Edição 15

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ENTREVISTA L U ÍS M IG U E L P I N HE I RO

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REPORTAGEM NO OCEANÁRIO COM...

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2 | NP | EDITORIAL

Inovar “habitats” urbanos

noticiasparque@netcabo.pt 219456514

O

FichaTécnica

Director: Miguel Ferro Meneses Director Adjunto: Filipe Esménio Redacção: Alexandra Ferreira, Mariana Gasalho, Pedro Pereira, Tiago Reis Santos, (Colaborações) Gonçalo Peres, J. Wengorovius, Pedro Jordão, Reinaldo Martins Fotografia: Miguel Ferro Meneses Direcção Comercial: Luis Bendada Ilustrações: Bruno Bengala Projecto Gráfico: Tiago Fiel Colaboração: Joana Ramalho Produção: Imaginarte Impressão: Imprejornal Rua Ribeiro Sanches 65-1200-787 Lisboa Tiragem: 5 500 Exemplares Proprietário: Imaginarte Sede Social, de Redacção e Edição: Rua Júlio Dinis nº. 6 1º Dto. 2685-215 PORTELA LRS Nr. de Registo ICS -123 919 Depósito Legal nº. 190972/03

Presidente da República, Jorge Sampaio, esteve presente no Parque das Nações e deixou claro, em sua opinião e vontade, que a gestão administrativa, por parte das autarquias, seja iniciada com a máxima brevidade. Já aqui foi referida a importância que uma gestão administrativa e urbana, tem nos primeiros anos de vida de uma cidade e, de certo modo, desenhará a espécie de “habitat” urbano que existirá no futuro. É inequívoco o potencial que o Parque das Nações apresenta nos mais importantes patamares de edificação urbana. É um projecto novo e é considerado como a grande requalificação urbana e ambiental dos últimos tempos, o que o coloca num nível de atracção inigualável à maioria de outras zonas urbanas portuguesas. Temos a proximidade com o rio, zonas verdes em abundância, dois dos maiores equipamentos culturais nacionais, uma conceituada estação de transportes e uma quantidade de pequenas e grandes empresas nacionais e internacionais. E, acima de tudo, uma quantidade impressionante de pessoas que continuam a visitar este espaço, dotando-o de uma vida autêntica, e só as pessoas é que tornam possível a autenticidade e reconhecimento de uma cidade. Por mais que tentemos fugir à “marca” de zona especial (numa tentativa de fugir a uma superioridade passível de uma má interpretação), a realidade é que o Parque é, de facto, um projecto diferente e gerado em circunstâncias sobredotadas. Mas, mais uma vez, nada do que foi referido adianta algo de novo para a realidade presente. Mas talvez venha reforçar o facto de podermos arriscar novos percursos para o crescimento desta nossa pequena cidade. Falava, atrás, do número crescente de empresas situadas na zona e da importância que estas podem vir a representar para o Parque das Nações. Talvez, aqui, seja possível arriscar e inovar modelos diferentes para a nossa gestão urbana. Na década de 80, foi criado em alguns grandes e até pequenos centros urbanos americanos, um programa que se intitulava de BIS (Business Improvement District), onde a participação do sector privado na administração municipal veio resultar numa simbiose, entre os dois, com reflexos bem positivos para a melhoria da gestão urbana. Este programa veio provar que o papel das empresas pode ser de extrema importância para a administração de uma urbe e para a resolução de problemas que o poder local não consegue superar. O sector privado e os empresários poderão contribuir de uma forma criativa e produtiva para um crescimento do Parque das Nações, surpreendendo e superando as expectativas da própria Urbe em si. É possível estar um passo à frente. Não temos que esperar que o papel caia no chão para alguém o ir apanhar. Não temos que esperar pela etapa de resolver problemas. Podemos antecipar soluções. Penso ser importante aproveitar as empresas aqui presentes e “convidá-las” a terem um papel mais activo nas mais importantes e diversas áreas deste crescimento. Talvez esta questão possa parecer bastante prematura numa fase em que as duas Câmaras ainda não estão com os dois pés cá dentro. Mas porquê esperar? . Miguel F. Meneses


Acontece no Parque das Nações

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O início do ano foi marcado por alguns momentos que merecem, aqui, destaque. A visita do Presidente da República ao Oceanário, a posse dos novos órgãos sociais da Marina do Parque das Nações, e a entrega da petição, na Assembleia da República, para a constituição da Freguesia do Oriente.

P R n o Oc e a n ár io

O Presidente da República, Jorge Sampaio, foi a figura de destaque na entrega dos Certificados dos Sistemas de Qualidade e Ambiente ao Oceanário de Lisboa, galardoando a qualidade do sistema de gestão e a qualidade do ambiente. Com estes certificados, este equipamento do Parque das Nações passa a ser o primeiro, a nível europeu, a ser distinguido desta forma. Jorge Sampaio, teve um discurso de improviso, extremamente, elogioso ao Oceanário e, acima de tudo, ao “projecto Expo”. Considerando o projecto como um motivo de orgulho nacional, Jorge Sampaio realçou ainda duas questões importantes: o facto de considerar que seria um erro avaliar os custos deste projecto, a curto prazo, o que poderá prejudicar o seu desenvolvimento e a necessidade das Câmaras municipais de Lisboa e Loures assumirem a gestão urbana deste espaço. A cerimónia contou, na mesa principal, com a presença do presidente do Grupo Parque Expo, Bracinha Vieira; com o presidente do Oceanário, Vítor de Castro e o ministro das Cidades, Ordenamento do Território e Ambiente,

Amílcar Theias. Estes certificados vêm coincidir com a assinatura de um protocolo deste equipamento com a Câmara Municipal de Mora, para a construção do Fluviário de Mora, uma espécie de “Oceanário de água doce”, o primeiro da Europa.

M a r i na

A Marina do Parque das Nações deu mais um passo em frente com a tomada de posse dos seus novos órgãos sociais. Após o acordo para a reabilitação financeira e empresarial entre os credores, pensa-se que, durante o mês de Fevereiro, serão concluídos os estudos “de caracterização da área concessionada”, com vista à criação de um Plano de Desenvolvimento Estratégico da Marina. O passo seguinte remete-se à reactivação da estrutura náutica e à criação de medidas que permitirão a integração da actividade comercial na zona. As previsões apontam para que este grande projecto da Zona Sul do Parque das Nações esteja concluído, até ao final do ano de 2004.

Moradores e Comerciantes do Parque das Nações (AMCPN) entregou, na Assembleia da República, a Petição para a criação da Freguesia do Oriente no Concelho de Lisboa. O documento faz uma retrospectiva, muito bem estruturada, de todo o processo que tem acompanhado o projecto Parque das Nações, fazendo um enfoque temporal nos momentos mais importantes deste desenvolvimento. Nele fi gu ra uma descrição minuciosa dos critérios que, para a AMCPN, constituem funda mento inegável para a constituição de uma freguesia única neste espaço. A quantidade e qualidade, destes elementos informativos, não só ajudará a projectar uma imagem fidedigna da situação actual como poderá ajudar, de um posto de vista orientador, na elaboração da eventual proposta de lei para a criação desta freguesia. Resta, agora, esperar por uma reacção da AR assim como dos representantes dos partidos.

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A qualidade urbana e ambiental depende,

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O Parque das Nações é dotado de um sistema de recolha de Resíduos Sólidos Urbanos, RSU, que é pioneiro em Portugal. Em actividade desde 1998 é altura de se fazer um balanço sobre o funcionamento de um dos sustentáculos mais importantes da gestão urbana nesta zona. Luís Miguel Pinheiro, da Área Funcional do Ambiente da Parque Expo, fala-nos sobre o percurso dos “lixos” que ninguém vê.

Miguel F. Meneses

De onde é surge a ideia de implementar este inovador sistema de recolha de resíduos sólidos urbanos (RSU) no Parque das Nações? De experiências com exposições anteriores. Neste caso em concreto, fomos a Sevilha e a projectos idênticos como a Vila Olímpica, em Barcelona, onde estava instalado este sistema. Este sistema já estava implementado em outros pontos da Europa e do Mundo e enquadrava-se dentro da nossa estratégia de inovação e de expansão de infra-estruturas que asseguram uma qualidade urbana e ambiental acima da média.

rio.

Que balanço é que fazem nesta fase de implementação do projecto? O sistema ainda não entrou na sua velocidade de cruzeiro. Por outro lado, ainda temos muitos estaleiros de obras que afectam este processo, causando, por vezes, danos na rede, como uma tubagem que é partida, provocando a entrada dentro da rede, e, se estiver a decorrer uma recolha de papel, este fica húmido deixando de apresentar qualidade para ser reciclado. As reparações são efectuadas, de imediato, tentando que o sistema esteja operacional no mais curto espaço de tempo possível. Neste momento, temos uma Como é que este sistema fun- série de informações e de dados, mas que correspondem a ciona? Funciona através de uma rede uma fase que ainda não é de de condutas subterrâneas com estabilização deste projecto. As uma tubagem horizontal que percentagens que estamos a está ligada a uma rede predial. recolher para reciclagem ainda Foi aprovado em legislação que estão muito aquém das nossas todos os edifícios fossem obriga- expectativas. Estamos numa fase dos a ter instalada esta rede pre- de crescimento, temos cerca de dial interior. Existem duas cen- 9000 moradores e as nossas trais, uma na zona sul e outra na expectativas são que, com este zona norte. Em todos os edifí- crescimento, esta taxa de reciclacios, existe, em cada patamar, gem venha a aumentar. Mas o pelo menos uma boca para importante é que a partir do depositar os chamados resíduos momento em que o sistema indiferenciados, que pode ser uti- esteja estabilizado e que toda a lizada a qualquer hora. A existên- rede esteja construída, assim como a maioria cia desta boca vem oferecer uma utiliO sistema ainda dos edifícios, então, aí, tenhazação muito mais não entrou na mos um panoracómoda para os sua velocidade ma totalmente utentes, em terde cruzeiro. diferente e posmos de deslocasamos actuar em ção, e evita a existência de contentores nas ruas e termos de sensibilização da o ruído, durante a noite, da população. Por muito bons que sejam os remoção desses contentores. No rés-do-chão existe outra sistemas, se não houver uma boca, para as selecções valoriza- consciência cívica e uma atitude das, como o papel e cartão, correcta, por parte das pessoas, embalagens e vidro feita em dias não funciona. próprios. Todo este material é conduzido pelas condutas, atraFale-nos um pouco sobre a vés de um sistema de vácuo campanha de sensibilização que para as duas centrais. Aí são está a ser preparada. compactados e armazenados Terá, numa primeira fase, um em contentores, seguindo para a tempo para termos uma ideia Central Sug. As fracções valoriza- mais concreta dos residentes das são entregues no centro de que aqui existem e dos fogos triagem da Central Sug na qual é que estão habitados permitinfeita uma triagem, sendo, poste- do-nos preparar, de uma forma, riormente, enviadas para as mais fidedigna, a elaboração indústrias de reciclagem. desta campanha. Esse censo, irá Papel/cartão, vidro e embalagens ser enviado para a administravão para o centro de triagem. ção dos condomínios que Os indiferenciados são entre- informarão sobre quais as fracgues na incineradora Valor Sul, ções do respectivo edifício é aqueles que são passíveis de que estão habitadas. Toda a queima ou para o aterro sanitá- informação será única e exclu-


em primeira estância, das pessoas

sivamente utilizada para esta campanha. Após o resultado deste censo será feita com maior detalhe esta campanha constituída por dois tipos de inquéritos: um, para residentes e outro, para actividades comerciais (restauração e serviços) nos quais serão colocadas questões aos inquiridos, tendo estes, também, a possibilidade de colocar as suas dúvidas. Simultaneamente, será produzida uma brochura com informações sobre o funcionamento do sistema. Estamos, também, a equacionar uma campanha paralela, através de out doors espalhados pelo Parque das Nações. Irá ser efectuado um contacto com a Associação de Moradores e Comerciantes do Parque das Nações, para uma colaboração, na medida do possível. Posteriormente e com os resultados desta campanha, iremos redefinir toda a estratégia deste sistema. Portanto, era importante que a

