Distribuição gratuita
ANO 1 - NR.1 - BIMESTRAL - SETEMBRO01 - DIRECTOR: MIGUEL FERRO MENESES
OBRAS CONCLUÍDAS EM 2006
PAG.4
CIDADEIMAGINADA
SEGURANÇA PÚBLICA PAG.17
PAG.10
PORTELA 219430849
MOSCAVIDE 219440680
SACAVEM 219410013/9575
2 | NP | EDITORIAL
noticiasparque@netcabo.pt 219456514
A caneta... mais forte que a espada É inegável que a proliferação de publicações faz fluir, cada vez mais palavras, ideias, notícias, retratos da nossa sociedade. Proporcionais à velocidade dos tempos, deslocam-se horizontalmente e verticalmente procurando atingir novos espaços, faixas etárias específicas, políticas da esquerda à direita, altos, baixos, modernos e conservadores. Apresentam-se sob a forma de revistas e jornais e à medida que se expandem, ganham terreno, conquistam novos receptores. Reportam, opinam, criticam, por vezes... manipulam, por vezes vão à falência. Não acredito que o papel dos media esteja destinado a ascender ao nº3 na hierarquia de poderes. Ao mesmo tempo que subiria, inversamente, desceria ao 6º piso da alegoria que Woody Allen, genialmente, criou. O elevador que, a caminho do reino do enxofre, vai parando e deixando as pessoas consoan-
FichaTécnica Director: Miguel Ferro Meneses Director Adjunto: Filipe Esménio Chefe de Redacção: Sofia Cochat-Osório Redacção: Alexandra Ferreira, Pedro Pereira, Raquel Guimarães, Tiago Reis Santos Fotografia: Miguel Ferro Meneses, Parque das Nações Direcção Comercial: Luis Bendada Ilustrações: Bruno Bengala Projecto Gráfico: Tiago Fiel Produção: Imaginarte Impressão: Imprejornal Tiragem: 6 000 Exemplares Proprietário: Imaginarte, Filipe Esménio CO:202 206 700 Sede: Rua Júlio Dinis nº. 6 1º Dto. 2685-215 PORTELA LRS Nr. de Registo ICS 123 919
te as suas profissões (os media ficavam no 6º piso, mesmo antes
do dos advogados).
Penso que os jornais, a televisão e outras lentes dos media encabeçam uma missão muito mais nobre. Longe do facilitismo editorial ou da mais recentemente criada junk TV. A crise de valores que se atravessa é fruto de um desvirtuar de palavras e imagens que são projectadas dentro de uma embalagem tão vistosa, tão brilhante... como oca no seu conteúdo. E de facto, não há nada como um embrulho bonito, mas é tempo de pararmos um pouco e digerirmos. A relação com os media só encontrará uma essência se o receptor tiver a capacidade de receber, processar, estar de acordo, rejeitar ter uma participação activa, própria, que o faça pensar. Passar a ser também emissor, essa é a dinâmica procurada. O facto é que todas estas projecções acabaram por tirar a força e credibilidade a cada palavra que é escrita num jornal, a cada imagem que passa na televisão, acabando por se desvanecerem tão rapidamente como nos chegaram, naquele embrulho enorme, com um laço bem brilhante. A ambição da caneta se tornar espada acaba por a reduzir à insignificância dos tempos. É um pouco como a história daqueles senhores de idade que deixaram ideias, imagens, planos, frases que já tem mais de 100 anos... e o mais engraçado é que nem sabiam escrever. Miguel Ferro Meneses
OPINIÃO | NP | 3
A administração, o território, e o cidadão As questões são muitas, o território parece uno, mas vai estar administrativamente gerido pela «Tripartida», os cidadãos querem respostas rápidas e eficazes para os seus problemas. A decisão, essa, será dos políticos. Filipe Esménio
O problema é simples. Existiam fronteiras definidas de três freguesias, Olivais, Moscavide e Sacavém, pertencentes a dois concelhos, que deram lugar a uma nova Urbanização, vulgo zona da Expo ou Parque das Nações. A solução transitória foi encontrada. A Zona de Intervenção da Expo’98 está sob a alçada da Parque Expo, empresa que se ocupa de tudo o que diz respeito à gestão do espaço
público da área, e que suporta os custos respectivos. Mas a verdade é que a Parque Expo não tem todos os poderes de uma autarquia. Está limitada. Em certos assuntos, mesmo de mãos atadas. A lei prevê que esta empresa seja extinta em 2010, altura em que a zona será entregue à responsabilidade de Loures e Lisboa. Até lá, uma entidade Tripartida, constituída pelas duas autarquias e pela Parque Expo deveria ser responsável pela administração. Esta entidade Tripartida foi
criada pelo Governo e aprovada no passado dia 8 de Março, cerca de um ano depois do previsto. A criação da Tripartida prevê-se para breve, faltando «pormenores» como a aprovação, em Assembleia Municipal, ou a aprovação das verbas a despender pelas autarquias, pelo Tribunal de Contas. Assim, encontra-se uma solução transitória: Loures, Lisboa e a Parque Expo criam uma Sociedade de Gestão Urbana, entram com verbas, pessoas e poderes que se preparam para gerir de forma conjunta. Para já, todos esperam que esta Sociedade funcione. Por vezes autarquias diferentes podem ter interesses diferentes, até na simples gestão do espaço público. A Parque Expo fica satisfeita, reduz despesas e vê uma Sociedade com mais poderes do que essa empresa alguma vez teria sozinha. Todos acreditam que pode ser uma gestão mais eficaz.
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LISBOASEMCARROS...
Como é lógico, esta Tripartida é uma solução transitória. Se calhar bem concebida na teoria, mas será que resulta na prática? Todos esperamos ansiosos que sim. Apesar de já vir tarde... Qual será a solução definitiva? Não sabemos. A zona da Expo rende dinheiro, paga contribuições, representa território e eleitores. A Expo é una aos olhos do mundo, mas diferenciada administrativamente. Não seria melhor definir-se já a solução «definitiva»? Posso perceber muito pouco de administração e gestão pública, mas a verdade é que acredito mais em soluções de futuro à vista. Não precipitadas é certo, mas soluções a pensar no futuro, não a olhar para o passado ou apenas para o presente. Parece-me evidente que toda esta zona só poderá vir a ser uma freguesia única. De que concelho? Lisboa? É uma hipótese. Loures? Não deixa de o ser. O hipotético
novo concelho de Sacavém? Ainda menos provável, mas mais uma hipótese. A Zona de Intervenção da Expo, ou a Expo, ou o Parque das Nações ou o que lhe quiserem chamar devia ser uma freguesia já. Provavelmente do concelho de Lisboa, pois penso que é aquilo que a maioria da população deseja. Deixaria de ser Tripartida e
passaria a ser só«dividida» e com a extinção da Parque Expo passaria a ser administrativamente aquilo que já é. Um espaço uno com interesses e problemas comuns, com vontade própria e que os anos se encarregarão de transformar num bairro com alma e vontades comuns, à semelhança de muitos outros bairros lisboetas e ribeirinhos.
4 | NP | ENTREVISTA
”O projecto Expo fica concluído até 2006” Jorge Dias, Administrador Executivo da Parque Expo acredita na solução Tripartida. O projecto global da Parque Expo está em fase adiantada e deve estar concluído até 2006, 4 anos antes do previsto.
Filipe Esménio
Qual é o ponto de situação relativamente à criação da Sociedade de Gestão Urbana Tripartida? O processo está concluído, carece de aprovação das autarquias em Assembleia Municipal. Posteriormente terá de ser remetido aoTribunal de Contas pois envolve verbas oriundas das autarquias de Lisboa e Loures que carecem desta autorização. Formaliza-se a constituição de empresa e pensamos que estará no terreno a curto prazo. Como estão distribuídos os capitais desta empresa? A Sociedade de Gestão Urbana, SA terá um capital social de 2 milhões e 500 mil contos. A Parque Expo terá 34% do Capital e as Câmaras Municipais de Lisboa e Loures terão 33% cada. Acredita no funcionamento da Tripartida? É evidente que sim. Acredito
vivamente. Julgo até que será uma excelente oportunidade para testar um modelo que poderá vir a ser utilizado, se as autarquias assim o entenderem, noutros pontos do país. Contém muitas virtualidades, a possibilidade de gerir com padrões de qualidade acrescidos numa zona urbana. Garante qualidade e pode gerir de uma forma mais próxima dos cidadãos. Algumas pessoas afirmam que seria benéfica a criação imediata de uma Junta de Freguesia na Expo, em alternativa à Tripartida. Acha possível? Não tenho de me pronunciar sobre isso. Os moradores e cidadãos têm todos os direitos constitucionais. No domínio teórico seria possível. Do ponto de vista prático, esta zona está dividida em duas autarquias diferentes. Com métodos de gestão, orçamentos, organização diferentes. Algumas pessoas acusam a Parque Expo de ter algum dis-
tanciamento em relação aos cidadãos. Quer comentar? Temos de ser objectivos. Não há nenhum distanciamento da Parque Expo, e penso que não haverá após a constituição da Tripartida. Sabemos as responsabilidades efectivas que temos nesta área. Até agora temo-nos substituído às câmaras, temos suportado os custos e as autarquia recebido as receitas. Loures e Lisboa perceberam bem este problema e concordaram em assumir os custos que até agora tem sido nossos. Nós, enquanto parceiros, temos tentado fazer o melhor possível, com algumas dificuldades mas que não são exclusivamente de nossa responsabilidade. Há determinadas atitudes que as autarquias podem tomar e que a Parque Expo não tem legitimidade para executar. Desde ordenamento no estacionamento, intervenção em algumas zonas de autoridade, por exemplo. Temos boas relações com as instituições, mas não temos o poder de fazer certas coisas.
E sem ser ao nível do ordenamento de território? Quem é proprietário dos lotes são as empresas privadas. A Parque Expo não é um condomínio fechado. A quantidade de prédios em construção é muito elevada. Penso que as regras que colocámos minimizaram muito as perturbações que provocam aos moradores. São muito menores do que as que acontecem noutras partes da cidade e do país.
A C O R D O S DIRECÇÃO TÉCNICA: DR.HELDER GUERREIRO
FISIOTERAPIA FISIATRIA, ORTOPEDIA, TERAPIA DA FALA
FISIATRIS em SACAVÉM por uma melhor qualidade de vida
ADSE ADMA CGD SAMS SAMS/QUADROS ATLNEC SEGUROS OSMOPE
ADME A.S.M.E. ESTADO PORTUGAL TELECOM ESUMÉDICA ADVANCECARE MULTICARE MÉDIS ACIDENTES MEDICALL
As pessoas mitificaram um pouco aquilo que é o Parque das Nações. A Expo’98 foi um símbolo para o país e a imagem criada foi de tal maneira forte que aquilo que em certas partes da cidade acham normal, no Parque de imediato é censurado. Há um fenómeno simultaneamente positivo e negativo. Consideram um espaço de referência e são mais exigentes, sendo pouco contemporizadores com pequenas falhas.
