Tarot

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QUAL A UTILIDADE DO TAROT? O tarot pode ser usado de várias formas: como oráculo, para autoconhecimento, para meditação, para uso terapêutico, entre outros; mas sua principal aplicação é para orientação e aconselhamento das questões levantadas pelo consulente. O tarot é usado como auxílio para tomar decisões e esclarecer questões de vida, desde as mais simples e corriqueiras até as mais complexas e marcantes. O tarot é um instrumento que nos permite analisar e refletir sobre nosso passado e presente através de seus símbolos, servindo de guia e nos orientando na tomada de decisões e escolhas futuras dos melhores caminhos e alternativas para nossa vida. Segundo a taróloga e astróloga Titi Vidal, “o tarot nos prepara melhor psicologicamente para aquilo que está por vir, seja positivo ou negativo, de forma que o consulente fique mais atento aos sinais e acontecimentos ao seu redor, aproveitando melhor as oportunidades ou precavendo-se contra problemas, complicações, acidentes, atrasos, etc., podendo até mesmo evitar que alguns fatos ocorram e evitando dificuldades", finaliza Titi. Ou seja, ao tomarmos conhecimento de coisas positivas ou negativas que estão por vir podemos nos prevenir colaborando em nossas atitudes para reconhecer as boas oportunidades e aproveitá-las ao máximo ou para impedir problemas maiores através da mudança de atitudes e postura em determinado setor. O tarot não dá respostas milagrosas e soluções prontas que vão resolver a vida do consulente. Ele fornece orientações que o ajudam a avaliar e refletir suas atitudes, conhecendo-se mais e adquirindo mais confiança na hora de tomar decisões. TIPOS DE TAROT De acordo com o desenho e com a época em que foram confeccionados, os baralhos de tarot foram classificados primeiramente da seguinte forma:


1-Jogos de Tarot Históricos Inclui os seguintes baralhos: GRINGONNEUR, TAROCCHI DE MANTEGNA, TAROCCHI DE BOLOGNA, VISCONTI-SFORZA, TAROCCHI DE MITELLI e MINCHIATE DE FLORENÇA.

2-Jogos de Tarot Tradicionais

Inclui os seguintes baralhos: TAROT DE MARSELHA, TAROT ITALIANO e TAROT ESPANHOL.

3-Jogos de Tarot Ocultistas

Inclui os seguintes baralhos: TAROT DE ETEILLA, TAROT OSWALD WIRTH e TAROT RIDER-WAITE. O mais antigo baralho de tarot que se conhece é o VISCONTI-SFORZA, criado em 1450. Em seguida temos o Tarot de MANTEGNA, criado em 1460. Também existe uma divisão feita de acordo com a data em que foram pintados, a qual inclui 4 categorias: entre 1400 e 1900 temos os TARÔS CLÁSSICOS. A partir do século XX temos os TARÔS MODERNOS. A partir de 1975 surgiram os baralhos de tarot SURREALISTAS, baseados tanto nos Modernos quanto nos Clássicos.

4-Jogos de Tarot Modernos

Inclui os seguintes baralhos: TAROT DOS BOÊMIOS, TAROT DE CROWLEY, TAROT RIDER-WAITE, NEW AGE TAROT, AQUARIAN TAROT e COSMIC TAROT.


5-Jogos de Tarot Surrealistas

Inclui os seguintes baralhos de tarot: OSHO ZEN TAROT, TAROT MÍSTICO, TAROT UNIVERSAL DE DALI e TAROT TÂNTRICO.

6-Jogos de Tarot Transculturais

Inclui os seguintes baralhos de tarot: TAROT EGÍPCIO KIER, TAROT MITOLÓGICO, TAROT ASTECA e TAROT VIKING.

A TAROLOGIA E A TAROMANCIA Existem dois ramos relacionados com o tarot: a Tarologia e a Taromancia. A Tarologia estuda os símbolos, a estrutura, a filosofia, a história do tarot, suas lendas e mitos. Tem caráter racional; estuda o tarot em sua estética, os atributos de cada arcano, suas manifestações, significados, seus parâmetros estruturais e todas as possibilidades de interpretação. A terapeuta holística Lívia Krassuski assim define a atuação da Tarologia: Dessa forma o tarot pode ser entendido como um jogo, sob o aspecto da história da cultura, como obra de arte, por ser um produto estético com um determinado contexto sociocultural e também como um texto em forma de símbolo, com forte apelo de leitura visual. A Taromancia estuda os arcanos, os métodos, as orientações e os jogos de tarot. Tem cunho intuitivo e trata do uso do tarot como oráculo, pois o tarot não é um oráculo só de previsão do futuro, mas sim uma ferramenta de meditação e autoconhecimento, que usa técnicas específicas de interpretação baseadas na intuição. "Devido a isso despertou o interesse de pesquisadores sérios, principalmente psicoterapeutas, que


consideram as cartas como um complexo sistema de autoconhecimento.", diz Lívia Krassuski. O tarólogo Ricardo Pereira, bruxo brasileiro, nos explica em detalhes: “A Taromancia é a prática da análise das questões sobre uma pessoa em determinados contextos ou sobre uma pessoa na essência, ou até mesmo sobre eventos e fatos a partir do uso de métodos e técnicas de tiragem ou leitura, as quais permitem e facilitam a interpretação simbólica dos atributos do tarot. A Taromancia possui duas linhas distintas que servem de auxílio ao consulente: a linha adivinhatória e a linha terapêutica. Na linha adivinhatória os tarólogos usam o tarot como oráculo, analisando e interpretando os fatos do passado e presente e fazendo previsões sobre o futuro, além de facilitar através de conselhos e orientações os próximos passos que podem ser dados pelo consulente em sua trajetória. Essa é a forma mais antiga de trabalhar com o tarot, a qual tem suas bases no ocultismo. É a Taromancia de análise do Destino e da sorte do consulente. O tarólogo pode seguir uma dessas linhas ou até mesmo as duas, dependendo do interesse do consulente. “Ambas se complementam e trazem autoconhecimento e orientação pessoal.” Finaliza Ricardo Pereira. Inclui os seguintes baralhos: TAROT DOS BOÊMIOS, TAROT DE CROWLEY, TAROT RIDER-WAITE, NEW AGE TAROT, AQUARIAN TAROT e COSMIC TAROT. A ORIGEM DA PALAVRA TAROT A origem da palavra "TAROT" tem causado muitas controvérsias e alimentado várias suposições e antagonismos, tanto em escolas de pensamento quanto em sociedades iniciáticas no decorrer dos séculos. De

início

as

cartas

foram designadas

pelo

nome de

"NAIBS", que

originou "naipes", cuja origem é atribuída à "NABAB", que em sânscrito significa "vice-


rei ou governador". "NAIBI" em árabe significa "governante" e em hebraico significa "feitiçaria, predição, bruxaria, leitura de sorte". Há ainda “NABI", que em árabe quer dizer "profeta". Na Itália seu nome apareceu sob a legenda de “TAROCCHIO, TAROCCO ou TAROCCHINO", nome esse atribuído por alguns estudiosos ao afluente do rio Pó, chamado "TARO", pois há uma teoria que o tarot originou-se ao norte da Itália, perto do rio TARO. Alguns pesquisadores citam a palavra francesa "TAROTTE" que faz referência a um tipo de desenho no verso das cartas. Outros alegam que ela tenha surgido da palavra "TARU", do antigo hindu, que significa "baralho de cartas", mas isso não foi comprovado. Para Eliphas Levi a palavra tarot deriva-se do vocábulo "ROTA", que em latim significa "ROSA" ou "CÍRCULO". O escritor francês Antoine Court de Gebelin considerou a palavra tarot como derivada do egípcio "TAROSH", sendo uma combinação de "TAR" (caminho, estrada, rota) e "ROS, RO, RHO ou ROG" (rei ou real). Assim, seu significado seria "caminho real" ou "estrada real". Também se acredita que a palavra tarot possa vir do árabe "TURUQ", que significa "quatro caminhos", ou ainda do árabe "TARACH", que significa "rejeito". Segundo a etimologia francesa, tarot é um empréstimo do italiano "TAROCCHO", derivado de "TARA" (dedução, ação de deduzir). Há quem acredite que seja derivado do hebraico "TROA", que significa "a porta", ou mesmo de "TORÁ", que quer dizer "a lei" em hebraico. O tarot tem 78 cartas que são chamadas "ARCANOS", que vem do latim "ARCANUM", que significa "mistérios, segredos a serem desvendados". Essa palavra foi incorporada pelos ocultistas do século XIX, que até então os chamavam de "TRUNFOS". Há também a variação em latim "ARCANUS", que quer dizer "em segredo, em particular". Em grego temos a palavra "ARCHÉ", que significa "começo, princípio".


COMO FAZER UMA BOA CONSULTA DE TAROT O tarot ajuda a esclarecer os problemas maiores do consulente através de sua linguagem simbólica e esotérica, com uma ação "adivinhatória" profunda, quase sagrada. Os tarólogos estão de acordo que é imprescindível que o consulente acredite e tenha confiança em quem está fazendo a leitura, pois somente assim as cartas poderão "falar" com o tarólogo, revelando os segredos do passado, presente e futuro. É preciso haver uma boa sintonia entre o consulente e o tarólogo para que a energia flua e o jogo se mostre de forma clara e nítida.

Para que as respostas do tarot sejam precisas, o consulente deve se concentrar muito bem na sua pergunta e formulá-la de maneira clara e sem ambiguidades. Quanto mais objetivo for ao fazer a pergunta, mais diretas e consistentes serão as respostas. Quando as perguntas são simples as cartas dão seu recado com a mesma simplicidade, sem entrar em aspectos secundários, obtendo respostas mais precisas. Outro fator importante é a atitude e a postura do consulente durante a leitura. O consulente deve relaxar e procurar esvaziar a mente de bloqueios e medos. É importante pensar positivo e estar receptivo e aberto aos conselhos e orientações das cartas, para dessa forma entrar em sintonia com energias positivas. O pensamento negativo e as ideias pré-concebidas e derrotistas "atraem" o negativismo, interferindo na energia da leitura; ou seja, se a pessoa acha que tudo está perdido e nada vai dar certo o jogo nada


poderá fazer por ela, pois ela está "fechada" para qualquer tipo de ajuda ou conselho que possa ser dado para melhorar sua situação. Dessa forma, as respostas fornecidas serão vagas, curtas e evasivas. Para fazer uma boa consulta o consulente deve escolher um momento calmo para realizar o jogo, em que não será interrompido por terceiros e em que não esteja ocupado com outras atividades ao mesmo tempo, pois a concentração do consulente durante a leitura é de extrema importância, pois ajuda a sintonia com o tarólogo e com o oráculo, possibilitando respostas mais profundas, precisas e esclarecedoras. É fundamental seu envolvimento e atenção para o que está sendo dito, não só para que o tarólogo possa identificar com mais clareza o que está ocorrendo, mas também para que o consulente compreenda a fundo a mensagem e a orientação que lhe estão sendo passados. Por isso deve evitar a companhia de outras pessoas no instante da leitura, que podem distraí-lo ou dispersar sua atenção da consulta, interrompendo inclusive o diálogo com o tarólogo e desviando sua energia do jogo. As interrupções e interferências externas quebram a energia do jogo, dissipando muitas das informações que poderiam ser passadas pelo tarólogo através de sua intuição e percepção. Se puder ficar em um ambiente silencioso melhor ainda, pois os barulhos e os sons ao redor também podem desviar a atenção do consulente prejudicando a leitura. Portanto, realizar uma consulta com ansiedade, nervosismo, pressa, alteração emocional ou por impulso não permite que o consulente tenha lucidez sobre as questões que são de fato importantes para a resolução de seus problemas, ainda que o tarólogo saiba conduzir a consulta de forma competente; por isso o consulente precisa estar tranquilo e relaxado, livre de pensamentos negativos e ceticismo. Seu estado emocional é importante também, pois se o consulente estiver nervoso, descontrolado ou em choque com algum acontecimento recente ele nada ou pouco conseguirá absorver das orientações dadas pelo tarot, pois não estará em condições emocionais de entendê-las. Por isso é aconselhável que o consulente se acalme e relaxe antes de fazer uma consulta para obter um bom proveito do que será dito.


