Distribuição gratuita
A N O I I - N R . 1 2 - B I M E S T R A L - J U L H O 03 - D I R E C T O R : M I G U E L F E R R O M E N E S E S
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VERAO NA CIDADE LOCAL
PARQUE EMPRESAS
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ENTREVISTA COM
DATA DE NASCIMENTO VERÃO 2001 PÁG. 14
ROTEIRO PARQUE CULTURA
LUÍS VIANA BAPTISTA
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ROTEIRO PARQUE CULTURA
CULTURA | NP |11
CINEMA NOITES DE CINEMA AO AR LIVRE NO RIO TRANCÃO
Está já a decorrer mais uma edição do Drive-in integrado nas Festas do Concelho de Loures. Mais uma vez, o evento decorre, num recinto aberto, junto à foz do rio Trancão, em Sacavém, com um ecrã de 25 metros de comprimento por 11 de altura. As sessões podem ser ouvidas em 98.5 FM e o local tem uma capacidade de acolhimento que ronda os 600 automóveis. 22h00 Entrada livre
JULHO
Dia 18 “Azul Escuro” – Ron Shelton Dia 19 “O Planeta Do Tesouro” – Ron Clements Dia 20 “Uma Andorinha fez a Primavera” – Christian Carion
Dia 21 “O Recruta” – Roger Donaldson Dia 22 “Emprego do Tempo” – Laurent Cantet Dia 23 “A Última Hora” – Spike Lee Dia 24 “Câmara Indiscreta” – Mark Romanek Dia 25 “Matrix Reloaded” – Andy e Larry Wachowsky
IPJ - “O CINEMA CONTA HISTÓRIAS”
Os próximos filmes a serem apresentados, no IPJ, vão recordar obras cinematográficas de luxo. Continuando a apostar numa eleição feita pelo carácter semiclássico, vamos, mais uma vez, ter uma mostra bem diversificada com temas e nomes que marcaram a história do cinema. Do cinema francês dos anos 60, passando pelo humor clássico de Woody Allen, ao vencedor de três Óscares, “O Pianista” de Roman Polansky”.
JULHO
Dia 29 - “Jules et Jim”, de François Truffaut. Datado de 1961, é considerado a obra mais marcante deste realizador. Um dos muitos filmes censurados em Portugal, antes do 25 de Abril, conta, de uma forma pura e crua a história de um triângulo amoroso.
AGOSTO
Dia - 5 “Hollywood Ending”, de Woody Allen Mais uma obra escrita, realizada e interpretada por Woody Allen. Uma lente bem apertada sobre os bastidores do mundo do cinema, com o humor, inteligência e incomparável poder de observação a que estamos habituados. Imagine a história de um realizador de cinema que encontra, num último filme, a possibilidade de relançar a sua carreira e, no primeiro dia de filmagens, descobre que está cego... Dia - 12 “Velvet Goldmine”, de Todd Haines Com o nome emprestado a um tema de David Bowie, este filme é um passeio bem iluminado pelas cores e sons dos anos 70. Uma asfixiante interpretação,
bem conduzida por Ewan McGregor onde o podemos ver, mais uma vez, num estilo já muito próprio deste actor. Dia 19 “Amor Cão”, de Alexandro González Iñarritu Vindo do coração do México, entrecruza três histórias numa sobriedade e força quase real. Grande vencedor no Fantasporto e nomeado como melhor filme estrangeiro para os Óscares foi, ainda, diversas vezes comparado, pela crítica de cinema, com o Pulp Fiction de Tarantino. O Notícias do Parque não confirma nem desmente esta comparação, mas por que não ir tirar as conclusões pelos seus próprios olhos… Dia 26 “O Pianista”, de Roman Polansky Não precisa de grandes apresentações face ao muito recente número de galardoações obtidas. “O Pianista”, com a notável interpretação de Adrien Brody (valendo-lhe o Óscar de melhor actor), é um histórico de obrigatório reencontro. Sessões às 15h45 e às 18h30 Entrada livre Delegação Regional de Lisboa, Via de Moscavide, Lt 47101,Parque Expo - 1998 Lisboa,Tel. 21.8920200
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EXPOSIÇÕES LISBOA PHOTO PAVILHÃO DE PORTUGAL
Hiroshi Sugimoto – fotógrafo japonês conhecido pelas suas fotografias, a preto e branco, de salas de cinema. Paisagens marítimas, dioramas e figuras de cera. Este seu último trabalho em exposição, “desfoca” alguns dos maiores ícones da arquitectura clássica e moderna. Arthur Omar – brasileiro e multifacetado no mundo da imagem com ligação à Fotografia, vídeo, artes plásticas e cinema. Apresenta a série “Antropologia da Face Gloriosa”, onde vários rostos de personagens são captados, mesmo no meio do Carnaval brasileiro. No coração do Rio, podemos ver o movimento e o contraste de momentos, numa riqueza que vai desde o amor, passando pelo desvairo, até ao ódio. Gilberto Reis – artista português ligado à fotografia e vídeo. Para a Lisboa Photo traz um vídeo onde a aparência ilusória e o impulso ficcional se agitam entre passagens e transformações visuais, a partir das dimensões do tempo, da luz e do movimento. No Parque, podemos ainda ver trabalhos inéditos dos artistas Daniel Malhão (fotografia) e Nuno Ribeiro (vídeo). O Notícias do Parque recomenda não só esta viagem pelo mundo da imagem como um impulso rápido em direcção ao Pavilhão de Portugal. O encerramento aproxima-se a passos largos e não sabemos se teremos de esperar outra década para que se organize outro evento de tamanha magnitude. Lisboa Photo De 4 de Junho a 20 de Julho
ESTAÇÃO DO ORIENTE “O PORTO NA OUTRA MARGEM”
Continua a decorrer esta retrospectiva fotográfica sobre a cidade do Porto cujo tema é a mobilidade e as acessibilidades ferroviárias. Até dia 30 de Setembro Entrada Livre
STOCKDESIGN “CÍRCULO DE COR” PINTURA DE ANTÓNIO CUNHA
Publicou, em 1998, o seu catálogo pessoal sob o nome “Anjo Caído”. Teve os seus trabalhos expostos em Portugal e, recentemente, na galeria Whimsy Blue, em Nova Iorque. Define o seu trabalho como “uma constante presença, mesmo no anonimato, “ sendo um só gesto que a mão traçou na variedade figurativa das palavras e dos actos. Procura a síntese entre “a inovação e permanência, o singular e o comum, o definido e o indefinível, a experiência e o paradigma”. STOCKDESIGN Alameda dos Oceanos Edifício Lisboa De 3 de Julho a 3 de Setembro Tel. 21 895 25 92/3 Entrada Livre
PARA OS MAIS NOVOS
Pavilhão de Portugal Parque das Nações Doca dos Olivais 12:00 - 21:00 Tel. 21 891 85 82 Bilhete - 1,5€
“Uma Noite no Museu” está de regresso ao Pavilhão do Conhecimento - Ciência Viva. Com uma programação destinada aos mais novos este novo programa oferece tudo o que há a saber sobre a astronomia, energia, luz e cores. Para poderem participar só é preciso um saco de cama, lanterna e uma mochila enquanto que a noite se encarregará de fazer o resto. A noite está aberta a jovens com idades compreendidas entre os 6 e os 12 anos e este evento decorrerá, durante todos os Sábados até ao fim do mês de Setembro. Lá poderão saber…Quanto é que pesaríamos se morássemos em Júpiter? Podemos fazer a nossa própria galáxia? Como se formam as cores? Podemos brincar com os sons? Toda a programação em: www.pavconhecimento.pt Pavilhão do Conhecimento - Ciência Viva Tel. 218 917 100 Email: info@pavconhecimento.pt PUB
MÚSICA
ATLÂNTICO RECEBE GRANDES CONCERTOS
O Pavilhão do Atlântico prepara agora três grandes concertos para os próximos tempos. Mais uma vez, o Atlântico vai surpreender e abrir portas aos mais requisitados nomes da música internacional. Depois de receber Daniela Mercury e os Iron Maiden, já estão agendadas, pelo menos, as vindas de três grandes e distintos nomes da música Internacional. Os norte-americanos Linkin Park, depois do concerto adiado (por causa do internamento hospitalar do Vocalista Cherter Bennington), Robbie Williams e Ben Harper, vão ser os responsáveis por três noites de mega concertos nos palcos do Atlântico. O Parque das Nações torna-se, cada vez mais, um ponto de paragem obrigatório no circuito da música internacional.
