Edição 08

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Distribuição gratuita

A N O I I - N R . 8 - B I M E S T R A L - D E Z E M B R O 02 - D I R E C T O R : M I G U E L F E R R O M E N E S E S

PARQUE EXPO SA

AGORA

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ENTREVISTA COM

JOÃO PAULO VELEZ PAG.10

REPORTAGEM

PASSADO/PRESENTE/FUTURO

FREGUESIA DO ORIENTE”

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FIM DE ANO NO PARQUE PÁG. 21


2 | NP | EDITORIAL

noticiasparque@netcabo.pt 219456514

Fronteiras estáticas, comunidades motoras

FichaTécnica Director: Miguel Ferro Meneses Director Adjunto: Filipe Esménio Chefe de Redacção: Sofia Cochat-Osório Redacção: Mariana Gasalho, Pedro Pereira, Raquel Guimarães, Tiago Reis Santos, (Colaborações) J. Wengorovius, Pedro Gonçalves, Reinaldo Martins Fotografia: Miguel Ferro Meneses Direcção Comercial: Luis Bendada Ilustrações: Bruno Bengala Projecto Gráfico: Tiago Fiel Produção: Imaginarte Impressão: Imprejornal Tiragem: 5000 Exemplares Proprietário: Imaginarte; F. Esménio CO:202 206 700 Sede: Rua Júlio Dinis nº. 6 1º Dto. 2685-215 PORTELA LRS Nr. de Registo ICS -123 919

É difícil descurarmo-nos da tendência que nos leva, todos os anos, a parar e olhar para trás, numa tentativa de analisar o passado, repensando os passos do futuro. Socialmente, economicamente, politicamente o virar de página conduz-nos a esta natural tendência. O Notícias do Parque não é excepção. Mas neste contexto tivemos uma dupla razão em termos escolhido como tema central uma abordagem ao passado, presente e futuro da Parque Expo. Em primeiro lugar é inevitável a associação desta empresa ao espaço Parque das Nações em segundo, inevitável é, uma referência à sua dissociação, já para o próximo ano, da gestão urbana desta zona. E como o passado faz parte do futuro estas linhas passam pela importância do presente. Já no início do próximo ano, o percurso do Parque das Nações vai sofrer alterações. Uma nova fronteira vai retomar as suas funções que tinham ficado suspensas desde a exposição. Lisboa e Loures vão assumir as suas responsabilidades de gestão de um espaço que, até à data, tinha sido gerido como uno. Até hoje é sabido que a falta de entidade administrativa tem dificultado o encontrar de algumas respostas para as habituais carências emergentes em comunidades recém criadas. Em breve essa entidade administrativa irá ser repartida entre a Câmara de Lisboa e a Câmara de Loures dividindo a gestão urbana do Parque das Nações. Agora é importante notar que a entidade de uma zona, bairro, cidade não se restringe só ao papel dos representantes autárquicos. As fronteiras são estáticas, a comunidade é motora. Não querendo viajar muito além da questão em si, a história é abastada de exemplos de casos de separatismo ou irredantismo, onde a cultura, religião ou tendências políticas criam as suas próprias fronteiras. Não quero ir tão longe, até porque é tão próxima a tendência que, naturalmente, define geograficamente esta comunidade. As ruas, as esquinas, as vontades moldam uma vontade de unificação territorial. Por de trás dela estão as vozes da comunidade que já se sentem. Por isso penso que a procura de uma freguesia não pode estar só. Por isso penso que é tão igualmente importante mostrar e cultivar a identidade que já se vê. Culturalmente, socialmente é urgente ecoar uma matriz. A tão procurada meta da freguesia é sem dúvida crucial mas não pode fazer sombra aos pequenos pormenores. É preciso lutar pelas carências que existem, mas é preciso edificar já um sentido vivo onde uma comunidade se possa rever pelas suas características inigualáveis. E são esses pormenores que vão mostrar às pessoas, que diariamente visitam e trabalham neste espaço, até onde é que vão as fronteiras. É preciso consolidar referências no dia a dia. São os pequenos passos que vão traçando os caminhos futuros.

Miguel F. Meneses


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Parque das Nações em debate Enquanto autarquias e Parque Expo iniciam há mesa as primeiras conversações sobre a futura gestão do Parque das Nações, os moradores discutem publicamente os problemas da zona. O debate feito sobre o tema “Criação da Freguesia do Oriente”, da iniciativa da Associação de Moradores e Comerciantes do Parque das Nações, AMCPN, vem revelar que há muito por falar.

Miguel F. Meneses

isboa e Loures continuam sem adiantar grande informação e a afirmar que o processo de transferência de funções vai ser pacífico e normal, não pondo em causa os moradores. Na comunidade notam-se alguns movimentos de abertura à palavra e à discussão. “Os mais importantes estão presentes, os moradores.” Abria o debate, na voz do presidente da AMCPN, Rodrigues Moreno, marcando a falta de comparência dos intervenientes políticos convidados. Esta ausência não inviabilizou o encontro que, de certa forma, veio simbolizar o início do diálogo e da discussão pública entre os moradores e comerciantes do Parque das Nações. Abordada a questão da ruptura da Sociedade de Gestão

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Urbana, foi reafirmado o facto de ainda não terem sido declarados os motivos que levaram a esta alteração de planos. Por outro lado foi referido que esta decisão teria como consequência o acelerar do processo de constituição de um organismo autárquico e que essa inexistência faz com que as freguesias não vejam o parque como um espaço próprio. Luís Pastor, autarca de Moscavide, sugeriu efectuar-se uma campanha de recenseamento maciça, como solução para um maior peso representativo. A questão da denominação da freguesia deixou em aberto uma sempre possível alternativa a “Oriente”, ao passo que as questões fronteiriças revelaram que seria necessário uma maior clarificação. Houve mesmo quem referisse que a questão freguesia se enquadrava num patamar muito elevado, e que os pro-

blemas presentes necessitam de uma abordagem mais prioritária. Houve mesmo uma intervenção a sustentar que a zona do Parque das Nações ainda não possui uma “alma de bairro”, ideia esta contestada pela maioria dos presentes que sustentaram que existe um sentimento de bairro mais forte do que em alguns bairros antigos de Lisboa. ETAR, transportes e equipamentos foram também fortemente debatidos assim como os índices de construção, mais tarde rebatidos pela intervenção do autarca João Amaral. Na qualidade de morador, João Amaral provou mais uma vez o seu envolvimento nesta matéria, tendo feito algumas intervenções relacionadas com as alterações na obra Parque das Nações. Bom conhecedor deste projecto e interessado nato em questões da arquitectura deixou claro que as diferenças entre 94 e

hoje são muitas e que as alternativas e correcção começam a ser poucas. Foi também feito um apelo a uma participação e envolvimento maior por parte dos moradores, abrindose a possibilidade das empre-

sas e figuras públicas integrarem esta causa. No fundo, esta primeira amostra pública das necessidades e vontades dos moradores do Parque das Nações veio deixar claro que é necessária uma aproximação

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e transparência na futura gestão desta zona. Zona esta que de um lado tem os moradores, do outro os responsáveis autárquicos e no meio uma, já visível, fronteira de problemas e questões por resolver.


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Golfe no Parque das Nações Oceanário transporta animais marinhos dos EUA para Valência

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oi iniciado o projecto de consulta para selecção de operador investidor que irá garantir a execução do projecto de licenciamento, construção, promoção, exploração e manutenção da Academia/Campo de Treino de Golfe no Parque Tejo mediante a constituição de um direito de superfície. A parcela do terreno em causa (6.16), tem uma área de 89.285 m2, com uma área bruta de construção de 570 m2 e um projecto paisagístico com 143 850 m2. As empresas convidadas foram cerca de dez que, ligadas a este ramo, deverão entregar as suas propostas até 20 de Fevereiro de 2003. Os espaços verdes caracterizam toda a área envolvente destinada ao desenvolver de actividades ao ar livre começando na prática desportiva indo até ao desenvolvimento das artes. Apostando numa multiplicidade de vivências, esta zona enquadrará uma área residencial (PP5), serviços e comércio e equipamentos como um health-club, campos de ténis/futebol e passeios pedonais. Tudo leva a crer que este projecto irá constituir uma importante mais valia para esta zona a norte do Parque das Nações.