Por último, também é importante para o consulente evitar querer "testar" os conhecimentos e os supostos "poderes" do tarólogo, esperando que ele "adivinhe" sua vida e o que está pensando. O tarot lida com sincronicidade e a sintonia de energias entre o consulente e o tarólogo, e quando é feito um "teste" desse tipo essa sintonia não ocorre, dificultando e até bloqueando a energia da leitura. A fé é um elemento essencial para que o tarólogo, através da interpretação das cartas e de sua intuição, possa orientar o consulente de forma proveitosa e objetiva. É essencial estar aberto e receptivo às orientações e mensagens e confiar no que está sendo dito, pois do contrário a energia não fluirá e a consulta será evasiva e superficial.

COMO FUNCIONA A CONSULTA DE TAROT? O tarot é um instrumento sagrado que liga o ser humano ao Divino. O tarólogo é o canal de canalização e contato entre o consulente (aquele que se consulta) e o Plano Superior. O tarot é um meio de autoconhecimento capaz de mostrar o que se passa no subconsciente do consulente, ajudando-o a se conhecer melhor. O tarot funciona através de dois elementos: 1- Pela interpretação das cartas através da análise dos símbolos contidos nas mesmas. No momento da leitura o subconsciente do tarólogo entra em sintonia com o subconsciente do consulente, possibilitando uma análise do momento de vida do mesmo e a visão das possibilidades futuras de uma situação perguntada.


2- Pela sincronicidade, ou seja, quando sai uma determinada carta para o consulente durante a consulta é porque o simbolismo daquela carta descreve o momento atual que mesmo está vivenciando. As cartas mostram as tendências e a melhor forma de agir no momento presente, identificando quais os obstáculos no caminho do consulente e orientando o que o mesmo deve fazer para ultrapassá-los. O tarot mostra a tendência mais forte e provável de ocorrer, mas nunca uma certeza absoluta, pois o consulente pode alterar o rumo da situação através de seu livrearbítrio. Segundo o tarólogo, astrólogo e escritor Nei Naiff, "através das cartas o tarólogo analisa, prevê e "adivinha" a trajetória (boa ou má) de uma situação e ainda orienta e aconselha o melhor caminho a seguir. O tarólogo só interpreta o que foi lançado à mesa, pois não possui poder para mudar resposta alguma nem sabe mais do que aquilo que as próprias cartas revelam", finaliza Nei. O tarot é um grande dicionário de símbolos e cabe ao tarólogo decifrá-los à medida que vão aparecendo durante a leitura, os quais ajudarão o consulente a entender melhor seu presente e as perspectivas do futuro, desde que o consulente ouça sua voz interior expressa através das cartas e busque novos rumos e atitudes, realizando mudanças em sua vida. O TAROT CELTA


Os celtas eram um povo que habitou a Europa em torno de 2000 a.C. Sua cultura sobreviveu principalmente na Irlanda e nas Ilhas Britânicas, e atravessou os séculos até hoje, atraindo pessoas que se encantam com sua beleza e sabedoria. Segundo a taróloga, numeróloga e terapeuta holística Silvana Giudice, “a origem do povo celta é incerta e muitos acreditam que seja proveniente da Pérsia, Índia ou mesmo do Egito”. Mas uma de suas características mais marcantes foi seu profundo respeito e contato com a natureza, a qual era fonte de sabedoria. Os Druidas pertenciam a mais alta hierarquia sacerdotal e observavam os bosques e as árvores, descobrindo seus segredos e obtendo remédios. Os adivinhos e magos liam o futuro no "carvalho sagrado", considerado pelos celtas como uma árvore mágica. O tarot Celta é muito rico em sua simbologia. Nele são combinadas elementos da história de seu povo, como rei Arthur, mago Merlin, sacerdotisa Morgana, excalibur, Tristão e Isolda, enfim, seus heróis, deuses e lendas. É constituído de dois arcanos principais: o arcano Maior, de 20 cartas e o arcano Menor de 52 cartas. O arcano Maior define basicamente o interior do consulente e sua atitude perante o presente e o futuro. O arcano Menor descreve situações mais concretas ligadas à saúde, amor, dinheiro e relacionamentos pessoais. É composto de 4 naipes: a foice, as árvores, os triskeles e a espada. A foice de ouro era o instrumento com o qual se cortava a erva de passarinho. As árvores eram os elementos mais venerados. Os triskeles eram a representação dos opostos e da conciliação. "A espada era o instrumento de luta por excelência", finaliza Silvana. A pesquisadora e terapeuta holística Liliane Mattoso acrescenta que “o tarot Celta foi criado através dos arquétipos da religião Druida, sendo que sua cultura e crença é baseada no princípio criador feminino e o culto da "Deusa"." “Repleto de magia e misticismo, o tarot Celta mostra ao consulente através da mitologia céltica-druídica os aspectos positivos e negativos da pergunta em questão", explica Liliane. Assim, o tarot Celta procura trazer toda a sabedoria desse povo que sabia se relacionar de maneira harmônica consigo mesmo, com a natureza e com o próximo.


O TAROT DE MARSELHA O tarot de Marselha (Marseille) é um dos mais tradicionais da história desse oráculo. Tem esse nome porque teve origem na cidade de Marseille, na França, provavelmente no século XVI trazido por ciganos da Ásia Central.

Esse tarot se caracteriza pelos desenhos simples de seus arcanos, e é o mais conhecido e famoso tarot de todos os tempos. Atualmente existem várias versões suas e todas são derivadas do original que se popularizou na França a partir do final do século XV. Suas figuras são muito simples, mas também eficazes e apelativas, sendo capazes de mostrar profundos segredos. Além da simplicidade, esse baralho trazia a numeração das cartas em algarismos romanos e os títulos em francês. Segundo o tarólogo, pesquisador e escritor Carlos Godo, "o tarot foi muito divulgado entre os árabes na época das Cruzadas, tendo sido trazido para a Europa pelos cavaleiros europeus que retornavam dos combates aos Mouros. Claro que, explica Carlos Godo, em pleno fulgor religioso não se aceitariam cartas com motivos evidentemente orientais, por isso as cartas receberam uma "roupagem" condizente com os costumes da época. Datariam desse período as primeiras edições do tarot, de apresentação rústica e medieval, das quais conhecemos principalmente o tarot de Marselha, o qual é considerado pelos estudiosos como o mais primitivo tarot ocidental. Seria, portanto, o mais próximo de suas origens.", finaliza Carlos Godo.


No início do século XVIII, as figuras do tarot de Marselha foram entalhadas em madeira por Claude Burdel e a partir de então divulgada pelos impressores da época. No início suas lâminas eram coloridas à mão, sobre a impressão inicial dos riscos das figuras. Marselha foi o maior centro de produção de baralhos de tarot da Europa nos séculos XVII e XVIII, e seu estilo foi copiado por fabricantes até de outros países. O tarot de Marselha teve grande influência sobre os jogos que surgiram nos séculos XVIII e XIX. Seu manuseio se tornou mais fácil quando B. P. Grimaud lhe fez algumas alterações, arredondando os cantos e usando cores mais vivas, com predominância do vermelho e do azul. Em 1930 Paul Marteau, grande mestre das cartas na França, traduziu toda a simbologia do tarot de Marselha, redesenhando-o e fixando suas tonalidades definitivas. TAROT DO AMOR

O Tarot do Amor é uma forma de leitura de tarot voltada para os assuntos sentimentais e a nossa capacidade de encontrarmos o amor dentro de nós. Ele ajuda a analisar a vida afetiva do consulente, orientando e auxiliando na busca de um novo amor ou, para quem já tem alguém, ajuda a melhorar um relacionamento já existente. O tarot do Amor traz maior clareza e entendimento da situação amorosa que o consulente está passando, mostrando como estão os sentimentos do parceiro, a situação atual do relacionamento, as possíveis chances de um envolvimento futuro, etc. Enfim, ele dá um panorama completo da vida amorosa atual e futura do consulente.


TAROT DOS ANJOS

O Tarot dos Anjos foi criado pela famosa escritora Mônica Buonfiglio, que foi quem introduziu o ensino da Angelogia ou Angeologia (estudo sobre os anjos) no Brasil, Portugal, EUA e Colômbia. Esse tarot é composto por 42 cartas, sendo 22 arcanos maiores e 20 arcanos menores, onde cada um indica um guardião em específico. Segundo Mônica em seu livro "Tarot dos Anjos", os 22 arcanos maiores representam as 22 letras hebraicas, que desdobradas através da Cabala, encontram o nome dos 72 Anjos Cabalísticos.

Mônica ainda explica que os grandes iniciados hebreus estudavam as leis da criação do Universo, e de acordo com seus estudos, cada arcano maior está associado a uma letra do alfabeto hebraico e cada letra desse alfabeto está associada a um número. Cada palavra é uma sequência de números, que resulta em um total que expressa seu significado implícito. Já os arcanos menores mostram etapas do desenvolvimento da consciência humana que são manifestadas pelos quatro elementos, os quais são representados pelos quatro naipes: Paus/Fogo, Ouros/ Terra, Espadas/Ar e Copas/Água. O significado dos arcanos menores são fixos e sua função é de esclarecer, explicar e detalhar as informações passadas pelos arcanos maiores, principalmente em relação a prazos.


O Tarot dos Anjos além de expor os significados tradicionais dos outros baralhos de tarot, funciona como uma abertura para o inconsciente, onde mensagens importantes podem trazer mais tranquilidade ao consulente para que possa entender os caminhos de sua vida. Sua interpretação é mais direta, possibilitando assim realizarem-se previsões dentro dos próximos meses ou anos. Um grande diferencial desse tarot são as ilustrações extraídas de grandes obras da pintura religiosa, nas quais estão representados anjos de todas as categorias. A pessoa que fizer uma consulta com esse oráculo deve estar preparada para receber essa influência, pois estará invocando as forças celestiais. O TAROT E A ALQUIMIA

O tarólogo Giancarlo Kind Schimd analisa a correspondência entre o tarot e a Alquimia em seu artigo “O tarólogo e o Alquimista", no Jornal do Amanhã. Eis o que nos diz Giancarlo: “As alegorias que aparecem nas pranchas alquímicas tem uma leve simetria simbólica com as cartas do tarot”. Também existe uma sincronicidade simbólica entre as duas áreas, principalmente nos baralhos clássicos e nas pranchas do século XV. O estilo artístico de ambos é parecido, assim como seus traços e cores, apresentando símbolos análogos como sol, lua, estrelas, rei, rainha, leão, anjo, esqueleto demônio e outros. Sabe-se que muitos alquimistas famosos como, por exemplo, Nicholas Flamel, Paracelso, Robert Bacon, Cagliostro, Robert Fludd e outros mais, mantinham estreita relação com os nobres de suas épocas, os mesmos que podiam ter acesso ao tarot.


