Distribuição gratuita
ATLÂNTICO
ANO 1 - NR.4 - BIMESTRAL - JUNHO 02 - DIRECTOR: MIGUEL FERRO MENESES
s bastidores
ENTREVISTA COM
HENRIQUE RIBEIRO PAG.4 PAG.10
REPORTAGEM
MAKING OF ATLÂNTICO
PAVILHÃO DE MACAU
OS LUCROS DA EXPO
© Parque EXPO
PAG.3
PAG.8
PORTELA 219430849
MOSCAVIDE 219440680
SACAVEM 219410013/9575
2 | NP | EDITORIAL
A ETERNIDADE DA PALAVRA Verba volant, scripta manent: (os escritos ficam e as palavras voam.)
Por muito que, por vezes, se valorizem as escrituras e se
noticiasparque@netcabo.pt 219456514
desvalorizem as palavras, o certo é que estas podem ter uma
força
intemporal.
Percorrendo o tempo possuem a beleza da sua imaterialidade sendo mais possantes, em certos casos, que a rigidez daquilo que é escrito. As palavras têm o dom de serem livres e, de história em história, susceptíveis de se modelarem e adaptarem à in/conformidade dos tempos. Das palavras à crítica, esta última poderá ocupar bastante espaço como uma doutrina viva. No famoso Discurso de Péricles (uma das provas vivas da força da palavra sobre a escritura) este estratega da antiguidade grega vive a sua cidade como única, diferente e
FichaTécnica
superiormente democrática. As
Director: Miguel Ferro Meneses Director Adjunto: Filipe Esménio Chefe de Redacção: Sofia Cochat-Osório Redacção: Alexandra Ferreira, Mariana Gasalho, Raquel Guimarães, Tiago Reis Santos, (Colaborações) Luís Cardoso, J. Wengorovius Fotografia: Miguel Ferro Meneses, Parque Expo SA Direcção Comercial: Luis Bendada Ilustrações: Bruno Bengala Projecto Gráfico: Tiago Fiel Produção: Imaginarte Impressão: Imprejornal Tiragem: 5 000 Exemplares Proprietário: Imaginarte F. Esménio CO:202 206 700 Sede: Rua Júlio Dinis nº. 6 1º Dto. 2685-215 PORTELA LRS Nr. de Registo ICS 123 919
chegando mesmo ao extremo
suas convicções eram tão altas
de proferir que: “nós consideramos o cidadão que se mostra indiferente à política como um inútil
à
sociedade
e
à
República.” Mas, apesar de relevante, neste caso, não gostaria de entrar no campo da dialéctica da liberdade/igualdade. O que me interessa focar são precisamente estes dois pontos: o alcance que a palavra pode ter e o seu papel numa cidadania activa e participativa. Existe, neste momento, uma expectativa em relação ao futuro da SGU (Sociedade de Gestão Urbana). O facto de se estar a verificar algum atraso no arranque desta nova fase e de, ao mesmo tempo, a solidificação do Parque estar adiantada, começa a torna-se mais evidente aquilo que falta e o que está a mais. A comunidade mais activa vai-se manifestando. As lacunas que têm sentido relativamente à falta de um corpo autárquico definido vão tentando ser ultrapassadas. As críticas vão surgindo, as palavras vão adquirindo forma e peso. Falta de equipamento social, betão a mais, alterações na cidade que foi imaginada com excelência. Numa diferente perspectiva e por mais que a constante atenção aos percursos que estão a ser tomados seja primordial para a mudança, é importante defendermos o nosso espaço, a nossa cidade. É sintomático da cultura portuguesa o cultivo do queixume, pensarmos que tudo está mal e que nas outras cidades tudo resulta de uma forma mais eficaz. É necessário criar novas raízes, erguer a cabeça e acreditar no nosso terreno. Vigiá-lo dia e noite sempre com os olhos virados para o nosso potencial. Numa fase de vital importância para o Parque, numa altura em que temos assistido a uma notável participação de uma grande potencial cidadania activa era importante que as palavras conseguissem, sempre, tentar uma aproximação com aquilo que se tem imaginado. Miguel Meneses
LOCAL | NP | 3
Expo ‘98 gerou 900 milhões de contos para o Estado O início da esperada SGU (Sociedade de Gestão Urbana) é aguardado com expectativa. Numa altura em que estão nomeados os novos Órgãos Sociais e que é publicado um estudo sobre a avaliação global das receitas do projecto Expo’ 98 o NP adianta os nomes e os números.
Mariana Gasalho
e acordo com a avaliação global dos impactos do Projecto Expo ‘98 nas receitas do Sector Público Administrativo (SPA), um estudo efectuado pela Faculdade de Economia da Universidade Nova de Lisboa, revela os efeitos positivos resultantes deste projecto. As receitas para o SPA geradas pela Expo ‘98 e o Projecto Urbano que lhe está associado totalizaram cerca de 900 milhões de contos. Deste valor global cerca de 490 milhões de contos resultam de efeitos temporais, ou seja, injecção de despesa na economia nacional realizada pelo promotor do projecto global; injecção de despesa pela sua construção privada e presença de turistas em geral, particularmente os estrangeiros. Os restantes 410 milhões de contos de receitas adicionais para o SPA resultam de efeitos permanentes sendo os mais importantes do ponto de vista quantitativo, os decorrentes da valorização
D
imobiliária induzida pelo projecto nos terrenos da sua zona de intervenção e numa importante orla em seu redor, esperando gerar benefícios ao longo de um horizonte temporal ilimitado. Segundo o estudo, estas estimativas só poderão pecar por conservadoras já que nelas não se incluem todos os demais impactos, sejam eles de ordem económica (imposto de sisa, contribuição autárquica, taxas de esgotos, etc.), bem como o know-how e experiência de planeamento e requalificação urbanas da Sociedade Parque Expo, susceptíveis de transferência de outras zonas do país, o que, a acontecer haverá de fazer objecto de novas receitas adicionais para o SPA.
reserva a concluir que o Projecto Expo ‘98 foi um projecto de sucesso. Sucesso conquistado por todos aqueles que nele tiveram a oportunidade de intervir, desde o colaborador mais modesto ao responsável/gestor da organização.
Considerando os tão somente 112 milhões de contos investidos pelo Estado desde 1993, considerando a receita pública por ele gerado de cerca de 900 milhões de contos e considerando os benefícios não possíveis de quantificação como a divulgação de Portugal no Mundo este estudo não se
Os Órgãos Sociais Mesa da Assembleia Geral Presidente: José Clemente Gomes Vogal: Filomena Maria Amaro Vieira Martinho Bacelar Vogal: Teresa Isabel Carvalho Costa Conselho de Administração Presidente: José Manuel Bracinha Vieira executivo Vogais/Administradores Vítor Manuel Marques Tavares de Castro executivo Luís Pedro Vieira Piques Serpa - executivo Manuel Azevedo Leite Braga - executivo David José Ferreira Azevedo Lopes - executivo Luís Guilherme Marques Bernardes - não executivo Pedro Miguel Santana Lopes - não executivo Jorge Manuel Dias - não executivo Adão Manuel Ramos Barata - não executivo Fiscal Único Efectivo: J. Monteiro & Associados, SROC, Lda Suplente: António Alexandre Pereira Borges
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4 | NP | ENTREVISTA
”Trabalhamos com as emoções (do público)” Henrique Ribeiro é, há 1 ano e meio, administrador executivo da Sociedade Atlântico, concessionária do Pavilhão Atlântico e do Pavilhão do Futuro, além de prestar outros serviços. Mais do que alugar espaços para espectáculos, a empresa quer gerir eventos, integralmente ou com outros parceiros.
