Edição 10

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Distribuição gratuita

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ANO II - NR.10 - BIMESTRAL - ABRIL 03 - DIRECTOR: MIGUEL FERRO MENESES

REPORTAGEM

PARQUE EXPO RESTART ENTREVISTA COM

MANUEL LEITE BRAGA

PARQUE EXPO E A CIDADE AUTARCAS PREOCUPADOS PÁG. 3

e-guerra PÁG. 20


2 | NP | EDITORIAL

noticiasparque@netcabo.pt 219456514

Sunji o jamaicano

FichaTécnica Director: Miguel Ferro Meneses Director Adjunto: Filipe Esménio Redacção: Alexandra Ferreira, Mariana Gasalho, Pedro Pereira, Raquel Guimarães,Tiago Reis Santos, (Colaborações) J. Wengorovius, Pedro Gonçalves, Reinaldo Martins Fotografia: Miguel Ferro Meneses Direcção Comercial: Luis Bendada Ilustrações: Bruno Bengala Projecto Gráfico: Tiago Fiel Produção: Imaginarte Impressão: Imprejornal Rua Ribeiro Sanches 65-1200-787 Lisboa Tiragem: 5000 Exemplares Proprietário: Imaginarte Sede Social, de Redacção e Edição: Rua Júlio Dinis nº. 6 1º Dto. 2685-215 PORTELA LRS Nr. de Registo ICS -123 919 Depósito Legal nº. 190972/03

As pessoas não param nas passadeiras para os peões. As ruas estão sujas. Uma rapariga de 10 anos insulta com palavrões uma senhora de idade num banco de jardim. Os casais… já não são casais. As pistolas sujam de sangue os becos, as ruas, os povos. A televisão só emite porcaria… a cores. Os políticos metem ao bolso. As estradas têm assassinos que matam seis pessoas por dia… por desporto. Os oceanos estão sujos e os tubarões brancos estão perto do fim de uma longa existência. Os filhos não sabem dos pais. O tempo, as horas, os segundos secam a existência das pessoas. Já não há espaço para a memória. Temos que seguir em frente. Muitos ficam para trás perdidos. Não interessa. ninguém segura a porta para entrarmos. Os loucos são gozados, espancados e roubados à luz do dia. Já não existem conversas, existem telemóveis. A alta sociedade vai aos bairros pobres distribuir roupa de marca italiana. A senhora da televisão pronuncia muito bem a palavra… sangue. Os heróis nacionais são… para rir. Ninguém se levanta quando uma senhora entra na sala. Há bebés abandonados nas ruas. Há pessoas que passam “mesmo” fome. Há pessoas que morrem à fome. Temos ruas no mundo com crianças de 10 anos que vendem o corpo… e a alma. Já ninguém espera por ninguém. As florestas ardem uma vez, ardem duas vezes, ardem três vezes. Há florestas que já não conseguem arder mais. O pássaro que costumava passar o fim de tarde no terceiro galho daquela árvore foi apedrejado por diversão. Morreu. Uma fábrica de armamento construída, recentemente, já não deixa o João ver o pôr-do-sol. Os pais querem ir para casa ter com os filhos, mas não podem. A mesa de jantar está cheia de pó. Os olhares foram esvaziados e ficaram baços e sem movimento. Há pessoas bonitas que fazem as outras feias. Há um jamaicano chamado Sunji que tem 53 anos. Desde pequeno que vive numa cabana pobre no canto da praia de Negril. Desde pequeno que os dias são passados a olhar para o mar. Apanha búzios de dia. Limpa-os e coloca a sua casca exposta na areia para quem quiser comprar. Durante a tarde vai cozinhá-los num grande caldeirão para poder, descansado, enquanto o sol se põe, encostar-se na sua cadeira de nylon e esticar as pernas com um sorriso na boca. Mais nada. Miguel Ferro Meneses


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Autarcas preocupados com futuro do Parque As visitas de alguns responsáveis autarcas ao Parque das Nações a convite da Associação de Moradores e Comerciantes do Parque das Nações (AMCPN) revelam uma consensual preocupação, no que diz respeito ao futuro desta zona. A AMCPN continua a apostar na divulgação numa altura em que a Parque Expo cedeu um espaço para as instalações provisórias da sede desta associação. Miguel F. Meneses

Sede na Porta Norte A luta pela cedência de um espaço para a sede da AMCPN surgiu desde o início da sua constituição. Passados quatro anos, foi finalmente disponibilizado um espaço, a título provisório, na Zona do Recinto perto da Porta Norte. Embora exista a certeza de que a loja em causa será demolida para a futura construção de escritórios, não foram adiantadas datas concretas. Junho e Julho do corrente ano são uma data possível para a reestruturação daquela zona, mas, no entanto, não existem certezas nenhumas. Para Rodrigues Moreno, presidente desta associação, é “obrigação moral da Parque Expo conseguir disponibilizar um espaço definitivo.” Acrescenta ainda que todo o papel prestado no acompanhamento e desenvolvimento da zona resulta num sentido claro para essa cedência de espaço, “são os mora-

dores que pagam todo o processo de urbanização”. Reconhecendo alguma vontade por parte da Parque Expo em resolver esta questão acredita que será possível conseguir arranjar um espaço sem custos acrescidos para a empresa. Para Rodrigues Moreno, uma sede definitiva iria facilitar a proximidade e diálogo com a comunidade e proporcionar uma organização que vem possibilitar o crescimento da AMCPN a par com o desenvolvimento do Parque.

Autarcas reconhecem problemas As reuniões com alguns autarcas e as visitas ao Parque tem continuado. Miguel Coelho deputado, e presidente da concelhia do PS, foi o mais recente convidado na (começando a ser habitual) visita pelo Parque das Nações. Solidário com os problemas expostos pelos representantes da Associação de Moradores, revelou a sua disponibilidade para a nome-

ação de dois autarcas socialistas de Lisboa, com o objectivo de manterem um contacto mais estreito e regular com a AMCPN. Um outro contacto estabelecido foi o encontro com os presidentes das assembleias e presidentes das juntas de freguesia que integram o Parque. As três freguesias foram unânimes no interesse em encontrar soluções para os problemas e carências apresentados pela associação, ficando agendada já para o dia 12, uma visita ao local, por parte das três juntas de freguesia. Lisboa vem, também reforçar o interesse e preocupação por esta matéria. Segundo Rodrigues Moreno, em reunião com a Assembleia Municipal da Câmara Municipal de Lisboa, ficou clara a preocupação deste órgão autárquico, sendo proposta, pelo mesmo, a organização de um debate público sobre o Parque de hoje. Para o presidente da AMCPN, esta iniciativa “é da maior importância tendo que ser realizado o mais depressa possível.”

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Colóquios no Pavilhão VOX POP do Conhecimento O

crescimento urbano do Parque das Nações, e a antecipação da conclusão deste mesmo projecto urbano prova que muitos são os que querem viver na nova zona Ribeirinha de Lisboa e Loures. O problema é que os equipamentos e as infraestruturais que servem a população não acompanharam o ritmo do crescimento urbano. Numa leitura atenta da nossa rubrica permanente VOX POP verificamos que a população reclama a urgência da edificação de estruturas de apoio que sirvam a população residente. Jardins de Infância, Escolas, Parques infantis, melhores transportes, e estacionamento são os pontos mais apontados por aqueles que dão os primeiros passos na nova «cidade».Também ao nível da conservação de espaços e higiene pública há um longo caminho que nem os atrasos da SGU podem justificar. Soluções para a ETAR também se aguardam, ou a colocação de mais caixotes de recolha de lixo que atrapalham e muito cidadãos e comerciantes. A «voz do povo» costuma ter razão. É preciso manter a aposta na qualidade numa zona que necessita de um crescimento integrado e não apenas de mais prédios.

Parque Expo acredita na internacionalização a sequência das “Tardes no Pavilhão”, o Pavilhão do Conhecimento – Ciência Viva inicia um ciclo de colóquios intitulado “O Cabelo Descodifica-se”. «A sociedade humana reflecte-se na forma como nos relacionamos com o cabelo. Uma abordagem à “Cultura do Cabelo”, numa convergência de saberes, “códigos” a “descodificar”, inseridos na matriz da auto-imagem» pode ler-se no mailling de divulgação do evento. Os colóquios decorrem no Auditório do Pavilhão

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do Conhecimento – Ciência Viva e têm início às 15 h e terão também tradução Simultânea em Língua Gestual Portuguesa (por marcação). Neste ciclo de três conferências poderá ainda assistir a; 26 de Abril - “O Teorema da Bola Cabeluda” Prof. Dr. João Pimentel Nunes (Instituto Superior Técnico, Departamento de Matemática) 3 de Maio - “A Moda e o Cabelo” – Miguel Viana (Cabeleireiro de Moda)

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Parque Expo acredita que a internacionalização é o seu futuro. Como se pode ler em notícia do site da empresa, o presidente do Conselho de Administração da Parque Expo, Bracinha Vieira, em entrevista à revista “Vida Imobiliária” afirma que dentro de cinco anos a empresa poderá ter cerca de 30 por cento do volume de negócios concentrado em países estrangeiros. “A Parque EXPO está a desenvolver um início de internacionalização que passa por projectos no estrangeiro, fundamentalmente na qualidade

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de prestador de serviços”indicando os PALOP e o leste europeu como alvos preferenciais da internacionalização da empresa. Na mesma entrevista, Bracinha Vieira afirma que “as previsões são para que, em cinco anos, esta vertente (da internacionalização) possa representar cerca de 20 a 30 por cento do volume de negócios da empresa”. Para Bracinha Vieira a “regra de ouro” da Parque EXPO é a institucionalização de parcerias público-privadas nas áreas de reabilitação urbana e de requalificação de territórios.