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Oceanário de Lisboa foi contratado para um trabalho de consultadoria do maior transporte de animais marinhos feito por via aérea. O transporte teve lugar no passado dia 25 e o percurso foi feito de Marathon Key, EUA até Valência, onde está a ser construído o aquário L´Oceanogràfic. Mais de mil animais, incluindo moreias, raias, tubarões, lagostas, entre outras espécies, viajaram em quarenta e cinco tanques de transporte (construídos e montados sob a supervisão do Oceanário) equipados com um sistema de transporte autónomo. Por via rodoviária e aérea, a bordo de um Boeing 747, esta viagem teve a duração aproximada de 26 horas. Bem sucedida, a operação terminou com fortes elogios dirigidos ao Oceanário que revelou o profissionalismo habitual nestas operações. É de referir que este tipo de operações já têm sido habituais desde a abertura de portas deste aquário português incluindo um transporte de aves que envolveu três aeronaves, com uma duração de cinquenta e uma horas de percurso.


Freguesia em discussão

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petição realizada pela AMCPN para a criação da Freguesia do Oriente viu a sua entrega adiada por impossibilidade do Presidente da Assembleia da República não ter tido disponibilidade no dia previsto. No entanto, este impedimento acabou por vir por bem para a AMCPN uma vez que permite recolher um maior número de assinaturas, tem como objectivo atingir as 4 500. Entretanto, e tendo em vista a criação do Concelho de Sacavém, a Portela votou contra a integração neste concelho, com 9 votos a favor e quatro abstenções. Os votos contra esta proposta de Lei efectuada pelo Partido Social Democrata, foram curiosamente oito do PSD Portela, e um da CDU, tendo os três representantes do PS e um do PSD usado a abstenção acabando a proposta por ser recusada. Curiosamente, e na informação disponibilizada pela Associação Sacavém a Município pode ler-se nos pontos sete e oito deste comunicado. «7 - Entretanto, já estão em curso diligências por parte de uma associação local no Parque das Nações, com vista à constituição de uma freguesia a integrar no Concelho de Lisboa e à margem de quaisquer relações com Moscavide, Portela e Sacavém. (…) 8 - Da mesma forma que sempre se considerou existirem grandes dificuldades de natureza institucional à eventual integração de algumas freguesias no Concelho de Lisboa, que no nosso entender, e no melhor interesse das respectivas populações, devem fazer parte do Concelho de Sacavém, também se entende que a pretensão daquela associação do Parque das Nações se reveste de dificuldades ainda maiores da mesma natureza e prejudica significativamente o Concelho de Loures e retirando zonas privilegiadas do futuro Concelho de Sacavém. Assim, consideramos de interesse das populações a criação urgente do Concelho de Sacavém, integrando todas as 10 freguesias, mantendo-se o actual território das mesmas.» As lutas pelas redefinições administrativas prometem.

”Encontros” continuam para 2003

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início do segundo projecto “Encontros”, com a habitual casa nas provisórias instalações da Igreja de Nossa Senhora dos Navegantes, teve lugar no passado dia 5 de Dezembro. Com o tema central “a força da fragilidade”, estes encontros vão ter continuidade até ao final de Maio do próximo ano. Com mais sete sub temas a serem debatidos, o próximo “ a força da fragilidade e a dor”, contará com a presença de Bénard da Costa e Emília Leitão. O Notícias do Parque deixa aqui a agenda deste projecto que tem vindo a apostar em “encontros” no seio da comunidade do Parque das Nações. A força da fragilidade e…

A DOR – 16 de Janeiro 21h e 15 m Bérnard da Costa + Emília Leitão

A POESIA – 6 de Fevereiro 21 h e 15 m João Meneses (Moderador)

A MISERICÓRDIA – 27 de Fevereiro 21h e 15 m Lurdes Rosa

S. PAULO – 21 de Março 21h e 15 m Beatriz Chambel

A PAZ – 4 de Abril 21 h 15 m Isabel Pães (Moderadora)

A COMUNIDADE – 15 de Março 21h e 15 m Frei bento Domingues + Pedro Strecht

O E C U M E N I SM O – 29 de Maio 21h e 15 m Representantes de várias comunidades

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6 | NP | AMCPN

NOS TEMPOS QUE CORREM (crónica dos dias que passam...) O MAIS Para quem como nós assumiu a árdua tarefa de, à frente da AMCPN, lutar pelos objectivos de um programa que foi votado pelos Associados que nos elegeram, é sempre reconfortante quando se nos deparam acontecimentos, por vezes singelos, sem grande pompa ou circunstância, que nos motivam a continuar. Aqui deixamos duas dessas situações: O Debate sobre a Gestão Urbana do Parque das Nações que levámos a efeito no Auditório da Escola Vasco da Gama no passado dia 30 de Novembro, contou com a presença de cerca de 80 pessoas. Vivo e participado, ao longo de 3 horas de duração, deixou pistas variadas e a certeza de que os moradores e comerciantes estão cientes e unidos na vontade de apoiar e participar nas acções necessárias à criação da futura Freguesia do Oriente, que a AMCPN está a promover. A nosso pedido fomos recebidos na Assembleia Municipal de Lisboa, que nos concedeu uma audiência que contou com a presença do seu Presidente Dr. João Amaral e dos Presidentes dos Grupos Parlamentares Municipais. Na sequência da exposição que tivemos ensejo de fazer sobre as dificuldades que experimentamos e os problemas importantes que urge resolver, que têm como corolário lógico a nossa pretensão de criar uma nova Freguesia em Lisboa, sem embargo da sensibilização para a complexidade de um processo deste tipo e para as

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dificuldades que naturalmente teremos de enfrentar, foram-nos genericamente transmitidas palavras de apoio e incentivo, bem como a promessa de um acompanhamento atento por parte da AML, o que registamos com agrado. Fomos, também, recebidos na Assembleia da República pelo Grupo Parlamentar do Partido Social Democrata, no âmbito da campanha de captação de apoios para a criação da Freguesia do Oriente, tendo-nos sido, igualmente, transmitidas palavras de estímulo. Finalmente, fomos recebidos no passado dia 13, pela Administração da SIMTEJO, a fim de manifestarmos a nossa preocupação perante a dificuldade que temos sentido existir na eliminação dos maus cheiros com que somos brindados nesta Cidade Imaginada. Foi-nos manifestada preocupação e dada garantia de que tudo estava a ser feito para a resolução do problema, pese embora uma parte dele, ou seja, o que respeita às descargas ilegais que foram feitas no último mês por indústrias de Sacavém (e podem voltar a repetir-se) serem da competência da Câmara Municipal de Loures, à qual cabe exercer fiscalização sobre aquelas entidades. Da conversa que tivemos e dos documentos que nos foram apresentados, resultou a esperança de que no período de 18 meses a situação possa estar integralmente resolvida, embora se possam começar a sentir gradualmente algumas melhoras. Vamos exercer, igualmente, pressão sobre a Câmara Municipal de Loures e o Ministério das Cidades e Ambiente, para que as expectativas com que saímos desta reunião não venham a sair frustradas.

O MAIS OU MENOS Embora já seja expressivo o número de assinaturas que estão a ser recolhidas na Petição à Assembleia da República para a criação da nova Freguesia que a AMCPN está a promover, ainda há muitas pessoas que, por impossibilidade ou desconhecimento, ainda não a subscreveram. Todos temos a responsabilidade de assegurar uma participação empenhada neste desiderato cívico incontornável. Os diversos locais onde a Petição está disponível para subscrição estão anunciados e cobrem a Zona Norte e a Zona Sul. Informe-se, assine, divulgue e motive outras pessoas que ainda a não tenham assinado. É indispensável a colaboração empenhada de todos e de cada um!

O MENOS Sente-se e observa-se quando percorremos as nossas ruas e os diversos espaços da nossa zona – a insuficiência de transportes públicos que assegurem uma adequada circulação interna, o progressivo aumento da circulação rodoviária que em determinadas horas já condiciona a fluidez interna, o desregramento e as formas descontroladas de estacionamento que prejudicam a circulação, o peso e a intensidade da construção, os socalcos de valas abertas há meses em estradas e ruas que continuam precariamente tapadas com simples areia, a passagem intensa e perigosamente veloz de veículos pesados a qualquer hora do dia e em qualquer artéria, degradando e deformando os pisos e deixando rastos de terra cada vez mais consistentes, o persistente e nauseabundo cheiro da ETAR que inunda o Parque de Norte a Sul... Sinais evidentes de que a tão decantada Qualidade já não é o que era, e que, afinal, não era imaginável que tal pudesse vir a ocorrer na apregoada “cidade imaginada”... Sinais evidentes de que o vazio que já anunciávamos e prevíamos há cerca de 2 anos chegou, está aí e, sabe-se lá, estará certamente para durar... Até quando? Quem responde?...