LINKIN PARK
Dia 9 de Setembro – 21 horas Preços Plateia em pé – 25,00 euros Balcão nível 1 – 28,00 euros Balcão nível 2 – 23,00 euros Rampas – 28,00 euros
ROBBIE WILLIAMS
Dia 20 de Outubro – 21 horas Preços Plateia em pé – 32,50 euros Balcão nível 1 – 40,00 euros Balcão nível 2 – 27,00 euros Rampas – 40,00 euros
BEN HARPER & THE INNOCENT CRIMINALS
Dia 1 de Novembro – 21 horas Preços Plateia em pé – 25,00 euros Balcão nível 1 – 30,00 euros Balcão nível 2 – 22,50 euros Rampas – 30,00 euros
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“NOITES COM RITMO” NO VASCO DA GAMA
Noites no Vasco da Gama com Jazz, Blues e World Music com vista sobre o rio. Os concertos de música ao vivo voltam ao Beer Deck numa aposta feita na atracção nacional e internacional. Maria João e Mário Laginha abriram este ciclo de espectáculos com o Deck cheio e uma noite bem quente. As próximas Terças e Quartas de Julho e Agosto terão, a partir das 21h00, uma oferta de artistas que recordarão, certamente, um pouco da animação do Verão de 98.
JULHO
Jazz & Blues – Terças Dia 22 Quarteto João Lencastre Com David Binney Dia 29 UBU – Quarteto de Saxofones World Music – Quartas Dia 23 Marcia In Bossa Dia 30 DJUMBAI JAZZ
AGOSTO
Jazz & Blues - Terças Dia 5 Lena D’ Água canta Billy Holliday Dia 12 Companhia dos sons Dia 19 Quinteto Homenagem Sara Vaughan Dia 26 Quarteto Jorge Reis
World Music – Quartas Dia 6 Piazzoland Dia13 Tucanas Dia 20 Cubaníssimos Dia 26 Quarteto Jorge Reis Centro Vasco da Gama 21h00 Entrada Gratuita PUB
noticiasparque@netcabo.pt
eBairro reabre portas com nova estratégia empresarial BREVES | NP | 15
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os primeiros dias do mês de Abril, o e-bairro volta a abrir as suas portas à comunidade, desta vez com uma estratégia dirigida mais às empresas. A Accor Services é a empresa responsável por esta reentrada, tendo adquirido o eBairro e iniciado a sua entrada em actividade. Esta empresa, de origem francesa, está presente em Portugal desde 1973, com uma missão de prestação de serviços específicos às empresas sendo, também, proprietária de algumas cadeias de hotéis como a Ibis. Nesta sua mais recente aquisição, o eBairro passa a ter as empresas como target principal. Patrick Mendes, administrador do eBairro, refere que o objectivo é oferecer soluções às empresas com o fim de aumentar o bem-estar e a produtividade dos seus colaboradores. Destinada a resolver problemas no quotidiano das empresas, a oferta de serviços está ligada ao lar, infância, restauração, automóvel, animais e até a simples recados necessários de efectuar. A empresa cliente efectua um pagamento mensal por cada colaborador, possibilitando a cada um deles usufruir dos mais de cinquenta serviços existentes no eBairro. Para Patrick Mendes “as empresas aumentarão o seu reconhecimento por parte dos seus funcionários permitindo a estes uma maior conciliação da vida privada com a profissional. Imaginemos que um colaborador tem o carro para levar a aspirar, o cão para levar ao veterinário ou uma simples bainha para
subir... nós garantimos essas soluções e, no fim, todos ficam a ganhar.” O facto de as empresas estarem como alvo principal desta empresa não significa que a comunidade residente não seja igualmente integrada pelo eBairro. Este projecto continua aberto a esta faixa social, tendo, inclusive, sido recuperadas algumas das inscrições antigas. A população poderá continuar a usufruir destes serviços e de alguns dos projectos comunitários criados em parceria com a empresa. Um exemplo claro é o “Colégio de Verão”, iniciativa do Programa Educação e que encontra, aqui, o apoio de divulgação e comercialização por parte do eBairro. Este apoio vem confirmar o interesse de integração social que esteve patente no primeiro eBairro fazendo-se representar num projecto que visa oferecer um serviço destinado a receber crianças, durante o período das férias. Residentes, alunos de várias escolas da área de Lisboa e filhos de funcionários empresarias, são recebidos, no Parque das Nações, desfrutando de um variado leque de actividades lúdicas e educativas sob o lema “Enquanto você trabalha... nós tomamos conta deles”. Apesar da nova estratégia empresarial, “tempo” e “comodidade” continuam a ser palavras-chave neste projecto.
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A
Igreja de nossa Senhora dos Navegantes apresentou publicamente um CD que conta com um conjunto de arranjos musicais interpretados por um grupo de moradores do Parque das Nações. A iniciativa surge com o objectivo de conseguir angariar alguns fundos que possibilitem contribuir para o pagamento da renda do espaço que serve de sede a esta Igreja. O desenvolvimento deste trabalho teve sempre presente uma componente muito familiar. Todos os artistas estão ligados à Igreja e a própria produção do CD decorreu num estúdio caseiro. Os temas e arranjos são da responsabilidade deste grupo musical que é caracterizado por uma interessante diversidade artística. Cordas, sopro, piano e percussão balançam com as vozes a um ritmo calmo e constante como o tema deste projecto inspira. O trabalho, no seu todo, surpreende pela originalidade, equilíbrio e qualidade de interpretação dos artistas. A diferença é sentida por uma estética cuidada e notavelmente trabalhada. O CD termina com o tema “Stella del Mattino” que tem a participação de Angela de Dominicis, uma voz italiana, que vem oferecer uma abertura mais viva e requintada a este trabalho. “Navegar” é definido por João Miguel Francela, um dos responsáveis por esta obra, como “um projecto que não só reforçou a amizade entre as pessoas como descobriu uma conjugação de talentos”. Referindo que a sua sonoridade é bastante calma revela que existe uma influência de Jazz muito presente. Para João Miguel “o sucesso deste CD foi a partilha de valores humanos”. As 400 cópias feitas estão, praticamente, vendidas e
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têm surgido convites de paróquias vizinhas para a apresentação deste trabalho. Depois de um tema composto para a Corrida do Oriente e deste trabalho, já se fala num segundo CD que em princípio, começará a ser trabalhado ainda durante este ano. Esta iniciativa vem contribuir para o crescimento e divulgação da Igreja de Nossa Senhora dos Navegantes provando, uma vez mais, a sua forte presença no seio da Comunidade Parque.
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Parque das Nações
16 | NP | PARQUEMPRESAS
CIDADANIA EMPRESARIAL, será apenas uma questão de IMAGEM?
Resumir o papel das empresas, apenas, à sua produtividade e criação de riqueza, é uma visão redutora das enormes responsabilidades que estas têm, cada vez mais, na sociedade. O papel das empresas, nos domínios social e ambiental, é cada vez mais determinante para o seu próprio sucesso e para um desenvolvimento sustentável das sociedades onde se inserem.
