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A PUBLICIDADE MORA AO LADO
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5 ANOS DEPOIS
PARQUE
ANO II - NR.11 - BIMESTRAL - MAIO 03 - DIRECTOR: MIGUEL FERRO MENESES
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LOCAL
ANIVERSÁRIO EXPO’98 ENTREVISTA COM
RODRIGUES MORENO
NOSSA SENHORA DOS NAVEGANTES PÁG. 12
2 | NP | EDITORIAL
noticiasparque@netcabo.pt 219456514
Cultura numa garrafa de vidro
FichaTécnica Director: Miguel Ferro Meneses Director Adjunto: Filipe Esménio Redacção: Alexandra Ferreira, Diogo Lino, Mariana Gasalho, Pedro Pereira, Raquel Guimarães, Tiago Reis Santos, (Colaborações) J.Wengorovius, Pedro Gonçalves, Reinaldo Martins Fotografia: Miguel Ferro Meneses Direcção Comercial: Luis Bendada Ilustrações: Bruno Bengala Projecto Gráfico: Tiago Fiel Produção: Imaginarte Impressão: Imprejornal Rua Ribeiro Sanches 65-1200-787 Lisboa Tiragem: 5000 Exemplares Proprietário: Imaginarte Sede Social, de Redacção e Edição: Rua Júlio Dinis nº. 6 1º Dto. 2685-215 PORTELA LRS Nr. de Registo ICS -123 919 Depósito Legal nº. 190972/03
A visita de Thaer Khalifa, embaixador da Bibliotheca Alexandrina, ao Parque das Nações, para receber, pelas mãos da Parque Expo, cerca de 120 livros editados durante e depois da EXPO’98, acabou por realçar duas questões de extrema importância para a cultura portuguesa e para esta, em palco, no Parque. A primeira questão é a que diz respeito ao intercâmbio de culturas, à mensagem que foi colocada numa garrafa de vidro rumo ao Egipto, para de lá ser possível a sua exposição para o mundo inteiro. É obvio que a intitulada “Pérola do Mediterrâneo” vive mais da sua história do que do próprio presente em si, mas não deixa de ser um importante centro de difusão das culturas do Mundo. Desaparecida há mais de 1600 anos, marcou a comunidade cultural e científica como dificilmente se consegue ver algo idêntico na Europa dos nossos dias. As duas grandes guerras deixaram mais do que escombros, deixaram um certo fosso cultural, uma fria desagregação do todo. Apesar de os escombros terem passado a edifícios e a fábricas e de se terem erguido museus e jardins de expressão artística, ficou no ar uma certa perda, assim, como a sensação de um extravio de essência para o outro lado do Atlântico. É como se tivéssemos encostado a uma coluna antiga já sem capitel, sem junção ao futuro. As palavras que abriram o discurso do embaixador da Bibliotheca Alexandrina levantaram uma outra questão. A sua alusão às manifestações culturais, em Portugal, foram além do mero elogio. Foi sentida como uma dádiva que muitos povos não têm e que nós, aos olhos dele, temos a sorte de as ter bem semeadas. Muito provavelmente uma análise feita por alguém que certamente tinha em mãos um mapa privilegiado de orientação. Mas não interessa. Portugal tem de facto uma cultura e uma história forte, agora, é preciso representá-la bem, deixar registos, fazer filmes sobre ela. Se calhar temos que aumentar o elenco que, até à data, é composto pelos protagonistas Amália e Eusébio. Para isso é preciso abrir um casting para novos protagonistas... sejam novos velhos ou, por que não, simplesmente novos. Acreditando que este jardim plantado à beira Atlântico poderá ser um excelente porto de encontro de culturas europeias e transatlânticas, acredito, também, que o Parque das Nações tem potencial para ser um digno palco cultural. É preciso voltar a sentir o pulso das mais variadas zonas culturais que durante a exposição transpiraram insaciavelmente cultura. É preciso encher os jardins de poetas e escultores que vivem numa sombra gasta e desiludida. As autarquias, os moradores, as empresas, as pessoas têm que começar a revitalizar o espaço. Há cinco anos atrás, abrimos as portas à ultima exposição do século, considerada um sucesso e ainda hoje uma referência para Portugal no Mundo... até quando? Miguel F. Meneses
Quinto aniversário da Expo’98
com distinções nacionais
C
Miguel F. Meneses
armona Rodrigues, ministro das Obras Públicas, Transportes e Habitação, descerrou a Placa de Notabilidade que colocou a Estação do Oriente no grupo das 100 mais importantes obras de engenharia do século passado. Gerida pela GIL, Gare Internacional de Lisboa, cujo capital social é pertença da Parque Expo’98, REFER, E.P. e pelo Metropolitano de Lisboa,este complexo tem uma circulação de cerca de 150 mil pessoas por dia. Da autoria do arquitecto valenciano Santiago Calatrava, a Estação do Oriente acumula,agora, mais um reconhecimento, prémio a juntar ao Prémio Brunel Madrid 98. Nas palavras de Santiago Calatrava,“a Estação é uma grande porta, a grande porta para o bairro que se encontra virado para o rio”.
“Um símbolo e Modernidade para o futuro das cidades portuguesas”
A famosa estátua do HomemSol serviu de décor à primeira parte da cerimónia que celebrou o 5º aniversário da Expo´98. Na primeira fase da cerimónia, o descerramento da lápide que consagrou o Parque das Nações como uma das 100 mais importantes obras de engenharia do séc. XX, em Portugal, contou com a participação solene de Bracinha Vieira, presidente da Parque Expo, do secretário de estado do Ordenamento do Território, Paulo Taveira de Sousa, da vicepresidente da Câmara Municipal de Lisboa, Teresa Moury e do Bastonário da
Ordem dos Engenheiros, Francisco Sousa Soares. Os discursos foram elogiosos e as palavras “obra”, “modernidade” e “orgulho” foram constantes nos conteúdos das mensagens. Bracinha Vieira falou em decisão política corajosa, num país que era muito triste e “apagado” e que a Exposição conseguiu devolver a auto-estima aos portugueses. Adiantando que hoje é “impossível imaginar Lisboa sem o Parque das Nações”, aproveitou para fazer uma passagem pelo papel importante que a Parque Expo de hoje tem a desempenhar no mercado nacional e internacional de requalificação urbana. Taveira de Sousa terminou esta primeira fase da cerimónia dizendo que “o país tem mais um motivo para estar orgulhoso e para vencer algum pessimismo que, por vezes, perpassa e que não tem razão de ser” Em direcção à sala protocolar do Pavilhão de Portugal, foi altura de prosseguir com a segunda fase da cerimónia. Bracinha Vieira e Teresa Moury assinaram os protocolos para a doação de espólio patrimonial da Expo´98 ao Museu da Cidade. Foi, também, assinada a cedência de mais de 150 mil fotografias ao Arquivo fotográfico de Lisboa. Para terminar, a Parque Expo ofereceu aos países de língua oficial portuguesa colecções integrais de edições publicadas, durante e depois da grande exposição, para passarem a figurar nas bibliotecas de cada um dos países. E como a tónica desta cerimónia foi um constante elogio à obra em causa, ficam as últimas palavras
de José Gregori, Embaixador do Brasil que concluiu dizendo que o Parque das Nações “é património da Humanidade”.
Em menos de uma semana a Estação do Oriente e o Parque das Nações foram consagrados como umas das “100 Obras de Engenharia Mais Notáveis do Século XX em Portugal”. As cerimónias que celebraram esta consagração tiveram lugar na altura em que se comemoram os cinco anos da Expo’98. Autarcas, membros do governo e embaixadores estiveram presentes e o discurso foi sempre marcado pelo reconhecimento da obra que ficou depois da Exposição.
4 | NP | BREVES
SOLIDARIEDADE ” EM MARCHA A “
Parque Expo reduz endividamento A
Parque Expo reduziu o seu endividamento em 172 milhões de euros durante no ano passado, segundo o Relatório e Contas da empresa que foi recentemente aprovado. A empresa apresentava um endividamento total de 541,365,732 euros quando, no final de 2001, o valor era de 714,241,327 euros. A redução de -24,2% permite à Parque Expo cumprir o estipulado no contrato-programa celebrado com o Estado em 1999 e que agora terminou. Este contrato estabelecera um limite máximo de endividamento de 545 milhões de euros em 2002. O lucro apresentado para o mesmo exercício é de 2,5 milhões de euros. Para além da alienação de terrenos, processo que no futuro deixará de dar rendimentos à empresa, naturalmente, a contenção de despesas passou pela redução de pessoal, tendo o número de colaboradores passado de 537 para
444 diminuindo os encargos anuais com pessoal em 1,6 milhões de euros (excluindo as indemnizações). A empresa prevê que no final do corrente ano, a estrutura se estabilize nos 280 colaboradores. Também nos Fornecimentos e Serviços Externos se observa uma redução de 8,2 milhões de euros (face ao ano anterior). Como é sabido a Parque Expo procura para 2003-2004, centrar a sua actividade na requalificação urbana e ambiental. Esse esforço de alteração de actividade central procura a redução do endividamento para cerca de um terço dos valores presentes, segundo informação da empresa. Para a restante dívida a Parque Expo afirma que corresponderá aos valores que serão pagos pela CM Loures e CM Lisboa como contrapartidas de infra-estruturas especiais e gestão urbana realizada pela Parque Expo.
Serviços Administrativo e Financeiro Serviço de Limpeza Serviço de Segurança Serviço de Manutenção Lithoespaço, Administração de Condomínios, Lda.
Fundação do Gil, o Oceanário de Lisboa e a PT Comunicações assinaram diversos protocolos que vão permitir a crianças e a jovens de 11 instituições – designadamente hospitalares - visitar aquele equipamento em condições especiais. A PT Comunicações, no âmbito do Programa de Voluntariado Empresarial do Grupo Portugal Telecom (Programa Aurora), disponibiliza recursos humanos que terão formação especializada, a cargo do Oceanário de Lisboa, que lhes permite acompanhar, explicar e motivar devidamente as crianças e jovens, cuja entrada no Oceanário é apoiada e suportada pela Fundação do Gil. Os protocolos surgem no âmbito das acções de solidariedade social do Instituto de Desenvolvimento Social e pela Fundação do Gil, a qual se encontra empenhada na criação da Casa do Gil – estrutura destinada a acolher crianças e jovens que, embora podendo ter alta clínica, permanecem internados por razões sociais. O protocolo principal têm como objectivo “estimular a aprendizagem e reforçar a ligação de crianças e jovens em perigo ou com necessidades especiais ao mundo exterior, através de métodos alternativos de educação e ocupação de tempos livres”.
Nesta primeira fase da cadeia de solidariedade, são beneficiadas crianças e jovens do Instituto Português de Oncologia Francisco Gentil (Pediatria), Hospital Dona Estefânia, Hospital de S. Francisco Xavier, Estabelecimento Prisional de Tires (Casa das Mães), Casa da Criança, Centro de Medicina de Reabilitação de Alcoitão (Serviço de Reabilitação Pediátrica e Desenvolvimento), Hospital Garcia de Orta, Raríssimas – Associação Nacional de Deficiências Mentais e Raras, Acreditar – Associação de Pais e Amigos das Crianças com Cancro, Abraço – Associação de Apoio a Pessoas com VIH/SIDA, e SOL – Associação de Apoio às Crianças Infectadas pelo Vírus da Sida e suas Famílias.
Consultório Médico - Clínica Médica e Especialidades - Análises Clínicas Clínica Geral
Nutricionismo
Dr. Queiroz Alexandre 2ª Feira – a partir das 12 horas Telm: 918 959 885
Dr. Nuno Gaspar 4ª Feira – a partir das 14 horas Telm: 966 936 388
Psicologia Dr.ª Catarina Fernandes 2ª Feira Telm: 933 234 654
Cirurgia Vascular Dr.ª Daniela Gonçalves 5ª Feira – a partir das 11 horas Telm: 939 367 995
Reumatologia Dr. Fernando Pimentel 3ª Feira – a partir das 14 horas Telm: 917 305 093
Psicologia Dr.ª Ana Bachicchio 6ª Feira – a partir das 12 horas Telm: 912 301 862
Serviço de Apoio Jurídico
Rua Ilha dos Amores Lote 4.17.01 M | Vila Expo 1990-377 LISBOA Tel.: 218 936 070 Fax: 218 940 341 geral@lithoespaco.com | www.lithoespaco.com
Tel: 21 895 90 68 Av. D. João II | Edifício Infante Lote 1.16.05 J – 4º H (por cima do Banco Barclays)
Parque das Nações
BREVES | NP | 5
O Mundo e o Lego O
evento 100 anos da Harley Davidson, que trouxe um bocado do mundo das motas clássicas ao Parque das Nações, teve lugar dentro e fora do Centro Vasco da Gama. Os mais variados modelos estiveram estacionados e foi ainda realizado um test-drive que contou com a participação de cerca 40 pessoas. Depois da Harley, o Centro Vasco da Gama arranca para um evento destinado àqueles que ainda não podem conduzir mais do que um simples triciclo. O Mundo da Lego. Quem não se lembra do fascínio que o «Lego» exercia sobre nós em miúdos. Pois no âmbito das comemorações do Dia Mundial da Criança, a Sonae vai realizar em quatro centros comerciais, entre os quais o Centro Vasco da Gama, em conjunto com a LEGO, entre os dias 21 de Maio e 9 de Junho, a construção do maior Mapa Mundo em peças LEGO. Para a construção de cada mapa, as crianças têm ao seu dispor 250 mil peças LEGO, que lhes permitirá dar “asas” à sua imaginação. Os mais pequenos vão também criar e colocar no mapa animais selvagens, de modo a que a “brincar”, sejam sensibilizadas para a ameaça de extinção que paira sobre algumas espécies. Mais de meio milhão de peças LEGO vão ser utilizadas em cada Centro para estas construções. Os fundos recolhidos revertem a favor do Projecto Delfim, do Estuário do Sado, que pre-
tende sensibilizar a população para os problemas inerentes à conservação da natureza. Durante todo o evento, os quatro Centros Comerciais e de Lazer da Sonae Imobiliária (AlgarveShopping, Centro Vasco da Gama, GaiaShopping e MadeiraShopping) têm ainda disponíveis um conjunto de diversões destinadas aos mais pequenos, entre as quais uma área de construção LEGO para crianças com mais de 2 anos de idade. Pode ainda encontrar um passatempo on line nos seguintes endereços; (www.algarveshopping.pt; www.centrovascodagama.pt; www.gaiashopping.pt; www.madeirashopping.pt) Divirta-se.
