão que levou ao conhecimento de Afonso IV, em 1342, a certeza de uma ´grande ilha do pao vermelho´, e que o próprio rei nomeou como ´brasil´; outro, o santo Brendan, que Irlanda velejou num curragh até à América do norte depois de passar pela ilha brazil´”. O professor Ab´Sáber olhou-me de alto a baixo, pôs uma mão no meu ombro e atirou: “Você é ainda um jovem intelectual, mas aqui, não se meta em confissões com a sua sabedoria. Por aqui, intelectual fora de gabinete é inimigo a ser abatido. E ninguém quer saber da verdadeira história, só de cavalos brancos e imperadores de sacanagem...”. Ali começou uma amizade de muito respeito e troca de informações, e das informações converti muitas em artigos jornalísticos nos jornais ´Gazeta de Cotia´ e ´Treze Listras´, e de outras fiz uma coleção de dados geo-historiográficos que me têm valido muito em pesquisas em andamento vinte anos depois. No final de 2012, a rever anotações acerca do ´polo cuesta´, encontrei material rascunhado com notas a lembrar o barco que o engenheiro-militar José Custódio de Sá e Faria utilizou nas suas navegações pelo Anhamby [Tietê] no Século XVIII. Um barco com estrutura parecida com o curragh (embarcação de madeira e couro) que levou o monge Brendan mar adentro muitos séculos antes...
* “Caro professor Firmino, o que achas de levar isto adiante?”, li. Esta foi a peça que recebi de João Barcellos. Seria bom enviar o material aos grupos para uma discussão aberta sobre o tema “quem descobriu quem”, foi o que pensei. Começar a questão pelo monge irlandês vai dar pano para muitas mangas e ainda sobra para alguma bandeirola. Sabia da existência de muito material avulso na área historiográfica, mas nem tanto! *
2 No verão europeu de 2011, Johanne Liffey escreveu: “Foi no Século IX que se descobriu o ´Navigatio Sancti Brendani´, relato da odisseia marítima do monge irlandês nascido na Ciarraighe Luachara, em Kerry, e (diz-se) educado pela Santa Ita, de Munster. No relato há a referência a uma ´ilha do brasil´ no meio de eventos fantásticos, mas típicos nas narrativas de então, o que lembra, até, as lendas sobre o ´infante das sete partidas´ que foi o príncipe e regente Pedro, duque de Coimbra, no Século XV. Talvez paradoxal, esta lembrança liga os dois homens distantes em séculos: o monge, pela primeira viagem no mar de longo, e o príncipe, pelo que ele fez por si mesmo e pelo irmão Henrique, no que tange à expansão marítima portuguesa. E, liga como? Sabe-se que foi a partir da descoberta da narração da viagem do monge Brendan que começou, segundo estudos de minha mãe, Hanne [Hanne Liffey, 1973],
em Braga e em Mérida, a demanda por informações acerca de tudo o que se relacionasse a essa viagem, e um dos homens que mais buscou dados foi o duque de Coimbra, que viajou e adquiriu mapas em nome do rei, como o famoso Mapa de Frei Mauro”. É verdade, o mapa que serviu de base para o rei João II elaborar o Plano da Índia, escorar o Tratado de Tordesilhas a favor de Portugal com a participação especializada de Duarte Pereira Pacheco, que já reconhecera o litoral africano e parte da ´ilha brasil´, e, a par disso, deixar o judeu luso Colón navegar à vontade para umas ´indias´ que não estavam a oeste de Cabo Verde...
Maria do Carmo Arruda, que é empresária serigrafista, mas participa de eventos sobre arqueologia e marinhagem, e tenta estar informada (quando pode, pois, ela gosta de velejar), ao ter acesso à Questão Brendan trouxe à tona o seguinte: “Muito antes do Mapa de Fra Mauro, entre a viagem do monge irlandês e os juncos transoceânicos dos chineses, estão as jornadas marítimas de comunidades celtas e vikings; antes deles todos, não se pode esquecer as remadas e velejadas de cartagineses e fenícios, especialmente estes últimos”.