O
Pedro Jordão
tema da Responsabilidade Social das Empresas (RSE) não é totalmente novo,dadoquealgumasempresasjá hámuitotempoqueo consideramnassuasdiversasactividades.Oqueérelativamentenovo é a crescente importância e esforço de concertação que algumas Instituições Públicas,a nível nacional e internacional, vêm a ter,no sentido de sensibilizar todos os agentes envolvidos nesta temática.Foi emitido,no passado dia 20 de Maio,um parecer, alertando as empresas para o desenvolvimento sustentado, assente na RSE. A Comissão Europeia considera mesmo este assunto como a base da coesão Europeia. No livro verde sobre RSE considera-se que “A RSE é a integração voluntária de preocupações sociais e ambientais por parte das empresas nas suas operações e na sua interacção com as outras partes interessadas”. A avaliação das empresas, em matéria de RSE, ainda não é feita com critérios universalmente partilhados. No entanto, sendo este um dos grandes desafios iniciais, estão a ser feitos esforços no sentido PUB de se criar um instrumento que, no futuro possa avaliar, de uma forma credível, todas as empresas. Actualmente, são considerados alguns critérios, tais como o relacionamento com o funcionário; respeito pelo ambiente; relacionamento com os fornecedores; relacionamento com os consumidores/clientes; investimento na comunidade; a relação com o governo e a sociedade; valores e transparência da empresa e os projectos sociais desenvolvidos ou apoiados pela empresa. No nosso País, tornou-se habitual termos conhecimento de situações condenáveis de desrespeito social e ambiental, mas nem sempre temos conhecimento das boas práticas e, sem dúvida que a divulgação e a promoção destas será determinante na mudança cultural por parte das empresas. Na verdade, este assunto tem vindo a ganhar maior relevo nos últimos anos, como consequência de algumas empresas multinacionais se terem vindo a esforçar em melhorar a sua imagem e a sua reputação, demarcando-se desta forma de práticas socialmente reprováveis. No entanto, há empresas que, desde sempre, integraram a responsabilidade social nos seus modelos de gestão e, consequentemente, na respectiva cultura empresarial, muito para além de necessidades de resposta a problemas de imagem. Estas empre-
sas permitem-nos hoje ter uma referência muito positiva de boas práticas como também das vantagens competitivas da integração da RSE nas suas actividades. Mas tratando este assunto de matérias globais, exige-se a todos os agentes envolvidos a sua participação e articulação, no sentido de se reconhecer e valorizar a RSE, bem como definirem-se estratégias para a sua implementação. Os agentes envolvidos – empresários e accionistas, gestores, trabalhadores, comunidades locais, governos e autarquias, sindicatos e associações patronais, organizações não governamentais, consumidores e cidadãos, em geral, muitas vezes têm interesses opostos o que obrigará, certamente, a um debate aberto e continuado, no sentido de se encontrar um instrumento válido e credível para uma eficaz aplicação da RSE. A RSE deverá ser integrada, voluntariamente, pelas empresas não pretendendo a substituição de regras legislativas e contratuais a que as empresas estão ou podem vir a estar
obrigadas. O que se procura é um complemento dessas regras em questões, como por exemplo, o desenvolvimento da qualidade de emprego, a adequada informação, consulta e participação dos trabalhadores, bem como o respeito e promoção dos direitos sociais e ambientais e a qualidade dos produtos e serviços. A noção de RSE pressupõe a empresa como uma comunidade humana onde todos têm uma quota-parte na responsabilidade de integrar, voluntariamente, preocupações sociais e ambientais, nas suas actividades produtivas ou comerciais e nas suas relações com todos os parceiros, contribuindo, desta forma, para melhorar a sociedade e o ambiente. A RSE situa-se no âmbito das boas práticas, da ética empresarial e da moral social, em complemento, aos normativos jurídicos, até porque estes variam em função do país e do seu nível de desenvolvimento.
Será uma questão de imagem?
Os princípios de eficiência e de rentabilidade económica continuam a pautar as empresas na procura do lucro e da sua viabilidade económica. Porém, há cada vez mais empresas a consciencializarem-se que estes princípios não são suficientes nas Sociedades Modernas. No contexto socioeconómico actual, em que a sociedade de informação e a economia do conhecimento contribuem com novos factores competitivos para o mercado e aos quais as empresas não podem ficar alheias, muitas empresas procuram certificações sociais, como a SA 8000 e outras que confirmam o respeito para com a sociedade. Ao longo deste artigo, tem-se vindo a falar do contexto socio-económico actual e é precisamente neste contexto que a imagem de marca tem crescido. Com o processo de globalização crescente, nenhuma empresa se pode “dar ao luxo” de se descuidar com a sua imagem. E uma boa imagem, como todos sabemos, demora muito tempo a construir e é preciso muito pouco para a “manchar” ou até mesmo a destruir. A imagem e o prestígio são, hoje, valores económicos determinantes do sucesso numa sociedade em que o consumo moralmente orientado está em crescimento. Nas relações das empresas com a comunidade externa, facilmente se destaca a relação com os consumidores, os quais valorizarão, enquanto clientes, a qualidade, a fiabilidade e a segurança dos produtos e serviços, mas tendem a valorizar cada vez mais, enquanto cidadãos, os meios materiais e sociais de produção dos mesmos. Se estes meios forem ao encontro das boas práticas sociais e ambientais, o “preço ético” poderá ser perfeitamente compreendido pelos consumidores e, muitas vezes, determinante nas suas escolhas.
Tomando em consideração que a IBM está classificada como uma das melhores empresas em matéria de RSE e está sedeada, no Parque das Nações, fomos saber, junto da IBM, o que a motivou a adoptar esta política em matéria de responsabilidade social e ambiental de referência, em Portugal. Conceição Zagalo, Directora da Divisão de Comunicações e Programas Externos da IBM, falou ao Notícias do Parque sobre esta temática.
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RSE é uma questão de política internacional da casa mãe ou foi tomada de uma forma isolada pela IBM Portuguesa? Para responder, terei que fazer uma introdução histórica muito rápida do que é a IBM, para que se perceba qual é, dentro da IBM, a nossa cultura e para se perceber como determinadas práticas e determinadas políticas surgem de uma forma natural, mediante a geografia em que operamos. A IBM surgiu, enquanto empresa, no mercado americano, em 1914, e em Portugal surgiu, em 1938. Vamos fazer 64 anos de actividade, no dia quatro de Novembro deste ano. Teve como fundador Thomas Watson, senhor que, desde cedo, teve a preocupação de criar, nessa altura, não com um conceito tão formado como o de hoje, mas sempre teve a preocupação de ser um bom cidadão. Na IBM, desde 1914, que há práticas de boa cidadania a registar, enquanto empresa. É evidente que, quando uma atitude destas, logo na sua génese, de uma forma natural, passa para a atitude dos seus colaboradores. Como disse, numa fase inicial, estas acções tinham toda a estrutura que têm hoje em dia. Começou por funcionar num esquema de doações em géneros, equipamentos que produzíamos, por colaborações pontuais com as comunidades em que estamos inseridos. Também, com acções na preservação do ambiente, com contribuições de colaboradores em acções de voluntariado empresarial. Existia, ao mesmo tempo, a preocupação da integração de pessoas com deficiências e com o desenvolvimento de tecnologia para pessoas portadoras de deficiências, preocupação de utilizar a tecnologia como fonte e ferramenta de integração de grupos de exclusão social, no mercado de trabalho. Há um conjunto de acções que são possíveis, no âmbito da SER, que não posso enumerar todas e que foram tidas pela IBM, desde a sua génese. A cultura da empresa acaba por ser o alicerce de todas estas práticas? Precisamente! E porquê? Porque a IBM, o que foi, o que é e o que vai ser, serão sempre pessoas e pessoas. Somos todos nós que fazemos parte de comunidades inseridas dentro de comunidades. Portanto, a IBM tem muita preocupação em devolver à comunidade aquilo que dela recebe, no seu dia-a-dia. A IBM recebe a colaboração, o empenho e a dedicação de 315.000 pessoas que são os empregados da IBM, a nível mundial, que, no fundo, precisam de sentir que estão integrados na comunidade em que a IBM se insere também. Acaba por haver uma relação de compromisso que é pautado por
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PARQUEMPRESAS | NP |17 um código de conduta comercial que, por princípios éticos e deontológicos muito sérios, é cumprida com muito orgulho. E que depois permite que esta dinâmica aconteça de uma forma natural, de forma a que possamos sentir que somos um todo de uma grande parte para o qual trabalhamos, dentro e fora da empresa. Temos conhecimento de algumas acções tomadas pela IBM, em comunidades socialmente e economicamente desfavorecidas. Gostaríamos de saber, se para o Parque das Nações, sendo uma comunidade socioeconomicamente mais favorecida, está planeada alguma acção. Fazendo novamente, um pouco de história, a IBM começou com acções neste domínio, não de uma forma tão organizada como hoje. Começámos a responder reactivamente a pedidos e a desafios que nos eram lançados. E, depois, achámos que a melhor forma de responder a estas solicitações seria, através daquilo que mais facilmente está ao nosso alcance e que são as Tecnologias de Informação, colocando-as à disposição das comunidades. Porquê? Porque nem sempre quem nos fazia esses pedidos eram pessoas ou entidades da comunidade. Porque as pessoas não têm, isoladamente, a mesma facilidade para tomar essas iniciativas e contactarem a IBM. Neste sentido, a IBM decidiu potenciar da melhor forma a sua tecnologia e colocá-la à disposição das comunidades. Organizar programas centralmente assentes em diversos eixos que, depois, dão a conhecer ao nível das entidades ou comunidades que fazem parte de cada geografia. Depois, esperar que as pessoas reajam, mostrem interesse, mostrem que têm competência para poder florir a nossa tecnologia. E, portanto, desenvolvemos parcerias e trabalhamos muito neste espírito. Desenvolvemos parcerias que permitem “casar” a Tecnologia com o Know How dos nossos parceiros e fazer potenciar o que os dois têm de melhor, em prol de uma comunidade que nós queremos ver mais evoluída e com melhor qualidade de vida. Se aparecer um pedido de instituições que reúnam condições e competências para responder a estes programas, que a IBM põe em prática, teremos muito gosto em os apoiar com a nossa colaboração.