Pode-se considerar o arcano "O Mago" como o alquimista em seu laboratório, enquanto o arcano "A Temperança" é a própria representação da Alquimia. O famoso magista do século xx, Aleister Crowley produziu juntamente com a desenhista Lady Frieda Harris o "Tarot de Toth", onde ilustrou "A Temperança" com o nome de "Arte, a Alquimia". No baralho de Wirth o arcano "O Diabo" contém a famosa frase da Alquimia desenhada em seus braços: "SOLVE ET COAGULA", que significa "dissolve e solidifica" numa referência à Opus Alquímica. "Ambos trabalham diretamente com o inconsciente através de símbolos arquetípicos numa linguagem singular.", finaliza Giancarlo. Os 4 naipes e as 4 figuras dos arcanos menores (rei, rainha, cavaleiro e valete) correspondem ao 4 elementos alquímicos. Eis uma breve analogia do simbolismo alquímico presente no tarot, que compara os 4 elementos da natureza com os elementos herméticos:  Fogo/Enxofre, no arcano "A Ressurreição”.  Água/ Mercúrio Filosofal, no arcano "O Enforcado”.  Ar/Mercúrio, no arcano "O Louco”.  Terra/ Sal, no arcano "O Mundo”.

O TAROT E A ASTROLOGIA


Existem várias correlações entre os arcanos do tarot e a Astrologia, sendo que muitos baralhos de tarot trazem diversos símbolos astrológicos em suas lâminas. Essas correlações, porém, variam de autor para autor de cada tarot, pois existem diversos ângulos de abordagem de um mesmo contexto de uma carta. Por isso é impossível reduzir cada arcano à influência de um único signo ou planeta, até mesmo porque antigamente eram conhecidos apenas sete planetas (Urano, Netuno e Plutão foram descobertos em 1781, 1846 e 1930, respectivamente). Portanto, é comum que um mesmo arcano contenha os símbolos de mais de um signo ou planeta devido à época de sua criação e à visão astrológica de seu criador. Cada carta é regida por um signo do Zodíaco e por um (ou mais) planeta, que exercerão sempre uma influência ou terão relação direta com o consulente, seja nas energias vividas naquele momento da consulta ou mesmo em suas características de personalidade, mostrada nos símbolos astrológicos contidos em cada lâmina. Os quatro elementos também estão presentes nos arcanos do tarot, sendo que as características da personalidade astrológica de cada elemento tem estreita semelhança com os significados principais de cada naipe. Dessa forma o elemento Fogo corresponde ao naipe de Paus (energia, vigor, ação); o elemento Terra corresponde ao naipe de Ouros (realidade concreta, sentidos físicos, estabilidade material); o elemento Ar corresponde ao naipe de Espadas (comunicação, ideias, pensamento) e o elemento Água corresponde ao naipe de Copas (sensibilidade, romantismo, proteção). Outro fator importante são as 12 casas astrológicas, que indicam as 12 áreas ou setores da vida do consulente que podem ser avaliadas, como por exemplo, casamento, saúde, filhos, trabalho, vida financeira, amizades, estudos, carreira profissional, etc. É através das 12 casas astrológicas que se monta a "mandala astrológica ou zodiacal", método muito eficaz e abrangente de leitura do tarot, que fala em detalhes sobre os diversos setores da vida do consulente, proporcionando orientações e previsões para cada setor. Esse é o método pelo qual podemos ter uma visão geral da vida do consulente. O simbolismo astrológico nas cartas do tarot é muito importante, pois além de indicar características de personalidade ou influências astrais dentro de uma questão


levantada, esse simbolismo também é usado como base para questões relativas à saúde, pois mostram tendências às doenças ou possíveis problemas de saúde já existentes, segundo o signo e planetas presente em cada arcano, além de mostrar possibilidades de cirurgia e recuperação, etc. Enfim, a Astrologia dá uma grande contribuição ao jogo de tarot, enriquecendo a leitura e expandido o campo de interpretação de forma mais específica e precisa. O TAROT E A CABALA

Os estudiosos afirmam que a Cabala é a fonte de inspiração de todos os desígnios mágicos dos povos da Antiguidade. A Cabala é um tratado filosófico de cunho religioso do povo hebreu, cujo conteúdo visa decifrar um sentido secreto da bíblia através da uma teoria própria e de um simbolismo de letras e números. Em seu artigo intitulado "A Cabala e o Tarot", o tarólogo e escritor Constantino k. Riemma nos explica: “A palavra hebraica “KABBALAH” quer dizer “receber”; é uma tradição, um conhecimento que é recebido e que não pode ser descoberto apenas através da ciência ou do estudo intelectual”. A Cabala é um ensinamento interno do judaísmo, uma tradição oral que foi transmitida aos patriarcas judeus e que tem sido passado pelos sábios desde o início dos tempos, com o objetivo de despertar a consciência sobre a essência de tudo o que existe. É um esquema simbólico onde estão preservados as relações entre Deus e os homens, que ensina as mais profundas percepções sobre a


essência de Deus, sua interação com a humanidade e o propósito da criação, oferecendo assim, uma compreensão detalhada sobre a vida. A Cabala contém as leis que governam o Universo, as quais são descritas pelo seu principal diagrama de estudo, a chamada Árvore da Vida. A Cabala já foi um dos fundamentos da religião judaica e posteriormente foi incorporada na Renascença pelos estudiosos europeus, surgindo assim a Cabala Esotérica, a qual passou a ser de domínio universal. O caráter místico, oculto e sábio do tarot que esconde por trás de seus símbolos os segredos da existência universal pode ser compreendido através da similaridade dos 22 arcanos maiores com os 22 caminhos da Árvore da Vida, que é o sistema cabalístico de concepção do mundo para os hebreus. A Árvore da Vida é composta de 10 esferas ou círculos chamadas "SEPHIROTH", que em hebraico quer dizer "números”, as quais representam os 10 atributos da manifestação de Deus na existência. São as emanações de Deus nesse mundo, o meio pelo qual Deus governa o universo, o espírito e a matéria. A disposição dos Sephiroth é o modelo para tudo o que existe: eles estão distribuídos pela Árvore da Vida e existem 22 caminhos possíveis, que são as trilhas que levam de um Sephiroth a outro. Cada Sephiroth tem um símbolo, uma cor e um nome divino. Esses nomes reunidos significam para os místicos judeus o santo nome de Deus. Os nomes são: "A Coroa", "A Sabedoria", "A Inteligência", "A Bondade", "O Amor", "A Justiça", "O Triunfo", "O Esplendor", "A Fundação" e "O reino". Alguns símbolos e nomes dos Sephiroth tem estreita correspondência com os arcanos do tarot. As 22 letras do alfabeto hebraico vinculadas aos 22 caminhos da Árvore da Vida são associados aos 22 arcanos maiores, sendo essa a causa da presença das letras hebraicas nas lâminas de alguns baralhos de tarot. Da mesma forma, os 10 Sephiroth foram relacionados com as 10 cartas numeradas dos arcanos menores. “Na Árvore da Vida estão reproduzidos os 4 níveis do Universo ou 4 Mundos, que são comparados aos 4 naipes e as 4 figuras dos arcanos menores.”, finaliza Constantino. O historiador e astrólogo Rui Sá da Silva Barros afirma que a correspondência entre o tarot e a Cabala foi feita por europeus cristãos, e que não há registros históricos de escritos judaicos sobre o tarot, pois os judeus tem sua própria tradição, antiga e


complexa: uma Astrologia bem diferente da que conhecemos, além da Guematria, que deu origem à nossa Numerologia. Foi no século XIX, graças ao trabalho do padre, filósofo e simbologista Alphonse Louis Constant (1810-1875), conhecido como Eliphas Levi que foram abertos os caminhos para a analogia entre o tarot e a Cabala. Foi o primeiro a estudar e sistematizar o tarot. Em seu livro "Dogma e Ritual de Alta Magia" esboçou estudos sobre a simbologia dos 22 arcanos maiores e sua relação com as 22 letras hebraicas e com os caminhos da Árvore da Vida. Levi passou a defender a origem hebraica do tarot, considerando-o uma espécie de alfabeto oculto. Encontrou no tarot uma síntese da Ciência e a chave da Cabala. "É um livro miraculoso, fonte de inspiração para todos os livros sagrados dos povos da antiguidade... O mais perfeito instrumento de adivinhação que pode ser usado com total confiança por causa da precisão analógica das suas figuras e números.", escreveu Levi em seu livro "Dogma e Ritual de Alta Magia". Apesar da grandiosidade de seus estudos, muitas revelações prometidas por Levi não foram compreendidas ou não chegaram a ser publicadas, devido aos compromissos assumidos com ordens secretas dos iniciados da Cabala e outros sistemas mágicos da Antiguidade. Esse mesmo princípio foi trabalhado por um grande ocultista do século XIX, Gerard Eucause (1865-1916), mais conhecido como Papus, que foi o fundador da Ordem Espiritual e Maçônica dos Martinistas e pertenceu à Ordem Cabalística Rosacruz. Papus aprofundou os estudos de Levi sobre as relações do tarot com a Cabala, contribuindo significativamente para os mistérios esotéricos do jogo em suas obras "Chave Absoluta para a Ciência Oculta" e "Tarot dos Boêmios". Atualmente, em virtude dos trabalhos dos grandes místicos dos séculos XVI à XIX, podemos de forma clara entender a íntima relação entre o tarot, a Cabala, a Astrologia e a Numerologia. O TAROT E A CROMOTERAPIA


“A taróloga e escritora Edelweiss Cagno em seu livro “Os segredos do tarô de Marselha” nos explica a analogia do tarot com a Cromoterapia:” As cores também fazem parte da simbologia das cartas e sua importância é fundamental. Cada carta tem um colorido especial que deve ser analisado durante a interpretação. Além da interpretação de cada cor em separado, o conjunto de cores de cada arcano, a intensidade e a predominância de uma cor específica dão indicações importantes, que devem ser levados em conta durante a interpretação.", explica Edelweiss.

Cada cor tem um significado específico dentro da Cromoterapia e esse mesmo princípio é aplicado na simbologia de cada arcano de acordo com as cores nele apresentadas. Segundo o tarólogo Carlos Godo, "as cores correspondem às condições psicológicas ou ao estágio espiritual de cada pessoa e seu grau de apego ou desprendimento do plano físico. Cada cor representa um nível de consciência do indivíduo em um determinado momento", explica Carlos Godo. Alguns símbolos e nomes dos Sephiroth tem estreita correspondência com os arcanos do tarot. As 22 letras do alfabeto hebraico vinculadas aos 22 caminhos da Árvore da Vida são associados aos 22 arcanos maiores, sendo essa a causa da presença das letras hebraicas nas lâminas de alguns baralhos de tarot. Da mesma forma, os 10 Sephiroth foram relacionados com as 10 cartas numeradas dos arcanos menores. “Na Árvore da Vida estão reproduzidos os 4 níveis do Universo ou 4 Mundos, que são comparados aos 4 naipes e as 4 figuras dos arcanos menores.”, finaliza Constantino.


O TAROT E A NUMEROLOGIA O tarólogo, astrólogo, numerólogo e escritor Jaime E. Cannes nos explica sobre a relação do tarot com a numerologia: “A Numerologia é uma das técnicas mais usadas, pois através dela é possível com a data de nascimento do consulente, conhecer seu arcano da alma e seu arcano da personalidade, por exemplo. Esse cálculo foi criado por Angelis Arrien e publicado no livro The tarot handbook, em 1987.” Nele Arrien diz que os arcanos de números 1 a 9 representam a proposta da alma, uma ideia ou qualidade arquetípica que a alma vem desenvolvendo há muitas vidas para alcançar sua evolução. Já os arcanos de números 10 a 22 representam os traços marcantes da personalidade atual e as qualidades arquetípicas que se manifestam nessa vida. Com o conhecimento desses números/arcanos pode-se ter uma ideia geral da personalidade do consulente. Além disso, com o conhecimento do arcano regente do ano de um aniversário a outro do consulente pode-se avaliar as tendências gerais de seu crescimento interior.", finaliza Jaime E. Cannes.