Criámos uma figura que já vai sendo comum em algumas organizações que é o Provedor de Qualidade, o Sr. João Soares Louro, que dá muita atenção aos reparos que vai recebendo e é uma pessoa especialmente sensível a essas questões. O conceito “Parque das Nações” é um conceito que envolve uma vivência residencial e de empresas, mas também de cultura e de lazer, e é se calhar por isso que as
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A C O R D O S C O M C O M PA N H I A S D E S E G U R O assistência na traumatologia em acidentes de trabalho
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Rua Sport Grupo Sacavenense, Lote 27-Loja 3 Quinta do Património 2685-010 Sacavém Telefs:219408417/219408418 Fax:219408436 Rua Dr.João Gomes Patacão 11-A. - 1885-047Moscavide Telefone 219442024 Fax:219442020
ENTREVISTA | NP | 5 o que venha a fazer tenha retorno. Com base nisso os números falam por si. Em 1999 já recuperámos. Em 2000 tivemos um saldo positivo, embora pequeno, de 300 mil contos. Este ano, se tudo correr bem, esperamos atingir o dobro. Estamos convictos que nos próximos anos essa liquidez se manterá. Invertemos a situação e acreditamos que, no futuro, o Estado até pode vir a recuperar uma parte do capital e ter aqui uma empresa que, quer em termos técnicos quer em termos de produtos e serviços quer em termos económicos, é uma mais valia para o país. No passado, por força das circunstâncias, o objectivo era outro. Como dizíamos era um espírito de missão. Tínhamos de abrir a horas e fazer com que a exposição corresse bem, com sucesso. Tivemos de passar da missão para um grupo com negócios.
pessoas gostam de cá vir. É admissível, desde que não ultrapasse o razoável, que haja algumas deficiências. A obra ainda não está concluída. Com a Tripartida acreditamos ter mais poderes que possam minorar problemas aos moradores, comerciantes e visitantes. Mas infelizmente ainda não é o paraíso. Qual é o ponto de situação da obra? Quando o projecto arrancou, o horizonte para que esta zona fosse consolidada era proposto para 2009/2010. No entanto, as coisas desenrola-
ram-se com mais rapidez. Significa que os promotores apostaram nesta zona, que as pessoas quiseram vir morar para cá, e que nós tivemos, dentro da nossa capacidade financeira, de antecipar obras e infraestruturas que estavam a correr a bom ritmo. Vai acontecer uma antecipação do prazo final, caso não haja nenhuma vicissitude, para 2005/6. É um caso paradigmático, nós portugueses estimamos pouco o que fazemos de bem. Vêm pessoas de várias partes do mundo a solicitar a participação da Parque Expo para contribuir
para a recuperação de zonas noutros pontos do mundo e do país. Sem prejuízo de não estar perfeito... Temos como meta concluir com rapidez e eficácia, pois esta antecipação, contra o que os pessimistas pensavam, levou a que a Parque Expo começasse a pensar mais cedo em pôr ao dispor do país o seu “know how”. Criaremos riqueza aproveitando a nossa experiência, para recuperações urbanas e ambientais. Poderemos ter uma empresa de capital público que não será um peso para o país, mas que pelo contrário possa criar retorno.
Podemos considerar que a Parque Expo é, do ponto de vista financeiro, um sucesso? A Parque Expo estava no final do exercício de 1998 numa situação financeira que era extremamente preocupante. Conseguiu ultrapassá-lo através de um Contrato Programa elaborado com o Governo que se comprometeu a fazer um aumento de capital e uma assunção parcial do passivo. A Parque Expo assumiu, em contrapartida, a responsabilidade de adequar os seus produtos e de os reorganizar, numa perspectiva empresarial, de modo a que tudo
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O Olivais e Moscavide poderá ser o clube do Parque das Nações? Não sei. Existe uma proximidade geográfica. Temos um contrato de patrocínio com o CDOM, no que respeita à equipa de Andebol que tão boa conta tem dado de si. Tem havido negociações para dotarmos esta zona de equipamentos desportivos que trazem valor acrescentado para os moradores e também para os atletas do CDOM. Há, da parte do clube, uma grande abertura para seguirmos nesse horizonte. Também o Atlético de Moscavide poderá estar neste processo, o que até resolve um problema parcial à Câmara de Loures relativamente aos terrenos desse clube. Se o clube passará a ser o clube da terra não sei. Acho que será o clube desta zona Oriental de Lisboa.. Terá também o clube de saber congregar todos os jovens que irão habitar esta zona e criar mais modalidades para as cerca de 40 mil pessoas que aqui irão
habitar, mais aqueles que aqui venham trabalhar. O criar laços afectivos terá de passar pela gestão do clube, mas só vejo a hipótese de haver uma crescente aproximação. O Parque é cada vez mais um espaço mais aberto. Relativamente à ETAR para quando a solução? Temos vindo a fazer uma série de diligências nesse sentido em todas as instituições. Temos bastante dificuldade em perceber porque ainda não foi resolvido. Não depende de nós. A verdade é que o processo não avançou. O Dr. Mega Ferreira anunciou publicamente que desejava abandonar no final deste mandato o cargo de Presidente do Conselho de Administração da Parque Expo. Quer comentar? No final deste ano termina o mandato de toda a Administração e quem constituirá a nova administração será sempre uma decisão do accionista Estado. O Dr. Mega Ferreira informou publicamente que não deseja continuar neste cargo. Foi uma decisão que me penaliza bastante. O Dr. Mega Ferreira foi e é uma figura de referência de todo este projecto, quer na fase Expo’98 quer na fase pós Expo. Teve a amizade de me explicar as suas razões pelo que só me resta aceitar e compreender. Tome a decisão que tomar, e tome o accionista a decisão que tomar, a verdade é que ele acreditou quando poucos acreditavam, basta ver o que isto era e o que é hoje. Não são precisas palavras para perceber a diferença. As coisas não se fazem sozinhas, mas foi sem dúvida um dos principais responsáveis de todo o projecto. Há mesmo quem lhe chame o “pai da Expo”. Siga o percurso que seguir, uma parte dele ficará sempre aqui e uma parte de nós e do projecto irá sempre com ele.
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6 | NP | AMCE
CONSOLIDAR UMA COMUNIDADE EXIGENTE A AMCE - Associação de Moradores e Comerciantes do Parque das Nações congratula-se com a criação de uma página da sua responsabilidade inserida no Jornal Notícias do Parque. Este texto terá como objectivo informar e reflectir sobre temas que digam respeito a todo o espaço do Parque das Nações, na perspectiva dos seus moradores e comerciantes, visando a consolidação de uma comunidade exigente e participativa, que escolheu este espaço para viver, trabalhar e investir. A transformação da zona oriental de Lisboa e o êxito da Expo 98 criaram grandes expectativas naqueles que decidiram habitar ou exercer a sua actividade profissional na antiga Zona de Intervenção da Expo 98. Tal está associado ao facto de, em regra, as intervenções urbanísticas modernas, como a que aqui se operou, permitirem a criação de espaços urbanos dotados de um elevado nível de equipamentos, proporcionando uma qualidade de vida que não é possível nos centros históricos. O Parque das Nações dispõe já hoje de uma boa relação com o rio Tejo e de ligações eficientes à rede viária nacional, reforçando a expectativa de que este espa-
ço será, a prazo, uma das melhores zonas urbanas do país. Este objectivo continua igualmente a ser garantido pelas entidades responsáveis pelo projecto urbanístico, argumento que se afigura essencial para a atracção do investimento imobiliário. No entanto, apesar do importante salto qualitativo que o Parque das Nações constituiu em relação ao restante espaço urbano da cidade de Lisboa e zonas envolventes, no que respeita a limpeza, e monitorização ambiental e espaços verdes, o Parque das Nações tem graves carências de equipamentos públicos que se observam designadamente no plano educativo, uma vez que o único estabelecimento escolar existente no Parque das Nações não tem, já hoje, condições para garantir a oferta de lugares à população local. Lamentavelmente, os inúmeros esforços e pressão efectuados pela AMCE junto das entidades públicas envolvidas não foram ainda suficientes para garantir o início da construção dos estabelecimentos escolares públicos previstos. Este facto é especialmente preocupante se atender ao ritmo de construção de novos edifícios habitacionais que estão a decorrer, bem como ao nível etário médio da população.
As insuficiências de equipamentos manifestam-se também em relação à saúde, atendendo a que se continua a desconhecer a data de início da construção do centro de saúde e que não existe qualquer ligação entre o Serviço Nacional de Saúde e o estabelecimento hospitalar privado existente. Ao nível dos espaços de lazer, observa-se ainda a total ausência de equipamentos desportivos públicos, e de áreas significativas de zonas verdes na zona sul, com a agravante destas se concentrarem na zona norte. Noutros planos, existem igualmente problemas ambientais importantes causados pelo depósito, na ETAR de Beirolas, de lamas residuais provenientes das ETAR da região de Lisboa, nas proximidades de zonas residenciais Também a mobilidade da população do Parque das Nações está posta em causa pela ausência de uma boa rede de transportes, que, a par da desregulação do trânsito automóvel, tem contribuído para, a cada dia, acentuar os congestionamentos de tráfego e a perigosidade do trânsito automóvel. Preocupa-nos igualmente o facto de apesar do Parque das Nações ser um local em que as populações dos núcleos urbanos circundantes usufruem os seus tempos livres, as interligações com estes ainda são muito deficientes. Em síntese, a qualidade de vida que hoje é possível no Parque das Nações está ainda muito distante dos níveis ambicionados por todos - moradores, investidores e promotor - e a sua sustentabilidade está claramente em perigo se não se adoptarem os mecanismos de gestão urbana adequados e se a população não mantiver os níveis de exigência e de participação cívica que tem evidenciado. Para a Direcção da AMCE é essencial que no Parque das Nações se consolide uma comunidade unida, exigente, participativa, exemplar e respeitada, com vista a assegurar a qualidade de vida, que o nosso dever de cidadania exige e reclama. Dê voz e corpo à nossa comunidade. Vamos todos crescer com a excelência de que, inevitavelmente, somos merecedores.
ECONOMIA | NP |77
Comércio Tradicional e a Nova Cidade Estacionamento, segurança, espaços para cargas e descargas, apartamentos adquiridos e não habitados, são algumas das queixas do comércio tradicional no Parque. Mas numa coisa todos estão de acordo, o espaço é de qualidade e o futuro promete.