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FACES PESSOASDOPARQUE 18 | NP | FACES
começou com um presente para o meu filho mais velho. Hoje sou eu o viciado, com “fortunas” gastas nesses brinquedos! Supostamente deveria ter sido arquitecto, uma paixão que sempre tive, mas as médias na altura…demasiado altas para as minhas possibilidades. De qualquer maneira, a minha vida profissional (a sério) começou, precisamente, a trabalhar em arquitectura, numa então recente empresa criada por um amigo de longa data, após um curso intensivo de 2 anos em CAD-CAM. Durante um ano e meio partilhei esta paixão com outra ainda maior que é a conservação da natureza. A par com o trabalho, aproveitava os fins-de-semana e as férias para ir observar aves e conhecer áreas naturais em Portugal e no estrangeiro. Foi nessa altura que, movido pela grande vontade de registar essas áreas, comecei a fotografar (mal eu sabia que ia ser a minha profissão). Sentindo uma grande necessidade de fazer algo por este país que se estava a degradar a olhos vistos, juntamente com alguns amigos (de Lisboa, Porto e Portalegre), fundamos a associação Quercus, hoje, sem dúvida nenhuma, uma instituição na área do ambiente em Portugal, e uma acção de que me orgulho muito! Gradualmente, abandonei a minha actividade ligada à arquitectura e passei a trabalhar na Quercus, gerindo vários projectos relacionados com conservação da natureza. A campanha de protecção da Cegonha-branca, foi um entre muitos dos projectos em que estive envolvido. Um espectáculo…adorava e vivia o que fazia. Uns dos melhores anos da minha vida, com grandes amigos e uma causa (No meu entender, o que faz falta a muita gente!) que fez com que, ainda hoje, nos mantenhamos unidos.
AUTO-RETRATO
Nasci em 1964 em Lisboa, uma cidade com que desde sempre me identifiquei. De 1968 a 1972 ausentei-me para viver em Luanda, onde o meu pai foi leccionar na então, recente universidade. Depois disso, mais um ano e meio a viver e a estudar, em Inglaterra, desta vez por causa do doutoramento do meu pai. Até que, finalmente, assentei de novo em Lisboa, na zona de Benfica (junto ao Califa). Grande juventude…grande adolescência e…grandes amigos, aqueles com que hoje partilho bons momentos, juntamente com os nossos filhos. Sou um optimista e bem-disposto por natureza. Sou um homem de fortes paixões! Três coisas que eu adoro, para além da minha actividade profissional de foto-jornalista - a minha família, a Paula e os meus três filhos, António, Miguel e André (estes 2 últimos gémeos), conduzir uma Renault 4 (uma velha paixão que ficou das minhas viagens com a minha mulher pela Europa) e brincar com papagaios nas praias, uma brincadeira que
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No âmbito da actividade fotográfica, fui galardoado com alguns prémios e, gradualmente, a fotografia começou a ocupar, cada vez mais, parte da minha vida. Em 1991, já como fotógrafo free-lancer, criei a ILUSTRANATUR Fotografia . Design. Natureza, uma empresa especializada na divulgação e comercialização de imagens de natureza. Hoje já não estou “institucionalmente” ligado à Quercus. Gradualmente, as minhas imagens (sempre relacionadas com a natureza) começaram a aparecer em inúmeras publicações, exposições e, também, em campanhas publicitárias, quer em imprensa, quer em televisão. Comecei a colaborar com artigos sobre áreas naturais em Portugal e outros lugares da Europa, para publicações nacionais e estrangeiras como a Volta ao Mundo, Rotas e Destinos, Forum Ambiente, BBC Wildlife, Countryside e World Birdwatch e, mais recentemente, a National Geographic - Portugal, entre outras. Sentiame bastante bem, pois, pela primeira vez, publicações como a BBC Wildlife (uma das mais conceituadas revistas na área da natureza) tinha imagens de um português e falava sobre o património natural de Portugal. Em Novembro de 1999, com o apoio do Centro Português de Fotografia, entre outros, efectuei a exposição Aveiro Natural que esteve patente no Centro Cultural e de Congressos da cidade de Aveiro e, em Novembro de 2000, pela mão da Quetzal, foi editado o meu primeiro livro – AVEIRO NATURAL - que corresponde, em parte, àquilo que foi a exposição. Em Novembro de 2002, editei o meu segundo trabalho, O TEJO DO ESTUÁRIO, também com a Quetzal, desta vez em colaboração com uma colega bióloga, a Paula
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FACES | NP |19
Lopes da Silva, que trabalhou no sector de Ambiente da EXPO 98. No âmbito da minha actividade como fotógrafo, tenho viajado por inúmeras áreas naturais, quer em Portugal, quer no estrangeiro, com destaque para Espanha, França, Itália e Reino Unido. Tenho, igualmente, dado alguma formação na área de fotografia de natureza em cursos e participado em workshops de fotografia. Um dos últimos foi com o prestigiado fotógrafo David Alan Harvey do National Geographic e Agência Magnum, aquando da sua passagem, por Portugal, em 2002.
UMA HISTÓRIA PARA CONTAR
Sem grandes descrições, mas que ainda hoje nos faz rir e parece impossível. Ir, até Veneza, juntamente com 3 amigos, a “bordo” de uma Renault 4. Isto passando ainda por Andorra e pelos Dolomites, em Itália. Um dos principais objectivos meus: comer uma verdadeira pizza italiana e…em Itália. Acho que este tipo de “sonhos” é que nos faz viver! A Paula sempre a conduzir, pois nenhum dos outros (incluindo eu) tinha carta! Fabuloso!
COMO É QUE CONSTRUIRIA UMA CIDADE
Em parte, como a que existe aqui, no Parque das Nações. Com política ambiental (aproveitamento térmico, reciclagem), arquitectura e, acima de tudo, planeamento! Uma
das coisas que faz falta em muitas zonas de Portugal, embora ache que as coisas estão a melhorar. Aliás, foi essa uma das principais razões, juntamente com o facto de estar junto ao rio Tejo, que me levou a vir viver para aqui. No entanto, na minha modesta opinião, acho que o projecto inicial desta “nova cidade” está a desaparecer.
POR: JOÃO NUNES SILVA
O LUGAR FAVORITO
O café Contra Senso, no Terreiro dos Corvos. Adoro ir lá lanchar à sexta-feira (quando posso), na esplanada, enquanto os meus filhos dão uns toques na bola. Um chá e uma fatia de bolo de chocolate. Anseio pelas sextas-feiras!