É uma observação oportuna, porque existem vários mapas anteriores ao de Fra Mauro que mostram a América (ao norte ao sul) tal qual o relato vertido em ´Navigatio Sancti Brendani´. E “na maioria dos mapas lá está ´brasil´”, remata. No mesmo rumo, a professora Rosemary O´Connor diz ser “[...] muito provável que Brendan tenha refeito uma rota, porque preparou e equipou um barco robusto, o curragh, com capacidade para viagem longa. Presume-se que o norte da América já então tinha alguns assentamentos de vikings, e eles eram especialistas em barcos para longas jornadas no mar. Aliás, sabemos (lembro agora uma anotação de João Barcellos acerca do caso) que foram descobertas aldeias vikings na Terra Nova, na região de L´Anse aux Meadows, datadas de cerca do ano 1000. O que nos diz que antes de Brendan comunidades celtas não buscaram outros horizontes? Até agora não existem certezas na história quanto às odisseias marítimas, e quanto mais se pesquisa e se descobre, mais sabemos que os portugueses seguiram, como diz João Barcellos, por mares antes navegados (pelo menos, em relação a Brendam e aos chineses), e que o Brasil, para o rei João II, por exemplo, era já uma pedra preciosa mais na sua coroa”. Na questão céltica, um artigo de J. C. Macedo [Lisboa/Pt, 1975] relaciona conteúdos: “Na
memória viking – leia-se as ´sagas´ – há registos de acções marítimas dos celtas (aqui, os velhos irlandeses da língua ´ogham´) em vários locais do norte americano, e um desses registos menciona tribos que haviam convivido e aprendido ogham com homens brancos do outro lado do mar, e sabemos que os vikings tinham boa relação com os irlandeses. Assim, na óptica historiográfica, a viagem do monge Brendan pode, sim, ter sido arquitectada segundo a redacção, ou desenho, de rotas já navegadas”. Isto significa, então, que quando Giovanni Caboto chega à costa americana pela região do Labrador, que é hoje o Canadá, em 1497, ele apenas certifica a rota para novos mapas. Aqui, coloca-se outra questão? Se os irlandeses viajaram por vários lugares no mar de longo, tal qual os fenícios, uns e outros poderiam ter aportado na costa da ´insulla brasil´, como no Século XV fizeram os juncos chineses.
3 Hanne Liffey, quando conheceu J. C. Macedo, em Braga [Portugal, 1972], era uma jovem intelectual apaixonada por arqueologia e história, e mais ainda pelos seus ancestrais irlandeses – esta nota é da filha de ambos, Johanne, guardiã de muitos arquivos dos pais –, e foi quando ele tomou conhecimento da língua ogham e do velho barco curragh.
Foi em Lisboa que ele mais pesquisou sobre o curragh antes de se deslocar a Dublin com o mesmo interesse histórico. “Nas viagens de fenícios, vikings e irlandeses (ou celtas), é que se expande a idade do ferro que talvez tenha sido iniciada pela comunidade Nok, na área subsaariana, da mesma maneira que as tecnologias de estamparia e de vidraçaria; por isto é que, também, torna-se notório alargar a nossa visão às andanças oceânicas desses povos e perceber nelas os porquês de anotações sobre o Brasil que o cosmógrafo Duarte Pereira Pacheco vem a reconhecer em missão ao tempo de Manuel I, mas que gizada no calor de Tordesilhas pela visão política de João II” [MACEDO, J. C., in “Um Novo Olhar Pela Odisseia Marítima Dos Povos” – texto mimeografado. Ediç do autor; Quartel-General do Exército, Coimbra/Pt, 1975].
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“Pintar a cruz no tecido das velas foi um ato politicamente místico, os portugueses já tinham a certeza da terra do pao vermelho; colocar o ´padrão´ no Brasil já foi um ato administrativo, de posse efetiva. O que João Barcellos chama de era pedro-joanina é o tempo da confirmação que Duarte Pacheco Pereira faz em Tordesilhas pela viagem de Brandão um século antes” – Mariana d´Almeida y Piñon.
Quando poeta J.C. Macedo nos fala do cosmógrafo Duarte Pereira Pacheco traça uma pista que já é conhecida, mas pouco discutida, e que leva a um personagem que, certa vez, a Rosemary O´Connor resumiu assim: “É um marujo português, dito capitão Sancho Brandão, que no final de 1342 retorno a Lisboa e descreve ao rei Affonso IV uma terra imensa e povoada e cheia de pao vermelho [o pau-brasil], e logo o rei manda notificar o papa Clemente VI acerca de tal achado. Portanto, o Brasil é apenas ´ilha´ no interesse político da cartografia portuguesa até ao Plano da Índia iniciado pelo rei João II”.