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Do Oceanário para Portugal Oceanário de Lisboa é uma referência do Parque das Nações que todos querem conhecer. E agora essa visita tornouse mais fácil para aqueles que se encontram fora de Lisboa. Ao abrigo de um protocolo assinado entre O Oceanário de Lisboa, a ANMP (Associação Nacional de Municípios Portugueses) e a ANAFRE (Associação Nacional de Freguesias), é mais fácil para quem esteja longe aceder ao oceanário. Para grupos superiores a 30 pessoas, e com a organização das viagens a desenvolver pelas freguesias e municípios, os ingressos baixam de preço de modo a não aumentar a despesa já de si elevada pela deslocação. Assim, os visitantes entre os 4 e os 12 anos pagam 2.9 euros, dos 13 aos 65 o custo é de 5.85 euros e os seniores pagam 3 euros de entrada. É intenção deste protocolo permitir que pessoas de todas as partes do nosso país possam de forma mais acessível conhecer as 450 espécies e os mais de 16 mil animais que estão actualmente no Oceanário de Lisboa. Para além deste acordo também a National Geographic Portugal estabeleceu um protocolo de cooperação que tem como objectivo que as duas entidades mantenham e desenvolvam as missões comuns de preservação e de educação da Natureza. «Com a duração inicial de um ano, a parceria entre o Oceanário

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de Lisboa e a National Geographic Portugal compreende diferentes áreas, desde a realização de exposições fotográficas à promoção de viagens marítimas científicas», como se pode ler no press release enviado. A primeira iniciativa no âmbito deste protocolo é a realização em Maio, no Oceanário de Lisboa, de uma exposição de 150 fotografias do norte-americano David Doubilet, fotógrafo subaquático. No âmbito do protocolo, biólogos do Oceanário mantêm na revista da National Geographic duas páginas de artigos científicos sob o título “Hidroesfera”.

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NOS TEMPOS QUE CORREM (crónica dos dias que passam...) O MAIS A nosso pedido, fomos recebidos no passado dia 24 de Março, na Assembleia Municipal de Lisboa, pelo seu Presidente e Secretários, bem como pelos Líderes de todos os Grupos Parlamentares Municipais. Registamos com agrado a vontade unanimente manifestada de colaboração e lançamento de iniciativas para a resolução dos vários problemas com que os moradores e comerciantes do Parque das Nações se defrontam, que todos reconhecem ser reais. Uma das iniciativas que irá ser tomada pela Assembleia Municipal, que nós consideramos da maior relevância, por poder dar um empurrão decisivo para a resolução de tais problemas, é a promoção de um grande Debate sobre toda esta problemática. Aguardamos, pois, anciosamente o agendamento de tal iniciatva. De resto, já no dia 11 de Março tínhamos recebido a visita do Dr. Miguel Coelho, Presidente da Concelhia de Lisboa do Partido Socialista, que se mostrou solidário com muitas das nossas pretensões. No final da sua visita, para corporizar o seu empenho na resolução dos problemas, foi-nos transmitido que iria nomear dois vereadores ou deputados autárquicos para manterem um diálogo permanente connosco. Estamos,

pois, a aguardar o cumprimento desta promessa. Saliente-se, também, a realização de uma reunião conjunta que teve lugar no dia 25 de Março, entre a Associação e os Presidentes das Juntas e das Assembleias das Freguesias de Santa Maria dos Olivais, Moscavide e Sacavém.Também aí se gerou um consenso quanto à necessidade de se olhar, de forma empenhada, para toda esta panóplia de questões do Parque das Nações. Para já, ficou agendada uma visita de todos para o próximo dia 12.

O MAIS OU MENOS A coroar a nossa persistência, de cerca de quatro anos de pedidos, foi-nos disponibilizado pela actual Administração da Parque Expo um espaço destinado à nossa Sede. Facto que registamos com muito agrado! Todavia, trata-se duma situação precária, uma vez que tais instalações nos foram cedidas até ao próximo mês de Junho, porquanto o edifício em que se se situam, na Área Central de Serviços, junto à Porta Norte, irá ser demolido. Estamos expectantes e esperançados de que a Parque Expo nos disponibilize uma solução definitiva. Para já, registamos com agrado a disponibilidade que nos tem sido manifestada nesse sentido.

O MENOS Lamentavelmente, temos de registar que a fachada do Pavilhão de Macau, mais um símbolo da Expo’98, não vai ficar no Parque das Nações, estando em preparação a sua transferência para Coimbra. Efectivamente, é com pesar que vimos que as iniciativas tomadas junto de diversas entidades nomeadamente a Presidência da República, Câmaras Municipais e Parque Expo, se tenham mostrado infrutíferas, tanto mais que temos um vasto Parque do Tejo/Trancão que poderia receber esta estrutura e seriam necessárias poucas centenas de milhares de euros para a transferência.

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ENTREVISTA | NP | 7

“É importante que as expectativas das pessoas não sejam defraudadas” Que a SGU deixou de existir, já não é novidade. Agora trata-se de assegurar qualidade, seriedade e empenho da Câmara Municipal de Lisboa e da Câmara Municipal de Loures na continuação da gestão de uma comunidade que ainda está a nascer. A transição está em curso e a aposta das Câmaras e da quase ex-gestora Parque Expo é numa relação próxima entre as três equipas. Manuel Leite Braga, administrador executivo da empresa, está a acompanhar mais de perto a passagem dos vários dossiers às autarquias. Alexandra Ferreira

m que pé é que está a transição do Parque das Nações para as Câmaras de Lisboa e Loures? Como penso que é do conhecimento de todos, estava previsto que essa transição fosse feita de uma maneira muito gradual e através da constituição de uma empresa tripartida constituída pela Câmara Municipal de Lisboa (CM Lisboa), Câmara

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Municipal de Loures (CM Loures) e Parque Expo. Entretanto esta empresa não teve condições para se implementar e adoptou-se uma solução alternativa que tem um tratamento diferente naquilo que diz respeito ao Concelho de Loures e ao Concelho de Lisboa. Em relação ao Concelho de Lisboa, foi claramente assumido pela Câmara Municipal, através do seu presidente, que como sabem está neste momento a terminar as


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“Temos sentido uma sensibilização muito

funções de administrador não executivo dentro da sociedade Parque Expo, em representação de uma pequeníssima parte do capital da sociedade que a CM Lisboa ainda detém, menos de 1% do capital, e, portanto o presidente da Câmara de Lisboa assumiu que essa área geográfica da CM Lisboa seria gerida directamente pela Câmara, através da sua estrutura normal. Seria essa a forma de assegurar a continuidade da gestão dentro desse espaço. Relativamente à CM Loures, ainda está em cima da mesa a negociação do modelo a implementar para a gestão do território da área do Concelho de Loures. Existe a hipótese de se constituir uma sociedade, neste caso bipartida entre a CM Loures e a Parque Expo, para assegurar também uma transição que depois acabará também por ser solvida na Câmara de Loures. Essas negociações têm sido desenvolvidas por comissões que foram constituídas na CM Loures, na CM Lisboa e dentro da própria Parque Expo, que se reúnem frequentemente para articular todos os aspectos nomeadamente de ordem técnica e financeira, associados à transmissão desta gestão para as duas Câmaras.

grande relativamente à necessidade de haver uma aproximação e integração dos problemas de forma a assegurar essa qualidade que é desejada e fundamental para o crescimento de uma comunidade.”

Pensa que o actual nível de gestão será assegurado pela CM Lisboa e pela CM Loures? A Parque Expo assume aí uma atitude muito responsável no sentido de apoiar, em tudo o que estiver ao seu alcance, as Câmaras a assumirem a gestão desta área. Nós temos pessoas qualificadas nessa matéria, a empresa está a proceder neste momento a um ajustamento da sua estrutura também de acordo com o fim da sua responsabilidade em termos de gestão urbana neste território. De qualquer forma estamos a manter um número de pessoas que tenham o know how específico dentro de cada uma das áreas, para assegurar que será prestado todo o apoio em termos técnicos à transmissão dessa gestão para as Câmaras Municipais. Relativamente à

qualidade do serviço, é evidente que não podemos estar a afirmar que se vai manter ou que vai mudar porque só na prática vamos ver o que vai acontecer. Entretanto, quer da parte da CM Lisboa, quer da parte da CM Loures e respectivos presidentes, foi-nos assegurado que a intenção é manter totalmente inalterado a qualidade do serviço que é prestado dentro deste espaço. Em termos da segurança, da higiene, da saúde pública, da manutenção das infra-estruturas, dos espaços verdes, das áreas públicas, tudo isto está a ser devidamente tratado em sede dessas comissões que reúnem semanalmente, envolvendo as três instituições, de forma a assegurar a qualidade que neste momento existe dentro deste espaço e que acho que é reconhecida como de excelência, pelo menos a nível daquilo que é prática no nosso país. A passagem da gestão do Parque das Nações para as Câmaras significa o fim da ligação da Parque Expo a este espaço, ou acha que a empresa continuará a manter algum tipo de relação com o Parque? Temos duas questões. Em primeiro lugar, a questão da Parque Expo enquanto entidade gestora e responsável pela

manutenção desta área e pelo desenvolvimento do processo de requalificação ambiental e urbana desta área. Nesse aspecto, a Parque Expo irá, progressivamente, deixar de ter aqui responsabilidades. Só no caso de haver uma extensão em termos físicos, geográficos, nomeadamente uma expansão a Norte do rio Trancão da gestão da Parque Expo sobre o território, mas isso terá que ser uma situação negociada e acordada com a Câmara de Loures. Obviamente que só iremos desenvolver esse tipo de trabalho em perfeita articulação com a autarquia de Loures. Em termos da gestão deste parque e do desenvolvimento das estruturas urbanísticas do espaço, estimamos que durante este ano e até ao final do próximo ano esta situação fique praticamente resolvida. Posteriormente, a Parque Expo estará, como já acontece neste momento em relação a dez cidades, onde os programas Polis são geridos pela Parque Expo, noutras cidades, noutros territórios, fora desta área de intervenção. No entanto, existe essa possibilidade, já foi objecto de conversas entre o presidente da Parque Expo e o presidente da CM Loures relativamente à possibilidade da extensão da competência da

Da gestão do Parque das Nações, o que é que já passou efectivamente para as Câmaras e o que é que continua sob a alçada da Parque Expo? Por exemplo as questões que têm a ver com a segurança deste espaço, com a manutenção dos espaços públicos, dos espaços verdes, condições de circulação nos arruamentos, uma série de situações desse tipo que têm a ver com a manutenção dos espaços e da qualidade de vida desta área. Estas questões têm estado progressivamente a ser assumidos, ainda não na prática concreta, por equipas da CM Lisboa, que têm estado a inteirar-se e a assumir determinado tipo de actividades que serão definitivamente assumidas pela Câmara Municipal de Lisboa. Poderemos dizer que as Câmaras estão a sofrer uma espécie de processo de formação da Parque Expo? Tem havido uma relação muito próxima entre as equipas da Parque Expo e das Câmaras no sentido de transmitir todo o know how e problemas específicos que existem neste espaço.