Sofia Cochat-Osório
As suas funções, como administrador, prendem-se com a gestão do próprio conceito do Pavilhão Atlântico e com a criação de estratégias para o consolidar? Obviamente que a função da administração é a defesa das grandes linhas estratégicas, linhas de actuação da empresa. O grande problema de uma empresa desta natureza é que dificilmente nos conseguimos afastar da própria actividade, temos de estar sempre envolvidos. Por outro lado, em eventos com público, a responsabilidade da administração é efectiva, nomeadamente no que respeita aos procedimentos de segurança e de emergência. Sou responsável, no caso de ser necessário - nunca foi, espero que nunca seja -, por dar início a um processo de emergência, de evacuação, qualquer processo que envolva aspectos de segurança. Compete ao administrador de serviço tomar essas decisões. Tudo isto torna a actividade mais envolvente. E costuma ver os espectáculos? Estou cá há 1 ano e meio e nunca aqui vi um espectáculo,
vi talvez 20 minutos de UB 40, 10 minutos de Jamiroquai porque sou grande fã, e pouco mais. Não consigo, infelizmente não consigo. Quando se está a desempenhar uma profissão e, sobretudo, se nos empenharmos de corpo e alma nessa actividade, tendemos a encará-la de uma forma mais profissional e menos apaixonada. Temos um comportamento menos emotivo, racionalizamos mais. O espectáculo são emoções. Nós jogamos, trabalhamos para as emoções do espectador permanentemente. O que quer que façamos é para estimular emoções. Mas nós perdemos essa inocência. Um dos eventos que costumamos ter, embora este ano não tenha havido, é o Disney on Ice. Uma regra de ouro na equipa Disney, fundamental, é que nenhuma criança pode passar para lá da cortina. Isto não tem a ver com questões de segurança. No dia em que uma criança tenha acesso ao como é feito, perde o encanto. Isto é, ver os intérpretes das personagens em vez dos personagens é o fim da magia. Para que interessa saber como é feito o truque de magia? Ou se sabe como se faz, e perde o encanto, ou se aprecia. O querer saber faz parte da própria magia, mas o não saber man-
ENTREVISTA | NP | 5 tém-na. Manter a expectativa é exactamente a função do artista de espectáculo. Estando do lado de cá, perdemos essa ingenuidade. E perdemo-la permanentemente, a capacidade de estar sentados como qualquer outro espectador. A nível de estratégias, quais são as vossas linhas mestras de actuação? A Atlântico S.A. é concessionária do Pavilhão Atlântico e, portanto, temos um contrato de exploração. A propriedade é da Parque Expo. Mas não só, além do Pavilhão Atlântico, da sala Tejo, do centro de negócios - que fazem parte do pavilhão -, também somos concessionários do Pavilhão do Futuro. E, até ao final do ano passado, também do Pavilhão de Portugal e da Torre Vasco da Gama. Estamos, neste momento, a negociar contratos de concessão de outras salas, quer na cidade de Lisboa quer fora, tanto para actividades a que chamamos “corporate” (de empresas), como para espectáculos. Somos, ainda, fortíssimos candidatos à promoção de eventos de outra natureza, mas públicos, que não têm ainda uma sala específica, mas que não é forçoso ocorrerem dentro do pavilhão. A Sociedade Atlântico passou a ser gestora de eventos e não a empresa “dona”, passando a expressão, do Pavilhão Atlântico. Passámos a ter uma postura completamente diferente no mercado. Como se faz essa gestão de eventos? A Sociedade Atlântico passou a ter um conjunto de responsabilidades mais alargadas. A gestão de um evento pode ser partilhada ou não, por exemplo, no espectáculo de magia com o Luís de Matos a gestão foi integral. Foi concebido pela Luís de Matos Produções e por nós, desde a sua raiz até ao final. Aliás, até ao momento em que estamos agora, a comercializá-lo para o estrangeiro. Temos uma procura interessantíssima de várias arenas na Europa e na Ásia para a produção do espectáculo que aqui ocorreu. A gestão integral vai desde o dia em que alguém se sentou frente a frente e iniciou uma ideia, até à execução técnica dessa ideia, e depois, ainda mais complexo, à venda desse produto para o estrangeiro. E
ainda há a produção do próprio produto no estrangeiro. Mas pode também ser uma gestão simples. Por exemplo, um cliente dizer-me que precisa de uma sala para reunir 10 pessoas ou de um espaço para expor 20 automóveis durante 2 horas. Agora, preocupamo-nos com outras coisas, nos espectáculos preocupamo-nos com o bem-estar das pessoas, com a sua satisfação. De que modo se melhora o espectáculo para o público? Fizemos algumas experiências que queremos manter. No concerto de Jamiroquai, as pessoas nem se aperceberam, mas quando entraram na sala já vinham a dançar, já estavam no ambiente, já tinham bebido do espírito. Esta é uma preocupação que temos permanentemente. Chama-se a isto, no jargão dos gestores desta natureza, “pré-show”. Tivemos uma emissão de rádio em directo às portas do pavilhão, da Antena 3, o “media partner” do promotor. Já havia um ambiente de festa. Quando entraram na sala tinham um DJ que lhes garantiu música do momento em que chegaram até à altura em que o espectáculo começou. O gelo já estava quebrado. Mais cedo começou o grande impacto. Há uma permanente troca de reacções entre o artista em palco e o público, vão puxando um pelo outro. As pessoas, quando chegou ao fim, tinham uma excelente opinião do espectáculo. Acabou às 10 para a meia-noite, e à 1 e pouco da manhã e ainda tínhamos 3 mil e tal pessoas à porta do pavilhão. A emissão de rádio prolongou-se depois do concerto. Esta preocupação era uma coisa que não havia, com o “pré-show” e o “after-show”, que não é a festa privada do artista em “backstage”, é o público. Isso para nós é muito importante. O Pavilhão Atlântico não recebe apenas eventos públicos, mas também privados. Qual é a vossa maior aposta em termos de gestão do espaço? A Atlântico faz parte da Associação das Arenas Europeias, uma associação que congrega as principais arenas de toda a Europa, profissional, para troca de informação, actualização e melhorias. Das arenas europeias, nós
somos a que tem maior taxa de eventos corporativos. Isto tem uma razão de ser: Lisboa tem sido- e espero que isto acabe rapidamente - considerada como periférica face à zona de actividades das grandes tournées. Uma tendência que se tem alterado... Este ano, há novidades nessa matéria. Supertramp começaram em Lisboa, Roger Waters começou em Lisboa. Estamos a falar de duas das maiores tournées que vão correr a Europa, este ano. Apostamos fortemente num esforço de investimento necessário para garantir que Lisboa, a arena Atlântico, deixa de ser vista no estrangeiro como periférica, mas como a porta de entrada da Europa. Daí que, no ano passado, tenhamos feito um esforço enormíssimo para conseguir captar os primeiros espectáculos. Dá muito trabalho, principalmente alterar as mentalidades dos próprios portugueses. Até porque nós temos uma vantagem, e estou profundamente convencido disto, para oferecer. O
público português é naturalmente generoso com o artista. E como tem sido o retorno desses promotores estrangeiros? Havia coisas que eles ainda não sabiam, ou ainda não tinham a certeza absoluta: do profissionalismo da nossa equipa. Quando vimos as declarações do Roger Waters que não só diz uma coisa que vem contrariar alguns boatos, algumas convicções de que o Pavilhão Atlântico não tem condições sonoras - diz que tem excelente acústica -, como considera a equipa de profissionais que encontrou, tanto do promotor como do pavilhão, das melhores em todo o mundo. Os operadores internacionais, os promotores, agentes de artistas começam a entender que vale a pena, é seguro. A sala é também do melhor que há no mundo, com excelentes condições de acessibilidade, com um sistema de informação e controlo de acesso do melhor que existe. Conseguimos dar informação a um promotor
ou a um agente de, exactamente, quantas pessoas estão na sala, a que horas é que entraram, como e por onde entraram, em que sítio estão, como compraram os bilhetes. Isto é informação fundamental de gestão.
Têm alguma máxima para um trabalho correr bem? Costumo fazer uma pergunta aos meus colaboradores: quando abrimos portas, quem é o tipo mais importante dentro da casa? A resposta não é o administrador, nem sequer o artista. É o espectador. Nada pode deixar de girar à volta dele, é para ele que os artistas trabalham, é para ele que nós trabalhamos e os produtores. Isso é fundamental na maneira como resolvemos as questões. Esta cultura é tão verdadeira para um espectáculo público como para um evento privado, a nossa postura é “nunca lhes dês aquilo que eles desejam, mas sempre aquilo que nunca imaginaram ser possível ter”.
6 | NP | AMCE
AFINAL TEMOS RAZÃO! Há cimento a mais e espaços verdes a menos. Levou tempo, mas, finalmente, a Parque Expo, pela boca do seu, então, Presidente Interino do Conselho de Administração, Dr. Jorge Dias, reconheceu, em debate promovido pela revista “Vida Económica”, em Maio último, parte daquilo que vimos dizendo desde sempre, ou seja, que no Parque das Nações “a densidade de construção foi um pouco elevada” e que a “aposta nos espaços verdes deveria ter sido mais efectiva”. Estas as suas palavras, que só pecam por serem demasiado benévolas e surgirem numa altura em que muito pouco ou nada já pode ser feito para alterar a situação. Terá sido por isso que agora surgiu tal reconhecimento? Apesar de termos consciência de que nesta altura já pouco pode ser feito, uma vez que os terrenos, estão, praticamente, todos alienados e os correspondentes projectos de construção aprovados, ficamos, pois, expectantes quanto às medidas que a Parque Expo pretende tomar para, na pequena margem de que dispõe, atenuar esta situação altamente prejudicial, sobretudo para os que aqui residem, investiram e trabalham. É, pois, lamentável que uma zona que, desde a primeira hora, vem sendo apresentada ao país e ao estrangeiro como um projecto inovador e de referência, transformado, mesmo, em âncora para reconversão de outras cidades, através dos chamados Projectos Polis, careça ela própria, quando ainda não está sequer concluída, do seu próprio Projecto Polis. Aqui fica, desde já, o nosso apelo à Parque Expo para que arregace as mangas e ponha em marcha um Projecto Polis para o Parque das Nações.
SALVEMOS O PAVILHÃO DE MACAU! A Associação de Moradores e Comerciantes do Parque das Nações (AMCPN) foi desagradavelmente surpreendida com a notícia publicada na edição do dia 20 de Abril do jornal Expresso, de que o Pavilhão de Macau, incluído na Expo’98, irá ser, a muito curto prazo, desmontado e pulverizado por vários destinos, tanto mais que, em reuniões havidas entre nós e a Parque Expo, há muito nos era referido que o mesmo permaneceria no Parque das Nações, admitindo-se, no entanto, a possibilidade da sua transferência para um outro local, situado no designado Plano de Pormenor 6 (PP’6), nas proximidades do Rio Trancão. Não questionamos, naturalmente, a plena soberania da Fundação da Casa de Macau sobre o Pavilhão, bem como do terreno em que está implantado e o direito que tem de o alienar, tanto mais que, como é dito na aludida notícia, necessitam de o fazer, por forma a viabilizar, financeiramente, outras actividades da Instituição. Questionamos, sim, a Administração da Parque Expo’98, enquanto entidade que tem estado a fazer a gestão autárquica deste espaço, pelo facto de nada ter feito para que o referido Pavilhão, uma das poucas referências da Expo’98 ainda existentes (curiosamente a mais visitada), bem como uma das memórias de um período importante da nossa História, não tivesse o destino que lhe está traçado. Com efeito, de imediato, enviámos uma carta ao Presidente do Conselho de Administração da referida empresa, solicitando-lhe que “adopte todas as medidas ao seu alcance, no sentido de interromper o processo em curso e da manutenção” deste elemento de referência no Parque das Nações. De resto, a importância e o significado que este Pavilhão tem para os portugueses, está bem patente no interesse com que a comunicação social tem noticiado a possibilidade do seu desmantelamento.