Parque unido pela FÉ O
Parque das Nações segundo o Notícias do Parque conseguiu apurar, poderá passar a curto prazo a ser uma paróquia. O respeito pelas barreiras naturais bem demarcadas e evidentes, podem levar o Patriarcado de Lisboa a dar o primeiro exemplo de bom senso relativamente às fronteiras reais do território. Se é certo que muitas vezes a fé rompe as fronteiras dos homens não deixa de ser um exemplo com algum significado ao nível político-administrativo do Parque das Nações.
A edificação da Igreja, como se pode ler neste jornal, está pensada para a zona Norte, num terreno próximo à Ponte Vasco da Gama que prevê que seja também partilhado com a Fundação Gil, segundo nos foi confidenciado pelo Padre Reis, Pároco de Moscavide e da Paróquia de Nossa Senhora dos Navegantes ou do Oriente como se tem vindo a discutir. Esta nova paróquia poderá ainda este ano vir a ser constituída, alicerçada na vontade da comunidade.
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O Mundo e o Lego O
evento 100 anos da Harley Davidson, que trouxe um bocado do mundo das motas clássicas ao Parque das Nações, teve lugar dentro e fora do Centro Vasco da Gama. Os mais variados modelos estiveram estacionados e foi ainda realizado um test-drive que contou com a participação de cerca 40 pessoas. Depois da Harley, o Centro Vasco da Gama arranca para um evento destinado àqueles que ainda não podem conduzir mais do que um simples triciclo. O Mundo da Lego. Quem não se lembra do fascínio que o «Lego» exercia sobre nós em miúdos. Pois no âmbito das comemorações do Dia Mundial da Criança, a Sonae vai realizar em quatro centros comerciais, entre os quais o Centro Vasco da Gama, em conjunto com a LEGO, entre os dias 21 de Maio e 9 de Junho, a construção do maior Mapa Mundo em peças LEGO. Para a construção de cada mapa, as crianças têm ao seu dispor 250 mil peças LEGO, que lhes permitirá dar “asas” à sua imaginação. Os mais pequenos vão também criar e colocar no mapa animais selvagens, de modo a que a “brincar”, sejam sensibilizadas para a ameaça de extinção que paira sobre algumas espécies. Mais de meio milhão de peças LEGO vão ser utilizadas em cada Centro para estas construções. Os fundos recolhidos revertem a favor do Projecto Delfim, do Estuário do Sado, que pre-
tende sensibilizar a população para os problemas inerentes à conservação da natureza. Durante todo o evento, os quatro Centros Comerciais e de Lazer da Sonae Imobiliária (AlgarveShopping, Centro Vasco da Gama, GaiaShopping e MadeiraShopping) têm ainda disponíveis um conjunto de diversões destinadas aos mais pequenos, entre as quais uma área de construção LEGO para crianças com mais de 2 anos de idade. Pode ainda encontrar um passatempo on line nos seguintes endereços; (www.algarveshopping.pt; www.centrovascodagama.pt; www.gaiashopping.pt; www.madeirashopping.pt) Divirta-se.
Parque unido pela FÉ O
Parque das Nações segundo o Notícias do Parque conseguiu apurar, poderá passar a curto prazo a ser uma paróquia. O respeito pelas barreiras naturais bem demarcadas e evidentes, podem levar o Patriarcado de Lisboa a dar o primeiro exemplo de bom senso relativamente às fronteiras reais do território. Se é certo que muitas vezes a fé rompe as fronteiras dos homens não deixa de ser um exemplo com algum significado ao nível político-administrativo do Parque das Nações.
A edificação da Igreja, como se pode ler neste jornal, está pensada para a zona Norte, num terreno próximo à Ponte Vasco da Gama que prevê que seja também partilhado com a Fundação Gil, segundo nos foi confidenciado pelo Padre Reis, Pároco de Moscavide e da Paróquia de Nossa Senhora dos Navegantes ou do Oriente como se tem vindo a discutir. Esta nova paróquia poderá ainda este ano vir a ser constituída, alicerçada na vontade da comunidade.
Cidade Frustrada 6 | NP | AMCPN
P
ara quem reside no Parque das Nações, constatar a diferença entre aquilo que foi prometido e a realidade já passou a ser lugar comum. Assistir à passividade generalizada dos responsáveis políticos pelos principais problemas dos moradores que se encontram por resolver é também algo a que nos habituámos, mas que continuará a merecer a oposição da Associação de Moradores e Comerciantes do Parque das Nações. Lamentavelmente, o decorrer do tempo só nos tem vindo a dar razão quanto aos problemas que há muito diagnosticámos e para os quais procuramos soluções. O caso mais recente é o da decisão da Direcção Regional de Educação de Lisboa e do Conselho Executivo da Escola Básica Integrada Vasco da Gama de retirarem a prioridade aos residentes no acesso ao respectivo Jardim de Infância, apesar da oposição da AMCPN e da Associação de Pais da escola. Tal acto, completamente despromovido do mínimo bom senso, veio agravar a já deplorável oferta de equipamentos escolar públicos aos residentes dos Parque das Nações, uma vez que o crescimento, mais do que previsível, da população e a decisão absurda de adiamento da construção das escolas previstas no Plano de Urbanização têm vindo, de ano para ano, a tornar mais difícil o acesso à Escola Vasco da Gama. A decisão em causa vem também colidir com a anterior leitura inteligente das entidades competentes, e oportunamente exigida pela AMCPN, de considerar o Parque das Nações como a área de abrangência da referida Escola. Aliás, outra coisa não seria razoável, atendendo ao espírito com que a Escola Vasco da Gama foi edificada. Lembre-se que, na brochura divulgada em 1996/1997 pela sociedade Parque Expo 98, S.A., intitulada “Expo Urbe – A Nova Cidade de Lisboa”, se faziam afirmações que hoje deixarão estupefacto qualquer residente, quando confrontadas com a realidade e com o alheamento que os responsáveis pela mesma sociedade têm vindo a revelar sobre estes problemas. Afirma-se, por exemplo, que “identificadas as principais necessidades através de extensos estudos de mercado dirigidos, quer às empresas, quer aos futuros habitantes da Expo Urbe, delineou-se a mel-
hor forma de as satisfazer”. Refere-se, logo em seguida, que “aos residentes, não faltarão serviços de apoio, como comércio e restauração, escolas, hospital, espaços de lazer ou instalações desportivas”. Diz-se também que “para que o bem-estar de cada família residente na Expo Urbe seja uma certeza, tudo foi pensado ao pormenor”. A um nível mais técnico, ainda na brochura referida, constata-se que se encontrava prevista a construção de duas outras escolas - uma Escola Secundária e uma Escola Básica 1+2+3 e Jardim de Infância, neste último caso a edificar num terreno entretanto vendido pela Parque Expo para a construção de um empreendimento imobiliário que envolve edifícios de mais de 20 andares. Também a não construção do centro de saúde parece ser algo de difícil compatibilização com o princípio enunciado de que tudo foi pensado ao pormenor para garantir o bem-estar dos moradores. Os moradores aguardam igualmente pela edificação, no Parque do Tejo e do Trancão, de “uma Academia de Golfe, um Centro Hípico, pistas de Jogging (...) e diversas Piscinas”, as quais se referia na brochura citada que “contribuem para a singularidade do Parque”. A extensão da linha do Oriente, claramente prevista na brochura “Expo Urbe – Rede de Transportes” parece também ser um cenário completamente afastado do próximo futuro. Aliás, a avaliar pelas afirmações de responsáveis da Parque Expo 98, os projectos de criação de um parque de lazer junto à foz têm sido desenvolvidos sem qualquer preocupação de expansão da rede de metropolitano. Na mesma brochura, a propósito do conceito de intermodal da Gare do Oriente, refere-se que “todas estas facilidades integram a Expo Urbe dentro da capital, convertendo-a numa nova cidade em Lisboa e dando novo sentido à eficiência, funcionalidade e rapidez em transportes”!!! Como se sabe, o Parque das Nações continua a ser servido, e muito precariamente, por apenas uma linha de autocarros da Carris, tendo a expansão desta linha à zona Sul resultado de intensas pressões da AMCPN, as quais, no entanto, não foram ainda suficientes para garantir a dotação adequada de transportes públicos. O que dizer perante isto?
A reacção mais natural é concluirmos que os residentes foram ludibriados, ou talvez demasiado generosos, por terem acreditado naquilo que lhes foi apresentado por uma sociedade detida a 100% pelo Estado Português e que, aparentemente, se relacionava com um projecto de dimensão nacional. Em várias ocasiões temos procurado respostas por parte da Parque Expo 98, S.A. bem como de outras entidades do sector público envolvidas. Do actual Conselho de Administração da Parque Expo temos ouvido afirmações no sentido da expansão dos serviços de reconversão urbana a outras zonas do país e mesmo do estrangeiro. Ao mesmo tempo, tem-nos sido referido pelo mesmo Conselho que essa estratégia torna ainda mais importante a preservação da qualidade do Parque das Nações, que será sempre “a montra” do trabalho da Parque Expo 98, S.A. Ora, a utilização do Parque das Nações como “montra” deveria obrigar a Parque Expo 98 a um envolvimento total na resolução dos problemas de equipamentos públicos e de ordenamento urbano que tendem a subsistir. A propósito, é absolutamente incompreensível a posição sistemática de neutralidade da Parque Expo 98, S.A., relativamente à imperiosa criação da freguesia do Oriente, que consagre a unicidade administrativa do Parque das Nações. Para mais, quando se publicitou o Parque das Nações como “Expo Urbe – A Nova Cidade de Lisboa”. O Estado, enquanto promotor de um dos maiores projectos concretizados em Portugal, não pode, naturalmente, escudar-se no facto de algumas destas promessas terem sido efectuadas em brochuras publicitárias, muito embora a esmagadora maioria destas promessas tivesse, à altura, correspondência nos planos de urbanização (entretanto alterados). Não pode também escudar-se em eventuais alterações estratégicas, uma vez que os compromissos assumidos com os residentes não podem ser repudiados por mudanças políticas. A este propósito, cabe, desde já, alertar os moradores e comerciantes do Parque das Nações para outras alterações aos Planos de Pormenor que estão a ser preparadas, as quais, certamente, se consubstanciarão em densificar ainda mais a construção de edificios de habitação e escritórios, alguns à custa de equipamentos sociais como sejam, nomeadamente, a Fundação do Gil e o Clube Sénior. Quanto à Fundação do Gil, com a conivência do Presidente da Câmara Municipal de Loures, prepara-se a trnsferência da sua Sede para junto do Seminário dos Olivais, libertando-se no Parque das Nações a Parcela que lhe está destinada para mais uns negócios rentáveis quer para a Parque Expo, quer para a própria edilidade. Temos de manifestar a nossa repulsa por mais esta “panelinha” contra o Parque das Nações! Lamentavelmente, quanto a todas estas questões, os silêncios, as omissões e conivências dos responsáveis políticos e autárquicos têm sido mais que muitos. Há, nomeadamente, autarquias que elegeram como prioridade para o Parque das Nações “marcar o terreno”, afixando, apressadamente, placas a dizer “Benvindo à Freguesia de ...”, em resposta ao desejo dos moradores e comerciantes do Parque das Nações de criarem a sua própria Freguesia, ignorando por completo os nossos apelos para que, como lhes cabe, procurem resolver os muitos problemas com que nos defrontamos. Aos moradores impõe-se, pois, reforçarem a sua participação no desenvolvimento de iniciativas que contribuam para a resolução dos problemas que os afectam, para o que continuarão a contar com a atitude exigente da AMCPN. Um contributo fundamental é a participação e divulgação do abaixo-assinado que se encontra em curso para a criação da freguesia do Oriente (para mais detalhes ver www.amcpn.com). A Direcção da AMCPN
Para futuras inscri es de s cios da AMCP utilize o seguinte contacto: Rua Ilha dos Amores, LT. 4.39.01.C.4A Telef/Fax - 21 893 60 59
ENTREVISTA | NP | 7
“
É necessário que exista uma ” representação desta zona Já lá vão cinco anos desde que as portas à última exposição do século se abriam para mostrar ao Mundo alguns pedaços daquilo que somos feitos. Depois da grande obra, ficou a cidade à beira de um rio que a vai reflectindo numa expectativa de marés altas e baixas. Rodrigues Moreno, presidente da Associação de Moradores e Comerciantes do Parque das Nações, AMCPN, e primeiro morador em entrevista ao Notícias do Parque fala-nos um pouco do passado, presente e sobre as expectativas do futuro. Miguel F. Meneses
Que marcas é que lhe deixou a Expo’98? Marcou-me muito positivamente e eu devo dizer que conheço muito do estrangeiro e, quando entrei, pela primeira vez, neste espaço, fiquei deslumbrado. Senti que, finalmente, tínhamos feito alguma coisa em Portugal de que nos deveríamos orgulhar. Foi muito bem concebida, era um espaço muito bonito que nem me parecia que estava em Portugal. Não estava à espera que fosse possível, superou as minhas expectativas. Ainda hoje, quando vou ao centro de Lisboa e regresso à Estação do Oriente, tenho a sensação de que estou noutro mundo. Ainda hoje sinto essas marcas. Agora penso que essas marcas, infelizmente, vão desaparecendo e é isso que me preocupa. Qual foi, para si, a figura que se destacou mais neste projecto? Embora tenha muitas críticas a fazer à acção sequente do
Dr. Mega Ferreira, tenho que lhe fazer o elogio ao seu trabalho de concepção do projecto. Penso, também, que foi importante e decisivo o papel do comissário Cardoso e Cunha que soube agarrar o projecto e que tinha algum peso institucional para se impor contra o cepticismo que, de certa forma, existiu no início. Estas foram as pessoas que me marcaram mais. Quando é que lhe surgiu a ideia de vir a ser morador nesta zona? Eu sempre gostei de apostar na modernidade e, quando há algo de inovador a que eu me possa associar, com certeza que o faço. Apesar de ter só “visto uns riscos no papel” pensei porque é que não deveria apostar e acreditar. Nunca pensou no fantasma de Sevilha? Eu acredito que nós podemos aprender com os erros. Seria uma burrice muito grande cometer os mesmos erros. Por isso apostei e não quero arrepender-me de ter apostado.
