2009-08-Agosto-2009

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Comissão volta ao MEC para discutir o caso Iesde/Vizivali

Distribuição gratuita

impresso

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MEC estuda projeto sobre matrícula aos 5 anos

Jornal Mensal de Educação

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Jovem carente fará mestrado na Europa

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N.º 73 Agosto de 2009

É HORA DE REPOR AULAS Depois de praticamente duas semanas sem aulas, suspensas em razão da gripe A (H1N1), as escolas

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públicas e privadas do Paraná começam a discutir o calendário de reposição dos cerca de 10 dias que os alunos ficaram sem atividades. E não há uma receita

Nossos Colunistas

única que valha para todas. Algumas irão acrescentar uma aula a mais por dia, outras usarão o sábado e ainda

Jacir J. Venturi

há a possibilidade de estender as aulas até bem próximo

O ensino médio pede socorro

do Natal. O Conselho Estadual de Educação diz que há

Pág. 5

Teo Pereira Neto

Turnover: Doença ou oxigenação? Pág. 6

Esther Cristina Pereira

As raízes das crianças Pág. 10

José Leopoldo Vieira

Na educação e na vida: tudo está bem quando começa bem Pág. 12

formas legais, sem desrespeitar a LDB, de cumprir com a exigência dos 200 dias letivos e das 800 horas. Página 9.



Graduação

Jornal Nota 10 | agosto 2009

Comissão volta ao MEC para discutir Vizivali A comissão criada na Assembleia Legislativa do Paraná para encontrar uma solução para o Caso Vizivali pretende ir novamente a Brasília neste mês de agosto. A intenção é ter uma audiência com o ministro da Educação, Fernando Haddad, e cobrar um posicionamento oficial sobre a situação. O problema atinge mais de 35 mil professores em todo o estado que, mesmo após concluírem os estudos de graduação, tiveram o direito ao re-

gistro do diploma negado por órgãos ligados ao MEC, que alegam irregularidades nas matrículas. No último dia 4 o partido Democratas (DEM) protocolou no Supremo Tribunal Federal (STF) um pedido de defesa da lei estadual n.º 16.109/ 09, aprovada pela Assembleia Legislativa. A lei determina que a Universidade Estadual do Centro Oeste (Unicentro) e a Universidade de Ponta Grossa (UEPG) validem os registros dos diplomas expedidos

pela Faculdade Vizinhança Vale do Iguaçu (Vizivali). Ainda não há um prazo específico para que o STF analise a Ação Direta de Inconstitucionalidade (Adi 4257) que o governador Roberto Requião, ajuizou no órgão no mês passado contra dispositivos da lei aprovada pela Assembleia. Para o governador, a lei é inconstitucional porque afronta o espaço de competências institucionais do Ministério da Educação e o princípio da autonomia das universidades.

Nelson Jr/SCO/STF

Intenção do grupo é marcar nova audiência com o ministro da Educação Fernando Haddad

Integrantes da Comissão querem que Supremo Federal faça justiça.

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Educação Infantil

Jornal Nota 10 | agosto 2009

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MEC quer rever matrícula aos 5 anos Para ministério ingresso ocorreria quando aluno tivesse 6 anos completos no início do ano letivo A lei estadual aprovada no início deste ano no Paraná, que determinou que crianças com 5 anos de idade ingressem no 1.º ano do ensino fundamental, pode estar com os dias contados. O Ministério da Educação (MEC) elabora projeto de lei para unificar a idade de ingresso das crianças nesse nível de ensino. A proposta é tentar reverter decisões isoladas, como as do Paraná, que permite a matrícula em uma idade inferior com base em uma lei estadual. O estado do Rio de Janeiro

também permite o acesso com 5 anos de idade. Até a aprovação da lei, ocorrida em fevereiro passado, o Conselho Estadual de Educação (CEE-PR) trabalhava com uma data de corte, que era 1.º de março. As crianças que fizessem 6 anos até este dia poderiam ir para o primeiro ano. As que fizessem aniversário depois deveriam ficar na educação infantil. O CEE-PR só aceitou o ingresso aos 5 anos de idade depois que o Ministério Público do Paraná emitiu parecer esta-

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belecendo que todas as crianças que completassem 6 anos ao longo do próximo ano letivo poderiam ser matriculadas no 1.º ano e também em razão da nova lei, de autoria do deputado Luiz Carlos Romanelli (PMDB). Em reportagem ao Nota 10 na época, o presidente do órgão, professor Romeu Gomes de Miranda, disse que “não interessa a este Conselho estabelecer uma guerra e interpretações, gerando confusão no Sistema”. Para o presidente, ele estaria convencido de que a Lei

maior – LDB - e outros dispositivos legais dão amplo amparo ao órgão para que continuasse exigindo que o ingresso das crianças no ensino fundamental deveria ser somente para aquelas que completassem 6 anos até o início do ano letivo. O Conselho vinha enfrentando uma série de críticas, do próprio Ministério Público que tem um entendimento diferente sobre a matrícula de crianças com 5 anos – a completar 6 durante o ano letivo de 2009 – no 1.º ano do ensino fundamental.

Data de corte Com a expansão do ensino fundamental de 8 para 9 anos, o Conselho Nacional de Educação indica os 6 anos completos como idade de início nessa etapa, começo da vida escolar obrigatória. Antes disso, para o MEC, a matrícula pode causar prejuízos no amadurecimento e no aprendizado. Entre os estados que contrariam a norma nacional estão o Paraná e o Rio de Janeiro, que aprovaram leis estaduais.


Palavra do Especialista

Educação & Ensino

O ensino médio pede socorro No espectro das mazelas da educação brasileira, o Ensino Médio apresenta estatísticas angustiantes: dos 10,5 milhões de jovens na faixa etária de 15 a 17 anos, apenas 47,7% mantêm adequada a relação idade/série e 1,9 milhão desses jovens abandonam a escola em cada período letivo. Ano a ano, estamos enxugando mais gelo. Em 2007, o índice de reprovação atingiu 12,7% - o dobro do percentual de dez anos atrás. A professora Nora Krawczyk, da Unicamp, com fulcro nos dados do IBGE, declara que o acesso ao Ensino Médio é profundamente desigual, pois, dos 15 aos 17 anos, entre os 20% mais pobres, apenas 24,9% estavam matriculados, enquanto entre os 20% mais ricos o percentual sobe para 76,3% (Folha de S. Paulo, 3/7/09). Aproximadamente 80% dos jo-

vens chilenos concluem a Educação Básica. A escolaridade média da população daquele país andino é de 9,2 anos (6,1 anos no Brasil). Desde 2003, uma reforma constitucional determinou que a criança e o adolescente tenham um mínimo obrigatório de 12 anos de estudo. No Brasil, esse mínimo é de 9 anos. Em qualquer ranking comparativo com outros países, sempre pontuamos entre os últimos no quesito desempenho escolar. Para reverter esse quadro, o primeiro passo – e único que não exige dispêndios financeiros – é reduzir o conteúdo da atual grade curricular do Ensino Médio. O colégio deve ser mais atraente, ou, de acordo com a pesquisa, o principal motivo de abandono e reprovação é que a “escola é chata”. É a hora e a vez de um bom