Manifestámos, igualmente, a nossa posição à Fundação da Casa de Macau, que nos recebeu e informou de que: - Quando decidiram alienar o terreno notificaram a Parque Expo para, se pretendesse, exercer o direito de preferência, que estava contratualmente contratado a seu favor. Todavia, o desinteresse da Parque Expo terá sido absoluto. - Após termos suscitado esta questão junto da Parque Expo, o Dr. Jorge Dias, então Presidente Interino do Conselho de Administração, solicitou-lhes uma reunião à qual se fez acompanhar do Presidente da Cooperativa promitente compradora do terreno, tendo em vista analisar as possibilidades de manutenção do Pavilhão no Parque das Nações. Pese embora, ter sido manifestada disponibilidade por parte do Presidente da referida Cooperativa de ceder a sua posição à Parque Expo, desde que o terreno fosse destinado à manutenção do Pavilhão de Macau, a verdade é que, até essa altura (meados de Maio) nada mais tinha sido adiantado. Pese embora todas as diligências que temos estado a efectuar junto da Parque Expo’98, SA, Câmara Municipal de Lisboa, Presidência da República e Governo, no sentido de se viabilizar a manutenção do Pavilhão de Macau no Parque das Nações, fomos informados, no passado dia 4 de Junho, pela Administração do mesmo de que, face à falta de resposta da Parque Expo, iniciaram a transferência do Jardim para Belém. Trata-se, pois, do primeiro passo do desmantelamento do Pavilhão, situação que não podemos deixar de lamentar profundamente, pelo significado que esta estrutura tem para o Parque das Nações, na medida em que foi o Pavilhão mais visitado da Exposição, bem como para o país. Pensamos que ainda se está a tempo de impedir a consumação do desmantelamento do Pavilhão, sendo, igualmente, certo que o jardim poderá, facilmente ser reconstituído. Daí que iremos continuar a desenvolver esforços para atingir este objecto. Está em curso um abaixo-assinado, que em breve será entregue às Entidades com responsabilidade nesta matéria, apelando-se a todos que o subscrevam. Esta situação é tanto mais lamentável quanto existem outras cidades, nomeadamente Porto e Coimbra que estão interessadas na aquisição do Pavilhão, estando em curso negociações com esse fim. E não se diga que não há verbas, porquanto os números que, recentemente, têm sido divulgados na comunicação social sobre os lucros arrecadados pelo Estado Português à custa deste espaço e não desmentidos - 4.435,1 milhões de euros- são bem significativos. Com efeito, são estes os números apresentados pela comunicação social, a partir de um estudo da Faculdade de Economia da Universidade Nova de Lisboa.
EQUIPAMENTOS ESCOLARES Continuamos a exercer pressão sobre as entidades com responsabilidade nesta área, para que promovam a construção urgente dos equipamentos previstos e de que carecemos. É disso exemplo uma carta, no corrente mês, que endereçamos ao actual Ministro da Educação expondo a gravidade desta situação solicitando com brevidade uma audiência.
Para futuras inscrições de sócios da AMCE utilize o seguinte contacto: Rua Ilha dos Amores, LT. 4.39.01.C.4A Telef/Fax - 21 893 60 59
ACTUAL | NP | 7
ARRAIAL DE VOLTA AO PARQUE Faz agora um ano que teve lugar o primeiro arraial organizado pela comissão instaladora da Igreja de Nossa Senhora dos Navegantes. A superação das expectativas deste evento levou a que, este ano, a aposta seja feita não só na quantidade como na qualidade do serviço.
Sábado popular No próximo Sábado, dia 29, os santos populares vão voltar a ter corpo no Parque das Nações. A comissão instaladora da Igreja de Nossa Senhora dos Navegantes realizou o ano passado o primeiro arraial no Parque das Nações, no qual a afluência de visitantes acabou por ultrapassar as expectativas. Se, por um lado, as cerca de 500 pessoas que por lá passaram reflectiram um impacto positivo, por outro
representaram algumas dificuldades no decorrer do evento. Este ano toda a preparação do arraial está a ser pensada numa perspectiva de conseguirem proporcionar uma eficaz capacidade de resposta, criando condições para receber um número ainda maior de pessoas.
Melhor escoamento Não só em número mas, também, na qualidade, será a aposta para este ano. As sar-
dinhas passarão dos 130 Kg para os 150 Kg, e as mesas de 60 para 100, conseguindo-se cerca de 400 lugares sentados. Na procura de um melhor escoamento, este ano não existirão reservas. As pessoas depois do pré-pagamento, poderão dirigir-se, de imediato, para os seus lugares, e aguardar que um escuteiro marítimo regresse com o jantar. Desta forma a organização espera pôr fim à possibilidade de surgirem filas que possam
tornar menos agradável o serão. No que diz respeito à ementa, o tão procurado caldo verde terá uma dose reforçada, e os caracóis estarão prontos para uma entrada. A organização, apesar de se ter estruturado de uma forma mais complexa e organizada, conta, também, com a habitual colaboração de alguns moradores que comprovam, uma vez mais, o alargamento deste grupo e uma maior aproximação por parte das pessoas.
8 | NP |LOCAL
O ADEUS DO Pavilhão de Macau dinheiro é a base do problema, segundo um responsável do Pavilhão de Macau. Falta de fundos que permitam a conservação e manutenção do espaço que, segundo este responsável, obriga à existência de 12 funcionários e de sistemas de segurança por causa do vandalismo nocturno. As despesas mensais do espaço são superiores a 10 mil euros e as receitas rondam os 2 500 mensais. O mesmo responsável da Fundação Casa de Macau afirma não ter a capacidade financeira para suportar este encargo por mais tempo e ter esgotado as tentativas e possíveis soluções para resolver a situação. A falta de visitantes e a dificuldade de atrair as pessoas a pagar nesta “casa museu” puseram fim à vida de um pavilhão que teve 20% das visi-
O
Falta de fundos e também de visitantes estarão na causa do encerramento de uma das referências da Expo 98, o Pavilhão de Macau. A venda dos terrenos dará lugar a novas construções de habitação e serviços. tas à Expo 98, nos seus Jardins. O sucesso da Expo 98 parecia tornar possível que aquela estrutura efémera, construída para a Feira, viesse a transformar-se num espaço definitivo ali ou num outro lugar do Parque das Nações. Tal não veio a acontecer. Impossibilidade financeira de transformar periodicamente o espaço da Casa
Museu, tornando-o diversificado, terá também contribuído para esta situação. Segundo o mesmo responsável, todos os esforços foram efectuados junto da tutela, no sentido de que por via do Ministério da Educação ou qualquer
outro organismo fosse possível dar continuidade ao Projecto Pavilhão de Macau no Parque. O fim deste deixará na memória uma pequena marca no Jardim Tropical, colocando no canto de Macau a Gruta de Camões, uma vez que
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esta estrutura é de fácil mutação. Será pouco, mas uma parte do pouco que o nosso país faz em memória do nosso passado não só aqui como um pouco em todo o lado.
Os moradores A Associação de Moradores e Comerciantes do Parque das Nações entende que o desmantelamento do pavilhão de Macau é mais um sinal negativo no que intitulam de “apagamento colectivo da memória da Expo 98” Afirmam, ainda, que não tinham conhecimento do que se estava a passar, sendo que “O total desconhecimento desta situação é motivo
de profundo desagrado, tendo em conta o relacionamento institucional que temos mantido, e a importância que julgamos dever-se atribuir à preservação da memória da Expo-98”, afirmam, em documento enviado à Parque Expo. “Qualquer dia não fica aqui sequer uma marca da Expo98”, afirma Mário Silva, em entrevista ao jornal “O Público”. Os terrenos em causa pertencem à Fundação Casa de Macau, e foram vendidos a uma cooperativa de habitação não tendo o Parque das Nações exercido o direito de opção de que usufrui. O terreno tem uma área de superfície de cerca de 2500 metros quadrados.Do dinheiro da venda, a Fundação Casa de Macau, pretende apostar na revitalização da mesma e também na própria Casa de Macau.
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LOCAL | NP | 9
CORRERSOLIDÁRIO A Corrida do Oriente é uma prova de pista com 10 km de distância. Nasceu com um objectivo, o de angariar fundos para ajudar à construção da Igreja do Parque das Nações. Ana Aguiar Ricardo e João Torneiro são os mentores de um projecto que promete continuar. Fomos visitá-los à FIL.
Filipe Esménio
corrida do Oriente juntou mais de 1500 pessoas que correram de Norte a Sul do Parque das Nações. O dinheiro obtido através de inscrições e patrocínios visava a angariação de verbas para a edificação da igreja do Parque e também em parte foi, este ano, para a Fundação Gil. O objectivo é que todos os anos seja atribuída uma parte dos lucros a uma instituição de solidariedade social. A ideia é a promoção da acção social e reunir o maior número de pessoas possível em torno deste projecto.