Sobre este assunto a documentação é farta e oficial, e pode se ler a carta enviada pelo rei ao papa: “[...] Diremos reverentemente a Vossa Santidade que os nossos naturaes foram os primeiros que acharam as mencionadas ilhas do occidente. – dirigimos
para alli (ilhas do occidente) os olhos do nosso entendimento, e desejando pôr em execução o nosso intento, mandámos lá as nossas gentes e algumas náos para explorarem a qualidade da terra, as quaes abordando as ditas ilhas, se apoderaram, por força de homens, animaes e outras cousas e as trouxeram com grande prazer aos nossos reinos [...]” A carta faz parte do Archivo [secreto] do Vaticano, livro 138, folhas 148 e 149, onde se juntou mapa da região descoberta com a sinalização “Insula do Brasil ou de Brandam”. Então, são justas as análises de Macedo e de O´Connor quando, juntas, nos dizem que “Duarte Pereira Pacheco reconheceu a rota do capitão Sancho Brandão e, este, talvez tenha chegado ao Brasil pelas indicações lidas na narrativa do monge Brendan, pelo que em 1500 o condestável Pedro Álvares Cabral seguiu as instruções do almirante Vasco da Gama e, desviando-se da rota da Índia, fez porto seguro na costa do Brasil para aí assentar o marco da posse territorial. Ou não teria sentido político e histórico a carta do rei Affonso IV ao papa, e muito menos a corrida do duque de Coimbra, o príncipe Pedro, em busca de dados e mapas, no Século XV”. Lembro que o historiador Alfredo Pinheiro Marques ensina ser imprescindível conhecer o conceito cultural e científico de Pedro, o duque de Coimbra e regente, avô do rei João II, para se entender os meandros políticos da expansão marítima portuguesa, pois, ele mesmo buscou na aferição documental arquivada no reino as respostas para as suas indagações, completadas nas viagens que fez e, principalmente, no encontro com Fra Mauro, quando teve a certeza de estar na ´rota´ certa para pedir menos atos cavaleirosos ao irmão e rei Duarte e estudar caminhos oceânicos para o futuro do reino que breve teria de comandar. Ora, “a análise de Marques não é teoria, está baseada na arqueologia da política reinol daquela época, tanto que foi esse príncipe o mártir das mudanças administrativas que contrariaram até o irmão Henrique (a chefiar a Ordem templária de Cristo), o mais estupidamente feudal da família, e foram o aprendizado institucional que fez de João II um rei por excelência na governança com os povos e não com os feudais”, como já observou Barcellos. Em uma missiva acerca da importância histórica de Duarte Pacheco Pereira, a professora Mariana d´Almeida y Piñon faz questão de transcrever (e vamos ler) parte do Esmeraldo de Situ Orbis:
“[...] E portanto, bem-aventurado príncipe, temos sabido e visto como no terceiro ano do vosso reinado, do ano de Nosso Senhor de mil quatrocentos e noventa e oito, em que Vossa Alteza me mandou descobrir, passando além da grandeza do mar oceano, a parte ocidental onde é achada e navegada uma tão grande terra firme, com muitas e grandes ilhas a ele adjacentes, que se estende a setente graus de latitude da linha equanocial contra o pólo árctico, que é grademente povoada, posto que seja assaz distante, e do mesmo círculo equinocial torna outra vez, e o ultrapassa em vinte e oito graus e meio de latitude contra o pólo antárctico, cuja grandeza se dilata tanto, e corre com muita lonjura, que de uma parte nem de outra não foi visto nem sabido o fim e cabo dela, pelo que segundo a ordem que leva, é certo é vai em circuito por toda a
redondeza; assim que temos sabido que, das praias e costa do mar destes reinos de Portugal e do promontório de Finisterra e de outro qualquer da Europa e da África e da Ásia, atravessando além todo o oceano em direcção ao oicidente ou a oeste, segundo a ordem de marinharia, por trinta e seis graus de lonjura, que serão seiscentas e quarenta e oito léguas de caminho, contando a dezoito léguas por grau, e há lugares algum tanto mais longe, é achada esta terra que ainda não foi navegada pelos navios de Vossa Alteza nem pelos dos vossos vassalos e naturais, por vosso mandado e com licença vossa. E indo pela sobredita costa, do mesmo círculo equinocial em diante, por vinte e oito graus de latitude contra opólo antárctico, é achada nela madeira muita e fina da que chamam brasil, com outras muitas coisas de que andam grandemente carregados os navios deste reino [...]”