É conhecido que existe uma infra-estrutura importantíssima dentro do espaço da Parque Expo, que tem uma necessidade muito particular de manutenção e de gestão para a qual não existia, dentro das equipas técnicas da Câmara de Lisboa, uma experiência que permitisse assumir imediatamente essa gestão. No entanto, toda essa situação tem sido objecto de uma cuidadosa transmissão de conhecimentos, de dossiers, tudo o que é necessário para que a gestão desse tipo de infra-estruturas seja assegurada de uma forma, pelo menos igual, àquela que actualmente é feita por técnicos da Parque Expo. Há também um outro aspecto que está para ser negociado com uma empresa da CM Lisboa que é a EMEL. Esta empresa vai ficar responsável por tudo o que tem a ver com a circulação e estacionamento dentro do espaço da Parque Expo, à semelhança do que aconteceu com alguns bairros históricos de Lisboa em que a EMEL está a assegurar o controle de acessos, estacionamentos, etc. Todas essas questões serão asseguradas pela EMEL com quem também temos mantido vários contactos. Quando é que esta transição estará terminada?

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ENTREVISTA | NP |9 “É, naturalmente, uma responsabilidade da Parque Expo também, relativamente às pessoas, às entidades, aos promotores que investiram neste espaço, assegurar que essa qualidade não será nunca tocada.” O nosso desejo era que essa transição se fizesse o quanto antes. Estava previsto ser no dia 1 de Janeiro, não foi possível, exactamente porque se concluiu que as questões que estavam em jogo eram de tal forma importantes, que teria que haver uma preparação prévia para que as empresas que fossem assumir essa gestão estivessem devidamente preparadas. Neste momento estimase que muito em breve possa haver já uma efectiva transmissão deste espaço para a Câmara de Lisboa, no entanto, seria utópico pensar que isso vai acontecer de uma forma pontual, naquele dia. Essa gestão vai sendo progressivamente transmitida para as Câmaras e esperamos que durante o decurso do primeiro semestre, uma grande parte, senão a totalidade da gestão, estimamos que já esteja nas mãos da CM Lisboa. Dentro de poucos meses a gestão de alguns equipamentos será uma gestão autónoma. A Galeria Técnica é um deles. De que forma é que se poderá assegurar a manutenção de uma estrutura que no fundo abarca a zona como um todo? Essa questão tem toda a pertinência e, efectivamente, não é fácil fazer uma gestão separada de uma infra-estrutura que é comum. É muito complicado. Esta concepção urbana foi feita de modo a ser gerida integralmente. Quando estamos a falar em fazer uma repartição da gestão deste tipo de estruturas, ao contrário de outro tipo de estruturas e espaços públicos onde é perfeitamente fácil delimitar até onde é que vai o jardim da CM Lisboa e onde é que começa o da CM Loures, neste sistema, como no sistema pneumático de recolha de lixo,

não é fácil. Terá que ser mediante uma concertação das equipas técnicas de ambas as autarquias, também avaliada pelas pessoas que dentro da Parque Expo têm esse knowhow e, portanto, assegurar que essa gestão seja feita de uma maneira adequada. Efectivamente, não é possível dizer que aqui é Loures e aqui é Lisboa porque é uma infraestrutura que foi desenhada para funcionar de uma forma única e integrada e, portanto, terá que haver um entendimento entre as autarquias e as equipas técnicas para fazer a gestão mais criteriosa possível dessas infra-estruturas. Não é uma situação única, não é fácil, mas é possível. E a Parque Expo estará sempre disponível para colaborar no que estiver ao seu alcance no sentido de que essa transição seja feita com todo o cuidado de forma a não criar qualquer tipo de problemas aos utilizadores, moradores e pessoas que acorrem a esse espaço. No fundo, essas pessoas apropriaram esse espaço e toda essa qualidade tem a ver com as infra-estruturas que existem e nunca é demais dizer que teremos que ser muito cuidadosos na forma como se vai transmitir a informação para a gestão destas estruturas por parte das autarquias. Temos sentido da parte das autarquias uma atitude muito responsável e muito coerente relativamente à forma como estão a preparar as suas equipas para gerir este espaço. A SGU foi pensada durante alguns anos e pretendia-se que se mantivesse por outros tantos. De um dia para o outro acaba, o que obriga a uma grande coordenação entre as autarquias. Como é que vê essa possível articulação quando não existiu uma

vontade de sociedade? Essa articulação é inevitável. É reconhecido por parte das autarquias o interesse em manter a qualidade na gestão deste espaço e isso não é possível se não houver um entendimento grande entre as duas autarquias em relação a esta matéria. É evidente que a partir do momento em que se gerou uma situação de quebra relativamente ao projecto que estava traçado, houve necessariamente um período de uma certa dificuldade em retomar o caminho certo, mas neste momento acho que a situação já é de uma certa redefinição das missões de cada autarquia nesta questão do espaço. Está interiorizado que isto tem de ser mantido com toda a qualidade e a única forma de o fazer será através de um entendimento muito grande entre as equipas das duas autarquias mas, obviamente, que isso já é uma questão que ultrapassa o limite de intervenção da Parque Expo. Em função das reuniões das nossas equipas que têm mantido com as Câmaras de Lisboa e Loures, temos sentido uma sensibilização muito grande relativamente à necessidade de haver uma aproximação e integração dos problemas de forma a assegurar essa qualidade que é desejada e fundamental para o crescimento de uma comunidade. É, naturalmente, uma responsabilidade da Parque Expo também, relativamente às pessoas, às entidades, aos promotores que investiram neste espaço, assegurar que essa qualidade não será nunca tocada. É evidente que há determinados aspectos que deixaremos de poder agir sobre eles. Mas naquelas questões em que nós possamos apoiar as Câmaras Municipais, apoiar todos os

promotores e investidores, individuais ou instituições, que apostaram neste espaço e que, no fundo, contribuíram para viabilizar este projecto de requalificação urbana e ambiental que eu reputo, talvez, o mais importante que se fez no país até à data, é evidente que temos a responsabilidade de assegurar que tudo isto passe sem que as expectativas das pessoas passem sem serem defraudadas. Há, evidentemente, alguns aspectos que nos vão ultrapassar. A Parque Expo teve, de facto, autoridade neste território que lhe foi conferida por lei, que neste momento não tem e, portanto, a única coisa que, neste momento, podemos disponibilizar é o nosso know-how, a nossa experiência, a nossa vontade de assumir junto dos investidores que

vamos cuidar para que não sejam defraudadas as expectativas que têm relativamente a este espaço. Falou-se num alargamento a Norte e a Poente. Falamos de uma extensão do projecto da Cidade Imaginada ou de um novo? Serão novos projectos que constituirão uma evolução natural que tem a ver com o desejo das populações verem alargar o âmbito e a realidade da intervenção da Parque Expo. Há possibilidade, efectivamente, de se alargar quer para o lado poente da Parque Expo, para determinadas áreas onde se sente a necessidade de promover uma requalificação urbana dessas áreas com uma vertente ambiental muito mais forte. É uma zona sensível onde a intervenção não pode

ser minimamente descuidada relativamente às questões que têm a ver com a preservação dos habitats que estão naquela zona. Mas há, efectivamente, uma manifestação de interesse por parte da autarquia e do presidente de se vir a encontrar um quadro de cooperação da Parque Expo com a Câmara de Loures que poderá depois ser desenvolvido de acordo com modelos que poderão passar por uma prestação de serviços ou por uma aquisição de terrenos, enfim… um modelo articulado com a autarquia. Aliás, inicialmente no projecto da Parque Expo estava já previsto que se fizesse uma passagem pedonal sobre o rio Trancão para a zona Norte. Essa extensão já estava prevista, mas claramente com condições diferentes do resto do Parque das Nações.

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REpensar, com REnova «Reinventar a vida nas cidades» é a nova missão e meta da empresa que esteve à frente do projecto Parque das Nações, que surge agora com uma nova imagem. «Antes de mudarmos de imagem, mudámos de vida e agora temos que dizer às pessoas que mudámos de vida e por isso mudamos a imagem». É assim que David Lopes, administrador executivo da Parque Expo desvenda o futuro da empresa cujo nome estará sempre e para sempre associado à construção e gestão do Parque da Nações.

Alexandra Ferreira

A «nova missão» surge num momento crucial da vida do Grupo Parque Expo: a passagem da gestão do Parque das Nações para a Câmara Municipal de Lisboa (CM Lisboa) e para a Câmara Municipal de Loures (CM Loures). O fim da Sociedade de Gestão Urbana (SGU) já é de conhecimento público. Tratava-se, como se sabe, de um modelo de gestão tripartida entre a CM Loures, CM Lisboa e Parque Expo SA. Esta sociedade iria, de forma gradual, assumir a gestão do Parque das Nações, ficando a empresa e Câmaras a assegurar essa missão juntas. Mas a CM Lisboa, através do seu presidente, decide assegurar - ela mesma - essa gestão e assim se inicia um complexo processo de transição - agora em curso e que se espera parcial ou totalmente terminado no decurso deste semestre. Muitas perguntas, ou antes, inquietações, começam a surgir. A maior de todas diz respeito à qualidade da nova gestão. Moradores, empresários e investidores que, no fundo, viabilizaram e deram continuidade a todo este projecto que foi e é o Parque das Nações, não se contentarão com uma qualidade de gestão inferior. É aqui que começa todo o processo de transição e a manutenção dessa qualidade é a grande preocupação da Parque Expo. Nas palavras de David Lopes, «trata-se de um dossier complexo. Estamos a falar de uma cidade do tamanho de Viseu. Hoje a Parque Expo administra todos estes bens patrimoniais e outros. Aproximamo-nos do início da passagem – porque não será um corte radical por questões várias, nomeadamente por uma questão de respeito pela qualidade do espaço e pelas pessoas envolvidas no projecto – que será, obviamente, um processo faseado». A passagem da gestão do Parque das Nações envolveu a constituição de comissões técnicas por parte das Câmaras e da própria Parque Expo, que têm reunido frequentemente. Já existem muitos documentos e muito trabalho feito por duas


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comissões de trabalho de acompanhamento da CM Lisboa e da Parque Expo. Relativamente à CM Loures, o trabalho será um pouco diferente do que o que tem sido desenvolvido com Lisboa, mas sempre com o mesmo objectivo que será assegurar que moradores, empresas e visitantes não sintam, no seu dia-a-dia, nenhum prejuízo com a nova gestão.As reuniões entre as comissões têm por objectivo transmitir todo o know how da empresa Parque Expo e a experiência acumulada pela empresa, ao longo de cerca de dez anos, à frente da realização e gestão dum projecto de requalificação urbana e ambiental inédito em Portugal. As negociações entre a Parque Expo e cada uma das autarquias têm sido feitas separadamente porque, como afirmou João Paulo Velez, porta-voz do grupo, «se concluiu que haveria vantagem em autonomizar as conversas para lhe dar um andamento mais eficaz». Segundo o administrador do grupo, ambas as Câmaras têm dado sinais de estar a interpretar bem as preocupações das empresas e dos moradores. Os presidentes da CM Loures e da CM Lisboa aparentemente conhecem o nível de gestão urbana do Parque das Nações - « temos de dizê-lo, o mais alto nível de gestão urbana do país ».