Era importante que a adesão das pessoas fosse grande para uma exposição dos seus desejos, opiniões e necessidades, em relação a esta matéria. adesão das pessoas fosse grande para uma exposição dos seus desejos, opiniões e necessidades, em relação a esta matéria. Uma única pessoa pode prejudicar um processo de grande importância? Um caso muito prático. Por exemplo: está a ser feita uma recolha de papel, no meio do qual foi depositado um papel que não está em condições de ser reciclado(porque está húmido ou com muita gordura)e entra num processo de putrefacção que vai deteriorar uma grande parte do lote, onde está colocado. Este facto é suficiente para ser recusada pelo centro de triagem da Valor Sul. Que erros é que as pessoas

habitualmente cometem? Caixas de cartão de grandes dimensões que, em vez de serem rasgadas, são dobradas e acabam por voltar a abrir dentro, da conduta, provocando o seu entupimento. Já encontrámos um micro-ondas, uma máquina de escrever, um quadro de uma bicicleta de criança... Há situações perfeitamente inexplicável. Existe alguma diferença no método de recolha entre serviços, comércio e residências? Neste momento não existe diferença. Uma das coisas que vamos fazer é um programa novo para os edifícios de escritórios, dado que, neste caso, a grande produção é de papel, passando a ser só feita recolha de papel. Ou seja, é efectuada, normalmente, a recolha do lixo

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indiferenciado, mas deixa de ser soal. Ou seja, num dia está uma possam parecer, acabam por feita a recolha de vidro e emba- pessoa que já conhece o sistema, fazer parte de um grande todo. Este sistema é o único implelagens que é praticamente no dia seguinte, está outra que inexistente, nos escritórios. desconhece o seu funcionamen- mentado no nosso país. O Uma outra hipótese é de, na to. São questões que temos que Parque das Nações é uma zona, do ponto de vista do impacto parte dos reciclados, nas zonas trabalhar e aperfeiçoar. urbano e ambiental, de reconheresidenciais, de restauração e de serviços, passarmos a recolher Uma mensagem para os utentes cido sucesso, se calhar, mais lá fora do que propriamente em só duas fracções, embalagem e do Parque das Nações. Portugal. Precisamos que papel e todo o vidro passar a ser depositado, Já encontrámos um micro-ondas, exista uma correspondência por parte dos utentes. em vidrões, a serem uma máquina de escrever, Tem que haver uma relacolocados na rua. Mas um quadro de uma bicicleta ção de complementaridaestamos a falar, apenas de criança... Há situações de. de uma hipótese. Há perfeitamente inexplicáveis. ainda uma série de outras hipóteses que ainda têm que ser estudadas. O A qualidade urbana e ambiental que é certo é que iremos arran- do Parque das Nações depende, car, já, com o projecto-piloto da em primeira estância, das pessorecolha única de papel, para os as. É fundamental que esta zona escritórios. continue a ser uma zona de referência nacional e até mesmo E em relação ao comércio e à internacional. Da nossa parte, irerestauração? mos continuar a desenvolver Existe um grande problema que todos os esforços para que se é a falta de espaço de que dis- caminhe nesse sentido. As pessopõem. Depois, no caso dos res- as têm que ter consciência de taurantes, são caracterizados por que aquilo que fazem é relevante uma grande rotatividade de pes- e que, por mais insignificantes que


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UMA HISTÓRIA REAL S

etembro de 1998. É terminada a primeira fase de instalação do Sistema Pneumático de Recolha de Resíduos Sólidos (SPR) no Parque das Nações (PN), até à data, o único sistema de recolha por vácuo do país. Este sistema, sofisticado, inovador e muito prático para quem o usa, consiste basicamente de uma rede de condutas que transportam os resíduos de cada uma das comportas de recolha distribuídas pelo PN, para uma central de armazenamento e compactação, permitindo, com vantagens ambientais, eliminar a ocupação do espaço público e impacte estético de contentores volumosos, bem como o ruído dos veículos de recolha. Este sistema, recolheu, em 2002, cerca de 10,5 toneladas por dia de resíduos, produzidos pelos cerca de 9.000 habitantes e estabelecimentos do PN. Com a total ocupação do PN, prevista para 2006, deverá servir cerca de 25.000 habitantes, o que implicará a recolha de aproximadamente 30 toneladas diárias de resíduos. Depois de jantar,Vítor prepara-se para se sentar no sofá a ver televisão com a esposa, Júlia. De caminho, junta todos os resíduos do dia – num único saco - e obriga-se a ir até à boca de recolha do andar. Ao aproximar-se da comporta, ouve uma voz miudinha atrás de si: “Ó pai, porque é que tens que misturar isso tudo?” - a filha, Susana, separa conscienciosamente os resíduos, tal como aprendeu no jogo de educação ambiental realizado há dias na sua escola. Transportando consigo um saco com o papel que separa no seu quarto, preparava-se para descer até ao rés-do-chão, onde se encontra a boca de recolha dos recicláveis. “Não vês que reciclar é bom para todos? Porque assim usa-se outra

vez a mesma coisa, faz-se menos lixo, gasta-se menos a natureza e vão menos venenos para o ambiente! E hoje é dia do papel!”.Vítor ruborizou. Sabia que a criança de 7 anos à sua frente, tinha razão, e ele nem se tinha dado ao trabalho de pensar nisso. Os resíduos depositados por Vítor e Susana seguem o seu caminho, agora em vias separadas. À hora certa, na Central de Armazenamento de RSU, são accionados potentes compressores, que sugam o ar nas condutas, antes em repouso. A válvula que retêm os resíduos na boca de recolha abre-se, deixando cair os resíduos, na conduta já em vácuo, que os transporta até à Central para os compartimentos respectivos – resíduos misturados, e resíduos recicláveis. No entanto nem todos os utentes do Parque tiveram a mesma atitude da Susana. Porquê? Seria falta de informação (apesar dos placards afixados com instruções para a deposição)? Falta de espaço? Talvez alguma inércia, resistência à mudança de hábitos? Pouca consciência cívica?... ou simplesmente falta de paciência? Na empresa responsável pelo destino final dos resíduos, o encarregado da verificação da qualidade dos resíduos recicláveis aguarda com expectativa a chegada do camião do Parque das Nações. Seria bom que esta remessa viesse melhor que a anterior, que teve que ir para a incineradora, e as respectivas cinzas depositadas em aterro. A chegada do camião rapidamente lhe ensombra o optimismo. A descarga revela que alguns sacos com resíduos não separados foram colocados em bocas destinadas aos recicláveis. Mais uma que não pode ser enviada para reciclagem. Que desperdício!

Isto sabendo que uma tonelada de papel reciclado gasta menos 64% em energia, 50% menos em água, produz 74% menos poluição atmosférica do que uma tonelada de papel produzido directamente da madeira, poupando o abate de 17 árvores e criando 5 vezes mais emprego. Que uma embalagem de iogurte contém energia suficiente para manter uma lâmpada de 60W acesa durante uma hora. Que a reciclagem de 25 garrafas de plástico (PET) de 2 litros gera material plástico suficiente para fazer uma camisola de malha polar. Que a partir de uma tonelada de casco (resíduos de vidro), pode produzir-se uma tonelada de vidro novo. Este quadro imaginário é baseado em ocorrências reais, pelo que se torna urgente conhecer o grau de informação, motivações, posições, e atitude dos utilizadores do sistema pneumático de recolha (SPR), face à correcta separação e deposição dos resíduos sólidos. Para tal, ir-se-á realizar uma Campanha de Sensibilização, através da realização de inquéritos em terá oportunidade de colocar questões sobre o que fazer com os seus resíduos, como utilizar o sistema de recolha instalado e compreender um pouco melhor porque é tão importante separar e reciclar. Esta é a sua oportunidade de dar um contributo essencial para a manutenção do elevado nível de qualidade urbana e ambiental que caracteriza o Parque das Nações - com informação e, sobretudo, com uma nova atitude. Você é o actor principal desta acção - a criação contínua de um espaço urbano exemplar para todo o país. PUB


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FREGUESIA DO ORIENTE ando expressão à vontade dos vários milhares de subscritores, a Associação de Moradores e Comerciantes do Parque das Nações entregou, no passado dia 2 de Fevereiro, na Assembelia da República, uma Petição para a criação, no concelho de Lisboa, de uma freguesia, designada “Freguesia do Oriente”, abrangendo todo o actual território do Parque das Nações. Conjuntamente com tal Petição, entregou-se, igualmente, um documento que poderá servir de base à proposta de lei para a criação da nossa freguesia. Desse documento, transcrevemos alguns dos pontos mais relevantes. “Apesar da realidade inelutável de que o Parque das Nações é hoje, e sê-lo-á ainda mais num futuro breve, um novo polo urbano, com características específicas e comuns a toda a sua área, subsiste ainda a divisão administrativa anterior ao seu desenvolvimento.Tal anacronismo consubstancia-se na divisão do território do Parque das Nações pelas freguesias de Santa Maria dos Olivais, do concelho de Lisboa, e Moscavide e Sacavém do concelho de Loures, não obstante a gestão deste território ter cabido à Administração do Porto de Lisboa, antes do início do processo de reconversão urbana desencadeado pela Expo 98, e a sociedade Parque Expo 98, desde então. A necessidade de uma gestão urbana comum, no Parque das Nações, foi reconhecida com a publicação do Decreto-Lei nº. 165/2001, de 23 de Maio, que, reiterando o relevante interesse público nacional em causa e definindo no seu preâmbulo como objectivo “assegurar uma qualidade urbana e ambiental de excelência”, estabeleceu a concessão do serviço de gestão urbana do Parque das Nações a uma sociedade a criar pelas Câmaras Municipais de Lisboa e de Loures, bem como pela sociedade Parque Expo, SA. Entendia-se então ser necessário um período de transição que garantisse a necessária gestão unificada do Parque das Nações, até à criação de condições que permitissem definir-lhe um estatuto administrativo definitivo, porquanto a mesma entidade contrariaria o princípio municipalista que enforma a organização territorial e administrativa do nosso país, profundamente arreigado no espírito das populações, segundo o qual a gestão autárquica deve ser assegurada por representantes dos munícipes, democraticamente sufragados em processo eleitoral. No entanto, a decisão das Câmaras Municipais de Lisboa e de Loures de não concretizarem a concessão prevista no Decreto-Lei nº. 165/2001, de 23 de Maio, reforçou o desajustamento da actual divisão administrativa, face à actual realidade urbana. Torna-se assim imperiosa a definição de um estatuto administrativo para o Parque