2003

Petição freguesia do Oriente contacte a AMCPN Para futuras inscrições de sócios da AMCPN utilize o seguinte contacto: Rua Ilha dos Amores, LT. 4.39.01.C.4A Telef/Fax - 21 893 60 59


ENTREVISTA | NP | 7

“Não se construiu muito mais do que o previsto” João Paulo Velez é o Porta-Voz do Grupo Parque Expo SA. O futuro da empresa alterou-se, e de que maneira, com o fim da SGU. Que nova Parque Expo SA e o que podem esperar os moradores do Parque das Nações é o que explica um dos mais antigos funcionários da empresa. Filipe Esmémio e Miguel Meneses

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Parque Expo SA

Depois de Lisboa e Loures terem assumido a responsabilidade urbanística do Parque das Nações, que passos a dar para o futuro da Parque Expo SA? A decisão das duas Câmaras, apenas torna mais imediatas as decisões da Parque Expo SA quanto ao futuro. A própria SGU já era um passo nesse sentido e que foi apenas antecipado. A Parque Expo já vinha a focalizar a sua actividade noutras áreas. As áreas mais ligadas à cultura, lazer e multimédia tinham sido objecto de uma progressiva diminuição em termos de produção própria. Não significa uma redução de actividades mas apenas um desinvestimento da nossa parte na organização desses eventos. Estamos focalizados nos projectos de renovação urbana e requalificação ambiental. Isso é muito claro. É por aí que passa o futuro.

Do ponto de vista financeiro o que é que isso significa. Até que ponto as receitas daí oriundas se irão consubstanciar no projecto Parque Expo? Ou essas actividades são geradores de receitas suficientes para que a Parque Expo sobreviva ou a empresa não terá qualquer viabilidade. A Parque Expo já estava a chegar ao fim do projecto urbano. As receitas principais até hoje têm sido provenientes da venda de terrenos no Parque. Crescemos mais rápido e o problema da viabilidade com a conclusão do projecto urbano/imobiliário era conh_ecido. Ou a Parque Expo encontra, a curto prazo, um conjunto de projectos que tenham uma base económica financeira/económica viável ou a empresa estará em risco. Não há outra forma de funcionar. Só assim a empresa fará sentido.


8 | NP | ENTREVISTA

E quanto ao endividamento junto da banca? A Parque Expo tem um endividamento elevado. É sabido que as condições económico financeiras em que a empresa foi criada não facilitaram as coisas. Nos primeiros anos assentou demasiado no recurso aos empréstimos, e os encargos financeiros sempre tiveram um papel importantíssimo na empresa. Ainda hoje têm. Acabámos a Expo em 98 com 268 milhões de contos de endividamento. A Parque Expo deve hoje 100 milhões de contos. É uma redução significativa mas é muito dinheiro. Uma boa parte desses encargos resultam do problema da tripartida. Considerando que o dinheiro devido, proveniente das acessibilidades feitas antes da Expo, da Gestão Urbana desde 2000 ou de outras infra-estruturas efectuadas fosse pago, nós poderíamos respirar melhor. O que não significa que não obrigasse a grandes cortes financeiros na mesma. Dos 100 milhões de contos devidos à banca qual é a percentagem que a Parque Expo estima ser da responsabilidade das autarquias? Cerca de 1/3 do total, sensivelmente.

As medidas e cortes de que falava há pouco passam por um acentuado emagrecimento no quadro do pessoal? Com certeza. Decorre naturalmente do futuro da empresa. O antigo negócio cultura e lazer, o antigo negócio multimédia, a gestão urbana estão na primeira linha desses emagrecimentos. Depois, em áreas de apoio, de suporte, de estrutura da máquina que estavam vocacionadas para a altura da Expo e pós Expo, que tinham peso a mais. Trata-se de adequar os recursos humanos e da implementação de um novo modelo organizacional da empresa, para os novos desafios e não dos que tinha. É um processo difícil, ninguém gosta de o fazer, mas ou se faz essa redução de meios ou a empresa deixa de ter possibilidade de existir. Esta será sempre a vossa casa? (Edifício Administrativo) Não sei. Podemos com uma estrutura mais pequena pensar nestas soluções. Embora gostemos muito deste belíssimo edifício. O que terá levado ao fim da SGU? O que pensamos não é importante. Quando se pretende criar uma nova

empresa com três participantes, as parcerias só se montam quando todas as partes o querem. O modelo que foi considerado adequado, em tempos, foi considerado desadequado agora, só podemos respeitar isso. Não vamos agora pôrnos a fazer juízos de valor. Mas se não há a SGU, trabalhada durante muito tempo, então para a Parque Expo terá de haver uma solução equivalente. Equivalente ao nível da gestão urbana, é importante manter a qualidade existente, e se as autarquias o afirmam não podemos duvidar. Fazemos votos para que assim aconteça. Na questão financeira, há duas parcelas fundamentais, as que têm a ver com os custos de gestão de 1 de Janeiro de 2000 até hoje, altura em que deveria ter entrado em vigor a SGU, e em que as Câmaras nos pediram para assumir a gestão. A outra parcela é a do custo pela transferência das infra-estruturas especiais. E quando digo especiais, digo aquelas que não são as que um urbanizador tem de fazer. Estamos a falar de outras coisas desde as galerias técnicas e muitas outras coisas que estão para além das competências normais. Estes valores estão quantificados?

Perfeitamente quantificados e vão ao conhecimento das autarquias, dados de forma oficial todos os anos. Qual é o ponto de situação das negociações hoje? Sei que foram iniciadas as reuniões com as Câmaras. Não sei quando estarão concluídas mas todos esperamos que seja o mais rapidamente possível. As negociações decorrem em simultâneo ou, ou em separado? Em separado, concluiu-se que haveria vantagem em autonomizar as conversas para lhe dar um andamento mais eficaz, estão a decorrer do ponto de vista operacional e financeiro para que as coisas possam acontecer. Acha possível haver um assumir de território que não seja em simultâneo com Lisboa e Loures? Não sei, mas não é esse o espírito, esperamos que após as negociações não venha a acontecer um problema grave de vazio, penso que ele não existirá. Em 1995 conversámos e sentimos o seu espírito com grande optimismo e cheio de energia para o projecto que abarcava. Como é que se sente hoje? Sem demagogia acho que estou com o mesmo espírito.

Se há projecto em que se tenha sonhado, se tenha feito uma obra que tenha ficado mais perto do sonho, foi este. Pergunto quantos projectos, que tenham sido sonhados num ano, começado a pôr na prática dois ou três anos depois e que dez ou doze anos passados estejam tão próximos. Penso que não há muitos. Por isso sempre tive este espírito e não creio que seja um optimismo estúpido. Tenho sempre perto de mim uma fotografia aérea de quando o projecto estava a ser iniciado, há dez anos atrás, e ainda hoje me surpreendo. Fiquei fascinado como foi possível juntar o trabalho de tanta gente e o génio de alguns para levantar este projecto. É claro que houve erros, houve coisas que foram mal feitas. Mas tivemos dificuldades, por exemplo, ao nível financeiro nunca podemos pedir dinheiro ao Estado, tivemos de o pedir à banca. Acha que falhou o projecto financeiro? O projecto Expo tinha duas etapas. Fazer a Expo e depois erguer o projecto urbano. Embora integrados. Só que tinha uma particularidade, tínhamos que investir praticamente tudo à cabeça. Tínhamos de investir mais de 90% à cabeça, e a receita só entrava depois.