A Numerologia está presente nas lâminas do tarot, sendo que cada uma corresponde a um número. Ao tirar os arcanos durante uma leitura, a somatória dos números desse arcano resulta em um número que corresponde a outro arcano, que simboliza a resposta final da questão colocada. O significado de cada carta individualmente também está intimamente relacionado às características de personalidade relativas ao número representado na lâmina. Por exemplo, o arcano número 1, o Mago, assim como esse mesmo número, também


significa, entre outras coisas, início, ousadia, novo começo, criatividade, individualidade, etc. Portanto, podemos incluir na interpretação de cada arcano as características numerológicas nele presentes como complemento de suas características gerais e também para fins de previsão, quando se deseja ter uma noção aproximada relativa a tempo numa consulta. O TAROT E A PSICOLOGIA O tarólogo, astrólogo, numerólogo e escritor Jaime E. Cannes nos explica em sua pesquisa: O tarot começou a receber atenção dos psicólogos em 1980 a partir da publicação do livro "Jung e o Tarot", de Sallie Nichols. Desde então, mesmo aqueles que discriminavam o tarot considerando-o como "uma arte mágica muito duvidosa", começaram a se interessar pelo seu estudo. O grande ocultista e tarólogo Paul Foster Case já havia relacionado o tarot com a Psicologia Moderna dos anos 30, porém, por se tratar de "mais um mago" isso não foi levado em consideração e acabou não afetando a visão sobre o tarot na época. Na década de 80, o estudo da Tarologia cresceu de forma impressionante. "No Brasil, onde os tarólogos eram raros, surgiu uma geração inteira de estudiosos e praticantes da leitura de tarot.", nos retrata Jaime Cannes.

O tarot é uma fonte inesgotável de sabedoria para quem tem olhos para ver e ouvidos para escutar sua linguagem silenciosa. Seus arcanos são chaves simbólicas, cuja função é despertar a psique para conceitos novos, ideias diferentes e uma nova consciência espiritual. Um alfabeto mágico, arquétipos do ser humano, mensagem do


inconsciente. Enfim, um legado de homens sábios. Os símbolos do tarot são transposições arquetípicas do comportamento humano. Um dos significados da palavra tarot é "caminho real". O caminho que o consulente percorre é mostrado através de imagens colocadas em forma de cartas, que representam o acervo mental, emocional e psicológico da memória comum a todos. Essa memória é chamada de inconsciente coletivo. Assim nos define Jaime E. Cannes: “Arquétipos em sânscrito quer dizer "imagens arcaicas". Jung definiu arquétipos como imagens que provocam na alma humana uma reação profunda em quem as contempla, despertando emoções e lembranças que impulsionam à transformação e à cura. Os arquétipos são emanações do inconsciente coletivo, uma rede de memórias à qual o inconsciente individual permanece conectado". Segundo a taróloga e escritora Edelweiss Cagno, “arquétipos são imagens primordiais ou símbolos que não se encontram no consciente, mas sim na parte primordial do ser. Carl Gustav Jung (1875-1961), neurologista suíço que lançou as bases da Psicologia analítica, acreditava que o psiquismo não teve origem na matéria orgânica, mas que é anterior a ela. É nesse nível cósmico que se desenvolvem os arquétipos. Jung afirmava que junto à consciência imediata existe um segundo sistema psíquico de natureza coletiva universal e impessoal, idêntico em todas as pessoas. Os arquétipos são os habitantes do inconsciente coletivo. Os personagens e temas que representam mundialmente os mitos, sonhos e histórias infantis são exemplos de arquétipos, os quais são, portanto, como moldes da própria criação onde encontramos toda sabedoria expressa através dos símbolos do tarot. Jung deu legitimidade ao tarot afirmando que ele capaz de ativar imagens inconscientes, podendo assim ajudar a esclarecer coincidências as quais ele chamava de "princípio da sincronicidade", que desafiam as leis da causa e efeito. Dessa forma, o tarot nos permite através da simbologia dos arquétipos desenvolver nossa intuição, bem como interpretar situações do passado, presente e futuro, já que ele nos leva a penetrar no inconsciente coletivo". Explica Edelweiss. Jung acreditava que além das relações de causa e efeito nas quais o universo científico se baseia, há também outro princípio de ligação que não compartilha essa


relação, o qual ele denominou "sincronicidade". A sincronicidade explica as forças que guiam o universo. Fatos que parecem coincidências são na verdade sinais que podem nos ajudar a tomar decisões e orientar nossas vidas. Segundo Jung sincronicidade são aquelas "coincidências" que não podem ser explicadas como meras casualidades. Não existe casualidade na disposição das cartas, pois elas refletem o momento presente e as perspectivas futuras na vida do consulente e das pessoas ao seu redor. O acaso não existe. Acrescenta ainda Jaime E. Cannes: “A teoria da sincronicidade explica que não existe o acaso e que há certas "coincidências" muito significativas que expressam algo sobre nós mesmos e nosso "eu" mais profundo. Sendo assim, as cartas tiradas ao acaso expressam algo do ser mais profundo e comunicam tanto a sua realidade reconhecível quanto os aspectos inconscientes que precisam ser integrados." Finaliza Jaime Cannes. Jung descobriu que quando consultamos o tarot estamos procurando uma interpretação pela sincronicidade. Nós, em virtude de inconscientemente selecionarmos determinadas cartas, nos colocamos em uma posição em que realmente causamos aquele momento "coincidente" (sincronicidade) - a intemporalidade. O resultado disso é que entramos em contato com o passado, presente e futuro. O TAROT E AS 4 CIÊNCIAS HERMÉTICAS Vários estudiosos e pesquisadores acreditam que o tarot é uma síntese da 4 ciências herméticas: Cabala, Astrologia, Alquimia e Magia. Todas essas ciências são atribuídas à Hermes Trimegistus e representam um profundo e extenso de investigação psicológica da natureza humana e sua relação com o mundo material e espiritual. As letras da Cabala, os nomes dos metais, os ácidos e sais da Alquimia, os planetas e signos astrológicos, os bons e maus espíritos da Magia - todos estes aspectos estão contidos no tarot de uma forma secreta e velada. Quando o alquimista procura pelo ouro, na verdade procura o ouro da alma humana; quando o astrólogo analisa os planetas e signos, analisam as características astrais do indivíduo, suas qualidades, fraquezas e potenciais; quando o cabalista fala do nome de


Deus, ele vê seu nome na alma humana e na natureza. Desse modo, Cabala Astrologia, Alquimia e Magia são sistemas paralelos da Metafísica e da Psicologia simbolicamente representados pelo tarot. Assim, qualquer arcano do tarot ou qualquer sentença alquímica pode ser lida de modo cabalístico ou astrológico, mas seu significado será sempre psicológico ou metafísico. O TAROT E O I-CHING

Em uma de suas pesquisas sobre o tarot, o tarólogo, astrólogo, numerólogo e escritor Jaime E. Cannes nos diz que "O "Livro das Mutações", conhecido como "IChing" responde de maneira profunda, específica e filosófica as perguntas que lhe são feitas, e dessa forma seus hexagramas podem orientar em relação à postura a ser tomada diante de uma questão e prevenir as consequências de não se seguir a ação certa, lançando assim uma visão estratégica sobre as ações sugeridas pelo tarot", explica Jaime Cannes. O TAROT GÓTICO


Segundo a pedagoga e escritora Beatrix Algrave, a origem do termo gótico está ligada a um estilo de arte medieval entre os séculos XIII e XIV, que sucedeu o estilo romântico dos séculos XI e XII, fazendo-lhe oposição. Sua presença é bastante marcante na arquitetura, que conta com catedrais famosas que seguiram esse estilo, como Notre Dame de Paris, Chartres e Reims. Em seu apogeu a arte gótica era conhecida como "OPUS FRANCIGENARUM", que quer dizer "obra francesa", referindo-se a sua origem. Nos séculos XV e XVI com a Renascença e o entusiasmo pela Antiguidade Clássica, a Idade Média passou a ser considerada como uma época bárbara e obscura. Como os Godos eram o povo bárbaro mais conhecido, o estilo passou a se chamar "gótico", ou seja, bárbaro por excelência, alcançando um sentido pejorativo e de grande desprezo. O estilo gótico tem influência na arquitetura, na escultura, na literatura, na pintura e , atualmente, vem sendo redescoberto através da música e do cinema. Existem várias versões do Tarot Gótico no mercado internacional atualmente, mas uma das mais belas foi concebida por Joseph Vargo. Suas cartas são escuras e a arte muito bonita e harmoniosa. A presença de vampiros é constante, assim como de gárgulas, fantasmas e anjos negros, que lhe dão um tom gótico muito original. As cartas têm cores fortes, com detalhes de um brilho muito requintado, dando um ar sombrio a cada uma delas. Suas ilustrações foram compostas a partir dos trabalhos já publicados de Joseph. Muitos desenhos foram simplesmente transformados em cartas e há várias figuras que


foram alteradas para se encaixarem no simbolismo tradicional de cada arcano. Há ainda desenhos que foram criados especialmente para ilustrar o tarot. As cartas do Tarot Gótico de Joseph Vargo foram aclamadas pela crítica e formam uma das versões mais vendidas da atualidade. Em suas lâminas está contido o simbolismo mitológico e oculto, escondidos dentro de sua arte final em seu mais completo potencial divinatório. O TAROT MITOLÓGICO Em 1986 a famosa astróloga, analista e escritora Liz Greene criou, em parceria com Juliet Sharman-Burke, o Tarot Mitológico. Seus desenhos enfatizam as qualidades arquetípicas frequentemente associadas ao tarot pelo psicólogo Carl Gustav Jung e outros. O tarot Mitológico nos ajuda a desvendar os mistérios da natureza humana através das divindades da mitologia grega presentes em suas cartas, as quais antecedem os símbolos da cultura cristã. A trajetória desses seres mitológicos é a base da interpretação para os fatos de nossas vidas e personalidades, trazendo importantes ensinamentos e abrindo portas para que possamos tomar o caminho certo futuramente.