discernimento para enxugar o programa do Ensino Médio. O nosso Ensino Médio necessita de uma assepsia, cujos vermes são os excessos da grade curricular. Essa posição pode ser corroborada com o relato da revista Veja: O prêmio Nobel de Física, Richard Feyman (1918-1988), visitou o Brasil para investigar o nível de conhecimento dos alunos às vésperas do vestibular. Em livro, Feyman relatou que, entre estudantes do mundo inteiro, os brasileiros eram os que mais estudavam Física no Ensino Médio – e os que menos aprendiam a matéria. Que não pairem dúvidas, porém, quanto à obrigação primeira da escola: ministrar um bom ensino curricular, preparando o aluno para os concursos e a vida profissional. Reduzir o programa em 20% a 30% não implica em abaixamen-

JACIR

Jacir J. Venturi Diretor de escola. Foi professor do ensino fundamental, médio, pré-vestibular, da UFPR e da PUCPR. Contato: jacirventuri@geometria analitica.com.br

to no nível de aprendizagem, pois constituem penduricalhos desnecessários. Uma vez implementada a redução e um melhor detalhamento dos conteúdos há espaço e tempo para o início de um ciclo virtuoso. Exemplos? Oficinas (parte delas optativas) de Artes, Filosofia, Sociologia, leituras, educação ambiental e financeira, informática, valores, cidadania, etc. A atual geração dos jovens valoriza o lúdico, a multimídia, as práticas experimentais, a vivência dos fenômenos naturais e humanos, o diálogo entre as diversas disciplinas. Isto posto, estaremos mais próximos das palavras simples e plenamente inteligíveis do epistemologista suíço Jean Piaget: “Só se aprende o que tem sentido, o que é prazeroso”.


Palavra do Especialista

Mundo Corporativo

Turnover: Doença ou oxigenação? Turnover é um termo de origem inglesa para o movimento de entradas e saídas [admissões e desligamentos] numa organização. É natural este movimento: desempenho insatisfatório; oportunidades profissionais lá fora; funções com novos desafios; queda da receita; aperto financeiro etc. E como diz o sociólogo Domenico De Masi, contratação inadequada: você seleciona gente “quadrada” e quer que elas passem, de repente, a serem “redondas”. A cada desligamento a empresa arca com custos da rescisão trabalhista e eventuais despesas com ações na esfera legal. A reposição exige recrutamento, seleção, treinamento e adaptação. Com turnover elevado, aumenta o risco da migração de informações confidenciais e estratégicas, perda temporária de produtividade e a explosão do custo

invisível, como a insegurança provocada no capital humano e o inevitável boca-a-boca negativo. Mais importante que a alta rotatividade, dirão alguns, é saber lidar com os desligamentos. Se demissões são inevitáveis, o mínimo a fazer é tratar os demitidos com respeito, dignidade e transparência, assegurando os direitos trabalhistas e estendendo benefícios por um período maior. Não é crível, contudo, que haja defensores de turnover elevado. Alta rotatividade é doença [grave] e não deve ser subestimada. Se você é gestor, fique de olho nos índices de turnover, monitore as entrevistas de desligamento e as pesquisas de clima organizacional. E se você faz parte da alta cúpula diretiva, evite dar muita autonomia aos gestores em relação a demissões. Ocupantes de cargos de su-

pervisão, coordenação e gerência, por exemplo, são patrimônio e principal ativo da organização. Não podem ficar à mercê e ao arbítrio de chefias medíocres, inseguras e irresponsáveis. Há quem alegue que as trocas são saudáveis, oxigenam e revitalizam com novas ideias e alto astral das pessoas que estão chegando. A organização precisa se antenar com estes tempos de mudanças e a chegada de outros profissionais é uma das estratégias para se manter viva e competitiva. Mas não se iluda com o desempenho inicial do pessoal entrante que, claro, tem um período de lua-demel. Há empresas em que a rotatividade é tão alta que os funcionários estão sempre em lua-demel, dando a falsa impressão que as substituições agregaram valor! É possível ampliar a oxigenação

sem alterar o turnover: treinamento e desenvolvimento profissional; política transparente de promoções e oportunidades profissionais etc. Se não for possível a mobilidade vertical, utilize o mecanismo horizontal [transferência para cargos similares em outras áreas]. Pessoas motivadas, mesmo com tempo “de casa”, certamente manterão elevada a oxigenação. Se os desligamentos forem inevitáveis, aja com critério. Não dê motivos para que prospere a certeza da máxima corporativa: “Muda-se embaixo para não mexer nos de cima, ou seja, nada muda”. Ou a desfaçatez do personagem Tancredi, sobrinho do príncipe de Salina, no livro O Leopardo, de Giuseppe di Lampedusa: “Se queremos que tudo permaneça como está, é preciso que tudo mude”.

Bolsas

Projeto

Capacitação

Merenda

Fórum

O Diário Oficial da União publicou no dia 24 de julho edital da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) que define as normas de distribuição de 30 bolsas no valor mensal de R$ 3,3 mil, com o objetivo de aprimorar as ações de capacitação em áreas consideradas prioritárias no âmbito da pesquisa em saúde. As bolsas têm prazo de execução de cinco anos e são resultado de uma parceria entre os ministérios da Educação e da Saúde. Além delas, serão feitos repasses de recursos, como auxílio ao preceptor, no valor máximo de R$ 100 mil no primeiro ano e de R$ 50 mil para cada um dos quatro anos seguintes. A previsão é que sejam lançados editais anuais até 2013, totalizando R$ 75 milhões. As propostas poderão ser enviadas até dia 9 de setembro.

O projeto básico para orientar a construção, ampliação e reforma de escolas das redes públicas estaduais de ensino médio integradas à educação profissional e tecnológica foi publicado no dia 21 de julho, pelo Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE). A medida faz parte das ações do programa Brasil Profissionalizado, que repassa recursos do governo federal para a modernização e expansão das escolas técnicas. O projeto prevê que cada nova escola tenha 12 salas , oito laboratórios, auditório, biblioteca e quadra poliesportiva coberta. A dimensão do terreno indicada é de 12 mil m2 e a previsão do custo médio da obra é de R$ 6 milhões. O projeto foi elaborado pelo FNDE em parceria com a Secretaria de Educação Profissional e Tecnológica do MEC).