Filipe Esménio
F
ugimos do comércio de maior divulgação, no Vasco da Gama e dentro do recinto do Parque das Nações, e fomos à zona Norte e à zona Sul. Interrogámos os lojistas sobre aquilo que mais os preocupa e tivemos respostas interessantes. Os problemas existem, de facto, a nova cidade traz qualidade, organização e um espaço de lazer invulgar, mas nem tudo é um mar de rosas.
As queixas Paulo Guerreiro é proprietário de um talho na zona Sul. O investimento foi elevado e acredita que vai ter retorno. No entanto, muitos são os pequenos problemas que entravam o fortalecimento da sua facturação. “Não há ajudas aos comerciantes”, começa por dizer, “os preços das lojas, quer para compra quer para arrendamento, são elevados”, acrescenta. Além disso, refere que “o estacionamento criado é insuficiente para dar vazão às necessidades da zona”. Também Isabel Correia, estabelecida com uma engomado-
ria na zona Sul, diz que o estacionamento é o principal problema, “em especial ao fim de semana”, afirma. Para Teresa Esteves, proprietária de uma farmácia na zona Norte, e membro da Associação de Moradores e Comerciantes da zona de Intervenção da Expo, a par do estacionamento também a inexistência de espaços convenientes para cargas e descargas é um factor grave e que impede, muitas vezes, a circulação do trânsito durante o dia. Para estas duas lojistas os andares estão vendidos, mas não estão habitados. “Há muito investimento imobiliário”, afirma Teresa Esteves, “as pessoas só cá estão sazonalmente, ou mesmo de visita”, diz Isabel Correia. Numa outra questão, Teresa Esteves e Paulo Guerreiro estão de acordo, “há pouca sensibilidade autárquica por parte da Parque Expo”, diz a primeira. Paulo Guerreiro acrescenta: “a Parque Expo e a Câmara de Lisboa não estão em sintonia para problemas burocráticos e administrativos”. Num ponto todos estão de acordo, há falta de policiamento e segurança, “em especial no Inverno”, segundo Isabel Correia. “Existe uma desarticulação do espaço físi-
PREÇO m2
Venda 550 c
Arrendamento 6 c mês
exemplo LOJA 60 m2
Venda 33 mil contos
co com os sistemas de segurança”, nas palavras de Teresa Esteves. Paulo Guerreiro lamenta ainda a existência de “poucas zonas comerciais”, pois se todas as lojas estivessem a funcionar poderiam ser criados novos pólos comerciais desconcentrados. E Teresa Esteves identifica um défice de sinalética para quem não conheça os espaços comerciais. Também nos transportes públicos há críticas, “são deficitários, em especial ao fim de semana”, para Paulo Guerreiro. Isabel Correia aponta ainda a circulação de camiões, para obras em curso, que prejudicam e muito o seu negócio, pois sujam com poeiras a roupa que passa a ferro. Teresa Esteves alerta para
Arrendamento 350 c
alguns actos de vandalismo que obrigam a uma “melhor manutenção e conservação dos espaços públicos”. Também o mau cheiro é criticado por esta lojista da zona Norte.
Alguns elogios Para estes comerciantes nem tudo é mau, e afirmam estarem satisfeitos por se encontrarem estabelecidos nesta zona. Um espaço comercial muito agradável para as pessoas, com a existência de zonas verdes e bons níveis de higiene e limpeza. “Vive-se no campo e na cidade”, afirma Teresa Esteves.
O Gabinete da Provedoria de Qualidade Para dar resposta a estas queixas e, em certa medida,
aproximar a instituição das pessoas, o Parque das Nações criou o Gabinete da Provedoria de Qualidade. “O Gabinete da Provedoria da Qualidade visa assegurar a defesa, mediante recurso a meios informais, dos direitos dos utentes do Parque das Nações, bem como dos clientes do Grupo Parque Expo.” in www.parquedasnacoes.pt Este gabinete procura dar resposta a problemas relacionados com Ambiente e Espaços Verdes, Saneamento Básico e Higiene, Urbanismo e Sobreuso dos Terrenos/Solos, Trânsito e Transportes, Instalações de Abastecimento Público, Património Cultural. Podem ser contactados por e-mail para provedoriaqualidade@parquedasnacoes.pt.
Os números Não obtivemos números certos quanto à quantidade de lojas que existem na zona Norte e Sul, fora do recinto do Parque das Nações, mas andará perto da meia centena. Certo é que muitas estão
ainda por abrir, e algumas já terão inclusive aberto e fechado as portas. Através do contacto com três imobiliárias estabelecidas na zona do Parque das Nações, chegámos a um preço médio para venda e arrendamento de lojas, que é de venda a 550 contos metro quadrado. Isto é, uma loja de 60 metros quadrados custará, em média, 33 mil contos. Esta mesma área terá, para arrendamento, um custo mensal na ordem dos 350 mil escudos por mês, cerca de 6 mil escudos de valor de renda por metro quadrado. Estes valores são médios, havendo intervalos grandes em função da localização e metragem das lojas. Segundo várias fontes contactadas, poderá haver um ligeiro aumento destes valores, motivado pelos recentes incidentes nos EUA e pelo receio de investimentos financeiros nesta fase, o que motiva uma maior procura dos investimentos imobiliários.
8 | NP | LOCAL
Os templos de hoje
Sofia Cochat-Osório
LAVANDARIA VILA EXPO
Qualidade - Profissionalismo Desde 1979 (antiga Lavandaria da Portela)
A tradição já não é o que era, todos o sabemos. Nos tempos de hoje, o maior desafio será, talvez, não a manutenção de hábitos fossilizados, mas antes a capacidade de recriar identidades em novos cenários. Nas cidades modernas, a vida cresce na vertical, as horas nunca chegam e as pessoas vêem nas ruas mais caras que nomes. Se visitar o n.º 4.17 da Rua Ilha dos Amores, vai reparar que as mudanças chegam por vezes aos sítios mais inesperados. Não vai encontrar aqui bens de consumo, pelo menos, de consumo material. É que a loja não é uma loja, é uma Igreja, a ainda provisória Igreja da Nossa Senhora dos Navegantes. Um projecto a crescer que tem o sonho maior de reunir (no seu sentido primeiro de «voltar a unir») arte e religião.
O nascer da ideia
Aqui mesmo ao pé de si e com facilidade de estacionamento! Avenida Peregrinação, nº 4 - 39/01.D (Loja B) Vila Expo - Moscavide (em frente ao Health Club) Tel: 21 894 02 35
Há um ano, foi criado na Comissão de Moradores um grupo de trabalho para a fundação de uma igreja no Parque das Nações. Esta Comissão Executiva conta hoje com 11 elementos, entre eles João Meneses, um dos residentes empenhado nesta causa. Como não faz sentido falar de tem-
plos sem falar de pessoas, tudo vai crescendo aos poucos, na velocidade possível entre os sonhos e a realidade. «Mais que nos batermos pela construção de uma igreja, vamos sê-la antes de a termos. A igreja são as pessoas», diz João Meneses. A missa inaugural teve lugar no dia 1 de Abril, o que foi, no seu entender, um passo importante para a coesão da comunidade. As missas ao fim de semana (ao sábado às 19h, ao domingo às 12h) foram o primeiro passo; agora, a catequese vai arrancar, a paróquia já tem acólitos e as festas dos santos populares foram um sucesso. Iniciativas como a Noite dos Fados ou uma peregrinação a Fátima contribuem para este sentimento comunitário. Desde Novembro de 2000, a Comissão Executiva já conseguiu alguns progressos, como a compra da loja onde se situa actualmente a Igreja, e do terreno onde será construído o templo definitivo, junto ao Tejo. As maiores dificuldades são a falta de dinheiro, já que a construção será suportada pela comunidade e só posteriormente entregue ao Patriarcado de Lisboa. Esta opção permite uma quase total liberdade na concepção arquitectónica (já que o Patriarcado define apenas algumas normas gerais), para a criação de um espaço por e para todos. O esforço financeiro, até ao momento, «foi imenso». A loja custou 52 mil contos e o terreno outros 30 mil. E porque, no que toca a apoios, a questão é eminentemente política, a Igreja da Nossa Senhora dos Navegantes tem também uma Comissão de Honra, figuras convidadas que podem ajudar este projecto a crescer. O Cardeal D. José Policarpo preside um grupo mediático que conta com Maria Barroso, Jorge Wemans ou Mª de Lurdes Pintassilgo, entre outros.
Fazer as igrejas de hoje O que é uma igreja hoje? Foi desta pergunta que nasceu o debate em torno da nova igreja a ser criada no Parque das Nações. Como devem nascer, crescer e actuar os templos
dos grandes centros urbanos? Como se devem recriar as suas funções de acordo com o espaço e a sociedade actuais? «Uma igreja nova tem de tentar de novo», diz João Meneses. E acrescenta, citando Mário de Cesariny, «devemos amar como a estrada começa». Quer isto dizer que se deve recriar, ser original. A Igreja da Nossa Senhora dos Navegantes, pela sua localização privilegiada, pela proximidade ao rio «deve ser virada para o exterior, ter janelas abertas para fora, lugares de entrada para diferentes pessoas». Não só no território, mas também nas ideias, na tolerância a «todas as origens e condições». Uma concepção que procura que este seja o espaço de todos sem ser de ninguém, ou seja, uma construção participada, dialogada, comum. Por outro lado, o conceito do novo templo pretende retomar uma vertente (antes indissociável) que se distanciou da religião, a arte. Para João Meneses «a arte, como a religião, é um lugar de resistência, uma barreira contra o horror. Ambos são projectos de construção que se tocam no humanismo, na beleza». Não se pense que se procura grandiosidade palaciana, «a beleza surge da mínima coisa», diz. A materialidade primeira desta ideia foi a encomenda feita de uma peça original a John Tavener, prestigiado compositor de música sacra. Este inglês ortodoxo aceitou o projecto, a ser entregue e estreado em 2003. Pagar os 5 mil contos que custa a peça é agora o desafio maior da Comissão Executiva, um preço justo se tivermos em conta que Tavener é mundialmente uma das mais relevantes figuras da música sacra. O projecto arquitectónico desta igreja deve reunir todas estas ideias. Será feita uma apresentação do conceito aos arquitectos interessados, até ao final do ano, para que o concurso seja lançado até Junho de 2002. Tudo para que as pedras tenham a forma e a força das ideias que amam «como a estrada começa».