De maneira simples o tarot mitológico esclarece a essência humana dando-nos preciosas orientações. Esse tarot busca, através dos mitos, penetrar no inconsciente descrevendo o padrão de vida vivido pelo consulente. A utilização dos arquétipos gregos, cultura que influencia diretamente nossa cultura atual, faz com que sejam acessados


determinados parâmetros da mente e assim possamos compreender os lados positivos e negativos de cada informação. Segundo Liz Greene e Juliete, o tarot Mitológico tem duas abordagens: uma histórica, factual e concreta, e outra psicológica, baseada nos arquétipos. A taróloga Sônia Belotti nos explica: "Os arcanos maiores compõem uma série de imagens que descrevem diferentes estágios de uma viagem, que é a viagem da vida, que todos os homens fazem desde o nascimento , onde percorrem a infância protegida, passando pela adolescência conflituosa e, a seguir, pela maturidade, com seus desafios, perdas e tomadas de decisões. Segue-se o despertar para a transformação, num confronto consigo mesmo até chegar à realização do objetivo". Os arcanos menores, representados pelos 4 naipes, descrevem as histórias mitológicas nas 4 dimensões ou esferas da vida. Assim, os naipes desdobram em detalhes num nível pessoal, a viagem arquetípica dos arcanos maiores. O naipe de Copas conta a história de Eros e Psique, uma aventura de evolução e amadurecimento dos sentimentos. O naipe de Paus conta a história de Jazão e os Argonautas em busca do velocimo de ouro, uma aventura que gira em torno da imaginação do homem e do quão longe ele consegue chegar em nome de seus ideais. O naipe de Espadas conta a história de Orestes e a maldição da casa de Atreu, lenda fúnebre cheia de conflitos e violência que mostra um momento da viagem cheia de turbulências, brigas, mas também de criatividade: a capacidade da mente de criar o bem e o mal. O naipe de Ouros conta a história de Dédalo, escultor e artesão que construiu o labirinto do Minotauro. Esse mito retrata os problemas e as vitórias que o homem conquista ao lidar com seus fracassos e recompensas, finaliza assim Sônia Belotti. O TAROT RIDER WAITE


Apesar de não ser o tarot mais popular no Brasil (o mais usado é o de Marselha) é, sem dúvida, um dos baralhos mais respeitados dentro do Ocultismo. Seu criador Athur Edward Waite (1857-1942) era membro de uma sociedade ocultista chamada "Aurora Dourada", a qual instituiu um sistema que englobava a Cabala, o Tarot, a Alquimia, a Astrologia, as Artes Divinatórias e os rituais mágicos. Waite escreveu um livro onde associava os quatro naipes do tarot aos quatro símbolos do Santo Graal: a taça à taça, a lança ao bastão, o prato à moeda e a espada à espada. Apesar de Waite ser um tanto cético em relação à origem do tarot, ele sempre acreditou que o mesmo continha conhecimentos antigos e criou um baralho executado pela artista Pamela Colman Smith, que foi lançado em 1910 pela William Rider and Son Limited, o que deu origem ao nome Rider-Waite. Na construção desse tarot Waite deu prioridade ao simbolismo, considerando-o de extrema importância. Seu tarot tem um formato diferente, mas com os mesmos significados divinatórios e é muito difundido na Europa. Assim pode-se dizer que suas cartas foram criadas para comunicar princípios esotéricos através de símbolos. Waite e Pâmela enriqueceram as cartas com ilustrações de bom gosto e foram ainda mais longe ilustrando os arcanos menores com imagens muito sugestivas, que tornaram as cartas mais inspiradoras durante a leitura. Essa foi uma contribuição de enorme importância, pois até então os outros baralhos só traziam símbolos ornamentais ou números em suas ilustrações, não figuras. Waite fez ainda uma revolução na sequência das cartas quando mudou as posições das cartas "a justiça" e "a força", respectivamente de números 8 e 11, trazendo "a força"


para 8º e "a justiça" para 11º. Em seu tarot a carta "o louco" apareceu pela primeira vez com o número zero, método empregado até hoje e que, segundo Waite, dá-se em razão da correspondência do "louco" com a letra "Aleph" do alfabeto hebraico. A troca das cartas "a justiça" e "a força" foi uma quebra nas tradições. De forma curiosa Waite substituiu a imagem cristã dos baralhos antigos de outros autores, substituindo a carta "o papa" pelo "hierofante" e a carta "a papisa" pela "sacerdotisa". Esse baralho foi indiscutivelmente uma forte influência para as artes divinatórias praticadas nos dias atuais. Esse elevado grau de especificidade das cartas lhe confere uma profundidade e acessibilidade muito boas, o que faz dele um ótimo tarot tanto pata principiantes quanto para tarólogos experientes. Até hoje é um dos baralhos mais vendidos no mundo não só por sua beleza mas pela facilidade de leitura que oferece. O USO TERAPEUTICO DO TAROT

O tarólogo Giancarlo Kind Schmid explica de forma sucinta, simples e objetiva as várias aplicações do tarot na atualidade. Essas são as práticas terapêuticas mais populares e conhecidas que usam o tarot como instrumento: 1- O Tarot e a Psicologia Alguns psicólogos, principalmente os junguianos, tem usado o tarot de forma terapêutica, ou seja, aquilo que não conseguem detectar durante a sessão com o paciente é


revelado através da leitura do tarot, sendo que o mesmo dá uma maior abrangência ao tratamento. Porém, vale dizer que o tarot não substitui o tratamento psicológico tradicional. Ele apenas ajuda e amplia a capacidade de entendimento do psicólogo, uma vez que o tarot acessa com facilidade o que está contido no inconsciente da pessoa. 2- O Tarot e os Florais Essa prática ganhou destaque a partir da década de 90. O tarólogo, através de métodos específicos, identifica o momento psicoemocional do consulente e lhe sugere uma receita que deve ser ministrada durante um período. Nesse caso, o tarot substitui a anamnese para o levantamento biopsíquico do consulente. 3- O Tarot e a Oniroterapia É uma prática em que se usa o tarot para entender os sonhos de forma mais aprofundada. Realiza-se uma "ponte" entre o conteúdo simbólico dos sonhos com o dos arcanos , criando-se assim uma associação de símbolos. Dessa maneira pode-se acessar conteúdos profundos do momento psíquico do consulente. 4- O Tarot e a Meditação As correntes ocultistas de magos importantes como Crowley, C.C Zain, Ouspensky e outros sugeriram os uso do tarot para meditações diárias, em que o usuário das cartas reflete sobre um assunto qualquer ou sobre seu momento atual, suas ações e decisões, visando alcançar maior clareza interior. Alguns trabalham com um único arcano, outros usam métodos específicos, o que varia de pessoa para pessoa. 5- O Tarot e a Arteterapia


Prática em que as imagens do tarot são transformadas em arte. O ocultista Zain sugeriu aos tarólogos que pintassem seus baralhos, o que se transformou num tipo de arteterapia rudimentar. Atualmente a prática agrega vários segmentos como a dança, a pintura, a escultura, a poesia, a música, entre outros. Seu objetivo é atenuar as tensões do praticante e fazer com que ele se relacione de forma direta com suas emoções mais profundas "desbloqueando" a psique. "Há outras áreas terapêuticas que também utilizam o tarot, como a Neurolinguística, a Cristaloterapia, e muitas outras ainda", finaliza Giancarlo. O TAROT, O TEMPO FUTURO E O LIVRE-ARBITRIO

O tarot mostra respostas atuais, para o momento presente do consulente. Avalia fases e períodos, mas não tem significado definitivo e sim transitório. Nenhuma tendência indicada nas cartas é definitiva ou para sempre; ao contrário, elas podem ser mudadas a qualquer instante de acordo com as atitudes do consulente e das outras pessoas envolvidas na questão. Essa é a função principal do tarot: ampliar o conhecimento do consulente sobre as tendências de um futuro próximo para que o mesmo possa tomar as melhores atitudes agora. O tarot ajuda a enxergar melhor a situação para que sejam tomadas decisões mais conscientes e, consequentemente, mais acertadas. O tarot não determina nem ordena nada: tudo depende do livre-arbítrio do consulente em seguir ou não suas orientações e conselhos, modificando ou melhorando o rumo das questões levantadas. As cartas auxiliam e aconselham, mas não resolvem os


problemas existentes nem determina os acontecimentos sem a decisão e iniciativa espontânea do consulente. A taróloga e astróloga Titi Vidal faz a seguinte colocação sobre o tema: O tarot indica o que tende a acontecer se o consulente não fizer nada para mudar, pois o jogo mostra o que está ocorrendo no presente e o possível rumo da situação diante das atitudes que o consulente está tendo agora. Por isso suas previsões são de curto prazo, pois o consulente tem o livre-arbítrio de agir de outra forma e tomar um novo rumo a qualquer momento. Todos têm o livre-arbítrio de mudar seu Destino ou pelo menos vivenciá-lo melhor, por isso as previsões do tarot não são determinantes nem fatalistas, mas sim orientações baseadas em tendências. Indica caminhos, soluções, algumas respostas e saídas, apontando as melhores opções e dando conselhos para que o consulente possa tomar decisões de forma consciente de acordo com as possibilidades que tem diante de si. Portanto, o tarot mostra possibilidades e permite a visualização de caminhos, mas não decide pelo consulente o que ele deve ou não deve fazer, pois além de ser uma interferência muito grande na vida do outro, o tarólogo assumiria uma enorme responsabilidade pela vida do consulente, o que traria sérias consequências kármicas, pois ninguém tem o direito de interferir no livre-arbítrio do próximo. O tarot mostra o que vai acontecer no futuro caso o consulente não mude seus pensamentos e atitudes. Por isso, quanto maior o autoconhecimento maior a possibilidade de mudanças e diferenças entre o que é previsto e o que de fato pode ocorrer. "O tarot sempre mostrará o caminho certo, indicando a melhor direção a seguir e orientando em relação ao que o futuro promete ao consulente", explica Titi. O futuro de cada um depende de como seu presente está sendo conduzido e por isso poderá ser modificado de acordo com o esforço pessoal de cada indivíduo. Não há fórmulas mágicas que resolverão os problemas de ninguém sem um amadurecimento e desenvolvimento interior. Por meio de novas atitudes podemos delinear novos horizontes para nosso futuro. Quando o consulente escolhe seguir por outro caminho, seja por sua própria iniciativa ou por conselho das cartas é natural que as tendências se modificarão.


Por isso o tarot não expõe situações inevitáveis nem fatalistas. Tudo depende apenas de nós mesmos. O TAROT E OS ARCANOS MAIORES O baralho clássico é composto por 78 cartas divididas em dois grupos: arcanos maiores e menores. Os Arcanos Maiores são em número de 22. Representam personagens que fazem parte de nossa memória coletiva e mostram a trajetória do ser humano em seu processo de evolução. Tem grande importância, pois representam os grandes segredos, as imagens da alma, os arquétipos do inconsciente coletivo, permitindo assim um contato profundo com um lado adormecido de nossa personalidade. Representam as energias principais que envolvem uma situação, tratando do lado comportamental interno e abrangente do ser humano. O TAROT E OS ARCANOS MENORES O baralho clássico é composto por 78 cartas divididas em dois grupos: arcanos maiores e menores. Os Arcanos Menores são em número de 56 e são divididos em quatro naipes: Paus, Copas, Espadas e Ouros, cada um deles contendo as cartas normais de um baralho comum mais as figuras da corte: Rei, Rainha, Cavaleiro e Valete (ou Escravo ou Pajem). Os Arcanos Menores simbolizam aspectos secundários oferecendo maior precisão à leitura. Alguns pesquisadores afirmam que eles não faziam parte do tarot original e foram criados posteriormente para complementarem os Arcanos Maiores. Os Arcanos Menores tratam de assuntos do cotidiano, dos aspectos práticos de uma questão. São muito importantes para complementar o contexto que os Arcanos Maiores apresentam, elucidando os pormenores em relação aos Maiores e dando mais detalhes sobre fatos, acontecimentos e particularidades do dia-a-dia em si. Os Menores se referem a


pormenores, e podem dar dicas valiosas sobre pessoas específicas através das cartas da corte, que mostram, inclusive, aspectos comportamentais das pessoas envolvidas e até mesmo algumas características físicas, enriquecendo a leitura. O TAROT E A RADIESTESIA O tarólogo, astrólogo e numerólogo Jaime E. Cannes nos explica em seu artigo sobre a "radiestesia e o tarot", que a ideia foi apresentada por Mary K. Greer no livro "Tarot for yourself", em 1984. Consiste em usar o pêndulo quando surgir alguma dúvida na interpretação de uma carta do tarot, ao invés de ficar retirando cartas complementares na leitura para esclarecer uma pergunta. Dessa forma, deixa-se o pêndulo ao lado, e caso surja uma dúvida sobre a interpretação de um arcano durante o jogo basta pegá-lo e colocar sobre a carta em questão , fazendo então as perguntas necessárias para tirar a dúvida. “Esse método, porém, exige amplo domínio e conhecimento da Radiestesia para ser utilizado.”, finaliza Jaime Cannes. AS ORIGENS EGÍPCIAS DO TAROT Existem muitos estudos e pesquisas feitos sobre a verdadeira origem do tarot, mas nenhuma completamente comprovada .Uns dizem que foi na Itália, na França, na Espanha e até mesmo no oriente, como na Índia ou na China. Alguns acreditam ainda que o jogo foi criado pelos ciganos que o espalhou pelo mundo. Alguns pesquisadores dizem que o tarot surgiu nos povos de Atlântida e Lemúria, e que quando os mesmos previram o desaparecimento de suas terras devido a um grande cataclisma (semelhante ao dilúvio), enviaram seus sábios para diversas partes do mundo para que revelassem os segredos dessas cartas misteriosas à outros povos, ao permitindo, portanto, que o oráculo caísse no esquecimento e perpetuando sua sabedoria nos quatro cantos do mundo.