UM «DEVER CUMPRIDO» COM PROBLEMAS POR RESOLVER Para a empresa que está há mais de dez anos à frente do projecto, passar a gestão para as Câmaras é quase como «dar um filho para adopção». Mas não é um misto de melancolia e nostalgia que prevalece nas palavras do administrador David Lopes, do Eng.º Manuel Braga Leite em entrevista publicada nesta edição, nem nas últimas afirmações do presidente, Dr. Bracinha Vieira. É mais uma sensação de «dever cumprido» acompanhada da plena consciência de que este não é um projecto acabado, consciência de que o Parque das Nações «não é o paraíso». Nesse sentido, fala-se em alguma frustração por não terem conse-

guido melhorar alguns aspectos que, segundo dizem, não estava nas suas mãos. Estão, claro, a falar de escolas que solucionem o problema da hiper lotação da única que já existe, de transportes que estão muito aquém das necessidades da população crescente, do problema da Etar, entre outros. Outro dos problemas referenciados é a questão do estacionamento que, ao fim-de-semana, é caótico. O que se passa é que, para além do estacionamento ser claramente insuficiente para a população residente, visitantes e de quem trabalha neste espaço, existe um conjunto de sistemas de sinalização e condicionamento de trânsito que não são respeitados pelos utilizadores porque a homologação dos sinais de trânsito ainda não foi feita; tal facto impede a polícia de agir coercivamente. Esta situação verifica-se sobretudo ao fim-desemana, e agrava-se se houver coincidência de eventos na FIL e no Pavilhão Atlântico. O défice de escolas, creches e acessibilidades é um problema que agrava à medida que a população do Parque das Nações também aumenta. Relativamente a esta questão, a administração da Parque Expo defende-se, dizendo que não é da sua responsabilidade construir este tipo de equipamentos, mas sim pressionar as instituições responsáveis, sensibilizando-as para esta realidade, nomeadamente o Ministério da Educação e a empresa Carris. Ainda no campo das acessibilidades, segundo David Lopes, têm sido feitos contactos com a empresa Transtejo no sentido de uma possível retoma da carreira fluvial interrompida, com horários mais flexíveis e adequados às necessidades da população que vive e trabalha no Parque das Nações. Outra possível melhoria será a utilização daqueles comboios que existiam no recinto, aquando da realização da EXPO 98, com o objectivo e «vencer o obstáculo psicológico da distância entre o Cais e o Metro» localizado na coroa central do recinto. Por enquanto estas preocupações ainda não passaram de ideias e expectativas, mas é o desejo da empresa e uma necessidade absoluta da população que as Câmaras continuem a dar prioridade a este

tema. E o problema da carência destes equipamentos básicos só tenderá a crescer. A sobrelotação dos terrenos com nova construção e projectos que ainda não começaram a ser construídos mas que o serão no curto prazo, fazem adivinhar que as queixas da população têm muita razão de ser. As vozes que criticam uma construção exagerada e desregrada não param de se fazer ouvir. Basta pensar que, sempre que sondada relativamente ao Parque das Nações, a população aponta sempre o dedo a uma «betonização do espaço».A presente administração, que tomou posse em Maio do ano passado, curiosamente quando o actual Governo iniciou funções, assegura que, quando chegou ao Parque das Nações, a esmagadora maioria dos terrenos já estavam vendidos. Por vender estavam apenas cerca de 3% dos terrenos. O plano de urbanização para o espaço tem dez anos e foi revisto apenas uma vez em 1999. A revisão, segundo dizem, foi mínima - na ordem dos 2% da totalidade dos projectos de construção - e o que terá mudado foi sobretudo a tipologia ou forma dos edifícios. E, segundo o mesmo administrador, muitas das críticas terão alguma legitimidade mas outras não. Houve quem tivesse sido enganado pelos vendedores imobiliários que terão dado a célebre e popular garantia de que «aqui à frente não se vai construir mais nada», mas houve também aqueles que conheciam o projecto de urbanização (cuja maqueta pode ser vista no edifício administrativo e que está lá desde a sua construção) e que criticam a construção «por motivos inconfessáveis». De qualquer forma, como o presidente Bracinha Vieira já havia comentado e agora David Lopes, o coeficiente de construção do Parque das Nações – na ordem dos 0,8 – está muito aquém da média das grandes capitais europeias como Paris, Barcelona, Copenhaga e Londres. Mas para quem viu o Parque crescer, planos de urbanização, revisões desses planos e coeficientes aquém da média europeia não convencem: «há agora um efeito de betonização que assusta as pessoas», esclarece o administrador, «os lisboetas,

os portugueses, de um modo geral, são grandes conhecedores do Parque das Nações porque elegeram este como o seu sítio de passeio e lazer. Habituaram-se a atravessar um espaço limpo e, de repente, no sítio onde estavam habituados a atravessar, há um prédio, dois prédios e isso assusta. Mas era assim que o projecto estava pensado desde o início. Não estou a dizer que bem ou mal, mas quanto a isso não podemos fazer nada».

QUE FUTURO? Do dinamismo cultural que recordamos da altura da EXPO 98, praticamente só pensamos no Pavilhão Atlântico, na FIL e no Oceanário. Mas a verdade é que existem outros espaços que continuam a funcionar bem e outros que são verdadeiros «bicos de obra» como é o caso da marina. Mas vamos por partes. Há um misto de curiosidade e de desconhecimento relativamente ao futuro de alguns equipamentos que fizeram furor durante a EXPO 98, nomeadamente o Pavilhão de Macau, o Pavilhão do Conhecimento, a polémica marina e outros. Quanto ao Pavilhão de Macau, trata-se de uma estrutura que está num lote privado e há anos que não pertence à Parque Expo S.A. Consequentemente, a empresa não tem qualquer capacidade de intervenção. Mas, mesmo assim, David Lopes arrisca: «gostaríamos muito que a fachada não desaparecesse ainda que não o possamos evitar. Mas esperamos que alguma das Câmaras o possa fazer, senão aqui, noutro lado». O Pavilhão do Conhecimento neste momento pertence ao Ministério da Ciência e está, nas palavras do administrador, «com um dinamismo extraordinário». De facto, justiça seja feita, o Pavilhão do Conhecimento é um dos melhores exemplos do género na Europa, tanto em termos de espaço como de actividades desenvolvidas. Falando do Teatro Camões, vai finalmente ter o destaque que merece, depois da Companhia Nacional de Bailado ter assumido a sua gestão e agenda cultural.Ao que parece, a nova gestão imprimiu no espaço um enorme dinamismo e poderá vir a ser «o grande templo da dança em

Portugal», afirma David Lopes. Dois casos de sucesso são o Oceanário e o Pavilhão Atlântico. O Oceanário é, actualmente «o equipamento mais visitado de Portugal. Por ele passam anualmente 900.000 visitantes», diz o presidente Bracinha Vieira, que não poupa elogios à forma como está a ser gerido: «houve uma redução significativa dos custos e do pessoal. Encontra-se a ser gerido com grande competência pelos biólogos marítimos e está no limite da eficiência: dificilmente se poderá acrescentar algo mais à sua gestão actual, mantendo a qualidade científica». O Pavilhão Atlântico é o outro edifício chamado «equipamento-âncora». O número de efectivos a trabalhar no espaço foi substancialmente reduzido e os custos diminuíram 25%. De acordo com o presidente