E verifica-se uma narrativa similar àquela feita pelo capitão Brandão diante do rei Affonso, em 1342. Então, por que isso acontece um século depois? Porque o cosmógrafo Pereira apenas tem de confirmar o registro da rota e do sítio visitado pelo capitão. Se naquele ano de 1991 o professor e notável geógrafo Aziz Ab´Sáber brincava com os dados, mas sabendo-os corretos, na conversa com João Barcellos e W. Paioli, e na qual adiantou ser “o Brasil parido nos acasos oceânicos e batizado pelos portugueses com a própria língua, na mais expressiva colonização de que se tem notícia”, pode se dizer o que o professor Luís de Albuquerque, em 1986, dizia do cosmógrafo Pereira: “o saber de experiência feito”. Assim, o Brasil está nas narrativas do monge Brendan, na viagem do capitão Brandão e no reconhecimento do cosmógrafo Pereira que levaria à posse pela viagem de Cabral. E entre eles, o Brasil é ponto cartográfico em muitas anotações medievais já agora reconhecidas cientificamente.
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“[...] a experiencia he madre das cousas, por ella soubemos radicalmente a verdade”
Duarte Pacheco Pereira – in ´Esmeraldo de Situ Orbis´, p.196.
A professora Piñon, pinçando a afirmação “navegações, que são comunicações”, de Ab´Sáber, e às vezes lembrada por Barcellos, faz um paralelo com “a necessidade de navegar faz a comunicação sair das salas secretas e pular entre mareantes”, que O´Connor anotara acerca do conteúdo. Aqui vai: “A partir do momento em que o Reino português sinaliza (por carta e por mapa) o Brasil diante do Vaticano, o mundo começa a viver na onda da esperança, e a cada navegação vêm novas comunicações, outras rotas – o umbigo ibérico deixa de ser um T-O e passa a respirar uma cartografia de comunicações entre o ponto registrado e a lenda, mas quase sempre alcança um porto mesmo que inseguro”. A “verdade é como os picos da serrania a cortarem o horizonte: quem não a alcança fica na escuridão eterna e à sombra fatal da cordilheira que não perdoa indecisões” [Ab´Sáber, apud Barcellos, 1991]. E diante desta ótica (digo) geo-filosófica do famoso professor brasileiro achei melhor fechar os trabalhos... A nossa ótica, como grupo de debates, é abrir espaço para outras opiniões, outras pesquisas. Resumir os textos para poucas páginas é um exercício que habitualmente deixo para João Barcellos, habituado ao trato jornalístico.