A escritora Edelweiss Cagno nos conta que segundo a tradição os sacerdotes egípcios foram os herdeiros da sabedoria de Atlântida, e portanto, os guardiões dos mistérios sagrados. O sumo-sacerdote, ao prever um longo período de decadência espiritual da humanidade e de perseguição aos mistérios sagrados, reuniu no templo todos os sábios sacerdotes do Egito, para que juntos encontrassem uma maneira de preservar da destruição os ensinamentos iniciáticos, os conhecimentos adquiridos e todos os mistérios revelados herdados dos habitantes de Atlântida e transmiti-los às futuras gerações. Foi então que os sacerdotes egípcios criaram um sistema de jogo para preservar os ensinamentos da destruição e fazer com que os mesmos chegassem até nossos dias. Foi criadas então as 78 lâmina do tarot, que eram pequenas lâminas de ouro sob a formato de jogo, que foi uma maneira encontrada de transmitir os ensinamentos aos iniciados sem levantar nenhuma suspeita aos leigos sobre o verdadeiro tipo de conhecimento ali contido. Dessa forma não comprometiam os sagrados mistérios, pois ao invés de escrever numa linguagem comum compreensível às pessoas comuns, eles codificaram sua doutrina num simbolismo hermético, que apenas os iniciados poderiam entender, em qualquer parte do mundo. O médico e ocultista francês Gerard Encause (1865-19160), mais conhecido como Papus, defendeu a tese que os sacerdotes egípcios, prevendo a decadência de sua civilização devido às muitas invasões que viriam, reuniram-se para definir como passar os ensinamentos do tarot às futuras gerações para que não caíssem no esquecimento. Daí surgiu a ideia de que os segredos deveriam ser guardados nas pirâmides, uma criação que duraria por toda eternidade, mas que poderiam ser destruídas pelos homens. O mais sábio dos sacerdotes, ao perceber que as pessoas gostavam muito de jogar, sugeriu que confiassem a tradição ao vício, pois somente isso difundiria o oráculo à toda humanidade. Assim, resolveram “imprimir” as figuras do tarot em lâminas de ouro, com todas as suas mensagens simbólicas, transformando seus ensinamentos em jogo. Com o tempo, a tradição foi se estendendo para o resto do mundo, sendo muito usado na Europa, principalmente Itália, Espanha e França. Posteriormente, os ciganos se


encarregaram de difundir a tradição pelo mundo todo, e dessa forma cada nação desenvolveu seu próprio baralho. Os ciganos, para serem aceitos, se diziam descendentes dos nobres egípcios, se autodenominando “egiptanos”, por isso passaram a chamar as lâminas de “tarot dos egípcios”, levando-as por toda Europa e para os quatro cantos do mundo. A tese de que o tarot surgiu no Egito é ainda reforçada devido à incrível semelhança entre as figuras das lâminas com as representações gráficas e pinturas do Antigo Egito. São visíveis as semelhanças entre os arcanos maiores e as gravuras existentes nos templos sagrados. Outro fato que reforça essa tese é o de que a carta 3 (A Faraó, no tarot egípcio ou A Imperatriz, no tarot tradicional) vem antes da carta 4 (O Faraó, no tarot egípcio ou O Imperador, no tarot tradicional). Sabe-se que após a III e IV dinastias do Antigo Egito, como resquícios do matriarcado no que se refere à hierarquia na regência, dava-se preferência à mulher sobre o homem e este princípio é visto ao longo de toda história do Egito. Outros defendem a ideia de que o tarot nasceu de uma cultura milenar, originária do “Livro de Thoth”, a chave de toda a sabedoria do Antigo Egito. O JOGO DE TAROT EGÍPCIO O Tarot Egípcio fornece informações importantes ao consulente em vários setores de sua vida. Os aspectos sagrado e terapêutico se unem para dar ao consulente respostas concretas para a tomada de decisões. A leitura de Tarot Egípcio tem como objetivo promover uma reflexão e um “encontro consigo mesmo” para o consulente, pois suas cartas tem caráter iniciático. Portanto, o Tarot Egípcio pode ser um importante instrumento para o aconselhamento terapêutico, pois ajuda o consulente a encontrar suas próprias respostas através do contato com sua sabedoria interior, pois sua leitura tem abordagem arquetípica. Esse aconselhamento ajuda o consulente a compreender a lei de causa e efeito, a qual rege


todos os acontecimentos passados, presentes e futuros, trazendo então a compreensão de si mesmo e a consciência de seu poder pessoal. O Tarot Egípcio mostra possibilidades, tendências e opções de caminhos para que o consulente possa, através de seu livre-arbítrio, sintonizar-se com o Universo e agir de forma positiva em suas decisões, redefinindo os rumos de sua vida. Seu aconselhamento é uma rota para a revelação interior, um farol que ilumina os pontos obscuros da alma, permitindo que o consulente faça suas próprias escolhas na vida. Segundo Sérgio Geraldo Linke, presidente e professor da Associação Gnóstica de Brasília, “o Tarot Egípcio é a fonte original de onde foram adaptados todos os outros tarots. Ele é o mais completo e o mais complexo de todos, o que exige maior preparo do tarólogo. Ele é um instrumento psicológico e intuitivo capaz de desvendar com clareza o que está oculto por trás de uma situação. É um instrumento preciso, que traz uma série de símbolos, alfabetos e cenas mitológicas que formam os arquétipos dos caminhos pelos quais o consulente pode direcionar sua vida, seja por seu livre-arbítrio ou pela lei do Karma. Ele pode ser usado de forma iniciática ou oracular. O modo oracular é aquele que mostra a tendência de cada situação, indicando quais os elementos invisíveis estão agindo para o desfecho de uma determinada situação, sejam eles de origem externa (circunstâncias) ou interna (atitudes e emoções do consulente ou das pessoas envolvidas). Dessa forma pode-se ter uma ideia aproximada do que o Destino reserva para uma determinada situação”, finaliza Sérgio. As cartas do Tarot Egípcio são riquíssimas em detalhes e simbologia e se expressam através de 3 planos, representando a ação no mundo físico, emocional e espiritual do consulente. Cada plano oferece diversos recursos para a leitura através dos significados astrológicos, numerológicos, das letras hebraicas, do significado das cores e de outros símbolos nele contidos, que associados às várias combinações das cartas ampliam a eficácia do aconselhamento. O Tarot Egípcio é um tarot transcultural, ou seja, baseado na mitologia egípcia. O seu diferencial está nos arcanos menores, em não existem os naipes explícitos, mas sim a simbologia da hierarquia da sociedade egípcia.


Os arcanos menores começam com os reis, indo em ordem decrescente até os ases. O naipe de paus representa o povo, o comércio, os artesãos e a navegação. O naipe de copas representa as emoções, os artistas, pintores, escultores, músicos e dançarinas. O naipe de espadas representa os guerreiros, soldados e a casta militar. E o naipe de ouros representa a vida material e financeira em geral, a especulação financeira e a vida do faraó. O LIVRO DE THOT Alguns estudiosos e pesquisadores defendem a ideia de que o tarot nasceu de uma cultura milenar, originária do “Livro de Thot”, a chave de toda a sabedoria do Antigo Egito. Thot é o deus da sabedoria, da escrita e da magia, e é representado por um homem com cabeça de Íbis ou de babuíno, segurando uma pena para escrever e uma paleta de escriba. Ele foi o criador dos hieróglifos e da linguagem, e era patrono dos escribas, dos médicos e sacerdotes. Era o deus do tempo (antecessor de Cronos, na Grécia e de Saturno, em Roma) e nada escapava dele. Não havia julgamento dos mortos sem a presença de Thot e era ele quem levava as almas dos mortos para o outro lado do rio que separa os mundos. Thot também ficou conhecido como Hermes Trismegisto. Era chamado de “duas vezes grande” pelos antigos egípcios, devido ao fato de que seus ensinamentos se referiam a dois mundos: o material e o espiritual e foi chamado de “três vezes grande” pelos continuadores de sua obra, pois seus ensinamentos se relacionavam aos três planos em que se move o pensamento do homem e este identifica e expressa o quanto sua natureza é capaz de perceber e discernir. O Livro de Thot ou tarot egípcio, como ficou conhecido, era conhecido desde a mais remota antiguidade, embora a ciência espiritual nele contida tenha ficado oculta durante muitos séculos. Ele é a base do conhecimento. Segundo a terapeuta holística Jamile Castro, “O Livro de Thot é conhecido como primeiro livro da humanidade e levou o Egito a base dos conhecimentos dos processos iniciáticos, para aqueles que desejassem e se mostrassem merecedores de obter o conhecimento e a consciência de si mesmos,


podendo assim atingir a iluminação interior e servindo aos deuses e à humanidade”, finaliza Jamile. De acordo com as referências, nesse livro as divindades representam os princípios universais, que se manifestam através de símbolos. Esses símbolos são interpretados através de números, os quais se traduzem em arquétipos. O escritor Iglesias Janeiro em seu livro “A Cabala da Predileção” conta a lenda do Livro de Thot, como veremos no trecho a seguir: Thot era uma divindade lunar, que resolveu morar na Terra e instalar-se no Egito, local que elegeu para dividir seu conhecimento com os homens, como a escrita, a divisão do tempo e os mistérios cifrados das medidas. Ele então escolheu alguns discípulos de alto nível intelectual e espiritual para passar seus ensinamentos, pois era conhecedor das profecias sobre as transformações pelas quais o mundo iria passar – principalmente o apogeu e a decadência da civilização egípcia. Desejando transmitir seus conhecimentos às futuras gerações, esses dados foram escritos e registrados num “livro”, ou seja, o tarot egípcio – um conjunto de 78 lâminas que continha figuras das divindades do Egito, além de símbolos astrológicos e ocultistas. Mas logo percebeu que sua total compreensão não seria captada naquele tempo e para que esses segredos só fossem revelados à humanidade na época certa Thot guardou o livro numa caixa de ouro e pôs a caixa de ouro numa de prata, e a caixa de prata ele pôs numa de marfim, e a de marfim ele pôs numa de bronze, a caixa de bronze ele colocou em outra de cobre, a de cobre ele pôs numa de ferro e esta última contendo o livro e as demais caixas ele depositou no fundo do rio Nilo. Essa lenda contém todo o princípio alquímico do tarot (os elementos herméticos). Dizem que quem encontrou o livro foram os hebreus, pois há indícios de que entre os “vasos de ouro e prata” que Moisés levou do Egito por ocasião do Êxodo, estaria o Livro de Thot (tarot egípcio), que mais tarde se tornou a base de todos os fundamentos da Cabala, base da religião judaica. Os hebreus transformaram as 78 lâminas do tarot egípcio em 22 arcanos maiores de acordo com as 22 letras hebraicas e em 56 arcanos menores restantes.