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Parque mais inseguro Os números não são significativos, mas a criminalidade está a aumentar. O NP foi falar com Subintendente Vítor Simões, responsável pela 2ª Divisão da PSP, para saber como se organiza a segurança no Parque das Nações. 30 mil, brevemente. De acordo com o Subintendente Vítor Simões, responsável pela 2ª Divisão da Polícia de Segurança Pública, esta «deve ser uma das esquadras de Lisboa que tem um maior racio de efectivos em relação à população residente». Tem cerca de 60 elementos e duas viaturas, uma permanentemente a circular, a outra de reserva. A área do Parque das Nações tem também patrulhamento a cavalo da GNR, e prevê-se que esta esquadra venha a receber bicicletas, razão pela qual não deve estranhar se vir um polícia a pedalar...
Sofia Cochat-Osório
A esquadra do Parque das Nações é a sequência lógica da Divisão Especial que foi criada para a Zona de Intervenção da Expo 98. Finda a exposição, e tal como previa a portaria que a criara, a área de responsabilidade da divisão fica a cargo de uma nova esquadra, a 40ª da 2ª Divisão do Comando Metropolitano de Lisboa. A sua área de actuação é delimitada pela Av. Marechal Gomes da Costa, pelos rios Trancão e Tejo e ainda pela linha do norte. É uma área relativamente pequena, em termos de território e também em termos de população residente, visto que se prevê que os actuais moradores do Parque ascendam aos
As instalações PSP As instalações da esquadra
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são provisórias, visto que neste momento ocupam duas lojas adaptadas. «Desde o início que se falou da eventualidade de descobrir um terreno, dentro da Zona de Intervenção, para construir uma esquadra de raiz. Não sei como está essa situação, tanto mais que os terrenos na zona são de alguma maneira valiosos», afirma Vítor Simões. E acrescenta «a que temos neste momento, em termos de concepção e espaço, para o efectivo que lá está é suficiente». As «mudanças de casa» não são da competência da Divisão, mas a localização de uma futura esquadra deveria ser mais central, para permitir uma melhor abrangência da área, já que actualmente três esquadras estão concentradas num raio de 500m. São elas a do Parque, de Moscavide e de Sacavém, recentemente inaugurada na Quinta do Património. No entanto, o Subintendente reconhece as limitações de estarem instalados num prédio de habitação. «Costumo dizer que as pessoas gostam de ter a polícia perto, mas não tão perto», graceja. A verdade
é que uma esquadra é uma permanente fonte de ruído e, acrescenta o responsável da PSP, «não podemos escolher os nossos ‘clientes’».
Os problemas O Parque das Nações, ainda que não tenha todos os moradores previstos instalados, tem um número de visitantes avultado. Os eventos, concertos, pólos comerciais chamam milhares de pessoas, principalmente aos fins de semana. Esta componente do lazer é, para Vítor Simões, uma das mais importantes a ter em conta nesta zona, já que alguns problemas de insegurança podem advir deste facto. É mesmo certo que a maioria dos delitos é cometida por visitantes do Parque. Os casos mais frequentes são grupos de jovens que ameaçam, por regra com a força física mas também com armas brancas, na maioria dos casos outros jovens. «Não são furtos de muito valor, mas é o tipo de crime que gera algum receio. Propicia um sentimento de insegurança.», diz o Subintendente. Muitas das ocorrências a que a PSP res-
ponde são no Vasco da Gama, geralmente casos de pessoas que vão às lojas e se «esquecem de pagar os produtos». No total, tem havido um crescimento da criminalidade no Parque das Nações. «Preocupa-nos, de alguma maneira, o facto de se estar a notar um aumento de ocorrências», afirma o responsável pela 2ª Divisão, embora considere que, tendo em conta o número de pessoas e viaturas que circulam na área, as ocorrências «não são significativas». « Os valores são pequenos, o que preocupa é a variação ser positiva em termos de números, negativa para nós», explica. Mas continua a ser «um lugar com alguma tranquilidade e segurança», para Vítor Simões.
As medidas Os fins de semana são o período em que há maior afluência de pessoas ao Parque das Nações, não só durante o dia mas também à noite, na zona dos bares. Segundo o Subintendente, a secção de Intervenção Rápida da Divisão (força de reserva usada no
reforço das esquadras consoante as necessidades) tem privilegiado a área nestes períodos de maior concentração de pessoas. «A questão da noite não tem trazido problemas graves. Temos tido um cuidado especial, visto que tem reunidas as condições para se tornar complicada e ter os problemas normais de alteração à ordem pública destas zonas», diz. O estacionamento não é ainda uma dificuldade grave, excepto em alguns eventos, mas quando todas as urbanizações estiverem concluídas alguns dos parques usados actualmente desaparecerão, o que tornará a situação muito mais complicada. As infraestruturas dos edifícios devem evitar que a questão se coloque para os residentes, mas quem visitar o Parque terá mais dificuldades. Apesar das perturbações na zona, Vítor Simões conclui «os habitantes do Parque das Nações são pessoas conscientes dos seus direitos, dos seus deveres, e por isso mais exigentes em algumas coisas. Mas em termos de tratamento, de lidar com, são efectivamente diferentes».
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A videovigilância A zona do recinto da Expo 98 tem, desde a exposição, o sistema de videovigilância. Este sistema de cameras funciona em espaços públicos e embora tenha vantagens em termos de segurança, levanta questões associadas à privacidade dos cidadãos. A polémica não é nova e multiplicam-se os argumentos. «Todos os polícias são adeptos da videovigilância», afirma o Subintendente Vítor Simões, «sou um defensor acérrimo, não só em áreas específicas como o Parque das Nações. Devia haver também em certas zonas da cidade, as mais complicadas, como as Docas, Bairro Alto, Cais de Sodré ou zonas de monumentos». As maiores vantagens deste sistema não são apenas a gravação de imagens, que podem ajudar na identificação de indivíduos, mas antes o efeito dissuasor e a possibilidade de resposta imediata a uma situação. «Dissuade de alguma maneira aqueles que querem praticar vandalismos e em termos de actuação policial permite, quase em tempo real, dar indicações de desordens ou de outras situações, e afectar e dirigir os meios para o local», explica o responsável pela 2ª Divisão. A hipótese de aumentar a videovigilância a toda a área do Parque das Nações é, para este elemento da PSP, desnecessária. «A zona que tem é suficiente, alargar o sistema aos prédios não terá interesse», diz.
A privacidade O risco das liberdades e garantias dos cidadãos, nomeadamente o direito à privacidade, é muitas vezes apontado como principal entrave à videovigilância. A lei prevê determinadas situações em que se pode aplicar, mas carece sempre de autorização da Comissão Nacional de Protecção de Dados (CNPD). Esta Comissão tem sede na Assembleia da República e define regras para o tratamento e recolha de imagens. «Depois de a CNPD autorizar, garante-se, de alguma maneira, que as imagens que não tiverem interesse em termos criminais sejam destruídas. A autorização dá-nos garantia que não haverá grandes violações à privacidade», afirma Vítor Simões. «Aplico para este caso a sabedoria popular, quem não deve não teme», e acrescenta «o que é pretendido não são «voyeurismos». Ainda mais depois do Big Brother, as pessoas não têm necessidade disso.»
Prevenir os crimes A Associação de Moradores e Comerciantes da zona de intervenção da Expo (AMCE) também está preocupada com a segurança no Parque das Nações. O mote é prevenir e colaborar, através de uma acção consciente, minimizando riscos. Visando uma consciencialização dos moradores, elaborou uma lista de normas de segurança. As sugestões passam pelo cuidado reforçado com as entradas dos prédios, por portas e garagens, não abrindo a porta a estranhos e estando atento e vigilante. Aconselham ainda a utilização de alarmes como meio dissuasor e sugerem accionamento temporizado da iluminação, através de um comando colocado no quadro eléctrico, indicado para ausências prolongadas por sugerir que a casa está habitada. Os códigos de acesso aos edifícios devem ser alterados frequentemente e qualquer emergência comunicada para o número 112.
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12 | NP | VOXPOP 27 anos Educadora de Infância 1 - Jardins de Infância, porque é algo muito importante para uma nova urbanização. 2 - Biblioteca, para implementar o interesse pela leitura. 3 -Centro de acolhimento para idosos e crianças.
Vox Pop Diga quais são, no seu entender, as três prioridades para o Parque das Nações?
Mónica Nicolau 50 anos Industrial 1 - Jardim de Infância. 2 - Mais infraestruturas, por enquanto não correspondem às necessidades e expectativas do novo bairro. 3 - A Escola Vasco da Gama é insuficiente para as necessidades actuais.
19 anos Estudante 1 - Parque aquático. 2 - Uma discoteca grande. 3 - Uma pista de karts.
Francisco Ribeiro
Bessa Gomes 39 anos Ama 1 - Jardins de Infância. 2 - Falta acesso a produtos frescos, como peixarias, por exemplo. 3 - Transportes insuficientes, há uma carreira até às 20h20, durante a semana, e ao fim de semana são inexistentes.
21 anos Operadora de Caixa/Estudante 1 - Melhoria da rede de transportes e extensão do horário. 2 - Melhoria do estacionamento. 3 - Pavilhão Gimnodesportivo.
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VOXPOP | NP | 13
Luís Vieira 31 anos Médico 1 - Manutenção e conservação dos espaços verdes e controlo do crescimento do tecido urbano. 2 - Manutenção dos níveis de higiene e limpeza. 3 - Aumentar a dinâmica comercial para moradores e visitantes.
Maria Isabel Vicente 35 anos Empresária 1 - Reparação do já existente como, por exemplo, o lago; e mais floreiras e bancos de jardim. 2 -Transportes públicos para o fim de semana. 3 - Mais caixas de ATM (Multibancos) para levantamento automático.
MárioFernandes 52 anos Empresário 1 - Mais transportes públicos, ao fim de semana, e alargamento de horário nos dias de semana. 2 - Colocar mais caixotes do lixo, mais flores e bancos de jardim. 3 - Ressuscitar o velho espírito de bairro em benefício do comércio local e do convívio entre os moradores.
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14 | NP | AMBIENTE
Descobrindo o rio
Miguel Meneses
No fim de Setembro acaba mais uma temporada dos Percursos Ambientais guiados pelo Centro de Monitorização Ambiental do Parque das Nações. De barco e a pé, traçam-se dois percursos que proporcionam um olhar atento por toda a história natural que caracteriza um dos maiores estuários da Europa.
O Parque visto do rio Um barco típico do Estuário do Tejo tem largada do Parque das Nações rumo a norte. À medida que se vai subindo o rio em direcção à foz do Rio Trancão, toda a frente ribei-
rinha vai revelando uma nova forma, uma perspectiva em tempos refugiada. Respira-se um novo ar e vai-se descobrindo a natureza que em tempos ficou esquecida. O Percurso Frente-Rio tem como fim, além de proporcionar um agradável passeio ao sabor do vento, revelar a importância ambiental que a Reserva Natural do Estuário do Tejo representa nos dias de hoje. Este é um dos maiores estuários europeus e caracteriza-se por uma grande diversidade de espécies e habitats, sendo uma zona de importância vital para o grande número de aves migradoras que dependem dele para sobreviver. Dezenas de espécies habitam
nesta zona onde a riqueza avifauna encontra, hoje, um novo sentido de preservação e desenvolvimento natural. A bordo, será possível conhecer toda a importância ecológica do Tejo num belíssimo passeio onde o lazer, a biologia e a ecologia combinam uma hora de rio.