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primeiros sinais preocupantes de que, se calhar, o projecto de grande qualidade que se admitia vir a ser, viesse a ser comprometido.
E quais foram esses primeiros sinais? Ainda no decurso da exposição, quando foi levantada a questão dos défices do evento. Mais tarde, a nível de limpeza e segurança, imediatamente após o encerramento da EXPO’98. Depois de começarmos a bater a algumas portas que não se abriram, sentimos que era necessário organizarmo-nos.
Nós não queremos criar um gueto de luxo.
Queremos é que este
padrão de manutenção deste espaço seja de tal modo que leve os
cidadãos deste país a fazer, a exigir que nas suas cidades, bairros e aldeias, as coisas se processem da
mesma maneira. É um princípio de mudança.
Como é que vê a entrada da CM Lisboa e da CM Loures na gestão do Parque? Se as câmaras entregarem a gestão da limpeza aos seus departamentos, as coisas não vão manter-se como estão neste momento. Desde logo, porque estamos a falar de um ritmo de função pública que não é o que tem existido no tipo de gestão deste espaço. Aqui, não se trabalham apenas seis a sete horas por dia, os horários passam a ser outros, as ruas, se calhar, só são varridas uma vez por dia. Isto é uma área que tem um milhão de habitantes por mês. Para não falar dos moradores e trabalhadores e dos dias em que temos grandes eventos, na FIL ou no Atlântico. Se as câmaras não recorrerem ao out sourcing vai ser pior do que em muitas outras zonas da área de Lisboa. Por isso, vejo com muita preocupação os moldes em que vão entrar. Aquilo que estava previsto, inicialmente, o que no fundo nos foi vendido foi um determinado formato de gestão que, quando se estava a iniciar, foi posto de parte. Passaria, numa primeira fase, pela constituição de uma empresa tripartida com a própria Parque Expo. Esse formato desapareceria, quando estives-
sem criadas as condições a nível autárquico para que a gestão pudesse ser feita de outra maneira, quando existisse um estatuto administrativo do Parque das Nações. Considera que seria importante uma permanência da Parque Expo nesta gestão? Absolutamente. No meu ponto de vista é um erro muito grande, com repercussões, não apenas para este espaço, mas para o próprio país. Este espaço é um espaço de marca que se criou aqui e que a Parque Expo continua a vender por este país fora e no estrangeiro, através dos
Temos uma
Não queremos ser privilegiados. Queremos que isto seja um ponto de partida para que Portugal deixe de ser terceiro mundista. Programas Polis. Isto é um mostruário da Parque Expo e não nos podemos esquecer que é um projecto público, é uma empresa pública. Quando há alguma coisa que se reflecte, negativamente, reflecte-se, negativamente, por todo o país. Nós não queremos criar um gueto de luxo. Queremos é que este padrão de manutenção deste espaço seja de tal modo que leve os cidadãos deste país a fazer, a exigir que
nas suas cidades, bairros e aldeias, as coisas se processem da mesma maneira. É um princípio de mudança. Qual é que pensa ser a imagem que temos lá fora? Até agora as pessoas ficam deslumbradas. Não é por acaso que temos todos os dias excursões de crianças, jovens, idosos das cidades, das vilas mais escondidas deste país. Por isso é que eu digo que é um Tratamentos Estéticos Crioterapia. Pressoterapia. Envolvimento de Algas. Endermologia. Mini Lifting Facial.
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crime deixar-se degradar este espaço. As pessoas gostam deste espaço, o que vai contribuir para que venham a exigir, cada vez mais, o mesmo para as suas terras. Se não tivermos referências não podemos exigir. Não queremos ser privilegiados. Queremos que isto seja um ponto de partida para que Portugal deixe de ser terceiro mundista. Nós continuamos a ser uma sociedade muito serôdia, muito parada,
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muito pouco exigente em relação a muitos países da Europa. E nem preciso de sair da Europa, mesmo naqueles países que estão na cauda, nomeadamente, aqueles que vão aderir agora à UE... eu conheço-os a todos. Como caracteriza o percurso da missão da Associação ao longo destes últimos anos? Se me pergunta se os nossos anseios foram todos ultrapassados... respondo-lhe que... nem pouco mais ou menos. Agora penso que se não existisse a AMCPN, estaria tudo muito pior. Apesar de tudo, nós temos sido um grupo de pressão que tem agitado e levantado muitas questões. A c r ia ç ã o d a Fr e g u e si a d o Oriente será, certamente, um processo muito complicado e complexo. Sendo bom conhecedor deste tipo de matérias, como é que analisa e prevê o futuro desta questão? Não é um processo fácil de se levar para a frente. Lamentavelmente, nestes “jogos de poder” não é fácil gerir interesses e sensibilidades. Agora quem conhece este espaço como ele está neste momento toda a gente concorda que faz todo o sentido criar, aqui, uma freguesia. Esta zona tem limites laterais, equipamentos específicos não utilizáveis pelas outras freguesias e concelhos onde se integra: uma recolha de lixo feita por sucção com centrais sem comunicação com o exterior, uma central telefónica exclusiva, uma estação de correios e um código postal próprio. No entanto, temos ruas que pertencem a três freguesias e a dois concelhos. Começou-se mal. Porque é que não se decidiu logo o mais lógico, que seria criar uma freguesia? Mas e os interesses políticos... vai ser difícil que as partes se entendam, ou não? Esta decisão de reconversão urbana foi tomada através do poder político que é quem tem as maiores responsabilidades nesta área. O poder político é que tem que olhar para esta obra e resolver o problema. É preciso ter uma certa coragem, eu compreendo. Agora é preciso assumir que se queremos que este espaço seja uma referência para o país como se tem dito, então, isso passa, também, por criar, aqui, uma autarquia. Ou há essa coragem ou andamos a fazer de conta. Eu quero
ENTREVISTA | NP |9 Quer a nível de habitantes, equipamentos e serviços, área, temos tudo para ser
auto-suficientes, mais do que, por exemplo,
a Portela que é, e bem, uma freguesia, a qual não fazia sentido estar repartida entre duas. acreditar que essas pessoas que estão a estes níveis são ponderadas e vão conseguir ultrapassar estes problemas que se colocam a este tipo de decisões. Termos essa coragem só nos engrandece. Que reacções é que têm tido, até ao momento? Temos o apoio inequívoco de autarcas, de algumas autarquias ou, pelo menos, da Autarquia Lisboa. E Loures não se opõe à criação da Freguesia do Oriente, desde que ela se integre dentro do seu concelho. Temos o apoio de políticos e deputados de vários partidos que, a título individual, já manifestaram a sua concordância nesta matéria. É necessário que exista uma representação desta zona. Quer a nível de habitantes, equipamentos e serviços, área, temos tudo para ser auto-suficientes, mais do que, por exemplo, a Portela que é, e bem, uma freguesia, a qual não fazia sentido estar repartida entre duas. Falando agora na Comunidade Parque, que análise é que faz? Tem estado a crescer desde 98 para cá. Apesar de não termos números certos devemos andar à volta dos 9 mil moradores, mas é uma comunidade que está a crescer, diariamente, embora de uma forma algo lenta, pela razão da falta de estruturas necessárias para uma vida social básica. Faltam equipamentos escolares, transpor tes, equipamentos de saúde e isso tem contribuído para um cer to atraso. O exemplo da Escola Vasco da Gama que foi apresentada como a melhor do país e uma das melhores do mundo. E é uma vergonha eu ter que dizer isto, mas ela hoje não é sequer a melhor do país nem nada com que se pareça. Tem duzentos e muitos alunos a mais e não respeita o sistema de ensino integrado. Eu não tenho dúvidas de que por causa dessas falhas, o povoamento esteja a ser um bocado lento e, inclusive, há já algumas pessoas que saíram daqui por causa disso.
Para terminar, como é que vê o Parque, daqui a dez anos? Eu, neste momento, sou um optimista... mas um optimista apenas moderado. Eu penso que existem condições para que este espaço seja uma referência, embora já não o seja a nível da qualidade urbanística e arquitectónica. Mas, pelo menos, a nível da qualidade de vida das pessoas, em termos de limpeza, equipamentos sociais, entre outros, ainda poderá vir a ser um modelo para o país. Para isso é preciso que os nossos autarcas, os nossos responsáveis políticos olhem para este espaço com a atenção, cuidado e carinho que ele merece. Se não existir esse cuidado, temo pelo futuro. No entanto, há sinais encorajadores de que as coisas poderão, de facto, vir a compor-se. O Parque é um espelho, uma âncora, um exemplo a seguir por este país. É uma pena, porque nós temos um país (e eu comecei esta nossa conversa dizendo que conhecia muito do Mundo) que é lindíssimo e com todas as condições. É preciso que nós o tornemos mais cuidado, mais limpo, mais bonito. Temos todas as condições para ter um dos países mais bonitos deste planeta.
o Parque
Vasco da Gama rumo à Alexandria 10 | NP | LOCAL
O
Diogo Lino
Pav i l h ã o de Po r t u g a l fo i o local escolhido par a realizar esta cerimónia que contou, não só com a presença da Parque Expo, na voz de Bracinha Vieira, de Thaer Khalifa, mas, também, com alguns ór gãos a l t o s d a B i bl i o t h e c a Alexandrina e com o director da Casa de Por tugal-Bibliotheca Alexandrina, Car los B e r n a r d o. N a p l a t e i a , estavam reunidos representantes de algumas editoras e instituições nacionais que , após a c e r i m ó n i a p r o t o c o l a r, tive r am a opor tunidade de reunir com os representantes da famosa biblioteca. Antes da cerimónia, houve a oportunidade de, num tom mais informal, se trocarem algumas impressões sobre as
duas culturas presentes, na sala, chegando-se, em alguns momentos, à conclusão de que existiam alguns conhecimentos em comum. Na sala, encontrava-se exposto um vasto conjunto das obras editadas pela Parque Expo, 120 das quais se irão juntar aos cerca de 300 mil livros que se encontram, neste momento, em Alexandria.
A l e x a n dr i a e l o g i a Po r t u g a l
A cerimónia protocolar foi iniciada com as palavras de Bracinha Vieira. Num gesto simbólico explicitou, de imediato, a sua admiração pela história e cultura do Egipto, chegando mesmo a substituir o idioma, inicialmente escolhido (inglês), pela segunda língua oficial dos convidados, o Francês. Numa referência ao tema dos oceanos e à importância da visão marítima, como elemento de grande importância na visão estraté-
gica de Portugal, fez questão de marcar a fortíssima ligação que o mar tem com a nossa história e com os portugueses. Foi ainda focada a reconversão urbana na zona e o sucesso do Projecto da “Cidade Imaginada”. O discurso terminou com o acto simbólico da entrega, em mãos, da obra de Luís Adão da Fonseca, “Vasco da Gama – o Homem, A Viagem, A Época”. Thaer Khalifa abriu o discurso com for tes elogios a Por tugal e aos Por tugueses. “Nestes dias em que estive em Por tugal conheci instituições maravilhosas e pessoas extremamente interessantes”, adiantando que a cooperação entre os dois países ficou mais for talecida. Considerando que a EXPO‘98 deixou uma “grande marca”, deixou uma nota, com algum humor, dizendo que, “se os chineses costumam utilizar a expressão de um salto em frente, Por tugal
A épica Bibliotheca de Alexandria e a nova Alexandrina
A
Bibliotheca de Alexandria desapareceu há mais de 1600 anos e era considerada, durante a sua existência, como a “Pérola do Mediterrâneo”, tendo conseguido reunir cerca de 700 mil pergaminhos. Serviu grandepartedacomunidade intelectual e de investigação científica. Algumas das mais importantesinvenções ligadas à astronomia, música, entre outras, nasceram naquela instituição. As invasões estrangeiras e as lutas internas levaram a que toda a biblioteca fosse parcialmente perdida. Intemporal pela sua história, deixou marcos e histórias que ainda hoje são uma referência à cultura europeia e do mundo. Em 16 de Outubro de 2002, o Presidente da República Arábica do Egipto inaugura a Bibliotheca Alexandrina, inspirada na mais
famosa biblioteca de sempre. É erguida, também ela, com base na informação e pesquisa, com o objectivo da disseminação do conhecimento pelo Mundo. A ideia desta construção surge na década de 80, com o apoio da UNESCO e de outros países de cultura árabe que contribuíram para que fosse possível a criação de um futuro importante centro científico e cultural de alcance mundial.
No passado dia 15 de Maio, teve lugar uma cerimónia que simbolizou a entrega das edições publicadas, na altura da Expo’98, à emblemática Bibliotheca Alexandrina. O presidente da Parque Expo, Bracinha Vieira, entregou os livros e apertou a mão a Taher Khalifa, embaixador da biblioteca, num momento marcado pela difusão da cultura portuguesa.
deu um duplo salto em frente”. Num tom mais sério, referiu, ainda, que as exposições, feiras do livro e outras actividades deste tipo são vastas no nosso país e de
impor tância extrema para o desenvolvimento da nossa comunidade. No fim, deixou o convite aber to, dizendo que este convite foi feito porque a “Bibliotheca
Alexandrina, no fundo, é de todos.”