TAROT EGÍPCIO E A ASTROLOGIA O Tarot Egípcio abrange um número maior de símbolos e estes são baseados na correspondência astrológica e numérica. Para os egípcios as letras eram deuses e simbolizavam ideias, e os números eram sagrados. O simbolismo astrológico aparece porque tudo no Universo é governado por um planeta ou signo. Por isso o Tarot Egípcio está intimamente ligado aos 4 elementos da natureza, à Astrologia, à Numerologia e à Cabala. Segundo o grande historiador Heródoto, ao transmitir seu primeiro relato sobre o Egito, foram os egípcios que criaram o conceito de “ano” (o ano solar em que até hoje se baseia a Astrologia), pois o dividiram em 12 meses em homenagem aos 12 deuses principais que eles cultuavam, os quais foram posteriormente adotados pelos gregos. Assim ficou o simbolismo astrológico no tarot: a soma dos 22 arcanos maiores (associados aos 10 planetas e aos 12 signos) com os 56 arcanos menores (associados aos 36 decanatos e aos 4 elementos) totalizam as 78 cartas do tarot. A Astrologia tinha um papel muito importante no Antigo Egito, pois nessa época os astrólogos eram altamente reconhecidos e muito conceituados, pois trabalhavam nas torres dos santuários e nos templos dos deuses. Por isso, a maioria dos astrólogos era sacerdote. Foram eles que fizeram a comparação entre os planetas e as divindades. No Tarot Egípcio, o plano espiritual corresponde às influências planetárias; o plano físico às influências dos signos e o plano material ao encontro dos dois. Na base das lâminas estão contidos os símbolos dos planetas e signos. As figuras do tarot (rei, rainha, cavaleiro e escravo) são interpretadas e acordo com os temperamentos básicos do ser humano, os signos astrológicos e os elementos da natureza. Os cavaleiros representam os 4 quadrantes do Zodíaco, sendo que cada um se identifica com um signo fixo (signos rígidos em suas opiniões). Os arcanos numerados de 1 a 9 somam 36 arcanos menores (excluindo as figuras) e cada um equivale a um decanato de cada signo do Zodíaco (cada signo tem 3


decanatos). Os 4 ases representam as triplicidades ou os 4 elementos (fogo, terra, ar e água). Simbolizam a transição para um novo ciclo. Geralmente o Tarot Egípcio é jogado numa mandala astrológica devido à sua relação com os 12 signos. As cartas são posicionadas na mandala de acordo com as 12 casas astrológicas, cada uma regida por um (ou dois) planeta(s) e relacionada com um signo. Dessa forma, cada carta ganha um significado ou característica de acordo com a casa e o signo em que estão posicionados naquele momento. A partir daí é possível analisar os aspectos gerais da vida do consulente através das 12 casas ou setores astrológicos (saúde, vida amorosa, carreira, família, viagens, amizades, finanças, filhos, etc.). O escritor Bern A. Mertz diz em seu livro: “Tarot Egípcio – um caminho de iniciação”: “O próprio Jung acreditava que os 12 signos são a legítima expressão do inconsciente coletivo, representando 12 arquétipos que correspondem às realidades da vida humana. Por isso o tarot foi dividido em 12 áreas (casas astrológicas), que tem relação direta com os 12 signos”, finaliza Bern. O TAROT EGÍPCIO E A INICIAÇÃO Segundo Sérgio Geraldo Linke, presidente e professor da Associação Gnóstica de Brasília, “No Antigo Egito o Tarot era um livro sagrado, assim como a Bíblia e o Alcorão. Nele estavam contidas as leis divinas, morais e os ensinamentos iniciáticos que orientaram o esplendor da civilização egípcia, que foi a inspiração dos gregos e romanos, os quais são a base de nossa cultura atual. O Tarot Egípcio pode ser usado de duas formas: a oracular e a iniciática. A forma iniciática pode nos indicar, baseada na mitologia egípcia, por quais “provas” o consulente está passando ou vai passar e de que forma poderá se sair bem delas, ou que tipo de virtudes precisará desenvolver para obter o autoconhecimento, além de como conseguir ajuda divina para isso”, explica Sérgio. Em seu livro: “O Tarot Egípcio”, a taróloga Silvana Alasia nos relata que existem evidências de que as cartas do Tarot eram usadas por sacerdotes egípcios para fins


adivinhatórios e para rituais de iniciação. O Tarot sintetizava os princípios e conhecimentos que seriam passados adiante, pois para os antigos egípcios ele era considerado um alfabeto em que cada letra, palavra e frase simbolizavam um caminho existencial na busca da harmonia. O Tarot Egípcio contém o aprofundamento e os conhecimentos das etapas de desenvolvimento de toda uma vida. Ele indica os caminhos a serem traçados por aqueles que querem obter a iniciação e o conhecimento esotérico. É um Tarot que não se presta a “ler a sorte”, como muitos outros. Pois indica os caminhos para aqueles que, na rota da iniciação, buscam o conhecimento a partir das questões do cotidiano ou mesmo em cima de reflexões de natureza psicológica. O Tarot Egípcio retrata as concepções espirituais dos iniciados egípcios, derivadas de um passado ainda mais remoto, de Atlântida e Lemúria. Nele, a prática adivinhatória reveste-se do caráter esotérico da iniciação, cujo mistério consiste na busca do conhecimento a partir da consciência de si mesmo. Para alcançar essa consciência era preciso percorrer determinados “caminhos”, que eram os caminhos dos deuses Osíris, Ísis e Horus. Suas cartas são divididas em 3 grupos que representam esses caminhos. A base da sabedoria egípcia eram os símbolos, cujos sentidos eram revelados metodicamente a cada um, de acordo com sua classe, função que exercia e progresso no aprendizado. Primeiro eram passados os princípios universais, os arcanos maiores, que são os fundamentos que modelam o caráter e depois eram passados os princípios práticos, que são os arcanos menores. Os arcanos menores estão vinculados a determinados passos iniciáticos, como os demais, e representam melhor os elementos diferenciados através dos quais os princípios universais associados aos arcanos maiores atuam no mundo físico, razão pela qual, tendo o mesmo simbolismo e transcendência, tem menor importância doutrinária e maior aplicativa. O ocultista e escritor Oswald Wirth em seu livro “Essay upon the Astronomical Tarot” nos revela no seguinte trecho: “De acordo com Paul Christian (discípulo de Eliphas Levi) os 22 arcanos maiores do Tarot representavam pinturas hieroglíficas que foram encontradas nos espaços entre as colunas de uma galeria onde os neófitos


deveriam passar durante a iniciação. Havia 12 colunas ao norte e 12 ao sul, ou seja, 11 figuras simbólicas de cada lado. Essas figuras eram explicadas ao neófito em ordem regular, e continham as regras e os princípios da iniciação. Essa opinião é confirmada pela correspondência que há entre os arcanos quando eles são dessa forma arranjados. Na galeria do templo, as figuras eram arranjadas em pares, uma oposta à outra, de tal forma que a última era oposta à primeira; a penúltima à segunda e assim por diante. Quando as cartas são colocadas encontramos um significado interessante e profundo. Uma carta explica a outra e cada par mostra mais do que cada uma por si só”. Há ainda outros textos antigos que dizem que os 22 arcanos maiores eram grandes pinturas existentes nas paredes de uma passagem secreta que ligava a grande pirâmide à Esfinge de Gizé, onde acontecia uma parte da iniciação espiritual dos neófitos. As pinturas encontradas entre as colunas da sala dos arcanos eram consideradas uma linguagem sagrada, pois nestas pinturas cada carta tinha um número e uma letra; portanto, era um alfabeto das ciências ocultas, os princípios absolutos, as chaves universais que, se aplicadas da maneira certa, convertiam em fonte de toda sabedoria e poder. Cada letra, cada número e cada imagem expressavam uma lei ternária e tinham repercussão no mundo espiritual (divino), no intelectual e no físico. Explicava-se ao aspirante a sacerdote de Osíris que se seguisse o sentido das cartas, estas o conduziriam aos magos, e quando tudo isso acontecia havia a manifestação da vontade de Deus, manifestando a verdade e a justiça. De acordo com a crença egípcia, para se tornar um iniciado era preciso percorrer com êxito as 22 etapas (arcanos) dos caminhos dos espírito, da alma e da realidade material, correspondentes aos deuses Osíris (pai), Ísis (mãe) e Horus (filho). Esses caminhos são diferentes e complementares, e simbolizavam um intrincado complexo mitológico, que forma a base da religião egípcia da antiguidade. Ser um iniciado significava ser um sábio e os sábios estavam sempre à frente dos demais. A lenda da morte e ressurreição de Osíris é a parte mais importante da mitologia egípcia e fortaleceu a ideia da reencarnação, o que dava sentido para a vida dos egípcios.


Para conseguir reencarnar era necessário passar pelas etapas de iniciação (os 3 caminhos) e se tornar um iniciado. Dessa forma conquistava-se a vida eterna. Osíris era uma das maiores divindades egípcias. Seus caminhos são marcados pela crença, compreensão e experiências conscientes, conforme percebemos nos arcanos 1, 4, 7, 10, 13, 16 e 19. Os caminhos de Ísis, a mais importante deusa do Egito, deusa da fertilidade, do amor e da magia, eram os da divindade feminina, da mães, dos amantes e companheiros fiéis de vida, como observamos nos arcanos 2, 5, 8, 11, 14, 17 e 20. Horus, o deus com cabeça de falcão e olhos expressivos representando o Sol e a Lua, era o deus do céu e era considerado um deus real, a encarnação terrena de uma divindade, amado por Maat, a deusa da justiça. Era filho de Osíris e Ísis. Seus caminhos tratam da realidade, da consciência espiritual no presente, embora seja preciso a separação do passado e do futuro, conforme se vê nos arcanos 3, 6, 9, 12, 15, 18 e 21. Também existe uma grande relação entre o mito de Osíris e os arcanos maiores. Ao observamos com atenção, é possível identificar os deuses nas cartas cuja sequência narra com perfeição o mito de Osíris em suas diversas etapas. As cartas se dividem em dois grupos: o primeiro (arcanos 0 a 8) que mostra os deuses principais e o segundo grupo (arcanos 9 a 21), que conta a história da morte e ressurreição de Osíris. Os arcanos menores mostram os fatos cotidianos e o potencial do consulente, assim como a essência de sua experiência pessoal, o inconsciente individual. O Tarot Egípcio e o Ocultismo A teoria de que o Tarot teve origem no Egito foi levantada e defendida por muitos ocultistas e ordens iniciáticas importantes, como Eliphas Levi, Arthur Edward Waite e Aleister Crowley, que pertenciam à Golden Dawn (ordem hermética do “amanhecer dourado”), uma importante ordem iniciática fundada no século XIX. Os ocultistas defendem essa teoria baseados em detalhados e aprofundados estudos e pesquisas que realizam desde o século XVIII. A seguir temos alguns exemplos dos mais significativos ocultistas e suas teorias, segundo pesquisas de Constantino k. Riemma.