Os habitats do Parque Para os verdadeiros amantes das caminhadas e da natureza, o Percurso Parque foca o Rio visto do Parque perspectivando um olhar mais atento à zona de sapal, terrenos alagadiços nas margens do rio. O sapal representa uma importância estética e ecológica com uma inegável
necessidade de preservação. Contribuem para a conservação da biodiversidade, assim como para a descontaminação natural dos estuários, através da sua capacidade de retenção de poluentes. Na maré enchente proporcionam alimento a diversas a diversas espécies e outros organismos aquáticos, na vazante servem de local de repasto de inúmeras espécies de aves. Zona integrante da Reserva Natural do Estuário do Tejo, o sapal do Parque, desde a sua reconversão, tem vindo a crescer e integra uma variada comunidade que vai desde a minhoca e a lamejinha, passando pelos cabozes e tainhas, incluindo um
variável número de aves, onde são observáveis os pequenos grupos de «phoenicopterus ruber», os elegantes flamingos.
Educação ambiental Numa simbiose entre a vertente natural e a pedagógica/ambiental o Centro de Monitorização Ambiental tem tido a preocupação não só de monitorizar toda esta zona, como de sensibilizar as pessoas para a importância deste espaço, o que representa e da sua interacção com a sociedade humana. O facto é que toda a história que caracteriza o Estuário do Tejo, desde o tempo em que os esgotos e os depósitos de lixo
metálico caracterizavam a sua paisagem, até à requalificação dos dias de hoje, representa, só por si, uma grande lição no panorama ambiental. «In loco», pode sentir-se os pesos dos crimes do passado e, simultaneamente, com toda a recuperação natural, acreditar que civilização e natureza podem coexistir, lado a lado, sem fronteiras. O que é necessário é estar atento, informado e que a comunidade humana compreenda como interagir com a comunidade natural. É esse o objectivo do Centro de Monitorização Ambiental que, no seio destas duas comunidades, luta pela nascimento de, apenas, uma maior.
FOTOREPORTAGEM | NP |115 18Setembro, 16h30m
SKATEPARQUE
fotoreportagem fotoreportagem fotoreportagem
SKATEPARQUE
19Setembro, 23h40m
16 | NP | CULTURA
SORTIDOFINO LIVRO Miguel Esteves Cardoso “Explicações de Português” Embora não se encontre nele uma lógica cronológica,“Explicações de Português” é um belo compêndio de prosas compiladas por Vasco Rosa a partir de vasto espólio entregue por Miguel Esteves Cardoso à imprensa portuguesa, da “Música & Som” ao “Expresso”. Esquecida a sua fase televisiva e um episódico regresso a “O Independente”, deleite-se o leitor com crónicas escritas a propósito de tão pungentes temas quanto o país em que vivemos e o cu (assim mesmo, em “Hoje Temos Cu”). Aqui se recorda, efectivamente, a razão porque as iniciais MEC passaram a fazer parte de um imaginário colectivo que viveu com alguma da mais deliciosa prosa escrita em português nas últimas décadas. A título de exemplo, escreve Miguel Esteves Cardoso, em “A Biblioteca da Mesinha-de-Cabeceira” (pág. 55): “Os Portugueses levam livros para a casa de banho e guardam outros junto à cama. Será que associam a leitura às necessidades? O papel dos livros é ajudar a dormir ou a cagar?”.
CD Björk “Vespertine” Não será exagerado dizer que de Björk, a islandesa mais conhecida no universo da música pop, espera-se qualquer coisa. Recorde-se apenas a reviravolta estética em no álbum “Homogenic” e a elogiada participação no cinema pela mão de Lars Von Trier, em “Dancer In The Dark”. Portanto, “Vespertine” não espanta. Pode, eventualmente, surpreender o fim que Björk procura, mas não os meios empregues pelo caminho. “Vespertine” trata-se de um disco que, parecendo sofisticado, não deixa de parecer espartano. Björk parte, basicamente, de ruídos estranhos para um conjunto de canções ainda mais estranho, ainda que um simples conjunto de canções. “Vespertine” é um disco para ser considerado genial ou para funcionar como passaporte de Björk para os anais dos perturbados da história da pop. Depende, unicamente, dos ouvidos de quem o consome. DVD Ridley Scott “Hannibal” Alugar é uma opção, mas comprar dá a certeza de ter tempo para ver os dois discos que a edição em DVD de “Hannibal” proporciona. A sequela de “O Silêncio dos Inocentes”, entregue a Ridley Scott, vale em grande parte pelos extras que apresenta no segundo disco. “Hannibal” não tem o efeito brutal de “O Silêncio dos Inocentes”, como se sabe. Difícil seria mesmo pedir semelhante tarefa a Ridley Scott, quando, a título de exemplo, não tem Jodie Foster para contracenar com Anthony Hopkins. Digno é, pelo menos, dar-lhe um final magnífico, que permite futuros desenvolvimentos. O final é, de resto, um dos atractivos da edição de “Hannibal” em DVD, já que no segundo disco, entre as cenas cortadas ou alternativas, é exibido um desfecho diferente para a história. A “mioleira flambé”, essa, permanece a mesma.
produções de texto e imagem imaginarte@netcabo.pt
CIDADE IMAGINADA | NP | 17
“Todo o cais é uma saudade de pedra” (Fernando Pessoa)
CIDADE IMAGINADA por: António Pedro Vasconcelos Cineasta Projecto em curso: preparação do seu próximo filme “Os imortais”. As cidades de que gosto, onde gosto de passear e onde gostaria de viver, são cidades com história. Mas uma história com que me identifico, uma história que me corre no sangue e na memória. Gosto de Florença, por exemplo, e imagino-me a viver em Florença - mesmo se hoje, com a democratização do acesso ao lazer e a proliferação da oferta turística, o centro histórico da cidade se tornou um Museu apinhado de gente, como a praça de São Marcos, em Veneza, ou, em Roma, a capela Sistina. O que não acontece em Paris, Barcelona, Praga, Roma ou Torino, que são outras das cidades onde eu poderia viver, cidades onde os turistas fazem parte da paisagem, contribuem para fazer delas cidades cosmopolitas, como Nova Iorque, talvez a pérola das cidades do século XX, uma cidade pujante e móvel, que há-de sobreviver, quiçá mais forte, à destruição das Twin Towers, uma metrópole feita à medida dos paquetes e dos aviões (mesmo se pode parecer uma ironia macabra), esses ícones futuristas do século da máquina e da velocidade, capital da liberdade como foi Paris no século XIX, onde confluem e se confundem todos os povos do mundo. Gosto de cidades assim: vibrantes, acolhedoras, tolerantes, abertas durante vinte e quatro horas, onde convivem burgueses e marginais, artistas e funcionários, nómadas e sedentários, polícias e ladrões. Não sou atraído pelas cidades nem pelos países exóticos, de culturas que não conheço, a que não estou ligado e onde, por isso, nunca poderei penetrar: a Índia, sobretudo, mas também a China, países e civilizações que, no seu íntimo, se mantiveram
imunes, durante séculos, à cultura ocidental. Quero dizer com isto que não acredito em cidades construídas ab nihilo, como Brasília, que é um pesadelo geométrico de betão e espaços verdes, concebida num gabinete, ou em cidades dormitórios, que cresceram depois da II Guerra na periferia de todas as capitais. Acredito, isso sim, nas cidades que crescem naturalmente, em determinadas épocas, cidades à volta das quais nasceu e floresceu uma nova civilização. Nova Iorque, agora ferida pelos atentados, é um dos brazões do século XX, talvez o maior testemunho da pujança e da imaginação dos homens desse século, onde o poder do dinheiro e a imaginação dos artistas, como na Florença dos Médici, souberam conviver. Não gosto de cidades novas, como não gosto de sapatos novos, cidades sem idade e sem patine, sem rugas e sem história. Gosto de cidades que crescem harmoniosamente, onde o respeito da História inspira a arquitectura, o gosto e as criações do presente, como são Florença ou Paris, Roma ou talvez Londres (cidade fascinante mas secreta, onde nunca, verdadeiramente, penetrei). Lisboa é outro caso: Lisboa é o exemplo de uma cidade que renasceu, subitamente, de vários anos de desprezo e abandono, e que, de repente, reconquista a sua vocação de cidade marítima, grande porto de partida e chegada de navios do mundo inteiro, onde uma das mais belas praças do Mundo, o Terreiro do Paço, os recebe com hospitaleira majestade, e onde o eco melancólico das sirenes faz ricochete, ainda hoje, nas vielas mouriscas dos bairros de Alfama e da
Mouraria. Lisboa, que se tornara, na última metade do século, uma cidade fechada nas suas ameias e nas suas colinas, taciturna e sombria, absurdamente virada de costas para o mar, recuperou a luz, o espaço, a alegria, o movimento ondulante e o colorido que fazem as grandes cidades. Depois das aberrações dos grandes centros comerciais, só possíveis pela desertificação e anemia dos grandes centros vitais - do Terreiro do Paço ao Chiado, dos Restauradores ao Marquês -, Lisboa começa a recuperar a vida nessas zonas que eram o centro nevrálgico da cidade. E, dado importante, volta a ser, depois de séculos de isolamento e desconfiança do estrangeiro, uma cidade cosmopolita, um
grande porto, aberto à novidade e à aventura. Eis outro traço comum às cidades que me atraem e comovem: são cidades marítimas, como é também Istambul, São Petesburgo ou São Francisco, ou cidades atravessadas por rios que trazem nas suas águas memórias de grandes civilizações, como o Arno em Florença ou o Sena, em Paris, cujas águas espelham a luz do sol que declina e douram as fachadas dos prédios quando o dia se despede. Gosto de cidades abertas às chegadas e às partidas, que cresceram a partir do mar ou à volta do rio, cidades em trânsito, cidades que acolhem influências, escondem aventuras e nos reservam surpresas.