LOCAL | NP |11
O
m ais f amo so bacal hoei ro po rtu guês “Creou la” regressa ao Parque passados 5 anos da exposição. Os seus 67 metros de comprimento e quatro mastros estarão atracados na Marina de 1 a 9 de Junho com visitas gratuitas entre as 10h e as 12h e entre as 14h e as 19h. Este imponente veleiro foi uma das grandes sensações durante a exposição pelo valor simbólico e beleza que tão emblematicamente o caracterizam. Mas o seu valor vai muito além da virtude da beleza. O Creoula tem tido uma actividade notável e uma missão didáctica e científica com grande alcance entre todos os amantes do mar e da vela. Jovens, alunos da Escola Náutica Infante D. Henrique e de outras escolas náuticas embarcam em percursos que podem ter a duração de dois dias, pela costa portuguesa, ou de um mês em viagens oceânicas. Apesar desta embarcação ter navegado pelo Atlântico Norte pela última vez com verdadeiros marinheiros portugueses na década de 70 o espírito de navegação portuguesa continua a ser vivido, contagiando um grande número de adeptos da vela. Bem ao lado da Marina já é possível experimentar, também, uma passagem pelo molhe norte que serviu durante a Expo como quebra-mar flutuante para a protecção e segurança das embarcações que participaram na Exibição Náutica. Este novo molhe permite um acesso ainda mais próximo ao espelho de água com um amplo percurso pedonal. 659 passos pelo rio acima foi o mote que inaugurou mais uma alternativa de passeio pela zona mais ribeirinha do Parque das Nações.
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Nossa Senhora dos Filipe Esménio
om a chegada de pessoas ao Parque chega também a fé dos homens e a comunidade organizou-se em torno de uma Paróquia jovem de idade mas muito ambiciosa nos objectivos. Organizaram-se os paroquianos e adquiriram provisoriamente uma «loja» transformada em Igreja, na zona Norte, no Terreiro dos Corvos.
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A paróquia O Pároco é o Padre José Reis, de Moscavide e começam a ser muitas as actividades desenvolvidas para além do culto. Catequese, aulas de música, piano, guitarra e canto, «encontros» sobre diferentes temas de interesse cultural e local, a Corrida do Oriente, Arraial, Noite de Fados entre muitas outras coisas que sustentam o corpo de uma comunidade que cresce e que respira energia. Para o Padre José Reis, «Segundo o Cardeal Patriarca, achamos que é pena estar a separar a paróquia e existem divisões naturais que vamos respeitar. Desta forma pensamos que a curto prazo vai ser criada a paróquia única de nossa Senhora dos Navegantes ou do Oriente como lhe quiserem chamar. Temos de respeitar as fronteiras naturais» Desta forma e confirmandose esta intenção, a Igreja dá um claro sinal de unidade num terreno que politica e administrativamente se encontra dividido em três freguesias e dois concelhos como é sabido. Mas as fronteiras naturais, essas, estão bem evidentes. Relativamente à futura Igreja explica; «O que está em discussão neste momento é a negociação do terreno para a edificação da Igreja da paróquia com a Administração da Parque Expo. Na anterior administração o terreno era-nos proposto por 35 mil contos, mas não se chegou a assinar o contrato de promessa de compra e venda. Agora pedem-nos um
pouco mais, cerca de 52 mil contos. Sabemos que é barato para o local mas nós temos mesmo pouco dinheiro. João Meneses, membro da comissão executiva da Paróquia de Nossa Senhora dos Navegantes explica, «Inicialmente o terreno tinha um valor de 35 mil contos com uma área edificável de 3 000 m. Neste caso ao contrário do mais comum calculou-se o terreno com base na área edificável. A Parque Expo com a nova administração propôs-nos a edificabilidade de 3 700 m2 sugerindo a vinda para cá dos Escuteiros Marítimos e a sua unidade e por esse acréscimo revê-se o preço de 35 para 52 mil contos. A Igreja manteria o encargo e os escuteiros suportariam o diferencial. A ideia não estaria errada de todo uma vez que se tratam de escuteiros católicos e pareceria fazer todo o sentido no desenvolvimento das sinergias. Mas na perspectiva dos escuteiros como na nossa perspectiva, com base em pareceres técnicos desenvolvidos por arquitectos, chegou-se à conclusão que a área de 700 metros quadrados não era suficiente para a sede dos escuteiros até por problemas logísticos que têm a ver com os barcos. Obrigava a um sistema de caves complexa e o acesso do rio ao edifício não seria o mais fácil. Desta análise colocámos a questão à Parque EXPO e actualmente está em discussão» O Padre Reis afirma ainda «A actual igreja (loja) encontra-se a ser paga. Já temos cerca de 100 crianças na catequese. A igreja actual tem capacidade para cerca de 80 pessoas e nós temos cerca de 120 pessoas nas cerimónias. Quando está mau tempo é terrível».
As negociações Segundo Diogo Pimentel, Gabinete de acessória ao patriarca Gabinete das Novas Igrejas «As negociações têm condições para chegar ao fim. Gostaríamos que esta obra fosse não só num acto de rotina mas num acto significante para a comunidade. Tem sido investido muito entusiasmo neste projecto pela comunida-
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Navegantes Ao ritmo das obras, o Parque cresce comunitariamente. O terreno ganha forma e identidade e a Paróquia organiza-se, cresce e desmultiplica-se tendo como objectivo a edificação de uma Igreja que seja uma referência do século XXI dando corpo à identidade católica. de o que muito nos agrada. Gostaríamos que fosse um edifício de referência e que contribuísse para fazer pensar a arquitectura religiosa.» João Meneses afirma «que o Patriarcado resolveu pegar no processo auxiliando, nesta fase, na negociação com a Parque EXPO. É uma excepção no que costuma acontecer pois normalmente é a comunidade que desenvolve estes esforços mas também é verdade que a autarquia costuma vender os terrenos a valores simbólicos ou mesmo oferecer devido ao valor social das obras. Esta situação tem contornos especiais. Temos o encargo desta loja, cerca de 500 contos por mês. O Senhor D. Tomás que é o responsável por novas igrejas e mesmo o Senhor D. José, vão tentar negociar da melhor forma com a Parque Expo. Importa salientar que há uma clara predisposição da Parque Expo para levar a bom porto a situação. A Expo não é força de bloqueio nem nada que se pareça, pelo contrário.»
A obra João Meneses informa que «já tivemos a uma ou duas semanas de assinar o contrato de promessa de compra e venda do terreno. A razão pela qual isso não aconteceu foi porque se falava na altura da possibilidade de fazer uma catedral pelo que não se justificava fazer duas Igrejas num tão curto espaço. Nessa altura ocorreram as eleições legislativas e a alteração de administração da Parque Expo. Agora recuperámos o ponto de situação. Para a escolha dos arquitectos
fizemos um protocolo com a Ordem dos Arquitectos que nos ajudaria no lançamento do concurso público. Não quer dizer que agora os moldes sejam exactamente os mesmos, mas a ideia era esta. Concurso com equipas mistas, para arquitectos e artistas plásticos, porque a Igreja não se esgota na parte arquitectónica. Numa primeira fase haveria um concurso público aberto a toda gente na tal condição das equipas mistas, deste concurso seleccionam-se três candidatos. Na segunda fase, a estes três projectos acrescentavamse três arquitectos escolhidos para o concurso que seriam Gonçalo Byrne, Siza Vieira e Manuel Vicente. Destes seis projectos sairia o projecto vencedor». Procura-se desta forma «que os grandes arquitectos que não vão a concursos estejam presentes, e assim conseguimos projectos de grandes arquitectos e ao mesmo tempo dar oportunidade aos jovens arquitectos». A ideia é ainda «sem pretensiosismo, de lançar a base para um movimento na linha da renovação estética do espaço religioso. A Ordem dos Arquitectos predispôs-se graciosamente a colaborar connosco no elaborar do concurso. Na altura a ideia da catedral e as alterações políticas congelaram o processo. Um ano e meio depois estamos preparados para a evolução.»
Dinheiros O BCP, tinha demonstrado interesse em colaborar patrocinando parcialmente o pro-
jecto, «mas é um capítulo que não está ainda muito desenvolvido, temos estado preocupados com os encargos da actual igreja, mas a Corrida do Oriente, o Arraial, a Noite de Fados foram algumas das medidas que temos realizado para angariar verbas». Segundo este responsável da comissão executiva «uma Igreja custa cerca de um mi-
lhão de contos, cerca de 60% é subsidiado pelo FEDER, o que obriga que a Paróquia arranje cerca de 400 mil contos. Teremos de arranjar formas de lá chegar».
Mais e mais coisas e pessoas «A Igreja tem de se tornar conhecida por todos os moradores do Parque, nome-
adamente os da zona Sul que demonstram algum desconhecimento. Se desenvolvemos uma série de actividades como aulas de música, catequese, os encontros, a Corrida do Oriente, o Arraial, necessitamos de ir de encontro às pessoas. Vamos agora lançar um CD com originais, de boa qualidade, são algumas músicas
da Igreja, um Hino para a Corrida e outras músicas que têm o objectivo de angariar mais verbas para a Igreja. Estará à venda a partir de Junho. Em todas as acções procuramos ser o mais leigos e ecuménicos possível, queremos que toda a comunidade adira e que não se cinja aos católicos.
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AUTO-RETRATO
Nasci há 53 anos em Angola, onde casei e me licenciei em engenharia civil, na especialidade de planeamento e transportes. Ao longo dos anos complementei a minha formação académica através de pequenos cursos específicos e de uma pós-graduação em gestão. Trabalhei ligado ao ensino superior, à construção e obras públicas, 2 vezes em gabinetes do governo há mais de 25 anos, como secretário geral de uma associação patronal, num grupo alemão e numa multinacional holandesa. Tenho agora uma empresa fornecedora de equipamentos, serviços e consumíveis para a indústria gráfica. A água é o meu elemento. Há 28 anos tive a sorte de casar com uma mulher que com sabedoria oriental e habilidade feminina, me ensinou acerca da relativização e da importância das coisas. Tem sido a minha metade no verdadeiro sentido da expressão e de um apoio fundamental. Vivemos em Lisboa desde 1975 e na Expo desde 1999. Em África, vivi num grande País o espírito e os desafios dos países novos. Cresci num país tropical entre pessoas bem dispostas, com o gosto da vida e o ritmo no sangue. As lembranças das paisagens pacíficas e sem limites ao longo do Caminho de Ferro de Benguela e as dos sons do amanhecer selvagem na Gorongosa em Moçambique, estruturam solidamente o meu quotidiano. A minha família conservadora, católica e divertida, proporcionou-me uma perspectiva equilibrada da vida e ajudou-me a encontrar uma ambição bem doseada. Na Europa é tudo mais difícil. A iniciativa e as apostas de risco são olhadas com desconfiança.
Os esforços parecem ser a dobrar e a manutenção de um espírito positivo implica mais imaginação. Talvez por isso as realizações conseguidas e as pequenas vitórias sejam mais apreciadas. Felizmente, é com grande facilidade que consigo tirar partido do que a vida me tem oferecido tanto nos bons momentos como nos mais difíceis. A vida profissional obrigou-me a viajar por quase todo o Mundo e a negociar com pessoas de culturas e hábitos muito diferentes, por vezes mesmo com princípios e costumes surpreendentes. O facto de gostar particularmente de me relacionar com outros, facilitou a responsabilidade dessas funções e deu-me imenso prazer. Hoje tenho amigos um pouco por todo o lado. Em complemento aos afazeres profissionais, sou desde sempre um praticante de desporto. Comecei pela ginástica de competição enquanto adolescente e fui experimentando variadíssimas práticas desportivas, algumas com componente radical. São exemplo disso o ski com pés nus na água, a asa delta ou o snowboard de helicóptero para os lados do Alasca. Ficam pelo meio, o golfe e o ténis, as motas tt e os karts, o ski aquático e o wakeboarding. Quando posso, continuo a fazer snowboard e windsurf, sendo este último o meu desporto preferido. Sou patrão de costa e pratico vela de cruzeiro em Lisboa e na costa marítima. Sou tambem piloto de aviões e vôo em monomotores alugados quando possivel. Sob uma outra perspectiva de acção e de vida, sou autarca eleito pelo CDS-PP na Assembleia de Freguesia de Santa Maria dos Olivais, freguesia esta que integra a zona do
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FACES PARQUEPESSOAS Parque das Nações. Com grande prazer, desde 1998 dedico uma importante parte da minha disponibilidade às funções de Presidente do Ginásio Clube Português. Clube desportivo eclético com mais de 12.000 sócios e perto de 50 modalidades, é um dos mais antigos do Mundo e distinguido ao mais alto nível pelo Comité Olímpico Internacional. Sou também um dos membros fundadores de uma associação particular de solidariedade social de apoio a crianças sem abrigo. Em resumo, sinto a vida como um privilégio que aproveito ao máximo. Não sou optimista, defendo a prevenção e gosto de me divertir com algum medo e adrenalina à mistura. Tenho a vida de Cristo como referência essencial.