A receita começa a entrar em 96, 97, pouquinho, alguma em 98, decorrente da Expo’98, e o grosso depois de 98. Existia uma diferenciação temporal brutal. Se juntar isto ao facto de ser custeado com recursos bancários, o ideal teria sido que não fosse assim. Mas foi. Até hoje o Estado colocou aqui 112 milhões de contos e uma boa parte dele depois da Expo... Mais os terrenos.... Sim. Mas para terem o valor de hoje foi necessário gastar dezenas de milhões de contos. Eles hoje valem milhões mas foi preciso muito trabalho e dinheiro da Parque Expo SA. E o Estado vem buscar a este projecto quase 900 milhões de contos nos diferentes impostos. Quando se olha para os números da Parque Expo isto não pode ficar esquecido. Sabe que as críticas à Parque Expo surgem num passado recente, até há pouco não havia muitas. As pessoas esperavam um menor crescimento imobiliário, Um tremendo défice ao nível de infra-estruturas sociais, escolas, infantário e também claro, estacionamento. Vamos uma por uma. A construção é um problema mais ilusório do que real. Temos oitenta estaleiros a


ENTREVISTA | NP |9

trabalhar. O mercado acorreu bem à chamada e provocou uma antecipação temporal da construção que, o que dá uma certa ideia de ser demais. Uma sensação de aperto. Não se pode é dizer que se tenha construído mais do que o previsto. Entre o plano de urbanização de 94, 95 e a revisão do plano em finais de 99, a variação é de 1% que resultara da reafectação, de mudanças de usos e complementariedades. Não é significativo para a percepção de que está cheio. O modelo previu 12 milhões e 400 mil metros quadrados de área bruta de construção e isso traduz-se, agora, na ocupação de espaços que até aqui estavam livres. A ideia seria ter menos construção? Academicamente, todos estamos de acordo, mas para se realizar o projecto tínhamos de ter um modelo equilibrado. Temos um nível francamente mais baixo quer para muitos níveis de Lisboa ou de outras cidades europeias. Há, de facto, uma certa concentração no espaço e no tempo. Em relação ao estacionamento, a não instalação da tripartida, a não aplicação dos regulamentos de trânsito, porque não estão homo-

logados, com a chegada de milhares de trabalhadores e moradores, com um ritmo de visitas elevado, o problema de estacionamento tornou-se muito problemático. Sabemos isso. Embora existam mais de 5 mil lugares subterrâneos na zona central. Agora, se não há policiamento, não há disciplina. Quando passar a existir, o trânsito melhora significativamente. Quanto a equipamentos e zonas verdes são 110 ha em 330.

mediante um protocolo com o Ministério da Saúde, fizesse as valências para a populaça desta zona. Há um ritmo intenso que coloca pressão no poder central. Terão de ser medidas dos Ministérios da Educação e da Saúde. Continuaremos a estar atentos mas, a partir do momento em que a Gestão Urbana passe para as autarquias, pouco poderemos fazer. Faremos a cedência dos terrenos nas condições a definir.

Não só nas zonas verdes, mas também ao nível dos equipamentos. Acima de tudo na Zona Sul... Na Zona Sul temos a Marina, um equipamento importante que esperamos que se desenvolva. Temos de fazer uma medição macro, 110 ha em 330 não está mal. Sabemos que 80 ha são o Parque do Tejo mas isso é um privilégio. Os equipamentos tinham o horizonte de 2010, mas como houve uma antecipação da construção... As Escolas, a Saúde são necessidades que o Governo terá de conseguir antecipar. Tínhamos previsto que o Hospital das Necessidades,

E quanto a equipamentos como o Oceanário e o Pavilhão Atlântico por exemplo, o que se pensa fazer? São equipamentos com papéis perfeitamente definidos. Aquilo que nos foi transmitido pela tutela foi que, mantendo-se a propriedade dos equipamentos na Parque Expo, se possa estudar a hipótese da concessão da exploração. São equipamentos que se equilibram na sua exploração. Mas claro que isso dá trabalho, acima de tudo no Atlântico porque tem um programa mais irregular pela multiplicidade de interlocutores e de intérpretes. O Atlântico está mais

dependente da conjuntura e da maneira como as empresas se comportam. E o Teatro Camões? Não depende de nós. Tanto quanto sei vai passar definitivamente para alçada da Companhia Nacional de Bailado. Esperemos que encontre a programação regular adequada para se tornar, também, um pólo de atracção nesta zona. E o Clube do Mar? Tanto quanto sabemos sairá da alçada do Oceanário? E muitas outras actividades. Tem a ver com a lógica de que falávamos no início. Certas actividades serão outros a explorá-las. Fomos a entidade que promoveu essas actividades. Chega a altura em que outras entidades privadas terão de assumir a gestão. É a nova filosofia a implementar. Politicamente qual acha que será o futuro do Parque das Nações? Uma nova freguesia? É um problema político que transcende totalmente o foro da nossa empresa. É um problema da Assembleia da República e do poder autárquico. Posso compreender as motivações das pessoas, que

seriam as mesmas da formação da SGU. Ter uma entidade única a gerir o território. É um problema político muito complexo que ultrapassa a esfera da Parque Expo. E a criação de um concelho na zona Oriental? A mesma coisa... O que falta para os próximos 5/10 anos no Parque das Nações? Faltam algumas coisas ainda. Falta acabar o Parque do Tejo, digamos que falta o remate Norte. Pusemos agora a consulta sobre o Golfe. Vai haver uma chegada a um ritmo muito forte de empresas como a Vodafone, talvez as Páginas Amarelas, a IBM, Mitsubishi, falamos de empresas de grande prestígio. Empresas que poderão mudar-se para estas zonas e estas empresas poderão trazer ainda mais força, são imagens de marca. Se, aliada a isso, a gestão urbana criar condições para uma maior disciplina de trânsito e mais equipamentos o Parque das Nações será ainda mais atractivo. Ao nível dos transportes há pontos importantes. O prolongamento da linha do

Metro até S. Sebastião da Pedreira passa a colocar a estação do Oriente ao alcance de qualquer utente só com uma mudança. Faz com que o apelo do transporte público possa ser ainda maior do que é hoje. Há outro projecto que tem sido falado que seria muito importante para esta zona, que é o eléctrico rápido de Santa Apolónia até aqui. Esse projecto poderia utilizar a Alameda dos Oceanos como zona de passagem. Poderia ajudar a resolver os problemas de circulação internamente. Esta zona é muito grande. De Norte a Sul são 5 Km de comprimento. Voltando um pouco ao início, qual é o futuro da Parque Expo SA? A longo prazo vejo uma empresa detendo uma carteira de projectos urbanos em vários pontos do país e alguns no estrangeiro, que lhe permita obter a receita para diminuir o seu passivo e encarar o futuro com optimismo. Estamos a fazer 10 intervenções no Pólis, temos mais projectos em carteira, em Portugal e no estrangeiro que nos permitirão encontrar soluções.


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PARQUE EXPO: PASSADO / PRESENTE / FUTURO A poucos dias da passagem de testemunho da gestão urbana do Parque das Nações para as Câmaras de Lisboa e Loures, o Grupo Parque Expo assume uma reestruturação e uma nova missão. Abrindo as portas à cidade que ficou depois da exposição, iniciam, hoje, uma expansão em Portugal e no mundo. Com um projecto proclamado inovador e sempre com o cartão de apresentação da Cidade Imaginada, a empresa procura uma definição num ano que vai ser decisivo para o delinear do novo rosto do Grupo.

Texto: Miguel Meneses Fotografia: Parque Expo SA


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A DECISÃO

“23 06 92 – 10:23 (Paris) LISBOA GANHOU A TORONTO POR 23 CONTRA 18; UMA ABSTENÇÃO”, noticiava a Agência LUSA e, assim, confirmava-se o início de um novo marco na história portuguesa. Se esta data vem a confirmar a realização da última exposição mundial do século, em Lisboa, para trás ficaram três anos de trabalho que iriam ser decisivos para a escolha deste projecto da candidatura portuguesa e para a edificação do Parque das Nações como e onde o conhecemos. Se a escolha do tema “o Mar, os Oceanos”, em 27 de Abril de 1990 surgia da unanimidade, o mesmo não se pode dizer da escolha do espaço que iria dar abrigo à Exposição e à futura Zona de Intervenção. Em Novembro de 1989, já se tinham colocado três hipóteses possíveis: Alcântara-Belém; Alcântara-Belém/Margem Sul e Zona Oriental de Lisboa. Mais tarde, entre Junho e Julho do mesmo ano, de dez localizações sugeridas pelo Arq. Silva Dias, são retidas duas alternativas: Uma na Zona Ocidental, outra na Zona Oriental. A 21 de Dezembro, estudam-se as localizações da Doca de Pedrouços e da Doca dos Olivais, decidindo-se, finalmente, a 1 de Fevereiro de 1991, a zona “delimitada a jusante pela Doca dos Olivais e a montante pela Estação de Tratamento de resíduos Sólidos”. Era dado o primeiro passo para a reconversão e criação do espaço que mais tarde iria ser aclamado “Cidade Imaginada”.