FUTURO

ção, o REcomeço do


12 | NP | REPORTAGEM “Mas era assim que o projecto estava pensado desde o início. Não estou a dizer que bem ou mal, mas quanto a isso não podemos fazer nada.” Bracinha Vieira, a estratégia de comercialização do Pavilhão aposta agora «na fidelização dos melhores clientes e por uma ligação mais activa aos promotores de eventos culturais e desportivos. De facto, não só de grandes produções e de concertos badalados vive o Pavilhão Atlântico: «o Pavilhão Atlântico vive muito de acontecimentos que as pessoas não vêem. Metade do negócio corresponde a eventos empresariais, apresentação de novos produtos, seminários, almoços de empresas». E a nova política de comercialização, mais agressiva, aposta na fidelização destes clientes em particular. O grande potencial deste tipo de equipamentos leva a administração a rejeitar, por ora, uma concessão ou venda. A grande expectativa ou sonho para o Pavilhão de Portugal seria a constituição de um Museu de Arte Contemporânea. Fala-se de um grande coleccionador de arte contemporânea – um dos mais importantes da Europa – que estaria disposto a expor a sua colecção na sua totalidade ou quase, uma vez que não o consegue fazer no local onde está, em Sintra. O jornal “O Público,” adiantou o nome de Joe Berardo. Por enquanto este projecto é um sonho, mas a administração não esconde o seu entusiasmo: «se o Pavilhão de Portugal recebesse um Museu de Arte Contemporânea, seria um equipamento para todo o país. As cidades de hoje fazem-se destes grandes espaços». Quer o projecto siga ou não, a verdade é que o espaço está lá, disponível, e em seis meses este poderia ser um projecto concretizado se houver vontade de o levar para a frente. Prevista para a reabertura está uma exposição de fotografia da Câmara de Lisboa.A ideia da administração é alugar o espaço para eventos

empresariais até que surja um projecto que faça real justiça ao espaço. Hoje, o presidente Bracinha Vieira fala num «destino mais nobre», como um museu ou para a Comissão do Oceanos. Equipamentos como o Pavilhão da Realidade Virtual e do Futuro serão demolidos pela falta de afluência e serão ocupados por edifícios de serviços e empresas que, aliás, estavam já previstos no projecto inicial. Também por questões de rentabilização, já há muito tempo que se fala num hotel para a Torre Vasco da Gama e este projecto vai, de facto, passar do papel para a realidade. Será um hotel de sete estrelas, o melhor do país, que será construído por uma empresa que a Parque Expo ainda não quer divulgar. Segundo David Lopes, «a Torre Vasco da Gama é já considerada um símbolo nacional. O hotel é uma solução que consideramos equilibrada porque é a melhor maneira de proteger a sua qualidade e a manutenção do edifício». Desta forma, a Torre Vasco da Gama não será vendida, não deixa de ser propriedade da Parque Expo e, em consequência, do Estado, e constituirá somente um direito de exploração. A praça Sony , que animou as noites da EXPO 98 e depois as semanas académicas, jogos de futebol, concertos e tantos outros, irá também desaparecer enquanto palco de eventos deste tipo. Com habitação localizada a 100 metros, deixou de poder ser palco de concertos e iniciativas similares. Sendo propriedade da Associação Industrial Portuguesa, esta já exerceu o seu direito de opção e, dentro de dois ou três anos, a Praça Sony será mais um lote da FIL. Quanto ao futuro do equipamento que ali está – nomeadamente o ecrã – até à data ainda não se sabe o que

vai acontecer, espera-se que uma das Câmaras aproveite aquele que se tornou um símbolo das noites da EXPO 98. As notícias relativamente à marina ainda não são as melhores. O imbróglio continua nos tribunais, num contencioso entre a Parque Expo e a concessionária espanhola. Mas, de acordo com o presidente Bracinha Vieira, encetaram-se já negociações com os maiores credores da marina para se tentar chegar a um consenso que permita a reabertura da marina o mais rapidamente possível. Bem perto da marina também estão previstas mudanças. O Bugix e toda aquela estrutura vão desaparecer e dar lugar a um parque de estacionamento para 300 carros. Este parque poderá vir a resolver ou minimizar o problema do estacionamento e ainda dar apoio à marina, se e quando esta voltar a funcionar como tal. Por fim, dentro de poucas semanas, o Clube do Mar vai passar a ser dinamizado pelo Ministério da Educação e, a sugestão da Parque Expo, a gestão do Clube Sénior passará a ser assegurada pelos próprios membros.

RESTART, RETHINK, RENEW: A NOVA PARQUE EXPO SA. A nova missão chama-se requalificação urbana e ambiental. De lado ficam as valências de cultura, lazer e multimédia. A razão da «mudança de vida» é uma: o futuro da empresa não está no Parque das Nações. «O Parque das Nações foi o maior projecto de reconversão urbana do país e está a chegar ao fim a intervenção da Parque Expo, primeiro na gestão urbana e, por outro lado, vendendo


REPORTAGEM | NP |13 «Se o Pavilhão de Portugal recebesse um Museu de Arte Contemporânea, seria um equipamento para todo o país. As cidades de hoje fazem-se destes grandes espaços». os terrenos e poucos edifícios que tem». O fim das áreas de cultura, lazer e multimédia teve a ver com a vocação da empresa que é, hoje, assumidamente, a da reconversão ambiental e urbana. E segundo David Lopes, essas vertentes, num processo gradual e natural de crescimento das cidades, acabam por ser assumidas pelo dinamismo da população, investidores e empresários. O Parque das Nações imprimiu esse dinamismo nos equipamentos de que dispõe e garante a sua viabilização. Exemplos disso são o Clube do Mar, o Clube Sénior e o próprio Oceanário. O fim da sua intervenção no Parque está dependente do processo de transição da gestão para as Câmaras, da venda de alguns terrenos e do acompanhamento de alguns projectos que já começaram a ser construídos e outros previstos para brevemente. Intervenção que, nas palavras de David Lopes, fica marcada

por «uma experiência única e irrepetível em termos de requalificação urbana e ambiental». Mais do que a missão de requalificação urbana e ambiental, trata-se de «reinventar a vida nas cidades, a qualidade de vida nas cidades, virada para as pessoas, para o ambiente, para a qualidade dos espaços públicos». A frase «reinventar a vida nas cidades» é a nova filosofia, a assinatura da empresa renovada. Procuram comunicar um novo posicionamento e contrariar a imagem despesista que criaram com a EXPO 98, «por força das circunstâncias». Pretendem uma nova imagem, mais moderna, «menos azul e cinzenta», mais virada para o futuro, «transmitindo princípios não só estéticos, mas também de rigor ao nível da gestão». E o primeiro sinal desta mudança de imagem e de funcionamento que se pretende de contenção foi a redução de cerca de 550 trabalhadores para 400 desde o início de 2002 e que estabilizará nos 280 até ao final

deste ano. A redução do pessoal acompanhou a evolução da empresa: o fim das vertentes de cultura, lazer e multimédia, justificaram, por um lado, esta diminuição, e, por outro, à medida que os projectos iam acabando, deixou de fazer sentido manter efectivos de pessoal tão numerosos. Por isso o RESTART, porque é um novo começo enriquecido com a herança de dez anos de uma «experiência única e irrepetível», RETHINK e RENEWAL a vida nas cidades e a qualidade dos espaços e RESET para um futuro que já é presente, com as actuais dez intervenções de requalificação urbana e ambiental (Polis) espalhadas por todo o país, e a perspectiva de outras tantas fora de Portugal, nomeadamente em Marrocos e Brasil. Por isso, repensar com renovação o recomeço do futuro. Porque se repensa a vida nas cidades, renova-se o espaço e recomeça-se o futuro que começou há dez anos atrás com o Parque das Nações.

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14 | NP | CARTOON

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COLUNA DO LEITOR Cidade imaginada: que futuro? egundo noticia o Expresso na sua edição nº 1585 (15 de Março), a to no Parque das Nações. Nesses dias o parqueamento faz-se de forma caóParque Expo anunciou a demolição de dois dos mais emblemáticos tica, invadindo os passeios das zonas habitacionais vizinhas de um modo que, pavilhões da Expo 98 (Futuro e Realidade Virtual) que serão subspara além de altamente incomodativo para os moradores, tornará difícil uma tituídos por edifícios de habitação e terciário. Este anúncio, surgindo no actuação eficaz dos bombeiros em caso de emergência na zona dos “Espelhos seguimento da notícia da substituição da Torre Vasco da Gama por um do Tejo”. Aqui, a situação terá tendência a agravar-se significativamente com a hotel (!!!), é paradigmático da situação a que chegou a Zona de conclusão dos empreendimentos em construção junto à Praça Sony, com a Intervenção da Expo, onde se encontram actualmente em construção, ou construção do hotel na Torre Vasco da Gama e com a prevista edificação de em fase de projecto, largas dezenas de edifícios. Tal leva a que, em termos de densidade de construção e inconvenientes daí advindos, a Zona da Expo se vá afastando cada vez mais da “cidade imaginada” repetidamente prometida e publicitada pela Parque Expo. Na verdade não me parecem consentâneas com uma tal imagem situações como as que passo a descrever. É manifesta a inexistência de parques de estacionamento em quantidade suficiente para albergar os muitos visitantes que demandam a zona sempre que o bom tempo convida ao desfrutar do rio, ou ocorra algum even-

S


VOX POP/COLUNA DO LEITOR | NP |15

|Vox Pop| Três mensagens para os Presidentes de Câmara de Lisboa e Loures João Mendes 16 Anos Estudante

Rita Santos 14 Anos Estudante

Marta Neto 14 Anos Estudante

Mónica Fonseca 14 Anos Estudante

1 – Uma piscina pública. 2 – Uma escola do 10º ao 12º ano. 3 – Um campo de Basket.

1 – Outra escola secundária. 2 – Mais transportes públicos. 3 – Construção de um Centro de Saúde.

1 – Melhorar o serviço de horários e funcionamento dos transportes públicos. 2 – Construção de outro hospital. 3 – Edificação de mais uma escola.

1 –Uma escola secundária com 10º, 11º e 12º anos. 2 – Mais um Hospital. 3 – Um campo de futebol com balizas e bancadas.