A
A Corrida Foi no passado dia 2 de Junho que a Corrida do Oriente (10 Km) e a Correr para Conviver (2 Km) tiveram a sua primeira edição no Parque. Pretende-se que aconteça pelo menos uma vez por ano e que a medida de 10 km se torne oficial. Pretende-se atrair mais atletas de alta competição prestigiando ainda mais a prova dos 10 km. Contando com a presença de Rosa Mota, que deu o sinal de partida, e Domingos Castro, procurava-se que a prova fosse um dia de festa, não apenas uma corrida, para que estivessem envolvidas neste dia o maior número de pessoas possível, os que correm e os outros. Houve largada de balões, um comboio turístico que deu um passeio com as crianças pelo Parque, entre outras animações complementares. O crescimento é a meta, em todas as frentes, no número de atletas, no de-
senvolvimento de actividades complementares como a promoção de conferências ou outras actividades norteadas pelo mesmo objectivo. “Em Portugal, infelizmente, há muito espaço para acções sociais, culturais e desportivas. O dia correu muito bem, queremos dinamizar este espaço conquistado visando a construção da Igreja”, afirma João Torneiro. “A adesão à Corrida do Oriente, que pretendemos tornar um evento de referência em Lisboa, pode considerar-se um êxito, confirmado pelos mais de 1500 participantes” como se pôde ver. Para Ana Aguiar Ricardo “Foi uma alegria enorme, as pessoas adoraram estar lá e isso motiva-nos muito”. Mas para os organizadores da Corrida do Oriente o projecto não morrerá com a construção da Igreja. Pelo contrário, apenas lhes dará mais força para continuar com a iniciativa colocando sempre os lucros ao serviço da solidariedade.
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Making of ATLÂNTICO O NP quis ver como é feito um espectáculo e foi visitar os bastidores do concerto de José Carreras, no Pavilhão Atlântico. Tudo para ver o que nunca se vê quando se compra um bilhete.
Sofia Cochat-Osório
azer um espectáculo, seja de música, teatro ou dança, é um pouco como manusear uma delicada marionete articulada por muitos fios. Quem vê sabe que é ilusória a simplicidade do momento, quem faz confia na sua destreza para manter os fios invisíveis. O “showtime” é esse instante cúmplice das expectativas entre artistas e espectadores. Entre uns e outros, trabalham muitas pessoas - as mãos mágicas que sustentam a marionete ou a deixam cair. Organizar um espectáculo é pensar nas suas etapas, fazer contactos, antecipar problemas, executar ideias. Envolve profissionais de muitas áreas e demora tempo a preparar. O mais importante, diz quem sabe, é haver sempre alguém que conheça um pouco de tudo o que se está a passar, que tenha uma visão global. O NP quis saber como são os bastidores de uma grande produção, talvez tirar-lhe um pouco da magia do “espectáculo instantâneo” e mostrar o que nunca se vê. O Pavilhão Atlântico abriu-nos as suas portas no dia do concerto de José Carreras, a 31 de Maio, que marcou o início de uma vasta programação dedicada a Espanha, no Parque das Nações. Actuam também
F
vários convidados como Dulce Pontes, Rão Kyao e António Chaínho acompanhados pela Orquestra Clássica da Madeira, constituída por 44 elementos e dirigida por Rui Massena. David Gimenez é o maestro que acompanha o tenor espanhol.
Preparar um espectáculo O dia do espectáculo é o culminar de um processo longo que envolve muitos parceiros. Henrique Ribeiro, administrador executivo da Sociedade Atlântico concessionária do pavilhão e gestora de eventos, define os pilares da sua actividade em “três áreas fundamentais”: a da captação do negócio, a de manutenção e assistência dos equipamentos e a das operações, ou seja, da execução propriamente dita (ver entrevista pág. 4). Todas são importantes, mas será na primeira que há um enfoque especial. A captação do negócio envolve o marketing, a promoção da própria empresa, dos seus serviços, as vendas. “É o grande núcleo”, afirma Henrique Ribeiro. Embora também façam produções próprias, a principal fonte de receitas é o aluguer do espaço para os mais variados eventos, mas com uma diferença em relação a outros recintos. “A equipa operacional é uma equipa técnica da área de espectáculos, o que significará uma mais valia
para quem entra, porque há um suporte interno nesta área”, diz Ana Teresa Mota, Directora operacional da empresa. O Pavilhão Atlântico não tem equipamento próprio de som e luz, pelo que são contratadas empresas para cada evento, o que explica as disparidades na qualidade dos espectáculos. As estruturas profissionais e as opções do cliente definem quais os serviços prestados pela empresa. “É-nos mais fácil dizer o que funciona, ou não no espaço, porque temos a percepção de todos os espectáculos. Estamos, de certa maneira, mais habilitados a dar algumas opiniões que, evidentemente, as pessoas respeitam ou não”, esclarece a responsável pelas operações. Neste concerto, concretamente, há apenas o aluguer do espaço, “acabamos por ter um papel de coordenação, por fazer a gestão de todas as acções que se vão desenvolver”, diz Ana Teresa Mota. E resume a sua actividade profissional: “se o espectáculo corre bem, o artista é fantástico, tudo é fantástico; quando o espectáculo corre mal, a produção é que é má. O que faz uma certa lógica, porque há todo um trabalho que só se vê quando corre mal”, conclui.
Montar um palco Tudo começa com o promotor
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que compra o espectáculo e o quer fazer, arranja patrocínio para pagar a produção, produtores para o montarem e o espaço para as coisas acontecerem. Neste caso, o promotor é o Parque das Nações, a produção está tripartida, a Atlântico fornece a sala e alguns serviços. Embora muitas das pessoas trabalhem em “outsourcing”, contratadas apenas para o dia do evento, como é o caso dos assistentes - que acompanham, sentam, arrumam as pessoas no interior do recinto - da segurança ou das bilheteiras, outros há que participam na sua preparação durante vários meses, o marketing, por exemplo. A área operacional destacou 3 elementos para acompanharem toda a montagem de equipamentos. Como a sala
Atlântico não estava ocupada, foi possível começar a descarregar o material dois dias antes, 29 de Maio ao final da tarde. Muitas vezes, tem de se trabalhar 24 sobre 24 horas para alterar as configurações das salas, de acordo com as exigências de cada evento. Na véspera do espectáculo, Quinta-feira, logo pela manhã, a equipa técnica começa a montar o palco estrados, cadeiras para a orquestra, estantes (onde estão as pautas), backline. Os alpinistas suspendem o material na teia, por cima da plateia. A azáfama é geral, tudo deve estar a postos para o dia seguinte. “Toda a parte logística tem de estar bem preparada. Um imprevisto no dia do espectáculo pode provocar um atraso enorme.”, explica Marta Barb,
a operacional da área de produção da Atlântico S.A.
Tempo bem contado Na manhã do concerto, previsto para as 22h, fazem-se testes de som, luz e de microfones. Colocam-se os tripés e o restante material no palco. Distribuem-se os programas pelas cadeiras do pavilhão. Fora do espaço, também muitos ajudam a que tudo funcione. Fazem-se compras, transportam-se pessoas do hotel para o recinto, assegura-se que todos os artistas chegam a horas. O “sound check” está marcado para as 17h, quando o trabalho cénico está concluído. “Os ensaios nunca podem ser atrasados, nunca se toca no tempo dos artistas, para as rectificações de som há um tempo
muito curto”, explica Marta Barb, chegada ao pavilhão às 6 da manhã e que, energicamente, resolve questões tão variadas como baias, estacionamento de veículos ou a limpeza da sala. Esclarece-nos que o final do ensaio está marcado para as 20h e isso determina tudo o resto. Entre as 20h e 20h30 procede-se à última limpeza antes da abertura de portas. O OK é dado pelo produtor executivo e pelo “Tour manager” de José Carreras. Quando o público começar a entrar, tudo deve estar já impecável, principalmente com as exigências acrescidas de ser um concerto de música clássica, com muitos convidados VIP. Aliás, a essa mesma hora, decorrerá, numa sala enfeitada com pilhas de morangos, um cocktail restrito a algumas pessoas e
órgãos de comunicação social. No intervalo do espectáculo, irá acontecer outro pequeno cocktail.
Atrás da cortina Os ensaios da orquestra começam por ser uma balbúrdia de instrumentos gritando descompassadamente. Os cerca de 60 músicos (vários são convidados) enchem o palco e quase parece uma nova babel, de sons e línguas, já que muitos não são portugueses. Durante os 3 dias antes do concerto, treinaram no Teatro Camões. De um lado do palco, fica a área VIP ocupada pelos artistas, bem guardada por seguranças, com os vários camarins e salas de produção. José Carreras ocupa o camarim nº11. No outro lado do palco, ficam
os camarins da orquestra e a sala de produção da Regiespectáculo, empresa encarregue da produção executiva do evento juntamente com a Lemon e a Ociomedia. A produção encarregou-se dos artistas, do seu transporte e instrumentos, e do aluguer de outros, catering, alojamentos. Por outro lado, teve a seu cargo o tentar conciliar repertórios de artistas tão distintos, até estar decidido o alinhamento final. Todos os convidados portugueses, propostos pela Regiespectáculo, farão um dueto com Carreras e interpretarão uma música a solo. A contratação das equipas de som e luz também ficou a cargo da produção, com a exigência acrescida de ser um concerto quase acústico, com pouca amplificação de som. Como este espectáculo tinha sido previsto anteriormente, sendo depois adiado, os primeiros contactos efectuados já remontam há muito tempo atrás. Mas os “últimos 2 ou 3 meses foram de trabalho duro”, afirma Rui Lemos, da produtora. Ao todo, falamos do trabalho de cerca de 10 pessoas, excluindo os técnicos de luz e som, motoristas e estafetas. “Cada artista tem a sua exigência, nós temos de assegurar que sejam satisfeitas”, conta Fátima Vieira, também produtora executiva da Regiespectáculo. Por curiosi-
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dade, saiba-se que Dulce Pontes gosta de leite de soja, José Carreras não quer flores no camarim e pede um desumidificador, para proteger a voz. Esta produção teve um “staff” pequeno, explica Fátima Vieira. Os orçamentos condicionam o número de pessoas contratadas, os investimentos são partilhados por várias entidades e procuram-se patrocínios “para suportar os riscos mínimos”. “Corremos o risco de não ganhar nada. É de extremos, depende”, diz a produtora. O custo da sala é feito em função do preço médio dos bilhetes, dos serviços prestados pela Atlântico S.A. e do número de dias do evento. A lotação deste espectáculo é de 12 500 pessoas, esperamse cerca de 8 000. Entre 2000 e 2500 bilhetes são convites.