As instituições da Rede Federal de Educação Profissional, Científica e Tecnológica têm mais uma opção para qualificar o quadro de professores e de técnicos. O Programa de Apoio à Realização de Cursos de Pós-Graduação Stricto Sensu Interinstitucional permitirá a capacitação dos profissionais em uma ação integrada com universidades públicas. As Instituições de Ensino Superior (IES) participarão como promotoras dos cursos de mestrado ou doutorado. As atividades serão desenvolvidas pelas universidades nos campi dos institutos federais de educação, ciência e tecnologia, que entram com a infraestrutura de ensino e pesquisa. A Secretaria de Educação Profissional e Tecnológica (Setec) pode dispor de até R$ 7,2 milhões para a capacitação dos professores.

Está proibido o uso de recursos do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE) para a compra de refrigerantes, refrescos artificiais e outras bebidas com baixo teor nutricional para a merenda escolar. Já para enlatados, doces e alimentos com quantidade elevada de sódio, a aquisição fica restrita a 30% dos valores. Estados e municípios terão até janeiro de 2010 para adaptar seus processos licitatórios a essas exigências, previstas na Resolução n.º 38, que regulamenta a Lei n.º 11.947. O documento ressalta a importância da adoção de estratégias de educação alimentar e nutricional para assegurar uma comida saudável. Entre elas, estão a implantação e manutenção de hortas, a inserção do tema alimentação no currículo e a realização de oficinas culinárias experimentais.

Em novembro, Brasília será sede do Fórum Mundial de Educação Profissional e Tecnológica. Especialistas da Espanha, Itália, França, Uruguai, Argentina, Canadá, Cabo Verde e de outros países já confirmaram sua participação no evento, que acontece no Centro de Convenções Ulysses Guimarães, de 23 a 27. É a primeira vez que o Brasil é sede de um fórum com esta temática. A cada dia, há novas confirmações no evento. É o caso do brasileiro Miguel Nicolelis, médico considerado um dos 20 maiores cientistas da atualidade, segundo a revista americana Scientific American. Nicolelis estuda alternativas para integrar o cérebro humano a máquinas. A intenção do pesquisador é desenvolver próteses para a reabilitação de pacientes com paralisia.

JACIR

Teo Pereira Neto Diretor de Comunicação do Instituto Opet Educação e Cidadania. Contatos: teodoro@opet.com.br (41) 3021-4848

Geral


História

Jornal Nota 10 | agosto 2009

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Apade comemora 30 anos no dia 20 Entidade atua na defesa dos direitos de professores e diretores de escolas da rede estadual A Associação Paranaense de Administradores Escolares (Apade) comemora, no dia 20 deste mês de agosto, 30 anos. Para comemorar a data, que será festejada até o final do ano, a entidade programou uma série de atividades. De acordo com o presidente Izaías Ogliari, a Apade atua na defesa dos direitos de professores e diretores, principalmente quanto aos enquadramentos dos aposentados nos níveis superiores e adicionais por tempo de serviço. A comunicação com os associados se dá pelo site e também por boletins, enviados aos associados aposentados e aos diretores de escolas. Essa

comunicação é importante, segundo o presidente, para manter informados todos os que fazem parte da entidade sobre seus direitos. Uma das marcas da atual gestão é o processo de interiozação. “A intenção é fortalecer, agrupar, conscientizar e designar representantes municipais, capacitando-os para propiciar benefícios aos sócios”, explica. O primeiro encontro foi realizado em 23 de junho, em Campo Mourão, com participação de municípios circunvizinhos, quando foi lançada a Cartilha da Apade “com propostas novas e desafiadoras”. O presidente explica que o documento des-

taca a preocupação da entidade com o provento dos professores. Novos encontros, nos mesmos moldes do anterior, estão programados para Londrina e Maringá. Para comemorar os 30 anos, a Apade fará um jantar, no próximo dia 29, com vagas limitadas e por adesão. Nas subsedes do interior também estão previstas atividades alusivas ao aniversário. “No decorrer do ano outros eventos serão desenvolvidos e peço que todos acompanhem nossos boletins e o site, pois nosso compromisso é em prol da valorização da carreira do magistério”, acentua. O site da Apade é o www.apade.com.br

Exames supletivos no Japão Os ministérios da Educação e das Relações Exteriores, em parceria com a Secretaria Estadual de Educação do Paraná, realizam este ano a 11.ª edição dos exames supletivos no Japão e a 5.ª edição na Suíça. As inscrições podem ser feitas até dia 31 de agosto somente pela internet. As provas do ensino fundamental serão dia 24 de outubro e do ensino médio, 25 de outubro. Podem fazer o Exame Nacional para Certificação de Competências de Jovens e Adultos (Encceja), o antigo supletivo, nas etapas de ensino fundamental e médio, brasileiros residentes ou com trabalho temporário no Japão e na Suíça. Para o ensino fundamental, a idade mínima é 15 anos completos até o dia da prova, e para o ensino médio, 18 anos. As provas serão em língua portuguesa. Para o ensino fundamental, o estudante vai responder testes em quatro áreas: matemática; língua portuguesa, língua estrangeira moderna, artes, educação física e redação; ciências naturais; e história e geografia. No ensino médio, os conteúdos estão divididos em linguagens, códigos e suas tecnologias e redação (compreen-

de língua portuguesa, língua estrangeira moderna, artes e educação física); matemática e suas tecnologias; ciências humanas e suas tecnologias (história, geografia, filosofia e sociologia); ciências da natureza e suas tecnologias (química, física e biologia).<br /> As provas são elaboradas pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) e aplicadas pela secretaria de educação do Paraná, instituição que certifica os estudantes. As inscrições devem ser feitas pela internet na página eletrônica da secretaria de educação do Paraná (http:// celepar7.pr.gov.br/exame). Nesta página, o estudante também encontra os horários das provas, a descrição dos conteúdos e endereços dos consulados, onde computadores com acesso à internet estarão disponíveis para a inscrição. No Japão, as provas serão aplicadas nas províncias de Gunma (Oizumi), Aichi (Nagoia) e Sizuoka (Hamamatsu); e na Suíça, em Zurique. O Japão tem a terceira maior comunidade brasileira no exterior, depois dos Estados Unidos e do Paraguai. O país reúne cerca de 240 mil brasileiros.

Izaías Ogliari quer a interiorização como sua marca na Apade.