COMO É QUE CONSTRUIRIA UMA CIDADE As pessoas fazem parte de famílias que se associam em grupos e que se organizam segundo interesses comuns ou tendências. A cidade é um sistema complexo onde todos estes aspectos devem ser considerados por quem a dirige e coordena. Tanto no que se refere ao respeito pelo indivíduo como ao da colectividade. A luta por interesses diferentes é um direito que deve ser estimulado. Concordar com este princípio é simples, ter real consciência de todo o seu significado e actuar de acordo, não o é. É precisamente na cidade que este processo se revela mais difícil. É na complexidade do sistema urbano que os problemas pessoais vêm à tona e, por vezes, se confundem as prioridades. É também na complexidade do sistema
Por: António Rosinha
urbano que tantas vezes, interesses economico-financeiros de conjuntura se sobrepõem e esmagam os direitos dos cidadãos. Penso que o desenvolvimento de uma cidade deve ter em conta duas facetas principais da personalidade humana.A maioria dos indivíduos agrega-se em torno da família e do grupo, havendo uma parte minoritária que é feliz no isolamento. As facilidades, os serviços colectivos e a economia de meios devem estar ao serviço de todos, com o cuidado de não privilegiar esta minoria em detrimento daquela maioria. Quero com isto dizer que a colaborar na construção de uma cidade ou no seu desenvolvimento, eu daria sempre a maior atenção em primeiro lugar à família. Acho que a felicidade do indivíduo, fundamental ao desenvolvimento de todos os seus potenciais, está intrinsicamente ligada à harmo-
nia e à facilidade com que se relaciona com os seus. De entre as cidades que conheço, umas mais cosmopolitas como Nova Iorque, Londres, Tóquio ou Paris, outras mais acolhedoras como o Lobito, Tomar ou Boxmeer, ou ainda de entre as geográficamente notáveis, como Lisboa, Rio de Janeiro, Cidade do Cabo, Hong Kong e Vancouver, eu elejo como cidade mais próxima do meu ideal a notabilíssima cidade de Vancouver.
O LUGAR FAVORITO NO PARQUE Os Jardins da Água e a casa onde vivo.
O QUE DESENHAVA NO PARQUE
Uma rede viária fácil e um sis-
tema de transportes funcional que evitassem a situação ridícula de termos de ir ao Centro Comercial das Amoreiras num aperto de pressa em dias de fim-de-semana. Não me parece que isso fosse tarefa impossível.
de mais betão e mais aventuras arquitectónicas… Tomara que nos tornemos todos mais conscientes dos nossos deveres colectivos, na promoção da felicidade e do bem estar dos outros.
O QUE APAGAVA NO PARQUE
UMA HISTÓRIA PARA CONTAR0
O tempo de presidência do Dr.Mega Ferreira, lamento dizêlo. Confundiu urbanismo com arquitecturas, desprezou direitos dos cidadãos e foi responsável pela destruição do único projecto urbanístico de grande dimensão e qualidade em Portugal dos últimos 60 anos. Por enquanto restam-nos de bom algumas arquitecturas, os jardins sobrantes e as vistas. Ficam pelo caminho a qualidade urbanística de excepção, uma escola, uma igreja, uma marina, etc. Temos a promessa
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Há cerca de 15 anos visitei uma fábrica de equipamentos pesados no Japão. Após cerca de 2 horas por estrada a partir de Tóquio, chegámos a umas instalações primorosamente limpas, cercadas por jardins impecavelmente tratados e fomos recebidos cordialmente por 3 homens vestidos de igual com um fato de macaco azul claro e chinelos de cor creme. Na altura em que me descalçava à entrada para calçar um par dos tais chinelos, próprios para circular no interior das instalações fabris, fui informado por um amigo japonês que me
acompanhava que aqueles 3 indivíduos eram, o recepcionista e os 2 intervenientes que contactariam com os visitantes. Um era mecânico de robots, na altura uma forte novidade tecnológica e o outro era o próprio director da fábrica. Quando mais tarde este nos explicava a organização e funcionamento daquela moderníssima unidade fabril, com poucos trabalhadores, quase asséptica e silenciosa, ainda algo admirado pelo director da fábrica se confundir com o recepcionista, mais admirado fiquei por ele falar japonês, a espaços traduzido para inglês por um colega ao seu lado, também vestido de igual. Pelo facto deste senhor não falar inglês, comentei então com o tal japonês meu amigo, “como era possivel que um homem daquela importância, director de uma fábrica de relevo mundial, não falasse línguas.” Esse meu amigo disse-me então enfaticamente, “não fala línguas?, pelo contrário é um poliglota de excepção, como poucos. Além da língua japonesa que usa os mais de mil caracteres chineses, fala e escreve coreano e ainda tailandês, que tem por sua vez, caracteres completamente diferentes daquelas outras línguas.” A consciência imediata da pequena dimensão da minha focalização foi uma das lições de humildade que tive no Oriente. Por estas e outras, tenho-me forçado ao respeito pelas diferenças antes mesmo de as compreender.
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18 | NP | REPORTAGEM
A publicidade
mora ao lado
Têm sede no Parque duas agências de publicidade que são um orgulho: a BBDO e a Euro RSCG. Senão vejamos, segundo a Advertising Age: A BBDO é 3ª e a Euro RSCG 5ª no ranking mundial, a BBDO está em 75 países e a Euro RSCG em 76, e tudo somado em dólares, a primeira facturou 1.100 milhões e a segunda 969 milhões. Quanto a números são um orgulho mas parecem iguais. Tão iguais que os telefones para Portugal diferem apenas num dígito, que para a BBDO é 5 e para a Euro RSCG é 6. Ou seja, segundo os números, distinguem-se tão bem como os elefantes africano e asiático. Quanto ao resto, não podiam ser mais diferentes. A BBDO é americana e a Euro RSCG francesa e, em Portugal, ao leme da BBDO está João Wengorovius e ao da Euro RSCG Ricardo Monteiro. Através de perguntas idênticas a ambos, o mais interessante (logo a seguir à facturação em dólares) é descobrir as diferenças de opinião sobre as agências, sobre si próprios e sobre a publicidade. Mas uma coisa é certa: são homens em quem se pode confiar, pois sabem ambos que os glutões são agentes tira-nódoas do Presto e não do Skip.
J. Wengorovius
EURO RSCG
REPORTAGEM | NP |19
A AGÊNCIA COMO SE PROCE SSA O T RABAL HO DA AGÊNCIA, DESDE O PRIMEIRO CONTACTO DO CLIENTE ATÉ AO RESULTADO FINAL? A Agência ganha a totalidade das suas
contas (com excepção para as contas internacionais) em concursos, como é hábito no mercado português. Assim, o primeiro contacto é quase sempre num ambiente de “brief ” público. Na eventualidade de a conta nos ser atribuída, o “team” envolvido no concurso passa a gerir a conta internamente. Este grupo de trabalho é sempre constituído por uma dupla criativa, um Director de Conta e um Executivo de Conta e um planeador. Cada um destes profissionais reporta ao Director respectivo que supervisona internamente o desenrolar dos trabalhos. Os Departamentos de produção gráfica e audio visual, por sua vez, asseguram a execução final, sempre sob a direcção do Departamento Criativo. A EuroRSCG, no entanto, tem uma especificidade particular: apresenta-se sempre ao cliente oferecendo os serviços especializados de pelo menos quatro empresas especializadas , a EuroRSCG MRT (Publicidade) a EuroRSCG DESIGN, a EuroRSCG CYBERLAB (webvertising, webpromotion, web based marketing) e a HPPThe Sales Machine (Marketing Directo, Data base management/mining). Também nestas, o processo é idêntico, com ligeiras diferenças respeitantes à natureza de cada negócio. A coordena-
BBDO
uma simplificação: O cliente fornece um Brief à Agência. Essa informação é analisada e discutida e enquadrada no conhecimento já existente acerca do grupo-alvo, dessa categoria de produtos, dessa marca em concreto e dos seus concorrentes. São feitas opções e recomendações. É escrito um Brief interno que é transmitido ao Tráfego e ao Grupo Criativo. A campanha é desenvolvida, apresentada internamente e ao Cliente. Após aprovação, é orçamentada e produzida. A produção tem várias etapas e aprovações intermédias. Uma vez finalizado o trabalho é entregue aos Meios de Comunicação que se encarregam de o veicular.
QUAL A CAMPANHA QUE DEU MAIOR VISIBILIDADE À AGÊNCIA NOS ÚLTIMOS ANOS?
A AGÊNCIA COMO SE PROCE SSA O T RABAL HO DA AGÊNCIA, DESDE O PRIMEIRO CONTACTO DO CLIENTE ATÉ AO RESULTADO FINAL? Nenhum processo é igual. Isto é apenas
Felizmente não há só uma mas várias. Alguns exemplos: Prevenção Rodoviária Portuguesa – Quanto mais depressa, mais devagar. Clix - Fazer Clix custa Nix. Nissan Micra – Ninguém gosta tanto do seu carro como um dono de um Micra. Quase todas as campanhas da Optimus. BES – Falaste como o teu Banco? Nâo falei com o teu. Bimbo – Tem espinhas!. Guaraná Antártica – Será do guaraná? Jumbo - “Mãe”.
ção entre empresas é deixada àquela que liderou o processo de concurso.
QUAL A CAMPANHA QUE DEU MAIOR VISIBILIDADE À AGÊNCIA NOS ÚLTIMOS ANOS? É difícil responder a esta pergunta pois a Agência trabalha para cinco dos dez maiores anunciantes do País. Mas responderia algumas campanhas da TMN, a campanha “em casa deixe o telemóvel na rua” da PT, algumas campanhas do Continente, a campanha Adagio, e que me perdoem os que deixo de fora mas precisaria de uma página inteira para os mencionar.
O PUBLICITÁRIO
seja perfeitamente consciente.
É MAIS IMPORTANTE SER OU PARE CE R? É N E CE SSÁRI O CON SU MIR PARA SER, PARA TER UMA IDENTIDADE PRÓPRIA? Somos definidos por uma multiplicidade de factores. O que “parecemos” decorre do que “somos”. E se queremos parecer diferentes ou queremos enganar ou não gostamos do que somos. Mas inevitavelmente, o que somos virá sempre à superficie. Por isso não creio que o consumo reflita mais do que a nossa personalidade, consoante as pressões e desejos a que estiver sujeita no momento.
AS SUAS AT I T UDE E COMPORT A MENTOS SÃO INFLUENCIADOS PELA PUBLICIDADE?
”Enquanto indivíduo particular, tenho uma paixão pela paisagem e nunca vi uma que fosse melhorada por um cartaz. Num local onde todos os elementos agradam, o homem está ao seu pior nível quando colo ca um cartaz. Quando me reformar da indústria publicitária, vou criar uma socie dade secreta de vigilantes mascarados que viajarão pelo mundo em motocicletas silenciosas, arrancando cartazes sob a luz da lua” (David Ogilvy em “Confissões de um homem da publicidade”).
Como as de toda a gente. O que não significa que cada escolha que faço não
O QUE VAI FAZER QUANDO SE
SE TIVESSE DE ESCOLHER UMA CAMPANHA, QUAL SERIA? A que mais vendesse…
E UM SLOGAN? “Falar assim….”
O PUBLICITÁRIO SE TIVESSE DE ESCOLHER UMA CAMPANHA, QUAL SERIA? Sinto-me particularmente orgulhoso da campanha da Prevenção Rodoviária Portuguesa.
E UM SLOGAN? Quem sabe sabe, e o BES sabe.
AS SUAS AT I T UDE E COMPORT A MENTOS SÃO INFLUENCIADOS PELA PUBLICIDADE? Não há ninguém imune a isso, mesmo que o negue.
É MAIS IMPORTANTE SER OU PARE CE R? É N E CE SSÁRI O CON SU MIR PARA SER, PARA TER UMA IDENTIDADE PRÓPRIA? As marcas são redes de associações em torno de um produto ou um nome. Algumas marcas possuem uma forte carga de simbolismo, estão carregadas de significados. Como tal, são uma espécie de linguagem indirecta para dizermos aos outros que tipo de pessoa somos ou em que estado de espírito nos encontramos. As opções que fazemos ao escolher determinada marca
em vez de outra são em muitos casos influenciadas pela sua capacidade de veicular ao mundo à nossa volta a imagem que temos de nós próprios. Mas nem sempre é para mostrar aos outros. Quando compro uma gravata de marca o seu logotipo vem escondido no verso. Não é algo que eu vá mostrar deliberadamente a ninguém. No entanto, eu sei que é de marca. E que essa marca personifica muito daquilo em que me revejo. E andar com ela dáme satisfação. ”Enquanto indivíduo particular, tenho uma paixão pela paisagem e nunca vi uma que fosse melhorada por um cartaz. Num local onde todos os elementos agradam, o homem está ao seu pior nível quando colo ca um cartaz. Quando me reformar da indústria publicitária, vou criar uma socie dade secreta de vigilantes mascarados que viajarão pelo mundo em motocicletas silenciosas, arrancando cartazes sob a luz da lua” (David Ogilvy em “Confissões de um homem da publicidade”).
O QUE VAI FAZER QUANDO SE REFORMAR? As marcas para sobreviverem precisam de ser reconhecidas, vistas, lembradas. Isso põe uma pressão extraordinária
20 | NP | REPORTAGEM
OS GLUTÕES [AGENTES TIRANÓDOAS DO SKIP] EXISTEM? Tenho que o corrigir: os glutões são ou eram agentes tira-nódoas do PRESTO um detergente que suponho que já não existe. E de facto eram reais : tratava-se de enzimas com apetite particular para as nódoas de origem proteica que eram incluídas no pó do detergente. Altamente eficazes na remoção de nódoas como sangue, ovo e gordura animal. Os publicitários apenas lhe deram a forma gráfica e o nome. E um grande nome sem o qual o Presto não teria sido o enorme êxito que foi. Eis aqui um exemplo do extraordinário valor da publicidade….
A PUBLICIDADE A PUBLICIDADE É UMA ARTE, UMA CI Ê N CI A OU UMA T É CN I CA? E M QUE CONSISTE? REFORMAR? Vou ser finalmente feliz, rodeado de (muitos) netos e netas, sem preocupações de data e hora, com a minha mulher e os meus livros. Se possível longe de televisões, rádios e cartazes….