TÁBUA CRONOLÓGICA PELOS DADOS DISPONÍVEIS
530 [cerca de] O monge cristão irlandês Brendan, de Kerry, navega para a América num curragh. A sua viagem demonstra que existem outros povos, outras terras além do imaginário cristão, uma delas é a ´ilha Brasil´. Entretanto, antes dele, outros irlandeses (celtas) e vikings haviam velejado os mares em várias direções, o que sinaliza que o monge pode ter reconstruído a rota dos ancestrais. 800 É encontrado o códice “Navigatio Sancti Brendani” que relata as experiências náuticas do monge Brendan. 950 / 1000 Vikings estão na América e encontram rastros de gente branca entre as tribos nativas, algumas delas com linguagem próxima à irlandesa ogham. 1342 De entre frotas navais que vão a desvendar os mistérios do mar e muitas expedições perdidas, surge no cais de Lisboa o capitão Sancho Brandão. Acaba de chegar de terras magníficas habitadas por homens nus e cercados por pao de tinta vermelha. O rei Affonso IV batiza a "grande ilha do pao vermelho" com o nome de Ilha do Brasil ou de Brandão. Por isso é que em documentos do Século XIV aparece sempre o nome Brasil ligado ao de Portugal: o Brasil de Portugal, diziam os ingleses. No início do ano 1343, o rei português notifica o Vaticano da descoberta e junta mapa à carta. 1360 No mapa de Ranulf Higden (Museu Britânico de Londres) observa-se a presença da Ilha do Brasil. 1375 Carlos V manda um cartógrafo ao Vaticano para copiar o mapa português, e ampliar conforme as explorações feitas de 1343 a 1375.O mapa está exposto na Biblioteca Nacional de Paris. É produzido em Maiorca o “Atlas Catalão”, que refere a viagem fracassada de Jaime Ferrer à costa africana, em 1346, quando queria atingir o “rio do ouro”. 1380 Nicolo Zeno demonstra a Groenlândia, e Frisland, mais tarde conhecida como Newfoundland no Canadá. 1421 O imperador Chinês Zhu Di manda uma frota inteira que chega à América. As embarcações foram comandadas por Zhou Wen, que navegam pelo sul da África até chegar ao norte do Brasil e no mar do Caribe onde perde nove navios na costa de Puerto Rico em um furacão. As tripulações sobreviventes navegaram toda a costa leste Norte-Americana inclusive a Groenlândia, e a passagem ao norte da Rússia. As frotas que navegaram toda costa Leste Sul-Americana, as frotas se separaram e Zhou Man navegou o Estreito de Magalhães e toda costa Oeste Sul-Americana até o Peru, atravessou o Oceano Pacífico, atingiu as Ilhas Marquesas, Austrália e Nova Zelândia. Com o auxílio da corrente de Kuroshio, a frota de Zhou Man navegou o Oceano Pacífico até a América do Norte atingindo Vancouver Island, no Canadá, navegando a costa Americana rumo sul até o Peru, estabelecendo diversas colônias durante o trajeto. 1426 O príncipe Pedro, duque de Coimbra, escreve na Flandres a “Carta de Bruges”, na qual ataca a política feudal e cavaleirosa do reino. 1427 O príncipe Pedro, duque de Coimbra encontra-se com Fra Mauro e encomenda um mapa já em elaboração pelo monge. 1435 Carta de Beccario demonstra a Ilha do Brasil. 1436 Registra Andrea Bianco nas suas cartas e no seu portulano as descobertas do Brasil ou Antilia, Mar de Baga e Mar de Sargaços. 1446 O regente Pedro, duque de Coimbra, promulga as ordenações do reino e não usurpa a titularidade mandando imprimir como Ordenações Afonsinas. A carta institucional altera de certa maneira o mando político e os feudais fazem cerco ao regente... 1447 Um navio parte do Porto e vai à Groenlândia onde os marujos desembarcam para a celebração de mais um ponto no mapa português. 1448 Mapa Mundi de Andreas Walsperger, Konstanz demonstra a existência do Brasil à distância precisa de 1500 milhas compreendidas entre as ilhas do Cabo Verde e o Cabo S. Roque. 1452 Diogo de Teive e seu filho João descobrem a ilha das Flores e chegam à latitude da terra do Lavrador. 1455 Carta de Bartolomeo Pareto demonstra as Antilhas. 1472 Navega João Vaz Corte Real à terra de João Vaz, ou Terra Nova, ou Terra dos Bacalhaus, hoje Newfoundland, próximo a Quebec no Canadá, América do Norte.