O QUE DESENHAVA NO PARQUE
Aquilo que foi prometido aos milhares de moradores que optaram por vir para aqui. Uma escola integrada na zona sul e uma escola secundária.
O QUE APAGAVA NO PARQUE
As estúpidas obras, aos sábados, domingos e feriados, das 8.00 da manhã às 8.00 da noite, com perfuradoras, guindastes, camiões, tudo na maior impunidade, violando as mais básicas normas da lei do ruído. Para quem quer descansar ao fim-de-semana, é impossível! Os dejectos dos cães.
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Parque Empresas
FichaTécnica
Director: Miguel Ferro Meneses Director Adjunto: Filipe Esménio Redacção: Alexandra Ferreira, Diogo Lino, Mariana Gasalho, Pedro Pereira, Tiago Reis Santos, (Colaborações) J. Wengorovius, Pedro Jordão, Reinaldo Martins Fotografia: Miguel Ferro Meneses Direcção Comercial: Luis Bendada Ilustrações: Bruno Bengala Projecto Gráfico: Tiago Fiel Produção: Imaginarte Impressão: Imprejornal Rua Ribeiro Sanches 65-1200-787 Lisboa Tiragem: 5000 Exemplares Proprietário: Imaginarte Sede Social, de Redacção e Edição: Rua Júlio Dinis nº. 6 1º Dto. 2685-215 PORTELA LRS Nr. de Registo ICS -123 919 Depósito Legal nº. 190972/03
Esta edição do Notícias do Parque dá inicio à rubrica Parque Empresas que tem como objectivo integrar, com maior destaque, os protagonistas económicos que escolheram o Parque como sede de localização. O Parque das Nações, como tem vindo a ser referido, apresenta características muito únicas como zona que é e como cidade que será. Está calculada a presença de cerca de 22 mil trabalhadores nesta zona. Algumas das mais importantes empresas, nacionais e internacionais, integrarão, também elas, este espaço. Ao lado terão cerca de 25 mil residentes e, entre eles, cerca de um milhão de visitantes por mês. Por vezes, tenho alguma dificuldade em tentar visualizar a cidade daqui por dez anos, em desvendar a sua forma final. O projecto urbano está a crescer muito rapidamente, a comunidade a instalar-se, os visitantes ainda a olhar para o Parque como se fosse uma primeira vez. E tudo isto ao mesmo tempo, a um ritmo bastante célere. Apesar do puzzle ainda não estar completo, as partes vão ganhando corpo, por si. É preciso que comecem a aparecer os primeiros sinais de simbiose comunitária. Residentes, empresas e visitantes têm que começar a interagir. É indiscutível que as empresas irão ocupar uma parte fundamental neste todo, não só pelo espaço físico como pela vida que farão fluir dentro da cidade. Ruas, alamedas, comércio, zonas verdes, marginal, irão ser percorridas por este segmento social. As empresas deverão ter uma participação activa que transcenda a sua actividade interna. Poderão estar presentes sob as mais variadas formas na vida metabólica do Parque. Seja esta de carácter cultural, social, económico, ambiental, etc... Penso que seria importante que esta presença fosse o mais proveitosa possível para a Comunidade Parque. O tema que abre esta primeira repor tagem foca o tema das Empresas com Responsabilidade Social, matéria que acreditamos fazer sentido para uma rubrica que tem como fim aproximar as empresas entre empresas e estas com a comunidade. Cada vez mais, estes protagonistas económicos assumem um papel de intervenção, contribuindo para o desenvolvimento sustentável das sociedades onde estão integradas. Se o Parque é constituído por uma notável representação empresarial porque não tirar o melhor proveito desse facto? Penso que só traria vantagens para ambas as partes e, obviamente para o desenvolvimento desta zona.Temos todas as condições para marcarmos a tão esperada distinção e excelência por que todos esperam. Por outro lado, o facto de termos um maior número de vantagens e uma riqueza notável, na presença dos mais diversos pilares comunitários, faz com que seja maior a dificuldade de coesão entre todos estes elementos. Por isso, é necessário começar a procurar encontrar a sua forma o mais rapidamente possível. Maurice Duverger costumava fazer uma analogia em relação à metamorfose da borboleta. E, na minha opinião, não vai ser, depois de sair do casulo, que vamos conseguir edificar a cidade, à nossa imagem, quando esta já ganhou as suas asas e só pensa em voar. Mi guel F. Meneses
O homem à janela 20 | NP | REFLEXOS
“Quando há demasiadas coisas a agitarem-se cá dentro é preciso parar. Parar e esperar, com uma humildade infinita, uma nova certeza. Sem esquecer que talvez ela não venha.”
Lorenzo Mattotti e Lilia Ambrosi (O homem à janela)
Aos sessenta e seis anos de idade, o matemático John Nash, no seu discurso de recepção do Prémio Nobel da Economia, fez a seguinte afirmação: “A matemática levou-me à física, a física à metafísica e a metafísica ao amor”. Porque será que diante desta frase se sente que ela corresponde a um percurso não apenas possível, mas necessário? Porque será que nos parece natural, mesmo não o tendo percorrido? Talvez por sentirmos que a vida é uma sequência de etapas que a qualquer coisa mais vasta conduzem. Conhecendo um pouco da vida de Nash (retratada no filme “Mentes brilhantes”), impressiona o contraste entre a frase e a vida. Afinal, o que em muitos momentos, para ele próprio, terá sido um caos inapreensível, a uma certa distância, resolve-se numa frase tão breve. Nash encontrou uma ordem - uma espécie de recta de regressão - na aparente desordem dos seus dias. E assim, como cada distância que a frase percorre foi por ele percorrida, ela dá-nos a alegria do fogo de artifício que atravessa a noite e a ilumina do firmamento. Mas a frase também gera um desconforto: o matemático não só declara a precariedade da disciplina como lhe traça um horizonte “algo de que há medida que nos aproximamos se afasta cada vez mais”. Nash percorreu sucessivos horizontes até ao amor e depois escolheu o silêncio. Como se nos dissesse para descobrirmos por nós próprios que outro horizonte guarda o amor, como se a sua vida fosse um mapa dos limites. Há uns meses, Louise Bourgeois, uma artista plástica com noventa e dois anos de idade, disse encontrar-se todas as semanas com os amigos para sempre procurarem respostas para as mesmas questões. Ela deu um exemplo: “Por que razão o toque da mão de um amigo me é tão agradável?” O que parece é que de certeza em certeza ou de pergunta em pergunta, no fim florimos. Eu nunca me esqueço que Kant morreu a ler o Cântico dos Cânticos.