Tudo a postos? Carlos Gomes, freelancer, é produtor “há 30 anos e 6 meses”, diz. O seu currículo é já extenso: fez o 1º Festival de Jazz de Cascais, com Luís Villas Boas, e concertos com nomes sonantes dos mais variados estilos: Supertramp, Genesis, Rolling Stones, David Bowie, Pavarotti, Elton John, entre muitos outros. O segredo para não haver erros é “uma questão de método, prever cer-
tas coisas. Em certa medida, é a capacidade de antecipar problemas que distingue uma boa de uma má produção”, afirma. O que não quer dizer que não haja imponderáveis, “por exemplo, há avarias”. Não esquecendo “uma certa dose de nervos” que não se perde. O trabalho de produção é esse antecipar, resolver, concretizar de ideias. Quem trabalha atrás das cortinas, tem vidas “sem muitas regras ou horários” e com algum stress. O que também não permite a instituição de rotinas, “não há duas produções iguais”, diz Alexandre Cortez Pinto, operacional responsável pela área técnica do pavilhão, que trabalha há 10 anos em produção de espectáculos. “O meu trabalho é garantir que todas as condições técnicas que os promotores do espectáculo solicitam são asseguradas. Também me certifico que os equipamentos, os conceitos, os designs de iluminação e de “rigging” (material pendurado) estão conforme as regras de segurança”, esclarece. O “primeiro aspecto a ser considerado aqui” numa produção, afirma, é a segurança. Os ensaios ruidosos dão lugar a outros, mais harmónicos e parecidos com o som que se vai ouvir à noite. Os artistas sobem ao palco para ensaiar com o tenor espanhol, muito agasalhado, que chegou atra-
sado por ter ficado retido no trânsito. Os últimos retoques são feitos no som, a iluminação está pronta. Diz-nos Juan Teixido, , iluminador de palco vindo de Barcelona a acompanhar José Carreras, que “quando se trabalha em música clássica, o importante é que a luz não afecte a visão dos músicos. Durante o espectáculo, propriamente dito, a luz está fixa, portanto a preparação é feita nas horas que o antecedem, pode demorar 8 a 10 horas.”
Gestão de públicos As portas do pavilhão nunca são abertas sem policiamento, bombeiros e assistência médica. As equipas de gestão de públicos, ou de segurança, dão apoio nas entradas e saídas, frente de palco e camarins. José Alberto Ferreira é o responsável pelo controlo de público. O número de elementos da equipa varia muito de evento para evento, sendo de 35 neste concerto. No de Jamiroquai, em Maio passado, constituiu-se por 46 pessoas, em Limp Biskit por 60. Intervêm em qualquer destabilização, “temos de usar alguma pedagogia, acalmar a pessoa, tirá-la do círculo em que está. Em grupos, as pessoas excedem-se. Violência gera violência. Não temos nenhuma situação de violência”,
afirma José Ferreira. Não há um só público, mas públicos. As mesmas pessoas comportam-se de maneira distinta a assistir a artistas diferentes. Os espectáculos para adolescentes são os que acabam por ter uma audiência “mais difícil de controlar devido à sua excitação para ficar junto ao palco”, diz. E acrescenta que “é extremamente fácil trabalhar numa sala destas, em termos de acessos, saídas de emergência”. Em “7 minutos”, sem situação de emergência (porque nunca existiu), escoa-se toda a audiência. A equipa de segurança chega ao recinto por volta das 17horas, mas os seus supervisores às 14h. No entanto, o trabalho não se resume ao dia do evento, também é antecedido por várias reuniões preparatórias para definir estratégias direccionadas.
De portas abertas Às 20h30 em ponto, abrem as portas, 15 minutos depois de terminar o ensaio. Os artistas jantam, o cocktail começa, na sala de produção mastigam-se sandes apressadas. A partir das 21h30 concentram-se na rampa norte os repórteres de imagem, depois conduzidos à área que lhes está reservada, sendo-lhes explicado em que momentos do espectáculo são
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autorizadas fotografias e captação de imagens frente ao palco. Também os artistas tem um lado humano, que se conhece menos bem, de muito trabalho e algumas inseguranças antes de um grande espectáculo. Não pense o público que se canta ou toca só por dom, sem esforço. “Num espectáculo como o de hoje, a responsabilidade é muito maior do que noutros, e os nervos vêm ao de cima, ainda por cima com poucos ensaios”, diz António Chaínho, virtuoso guitarrista português. “Tenho que trabalhar muito, ensaiar muito. Se eu estiver 3 ou 4 dias sem
tocar não consigo tocar a peça de hoje como eu quero”, confessa. No que toca ao papel da ilusão num espectáculo, Dulce Pontes considera que esta só pode ser usada na dose certa para arrancar as pessoas do seu quotidiano, dar-lhes alguma fantasia ou permitir que esta se recrie. “O acto de entrar em palco não deve ser encarado como a criação de algo que não é. Muito pelo contrário, deve ser um momento da mais pura nudez”, afirma a cantora. E se as pessoas não vêem toda a preparação “ainda bem, porque senão não saíam dos seus problemas, não viajavam
nessa fantasia”. Para Dulce Pontes “preparar um concerto é um longo trabalho, de trazer também um conceito dentro do próprio espectáculo.” Com 5 minutos de atraso, entram em palco os músicos da orquestra, as palmas do público são puxadas por um elemento da produção. O programa que o público tem nas mãos está ainda com o alinhamento musical que já foi alterado, à última da hora. No escuro, o olhar e atenção suspensos no palco onde o espectáculo está prestes a começar. Não se percebem as muitas mãos que sustêm os fios invisíveis do momento, das cerca
de 300 pessoas que se juntaram para fazer a magia acontecer. Quem vê não sabe o que correm as pessoas nos bastidores para levar a tempo os vários intervenientes ao palco, dos encores inesperados que vão acontecer, nem das horas depois do concerto em que tudo é desmontado e arrumado de novo nos camiões, de como a sala agora cheia se vai despir de tudo para, na manhã seguinte, dar corpo a uma nova ideia. Não vêem, mas não faz mal porque a invisibilidade faz parte da magia. Se não se vê é porque correu bem.
14 | NP | VOXPOP
Vox Pop
Diga-nos três locais de eleição no Parque das Nações...
Rute Rosado
Tânia Santos
Filipe Silveira 16 anos Estudante
20 anos Estudante de Arquitectura
1 - CEMA (Centro de Monitorização Ambiental). 2 - Jardins e estátua de D. Catarina. 3 - Oceanário.
1 - Skate Park. 2 - C. C. Vasco da Gama. 3 - Estátua de D. Catarina.
1 - Oceanário. 2 - Jardins. 3 - Restaurantes na Passerelle do Álcool.
1 - Vila Expo. 2 - Zona da Marina. 3 - Jardins Garcia de Orta.
21 anos Técnica de Gestão de Ambiente
15 anos Estudante
Dyana Machado
NOTÍCIAS DO PARQUE | NP |115
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16 | NP | PASSEIO PELO PARQUE
ATRÁS, DO À FRENTE DO TEMPO Miguel Meneses
ra Domingo. Mais uma vez voltava ao parque pela manhã. Encontro um velho a dormir num banco com um cobertor de velhos jornais que o protegiam, a preto e branco, do frio instalado naqueles primeiros minutos do dia. Encontrava-se virado de costas com as pernas flectidas para dentro. O gasto gorro verde escondia grande parte da cabeça, mas dava para ver que se tratava de uma pessoa de idade. À minha volta, ninguém parecia notar naquela imagem perdida pelo parque. Com o meu ritmo segui em frente. As pessoas iam, lentamente, preenchendo o parque caminhando pelos passos que escolhiam. Devagar, a correr, sozinhas, de mãos dadas com os filhos, para a esquerda, para trás, paradas... Cada segundo que passava um movimento era feito, uma decisão era tomada. E eu observava tentando sugar o máximo de informação à minha volta. A forma como aquelas duas raparigas faziam o jogging matinal, o filho que tapava os ouvidos no meio de uma troca de insultos conjugais, a conversa (?!) entre o Jeová e o surdo mudo ou, até, a simples forma como aquela mulher fumava o seu cigarro por detrás daqueles pesados óculos escuros. Ia-me alimentando das expressões vivas dos bonecos que coloriam aquele pano de fundo. Talvez como um insaciável descobri-
E
dor da essência humana, talvez como um mero observador. O certo é que os porquês badalavam na minha cabeça. Voltei para trás e tornei a passar pelo banco do velho. Vazio, apenas restava um dos jornais. Sentei-me na madeira ainda quente e comecei a folheá-lo. Na primeira página, “Embarcação Zeus afunda-se no parque devido ao mau tempo e à deficiente amarração”. Sempre gostei de veleiros e pensei como poderia alguém ser tão descuidado ao ponto de perder uma embarcação por um desleixo de meros minutos. Começou a levantar-se um vento frio e regressei a casa. No dia seguinte retomei o meu passeio. Estava extremamente
cansado porque mal tinha dormido por causa da chuva e dos ventos fortes que, insistentemente, rompiam o meu sono. O rio estava um pouco ressacado do mau tempo da noite anterior mas o sol estava quente e o parque com o movimento habitual. Ao fundo, na marina, uma agitação anormal. Uma massa de dedos apontavam para o mastro de uma embarcação aparentemente afundada. Lembro-me que achei estranho. E rapidamente de estranho passou a bizarro quando me lembrei da notícia daquele jornal antigo. Corri para a papelaria mais próxima e o temível tornou-se real: “Embarcação Zeus afunda-se
no parque devido ao mau tempo e à deficiente amarração”. Fiquei sem saber o que pensar. Passei por um chafariz e mergulhei a minha cabeça quente. Era uma questão que quebrava a mais forte das leis universais. Num reflexo abrupto corri à procura do velho enquanto pensava naquela imagem absurda de um mendigo que dormia sob o amanhã, debaixo do desconhecido futuro. Ele era o guardião de uma das mais poderosas chaves da humanidade e no entanto, não passava de um insignificante vagabundo. O banco estava vazio, o que não era problemático porque a primeira página estava lá à espera de mudar, de mudar
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para sempre, a vida do leitor que se seguia. E enquanto eu me preparava para me aproximar um vulto preto cobriu o banco por um segundo e desapareceu levando a primeira página do jornal. Fiquei completamente às escuras por breves momentos. Quando me consegui reposicionar na acção ,olhei à volta e descobri o velho a deslocar-se, com o vento, para sul. Corri atrás dele. Corri sem parar, passando por cima de tudo. Em pouco tempo cortei o parque como uma flecha, sem nunca olhar para trás. O mais curioso é que pela frente e quase em simultâneo iam-me aparecendo pessoas que eu já não via há muito tempo ou que eu procurava Tratamentos Estéticos Crioterapia. Pressoterapia. Envolvimento de Algas. Endermologia. Mini Lifting Facial. Drenagem Linfática Manual Retenção de Líquidos. Pré e Pós Cirurgia Estética.