18 | NP | CULTURA
EXPERIMENTADESIGN2001 Todo o Design em Lisboa Pedro Gonçalves
“Como é Que Fazes o que Fazes?”. É este o mote para a segunda edição do Experimentadesign, evento que este ano decorre por pontos diversos da cidade de Lisboa entre 16 de Setembro e 31 de Outubro. A Experimentadesign é uma bienal que se divide entre acontecimentos como exposições e espectáculos de dança. Organizado pela Experimenta Associação para a Promoção do Design e Cultura de Projecto, o Experimentadesign, que teve início a 16 de Setembro, propõe-se ocupar, até ao último dia de Outubro, espaços culturais lisboetas tão distintos como a Fundação Calouste Gulbenkian e o Parque das Nações. No Parque das Nações, junto às habitações das famílias a quem o NP primeiramente se dirige, recebe, por exemplo, a exposição “Voyager” - em que participam 80 criadores portugueses - e conferências / workshops dedicadas ao tema em causa este ano. Além da exposição “Voyager”, outros motivos de destaque são, certamente, uma outra exposição,“Space Invaders” (de arquitectos britânicos) e o espectáculo do coreógrafo Rui Horta,“Pixel”, que integra igualmente a programação dos Encontros Acarte 2001, a decorrer entre 18 e 28 de Setembro. O design (que na sua essência, é bom não esquecer, se fundamenta na ideia de aliança perfeita entre forma e função dos mais diversos instrumentos ou objectos) é, na segunda edição do Experimentadesign, abordado em distintas variantes, do design gráfico ao design industrial, passando pela música e web design. Está desta forma alinhado o programa do Experimentadesign 2001, repartido entre formas diversas de manifestação.
No que às exposições que ainda podem ser vistas diz respeito, destaque-se de novo “Voyager” (no Pavilhão de Por tugal, no Parque das Nações, entre 17 de Setembro e 31 de Outubro), “Dieter Rams Aus” (Grande Hall do Centro de Exposições do Centro Cultural de Belém, entre 20 de Setembro a 25 de Novembro), a “Fotografia de Pedro Cláudio” (no Promontório, entre 21 de Outubro e 31 de Novembro), “Designoperandi” (no Torreão Norte da Cordoaria Nacional, entre 22 de Outubro e 31 de Novembro) e “Space Invaders” (na Galeria Central Tejo do Museu da Electricidade, entre 23 de Outubro e 31 de Novembro).
planeia a exibição, na RTP2, do “EXP - Experimentadesign Magazine”, de 11 de Setembro a 31 de Outubro, e um evento denominado “Lounging Space”, que a Loja da Atalaia alberga entre 19 de Setembro e 31 de Outubro.
Como já se referiu, o espectáculo associado ao Experimentadesign 2001 é “Pixel”, do coreógrafo Rui Horta, a decorrer entre 18 e 28 de Setembro no Centro de Arte Moderna da Fundação Calouste Gulbenkian.
Paralelamente a esta programação, o Lounging Space acolhe, a 26 e 27 de Outubro, “Fabrica Por tfolio Days”; a Galeria Design Atlantis “Hella Jongerius” de 21 de Setembro a 16 de Outubro; e o Lisbon Welcome Centre transforma-se em “Public Space” entre 18 de Setembro e 29 de Outubro.
Na área considerada de projectos especiais, a organização
A discussão e a aprendizagem estará certamente nas conferências e workshops a que ainda vai a tempo de assistir: “1000 Plateaux”, no Lounging Space (de 19 de Setembro a 31 de Outubro), “Designmatography II”, a 2 de Outubro no Lux e nos três dias seguintes na Cinemateca e “O Pensamento Enquanto Design”, de 15 a 19 de Outubro no Convento da Arrábida.
CULTURA | NP | 19 “LixoLuxoPoético” - e Tocá Rufar. Orquestra Sinfónica Juvenil Palco Bojador, 16h00.
DIA MUNDIAL DA MÚSICA TRÊS DIAS NO PARQUE DAS NAÇÕES
OrchestrUtopica Teatro Camões, 21h30. O dia 1 de Outubro, assinalado nos calendários como o Dia Mundial da Música, é o pretexto para as celebrações que, no Parque das Nações, decorrem ao longo de três dias. De 29 de Setembro a 1 de Outubro, vários são os cenários do Parque a acolher espectáculos de naturezas diversas. Do concerto dos britânicos Faithless, que vêm a Lisboa apresentar o álbum “Outrospective”, a numerosos espectáculos dedicados a géneros diferentes vocacionados para a dança, muitos são os eventos que integram a programação do Dia Mundial da Música no Parque das Nações. Para que nenhum motivo exista para que o público não venha ao Parque das Nações, a organização tratou de fazer gratuitas todas as entradas para os espectáculos. A excepção é, apenas, o concerto dos Faithless na Praça Sony, que na primeira parte conta com a prestação dos também ingleses Kosheen.
O programa das comemorações do Dia Mundial da Música está composto desta forma:
29Setembro 1ª Mega Feira do Disco: CD e Vinil Estação do Oriente (Piso -2), das 10h00 às 24h00 Música na Rua Em diversos locais do Parque das Nações, das 15h00 às 17h00. Participantes: Realejos, acordeonistas, Grupo DumDumba e
Orquestra de Harmónicas de Ponte de Sôr.
01Outubro
Faithless + Kosheen Praça Sony, 21h30. “Danças no Parque” Sete palcos em diversos locais do Parque das Nações, das 22h00 às 04h00. Palco Bojador, 22h00: Berg, Mico da Câmara Pereira, Miguel Rebelo e Pedro Polónio e Rui Melo. Torre Vasco da Gama, 23h00: Password, Kika Santos e DJ Pedro Passos. Palco 6, 23h00: Sankambareggae, One Love Family e Kussondulola. Passeio das Tágides, 22h00: Spleen e Lolly Rocks. Palco Promenade, 22h00: Quinteto Elsie Orkuestra e DJ Orlando Leite. Jardins de Água, 23h30: Dany Silva. Parque Neptuno, 00h30: Ginkgo e Projecto Delicado (DJs Alex Santos e Luís Leite).
30Setembro 1ª Mega Feira do Disco: CD e Vinil Estação do Oriente (Piso -2), das 10h00 às 20h00
Abertura do Ano Escolar - Festa “Escolas Com Música” Em diversos locais do Faithless Parque das Nações, das 10h00 às 17h00. Programa: Tunas Académicas Rossio dos Olivais, das 14h00 às 16h30. Stands de Música - Apresentação de Escolas de Música Junto ao Jardim da Música, das 11h00 às 16h30. Lixo Musical - Oficinas de Reciclagem: fabrico de instrumentos musicais Jardim da Música e Oficina de Reciclagem do Programa Educação, das 10h00 às 12h30 e das 14h00 às 16h00. Disco - Concurso de DJs escolares Palco Bojador, das 14h00 às 18h00. Karaoke inter-escolas Porta Norte, das 11h00 às 13h00 e das 14h00 às 17h00. Concertos - workshops Pala do Pavilhão de Portugal, das 14h30 às 16h00. Programa: “Floresta d’Água”, de Jorge Salgueiro, “Esta Cantiga Quer Viajar”, de José Carlos Godinho, Orquestra Foco Musical.
Música na Rua Em diversos locais do Parque das Nações, das 15h00 às 17h00. Programa: Realejos, instalação de instrumentos construídos a partir de produtos encontrados no lixo, por João Ricardo Oliveira -
ALTAFIDELIDADE A NOVA MÚSICA PORTUGUESA NO PARQUE DAS NAÇÕES O Palco 6 do Parque das Nações, em Lisboa, está desde 17 de Agosto e até 27 de Outubro a reviver o estatuto com que se impôs no decurso da Expo ‘98: o de espaço por excelência para apresentação de alguma da nova música portuguesa. Entre 21 de Setembro e 27 de Outubro, mais de 30 projectos nacionais mostram música que vai do reggae ao rock, passando pelo rap e por géneros de identificação difícil. Alta Fidelidade é o título gené21 Setembro rico deste evento que, todas as Philarmonic Weed, André Indiana e Brainwashed by Amalia sextas-feiras e sábados, tem 22 Setembro ocupado o Palco 6 do Parque Blasted Mechanism e Montecara das Nações desde 17 de 28 Setembro Agosto. Por ali já passaram, nos Hipnótica e Satúrnia últimos dois meses, nomes 29 Setembro como Wray Gunn, Stealing Kussondulola, One Love Family e Sankambareggae Orchestra, Slamo, Clark, 5 Outubro Caffeine, Cool Hipnoise e Sam The Kid, Mundo Ixpião, MC Bellini e Pitch 07 Atomic Bees. Para vir estão 6 Outubro ainda actuações como as dos Rollana Beat, Gomo e Americans Are Dangerous Blasted Mechanism, Hipnótica, 12 Outubro Kussondulola, More República More República Masónica, Bypass e Woodstone Masónica, Austin, Lulu Blind, 13 Outubro Zen e Mofo. Austin, Jaguar e Houdini Blues Situado na Passarela do Álcool, 19 Outubro muito perto da Praça Sony, o Lulu Blind,Toranja e Zorg Palco 6 do Parque das Nações 20 Outubro tem agendados, entre os dias Zen, Squeeze Theeze Pleeze e Flux 21 de Setembro e 27 de 26 Outubro Outubro, os seguintes concerMofo, Haus En Factor e |F.E.V.E.R.| tos, sempre a partir das 23h00 27 Outubro e com entrada livre: Daskarieh, Mesa e Hidden ID
A GARRAFEIRA DA PORTELA ARTIGOS DOS CLUBES: SPORTING, PORTO, BENFICA
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L E I T Ã O D A B A I R R A D A E N E G R A I S PA R A F O R A
20 | NP | ESTÓRIAS
Mais ano menos, quilómetro Miguel Meneses
Uma nuvem de pó provocada pelo chiar agudo do carro vai descobrindo o stand e deixando para trás aquele bizarro velho. O descapotável azul e branco segue acelerado para o infinito sul. Em frente seguiam os dois amigos que, rumo ao milénio, procuravam estradas novas. O que ficava para trás já não tinha qualquer significado... estava usado. É engraçado observar o paradoxo que envolve as 24 horas que, generosamente, recebemos por dia, e a necessidade que temos de as sugar em prol de uma rentabilidade máxima de utilidade. Os acessos estão cada vez mais curtos, a palavra fast é mãe da comida, dos carros, dos desportos, da televisão, do consumismo, das novas tecnologias. Numa lógica mais inocente, deveríamos ter mais tempo para respirar, mas o certo é que toda esta evolução nos oferece uns minutos e nós estamos a construir uma sociedade sem tempo para... O que me leva àquele descapotável, onde o Xico e o Pedro aceleram... Eles estão nitidamente frenéticos pelo carro usado que compraram e, a par disso, não param de gozar com o vendedor que pintou um cenário dramático e bizarro acerca do carro. Tanto resistiu para não vender que, no fim, cedendo disse «...meus filhos, levem o carro, mas cuidado com ele. Não acelerem as vossas vidas...». Que gozo lhes deu aquela mensagem pseudo-filosófica, com uma atmosfera digna de um filme de terror barato. Acabou por ser perfeita, rendeu-lhes hora e meia de tema para desbravar. A meio do percurso encostaram num bar para beber e «salivar» pelo fim do destino que aguardavam sedentamente. Falaram um pouco da vida e... o Xico fartou-se de