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das Nações, compatível com as necessidades da sua gestão urbana unificada, as aspirações da população, publicamente manifestadas, designadamente através de abaixo assinado com significativa representatividade de população actual, e as características específicas do território abrangido .Tal passa, em nosso entender, pela criação de uma freguesia que abranja a totalidade da zona de intervenção da Expo 98, em linha com os requisitos exigidos pela Lei n.º 8/93, de 5 de Março (Regime Jurídico de Criação de Freguesias). Está em causa a preservação de um símbolo com forte peso na imagem externa do País, bem como o compromisso assumido pelo Estado para com os cidadãos e, em particular, com os moradores do Parque das Nações, de criação de um polo urbano dotado de equipamentos e espaços públicos de referência. Este compromisso contempla a garantia de serviços de apoio, como comércio, restauração, escolas, hospital, espaços de lazer ou instalações desportivas. Foi neste sentido que a urbanização do Parque das Nações foi planeada, prevendo-se uma distribuição dos equipamentos e espaços públicos numa óptica unificadora, sem qualquer ligação com a actual divisão administrativa anacrónica. Adiar o reconhecimento deste novo polo urbano, como uma realidade una, merecedora de um estatuto administrativo próprio, significaria colocar em causa a manutenção dos elevados padrões de qualidade urbana do Parque das Nações, de que os cidadãos portugueses usufruem e se orgulham, como impedir o acesso generalizado dos residentes aos equipamentos públicos já edificados ou previstos, pela prevalência de regras que atendem à divisão administrativa prevalecente, como sucede com o acesso a escolas públicas, à rede de transportes públicos, ou aos centros de saúde. De facto, a população do Parque das Nações enfrenta problemas de acesso à escola pública prevista, pela prevalência da divisão administrativa anterior ao processo de reconversão urbana. Este problema é agravado pela ausência de escolas públicas nas freguesias que actualmente o integram. Pela inexistência do centro de saúde planeado, a população do Parque das Nações recorre aos centros de saúde das freguesias que o integram, actualmente, sendo que estes equipamentos públicos não dispõem, já há muito, de capacidade para a procura existente proveniente das áreas exteriores ao Parque das Nações. A expansão dos transportes públicos, com ligações mais adequadas ao centro de Lisboa, encontra-se também prejudicada, pelo facto da actual divisão administrativa excluir do concelho de Lisboa uma parte do território do Parque das Nações. A actual divisão administrativa do Parque das Nações em três freguesias e dois con-

celhos obriga ainda ao recurso a repartições de finanças e conservatórias públicas desde há muito incapazes de prestar um serviço adequado aos cidadãos que as procuram, pelas deficiências das suas estruturas face à procura existente. É, pois, urgente, pôr termo a esta situação desajustada da realidade e das necessidades dos moradores e comerciantes do Parque das Nações.” A nossa posição é clara e esperamos, pois, que mereça das autoridades politicas e autárquicas uma resposta favorável. EQUIPAMENTOS ESCOLARES Tudo indica que, finalmente, irá avançar o projecto de construção de um novo equipamento escolar no PP3 (Zona Sul), junto ao Cabeço das Rolas. Se tudo correr como está a ser planificado, tal equipamento será inaugurado no ano lectivo de 2006. Esperemos que não seja mais uma promessa para adiar, como já aconteceu há três anos atrás. Estamos a trabalhar este dossiê com o empenho que o mesmo nos merece e esperamos ter elementos mais concretos, no decurso das próximas semanas.Voltaremos, pois, a dar-vos notícias. TRANSPORTES Na sequência dos esforços que temos vindo a desenvolver, começou a circular, no dia 15 de Janeiro, mais uma carreira da Carris, no Parque das Nações – a carreira A da Carristur. Trata-se de mais um avanço na melhoria do sistema de transportes nas zonas residências.Todavia, continuamos muito aquém do desejável. Acresce que esta carreira, para já, circula apenas entre o Rossio do Levante a Gare o Oriente e com horários quase sobrepostos ao da carreira 114, o que, obviamente, não serve as necessidades dos utentes. Procuraremos, pois, levá-la, a curto prazo, à zona sul, passando pelo Hospital das Descobertas, e alargar o funcionamento aos fins-de-semana e feriados, bem como a extensão dos horários. PUB

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A ORIENTE José Rodrigues Moreno Presidente da AMCPN

De uma forma resumida quais os passos outras pessoas envolvidas. mais importantes que foram dados no Agora que a petição está entregue como é processo Freguesia do Oriente? Fizemos duas rondas com os grupos parla- que pensa que o processo se irá desenvolver? mentares, duas com a Assembleia Das duas uma, ou os deputados subscrevem Municipal de Lisboa, com a Presidência da República e dois colóquios sobre o tema. e apresentam uma proposta de lei, o que Fizemos, também, a entrega da petição que obedece a um conjunto de formalidades que têm que ser cumpridas como, por exemplo, esteve a decorrer, desde Outubro de a entrega ao Ministério 2002, na presidência Ainda há pouco tempo, do Ordenamento do da Assembleia da Território, do pedido de República e aos respeco Presidente da República, parecer às autarquias tivos presidentes dos referiu que se trata envolvidas (que penso grupos parlamentares. de um projecto terem 120 dias para se de âmbito nacional. pronunciarem) para, Que balanço é que finalmente, vermos se fazem? O balanço é positivo. Os reflexos da nossa estão reunidos os requisitos para se submeexposição pública são encorajadores. Temos ter a uma votação que para estas matérias, o apoio expresso de vários deputados, costuma ter lugar, no fim da época legislanomeadamente, de alguns que já se dispo- tiva. nibilizaram para subscrever a proposta de Pensa que irá ser um processo fundamenlei, mas, só por si, não significa que esta proposta se venha a concretizar num curto talmente político? É evidente que passa por haver ou não vonprazo de tempo. Nós não temos dúvidas de que iremos ter a nossa freguesia... é eviden- tade política das partes envolvidas. Mas, te. Para nós o que está em causa é o prazo sobretudo, está na vontade da AR porque para a concretização num curto, médio ou estamos a falar de uma matéria que é da exclusiva competência longo prazo. Este espaço tem todas as condiEu espero que a nível de AR deste órgão. Pela leitura que faço da lei-quadro, a ções para ser uma frese consigam congregar AR poderá decidir indeguesia. Algumas figuas vontades políticas pendentemente desses ras públicas chegaram representativas pareceres serem positivos mesmo a dizer que das vontades dos moradores ou negativos. Eu espero temos condições para e comerciantes. que a nível de AR se conser um Concelho. Este sigam congregar as vondocumento demonstra que temos essas condições, em termos de tades políticas representativas das vontades equipamentos, transportes, comunicações, dos moradores e comerciantes. Ainda há população, área territorial, código postal, pouco tempo, o Presidente da República paróquia, esquadra. Temos limites naturais referiu que se trata de um projecto de âmbi(mais do que em muitas freguesias do nosso to nacional. É preciso que as estruturas país), temos o rio a nascente, a linha férrea centrais dos partidos entendam que o a norte, o rio Trancão a sul e o viaduto da Parque das Nações não pode ser visto como Av. Marechal Gomes da Costa, que delimi- a generalidade dos processos autárquicos tam este espaço como um todo, do ponto de deste país, pois trata-se de um espaço especial. Por outro lado, parece-me ridículo que vista urbanístico e arquitectónico. as autarquias venham dizer que vão ser Qual o papel da AMCPN no decorrer deste amputadas do seu território, pois este espaço, antes da sua reconversão, estava sob a ano? O nosso trabalho vai continuar a intensifi- tutela do Porto de Lisboa e não era mais do car-se. Apesar da petição e da proposta de que uma lixeira. O que é que as autarquias lei (que consubstancia grande parte do tra- perdem aqui? Nada. No fundo perdem uma balho que a AR terá que fazer para redigir lixeira e ganham um bom espaço. A freguea lei) terem sido entregues, iremos conti- sia do Oriente acaba por ser um prolonganuar a exercer os nossos contactos com os mento destas freguesias. Estamos todos deputados da AR, com as autarquias e ligados.


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“O MUNDO DO CHOCOLATE”

NO CENTRO VASCO DA GAMA e 30 de Janeiro a 15 de Fevereiro teve lugar no Centro Vasco da Gama um evento subordinado ao tema do chocolate. Dedicado a toda a família este evento proporcionou momentos de grandes surpresas e sensações novas. Dividido em três áreas principais os mais novos puderam “experimentar” o chocolate como nunca o fizeram. O Espaço Mãos no Chocolate ofereceu-lhes a oportunidade de além de puderem mexer com as mãos puderem criar as suas próprias peças de chocolate. No Espaço Escultura exibiu várias “obras de arte” elaboradas com este ingrediente algumas delas inspiradas em motivos marítimos. O Espaço Arte do Chocolate teve a presença de um mestre chocolateiro que durante o evento confeccionou uma peça inédita em dimensão e originalidade. Para culminar este evento foi ainda atribuída o prémio de uma viagem a Zurique, com o apoio da Star Turismo, para o autor da “frase mais gulosa” escolhida no passatempo organizada em simultâneo no site www.centrovascodagama.pt.