O francês Antoine Court de Gebelin (1725-1784) foi um pastor da igreja reformada, arqueólogo e ocultista, além de um apaixonado estudioso de mitologia antiga. Foi o primeiro a lanças a teoria da origem egípcia do Tarot, em seu livro: "Le Monde Primitif Analysé et Comparé Aveu Le Monde Moderne”, publicado em 1775. Em suas pesquisas ele sugeriu que o Tarot remontava as tradições místicas do Egito Antigo. Defendia a tese que o Tarot era originário do conhecimento secreto dos mistérios do Antigo Egito e que os 22 arcanos maiores estavam relacionados com os símbolos contidos no Livro de Thoth, senso que esses símbolos eram derivados das imagens iniciáticas dos sacerdotes egípcios, cujas figuras forma pintadas em duas fileiras nas paredes das galerias subterrâneas da grande pirâmide. Acreditava que os 22 arcanos maiores representavam os líderes temporais e espirituais da antiga sociedade egípcia, e que os 56 arcanos menores eram divididos em 4 naipes referentes às 4 classes da sociedade do Antigo Egito. Tanto os reis como a nobreza e os militares ostentavam a espada (naipe de espadas); a taça simbolizava os sacerdotes (naipe de copas); paus eram os símbolos da classe dos agricultores (naipe de paus) e as moedas representavam os comerciantes (naipe de ouros). Segundo Gebelin, o Tarot é um livro com as crenças mais puras do povo egípcio e suas cartas devem ser encaradas como um livro sobre religião, filosofia e sobre a história da criação do mundo. Ele também relacionou os 22 arcanos maiores com as 22 ltras hebraicas. Também demonstrou que o Tarot se baseava no número 7, sagrado para os egípcios, que sobre ele fundamentavam várias ciências. Cada naipe tem 14 cartas, que seria “2x7”. Gebelin considerava que a palavra “TAROT” era uma combinação de “TAR” (caminho, estrada) e “RO, ROS ou ROG” (rei ou real). Portanto, Tarot significa “estrada ou caminho real”, o que também provaria sua origem egípcia. A partir da publicação de seus estudos e pesquisas, começaram a surgir baralhos desenhados com motivos egípcios, mas sem nenhum compromisso com a história do jogo, embora o próprio Gebelin usasse o baralho de Tarot clássico. Ele não inventou nenhum baralho egípcio, mas sim aprofundou estudos e pesquisas sobre seus símbolos e


hieróglifos. Foi com que teve início a divulgação de textos e estudos que passaram a analisar o Tarot sob a ótica ocultista, atribuindo-lhe um sentido mais profundo e considerando-o como um meio de transmissão de conhecimentos esotéricos e espirituais, que vão muito além de seu uso como um baralho comum. ETTEILLA Jean Baptiste Alliette (1738-1791), mais conhecido como Etteilla, foi um francês que fabricava perucas e dava aulas de álgebra. Ele inverteu as letras de seu nome para torná-lo mais atraente para o exercício das práticas divinatórias. Ele se considerava um “mestre da cartomancia” e foi o primeiro homem ligado à leitura da sorte através das cartas. Foi um dos discípulos de Gebelin e dizia ser aluno do Conde de Saint Germain, um mago alquimista que teria mais de 2000 anos e o descobridor do elixir da longa vida. Etteila estava sempre atento as novidades ao seu redor, e pouco tempo depois da publicação da obra de Gebelin, ele lançou o seu “Grande Etteilla” ou “Livro de Thoth”, endossando a origem egípcia do Tarot e afirmando que o baralho original havia sido escrito em folhas de ouro num templo de Memphis. Em 1778 fundo a “Sociedade de Intérpretes do Livro de Thoth”, a primeira associação dedicada à leitura de cartas. Sua intenção era revelar “a chave dos 78 hieróglifos que estão no Livro de Thoth, obra de 17 magos, descendentes de MercúrioThot”. Ele foi o primeiro cartomante homem profissional de renome. Tinha o dom da palavra e conhecimentos gerais dos símbolos e da Cabala. Escreveu vários livros e desenhou diversos Tarots com um significado mais profundo, mudando o desenho dos arcanos e a ordem das cartas, alegando assim restaurar o verdadeiro e antigo simbolismo das cartas. Sua bem sucedida popularização sobre a origem egípcia do Tarot reverteu a favor de Gebelin, que até hoje está intimamente associado ao tema egípcio do Tarot. Etteilla era amigo de Mdlle Lenormand, a criadora do “Petit Lenormand” (baralho cigano), sua


discípula e segundo maior nome mundial da cartomancia. Ele e sua obra também influenciaram fortemente o trabalho de Papus com o Tarot. ELIPHAS LEVI Eliphas Levi Zahed é a tradução hebraica de Alphonse Louis Constant, nascido em Paris em 1810. Foi um seminarista católico e artista plástico que influenciou muitos outros estudiosos de seu tempo. Ele desenhou um Tarot com motivos da arte egípcia, mas apenas algumas dessas cartas foram divulgadas. Estabeleceu a relação dos 22 arcanos maiores com a 22 letras hebraicas e inspirou Papus e Falconier através da publicação de seu livro: “Dogma e Ritual de Alta Magia”, em 1854. Levi afirmava ter encontrado uma peça de Tarot cunhada no Antigo Egito e disse sobre ela: “Essa clavícula considerada perdida durante séculos foi por nós recuperada e temos sido capazes de abrir os sepulcros do mundo antigo, de fazer os mortos falarem, de observar os monumentos do passado em todo seu esplendor, de entender enigmas de cada esfinge e de penetrar todos os santuários. Ora a chave em questão era esta: um alfabeto hieróglifo e numérico expressando por caracteres e números uma série de ideias universais e absolutas”, finaliza Levi. PAPUS Gerard Encausie (1865-1916), mais conhecido como Papus, foi um médico e ocultista francês, fundador da “Ordem Maçônica dos Martinistas”, além de escritor e conferencista. É o autor do livro: “Tarot dos Boêmios” (1889), que até hoje em dia é muito valorizado e traduzido, inclusive no Brasil. Nessa obra estão os desenhos feitos pó Jean Gabriel Goulinat, sob sua orientação, que dão roupagens egípcias aos arcanos do Tarot. Nesse baralho é possível reconhecer as direções afirmadas por Levi e por Etteilla em relação aos arcanos maiores. As letras hebraicas também estão presentes. Trata-se de um


Tarot europeu antigo adornado com figuras de inspiração egípcia. Para Papus, a sabedoria do Antigo Egito e da Índia está sintetizadas no Tarot. FALCONIER René Falconier publicou em 1896 seu livro: “As 22 Lâminas Herméticas do Tarot Divinatório”. Segundo ele, os desenhos foram reconstituídos “de acordo com os textos sagrados e segundo a tradição dos magos do Antigo Egito”. Falconier tentou fazer um Tarot totalmente egípcio, mas ele tinha pouco conhecimento de egiptologia, e para um bom observador, é fácil notar que suas cartas dificilmente tem origem egípcia. Anos depois, em 1901, surgiram os 56 arcanos menores associados ao trabalho de Falconier-Wergener, de autoria de Edgar Valcourt-Vermont, sob o pseudônimo de “Conde de Saint Germain”, em seu livro: “Astrologia Prática: método simples para calcular horóscopos”. O que foi mais um resultado sem sucesso, considerando-se a iconografia do Antigo Egito. ALEISTER CROWLEY Edward Alexander Crowley, mais conhecido como Aleister Crowley, nasceu na Inglaterra em 1875. Foi alpinista, enxadrista, caçador e um dos maiores ocultistas de todos os tempos, mas devido aos seus excessos e opiniões bizarras, tornou-se uma figura “maldita” para a maioria. Pertenceu a ordem iniciática “Golden Dawn”, onde explorou seus dons naturais de mago e aprendeu as bases da tradição ocidental. Porém, devido ao seu grande potencial e ascensão rápida dentro da ordem, foi vítima de inveja de outros membros, o que causou sua saída da ordem. Foi nessa época que Crowley passou por uma experiência única no Egito: teve contato com uma entidade espiritual chamada Aivass, que lhe ditou um legado de conhecimento, levando-o a escrever o famoso “Livro da Lei”, que tratava das leis para


a Nova Era. Esse fato marcou profundamente sua vida, tornando-o o profeta da Nova Era. Em 1938, Crowley projetou o “Tarot de Thoth”, que foi pintado por Lady Frieda Harris, sob suas orientações. Ele foi publicado em cores apenas em 1971. O Tarot de Thoth é um baralho cheio de simbologia astrológica e cabalista, além de ser muito estilizado e exótico. Contém em seus desenhos símbolos de grandes segredos. KIER Nos séculos XIX e XX diversos tipos de Tarots egípcios foram produzidos e passaram a ser mais sofisticados em seus elementos egípcios, provavelmente devido às descobertas e publicações científicas sobre os hieróglifos e a religião egípcia. O Tarot egípcio Kier tem esse nome por ter sido publicado pela Editorial Kier, da Argentina. Foi publicado pela primeira vez em 1955, em preto e branco, e posteriormente em 1971 na versão colorida. Ele tem uma vasta combinação de símbolos mitológicos e culturais egípcios, incluindo símbolos astrológicos, cabalistas e do alfabeto alquímico dos magos. CURIOSIDADES DO JOGO DE TAROT Você sabia que... O tarot não foi sempre confeccionado em pequenos pedaços de cartão. Antigamente ele era impresso em tábuas de madeira e era reservado para os feirantes, pois na época medieval era comum os ciganos e bruxos preverem o futuro em feiras e romarias. Após algum tempo, quando a novidade chegou aos ouvidos da realeza, muitas famílias reais ainda não cristãs mandaram fabricar um baralho de tarot personalizado. Era um costume comum e como em tábua era algo pouco estético ou "rico", começou a ser


produzido em pequenos pedaços de cartão ornamentados com ouro e pintados nas mais caras aquarelas. Segundo o tarólogo e escritor Giancarlo Kind Schimid, no século XIV o tarot era usado de forma lúdica pelos nobres e se transformou em uma febre nos séculos XV, XVI e XVII, espalhando-se pela Itália, Espanha e França, seus principais fabricantes na época. O custo de fabricação de um baralho de tarot era muito alto pois tudo era feito manualmente, sendo até mesmo folheado a ouro, sem os recursos da imprensa moderna. Devido a isso, cada baralho ficava restrito à elite, e inclusive era usado como forma de pagamento de tributos, como presente real ou para diversão e entretenimento da nobreza. Liliane Mattoso, terapeuta holística e pesquisadora, nos conta que o baralho de tarot mais popular foi o de Marselha, usado a partir da Idade Média como forma de distração da corte francesa. Pesquisas mostram que o baralho de cartas comuns usado atualmente como jogo de azar e distração é proveniente deste tarot, embora especule-se que a origem do mesmo venha do jogo de xadrez. Obviamente existe nesse uso uma forma de "mascarar" seu real conteúdo, pois na Idade Média a leitura de oráculos divinatórios era tida como algo demoníaco, indo contra as leis da Igreja Católica. E foi através desse oráculo e de alguns artifícios que os "pagãos" mantiveram as tradições escondidas dos "não iniciados". O uso do tarot para adivinhação vem sendo debatido há muito tempo. No início o tarot não era visto como um jogo de adivinhação , pois não constam registros de seu conteúdo como oráculo nos séculos XIV, XV E XVI. Essa função só surgiu tempos depois, principalmente através das mulheres, que usavam muito o conteúdo divinatório. Antes disso, era muito usado como jogo lúdico (semelhante ao Bridget) pelos nobres, popularizando-se entre o público depois em todos os seus formatos. Bem no começo de sua história, as cartas de tarot chegaram às mãos dos ciganos, quando eles chegaram à Espanha vindos do norte da África. Popularmente, eles usavam o tarot para ganhar dinheiro, lendo a sorte em tendas e carroções nas feiras e festivais, motivo esse que levou muitas pessoas a acreditarem que os ciganos haviam inventado o tarot, o que atualmente as pesquisas mostraram que não é verdade.


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