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por causa de histórias mal contadas, ainda sem um fim. E eu corria. Corria atrás do vagabundo que era detentor das notícias do dia seguinte. Para trás as imagens e os sons começavam a perder forma, moldados pela minha total abstracção num simples e vazio canal de passagem. Ficou noite. Os meus movimentos transformaram-se num inconsciente reflexo mecânico. Se eu continuasse, em breve teria acesso ao desconhecido futuro. Essa era a minha motivação. À medida que a noite ia subindo comecei a sentir, pela primeira vez, uma forte aproximação do meu alvo. De repente, apercebo-me que ele se estava a dirigir para o túnel que vai dar ao rio o que claramente seria um bom sinal dado que ficaria encurralado. E foi o que aconteceu. Mal o vi virar parei de correr e desloquei-me lentamente para o desfecho da perseguição. Nunca abusar do instinto de predador, foi o que eu pensei quando reparei que o velho tinha desaparecido. Sem problemas porque o jornal estava lá, intacto a um metro do rio. Cansado mas vitorioso recolhi-o. Arrefeci e comecei a sentir os efeitos daquela maratona. Ao sair do túnel dei com o sol que ia descobrindo as primeiras pessoas no parque. A minha euforia era tanta, que só passado algum tempo de me ter sentado no banco, para finalmente entrar no mundo do amanhã, me dou conta do mesmo jornal nas mãos de uma casal que, calmamente, saboreava o pequeno almoço sobre as notícias naquela manhã, já de terça-feira.
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Em paz com o mundo
choro saber que os açudes não são o mar que não se pode guardar em alguidares de areia
alvez fosse bom para a fome no mundo se os senhores que se encontraram em Roma na cimeira da FAO ouvissem a música do Chico César. Imagino que nesse ambiente de números e fatos de corte inglês, como o Fausto de Goethe, alguns dissessem “o pequeno sino toca e enfurece-me”. Talvez fosse bom para a fome no mundo se estes senhores enfadonhos fossem apenas pessoas em vez de homens sábios. Quando as grandes conquistas são décimas de PIB e prazos razoáveis, estamos tão perto de aprisionar o mar em alguidares de areia. Parece um exercício demente estabeler uma relação tão mínima e tão prática com os outros. Tão cheia de medos e preconceitos. Afinal, para que serve a cultura e o
T
desenvolvimento se o mundo não nos deslumbra e comove? Talvez fosse bom, para acabar com a fome no mundo, procurar no verso das folhas que mostram os números. Expôr-se a sentir como sentem os nus. Desta vez, sempre que a televisão mostrava imagens da cimeira da FAO, eu cantava o Chico César: eu queria ser como uma criança / cheia de esperança e feliz / e queria dar tudo que há em mim / tudo em troca de uma amizade / e sonhar e sorrir / e esquecer o rancor / e cantar e sorrir / e sentir só amor. Acreditem que fiquei mais perto. J.Wengorovius dedico este texto à Rita Wemans (que o poderia ter escrito)
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SORTIDOFINO Pedro Gonçalves
CD MADREDEUS “MADREDEUS ELECTRÓNICO” Se a ideia de passar a música no seu estado inicial pelo filtro da estética electrónica e de dança não é exactamente original, tratando-se este de um disco de remisturas feitas a partir das canções dos Madredeus o caso merece atenção. “Madredeus Electrónico” resulta da realização de remisturas por parte de nomes como os Télépopmusik, Alpha, Craig Armstrong e Faithless. Apesar de soarem conhecidos, não nos iludamos com a ideia de que esta é a nata dos remisturadores europeus. Na realidade, e além dos casos citados, figuras de proa da electrónica é coisa que não abunda no primeiro álbum de remisturas dos Madredeus. Isso não significa, no entanto, que em “Madredeus Electrónico” não se encontrem curiosas soluções para uma música que todos os envolvidos reconhecem como profunda e emocionante. O single escolhido para apresentar “Madredeus Electrónico”, “Oxalá”, revisto pelos franceses Télépopmusik, é disso mesmo um excelente exemplo. No geral, as remisturas afinam-se todas por um diapasão semelhante, criando atmosferas etéreas, downtempo, muitas vezes devedoras daquilo que na história da música ficou conhecido como trip hop. Com frequência, a música dos Madredeus está presente apenas e só através da voz de Teresa Salgueiro, de tal modo foi mais forte o impulso dos remisturadores em criar algo de verdadeiramente novo. “Madredeus Electrónico” não é brilhante, no conjunto, nem sequer um marco especialmente incontornável no percurso do grupo português mais conhecido fora de portas. Ainda assim, pode funcionar como aperitivo para aqueles que, mais dados às tipologias da contemporaneidade, não tenham tomado contacto com as canções originais do grupo arquitectado por Pedro Ayres Magalhães. Não foi isso que aconteceu, por exemplo, quando os US3 visitaram o jazz em “Hand on the Torch”?
LIVRO ALBERTO ARONS DE CARVALHO “VALERÁ A PENA DESMENTILOS?” JOSÉ MANUEL BARATA-FEYO “RTP - O FIM ANUNCIADO?” Por enquanto, ainda não está nas livrarias uma qualquer versão impressa sobre o pensamento do governo liderado por Durão Barroso e assinado por Nuno Morais Sarmento sobre o passado, o presente e o futuro da RTP. Há, no entanto, quem vá dando à pena sobre o assunto, caso de Arons de Carvalho e Barata-Feyo. Alberto Arons de Carvalho foi, como se sabe, Secretário de Estado da Comunicação Social do governo socialista de António Guterres. “Valerá a Pena Desmenti-los?” serve, sobretudo, para partilhar os argumentos do autor em favor do mui discutido serviço público de televisão. É um livro, diz Arons de Carvalho, “de legítima defesa”, em que o outrora senhor da televisão desfila as ideias centrais contidas em seis anos de governo e de política para a comunicação social. Já José Manuel Barata-Feyo, jornalista, compila em “RTP - O Fim Anunciado?” crónicas publicadas em órgãos de comunicação diversos entre 1994 e 2002. Não se trata, portanto, de uma análise profunda realizada com o propósito de fazer luz sobre a nebulosa situação do serviço público de televisão, mas
FESTIVAL DE não deixa de incluir interessantes pontos de vista sobre a evolução do dito. Em “RTP - O Fim Anunciado?”, José Manuel Barata-Feyo distribui críticas diversas à política para a televisão praticada em Portugal ao longo dos anos, com farpas dirigidas, por exemplo, ao próprio Alberto Arons de Carvalho. Ele, e o governo PS, com a colaboração do PSD, foram, segundo Barata-Feyo, os responsáveis pela “destruição” da RTP. Tão simples e directo quanto isso. Como simples e directa é a afirmação de que o jornalista foi, ao longo dos anos, e graças às opiniões que defende, vítima de punições, ameaças de despedimento e reduções de salário.
DVD MICHAEL HANEKE “A PIANISTA” Reconhecido em Cannes, em 2001, através do Grande Prémio do Júri para Michael Haneke, de nomeações para as categorias de Melhor Actriz e Melhor Actriz Secundária, “A Pianista” é um exercício de estilo de Michael Haneke e, sobretudo, uma monumental interpretação de Isabelle Huppert. Isabelle Huppert dá, em “A Pianista”, corpo à singular personagem que é Erika, uma cruel professora de piano que, nas traseiras de uma postura aparentemente pia, desenvolve as mais desbragadas fantasias e actividades sexuais, das visitas a gabinetes privados de projecção de filmes pornográficos à masturbação, sem emoção aparente, de um candidato a seu aluno de piano. Apesar de parecer, eventualmente, demasiado centrado neste equilíbrio de contradições entre virtudes públicas (Erika é apresentada como um génio do piano, exigente especialista em Schubert) e vícios privados (a personagem chega a perder a compostura e a humilhar-se para que Walter, o aluno seduzido, a ajude a satisfazer fantasias sexuais incomuns), “A Pianista” é um filme que afecta quem a ele se entrega sem o medo do confronto com a perversão. Co-produção entre Áustria e França, “A Pianista” é, eventualmente extremado, um retrato cru de dois pólos de uma mesma pessoa e, em última análise, uma perturbadora revelação dos verdadeiros contornos do ser humano, entidade que vive num difícil equilíbrio entre o querer fazer e o dever fazer.