SESu autoriza contratação de 30 professores para a Unila A Secretaria de Educação Superior (SESu) do Ministério da Educação (MEC) autorizou a contratação imediata e temporária da primeira equipe docente da Universidade Federal da Integração Latino-Americana (Unila). O processo de seleção irá contratar 30 professores visitantes — 20 brasileiros e 10 dos demais países da América Latina. O contrato será por prazo determinado, de seis meses a um ano. No dia 5 a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara dos Deputados aprovou o relatório do deputado federal Dr. Rosinha (PT-PR), favorável ao projeto de criação da Unila. Como tramita em caráter conclusivo, a matéria segue diretamente para o Senado e, na sequência, à sanção do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, caso não haja alterações. Helgio Trindade, coordenador da comissão de implantação da nova universidade, diz que a opção da contratação temporária foi escolhida porque a realização de concurso público só poderá ser feita após a aprovação definitiva do projeto. “Os professores

visitantes vão contribuir para o planejamento dos cursos de graduação e pósgraduação de 2010, além de trabalhar em conjunto com as cátedras, se envolvendo no primeiro ciclo de estudos da Unila”, explica. Há vagas para professor visitante em 22 diferentes áreas de atuação. Os candidatos devem ser doutores nas respectivas áreas. Os brasileiros ainda precisam ser aposentados de instituições federais de ensino superior ou de instituições públicas não federais. Os estrangeiros podem ou não estar ativos em suas instituições. A seleção ocorrerá por meio de avaliação curricular e será concluída até o fim de agosto. Os interessados devem enviar seus currículos para o e-mail unila@ufpr.br. O projeto de lei, de número 2.878/ 08, prevê a contratação de 250 professores efetivos, 250 professores visitantes e 206 servidores técnicos e administrativos (67 de nível superior e 139 intermediário). As aulas dos cursos de graduação começam em março do próximo ano.


Ensino Superior

Jornal Nota 10 | agosto 2009

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Jovem carente fará mestrado na Europa Apoio integral de um programa social privado mudou a realidade de um estudante O administrador de empresas curitibano Diego Bergamini, de 24 anos, acaba de dar mais um passo importante na carreira, graças a um programa socioeducacional criado por uma empresa privada, no qual foi selecionado há 15 anos. Na época, Diego e a mãe sobreviviam com uma renda mensal de apenas R$ 300. Foi em 1994 que o menino teve sua grande chance de romper o bloqueio social quando se destacou pelo de-

sempenho em uma escola da rede municipal de ensino de Curitiba e acabou sendo escolhido para receber benefícios do Programa Bom Aluno, criado pela empresa BS Colway Pneus através do Instituto Bom Aluno do Brasil (IBAB). Hoje, ele é coordenador de trade marketing da indústria alimentícia multinacional Kraft Foods, em São Paulo, responsável pelo atendimento do Wal Mart, a maior rede de supermercados do mundo. Agora,

Programa foi criado em 1993 O Programa Bom Aluno, é um dos programas assistenciais do IBAB e foi criado em 1993, em Curitiba (PR), para proporcionar educação de qualidade a crianças e jovens carentes que tenham bom desempenho nas redes públicas de ensino. Atualmen-

te o programa tem 217 alunos. Segundo o diretor do programa, Ozil Pedro Coelho Neto, 107 estão cursando universidades no momento e 118 já entraram no mercado de trabalho depois de concluir o ensino superior. Este ano outros 33 vão prestar vestibular.

ele surpreendeu novamente pelo desempenho. Diego conseguiu uma bolsa de estudo para fazer mestrado em Marketing Management em uma das melhores universidades do mundo na área, a Università Commerciale Luigi Bocconi, em Milão, na Itália. A partir de setembro, o curitibano começa uma jornada de dois anos no exterior, recebendo instruções em inglês, idioma que aprendeu graças ao programa social. “Seria impossível ter acesso a atividades extracurriculares com a condição de vida que a minha família tinha”, disse Diego. Na quinta série, Diego ingressou no Bom Aluno. “Tenho saudade daqueles tempos. Impossível esquecer o “piá ranhento” fazendo testes de raciocínio lógico e entrevistas. Eu estava ali, magrelo, sem entender o porquê das coisas. Mais tarde os meus

Diego recebeu auxílio e em setembro iniciará o mestrado no exterior.

companheiros do Bom Aluno viraram alguns de meus melhores amigos”, relembrou. Até a oitava série Diego permaneceu em escolas públicas, mas recebendo apoio do programa social que lhe oferecia transporte, material escolar, uniformes, aulas extraclasse de matemática, inglês e português, além de um curso preparatório para o ensino médio técnico.

Depois que passou para o ensino médio, o aluno recebeu apoio integral com escola particular, preparação para o vestibular, aulas de redação, inglês e acompanhamento pedagógico. O resultado não poderia ser diferente: Diego passou na Universidade Federal do Paraná e ingressou no curso de Administração Internacional de Negócios. No dia 14 de setembro Diego inicia as aulas em Milão.

Boia-fria vira professora de jovens e adultos Maria de Jesus Ferreira, 41 anos, de Paranapoema, no Noroeste do Paraná, virou professora de jovens, adultos e idosos. Nada de mais se ela não fosse semianalfabeta até há alguns anos, quando traba-

Fia ajuda quem não sabe ler.

lhava como boia-fria. A vida de “Fia”, como é chamada carinhosamente, nunca foi fácil. Desde muito nova acompanhava seus pais no trabalho do campo. Depois, em uma usina de cana-deaçúcar, onde ficou até o início deste ano. Agora está afastada para tratamento médico, devido ao trabalho nos canaviais. Mãe de quatro filhos e avó de dois netos, Fia conta que só teve a oportunidade de estudar até a 6.ª série, quando criança. “Sempre tive o sonho de poder ensinar os outros e foi pensando assim que, depois que casei, ainda com meus filhos pequenos, trabalhava na roça, cuidava da casa, das crianças e à noite ia para a escola.”

Por já estar fora da idade habitual de frequentar uma sala de aula no ensino fundamental, ela foi atrás de um curso supletivo. Na época, não havia nenhum na sua região. Então, ela ia às aulas em Itaguajé, distante cerca de 15 quilômetros. “Muitas vezes dependia de carona para ir estudar. Batalhei muito, consegui terminar os ensinos fundamental e médio.” Depois de certo tempo, surgiu a oportunidade de cursar faculdade. Com ajuda de algumas pessoas da comunidade ela fez a inscrição no vestibular e foi aprovada. Hoje, cursa o último ano de complementação de Pedagogia, na modalidade de ensino a distância semipresencial, pela Universidade Estadual

de Maringá (UEM). O Paraná Alfabetizado, programa de erradicação do analfabetismo, mantido pelo governo do estado, entrou em sua vida como mais um incentivo. Fia já lecionava voluntariamente para jovens e adultos na comunidade e aproveitou a oportunidade para participar do programa. “Mesmo na usina, cortando cana, eu ía para a faculdade e depois dar aula”, conta. Hoje, ela tem uma turma de 15 alunos de várias faixas etárias e duas vezes por semana assiste às aulas de Pedagogia. Para Fia, a sua batalha e a sua força de vontade se resumem na frase “a educação sozinha não transforma a sociedade, sem ela tão pouco a sociedade muda”, de Paulo

Freire. “Sem dúvida, nós, como educadores, temos essa força para modificar e transformar a sociedade”. Fia tem muitos exemplos de pessoas dedicadas, histórias de alunos entre 30 e 90 anos que aprenderam a ler e escrever no programa. “Eram pessoas que não sabiam nada. Para eles, um livro não passava de folhas em branco. Hoje, alguns já estão terminando o ensino médio”, conta emocionada. A professora Fia vai até a casa de alguns alunos, quando, por algum motivo, não podem ir à escola. “Quando a pessoa não consegue ir até o colégio eu vou até a casa dela. Para mim, o importante é ela estar aprendendo e se sentindo útil e feliz.”