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JANTAR DE S.TOMÉ

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a sequência dos jantares de gastronomia Internacional organizados pela Paróquia de Nossa senhora dos Navegantes no próximo dia 6 de Março vai decorrer o jantar temático da ilha de S.Tomé e Príncipe. Trata-se do segundo jantar que esta Paróquia organiza dado que o primeiro teve como tema o Nepal. Esta iniciativa é já um sucesso declarado pela forte adesão dos participantes assim como pela originalidade e qualidade do evento. Gastronomia, cultura e diversão combinam na escola Vasco da Gama num encontro que abre com uma missa presidida pelo Sr. Bispo de S. Tomé, D. Abílio, às 18h seguindo-se um pequeno colóquio que abrirá certamente o apetite para um jantar pleno de sabores desta ilha. Inscrições até ao dia 28 de Fevereiro na Igreja de Nossa Senhora dos Navegantes ou através dos seguintes números: 962 820 869 / 937 782 516 Adultos 15 / crianças 7,5

Electrónica Improvisada – 27 de Fevereiro às 22h30 Jorge Serigado (baixo) André Castro (laptop) André Sier (Max-jitter) Vítor Joaquim (Laptop e acessórios) RESTART – escola de criatividade e novas tecnologias Edifício Lisboa (junto Pav. Portugal) Tel 218 923 570 - www.restart.pt

provar que se pode aprender com divertimento.A mais recente exposição, O VOO, vem celebrar os 100 anos de aviação, trazendo uma exposição originária do Centro de Ciência de Heureka complementada com peças de origem portuguesa. Para quem sempre sonhou voar terá, aqui, a oportunidade de pilotar um aeroplano, testar a sua habilidade aeronáutica num simulador e até mesmo desafiar a força da gravidade pedalando uma bicicleta.

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Exposições - A Casa Inacabada

O cinema conta histórias - Exploratorium Março Dia 2 Segundas ao Sol, de Fernando León de Araona

- Música no Ar Dia 10 Coração Selvagem, de David Lynch Dia 16 Sid and Nancy, de Alex Cox

RESTART

Dia 30 Ken Park, de Larry Clark IPJ – 218 920 800

- Exposição Publicações Independentes 19 Fevereiro – 13 Março

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- O Voo - Vê, Faz e Aprende Pavilhão do Conhecimento – Ciência Viva Tel 218 917 100 - www.pavconhecimento.pt

ESPECTÁCULOS

PAVILHÃO DO CONHECIMENTO

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- Teatro Camões 27 de Fevereiro – Os olhos de Gulay Cabbar Companhia Olga Roriz. Quatro Peças PUB


REPORTAGEM | NP |11

Onde está o NEMO? Após a estreia do novo filme da Pixar, decidimos nós, também, ir à procura do Nemo. O que descobrimos foi uma espécie socialmente complexa, protagonista de uma das relações mais interessantes e intrigantes do reino Animal. cativante personagem do Nemo, que tem percorrido as salas de cinema por todo o mundo, tem dado a conhecer um animal que, pela sua singularidade, merece um olhar mais atento. Se o Nemo pode ser encontrado num cinema perto de si, também num local bem perto de si pode conhecer, ao vivo, exemplares deste animal, no Oceanário de Lisboa. A nossa busca começa na Galeria Tropical do Índico. É aqui que se encontram os 12 exemplares de peixe-palhaço, pertencentes à espécie Amphiprion ocellaris, que existem no Oceanário em exposição. Os peixes-palhaço são um dos representantes mais conhecidos dos oceanos tropicais e pertencem a uma grande família de peixes, os Pomacentrídeos. No entanto, o nome de peixes-palhaço pode gerar alguma confusão, pois existem várias espécies na família dos Pomacentrídeos, conhecidas geralmente por peixe-palhaço, mas que podem variar em forma e em cor. No caso do Nemo, pode dizer-se que este pertence a uma de duas espécies muito semelhantes (ver caixa Descubra as dife-

A


12 | NP | REPORTAGEM renças...), que são peixes pequenos, que atingem no máximo 11 cm, com um corpo cor-de-laranja, possuindo três riscas brancas verticais. Estas espécies distribuem-se, essencialmente, no sul do Oceano Pacífico, podendo também ser encontrados no Oceano Índico, próximo do Oceano Pacífico. A distribuição exacta varia um pouco, dependendo da espécie em questão. Tal como realça o filme “À procura de Nemo”, os peixes-palhaço são muito procurados para aquário, devido às suas cores exuberantes e à relativa simplicidade de os manter em aquário. No entanto, não se pense que tal seja uma tarefa fácil (ver caixa Como cuidar de um Nemo?). Actualmente, devido à procura crescente destes peixes, existem algumas empresas que promovem a sua reprodução em cativeiro, tornando possível a diminuição da quantidade de peixes capturados no seu meio natural para serem comercializados. Foi através de uma destas empresas que o Oceanário adquiriu os seus peixes-palhaço. Mas encontrar o aquário e ver estes belos peixes não é o final da nossa descoberta. Basta um olhar mais atento para nos apercebemos de que, tal como no filme, também aqui a “casa” dos peixes-palhaço é a anémona. De facto, os peixes-palhaço mantêm uma estreita relação com as anémonas, razão pela qual também são chamados de peixes-anémona. Estes fazem das anémonas, literalmente, a sua “casa”, uma vez que vivem, alimentam-se, reproduzem-se, guardam os seus ovos, e protegem-se contra os seus predadores sempre nas anémonas, ou na sua proximidade. Apenas se afastam para se alimentarem, sendo que, mesmo neste caso, apenas alguns metros. O Nemo era assim um peixinho muito singular, não só porque tinha uma barbatana muito pequenina (a “barbatana da sorte”), mas também porque tinha uma enorme vontade de explorar o Oceano, ao contrário dos restantes peixes-palhaço. Já o que a anémona lucra com esta relação é um assunto mais com-

dado quando se compra um peixe destes. O que tem de colorido tem também de frágil, pelo que as exigências em termos de cuidados a ter são relevantes (ver caixa Como cuidar de um Nemo?). Isso é notório no Oceanário, onde se procura ao máximo manter o ambiente saudável deste aquário. E o resultado deste cuidado é o enorme sucesso que estes peixes têm tido, demonstrando uma perfeita adaptação ao local a que chamam casa. Por tudo isto, no final podemos chegar apenas a uma conclusão: procurar o Nemo é achar um peixe colorido que tem muito mais para dar a conhecer do que pode parecer à primeira vista. Observar os peixes-palhaço durante algum tempo é verificar uma diversidade de comportamentos que nunca deixam de nos surpreender. Como tal, convidamos todas as pessoas a não perderem a oportunidade de colorir um pouco mais os seus dias, visitando os curiosos peixespalhaço.

Sugestões de consulta: plicado. São várias as vantagens descritas para a anémona, nomeadamente a protecção contra predadores, uma vez que os peixes-palhaço atacam ferozmente qualquer intruso que tente danificar a anémona, bem como a obtenção de alimento, aproveitando pedaços de comida que os peixes-palhaço, involuntariamente, vão deixando cair. No entanto, esta relação cedo, na história do estudo destes peixes, levantou um problema intrigante: porque é que estes peixes não são afectados pelo veneno, muitas vezes mortal, das anémonas (ver caixa Como se alimentam as anémonas?)? Existem várias teorias que tentam explicar este fenómeno, embora, por enquanto, nenhuma seja consensual. As observações feitas em aquário, inclusivamente, no Oceanário, como nos confirmaram Elsa Santos e Núria Baylina, responsável pela galeria tropical e supervisora das galerias, respectivamente, mostram que os

peixes-palhaço, quando colocados junto de uma anémona, raramente tocam nos seus tentáculos, aumentando progressivamente o número de contactos e a duração destes, até se instalarem definitivamente na sua “casaanémona”. A explicação pode basear-se no facto de a anémona ter que reconhecer os seus próprios tentáculos, caso contrário estaria constantemente a picarse a si própria. A anémona consegue-o, reconhecendo o muco que cobre os seus tentáculos. Segundo esta teoria, os peixespalhaço aproveitam-se, de forma engenhosa, deste facto, misturando progressivamente o seu muco com o da anémona, até que esta o passe a reconhecer como um dos seus tentáculos, e deixe de o picar. O dia dos peixes-palhaço no Oceanário, no entanto, não se limita aos passeios pelo “jardim” de anémonas. Uma das principais actividades que preenche o diaa-dia destes peixes é, obviamen-

te, a alimentação. Os peixes são alimentados todos os dias, sendo o seu alimento variado e escolhido com base no tamanho, que tem de ser adequado. Assim, comem um picado de artémia, pequenos crustáceos, miolo de amêijoa, berbigão ou peixe. Isto quando não “roubam” algum do alimento que é fornecido, uma vez por semana, às anémonas. Ao longo do ano existe ainda uma outra actividade muito importante, a reprodução. Os peixes-palhaço do Oceanário já se reproduziram várias vezes, não existindo uma época do ano específica em que tal ocorra. No entanto, estas reproduções nunca tiveram sucesso, uma vez que os ovos ou mesmo os juvenis não conseguiram sobreviver. Estes peixes possuem uma organização hierárquica muito típica, em que se distinguem grupos de vários peixes, nos quais os dois de maiores dimensões são o casal que se reproduz. Contudo, estão acompanhados por alguns

peixes mais pequenos, todos machos inférteis. Assim, se a fêmea, que é o peixe de maiores dimensões, morre, é substituída pelo macho, sendo este substituído por um dos machos inférteis mais pequenos. Embora possa parecer estranho, a mudança de sexo nos peixes não é assim tão fora do comum, permitindo, neste caso, que se mantenha sempre um casal em reprodução. Para além disso, as diferenças de tamanho, entre os vários peixes, permitem evitar conflitos dentro do grupo, uma vez que os peixes mais pequenos não constituem uma ameaça aos peixes de maiores dimensões. Nos últimos tempos, desde a estreia do filme protagonizado pelo Nemo, a procura por peixes-palhaço aumentou significativamente nas lojas de venda de animais em todo o mundo. De facto, pode mesmo chamar-se “febre dos Nemos”, tal é a procura que se tem verificado. Contudo, há que ter muito cui-

- Se quiser saber com mais pormenor o que são os peixesanémona pode consultar o livro: Allen, G. R., 1975.The anemonefishes: their classification and biology. 2ª ed. T. F. H. Pub, Neptune City. - Para encontrar mais informações sobre a biologia desta espécie e de outras pode consultar o site Fishbase, disponível em: http://www.fishbase.org/search.cfm - Se quiser obter mais informações sobre as anémonas e outros invertebrados pode consultar o livro: Rupert, E. & R. Barnes, 1994. Invertebrate Zoology. 6ª ed. Saunders College Publishing.

Estes foram alguns dos recursos bibliográficos que consultámos para a elaboração deste artigo.

André Moura e Filipa Samarra Finalistas de biologia, ramo Marinha, da Universidade dos Açores PUB


REPORTAGEM | NP |13

Descubra as diferenças...

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escobrir as diferenças é complicado, daí que apesar de serem duas espécies diferentes, estas sejam muitas vezes confundidas. De facto, as espécies Amphiprion percula (imagem de baixo) e Amphiprion ocellaris (imagem de cima) são diferentes, entre outras características, na sua coloração, uma vez que A. percula possui as suas riscas brancas rodeadas por um risca preta de maior espessura do que A. ocellaris. Resta saber a qual pertence o Nemo.

Como cuidar de um “Nemo”?

Como se alimentam as anémonas?