2 torres de 20 andares junto à Praça dos Venturosos, em locais que actualmente funcionam como parques de estacionamento. Não existe uma rede de transportes que sirva de forma eficaz todos quantos aqui habitam ou habitarão (fala-se em 26 000). A resolução desta questão passaria pela extensão da rede de Metro na Zona de Intervenção da Expo. No entanto, algo surpreendentemente, os planos de expansão da rede até Sacavém não contemplam esta zona. Por exemplo, a construção, Gama, ter dado lugar a vários edifícios. neste ramal, de uma estação junto ao Passeio do Amazonas servindo, quer a área Norte da Numa altura em que a administração da Zona de Intervenção da Expo vai passar para as Câmaras Zona de Intervenção da Expo, quer a parte Norte de Moscavide, seria de extrema utilidade Municipais de Lisboa e Loures, resta-nos esperar que, da parte destas entidades, exista sensibilidade que para os moradores destas zonas e constituir-se-ia numa excelente alternativa ao traçado possa contribuir para o minorar dos problemas acima enunciados, contribuindo deste modo para evitar a actualmente em consideração (veja-se http://www.metrolisboa.pt/linha_vm_futuro.htm). degradação acelerada da qualidade de vida na “cidade imaginada”. É notória a quase completa ausência de espaços verdes em largas áreas da “cidade imaginaJoão Mata da”, com a agravante de uma das zonas anteriormente ajardinada, junto à Torre Vasco da


16 | NP | REFLEXOS

Sobre a ordem e a desordem “Duas coisas ameaçam o mundo: a ordem e a desordem” Paul Valéry

empre imaginei as questões universais com sede própria, num clube privado de uma avenida chique da história humana. E que nesse lugar solene se encontram, ao entardecer, doutores de todos os tempos, ao abrigo da presunção e da ignorância alheias. Há uns dias, na esperança de que abrisse excepção à ingenuidade, apresentei-me no “clube privado da ordem e da desordem”. Mas, lamento, não fui aceite e desolado recolhi a um dos cafés da avenida. Essa, reconheço agora, foi uma descoberta importante: a de que onde há um clube privado, há sempre cafés onde se debatem as mesmas questões, mas de um modo mais informal. O café estendia-se ao longo de um balcão num ambiente de fumo e ironia. Mais se assemelhava a um saloon da ordem e da desordem que eu pensava abandonar, quando reparei no José (Cardoso Pires) e no João (César Monteiro), a olharem-me de esguelha, com uma ternura inesperada e um lugar vago entre ambos. Ocupei-o e logo me lancei num solilóquio sobre o instinto e a civilização, dionísios e apolo e alusões ao senhor Freud. Quer dizer, essa era a minha intenção, porque assim que iniciei o mix de considerações logo eles me olharam entediados. Não falavam, mas pareciam pedir-me qualquer coisa do quotidiano. Afinal, talvez seja do trivial que mais sentem falta. E assim foi: Quanto à ordem e à desordem, foi num desses momentos em que se está disponível para o acaso

S

que reparei num graffiti. Dizia: “o medo da liberdade provoca o orgulho em sermos escravos” - e eu senti a dúvida entre o exercício de luta constante a que a liberdade obriga e o conforto de uma ordem imposta. Afinal, entre as águas turvas do rio e a margem quem exerce violência? E ambas me pareciam irreconciliáveis até conhecer as aguarelas de Turner. Turner pintava paisagens de mar, com barcos, portos e pessoas, que começavam por ser apenas manchas. O “método” de trabalho de Turner consistia em começar por cobrir a tela de cores e sombras, e desse caos inicial fazer emergir uma paisagem - uma ordem final - que conservasse a vitalidade da desordem inicial. E o mar, os portos, as pessoas emergiam da abstracção com um rigor e uma luz fulgurantes. O que se descobre nas aguarelas de Turner é que, entre a ordem e a desordem, ele nunca optou; é que há vidas que possuem a graça ou a sabedoria de habitar numa desordem da qual emerge naturalmente a mais pura ordem. A exposição de aguarelas e óleos de Turner estará na Fundação Gulbenkian até ao dia 18 de Maio.

J.Wengorovius joao_ana@mail.telepac.pt

Apartado 3

Passeio das Garças

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Vila Expo 1990-398 MOSCAVIDE

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Tel.: 218 940 296

Fax: 234 743 024

Fax: 218 940 297


PASSEIO PELO PARQUE | NP |17

Montenegro, ex-Jugoslávia - Outubro de 2002. As ruas eram feitas de pessoas que tinham parado o centro da cidade de Podgorica. Eu e o meu amigo Mladen Dragasevic éramos os únicos que serpenteávamos pelo meio daquela enorme massa de gente. Com os braços e as bandeiras no ar gritavam o nome do seu líder como se dele dependessem. Os rasgos de cor do fogo de artifício são interrompidos por alguns tiros e rajadas de metralhadoras. O sorriso e confiança na boca de Mladen tentam descansar-me. ”Faz parte da nossa cultura, da nossa forma de celebração”, diz-me ele enquanto eu escondo a máquina fotográfica em medo. Pelo caminho, algumas pessoas pedem-me para as fotografar ao som das palavras de orgulho do meu amigo que me exibe dizendo “Portugalo... Portugalo.” Encontramos um americano que deixa Mladen visivelmente transtornado e o faz soltar algumas palavras num desabafo emotivo: “não sou ninguém de especial, não sou ambicioso e muito menos esperto. Quero apenas trabalhar e ao fim da tarde trocar algumas palavras com os meus amigos num café. A única coisa que não quero é que alguém que se julga mais esperto nos decida bombardear.” Combinamos um encontro com o americano mais tarde, ao qual o Mladen fez questão de aparecer... e de desaparecer no minuto seguinte. Nos limites da cidade mostrou-me alguns esqueletos de prédios que são atravessados por um vento vazio: “moro naquele edifício. Tenho uma caçadeira debaixo da minha cama. Amo os meus pais. Não acredito em políticos. Acredito na religião... se calhar porque durante muitos anos foi um jardim com portas fechadas. Hoje, entro nele e encontro a Paz.” Passamos por uma rua onde dois polícias cobrem um corpo que se tinha acabado de libertar de uma altura de 5 andares. Uma queda despercebida, abafada pelo barulho dos foguetes. Não o fotografei. Do lado direito ficava um clube de jazz, do lado esquerdo uma casa de strip. É ali que trabalha a rapariga dos sonhos de Mladen. É ali que é investido, a fundo perdido, a maior parte dos seus rendimentos em conversas de olhares vazios. De volta ao centro da cidade entro no hotel de luxo onde estava hospedado. Cá fora, a noite

continuava agitada. Tínhamos vindo grande parte do caminho com um Mercedes branco atrás de nós. De fora da janela do carro um corpo mais convulsivo exibia para o céu as balas da sua metralhadora. Mais uma vez não consegui fotografar. Despeço-me do meu amigo com um forte abraço e prometo-lhe que nunca o esquecerei. Ele não acredita. Entro naquele átrio de luxo sem olhar para trás em direcção ao quarto. No bar estão alguns colegas meus, senhores da cruzada democrática, guerreiros, sem patente, nesta propagação da nova ordem mundial. Já com as armas em descanso e com as camisas semi abertas fazem brindes pelo contributo decisivo dado àquele pobre e tão atrasado país. Perguntamme como é que eu tive coragem de andar por aquelas ruas perigosas de um país tão recém democrático. “Não tiveste medo? Bebe um copo connosco. Prova o vinho... é da região. Gostamos de beber aquilo que eles bebem... produtos nacionais... “. Do lado de lá da mesa está um colega russo a contar histórias de espiões e alguidar. Grande e anafado roda no seu pulso uma pulseira de ouro sempre que uma vírgula surge no discurso. Conta-me que já trabalhou com portugueses no Kosovo e que ficou impressionado com as nossas capacidades latinas, principalmente com uma enfermeira simpática, bonita e visivelmente instruída. À direita, um inglês de cor tenta embebedar uma americana menos esperta com mil e uma histórias fantásticas mas, perceptivelmente, sem raccord possível. No intervalo do filme desmarcam-se para o quarto. “Portugal... o que é que vocês produzem?” perguntou o russo. Não tinha sido preparado para tal questão e respondi-lhe: ”a esta hora da noite ninguém produz... estão todos a dormir.” Riram-se num tom condescendente e ofereceram-me mais um copo. Declinei e avancei para o meu quarto. Do lado direito tenho uma janela que dá para a rua e do outro a porta que dá para dentro do hotel. De um lado rajadas de metralhadoras, do outro, vozes de homens que sem irem à rua falam do futuro de um povo, sobre a mesa de um bar, do qual provaram apenas um pouco do seu vinho e a única coisa que conseguiram foi ficar embriagados. Não sei qual dos dois ruídos o mais insuportável.

De um lado rajadas de metralhadoras, do outro, vozes de homens que sem irem à rua falam do futuro de um povo, sobre a mesa de um bar, do qual provaram apenas um pouco do seu vinho e a única coisa que conseguiram foi ficar embriagados. Não sei qual dos dois ruídos o mais insuportável. Miguel F. Meneses


18 | NP | MÚSICA

Tento ser um contador

Voltámos ao Pavilhão Atlântico para uma pequena conversa sobre o músico e a pessoa que está por detrás do nome João Pedro Pais. No fim, a cancela de saída só subiu sob a condição de dois autógrafos passados aos seguranças. Para trás ficou a conversa com um homem, cujo segredo está em conservar uma alma de criança. C.C.Portela Loja 4e6 Cave

Nova Gerência 219 445 743 Pratos Menús aos Almoços reservas por telefone Especialidades Goesas, Indianas e comida portuguesa Francesinha à moda do Porto Sextas e Sábados Música ao Vivo Buffet ao Almoço de Domingo

PRATOS TÍPICOS Caril de Camarão, Camarão Melado, Camarão Recheado, Peixe Recheado, Sarapatel, Chacuti, Balchão, Caril de Frango, Boojés, Baji de Batata, Biriani, Bebinca

Miguel F. Meneses

omo é que foi esta semi tournée com o Bryan Adams? Excelente. Começámos por Barcelona, acabámos em Madrid e fomos recebidos como se o público nos conhecesse a mim e aos músicos. Foi muito estranho. Estava lá um canal espanhol que filmou os espanhóis a falarem sobre o concerto e as opiniões foram muito positivas. Foi estranho mas muito bonito.

C

Falaste com ele? No último dia. Ele estava um pouco adoentado e eu não o quis incomodar muito. Disselhe que para mim era um prazer, uma grande honra fazer a primeira parte dele. Lembro-me que tinha um DVD dele que assinou, depois, ofereci-lhe o meu álbum, ele abriu-o e disse: “agora assina tu para mim”. Foi um momento giro...

Giro... só? Emocionante. Eu ao pé do Bryan Adams sou... sou...não sou, não chego a ser sequer! Quem é que é o João Pedro? Conhecem-me aqui e nem toda a gente me conhece. Talvez 50% da população portuguesa... nem isso. Por isso aquele momento foi estar ao pé de um artista muito grande e eu só tenho é que lhe fazer uma vénia e agradecer a oportunidade que me deram de fazer a primeira parte dele. Quem é que sou eu? Quem é que tu és? Como pessoa? Como pessoa e como músico. Como músico... as pessoas que gostam de mim vêem-me bem, quem não gosta... não gosta. Mas eu tenho é que me preocupar com as pessoas que gostam. Tenho que fazer música para aqueles que gostam de mim. Agora, eu não sou o melhor em Portugal, mas também não sou

o pior, de certeza absoluta. Conheço os meus limites, até onde é que posso ir. Sei que tenho evoluído. Fui nomeado três vezes para os globos de ouro, entre os Madredeus e outros grandes da música portuguesa. Eu acho que apreciaram o meu trabalho e desta última vez... ganhei. E, infelizmente, ganhei a um grande amigo meu que é o Jorge Palma. Podia ter ganho a outro e este foi dos momentos mais tristes e isto sem demagogia alguma. Eu disse-lhe isso! Nós damo-nos muito bem, ele é um músico do caraças... é um supra sumo da música. Se há um génio em Portugal… é o Jorge Palma... e venha quem vier. Os outros são bons, mas o Jorge é um génio. E, portanto, foi um momento triste para mim. O justo seria um para mim e outro para ele.

toca piano e canta ao mesmo tempo, mas bem. E depois escreve letras... bem....