Ensino

Jornal Nota 10 | agosto 2009

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Escolas estudam calendários para repor aulas suspensas tt Formas utilizadas uuupoderão variar entre instituições As escolas públicas e particulares do Paraná deverão adotar calendários alternativos de reposição de aulas para os cerca de 10 dias letivos que não foram ministrados devido à suspensão das atividades por causa da gripe A (H1N1). A Lei de Diretrizes e Bases (LDB) prevê 200 dias letivos ou 800 horas durante o ano. As instituições de ensino trabalham com três possibilidades, inicialmente: acrescentar uma aula a mais por dia letivo, ofertar aulas aos sábados ou estender as atividades até bem próximo do Natal. Todas essas possibilidades, no entanto, não agradam a todos os pais e alunos. A LDB prevê, em seu artigo 24, que os ensinos fundamental e médio devem ser ministrados em 200 dias letivos, distribuídos em 800 horas aula. Uma saída poderia ser não levar a ferro e fogo a ques-

tão dos dias letivos, mas cumprir integralmente as 800 horas com atividades extras que proporcionem isso. “Vamos procurar buscar uma solução para que as escolas particulares possam oferecer a seus alunos atividades para chegarmos a esse total de horas e cumprir a LDB”, explica o presidente do Sindicato das Escolas Particulares (Sinepe), Ademar Batista Pereira. Segundo ele, cada escola tem autonomia para encontrar o melhor calendário de reposição e essa definição deve ocorrer nos próximos dias em cada instituição. Em São Paulo o entendimento do Conselho Estadual de Educação é o de que as escolas não precisarão cumprir os 200 dias letivos. O ministro Fernando Haddad não gostou da decisão e disse que o Conselho Nacional de Educação (CNE) precisaria ser ouvi-

do neste caso. Em nota oficial divulgada no dia 11 de agosto, a Secretaria Estadual da Educação de São Paulo informa que as escolas da rede estadual terão de cumprir os 200 dias letivos anuais. A Secretaria deixou a critério de cada unidade a adequação do calendário após a prorrogação de 15 dias das férias escolares, mas desde que seja cumprida a obrigatoriedade do total de dias letivos, conforme determina a LDB. O diretor do Colégio Spei, Valdir Bolívar Martins, explica que um calendário de reposição está sendo montado e inclui as alternativas de ter aulas aos sábados, acrescentar uma aula a mais por dia ou ainda estender a continuidade das atividades por cerca de 10 dias. “Tudo vai depender de quantos dias ao certo teremos para repor”, disse.

Para CEE-PR, há condições legais para reposição O presidente do Conselho Estadual de Educação (CEEPR), professor Romeu Gomes de Miranda, disse ao Nota 10 que não vê problemas para a reposição das aulas não dadas no período de suspensão. Ele diz haver condições legais para isso, sem necessariamente recorrer ao extremismo dos 200 dias letivos. “A LDB, no artigo 12, incisos III e VI, permite isso”, explica. Segundo ele, a LDB prevê, nesses itens, que escolas

e famílias encontrem a melhor forma para proceder o processo de recuperação das aulas. “Temos que aliar dias e conteúdo. Que adianta o aluno estar 200 dias na escola e ter pouco conteúdo”, ressalta. O presidente adianta que, em particular, esse é seu posicionamento e não reflete o pensamento dos demais conselheiros. “Mas não podemos ser dogmáticos e positivistas com relação aos 200 dias. Nem fazermos coisas

como fez São Paulo, ao arrepio da lei”. Miranda dá um exemplo de como as escolas e as famílias podem encontrar formas diversificadas para recuperar o tempo perdido. “Os estudantes irão voltar para as escolas, mas a gripe não passou. Ela ainda está aí. Então as escolas podem encontrar maneiras, em atividades extras, de orientar os alunos, explicando sobre cuidados de higiene, tão importantes neste momento”.

Rede estadual volta dia 17 A Superintendente da Secretaria de Estado da Educação, professora Alayde Digiovanni, informou ao Nota 10 que nos próximos dias deve ser marcada uma reunião com entidades envolvidas com a reposição das aulas para definição de uma calendário. Uma delas é a Undime-PR, que reúne os secretários municipais de educação dos 399 municípios do estado, principalmente por causa do transporte escolar do estudantes. “Não adianta nada a rede estadual voltar se os municípios decidirem o contrário e não mandarem os alunos para as escolas”. O presidente da Undime-PR, Cláudio Aparecido da Silva, não foi localizado até o fechamento desta edição para comentar o assunto.

Na rede municipal de Curitiba ainda não há uma definição quanto à reposição. Segundo a assessoria de imprensa da prefeitura, isso será definido nos próximos dias, pois a prioridade agora é orientar os professores quanto aos cuidados com a gripe, para repassar esses dados aos alunos, caso as aulas voltem no dia 17. Curitiba possui 175 escolas, 168 Centros Municipais de Educação Infantil (Cmeis), oito Centros Municipais de Atendimento Especializado e 46 Unidades de Educação Integral. Na rede particular a decisão sobre a volta no dia 17 ocorrerá neste dia 13, em uma reunião no Colégio Sagrado Coração de Jesus, em Curitiba.


Palavra do Especialista

Educação Infantil

As raízes das crianças

Esther Cristina Pereira Psicopedagoga e diretora da Escola Atuação. Contatos: cris@escolaatuacao.com.br (41) 3274-6262

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Quando iniciamos o processo escolar de uma criança, temos dentro da escola toda uma preocupação com sua vida, seu comportamento, seu resultado, sua maneira de ser, o seu eu a ser explorado. Muitas vezes, não percebemos que esta criança tem uma história que traz consigo desde a sua gestação. Escrevendo isso, me vem uma ideia que li na revista Veja, em uma de suas edições do mês de julho. “Quando vemos uma árvore cujas folhas estão machucadas e cujos galhos estão doentes, não basta dizer: vamos limpar os galhos e as folhas, é

preciso lembrar que essa árvore tem raízes, ainda que não possamos vê-las”.

Muitas vezes, não percebemos que esta criança tem uma história que traz consigo desde a sua gestação. E pensando nesta frase, redimensionando-a à realidade da escola, percebemos que as raízes

da criança são pouco averiguadas e avaliadas quando pensamos nela como aluno, como processo ensino-aprendizagem. É na raiz deste aluno que facilmente averiguaríamos os percalços do estudante/ser humano/ criança que apresentam disgrafia, dislexia, a não paixão pelo aprender e até mesmo os processos indisciplinares sérios que ocorrem no cotidiano escolar. É na raiz desta criança que certamente encontraremos as justificativas de suas tristezas, de seus olhares desconfiados, da falta de motivação para o aprender, feito galhos e folhas doentes e machucadas.