PASSADO

A edificação da exposição tinha por trás uma operação de regeneração urbana. Indústrias, sucatas, refinarias, aterros sanitários, matadouros e um vasto número de habitações precárias iriam

estar na base de um desafio: 330 hectares e 5Km de frente ribeirinha iriam sofrer uma brutal metamorfose num curto espaço de tempo. Extensos estudos de mercado acompanharam o processo de planeamento urbanístico e foram desenvolvidas infra-estruturas de última geração apostando numa qualidade de vida fortemente caracterizada por um novo tipo de qualidade de vida. Foi construída uma extensa rede de galerias técnicas subterrâneas que permitiriam o abastecimento de água e electricidade, climatização, recolha de lixo por sucção e telecomunicações por fibra óptica.Ao nível energético previa-se um decréscimo de 69% na emissão de gases de efeito de estufa. Com uma dominante assente na requalificação ambiental e urbana desta antiga zona oriental de Lisboa, no dia 22 de Maio de 1998, a Expo´98 abre as portas para receber cerca de 11 milhões de visitantes.

PRESENTE

Fechadas as portas da Expo, era altura de abrir as portas do Parque das Nações. Uma zona norte e uma zona sul separadas pelo centro, intitulado zona do recinto da exposição. O período pós-Expo vai ser caracterizado pelo pôr em prática o projecto urbano idealizado. Os moradores e empresas começam a chegar e a previsão de conclusão do projecto antecipa-se do ano de 2010 para o ano de 2006. Os estaleiros vão aumentando ao mesmo tempo que a comunidade começa a adquirir forma: as previsões indicam que, no final do projecto, haverá 8 260 fogos, uma população residente de 25 600 pessoas, 22 000 trabalhadores e 60 000 visitantes por dia. Promoção Urbana; Gestão Urbana; Requalificação Ambiental; Cultura e Lazer e Multimédia são os cinco pilares do Grupo Parque Expo. A Promoção Urbana assume a venda e gestão do

património imobiliário ao passo que a Gestão Urbana assenta numa rentabilização da experiência técnica adquirida, rentabilizada numa coordenação de serviços urbanos. A Requalificação Ambiental começa a assumir um papel interveniente fora das fronteiras do Parque e começa-se a adivinhar uma nova missão. Na área da Cultura e do Lazer, o Pavilhão Atlântico e o Oceanário destacam-se como os verdadeiros pólos de atracção. O Atlântico multiplica-se em eventos, recebe cerca de 1 milhão de visitantes por ano, é distinguido, pelo Comité Olímpico”, com o Prémio de Ouro IOC/IAKS na categoria de “Equipamentos Desportivos Para Eventos Internacionais”. O Oceanário recebe o visitante número 7 000 000 e passa a ser o segundo local mais visitado na cidade de Lisboa. Na área da Multimédia a Net Parque e mais tarde o E Bairro criam conteúdos e tentam canalizar sinergias de acção dentro e fora da Zona de Intervenção. A par e passo é estruturada a Sociedade de Gestão Urbana, SGU que irá gerir o Parque das Nações numa tripartida composta pela Parque Expo e pelas Câmaras de Lisboa e de Loures. Mais tarde a empresa sofre uma reestruturação e os pólos de acção ficam reduzidos a dois: Renovação Urbana e Requalificação Ambiental. Depois de Mega Ferreira e Jorge Dias, Bracinha Vieira vem assumir o rosto de uma nova missão que, virada para o país e para o mundo, tem como grande cartão de apresentação a Cidade Imaginada. A menos de três meses da entrada em vigor da SGU, Lisboa decide assumir a gestão da zona sem a Parque Expo, antecipando a saída definitiva do Grupo na gestão do Parque das Nações. Nesta fase ficam duas grandes dúvidas: de que forma é que o novo plano operacional do espaço Parque vai funcionar e qual o futuro “dos dinheiros” que resultam da incógnita financeira das câmaras. O que falta vem resolver um terço do passivo representando um encaixe importante para a vitalidade do Grupo.


12 | NP | REPORTAGEM

FUTURO

“Uma organização de valor onde a experiência em requalificação urbana e ambiental equivale ao sucesso e onde o rigor e a exigência transformam cidades. Com Know-how e competência geram-se as melhores soluções e com visão e equilíbrio conquista-se a Confiança.” Esta é a mensagem que abre um novo capítulo do grupo Parque Expo. O desenvolvimento e construção do futuro sustentável das cidades assume uma nova missão, sustendo pela obra que está para trás. Concepção, planeamento e construção até à comercialização, manutenção e gestão como competências procuram estar sempre associadas ao rigor e à qualidade. Em Portugal, o exemplo do Programa Polis que, já com dez intervenções, chegou a um total de 1 700 hectares, revela a expansão feita de norte a sul. Lá fora, a internacionalização da marca começa a dar os primeiros frutos. De Xangai ao Brasil a empresa dá a conhecer as suas novas fórmulas urbanas.

PROGRAMA POLIS Projecto: programa integrado de valorização de cidades através de intervenções nas vertentes urbanística e ambiental. Integrado no quadro do Ministério do Ambiente e Ordenamento do Território, requalificando alguns centros urbanos nacionais e implementando planos estratégicos de intervenção. Gestão integral em dez cidades (Albufeira; Costa da Caparica; Castelo Branco; Coimbra; Leiria; Matosinhos; Cacém;Vila Nova de Gaia;Viana do Castelo e Viseu) no plano estratégico em sete cidades (Aveiro; Beja; Bragança; Covilhã; Guarda;Vila do Conde e Vila Real).

PPP – PARCERIAS PÚBLICO-PRIVADAS – MONTAGEM DE NEGÓCIOS Missão:Transformar e garantir a qualidade de vida urbana. No Parque das Nações – assegurar que a área remanescente manterá a mesma qualidade urbana de excelência, através de soluções exclusivas,“taylor made”, para investidores e clientes. Fora do Parque das Nações – manter a liderança na realização de projectos relevantes, planeando empreendimentos que respeitam o espírito de missão. Actuar como parceiro noutros projectos que beneficiarão de uma mais valia decisiva: a capacidade para criar cidades com qualidade de vida urbana de excelência.

LEIRISPORT – ZONA DE DESPORTO E LAZER Desenvolvimento de um modelo de intervenção nas áreas do desporto, lazer e turismo, inserido no âmbito do EURO 2004, em parceria com a Câmara Municipal de Leiria e o Consórcio Parque Expo, CGD e o BPI. Master Plan: desenvolvimento de um estudo de ocupação para uma área de 80 ha, criado para o cenário do EURO 2004 (renovação do estádio existente) e para o pós-EURO (desenvolvimento sustentado, tendo em vista o equilíbrio entre zonas verdes, de desporto e lazer e novas áreas de ocupação urbana). Estádio – 50 000 m2 mais ocupação comercial de 8 000 m2 Pavilhão Multiusos – 8 400 m2

REQUALIFICAÇÃO URBANA – RECIFE – BRASIL Objectivo: Estudo de projectos de desenvolvimento urbano na cidade do Recife em parceria com o Governo do Estado de Pernambuco e a AD/DIPPER, Agência de Desenvolvimento Económico do Estado de Pernambuco. Análise de implementação de soluções de Requalificação Urbana e Ambiental, numa primeira fase de Pré-Viabilidade, passando para uma segunda fase de Viabilidade com o desenvolvimento de projectos urbanísticos / estudos de ocupação das zonas de intervenção detectadas na primeira fase.

CONSTRUÇÃO EXPOBI 1,SA E EXPOBI 2,SA Parceiros: Parque Expo 98 e Bouygues Imobiliária. 5 405 m2 de terreno com 40% da área bruta pertencente à Sociedade EXPOBI 1 e os restante 60% pertencentes à EXPOBI 2. Lote 1.06.24 Arquitectos: Ideias do Futuro Marc Rolinet. Localização: perto da FIL Área bruta de construção: escritórios – 17 040 m2, 7 a 9 Pisos acima do embasamento, 2 Pisos de embasamento, 2 pisos abaixo do solo. 426 lugares de estacionamento. Início da construção prevista para o 3º trimestre de 2003 com a finalização para o 3º trimestre de 2005.

EXPOLAND Parceiros: Parque Expo, INLAND – Promoção Imobiliária e Rockbuilding – Soluções Imobiliárias. Lote 1.18 Arquitecto: Frederico Valssassina Localização: Junto da FIL Área bruta de construção: 14 pisos acima do embasamento, escritórios – 22 798 m2, comércio – 1 056 m2, hotel – 16 298 m2. 593 lugares de estacionamento privado e 625 de estacionamento público. Início da construção no 3º trimestre de 2001 com a finalização para o 3º trimestre de 2004.

PLANO PORMENOR 5 Zona com 10 ha de área. Dividida em três parcelas concebidas, a primeira, por Teotónio Pereira e Pedro Viana Botelho, a segunda por Chemetov e Huidobro e a terceira por António Cruz e António Ortiz. Junto ao Parque Tejo será concebida para habitação; serviços e comércio e Habitação.