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s anémonas são animais frágeis, que se alimentam utilizando os seus tentáculos venenosos para imobilizarem rapidamente os pequenos peixes que chegam ao seu alcance. Isto é conseguido, através de células especializadas que se encontram espalhadas pelos tentáculos (cnidócitos), que lançam pequenos dardos venenosos (nematocistos). Depois de capturarem os peixes, levam-nos até à boca, que se situa no centro dos tentáculos (o pequeno altinho na anémona ao pé do qual o Nemo e o seu pai, Marlin, dormiam). No entanto, também nós precisamos de estar alerta em relação a certas espécies de anémonas, pois este veneno também pode ser tóxico para os humanos.

anter estes peixes em aquário não é tarefa fácil. No Oceanário, existem operações de manutenção, como mudanças de água, limpezas do aquário e análises à água, que são feitas, pelo menos, duas vezes por semana, existindo mesmo algumas análises que têm que ser feitas todos os dias, de forma a recriar na perfeição o ambiente natural destes peixes, um oceano tropical. Para tal é necessário controlar uma série de parâmetros físico-químicos, o que se consegue recorrendo a vários aparelhos, muitos deles dispendiosos, sendo um dos mais simples o filtro. Basta lembrarem-se do aquário onde estava o Nemo, que rapidamente se tornou inabitável assim que o pequeno peixe conseguiu desligá-lo.

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14 | NP | PARQUEMPRESAS

OUSÁMOS SONHAR “Depois de dois anos de profunda recessão económica, Portugal pode ver a luz ao fundo do túnel. Que o digam os operadores turísticos, os hotéis, as empresas que escolheram apadrinhar este grande evento e todas as garagens espalhadas pelo país em que alguns se juntam para pensar oportunidades de negócio”.

Alexandra Ferreira

uem disse que Portugal não conseguia? Calem-se os Velhos do Restelo e ouçam-se os visionários que acreditaram que Portugal podia receber o EURO 2004. 12 de Outubro de 1999 foi um grande dia para Portugal: o campeonato europeu de futebol era nosso! Mas, por mais que o futebol movimente massas, qualquer português sabe o que representa receber este grande evento. Não é só dos nossos globetrotters do futebol que estamos a falar, é do potencial português, no que diz respeito a criatividade, espírito empreendedor e visão. Depois de dois anos de profunda recessão económica, Portugal pode ver a luz ao fundo do túnel. Que o digam os operadores turísticos, os hotéis, as empresas que escolheram apadrinhar este grande evento e todas as garagens espalhadas pelo país em que alguns se juntam para pensar oportunidades de negócio. Mas o melhor do EURO 2004

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está na moral dos portugueses. Há quanto tempo ouvimos falar numa crise de valores? Desde sempre. Fala-se de pessimismo, falta de referências e uma sensação de andar à deriva… a avaliar pelos últimos meses, a Europa é uma espécie de Titanic a caminhar para o iceberg. Mas eis que, de repente, basta uma notícia – uma única – o EURO 2004 para nos sentirmos grandes outra vez. É mesmo de sonho que estamos a falar. O mesmo sonho, mas maior, que ousámos ter em 1998 com a EXPO 98. O país rumo ao mundo, Portugal volta a colonizar. A questão está em saber que características, competências e apetências terá que ter a nossa fragata. Mas temos que acreditar que o empenho tem uma relação directa com a qualidade e não será certamente por falta dele que o EURO vai correr mal. As infraestruturas nacionais ao nível do turismo, restauração, serviços e tecnologia, já provaram ser capazes de dar resposta às exigências de nível europeu. Somos reconhecidamente bons anfitriões. Fomo-

lo na EXPO. Podíamos tê-lo sido no AMERICA’s CUP ou nem sequer teríamos chegado tão longe na corrida, e certamente que o seremos em Junho. Mesmo para os mais optimistas, há sempre lugar para algumas dúvidas se pensarmos que as necessidades de Portugal são muitas e que o investimento terá sido cego e despropositado: um país não vive de estádios, vive de hospitais, de educação, de aposta no progresso científico e tecnológico. Mas, às vezes, vale a pena acreditar. Vale a pena sonhar. Porque, às vezes, naquele momento em que estamos quase quase a acordar, se pensarmos com muita força, o sonho vem connosco, não acaba. E talvez seja esse o caso. Portugal é talvez o país europeu com mais potencial turístico, se pensarmos nos nossos recursos naturais, na perfeita harmonia entre praia e campo, serra e planalto, tradição e modernidade. E aqui está, porventura, o grande retorno destes investimentos em estádios e cidades imaginadas: mos-

trarmos que, apesar dos défices nas balanças comerciais, apesar dos atrasos na agricultura, apesar da crise da justiça, apesar da imagem negativa que temos tido cá dentro e lá fora – a imprensa internacional tem sido impiedosa (primeiro os ministros corruptos, depois as mães de Bragança, depois a pedofilia) – há coisas em que Portugal continua a primar pela excelência. Mas de tudo o que de bom já resultou e vai resultar do EURO 2004, salientam-se, desde logo, duas coisas: investimento estrangeiro e uma lufada de ar fresco na moral dos portugueses. Em relação ao investimento estrangeiro, repito uma frase que me pareceu ilustrar bem os últimos dois anos: o sonho é católico, o trabalho é protestante. Pela primeira vez ouso dizer que Papa e Calvino deram as mãos: nunca o sonho despoletou tanto trabalho nem jamais o trabalho foi levado a cabo com tamanho afinco. É certo que cada actor social, político, económico e cultural o faz com um interesse privado. Mas nunca

o bem comum esteve tanto na mira de todas as iniciativas. As campanhas publicitárias, o rigor das empresas, o warm up dos hotéis, tudo trabalha para que a cidade se vista a rigor para receber o mundo. E não é só da Europa que estamos a falar. Mesmo antes do EURO 2004, recebemos o Rock in Rio. Em Portugal não se joga só bem à bola. Também estamos no centro da movida musical. Poucos são os artistas que não recordam o público português com aquele sentimento sem tradução, tão português, como a saudade. Até hoje o Rock in Rio, esse grande evento da música e solidariedade que levou Frank Sinatra ao palco brasileiro, foi sempre realizado no Rio de Janeiro. Esse ano a organização seguiu uma estratégia de internacionalização. E Portugal foi a porta para a Europa. Somos como uma espécie de ponte sobre o Rio Kwai. Construímo-la com todo o nosso know how e empenho. Mas esta veio para ficar e desta vez não há exército nem dinamite. Ousámos sonhar.


PARQUEMPRESAS | NP |15

O Hotel Tivoli do Parque das nações será um dos muitos destinos da inúmera quantidade de visitantes a Portugal na altura do EURO 2004. Uma das grandes referências da indústria hoteleira portuguesa não estará certamente indiferente ao grande evento. João Sanches, Director Geral deste hotel fala-nos, um pouco, sobre arte de receber pessoas.

Quando é que foi feita a primeira reserva e de quantas pessoas estão há espera para este evento? Em meados de 2002, foi assinado um contrato com o EURO 2004, para a cedência, em garantia, de cerca de 65% da capacidade total do Tivoli Tejo. O nosso Hotel, pela sua localização perto do Pavilhão Atlântico, que vai ser o Centro de Imprensa durante o Euro, só vai ter hospedados durante todo o evento jornalistas, algumas cadeias de Televisão Estrangeiras e o Staff da UEFA que irá trabalhar no Pavilhão. Algumas das cadeias de Televisão, estão neste momento, a fazer reservas para alojamento anterior ao contrato assinado com o EURO2004. Foram feitas mudanças a nível do funcionamento normal do Hotel? Não vamos ter que fazer grandes alterações no funcionamento, contudo vamos ter clientes hospedados durante 4 semanas que, seguramente, irão “exigir” de nós uma qualidade de serviço e atenções redobradas, e, para isso, já estamos a preparar o pessoal, ementas variadas, lugares para ver os jogos em directo, etc... . Quantos hotéis tem a cadeia Tivoli e quais deles já sentiram mais a aproximação do EURO (com reservas)? A Cadeia Tivoli dispõe, neste momento, de 11 unidades Hoteleiras, estando em projecto mais uma unidade de 5 estrelas, a construir em Vilamoura, com abertura prevista para o Inverno de 2006. Tirando a nossa unidade na ilha da Madeira, todas as nossas unidades têm contrato com o EURO2004 para alojar clientes durante o evento. Quem é o cliente habitual do Tivoli? Turismo em geral, empresas...?

O cliente habitual do Tivoli Tejo é o cliente de empresa que se desloca a Lisboa para trabalhar e, principalmente, de empresas que neste momento têm escritórios no Parque das Nações. Contudo, devido à capacidade do nosso Hotel, o segmento de reuniões, congressos e incentivos têm, desde já, um peso muito significativo na ocupação. Estamos a trabalhar no mercado de circuitos de fim-de-semana assim como no mercado de Golfe. Quais os requisitos mais importantes para uma boa gestão de um Hotel? Conhecer o cliente que nos visita, uma boa gestão dos Recursos Humanos , um

controle apertado dos custos, sem nunca perder qualidade no serviço, e, por último, um bom atendimento. Como é que classificam a qualidade hoteleira portuguesa comparativamente com o resto da Europa? Daquilo que, na verdade, tenho o prazer de conhecer, a nossa Hotelaria não fica, de forma alguma, atrás dos nossos colegas estrangeiros. A qualidade dos nossos Hotéis é das melhores e, nos últimos anos, os nossos empresários já olham para a operação de outra maneira e, com a certeza, de que os profissionais que nela trabalham merecem toda a consideração e, principal-

mente, confiança. Se a nossa Hotelaria continuar a investir na Qualidade, Atendimento e nos Recursos Humanos, estamos no bom caminho. Na sua opinião o que é que poderia ser aperfeiçoado no âmbito do turismo Português e como é que o vê daqui por uns anos? Creio que já respondi a esta pergunta, anteriormente, mas o futuro da Hotelaria, em Lisboa, passa por uma promoção ainda mais agressiva por parte do ICEP e tentar aproveitar esta “onda” que neste momento existe, fazendo da cidade de Lisboa um destino preferencial para os grandes eventos.