É na raiz que devemos pesquisar problemas que a criança possa apresentar, mas é nestas raízes que certamente também encontraremos toda a sua boa educação, suas atitudes positivas com relação à vida, a sua conduta positiva em relação ao mundo e sua alegria de viver o dia a dia. E a raiz desta criança é a sua família. É a família que estrutura esta criança, enche de proteínas esta raiz, fazendo a mesma se tornar uma árvore frondosa, sadia, cheia de frutos, feliz por viver sua vida, como uma celebração diária a ser vivida...


INFORME PUBLICITÁRIO


Palavra do Especialista

Psicomotricidade Relacional

Na educação e na vida: tudo está bem quando começa bem Ao criar a Psicomotricidade Relacional, André Lapierre, educador francês, constatou na prática que é na primeira infância que se estrutura a personalidade infantil. Ele costumava comentar comigo: “quando comecei a trabalhar com as crianças, tomei consciência de que, ao expressar problemas psicológicos, elas estavam, na verdade, escondendo conflitos anteriores, mais profundos. Então, cheguei às crianças dos dois primeiros anos, que de fato estão construindo sua personalidade”. Segundo ele, a transformação pela qual passam crianças de 18 meses a 2 anos, e que temos observado em nossa prática hoje, é tão marcante a ponto de relacionar que a crise da adolescência não passa de uma espécie de reedição dessa fase quando as crianças desafiam o poder do adulto. Assim, quanto

mais saudáveis forem as relações nessa faixa etária, menos problemas terão as crianças mais velhas. A base do trabalho da Psicomotricidade Relacional está em criar um espaço de liberdade propício aos jogos e brincadeiras. O objetivo é fazer com que a criança manifeste seus conflitos normais do desenvolvimento e viva-os simbolicamente. No âmbito educativo, a Psicomotricidade Relacional previne o surgimento de distúrbios emocionais, motores e de comunicação que dificultam a aprendizagem. André Lapierre afirmava que a brincadeira é da ordem do simbólico e o psicomotricista relacional deve entrar em contato com a criança nesse nível, onde se situam os fantasmas inconscientes. A possibilidade de poder jogar e brincar, dentro dos limites da expres-

são simbólica, permite à criança expressar seus conflitos em nível profundo, sem sabê-lo. A vivência simbólica possibilita que a criança a experimente, durante o jogo, o que no dia-a-dia não pode expressar. Ela dá vazão ao que está recalcado. A partir do momento em que ela pode, por exemplo, vencer simbolicamente o adulto, na brincadeira, ela percebe que não precisa enfrentá-lo na realidade. As brincadeiras espontâneas e os jogos livres criam condições favoráveis para que o desejo da criança se manifeste e ela se sinta aceita. Ela se comporta como é e não como deveria ser. Por isso, André Lapierre insistia em dizer que o psicomotricista relacional busca estabelecer uma comunicação autêntica de pessoa para pessoa, pois uma criança de um ano

ou dois, já é uma pessoa e deve ser respeitada como tal. “Não queremos fazer algo pedagógico, não temos nada para ensinar. Estamos ali para comunicar. É a criança que nos ensina muitas coisas”, explicava André Lapierre. É sobre esse conceito de disponibilidade nas relações entre adultos e crianças que procuramos trabalhar nos cursos de formação, pois o mais significativo em nossa prática é a comunicação tônica, ou seja, a possibilidade de a criança jogar com adulto e este estar disponível corporalmente para ela. É a única relação pedagógica em que se privilegia comunicação tônica. Assim, a Psicomotricidade Relacional nas escolas traz a possibilidade da Educação alcançar a dimensão afetiva e buscar o aprimoramento do SER e não apenas o do TER.

Cadastro

Mandado

Enem

Alimentação

Calendário

O Sistema Nacional de Informações da Educação Profissional e Tecnológica (Sistec) já tem a participação de 85% das instituições de todo o Brasil. O dado foi obtido com base nas informações do Censo Escolar 2008. Entretanto, as quatrocentas escolas que correspondem aos 15% fora do sistema trazem preocupação. A ausência dessas escolas e seus cursos técnicos podem indicar três situações, de acordo com Andréa Andrade, diretora de regulação e supervisão da educação profissional e tecnológica do Ministério da Educação (MEC). “São aquelas que ainda não fizeram o seu pré-cadastro no Sistec, ou estão com o pré-cadastro em análise pelos órgãos de estado, ou pré-cadastros não aprovados por se tratarem de escolas irregulares”, esclarece a diretora.

A Justiça Federal rejeitou o pedido de mandado de segurança impetrado pela Associação Nacional das Universidades Particulares contra o procedimento de supervisão dos cursos de direito realizado pela Secretaria de Educação Superior do MEC. Na sentença, o Poder Judiciário confirma a constitucionalidade do procedimento de supervisão como instrumento necessário ao poder público para a garantia da qualidade da oferta do ensino superior. Em trecho da decisão, a juíza federal da 13.ª Vara, Isa Tânia C. da Costa, destaca “o caráter público de que se reveste a atividade educacional, de modo que é considerada pelo ordenamento constitucional como responsabilidade do Estado, a quem incumbe estabelecer as regras básicas e zelar pela garantia do padrão de qualidade”.

O Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) será adotado como forma de seleção de estudantes por 18 institutos federais de educação, ciência e tecnologia, como prova única ou simultaneamente ao vestibular tradicional. Os estudantes poderão escolher entre licenciaturas e cursos superiores de tecnologia. Há vagas em todas as regiões . São oferecidas aproximadamente cinco mil vagas em cursos superiores de tecnologia nas mais variadas áreas e cerca de três mil para licenciaturas. As provas serão nos dias 3 e 4 de outubro, a partir das 13 h (horário de Brasília) e vão abranger as áreas de linguagens e códigos, ciências da natureza, matemática e ciências humanas. O exame terá quatro provas objetivas de múltipla escolha, com 45 questões cada uma, e redação.

Mais qualidade e diversidade na merenda escolar, aumento da renda dos agricultores familiares e impulso na economia dos municípios são avanços proporcionados pela Lei n.º 11.947, de 16 de junho deste ano. Regulamentada pela Resolução n.º 38/2009 do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), a lei estabelece novas regras para a alimentação escolar. Uma das novidades é a determinação de investir pelo menos 30% dos recursos destinados à merenda na compra de produtos da agricultura familiar, sem necessidade de licitação, desde que os preços estejam compatíveis com os de mercado. Serão beneficiados, inicialmente, 70 mil pequenos agricultores em todo o país. Os recursos para a aquisição de alimentos devem chegar a R$ 600 milhões a cada ano.