J. Wengorovius
joao_wengorovius@hotmail.com
PASSEIO PELO PARQUE | NP |21
P
Miguel F. Meneses
enso que não descia aqueles degraus há mais de 2 meses. As fotografias do último concerto que Miles Davis deu em Portugal continuavam a fazer-me parar por uns minutos. Não me cansava daquele movimento brutal que rompia,sem limites de profundidade,aquele preto e branco de 15 cm X 20 cm. Era uma noite de jam session perfeita para o meu primeiro dia de volta a Lisboa. Mal dobrei o último degrau reparo que o Mike, o barman, segurança e irmão adoptivo do Nicolau liga para o escritório reportando que eu acabava de chegar. Era tão óbvio que irritava. Digamos que o Mike nunca conseguiu ultrapassar o facto da sua falta de identidade genética, tornando-o uma pessoa extremamente insegura. Sempre que tomava uma decisão que pensava ser digna de um verdadeiro executivo bebia um shot de whiskey num ritual que o denunciava inconfundivelmente. Estacionava com alguma força o pano branco por detrás do ombro. Depois deixava-se cair de frente do balcão travando a queda com a mão e enquanto descaía o corpo mandava um trago fulminante no copo, fungando o nariz e olhando para as pessoas com uma convicção de quem acabara de fazer uma grande coisa. Ignóbil aquele Mike. Irritante. O que ele não imaginava é que eu tinha boas e más notícias para o Nicolau. Na minha cabeça só rodopiava uma frase: “este foi o meu último trabalho”. Essa era a má notícia. Para irritar o Mike eu tinha sempre o mesmo hábito que era avançar para o balcão e no momento em que ele,com aquele ar de durão,se preparava para me estender a mão, imediatamente eu mudava de direcção para a mesa mais perto do palco, deixando-o pendurado de mão no ar. Eu tinha sido contratado pelo Nicolau numa fase muito mediática da minha carreira como fotógrafo. Ele começou a seguir o meu trabalho e houve um dia em que se decidiu a telefonar-me. Ofereceu-me condições que eu não conseguiria vir a ter mesmo passado duas vidas e meia de trabalho… ou seja, comprou-me muitíssimo bem. A grande vocação do Nicolau (se é que se pode denominar de vocação) era organizar exposições de fotografia privadas para amigos e conhecidos que tinham a particular tara de comprar imagens de horror, de tragédia, enfim imagens resultantes da desgraça, sofrimento e por vezes da morte dos outros. “Pessoas em sofrimento” era como o “artista” costumava intitular o seu espectáculo. O meu papel era conseguir essas fotografias que por alguma razão eram cotadas e compradas em função do horror que representavam. Antes de cada trabalho
o Nicolau entregava-me um documento que dissecava o perfil de cada um dos convidados para a exposição. Desde a data de nascimento, passando pelo prato preferido, até aos segredos mais obscuros que eram apontados para que eu conseguisse uma orientação mais próxima com o tipo de fotografia que eles procurariam. Este era o grande segredo e trunfo dele. Cada um dos convidados encontrava mais do que uma simples imagem de horror, uma identificação inexplicável com um determinado tema. Poucos minutos eram precisos para que congelassem em frente da imagem que eu tinha preparado para eles. No fundo era quase como que eles tivessem encomendado a fotografia sem o saberem. E foi (quase) o que aconteceu neste meu último trabalho. A umas horas do início da exposição e ao som do Whiskey-A-Go-Go, de Miles Davis um terramoto atravessa o bar. No meio daquele tumulto de pessoas a fugirem, mesas e copos no chão vejo o Nicolau a ser levado em braços pelas mesmas pessoas que romperam pelo bar a dentro. E eu conhecia bem aquelas caras até porque tinham sido o meu último trabalho fotográfico. Ao pegar na máquina para apanhar o ar de perfeito “horror” do Nicolau comecei a tentar lembrarme do momento exacto em que eu resolvi tramar a situação. Confesso que as últimas listas de convidados que me chegavam às mãos assombravam ainda mais todo aquele trabalho. Começava a ficar desgastado de todas aquelas viagens e momentos escuros, começava a ficar farto daqueles voyeuristas tarados que não sabiam o que fazer com o dinheiro. A minha obsessão pelos “convidados” foi crescendo e, a pouco e pouco, foram-se tornando nos meus motivos de foco e mais tarde, alvos da minha objectiva. Porque é que eu iria andar à procura se tinha tudo o que precisava naquelas listas. E com todos aqueles dados não precisei mais do que dois dias para cada um dos convidados. Revelei e ampliei os negativos e escolhi as fotografias para os convites. O Nicolau tinha por hábito colocar uma das fotografias no convite e enviar num envelope selado para cada um dos convidados. Em vez de só uma... escolhi dez. Cada uma diferente e bem personalizada. Aparentemente aqueles dez fragmentos de espelho não agradaram aos tão ilustres convidados ao ponto de fazerem uma visitinha ao Nicolau, aparecendo um pouco antes da exposição começar. Não percebo porquê... as fotografias não estavam assim tão más. Deu um último gole e sem música, com o bar vazio resolvi ir-me embora. Ao subir as escadas voltei a parar no segundo degrau e ao olhar para as fotografias de Miles Davis pensei como é que é possível uma fotografia ser tão boa ao ponto de hipnotizar intemporalmente um espectador. Tirei a fotografia do meio e levei-a para casa… essa foi a boa notícia.
A fotografia de Miles
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PARQUE DAS NAÇÕES:
República Popular da China,
Milão e os Oceanos
N
Miguel F. Meneses
o passado dia 9 de Julho, decor reu, no Oceanário, a tomada de posse da Comissão Estratégica dos Oceanos. Esta comissão apresenta uma linha de acção onde a investigação, formação e modernização serão prioridades para aquilo a que o Primeiro-Ministro, Durão Barroso, definiu como “o desejo de fazer Por tugal um país incontornável da agenda internacional dos Oceanos”. Esta comissão é presidida pelo Ministro-Adjunto, José Luís Arnaut, e conta com a presença de 15 per sonalidades das mais diver sas áreas do contexto político, económico e social por tuguês. Ao mesmo tempo foi constituído um conselho consultivo do qual faz par te David Lopes, administrador do Oceanário e da Parque Expo. Ao Notícias do Parque, David Lopes referiu que uma das mais-valias desta comissão é, precisamente, o conjunto de pessoas que representam o estado e a sociedade civil, num projecto de grande importância para Por tugal. Adiantou, também, que não se trata
apenas de uma “intenção nostálgica, trata-se de encontrar uma nova vocação e atribuir-lhe um conteúdo”. Consciente de que é possível conseguir formar um cluster de tecnologia, de investigação e empresarial, sustenta que “já existe em Por tugal um variado leque de pessoas e entidades com um grande avanço nesta área de actuação”. Abordado em relação à impor tância deste projecto, para a Parque Expo explica que não só se torna gratificante como surge a possibilidade de uma aprofundada interpretação e reflexão sobre a vocação da empresa. “Neste momento somos, responsáveis pela requalificação de cerca de 20 KM de zonas ribeirinhas e os Oceanos são, sem dúvida, o verdadeiro património comum da humanidade. É impor tante, para nós, conhecermos mais sobre o seu impacto nas populações”.
C h i na e M i l ã o
A empresa norte-americana Hines convidou a Parque Expo para integrar o respectivo consórcio no concurso para a transformação do recinto da actual Feira de Milão. Juntamente com a
No espaço de quinze dias, o Parque das Nações recebeu, pelas mãos da Parque Expo, a visita do Ministro dos Negócios Estrangeiros da República Popular da China e as mais altas individualidades da política portuguesa para a posse da Comissão Estratégica dos Oceanos. A empresa recebeu, ainda, o convite da norteamericana Hines, para integração no concurso para a transformação do recinto da actual Feira de Milão. Estes são mais alguns passos que continuam a projectar o Parque das Nações na esfera internacional. Parque Expo estão mais três empresas italianas que, lideradas pela Hines, se apresentaram à fase de pré-qualificação. Este projecto envolve uma reconversão urbana, numa área de 255 mil metros quadrados, que corresponde à área mais antiga daquele espaço. Apesar da divulgação dos candidatos admitidos só ter lugar em Setembro, a participação da Parque Expo neste consórcio reflecte, já, um reconhecimento pelo trabalho realizado pelo grupo, sobretudo no projecto Expo’98. Numa altura em que as portas estão abertas à internacionalização, este convite vem reforçar a missão de requalificação urbana e ambiental da empresa. Um outro sinal, possivelmente favorável, neste âmbito, foi a visita do Ministro dos Negócios Estrangeiros da República Popular da China e da sua comitiva, no passado dia 27 de Junho, ao Parque das Nações. Recebidos pelo Conselho de Administração da Parque Expo, o diplomata e a sua comitiva percorreram alguns dos equipamentos mais emblemáticos do Parque, tendo estado, também, presentes no edifício da sede da empresa. A República Popular da China irá organizar a Exposição Universal de Xangai de 2010 e a Parque Expo voltou a afirmar a sua disponibilidade para colaborar na organização deste evento. Tratamentos Estéticos Crioterapia. Pressoterapia. Envolvimento de Algas. Endermologia. Mini Lifting Facial.