PROJECTO DE ACADEMIA/CAMPO DE TREINO DE GOLFE Enquadrado no PP6, este projecto pretende desenvolver uma Academia/Campo de Treino de Golfe constituído por um parque de lazer, complementado com comércio e restauração. Tem um enquadramento jurídico contratual que assenta na constituição de um Direito de Superfície por um período de 20 anos. Localização: extremo Norte do Parque Tejo. Área da parcela - 89 285 m2, área bruta de construção – 570 m2, projecto paisagístico – 143 850 m2. Estacionamento para 2 300 lugares.

1.10 CONSTRUÇÃO E EMPREENDIMENTOS IMOBILIÁRIOS Localizado perto da zona de lazer da marina. Parceiros: Parque Expo, Somague PMG – Promoção e Montagem de Negócios e Geril II – Participações SGPS. Arquitecto: Promontório Arquitectos Associados. Edifício de utilização mista com uma área bruta de construção de 20 173 m2 para escritórios e de 19 879 m2 para o hotel. 17 pisos acima do solo para os escritórios e 12 pisos acima do solo para o hotel, com 651 lugares de estacionamento privados e 301 lugares de estacionamento públicos. Início da construção no 3º trimestre de 2002 com o final do projecto para o 2º trimestre de 2004.


REPORTAGEM | NP |19


14 | NP | CARTOON

CARTOON

aa informar informar


VOX POP | NP |15

|Vox Pop| Dê-nos três ideias para melhorar o Parque das Nações em 2003 Rita Silva

Joana Gomes

Susana Santos 22 Anos Cabeleireira

19 Anos Empregado Comercial

1 – Mais limpeza principalmente aos fins-de-semana. 2 – Um clube com várias modalidades no Parque das Nações. 3 – Mais transportes.

1 – Um Centro de Saúde. 2 – Outra escola. 3 – Acabar com a construção para que existam mais jardins e estacionamento.

1 – Melhoramento dos transportes. 2 – Melhorar a recolha do lixo. 3 – Acabar com os dejectos caninos.

1 – Mais transportes. 2 – Mais caixotes do lixo. 3 – Mais estacionamento.

17 Anos Estudante

26 Anos Psicóloga

João Barradas


16 | NP | PASSEIO PELO PARQUE

Ao fundo do espelho Miguel F. Meneses

ati com a porta de casa e atirei as chaves pelo ralo do elevador, com a panela da sopa ao lume. Para trás ficava... para trás. Meti-me no carro e parei no banco para levantar todo o dinheiro que tinha em notas pequenas. A caminho da auto-estrada, ao desligar para sempre o rádio do carro, abri as janelas e

B

deixei que todo o dinheiro voasse para fora. Ao terceiro dia tive fome e parei num restaurante para não comer. Ao quinto dia, encostei o carro e da bagageira tirei todos os meus livros, roupas e números de telefone. Ainda no mesmo dia, incendiei uma fogueira sem sentir frio ou calor. Esqueci o primeiro poema decorado. Acelerei ainda mais e, rapidamente, apaguei todas as pessoas, âncoras e costumes.

Esqueci o modernismo, as revoluções e Homero... apaguei o Homem. Continuei em frente, ainda mais depressa... tão depressa que os números do relógio, já então parado, não passavam de contornos abstractos. Esqueci o equilíbrio simétrico e o equilíbrio oculto. Esqueci os minutos, os segundos, o dia e a noite. Parei numa fonte para não beber água. Ao voltar ao carro tirei os

sapatos e segui em frente, tão em frente que fiquei sem direcção e depois sem gasolina. Abandonei o carro e as roupas... voei. Voei pelo velho e novo mundo, pelo mar e pela terra. Encontrei civilizações paralelas, grupos de homens que se construíram à parte, congelando pequenas fracções eleitas da história. Vi uma Europa que não morreu ao som da última sinfonia de Mahler,

vi marchas intermináveis ao som de Wagner. Vi índios donos de terras sem fim. Vi um Adão e uma Eva. Voltei a descer para não parar. Iniciei a desconstrução de uma forma mais calma e serena, sem estar cansado. Flutuei num deserto plano até o ar secar o nada que restava. Vi um enorme espelho à minha frente e parei pela primeira vez. Sem reflexo desenhou os contornos em

mim com o último fôlego de luz. Da esquerda para a direita e de cima para baixo ele media... tudo. Para trás media... nada. Olhei mais uma vez mas sem me ver. Restava o nada. Parti-o furioso sem o quebrar. Segui em frente e, por detrás dos vidros que se iam libertando, vi o mundo pela primeira vez. Voltei a casa, entrei, bati com a porta e saí mais uma vez…


REFLEXOS | NP |17

É NATAL Porque razão todos os passageiros dos comboios têm um ar triste e cansado, tão triste e tão cansado? Vou dizer-lhe: é porque sabem que o comboio vai direito ao seu destino. G. K. Chesterton

J. Wengorovius

É surpreendente como em vésperas de Natal só é possível escrever sobre o Natal. E o mais difícil é que este tema que se impõe, este salto imponderado, nos obriga a escrever da uma forma tão radical - "radical" no sentido primordial da palavra, ou seja, "referente à raiz; essencial; decisiva." No filme "Deus sabe quanto amei", de Vicente Minnelli, ela (Shirley MacLaine) apaixonase por ele (Frank Sinatra). Ele é um escritor e ela apenas uma mulher. No final do filme ele, que deve decidir se aceita ou não o seu amor, pergunta-lhe que sabe ela sobre os seus livros. Ela reconhece que nada sabe; mas que o ama, disso está segura, que o ama incondicionalmente. E di-lo a seus pés de uma forma tão radical que ele percebe a pobreza de viver segundo a vaidade, de viver refém de uma espécie de dignidade que a nada corres-

ponde. Julgo que ele se apaixona por ela por perceber que aquela mulher que nada sabia de poesia era, ela própria, um poema. Essa é a enorme alegria que o Natal me dá: a certeza íntima de que não é preciso saber de teologia para descobrir um grande amor. Ou como escreveu um amigo: "O Natal envolvenos tanto, porque no olhar frágil e terno de Jesus-Menino reecontramo-nos a nós próprios e sentimos, mais profundamente, aquilo que a nossa vida é chamada a ser." Certo é que a partir desse olhar a nossa vida guarda uma hipótese de milagre. Certo é que a partir de Jesus-Menino não mais seremos uma sequência vã de acontecimentos que vai direita ao seu destino e se perde para sempre na última estação. Porque, afinal, cada um de nós guarda um esplendor insuspeito. Todos os anos pelo Natal vejo emergir da névoa essa certeza. É como se um castelo, tantas vezes tão inacessível como o de Kafka, escancarasse as suas portas no olhar de Jesus-Menino.


DANÇA, ÓPERA E ROCK 18 | NP | CULTURA

ATÉ FIM DE JANEIRO NO PARQUE DAS NAÇÕES

Pedro Gonçalves

Depois da passagem recente do demoníaco Alice Cooper pelo Pavilhão Atlântico, o mesmo espaço veste-se de gala para acolher, nos dias 20 e 21 de Dezembro, “La Traviata”, a famosíssima ópera composta pelo não menos famoso compositor italiano Giuseppe Verdi. Com produção do colectivo Opera Hall e encenação de Frank Van Laecke, o mesmo que realizou semelhante tarefa nas apresentações de “Carmen” e “Aida”, “La Traviata” pode ser vista no Pavilhão Atlântico através do pagamento de bilhetes que custam entre 38,00 e 100,00 Euros. Os ingressos, à venda nos locais habituais, podem ainda ser encontrados em “pacotes” vantajosos para grupos ou faixas etárias. As apresentações de “La Traviata” têm início marcado para as 21h30, sendo que as portas da sala se abrem às 20h00. O dia 20 de Dezembro é ainda marcado, no Parque das Nações, pelo início das apresentações no Teatro Camões do espectáculo de dança “A Dama das Camélias”, a cargo da Companhia Nacional de Bailado. Este é um bailado em dois actos a partir da obra homónima de Alexandre Dumas. A música é repartida, em “A Dama das Camélias”, por Verdi, Mascagni e Katchaturian, num trabalho de selecção musical de Andrzej Barlog. Com coreografia de Mehmet Balkan e dramaturgia de Junko Hikasa, “A Dama das Camélias” tem cenários, figurinos e desenhos de luz de Olaf Zombeck. A Orquestra Sinfónica Portuguesa, dirigida por Bujor Hoinic, acompanha o Coral Lisboa Cantat com o maestro Jorge Alves. “A Dama das