O que é que ele te disse? “Sacana... papaste tudo”... mas disse na boa onda. É o único artista em Portugal que escreve,

Quem são essas pessoas, quem é o teu público? São as pessoas que vão aos meus concertos, que ouvem os

Vamos então falar das tuas letras. Quem é que são os “eu’s” e os “tu’s”? São as pessoas. Eu falo sobre pessoas. Eu conto as vossas fraquezas... aquilo que tu não és capaz de contar. Eu conto-as por ti e por milhares. Falo sobre pessoas, gestos, cumplicidades, emoções, livros que li, personagens que li, canções que ouvi, sobre... sobre a vida. Mas de uma maneira educada. Há muitas pessoas em Portugal que fazem isso. Tens a Mafalda Veiga, tens o Abrunhosa. No fundo tento ser um contador de histórias... de histórias simples que se identifiquem com as pessoas, nada de muito complicado e sem nexo nenhum.


MÚSICA | NP |19

de histórias simples meus discos. Não as conheço pessoalmente. O meu primeiro disco foi ouro, o segundo platina, este vai ser platina... por vezes isso faz-me confusão... O quê? É estranho... é estranho... 40 mil pessoas gostaram de mim. Como é que te adaptas a esse sentimento? Eu estou preparado para sair. Mais uns cinco anos, dez anos... Para sair? Para sair da música. Eu vivo disto e ainda me pagam para fazer aquilo que eu gosto, só que eu tenho a noção de que tenho que estar preparado para que as pessoas, daqui a cinco anos, já não gostem de mim como hoje. Mas sairás por uma questão de estratégia? Não. Porque é mesmo assim, as coisas passam. Mas existem pessoas que vivem da música e que sabem que irão morrer ao piano como o Jorge Palma... Mas eu não sou um génio e o Jorge é. Essa é a diferença. Eu vou fazendo as coisas até me sentir bem. Sabes que eu gosto da música mas não sou escravo da música. Eu não sou daqueles que pela música fazem tudo. Eu faço tudo é pelo meu filho, pela minha mulher, pela minha mãe, pela minha família. Por esses é que eu tenho que fazer tudo. A música é uma profissão só que é considerada de uma maneira séria. A música é as pessoas, elas é que vão delinear a minha carreira, são os meus críticos. Quando eu deixar de vender discos é sinal que as pessoas deixaram de gostar.

a entregar coisas e eu não me importava, porque andaria a passear e ao menos não andava fechado num escritório.

diferente. Algumas coisas melhoram e outras pioraram muito.

“Não há ninguém como antigamente/as pessoas que tu vês no meio das avenidas.” Quem são as pessoas que vês nas avenidas? Eu nasci em Lisboa e sempre fui um miúdo reguila, mas meigo e simpático (isto é o que as pessoas diziam). Era um pouco fugitivo...vadio, sem norte, nem sul. Foi criado com a minha avó e tinha o hábito de fugir. Com os meus 7, 8 anos, já andava pela cidade toda e lembro-me de ir à pendura no eléctrico da Calçada da Estrela até ao Camões e aparecer no Teatro S. Carlos onde a minha avó trabalhava. Por isso é que a minha avó me meteu num colégio, já não tinha mão em mim. Eu lembro-me do meu avô, ainda vivo, ir-me buscar à escola (eu ainda nem 7 anos tinha) e de eu o apanhar distraído para me pendurar num eléctrico que ia acabar no Camões. E o que eu quero dizer com isto é que por eu ter sido sempre assim, pude ver as avenidas, as pessoas a passearem, os mendigos a cobrirem-se nas arcadas quando chovia. Muitos valores perderam-se. Hoje as pessoas são muito mais rápidas e estão em constante competição e, por isso, é que eu digo “não há ninguém como tu tão diferente, ninguém como havia antigamente...”.

“Rasguei tudo a céu aberto deixei a fúria à solta em cada esquina e lugar”. Quais é que são as tuas fúrias? As minhas fúrias... as minhas fúrias... como?

E então o que é que fazes? O que fiz sempre... fazer-me à vida, vou ter que ir trabalhar, fazer outra coisa. Já trabalhei num hotel na Alemanha, trabalhei numa telepizza, sei lá... eu não sou mais que ninguém.

Sentes falta disso? Claro que sinto. Eu não sou muito saudosista mas tenho saudades de coisas... tenho saudades de Lisboa antiga... olha, tenho saudades de andar em Lisboa, à noite, sozinho sem que ninguém me apareça com uma arma ou uma faca. Infelizmente agora é assim. Eu não posso andar na minha cidade, descansado. Gostava de passear pela zona do Bairro Alto, ir até à Av. da Liberdade, porque essa zona marcou-me muito. Tenho saudades disso.

O que é que gostarias de fazer? Olha, por exemplo, gostava de ser estafeta, sabes porquê? Gostava de trabalhar numa boa empresa, com credibilidade para não ir à falência, tinha uma carrinha… Um estafeta trabalha

O que é que achas que aconteceu? As coisas mudaram, não é? Hoje as pessoas querem-nos lixar, apesar de existirem pessoas boas e ainda continuarem a existir alguns valores... mas é

Quais é que são as tuas fúrias? Se existem coisas que te irritam verdadeiramente? Então não há?! Olha... por exemplo, tenho grandes amigos que são jornalistas. Há jornalistas e não esses que (e eu dou-me bem com toda a gente) querem ser mais espertos do que todos. Fazem um jornalismo ordinário, vulgar e sem cabeça. São pessoas sem escrúpulos que se vendem à base de dinheiro. Isso, às vezes, irrita-me. Tem que haver educação na maneira como se escreve... e isso engloba a música também. Tem que haver respeito pelas pessoas. O mundo é corrupto e a partir disso temos que estar preparados para tudo. A injustiça enfurece-me muito. Eu acho que sou uma pessoa honesta e muito sensível, não compactuo com nada, nunca me vendi. Temos que saber dizer não; claro que no princípio dizia mais “sim”, porque era um desconhecido. O primeiro single que ouvi do Bryan Adams foi há vinte anos, chamava-se Tonight... alguma vez eu sonhava que ia fazer a primeira parte dele? “Quando estás só ficas veloz?” Fico. Quando eu digo veloz é ir em frente...podes saltar... vai caraças... manda-te... Eu sou uma pessoa normal. Tenho as minhas tristezas, gosto muito de estar sozinho... é assim que gosto de compor... sozinho. Como os teus “barcos perdidos à deriva no mar”? Isso é o “Um Resto de Tudo”. Sabes que eu comecei essa música na brincadeira... a divagar. Um dia estava com a minha mulher e disse-lhe: “sou um ser que odeias e que gostas de amar como um barco perdido à deriva no mar” e ela disse-me que achava lindo e que escrevesse aquela frase. Depois vi que podia fazer uma música dali. Fiz a letra, construí a música. Acho

que a nível literário é um dos temas mais fortes que fiz até hoje. Quando eu faço referência à “lua nua” e que ela nos acompanha... é mesmo isso... nós somos um resto do mundo, um resto de tudo! Não é? “Gostava de ter o que me ainda resta perder.” O que é que gostavas de ter? Mais certezas. E não em relação à música. Eu poderia ter fome de sucesso... não tenho. Podia ter um grande sucesso e vender 200 mil discos. Nunca pedi isso. Agora, uma das certezas que gostava de ter é que ia viver muito mais tempo com o meu filho. Pensas nele quando estás em palco? Ás vezes o Salvador vem-me à cabeça. Vêm-me frases como as que ele disse como quando me viu no Herman: “estás muito feio, não cantas nada”. Porque ele canta bem, não sei o que vai sair dali, mas ele tem uma musicalidade muito boa para um miúdo de três anos. É o melhor da escola em música. É giro, porque ele vê as atenções viradas para mim e já sente o ciúme. Diz-me: “não cantas nada”. ”Os podres da nação/aguento o juízo final”... é uma letra bastante forte... Foi a letra que mais gozo me deu fazer. É uma letra de julgamento, um bocado agressiva. Quando eu digo “Longe, corre, hoje, foge, vive, morre” falo de alguém que está a ser julgado. De alguém que fez um percurso na vida e que chegou àquele

momento em que um ser mais forte vai julgar se ele vive... ou se morre. E no meio da multidão estão os fracos e os fortes da nação. É o julgamento da nação. E os podres da nação? São aqueles que são os mais fracos de espírito, mais fracos de tudo. Alguns escolheram ser... outros não. A minha fúria é por causa das pessoas que passam mal e que não têm direito a uma oportunidade. O que me dá mesmo raiva é o facto das pessoas que têm o poder dizerem que temos que entrar em guerras. Porque é que essas não vão à frente para darem o exemplo?! O povo não é estúpido! É claro que temos uma política, uma constituição e existem leis que temos que cumprir. Agora, ministros bem montados e o povo que votou neles é que vive mal? Isso dáme uma grande raiva. Tu votas numa pessoa para viveres bem. Há pessoas que compram os meus discos e vivem no limiar da pobreza e isso mete-me confusão. Compram os discos para eu viver bem, então e eles? Não comprem os meus discos, fiquem com o dinheiro, peçam a alguém para lhes fazer uma cópia. Há pessoas que vivem mesmo mal e gostam tanto de um determinado artista e aqueles 20 euros, no final do mês, fazem uma grande falta. Isso faz-me muita confusão. Eu tenho amigos, na política, que me respeitam, que vêm ver os meus concertos... só que as coisas têm que mudar. Às vezes penso: que se lixe a política! Eu não gosto de política... gosto é