«picar» o amigo pelo facto de ele estar já a ficar com brancas. Mais engraçado ainda por ser a primeira vez que tinha reparado em tal coisa. O Pedro... «olha e tu estás a ficar com rugas, a sério, estás a ficar com rugas na testa!» Riram-se e seguiram caminho... mas, eu já lá volto. Na minha opinião, considero que o futuro passará por dois motores essenciais. Num primeiro campo, as novas tecnologias da comunicação, do outro as empresas do lazer. Em ambos os pilares a estrutura comum é proporcionar nova sensações, em que o ritmo e o radicalismo são o pulsar da sua essência que, cansada do passado, rompe com tédio na procura do diferente. Rompendo com o velho, vão abrir caminho para uma nova sociedade. O choque que se sente é precisamente pelo facto de a transição não estudar uma adaptação que permita tornar o limbo numa fronteira fácil de se cruzar. Porquê? Porque o velho é uma rotação 33’ e o novo é um minidisc; ambos existem, mas não se tocam. E por falar em música, essa é que não falta na viagem de fim de ano dos nossos amigos. Num plano aéreo, o pó que fica para trás trilha o acelerado percurso que serpenteia o deserto laranja. Mas num plano mais apertado, a acção não é assim tão linear. A viagem sofre uma transformação que desnorteia o Xico e o Pedro. No limiar de um acidente, o carro é arrastado parando junto de uma bomba de gasolina plantada no meio do deserto. Os dois saem dos restos da nuvem de terra e, histéricos, começam..«o que é que se passa?! Já olhaste para ti, Xico?! Olha para a tua cara e repara nas tuas mãos... quase não tens cabelo... e olha para mim... o que é que se passa connosco?» No meio daquela tempestade ouve-se, ao fundo, um riso cinzento libertado por um velho
gasolineiro que num tom sarcástico...«eu a vocês não vos conheço, mas desse carro lembro-me eu muito bem.» Eles, completamente aterrados, continuaram a ouvir...«Essas rodas já passaram por aqui vezes sem conta e, vezes sem conta, eu assisti a filmes do mesmo formato do vosso...dei-
habituados, de nascermos, irmos para a Universidade, arranjarmos uma colocação profissional, casarmos e darmos continuidade a uma linha de sucessão, está a ser, hoje, posto em causa. A nova relação tempo/utilidade deixa de fora certas etapas que são base essencial para a sobrevivência do conceito social que
se quiserem... de substituição. Mas, voltando ao discurso do gasolineiro... «Então permitam-me que eu vos explique o desenlace final. Esta era a história de um carro que quanto mais as pessoas o aceleravam mais envelheciam. Não é certo, mas pelas minhas contas vocês fizeram cerca de
Sentaram-se e olharam um para o outro sem saber o que fazer. Poucos minutos mais tarde...” Bem, Xico, temos que nos fazer à estrada, porque senão vamos chegar atrasados”. O Pedro olhou para ele e apercebeu-se que o amigo preferia perder mais uns anos mas, mesmo assim, não falhar à festa que
xem-me adivinhar...não quiserem ouvir o aviso que vos foi feito pelo velho do stand? Pois eu tenho todo o gosto em repetir a mensagem... não acelerem as vossas vidas! Diz-vos alguma coisa... não!? O formato, ao qual estamos
dá corpo a um todo, e que só funciona com todas as suas partes. Ao saltarmos essas etapas estamos, à partida, a acelerar um novo conceito que vai desvirtuar ou até mesmo exterminar esse padrão de ordem social. É tudo uma questão de opção, ou
200 quilómetros... estão com o aspecto de quem está na casa dos cinquentas, portanto envelheceram cerca de 30 anos... mais ano, menos quilómetro.» Os dois amigos não queriam acreditar. Aperceberam-se que não havia forma de voltar atrás.
estava prometida. De costas para o carro que partia, reparou no letreiro...«Empregado precisa-se», e sorriu para o homem da bomba que, ao mesmo tempo, rasgava o letreiro. São opções...e contradições.
DESPORTO | NP | 21
Ao encontro da cultura do mar Miguel Meneses
O Clube do Mar do Parque das Nações contou o ano passado com uma tripulação de nove escolas. Este ano o número vai aumentar e a reabertura a meio do mês de Outubro anuncia um 2001/2002 com uma Doca dos Olivais mais apetrechada.
Um Clube à descoberta do mar Com o intuito de promover a, na altura, futura Expo 98, foi criado em 1995 o Programa Oceanofilia, do qual resultaram vários projectos, entre eles, o Clube do Mar dos Olivais. A dinâmica e o mediatismo que caracterizaram colocaram-no como responsável pela animação e aproveitamento da Doca dos Olivais do Parque. Nasceu o Clube do Mar do Parque das Nações que, desde então, tem vindo a promover um trabalho que vive de uma forte simbiose entre várias escolas da zona e que resulta numa forte aproximação de alunos e professores com o mar. De quatro passaram a nove as escolas que tornam possível a manutenção deste projecto. Mas, como explica o professor Manuel Cordeiro, coordenador deste clube, a essência máxima é, através de um frutífero trabalho de grupo, a possibilidade de trocar experiências e fazer interagir alunos e professores de escolas diferentes, procurando recuperar um aproximar à cultura do mar, hoje um pouco perdida. O facto é que, dos cerca de 100 alunos que semanalmente passam pela Doca dos Olivais, alguns nunca tiverem qualquer tipo de contacto com o mar. O que levou a que a vela e a canoagem fossem colocadas num segundo plano abrindo portas, em primeiro lugar, às
aulas de natação que passaram a enquadrar esta vertente desportista. Aos 10 barcos Optimist e 2 L´équipe, juntam-se as várias canoas que, construídas pelos professores e alunos, ganham um valor acrescido quando navegadas na Doca e travessias pelo rio até Alcochete. Estes passeios duram cerca de uma hora e têm largada com a maré vazia, contando com o apoio de um ou dois barcos.
Arte e ciência a bordo Apesar de a vertente desportiva estar bem patente neste clube, a arte e a ciência completam, de forma imprescindível, todo este projecto. Com uma base bem sólida, o Clube do Mar concilia a vertente lúdica com a pedagógica procurando obter uma forma mais consistente e rica para os alunos que por lá passam. No plano artístico são organizados ateliers, exposições, ciclos temáticos de cinema e vídeo, cursos de fotografia, concursos literários, entre outras actividades que, canalizando o tema mar, desenvolvem novos interesses, alargando os horizontes. A vertente científica engloba aulas temáticas no Oceanário, passagens pelo Centro de Monitorização Ambiental, investigações ligadas à meteorologia, marés e poluição, estudos sobre as aves, entre outros temas que, durante todo o ano lectivo, oferecem à ciência novos palcos de trabalho. Toda esta estrutura tem por trás uma organização bem cimentada e estudada para que seja possível tirar o proveito máximo possibilitando uma expansão não só em número mas, obviamente, em qualidade. Assentando não só numa vertente preventiva, pela ocupa-
ção de tempos livres, todas estas actividades provam que a escola não está limitado às suas fronteiras físicas podendo encontrar projecção noutros espaços e noutros interesses. A verdade é que o contacto com a água é, indiscutivelmente, importante para crescimento dos alunos que adquirem uma preparação e confiança, até então desconhecidas.
Projectos para 2001/2002 Apesar de, até agora, os navegadores deste projecto estarem circunscritos às escolas, o Clube do Mar apresenta um potencial mais alargado. Nesta linha vai ser iniciada, na Doca dos Olivais, uma obra que permite criar estruturas para que o Clube possa crescer com condições reais para os seus elementos. A par, está a ser planeada a participação de algumas escolas da zona de Sintra, assim como acções de formação para os professores orientadas por dois elementos da Marinha, para a obtenção da Carta de marinheiro e de Patrão de Costa. No que diz respeito à competição, apesar de não ser considerado o foco fundamental, o futuro passará por tentar interligar a vertente pedagógica e a vertente competitiva/profissional, dado que a especialização acompanha um ritmo crescente. O Clube do Mar pensa, também, criar condições para uma abertura além-escola, provavelmente com a criação de um centro de vela e canoagem. Estão planeadas actividades de convívio com outros clubes da zona ribeirinha e o facto é que continuam a ser construídas mais canoas, e a própria Doca apresenta espaço para mais adeptos do mar e da navegação.
22 | NP | DESPORTO
Olivais e Moscavide rumo ao Parque das Nações José Carlos Pinheiro Caldeira é o Presidente do Olivais e Moscavide. Alicerçado nos bons resultados do Futebol e Andebol, o grande projecto que tem entre mãos é a criação de um novo complexo, no Parque das Nações, deste clube que completa 90 anos em 2002.
Filipe Esménio
José Caldeira tem 43 anos, licenciou-se em engenharia electrotécnica, é gestor de empresas na área da promoção e construção imobiliária. Eleito Presidente em 1999, provocou eleições antecipadas motivadas por alterações estatuárias, e foi reeleito em 2000 para um mandato de três anos. Os resultados desportivos têm sido brilhantes. Andebol da terceira à primeira Divisão em dois anos, e o Futebol a subir à II Divisão B com uma equipa e um treinador jovens na senda dos bons resultados. O novo complexo desportivo no Parque das Nações é o grande projecto para o futuro do Olivais e Moscavide. Nada está ainda acertado com a Câmara Municipal de Lisboa, mas tudo parece ser possível. O clube fundado nos Olivais é hoje, essencialmente, um clube de Moscavide. Sediado em Lisboa, onde gostaria que ficasse na verdade o CDOM, em Lisboa ou Loures? Nós não conseguimos alterar a história. A história diz que é de Lisboa. A realidade é que serve a população de Lisboa e de Loures. Hoje, grande parte dos nossos sócios são efectivamente de Moscavide e também uma franja significativa do Parque das Nações.