16 | NP | FACES

FACES PESSOASDOPARQUE Por Maria de Jesus de Andrade Belo

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Auto-retrato: Sou uma mulher nascida na cidade quando ainda não havia semáforos. Alfacinha pois. Junto à praça do Rato, à sinagoga, à Papelaria Fernandes de outros tempos... Numa família também de outros tempos, com nove filhos, um casarão, 4 criadas “internas”, mas a ter de contar os tostões ao longo do mês e uma dívida interna de assustar qualquer Ferreira Leite. Dos três aos doze anos no colégio de freiras, a partir dos doze no liceu Maria Amália.Tudo isso ainda mexe dentro de mim e como toda a gente da minha geração tenho a impressão de ter vivido várias vidas numa só. Aos 21 anos, o que restava da família (a maioria dos irmãos tinha casado) mudou-se e eu parti para a Bélgica estudar Psicologia e Psicanálise, ainda inexistentes em Portugal. Lá pelo meio estive um ano a fazer investigação em Angola que assim se tornou a minha segunda pátria. Fui ainda assistente na Universidade em Lovaina até as saudades me fazerem voltar. Passei um ano em Lisboa, o tempo necessário para saborear com outra consciência os efeitos mentais do salazarismo, e rumei a Paris para voltar a respirar e continuar a minha formação. Vim de vez em 74. Mesmo depois disso já vivi várias vidas. Entre elas seis anos como deputada ao Parlamento Europeu quando este ainda era estrangeiro. Desde 74 faço psicologia clínica e psicanálise num pais onde só agora o comum dos mortais começa a ter verdadeira curiosidade por si e pelos mecanismos da mente como coisa natural. Fundei o centro Português de Psicanálise que este ano faz dez anos de registo no notário e que, para o comemorar está a dias de inaugurar o seu site, www.ccpsi-online.pt Os seus membros são uma das minhas fratrias. Dou aulas na Faculdade de Ciências Humanas da Universidade Nova de Lisboa onde me doutorei em Psicanálise e Cultura Portuguesa. Tenho também actividades particulares e outras secretas! Tenho um filho de 32 anos e uma nora de 28 que vivem no país dela, em Cabo Verde com a filha mais nova que tem três anos e vai dar que falar. Eu vivo na Torre Sul, por enquanto a última casa da nossa aldeia. Ali onde um milagre, com algumas consequências funestas se prepara para me tirar em breve tempo a vista do rio, do parque e da ponte iluminada, enfim, o que a vista alcança do meu modesto primeiro andar.Vive aí comigo uma neta de sete anos, deliciosa e frequentadora entusiasta da turma mixta da Escola Vasco da Gama. Uma história que é audaz, triste, hilariante, política e meramente casual: Um dia de 1992, passava numa rua do bairro do Marais, em Paris, e na montra de uma ourivesaria vi uns anéis bonitos de imitação e materiais pouco nobres, mas que serviriam para uma prenda que eu queria fazer. Entrei e admirei as jóias antigas expostas no interior, sobre as quais fiquei à conversa com o vendedor, homem simpático. Por fim escolhi o anel que me convinha e fiz o cheque, francês, na altura estava no Parlamento Europeu. O vendedor olhou com insistência o cheque e por fim perguntou, em francês, claro, se era portuguesa. Disse que sim, meia intrigada e porquê perguntei. Deduzira pelo nome e acrescentou também em francês: “Eu também sou português, a minha família foi expulsa em 1497”! Conversámos mais. Soube que a família, expulsa em 1492 de Espanha fugira para Portugal donde voltara a ser expulsa cinco anos depois. Mas adoptaram nome português e era do nosso país que se consideravam cidadãos de geração em geração. Os pais, avós, bisavós e por aí fora tinham fundado uma comunidade judia em Marrocos da qual tinham sido os sucessivos rabinos. Ele fora a primeira geração a emigrar. Nunca tinha vindo a Portugal, mas sonhava vir conhecer o seu país. Como é que construiria uma cidade: Começaria por construir espaços de lazer, convívio e natureza, multiplicaria as escolas e oficinas, os centro de saúde, centros de cultura e de encontro; mandava os seus habitantes trabalhar fora dela, mas só a meio tempo. O lugar favorito: São dois: a minha casa; e o Passeio do Tejo de bicicleta de manhãzinha, ou sentada nos bancos ao fim da tarde ou ao luar. O que desenhava: escolas e oficinas O que apagava: Nada


VIAGENS | NP |17

Viagem ao Oriente em quatro actos Gonçalo Peres

2º Acto – Laos esde ontem que namorava Laos à distância dum curso de rio – o Mekong – que faz de fronteira entre estes dois países. O que nos esperava do outro lado da margem? Por um lado, Laos partilha várias características em comum com a Tailândia, fruto de antigas civilizações, guerras e ocupações. A língua é muito parecida, em ambos prevalece o budismo e partilham muitos costumes. Mas facilmente nos apercebemos de que entramos num país diferente. Uma diferença, arrisco dizer, em 50 anos de atraso no tempo, sendo um dos países menos desenvolvidos da Ásia. E é precisamente esta condição, aliada à influência francesa durante a primeira metade do século XX e à profusidade de templos e monges, que contribuem para dar a Laos um charme e carisma únicos. Um paraíso para viajantes à procura dum destino quase imaculado.

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O primeiro sinal foi dado ao tratar das formalidades na fronteira (Huay Xai), quando dou uma nota de 20 Euros que trazia comigo, para trocar por moeda local e recebo um gordo maço de 228.000 Kip, que me deixava um inchaço na bolsa. Os primeiros 2 dias em Laos foram passados a descer o Mekong em direcção a Luang Prabang, antiga capital real, num barco com um recanto de tapetes e almofadas onde eu e os outros intrépidos nos instalámos. E que bem que soube gozar a bonita paisagem, ler um livro, conversar, ouvir música... uma verdadeira terapia anti-stress. No caminho parámos para visitar uma aldeia, entre outras que habitam a margem do rio, e conhecer de perto como vivem as populações rurais. Sem dúvida uma experiência enriquecedora, sobretudo pela genuinidade e curiosidade das crianças.

Pernoitámos numa pequena localidade chamada Pakbeng, com 3 ou 4 Guesthouses sem grande luxos, apenas o essencial para acolher os viajantes que fazem este trajecto em 2 dias. Em alternativa, havia os pequenos speedboats que percorriam o trajecto até Luang Prabang em, apenas, um dia, mas o desconforto e barulho ensurdecedor com que passavam por nós, deixava-

me satisfeito com o nosso slowboat.????? Além disso, Pakbeng foi mais uma oportunidade para interagir com os locais e seus costumes. E até nesta pequena povoação, longe do turismo de massas, encontrámos um bar dum casal – ela inglesa e ele lao – com um ambiente muito “zen”, música chill-out, bons livros para vender ou trocar e almofadas no chão

para nos sentarmos a beber um chá. Foi aí que provei a minha primeira Beerlao, a cerveja nacional. No dia seguinte, prosseguimos caminho, parando para visitar mais uma aldeia e uma destilaria onde fazem vinho de arroz. Às 16h00 chegávamos a Luang Prabang e fomos direitos à nossa Guesthouse: um jardim relvado

rodeado por 8 bungalows em madeira maciça muito bem equipados e cuidados. Isto tudo na margem dum dos afluentes do rio Mekong, com uma vista fantástica! No segundo dia fomos de manhã visitar umas aldeias nos arredores da cidade, cada uma com artesãos dedicados a um determinado ofício: ferreiros, cultura de seda, feitura de papel e


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sua aplicação em diversos tipos de produtos. Foi interessante presenciar técnicas que já devem ter mais de mil anos! A partir das 12h00 fui explorar o centro de Luang Prabang. Uma pequena cidade adorável, com apenas 3 ruas centrais onde encontramos vários cafés e padarias com um estilo misto entre o lao e o francês. No meio da cidade, ergue-se uma colina com um templo que do seu alto parece dominar a região. Não é, pois, de estranhar que Luang Prabang faça parte do Património Mundial da Unesco. Também aqui encontrei um bar em estilo “lao contemporâneo”: novamente música chill-out, paredes e colunas em tijoleira, pouca luminosidade produzida através de candeeiros coloridos e velas nas mesas. Imaginei como seria bom ter um bar destes perto de casa… Desta vez optei por matar as saudades do vinho tinto. Entretanto, não me saía da cabeça a ideia de ir até Vang Vieng. Uma pequena localidade que fica entre Luang Prabang e a actual capital, mais a sul, Vientiane. Pelo menos duas pessoas que conheci na primeira semana em Koh PhaNgan (Tailândia) recomendaram este sítio e falaram que tinha que experimentar a sensação indescritível de descer o rio num tubo de borracha. Como no itinerário da Intrepid, a ligação entre Luang Prabang e Vientiane seria feita de avião, falei com o nosso líder, o Iain, ainda na Tailândia, e disse-lhe que gostaria

de fazer esse desvio, saindo um dia mais cedo de autocarro em direcção a Vang Vieng e reunindome 2 dias mais tarde com eles em Vientiane. Ele achou uma óptima ideia e falou nisso aos outros. Apesar de estar a gostar bastante do grupo dos intrépidos, estava a ver se me livrava deles por um par de dias, mas agora queriam todos ir também! Mas o inesperado acontece e quando estávamos em Chiang Khong (ainda na Tailândia), soubemos que um autocarro que fazia a ligação entre Luang Prabang e Vang Vieng havia sido atacado e assaltado por bandidos, tendo morto 8 pessoas, entre os quais dois viajantes franceses. Uma situação destas já não ocorria há mais de 2 anos! O plano voltava ao percurso original... Mas como vos dizia, durante o segundo dia em Luang Prabang a ideia não me saía da cabeça e achei que, após este lamentável incidente, a estrada devia estar agora mais segura que nunca e com maior presença militar. Dito e feito. Encontrei o Iain numa das padarias/cafés, disse-lhe que pretendia ir na mesma, ao que ele respondeu não achar prudente, mas que a decisão era minha. Comprei o bilhete de autocarro para a madrugada do dia seguinte. Apesar de perder, com muita pena, um dia na bonita cidade de Luang Prabang, estava feliz por voltar a estar entregue a mim próprio durante dois dias e meio. Nunca tinha viajado numa estrada tão tortuosa como aquela. Montanhas e curvas até perder

de vista durante 5 horas. A paisagem é linda e passamos por algumas povoações no caminho. O autocarro vai-se desviando e buzinando a búfalos, vacas, porcos e javalis, galinhas e outros animais que também circulam nas estradas. Por volta das 13h chegava ao meu destino – Vang Vieng paragem obrigatória para o viajante de mochila às costas, mas um bocado desorganizada na medida em que parece crescer sem regras, com guesthouses e restaurantes a abrirem todos os meses. Caminhei em direcção ao rio e, devido à pouca afluência de visitantes por causa do incidente de que vos falei, não foi difícil arranjar vaga numa guesthouse, mesmo em cima do rio, longe da confusão. Os bungalows eram giros, apesar de modestos e tinha um restaurante que avançava sobre estacas, em direcção à água, proporcionando óptimos momentos gastronómicos. Da varanda do meu quarto (menos de 5 EUR/noite) vejo um pequeno jardim com árvores, logo seguido do rio, com umas pontes em bambu e, na outra margem, arrozais e várias montanhas rochosas a toda a volta a elevarem-se em direcção ao céu. Um espanto! Aluguei uma bicicleta e fui visitar uma das muitas grutas que ficam nas encostas dessas montanhas. Por cada ponte que atravessava tinha que pagar 2.000 Kip (17 cêntimos). Durante essa noite, por volta das 03h00, caiu a maior tempestade tropical que alguma vez tinha

presenciado. Durou cerca de 2 horas, cada vez mais intensa, com ventos fortíssimos, trovões a rasgar os céus de onde jorrava granizo. O barulho era tal que não conseguia pregar olho, ainda para mais, preocupado que estava com a integridade do bungalow de madeira. Felizmente, a tempestade amainou e de manhã reinava a bonança. Pouca sorte tiveram 3 dinamarqueses que acabavam de chegar doutra guesthouse, onde viram o tecto do seu bungalow voar, tendo ficado com os pertences todos ensopados! Nesse dia lá fui fazer o famoso “tube-riding” rio abaixo. Escolhi uma das muitas casas que prestam esse serviço e, por 1,30 EUR, deram-me um tubo de borracha e deixaram-me uns 5 km rio acima. Pus o dinheiro num saco de plástico, atei a t-shirt à volta da cabeça, deitei o tubo ao rio e lá fui eu.Vou a uma velocidade ridiculamente lenta e não demoro muito até encontrar o primeiro “posto de serviço” onde vendem Coca-Cola, Beerlao e até marijuana! Compro a Beerlao da praxe e sigo viagem, gozando a belíssima paisagem e metendo conversa com outras pessoas pelo caminho, numa espécie de “tube comunities” (comunidades tubo). Laos, o país anti-stresse! A tarde foi passada no “Beer Garden”, uma pequena “ilha” no meio do rio, com música, bebidas e umas esteiras no chão que convidam a apanhar sol e a ler um livro. PUB