das pessoas. Elas é que fazem as coisas. Como é que lidas com teu lado VIP e com o sucesso fácil que paira no ar português? Já vi tantos a caírem... parecem tordos! Quem adormece à sombra da bananeira não tem hipóteses. Agora eu tenho a minha vida. Sabes que eu não vou a festas? Fui aos Globos de ouro porque fui nomeado. O resto... não gosto. Sinto-me mal nesse meio. Parece que há uma carga negativa, as conversas não são interessantes... tenho mais que fazer. És uma pessoa triste? Tenho as minhas tristezas mas sou uma pessoa feliz. Só de estar vivo... Eu dou muito valor à vida. A coisa de que eu mais tenho medo é a morte e depois, desde que tive o meu filho, ainda me agarrei mais à vida porque tenho alguém para cuidar. Agora, sou um miúdo que gosta de estar sozinho. Gosto muito da solidão porque fui habituado... vivi muito tempo sozinho. Às vezes preciso daquele momento só para mim... sou egoísta nesse aspecto. O que é que te fez ser aquilo que és? Os valores. Os valores familiares que a minha avó me deu. Não sou humilde... sou uma pessoa que respeita os outros. Tenho o meu mau feitio... digo muitas asneiras, esteja quem estiver (mesmo o Presidente). Nunca me vendi. Ou gosto ou não gosto. Respeitar quem te respeita a ti. Os valores são aquilo em que temos que acreditar. Se deixarmos de acreditar, deixamos de existir como pessoas.

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20 | NP | NOVAS TECNOLOGIAS

e-diário da guerra

O diário de Salam

Hackers contra e a favor da guerra

Milhares de pessoas em todo o mundo estão ansiosos por perceber como é o dia à dia para os iraquianos, em particular, o ponto de vista de um iraquiano em Bagdad. Nos últimos seis meses, um iraquiano que usa o pseudónimo de Salam Pax, escreveu crónicas sobre as eleições presidenciais iraquianas, os efeitos das resoluções das Nações Unidas relacionadas com o Iraque, a chegada dos inspectores ao Iraque, o início dos bombardeamentos, etc. As crónicas terminaram dia 24 de Março, presume-se que, por quebra das comunicações em Bagdad (http://dearraed.blogspot.com). 26 de Março de 2003

Protestos pró e anti guerra no Iaque continuam a proliferar pela net. De facto, diversos ataques a web sites têm vindo a ser efectuados por hackers. Este parece vir a ser o protesto do futuro, que aliás começa a substituir os sprays e as pinturas nas paredes (graffitis). 30 de Março de 2003

Leilão em tempo de guerra O sítio da eBay, especializado na realização de leilões, tem como norma atribuir ao lance mais alto a vitória em determinado leilão. Mas isto nem sempre é assim. Um consultor fiscal canadiano ao tentar comprar uma impressora laser no referido sítio foi confrontado pelo vendedor com a seguinte mensagem:“No momento, não enviamos ou aceitamos lances do Canadá, México, França, Alemanha ou qualquer outro país que não apoia os EUA no esforço de libertar o mundo de Saddam Hussein. Se não estão connosco, estão contra nós”. Nem sempre a linguagem do cifrão é a mais forte! 27 de Março de 2003

O Big Brother nas compras online O governo americano descobriu um recurso poderoso na luta contra o terrorismo – os registos de cartões de crédito, contas em hotéis, listas de compras e outros registos detalhando a vida privada dos cidadãos.Os investigadores acreditam que o acesso a estas bases de dados podem isolar prováveis bombistas suicidas antes destes actuarem. 30 de Março de 2003

A guerra pode atrasar o relançamento do sector tecnológico Depois de três anos de declínio, as empresas estavam em processo de reorganização e previam o regresso aos lucros no próximo ano. No entanto, com a guerra a durar mais do que o previsto, as preocupações no sector estão a crescer. 31 de Março de 2003

Saddam e o bunker inexpugnável

Proposta para a realização de testes de DNA

O arquitecto alemão que projectou um dos principais bunkers de Saddam Hussein em Bagdad disse que o líder iraquiano pode sobreviver a qualquer ataque, inclusive a um ataque nuclear, se permanecer dentro das quatro paredes do seu bunker. Um oficial Jugoslavo na reserva, que apoiou na construção de outros bunkers, disse à Reuters, que estes bunkers são impenetráveis e conseguiriam resistir a uma bomba nuclear. 28 de Março de 2003

O departamento de justiça americano pretende criar uma base de dados que contenha o DNA de pessoas suspeitas de terrorismo. O problema e o medo que este tipo de medidas provoca é nunca sabermos onde acabam, embora pareçam inofensivas à nascença. Uma das preocupações reside com as populações com origem no Médio Oriente que podem vir a ser forçadas a efectuar testes genéticos para serem incluídas na referida base de dados.

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O site recomendado: www.elmundo.es (Na barra de navegação seleccionar “Gráficos”), aqui podemos ver os gráficos multimédia sobre a guerra no Iraque, a evolução no terreno, as armas dos aliados, as armas dos iraquianos, etc. Excelente e imperdível.

A discriminação de grupos não é uma medida inovadora. No início do século XX milhares de pessoas foram esterilizadas, contra a sua vontade, devido a atrasos e deficiências mentais. 31 de Março de 2003

Sítio está a contar os iraquianos mortos Este site está a atrair cerca de 100.000 visitantes dia e está a emergir como fonte de informação autorizada. Os contadores existentes no site, podem ser adicionados a qualquer sítio para mostrar as últimas estimativas dos iraquianos mortos, os promotores deste site afirmam que estes contadores já se encontram em mais de 200 sítios. O endereço é o seguinte: www.iraqbodycount.net. As estimativas nesta altura variam entre um mínimo de 478 e um máximo de 586 civis iraquianos mortos. 1 de Abril de 2003 fonte: Wired News Reinaldo Martins | rmartins@netbase.pt Consultor em Negócio Electrónico

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22 | NP | DESPORTO

A Corrida e a saúde A Corrida do Oriente vai ter lugar novamente este ano e os preparativos já estão em marcha acelerada. uma pré-fase vai ser organizado um colóquio debate sobre o tema “A Prática Regular da Corrida por Prazer, Desporto e Saúde”. Para além do debate de ideias irá decorrer um rastreio de saúde. Será no Sábado de 10 de Maio no Auditório da Escola Superior de Tecnologia da Saúde de Lisboa que vai decorrer este encontro tendo o seguinte programa.

N

INÍCIO 15 H Benefícios da Actividade Física – o Exemplo da Corrida (10min) Drª Maria Teresa Tomás (Fisioterapia, Profª. ESTSL) A Motivação para a Corrida e o Combate ao Stress (10 min) Prof. Dr. João Paço (Médico OtorrinoLaringologista e atleta do clube Stress) Os Doentes Cardíacos Podem Correr? (10min) Prof. Dr. Miguel Mendes (Médico Cardiologista e atleta)

Correr Bem e Comer Melhor (10 min) Dr. Lino Mendes (Dietética, Prof. ESTSL) Intervalo (15 min) REINÍCIO 16 H A Descoberta da Corrida (15 min) Prof. Mário Machado (Educação Física, treinador de atletismo, organizador da ½ Maratona de Lisboa e editor da revista Spiridon) A Experiência da AltaCompetição (15 min) Sr. Domingos Castro (atleta maratonista de alta-competição)

Debate (60 min) Resultados dos Exames de Diagnóstico da Condição Física: Espirometria; Pressão Arterial; Composição Corporal. Drª Hermínia Dias (Cardio-Pneumologia, Profª ESTSL) ENCERRAMENTO (18 H) Após as ideias virá a prática, pelo que ficamos todos a aguardar a Corrida do Oriente no próximo dia 1 de Junho.

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DESPORTO | NP | 23

Olivais e Moscavide cumpre Filipe Esménio

quinto lugar com os mesmos pontos do terceiro e apenas a três do segundo lugar mostram que a jovem equipa do Moscavide cumpre e bem a sua tarefa na II B. Vitórias como a do fim-desemana passado por duas bolas a uma frente ao 1º classificado Estoril mostram que a jovem equipa do Clube Desportivo dos Olivais e Moscavide anda no bom caminho. Apesar da classificação do Sporting B, antepenúltimo em lugar de descida, num dos jogos mais falados da época, a vitória. O Moscavide venceu por quatro, neste jogo em que muitos dos jogadores da equipa A do Sporting foram utilizados, uma vez que se tratou da semana em que não houve campeonato por causa das selecções. A próxima jornada, a 31ª leva o Moscavide ao campo

O

do Pontassolense, equipa que ocupa o 3º lugar com os mesmos pontos do CDOM. A manutenção está mais que assegurada mas a vontade de conseguir a melhor classificação motiva os jogadores num campeonato em que o Estoril já praticamente assegurou a subida e em que a luta da fuga à descida irá manter o interesse deste campeonato até ao fim.

Andebol fora dos play-offs A derrota com o Gaia afastou à penúltima jornada qualquer esperança de passagem ao play-offf pelo C.D.O.M. ao contrário do sucedido no ano passado. A derrota em Gaia, por 2723, foi fatal para essa aspiração. O Desportivo começou mal o jogo, e ao intervalo encontrava-se a perder por 17-9. A recuperação efectuada durante o segundo tempo

A vitória frente ao 1º classificado Estoril no passado fim de semana por duas bolas a uma mostra a força de um Desportivo que teima em andar nos lugares da frente. revelou-se insuficiente, num jogo em que só a vitória interessava. No entanto, na última jornada e já sem hipóteses de chegar ao play-off, venceu o terceiro classificado Vitória de Setúbal por dois golos de diferença, 24-22. No final dos 22 jogos disputados, o Desportivo conseguiu 8 vitórias, apenas um empate, tendo sofrido 13 derrotas. O nono lugar obtido é no entanto honroso mas fora dos oito primeiros que davam acesso ao playoff final. 518 Golos marcados contra os 540 sofridos são o saldo de uma época que sem ser brilhante não deixou de ser positiva e dar mais traquejo a uma equipa que pela segunda vez se encontra entre os grandes.


24 | NP | PUB


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