É uma arte porque necessita talento, uma ciência porque necessita investigação e uma técnica porque tem regras destinadas a obter objectivos determinados. E consiste em ajudar na construção de marcas, com personalidade própria que as levem a ser preferidas sobre todas as outras que lhe são
Por vezes também eu me sinto saturado com o excesso de mensagens publicitárias. Não sei se isso se deve apenas à quantidade ou ao facto de que grande parte delas não respeita a minha inteligência, não me surpreende, não me faz rir, não me fornece nenhuma informação relevante, não me recompensa pelo tempo perdido a olhar para elas. Mas fazer disso uma causa não está nos meus planos. O que vou fazer quando me reformar? Provavelmente não será nada relacionado com esta actividade. Vou antes dedicar-me a aprender coisas que não tive tempo de aprender.
OS GLUTÕES [AGENTES TIRANÓDOAS DO SKIP] EXISTEM?
nos seus promotores para garantir visibilidade. O resultado é uma ocupação predadora da paisagem, do espaço público. Há quem veja isto como uma intromissão permanente na nossa esfera pessoal, na rua, em casa, no trabalho, no lazer. Daí o desabafo de David Ogilvy.
Se bem me lembro os glutões são do Presto e não do Skip. E eles existem na nossa imaginação. São uma metáfora para explicar uma coisa complicada. Como tantas outras coisas na publicidade.
A PUBLICIDADE A PUBLICIDADE É UMA ARTE, UMA CIÊNCIA OU UMA TÉCNICA? EM
semelhantes em todas as circunstâncias e momentos.
O QUE É UMA BOA CAMPAN HA DE PUBLICIDADE? A que produz os efeitos desejados para o cliente…
”O CORAÇÃO E SCOL HE , A RAZÃO JUSTIFICA”. CONCORDA? A PUBLI CI DADE DI RI GE - SE AO CORAÇÃO OU À RAZÃO DO CON SUMI DOR? É UMA LINGUAGEM DE SEDUÇÃO OU DE INFORMAÇÃO? Concordo. E a publicidade ocupa-se primariamente do coração. As emoções são o elo mais forte de qualquer relação. Mas a informação, se relevante, é a pedra sobre a qual assenta qualquer publicidade bem sucedida, tal como qualquer relação tem que ter base na verdade. Uma boa publicidade a um mau produto apenas fará com que ele falhe mais rapidamente, como diria Bernbach…
”AS EMPRESAS FABRICAM PRO DUT OS, OS CON SUMI DORE S COM PRAM MARCAS.” (NO LOGO, O PODER DAS MARCAS, NAOMI KLEIN). COMENTE. É verdade. Independentemente de não
QUE CONSISTE? Os anunciantes gostavam que fosse uma ciência, alguns publicitários gostavam que fosse uma arte. A Publicidade será sempre um misto de experiência acumulada e de intuição. Tem qualquer coisa de “científico” e muito de “alquimía” e por isso é tão fascinante.
O QUE É UMA BOA CAMPANHA DE PUBLICIDADE? A resposta a esta pergunta dava um capítulo inteiro num livro sobre publicidade. É boa se atingir os objectivos pré-determinados. Os objectivos têm que ter em conta o que a publicidade pode fazer e a forma como ela funciona. E ela funciona das mais variadas maneiras. Pode ter um efeito imediato, mas funciona sobretudo de forma cumulativa, reforçando a notoriedade de uma marca, construindo a sua reputação. Regra geral, para funcionar tem de ser vista e recordada, tem de ser correctamente descodificada e tem que levar a algo. Tem que ser capaz de influenciar o que as pessoas conhecem acerca de uma marca, o que sentem ou pensam acerca dela e por vezes, o que fazem com ela. As melhores campanhas surpreendem-
profilhar a visão conspiratória de Naomi Klein (que entretanto enriqueceu com o seu famoso livro!). É verdade que os consumidores se relacionam com marcas. “Que carro tens?” é uma pregunta à qual não se responde dizendo “tenho um familiar de quatro cilindros, cento e vinte cavalos, com ABS e controle de tração e 215 Nm de binário às duas mil rotações”. Responde-se simplesmente “tenho um BMW série 3”. E nessa afirmação está contida informação, postura, personalidade, estilo de vida, etc. É este o poder duma marca.
A PUBLICIDADE PROMETE SEMPRE MAI S DO QUE O PRODUT O PODE OFERECER? O exagero é uma das armas (legítimas) da publicidade. A mentira, pelo contrário, não o é. Mas as pessoas têm critérios.Não é preciso andarmos sempre preocupados com tudo e com todos por causa do papão da publicidade. Com muito poucas excepções, cada pessoa é perfeitamente capaz de discernir onde está a realidade. A publicidade falsa ou que faz “over-promise” é imediatamente desmascarada pelo consumidor que lhe volta imediatamente as costas.
nos, captam a nossa imaginação e ficam lá. São assunto de conversa e, de uma forma qualquer, aproximam-nos daquela marca.
”O CORAÇÃO ESCOLHE, A RAZÃO JUSTIFICA”. CONCORDA? A PUBLICIDADE DIRIGE-SE AO CORAÇÃO OU À RAZÃO DO CONSUMIDOR? É UMA LINGUAGEM DE SEDUÇÃO OU DE INFORMAÇÃO? É verdade que na maior parte das vezes “o coração escolhe, a razão justifica”. Se os produtos são cada vez mais iguais (e são), que argumentos da razão existem para levar as pessoas a optar por determinada marca? A solução está no layer de intangibilidade que as marcas adicionam aos produtos. Está na introdução de variáveis que não se medem, não se comparam com objectividade. Porque são do reino da emoção, da surpresa, da intuição, do simbolismo. São do reino da sedução e não da lógica.
”AS EMPRESAS FABRICAM PRODUTOS, OS CONSUMIDORES COM PRAM MARCAS.” (NO LOGO, O PODER DAS MARCAS, NAOMI KLEIN). COMENTE. A frase vem no livro da Naomi Klein
REPORTAGEM | NP |21
PUBLICIDADE? PORQUE É QUE SÓ RE T RAT A PE SSOAS FE L I ZE S, BON I T AS E BE M- SUCE DI DAS? AS “MI SÉ RI AS DA VI DA” SÃO T ABU EM PUBLICIDADE? Não faz sentido fazer publicidade se o que se tem para vender resulta em infelicidade, miséria ou fome. Mas há muita publicidade que retrata situações infelizes. Veja-se a campanha da Prevenção Rodoviária, inspirada de uma outra feita pela “Queen Elizabeth Foundation” onde uma vitima de talidomida faz um apelo a donativos para aquela fundação. A verdade é que dizer que a publicidade só mostra “beautiful people” é apenas mais um dos esteriótipos fáceis que se lhe aplica se não se quiser analisar mais profundamente.
AS MARCAS SÃO SENHAS DE ENTRADA PARA O MUNDO SOCI AL , AO ME SMO T E MPO QUE AJUDAM O CONSUMIDOR A SON HAR E A E ST RUT URAR A SUA IDENTIDADE? SEXUAL? QUAL O E ST E RE ÓT I PO MAI S UT I LIZADO EM PUBLICIDADE? A FAMÍLIA FELIZ, O SUCESSO PRO FISSIONAL OU O SUCESSO
mas não é dela. Surgiu quando se deu o triunfo do marketing sobre a fábrica e já não sei quem a disse. Ela é a constatação de que o valor acrescentado reside na marca, na simbologia, nos significados que transcendem o produto. Na verdade quando as pessoas compram uma marca elas estão a levar mais do que o produto e embora isso não seja tangível, é aí que reside grande parte do seu valor.
A PUBLICIDADE PROMETE SEMPRE MAIS DO QUE O PRODUTO PODE OFERECER? A publicidade que não respeita a verdade do produto (e da marca) não presta um bom serviço ao produto nem ao consumidor e a fraude é sempre descoberta e penalizada.
QUAL O ESTEREÓTIPO MAIS UTILIZADO EM PUBLICIDADE? A FAMÍLIA FELIZ, O SUCESSO PROFISSIONAL OU O SUCESSO SEXUAL? Cada vez estou mais convencido que a utilização de estereótipos na publicidade só a torna menos eficaz. Eles são de tal forma usados que já fizeram um percurso de 360º e agora só quando são parodiados é que têm efeito. É a
Todos! Dependendo das circunstâncias.
É UM MUNDO PERFEITO, O DA
publicidade do “é tão mau que é bom”. Um exemplo? “Ferrero Rocher: Ambrósio – Apetecia-me algo especial…”
É UM MUNDO PERFEITO, O DA PUBLICIDADE? PORQUE É QUE SÓ RETRATA PESSOAS FELIZES, BONITAS E BEM-SUCEDIDAS? AS “MISÉRIAS DA VIDA” SÃO TABU EM PUBLICIDADE? “Faça como estes miseráveis. Compre a marca “Desgraça” e partilhe a sarjeta onde eles vivem. Desgraça - Miséria garantida ou o seu dinheiro de volta”.
AS MARCAS SÃO SENHAS DE ENTRADA PARA O MUNDO SOCIAL, AO MESMO TEMPO QUE AJUDAM O CONSUMIDOR A SONHAR E A ESTRUTURAR A SUA IDENTIDADE? Todos navegamos entre o ser “alternativo” e encaixar no “mainstream” e as marcas são os instrumentos de navegação que usamos nessa viagem. Todos sentimos necessidade de continuamente procurar elementos que reforcem a nossa identidade, a nossa diferença, a nossa individualidade. Mas também não desistimos da busca de um sentimento de pertença, de
Sim. Mas resultam de escolha própria e do livre arbítrio de cada um.
A PUBLICIDADE PODE FUNCIO NAR COMO DIAGNÓSTICO PSI -
conformidade com os códigos de determinado grupo. Essas formas de afirmação passam hoje pelas marcas e muito menos pela profissão, o bairro onde vivemos ou a classe social onde nascemos.
A PUBLICIDADE PODE FUNCIONAR COMO DIAGNÓSTICO PSICOSOCIAL DE UMA ÉPOCA, OU SEJA, COMO RETRATO DOS VALORES, COMPORTAMENTOS E DESEJOS DE UMA ÉPOCA? ATÉ QUE PONTO INFLUENCIA ESSE PERFIL PSICOSOCIAL? A publicidade alimenta-se do enquadramento socio-cultural onde se insere. A sua capacidade de directamente influenciar esse sistema é menor do que se pensa.
DAS 100 MAIORES ECONOMIAS DO MUNDO (DADOS DE 2001), 51 SÃO MULTINACIONAIS E APENAS 49 SÃO PAÍSES. AS CORPORAÇÕES TORNARAM-SE ORGANISMOS POLÍTICOS INFLUENTES MAS SEM ÉTICA: AO MESMO TEMPO QUE IMPÕE A GLOBALIZAÇÃO DA CULTURA OCIDENTAL, IMPÕE CONDIÇÕES DE TRABALHO DESUMANAS E DANOS ECOLÓGICOS
COSOCIAL DE UMA ÉPOCA, OU SEJA, COMO RETRATO DOS VALORES, COMPORTAMENTOS E DESEJOS DE UMA ÉPOCA? ATÉ QUE PONTO INFLUENCIA ESSE PERFIL PSICOSOCIAL? Claro. A publicidade apenas devolve à sociedade, de forma ampliada, o que recebe dela. Se a sociedade demonstra um desejo de mobilidade, toca de vender telemóveis, viagens à Tailândia, etc. Se o medo do terrorismo nos faz ficar em casa, aí estarão as férias no Algarve. Só que a publicidade é o último elo dessa cadeia. O primeiro somos nós, como pessoas individuais num primeiro momento, como seres sociais depois. A publicidade reflecte-nos e nela se reflecte a sociedade.
DAS 100 MAIORES ECONOMIAS DO MUNDO (DADOS DE 2001), 51 SÃO MUL T I N ACI ON AI S E APE N AS 49 SÃO PAÍ SE S. A S CORPO RAÇÕES TORNARAM-SE ORGA N I SMOS POL Í T I COS I N FL UE N T E S MAS SEM ÉTICA: AO MESMO TEMPO QUE IMPÕE A GLOBALI ZAÇÃO DA CUL T URA OCI DE N T AL , IMPÕE CONDIÇÕES DE TRABA LHO DESUMANAS E DANOS ECO -
NOS PAÍ S E S E M D E S E N V O L V I MENTO. A PUBLICIDADE É UTILI ZADA PELO SISTEMA ECONÓMICO PARA DISFARÇAR A SUA EVENTUAL FALTA DE ÉTICA? QUAL A IMPORTÂNCIA DA PUBLICIDADE PARA O SISTEMA CAPITALISTA (BASEADO NA LIVRE CONCO RRÊNCIA)? É inquestionável que o sistema capitalista aliado à globalização de quase tudo (tecnologia, capital, informação, cultura) conduziram-nos a uma situação onde algumas empresas tem uma grande influência na nossa vida. Basta pensar em Microsoft,Visa, ou Sony, por exemplo. Essa influência na maior parte das vezes é positiva. A publicidade é uma ferramenta da comunicação, que é uma ferramenta do marketing que é uma ferramenta do negócio. É absurdo questioná-la sem questionar o sistema. E o sistema é um sistema que assenta cada vez mais na existência de marcas e no reconhecimento que elas são crescentemente o asset mais valioso das empresas. Mas a existência de marcas é também um garante para o consumidor final que o dono da marca fará tudo
L ÓGI COS N OS PAÍ SE S E M DE SE N VO L VI M E N T O . A P UBL I C I D A DE É UT I L I ZADA PE L O SI ST E MA E CO NÓMICO PARA DISFARÇAR A SUA EVENTUAL FALTA DE ÉTICA? QUAL A IMPORTÂNCIA DA PUBL I CI DADE PARA O SI ST E MA CAPITALISTA (BASEADO NA LIVRE CONCORRÊNCIA)? A pergunta é preconceituosa e parece uma diatribe “à la Naomi Klein”. Como em tudo, há boas e más multinacionais. É verdade que algumas multinacionais impedem a distribuição gratuita de medicamentos antisida. Mas foram multinacionais que desenvolveram esses medicamentos e muitas há empenhadas em fazê-los chegar a quem necessita. É verdade que há multinacionais que contaminam e poluem o ambiente. E há multinacionais que desenvolvem sistemas de limpeza e recuperação que apenas os seus departamentos de pesquisa e desenvolvimento conseguem assegurar. Nenhuma actividade inerentemente imoral ou sem ética sobrevive séculos. Inevitavelmente chega ao seu fim. E a publicidade está para durar. Não porque mente, distorce e explora mas porque informa, envolve e traz progresso.
ao seu alcance para assegurar uma qualidade consistente dos seus produtos. Ele sabe que um problema detectado num dos seus produtos contamina imediatamente toda a reputação da marca. E a globalização acelera tudo isso. A verdade é que com marcas há mais responsabilização. Sem marcas os maus produtos não têm autor. E quanto mais não seja por isso, o consumidor tem mais a ganhar do que a perder com elas. Além disso, sem marcas a escolha tornar-se-ia um pesadelo. Hoje temos milhares de alternativas para a mesma coisa e necessitamos de instrumentos que facilitem o nosso diaa-dia. Ninguém tem tempo para comparar trinta tarifários diferentes de telemóveis, quarenta diferentes televisores e por aí fora. Quando confio numa marca a minha escolha está mais facilitada e menos stressante – sei que não vou ser defraudado quando a consumir. As marcas são uma das expressões mais visíveis do sistema capitalista. E a publicidade é tão mais importante para esse sistema quanto mais ela demonstre ser imprescindível para a construção das marcas.