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No dia seguinte de manhã, optei por apanhar o autocarro público das 06h00, até Vientiane. Foi uma experiência engraçada, uma vez que era o único estrangeiro. No caminho íamos parando para entrarem mais passageiros e às tantas já não havia lugares sentados. Foi quando começaram a pôr de pé uns bancos de plástico no meio do corredor! Uma senhora com uma criança ao colo teve que se sentar aí. Achei estranho ninguém ceder o lugar, mas foi o que fiz, para grande alegria da mulher.Os locais não estão muito habituados a viajar de autocarro, de maneira que era frequente vê-los com as caras pálidas e sérias devido à má disposição. O homem que estava sentado ao meu lado, por duas vezes bateu-me no ombro para me chegar atrás, enquanto ele se debruçava sobre a janela para vomitar! Em nenhuma situação me senti desconfortável, antes pelo

contrário. Sentia uma satisfação e um privilégio por estar a presenciar comportamentos e reacções diferentes das que estou habituado a ver. Ainda cheguei cedo a Vientiane e rapidamente encontrei o hotel onde estavam os intrépidos que tinham chegado no dia anterior. Aproveitei o dia para conhecer a cidade, mas confesso que fiquei um bocado decepcionado. Depois de tudo de bom que já tinha visto em Laos, a capital parecia ter pouco para oferecer. Mas um dos pontos altos da nossa passagem por este fantástico país ainda estava para vir. Na manhã seguinte partíamos em direcção a Hin Boun, uma aldeia a caminho da fronteira com o Vietnam, sem quaisquer infra-estruturas turísticas, onde iría-

mos ficar em casa duns locais. Fomos muito bem recebidos e logo à chegada deram-nos a beber vinho de arroz, directamente duma bilha, com duas palhinhas. Alguns deles já estavam um pouco tocados com o álcool. Parece que chegávamos em boa altura, pois estavam a comemorar o nascimento dum bebé e, por sorte, nesse fim-de-semana havia festa na aldeia. As 2 casas em que ficámos eram tipicamente modestas, iguais a tantas outras, distribuídas por ambas as margens dum rio, onde as pessoas lavavam a roupa e faziam a sua higiene pessoal. Jantámos na varanda duma das casas, onde o chefe da família que nos recebeu passou o tempo todo a servir-nos shots de vinho de arroz, desta vez bem mais forte que o oferecido à chegada. Esqueci-me de mencionar que nem nós falávamos lao, nem os nossos

anfitriões falavam uma palavra de inglês. Após o jantar, fomos para a festa da aldeia onde a população se concentrava. Miravam-nos com alguma curiosidade, talvez por não estarem habituados a ver estrangeiros. Mas sentimo-nos acolhidos e participámos nos jogos e danças, respeitando a velha máxima: “em Roma, sê romano”. Ainda cedo voltámos para casa, onde tínhamos à espera umas camas, no chão da “sala”, com rede anti-mosquito. No dia seguinte, rumámos em direcção ao Vietnam. Deixávamos para trás um tranquilo e simpático país, com apenas 5 milhões de habitantes, para entrar noutro, à primeira vista caótico e sobrepovoado, com 80 milhões de habitantes. (Continua na próxima edição...) PUB

Externato Nacional de Moscavide Produtos Frescos da melhor Qualidade a que já o habituámos!

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20 | NP | PASSEIO ão sei bem, talvez tivesse sido por causa daquela sombra…(pausa) ou melhor por causa da ausência daquela sombra. Tentava seguir pelo meio das ruas molhadas e concentrar-me nas primeiras imagens que me aparecessem. Não as imagens externas mas todo o tipo de imagens que surgem na nossa cabeça. Por vezes são bastante mais simples de controlar do que as outras… as imagens a que chamamos… reais. Existem três tipos de imagens: as reais, as que vemos na televisão e estas de que vos falo. Mas o facto de estas serem mais simples de controlar não deixam de ter força nem poder mudar o que quer que seja. Até porque a beleza delas reside precisamente no momento em que deixamos de saber se somos nós que as estamos a controlar ou se são elas que, juntas com as outras, assumem uma vida própria, passando a adquirir uma forma tão hipnótica que acabamos por nos deixar levar pelo seu comando. Como quando nos encostamos, rendidos, a uma cadeira numa sala de cinema e nos deixamos levar… Entregamo-nos ao desconhecido numa relação secreta que atravessa, durante duas horas um feixe de luz, que existe, apenas, entre os nossos olhos e um ecrã assinado por uma visão que não nos pertence. É o fascínio de pertencermos a outro fazedor de imagens e de sabermos que a seguir nada voltará a ser o mesmo. Atravessei uma rua pela primeira vez e as imagens continuavam a surgir. Um cenário simples. Chão húmido, luzes a reflectiram as formas num espelho molhado, um foco tão intenso capaz de queimar a noite.Viro uma esquina e cruzo-me com um poste de um candeeiro cuja sombra está ausente no chão. A menina de rua ri-se perante a minha incredibilidade e encosta-se a ele batendo com o pé, precisamente, na linha recta onde a sombra deveria ter lugar. Olho à volta e todas as outras sombras confirmam as diversas formas plantadas naquela rua. Sigo. Um fotógrafo embriagado dispara, compulsivamente, a sua máquina para a porta 23. Há dois dias e duas noites que está à espera que alguém abra aquela porta para poder fotografar… alguém a sair da porta 23. É essa a sua missão e agora obsessão.Tenta acender um cigarro com as mãos trémulas e pede-me que fique, ali, enquanto se ausenta por uns minutos. No minuto seguinte a porta 23 abre-se e fechase aparecendo, por um segundo, o rosto do fotógrafo. Um momento mais tarde ele regressa e agradece-me. Passo por um beco e ouço um choro perdido. Um anjo descobre com as suas lágrimas o rosto de uma rapariga loira caída no chão. De um canto escuro do beco sai a mão de um vagabundo que lhe oferece os restos de uma garrafa. O anjo aceita a garrafa e olha para mim envergonhado. Numa fracção de segundo, um autocarro atravessa-se entre o beco e eu e, ao desaparecer, revela uma rapariga que ao andar, na minha direcção, vai abrindo um grande chapéu-de-chuva amarelo. Olha para mim e pisca-me o olho. E de repente sou bombardeado por alguns trechos de Mahler que parecem surgir de todos os lados. Arrepiado, sinto que tenho que correr, que me deslocar a uma velocidade sem precedentes. As pessoas olham para mim, está a chover e eu tiro toda o excesso de roupa que tenho vestida até ficar, meramente, em t-shirt. Começa a chover cada vez mais e eu, simplesmente, corro.Vejo outro foco, daqueles que queimam a noite e corro na sua direcção. Ao meu lado vejo um golfinho que tenta sobreviver numa poça de água suja, enquanto que um louco desdentado lhe tenta colocar uma trela para ir ter com uma senhora rica que passeia uma matilha de caniches… todos maquilhados… exactamente como ela. Desvio o meu olhar e tento concentra-me no foco… apenas no foco. A música de fundo aumenta e, desta vez, apercebo-me que vem de dentro de um bar. Entro. À esquerda está um barman a clonar embriões em tubos de ensaio. Desvio o meu olhar, vou em direcção a uma porta que dá para uma cave. Desço mais de 100 degraus. Chego a uma arena que está coberta por um círculo de pessoas em torno de uma luta entre dois políticos. Aplaudem e trocam apostas eufóricas como se estivessem a votar por uma primeira vez. Ao sair do bar está parado um grande carro preto com um motorista que me segura a porta. Entro nele. À porta do bar vejo o carro, lentamente, a desaparecer, fundindo-se com o foco de luz até que tudo fique, finalmente, branco. M.M.