VILAR DE MOUROS O PRIMEIRO DOS FESTINS DE VERÃO
O mês de Julho marca o início da temporada de festivais musicais de Verão, com o veterano Vilar de Mouros a levar à povoação minhota, às portas de Caminha, música nacional e internacional dos mais diversos quadrantes estéticos. Manu Chao O Festival de Vilar de Mouros decorre, este ano, entre os dias 12 e 14 de Julho, de sexta-feira a domingo, como habitualmente. Lamb, Manu Chao, Rammstein, Bush e UB40 são algumas das propostas alinhadas pela organização para o primeiro dos quatro grandes eventos musicais de Verão, lote que inclui ainda os festivais Sudoeste, de Paredes de Coura e Ilha do Ermal, todos agendados para o mês de Agosto.
Dividida por dois palcos - Sabor Autêntico e Optimus - o Festival de Vilar de Mouros tem um programa igualmente dividido - de um lado, projectos musicais portugueses à procura do reconhecimento público. Do outro, portugueses já com relativo estatuto popular e, como se esperaria, os estrangeiros convocados para o festim. No dia 12 de Julho, o primeiro do festival, o Palco Sabor Autêntico é ocupado, por ordem de entrada em cena, pelos portugueses Mind Da Gap e, em seguida, pelos Cake, Lamb e Manu Chao. No Palco Optimus, desfilam os three@angle, Mesa, Stowaways e Loto. No sábado, 13 de Julho, passam pelo Palco Sabor Autêntico os Yellow W Van, Primitive Reason, Da Weasel e os alemães, repetentes em visitas a Portugal, Rammstein. O Palco Optimus acolhe a fornada de novas bandas portuguesas constituída pelos Montecara, Renderfly, Electric Sunset e Sons de Cá. O Festival de Vilar de Mouros fecha as portas do recinto no domingo, dia 14 de Julho, ao som dos UB40. Antes do grupo de reggae inglês ocupam o Palco Optimus os Austin, Cool Hipnoise e Bush. No Palco Optimus, actuam os Bunny Ranch, Mundo Complexo, In Her Space e Checkpoint Charlie. Ao longo de todo o evento funciona ainda o espaço Cool Dance, onde a primazia é dada à música electrónica e de dança. Por aí passam, como DJs, Nuno Cacho, Mark Knox, DJ Massive, Rastanauta e DJ Squeezer. Os foliões, que pagam 30,00 por um bilhete de um dia e 45,00 pelo bilhete que dá acesso a todo o festival, têm à disposição, entre outras infra-estruturas, campismo gratuito desde 11 de Julho. Os ingressos estão à venda nas lojas Fnac, Ticketline, agências ABEP e Alvalade, Samui Vídeo (Centro Comercial Atlântico, em Caminha), Tabacaria Gomes (em Caminha), Junta de Freguesia de Vilar de Mouros, Downtown (no Porto), Movijovem e Pousadas da Juventude (onde os portadores de Cartão Jovem desfrutam de um desconto de 2,50 no bilhete). As portas do recinto abrem diariamente às 15h00 e os concertos têm início às 17h00.
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”LA TRIBU IOTA” UM OUTRO CIRCO NO PARQUE DAS NAÇÕES O Parque do Tejo, situado junto ao rio Trancão e à Ponte Vasco da Gama, na zona Norte do Parque das Nações, acolhe entre os dias 04 e 06 de Julho o espectáculo “La Tribu Iota”, uma nova visão do circo apresentada por Francesca Lattuada.
SOULFLY E DANDY WARHOLS AO VIVO NA PRAÇA SONY A Praça Sony, no Parque das Nações, recebe neste mês de Julho as actuações dos Soulfly e dos Dandy Warhols, respectivamente agendadas para os dias 03 e 09. Os Soulfly, grupo liderado pelo ex-Sepultura Max Cavalera, trazem a Portugal o seu mais recente álbum, simplesmente intitulado “3” e publicado já em 2002. “3” sucede a “Soulfly”, de 1998, e “Primitive”, de 2000. Os bilhetes para o concerto custam 22,50 e o espectáculo tem início às 21h30.
No dia 09, sobem ao palco da Praça Sony os norte-americanos Dandy Warhols. Apesar de um percurso discográfico com sete anos, o grupo de Portland, no estado do Oregon, só em 2001 conseguiu reconhecimento generalizado, por via da utilização da canção “Bohemian Like You” em toda a campanha publicitária da Vodafone. “Bohemian Like You” surge incluído no terceiro álbum de originais dos Dandy Warhols, “Thirteen Tales From Urban Bohemia”, publicado no ano 2000 e sucessor de “Dandy’s Rule OK” e “Dandy Warhols Come Down”. Na forja está, para edição em breve, um novo álbum dos Dandy Warhols, que pode muito bem ser já um mote para a apresentação do grupo na Praça Sony. Os ingressos para este espectáculo custam também início do concerto dá-se às 21h30.
TALONMINUTE
22,50 e o
Depois de, no ano passado, ter levado ao Grande Auditório da Culturgest, em Lisboa, “La Donna è Mobile”, Francesca Lattuada regressa a Lisboa com um espectáculo completamente diferente daquele, espectáculo esse já denominado de “ novo circo”. Descrito como delirante, de fantasia, alegre e de uma imaginação prodigiosa, “La Tribu Iota” tem números habituais de circo, como acrobacias diversas. No entanto, desfilam ao longo do espectáculo entidades pouco comuns nas tendas de circo - do Super Homem às meninas do conhecido quadro de Velazquez. No total, “La Tribu Iota” conta com um conjunto de 16 artistas. Os espectáculos, que decorrem nos dias 04, 05 e 06 de Julho, têm início marcado para as 21h30.
Reparação de calçado Agente autorizado de todo o tipo de carimbos Chapas de matrícula feitas na hora Reprodução de todo o tipo de chaves Gare do Oriente Av. João II loja112 A 1800-100 Lisboa
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UM MIX DE CINEMA E AR PURO E o cinema ao ar livre despede-se mais uma vez do Parque das Nações. Este ano a programação foi dedicada aos filmes de recentes realizadores da vizinha Espanha que fizeram furor aqui ao lado mas que, em Portugal, como a maior parte do cinema europeu, passaram despercebidos nas salas de cinema.
Alexandra Ferreira
omo já vem sido habitual desde o ano 2000, o Parque das Nações consagra um período de eventos a um país diferente. No ano 2000 foi o Brasil, por ocasião da
C
comemoração dos 500 anos do país, em 2001 foi o Reino Unido e este ano a escolhida foi a Espanha, a coincidir com o fim da presidência espanhola da União Europeia. O programa “Bienvenida España” teve início no dia 31 de Maio com o concerto de José Carreras e alguns artistas portugueses e vai
Novo conceito de área de serviços
Gestão de Condomínios Artigos e Produtos de Limpeza Limpezas Contabilidade Impostos Processamento de Salários Consultadoria em Gestão Análise de Dados C. C. Portela Loja 66 - 1º Piso Tel: 21 943 21 21 / 93 260 90 84 Email: condiportela@mail.telepac.pt
estar no Parque das Nações até ao dia 29 de Junho. Contou com vários eventos, entre eles um ciclo de cinema ao ar livre, entre 17 e 22 de Junho. Durante seis dias foram passados doze filmes de diferentes géneros que tinham em comum serem a obra de recentes realizadores espanhóis que têm sido sucesso de bilheteira no país de origem. Todas as noites foram transmitidos dois filmes diferentes em duas sessões, uma às 21h30 e outro às 24h00. Mas algo de extraordinário distinguiu este ciclo de cinemas do drive-in a que já nos habituámos por ocasião das
festas de Loures: os filmes foram transmitidos pelo maior ecrã gigante do mundo. O ecrã gigante foi concebido especialmente para a Expo de Hannover, com o intuito de se promover um evento nocturno para um público vasto que dificilmente seria suportado por uma sala. Entretanto, para rentabilizar o investimento, a empresa alemã que o construiu, tem alugado o ecrã a vários países e a sorte já coube a Portugal por duas vezes.
A primeira vez que o recebemos foi no ano passado por ocasião do Festival dos Oceanos, com filmes sempre em volta da temática dos mares, nomeadamente o Titanic. Como foi um sucesso, a organização do programa “Bienvenida España” quis recuperar o conceito e trouxe de novo o cinema ao ar livre ao Parque das Nações. Foi um sucesso repetido, sobretudo no primeiro dia. Com capacidade para 1200 pessoas, o recinto aberto recebeu, na primeira sessão,
900 pessoas e 300, na segunda, com o filme “Tudo sobre a minha mãe” de Pedro Almodôvar. O ecrã tem uma dimensão admirável, 34 metros por 14 e proporciona um visionamento por cerca de 1200 pessoas. As condições estereofónicas da estrutura contam com tecnologia de ponta, com 4 canais surround (surround esquerda, frente e traseira; surround direita, frente e traseira). Da parte do Parque das Nações, a única coisa que teve de ser feita foi um nivelamento do chão, porque a estrutura em que o ecrã encaixa não admite um desnível superior a 10 mm. Teve então que se construir uma estrutura de betão de 4 por 8 metros, onde encaixaram dois pilares que receberam depois o ecrã. Tudo é feito por encaixe, na medida em que este é de tal forma grande que é o seu peso que garante a estabilidade. Tudo o resto que envolva a projecção e montagem, é assegurado pelos técnicos da empresa alemã, dona do ecrã.