Caged-uncaged 22 | NP | REFLEXOS
O
que parece é que para uma maioria é como se a vida fosse feita
a dois níveis We«re all stars to disappear or die, um aparente e um subterrâneo -, e a preocupação fosse suso aparente I should learn to look to an tentar empty (a)parecendo feliz e ligeiro -, ao mesmo tempo que se guardam medos e desejos num outro lugar mais subterrâneo. Não se trata de haver uma dissky tinção (necessária) entre espaço exterior e espaço interior; trata-se de viver de forma hiper-exteriorizada, ao mesmo tempo que se evitam “encontros” And feel its total darkness sub que apenas ocorrem no espaço interior da vida. É como se uma maioria vivesse como Barba Azul no seu castelo, procurando no aparente o disfarlime, ce e a asfixia do subterrâneo. No fundo, corresponde à procura de uma temperatura amena, de uma vida sem grandes sobressaltos ou compromissos. O que parece, também, é que nas franjas desta maioria, uma minoria se distingue por procurar viver integralmente a sua condição. E viver integralmente passa por não se deter no (desejado) aparente. Passa por ir mais além, num esforço que não é apenas um exercício descritivo do que temos de subterrâneo, mas um acto de elevação, de transfiguração do humano. Essa minoria, essa cadeia de “obstinados corredores”, que ao longo de gerações procura a pala-
vra mais justa, são os que, no verso de Rilke, morrerão sempre em algum lugar do inacabado. Ao ver a exposição de Bacon em Serralves, lembrei-me de dois títulos de livros que os seus quadros pareciam invocar: Um homem na sua noite (Julien Green) e O homem sem qualidades (Robert Musil). Talvez por Bacon pintar o homem refém (“caged”) de uma condição cruel. Um homem grotesco - um hominídeo - desejoso de poder, de sexo, de violência. Porque terá ele habitado no interior dessa angústia, dessa noite escura? Julgo que por ela corresponder a uma verdade (sua). E ao aceitar pintar, ao se procurar num acto de transfiguração (“uncagement”), Bacon terá descoberto que “todos possuímos uma segunda pátria, onde aquilo que fazemos é inocente”. Porque diante dos seus quadros, percebe-se que não teria sido possível, não fosse ele ter sentido o frémito de nos saber tão belos.
J. Wengorovius
joao_wengorovius@hotmail.com
PASSEIO PELO PARQUE | NP |17
J
Miguel F. Meneses
á não me lembro como é que tudo começou. Deitado na minha cama quanto mais olho para o tecto e mais depressa tento correr os caminhos da minha memória, mais tonto fico. São 3:43 e sei que vou passar mais uma noite em claro…exacto...foi assim que começou.... Dias, meses não interessa, não os contabilizei. O certo é que lembro-me que não conseguia dormir e resolvi ir dar uma volta. Curiosamente, era à noite que eu me sentia melhor a andar pelas ruas de Lisboa. Sempre me atraíram muito mais as imagens nocturnas. Postais, posters, filmes, acabo sempre por escolher aqueles que brilham à noite. O movimento é muito mais pausado e parece tudo muito mais limpo. É como se durante a noite a cidade fosse afogada por um rio que cobre o desgaste do dia, revitalizando o brilho das ruas. Provavelmente foi por essa razão que tudo começou. De volta a casa dou com duas (eu não sei bem o nome, ou profissão) daquelas pessoas que têm a função de decorar as nossas ruas e esquinas com os mais variados posters publicitários. Telemóveis, vestuário, carros, uns com fotografias, outros sem, uns engraçados outros... não. Sinceramente nunca dediquei a minha atenção a olhar para eles, já mal olhamos para a cara das pessoas com que diariamente chocamos na rua, quanto mais... bem, mas o certo é que resolvi ficar à espera que eles terminassem. No momento em que eles fecham a vitrine de dois metros de plástico deu-se a minha maior pausa de sempre. Era a imagem de uma rapariga. Uma fotografia que mais parecia um quadro pintado por aguarelas compradas numa loja antiga, de pintura na parte velha da cidade de Paris. Por mais estranho que possa parecer, esta foi a imagem que me passou pela cabeça. Cabelo negro acetinado tão liso que descansava nos ombros finos como um manto de penas raras. As sobrancelhas eram tão desenhadas que não se conseguia perceber onde é que terminavam. Os olhos eram de um azul caribe e as leves sardas que os acompanhavam tornavam-nos com uma profundidade quase hipnótica. Voltei para casa com menos sono do que tinha. No dia seguinte, pela primeira vez, mesmo com poucas horas de sono, senti que tinha um motivo para sair de casa com um sorriso na boca. E era verdade, ao passar pela publicidade senti que, de uma forma muito estranha, era ela a responsável pela minha curiosa boa disposição. Sem inibição olhei para ela e dei-lhe um beijo na boca. Tinha acabado de provocar a indignação geral mas não me importei. No escritório não me consegui concentrar. As pilhas de trabalho foram cobrindo a minha secretária, de tal forma, que fiquei cercado por uma muralha de papel infinita. Tirei uma folha que estava no topo, dobrei-a ao meio e coloquei-a em forma de tenda com a frase “pintado de fresco”, a vermelho. Saí do escritório em direcção a casa. Almocei e jantei em frente ao placard publicitário. Esperei que as ruas me cedessem um momento de intimidade e falei pela noite dentro. Já não colocava a possibilidade de ter subitamente enlouquecido, pois... não restavam as mínimas dúvidas que tinha. Nessa mesma noite, apercebi-me de que houve mais um movimento dos tipos da publicidade, mas não consegui ver o que é que se passava, porque estavam a trabalhar no lado oposto do expositor e não consigo ver da minha
janela. Na manhã seguinte, dirijo-me para lhe dar os bons dias e sigo rua abaixo quando me confronto com a nova presença que tinha sido alojada no lado de lá do expositor. Não queria acreditar... Um rapaz louro com os olhos castanho amêndoa, pele morena, rosto muito bem definido... certamente mais um manequim igual a muitos outros, mesmo ali, a menos de 5cm dela. Não era uma concorrência nada justa. Entrei num pânico frio perante o sorriso malandro daquele “modelito”. Um sorriso de quem consegue agarrar o mundo apenas com uma mão. Voltei ao outro lado e (poderia ser paranóia minha) reparei que o sorriso dela estava diferente. Era um olhar de novidade, de deslumbramento, como se eu, de repente, tivesse deixado de existir. Ela já não me olhava como antigamente e eu sabia que não aguentaria o afastamento. Estava decidido a tomar uma atitude antes que fosse tarde demais e fui para casa numa tentativa de encontrar um plano de acção. O calor não me deixava pensar direito e, à medida que o tempo se esvaía, mais stressado eu ficava. Provavelmente foi por isso mesmo que eu cometi aquela loucura absurda. Saí de casa, numa primeira fase, apenas para ter uma conversa séria com o Marlboro man da Charneca da Caparica. Expliquei-lhe que o que eu tinha com ela era de uma rara beleza e que ambos esperámos quase uma vida para nos encontrarmos. Mas quanto mais eu abria a minha vida mais o sacana se ria, ignorando com toda a superioridade as minhas confissões. Fui a casa buscar uma chave de fendas e, furioso, enfrentei-o, iniciando a sua expulsão. Mas o “modelito” resistia com todas as forças e eu ouvia-a a rir e só via a imagem dos dois juntos numa outra publicidade de moda masculina e feminina. Peguei numa pedra e comecei a partir o expositor. Algumas luzes acenderam-se nas janelas da rua e as pessoas começaram a aparecer. Não me lembro bem quando, mas a polícia apareceu, no preciso momento em que eu, numa demência já incontrolável, conduzia uma retro escavadora em direcção ao expositor. Acabei por ser levado para uma carrinha da PSP e só nesse momento de semi-consciência é que me apercebi de que acabara por perder tudo. Ao olhar pelas grades da carrinha ia-me despedindo, enquanto ela era levada, na horizontal, por um polícia... até desaparecer de vista por completo. Apertei com toda a força as grades e deixei que me levassem fosse para onde fosse. Uma semana mais tarde soltaram-me. Advogados e juízes, a quem eu contei a minha história, reagiram num pranto de gargalhadas e ironias ignorando por completo o meu caso. Só me restava voltar a casa. Ao entrar, reparo que já estava plantado outro expositor mas ainda desabitado. No dia seguinte, fui trabalhar e foi então que choquei com uma visão de sonho. Era alta, muito morena, com uma cintura tão delgada como a de uma margarida. Acima de tudo contagiava a frescura de um verão eterno. Toda ela parecia estar coberta por um manto de gotas de orvalho translúcidas. Esculturalmente simétrica e tão transparente que conseguia ver tudo o que se passava dentro dela. Soube então como é que iriam acabar os restantes dias da minha vida: eu... e ela misturada com rum, num copo cheio de gelo ao sabor de uma Cuba Libre, evocando as suas únicas mas doces palavras… “sempre (always)... ”.
SEMPRE...
24 | NP | VOX POP
|Vox Pop| Dê-nos três sugestões para actividades no Parque das Nações Lucinda Figeuiredo 23 anos Esteticista
Paulo Pinto
24 Anos Professor Militar
Adelaide Pinto
Giselle Pinto
1 – Uma Igreja. 2 – Uma pista de bicicletas. 3 – Uma feira popular.
1 – Desportos radicais. 2 – Actividades de rua. 3 – Um campo de Futebol gratuíto.
1 – Criação de um museu. 2 – Criação de uma feira de produtos usados. 3 – Exposições com artistas da zona.
1 –Uma pista de Kart. 2 – Reabertura do Palco Tejo. 3 – Um parque infantil com maior qualidade.
30 Anos Recepcionista
26 Anos Secretária
26 | NP | CULTURA
EXPOSIÇÕES EXPOSIÇÕES “O PORTO NA OUTRA MARGEM” ESTAÇÃO DO ORIENTE – ATÉ DIA 30 DE SETEMBRO Retrospectiva fotográfica da cidade do Porto. O tema da mobilidade em destaque, num registo dos últimos cento e cinquenta anos da Invicta. Partindo de uma exposição promovida pela Fotografia Alvão e, agora, na Estação do Oriente, poderemos ver alguns dos trabalhos dos primeiros fotógrafos do país, reforçada com algumas imagens seleccionadas do espólio ferroviário da CP. A mobilidade e as acessibilidades ferroviárias numa estação que liga todo um país.
BD NO SALÃO LISBOA PAVILHÃO DE PORTUGAL, 15 DE MAIO A 22 DE JUNHO – ENTRADA LIVRE É a 5ª edição do Salão Lisboa de Ilustração e Banda Desenhada, que está patente no Pavilhão de Portugal e que teve inauguração no passado dia 15 de Maio. É Organizado pela Bedeteca de Lisboa, pela Câmara Municipal de Lisboa e conta com o apoio do Instituto Goethe de Lisboa e da Parque Expo. “Fronteiras” é o bloco central desta exposição, comissariado por Pedro Cleto, o destaque vai para a exposição de Banda Desenhada nos selos, com 1.500 selos de correio de todo o Mundo idealizados para ultrapassar as fronteiras físicas e as fronteiras ideológicas. Acrescenta, ainda, uma mostra de autores do leste europeu e um projecto colectivo português e espanhol que partilham as reminiscências da cultura árabe, na Península Ibérica. O Salão Lisboa conta, ainda, com o Bloco Alemão ilustrado por “A Ninhada Desleixada”, e por sete exposições individuais, de Anke Feuchtenberger, Cx Huth, Heening Wagenbreth, Martin Tom Dieck, Ulf K, Ralf Konig e Jutta Bauer. O Bloco Português, comissariado por João Paulo Cotrim, consegue reunir, pela primeira vez, os trabalhos de Pedro Burgos (“Cidade em Chamas”), autor cuja qualidade marcou a BD nacional contemporânea. Podemos ver, ainda, individuais de Diniz Conefrey (“O Livro dos Dias”), Miguel Rocha (“A Vida numa Colher”) e Richard Câmara (“Capuchinho Vermelho”).