As novas instalações do CDOM no Parque das Nações, realidade ou miragem? É claramente possível, nunca foi tão possível. Este acordo obriga à concordância de três partes, o clube, a Parque Expo e a Câmara Municipal de Lisboa. O acordo entre o Clube e a Parque Expo está realizado. Houve um primeiro pré acordo que foi substituído por um segundo. O primeiro não foi efectuado em sintonia com o clube e este segundo já é mais de acordo com a nossa realidade. É um projecto essencialmente desportivo, mas não só. Prevê estádio com 4 mil e 800 lugares, pavilhão para 1500 lugares sentados, e piscina de 25 m com 500 lugares sentados. É circundado por serviços e comércio, essencialmente serviços. O complexo terá 19 mil metros quadrados, dos quais cerca de 4 500m serão a zona de serviços e comércio. O comércio vai ser muito virado para a área de desporto. Será em Lisboa ou Loures? Não é nem Lisboa nem Loures. Mais uma vez, abarca os dois concelhos. O que será do velho complexo dos Olivais? A Câmara de Lisboa é proprietária do terreno e temos dialogado com a Câmara,
com o Vereador da área do património, Dr. Carlos Fontão de Carvalho, também administrador na Parque Expo, que está a par de todo o projecto. A Parque Expo cede-nos o terreno em direito de superfície, mas nós temos de criar as condições financeiras para o executar. Falamos de 4 milhões de contos, na totalidade. Necessitamos naturalmente de gerar fluxos financeiros para viabilizar o projecto. Apresentámos um estudo à Câmara de Lisboa para este espaço, prevendo construção, respeitando as características urbanísticas em padrão e volumetria. Esta é a forma de nos financiarmos. Havendo vontade política para aceitar o nosso projecto, com as respectivas alterações que a Câmara entenda como justas, acreditamos que é possível.
Que contrapartidas terá Lisboa? Garantimos que todas as verbas geradas serão investidas no novo projecto e ainda aplicamos uma verba na ordem dos 400 mil contos para a reabilitação e arranjo urbanístico da Quinta dos Machados. Colocaremos obras de arte e ajardinamento em toda esta zona. Esta é a contrapartida a dar à cidade para que a Câmara altere o PDM que tem sido tão falado para o Estádio da Luz. O projecto é razoável, com índices de construção abaixo dos da zona, e ainda com um espaço verde do tamanho do nosso campo de futebol. Que retorno têm tido da C.M. Lisboa? Já dialogámos com o Dr. João Soares e a ideia agradou-lhe. O projecto é do Arq. João
Paciência, o que dá uma garantia de qualidade. Este é o ponto de situação que acreditamos ir chegar a bom termo. Há da nossa parte a garantia de que este projecto é sustentado e de investimento patrimonial, nada tendo a ver com uma busca de resultados desportivos a curto prazo. O Atlético de Moscavide pode associar-se a este projecto? Coloca-se, efectivamente, a possibilidade de o Atlético de Moscavide se associar a este projecto, em parceria, disponibilizando também o seu espaço para requalificação à Câmara Municipal de Loures. Existe, da parte do Atlético, interesse em discutir este assunto desde que lhe sejam dadas garantias. Se tudo corresse de feição
para quando poderíamos contar com o novo complexo no Parque das Nações? Para 2003/2004. Quais são as ambições desportivas para 2003-2004? Com a execução deste projecto e com receitas fixas que suportem as despesas, o Olivais e Moscavide não pode esperar ir muito longe. Pode manter o Andebol na Divisão máxima Nacional, e no Futebol, não vou esconder que se tudo correr bem podemos ir a uma II Liga, nunca mais do que isso nessa altura. Mas só com a garantia destas receitas para o clube. Quais são os objectivos para o Futebol, nesta época? Manutenção da melhor classificação possível, ou seja, acima do meio da tabela. Penso que nada mais do que
DESPORTO | NP | 23 isso será possível. Só por distracção dos nossos adversários. Qual é o orçamento para o futebol, para esta época? Temos 50 mil contos. A equipa é essencialmente a mesma do ano passado, será suficiente para a II B? Pensamos que sim. A equipa é jovem, tem uma média de 23 anos de idade, com três jogadores de 29 anos e muitos miúdos titulares de 19 anos. É uma equipa jovem, mas ambiciosa. Com muito valor, com características técnicas muito boas. Quanto jogadores do plantel são das camadas jovens do CDOM? Seis, pelo menos, depende das contas. Chegaram a ser o clube com mais atletas inscritos nas camadas jovens, pelo menos no Distrito de Lisboa, mas hoje não é assim. Porquê? Prende-se essencialmente com a questão dos campos. Com a passagem do pelado a relvado tornou-se impossível ter a mesma taxa de ocupação que se tinha. Isso obrigou os miúdos a deixarem de estar todos neste parque desportivo. Nunca mais se conseguiu arranjar uma estrutura, nem digo própria para a prática da modalidade, mas coerente. Passámos a andar de campo em campo com treinos onde calhava, em função da disponibilidade destes. Isto tem custos elevados, para além de ser desmotivante para atletas e pais. Tivemos, no último ano, bons resultados desportivos com a subida dos Iniciados, e com a chegada dos Juniores à final que perderam por penalties. Quem coordena as camadas jovens são pessoas com formação e com objectivos bem definidos. Penso que vamos continuar no bom caminho, apesar das dificuldades. O novo projecto prevê um segundo campo? Não. Há a intenção da Parque Expo de criação de dois campos pela, um relvado e outro sintético, na zona do Trancão. Isto já não é da responsabilidade do Clube, mas sim da Parque Expo que poderia, eventualmente, disponibilizar parcialmente o campo para o clube. Mas isso já não é garantido. A própria Câmara de Loures também tem a
intenção de requalificar o complexo da Petrogal. Mas nada disto é garantido e teremos de aguardar. O andebol tem sido um caso de sucesso... É um projecto sustentado e trabalhado, quer ao nível dos jogadores quer ao nível das garantias financeiras, com o patrocínio do Parque da Nações. Tínhamos previsto a subida à I Divisão em três e não dois anos, mas agora já lá estamos e temos claramente como objectivo a manutenção. Quais os objectivos desportivos para este ano? Ficar nos primeiros oito classificados. E o orçamento para este ano? São 60 mil contos. Muito abaixo dos orçamentos de outras equipas da I Divisão de Elite. Existem orçamentos de 200 mil contos. Também no futebol, como dizia, temos 50 mil contos e há equipas com 120 e 130 mil contos. Temos de ser realistas. O que será o CDOM no futuro? Um clube ecléctico ou um clube de Futebol e Andebol? Será um clube de Futebol, de Andebol e Natação, na primeira linha. A eventual associação com o Atlético de Moscavide poderá acrescentar o Basquetebol a estas três modalidades. Depois Atletismo de estrada e outras modalidades, como a Ginástica e as Artes Marciais, por exemplo, podem sempre surgir. O que esperar do Bingo do Olivais e Moscavide? Estamos em estudo avançado para a transferência deste Bingo para instalações na Gare do Oriente. Tem sido um processo demorado porque essas instalações estão ainda ocupadas. Umas estarão disponíveis para breve, quanto às outras aguardamos por decisões. O projecto do Bingo está a ser desenvolvido com uma empresa espanhola, que é a principal empresa construtora e gestora de bingos na Europa e na América do Sul, a desenvolver em Portugal acordos com vários clubes. Acordos claros e bem estruturados, onde se definem níveis de investimento de forma sustentada. Espero que, até ao final do ano ou antes, tudo
fique definido. Não queríamos mudar este Bingo para qualquer lado e a Estação do Oriente, pela proximidade e por todas as outras razões, parece ideal. A capacidade investidora desta empresa é um factor fundamental para a recriação do espaço. Já tínhamos uma alternativa pensada nas actuais instalações do clube, mas sem dúvida a solução Gare do Oriente é a mais vantajosa. Que será o Clube Desportivo dos Olivais e Moscavide em 2010? Com o novo pavilhão e com o novo estádio, com uma gestão exacta e não em busca dos resultados a curto prazo podemos acreditar num clube forte na zona Oriental de Lisboa.
A História As origens do Clube Desportivo dos Olivais e Moscavide remontam ao Verão de 1912, quando um grupo de amigos se encontrava aos domingos na R. Conselheiro Mariano de Carvalho, nos Olivais, junto ao Rio Tejo. Ataíde Nunes, Victor Rodrigues, Francisco Januário, Marcelino Borges de Campos, José Martins, Artur Florêncio, João Perdigoto e Augusto Florêncio resolveram formar um clube de futebol e, em 1 de Setembro de 1912, é fundado o Rua Nova Futebol Clube, cujas primeiras reuniões decorreram em casa da “Tia Maria Carapinha”, pois só volvidas algumas semanas o Clube dispôs da sua primeira sede, na Rua Conselheiro Ferreira do Amaral. Na época de 1931/32, o Rua Nova Futebol Clube participa pela primeira vez nos campeonatos da Associação de Futebol de Lisboa (A.F.L.), vencendo o Campeonato Distrital de Promoção e ascendendo à 2ª Divisão Distrital, onde se irá manter até 1938/39, época em que passa a militar na 3ª Divisão Distrital, por motivos de reorganização do futebol associativo. O Clube, que em 1935 passara a denominar-se Clube Desportivo dos Olivais, vence o Campeonato Distrital da 3ª Divisão em 1943/44, falhando a subida à 2ª Divisão Distrital no jogo de passagem. Concretiza esse objectivo na época 1952/53, e ascende em 57/58 à 1ª Divisão Distrital. A década de 70 começou mal para o Clube Desportivo dos Olivais: em 1971/72 foi despromovido à 2ª Divisão Distrital.
Nada abalado, o Clube sagra-se campeão da 2ª Divisão Distrital em 72/73 e em 1976/77 vai chegar ao Campeonato Nacional da 3ª Divisão. No final da época, a 6 de Maio de 1977, havia alterado novamente o seu nome - passara a ser o Clube Desportivo dos Olivais e Moscavide, que, por despacho do primeiro-ministro de 17 de Novembro de 1982, publicado na II Série do Diário da República n.º 278/82, de 2 de Dezembro, é considerado Instituição de Utilidade Pública, sendo assim oficialmente reconhecidos os serviços prestados pelo Clube ao Desporto e à Comunidade em que está inserido. Em 1983/84 o C.D.O.M. alcança a 2ª Divisão Nacional mas não consegue a manutenção. Regressará ao Campeonato Nacional da 2ª Divisão em 1988/89 e obterá a sua melhor classificação de sempre - o 9º lugar. Na época 1989/90 irá descer de divisão, embora consiga a sua segunda melhor prestação de sempre na Taça de Portugal: atingiu os oitavos-de-final, após ter eliminado o Feirense, que militava então na 1ª Divisão. Regressado à 2ª Divisão Nacional, em 92/93, o Clube conseguiu manter-se nela até à época 96/97, militando desde então na 3ª Divisão Nacional. A melhor prestação do Clube Desportivo dos Olivais e Moscavide na Taça de Portugal estava guardada para a época 1994/95: o Clube atingiu os quartos-de-final, só então sendo derrotado pelo Sporting, após ter eliminado, entre outros, o Sp. Braga em casa por 1-0.
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