ESPECTÁCULO| NP | 21
O cenário escolhido para o ecrã foi o Rossio dos Olivais, entre o Pavilhão Atlântico e a Doca dos Olivais, em frente ao Vasco da Gama. Segundo Ana Ascensão e Luís Marreiros, dois organizadores do evento, o Parque das Nações é um espaço ideal para este tipo de iniciativas, porque “é um espaço fechado ao trânsito, é bonito e tem como pano de fundo o rio e o Oceanário, além da própria espectacu-
laridade do ecrã”. Este ano, o cinema ao ar livre despediu-se com o filme”Belle Jour”, de Luís Buñuel, sem promessas de voltar, porque representa um esforço financeiro considerável por parte da Parque Expo, mesmo que ajudada pelos patrocinadores oficiais. De qualquer forma, fica cumprido um dos objectivos da administração do Parque das Nações, nas
palavras de Ana Ascensão: “ queremos que o recinto, no seguimento do que aconteceu na Expo 98, continue um espaço animado e que haja uma corrente de público constante, nocturna e diurna. Queremos que as pessoas venham assistir a programas de índole cultural, neste caso em particular, o cinema espanhol que não tem tradição em Portugal, excepto o Almodôvar”.
produção de textos e imagem
imaginarte@netabo.pt
22 | NP | OPINIÃO
DELÍRIOS DE UM MORADOR Por alguns instantes fiquei desconfiado que a situaçãoi de 6ª feira já não era nova, que já tinha passado por aquilo antes mas só podia ser impressão minha. Afinal de contas toda esta zona é uma Cidade pensada, logo não há razões para preocupaçãol
Luís Cardoso
ão 9h30 da manhã e dirijo-me para o trabalho. Procuro desenvencihar-me, à porta de saída da garagem, de mais um carro-escola que insiste em tentar parar em espinha naquela que deve ser uma das mais recentes ruas descobertas pelos professores de instrução automóvel em Lisboa. Ligo o rádio, ao mesmo tempo que fecho cuidadosamente a janela do carro para evitar ser inundado pelo enorme rasto de poeira deixado pelo camião das obras que se interpôs entretanto à minha frente. Provavelmente transportando areia ou entulho de um dos doze novos edifícios em construção na zona norte para algum dos outros tantos que se edificam na zona sul. Evito seguir pela 2ª Circular, que já se sabe o que é a estas horas, e portanto eis-me desde logo, e também, imobilizado na via rápida que liga a Expo ao cruzamento do Batista Russo. Ainda não tenho filhos, apesar de já aí vir um a caminho. É que me parece bem mais alegre este percurso matinal quando olho para os pais no carro ao lado em amena cavaqueira com os seus filhotes. Parecem todos mais resignados quanto ao tempo de espera, como se a vida tivesse outro ritmo. Enfim, a
S
breve trecho vou poder tirar esta minha dúvida! Calmamente se avança e depressa se pára novamente, sempre acompanhado pelo rio à minha esquerda, num constante andamento até Belém, onde trabalho. São sete e tal da noite, tenho o rio à minha direita, e já estou parado algures ao pé da estátua de José Guimarães, a suposta homenagem ao construtor de Lisboa (diga-se entretanto que não tarda a mudar de sítio para dar lugar a mais um enorme empreendimento de luxo). É que a 2ª Circular, como sempre, já se sabe o que é a estas horas! Ligado à TSF, avançam-se desde logo algumas explicações: é 6ª feira, próxima 2ª é feriado, as pessoas querem ir de fim-de-semana prolongado, já há vários acidentes a registar, há concerto no Pavilhão Atlântico, a Fil abriu ontem, o Vasco da Gama já está com saldos, o Homem Aranha já estreou, etc., etc. Ah, pronto! Fiquei mais descansado, era apenas uma situação pontual. Por alguns instantes fiquei desconfiado que aquela situação de 6ª feira já não era nova, que já tinha passado por aquilo antes, mas só podia ser impressão minha. Afinal de contas toda esta zona é uma Cidade Pensada, logo não há razões para preocupação. Constatei entretanto que o viaduto da via rápida que passa por baixo da rotunda da BP,
junto a Moscavide em direcção à Ponte e A1, tinha sido mais uma vez encerrada. Vi apenas o piscar das luzes das ambulâncias algures lá para dentro. É triste, mas a estatística de acidentes daquele local deve ser impressionante. Aliás, convido o leitor a passar lá para se perceber logo ao que me refiro e, já agora, a alguém a fazer também alguma coisa para resolver aquele sério problema. Mas se este é o cenário durante a semana de trabalho, não se julgue que aos fins-de-semana a coisa se altera. Diria mesmo que, nalguns aspectos, piora a olhos vistos. Estacionamento é mentira, dado que a FIL deixou de ter qualquer apoio estrutural para se apostar em habitação a metro. Em certas feiras, as filas de carros parados já chegam quase à ponte. Acrescente-se ainda uma última e já habitual situação: o convoy de casamento, flamejando de rendas e bordados nas antenas automóveis, retirando dos idílicos jardins do Tejo. Local muito apreciado pelos jovens nubentes e mais ainda pelos fotógrafos profissionais de casamento, que procuram sempre descobrir o derradeiro e ideal enquadramento para os seus disparos. Quanto a esta última, nada a apontar. Gostos são gostos e os jardins são para isso
mesmo! O leitor pode pensar que nada acerca das minhas deslocações casatrabalho e trabalho-casa lhe interessam. E tem toda a razão. Mas diga lá, se mora
por aqui, não se identificou nem um segundinho? Como qualquer bom morador, já tenho entretanto os meus truques e atalhos. Graças a Deus!
DESPORTO | NP | 23
o início da época havia a esperança de chegar aqui. O oitavo lugar era tido como muito difícil mas possível de alcançar. A verdade é que o Moscavide fez uma época exemplar, superiorizando-se aos seus adversários directos e conseguiu algumas surpresas com os mais poderosos. Assim, não foi de estranhar que já perto do fim tivesse o oitavo lugar como garantido. A penalização sofrida pelo Belenenses, que também afectou o Olivais e Moscavide, embora em apenas um ponto, levou a que a classificação final na primeira presença entre os mais fortes fosse o sétimo lugar. Muito bom, no mínimo, apesar da sensação de ter sido possível ir mais longe.
O campeonato No início da época, a manutenção era o objectivo principal, poucos acreditariam que fosse possível ver o Olivais e Moscavide entre as oito melhores equipas nacionais da Divisão maior, lugares que dariam acesso aos Playoffs de apuramento do campeão. No entanto, empates como o da primeira volta com ABC ou na segunda volta com o Madeira SAD faziam crer que algo mais seria possível. A prestação do Moscavide pautou-se pela regularidade, tendo resultados simétricos nos jogos em casa e fora. Sete vitórias, um empate e cinco derrotas, em casa, sete derrotas, um empate e cinco vitórias, fora. Numa equipa que em dois anos subiu da III Divisão à I Divisão de Elite, tudo seria de esperar. O objectivo era a manutenção, mas como dizia em entrevista ao Notícias de Moscavide n.º 9, José Caldeira, Presidente do Desportivo, “o 8º lugar é o melhor possível”. O Olivais e Moscavide tinha um Orçamento de 60 mil contos (cerca de 300 mil euros),
O sonho foi tornado realidade, o Olivais e Moscavide/ Parque das Nações atingiu os 1/4 de Final da I Divisão de Elite do Andebol Nacional.As duas derrotas pela margem mínima com o Sporting souberam a pouco numa eliminatória em que o Moscavide mereceria no mínimo um terceiro jogo.
não tem pavilhão próprio, joga no Pavilhão Municipal Casal Vistoso, nas Olaias, tendo algumas dificuldades de treino e claro, não conseguindo criar o mesmo ambiente que teria caso jogasse em Moscavide. No entanto, já são muitos os que seguem o Desportivo em casa e também fora. A defesa é um dos pontos mais fortes do Moscavide tendo sido a quinta melhor defesa na época regular com 589 golos sofridos. E, curiosamente, o nono melhor ataque também com 589 golos marcados. Será justo destacar alguns jogadores na época do Moscavide como o experiente João Duarte com presença nos 28 jogos esta época e com 155 golos marcados sendo o melhor marcador da equipa. Pedro Gama que acreditou no projecto do Olivais e Moscavide desde a III Divisão até à primeira, obtendo 96 golos esta época e marcando presença em 26 dos 28 jogos da época. Também João Oliveira de 23 anos e José Costa de 26, dois dos jovens reforços do Moscavide esta época, deram excelentes indicações, não esquecendo o internacional português José Coin, que irá para o Sporting na próxima época. Mas o principal argumento
do Moscavide foi, sem dúvida, a equipa no seu todo, num conjunto em que a combatividade, a qualidade, a par de uma simbiose correcta entre juventude e experiência levaram o Desportivo aos 1/4 de final da prova.
PLAYOFFS2001/2002
Andebol de primeira em Moscavide N
Os 1/4 de final Foi por um, duas vezes. Foi realmente por uma bola que duas vezes o Desportivo perdeu contra o todo poderoso Sporting. Em Alvalade o resultado foi de 26-25, e em casa a derrota, com sabor bem amargo, foi de 28-29. A partir dos 1/4 de final o equilíbrio foi a nota dominante em todos os jogos, e o Moscavide não ficou atrás. No segundo jogo ficou a clara sensação de que a vitória teria sido bem possível e num jogo tão equilibrado os 4 livres de sete metros falhados, contra nenhum desperdiçado pelo adversário, terão sido um dos factores que conduziram à segunda derrota por um golo. O Sporting é uma excelente equipa e o Moscavide demonstrou o porquê da sua qualificação para os 1/4 de final da prova, fazendo jus ao nome de uma Vila que, pela primeira vez na alta roda, muito fez para poder ir mais além.
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