RESTART – ESCOLA DE CRIATIVIDADE E NOVAS TECNOLOGIAS “XS – ESTÓRIAS SOBRE CERÂMICA” É uma Exposição organizada pelo atelier MOIO Design (integrada no Salão Lisboa de ilustração e banda desenhada) a ter lugar de 30 de Maio a 22 de Junho. Esta escola de criatividade e novas tecnologias tem, também, agendados os seguintes debates: “reportagem versus viagens” – novos registos – Intervenientes: Aleksander Zograf, Alain Corbel, Pedro Rosa Mendes, Moderador: Pedro Cleto, a ter lugar, no dia 31 de Maio às 15H. No dia 21 de Junho, às 15H,“NÓS SOMOS OS MOUROS” com os Intervenientes: Daniel Lima, Pedro Burgos, Laura, Filipe H. Cava, Cláudio Torres e o moderador Domingos Isabelinho. Está ainda programada uma mostra de curtas “CURTAS NO BUDGET”, Junho e Setembro, em colaboração com a SIC Radical.
CINEMAR U T L U C CULTURA | NP |27
CINEMA
MATRIX COM DOWNLOAD ESPECIAL NO ATLÂNTICO
As receitas do primeiro dia de exibição de “Matrix Reloaded” nos Estados Unidos chegaram aos 42 milhões de euros. Este número dá um sinal claro de que os 300 milhões investidos em “Matrix Reloaded” e “Matrix Revolution” serão facilmente compensados. As estreias mundiais do segundo filme desta trilogia apostaram no paralelo do fantástico conseguindo uma promoção que não será esquecida pela crescente legião de fãs que cresce pelo mundo fora. Portugal não foi excepção. Dois dias antes das habituais antestreias nacionais (às quintas-feiras), o Pavilhão de Portugal não se conteve e abriu as portas. Lá dentro, um espectáculo onde, logo à entrada, óculos escuros, cabedal e um décor bem à frente do tempo, nos faziam um download instantâneo, directamente para O mundo da Matrix. O Notícias do Parque esteve lá e adianta precisamente… zero. Este NetCocktail explosivo já está em exibição em Portugal e garante duas horas de uma arritmia cardíaca binária que dificilmente passará por completo até à estreia de “Matrix Revolution”, marcada para o final deste ano.
“O CINEMA CONTA HISTÓRIAS”
As matinées do IPJ continuam. Filmes escolhidos sobre a condição da qualidade e da temática juvenil são projectados no auditório do Instituto Português da Juventude, sem custos para os amantes do cinema. Aqui ficam alguns dos filmes a que poderá assistir, no IPJ do Parque das Nações.
10 DE JUNHO
«Donnie Darko», de Richard Kelly
17 DE JUNHO
«Intervenção Divina», de Elia Suleiman
24 DE JUNHO
«Entre Muros», de José Ribeiro e José Filipe Costa ”A história de um exílio voluntário, quando a vontade de regressar a casa se torna mais presente... O filme conta a história de dois ucranianos, Sergey e Eduard, emi-
grantes ilegais em Portugal. Ambos trabalham na construção civil nos subúrbios de Lisboa. Os dois partilham o espaço fechado de uma garagem adaptada a casa, com três outros emigrantes ucranianos. A sua vida é simples e monótona, mas cheia de sentimentos contraditórios e nostalgia. O filme descreve os últimos meses de um exílio voluntário quando a vontade de regressar a casa se torna cada vez mais presente. Quando deixam Portugal o filme acompanha os primeiros dias do seu regresso à Ucrânia. Que tipo de sonhos sustentam a força para que estes emigrantes sobrevivam num país distante?” Sessões às 15:45 e 18:30, excepto dia 24 de Junho, em que as sessões serão às 19h00 e 20h30
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28 | NP | NOVAS TECNOLOGIAS
Na terra dos sonhos … net (rede) com as suas potencialidades quase ilimitadas deixou-nos a todos uma esperança de que o mundo iria ser melhor. Melhor do que até aí. Melhor, cada vez melhor. Sempre melhor.
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As oportunidades de formação e aprendizagem iriam chegar mais facilmente aos quatro cantos do mundo. O mundo tenderia a ser mais justo.Valores como a democracia ou o estado de direito ir-seiam difundir de tal forma que passariam a ser parte do nosso ADN. A liberdade religiosa por oposição à intolerância religiosa estava condenada a veicular valores de amor entre os Homens onde a razão derrotava as trevas. E o bem-estar financeiro seria uma progressão aritmética ou mesmo geométrica. A bolsa era um investimento seguro que nos ajudava a comprar aqueles bens que de outro modo nos estariam vedados. Os valores da nossa cultura seriam progressivamente assimilados por outros povos. A nossa aldeia global teria boas bases, bons argumentos e meios para resolver os problemas que surgiriam em todos os percursos. Convenhamos que, se estas eram as expectativas, pelo menos para os mais optimistas, a navegação tem sido turbulenta e algo errante.Talvez devido a águas agitadas ou a ventos pouco pacíficos. Ou porque o homem do leme não segue a rota certa. Ou porque pura e simplesmente não tem leme. Se é verdade que a disseminação do conhecimento é um facto, também é verdade que esta disseminação é muito mais rápida nos países desenvolvidos, o que, inevitavelmente, agrava mais o fosso da formação e da educação. As oportunidades financeiras ligadas às novas tecnologias, mil vezes lembradas e garantidas por centenas de analistas de dezenas das mais conceituadas casas de investimento, revelaram-se um fiasco tão grande quanto a grandiosidade dos projectos de investimento imaginados. Por outro lado, verifica-se que a Internet, meio privilegiado de comunicação entre povos, tem servido, não só para promover valores e ideais, mas também para promover ódios e fanatismos de diversos tipos. As questões religiosas ou pretensamente religiosas tem sido um paradigma desta situação. A mesma rede que esperávamos que servisse para espalhar valores universais, nomeadamente, a liberdade de expressão e o respeito pela vida humana, é a mesma que divulga e promove a pedofilia e as suas redes comerciais, uma chaga que destrói dezenas de jovens e crianças, definitivamente marcados a “ferros” para o resto da sua vida. Não podemos, por isso, deixar de concluir que a aldeia global continua sitiada e pouco confiante para enfrentar tantos problemas morais, religiosos, civilizacionais ou económicos. O destino dos Homens está nas mãos de alguns de nós. Em alguns casos escolhidos por outros homens e noutros auto proclamados e tocados
pelo seu Deus. Que uns e os outros possam contribuir para o aprofundamento do Homem e não para a sua destruição.
Reinaldo Martins | rmartins@netbase.pt Consultor em Negócio Electrónico
Nota: a Assembleia de Freguesia de Sacavém lançou um comunicado, à população de Sacavém, com o título “Amputação … Não!” a propósito da criação eventual de uma Junta de Freguesia para o Parque das Nações. A leitura deste comunicado lembrou-me aquele analista político da televisão, com opiniões a preto e branco, que disse que “os juízes devem estar loucos” eu tenho a certeza que os “políticos estão loucos” pois se não percebem que temos o direito a uma Junta de Freguesia ou que vivemos num estado de direito onde a separação de poderes, mais do que existir, deve ser preservada, que mais é preciso para provar a sua insanidade?
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Corrida do Oriente dia 1 de Junho Filipe Esménio
Corrida do Oriente que terá a distância de 10 km e a “Correr para Conviver” com apenas 2 km decorrem na manhã de domingo do dia 1 de Junho, no Parque das Nações. De Sul a Norte todos irão correr, conviver e contribuir para a edificação da Igreja do Parque das Nações. Este é o segundo ano de uma iniciativa que se afirma pelo desejo de criar uma “dinâmica” «alegre e variada, capaz de captar muitos e novos participantes», como se pode ler no site da prova, www.corridadooriente.com. Em paralelo com a corrida irão decorrer outros eventos como: aulas de aeróbica e stretching antes e depois das corridas; largada de balões na partida; acompanhamento musical das corridas por uma fanfarra ou banda; entre outros. Contará também com a participação de algumas figuras públicas como o Prof. Mário Machado, Director da Meia Maratona de Lisboa, e de atletas nacionais como Domingos Castro e Rui Silva. As receitas da prova revertem a favor da construção da Igreja de Nossa Senhora dos Navegantes do Parque das Nações e à Casa do Gaiato. Estes são apenas alguns dos ingredientes de um dia que se
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Já pelo segundo ano consecutivo que três factores se conjugam,a actividade física, o convívio e o apoio social. Isto é a Corrida do Oriente que abre, este ano, as festas de Lisboa. S. Pedro ajudar irão contribuir para um dia bem passado, alegre, com muita actividade e exercício em nome de duas causas que naturalmente necessitam de apoio. Inserido no contexto da prova, decorreu no passado dia 10 de Maio um colóquio/debate sobre o tema «A prática regular de corrida por Prazer, Desporto e Saúde». A adesão foi bastante positiva e logo no início os participantes neste evento tiveram a oportunidade de fazer alguns exames de condição física. O debate contou com a presença de profissionais liga-
dos às mais diversas áreas e que derem o seu contributo numa análise mais científica conseguindo despertar a atenção de todos os amantes desta modalidade que se encontravam no lugar. Um ponto interessante a focar é o facto de todos os oradores terem conseguido conciliar as histórias e o humor numa matéria que à partida apresenta características mais académicas. O final da sessão contou com a intervenção de Domingos Castro uma já habitual presença deste evento originário do Parque das Nações.
Pode efectuar já a sua inscrição ANIPRO R. Guilherme Marconi Lote 14, 1º Dtº Urb. Serra da Amoreira 2620-258 Ramada (limite de 1000 inscrições para os 10 Kms) Telef./Fax 219311413 A inscrição tem um valor simbólico de acordo com a corrida em que deseja participar: 10 km: até 16 Maio - 5 Euros - após 16 Maio - 7 Euros 2 km: 7 Euros
DESPORTO | NP | 31
Missão cumprida Pedro Pereira
uma época que se adivinhava difícil, ver os casos do Sporting B, segundo classificado da época anterior, e do Seixal, quarto lugar em 2001-02, o Desportivo conseguiu responder à altura. Com uma equipa em que a média de idades rondava os 24 anos e que estava pelo segundo ano consecutivo na II Divisão B, o Olivais e Moscavide conseguiu demonstrar grande maturidade e consistência. O fruto deste trabalho deve-se, naturalmente, ao seu treinador, o também jovem João Santos, e à sua equipe técnica, que conseguiram extrair dos jogadores o objectivo pretendido. Outros contribuíram de forma decisiva, casos da Direcção, encabeçada pelo seu presidente José Caldeira, do Departamento Médico, dos sócios e simpatizantes, e dos empregados do clube.
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2002/03 superior a 2001/02 O Campeonato da II Divisão B – Zona Sul 2002/03 mostrou um Olivais e Moscavide mais forte que no ano transacto. Uma equipa que vence dois terços dos jogos que efectua em casa, e que fora em cada três jogos dois não perde, é um sinal bem demonstrativo da competitividade que o clube apresenta. Com uma dupla atacante muito forte e que impõe respeito aos adversários, pois Ricardo Silva e Catarino fazem estragos por onde passam, o Olivais e Moscavide é um adversário que faz golos em quase todas as partidas. No reverso da medalha também se pode constatar que é uma equipa que sofre muitos golos, como se pode verificar no «goal average», que apesar de positivo só regista 3 golos de diferença. Para o acentuar deste factor também não deve ser alheia a quantidade de expulsões com que os jogadores do Desportivo são constantemente admoestados. Uma pecha que urge resolver. No entanto, a verdade é que em relação à época passada o CDOM con-
seguiu obter mais nove pontos. Em termos classificativos atingiu a quarta posição, uma melhoria bastante visível, e que teve o condão de ser constante durante todo o ano, pois andou quase sempre nas posições cimeiras. Fruto disto foi a tranquilidade que se viveu durante a época, onde não houve quaisquer tipo de sobressaltos. A manutenção, essa, foi garantida na 28ª jornada, frente ao Sporting B, que pouco tinha de B e muito tinha de A, tal foi a quantidade de jogadores do plantel principal que a equipa utilizou. Quiroga, Sá Pinto, Marcos Paulo, César Prates e Ricardo Fernandes são exemplos disso mesmo. Mas nem isso foi suficiente para desequilibrar a balança, pois a vontade, a qualidade e a raça dos jogadores do Desportivo imperou, e o resultado de 4-1 é atestador dessa realidade. Conseguir assegurar a continuidade na II Divisão B a dez jornadas do fim é obra, ainda para mais se tivermos em conta que há dois anos a equipa se encontrava na III Divisão. Por falar em III Divisão é de realçar a excelente época que as últimas quatro equipas promovidas da Série E fizeram. O Mafra ficou em segundo, o Olivais e Moscavide em quarto, o Odivelas em sétimo e o Pontassolense em oitavo. Sinal de que na III Divisão já se trabalha com qualidade,
que a diferença entre as duas divisões já não é tão abismal e que as equipas que forem promovidas não serão favas contadas.
Próxima época O momento é de algum descanso, em virtude do dever cumprido, mas a verdade é que as responsabilidades vão aumentado com os sucessos conseguidos. E se em duas épocas a manutenção era o principal, senão único, objectivo, para a próxima os apoiantes já começam a fazer contas a algo mais, ou seja, continuar a fazer épocas tranquilas na parte cimeira da tabela. Só que nem tudo é assim tão linear, basta ver os exemplos de Sporting B e Seixal, que na pretérita temporada ficaram em segundo e quarto lugar respectivamente, e que este ano lutaram desesperadamente para não descer, no caso do Seixal a descida consumou-se. Um dos pontos a favor para 2003-04 será a continuidade de João Santos no comando técnico. É sempre um ponto a favor continuar com um trabalho que já está implementado, e do qual já se conhece o rosto. Principalmente quando o trabalho é de qualidade, como o atesta a época que agora finda. Esperemos que para o ano tudo corra bem e tranquilo como esta época, sabendo nós que para isso é preciso muito trabalho e dedicação, pois nada é obra do acaso.
O Olivais e Moscavide realizou na presente época um campeonato muito positivo, conseguindo, desde muito cedo, alcançar o seu objectivo que era a manutenção.
32 | NP | PUB