A Câmara dos Deputados analisa o Projeto de Lei 4987/ 09, apresentado pelo deputado Edinho Bez (PMDB-SC), que fixa o início do ano letivo brasileiro no primeiro dia útil após o Carnaval. De acordo com a Agência Câmara, o projeto permite, no entanto, a adequação dessa data às peculiaridades locais, a critério do respectivo sistema de ensino. Atualmente, o ano letivo pode ser móvel e, na prática, cada cidade ou cada escola pode iniciá-lo em qualquer dia, desde que respeite a carga mínima de 800 horas anuais distribuídas em, pelo menos, 200 dias. Edinho Bez argumenta que, quando o calendário escolar começa no início de fevereiro, ocorre prejuízo em muitos municípios que vivem do turismo, com queda de arrecadação e fechamento de postos de trabalho.

José Leopoldo Vieira pedagogo, mestre em Educação Especial, Doutorando pela Universidade de Évora (Portugal). Contatos: leopoldo@ciar.com.br (41) 3343-6964

Geral


Cultura

Jornal Nota 10 | agosto 2009

Escolas terão prioridade em Bienal Além das instituições de ensino, estudantes irão ter acesso mais facilitado ao evento em Curitiba

O maior encontro da literatura e de seus grandes nomes com a capital paranaense já tem data marcada e vai priorizar o acesso de estudantes e instituições de ensino. Em contagem regressiva, a 1.ª Bienal do Livro de Curitiba, que vai de 27 de agosto a 4 de setembro, no Expo Unimed Curitiba, terá o iné-

dito conceito no Brasil de aliar cultura, educação e meio ambiente numa mesma programação e espaço. Muitas atrações multiculturais que incluem literatura, apresentações teatrais e artísticas, discussões e debates sobre sustentabilidade e exibição de filmes, além de cursos de formação e congressos na área da educação estão previstos.

A ideia é oferecer uma programação diversificada, inédita e recheada de atrativos para enriquecer o conteúdo curricular de alunos do ensino fundamental, médio e superior como benefício para todas as áreas do aprendizado. Os alunos poderão ter contato com os maiores autores do país e conhecer mais sobre suas obras. Um espaço democrático e de muito conhecimento que terá reflexos nas

UFPR define novas datas de inscrição ao vestibular O Núcleo de Concursos da Universidade Federal do Paraná (UFPR) já definiu o novo período de inscrições para o vestibular 2009-2010. As inscrições para o processo seletivo começam no próximo dia 24 e terminam em 30 de setembro. Já a sétima edição da feira “UFPR Cursos e Profissões” ocorrerá no meio desse período, entre os dias 11 e 13 de setembro. Tanto a feira quanto o calendário do vestibular da UFPR tiveram alterações de datas em decorrência da suspensão das aulas provocada pelo aumento do número de casos de gripe A (H1N1) no estado. O valor da taxa de inscrição do vestibular será o mesmo do ano passado: R$ 72. Candidatos “treineiros”, que não concorrem efetivamente às vagas, pagam R$ 70. Candidatos que não têm condições para pagar a taxa podem solicitar isenção, entre os dias 14 e 18 de setembro. O resultado dos pedidos de isenção será conhecido no dia 25 de setembro. Os detalhes das normas do proces-

As provas da 1.ª fase serão em novembro.

so seletivo serão divulgados pelo Núcleo de Concursos da UFPR na próxima sexta-feira (7), quando será publicado o edital do vestibular. As provas da primeira fase estão previstas para 15 de novembro. As da segunda fase, para os dias 6 e 7 de dezembro. A feira “UFPR Cursos e Profissões” será das 8 às 18 horas, no câmpus Jardim Botânico da universidade, localizado na Avenida Prefeito Lothário Meissner, 632, em Curitiba. A entrada é gratuita e dispensa inscrição prévia.

atitudes das futuras gerações. Para permitir este acesso das instituições de ensino ao evento, a organização criou um agendamento especial. As informações completas de como garantir presença na 1.ª Bienal de Curitiba podem ser conferidas no site www. bienaldolivrocuritiba. com.br, com Cristiane Scheffer, pelo telefone (41) 3340-4349 ou pelo agendabienal@agencia esfera.com.br.

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Literatura

Jornal Nota 10 | agosto 2009

O autismo é outra história

O que o jovem quer da vida?

Nelci Guimarães

William Damon

Livro-reportagem sobre a realidade do autismo na cidade de Curitiba: histórias de vida, relatos pessoais, profissionais e depoimentos médicos. Para mostrar o modo singular do autismo, a autora vale-se da descrição de pessoas, de cenários, e, evocando recursos de Jornalismo e Literatura, traça um caminho cronológico nas histórias contadas, que se materializam na mente do leitor, com o objetivo de que o fato chegue com mais riqueza de dados.

Summus Editorial

Uma nova escuta poética da educação e do conhecimento: Diálogos com o Prigogine, Morin e outras vozes Severino Antônio Paulus Editora

A crise – da sociedade, da civilização, da cultura – é feita de muitas outras, em todos os campos da existência, e uma das maiores devastações é quando as coisas perdem o sentido, a essência. Este livro pretende ser uma ferramenta de recriação desse sentido, poetizando o pedagógico, a vida e a esperança. A obra consta de pequenos ensaios interligados, interdependentes, e conta com o pensamento de grandes estudiosos, como as epígrafes de Drummond, Adorno, Morin, Prigogine, Walter Benjamin, Bachelard, entre outros.

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Utilizando os resultados de uma ampla pesquisa de campo sobre projetos vitais na juventude, William Damon, um dos maiores pesquisadores norte-americanos na área da juventude, investiga um assunto de extrema importância nos dias de hoje: por que tantos jovens não conseguem vencer na vida? Eles moram com os pais por mais tempo que o necessário, penam para passar da adolescência para a vida adulta e não conseguem encontrar um objetivo de vida que os entusiasme. E o que contribuiria para mudar essa situação?

A infância perdida – Como orientar nossas crianças na era da sexualidade precoce Diane E. Levin e Jean Kilbourne Editora Gente

O livro pretende nortear os interessados sobre sexualidade precoce e apresentar propostas para abordar o tema com os leitores. A leitura é voltada para pais e profissionais da educação e da saúde e traz temas como infância perdida, brinquedos com apelo erótico, assédio sexual, como falar de sexo com crianças, o sexo e a internet, o papel decisivo dos pais na formação dos filhos, e discute de uma forma objetiva e com exemplos o que a criança pode assistir na TV, quais atividades destinadas às crianças e aos adolescentes podem ser construtivas e não apelativas.