1472 Affonso Sanches navega às Antilhas. 1475 João Coelho navega ao Haiti. O judeu Abraão Zacuto escreve o seu “Almanach Perpetuum” (tábuas de inclinação do sol adaptadas à navegação astronômica). 1480 Mapa de Albino de Canepa, genovês, demonstra a Ilha do Brasil e as Antilhas. 1482 Mapa Mundi feito pelo cartógrafo Grazioso Benicasa em Ancona, Itália, indica: costa portuguesa, costa africana, Insula do Brasil, Antilia. 1487 Viagem à América de Ferdinand van Olm (Fernão Dulmo) e João Affonso Estreito, acompanhados de Martin Behaim, que registrou depois no globo terráqueo que construiu e no mapa do erário real português, a existência da Península da Florida, das Antilhas e do golfo do México. 1488 Portugueses, chefiados por Bartolomeu Dias, dobram o Cabo e abrem novas rotas africanas. 1489 Mapa Portulano de Albini de Canepa, genovês, demonstra a Antilia. 1492 Descoberta, entre 30 de Janeiro e 14 de Abril, da terra do Labrador, por João Fernandes Lavrador e Pedro de Barcellos. Primeira viagem de Colón [8 de Agosto] que atinge o continente americano em 12 de Outubro do mesmo ano. 1494 [7 de Junho] Tratado de Tordesilhas entre portugueses e espanhóis. 1497 Vasco da Gama parte para a Índia a cumprir no reinado manuelino o destino traçado no reinado joanino. 1498 Viagens de Duarte Pacheco Pereira 1499 [E morto em Alfarrobeira o duque de Coimbra, Pedro, também regente, que paga caro ter ousado modernizar o reino diante da aristocracia feudal, beata e cavaleirosa. 1500 Em viagem para a Índia, o comandante Cabral passa pelo Brasil onde assenta o ´padrão´ de posse territorial e continua a rota traçada.
NOTAS CURRAGH Antigo barco a vela construído com madeira e couro, oriundo do oriente médio (mesopotâmia) e muito utilizado na Irlanda medieval. O curragh velejava a cerca de 4 nós. Era cimo uma cesta tubular, que mantinha a tripulação e provisões seguras no meio das tempestades geladas. Com 36 pés de comprimento, arcava com 4 toneladas e era movido a remos a par de mais ou menos 400 pés quadrados de velas.
[Tim Severim com o curragh]
Para comprovar a viagem do monge Brendan, o aventureiro e escritor Tim Severin, em 1977, reconstrói o curragh e, com mais 4 pessoas, navega da Irlanda a Newfoundland, no Canadá. E prova: a jornada em curragh foi e é possível, mesmo que lenta e perigosa. Quantos irlandeses, antes do monge de Kerry, fizeram a mesma jornada tão reverenciada nas ´sagas´ vikings? ESMERALDO DE SITU ORBIS A narrativa de Duarte Pacheco Pereira esteve isolada nos confins dos interesses reinóis manuelinos e, por isso, logo perdida dos olhos acadêmicos por mais de quatro séculos. O professor Jorge Couto, da Universidade de Lisboa, explica: "Esmeraldo" é um anagrama com as iniciais, em latim, dos nomes Manuel (Emmanuel), o soberano, e Duarte (Eduardus), o cosmógrafo. "De situ orbis" pode ser traduzido como "Dos sítios da Terra", título da obra de Pomponius Mela, o mais científico dos geógrafos romanos, que terá inspirado Duarte Pacheco Pereira. O título "Esmeraldo de situ orbis", significa, desta forma, "O tratado dos novos lugares da Terra, por Manuel e Duarte". O soberano, entretanto, considerou tão valiosas as informações náuticas, geográficas e econômicas reunidas na obra que jamais permitiu que ela viesse a público. A obra consistiria num minucioso relato das viagens de Duarte Pacheco Pereira não só ao Brasil (a quem se atribui o descobrimento, anteriormente a Pedro Alvares Cabral), como à costa de África, principal fonte da riqueza comercial de Portugal no Século XV. FRA MAURO & MAPA Foi monge dos Camaldulenses, em Veneza, no Mosteiro de S. Michele de Murano. Cartógrafo e erudito medieval, o seu trabalho é significativo na transição entre a Idade Média e a cartografia do Renascimento.
A cartografia medieval, de um modo geral até ao Século XIV, é esquemática e simbólica: os mapas conhecidos por T-O, porque o mundo é considerado um círculo, tendo no interior o T, formado por três rios (a Ásia, ao cimo, a Europa e a África, em baixo, e obviamente, Jerusalém ao centro). O planisfério de Fra Mauro, terminado em 1459, tem 196 cm de diâmetro, é uma encomenda do príncipe e duque de Coimbra, Pedro, em nome do rei Afonso V; a carta de quitação encontra-se na Chancelaria afonsina, Lv. 1, fl.2, com a quantia de 30 ducados para pagar os pintores do mapa de Veneza. OGHAM árvores´.
Alfabeto irlandês antigo com tronco no gaélico, e dito, por especialistas, o ´alfabeto celta das
Era escrito da esquerda para a direita nos manuscritos, e de baixo para cima nas pedras (petróglífos).
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