Camélias” é exibida no Teatro Camões nos dias 20 (20h30), 21 (20h30), 22 (16h00), 27 (20h30), 28 (16h00) e 29 (16h00) de Dezembro. Os bilhetes custam entre 15,00 e 20,00 Euros. À semelhança do que em todo o mundo acontece, também na Praça Sony do Parque das Nações a noite de 31 de Dezembro para 1 de Janeiro é de folia, no momento em que se deita para trás um ano de vida e se acolhe outro que se quer sempre melhor. Nesta ocasião, em que os foliões têm garantida a entrada livre, participam, por ordem de entrada em cena, João Pedro Pais (22h00), Pedro Abrunhosa (23h00) e Orishas (00h30). À meia-noite em ponto, espera-se um fogo de artifício lançado de barcaças paradas no Rio Tejo. O mês de Janeiro termina, no que a espectáculos musicais diz respeito, com a visita a Portugal dos norteamericanos Red Hot Chili Peppers. O grupo de Anthony Kiedis e Flea apresenta-se ao vivo perante um Pavilhão Atlântico já praticamente esgotado, sendo que os bilhetes têm preços que oscilam entre os 22,50 e os 27,50 Euros. Curiosos são, no mínimo, os horários marcados para abertura de portas e início do espectáculo: 20h01 e 21h31, respectivamente.


CULTURA | NP |19

SORTIDO FINO Pedro Gonçalves

DISCOS

LIVROS

DVD

“MOMENTO”

“BEATLES EM PORTUGAL”

“APOCALIPSE NOW REDUX”

Pedro Abrunhosa Mais uma vez recorrendo a uma única palavra, ou conceito, se se preferir, para embrulhar um novo álbum da sua carreira, Pedro Abrunhosa passa em “Momento” por uma prova que, não o sabendo à priori, dá à música portuguesa uma vitalidade musical de que muitos duvidam. Para Pedro Abrunhosa este era mesmo o momento da verdade, particularmente depois do pouco conseguido “Silêncio”, o terceiro dos seus quatro álbuns. Tendo percebido que o seu impulso criativo pouco teria que ver, nos dias que correm, com o jazz-funk experimentado em “Viagens”, por exemplo, Abrunhosa não se inibe de fazer deste um disco pop que para ser de luxo necessitaria apenas de um cantor, mais do que um declamador com qualidades limitadas. Municiando o seu novo disco, como facilmente se esperaria a partir de experiências passadas, com poesia belíssima que ombreia com trechos líricos perfeitamente inofensivos, Pedro Abrunhosa constrói, do ponto de vista instrumental, um dos melhores discos de música popular dos últimos tempos de música em Portugal. Não será a escolha de Cat, dos Eye, para participar ao lado do autor portuense que faz deste um disco melhor ou pior, até porque a moça também não é uma Nina Simone. O que sobressai, isso sim, é a elegância de um todo que voltou a ser entregue a um mago da produção, Mário Barreiros. Sabendo-se que, em vésperas de Natal,“Momento” atingiu já o primeiro lugar da tabela de discos portugueses mais vendidos, não deixa este de ser um dado interessante para lançar a confusão junto da recriada discussão em torno da saúde da música portuguesa. Pedro Abrunhosa fez o que melhor podia ter feito: respondeu com um álbum que, além de ser magnífico quando a voz deixa, é popular e comerciável.

Luís Pinheiro de Almeida e Teresa Lage À primeira vista, e para o cidadão com um nível médio de interesse musical, “Beatles em Portugal” é, desde logo, um título absurdo. “Que relação pode existir entre os quatro de Liverpool e um país onde nunca sequer tocaram?”, perguntar-se-á. A resposta, essa, surge no plural e na forma de estilhaços inéditos de jornalismo de investigação realizados por Luís Pinheiro de Almeida e Teresa Lage. Peça de colecção para devotos dos Beatles e objecto verdadeiramente curioso para o simples consumidor de música pop, “Beatles em Portugal” conta, com factos e documentos, histórias como a de “Yesterday”, escrita em Portugal por Paul McCartney, e “Penina”, que o mesmo ex-Beatle fabricou no Algarve com o conjunto Jota Herre. Além disso, recortes de jornais e panfletos diversos, todos incluídos no livro em apreço, dão conta de factos tão deliciosos quanto a tradução do título do filme “A Hard Day’s Night” para português: “Os Quatro Cavaleiros do ApósCalipso”. Num país em que biografias musicais e livros dedicados a músicos são frequentemente vistos como peças menores, por vezes provenientes da imaginação galopante de homens das letras menos rigorosos, “Beatles em Portugal” mostra como deve ser feito um trabalho desta natureza. Onde quer que haja um fã dos Beatles haverá, com toda a certeza, uma cópia de “Beatles em Portugal”. Para isso exige-se, imediatamente, a passagem da palavra portuguesa à inglesa, para que o fenómeno conheça a expressão que merece.

Francis Ford Coppola A verdade, neste caso, é só uma. No que a filmes norteamericanos em cenário de guerra diz respeito, dificilmente algum dia se tropeçará em obras da magnitude de um “O Caçador”, de um “A Barreira Invisível” ou, no topo da pirâmide, de um “Apocalispe Now”, realizado por Francis Ford Coppola em 1979. E se a versão original do filme, a de cerca de três horas, é a mais dilacerante aguarela pintada a propósito da presença norte-americana no Vietname, a não perder é igualmente a versão “redux”, que inclui cenas que na origem não entraram na versão final do filme. Ainda que não se mostrem de relevância inquestionável para o todo brutal de “Apocalipse Now”, as cenas agora recuperadas por Coppola servem não só como excelente engodo para uma nova geração de cinéfilos, além de, pontualmente, introduzir na obra uma componente sexual que se lhe desconhecia. O resto é, naturalmente, o inesquecível diálogo, por vezes surdo, entre um Marlon Brando no assustador papel de um norte-americano barricado num campo de batalha e um Martin Sheen em esforço permanente e de resultados magníficos representando o homem que tenta retirar Brando do casulo psicológica e socialmente denso em que este se enredou com o passar do tempo. Magistral. E a valer a pena o investimento nos 40 e tal minutos adicionais.

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20 | NP | NOVAS TECNOLOGIAS

Será possível a inovação em Portugal? novar e inovação são palavras que os diversos agentes da sociedade portuguesa consideram fundamentais para salvar, o que ainda houver para salvar, do futuro de Portugal. Nas últimas semanas, aquelas palavras foram ditas e reditas diariamente na Comunicação Social, porquê?

I

Todos a invocam como a verdadeira solução para os nossos problemas económicos, senão vejamos: - os sindicalistas acham que se as empresas pagarem melhores ordenados serão obrigadas a inovar; - os patrões também dizem que sim, inovar é fundamental, mas para tal é necessário ter trabalhadores com melhor formação e para tal seria necessário ter melhores escolas, pois sem mão-deobra com melhores qualificações inovar é difícil; - os partidos, na sua generalidade, também acham que para aumentar a produtividade é necessário apostar na formação e na inovação; - o próprio Presidente da República apadrinhou nas últimas semanas o nascimento de uma associação empresarial que tem como objectivo a inovação.

Para ele, todas as empresas têm aquilo a que poderemos chamar os processos “A”, que podemos caracterizar como os processos necessários para realizar o seu negócio principal. Disse ainda, que a maioria das empresas possuem aquilo a que poderemos denominar de processos “B”. Estes caracterizam-se por servirem para melhorar os processos “A”, como por exemplo, optimizar os processos de produção ou melhorar o serviço a clientes. Engelbart, disse ainda, que apenas algumas empresas possuem processos “C”, estes têm por objectivo melhorar os processos “B”, i.e., melhorar a forma da empresa de se melhorar a ela própria. O que Engelbart pretende disser é que inovar é mais do que optimizar, melhorar ou alterar. Para inovar é necessário romper, revolucionar, inventar, etc. Um exemplo, a IBM no início dos anos 90, andava a fazer um trabalho notável ao nível dos processos A e B. Através do desenvolvimento de um programa de TQM (total quality management) a IBM reduziu os números de defeitos em produtos e processos praticamente a zero. Ao mesmo tempo os resultados financeiros foram-se degradando progressivamente e perigosamente. Qual era então o problema? O problema é que o mercado pretendia outros produtos e novos processos de negócio.

a inventar um novo modelo de negócio directo ao consumidor, a IBM continuava a melhorar os seus antigos modelos de computador e a trabalhar da mesma forma os seus canais de distribuição. A solução para a IBM, quando a crise se tornou insustentável, passou pela contratação de um novo CEO, que sem os condicionalismos da gestão diária recente, redesenhou um novo modelo de negócio.