Agenda

Exposição mostra “Curitiba e seu povo trabalhador” O Solar do Rosário exibe, até o dia 16 deste mês, fotos de Ron Beam, que tem o dom de produzir imagens que vão além do campo visual. Muitos dos seus trabalhos têm sido chamados de “poesia visual”. De fato ele denomina sua arte de “Fotos Líricas” - como sons abstratos das conversas da vida. Diferente de outros fotógrafos, Ron limita drasticamente o número de reproduções de suas imagens, de forma a valorizar as obras adquiridas. Apenas cinquenta reproduções são impressas e autenticadas, e a imagem original não é mais ser reproduzida.

Nascido em Ohio, Estados Unidos, em 1948, Ron estudou fotografia na Universidade do Estado de Ohio antes de começar a produzir seus retratos. Mudou-se para Curitiba em 2004. Serviço: Galeria de Arte Solar do Rosário Exposição: até 16/08/2009 Endereço: Rua Duque de Caxias, 04, Curitiba – PR Telefone: (41) 3225-6232 www.solardorosario.com.br


Artigo de opinião

Jornal Nota 10 | agosto 2009

O videogame e as crianças Minha filha de 7 anos pergunta ao meu pai: - Vô, é verdade que quando o senhor era criança não havia televisão em sua casa? Meu pai responde que sim. Intrigada, ela devolve: - Então, onde vocês jogavam videogame? Este simples diálogo exibe a distância imensa entre gerações em relação aos avanços tecnológicos e mostra por que nós, pais, precisamos entender e dosar de forma correta o uso destas tecnologias. O videogame, como a maioria das tecnologias desta geração, possui vários atributos positivos. Mas possui também alguns atributos negativos, principalmente causados pelo uso excessivo ou pela falta de controle dos pais. A solução não é afastar tudo de nossos filhos, pois nesse caso eles não serão felizes em nossa sociedade. No caso do videogame, podemos resumir dois grandes aspectos a serem observados. Primeiro, em relação ao tipo do jogo: com qual ensinamento ou costume seu filho sairá depois de jogar por algumas horas determinado game? Para esta análise, faça você mesmo um teste-drive com o game escolhido. Utilize-o, sinta-o. Depois de uma ou duas horas, faça uma análise de tudo que você aprendeu e sentiu. Ava-

lie se deseja ou não tudo isto para o seu filho. O segundo aspecto é em relação ao tempo diário de uso. Ele deve ser muito bem dosado com os outros afazeres da criança. Esta atividade deve competir com pesos e prioridades diferentes na agenda - com os esportes, com a lição de casa, com o relacionamento com a família, com as brincadeiras entre amigos, ou seja, uma ou duas horas em alguns dias da semana. Não aconselho que o videogame seja usado diariamente. Ele pode ser trabalhado duas ou três vezes por semana e em eventos especiais, tais como aniversários ou reuniões de amigos. Os pais devem procurar um equilíbrio para conseguir aproveitar o melhor da tecnologia sem sofrer com as consequências que seu uso desregrado pode causar a seus filhos. Em contrapartida, devem incentivar a prática de esportes e ativida-

des físicas, pois, desta forma, estarão criando uma criança com hábitos saudáveis, além de prevenir as consequências que uma vida sedentária pode causar. Uma solução tecnológica interessante é o Wii, um tipo de videogame que tenta tirar o sedentarismo que os modelos tradicionais trazem para os nossos jovens. Esta inovação consegue tirar crianças e até os adultos mais sedentários do sofá, além de conseguir integrar muito bem os pais com os filhos, pois trazem em seu portfólio de jogos opções de esportes que agradam a ambos, tais como boliche, tênis, futebol, entre outros. Porém, como toda grande inovação devemos estar atentos para um ponto negativo que vem intrigando principalmente os ortopedistas. São lesões causadas pelo uso excessivo ou até pelo uso sem um pré-alongamento ou pré-aquecimento, principalmente em adultos sedentários que de um dia para o outro se empolgam com o novo videogame, visando bater recordes e vencer jogos em disputa com amigos e até filhos.

Wagner Marcelo Sanchez Diretor acadêmico da Faculdade e Colégio Módulo e especialista em educação. wagner@faculdademodulo.com.br

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Leite Tomar leite diariamente pode reduzir de 15% a 20% suas chances de morrer por problemas cardiovasculares, como doença coronariana cardíaca e derrame, segundo estudo da Universidade de Reading, no Reino Unido. De acordo com os pesquisadores, o leite tem sido, muitas vezes, retratado na mídia como um alimento pouco saudável, mas ele possui diversos benefícios.

Diabetes A obesidade pode causar o diabetes tipo 2 (resistência à insulina), induzindo uma pane no sistema de defesa do corpo. E drogas antialérgicas podem prevenir e tratar a doença em indivíduos acima do peso, indica uma desco-

berta simultânea de quatro grupos de pesquisa. Numa iniciativa conjunta, todos publicaram seus estudos no site na revista “Nature Medicine”, revelando o resultado de experimentos feito com camundongos.

Teclado Quando bate a fome é muito comum as pessoas aderirem a lanchinhos degustados em frente ao computador. Bolachas, bolos e sanduíches são, geralmente, quitutes cheios de farelos e com 90% de chances de cair entre os vãos do teclado. Uma pesquisa recente feita pela universidade carioca Gama Filho confirmou que o hábito também é responsável pela grande proliferação de micróbios que há no teclado.

Anemia

Cartas dos leitores Eu faço estágio em uma assessoria de imprensa e aprendi a gostar muito do conteúdo do Nota 10. Todos os dias visito vários portais. Mas nem todos têm essa dinâmica ao repassar a notícia e também a imparcialidade com as mesmas. Parabéns!

Estou sempre atenta nas informações que vocês trazem para o meio escolar e agora com a gripe A, mais ainda, pois nós que trabalhamos em escolas estamos muito preocupados com os acontecimentos e buscamos sempre as informações mais atualizadas.

Daiana Geremias, Curitiba (PR).

Maria Carolina Campos, São José dos Pinhais (PR).

Alimentação inadequada e falta de informação contribuem para um problema de grandes proporções no Brasil: a anemia infantil. Estima-se que 45% das crianças brasileiras, de até 5 anos, apresentem esse quadro, em todas as classes sociais (da-

dos do Fundo das Nações Unidas para a Infância Unicef). Como medida preventiva, o governo obriga que as farinhas sejam enriquecidas com ferro, porém especialistas alegam que nem sempre a qualidade desse nutriente é fiscalizada.

EXPEDIENTE: Jornal Nota 10 – Um veículo da Nota 10 Publicações. Circulação: Distribuição gratuita em escolas públicas e particulares do Paraná, sempre a partir do dia 10 de cada mês. Redação: R. Desembargador Westphalen, 824 - sala 4 – CEP 80.230-100. Telefone/Fax: (41)3233-7533. E-mail: nota10@nota10.com.br Editor e jornalista responsável: Helio Marques - MTb 2524. Revisão: Andréa Maria de Carvalho Marques. Colaboração: Déborah Ferragini. Diagramação: Simone Tatarem.



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