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A Oriente 4 | NP | OPINIÃO
Q
ual pensa ser o futuro administrativo mais aconselhável para o Parque das Nações? O Parque das Nações é bem ilustrativo da mobilidade das comunidades e das cidades onde existiam um conjunto de fábricas, de estruturas desaproveitadas e abandonadas, nascendo uma realidade multifacetada, mas com um cunho, essencialmente, de residência, de um novo bairro. Do ponto de vista da organização administrativa de um país, é necessário que as leis e os procedimentos se adeqúem às novas realidades e, portanto, neste caso, a organização deve acompanhar a vida e a evolução das coisas. Creio que se vai formando, na opinião pública, a ideia de que o Parque das Nações corresponde a uma unidade geográfica, populacional, económica, cultural mas que ainda não é uma unidade administrativa. Gostaria, como Professor de Direito Administrativo e autarca, membro da Assembleia Municipal de Lisboa, que esta zona correspondesse a uma unidade óbvia que é uma unidade administrativa. A resposta possível é a da criação da Freguesia do Oriente, que tem um nome que já é pacífico. Há várias questões que têm que ser resolvidas: o facto deste espaço abranger dois municípios, Loures e Lisboa, e, por outro lado, estar atravessado por três freguesias (duas pertencentes a Loures e uma a Lisboa). Se fosse criada uma freguesia, no âmbito de um só concelho, seria mais fácil. Neste caso, como há uma divisão que atravessa dois municípios, a solução é mais complicada mas, a meu ver, não parece impossível. Penso que seria útil que a Freguesia do Oriente fosse uma só unidade, isto é,
O tema Freguesia do Oriente tem vindo a levantar vozes e ideias no Parque das Nações. O Notícias do Parque abre, aqui, um ciclo de algumas opiniões e debate sobre esta matéria. Nas próximas edições iremos ter a participação de várias entidades, figuras ligadas a este assunto, que irão dar o seu testemunho e opinião sobre aquilo que pensam ser o futuro administrativo do Parque das Nações.
Professor Bacelar Gouveia Constitucionalista, Deputado da Assembleia Municipal de Lisboa, Vice-Provedor da Santa Casa da Misericórdia e Presidente da Associação Viva Lisboa.
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uma freguesia integrada num único concelho. Neste caso teria que o ser, em Lisboa, dado que a parcela que corresponde a Loures é muito pequena e todas as ligações urbanísticas, económicas, empresariais estão em Lisboa. Do ponto de vista de Lisboa, não há dificuldades adicionais, seria, apenas, retirar da Freguesia de Santa Maria dos Olivais aquilo que correspondesse à Freguesia do Oriente, até porque esta freguesia é das maiores de Lisboa e até agradeciam que não ficassem tão grandes. De que forma? Podemos ver o assunto de duas maneiras. A primeira é ver só a questão da constituição da Freguesia do Oriente como um processo autónomo e independente de outros movimentos. Porque o país está todo a ser atravessado por movimentos de criação de municípios, de freguesias, ainda agora, durante o mês de Julho, foram criados novos municípios. O facto de haver esta unidade, tão pacífica a vários tipos, justifica que o procedimento desta nova freguesia ande por si próprio. Mas também não escondo que, em Lisboa, há vários estudos no sentido de reorganizar a divisão de Lisboa. Temos uma divisão administrativa de 1959 que é muito antiga e completamente obsoleta, face a várias realidades, sobretudo no que diz respeito ao esvaziamento da baixa de Lisboa. Este processo torna as freguesias ocas do ponto de vista da população e, por outro lado, o crescimento brutal das freguesias limítrofes da Zona Ocidental, Norte e Oriental, agora, com o Parque das Nações. Tudo isto veio mudar, radicalmente, a disposição geográfica das pessoas, por PUB
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Lisboa. Portanto, Lisboa, mais do que nunca, precisa de uma reorganização administrativa, que passará pela extinção de freguesias muito pequenas e pela divisão de uma ou duas freguesias maiores. Neste caso, o processo da criação da Freguesia do Oriente insere-se nesta segunda linha, com a divisão da freguesia de Santa Maria dos Olivais. O ponto de vista formal É um pouco complexo. Precisa de uma lei da Assembleia da República, AR pois é ela que cria, modifica ou extingue os municípios. Existem três vias. A via mais imediata é: um ou vários deputados da AR (mais interessante ainda se forem de partidos políticos diferentes) apadrinharem esta ideia e apresentarem um Projecto de Lei para a constituição desta freguesia. Outra possibilidade, e penso que já esteja em marcha, é exercer o Direito de Petição à AR e há, ainda, uma terceira via que entrou agora em vigor que é a Iniciativa Legislativa Popular. Com um mínimo de trinta e cinco mil assinaturas recolhidas, um grupo de cidadãos pode apresentar um Projecto de Lei, numa posição paralela à da iniciativa dos deputados. E do ponto de visto político? Sinceramente não vejo grandes dificuldades na criação desta freguesia. Claro que, de vez em quando, assistimos a complicações sobre a criação de novas unidades administrativas, mas elas são sobretudo relacionadas com a criação de concelhos. Por outro lado, aqui parece-me que é lógico que haja uma realidade social, económica e cultural, que nasceu e que deve ter uma correspondência do ponto de vista da união administrativa. Agora, era de evitar fazer uma divisão deste espaço entre Loures e Lisboa. Ainda por cima, há um principio que é o da não existência de
OPINIÃO | NP | 5
uma dupla sujeição de uma freguesia a dois concelhos diferentes. Do ponto de vista do amadurecimento da decisão, as questões já estão resolvidas. Há um trabalho muitíssimo bem feito por parte da Associação de Moradores que tem lutado por este objectivo que é também elogioso, do ponto de vista da participação pública. Eu próprio presido à Associação Viva Lisboa que é uma associação científica, cultural e cívica que olha para os problemas desta cidade. Da nossa parte, somos favoráveis à criação desta freguesia e faremos tudo aquilo que estiver ao nosso alcance, como associação cívica, para promover essa criação. Sou também membro da Assembleia Municipal de Lisboa e presido à Comissão da Divisão Administrativa da cidade e estamos a trabalhar neste projecto onde há um consenso e unanimidade, na constituição da freguesia do Oriente. Portanto, todos os indicadores apontam neste sentido. O processo Do ponto de vista de um ciclo político, o primeiro ano de uma nova legislatura é sempre difícil e um assunto como este nunca é prioritário. A partir de agora, é tempo para que isto se resolva. Eu faço um apelo para que estas propostas dêem entrada na AR em Setembro ou Outubro, para depois haver um percurso interno de auscultação das populações, de verificação dos requisitos da lei, do ponto de vista técnico. Tudo para haver uma boa instrução do procedimento, para haver, até Junho de 2004 (fim da sessão legislativa), a aprovação desta freguesia. Havendo essa criação, o estado nomeia uma comissão instaladora para assumir os assuntos correntes. É preciso preparar, administrativamente, a freguesia e, depois, haver eleições nas próximas autárquicas, a decorrer em
Setembro de 2005. Do ponto de vista do timing, esta é a altura ideal. Eu não vivo no Parque das Nações, mas trata-se de um assunto que me é muito caro. Primeiro, porque sou deputado da Assembleia Municipal de Lisboa e, depois, por achar que este é um exemplo de como um dinamismo de uma nova realidade social como esta tem que ser acarinhado pelo próprio poder legislativo. Fala-se tantas vezes em Democracia, participação, na eficiência do funcionamento do sistema, que seria escandaloso que as pessoas que têm o poder para decidir não venham satisfazer o desejo daqueles que per-
tencem a uma unidade territorial óbvia. Ficaria muito frustrado se não se pudesse criar esta Freguesia do Oriente. Que conselhos a dar aos futuros gestores urbanos? Dois tipos de conselho: um teórico e outro mais prático. O primeiro: pedir aos autarcas que não sejam egoístas. Darem por adquirido que a freguesia vai ser criada não criando obstáculos, através de reivindicações de poderes ou vontades próprias. Do ponto de vista prático: criar uma comissão conjunta das três freguesias para, em harmonia e em conjunto, gerirem aquele