A nossa sugestão de site é o da Associação de Moradores e Comerciantes do Parque das Nações (www.amcpn.com) onde pode solicitar uma ficha de inscrição de sócio ou rever as notícias sobre o Parque em alguns meios de comunicação nos últimos meses, entre

E em Portugal, será que conseguiremos inovar quando os principais agentes económicos, políticos ou culturais são os mesmos há dezenas de anos?

muito outras informações relevantes para os moradores e os comerciantes do Parque. Infelizmente, ainda, não está disponível um

P.S. - O processo de constituição de uma nova Junta de Freguesia para o Parque das Nações parece que não irá ser fácil ou rápido, no entanto não existe melhor alternativa do que lutar por ela de forma a defender o espaço em que vivemos.Também aqui me parece que teremos de ser inovadores ao nível das acções a desenvolver segundo um calendário a definir.

De facto, enquanto alguns dos principais concorrentes como a Compaq a inovar ao nível do design dos computadores ou a Dell

Reinaldo Martins rmartins@netbase.pt Consultor em Negócio Eletrónico

criação da Junta de Freguesia do Oriente. Aliás, seria útil manter o site actualizado sobre todos os desenvolvimentos deste assunto e a abertura de um debate (forum) online poderia ajudar a inovar e a reforçar o empenho de todos na constituição da nova Junta.

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ESPECTÁCULO | NP | 21

Lisboa recebe 2003 no Parque das Nações A Câmara Municipal de Lisboa e o Pavilhão Atlântico trazem para o Parque das Nações a celebração do Réveillon Lisboeta. Com um budget de 500 mil Euros, esta co-produção aposta em nomes sonantes da música portuguesa e num dos mais modernos espectáculos de pirotecnia. Com ou sem simbolismo político, a festa coincide com a entrada de Lisboa na gestão do Parque das Nações. Diogo Lino

O convite é feito pela Associação de Turismo da Câmara Municipal de Lisboa (ATL) à Parque Expo, com o intuito de trazer, do Terreiro do Paço para o recinto do Parque das Nações, a festa de final de ano. A organização cabe à Câmara, Pavilhão Atlântico e ao Turismo de Lisboa que, numa concentração de sinergias, possibilitarão uma melhor gestão do evento como explica o vereador do Turismo Pedro Pinto. Para Manuel Falcão, administrador do Pavilhão Atlântico, este convite vem ao encontro de tudo aquilo que este organismo pretende fazer: “produção de eventos que qualquer tipo de entidade queira vir a realizar”. Desde a concepção do conceito artístico ao trabalho com as promotoras, o Pavilhão Atlântico vem tentar comprovar as suas ilimitadas capacidades em produzir eventos de grande escala. Manuel Falcão, considera ainda que “foi dado um passo muito positivo ao celebrar-se uma noite única, num único espaço. Adiantou,

ainda, que “para nós é uma oportunidade muito grande que temos em desenvolver este projecto”.

Olá Ano Novo! Olá Lisboa! Pedro Abrunhosa e João Pedro Pais são o elenco de luxo do cartaz desta noite que aposta na diferença e na qualidade. A Praça Sony recebe ainda os cubanos Orishas, já conhecidos pelos seus sons quentes e latinos. Para os mais tradicionais irá decorrer, também, um baile popular de duas orquestras onde os tangos, os boleros e os clássicos dos anos 60, 70 e 80 irão ser tocados. Outro momento que irá ser bastante “alto” é o espectáculo fogo de artifício que está a cargo da Macedo & Pirotecnia, empresa vencedora do Festival Internacional de Fogo de Artifício de Xangai. 15 minutos,30 quadros pirotécnicos, 1.911 por minuto prometem criar verdadeiros “momentos intensos e apoteóticos, numa original coreografia de cores e efeitos pirotécnicos”.

Programa 22H00 João Pedro Pais 23H00 Pedro Abrunhosa 24H00 Espectáculo de Fogo de Artifício 00H30 Orishas


A Galeria do Vinho tem para si os melhores preços nesta nossa festa de Natal

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Whisky's

Ballantine's 12 anos 12.95 [12 gfas. = 150.00 (12.50)] Logan 12 anos - 12.95 [12gfas. = 150.00 (12.50)] Cardhu 12 anos - 19.95 [12 gfas. = 227.88 (18.99)] Dimple 15 anos - 19.95 [12 gfas. = 219.00 (18.25)] Johnnie Walker black label (12 anos) - 16.95 [12 gfas. = 180.00 (15.00)] Logan 2 litros - 44.95

[6 gfas. = 237.00 (39.50)]

Swing - 44.95 [6 gfas. = 237.00 (39.50)] Old Parr - 24.85 [6 gfas. = 139.50 (23.25)] Johnnie Walker malt 15 anos - 23.50 [6 gfas. = 137.70 (22.95)] Hedges & Butler - 8.95 [12gfas. =105.00(8.75)] Johnnie Walker red label (novo) - 8.75 [12 gfas.= 101.40 (8.45)]

Vinhos

Adega de Pegões tinto 1.95 [12 gfas. = 22.80 (1.90)] João Pires - 2.97 [12gfas. = 32.00 (2.67)] Adega de Pegões colheita seleccionada 2000 - 9.50 (12gfas =102.00 (8.50)

Licores

Bailey's - 9.95 [6 gfas. = 53.70 (8.95)] Sheridan's - 12.95 [6 gfas. = 71.70 (11.95)]


CDOM quinto a sonhar

DESPORTO | NP | 23

A vitória de Domingo frente ao Lusitano de VRSA não foi fácil mas lança o Desportivo no quinto lugar mantendo-se na luta pelos primeiros lugares da tabela.

O

Filipe Esménio

CDOM ocupa a quinta posição com vinte e um pontos, a sete do primeiro, Estoril, e a seis do segundo, Amora, este com mais um jogo. Apenas o primeiro lugar dá acesso à II Liga no final da época. Esta semana, e com um golo de Ricardo Silva no último minuto antes dos descontos a dar pelo árbitro, o Desportivo conseguiu uma importante vitória frente ao agora penúltimo Lusitano de VRSA. Num campeonato que continua muito equilibrado onde estão

apenas decorridas treze das trinta e oito jornadas que apuram quem terá um lugar no escalão superior. Não tendo sido definido como objectivo a subida a verdade é que no íntimo alguns acreditam ser possível, já este ano, atingir esse objectivo. A prestação da equipa nos jogos fora tem sido bastante equilibrada, sete jogos disputados, três vitórias, quatro derrotas e nove pontos obtidos. Em casa, o Moscavide conta com seis jogos disputados, três vitórias, dois empates e apenas uma derrota, frente ao Mafra actual nono classificado, e logo pela marca de três bolas a

Classificação II B (zona sul)

zero. No próximo dia 22 de Dezembro, o CDOM recebe o Oriental, rival de longa data num jogo entre o quinto e o décimo segundo classificado que pode colocar o Moscavide ainda mais no topo da tabela classificativa. A regularidade parece ser a principal lacuna de uma equipa jovem, mas segura das suas capacidades. O CDOM está bem e pode ir ainda mais longe.

Andebol procura melhor sorte

o Parque

O

início de campeonato nem correu mal ao CDOM, mas os últimos resultados arrastaram a equipa para um desconfortável décimo lugar. Num campeonato que começou aos reboliços, nunca nos cansamos de o dizer, a actual posição do CDOM não só os afasta do play-off como poderá levar a uma eventual descida… Derrotas com o Fafe e com o Ginásio do Sul, este último por 19-18, não fazem esquecer vitórias frente ao Alto do Moinho, o empate com o Belenenses a 23 golos ou a vitória frente ao Águas Santas. Já na época passada, o CDOM não teve uma

primeira volta muito positiva, e foi na segunda volta que conseguiu resultados que lhe permitiram apurar-se para o play-off. No entanto, e à oitava jornada, muito cedo para fazer contas, o CDOM está apenas a dois pontos do Águas Santas, oitavo classificado, último lugar que dá acesso à fase final, e com os mesmos pontos que o Fafe nono classificado. Na segunda época entre os grandes espera-se pelo menos o mesmo que na época passada, uma presença nos quartos de final da mais alta competição do Andebol Nacional.


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