N

AGORA

É QUE É NÃO FOI


REFLEXOS | NP |21 rês convicções estão na génese deste texto: a de que a cultura é uma exigência da fé, a de que a construção do templo poderá ser um acontecimento cultural e pastoral de grande importância e, finalmente, a de que a promoção de concursos de ideias é a metodologia que melhor prossegue o sentido cultural e pastoral que a construção do templo pode e deve ter. Uma vez traçado o horizonte do texto, gostaria, no entanto, de começar por enquadrar historicamente o papel e a importância da cultura para Igreja. Até ao século XVIII, a maioria dos grandes artistas trabalhou para as igrejas criando arte sacra de grande valor estético e religioso. A sua obra, que hoje pertence ao património da humanidade e cuja importância é por todos reconhecida, não era entendida apenas como uma forma eficaz de catequese e evangelização, mas sobretudo como uma linguagem litúrgica, isto é, um modo de louvar a Deus e um meio para oração. Nesse tempo, como refere Emília Nadal,“o povo que frequentava as igrejas via e ouvia o que havia de melhor, ainda que não o entendesse completamente”. Por volta do século XIX, a emergência de três fenómenos terá interrompido o importante diálogo entre a fé e a cultura: a secularização da cultura, o florescimento de uma indústria de imagens religiosas fabricadas em série e uma acrescida democratização do modo de funcionamento das igrejas locais. Dos três fenómenos, o mais funesto terá sido o estabelecimento de uma indústria de imagens que em muito terá contribuído para a deseducação do gosto dos católicos e, desse modo, para uma menorização da própria fé. É neste contexto que se compreende o desabafo de Hermann Hesse:“Quando estou diante de um Nosso Senhor ou de um São Francisco desses, tão doce e tão aparvalhado, e vejo como há pessoas que os acham lindos e edificantes, essa atitude atinge-me como ofensa ao verdadeiro Jesus Cristo, e ponho-me a pensar: oh!, para que é que ele viveu e sofreu tão horrivelmente, se as pessoas já se acomodaram com uma imagem dele tão idiota.” Só na segunda metade do século XX a Igreja reage ao empobrecimento da sua dimensão cultural e da estética sacra. Se por um lado, o Concílio Vaticano II lançou as bases para uma renovação dessa relação - “O mundo em que vivemos tem necessidade de beleza para não cair no desespero. A beleza, como a verdade, é um fruto precioso que resiste ao passar dos tempos.” -, por outro, surgiram fenómenos “espontâneos” de modernismo nalgumas comunidades católicas, sobretudo ao nível da arquitectura e das artes plásticas. Em Portugal, durante as décadas de 1950 e 1960, com o Movimento de Renovação da Arte Religiosa e o “grupo dos católicos progressistas”, a Igreja voltou a assumir posições de vanguarda em certos domínios culturais, recuperando alguma ousadia e voltando a assumir o lugar que historicamente lhe cabe: a retaguarda da vanguarda. Não gostaria de terminar esta breve retrospectiva histórica sem mencionar a “Carta aos Artistas“ (1999), na qual João Paulo II se dirige aos artistas assumindo que “para transmitir a mensagem que Cristo lhe confiou, a Igreja tem necessidade da arte” e que “a Igreja precisa de arquitectos, de templos que sejam simultaneamente lugares de oração e autênticas obras de arte.” Porque será, então, que a necessidade de uma estética credível para a fé é tantas vezes esquecida ou menorizada no tempo presente? A que se deve a indigência cultural e a ausência de uma arte sacra contemporânea de qualidade? Sabemos que o acto cultural é, por natureza, transformador, complexo, múltiplo, provocador, desabrigado. Como se procurasse sempre denunciar o nosso medo aos extremos do amor e da liberdade, a arte raramente se instala na harmonia ou na unidade. “A arte abriga o conflito”. Como recuperar, então, um entendimento da cultura como lugar de manifestação do Espírito que «sopra onde quer»? Não haverá uma resposta, mas algumas premissas parecem-me importantes: estar atento à forma e aos modos e disponível para uma leitura do estético como lugar de revelação, possuir uma noção do que é uma obra de arte e da sua função social e espiritual, e desenvolver uma atitude de respeito para com a arte contemporânea. Antes de terminar, gostava ainda de debater a importância da promoção de concursos de ideias. A ideia é simples: a promoção de concursos de ideias, orientados para equipas mistas de arquitectos, artistas plásticos, liturgistas e, porque não, compositores, é o modo mais rico de incorporar múltiplas perspectivas sobre o espaço e o tempo em cada época e lugar. Para além disso, ao ir ao encontro da sociedade “em geral”, um concurso de ideias representa uma atitude de anúncio por parte da Igreja, tão mais urgente que a promoção ou defesa de preceitos morais. Assim, e tendo em consideração que o lançamento de um concurso de ideias representará cerca de um ou dois por cento de acréscimo nos custos totais de construção de uma igreja, esta é uma forma privilegiada de aproximação à cultura. Por último, gostava de tornar presente a Carta Pastoral “Missão na Cidade” (2003), onde D. José Policarpo sintetiza muito bem o que este texto procurou defender:“Procuremos que todas as acções tenham em comum três características: a qualidade - que aliará a dimensão cultural com a sinceridade da convicção e a ousadia do testemunho; simplicidade e qualidade não se opõem , a beleza - que tudo seja belo e que se organizem acções específicas que partam da beleza para o anúncio do Evangelho -, e a eclesialidade.”

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J.Wengorovius

joao_wengorovius@hotmail.com

CULTURA E FÉ


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BLOGOSFERA Dos estranhos amores

Programa de Governo II

MEDEIA E JASÃO (séc.V, a.C) Medeia, por amor de Jasão, deixa sua pátria e vai viver para Corinto.Abandonada, vinga-se e mata com as próprias mãos, seus filhos. A paixão funesta por Jasão prevalece sobre tudo.

"A mulher disse: - No livro que estou a traduzir aparece uma citação de Baudelaire: a única acção política que ele entende é a revolta. E eu pensei de repente: a única acção política que eu entendo é o amor."

ELOISA E ABELARDO (séc. XII, d. C) O filósofo Pedro Abelardo (1079-1142) ama a bela e culta Eloísa. O pai dela opõe-se e força a separação. Eloísa entra no convento. Confessará ter optado pela vida religiosa por amor a Abelardo.

Peter Handke (em A mulher canhota)

# posted by joao : 00:12 avisos à navegação (0) | PAULO E FRANCISCA (séc. XIII) Paulo e Francisca enamoram-se, mas o marido de Francisca, Gianciotto Malatesta, descobre o adultério e mata-os. Dante pune os amantes com o inferno. ROMEU E JULIETA (1591) O contraste do amor entre duas famílias rivais. No último acto Julieta, acreditando que seu amante está morto, crava um punhal e suicida-se. A tragédia foi escrita por Shakespeare em 1591 WERTHER E CARLOTA (1774) Werther inamora-se por Carlota, a noiva do seu mais querido amigo, e por isso suicida-se. Goethe narra o eterno conflito entre a intensidade do próprio sentimento e os vínculos sociais.

Programa de Governo I xz "O aperfeiçoamento da Humanidade depende do aperfeiçoamento de cada um dos indivíduos que a formam. Enquanto as partes não forem boas, o todo não pode ser bom. Os homens, na sua maioria, são ainda maus e é, por isso, que a sociedade enferma tantos males." Teixeira de Pascoaes (em A Saudade e o Saudosismo)

ANNA KARENINA E VRONSKIJ Anna trai o marido com o conde Alessio Vronskij.Tolstoi narra um amor intenso e pecaminoso. Uma paixão agitada que atormentará Anna até conduzi-la ao suicídio.

# posted by joao : 00:09 avisos à navegação (0) |

# posted by mário : 14:57 avisos à navegação (0) |

L e C or donnier

(Antigo Le Talon Minute)

Reparação de calçado - Agente autorizado de todo o tipo de carimbos Chapas de matrícula feitas na hora - Reprodução de todo o tipo de chaves Copiam-se comandos na hora - chaves magnéticas Gare do Oriente Av. João II loja 112 A 1800-100 Lisboa


DESPORTO | NP |23

PORTUGAL À PROCURA DO OURO Num campeonato dominado porgermânicos Portugal tem demonstrado que esta é uma competição onde impõe respeito e demonstra categoria. A nossa Selecção ocupa a sétima posição na classificação de todos tempos de fases finais de europeus, apesar de só ter estado presente três vezes. Euro 2004 já começou. É praticamente impossível não passar, não ouvir, não ver, não falar e não sentir o Campeonato da Europa de futebol. Mesmo aqueles que não são apreciadores deste desporto, não conseguem passar incólumes a esta verdadeira invasão que o futebol está a fazer sobre o país. Nem as polémicas da Superliga, as mais famosas aliadas de quem não gosta desta modalidade desportiva, conseguem abafar tão prestigiado torneio. Depois de no último NP termos falado do Sorteio e dos grupos que daí advieram, desta feita iremos falar um pouco das estrelas, colectivas ou individuais, que ainda hoje ocupam o topo da pirâmide de algumas tabelas.

O

Num quadro destes só podem figurar grandes jogadores de grandes selecções. Só os melhores é que se vão mantendo na mais alta ribalta sem que a idade os importune, só os grandes países têm presença constante neste evento. Por isso não é de estranhar que todos os futebolistas que integram esta lista sejam conhecidos do grande público. O destaque maior vai para Maldini, jogador que representa a «squadra azurra» desde os vinte anos, já lá vão dezasseis primaveras, e que, se quiser, ainda terá presença garantida neste europeu. Além dele, só Bergkamp ainda está no activo, se bem que a sua participação está fora de qualquer cogitação.

Classificação de todos os tempos de Fases Finais de Campeonatos da Europa O 12ª Fase Final do Campeonato da Europa que em Junho se inicia, só vai ter uma estreia, a Letónia, que alarga assim para um quarteirão o número de equipas presentes em fases finais. Esta é a equipa sensação pois deixou de fora a selecção turca, que no último mundial tinha brilhado a grande altura obtendo a quarta posição, a segunda melhor europeia nesse evento. Só ficou atrás da Alemanha que foi vice-campeã que, como seria de esperar é a grande dominadora do Europeu. Para tal é a equipa com mais participações, vai fazer agora a oitava em doze campeonatos, mais jogos (29), mais golos (43), mais vitórias (15), mais empates (8) aqui em igualdade com a Itália, e mais vezes vencedora do torneio (3). Uma liderança que já vem dos tempos da ex-RFA, onde conseguiu dois títulos. Jogadores como Gerd Muller (1972), K.H. Rummenigge (1980) e Mathias Sammer (1996) fizeram questão de demonstrar todo o seu poderio garantindo preciosas vitórias para o seu país. De destacar também a Selecção Portuguesa, que estando apenas presentes em três fases finais de europeus ocupa a sétima posição. Portugal sempre que atingiu esta fase nunca se quedou pela fase de grupos, alcançando duas semi-finais (1984,2000) e uns quartos-de-final (1996). Em treze jogos disputados os lusitanos perderam três, dois dos quais no prolongamento e sempre com a França, não cedendo qualquer derrota na fase por pontos. De salientar que os dez primeiros classificados nesta tabela estarão presentes, num torneio onde Alemanha (3), França (2), URSS (1), Espanha (1), Itália (1), Checoslováquia (1), Holanda (1) e Dinamarca (1) já venceram o troféu. Onze campeonatos, oito vencedores diferentes.

Por incrível que pareça o melhor marcador de sempre não é um avançado, mas sim um médio. Mas, obviamente, não é um médio qualquer, é Platini, um criativo que tinha como principais características o passe, a elegância e a maneira como decidia jogos. Alguns de bola parada (exímio marcador de livres e penalties), outros através de lances individuais, ou não nos lembrássemos do terceiro golo da França contra Portugal no Europeu de 1984. Os avançados preenchem o resto da tabela, onde Nuno Gomes também se incorpora, ele que é o melhor marcador português de sempre em fases finais de europeus. Outro dos destaques vai para Kluivert, que salvo algum infortúnio estará neste europeu, e poderá alcançar Platini.

Para finalizar, o jogador com mais golos num só jogo, onde aparece Sérgio Conceição que obteve um «hat-trick» frente à Alemanha em 2000, que o ajudou a alcançar a titularidade nesse europeu. Também aqui Kluivert e Platini aparecem, com a curiosidade de em ambos os casos o «cordeiro» ser a Jugoslávia.



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