espaço como se fosse uma única freguesia. As vantagens de uma freguesia Apesar de não terem muito poder, passam a ter recursos próprios, poder de representação das populações, têm poderes específicos em matéria de recenseamento, trânsito, gestão escolar, mercados, cemitérios, etc. Esse complexo de poderes não deve ser menosprezado. Não é só a questão de uma preocupação política, é mais do que isso, é a capacidade de poder representar os interesses das pessoas. PUB
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Cidade Frustrada 6 | NP | AMCPN
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ara quem reside no Parque das Nações, constatar a diferença entre aquilo que foi prometido e a realidade já passou a ser lugar comum. Assistir à passividade generalizada dos responsáveis políticos pelos principais problemas dos moradores que se encontram por resolver é também algo a que nos habituámos, mas que continuará a merecer a oposição da Associação de Moradores e Comerciantes do Parque das Nações. Lamentavelmente, o decorrer do tempo só nos tem vindo a dar razão quanto aos problemas que há muito diagnosticámos e para os quais procuramos soluções. O caso mais recente é o da decisão da Direcção Regional de Educação de Lisboa e do Conselho Executivo da Escola Básica Integrada Vasco da Gama de retirarem a prioridade aos residentes no acesso ao respectivo Jardim de Infância, apesar da oposição da AMCPN e da Associação de Pais da escola. Tal acto, completamente desprovido do mínimo bom senso, veio agravar a já deplorável oferta de equipamentos escolar públicos aos residentes do Parque das Nações, uma vez que o crescimento, mais do que previsível, da população e a decisão absurda de adiamento da construção das escolas previstas no Plano de Urbanização têm vindo, de ano para ano, a tornar mais difícil o acesso à Escola Vasco da Gama. A decisão em causa vem também colidir com a anterior leitura inteligente das entidades competentes, e oportunamente exigida pela AMCPN, de considerar o Parque das Nações como a área de abrangência da referida Escola. Aliás, outra coisa não seria razoável, atendendo ao espírito com que a Escola Vasco da Gama foi edificada. Lembre-se que, na brochura divulgada em 1996/1997 pela sociedade Parque Expo 98, S.A., intitulada “Expo Urbe – A Nova Cidade de Lisboa”, se faziam afirmações que hoje deixarão estupefacto qualquer residente, quando confrontadas com a realidade e com o alheamento que os responsáveis pela mesma sociedade têm vindo a revelar sobre estes problemas. Afirma-se, por exemplo, que “identificadas as principais necessidades através de extensos estudos de mercado dirigidos, quer às empresas, quer aos futuros habitantes da Expo Urbe, delineou-se a me-
lhor forma de as satisfazer”. Refere-se, logo em seguida, que “aos residentes, não faltarão serviços de apoio, como comércio e restauração, escolas, hospital, espaços de lazer ou instalações desportivas”. Diz-se também que “para que o bem-estar de cada família residente na Expo Urbe seja uma certeza, tudo foi pensado ao pormenor”. A um nível mais técnico, ainda na brochura referida, constata-se que se encontrava prevista a construção de duas outras escolas - uma Escola Secundária e uma Escola Básica 1+2+3 e Jardim de Infância, neste último caso a edificar num terreno entretanto vendido pela Parque Expo para a construção de um empreendimento imobiliário que envolve edifícios de mais de 20 andares. Também a não construção do centro de saúde parece ser algo de difícil compatibilização com o princípio enunciado de que tudo foi pensado ao pormenor para garantir o bem-estar dos moradores. Os moradores aguardam igualmente pela edificação, no Parque do Tejo e do Trancão, de “uma Academia de Golfe, um Centro Hípico, pistas de Jogging (...) e diversas Piscinas”, as quais se referia na brochura citada que “contribuem para a singularidade do Parque”. A extensão da linha do Oriente, claramente prevista na brochura “Expo Urbe – Rede de Transportes” parece também ser um cenário completamente afastado do próximo futuro. Aliás, a avaliar pelas afirmações de responsáveis da Parque Expo 98, os projectos de criação de um parque de lazer junto à foz têm sido desenvolvidos sem qualquer preocupação de expansão da rede de metropolitano. Na mesma brochura, a propósito do conceito de intermodal da Gare do Oriente, refere-se que “todas estas facilidades integram a Expo Urbe dentro da capital, convertendo-a numa nova cidade em Lisboa e dando novo sentido à eficiência, funcionalidade e rapidez em transportes”!!! Como se sabe, o Parque das Nações continua a ser servido, e muito precariamente, por apenas uma linha de autocarros da Carris, tendo a expansão desta linha à zona Sul resultado de intensas pressões da AMCPN, as quais, no entanto, não foram ainda suficientes para garantir a dotação adequada de transportes públicos. O que dizer perante isto?
A reacção mais natural é concluirmos que os residentes foram ludibriados, ou talvez demasiado generosos, por terem acreditado naquilo que lhes foi apresentado por uma sociedade detida a 100% pelo Estado Português e que, aparentemente, se relacionava com um projecto de dimensão nacional. Em várias ocasiões temos procurado respostas por parte da Parque Expo 98, S.A. bem como de outras entidades do sector público envolvidas. Do actual Conselho de Administração da Parque Expo temos ouvido afirmações no sentido da expansão dos serviços de reconversão urbana a outras zonas do país e mesmo do estrangeiro. Ao mesmo tempo, tem-nos sido referido pelo mesmo Conselho que essa estratégia torna ainda mais importante a preservação da qualidade do Parque das Nações, que será sempre “a montra” do trabalho da Parque Expo 98, S.A. Ora, a utilização do Parque das Nações como “montra” deveria obrigar a Parque Expo 98 a um envolvimento total na resolução dos problemas de equipamentos públicos e de ordenamento urbano que tendem a subsistir. A propósito, é absolutamente incompreensível a posição sistemática de neutralidade da Parque Expo 98, S.A., relativamente à imperiosa criação da freguesia do Oriente, que consagre a unicidade administrativa do Parque das Nações. Para mais, quando se publicitou o Parque das Nações como “Expo Urbe – A Nova Cidade de Lisboa”. O Estado, enquanto promotor de um dos maiores projectos concretizados em Portugal, não pode, naturalmente, escudar-se no facto de algumas destas promessas terem sido efectuadas em brochuras publicitárias, muito embora a esmagadora maioria destas promessas tivesse, à altura, correspondência nos planos de urbanização (entretanto alterados). Não pode também escudar-se em eventuais alterações estratégicas, uma vez que os compromissos assumidos com os residentes não podem ser repudiados por mudanças políticas. A este propósito, cabe, desde já, alertar os moradores e comerciantes do Parque das Nações para outras alterações aos Planos de Pormenor que estão a ser preparadas, as quais, certamente, se consubstanciarão em densificar ainda mais a construção de edificios de habitação e escritórios, alguns à custa de equipamentos sociais como sejam, nomeadamente, a Fundação do Gil e o Clube Sénior. Quanto à Fundação do Gil, com a conivência do Presidente da Câmara Municipal de Loures, prepara-se a transferência da sua Sede para junto do Seminário dos Olivais, libertando-se no Parque das Nações a Parcela que lhe está destinada para mais uns negócios rentáveis quer para a Parque Expo, quer para a própria edilidade. Temos de manifestar a nossa repulsa por mais esta “panelinha” contra o Parque das Nações! Lamentavelmente, quanto a todas estas questões, os silêncios, as omissões e conivências dos responsáveis políticos e autárquicos têm sido mais que muitos. Há, nomeadamente, autarquias que elegeram como prioridade para o Parque das Nações “marcar o terreno”, afixando, apressadamente, placas a dizer “Benvindo à Freguesia de ...”, em resposta ao desejo dos moradores e comerciantes do Parque das Nações de criarem a sua própria Freguesia, ignorando por completo os nossos apelos para que, como lhes cabe, procurem resolver os muitos problemas com que nos defrontamos. Aos moradores impõe-se, pois, reforçarem a sua participação no desenvolvimento de iniciativas que contribuam para a resolução dos problemas que os afectam, para o que continuarão a contar com a atitude exigente da AMCPN. Um contributo fundamental é a participação e divulgação do abaixo-assinado que se encontra em curso para a criação da freguesia do Oriente (para mais detalhes ver www.amcpn.com). A Direcção da AMCPN
Para futuras inscri es de s cios da AMCP utilize o seguinte contacto: Rua Ilha dos Amores, LT. 4.39.01.C.4A Telef/Fax - 21 893 60 59